Criar uma Loja Virtual Grátis
Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


Vampiros Na América / Vol. 5
Vampiros Na América / Vol. 5

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

Washington, D.C.... Capital de um império. Poderosa. Emocionante. Corrupta. E nas sombras... vampiros muito mais velhos do que a própria nação.
Um poder em si mesmo, Duncan atuou ao lado de Raphael durante quase todos os duzentos anos de sua existência. Mas planos de um longo tempo finalmente deram frutos, e chegou a hora de Duncan deixar Raphael e enfrentar o maior desafio de sua vida. Ele vai enfrentar vampiros traiçoeiros e humanos assassinos. Ele vai agitar os corredores do poder humano se necessário. Mas Washington, D.C. será dele.
Emma Duquet não se importa com a política de vampiros. Ela só quer encontrar a sua companheira de quarto desaparecida e melhor amiga, Lacey. Mas Lacey brincou com um vampiro de um tipo particularmente perigoso, e Emma vai ter que lidar com o novo vampiro na cidade se quiser encontrar sua amiga.
Lutando contra inimigos poderosos que não se deterão diante de nada para manter seus segredos, Duncan e Emma vão escavar debaixo da corrupção e depravação que é Washington, D.C. e descobrir a conspiração mais hedionda de todas...

x
x
x

x
x
x

Los Angeles, Califórnia
Cyn tremeu um pouco e aproximou-se da onda de calor que vinha dos motores do Learjet. Ele fazia o frígido hangar um pouco suportável. Ela se encolheu mais em seu casaco e olhou através da penumbra. Raphael estava embaixo da frente da aeronave, envolvido em uma conversa com Juro. Ela só pôde descer por causa do brilho multicolorido da cabine do piloto do jato que vinha através do para-brisa. Raphael olhou pra cima brevemente, e seus olhos brilharam como prata. Seu coração apertou com a visão. Ele era tão lindo. Isso ainda tirava seu fôlego algumas vezes.
— Ele se preocupa com você.
Cyn controlou um pulo involuntário de surpresa com o som da voz de Duncan sobre seu ombro esquerdo.
— Duh. — disse ela, revirando os olhos na direção dele.
Duncan riu enquanto ela se virava para ele.
— Eu vou sentir sua falta, Cyn. De você e Raphael mais do que ninguém.
— Está tudo acontecendo muito rápido. — queixou-se em voz baixa.
Duncan se inclinou para frente.
 — Não realmente. Nós planejamos isso há algum tempo, mas foi apenas há alguns dias que soubemos que era o momento certo. E você não estava bem ultimamente...
— O quê? Você pensou que eu teria uma recaída ou algo se me dissesse? O meu corpo foi ferido, Duncan, e não minha mente. Eu não sou tão frágil.
Ele ficou em silêncio por um longo tempo, estava perfeitamente parado, como faz algumas vezes, até que ela quase se esqueceu de que ele estava lá.
— Você não o viu, Cynthia. — disse ele por fim. — Quando pensamos que você morreria, você não viu o que aconteceu com ele. Você não foi a única pessoa machucada naquela noite. E você precisa cuidar dele agora, porque eu não vou estar aqui para fazer isso.
Cyn pegou a mão dele enquanto ele se virava.
 — Eu o amo, Duncan. Mais do que qualquer coisa no mundo.
— Eu sei disso. Mas você precisa cuidar dele também. Eu não poderia partir se fosse diferente. — Ele apertou sua mão e levou-a aos lábios, beijando-a suavemente.
— Duncan. — a voz profunda de Raphael interrompeu, sua mão deixou uma linha de calor bem-vindo quando ele arrastou seus dedos pelas costas de Cyn antes de descansar a mão em seu quadril.
— Meu Senhor. — Duncan respondeu com um aceno de cabeça respeitoso.
Raphael sorriu.
— Não por muito tempo.
Duncan levantou um ombro.
— Você pode não ser mais meu senhor oficialmente, Senhor. Mas, no fundo, sempre será.
Cyn recuou para dar um espaço para os dois, suas vozes um simples murmúrio sobre o zumbido dos motores do jato. Era patético o modo como estavam ali em pé fingindo serem machões sobre seus sentimentos. Seria muito melhor se eles tivessem se abraçado, talvez derramado uma lágrima ou duas, e acabado com isso. Mas não, isso não aconteceria. Raphael disparou-lhe um olhar por cima do ombro, parecendo mais perto do desespero do que ela já viu. Ela riu. Aparentemente, os abraços e lágrimas iriam ser deixados inteiramente pra ela.
— Tudo bem, a minha vez. — disse ela com pena. Aproximou-se de Duncan e jogou os braços ao redor dele para um grande e genuíno abraço. Nenhum tapinha nas costas acabaria com a emoção do momento, nenhum beijinho rápido de falsidade. Ela o abraçou forte e demoradamente. Ele a abraçou de volta também. Embora ela tivesse certeza que ele estava sendo cuidadoso com sua força de vampiro e com o corpo dela que ainda estava se curando. Mas apesar de tudo isso, ele a abraçou, e ela sentiu a cabeça dele se afastar de Raphael, como se para esconder a emoção em seu rosto.
— Eu vou sentir sua falta, Duncan. — ela sussurrou. — Ele vai sentir sua falta também.
— Eu sei. — ele murmurou em seu ouvido.
— E eu vou cuidar dele para você.
— Para nós dois.
— Isso também.
Ele riu então, e ela deu um passo para trás, deslizando o braço em volta da cintura de Raphael enquanto ainda segurava a mão de Duncan.
— Nós vamos te visitar. — prometeu ela. — E você pode nos visitar. Nada dessa besteira de territorialismo vampiro, tá certo?
Duncan trocou um olhar com Raphael sobre sua cabeça e Cyn franziu os lábios pensando. Aqueles dois estavam tramando algo. Eles não diriam a ela o que era, é claro, mas ela descobriria. Ela franziu a testa, olhando para o relógio industrial grande na parede do hangar. Quase 10h aqui na Califórnia. Quando tivesse tudo limpo e decolasse...
— Você não está deixando ficar muito tarde? — Ela perguntou preocupada. Duncan estava tomando o menor dos dois jatos de Raphael. Pequeno era um termo relativo quando se tratava de jatos particulares, mas ela não conseguia se lembrar de quão rápido esta aeronave poderia ir, supondo que ela já o conhecia. Ela tinha certeza que não poderia chegar em DC antes do amanhecer e ambos os pilotos eram vampiros, também.
Duncan apertou seus dedos para dar segurança.
— Nós vamos parar em Atlanta esta noite, e iremos para DC amanhã à noite.
— Há coisas que Duncan deve fazer imediatamente ao chegar. — explicou Raphael. — Ele precisa pousar em Washington, logo que possível, após pôr do sol, para que ele tenha toda a noite para trabalhar.
Raphael deixou cair o braço sobre o ombro de Cyn e apertou seu abraço, efetivamente puxando-a da mão de Duncan. Ela achou engraçado. Seu movimento parecia casual o suficiente, mas ela sabia que ele tinha planejado. Sua possessividade vampiro não poderia permitir até mesmo que Duncan segurasse a mão dela por muito tempo. Que a trouxe de volta para sua maior reclamação sobre todo este relacionamento.
— Eu ainda não entendo porque ele tem que ir pra lá sozinho. Por que alguns do seu povo não podem...
— Isso está sendo cuidado, lubimaya. — Raphael disse pacientemente. — Você tem que confiar em nós.
Cyn apertou seus lábios contra o retorno automático que veio à mente. Ela confiava neles, mas era sempre possível que não tivessem pensado em um detalhe ou outro. Às vezes, esses caras ficavam tão carregados de testosterona que não podiam ver uma árvore na floresta{1}.
Juro apareceu no cotovelo de Raphael.
— Está tudo pronto, meu senhor. — Ele deu um breve aceno a Duncan. — Boa sorte, Duncan. — disse ele, em seguida, voltou para ficar perto da limusine à espera.
— Senhor. — disse Duncan, endireitando-se com atenção e curvando-se levemente o quadril. — Foi uma honra servir ao seu lado por tanto tempo.
— A honra foi minha, Duncan. Mas Cyn estava certa. Vamos nos ver muitas vezes.
Cyn colocou a mão com luva sobre a boca, tentando não chorar. Agora que o tempo estava se esgotando...
Raphael puxou as costas dela contra seu peito, passando os dois braços ao seu redor.
— Vá enquanto pode, Duncan. Eu acredito que minha Cyn sente outro abraço chegando.
Duncan riu e deu uma piscada, em seguida, girou e, com velocidade de vampiro, desapareceu no Learjet em um piscar de olhos. O piloto fez uma breve aparição na porta enquanto as escadas retraíam e a porta se fechava, e antes que ela percebesse, o jato estava taxiando para fora do hangar e Duncan foi embora.
Ela se virou nos braços de Raphael, enterrando o rosto em seu pescoço.
 — Eu me sinto como uma mãe enviando seu bebê para a faculdade ou algo assim. — ela murmurou, esfregando as lágrimas de seus olhos na lã macia do casaco.
Raphael riu e deu a ela um abraço apertado, antes de conduzi-la até a limusine. Cyn fez uma pausa longa o suficiente para olhar para ele e dizer:
— Duncan me disse que tenho que cuidar de você agora que ele foi embora. — enquanto ela deslizava para o interior confortável da limusine, viu Raphael endurecer em reação ao comentário dela e sorriu com satisfação.
— O que ele estava pensando? — Raphael murmurou antes de se abaixar pra dentro e fechar a porta.
— Eu ouvi isso. — disse ela enquanto se acomodava na curva de seu braço.
— É claro que sim.
Ela bufou uma risada, em seguida, recuou para ver seu rosto.
— Eu te amo, sabe? — ela disse séria. — Mesmo quando sou uma vaca{2}, eu ainda te amo.
Raphael tocou seus lábios nos dela em um beijo longo.
— E eu te amo, minha Cyn. Sempre e para sempre.
O longo veículo andou para longe do aeroporto, descendo o caminho sinuoso da colina Marina del Rey, passando por Santa Monica, antes de finalmente chegar à estrada da Costa do Pacífico. Raphael a segurou do seu lado a viagem toda, uma mão acariciando distraidamente para cima e para baixo em seu braço, enquanto eles olhavam para a cidade escura que passava correndo. Cyn estava tranquila também. Feliz de estar com ele, e saber que, como ela, seus pensamentos estavam com Duncan lá em cima, enquanto ele voava a caminho do desafio mais perigoso de sua longa vida.

Capítulo 2
Poucos quilômetros de Washington, D.C.
 
O Learjet rolou até o hangar escuro, um fantasma pálido de um avião surgindo das sombras de uma noite sem lua. Miguel Martinez esquadrinhou o aeroporto privado, sua visão de vampiro perfurando a escuridão quase total facilmente. O local estava quase abandonado. Ninguém ao redor, além do único controlador da torre que havia sido bem pago para observar sem fazer perguntas.
Ele voltou seu olhar para o jato que chegava. Ele estava correndo quase tão sombrio como a noite, somente com o brilho do painel de instrumentos da cabine do piloto através do para-brisa para iluminar o caminho até o interior preto do hangar. Isso deveria ser impossível. E seria se os pilotos fossem humanos. Mas, como Miguel, eles eram vampiros e a luz das estrelas era o suficiente para enxergar.
A aeronave diminuiu para uma parada suave, seu motor tinha um barulho alto que feria os ouvidos e ecoava nos espaços abertos e paredes altas do hangar vazio. O piloto desligou os motores e o súbito silêncio era quase tão chocante quanto o barulho havia sido.
Miguel cruzou o concreto simples do hangar, nervos cantando animados, com a consciência de que seu criador enfim estava aqui. Ele manteve suas mãos ao seu lado e esticou as costas, determinado a deixar uma boa impressão, para provar ser digno da honra que ele tinha recebido.
A porta abriu. Miguel deu um passo e depois outro, até que ele estava apenas há poucos metros da porta aberta. As escadas desdobraram com um som hidráulico.
Uma figura apareceu na porta, um homem alto e de ombros largos, pouco mais do que uma sombra mais escura contra o interior apagado. Ele fez uma breve parada antes de abaixar a cabeça para passar pelo teto baixo. Em seguida, desceu as escadas rapidamente e com um propósito.
Miguel ficou em um joelho. — Senhor. — disse com reverência, feliz que sua voz não revelou os nervos agitados que faziam os músculos contraírem sob seu terno finamente costurado.
— Miguel. — Uma mão tocou a parte de trás de sua cabeça. — Agora, levante-se e me dê uma saudação adequada.
Havia um tom de riso do seu criador, e Miguel se pôs de pé com um sorriso, oferecendo a mão estendida, sentindo-se puxado para um abraço rápido.
— Duncan. — Miguel disse. — É muito bom ver você.
* * * *
— Victor? — Duncan perguntou, enquanto caminhavam diretamente para o BMW que Miguel tinha deixado ligado no outro lado do hangar.
— Ele está em casa, dando um pequeno jantar.
— Com os seres humanos?
— Sempre. Os únicos vampiros que ele mantém por perto são seus quatro guardas.
— Os seres humanos terão que ser tratados, então.
— Não é um problema, meu Senhor. — Miguel disse enquanto caía no banco do motorista do suntuoso veículo. — Louis e eu podemos lidar com isso.
— Onde está o Louis? — Duncan perguntou, fechando a porta do lado do passageiro com um baque mudo.
— Esperando do lado de fora da casa, mantendo um olho nas coisas.
— Você prevê problemas?
— Não, mas esta noite é muito importante para deixar ao acaso.
Miguel dirigiu para fora do hangar e fez uma curva acentuada à direita em direção à estrada de acesso. Duncan viu as portas do hangar começarem a se fechar atrás deles quase que imediatamente.
— Como foi sua viagem, meu Senhor? — Miguel perguntou.
— Sem intercorrências. Rafael manda lembranças.
— Estou honrado.
— Então. — disse Duncan, se sentando no carro para voltar para a cidade. — O que preciso saber sobre os arranjos da noite de Victor?
— O mesmo de sempre. Ele tem seus quatro guardas vampiros, dois na sua presença, dois em guarda em outro lugar dentro da casa. Eles são complacentes na rotina, e os dois não ficam com Victor pessoalmente. Geralmente sentam em uma sala perto da porta da frente, vendo televisão ou jogando vídeo game. Eu nunca os vi sair de casa a menos que Victor esteja com eles. A segurança externa, incluindo o portão, é feita por humanos ao redor do relógio, e eles nunca são permitidos dentro da residência. Há uma casa de hóspedes que é montada como um quartel, se os guardas humanos quiserem, mas a maioria deles tem suas próprias casas e vão para lá no final de seu turno. A propriedade é murada, com o único portão trancado apenas durante o dia. À noite, os guardas humanos praticamente limitam suas funções para guardar o portão, com apenas patrulha ocasional no perímetro.
Um acidente engarrafou o tráfego na via circular{3} e Miguel ziguezagueou por várias pistas, utilizando os reflexos relâmpagos super-rápidos concedidos por seu sangue de vampiro. Duncan riu.
— Estou vendo que ainda é um motorista terrível.
— Não é verdade, meu Senhor. O acidente já estava lá.
Duncan riu, mas acalmou imediatamente.
— E os convidados de Victor?
— É um pequeno jantar, apenas Victor e três seres humanos, dois legisladores e um canalha da K Street{4}, com muito dinheiro para distribuir. Todos os homens que estão alinhados com os planos de Victor. Até onde sei, ele não tem planos de levar nenhuma mulher esta noite, mas mesmo se tivesse, não seria até muito mais tarde.
— Prostitutas?
— Eu acho que não. Não a maioria delas, de qualquer maneira. Não há falta de mulheres na cidade para ir a festas com um homem que tenha bastante poder. O poder é o que importa aqui. O dinheiro passa de mão em mão, mas o poder significa acesso, e é o prêmio número um para todos.
— Muito bem. Você e Louis cuidam dos guardas humanos do portão. Eu vou cuidar dos dois vampiros de Victor da porta da frente. Isso precisa ser feito rapidamente e com cuidado para que ele não sinta nada de errado tão cedo. Assim que chegarmos à sala de jantar, vou lidar com os convidados humanos. Eu os quero fora do caminho. Depois disso, Victor será meu, mas podemos improvisar quando se trata de derrubar seus outros dois vampiros. Você precisa estar preparado para cuidar deles.
— Meu senhor, nós podemos limpar as memórias dos guardas humanos do portão depois de cuidar de Victor. Deixe Louis e eu lidarmos com os guardas vampiros na entrada, enquanto você...
Duncan virou para Miguel, mantendo a mesma voz, mas esfriando-a com o mais leve toque de seu poder.
— Quero os seres humanos em segurança primeiro, Miguel. Eu posso lidar com Victor e seus guardas, se necessário.
— Sim, meu Senhor.
Eles desviaram da via circular ziguezagueando pelas ruas uma depois da outra, todas elas estavam quase vazias tarde da noite de terça-feira. Duncan estudou os mapas do bairro, mas não era a mesma coisa do que estar aqui. Ele também memorizou as plantas da residência oficial dos vampiros na cidade. Alguns seres humanos se referiam à casa como a embaixada vampiro. O que era uma boa descrição, mas imprecisa.
A residência em si era uma grande mansão colonial do Sec. XIX que em parte lembrava Duncan das grandes mansões de sua juventude em Deep South{5}. Ele só esperava que esta casa, em particular, tivesse apreciado uma boa modernização desde a sua construção há cem anos. Se não, teria uma em breve. Ele não tinha intenção de viver com encanamento com problemas ou sem ar condicionado.
Felizmente, a residência estava assentada sobre uma parte anormalmente grande de terreno adjacente ao distrito de embaixada. Com dois hectares completos encostados em Rock Creek{6}, um muro ao redor de toda a propriedade e apenas um único portão, a propriedade deveria ser quase invencível. Mas não era. Havia buracos na segurança da casa. Um especialmente que poderia literalmente passar com um caminhão. E isso, também, mudaria uma vez que Duncan assumisse.
Porque a embaixada vampira estava prestes a ter um novo embaixador. Eles só não sabiam disso ainda.

Capítulo 3
 
Miguel ligou para Louis em seu celular para deixá-lo saber que estavam chegando. Quando eles dobraram a última esquina, Louis estava esperando no meio da rua, seus olhos pálidos brilhando quase brancos por causa dos faróis. Ele sorriu quando o outro os viu e deu um passo para o lado para que Miguel pudesse parar ao lado dele.
— Mestre. — Louis disse enquanto subia no banco traseiro. — Obrigado por me deixar ser parte disso.
Duncan se virou o suficiente para segurar a mão dele. Louis a pegou cuidadosamente no começo, então a segurou com firmeza quando Duncan fez o mesmo. Duncan conseguia sentir os calos na palma e nos dedos de Louis, dos pesos que ele ergueu a maior parte da vida, até mesmo antes de Duncan transformá-lo.
— É bom te ver, Louis. Como eu disse para Miguel, vocês dois cuidarão dos humanos no portão, enquanto lido com os guardas vampiros dentro da residência. E uma vez que chegarmos à sala de jantar, quero os humanos fora de lá. Eu posso lidar com Victor.
 — Meu senhor, todos os quatro guardas do Victor estarão dentro da casa com ele.
— Estou ciente disso. — Duncan disse. Ele manteve um sorriso enquanto se lembrava de todas as vezes que ele havia superprotegido Raphael - e quanto isso irritava o Vampiro Lorde do Oeste.
— É a casa no final da rua, meu senhor. — Miguel disse com sua voz tensa com antecipação enquanto eles se aproximavam da propriedade.
Duncan se virou para ter sua primeira visão da residência. Não parecia uma embaixada fortificada. Com cerejeiras espreitando por cima do muro muito baixo e duas chaminés soprando fumaça branca no ar frio, mais parecia um lugar onde mamãe e papai criavam seus 2,5{7} filhos e deixavam seus cães correndo no quintal. Presumindo que mamãe e papai tinham um monte de dinheiro e paranoia bastante para construir uma parede ao redor de suas casas, até mesmo uma baixa.
— Hora do Rock ‘n Roll. — Louis sussurrou, e Duncan sorriu sombriamente.
Eles abriram o portão de ferro forjado, e Miguel abriu a sua janela lateral com um leve zumbido. Ar gelado entrou, e Duncan sentiu o aroma do riacho que corria atrás da casa, juntamente com um leve cheiro de neve. Tudo isso desaparecia embaixo de um aroma esmagador de humanos quando o guarda se abaixava na janela para checá-los.
Miguel esteve nas premissas uma vez, ostensivamente para oferecer seus serviços quando se mudou para cá, vindo da Califórnia para montar um negócio de segurança em Virginia.
 — Miguel Martinez. — ele falou para o guarda. — Lorde Victor está nos esperando.
O humano abriu sua boca para dizer algo, provavelmente para protestar que não estava ciente de que Lorde Victor estava esperando alguém, mas então seus olhos ficaram vidrados e ele piscou lentamente. Ele sorriu e assentiu, acenando-os para entrar.
— Estes não são os robôs que você está procurando. — Louis murmurou do assentou traseiro.
Miguel quase engasgou com uma risada enquanto o guarda se afastou para o galpão e acionou o mecanismo do portão.
— Já chega, senhores. — Duncan disse baixinho. Ele entendia a excitação deles. Seu próprio sangue estava reverberando com antecipação. Mas isso, era uma coisa perigosa que estavam prestes a fazer, e ele não queria que eles se enganassem em pensar diferente.
— Me perdoe, meu senhor. — Louis soltou.
Duncan assentiu, mas sua atenção já estava na grande casa branca, seu poder se estendendo de leve para tocar os vampiros do lado de dentro. Todos, menos Victor. Os outros não notariam o seu toque, mas Victor poderia.
— Segurança bem solta. — ele comentou mais para si mesmo. — Dois vampiros juntos lá dentro, próximos da porta da frente. — ele franziu a testa. Havia um burburinho de alguma coisa, algum poder subjacente que o confundiu. Ele queria explorar isso mais, mas não havia tempo, e era muito fraco e desfocado para representar um perigo para os planos da noite. Teria que esperar.
— Miguel, — ele disse. — você e Louis derrubam o resto dos guardas humanos gentilmente. Verifiquem os alojamentos também. Eu não quero ninguém ligando o alarme, mas não há motivo para machucá-los também. Então se juntem a mim lá dentro. Nós tomaremos a sala de jantar juntos.
— Sim, meu senhor.
Duncan abriu a porta do carro enquanto Miguel ainda estava freando. Ele acelerou pelos degraus de tijolo subindo dois de cada vez, enviando uma agulha forte de poder à frente dele para queimar a fechadura eletrônica na porta da frente. Os parafusos de segurança se soltaram com uma sólida conversão e a porta se abriu. Duncan entrou, seus olhos fazendo uma varredura rápida da área enquanto os dois vampiros de guarda estavam ainda arrastando sua atenção da grande tela de TV para encará-lo com surpresa. Ele não os esperou recuperarem o juízo. Ele esticou o seu poder e prendeu o coração deles, apertando-os até que eles caíram no chão. Eles não estavam mortos. Victor era corrupto, mas ele não era fraco. Como Criador desses dois vampiros, e especialmente com tal proximidade, ele certamente sentiria se eles morressem, e saberia que algo estava errado. Então Duncan deixou que vivessem por enquanto. Mas quando Victor morresse, estes dois vampiros morreriam juntamente com ele, provavelmente drenados pelo próprio Victor numa tentativa de sobreviver ao desafio de Duncan.
Duncan havia encontrado Victor em mais do que uma ocasião quando ele acompanhou Raphael às reuniões do Conselho Vampiro, mas ele nunca viu a força do lorde vampiro diretamente. As reuniões anuais eram assuntos cuidadosamente orquestrados, reunindo os mais poderosos vampiros da América do Norte, vampiros que eram rivais naturais na melhor das hipóteses e inimigos na pior. Tudo mundo estava em seu melhor comportamento nestes eventos, o que significava que não havia desafios explícitos e sem pesagem flagrante do poder um do outro.
Mas Raphael conhecia Victor há um longo tempo, e havia outras maneiras de medir o tamanho do poder de um vampiro. O lado bom era que Duncan sabia que poderia derrotar Victor porque Raphael não teria arriscado isso se não fosse esse o caso. E, mais importante, porque ele sabia o tamanho do seu poder. Victor seria expulso de seu domínio do território hoje à noite do jeito normal dos vampiros... Assassinado.
Miguel e Louis correram pela porta da frente atrás dele, o poder deles completos e prontos para defendê-lo se necessário. De novo, parecia estranho ser o receptor de tal devoção ao invés do contrário. Algo que ele teria que se acostumar.
— Problemas? — ele perguntou enquanto um de seus dois vampiros escondia os corpos moles dos dois guardas de Victor atrás do mesmo sofá que eles estavam sentados quando Duncan chegou.
Miguel deixou o seu fardo cair, a cabeça do vampiro em coma batendo com força contra o piso de madeira.
— Nenhum, meu senhor. O portão está seguro, os alojamentos vazios. E todos os guardas humanos na propriedade estão dormindo profundamente.
— Excelente. É isso então. Lembrem-se, quando chegarmos à sala de jantar, farei os humanos dormirem imediatamente. Depois disso, nós faremos o de sempre. Eu não me importo quem de nós derrubará os dois vampiros guardas restantes, mas Victor é meu.
— Sim, meu senhor. — Miguel estava quase saltitando. Louis estava tão parado quanto uma estátua, seus músculos tensos para ação. Ele assentiu acentuadamente, seus olhos fixos em Duncan como um cão com objetivo, esperando a permissão.
— Vamos. — Duncan disse.
Miguel andou na frente dele, Louis atrás. Eles passaram a escadaria e viraram à esquerda por um longo corredor, seus passos quase silenciosos apesar das tábuas antigas de madeira. Portas estavam abertas à esquerda e à direita, revelando cômodos preenchidos com móveis - uma sala de jantar formal com uma mesa que podia acomodar trinta pessoas facilmente, e um recanto ou sala de jogos com outra grande TV de tela plana, diversos consoles de vídeo game, e uma mesa de pebolim no canto. Havia uma cozinha espaçosa com recipientes abertos, desarrumadas bancadas e ainda com cheiro de comida que Victor havia trazido para os seus convidados humanos. A pesquisa de Duncan havia mostrado a ele que as festas de Victor eram normalmente servidas com vampiros atuando como garçons, se necessário. Não era particularmente elegante, mas Duncan duvidava que fosse um zelo por boa comida que trazia os humanos aqui em primeiro lugar.
A sala de jantar que eles queriam - aquela que o Victor estava usando esta noite - estava bem ao final do corredor, atrás de duas portas brancas. Miguel alcançou as portas e parou; as mãos descansando levemente nas maçanetas de bronze.
Duncan inclinou a cabeça, escutando tanto com seus ouvidos quanto com seu poder. A conversa do lado de dentro era alta e espalhafatosa, as vozes humanas evidenciando sinais claros de embriaguês ou drogas. Poderia ser qualquer um dos dois. Victor estava aqui, também, sua mente preguiçosa e calma, sem esperar qualquer problema. Os dois vampiros guardas remanescentes dele estavam bem mais alertas do que seu Criador, mas ao mesmo tempo eles seguiam a deixa dele, e suas mentes estavam vagando, nem um pouco preocupados com o que estava acontecendo na sala ou fora dela. O pouco de atenção que eles estavam dando era para os convidados humanos, vendo-os mais como presas do que qualquer outra coisa, enquanto confiando que os seus companheiros guardas, agora em coma na frente da casa, os alertassem para quaisquer ameaças externas.
Duncan recuou a sua sonda, respirando e dando um rápido aceno de consentimento para Miguel.
Miguel deslizou a porta para trás e Duncan entrou.
A conversa parou enquanto todos se viravam para encará-lo. Duncan gesticulou, e os três humanos ficaram com os olhos vidrados, suas cabeças caindo ao peito, inconscientes, um deslizando para o chão embaixo da mesa, enquanto os outros meramente caíram para frente dentro do restante de seus jantares.
Os guardas de Victor se recuperaram antes que a primeira cabeça do humano caísse na mesa, um deles estava pulando por cima da mesa, cristal voando e pratos se quebrando enquanto corria para proteger o seu Criador. Miguel o pegou no meio do ar, seus dedos afundando no pescoço do outro vampiro enquanto ele o jogava no chão e socava o peito com força o suficiente para parar o seu coração por um instante. O vampiro de Victor resfolegou, os olhos esbugalhando, enquanto ele lutava para reunir seu poder novamente para si mesmo, para forçar o seu coração a bater mais uma vez. Se fosse dado apenas um momento a mais, poderia ter funcionado, mas Miguel não ofereceu a ele este momento. Ele pegou uma cadeira vazia e a esmagou contra o chão até que ela produziu o que ele necessitava. O pedaço de madeira estava irregular e bruto, meia madeira envernizada e meio descoberta, mas era a arma perfeita. Miguel levantou a estaca com um sorriso que mostrava as presas em antecipação, e o guarda de Victor implorou silenciosamente, apenas com o ruído que ele conseguia fazer. Miguel desceu a estaca em um único e limpo golpe, garantindo a ele a única piedade possível - uma morte rápida.
Louis e o outro vampiro guarda ainda estavam lutando, sangue fluindo enquanto eles trocavam golpes brutais que teriam matado um humano no primeiro golpe. Louis pressionou seu oponente na parede, rachando o lambril e deixando um amassado do tamanho de um vampiro na parte superior da parede enquanto o pó do gesso preenchia o ar. O vampiro de Victor gritou de raiva. Ele intensificou seu aperto, seus dedos se afundando nos braços de Louis enquanto ele tentava reverter suas posições, mas Louis usou a energia de vampiro contra ele, girando completamente e jogando-o do outro lado do cômodo. Ele atingiu um dos humanos inconscientes quando atingiu a mesa, provocando um grunhido relutante como reação.
Duncan sentiu mais do que viu Victor se mexer, sentiu o lorde vampiro acumular seu poder. Ele olhou para cima, encontrando o olhar reptiliano de Victor. Os dois poderosos vampiros se estudaram por uma longa respiração, mas um grito agudo de negação atraiu seus olhos para Louis e o guarda remanescente, a tempo de ver Louis empalar seu oponente com uma estaca irregular de madeira.
Victor puxou a respiração enquanto seu vampiro morria, e Duncan se virou a tempo de ver o vampiro lorde cair para frente, seu punho apertado no peito. Como se ele sentisse o olhar do Duncan sobre ele, Victor relaxou sua mão e ergueu a cabeça com um olhar desafiador, sem mostrar nenhuma fraqueza para o seu inimigo.
— Isso foi desnecessário. — Duncan observou depois de um momento, dando um passo para trás das duas pilhas de pó de vampiro com um desgosto exagerado. Ele olhou para cima e encontrou o olhar raivoso de Victor mais uma vez. — Você deveria tê-los ensinado melhor, Victor.
Na ponta da mesa, Victor permaneceu totalmente parado, seu olhar queimando com ódio enquanto uma névoa vermelha de poder começava a se infiltrar em seus olhos castanhos.
— Miguel. — Duncan disse, removendo seu casaco e jogando-o em uma cadeira próxima. — Tire estes humanos daqui.
— Meu senhor. — Miguel murmurou.
Louis alcançou embaixo da mesa e arrancou o humano caído debaixo dela, puxando-o e descendo o corredor. Miguel arrastou os outros convidados - um homem grande e corado, que Duncan reconheceu como um senador americano - através das portas, e então voltou e içou o último humano por cima do seu ombro, antes de seguir Louis.
Duncan fechou as portas, escolhendo uma cadeira que não estava coberta de pratos quebrados ou comida, e sentou-se, cruzando suas pernas no joelho. Ele observou o cômodo tranquilamente enquanto ficava ali, intencionalmente ignorando o ultraje cada vez maior de Victor. Era um cômodo pequeno, muito estreito e, como todos os outros, tumultuado com muitos móveis. O ar fedia a fumaça de cigarro e comida derramada.
— Então, Victor. — Duncan disse, finalmente virando sua atenção para o outro vampiro. — Como estão as coisas em Washington?
— Vai se foder, Duncan. — Victor grunhiu. — Você não pode vir aqui e matar o meu povo.
— Aparentemente, eu posso. — Duncan apontou.
Victor soltou uma risada despreocupada.
— Você? Você nunca ousou isso sem o Raphael. — Ele cuspiu para o lado. — Onde está o grande o homem de qualquer forma? — Ele ergueu sua cabeça como se estivesse cheirando o ar. — Ele não está nas proximidades, eu o sentiria se ele cruzasse o meu território.
— Você deveria ter me sentido, Victor. Você ficou complacente.
— Você não é nada a não ser o cão de colo do Raphael. Eu não perco o meu tempo com vira-latas.
Duncan meramente sorriu.
 — Será assim, Victor. Nós podemos fazer isso da maneira fácil ou da maneira difícil. A escolha é sua.
Um sorriso cruel dividiu o rosto largo de Victor enquanto ele se levantava e chutava a cadeira contra a parede. Ele se inclinou para frente, dentes arreganhados e as mãos descansando sobre a mesa enquanto o seu poder começava a edificar, com os olhos agora brilhando como duas brasas ardentes de fúria.
— Dê o seu melhor, filhote.
Duncan inclinou sua cabeça em concordância.
— A maneira difícil então. — Ele ficou de pé, e pela primeira vez desde que deixou a Califórnia, a primeira vez na presença de alguém a não ser o Raphael e os vampiros mais confiáveis do lorde da Califórnia, Duncan soltou todo o seu poder. Ele deixou-o se acumular até que fosse uma tempestade em seu peito, a pressão tanto excruciante quanto libertadora. Luzes tremeluziram enquanto a energia dançava no cômodo.
Duncan piscou preguiçosamente e encontrou o olhar surpreso de Victor com uma questão silenciosa.
— Você estava dizendo...?
Com um rugido de desafio, Victor lançou um ataque preventivo, uma pequena bola de uma energia incrível que deve ter puxado bastante de seu poder. Era uma tentativa de enfraquecer Duncan antes que ele estivesse pronto, antes que pudesse juntar o seu próprio poder para formar um escudo ao redor de si. Mas Duncan havia treinado com o melhor vampiro que o mundo tinha a oferecer. Seus escudos se fecharam com um choque de som. O ataque de Victor bateu nos escudos com uma força tremenda. Eles se flexionaram, mas ficaram firmes, e Duncan lançou suas mãos para frente, como se estivesse desviando do assalto de Victor, um movimento calculado para enraivecer o outro lorde vampiro.
Victor rosnou, seus dentes rangendo, enquanto ele enfiava um punho grosso na mesa, ampliando o golpe com seu poder e transformando a coisa toda em gravetos. Ele olhou para cima e sorriu para Duncan, e então ergueu as duas mãos para o ar, com as palmas para cima, levantando os pedaços da mesa quebrada como se ainda estivesse inteira. Como outro gesto cheio de poder, ele jogou todos os estilhaços em Duncan, uma onda voadora de estacas pontiagudas mortais de madeira.
Foi um movimento esperto. Duncan o admirou mesmo enquanto se defendia, torcendo o poder de seus escudos em um redemoinho de energia que fez a maior parte dos estilhaços da mesa se atirar em todas as direções enquanto os outros explodiam pelo impacto e se transformavam em inofensivos palitos de fósforo.
Victor estava suando sangue e tremendo de fúria, seus escudos se enfraquecendo perceptivelmente. Duncan suspeitava que o outro vampiro houvesse concentrado muito de sua reserva de poder naquele primeiro ataque preventivo, mas Victor não estava acabado ainda. Seus escudos podiam estar mais fracos, mas se mantiveram contra as cutucadas discretas de Duncan. Duncan franziu a testa enquanto o poder do Victor de repente surgiu, como se ele tivesse puxado energia de algum lugar fora do cômodo. Mas a fonte mais provável desse tipo de poder seriam os filhos vampiros de Victor, e dois deles já eram pilhas de pó, com outros dois próximos da morte. Mesmo com Victor tendo drenado-os, eles não poderiam ter dado a ele tamanho aumento de poder.  Será que Victor tinha servos que eles não haviam descoberto? Alguém além dos quatro que havia estado com ele por séculos? Impossível, a menos...
Duncan se concentrou, lembrando-se do zumbido estranho de poder que sentiu quando eles se aproximaram da casa. Ele poupou um pouco do seu poder, uma fração de sua consciência, e procurou a casa, buscando pela fonte daquele zumbido. Tinha que estar em algum lugar, e tinha que ser de onde Victor estava retirando sua força. Ali! No porão, havia... os olhos de Duncan se arregalaram primeiro em choque, e então em repulsa enquanto ele olhava para cima e encontrava o olhar raivoso do outro velho lorde vampiro.
— Abominação! — Duncan sibilou.
Victor riu.
 — Que canalha mais virtuoso que você é. Eu os criei, e eles vivem para me servir como qualquer outro.
O estômago de Duncan se retorceu. Victor havia criado vampiros para o único propósito de alimentar o seu próprio poder. Havia pelo menos vinte deles lá embaixo, presos no porão, passando fome, inconscientes, praticamente animais selvagens, existindo apenas para prover ao Victor força o suficiente para segurar o seu território. Era uma prática proibida pelo próprio Conselho do qual Victor fazia parte, e era precisamente o que Duncan havia chamado - uma abominação.
Victor sorriu maliciosamente.
— Você ainda acha que pode me derrubar, filhote?
Duncan sentiu o seu propósito endurecer e virar granito, a sua ira se transformar numa resolução fria. Com um aviso rápido, ele tirou poder de seus próprios filhos, de Miguel e Louis. Eles sentiram a sua necessidade e o ofereceram de bom grado, os dois juntos eram bem mais fortes do que todos os escravos meio loucos de Victor, não importando quantos eles fossem.
O sorriso vitorioso de Victor vacilou, e Duncan viu a preocupação por causa de sua iminente queda nos olhos de outro lorde vampiro.
— Renda-se. — Duncan ofereceu. — E eu tornarei o final indolor. Para você e para aquelas pobres criaturas lá embaixo.
— Vá para o inferno. — Victor rosnou. Ele se endireitou, sugando cada gota restante dos escravos no porão, finalmente drenando os dois guardas que Duncan havia deixado vivos. Combinando isso com o que restava de seu poder, ele alimentou ao escudo perante ele enquanto avançava fisicamente para Duncan. Ele segurou um pedaço longo e entalhado de madeira em uma mão, seus dedos segurando com tanta força que perfurava sua pele, o sangue pingando entre seus dedos e correndo pelo braço.
Com um uivo de raiva, ele correu os últimos metros, a estaca rudimentar para cima e pronta, seu poder formando um aríete na frente dele.
Duncan esperou até que o outro vampiro estivesse quase junto a ele, e então apertou seu punho direito e deu um soco para frente como se estivesse batendo no peito de Victor. Um raio de energia atingiu os escudos do outro vampiro. Duncan sentiu os escudos se despedaçarem por causa do impacto de seu golpe, escutando o estilhaçar do cristal quando os escudos de Victor se quebraram pelo esforço.
E ele ouviu os gritos inconscientes daquelas pobres almas no porão quando o mundo deles desabou.
Victor cambaleou, seu rosto cinza de choque, a névoa vermelha do poder em seus olhos já começava a desaparecer, deixando-lhes com um marrom maçante. A estaca que ele estava segurando caiu de seus dedos moles quando ele caiu no chão, primeiro de joelhos e então mais para baixo quando caiu em cima dos calcanhares, as mãos pendendo frouxamente nas suas laterais.
Ele olhou para cima quando Duncan se agachou ao lado dele, mal sendo capaz de encontrar o olhar de Duncan enquanto sua cabeça caía para trás fracamente.
— Você deveria ter escolhido a maneira mais fácil, Victor. — Duncan disse, respirando com força por causa de seu próprio cansaço.
Victor sorriu mais uma vez, sangue manchando seus dentes e caindo pelo seu queixo.
— Vai se foder, Duncan. — ele respondeu asperamente.
Duncan riu.
— Como desejar.
Ele bateu o punho no tronco de Victor, rasgando pele e osso, para acomodar seus dedos ao redor do coração pulsante do vampiro e arrancá-lo de seu peito. Enquanto Victor puxava a sua última respiração trêmula, Duncan segurava seu coração ainda batendo perante seus olhos e mandou uma rajada concentrada de poder diretamente no órgão pulsante.
Victor deu um grito penetrante quando seu coração explodiu em chamas, enquanto seu corpo começava a se desintegrar enquanto se tornava nada mais do que uma pilha de cinza para se misturar com a porcelana quebrada e a comida amassada do cômodo pequeno.
Com um eco fraco distante da morte de seu Criador, os dois vampiros guardas remanescentes de Victor - os dois que ele deixou em um cômodo próximo à porta da frente - morreram juntamente com seu Criador, como também as criaturas patéticas no porão, caindo e virando pó com apenas um sussurro.
Duncan começou a se levantar, mas caiu de joelhos quando os gritos frenéticos enchiam sua cabeça, os vampiros do território de Victor gritavam por seu Mestre, implorando por confiança e compreensão, implorando para saber o que estava acontecendo. Duncan fechou seus olhos, gemendo devido ao dilúvio avassalador de impressões, detalhes, identidades, esperanças, desejos. Raphael havia dito a ele o que esperar quando Victor morresse, quando o fardo de ser um lorde caísse sobre Duncan, mas nada poderia tê-lo preparado para o peso físico disso, para este redemoinho de necessidade que sugaria todo o seu sangue se ele não fizesse algo.
Deixando sua cabeça cair para trás, olhos ainda fechados, rugiu um comando pedindo silêncio. Como se tivesse sido cortado por uma lâmina, a corrente de exigências parou de uma vez. Duncan puxou uma respiração profunda, e, apesar de sua exaustão, deixou seu poder fluir para cada vampiro no território, oferecendo certeza, oferecendo suporte, deixando-os saberem que eles tinham um novo Mestre, mas ele era forte o suficiente para cuidar deles. E que não toleraria rebelião, que os desafiantes morreriam se o enfrentassem.
Lentamente ele recuou. A ligação estava estabelecida e era forte. Os vampiros do território ainda estavam lá, uns sussurros de presença em sua mente, como as vozes quase silenciosas em uma igreja vazia. Era o peso do seu coração que estranhamente o lembrou da primeira vez que soube que amou alguém, a pressão constante no peito de alguém que é tanto uma presença bem-vinda e um lembrete assustador da vulnerabilidade persistente que vinha com o amor.
Havia aqueles entre os vampiros do seu novo território - seus vampiros, agora - que permaneciam apreensivos, mas isso era esperado. Houve outros que estavam curiosos o suficiente, que ele sabia que eles apareceriam nos próximos dias, talvez até mesmo para testar o seu poder, para ver se ele era forte como parecia. E isso era esperado, também. Mas em última análise, ninguém havia morrido, além de Victor e seus quatro guarda-costas, e essas criaturas patéticas no porão, que nunca nem deveriam ter sido criadas - e isso era uma vitória. O Território da Capital era pequeno, somente compreendendo o Distrito de Columbia, Delaware, Maryland, e Virginia. Centenas de vampiros viviam nestes estados, muitos dos quais estavam lá a mais tempo do que Duncan tinha estado vivo. Ele havia tomado o território com poucas mortes significativas, mas deixaria claro que gostaria de ser visto por conseguir segurá-lo sem a necessidade de matar mais alguns.
Passos soaram pelo corredor atrás dele com uma velocidade anormal. Não havia necessidade de se virar para saber que eram Miguel e Louis, respondendo a sua preocupação e prontos para defendê-lo. Os dois eram seus únicos filhos no momento, apesar de que logo haveria mais. Mas eles sempre seriam os primeiros. Ele transformou os dois há cinquenta anos atrás, quando ele e Raphael decidiram dar os primeiros passos reais na direção deste dia.
Victor estava certo sobre uma coisa. Raphael apoiava esse passo. A corrupção de Victor incomodava Raphael há tempos, especialmente nos últimos anos, quando havia se tornado mais e mais difícil manter em segredo a existência dos vampiros. Os excessos de Victor haviam se tornado uma vergonha e muito mais para a comunidade vampírica que ele supostamente representava na capital dos EUA. Mas não foi até que as recentes alianças com Rajmund e Sophia foram firmadas que Raphael e Duncan decidiram que a hora de finalmente fazer uma jogada contra o poderoso Lorde Vampiro de Washington, D.C. Era hora de apossar alguém que Raphael confiava, alguém que dividia com ele a sua grande visão do futuro dos vampiros neste continente, alguém poderoso o bastante para enfrentar Victor e ganhar.
Se Duncan tivesse pedido, Raphael teria alegremente emprestado a ele um exército de vampiros para tomar com ele a Capital. Mas havia sido importante para Duncan apreender esse território sozinho, com seu próprio povo. Miguel e Louis eram dele, e sempre seriam aqueles que o apoiariam quando tudo isso começasse.
— Meu senhor! — Miguel parou bruscamente no cômodo primeiro, ficando de joelhos próximo de onde Duncan estava ajoelhado no chão sujo. — Criador, você está bem?
Duncan sorriu.
— O território é nosso. — Ele ficou de pé, deixando Miguel ajudá-lo a se levantar, e então se virou para incluir Louis. — E agora, o trabalho de verdade começa.

Capítulo 4
 
Emma Duquet estacionou o pequeno Honda debaixo de uma cerejeira e encarou a elegante mansão branca ao final da quadra. A mansão estava toda iluminada, como uma rainha governando sobre as outras casas - o maior espaço e a maior casa entre as grandes construções. Mesmo a menor casa na rua deveria custar uma vida inteira de trabalho para alguém como ela. Ela franziu o cenho. Bom, talvez não a vida inteira. Ela planejava uma vida longa e boa, nem que fosse pra contrariar o destino que parecia estar contra ela, pelo menos até agora.
Um caminhão de lixo passou por ela em direção ao elegante portão de ferro para pegar uma pilha de lixo que se encontrava do lado de dentro da casa. No bairro dela, aquele lixo seria despejado na rua para ser recolhido, mas eles provavelmente tinham regras sobre esse tipo de coisa neste bairro.
O motorista do caminhão se inclinou para falar ao interfone do lado da pequena guarita, obviamente anunciando sua chegada já que a guarita estava vazia. O portão se abriu, mas ao invés de continuar dirigindo em frente, o caminhão deu a volta perto de uma árvore para entrar de ré e parar com a traseira em frente a uma pilha de lixo. Sem se importar que o caminhão impedisse o portão de fechar, dois homens saltaram e começaram a jogar as coisas da pilha de lixo no caminhão.
Emma observou curiosamente, desejando que tivesse trazido os binóculos consigo. Mas pensando bem, sentar com binóculos naquele bairro poderia fazer com que a levassem presa. E ainda nesse assunto, era melhor que ela tomasse uma atitude além de ficar lá sentada, ou alguém chamaria a polícia para ela. Washington era um lugar muito paranóico por esses dias.
Hora da decisão. O portão estava aberto, uma oportunidade de ouro, se existisse uma. Ela poderia marchar pela porta da frente da embaixada vampírica e requerer uma audiência com o embaixador ou como era chamado. Ela talvez nunca mais tivesse outra oportunidade como essa. Claro, também havia a possibilidade dela marchar pelos portões diretamente nos braços de alguns guardas muito bravos. Talvez até um ou dois cachorros. Se bem que ela não tinha visto nenhum cachorro e além do mais todas as histórias diziam que cachorros não gostavam de vampiros. Além do que, se lá tivesse cachorros eles com certeza estariam... - “Sai dessa, Em,” ela deu bronca em si. Ela tinha a tendência a pensar demais nas coisas como uma maneira de postergar o inevitável. E esta definitivamente era uma visita inevitável. Sua colega de quarto, Lacey, estava desaparecida, e Emma tinha ido de encontro a uma parede de tijolos em suas tentativas de achá-la. Mas alguém naquela casa sabia exatamente onde Lacey estava, e Emma pretendia descobrir.
Ela saltou do carro e olhou em volta. Ninguém por perto. Ela se apressou ao descer a rua, reduzindo o passo ao se aproximar do desgastado caminhão.
Mudando seu passo de vigoroso, para uma confiante caminhada, ela passou pelos dois ocupados homens com aceno de cabeça e um sorriso, como se ela percorresse aquele caminho toda noite.
A entrada era daquelas cheias de longas curvas e, entre seu nervosismo e os 15 cm de salto alto que usava para o trabalho, ela estava um pouco sem ar ao chegar à bonita escadaria. Parou e inspirou profundamente.
 “Você pode fazer isto, Em.” Ela suspirou e começou a subir a escadaria em um rápido trote.
Ela alcançou a porta de entrada encarando-a em surpresa. A fechadura havia sido destruída. Parecia que alguém a havia derretido. Esquisito. Mas conveniente. Entre aquilo e os portões abertos, os deuses estavam claramente sorrindo para a missão dela esta noite. Ela tocou a maçaneta delicadamente para ter certeza de que estava aberta, então a empurrou. Estava escuro, mas não assustadoramente escuro. Tinha alguma iluminação no final do corredor que desaparecia atrás de uma grande escadaria oposta à porta da frente.
O lustre de cristal passava a imagem de estar apagado. Os cristais tinham aquele brilho amarelo acinzentado, como se as luzes que emanavam deles não conseguissem ultrapassar o vidro.
Emma deu outro passo à frente, tremendo, e fechando a porta atrás dela. Estava surpreendentemente quente, apesar da pouca luz. Uma parte dela esperava que estivesse gelado como uma tumba, como nos filmes. Havia uma gostosa lareira queimando na sala ao lado, o que ela só havia visto agora, pois a porta da frente tinha bloqueado a visão. A sala parecia uma pequena biblioteca suavemente iluminada por abajures Tiffany que se encontravam na mesa de escritório e em duas outras mesas redondas. Ela ouviu o distinto som de alguém devolvendo um livro a estante e tomou coragem para dar um passo em direção à porta.
— Olá? — Ela chamou suavemente, de alguma maneira relutante em anunciar sua presença nesta grande casa vazia. Ela foi na ponta dos pés até chegar próxima à sala e guinchou, dando um pulo pra trás e quase tropeçando em seu próprio salto quando um homem loiro enorme de repente apareceu à vista.
Ele a olhou curiosamente, seus lábios se curvando em um sorriso fraco.
— Posso ajuda-la? — Sua voz era suave e calma, e trouxe à sua mente a gostosa sensação de água corrente nas gentis montanhas onde ela nascera.
Emma o encarou. Ele definitivamente poderia ajudá-la, mas provavelmente não da maneira a que ele se referiu. Emma gostava de caras altos, não gigantes, mas altos o suficiente para que mesmo com a sua altura, ela não ultrapassasse o cara ao usar salto alto. Não que ela tivesse muitos encontros devido à sua carga de trabalho, mas sempre havia esperança.
Esse cara era mais que apenas alto. Ele era encantador. Perto dos trinta, com cabelos loiros longos que caíam soltos pelos ombros musculosos. Ele tinha braços fortes e um firme e musculoso peitoral que preenchia um suéter azul escuro de manga longa que terminava em um abdômen definido.
Jeans descolorido estava agarrado aos estreitos quadris e musculosas coxas, e...
— Desculpe-me. — ele repetiu naquela mesma voz suave, mas com um ar de crescente diversão. — Você gostaria de algo em particular?
Emma corou, embaraçada de ter sido pega com aquele olhar de admiração. O que ela estava pensando? Ela não estava ali pra flertar com homem algum, sem importar o quão gostoso ele fosse.
— Sim. — ela começou, então ao descobrir que sua garganta estava muito seca pra continuar, engoliu em seco. Ela tossiu e começou novamente. — Sim, eu gostaria de ver o embaixador, por favor.
Os calorosos olhos marrons dele se enrugaram nos cantos.
— Como você pode perceber... — ele disse com seu olhar pulando em volta, para a embaixada não aberta para negócios. — Nós estamos em transição por aqui. O antigo embaixador foi chamado em casa. No entanto, seu substituto assumirá o cargo em breve, e quando ele o fizer, tenho certeza que ficará feliz em recebê-la.
— Oh. — Emma disse, ficando preocupada de repente. — Quer dizer que Victor foi embora? Tipo... para sempre?
Quando ele assentiu, ela perguntou.
— Então quanto tempo até que eu possa encontrar com quer que esteja no comando?
O loiro inclinou a cabeça de forma avaliadora. Será que ele estava tentando decidir se valia a pena perturbar o novo cara por causa dela? Emma se ajeitou autoconsciente, querendo mostrar-lhe que ela era uma pessoa séria, ali à negócios, o que poderia parecer questionável depois do episódio hormonal de observá-lo como uma idiota há pouco tempo atrás.
— Pode aguardar alguns minutos? — perguntou o gato.
Emma estremeceu em surpresa.
— Claro. — ela disse imediatamente. — Quer dizer, sim, com certeza. Uh, onde quer que eu espere?
 Ela olhou em volta, então se inclinou para o lado, passando por ele até a biblioteca onde parecia estar cheia de livros intrigantes.
Estranhamente, o loiro não sabia onde a deixar enquanto rastreava o paradeiro do novo embaixador. Talvez ele tivesse vindo com o novo cara. Um pensamento inconveniente surgiu em sua mente com excitação. Considerando a maneira como ele estava vestido e a sua total elegância e gostosura, talvez fosse o namorado do cara novo. Droga. Por que todos os caras gostosos eram gays?
O loiro sorriu de repente, como se soubesse o que ela estava pensando.
— Você pode esperar na biblioteca.
Rápidos e pesados passos produziram um baque em algum lugar dentro da casa momentos antes de um moreno surgir atrás da escada bloqueando o corredor como um barril. Movimentando-se incrivelmente rápido, ele escorregou e parou na frente do loiro como um goleiro em frente ao gol.
— Perdão, meu...
— Tudo bem, Miguel. — o loiro interrompeu. — Esta jovem senhorita... — Ele se virou para encará-la. — Desculpe. Não gravei o seu nome.
— Oh. Não, eu que peço desculpas. — ela disse rapidamente. — Eu deveria ter me apresentado. Emma Duquet. — Ela deu um passo pra frente e ofereceu a mão.
O loiro cuidadosamente segurou as mãos dela, como se tivesse medo de esmagá-la. E talvez ele pudesse ter feito, pois suas mãos eram exatamente como o resto dele - lindas e grandes, com largas palmas e dedos quadrados. Grossas também, não suaves e macias como a de muitos homens em Washington. Aqueles fortes dedos se curvaram envolta dos dela, apertando-a gentilmente, seu cumprimento se prolongando um pouco mais do que ditava a etiqueta. Mas quem é que se importava com etiqueta? Emma estava apaixonada, ou pelo menos com luxúria. Talvez ele não fosse gay, no final das contas.
— Sou Duncan. — ele disse. — E este é Miguel.
Sem sobrenome pra nenhum dos dois. Huh. Esquisito. Talvez fosse uma coisa de vampiro, embora ela tivesse quase certeza que nenhum dos dois caras fosse vampiro. Não que ela soubesse como se pareciam os vampiros - isso era mais coisa da Lacey. Mas estes dois pareciam mais garotos de fraternidade prontos pra festa do que um todo-poderoso mestre do universo.
Ela ofereceu a mão a Miguel, mas ele só a encarou em suspeita e se pôs entre ela e Duncan como se ela tivesse alguma doença ou outra coisa parecida.
— Ela pode aguardar na biblioteca, Miguel.
O moreno deu a Duncan um olhar de surpresa.
— O embaixador com certeza irá querer vê-la. — Duncan acrescentou, lançando a ela um sorriso rápido.
As sobrancelhas de Miguel ergueram, erguendo toda a linha do rosto.
— Cuide para que a Srta. Duquet fique confortável. — Duncan estava dizendo. — Chamarei o embaixador.
Emma assistiu enquanto Duncan desaparecia por onde Miguel tinha vindo. Ele se movia como um grande e gracioso gato, da maneira como atletas profissionais se moviam, como se um músculo tivesse sincronizado ao outro. E era tão bom de ver, também.
— Por aqui. — Miguel disse, interrompendo a admiração dela pela saída de Duncan. Ele tinha o cenho franzido quando ela olhou de volta pra ele. Miguel parecia não gostar dela por alguma razão. Não, era mais como se ele não a aprovasse. Bom, fazer o que. Emma não precisava da aprovação de ninguém a não ser de si mesma. E ela com certeza não tinha agarrado a oportunidade de fazer faculdade e se formar em direito para se preocupar com o que algum lacaio diplomático pensava sobre ela. Além do mais, ela não estava ali para fazer amigos.
— Obrigada. — ela disse entrando confiante na biblioteca como se fosse dona do lugar.
— Sente-se. — Miguel disse, fazendo soar mais como uma ordem do que como um convite.
— Ficarei em pé. — Emma disse. Ela preferia ter sentado na verdade, mas não daria a ele a satisfação. —Tudo bem se olhar em volta?
Miguel franziu o cenho profundamente. Ele escaneou cuidadosamente a sala, como se tivesse à procura de coisas que ela poderia esconder no bolso ao deixar a casa. Emma apenas o olhou de forma cômica. Pelo amor de Deus, aquela biblioteca obviamente tinha o propósito de ser uma sala de visitas. Olha o quão perto estava da entrada! Se eles fossem esconder os tesouros da embaixada, não seria naquela sala, seria? Tenha bom senso!
— Claro. — ele disse finalmente. — Estarei por perto.
Emma sorriu.
— Tudo bem.
* * * *
Duncan despiu o brim e o suéter que usava, embora não sem um suspiro arrependido. O confronto com Victor tinha sido há menos de vinte e quatro horas atrás e ele esperava por pelo menos alguns dias de privacidade antes que o mundo exterior invadisse sua privacidade. Eles ainda estavam trabalhando na segurança, ainda vasculhando cada centímetro da enorme casa à procura de escutas, câmeras escondidas, portas secretas e rotas de fuga. Ia ser mais fácil uma vez que o resto da equipe de Duncan chegasse da Califórnia mais tarde naquela noite. Se nada mais, pelo menos seriam mais olhos para procurar e ouvidos para escutar.
Vários vampiros de Raphael tinham se voluntariado para acompanhar Duncan no seu novo posto, mas ele tinha selecionado apenas uns poucos e apenas aqueles com um passado seguro profundamente pesquisado. Qualquer outra coisa poderia ser deixada para depois, mais a primeira ordem do dia era tornar aquele lugar seguro.
O que trouxe à tona o fato da inesperada aparição da adorável Srta. Duquet em sua sala de estar e como foi que ela chegou até ali. Como se convocado pelo pensamento, Louis bateu de leve na porta da suíte que Duncan tinha pegado pra si.
— Entre, Louis.
O vampiro troncudo abriu a porta apenas o suficiente para deslizar por ela e assumir uma posição de descanso.
Louis agora pertencia a Duncan, corpo e alma, mas antes de se tornar vampiro, ele tinha sido um soldado, forjado no calor da batalha, e ele ainda tinha boas memórias de seus dias como militar.
Duncan abotoou o cinto e se sentou para calçar as meias.
— Como foi que ela entrou?
— O caminhão de lixo, Senhor. Eles bloquearam o portão com o caminhão enquanto o carregavam, deixando-o aberto, e foi assim que ela entrou. Eu assumo toda responsabilidade por...
Duncan suspirou.
— Não é culpa sua. Nós três não somos o suficiente para a segurança de um local deste tamanho. Será mais fácil depois que os outros chegarem e depois que Miguel trouxer a equipe diurna. Nesse meio tempo, sugiro que fechemos o portão e ignoremos qualquer ligação.
— Sim, meu Lorde.
Duncan calçou as botas, e colocou o terno tirando-o do armário.
— Você já checou o porão?
— Eu estava a caminho quando Miguel me chamou, meu Lorde.
— Bom. Obrigado, Louis. Sinto muito por sobrecarregá-lo com isto. Eu acredito que esteja bem cruel lá embaixo.
— Não precisa se desculpar, meu Lorde. Cuidarei do assunto.
Louis colocou a cabeça pela porta e deslizou por ela deixando Duncan e seus pensamentos, que imediatamente se encheram de imagens de Emma Duquet. Ele sorriu enquanto arrumava o cabelo em um rabo de cavalo com uma lira de couro dentre as muitas que tinha espalhadas pela gaveta do armário.
Emma, ele pensou. Um adorável e antiquado nome, apesar de que não havia nada de antiquado em relação à sua visitante. Seu longo e castanho cabelo pendurados atrás dela em um emaranhado, e aqueles olhos violetas espertos e inteligentes que não se via todos os dias, apesar da energia quase maníaca que ela parecia irradiar. Ela vestia seu terno customizado como um cavaleiro vestia sua armadura, mas no caso dela, a roupa não escondia muita coisa. Nenhum cavaleiro jamais mostrou as pernas torneadas como ela o fazia, ou usou um par de saltos alto para alongá-las ainda mais. Suas pernas eram cobertas por meias de seda.
O clima era frio para estar com as pernas de fora, mas ela não cedeu à tentação de usar algo menos elegante que seda. Ele entendia a necessidade das mulheres modernas usarem calças, e meia-calça grossa era certamente mais apropriado neste clima. Mas o homem sulista que havia nele ainda preferia ver mulheres de saias e vestidos, com as doces curvas das delgadas panturrilhas acentuadas pelo brilho da seda. Apesar de que, com certeza, nenhuma mulher de respeito da sua época no sul, teria jamais usado algo semelhante ao terno e saia de Emma ou mesmo as meias de seda em um lugar onde homens que não fossem seus maridos a pudessem ver. Ele sorriu. Pensando bem, as roupas femininas contemporâneas eram muito bem recomendadas, afinal de contas.
E por que ele estava gastando tanto tempo se preocupando com as roupas da Srta. Duquet? Ao invés disso, ele deveria estar se perguntando o que ela fazia ali. E o que poderia ser tão urgente que seus olhos escureceram de medo quando ele havia dito que Victor tinha partido?

Capítulo 5
 
Emma encarou com admiração o último volume do que parecia ser uma edição completa de 1776 de A História do Declínio e Queda do Império Romano de Edward Gibbon. E em condições notáveis, também. Ela não era uma especialista de livros raros, mas ela teria apostado que esse conjunto particular nunca tinha visto o interior de uma livraria. Um herança de família bem preservada era mais parecida com isto.
Ela balançou a cabeça, de repente, impaciente consigo mesma. Emma. Vampiros, Duh. Eles provavelmente compraram o conjunto novo, acabado de ser impresso e empurraram-no em uma prateleira. Provavelmente nem mesmo sabiam do que tinham; muito menos que valia a pena. Ela deslizou o livro cuidadosamente ao lado dos outros cinco volumes e levantou a cabeça, escaneando os títulos envolventes. Ela se perguntou se havia outros tesouros como esse, apenas parados aqui com ninguém mais sábio.
— Victor tinha uma coleção notável. — disse uma voz fria.
Emma saltou culpada e girou. Ela olhou para Duncan, sua boca aberta em choque, até que ela percebeu isso e estalou o queixo fechado com força suficiente que doeu. O homem ali era Duncan, mas não era ele também. O suéter e jeans foram embora, e não é que ele preenchia um terno bem? Talvez o embaixador exigisse que ele se vestisse para os visitantes, mesmo os que não foram convidados.
Ela piscou, inclinando a cabeça curiosamente enquanto suas palavras alcançaram seus pensamentos.
— Você disse que tinha uma coleção. Passado. Aconteceu alguma coisa com o embaixador Victor? É por isso que seu chefe está aqui agora? — Seu coração começou a corrida com a ideia de que algo havia acontecido com Victor. A festa que Lacey tinha ido era uma na qual o embaixador vampiro era o anfitrião, ou assim Lacey tinha dito a Emma. Não era a primeira vez que ela tinha ido a uma das festas de Victor, mas esta era para ser algo especial, um longo fim de semana em uma casa fora da cidade. Lacey tinha estado tão animada. Ela tinha queimado a sua parte do dinheiro do aluguel em um vestido novo e sapatos, sabendo que Emma iria perdoá-la e cobrir todo o aluguel, como sempre.
E agora, Emma ficaria feliz em pagar o aluguel pelos próximos cinco anos, se Lacey apenas aparecesse sã e salva.
— Emma?
Ela piscou.
— Sinto muito. — disse a Duncan e balançou a cabeça para limpá-la.
— Hum, certo. Passado. Aconteceu alguma coisa com o embaixador? — Ou Lacey?
— Nada inesperado, não. — Duncan assegurou-lhe calmamente. — Mas a coleção de livros veio com a residência, por isso não é realmente sua, de qualquer maneira.
— Oh, é claro. Eu acho que isso a torna do seu chefe agora, certo?
Duncan sorriu, parecendo genuinamente feliz com sua conclusão, ou talvez fosse mais como se ele estivesse se divertindo. Ela fez uma careta quando ele se virou graciosamente e caminhou até a mesa pesada ornamentada. Miguel entrou no quarto como um fantasma sombrio, sem fazer mais barulho do que Duncan tinha feito. Ele tinha trocado de roupa também, e agora assumiu uma posição atrás do ombro esquerdo de Duncan enquanto Duncan sentava atrás da mesa.
— Sente-se, a Sra. Duquet. — disse Duncan. — E me diga o que a traz aqui.
Emma olhou com surpresa, quando se estabeleceu na cadeira.
— Espere, eu pensei que estava me reunindo... Merda. — Emma mal conseguiu deixar de praguejar em voz alta quando percebeu o que estava acontecendo.
Duncan, por sua vez, virou de lado para a mesa, recostando-se na poltrona de couro e cruzando as pernas na altura do joelho, com um braço sobre a mesa na frente dele. Ele não se remexeu como algumas pessoas teriam, não bateu sequer um único dedo sobre a mesa. Ele apenas a observava atentamente, como se curioso para ver como ela reagiria.
— Você é o embaixador? — Emma resmungou.
— Nós realmente não nos referirmos a isso como um embaixador, mas, sim.
— Isso significa que... Você é um vampiro? Mas isso é impossível. Quero dizer, quantos anos você tem?
Miguel enrijeceu e deu-lhe um olhar indignado, mas Duncan murmurou baixinho e disse:
— Essa é uma pergunta muito rude na cultura vampira, Sra. Duquet. Você trabalha nesta cidade. Pelo menos, suponho que trabalhe. Certamente já lhe ensinaram a ser mais delicada do que isso ao lidar com outras culturas.
Emma estreitou os olhos em irritação. Ele estava certo, é claro. Ela sabia melhor do que fazer uma pergunta como essa, mas ele a chocou direto para fora de suas aulas de sensibilização. E ele sabia disso. Ele estava brincando com ela, e ela não gostava de ser um brinquedo.
— Olha, Duncan, ou qualquer que seu nome realmente seja.
Miguel realmente rosnou para isso, mas Duncan ergueu a mão para detê-lo.
— Está tudo bem, Miguel. Ela não quis fazer nenhum insulto, não é, Sra. Duquet?
Emma não respondeu por um momento. Ela estava ocupada demais olhando para Miguel. Ela nunca tinha ouvido falar de um homem realmente rosnar antes. Um verdadeiro rosnado com dentes, saliva escorrendo, rosnar! Vou-arrancar-sua-garganta-fora. Uau.
— Sra. Duquet?
— Sim! Quero dizer, não, não tive a intenção de insultá-lo. Eu sou... Eu geralmente sou melhor que isso.
— Mas você está preocupada com alguma coisa. Algo que trouxe você para nos ver, mesmo que nunca tenha estado aqui antes. Algo importante o suficiente para que você entrasse sorrateiramente pelo portão e em nossa casa sem convite.
— O portão estava aberto. — protestou ela.
— O portão foi bloqueado por um caminhão ativamente engajado no carregamento de lixo. — Duncan corrigiu suavemente. — Obviamente, não deveria estar aberto.
Ok, então ele tinha um ponto.
 — Você está certo. — ela admitiu. — Sinto muito. Mais uma vez.
Duncan riu suavemente, seus quentes olhos castanhos dançando. Ele com certeza não se parecia com um vampiro. Miguel ela poderia aceitar. Ele rosnava, pelo amor de Deus. Duncan parecia um sangue azul graduado em negócios de Harvard com um alfaiate caro e rebelião suficiente em sua alma para deixar seu cabelo crescer. Mas talvez esse fosse o ponto. Qual o melhor homem para comandar a cultura vampira do que alguém que se parecia com o executivo ao lado?
— O seu problema? — Duncan a levou.
Emma respirou fundo e soltou o ar lentamente.
— Minha colega de quarto, Lacey. — ela começou, então parou. Lacey era muito mais do que apenas uma colega de quarto, mas ele não precisava saber disso. — Ela foi para uma das festas de Victor. Foi uma coisa no fim de semana, mas ela deveria estar em casa pelo menos na noite de domingo, porque tinha que trabalhar na segunda de manhã. Isso foi há três dias, e eu ainda não tenho notícias dela. Lacey não faria isso.
Ela olhou para Duncan, à espera que ele respondesse de alguma forma. Para lhe dizer que estava tudo bem, que a festa ainda estava acontecendo, ou eles decidiram tomar um avião para a Bahamas e não havia cobertura de celular. Alguma coisa, qualquer coisa, para explicar o silêncio de Lacey. Ele não disse nada de imediato. Ele parou quase que perfeitamente, ainda assim, claramente pensando em tudo o que ela disse, mas não se apressando a responder. Era frustrante para alguém como Emma, que tendia a viver a vida em plena aceleração, mas, ao mesmo tempo, havia algo fascinante sobre a sua quietude. Ela não achava que já tivesse conhecido alguém que pudesse permanecer assim imóvel. Ela teria atribuído a ele ser um vampiro, exceto que Miguel, de pé ao lado dele, estava bastante eriçado com energia, seus músculos encolhendo debaixo das linhas de seu terno elegante.
Duncan, por outro lado, era como um grande gato - um tigre talvez - tão bonito e elegante do lado de fora. Mas mesmo que você admirasse sua beleza, seu coração corria com medo, porque uma parte de você sabe que este é o perigo, esta é a morte. Havia uma energia em espiral para Duncan, como se fosse mal contida dentro de sua pele. Isso exigia toda a sua atenção e, no entanto, aparentemente, ele estava ali, sentado, quieto e silencioso, esperando. Assim como aquele tigre.
Emma não era um tigre. Ela estava sempre brincando com algo. Seus professores costumavam repreendê-la constantemente por ela estar se contorcendo, como eles chamavam. Mas a verdade era que ela tinha muita energia para estar parada. Iria queimá-la por dentro se não usasse de alguma forma.
— Foi a primeira vez que sua amiga se juntou a Victor em um de seus eventos? — Duncan perguntou.
Emma reprimiu seu empurrão de surpresa em sua pergunta repentina.
— Não. — ela admitiu. — Lacey gosta de festa. Trabalhar e viver em DC foi ideia minha, mas ela concordou em vir comigo pelo cenário social. Há uma festa de algum tipo quase todas as noites na cidade. Mais de uma, na maioria das noites, e nos fins de semana. — Emma encolheu os ombros, depois hesitou. Ela não queria dizer a Duncan o resto, não queria que ele pensasse mal de Lacey, mas...
— Lacey estava meio que obcecada com todos vocês. — acrescentou ela relutantemente.
— Vocês 'todos' o quê? — Duncan solicitou.
— Vampiros. — disse Emma, estremecendo. — Ela deve ler dez livros por semana, absolutamente devora-os. Romance paranormal, principalmente, e mais do que vampiros. Ela conheceu Victor em um evento VIP realizado pela empresa que ela trabalha. Eles são uma empresa de lobby na Rua K - muito dinheiro, muito. Enfim, ela chegou à nossa casa naquela noite mais feliz do que já a tinha visto, porque ela finalmente encontrou um vampiro de verdade. Dois dias depois, houve um convite em seu e-mail de trabalho, uma festa aqui na embaixada.
— Aqui.
— A primeira festa, sim. Essa foi, talvez, há dois meses. Eu teria que verificar para ter certeza. Eu não acompanho o calendário social de Lacey, mas tenho certeza que ela festejava com seus rapazes vampiros, pelo menos uma vez por semana desde então.
— Eles estavam se alimentando dela?
Emma empalideceu com a pergunta simples. Ela perguntou-se a mesma coisa mil vezes, mas nunca perguntou a Lacey. Ela realmente não queria saber.
— Eu não sei. — admitiu para Duncan. — Eu nunca vi. — Ela tomou uma respiração instável. — Eu nunca vi nenhuma marca em seu pescoço ou qualquer coisa.
— Você não iria, necessariamente. É provável, no entanto, que sua amiga estivesse permitindo.
— Lacey. — Emma interrompeu. — O nome dela é Lacey.
Duncan reconheceu a correção com um aceno de cabeça.
— Encantadora como tenho certeza que é Lacey, duvido que Victor tenha continuado a convidá-la a menos que ela estivesse fornecendo sangue. Não é incomum, você entende.
Emma olhou para ele fixamente.
— O que não é incomum?
Duncan deu a ela um olhar de pena.
— Há muitos humanos, Sra. Duquet, que estão ansiosos para servir como uma fonte de sangue para os vampiros. Ela poderia ser muito agradável para eles.
Ela franziu o cenho.
 — Você quer dizer para os seres humanos? Como isso pode ser agradável?
— Sexualmente. — ele demorou, e a palavra parecia sussurrar sedutoramente de sua boca beijável diretamente ao seu ouvido. Era tão real que ela podia sentir o calor de sua respiração provocando sua bochecha enquanto sua voz enrolava ao redor de seus sentidos.
O coração de Emma bateu mais depressa. Suor estalou delicadamente entre seus seios, e umidade de um tipo totalmente diferente agrupou profundamente entre suas coxas. Ela sentiu seus mamilos tensionando e estava feliz que o tecido pesado de sua jaqueta evitasse que alguém percebesse. Exceto que o olhar aquecido no rosto de Duncan disse que ele sabia que ela estava excitada, sabia que seus mamilos estavam raspando requintadamente contra a renda de seu sutiã. Ela queria apertar as pernas juntas contra a dor, mas se recusou a dar-lhe a satisfação. Ela apertou os dedos ao redor dos braços da cadeira em vez disso.
Isso era ridículo.
Ela rangeu os dentes, forçando seu cérebro a voltar para a pista.
— Olha, querido. — disse. — Eu não sei nada sobre as interações humanas e vampiras. Eu nem gosto dos filmes. Tudo o que sei é que Lacey festejava com vocês, e agora ela está desaparecida. Ela não voltou para casa ou até mesmo me ligou em três dias. Alguma coisa aconteceu, e eu quero saber o que você vai fazer sobre isso.
— Não é possível, a Sra. Duquet, — disse Duncan pacientemente. — que Lacey encontrou alguém que gostasse e esteja passando mais uns dias a sós com ele?
— Ela teria me ligado. Ela sabe que eu me preocuparia.
— Você ligou para seu escritório?
— Sim, é claro.
Ele deu-lhe um olhar indagador.
— E?
Emma beliscou a boca com raiva. Maldito.
— E ela supostamente tirou a semana de folga.
— Ah.
— Não. Sem ah. Ela não me disse que tiraria a semana de folga, e ela teria feito isso. Algo está errado aqui, e se eu esperar muito tempo, nunca... — sua voz quebrou enquanto ela lutava para conter as lágrimas. Por que não podia fazer alguém entender? Lacey era muito mais do que uma colega de quarto. Elas eram melhores amigas, irmãs de todas as maneiras que contava. Elas eram tudo o que a outra tinha no mundo, e Lacey nunca teria feito isso com ela!
Duncan não se moveu, exceto para franzir a testa, pensativo.
— Eu acredito em você. — disse ele inesperadamente.
— Obrigada. — Emma sussurrou, quase engasgando com o soluço que estava tentando forçar seu caminho até sua garganta.
— Veja bem. — ele advertiu: — Eu não estou convencido que qualquer coisa terrível aconteceu, mas acredito que você conhece Lacey muito bem, certamente melhor do que eu. E se você diz que algo está errado nesta situação, então vale a pena dar uma olhada.
Ela assentiu com a cabeça, mordendo o lábio para não choramingar como uma idiota.
Duncan deu um olhar afiado em sua boca, e endureceu de sua relaxada pose de lado, girando suavemente até que ele, mais uma vez encarou sobre a mesa.
— Como eu disse antes, Sra. Duquet, nós apenas chegamos a esta cidade ontem à noite, por uma questão, de fato. Victor partiu de forma bastante inesperada, o que nos deixa procurar nos seus registros por nossa conta.
— Você não pode ligar ou algo assim?
— Eu acredito que ele não está alcançável, mas farei o que puder.
Emma suspirou. Ele estava brincando com ela. Não tinha intenção de tentar encontrar Lacey. Nem mesmo estava disposto a ligar para Victor, muito menos qualquer outra coisa.
— Eu não estou apenas dizendo isso para aplacá-la. — insistiu, e ela franziu a testa. Essa era a segunda vez que ele parecia ler seus pensamentos. Seria possível?
— E eu não estou lendo seus pensamentos também. — acrescentou ele, sorrindo. — O que tenho são muitos anos de experiência em ler expressões humanas, e seu rosto é muito expressivo.
Emma corou.
— Hum, obrigada. Eu acho. Então, quanto tempo...
— Eu sei que você está ansiosa, mas me dê alguns dias. Eu darei retorno, prometo.
Emma queria protestar. Dois dias mais! Mas era melhor do que ela esperava, honestamente, antes de chegar aqui, e era provavelmente o melhor que ela conseguiria. Ela puxou uma respiração profunda, calmante, dentro e fora.
— Tudo bem. Obrigada. — disse ela, e enfiou a mão na bolsa para retirar seu telefone celular. — Eu deixei minha bolsa no carro, então não tenho cartões de visita comigo, mas posso mandar por texto meus números para você, ou... — ela levantou a cabeça para encontrar seus muito humanos olhos castanhos. — ... vampiros usam telefones celulares?
Duncan sorriu.
— Nós usamos, de fato. Todas as conveniências modernas. — ele enfiou a mão no bolso do paletó, pegou seu próprio telefone, e rapidamente bateu em algumas teclas. Então deslizou sobre a mesa para ela.
— Você pode inserir o seu número aqui.
Emma pegou o telefone e olhou para a tela. Seu nome foi digitado e estava apenas esperando por um número. Sentindo-se como se estivesse cruzando alguma linha invisível, ela colocou seu celular e os números de trabalho, em seguida, voltou a colocar o telefone na mesa.
— Eu tenho um telefone fixo em casa, mas nunca uso. Apenas o celular. — disse ela. — E o número do meu escritório. Eu te dei isso também.
— Muito bom, eu vou...
— Eu não deveria ter o seu número?
Duncan já havia se afastado da mesa e ficado de pé, como se a entrevista tivesse acabado. Ele parou e deu-lhe um olhar confuso.
— É claro. Miguel.
Emma franziu o cenho. Ele não podia dizer-lhe o seu número? Ele precisava de Miguel para fazer isso por ele? Mas Miguel estava inclinado sobre a mesa, segurando um grosso cartão branco. Emma olhou para baixo enquanto aceitava. Havia duas linhas no cartão. Nome de Duncan, que aparentemente incluía o sobrenome Milford, mesmo que ele não tenha se apresentado desta forma, e um número de telefone. Sem título, sem filiação ou identificação de qualquer tipo.
— Tudo bem. — disse ela. — Obrigada.
— Miguel, acompanhe a Srta. Duquet para seu carro, certo? É escuro e escorregadio lá fora.
— Oh, não, na verdade, eu estou bem. — protestou ela. A última coisa que ela queria era um passeio no escuro com o resmungão, Miguel.
— É claro que você está. — disse Duncan implacavelmente. — Miguel.
****
Duncan ficou em uma janela do andar de cima e observou enquanto Miguel acompanhou Emma Duquet pelo portão e desceu a rua até o carro dela, que era um modelo Honda mais antigo, ele observou. Um carro confiável, mas não caro.
Ela disse algo para Miguel enquanto abria a porta do carro. Provavelmente agradecendo-lhe, mas nada mais que isso. Ela não estava confortável com Miguel, ou talvez sentisse a sua desconfiança em relação a ela. O que quer que fosse, Duncan não se importava. Se alguém se aproximaria de Srta Duquet seria ele. Ele foi atraído para ela de um jeito que não tinha sido por qualquer mulher há muito tempo. Ele supunha que tinha algo a ver com a sugestão delicada de um sotaque na voz dela, um que tinha claramente trabalhado arduamente para perder. Mas ainda estava lá para qualquer um que tivesse crescido no Sul e sabia o que ouvir. Foi dito que o gosto de um homem em mulheres, e vice-versa, foi criado quando ele era ainda uma criança, muito antes que o gosto tivesse sido colocado em prática. Se assim for, era perfeitamente possível, que mesmo hoje, o gosto de Duncan com as mulheres era um retrocesso para a sua juventude no Tennessee quase duzentos anos atrás. Mas ele suspeitava que fosse mais do que isso, também.
— Senhor? — Louis disse atrás dele. — Você ligou para mim?
— Precisamos quebrar a segurança dos computadores de Victor. — disse Duncan sem se virar. — Esqueça o resto, por agora.
— Sim, meu senhor. Eu vou começar de uma vez. — Havia uma corrente de entusiasmo na voz de Louis. Por toda a sua habilidade em combate, Louis era um nerd no coração, um gênio tecnológico que nunca tinha conhecido um sistema de segurança que não pudesse entrar. Ele estava louco para entrar nos computadores de Victor.
— E Louis?
— Senhor?
— Eu quero tudo o que você puder encontrar sobre Emma Duquet.
— Quanto tempo para trás?
— Tudo, Louis.
— Sim, meu senhor.
Duncan continuou observando enquanto Emma dirigia seu carro ao longo da curva do cul-de-sac{8}, dando a volta antes de virar para o onde veio. Ele pensou em seus belos olhos, a cor incomum, o tom exato de amores-perfeitos na primavera. Ele ainda lembrou-se das flores do jardim de sua mãe em outra vida. As coisas tinham mudado muito desde então. Era mais do que um momento diferente, era um mundo totalmente diferente. Ele franziu a testa com o pensamento. Ele raramente se lembrava daqueles dias, e agora os lindos olhos de Emma tinham trazido à mente isso duas vezes em uma noite.
Ela tinha dito a verdade sobre sua amiga. O que ela sabia, de qualquer maneira. Parte do que fez isso tão bem sucedido, Duncan tinha sua empatia de vampiro reforçada com os seres humanos. Isso era um talento incomum entre sua espécie. Os vampiros eram muito mais propensos a perder qualquer ligação que tiveram uma vez com a emoção humana, em vez de ganhá-la. Mas, mesmo como um ser humano, Duncan tinha possuído uma sensação intuitiva para as emoções de outras pessoas. E de alguma forma, quando se tornou um vampiro, essa intuição só tinha crescido. Tinha sido muito no início, sentindo todas as emoções do povo, humano ou vampiro em volta dele. Ainda pior, as emoções, às vezes permaneciam em prédios ou salas, especialmente se os sentimentos eram particularmente fortes ou traumáticos, como o medo, o ódio, ou mesmo amor. Suas habilidades estavam limitadas ao psíquico, mas então, muitas das habilidades foram concedidas pela transição para Vampiro.
Com o tempo, ele aprendeu a bloquear o ruído em geral, aprendeu a tocar em sentimentos de forma seletiva. E ele definitivamente selecionou tocar na Srta. Duquet esta noite. Seus sentimentos eram muito simples, e, como era frequente o caso, o conhecimento de suas emoções levou ao conhecimento de seus pensamentos. Os dois andavam de mãos dadas, depois de tudo. Muitas vezes as pessoas mentiam com suas bocas, mas seus pensamentos eram sempre verdadeiros. Combinado com todas as outras pistas que os seres humanos davam, ele poderia geralmente julgar um ser humano tão bem quanto podia um de seus próprios filhos vampiros. E já que um senhor vampiro conhecia seus filhos tão bem quanto ele, isso dizia alguma coisa.
Mas se Emma Duquet estava dizendo a verdade, as atividades de Victor foram muito além da corrupção, além até mesmo das abominações que ele tinha mantido presas em seu porão. O que significava que Duncan tinha que descobrir exatamente quais eram os crimes de Victor antes que desabassem sobre a cabeça de Duncan.

Capítulo 6
 
Na noite seguinte, Duncan abriu a porta de sua suíte particular e entrou no corredor, estremecendo quando algo grande despencou através da escada e bateu no chão com um “boom” retumbante. Este era o método de seu povo de eliminar o lixo de forma rápida. Infelizmente, havia criado uma pilha crescente de detritos no foyer. Eventualmente, todo o lixo teria que ser transportado para o quintal onde ficaria até que eles tivessem uma melhor segurança no local. Não haveria mais visitantes indesejados escorregando após a abertura de um portão despreocupadamente.
 O resto da equipe da Califórnia havia chegado no horário certo ontem à noite, e a casa estava muito mais agitada do que antes. Os vampiros recém-chegados tinham se ajoelhado e feito um juramento de sangue com ele, transferindo a lealdade de Raphael para Duncan. Foi tudo feito com a bênção de Rafael, que fez todo o processo muito mais simples. Duncan era seu mestre agora, seus corações batiam ao seu comando.
E o seu comando atual tinha muito a ver com a limpeza dos restos da corrupção de Victor. Todos os três pisos da velha casa estavam sendo examinados a fundo, que em muitos casos significava ser literalmente dilacerado. Ninguém confiava em Victor, mas não estavam inteiramente certos sobre o que estavam procurando, também. Dispositivos de gravação, certamente. Quando fossem encontrados, seriam removidos e remontados à sua base de controle, que até agora provou ser uma sala sem janelas secretada e afastada ao lado da câmara de descanso de Victor, no terceiro andar. Isso em si já era terrível, ele ter escolhido um lugar de descanso para si no andar mais alto. Mas, então, o porão estaria fora de questão, uma vez que havia sido preenchido com seus vampiros escravos.
De qualquer forma, muitos dos dispositivos de gravação que eles haviam encontrado estavam localizados nos quartos, e a coleção de vídeos de Victor deu provas de que os quartos foram usados ??com frequência, mesmo que apenas por uma ou duas horas de cada vez. A maioria significativa dos videos era de homens de destaque, que Duncan poderia reconhecer facilmente do noticiário noturno.
Ele não sabia ainda se Victor tinha andado chantageando alguém, mas sabia que se ainda não tivesse feito, o material seria usado para chantageá-los futuramente.
Duncan caminhou pelo corredor para onde Louis montou seu equipamento em um esforço contínuo para desvendar os vários arquivos de computadores de Victor. O que ele tinha encontrado até agora foi apenas mais uma evidência da paranoia galopante do outro. No mundo humano, ele teria vivido em um pequeno apartamento com estranhas folhas sobre as janelas e jornais empilhados até o teto. Em vez disso, ele foi um senhor poderoso com centenas de anos de idade. Duncan não sabia o que Victor tinha feito antes de se estabelecer na Capital dos EUA. Talvez assombrasse os campos de batalha da revolução, se aproveitando dos soldados que estavam morrendo.
Ou talvez, Duncan pensou, eu sou um pouquinho preconceituso contra o velho vampiro. Ele sorriu com tristeza, então suspirou. Eles não precisavam dele aqui. Ele supunha que poderia começar arrancando paredes com o resto deles, mas...
— Meu senhor!
O grito animado de Louis tinha feito Duncan cruzar rapidamente para a mesa onde seu chefe de segurança estava dobrado sobre o teclado do computador principal de Victor. Dois nerds vampiros estavam perto e fazendo sugestões sobre como Louis se introduzia através dos dados. Duncan saiu de seu caminho.
— Eu quebrei a criptografia principal, meu senhor. — Louis explicou laconicamente enquanto continuava a escrever. — Mas existem códigos adicionais dentro de alguns desses arquivos.
— Aquela é uma designação alfa simples. — um dos outros comentou calmamente. — Tente abrir.
— Porra, não é. Fotos e tudo mais.
— O quê? — Duncan exigia. Os outros deslizaram para fora de seu caminho enquanto ele se movia para ficar atrás de Louis novamente.
— As mulheres, meu senhor. — explicou Louis, paginando através de um arquivo.
— Jovens mulheres bonitas e humanas. — acrescentou outro apreciativamente.
— Nenhum nome. — Louis disse. — Iniciais só, mas com as imagens, isso não deve ser muito difícil... Será que a mulher da outra noite...
— Emma Duquet. — Duncan forneceu.
— Certo. Ela deixou uma foto de sua amiga desaparecida?
— Não.
— Ok, um minuto. — Louis girou a cadeira para a mesa atrás dele e puxou o laptop mais perto. — Eu comecei a investigar Duquet mais a fundo, como você pediu. — ele disse enquanto digitava. — Seu nome completo é Emmaline Marie Duquet, a propósito, embora ela raramente use. Ela tem um perfil no Facebook que não atualiza regularmente em anos, mas deixe-me verificar... Sim. Não é. O primeiro nome de sua amiga era Lacey, certo?
— Sim. — disse Duncan. Ele estava olhando por cima do ombro de Louis, vendo fotos de uma jovem, menos sofisticada que Emma Duquet, imagens claramente tiradas antes ou logo depois que chegou à Washington. Ou talvez fosse a preocupação com a amiga que tirou o brilho em seus olhos, o sorriso que dizia que ela estava indo enfrentar o mundo e vencer.
— Lacey Cray. — Louis murmurou, fixando-se em uma única imagem de Emma com o braço em volta de uma loira linda da sua idade. — Nome bonito. Menina jovem, também. Lamentável.
Duncan queria ser controverso com a finalidade das últimas palavras de Louis com a sua suposição de que Lacey já estava morta, mas não podia. Apesar de sua garantia para Emma na noite passada, e a vontade que tinha de ter Lacey a salvo por ela, ele sabia que não era o resultado mais provável. Louis voltou para o computador de Victor.
— Há data perto da imagem de cada mulher, meu senhor. E iniciais diferentes após cada data. Eu estou pensando... — ele parou de digitar e olhou para Duncan, como se para julgar a reação dele. — Dado o que já vimos de pornô pessoal da coleção de Victor, este é, provavelmente, um recorde de encontros sexuais, meu senhor. O segundo conjunto de iniciais são dos homens com quem essas mulheres foram designadas, completa com encontros.
— Ele era um maldito cafetão. — um dos vampiros sussurrou em desgosto. — Talvez seu dinheiro tivesse vindo do inferno. Até agora sabemos que ele viveu como um Rockefeller, mas não de renda.
Duncan olhou para cima.
— Nada?
— Ele era dono de uma grande quantidade de bens, meu senhor. — o vampiro disse. — Mas muitos em bairros degradados; coisas que ele comprou há décadas e esqueceu-se de vender antes que o mercado despencasse. Tanto quanto posso encontrar, ele não se preocupou em cobrar aluguel em alguns deles.
 — E quanto às melhores propriedades, lugares que poderia usar?
— Algumas delas, com certeza. Eu posso te dar uma lista.
— Faça isso agora, e mande um e-mail das informações para Louis e Miguel. E continue procurando. Se ele não ganhava dinheiro legitimamente, de onde isso vem? Isso tem que estar em algum lugar. Ou isso, ou ele não mantinha os registros em qualquer um dos computadores que encontramos até agora, em qualquer caso.
Ele fez uma careta, quando alguém lá em cima começou a derrubar uma parede de gesso com o que parecia uma marreta. Ele soltou um suspiro longo e barulhento e disse:
— Se os registros estão nesta casa, tenho certeza que vamos encontrá-los em breve. Mas, enquanto isso, Louis... — ele encontrou o olhar pálido do seu chefe de segurança. — Victor mantinha as casas de sangue?
Louis sacudiu a cabeça.
— Não na cidade de DC, meu senhor. Ele e seus quatro vampiros eram os unicos que viviam aqui... sim, além dos seres no porão. Mas há uma abundância de casas de sangue nos estados vizinhos. Nem sempre casas, é claro, às vezes, clubes, como o que Rajmund tem em Manhattan. Cerca de metade da pompa, no entanto.
 — Eu quero uma lista de qualquer lugar perto... — Duncan pensou por um momento. — Vamos fazer isso num raio de duas horas de carro daqui. Suspeito de que Victor tinha outros entretenimentos em outro lugar. Não que ele tivesse se importado, mas seus clientes podiam ter. E Emma disse que Lacey falou sobre ir a uma festa fora da cidade. Quanto tempo você demora em conseguir essa informação?
— Não mais do que alguns minutos, meu senhor. Victor manteve os registros nojentos, mas eu comecei a construir a minha própria base de dados muito boa há algumas semanas, logo que cheguei aqui para começar a preparar as coisas para você.
— Excelente. Eu vou rastrear Miguel. — disse Duncan. — E você pode nos encontrar na biblioteca uma vez que você tiver a lista. O resto de vocês mantenha o trabalho nestes arquivos, e se você encontrar alguma coisa digna de nota, ligue no meu celular.
Duncan encontrou Miguel no porão com mais uma das equipes de vampiros que tinham vindo à noite passada. Este era muito especializado e só permaneciam até que sua tarefa fosse completa, então, pela aparência das coisas, seria muito mais do que qualquer um esperava.
— Isso é tudo uma merda, Miguel. — um magro vampiro de cabelos grisalhos estava dizendo. Ele bateu um feixe de madeira podre e Duncan fez uma careta, esperando que toda a casa não estivesse a ponto de entrar em colapso em suas cabeças. Eles provavelmente sobreviveriam, mas poderia levar um tempo para saírem. Duncan sorriu de volta para o vampiro de cabelos grisalhos e disse:
— Pense nisso como um desafio, Alaric. — o vampiro virou com uma gargalhada.
— Um desafio é você tentar durar cinco minutos no ringue comigo, meu senhor. Este... — ele acenou para o porão, mofado escuro ao redor deles. — ... isso é uma merda velha. E eu não estou nem falando sobre a poeira vamp deixada por Victor em experiência e abominação. — todas as risadas, fugiram, e Duncan assentiu com sobriedade. — Louis limpou a maior parte disso. — disse ele.
— E ele fez bem o trabalho dele também. — Alaric concordou. — Mas eu vou lhe dizer, Duncan. Servi em mais de uma guerra como ser humano e vi algumas coisas horríveis. E Deus sabe, vi a minha quota de vistas horríveis como um vampiro. Mas isso? Este lugar me dá arrepios. Eu não gostaria de dormir aqui em baixo, mesmo se a fundação não estivesse apodrecendo e prestes a despejar a casa inteira na minha cabeça.
 Duncan considerava o outro vampiro pensativo. Alaric era o melhor contratante da América do Norte. Ele construiu os cofres de sono diurno em cada uma das residências pessoais de Raphael e sedes espalhadas, incluindo o novo composto perto de Seattle. Havia outras equipes fazendo um trabalho semelhante na comunidade vampira. Todos eles treinaram com Alaric, o que lhes permitiu cobrar um preço muito bom por seus serviços. Mas não havia substituto para Alaric no comando de seu projeto, e Duncan pagaria qualquer preço afim de garantir a melhor segurança possível do lugar de descanso para o seu povo. Um vampiro era completamente indefeso durante o sono diurno. Os recentes assassinatos de dois dos vampiros de Rafael, junto com mais três no Canadá, provou que era além de uma dúvida.
— Então, o que você propõe? — perguntou ele agora.
— Vai levar tempo e muito dinheiro para colocar um cofre subterrâneo decente. — Alaric avisou imediatamente. — Esta cidade toda está construída sobre uma porra de pântano.
Duncan não perdeu o brilho nos olhos de Alaric quando ele disse, apesar de que provavelmente era tanto do desafio como o preço.
— Eu não me importo com quanto custa. Se isso pode ser feito, quero fazer.
O vampiro balançou a cabeça, rindo baixinho.
— Eu vou te dar isso, meu senhor. Você faz as coisas direito. Okay. Deixe-me ver o resto dos meus rapazes aqui, e nós vamos fazer uma inspeção completa. — ele deu Miguel um olhar penetrante. — Eu não vou precisar de você para essa parte.
Miguel pareceu ofendido, mas Duncan interveio rapidamente e disse:
— Isso é bom. Eu preciso de Miguel comigo esta noite, de qualquer maneira.
Seu tenente deu-lhe um olhar indagador, mas Duncan apenas fez-lhe sinal para seguir. A audição vampira era inteiramente muito boa, e tanto quanto ele admirava as habilidades de Alaric, não tinha desejo de compartilhar os detalhes de sua vida pessoal. Miguel imediatamente assumiu a liderança, subindo as escadas à frente de Duncan, parando para verificar o corredor antes de entrar pela porta. Como se inimigos já estivessem à espreita para eles em algum lugar entre a cozinha e as escadas. Mas Duncan não disse nada. A situação era ainda muito instável. A segurança era melhor, mas ainda não era como Miguel ou Duncan queriam. Havia vampiros trabalhando por toda a casa, e ainda assim era ainda mais do que meio vazia. Eventualmente ele iria se sentir em casa e em segurança. Mas ainda não.
 Louis já estava esperando por eles na biblioteca.
— E-mails com dados enviados, meu senhor.
— Que dados? — Miguel perguntou, puxando o seu smartphone.
— Victor estava dando festas com convidados que preferem não serem vistos. — respondeu Duncan. — O que significa que ele estava usando uma casa que é pelo menos privada, se não isolada. Ele não teria vizinhos que veriam pessoas indo e vindo o tempo todo, pois eles podem ser intrometidos e ver alguém que reconhecem. Mas ele não estaria usando alguma cabana na floresta, também. Victor era um esnobe. A casa deve ser elegante, cara, muito possivelmente, em uma área exclusiva de casas, mas com área cultivada para a privacidade.
— Leesburg, Virgínia, meu senhor. — Louis disse confiante. — Victor possuía duas propriedades lá, as quais serviriam, e há uma casa de sangue nas proximidades, também.
— Longe quanto? — Duncan perguntou.
— Cerca de 50 quilômetros. Nesta hora da noite, 30 minutos à uma hora, dependendo do trânsito.
Duncan assentiu. Poderia ser final de inverno, mas as noites eram ainda mais longas. Eles teriam tempo de sobra.
— Vamos lá, então. A menos que você prefira ficar aqui e derrubar algumas paredes para Alaric.
Ele andou para a porta, em seguida, olhou para o que estava vestindo. Como os outros, ele estava vestido casualmente, jeans e um suéter. Ele não tinha planejado satisfazer qualquer um dos seus novos súditos, esta noite, não tinha planejado nem mesmo sair de casa, muito menos visitar qualquer uma das casas de sangue. Mas levaria tempo para ele se trocar, e além de que, essas roupas eram mais quentes, o que decidiu a situação para Duncan. Ele pegou uma jaqueta de couro de um antiquado mancebo perto da porta, puxando-a por cima da camisa. Havia um laço de cabelo na jaqueta, então ele penteou o cabelo com os dedos para trás e amarrou-o em um rabo firme. Isso teria que servir. O Clube de Raj em Manhattan pode ser território de smoking, mas a maioria das casas de sangue era muito menos formal. E se não, bem, ele era o seu Senhor e Mestre, e poderia vestir o que quisesse. E se alguém tivesse um problema com isso, não se importaria com um bom banho de sangue também.

Capítulo 7
 
A casa de sangue não parecia exatamente um local quente de atividade vampira. Localizada em uma área de residencial em um bairro nobre de Leesburg, era uma casa meticulosamente contemporânea com um perfil rebaixado e paisagismo intocado. As casas nesta área eram bastante espaçosas e cercadas por uma ampla faixa de floresta, o que dava a ilusão de viver no meio da natureza. O efeito era adorável, e muito particular. Eram duas horas da manhã, meio-dia para um vampiro, mas não havia carros na garagem ou na frente da casa. Duncan conseguiu detectar dois vampiros dentro, no entanto, muito acordados.
— Um pouco tranquila para uma casa de sangue, não é? — Louis perguntou, olhando para a casa em dúvida. Duncan assentiu, concordando com Louis. Algo não estava bem aqui.
— Bem, a casa de alguém. Vamos ser educados e tocar a campainha.
A porta se abriu enquanto eles ainda estavam fazendo o seu caminho até a varanda da frente. Miguel e Louis um tanto tensos formaram imediatamente uma parede na frente de Duncan. Em contraste, o esbelto vampiro em pé de cabelos escuros na porta lhes deu um grande sorriso e se inclinou graciosamente.
— Bem-vindo, meu senhor. — ele disse, tentando discretamente pegar um vislumbre de Duncan por trás da parede de vampiro. — Por favor. — acrescentou, ajeitando-se para dar um gesto de boas-vindas. — Entre e se aqueça.
— Obrigado, Brendan. — Duncan murmurou, dando um passo em volta de seus dois guarda-costas. Uma vez que eles nunca se encontraram, Brendan se contraiu ao som de seu nome, mas Duncan sabia que ele era Brendan Folmer. Ele havia pegado esse conhecimento do cérebro do vampiro antes que ele tivesse aberto a porta.
— Eu sou Duncan. — disse ele, entrando na casa. Ele indicou os outros. — Meu tenente, Miguel, e chefe de segurança, Louis. — Brendan fechou a porta atrás deles.
— Erik vai descer em um momento, meu senhor. — disse ele, referindo-se ao segundo vampiro da casa, Duncan podia senti-lo lá em cima. — Nós não esperávamos que você e...
A explicação do preocupado Brendan foi cortada quando o segundo vampiro apareceu no patamar. Ele correu para baixo e imediatamente ajoelhou-se na frente de Duncan.
— Meu senhor, Duncan. — disse ele com reverência. — Obrigado por ter vindo.
Com um olhar de espanto, Brendan caiu graciosamente de joelhos ao lado de seu parceiro e baixou o olhar. Duncan passou a mão sobre suas cabeças inclinadas, reconhecendo a sua apresentação.
— Estou satisfeito com as suas boas-vindas. — disse ele.
Erik ficou de pé assim que a mão de Duncan levantou. — Você não vai encontrar nenhuma tristeza pelo falecimento de Victor aqui, meu senhor. Nem em qualquer lugar do território, posso imaginar. — ele apontou para um par correspondente de sofás de couro pálido em frente à lareira.
— Você gostaria de se sentar? O fogo está bom, especialmente nestas noites frias.
Brendan riu. — Erik acha que qualquer coisa abaixo de 20ºC é congelante.
Duncan concordou com a avaliação. Iria levar algum tempo para se acostumar com os invernos de Washington depois de tantos anos em Los Angeles com clima ameno.
— Então esta é a sua casa? — ele perguntou, fixando-se no sofá e abafando um suspiro de prazer ao calor do fogo.
— Sim, meu senhor. — Erik sentou na frente de Duncan e cruzou as pernas, apoiando o tornozelo no joelho oposto. — Bren e eu compramos esta casa vários anos atrás de um vampiro chamado Scovill. Um velho vamp. O que você diria, Bren, 200, 300 anos?
— Oh, muito mais velho do que isso. — disse Brendan. — E não muito satisfeito com a forma como correu as coisas com Victor, também. Ele comprou um caminho de volta à casa azul em Ridge Mountains, eu acho. — ele estremeceu discretamente.
— Vampiro muito desagradável, mas poderoso também. Os moradores provavelmente acham que o Pé Grande finalmente chegou ao poleiro.
Miguel rondou no andar de baixo, mas agora tomou uma posição atrás Duncan e disse:
— Victor tinha este lugar marcado como uma casa de sangue. Por quê?
— Oh, isso. — Erik disse com desdém. — Temos um pequeno grupo de vampiros que se reúnem todo fim de semana, meu senhor. — disse Eric, abordando Duncan. — Assuntos privados e muito discretos. Há uma casa de sangue nesta área, no entanto. No outro lado de Leesburg. Victor provavelmente a fez. E há uma segunda propriedade, mais na forma de uma casa de fazenda: grande, e muito extensa. Eu imagino que é tudo seu, meu senhor.
Duncan assentiu e sinalizou para Miguel.
— Eu quero verificar os endereços que temos. — Erik pegou seu PDA e começou a conferir com Miguel. Mas Brendan deu a Duncan um olhar sombrio.
— O que você realmente quer saber é sobre as festas de Victor, eu imagino. — ele fez uma pausa, à espera de uma resposta. Quando Duncan simplesmente olhou para ele, ele se apressou em explicá-lo.
— Isso é o que a propriedade era. Ele costumava vir aqui regularmente com um monte de pessoas importantes. Senadores, congressistas, mesmo os membros do gabinete ocasional, e um monte de lobistas. Esse foi o objetivo real das festas. Os lobistas tem acesso irrestrito aos formuladores de políticas longe do brilho do Washington, e Victor ganhava muito, muito bem para fazer isso possível.
— E o que fez os formuladores de políticas ganharem com isso? — Duncan perguntou calmamente.
Brendan desviou em desconforto óbvio, olhando para Erik e de volta, claramente relutante em continuar.
Erik murmurou algo para Miguel, em seguida, balançou a cabeça e deixou cair seu PDA sobre a mesa lateral.
— Vá em frente, Bren. — ele suspirou. — Você iniciou isso, então pode muito bem contar toda a história sórdida.
— Os políticos têm coisas diferentes. — disse Brendan evasivamente. — Alguns de nossos bons líderes eleitos ganham propina na forma de dinheiro fácil, doações de campanha. Outros... — ele apertou seus lábios em desgosto. — Sexo, eu acho.
 Duncan franziu a testa. Sexo? Esse era o grande segredo? Homens no poder para quem está sendo oferecido sexo em troca de favores? Isso era tão comum que era quase trivial. Tinha que ser algo mais do que isso, algo que Brendan não queria falar.
— Não é só sexo. — explicou Erik, com um olhar de simpatia em direção Brendan. — Victor seduzia mulheres para esses homens, mulheres, muitas vezes muito jovens, e todas muito bonitas. Ele tem um jeito de fazer coisas que estou bastante certo que a maioria deles nunca teria feito de outra forma. Inferno, ele tinha homens que provavelmente não tinham feito tanto. Eu sei que o poder é afrodisíaco e tudo isso, mesmo isso poderia funcionar agora, com a maioria das pessoas.
— Então, Victor estava sendo pago por esses partidos?
 — Você quer dizer se eram os lobistas que pagavam diretamente? — Erik esclareceu. — Sim, acho que sim. Mais do que um deles brincava sobre isso. Victor insistia que alguns dos nossos atendesse seus pequenos e sórdidos assuntos, mesmo que se recusassem a se prostituir para ele. Nós éramos todos profissionais de uma forma ou de outra, e Victor pensou que seus clientes iriam respeitá-lo mais se vissem o tipo de vampiro que ele controlava, se eles vissem o quão poderoso ele era.
— Como se fosse. — Brendan murmurou.
— Sim, também. Ele pensava assim, de qualquer maneira. — continuou ele. — E depois havia os outros partidos, os especiais.
 Duncan sentiu a atenção de Miguel aguçar atrás dele.
— Bebidas alcoólicas fluíam livremente nas festas de Victor e seus convidados gostavam de falar. Uma das coisas que gostava de falar eram as festas especiais. Assim era como sempre chamavam, a especial. Tipo, eles apontavam para uma mulher em particular e diziam: "Espero alguém na especial seguinte." Victor não fazia esse tipo de festa muitas vezes, talvez duas vezes por ano, mas eram hard-core. Se você pode acreditar no quanto os homens se gabavam das mulheres que eram estupradas, e por mais de um homem. Algumas delas eram até machucadas. O homem que me disse tudo isso riu quando Victor falou sobre como curaria as mulheres depois que eles estivessem prontos para irem novamente à noite seguinte. Fez-me doente, mas eu não ficaria surpreso se Victor ou seus capangas tivessem um site onde você pode baixar um vídeo de suas "especiais" por um preço. — Miguel se inclinou para frente.
— Certamente os homens envolvidos não gostariam das suas identidades reveladas.
— Então, filme era o que havia por trás. — disse Brendan, com um encolher de ombros. — O espectador recebe uma imagem da bunda branca e mole de um senador, enquanto ele chicoteia uma garota pobre.
— Será que você relatou isso? — Duncan perguntou.
— Para quem, meu senhor? — Erik perguntou suavemente. — Victor era o nosso senhor. Por direito, ele era o único a quem teria relatado tal abuso. E cada Vampiro Lord no país iria querer nossas cabeças, se fôssemos à polícia humana. Nós nunca viveríamos o suficiente para testemunhar.
 Duncan foi forçado a concordar. Mesmo Erik ou Brendan reclamando para outro lorde vampiro, Victor teria falado, e os dois vampiros teriam sido executados sem que ninguém levantasse uma palavra de protesto. E mesmo agora, ouvir sobre isso pela primeira vez, Duncan não sabia o que dizer que não soasse como um chavão sem sentido. Tudo o que tinham era a sua palavra de que ele era diferente de Victor, que essas coisas nunca iriam acontecer sob seu domínio. Duncan se levantou, virando-se para Erik e Brendan, que saltou para seus pés.
— Se vocês precisarem de alguma coisa, — disse Duncan. — podem me ligar. Se eu não estiver disponível, podem falar com Miguel ou Louis. Eles vão me encontrar, e retornarei para vocês. Eu não sou Victor, senhores. Vocês verão com o tempo.
Ele deu a volta no sofá, sinalizando Louis que estava esperando na porta da frente.
— Obrigado pela informação, e por sua hospitalidade.
— Meu senhor. — disse Brendan quando Duncan estava a meio caminho da porta. Duncan virou-se e deu-lhe um olhar interrogativo.
— Obrigado, meu senhor. Sabíamos que era diferente desde o momento que reivindicou o território. Você se preocupava mais naqueles poucos minutos de terror e confusão do que Victor em seu governo inteiro. Apenas por se livrar dele, você já fez todos os vampiros neste território um favor. Vamos conversar com os outros, também, para que eles saibam.
Duncan assentiu.
— Nós vamos nos ver outra vez, Brendan. Não tenho a intenção de ser um estranho para o meu povo.
****
— Maldito Victor. — Duncan xingou quando Louis dirigiu o SUV grande para baixo da garagem curva.
— Eu não acredito que nenhum de nós percebeu o quão corrupto ele era.
— Como você poderia, meu senhor? Ele nunca deixou ninguém se aproximar e seus guardas vivem no Distrito, e qualquer um que pode ter conhecimento disso, estava assustado demais para tomar medidas.
— Isso não é desculpa. Vi-o a cada maldito ano nas reuniões do Conselho, e nunca suspeitei de nada disso. Nem Raphael, e não é fácil que isso passe despercebido por ele.
Miguel encolheu os ombros.
— Não, se ele estivesse procurando por isso, mas por que estaria? Eu nunca fui a uma reunião do Conselho, mas sei que isso não dura muito tempo. Poucas horas, talvez? Não é como se eles se encontrassem para coquetéis e jantar depois. E, quando estamos juntos, imagino que todo mundo tem seus escudos presos tão apertados como calcinhas de uma virgem.
Duncan deu a seu tenente um olhar de lado.
— Você não é velho o suficiente para saber sobre virgens ou calcinhas, Miguel. — ele disse secamente.
— Ei, nós ainda temos virgens! — Miguel protestou com um sorriso.
— Se você diz que sim. — Duncan concordou. Ele estava grato pela mudança de humor.
— Você verificou os endereços com Erik?
Miguel assentiu.
— É o mesmo que temos, apesar de nós não termos um registro da operação em uma propriedade como uma casa de sangue. Pelo que Erik disse é muito ativo, também. É a única para uma centena de quilômetros aqui ao redor.
— Eu estou começando a pensar que toda esta viagem foi um desperdício de tempo, que poderia muito bem conferir depois.
— Precisamos deixar tempo suficiente para voltar para a cidade esta noite, meu senhor. — comentou Miguel. — E a casa de sangue é a uma boa hora no outro lado Leesburg. Eu não quero que você acabe passando um dia no subterrâneo de uma casa de sangue estranha, ou pior, num lugar de festas de Victor. Deus sabe que tipo de pessoas que ele deixou lá. Devemos voltar esta noite e começar cedo amanhã. Verificamos ambos, então.
Duncan franziu a testa. Toda a idéia de festas de Victor fez querer matar o lorde vampiro de novo, mas isso também parecia muito com o que Lacey havia descrito a Emma, ??e isso não podia ser bom. Ele queria ver a casa, mas Miguel estava certo.
— Tudo bem. — disse ele. — Nós vamos fazer os dois amanhã. A casa de sangue e o lugar de Victor, mas espero que não haja nada deixado lá, além de fantasmas de dor e sangue velho.
 
****
Na noite seguinte, quando Duncan estava no quintal da propriedade de Victor em Leesburg, ele olhou para trás e lembrou essas palavras. Ele se lembrou e pensou quão tolo tinha sido por acreditar que ele já tinha entendido a profundidade da depravação de Victor.

Capítulo 8
 
Emma achava quase impossível se concentrar. Dois dias se passaram desde que ela tinha falado com Duncan na embaixada vampírica e não ouvira nada de volta dele ainda. Ela estava tão afetada com os nervos, que tinha pulado seu café da manhã, imaginando que não precisava de cafeína, mesmo que ela mal tivesse dormido na noite passada. Mas então ela realmente não tinha dormido desde a primeira noite em que Lacey tinha desaparecido. E não importava o que qualquer um deles pensava, Emma nunca tinha duvidado que Lacey estivesse desaparecida. Elas se conheciam desde que tinham onze anos de idade, aquele ano horrível quando a mãe de Emma tinha morrido por causa do mesmo câncer que tinha levado sua avó anos antes. Numa noite, ela tinha ficado órfã, sem família do lado de sua mãe para acolhê-la. Ela nunca tinha conhecido ninguém da família de seu pai, nem mesmo sabia se havia alguém. Então Emma foi deixada sozinha no mundo, arrastada para um orfanato junto com os milhares de outros como ela. E ela teria ficado sozinha, também, se não fosse por Lacey.
No momento em que Emma chegou, Lacey já vivia com seus pais adotivos há três anos. Os pais biológicos de Lacey tinham mais interesse ??em suas drogas do que em sua única filha, entrando e saindo da prisão até que finalmente uma Lacey meio morta de fome e aterrorizada foi tirada deles definitivamente. Mas você nunca desconfiaria disso ao conhecer Lacey. Ela era tão alegre quanto o seu cabelo era loiro, uma menininha feliz que havia pegado a mão da solitária Emma e tinha anunciado que eram irmãs. Assim mesmo. Como se ao decidir, de alguma forma, o tornasse verdade.
Mas para Lacey o fez, e, eventualmente, para Emma, ??também. Elas foram inseparáveis ??desde então, partilhando apartamentos horríveis na faculdade, apertando o sistema por cada centavo de ajuda financeira que poderiam conseguir, e trabalhando em dois e três empregos para compensar o resto. Após a faculdade, Lacey foi direito trabalhar, enquanto Emma foi para a faculdade de direito. E então veio a grande decisão de mudar-se para Washington, o centro do poder, o lugar onde suas fortunas seriam feitas - ou conseguidas pelo casamento, no caso de Lacey.
E agora, enquanto Emma se sentava à mesa, olhando sem ver a tela do computador na sua frente, se perguntava se Lacey ainda estaria desaparecida se Emma não tivesse insistido que se mudasse para cá.
— Emma!
Ela escondeu a careta ao som da voz de sua chefa, ou melhor, a voz da esposa de seu chefe, que era a mesma coisa.
— Sharon? — Emma disse, olhando para cima e sobre o seu monitor.
Sharon Coffer franziu a testa para ela, cada mecha de seu cabelo cuidadosamente tingido e penteado perfeitamente alinhado, com o rosto quase imóvel sob uma camada de maquiagem tão densa que só de olhar fez a pele de Emma arfar por oxigênio. O que acontecia com tantas dessas mulheres políticas que sentiam a necessidade de rolar sobre maquiagem? E ela nem queria comentar o penteado em forma de capacete.
— Você já terminou o projeto da carta constituinte? — Sharon exigiu; que era algo bastante normal para Sharon. Ela nunca pedia, ela exigia.
Emma assentiu.
— Acabei de terminar. Você quer que eu imprima?
A carranca de Sharon aprofundou ainda mais quando ela claramente tentou decidir se Emma estava zombando dela ou não. Deus livre a mulher de ter que ler uma mínima página de uma carta em seu monitor de computador. Isso significaria que ela teria que usar os óculos em vez de escondê-los em sua bolsa como uma espécie de deformidade vergonhosa.
— Faça isso. — disse Sharon, finalmente, depois girou nos calcanhares e se foi para atormentar algum outro infeliz.
— Eu acho que ela não gosta de você. — sussurrou Noreen da mesa ao lado de Emma. Noreen era a secretária pessoal do Congressista Coffer, embora Sharon nunca permitisse que ela se encontrasse sozinha com o deputado. Sharon não confiava em nenhuma mulher quando se tratava de seu marido. A boa aparência americana e charme que ajudaram Guy Coffer a ser eleito também o fazia muito atraente para a paz de espírito de Sharon. Mas Emma nunca tinha sequer ouvido um sussurro de fofocas sobre o deputado e outra mulher. E se tivesse havido alguma coisa, ela teria ouvido falar sobre isso. A fofoca nestas paredes fazia as velhas senhoras de sua terra parecerem totais amadoras no departamento de fofocas.
— Ela não gosta de nada com uma vagina. — Emma murmurou de volta para Noreen, e foi recompensada com o som de riso sufocado.
Não que Emma desse a mínima para Sharon ou seu belo marido. Só que o ciúme insano de Sharon era um grande obstáculo para o avanço no escritório do Congressista para qualquer mulher com menos de sessenta anos, e Emma tinha aspirações para sua carreira que iam muito além de lidar com reclamações constituintes. Ela era uma advogada com diploma, droga, e às vezes duvidava completamente de sua decisão de vir para cá, o que levava seus pensamentos de volta para Lacey.
— Em, há uma festa de aniversário na porta do lado e eu preciso de bolo. Você quer?
Emma olhou para Noreen e deu-lhe um olhar vazio.
— Terra para Emma, ??você quer bolo? Aposto que é Cho-co-la-te. — Noreen arrastou a última palavra tentadoramente, mas Emma sacudiu a cabeça, olhando para baixo, para o relógio. Ela não podia fazer isso. Não poderia sentar aqui como se tudo estivesse como de costume, enquanto esperava que os vampiros decidissem se algo havia acontecido com Lacey.
— Eu tenho que sair mais cedo hoje.
Noreen arregalou os olhos para ela. Ninguém saía mais cedo, não deste escritório, e praticamente não de lugar nenhum em Hill quando o Congresso estava em sessão.
Emma sentiu seu rosto corar, mas ignorou a descrença de sua amiga para abrir a gaveta da mesa e arrastar o saco enorme que ela chamava de bolsa.
Ela tentou usar algo menor um milhão de vezes, mas em todas, ela invariavelmente acabava de volta com uma das grandes. Ela estava fechando a gaveta quando o som de saltos altos anunciou o retorno de Sharon Coffer.
— Emma, ??o Congressista quer você nesta reunião.
Emma girou em descrença. Ela nunca era convidada para as reuniões, especialmente reuniões como esta. Eles estavam revendo as prioridades nacionais do congressista para o resto da sessão, o que significava que cada pedaço importante da legislação provável que surgisse antes do recesso de verão iria ser discutido e analisado. Era tudo o que ela cobiçava.
Mas por que isso tinha que acontecer hoje?
— Emma, ??vamos! — A voz de Sharon estava cortante com impaciência quando ela se virou e voltou para o interior do escritório do Congressista.
Emma empurrou a bolsa de volta para a gaveta, pegou uma garrafa de água, colocou seu laptop debaixo do braço e correu para segui-la.

Capítulo 9
 
Emma fechou a porta do carro e cambaleou para a casa que ela e Lacey dividiam, felizmente ela conseguiu arrumar uma vaga bem em frente. Uma brisa repentina de ar molhado veio da rua de baixo, perseguindo os restos de um jornal que alguém derrubou e deixou de lado. Suas páginas ficaram como lixo na calha, fazendo barulho enquanto rolavam apressadas pelo vento gelado. Ela subiu as escadas, seus dedos quase dormentes enquanto inseria a chave na fechadura. A porta se abriu para uma gelada e escura casa e Emma ficou lá se sentindo perdida.
Ela teve sorte de estar em casa antes da meia noite. O modo como a reunião se arrastou, esperava que Sharon pedisse alguns colchonetes para que eles pudessem passar a noite. E Emma sabia que não deveria reclamar, mesmo que a reunião fosse até altas horas da madrugada. Hoje foi a primeira vez que ela sentia que estava fazendo o trabalho que lhe fora prometido quando veio trabalhar para Guy Coffer. E ainda assim, não teve nenhum gosto de vitória. Não teve nenhuma onda de adrenalina ou excitamento que havia esperado. De alguma maneira, sem Lacey para ajudá-la a celebrar, ela se sentia vazia.
Ela suspirou e chutou a porta, fechando-a, jogou as chaves em um prato feio na mesa menor perto da porta. Andando em direção ao interruptor na parede da sala de estar, pensou novamente no quão estúpido seria andar toda noite em uma sala escura quando chegasse em casa. Ela poderia arrumar uma lâmpada menor para mesa. Claro, dizia isto há dois meses já. Geralmente Lacey estava em casa antes de escurecer, pelo menos nas noites durante a semana, então na maioria do tempo não importava.
Mas e se Lacey nunca mais voltasse para casa?
— Não. — ela disse em voz alta. — Ela virá para casa, e estará cheia de histórias do amante vampiro gostoso que a arrebatou por - Uma semana inteira, Emma?
Sua garganta se fechou de medo, e ela queria sentar nas escadas e berrar de olhos fechados. Mas se recusou a ceder ao impulso. Estava tão malditamente cansada que era difícil pensar direito. As longas horas de trabalho, associadas às noites de pouco sono estavam começando a cobrar seu preço, e hoje foi o dia mais longo de todos.
Apoiando os braços, levantou os pés para retirar os sapatos de salto, um por vez, então subiu as escadas ainda com meias nos pés e sapatos nas mãos. Uma coisa tinha que admitir, sentar-se em reuniões o dia todo não machucava tanto seus pés como passar o dia correndo pelo Capitol como uma mensageira de alto salário. Por outro lado, seu traseiro estava dormente e suas costas a estavam matando.
Ao chegar em seu quarto, no segundo andar - o dela era um com uma grande janela e sacada sob o pequeno jardim como uma torre em uma antiga casa vitoriana - sua blusa já estava desabotoada, e ela, ansiosa pelo banho quente que havia prometido a si mesma a caminho de casa.
Ela olhou para a rua antes de torcer a haste das cortinas baratas sobre a janela as fechando para noite. A casa que ela e Lacey tinham alugado não estava no melhor dos bairros em Washington, mas também não estava no pior. E tinha sido completamente reformada antes delas se mudarem, incluindo os banheiros. Lacey tinha insistido que Emma ficasse com o maior quarto, com a janela grande e o banheiro anexo, porque ela pagava a maior parte do aluguel. Isto é, nos meses em que ela não estava pagando todo ele.
Soltando os sapatos dentro do armário caminhou direto para a banheira e a ligou, deixando a água fluir.  Às vezes, levava alguns minutos para a água quente fazer o seu caminho até o segundo andar.
Ela tirou o resto das roupas, jogando-as para o cesto de roupa suja, e vestiu um roupão quente, quando decidiu que o banho merecia o acompanhamento de um copo de vinho.
Nada era mais relaxante do que um bom banho quente com um copo de... hmmm, branco ou vermelho?
Ela veria o que estava aberto.
Pensando no piso de madeira frio, ela empurrou seus pés em um par de UGGs{9}, desligou a água e desceu apressadamente as escadas, não se permitindo nem mesmo um olhar ao quarto vazio de Lacey, no outro extremo do corredor. Uma parte dela ainda esperava voltar para casa e encontrar Lacey de ressaca, cheia de histórias e desculpas sobre sua fuga inesperada nos braços de um cara rico que ela conheceu. Mas muitas vezes nos últimos dias, quando Emma não estava com sua mente atropelada pelo trabalho, seus pensamentos iam para lugares sombrios e ela se perguntava se veria Lacey novamente.
"Pare com isso, Emma,??" ela se repreendeu novamente quando virou em direção à escada e se dirigiu para a cozinha. O vinho ajudaria naquilo também. Em enterrar as preocupações e desligar o cérebro por algumas horas.
Ela estava no interruptor de luz da cozinha quando uma porta de carro bateu pesada à frente da casa. Mais duas portas bateram forte após a primeira, e uma profunda voz masculina disse algo que ela não conseguiu compreender. Imaginou que era um de seus vizinhos. Poucas casas tinham garagens, e a maioria dos moradores estacionava na rua assim como Emma fez esta noite. Mas algo sobre o barulho a deixou curiosa. Ela ficou na ponta dos pés - por que estava se esgueirando em sua própria casa? - sobre a janela perto da porta, levantou o tecido fino, longe da borda para que pudesse olhar a rua.
Ela engasgou cobrindo a boca logo que o som saiu. Vamps supostamente tinham super audição, e era Duncan lá fora!
Ainda pior, aquele cara, Miguel, estava com ele.
"Merda," moveu os lábios em silêncio e se afastou da porta. Eles viriam para cá? Bem, é claro que estavam. Onde mais poderiam ir? Ela estava quase na cozinha quando a campainha tocou, e ela congelou. Ela deveria atender? Talvez se ela ficasse muito quieta, eles pensariam que ela não estava em casa e partissem.
Mas e se eles tivessem notícias sobre Lacey? Pensou freneticamente, seu cérebro cansado finalmente clicou com alguma razão. Tinha que ser isso. Por que mais eles estariam aqui?
Ela foi em direção à porta, então olhou para si e congelou novamente. Estava vestindo um roupão! Um roupão roxo e fofo. E nenhuma calcinha. Ah, inferno, nenhum sutiã, e Emma não era do tipo que poderia ficar sem sutiã sem ser óbvia.
Ela soltou um suspiro exasperado.
— Emma? — a voz controlada de Duncan a chamou com uma pitada de preocupação.
Ele estava preocupado? Com ela? Isso era bom, não era?
Sim, mas, Emma, você não está usando calcinha!
Certo, certo. Roupa íntima primeiro, vampiros bonitões depois.
— Emma, eu sei que você está aí. Abra a porta.
Ele sabia que ela estava em casa? Como saberia disso?
— Um, me dê um minuto. — ela respondeu. Correu pra porta, diminuindo o passo tempo suficiente para virar as fechaduras e abrir a porta. — Podem entrar. Volto em um minuto.
Antes que ela chegasse a meio caminho nas escadas, sua casa estava cheia de vampiros e um deles estava em pé bem na frente dela, bloqueando seu caminho. Ela arregalou os olhos em choque e seu coração ricocheteou no peito. Ele se moveu tão rápido, e ela não tinha percebido coisa alguma, nada mais do que uma leve brisa passando pelas escadas. Seu olhar abismado reconheceu as formas do vampiro na luz fraca, e ela franziu a testa. Era Miguel.
O rosnador. Ela recuou um lance de escadas afastando-se dele.
— Onde você vai, Sra. Duquet? — ele perguntou.
— Está tudo bem, Miguel. — disse Duncan em algum lugar atrás dela.
Miguel não se mexeu, e a carranca de Emma se aprofundou. Ela se recusou a fechar o roupão como uma espécie de tia solteirona, enfiou as mãos nos bolsos e se virou para encarar Duncan. A porta estava entreaberta, e ela estremeceu no ar frio.
— Eu estava indo colocar roupas. — ela explicou lentamente, como se eles fossem muito idiotas para entender um conceito tão simples.
O olhar de Duncan viajou prazerosamente de seus pés vestidos de UGGs, passando pelo roupão felpudo, e demorando um pouco mais sobre seus seios sem sutiã, indo então encontrar a expressão que ela sabia que era expressão de máxima irritação. Mas em vez de mostrar até mesmo uma pitada de remorso, o filho da puta sorriu. Como se achasse toda a situação divertida. De novo. Emma estava ficando muito cansada de ser a fonte de seu entretenimento.
Seus olhos se estreitaram, mas o sorriso de Duncan só cresceu mais.
— Está tudo bem, Miguel. — ele disse novamente. — Deixe-a passar.
— Bem, muito obrigada. — ela disse, deixando a doçura quase chata de sua educação do sul dar sabor às palavras.
Os olhos de Duncan se arregalaram em apreciação, e Emma se sentia como se fosse rosnar. Essa não era a reação que ela esperava.
Determinada a manter o pouco de dignidade que lhe restava, ela começou a subir as escadas novamente. O rosnador saiu de seu caminho, se recostando à parede, de modo que ela teve que se espremer para passar por ele. Por que esses vampiros eram todos tão grandes, afinal? Bebendo apenas, era de se imaginar que eles estariam pele e ossos, com ar pálido e faminto. Não esses caras. Cada um deles - e havia mais do que apenas Duncan e Miguel em sua casa, apesar dela não se preocupar em contar - eram terrivelmente saudáveis.
Talvez eles jantassem carne sangrenta toda noite? Ela franziu a testa, pensando de onde esse bife poderia vir. Que tipo de animal.
Não seja ridícula, Emma. Ela freou sua imaginação vívida, entrando no quarto, fechou a porta com cuidado primoroso, e começou a se despir.
* * * *
Duncan observou a forma do traseiro de Emma Duquet sob o roupão roxo ridículo enquanto ela se apressou a subir as escadas, passando por Miguel como se temesse que ele fosse pular em cima dela a qualquer momento. Ela desapareceu em um quarto no segundo andar sem sequer um olhar para trás, fechando a porta com um clique firme. Seus passos golpearam nas botas desajeitadas antes que um par de batidas sólidas lhe dissesse que as botas tinham sido descalças. Ele imaginou o roupão caindo em seguida. Ela estava nua debaixo daquele robe. O que era óbvio, para ele, pelo menos.
Miguel parecia temer que ela estivesse correndo as escadas para armar-se, mas Duncan sabia que ela simplesmente queria se vestir. Uma pena. Ele gostava mais do jeito que ela estava.
Duncan caminhou mais para dentro da casa, grato quando Louis finalmente fechou a porta, mandando embora o ar frio. Ele teria que investir em mais casacos de inverno se o tempo fosse ficar daquele jeito. Quando a primavera chegaria a essas partes de qualquer forma? Fazia muito tempo desde que ele tinha vivido em qualquer lugar com um inverno real. Ele não conseguia se lembrar exatamente quanto tempo durava o inverno no sul ao longo da costa leste. Não que Washington, D.C. era considerado parte do Sul nos dias de hoje. Era ao sul da linha Mason-Dixon, mas havia Yankees demais que viviam aqui hoje.
Ele sorriu, lembrando-se dos longos e quentes verões do Sul de verdade. Sua juventude foi gasta labutando os campos embaixo do sol do Tennessee. Não havia longos e preguiçosos períodos escolares para ele. Nenhuma escola, na verdade.
Uma porta se abriu no andar de cima, e Duncan recuou vários metros até que pudesse ver Emma emergir para o patamar acima dele.
— Boa noite, Emma. — ele disse, tentando fingir que não a tinha visto usando essa monstruosidade fofa e roxa de roupão. Ela estreitou os olhos violeta para ele, como se julgando sua sinceridade, e, aparentemente, decidiu que ele passou no teste.
 — Boa noite, Duncan. — ela disse finalmente. — Tudo bem?
— Será que vamos ter essa conversa toda com você em pé aí em cima?
Ela soltou um suspiro frustrado.
— Não, claro que não.
Ela desceu as escadas rapidamente, usando as mesmas botas desajeitadas, mas com um par de jeans, um moletom com capuz, e, lamentavelmente, um sutiã, também.
Embora, ele contemplasse, talvez fosse um sutiã bonito, algo rendado e feminino. Ele gostava de sutiãs bonitos. Ele gostava de tirá-los de mulheres bonitas... Como Emma.
— Gostariam de algo para beber? — Emma perguntou educadamente. Ela ligou dois abajures, um em cada extremidade de um velho sofá estofado.
Uma mesa de café espoliada se encontrava em frente ao sofá, ambas as peças precisando de aposentadoria.
— Não, obrigado. Nós não podemos ficar.
Emma parou no meio do caminho para cozinha. Ela virou-se nervosamente para estudá-lo, as mãos torcendo os laços de seu moletom.
— Será que você... Encontrou alguma coisa?
— Nada específico sobre Lacey ainda, apesar de alguns progressos ao refazer as atividades de Victor. Ele organizou um grande número de encontros, muitos deles em casas que possuía fora da cidade. Parece provável que Lacey foi a um desses encontros pelo o que ela lhe disse. Infelizmente, é improvável que os outros participantes oferecerão qualquer informação útil.
— Você está falando de pessoas do Hill. — disse ela um tanto amarga.
Duncan assentiu.
— E, provavelmente, alguns outros. A usual variedade de Washington. Você disse que Lacey trabalhou para uma empresa de lobby?
— Ela ainda trabalha.
— É claro. — disse ele, aceitando sua correção. Havia sempre uma possibilidade, porém pequena, de que a amiga de Emma, Lacey, ainda estivesse viva. Ele entendeu sua necessidade de segurar qualquer esperança que existisse.
— Deveria haver outras mulheres nas festas. — disse Emma. — Elas podem estar dispostas a falar com você. Ou comigo.
Duncan assentiu.
— Victor teve várias favoritas entre suas mulheres. Ele mantinha o controle de quem foi convidado e quando, mas não havia nomes. Havia fotos, que é como sei que Lacey estava entre elas, mas essas mulheres não estão na mídia. Mesmo com fotografias, localizá-las é difícil. Se você quiser ajudar, podemos repassar os arquivos para você ver se reconhece alguém.
— Absolutamente. — disse Emma ansiosamente. — Você os trouxe?
— Ah. Acredito que iremos sair da cidade esta noite. Eu não tinha certeza de que estaria em casa. Ainda estamos verificando o que Victor...
— Você vai a uma dessas casas de festa, você quer dizer?
— Talvez, mas...
— Leve-me com você.
Duncan considerou Emma silenciosamente. Ele não estava acostumado a ser interrompido a cada fala. Muitos não teriam ousado, nem mesmo em seus anos como Tenente de Raphael, e ele ficou um pouco surpreso ao descobrir o quanto isso o irritava. Emma, ??no entanto, parecia alegremente inconsciente, tanto da transgressão quanto da irritação dele.
— Então? — ela exigiu impaciente.
Duncan não estava olhando para Miguel, mas ele podia sentir a raiva de seu tenente pela grosseria de Emma, ??e era como um fogo que queimava mais quente a cada momento. Como filho de Duncan e seu tenente, Miguel era instintivamente protetor, não só com a pessoa de Duncan, mas com sua dignidade.
— Se eu puder terminar. — disse Duncan suavemente.
As pupilas de Emma flamejaram, suas emoções sinalização indignação e constrangimento na mesma medida para os sentidos empáticos de Duncan. Ela expirou de forma calma, visivelmente tentando relaxar, e fez um gesto para ele continuar. Duncan quase sorriu, sua irritação de antes banida pelo esforço óbvio que a levou a ficar em silêncio.
— Eu lhe disse que iríamos investigar o desaparecimento de Lacey... — ele começou. — E, — ele parou. Emma tinha aberto a boca para interrompê-lo mais uma vez. Sua boca estalou fechando. — E eu prometi... — continuou Duncan, seu olhar desafiando-a a dizer uma palavra. — ...que a informaria do que descobrisse. Isto sou eu te informando. Estamos fazendo progressos, mas não encontramos nada de concreto. Se você nos telefonar amanhã à noite, arranjaremos para que vá a mansão olhar as fotografias.
Emma olhou para ele em silêncio, como se estivesse esperando para ter certeza de que ele não tinha mais nada a dizer, então disse rapidamente: — Posso ir com você esta noite?
— Não. — ele disse com firmeza.
— Mas...
Duncan usou sua velocidade de vampiro para ficar muito perto de Emma, muito rápido. Para ela, seria como se ele não tivesse se movido, como se estivesse de repente lá. Ele estava perto o suficiente para que seus seios roçassem seu peito quando ela inalou, perto o suficiente para que ele pudesse sentir o calor de sua pele e ouvir o batimento de seu coração. E ele viu o brilho de excitação em seus olhos.
— Emma. — ele disse gentilmente. Ele esfregou os dedos contra a aveludada e suave bochecha dela, desejando não ter que deixá-la lá. Mas haveria outras noites. Ele se asseguraria disso. — Não é seguro pra você pra onde vamos. — ele disse. — Terá que confiar em mim sobre isso.
Ele inclinou-se, quase tocando a boca dela com os lábios antes de dar um passo pra trás com uma pontada de arrependimento.
— Miguel. — disse, em direção à porta.
Louis girou a maçaneta e saiu da casa, parando tempo suficiente para verificar a rua e receber o ok da segurança nas SUVs antes de começar a descer os degraus.
Duncan passou pela porta. Atrás dele, Emma gritou: — Ei!
Ele não respondeu, sabendo que, primeiro, nada que dissesse iria satisfazê-la, e segundo, de maneira nenhuma iria deixá-la ir com eles.
Mesmo que ele não tivesse planos de parar na casa de sangue, ele concordava com a avaliação de Miguel da noite passada. Ele tinha um mau pressentimento quanto à casa de Victor em Leesburg, e ele queria Emma longe disto. Ele franziu o cenho, perguntando-se sobre este repentino impulso de proteção que ele tinha para com ela.
Emma correu pelo piso de madeira atrás dele enquanto ele descia as escadas do lado de fora. Louis já estava segurando a porta da SUV aberta enquanto o motorista, um vampiro chamado Ari, estava em seu lugar e confirmou se eles estavam a caminho de Leesburg. Miguel permaneceu atrás de Duncan, bloqueando Emma de tentar segui-lo.
— Volte para dentro, Sra. Duquet. — Miguel disse impaciente. E, de repente Miguel estava xingando baixinho, e Emma estava chorando de dor.
Duncan se virou, a sua ira queimando abruptamente. Miguel ficou ao lado de Emma, com as mãos no ar, indicando a Duncan que ele não havia tocado nela.
Mas Emma estava esfregando os braços e havia lágrimas brilhando em seus olhos.
— O que aconteceu? — Duncan exigiu.
— Meu senhor. — Miguel começou, mas Emma passou por cima dele.
— Seu cão de guarda aqui é construído como uma parede de tijolos. Tentei segui-lo e bati contra ele.
A raiva de Duncan esfriou instantaneamente.
 — Miguel é meu tenente, Emma, não um cão de guarda. Ele também é muito sério sobre minha segurança e não confia em quase ninguém. Você não pode ir conosco esta noite. Como um amigo meu diria, lide com isso.
Ele quase riu da expressão dela - ela o encarava procurando por uma brecha com indignação, sem palavras pela primeira vez. Ele e Miguel estavam escada abaixo e dentro das SUVs antes dela recuperar sua sagacidade, e a última coisa que ele viu quando se afastaram do meio-fio foi Emma de pé em sua varanda olhando com raiva em sua direção.
* * * *
Emma olhou para as SUVs que partiam - e duas grandes monstruosidades pretas que pareciam tanques dirigindo pelas ruas estreitas de seu bairro antigo. Tudo o que precisavam era de um grande barulho de música na parte de trás e ele pareceria como qualquer outro cafetão nesta cidade.
Idiotas.
Ela apertou os lábios, pensativa, e de repente lembrou-se da sensação da boca de Duncan na dela, a pressão de seu peito definido contra... Ela guinchou de raiva. Ele tinha feito isso de propósito! Ele estava tentando distraí-la, para atraí-la a ser uma boa pequena humana. Um ser humano obediente.
— Vamos ver sobre isso, vampiro.
Ela correu para dentro da casa, pegou suas chaves e celular da mesa, agarrou a bolsa, em seguida, virou-se e correu de volta para fora, parando apenas tempo suficiente para fechar a porta. Estava frio, mas ela puxou o capuz para cima e colocou as mãos no bolso do agasalho.
O carro estava em frente à casa, e uma vez dentro, poderia acionar o aquecedor tão forte quanto desejasse.
Mas ela não os deixaria escapar assim. Ela ouviu o que o vampiro tinha dito, aquele que estava na direção da SUV de Duncan. Ele ligou para seus amigos e disse algo sobre Leesburg, algo como: "Estamos indo para Leesburg agora?" Ou algo assim.
Bem, era um país livre. Ela poderia ir para Leesburg, também. Ainda melhor, ela poderia descobrir se Victor tinha uma casa lá. Será que Duncan achou que era o único com conexões? Bem, pense novamente. Ela trabalhava para um maldito congressista. Inferno, seu trabalho era lidar com problemas para os constituintes muito preguiçosos para fazerem isso sozinhos; pessoas que pensavam que alguns milhares de dólares compravam alguma ajuda de seu congressista... Ou sua equipe. E, pensando bem, estavam certos. Mas o bom é que Emma tinha conexões. E descobrir o dono de uma propriedade seria moleza.
Ela colocou o Bluetooth na orelha e já estava fazendo chamadas enquanto virava em direção da estrada.

Capítulo 10
A casa sangue Leesburg estava cheia quando Duncan e sua equipe chegaram. Esta não era uma elegante casa nos subúrbios, como aquela em que Brendan e Erik o receberam no fim de semana. Esta era uma casa de sangue por completo. Se situava com a parte traseira posicionada entre espessas árvores e ficava em uma vasta extensão aberta do que provavelmente tinha sido terra uma vez, a casa era um conjunto de tijolos de dois andares, vermelho, com guarnição branca e uma garagem anexa. Era um lugar de bom tamanho, mas ofuscado pelo terreno muito grande, fazendo parecer menor do que era. Carros estavam estacionados desordenadamente na frente, e Duncan não podia deixar de imaginar o que os vizinhos pensavam que estava acontecendo aqui. Não que eles estivessem perto. As luzes da casa mais próxima mal eram visíveis à distância, mas o tráfego de tantas pessoas indo e vindo deveria ser perceptível. Ou talvez as pessoas que viviam nessas terras confortáveis ??não se preocupavam com o que acontecia do lado de fora.
Seu motorista, Ari, resmungou infeliz na confusão de carros estacionados na frente da casa. Empurrando o volante para um lado, ele atravessou o campo e puxou em torno de volta em seu lugar. Miguel e Louis desceram antes, quando o SUV parou, mas Duncan se sentou e esperou enquanto o segundo veículo estacionava atrás deles e sua equipe de segurança descia e tomava suas posições. Ele passou esse tempo sondando a casa lotada, separando os humanos dos vampiros, ou talvez o contrário. Vampiros queimavam muito mais brilhante para seus sentidos empáticos do que os seres humanos faziam. E havia dois ou três vampiros brilhantes dentro desta casa. Interessante.
Miguel abriu a porta ao lado de Duncan.
— Meu senhor. — disse ele.
— Obrigado, Miguel. — disse Duncan e foi para o terreno semicongelado. Estudou a parte traseira da casa. Havia luzes baixas em todas as janelas, e era possível sentir a base das pancadas profundas da música tocando dentro pela que estava perto dele. A garagem era para a esquerda. Para a direita era uma pequena varanda com uma porta fechada.
Miguel sinalizou para Duncan que começou a ir para a varanda. Um de seus vampiros passou à frente, fazendo o trabalho rápido com a fechadura. Não que fosse um bloqueio ruim, mas sua equipe era muito boa em tais coisas. Ele reduziu seu poder, querendo saber o tamanho do lugar antes de anunciar sua presença.
A música acertou-o logo que a porta se abriu, muito mais alta do que ele imaginara que estava pelo lado de fora. Alguém tinha investido em alguma sonorização séria, porque as casas modernas não eram geralmente construídas dessa forma. O som extra-amortecido era um bom sinal, entretanto, dizendo-lhe que a casa ia bem, que quem estava no comando estava prestando atenção.
Duncan entrou na casa com apenas Miguel e Louis, deixando os outros para assegurar o perímetro exterior. Se ele precisasse deles, eles poderiam estar ao seu lado em segundos, mas ele estava mais preocupado com alguém vindo atrás dele para levá-lo para baixo do que para dentro.
A casa estava tão cheia quanto ele esperava, dada à situação do estacionamento na frente da casa. A porta de trás se abria para uma cozinha, longa e estreita, e área de lazer, com um balcão no meio. A cozinha estava quase vazia, mas a sala estava lotada de parede a parede com vampiros e humanos, alguns dançando com a música, e alguns só fingindo dançar enquanto estavam envolvidos em outras atividades. O mobiliário de lá foi empurrado contra as paredes para dar mais espaço para os dançarinos. E podia ouvir e sentir mais pessoas no andar de cima, principalmente fazendo sexo pelo som, que era perfeitamente normal para uma casa de sangue tão grande. Isso é o que os seres humanos vieram fazer aqui, depois de tudo. Eles ofereciam sangue em troca de uma alta experiência sexual única. Cem anos atrás, os vampiros caçavam e levavam o que precisavam. Hoje os humanos se alinhavam para o privilégio de abrir suas veias.
Dois vampiros estavam em uma profunda conversa quando Duncan entrou pela porta. Eles olharam para cima, e um deles automaticamente esticou em uma postura agressiva, mas deu uma olhada em Duncan e baixou os olhos, recuando até a bunda bater no balcão da cozinha. O outro vampiro apenas olhou com os olhos arregalados.
— Quem dirige este lugar? — Miguel rosnou.
— Otis. — a vampira de olhos arregalados ofereceu ansiosamente. — Ele está lá. Quer dizer, depois do quarto ao lado e após as escadas. Esse é o seu lugar.
Miguel olhou para Duncan, sua expressão um tanto perturbada. Duncan tinha certeza de que seu tenente e ele estavam compartilhando o mesmo pensamento.
Por que o vampiro tinha ficado tão feliz em dar o nome de Otis?
Havia apenas uma maneira de descobrir. Eles começaram a caminhar para frente. A música estava tocando tão alta quanto possível, quando Duncan entrou no quarto. Ele ficou parado por um momento, simplesmente observando, e depois lançou seu poder. Ele rolou pela sala lotada como uma onda. Um após o outro, os dançarinos se viraram para olhar, com os olhos arregalados de reconhecimento. Eles recuaram, pressionando-se contra as paredes e tendo os seus seres humanos com eles. Alguns caíram de joelhos, outros sussurraram "Mestre", quando Duncan passou, seguindo o caminho de repente aberto através da sala lotada.
Ele caminhou até as escadas, onde mais alguns vampiros congelaram em meio a um passo, olhando para o seu novo senhor, e caminhou para a sala de teto alto.
Otis, pelo menos, Duncan assumiu ser Otis, se escondia em um grande sofá de canto feito de couro preto. O quarto tinha, sem dúvida, a intenção de ser uma sala de estar formal, com suas janelas altas, candelabro elaborado e lareira de pedra elegante. Otis tinha feito sua sala do trono. Ele ficava à luz de uma lareira que queimava brilhantemente. Preparado para receber as pessoas em sua volta. Não havia outras palavras para descrever isso. Seus braços estavam esticados para os lados do sofá, enquanto uma mulher humana estava ajoelhada entre suas pernas abertas fazendo sexo oral. Felizmente, ela estava terminando o seu direito de desempenho no momento em que entrou na sala. Ela enfiou o pau de Otis suavemente de volta dentro de seus jeans, em seguida, fechou-o com lentidão agonizante, claramente com medo de cometer um erro.
— Isso é bom, meu bichinho. — disse Otis preguiçosamente, fechando os joelhos e prendendo a mulher entre eles. — Mas não vá longe. Eu poderia precisar de você novamente.
A mulher, que estava prestes a ficar de pé, fechou os olhos em resignação e caiu de volta ao chão, apoiando a cabeça sobre a almofada do sofá entre as pernas de Otis.
Outro vampiro se aproximou de Otis, este vestindo calças cáqui bem passadas e uma camisa de botão azul, seu cabelo escuro era curto. Ele estava segurando uma prancheta na mão e um lápis na outra.
— Lance está aqui, Otis. — disse ele, lendo alguma coisa em sua prancheta. — Já faz três semanas, e eu acho que é hora...
— De joelhos quando você fala para mim, Nelson.
O vampiro de cabelos escuros endureceu, e Duncan podia ver todos os músculos tensos quando ele tentou resistir à ordem, mas, eventualmente, se rendeu.
Seus joelhos bateram no chão atapetado com um baque surdo.
— Esse é um bom menino. — Otis falou lentamente. — Agora, o que você queria me perguntar?
— Lance. — Nelson repetiu bruscamente. — Já faz três semanas...
— Foda-se bastardo. Diga a ele para ir para outro lugar.
— Não há qualquer outro lugar, Otis. Você sabe disso. Ele está viajando mais de uma centena de quilômetros apenas para se alimentar. Isso não é...
— Eu não me importo o quão longe ele está viajando. — Otis rugiu, sentando-se e tirando a mulher para fora do caminho. — Deixe-o caçar! Eu não quero aquele bastardo na minha casa ou até mesmo na minha linha de visão. — ele sorriu, e passou a mão casualmente através de seu cabelo longo, como se estivesse ciente que seu desabafo o tinha feito parecer fora de controle. E Duncan sabia que o controle seria tudo para alguém como Otis.
— Alguns vampiros simplesmente não valem a pena o esforço, Nelson. Você entende. — ele disse com um sorriso doentio. Ele começou a inclinar-se para trás contra o sofá, mas avistou Duncan e seu povo. Ele se endireitou, os olhos escuros deslizando sobre cada um deles, por sua vez, descansando finalmente em Duncan.
— Bem, veja quem está aqui, Nelson. — ele zombou. — É o nosso novo senhor que vem chamando.
Nelson, ainda de joelhos, se virou para olhar Duncan. Seu rosto registrando primeiro surpresa, e depois uma satisfação feroz. Ele agarrou a mulher, arrastando-a com ele, como se abrindo um caminho entre Otis e seu novo senhor vampiro.
— Sinta-se livre para se servirem, meninos. — disse Otis, acenando com uma mão casual para a casa lotada. — Temos uma noite de casa cheia.
Miguel endureceu, um grunhido retumbando em seu peito. Duncan descansou a mão em seu antebraço.
— Bem, inferno, Nelson. Arranje a estes meninos um quarto. Tudo bem, senhores. Somos um estabelecimento de igualdade de oportunidades, se você me entende. Talvez um bom menino para o jantar? — Otis riu alto, divertindo-se com sua própria sagacidade patética.
— Miguel. — disse Duncan. — Livre-se dos seres humanos.
— Hey! — disse Otis atirando-se a seus pés. — Esta casa é minha, porra! Eu dou as ordens, não você.
A mulher se separou do Nelson e cambaleou até a porta, e Miguel empurrou para fora da sala enquanto murmurava ordens em seu microfone Bluetooth. Várias outras pessoas de Duncan entraram na casa e começaram a vasculhar de sala em sala, correndo as escadas para limpar o segundo andar. Os seres humanos gritaram e vampiros rugiram, mas o barulho diminuiu rapidamente quando os vampiros locais perceberam o que estava acontecendo e ajudavam o rebanho dos humanos a saírem. Dentro de instantes, apenas os batimentos dos corações de vampiros podiam ser ouvidos.
— Nelson. — disse Duncan, chamando a atenção e assustando o vampiro formal com a área de transferência. — Venha aqui.
— Que porra é essa? — Otis exigia. — Eu não me importo com quem você seja! Nelson pertence a mim.
Duncan ignorou, voltando sua atenção para Nelson, que passou por cima de joelhos e estava agora olhando para Duncan com desejo indisfarçável.
— Nelson? Qual o seu nome completo?
— Nelson Conway, meu senhor. Mas todo mundo me chama de Nelson.
— Você sabe quem eu sou?
— Sim, meu senhor. Você é o nosso mestre, o novo Senhor do Território da Capital.
— Você cuida deste estabelecimento, Nelson?
— Não, ele não! — Otis rugiu e saltou sobre a mesa de vidro para enfrentar Duncan. — Esta é a minha casa e ele é meu filho, porra. Eu lidero toda essa merda.
Duncan desviou o olhar para Otis, mas não perdeu nenhuma palavra sobre ele. Com um esforço silencioso de sua vontade, fez com que o vampiro raivoso ficasse de joelhos e sufocou sua voz. O rosto de Otis se contorceu de raiva quando caiu no chão aos pés de Duncan.
— Nelson? — Duncan solicitou, trazendo a atenção do outro vampiro de volta para ele.
— Sim, meu senhor, eu cuido da casa. Otis faz política. Ele decide quem fica e quantas vezes, e quem não fica. — acrescentou ele, com um olhar sombrio na direção de seu senhor. — Mas sou eu que lida com todo o resto.
— E você voluntariou-se para esse trabalho? Você pediu para ser um vampiro?
Nelson olhou para Duncan, como se tentando descobrir a resposta certa para a pergunta.
— A verdade. — Duncan levou calmamente.
O vampiro desviou o olhar, como se envergonhado ou embaraçado, depois baixou os olhos, falando para o chão.
— Não, meu senhor. Eu estava em Leesburg visitando alguns amigos. Isso foi há mais de dois anos atrás, mas parece ainda mais. Todos nós viemos a esta casa de sangue em conjunto, em um desafio estúpido. Quando Otis descobriu que eu tinha me formado na escola de negócios, ele começou a bater em mim, mesmo que eu tenha dito a ele...
O jovem vampiro rompeu, seu rosto aqueceu, e seu embaraço agora óbvio. Duncan poderia facilmente imaginar como alguém como Otis teria se concentrado em perseguir o jovem humano, seduzindo-o não para o sexo porque ele queria, mas porque era adequado à sua necessidade no momento. Se Nelson estava bêbado, o que parecia provável, seria fácil para Otis seduzi-lo. E uma vez que ele tinha mordido o jovem, a poderosa substância eufórica em sua mordida teria apagado o que ainda havia da vontade de Nelson. Até que ele acordou na noite seguinte e se lembrou do que tinha feito.
— Sinto muito, Nelson. — disse Duncan. — Se eu pudesse revertê-lo, eu o faria.
Nelson olhou para cima e balançou a cabeça.
— Está tudo bem, meu senhor. Eu ainda odeio o que ele fez para mim naquela noite, e fiquei chocado ao descobrir o que me tornei, mas... Não é tão ruim agora. E eu não me importo de dirigir esta casa, é apenas... — ele lançou um olhar cheio de ódio em Otis, mas não disse mais nada.
— Muito bem. — disse Duncan no silêncio. — Miguel, você faria?
Miguel pegou um canivete de quatro polegadas quando Duncan tirou sua jaqueta de couro e jogou-o sobre a mesa de café. Ele empurrou a manga suéter em seu braço esquerdo.
— Nelson Conway, você vem a mim de sua própria vontade e desejo? — perguntou formalmente.
Os olhos de Nelson se arregalaram de surpresa, então se virou bruscamente, olhando com medo quando Otis começou a se debater como um peixe no anzol. Mas o vampiro era incapaz de falar ou ficar em pé.
— Não se preocupe com ele. — disse Duncan com desdém. — A menos que você prefira permanecer dele?
A cabeça de Nelson balançou de volta em torno de Duncan.
— Claro que não. — ele rosnou. — Er, meu senhor.
Duncan assentiu.
— Então, vamos começar de novo. Nelson Conway, você vem a mim de sua própria vontade e desejo?
— Sim, meu senhor. — disse ele fervorosamente.
— E é isso o que você realmente deseja?
— Sim, meu senhor, é meu verdadeiro desejo.
Duncan cortou uma linha limpa entre os tendões, a partir do meio de seu antebraço descendo em seu pulso. Verteu sangue da ferida em gotas redondas, transformando rapidamente em uma corrida lenta e constante de vermelho.
Nelson olhou, sua respiração vindo em camadas, a língua saindo para lamber os lábios avidamente.
Duncan não insultara o jovem vampiro, retendo isso. Não havia necessidade. Nelson era seu desde o momento em que ele entrou na casa.
— Beba, Nelson. — ele disse suavemente. — E seja meu.
Duncan olhou para a cabeça inclinada de Nelson e sentiu o puxão no fundo de seu peito quando mais uma alma tornou-se seu guarda para cuidar. Nelson não apenas tomou um gole, mas não perdeu o excesso também. Houve uma precisão na bebida, maneira como algumas pessoas comem um sorvete constantemente, o lambendo todo, mantendo o cone limpo e arrumado, enquanto outros acabam com uma grande bagunça. Nelson era um bebedor arrumado. Era, provavelmente, a mesma qualidade que fez dele um bom gerente da casa.
— Chega. — disse Duncan suavemente. Nelson levantou a cabeça de uma só vez, fixando-se nos calcanhares com um olhar vidrado. Miguel conseguiu um lenço para o braço de Duncan, e este percebeu que ele devia ter uma fonte considerável em algum lugar. Caixas de lenços descartáveis, lenços brancos para momentos muito frequentes quando seu mestre cortou seu próprio pulso. Ele sorriu com a ideia, limpando o seu braço com o lenço antes de envolvê-lo com cuidado e puxar a manga do suéter para baixo. O sangue de Duncan era poderoso o suficiente para que a ferida começasse a fechar em minutos, e se curar completamente em uma hora. Havia uma propriedade de cura na saliva de Nelson, como em qualquer outro vampiro. Mas isso só funcionava em seres humanos, e não em outro vampiro.
— Esta casa é sua, Nelson. — disse Duncan quando ele puxou sua jaqueta de volta. — Ela tem apenas um propósito, e que é alimentar os meus vampiros. Todos os meus vampiros. Se você vir alguém que não conhece, você pode solicitar a identificação. Se você tiver dúvidas, chamará Miguel ou Louis. — ele acenou para seus respectivos assessores. — Mas ninguém será afastado se não quebrar as regras. E há apenas duas regras. Sem drogas. Nenhuma violência. E observamos as leis humanas dentro dos limites de nossas necessidades. Você entendeu?
— Sim, meu senhor. — disse Nelson, ainda sem fôlego por conta dos efeitos de beber o sangue potente de Duncan. Seus olhos se abriram de repente, e ele se inclinou para sussurrar. — E ele? — Seu olhar se desviou ligeiramente para Otis.
Duncan voltou a considerar o gerente da casa antiga.
— Ah, Otis, acredito que seus serviços não são mais necessários. — disse ele, mostrando os dentes no sorriso de um predador. — Alguns vampiros simplesmente não valem a pena o esforço. Você entende.
Otis arregalou os olhos ainda mais, se tal coisa fosse possível, sua garganta trabalhando enquanto ele lutava para gritar. O poder de Duncan o alcançou e simplesmente fez seu coração parar de bater.
Nelson saiu de lado, limpando as calças cáqui meticulosamente quando Otis se desfez em um monte de pó gorduroso.
— Uh, eu devo... — ele se atrapalhou para dizer. — Eu quero dizer, está tudo bem.
— Por todos os meios, Nelson. — Duncan disse alegremente. — Sinta-se livre e lembre-se, se você precisar de alguma coisa, ligue. Mas, saiba disso. Eu vou manter o controle do meu povo, e sei o que está acontecendo no meu território.
— Sim, meu senhor. Eu não vou decepcioná-lo.
— Eu sei. Uma última pergunta, Victor vem sempre aqui?
Nelson deu-lhe um olhar vazio.
— Victor, meu senhor? Ele nunca veio aqui, que eu saiba, e estive nesta casa quase todas as noites por dois anos.
Duncan assentiu.
— Como eu suspeitava. Obrigado, Nelson. Miguel, vamos embora.
Com os seres humanos fora, ele levou muito menos tempo para sair da casa do que quando entrou. Alguém desligou a música quando Duncan fez o seu caminho através da cova, e o silêncio era ensurdecedor. A casa ainda estava lotada, mas com vampiros ajoelhados, que ficaram de lado, abrindo caminho com a cabeça baixa, murmurando sua lealdade quando Duncan passou.
Em algum ponto no futuro, ele voltaria aqui, mais de uma vez, se ele durasse muito tempo, e tinha toda a intenção de durar por um tempo muito longo.
Ele queria conhecer os vampiros do seu território. Queria conhecer a vida que tinha em suas mãos. Mas hoje à noite ele tinha outros negócios mais prementes.
Duncan saiu da casa superaquecida e levantou o rosto, acolhendo a brisa de ar frio sobre sua pele quando respirou fundo. Seu pessoal da segurança esperou, de pé ao seu redor com infinita paciência.
— Até a casa de Victor, Louis? — perguntou.
— Meia hora, meu senhor. Não mais.
— Então, será onde nós estaremos indo em seguida.
****
Os SUVs correram as estradas escuras, pelo o povo de Leesburg por trás das paredes de suas casas, sem saber que os vampiros estavam acelerando na calada da noite. O comboio saiu da estrada principal e passou por um bairro bem iluminado e limpo de casas modernas, antes de deixar as luzes para trás de uma vez. A casa de Victor, agora de Duncan, estava há poucos quilômetros à frente, por uma estrada de duas pistas amplas e campos gramados em cada lado. Uma casa espaçosa estava empoleirada no meio de cada um desses campos, bem longe da estrada e em uma colina baixa, como se para melhor olhar para baixo em cima de seus vizinhos menos afortunados.
O endereço que Duncan e seu povo buscavam era em uma curva acentuada à direita, e então um longo caminho que terminava em um quadrado de abetos bem aparados, crescendo bem em conjunto para criar uma barreira contra a observação casual. A entrada dividia por entre as árvores para revelar uma casa de madeira alastrando branco, com uma varanda antiquada cobrindo ao longo da face dianteira inteira. Uma única chaminé e vários telhados pontudos fazia parecer uma casa de fazenda.
Duncan não tinha visto a casa, até que Louis saltou do veículo ainda em movimento, atirando comandos em seu fone de ouvido. O SUV em fuga passou correndo, deixando pistas lamacentas no gramado perfeitamente mantido verde quando desviou e voltou para a garagem, pneus cantando quando derrapou até parar o SUV de Duncan na frente da casa.
— Miguel. — Duncan começou, então viu o carro estacionado ao lado da casa enorme. Porra, era ela. — Ninguém a toca, Miguel. — disse ele firmemente. — Deixe-me sair daqui.
— Meu senhor...
— Fora, Miguel. Agora.
Ele ouviu sua voz, antes que a visse. Em pé na varanda da frente, esperando por eles como se fosse a dona do lugar, estava Emma, ??o espinho ao seu lado. Apesar disso, ele sorriu, pensando que poderia valer a pena alguns arranhões para provar Emma Duquet.
Seu povo a conduziu para fora da varanda e longe da casa, rodeando-a com uma parede de massa vampiro impenetrável. Obediente às suas ordens, ninguém tocou nela, mas não deram a ela uma escolha, nenhuma. Ela se movia, ou seria esmagada.
Duncan fez um gesto, dizendo a seus vampiros para se afastarem, e então esperou, sabendo que ela nunca seria capaz de permanecer em silêncio.
— O quê? — ela exigiu, encontrando seu olhar calmo.
— Por que você está aqui, Emma?
— Provavelmente, a mesma razão que você. — ela retrucou.
— Como você sabia onde estávamos indo?
— Ei, eu trabalho nesta cidade. Eu tenho fontes, também. — seus lábios estavam comprimidos desafiadoramente quando ela olhou para ele, seus olhos violeta prateados à luz da lua nova. Ela estremeceu de repente, e ele percebeu que ela não estava usando nada, além do moletom com capuz que tinha colocado em casa.
— Você está com frio. — ele murmurou e tirou a jaqueta de couro, envolvendo-a em seus ombros, antes de puxá-la contra seu corpo, esfregando as mãos para cima e para baixo em suas costas. Ela estremeceu novamente, quase violentamente, enterrando o rosto em seu peito.
— Emma. — ele disse baixinho em seu ouvido. — E se alguém estivesse esperando por você aqui?
Ela falou sem levantar a cabeça, segurando o casaco mais perto.
— A casa está vazia. Eu já verifiquei pelas janelas.
— Você não poderia saber que estaria vazia. — disse ele irritado. — E você ainda não sabe. Só porque você não vê ninguém...
— Mas você disse. — ela estremeceu uma vez com força, depois ficou quieta, como se seu corpo tivesse manifestado o seu desagrado com a temperatura fria uma última vez antes de admitir que estivesse quente. — Você disse que Victor tinha ido embora.
— Ele foi, mas haviam outros envolvidos, e não sabemos nada sobre eles ainda. Não é seguro para você estar aqui, certamente não sozinha.
— Mas você está aqui agora. — ela olhou para cima, abrindo mais os olhos, como se isso pudesse enganá-lo a acreditar em sua inocência. — Você vai me manter segura, não vai?
— Você estaria segura se tivesse ficado em casa, como eu pedi.
— Bem, estou aqui agora. — sua voz era cortante, e ele quase sorriu. Ele sabia que ela não poderia manter a fachada de olhos arregalados por muito tempo.
Duncan correu as mãos para cima e para baixo em seus braços, como se ainda estivesse tentando aquecê-la, utilizando-a como uma desculpa para adiar e pensar. Ele não queria Emma perto do que Victor poderia ter feito nesta casa. Até mesmo o conhecimento poderia ser perigoso. Mas ele entendeu muito bem a sua necessidade de saber a verdade sobre o desaparecimento de Lacey, sua necessidade de fazer alguma coisa.
— Você sabe, Emma... — ele sussurrou, sentindo-a crescer ainda enquanto o ouvia. — Eu poderia tirar suas memórias desta noite inteira e enviar-lhe para casa, e seria o mais sábio.
Ela se afastou dele com um empurrão, procurando seu rosto.
— Eu nunca o perdoaria se você fizesse isso.
— Você nunca saberia. Não haveria nada para perdoar.
— Eu saberia. — ela disse com firmeza.
Duncan sorriu então. Ela era teimosa como uma mula, um presente.
— Eu vou ficar perfeitamente quieta. Eu prometo. — ela o persuadiu, claramente sentindo seu enfraquecimento.
Duncan suspirou.
— Muito bem. Mas você vai ficar ao meu lado. E você vai fazer o que eu disser, quando eu disser, sem argumentos.
— Enquanto não seja nada ridículo. — ela murmurou.
— Ridículo?
— Você sabe o que quero dizer. Se você me disser pra latir como um cachorro ou algo assim, não farei isso.
Duncan riu e a abraçou com força antes de deixá-la ir.
— Muito bem. Sem latidos.
— Você quer isso de volta. — disse ela, fazendo um movimento indiferente para puxar o casaco.
Duncan parou com uma mão em seu braço.
— Mantenha-o. Você deveria ter usado alguma coisa mais quente.
— Eu não tive tempo. Eu queria chegar aqui antes de vocês, então peguei minhas chaves e corri.
— Talvez você deva manter uma jaqueta em seu carro. Você sabe, para sua próxima perseguição.
Ela deu-lhe um olhar interrogativo, como se tentasse descobrir se era uma brincadeira ou não.
Duncan deixou que ela admirasse. Ele pegou a mão dela e se dirigiu para a porta da frente.
— Lembre-se de sua promessa, Emma. O que eu digo, quando eu digo.
— Sim, sim. Seu desejo é uma ordem e tudo isso.
— Se fosse assim tão simples.
Miguel enviou dois dos seguranças em volta da casa para verificar do lado de fora. Os outros acompanhando Duncan, a maioria deles foi à frente.
Duncan esquadrinhou a frente da casa quando se aproximou, olhando muitas janelas, embora não tivesse certeza do que estava procurando.
A sensação ruim que Miguel tinha falado estava ficando pior a cada momento, e ele já se arrependia de deixar Emma ficar. Ele deveria ter limpado sua mente e a mandado para casa. Esquecer o que ela tinha dito sobre recordar. Ele era muito bom no que fazia, e ela não teria se lembrado de nada. O problema foi que parecia errado fazer isso com Emma. Isso não fazia nenhum sentido para ele, mas algo na sua mente ou no seu coração lhe disse para ser honesto com ela, ou se arrependeria mais tarde.
Miguel o reteve por alguns momentos, deixando a equipe de segurança ir à frente. Luzes logo vieram de dentro, esmaecendo severamente. Era o tipo de iluminação que um vampiro preferia, e inferno, a maneira que os convidados humanos poderiam se juntar a ele. Tipicamente Victor. Mas Duncan estava feliz por isso, porque ele já conseguia detectar o cheiro inconfundível de sangue velho. Muito disso. E se muito sangue foi derramado nesta casa, não queria que o brilho das luzes o distraísse do que quer que seus outros sentidos pudessem ter a lhe dizer.
Ele entrou pela porta com Emma, ??que apertou sua mão com força, apesar de suas palavras corajosas anteriores. Ele deu três passos lentos e parou, quase esmagado quando seus sentidos empáticos foram inundados pela dor e medo saturando cada parede, cada piso, cada centímetro desta casa maldita.
— Emma. — ele disse em uma voz tensa. —Volte para o seu carro.
Sua cabeça virou.
— Duncan?
— Agora, Emma, ??por favor. Miguel, terá alguém para ficar com você. — seu tenente se moveu para pegar o braço de Emma, ??e Duncan acrescentou. — Gentilmente, Miguel.
— Duncan? — Emma repetiu, sua voz tremendo de incerteza. Ela pode não ter suas sensibilidades apuradas, mas não precisava delas para saber que algo estava errado.
— Eu vou sair em breve. Não se preocupe.
Ele ouviu mais do que viu Emma sair da casa, ouviu uma ordem de Miguel para um dos vampiros ficar com ela no carro. E então, seu tenente estava de volta.
— Você sente isso, Miguel? — Duncan sussurrou, e enviou uma fração do que ele estava sentindo pela ligação que ele dividia com seu filho vampiro.
Miguel respirou.
— Doente pra caralho. — ele assobiou.
— Não doente. — Duncan corrigiu suavemente. — Ruim. — seu olhar viajou até a escadaria larga. Seria pior lá. Muito pior. — Lá em cima. — disse ele.
Miguel enviou um de seus guardas de vampiros à frente dele, mas Duncan sabia que não encontrariam nada. Não havia nada para ver mais, só para sentir.
Ele apertou seus escudos com força, a necessidade de saber o que tinha acontecido, mas não querendo deixar a maneira cheia de corrupção de Victor inundar seus sentidos. O que ele estava sentindo era horrível o suficiente. Ele não precisava se afogar nisso.
Ele subiu as escadas devagar, relutantemente, por tudo o que estava determinado a fazê-lo. No topo da escada, se virou para a direita, infalivelmente, as ondas de dor e terror como os dedos de um fantasma, puxando sua roupa, puxando-o mais perto.
Eles passaram o primeiro quarto, e o segundo. Duncan fez uma pausa, olhando para frente. Cada um dos quartos cheirava a luxúria, com uma fome que nunca ficaria satisfeita. Mas o pior de tudo, a real profundidade da depravação que foi perpetrada aqui... O que tinha acontecido na sala no final do corredor. A porta estava fechada. Fato que poderia ficar desse jeito.
Suas presas surgiram espontaneamente deslizando sobre seu lábio inferior, enquanto olhava para a porta fechada, quando caminhou pelo corredor indo para a câmara do pesadelo. Próximo a ele, Miguel deu-lhe um olhar assustado, suas próprias presas aparecendo em resposta à óbvia raiva de Duncan. Duncan quase cambaleou quando finalmente o atingiu, uma névoa vermelha enchendo sua visão. Ele abriu a porta e parou lá, disposto a cruzar o limiar. Ele ouviu as vozes de homens jurando, rindo, grunhindo. E ouviu os gritos aterrorizados de mulheres implorando por misericórdia, gritando em agonia.
Ele engoliu um uivo furioso, mordeu com tanta força que suas presas cortaram o lábio. Sangue escorria até o queixo, quente e grosso. Ele lambeu-o sem pensar, perdido na memória do que foi feito aqui, de quão longe eles foram para satisfazer sua necessidade pervertida em infligir dor no indefeso.
Duncan girou sobre os calcanhares, incapaz de suportar mais um momento dentro desse quarto encharcado de agonia. Ele correu em regatos invisíveis pelas paredes, apodrecendo as placas, os tapetes, tudo que tocou foi derrubado pelo que tinha acontecido lá.
Ele caminhou de volta para a escada. Ele precisava sair antes que as emoções que sobraram destruísse o que restava de seus escudos. Ele estremeceu com a ideia de enfrentar a dor lancinante da casa sem sequer um fragmento de proteção.
Miguel correu ao lado dele, seu olhar preocupado buscando em cada quarto que eles passaram, não sabendo o que estava procurando, mas sentindo uma pequena parte do que Duncan estava se afogando, Duncan começou a descer as escadas, obrigando-se a descer um degrau de cada vez, quando tudo que ele queria era pular o corrimão e correr.
— Meu senhor, o que você achou? O que devo dizer aos outros para procurar?
Eles chegaram ao primeiro andar. O pesadelo dispersou o suficiente para que Duncan sentisse como se pudesse respirar novamente.
— Diga a eles para procurar... — ele fez uma pausa, a detecção de um novo senso de alarme... Era Ari? — É Ari do outro lado? — ele questionou Miguel rapidamente.
— Sim, meu senhor. No quintal.
— Vamos.
Miguel apontou por uma porta em arco à sua esquerda. Eles correram através de uma enorme sala de jantar indo para uma cozinha aberta, com dois conjuntos de portas francesas que se abriam para um pátio coberto. Miguel apertou os punhos com força, sem se preocupar com bloqueios, e Duncan saiu, para encontrar rapidamente Ari onde ele estava de cabeça baixa, olhando para o chão, a tensão irradiando de cada músculo. Duncan franziu a testa. Não havia nada aqui, exceto...
Bateu-lhe, então, um sopro de decadência na brisa da noite, cada vez mais forte quanto mais perto ele chegava de Ari. Quando Duncan finalmente ficou ao seu lado, o vampiro moreno olhou para cima, seus olhos brilhando como café marrom, um poder selvagem que ansiava abater um inimigo. Mas não havia nenhum inimigo aqui.
Não era apenas o que seu inimigo morto tinha deixado para trás.
Duncan estendeu a mão para o vampiro, embora Ari não fosse uma criança de seu próprio país, mas jurou-lhe no sangue e acalmou a raiva de Ari com o toque de seu poder.
Juntos, eles estudaram os distúrbios minúsculos que falavam alto para aqueles que sabiam o que procurar, mesmo sem o cheiro de morte para guiá-los. Para um olho destreinado, não havia nada para ver além da sujeira e um pouco de grama que estava seca e marrom do inverno. Ninguém se preocupou em colocar relva verde, que obviamente tinha no jardim da frente antes da última festa de Victor. Tinha Lacey presenciado? Se Duncan ainda acreditava em um Deus misericordioso, ele teria oferecido uma oração que não fosse assim. Ele não queria que Emma perdesse sua amiga assim, não queria que a busca dela acabasse aqui nesta casa de horrores. Mas o mundo tinha provado a ele há muito tempo que a fé não tinha lugar neste mundo.
Ele suspirou.
— Eu tenho que falar com Emma primeiro. Então farei a ligação.

Capítulo 11
 
Emma estava sentada em seu carro, o motor ligado para manter o aquecedor funcionando, apesar do casaco do Duncan, ela estava congelando. Era mais do que a temperatura de inverno deixando-a com frio. Ela estava assustada. Mais assustada do que podia se lembrar de ter estado. Mais do que quando ela foi forçada a beijar a sua avó morta enquanto ela estava deitada no caixão. Até mesmo mais do que quando sua mãe morreu e a deixou sozinha. Ela era muito jovem para pensar em todas as coisas que poderiam dar errado, e jovem o bastante para acreditar que ficaria bem sozinha.
Mas não mais. Ela sabia exatamente como o mundo podia se satisfazer em foder e tirar tudo dela. Tudo exceto Lacey. Se ela perdesse Lacey também... Ela convulsionou em um novo ciclo de tremores, e aumentou o aquecedor mais um pouco.
Algo horrível havia acontecido naquela casa. Duncan era um mestre em não demonstrar nada em seu rosto, mas seu silêncio lhe dizia que era muito ruim. Se ele estava tentando tanto se controlar, teria que ser algo muito, muito ruim.
E ela estava aterrorizada.
O vampiro que estava de guarda ficou tenso abruptamente, seu olhar foi para cima de seu carro, perto do lado direito da casa. Emma observou pelo para-brisa. Algo estava vindo? Era a coisa horrível que morava naquela casa?
Ela pegou um lampejo de movimento, e viu um dos vampiros de Duncan correndo pela casa e indo para o quintal. A curiosidade venceu o medo, e ela abriu a porta do carro o bastante para colocar um pé no chão.
— O que foi? — ela perguntou para o seu guarda. — Eles encontraram algo?
O guarda não respondeu de imediato, sua atenção totalmente no que estava acontecendo atrás da casa. Emma estava prestes a perguntar a ele novamente quando ele se virou e insistiu para que ela voltasse para o carro.
— Você deveria ficar aí dentro. — ele disse tenso. — Está mais quente.
— Por quê? O que eles encontraram? — ela perguntou, procurando em seu rosto, sabendo que de alguma forma ela estava certa. Eles encontraram algo. Não na casa, mas atrás dela. Ela esteve lá antes de Duncan chegar, e não havia nada lá exceto uma faixa de pátio coberto. Além disso, havia uma grande faixa de grama morta e um espaço aberto. O que eles haviam visto que ela não viu? O que poderia haver...
A respiração de Emma ficou presa quando a dor apertou o seu peito. Ela deveria ter feito algum tipo de barulho, porque o guarda estendeu a mão para ela, o olhar de pesar no rosto dele confirmando seus piores medos.
— Não. — ela sussurrou. — Não! — ela gritou e empurrou a porta aberta, batendo-a no guarda e desequilibrando-o. Ela correu até o quintal, sabendo que ela nunca chegaria lá, que a velocidade de vampiro do guarda iria alcançá-la e pará-la, mas ela correu de qualquer jeito. Ela tinha que ver, tinha que saber...
O guarda a agarrou antes que ela pudesse dar dois passos pela lateral da grande casa, erguendo-a e envolvendo-a firmemente com seus braços firmes como ferro.
 — Você não quer fazer isso. — ele sussurrou no ouvido dela. — Confie em mim, Emma. Você não quer ver.
— Largue-a, Baldwin. — A voz do Duncan era áspera enquanto ele andava na direção deles.
O guarda dela, Baldwin, largou-a imediatamente.
— Me perdoe, meu senhor. — ele disse.
Emma não sabia por que ele estava se desculpando - por deixá-la fugir ou segurá-la com muita força, mas fosse o que fosse, ela não se importava.
— Me diga o que você encontrou. — ela disse para Duncan. — E não minta para mim.
Duncan fechou a distância entre eles, suas mãos vindo para pegar as dela e puxá-la para um abraço bruto.
— Emma... — ele começou, mas ela se afastou dele.
— Não. Não faça isso. Não me trate como uma frágil flor que não consegue lidar com a vida. Eu estive cuidando de mim desde que tinha onze anos de idade, então não faça isso. Diga-me o que você encontrou. — ela insistiu.
Duncan suspirou.
— Um corpo. Nós... — Emma fez um som de dor, seu punho vindo até sua boca como se para prender o som lá dentro. Duncan pausou. — Emma, Baldwin está certo. Você não...
— Não me diga o que eu quero! É uma mulher?
Ele a estudou por um momento, e então virou sua cabeça levemente, como se estivesse ouvindo o que estava acontecendo no quintal. Quando ele se virou novamente e encontrou o olhar dela, ela sabia.
— Sim. — ele disse desnecessariamente.
— Eu quero ver. Se é...
— Não. Isso não é necessário. Nós temos uma foto de Lacey, e eles enterraram as coisas dela juntamente com ela. Nós podemos identificar...
— Eu quero ver. — Emma repetiu com uma voz firme que mal reconheceu como sendo dela. — É meu direito, Duncan. Ela é minha... — emoção roubou sua voz, e ela teve que respirar fundo, se afastando em um momento. — A Lacey é minha amiga. — ela continuou, ignorando as lágrimas quentes rolando pelas suas bochechas. — Minha.
Duncan claramente não queria dar o braço a torcer, mas ele claramente acreditava que o que Emma estava dizendo era verdade. Era direito dela dar aquela olhada, seu direito de clamar Lacey, e de mais ninguém.
— Muito bem. — ele disse infeliz. — Você pode ver o corpo. Mas, Emma, a decomposição já começou. Você pode não reconhecer mais Lacey, mesmo se for ela.
— Eu a reconhecerei. — Emma insistiu teimosamente.
Duncan franziu a testa e balançou sua cabeça de leve, como se já estivesse se arrependendo de sua decisão.
— Você irá me contar se você achar se é a Lacey ou não. — ele disse finalmente. — E então você irá embora. Baldwin te levará para casa.
— Mas se for a Lacey...
— É pegar ou largar. — ele disse; sua voz tão firme como a dela havia sido.
Emma assentiu uma vez. Duncan estendeu a mão para ela, mas ela não a aceitou, escolhendo prosseguir com a sua própria força.
Ela andou em um borrão, seus olhos tão cheios de lágrimas que mal conseguia ver. Sua mente continuava sussurrando negações; continuava dizendo para ela que não era a Lacey, que havia outras mulheres nas festas, que essa casa e o Victor já estavam por aí há anos, e que a terra aqui estava cheia de velhos cemitérios. Mas em seu coração ela sabia o que sempre soube desde que Lacey não havia voltado para casa domingo à noite. Ela sabia que algo terrível havia acontecido, porque nada mais faria com que Lacey não ligasse para ela. E agora...
— Emma? — a voz de Duncan ao lado dela era gentil, cheia de compaixão. Mas ela não queria a compaixão dele, não conseguia lidar com ela. Ela tinha que permanecer forte. Ela olhou em volta e percebeu que os vampiros de Duncan estavam olhando para ela com expectativa. Eles estavam parados em um círculo ao redor de algo, e agora haviam aberto o círculo como se para permitir sua entrada. Ela olhou para baixo e seu coração começou a bater forte.
— Emma, você não tem que fazer isso.
Ela afastou a mão de Duncan e se colocou entre os dois vampiros, quase tropeçando em um monte de terra. Um dos vampiros pegou o braço dela, e ela olhou para o grande buraco no chão. Não, não tão grande. Somente grande o bastante para...
Um grito de negação é arrancado de sua garganta, um som animalesco e mudo de pesar. Emma tropeçou enquanto se afastava, de repente, desejando que não houvesse insistido em estar aqui. Ela não queria ver o que estava naquele buraco, não queria ver aquela coisa morta vestindo aquela caricatura grotesca do rosto de Lacey, seus cachos loiros moles embaraçados, seus membros retorcidos na morte como eles nunca haviam estado em vida. Ela queria rebobinar a sua vida e manter Lacey em casa e longe da festa do Victor. Elas comeriam pipoca e beberiam vinho ruim e assistiriam filmes bregas de terror até que nenhuma delas pudesse dormir. E elas nunca teriam que se preocupar com nada pior do que monstros de filmes embaixo da cama.
— Emma. — ela não havia visto Duncan se mover, mas de repente ele estava lá, colocando os braços ao redor dela. E ela sabia que os monstros eram de verdade desta vez.
Ela se afastou dele bruscamente.
 — Não me toque. — ela vociferou. — Se não fosse vocês... — ela sabia que estava sendo injusta, que não foi Duncan que colocou Lacey naquela cova. Mas era o povo dele. Vampiros. Monstros que caçavam humanos, que seduziram Lacey com suas promessas de festas selvagens e viver chapado. Ela caminhou tropeçando até a lateral da casa, se apoiando contra a parede, determinada a voltar ao seu carro. Ela estava com seu celular lá. Ela poderia ligar para a polícia e...
Os braços fortes de Duncan a levantaram. Ela lutou contra ele, mas ele apenas aumentou o seu aperto e ordenou: — Pare, Emma.
— Me coloque no chão. — ela exigiu, batendo nos ombros dele, se escutando soluçar pelo pesar e sem reconhecer isso saindo de sua própria garganta. — Eu não preciso...
Os braços de Duncan eram como aço enquanto ele a carregava para frente da casa, raiva radiando dele em ondas, apesar de que, de alguma forma, ela sabia que essa raiva não era direcionada a ela. Emma viu seu carro, viu Baldwin correr na frente para abrir a porta. Duncan abaixou sua cabeça para o ouvido dela e sussurrou algo.
E então não havia mais nada.

Capítulo 12
Duncan observou o carro de Emma até que ele passou pela linha de abetos{10} e não conseguia mais vê-lo. Ela estava no banco de trás, dormindo profundamente, e ficaria assim por várias horas, até que o corpo de Lacey fosse recuperado e a cena processada. Ele e sua equipe ainda tinham algumas horas, mas teriam que voltar para DC antes do amanhecer. Não tinha jeito de pedir a qualquer uma de suas pessoas para passar um só dia dormindo neste pesadelo de casa. Quando terminassem aqui, quando os investigadores recuperassem cada pedaço de evidência que pudessem encontrar, ele derrubaria todo o maldito edifício até o chão. Depois disso, a terra poderia descansar. Talvez, em um século ou três, o horror desapareceria.
Ele já tinha chamado especialistas em lidar com isso. Se houvesse qualquer coisa boa nesta tragédia, era o que acontecia na Virgínia, com as instalações de Quântico do FBI tão perto. Vários vampiros trabalhavam nos laboratórios de lá, embora suas identidades fossem conhecidas apenas por uns poucos escolhidos na comunidade vampira. Raphael, é claro, sabia quem eram. O que significava que Duncan sabia, também. A morte que ele e seus vampiros tinham descoberto aqui esta noite não poderia ser disfarçada completamente, mas poderia ser gerenciada. E também dependia de Emma. Se ela fosse para as autoridades humanas e exigisse uma investigação... Bem, ele não a deixaria chegar a isso. Ele não pretendia substituir as suas memórias. Mas o faria, se necessário. Mesmo sabendo que, se ela descobrisse, ele perderia a sua confiança. E poderia também perdê-la. Mas ele não podia pôr em risco toda a sociedade de vampiros por causa de seu afeto por Emma Duquet.
Isso não significa que ele menosprezou o crime cometido. Ele poderia encobrir os detalhes, mas não iria esquecer a ofensa. Victor já estava morto, junto com seus quatro guardas vampiros, os quais ele não tinha nenhuma dúvida de que participaram da violência e da festa do sangue. Mas ainda havia outros lá fora, os seres humanos que voluntariamente e por diversão, juntaram-se à tortura de jovens mulheres por gratificação sexual. Ele iria caçá-los e destruí-los pedaço-a-pedaço, permanentemente, como ele destruiu Victor.
— Sire{11}.
Duncan virou.
— Sim, Miguel?
— Dentro da casa, meu Senhor. Dentro tem o que acreditamos ser o cofre de Victor, achamos vídeos.
Duncan encontrou o olhar baixo de seu tenente cuidadosamente, e sabia que a noite estava prestes a piorar. Ele suspirou e colocou uma mão reconfortante no ombro de Miguel.
— Pelo menos, agora nós saberemos quem será o próximo a morrer, Miguel.
— Iremos caçar, meu Senhor?
Duncan confirmou.
— Vamos jogá-los no chão e ouvi-los implorar enquanto rasgamos seus corações ainda batendo.
Miguel mostrou os dentes, rosnando com aprovação. Duncan se preparou para entrar naquela casa do mal mais uma vez. Enquanto cruzava a soleira o horror perfurou sua alma, ele só tinha um pensamento: apesar da agonia de seu último suspiro, a Victor foi concedida uma morte muito gentil.
Uma hora depois, ele estava sentado na varanda da frente precisando de um pouco de ar fresco, quando um caminhão desconhecido chegou até a casa. Ele se levantou, olhando para caminhão com cautela. Como se fosse magia, vários de seus vampiros apareceram, ocupando posições entre ele e o veículo que se aproximava. Ele continuou até parar e Duncan observou quando uma pequena vampira de cabelo escuro desceu primeiro para o estribo e, em seguida, para o chão. Sua juba espessa de cabelos negros foi tirada do seu rosto e forçada em um coque severo na parte de trás de sua cabeça. Ela usava um terninho liso escuro e uma blusa de algodão preto.
Juntos, eles a faziam parecer mais velha do que era. Ou melhor, mais velha do que ela foi quando foi transformada há um século.
— Phoebe. — Duncan chamou, enviando uma ordem mental para seus guardas que esta era a perita investigadora que ele esperava.
Phoebe Micheletti nunca foi uma agente do FBI, mas treinou com um dos seus melhores investigadores - um humano que mais tarde se tornou seu marido e companheiro. Depois de anos partilhando o vínculo companheiro e sangue com Phoebe, Ted Micheletti foi forçado a se aposentar mais cedo do FBI, quando se tornou óbvio que ele não estava envelhecendo. Agora, os dois administravam uma empresa de consultoria própria, oferecendo seus serviços de investigação para as agências de aplicação da lei em todo o país, muitos das quais não podiam se dar ao luxo de manter um investigador de tempo integral na equipe. Duncan tinha certeza que o negócio foi crescendo nestes tempos econômicos difíceis, e ele sabia que, por vezes, Phoebe e seu companheiro trabalharam de graça. Eles simplesmente gostavam do que faziam.
— Duncan. — ela começou a se ajoelhar, mas Duncan a parou. Phoebe morava na Virginia, o que significava que Duncan era oficialmente seu Senhor agora. Embora, eles nunca tivessem se conhecido pessoalmente, eram conhecidos de anos, e ele estava muito cansado para o ritual sem sentido.
— É bom ver você. — ele disse.
— E você, meu Senhor. Parabéns por sua ascensão.
Duncan assentiu, e Phoebe olhou além dele para a parte de trás aberta de uma van, onde dois vampiros técnicos forenses estavam carregando um saco preto. Não tinha qualquer necessidade de deixar o corpo de Lacey in situ{12}, sem a necessidade de preservar o local de sepultura. Eles já sabiam quem a matou.
— Nós sabemos quem ela é? — Phoebe questionou.
— Lacey Cray. — disse Duncan sombriamente. — Vinte e sete anos de idade, e secretária de K Street.
— Como ela acabou aqui?
— Victor.
— Merda. — Phoebe xingou. — Eu odeio aquele cretino.
— Tem certeza que ele não maltratou você ou Ted?
Ela balançou a cabeça rapidamente.
— Ele não ousaria. Victor era um valentão típico. Ele só pegava pessoas que não podiam revidar. Então, como você conhece a menina?
 — Sua colega de quarto veio até a casa na capital na noite após eu ter retirado Victor. A Srta. Cray estava desaparecida. Ela aparentemente já tinha saído com Victor antes, mas ela disse a Emma que esta era uma grande festa. Um final de semana no campo.
— Emma?
— Colega de quarto, Emma Duquet. Ela trabalha para um político.
— Bem, isso é um complicador. Isso ainda fica pior?
— Prepare-se. — Duncan avisou. — Victor era um grande voyeur. Nós encontramos registros de vídeo do que aconteceu aqui e na capital. Eu não sei se ele estava chantageando alguém, ou se ele só gostava de assistir. Nós ainda estamos trabalhando na identificação de todos, mas Lacey foi o único corpo que encontramos. E a única mulher de seus arquivos que não está em nenhum dos vídeos. O que fala por si só. Estou assumindo neste ponto que as outras mulheres ainda estão vivas. Se assim for, as suas memórias provavelmente foram apagadas, o que é uma bênção, porque as coisas que foram feitas a elas... — Sua boca torceu e ele desviou o olhar, sem vontade de continuar.
— E a respeito de Lacey?
— Provavelmente foi um acidente. Dado o nível de depravação que encontramos aqui, nada me surpreenderia, mas enterrá-la no quintal dessa maneira... Tem uma aparência de falta de planejamento.
 Phoebe concordou.
— Ele teve tempo de cuidar dos vídeos, mas não tanto pra fazer um trabalho melhor em sumir com o corpo.
 Duncan deu de ombros.
— Ele provavelmente tinha intenção de voltar e cuidar disso, mas eu apareci.
— Algum arquivo na casa da capital?
Duncan confirmou.
— Escondido e encriptado, mas meu pessoal é bom.
Phoebe inclinou a cabeça, estudando-o. Ela lhe deu um sorriso torto.
 — Estou feliz por você estar aqui, meu Senhor. Nós precisávamos de você. — o sorriso fugiu quando ela voltou sua atenção para o corpo parado de Lacey. — Eu só queria que você tivesse tido uma sorte melhor do que essa.
— Eu queria ter chegado uma semana antes. Lacey poderia estar viva. Nós precisamos manter isso em segredo, Phoebe.
— Ela tem família?
— Só Emma. Elas são amigas desde a infância.
— E essa Emma vai criar confusão?
— Não. — quando o olhar curioso de Phoebe encontrou o dele, ele continuou. — Vou cuidar disso. — ele deixou que o toque de poder de sua voz a lembrasse quem ele era.
 Phoebe baixou seus olhos brevemente.
— Como posso ajudá-lo?
Duncan assentiu.
— Meu chefe de segurança, Louis, está lá em cima, junto com outros dois. Vamos levar os computadores e arquivos de volta para a capital com a gente. Enquanto isso, ele fez um arquivo composto de cada rosto visível nos vídeos. Alguns deles nós achamos que conhecemos, mas eu quero que você ajude a rastrear os outros.
Ela endureceu. Então, se curvou formalmente.
— Ao seu comando, meu Senhor. — ela virou-se e dirigiu para a casa. Duncan observou-a ir, em seguida, caminhou até o técnico forense que estava fechando as portas da van.
— Você tem um local para colocar o corpo? — Duncan perguntou.
— Sim, meu Senhor. Um dos nossos é dono de uma casa funerária logo depois Falls Church. Podemos deixá-la por enquanto.
— Certifique-se de Miguel ter a informação sobre a funerária antes de sair, mas você deve ir logo. — faltavam apenas duas horas para o nascer do sol, e eles precisavam daquele tempo para armazenar devidamente o corpo de Lacey antes de ir para casa para dormir durante o dia.
— Sim, meu Senhor. — o vampiro puxou uma folha de papel do fundo da prancheta, escreveu rapidamente e entregou a folha para Miguel, que tinha seguido Duncan como uma sombra desde que eles haviam encontrado o corpo.
— Nós devemos partir também, meu Senhor. — Miguel disse calmamente enquanto a técnico vampiro subia na van e ia embora.
Duncan olhou além da imagem da van indo embora.
— Eu preciso parar na casa de Emma no caminho.
— Meu Senhor, a hora...
— Miguel. — Duncan disse suavemente. — Eu vou parar e falar com Emma.
Miguel assentiu bruscamente.
— Nós vamos sair imediatamente. Ari pode dirigir. Eu vou falar com os outros pra terminar aqui e trancar a casa. Eles podem ir na segunda caminhonete de volta pra capital.
Duncan assentiu. Ele não esperava em te que contar a Emma o que tinha que ser feito, mas não podia deixá-la recorrer às autoridades humanas. De alguma forma, ele teria que convencê-la a deixá-lo resolver isso, e se ele não conseguisse... Bem, então ele queria uma última vez com ela antes que ela o odiasse para sempre.

Capítulo 13

O carro de Emma estava estacionado há alguns metros de sua casa quando eles chegaram. Duncan enviou um fio de energia para a casa, observando. Baldwin estava lá, e consciente. Baldwin era um dos que estava com Duncan na outra noite, o que significava que ele já tinha sido convidado para a casa de Emma. Isso foi importante, pois Emma estava profundamente adormecida e permaneceria assim até Duncan acordá-la. Ele suspirou, esperando que ela estivesse tendo sonhos, porque quando acordasse, o pesadelo se tornaria real.
Ele teria preferido colocar isso para fora até amanhã à noite. Os horrores da casa de jogos de Victor o tinham deixado à beira de violência, e o que ele queria mais neste momento, era alguém para bater como uma polpa sangrenta. Não que ele alguma vez fosse prejudicar Emma. Mas seu temperamento estava definitivamente desgastado, e ela era obrigada a discutir com ele.
Duncan sabia da sua reputação, o que alguns consideraram sua incrível capacidade de manter a calma em face de provocação, mesmo no pior. Foi por isso que Raphael tinha decidido que ele seria perfeito para lidar com os charlatões humanos que se disfarçaram de líderes em Washington, DC. E lá estava a verdade da reputação de Duncan, também. Mas era uma verdade duramente conquistada, e esta noite a sua reserva foi severamente testada.
Infelizmente, ele não poderia manter Emma dormindo até que ele acordasse, amanhã à noite, e definitivamente não queria que ela acordasse durante o dia sem falar com ele primeiro. Conhecendo Emma, ??ainda tão pouco como conhecia, ele sabia que ela não ficaria esperando o pôr do sol. Mesmo se ela não chamasse a polícia, dirigiria de volta para Leesburg, onde não iria encontrar nada. O corpo se foi, assim como a evidência de que alguém estava enterrado lá. Tudo na casa que poderia levar de volta para Victor ou vampiros em geral também foi embora. As coisas já estavam no caminho para a residência em Washington DC, aonde o pessoal de Duncan iria vasculhá-la para obter informações e depois destruí-la. Neste momento, até mesmo o título para a casa de Leesburg estava sendo alterada, com documentos colocados em prática que fariam parecer que a casa tinha mudado de proprietário há alguns meses. Nem mesmo as fontes internas de Emma seriam capazes de encontrar qualquer coisa para indicar o contrário.
Mas isso não iria parar Emma. Seu próximo passo seria provavelmente a polícia humana, o que era o pior resultado possível para todos os envolvidos, incluindo Emma.
Então, Duncan tinha que falar com ela esta noite.
Ele respirou fundo, enterrando sua raiva e tampando sobre seus instintos mais agressivos. Ele não teria que durar muito tempo, não mais do que uma hora ou algo assim. Tempo suficiente para resolver com Emma, ??em seguida, retornar para a casa em DC para dormir. E quando ele acordasse, amanhã à noite, passaria algum tempo na academia para malhar e tirar o pior de sua raiva.
A porta da casa se ??abriu silenciosamente enquanto ele e Miguel começaram a subir a entrada. Não havia luzes acesas dentro. A silhueta de Baldwin era um bloco, curto quadrado de sombra mais escura enquanto ele estava lá, segurando a porta aberta.
— Qualquer coisa que eu precise saber? — Duncan perguntou a ele.
— Não, meu senhor.
— Junte-se a Ari no carro, então. Você, também, Miguel.
Miguel endureceu imediatamente, a boca aberta para protestar, mas Duncan apenas olhou para ele. Seu tenente fez uma careta, mas deu um aceno de cabeça acentuado e seguiu Baldwin de volta para a caminhonete.
Duncan suspirou de alívio. Seria difícil o suficiente manter a compostura com Emma esta noite. Ele não precisava do agravamento adicional das emoções de seus vampiros batendo em seus escudos. Eles não tinham a sua sensibilidade para o pesadelo naquela casa, mas pegaram o suficiente para que seu instinto tentasse fechar o círculo em torno dele. Que o deixou no centro de sua tempestade de indignação.
Ele precisava deste pequeno espaço de tempo sozinho, sem seus vampiros pairando, para restaurar seu próprio centro de calma antes de falar com Emma. Ele atravessou a sala de estar, circulando o sofá antigo. Emma estava deitada de lado, debaixo de um cobertor de crochê que Baldwin deve ter jogado sobre ela. Ela estava enrolada em uma bola de proteção, joelhos dobrados contra o peito, braços firmemente à frente, com as mãos em punhos, como se contra o golpe que estava por vir.
Ele sentou-se ao lado dela, e caiu no sofá sob seu peso. Ela não podia estar dormindo confortável aqui. Talvez ele devesse levá-la para o andar de cima primeiro. Ele sorriu um pouco, reconhecendo o pensamento como uma forma de adiar o inevitável.
Seu cabelo escuro tinha caído para frente, cobrindo metade do rosto dela. Ele afastou-o fora e sussurrou:
— Emma.
Seus cílios tremeram, escuros contra sua pele clara, e sua respiração tornou-se menos regular. Duncan correu as costas de seus dedos por sua bochecha sedosa. "Acorde, Emmaline."
***
Emma sentiu a presença de Duncan antes de ouvir sua voz. Ela pensou que ele deveria ser um sonho, mas parecia real. Isso parecia como Duncan sempre pareceu, um cobertor de calma que era o oposto de como a maioria das pessoas parecia colocar todo mundo no limite, pelo menos no início.
Fosse o que fosse, ela sabia que tinha que acordar, pois tinha algo que precisava se lembrar. Algo sobre o porquê de Duncan estar aqui.
— Emma. — sua voz penetrou seu sono, exortando-a a acordar. Mas, de repente ela não quer acordaria mais. Era bom em seu sonho. Seguro.
E havia algo horrível esperando por ela quando acordasse. Sua mão acariciou sua bochecha.
— Acorde, Emmaline.
Os últimos vestígios de sono fugiram antes do uso inesperado de seu nome verdadeiro, e ela gemeu baixinho. Ela tentou se virar, a afastar-se dele, mas Duncan não deixou. Sua mão forte no ombro a segurava em seu lugar, gentil, mas firme.
— Eu sei que você está acordada, Emma.
Os olhos de Emma brilharam abertos. Ela olhou para Duncan, mal capaz de vê-lo na penumbra.
— Gostaria que eu ligasse a luz? — questionou. Ele sempre parecia saber o que ela estava pensando. Ele disse que era habilidade em ler rostos, mas ela se perguntava se era algo mais.
— Não. — ela disse; sua voz áspera com o sono. Ela sabia por que ele estava aqui. Era sobre Lacey. E ela queria a escuridão. Sentou-se. Ela ainda estava vestindo jaqueta de Duncan, e puxou-a em torno de si mesma enquanto ela empurrou para baixo a manta de sua avó ao pé do sofá. Ela não se lembrava de voltar para casa, não se lembrava de adormecer.
— Você gostaria de um pouco de água? — Duncan perguntou. Ele estava sentado ao lado do sofá, e ela girou em torno dele para sentar-se, soltando os pés no chão.
Ela se inclinou para frente, se abraçando, e balançou a cabeça.
— Não, obrigada.
Ela ouviu-o suspirar enquanto se movia no sofá para se sentar na velha mesa de café, ela e Lacey haviam resgatado-a do meio-fio quando se mudaram para esta casa. Alguém dois blocos acima tinha colocado para fora, para o lixo, mas Lacey tinha visto a caminho de casa e arrastou Emma de volta com ela para buscá-la. A maldita coisa era tão pesada que elas tinham se esforçado para fazer mesmo sobre a metade do tronco de Emma, e então elas mal tinham conseguido isso até as escadas para a casa. As duas tinham grunhido como porcos torcendo, parando a cada cinco minutos para descanso. Ela sorriu com a lembrança, e ficou horrorizada ao sentir as lágrimas queimando o fundo dos seus olhos.
Emma mordeu o lábio enquanto lutava para se controlar. Ela não ia chorar. Lágrimas não trariam de volta Lacey. Nada o faria. O trabalho de Emma agora era ver Lacey devidamente enterrada. Então ela iria descobrir quem tinha feito isso... E matá-lo. Ela tinha uma arma e sabia como usá-la. Você não crescia onde ela tinha crescido sem aprender a atirar. Até teve uma adesão a um campo de tiro, na Virgínia. Não faz sentido ter uma arma se você não consegue acertar nada com ela. Ela não saía para lá com a frequência que gostaria, mas o seu objetivo era bom o suficiente. E de perto e pessoal, não importa.
De qualquer maneira, Emma não ia esperar a polícia. A polícia era muito facilmente comprada na cidade. Além disso, se tivessem levado mais a sério quando ela relatou Lacey desaparecida, talvez sua melhor amiga não estivesse morta agora. Quem sabia há quanto tempo tinha sido enterrado, em que...
Mas, ela não ia pensar nisso. Ela iria se manter unida o tempo suficiente para convencer Duncan que ela estava bem, e depois era melhor o assassino começar a olhar por cima do ombro, porque ela ia fazer alguém pagar.
— Emma? — Duncan disse suavemente.
Emma levantou os olhos para ele. Ele parecia preocupado, mas não havia necessidade. Ela estava bem. Melhor do que bem. Ela era o propósito frio.
— Duncan. — disse ela, orgulhosa de como até mesmo sua voz estava calma. Duncan apreciava calma. — Você não precisa se ??preocupar comigo. Eu estou bem.
Olhar vigilante de Duncan pareceu congelar, e por um momento Emma pensou que ela viu um brilho profundo de bronze substituir o marrom quente de seus olhos. Naquele momento, ela estava convencida de que ele sabia o que estava fazendo, o que ela pretendia fazer amanhã e no dia seguinte. Mas então ele piscou, e ela convenceu-se que era impossível. A invenção de sua imaginação sempre viva.
— Sinto muito, Emma.
— Você é muito gentil. — disse ela, com base em ensinamentos da vovó. Um chavão para cada ocasião. Qualquer coisa para encobrir o que você realmente está sentindo, por isso ninguém tem que sofrer o constrangimento de uma emoção genuína.
Olhos de Duncan estreitaram em uma carranca.
— Pare com isso.
Ela olhou para ele.
— Parar com o quê?
— Pare de me excluir com seus próprios costumes do sul.
— Eu não sei do que você está falando.
— Eu sou um lorde vampiro, Emma. Você não pode me enganar.
— Bom para você. — ela atirou de volta. — Eu sou um ser humano, e estou fazendo o melhor que posso. — quem diabos ele pensa que é? Se ela queria fingir que seu coração não estava quebrando, se ela precisava acreditar, quem era ele para dizer que ela não poderia?
— Tudo bem. — ele se levantou, empurrando a pesada mesa de seu caminho como se não pesasse nada. Ele virou as costas, ignorando-a por um momento. Ela poderia dizer que ele estava com raiva e tentava controlá-la. Alguns homens teriam batido o punho em uma parede, ou talvez jogado alguma coisa. Duncan era muito controlado para isso, mas ainda havia sinais. Ele não era o único que podia ler a linguagem corporal. Ela e Lacey tinham sobrevivido sete anos em um orfanato. Ela era uma especialista em leitura da maldita linguagem corporal.
— Há algumas coisas que você precisa saber. — disse ele, finalmente, mas sem se virar.
— Onde está o corpo de Lacey? — ela perguntou. Isso o levou ao redor para olhar para ela.
No início, ela pensou que ele não iria responder à sua pergunta, mas depois ele disse:
— Em uma casa funerária em Falls Church.
Ela franziu o cenho.
— Por que lá? A polícia não iria...
— Não haverá qualquer polícia.
Emma levantou-se, de repente tão irritada como ele tinha estado um momento atrás. Esquecendo que ela estava planejando excluir a polícia e prosseguir a sua própria vingança. Ela não ia deixá-lo cobrir isso e fingir que nada tinha acontecido.
— O que você quer dizer sem a polícia? — ela exigiu. — Você e seus vampiros assassinaram Lacey. A polícia vai fazer Victor voltar e...
— Victor está morto.
Emma congelou, de repente confusa.
— Mas, como? Quero dizer, quando?
— Quatro noites atrás.
Ela franziu a testa, fazendo contagem regressiva.
— Mas isso significa a primeira noite que eu fui vê-lo na embaixada.
— Não é uma embaixada, porra. — ele rosnou. — E sim, ele já estava morto. É assim que funciona com vampiros.
— Como o que funciona? — insistiu ela, nem um pouco impressionada pelo seu humor. Ela queria respostas.
Ele começou a responder, então se conteve e disse:
— Não importa. O que importa é que os vampiros estavam envolvidos neste crime, e vampiros vão cuidar disso.
— O que significa isso? — ela insistiu, sentindo como se estivesse rosnando. — Então, Victor está morto. Grande, fantástico. Isso é uma baixa.
— Cinco baixas. — ele interrompeu. — Ele tinha guarda-costas.
— Cinco, então. — ela estalou. — Eu não me importo. Se eles tinham alguma coisa a ver com Lacey... — ela engasgou com a palavra, e teve que se forçar a continuar, alimentando a chama da sua raiva para seguir em frente, para fazer isso. — Com a morte de Lacey, — continuou ela com calma. — então eles mereciam morrer. Mas eles não eram os únicos.
— Você está certa. Eles não eram. Mas eu sei quem era, e vou cuidar disso.
Emma olhou para ele, muda pela primeira vez. Ele já sabia quem matou Lacey?
— Eu vou cuidar disso, Emma. Eu prometo.
— Eu quero estar por dentro do que você vai fazer.
— Absolutamente não.
Ela ergueu o queixo desafiadoramente.
— Pense de novo, vampiro. Você não quer que eu vá para a polícia? Então eu quero estar por dentro. Você me dá o que eu quero, você consegue o que quer.
Duncan estava de repente na frente dela, elevando-se sobre ela, enchendo-a com seu tamanho e força. Essa reserva fria dele desapareceu, e em seu lugar havia algo gelado e mortal, e absolutamente letal. Este era o Duncan real, o vampiro poderoso o suficiente para comandar os outros, e ela sabia instintivamente que ele poderia matá-la com um pensamento.
— Você não tem ideia do que eu quero. — disse ele deliberadamente. — Tenha muito cuidado, Emmaline.
Ela engoliu em seco. Seu coração estava tropeçando tão descontroladamente que estava subindo a garganta.
— Certo. — ela sussurrou, então preparou sua coragem e olhou de volta para ele. — Mas eu ainda quero entrar.
Ele olhou para ela alguns segundos a mais, em seguida, um pequeno sorriso curvou seus lábios para cima, ali, e sumiu quase antes que ela pudesse vê-lo.
— Muito bem. — ele concordou.
Emma não poderia ter estado mais chocada. Ele estava concordando?
— Você tem um acordo. — Duncan continuou sem problemas. — Eu vou esperar você na embaixada, como lhe chamam, uma hora depois do pôr do sol, todas as noites até que isso seja concluído. E vou esperar que você trabalhe como o resto de nós.
— Tudo bem. — disse ela, seus pensamentos tropeçando enquanto tentava trocar as marchas. Ele estava indo ajudá-la a encontrar o assassino de Lacey. Ou melhor, ela estava indo ajudá-lo, mas o que importava era que ele poderia fazê-lo muito mais rápido do que ela poderia sozinha. E uma vez que ele apontasse na direção certa, ela iria tomar o assunto em suas próprias mãos. Afinal, os vampiros dormiam o dia todo. Não haveria nada que pudesse fazer para detê-la.
Duncan estava estudando-a de perto, e ela rapidamente apagou seus pensamentos, ocupando sua mente com esforços para se lembrar de quando o sol se poria e como ela convenceria Sharon em deixá-la sair do trabalho mais cedo todos os dias por um tempo.
— Quando nós começamos? — ela perguntou
O olhar de Duncan se suavizou.
— Pegue alguns dias. Enterre a sua amiga. Os homens que queremos, aqueles responsáveis, não saberão que encontrou o corpo de Lacey. Não há nenhuma razão para que sejam suspeitos, não há razão para eles correrem. E mesmo se fizerem isso, eu vou encontrá-los.
Emma o olhou, acreditando nele, sabendo que ele iria ajudá-la a conseguir justiça para Lacey.
Lacey. Luto cresceu dentro dela sem aviso prévio. Ela queria ficar sozinha. Ela precisava ficar só, para enterrar o rosto no travesseiro e chorar a dor de sua perda, onde ninguém poderia ouvir. O rosto de Duncan turvou, e ela piscou as lágrimas repentinas. Havia uma última coisa que ela precisava saber.
— Você poderia me dar o nome da funerária, por favor? Eu preciso fazer arranjos para minha Lacey.
***
Duncan fechou a porta atrás dele, ouvindo como Miguel e os outros se estabeleceram para o dia. Portas batidas e vozes acalmaram até que houve apenas silêncio. Ele tirou suas roupas, deixando-as cair ao chão. Elas tinham um fedor de morte que nunca iria sair. Ele teria que as queimar com o lixo, amanhã.
Cruzando o quarto, ele verificou as janelas automaticamente, certificando que as persianas estavam fechadas, as cortinas pesadas bem fechadas. Ele estava cansado esta noite, o corpo e a mente angustiados com as atrocidades que tinha descoberto, mas ainda mais pelo peso da dor de Emma. Isso havia tocado um lugar em sua alma, uma velha ferida que estava tão marcada sobre ele que quase não se via mais lá. Foi essa perda angustiante de alguém tão querido, alguém que você teria dado com alegria a sua vida. A dor que ele tinha enterrado há muito tempo atrás, onde se convenceu que ficaria.
Mas a dor de Emma tinha trazido tudo de volta...
***
1862, Stones River, Tennessee
Ele estava deitado na lama, ouvindo os gritos dos homens morrendo por todo lado, e suaves gemidos dos que estavam longe demais para gritar. O sol se pôs alguns minutos atrás, embora parecesse muito mais tempo do que isso. Ele tinha visto o brilho vermelho no horizonte, e se perguntou o quanto da cor era o sol e quanto era uma névoa de sangue da luta brutal do dia. Deus sabia que tinha havido bastante sangue derramado hoje para colorir mil pores do sol. Seu único consolo era saber que a morte tinha sido em ambos os lados da linha de batalha, o que era um pequeno consolo, de fato. Mais reconfortante era a certeza de que, pelo menos sua luta terminou.
Ele não estava gritando, ainda não, mas temia que o fizesse antes do tempo. Ele ergueu as mãos, a ousadia de olhar para os farrapos encharcados de sangue de seu uniforme sujo, e gemeu com o que viu. Ele não era um cirurgião, mas já tinha visto o suficiente de animais abatidos para saber o que estava olhando. Ele havia sido destruído, tanto quanto um porco no verão. Sua pele foi cortada, seus intestinos salientes para fora em grandes laços cinza, mais cinza do que o uniforme que foi dado a ele apenas algumas semanas antes. O casaco tinha vindo de um soldado morto, alguém que ele nunca tinha conhecido. Ele estremeceu quando eles entregaram a ele, não querendo uma peça de roupa de um homem morto. Mas estes eram tempos conturbados. Se você rejeitava o cinza, não importa o motivo, as pessoas olhavam com desconfiança para você por estas bandas. Este era o Tennessee, onde havia quase tantos pela Confederação como não, e não importa o que você dissesse. Importava o que você fazia. Então Duncan tinha aceitado a jaqueta cinza e deu de ombros, sentindo-se como se a própria morte tivesse se estabelecido em seus ossos. E ele não tinha estado muito errado.
Ele abaixou as mãos sobre sua barriga, mais uma vez, ignorando a pressão viscosa de suas entranhas contra seus dedos. Ele queria uivar para o céu. Não com a dor, embora sentida como se um ferro quente tivesse sido preso em sua barriga para ser mexido de vez em quando. Mas isso não foi o que o fez ficar com raiva suficiente para amaldiçoar a Deus, seus generais, e todos os outros homens de terno que enviaram agricultores como ele para lutar. Foi a própria morte que o fez ficar com raiva. Não que a temesse. Ele descobriu que tinha vivido uma boa vida, o suficiente para que a recompensa celestial que as escrituras prometiam fosse seu fim. Era o que ele estava deixando para trás que o deixava com raiva, as coisas que deixamos de fazer, mesmo sabendo que algumas dessas coisas não eram cristãs e provavelmente iriam mandá-lo direto para o inferno. Mas mesmo aqui deitado à beira da morte, teria valido a pena. Ele teria desistido do próprio céu para vingar as injustiças cometidas contra aqueles que ele amava.
Ele suspirou e deitou-se na lama, sem se preocupar mais com a sujeira ou até mesmo o mau cheiro. Isso não parecia tão ruim mais, e achava que tinha se acostumado tanto ou seus sentidos estavam morrendo. De qualquer maneira, ele não tinha isso dentro dele para cuidar.
O soldado mais próximo a ele caiu abruptamente em silêncio e Duncan fechou os olhos em oração pela alma do homem. Ele só esperava que houvesse sobrado alguém para orar por ele quando chegasse sua hora.
Uma sombra obscureceu a luz da lua por trás de suas pálpebras fechadas, e seu coração chutou um pouco. Talvez fosse isso, depois de tudo.
— Você não está tão machucado, menino. — disse uma voz profunda com um sotaque que ele nunca tinha ouvido antes.
Os olhos de Duncan brilharam abertos e olhou para o homem agachado sobre ele. Ninguém tinha falado com ele desde o cirurgião que veio antes, e ele só balançou a cabeça tristemente e seguiu em frente. Duncan não culpava o homem. Não havia sentido em desperdiçar habilidades sobre aqueles que não poderiam ser salvos. O que incluía Duncan e qualquer outro homem cuja coragem fora obstruída. Eles seriam apanhados eventualmente por aqueles encarregados de recolher os mortos e moribundos. Mas Duncan não estava morto ainda, então quem era esse estranho e o que ele queria?
O homem levantou os olhos, e Duncan se perguntou se talvez Deus julgou seus pensamentos finais de vingança e condenou-o para o inferno depois de tudo. Porque este não era um homem comum. Seus olhos eram o preto de meia-noite, com um brilho prateado profano sobre suas bordas, como se algo espreitasse por trás. E ele era maior do que qualquer homem que Duncan já tivesse visto. Maior do que Duncan, e era considerado como um grande homem.
O estranho sorriu e seus dentes eram limpos e brancos.
— Eu não sou o seu demônio cristão. E este não é o inferno. — ele olhou em volta com uma carranca. — Ou, não o que você está pensando de qualquer maneira.
Duncan olhou.
— Como você sabe o que estou pensando? — ele sussurrou, com a boca quase demasiada seca para formar as palavras.
— Eu sei de muitas coisas. — disse o estranho, virando seu olhar negro sobre ele mais uma vez. — Eu sei que você não tem que morrer hoje. — ele estudou atentamente Duncan. — A menos que você queira.
Duncan sentiu uma onda de esperança, rapidamente seguida por medo. Ele queria viver, pelo menos por tempo suficiente para buscar sua vingança, mas qual preço seria exigido pelo homem diabólico? Homens como este não davam nada de graça. Mas, então, algumas coisas valiam qualquer preço.
— Eu quero viver. — disse ele, dando uma chance.
— Sem perguntas, sem negociação? — o homem zombou levemente. — Você é tão rápido para lidar com o diabo, Duncan Milford?
— Como você sabe o meu nome? — Duncan perguntou, engolindo em seco.
— Eu disse a você. Eu sei muitas coisas. Mas vamos discutir o nosso primeiro negócio. Eu vou salvar a sua vida esta noite, mas em troca, eu quero o seu serviço.
Duncan piscou. Era o estranho um espião para a União, então? Será que ele acha que Duncan tinha alguma informação utilizável? Porque ele certamente não tinha.
 — Que tipo de serviço? — ele perguntou curioso, apesar de tudo.
O homem deu de ombros.
— Eu sou um viajante neste lugar. Eu preciso de alguém que conheça os costumes locais, até mesmo a linguagem. Embora eu pensasse que falava bem o suficiente antes de chegar aqui. — acrescentou o homem em um aparte.
Duncan analisou as palavras do homem. Na verdade, ele falava bastante bem, embora talvez um pouco bem demais. A exatidão de seu discurso entregou as suas raízes estrangeiras, isso e o sotaque que Duncan ainda não conseguiu identificar.
Duncan deslocou, tentando aliviar a dor renovada em seu intestino.
— Você quer que eu... — ele engasgou enquanto aquela quentura começou socando e mexendo novamente. Ele ficou em silêncio, desejando ficar fora por mais alguns minutos. Fechando os olhos, tentou se lembrar dos rostos de seus filhos, retratos de seu filho correndo para cumprimentá-lo no final de um dia. Ele sorriu, mas seus rostos começaram a desvanecer-se enquanto uma onda de agonia fresca queimou suas entranhas e a escuridão roubou suas memórias junto com seus pensamentos.
Quando ele abriu os olhos novamente, ele sabia que o tempo tinha passado.
— Quanto tempo? — perguntou ao estranho que se ajoelhou ao lado dele na lama. — Quanto tempo eu estive fora?
— Tempo suficiente. — o homem rosnou. — Como você se sente?
Duncan lambeu os lábios secos, fazendo uma careta. Havia um gosto estranho na boca. Não era ruim, melhor de fato do que o cheiro amargo da bile, que era tudo que ele tinha provado desde que foi ferido. Ele respirou cauteloso, não querendo despertar a dor, e percebeu que seu intestino ferido não parecia mais do que uma leve dor. Ele olhou para baixo em estado de choque. Suas calças ainda estavam rasgadas e ensanguentadas, mas sua barriga estava fechada, a pele enrugada com cicatrizes vermelhas, em vez de dividido e derramando intestino cinza. Duncan olhou, olhou-se no terror repentino. Isso era certamente profano.
O homem fez um barulho impaciente.
— Chega, Milford. Eu já lhe disse, não sou o diabo. Seu Não Deus não pode curar também? Agora, você quer o meu negócio ou não? Você vive, e em troca, serve como meu assessor.
Duncan olhou.
— Mas você já me curou.
O homem sorriu gentilmente.
— Então, eu curei.
Bem, isto era exasperante, Duncan pensava. Isso não era um truque. O pior da dor foi embora. E não só a dor da ferida que certamente o teria matado, mas a dor na perna que ele tinha quebrado quando era uma criança. A ruptura tinha curado errado e lhe doía todo dia desde então. E, no entanto, aqui deitado na lama e no sangue, sentia-se melhor do que se lembrava desde a infância. E talvez esse fosse um presente dos céus, mas o estranho não tinha a semelhança de qualquer dos demônios que Duncan tinha visto em bons livros, ele também não procedia do mesmo modo que os ministros alertaram em seus sermões. Ainda mais, ele não dava nenhuma indicação de que retiraria a sua cura se Duncan recusasse a negociar, o que um servo do diabo certamente teria feito.
Mas, ao mesmo tempo, Duncan não poderia, com toda a boa fé, se recusar a negociar desde que o estranho, na verdade, o curou. Irritante, de fato.
— Por quanto tempo? — ele perguntou de repente.
O homem levantou uma sobrancelha em questão.
— Quanto tempo tenho para atendê-lo?
O homem deu de ombros.
— Para o resto de sua vida ou da minha. — disse ele, e virou-se para examinar o campo de batalha mais uma vez.
Duncan suspirou. Ele esperava muito. Não que isso importasse. Ele não tinha nada e ninguém para ir para casa mais. Ele duvidou que sua casa ainda estivesse lá.
— Muito bem. — disse ele. — Eu concordo com o seu negócio.
— Só mais uma coisa. — disse o estranho, voltando-se para Duncan com um sorriso largo.
Duncan congelou sob o peso repentino do olhar negro. Seu coração começou a bater e sua respiração tornou-se curta, como se seu corpo já soubesse de algo que sua mente ainda não tinha compreendido. Uma parte dele sabia que deveria estar balbuciando com medo, rastejando sobre as mãos e joelhos, se fosse isso que o levasse a fugir deste monstro desumano. Em vez disso, ele se deitou e olhou, quase com espanto, enquanto do sorriso do homem cresceu presas tão longas quanto as de um lobo vermelho, e quando a luz prateada de seus olhos começou a brilhar como as próprias estrelas. Talvez o estranho o tivesse enfeitiçado de alguma forma, ou talvez ele estivesse morto depois de tudo, e esta conversa toda era nada além de uma fantasia de morrer.
— O que você é? — ouviu-se perguntar.
— Eu sou um Vampiro. — disse o homem. — E se você optar por permanecer comigo, você vai ser, também.
— Eu não sei o que é isso. — disse Duncan, espantado com a própria calma.
O homem, não, o vampiro, riu.
— É uma coisa maravilhosa. — disse ele, em seguida, abaixou a cabeça, olhando fixamente para Duncan mais uma vez.
— Você é... Humano? — Duncan perguntou.
O vampiro levantou um ombro.
— Eu nasci humano. Eu ainda o sou, de certa forma. Mas tornar-se um vampiro muda você. O torna mais do que quer que fosse. Você ainda será Duncan Milford, mas vai ser mais, também. Mais forte, mais esperto, mais poderoso.
Duncan pensou sobre isso.
— Posso fazer um pedido a você?
O estranho parecia surpreso com isso, mas balançou a cabeça.
— Você pode perguntar.
— Se eu for com você, se me tornar... Vampiro como você é, eu gostaria de pedir que você me permitisse uma tarefa final antes de sair.
O vampiro inclinou a cabeça com curiosidade.
— Que tarefa é essa?
— Vingança. — disse Duncan suavemente.
A prata nos olhos do vampiro brilhou tão intensamente que Duncan temia que trouxesse os outros correndo.
— Feito. — disse o vampiro. Ele se levantou e ofereceu sua mão.
Duncan agarrou-o e sentiu-se puxado para os seus pés como se não pesasse nada.
— Como você se chama, senhor?
— Raphael. — disse o vampiro. — Meu nome é Raphael. — ele deu um passo para trás e fez um gesto amplo. — Mostre o caminho, Duncan Milford. Sua vingança aguarda.
Eles caminharam a maior parte da noite. Duncan tinha se preocupado no início sobre sentinelas, sobre ser rotulado como um desertor ou pior. Mas Raphael tinha assegurado a ele que não seria visto, e não eram. Várias vezes eles passaram a pé por um sentinela, uma vez passando pela tenda de comando. E ainda ninguém parecia ciente de que eles estavam lá. Animais eram um assunto completamente diferente. Os cavalos os sentiam, movendo-se sem parar e resfolegando quando deslizaram pelas linhas de piquete, mas Raphael e Duncan estavam muito longe antes que viessem para verificar os animais, assumindo que alguém se incomodasse.
Enquanto caminhavam, Raphael disse a Duncan algo sobre quem ele era, o que significava ser um vampiro.
— Tal como o seu Sire. — Raphael disse enquanto percorreram uma estrada abandonada. — Eu vou te ensinar como sobreviver, como usar o que quer que conceda os dons do renascimento em cima de você.
— Renascimento? — Duncan repetiu.
O vampiro grande assentiu.
— Isso é o que chamamos, porque isso é o que é. Tudo o que era antes vai mudar. Você vai deixar todos que você conhece para trás, até a família. Você tem família, Duncan?
Uma onda de tristeza tomou conta de Duncan, ele quase se afogou, e foram várias etapas antes que ele pudesse falar. Raphael manteve o silêncio, e Duncan foi grato por isso. Finalmente, ele disse:
— Eu tive uma vez. Não mais.
Raphael não disse nada no começo, como se ponderando sobre as muitas maneiras que um homem poderia perder sua família.
— Esta vingança que você procura, é pela sua família. — ele disse como fato, não era uma pergunta, mas Duncan respondeu de qualquer maneira.
— Sim. — ele engoliu o nó duro da perda que obstruía sua garganta. — Minha esposa e filhos.
Passaram vários minutos antes de Raphael falar de novo.
— Isso é um fardo pesado para qualquer homem suportar.
Duncan assentiu, então estudou o vampiro de perto, perguntando se ele também tinha perdido alguém.
— Você deixou uma família para trás, senhor?
Um olhar feroz atravessou o rosto de Raphael, e Duncan pensou que talvez tivesse ido longe demais, presumido demais. Ele abriu a boca para pedir desculpas, mas Raphael falou primeiro.
— Meus pais. — disse ele abruptamente. — Apesar de que meu pai não fosse uma grande perda para mim, fiquei triste por causa de minha mãe. Minha irmã também, ou então pensei por um tempo.
Duncan estava curioso sobre essa última parte, mas decidiu não pressionar mais sua sorte.
— Você disse que é recém-chegado a este país, senhor? Você escolheu um mau momento para isso.
— Na verdade, chegamos alguns anos atrás. Levou tanto tempo para nos instalarmos e decidirmos nos mudar para o oeste.
— Nós? — Duncan questionou um pouco nervoso. — Há mais de você?
Raphael deve ter ouvido o nervosismo. Ele sorriu para Duncan, seus olhos foram para a cor prateada estranha novamente.
— Se você quer dizer vampiros, há mais do que alguns, embora os seres humanos não tenham consciência sobre nós. O meu grupo é pequeno, apenas aqueles que eu trouxe comigo do meu país de origem. Você não precisa se preocupar, no entanto. Eles são completamente leais a mim.
— Posso perguntar onde estão, senhor?
— Pare de me chamar de senhor, rapaz. Se você deveria chamar, saiba que meu título é lorde, pois é isso que sou, um lorde vampiro.
— Sim, meu lorde. — disse Duncan obediente, embora parecesse estranho dizer isso. Não havia tais títulos no país. Os fundadores tinham deixado para trás esse tipo de coisa, mas talvez os vampiros fossem diferentes.
— Você tem muitas propriedades de terra, então, meu lorde? — ele perguntou.
Raphael riu como um latido.
— E você picou o meu orgulho, mas tudo bem, Duncan.
— Eu não quis dizer qualquer...
— Não se desculpe. Você tem o direito de perguntar. Eu não tenho nada além de alguns homens leais e uma bolsa cheia de moedas. Os homens foram cuidadosamente escolhidos, e a moeda vem facilmente. Para o resto, pode ter certeza, Duncan Milford, eu vou governar um império.
Duncan concordou com a cabeça, e os dois continuaram por algum tempo sem falar. A lua tinha se estabelecido e a noite tinha começado a assumir o silêncio que precede o amanhecer, quando Raphael beirou de repente a estrada, indo fundo nas árvores. Duncan seguiu, não sabendo mais o que fazer. Ele escolheu o caminho que estavam tomando de volta para sua casa, mas tinham muitos quilômetros para ir ainda, e ele não estava familiarizado com as terras por que foram passando. Raphael parecia saber para onde estava indo, no entanto, tecia seu caminho através da densa floresta até chegar a uma pequena cabana. Escondido sob alguns ramos pendurados; era uma estrutura áspera construída de troncos inacabados e lama, mas parecia forte o suficiente e foi provavelmente usada por caçadores no verão. Desde que era inverno agora, o lugar estava vazio, tanto quanto Duncan poderia dizer, e a fechadura resistente na porta não convidavam os visitantes. Mas Raphael não hesitou. Ele andou direto e torceu a fechadura de metal grosso como se fosse papel, então jogou-a de lado.
Duncan olhou para o cadeado, agora inútil, e para Raphael e de volta para o cadeado.
— Você vai fazer o mesmo em breve. — Raphael garantiu-lhe, em seguida, abriu a porta e entrou. Duncan seguiu mais lentamente e encontrou Raphael dando ao lugar um levantamento crítico. — Eu dormi no melhor. — disse ele. — E no pior. Isso vai servir.
Ele fechou os olhos por um instante, em seguida, abriu-os e disse: — Temos tempo suficiente. Sente-se, Duncan. — ele não esperou, mas caiu no chão, pressionando as costas contra a parede.
Duncan deu de ombros e se sentou ao lado dele, querendo saber o que estava por vir.
— Há coisas que temos de discutir antes de ir seguir adiante. — Raphael começou. — Eu fui feito um vampiro sem concordar, ou pelo menos em desconhecimento. Ninguém perguntou se eu queria ou não, mas vou lhe dizer isso, não me arrependo. É um presente incomparável. Tenho vivido quase 300 anos, Duncan. Eu tenho o poder que não acreditaria se dissesse a você, mas que vai entender quando se juntar a nós. Há muitas coisas que você terá que aprender sobre ser vampiro, mas o mais importante é isso. Afim de sobreviver, você vai precisar beber sangue humano.
Os olhos Duncan se arregalaram de horror.
— Meu lorde! Tenho lutado na guerra, como bem sabe, mas não tenho nenhuma vontade de sobreviver matando inocentes!
Raphael balançou a cabeça.
— Não é necessário matar os humanos que você escolher para beber, Duncan. Além disso, quando se tornar vampiro, sua mordida em si vai se tornar agradável para eles. Alguns vão realmente convidá-lo para beber seu sangue em troca deste prazer, embora haja momentos em que terá que tomar o que você precisa. Mas você nunca terá que matar por isso.
Duncan olhou para longe, refletindo sobre o que acabara de ouvir. Isso, certamente, lançou uma nova luz sobre a decisão que ele havia feito. Ele poderia fazer isso? Ele poderia morder outro ser humano e beber o seu sangue?
— Mais uma vez, eu não vou fazer de você um vampiro sem o seu consentimento, Duncan. Você pode ainda, com a minha bênção, considerar a cura um presente e retornar para o que o espera. Ou você pode ir em frente comigo e com os outros. A escolha é sua, mas você deve fazer isso agora.
Duncan olhou através da mesma porta vazia que Raphael tinha passado, em busca de seu passado e seu futuro... E não encontrou nada. Seu passado foi roubado quando sua família foi morta, e seu futuro tinha morrido junto com eles.
— Eu vou fazer isso, meu lorde. — ele sussurrou, depois repetiu mais fortemente. — Eu vou fazer isso.
— Então, temos que começar, pois o sol não está muito longe. Uma lição importante, Duncan. O sol é nosso inimigo. Prende-nos no sono durante o dia, e se ficarmos expostos à sua luz, vamos queimar até as cinzas se deixados lá. É, talvez, a nossa maior vulnerabilidade.
— Podemos ser mortos caso contrário, meu lorde?
Raphael assentiu.
— Uma estaca através do coração, ou uma espada, se manejada adequadamente. Fogo, se o dano for grande demais para ser curado. E ninguém, nem mesmo um vampiro, pode sobreviver com a cabeça removida.
Duncan riu nervosamente.
— É bom saber, meu senhor.
Raphael bateu-lhe no ombro, em seguida, levantou-se e olhou em volta.
— Deite-se lá. — disse ele.
— Meu senhor? — Duncan perguntou, olhando para ele em confusão.
— Deite-se. — Raphael repetiu. — Vai ser mais fácil para nós dois.
O coração de Duncan gaguejou um pouco, apesar de suas palavras anteriores.
— Agora?
— Agora, Duncan. — Raphael disse gentilmente.
Duncan levantou-se. Estava quase escuro demais para ver, mas poderia fazer um berço solitário contra a parede oposta. Era um pouco mais que ripas de madeira, nem mesmo um colchão de palha. Quem usou o local no verão sabia que era melhor não deixar coisa alguma para trás. Ele ficaria cheio de vermes até a próxima temporada. Ele se arrastou até a cama, em seguida, estendeu a mão, colocando o peso sobre as ripas para testar a sua robustez. Elas cederam um pouco, mas seguraram, então abaixou-se, pensando mesmo se isso era melhor do que o chão frio sobre o qual tinha dormido durante as semanas desde que foi varrido pela marcha do general Bragg através do Tennessee. Ele soltou um suspiro cansado e pensou que provavelmente poderia dormir, com exceção de...
— Confortável, Duncan?
— Er, sim, meu senhor.
Raphael pairava sobre ele no escuro.
— Eu vou te morder. — disse ele quando se ajoelhou ao lado da cama. — No pescoço, porque é mais rápido.
— Será que vai doer?
— Somente no início. — disse Raphael com honestidade surpreendente. — Mas, depois disso, você vai experimentar o prazer de uma mordida de vampiro pela primeira e última vez. Vampiros não podem se alimentar um do outro, nem a mordida tem o mesmo efeito que em um ser humano.
Raphael virou a cabeça de Duncan firmemente para um lado e segurou-o lá. Sua respiração era quente enquanto ele se aproximava, e o coração de Duncan batia furiosamente em seu peito. Houve o toque de algo duro e pontudo, e depois uma dor tão afiada como uma faca de corte em seu pescoço. Ele teve um momento para pensar que talvez tivesse sido enganado por um tolo, e depois o seu sangue aqueceu e seu corpo endureceu de uma forma que não tinha nos meses desde que sua esposa morreu. Uma pequena parte de seu cérebro estava dizendo a ele que isso estava errado, mas ele não se sentiu mal. Ele se sentia... Maravilhoso! E então não sentiu nada.
Quando Duncan acordou, ficou imóvel por um momento, ouvindo, assombrado com a multidão de sons ao seu redor. Ele virou a cabeça para um ruído de arranhões e sabia que havia um rato correndo ao longo da parede, embora não pudesse vê-lo. Lá fora, uma coruja voava, suas asas uma forte vibração de som. Duncan sorriu. Era como se tivesse vivido em apenas metade do mundo até agora, com a outra metade além de seus sentidos lamentáveis??. Mas não mais.
Ele se esticou, sentindo-se forte e ágil, maravilhado novamente na ausência de dor ou feridas. Seu sorriso ficou maior, e ele queria jogar a cabeça para trás e rir com uma alegria que não sentia há anos.
— Você está acordado. — Raphael abaixou quando ele entrou pela porta, e Duncan percebeu que ainda era noite. Ou não era?
— Quanto tempo eu dormi? — perguntou.
— Apenas um dia. — disse Raphael. — Você vai dormir mais tarde para as trevas do que alguns de nós no início, mas meu sangue é poderoso, e sua força vai construir-se rápido o suficiente. Depois disso, cabe a você. Ninguém pode prever que presentes ser um vampiro vai lhe dar. Temos que esperar e ver.
— Este é um presente bom o bastante. — disse Duncan com entusiasmo. Ele se levantou, testando suas pernas, uma de cada vez, girando de lado a lado, e cedeu ao impulso de rir.
Raphael sorriu de volta para ele.
— Nós temos que ir. Há a sua vingança para ver, e depois temos de voltar com os outros.
Vingança, Duncan pensava. Ele se endireitou e enfrentou seu novo mestre.
— Estou pronto, meu senhor.
***
Washington, DC, hoje
Vingança. Foi o primeiro pensamento que Duncan teve quando acordou na noite seguinte. Ele não poderia trazer Lacey de volta para Emma, não poderia tirar a dor de sua morte. Mas poderia fazer vingança contra aqueles que tinham lhe ofendido.

Capítulo 14
 
Igreja Falls, VA
 
Emma sentou-se perfeitamente alinhada, as mãos cruzadas no colo. Levou dois dias para deixar tudo pronto. Dois dias para arranjar uma boa despedida para a única pessoa no mundo que tinha realmente importado para ela. O agente funerário foi muito gentil, mas havia tantas decisões para tomar, coisas que ela nunca teria pensado sozinha.
Mas, apesar da pressa, apesar do estresse de organizar o funeral tão rápido, tudo foi lindo. E perfeitamente Lacey. A música, as flores, mesmo o caixão com seus enfeites de bronze e bonita madeira de mogno.
O ritmo suave de algumas das músicas favoritas de Lacey silenciava o murmúrio das conversas sussurradas em volta dela. Foi difícil encontrar as músicas certas para esta noite. Lacey foi sempre uma garota de rock and roll, uma música mais adequada para rugir pela estrada com as janelas abertas e a música no último volume.
Emma sorriu tristemente pela lembrança e alisou a saia com dedos nervosos. Ela tinha usado seu melhor terno preto, blusa de seda cinza, até mesmo os saltos pretos Jimmy Choo que tinha comprado em um desafio de Lacey e depois nunca tinha usado, porque eram muito ousados para o trabalho. E uma vez que Emma nunca ia a qualquer lugar exceto trabalho, eles ficaram em seu armário, ainda na caixa, nunca usados até hoje. Lacey teria adorado que os Jimmy Choos tivessem sido usados para seu funeral.
Emma fechou os olhos, incapaz de suportar a visão do caixão por mais tempo. Ela meio que esperava que Duncan aparecesse, mas estava feliz que ele não o tinha feito.
Ela não achava que poderia lidar com qualquer vampiro agora. Mesmo sabendo que não era culpa dele, que culpá-lo pelo que Victor tinha feito seria como culpar o cara ao lado pelo que alguém do outro lado da cidade tinha feito. Ela ainda não estava pronta para enfrentá-lo. Ainda não.
O enterro seria amanhã, e seria privado, apenas entre ela e Lacey. Mas Lacey tinha tantos amigos, e eles todos ligaram para Emma, ??querendo participar de alguma forma, para dizer adeus. Então, o diretor da funerária havia sugerido este memorial. Ele chamou isso de visualização, mas Emma recusou-se a permitir que o caixão fosse aberto. Lacey teria odiado isso.
Emma chegou cedo e ficou ao lado da porta no começo, apertando as mãos e olhando para rostos que não conhecia enquanto eles diziam todas as coisas certas. Eles eram amigos de Lacey, não dela. Lacey foi sempre muito mais social do que Emma. Ela fazia amigos facilmente.
E um desses amigos tinha ajudado a matá-la. Na verdade, provavelmente mais do que um, pelo que Duncan tinha dito.
Mas as pessoas aqui esta noite não sabiam disso. Eles todos pensavam que foi um acidente. Que Lacey tinha perdido o controle de seu carro e rodado para fora da estrada no caminho para visitar alguém em sua terra natal. Claro, Lacey não tinha ninguém em casa. Não havia casa. Mas essas pessoas não sabiam isso também.
Emma abriu os olhos e olhou para frente, sentada no banco da primeira fila onde tinha se refugiado, incapaz de lidar com mais estranhos bem-intencionados. Ela não podia suportar mais um sorriso compreensivo, mais uma lágrima delicadamente enxugada, nem mesmo mais um aperto de mão suave.
Ela queria morrer. Não podia imaginar viver com essa dor, esse vazio horrível. Lacey tinha ido embora, e Emma ficou horrível e impossivelmente sozinha. O peso de sua dor inclinou suas costas até que ela estava curvada ao meio, até que pensou que iria esmagá-la. Ela tinha perdido pessoas antes - sua avó, sua mãe, até o pai que ela nunca tinha conhecido.
Mas Lacey não deveria morrer. Não Lacey. Emma estudava; Emma trabalhava. Mas Lacey vivia. Não importava onde elas se encontravam ou o pouco dinheiro que tinham, Lacey tinha sempre algo para comemorar, rir, dançar. Ela era a irmã que Emma nunca teve, a única amiga que sempre precisara, a família dela.
E ela se foi.
Emma fechou os olhos de novo, com medo de que se ela se movesse, se sequer piscasse uma pálpebra, desmoronaria, espalhando-se em pedaços minúsculos que ninguém saberia juntar. Como poderia haver uma Emma sem uma Lacey para completá-la? Ela sufocou um soluço e perguntou-se se esta noite terminaria
Ela soube o momento em que ele chegou. Sentiu o cobertor quente de conforto chegar à sua alma congelada, sentiu a segurança de sua presença muito antes de ele fazer o seu caminho até o altar para se sentar ao lado dela. Ele não perturbou, não a tocou. Era quase como se ele, também, soubesse que ela poderia quebrar e desaparecer.
Uma única lágrima deslizou debaixo de suas pálpebras fechadas, e ela procurou cegamente a mão dele. Ele pegou a mão dela e mais, reunindo-a perto, seus braços se envolvendo ao seu redor de forma quente e forte ao mesmo tempo em que sua cabeça se afundou no ombro dele, enquanto as lágrimas finalmente chegaram, absorvidas pela lã de seu terno fino.
Ele sussurrou palavras sem sentido enquanto ela chorava, segurando-a perto quando ela estremecia com a dor. Ele era uma ilha de tranquilidade em um mundo que ela não entendia mais.
Não podia dizer quanto tempo ficou lá. Ela há muito tinha parado de chorar, seu corpo não tinha mais umidade para lágrimas. Finalmente, levantou a cabeça, afastando os cabelos emaranhados. Ela deveria estar envergonhada, mas não estava. Ele ofereceu-lhe um lenço branco. Ela olhou para o lenço, então, levantou os olhos para ele. Quem ainda usava um lenço?
Ele olhou para ela.
— Sou antiquado. — explicou, parecendo saber o que ela estava pensando, como sempre. Mas por alguma razão, a ideia não a incomodava mais. Era simplesmente quem ele era. Ele era Duncan, e vampiro ou não, era um homem muito bom.
Ele beijou sua testa, seus lábios quentes e firmes.
 — Eles vão pagar, Emma. — ele murmurou. — Prometo a você.
Outros tinham oferecido simpatia, tinham dito a ela que maravilhosa pessoa Lacey foi, como ela deixaria saudades.
Apenas Duncan tinha oferecido a ela a única coisa que precisava. Vingança.

Capítulo 15
Emma abriu a porta da frente e entrou. Estava escuro. Ela ainda não tinha se lembrado de deixar uma luz acesa, ainda esperava que Lacey estivesse em casa primeiro. Ela suspirou e começou a atravessar a sala para o interruptor de luz, mas Miguel chegou primeiro.
— Obrigada. — ela abaixou a cabeça, um pouco constrangida com a sua bondade, depois de ter pensado coisas tão terríveis sobre ele.
Duncan levantou o queixo na direção da porta, e Miguel saiu, fechando a porta atrás de si, embora Emma tivesse certeza que ele não iria longe. Ele podia já não acreditar que ela tinha planos malignos para Duncan, mas não confiava nela completamente também. Ou talvez fosse como Duncan disse; ele simplesmente não confiava em ninguém. Isso era algo que ela podia entender.
— Emma. — disse Duncan com impaciência mal controlada. — Eu quero que você vá para casa com a gente. Você não deve ficar aqui sozinha.
Emma virou para ele com um sorriso triste. Ele tinha usado o mesmo argumento todo o caminho para casa, mas a resposta dela não havia mudado.
— Eu aprecio isso, Duncan. Sério. Mas... — ela olhou em volta da sala suavemente iluminada. Parecia tão convidativa, quase confortável. Ela e Lacey tinham-se julgado incrivelmente sortudas por terem encontrado este lugar e elas foram felizes aqui. Mas Emma sabia que ela se mudaria o mais rápido possível.
Não havia nenhuma maneira que ela pudesse ficar nesta casa sem Lacey.
Ela suspirou.
— Eu tenho que acordar cedo amanhã. Há muito a fazer, e o enterro...
— Então, reagende o enterro para amanhã à noite, e eu vou com você. — ele segurou seu rosto com uma mão e levantou a outra para tirar uma mecha de cabelo para longe de seus olhos. — Você não precisa fazer isso sozinha.
Esse era o resto do argumento que ele tinha usado no caminho da funerária. Na verdade, argumento não era mesmo a palavra certa. Ele simplesmente disse a ela como seria. Ou ele tentou, pelo menos. Emma tinha a sensação de que Duncan não estava acostumado que lhe dissessem não. Mas ele iria ouvir neste momento.
Porque enterrar Lacey era algo que ela precisava fazer sozinha.
— Sinto muito. — disse ela suavemente. — Mas não. Eu vou dizer adeus a Lacey nos meus próprios termos. Então, preciso ir para o trabalho. Eu não fui lá desde...
Ela parou, sem saber que palavras usar para descrever os eventos da morte de Lacey. Ela fechou os olhos quando uma dor recém-familiar apertou seu coração. Chegaria o dia em que ela não sentiria esta dor terrível ao pensar em sua amiga assassinada? Ela algum dia seria capaz de lembrar da alegria que elas tinham compartilhado sem ser forçada a lembrar de como tudo terminou?
— Eu não vou ao escritório há alguns dias. — emendou, encontrando o olhar estreitado de Duncan. — Preciso saber quando eles me esperam de volta, e dar alguma desculpa para sair mais cedo para que possa trabalhar com você todas as noites até encontrar o assassino de Lacey. — ela entrelaçou os dedos com os dele e segurou firmemente. — Você não mudou de ideia, certo? Ainda vai me deixar ajudar?
Duncan acenou com a cabeça em concordância.
— Eu mantenho minhas promessas, Emma. Todas elas.
Emma soltou um suspiro de alívio.
 — Estou contando com isso.
— Mas você não vai mudar de ideia e voltar para casa conosco e reagendar o enterro?
Ela lhe deu um sorriso torto.
— Não. Mas vou à embaixada, quero dizer a sua casa, amanhã à noite, e vou estar pronta para trabalhar.
Ele franziu o cenho, claramente infeliz, mas depois deu um mínimo encolher de ombros que era mais uma expressão do que um movimento de sua parte.
— Como você quiser. Eu vou esperar você amanhã à noite, então. Uma hora após o pôr do sol.
— Estarei lá, chefe.
Duncan não sorriu. Ele estava olhando para ela atentamente, seus olhos queimando de emoção. Emma se aproximou, atraída por sua força bruta, pelo perigo escondido debaixo daquele exterior civilizado. O olhar dele deslizou sobre seu rosto, fixando-se em sua boca, e ela se rendeu à necessidade repentina de lamber os lábios. Ele deu um meio passo para frente, e seu coração começou a bater mais forte. Sua grande mão se curvou sobre seu quadril possessivamente, puxando-a ainda mais perto ao mesmo tempo em que ele abaixou a cabeça. E Emma esqueceu como respirar.
Sua boca tocou a dela em um beijo casto, seus lábios quentes e surpreendentemente suaves. Emma abriu a boca, querendo mais, querendo prová-lo. Sua língua deslizou ao longo da borda de seus lábios, e os dedos de Duncan apertaram em seu quadril, puxando-a perto do seu corpo enquanto ele levantava a outra mão e colocava os dedos pelo cabelo dela.
O corpo dele era firme, os seios dela esmagados contra seu peito enquanto ela inclinava a cabeça para trás, abrindo a boca em convite. Duncan respondeu com um rosnado baixo, aprofundando o beijo, a língua dele mergulhando em sua boca, girando ao redor de sua língua, provocando arrepios de desejo por seu corpo.
Ela ficou na ponta dos pés, querendo mais, enrolando seus braços em volta do pescoço dele com um gemido faminto.
Os braços de Duncan apertaram ao redor dela, e ela sentiu a pressão inconfundível de uma ereção contra sua barriga, uma coluna longa e espessa de carne dura que fez crescer calor líquido entre suas pernas. Imagens repentinas de Duncan nu, brilhando de suor, seus braços encordoados com músculo quando ele subia acima ela, seus quadris bombeando...
Duncan quebrou o beijo com um gemido, seu hálito quente contra seu pescoço quando ele a abraçou, com as mãos flexionando contra suas costas.
— Emma. — ele ofegou em advertência, respirando com dificuldade.
Emma ouviu, mas não respondeu, não conseguiu encontrar o fôlego para responder. Ele estava tentando protegê-la, ela sabia. Tentando ser sensato, ser sensível. Mas Emma não queria sensatez. Ela queria perder-se no calor e paixão que estava enterrado debaixo daquele exterior frio de Duncan. Queria aquecer-se no fogo que ele mantinha tão cuidadosamente guardado e escondido da vista.
— Emma. — ele repetiu, mais suave desta vez.
Ela suspirou com pesar, sabendo que ele estava certo. Ele recuou longe o suficiente para que seus corpos não estivessem mais se tocando.
— Peço desculpas. — disse ele. — Este não é o momento ou lugar.
— Haverá um?
Os olhos castanhos de Duncan aqueceram, brilhando com esse mesmo fogo de bronze, antes que ele roçasse a orelha dela com os lábios.
 — Haverá um momento, Emmaline. — ele sussurrou. — E quando chegar a hora, o lugar já não vai importar.
Ele se endireitou e beijou seus lábios mais uma vez, um toque suave e rápido.
— Durma bem. — disse ele. — E se você precisar de alguma coisa, ligue. Eu tenho pessoas na equipe o tempo todo.
— Tudo bem. — disse ela, já sentindo falta dele. — Vejo você amanhã à noite.
O braço de Duncan serpenteou em volta de sua cintura, puxando-a para perto, mergulhando sua cabeça até que ela sentiu os lábios dele em seu pescoço. Ela engasgou com o raspar duro de seus dentes - suas presas! - contra sua pele. Ele respirou profundamente, como se inalasse o cheiro dela, em seguida, levantou a cabeça com um rosnado.
— Não se atrase.
E então ele se foi, deixando a porta bater.
Emma ficou na penumbra de seu hall de entrada, seu coração batendo quando ela levantou os dedos trementes para seu pescoço, sentindo o calor de sua pele onde seus lábios haviam tocado. Abraçou-se, perguntando-se o que seria fazer amor com um vampiro, sentir o raspar de suas presas contra sua língua ou... Ela estremeceu lembrando o raspar de sua boca contra seu pescoço. E ela sabia que não era o medo fazendo-a estremecer.
Repreendeu sua imaginação hiperativa. Ela estava sobrecarregada emocionalmente, isso era tudo. Estava esgotada e exausta, e Duncan estava lá para abraçá-la quando ela precisou. Ele foi tão gentil, um perfeito cavalheiro, e ela tinha praticamente o agredido quando ele tentou ajudá-la, consolá-la. E, tudo bem, ele tinha se interessado, mas só porque ela tinha se jogado para ele, esfregando-se contra ele... Ela quase gemeu em voz alta, lembrando a sensação de seu pênis contra sua barriga, o calor em seus olhos.
Ela apertou os seios doloridos, de repente, esfregando a palma de suas mãos sobre seus mamilos, arfando de prazer enquanto afundava nas escadas. Ela estava muito encrencada.

Capítulo 16
 
Duncan invadiu seu escritório, furioso consigo mesmo, com toda a situação. Ele não queria deixar Emma sozinha, apesar de sua insistência. Mas certamente não tinha melhorado a situação quando a tinha praticamente atacado. Tinha tomado toda a sua força de vontade para romper com seu sedutor calor. O que ele queria fazer era empurrá-la contra a parede, puxar sua saia apertada até a cintura, e tomá-la exatamente onde ela estava. Ela estava preparada para ele, os seios inchados, os mamilos tão duros que ele sentiu-os contra o peito, apesar das camadas de roupas entre eles. E seu cheiro! Deus, o doce cheiro dela o deixara louco de desejo.
Felizmente, ele recuperou seus sentidos a tempo. Por tudo o que era santo, a mulher estava de luto, emocionalmente vulnerável, seus sentimentos crus e amplamente abertos. Apenas um animal se aproveitaria dela naquele estado.
Ele desabotoou o paletó e soltou a gravata, enojado. Apesar de tudo isso, ainda queria que ela voltasse para casa com ele. Estava preocupado com ela. Quem matou Lacey estaria desesperado para ter certeza de que ninguém nunca descobriria sobre ele, e ficaria nervoso assim que soubesse que Victor tinha deixado a cidade. Pelo menos essa era a história que Duncan e seu povo tinham soltado sobre o falecido lorde vampiro, que foi chamado sem aviso.
E isso era um lembrete oportuno para Duncan, também. Em vez de seduzir mulheres jovens e vulneráveis, ele deveria lidar com as suas funções de representante dos interesses dos vampiros da capital. Entre estas constava descobrir o que Victor tinha aprontado, mas havia mais do que isso. Ele tinha de se tornar parte do circuito social e diplomático de Washington. Fez uma careta de desgosto com a ideia, mas não havia alternativa. Antes de tratar disso, no entanto, ele tinha que fazer arranjos para a segurança de Emma.
Miguel caminhou através da porta, tendo-se demorado lá embaixo ao verificar duas vezes a implantação de guarda durante o dia. A rotina aqui ainda era nova o suficiente para que não machucasse ter certeza de que todos sabiam suas atribuições.
— Atribua um guarda a Emma Duquet. — Duncan disse ao seu tenente, sem preâmbulos. — Dia e noite. Não quero um dos ex-clientes de Victor ficando nervoso e indo atrás dela.
— Sim, meu senhor. — Miguel fez uma rápida chamada em seu celular e estava feito. Eles tinham dispensado a empresa de segurança que Victor tinha empregado, e substituíram-na com homens e mulheres que Miguel havia treinado pessoalmente para este trabalho. Duncan confiava nestes seres humanos com sua vida - literalmente, até que os quartos de segurança no porão estivessem construídos e funcionando.
— Como está progredindo Alaric lá embaixo? — Duncan perguntou.
— Excelente, meu senhor, mas, como ele vive me dizendo, tem que reconstruir esta fundação antiga e apodrecida antes que possa acrescentar-lhe alguma coisa. — ele sorriu. — O velho adora um desafio.
Duncan tirou o paletó, jogando-o em uma cadeira enquanto se acomodava atrás da mesa de seu novo escritório no segundo piso - um escritório que parecia muito com a biblioteca do andar de baixo, e por uma boa razão. Embora fosse necessário Duncan se afastar da biblioteca por razões de segurança, se nada mais - ele tinha gostado do ambiente da sala - os livros velhos, os móveis, mesmo os lambris. Então o grupo de Alaric tinha mudado tudo para aqui. Era notável, realmente. Cada livro, prateleira, mesa e lâmpada foram mudados. Agora, se eles poderiam fornecer-lhe um lugar decente para dormir. E um ginásio.
— Como estamos indo com os vídeos de Leesburg? — Duncan perguntou. Ele se recusava a se referir mais à casa em si. Não descansaria até que ela queimasse até o chão.
— Ainda não há vídeo de Lacey Cray, meu senhor. Não lá, e não em nenhum dos que descobrimos aqui, apesar de ela estar nos arquivos de Victor e, de acordo com a Sra. Duquet, ser regular nas festas de Victor.
— Estou surpreso que ele não a tenha excluído de seus arquivos completamente.
— Provavelmente teria feito isso eventualmente. Ele esperava viver muito mais tempo do que viveu.
Duncan assentiu com satisfação. Pelo menos isso foi bem. Victor foi embora, e foi Duncan a destruí-lo.
— Ainda há uma abundância de vídeos incriminadores, meu senhor. — disse Miguel. — O suficiente para destruir mais do que uma carreira política, mesmo que os homens envolvidos pudessem provar que era consensual. Victor cobria suas apostas, e tenho certeza que ele fez com que eles soubessem disso.
— Exceto que não há rostos no vídeo. Tudo o que temos são arquivos de Victor, e mesmo esses não citam nomes.
— Phoebe está trabalhando nisso. Provavelmente conseguiremos obter algumas identificações combinando o que temos - o vídeo e os arquivos em papel de Victor - com o que Brendan e Erik e seus amigos sabem. Eles conversaram com alguns dos homens envolvidos, depois de tudo. Podemos pelo menos, identificar esses.
— E as mulheres?
— É mais complicado com elas. Os homens são figuras públicas na maioria. As mulheres... Quem sabe?
— Emma pode ajudar com isso amanhã à noite. Mesmo se ela não souber os nomes, pode ser capaz de dizer-nos locais de trabalho possíveis, ou mesmo outras pessoas com quem verificar.
— Sim, meu senhor.
— E é hora de me apresentar para os círculos poderosos de Victor, também. Algo casual onde eu possa falar com as pessoas. — Duncan pensou por um momento. — Verifique o calendário de Victor. Veja se há algo já programado. Se assim for, contate os organizadores. Dê-lhes a linha que combinamos, Victor foi chamado para longe e eu sou o novo embaixador.
Duncan não gostava de usar o título pretensioso, mas, aparentemente, teria que se acostumar com isso.
— Entretanto, — continuou ele. — entre em contato com cada senador e congressista de Virgínia, Maryland e Delaware. Deixe-os saber que estou assumindo o cargo e que gostaria de me encontrar com eles. Veja se eles têm eventos próximos e faça que nos convidem. Angariações de fundos, especialmente. Certifique-se de que eles saibam que estamos dispostos a fazer uma doação. Talvez Emma possa ajudar com isso também. Ela trabalha no escritório de um congressista, depois de tudo. Ela sabe como tudo isso funciona.
Ele pensou por um momento, enquanto Miguel tomava notas febris.
— Coloque senadores da Califórnia na lista também. — acrescentou. — Eu votei lá na última eleição, e Raphael é um grande contribuinte. O que me lembra, precisamos estabelecer uma residência legal para mim fora do Distrito, para que eu possa votar no meu próprio território.
— Victor era dono de uma casa em Annapolis. — Miguel ofereceu. — Eu posso enviar algumas pessoas para conferir. Se nada mais, você pode usar o endereço.
— Bom. — ele franziu a testa quando viu Miguel teclar as informações em seu PDA. — Nós vamos precisar de mais gente, Miguel. Você é o meu tenente, não meu administrador, e esta enorme casa vai precisar de uma governanta e pessoal, também. Como Victor lidava com isso?
— Humanos, meu senhor. — respondeu Miguel, erguendo o olhar com uma carranca de desaprovação. — Vinha uma equipe uma vez por semana.
— Bem, nós não vamos fazer isso. Espalhe a palavra, você sabe a rotina. Dê preferência para os vampiros dentro do meu território, mas quem for de fora e estiver disposto a jurar lealdade em sangue será considerado. Nomeie alguém para fazer a triagem inicial, mas você ou Louis devem lidar com a seleção final pessoalmente. E eu vou querer escolher a governanta.
— Sim, meu senhor.
— Você tem as fotos?
— Meu senhor?
— Os compósitos dos vídeos. Eu gostaria de dar uma olhada.
— Eles estão no seu computador, meu senhor, juntamente com o relatório preliminar de Phoebe.
Duncan virou a cadeira para o computador, que estava em uma extensão em forma de L na mesa. Abrindo o arquivo em questão, ele examinou o relatório de Phoebe rapidamente, então abriu as imagens granuladas. Só o rosto das mulheres era mostrado completamente, o melhor que Louis conseguiu dos homens foi o ocasional perfil parcial. Mas perfis davam mais informações do que as pessoas pensavam. Esse, por exemplo, tinha um nariz bicudo muito distinto, e o seguinte tinha uma crua testa quase primitiva combinada com a ponte nasal torta de alguém cujo nariz foi quebrado muitas vezes. Não era muito, mas ele se lembraria desses homens. Eles podiam não conhecê-lo quando se encontrassem em uma festa ou uma angariação de fundos, mas ele os reconheceria. Suas emoções, ainda mais do que as suas palavras, iriam entregá-los. O único desafio seria esperar que a noite acabasse para rasgar suas gargantas.

Capítulo 17
 
Emma caminhou pelo corredor familiar para o escritório. Ela passou por algumas pessoas que ela conhecia e havia simpatia em seus olhares. Mas havia uma curiosidade mórbida, também, como se temesse, ou talvez esperassem que ela se quebrasse e chorasse aqui nos salões. Isso não iria acontecer.
Oh, Emma ainda estava entristecida. Ela iria chorar por Lacey todos os dias pelo resto de sua vida, mas sua dor era privada, assim como sua despedida final desta manhã foi privada. O Sr. Pettry, o diretor da funerária, tinha estado lá, mas manteve-se discretamente em segundo plano. Não tinha houve nenhuma oração, nenhum estranho da lista do cemitério murmurando um elogio sobre uma mulher que ele nunca tinha conhecido.
 Apenas Emma e os dois trabalhadores que tinham baixado o caixão de Lacey para o chão e depois, lentamente, pá por pá, enterraram.
Emma tinha ali a coisa toda, suas lágrimas quentes, apesar da garoa gelada que tinha começado a cair, congelando cada centímetro do exposto corpo. Ela esperou até que a última pá cheia de terra fosse lançada, a terra batida de novo, e as praças limpas. Os dois escavadores tinham se endireitado depois, olhando para ela e para o diretor da funerária, acostumados, ela supôs, pelo comportamento irracional de luto das famílias.
O Sr. Pettry finalmente se aproximou devagar, mastigando seus passos na grama, que já tinha começado a virar gelo.
—Sra. Duquet?
Emma encolheu os ombros, sabendo que era hora. Ela assentiu com a cabeça, e olhou para os dois trabalhadores do cemitério.
—Obrigada. — ela disse. Eles assentiram solenemente e correram, ansiosos, sem dúvida, para estar fora deste tempo horrível.
— Posso levá-la até seu carro? — o Sr. Pettry perguntou, insinuando delicadamente que era hora dela sair, também. Emma forçou um sorriso e tomou seu braço oferecido, grata pelo apoio. Ela tinha usado os Jimmy Choo novamente, e os saltos eram muito altos para a grama irregular.
Ela olhou para os sapatos pretos agora, quando ela correu ao longo do corredor do piso de mármore. Ela tinha razão, afinal, sobre não usá-los para trabalhar. Se ela usasse no escritório, sem torcer o tornozelo, seria por conta de sua própria sorte. Ela provavelmente deveria ter seguido seu primeiro instinto e enterrado os malditos sapatos com sua amiga, mas Lacey nunca teria perdoado. Lacey levava seus estilistas muito a sério. Contudo outra razão para ela nunca ter o dinheiro do aluguel.
Emma suspirou e desejou que não tivesse que ir para o escritório hoje, mas havia muitas pessoas ansiosas por um trabalho como o dela. Se ela ficasse fora por muito tempo, Sharon poderia muito bem usar isso como desculpa para contratar alguém velha e feia, ou masculina, no mínimo. Emma precisava do dinheiro. Ela não podia se dar ao luxo de perder o emprego, especialmente agora. O contrato de arrendamento da casa que ela tinha compartilhado com Lacey tinha mais dois meses para cumprir, e então ela teria as despesas para garantir um lugar novo e se mudar. Além disso, se fosse para casa, ela estaria rodeada por memórias de Lacey. Era melhor ficar ocupada até a noite, quando ela poderia finalmente chegar até a única coisa que importava para ela... ajudando os vampiros a rastrear o assassino de sua amiga. E a ironia de que o último pensamento não foi perdido para ela, já que os vampiros que foram os responsáveis pela morte de Lacey. Era como pedir à raposa para descobrir quem comia as galinhas. Mas Duncan não deixaria que a polícia humana se envolvesse. Ela não tinha dúvida de que ele faria o que fosse necessário para impedir que isso acontecesse. Assim, se os vampiros eram o único jogo na cidade, então Emma pretendia garantir que eles desempenhassem as regras. Porque se eles não fizessem, então ela faria o necessário tivesse para encontrar justiça para Lacey.
Ela finalmente chegou ao corredor de fora do escritório e fez uma pausa para recuperar o fôlego antes de entrar. Ela alisou a saia e abriu a grande porta de madeira, preparando-se contra a onda esperada de atenção curiosa. Ela entrou e, por um breve momento, todos pareciam parar o que estavam fazendo. Então, como se eles todos percebessem o que estavam fazendo, o barulho voltou com pressa e estava tudo normal novamente.
 Emma sentiu o calor no rosto com vergonha quando cruzou a área da recepção exterior. Ela nunca gostou de ser o centro das atenções. Abriu as portas duplas que levavam para o segundo escritório. Todo mundo fingiu não notar quando ela correu para o terceiro escritório mais estreito, e dele para o canto que ela dividia com Noreen. Sua amiga estava em sua mesa, de costas para Emma enquanto teclava furiosamente no computador. A digitação parou, e Noreen virou quando Emma deslizou em sua cadeira.
—Ei, Emma. Eu não tinha certeza de que estaria aqui hoje. Como você está?
Grande Noreen, os olhos castanhos estavam arregalados de preocupação. Ela era a única do escritório que foi para o memorial de Lacey na noite passada.
— Eu estou bem. — disse Emma, ??a mentira rolando da sua língua. As pessoas realmente não queriam saber como ela estava. A morte era muito aterrorizante. Todo mundo sabia que acontecia, mas estavam quase com vergonha de perguntar sobre isso. Noreen a estudou por um momento.
—Você não vai acreditar agora, querida, mas o tempo realmente cura. — Emma assentiu. Não era o tempo de que iria curar, neste caso, era a vingança. Mas ela tinha certeza de que Noreen não queria ouvir sobre isso.
— Obrigada, Noreen. — disse ela, encontrando o olhar da outra mulher. — E obrigada por ter ido ontem à noite. — ela abriu uma gaveta e jogou sua bolsa. — Então. — disse ela, querendo mudar de assunto — O que eu perdi?
— Oh, não muito. A subcomissão remarcou no último minuto, algo sobre um vazamento na tubulação na sala de reunião, se você pode acreditar. — a voz de Noreen sumiu enquanto seu olhar fixo sobre o ombro de Emma.
— Emma. — disse Guy Coffer atrás dela.
Emma girou em sua cadeira e tentou não saltar quando o congressista Coffer pegou sua mão e embalou entre as dele.
— Sharon e eu estamos tão tristes por sua perda, Emma. Todos nós estamos.
Emma piscou surpresa. Essas foram as palavras mais doces que Coffer tinha dito a ela desde que foi contratada. Normalmente, as instruções dela vinham através de Sharon ou um dos seus superiores. O belo rosto do congressista estava vincado com sinceridade, seus olhos encontrando os dela com firmeza. Era um momento perfeitamente político que ela estava espantada que nunca tivesse notado antes de como era falso. Ou talvez fosse apenas porque ele geralmente nunca se preocupou em vestir o rosto da campanha no escritório.
— Se há alguma coisa que podemos fazer. — disse ele, apertando sobre a mão a quantidade certa de força para indicar sua preocupação.
— Obrigada, senhor. — ela finalmente conseguiu. — Você já foi muito gentil. — ele parecia surpreso com isso, e ela acrescentou. — Em me deixar tanto tempo fora, para o funeral e tudo.
— Bem, é claro. — disse ele, parecendo genuinamente surpreso que ela iria falar isso. — É a coisa certa a fazer. — Emma sorriu.
— Eu aprecio isso de qualquer maneira, Congressista.
— Você trabalha aqui por dois anos, Emma. Chame-me de Guy.
Ele sabia quanto tempo ela trabalhava para ele? Ela estava um pouco surpresa que ele sabia o nome dela, muito mais com quanto tempo ela estava em seu escritório.
— Guy. — a voz aguda de Sharon Coffer cortou o momento, e Emma teria jurado que viu brevemente o congressista estremecer. — Você tem pessoas esperando.
— Sim, claro. — Coffer disse rapidamente. Ele deu um tapinha no ombro de Emma sem jeito. — Se você precisar de alguma coisa, Emma, ??deixe-me saber.
— Obrigada, senhor.
Ele sorriu, seu rosto suavizando em suas habituais brandas de boa aparência. A máscara estava de volta tão rapidamente que Emma duvidava que nunca tivesse ido. Ela viu quando ele se arrastou obedientemente atrás de sua esposa. Sharon entrou depois dele e fechou a porta, mas não antes de dar a Emma um olhar longo, considerando. Como se fosse culpa de Emma que Guy Coffer ter feito a coisa certa, oferecendo suas condolências. Se ela fosse demitida por isso, estaria bem e verdadeiramente chateada.
— O que foi aquilo? — Noreen sussurrou.
— Eu não tenho ideia. — Emma murmurou.
Ela enterrou-se em trabalhar o resto do dia, tentando não contar os minutos até anoitecer, que era precisamente às 05h37min. Ela tinha verificado on-line para certificar-se, antes de dirigir para o cemitério e depois para o Capitólio. Ela não costumava dirigir para o trabalho. Estacionamento era uma chateação, e transporte público era muito bom. Mas isso salvaria o seu tempo para chegar esta noite até Duncan. Seu maior problema seria sair do escritório cedo, mas ela já tinha decidido que não perguntaria a ninguém, ela estava simplesmente indo embora. Deixe-os pensar o que quisessem, que era tristeza, que ela ainda tinha negócios para cuidar a respeito da morte de Lacey. Ela não se importava.
Então, quando o relógio discreto na parede do escritório marcou 18h00min, Emma arrumou a mesa, desligou seu computador, levantou-se e puxou a bolsa de sua gaveta.
Noreen olhou para ela com surpresa, mas Emma simplesmente disse:
— Há algumas coisas que preciso cuidar.
Então ela colocou a alça de sua bolsa sobre o ombro e saiu do escritório, casualmente, como se fizesse isso todos os dias cedo. Uma vez fora do prédio, porém, ela pegou o ritmo, movendo-se pelo estacionamento lotado o mais rápido que podia nos ridiculamente altos Jimmy Choo. Duncan tinha prometido que ela poderia ajudar, e ela não ia lhe dar qualquer desculpa para voltar atrás em sua promessa.
O tráfego, como era costume, era intenso, mas menos de uma hora depois, Emma se dirigiu ao portão da casa de Duncan, ele deixou claro que não era um estacionamento embaixo do bloco. Era óbvio que havia nova gestão na cidade. O portão não foi apenas bem fechado, mas havia dois homens corpulentos e bem armados, talvez vampiros, em frente. Quando ela chegou mais perto, podia ver os guardas ainda mais armados rondando dentro das terras.
Ela virou até o portão fechado e parou, abrindo sua janela.
— Oi. — ela disse, entregando-lhe sua carteira de motorista. — Duncan está me esperando.
O guarda e, oh, sim, ele era um vampiro... Ele não fez nenhuma tentativa de esconder suas presas enquanto olhava de sua licença para o rosto dela e de volta novamente. Ele não disse nada, mas se afastou dela tempo suficiente para entregar sua licença para um segundo guarda que havia permanecido na cabana pequena no portão. Ele estudou sua licença sozinho, colocou algo em um computador invisível, em seguida, puxou um telefone celular e atingiu um número de discagem rápida. Ele olhou para cima e viu sua observação, em seguida, deu-lhe as costas, enquanto ele falava a quem havia ligado. Emma podia ouvir sua voz, mas não entendia as palavras. Ela tinha certeza que era Inglês, mas não teria jurado isso. E enquanto isso, o primeiro vampiro ficou bem próximo ao seu carro, seus braços descansando em uma arma preta e grande pendurada no peito em uma tipóia de algum tipo, enquanto a olhava sem piscar.
Emma queria desesperadamente se mover, para tocar os dedos ou bater o volante e dar um bom grito para liberar algum estresse. Ela sempre tinha tiques quando estava nervosa ou animada, e esta noite era uma combinação de ambos. Mas com o vampiro hostil de pé do lado de fora, provavelmente não era uma boa ideia. Então, em vez disso, ela se concentrou no que poderia ver da casa pelas das barras de ferro, tentando avistar toda a segurança que brotava de aparentemente nada nos poucos dias desde que ela esteve aqui pela última vez. Ela saltou quando o portão de repente começou a deslizar abrindo.
— Eles estão esperando por você. — o primeiro vampiro disse com uma voz sem emoção. Ele entregou de volta sua licença. — Estacione na área à direita. — ele apontou para uma pequena área pavimentada cerca de 20 metros da porta da frente. — Alguém vai encontrá-la na porta.
Emma pegou sua licença, orgulhosa de que seus dedos se mantiveram estáveis. Ela pegou o lado direito da calçada curva e estacionou perto da grande casa, parada ali por um momento e olhou ao redor. O dela era o único sedan no estacionamento, mas havia bastantes caminhões de vários tamanhos. A maioria dos caminhões estava repletos de material de construção, ou parecia que foram recentemente esvaziados. Ela não viu nenhum dos SUVs de Duncan, porém, assim ela percebeu que havia uma garagem perto, ou talvez uma área de estacionamento separado.
 Emma respirou um riso nervoso e decidiu que não perderia tempo suficiente de se preocupar com onde outras pessoas tinham estacionado. Ela abriu a porta do carro e jogou as pernas para fora, o que foi mais complicado que o normal com os saltos agulha. Ela tinha algumas roupas mais práticas com ela e tinha realmente a intenção de trocar antes de sair do escritório, mas quando chegou a hora, estava muito preocupada com que Sharon ou alguém fosse arrastá-la de volta para sua mesa para uma última pergunta ou telefonema. Então, ela ainda usava o terno escuro sombrio cinza que usara ao cemitério nesta manhã, com sua saia confortável e jaqueta sob medida, e ainda usava os saltos ridiculamente altos. Mas pelo menos ela parecia bem. Er, profissional. Não era como se ela se importasse se Duncan a acharia atraente ou não. Ela simplesmente queria que ele pensasse nela como uma profissional, alguém que pudesse confiar para fazer o trabalho.
Oh, quem ela estava enganando? Ela esperava deixá-lo agradavelmente surpreso{13}. Naquela noite, o último beijo só tinha feito com que ela quisesse outro de Duncan. Ela apreciou sua sensibilidade em não querer tirar vantagem de sua vulnerabilidade, mas ela passou a noite acordada tentando pensar em Lacey e pensando em Duncan. Ela sabia que era parte do processo de luto, o desejo de perder-se no físico como uma maneira de esquecer o emocional. Mas o que quer que fosse, ela queria mais dele, e se o seu corpo tinha dito algo a ela na noite passada, era de que ele não objetaria.
Ela levantou a bolsa com seu laptop por cima do ombro e agarrou a bolsa de ginástica com a troca de roupa do banco de trás. Apitou seu carro o trancando, e se dirigiu para as escadas em forma de leque de tijolos, mas antes de ela colocar o pé no degrau mais baixo, alguém abriu a porta.
 Emma olhou para cima, seu coração batendo em antecipação. Mas era só... Louis, esse era o seu nome. Ele estava na porta aberta, sorrindo agradavelmente e sem sequer um vislumbre de presas.
— Boa noite, Srta. Duquet. — disse ele educadamente, em pé perto para que ela pudesse entrar. — O Senhor Duncan está esperando por você.
Senhor Duncan?
— Hum, obrigada. — disse ela, tentando não incomodar. — Existe algum lugar... — ela ergueu a bolsa de ginástica em silêncio, perguntando se havia algum lugar que ela pudesse se trocar. Aparentemente, ela deveria ter sido mais explícita, porque Louis pegou a bolsa dela e foi até a sala onde ela conheceu Duncan na outra noite, a sala com os livros. Emma seguiu, mas parou na porta para olhar. Os livros se foram e com isso a sala. Bem, não exatamente, a sala ainda estava lá, mas parecia completamente diferente. As paredes estavam nuas e pintadas de um suave, quente e calmante bege, e os móveis pareciam algo que você encontraria em um consultório dentário bem equipado.
— O que aconteceu com os livros? — ela perguntou. — E os abajures Tiffany?
 Louis deu-lhe um sorriso contagiante.
— Meu senhor gostou da sala, então óos mudamos para ele.
Emma piscou.
— A sala inteira? — ele acenou com a cabeça.
— Perto o suficiente. — ele deixou cair sua bolsa de ginástica no chão da sala de espera recentemente remodelada e indicou a bolsa sobre o ombro dela. —Você pode deixar aqui, por agora, também.
— Ela tem o meu laptop.
Ele piscou.
— Vai ser perfeitamente seguro aqui. Honestamente.
Emma fez uma careta quando sentiu vergonha aquecer suas bochechas. Ela deixou a bolsa deslizar pelo braço e encostou-o cuidadosamente em cima da bolsa de ginástica. Louis assentiu e gesticulou pelo corredor atrás da escada.
— Eles estão no ginásio. Venha, vou lhe mostrar.
Emma abriu a boca para protestar, ela estava mal vestida para o ginásio, mas Louis decolou tão rapidamente que ela se viu correndo para acompanhar. Ela o seguiu por um corredor escuro que passou para a direita sob as escadas. Ele cruzou um corredor iluminado que parecia correr o comprimento da casa em qualquer direção. Louis virou à direita e seguiu em frente, olhando uma vez por cima do ombro para se certificar de que ela ainda estava com ele.
Emma ficou impressionada com a mudança de sua primeira noite aqui, quando ele tinha sido tão calmo e vazio. Ela só tinha visto Duncan e Miguel, naquela noite, e só havia sussurros como em uma igreja. Mas agora a casa estava cheia de ruído. Por um lado, parecia que alguém estava derrubando as paredes no andar de cima, e ela podia ouvir gritos e sons que emanavam batendo abaixo de seus pés, provavelmente no porão. Claramente, a ex-biblioteca não é a única sala que está sendo renovada. Ela pegou o olhar assustado de um homem que estava trabalhando sobre uma mesa de desenho em um dos quartos que ela passou. É outro homem ou um vampiro? Este era mais baixo do que ela, e magro, quase derrubou-a devida à maneira como ele correu para fora de uma porta na frente e se dirigiu de volta. Emma ainda estava recuperando o fôlego desse encontro, quando um enorme barulho ecoou da direção da porta da frente.
Ela pulou ao som e olhou ansiosamente por cima do ombro, mas Louis apenas sorriu quando ele girou para enfrentá-la e andou para trás alguns passos.
— Não se preocupe, Sra. Duquet. É apenas um pouco de reforma. Vamos, estamos quase lá.
"Lá" acabou por ser uma ampla e aberta sala de teto alto, que ela estava certa de ter sido originalmente uma sala de banquetes, não o ginásio que atualmente era. Os vampiros tinham limpado e colocaram algum estofamento no chão, mas não tiveram tempo para pintar. Ela ainda podia ver as descolorações nas paredes onde uma obra enorme de algum tipo havia estado pendurada. E depois havia o embelezamento do lustre gigante no centro do teto alto, o que certamente nunca foi destinado a testemunhar vampiros suados. Incongruente, ainda havia dourado, pesadas cortinas de brocado puxadas em cada janela, com guirlandas de veludo e cordas torcidas de ouro.
— Fique aqui. — disse Louis baixinho, e Emma percebeu que havia uma briga acontecendo fora nas esteiras. Quatro outros vampiros estavam contra a parede de fora. Eles estudaram sua desconfiança até Louis fazer algum tipo de coisa complexa de linguagem gestual, e todos eles voltaram sua atenção para o centro do quarto. Emma seguiu o exemplo e piscou para o que encontrou lá. Dois machos, despojados de tudo, somente calças de kimono frouxamente amarradas, seus pés e peitos nus, estavam engajados em uma batalha de artes marciais em chamas que se movia para trás e para frente da sala tão rápido que era quase um borrão. Um deles tinha cabelo escuro e curto, ela podia ver bem, e o outro... Emma prendeu a respiração.
 Era Duncan. E o outro lutador era seu tenente, Miguel. E chamar o que eles estavam fazendo uma luta não fazia justiça. Era mais uma dança, embora sem dúvida que seria mortal, se eles quisessem que fosse. Os dois eram puramente letais, quando estalaram pontapés após chute, parecendo desafiar a gravidade quando giravam no ar, em seguida, mudando de tática para atender um turbilhão de punhos e grunhidos, cada bloqueio, quando tomavam muitos golpes.
 Emma estremeceu quando o som de carne batendo na carne ecoou pelas paredes nuas, alguns dos golpes tão poderosos que ela sabia que um humano estaria no chão e gritando há muito tempo. Ela abafou um suspiro, a mão sobre a boca, quando Miguel conectou um soco forte que atingiu a mandíbula de Duncan. Mas isso não o impediu. Duncan fluiu com o golpe, abaixando-se e girando no ar, uma perna voando fora como um aríete, atingindo o lado do pescoço de Miguel. Miguel curvado sob o golpe cambaleou brevemente, em seguida, veio novamente com os dois lutando cara-a-cara, uma vez mais, se deslocando para trás e para frente ao longo do chão, nenhum deles parecia ser superior ao outro.
De repente, Duncan pra foi baixo, cravando seu ombro no estômago de Miguel. Ele jogou Miguel sobre suas costas e mandou-o pelo menos dez metros no ar. Miguel aterrissou com um estalo na madeira dura, apesar das esteiras pesadas. Inacreditavelmente, ele estava de pé em um instante, inclinado para trás como se os dois fossem de igual para igual, como dois pugilistas pesos pesados ??sem instintos de sobrevivência. Punhos cerrados, trocaram golpe após golpe, até que ambos estavam sangrando, até que Miguel de repente agarrou o braço de Duncan, mergulhou e girou, lançando-o sobre seu ombro.
 Duncan pareceu sorrir, a boca pingando sangue, dentes brilhantes quando ele tomou várias medidas em execução e voou no ar, seus pés batendo no peito de Miguel, uma, duas, três vezes que enviou o vampiro de cabelos escuros voando para trás na terra plana da esteira com outro baque duro. Ou talvez não tão árduo para um vampiro, porque Miguel chegou a seus pés novamente, rindo como um lunático.
— Você tem praticado, velho. — disse ele, assumindo uma postura defensiva mais uma vez.
— É senhor velho para você, mocinha. E talvez você esteja ficando preguiçoso. — Duncan provocou.
— As palavras são baratas, meu senhor. — Miguel rosnou. E foi a vez de Duncan rir.
Ele ainda estava rindo quando passou a olhar por cima e viu Emma. Ele levantou uma mão em palma, para fora, para parar Miguel, então inclinou a cabeça ligeiramente quando tomou a vista improvável de Emma em pé em seu ginásio vestindo seu terno cinza escuro e saltos altos. Ele sorriu para ela, seu firme e musculoso peito arfante, brilhando de suor, calças de cordão penduradas baixo nos quadris estreitos para revelar um abdômen plano e apenas um vislumbre do estreitamento doce de músculo na virilha de um homem.
Emma olhou, a boca seca e seu coração torcendo estranhamente em seu peito. Ela o queria. E se a fome no rosto de Duncan fosse qualquer coisa para passar, ele a queria também.
 Ou talvez ele estivesse apenas com fome. Tal como por sangue. Ela observou com cautela enquanto Duncan rondou para ela, seus quadris rolando como um grande gato, seu olhar para cima e para baixo em suas formas antes de se estabelecer em seu rosto com um piscar de olhos preguiçosos e lentos.
— Emma. — sua voz era um ronronar sedutor que transformou seu nome em uma carícia. Ela molhou os lábios nervosamente, e em seguida, pegou-se, recusando-se a dar-lhe a satisfação de saber que ele mexia com ela.
— Hey. — disse ela, satisfeita em como normal sua voz soou. — Você me queria aqui uma hora depois do pôr do sol. Aqui estou eu.
— Aqui está. — repetiu ele, com os olhos mergulhando para verificar a sua figura mais uma vez. — Você está muito bonita esta noite.
— Ah. Bem, obrigada. — foi uma coisa cavalheiresca de dizer, o tipo de coisa que os homens jovens aprendiam em sala de aula de baile. Emma não sabia se ele realmente quis dizer isso, ou se só estava sendo educado. Embora educado não fosse a palavra que ela usaria para descrever a forma que ele estava olhando para ela. Não, nada educado nisso.
— Eu trouxe roupas para me trocar... — disse a ele, determinada a ter o controle da conversa novamente... se ela já teve isso antes. — Eu usei essas para o sepultamento esta manhã e... — um olhar de espanto genuíno atravessou o rosto de Duncan, e ele deu um passo mais perto de súbito, escovando as costas de seus dedos por sua bochecha.
— Perdoe-me. — ele murmurou. — Eu não me lembrei. Como você está?
Emma piscou para ele, sentindo o calor de seu corpo grande, inalando o cheiro, limpo e masculino de seu suor. Ele estava tão perto e seus saltos eram tão altos que se ela levantasse um pouquinho, seus lábios se tocariam.
— Eu estou bem. — ela sussurrou. — O Sr. Pettry foi muito gentil.
— Se você precisar de mais tempo, isso pode esperar. Você...
— Não. — ela disse imediatamente, cortando o resto de suas palavras. —Eu quero fazer isso. Eu preciso fazer isso. — seus lábios ligeiramente curvaram, e ela pensou ter visto algo como respeito em seus olhos.
— Muito bem. — disse ele. — Louis vai lhe mostrar um quarto onde você pode se trocar.
Ele olhou além dela para onde o outro vampiro esperava.
— Um dos quartos dos hóspedes, Louis, com um banheiro. Você sabe melhor do que eu o que está disponível. E em seguida, leve a Srta. Duquet para o centro de segurança. Phoebe irá mais tarde para trabalhar com ela.
— Sim, meu senhor.
Duncan deu um passo para trás, afastando-se dela para pegar uma toalha que Miguel jogou para ele. Ele esfregou-a sobre o rosto e pescoço, e ela notou um tom muito leve de rosa em seu suor.
— Eu tenho que tomar banho e me trocar. — disse ele, em seguida, levantou a mão, mal tocando os seus lábios. — Nós vamos nos ver em breve outra vez.
Emma enfiou a mão no bolso de seu casaco para não tremer enquanto observava Duncan passear pela sala, seguido por Miguel. Os outros vampiros haviam se movido para o chão do ginásio e estavam envolvidos em mais episódios de luta. Ela não poderia ter dito o que era. Ela não sabia o suficiente sobre qualquer um deles. Sua única experiência com artes marciais foram duas semanas de uma desastrosa classe que ela tinha tomado na faculdade. Cada centímetro do seu corpo tinha doído, não, doer era muito gentil para como ela se sentia. Seu corpo tinha se ferido, e ela finalmente decidiu que tinha que haver uma maneira melhor de se manter em forma.
— Você está pronta, Srta. Duquet?
Emma virou a cabeça para olhar para Louis. Aparentemente, ela tinha ficado sonhando acordada. Meu Deus, pensou ela. Eu me pergunto por quê?
— Obrigada, Louis. — disse ela em voz alta. — E, por favor, me chame de Emma. — acrescentou enquanto seguia-o de volta para o corredor. Depois de cerca de 10 passos, ela pensou em perguntar. — Quem é Phoebe?
— Uma amiga. Ela trabalha com o FBI. Duncan a chamou para Leesburg a outra noite. Isolei alguns compostos de vídeo, e Phoebe executou através de algum software de identificação que ela tem acesso.
Emma não se lembrava de ter visto uma mulher entre os vampiros de Duncan, mas não havia muito sobre aquela noite que era um borrão.
— Eu não a conheci, certo?
Louis parou o tempo suficiente para dar-lhe um olhar estranhamente intenso.
— Não. — ele disse finalmente. — Ela chegou depois que você se foi.
Ele começou a andar de novo, e Emma franziu a testa em suas costas. Havia algo que ela perdeu? Talvez Duncan e Phoebe eram mais que apenas amigos. E talvez Louis estivesse perto de Phoebe e se ressentia da óbvia tensão sexual entre Duncan e Emma. Ou talvez Emma estivesse deixando sua imaginação correr em sua cabeça como um cachorro esquizofrênico.
 Sim, era provavelmente isso.
 Depois de voltar para a sala de espera para recuperar suas coisas, Emma pegou sua bolsa e laptop, enquanto Louis levava a bolsa de ginástica para o andar de cima por ela. Ela não se importava com as outras coisas. Era bom. Então, ela deixou Louis levar sua bolsa de ginástica para um quarto no segundo andar. Ele deixou cair no pé da cama e saiu rapidamente para fora do quarto.
— Estamos trabalhando bem ali. — disse ele, apontando. — Junte-se a nós quando estiver pronta. Você não vai se perder.
— Obrigada. — disse Emma. — Eu não vou demorar muito.
— Não se apresse. — ele deu um sorriso enorme. — Nós vamos ficar aqui a noite toda.
 Emma riu respeitosamente, esperando até que ele desaparecesse no corredor antes de fechar a porta. Ela olhou em volta. Era um bom quarto. Com muitos babados, e não realmente ao seu gosto, mas a mobília era bonita e tudo estava impecável. E havia um banheiro. Ela correu nessa direção, foi tão corrido sair do edifício do Capitólio antes que alguém a parasse, que ela tinha ignorado essa necessidade particular.
Lavando as mãos, olhou para seu reflexo no espelho sobre a pia e se perguntou por que nenhum homem, muito menos Duncan, lhe daria uma segunda olhada. Ela parecia horrível. Muitas noites com pouco sono tinham colocado círculos escuros e roxos sob seus olhos. E eles eram ainda mais evidentes, porque sua pele era pálida. Ela não se incomodou em usar rímel esta manhã. Mesmo o batom se foi, provavelmente mastigado no caminho até aqui. Seu rosto era uma mancha grande, pálida, com os olhos cansados, e estava se completando por um emaranhado escuro de cabelo bagunçado. Adorável.
Ela suspirou e se afastou. Ela tinha uma escova de cabelo na bolsa, e um pouco de gloss não poderia doer tanto.
Foi apenas uma questão de minutos antes de os Jimmy Choo terem mudado de lugar com os Nikes na bolsa de ginástica, junto com suas dobradas roupas de escritório. Ela terminou de amarrar os sapatos e cruzou para o banheiro para estudar seu reflexo mais uma vez. Ela parecia melhor. Não ótimo, mas definitivamente melhor. Ela usava um jeans desbotado, solto o suficiente para ser confortável, mas apertado o suficiente para que ela soubesse que parecia bem. Emma trabalhava duro para se manter em forma e não importava em deixar transparecer. Qual era o ponto de outra forma? Junto com os jeans, ela usava uma camiseta branca de algodão, e um moletom com zíper, mantendo-o só para caso de necessidade. Ela colocou o tubo de brilho labial no bolso lateral de seu capuz e deixou o resto de suas coisas onde elas estavam.
 Ela abriu a porta e virou-se na direção que Louis havia indicado. Ela já podia ouvir um zumbido constante de conversação e cliques de teclas do computador, às vezes pontuadas por palavrões viciosos em uma variedade de idiomas. Ela seguiu o barulho baixo do salão para outra sala de paredes nuas, esta muito menor do que no andar de baixo do ginásio. Provavelmente foi concebido como um quarto, mas agora tinha uma mistura de mesas e escrivaninhas colocadas em ângulos casuais com nenhum padrão óbvio. Computadores e outros equipamentos por toda parte, e os vários tipos de cabos entre eles eram um desastre à espera de acontecer quando serpenteavam e torciam de mesa em mesa e por todo o chão. Embora, talvez os vampiros não tivessem que se preocupar como ela.
Ela franziu o cenho. Se este era o seu centro de segurança, ela não estava impressionada. Esperava algo mais profissional da equipe de Duncan, ou pelo menos mais ordenada.
Louis veio até ela e deve ter visto a dúvida em sua expressão, porque ele disse:
— É temporário, até chegarmos à nova sala equipada lá embaixo.
Emma forçou-se a sorrir.
— Contanto que funcione, isso é o que importa. — disse ela.
— Oh, isso funciona. — Louis assegurou. — Eles podem não parecer muito bons, mas... — um coro de rosnados saudou esta avaliação e ele riu. — Mas eles são alguns dos melhores operadores do mundo. Entre nós, não há um código que não possa quebrar, ou um sistema que não pode cortar.
Emma riu tanto de sua rima quanto do seu entusiasmo. Foi contagiante, e ela encontrou vontade própria crescendo. Finalmente, ela estava fazendo algo positivo. Cuidando de Lacey, organizando seu funeral e colocando seu corpo para descansar... o que foi absolutamente necessário, e Emma estava com um dever amorosamente cumprido. Mas não tinha feito nada a respeito de ver a justiça feita sobre aqueles que a tinham matado. Hoje à noite, Emma iria começar o dever mais solene de todos, e que era encontrar quem foi o responsável e fazê-los pagar.
 É claro, os primeiros passos nesse caminho envolviam estar sentada em um computador e fazer uma pesquisa básica. Emma pegou com Louis fotos a partir dos vídeos e estavam cortadas em uma única página, com a ideia de excluí-los um por um até que não houvesse mais nenhum. Uma hora mais tarde, ela conseguiu identificar apenas duas das mulheres, e essas foram apenas porque ela se encontrou com elas em uma festa de aniversário de Lacey ano passado. Mesmo assim, ela tinha apenas os seus primeiros nomes e nenhuma ideia de onde trabalhavam ou viviam Mas o resto delas... Ela balançou a cabeça. Tinha que haver uma maneira melhor de fazer isso.
Ela empurrou de volta do computador e tomou um longo gole de água da garrafa que Louis deixou em sua mesa há algum tempo atrás. Ela olhou pensativa para as fotos. Havia dezenas de milhares de jovens, mulheres profissionais que viviam ou trabalhavam em Washington, DC. Então ela teve que reduzi-lo de alguma forma. Primeira pergunta, como é que Victor atendia a essas mulheres? Pelo que Duncan e os outros tinham dito sobre o vampiro e seus hábitos, ela deduziu que ele tinha limitada interação social com os seres humanos. Ele tinha ido para a arrecadação de fundos ocasionais, mas ele participara apenas dos encontros sociais marcando um convite por um golpe de sorte. Ele havia dado partes de seu próprio país, mas parecia que ele tinha apenas convidado os legisladores e lobistas. Nenhum dos habituais sociáveis doyennes foi convidado, não tinham estrelas de Hollywood, ou até mesmo os tipos de mídia de grande nome.
Emma franziu o cenho. Então, talvez a maioria das mulheres foram pegas ao acaso mesmo. Não somente legisladores, e não lobistas, também. Mas suas secretárias e assistentes, mulheres jovens ansiosas por uma oportunidade de conviver com o poder. Mulheres como Lacey. Emma se endireitou. Era isso! E ela tinha uma maneira muito melhor de identificá-los se ela estivesse certa.
— Eu estarei de volta. — disse ela para ninguém em particular, e correu pelo corredor até a sala onde tinha deixado suas coisas, incluindo sua bolsa e laptop. Apressando-se para o quarto de babados, ela caiu de joelhos e arrastou a bolsa enorme de debaixo da cadeira onde ela enfiou anteriormente. Ela tirou o computador e o abriu, esperando impacientemente enquanto ele ligava e procurou para conexão da casa Wi-Fi gratuito. Ele pediu uma senha, e ela xingou em frustração. Ela deveria ter pensado nisso.
Ela empurrou a bolsa para fora do caminho de novo e puxou as pernas debaixo dela para sentar quando alguém bateu de leve na porta e abriu.
— Emma?
Ela procurou o som da voz de Duncan, seu sorriso se abriu quando ele entrou à vista. Ela só podia olhar. O suado e sem camisa se foi, e em seu lugar... ela suspirou de prazer. Emma amava um homem em um smoking, mas Duncan em um smoking tirava o fôlego. Lacey teria reconhecido o estilista que era responsável; Emma só sabia que Duncan deveria ter estampado as páginas da revista de moda exclusiva. Ele tinha um corpo feito para roupa formal, com ombros largos e quadris estreitos, e o smoking foi adaptado para enfatizar a perfeição. Era simples e preto, com lapelas estreitas, entalhadas e um pequeno punho branco. Seu longo cabelo loiro foi puxado firmemente longe de seu rosto, de modo que seu cabelo parecia quase curto visto de frente.
— Emma. — ele repetiu, segurando a mão para ela.
 Ela suspirou e colocou o computador debaixo do braço, segurando a outra mão para que ele pudesse puxá-la para levantá-la. Ele era realmente demais. Foi como se as parcas tivessem descoberto o homem perfeito, e dissessem: "Aqui, Emma, ??ele é todo seu." Só que ele não era. Ele era um vampiro poderoso e, provavelmente, tinha todos os tipos de mulheres bonitas que disputavam sua atenção. Ela sufocou o impulso irracional de ciúme que pensou equivocada, e conseguiu encontrar o seu olhar com um sorriso travesso.
— Você está muito bonito esta noite, Duncan. — disse ela, enfatizando seu próprio sotaque para deixá-lo saber que ele não era o único que sabia falar. Seus olhos castanhos plissaram ??em diversão.
— Obrigado, Srta. Duquet. Você é muito gentil.
 Ela apertou os lábios, pensativa.
— Mas, obviamente, você não estará ajudando no departamento de pesquisa hoje à noite.
— Não, não estou. Embora, honestamente, eu preferia estar fazendo isso. Infelizmente, tenho um evento para angariar fundos para participar. Black tie. - acrescentou, gesticulando com desdém em seu smoking. — Estava no calendário de Victor, mas eles vão me receber em seu lugar. Confesso que estou esperando para me encontrar com alguém útil para a nossa atual investigação.
 Emma ficou séria imediatamente.
— Você precisa ter cuidado, então. Miguel vai com você? — seus olhos aqueceram brevemente com humor.
— Miguel e Ari, ambos. Eu vou estar muito seguro. Estou mais preocupado com você. Agora, os homens que mataram Lacey devem saber que seu corpo foi encontrado. A história que você contou, que ela morreu em um acidente de carro é provavelmente o que os tem deixado de fora até agora. Mas depois de hoje à noite, saberão com certeza que Victor está desaparecido, e ficarão nervosos novamente. Especialmente se não há qualquer indício de que você está verificando as atividades de Lacey antes de sua morte.
— Ninguém sabe que estou aqui, muito menos o que estou fazendo. Eu disse a eles no escritório que tinha algumas coisas para cuidar. Eles vão assumir que tem a ver com a morte de Lacey, mas nada fora do comum.
Duncan inclinou a cabeça em reconhecimento, mas disse:
— Ainda assim, eu me sentiria melhor se você não estivesse sozinha em sua casa. Temos muito espaço aqui, você sabe, e ninguém iria incomodá-la.
Emma esperava que Duncan realmente não pudesse ler seus pensamentos direito, então, porque ela não se importaria, se ele a incomodasse. Sua expressão mudou, tornando a intenção de repente maior, e Emma corou, convencida de que, mais uma vez, ele sabia o que ela estava pensando. Ele tocou seus dedos no calor de sua bochecha vermelha e se inclinou um pouco mais perto.
— Eu não quero que nada aconteça com você, Emmaline. — ele murmurou, e roçou os lábios contra os dela em um beijo suave, muito fugaz. Emma olhou para ele.
— Por que você me chama assim? — ela sussurrou.
— Porque é o seu nome e eu gosto. É antiquado.
— Você é o único que usa.
— Bom. — ele a beijou novamente, mais desta vez, não tempo suficiente.
— Nós vamos conversar mais tarde.
E foi assim que ele se foi. Emma ficou olhando-o com frustração. Quando ele fazia coisas assim, ela tinha certeza de que a queria, assim como tinha certeza no ginásio quando o calor escaldante entre eles tinha queimado sua pele. Mas depois ele voltava a ficar distante, ou sabe-se lá o que mais, e desaparecia, deixando-a quente, incomodada e pensativa.
Ou talvez ela estivesse apostando muito no que era para ele nada mais do que um leve flerte. Talvez ele não estivesse procurando por algo mais que algumas horas de gratificação sexual. Várias horas quentes, suadas e satisfatórias.
 Emma riu baixinho. Sim, ela poderia fazer isso. Mas então suspirou, sabendo muito bem. O que ela sentia por Duncan era mais do que simples luxúria. Talvez não um compromisso de vida, ainda não, de qualquer maneira, e talvez nunca, mas era mais do que algumas horas de sexo suado e satisfatórias. Claro, isso não significa que ela recusaria a oportunidade, se ele oferecesse. Especialmente desde que ela tinha a sensação de que essas seriam as melhores horas de sua vida.
Sacudiu-se para fora das fantasias piscando em seu cérebro e correu de volta para a sala de informática. Ela não podia fazer nada sobre Duncan e seu apelo condenável, mas definitivamente poderia fazer a diferença na identificação de algumas das pessoas na lista de Victor. Ela agarrou o laptop de forma mais segura. Ela não era um hacker de computador como Louis e os outros vampiros, mas era uma colecionadora compulsiva de informações. E as informações em seu computador poderiam ser exatamente o que precisavam.
 
****
Duncan subiu as escadas de tijolos velhos da casa particular onde o senador Max Grafton estava oferecendo o jantar. Estritamente falando, é claro, não era o senador que estava oferecendo a arrecadação de fundos, mas um dos seus apoiadores. Alguém rico o suficiente para pagar esta moradia em Georgetown que era muito pequena, quando se tratava de quatro andares. Miguel caminhava ao lado dele, e Ari permaneceria com o SUV. Ele ignorou o manobrista, mas provavelmente não era o único. Este tipo de caso não atraía nada, apenas os convidados ricos, as pessoas que poderiam ajudar o senador reeleito com um cheque e outros persuadindo a se juntar a eles. Duncan também sabia por experiência própria que, apesar dos protestos oficiais em contrário, dinheiro falava. Se você doasse dinheiro suficiente para o político certo, compraria o político e muitas vezes o seu voto também. Foi assim pelo tempo que alguns seres humanos tinham sido levantados em posições de poder, e sempre seria.
Um toldo discretamente colorido estava esticado acima da varanda em frente da casa, e dois tipos de segurança estavam parados no pequeno quadrado para os convidados. Seus olhares patinaram sobre Duncan, mas permaneciam em Miguel que não escondia que ele era um guarda-costas altamente treinado e motivado. Ele também estava armado, mas isso também não era incomum. Em um encontro como este não haveria segurança privada, e todos estariam armados. Eles não poderiam fazer o seu trabalho de outra forma. Os homens que guardavam a porta não sabiam, mas Miguel provavelmente poderia ter feito seu trabalho tão bem sem a arma. Além disso, Duncan poderia fazer o trabalho de Miguel. Até poucos dias atrás, uma grande parte de seu trabalho foi a de proteger Raphael. Mas isso foi antes de ele se tornar um lorde vampiro sozinho, e agora seu mundo tinha mudado para sempre. Ele ainda não estava certo se preferia desta forma, mas já era tarde demais para arrependimentos.
Miguel avaliou os guardas, que fizeram o mesmo com ele. Nenhum deles deu qualquer indicação de seus pensamentos, nem mesmo uma contração de um músculo. Mas Duncan sabia que os dois guardas humanos estavam tanto incomodados e intrigados quanto Miguel, sentindo que havia algo de diferente nele, mas sem saber o quê. Eles não sabiam ainda que Miguel e Duncan eram ambos Vampiros. Ainda não.
Miguel entregou o convite de Duncan, o convite do Victor, mas era de Duncan agora. Ele sorriu tristemente com o pensamento, mesmo enquanto observava os olhos do guarda alargar quando leu o nome. O ser humano se esticou, fez uma reavaliação rápida de Miguel, em seguida, atirou um olhar para Duncan, que conheceu sua olhar com calma.
— Senhores. — disse Duncan finalmente. Ele colocou um pouco de poder sobre ele, cansado de ser obrigado a esperar na varanda como um advogado indesejável.
O guarda mais próximo da porta saltou com o lembrete. Independentemente dos seus sentimentos sobre vampiros, Duncan era um convidado em uma festa onde somente os mais poderosos eram bem-vindos. O guarda abriu a porta e deu um passo para o lado, pressionando-se contra a parede para evitar acidentalmente roçar em Duncan quando ele passasse. Duncan sorriu, divertido, imaginando o que teria o homem temido. Será que ele achava que o vampirismo era contagioso? Que se ele tocasse Duncan, se transformaria em um animal babando? Mas, não, o guarda estava transmitindo suas emoções como uma banda de metais. Ele estava apavorado, mas não de pegar uma doença. Ele tinha medo de Duncan sozinho, como se Duncan fosse um animal selvagem que poderia virar a qualquer momento e rasgar sua garganta sem nenhuma razão. Duncan suspirou interiormente. O homem era um tolo, mas educar seres humanos mal informados não era o seu propósito aqui esta noite.
 Ele entrou na casa lotada, e imediatamente estremeceu com o nível de ruído. Diretamente em frente a ele tinha um corredor escuro, e à direita uma escada estreita que torcia-se sob o teto baixo. Algumas pessoas permaneceram na escada, indo para cima ou para baixo, mas a maior parte do os hóspedes que ele podia ver estavam em uma sala ao lado. Uma lareira dava ao quarto uma sensação de boas-vindas, mas não era necessário adicionar qualquer calor. Não com todas aquelas pessoas de pé e falando sem parar. Havia mais pessoas no andar de cima, ele podia ouvi-los conversando e rindo. Mais opressivo do que o ruído, porém, foram as emoções de muitas mentes em um espaço confinado.
Duncan manteve o rosto cuidadosamente impassível, mas foi um esforço. Esta era uma casa grande, como essas coisas eram, e talvez com menos pessoas parecesse mais espaçosa. Mas como estava, Duncan sentiu como se estivesse sendo espremido por todos os lados por seres humanos que mantinham um constante fluxo de diálogo, mas tinha muito pouco a dizer.
— Embaixador Milford? — uma voz de mulher chamando seu último nome chamou-o para fora de seus pensamentos. Ele olhou para cima para ver uma matrona elegantemente vestida vindo em sua direção, seus saltos muito altos fazendo barulho, batendo no chão de mármore xadrez que lembrou que o pátio em frente do que costumava ser a casa de Alexandra, em Malibu. A mulher humana se aproximava, o olhar curioso nunca deixando seu rosto. Ela era atraente para sua idade e elegante, com o sorriso perfeito de uma anfitriã profissional.
— Nós recebemos a notícia que você se juntou a nós, embaixador.
Duncan inclinou a cabeça.
— Senhora... — disse ele.
— Perdoe-me. — ela disse, e riu quando se aproximou o suficiente para estender uma mão. — Whitlow, Margery. Estou muito feliz em conhecê-lo.
Duncan tomou sua mão e apertou com cuidado, sentindo o movimento dos ossos frágeis sob seus dedos.
— Sra. Whitlow, é claro. — disse ele, lembrando o nome do casal de hospedagem de convite de Victor.
— Oh, me chame de Margery. — ela disse, e riu de novo. Ela tinha um sorriso agradável e genuíno, não algo que normalmente encontrava em festas assim, Duncan pensava. — Sra. Whitlow é tão abafado. — acrescentou. Seu olhar se desviou para Miguel, mas ela não disse nada, claramente rejeitando-o como mais um guarda-costas. — O senador Grafton ficou intrigado quando lhe disse que sua equipe havia chegado. Nenhum de nós sabia que Victor estava indo embora. Deve ter sido bastante repentino.
— Foi. — disse Duncan sem se comprometer.
Margery parou por um momento, provavelmente esperando que ele oferecesse uma explicação. Quando ninguém disse nada, no entanto, ela se recuperou com destreza.
— Você tem trabalho pesado, fixando-se em um novo posto em prazo tão curto. Foi bom você ter tempo para nós.
— Ao contrário, Margery. — disse Duncan. Ele deliberadamente atando suas palavras com um toque de sedução, e sentiu a corrida de um pouco de emoção que ela sentiu quando ele disse seu nome. — Há muito para fazer em casa, mas as casas sempre podem esperar. — ele disse suavemente. — Estou muito satisfeito com esta oportunidade para atender o senador Grafton - e você também, é claro.
Margery corou com prazer, e Duncan sorriu.
— Margery! — uma mulher com mais perfume surgiu de uma das salas laterais, com os braços estendidos para um abraço. — Senti sua falta quando entrei. — Margery se afastou de Duncan com óbvia relutância, seu olhar persistente em seu rosto, mesmo quando seu corpo virou-se para cumprimentar a outra mulher.
— Gloria. — ela emocionou-se com entusiasmo totalmente falso. — Quanto tempo, querida?
 Duncan aproveitou a distração para mover-se entre outros convidados. Miguel permaneceu perto da porta e Duncan deslizou pelo aglomerado de pessoas, recolhendo nomes e petiscos de fofoca, se apresentando a pessoas encantadoras e os moradores. Ele era bom nesse tipo de coisa, muito melhor do que Raphael, e seu pai seria o primeiro a admitir isso. Raphael em seu mais humilde e encantador, ainda era maciçamente intimidante. Ele não poderia mudar, era simplesmente o que era. Duncan, por outro lado, tinha a capacidade de acalmar as pessoas a esquecer o que ele era.
Ele estava em profunda conversa com a esposa de um famoso autor francês, modestamente aceitando os elogios sobre seu sotaque impecável, quando Margery tocou seu cotovelo.
— Embaixador. — disse ela ansiosamente. — Eu tenho negligenciado você. Venha. Você deve ver o senador Grafton. Ele está no quarto principal no andar superior.
Ela entrelaçou o braço no dele e puxou-o em direção à escada. Miguel se esticou, mas Duncan chamou sua atenção e acenou com ele. Com alguns vampiros, sua familiaridade poderia ter sido fatal, mas Duncan foi muito usado por seres humanos para ser ofendido. Além disso, Margery não era uma pessoa má, na medida como ele poderia dizer. Seus mais fortes sentimentos em relação a ele eram curiosidade misturada com luxúria, que foi, em parte por sua própria culpa.
Ela lançou seu braço quando chegaram as escadas, o que era simplesmente muito estreito para tanta intimidade. Duncan seguiu em uma discreta distância, o fantasma de Miguel atrás dele como uma sombra. Ele tinha chegado à torção na escada quando outro homem entrou em vista, no sentido oposto. Ele tinha um rosto corado, que dizia que era muita bebida nas muitas noites, e ele estava carregando um copo de cristal de líquido âmbar que derramou de forma imprudente quando ele virou para baixo. Duncan podia sentir o cheiro de uísque turfoso sob o fedor de suor. O homem olhou para cima e Duncan o viu vindo em sua direção. Ele quase tropeçou em reconhecimento que obviamente chocou de tal forma que não havia dúvida de que ele sabia quem era Duncan.
Duncan estudou seu rosto em troca, observando as características brutas e cicatrizes de um atleta cujos melhores anos estavam atrás dele.
— Miguel? — ele perguntou ao seu tenente em um segmento estreito telepático. Miguel era seu filho. Por isso, o outro vampiro era como uma extensão de Duncan.
— O deputado Dean Kerwin, meu senhor.
 Interessante, pensou Duncan. E o homem estava nervoso ao ver Duncan. Ele acenou para o congressista, como se soubesse quem ele era, mais para o prazer de ver o nervosismo do homem de surpresa do que qualquer outra coisa.
— Aí está você. — Margery falou quando ele pisou no segundo andar. —Eu continuo a perdê-lo. — ela enganchou o braço no dele novamente e levou-o para um canto da outra sala estreita, esta com, felizmente, menos pessoas dentro.
— Max. — disse ela, aproximando-se de dois homens profundos em uma conversa. — Este é o embaixador Milford.
Max Grafton era um homem pequeno e atarracado, com um rosto afilado e olhos inteligentes. E, ao contrário do congressista Kerwin, Grafton estava completamente sóbrio. A taça de champanhe na mão esquerda, foi artisticamente drenada pela metade, mas não havia uma sugestão de cheiro de álcool sobre ele. Ele virou-se longe de seu companheiro e estendeu a mão direita para Duncan em saudação.
— Embaixador. — ele disse suavemente, sua voz surpreendentemente profunda para um homem do seu tamanho.
— Senador. — Duncan respondeu, dando-lhe um firme aperto de mão.
— Obrigado, Margery. — disse Grafton em demissão óbvia de sua anfitriã. Margery fez um leve som de protesto que ninguém, só um vampiro, teria ouvido, em seguida, abriu um grande sorriso e se virou para Duncan.
— Eu espero que nós possamos nos falar novamente mais tarde, embaixador.
 Por um capricho da gentileza, Duncan pegou seus dedos e levou-os aos lábios, levemente beijando as costas da mão.
— Seria um prazer, Margery. — disse ele deixando o mel de seu sabor da educação do sul, derreter as palavras. Margery levantou a mão que ele tinha beijado com a bochecha corada.
— Oh, meu... — disse ela. — Você é um daqueles garotos charmosos do sul. Vou ter que avisar as senhoras.  — ela riu de novo dessa forma encantada, em seguida, correu em seus saltos altos. Duncan voltou a tempo de ver um flash de olhar azedo no rosto de Grafton, antes que fosse rapidamente apagado.
— Brad. — Grafton disse a seu companheiro. — Dê-nos um momento?
— É claro. — disse o homem e atravessou o corredor para mais uma sala cheia de pessoas.
— Então. — disse Grafton, chamando a atenção de Duncan. — Duncan Milford, não é? Eu não acho que Victor já usou um sobrenome.
Duncan não conseguia pensar em nada para dizer a esse comentário bastante fútil, então ele permaneceu em silêncio, estudando o homem na frente dele e pensando na hostilidade que conseguia sentir rolando do senador. Ele decidiu em um ataque frontal.
— Victor falou muito bem de você, senador. — disse ele. Era uma mentira, claro. Victor não tinha falado com Duncan sobre ninguém, nem nunca mais falaria, mas Duncan estava curioso para ver que reação teria Grafton. O senador cresceu mais ainda, aqueles olhos inteligentes buscando o rosto de Duncan, como se esperando uma pista de algum tipo. Não que ele encontraria uma.
— Será que ele fez? — disse ele finalmente. — Eu não esperava que o meu nome chegasse a todos. — Duncan sorriu conscientemente, como se divertia.
— Vamos, Max, ambos sabemos, — as emoções de Grafton estavam em algo muito próximo a entrar em pânico antes de Duncan terminar a frase. — que Victor foi um defensor seu. Uma baleia, eu acredito que vocês chamam alguém que gosta, uma pessoa que é capaz de entregar doações de pacotes de somas consideráveis.
A respiração de Grafton lentamente voltou a um ritmo normal e ele sorriu.
— Ah, isso, é claro. Victor foi muito generoso. — Grafton tomou um longo gole de seu champanhe, mas devia estar muito quente agora. Quando ele abaixou a taça, a máscara estava firmemente de volta no lugar. — Então, Milford, você é do Sul?
— Originalmente. — Duncan concordou. Ele acenou para um garçom, que apareceu com uma bandeja de champanhe fresca e levou uma taça. Olhos de Grafton cuidadosamente vigiados enquanto tomava um gole de degustação.
— Eu não acho que você po... isto é, os vampiros comem comida regular?
— Nós não. Mas nós bebemos. — Duncan não se incomodou explicando que enquanto para alguns vampiros o saboreavam o álcool, e outros a queimavam, mas não tinha nenhum efeito em suas mentes.
— Victor não. Pelo menos não que eu já tenha visto.
— Não? Eu estou surpreso.
— O que aconteceu com Victor, afinal? — Grafton exigia. — Eu o vi há menos de duas semanas atrás e ele não disse nada sobre ir embora. Eu espero que ele esteja bem. — ele acrescentou, como que para amenizar a demanda em suas palavras anteriores. Duncan encontrou o olhar do senador uniformemente.
— Talvez ele não quisesse incomodá-lo.
 Grafton estudou-o um pouco mais, em seguida, se aproximou, como se em confiança. Miguel se esticou um pouco onde ele estava perto arcada aberta da sala, mas Duncan lançou-lhe um rápido olhar de tranquilidade. Max Grafton não apresentava perigo para Duncan, pelo menos não no meio deste encontro civilizado. Max parecia-lhe mais do tipo que ficava à espreita com uma arma grande. Ou melhor, contrataria alguém para fazê-lo, enquanto Max estabelecia um álibi crível.
— Diga-me, Milford. Você estará assumindo... todas as responsabilidades de Victor?
— Você quer dizer as festas. — disse Duncan negligente. — É claro. Eu tenho todos os arquivos de Victor. — Grafton congelou e seu coração disparou mais uma vez.
— Eu não tenho ideia do que você está falando.
Duncan quase riu alto, mas resolveu por um sorriso que fez a sua simples diversão.
— Grafton, por favor. Um homem de sua sofisticação e... gostos? Você deve ter saber que Victor estava gravando tudo o que acontecia naquela casa. Você prefere as loiras, não é? Você e o bêbado Congressista Kerwin, ambos. Na verdade, acredito que vocês compartilharam uma ou duas.
Grafton olhou para Duncan, o rosto pálido e sua respiração tão rápida que Duncan temia que o homem fosse desmaiar. Ele engoliu em seco uma vez, duas vezes, e em seguida, os lábios apertaram com raiva e ele rosnou:
— Eu não sei o que você está fazendo, Milford. Mas não serei chantageado...
— Chantageado... — Duncan sussurrou, inclinando-se direto para o espaço do senador. — Você está me confundindo com Victor, Grafton, o que seria um erro. Eu não persigo meus inimigos. Eu elimino-os. Lembre-se disso.
Duncan deu um passo atrás e sinalizou para Miguel, que esperou até Duncan ter passado e, em seguida, seguiu-o. As escadas estavam vazias quando eles foram direto para a porta, a sua missão, tal como era, foi cumprida aquela noite. Ele ouviu Miguel chamar Ari no rádio, dizendo-lhe para trazer o SUV, foram mais uma vez para fora da casa, o veículo familiar chegando até o meio-fio. Ari abriu a janela, para que pudessem vê-lo, mas permaneceu atrás do volante, quando Miguel abriu a porta traseira para Duncan e seguiu-o para o interior.
Duncan sentiu a raiva de Miguel crescente todo o caminho daquela casa e na rua, e ele suspeitava que fosse dirigida a ele. Uma vez que eles andavam, ele colocou um braço informal sobre a parte traseira do assento e olhou para o tenente sentado ao lado dele.
— O que é, Miguel?
Miguel lançou-lhe um olhar irritado.
— Você o convidou para vir atrás de você, senhor. Você se colocou como isca. — Duncan deu de ombros.
— Talvez. Mas parecia o caminho mais rápido para pegá-los. Kerwin parecia familiar, não é? Ele certamente sabia quem eu era. E eu estava certo do bom dinheiro que Kerwin e Grafton foram conferir antes de eu aparecer e arruinar seu partido. Emma precisa encontrar o assassino de Lacey, Miguel, e eu quero este assunto feito. Não foi por isso que viemos a esta cidade?
— Eu entendo, meu senhor. Mas o trabalho vai continuar muito mais rápido se você estiver vivo para fazer isso. — ele rosnou.
 Duncan suspirou. Miguel tinha um ponto, mas ele conhecia homens como Grafton. A menos que Duncan pressionasse e pressionasse forte, eles podiam dançar em volta um do outro durante meses. Emma merecia algo melhor do que isso. Ela nunca seria capaz de continuar com sua vida até que isso fosse resolvido.
Próximo a ele, Miguel clicou o receptor no dispositivo Bluetooth em seu ouvido, respondendo a uma chamada silenciosa. Duncan franziu a testa. Tanto quanto qualquer um sabia, eles ainda estavam no jantar, o que significava que ninguém ligaria se não fosse urgente.
— O que é? — Miguel agarrou no telefone. — Quem é? — Onde você está agora? Não. Não! Não chame ninguém. Nós estamos a caminho. Cinco minutos. — ele inclinou-se para Ari antes mesmo de desligar. — Para a Casa de Emma Duquet, Ari. Rápido.

Capítulo 18
Depois que Duncan saiu, Emma correu de volta para o centro de segurança e ligou seu laptop. Não há sentido em gastar a bateria se ela não precisava. Louis olhou quando ela voltou, mas ele continuou trabalhando em seu próprio computador, os dedos voando a uma velocidade impressionante. Os vampiros estavam todos felizes em deixá-la fazer o trabalho pesado de vadear através de fotos, tentando descobrir quem era quem. Que estava tudo bem para ela, desde que a deixassem fazer algo. Puxando para cima seu banco de dados, ela examinou as informações e classificou os campos que ela pensou que iria ajudar.
Parte do trabalho de Emma no escritório de Guy Coffer havia sido filtrar os pedidos diários de lobistas que queriam ver o congressista por uma coisa ou outra. Às vezes, eles queriam um cara-a-cara, às vezes só queriam convidá-lo para um coquetel ou outro alegre evento social. A coisa era, havia algo como 11 mil lobistas em Washington, DC, e cada um deles pensava que a sua missão especial era a coisa mais importante do planeta. Ela não os culpava por isso, era o seu trabalho se sentir assim. Mas o deputado Coffer ficava em um par de Comissões muito influentes, cuja influência ia além de qualquer assunto. E isso significava que um monte de lobistas vinha depois de seu voto. O trabalho de Emma era buscar ervas daninhas através dos pedidos e fornecer um relatório diário de quem queria o quê e se valiam o tempo do congressista. O fator decisivo era geralmente dinheiro na forma de doações de campanha, mas desde que ela era uma funcionária do governo, seu tempo não poderia ser usado para qualquer angariação de fundos para este propósito. Então, seus relatórios tinham que ser redigidos em outros termos, como importância a um determinado grupo ou a consciência pública de uma questão importante. Era tudo mentira. Mas o dinheiro ganhava as eleições, e publicidade, desde que isso soasse para as pessoas que voltavam para casa sentindo que seu deputado estava fazendo alguma coisa, uma vez que o elegeram.
Emma, ??sendo o coelhinho da Energizer, hiperativa que ela era, tinha construído um banco de dados de informações sobre os vários lobistas, afiliações, informações de contato, juntamente com informações sobre os assistentes e secretárias que ela lidou com pelo menos tanto quanto seus patrões. Ela puxou a lista de iniciais que tinham a partir de arquivos de Victor e começou a trabalhar, tentando combiná-los com seus contatos diversos. Demorou muito mais tempo do que esperava e foi finalmente decepcionante. Havia muitas mulheres com as mesmas iniciais, e não havia maneira de classificá-las por probabilidade. Se ela tivesse estado civil em seu banco de dados, por exemplo, poderia ter eliminado as mulheres casadas, pelo menos no primeiro corte. Algumas delas, ela sabia, eram muito velhas para combinar com qualquer uma das mulheres fotografadas, mas para a maioria, ela não tinha ideia se eram as que estava procurando ou não.
— Emma. — disse Louis, atrás dela.
Ela endireitou-se e se virou, esfregando suas costas, que tinham ficado tensas de ficar sentada debruçada sobre o computador. Uma mulher estava ao lado de Louis. Ela era pequena, com uma juba selvagem de cabelo escuro e encaracolado, e tinha que ser um vampiro. Ou isso ou Duncan estava empregando adolescentes agora, porque esta mulher parecia ter 19 em seu jeans apertado e desbotado e suéter vermelho.
— Emma, ??esta é Phoebe Micheletti. Ela é a que lhe falei, com o FBI.
Ok, definitivamente um vampiro. Mas era inquietante saber que o FBI tinha vampiros trabalhando para eles. Os teóricos da conspiração enlouqueceriam se soubessem!
— Ex FBI, e somente uma consultora. — Micheletti corrigiu, e sorriu quando estendeu a mão. Emma levantou-se, automaticamente, tomando a mão de Micheletti, sentindo a força nos dedos delicados.
— Emma Duquet. — disse ela. — Louis mencionou que você estaria vindo.
— E aqui estou. — ela fez um movimento enxotando a Louis e disse: —Pode ir, Louis, vou ficar com ela a partir daqui.
 Emma piscou, esperando que Louis fosse reagir à dispensa do vampiro fêmea, mas ele riu.
— Você não pode tê-la, Pheebs. Se Emma quer um emprego, Duncan tem prioridade.
— Eu não tenho ideia do que você está falando. — Phoebe disse inocentemente.
Louis deu-lhe um olhar cético, mas caminhou de volta para seus computadores. Phoebe continuou a observar quando Louis sentou-se e se inclinou para trabalhar mais uma vez.
— Ele é um dos melhores hackers vivos, entende. Eu tentei recrutá-lo para minha empresa, mas ele é de Duncan até o osso. — ela olhou para Emma. — Se Louis quer você, você deve ser boa.
Emma encolheu os ombros, desconfortável.
— Eu não fiz nada ainda. Eu acho que ele está feliz que alguém está fazendo o trabalho pesado. — Phoebe estava olhando sobre os ombros de Emma, ??seus olhos alternando entre computador de Emma com seu banco de dados e a lista de iniciais.
— O que é isso?
— É o meu próprio banco de dados de lobistas e seus afiliados. Eu trabalho para o deputado Coffer.
— Ah. — disse Phoebe. — Isso explica tudo. Louis é um colecionador compulsivo de informações. Ele tem inveja do seu banco de dados.  — Emma riu.
— Não tem me feito muito bem ainda. Eu nunca pensei que diria isso, mas não há muita informação.
— Sem sorte, então? — Phoebe murmurou, sentando na cadeira ao lado de Emma e folheando suas notas. A ação deixou Emma irritada por alguma razão. Essas eram suas notas. A vampiro fêmea poderia ter, pelo menos, perguntado antes de começar a bisbilhotar através delas. Ela percebeu que Phoebe estava esperando por ela para dizer algo.
— Não tive sorte. — disse ela, lembrando-se da questão. — Ainda não. Mas eu ainda estou trabalhando.
— Sobre os homens?
— Louis disse que estava trabalhando nisso.
— Eu estou. — Phoebe disse, dando um sorriso. — Mas como você, não tive sorte ainda. Você tem centenas de entradas em seu banco de dados?
— Milhares. — Emma corrigiu, sentindo-se insultada e lutando contra o desejo de arrebatar o seu banco de dados à distância da ex-consultora do FBI. Centenas de entradas, de fato. E havia qualquer coisa como um consultor do FBI anterior? Ela não tinha certeza se queria ninguém do governo vendo suas informações sobre o seu computador, muito menos o FBI. Esquecendo que ela própria trabalhava para o governo. Não era a mesma coisa.
— Milhares. — Phoebe disse. — Mas há milhões de pessoas em nosso banco de dados de reconhecimento facial, e tão brilhante como Louis é, esses compostos eram... — ela encolheu os ombros sem terminar seu pensamento, mas era óbvio que não achou que foram muito úteis. Emma sentou-se em seu computador, sentindo uma necessidade irracional de defender seus métodos.
— Eu estava pensando sobre isso antes que você chegasse e eu pudesse identificar até mesmo uma dessas mulheres, que levaria para o resto deles.
— Como você sabe disso?
— Porque todos se conhecem. Eles vão todos para as mesmas festas, e não estou falando apenas de Victor. As pessoas que trabalham no interior do Beltway são como uma pequena cidade. Todo mundo conhece todo mundo, ou conhece alguém que faz.
— Então, talvez a gente devesse ir para algumas dessas festas nós mesmas. — Phoebe pensou. — Você pode conseguir isso?
— Claro. Recebo convites todos os dias no escritório do congressista. É apenas uma questão de escolher a... — ela congelou com um pensamento que lhe ocorreu. — As mulheres todas se conheciam, o que significa que, provavelmente, todos sabiam sobre Lacey, também. Sobre o funeral de Lacey. — ela terminou em um sussurro.
— Perdão?
— O funeral de Lacey. — ela repetiu mais certamente. — Havia muitas pessoas lá, mas eu só conhecia algumas delas, porque eram todos amigos de Lacey.
— Mas você tem as imagens de arquivos de Victor. Será que você não se lembra se alguma destas mulheres estava lá?
— Não. — disse Emma. — Eu não estava muito bem, e em estado de choque a noite toda. Se não fosse por Duncan, não sei o que teria feito. Eu não me lembro de ninguém, merda. — ela pensou furiosamente. — Espere, tinha uma...
— Glen Pettry estava cuidando do funeral? — Phoebe interrompeu.
— Sim, ele foi o único que me disse... — ela parou de falar porque Phoebe tinha puxado um celular do bolso e já estava discando um número.
— Glen. — ela disse agradavelmente. — Phoebe Micheletti. Como você está? Ele está bem, mal-humorado como sempre. Ouça, você tem câmeras de segurança em seu comércio? Não. Entendo. É algo que estamos trabalhando, mas vamos descobrir. Obrigada. — ela desligou e o colocou em seu bolso.
— Alegria nº 1. Ele tem vídeo, mas apenas com a entrada dos fundos onde os corpos entram e porque chega a todas as horas. A entrada da frente é mais sensível. Ninguém quer pensar que está sendo gravado no funeral da tia Tessie, e a funerária está em uma boa vizinhança. Além disso, Glen faz um monte de negócios com os vampiros, e nenhum de nós quer um registro de nossas idas e acontecimentos. — Emma permaneceu em silêncio. Havia outra maneira de identificar quem tinha estado no funeral, mas ela não estava disposta a compartilhar isso. Ela já decidiu que não queria trabalhar mais com a vampira do que fosse necessário.
— Foi um bom pensamento, no entanto. — Phoebe disse. Ela levantou-se e olhou em volta. — Olha, se você não encontrar estas mulheres, precisa me deixar lidar com elas.
— Eu acho que deveria ligar...
— Eu não estou tentando roubar seu brilho, Emma. — ela interrompeu. —Estamos todos atrás da mesma coisa. Além disso, Duncan quer você segura, e ele é muito mandão. Ele vai querer um de nós a seguindo se você receber uma ligação, e posso conseguir muito mais com as mulheres do você.
— Eu não teria tanta certeza.
— É provável que Victor tenha mexido com suas memórias. — Phoebe interrompeu novamente. — Não importa o quão persuasiva ou simpática você seja, elas não podem dizer o que não lembram. Eu serei capaz de desfazer o que Victor fez e ajudá-las a recordar as coisas que elas nem sequer percebem que sabem. — Emma franziu o cenho.
— Se você diz que sim. — ela concordou categoricamente. Phoebe riu de novo.
— Você não tem ficado perto de nós o tempo suficiente ainda, mas vai ser uma crente em breve. Tudo bem, estou indo. É um longo caminho de casa para mim. Louis tem o meu número, se você conseguir alguma coisa, e eu vou deixarei você saber se tivermos os acessos para o reconhecimento facial. — ela sorriu e deu um tapinha no ombro de Emma. — Não fique tão desanimada, Emma. Começa sempre assim. — ela empurrou a cadeira de volta para a mesa e olhou para onde Louis estava digitando furiosamente.
— Louis. — ela chamou, esperando até que ele olhou para cima, sua expressão um pouco vaga, como se não fosse o suficiente como o resto deles.
— Eu vou embora. Eu ligo se alguma coisa aparecer.  — ele concordou e voltou imediatamente para o que estava fazendo, batendo fora a mão de outro vampiro sentado ao lado dele. Phoebe sorriu.
— Queixo para cima, Em. — ela disse. — Eu estarei em contato.
Emma a observou ir com um olhar azedo.
— Queixo para cima, Em. — imitou. Ela odiava ser chamado de Em. Ela esperou até que a vampira chata se fosse, mesmo enfiando a cabeça no corredor para ter certeza absoluta. E então pegou seu próprio telefone e rolou através dos números. Pettry estava bem em cima desde que ela tinha ligado para ele mais do que qualquer outra pessoa nos últimos dias. Ele respondeu depois do segundo toque.
— Senhor Pettry. — disse ela. — É Emma Duquet.
— Srta. Duquet. — disse ele calorosamente. — Como posso ajudar? — ela notou que ele não perguntou como ela estava. Essa convenção social particular provavelmente não funcionava bem em seu negócio, uma vez que praticamente todos com que tratava estavam miseráveis ou não estariam ligando para ele.
— Havia um livro de presença no funeral de Lacey, não havia?
— Sim, é claro. Me desculpe, não dei a você, mas você saiu de repente, e ainda havia alguns visitantes para...
— Tudo bem, Sr. Pettry. Eu entendo. Obrigada por manter isso por mim. Eu estou ansiosa para tê-lo agora. Você acha que eu poderia buscá-lo?
— Certamente. Se for conveniente. — Pettry disse.
— Eu sei que é tarde. — ela olhou para o relógio. — Muito tarde. — emendou. — E isso é pedir demais, mas eu realmente preciso desse livro. Você acha que eu poderia buscar esta noite?  — ela se sentia culpada mesmo por perguntar, mas se Pettry fazia um monte de negócios com os vampiros, deveria estar acostumado com enterros no meio da noite.
— Certamente, estou aqui até muito tarde todas as noites. Basta vir e tocar a campainha.
— Obrigada, Senhor Pettry, e obrigada de novo por toda a sua bondade durante o serviço de Lacey.
— O prazer foi meu por ser útil durante este momento difícil. — Emma desligou.
— Louis, preciso buscar uma coisa. — disse ela, já reunindo suas coisas.
Louis saltou e se aproximou.
— Aonde você vai?
— À casa do funeral. Eu preciso pegar o livro de presença. Eu acho que vai ajudar com isso. — ela indicou suas notas dispersas.
—Isso não é necessário. Vou mandar um dos nossos rapazes pegá-lo para você.
— Não, obrigada. — Emma disse agradavelmente, desligando o laptop e colocando-o debaixo do braço. — Prefiro fazer eu mesma, e vou direto para casa depois. Eu preciso acordar cedo amanhã.
— Duncan não vai gostar de saber que você está fazendo isso.
— Uma coisa boa é que Duncan não é meu chefe. — disse ela com naturalidade.
Emma pegou suas anotações e saiu antes que Louis pudesse discutir mais com ela, parando apenas o tempo suficiente para reunir suas coisas do quarto de babados antes de ir lá pra baixo. Ela olhou para o relógio de novo, quase gemendo pela hora perdida. Até ir para Pettry e voltar pra casa de novo, seria mais uma noite sem dormir muito. Mas algumas xícaras de café tomariam conta de manhã, e ela achava que poderia esgueirar-se em algumas pesquisas no escritório.
Com a bolsa de ginástica em uma mão e seu laptop de volta na bolsa pendurada no ombro, ela dirigiu-se para seu carro, apenas para descobrir Baldwin esperando por ela. Ele era um cara, ou vampiro, de boa aparência. Mais baixo do que ela uns centímetros, mas ele tinha o cabelo escuro desalinhado, uma sombra grande pelos músculos, compensando a altura. Ele se endireitou quando ela desceu as escadas da frente e imediatamente estendeu a mão para suas malas.
— Eu vou te levar para casa, Emma.
— Eu estou com meu carro. Obrigada.
— Então vou seguir você.
Emma parou e olhou-o com curiosidade.
— Por quê?
Ele deu de ombros.
— Ordens do chefe.
— Eu estou em perigo?
Ele sorriu.
— Não comigo por perto.
 Emma sorriu e informou-o alegremente:
— Eu não estou indo direto para casa. Eu preciso parar na Funerária Pettry perto de Falls Church.
— Isso não é uma parada, é um desvio. Vamos deixar o seu carro primeiro.
Emma encolheu os ombros. Ela não tinha vontade de discutir e além disso, era uma longa viagem.
— Tudo o que você disser.
Ele carregou as malas de seu carro, esperando, enquanto ela se estabelecia ao volante, erguendo as sobrancelhas incisivamente quando ela não colocou o cinto de segurança imediatamente.
— Nossa, Baldwin, você é como uma mãe galinha.
— Eu gosto do meu trabalho, Emma. Eu não quero que nada aconteça com você no meu turno.
Ele fechou a porta e correu de volta para o seu SUV, então a seguiu pelo portão da frente indo para a rua.
Foi uma viagem curta e tranquila de volta à sua casa. Ela não vivia tão longe. Era o trânsito e fechamento da rua para os constantes comboios VIP que fazia a viagem mais longa durante o dia e à noite. Mas a essa hora da noite, as ruas estavam quase vazias. Havia festas acontecendo, mas não em sua parte da cidade, por isso, uma vez que deixaram o bairro de Duncan, não tinham o que considerar.
Mas quando eles chegaram à sua casa, não havia lugar para estacionar. Com o fim do inverno, os garis estavam de volta e todos colocavam seus carros de um lado da rua para a limpeza da manhã seguinte. Ela teve que estacionar uma quadra e dois quarteirões para baixo, e mesmo assim o espaço era apenas grande o suficiente para o carro dela. Ainda bem que ela era uma boa motorista.
Baldwin parou ao seu lado e estendeu para abrir a porta do passageiro em seu SUV.
— Entre. — ele chamou.
Emma pegou suas malas, jogou-as no banco de trás do SUV, e subiu, olhando ao redor feliz. Ela gostava de andar em grandes carros. Ela teria comprado um para ela, mas não era prático em DC. Talvez um dia ela tivesse uma casa na Virginia ou Maryland, e teria dois veículos - um sedan prático para ir ao trabalho, e um grande SUV como este para andar pelo campo no fim de semana. Ela sorriu, gostando da ideia.
— Por que você está sorrindo? — Baldwin perguntou.
— Eu gosto da sua caminhonete.
— Não é minha caminhonete. Eu sou apenas o motorista.
— Bem, eu gosto de qualquer jeito.
— Eu deixaria você dirigir, mas Duncan não iria gostar.
— Por que não? Eu sou uma boa motorista.
— Sim, mas o que acontece com o outro cara? Meus reflexos são mais rápidos dos que os seus.
Como se via, os reflexos de Baldwin eram mais do que bons para evitar acidentes. Ele dirigia como um morcego saindo do inferno, a mudança de faixa e entrada em espaços apertados que tinha. Emma tinha verificado o cinto de segurança mais de uma vez. Mas eles fizeram um ótimo tempo, chegando lá muito mais rápido do que ela teria em seu próprio carro.
Pettry estava ocupado quando chegou, ela não queria saber o que ele fazia a essa hora da noite, mas deixou uma caixa marrom forrada que continha um livro com capa semelhante com as palavras em ouro Com amorosas memórias estampada na frente. Lágrimas brotaram de seus olhos, e ela fechou a caixa rapidamente. Isso ia ser mais difícil do que pensava.
— Isso é tudo, Emma? — Baldwin perguntou calmamente.
Ela assentiu com a cabeça, não confiando em sua voz.
— Vamos lá, querida. Vamos tirá-la daqui.
Emma agarrou a caixa apertando em seu peito e seguiu o vampiro de volta para a caminhonete. Ele a ajudou a subir no banco alto, sem dizer nada quando ela se recusou a deixar de segurar caixa.
A viagem de volta foi rápida, mas muito mais tranquila. Emma estava cansada. Ela esteve cansada o dia todo, e era quase uma da manhã. Ela poderia até ter cochilado um pouco, porque de repente estavam em frente à sua casa. Emma piscou, então se endireitou e estendeu a mão para a porta, ainda segurando o livro de memórias em seu peito.
— Espere. — disse Baldwin.
Ele estacionou em fila dupla, desligou o motor e desceu da caminhonete, fazendo a volta para o seu lado para abrir a porta.
— Me dê suas chaves. — ordenou.
Emma não discutiu. Ela entregou-lhe o livro, então se virou para o banco de trás e enfiou a mão no compartimento de zíper em sua bolsa. Ela procurou suas chaves e levantou a mão, sacudindo-as no ar, onde poderia vê-las.
— Tudo bem. — disse ele e estendeu a mão para ajudá-la.
Ele deu o livro de volta para ela.
— Dê-me um minuto para pegar suas outras coisas.
Ele fechou a porta e atingiu a porta traseira do SUV quando seu telefone tocou. Ele levantou um dedo, dizendo-lhe para esperar, e atendeu o telefone. Emma só podia ouvir sua metade da conversa, mas era obviamente um dos outros vampiros procurando algo na casa. Tudo estava uma bagunça lá. Ela não sabia como eles estiveram a par de tudo.
Baldwin colocou o telefone entre o queixo e o ombro, e abriu a porta da caminhonete. Emma estremeceu. Havia um vento leve, e ela estava com frio, apesar de seu casaco quente. Com um olhar para Baldwin, que estava logo trás, ela seguiu em frente e subiu as escadas até sua casa, pensando em nada, a não ser em entrar e ir para sua cama quente.
Ela colocou a chave na fechadura e abriu a porta. Ela ouviu o chamado de Baldwin.
— Emma, espere! — e então várias coisas aconteceram tudo de uma vez.
As sombras da sua sala de estar mostravam um grande homem, seus olhos ovais gêmeos de branco em um rosto escuro de barba, suas mãos fortes quando ele fechou a distância de poucos metros entre eles e agarrou seu braço com uma das mãos, enquanto a outra fechava sobre a boca.
No mesmo instante, a porta da frente se abriu para bater contra a parede, e Baldwin estava lá, girando-a para longe do estranho e pisando entre eles tão rapidamente que Emma tropeçou e quase caiu.
 O homem gritou quando a mão de Baldwin fechou em sua garganta. Um tiro ecoou, e depois outro, surpreendentemente alto nos limites de sua pequena casa. Baldwin resmungou, cambaleando pela porta aberta, e, literalmente, jogou o invasor longe da casa, fazendo-o voar passando o SUV e indo para a rua. O atacante gritou, o som cortado abruptamente quando ele bateu no pavimento rígido e rolou para a sarjeta oposta.
— Emma. — Baldwin raspou urgência.
Ela girou em direção a Baldwin, atingida por algo na voz dele. Ele estava largado, quase em pé, com uma mão apertando o peito onde...
— Oh meu Deus, você está sangrando! Você foi baleado? — ela o agarrou antes que ele pudesse cair, escorregando seu ombro debaixo do braço e puxando um suspiro de ar quando seu peso caiu sobre ela de uma vez. Com o braço em volta de sua cintura, ela agarrou-o com força e arrastou-o da porta indo para a sala de estar. Ela tentou levá-lo para o sofá, mas ele se afastou dela e caiu no chão com um gemido de dor, rolando para trás e olhando para ela.
— Computador. — ele ofegou. — Tire suas bolsas daqui.
— Meu... — seus olhos se arregalaram, e ela correu de volta para o SUV aberto, agarrando a bolsa de ginásio e a com o laptop. Ela fechou a caminhonete e, em seguida, arrastou as malas para casa, e bateu e trancou a porta, também. Pegando seu telefone de mesa, ela correu para Baldwin, caindo de joelhos ao lado dele.
— Devo chamar a polícia? Você precisa de uma ambulância?
— Miguel. — ele sussurrou. — O meu telefone.
Emma assentiu enquanto o sangue em seu corpo finalmente começou correr para seu cérebro mais uma vez, e ela conseguia pensar com clareza. Claro. Baldwin era um vampiro. Ele não iria querer a ajuda médica.
Ela colocou o telefone de lado.
— Seu telefone ficou na caminhonete?
— No bolso.
Emma olhou para baixo. Ele estava vestindo calça jeans e um moletom que estava encharcado de sangue. Ela apertou sua mandíbula, determinada a não desmoronar. Baldwin precisava dela. Ela apalpou os bolsos rapidamente, ignorando o sangue, e encontrou o telefone enfiado no bolso canguru de seu moletom.
Ela o levantou, assim Baldwin poderia ver.
— Certo. — ela perguntou. — Como posso ligar para Miguel?
— Um. — Baldwin disse.
Emma fez um rápido levantamento do telefone e atingiu o disco de primeira velocidade. Tocou duas vezes, e em seguida, uma voz irritada disse:
— O que foi?
— Baldwin foi baleado. — disse ela com urgência. — Por duas vezes, eu acho. Ele está sangrando.
— Quem é?
— Emma. Você tem que se apressar.
— Onde está você agora?
— Minha casa. Devo chamar uma ambulância ou...
— Não. Não! Não chame ninguém. Nós estamos a caminho. Cinco minutos.
Miguel, ou pelo menos achava que era Miguel, desligou, e Emma chegou mais perto de Baldwin. Arrancando a colcha de sua avó do sofá, ela colocou-a ao seu redor, então se inclinou para frente, tentando compartilhar o calor do seu corpo, o conforto de sua presença.
— Aguenta aí, Baldwin. Miguel está a caminho.
Mas Emma estava preocupada. Ele não parecia bem. Ela não sabia muito sobre fisiologia vampira, mas ela achava que qualquer criatura não poderia se dar ao luxo de perder muito sangue, e ele estava perdendo muito. Seus olhos estavam fechados, seu peito mal se movia quando ele respirava, e...
— Baldwin? — disse ela com urgência. Nenhuma resposta.
Ela apertou os braços ao redor dele e começou a contar os segundos, de espera para uma nova respiração, segurando sua própria e esperando que a ajuda chegasse logo.
*****
O fechar de portas pesadas de carros no alto da noite alertava. Sua cabeça virou. Ela teve tempo de lembrar que a porta estava trancada e eles não poderiam entrar, e então invadiram a casa, rompendo a fechadura como se fosse feita de papel. Miguel foi o primeiro, e Emma sabia que era porque ele não confiava nela o suficiente para enviar Duncan em uma situação desconhecida em sua palavra só.
 E então, Duncan estava lá, encontrando os olhos dela, mantendo isso brevemente antes de fazer uma verificação rápida do seu corpo e voltar-se novamente, como se para ter certeza de que ela estava bem.
Ari chegou por último. Ele fechou a porta e puxou a mesa do corredor em frente a ela. Não era uma mesa pesada, mas pelo menos mantinha a porta fechada.
Miguel caiu no chão, levantando a coberta e rasgando a roupa de Baldwin para que ele pudesse ver o peito do vampiro. Emma ficou de lado, puxando o resto da manta com ela.
— Emma. — a voz de Duncan era firme e tranquilizadora, calma, apesar da crise óbvia. Ela olhou em seus olhos castanhos quentes, esperando para ver algo que lhe diria que Baldwin estaria bem.
— Eu preciso que você se mova. — disse ele suavemente. — Baldwin precisa de mim.
Ela percebeu que ele tinha tirado o smoking que estava usando e estava enrolando a manga de sua camisa branca. Ela fugiu de volta, em seguida, levantou-se, querendo sair do caminho, mas também querendo saber o que eles fariam. Por que Duncan estava liberando os braços? Se houvesse uma cirurgia a ser feita, não seria Miguel ser um...
 Seus pensamentos gaguejaram a um impasse quando Duncan com uma faca pequena e afiada cortou seu antebraço. Emma nunca esteve a ponto de desmaiar, e não estava prestes a começar agora. Mas ela nunca tinha visto um homem cortar seu próprio braço, e isso a fez se sentir enjoada. Ela encostou-se à parede, mas seu olhar foi arrebatado sobre o sangue jorrando do braço de Duncan, um braço, ele agora colocava... Ah, é claro. Baldwin precisava de sangue para substituir o que tinha perdido como um ser humano normal faria. A diferença era que ele podia sugá-lo através de suas presas em vez de precisar de uma transfusão. Ok, não era surpresa.
Ela respirou fundo, e depois se segurou, com os olhos crescentes, quando Miguel pegou a faca de Duncan e cortou o peito de Baldwin. Lá havia muito sangue, como se pouco importasse, mas isso a fez ter vertigem em pensar sobre o fato de enfiar uma faca no peito de um homem e cortá-lo aberto. Ela estremeceu e fechou os olhos contra a visão.
— Miguel precisa tirar a bala. — Duncan explicou calmamente.
Ela abriu os olhos e encontrou-o olhando para ela. Seu braço ainda estava sobre a boca de Baldwin e o vampiro estava chupando ruidosamente, como uma criança com chupeta.
  — Ela sairia sozinha. — Duncan continuou. — Mas está muito perto de seu coração e não queremos correr esse risco. A cura também vai muito mais rápida sem essa bala.
Emma engoliu em seco e deu um passo mais perto com cuidado, a curiosidade vencendo a delicadeza. Ela tinha um milhão de perguntas que queria fazer, mas não queria perturbar a concentração de Miguel.
Duncan olhou para trás novamente e deu-lhe um rápido sorriso de aprovação que a aqueceu. Sua reação a irritou, porque ela não precisava da aprovação de ninguém, mas não podia negar a maneira como ele a fazia se sentir também. Ela suspirou interiormente e viu um sorriso cruzar o rosto de Duncan. Desde que ela sabia que ele não poderia estar sorrindo pelo peito aberto de Baldwin, tinha que ser algo que ela tinha feito. O que a irritava mais uma vez.
— A bala danificou seu pulmão. — explicou Duncan, focando o seu olhar sobre a cirurgia em curso. — Mas o meu sangue pode curar isso. O coração é outra questão. Muito dano pode ser fatal.
O olhar de Miguel subiu para Duncan quase sem querer, como se estivesse muito chocado para controlar sua reação, e depois a sua atenção foi direto para a operação que estava realizando.
Interessante. Talvez os vampiros não gostassem de revelar a vulnerabilidade a Duncan, ela acabara de admitir.
De repente, Miguel parou de cortar e enfiou os dedos no peito de Baldwin, acabou pegando uma bala sangrenta. Ari se agachou ao lado ele e estendeu a mão para a mesma, esperando Miguel procurar em volta e pegar uma segunda antes de envolver as duas em um pedaço de pano e colocá-las no bolso.
— Você tem um kit de primeiros socorros? — Miguel murmurou sem olhar.
— Sim. — Emma disse rapidamente. Ela correu para a cozinha, deixando cair a colcha na máquina de lavar. Ela teria que deixá-la de molho ou o sangue nunca mais sairia. Ela foi até o armário sobre a máquina e pegou a lata de metal em forma de kit de primeiros socorros. Ela correu de volta e ajoelhou-se ao lado de Miguel, colocando o kit aberto entre eles.
— O que você precisa? — ela perguntou com certo orgulho. Ela nunca tinha usado o kit antes, mas estava completamente abastecido.
— Spray antibiótico, se você tiver, senão, em líquido.
Ela lhe entregou um frasco de spray de Bactine, pensando que iria anestesiar a dor, também. Mas então olhou para o escancarado buraco no peito de Baldwin e decidiu que precisaria de todo Bactine para entorpecê-lo. Além disso, Baldwin parecia não estar com qualquer dor.
Ele estava sugando alegremente o braço de Duncan, de olhos fechados, sua expressão não mostrando nenhum estresse. Ele não tinha sequer gemido uma vez, agora que ela pensou sobre isso.
— Ele pode ainda ser infectado? — ela perguntou curiosamente, observando. — Eu quero dizer se o sangue de Duncan pode curar tudo isso, ele não pode curar a infecção, também?
— Sim, pode. — respondeu Duncan. — Vampiros em geral são quase completamente resistentes a todos os tipos de infecção. Mas com uma ferida deste tamanho, se minimizar a contaminação, é um problema a menos e sua fisiologia vampira terá que lidar somente com a ferida para curá-la mais rapidamente.
Miguel passou o spray todo, em seguida, entregou a garrafa de volta para ela.
— Ataduras. — disse ele. — Grandes compressas de gaze ou gaze envoltória de algum tipo.
— Eu tenho várias. — disse ela imediatamente, sabendo exatamente o que estava em seu kit.
Duncan e Miguel deram-lhe um olhar estranho, provavelmente se perguntando por que uma analista legislativa do Congresso precisaria de tal primeiro socorros tão completo, e ela obviamente não o fez. Mas quando chegou a hora de comprar um, os kits prontos pareciam tão insignificantes que tinha feito seu próprio, se preparado para o pior. E talvez tenha exagerado um pouco.
Ela desembrulhou várias compressas de gaze grandes antiaderentes e entregou a Miguel.
— Fita. — disse ele, sem sequer perguntar se ela tinha. — Corte vários pedaços, oito ou nove centímetros de comprimento.
Emma assentiu e começou cortar a fita, feliz por ter tesoura em tamanho real, em vez dessas coisas ruins que vinham nos kits regulares.
Enquanto ela e Miguel fechavam o peito de Baldwin, Duncan finalmente puxou seu pulso longe da boca do vampiro. Ari pegou um branco e limpo lenço e entregou-o a Duncan.
— Você precisa de um curativo, também? — ela perguntou, dando um olhar indagador Duncan.
Ele sorriu.
— Não, obrigado, Emma.
Ela franziu a testa, os olhos cresceram quando viu que ele limpou o sangue de seu pulso e já tinha começado a cicatrizar.
— Fita! — Miguel rosnou.
Ela pulou, murmurando:
— Desculpe. — antes de entregar-lhe o próximo pedaço de fita.
— Tudo bem. — disse Miguel, finalmente, sentando sobre os calcanhares. — Isso vai resolver.
Duncan passou a mão reconfortante sobre a testa de Baldwin, colocando o cabelo para trás.
— Ari. — disse ele. — Leve Baldwin de volta para a casa. Miguel e eu vamos continuar com Emma.
— Meu senhor. — disse Ari.
 Ele e Miguel levantaram Baldwin cuidadosamente e levaram-no para o carro, Miguel empurrando a mesa de lado, enquanto Ari o carregava pela porta.
— Emma. — disse Duncan.
Ambos estavam ainda sentados no chão, e ela olhou para cima de onde estava reembalando seu kit de primeiros socorros.
— Diga-me o que aconteceu. — disse ele.
Seus olhos se encheram de lágrimas inexplicáveis??, como se agora que a crise passou, o corpo dela estivesse lhe dando permissão para reagir. Ela passou a mão nos olhos, cansada, limpando as lágrimas.
— Havia um homem esperando por nós, por mim. Ele já estava em casa quando abri a porta. Baldwin estava pegando o material do carro e me disse para esperar, mas eu estava com tanto frio. Ele, o atacante, eu quero dizer... veio para mim na hora que abri a porta, e deve ter pensado que eu estava sozinha. Mas Baldwin... — seus olhos se abriram de repente. — Ele ainda está aí? Na rua? Baldwin o jogou...
Ela parou de falar, porque Duncan levantou e saiu pela porta. Ela ouviu vozes e correu para a porta para ver o que estava acontecendo. Ari já estava indo embora, mas Duncan e Miguel estavam debruçados sobre algo na rua. Miguel se levantou, e ela percebeu que ele estava carregando seu atacante sobre o ombro. Eles caminharam para uma grande SUV preta. Duncan abriu a porta e Miguel jogou o homem na parte de trás, em seguida, fez algo para ele. O homem não fez nenhum barulho.
Miguel fechou a porta em silêncio e Duncan voltou para dentro.
— Ele está morto? — Emma perguntou.
— Não. — disse Duncan. — Mas pode em breve, gostaria que estivesse. Arrume suas coisas, Emmaline. Você voltará para a casa conosco. Não é seguro para você aqui.
Emma lhe deu um olhar estreito.
— Eu vou ficar bem. — disse ela. — Eu tenho que trabalhar de manhã.
— Então você pode ir da minha casa. — disse Duncan uniformemente.
— Eu prefiro ficar aqui. Todas as minhas coisas estão aqui.
— Então leve suas coisas com você. — disse ele deliberadamente. — Você não vai ficar aqui sozinha.
— Eu vou ficar aqui. — ela insistiu. A verdade era que se ele tivesse pedido, ela teria concordado em ir com ele, porque realmente não queria ficar aqui sozinha, não quando algum idiota com uma nova arma em punho poderia aparecer a qualquer minuto. Mas ele não tinha pedido, tinha?
— Emma — Duncan estalou. — Alguém invadiu a casa e quase matou Baldwin. Você está sendo irracional.
— Então vou para um hotel. — ela viu um flash de dor em seus olhos, e sua teimosia drenou. — Tudo bem. — ela retrucou, por sua vez. — Eu vou com você. Mas você tem que parar de mandar em mim, droga.
— Vou me lembrar disso. — murmurou Duncan. — Aonde você vai? — ele perguntou quando ela começou a passar por ele, indo para as escadas.
— Eu vou pegar minhas coisas. — disse ela impaciente.
— Oh. — ele sorriu, e ela não conseguiu evitar. Sorriu de volta. — Eu vou ajudar.
— Eu realmente não preciso... — mas ele já estava passando por ela e subindo as escadas, indo para seu quarto.
— Espere. — ela disse, correndo atrás dele. Ela chegou à esquina, ele estava alcançando sua gaveta.
— Pare. — ela disse, e correu pelo quarto. — Eu vou arrumar, obrigada.
— O que está na gaveta? — ele perguntou inocentemente, mas seus olhos estavam dançando.
Emma olhou-o com cuidado. — Você está tentando me distrair.
Ele deu-lhe um olhar perplexo.
— Você está preocupado se vou surtar sobre o que aconteceu e está tentando me distrair com a ameaça de brincar com a minha roupa de baixo.
Suas sobrancelhas se ergueram.
— É isso que está aqui?
— Sim, é, e você está evitando a pergunta.
O sorriso desapareceu. De repente ele estava perfeitamente sério quando estendeu a mão e esfregou os dedos pelo rosto dela.
— Você poderia ter sido morta.
Seu peito se apertou com a emoção, o coração disparado mais rápido do que esteve durante toda a noite.
— Eu nem vi a arma. Eu apenas ouvi quando...
Duncan fechou os olhos por um instante, como se o pensamento disso o incomodasse ainda mais. Ele a puxou suavemente em seus braços.
— Está tudo bem, Emmaline? Mesmo?
Ela colocou os braços ao redor de sua cintura e apertou, saboreando a sensação do seu corpo grande em torno dela, sentindo-se segura novamente. Ela assentiu com a cabeça contra seu ombro.
— Eu não fui ferida. Baldwin me salvou.
— Estou feliz. — ele murmurou com sua mão esfregando para cima e para baixo em sua coluna num ritmo confortável.
Emma poderia ter ficado lá a noite toda, mas Duncan tocou seus lábios no cabelo dela e disse:
— Arrume o suficiente para vários dias. Não é seguro para você aqui até descobrir quem estava por trás disso.
Ela assentiu com a cabeça e afastou-se com relutância.
— Eu não vou demorar muito. — disse ela sem olhar para ele.
Ele colocou um dedo sob seu queixo e ergueu o rosto.
— Leve o tempo que quiser. — disse ele sério, então deu-lhe um olhar astuto. — Tem certeza de que não quer ajuda com essa gaveta?
Emma riu fracamente.
— Não, posso lidar com isso.
— Então estarei lá embaixo. Eu tenho que falar com Miguel. Me avise quando você estiver pronta e nós vamos ajudar com as malas.
****
Duncan controlava sua fúria enquanto descia os degraus da escada da casa de Emma, ??andando para o SUV onde Miguel esperava com o homem morto.
É claro, o ser humano ainda não estava morto, mas logo estaria. Assim que lhes dissesse tudo o que sabia.
— Senhor. — disse Miguel formalmente quando Duncan se aproximou.
— Será que Ari já chegou?
— Sim, meu senhor. Ele chegou em casa. Baldwin acordou quando o levaram para dentro. Ele não está feliz, mas está bem.
— Bom. — Duncan olhou através da janela para o humano inconsciente. — Se ele quisesse matá-la, teve a chance.
Miguel assentiu.
— Talvez ele só devesse assustá-la. Ou talvez tivesse uma mensagem que nunca chegou a entregar porque Baldwin estava lá.
— Se há uma mensagem, nós vamos saber. — Duncan disse sombriamente.
— Se eles sabem que ela está trabalhando com a gente, meu senhor, virão atrás dela.
A raiva de Duncan subiu e ele lutou para mantê-la sob controle, mas Miguel estava ciente de qualquer maneira. Ele poderia dizer pelo olhar atento do seu tenente, a formalidade cuidadosa. A ideia de alguém impor as mãos sobre Emma o fez querer rasgar as gargantas de todos os seres humanos dos arquivos de Victor, afinal tinha uma dessas mãos na morte de Lacey. Nenhum deles era inocente, tanto quanto ele estava preocupado.
Ele obrigou-se a pensar com calma, algo que percebeu ser cada vez mais difícil quando se tratava de Emma Duquet. Mas ele não podia se dar ao luxo de correr e matar seres humanos, qualquer que fosse o motivo. Isso era exatamente o oposto do porque ele estava na cidade corrupta, em primeiro lugar. Não que os homens responsáveis ??pela morte de Lacey viveriam. Oh, não. Eles todos iriam morrer. Talvez não esta noite, talvez nem mesmo em breve. Mas eventualmente. E ele faria e se certificaria que soubessem disso. Cada um deles viveria os últimos meses de sua vida olhando por cima do ombro, esperando a morte encontrá-lo.
O pensamento lhe agradou e sorriu levemente.
— Peça para alguém criar uma sala segura em casa para o preso para quando chegarmos lá. — disse apontando para a caminhonete. — Em algum lugar longe de onde Emma estará dormindo. O porão. Conforto não é importante. Eu não quero um desenho de resgate estragado na polícia humana, e não quero matá-lo sob nossos narizes, também.
— Sim, meu senhor.
Os dois se viraram quando Emma apareceu na porta carregando uma mala e uma bolsa de roupa sobre um ombro.
— Emma. — disse Duncan, impaciente. — Vamos ajudar com isso.
Ela empurrou a mala em sua direção.
— Você leva isso e eu vou...
Ele levantou a mala e puxou a bolsa de roupa de seu ombro, entregando-as para Miguel.
— Okaaay. — ela demorou. — O que faço com essa porta?
Duncan franziu a testa, em seguida, estudou o batente da porta.
— A fechadura está quebrada, mas a estrutura é boa. Eu suponho que você não tenha um martelo e pregos...
Sua voz sumiu enquanto Emma desaparecia dentro de sua casa.
— É claro, você tem. — ele emendou.
Ela reapareceu com os itens solicitados e um sorriso maroto.
— Ninguém gosta de um faz-tudo. — brincou ele enquanto ela caminhava.
— Ah, eu não faço tudo. — ela respondeu despreocupadamente. — Estou preparada para tudo.
Duncan riu e pegou um martelo pela primeira vez em mais anos do que poderia contar.
****
Emma sentou-se dentro do SUV quente e viu quando Duncan pregou a porta fechada da frente. Não era todo dia que ela via um homem de smoking segurando um martelo. Claro, não era todo dia que algum maluco tentava assaltá-la em sua casa. Só que talvez o cara não fosse um maluco. De forma estranha, seria reconfortante se os assassinos de Lacey tivessem enviado alguém atrás dela. Isso significaria que ela estava no caminho certo.
Ela franziu o cenho. Mas, se fosse esse o caso, por que não tinha tentado matá-la? Ele poderia ter. Talvez tivesse planejado outra coisa completamente diferente para ela.
Duncan e seus vampiros não iriam deixá-la ver todos os detalhes do que havia acontecido nas chamadas festas de Victor. Estavam protegendo-a, o que era irritante, mas ela tinha um bom senso do que a haviam deixado ver, e as coisas que tinha ouvido. Isto quebrou seu coração, pensar em Lacey envolvida em tudo isso, e estremeceu sozinha, grata que Baldwin estivesse lá esta noite.
Duncan deixou cair as ferramentas no chão do banco da frente, em seguida, se juntou a Emma atrás. Miguel estava dirigindo já que Ari tinha levado o menor SUV com Baldwin nele.
— Nós teremos um serralheiro aqui o mais rápido possível. — disse Duncan quando fechou a porta. — Eu vou mandar alguém do meu pessoal arrumar aqui.
— E se não for até de manhã? — ela perguntou. — Eu posso...
— Eu tenho guardas humanos para o dia, Emma. Eles podem lidar com isso.
— Meu carro está na outra quadra. — disse ela, levantando a voz para incluir Miguel, então ele saberia que eles teriam que parar. — Esquerda aqui, então na próxima à direita. — ela acrescentou, então disse a Duncan. — Eu tenho que ir trabalhar amanhã, er, quero dizer, esta manhã. Eu tenho reuniões, além de... — ela parou, pensando que provavelmente seria melhor se Duncan não soubesse sobre seus planos de continuar rastreando as mulheres das festas de Victor durante o dia de amanhã.
— Além de quê? — Duncan perguntou, olhando-a com curiosidade.
— Eu não posso me dar ao luxo de perder meu emprego. — disse ela sem jeito. Ela corou com a mentira, mas esperava que ele assumisse que ela estava envergonhada por causa de sua implícita falta de dinheiro. Além disso, realmente não era uma mentira. Ela não poderia se dar ao luxo de perder o emprego.
Duncan olhou para ela, sua expressão cuidadosamente em branco, e ela sabia que ele sentia que algo estava fora. Ele não podia saber exatamente sobre o que ela estava mentindo, mas tinha certeza que ele sabia que ela não estava dizendo toda a verdade também.
Quando eles chegaram ao carro dela, Emma começou a sair, mas Duncan colocou uma mão em seu braço para segurá-la.
— Eu vou com Emma, Miguel.
Na frente, a cabeça de Miguel estalou e ele virou-se para dar a Duncan um olhar afiado.
— Você pode dirigir atrás de nós. — disse Duncan. — Não é tão longe.
Miguel olhou para Duncan por um momento pesado e, em seguida, assentiu.
— Sim, senhor. — disse ele as palavras respeitosas, mas com raiva.
Emma olhou para Duncan, esperando que ela não ficasse presa entre dois vampiros furiosos, mas a expressão de Duncan era tão calma e controlada, como sempre. Ele segurou o olhar de Miguel até que o outro vampiro desviou o olhar, então virou aquele olhar frio sobre ela e apontou para a porta.
— Vamos, Emma. — disse ele.
Emma alcançou a maçaneta da porta, empurrou a porta e saiu para o ar frio. Isso deveria ser estimulante após o calor do SUV, mas ela tremia e a exaustão rolou sobre ela como um cobertor grosso. Deus, ela estava cansada. Quanto tempo passou desde que ela tinha dormido? E ela teria que trabalhar em poucas horas, tinha que fazê-lo parecer como se ela estivesse passando pela morte de Lacey, fazendo seu trabalho, talvez encontrar um lugar menor para viver. Mas certamente não gastar suas noites acordada procurando o assassino, que poderia muito bem ter um escritório no prédio ao lado, ou até mesmo no corredor.
A mão de Duncan se aproximou dela, deslizando as chaves de seus dedos dormentes.
— Entra no carro. Eu vou dirigir.
— Eu posso...
— Claro que pode. Mas eu dirijo de qualquer maneira.
— Mandão. — ela murmurou, dando a volta para o banco do passageiro. — Phoebe disse que você era mandão.
— Sim, bem. — ele deslizou atrás do volante e ligou o carro. — Phoebe não é exatamente uma tarefa simples sozinha.
Emma virou o aquecedor em seu nível mais elevado, e Duncan imediatamente ajustou as aberturas em sua direção.
— Seu marido é um vampiro, também?
— Não. A maioria dos relacionamentos de vampiros é com humano. Compartilhamento de sangue é intensamente sexual. Eu já vi um ou dois ménage à trois que funcionaram, dois vampiros e um humano, mas isso é raro.
Emma sentiu o próprio sangue aquecer quando imaginou a boca de Duncan em seu pescoço, o tronco nu, brilhando de suor do jeito que ele estava no ginásio antes. Ela estendeu a mão e virou o calor para baixo, desabotoando o casaco.
Duncan olhou para ela.
— Muito quente?
— Sim, eu acho. — ela tossiu um pouco. — Este aquecedor começa devagar, mas uma vez que começa, é um pouco demais.
A boca pecaminosa de Duncan se curvou um pouco, mas ele nunca tirou os olhos da estrada.
O que ela não daria para vê-lo agitado, para quebrar o controle de sempre dele. Só uma vez. Ela não queria que nada de ruim acontecesse. Ela só queria sacudi-lo um pouco e ver o que acontecia. Ela teve um pensamento passageiro, perguntando se ele tinha controle na cama do jeito que possuía em qualquer outro lugar. E então seus olhos se arregalaram, chocada com seus próprios pensamentos. Obviamente, ela estava trabalhando demais e por muito tempo. Muito trabalho e pouca diversão aparentemente fazia de Emma uma garota com muito tesão. Ela engoliu uma risada, mordendo o interior de sua bochecha para que o Duncan-que-tudo-vê não notasse.
Quando eles entraram pelo portão da casa dos vampiros, era quase quatro da manhã. Emma já considerava nem mesmo de ir dormir, mas não havia café suficiente na cidade para mantê-la a noite toda e durante todo o dia, também.
Eles não estacionaram na frente, mas deram a volta por trás da casa. As luzes do detector de movimento inundaram a área assim que entraram, tornando-se quase tão brilhante como o dia. Guardas vampiros apareceram das sombras, alguns deles com óculos de sol para proteger seus olhos. Miguel fez o mesmo, com os olhos cobertos por lentes envolventes quase negras quando saiu do SUV. Ele falou com um dos outros vampiros, e caminhou para abrir a porta do motorista de seu sedan, que parecia pequeno e esfarrapado ao lado da linha de SUVs brilhantes.
— O prisioneiro está seguro no porão, meu senhor. — disse ele, quando Duncan deslizou de trás do volante. — Alaric construiu uma paliçada.
— E gostou de fazer isso, sem dúvida.
— Sim, meu senhor. Ele fez um comentário que faziam anos, e ele esperava que se lembrasse da proporção adequada de tensão.
— Eu quero o prisioneiro vivo, Miguel, não estrangule em uma morte lenta. Só depois que eu interrogá-lo, de qualquer maneira.
Emma lhe deu um olhar assustado. O que eles fariam com o prisioneiro depois que o interrogassem? Os vampiros pareciam evitar o contato com a polícia humana, mas não podiam deixar o homem ir, também. Ela franziu o cenho. Para essa matéria, o que fariam com o assassino de Lacey, quando o encontrasse ou os encontrasse?
— O que você está pensando, Emma? — Duncan perguntou com a voz ao lado de sua orelha.
Ela pulou, franzindo a testa para ele.
— Precisamos colocar um sino em você.
Duncan simplesmente sorriu e colocou a mão na pequena curva das suas costas, encaminhando-a para a porta.
— Você poderia tentar. Eu provavelmente poderia apreciar isso... ou ao menos experimentá-lo. — ele abriu a porta e segurou-a para ela.
— Então. — continuou ele enquanto caminhavam através de uma grande cozinha. — O que a deixou tão carrancuda assim?
— Você quer dizer além de você?
Ele acenou com a cabeça facilmente.
— Além de mim.
Emma pensou em fazer alguma coisa, mas ela realmente precisava de uma resposta para isto.
— O que você vai fazer quando encontrá-los? Os homens que mataram Lacey?
Eles haviam chegado ao foyer, abaixo as escadas até então, e Duncan parou, virando-se para encará-la.
— É a política da comunidade vampiro que trabalha com a polícia humana e autoridades em todos os momentos. — ele disse suavemente. Parecia ensaiado e Emma sabia que ela estava ouvindo a linha do partido.
Ela encontrou seus olhos perfeitos de aparência humana.
— Eu não perguntei qual era a política, Duncan. Estes são homens poderosos. Se você enviá-los para as autoridades, estarão de volta às ruas em horas e não dias. Eu quero saber o que você vai realmente fazer quando pegá-los.
Ele a estudou por um longo momento, então disse:
— Os interesses da comunidade vampira vem sempre em primeiro lugar. — ela abriu a boca para exigir que respondesse a sua pergunta, mas ele antecipou-a, dizendo: — Há alguns segredos que vampiros nunca compatilham. Tenho razões para acreditar Victor era... indiscreto, digamos assim, em relação a alguns desses segredos. Tal conhecimento, particularmente nas mãos de homens como esses, representa uma ameaça ao meu povo, e não vou tolerar ameaças a meu povo.
Emma ouviu não apenas as palavras, mas o que ele estava tentando dizer a ela. Ela assentiu com a cabeça.
— Então você vai eliminar a ameaça. — disse ela, querendo ser perfeitamente clara.
— Sim.
— Eu não tenho problema com isso. — disse ela com firmeza.
Seus olhos castanhos brilhavam.
— Estou aliviado.
Emma revirou os olhos, em seguida, olhou com consternação as muitas escadas entre ela e uma cama confortável.
— Eu poderia levá-la. — disse Duncan sério.
Ela sorriu com pesar.
— Obrigada. Mas tenho uma sensação de que eu nunca esqueceria.
— Eu não diria a ninguém. — disse ele, colocando a mão sob seu cotovelo e emprestando sua força considerável quando começaram a subir as escadas.
— Eu estava falando sobre você.
Duncan riu alto, em seguida, pegou-a em seus braços e correu até as escadas. Antes que ela prendesse a respiração, eles estavam no quarto que tinha usado antes, e ele a estava colocando no chão, deslizando-a para baixo de seu corpo, para que ela sentisse cada centímetro de músculo firme do seu peito, suas coxas. Ela prendeu a respiração. Seus músculos não eram as únicas coisas que estavam duras nele.
Emma olhou para cima e encontrou seu olhar travado pelo brilho de bronze de seus olhos.
— Seus olhos. — ela sussurrou, levantando a mão para traçar a curva de seu rosto. — Eles estão brilhantes.
— Eles fazem isso. — murmurou Duncan, flexionando os dedos fortes sobre seus quadris.
— Mas não o tempo todo. — Emma disse suavemente.
— Quando uso o meu poder. — explicou Duncan, uma mão mergulhando quase na curva da bunda dela quando ele a puxou mais perto. — Ou quando uma forte emoção entra em jogo.
— Emoção. — Emma repetiu suavemente, seus dedos agora brincando junto à suavidade de sua boca. — Como... desejo? — ela levantou-se e deu um rápido beijo em sua boca. — Deseja? Outro beijo. Quer?
Ela voltou a levantar-se, com a intenção de dar-lhe um beijo rápido, mas ele rosnou, segurando-a no lugar quando ele aprofundou o beijo em algo quente e exigente. Uma mão subia em suas costas, os dedos torcendo em seu cabelo quando ele mudou o ângulo do beijo, indo mais fundo quando a língua mergulhou na boca dela.
Emma gemeu baixinho. Ele tinha gosto de noites quentes e segredos sombrios, embora ela não pudesse ter explicado o que isso significava. Ela só sabia que era verdade.
Ela queria mais. Ela queria morder os lábios, provar mais dele. Ela chegou por trás de sua cabeça e puxou a fita do seu cabelo loiro, empurrando seus dedos por ele, raspando as unhas ao longo de seu couro cabeludo.
Duncan rosnou contra sua boca, e Emma sentiu algo duro e afiado. Seu coração disparou quando ela percebeu o que eram. Presas. Ela passou a língua ao longo de sua lisura, e Duncan estremeceu através de cada célula de seu corpo. Emma empurrou com mais força, esmagando-a contra a sua boca. Era como se ela não pudesse chegar perto o suficiente.
Ela sentiu uma picada afiada na sua língua, provou seu próprio sangue, quente e acobreado.
Duncan apertou os dedos em seu cabelo, segurando-a com tanta força que trouxe lágrimas aos seus olhos, mas ela não gritou, não se moveu quando sua língua varreu sobre a dela, lambendo até a última gota. Sua ereção, já uma presença longa e dura contra sua barriga, cresceu incrivelmente, lutando contra a roupa que os separava. Emma colocou as mãos na camisa de Duncan quando ele interrompeu o beijo, puxando-o de volta para ela com um pequeno gemido de fome quando ela alcançou sua boca mais uma vez.
— Emma. — ele murmurou, então praguejou suavemente quando ela mordeu o lábio inferior com raiva. Ela não queria romper a pele, mas tinha que doer mesmo.
— O quê? — ela devolveu, seu corpo gritando com ela para deixá-lo nu agora!
— Está tarde. — disse ele, suas mãos fortes em seus braços segurando-a longe de seu corpo, quando tudo o que ela queria fazer era esfregar-se contra ele como um gato.
— Tarde? — repetiu. — Tarde para quê? — ela exigiu.
Duncan riu, desviando quando ela deu um soco em seu abdômen em retaliação.
— Pare de rir e me diga o que está acontecendo, seu vampiro estúpido. — a realidade a atingiu. — Oh.
Duncan esfregou seu abdômen, como se seu punho tivesse feito qualquer dano aos seus músculos.
— Então, quanto tempo até o amanhecer? — ela perguntou, olhando para ele e mostrando desejo em seus olhos.
Duncan gemeu baixinho.
— Não olhe assim para mim. — disse ele. — Isto é o bastante.
Emma sorriu maliciosamente para a cama provavelmente não intencional de casal, mas, naturalmente ele sabia porque ela estava sorrindo.
— Você é má. — disse ele. Ele deixou suas mãos passeando das costas para a bunda dela, puxando-a perto o suficiente para sentir exatamente como estava duro.
— Pouco mais de uma hora. — ele murmurou contra seu ouvido. — E Emmaline, minha querida, quando eu finalmente começar a fazer amor com você, vou precisar de muito mais tempo do que isso.
Emma estava, de repente, feliz que ele estava segurando-a, porque a onda de luxúria que sentia ao ouvir essas palavras murmuradas a teria derrubado. Isto era tão injusto.
— O que você... — a voz dela quebrou e ela tossiu um pouco. — O que você vai fazer amanhã? Quero dizer à noite?
— Eu vou ficar aqui a noite toda. — ele sussurrou com a respiração quente contra sua pele quando beijou o ponto sensível em frente de sua orelha, em seguida, depositou uma linha de beijos suaves sobre a sua boca.
Emma se esticou para cima, mas ele colocou um beijo final, forte em seus lábios e deu um passo para trás.
— Tome cuidado hoje, Emma. — disse ele sério e colocando o cabelo atrás da orelha. — Prometa-me.
— Eu vou. — disse ela, sem fôlego.
— Não confie em ninguém. — continuou ele, em seguida, deu um beijo casto na testa. — E você deve conseguir todo o sono que puder. Você vai precisar dele mais tarde. — ele piscou e então se virou e caminhou para o salão e para longe.
Emma olhou para a porta vazia, seu corpo vibrando com necessidade não atendida.
— Droga. — ela sussurrou, depois estendeu a mão e fechou a porta firmemente. A fechadura era só a maçaneta, o que não impediria a entrada de um vampiro. Mas ela realmente não esperava que alguém fosse perturbá-la.
Ela olhou inquieta ao redor do quarto, então olhou para o relógio. Se ela fosse dormir imediatamente, conseguiria duas horas a mais antes que tivesse que levantar-se e ir para o trabalho. Mas as chances de cair no sono logo eram zero ponto zero graças a um certo vampiro.
Qual era a versão masculina de um galo provocante de qualquer maneira? Ela teria que procurar isso mais tarde. Por enquanto, ela se resignava a um dia alimentado por cafeína, então abriu sua mala.
****
Algumas horas mais tarde, Emma estava usando seu uniforme de terninho e salto alto, passeando pelos corredores de mármore de Washington. Bem, certo, ela na verdade não foi passear, isso seria óbvio demais. Ela se apressou, assim como todos os outros faziam neste edifício, correndo, às vezes com um grupo de repórteres e cinegrafistas depois deles, como se o destino do mundo repousasse sobre seus ombros. Ela deveria, isso era verdade, mas era longe de ser tão frequentemente quanto os políticos gostavam de pensar que era.
Estava lotado nesta manhã. Mais uma reunião do Congresso, algo quebrando como jogadores de beisebol usando esteróides. Pessoas morrendo de fome em todo o mundo, morrendo nos campos de batalha, agredidos até a morte por seus vizinhos, e o que o mais premente dos líderes do mundo livre poderia pensar era um monte de grandes cabeças, pequenos torrões de atletas que usavam esteróides. Quem se importava? Não Emma, ??embora seus colegas do sexo masculino tivessem insistido que importava. Ela estava apenas contente pelo deputado Coffer não estar em nenhuma das comissões competentes. Ela não achava que poderia ter mantido uma cara séria, ou a boca fechada.
Ela desesperadamente pegou uma xícara de café no caminho para a mesa, e conseguiu não derramar enquanto fazia malabarismo com sua bolsa com o laptop e livro do Memorial de Lacey dentro. Ela deixou a caixa em seu quarto no Duncan. Era muito volumoso mesmo para sua bolsa gigante.
Ela mal conseguiu tomar alguns goles preciosos de cafeína e desnatado sobre os arquivos relevantes para a reunião da manhã, quando o Congressista abriu a porta e seus colegas pularam de cabeça para o escritório. Emma seguiu mais lentamente, maravilhada de que apenas alguns dias atrás, ela teria sido tão bombeada como os outros sobre a audição de amanhã. Mas esta manhã não era nada, só uma distração. O que ela queria fazer era sentar-se com o seu computador e acompanhar sua nova ideia sobre como identificar as mulheres a partir das festas de Victor.
Era meio-dia quando teve a chance, no entanto. A reunião tinha corrido durante muito tempo, e então não tinha uma pilha de pedidos de constituintes para ela percorrer. A maioria foi encaminhada para outros membros da equipe imediatamente, mas alguns eram de natureza mais grave e ela teve de lidar com isso sozinha.
Mas, finalmente, o escritório estava quase vazio, com todos fora para almoçar em algum lugar. Washington levava seus almoços muito a sério, vendo-os como mais uma oportunidade de votos judiciais, levantar dinheiro ou às vezes apenas para ter um par de martinis e parar a agitação por uma hora ou duas.
Emma pegou um muffin que sobrara da manhã. Era de cranberry, o menor da ninhada, quase esmagado e de má reputação, que foi provavelmente a única razão de ainda estar lá. Ela pegou ainda outra xícara de café e voltou para sua mesa, puxou a lista de iniciais das mulheres dos arquivos de Victor e começou a passar pelo Livro enlutado de Lacey, procurando por nomes.
Ela estava inicialmente surpresa com o número de pessoas que assinaram o livro. Ela esteve em um nevoeiro, e não tinha ideia de que muitas pessoas tinham ido. Alguns tinham simplesmente assinado seus nomes, mas a maioria tinha escrito pelo menos algumas palavras de condolências, e muito poucos tinham feito mais do que isso. Foi um esforço não se perder em suas lembranças enquanto lia as palavras de pessoas que ela não conhecia, mas que tinha conhecido Lacey e sentiriam falta dela. Isso a lembrou do por que ela estava lendo o livro, de modo que enxugou suas lágrimas e começou a procurar as páginas mais metodicamente.
Ela estava curvada tentando decifrar a caligrafia de alguns, quando uma porta se abriu e a voz de surpresa Guy Coffer disse:
— Emma?
Emma saltou, quase engasgando com um pedaço de bolo. Ela pegou o café e tomou um longo gole, agradecida que tinha ficado o tempo suficiente para estar quente.
— Congressista. — ela conseguiu dizer, finalmente, tossindo.
Coffer deu-lhe um olhar preocupado, a mão estendida, como se estivesse pensando em dar tapinhas nas costas.
— Você está bem? — perguntou ele, em causa. — Eu não queria assustá-la.
Emma tomou outro gole de café e acenou com a mão em desdém.
— Eu estou bem. — ela disse, colocando a xícara. Ela girou em sua cadeira, apoiando uma mão sobre a mesa e sorrateiramente bateu na tecla em seu laptop que iria fechar seus arquivos.
— Eu não sabia que você estava aqui. — disse ela com cautela.
Coffer deu-lhe seu sorriso bonito do político.
— Eu passei aqui mais cedo. Você dá duro no trabalho.
Emma estava um pouco alarmada com a ideia de que ele poderia ter passado por ali sem que ela percebesse. Então, ela olhou em volta e sentiu um novo tipo de preocupação. Os telefones tocavam quase constantemente, como de costume, e ela podia ouvir as pessoas no escritório exterior, mas diferente disso, ela e Coffer estavam sozinhos. Se Sharon entrasse agora teria um acidente vascular cerebral, e talvez disparasse sobre Emma. Merda.
— Eu sinto muito. Eu não ouvi. Havia algo...
— Não se desculpe. Você tem direito ao almoço assim como o resto de nós. Eu saí para pegar uma xícara de café.
— Está muito velho. Deixe-me fazer um fresco.
Emma fechou seu laptop e saltou, correndo para a cafeteira no lado do gabinete. Houve uma grande instalação na frente, mas se aventurar para o escritório exterior às vezes significava ser emboscada por alguém que queria alguma coisa, então os analistas que trabalhavam nesta parte do escritório tendiam a usar este. Todo mundo deveria fazer a sua parte para manter o pote cheio, mas como sempre, tinham aqueles que refutavam o dever. Emma não era uma dessas. Ela valorizava muito o café.
— No que você está trabalhando? — Coffer perguntou, olhando para o livro do enlutado, que estava aberto na mesa de Emma.
Emma se obrigou a manter a calma, esperando até que enchesse a cafeteira e apertasse o botão, antes de se virar para encará-lo.
— Esse é o livro de condolências do funeral de Lacey. — disse a ele, deixando suas emoções reais darem sabor a suas palavras. — Então, muitos amigos vieram dizer adeus a Lacey, pessoas que eu nem sabia. — ela fez uma pausa, olhando para fora da janela, observando o inverno acumulando sujeira no vidro.
— Você e Lacey eram muito próximas? — ele perguntou, e seus olhos eram tão tristes que Emma olhou para ele por um momento antes de assentir.
— Lacey era como uma irmã para mim. A única família que eu tinha.
— Sinto muito. — disse ele.
Emma sabia que Coffer era um político habilidoso, mas ele parecia tão sincero que ela não podia evitar de dar-lhe um sorriso tranquilizador.
— Todo mundo me diz vai ficar melhor com o tempo. Eu não tenho certeza se acredito nisso, mas...
— Eles estão certos, você sabe. — ele interrompeu atentamente. — O dia em que aprendi, o meu irmão tinha morrido no exterior e foi o pior dia da minha vida. Em um momento ele estava aqui, e no próximo se foi. A dor de perdê-lo... ela ainda está lá, mas não tanto quanto costumava estar. Às vezes me sinto culpado por isso, mas acho que é a maneira de nossas mentes lidarem com uma perda terrível. Caso contrário, a gente enlouquece.
Emma não sabia o que dizer. Ela foi literalmente esmagada pela sua bondade.
— Obrigada. — ela disse. — Isso foi muito gentil.
Coffer abaixou a cabeça, sorrindo.
— Eu não queria ficar tão sério. Se o café estiver pronto...
— É claro. — disse Emma, grata pelo intervalo. As coisas tinham ficado um pouco intensas demais por um momento. Ela pegou um copo para ele, dois açúcares, a maneira como todos sabiam que ele gostava. Assim como todo mundo sabia que Sharon sempre fazia isso com adoçante.
— Obrigado. — disse ele, dando-lhe uma piscadela cúmplice. — Eu vou deixá-la em paz agora. Termine o seu... — ele olhou à sua volta para os restos de seu muffin. — Muffin? — disse ele, depois sorriu e caminhou de volta ao seu escritório.
Emma praticamente caiu de volta em sua cadeira, seu nervosismo ainda saltando em choque de ter Coffer em cima dela. Claro, a mesa estava em um canto distante e, quando ela estava trabalhando, estava de costas para seu escritório, mas mesmo assim... ela balançou a cabeça. Ela poderia ser uma grande investigadora - não, ela era uma grande investigadora, dê-lhe um problema e ela trabalhava como se fosse um cachorro com um osso. Foi o que fez dela uma excelente analista legislativa, também.
Mas, aparentemente, não foi feita para se esgueirar. Balançando a cabeça, abriu seu computador e voltou ao trabalho, colocando sua cadeira em um ponto para que suas costas não ficassem totalmente para o escritório. Ela não queria mais visitas surpresas.
Ela estava realmente indo até as últimas páginas de condolências. Ela estava tão certa que seria a fonte de dados definitiva, de que todas as mulheres de alguma forma magicamente apareceriam em suas páginas. Mas até agora, ela só tinha um nome possível, e que era duvidoso. Os arquivos de Victor tinham listado um V.S. como uma de suas mulheres, mas a entrada que correspondia no livro era um Slayton V.. Não tinha nome, apenas a inicial, e a caligrafia não lhe dava nenhuma pista em saber se era um homem ou uma mulher. 
Desanimada, voltou-se para a última página e viu o nome Tammy Dietrich. E Victor tinha um T.D. na sua lista. Seu estômago apertou com entusiasmo. Talvez ela estivesse certa o tempo todo e este era o intervalo que estava procurando.
Um conjunto de vozes soou no escritório exterior, anunciando o retorno de pelo menos alguns de seus colegas. Ela fechou o livro enlutado, esfregando os dedos na capa mole, pensativa. Desde que encontraram o corpo de Lacey, ela tinha essa sensação de que havia um grande relógio tiquetaqueando os segundos e, em breve, seria tarde demais. Os homens poderosos envolvidos já estavam trabalhando para cobrir suas bundas tão completamente que ninguém poderia ver aqueles pálidos globos brancos novamente. Ela torceu o nariz para a imagem de seus próprios pensamentos, mas era uma reação indiferente.
Porque na verdade o pensamento era inegável. Eles precisavam de algum progresso nesta investigação antes que os homens responsáveis ??apagassem qualquer pista do seu envolvimento. Emma só precisava de uma identidade das mulheres de Victor, alguém que estava lá, que poderia citar nomes.
Ela não se entregou em qualquer momento para mudar de ideia. Ela agarrou suas notas, empurrou seu laptop em sua bolsa e saiu do escritório antes que alguém se importasse em notar. Ela queria acompanhar Tammy Dietrich e VS também, e tinha certeza que sabia de alguém que poderia ajudá-la.
Ela correu para fora do estacionamento do Capitólio, na tarde fria, puxando o casaco. No ano passado esteve quente esta época do ano. Ela deu ao céu cinzento um olhar cauteloso. Ele não poderia, na verdade, enviar mais neve, não é?
Ela abriu seu carro e entrou com gratidão, transformando o aquecedor em plena explosão. Enquanto esperava no interior do carro para se aquecer, ela ligou para o antigo escritório de Lacey, dando um suspiro de alívio quando a voz que respondeu era uma que ela conhecia bem.
— Betty. — disse Emma. — É Emma Duquet.
— Emma. — Betty Napoli respondeu calorosamente com simpatia. — Como você está, querida?
— Bem, eu acho. Tem sido difícil.
— Claro, criança. Nós todos sentimos a falta de Lacey. Ela era uma coisa tão animada.
— Obrigada. — Emma disse calmamente. — Ela era especial.
— Ela com certeza era. Como posso ajudar?
— Estou escrevendo notas de agradecimento. Você sabe, as pessoas que enviaram flores, aqueles que foram ao memorial, também. Eu tenho o livro que todos assinaram, mas não conheço algumas dessas pessoas, e pensei que talvez você...
— Bem, você me conhece, e eu conheço todo mundo. Quem você precisa?
— Apenas dois agora. A...  — ela fez uma pausa, como se verificando sua lista. — Tammy Dietrich? Eu acho que está certo. É difícil ler algumas dessas assinaturas.
— Bem, eu sei quem é Tammy Dietrich. Na verdade, deixe-me dar o endereço dela.
Emma tentava encontrar uma caneta quando Betty recitou o endereço do escritório de uma firma de advocacia que nunca tinha ouvido falar. Não que isso fosse uma grande surpresa. A Capital estava cheia de advogados como lixo depois de um desfile, e ela deveria saber desde que ela era um deles.
— E qual é o outro? — Betty perguntou.
Emma tinha encontrado uma caneta, começando a trabalhar e estava tentando lembrar a recitação de Betty do endereço.
— Desculpe. — ela disse distraidamente.
— O outro nome. — Betty disse pacientemente. — Você disse que havia dois.
— Ah, certo. Sinto muito. A caneta não funcionou de imediato. Sim, o outro é algo Slayton, eu acho. A primeira é a inicial V, como... Victor.
— Slayton. — Betty repetiu pensativamente. — Slayton. Você sabe, eu acho que ela trabalhou aqui por pouco tempo. Apenas um mês ou dois, e é por isso que não tenho certeza se é ela. Eu não sei se ela e Lacey teriam se conhecido, mas... sim, aqui está ela. Violeta. É um nome lindo, não é? — Betty pensou por alguns instantes. — Violeta Slayton. Eu não sei onde ela foi quando saiu daqui, no entanto.
— Você tem um endereço de casa? — Emma perguntou, sabendo que mesmo que Betty tivesse, não poderia lhe dar.
— Bem, agora, eu tenho. Mas você sabe como são sobre coisas como essa. Eu vou lhe dizer o que posso, no entanto. Nós estávamos conversando, e acho que ela mencionou que sua família era de Springfield, Virginia. Tinha uma casa em Donset. Nós comentamos sobre isso, porque tenho alguns amigos lá. Pode ser um lugar para começar.
Emma escreveu o nome da cidade e sorriu. Sem realmente dizer nada a ela, Betty estava dizendo que Violeta Slayton estava morando com os pais em Springfield. Com isso, mais o nome da rua, ela poderia encontrar Slayton facilmente.
— Obrigada, Betty. — disse ela com sinceridade. — Eu realmente aprecio isso.
— Bem. Foi uma coisa terrível o que aconteceu com Lacey. Tão jovem... — sua voz falhou um pouco e ela fungou discretamente. — Me avise se você precisar de mais alguma coisa, você ouviu, Emma?
— Eu vou. — disse Emma, ??sentindo seu próprio peito apertar com emoção. — Obrigada novamente.
Não querendo se debruçar sobre o lembrete de que ela perdeu Lacey, Emma desligou e imediatamente abriu seu laptop. Ainda sentada no estacionamento, ela estava perto o suficiente para que pudesse acessar o Wi-Fi gratuito de seu escritório. Ela conferiu Tammy Dietrich primeiro, porque esse era mais fácil. O endereço que Betty tinha lhe dado estava em Alexandria, Virginia, mas as chances eram que Dietrich fosse um membro da costa de DC, também. Mesmo Emma era licenciada para a prática em DC, e ela não tinha intenção de estar de pé diante de um tribunal aqui. Foi apenas algo que fez, trabalhar perto do Distrito, especialmente quando era tão compulsivamente organizado como Emma. Mesmo sem outra vantagem, aquilo lhe dava acesso a coisas como a Ordem dos Advogados do diretório de membros, o que vinha a calhar em momentos como hoje. Ela digitou o nome de Dietrich. Não havia nenhuma imagem, o que não era incomum.
Emma não tinha uma lista com ela, também. Na verdade, não havia muita informação de Dietrich, só da escola de direito, que era Georgetown, e o endereço da empresa que Betty já havia dado a ela. Dietrich era o único nome listado da empresa, o que provavelmente significava que ela tinha um escritório particular, talvez com um ou dois outros advogados.
Ainda assim, o endereço de Alexandria era muito valioso. Ela estava indo muito bem. Emma pegou um mapa e decidiu pelo menos conferir o escritório de Dietrich. Talvez ela devesse entrar e pedir informações, apenas para dar uma olhada. As chances eram de que uma vez que ela não conhecia Dietrich, Dietrich não a conhecia também. Além disso, ela provavelmente não passaria na frente da sua mesa de qualquer maneira.
Alexandria era perto o suficiente para que, em circunstâncias normais, fosse mais rápido pegar um táxi, ou até mesmo o ônibus. Mas Emma ainda esperava ir para a casa de Violeta Slayton esta tarde, e ela não poderia se dar ao luxo de desperdiçar o tempo que seria necessário andando de volta para o estacionamento do Capitólio e pegando seu carro. Ela suspirou. Isso custaria uma fortuna no estacionamento em Alexandria.
*****
Emma teve sorte e pegou um espaço de estacionamento para baixo de duas portas do escritório de Dietrich. Era apenas 10 minutos, mas já sabia que não demoraria mais tempo do que isso para verificar Tammy Dietrich de sua lista. Por um lado, Dietrich estava listada como uma sócia na placa discreta do lado de fora do prédio de escritórios. O gosto de Victor por mulheres para as suas festas se inclinava mais para secretárias do que parceiras da lei. E outro, os escritórios de advocacia eram localizados em um velho edifício de Alexandria. Este era certamente um beco sem saída, mas uma vez que ela já estava aqui, checaria o assunto.
A recepcionista olhou para cima quando Emma se aproximou da mesa. A mulher era, talvez, dez anos mais velha que Emma e seu vestido muito melhor.
Ela estava fazendo o seu melhor para olhar para baixo de seu nariz, mesmo que estivesse olhando por cima, através de um par de óculos de tartaruga muito tradicionais.
 — Oi. — disse Emma, fingindo ler os vários pedaços de papel que ela tinha dobrado em sua mão, como se fosse para referência. — Eu tenho que encontrar alguns amigos no... — ela olhou para os papéis. — Waterfront Park, e não consigo...
— É Waterfront. — a recepcionista disse friamente, com uma forte dose de 'Oh meu Deus, você é estúpida' em sua voz. — É por ali. — acrescentou, apontando com um dedo perfeitamente cuidado em uma direção, que era justo a porta do escritório.
 Emma lhe deu um sorriso amigável.
— Bem, é claro que é. Onde está o meu cérebro esta tarde? Você foi muito gentil. — acrescentou ela, embora não tivesse sido verdadeiramente. Robôs tinham mais bondade humana que essa mulher. Mas Emma não precisava de nenhum elogio. Ela já tinha conseguido o que veio fazer aqui.
Na parede atrás da mesa da recepcionista frígida estavam retratos profissionais de Tammy Dietrich e seu parceiro. E Tammy Dietrich não era, definitivamente, um dos brinquedos de Victor. Emma não tinha nomes para as mulheres em vídeos de Victor peep show, mas ela definitivamente tinha rostos. E Dietrich não era uma delas.
Emma não perdeu mais nenhum tempo com a recepcionista hostil. Ela saiu do escritório e correu de volta para seu carro com dois minutos de sobra no medidor. Não foi um total desperdício de tempo. Ela não tinha encontrado uma das mulheres da lista de Victor, mas pelo menos eliminou Dietrich.
Isso era algo. Não muito, mas alguma coisa. E ela ainda tinha Violeta Slayton, que definitivamente tinha trabalhado com Lacey.
Emma puxou o laptop e pegou carona com alguém na conexão Wi-Fi desprotegida. Ela conectou com a rede de escritório e acessou uma listagem das famílias da área de Springfield, Virgínia. Usando o sobrenome Slayton e o nome da rua que Betty tinha lhe dado, ela logo teve o endereço dos pais de Violeta Slayton. Ela clicou no mapa do site favorito, digitou o endereço, e analisou as instruções. Ela assentiu com a cabeça para si mesma. Ela definitivamente poderia chegar lá e voltar a casa de Duncan uma hora antes do sol se pôr.
Ela tinha um pensamento fugaz de que Duncan não estaria muito feliz com ela se fosse ver Slayton sem ele. Especialmente depois do seu intruso armado ontem à noite. Mas eles não sabiam ao certo ainda se a noite com o último cara tinha alguma coisa a ver com Victor. Ele poderia simplesmente ser um assaltante. E, mesmo se alguém estivesse mantendo o controle de suas investigações, eles mal estariam seguindo cada movimento seu. Ela não sabia que estaria visitando a Virgínia esta tarde, assim como poderia alguém saber? Além disso, Violeta Slayton poderia ser um beco sem saída como Tammy Dietrich. Os homens responsáveis ??pela morte de Lacey provavelmente estavam sentados e rindo de como Emma corria, perseguindo sombras.
Ela enviou as instruções para casa Slayton para seu telefone celular, em seguida, entrou em seu carro e se afastou apenas alguns segundos antes do cara do parquímetro chegar.

Capítulo 19
 
Violeta Slayton estava tão nervosa quanto um gato de rabo comprido em um lugar cheio de cadeiras de balanços{14}, como diria a avó de Emma. Slayton estava pálida e muito magra, mas Emma tinha a impressão que estes eram acontecimentos recentes. Suas roupas estavam muito grandes, e sua pele tinha aquela aparência seca de alguém que não estava comendo ou se hidratando corretamente. Mas nada disso, nem as roupas e nem palidez dela, poderia esconder o fato de que ela era linda. Seus olhos eram castanhos escuros e luminosos, cercada por longos cílios pretos, e seu cabelo sujo e estava grosso e ondulado. Violeta lembrou Emma das mulheres que ela conheceu enquanto fazia um estágio em um centro de crise de estupro durante a faculdade de direito. O pensamento do que teria feito Violeta reagir dessa forma fez o sangue de Emma correr frio, e ela sabia que tinha feito a coisa certa ao vir para cá.
— Eu fiquei triste de ouvir sobre Lacey. — disse Violeta, sentando-se no canto de um sofá grande e fofo. Ela falou tão baixinho que Emma teve que se inclinar pra perto para ouvir. Era como se Violeta estivesse com medo que alguém a ouvisse, mesmo que Emma soubesse que não havia ninguém na casa, exceto as duas. Slayton se abraçou, envolvendo-se na camisola gigante de quase o dobro do seu tamanho. — Lacey era uma boa pessoa. Admirável. Eu senti que eu tinha que ir, tinha que prestar meus respeitos, embora... — Ela parou de repente, e seus belos olhos estavam cheios de medo quando eles encararam Emma.
— Embora o quê, Violeta? — Emma perguntou gentilmente.
Violeta olhou pra longe.
— Eu não via ninguém desde que saí da firma. Eu saí meio que de repente. Eu não dei a eles uma explicação apropriada, e eles não ficaram muito felizes comigo. Eu não sabia se veria alguém conhecido no funeral. Eu não queria ver ninguém, mas... Lacey era legal. Eu não os deixaria... — Sua boca se apertou, seus lábios rolaram na parte de baixo até desaparecer completamente.
— Você disse que Lacey era corajosa. — Emma disse baixinho. — Por que disse isso?
Violeta olhou fixamente seus dedos, que brincavam com o botão de couro do seu casaco, rolando-o primeiro para um lado e depois para o outro.
— Ela não tinha medo de ninguém. — Ela sussurrou. — Parecia que ela não acreditava que o mundo podia machucá-la. — Violeta olhou pra cima de repente encontrando o olhar de Emma. — Mas ela estava errada. Não é?
Emma assentiu, deixando mostrar seu próprio sofrimento.
— Lacey era a única família que eu tinha. — disse ela, sem saber por quê. — Há um lugar dentro de mim, perto do meu coração, que dói o tempo todo desde que ela se foi. Eu não acho que nunca vai parar de doer, mas eu sei que não irá até eu descobrir o que realmente aconteceu com Lacey.
Violeta deu-lhe um olhar assustado.
— Mas eu pensei... — O entendimento floresceu em seus olhos, e ela perdeu o pouco de cor que ela tinha. — Não. — ela sussurrou, balançando a cabeça.
— Você foi às festas com Lacey. Não foi, Violeta? — Emma perguntou suavemente.
— Eu não consigo falar sobre isso. Eu não vou. — Violeta sacudiu sua cabeça, mais uma vez se recusando a olhar Emma. — De qualquer maneira, eu não lembro nada.
Emma observou a outra mulher, odiando-se por estar aqui, por forçar Violeta Slayton reviver mesmo que uma parte pequena do que tinha acontecido com ela. Mas os homens ainda estavam soltos. E mereciam pagar pelo que tinham feito. Por Lacey, certamente, e por Violeta e as outras também. E a qualquer outra mulher no futuro, se eles não fossem parados.
— Lacey foi assassinada. — disse para Violeta sem rodeios, tendo uma grande chance. — Eu deixei todo mundo achar que foi um acidente de carro, porque eu não confio na polícia para lidar com isso. Os homens que a mataram têm muito dinheiro e poder, e são essas coisas que falam nesta cidade.
Violeta estava olhando para ela de novo, sacudindo a cabeça.
— Eu não posso te ajudar. Ele fez algo que eu não consigo lembrar. É o único decente... — Ela riu amargamente e passou a mão pelo cabelo sujo. — Por pior que isso pareça, é melhor do que a alternativa.
— Você está tendo flashbacks? — Emma perguntou, lembrando as vítimas de estupro que ela conversou na faculdade. — Pesadelos? Pedaços de coisas que não fazem sentido, mas aterrorizam você assim mesmo?
— Pior. — Violeta sussurrou. — É pior, porque eles não fazem sentido. Às vezes, acho que se eu pudesse juntar as peças e der um sentido a tudo, isso finalmente poderia ir embora. Mas eu tenho medo do que eu vou descobrir quando eu for mais fundo.
— Deixe-me ajudá-la. — Emma disse. — Deixe meus amigos ajudar você.
— Amigos? Que amigos? — Violeta disse, parecendo desconfiar. — Nenhum deles?
— Eles?
Respiração de Violeta aumentou até que ela estava quase ofegante.
— Vampiros. — ela respirava. — Eles existem, você sabe. — disse ela desafiadoramente, como se assumisse que Emma não acreditaria nela.
Emma afirmou.
— Eu sei.
Violeta piscou.
— Você acredita em mim?
— É claro. Eu já fui à residência dos vampiros, a embaixada. Eu sei sobre Victor, e eu sei o que ele fez. — Emma se inclinou para frente fervorosamente.
— Victor está morto, Violeta. Ele não mais pode te machucar.
— Morto? — Violeta sussurrou em descrença. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela levantou a mão trêmula à boca. — Morto. — ela repetiu. Seu olhar brilhou ao encontrar o de Emma. — Então você não precisa de mim.
— Mas eu preciso. — Emma disse suavemente. — Eu preciso de você para me dizer o que aconteceu. Eu preciso saber quem eram os homens, para que eu possa fazê-los pagar.
Violeta fechou os olhos, como se sentisse dor. Ela ficou assim um longo tempo, e Emma pensou que ela tinha desmaiado. Mas, então, Violeta falou com uma voz surpreendentemente forte.
— Eu não quero que minha família saiba. Eles já sofreram bastante com isso.
Emma pensou rapidamente. Ela precisava de um lugar para se encontrar com Violeta, em algum lugar onde ela se sinta segura. A casa de Duncan era provavelmente a mais segura, mas claramente estava fora de questão. Mesmo que Violeta nunca estivesse estado na casa, havia vampiros demais. E Duncan nunca concordaria fazer isso na casa de Emma, não depois da outra noite. Droga. Bem, eles tinham que fazer alguma coisa. Duncan e seus vampiros provavelmente tinham casas em todo o lugar. Eles só precisavam que ter certeza que o que eles escolhessem não tivesse sido um lugar que Victor tinha usado para seus jogos pervertidos.
— Se você concordar em me ajudar venho buscá-la eu mesma. — Emma garantiu a Violeta. — Você pode dizer a seus pais que eu sou uma amiga. Eles vão ficar felizes que você está saindo. — Disse ela, sabendo que era verdade.
Violeta acenou cansada.
— Ótimo. Eu só quero acabar com isso. Eu quero minha vida de volta.
— Eu vou fazer o meu melhor. — disse Emma séria. Ela começou isso para buscar justiça para Lacey, mas eles não poderiam mais ferir Lacey. Eles ainda estavam ferindo Violeta Slayton, embora, e Emma iria para fazê-los parar.
Ela trocou números de telefone com Violeta, prometendo voltar a ter contato com ela logo pela manhã para marcar algo. Ela estava nervosa em deixar Violeta sozinha. Com medo de que alguma coisa pudesse acontecer. Com medo, sinceramente, que ela mudasse de idéia e corresse. Mas Violeta se recusou a ir com ela, então não havia nada Emma poderia fazer. Ela só podia confiar.
Até ela estar em seu carro, voltando para a Capital ela não tinha percebido o quão tarde já era. Em retrospecto, ela estava um tanto surpresa que Duncan ou um de seus homens não haviam ligado para descobrir onde ela estava. Isso realmente a preocupava um pouco. Tinha acontecido mais alguma coisa?  Alguma coisa que tinha deixado todos tão ocupados que eles não tiveram tempo para se preocupar com o seu paradeiro?
No próximo sinal vermelho, ela pegou o telefone celular e rolou até o número de Duncan. Foi a primeira vez que ela o chamou, desde que ele a tinha dado o seu cartão de visita há um pouco mais de uma semana atrás. Ela ficou surpresa ao perceber que não tinha mais tempo do que isso. Tanta coisa havia acontecido, não parecia possível que tinha passado tão pouco tempo.
A luz ficou verde e ela colocou o telefone entre a orelha e o ombro enquanto o número de Duncan ia direto para o correio de voz. Talvez fosse muito cedo para chamar. Afinal, o sol estava quase baixo, o céu ainda tinha luz no horizonte. Talvez os vampiros não fossem madrugadores ou o que você chama alguém que acordou com o pôr do sol.
O correio de voz de Duncan soou, a convidando-a a deixar uma mensagem. Ela pegou o telefone e o segurou contra o rosto.
 — Oi, Duncan. Aqui é Emma. Estou ligando pra avisar que estou a caminho e tenho notícias. Vou te contar quando chegar aí.
Ela fez uma pausa, de repente, sem saber como despedir. O Ok, tchau de sempre, realmente não encerrava. E o smack um beijo no telefone parecia banal, dado o calor entre eles. Ela tomou o caminho covarde e simplesmente desligou, jogando o telefone no assento do passageiro.
Ela e o super sexy Duncan iriam ter um coração-para-coração muito em breve. Talvez hoje à noite depois que ele ouvisse como ela tinha encontrado Violeta Slayton. Esta foi uma boa notícia para a sua investigação, uma notícia realmente boa. Uma pequena festa não seria inadequada. E qual a melhor maneira de comemorar do que finalmente ficar nu juntos?
Seu estômago apertou quando a imagem de Duncan seminu brilhou em sua mente. Ela subiu a ladeira a mais de 150km/h pisou fundo no acelerador. Ia ser uma noite muito boa.

Capítulo 20
 
Duncan observava seu prisioneiro, o infeliz que atacou Emma e quase matou Baldwin, mesmo sendo tão difícil matar um vampiro. Era apenas boa sorte que Duncan e Miguel haviam estado tão perto, e que Baldwin havia estado alerta o bastante para fazer Emma ligar para eles. Alguns minutos mais e ele teria sangrado até a morte, apesar de seus melhores esforços. E fora a ameaça à Emma... Que Duncan provavelmente não esqueceria... O ataque a um dos seus era algo que ele não perdoaria.
Exceto que este homem realmente era um infeliz que, se ele pudesse acreditar, havia escolhido a casa errada para roubar. E Duncan não tinha motivo para não acreditar nele. Até onde ele podia determinar, o homem estava contando a verdade. E havia poucos malditos vampiros mais habilitados para detectar mentiras entre humanos do que Duncan, especialmente quando ele deslizava para dentro da mente do humano e o deixava todo confortável e relaxado. Nesse ponto, não havia decepção restante no homem.
— Estou te dizendo a verdade, cara. — o prisioneiro reclamou pela enésima vez. — Eu não sei nada sobre nada.
— Então você diz. — Miguel rosnou.
— Porque é a verdade, cara. Eu vi o aviso de funeral e fui olhar a casa.
— Então, você rouba dos mortos, é isso?
— Eu não tenho vergonha disso. Um corpo está morto, o que importa se eu pegar as coisas dele? Ainda bem que sou eu. Lugar legal como aquele, eu imaginei que deveria ter alguma coisa de valor, então eu fiquei de olho lá, e quando ninguém veio para casa, eu fiz a minha jogada. Dois minutos depois, aquela piranha aparece e todo o inferno acontece.
— E você deu um tiro no meu homem. — Duncan disse tensamente.
— Sim, bem, merdas acontecem. Ele me assustou, só isso. Você não pode assustar um homem desse jeito.
— Eu vejo. Então é culpa dele que ele levou um tiro.
— Bem, sim, mais ou menos.
Duncan estudou o homem, se perguntando se ele não deveria retornar uma boa dose de medo para o humano, se não por outra razão a não ser para puni-lo por ser um verme tão grande.
— É possível que alguém o tenha pegado, Sire? — Miguel perguntou baixinho.
Duncan há havia considerado, e rejeitado, a possibilidade de que outro vampiro tivesse manipulado essa patética desculpa para um homem e mandado matar Emma.
— Não há sinal de adulteração. O problema é — ele admitiu, — que essa criatura realmente vai atrás dos mortos. Se alguém souber disso, seria muito simples direcioná-lo até Emma e deixá-lo fazer o que ele faz de melhor. A sugestão necessária seria tão leve que a menos que o vampiro seja um total idiota, o resultado seria praticamente indetectável, até mesmo para mim. Especialmente já que o humano honestamente acredita no que ele está nos contando.
Miguel franziu a testa.
— Então o que nós fazemos com ele? Ele quase matou o Baldwin.
Duncan concordou. Ele não podia apenas deixar o homem ir. Ele não havia matado ninguém ontem à noite, não que o Duncan soubesse, pelo menos, mas provavelmente era apenas uma questão de tempo antes que ele o fizesse. Por outro lado, não era a responsabilidade do Duncan proteger a raça humana dela mesma também.
— Eu não acredito que o nosso amigo aqui aprecie totalmente os perigos de sua profissão escolhida. Eu acho que uma pequena lição está em ordem, depois da qual você pode mandá-lo de volta para o mundo selvagem e deixar que a natureza tome o seu rumo.
Duncan largou o homem da posse que ele tinha sobre o seu cérebro, e viu o medo se restabelecer quando todas as reações químicas retornaram ao fluxo sanguíneo do homem.
— Que merda? — o humano disse, olhando ao redor com olhos arregalados e aterrorizados enquanto ele observava seu dilema. — Quem são vocês?
Miguel mostrou suas presas e sorriu para o homem em dificuldades. O cara ainda estava gritando quando Duncan deixou o porão e seguiu para o seu escritório, se perguntando tolamente onde Emma estaria. Já tinha passado uma hora depois do por do sol que eles haviam concordado. Ele sempre podia chamar o guarda que ele havia designado para ela e descobrir o que ela estava fazendo. Mas se algo significante tivesse acontecido o guarda teria ligado para ele já. Talvez ela tivesse que trabalhar até tarde ou talvez... Seu telefone tocou enquanto ele se sentava em sua mesa. Olhando para o identificador de chamadas, ele viu que era Jackson Hissong, o humano no comando de seus guardas diurnos. Duncan franziu a testa. Não era comum Jackson estar por aqui a essa hora.
— Jackson. — ele disse, respondendo. — Você está aqui tarde.
— Sim, meu senhor. Estou prestes a ir embora, mas o guarda designado a seguir Emma Duquet hoje acabou de reportar.
— Emma? — Duncan disse, alerta, mas não ainda alarmado, já que não havia tensão na voz do Jackson. — Algo aconteceu?
— Ela nunca esteve em perigo, meu senhor, mas ela não ficou exatamente sentada em seu escritório o dia inteiro, então eu pensei que você iria querer saber para onde ela foi.
— Bem, sim, — Duncan concordou. — Eu estou muito interessado em saber disso, Jackson.
* * *
Emma acenou para o guarda quando o portão se abriu e ela dirigiu para dentro da propriedade. Ela estacionou no lugar de sempre do lado direito da porta da frente e saiu do carro, deslizando sua bolsa e o laptop por cima do ombro. Ainda totalmente em frenesi de ter encontrado Violeta, ela praticamente saiu pulando pelas escadas.
Ela abriu a porta da frente e entrou, piscando em surpresa. A grande casa estava ainda mais barulhenta esta noite. Soava como se tivessem derrubando todo o lugar de dentro para fora, e tentando não ser muito organizado a respeito disso. Abaixando sua cabeça contra a possibilidade de detritos voadores, ela desviou de uma pilha de... o que era isso? Paredes, talvez. Paredes que haviam sido despedaçadas...
— Cuidado aí embaixo! — o aviso gritado soava de cima, e Emma caminhou rapidamente para dentro da antiga biblioteca mal conseguindo desviar da nova camada de detritos que caíram pela escadaria aberta e pousaram numa pilha crescente.
— Bom Deus. — ela murmurou, e olhou de volta no batente.
— Emma! Aí está você.
Emma olhou duas vezes quando Baldwin se juntou a ela no pequeno cômodo.
— Baldwin. — ela disse, examinando-o de cima a baixo. — Você parece... saudável.
Ele riu com a surpresa dela.
— Vampiro, docinho. Nós nos curamos como loucos, especialmente quando alguém como Duncan faz as honras.
Emma se lembrou de Duncan abrindo seu pulso para Baldwin beber.
 — O sangue do Duncan fez isso?
Baldwin assentiu, de repente sério.
— Duncan é super poderoso, entende.
Ela assentiu com a cabeça lentamente. Baldwin estava morrendo em seu chão ontem à noite. Isso era além de poderoso. Isso era malditamente incrível.
— Estou feliz que esteja bem. — ela conseguiu dizer.
Ele sorriu.
— Eu também.
— Eu, hum... — Emma procurou por algo para dizer. — Eu estacionei lá na frente. Eu devo estacionar lá atrás?
— Não. Me dê suas chaves. Eu farei isso.
— Tem certeza?
— Claro. Você está trabalhando com o Louis, certo? Eu levo as chaves, mas o chefe quer vê-la antes. Ele deixou um aviso e não parecia muito contente sobre isso.
— Não? — Emma perguntou, mais curiosa do que preocupada.
Baldwin ofereceu um olhar solidário.
— Não se preocupe, querida. Ele gosta de você, então não será tão ruim. Você está com as chaves?
Ela pegou suas chaves e as entregou.
— Obrigada. — ela disse fracamente.
Ele pegou as chaves, dando-lhe uma piscadela antes de desaparecer do lado de fora. Emma ficou na segurança relativa da antiga biblioteca por um momento, meditando sobre o aviso de Baldwin. Então, Duncan estava infeliz com ela? Ok, então ela havia ido trabalhar e voltou correndo pra cá, como uma boa abelhinha operária. E talvez estivesse um pouco atrasada, e talvez ele tenha ficado preocupado, mas ela havia ligado. E havia encontrado Violeta Slayton, o que era uma grande coisa, se pelo menos alguém ouvisse. Não era isso que ela tinha que estar fazendo? Tudo isso não era o mais importante?
Mentalmente endireitando seus ombros, e meio irritada que a sua boa notícia estava sendo pisoteada pelo ego do Duncan, ela deu um único passo para fora da antiga biblioteca, olhou para cima cuidadosamente, e então correu para as escadas.
Duncan estava no telefone quando ela colocou a cabeça pela porta entreaberta de seu escritório. Ela já tinha começado a voltar para o corredor, quando ele pegou seu olhar e apontou para a cadeira na frente de sua mesa. Não que ela tivesse que obedecê-lo, mas seria muito covarde fingir que não havia visto ou entendido o seu gesto. E por qual motivo ela estava preocupada de qualquer forma? Ela sentou na cadeira designada e desejou que tivesse trocado de roupas antes de vir aqui. Pelo menos então ela poderia ter afundado casualmente ao invés de sentar reta em sua saia lápis e saltos como uma Madame.
Duncan a ignorou quando ela chegou à cadeira. Ele estava sentado paralelo à mesa e falando com alguém sobre o que soava como reforma da casa. Algo sobre o porão e um jazigo e lençol freático. Ela bocejou com vontade. Um sinal que Duncan obviamente entendeu e não gostou, se o olhar que ele deu a ela fosse uma indicação. Meu Deus. Que arrependimento.
Emma estava sentindo-se mais beligerante a cada momento que esperava que Duncan saísse do telefone. Quem ele pensava que era? Ela não trabalhava para ele. Aqui ela havia conseguido ter o maior avanço que eles até agora, e estava se sentindo como uma garotinha desobediente. E tudo porque ela havia tomado a iniciativa, ao invés de esperar por horas pela permissão de Duncan. Como se ela precisasse disso? Ela acumulou uma boa dose de raiva e ira quando Duncan desligou e jogou o telefone na mesa. Ele ficou de pé e caminhou até a porta, fechando-a em silêncio.
Emma o seguiu com os olhos até onde pôde, mas se recusou a alimentar o seu ego e se virar na cadeira para vê-lo fechar a porta às suas costas. Ela estava primorosamente consciente dele, no entanto, especialmente quando ele chegou bem atrás dela e disse,
— Como foi o seu dia, Emma?
— Ocupado. — ela disse bruscamente. — Como foi... — ela pulou quando ele colocou as mãos em seus ombros, deslizando-os pelos braços e cobrindo suas mãos, prendendo-a na cadeira.
Duncan se inclinou mais perto, seus lábios mordiscando sua orelha antes dele dizer baixinho: — Ocupado fazendo o quê?
Emma ficou totalmente parada. Ela podia sentir a força das mãos dele sobre as dela, os músculos em seus braços e peito enquanto ele a cercava. O cabelo dele estava solto, e roçava contra a bochecha dela como mechas de seda quente. Ele era o homem mais sexy, mais lindo que ela já conheceu, e se eles tivessem uma hora a mais na noite passada, teriam transado como coelhos. Mas havia algo nele essa noite que fez o seu cérebro animal, primitivo parar e gritar perigo!
— Duncan? — ela disse.
— Sim, Emma?
— Você está bravo comigo?
Seus lábios tocaram sua têmpora em um beijo suave.
— Por que eu estaria bravo? — ele murmurou. Seus lábios percorrendo sua mandíbula, chegando próximo do canto de sua boca antes de se mover novamente para a pele macia embaixo da orelha.
Emma estava tendo dificuldade em respirar, e seu coração estava batendo tão forte que ela tinha certeza que ele podia vê-lo batendo por debaixo de suas roupas. Como se ele tivesse ouvido seu pensamento, Duncan ergueu uma de suas mãos das dela e deslizou seus dedos sob a gola de sua camisa e ao longo de sua clavícula, provocando, até que o seu toque roçou a parte superior de seus seios. Emma fechou os olhos e deixou a cabeça cair para trás contra seu peito.
— Me diga, Emma. — Duncan disse com sua voz um sussurro da meia-noite contra seu ouvido, prometendo todos os tipos de prazeres pecaminosos. — Você aproveitou a sua visita a Alexandria?
Emma congelou.
— O quê?
— E Violeta Slayton, isso foi muito inteligente de sua parte, exceto...
— Exceto o quê? — ela se endireitou, seu corpo abruptamente dividido entre o desejo ainda bombeando pelo nervosismo e raiva que ele de alguma forma sabia cada passo que ela havia dado hoje. Ela tentou se afastar dele e se encontrou sendo levantada da cadeira, o domínio sobre seus braços cuidadosos, porém indestrutíveis enquanto ele a girava e olhava feio para ela. Seus olhos castanhos não eram mais apenas quentes; eles estavam queimando, com aquele brilho de bronze os iluminando por dentro.
— Exceto que Tammy Dietrich trabalha para Max Grafton. — ele grunhiu. — O mesmo Max Grafton que nós sabemos que estava conectado ao Victor e suas festas imundas.
Emma não sabia sobre a conexão de Dietrich com o Grafton. Sua própria averiguação não havia mostrado ligações óbvias entre eles, mas se houvesse uma, era significante. Ele estava certo sobre esse tanto. Não que ela fosse admitir isso.
— Isso não significa nada. — ela argumentou em tom desafiador. — Um cara como o Grafton tem toneladas de advogados fazendo o trabalho para ele. Ela poderia...
— Ela é a maldita irmã dele, Emma. E ele é seu único cliente. O que isso lhe diz?
— Espera. — Emma disse, tentando se concentrar quando Duncan ainda estava segurando-a tão próximo quanto a uma amante, apesar de ele estar além de bravo com ela. Algo não estava certo nisso. Se ela apenas pudesse...
De repente tudo se encaixou.
— Como você ficou sabendo sobre a Dietrich? Eu nem mesmo sabia sobre ela até hoje cedo quando averiguei o livro de enlutado e liguei... Você pôs uma escuta no meu telefone? É isso?
— Não seja ridícula.
— Então como...
— Eu não preciso por uma maldita escuta em seu telefone. Eu coloquei um segurança com você.
— Você está me seguindo? — ela se empurrou para longe de seu peito, mas mesmo assim ele não a soltou.
— Claro que sim, alguém quase a matou ontem à noite. — ele grunhiu.
— Você não sabe disso. — ela insistiu. — Ele não puxou a arma até que eu...
— Jesus Cristo, Emma. — ele explodiu. — Você tem que estar morta e sangrando antes de me deixar ajudá-la?
Emma o encarou chocada. Ela nunca havia visto Duncan perder o controle desse jeito. Não quando eles encontraram o corpo da Lacey, nem mesmo quando o seu homem estava sangrando no chão da casa dela.
— Você tem me ajudado. — ela disse baixinho. — Eu não teria sobrevivido nada disso sem você.
Duncan suspirou e afrouxou seu aperto nela um pouco, passando seus dedos sobre a bochecha dela.
— Eu não quero perdê-la, Emmaline. Não dessa forma.
— Você não vai me perder. — ela descansou sua testa contra a bochecha dele, respirando o cheiro dele. — Além disso, — ela acrescentou baixinho, e olhou para cima para encontrar os olhos dele. — você me deve horas de sexo quente e incrível.
Duncan ficou parado, seu olhar quente e atento, mas não com raiva dessa vez.
— O que prometi foram horas fazendo amor, não simplesmente sexo. — ele murmurou, roçando seus lábios sobre os dela, antes que seus dentes se fechassem gentilmente sobre o lábio inferior. — Há uma diferença, querida.
Então ele a beijou, e Emma descobriu que realmente havia uma diferença. A boca dele era suave no início, seus lábios mal se encostando aos dela, como se estivessem procurando entrada. Seus lábios se abriram com um suspiro, e ele se moveu para o golpe fatal, a boca dele vindo com força e exigência enquanto seus braços se apertaram ao redor dela.
Emma encontrou sua demanda com uma ferocidade só dela, sua língua se reunindo com a dele em uma dança em busca do domínio, enquanto ela erguia seus braços ao redor do seu pescoço e passava os dedos debaixo de seu longo cabelo, contra o seu couro cabeludo. Ele mordiscou seu lábio de novo, com mais força dessa vez, e riu contra sua boca quando ela o mordeu de volta com um rosnado baixo.
— Mulher cruel. — ele murmurou, puxando sua camisa para fora de sua saia apertada e correndo seus dedos por suas costas nuas até seu sutiã, que abriu com um rápido movimento de seus dedos.
Emma gemeu quando seus seios foram liberados de seu confinamento, se esfregando contra o peito dele, saboreando os rígidos músculos contra seus mamilos sensíveis. Ela agarrou a parte inferior de sua camisa e puxou para cima, querendo um pouco de pele. Ele praguejou baixinho, mas a soltou por tempo suficiente para tirar a camisa por cima de sua cabeça e jogá-la de lado. Emma tirou sua jaqueta e camisa de uma vez só, deixando-as cair atrás dela enquanto seu sutiã deslizava por seus braços.
— Linda. — Duncan sussurrou, e cobriu seus seios com suas grandes mãos, seus polegares acariciando seus mamilos até que estavam firmes, escuros e implorando para serem sugados.
Mas Duncan tinha outros planos. Emma resmungou quando ele abandonou seus seios, suas mãos indo em direção à sua bunda, enquanto ele a pressionava contra sua ereção, apertando-a enquanto ele bombeava contra ela. A boca dele estava por todo seu pescoço, lambendo e sugando até que ela pensou que iria enlouquecer. O que ela tinha pensado em chamá-lo na outra noite? Um provocador de buceta? Um provocador de clitóris? O que quer que fosse, ainda estava fazendo isso... E ainda estava tentando deixá-la louca.
— Duncan. — ela resfolegou.
A única resposta dele foi um zumbido quando ele se inclinou para tomar um mamilo duro em sua boca, finalmente.
Emma gemeu, agarrando os cabelos dele e o segurando contra ela no caso dele pensar em fugir. Ela lutou para recuperar o fôlego, desejando que tivesse usado uma saia diferente, ou nenhuma saia, para que pudesse colocar as pernas ao redor de seus quadris e sentir aquela longa e dura ereção entre suas coxas. Ela iria gozar apenas com a sensação contra o seu sexo inchado. Ela sabia disso.
— Duncan. — ela disse de novo, puxando uma respiração com força enquanto ele raspava os dentes sobre o mamilo e ela sentiu as pontas afiadas de suas presas contra sua pele tenra. Ela deu um suspiro de prazer. — Sabe aquelas horas que você falou?
Sua língua lambia seu seio, acalmando o ardor de suas presas.
— Humm. — ele disse enquanto mudava para o outro seio, seus dedos continuamente acariciando aquele que ele estava deixando para trás.
— Você acha... Ah meu Deus. — ela engasgou quando a boca dele se fechou sobre o segundo mamilo inchado e ele sugou com força, puxando metade de seu seio para o calor de sua boca. Ela quase teve um orgasmo bem nessa hora quando o prazer se atirou ao longo de suas terminações nervosas como um raio. Isso foi direto para o seu clitóris, que ela jurava que podia sentir cada centímetro das veias do pênis de Duncan, apesar de duas camadas de roupas entre eles. Emma gemeu de frustração e deu um puxão firme em seu cabelo.
Ele olhou para ela, seus olhos tão quentes com a cor que ela estava maravilhada que ele conseguia ver algo.
— Nós podemos foder primeiro? — ela se ouviu dizer. — E fazer amor depois? Por favor?
Duncan a encarou por dez segundos, e então mostrou seus dentes em um sorriso lento e malévolo. Mais rápido do que Emma poderia ter pensado possível, ele agarrou sua saia e empurrou até sua cintura, seus dedos deslizando ao longo de suas coxas nuas antes de movê-los para arrancar sua calcinha. Tão rapidamente quanto, ele a ergueu para a cintura dele, colocando as pernas dela em volta de seus quadris, enquanto a empurrava contra a parede. Ela sentiu o breve toque de sua mão entre eles, e então seu pênis estava livre, deslizando ao longo de suas dobras encharcadas entre suas coxas, atormentando o seu clitóris já necessitado. Outro toque de sua mão enquanto ele se posicionava, e então uma longa e firme estocada e ele estava até as bolas dentro dela. O corpo inteiro de Emma estremeceu com um desejo tão intenso que ela mordeu o ombro dele para engolir seus gritos. Duncan bombeou uma, duas vezes, e então Emma já estava gozando com mais força do que já tinha feito antes, sua cabeça jogada pra trás, dentes enterrados profundamente em seus lábios para não deixar que a casa inteira soubesse que ela estava sendo fodida contra a parede e amando cada minuto disso.
Duncan a segurou enquanto ela tremia após o orgasmo, solavancos de sensação continuavam a se disparar ao longo de cada terminação nervosa. As mãos dele estavam segurando seu traseiro nu, o peito dele esmagando seus seios enquanto ele a segurava contra a parede. E então começou a se mover novamente... estocadas longas, lentas de seu eixo grosso que deixou as paredes de sua buceta arrepiada de prazer, ondulando ao longo de seu pênis enquanto ele a erguia mais alto e enfiava ainda mais fundo dentro dela. Emma tencionou seus músculos internos, apertando e acariciando-o, acolhendo a sua deliciosa penetração.
Duncan sibilou quando o sexo dela se apertou ao redor de sua ereção, e então gemeu quando começou a bombear mais rapidamente, seus quadris batendo com os dela como um tapa na pele nua, a boca dele se movendo sobre o seu pescoço até que ela sentiu a mordiscada de seus dentes sobre a sua jugular. Os batimentos cardíacos de Emma dispararam com partes iguais de medo e excitação quando ela sentiu o raspar leve de suas presas, e então o medo e todas as outras emoções sumiram quando um súbito calor queimou o sangue em suas veias, enquanto o êxtase primitivo se atirou ao longo de cada nervo em seu corpo, tudo isso se acumulando no pequeno músculo de seu clitóris. Suas paredes vaginais convulsionaram ao redor da espessura do pênis do Duncan, e ela ouviu um ruído agudo alto vindo de sua própria garganta, enquanto ela lutava para não gritar, prendendo o som em seu peito onde ele ganhou vida própria lutando para sair. Ela ofegou e procurou ar enquanto Duncan continuava a estocar dentro dela, até que finalmente ela sentiu uma onda de calor úmida e ele rugiu a sua chegada.
Eles ficaram abraçados um ao outro, ofegantes, corações bombeando em uma batida única. As pernas de Emma ainda estavam presas ao redor de sua cintura, os braços dela segurando sua cabeça enquanto ele acariciava seu pescoço onde Emma estava bem certa que não havia mordido ainda. Ele mordiscou sua pele, mas ela não achava que ele havia realmente tirado sangue. Ele disse a ela que sexo vampírico era viciante porque a mordida deles dava uma sensação muito boa, mas ela não conseguia imaginar que sexo com Duncan pudesse ser ainda mais intoxicante do que ela havia acabado de experimentar. Ela nunca mais queria deixá-lo sair da cama. Falando nisso, ela pensou com um sorriso, ela já não queria.
O bombeamento de sangue se acalmou o suficiente para que Emma pudesse ouvir novamente, então se tornou consciente do barulho de construção do lado de fora do escritório de Duncan... Os gritos de seus homens, a queda de materiais enquanto destruíam a casa. Ela gemeu, percebendo que eles provavelmente haviam ouvido tudo.
Duncan deu uma risadinha, sua boca mordiscando seu pescoço mais uma vez antes dele erguer sua cabeça e encontrar seu olhar. O cabelo loiro estava pendurado em sua testa e seus olhos brilhavam com um bom humor presunçoso.
— Eles não nos ouviram, Emma. Esse cômodo é insulado para privacidade, e, além disso, você estava muito ocupada me mordendo para gritar.
O rosto de Emma esquentou de vergonha, mas então ela disse: — Mas... você não me mordeu?
— Não mordi. — ele disse, confirmando suas suspeitas.
Emma franziu a testa.
— Por que não?
Quando Duncan ofereceu a ela um olhar confuso, ela disse: — Quer dizer, você disse que sexo e sangue são conectados pra vocês, e que...
— Eu nunca tiraria sangue de você sem perguntar primeiro, Emma. E já que você exigiu que nós fodêssemos imediatamente — ele acrescentou, com um sorriso. — não tive tempo para perguntar.
Emma corou com o lembrete, e estava repentinamente consciente de que ele ainda estava segurando-a contra a parede e que ela estava mais do que meio nua. Seu rubor aumentou.
— Hum, você provavelmente pode me descer agora.
— Eu acho que não. — Duncan disse. Ao invés de soltá-la, ele aumentou o seu aperto e, sem avisar, se virou da parede e começou a atravessar o cômodo.
Emma gritou de surpresa, seus braços agarrando seu pescoço.
— O que você está fazendo? — ela exigiu.
— Estou mantendo minha promessa. — ele disse carregando-a ao redor de sua mesa e para outra porta, que ela presumiu ser um armário até ele dobrar de leve seus joelhos e abri-la com uma mão.
— O quê...
Duncan entrou em um cômodo adjacente e fechou a porta atrás deles. Emma olhou ao redor enquanto luzes suaves se acendiam. Eles estavam em um quarto. Um quarto enorme, com cortinas pesadas cobrindo as janelas e uma cama enorme. Meu Deus.
Duncan a colocou no meio da grande cama e imediatamente começou a tirar o que restava das roupas dela. Sua jaqueta e camisa foram embora, assim como seus sapatos, e sua roupa de baixo que não eram nada, a não ser renda retalhada no chão em algum lugar de seu escritório. Ele abriu o zíper de sua saia, que estava embolada ao redor de sua cintura, e então a puxou para fora e observou pensativo a sua meia-calça que ia até a sua coxa.
— Eu gosto dela. — ele disse, e então tirou seus sapatos e empurrou sua calça jeans pra baixo, saindo delas para revelar duas coisas... Um: ele não estava usando cueca... E isso não era a coisa mais sexy? E dois: vampiros não precisavam de tempo de recuperação entre ereções. Seu pênis estava longo, grosso e lindamente excitado, endurecendo ainda mais quando ela o encarou, como se estivesse gostando da atenção.
Duncan se ajoelhou na cama e correu suas mãos nas pernas dela, acariciando suas panturrilhas embaixo da seda de sua meia-calça, abrindo suas coxas enquanto o seu toque se movia pela pele delicada entre suas pernas. Emma sentiu seu rosto esquentar enquanto ele abria ainda mais suas coxas, enquanto seu olhar caloroso se acomodava nas dobras inchadas de seu sexo. Ele ergueu a cabeça para encontrar seus olhos, e então lambeu seus lábios lentamente, deliberadamente.
Emma resfolegou, sentindo seu rosto ficar ainda mais quente quando ele se esticou entre suas pernas e espalmou seu traseiro, seus polegares vindo para abri-la totalmente. Sua respiração ficou presa quando ele percorreu sua língua pelas dobras de sua abertura. Ela já estava molhada e lisa dos orgasmos fulminantes que Duncan havia dado a ela, e ele lambeu-a como sorvete, sua língua mergulhando em seu núcleo estremecido, deslizando ao longo de cada vinco e dobra até que ele finalmente lambeu seu clitóris tão sensível. Seus músculos estremeceram em reação e ele fez isso novamente, circulando ao redor e sobre esse acúmulo apertado de nervos em um padrão imprevisível, atormentando-a.
Emma agarrou os cabelos dele com sua mão, sua necessidade tão avassaladora, que ela se esqueceu de ficar envergonhada, muito focada em decidir se queria segurá-lo no lugar ou empurrá-lo para longe. Sua cabeça estava jogada pra trás, seus olhos fechados, enquanto ela lutava para processar a sobrecarga de sensações. Não apenas da boca dele em sua buceta, ou de sua língua perversa provocando seu clitóris, mas a pressão de seus ombros grandes contra suas coxas, o deslizar sedoso de seu cabelo contra a sua barriga. Mas ainda mais, o simples fato de que era Duncan fazendo essas coisas.
— Duncan — ela sussurrou, querendo dizer a ele que era muito, que ela não conseguia aguentar tantas sensações diferentes de uma vez. Mas como se antecipando o seu protesto, ele repentinamente sugou com força o seu clitóris, pegando-o em sua boca como um pedaço suculento de fruta.
O orgasmo disparou por ela sem aviso prévio, seu abdômen apertando com força enquanto seus músculos internos ondulavam, tentando segurar um pênis que nem mesmo estava lá. Ele a levou a um clímax com apenas sua boca, e um êxtase inacreditável a atingiu por completo. Emma gritou, incapaz de segurar, sem se importar mais se alguém ouvisse.
* * *
Duncan agarrou firme o traseiro de Emma, bebendo do doce néctar de seu orgasmo enquanto ela convulsionava embaixo dele. Deus, ela estava molhada. E tinha um sabor tão bom. Seu creme era quase tão bom quanto a pequena degustação do sangue que ele teve de seus seios mais cedo. Foi necessário um autocontrole supremo para ele se satisfazer com apenas o aroma de seu sangue, mordiscando a pele acima de sua veia e sabendo que logo teria o sangue de Emma escorrendo como veludo líquido em sua garganta.
E ela estava tão pronta para ele. Quando ele roçou a ponta de suas presas contra sua pele, ela não se afastou, não havia gritado de medo. Ele sentiu a onda de excitação enquanto o coração dela se acelerava, enquanto seu sangue bombeava com mais força, enchendo sua veia em antecipação de sua mordida.
Ela iria gozar tão lindamente quando ele finalmente a mordesse. Assim como ela estava gozando para ele agora.
Ele acariciou com sua língua o seu clitóris pela última vez, e então ficou de quatro, rondando seu corpo até que seu eixo se aninhou entre as pernas dela. Ele se abaixou e sugou a ponta de um seio cheio e macio em sua boca, e os olhos violetas de Emma se abriram. Eles estavam vidrados e quase com uma cor lavanda devido a luxúria, enquanto ela sorria para ele. E ele foi.
Ele estendeu a mão e posicionou seu pênis contra sua abertura, em seguida, empurrou com força seus quadris, se enterrando profundamente dentro dela. Suas paredes internas, ainda pulsando com o clímax dela, pulsaram ao longo de seu comprimento, cercando-o em calor líquido. Ele se abaixou em cima dela, tomando a sua boca enquanto ele flexionava seus quadris, deleitando-se com a fricção do seu canal acetinado contra seu pênis enquanto ele se movia para dentro e para fora dela, a sensação de seus seios fartos, seus mamilos grandes e inchados... Duros como pedras cobertas com veludo contra seu peito.
Emma colocou seus braços ao redor de seus ombros enquanto ele a beijava, as pernas dela se cruzando nas costas dele enquanto ela começava a erguer seus quadris para encontrá-lo. Ele grunhiu e começou a entrar com mais força, querendo que ela chegasse ao clímax novamente, querendo sentir o corpo dela se apertar ao redor de seu pênis, enquanto seus gozos se derramavam quentes e molhados.
— Emma. — ele sussurrou contra o pescoço dela, aspirando o aroma hipnotizador do sangue dela tão próximo. Ele passou sua língua por cima da veia, sentindo o sangue se apertar em seu confinamento, implorando pelas suas presas.
— Emma. — ele repetiu intensamente.
Emma gemeu, então lambeu seus lábios lentamente. Seus olhos abriram e encontraram os seus diretamente.
— Pode fazer. — ela sussurrou.
Duncan deu uma estocada com força.
— Tem certeza?
— Sim. Por favor, Duncan. — ela virou a cabeça para um lado, expondo seu pescoço, esticando-o em convite.
Duncan sibilou, suas pálpebras caindo pesadamente quando a fome movida pela luxúria rugiu ao longo de cada nervo e em cada músculo. Ele inclinou sua cabeça até o pescoço dela, a boca dele infalivelmente indo para o inchaço grosso da jugular. Usando apenas seus lábios, ele sugou com força na veia, enchendo-a ainda mais, puxando-a para a sua boca sem quebrar a pele. Emma resfolegou, e ele sorriu. Ele esfregou a superfície afiada de suas presas ao longo do pescoço dela, deslizando-as para frente e para trás, provocando-a. Os dedos de Emma se afundaram em seus bíceps e o coração dela, que já estava batendo com força, começou a acelerar. Um tremor repentino de excitação deixou seus músculos internos tensos, ondulando-os ao longo de seu pênis, ainda revestidos com seu interior.
Ele ergueu a cabeça e enfiou suas presas na veia dela, gemendo com o fluxo grosso e doce de sangue, perfumado com a excitação, tão rico como mel. As mãos de Emma se moveram de seus ombros para pegar a sua nuca, segurando a boca dele contra ela. Ela gritou em surpresa quando a euforia de sua mordida atingiu a corrente sanguínea dela, como se ela estivesse assustada com a própria resposta de seu corpo. A ondulação do músculo ao longo de seu eixo aumentou de velocidade, e Duncan começou a empurrar com mais força e mais rápido, impulsionado tanto pela necessidade da Emma, quanto pela sua própria. Seus lindos olhos violetas se abriram e ela o olhou.
— Ah, meu Deus. — ela sussurrou, e então foi empurrada para o limite quando seu corpo pequeno e quente tencionou, apertando o seu pênis com tanta força que ele mal conseguia se mover. Emma gritou quando o orgasmo chegou para os dois, quando seus próprios gemidos se misturaram com os gritos dela de prazer, e ele atirou a sua liberação profundamente dentro do útero dela.
Duncan ficou deitado em cima dela, respirando com dificuldade, sabendo que deveria se mover. Ele era pesado, e por causa de sua altura, Emma era delicada. Mas ele não conseguia encontrar força para se erguer. Ele ficou deitado por mais um momento, os braços da Emma ainda segurando-o, seus tornozelos presos em cima de sua bunda. Finalmente, ele alcançou atrás dele e ergueu uma das pernas dela. As coxas dela se abriram como se não houvesse força restante em seus músculos. Duncan sorriu e se moveu para o lado, levando-a com ele para que ela deitasse contra o seu peito, na curva de seu braço.
Eles ficaram dessa forma por um longo tempo, em silêncio, a respiração deles lentamente retornando ao normal.
— Você está bem, Emmaline? — ele perguntou, esfregando seu queixo em seu cabelo cheiroso.
— Bem? — Emma murmurou preguiçosamente. — Bem nem chega perto. Em êxtase, talvez. — ela ergueu a cabeça o bastante para lamber o mamilo dele. — Me diga uma coisa. — ela disse. — Eu tenho permissão para mordê-lo também? — seus dentes se fecharam sobre o mamilo dele, enfatizando suas palavras.
Duncan grunhiu, alcançando o traseiro dela e apertando-o em aviso.
— Apenas lembre-se, minhas presas são mais afiadas, e você é muito saborosa.
— Humm. Bem, não estou reclamando. Contanto que eu possa mordê-lo também.
Duncan estremeceu com prazer.
— Fique à vontade, querida. Eu sou todo seu. — ele percebeu enquanto dizia as palavras que era verdade. Emma Duquet tinha de alguma forma, conseguido fazer o que nenhuma mulher havia conseguido desde que sua mulher havia morrido quase duzentos anos atrás. Ela havia entrado em seu coração.
Emma deu uma lambida brincalhona em seu mamilo, então sentou-se e, cantarolando baixinho, montou em seus quadris. O calor molhado de seu sexo provocou a base de seu pênis enquanto ela se mexia pra frente e pra trás acima dele, suas mãos posicionadas no peito dele, seus seios balançando tentadoramente fora de seu alcance. Ele se inclinou pra frente e pegou um em sua boca, sugando com força antes de ela sair novamente de seu alcance.
— Você está forçando a sua sorte. — ele avisou, seu olhar pesado enquanto a observava.
— Troca de favores. — ela murmurou.
Duncan franziu a testa brevemente, mas decidiu que não se importava com o que ela queria dizer. Tudo que ele se importava era com sua boca naqueles lindos seios e seu pênis dentro dela mais uma vez.
— Venha aqui. — ele disse, agarrando seus quadris.
— Não, não. — Emma respondeu, continuando a se mexer, mas se inclinando pra trás para que ele não conseguisse alcançar seus seios.
— Emma.
— Sim? — ela disse docemente.
Em um único movimento, ele virou-a sobre e sob ele, enterrando-se profundamente dentro dela, exatamente onde queria estar. Emma ofegou com surpresa e então gemeu quando ele começou a se mover, se esfregando contra seu clitóris cada vez que ele se entrava em sua buceta apertada.
— Eu te avisei. — ele murmurou, então abaixou sua cabeça e mordeu a ponta de um mamilo inchado, deixando suas presas rasparem contra a suave pele de seu seio até que o sangue jorrou. Ele lambeu o sangue, e Emma estremeceu com prazer que combinava com o seu, enquanto ele saboreava o seu doce sangue em sua língua. Ele começou a enfiar com mais força, querendo senti-la quente e apertada enquanto ela gozava ao redor de seu pênis mais uma vez, estabelecendo de uma vez por todas que ela era dele e de mais ninguém. Os músculos do estômago dela tremeram quando o orgasmo começou a rasgar dentro dela, as convulsões estremecendo através de seu útero e percorrendo ao longo das paredes lisas, cercando seu pênis. Seu sexo se apertou ao redor dele, alternadamente apertando e soltando o seu pênis enquanto ele continuava a deslizar dentro e fora dela, roçando contra o seu clitóris inchado.
Emma gritou seu nome quando gozou desta vez, suas unhas arrancando sangue ao longo de suas costas, suas pernas esmagando o fôlego de seu corpo. Duncan sentiu sua própria liberação crescendo quando seu saco se apertou e suas bolas ficaram pesadas. De repente, Emma mordeu seu ombro forte o bastante para tirar sangue, e com um grito ele ultrapassou o limite quando o orgasmo tomou conta dele.
Duncan não pensou que pudesse se mover. Cento e cinquenta anos fazendo amor com as mulheres mais lindas no mundo, e pela primeira vez ele realmente se sentia drenado. Não que ele fosse ter problema para levantar de novo se Emma estivesse com vontade. Ele ergueu sua cabeça e a olhou, tirando uma mecha de cabelo de sua bochecha molhada. Ele sorriu e imaginou que ela não estaria pedindo uma repetição por um tempo, pelo menos. Movendo-se com cuidado, ele deslizou para o lado, puxando-a com ele. Ela suspirou e se acomodou contra o seu corpo, sua cabeça em seu ombro.
Uma poderosa onda de protecionismo inundou seus sentidos e ele teve que lutar para manter seus músculos relaxados e soltos para que ela não notasse. A urgência para acasalar, de torná-la dele, havia sido aliviada agora que ele a havia tomado de corpo e sangue. Ela podia não saber ainda, mas Emma Duquet pertencia a ele. Nenhum outro vampiro iria ousar tocá-la, ou eles iriam encarar a sua fúria. E sua fúria seria uma coisa terrível quando se tratava de Emma.
* * *
O toque do seu celular agitou Duncan ao estado de alerta. Emma havia adormecido e ele não queria perturbá-la, então a abraçou enquanto ela dormia e deixou sua mente continuar a trabalhar os muitos detalhes que exigiam sua atenção nestes dias. Tudo desde a sua construção em progresso, a questão dos assassinos de Lacey, até o problema mais importante que era a segurança de Emma. Se dependesse dele, ela não deixaria a casa até que ele soubesse que todos os responsáveis pela morte de Lacey tivessem sido lidados e não fossem mais uma ameaça. Seu modo preferido de assegurar a sua segurança era o mais permanente, apesar de que, racionalmente, ele entendia que levantaria suspeita se vários oficiais eleitos morressem todos de uma vez. Então ele mataria o pior deles e se asseguraria que os outros deixassem a cidade. Por agora.
Emma se agitou com o som do telefone, seus olhos se abrindo lentamente. Ela endureceu, provavelmente percebendo que não era a sua própria cama. E então, para o seu grande prazer, relaxou contra ele. Isso fez algo com seu coração, ao saber que acordar ao lado dele a fazia se sentir segura o bastante para relaxar.
— Provavelmente é Miguel. — ele disse, beijando o topo de sua cabeça. — Eu devo falar com ele.
Emma sentou-se, em seguida, se inclinou para lhe dar um beijo profundo, seus seios nus balançando perto o suficiente para que ele pudesse pegar um na mão, sorrindo quando seu mamilo imediatamente endureceu em resposta. Ela cantarolou de prazer e se empurrou contra a mão dele antes de se afastar.
— Diga a Miguel que ele tem uma noção péssima de tempo. — ela disse, então saiu da cama e seguiu para o banheiro.
Duncan observou seu traseiro bem torneado até que ela fechou a porta, então saiu caminhando para o outro cômodo para recuperar seu telefone na mesa. Ele não tinha, na verdade, que atender para saber que era Miguel ligando para ele. A conexão entre Criador e sua cria vampiro era muito forte, especialmente quando o Criador era tão poderoso como Duncan.
— Miguel. — ele disse, respondendo ao telefone.
— Sire. — Miguel disse cuidadosamente. — Eu não quero interromper...
— Você não está. — ele garantiu ao seu tenente. Se realmente fosse uma interrupção, Duncan nem teria respondido.
— Meu senhor, o guarda que nós tínhamos com a Srta. Duquet hoje me disse que ela passou muito tempo com Violeta Slayton.
— Entendo. — Duncan disse. — Emma e eu nos juntaremos a você na sala de monitoramento daqui a pouco.
— Obrigado, Sire.
Duncan desligou, sorrindo da discrição do Miguel. O que ele havia contado a Emma sobre o quarto ser à prova de som era verdade. Nenhum de seus vampiros teria ouvido o que estava acontecendo. Mas isso não significava que seus cérebros haviam parado de funcionar. Mesmo sem a ligação de sangue com ele, eles teriam detectado fortes emoções sendo geradas. Quando alguém acrescentasse essa ligação junto ao resto, saberiam muito bem o que Duncan estava fazendo esta noite.
Emma saiu do banheiro, seus lindos seios e tudo mais à toda mostra. Ela olhou para ver Duncan observando-a faminto.
— Pare com isso. — ela chamou sua atenção. — Ou nós nunca sairemos desse quarto.
— Isso seria uma coisa ruim?
Emma riu.
 — Eventualmente você se cansaria de mim.
Duncan cruzou o quarto até ela em duas longas passadas, deslizando seu braço ao redor de sua cintura e puxando-a firmemente contra o seu corpo.
— Nunca. — ele sussurrou entre beijos mordiscados em seu ouvido e em seu pescoço. Emma enroscou seus braços ao redor dele com um gritinho faminto, e inclinou sua cabeça contra seu ombro, dando a ele acesso total ao pescoço. Ela estremeceu quando ele mordeu o lóbulo de sua orelha, e seus mamilos cutucaram o peito dele.
— Você é um homem muito mau, Duncan. — ela sussurrou com sua respiração quente contra a sua pele.
— Eu nem mesmo sou um homem, Emma. E enquanto alguns podem me considerar mau... Eu sou muito bom no que faço.
— E o que é isso? — ela perguntou, beijando o ombro dele antes de se afastar para oferecer a ele um olhar curioso.
— Eu cuido das pessoas que são importantes para mim, e especialmente aqueles que considero meus. — ele beijou sua boca macia. — E você, Emmaline, é, com certeza, minha.

Capítulo 21
 
— Eu não quero que a incomodem. — Emma disse pelo que pareceu ser a centésima vez. Ela estava sentada no escritório improvisado junto com Duncan e vários de seus vampiros, incluindo Phoebe. A cadeira era dura e desconfortável, o cômodo era frio, e ela estava cansada até os ossos. Ela esteve acordada a maior parte da noite anterior, havia trabalhado o dia todo hoje, dirigido até a casa de Violeta Slayton e voltado, e então passou duas horas vigorosas com Duncan - não que ela fosse desistir de um minuto de seu tempo com Duncan, não importando o pouco de sono que ela tivesse. Mas estava começando a parecer que não conseguiria dormir essa noite também. Esse era o problema em trabalhar com os vampiros. Eles estavam frescos e ansiosos para seguir, apenas começando o seu dia, por assim dizer, enquanto ela não queria nada mais do que dormir por oito horas diretas.
Exceto que eles estavam discutindo a aproximação deles a Violeta Slayton, que era algo que Emma se importava muito. Ela não os deixaria incomodar a pobre mulher em contar para eles o que ela sabia, sem importar as consequências.
— Emma. — Duncan disse pacientemente. — Ela é provavelmente a nossa melhor fonte para conseguir a identidade dos homens envolvidos na morte da Lacey.
— Ela não se lembra de nada.
— Mas ela lembrará. — Duncan insistiu, também pela centésima vez. — O fato em si dela estar assustada como você diz que está, mostra que ela sabe que algo aconteceu e está tendo pesadelos a respeito disso, me diz que quem quer que seja que mexeu com a cabeça dela, fez um trabalho horrível. Eu posso consertar isso e conseguir o que queremos ao mesmo tempo. Você diz que se importa com ela, então me deixe reparar o dano que eles causaram à mente dela.
Emma observou Duncan com firmeza. Ele estava inclinado contra a mesa do outro lado dela, com as longas pernas esticadas na frente dele e cruzadas nos calcanhares. Ele estava bonito como sempre, com jeans preto e camiseta, seu cabelo preso em um rabo de cavalo simples. E ela tinha bastante certeza que ele conseguia mentir até não querer mais e ela nunca saberia a diferença se não quisesse que ela soubesse. Mas ela confiava nele. Só Deus sabe o quão imoral ele era na cama, mas também era um bom homem fora dela.
— Tudo bem. — ela concordou. — Mas ninguém mais, Duncan. Se vocês todos aparecerem juntos, ela enlouquecerá e nós nunca tiraremos uma palavra dela.
— Concordo. — ele disse, assentindo.
— E eu vou com você. — quando Duncan fez uma careta, ela acrescentou: — Eu não acho que ela o verá de outra forma.
— Tudo bem então. — ele disse relutantemente. — Mas você disse que ela não queria se encontrar na casa dela.
— Certo. Então nós temos que descobrir algum lugar neutro. Não aqui. — ela disse imediatamente. — Até onde sabemos, este é um dos lugares que Victor e seus amiguinhos a atacaram.
— Miguel. — Duncan disse, deslocando seu olhar para o seu tenente. — Nós precisaremos de algum lugar privado, mas não tão isolado que ela se sinta ameaçada. E nenhuma das propriedades do Victor. Nós não sabemos quais ele usou.
— Você pode fazer isso em nossa casa. — Phoebe ofereceu de seu assento ao lado de Emma. — É próximo de onde Slayton mora, e nós temos bastante privacidade. Além disso, com o Ted morando lá, tem aquela sensação de ter gente morando. — ela acrescentou secamente.
— Você tem certeza, Pheebs? — Duncan perguntou, franzindo as sobrancelhas.
— Absolutamente. Nossos escritórios são na mesma propriedade, então temos pessoas entrando e saindo o tempo todo, mas me certificarei que tenha o lugar só para você para isso.
Ele assentiu.
— Obrigado, então. Miguel, nós faremos isso amanhã à noite. Você pode verificar a propriedade hoje à noite. Faça o que for necessário para se sentir seguro sobre o empreendimento. Emma e eu pegaremos Violeta...
— Não. — Emma interrompeu. — Eu pegarei Violeta sozinha e a levarei para a casa. Quando chegarmos lá, você pode se juntar a nós. Ela não vai querer um estranho na casa dela, Duncan. — ela insistiu quando pareceu que ele discutiria. — Você pode colocar alguém para nos seguir, se isso o faz se sentir melhor, mas eu a levarei para a casa de Phoebe sozinha. Eu precisarei do endereço e tudo mais para mapear antecipadamente.
— Nós programaremos o GPS para você. — Duncan disse. — Você estará dirigindo um dos nossos utilitários. Eles são mais seguros.
Emma assentiu, esperando internamente que conseguisse um dos grandes utilitários 8V, não uma versão menor, mais simples. Talvez se ela pedisse com jeitinho. Atrás de Duncan, Baldwin estava dando a ela um positivo, e ela lutava contra um sorriso. Duncan estreitou seus olhos para ela desconfiadamente, mas ela ofereceu a ele um sorriso inocente, que tinha certeza que não o enganou por um minuto.
— Muito bem. — Duncan disse, claramente chamando o fim da reunião. — Louis, você e os outros continuem trabalhando. Miguel, você e eu precisamos falar com o Alaric. Ele está esperando por nós na nova ala. Emma, um momento do seu tempo, por favor.
Ôh ôh, Emma pensou. No flagra.
Ela o seguiu pelo corredor, mal conseguindo passar pela porta do escritório dele antes que ele a empurrasse contra a parede e a beijasse. Ela reagiu sem pensar, subindo na ponta dos pés e esfregando seus seios contra o peito dele, beijando-o em resposta com toda a vontade. Ele grunhiu e amassou seus lábios embaixo de sua boca, suas presas bem em evidência enquanto ele mordia com força o bastante para retirar uma pequena quantidade de sangue dela.
Emma suspirou e o mordeu também, provando o mel grosso que era seu sangue de vampiro um momento antes dele atingir a sua corrente sanguínea e enviar um choque de luxúria que serpenteou entre suas pernas. Ela gemeu na boca dele, prendendo uma perna em seu quadril e começando a se esfregar desavergonhadamente contra ele, precisando liberar o calor que se acumulava como um vulcão prestes a explodir.
Duncan falou um palavrão baixinho, arrancando o jeans dela e enfiando sua mão em sua calcinha, sibilando quando seus dedos deslizavam pelas dobras já molhadas entre suas pernas.
— Você está tão quente. — ele sussurrou, e enfiou dois dedos dentro de sua buceta faminta, levando-a para mais um orgasmo ardente que a fez bater contra a parede e deixou-a tremendo e agarrando os ombros dele, enquanto pequenos choques de prazer se acendiam ao longo de seus nervos aleatoriamente.
Duncan carregou-a para seu quarto e a jogou na cama, seu olhar um fogo líquido contra sua pele enquanto ele tirava primeiro a calça dela e então a dele, nem mesmo se incomodando com o resto de suas roupas antes dele levantar as pernas dela por cima de seus ombros e entrar profundamente dentro dela com um golpe único e forte, seus braços musculosos elegantes fixados em cada lado dela.
Emma queria acariciá-lo, deslizar suas mãos por cima dos músculos suaves daqueles poderosos ombros, aquele firme peitoral com seus escassos pelos dourados. Ele era tão lindo esticado em cima dela, o pênis dele a preenchendo tão completamente, enquanto estocava para dentro e para fora, o corpo dela fechando ansiosamente ao redor dele com cada estocada. Ela passou a mão por cima de um mamilo - inchado de desejo, doendo pela falta de atenção - e resfolegou com a sensação, tão boa que era. O olhar de Duncan se fixou imediatamente em seus seios, e Emma sorriu, acariciando-os, apertando-os juntos, circulando os mamilos entre os dedos e apertando-os com força suficiente para que eles crescessem com o sangue correndo neles.
Ele rosnou, seu olhar encontrando o dela e voltando para seus seios enquanto ele começava a bombear com mais força. Emma gritou, sentindo a pressão crescer entre suas pernas, os primeiros tremores do clímax tensionando sua barriga e enviando arrepios de prazer ao longo de suas paredes internas com cada estocada do pênis de Duncan. Ela fechou os olhos por causa da corrente avassaladora de sensações, esfregando sua mão pelo abdômen e sobre o seu monte até o seu clitóris que estava implorando por liberação.
Percebendo o que ela estava fazendo, seus olhos abriram com culpa e ela olhou para ver Duncan a observando famintamente.
 — Faça. — ele exigiu. — Goze para mim, Emma.
Vergonha esquentou sua pele já ruborizada, mas ela começou a se acariciar, sentindo o peso do olhar dele com cada carícia de seus dedos. Os lábios de seu sexo estavam inchados enquanto ela esfregava o botão entre eles, sua buceta estava tensa ao redor do grosso pênis de Duncan.
— Olhe para mim, Emma.
Ela olhou para ele, que começou a entrar com mais rapidez, seus poderosos braços segurando-a no lugar enquanto ele a fodia, enquanto ela começava a esfregar seu clitóris com mais força, desesperada agora pela liberação. O orgasmo chegou sem aviso prévio, passando de uma onda de excitação a uma enorme onda de uma sensação incrível que rugiu por ela, confundindo seus sentidos até que só conseguia gritar e esperar que não fosse explodir com o poder bruto dele. Alguma parte dela registrou o grito triunfante de Duncan quando a liberação dele a inundou, preenchendo-a com calor antes de cair em cima dela e a pegar em seus braços.
* * *
Duncan reforçou seu aperto sobre Emma e sorriu contra seu cabelo sedoso e quente. Ela estava enrolada contra ele, seus lábios acariciando seu pescoço, um braço cobrindo com firmeza o peito dele. Ela ainda estava tremendo da força de seu clímax, e ele esticou a mão, puxando o cobertor sobre o corpo dela para que não esfriasse muito rapidamente. Não que ele se preocupasse com a saúde dela, não com todas as mordidas que ela deu. Ele sorriu, pensando no sangue que ela havia tomado dele. Ele já podia sentir dentro dela e sabia que isso serviria como um farol entre eles. Não importava onde ela estivesse, ele iria encontrá-la. Era uma conexão que só ficaria mais forte, quanto mais tempo eles ficassem juntos, quanto mais sangue ela tomasse dele, e ele dela.
Pensar no sangue dela fez seu pênis se contorcer, apesar do fato de que ele mal havia recuperado seu fôlego. Ele não a havia mordido dessa vez, mas queria. Foi um esforço, mas ele já havia tomado um pouco da veia dela antes e não queria enfraquecê-la. Não quando as coisas estavam tão incertas, quando os inimigos deles poderiam estar aguardando em cada esquina para derrubá-los. Ele fez um lembrete mental de se certificar que houvesse comida suficiente para ela na cozinha. Eventualmente, as coisas se normalizariam, mas por enquanto, era apenas ele e seu time de vampiros, e eles mal haviam começado a estocar a cozinha com sangue suficiente para todos eles.
Emma se mexeu e bocejou delicadamente.
— Você deveria dormir. — ele murmurou.
— Eu ainda posso trabalhar...
— Não tem porquê até nós falarmos com Slayton amanhã. E você precisa dormir. Eu a deixei exausta. — ele ouviu o sabor presunçoso de suas próprias palavras e não foi surpresa quando ela deu um tapinha em seu peito.
— Metido.
— Não estou sendo metido se é verdade, querida...
— Ah, meu Deus. — ela disse em descrença. Ela riu de uma maneira que parecia muito com uma risadinha antes que ela cobrisse a boca com a mão.
Ele sorriu.
— Bem?
— Ah, tudo bem. — ela concordou como se estivesse fazendo um favor para ele. — Você foi magnífico.
 Ele deu um tapinha no traseiro dela, brincando.
— Lembre-se disso da próxima vez que você pensar em flertar com Baldwin.
— Flertar? — ela rebateu. — Eu não estava... foi por isso que você deu uma de homem das cavernas comigo? Por causa do Baldwin?
— Eu não dei uma de homem das cavernas.
— Deu sim. Eu estava esperando que você fosse começar a fazer xixi em mim ou algo assim, me deixando com o teu cheiro.
— Eu ainda posso fazer isso, se você quiser. — ele grunhiu.
— Não se você valorizar o seu pau. — ela disse secamente. — Lembre-se de quem dorme o dia todo e quem não dorme.
— Você não faria nada com o meu pau. Você gosta dele demais.
Ela ficou em silêncio por um momento, pensativa.
— Bem. Isso é verdade. Mas você está totalmente por fora no que diz respeito ao Baldwin. Eu queria dirigir o utilitário na outra noite e ele não me deixou. Ele disse que você o mataria se algo acontecesse comigo e seus reflexos eram mais rápidos.
— Por que você queria dirigir?
— Eu gosto de dirigir rápido, e gosto principalmente de dirigir carros grandes e rápidos, com motores poderosos. Então você disse que eu estaria dirigindo um dos utilitários amanhã à noite e Baldwin achou engraçado. E eu também.
— Bem. — Duncan disse, percebendo que ele poderia ter exagerado só um pouquinho, não que ele iria admitir isso para Emma. — Você precisa entender que os vampiros são extremamente territoriais, e mais ainda um Lorde vampiro, o que eu sou. É por isso que governo essa residência e esse território. E você pertence a mim, Emma.
Emma se afastou e deu-lhe um olhar avaliador, seus olhos violetas brilhando como ametistas na penumbra.
— Se eu pertenço a você... — ela disse, observando-o de perto. — isso significa que você pertence a mim também?
Duncan nem mesmo piscou.
— Corpo e alma. — ele disse, quase a desafiando a aceitar.
Emma sorriu lentamente, começando com uma curva de seus lábios, e então iluminando seu rosto inteiro.
— Então eu sou sua, meu senhor.
* * *
Duncan puxou as cobertas para cobrir Emma, e então se inclinou para deixar um beijo gentil em sua bochecha. Ela estava dormindo profundamente, como ele sabia que estaria. Mais cedo, ele havia visto círculos embaixo de seus olhos, as linhas de preocupação em seu rosto. E realmente não era necessário que permanecesse acordada essa noite. Louis e sua equipe iriam continuar fuçando nos arquivos de Victor, mas a verdade era que eles nem estavam procurando mais por arquivos sobre as festas ilícitas, ou os homens que mataram Lacey. Tudo que havia a respeito disso foi encontrado. Como ele havia dito a Emma, se eles fossem ter algum progresso nessa frente, viria através de Violeta Slayton.
Duncan estava confiante em sua habilidade no que dizia respeito a manipular a mente humana. Ele havia aprendido com Raphael e não havia ninguém vivo que fosse melhor. Mas ele não poderia saber o tamanho do dano que Victor havia feito até conhecer Slayton. Ele sabia que poderia pelo menos dar à mulher alguma paz e aliviá-la de seus pesadelos e lampejos de memórias desconhecidas. Mas se ele poderia fazer isso, ainda teria que ver.
Ele fechou a porta do quarto e se retirou para o escritório do segundo andar, seguindo para as escadas que levavam para a ala leste. Alaric estava lá, e Miguel também. A pedido de Duncan, Alaric havia se retirado de todos os outros projetos para se concentrar nesse. Mais do que tudo, Duncan queria o seu povo seguro, e eles não estariam até que a nova tarefa fosse cumprida.
Ele caminhou pelo corredor traseiro, seguindo o som da construção e riso masculino. Seus inimigos estavam se aproximando. Ele podia sentir. Não era específico. Não como um alerta específico: - Eles estão vindo pela colina ao amanhecer. - Era mais uma sensação vaga e amorfa de perigo que preenchia seus pulmões com a primeira respiração que ele dava a cada nascer do sol e não parava até que estivesse sufocado pela urgência.
Ele apenas esperava que estivesse pronto, quando finalmente tudo caísse sobre eles.

Capítulo 22
 
— De quem é essa casa mesmo?
Emma engoliu seu instinto explosivo de irritação à pergunta de Violeta, pois esta era a terceira vez que ela fazia a mesma pergunta desde que elas haviam chegado.
 — De um amigo. — ela disse no mesmo tom. — Marido e mulher, na verdade. Ambos são do FBI, então você sabe que é um lugar seguro.
Era basicamente a mesma resposta que ela havia dado as três vezes. Felizmente, Phoebe e seu marido tinham fotos suficientes de seus dias no FBI - penduradas na parede ou espalhadas por qualquer superfície livre - o que era totalmente verdadeiro. É claro que as fotos revelavam versões muito mais novas de importantes diretores do FBI e vários políticos, incluindo um ex-presidente. Mas isto funcionaria neste caso, porque levaria Violeta a assumir que aquele era um casal confortavelmente aposentado ao invés de uma eternamente jovem vampira e seu companheiro.
— Bela casa. — Violeta comentou. — Duas aposentadorias governamentais. — ela adicionou, como se isso explicasse a bela casa.
Emma assentiu. Era uma bela casa. Violeta estava certa. Emma havia seguido as instruções da agradável moça do GPS, e fingido não ter visto os vampiros que a seguiam para ter certeza que ambas chegariam sãs e salvas ao destino. O lar de Phoebe e Ted Micheletti era na verdade uma antiga fazenda na Virginia, com um antigo celeiro que ainda poderia ser cartão postal a 100 metros da casa. Infelizmente a única coisa em que Emma podia pensar ao encarar o celeiro era em ratos. Pois lá deveria estar cheio deles. Ela só esperava que estivesse longe o bastante para que, em sua viagem, não chegasse perto deles ou do celeiro para poder alcançar a casa. Ela odiava ratos.
— Eles não se importam que use a casa deles? — Violeta perguntou.
— Eles viajam muito, e estarão fora por uns dias. Imaginei que seria melhor nos encontrarmos fora da cidade, e aqui não é tão longe da casa dos seus pais.
Emma havia argumentado que devido ao horário de trabalho, o encontro com Violeta ao anoitecer seria mais adequado. Com o funeral e tudo o mais, ela havia dito que não poderia mais faltar ao emprego. O que não estava muito longe da verdade. Sharon estava absolutamente desagradável quando Emma apareceu no escritório pela manhã. Felizmente, o congressista Coffer estivera em reuniões com o comitê todo o dia, e Sharon claro, como chefe de equipe, esteve com ele. O que impediu Emma de cruzar o caminho de ambos no decorrer do dia. A explicação também ajudara com Violeta. Ela viera de uma família de operários e entendia a importância de um salário.
— Gostaria de uma bebida quente? — Emma perguntou a Violeta. — Ou talvez algo mais suave?
— Uma coca diet seria bom, ou... — Violeta vacilou, enquanto o som de carro anunciava a chegada de alguém. Ela levantou os olhos para Emma como se decidindo se iria ou não dar pra trás. Uma porta de carro abriu e fechou após uma breve pausa.
— Duncan chegou. — disse Emma reassegurando-a. Emma e os outros, incluindo Duncan, haviam acordado que seria melhor usar os nomes verdadeiros. Seria improvável, mas se Violeta visse uma foto dele por aí e se lembrasse, ela saberia que eles foram honestos com ela.  O mais provável, entretanto, depois de hoje seria que Violeta não se lembrasse de ter conhecido nem Duncan nem nenhum outro vampiro. Dez dias ou dez anos pra frente ela poderia esbarrar em Duncan na rua e ele seria um completo estranho. Mas só no caso de algo dar errado, eles haviam fornecido os nomes verdadeiros como sinal de confiança.
Duncan bateu na porta ao invés de usar a campainha. Emma imaginou que fosse intencional, mais como um vizinho que estava batendo à porta do que um estranho que acabara de chegar. Ela caminhou para recebê-lo, movendo-se de forma casual e lenta, disfarçando o estresse que estava sentindo em relação ao encontro da noite.
Duncan sorriu para ela pela porta de vidro, e Emma quase vacilou quando uma onda de pura luxúria a atingiu. Ela havia deixado o complexo há poucas horas, mas era como se não o visse, não o tocasse, há séculos. Ele piscou para ela que corou se sentindo uma colegial com sua primeira paixão.
— Boa noite, Emma. — ele disse com seu olhar nunca deixando o dela. Sua voz atacando os nervos dela como presas de veludo. Ele estava lindo esta noite, mas então, quando era que ele não estava lindo? Esta noite, no entanto, ele se vestiu intencionalmente em uma mescla de homem de negócios e bom ouvinte. Ele vestia uma calça caqui escura que ficava melhor nele do que em muitos outros homens que ela havia visto, e abraçava seu traseiro maravilhosamente. Camisa de gola escura e blazer de lã e para encerrar o look, usava o cabelo amarrado dando um ar boêmio de pensador. Você quer falar sobre vampiros? Esse é um homem que não somente iria escutá-la como acreditaria em você.
— Duncan. — ela disse, se sentindo estremecida e querendo ter certeza de que ele experimentara a mesma onda de desejo que ela sentia.  — Que bom que você... apareceu. — seus olhos se encheram de calor e o corpo de Emma respondeu instantaneamente, fazendo com que ela desejasse que eles tivessem dez minutos sozinhos. Era todo tempo que precisavam. Contra parede, apenas alguns momentos para saciá-la de seu desejo. Mas, não. Ela guardou sua luxúria, reservando-a para depois, quando estivessem sozinhos novamente naquela enorme cama. Na sala atrás dela, Violeta pigarreou baixo, e Emma quase deu um pulo ao lembrete do por que todos estavam ali. Ela abriu a porta e disse: — Entre. — sem saber se o convite era necessário ou não. Phoebe, afinal de contas, era uma vampira, então talvez a restrição não se aplicasse. Mas ela se esquecera de perguntar mais cedo se a residência de um vampiro era sacrossanta como a de um humano. Droga. Se ela fosse andar com vampiros precisaria começar uma lista de todas as coisas a saber sobre eles.
* * * *
Duncan fitou Emma pela porta aberta. O cheiro da excitação dela preencheu seus sentidos e instantaneamente ele estava duro. Ele forçou seu corpo a relaxar, usando todo controle que aprendera em mais de um século e meio de existência. Mesmo assim, para tornar as coisas mais interessantes, ele deixou seu braço roçar os seios de Emma enquanto passava por ela. Ele ouviu o profundo suspiro e riu para si mesmo. Ela não era a única que sabia provocar.
— Duncan. — Emma disse de alguma maneira sem fôlego que ele estava feliz em notar. — Essa é minha amiga, Violeta. — ela caminhou para a direção ao lado da outra mulher que estava sentada. — Eu te contei sobre ela.
— Sim, claro. — Duncan disse. Ele não se ofereceu para um aperto de mãos de imediato, mas tirou o blazer e colocou sob uma cadeira próxima. Ele escolheu a cadeira mais perto do local em que Violeta estava sentada no sofá, perto o bastante para que pudesse tocá-la, mas não tão perto para que ela se sentisse intimidada por ele.
— Um prazer conhecê-la, Violeta. — ele disse, finalmente oferecendo as mãos. — Espero que possa ajudar.
Violeta não se moveu a princípio. Ela era pequena e pálida. Bonita debaixo de todo aquele estresse, e completamente submissa. Ele entendeu o que Victor tinha visto, sabia por que ele a tinha escolhido. Ele não gostava, mas entendia. Ela ficou lá, congelada, como um rato macio e cinza sobre os olhos do predador, ela não poderia saber quão acurada era aquela comparação. Duncan permaneceu parado, sem falar com ela, deixando que ela tomasse a iniciativa e fizesse as coisas a seu tempo. Ela o estudou por alguns minutos, seus olhos passando das mãos estendidas aos olhos dele, onde ela se inclinou para procurar seus olhos, e então se voltou para as mãos. Ela o cumprimentou devagar, deixando que ele envolvesse os grandes dedos em sua pequena mão. Ele não sacudiu as mãos, simplesmente a segurou de maneira firme e macia, irradiando segurança e calor através da conexão, gentilmente a persuadindo de que não lhe desejava nenhum mal.
Lágrimas silenciosas encheram os olhos de Violeta quando ela relaxou pela primeira vez desde que Victor mexeu com sua mente. Mesmo uma sondagem superficial mostrou a Duncan que o falecido Lorde vampiro foi bruto em seus esforços para limpar os pensamentos da jovem mulher. Talvez ele estivesse com pressa. Talvez ele pretendesse voltar e realizar um trabalho mais cuidadoso. Ou, mais provavelmente, ele era um açougueiro que não se importara com os estragos que fizera nos humanos que eram seus brinquedos.
Duncan limpou uma lágrima que escorria pelas bochechas de Violeta.
— Tudo ficará bem, Violeta. Você vai ver.
Ela assentiu com a cabeça baixa, e limpando os olhos, firmou o queixo desafiante.
— O que você precisa que eu faça?
Duncan sorriu com a coragem. Quando Emma contou sobre Violeta, ele assumiu que ela fosse alguém despedaçada, uma mulher fora de si porque Victor tinha achado sua vontade. Mas isso não era verdade. Ela era naturalmente submissa, mas aquilo não significava, necessariamente, fraca.
O provável era que ela sobreviveu até agora devido a uma força maior do que Victor esperava. Sua mente havia rejeitado a manipulação do antigo Lorde vampiro e se prendido à verdade, apesar do custo à sua sanidade.
Duncan apertou seus dedos ligeiramente.
— Apenas me diga o que você se lembra. — ele disse gentilmente. — Farei o resto.
Violeta inspirou profundamente pelo nariz, sua boca selada com determinação.
— Isso é hipnose ou algo do gênero?
— Algo do gênero. — Duncan concordou prontamente. — Mas você não perderá a consciência e se lembrará de tudo.
Ela o estudou novamente por alguns minutos, então disse: — Eu não me lembro muito sobre o que aconteceu.
— Diga-me qualquer coisa que se lembre. — Duncan disse, mandando uma ligeira sugestão para a mente dela se lembrar.
— Okay. — ela parou por um momento, como se decidindo por onde começar.
— A primeira festa que fui, — ela começou. — foi com a Lacey.
A cada palavra que ela dizia, Duncan se aprofundava mais em suas memórias. Ele estava horrorizado pela bagunça que Victor havia deixado pra trás. Nós, emaranhados de memórias e meias verdades, tudo misturado com coisas que Victor havia tentado esconder. Duncan estava com vergonha em nome de sua espécie, que um Lorde vampiro tão poderoso quanto Victor pudesse ser tão incompetente ou tão cruel. Lentamente ele foi puxando pedaços de verdade, e a cada revelação, Violeta se lembrava de mais coisas. Ele manteve as emoções dela com extremo controle enquanto adentrava em sua mente, não querendo causar maior estresse psicológico do que o que ela havia sofrido.
Violeta sorriu quando falou sobre Lacey.
— Ela era tão bonita, tão cheia de vida. Todos os homens a amavam. Eu os observa olhando-a nas festas. Quando ela entrava na sala, as cabeças acompanhavam como se ela fosse ferro e eles ímãs. Ou talvez fosse o contrário. No entanto, isto nunca a afetava. Não como outras que se achavam e andavam de nariz empinado. Lacey achava que a coisa toda era um jogo. — ela franziu levemente. — Mas definitivamente era um jogo que ela queria ganhar. Ela buscava por algo nas festas. Talvez um marido, ou talvez um amante rico. Eu nunca a conheci a fundo para perguntar o que era.
— Você está falando das festas na casa do Victor? — Duncan esclareceu rapidamente.
Violet assentiu.
— A casa da embaixada, a casa grande e branca. Lugar legal, mas dentro era mais como uma fraternidade do que como uma embaixada. Era estranho.
— O que acontecia nessas festas?
Ela deu de ombros.
— Nada a princípio. Coisas típicas de Washington. Os homens eram pegajosos, principalmente os casados; e a maioria das mulheres não se importava. Não as mais jovens, de qualquer maneira. Não foi até que Victor nos convidou à outra casa, a que fica em Leesburg que eu me senti... desconfortável.
— Por quê?
Violeta ficou tensa, e Duncan a acalmou confortando suas mãos e sua mente.
— Ninguém pode te machucar agora, Violeta. Você sabe disso, não sabe?
Ela assentiu rapidamente.
— Sim. Eu acredito em você.
As palavras de confiança somaram um novo peso de responsabilidade na alma de Duncan. Era algo minúsculo quando comparado ao peso que ele já carregava, mas não poderia deixar de senti-lo mesmo assim.
— Obrigado, Violeta. — ele esperou um momento, então. — Por que se sentiu desconfortável nas festas em Leesburg?
— Era a minha primeira vez em uma das festas de final de semana. Lacey havia me dito sobre outra casa em Annapolis, eu acho, mas lá foi apenas uma noite e todo mundo foi embora antes de amanhecer. A festa em Leesburg durou todo final de semana. Eu não queria ir, mas sentia como se eu tivesse que ir, como se fosse desapontar alguém se não fosse à festa. Não fazia sentido, mas quanto mais perto se aproximava a data da festa, mais eu sentia que tinha que ir.
Ela deu de ombros, como se mesmo agora ela não pudesse entender. Mas Duncan entendia. Victor claramente havia plantado a sugestão na mente dela e deixado as coisas acontecerem.
— Eu peguei uma carona com Lacey, e quando chegamos lá, — Violeta continuou. — tinha apenas alguns homens - dois ou três que eu já tinha visto, mais Victor e seus guardas. Eu achei que mais pessoas chegariam, mas com exceção de mais três mulheres que chegaram logo depois de nós, ninguém mais apareceu.
— Quando percebi que éramos só nós e aqueles homens, eu sabia para que eles nos queriam lá. — lágrimas rolaram por sua bochecha, mas esse foi o único sinal de estresse que ela apresentou enquanto falava.
— Victor fez algo comigo, com todas nós. Eu fiz... coisas horríveis para aqueles homens. Coisas nojentas. Mesmo enquanto eu fazia essas coisas, sabia que algo estava errado. Era como se minha mente estivesse gritando comigo de algum lugar, mas meu corpo não queria ouvir. E durou uma eternidade, não só com um dos caras, mas com todos eles.
— Victor participou em...
— Não comigo. — ela disse rapidamente. — Eu não sei sobre as outras. Seus guardas participaram. Quando os clientes - era assim que Victor os chamava, como se fôssemos putas. — ela engoliu em seco, repulsa pelos homens e talvez por ela mesma, também, estampada no seu rosto. — Quando os clientes terminavam conosco, os guardas de Victor assumiam. E eles queriam mais que sexo, ou mais que apenas sexo, porque eles tinham isso também.
— Sangue? — Duncan perguntou, cuidadoso ao esconder a raiva em sua voz.
Violeta assentiu.
— E na outra noite, começou tudo outra vez, mas os homens eram piores que antes. Mais violentos. Achei que fossem matar a todas nós. — ela suspirou. — Mas eles só mataram a pobre Lacey.
Os olhos de Duncan imediatamente se focaram em Emma que estava na mesa de jantar atrás de Violeta. Ela encontrou seu olhar, estresse em cada nuance de seu corpo. Ele queria dizer a ela para ir embora, que não precisava escutar aquelas coisas, mas ele sabia que ela não iria. E ele não a pediria pra ir.
— Você viu o que aconteceu com Lacey? — ele perguntou, retornando sua atenção para Violeta e fazendo a pergunta soar ligeiramente como uma curiosidade.
Violeta balançou a cabeça.
— Eu estava na sala ao lado. Mas eu os ouvi. Eu acho... Eu ouvi um dos outros homens gritar com alguém, falando que eles a mataram. Ele disse algo como: ‘Você estrangulou ela, seu idiota.’ E então o homem que estava comigo - me envergonho de dizer que não sei quem ele era - enfim, ele deu um pulo e saiu correndo pro corredor e todo mundo começou a gritar, e então alguém empurrou alguém e eu ouvi uma briga. Então um dos guardas de Victor entrou no quarto e me agarrou. — ela esfregou os braços, como se ainda pudesse sentir o toque dele.
— Ele me arrastou pelo corredor, me jogou em um quartinho com as outras mulheres e trancou a porta. Lacey era a única que estava faltando. Nós estávamos todas nuas, mas tinha uma cama, então pegamos os lençóis e cobertas. Duas das mulheres... Eu não sei seus nomes. Lacey era a única que eu conhecia, e nenhuma de nós usava nossos verdadeiros nomes. Eu acho que todas nós sabíamos que aquilo era algo sobre o qual não queríamos que ninguém soubesse. Enfim, duas das mulheres estavam inconscientes, quer dizer, elas não estavam se mexendo. Por isso, eu e outra garota as enrolamos nas cobertas, imaginando que elas precisariam do calor, e nós nos enrolamos nos lençóis. E isso é tudo que me lembro. É como se tivesse um buraco negro no meu cérebro, e não importa quanta força eu faça, não consigo me lembrar de nada. Eu acordei em um carro dirigindo de volta para a cidade. Eu estava vestida, mas as roupas não eram minhas. Um dos guardas de Victor me deixou no meu apartamento, me deu minha bolsa, e foi isso. Eu entrei em casa e...
Violeta balançou a cabeça, se escondendo atrás dos cabelos enquanto seus olhos se fecharam e sua garganta apertava enquanto ela estava lutando para conter as emoções. Duncan se sentiu sujo ao penetrar no coração e alma dela daquela maneira, mas ele não poderia ajudá-la, não poderia consertá-la de outra maneira. Porque ele estava tentando consertá-la, porque estava tão ligado aos sentimentos dela, ele sabia que as emoções dela eram muito parecidas com as de mulheres que foram estupradas. Ele já havia tido este mesmo sentimento, com outras mulheres que havia resgatado ao longo dos anos. Era uma combinação de vergonha e culpa, de incapacidade, e ao mesmo tempo de pura e verdadeira raiva, às vezes delas mesmas, assim como de seus estupradores.
— Tomei banho. — Violeta sussurrou. — Tomei banho até que cada milímetro do meu corpo estivesse queimando de tanto esfregar. Então me arrastei até a cama e dormi. E nunca mais realmente acordei. — ela olhou pra cima, encontrando o olhar de Duncan. — Até hoje.
— Sinto muito por fazê-la reviver tudo isso. — Duncan disse, encontrando seus olhos e deixando transparecer seu pesar. — Mas é necessário. Eu não perguntaria se houvesse outra maneira.
Violeta assentiu.
— Eu sei. E me sinto melhor simplesmente em saber que foi real, que não estou enlouquecendo.
— Você conhecia algum dos homens, fora Victor?
— Até então, não. Mas um deles é aquele senador que você vê nas notícias toda hora agora, Grafton. Eu me lembro de outros dois, mas não sei o nome deles. Um era o nojento que estava comigo quando Lacey morreu. Eu o reconheceria se o visse, mas não sei seu nome. Ele era meio acabado e bebia bastante. Ele tinha aquele cheiro que os alcoólatras têm. Eu não sei precisamente qual é, mas eu tinha um tio que era alcoólatra e sempre tinha esse mesmo cheiro. O homem não conseguiu... — seu rosto corou em vergonha, e ela olhou em outra direção.
— O homem não conseguiu uma ereção. — Duncan forneceu. — É isso?
— Sim. — Violeta disse, ainda não olhando pra ele.
— E quanto ao terceiro homem?
— Eu também não sei o nome, mas se tivesse que adivinhar, eu diria que é um político ou algo do gênero. Ele tinha aquele jeito esperto, tipo capitão do time de futebol. Ele parecia um, também. Eu fiquei imaginando por que um cara bonito como aquele precisaria de Victor como cafetão.
Aquela descrição se enquadrava em muitos políticos para ser útil, mas o alcoólatra que ela descreveu... Parecia combinar com o congressista Kerwin que Duncan tinha visto na arrecadação de fundos na mansão do Grafton, impregnado com muito álcool e encarando Duncan como se ele fosse um fantasma.
— Mas eu nunca vi a mulher. — Violeta acrescentou inesperadamente.
Duncan e Emma a encararam.
— Mulher? — Duncan questionou, intrigado. — Você se refere a uma das outras mulheres que estavam lá com você?
— Não. — Violeta disse, balançando a cabeça. — Tinha uma mulher lá com Victor. Não cheguei a vê-la; só ouvi sua voz. Ela chegou tarde, no fim, depois de Lacey... — ela franziu o cenho e mordeu o lábio inferior infeliz. — Ela estava gritando, quero dizer, com muita raiva, como se tivesse no comando ou algo assim. Surpreendeu-me porque eu nunca havia ouvido ninguém falar daquele jeito com Victor antes.
* * * *
Eles levaram Violeta para casa depois da conversa. Emma dirigiu a mesma SUV, com Violeta no banco do passageiro e Duncan no banco de trás.
Ele não disse muito, mas Emma podia sentir o conforto de sua presença atrás dela, como uma lareira em uma noite fria. Ela sabia que provavelmente ele estava ali por Violeta, mas ela gostou do mesmo jeito. Ela se perguntou se ele sabia como ela se sentia quando ele estava por perto. Será que ele já se sentiu como ela? Será que alguém já o deixou com esse sentido de completo seguro ou satisfação? Ou era instinto, apenas uma parte de quem ele era?
Os pais de Violeta estavam em casa quando eles chegaram. As luzes da varanda estavam dando boas vindas, e Emma pode ver o brilho da televisão atrás da porta de vidro.
— Seus pais estarão preocupados? — Emma perguntou, sem saber o que Violeta tinha dito a eles. Eles tinham que se perguntar por que a filha deles, que esteve toda depressiva pelas últimas duas semanas, de repente estaria fora de casa até altas horas.
Violeta balançou a cabeça.
— Eu disse a eles que sairia com uma amiga. Eles ficaram super felizes.
Emma podia entender isso.
— Você gostaria que eu entrasse em casa com você?
— Não, tudo bem. — Violeta se virou para Duncan. — Obrigada, Duncan. — ela disse melancólica. — Eu não sei o que você realmente fez hoje, e não me importo. Você salvou minha vida e isso é tudo que importa. Pra mim, pelo menos. — ela abriu a porta do carro e desceu, então parou e olhou para Emma. — Espero que ache o que procura Emma, e espero que lhe traga paz. — então ela bateu a porta e subiu as escadas de casa se movendo com energia e graça que não existiam há poucas horas atrás.
— Ela se lembrará alguma coisa sobre isso? — Emma perguntou, ao ver Violeta entrar em casa.
— Não. — Duncan disse. — Ela irá acordar amanhã e se lembrará de estar doente, e então ela ficará melhor.
Emma suspirou. Era uma vitória agridoce. Eles tinham devolvido a vida a Violeta, mas Lacey ainda estava morta. E seus assassinos ainda estavam à solta. Pelo menos Violeta havia fornecido algumas pistas. Grafton, com certeza, o que eles já suspeitavam e o bêbado impotente, provavelmente Kerwin. E ainda havia a mulher. A esposa do Grafton? Ou talvez Tammy Dietrich? Emma suspirou. Quanto mais eles descobriam, mais complicada a coisa toda se tornava.
As mãos calorosas de Duncan tocaram o ombro dela.
— Encosta, Emma. — ela encostou sem mesmo questionar por que. Seus acompanhantes pararam atrás deles e minutos depois Ari bateu na janela dela. Ele se sentou no banco do motorista e Miguel subiu no banco do passageiro.
Emma resmungou todo o tempo enquanto subia no banco traseiro com Duncan, e se consolou se aconchegando nele. Duncan pôs os braços em volta dela e a beijou de forma cálida dando a ela a esperança de que Ari fosse piloto da Indy 500. Mas ele ficou em silêncio depois disso, deixando Emma com seus pensamentos. Cidades e bairros eram um borrão no lado de fora. Ari estava dirigindo muito mais rápido do que ela ousaria, especialmente desde que começara a chover. Aparentemente ele não se preocupava em ser parado por limite de velocidade. Poderia um vampiro se livrar de uma multa se parado por alta velocidade? Ou talvez tivessem algum tipo de imunidade diplomática? E namoradas também teriam imunidades? Isso poderia ser útil.
Eles chegaram à embaixada com horas antes do nascer do sol. Ari estacionou atrás da casa, manobrando a construção e os equipamentos. Emma saiu da SUV, franzindo o cenho para a enorme quantidade de materiais para construção. Ela sabia que tinha mais gente, mais vampiros, na verdade, trabalhando na casa do que ela havia visto. Ela tinha visto evidências da reforma e às vezes podia ouvir o som de homens trabalhando. Mas isso parecia ser muito material para uma reforma. Duncan se juntou a ela, seu olhar passando da casa e então de volta a Emma. Ele sorriu, então colocou as mãos na cintura dela.
— Vamos entrar antes que comece a chover de novo. — ele disse, e foi em direção à porta da cozinha. — Peça a Alaric para me deixar atualizado, por favor, Miguel. — ele comandou sem olhar. — E diga a ele que o encontrarei amanhã à noite.
— Sim, Lorde.
— Deve estar cansada. — Duncan disse perto do ouvido dela.
— Não tão cansada. Além do mais, você fez todo o trabalho. — ela murmurou de volta.
— Fiz? Talvez.
Emma franziu o cenho, mas não disse mais nada até que eles alcançaram a suíte de Duncan e fecharam a porta.
Ela desabotoou a blusa e tirou o salto, observando-o veladamente, admirando a graça de seus movimentos, mesmo diante de algo tão prosaico como remover a jaqueta e tirar o suéter. Apesar de que não havia nada de prosaico sobre o peitoral de Duncan. Ou suas costas. Ele era todo músculos, longos pedaços de músculos que se juntavam em largos ombros e poderosos braços. Não conseguindo se conter ela tirou a blusa e atravessou o quarto em direção a ele. Todos os seus sentidos pareciam agora concentrados, como se perto de Duncan tudo ficasse em hiperfunção. O grosso tapete parecia seda sob os pés, seus cabelos se esparramavam calorosos sobre os ombros, e o cetim do sutiã um tormento sobre os seios.
Duncan se virou para vê-la caminhar em direção a ele, o corpo perfeito que era só dele, seus olhos brilhando com tom de bronze na suave iluminação. Ele estendeu a mão quando ela se aproximou perto o suficiente. Ela colocou seus dedos nos dele, sentindo a força de sua pele enquanto ele fechava a mão e a trazia para o seu abraço, envolvendo a cintura dela com seus braços e abaixando a cabeça o suficiente para encontrar os lábios dela.
— Emma. — ele disse suavemente. Apenas isso. Apenas seu nome, como uma promessa.
Emma pôs a mão nos rosto dele.
 — O que Victor fez, — ela disse a ele rapidamente, tentando adivinhar a fonte do descontentamento aquela noite. — aquilo não é você. Sabe disso, certo?
— Claro. — ele disse rápido demais.
— Mas ainda se sente culpado.
Ele suspirou.
— Victor era um de nós. Nós deveríamos ter imaginado o que ele estava fazendo e o impedido.
— Você impediu. — ela o lembrou. — E agora ele está morto. — ela manteve seu olhar. — Victor está realmente morto, não é?
Duncan a estudou por um longo tempo, como se decidindo se confiaria nela. Emma prendeu o fôlego, não apenas porque ela queria que Victor estivesse morto, mas mais importante, porque ela desesperadamente precisava que Duncan confiasse nela o suficiente para falar a verdade.
— Ele realmente está morto. — Duncan disse sem rodeios. Ele encontrou o olhar dela por um momento, então a puxou para o seu peito. Emma prendeu seus braços envolta dele com seus olhos se enchendo de lágrimas de alívio.
— Quero que você mude suas coisas para cá, para esta suíte. — Duncan disse suavemente. — Do outro quarto.
— Eu não tenho muita coisa aqui, está...
— Não importa. Esta é sua suíte agora.
Emma passou os dedos pelas costas dele. Duncan simplesmente gostava de dar ordens? Ou talvez fosse aquele sentimento possessivo do qual ela o tinha prevenido? Ela realmente se importava? Afinal, não era como se ela fosse se mudar para casa dele. Ele não tinha dito isso. Eram apenas algumas peças de roupa. Ela tinha feito isso outras vezes com outros namorados no passado, quando eles deixavam coisas um no apartamento do outro. Então porque agora parecia diferente? Pergunta idiota, Emma, ela disse para si mesma. Era diferente porque desta vez ela estava apaixonada pelo cara. E ela não tinha ideia de como ele se sentia em relação a ela. Oh, claro, ele a desejava, e, sim, ele era possessivo como o inferno. Mas aquilo era amor?
Ela suspirou. Duncan a ouviu, obviamente. Ele podia ouvir um alfinete cair a vinte metros, mas mais importante, ele compreendia a emoção por trás do suspiro.
— Você é minha, Emma. — ele disse suavemente, e em uma voz que não permitia nenhuma contestação, continuou: — Quero que isto esteja claro. Enquanto estiver nesta casa, enquanto estivermos juntos, você é minha. E de mais ninguém.
Emma se inclinou o suficiente para encará-lo.
— Isto funciona para os dois, vampiro. Eu também não compartilho.
Um pequeno sorriso surgiu no rosto de Duncan e ele falou com voz de cansaço: — Eu mal tenho forças para você, Emmaline.
Emma sorriu baixinho, o deixando distrai-la.
— Oh, de alguma forma você dá um jeito. — ela murmurou, então colocou a mão atrás de sua cabeça e puxou a fita de couro que prendia o cabelo dele.
— Eu continuo perdendo estas coisas. — ele reclamou.
— Você tem uma gaveta cheia delas. — ela zombou, espalhando os dedos pelo cabelo dele. — Não seja mulherzinha.
As sobrancelhas de Duncan se arquearam em descrença.
— Mulherzinha?
— Um, bom, é só uma... — ela gritou em surpresa quando ele a rodou e a jogou na cama. Em um flash, ele a tinha dobrado, para colocar sua saia na cintura, à calcinha no chão. Emma começou a rir, então gemeu quando o pênis dele empurrou suas dobras e se aprofundou no faminto e molhado sexo dela. Ela assobiou de prazer em como era bom senti-lo, como ele a abria e a enchia enquanto entrava e saía de dentro dela com longas e graciosas estocadas. Ele desabotoou o sutiã e percorreu as costas dela com seus longos dedos, acariciando-a, e ela arqueou mais ainda suas costas de forma lenta abrindo-se mais ainda para invasão dele. Ele se inclinou sob as costas dela e entrelaçou os dedos em seu cabelo afastando-os para poder se aconchegar em seus cabelos.
— Que isto lhe sirva de lição. — ele sussurrou contra o ouvido dela. Ela gemeu novamente enquanto sua posição vulnerável o deixava penetrar mais fundo do que jamais havia penetrado-a. Ele parou de se mover abruptamente, ainda enterrado dentro dela, nada além do diminuto deslize dos seus quadris pra frente e pra trás, enquanto ele a mantinha imobilizada. — Isto, minha querida Emmaline, é um pênis preenchendo a sua doce e pequenina buceta. Meu pênis.
Emma deu uma risadinha.
— Ok, Eu...
— E garotas têm pênis? — ele interrompeu. — Não, elas não têm.
Emma pressionou o quadril gentilmente contra ele, amando o suave deslizar da grossura dele dentro dela.
— Eu não acho que você esteja levando essa lição a sério. — Duncan zombou. Emma uivou em surpresa enquanto ganhava um tapinha na bunda e ele começou a penetrá-la com empenho. Ela fechou os olhos e se deixou levar, amando o roçar da colcha de veludo contra seus duros mamilos, o calor da fricção do pênis dele, a maravilhosa sensação que ele emanava segurando seu quadril com uma mão e com a outra provocando seu clitóris. Ele a virou novamente, seu peito contra as costas dela, e ela sentiu o caloroso afago da língua dele ao lado de seu pescoço. Ela arrepiou em expectativa e tudo abaixo da cintura começou a tremer com anseio e antecipação. A suave e firme superfície das presas dele pressionaram o pescoço dela, o que a fez sentir calafrios, o coração enchendo a garganta e deixando difícil respirar. Mas quem precisava respirar? Ela apenas precisava de Duncan.
As presas dele deslizaram quase sem dor pela tensa pele do pescoço dela, pinçando a veia como uma agulha, o que foi rapidamente esquecido pela onda de prazer que invadiu o sangue dela. O veludo abaixo dos seios dela se tornaram calorosos e sedutores afagos contra seus mamilos, cerrando o abdômen e fazendo com que sua vagina tremesse em antecipação.
Sem aviso ela explodiu em um clímax que convulsionou cada músculo no corpo dela, mesmo com Duncan ainda dentro dela, os quadris dele rebolando contra a bunda dela, fazendo-a mais aberta pra ele. Em algum lugar em tudo aquilo, ela estava ciente das pequenas puxadas das presas dele contra sua veia, o grunhir dele enquanto ela se entregava, então ele levantou a cabeça e uivou com o gozo, ele a preencheu com seu quente clímax.
Emma não mais sentia vontade de rir. Na verdade, ela talvez risse de tanta alegria se pudesse sentir alguma parte de seu corpo, mas ela estava tão satisfeita que não podia sentir nada. O pênis de Duncan flexionou dentro dela, e ela gemeu enquanto seu clitóris se excitava em resposta. Ok, então nem toda parte dela estava dormente, afinal de contas.
Ela sentiu uma quente garoa de sangue abaixo de seu pescoço um momento antes de Duncan lamber lentamente selando os furos gêmeos. Ele os beijou depois disso, murmurando uma silenciosa desculpa, mas Emma não se importou. Ela amou a maneira como ele gozou, amou sentir seu pau pulsando dentro dela, amou que ele estava tão perdido no clímax que esqueceu de lamber a ferida para fechar. O que eram algumas gotas de sangue comparadas àquilo?
Ele se levantou, então a elevou pela cintura encostando ambos contra a cabeceira da cama. Emma se sentou o suficiente para despregar as remanescentes estocadas sobre sua coxa e então desabou contra ele, sua bochecha repousando nos ombros musculosos dele. Ela espalmou a mão sobre o rígido abdômen, alisando-o com orgulho possessivo. Duncan resmungou, vibrando uma risada abaixo da orelha dela.
— Odeio quando você faz isso. — ela resmungou.
— Faço o quê? — ele perguntou inocentemente.
— Oh, por favor. Você me lê como um livro. Além do mais, eu estava apenas admirando seu tônus muscular.
— Tudo bem.
Ela levantou sua mão e deu um tapinha nos músculos que estava admirando, o que o fez rir mais ainda. Emma sorriu. Pelo menos ele não estava triste, como estava mais cedo.
— Duncan?
— Emma.
— Você realmente lê meus pensamentos? Quero dizer, você pode?
Ele a trouxe mais perto e apertou seus lábios contra a testa dela.
— Não é assim tão simples. Eu posso ler facilmente os pensamentos dos vampiros jurados a mim, e especialmente dos meus filhos, como Miguel e Louis. Com humanos, a diferença é como se fosse ouvir a música dos seus vizinhos, ou estar passando e então ouvir algo. Eu não escuto cada pensamento, mas se necessário, posso penetrar em quase qualquer cérebro humano e saber seus pensamentos. Também sou capaz de manipular pensamentos e memórias. Pode ser algo simples como persuadir um policial a não me multar por ultrapassar o limite de velocidade, ou complexo como o que Victor fez ao apagar a memória daquelas mulheres. Se bem que gosto de pensar que a minha manipulação é mais habilidosa e bem menos cruel do que qualquer coisa que Victor tenha feito.
Ele segurou o queixo dela e o levantou para fazê-la olhar pra ele.
— Eu nunca invadiria seus pensamentos sem a sua permissão, Emma, mas você deve saber que quanto mais sangue trocarmos, mais próximos nossos pensamentos ficarão, e mais aberta sua mente ficará para mim.
— Mas você já sabe o que estou pensando!
— Não sei. Não realmente. Eu claramente sou um grande empata. Eu leio emoções. Eu sempre tive alguma habilidade nesse assunto, mesmo quando humano. Mas ao me tornar vampiro, minha habilidade em ler a emoção de outros se tornou quase perfeita. E como eu lhe disse quando nos conhecemos pela primeira vez, tenho décadas de experiência lendo a linguagem corporal de humanos que acompanham essas emoções. — ele deu de ombros. — São apenas as palavras que faltam.
Os dedos dele ainda brincavam com os braços dela, mas ela sentia que o resto dele permanecia imóvel aguardando por sua reação. Ela franziu o cenho, pensando sobre o que ele havia lhe dito, sobre o que significava. Ele conhecia suas emoções, seus sentimentos... Sobre ele. Que ela o amava. Emma sabia que deveria estar envergonhada, mas por outro lado, ele sabia que ela o amava e não tinha ido embora aos gritos. Então tudo bem.
— Dificilmente parece justo. — ela resmungou, puxando alguns pelos do peitoral dele.
— Ow! O que não é justo? — ele perguntou, esfregando seus pelos puxados.
— Que eu não saiba o que você esteja sentindo também.
— Você sabe como me sinto, Emmaline. Você é minha.
Emma suspirou devagar. Talvez fosse uma coisa de vampiro, toda essa fixação pela palavra ‘minha’.
— Então, quem você acha que era a mulher? – ela perguntou mudando de assunto. — A que Violeta ouviu gritando à noite.
— Tammy Dietrich, provavelmente. — Duncan disse. — Homens poderosos sempre chamam seus advogados primeiro quando se metem em problemas. E pode explicar porque ela estava no velório de Lacey. Grafton seria óbvio demais, porém Dietrich poderia ter ido para analisar o território e ninguém teria se dado conta.
— Mas por que ela assinaria o livro do memorial? Teria sido mais esperto não deixar um registro como esse.
— Quem sabe? Força de hábito? Talvez alguém a tivesse reconhecido e ela achou que ficaria estranho se não assinasse. Além do mais, quem olha essas coisas depois? Ela provavelmente não deu muita atenção ao assunto. Neste ponto eles já saberiam do desaparecimento de Victor, ou pelo menos que ele estava fora de alcance. E com o encontro do corpo de Lacey, tenho certeza que estavam ansiosos pra saber qual a história atribuída à sua morte, e se a polícia estaria envolvida.
— Bom, isso é algo em que concordamos. Sem polícia.
— Sem polícia. — Duncan confirmou. — Cuidarei disso pessoalmente.
— Nós cuidaremos disso. — Emma disse firme. — Lacey era minha amiga.
— Você não é assassina, Emma.
— E você é?
— Quando preciso, sim.
Emma considerou todos os anos que Duncan já tinha vivido, e quão diferente a justiça era no passado... Ela franziu o cenho. No passado desde quando?
— Quantos anos você tem, Duncan? — ela perguntou, imaginando se ele contaria a ela. — Quero dizer quantos anos você realmente tem?
— Nasci em 1836.
A surrealidade daquilo tirou o fôlego de Emma por um momento. Duncan tinha quase duzentos anos de idade, o que significava que mesmo quando ele era humano, seria velho o suficiente para ser casado, para ter filhos, especialmente naquela época.
— Você tinha uma família? Quero dizer antes de se tornar vampiro. Você foi casado?
Ele não disse nada por um momento, então se levantou e deixou a cama. Emma pensou que tinha ido longe demais, que havia tocado em outro tabu vampírico, ou talvez que fosse algo muito doloroso para pensar a respeito. Duncan foi em direção a um grande armário, abriu a gaveta de cima, e pegou uma caixa de madeira do tamanho de uma antiga caixa de cigarros. Emma se viu curiosa enquanto ele levantava a tampa e tirava algo de dentro, então ficou encarando o que quer que fosse antes de se virar e voltar para cama.
Ele mostrou o que era, e ela viu uma foto antiga. Era o retrato de uma jovem mulher e duas crianças - um garoto de mais ou menos quatro anos, e uma segunda criança de sexo indeterminado, talvez com um ano, sentada no colo da mulher. Emma encarou a fotografia, então olhou para Duncan.
— Minha esposa e filhos. — ele simplesmente disse. — Eles morreram enquanto eu estava na guerra.
O coração de Emma se apertou em simpatia.
— Sinto muito. — ela sussurrou. — O que houve?
— Eles foram assassinados.
Ela o encarou, de repente compreendendo. Por todo tempo Duncan foi o único a entender sua necessidade de vingança, sua necessidade em ser parte da busca pelos assassinos de Lacey. E talvez isso se desse porque ele conhecia em primeira mão a sede por justiça, não nas mãos da lei, com seus processos e proteção aos assassinos, mas justiça pessoal e com as próprias mãos. O bíblico, olho por olho, vingança a sangue frio.
— O que você fez? — ela perguntou.
* * * *
1836, Bacia de Nashville, Tennessee
Duncan encarava as ruínas do que antes havia sido seu lar. Parecia velha e cansada, apesar de mergulhada na noite. Nunca foi uma grande construção, mas era repleta de vida há muito tempo atrás. Não mais. Ele era o último de sua linhagem, e agora que era um vampiro, não haveria ninguém depois dele. E ninguém para se importar, de qualquer maneira.
Ele e Raphael tinham gasto muitas noites para chegar até ali. Raphael havia dito que o caminho final seria o ocidente, até alcançarem o oceano. A jornada de volta para onde havia sido o lar de Duncan era um desvio, mas Raphael nunca protestou. Ele parecia aceitar a necessidade de Duncan por vingança como se fosse a sua própria necessidade. A princípio Duncan pensara que era o laço entre vampiro e sua criação, mas ele logo percebeu que era mais que isso. Este era o tipo de homem que Raphael fora e o tipo de Lorde vampiro que ele havia se tornado. Ele ficaria ombro a ombro com aqueles que ele criara. Duncan sentia os laços de lealdade crescendo cada vez mais fortes a cada passo ao lado do vampiro que agora era e sempre seria seu Senhor.
— O que aconteceu? — Raphael perguntou rapidamente, encarando a casa abandonada.
— Essa guerra infernal aconteceu. — Duncan disse. Ele andou em direção à castanheira no jardim em frente a casa, inclinando-se para pegar os restos despedaçados de uma espessa corda. Tinha enfeitado a árvore há muito tempo atrás, um balanço moldado novamente a cada primavera para seus filhos brincarem. Ele deixou cair à corda no chão sujo virando em direção à estrada e a cidade mais próxima.
Raphael acompanhou seu ritmo sem comentários, apesar de que Duncan podia sentir a curiosidade de seu Senhor pelo laço que eles agora dividiam. Era um sentimento estranho estar tão ligado a outro homem, mas não havia nada sexual sobre aquilo. O laço o tornava mais forte como se Raphael fosse uma reserva de força que Duncan pudesse tomar emprestado à sua vontade. Ou talvez fosse o certo conhecimento de que Raphael sempre estaria ao seu lado para enfrentar os inimigos. E esses inimigos estavam na cidade, há alguns quilômetros de distância.
— Eu não me alistei à priori. — Duncan disse enquanto andavam. — Para as pessoas daqui não importava ficar ou não com a União, e muitos de nós sentia como se não fosse nossa batalha. Mas então a Confederação veio à procura de soldados e tivemos que escolher. — ele deu de ombros. — Nós votamos e a Confederação ganhou, ou assim nos disseram os fundadores da cidade. Não tenho ideia se foram verdadeiros quanto a isso, ou se simplesmente se encaixava melhor em seus interesses que assim fosse. De qualquer maneira, aqueles entre nós com boa saúde e força o suficiente foram enviados para servir. E nos foi assegurado que as nossas famílias não sofreriam, que a cidade se manteria unida.
Duncan inclinou para pegar uma pedra que ficou balançando com a mão enquanto andavam.
— E a cidade se manteve? — Raphael perguntou.
Duncan considerou a questão.
— Eles mantiveram. Mas não da maneira que eu esperava. Minha esposa era uma linda mulher e eu um pobre fazendeiro. Ela se casou abaixo de seu status ao me desposar, mas ela me amava, e Deus sabe que a amava também. Às vezes penso que ela ainda estaria viva se tivesse casado com alguém mais rico, ou apenas alguém que não fosse eu. — ele jogou a pedra quicando pela noite enluarada nas redondezas do campo. — Antes de nos casarmos ela tinha um pretendente. O filho do banqueiro, um jovem com dinheiro e privilégios, o qual foi rejeitado em meu favor. Ele se sentiu ofendido, claro, e enquanto eu estava na guerra, foi à nossa casa, bêbado e furioso com o fato dela ter me escolhido, o que ele considerou como a forma dela humilhá-lo.
— Não é necessário dizer o que aconteceu depois. Qualquer um poderia dizer o que houve em tal encontro.
— Seus filhos? — Raphael perguntou.
— Meu filho tentou proteger a mãe e foi derrubado com um porrete. Minha filha, um bebê, pouco mais de um ano, ainda nem falava a última vez que a vi. Ela permaneceu ao lado da mãe por dias, antes que alguém soubesse o que tinha se passado. Meu sogro eventualmente foi procurá-la e os encontrou assim. Meus filhos estavam mortos e minha esposa não muito longe de se juntar a eles. Mas antes de morrer, ela contou o que houve, e quem fora o responsável por isso. O pai dela procurou o xerife, mas o monstro estava longe, fora enviado à guerra onde seus crimes não seriam expostos. Eu também havia sido enviado pra Guerra, claro, mas retornei apenas em tempo de visitar seus túmulos.
— Esse assassino ainda vive? — Raphael perguntou em uma voz gélida.
— Vive. Mas não por muito mais tempo.
Raphael grunhiu em concordância. Eles andaram outro quilômetro em silêncio, até avistarem as construções da cidade, luz de velas piscando em janelas distantes. Eles pararam na periferia da cidade, e Raphael se virou devagar analisando os conjuntos de casas.
— A casa dele fica aqui em algum lugar?
— A casa do pai dele. Aquela ali, perto das árvores de nogueira. Daqui não dá pra ver, mas há um pequeno lago também. Adorável no verão, apesar de que agora a comunidade local é desencorajada a usá-lo. Antes deles construírem a casa, o lago era de uso de todos.
A casa do banqueiro brilhava com tanta iluminação, lanternas queimando na varanda, velas brilhando em cada janela. Duncan deu os primeiros passos, Raphael a seu lado. Eles alcançaram a porta da frente e tocaram a pequena campainha pendurada em um só lado. Essa era a parte do plano que mais preocupava Duncan.  A casa era propriedade privada, o que significava que, como vampiros, ele e Raphael teriam que ser convidados a entrar.
Uma empregada uniformizada abriu a porta. Era jovem e bonita, africana, o que significava que provavelmente ela era escrava. Ela os encarou, seu olhar indo do rosto para as roupas sujas.
— Somos convidados, criança. — Raphael falou. — Convide-nos a entrar.
Duncan estremeceu em surpresa, mas a escrava continuou a encarar o grande Lorde vampiro, seus olhos brancos e sem expressão, até que ela, sorrindo, disse: — Entrem, cavalheiros. Direi ao senhor que chegaram.
— Senhor, de fato. — Raphael resmungou, mas sorriu para a jovem escrava. — Obrigado.
Ela corou abaixando a cabeça com prazer enquanto entravam na casa.
— Onde está o seu... Senhor? — Raphael perguntou suave.
— Na biblioteca, cavalheiros. Posso lhes mostrar?
— Isto seria muito gentil. Duncan?
Eles seguiram a escrava por um pequeno corredor no fundo da casa. Ela parou em frente a duas portas e estava prestes a bater em uma delas quando Raphael tomou sua mão.
— Não há necessidade de se dar ao trabalho, criança. Volte para os seus afazeres.
Os olhos da jovem escrava adquiriram aquele aspecto desfocado novamente, e então ela se virou e afastou-se, como se eles nem estivessem ali.
Raphael olhou-a partir, então pegou o olhar de Duncan.
— O banqueiro está sozinho aí dentro, mas há outros na casa.
Duncan esfregou as mãos nervosamente em suas calças imundas e tentou acalmar seu coração em ritmo de galope.
Ele queria fazer isto certo, não apenas pela vingança, mas também para mostrar a Raphael que ele não cometera um erro ao escolhê-lo entre todos aqueles homens moribundos no campo de batalha.
Ganhar o respeito de Raphael, de repente, passou a ser a coisa mais importante em sua vida, e ele não podia deixar de se perguntar se esse novo sentimento era parte da ligação da qual Raphael falara.
Raphael abriu as portas e entrou a biblioteca. Ele emanava força e confiança, dominando a sala não só pelo seu tamanho, mas pelo poder que irradiava dele. Era tão forte que Duncan pensou que se concentrasse o suficiente poderia ver o poder em volta de Raphael. Mas o banqueiro então falou, e Duncan passou a ter olhos somente para o homem cujo filho havia assassinado sua família.
— Milford? — disse o banqueiro, seu corpo espesso vibrando com indignação. — O que significa isso?
— Seu filho matou minha família. — ele retrucou o banqueiro calmamente. — Quero saber onde ele está.
O banqueiro se deixou cair na cadeira, cheio de desdém.
— Você quer dinheiro, é isso? — ele se inclinou e abriu a gaveta na escrivaninha, pegando uma caixa de metal. A chave estava na fechadura e ele a abriu revelando uma quantidade considerável de moedas de ouro.
— Quanto você quer, Milford?
Duncan o encarou. Depois de meses no campo de batalha ele pensava que já tinha visto o quão baixo um homem podia chegar. Mas isso... Esse vira-lata achava que ouro compensaria pela perda de sua família?
— Vamos lá, garoto. Todo mundo tem um preço. Qual o seu?
— De fato eu tenho um preço. — Duncan disse cada palavra enfatizado precisão para que não houvesse dúvidas. — E o preço é olho por olho. Eu quero a vida do seu filho.
— Não seja ridículo. Além do mais ele não está aqui. Ele se alistou no exército como todo mundo. Eu não tenho ideia...
Raphael fez um gesto impaciente e o banqueiro parou de falar, seus olhos saltando à face enquanto lutava por falar.
Medo fez com que suor cobrisse sua face e banhasse seu pescoço, por isso ele abriu o colarinho da camisa em um esforço inútil de tentar libertar sua voz. Seu olhar mudou de Raphael para Duncan e então voltou para Raphael novamente.
Duncan podia escutar a respiração difícil do homem enquanto ele inspirava e expirava com dificuldade, o aperto dos dedos na cadeira de madeira. Ele sentia o cheiro do suor, o fedor do alho no hálito do banqueiro enquanto o medo o dominava. Mas mais que isso... Ele inclinou a cabeça curiosamente.
— Eu posso sentir o medo, meu Senhor. — ele sussurrou para Raphael. — É quase como se meu próprio coração estivesse acelerado, meu estômago se revirando com terror. No entanto... Não há culpa. Ele sente uma raiva merecida, como se fosse ele o injustiçado.
Ao seu lado, Raphael assentiu.
— Empatia. Você devia tê-la quando humano, mas seu renascimento expandiu-a. É uma excelente característica de se ter, Duncan. Irá nos servir muito bem no futuro.
Duncan mostrou as presas ao banqueiro, sentindo aumentar o medo do homem de maneira satisfatória.
Duncan nunca fora um homem violento. Sempre disposto a defender o que era seu, ele preferia persuadir ao invés de lutar, e sempre fora capaz de achar as palavras certas para que as coisas se acertassem a seu favor.
Mas agora, vendo o homem que uma vez ele pensou ser poderoso tremendo de medo ao olhar para ele... Duncan se sentiu bem. Sentiu-se fazendo a coisa certa.
— Ele mente. — Raphael disse casualmente, alcançando a caixa cheia de moedas de ouro para si. — O filho dele está na casa. — seu olhar mudou para a direita, encarando a parede como se pudesse ver através dela. Ele deu um meio sorriso. — No final do corredor, na verdade. — ele voltou o olhar para o banqueiro. — Dormindo.
O banqueiro foi para frente, a cabeça batendo na mesa e quicando uma vez que ficou inconsciente. Duncan olhou para Raphael.
— Você soube onde estava o filho dele ao ler seus pensamentos, meu Senhor?
— Sim. — Raphael concordou. — Os pensamentos de homens chorões são fáceis de ler. Por aqui, Duncan.
Eles se apressaram para o corredor, de volta pelo caminho que usaram há pouco tempo atrás. Não encontraram ninguém pelo caminho, nem a empregada, Raphael virou em outro corredor, este mais estreito que o primeiro e foi de encontro à porta fechada. Havia apenas uma vela no armário oposto à porta, mas fora isso o corredor estava pouco iluminado.
Esperando pelo confronto, Duncan puxou a faca e abriu a porta. Ele se abaixou enquanto entrava, esperando que a bala de uma espingarda o recebesse, se de fato este fosse o assassino. Mas o quarto estava completamente escuro e nada a não ser um grunhido de surpresa o recebeu.
Duncan sentiu uma onda de poder vinda de Raphael passar por ele. Velas acenderam, e o homem foi revelado, escondido no escuro. Ele estava na cama com as cobertas até o peito, apoiado nos cotovelos enquanto se encolhia perante os intrusos.
— Milford. — disse o homem. — Esperava que estivesse morto. — ele puxou seu corpo contra parede atrás da cama e perguntou cansado: — O que você quer?
Duncan encarou o assassino, seu olhar nos ombros musculosos do homem embaixo da roupa de dormir, passando para suas pernas ainda cobertas pelo lençol. Ele levantou os olhos para o assassino que o olhava desafiador.
— Isso mesmo, sou um aleijado, mas ainda sou dez vezes o homem que você sempre será.
— Você é um assassino e estuprador, mais baixo que uma barata que vive na merda.
O assassino deu de ombros.
— Terminamos então? Porque estou cansado. — Raphael foi para a luz, e o assassino o olhou. — Trouxe alguém pra fazer o trabalho sujo por você? Bem se vê.
Raphael pegou as pernas enrugadas do assassino debaixo do lençol e riu.
— Já vi isto antes, Duncan. Provavelmente o pau dele é tão inútil quanto suas pernas. Há certa justiça nisso.
Duncan pegou a lâmina na mão direita. Assentiu.
— Justiça, meu Senhor. — concordou, então deu dois passos pra frente e apunhalou o peito do assassino, a faca afiada passando fácil pela pele até chegar ao coração. Sangue manchou a camisola de linho e o homem uivou, olhando em choque para as mãos de Duncan que ainda empunhava a faca para o rosto do assassino.
— Não é justiça que procuro. — Duncan rosnou. — É vingança.
Ele esperou até que a vida deixasse os olhos do assassino, até que seu corpo caísse pesado em suas mãos, então pegou a faca e suspendeu o lençol para limpar a lâmina. Ao devolver a faca à cintura, percebeu que acabara de cometer assassinato a sangue frio, e assim mesmo não sentiu outra coisa além de satisfação. Ele não deveria ter sentido culpa, ou ao menos algum conflito entre seu desejo por vingança e esta execução? Era isso que significava ser um vampiro? Ele não seria mais humano?
— Ainda somos humanos após a transformação, Duncan. — Raphael disse, como se lendo sua mente. — Mas também somos mais. Para um vampiro não há cinza, apenas preto e branco. Se um homem pega algo que é meu, se ele machuca alguém com quem me importo, ou rouba algo que valorizo, ele morre. É uma vida mais simples, mas também mais cruel. Alguns de nós se alegram com isto; outros escolhem viver o mais próximo dos humanos quanto possível. Não há como saber como serão as coisas antes do renascimento, mas me alegra saber que estava certo sobre você. Tem poder e talento, você não hesita frente ao inimigo. Isso é bom, Duncan, porque pretendo governar esse continente algum dia. Precisarei de alguém como você ao meu lado.
 Duncan se virou para encarar seu senhor. Ele ouviu a sinceridade nas palavras do Lorde vampiro. Mais que isso, ele sentiu a emoção nas palavras e soube que Raphael estava falando apenas a verdade. Ele deu um passo pra trás e fez uma cortesia da cintura pra baixo.
— Estou honrado em servi-lo, Lorde.
Raphael sorriu e deu tapinhas nos ombro de Duncan.
— Vamos dar o fora desse lugar. A visão do inimigo morto é satisfatória, mas o fedor é menos convidativo.
Ambos estavam rindo enquanto seguiam pela estrada, respirando o ar fresco da noite. Duncan andava orgulhoso ao lado do seu Senhor, e pela primeira vez desde que sua família fora assassinada, ele sabia que tinha um motivo pelo qual viver.
* * * *
— Você alguma vez se arrependeu? — Emma perguntou. Eles estavam deitados lado a lado novamente, e ela se apoiou em seus cotovelos para olhar o rosto de Duncan quando a respondesse.
Ele balançou a cabeça, encontrando o olhar violeta de Emma. E então disse a ela a mesma coisa que Raphael havia lhe dito quando saíram daquela casa há muitos anos atrás.
— Há coisas que não podem ser perdoadas se um homem for viver consigo, algumas ações nos definem. Aquele homem estuprou minha esposa, a matou e meus filhos. Não poderia deixá-lo viver e me considerar um homem.
Emma assentiu, descansando a cabeça nos ombros de Duncan novamente. Ela pousou a mão sobre seu coração.
— Isso vale para as mulheres também, sabia. Não posso esquecer que o assassino de Lacey está por aí. Não posso viver com isso.
— E você não viverá, Emmaline. Nenhum de nós dois viverá com isso.

Capítulo 23
 
Emma foi trabalhar no dia seguinte, embora não tivesse mais certeza por que ela se importava. Ela estava lá de corpo, mas era só isso. Toda vez que alguém lhe fazia uma pergunta, tinha de reproduzir em sua cabeça o que fosse que havia sido dito, em seguida, lembrar-se de onde estava antes de responder. Isso a deixou olhando fixamente para o computador ou para a pessoa que tinha falado enquanto tentava lembrar. Por isso, nem mesmo surpreendeu-a quando Sharon Coffer parou na sua mesa e pediu a ela para entrar no escritório do congressista. Embora pedir foi uma maneira educada de dizer. Foi mais um comando.
Guy Coffer estava fora, então Emma e Sharon tinham o escritório espaçoso para si. Emma sabia que ela estava em apuros quando Sharon fechou a porta deliberadamente antes de caminhar até sentar-se atrás da mesa. Isso era algo que até mesmo os funcionários mais antigos jamais teriam ousado, mas havia sido claro para Emma desde o início que Sharon considerava este escritório tanto seu quanto de seu marido, essa eleição de Guy Coffer era tanto sobre Sharon quanto era sobre Guy. Ele só passou a ter o rosto mais fotogênico, e mais carisma em seu dedo mindinho do que existia no corpo de Sharon.
— Emma. — disse Sharon, indicando a cadeira em frente à mesa. Emma sentou obedientemente. — Estamos todos muito tristes em ouvir sobre Laney...
— Lacey. — Emma corrigiu.
A expressão de Sharon apertou, seus olhos se estreitando em fendas, mas sua voz era toda suavidade e luz quando ela continuou: — É claro. Lacey. Estamos todos muito pesarosos sobre a sua morte, e todos sabemos o esforço que você deu. — Sharon fez uma pausa, como se esperasse Emma dizer algo, mas Emma não sabia o que esse algo deveria ser, então ela permaneceu em silêncio.
— Infelizmente... — Sharon passou, seu tom de voz deixando claro que ela não considerava nada lamentável.  — O negócio do escritório deve continuar. E eu tenho medo que você não esteja acompanhando. Tenho certeza que você entende. Uma vez que embalar suas coisas, alguém vai escoltá-la para fora do prédio e, claro, confiscar sua ID.
Emma piscou, não é certo que ela tinha ouvido isso direito.
— Você está me demitindo? — ela perguntou incrédula.
— Estamos deixando você ir, sim. O deputado vai, naturalmente, fornecer-lhe uma carta de referência, e estou certa de que você não terá dificuldade em encontrar outra posição uma vez que sua situação pessoal desaparecer. Mas até lá...
— Você está me demitindo? — Emma repetiu, ainda não acreditando no que tinha ouvido. — Minha melhor amiga morre, e você está me demitindo porque estou distraída?
A boca de Sharon apertou em desgosto.
— Realmente, Emma, não há necessidade de histeria. — mas ela não conseguia esconder a dica de satisfação em sua expressão. Este era um dia que Sharon Coffer provavelmente tinha sonhado. O dia em que finalmente se livrava de Emma Duquet, que claramente tinha projetos sobre Guy Coffer, e cujo maior pecado foi ser mais bonita do que Sharon. O caralho.
Emma levantou, recusando-se a dar à cadela mais prazer do que já estava dando com isso.
— Você tem meu endereço. — ela disse sem rodeios, em seguida, virou-se e saiu do escritório. Noreen observava com os olhos arregalados quando Emma foi diretamente para sua mesa e começou a reunir alguns itens pessoais que mantinha ali.
— Emma? — Noreen perguntou.
— A cadela me demitiu. — disse Emma, rangendo os dentes.
— Você está brincando comigo? Por quê?
— Aparentemente, ter a minha melhor amiga morta é muito inconveniente. O negócio tem de continuar.
— Oh, querida, eu sinto muito.
Emma olhou para cima e deu à outra mulher um sorriso.
— Não se preocupe, Noreen. Já enfrentei pior do que isso e me saí bem. Eu vou fazer isso de novo.
Palavras corajosas, ela pensou enquanto escondia suas coisas em sua bolsa enorme. Trabalhos como o dela eram difíceis encontrar e quase impossível de conseguir, e Sharon sabia disso. Toda essa besteira sobre uma carta de referência... Ah, com certeza, haveria uma carta, e iria dizer todas as coisas certas. Mas por trás das costas de Emma, ??Sharon Coffer iria envenenar o poço.
Ela tirou todas as gavetas uma última vez, em seguida, pendurou sua bolsa por cima do ombro e pegou seu laptop e sua jaqueta. Ela deu um rápido abraço em Noreen, deu um último olhar ao redor, e saiu pela porta pela última vez. Se Sharon queria alguém para acompanhá-la para fora do prédio, eles poderiam muito bem se recuperar.
Ninguém veio atrás dela, então Emma continuou andando, todo o caminho para fora do prédio, indo para o estacionamento. Ela jogou a bolsa sobre o banco, e seu laptop em seguida, embora com um pouco mais de cuidado. Emma ficou atrás do volante e girou a chave. Ainda ninguém à vista e ela não esperaria.
Ela saiu do estacionamento e dirigiu pelo do engarrafamento do trânsito de DC, tentando decidir para onde ir. Seu coração queria correr de volta para Duncan, para reclamar e bufar até a calma que o rodeava penetrasse em sua raiva e a fizesse ver que o mundo não acabaria porque ela perdeu o emprego. Racionalmente, ela já sabia, mas estava com muita maldita raiva. De qualquer forma, era dia e Duncan estava dormindo. Ela pensou em se juntar a ele, mas ela não tinha dormido durante o dia com ele ainda. Parecia ainda mais íntimo do que o que eles tinham feito juntos em sua cama. Provavelmente era bobagem, mas ela sentiu como se ele precisasse convidá-la para dormir ao lado dele quando era tão vulnerável. Não que ela não fosse confiável. Inferno, ele estava provavelmente mais seguro com ela lá com ele, que não, mas ela teve um pressentimento de que precisava ser ele a dar o primeiro passo.
Então, para onde ir? Ela estava cansada demais para dormir, mesmo que usasse o outro quarto e, além disso, a residência parecia muito vazia sem qualquer um dos vampiros ao redor. Havia guardas humanos na propriedade durante o dia, mas pelo que ela tinha visto pela manhã quando saiu para o trabalho, eles ficavam do lado de fora da casa. Para esse assunto, ela não estava absolutamente certa, se os guardas iriam deixá-la voltar para dentro antes de anoitecer.
Então, ela se afastou da residência dos vampiros e se dirigiu para sua casa. Duncan não ficaria feliz que ela estivesse indo para lá sozinha, mas ele admitiu que o cara na outra noite era um ladrão comum, e não algum assassino enviado para matá-la. E havia questões práticas para lidar. Suas cartas, e as de Lacey, também, estavam se acumulando, e havia contas para pagar. E agora que ela não tinha um emprego, precisava atualizar seu currículo e começar a procurar algo novo. Também era hora de deixar seu senhorio saber que ela não estaria renovando o contrato de aluguel da casa. Mesmo se ela fosse capaz de superar a ausência de Lacey, ela simplesmente não poderia pagar o local sozinha. Especialmente se ela tivesse que ficar alguns meses sem renda.
Emma encontrou um espaço na rua à direita em frente a sua casa sem nenhum problema, porque ao contrário dela, a maioria de seus vizinhos ainda tinha emprego. Ela tinha desligado a ignição e estava puxando as chaves pra fora, quando um familiar SUV estacionou bem atrás dela. Era um dos de Duncan. Ele tinha alguém a seguindo no outro dia, e, aparentemente, ainda fazia. Tanto para ficar sozinha. Ela suspirou e olhou no espelho retrovisor, mas as janelas do SUV eram escuras. Ela não podia ver o motorista, mas não esperava o reconhecer de qualquer maneira. Ela estava mais familiarizada com os vampiros do que os guardas humanos. Agarrando as coisas dela, ela caminhou para o lado do motorista do SUV e esperou enquanto ele abaixava sua janela.
— Hey. — ela o cumprimentou.
— Srta. Duquet. — disse ele.
— Eu vou pegar algumas caixas e coisas. Você quer entrar?
Ele desligou o motor da caminhonete.
— Eu vou andar com você, ter certeza que está tudo bem.
— Oh, eu tenho certeza que tudo...
— Com todo o respeito, minha senhora. — disse ele. — Eu não trabalho para você.
Emma piscou e pensou que era muito ruim Baldwin não estar por perto. Pelo menos ele era divertido.
— Tudo bem. — ela disse, e se afastou, retirando a chave para a fechadura nova, que Duncan tinha ordenado instalar. Sr. Zangado poderia seguir ao seu próprio ritmo.
Como esperado, havia uma pilha de correspondência no chão dentro da porta da frente. Ela deixou cair suas chaves no prato, colocou sua bolsa e laptop nas escadas e recolheu toda a bagunça. Embaralhando-a em uma pilha, ela se dirigiu para a cozinha. O guarda de Duncan veio por trás dela e foi imediatamente para cima para verificar tudo. Emma revirou os olhos e parou o tempo suficiente para pegar o controle remoto e ligar a TV, mais para a companhia do que qualquer outra coisa. Tinha a sensação de que seu guarda-costas não seria muito falador.
Ela deixou as cartas sobre a bancada de azulejos e percebeu a mensagem em espera da luz piscando na secretária eletrônica. A máquina em si era uma sobra de quando ela e Lacey viveram juntas na faculdade, antes que fossem capazes de pagar serviço de celular. Quando se mudaram para Washington, elas obtiveram um número de celular, mas seu serviço de Internet forneceu mais de um telefone fixo, então elas automaticamente ligaram à máquina. Ninguém nunca tinha ligado para o número, exceto operadores de telemarketing, e mesmo eles pararam de ligar após o primeiro ano.
Então Emma olhou para a luz piscando por alguns segundos antes de registrar seu significado. Alguém a tinha ligado no telefone de casa. Não era provavelmente nada, mais uma chamada desencadeada pelo aviso do funeral de Lacey, exceto que o telefone estava em seu nome, não Lacey, e ela tinha usado automaticamente seu número de celular em todos os formulários exigidos.
— Só há uma maneira de descobrir. — ela murmurou e apertou o botão. A voz mecânica da máquina confirmou que havia uma única mensagem e deu a data e hora da chamada, a mensagem começou a tocar.
— Srta. Duquet, — a voz rouca de mulher disse. — nós nunca nos encontramos, mas você veio ao meu escritório em Alexandria há dois dias. — Emma arrebatou a mão da máquina, como se o interlocutor tivesse estendido a mão e a eletrocutado. Alexandria. Isso tinha que ser Tammy Dietrich. Deve ter havido monitoramento de vídeo na área de recepção. Como poderia Dietrich saber que ela esteve lá? Mais importante ainda, por que ela estava ligando para Emma, ??e por que esse número?
— Eu tentei te ligar no escritório de Guy Coffer, — Dietrich continuou. — mas você estava fora, e não puderam... Ou talvez não quiseram... Dizer quando você estaria de volta. Eu não deixei uma mensagem com eles por razões... Bem, por razões que prefiro não discutir em uma secretária eletrônica.
Dietrich respirou profundamente, e Emma percebeu que ela estava fumando um cigarro. Isso explica a qualidade áspera de sua voz, mas talvez não a tensão subjacente de cada sílaba que ela falava.
— Ligue-me, Srta. Duquet. — Dietrich disse sem rodeios. — Mas use um telefone que você pode confiar absolutamente. Não use o seu celular pessoal, não use esta linha também. Eu recomendo um telefone público, se você puder encontrar um, ou um telefone celular pré-pago. Estou lhe deixando um número, mas não se incomode tentando rastreá-lo. Eu tomei meu próprio conselho e vou me desfazer do telefone se não ouvi-la no prazo de quarenta e oito horas. Ligue para mim. Você ficará contente se fizer.
A máquina apitou alto, anunciando o fim. Emma olhou, então mexeu freneticamente para reproduzir a mensagem de Dietrich. Ela não tinha prestado atenção para a data e hora, não sabia ao certo se o relógio foi mesmo definido na máquina. Droga! Por que a mulher não tinha ligado para o celular dela? Ok, tudo bem, ela não queria que ele fosse rastreado, mas não podia pelo menos ter dado um aviso a Emma? Seus dedos tremiam quando ela encontrou o botão direito de repetição.
— O que é isso?
Emma gritou e virou-se, tinha esquecido o guarda de Duncan.
Ele franziu a testa.
— Há algo de errado?
— Você tem um telefone celular? — ela exigiu.
— Bem, sim, não...
— Dê-me. — disse ela, apertando o botão de replay na secretária eletrônica, que lhe informou obedientemente que a mensagem solitária de Dietrich tinha chegado à noite passada. Enquanto Emma e Duncan estiveram com Violeta. Será que Dietrich sabia sobre Violeta? Foi por isso que ela tinha ligado? Para alertá-los para ficar longe da moça? Violeta estava em perigo por causa do que tinha feito? Não, isso não fazia sentido. Se ela já tivesse conversado com eles, não havia nada a ganhar ao se livrar dela. A jogada inteligente agora seria se livrar de Emma e Duncan. Talvez seja isso que Dietrich estava fazendo. Definir Emma até ser eliminada.
A mensagem se acalmou ao número de telefone que Dietrich tinha deixado e Emma escreveu, então se virou para o guarda que a olhou como se ela tivesse perdido a cabeça.
— Telefone? — ela perguntou impaciente.
Ele estudou por um minuto, em seguida, entregou. Não havia maneira que seus inimigos pudessem conhecer o telefone de um segurança particular para monitorar, de modo que deveria ser seguro. Ela digitou os números rapidamente, então esperou enquanto ele tocou e tocou. Ela tinha quase desistido, quando a voz rouca de Dietrich respondeu.
— Já era em tempo, Duquet.
Estômago de Emma afundou.
— Como você sabia que era eu?
— Você é a única que eu dei esse número. — Dietrich disse secamente. — Esse foi o motivo.
Certo.
— Recebi sua mensagem. — Emma disse firmemente. — O que você quer?
— Você veio me ver. — Dietrich lembrou. — Por isso, no entanto, dou um conselho para você. Saia da cidade. Você e seu namorado também. Vão tão longe e tão rápido quanto puderem.
— Olha, Dietrich. É Tammy Dietrich, certo?
— Certo, querida.
— Bem, querida, não sei que jogo você está fazendo, mas eu não vou embora até...
Dietrich riu amargamente.
— Este não é um jogo. Max não joga. Ele nunca o faz. Ele simplesmente limpa a borda, até que ele faça o seu caminho, e você, Duquet, está em seu caminho.
— Max Grafton? Seu irmão?
— Meio-irmão, mas quem está contando? Eu não tenho tempo para isso. Eu liguei para lhe dar um aviso e dei-lhe. Eu queria falar com você no velório de Lacey, mas havia muitas pessoas em volta. Então, estou dizendo a você agora. Sua vida está em perigo e morrer não vai trazer de volta Lacey. É isso, Duquet. Isso é tudo que tenho a dizer.
— Espere! Como faço para entrar em contato com você?
— Você não vai. Eu lhe disse, estou seguindo meu próprio conselho. Eu vou cavar um buraco em algum lugar distante e rastejar para ele, e espero que, pelo inferno, Max nunca me encontre. Adeus, Sra. Duquet.
— Espere! — Emma gritou novamente, mas Dietrich já havia desligado. Emma deu um grito mudo de frustração e girou para o guarda. — Qual é o seu nome?
— Marlon.
— Quanto tempo até pôr do sol, Marlon?
Ele olhou para o relógio.
— Duas horas, mais ou menos, provavelmente menos.
Emma pensou por menos de um minuto. Sair da cidade não era ainda uma possibilidade, especialmente sem Duncan. E ela apostaria um ano de salário que o senhor vampiro não tinha absolutamente nenhuma intenção de sair, não por causa de Max Grafton ou qualquer outra pessoa. Mas por mais poderoso que Duncan fosse, ele sangrava e poderia morrer.
— Vamos embora, Marlon. Duncan está em perigo.
Marlon não desperdiçou palavras. Ele agarrou seu braço e empurrou-a para fora da cozinha e pela sala de estar, onde a notícia de TV local estava cobrindo uma história sobre uma explosão e um incêndio em algum lugar no Distrito. Eles estavam chamando-o de terrorismo, que foi a primeira coisa que todos pensavam esses dias, se fosse ou não fosse. Emma estendeu a mão enquanto Marlon arrastou por ela, a intenção de desligar a TV, quando ela reconheceu...
— Marlon. — disse ela, sem fôlego.
Algo em sua voz parou o guarda. Ele se virou para olhar para a mesma imagem horrível na tela de televisão que havia lhe chamado a atenção. Era a casa de Duncan. E estava pegando fogo.

Capítulo 24
 
Emma sentia como se estivesse morrendo. Se ela tivesse ido diretamente para Duncan, depois de sair do trabalho, talvez estivesse lá a tempo de ter parado isso. Ela precisava chegar à casa, precisava ver por si mesma o que estava acontecendo e o quanto era ruim. Duncan e seus vampiros estavam todos lá, desamparados no sono. Era a casa em chamas ao seu redor? Eles estavam morrendo enquanto ela e Marlon corriam pelas ruas de DC? Ela não conseguia acreditar, não podia acreditar. No fundo de seu coração, ela tinha certeza de que ela saberia se alguma coisa tivesse acontecido com Duncan. Ele era muito importante para morrer, sem causar uma ondulação na realidade, certamente, na realidade de Emma. Mas e se ele não estivesse morto, mas gravemente ferido? O que ela faria então? Todo vampiro que ela conhecia estava com ele. A quem ela poderia pedir ajuda? Quando Baldwin foi baleado, foi Duncan, que o trouxe de volta com o seu sangue. Mas quem estaria lá para trazer de volta Duncan?
Ela segurou a alça acolchoada da porta, quando Marlon correu pelas ruas laterais para evitar o tráfego, tendo cada curva com um guincho de pneus. Emma tinha o canal de notícias local em seu telefone celular, a mesma notícia que tinha visto em sua casa. A estação estava correndo uma transmissão ao vivo da cena, mas não mostrava o suficiente. Ela precisava de detalhes, closes. Ela gritava para a tela cada vez que rompia com a notícia inútil dos âncoras, que não fizeram nada além de repetir o que ela já sabia. As autoridades estavam no local e se recusavam a especular sobre a causa, mas não parou de vazar informações. Isto era Washington, apesar de tudo. A principal teoria foi uma explosão de gás de algum tipo. Mas foi um acidente ou intencional? Especulação estava correndo selvagem. Todas as embaixadas na região haviam fechado.
Não houve menção de qualquer ferido, mas não teria. Duncan e seus vampiros poderiam ser mortos e ninguém saberia até o pôr do sol. Emma engoliu em seco, recusando-se a ceder ao terror gritando no fundo do seu cérebro. Ela olhou para as pequenas imagens no vídeo, comparando o que ela estava vendo, o que ela conhecia da casa e seu layout, tentando determinar qual parte da casa estava queimando. Uma explosão poderia estar em qualquer lugar, e a casa estava meio vazia. Mas as imagens que viam eram da rua, e as chamas e destruição estavam muito visíveis, o que significava que a frente da casa estava envolvida. E o quarto de Duncan dava para a imensidão verde do gramado da frente. Emma virou o telefone para baixo em sua coxa e olhou para longe. Ela não podia ver mais. Ela precisava ver por si mesma.
Ela fechou os olhos e ouviu Marlon, que estava no telefone, tentando alcançar seu supervisor, o cara responsável dos guardas durante o dia, mas até agora ele não teve sorte. O comandante da guarda estava ocupado demais lidando com a situação de emergência para se preocupar com Marlon e Emma. Mas então ela e Marlon ouviram dizer a alguém que eles estavam voltando.
— Ela está aqui comigo. Sim, cinco minutos no máximo.  — ele fez uma pausa, então. —Por que diabos não?
— O quê? — Emma exigia. — Coloque-o no viva voz, droga.
Marlon deu um olhar assediado, mas disse: — Espere. Eu estou colocando no viva voz. É o meu chefe. — ele acrescentou por causa de Emma.
—Srta. Duquet? — a voz que vinha do alto-falante era profunda e controlada. A voz de autoridade.
—Me chame de Emma. O que está acontecendo?
—Bem, Emma, ??os bombeiros querem entrar na residência, e não posso permitir isso.
—Espere. Diga isso de novo? Você está me dizendo que ninguém está combatendo o fogo?
—Não. Eles estão em cena e têm mangueiras, mas querem ficar dentro da casa. O Senhor Duncan me deu ordens específicas que ninguém, em nenhuma circunstância, é permitido dentro de casa durante o dia.
Emma ouviu com metade de uma orelha, seu cerebro corria. Tinha que ser uma coisa da embaixada. Embaixadas eram consideradas o governo estrangeiro soberano e todos tratavam a residência dos vampiros como uma embaixada. Ela podia ver porque haveria alguma confusão, mas...
— Ok, entendo isso. — ela disse em voz alta. — Mas esta é uma emergência. Certamente.
— Ninguém, em nenhuma circunstância. — ele repetiu com firmeza. —Exceto você.
— Perdão?
— Você é a única permitida a entrar durante o dia. Mesmo eu não estou autorizado a entrar.
— Bem, mas... Sim. Aí...
— O procedimento padrão, senhora. E a imprensa está toda sobre isso. Eu prefiro não dizer mais até que possamos falar em pessoa.
Emma olhou para cima quando eles finalmente fizeram a curva na rua para a casa de Duncan e ela entrou em vista.
— Oh, merda. — ela respirava. Em seguida, disse para o capitão da guarda. — Estamos chegando ao portão agora, você pode nos levar para dentro?
— Definitivamente. Mas, Marlon, você vai ter que estacionar fora.  — sua voz começou a pular, como se ele estivesse correndo. — Eu estou no caminho para o portão. Te encontro lá.
Marlon estacionou em fila dupla tão perto do portão quanto poderia, em seguida, passou um braço ao redor de sua cintura, e a conduziu para frente. Ele teve que empurrar o seu caminho através da multidão, ignorando gritos furiosos e demandas da Polícia Militar para parar. A única coisa que poderia detê-los era uma bala, e nenhum policial se arriscaria atirando na multidão. Ela esperava.
— Lá está ele. — disse Marlon, gritando para ser ouvido acima do barulho da multidão, os caminhões de combate a incêndio e equipamentos dentro das paredes. Eles podiam não ser capazes de entrar na casa, mas certamente não estavam desistindo de lutar contra ela do lado de fora. Um homem alto, de aparência exótica acenou para eles quando avançou sobre o policial guardando o portão aberto e disse algumas palavras. O oficial olhou para cima, em seguida, baixou a cabeça e acionado o rádio no ombro. Quase instantaneamente, um buraco se abriu no meio da multidão para vomitar dois policiais corpulentos que conduziram Emma e Marlon para passar pela parede.
— Srta. Duquet. — o negro disse. — Eu Sou Jackson Hissong, Chefe da segurança do Lorde Duncan durante o dia.
— Me chame de Emma. — lembrou ela, balançando a mão rapidamente. — O que posso fazer? — ela correu ao lado de Hissong quando ele girou e correu sobre o gramado para frente da casa, onde uma espécie de posto de comando foi criado.
— Primeiro: você precisa me apoiar com o capitão dos bombeiros. Eles não podem entrar na casa.
— Olha, Jackson, esta não é mesmo uma embaixada real, e não sei o que a lei diz sobre uma situação como essa, mesmo que fosse.
— Mas você é uma advogada, certo?
— Sim, mas não tenho qualquer autoridade para...
— Bom o suficiente. Você está agindo como agente do Senhor Duncan no momento, e como o único indivíduo autorizado a entrar nas instalações.
— Então, talvez eu devesse dizer ao corpo de bombeiros que está tudo bem para eles entrarem, assim...
— Não. — disse Hissong, parando para considerá-la constantemente. — Você não pode fazer isso.
— Mas e se Duncan e os outros estão lá e estão feridos? — Emma perguntou angustiada.
— O Senhor Duncan conhece os riscos melhor do que você, e tenho treinado com Miguel por dez anos. Esta não é uma questão de algum protocolo ou imunidade diplomática. Esta é a residência de um vampiro. Eu já tenho bombeiros privados a caminho, mas, entretanto, se esses caras... — ele gesticulou para os bombeiros ao redor deles. — entrarem na casa, os vampiros estarão totalmente vulneráveis. E se esse foi o plano? A maioria deles é provavelmente decentes, corajosos servidores públicos que fazem um trabalho perigoso. Mas e se apenas um deles não for quem parece ser? Ele vai lá, descobre os vampiros e... — ele bateu as mãos, fazendo Emma saltar de surpresa. — Isso é rápido, Emma. Está tudo acabado. Há uma razão para estas restrições. O Senhor Duncan é um homem inteligente, e assim é Miguel. Você tem que confiar neles.
— Eu faço, mas...
— Sem mas, bebê. Você me apoia, ou não fala com o capitão. Não há outra opção. — Emma fez uma careta.
— Você está falando sério?
— Como um ataque cardíaco. — Hissong respondeu.
Emma olhou para longe, olhando para a casa. O fogo parecia estar sob controle, mas o que ela sabe sobre essas coisas? Eles ainda estavam pulverizando água, e os homens ainda estavam trabalhando perto dos destroços. Seu coração parou quando reconheceu o que estava vendo. Isso era o quarto de Duncan. Ou era. A explosão foi logo abaixo do quarto que ela e Duncan compartilhavam, soprando as janelas e arrancando grandes pedaços de parede. Ela não podia ver dentro da casa, não poderia dizer se Duncan estava lá, o buraco não era tão grande e havia pulverização de água em todos os lugares, equipamentos no caminho.
O aviso de Tammy Dietrich, que estavam em perigo voltou para ela. Mas ela não confiava em Dietrich. Talvez o telefonema fosse um truque para obter Emma de volta aqui em tempo de morrer na explosão. Ela olhou para Jackson Hissong, seu rosto escuro brilhando com a sujeira, suor e as mãos nos quadris enquanto ele a estudava, esperando.
— Tudo bem. — disse ela. — Nós vamos fazer do seu jeito. — Hissong balançou a cabeça, como se nunca tivesse visto qualquer outra possibilidade. Ele tomou seu braço, guiando-a para frente.
— Cuidado com o degrau. — alertou. — Há um monte de porcaria no chão.
Emma percebeu pela primeira vez que ela ainda estava com os saltos de dez centímetros que tinha usado para ir ao escritório naquela manhã. Ela não teve tempo de mudar antes de correr para fora de casa e voltar para cá. Ela suspirou e agradeceu o apoio da mão de Hissong em seu braço.
— Capitão Stavros. — Hissong chamou sua voz profunda, apesar do barulho do som ao seu redor, não apenas do equipamento e da corrida de água, mas do próprio fogo. Um homem alto terminou sua conversa com dois outros bombeiros antes de favorecer Hissong com uma carranca que ele rapidamente transferiu para Emma.
— Capitão, esta é Emma Duquet, advogada do Senhor Duncan. — cansado Stavros a olhou de cima a baixo, mas não mascarou o fato evidente de que não estava impressionado. Se era com ela especificamente, ou advogados em geral, Emma não sabia. De qualquer maneira, ele teve sua volta como nada mais teria. Ela podia não concordar com Hissong sobre isso, mas com o Capitão, ela lutaria com seu último suspiro.
— Você é uma advogada? — disse ele, em dúvida.
— Sim, eu sou. Há um problema? — ela disse friamente, decidindo que uma abordagem de frente era o único tipo que funcionaria neste caso.
— Sim, há um problema. Precisamos chegar dentro dessa estrutura e seu homem aqui está nos impedindo. Você tem sorte de eu não tê-lo preso junto com todos os...
— Capitão Stavros, você não pode ter subido para a posição que tem no distrito sem estar ciente da lei sobre embaixadas estrangeiras, o que a embaixada em si é, para todos os efeitos, o território soberano da nação em questão.
— Claro, estou ciente disso. — disse ele, irritado. — Mas não sou obrigado a ficar e assistir ao edifício maldito queimar até o chão, colocando outras pessoas e bens em risco. Todos estão...
— Há muito mais aqui em risco do que a propriedade. Esta é a embaixada de um vampiro. Há um grande número de vampiros dentro da casa, e tenho certeza que cada um deles está irritado como o inferno agora. Você quer seus homens lidando com isso?
— Claro que não, mas isso é um risco que corremos, como qualquer outro risco neste trabalho. Além disso... — ele acrescentou, baixando a voz. — Eu pensei que vampiros dormissem durante o dia.  — Emma lhe deu um pequeno sorriso e mentiu com os dentes.
— Você está assistindo os filmes errados, capitão. Olha... — ela continuou em voz conciliadora. — Choveu ontem à noite, está tudo molhado, incluindo as propriedades vizinhas. Em cima disso, os homens do senhor Hissong ativaram o sistema de irrigação automatizado e com a distância entre as casas, as chances do fogo se espalhar eram muito pequenas.
— Então, talvez eu deva instruir meus homens para se retirarem e deixar a casa maldita queimar. — Stavros respondeu, claramente não se sentindo em um clima conciliatório.
— E isso certamente é sua prerrogativa. Eu entendo que já temos empresas privadas a caminho para continuar lutando contra o fogo.
— Filho de uma... — Stavros olhou para ela. Qualquer um que trabalhasse ou vivesse no Distrito, especialmente em uma capacidade oficial, sabiam dos campos minados associados com as várias embaixadas e seu pessoal. E, independentemente de seu cargo como capitão dos bombeiros, ela sabia que ele tinha negociado com sucesso mais do que um encontro no passado, afim de subir tão alto no departamento como ele.
— Tudo bem. — ele retrucou. — Nós vamos fazer o que pudermos daqui, mas a responsabilidade é sua, senhora. E você mantenha aqueles malditos amadores de vocês longe do meu fogo.  — ele saiu sem esperar por sua resposta, e Emma soltou um suspiro longo e aliviado.
— Muito bem, Emma. — Hissong disse em seu ouvido. — Eu sabia que você tinha isso em você.
— Mentira. — ela disse de forma sucinta. — Você não sabe nada sobre mim. Que horas são?
— Dez minutos até anoitecer. Vamos tirá-lo dos holofotes, sim?
— Sim. — concordou Emma, ??de repente sentindo trêmula. Seu confronto com Stavros a fez esquecer exatamente o que estava em jogo aqui. Mas agora tudo o que ela podia pensar era Duncan e se ele ainda estaria vivo, ou, pior ainda, se ele acordaria ao pôr do sol para se encontrar sozinho e seus vampiros presos em uma prisão de fogo.
Ela deixou Hissong tomar-lhe o braço novamente, ciente de Marlon em seu outro lado e correram para a parte de trás da residência. Era mais tranquilo aqui atrás, com a parte principal do fogo parecendo ser concentrada na parte da frente do edifício. Mas havia bombeiros, também aqui, e Emma podia ver o brilho ameaçador das chamas dançando em muitas janelas. Toda a casa iria ceder antes do tempo. Emma tossiu quando o fogo saltou de uma janela do andar de cima, soprando fumaça e fuligem gordurosa direto em seu rosto. Hissong mudou-se para protegê-la do pior.
— Vamos lá. — disse ele. — As garagens estão limpas. Podemos chegar longe de tudo isso. — ele tirou um molho de chaves do bolso e entregou-os a Marlon, que se apressou em frente.
— Eles já compartilharam alguma informação com você sobre como isso começou? — ela perguntou quando desviavam das pilhas encharcadas de material de construção.
— O corpo de bombeiros? Não, é muito cedo para sua investigação. Mas não preciso deles, eu sei o que aconteceu. — Emma cravou em seus calcanhares, forçando-o a parar.
— Você sabe? Como?
— Esta propriedade inteira, incluindo a residência dentro e fora, está em vigilância por vídeo durante o dia. O homem que começou o fogo já está em custódia.
— A polícia está com ele?
— Não a polícia, Emma. Como você apontou para Stavros, esta propriedade é território vampiro. Você pode ter blefado com nosso capitão de bombeiros local, mas na medida em que os vampiros estão em causa, isto é um negócio vampiro, não humano. O Senhor Duncan irá fazer o interrogatório e mais ninguém.
— E se...  — ela engoliu, relutante em dizer as palavras. — E se Duncan... não puder fazer isso. — ela finalmente conseguiu, olhando para Hissong.
— Então, Deus salve a todos nós, porque o Senhor Raphael vingará por seu sangue.
— Raphael? Quer dizer o senhor de Duncan?
— Esse mesmo. Vamos, Marlon tem a garagem aberta. — Marlon ficou na porta lateral aberta esperando por eles.
— Devo apagar as luzes, Jackson? — perguntou ele.
— Não. — Emma disse rapidamente. Ela não sabia o que iria acontecer quando o sol se pusesse, mas se fosse ruim, se o pior acontecesse, ela não queria que a dessa tristeza se destacasse para todo mundo ver. — Eu não quero chamar atenção para nós ou para o que estamos esperando.
— Certo. — Hissong disse.
Eles pararam há alguns metros dentro da porta, deixando-a aberta. Emma podia sentir o cheiro do fogo, um cheiro, chamuscado acre que picou seus pulmões e fez seus olhos lacrimejarem. Ela sabia que seu rosto devia estar sujo de preto, o cabelo gorduroso e cinza das cinzas. Não era de admirar que Stavros tivesse duvidado de suas credenciais. Ela provavelmente teria também.
Com um estrondo de som, o chão tremeu sob seus pés. Emma congelou, olhando para a casa em chamas. Toda a conversa em volta dela cessou. Apesar do barulho constante do equipamento, a ausência de vozes era tão palpável como se a noite fosse perfeitamente imóvel. E então a própria casa estremeceu.
— O que é isso? — Emma sussurrou, mais para si mesma do que ninguém, mas Jackson Hissong estava em sua orelha.
— Você já viu um vampiro realmente poderoso ficar com raiva, Emma? — ela balançou a cabeça em silêncio. — Bem, você está prestes a ver. — acrescentou.
— Ele está chegando! — alguém gritou. E então todo mundo estava gritando novamente, correndo para puxar o pessoal e equipamentos, com medo da casa de que estava prestes a entrar em colapso. Emma assistia a tudo com a distância crescente, sentindo-se como um espectador em um jogo, como se tudo isso fosse irreal. Havia uma pressão crescente sobre ela, uma presença que ela não conseguia tocar, como se ela só precisasse abrir uma porta e então haveria.
Duncan?
****
  O sol pairava sobre o horizonte, momentos antes de cair abaixo da borda. Duncan se enfureceu, preso em sua mente quando seu poder se mexeu, enrolando com ele, esforçando-se para sair, a construção de uma explosão que derrubaria a casa e de todos à sua volta. O ar tremia, o chão tremia, as madeiras antigas da casa rangendo ameaçadoramente. Ele lutou pelo controle que sempre tinha chegado tão naturalmente para ele. Mas essa fúria era muito maior do que qualquer outra que ele já havia sentido, seu poder louco para se libertar e vingar o mal feito a ele e ao seu povo, a... Emma.
O pensamento dela depositou fome em seu poder. Ele retirou-se, enrolando no fundo, esperando. Ele tinha que manter a calma. Ele precisava de informações. Onde estava Emma? Se ela tivesse aqui quando o fogo atingiu? Ela estava deitada e ferida, morrendo, enquanto os humanos lutavam contra o incêndio, sem saber que ela estava dentro? Ele deixou sua mente vagar livre, seus pensamentos à procura externa. Seus vampiros dormiam ao redor dele, alguns já começam a ganhar consciência, outros jovens demais para acordar quando o sol ainda estava no céu.
Ele procurou mais longe, além dos limites do porão sombrio sob a ala leste, onde ele e seus vampiros tinham dormido desde que se deslocam para esta casa imprópria e velha. Ele não encontrou nada além do fogo. Seu calor rodeava as chamas vorazes que comiam as madeiras como uma fera voraz, cada vez mais perto, ameaçando os quartos de dormir primitivos que Alaric tinha deixado juntos, como uma medida temporária. Não havia seres humanos ao redor. Duncan podia sentir a sua presença, também, longe demais, apenas sua segurança do dia. Suas emoções de medo, excitação, curiosidade bombardeada contra ele, o que tornava difícil eliminar qualquer pessoa, para determinar o quão ruim era. Uma mente forte passou pela sua consciência e ele agarrou. Esta estava energizada, excitada e determinada. Um homem de alguma autoridade, embora fosse impossível dizer se era um dos bombeiros ou a polícia, ou talvez até mesmo um poderoso vizinho assistindo da rua. Qualquer que fosse, Duncan deslizou sua própria consciência no cérebro do ser humano, tecendo a dois sem problemas até que ele pudesse olhar para cima e ver.
Seu coração quase parou quando viu o dano da casa, o fogo continuava a grassar em volta do que deveria ser o ponto focal de uma explosão. Seu quarto, o quarto onde dormia Emma. Seu poder rugiu de volta.
— Emma!
****
— Duncan? — Emma sussurrou. Ela virou a cabeça na direção da casa.
 
— O que é isso? — Hissong perguntou atentamente.
— Eu não sei. Eu pensei que o ouvi.
— O quê?
— A voz de Duncan... na minha cabeça. Ele chamou meu nome. Isso não faz nenhum sentido, mas...
— Faz todo o sentido. Onde foi que a voz pareceu vir?
— Fique quieto! — ela disse, e depois mais calmamente. — Eu sinto muito. Deixe-me concentrar. — Emma se sentiu tola. Duncan tinha dito a ela que ele não podia ler seus pensamentos, mas também disse que quanto mais eles trocavam sangue, mais perto suas mentes ficariam. E Emma gostava de morder. Ela tinha tomado um pouco de seu sangue cada vez que eles fizeram amor. Seria possível?
— Duncan. — ela sussurrou e em sua mente, e ela gritou: "DUNCAN!"
— Emmaline. — sua voz voltou para ela, acolhedora, com sentimento e tão forte como se ele estivesse ao seu lado. Mas, então, ela desapareceu, e Emma duvidou por um momento que tivesse ouvido. Até que ela sentiu uma onda de emoção que tinha gosto de Duncan. Cercou-a calma e forte, exatamente como ele era. Emma fechou os olhos contra uma onda de alívio, inclinando-se contra a porta aberta para o apoio.
— Bem? — Hissong exigia.
— Ele está vivo. Eles estão todos vivos, eu acho.
— Porra. — Hissong xingou. — Nós temos que... — ele olhou para cima, olhos estreitando enquanto olhava na direção da casa. Emma deu um passo, o suficiente para fora da porta para ver o que tinha tirado a sua atenção, seu coração pulando na possibilidade. Mas era apenas um grupo de homens desconhecidos assaltando em todo o quintal e indo diretamente para os três no abrigo da garagem.
— Você. — o primeiro homem chamou. — Hissong, não é?
— Sim, senhor. — disse Jackson, saindo para o quintal. — Alaric? — disse reconhecendo claramente o homem. Emma piscou quando o contratante vampiro que ela tinha visto pela casa caminhou mais perto. Eles nunca foram apresentados, mas ela já tinha ouvido Duncan no telefone com ele.
— Onde está Duncan? — Alaric exigia.
— Essa é a minha pergunta para você. — respondeu Jackson. — Eles estão vivos em algum lugar, mas não sei onde.
— Porão da ala leste, mas nada está acabado, e eu dei uma boa olhada nas chamas no caminho até aqui. A parte principal está totalmente engolida, e todo o lugar vai queimar.  — ele xingou violentamente e olhou na distância, pensando. — Tudo bem. Melhor que podemos fazer é tentar tornar isso mais fácil para Duncan. Vamos, rapazes. — ele me olhou e começou a atravessar o quintal. — Você também, Hissong, e qualquer outra coisa que você puder poupar. Temos algumas escavações para fazer.
 
****
 
O sol finalmente se rendeu, caindo abaixo do horizonte e liberando Duncan para agir. Ele abriu os olhos e imediatamente acordou seus vampiros com uma explosão de energia, puxando mesmo o mais novo deles fora do sono e vigília em completo. O fogo estava ao redor deles, a parte principal da casa completamente intransitável, mas até mesmo a ala leste acima de suas cabeças estava queimando agora, as madeiras antigas crescendo mais quente a cada minuto. Com um estalo, um pedaço do teto cedeu e uma língua de fogo mergulhou avidamente para o porão. Duncan praguejou quando um dos seus vampiros gritou.
— Todo mundo comigo. — ele gritou, colocando energia suficiente para as palavras se tornarem um comando. O quarto estava repentinamente mais quente, como se essa pequena pausa no teto trouxesse o calor do incêndio junto com ele. Ele estava encharcado de suor, o cabelo, a roupa, e quando olhou em volta, ele podia ver que todos os seus vampiros estavam na mesma condição. Eles se reuniram em torno dele, as suas emoções um espancamento de medo e tensão batendo na parede de seu controle. Eles estavam olhando para ele salvá-los; para chegar a um plano de como tirá-los aqui de uma vez.
— Miguel?
— Sim, meu senhor. — disse Miguel, aparecendo ao seu lado.
— Nós estamos tomando o túnel.
— Senhor? Não terminou ainda. Não há nada lá, mas...
— Confie em mim, Miguel. Vamos.
— Sim, meu... — o resto das palavras de Miguel foi enterrado sob o acidente de madeiras queimando quando todo o piso acima deles cedeu.
— Agora! — seu poder trovejou, segurando o chão de desabar na baía, enquanto seus vampiros correram para o túnel. Ele olhou atrás deles o tempo suficiente para todos estarem seguros, o seu poder lançando o bronze dos seus olhos para as sombras para rivalizar com as chamas.
 Quando o último de seu povo passou de forma segura, ele lançou as madeiras queimando, usando sua velocidade de vampiro para escapar quando o primeiro andar caiu no porão. Seguindo seus vampiros, Duncan correu para a segurança mínima do abóbado inacabado de Alaric. Era uma construção nova, oculta sob o quintal e chegava através de um túnel da residência. Se concluído, teria uma porta blindada ligada ao porão da ala leste, e outra porta igualmente segura para o cofre em si. Teria sido expansiva, com espaço suficiente para todos os vampiros terem a sua própria câmara pequena.
Mas isso tudo era para o futuro. Alaric tinha terminado o túnel e o recinto de concreto para o cofre, mas ainda era apenas uma caixa grande no chão. E com a queima ala leste e sem eletricidade, era uma grande caixa sem saída e sem ar.
Duncan liderou seu povo em direção à entrada do túnel, o seu caminho iluminado pelo fogo em si. Ele se esquivou de lado como outra seção do piso que cedeu, o fogo lambendo em direção a eles ansiosamente, a fumaça sufocante e preta. Ele parou debaixo do intervalo, com um segundo impulso de poder e soprando as chamas de volta quando seus vampiros empurraram para frente. Miguel levou-os, mas Louis estava com Duncan e ofereceu voluntariamente o seu poder para aumentar a de seu senhor. Duncan pôs a mão no ombro do menor vampiro.
— Em boa hora, Louis. Isso ainda não acabou.
Louis balançou a cabeça, seus olhos sobre os vampiros, até que todos tinham passado e ele e Duncan foram até a traseira. Mais à frente, o primeiro de seus vampiros atingiu o buraco reforçado na parede onde a entrada do túnel seria. Ele já tinha o quadro de apoio pesado para a planejada porta estilo abóbada. O alívio de seus vampiros era uma brisa fresca em sua mente quando eles atravessaram a fronteira para a relativa segurança do túnel.
Estava escuro lá dentro, e frio. Eles estavam há dez metros de profundidade e Duncan podia sentir a terra úmida em seus ossos tão certo como se estivesse pressionando em seus poros, em vez de retido por dois pés sólidos de concreto. Alaric insistiu na espessura extra das paredes, lembrando a Duncan que Washington, DC foi construída sobre um pântano e isso significava que escoava água por toda parte. Mas agora a espessura extra era mais uma barreira entre os vampiros e segurança.
***
Emma observava inexpressivamente quando Alaric e seus vampiros começaram a cavar. Ela não sabia exatamente por que estavam cavando, apenas que Alaric tinha dito a ela que iria ajudar Duncan e seus vampiros a sair da casa em chamas. Ela franziu a testa em sua explicação, mas estava disposta a fazer o que fosse preciso para salvar Duncan, então se ofereceu para ajudar a cavar. Alaric riu e assegurou-lhe que o seu povo poderia fazê-lo muito mais rápido. Procurando algo para fazer além de observar impotente, ela encontrou uma fonte de água engarrafada na garagem e arrastou-a para o quintal. Todos pareciam compreender, até mesmo os vampiros, que era apenas um pouco de água para beber. Então, agora ela estava de volta, observando e esperando.
O Capitão dos Bombeiros Stavros apareceu, finalmente, olhou para os homens cavando, em seguida, marchou para Emma.
— O que inferno os homens estão fazendo? — ele exigiu.
Emma empertigou-se e disse confiante: — Eles estão cavando um túnel de resgate.
— Um resgate. — Stavros olhou para ela, em seguida, como se uma luz tivesse ido sobre a sua cabeça, sua expressão se apagou e ele disse. — Vampiros. — Emma assentiu.
— Sim. — e então praguejou para si mesma porque Stavros tinha percebido isso antes dela. Obviamente, Duncan e seus vampiros dormiam em algum lugar no porão, não no segundo andar como ela assumiu. E era igualmente óbvio que tinha que haver algum tipo de válvula de escape subterrâneo. Ela não encontrou muito conforto nesta epifania súbita, no entanto, uma vez que não era uma saída de emergência se alguém tivesse que cavar de cima. Era como fazer um furo de resgate para mineiros presos. Eles poderiam estar em qualquer lugar, e como você saberia se o buraco para resgate seria no mesmo local onde os mineiros estavam?
Não sabendo mais o que dizer, ela entregou a Stavros uma garrafa de água, então congelou quando Alaric gritou e todo mundo parou de cavar. Emma olhou de um para outro, uma vez que pegaram seus equipamentos e começaram apressadamente a recuar.
— O que está acontecendo? — ela perguntou a Alaric quando caminhou até a garagem e começou a empurrá-la para dentro da estrutura. Ele não respondeu, apenas entrou na frente dela, bloqueando seu corpo quando uma onda de choque de ar rugiu através do pátio e a terra explodiu.
****
Duncan se obrigou a esperar até que todas as suas pessoas estivessem reunidas no que teria sido o cofre. Ele podia ouvir o cavar de cima, provavelmente pessoas de Alaric. Eles estavam ficando muito próximos, e o velho vampiro saberia que essa rota de fuga seria a mais provável. Duncan também estava consciente de Emma, ??e sabia que ela estava muito perto. O pensamento de Emma, ??do que poderia ter acontecido se ela estivesse dormindo no andar de cima, finalmente rachou sua paciência.
— Afastem-se. — ele enviou o aviso para todos os vampiros até acima, seu próprio povo ouviu e sabia o que significava. Eles se endireitaram ansiosamente, tão ansiosos quanto estavam para escapar de sua prisão anterior. A escavação parou, e Duncan reuniu seu poder em um único concentrado golpe, como se os punhos fossem feitos de ferro, e o muro nada mais que areia. Ele atirou seu braço para frente, o gesto não mais do que uma manifestação física de força poderosa que se chocou contra a parede de concreto, rachando, como se fosse um ovo e explodindo através de quase dez metros de terra firme.
Houve aplausos em volta das pessoas de fora, humanos e vampiros, e seus próprios vampiros quando o ar fresco da noite inundou o túnel. Uma mão estendeu através do buraco lamacento e Duncan a agarrou. Ele ouviu o barulho da saudação de Alaric antes de subir e olhar para cima, para ver o vampiro magro caindo sobre ele com um sorriso.
— Duncan. — Alaric gritou. — Na maldita hora certa, meu senhor!
Eles se abraçaram.
— Sua mulher é uma mulher dura. — Alaric rosnou contra sua orelha. — Os humanos a olham como se ela fosse quatro estrelas do general{15}. — acrescentou, rindo.
 Duncan olhou sobre o ombro de Alaric, seu olhar encontrando Emma nas sombras profundas debaixo de uma árvore caída, do outro lado do pátio. Ela ficou imóvel, olhando para ele, com as mãos unidas contra sua boca. Ele deu um tapa no ombro de Alaric e se afastou, indo em sua direção. Ela o observou, seus olhos violetas escuros, um brilho suspeito dizendo-lhe que tinha chorado. Seus batimentos cardíacos correram mais rápidos a cada passo que dava. Quando ele se aproximou o suficiente, suas mãos caíram longe de seu rosto e ela correu para frente, seu nome em seus lábios quando ela se jogou em seus braços.
— Duncan. — gritou ela, então puxou de volta uma respiração soluçando.
— Emmaline. — ele sussurrou em seu ouvido, enterrando seu rosto na seda quente do cabelo dela, enchendo os braços com sua suavidade, e afogando-se no cheiro e toque dela.
— Eu estava com medo. — ela começou mas ele a silenciou, cobrindo a boca com seus lábios e bebendo-a, sentindo seus braços apertar contra seu pescoço quando o beijo se aprofundou, quando suas línguas se encontraram, girando em si avidamente. Duncan interrompeu o beijo relutantemente, consciente de seus vampiros e todo mundo assistindo.
— Eu te amo, Emmaline. — ele sussurrou. — Eu vou lhe mostrar o quanto, logo que encontrarmos um pouco de privacidade.
— Oh. — Emma respirou, suas bochechas e olhos com um rubor crescente, como se consciente dos espectadores pela primeira vez. Duncan riu suavemente.
— Foi só um beijo. — ele murmurou, tocando com sua boca na dela rapidamente.
— Não é apenas um beijo. — Emma corrigiu. — Um inferno de um beijo. — Duncan riu alto, puxando-a contra seu peito para um abraço forte, antes de pegar sua mão, virando-se para os outros.
— Jackson. — disse ele, pesquisando os rostos.
— Sim, meu senhor. — Jackson Hissong saiu de onde estava conversando com Miguel e Louis.
— O que nós sabemos? — Jackson chegou mais perto e disse baixinho:
— Temos um homem sob custódia, meu senhor. Mas talvez devêssemos levar essa conversa para outra casa. Algumas das coisas que precisam ser ditas...
— É claro. — disse Duncan imediatamente. — E todos nós poderíamos usar um chuveiro e alguns nutrientes, iram bem. E os guardas diurnos?
— Com sua permissão, meu senhor, os manterei no dever até que seus vampiros possam assumir.
Duncan trocou um olhar com Miguel, que disse: — O traidor está mantido em local seguro. Jackson não acredita que o resto de seus homens estava envolvido, embora vamos verificar cada um deles antes de sair para ter certeza.
Duncan assentiu.
— Muito bem. Emma e eu vamos seguir na frente para a outra casa, e vamos convocar todos quando tiverem a chance de se limpar. Eu vou querer o prisioneiro disponibilizado para mim.
— Claro, meu senhor. — disse Miguel, em seguida, virou-se para começar a organizar a rotação de guarda e de partida.
Duncan deixou cair um braço sobre o ombro de Emma e começou a caminhar em direção ao muro, que protegia a propriedade ao longo do rio. Emma respirou surpresa quando abriu uma pequena caixa de controle e digitou um código no teclado escondido lá. Com um zumbido suave de ruído, um portão escondido saiu da parede lisa.
— Onde é que vamos? — ela perguntou intrigada.
— Um passeio ao luar ao longo do rio. — brincou Duncan.
— Muito romântico. — ela murmurou, inclinando-se contra sua lateral. —Mas eu prefiro ter um chuveiro quente. — Duncan riu.
— Será que você compartilha?
— Só se você me disser para onde estamos indo.
— Como disse Jackson, para a outra casa.
— Eu não sabia que havia outra casa!
— Eu sou um lorde vampiro, Emma. Há sempre outra casa.
****
Emma deixou cair a cabeça para trás enquanto a água quente abençoadamente descia por seu cabelo, lavando o shampoo junto com horas de suor e fuligem. Ela se endireitou e passou o condicionador, em seguida, voltou atrás e retirou a maior parte de seu cabelo molhado sobre um ombro, deixando a água bater o stress de suas costas. Suspirando de prazer, ela pegou uma barra de sabão e esfregou-a entre as mãos, gerando uma espuma espessa que tinha apenas um leve aroma limpo. Não tinha sabonetes florais para Duncan, aparentemente, o que era bom para ela. Ela levantou as mãos com sabão para o rosto e começou a lavar suavemente, tentando não pensar sobre o que ele estaria fazendo à sua pele. Uma noite não iria matá-la, e, além disso, o resíduo oleoso de fuligem preta deixada pela fumaça e fogo provavelmente precisava de algo mais forte do que o seu habitual limpador facial. Ela teria uma hidratação extra amanhã para compensar, uma vez que conseguisse pegar suas próprias coisas. Esse pensamento a fez parar. As coisas que ela tinha deixado na casa de Duncan foram embora, embora, graças a Deus, ela tinha seu laptop com ela. Todo o resto era facilmente substituível. Além disso, Duncan tinha sobrevivido e isso era tudo o que importava.
E falando do diabo... Ela pegou uma sombra borrada de movimento antes da porta do chuveiro abrir e o vampiro entrar. Emma correu um olho admirando de cima para baixo seu corpo nu. A lama e a sujeira que o tinha feito parecer como um refugiado só o deixou mais masculino, mais perigoso. Ele colidiu com ela com cuidado com o quadril, um braço serpenteando para circundar sua cintura, ele a empurrou para fora do fluxo de água quente.
— Você está todo sujo. — queixou-se sem entusiasmo.
— Diz a mulher que está toda limpa e brilhante. — comentou ele e em seguida, recuou um passo, puxando-a sob o jato com ele. Emma cuspiu brevemente antes de enterrar o rosto em seu peito.
— Você está me sujando. — ela murmurou, mas colocou os braços ao redor de sua cintura estreita, passando as mãos sobre os músculos firmes. Ele era como uma obra de arte, cada músculo perfeitamente definido e fluía elegantemente sobre tendões e ossos.
Duncan inclinou a cabeça de volta para o chuveiro como ela tinha feito antes, deixando a água correr através de seu longo cabelo loiro. Ela chegou por trás dele e pegou o xampu. Ele era muito alto para ela lavar o cabelo confortavelmente, mesmo assim ela pegou uma boa quantidade de gel e pôs em seu cabelo molhado, em seguida, ficou atrás admirando o jogo de músculos em seus braços e ombros enquanto ele limpava a lama.
— Deus, isso é bom. — disse ele, enxaguando o cabelo limpo.
— Estar limpo? — Emma perguntou.
— Não. — ele abriu os olhos e deu um sorriso lento. — Estar nu com você. — suas mãos desceram para agarrar seus quadris, e ele a apoiou contra a parede. — Ter minhas mãos em você. — suas mãos caíram para sua bunda e ele a ergueu sem esforço, pressionando para frente, até que suas pernas estavam envoltas ao redor de seus quadris estreitos. Ela podia sentir sua ereção, dura e pesada contra sua coxa, enquanto esfregava contra ela suavemente, brincando com ela.
— Duncan. — ela sussurrou, implorando. Mas ele não estava pronto para ceder a seus apelos. Ainda não. Uma mão surgiu entre eles para cobrir o seio, o polegar tocando sobre o mamilo até que ele estava cheio e duro. Ele inclinou a cabeça para beliscar levemente a carne gorda.
— Fiquei preocupado com você, Emmaline. — ele murmurou, lambendo o mamilo, mordiscando-o, e então mordeu mais forte até que ela gritou, suas pernas apertaram em torno de seus quadris enquanto seu sexo se apertou em necessidade.
— Eu também. — ela suspirou, pegando um punhado de seu cabelo molhado e puxando.  — Com você, eu quero dizer.
— Ai. — Duncan olhou para cima e sorriu, seus quadris nunca cessavam seus movimentos de empurrar enlouquecedor, deixando-a sentir o tamanho de seu pênis, perto, mas não onde ela queria, não onde precisava.
— Duncan, me ajude, se você não...
Ela gritou quando, sem aviso, ele mergulhou seu corpo inteiro profundamente entre as pernas, esticando-a, apesar de sua ampla disponibilidade, batendo para frente até que seus quadris se reuniram com um tapa da carne molhada. Ele esperou, então, observando-a enquanto ela lutava para recuperar o fôlego, enquanto seu corpo se suavizou a acomodá-lo.
— Se eu não fizer o quê? — ele perguntou suavemente.
 Emma puxou a cabeça para frente, levando-o para um beijo sem fôlego. Era quente e úmido e macio, uma carícia lenta de lábios e língua, enquanto abaixo, flexionou seus músculos internos em torno de seu pênis com o mesmo ritmo. Duncan gemeu quando seu pênis estremeceu em resposta, e Emma levantou a cabeça lentamente, lambendo sua língua ao longo da curva de sua boca antes de sussurrar:
— Eu amo você, Duncan.
Duncan encontrou seu olhar, sua expressão completamente séria quando ele começou um movimento lento e constante, os músculos tensos de seu aperto em sua bunda, quando seus quadris empurravam para frente e para trás entre as pernas dela, sua ereção era um eixo de pedra quente revestida em cetim quando ele, repetidamente, retirou, apenas a ponta permanecendo dentro dela, então deslizou profundamente em seu corpo mais uma vez, um longo, deslizar suave de carne contra carne. Emma cruzou os tornozelos sobre a sua bunda, prendendo-o entre suas coxas. Seus braços estavam em volta do pescoço, os dedos enfiados através de seu cabelo. A boca de Duncan moveu sobre o rosto, beijando seus olhos, sua mandíbula e até seu pescoço. Sua língua contra sua carne superaquecida enquanto lambia o suor e água de sua pele, quando ele chupou forte sobre sua veia jugular. Emma sorriu para si mesma, pensando que teria um chupão no período da manhã. Ela não tinha um desses em...
Ela gemeu com a excitação quando suas presas perfuraram sua veia, quando o primeiro orgasmo poderoso disparou através de seu corpo, apertando seu ventre e apertando os seios. Cada golpe de Duncan produzia uma sacudida de sensação incrível, onda após onda de prazer, como se os seus nervos estivessem nus e seu pênis uma escova de seda contra eles. Emma começou a empurrar no ritmo com seus movimentos, querendo que ele se juntasse a ela, querendo sentir o momento em que ele perdesse o controle e ultrapassasse o limite com ela.
Suas presas ainda estavam enterradas em seu pescoço, Duncan gemeu.  O som vibrou contra sua pele e correu por suas veias, um estrondo sobre os seios e para baixo, entre as pernas tremendo e ao longo do comprimento de seu pênis. Ele levantou a cabeça, e sua língua rodou rapidamente as feridas pequenas antes que ele esmagasse sua boca sobre a dela, compartilhando o gosto de seu sangue. Emma encontrou seu beijo com fome, mordendo enquanto ela lutava para se aproximar dele, lambendo os lábios em pedido de desculpas quando sentiu o fluxo quente do seu sangue, mas saboreando a onda de calor que veio com ele.
Duncan grunhiu e começou a foder, batendo-a contra o azulejo molhado, protegendo-a com seus braços nas costas enquanto ele empurrava mais e mais, até que Emma pensou que os azulejos certamente quebrariam sob a tensão. Rosnando com fome, ele a ergueu mais, mudando o ângulo de sua penetração, indo ainda mais profundo do que antes, sua espessura atormentando a carne sensível de suas paredes internas até que seu corpo tremia com a excitação e implorava para a liberação. Duncan escorregou os dedos de uma mão ao longo do vinco da bunda dela, acariciando a tira de pele esticada com sua penetração, antes de mergulhar o dedo no seu ânus. Emma ofegou um segundo orgasmo gritando ao longo de seus nervos, saltando como um raio pelo toque de sua mão, pelo o impulso de seu pênis e até os seios inchados, que foram esmagados contra seu peito forte. Ela mordeu seu ombro, tentando engolir o grito que subiu até a garganta, oprimindo as sensações a cada centímetro do seu corpo. Seu sexo apertou o pênis de Duncan quando ele começou a resistir contra ela, sua libertação quente em seu ventre quando os dentes romperam a pele do seu ombro, e ele levantou a cabeça para uivar seu clímax.
***
Duncan se apoiou pesadamente contra Emma, ??segurando-se tanto com a imprensa de seu corpo, como o aperto de suas mãos em sua bunda doce. Seus braços estavam soltos sobre os ombros, os tornozelos ainda segurando em torno de seus quadris, enquanto sua língua ávida continuava em volta do sangue de seu ombro. Ele descansou a mão suavemente contra a parte de trás de sua cabeça, encorajando-a. Quanto mais de seu sangue ela pegava, mais apertado o vínculo seria entre eles. Seu ombro pulsava quando ele se lembrou da sensação de seus dentes em sua carne, e ele sorriu. Ela era uma gata selvagem, sua Emma. E ela era sua.
Por mais improvável que parecesse, ele tinha se apaixonado novamente. Ele amava sua esposa, embora a memória fosse tão antiga e distante, era como se tivesse acontecido com outra pessoa. Mas ele ainda podia lembrar o aroma de seu pó, o toque de sua mão quando ela esfregava os ombros depois de um dia duro. Ela foi uma boa mulher que merecia mais do que ele foi capaz de lhe dar. E muito melhor do que o final que ele trouxe para ela.
Mas ele não era mais aquele homem. Ninguém, homem ou vampiro, jamais tocaria sua mulher. Emma era dele, e ele iria lutar até a morte para protegê-la. É claro que Emma provavelmente ira mordê-lo novamente se ela soubesse seus pensamentos. Ela não era uma flor tímida para ficar atrás e deixar que alguém lutasse suas batalhas. Não, ela queria ficar ao seu lado e lutar contra seus inimigos juntos. E era melhor. Porque o mundo era um terrível e traiçoeiro lugar, e consolou-o saber que Emma estaria lá para enfrentá-lo com ele, quando acordasse, todas as noites.
Emma deu uma lambida final em seu ombro e levantou a cabeça.
— O que você está pensando? — ela murmurou, beijando a mordida que ela tinha feito tão ansiosamente.
— Só que eu te amo, Emmaline. — ele esfregou o queixo contra seu cabelo molhado.  — Você vai ficar?
— Ficar? — ela perguntou, seu hálito quente em sua carne rasgada. —Você quer dizer hoje?
— Eu quero dizer para sempre.
Emma levantou a cabeça para olhar para ele, com os olhos cheios de lágrimas.
— Duncan?
 Ele encontrou seu olhar uniformemente.
— Fique comigo, Emma. — repetiu ele. — Seja minha.
Ela assentiu com a cabeça, sem palavras, com lágrimas correndo pelo rosto.
— Certo. — ela sussurrou, então soltou um suspiro de frustração. — Isso não foi muito poético da minha parte.
— A poesia é superestimada. — comentou Duncan. Ele recuou e a baixou lentamente, deixando-a deslizar para baixo de seu corpo até que seus pés estavam firmemente no chão.
 Emma suspirou, descansando a cabeça contra seu peito. Os dois ficaram ali, escutando um a respiração do outro, até que Emma disse, rindo.
— Eu acho que preciso de um banho.
— Sim, bem. — ele puxou-a sob a água que ainda estava funcionando, embora visivelmente mais fria do que antes. — Eu estava tentando tomar banho quando você me molestou.
— Eu? Você começou isso. — ela murmurou, distraída, passando as mãos sobre o abdômen, que contraiu automaticamente sob seus dedos. Ela olhou para ele e piscou. Duncan gemeu.
— Deixe-me pelo menos terminar de me lavar. Se eu soubesse que você era insaciável, eu teria...
— O quê?
— Fodido você até a inconsciência antes de tomar banho. — ele sussurrou em seu ouvido.
— Duncan. — ela engasgou, mas não se afastou.
Foi um banho rápido, mas só porque Emma recusou sua oferta para lavar os restos de sua vida amorosa entre suas pernas.
— Nós nunca vamos sair daqui, se você fizer isso. — disse ela, batendo longe suas mãos.  — Eu vou ser uma ameixa seca.
— A ameixa seca mais atraente, no entanto. — disse ele galantemente. Mas ele saiu do chuveiro e começou a se secar, enquanto Emma terminava. Ele colocou moletom e estava esperando com uma toalha grande, quando ela surgiu poucos momentos depois.  Enrolando-a, ele a pegou no colo e levou-a para o quarto. Ela levantou os braços para dar a volta em seu pescoço, então suspirou e descansou a cabeça em seu ombro.
Duncan puxou as cobertas de volta e a deitou sobre os lençóis. Colocando um joelho no colchão ao lado dela, ele terminou de secar seu corpo nu, em seguida, puxou as cobertas e se inclinou para beijá-la com ternura.
— Durma, Emma. Eu vou estar perto. — ela agarrou sua mão quando ele foi se levantar, seus olhos já meio fechados de sono.
— Onde você vai dormir hoje, Duncan?
— Com você, Emmaline. Esta casa é mais adequada para o meu tipo. Eu voltarei aqui para você.
Ela sorriu, esfregando sua bochecha contra sua mão antes de liberá-lo e se enrolar debaixo do cobertor. Ela estava dormindo em alguns momentos, sem qualquer ajuda de Duncan, embora ele tivesse se preparado para induzir seu sono, se necessário. Ele tinha um prisioneiro para interrogar. O homem que ateou fogo na residência, e que tinha a intenção clara de matar Duncan, juntamente com alguns de seus vampiros, e, talvez, Emma, ??também. Não era uma tarefa e Duncan sabia, mas era algo que ele faria e bem, porque nada era mais importante para ele do que a segurança de Emma e seu povo. Mas de alguma forma, ele duvidava que sua amada Emma admiraria sua habilidade quando o ser humano começasse a gritar por misericórdia.

Capítulo 25
 
Duncan cruzou os braços sobre o peito e encostou-se à parede do pequeno quarto estéril do porão. Ele tinha colocado uma camiseta por cima da calça de moletom e acrescentou um par de tênis Nike pretos, mas não se preocupou com nada mais extravagante, porque esperava estar queimando as roupas antes do fim da noite. Ele também esperava estar enfrentando um pedaço trêmulo de humanidade aterrorizada, implorando por sua vida. Em vez disso o que ele tinha era um enigma.
Franziu a testa para o guarda humano sentado à frente dele na mesa. Os braços do homem estavam algemados atrás das costas, mas fora isso ele não estava preso. E não estava particularmente assustado, também.
— Meu senhor? — o homem perguntou, seus olhos arregalados, inocentes e confusos. — Aconteceu alguma coisa?
Este homem tinha arrastado um tanque de propano para soldar do local de construção de Alaric na ala leste, armou-o para explodir como uma pequena bomba embaixo da suíte escritório de Duncan no segundo piso e espirrou diluente em uma linha de lá para a escadaria principal. Então caminhou calmamente para fora da casa pela porta da cozinha na parte de trás e voltou para sua patrulha regular do perímetro, deixando tempo de sobra para o seu habitual check-in. Não havia nenhuma questão acerca da culpa, eles tinham vídeos de segurança dentro e fora do sistema digital ativado por movimento que Miguel tinha instalado assim que se mudaram para a casa. Uma vez que as câmeras eram acionadas, as imagens eram enviadas para um centro de controle numa casa há uma quadra da antiga residência de Victor. Era a casa em que Miguel e Louis tinham vivido durante a preparação para a aquisição do território de Duncan, a mesma casa em que agora estavam todos vivendo até que a antiga residência fosse reparada, ou novas instalações fossem encontradas e devidamente protegidas.
E, no entanto, apesar dessa evidência incontestável, o guarda não parecia lembrar-se de nada disso. Ele ainda devia ter ficado com medo, no entanto. Ainda que não tivesse feito nada de errado, ele deveria ter medo de encontrar-se algemado e enfrentando Duncan como seu inquisidor.
— Senhor Daniels, não é? — Duncan perguntou finalmente, embora ele soubesse o nome do guarda.
— Sim, meu senhor. — disse o homem prontamente. — Clint Daniels.
— Diga-me, qual é a última coisa que você se lembra antes de ser trazido aqui?
Daniels balançou a cabeça tristemente. — Ser algemado, meu senhor. — ele disse, parecendo confuso. — Eu estava de pé na entrada do portão principal, mantendo os espectadores longe durante o fogo, e então Jackson Hissong apareceu e mandou um dos caras colocar isto em mim. — ele tentou levantar as mãos atrás, mas elas estavam presas sobre o encosto da cadeira e ele fez uma careta. — Não entendo, meu senhor. O que aconteceu?
— Posso tocar em você, Senhor Daniels? Não é necessário, mas vai fazer as coisas mais fáceis.
— Claro, meu senhor.
A carranca de Duncan se aprofundou. Clint Daniels, obviamente, não tinha nada a esconder, ou pelo menos nada que achasse que devia esconder. A suspeita se enraizou nos pensamentos de Duncan, fazendo seu estômago apertar com raiva e mau agouro. Ele se afastou da parede e circulou a mesa, ciente da atenção de Miguel endurecendo atrás dele enquanto ele se aproximava do prisioneiro. Duncan colocou a mão na cabeça de Daniels, automaticamente escovando o cabelo do homem de sua testa, em um gesto reconfortante quando ele se inseriu sem esforço na consciência do humano. As emoções de Daniels subiram para a consciência de Duncan primeiro, e o que ele encontrou apenas confirmou o que ele tinha notado alguns momentos atrás. Clint Daniels estava preocupado e confuso, mas não estava assustado. E maldito se não deveria estar.
Duncan cavou mais fundo, vendo o incêndio em casa através dos olhos de Daniels, as multidões fora do portão. As multidões que Duncan tinha evitado ao tomar seu passeio da meia-noite ao longo do rio com Emma. O pensamento de Emma, ??e do perigo que ela assim evitou, renovou o seu propósito, e ele enterrou-se nos pensamentos de Daniels sem compaixão. Ele foi o mais cuidadoso possível, mas precisava da verdade.
Duncan fechou os olhos e focou-se. Viu as memórias superficiais, as mesmas que Daniels tinha contado, o espanto quando Jackson Hissong ordenou que o algemassem, mas nada mais que isso. Ele mergulhou mais fundo, forçando Daniels a se lembrar. O humano começou a tremer. Ele gemeu, suas pernas batendo, chutando contra a mesa, como se tentasse escapar. Duncan viu a barreira nessa altura, a outra parede que alguém tinha erguido nas memórias deste homem, alguém habilidoso o suficiente para fazê-lo sem deixar o humano como um idiota babando. Este não foi trabalho de Victor. Ele tinha visto como Victor tinha mexido nas memórias de Violeta, o remendo apressado que a deixara confusa e incapaz de funcionar. Não, esse foi o trabalho de alguém muito mais hábil e paciente. Alguém que pensava mais à frente, que tinha preparado tudo para Daniels poder preparar sua armadilha e retomar as suas funções sem problemas. Se não fosse pelas câmeras de Miguel - algo que somente Duncan e alguns outros poucos sabiam - eles provavelmente nunca teriam descoberto quem começou o incêndio. Que foi fogo posto, todos sabiam agora, até mesmo os investigadores de incêndios humanos. Mas nunca poderiam ter traçado o ato de volta a este homem.
Daniels começou a chorar, soluços de partir o coração que sufocaram sua voz enquanto ele se desculpou uma e outra vez, o medo esperado saturando finalmente suas emoções.
— Eu não sei, meu senhor. Eu nunca teria... — sua voz quebrou novamente quando os soluços ficaram mais fortes.
— Está tudo bem, Clint. — disse Duncan suavemente, alisando a mão sobre a cabeça inclinada de Daniels. — Não foi culpa sua. — ele continuou a acariciar a cabeça do humano enquanto trabalhava, substituindo as memórias com as suas próprias. Era uma pena. Este homem foi um empregado fiel, um ótimo guarda. Se Duncan tivesse chegado a ele primeiro, isso nunca teria acontecido. Mas não houve tempo suficiente; muitas crises tinham acontecido de uma vez. Duncan nunca tinha encontrado tempo para verificar todos e cada um dos guardas diurnos para bombas de tempo como esta, e para adicionar defesas em suas mentes contra intrusão casual.
Ele suspirou e libertou a mente de Daniels, inclinando o homem com cuidado para frente até que ele estava caído sobre a mesa, dormindo.
— Solte-o. — disse a Miguel. — Ele tem uma família?
— Não. — disse Miguel, desbloqueando as algemas e esfregando os braços do humano rapidamente para restaurar a circulação. — Ele é um dos que eu trouxe comigo de West Coast. Um bom homem, meu senhor.
— Sim. — concordou Duncan, cansado. — Um bom homem que alguém tentou usar contra nós. Alguém chegou a ele, Miguel. Um vampiro mestre que, de algum modo nos escapou.
Miguel lançou-lhe um olhar alarmado.
— Poderia ser alguém que já conhecemos? Como o artista Erik, ou seu parceiro, Brendan?
Mas Duncan já estava balançando a cabeça.
— Não. Nenhum deles é um vampiro mestre. É alguém que temos ignorado. — reiterou. — Maldição! Como se eu já não tivesse o suficiente com que me preocupar. — ele desviou o olhar com desgosto. — Tudo bem. — disse ele firmemente. — Envie o nosso amigo aqui de volta para a Califórnia, dê-lhe um bom trabalho. Nada disso foi culpa dele.
Miguel assentiu.
— O que você vai fazer agora, meu senhor?
Duncan soltou um riso amargo.
— Esperar que quem fez isso apareça. Ele sabe que estou ciente dele agora, e que vou procurá-lo. Melhor deixá-lo agir do que esperar que eu o encontre. Ele vai fazer a sua jogada em breve, e nós vamos estar prontos quando ele o fizer.

Capítulo 26
 
Duncan despiu as roupas, se sentindo sujo apesar do fato de que não houvera necessidade de violência real essa noite. Sem sangue, pelo menos. O que ele fora forçado a fazer com o cérebro de Clint Daniel foi uma violação, mas pelo menos o humano ainda era funcional, capaz de viver sua vida como antes.
Ele deixou a camisa cair no chão e atravessou o quarto em direção à enorme cama onde Emma dormia. Ela respirava profundamente, em equilíbrio, seu coração em um bater constante que o atraía como um ímã. Ele escorregou na cama ao lado dela, puxando-a a curva de seu corpo, uma parte de si desejando que ela acordasse. Ela não acordou. Ela simplesmente sorriu em seu sono profundo e se curvou contra ele, seus lábios macios tocando o peitoral dele como um beijo de sonho.
Ele sentiu o sol se esgueirando abaixo do horizonte. Restavam apenas alguns minutos antes que a luz do dia roubasse sua consciência. Ele apertou os braços em volta de Emma, enterrando seu rosto nos calorosos e sedosos cabelos dela e fechando os olhos.
 
* * * *
 
Emma acordou se sentindo mais descansada do que se sentira em semanas. Pelo menos até o momento em que abriu os olhos para um quarto escuro em uma casa estranha. Ela se preocupou por um momento, então, antes de tudo voltar a ela - o fogo, a espera pra ver se Duncan e os outros vampiros estavam vivos, o banho... Ela sorriu com a memória, passando as mãos pelo corpo, se sentindo sexy e desejada e muito, muito feminina. Duncan dormia ao lado, sua respiração lenta e constante - talvez um pouco lenta demais, agora que ela pensava a respeito. Se ela não soubesse que ele era um vampiro, estaria preocupada. Seus pensamentos congelaram e ela rolou para o lado rapidamente, pegando o relógio na cabeceira. Era tarde, um pouco mais de uma hora até o pôr do sol, mas ainda era dia, o que explicava as pesadas cortinas e a escuridão. Ela se virou para encarar Duncan. Ele não apenas dormia. Ele dormia profundamente. Bom, essa era a primeira vez, um daqueles momentos na relação em que você nunca esquece. Claro, ela seria a única que lembraria, porque Duncan estava morto, não de fato, mas para o mundo.
O toque do celular a fez pular da cama para atender o telefonema antes que Duncan acordasse. Quando seus pés tocaram o tapete, ela se deu conta de que não importava. A casa poderia ir abaixo ao redor de Duncan que ele não acordaria. De fato, a casa quase caiu em cima dele ontem e ele dormiu por quase toda a confusão. Até onde ela sabia, pelo menos. Ela teria que perguntar a ele sobre aquilo.
Mas o maldito celular ainda tocava. Emma ligou a luz de cabeceira. A luz era apenas o suficiente para que ela não trombasse em nada e conseguisse seguir o som do seu celular. Exceto que aquele não era o celular dela. Era o de Duncan. Ela encarou o identificador de chamadas. Cynthia. Quem diabos era Cynthia?
Se sentindo culpada de alguma forma, ela lançou um rápido olhar por sobre os ombros ao seu amante sonolento, então atendeu ao telefone.
— Alô?
Silêncio. Então.
 — Quem diabos está falando? — a voz de uma mulher exigiu.
Os olhos de Emma se estreitaram em irritação
— Acho que essa fala é minha já que você que ligou pra mim.
— Eu não liguei pra você, eu liguei pro Duncan. Onde diabos ele está?
— Dormindo. O que você saberia se soubesse alguma coisa sobre ele.
— Querida, eu sei mais sobre Duncan do que você, incluindo o fato de que ele está dormindo. Eu esperava falar com a caixa postal, mas ao invés disso estou falando com você. Então, quem é você e o que diabos você fez com Duncan?
— Muita coisa. Por horas e horas. Lide com isso. — Emma desligou, sentindo mesquinha e muito satisfeita. Claro, talvez Duncan não encarasse dessa maneira.
Ela deu um pulo quando o telefone começou a tocar novamente. Cynthia. Que surpresa. Emma considerou atender apenas pela satisfação de desligar novamente, mas imaginou que a vadia ia continuar ligando.
Assumindo que ela fosse vadia. Infernos, talvez essa tal de Cynthia fosse contadora de Duncan ou algo do tipo. Emma estava começando a questionar sua grosseria quando seu telefone começou a tocar em algum lugar no outro lado do quarto.
— O que há com esses telefones? — ela resmungou e foi em busca de sua jaqueta.
O telefone que sobreviveu ao trauma da noite passada com apenas um pouco de lama sobre ele deveria estar no bolso da jaqueta. Ela teve um estranho pensamento que poderia ser Cynthia ligando para ela também, mas aquilo era só um cutucão de sua mente culpada. Não que Emma duvidasse que alguém determinado poderia achar seu número de telefone, mas não tão rápido. Não sem um nome para ajudar na busca. Ela finalmente localizou as roupas e pegou o celular, franzindo ao olhar para ele. O telefonema era do seu escritório. Ou melhor, o que foi seu escritório até Sharon a despedir. Foi ontem que tudo isso aconteceu? Parece que tanto aconteceu por um curto período de tempo.
Ela considerou não atender. Afinal, ela não devia a eles mais nada. Mas poderia ser Noreen ou uma das outras assistentes legislativas. Não era culpa delas que Sharon fosse uma idiota, ou que Guy Coffer não se impusesse diante de sua esposa. Ela suspirou e apertou o botão atender.
— Emma Duquet. — ela respondeu cuidadosamente.
— Emma, estou tão contente que atendeu. — disse uma voz de homem em um tom um simpático demais. A voz de um político. Era Guy Coffer em pessoa ligando. Isso não parecia ser nada bom.
— Congressista Coffer. — ela respondeu — Posso ajudá-lo em algo?
— Na verdade não, Emma. Liguei para me desculpar sobre como as coisas foram tratadas ontem. Eu não tinha ideia de que Sharon a deixaria ir. Claro, eu deixo as questões da equipe de trabalho para ela, mas se eu soubesse... — a voz dele se arrastou porque ambos sabiam que mesmo se ele soubesse, não teria feito nada a respeito.
— É muito gentil de sua parte, senhor. — Emma disse, sentindo pena dele. Ele não era um homem mau. Ele apenas carecia de certas partes anatômicas essenciais.
 — Sim, bem, eu me sinto culpado sobre como as coisas ocorreram. Escrevi uma carta de referência e fiz recomendações a vários colegas também. Seria melhor que você pegasse a carta pessoalmente, no entanto. Eu não gostaria que se extraviasse no correio, você sabe como essas coisas podem ser.
O que significava que Sharon havia visto a carta, e ela a derrubaria no fragmentador de papel tão rápido que provavelmente perderia um dedo ao fazê-lo. Emma considerou a situação. Ela realmente precisava daquela carta, e ainda tinha sua identificação já que nunca se incomodou de devolver quando ela foi despedida. Ela poderia dar um pulo rápido e subir pro Hill, pegar a carta e voltar num piscar de olhos. Coffer nunca teria sugerido que Emma passasse por lá se houvesse ao menos a menor chance de que Sharon estivesse por perto, então não havia riscos de confronto naquele assunto.
Emma olhou por sobre os ombros para onde Duncan dormia perfeitamente imóvel, perfeita vulnerabilidade. Alguém havia tentado matá-lo ontem, e a ela também, provavelmente. Ele tinha dito a ela ontem à noite que esta casa era melhor ambientada para vampiros, e ela sabia que teriam guardas humanos protegendo o local durante o dia, assim como era na antiga casa. Ela franziu o cenho pensativa. Jackson Hissong estaria por ali em algum lugar, e ela tinha certeza que ele disponibilizaria alguém para acompanhá-la até o escritório de Coffer e então de volta a casa.
Mas Duncan não teria gostado do plano. E ele teria razão.
 — Eu aprecio o gesto, congressista. — ela disse a Coffer. — Mas não estou em casa. Na verdade, estou a caminho do Distrito agora mesmo. Vou levar umas duas horas para chegar aí, e então ao escritório. Eu não posso pedir que espere esse tempo todo.
— Não será problema algum Emma. Eu vim ao escritório hoje para um pouco de paz e silêncio, e tenho trabalhos a fazer, então não me importaria de esperar.
— Bem, obrigada, senhor. É muita gentileza. Estarei aí o mais breve possível.
 
* * * *
 
Emma percorreu os corredores quase vazios do Capitólio. Os corredores do escritório ficavam longe das áreas públicas do prédio, e era final de semana. Ninguém, a não ser alguns funcionários ocasionais poderiam ser vistos apressados pelos normalmente cheios corredores.
Emma não se incomodou em vestir-se apropriadamente. Ela não planejara permanecer tempo suficiente para que a roupa fosse importante. Pois, se fosse assim, ela teria que ter ido para casa se trocar.
Tudo que estivera na antiga residência de Duncan estava perdido, então ela não tinha nada a não ser o terno cinza e a blusa de seda que ela havia usado ontem quando Sharon a despediu. Isso e seu escarpin de dez centímetros que precisava desesperadamente de uma limpeza. Mas apesar de sua promessa, ela tinha receio de que Coffer não esperasse, então ela parou em casa apenas tempo suficiente para colocar um par de desbotados brins e um longo suéter de tricô junto com botas de solado plano. O solado plano era só no caso de que ela tivesse que sair correndo por algum motivo, como no caso de Sharon aparecer inesperadamente. Emma deu uma risadinha com a ideia e empurrou a porta do escritório de Guy Coffer.
A área externa estava vazia. Ela não esperava que tivessem recepcionistas ali no sábado, mas os escritórios no interior estavam quietos demais também. Ela franziu o cenho. Aquilo não era nada usual, mas tudo dependia do horário de encontro do congressista e qual legislação estava na pauta para ser discutida. Dois dias atrás, Emma poderia ter desfiado aquela informação sem nem precisar pensar, mas o conhecimento parecia tê-la abandonado no minuto em que ela não mais necessitava dele.
Ela alcançou a porta do escritório de Coffer e bateu rapidamente.
— Congressista Coffer?
Ela mal levantou os dedos da sólida madeira antes da porta se abrir em um puxão exibindo algo maldoso o qual ficou a encarando com olhar de ódio.
— Emma. — Sharon Coffer soltou um risinho. — Eu ficarei com a sua identificação agora.
Emma virou os olhos. Ela deveria saber. Guy Coffer não fazia xixi sem antes checar com Sharon.
— Sério, Sharon. — ela falou com lentidão. — Se tudo que você queria era a identificação, poderia ter ligado você mesma. Ficaria feliz em enviá-la para você.
— Eu não me importo com a estúpida identificação. Eu queria provar de uma vez por todas que eu estava certa sobre você esse tempo todo. Você não passaria a chance de ficar sozinha com meu marido.
— Oh, por favor. — Emma chiou. — Por que eu iria querer dividir Guy com você, quando posso ter ele todo pra mim? — ela levantou o dedão sobre os ombros indicando o local onde Duncan surgia caminhando lentamente vindo do escritório externo.
— Desculpe, Emma querida. — ele disse, dando a ela uma piscadinha. — Mas estacionar aqui é terrível. Eu deveria escrever ao meu congressista sobre isso.
Os olhos de Sharon Coffer se abriram como um personagem de desenho animado e ela silvou como um gato.
— Essa criatura é o seu namoradinho?
— Sim. — Emma disse orgulhosamente. — Apesar de que não tenha nada de inho nele. — ela passou a mão sobre os braços de Duncan que estavam cobertos pela jaqueta de couro. — Ele não é lindo?
— Ele é um monstro!
Emma inclinou a cabeça para a outra mulher, achando curioso que Sharon soubesse que Duncan era um vampiro sem que ninguém lhe dissesse. Emma não conhecera muitos vampiros, mas dos que ela conhecera, Duncan era o que mais se parecia com um humano. Ela nunca teria suspeitado que ele fosse um vampiro - de fato, ela não suspeitou quando eles se conheceram. E mesmo assim, Sharon Coffer não apenas suspeitava, ela sabia. Emma estava começando a ter um mau pressentimento sobre aquilo. Violeta não tinha identificado Guy Coffer como um dos parceiros pervertidos de Victor. Mas então, ela não sabia o nome da maioria dos homens envolvidos, e Guy Coffer não era alguém cujo rosto estava no jornal da noite.
Tinha também a mulher desconhecida que estava na noite em que Lacey morreu, a mulher que havia gritado com todo mundo como se ela estivesse no comando. Emma sentiu uma excitação de medo. Graças a Deus ela tinha esperado até que Duncan pudesse acompanhá-la essa noite. Falando nisso...
— Duncan. — ela disse, mostrando alarme.
— Não há nada pra se preocupar, Emmaline. — ele reassegurou, pegando as mãos dela e levando-as aos lábios rapidamente. Ele notou a mesma estranheza na reação de Sharon que ela havia notado, sem dúvida. De fato, ele provavelmente fez a ligação antes dela.
Duncan se pôs em frente à Emma, mas não disse uma palavra a Sharon. Ele apenas encarou a esposa do congressista, sua cabeça pendendo curiosamente, estudando-a como se ela fosse algum tipo de inseto peculiar. Ela o encarou de volta, seu olhar inicialmente desafiador se suavizando à medida que se tornava um olhar vidrado e seus braços caindo soltos ao seu lado. Eles permaneceram daquela maneira por alguns minutos, então Duncan pegou os braços de Sharon e a guiou na direção de volta ao escritório do congressista. Emma seguiu, parando de repente quando viu Guy Coffer sentado lá. Ou talvez deitado fosse uma descrição melhor. Sua cabeça estava com as bochechas encostadas na mesa, seus olhos fechados como se estivesse dormindo.
— Tudo bem com ele? — Emma sussurrou, não querendo perturbar a concentração de Duncan.
— Não há necessidade de sussurrar. — Duncan disse em sua voz usual. — E, sim, o congressista está bem. Foi simplesmente mais fácil lidar com um de cada vez.
— Vocês poderiam governar o mundo, sabia. — Emma comentou, observando Duncan guiar Sharon para uma cadeira próxima à janela.
— Quem disse que não governamos? — ele perguntou distraidamente.
Emma franziu o cenho, certa de que ele estava brincando.
— Então, o que você descobriu? O que eles sabem?
— Um monte de coisas tediosas, receio. Assim como o encantador conhecimento e aborrecimento da senhora Coffer quanto à minha natureza vampira, entretanto, essa última informação veio direto do Max Grafton em um recente jantar para convidados. Ontem à noite, por sinal. Interessante coincidência, não acha? Que enquanto eu estava morrendo tragicamente em um incêndio o qual poderia se culpar algum grupo racista ou outros com preconceitos, Max Grafton já estava envenenando outros ao explicar minha infeliz morte.
— E quanto a ele? — Emma perguntou, apontando para o aparentemente dorminhoco Guy Coffer. — O que ele sabe?
— Ele é uma patética desculpa de homem. — Duncan olhou por sobre os ombros para ela. — Por favor, me diga que você nunca teve fantasias românticas sobre ele.
— Ew. — Emma disse, enrugando o nariz. — Um político?
Duncan riu.
— Eu suspeito que Sharon aqui teria a mesma reação em relação ao namoro com um vampiro.
Emma bufou desdenhosamente.
— Mostra o que ela sabe. Pergunte a qualquer mulher, infernos, provavelmente qualquer homem também no facebook se eles preferem ter um vampiro ou um político como amante. Vampiros iriam ganhar de disparada.
— Sério? — Duncan disse, parecendo interessado demais.
— Não se preocupe, lindo. Você está fora do cardápio. Falando nisso, o que são essas mulheres que ficam ligando para checar como você está... — Emma parou de falar, de repente se dando conta de que Duncan ainda não tinha escutado a mensagem de voz de Cynthia.
Duncan sorriu enquanto cruzava o escritório em direção a Emma, seus passos lentos, um trotar letal de graça e poder. O coração de Emma bateu forte no peito, e ela sentiu os lábios umedecerem.
— Com ciúmes, Emmaline? — Duncan sussurrou contra o ouvido dela. Os braços dele serpenteando a cintura dela, esfregando a coxa dela contra o corpo dele, e ela quase uivou alto enquanto sentia a firme protuberância se elevar.
— Insanamente, cruelmente, irracionalmente com ciúmes. — ela sibilou de volta. — E eu sei como usar uma arma.
Ele riu novamente, então a beijou forte e rápido, puxando-a pra si.
— Cynthia - e sim, ouvi a mensagem e ela está ansiosa em conhecer você - é uma amiga. Ela também é a companheira do meu Senhor, Raphael, que é o Lorde do território Ocidental. Na verdade, você e Cynthia têm muito em comum. Deus nos ajude.
— Hey!
Ele a beijou novamente, então a rodou, dando um tapinha em sua bunda para fazê-la sair do escritório.
— Vamos sair daqui enquanto os infelizes Coffers não acordam de seus cochilos. Eu tenho um assassino para confrontar hoje à noite, Emmaline, e nós precisamos nos preparar.

Capítulo 27
 
— Absolutamente não! — Emma fumegou ao mesmo tempo em que invadiu o quarto e deixou cair uma bolsa de ginástica pequena perto da mesa. — Não vai me deixar aqui, enquanto vocês saem e têm toda a diversão.
— Isso não é divertido, Emma. — disse Duncan com sua calma irritante. — Max Grafton já matou uma vez, que nós sabemos. Tenho certeza de que não preciso lembrá-la que ele quase matou de novo quando organizou tudo para a minha residência queimar. Para não falar...
Emma abriu a boca para argumentar, mas Duncan antecipou-se com um olhar, e continuou:
— ... que há um vampiro envolvido. Um vampiro astuto o suficiente para manipular um dos meus próprios guardas e não ser detectado ao fazê-lo.
— Você não sabe...
— Mas eu sei, Emma. — disse ele implacavelmente. — Eu conheço os vampiros. Eu sei o que eles são capazes de fazer.
— Mas não haverá apenas vampiros lá fora esta noite. — ela argumentou. Louis tinha seguido Max Grafton para sua residência nas proximidades de Virginia por uma hábil, e bastante ilegal, escuta nos telefones pessoais do senador. Grafton estava dando um jantar na casa de Virginia esta noite. Ao contrário da angariação de fundos anterior ou do evento da noite passada, onde ele tinha falado com Sharon Coffer, esta noite era para ser uma coisa muito particular para alguns amigos. — Mesmo se houver um vampiro envolvido...
— Há. — afirmou Duncan.
Ela ignorou a interrupção.
— ... Não há nenhuma razão para acreditar que ele vai estar lá hoje à noite. Louis não ouviu nada que indicasse que o jantar é sobre negócios. São apenas alguns amigos, então não há nenhuma razão...
— Emma.
Ela olhou-o com cautela. Emma podia ser toda sobre emoção selvagem, mas Duncan não ficava com raiva, ou melhor, não o demonstrava. Ele apenas ficava mais silencioso e mais frio, suas palavras mais precisas. E essa palavra, seu nome, tinha sido cortada com uma faca bem afiada.
— Por agora. — explicou Duncan lentamente, como se ela fosse muito burra para entender, ou talvez porque era a terceira vez que ele lhe dizia a mesma coisa. — Sharon Coffer já ligou a Max Grafton para fofocar sobre ver-me no escritório de seu marido.
— Você não sabe... — Emma começou, mas parou quando Duncan lhe deu um olhar sem emoção. Ela revirou os olhos e esperou.
— Eu sei. Pedi a Louis para verificar as escutas no telefone de Grafton, porque eu também sabia que você não acreditaria em mim.
Emma fez uma careta para ele, irritada por ele estar certo. Novamente. Devia ser duro para ele, estar certo o tempo todo.
A boca de Duncan arqueou-se em um meio sorriso quando continuou.
 — Max Grafton, por sua vez, entrou em contato com seu aliado vampiro, porque sabe que eu vou atrás dele.
— Então você sabe quem é o outro vampiro?
— Não. A chamada de Grafton foi para um correio de voz desconhecido, e não fomos capazes de localizar o proprietário. O meu povo viveu nas sombras por milhares de anos, e ficamos muito bons em nos proteger. Muitos dos antigos ainda preferem as sombras. O ponto é, Emma, ??que hoje à noite vai ser o verdadeiro confronto entre mim e o outro vampiro. Nenhuma outra batalha vai importar. E eu não a quero perto quando isso acontecer. Se eu perder essa luta, eu...
O coração de Emma estava de repente em sua garganta. Nunca lhe ocorrera que Duncan podia perder. Ele era bonito, forte, invencível. Ele era... Duncan.
— Espere. — disse ela. — O que acontece se você perder?
— Se eu perder; e não pretendo fazê-lo; mas se acontecer, preciso saber que você está segura. E isso significa longe de mim.
Emma olhou para ele. Ela realmente não tinha considerado o que significava que outro vampiro estivesse envolvido, alguém que era, possivelmente, tão poderoso quanto Duncan. Alguém tão decidido em se livrar de Duncan, alguém tão vicioso que ateou fogo na residência, sabendo que Duncan e seus vampiros seriam queimados vivos. Mas ao invés de dissuadi-la, esse conhecimento tornou-a mais determinada do que nunca a estar lá hoje à noite.
— Eu vou. — ela disse sem rodeios. — Você pode me deixar aqui, mas se você me prender, eu vou chegar lá sozinha.
Os olhos de Duncan se estreitaram.
— Eu poderia adormecer você. — ele disse suavemente. — Você nunca saberia.
Emma encontrou seu olhar uniformemente.
— Eu saberia. — assegurou ela. — E nunca te perdoaria.
O músculo na mandíbula de Duncan flexionou visivelmente enquanto ele olhava para ela. Foi o único sinal da emoção que estava sentindo.
— Tudo bem. — disse ele finalmente. — Mas você fica para trás, Emma. Eu vou primeiro. E se alguma coisa acontecer comigo, você corre.
Emma assentiu uma vez em acordo, embora não houvesse nenhuma maneira no inferno de que fugiria se Duncan precisasse dela. Ela manteve esse pensamento longe de sua mente, porém, enchendo-a com a letra de uma música particularmente irritante que tinha ouvido no rádio hoje.
— Então, quando partimos? — ela perguntou.
Duncan olhou-a com cuidado, e Emma teria jurado que viu um flash de frustração em seus olhos castanhos. Então, talvez as letras de músicas estivessem resultando em impedi-lo de ouvir o que ela estava pensando. Ela guardou essa informação para o futuro e olhou para ele inocentemente. Ele bufou com desdém e disse:
— Esteja lá embaixo em dez minutos. Tenho que verificar algumas coisas com Miguel e Louis.
Ele começou a se virar, mas Emma disse: — Hey! — Duncan levantou uma sobrancelha em questão. — Que tal um beijo para dar sorte?
Duncan sorriu e envolveu uma grande mão em torno de seu pescoço, puxando-a para um profundo beijo arrebatador. Ele levantou a cabeça finalmente, deslizando sua língua ao longo da borda de seus lábios.
— Eu te amo, Emmaline Duquet.
— Eu também te amo, Duncan. Então tenha cuidado.
Ele tocou sua boca mais uma vez, e então se foi. Emma tentou escutar, mas ela nem mesmo ouviu seus passos na escada. Encolheu os ombros e correu até a mochila, que foi a única coisa que ela pegou em sua casa mais cedo. Lá estavam sua arma e munição, e ela tinha a sensação de que ia precisar deles esta noite.

Capítulo 28
A casa de Max Grafton não era só uma casa, mas uma grande propriedade. Emma sabia que ele tinha dinheiro. A maioria dos senadores também tinha depois de tanto tempo na política quanto Grafton tinha. Mas no seu caso, o dinheiro estava em sua família. Dinheiro velho. Dinheiro velho do Sul. Como alguém que cresceu na pobreza do velho Sul, Emma sabia exatamente a diferença que aquele tipo de dinheiro significava. Ainda assim, ela não estava preparada para a vastidão de sua propriedade. Tinha a casa, que era enorme, juntamente com um edifício de dois andares, que ela achava que era onde o pessoal da casa vivia, porque com uma casa tão grande como a dele, definitivamente, precisava de empregados que morassem nela. Havia uma piscina e uma casa de piscina grande o suficiente para abrigar uma família. E depois vinham os estábulos. Emma não sabia muito sobre cavalos, mas mesmo que a metade dos estábulos que ela via no longo celeiro tivessem animais nele, tinha que estar custando a Grafton uma pequena fortuna para alimentar e mantê-los.
Toda a propriedade era grande demais para colocar um muro em volta, mas tinha uma cerca de trilho, branca, ao longo da estrada, e Grafton tinha os principais edifícios e celeiros fora dos muros. Uma estradinha de cascalho curta levava a um grande portão de ferro com um "G" com trabalho estilizado. Dois guardas vestindo uniforme de combate preto estavam lá, cada um segurando um fuzil preto fosco semiautomático com uma familiaridade óbvia. Emma ficou preocupada enquanto os dois SUVs combinando chegavam até o portão, perguntando como eles fariam para entrar. Mas ela não devia se preocupar. Afinal, ela tinha visto Duncan acertar Sharon Coffer com um olhar. Ari, que estava dirigindo SUV de Duncan, convenceu o guarda do portão que eles eram convidados, em menos tempo do que levaria para mostrar suas identificações se eles realmente tivessem sido convidados.
Eles passaram pelo portão aberto e subiram uma distância pequena, esperando enquanto o segundo SUV se livrava da segurança. Uma vez que eles estavam juntos de novo, os dois SUVs começaram a descer a longa estrada sinuosa até a casa. Tinha uma fileira dupla de árvores, cuidadas para serem perfeitamente idênticas, alinhadas à estrada e com luzes brancas cintilantes em seus galhos. Seria bonito em qualquer outra noite.
— Lembrem-se, senhores. — disse Duncan friamente enquanto se aproximaram da casa. — Nós vamos em silêncio. Haverá... — ele parou abruptamente, inclinou a cabeça ligeiramente, como se estivesse ouvindo algo que ninguém podia ouvir. — Ele está aqui. — disse ele. Em seguida, balançou a cabeça, franzindo a testa. — E não está sozinho, mas eu ainda não o reconheço.
— Quem? — Emma perguntou, já que todo mundo parecia conhecer.
— Os Vampiros aliados de Max.
Ari estacionou na frente da casa, próximo a uma fila de carros caros que presumivelmente pertenciam aos convidados de Grafton esta noite. Felizmente, era uma festa pequena, o senador não se incomodou em contratar qualquer tipo de serviço de estacionamento. Dois guardas estavam de cada lado da porta da frente, mas ao contrário de seus colegas no portão, os dois usavam ternos e não carregavam armas visíveis. Emma tinha absoluta certeza de que eles estavam armados, no entanto, e ela tocou a própria arma de alguma forma autoconsciente. Ela estava vestindo uma jaqueta que ocultava a Glock 9 milímetros escondida no cós da calça nas costas, mas ainda parecia óbvio para ela.
— Você ainda pode esperar na caminhonete. — disse Duncan, apenas para seus ouvidos.
Ela virou a cabeça bruscamente e fez uma careta.
— Eu vou. — ela insistiu.
Seus lábios se curvaram ligeiramente.
— Valeu a tentativa. — ele murmurou. Em seguida a beijou suavemente e acrescentou: — Tenha cuidado, Emmaline.
* * * *
Duncan passou seus dedos sobre a maciez do rosto de Emma enquanto Louis descia da van e abria a porta para Duncan. Ele saiu pelo caminho de cascalho, com Miguel logo atrás dele. Emma fez um ruído exasperado e apressou-se para seguir, mas Duncan não esperou. Uma palavra sussurrada cuidou dos guardas humanos enquanto ele subiu os degraus e abriu a porta da frente. Ele achou curioso que os guardas fossem apenas humanos, quando ele sabia que seu inimigo vampiro estava em algum lugar lá dentro. O outro vampiro pensou que Duncan poderia estar enganado, que ele não sentiria sua presença? Subestimou, se for verdade. E foi um erro fatal. Ele teria grande prazer em apontar isso quando eles finalmente se encontrassem.
Miguel e Louis estavam um passo atrás de cada lado, enquanto ele caminhava para a casa de Grafton. Ari era o próximo, seguido de Emma, com Baldwin logo ao lado dela e os seis vampiros do segundo SUV andando atrás. Depois de atravessar a porta, eles se espalharam, com exceção de Baldwin, que tinha ordens para grudar em Emma como cola.
A porta da frente se abria em uma sala enorme. O teto do sótão aguentava mais de dois andares, com vigas grossas que cruzavam o espaço aberto. O chão era de mármore e o mobiliário era escasso, embora houvesse abundância de plantas agrupadas dividindo a sala em ambientes mais gerenciáveis ??e ainda a deixava bem ampla. Era um espaço feito para grandes encontros, e estava completamente vazio.
No entanto, Duncan não era idiota para pensar que a casa estava vazia. Uma varredura rápida lhe disse que havia cerca de 20 humanos na casa, a maioria deles reunidos em algum lugar logo à frente. Havia também... Ele fez uma breve pausa... 12 vampiros, e entre eles, claramente notou o tipo específico da mente do mestre que havia adulterado a mente de Clint Daniels e o subornou queimando a residência de Duncan.
— Doze vampiros, sendo um mestre, 20 ou mais humanos. — ele disse calmamente. A maioria dos vampiros que Duncan tinha trazido era forte o suficiente para detectar os humanos tão facilmente como ele fez, mas nem todos teriam precisão para contar os adversários vampiros. E Emma não poderia fazer nenhum dos dois. Ele a queria longe da luta. Mas também queria que ela soubesse o que estavam enfrentando.
Duncan começou a atravessar a sala, sem desperdiçar fôlego para dizer ao seu pessoal o que fazer. Estes eram todos agentes de segurança antigos, era por isso que ele os escolheu. Ele diminuiu a velocidade e parou um instante antes de o barulho forte de saltos altos anunciasse o que ele já sabia. Max Grafton estava enfim vindo para saudar os seus convidados não convidados.
— Senhor Milford. — Grafton disse com falsa cordialidade enquanto entrava na sala através de uma porta no canto e caminhava em direção a eles. —Eu ouvi dizer que você estava morto. Você vai me perdoar por estar desapontado ao descobrir que os rumores estavam errados. — ele parou há três metros de distância. — E a Srta. Duquet. Você tem dado muito mais problemas do que vale a pena, minha querida. Pelo menos Lacey...
Suas próximas palavras ficaram presas em sua garganta, juntamente com sua capacidade de respirar. Não havia nenhuma razão para Emma escutar as palavras venenosas deste homem sobre Lacey. Grafton estava agarrando o pescoço de uma forma previsível, em um gesto inútil. Ele poderia cortar sua própria garganta, ainda sim nenhum ar atingiria seus pulmões até que Duncan decidisse que era hora. O senador caiu de joelhos e seu rosto ficou vermelho primeiro. Em seguida, assumiu um tom azulado antes que Duncan o soltasse.
Grafton caiu para frente, quase batendo o rosto no chão, enquanto ele respirava fundo e tossia.
— Filho da puta. — ele suspirou, olhando para Duncan, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.
Duncan sorriu, mostrando suas presas.
— Você está desperdiçando meu tempo, Grafton.
— Você vai pagar por isso. — a voz de Grafton estava esganiçada, mas cheia de ódio. — Você não é o único a jogar na cidade.
— Sim, eu sei. Podemos ir logo com isso? — disse Duncan entediado enquanto sua mente varria a casa, à procura de uma armadilha.
Foi o olhar de Grafton em choque que, finalmente, chamou sua atenção.
— Você sabe? — Grafton gaguejou.
Duncan poupou o esforço de olhar para o humano diretamente.
— Que você é o animal de estimação do vampiro que tentou queimar minha casa comigo e os meus? Claro que...
— Eu não tenho nenhum animal de estimação, Duncan.
Duncan não se moveu, apenas seus olhos se voltaram para seguir a voz, reconhecendo o seu inimigo, enfim.
— Phoebe?
Phoebe Micheletti entrou na sala, concedendo a Grafton um olhar desdenhoso enquanto ela andava ao redor de sua figura ainda ajoelhado. Ela parou na frente de Duncan, com as mãos nos quadris.
— Você está surpreso. Bom.
Duncan deu de ombros, negligente.
— Eu estou. Não surpreso o suficiente para poupá-la, mas você era muito inteligente.
Interiormente, ele estava fervendo, principalmente de raiva de si mesmo. Eles nunca tinham se encontrado pessoalmente antes daquela primeira noite no local da sepultura, mas se ele tivesse tomado seu juramento de sangue teria conhecido o toque de sua mente e reconhecido mais tarde que ela era a única que tinha adulterado seu guarda. Mas ela fez tão certo que ele não pensou que fosse necessário. Será que ela já tinha planejado subornar alguém de sua guarda na luz do dia? Ou foi simplesmente cautelosa?
Phoebe estava jogando seu ódio para ele.
— Diga-me, Duncan. — disse ela com firmeza. — Alguma vez, você já pensou em perguntar se algum de nós queria o território antes que fosse varrido por um anjo vingativo? Eu estive esperando por mais de um século...
— Não é assim que funciona, Phoebe, e você sabe disso. Se você queria o território, deveria ter tomado. Se não fosse eu, teria sido outra pessoa.
— Eu sou a única que o merece, a única que se colocou ao lado Victor todos esses anos, enquanto...
— E o que você fez para ele? — Duncan exigiu. — Eliminou os corpos? Ajudou-o a brutalizar essas mulheres?
— Eu limpei suas bagunças, assim como faço para todos os outros, seu bastardo. Aquela mulher já estava morta quando eu cheguei lá. Tudo que fiz foi me livrar de seu corpo para que os políticos preciosos de Victor pudessem fingir que nunca aconteceu. Nós o estávamos movendo para um lugar permanente, mas logo depois você apareceu e tudo virou um inferno.
— Quantos estavam lá? Quantas mulheres foram torturadas enquanto você ficava como uma aranha gorda, observando e esperando? Sem fazer nada.
— Eu não estava 'fazendo nada'. — ela atacou com raiva. — Eu não era forte o suficiente para tomá-lo sozinha. Eu tive que esperar ficar mais forte, mais inteligente, me tornar uma lutadora melhor, construir a minha própria guarda. — ela fez um gesto pedindo silêncio sobre o ombro e vampiros começaram a chegar na sala atrás dela. — Eu passei décadas me preparando, e agora, de repente, você aparece do nada. Você e Raphael com seus grandes planos e sua arrogância.
— Raphael sempre foi justo com você. Ele a tratou com respeito, até mesmo com admiração.
— Oh! — ela abanou-se teatralmente. — Não sou simplesmente a garota viva mais sortuda do mundo? Foda-se Raphael. — ela rosnou. — Eu não preciso da sua proteção, dos seus tapinhas na cabeça, como se eu fosse algum tipo de animal de estimação inteligente ou...
— Ele nunca fez isso. — Duncan rebateu friamente. — Você se esqueceu. Eu estava lá.
— Sim, você estava lá. Sempre ao seu lado, abanando o rabinho pra ele. Seu cãozinho favorito. Victor tinha tanto direito quanto você. E agora você está aqui, com a bênção de Raphael, eu tenho certeza. Com um território seu, um presente por servi-lo tão bem por tanto tempo. Mas há algo que você não entende...
— Não, Phoebe. — disse Duncan, cortando sua ladainha com um sorriso gentil. — É você que não entende.
Ele lançou seu poder, deixando-o correr dele como se fosse água represada que de repente foi solta. O poder rugiu pela sala como um furacão, golpeando os vampiros que estavam firmemente nas costas dela, fazendo Max Grafton deslizar pelo chão de mármore liso até bater contra um trio de urnas que estava perto. Atrás dele, ele estava ciente que Emma ofegava de surpresa, mas ficou firme, sua determinação de permanecer e lutar não vacilou em nenhum momento.
Phoebe olhou para ele, seu cabelo escuro uma auréola selvagem em torno de sua cabeça, seus olhos se arregalaram brevemente, antes que eles se estreitassem em fendas de raiva. Suas mãos fechadas em seus lados. Duncan sentiu a onda de poder quando ela chamou os vampiros que tinha escolhido para ficar com ela contra ele. Um ou dois lhe enviaram um olhar triunfante, mas os outros evitaram seu olhar, como se esperassem escapar à detecção. Ele examinou os rostos rapidamente, não reconhecendo nenhum deles. Um exame mais cuidadoso e ele percebeu porquê. Estes eram próprios de Phoebe, vampiros que ela mesma tinha feito ao longo dos anos. De acordo com ela, que se preparou para a morte de Victor. Mas eles eram jovens, o mais velho não tinha nem mesmo cem anos, a maioria muito mais jovem do que isso, e nenhum deles era um mestre. A presença deles ainda ajudaria Phoebe, tanto quanto dobrando seu poder, e especialmente se ela estivesse disposta a drená-los a fim de ganhar. Mas no final, ainda seria Phoebe contra Duncan. E Duncan iria ganhar essa batalha.
Seria muito triste para ele matar Phoebe. Ele pensava nela como amiga. Embora eles nunca tivessem se encontrado, trabalharam juntos muitas vezes ao longo dos anos, a consultando por telefone e computador enquanto ela realizava suas investigações em todo o país. Mas ela tentou matar Duncan e todos os seus vampiros, estava disposta a deixar Emma morrer para chegar até ele. Ele nunca poderia perdoar isso. E como um Lorde vampiro, ele nunca poderia tolerar esse tipo de desafio ao seu governo. Ela tinha que morrer.
Duncan estendeu até o fundo do seu poder e tocou os pensamentos de Phoebe - um toque rápido - foi e voltou antes que ela percebesse a intrusão. Ele sentiu sua determinação, mas também o medo por seu marido, Ted Micheletti. Eles haviam sido companheiros muito tempo para Ted sobreviver à sua morte.
— E Ted? — Duncan perguntou calmamente. — E estes outros? — ele gesticulou para os vampiros que estavam em formação atrás dela. — Renda-se a mim, Phoebe, e eles não precisarão morrer com você.
— Não! — Ted entrou na sala pelo corredor, abrindo caminho através dos vampiros de Phoebe para alcançá-la. Ele era um homem grande, parecendo uma torre em comparação à sua esposa pequena, enquanto ele olhava para Duncan. — Não se atreva, Phoebe. — ele rosnou. — Não o deixe fazê-la desistir com sua conversa doce. Ficarei com você até o fim, meu amor. Não quero de outro jeito.
Ela poupou-lhe um olhar cheio de lágrimas. Em seguida, virou-se para Duncan. Seu queixo se projetava para frente com determinação.
— Em qualquer domingo, Duncan. — disse ela, aproveitando a ideia ‘nunca se sabe o resultado de uma competição antes de acontecer’. — Eu posso te surpreender.
Duncan a respeitou concordando, embora o resultado fosse de fato conhecido neste caso. Mesmo com seu poder dobrado, Phoebe não poderia derrotá-lo. Ela estava se iludindo todos estes anos se pensava que poderia ter derrubado Victor. E Victor nunca teve chance contra Duncan.
— Como você quiser. — disse ele. — Miguel?
— Sim, meu Senhor.
Ao ouvir a tensão na voz de Miguel, Duncan deu ao seu tenente um meio sorriso rápido.
— Não se preocupe, Miguel. — disse ele com carinho. — Me dê cobertura?
— Sempre, Senhor.
— Emma. — ele chamou, sem tirar os olhos de Phoebe. — Lembre-se de sua promessa. — ele pensou ter ouvido um sopro de ar desdenhoso dela, mas podia ser o seu poder chacoalhando a folhagem.
Seu ponto feito, Duncan sugou seu poder para mais perto, consciente de seus vampiros recuando para dar-lhe espaço e evitar ser apanhados no vórtice mortal de seu escudo defensivo. A força crua de seu poder sem limite rasgou a sala, como se desligasse um interruptor. Depois disso, a sala ficou em silêncio enquanto todos congelaram, ouvindo.
Duncan direcionou a Phoebe com um olhar frio.
— Damas primeiro. — disse ele ironicamente, intencionalmente para ferir o orgulho dela que sentiu mais cedo. O orgulho que a levou a pensar que ela poderia se tornar um Lorde Vampiro.
Phoebe reagiu previsivelmente, enrolando as mãos em garras na frente e gritando de raiva. Duncan reforçou seu escudo no reflexo, um movimento aprimorado para uma reação automática ao longo de décadas de prática, que não precisou de um pensamento de sua parte. Mas se ele teve alguma dúvida quanto ao resultado desta batalha, ela desapareceu em face do primeiro ataque de Phoebe. Impulsionada pela fúria, usando seu pleno poder, seu ataque foi sugado pelo escudo defensivo de Duncan sem deixar vestígios. Não havia nem mesmo uma marca momentânea para indicar o seu impacto. Phoebe olhou para cima e encontrou seu olhar, e ele leu o conhecimento do fracasso em seus olhos.
— Última chance. — ele falou.
— Foda-se, Duncan. — ela rosnou.
— Como você quiser. — Duncan puxou sua imensa força, formando uma lâmina de energia pura, invisível a olho nu, mas brilhando como uma espada de prata para aqueles olhos que pudessem ver. Phoebe tinha tais olhos. Ela viu a lâmina e gritou com fúria, caindo agachada, ficando pequena enquanto sugava dos seus filhos vampiros e tecia seus poderes combinados em um escudo tão apertado quanto ela podia fazer. Um por um, seus vampiros desmoronavam atrás dela enquanto ela os sugava até secar. Mesmo Ted caiu no chão, com um fio de sangue vazando de seu nariz, enquanto Phoebe tirou o pouco de energia de volta para si mesma, em uma tentativa desesperada pela sobrevivência.
Duncan já estava andando pra frente quando Phoebe uivou em desafio. Ele empurrou a lâmina brilhante de seu poder através da proteção que girava em torno de seu escudo, cortando as defesas de Phoebe, como se elas não estivessem lá, atravessando seu peito, quebrando as costelas e perfurando seu coração.
Phoebe gritou quando seu coração explodiu. Ao mesmo tempo Ted convulsionou e seus vampiros morreram. Duncan segurou a lâmina em seu coração até não sobrar nada do órgão, até que fosse poeira em seu peito. Ele puxou a lâmina de volta. Em seguida, chamou o poder para si mesmo, apertando o punho como se seus dedos agarrassem um cabo físico. Soltando o seu escudo, ele deu um passo para trás... e tropeçou, caindo de joelhos como se uma coisa com a força de uma marreta batesse em suas costas, rasgando músculos e ossos, apontando para o coração.

Capítulo 29
 
Emma sabia que ela estava sendo arrebanhada. Ela sabia que Duncan tinha nomeado Baldwin como seu protetor, provavelmente sob pena de morte ou algo igualmente desagradável. Ela não se importava, porque não havia nada que pudesse fazer sobre isso. Se você vai se apaixonar por um grande e mal macho alfa, você tem que aceitar as amplas milhas de linhas de proteção que vem com ele. Então, ela não lutou com Baldwin quando ele a pegou pelo braço e a moveu para um lado, mesmo que a fizesse se sentir como um dos vasos de plantas, especialmente quando Phoebe, “Phoebe!” apareceu.
— Eu não tenho nenhum animal de estimação. — a cadela traidora demorou enquanto entrava na sala, e Emma desejou ter algo para jogar nela. Baldwin claramente sentia a mesma coisa. Ele endureceu de surpresa e deu um passo agressivo para frente, cerrando fileiras com outros vampiros de Duncan, que estavam todos eriçados de raiva, prontos para defender Duncan. Emma ficou onde estava. Quieta e silenciosa, ela não queria chamar a atenção para si mesma por medo de que fosse empurrada direto pra fora da sala. Ela queria ver e ouvir o que estava acontecendo!
Seu coração se apertou com a dor evidente na voz de Duncan, quando ele tentou falar com Phoebe do que ele, claramente, considerava uma missão suicida. Emma não sabia nada sobre o poder de vampiro, mas ela achou que Phoebe tinha que morrer de qualquer maneira. Ela tentou queimá-los todos vivos, depois de tudo. Duncan não estava tentando salvar Phoebe. Ele estava tentando salvar os outros. Ele não parecia preocupado de maneira nenhuma por causa de si mesmo, apenas triste e resignado com o que tinha que fazer.
E, de repente, tudo mudou. A pele de Emma arrepiou com energia, todos os pelos do seu corpo levantaram quando um redemoinho que apareceu do nada encheu a sala enorme. Vasos de cerâmica cheios de plantas tombaram, quebrando contra o chão de mármore. Sujeira e folhas foram sugadas pelo vento e jogadas girando contra as paredes e janelas como granizo. Phoebe estava olhando para Duncan como se nunca o tivesse visto antes, como se ele fosse seu pior pesadelo que se tornou realidade. Ele ainda estava falando com Phoebe, mas Emma não podia ouvir o que eles estavam dizendo com todo o barulho. Ela ouviu o grito de Max Grafton. Contudo, o viu rolando pelo chão gritando como se fosse um emaranhado de folhas secas, até que ele bateu em um conjunto de panelas de barro grandes.
Querendo escutar o que estavam falando, Emma chegou um pouco mais perto, deslizando para trás e entre grupos de plantas até que ela estava bem perto de onde Duncan estava encarando Phoebe.
— Emma. — Duncan chamou de repente.
Ela congelou, certa de que ele sabia que ela tinha se aproximado, de que ela não estava mais em segurança escondida atrás do corpo de Baldwin.
— Lembre-se de sua promessa. — disse ele, e Emma deu um suspiro de desprezo. Como se ela fosse fugir se as coisas ficassem ruins. O que ele estava pensando? Mas ela não pensou antes, que tudo mudaria novamente. O silêncio caiu sobre a sala como um cobertor grosso. E Emma se agachou, se escondendo.
— Primeiro as damas. — disse Duncan, sua voz grossa com uma zombaria que Emma nunca tinha o escutado falar antes.
Eletricidade vibrou ao longo dos nervos de Emma, ??muito mais forte do que o que ela sentiu apenas momentos antes. Aquilo foi como eletricidade estática em um dia seco de verão. Isso era como um fio desencapado ao longo de seus nervos. Ela estremeceu e fechou os olhos de dor, apertando o queixo contra a vontade de gemer. Quando os abriu novamente, Phoebe ainda estava de pé em frente a Duncan, mas havia uma forma resignada definida em seus ombros, um cansaço na forma como ela se manteve apesar de seu olhar desafiador.
Duncan mal se movia, permanecia parado frio e calmo como sempre, com as pernas preparadas, ligeiramente afastadas, seu peso sobre seus calcanhares. Ele levantou o braço à altura do peito, e seus dedos se enrolaram na palma da mão como se estivesse segurando algo. Ele piscou preguiçosamente e a pressão no quarto começou a crescer. No início foi lento, em seguida, crescendo como se todo o ar estivesse sendo sugado de uma só vez. Emma começou a ofegar enquanto seus pulmões trabalhavam mais, tentando pegar oxigênio suficiente. Um peso esmagou seu peito e ela se encostou-se à parede, se sentindo fraca e tonta, mas determinada a ficar para testemunhar a execução de Phoebe. Ela piscou perplexa enquanto Duncan esticava sua mão para frente e logo depois Phoebe gritava em agonia. Os vampiros que tinham vindo para a sala com Phoebe começaram a cair como moscas onde estavam sem um único som. Não muito longe de Emma, Max Grafton grunhiu, e ela endureceu para prestar atenção. Enquanto ela estava assistindo a ação e tentando respirar, Grafton esteve acordado tempo suficiente para colocar-se atrás de uma das poucas cadeiras na sala. Ele estava agachado como um troll nojento, pálido e suado, pressionando uma mão contra suas costelas como se elas estivessem machucadas. Emma esperava que suas costelas estivessem quebradas. Ela esperava que ele apertasse tão forte que uma delas perfurasse seu pulmão e ele morresse de asfixia, enquanto todo mundo estivesse ocupado demais para perceber. Exceto ela.
Perdida em imagens da morte iminente de Max Grafton, Emma olhou e viu que Phoebe tinha se enrolado em uma bola no chão. Ela ainda estava gritando, mas mais fraco agora, desvanecendo-se rapidamente até que ela literalmente começou se despedaçar. Duncan olhou para sua forma desmoronando sem qualquer sentimento quando deu um único passo para trás. Um flash de movimento trouxe o olhar de Emma de volta para Grafton, e ela gritou quando ele puxou uma arma e atirou nas costas de Duncan.
Emma estava em movimento. Todos ao redor de seus vampiros estavam correndo para o lado de Duncan. Miguel estava gritando ordens, colocando-se entre Duncan e o que foi deixado de vampiros de Phoebe enquanto procurava o inimigo. Mas Emma já sabia quem era o inimigo. Grafton ainda tinha a sua arma, ainda mirava Duncan, seu dedo apertando o segundo tiro enquanto Duncan caía de joelhos. Emma pegou sua própria arma e disparou sem pensar, três tiros, bem próximos, como se fosse uma rajada. Um, dois, três e Grafton caiu. Emma correu e chutou a arma para longe, caindo de joelhos ao lado dele. Ela olhou para a careta no rosto, o sangue do seu peito e borbulhante de sua boca, e ela congelou, sem acreditar no que tinha feito.
Ela piscou e depois sussurrou:
— Duncan. — e virou-se desajeitadamente.
— Emma. — Miguel chamou. — Vem aqui.
Ela já estava lá antes que ele rosnasse a última palavra. As lágrimas enchiam seus olhos enquanto via Duncan deitado no chão, de olhos fechados, com uma piscina de sangue embaixo dele.
— Ele está morto? — ela perguntou, sua voz foi pega por um soluço.
— Não. — Miguel falou rápido. — Mas ele precisa de sangue.
Ela olhou em confusão.
— Sangue?
O vampiro de cabelos escuros deu-lhe um olhar impaciente.
 — Cristo! — ele xingou. — Ele é um vampiro. Ele está ferido. Ele precisa de sangue.
— Oh! É claro. — ela balançou a cabeça com sua estupidez. Ela entregou sua arma e alguém começou a tirar o casaco. — Você tem alguma coisa...
Miguel já estava entregando-lhe uma faca. Um canivete, curto e gordo, com um cabo enfeitado que ele puxou e lhe entregou pelo punho primeiro.
— Tenha cuidado. — alertou. — É afiada.
Emma olhou para a lâmina, depois sacudiu a cabeça, entregando-a de volta para ele.
— Você faz isso. — disse ela, segurando seu pulso. — Eu não acho que... Ow! — ela deu a Miguel um olhar feio. — Um pequeno aviso seria bom, cara. — ela murmurou, mas rapidamente colocou a cabeça de Duncan em seu colo e segurou seu pulso sangrando na sua boca. Será que ela precisaria esfregá-lo em seus lábios? Ou talvez bater em sua garganta para que ele... Caramba!
Duncan prendeu seu pulso, suas presas afundando na carne. Doeu, mas rapidamente, enquanto a euforia de sua mordida fazia efeito e Emma começasse a se sentir... Maravilhosa. As mãos de Duncan seguraram o pulso no lugar, e ela inclinou a parte superior do corpo sobre o dele, com a necessidade de se aproximar dele, mas também querendo esconder os sinais óbvios de seu desejo crescente. Ela só esperava que Duncan não demorasse muito tempo, caso contrário, ela iria...
— Emma.
Ela abriu os olhos e encontrou Duncan olhando para ela. Ele não estava mais sugando seu pulso, mas o calor em seus olhos dizia que estava ciente de sua excitação e retornava, ficando duro. Ele lambeu o pulso dela lenta e cuidadosamente. O coagulante da sua saliva selava a ferida, enquanto a sensação de sua língua contra a pele dela não fez nada para esfriar sua fome por ele.
Ele deu a ela um meio sorriso, depois estendeu a mão e passou os dedos sobre sua bochecha.
— Eu pensei que estivesse morto. — ela sussurrou, segurando-o com força.
— Não. — ele murmurou. — Eu tenho muito pelo que viver.
— Meu senhor. — disse Miguel, chegando para colocar a mão no ombro de Duncan.
— Certo. — Duncan colocou Emma suavemente de lado e aceitou a mão que seu tenente ofereceu, enquanto Baldwin levantou Emma e começou a envolver seu braço em um dos lenços brancos que sempre carregavam. Eles estavam de pé um pouco antes de Miguel os encontrar do lado de fora da casa esperando os SUVs.
— Ari. — Miguel falou. — Você dirige. Baldwin vai com você. Nós vamos limpar aqui, meu senhor. — acrescentou para Duncan. — Vamos seguir na outra caminhonete.
Duncan fez uma pausa nos degraus da frente o tempo suficiente para Emma se recuperar. Ele pegou sua mão quando ela saiu da casa, então deslizou para o banco de trás do SUV e a puxou com ele.
Dois minutos depois, eles estavam andando através da noite, voltando para a casa em DC.
— E agora? — Emma perguntou, ansiosamente. — Eu quero dizer, o que será feito com todas as outras pessoas, e... — ela estremeceu um pouco. — ... Com o corpo de Grafton?
Eles não precisaram se preocupar com o corpo de Phoebe ou com os vampiros dela. Eles já eram um monte de poeira no chão. Ninguém iria nem mesmo notar no meio dos destroços da luta entre Phoebe e Duncan. Emma ainda não entendia como isso funcionava, mas essas perguntas poderiam esperar. Por outro lado, o corpo de Grafton precisava ser cuidado agora.
— Duncan. — ela disse, quando ele não respondeu.
— Um momento. — respondeu ele, e Emma percebeu que ele não estava falando com ela. Ele estava em seu Bluetooth com alguém. Provavelmente era um dos vampiros que tinham ficado para trás com Grafton. Ele virou, puxando-a contra ele com mais força, colocando sua cabeça em seu ombro. — Descanse Emmaline. Tudo está sendo cuidado, você vai ver. Isso não é nada que não tenha feito antes.
— Então não vou para a cadeia por matar um senador? — ela perguntou sonolenta, pensando que deveria ser a perda de sangue que a estava deixando tão cansada.
Duncan riu.
— Não, você certamente não vai para a cadeia. O que eu faria sem você?
Emma bocejou, depois enrugou a testa, imaginando se ele tinha feito alguma coisa para fazê-la dormir.
— É a adrenalina. — disse Duncan, lendo-a com a sua habitual precisão. — É uma descarga. Mas quando vem, vem forte, e você vai junto.
— Mmmm. — disse ela, aconchegando-se contra seu peito largo. Ela sentiu os lábios de Duncan beijando o topo de sua cabeça, depois fechou os olhos e dormiu.

Capítulo 30
 
— O que você está lendo?
Emma conseguiu evitar de pular com a surpresa. Duncan se movia tão silenciosamente que, às vezes, era como se aparecesse do nada. Ele beijou seu ombro nu como se pedisse desculpas e ela sabia que não tinha conseguido esconder sua reação depois de todo o esforço.
Deitada de bruços na cama com seu laptop na frente, ela conseguiu uma espiada através da grande mecha de seu cabelo, observando como ele se acomodou ao lado dela e sentou-se de pernas cruzadas para trabalhar com o seu próprio notebook. Como sempre, sua presença criou uma pressão estranha no peito, como se houvesse alguma coisa dentro que era grande demais para permanecer lá. Ela reconheceu o sentimento, mesmo que nunca tinha experimentado antes de encontrar Duncan. Ela estava apaixonada. Desesperadamente, loucamente apaixonada. Mas ele era tão... Maravilhoso. Não apenas sua aparência, sentado com seu peito nu, cabelos loiros soltos sobre os ombros, e nada além de uma calça solta de moletom cinza mantendo-o decente, ele certamente parecia delicioso suficiente. Mas era mais do que isso. Ele era um homem bom em todos os sentidos. E ele era dela. Ela sabia, de fato. Duncan manteve suas emoções firmemente sob controle a maior parte do tempo, mas não com ela. Ele a amava. Ele dizia isso a ela o tempo todo, e ele a mostrou em milhões de maneiras diferentes.
Ela ainda tinha dificuldade em acreditar nisso, às vezes. Ela acordava e esticava a mão, esperando encontrar o espaço vazio ao lado dela e descobrir que foi tudo um sonho. Mas ele estava sempre lá, sempre pronto. Ela sorriu para si mesma.
— Emma?
Ela piscou, acabando com suas fantasias de despi-lo e de fazer “maldades” com ele.
Duncan sorriu conscientemente para ela. Sem se preocupar em esperar pela resposta à sua pergunta, ele se inclinou e examinou a tela do laptop dela.
— Anúncios de emprego? — ele franziu a testa. — Você não precisa de um.
— É claro que preciso de um emprego. Mesmo se eu me mudar pra cá... — seus dentes fecharam suavemente em seu ombro em sinal de advertência. — Mesmo que eu esteja vivendo aqui com você... — ela emendou, e ele beijou o mesmo local que tinha mordido. — ... Eu ainda tenho as despesas.
— Você pode trabalhar para mim, então. — disse ele, como se isso resolvesse a questão. E, pelo que ele sabia, provavelmente resolvia. Ele estava tão acostumado a tomar todas as decisões, dando ordens e ter todo mundo obedecendo. Mas Emma não era um de seus vampiros, e não era um caso de caridade, tampouco.
— E o que, exatamente, eu faria? — ela perguntou cética.
Duncan deu de ombros.
— A mesma coisa que você fazia para o congressista pau mole que você trabalhava.
 Emma riu de sua descrição de Guy Coffer e perguntou:
— Você tem um monte de reclamações constituintes de Vampireland?
— Não. Mas sou o representante da Vampireland para o governo americano, e a maior parte desse negócio acontece durante o dia. Você poderia ser o meu rosto durante o dia nos corredores do Congresso.
Emma virou a cabeça bruscamente para olhá-lo.
— Sério?
— Claro. Por que não?
Emma considerou. De verdade, por que não? Com certeza ela era qualificada para fazer algo assim. E será que não irritaria Sharon Coffer ver Emma rondando pelos corredores de mármore do Capitólio de novo? Ela sorriu para si mesma e Duncan riu.
— Isso é um sorriso muito sinistro que você tem aí, Emmaline.
— Vou aceitar o trabalho.
— Excelente. — disse Duncan, distraidamente buscando algo em seu laptop, provavelmente um dos muitos relatórios diários que recebia de seus diversos empregados. De todos, desde o vampiro construtor Alaric a Jackson Hissong e Miguel.
— Nós podemos discutir... Bem, Olá!
Emma realmente olhou para ver se alguém tinha entrado em seu quarto, em seguida, percebeu que ele estava reagindo a algo na tela de seu computador.
— O que é isso? — ela perguntou, esticando-se e tentando ler sobre seu braço.
— Tammy Dietrich está de volta. — disse ele, inclinando-se para ler mais de perto.
Emma levantou.
— Como você sabe?
Ele indicou o relatório em sua tela.
— Eu tinha alguém vigiando seu escritório. Ela apareceu por lá esta manhã, parecia muito suspeita. Chapéu enorme e óculos de sol, mas era realmente ela. Aparentemente, ela ouviu sobre a morte prematura de Max e decidiu que era seguro voltar para casa.
Emma suprimiu uma onda de medo.
— Quais são as últimas notícias da polícia sobre isso? Quero dizer, sobre a morte de Max.
— Eles estão achando que foi uma invasão de domicílio que deu errado. Terminando com Grafton baleado e morto defendendo a sua família.
— A polícia está acreditando nisso?
Duncan bufou com desdém.
— Nenhum dos herdeiros de Max queria que as autoridades mexessem muito nas atividades extracurriculares do velho Max, e especialmente nas suas finanças. Eles decidiram deixá-lo morrer como um herói.
— Bastardo. — disse Emma, fingindo que era só raiva que fazia seu estômago se apertar.
Duncan não era bobo, é claro. Ele a analisou e disse: — Você fez a coisa certa, Emma.
— Sei disso. Ele estava tentando te matar e matou Lacey.
— E a morte dele ainda te incomoda.
Emma franziu o cenho.
— Não por ele estar morto, é apenas...
— Tudo bem, Emmaline. Matar um homem nunca é fácil. — ele estudou seu rosto como se tentasse decidir algo. — Eu poderia apagá-lo, você sabe. Fazer você esquecer.
Emma olhou para ele. Ele esperava que ela rejeitasse a ideia imediatamente. Ela podia dizer pela forma cuidadosa que ele sugeriu e pelo jeito que estava olhando para ela agora, ele esperava que ela explodisse. Mas ela não o fez. Odiava-se por isso, mas considerou seriamente deixá-lo apagar a coisa toda - a culpa fora de lugar, o medo de que houvesse algo errado com ela que podia matar um homem a sangue frio como fez, mesmo que ele merecesse.
— Eu posso querer fazer isso um dia. — disse ela finalmente. — Mas ainda não.
Duncan sorriu de alívio, seus olhos se tornando aquele marrom quente que o fez parecer tão humano.
— Quando você estiver pronta.
Seu telefone tocou, o que era inesperado. Era domingo à noite e ele decidiu que os domingos seriam só deles. Ele tinha dito a Miguel e aos outros para não incomodá-lo, a menos que fosse alguma coisa urgente. Emma franziu o cenho, mas Duncan sorriu. Inclinou-se e pegou o telefone celular sem sequer verificar a identificação da chamada.
— Senhor. — disse ele. Seu tom era uma mistura de carinho e respeito. — Estamos bem. — continuou ele, obviamente respondendo à pergunta de quem ligou. — Nenhuma casa permanente ainda, mas virá logo. E todo mundo aí? — ele riu, sua linguagem corporal estava relaxada e fácil. Emma raramente viu Duncan assim, exceto com ela.
— Tão cedo? — ele perguntou agora. — Bem, isso é verdade. — ele ouviu um pouco mais, em seguida, disse: — Ela irá comigo. — ele riu de novo e acrescentou: — Deve ser interessante.
Emma olhou para ele de cara feia, já que claramente estava falando sobre ela. E o que podia ser tão interessante?
— Eu espero, Senhor. Até lá.
Ele desligou e jogou o telefone de volta na mesa.
— Sobre o que era? — ela perguntou.
— Era Raphael.
Ela já sabia disso. Havia apenas uma pessoa que Duncan chamava de Senhor, porque só havia um senhor para Duncan.
— Eu sei disso. — disse ela. — Pra que ele estava ligando? — E o que foi tão engraçado? Ela queria acrescentar, mas não o fez.
— Há uma reunião do Conselho Vampiro em duas semanas. — disse Duncan, dando-lhe um sorriso brilhante. — Nós vamos para a Califórnia.

Epílogo
 
Lucas Donlon, Lorde Vampiro, governante de uma fatia da América do Norte que os vampiros chamavam de Territórios Planos, esquadrinhou a sala de conferências por trás de seus óculos de sol. Ele não precisava dos óculos. O anfitrião desta reunião era Raphael, e ao contrário do lunático Krystof, que tinha hospedado a última reunião do Conselho Vampírico da América do Norte, Raphael nunca teria nada tão asqueroso como iluminação fluorescente em sua sala de conferências. Mas Lucas manteve os óculos de qualquer maneira. Tornava mais fácil manter seus pensamentos para si mesmo, entre outras coisas. Havia demasiados curiosos entre seus colegas Lordes vampiros, e como todos tinham jurado não invadir as mentes uns dos outros, estavam reduzidos a procurar pistas visuais. Que maldita piada isso era.
E que grupo alegre eles eram, também. Oito vampiros estavam sentados em torno de uma mesa de conferências que poderia facilmente ter sentado quatro vezes esse número, porque eles não confiam uns nos outros o suficiente para sentar mais perto. Ou talvez tenha sido por não terem vontade de chegar mais perto. Eles se encontravam uma vez por ano para discutir assuntos de interesse mútuo, mas dificilmente eram amigos. Na verdade, eles não eram amigos de ninguém. Lucas contava apenas um dos que estavam sentados nesta mesa como um amigo, e esse era Duncan. Alguns dos outros eram amigavelmente antagonistas, enquanto um era um inimigo declarado, e dois eram tão novos no Conselho que Lucas não tinha opinião. Rajmund, ele pelo menos conhecia pelo longo serviço como tenente do vampiro finalmente morto Krystof - esse era um vampiro que era necessário abater. Mas do mais recente membro de seu círculo de agosto, Sophia, ele nunca tinha ouvido falar até que ela apareceu como Senhora dos Territórios Canadenses. Não que ele desse a mínima de qualquer maneira. Enquanto ela respeitasse as fronteiras, ele respeitaria as suas.
— O seu voto, Lucas? — a profunda voz de Raphael interrompeu a contemplação de Lucas dos seus grandes companheiros. Lucas não se moveu de sua posição desleixada na mesa oval. Ele desviou o olhar para Raphael e baixou os óculos o suficiente para olhar sobre eles.
— Afirmativo. — ele disse, sem rodeios, em seguida, levantou os óculos para cobrir os olhos mais uma vez. Se os deuses ajudassem, os outros votariam da mesma forma e todos poderiam dar o fora daqui. Não que Malibu fosse um lugar ruim para estar. Ele só não gostava muito da companhia.
Pareceu levar uma eternidade, e ele teve de suportar, ou ignorar, mais do que um discurso chato, mas, eventualmente, todos os outros votaram para afirmar Duncan como Senhor do Território da Capital. Era o único território que exigia tal votação, e só por causa das demandas exclusivas impostas a seu senhor. Todos tinham concordado com a condição cerca de um século atrás, até mesmo Victor que tinha rido no momento, assumindo que nunca iria se tornar um problema. Idiota arrogante que era, nunca entendeu que ele era o problema. O resto deles estava esperando desde então que alguém abatesse o bastardo. Graças a Deus que isso finalmente aconteceu, e graças a Deus que foi Duncan a fazê-lo. Lucas não achava que ninguém mais poderia ter obtido a aprovação plena do Conselho.
— A decisão passa. — disse Raphael, afirmando o óbvio. Ele levantou quase imediatamente, parecendo tão ansioso quanto o resto deles para encerrar a reunião. Provavelmente mais, uma vez que era a sua casa que havia sido invadida pelos senhores e seus detalhes de segurança.
Lucas desdobrou-se da cadeira, se empurrando para trás da mesa com o mesmo movimento. Ele esperou enquanto os outros correram para fora da porta, uns poucos parando para felicitar Duncan, incluindo Raj, que fez uma pausa longa o suficiente para apertar as mãos. Raj e Duncan foram tenentes de seus respectivos senhores durante muito tempo. Lucas supunha que isso criou certa familiaridade entre ambos. E seus territórios compartilhavam uma fronteira, por isso não poderia machucar que eles fossem pelo menos amigáveis. Naturalmente, a sua própria amizade com Duncan ia muito mais longe do que isso.
Raphael foi o último a sair, seus olhos negros prenderam o olhar de Lucas por um longo momento, apesar dos óculos, até que, finalmente, ele murmurou algo para Duncan e desapareceu entre as grandes portas duplas. Duncan sorriu para Lucas enquanto fazia o seu caminho em torno da mesa.
— Duncan. — disse Lucas calorosamente. — Parabéns.
Duncan apertou a mão estendida.
— Você pode tirar os malditos óculos agora.
Lucas riu e colocou os óculos desnecessários no bolso do paletó.
— Eu só os uso para irritar Raphael. Alguém tem que manter o grandalhão humilde.
— Tarde demais, meu amigo. Esse navio navega há muito tempo.
— Sim, bem, eu faço o que posso. Você vai sair imediatamente?
— Amanhã. Nós vamos passar a noite, mas há muito a fazer em DC para permanecer longe por mais tempo.
— Nós, não é? Eu ouvi dizer que você encontrou uma doçura por lá.
— Eu poderia facilmente estar me referindo a Miguel e Louis. — disse Duncan suavemente.
— Mas você não estava. Está tudo no nós, meu amigo. Então, ela é uma doce menina antiquada do Sul? Alguém para esfregar os pés e lavar as meias?
Duncan riu.
— Dificilmente, embora Emma consiga ter influências do sul e ser doce quando quer. Ela está em algum lugar. Bebendo vinho com Cynthia, a companheira de Raphael, acredito, embora eu provavelmente deva localizá-la. É assustador pensar em que problemas essas duas poderiam entrar.
Lucas aceitou a declaração de Duncan pelo que era, uma maneira educada de reconhecer que ele sabia que Raphael estava esperando para se encontrar com Lucas.
Duncan foi o tenente e confidente de Raphael por quase cento e cinquenta anos, e mesmo que a sua tomada de posse como Senhor da Capital o afastasse das operações diárias de Raphael, não mudava nada sobre a sua amizade. Assim como a nova tomada de posse de Duncan não mudava nada a amizade que ele tinha com Lucas.
Eles saíram juntos, indo por caminhos separados depois de apertar as mãos mais uma vez e prometer ficar em contato. Duncan voltou para as escadas, enquanto Lucas seguiu ao longo do corredor, indo para o escritório de Raphael na outra ala. Ele havia deixado seus seguranças no andar inferior, não querendo quaisquer testemunhas do que as necessárias para esta reunião. Ele confiava em seu povo, na maior parte, mas não estava em perigo dentro da propriedade de Raphael, por isso não havia razão para arriscar.
As portas negras e entalhadas abriram com sua aproximação, e ele considerou colocar os óculos de sol novamente. Descartou a ideia quase imediatamente, no entanto. Eles tinham negócios a discutir, e Raphael nunca tinha apreciado a abordagem irreverente de Lucas a assuntos sérios.
Raphael observava por trás de sua mesa enquanto Lucas entrava na sala. As portas se fecharam atrás dele com uma lufada de ar, mal deixando entrar sua bunda. Lucas sorriu brevemente, mas se aproximou da mesa e se curvou pela cintura em um gesto sincero de respeito.
— Sire. — disse ele. — Obrigado por me receber.
Raphael estudou-o por um momento suspeito, então, apontou para as duas cadeiras confortáveis ??na frente da mesa.
 — Sente-se, Lucas. Onde estão seus óculos de sol?
Lucas riu em seguida.
 — Duncan me disse para não usá-los.
Raphael permitiu um sorriso no canto de sua boca.
— Diga-me o que está acontecendo.
— É Klemens. — disse Lucas referindo-se ao Lorde Vampiro do Centro-Oeste que o estava encarando através da mesa momentos antes. — Ele anda fuçando em minha fronteira. Eu ignorei até a tomada de posse de Duncan ser confirmada, porque você me pediu e porque era algo que ambos queríamos. Mas não posso ignorar por mais tempo. Meu próprio povo está começando a duvidar que tenho vontade de manter meu território.
— Filho da puta. — Raphael xingou. — O que ele quer?
Lucas deu de ombros.
— Eu suspeito que ele quer todos os meus Territórios Planos para combinar com o seu. Sempre o irritou que o seu seja maior do que o dele. — ele pontuou esta afirmação com uma piscadela irreverente, que Raphael ignorou. — Porém ele vai se contentar com qualquer coisa que consiga tirar de mim. — Lucas continuou. — E eu não vou deixar isso acontecer.
— Não. — Raphael concordou. — Então, o que você vai fazer?
— Nada até depois da próxima semana.
— Por que na próxima semana?
— O FBI está vindo para me ver. — disse Lucas, relaxando agora que o verdadeiro motivo da reunião estava resolvido.
— O FBI? — Raphael disse. — O que você fez agora?
— Senhor! — Lucas disse, colocando a mão sobre o coração e fingindo estar ferido pela acusação. Raphael lhe deu um olhar de repulsa, de modo que Lucas disse: — Eu não fiz nada, que eu saiba. Uma garota do FBI ligou. E não apenas a nós. Ela chamou o xerife local, também. Reivindica que está à procura de uma pessoa desaparecida e acha que desapareceu na nossa
Washington, D.C.... Capital de um império. Poderosa. Emocionante. Corrupta. E nas sombras... vampiros muito mais velhos do que a própria nação.
Um poder em si mesmo, Duncan atuou ao lado de Raphael durante quase todos os duzentos anos de sua existência. Mas planos de um longo tempo finalmente deram frutos, e chegou a hora de Duncan deixar Raphael e enfrentar o maior desafio de sua vida. Ele vai enfrentar vampiros traiçoeiros e humanos assassinos. Ele vai agitar os corredores do poder humano se necessário. Mas Washington, D.C. será dele.
Emma Duquet não se importa com a política de vampiros. Ela só quer encontrar a sua companheira de quarto desaparecida e melhor amiga, Lacey. Mas Lacey brincou com um vampiro de um tipo particularmente perigoso, e Emma vai ter que lidar com o novo vampiro na cidade se quiser encontrar sua amiga.
Lutando contra inimigos poderosos que não se deterão diante de nada para manter seus segredos, Duncan e Emma vão escavar debaixo da corrupção e depravação que é Washington, D.C. e descobrir a conspiração mais hedionda de todas...
x
x
x
https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/Vol._5.jpg
x
x
x
Los Angeles, Califórnia
Cyn tremeu um pouco e aproximou-se da onda de calor que vinha dos motores do Learjet. Ele fazia o frígido hangar um pouco suportável. Ela se encolheu mais em seu casaco e olhou através da penumbra. Raphael estava embaixo da frente da aeronave, envolvido em uma conversa com Juro. Ela só pôde descer por causa do brilho multicolorido da cabine do piloto do jato que vinha através do para-brisa. Raphael olhou pra cima brevemente, e seus olhos brilharam como prata. Seu coração apertou com a visão. Ele era tão lindo. Isso ainda tirava seu fôlego algumas vezes.
— Ele se preocupa com você.
Cyn controlou um pulo involuntário de surpresa com o som da voz de Duncan sobre seu ombro esquerdo.
— Duh. — disse ela, revirando os olhos na direção dele.
Duncan riu enquanto ela se virava para ele.
— Eu vou sentir sua falta, Cyn. De você e Raphael mais do que ninguém.
— Está tudo acontecendo muito rápido. — queixou-se em voz baixa.
Duncan se inclinou para frente.
 — Não realmente. Nós planejamos isso há algum tempo, mas foi apenas há alguns dias que soubemos que era o momento certo. E você não estava bem ultimamente...
— O quê? Você pensou que eu teria uma recaída ou algo se me dissesse? O meu corpo foi ferido, Duncan, e não minha mente. Eu não sou tão frágil.
Ele ficou em silêncio por um longo tempo, estava perfeitamente parado, como faz algumas vezes, até que ela quase se esqueceu de que ele estava lá.
— Você não o viu, Cynthia. — disse ele por fim. — Quando pensamos que você morreria, você não viu o que aconteceu com ele. Você não foi a única pessoa machucada naquela noite. E você precisa cuidar dele agora, porque eu não vou estar aqui para fazer isso.
Cyn pegou a mão dele enquanto ele se virava.
 — Eu o amo, Duncan. Mais do que qualquer coisa no mundo.
— Eu sei disso. Mas você precisa cuidar dele também. Eu não poderia partir se fosse diferente. — Ele apertou sua mão e levou-a aos lábios, beijando-a suavemente.
— Duncan. — a voz profunda de Raphael interrompeu, sua mão deixou uma linha de calor bem-vindo quando ele arrastou seus dedos pelas costas de Cyn antes de descansar a mão em seu quadril.
— Meu Senhor. — Duncan respondeu com um aceno de cabeça respeitoso.
Raphael sorriu.
— Não por muito tempo.
Duncan levantou um ombro.
— Você pode não ser mais meu senhor oficialmente, Senhor. Mas, no fundo, sempre será.
Cyn recuou para dar um espaço para os dois, suas vozes um simples murmúrio sobre o zumbido dos motores do jato. Era patético o modo como estavam ali em pé fingindo serem machões sobre seus sentimentos. Seria muito melhor se eles tivessem se abraçado, talvez derramado uma lágrima ou duas, e acabado com isso. Mas não, isso não aconteceria. Raphael disparou-lhe um olhar por cima do ombro, parecendo mais perto do desespero do que ela já viu. Ela riu. Aparentemente, os abraços e lágrimas iriam ser deixados inteiramente pra ela.
— Tudo bem, a minha vez. — disse ela com pena. Aproximou-se de Duncan e jogou os braços ao redor dele para um grande e genuíno abraço. Nenhum tapinha nas costas acabaria com a emoção do momento, nenhum beijinho rápido de falsidade. Ela o abraçou forte e demoradamente. Ele a abraçou de volta também. Embora ela tivesse certeza que ele estava sendo cuidadoso com sua força de vampiro e com o corpo dela que ainda estava se curando. Mas apesar de tudo isso, ele a abraçou, e ela sentiu a cabeça dele se afastar de Raphael, como se para esconder a emoção em seu rosto.
— Eu vou sentir sua falta, Duncan. — ela sussurrou. — Ele vai sentir sua falta também.
— Eu sei. — ele murmurou em seu ouvido.
— E eu vou cuidar dele para você.
— Para nós dois.
— Isso também.
Ele riu então, e ela deu um passo para trás, deslizando o braço em volta da cintura de Raphael enquanto ainda segurava a mão de Duncan.
— Nós vamos te visitar. — prometeu ela. — E você pode nos visitar. Nada dessa besteira de territorialismo vampiro, tá certo?
Duncan trocou um olhar com Raphael sobre sua cabeça e Cyn franziu os lábios pensando. Aqueles dois estavam tramando algo. Eles não diriam a ela o que era, é claro, mas ela descobriria. Ela franziu a testa, olhando para o relógio industrial grande na parede do hangar. Quase 10h aqui na Califórnia. Quando tivesse tudo limpo e decolasse...
— Você não está deixando ficar muito tarde? — Ela perguntou preocupada. Duncan estava tomando o menor dos dois jatos de Raphael. Pequeno era um termo relativo quando se tratava de jatos particulares, mas ela não conseguia se lembrar de quão rápido esta aeronave poderia ir, supondo que ela já o conhecia. Ela tinha certeza que não poderia chegar em DC antes do amanhecer e ambos os pilotos eram vampiros, também.
Duncan apertou seus dedos para dar segurança.
— Nós vamos parar em Atlanta esta noite, e iremos para DC amanhã à noite.
— Há coisas que Duncan deve fazer imediatamente ao chegar. — explicou Raphael. — Ele precisa pousar em Washington, logo que possível, após pôr do sol, para que ele tenha toda a noite para trabalhar.
Raphael deixou cair o braço sobre o ombro de Cyn e apertou seu abraço, efetivamente puxando-a da mão de Duncan. Ela achou engraçado. Seu movimento parecia casual o suficiente, mas ela sabia que ele tinha planejado. Sua possessividade vampiro não poderia permitir até mesmo que Duncan segurasse a mão dela por muito tempo. Que a trouxe de volta para sua maior reclamação sobre todo este relacionamento.
— Eu ainda não entendo porque ele tem que ir pra lá sozinho. Por que alguns do seu povo não podem...
— Isso está sendo cuidado, lubimaya. — Raphael disse pacientemente. — Você tem que confiar em nós.
Cyn apertou seus lábios contra o retorno automático que veio à mente. Ela confiava neles, mas era sempre possível que não tivessem pensado em um detalhe ou outro. Às vezes, esses caras ficavam tão carregados de testosterona que não podiam ver uma árvore na floresta{1}.
Juro apareceu no cotovelo de Raphael.
— Está tudo pronto, meu senhor. — Ele deu um breve aceno a Duncan. — Boa sorte, Duncan. — disse ele, em seguida, voltou para ficar perto da limusine à espera.
— Senhor. — disse Duncan, endireitando-se com atenção e curvando-se levemente o quadril. — Foi uma honra servir ao seu lado por tanto tempo.
— A honra foi minha, Duncan. Mas Cyn estava certa. Vamos nos ver muitas vezes.
Cyn colocou a mão com luva sobre a boca, tentando não chorar. Agora que o tempo estava se esgotando...
Raphael puxou as costas dela contra seu peito, passando os dois braços ao seu redor.
— Vá enquanto pode, Duncan. Eu acredito que minha Cyn sente outro abraço chegando.
Duncan riu e deu uma piscada, em seguida, girou e, com velocidade de vampiro, desapareceu no Learjet em um piscar de olhos. O piloto fez uma breve aparição na porta enquanto as escadas retraíam e a porta se fechava, e antes que ela percebesse, o jato estava taxiando para fora do hangar e Duncan foi embora.
Ela se virou nos braços de Raphael, enterrando o rosto em seu pescoço.
 — Eu me sinto como uma mãe enviando seu bebê para a faculdade ou algo assim. — ela murmurou, esfregando as lágrimas de seus olhos na lã macia do casaco.
Raphael riu e deu a ela um abraço apertado, antes de conduzi-la até a limusine. Cyn fez uma pausa longa o suficiente para olhar para ele e dizer:
— Duncan me disse que tenho que cuidar de você agora que ele foi embora. — enquanto ela deslizava para o interior confortável da limusine, viu Raphael endurecer em reação ao comentário dela e sorriu com satisfação.
— O que ele estava pensando? — Raphael murmurou antes de se abaixar pra dentro e fechar a porta.
— Eu ouvi isso. — disse ela enquanto se acomodava na curva de seu braço.
— É claro que sim.
Ela bufou uma risada, em seguida, recuou para ver seu rosto.
— Eu te amo, sabe? — ela disse séria. — Mesmo quando sou uma vaca{2}, eu ainda te amo.
Raphael tocou seus lábios nos dela em um beijo longo.
— E eu te amo, minha Cyn. Sempre e para sempre.
O longo veículo andou para longe do aeroporto, descendo o caminho sinuoso da colina Marina del Rey, passando por Santa Monica, antes de finalmente chegar à estrada da Costa do Pacífico. Raphael a segurou do seu lado a viagem toda, uma mão acariciando distraidamente para cima e para baixo em seu braço, enquanto eles olhavam para a cidade escura que passava correndo. Cyn estava tranquila também. Feliz de estar com ele, e saber que, como ela, seus pensamentos estavam com Duncan lá em cima, enquanto ele voava a caminho do desafio mais perigoso de sua longa vida.

Capítulo 2
Poucos quilômetros de Washington, D.C.
 
O Learjet rolou até o hangar escuro, um fantasma pálido de um avião surgindo das sombras de uma noite sem lua. Miguel Martinez esquadrinhou o aeroporto privado, sua visão de vampiro perfurando a escuridão quase total facilmente. O local estava quase abandonado. Ninguém ao redor, além do único controlador da torre que havia sido bem pago para observar sem fazer perguntas.
Ele voltou seu olhar para o jato que chegava. Ele estava correndo quase tão sombrio como a noite, somente com o brilho do painel de instrumentos da cabine do piloto através do para-brisa para iluminar o caminho até o interior preto do hangar. Isso deveria ser impossível. E seria se os pilotos fossem humanos. Mas, como Miguel, eles eram vampiros e a luz das estrelas era o suficiente para enxergar.
A aeronave diminuiu para uma parada suave, seu motor tinha um barulho alto que feria os ouvidos e ecoava nos espaços abertos e paredes altas do hangar vazio. O piloto desligou os motores e o súbito silêncio era quase tão chocante quanto o barulho havia sido.
Miguel cruzou o concreto simples do hangar, nervos cantando animados, com a consciência de que seu criador enfim estava aqui. Ele manteve suas mãos ao seu lado e esticou as costas, determinado a deixar uma boa impressão, para provar ser digno da honra que ele tinha recebido.
A porta abriu. Miguel deu um passo e depois outro, até que ele estava apenas há poucos metros da porta aberta. As escadas desdobraram com um som hidráulico.
Uma figura apareceu na porta, um homem alto e de ombros largos, pouco mais do que uma sombra mais escura contra o interior apagado. Ele fez uma breve parada antes de abaixar a cabeça para passar pelo teto baixo. Em seguida, desceu as escadas rapidamente e com um propósito.
Miguel ficou em um joelho. — Senhor. — disse com reverência, feliz que sua voz não revelou os nervos agitados que faziam os músculos contraírem sob seu terno finamente costurado.
— Miguel. — Uma mão tocou a parte de trás de sua cabeça. — Agora, levante-se e me dê uma saudação adequada.
Havia um tom de riso do seu criador, e Miguel se pôs de pé com um sorriso, oferecendo a mão estendida, sentindo-se puxado para um abraço rápido.
— Duncan. — Miguel disse. — É muito bom ver você.
* * * *
— Victor? — Duncan perguntou, enquanto caminhavam diretamente para o BMW que Miguel tinha deixado ligado no outro lado do hangar.
— Ele está em casa, dando um pequeno jantar.
— Com os seres humanos?
— Sempre. Os únicos vampiros que ele mantém por perto são seus quatro guardas.
— Os seres humanos terão que ser tratados, então.
— Não é um problema, meu Senhor. — Miguel disse enquanto caía no banco do motorista do suntuoso veículo. — Louis e eu podemos lidar com isso.
— Onde está o Louis? — Duncan perguntou, fechando a porta do lado do passageiro com um baque mudo.
— Esperando do lado de fora da casa, mantendo um olho nas coisas.
— Você prevê problemas?
— Não, mas esta noite é muito importante para deixar ao acaso.
Miguel dirigiu para fora do hangar e fez uma curva acentuada à direita em direção à estrada de acesso. Duncan viu as portas do hangar começarem a se fechar atrás deles quase que imediatamente.
— Como foi sua viagem, meu Senhor? — Miguel perguntou.
— Sem intercorrências. Rafael manda lembranças.
— Estou honrado.
— Então. — disse Duncan, se sentando no carro para voltar para a cidade. — O que preciso saber sobre os arranjos da noite de Victor?
— O mesmo de sempre. Ele tem seus quatro guardas vampiros, dois na sua presença, dois em guarda em outro lugar dentro da casa. Eles são complacentes na rotina, e os dois não ficam com Victor pessoalmente. Geralmente sentam em uma sala perto da porta da frente, vendo televisão ou jogando vídeo game. Eu nunca os vi sair de casa a menos que Victor esteja com eles. A segurança externa, incluindo o portão, é feita por humanos ao redor do relógio, e eles nunca são permitidos dentro da residência. Há uma casa de hóspedes que é montada como um quartel, se os guardas humanos quiserem, mas a maioria deles tem suas próprias casas e vão para lá no final de seu turno. A propriedade é murada, com o único portão trancado apenas durante o dia. À noite, os guardas humanos praticamente limitam suas funções para guardar o portão, com apenas patrulha ocasional no perímetro.
Um acidente engarrafou o tráfego na via circular{3} e Miguel ziguezagueou por várias pistas, utilizando os reflexos relâmpagos super-rápidos concedidos por seu sangue de vampiro. Duncan riu.
— Estou vendo que ainda é um motorista terrível.
— Não é verdade, meu Senhor. O acidente já estava lá.
Duncan riu, mas acalmou imediatamente.
— E os convidados de Victor?
— É um pequeno jantar, apenas Victor e três seres humanos, dois legisladores e um canalha da K Street{4}, com muito dinheiro para distribuir. Todos os homens que estão alinhados com os planos de Victor. Até onde sei, ele não tem planos de levar nenhuma mulher esta noite, mas mesmo se tivesse, não seria até muito mais tarde.
— Prostitutas?
— Eu acho que não. Não a maioria delas, de qualquer maneira. Não há falta de mulheres na cidade para ir a festas com um homem que tenha bastante poder. O poder é o que importa aqui. O dinheiro passa de mão em mão, mas o poder significa acesso, e é o prêmio número um para todos.
— Muito bem. Você e Louis cuidam dos guardas humanos do portão. Eu vou cuidar dos dois vampiros de Victor da porta da frente. Isso precisa ser feito rapidamente e com cuidado para que ele não sinta nada de errado tão cedo. Assim que chegarmos à sala de jantar, vou lidar com os convidados humanos. Eu os quero fora do caminho. Depois disso, Victor será meu, mas podemos improvisar quando se trata de derrubar seus outros dois vampiros. Você precisa estar preparado para cuidar deles.
— Meu senhor, nós podemos limpar as memórias dos guardas humanos do portão depois de cuidar de Victor. Deixe Louis e eu lidarmos com os guardas vampiros na entrada, enquanto você...
Duncan virou para Miguel, mantendo a mesma voz, mas esfriando-a com o mais leve toque de seu poder.
— Quero os seres humanos em segurança primeiro, Miguel. Eu posso lidar com Victor e seus guardas, se necessário.
— Sim, meu Senhor.
Eles desviaram da via circular ziguezagueando pelas ruas uma depois da outra, todas elas estavam quase vazias tarde da noite de terça-feira. Duncan estudou os mapas do bairro, mas não era a mesma coisa do que estar aqui. Ele também memorizou as plantas da residência oficial dos vampiros na cidade. Alguns seres humanos se referiam à casa como a embaixada vampiro. O que era uma boa descrição, mas imprecisa.
A residência em si era uma grande mansão colonial do Sec. XIX que em parte lembrava Duncan das grandes mansões de sua juventude em Deep South{5}. Ele só esperava que esta casa, em particular, tivesse apreciado uma boa modernização desde a sua construção há cem anos. Se não, teria uma em breve. Ele não tinha intenção de viver com encanamento com problemas ou sem ar condicionado.
Felizmente, a residência estava assentada sobre uma parte anormalmente grande de terreno adjacente ao distrito de embaixada. Com dois hectares completos encostados em Rock Creek{6}, um muro ao redor de toda a propriedade e apenas um único portão, a propriedade deveria ser quase invencível. Mas não era. Havia buracos na segurança da casa. Um especialmente que poderia literalmente passar com um caminhão. E isso, também, mudaria uma vez que Duncan assumisse.
Porque a embaixada vampira estava prestes a ter um novo embaixador. Eles só não sabiam disso ainda.

Capítulo 3
 
Miguel ligou para Louis em seu celular para deixá-lo saber que estavam chegando. Quando eles dobraram a última esquina, Louis estava esperando no meio da rua, seus olhos pálidos brilhando quase brancos por causa dos faróis. Ele sorriu quando o outro os viu e deu um passo para o lado para que Miguel pudesse parar ao lado dele.
— Mestre. — Louis disse enquanto subia no banco traseiro. — Obrigado por me deixar ser parte disso.
Duncan se virou o suficiente para segurar a mão dele. Louis a pegou cuidadosamente no começo, então a segurou com firmeza quando Duncan fez o mesmo. Duncan conseguia sentir os calos na palma e nos dedos de Louis, dos pesos que ele ergueu a maior parte da vida, até mesmo antes de Duncan transformá-lo.
— É bom te ver, Louis. Como eu disse para Miguel, vocês dois cuidarão dos humanos no portão, enquanto lido com os guardas vampiros dentro da residência. E uma vez que chegarmos à sala de jantar, quero os humanos fora de lá. Eu posso lidar com Victor.
 — Meu senhor, todos os quatro guardas do Victor estarão dentro da casa com ele.
— Estou ciente disso. — Duncan disse. Ele manteve um sorriso enquanto se lembrava de todas as vezes que ele havia superprotegido Raphael - e quanto isso irritava o Vampiro Lorde do Oeste.
— É a casa no final da rua, meu senhor. — Miguel disse com sua voz tensa com antecipação enquanto eles se aproximavam da propriedade.
Duncan se virou para ter sua primeira visão da residência. Não parecia uma embaixada fortificada. Com cerejeiras espreitando por cima do muro muito baixo e duas chaminés soprando fumaça branca no ar frio, mais parecia um lugar onde mamãe e papai criavam seus 2,5{7} filhos e deixavam seus cães correndo no quintal. Presumindo que mamãe e papai tinham um monte de dinheiro e paranoia bastante para construir uma parede ao redor de suas casas, até mesmo uma baixa.
— Hora do Rock ‘n Roll. — Louis sussurrou, e Duncan sorriu sombriamente.
Eles abriram o portão de ferro forjado, e Miguel abriu a sua janela lateral com um leve zumbido. Ar gelado entrou, e Duncan sentiu o aroma do riacho que corria atrás da casa, juntamente com um leve cheiro de neve. Tudo isso desaparecia embaixo de um aroma esmagador de humanos quando o guarda se abaixava na janela para checá-los.
Miguel esteve nas premissas uma vez, ostensivamente para oferecer seus serviços quando se mudou para cá, vindo da Califórnia para montar um negócio de segurança em Virginia.
 — Miguel Martinez. — ele falou para o guarda. — Lorde Victor está nos esperando.
O humano abriu sua boca para dizer algo, provavelmente para protestar que não estava ciente de que Lorde Victor estava esperando alguém, mas então seus olhos ficaram vidrados e ele piscou lentamente. Ele sorriu e assentiu, acenando-os para entrar.
— Estes não são os robôs que você está procurando. — Louis murmurou do assentou traseiro.
Miguel quase engasgou com uma risada enquanto o guarda se afastou para o galpão e acionou o mecanismo do portão.
— Já chega, senhores. — Duncan disse baixinho. Ele entendia a excitação deles. Seu próprio sangue estava reverberando com antecipação. Mas isso, era uma coisa perigosa que estavam prestes a fazer, e ele não queria que eles se enganassem em pensar diferente.
— Me perdoe, meu senhor. — Louis soltou.
Duncan assentiu, mas sua atenção já estava na grande casa branca, seu poder se estendendo de leve para tocar os vampiros do lado de dentro. Todos, menos Victor. Os outros não notariam o seu toque, mas Victor poderia.
— Segurança bem solta. — ele comentou mais para si mesmo. — Dois vampiros juntos lá dentro, próximos da porta da frente. — ele franziu a testa. Havia um burburinho de alguma coisa, algum poder subjacente que o confundiu. Ele queria explorar isso mais, mas não havia tempo, e era muito fraco e desfocado para representar um perigo para os planos da noite. Teria que esperar.
— Miguel, — ele disse. — você e Louis derrubam o resto dos guardas humanos gentilmente. Verifiquem os alojamentos também. Eu não quero ninguém ligando o alarme, mas não há motivo para machucá-los também. Então se juntem a mim lá dentro. Nós tomaremos a sala de jantar juntos.
— Sim, meu senhor.
Duncan abriu a porta do carro enquanto Miguel ainda estava freando. Ele acelerou pelos degraus de tijolo subindo dois de cada vez, enviando uma agulha forte de poder à frente dele para queimar a fechadura eletrônica na porta da frente. Os parafusos de segurança se soltaram com uma sólida conversão e a porta se abriu. Duncan entrou, seus olhos fazendo uma varredura rápida da área enquanto os dois vampiros de guarda estavam ainda arrastando sua atenção da grande tela de TV para encará-lo com surpresa. Ele não os esperou recuperarem o juízo. Ele esticou o seu poder e prendeu o coração deles, apertando-os até que eles caíram no chão. Eles não estavam mortos. Victor era corrupto, mas ele não era fraco. Como Criador desses dois vampiros, e especialmente com tal proximidade, ele certamente sentiria se eles morressem, e saberia que algo estava errado. Então Duncan deixou que vivessem por enquanto. Mas quando Victor morresse, estes dois vampiros morreriam juntamente com ele, provavelmente drenados pelo próprio Victor numa tentativa de sobreviver ao desafio de Duncan.
Duncan havia encontrado Victor em mais do que uma ocasião quando ele acompanhou Raphael às reuniões do Conselho Vampiro, mas ele nunca viu a força do lorde vampiro diretamente. As reuniões anuais eram assuntos cuidadosamente orquestrados, reunindo os mais poderosos vampiros da América do Norte, vampiros que eram rivais naturais na melhor das hipóteses e inimigos na pior. Tudo mundo estava em seu melhor comportamento nestes eventos, o que significava que não havia desafios explícitos e sem pesagem flagrante do poder um do outro.
Mas Raphael conhecia Victor há um longo tempo, e havia outras maneiras de medir o tamanho do poder de um vampiro. O lado bom era que Duncan sabia que poderia derrotar Victor porque Raphael não teria arriscado isso se não fosse esse o caso. E, mais importante, porque ele sabia o tamanho do seu poder. Victor seria expulso de seu domínio do território hoje à noite do jeito normal dos vampiros... Assassinado.
Miguel e Louis correram pela porta da frente atrás dele, o poder deles completos e prontos para defendê-lo se necessário. De novo, parecia estranho ser o receptor de tal devoção ao invés do contrário. Algo que ele teria que se acostumar.
— Problemas? — ele perguntou enquanto um de seus dois vampiros escondia os corpos moles dos dois guardas de Victor atrás do mesmo sofá que eles estavam sentados quando Duncan chegou.
Miguel deixou o seu fardo cair, a cabeça do vampiro em coma batendo com força contra o piso de madeira.
— Nenhum, meu senhor. O portão está seguro, os alojamentos vazios. E todos os guardas humanos na propriedade estão dormindo profundamente.
— Excelente. É isso então. Lembrem-se, quando chegarmos à sala de jantar, farei os humanos dormirem imediatamente. Depois disso, nós faremos o de sempre. Eu não me importo quem de nós derrubará os dois vampiros guardas restantes, mas Victor é meu.
— Sim, meu senhor. — Miguel estava quase saltitando. Louis estava tão parado quanto uma estátua, seus músculos tensos para ação. Ele assentiu acentuadamente, seus olhos fixos em Duncan como um cão com objetivo, esperando a permissão.
— Vamos. — Duncan disse.
Miguel andou na frente dele, Louis atrás. Eles passaram a escadaria e viraram à esquerda por um longo corredor, seus passos quase silenciosos apesar das tábuas antigas de madeira. Portas estavam abertas à esquerda e à direita, revelando cômodos preenchidos com móveis - uma sala de jantar formal com uma mesa que podia acomodar trinta pessoas facilmente, e um recanto ou sala de jogos com outra grande TV de tela plana, diversos consoles de vídeo game, e uma mesa de pebolim no canto. Havia uma cozinha espaçosa com recipientes abertos, desarrumadas bancadas e ainda com cheiro de comida que Victor havia trazido para os seus convidados humanos. A pesquisa de Duncan havia mostrado a ele que as festas de Victor eram normalmente servidas com vampiros atuando como garçons, se necessário. Não era particularmente elegante, mas Duncan duvidava que fosse um zelo por boa comida que trazia os humanos aqui em primeiro lugar.
A sala de jantar que eles queriam - aquela que o Victor estava usando esta noite - estava bem ao final do corredor, atrás de duas portas brancas. Miguel alcançou as portas e parou; as mãos descansando levemente nas maçanetas de bronze.
Duncan inclinou a cabeça, escutando tanto com seus ouvidos quanto com seu poder. A conversa do lado de dentro era alta e espalhafatosa, as vozes humanas evidenciando sinais claros de embriaguês ou drogas. Poderia ser qualquer um dos dois. Victor estava aqui, também, sua mente preguiçosa e calma, sem esperar qualquer problema. Os dois vampiros guardas remanescentes dele estavam bem mais alertas do que seu Criador, mas ao mesmo tempo eles seguiam a deixa dele, e suas mentes estavam vagando, nem um pouco preocupados com o que estava acontecendo na sala ou fora dela. O pouco de atenção que eles estavam dando era para os convidados humanos, vendo-os mais como presas do que qualquer outra coisa, enquanto confiando que os seus companheiros guardas, agora em coma na frente da casa, os alertassem para quaisquer ameaças externas.
Duncan recuou a sua sonda, respirando e dando um rápido aceno de consentimento para Miguel.
Miguel deslizou a porta para trás e Duncan entrou.
A conversa parou enquanto todos se viravam para encará-lo. Duncan gesticulou, e os três humanos ficaram com os olhos vidrados, suas cabeças caindo ao peito, inconscientes, um deslizando para o chão embaixo da mesa, enquanto os outros meramente caíram para frente dentro do restante de seus jantares.
Os guardas de Victor se recuperaram antes que a primeira cabeça do humano caísse na mesa, um deles estava pulando por cima da mesa, cristal voando e pratos se quebrando enquanto corria para proteger o seu Criador. Miguel o pegou no meio do ar, seus dedos afundando no pescoço do outro vampiro enquanto ele o jogava no chão e socava o peito com força o suficiente para parar o seu coração por um instante. O vampiro de Victor resfolegou, os olhos esbugalhando, enquanto ele lutava para reunir seu poder novamente para si mesmo, para forçar o seu coração a bater mais uma vez. Se fosse dado apenas um momento a mais, poderia ter funcionado, mas Miguel não ofereceu a ele este momento. Ele pegou uma cadeira vazia e a esmagou contra o chão até que ela produziu o que ele necessitava. O pedaço de madeira estava irregular e bruto, meia madeira envernizada e meio descoberta, mas era a arma perfeita. Miguel levantou a estaca com um sorriso que mostrava as presas em antecipação, e o guarda de Victor implorou silenciosamente, apenas com o ruído que ele conseguia fazer. Miguel desceu a estaca em um único e limpo golpe, garantindo a ele a única piedade possível - uma morte rápida.
Louis e o outro vampiro guarda ainda estavam lutando, sangue fluindo enquanto eles trocavam golpes brutais que teriam matado um humano no primeiro golpe. Louis pressionou seu oponente na parede, rachando o lambril e deixando um amassado do tamanho de um vampiro na parte superior da parede enquanto o pó do gesso preenchia o ar. O vampiro de Victor gritou de raiva. Ele intensificou seu aperto, seus dedos se afundando nos braços de Louis enquanto ele tentava reverter suas posições, mas Louis usou a energia de vampiro contra ele, girando completamente e jogando-o do outro lado do cômodo. Ele atingiu um dos humanos inconscientes quando atingiu a mesa, provocando um grunhido relutante como reação.
Duncan sentiu mais do que viu Victor se mexer, sentiu o lorde vampiro acumular seu poder. Ele olhou para cima, encontrando o olhar reptiliano de Victor. Os dois poderosos vampiros se estudaram por uma longa respiração, mas um grito agudo de negação atraiu seus olhos para Louis e o guarda remanescente, a tempo de ver Louis empalar seu oponente com uma estaca irregular de madeira.
Victor puxou a respiração enquanto seu vampiro morria, e Duncan se virou a tempo de ver o vampiro lorde cair para frente, seu punho apertado no peito. Como se ele sentisse o olhar do Duncan sobre ele, Victor relaxou sua mão e ergueu a cabeça com um olhar desafiador, sem mostrar nenhuma fraqueza para o seu inimigo.
— Isso foi desnecessário. — Duncan observou depois de um momento, dando um passo para trás das duas pilhas de pó de vampiro com um desgosto exagerado. Ele olhou para cima e encontrou o olhar raivoso de Victor mais uma vez. — Você deveria tê-los ensinado melhor, Victor.
Na ponta da mesa, Victor permaneceu totalmente parado, seu olhar queimando com ódio enquanto uma névoa vermelha de poder começava a se infiltrar em seus olhos castanhos.
— Miguel. — Duncan disse, removendo seu casaco e jogando-o em uma cadeira próxima. — Tire estes humanos daqui.
— Meu senhor. — Miguel murmurou.
Louis alcançou embaixo da mesa e arrancou o humano caído debaixo dela, puxando-o e descendo o corredor. Miguel arrastou os outros convidados - um homem grande e corado, que Duncan reconheceu como um senador americano - através das portas, e então voltou e içou o último humano por cima do seu ombro, antes de seguir Louis.
Duncan fechou as portas, escolhendo uma cadeira que não estava coberta de pratos quebrados ou comida, e sentou-se, cruzando suas pernas no joelho. Ele observou o cômodo tranquilamente enquanto ficava ali, intencionalmente ignorando o ultraje cada vez maior de Victor. Era um cômodo pequeno, muito estreito e, como todos os outros, tumultuado com muitos móveis. O ar fedia a fumaça de cigarro e comida derramada.
— Então, Victor. — Duncan disse, finalmente virando sua atenção para o outro vampiro. — Como estão as coisas em Washington?
— Vai se foder, Duncan. — Victor grunhiu. — Você não pode vir aqui e matar o meu povo.
— Aparentemente, eu posso. — Duncan apontou.
Victor soltou uma risada despreocupada.
— Você? Você nunca ousou isso sem o Raphael. — Ele cuspiu para o lado. — Onde está o grande o homem de qualquer forma? — Ele ergueu sua cabeça como se estivesse cheirando o ar. — Ele não está nas proximidades, eu o sentiria se ele cruzasse o meu território.
— Você deveria ter me sentido, Victor. Você ficou complacente.
— Você não é nada a não ser o cão de colo do Raphael. Eu não perco o meu tempo com vira-latas.
Duncan meramente sorriu.
 — Será assim, Victor. Nós podemos fazer isso da maneira fácil ou da maneira difícil. A escolha é sua.
Um sorriso cruel dividiu o rosto largo de Victor enquanto ele se levantava e chutava a cadeira contra a parede. Ele se inclinou para frente, dentes arreganhados e as mãos descansando sobre a mesa enquanto o seu poder começava a edificar, com os olhos agora brilhando como duas brasas ardentes de fúria.
— Dê o seu melhor, filhote.
Duncan inclinou sua cabeça em concordância.
— A maneira difícil então. — Ele ficou de pé, e pela primeira vez desde que deixou a Califórnia, a primeira vez na presença de alguém a não ser o Raphael e os vampiros mais confiáveis do lorde da Califórnia, Duncan soltou todo o seu poder. Ele deixou-o se acumular até que fosse uma tempestade em seu peito, a pressão tanto excruciante quanto libertadora. Luzes tremeluziram enquanto a energia dançava no cômodo.
Duncan piscou preguiçosamente e encontrou o olhar surpreso de Victor com uma questão silenciosa.
— Você estava dizendo...?
Com um rugido de desafio, Victor lançou um ataque preventivo, uma pequena bola de uma energia incrível que deve ter puxado bastante de seu poder. Era uma tentativa de enfraquecer Duncan antes que ele estivesse pronto, antes que pudesse juntar o seu próprio poder para formar um escudo ao redor de si. Mas Duncan havia treinado com o melhor vampiro que o mundo tinha a oferecer. Seus escudos se fecharam com um choque de som. O ataque de Victor bateu nos escudos com uma força tremenda. Eles se flexionaram, mas ficaram firmes, e Duncan lançou suas mãos para frente, como se estivesse desviando do assalto de Victor, um movimento calculado para enraivecer o outro lorde vampiro.
Victor rosnou, seus dentes rangendo, enquanto ele enfiava um punho grosso na mesa, ampliando o golpe com seu poder e transformando a coisa toda em gravetos. Ele olhou para cima e sorriu para Duncan, e então ergueu as duas mãos para o ar, com as palmas para cima, levantando os pedaços da mesa quebrada como se ainda estivesse inteira. Como outro gesto cheio de poder, ele jogou todos os estilhaços em Duncan, uma onda voadora de estacas pontiagudas mortais de madeira.
Foi um movimento esperto. Duncan o admirou mesmo enquanto se defendia, torcendo o poder de seus escudos em um redemoinho de energia que fez a maior parte dos estilhaços da mesa se atirar em todas as direções enquanto os outros explodiam pelo impacto e se transformavam em inofensivos palitos de fósforo.
Victor estava suando sangue e tremendo de fúria, seus escudos se enfraquecendo perceptivelmente. Duncan suspeitava que o outro vampiro houvesse concentrado muito de sua reserva de poder naquele primeiro ataque preventivo, mas Victor não estava acabado ainda. Seus escudos podiam estar mais fracos, mas se mantiveram contra as cutucadas discretas de Duncan. Duncan franziu a testa enquanto o poder do Victor de repente surgiu, como se ele tivesse puxado energia de algum lugar fora do cômodo. Mas a fonte mais provável desse tipo de poder seriam os filhos vampiros de Victor, e dois deles já eram pilhas de pó, com outros dois próximos da morte. Mesmo com Victor tendo drenado-os, eles não poderiam ter dado a ele tamanho aumento de poder.  Será que Victor tinha servos que eles não haviam descoberto? Alguém além dos quatro que havia estado com ele por séculos? Impossível, a menos...
Duncan se concentrou, lembrando-se do zumbido estranho de poder que sentiu quando eles se aproximaram da casa. Ele poupou um pouco do seu poder, uma fração de sua consciência, e procurou a casa, buscando pela fonte daquele zumbido. Tinha que estar em algum lugar, e tinha que ser de onde Victor estava retirando sua força. Ali! No porão, havia... os olhos de Duncan se arregalaram primeiro em choque, e então em repulsa enquanto ele olhava para cima e encontrava o olhar raivoso do outro velho lorde vampiro.
— Abominação! — Duncan sibilou.
Victor riu.
 — Que canalha mais virtuoso que você é. Eu os criei, e eles vivem para me servir como qualquer outro.
O estômago de Duncan se retorceu. Victor havia criado vampiros para o único propósito de alimentar o seu próprio poder. Havia pelo menos vinte deles lá embaixo, presos no porão, passando fome, inconscientes, praticamente animais selvagens, existindo apenas para prover ao Victor força o suficiente para segurar o seu território. Era uma prática proibida pelo próprio Conselho do qual Victor fazia parte, e era precisamente o que Duncan havia chamado - uma abominação.
Victor sorriu maliciosamente.
— Você ainda acha que pode me derrubar, filhote?
Duncan sentiu o seu propósito endurecer e virar granito, a sua ira se transformar numa resolução fria. Com um aviso rápido, ele tirou poder de seus próprios filhos, de Miguel e Louis. Eles sentiram a sua necessidade e o ofereceram de bom grado, os dois juntos eram bem mais fortes do que todos os escravos meio loucos de Victor, não importando quantos eles fossem.
O sorriso vitorioso de Victor vacilou, e Duncan viu a preocupação por causa de sua iminente queda nos olhos de outro lorde vampiro.
— Renda-se. — Duncan ofereceu. — E eu tornarei o final indolor. Para você e para aquelas pobres criaturas lá embaixo.
— Vá para o inferno. — Victor rosnou. Ele se endireitou, sugando cada gota restante dos escravos no porão, finalmente drenando os dois guardas que Duncan havia deixado vivos. Combinando isso com o que restava de seu poder, ele alimentou ao escudo perante ele enquanto avançava fisicamente para Duncan. Ele segurou um pedaço longo e entalhado de madeira em uma mão, seus dedos segurando com tanta força que perfurava sua pele, o sangue pingando entre seus dedos e correndo pelo braço.
Com um uivo de raiva, ele correu os últimos metros, a estaca rudimentar para cima e pronta, seu poder formando um aríete na frente dele.
Duncan esperou até que o outro vampiro estivesse quase junto a ele, e então apertou seu punho direito e deu um soco para frente como se estivesse batendo no peito de Victor. Um raio de energia atingiu os escudos do outro vampiro. Duncan sentiu os escudos se despedaçarem por causa do impacto de seu golpe, escutando o estilhaçar do cristal quando os escudos de Victor se quebraram pelo esforço.
E ele ouviu os gritos inconscientes daquelas pobres almas no porão quando o mundo deles desabou.
Victor cambaleou, seu rosto cinza de choque, a névoa vermelha do poder em seus olhos já começava a desaparecer, deixando-lhes com um marrom maçante. A estaca que ele estava segurando caiu de seus dedos moles quando ele caiu no chão, primeiro de joelhos e então mais para baixo quando caiu em cima dos calcanhares, as mãos pendendo frouxamente nas suas laterais.
Ele olhou para cima quando Duncan se agachou ao lado dele, mal sendo capaz de encontrar o olhar de Duncan enquanto sua cabeça caía para trás fracamente.
— Você deveria ter escolhido a maneira mais fácil, Victor. — Duncan disse, respirando com força por causa de seu próprio cansaço.
Victor sorriu mais uma vez, sangue manchando seus dentes e caindo pelo seu queixo.
— Vai se foder, Duncan. — ele respondeu asperamente.
Duncan riu.
— Como desejar.
Ele bateu o punho no tronco de Victor, rasgando pele e osso, para acomodar seus dedos ao redor do coração pulsante do vampiro e arrancá-lo de seu peito. Enquanto Victor puxava a sua última respiração trêmula, Duncan segurava seu coração ainda batendo perante seus olhos e mandou uma rajada concentrada de poder diretamente no órgão pulsante.
Victor deu um grito penetrante quando seu coração explodiu em chamas, enquanto seu corpo começava a se desintegrar enquanto se tornava nada mais do que uma pilha de cinza para se misturar com a porcelana quebrada e a comida amassada do cômodo pequeno.
Com um eco fraco distante da morte de seu Criador, os dois vampiros guardas remanescentes de Victor - os dois que ele deixou em um cômodo próximo à porta da frente - morreram juntamente com seu Criador, como também as criaturas patéticas no porão, caindo e virando pó com apenas um sussurro.
Duncan começou a se levantar, mas caiu de joelhos quando os gritos frenéticos enchiam sua cabeça, os vampiros do território de Victor gritavam por seu Mestre, implorando por confiança e compreensão, implorando para saber o que estava acontecendo. Duncan fechou seus olhos, gemendo devido ao dilúvio avassalador de impressões, detalhes, identidades, esperanças, desejos. Raphael havia dito a ele o que esperar quando Victor morresse, quando o fardo de ser um lorde caísse sobre Duncan, mas nada poderia tê-lo preparado para o peso físico disso, para este redemoinho de necessidade que sugaria todo o seu sangue se ele não fizesse algo.
Deixando sua cabeça cair para trás, olhos ainda fechados, rugiu um comando pedindo silêncio. Como se tivesse sido cortado por uma lâmina, a corrente de exigências parou de uma vez. Duncan puxou uma respiração profunda, e, apesar de sua exaustão, deixou seu poder fluir para cada vampiro no território, oferecendo certeza, oferecendo suporte, deixando-os saberem que eles tinham um novo Mestre, mas ele era forte o suficiente para cuidar deles. E que não toleraria rebelião, que os desafiantes morreriam se o enfrentassem.
Lentamente ele recuou. A ligação estava estabelecida e era forte. Os vampiros do território ainda estavam lá, uns sussurros de presença em sua mente, como as vozes quase silenciosas em uma igreja vazia. Era o peso do seu coração que estranhamente o lembrou da primeira vez que soube que amou alguém, a pressão constante no peito de alguém que é tanto uma presença bem-vinda e um lembrete assustador da vulnerabilidade persistente que vinha com o amor.
Havia aqueles entre os vampiros do seu novo território - seus vampiros, agora - que permaneciam apreensivos, mas isso era esperado. Houve outros que estavam curiosos o suficiente, que ele sabia que eles apareceriam nos próximos dias, talvez até mesmo para testar o seu poder, para ver se ele era forte como parecia. E isso era esperado, também. Mas em última análise, ninguém havia morrido, além de Victor e seus quatro guarda-costas, e essas criaturas patéticas no porão, que nunca nem deveriam ter sido criadas - e isso era uma vitória. O Território da Capital era pequeno, somente compreendendo o Distrito de Columbia, Delaware, Maryland, e Virginia. Centenas de vampiros viviam nestes estados, muitos dos quais estavam lá a mais tempo do que Duncan tinha estado vivo. Ele havia tomado o território com poucas mortes significativas, mas deixaria claro que gostaria de ser visto por conseguir segurá-lo sem a necessidade de matar mais alguns.
Passos soaram pelo corredor atrás dele com uma velocidade anormal. Não havia necessidade de se virar para saber que eram Miguel e Louis, respondendo a sua preocupação e prontos para defendê-lo. Os dois eram seus únicos filhos no momento, apesar de que logo haveria mais. Mas eles sempre seriam os primeiros. Ele transformou os dois há cinquenta anos atrás, quando ele e Raphael decidiram dar os primeiros passos reais na direção deste dia.
Victor estava certo sobre uma coisa. Raphael apoiava esse passo. A corrupção de Victor incomodava Raphael há tempos, especialmente nos últimos anos, quando havia se tornado mais e mais difícil manter em segredo a existência dos vampiros. Os excessos de Victor haviam se tornado uma vergonha e muito mais para a comunidade vampírica que ele supostamente representava na capital dos EUA. Mas não foi até que as recentes alianças com Rajmund e Sophia foram firmadas que Raphael e Duncan decidiram que a hora de finalmente fazer uma jogada contra o poderoso Lorde Vampiro de Washington, D.C. Era hora de apossar alguém que Raphael confiava, alguém que dividia com ele a sua grande visão do futuro dos vampiros neste continente, alguém poderoso o bastante para enfrentar Victor e ganhar.
Se Duncan tivesse pedido, Raphael teria alegremente emprestado a ele um exército de vampiros para tomar com ele a Capital. Mas havia sido importante para Duncan apreender esse território sozinho, com seu próprio povo. Miguel e Louis eram dele, e sempre seriam aqueles que o apoiariam quando tudo isso começasse.
— Meu senhor! — Miguel parou bruscamente no cômodo primeiro, ficando de joelhos próximo de onde Duncan estava ajoelhado no chão sujo. — Criador, você está bem?
Duncan sorriu.
— O território é nosso. — Ele ficou de pé, deixando Miguel ajudá-lo a se levantar, e então se virou para incluir Louis. — E agora, o trabalho de verdade começa.

Capítulo 4
 
Emma Duquet estacionou o pequeno Honda debaixo de uma cerejeira e encarou a elegante mansão branca ao final da quadra. A mansão estava toda iluminada, como uma rainha governando sobre as outras casas - o maior espaço e a maior casa entre as grandes construções. Mesmo a menor casa na rua deveria custar uma vida inteira de trabalho para alguém como ela. Ela franziu o cenho. Bom, talvez não a vida inteira. Ela planejava uma vida longa e boa, nem que fosse pra contrariar o destino que parecia estar contra ela, pelo menos até agora.
Um caminhão de lixo passou por ela em direção ao elegante portão de ferro para pegar uma pilha de lixo que se encontrava do lado de dentro da casa. No bairro dela, aquele lixo seria despejado na rua para ser recolhido, mas eles provavelmente tinham regras sobre esse tipo de coisa neste bairro.
O motorista do caminhão se inclinou para falar ao interfone do lado da pequena guarita, obviamente anunciando sua chegada já que a guarita estava vazia. O portão se abriu, mas ao invés de continuar dirigindo em frente, o caminhão deu a volta perto de uma árvore para entrar de ré e parar com a traseira em frente a uma pilha de lixo. Sem se importar que o caminhão impedisse o portão de fechar, dois homens saltaram e começaram a jogar as coisas da pilha de lixo no caminhão.
Emma observou curiosamente, desejando que tivesse trazido os binóculos consigo. Mas pensando bem, sentar com binóculos naquele bairro poderia fazer com que a levassem presa. E ainda nesse assunto, era melhor que ela tomasse uma atitude além de ficar lá sentada, ou alguém chamaria a polícia para ela. Washington era um lugar muito paranóico por esses dias.
Hora da decisão. O portão estava aberto, uma oportunidade de ouro, se existisse uma. Ela poderia marchar pela porta da frente da embaixada vampírica e requerer uma audiência com o embaixador ou como era chamado. Ela talvez nunca mais tivesse outra oportunidade como essa. Claro, também havia a possibilidade dela marchar pelos portões diretamente nos braços de alguns guardas muito bravos. Talvez até um ou dois cachorros. Se bem que ela não tinha visto nenhum cachorro e além do mais todas as histórias diziam que cachorros não gostavam de vampiros. Além do que, se lá tivesse cachorros eles com certeza estariam... - “Sai dessa, Em,” ela deu bronca em si. Ela tinha a tendência a pensar demais nas coisas como uma maneira de postergar o inevitável. E esta definitivamente era uma visita inevitável. Sua colega de quarto, Lacey, estava desaparecida, e Emma tinha ido de encontro a uma parede de tijolos em suas tentativas de achá-la. Mas alguém naquela casa sabia exatamente onde Lacey estava, e Emma pretendia descobrir.
Ela saltou do carro e olhou em volta. Ninguém por perto. Ela se apressou ao descer a rua, reduzindo o passo ao se aproximar do desgastado caminhão.
Mudando seu passo de vigoroso, para uma confiante caminhada, ela passou pelos dois ocupados homens com aceno de cabeça e um sorriso, como se ela percorresse aquele caminho toda noite.
A entrada era daquelas cheias de longas curvas e, entre seu nervosismo e os 15 cm de salto alto que usava para o trabalho, ela estava um pouco sem ar ao chegar à bonita escadaria. Parou e inspirou profundamente.
 “Você pode fazer isto, Em.” Ela suspirou e começou a subir a escadaria em um rápido trote.
Ela alcançou a porta de entrada encarando-a em surpresa. A fechadura havia sido destruída. Parecia que alguém a havia derretido. Esquisito. Mas conveniente. Entre aquilo e os portões abertos, os deuses estavam claramente sorrindo para a missão dela esta noite. Ela tocou a maçaneta delicadamente para ter certeza de que estava aberta, então a empurrou. Estava escuro, mas não assustadoramente escuro. Tinha alguma iluminação no final do corredor que desaparecia atrás de uma grande escadaria oposta à porta da frente.
O lustre de cristal passava a imagem de estar apagado. Os cristais tinham aquele brilho amarelo acinzentado, como se as luzes que emanavam deles não conseguissem ultrapassar o vidro.
Emma deu outro passo à frente, tremendo, e fechando a porta atrás dela. Estava surpreendentemente quente, apesar da pouca luz. Uma parte dela esperava que estivesse gelado como uma tumba, como nos filmes. Havia uma gostosa lareira queimando na sala ao lado, o que ela só havia visto agora, pois a porta da frente tinha bloqueado a visão. A sala parecia uma pequena biblioteca suavemente iluminada por abajures Tiffany que se encontravam na mesa de escritório e em duas outras mesas redondas. Ela ouviu o distinto som de alguém devolvendo um livro a estante e tomou coragem para dar um passo em direção à porta.
— Olá? — Ela chamou suavemente, de alguma maneira relutante em anunciar sua presença nesta grande casa vazia. Ela foi na ponta dos pés até chegar próxima à sala e guinchou, dando um pulo pra trás e quase tropeçando em seu próprio salto quando um homem loiro enorme de repente apareceu à vista.
Ele a olhou curiosamente, seus lábios se curvando em um sorriso fraco.
— Posso ajuda-la? — Sua voz era suave e calma, e trouxe à sua mente a gostosa sensação de água corrente nas gentis montanhas onde ela nascera.
Emma o encarou. Ele definitivamente poderia ajudá-la, mas provavelmente não da maneira a que ele se referiu. Emma gostava de caras altos, não gigantes, mas altos o suficiente para que mesmo com a sua altura, ela não ultrapassasse o cara ao usar salto alto. Não que ela tivesse muitos encontros devido à sua carga de trabalho, mas sempre havia esperança.
Esse cara era mais que apenas alto. Ele era encantador. Perto dos trinta, com cabelos loiros longos que caíam soltos pelos ombros musculosos. Ele tinha braços fortes e um firme e musculoso peitoral que preenchia um suéter azul escuro de manga longa que terminava em um abdômen definido.
Jeans descolorido estava agarrado aos estreitos quadris e musculosas coxas, e...
— Desculpe-me. — ele repetiu naquela mesma voz suave, mas com um ar de crescente diversão. — Você gostaria de algo em particular?
Emma corou, embaraçada de ter sido pega com aquele olhar de admiração. O que ela estava pensando? Ela não estava ali pra flertar com homem algum, sem importar o quão gostoso ele fosse.
— Sim. — ela começou, então ao descobrir que sua garganta estava muito seca pra continuar, engoliu em seco. Ela tossiu e começou novamente. — Sim, eu gostaria de ver o embaixador, por favor.
Os calorosos olhos marrons dele se enrugaram nos cantos.
— Como você pode perceber... — ele disse com seu olhar pulando em volta, para a embaixada não aberta para negócios. — Nós estamos em transição por aqui. O antigo embaixador foi chamado em casa. No entanto, seu substituto assumirá o cargo em breve, e quando ele o fizer, tenho certeza que ficará feliz em recebê-la.
— Oh. — Emma disse, ficando preocupada de repente. — Quer dizer que Victor foi embora? Tipo... para sempre?
Quando ele assentiu, ela perguntou.
— Então quanto tempo até que eu possa encontrar com quer que esteja no comando?
O loiro inclinou a cabeça de forma avaliadora. Será que ele estava tentando decidir se valia a pena perturbar o novo cara por causa dela? Emma se ajeitou autoconsciente, querendo mostrar-lhe que ela era uma pessoa séria, ali à negócios, o que poderia parecer questionável depois do episódio hormonal de observá-lo como uma idiota há pouco tempo atrás.
— Pode aguardar alguns minutos? — perguntou o gato.
Emma estremeceu em surpresa.
— Claro. — ela disse imediatamente. — Quer dizer, sim, com certeza. Uh, onde quer que eu espere?
 Ela olhou em volta, então se inclinou para o lado, passando por ele até a biblioteca onde parecia estar cheia de livros intrigantes.
Estranhamente, o loiro não sabia onde a deixar enquanto rastreava o paradeiro do novo embaixador. Talvez ele tivesse vindo com o novo cara. Um pensamento inconveniente surgiu em sua mente com excitação. Considerando a maneira como ele estava vestido e a sua total elegância e gostosura, talvez fosse o namorado do cara novo. Droga. Por que todos os caras gostosos eram gays?
O loiro sorriu de repente, como se soubesse o que ela estava pensando.
— Você pode esperar na biblioteca.
Rápidos e pesados passos produziram um baque em algum lugar dentro da casa momentos antes de um moreno surgir atrás da escada bloqueando o corredor como um barril. Movimentando-se incrivelmente rápido, ele escorregou e parou na frente do loiro como um goleiro em frente ao gol.
— Perdão, meu...
— Tudo bem, Miguel. — o loiro interrompeu. — Esta jovem senhorita... — Ele se virou para encará-la. — Desculpe. Não gravei o seu nome.
— Oh. Não, eu que peço desculpas. — ela disse rapidamente. — Eu deveria ter me apresentado. Emma Duquet. — Ela deu um passo pra frente e ofereceu a mão.
O loiro cuidadosamente segurou as mãos dela, como se tivesse medo de esmagá-la. E talvez ele pudesse ter feito, pois suas mãos eram exatamente como o resto dele - lindas e grandes, com largas palmas e dedos quadrados. Grossas também, não suaves e macias como a de muitos homens em Washington. Aqueles fortes dedos se curvaram envolta dos dela, apertando-a gentilmente, seu cumprimento se prolongando um pouco mais do que ditava a etiqueta. Mas quem é que se importava com etiqueta? Emma estava apaixonada, ou pelo menos com luxúria. Talvez ele não fosse gay, no final das contas.
— Sou Duncan. — ele disse. — E este é Miguel.
Sem sobrenome pra nenhum dos dois. Huh. Esquisito. Talvez fosse uma coisa de vampiro, embora ela tivesse quase certeza que nenhum dos dois caras fosse vampiro. Não que ela soubesse como se pareciam os vampiros - isso era mais coisa da Lacey. Mas estes dois pareciam mais garotos de fraternidade prontos pra festa do que um todo-poderoso mestre do universo.
Ela ofereceu a mão a Miguel, mas ele só a encarou em suspeita e se pôs entre ela e Duncan como se ela tivesse alguma doença ou outra coisa parecida.
— Ela pode aguardar na biblioteca, Miguel.
O moreno deu a Duncan um olhar de surpresa.
— O embaixador com certeza irá querer vê-la. — Duncan acrescentou, lançando a ela um sorriso rápido.
As sobrancelhas de Miguel ergueram, erguendo toda a linha do rosto.
— Cuide para que a Srta. Duquet fique confortável. — Duncan estava dizendo. — Chamarei o embaixador.
Emma assistiu enquanto Duncan desaparecia por onde Miguel tinha vindo. Ele se movia como um grande e gracioso gato, da maneira como atletas profissionais se moviam, como se um músculo tivesse sincronizado ao outro. E era tão bom de ver, também.
— Por aqui. — Miguel disse, interrompendo a admiração dela pela saída de Duncan. Ele tinha o cenho franzido quando ela olhou de volta pra ele. Miguel parecia não gostar dela por alguma razão. Não, era mais como se ele não a aprovasse. Bom, fazer o que. Emma não precisava da aprovação de ninguém a não ser de si mesma. E ela com certeza não tinha agarrado a oportunidade de fazer faculdade e se formar em direito para se preocupar com o que algum lacaio diplomático pensava sobre ela. Além do mais, ela não estava ali para fazer amigos.
— Obrigada. — ela disse entrando confiante na biblioteca como se fosse dona do lugar.
— Sente-se. — Miguel disse, fazendo soar mais como uma ordem do que como um convite.
— Ficarei em pé. — Emma disse. Ela preferia ter sentado na verdade, mas não daria a ele a satisfação. —Tudo bem se olhar em volta?
Miguel franziu o cenho profundamente. Ele escaneou cuidadosamente a sala, como se tivesse à procura de coisas que ela poderia esconder no bolso ao deixar a casa. Emma apenas o olhou de forma cômica. Pelo amor de Deus, aquela biblioteca obviamente tinha o propósito de ser uma sala de visitas. Olha o quão perto estava da entrada! Se eles fossem esconder os tesouros da embaixada, não seria naquela sala, seria? Tenha bom senso!
— Claro. — ele disse finalmente. — Estarei por perto.
Emma sorriu.
— Tudo bem.
* * * *
Duncan despiu o brim e o suéter que usava, embora não sem um suspiro arrependido. O confronto com Victor tinha sido há menos de vinte e quatro horas atrás e ele esperava por pelo menos alguns dias de privacidade antes que o mundo exterior invadisse sua privacidade. Eles ainda estavam trabalhando na segurança, ainda vasculhando cada centímetro da enorme casa à procura de escutas, câmeras escondidas, portas secretas e rotas de fuga. Ia ser mais fácil uma vez que o resto da equipe de Duncan chegasse da Califórnia mais tarde naquela noite. Se nada mais, pelo menos seriam mais olhos para procurar e ouvidos para escutar.
Vários vampiros de Raphael tinham se voluntariado para acompanhar Duncan no seu novo posto, mas ele tinha selecionado apenas uns poucos e apenas aqueles com um passado seguro profundamente pesquisado. Qualquer outra coisa poderia ser deixada para depois, mais a primeira ordem do dia era tornar aquele lugar seguro.
O que trouxe à tona o fato da inesperada aparição da adorável Srta. Duquet em sua sala de estar e como foi que ela chegou até ali. Como se convocado pelo pensamento, Louis bateu de leve na porta da suíte que Duncan tinha pegado pra si.
— Entre, Louis.
O vampiro troncudo abriu a porta apenas o suficiente para deslizar por ela e assumir uma posição de descanso.
Louis agora pertencia a Duncan, corpo e alma, mas antes de se tornar vampiro, ele tinha sido um soldado, forjado no calor da batalha, e ele ainda tinha boas memórias de seus dias como militar.
Duncan abotoou o cinto e se sentou para calçar as meias.
— Como foi que ela entrou?
— O caminhão de lixo, Senhor. Eles bloquearam o portão com o caminhão enquanto o carregavam, deixando-o aberto, e foi assim que ela entrou. Eu assumo toda responsabilidade por...
Duncan suspirou.
— Não é culpa sua. Nós três não somos o suficiente para a segurança de um local deste tamanho. Será mais fácil depois que os outros chegarem e depois que Miguel trouxer a equipe diurna. Nesse meio tempo, sugiro que fechemos o portão e ignoremos qualquer ligação.
— Sim, meu Lorde.
Duncan calçou as botas, e colocou o terno tirando-o do armário.
— Você já checou o porão?
— Eu estava a caminho quando Miguel me chamou, meu Lorde.
— Bom. Obrigado, Louis. Sinto muito por sobrecarregá-lo com isto. Eu acredito que esteja bem cruel lá embaixo.
— Não precisa se desculpar, meu Lorde. Cuidarei do assunto.
Louis colocou a cabeça pela porta e deslizou por ela deixando Duncan e seus pensamentos, que imediatamente se encheram de imagens de Emma Duquet. Ele sorriu enquanto arrumava o cabelo em um rabo de cavalo com uma lira de couro dentre as muitas que tinha espalhadas pela gaveta do armário.
Emma, ele pensou. Um adorável e antiquado nome, apesar de que não havia nada de antiquado em relação à sua visitante. Seu longo e castanho cabelo pendurados atrás dela em um emaranhado, e aqueles olhos violetas espertos e inteligentes que não se via todos os dias, apesar da energia quase maníaca que ela parecia irradiar. Ela vestia seu terno customizado como um cavaleiro vestia sua armadura, mas no caso dela, a roupa não escondia muita coisa. Nenhum cavaleiro jamais mostrou as pernas torneadas como ela o fazia, ou usou um par de saltos alto para alongá-las ainda mais. Suas pernas eram cobertas por meias de seda.
O clima era frio para estar com as pernas de fora, mas ela não cedeu à tentação de usar algo menos elegante que seda. Ele entendia a necessidade das mulheres modernas usarem calças, e meia-calça grossa era certamente mais apropriado neste clima. Mas o homem sulista que havia nele ainda preferia ver mulheres de saias e vestidos, com as doces curvas das delgadas panturrilhas acentuadas pelo brilho da seda. Apesar de que, com certeza, nenhuma mulher de respeito da sua época no sul, teria jamais usado algo semelhante ao terno e saia de Emma ou mesmo as meias de seda em um lugar onde homens que não fossem seus maridos a pudessem ver. Ele sorriu. Pensando bem, as roupas femininas contemporâneas eram muito bem recomendadas, afinal de contas.
E por que ele estava gastando tanto tempo se preocupando com as roupas da Srta. Duquet? Ao invés disso, ele deveria estar se perguntando o que ela fazia ali. E o que poderia ser tão urgente que seus olhos escureceram de medo quando ele havia dito que Victor tinha partido?

Capítulo 5
 
Emma encarou com admiração o último volume do que parecia ser uma edição completa de 1776 de A História do Declínio e Queda do Império Romano de Edward Gibbon. E em condições notáveis, também. Ela não era uma especialista de livros raros, mas ela teria apostado que esse conjunto particular nunca tinha visto o interior de uma livraria. Um herança de família bem preservada era mais parecida com isto.
Ela balançou a cabeça, de repente, impaciente consigo mesma. Emma. Vampiros, Duh. Eles provavelmente compraram o conjunto novo, acabado de ser impresso e empurraram-no em uma prateleira. Provavelmente nem mesmo sabiam do que tinham; muito menos que valia a pena. Ela deslizou o livro cuidadosamente ao lado dos outros cinco volumes e levantou a cabeça, escaneando os títulos envolventes. Ela se perguntou se havia outros tesouros como esse, apenas parados aqui com ninguém mais sábio.
— Victor tinha uma coleção notável. — disse uma voz fria.
Emma saltou culpada e girou. Ela olhou para Duncan, sua boca aberta em choque, até que ela percebeu isso e estalou o queixo fechado com força suficiente que doeu. O homem ali era Duncan, mas não era ele também. O suéter e jeans foram embora, e não é que ele preenchia um terno bem? Talvez o embaixador exigisse que ele se vestisse para os visitantes, mesmo os que não foram convidados.
Ela piscou, inclinando a cabeça curiosamente enquanto suas palavras alcançaram seus pensamentos.
— Você disse que tinha uma coleção. Passado. Aconteceu alguma coisa com o embaixador Victor? É por isso que seu chefe está aqui agora? — Seu coração começou a corrida com a ideia de que algo havia acontecido com Victor. A festa que Lacey tinha ido era uma na qual o embaixador vampiro era o anfitrião, ou assim Lacey tinha dito a Emma. Não era a primeira vez que ela tinha ido a uma das festas de Victor, mas esta era para ser algo especial, um longo fim de semana em uma casa fora da cidade. Lacey tinha estado tão animada. Ela tinha queimado a sua parte do dinheiro do aluguel em um vestido novo e sapatos, sabendo que Emma iria perdoá-la e cobrir todo o aluguel, como sempre.
E agora, Emma ficaria feliz em pagar o aluguel pelos próximos cinco anos, se Lacey apenas aparecesse sã e salva.
— Emma?
Ela piscou.
— Sinto muito. — disse a Duncan e balançou a cabeça para limpá-la.
— Hum, certo. Passado. Aconteceu alguma coisa com o embaixador? — Ou Lacey?
— Nada inesperado, não. — Duncan assegurou-lhe calmamente. — Mas a coleção de livros veio com a residência, por isso não é realmente sua, de qualquer maneira.
— Oh, é claro. Eu acho que isso a torna do seu chefe agora, certo?
Duncan sorriu, parecendo genuinamente feliz com sua conclusão, ou talvez fosse mais como se ele estivesse se divertindo. Ela fez uma careta quando ele se virou graciosamente e caminhou até a mesa pesada ornamentada. Miguel entrou no quarto como um fantasma sombrio, sem fazer mais barulho do que Duncan tinha feito. Ele tinha trocado de roupa também, e agora assumiu uma posição atrás do ombro esquerdo de Duncan enquanto Duncan sentava atrás da mesa.
— Sente-se, a Sra. Duquet. — disse Duncan. — E me diga o que a traz aqui.
Emma olhou com surpresa, quando se estabeleceu na cadeira.
— Espere, eu pensei que estava me reunindo... Merda. — Emma mal conseguiu deixar de praguejar em voz alta quando percebeu o que estava acontecendo.
Duncan, por sua vez, virou de lado para a mesa, recostando-se na poltrona de couro e cruzando as pernas na altura do joelho, com um braço sobre a mesa na frente dele. Ele não se remexeu como algumas pessoas teriam, não bateu sequer um único dedo sobre a mesa. Ele apenas a observava atentamente, como se curioso para ver como ela reagiria.
— Você é o embaixador? — Emma resmungou.
— Nós realmente não nos referirmos a isso como um embaixador, mas, sim.
— Isso significa que... Você é um vampiro? Mas isso é impossível. Quero dizer, quantos anos você tem?
Miguel enrijeceu e deu-lhe um olhar indignado, mas Duncan murmurou baixinho e disse:
— Essa é uma pergunta muito rude na cultura vampira, Sra. Duquet. Você trabalha nesta cidade. Pelo menos, suponho que trabalhe. Certamente já lhe ensinaram a ser mais delicada do que isso ao lidar com outras culturas.
Emma estreitou os olhos em irritação. Ele estava certo, é claro. Ela sabia melhor do que fazer uma pergunta como essa, mas ele a chocou direto para fora de suas aulas de sensibilização. E ele sabia disso. Ele estava brincando com ela, e ela não gostava de ser um brinquedo.
— Olha, Duncan, ou qualquer que seu nome realmente seja.
Miguel realmente rosnou para isso, mas Duncan ergueu a mão para detê-lo.
— Está tudo bem, Miguel. Ela não quis fazer nenhum insulto, não é, Sra. Duquet?
Emma não respondeu por um momento. Ela estava ocupada demais olhando para Miguel. Ela nunca tinha ouvido falar de um homem realmente rosnar antes. Um verdadeiro rosnado com dentes, saliva escorrendo, rosnar! Vou-arrancar-sua-garganta-fora. Uau.
— Sra. Duquet?
— Sim! Quero dizer, não, não tive a intenção de insultá-lo. Eu sou... Eu geralmente sou melhor que isso.
— Mas você está preocupada com alguma coisa. Algo que trouxe você para nos ver, mesmo que nunca tenha estado aqui antes. Algo importante o suficiente para que você entrasse sorrateiramente pelo portão e em nossa casa sem convite.
— O portão estava aberto. — protestou ela.
— O portão foi bloqueado por um caminhão ativamente engajado no carregamento de lixo. — Duncan corrigiu suavemente. — Obviamente, não deveria estar aberto.
Ok, então ele tinha um ponto.
 — Você está certo. — ela admitiu. — Sinto muito. Mais uma vez.
Duncan riu suavemente, seus quentes olhos castanhos dançando. Ele com certeza não se parecia com um vampiro. Miguel ela poderia aceitar. Ele rosnava, pelo amor de Deus. Duncan parecia um sangue azul graduado em negócios de Harvard com um alfaiate caro e rebelião suficiente em sua alma para deixar seu cabelo crescer. Mas talvez esse fosse o ponto. Qual o melhor homem para comandar a cultura vampira do que alguém que se parecia com o executivo ao lado?
— O seu problema? — Duncan a levou.
Emma respirou fundo e soltou o ar lentamente.
— Minha colega de quarto, Lacey. — ela começou, então parou. Lacey era muito mais do que apenas uma colega de quarto, mas ele não precisava saber disso. — Ela foi para uma das festas de Victor. Foi uma coisa no fim de semana, mas ela deveria estar em casa pelo menos na noite de domingo, porque tinha que trabalhar na segunda de manhã. Isso foi há três dias, e eu ainda não tenho notícias dela. Lacey não faria isso.
Ela olhou para Duncan, à espera que ele respondesse de alguma forma. Para lhe dizer que estava tudo bem, que a festa ainda estava acontecendo, ou eles decidiram tomar um avião para a Bahamas e não havia cobertura de celular. Alguma coisa, qualquer coisa, para explicar o silêncio de Lacey. Ele não disse nada de imediato. Ele parou quase que perfeitamente, ainda assim, claramente pensando em tudo o que ela disse, mas não se apressando a responder. Era frustrante para alguém como Emma, que tendia a viver a vida em plena aceleração, mas, ao mesmo tempo, havia algo fascinante sobre a sua quietude. Ela não achava que já tivesse conhecido alguém que pudesse permanecer assim imóvel. Ela teria atribuído a ele ser um vampiro, exceto que Miguel, de pé ao lado dele, estava bastante eriçado com energia, seus músculos encolhendo debaixo das linhas de seu terno elegante.
Duncan, por outro lado, era como um grande gato - um tigre talvez - tão bonito e elegante do lado de fora. Mas mesmo que você admirasse sua beleza, seu coração corria com medo, porque uma parte de você sabe que este é o perigo, esta é a morte. Havia uma energia em espiral para Duncan, como se fosse mal contida dentro de sua pele. Isso exigia toda a sua atenção e, no entanto, aparentemente, ele estava ali, sentado, quieto e silencioso, esperando. Assim como aquele tigre.
Emma não era um tigre. Ela estava sempre brincando com algo. Seus professores costumavam repreendê-la constantemente por ela estar se contorcendo, como eles chamavam. Mas a verdade era que ela tinha muita energia para estar parada. Iria queimá-la por dentro se não usasse de alguma forma.
— Foi a primeira vez que sua amiga se juntou a Victor em um de seus eventos? — Duncan perguntou.
Emma reprimiu seu empurrão de surpresa em sua pergunta repentina.
— Não. — ela admitiu. — Lacey gosta de festa. Trabalhar e viver em DC foi ideia minha, mas ela concordou em vir comigo pelo cenário social. Há uma festa de algum tipo quase todas as noites na cidade. Mais de uma, na maioria das noites, e nos fins de semana. — Emma encolheu os ombros, depois hesitou. Ela não queria dizer a Duncan o resto, não queria que ele pensasse mal de Lacey, mas...
— Lacey estava meio que obcecada com todos vocês. — acrescentou ela relutantemente.
— Vocês 'todos' o quê? — Duncan solicitou.
— Vampiros. — disse Emma, estremecendo. — Ela deve ler dez livros por semana, absolutamente devora-os. Romance paranormal, principalmente, e mais do que vampiros. Ela conheceu Victor em um evento VIP realizado pela empresa que ela trabalha. Eles são uma empresa de lobby na Rua K - muito dinheiro, muito. Enfim, ela chegou à nossa casa naquela noite mais feliz do que já a tinha visto, porque ela finalmente encontrou um vampiro de verdade. Dois dias depois, houve um convite em seu e-mail de trabalho, uma festa aqui na embaixada.
— Aqui.
— A primeira festa, sim. Essa foi, talvez, há dois meses. Eu teria que verificar para ter certeza. Eu não acompanho o calendário social de Lacey, mas tenho certeza que ela festejava com seus rapazes vampiros, pelo menos uma vez por semana desde então.
— Eles estavam se alimentando dela?
Emma empalideceu com a pergunta simples. Ela perguntou-se a mesma coisa mil vezes, mas nunca perguntou a Lacey. Ela realmente não queria saber.
— Eu não sei. — admitiu para Duncan. — Eu nunca vi. — Ela tomou uma respiração instável. — Eu nunca vi nenhuma marca em seu pescoço ou qualquer coisa.
— Você não iria, necessariamente. É provável, no entanto, que sua amiga estivesse permitindo.
— Lacey. — Emma interrompeu. — O nome dela é Lacey.
Duncan reconheceu a correção com um aceno de cabeça.
— Encantadora como tenho certeza que é Lacey, duvido que Victor tenha continuado a convidá-la a menos que ela estivesse fornecendo sangue. Não é incomum, você entende.
Emma olhou para ele fixamente.
— O que não é incomum?
Duncan deu a ela um olhar de pena.
— Há muitos humanos, Sra. Duquet, que estão ansiosos para servir como uma fonte de sangue para os vampiros. Ela poderia ser muito agradável para eles.
Ela franziu o cenho.
 — Você quer dizer para os seres humanos? Como isso pode ser agradável?
— Sexualmente. — ele demorou, e a palavra parecia sussurrar sedutoramente de sua boca beijável diretamente ao seu ouvido. Era tão real que ela podia sentir o calor de sua respiração provocando sua bochecha enquanto sua voz enrolava ao redor de seus sentidos.
O coração de Emma bateu mais depressa. Suor estalou delicadamente entre seus seios, e umidade de um tipo totalmente diferente agrupou profundamente entre suas coxas. Ela sentiu seus mamilos tensionando e estava feliz que o tecido pesado de sua jaqueta evitasse que alguém percebesse. Exceto que o olhar aquecido no rosto de Duncan disse que ele sabia que ela estava excitada, sabia que seus mamilos estavam raspando requintadamente contra a renda de seu sutiã. Ela queria apertar as pernas juntas contra a dor, mas se recusou a dar-lhe a satisfação. Ela apertou os dedos ao redor dos braços da cadeira em vez disso.
Isso era ridículo.
Ela rangeu os dentes, forçando seu cérebro a voltar para a pista.
— Olha, querido. — disse. — Eu não sei nada sobre as interações humanas e vampiras. Eu nem gosto dos filmes. Tudo o que sei é que Lacey festejava com vocês, e agora ela está desaparecida. Ela não voltou para casa ou até mesmo me ligou em três dias. Alguma coisa aconteceu, e eu quero saber o que você vai fazer sobre isso.
— Não é possível, a Sra. Duquet, — disse Duncan pacientemente. — que Lacey encontrou alguém que gostasse e esteja passando mais uns dias a sós com ele?
— Ela teria me ligado. Ela sabe que eu me preocuparia.
— Você ligou para seu escritório?
— Sim, é claro.
Ele deu-lhe um olhar indagador.
— E?
Emma beliscou a boca com raiva. Maldito.
— E ela supostamente tirou a semana de folga.
— Ah.
— Não. Sem ah. Ela não me disse que tiraria a semana de folga, e ela teria feito isso. Algo está errado aqui, e se eu esperar muito tempo, nunca... — sua voz quebrou enquanto ela lutava para conter as lágrimas. Por que não podia fazer alguém entender? Lacey era muito mais do que uma colega de quarto. Elas eram melhores amigas, irmãs de todas as maneiras que contava. Elas eram tudo o que a outra tinha no mundo, e Lacey nunca teria feito isso com ela!
Duncan não se moveu, exceto para franzir a testa, pensativo.
— Eu acredito em você. — disse ele inesperadamente.
— Obrigada. — Emma sussurrou, quase engasgando com o soluço que estava tentando forçar seu caminho até sua garganta.
— Veja bem. — ele advertiu: — Eu não estou convencido que qualquer coisa terrível aconteceu, mas acredito que você conhece Lacey muito bem, certamente melhor do que eu. E se você diz que algo está errado nesta situação, então vale a pena dar uma olhada.
Ela assentiu com a cabeça, mordendo o lábio para não choramingar como uma idiota.
Duncan deu um olhar afiado em sua boca, e endureceu de sua relaxada pose de lado, girando suavemente até que ele, mais uma vez encarou sobre a mesa.
— Como eu disse antes, Sra. Duquet, nós apenas chegamos a esta cidade ontem à noite, por uma questão, de fato. Victor partiu de forma bastante inesperada, o que nos deixa procurar nos seus registros por nossa conta.
— Você não pode ligar ou algo assim?
— Eu acredito que ele não está alcançável, mas farei o que puder.
Emma suspirou. Ele estava brincando com ela. Não tinha intenção de tentar encontrar Lacey. Nem mesmo estava disposto a ligar para Victor, muito menos qualquer outra coisa.
— Eu não estou apenas dizendo isso para aplacá-la. — insistiu, e ela franziu a testa. Essa era a segunda vez que ele parecia ler seus pensamentos. Seria possível?
— E eu não estou lendo seus pensamentos também. — acrescentou ele, sorrindo. — O que tenho são muitos anos de experiência em ler expressões humanas, e seu rosto é muito expressivo.
Emma corou.
— Hum, obrigada. Eu acho. Então, quanto tempo...
— Eu sei que você está ansiosa, mas me dê alguns dias. Eu darei retorno, prometo.
Emma queria protestar. Dois dias mais! Mas era melhor do que ela esperava, honestamente, antes de chegar aqui, e era provavelmente o melhor que ela conseguiria. Ela puxou uma respiração profunda, calmante, dentro e fora.
— Tudo bem. Obrigada. — disse ela, e enfiou a mão na bolsa para retirar seu telefone celular. — Eu deixei minha bolsa no carro, então não tenho cartões de visita comigo, mas posso mandar por texto meus números para você, ou... — ela levantou a cabeça para encontrar seus muito humanos olhos castanhos. — ... vampiros usam telefones celulares?
Duncan sorriu.
— Nós usamos, de fato. Todas as conveniências modernas. — ele enfiou a mão no bolso do paletó, pegou seu próprio telefone, e rapidamente bateu em algumas teclas. Então deslizou sobre a mesa para ela.
— Você pode inserir o seu número aqui.
Emma pegou o telefone e olhou para a tela. Seu nome foi digitado e estava apenas esperando por um número. Sentindo-se como se estivesse cruzando alguma linha invisível, ela colocou seu celular e os números de trabalho, em seguida, voltou a colocar o telefone na mesa.
— Eu tenho um telefone fixo em casa, mas nunca uso. Apenas o celular. — disse ela. — E o número do meu escritório. Eu te dei isso também.
— Muito bom, eu vou...
— Eu não deveria ter o seu número?
Duncan já havia se afastado da mesa e ficado de pé, como se a entrevista tivesse acabado. Ele parou e deu-lhe um olhar confuso.
— É claro. Miguel.
Emma franziu o cenho. Ele não podia dizer-lhe o seu número? Ele precisava de Miguel para fazer isso por ele? Mas Miguel estava inclinado sobre a mesa, segurando um grosso cartão branco. Emma olhou para baixo enquanto aceitava. Havia duas linhas no cartão. Nome de Duncan, que aparentemente incluía o sobrenome Milford, mesmo que ele não tenha se apresentado desta forma, e um número de telefone. Sem título, sem filiação ou identificação de qualquer tipo.
— Tudo bem. — disse ela. — Obrigada.
— Miguel, acompanhe a Srta. Duquet para seu carro, certo? É escuro e escorregadio lá fora.
— Oh, não, na verdade, eu estou bem. — protestou ela. A última coisa que ela queria era um passeio no escuro com o resmungão, Miguel.
— É claro que você está. — disse Duncan implacavelmente. — Miguel.
****
Duncan ficou em uma janela do andar de cima e observou enquanto Miguel acompanhou Emma Duquet pelo portão e desceu a rua até o carro dela, que era um modelo Honda mais antigo, ele observou. Um carro confiável, mas não caro.
Ela disse algo para Miguel enquanto abria a porta do carro. Provavelmente agradecendo-lhe, mas nada mais que isso. Ela não estava confortável com Miguel, ou talvez sentisse a sua desconfiança em relação a ela. O que quer que fosse, Duncan não se importava. Se alguém se aproximaria de Srta Duquet seria ele. Ele foi atraído para ela de um jeito que não tinha sido por qualquer mulher há muito tempo. Ele supunha que tinha algo a ver com a sugestão delicada de um sotaque na voz dela, um que tinha claramente trabalhado arduamente para perder. Mas ainda estava lá para qualquer um que tivesse crescido no Sul e sabia o que ouvir. Foi dito que o gosto de um homem em mulheres, e vice-versa, foi criado quando ele era ainda uma criança, muito antes que o gosto tivesse sido colocado em prática. Se assim for, era perfeitamente possível, que mesmo hoje, o gosto de Duncan com as mulheres era um retrocesso para a sua juventude no Tennessee quase duzentos anos atrás. Mas ele suspeitava que fosse mais do que isso, também.
— Senhor? — Louis disse atrás dele. — Você ligou para mim?
— Precisamos quebrar a segurança dos computadores de Victor. — disse Duncan sem se virar. — Esqueça o resto, por agora.
— Sim, meu senhor. Eu vou começar de uma vez. — Havia uma corrente de entusiasmo na voz de Louis. Por toda a sua habilidade em combate, Louis era um nerd no coração, um gênio tecnológico que nunca tinha conhecido um sistema de segurança que não pudesse entrar. Ele estava louco para entrar nos computadores de Victor.
— E Louis?
— Senhor?
— Eu quero tudo o que você puder encontrar sobre Emma Duquet.
— Quanto tempo para trás?
— Tudo, Louis.
— Sim, meu senhor.
Duncan continuou observando enquanto Emma dirigia seu carro ao longo da curva do cul-de-sac{8}, dando a volta antes de virar para o onde veio. Ele pensou em seus belos olhos, a cor incomum, o tom exato de amores-perfeitos na primavera. Ele ainda lembrou-se das flores do jardim de sua mãe em outra vida. As coisas tinham mudado muito desde então. Era mais do que um momento diferente, era um mundo totalmente diferente. Ele franziu a testa com o pensamento. Ele raramente se lembrava daqueles dias, e agora os lindos olhos de Emma tinham trazido à mente isso duas vezes em uma noite.
Ela tinha dito a verdade sobre sua amiga. O que ela sabia, de qualquer maneira. Parte do que fez isso tão bem sucedido, Duncan tinha sua empatia de vampiro reforçada com os seres humanos. Isso era um talento incomum entre sua espécie. Os vampiros eram muito mais propensos a perder qualquer ligação que tiveram uma vez com a emoção humana, em vez de ganhá-la. Mas, mesmo como um ser humano, Duncan tinha possuído uma sensação intuitiva para as emoções de outras pessoas. E de alguma forma, quando se tornou um vampiro, essa intuição só tinha crescido. Tinha sido muito no início, sentindo todas as emoções do povo, humano ou vampiro em volta dele. Ainda pior, as emoções, às vezes permaneciam em prédios ou salas, especialmente se os sentimentos eram particularmente fortes ou traumáticos, como o medo, o ódio, ou mesmo amor. Suas habilidades estavam limitadas ao psíquico, mas então, muitas das habilidades foram concedidas pela transição para Vampiro.
Com o tempo, ele aprendeu a bloquear o ruído em geral, aprendeu a tocar em sentimentos de forma seletiva. E ele definitivamente selecionou tocar na Srta. Duquet esta noite. Seus sentimentos eram muito simples, e, como era frequente o caso, o conhecimento de suas emoções levou ao conhecimento de seus pensamentos. Os dois andavam de mãos dadas, depois de tudo. Muitas vezes as pessoas mentiam com suas bocas, mas seus pensamentos eram sempre verdadeiros. Combinado com todas as outras pistas que os seres humanos davam, ele poderia geralmente julgar um ser humano tão bem quanto podia um de seus próprios filhos vampiros. E já que um senhor vampiro conhecia seus filhos tão bem quanto ele, isso dizia alguma coisa.
Mas se Emma Duquet estava dizendo a verdade, as atividades de Victor foram muito além da corrupção, além até mesmo das abominações que ele tinha mantido presas em seu porão. O que significava que Duncan tinha que descobrir exatamente quais eram os crimes de Victor antes que desabassem sobre a cabeça de Duncan.

Capítulo 6
 
Na noite seguinte, Duncan abriu a porta de sua suíte particular e entrou no corredor, estremecendo quando algo grande despencou através da escada e bateu no chão com um “boom” retumbante. Este era o método de seu povo de eliminar o lixo de forma rápida. Infelizmente, havia criado uma pilha crescente de detritos no foyer. Eventualmente, todo o lixo teria que ser transportado para o quintal onde ficaria até que eles tivessem uma melhor segurança no local. Não haveria mais visitantes indesejados escorregando após a abertura de um portão despreocupadamente.
 O resto da equipe da Califórnia havia chegado no horário certo ontem à noite, e a casa estava muito mais agitada do que antes. Os vampiros recém-chegados tinham se ajoelhado e feito um juramento de sangue com ele, transferindo a lealdade de Raphael para Duncan. Foi tudo feito com a bênção de Rafael, que fez todo o processo muito mais simples. Duncan era seu mestre agora, seus corações batiam ao seu comando.
E o seu comando atual tinha muito a ver com a limpeza dos restos da corrupção de Victor. Todos os três pisos da velha casa estavam sendo examinados a fundo, que em muitos casos significava ser literalmente dilacerado. Ninguém confiava em Victor, mas não estavam inteiramente certos sobre o que estavam procurando, também. Dispositivos de gravação, certamente. Quando fossem encontrados, seriam removidos e remontados à sua base de controle, que até agora provou ser uma sala sem janelas secretada e afastada ao lado da câmara de descanso de Victor, no terceiro andar. Isso em si já era terrível, ele ter escolhido um lugar de descanso para si no andar mais alto. Mas, então, o porão estaria fora de questão, uma vez que havia sido preenchido com seus vampiros escravos.
De qualquer forma, muitos dos dispositivos de gravação que eles haviam encontrado estavam localizados nos quartos, e a coleção de vídeos de Victor deu provas de que os quartos foram usados ??com frequência, mesmo que apenas por uma ou duas horas de cada vez. A maioria significativa dos videos era de homens de destaque, que Duncan poderia reconhecer facilmente do noticiário noturno.
Ele não sabia ainda se Victor tinha andado chantageando alguém, mas sabia que se ainda não tivesse feito, o material seria usado para chantageá-los futuramente.
Duncan caminhou pelo corredor para onde Louis montou seu equipamento em um esforço contínuo para desvendar os vários arquivos de computadores de Victor. O que ele tinha encontrado até agora foi apenas mais uma evidência da paranoia galopante do outro. No mundo humano, ele teria vivido em um pequeno apartamento com estranhas folhas sobre as janelas e jornais empilhados até o teto. Em vez disso, ele foi um senhor poderoso com centenas de anos de idade. Duncan não sabia o que Victor tinha feito antes de se estabelecer na Capital dos EUA. Talvez assombrasse os campos de batalha da revolução, se aproveitando dos soldados que estavam morrendo.
Ou talvez, Duncan pensou, eu sou um pouquinho preconceituso contra o velho vampiro. Ele sorriu com tristeza, então suspirou. Eles não precisavam dele aqui. Ele supunha que poderia começar arrancando paredes com o resto deles, mas...
— Meu senhor!
O grito animado de Louis tinha feito Duncan cruzar rapidamente para a mesa onde seu chefe de segurança estava dobrado sobre o teclado do computador principal de Victor. Dois nerds vampiros estavam perto e fazendo sugestões sobre como Louis se introduzia através dos dados. Duncan saiu de seu caminho.
— Eu quebrei a criptografia principal, meu senhor. — Louis explicou laconicamente enquanto continuava a escrever. — Mas existem códigos adicionais dentro de alguns desses arquivos.
— Aquela é uma designação alfa simples. — um dos outros comentou calmamente. — Tente abrir.
— Porra, não é. Fotos e tudo mais.
— O quê? — Duncan exigia. Os outros deslizaram para fora de seu caminho enquanto ele se movia para ficar atrás de Louis novamente.
— As mulheres, meu senhor. — explicou Louis, paginando através de um arquivo.
— Jovens mulheres bonitas e humanas. — acrescentou outro apreciativamente.
— Nenhum nome. — Louis disse. — Iniciais só, mas com as imagens, isso não deve ser muito difícil... Será que a mulher da outra noite...
— Emma Duquet. — Duncan forneceu.
— Certo. Ela deixou uma foto de sua amiga desaparecida?
— Não.
— Ok, um minuto. — Louis girou a cadeira para a mesa atrás dele e puxou o laptop mais perto. — Eu comecei a investigar Duquet mais a fundo, como você pediu. — ele disse enquanto digitava. — Seu nome completo é Emmaline Marie Duquet, a propósito, embora ela raramente use. Ela tem um perfil no Facebook que não atualiza regularmente em anos, mas deixe-me verificar... Sim. Não é. O primeiro nome de sua amiga era Lacey, certo?
— Sim. — disse Duncan. Ele estava olhando por cima do ombro de Louis, vendo fotos de uma jovem, menos sofisticada que Emma Duquet, imagens claramente tiradas antes ou logo depois que chegou à Washington. Ou talvez fosse a preocupação com a amiga que tirou o brilho em seus olhos, o sorriso que dizia que ela estava indo enfrentar o mundo e vencer.
— Lacey Cray. — Louis murmurou, fixando-se em uma única imagem de Emma com o braço em volta de uma loira linda da sua idade. — Nome bonito. Menina jovem, também. Lamentável.
Duncan queria ser controverso com a finalidade das últimas palavras de Louis com a sua suposição de que Lacey já estava morta, mas não podia. Apesar de sua garantia para Emma na noite passada, e a vontade que tinha de ter Lacey a salvo por ela, ele sabia que não era o resultado mais provável. Louis voltou para o computador de Victor.
— Há data perto da imagem de cada mulher, meu senhor. E iniciais diferentes após cada data. Eu estou pensando... — ele parou de digitar e olhou para Duncan, como se para julgar a reação dele. — Dado o que já vimos de pornô pessoal da coleção de Victor, este é, provavelmente, um recorde de encontros sexuais, meu senhor. O segundo conjunto de iniciais são dos homens com quem essas mulheres foram designadas, completa com encontros.
— Ele era um maldito cafetão. — um dos vampiros sussurrou em desgosto. — Talvez seu dinheiro tivesse vindo do inferno. Até agora sabemos que ele viveu como um Rockefeller, mas não de renda.
Duncan olhou para cima.
— Nada?
— Ele era dono de uma grande quantidade de bens, meu senhor. — o vampiro disse. — Mas muitos em bairros degradados; coisas que ele comprou há décadas e esqueceu-se de vender antes que o mercado despencasse. Tanto quanto posso encontrar, ele não se preocupou em cobrar aluguel em alguns deles.
 — E quanto às melhores propriedades, lugares que poderia usar?
— Algumas delas, com certeza. Eu posso te dar uma lista.
— Faça isso agora, e mande um e-mail das informações para Louis e Miguel. E continue procurando. Se ele não ganhava dinheiro legitimamente, de onde isso vem? Isso tem que estar em algum lugar. Ou isso, ou ele não mantinha os registros em qualquer um dos computadores que encontramos até agora, em qualquer caso.
Ele fez uma careta, quando alguém lá em cima começou a derrubar uma parede de gesso com o que parecia uma marreta. Ele soltou um suspiro longo e barulhento e disse:
— Se os registros estão nesta casa, tenho certeza que vamos encontrá-los em breve. Mas, enquanto isso, Louis... — ele encontrou o olhar pálido do seu chefe de segurança. — Victor mantinha as casas de sangue?
Louis sacudiu a cabeça.
— Não na cidade de DC, meu senhor. Ele e seus quatro vampiros eram os unicos que viviam aqui... sim, além dos seres no porão. Mas há uma abundância de casas de sangue nos estados vizinhos. Nem sempre casas, é claro, às vezes, clubes, como o que Rajmund tem em Manhattan. Cerca de metade da pompa, no entanto.
 — Eu quero uma lista de qualquer lugar perto... — Duncan pensou por um momento. — Vamos fazer isso num raio de duas horas de carro daqui. Suspeito de que Victor tinha outros entretenimentos em outro lugar. Não que ele tivesse se importado, mas seus clientes podiam ter. E Emma disse que Lacey falou sobre ir a uma festa fora da cidade. Quanto tempo você demora em conseguir essa informação?
— Não mais do que alguns minutos, meu senhor. Victor manteve os registros nojentos, mas eu comecei a construir a minha própria base de dados muito boa há algumas semanas, logo que cheguei aqui para começar a preparar as coisas para você.
— Excelente. Eu vou rastrear Miguel. — disse Duncan. — E você pode nos encontrar na biblioteca uma vez que você tiver a lista. O resto de vocês mantenha o trabalho nestes arquivos, e se você encontrar alguma coisa digna de nota, ligue no meu celular.
Duncan encontrou Miguel no porão com mais uma das equipes de vampiros que tinham vindo à noite passada. Este era muito especializado e só permaneciam até que sua tarefa fosse completa, então, pela aparência das coisas, seria muito mais do que qualquer um esperava.
— Isso é tudo uma merda, Miguel. — um magro vampiro de cabelos grisalhos estava dizendo. Ele bateu um feixe de madeira podre e Duncan fez uma careta, esperando que toda a casa não estivesse a ponto de entrar em colapso em suas cabeças. Eles provavelmente sobreviveriam, mas poderia levar um tempo para saírem. Duncan sorriu de volta para o vampiro de cabelos grisalhos e disse:
— Pense nisso como um desafio, Alaric. — o vampiro virou com uma gargalhada.
— Um desafio é você tentar durar cinco minutos no ringue comigo, meu senhor. Este... — ele acenou para o porão, mofado escuro ao redor deles. — ... isso é uma merda velha. E eu não estou nem falando sobre a poeira vamp deixada por Victor em experiência e abominação. — todas as risadas, fugiram, e Duncan assentiu com sobriedade. — Louis limpou a maior parte disso. — disse ele.
— E ele fez bem o trabalho dele também. — Alaric concordou. — Mas eu vou lhe dizer, Duncan. Servi em mais de uma guerra como ser humano e vi algumas coisas horríveis. E Deus sabe, vi a minha quota de vistas horríveis como um vampiro. Mas isso? Este lugar me dá arrepios. Eu não gostaria de dormir aqui em baixo, mesmo se a fundação não estivesse apodrecendo e prestes a despejar a casa inteira na minha cabeça.
 Duncan considerava o outro vampiro pensativo. Alaric era o melhor contratante da América do Norte. Ele construiu os cofres de sono diurno em cada uma das residências pessoais de Raphael e sedes espalhadas, incluindo o novo composto perto de Seattle. Havia outras equipes fazendo um trabalho semelhante na comunidade vampira. Todos eles treinaram com Alaric, o que lhes permitiu cobrar um preço muito bom por seus serviços. Mas não havia substituto para Alaric no comando de seu projeto, e Duncan pagaria qualquer preço afim de garantir a melhor segurança possível do lugar de descanso para o seu povo. Um vampiro era completamente indefeso durante o sono diurno. Os recentes assassinatos de dois dos vampiros de Rafael, junto com mais três no Canadá, provou que era além de uma dúvida.
— Então, o que você propõe? — perguntou ele agora.
— Vai levar tempo e muito dinheiro para colocar um cofre subterrâneo decente. — Alaric avisou imediatamente. — Esta cidade toda está construída sobre uma porra de pântano.
Duncan não perdeu o brilho nos olhos de Alaric quando ele disse, apesar de que provavelmente era tanto do desafio como o preço.
— Eu não me importo com quanto custa. Se isso pode ser feito, quero fazer.
O vampiro balançou a cabeça, rindo baixinho.
— Eu vou te dar isso, meu senhor. Você faz as coisas direito. Okay. Deixe-me ver o resto dos meus rapazes aqui, e nós vamos fazer uma inspeção completa. — ele deu Miguel um olhar penetrante. — Eu não vou precisar de você para essa parte.
Miguel pareceu ofendido, mas Duncan interveio rapidamente e disse:
— Isso é bom. Eu preciso de Miguel comigo esta noite, de qualquer maneira.
Seu tenente deu-lhe um olhar indagador, mas Duncan apenas fez-lhe sinal para seguir. A audição vampira era inteiramente muito boa, e tanto quanto ele admirava as habilidades de Alaric, não tinha desejo de compartilhar os detalhes de sua vida pessoal. Miguel imediatamente assumiu a liderança, subindo as escadas à frente de Duncan, parando para verificar o corredor antes de entrar pela porta. Como se inimigos já estivessem à espreita para eles em algum lugar entre a cozinha e as escadas. Mas Duncan não disse nada. A situação era ainda muito instável. A segurança era melhor, mas ainda não era como Miguel ou Duncan queriam. Havia vampiros trabalhando por toda a casa, e ainda assim era ainda mais do que meio vazia. Eventualmente ele iria se sentir em casa e em segurança. Mas ainda não.
 Louis já estava esperando por eles na biblioteca.
— E-mails com dados enviados, meu senhor.
— Que dados? — Miguel perguntou, puxando o seu smartphone.
— Victor estava dando festas com convidados que preferem não serem vistos. — respondeu Duncan. — O que significa que ele estava usando uma casa que é pelo menos privada, se não isolada. Ele não teria vizinhos que veriam pessoas indo e vindo o tempo todo, pois eles podem ser intrometidos e ver alguém que reconhecem. Mas ele não estaria usando alguma cabana na floresta, também. Victor era um esnobe. A casa deve ser elegante, cara, muito possivelmente, em uma área exclusiva de casas, mas com área cultivada para a privacidade.
— Leesburg, Virgínia, meu senhor. — Louis disse confiante. — Victor possuía duas propriedades lá, as quais serviriam, e há uma casa de sangue nas proximidades, também.
— Longe quanto? — Duncan perguntou.
— Cerca de 50 quilômetros. Nesta hora da noite, 30 minutos à uma hora, dependendo do trânsito.
Duncan assentiu. Poderia ser final de inverno, mas as noites eram ainda mais longas. Eles teriam tempo de sobra.
— Vamos lá, então. A menos que você prefira ficar aqui e derrubar algumas paredes para Alaric.
Ele andou para a porta, em seguida, olhou para o que estava vestindo. Como os outros, ele estava vestido casualmente, jeans e um suéter. Ele não tinha planejado satisfazer qualquer um dos seus novos súditos, esta noite, não tinha planejado nem mesmo sair de casa, muito menos visitar qualquer uma das casas de sangue. Mas levaria tempo para ele se trocar, e além de que, essas roupas eram mais quentes, o que decidiu a situação para Duncan. Ele pegou uma jaqueta de couro de um antiquado mancebo perto da porta, puxando-a por cima da camisa. Havia um laço de cabelo na jaqueta, então ele penteou o cabelo com os dedos para trás e amarrou-o em um rabo firme. Isso teria que servir. O Clube de Raj em Manhattan pode ser território de smoking, mas a maioria das casas de sangue era muito menos formal. E se não, bem, ele era o seu Senhor e Mestre, e poderia vestir o que quisesse. E se alguém tivesse um problema com isso, não se importaria com um bom banho de sangue também.

Capítulo 7
 
A casa de sangue não parecia exatamente um local quente de atividade vampira. Localizada em uma área de residencial em um bairro nobre de Leesburg, era uma casa meticulosamente contemporânea com um perfil rebaixado e paisagismo intocado. As casas nesta área eram bastante espaçosas e cercadas por uma ampla faixa de floresta, o que dava a ilusão de viver no meio da natureza. O efeito era adorável, e muito particular. Eram duas horas da manhã, meio-dia para um vampiro, mas não havia carros na garagem ou na frente da casa. Duncan conseguiu detectar dois vampiros dentro, no entanto, muito acordados.
— Um pouco tranquila para uma casa de sangue, não é? — Louis perguntou, olhando para a casa em dúvida. Duncan assentiu, concordando com Louis. Algo não estava bem aqui.
— Bem, a casa de alguém. Vamos ser educados e tocar a campainha.
A porta se abriu enquanto eles ainda estavam fazendo o seu caminho até a varanda da frente. Miguel e Louis um tanto tensos formaram imediatamente uma parede na frente de Duncan. Em contraste, o esbelto vampiro em pé de cabelos escuros na porta lhes deu um grande sorriso e se inclinou graciosamente.
— Bem-vindo, meu senhor. — ele disse, tentando discretamente pegar um vislumbre de Duncan por trás da parede de vampiro. — Por favor. — acrescentou, ajeitando-se para dar um gesto de boas-vindas. — Entre e se aqueça.
— Obrigado, Brendan. — Duncan murmurou, dando um passo em volta de seus dois guarda-costas. Uma vez que eles nunca se encontraram, Brendan se contraiu ao som de seu nome, mas Duncan sabia que ele era Brendan Folmer. Ele havia pegado esse conhecimento do cérebro do vampiro antes que ele tivesse aberto a porta.
— Eu sou Duncan. — disse ele, entrando na casa. Ele indicou os outros. — Meu tenente, Miguel, e chefe de segurança, Louis. — Brendan fechou a porta atrás deles.
— Erik vai descer em um momento, meu senhor. — disse ele, referindo-se ao segundo vampiro da casa, Duncan podia senti-lo lá em cima. — Nós não esperávamos que você e...
A explicação do preocupado Brendan foi cortada quando o segundo vampiro apareceu no patamar. Ele correu para baixo e imediatamente ajoelhou-se na frente de Duncan.
— Meu senhor, Duncan. — disse ele com reverência. — Obrigado por ter vindo.
Com um olhar de espanto, Brendan caiu graciosamente de joelhos ao lado de seu parceiro e baixou o olhar. Duncan passou a mão sobre suas cabeças inclinadas, reconhecendo a sua apresentação.
— Estou satisfeito com as suas boas-vindas. — disse ele.
Erik ficou de pé assim que a mão de Duncan levantou. — Você não vai encontrar nenhuma tristeza pelo falecimento de Victor aqui, meu senhor. Nem em qualquer lugar do território, posso imaginar. — ele apontou para um par correspondente de sofás de couro pálido em frente à lareira.
— Você gostaria de se sentar? O fogo está bom, especialmente nestas noites frias.
Brendan riu. — Erik acha que qualquer coisa abaixo de 20ºC é congelante.
Duncan concordou com a avaliação. Iria levar algum tempo para se acostumar com os invernos de Washington depois de tantos anos em Los Angeles com clima ameno.
— Então esta é a sua casa? — ele perguntou, fixando-se no sofá e abafando um suspiro de prazer ao calor do fogo.
— Sim, meu senhor. — Erik sentou na frente de Duncan e cruzou as pernas, apoiando o tornozelo no joelho oposto. — Bren e eu compramos esta casa vários anos atrás de um vampiro chamado Scovill. Um velho vamp. O que você diria, Bren, 200, 300 anos?
— Oh, muito mais velho do que isso. — disse Brendan. — E não muito satisfeito com a forma como correu as coisas com Victor, também. Ele comprou um caminho de volta à casa azul em Ridge Mountains, eu acho. — ele estremeceu discretamente.
— Vampiro muito desagradável, mas poderoso também. Os moradores provavelmente acham que o Pé Grande finalmente chegou ao poleiro.
Miguel rondou no andar de baixo, mas agora tomou uma posição atrás Duncan e disse:
— Victor tinha este lugar marcado como uma casa de sangue. Por quê?
— Oh, isso. — Erik disse com desdém. — Temos um pequeno grupo de vampiros que se reúnem todo fim de semana, meu senhor. — disse Eric, abordando Duncan. — Assuntos privados e muito discretos. Há uma casa de sangue nesta área, no entanto. No outro lado de Leesburg. Victor provavelmente a fez. E há uma segunda propriedade, mais na forma de uma casa de fazenda: grande, e muito extensa. Eu imagino que é tudo seu, meu senhor.
Duncan assentiu e sinalizou para Miguel.
— Eu quero verificar os endereços que temos. — Erik pegou seu PDA e começou a conferir com Miguel. Mas Brendan deu a Duncan um olhar sombrio.
— O que você realmente quer saber é sobre as festas de Victor, eu imagino. — ele fez uma pausa, à espera de uma resposta. Quando Duncan simplesmente olhou para ele, ele se apressou em explicá-lo.
— Isso é o que a propriedade era. Ele costumava vir aqui regularmente com um monte de pessoas importantes. Senadores, congressistas, mesmo os membros do gabinete ocasional, e um monte de lobistas. Esse foi o objetivo real das festas. Os lobistas tem acesso irrestrito aos formuladores de políticas longe do brilho do Washington, e Victor ganhava muito, muito bem para fazer isso possível.
— E o que fez os formuladores de políticas ganharem com isso? — Duncan perguntou calmamente.
Brendan desviou em desconforto óbvio, olhando para Erik e de volta, claramente relutante em continuar.
Erik murmurou algo para Miguel, em seguida, balançou a cabeça e deixou cair seu PDA sobre a mesa lateral.
— Vá em frente, Bren. — ele suspirou. — Você iniciou isso, então pode muito bem contar toda a história sórdida.
— Os políticos têm coisas diferentes. — disse Brendan evasivamente. — Alguns de nossos bons líderes eleitos ganham propina na forma de dinheiro fácil, doações de campanha. Outros... — ele apertou seus lábios em desgosto. — Sexo, eu acho.
 Duncan franziu a testa. Sexo? Esse era o grande segredo? Homens no poder para quem está sendo oferecido sexo em troca de favores? Isso era tão comum que era quase trivial. Tinha que ser algo mais do que isso, algo que Brendan não queria falar.
— Não é só sexo. — explicou Erik, com um olhar de simpatia em direção Brendan. — Victor seduzia mulheres para esses homens, mulheres, muitas vezes muito jovens, e todas muito bonitas. Ele tem um jeito de fazer coisas que estou bastante certo que a maioria deles nunca teria feito de outra forma. Inferno, ele tinha homens que provavelmente não tinham feito tanto. Eu sei que o poder é afrodisíaco e tudo isso, mesmo isso poderia funcionar agora, com a maioria das pessoas.
— Então, Victor estava sendo pago por esses partidos?
 — Você quer dizer se eram os lobistas que pagavam diretamente? — Erik esclareceu. — Sim, acho que sim. Mais do que um deles brincava sobre isso. Victor insistia que alguns dos nossos atendesse seus pequenos e sórdidos assuntos, mesmo que se recusassem a se prostituir para ele. Nós éramos todos profissionais de uma forma ou de outra, e Victor pensou que seus clientes iriam respeitá-lo mais se vissem o tipo de vampiro que ele controlava, se eles vissem o quão poderoso ele era.
— Como se fosse. — Brendan murmurou.
— Sim, também. Ele pensava assim, de qualquer maneira. — continuou ele. — E depois havia os outros partidos, os especiais.
 Duncan sentiu a atenção de Miguel aguçar atrás dele.
— Bebidas alcoólicas fluíam livremente nas festas de Victor e seus convidados gostavam de falar. Uma das coisas que gostava de falar eram as festas especiais. Assim era como sempre chamavam, a especial. Tipo, eles apontavam para uma mulher em particular e diziam: "Espero alguém na especial seguinte." Victor não fazia esse tipo de festa muitas vezes, talvez duas vezes por ano, mas eram hard-core. Se você pode acreditar no quanto os homens se gabavam das mulheres que eram estupradas, e por mais de um homem. Algumas delas eram até machucadas. O homem que me disse tudo isso riu quando Victor falou sobre como curaria as mulheres depois que eles estivessem prontos para irem novamente à noite seguinte. Fez-me doente, mas eu não ficaria surpreso se Victor ou seus capangas tivessem um site onde você pode baixar um vídeo de suas "especiais" por um preço. — Miguel se inclinou para frente.
— Certamente os homens envolvidos não gostariam das suas identidades reveladas.
— Então, filme era o que havia por trás. — disse Brendan, com um encolher de ombros. — O espectador recebe uma imagem da bunda branca e mole de um senador, enquanto ele chicoteia uma garota pobre.
— Será que você relatou isso? — Duncan perguntou.
— Para quem, meu senhor? — Erik perguntou suavemente. — Victor era o nosso senhor. Por direito, ele era o único a quem teria relatado tal abuso. E cada Vampiro Lord no país iria querer nossas cabeças, se fôssemos à polícia humana. Nós nunca viveríamos o suficiente para testemunhar.
 Duncan foi forçado a concordar. Mesmo Erik ou Brendan reclamando para outro lorde vampiro, Victor teria falado, e os dois vampiros teriam sido executados sem que ninguém levantasse uma palavra de protesto. E mesmo agora, ouvir sobre isso pela primeira vez, Duncan não sabia o que dizer que não soasse como um chavão sem sentido. Tudo o que tinham era a sua palavra de que ele era diferente de Victor, que essas coisas nunca iriam acontecer sob seu domínio. Duncan se levantou, virando-se para Erik e Brendan, que saltou para seus pés.
— Se vocês precisarem de alguma coisa, — disse Duncan. — podem me ligar. Se eu não estiver disponível, podem falar com Miguel ou Louis. Eles vão me encontrar, e retornarei para vocês. Eu não sou Victor, senhores. Vocês verão com o tempo.
Ele deu a volta no sofá, sinalizando Louis que estava esperando na porta da frente.
— Obrigado pela informação, e por sua hospitalidade.
— Meu senhor. — disse Brendan quando Duncan estava a meio caminho da porta. Duncan virou-se e deu-lhe um olhar interrogativo.
— Obrigado, meu senhor. Sabíamos que era diferente desde o momento que reivindicou o território. Você se preocupava mais naqueles poucos minutos de terror e confusão do que Victor em seu governo inteiro. Apenas por se livrar dele, você já fez todos os vampiros neste território um favor. Vamos conversar com os outros, também, para que eles saibam.
Duncan assentiu.
— Nós vamos nos ver outra vez, Brendan. Não tenho a intenção de ser um estranho para o meu povo.
— Maldito Victor. — Duncan xingou quando Louis dirigiu o SUV grande para baixo da garagem curva.
— Eu não acredito que nenhum de nós percebeu o quão corrupto ele era.
— Como você poderia, meu senhor? Ele nunca deixou ninguém se aproximar e seus guardas vivem no Distrito, e qualquer um que pode ter conhecimento disso, estava assustado demais para tomar medidas.
— Isso não é desculpa. Vi-o a cada maldito ano nas reuniões do Conselho, e nunca suspeitei de nada disso. Nem Raphael, e não é fácil que isso passe despercebido por ele.
Miguel encolheu os ombros.
— Não, se ele estivesse procurando por isso, mas por que estaria? Eu nunca fui a uma reunião do Conselho, mas sei que isso não dura muito tempo. Poucas horas, talvez? Não é como se eles se encontrassem para coquetéis e jantar depois. E, quando estamos juntos, imagino que todo mundo tem seus escudos presos tão apertados como calcinhas de uma virgem.
Duncan deu a seu tenente um olhar de lado.
— Você não é velho o suficiente para saber sobre virgens ou calcinhas, Miguel. — ele disse secamente.
— Ei, nós ainda temos virgens! — Miguel protestou com um sorriso.
— Se você diz que sim. — Duncan concordou. Ele estava grato pela mudança de humor.
— Você verificou os endereços com Erik?
Miguel assentiu.
— É o mesmo que temos, apesar de nós não termos um registro da operação em uma propriedade como uma casa de sangue. Pelo que Erik disse é muito ativo, também. É a única para uma centena de quilômetros aqui ao redor.
— Eu estou começando a pensar que toda esta viagem foi um desperdício de tempo, que poderia muito bem conferir depois.
— Precisamos deixar tempo suficiente para voltar para a cidade esta noite, meu senhor. — comentou Miguel. — E a casa de sangue é a uma boa hora no outro lado Leesburg. Eu não quero que você acabe passando um dia no subterrâneo de uma casa de sangue estranha, ou pior, num lugar de festas de Victor. Deus sabe que tipo de pessoas que ele deixou lá. Devemos voltar esta noite e começar cedo amanhã. Verificamos ambos, então.
Duncan franziu a testa. Toda a idéia de festas de Victor fez querer matar o lorde vampiro de novo, mas isso também parecia muito com o que Lacey havia descrito a Emma, ??e isso não podia ser bom. Ele queria ver a casa, mas Miguel estava certo.
— Tudo bem. — disse ele. — Nós vamos fazer os dois amanhã. A casa de sangue e o lugar de Victor, mas espero que não haja nada deixado lá, além de fantasmas de dor e sangue velho.
 
****
Na noite seguinte, quando Duncan estava no quintal da propriedade de Victor em Leesburg, ele olhou para trás e lembrou essas palavras. Ele se lembrou e pensou quão tolo tinha sido por acreditar que ele já tinha entendido a profundidade da depravação de Victor.

Capítulo 8
 
Emma achava quase impossível se concentrar. Dois dias se passaram desde que ela tinha falado com Duncan na embaixada vampírica e não ouvira nada de volta dele ainda. Ela estava tão afetada com os nervos, que tinha pulado seu café da manhã, imaginando que não precisava de cafeína, mesmo que ela mal tivesse dormido na noite passada. Mas então ela realmente não tinha dormido desde a primeira noite em que Lacey tinha desaparecido. E não importava o que qualquer um deles pensava, Emma nunca tinha duvidado que Lacey estivesse desaparecida. Elas se conheciam desde que tinham onze anos de idade, aquele ano horrível quando a mãe de Emma tinha morrido por causa do mesmo câncer que tinha levado sua avó anos antes. Numa noite, ela tinha ficado órfã, sem família do lado de sua mãe para acolhê-la. Ela nunca tinha conhecido ninguém da família de seu pai, nem mesmo sabia se havia alguém. Então Emma foi deixada sozinha no mundo, arrastada para um orfanato junto com os milhares de outros como ela. E ela teria ficado sozinha, também, se não fosse por Lacey.
No momento em que Emma chegou, Lacey já vivia com seus pais adotivos há três anos. Os pais biológicos de Lacey tinham mais interesse ??em suas drogas do que em sua única filha, entrando e saindo da prisão até que finalmente uma Lacey meio morta de fome e aterrorizada foi tirada deles definitivamente. Mas você nunca desconfiaria disso ao conhecer Lacey. Ela era tão alegre quanto o seu cabelo era loiro, uma menininha feliz que havia pegado a mão da solitária Emma e tinha anunciado que eram irmãs. Assim mesmo. Como se ao decidir, de alguma forma, o tornasse verdade.
Mas para Lacey o fez, e, eventualmente, para Emma, ??também. Elas foram inseparáveis ??desde então, partilhando apartamentos horríveis na faculdade, apertando o sistema por cada centavo de ajuda financeira que poderiam conseguir, e trabalhando em dois e três empregos para compensar o resto. Após a faculdade, Lacey foi direito trabalhar, enquanto Emma foi para a faculdade de direito. E então veio a grande decisão de mudar-se para Washington, o centro do poder, o lugar onde suas fortunas seriam feitas - ou conseguidas pelo casamento, no caso de Lacey.
E agora, enquanto Emma se sentava à mesa, olhando sem ver a tela do computador na sua frente, se perguntava se Lacey ainda estaria desaparecida se Emma não tivesse insistido que se mudasse para cá.
— Emma!
Ela escondeu a careta ao som da voz de sua chefa, ou melhor, a voz da esposa de seu chefe, que era a mesma coisa.
— Sharon? — Emma disse, olhando para cima e sobre o seu monitor.
Sharon Coffer franziu a testa para ela, cada mecha de seu cabelo cuidadosamente tingido e penteado perfeitamente alinhado, com o rosto quase imóvel sob uma camada de maquiagem tão densa que só de olhar fez a pele de Emma arfar por oxigênio. O que acontecia com tantas dessas mulheres políticas que sentiam a necessidade de rolar sobre maquiagem? E ela nem queria comentar o penteado em forma de capacete.
— Você já terminou o projeto da carta constituinte? — Sharon exigiu; que era algo bastante normal para Sharon. Ela nunca pedia, ela exigia.
Emma assentiu.
— Acabei de terminar. Você quer que eu imprima?
A carranca de Sharon aprofundou ainda mais quando ela claramente tentou decidir se Emma estava zombando dela ou não. Deus livre a mulher de ter que ler uma mínima página de uma carta em seu monitor de computador. Isso significaria que ela teria que usar os óculos em vez de escondê-los em sua bolsa como uma espécie de deformidade vergonhosa.
— Faça isso. — disse Sharon, finalmente, depois girou nos calcanhares e se foi para atormentar algum outro infeliz.
— Eu acho que ela não gosta de você. — sussurrou Noreen da mesa ao lado de Emma. Noreen era a secretária pessoal do Congressista Coffer, embora Sharon nunca permitisse que ela se encontrasse sozinha com o deputado. Sharon não confiava em nenhuma mulher quando se tratava de seu marido. A boa aparência americana e charme que ajudaram Guy Coffer a ser eleito também o fazia muito atraente para a paz de espírito de Sharon. Mas Emma nunca tinha sequer ouvido um sussurro de fofocas sobre o deputado e outra mulher. E se tivesse havido alguma coisa, ela teria ouvido falar sobre isso. A fofoca nestas paredes fazia as velhas senhoras de sua terra parecerem totais amadoras no departamento de fofocas.
— Ela não gosta de nada com uma vagina. — Emma murmurou de volta para Noreen, e foi recompensada com o som de riso sufocado.
Não que Emma desse a mínima para Sharon ou seu belo marido. Só que o ciúme insano de Sharon era um grande obstáculo para o avanço no escritório do Congressista para qualquer mulher com menos de sessenta anos, e Emma tinha aspirações para sua carreira que iam muito além de lidar com reclamações constituintes. Ela era uma advogada com diploma, droga, e às vezes duvidava completamente de sua decisão de vir para cá, o que levava seus pensamentos de volta para Lacey.
— Em, há uma festa de aniversário na porta do lado e eu preciso de bolo. Você quer?
Emma olhou para Noreen e deu-lhe um olhar vazio.
— Terra para Emma, ??você quer bolo? Aposto que é Cho-co-la-te. — Noreen arrastou a última palavra tentadoramente, mas Emma sacudiu a cabeça, olhando para baixo, para o relógio. Ela não podia fazer isso. Não poderia sentar aqui como se tudo estivesse como de costume, enquanto esperava que os vampiros decidissem se algo havia acontecido com Lacey.
— Eu tenho que sair mais cedo hoje.
Noreen arregalou os olhos para ela. Ninguém saía mais cedo, não deste escritório, e praticamente não de lugar nenhum em Hill quando o Congresso estava em sessão.
Emma sentiu seu rosto corar, mas ignorou a descrença de sua amiga para abrir a gaveta da mesa e arrastar o saco enorme que ela chamava de bolsa.
Ela tentou usar algo menor um milhão de vezes, mas em todas, ela invariavelmente acabava de volta com uma das grandes. Ela estava fechando a gaveta quando o som de saltos altos anunciou o retorno de Sharon Coffer.
— Emma, ??o Congressista quer você nesta reunião.
Emma girou em descrença. Ela nunca era convidada para as reuniões, especialmente reuniões como esta. Eles estavam revendo as prioridades nacionais do congressista para o resto da sessão, o que significava que cada pedaço importante da legislação provável que surgisse antes do recesso de verão iria ser discutido e analisado. Era tudo o que ela cobiçava.
Mas por que isso tinha que acontecer hoje?
— Emma, ??vamos! — A voz de Sharon estava cortante com impaciência quando ela se virou e voltou para o interior do escritório do Congressista.
Emma empurrou a bolsa de volta para a gaveta, pegou uma garrafa de água, colocou seu laptop debaixo do braço e correu para segui-la.

Capítulo 9
 
Emma fechou a porta do carro e cambaleou para a casa que ela e Lacey dividiam, felizmente ela conseguiu arrumar uma vaga bem em frente. Uma brisa repentina de ar molhado veio da rua de baixo, perseguindo os restos de um jornal que alguém derrubou e deixou de lado. Suas páginas ficaram como lixo na calha, fazendo barulho enquanto rolavam apressadas pelo vento gelado. Ela subiu as escadas, seus dedos quase dormentes enquanto inseria a chave na fechadura. A porta se abriu para uma gelada e escura casa e Emma ficou lá se sentindo perdida.
Ela teve sorte de estar em casa antes da meia noite. O modo como a reunião se arrastou, esperava que Sharon pedisse alguns colchonetes para que eles pudessem passar a noite. E Emma sabia que não deveria reclamar, mesmo que a reunião fosse até altas horas da madrugada. Hoje foi a primeira vez que ela sentia que estava fazendo o trabalho que lhe fora prometido quando veio trabalhar para Guy Coffer. E ainda assim, não teve nenhum gosto de vitória. Não teve nenhuma onda de adrenalina ou excitamento que havia esperado. De alguma maneira, sem Lacey para ajudá-la a celebrar, ela se sentia vazia.
Ela suspirou e chutou a porta, fechando-a, jogou as chaves em um prato feio na mesa menor perto da porta. Andando em direção ao interruptor na parede da sala de estar, pensou novamente no quão estúpido seria andar toda noite em uma sala escura quando chegasse em casa. Ela poderia arrumar uma lâmpada menor para mesa. Claro, dizia isto há dois meses já. Geralmente Lacey estava em casa antes de escurecer, pelo menos nas noites durante a semana, então na maioria do tempo não importava.
Mas e se Lacey nunca mais voltasse para casa?
— Não. — ela disse em voz alta. — Ela virá para casa, e estará cheia de histórias do amante vampiro gostoso que a arrebatou por - Uma semana inteira, Emma?
Sua garganta se fechou de medo, e ela queria sentar nas escadas e berrar de olhos fechados. Mas se recusou a ceder ao impulso. Estava tão malditamente cansada que era difícil pensar direito. As longas horas de trabalho, associadas às noites de pouco sono estavam começando a cobrar seu preço, e hoje foi o dia mais longo de todos.
Apoiando os braços, levantou os pés para retirar os sapatos de salto, um por vez, então subiu as escadas ainda com meias nos pés e sapatos nas mãos. Uma coisa tinha que admitir, sentar-se em reuniões o dia todo não machucava tanto seus pés como passar o dia correndo pelo Capitol como uma mensageira de alto salário. Por outro lado, seu traseiro estava dormente e suas costas a estavam matando.
Ao chegar em seu quarto, no segundo andar - o dela era um com uma grande janela e sacada sob o pequeno jardim como uma torre em uma antiga casa vitoriana - sua blusa já estava desabotoada, e ela, ansiosa pelo banho quente que havia prometido a si mesma a caminho de casa.
Ela olhou para a rua antes de torcer a haste das cortinas baratas sobre a janela as fechando para noite. A casa que ela e Lacey tinham alugado não estava no melhor dos bairros em Washington, mas também não estava no pior. E tinha sido completamente reformada antes delas se mudarem, incluindo os banheiros. Lacey tinha insistido que Emma ficasse com o maior quarto, com a janela grande e o banheiro anexo, porque ela pagava a maior parte do aluguel. Isto é, nos meses em que ela não estava pagando todo ele.
Soltando os sapatos dentro do armário caminhou direto para a banheira e a ligou, deixando a água fluir.  Às vezes, levava alguns minutos para a água quente fazer o seu caminho até o segundo andar.
Ela tirou o resto das roupas, jogando-as para o cesto de roupa suja, e vestiu um roupão quente, quando decidiu que o banho merecia o acompanhamento de um copo de vinho.
Nada era mais relaxante do que um bom banho quente com um copo de... hmmm, branco ou vermelho?
Ela veria o que estava aberto.
Pensando no piso de madeira frio, ela empurrou seus pés em um par de UGGs{9}, desligou a água e desceu apressadamente as escadas, não se permitindo nem mesmo um olhar ao quarto vazio de Lacey, no outro extremo do corredor. Uma parte dela ainda esperava voltar para casa e encontrar Lacey de ressaca, cheia de histórias e desculpas sobre sua fuga inesperada nos braços de um cara rico que ela conheceu. Mas muitas vezes nos últimos dias, quando Emma não estava com sua mente atropelada pelo trabalho, seus pensamentos iam para lugares sombrios e ela se perguntava se veria Lacey novamente.
"Pare com isso, Emma,??" ela se repreendeu novamente quando virou em direção à escada e se dirigiu para a cozinha. O vinho ajudaria naquilo também. Em enterrar as preocupações e desligar o cérebro por algumas horas.
Ela estava no interruptor de luz da cozinha quando uma porta de carro bateu pesada à frente da casa. Mais duas portas bateram forte após a primeira, e uma profunda voz masculina disse algo que ela não conseguiu compreender. Imaginou que era um de seus vizinhos. Poucas casas tinham garagens, e a maioria dos moradores estacionava na rua assim como Emma fez esta noite. Mas algo sobre o barulho a deixou curiosa. Ela ficou na ponta dos pés - por que estava se esgueirando em sua própria casa? - sobre a janela perto da porta, levantou o tecido fino, longe da borda para que pudesse olhar a rua.
Ela engasgou cobrindo a boca logo que o som saiu. Vamps supostamente tinham super audição, e era Duncan lá fora!
Ainda pior, aquele cara, Miguel, estava com ele.
"Merda," moveu os lábios em silêncio e se afastou da porta. Eles viriam para cá? Bem, é claro que estavam. Onde mais poderiam ir? Ela estava quase na cozinha quando a campainha tocou, e ela congelou. Ela deveria atender? Talvez se ela ficasse muito quieta, eles pensariam que ela não estava em casa e partissem.
Mas e se eles tivessem notícias sobre Lacey? Pensou freneticamente, seu cérebro cansado finalmente clicou com alguma razão. Tinha que ser isso. Por que mais eles estariam aqui?
Ela foi em direção à porta, então olhou para si e congelou novamente. Estava vestindo um roupão! Um roupão roxo e fofo. E nenhuma calcinha. Ah, inferno, nenhum sutiã, e Emma não era do tipo que poderia ficar sem sutiã sem ser óbvia.
Ela soltou um suspiro exasperado.
— Emma? — a voz controlada de Duncan a chamou com uma pitada de preocupação.
Ele estava preocupado? Com ela? Isso era bom, não era?
Sim, mas, Emma, você não está usando calcinha!
Certo, certo. Roupa íntima primeiro, vampiros bonitões depois.
— Emma, eu sei que você está aí. Abra a porta.
Ele sabia que ela estava em casa? Como saberia disso?
— Um, me dê um minuto. — ela respondeu. Correu pra porta, diminuindo o passo tempo suficiente para virar as fechaduras e abrir a porta. — Podem entrar. Volto em um minuto.
Antes que ela chegasse a meio caminho nas escadas, sua casa estava cheia de vampiros e um deles estava em pé bem na frente dela, bloqueando seu caminho. Ela arregalou os olhos em choque e seu coração ricocheteou no peito. Ele se moveu tão rápido, e ela não tinha percebido coisa alguma, nada mais do que uma leve brisa passando pelas escadas. Seu olhar abismado reconheceu as formas do vampiro na luz fraca, e ela franziu a testa. Era Miguel.
O rosnador. Ela recuou um lance de escadas afastando-se dele.
— Onde você vai, Sra. Duquet? — ele perguntou.
— Está tudo bem, Miguel. — disse Duncan em algum lugar atrás dela.
Miguel não se mexeu, e a carranca de Emma se aprofundou. Ela se recusou a fechar o roupão como uma espécie de tia solteirona, enfiou as mãos nos bolsos e se virou para encarar Duncan. A porta estava entreaberta, e ela estremeceu no ar frio.
— Eu estava indo colocar roupas. — ela explicou lentamente, como se eles fossem muito idiotas para entender um conceito tão simples.
O olhar de Duncan viajou prazerosamente de seus pés vestidos de UGGs, passando pelo roupão felpudo, e demorando um pouco mais sobre seus seios sem sutiã, indo então encontrar a expressão que ela sabia que era expressão de máxima irritação. Mas em vez de mostrar até mesmo uma pitada de remorso, o filho da puta sorriu. Como se achasse toda a situação divertida. De novo. Emma estava ficando muito cansada de ser a fonte de seu entretenimento.
Seus olhos se estreitaram, mas o sorriso de Duncan só cresceu mais.
— Está tudo bem, Miguel. — ele disse novamente. — Deixe-a passar.
— Bem, muito obrigada. — ela disse, deixando a doçura quase chata de sua educação do sul dar sabor às palavras.
Os olhos de Duncan se arregalaram em apreciação, e Emma se sentia como se fosse rosnar. Essa não era a reação que ela esperava.
Determinada a manter o pouco de dignidade que lhe restava, ela começou a subir as escadas novamente. O rosnador saiu de seu caminho, se recostando à parede, de modo que ela teve que se espremer para passar por ele. Por que esses vampiros eram todos tão grandes, afinal? Bebendo apenas, era de se imaginar que eles estariam pele e ossos, com ar pálido e faminto. Não esses caras. Cada um deles - e havia mais do que apenas Duncan e Miguel em sua casa, apesar dela não se preocupar em contar - eram terrivelmente saudáveis.
Talvez eles jantassem carne sangrenta toda noite? Ela franziu a testa, pensando de onde esse bife poderia vir. Que tipo de animal.
Não seja ridícula, Emma. Ela freou sua imaginação vívida, entrando no quarto, fechou a porta com cuidado primoroso, e começou a se despir.
* * * *
Duncan observou a forma do traseiro de Emma Duquet sob o roupão roxo ridículo enquanto ela se apressou a subir as escadas, passando por Miguel como se temesse que ele fosse pular em cima dela a qualquer momento. Ela desapareceu em um quarto no segundo andar sem sequer um olhar para trás, fechando a porta com um clique firme. Seus passos golpearam nas botas desajeitadas antes que um par de batidas sólidas lhe dissesse que as botas tinham sido descalças. Ele imaginou o roupão caindo em seguida. Ela estava nua debaixo daquele robe. O que era óbvio, para ele, pelo menos.
Miguel parecia temer que ela estivesse correndo as escadas para armar-se, mas Duncan sabia que ela simplesmente queria se vestir. Uma pena. Ele gostava mais do jeito que ela estava.
Duncan caminhou mais para dentro da casa, grato quando Louis finalmente fechou a porta, mandando embora o ar frio. Ele teria que investir em mais casacos de inverno se o tempo fosse ficar daquele jeito. Quando a primavera chegaria a essas partes de qualquer forma? Fazia muito tempo desde que ele tinha vivido em qualquer lugar com um inverno real. Ele não conseguia se lembrar exatamente quanto tempo durava o inverno no sul ao longo da costa leste. Não que Washington, D.C. era considerado parte do Sul nos dias de hoje. Era ao sul da linha Mason-Dixon, mas havia Yankees demais que viviam aqui hoje.
Ele sorriu, lembrando-se dos longos e quentes verões do Sul de verdade. Sua juventude foi gasta labutando os campos embaixo do sol do Tennessee. Não havia longos e preguiçosos períodos escolares para ele. Nenhuma escola, na verdade.
Uma porta se abriu no andar de cima, e Duncan recuou vários metros até que pudesse ver Emma emergir para o patamar acima dele.
— Boa noite, Emma. — ele disse, tentando fingir que não a tinha visto usando essa monstruosidade fofa e roxa de roupão. Ela estreitou os olhos violeta para ele, como se julgando sua sinceridade, e, aparentemente, decidiu que ele passou no teste.
 — Boa noite, Duncan. — ela disse finalmente. — Tudo bem?
— Será que vamos ter essa conversa toda com você em pé aí em cima?
Ela soltou um suspiro frustrado.
— Não, claro que não.
Ela desceu as escadas rapidamente, usando as mesmas botas desajeitadas, mas com um par de jeans, um moletom com capuz, e, lamentavelmente, um sutiã, também.
Embora, ele contemplasse, talvez fosse um sutiã bonito, algo rendado e feminino. Ele gostava de sutiãs bonitos. Ele gostava de tirá-los de mulheres bonitas... Como Emma.
— Gostariam de algo para beber? — Emma perguntou educadamente. Ela ligou dois abajures, um em cada extremidade de um velho sofá estofado.
Uma mesa de café espoliada se encontrava em frente ao sofá, ambas as peças precisando de aposentadoria.
— Não, obrigado. Nós não podemos ficar.
Emma parou no meio do caminho para cozinha. Ela virou-se nervosamente para estudá-lo, as mãos torcendo os laços de seu moletom.
— Será que você... Encontrou alguma coisa?
— Nada específico sobre Lacey ainda, apesar de alguns progressos ao refazer as atividades de Victor. Ele organizou um grande número de encontros, muitos deles em casas que possuía fora da cidade. Parece provável que Lacey foi a um desses encontros pelo o que ela lhe disse. Infelizmente, é improvável que os outros participantes oferecerão qualquer informação útil.
— Você está falando de pessoas do Hill. — disse ela um tanto amarga.
Duncan assentiu.
— E, provavelmente, alguns outros. A usual variedade de Washington. Você disse que Lacey trabalhou para uma empresa de lobby?
— Ela ainda trabalha.
— É claro. — disse ele, aceitando sua correção. Havia sempre uma possibilidade, porém pequena, de que a amiga de Emma, Lacey, ainda estivesse viva. Ele entendeu sua necessidade de segurar qualquer esperança que existisse.
— Deveria haver outras mulheres nas festas. — disse Emma. — Elas podem estar dispostas a falar com você. Ou comigo.
Duncan assentiu.
— Victor teve várias favoritas entre suas mulheres. Ele mantinha o controle de quem foi convidado e quando, mas não havia nomes. Havia fotos, que é como sei que Lacey estava entre elas, mas essas mulheres não estão na mídia. Mesmo com fotografias, localizá-las é difícil. Se você quiser ajudar, podemos repassar os arquivos para você ver se reconhece alguém.
— Absolutamente. — disse Emma ansiosamente. — Você os trouxe?
— Ah. Acredito que iremos sair da cidade esta noite. Eu não tinha certeza de que estaria em casa. Ainda estamos verificando o que Victor...
— Você vai a uma dessas casas de festa, você quer dizer?
— Talvez, mas...
— Leve-me com você.
Duncan considerou Emma silenciosamente. Ele não estava acostumado a ser interrompido a cada fala. Muitos não teriam ousado, nem mesmo em seus anos como Tenente de Raphael, e ele ficou um pouco surpreso ao descobrir o quanto isso o irritava. Emma, ??no entanto, parecia alegremente inconsciente, tanto da transgressão quanto da irritação dele.
— Então? — ela exigiu impaciente.
Duncan não estava olhando para Miguel, mas ele podia sentir a raiva de seu tenente pela grosseria de Emma, ??e era como um fogo que queimava mais quente a cada momento. Como filho de Duncan e seu tenente, Miguel era instintivamente protetor, não só com a pessoa de Duncan, mas com sua dignidade.
— Se eu puder terminar. — disse Duncan suavemente.
As pupilas de Emma flamejaram, suas emoções sinalização indignação e constrangimento na mesma medida para os sentidos empáticos de Duncan. Ela expirou de forma calma, visivelmente tentando relaxar, e fez um gesto para ele continuar. Duncan quase sorriu, sua irritação de antes banida pelo esforço óbvio que a levou a ficar em silêncio.
— Eu lhe disse que iríamos investigar o desaparecimento de Lacey... — ele começou. — E, — ele parou. Emma tinha aberto a boca para interrompê-lo mais uma vez. Sua boca estalou fechando. — E eu prometi... — continuou Duncan, seu olhar desafiando-a a dizer uma palavra. — ...que a informaria do que descobrisse. Isto sou eu te informando. Estamos fazendo progressos, mas não encontramos nada de concreto. Se você nos telefonar amanhã à noite, arranjaremos para que vá a mansão olhar as fotografias.
Emma olhou para ele em silêncio, como se estivesse esperando para ter certeza de que ele não tinha mais nada a dizer, então disse rapidamente: — Posso ir com você esta noite?
— Não. — ele disse com firmeza.
— Mas...
Duncan usou sua velocidade de vampiro para ficar muito perto de Emma, muito rápido. Para ela, seria como se ele não tivesse se movido, como se estivesse de repente lá. Ele estava perto o suficiente para que seus seios roçassem seu peito quando ela inalou, perto o suficiente para que ele pudesse sentir o calor de sua pele e ouvir o batimento de seu coração. E ele viu o brilho de excitação em seus olhos.
— Emma. — ele disse gentilmente. Ele esfregou os dedos contra a aveludada e suave bochecha dela, desejando não ter que deixá-la lá. Mas haveria outras noites. Ele se asseguraria disso. — Não é seguro pra você pra onde vamos. — ele disse. — Terá que confiar em mim sobre isso.
Ele inclinou-se, quase tocando a boca dela com os lábios antes de dar um passo pra trás com uma pontada de arrependimento.
— Miguel. — disse, em direção à porta.
Louis girou a maçaneta e saiu da casa, parando tempo suficiente para verificar a rua e receber o ok da segurança nas SUVs antes de começar a descer os degraus.
Duncan passou pela porta. Atrás dele, Emma gritou: — Ei!
Ele não respondeu, sabendo que, primeiro, nada que dissesse iria satisfazê-la, e segundo, de maneira nenhuma iria deixá-la ir com eles.
Mesmo que ele não tivesse planos de parar na casa de sangue, ele concordava com a avaliação de Miguel da noite passada. Ele tinha um mau pressentimento quanto à casa de Victor em Leesburg, e ele queria Emma longe disto. Ele franziu o cenho, perguntando-se sobre este repentino impulso de proteção que ele tinha para com ela.
Emma correu pelo piso de madeira atrás dele enquanto ele descia as escadas do lado de fora. Louis já estava segurando a porta da SUV aberta enquanto o motorista, um vampiro chamado Ari, estava em seu lugar e confirmou se eles estavam a caminho de Leesburg. Miguel permaneceu atrás de Duncan, bloqueando Emma de tentar segui-lo.
— Volte para dentro, Sra. Duquet. — Miguel disse impaciente. E, de repente Miguel estava xingando baixinho, e Emma estava chorando de dor.
Duncan se virou, a sua ira queimando abruptamente. Miguel ficou ao lado de Emma, com as mãos no ar, indicando a Duncan que ele não havia tocado nela.
Mas Emma estava esfregando os braços e havia lágrimas brilhando em seus olhos.
— O que aconteceu? — Duncan exigiu.
— Meu senhor. — Miguel começou, mas Emma passou por cima dele.
— Seu cão de guarda aqui é construído como uma parede de tijolos. Tentei segui-lo e bati contra ele.
A raiva de Duncan esfriou instantaneamente.
 — Miguel é meu tenente, Emma, não um cão de guarda. Ele também é muito sério sobre minha segurança e não confia em quase ninguém. Você não pode ir conosco esta noite. Como um amigo meu diria, lide com isso.
Ele quase riu da expressão dela - ela o encarava procurando por uma brecha com indignação, sem palavras pela primeira vez. Ele e Miguel estavam escada abaixo e dentro das SUVs antes dela recuperar sua sagacidade, e a última coisa que ele viu quando se afastaram do meio-fio foi Emma de pé em sua varanda olhando com raiva em sua direção.
* * * *
Emma olhou para as SUVs que partiam - e duas grandes monstruosidades pretas que pareciam tanques dirigindo pelas ruas estreitas de seu bairro antigo. Tudo o que precisavam era de um grande barulho de música na parte de trás e ele pareceria como qualquer outro cafetão nesta cidade.
Idiotas.
Ela apertou os lábios, pensativa, e de repente lembrou-se da sensação da boca de Duncan na dela, a pressão de seu peito definido contra... Ela guinchou de raiva. Ele tinha feito isso de propósito! Ele estava tentando distraí-la, para atraí-la a ser uma boa pequena humana. Um ser humano obediente.
— Vamos ver sobre isso, vampiro.
Ela correu para dentro da casa, pegou suas chaves e celular da mesa, agarrou a bolsa, em seguida, virou-se e correu de volta para fora, parando apenas tempo suficiente para fechar a porta. Estava frio, mas ela puxou o capuz para cima e colocou as mãos no bolso do agasalho.
O carro estava em frente à casa, e uma vez dentro, poderia acionar o aquecedor tão forte quanto desejasse.
Mas ela não os deixaria escapar assim. Ela ouviu o que o vampiro tinha dito, aquele que estava na direção da SUV de Duncan. Ele ligou para seus amigos e disse algo sobre Leesburg, algo como: "Estamos indo para Leesburg agora?" Ou algo assim.
Bem, era um país livre. Ela poderia ir para Leesburg, também. Ainda melhor, ela poderia descobrir se Victor tinha uma casa lá. Será que Duncan achou que era o único com conexões? Bem, pense novamente. Ela trabalhava para um maldito congressista. Inferno, seu trabalho era lidar com problemas para os constituintes muito preguiçosos para fazerem isso sozinhos; pessoas que pensavam que alguns milhares de dólares compravam alguma ajuda de seu congressista... Ou sua equipe. E, pensando bem, estavam certos. Mas o bom é que Emma tinha conexões. E descobrir o dono de uma propriedade seria moleza.
Ela colocou o Bluetooth na orelha e já estava fazendo chamadas enquanto virava em direção da estrada.

Capítulo 10
A casa sangue Leesburg estava cheia quando Duncan e sua equipe chegaram. Esta não era uma elegante casa nos subúrbios, como aquela em que Brendan e Erik o receberam no fim de semana. Esta era uma casa de sangue por completo. Se situava com a parte traseira posicionada entre espessas árvores e ficava em uma vasta extensão aberta do que provavelmente tinha sido terra uma vez, a casa era um conjunto de tijolos de dois andares, vermelho, com guarnição branca e uma garagem anexa. Era um lugar de bom tamanho, mas ofuscado pelo terreno muito grande, fazendo parecer menor do que era. Carros estavam estacionados desordenadamente na frente, e Duncan não podia deixar de imaginar o que os vizinhos pensavam que estava acontecendo aqui. Não que eles estivessem perto. As luzes da casa mais próxima mal eram visíveis à distância, mas o tráfego de tantas pessoas indo e vindo deveria ser perceptível. Ou talvez as pessoas que viviam nessas terras confortáveis ??não se preocupavam com o que acontecia do lado de fora.
Seu motorista, Ari, resmungou infeliz na confusão de carros estacionados na frente da casa. Empurrando o volante para um lado, ele atravessou o campo e puxou em torno de volta em seu lugar. Miguel e Louis desceram antes, quando o SUV parou, mas Duncan se sentou e esperou enquanto o segundo veículo estacionava atrás deles e sua equipe de segurança descia e tomava suas posições. Ele passou esse tempo sondando a casa lotada, separando os humanos dos vampiros, ou talvez o contrário. Vampiros queimavam muito mais brilhante para seus sentidos empáticos do que os seres humanos faziam. E havia dois ou três vampiros brilhantes dentro desta casa. Interessante.
Miguel abriu a porta ao lado de Duncan.
— Meu senhor. — disse ele.
— Obrigado, Miguel. — disse Duncan e foi para o terreno semicongelado. Estudou a parte traseira da casa. Havia luzes baixas em todas as janelas, e era possível sentir a base das pancadas profundas da música tocando dentro pela que estava perto dele. A garagem era para a esquerda. Para a direita era uma pequena varanda com uma porta fechada.
Miguel sinalizou para Duncan que começou a ir para a varanda. Um de seus vampiros passou à frente, fazendo o trabalho rápido com a fechadura. Não que fosse um bloqueio ruim, mas sua equipe era muito boa em tais coisas. Ele reduziu seu poder, querendo saber o tamanho do lugar antes de anunciar sua presença.
A música acertou-o logo que a porta se abriu, muito mais alta do que ele imaginara que estava pelo lado de fora. Alguém tinha investido em alguma sonorização séria, porque as casas modernas não eram geralmente construídas dessa forma. O som extra-amortecido era um bom sinal, entretanto, dizendo-lhe que a casa ia bem, que quem estava no comando estava prestando atenção.
Duncan entrou na casa com apenas Miguel e Louis, deixando os outros para assegurar o perímetro exterior. Se ele precisasse deles, eles poderiam estar ao seu lado em segundos, mas ele estava mais preocupado com alguém vindo atrás dele para levá-lo para baixo do que para dentro.
A casa estava tão cheia quanto ele esperava, dada à situação do estacionamento na frente da casa. A porta de trás se abria para uma cozinha, longa e estreita, e área de lazer, com um balcão no meio. A cozinha estava quase vazia, mas a sala estava lotada de parede a parede com vampiros e humanos, alguns dançando com a música, e alguns só fingindo dançar enquanto estavam envolvidos em outras atividades. O mobiliário de lá foi empurrado contra as paredes para dar mais espaço para os dançarinos. E podia ouvir e sentir mais pessoas no andar de cima, principalmente fazendo sexo pelo som, que era perfeitamente normal para uma casa de sangue tão grande. Isso é o que os seres humanos vieram fazer aqui, depois de tudo. Eles ofereciam sangue em troca de uma alta experiência sexual única. Cem anos atrás, os vampiros caçavam e levavam o que precisavam. Hoje os humanos se alinhavam para o privilégio de abrir suas veias.
Dois vampiros estavam em uma profunda conversa quando Duncan entrou pela porta. Eles olharam para cima, e um deles automaticamente esticou em uma postura agressiva, mas deu uma olhada em Duncan e baixou os olhos, recuando até a bunda bater no balcão da cozinha. O outro vampiro apenas olhou com os olhos arregalados.
— Quem dirige este lugar? — Miguel rosnou.
— Otis. — a vampira de olhos arregalados ofereceu ansiosamente. — Ele está lá. Quer dizer, depois do quarto ao lado e após as escadas. Esse é o seu lugar.
Miguel olhou para Duncan, sua expressão um tanto perturbada. Duncan tinha certeza de que seu tenente e ele estavam compartilhando o mesmo pensamento.
Por que o vampiro tinha ficado tão feliz em dar o nome de Otis?
Havia apenas uma maneira de descobrir. Eles começaram a caminhar para frente. A música estava tocando tão alta quanto possível, quando Duncan entrou no quarto. Ele ficou parado por um momento, simplesmente observando, e depois lançou seu poder. Ele rolou pela sala lotada como uma onda. Um após o outro, os dançarinos se viraram para olhar, com os olhos arregalados de reconhecimento. Eles recuaram, pressionando-se contra as paredes e tendo os seus seres humanos com eles. Alguns caíram de joelhos, outros sussurraram "Mestre", quando Duncan passou, seguindo o caminho de repente aberto através da sala lotada.
Ele caminhou até as escadas, onde mais alguns vampiros congelaram em meio a um passo, olhando para o seu novo senhor, e caminhou para a sala de teto alto.
Otis, pelo menos, Duncan assumiu ser Otis, se escondia em um grande sofá de canto feito de couro preto. O quarto tinha, sem dúvida, a intenção de ser uma sala de estar formal, com suas janelas altas, candelabro elaborado e lareira de pedra elegante. Otis tinha feito sua sala do trono. Ele ficava à luz de uma lareira que queimava brilhantemente. Preparado para receber as pessoas em sua volta. Não havia outras palavras para descrever isso. Seus braços estavam esticados para os lados do sofá, enquanto uma mulher humana estava ajoelhada entre suas pernas abertas fazendo sexo oral. Felizmente, ela estava terminando o seu direito de desempenho no momento em que entrou na sala. Ela enfiou o pau de Otis suavemente de volta dentro de seus jeans, em seguida, fechou-o com lentidão agonizante, claramente com medo de cometer um erro.
— Isso é bom, meu bichinho. — disse Otis preguiçosamente, fechando os joelhos e prendendo a mulher entre eles. — Mas não vá longe. Eu poderia precisar de você novamente.
A mulher, que estava prestes a ficar de pé, fechou os olhos em resignação e caiu de volta ao chão, apoiando a cabeça sobre a almofada do sofá entre as pernas de Otis.
Outro vampiro se aproximou de Otis, este vestindo calças cáqui bem passadas e uma camisa de botão azul, seu cabelo escuro era curto. Ele estava segurando uma prancheta na mão e um lápis na outra.
— Lance está aqui, Otis. — disse ele, lendo alguma coisa em sua prancheta. — Já faz três semanas, e eu acho que é hora...
— De joelhos quando você fala para mim, Nelson.
O vampiro de cabelos escuros endureceu, e Duncan podia ver todos os músculos tensos quando ele tentou resistir à ordem, mas, eventualmente, se rendeu.
Seus joelhos bateram no chão atapetado com um baque surdo.
— Esse é um bom menino. — Otis falou lentamente. — Agora, o que você queria me perguntar?
— Lance. — Nelson repetiu bruscamente. — Já faz três semanas...
— Foda-se bastardo. Diga a ele para ir para outro lugar.
— Não há qualquer outro lugar, Otis. Você sabe disso. Ele está viajando mais de uma centena de quilômetros apenas para se alimentar. Isso não é...
— Eu não me importo o quão longe ele está viajando. — Otis rugiu, sentando-se e tirando a mulher para fora do caminho. — Deixe-o caçar! Eu não quero aquele bastardo na minha casa ou até mesmo na minha linha de visão. — ele sorriu, e passou a mão casualmente através de seu cabelo longo, como se estivesse ciente que seu desabafo o tinha feito parecer fora de controle. E Duncan sabia que o controle seria tudo para alguém como Otis.
— Alguns vampiros simplesmente não valem a pena o esforço, Nelson. Você entende. — ele disse com um sorriso doentio. Ele começou a inclinar-se para trás contra o sofá, mas avistou Duncan e seu povo. Ele se endireitou, os olhos escuros deslizando sobre cada um deles, por sua vez, descansando finalmente em Duncan.
— Bem, veja quem está aqui, Nelson. — ele zombou. — É o nosso novo senhor que vem chamando.
Nelson, ainda de joelhos, se virou para olhar Duncan. Seu rosto registrando primeiro surpresa, e depois uma satisfação feroz. Ele agarrou a mulher, arrastando-a com ele, como se abrindo um caminho entre Otis e seu novo senhor vampiro.
— Sinta-se livre para se servirem, meninos. — disse Otis, acenando com uma mão casual para a casa lotada. — Temos uma noite de casa cheia.
Miguel endureceu, um grunhido retumbando em seu peito. Duncan descansou a mão em seu antebraço.
— Bem, inferno, Nelson. Arranje a estes meninos um quarto. Tudo bem, senhores. Somos um estabelecimento de igualdade de oportunidades, se você me entende. Talvez um bom menino para o jantar? — Otis riu alto, divertindo-se com sua própria sagacidade patética.
— Miguel. — disse Duncan. — Livre-se dos seres humanos.
— Hey! — disse Otis atirando-se a seus pés. — Esta casa é minha, porra! Eu dou as ordens, não você.
A mulher se separou do Nelson e cambaleou até a porta, e Miguel empurrou para fora da sala enquanto murmurava ordens em seu microfone Bluetooth. Várias outras pessoas de Duncan entraram na casa e começaram a vasculhar de sala em sala, correndo as escadas para limpar o segundo andar. Os seres humanos gritaram e vampiros rugiram, mas o barulho diminuiu rapidamente quando os vampiros locais perceberam o que estava acontecendo e ajudavam o rebanho dos humanos a saírem. Dentro de instantes, apenas os batimentos dos corações de vampiros podiam ser ouvidos.
— Nelson. — disse Duncan, chamando a atenção e assustando o vampiro formal com a área de transferência. — Venha aqui.
— Que porra é essa? — Otis exigia. — Eu não me importo com quem você seja! Nelson pertence a mim.
Duncan ignorou, voltando sua atenção para Nelson, que passou por cima de joelhos e estava agora olhando para Duncan com desejo indisfarçável.
— Nelson? Qual o seu nome completo?
— Nelson Conway, meu senhor. Mas todo mundo me chama de Nelson.
— Você sabe quem eu sou?
— Sim, meu senhor. Você é o nosso mestre, o novo Senhor do Território da Capital.
— Você cuida deste estabelecimento, Nelson?
— Não, ele não! — Otis rugiu e saltou sobre a mesa de vidro para enfrentar Duncan. — Esta é a minha casa e ele é meu filho, porra. Eu lidero toda essa merda.
Duncan desviou o olhar para Otis, mas não perdeu nenhuma palavra sobre ele. Com um esforço silencioso de sua vontade, fez com que o vampiro raivoso ficasse de joelhos e sufocou sua voz. O rosto de Otis se contorceu de raiva quando caiu no chão aos pés de Duncan.
— Nelson? — Duncan solicitou, trazendo a atenção do outro vampiro de volta para ele.
— Sim, meu senhor, eu cuido da casa. Otis faz política. Ele decide quem fica e quantas vezes, e quem não fica. — acrescentou ele, com um olhar sombrio na direção de seu senhor. — Mas sou eu que lida com todo o resto.
— E você voluntariou-se para esse trabalho? Você pediu para ser um vampiro?
Nelson olhou para Duncan, como se tentando descobrir a resposta certa para a pergunta.
— A verdade. — Duncan levou calmamente.
O vampiro desviou o olhar, como se envergonhado ou embaraçado, depois baixou os olhos, falando para o chão.
— Não, meu senhor. Eu estava em Leesburg visitando alguns amigos. Isso foi há mais de dois anos atrás, mas parece ainda mais. Todos nós viemos a esta casa de sangue em conjunto, em um desafio estúpido. Quando Otis descobriu que eu tinha me formado na escola de negócios, ele começou a bater em mim, mesmo que eu tenha dito a ele...
O jovem vampiro rompeu, seu rosto aqueceu, e seu embaraço agora óbvio. Duncan poderia facilmente imaginar como alguém como Otis teria se concentrado em perseguir o jovem humano, seduzindo-o não para o sexo porque ele queria, mas porque era adequado à sua necessidade no momento. Se Nelson estava bêbado, o que parecia provável, seria fácil para Otis seduzi-lo. E uma vez que ele tinha mordido o jovem, a poderosa substância eufórica em sua mordida teria apagado o que ainda havia da vontade de Nelson. Até que ele acordou na noite seguinte e se lembrou do que tinha feito.
— Sinto muito, Nelson. — disse Duncan. — Se eu pudesse revertê-lo, eu o faria.
Nelson olhou para cima e balançou a cabeça.
— Está tudo bem, meu senhor. Eu ainda odeio o que ele fez para mim naquela noite, e fiquei chocado ao descobrir o que me tornei, mas... Não é tão ruim agora. E eu não me importo de dirigir esta casa, é apenas... — ele lançou um olhar cheio de ódio em Otis, mas não disse mais nada.
— Muito bem. — disse Duncan no silêncio. — Miguel, você faria?
Miguel pegou um canivete de quatro polegadas quando Duncan tirou sua jaqueta de couro e jogou-o sobre a mesa de café. Ele empurrou a manga suéter em seu braço esquerdo.
— Nelson Conway, você vem a mim de sua própria vontade e desejo? — perguntou formalmente.
Os olhos de Nelson se arregalaram de surpresa, então se virou bruscamente, olhando com medo quando Otis começou a se debater como um peixe no anzol. Mas o vampiro era incapaz de falar ou ficar em pé.
— Não se preocupe com ele. — disse Duncan com desdém. — A menos que você prefira permanecer dele?
A cabeça de Nelson balançou de volta em torno de Duncan.
— Claro que não. — ele rosnou. — Er, meu senhor.
Duncan assentiu.
— Então, vamos começar de novo. Nelson Conway, você vem a mim de sua própria vontade e desejo?
— Sim, meu senhor. — disse ele fervorosamente.
— E é isso o que você realmente deseja?
— Sim, meu senhor, é meu verdadeiro desejo.
Duncan cortou uma linha limpa entre os tendões, a partir do meio de seu antebraço descendo em seu pulso. Verteu sangue da ferida em gotas redondas, transformando rapidamente em uma corrida lenta e constante de vermelho.
Nelson olhou, sua respiração vindo em camadas, a língua saindo para lamber os lábios avidamente.
Duncan não insultara o jovem vampiro, retendo isso. Não havia necessidade. Nelson era seu desde o momento em que ele entrou na casa.
— Beba, Nelson. — ele disse suavemente. — E seja meu.
Duncan olhou para a cabeça inclinada de Nelson e sentiu o puxão no fundo de seu peito quando mais uma alma tornou-se seu guarda para cuidar. Nelson não apenas tomou um gole, mas não perdeu o excesso também. Houve uma precisão na bebida, maneira como algumas pessoas comem um sorvete constantemente, o lambendo todo, mantendo o cone limpo e arrumado, enquanto outros acabam com uma grande bagunça. Nelson era um bebedor arrumado. Era, provavelmente, a mesma qualidade que fez dele um bom gerente da casa.
— Chega. — disse Duncan suavemente. Nelson levantou a cabeça de uma só vez, fixando-se nos calcanhares com um olhar vidrado. Miguel conseguiu um lenço para o braço de Duncan, e este percebeu que ele devia ter uma fonte considerável em algum lugar. Caixas de lenços descartáveis, lenços brancos para momentos muito frequentes quando seu mestre cortou seu próprio pulso. Ele sorriu com a ideia, limpando o seu braço com o lenço antes de envolvê-lo com cuidado e puxar a manga do suéter para baixo. O sangue de Duncan era poderoso o suficiente para que a ferida começasse a fechar em minutos, e se curar completamente em uma hora. Havia uma propriedade de cura na saliva de Nelson, como em qualquer outro vampiro. Mas isso só funcionava em seres humanos, e não em outro vampiro.
— Esta casa é sua, Nelson. — disse Duncan quando ele puxou sua jaqueta de volta. — Ela tem apenas um propósito, e que é alimentar os meus vampiros. Todos os meus vampiros. Se você vir alguém que não conhece, você pode solicitar a identificação. Se você tiver dúvidas, chamará Miguel ou Louis. — ele acenou para seus respectivos assessores. — Mas ninguém será afastado se não quebrar as regras. E há apenas duas regras. Sem drogas. Nenhuma violência. E observamos as leis humanas dentro dos limites de nossas necessidades. Você entendeu?
— Sim, meu senhor. — disse Nelson, ainda sem fôlego por conta dos efeitos de beber o sangue potente de Duncan. Seus olhos se abriram de repente, e ele se inclinou para sussurrar. — E ele? — Seu olhar se desviou ligeiramente para Otis.
Duncan voltou a considerar o gerente da casa antiga.
— Ah, Otis, acredito que seus serviços não são mais necessários. — disse ele, mostrando os dentes no sorriso de um predador. — Alguns vampiros simplesmente não valem a pena o esforço. Você entende.
Otis arregalou os olhos ainda mais, se tal coisa fosse possível, sua garganta trabalhando enquanto ele lutava para gritar. O poder de Duncan o alcançou e simplesmente fez seu coração parar de bater.
Nelson saiu de lado, limpando as calças cáqui meticulosamente quando Otis se desfez em um monte de pó gorduroso.
— Uh, eu devo... — ele se atrapalhou para dizer. — Eu quero dizer, está tudo bem.
— Por todos os meios, Nelson. — Duncan disse alegremente. — Sinta-se livre e lembre-se, se você precisar de alguma coisa, ligue. Mas, saiba disso. Eu vou manter o controle do meu povo, e sei o que está acontecendo no meu território.
— Sim, meu senhor. Eu não vou decepcioná-lo.
— Eu sei. Uma última pergunta, Victor vem sempre aqui?
Nelson deu-lhe um olhar vazio.
— Victor, meu senhor? Ele nunca veio aqui, que eu saiba, e estive nesta casa quase todas as noites por dois anos.
Duncan assentiu.
— Como eu suspeitava. Obrigado, Nelson. Miguel, vamos embora.
Com os seres humanos fora, ele levou muito menos tempo para sair da casa do que quando entrou. Alguém desligou a música quando Duncan fez o seu caminho através da cova, e o silêncio era ensurdecedor. A casa ainda estava lotada, mas com vampiros ajoelhados, que ficaram de lado, abrindo caminho com a cabeça baixa, murmurando sua lealdade quando Duncan passou.
Em algum ponto no futuro, ele voltaria aqui, mais de uma vez, se ele durasse muito tempo, e tinha toda a intenção de durar por um tempo muito longo.
Ele queria conhecer os vampiros do seu território. Queria conhecer a vida que tinha em suas mãos. Mas hoje à noite ele tinha outros negócios mais prementes.
Duncan saiu da casa superaquecida e levantou o rosto, acolhendo a brisa de ar frio sobre sua pele quando respirou fundo. Seu pessoal da segurança esperou, de pé ao seu redor com infinita paciência.
— Até a casa de Victor, Louis? — perguntou.
— Meia hora, meu senhor. Não mais.
— Então, será onde nós estaremos indo em seguida.
****
Os SUVs correram as estradas escuras, pelo o povo de Leesburg por trás das paredes de suas casas, sem saber que os vampiros estavam acelerando na calada da noite. O comboio saiu da estrada principal e passou por um bairro bem iluminado e limpo de casas modernas, antes de deixar as luzes para trás de uma vez. A casa de Victor, agora de Duncan, estava há poucos quilômetros à frente, por uma estrada de duas pistas amplas e campos gramados em cada lado. Uma casa espaçosa estava empoleirada no meio de cada um desses campos, bem longe da estrada e em uma colina baixa, como se para melhor olhar para baixo em cima de seus vizinhos menos afortunados.
O endereço que Duncan e seu povo buscavam era em uma curva acentuada à direita, e então um longo caminho que terminava em um quadrado de abetos bem aparados, crescendo bem em conjunto para criar uma barreira contra a observação casual. A entrada dividia por entre as árvores para revelar uma casa de madeira alastrando branco, com uma varanda antiquada cobrindo ao longo da face dianteira inteira. Uma única chaminé e vários telhados pontudos fazia parecer uma casa de fazenda.
Duncan não tinha visto a casa, até que Louis saltou do veículo ainda em movimento, atirando comandos em seu fone de ouvido. O SUV em fuga passou correndo, deixando pistas lamacentas no gramado perfeitamente mantido verde quando desviou e voltou para a garagem, pneus cantando quando derrapou até parar o SUV de Duncan na frente da casa.
— Miguel. — Duncan começou, então viu o carro estacionado ao lado da casa enorme. Porra, era ela. — Ninguém a toca, Miguel. — disse ele firmemente. — Deixe-me sair daqui.
— Meu senhor...
— Fora, Miguel. Agora.
Ele ouviu sua voz, antes que a visse. Em pé na varanda da frente, esperando por eles como se fosse a dona do lugar, estava Emma, ??o espinho ao seu lado. Apesar disso, ele sorriu, pensando que poderia valer a pena alguns arranhões para provar Emma Duquet.
Seu povo a conduziu para fora da varanda e longe da casa, rodeando-a com uma parede de massa vampiro impenetrável. Obediente às suas ordens, ninguém tocou nela, mas não deram a ela uma escolha, nenhuma. Ela se movia, ou seria esmagada.
Duncan fez um gesto, dizendo a seus vampiros para se afastarem, e então esperou, sabendo que ela nunca seria capaz de permanecer em silêncio.
— O quê? — ela exigiu, encontrando seu olhar calmo.
— Por que você está aqui, Emma?
— Provavelmente, a mesma razão que você. — ela retrucou.
— Como você sabia onde estávamos indo?
— Ei, eu trabalho nesta cidade. Eu tenho fontes, também. — seus lábios estavam comprimidos desafiadoramente quando ela olhou para ele, seus olhos violeta prateados à luz da lua nova. Ela estremeceu de repente, e ele percebeu que ela não estava usando nada, além do moletom com capuz que tinha colocado em casa.
— Você está com frio. — ele murmurou e tirou a jaqueta de couro, envolvendo-a em seus ombros, antes de puxá-la contra seu corpo, esfregando as mãos para cima e para baixo em suas costas. Ela estremeceu novamente, quase violentamente, enterrando o rosto em seu peito.
— Emma. — ele disse baixinho em seu ouvido. — E se alguém estivesse esperando por você aqui?
Ela falou sem levantar a cabeça, segurando o casaco mais perto.
— A casa está vazia. Eu já verifiquei pelas janelas.
— Você não poderia saber que estaria vazia. — disse ele irritado. — E você ainda não sabe. Só porque você não vê ninguém...
— Mas você disse. — ela estremeceu uma vez com força, depois ficou quieta, como se seu corpo tivesse manifestado o seu desagrado com a temperatura fria uma última vez antes de admitir que estivesse quente. — Você disse que Victor tinha ido embora.
— Ele foi, mas haviam outros envolvidos, e não sabemos nada sobre eles ainda. Não é seguro para você estar aqui, certamente não sozinha.
— Mas você está aqui agora. — ela olhou para cima, abrindo mais os olhos, como se isso pudesse enganá-lo a acreditar em sua inocência. — Você vai me manter segura, não vai?
— Você estaria segura se tivesse ficado em casa, como eu pedi.
— Bem, estou aqui agora. — sua voz era cortante, e ele quase sorriu. Ele sabia que ela não poderia manter a fachada de olhos arregalados por muito tempo.
Duncan correu as mãos para cima e para baixo em seus braços, como se ainda estivesse tentando aquecê-la, utilizando-a como uma desculpa para adiar e pensar. Ele não queria Emma perto do que Victor poderia ter feito nesta casa. Até mesmo o conhecimento poderia ser perigoso. Mas ele entendeu muito bem a sua necessidade de saber a verdade sobre o desaparecimento de Lacey, sua necessidade de fazer alguma coisa.
— Você sabe, Emma... — ele sussurrou, sentindo-a crescer ainda enquanto o ouvia. — Eu poderia tirar suas memórias desta noite inteira e enviar-lhe para casa, e seria o mais sábio.
Ela se afastou dele com um empurrão, procurando seu rosto.
— Eu nunca o perdoaria se você fizesse isso.
— Você nunca saberia. Não haveria nada para perdoar.
— Eu saberia. — ela disse com firmeza.
Duncan sorriu então. Ela era teimosa como uma mula, um presente.
— Eu vou ficar perfeitamente quieta. Eu prometo. — ela o persuadiu, claramente sentindo seu enfraquecimento.
Duncan suspirou.
— Muito bem. Mas você vai ficar ao meu lado. E você vai fazer o que eu disser, quando eu disser, sem argumentos.
— Enquanto não seja nada ridículo. — ela murmurou.
— Ridículo?
— Você sabe o que quero dizer. Se você me disser pra latir como um cachorro ou algo assim, não farei isso.
Duncan riu e a abraçou com força antes de deixá-la ir.
— Muito bem. Sem latidos.
— Você quer isso de volta. — disse ela, fazendo um movimento indiferente para puxar o casaco.
Duncan parou com uma mão em seu braço.
— Mantenha-o. Você deveria ter usado alguma coisa mais quente.
— Eu não tive tempo. Eu queria chegar aqui antes de vocês, então peguei minhas chaves e corri.
— Talvez você deva manter uma jaqueta em seu carro. Você sabe, para sua próxima perseguição.
Ela deu-lhe um olhar interrogativo, como se tentasse descobrir se era uma brincadeira ou não.
Duncan deixou que ela admirasse. Ele pegou a mão dela e se dirigiu para a porta da frente.
— Lembre-se de sua promessa, Emma. O que eu digo, quando eu digo.
— Sim, sim. Seu desejo é uma ordem e tudo isso.
— Se fosse assim tão simples.
Miguel enviou dois dos seguranças em volta da casa para verificar do lado de fora. Os outros acompanhando Duncan, a maioria deles foi à frente.
Duncan esquadrinhou a frente da casa quando se aproximou, olhando muitas janelas, embora não tivesse certeza do que estava procurando.
A sensação ruim que Miguel tinha falado estava ficando pior a cada momento, e ele já se arrependia de deixar Emma ficar. Ele deveria ter limpado sua mente e a mandado para casa. Esquecer o que ela tinha dito sobre recordar. Ele era muito bom no que fazia, e ela não teria se lembrado de nada. O problema foi que parecia errado fazer isso com Emma. Isso não fazia nenhum sentido para ele, mas algo na sua mente ou no seu coração lhe disse para ser honesto com ela, ou se arrependeria mais tarde.
Miguel o reteve por alguns momentos, deixando a equipe de segurança ir à frente. Luzes logo vieram de dentro, esmaecendo severamente. Era o tipo de iluminação que um vampiro preferia, e inferno, a maneira que os convidados humanos poderiam se juntar a ele. Tipicamente Victor. Mas Duncan estava feliz por isso, porque ele já conseguia detectar o cheiro inconfundível de sangue velho. Muito disso. E se muito sangue foi derramado nesta casa, não queria que o brilho das luzes o distraísse do que quer que seus outros sentidos pudessem ter a lhe dizer.
Ele entrou pela porta com Emma, ??que apertou sua mão com força, apesar de suas palavras corajosas anteriores. Ele deu três passos lentos e parou, quase esmagado quando seus sentidos empáticos foram inundados pela dor e medo saturando cada parede, cada piso, cada centímetro desta casa maldita.
— Emma. — ele disse em uma voz tensa. —Volte para o seu carro.
Sua cabeça virou.
— Duncan?
— Agora, Emma, ??por favor. Miguel, terá alguém para ficar com você. — seu tenente se moveu para pegar o braço de Emma, ??e Duncan acrescentou. — Gentilmente, Miguel.
— Duncan? — Emma repetiu, sua voz tremendo de incerteza. Ela pode não ter suas sensibilidades apuradas, mas não precisava delas para saber que algo estava errado.
— Eu vou sair em breve. Não se preocupe.
Ele ouviu mais do que viu Emma sair da casa, ouviu uma ordem de Miguel para um dos vampiros ficar com ela no carro. E então, seu tenente estava de volta.
— Você sente isso, Miguel? — Duncan sussurrou, e enviou uma fração do que ele estava sentindo pela ligação que ele dividia com seu filho vampiro.
Miguel respirou.
— Doente pra caralho. — ele assobiou.
— Não doente. — Duncan corrigiu suavemente. — Ruim. — seu olhar viajou até a escadaria larga. Seria pior lá. Muito pior. — Lá em cima. — disse ele.
Miguel enviou um de seus guardas de vampiros à frente dele, mas Duncan sabia que não encontrariam nada. Não havia nada para ver mais, só para sentir.
Ele apertou seus escudos com força, a necessidade de saber o que tinha acontecido, mas não querendo deixar a maneira cheia de corrupção de Victor inundar seus sentidos. O que ele estava sentindo era horrível o suficiente. Ele não precisava se afogar nisso.
Ele subiu as escadas devagar, relutantemente, por tudo o que estava determinado a fazê-lo. No topo da escada, se virou para a direita, infalivelmente, as ondas de dor e terror como os dedos de um fantasma, puxando sua roupa, puxando-o mais perto.
Eles passaram o primeiro quarto, e o segundo. Duncan fez uma pausa, olhando para frente. Cada um dos quartos cheirava a luxúria, com uma fome que nunca ficaria satisfeita. Mas o pior de tudo, a real profundidade da depravação que foi perpetrada aqui... O que tinha acontecido na sala no final do corredor. A porta estava fechada. Fato que poderia ficar desse jeito.
Suas presas surgiram espontaneamente deslizando sobre seu lábio inferior, enquanto olhava para a porta fechada, quando caminhou pelo corredor indo para a câmara do pesadelo. Próximo a ele, Miguel deu-lhe um olhar assustado, suas próprias presas aparecendo em resposta à óbvia raiva de Duncan. Duncan quase cambaleou quando finalmente o atingiu, uma névoa vermelha enchendo sua visão. Ele abriu a porta e parou lá, disposto a cruzar o limiar. Ele ouviu as vozes de homens jurando, rindo, grunhindo. E ouviu os gritos aterrorizados de mulheres implorando por misericórdia, gritando em agonia.
Ele engoliu um uivo furioso, mordeu com tanta força que suas presas cortaram o lábio. Sangue escorria até o queixo, quente e grosso. Ele lambeu-o sem pensar, perdido na memória do que foi feito aqui, de quão longe eles foram para satisfazer sua necessidade pervertida em infligir dor no indefeso.
Duncan girou sobre os calcanhares, incapaz de suportar mais um momento dentro desse quarto encharcado de agonia. Ele correu em regatos invisíveis pelas paredes, apodrecendo as placas, os tapetes, tudo que tocou foi derrubado pelo que tinha acontecido lá.
Ele caminhou de volta para a escada. Ele precisava sair antes que as emoções que sobraram destruísse o que restava de seus escudos. Ele estremeceu com a ideia de enfrentar a dor lancinante da casa sem sequer um fragmento de proteção.
Miguel correu ao lado dele, seu olhar preocupado buscando em cada quarto que eles passaram, não sabendo o que estava procurando, mas sentindo uma pequena parte do que Duncan estava se afogando, Duncan começou a descer as escadas, obrigando-se a descer um degrau de cada vez, quando tudo que ele queria era pular o corrimão e correr.
— Meu senhor, o que você achou? O que devo dizer aos outros para procurar?
Eles chegaram ao primeiro andar. O pesadelo dispersou o suficiente para que Duncan sentisse como se pudesse respirar novamente.
— Diga a eles para procurar... — ele fez uma pausa, a detecção de um novo senso de alarme... Era Ari? — É Ari do outro lado? — ele questionou Miguel rapidamente.
— Sim, meu senhor. No quintal.
— Vamos.
Miguel apontou por uma porta em arco à sua esquerda. Eles correram através de uma enorme sala de jantar indo para uma cozinha aberta, com dois conjuntos de portas francesas que se abriam para um pátio coberto. Miguel apertou os punhos com força, sem se preocupar com bloqueios, e Duncan saiu, para encontrar rapidamente Ari onde ele estava de cabeça baixa, olhando para o chão, a tensão irradiando de cada músculo. Duncan franziu a testa. Não havia nada aqui, exceto...
Bateu-lhe, então, um sopro de decadência na brisa da noite, cada vez mais forte quanto mais perto ele chegava de Ari. Quando Duncan finalmente ficou ao seu lado, o vampiro moreno olhou para cima, seus olhos brilhando como café marrom, um poder selvagem que ansiava abater um inimigo. Mas não havia nenhum inimigo aqui.
Não era apenas o que seu inimigo morto tinha deixado para trás.
Duncan estendeu a mão para o vampiro, embora Ari não fosse uma criança de seu próprio país, mas jurou-lhe no sangue e acalmou a raiva de Ari com o toque de seu poder.
Juntos, eles estudaram os distúrbios minúsculos que falavam alto para aqueles que sabiam o que procurar, mesmo sem o cheiro de morte para guiá-los. Para um olho destreinado, não havia nada para ver além da sujeira e um pouco de grama que estava seca e marrom do inverno. Ninguém se preocupou em colocar relva verde, que obviamente tinha no jardim da frente antes da última festa de Victor. Tinha Lacey presenciado? Se Duncan ainda acreditava em um Deus misericordioso, ele teria oferecido uma oração que não fosse assim. Ele não queria que Emma perdesse sua amiga assim, não queria que a busca dela acabasse aqui nesta casa de horrores. Mas o mundo tinha provado a ele há muito tempo que a fé não tinha lugar neste mundo.
Ele suspirou.
— Eu tenho que falar com Emma primeiro. Então farei a ligação.

Capítulo 11
 
Emma estava sentada em seu carro, o motor ligado para manter o aquecedor funcionando, apesar do casaco do Duncan, ela estava congelando. Era mais do que a temperatura de inverno deixando-a com frio. Ela estava assustada. Mais assustada do que podia se lembrar de ter estado. Mais do que quando ela foi forçada a beijar a sua avó morta enquanto ela estava deitada no caixão. Até mesmo mais do que quando sua mãe morreu e a deixou sozinha. Ela era muito jovem para pensar em todas as coisas que poderiam dar errado, e jovem o bastante para acreditar que ficaria bem sozinha.
Mas não mais. Ela sabia exatamente como o mundo podia se satisfazer em foder e tirar tudo dela. Tudo exceto Lacey. Se ela perdesse Lacey também... Ela convulsionou em um novo ciclo de tremores, e aumentou o aquecedor mais um pouco.
Algo horrível havia acontecido naquela casa. Duncan era um mestre em não demonstrar nada em seu rosto, mas seu silêncio lhe dizia que era muito ruim. Se ele estava tentando tanto se controlar, teria que ser algo muito, muito ruim.
E ela estava aterrorizada.
O vampiro que estava de guarda ficou tenso abruptamente, seu olhar foi para cima de seu carro, perto do lado direito da casa. Emma observou pelo para-brisa. Algo estava vindo? Era a coisa horrível que morava naquela casa?
Ela pegou um lampejo de movimento, e viu um dos vampiros de Duncan correndo pela casa e indo para o quintal. A curiosidade venceu o medo, e ela abriu a porta do carro o bastante para colocar um pé no chão.
— O que foi? — ela perguntou para o seu guarda. — Eles encontraram algo?
O guarda não respondeu de imediato, sua atenção totalmente no que estava acontecendo atrás da casa. Emma estava prestes a perguntar a ele novamente quando ele se virou e insistiu para que ela voltasse para o carro.
— Você deveria ficar aí dentro. — ele disse tenso. — Está mais quente.
— Por quê? O que eles encontraram? — ela perguntou, procurando em seu rosto, sabendo que de alguma forma ela estava certa. Eles encontraram algo. Não na casa, mas atrás dela. Ela esteve lá antes de Duncan chegar, e não havia nada lá exceto uma faixa de pátio coberto. Além disso, havia uma grande faixa de grama morta e um espaço aberto. O que eles haviam visto que ela não viu? O que poderia haver...
A respiração de Emma ficou presa quando a dor apertou o seu peito. Ela deveria ter feito algum tipo de barulho, porque o guarda estendeu a mão para ela, o olhar de pesar no rosto dele confirmando seus piores medos.
— Não. — ela sussurrou. — Não! — ela gritou e empurrou a porta aberta, batendo-a no guarda e desequilibrando-o. Ela correu até o quintal, sabendo que ela nunca chegaria lá, que a velocidade de vampiro do guarda iria alcançá-la e pará-la, mas ela correu de qualquer jeito. Ela tinha que ver, tinha que saber...
O guarda a agarrou antes que ela pudesse dar dois passos pela lateral da grande casa, erguendo-a e envolvendo-a firmemente com seus braços firmes como ferro.
 — Você não quer fazer isso. — ele sussurrou no ouvido dela. — Confie em mim, Emma. Você não quer ver.
— Largue-a, Baldwin. — A voz do Duncan era áspera enquanto ele andava na direção deles.
O guarda dela, Baldwin, largou-a imediatamente.
— Me perdoe, meu senhor. — ele disse.
Emma não sabia por que ele estava se desculpando - por deixá-la fugir ou segurá-la com muita força, mas fosse o que fosse, ela não se importava.
— Me diga o que você encontrou. — ela disse para Duncan. — E não minta para mim.
Duncan fechou a distância entre eles, suas mãos vindo para pegar as dela e puxá-la para um abraço bruto.
— Emma... — ele começou, mas ela se afastou dele.
— Não. Não faça isso. Não me trate como uma frágil flor que não consegue lidar com a vida. Eu estive cuidando de mim desde que tinha onze anos de idade, então não faça isso. Diga-me o que você encontrou. — ela insistiu.
Duncan suspirou.
— Um corpo. Nós... — Emma fez um som de dor, seu punho vindo até sua boca como se para prender o som lá dentro. Duncan pausou. — Emma, Baldwin está certo. Você não...
— Não me diga o que eu quero! É uma mulher?
Ele a estudou por um momento, e então virou sua cabeça levemente, como se estivesse ouvindo o que estava acontecendo no quintal. Quando ele se virou novamente e encontrou o olhar dela, ela sabia.
— Sim. — ele disse desnecessariamente.
— Eu quero ver. Se é...
— Não. Isso não é necessário. Nós temos uma foto de Lacey, e eles enterraram as coisas dela juntamente com ela. Nós podemos identificar...
— Eu quero ver. — Emma repetiu com uma voz firme que mal reconheceu como sendo dela. — É meu direito, Duncan. Ela é minha... — emoção roubou sua voz, e ela teve que respirar fundo, se afastando em um momento. — A Lacey é minha amiga. — ela continuou, ignorando as lágrimas quentes rolando pelas suas bochechas. — Minha.
Duncan claramente não queria dar o braço a torcer, mas ele claramente acreditava que o que Emma estava dizendo era verdade. Era direito dela dar aquela olhada, seu direito de clamar Lacey, e de mais ninguém.
— Muito bem. — ele disse infeliz. — Você pode ver o corpo. Mas, Emma, a decomposição já começou. Você pode não reconhecer mais Lacey, mesmo se for ela.
— Eu a reconhecerei. — Emma insistiu teimosamente.
Duncan franziu a testa e balançou sua cabeça de leve, como se já estivesse se arrependendo de sua decisão.
— Você irá me contar se você achar se é a Lacey ou não. — ele disse finalmente. — E então você irá embora. Baldwin te levará para casa.
— Mas se for a Lacey...
— É pegar ou largar. — ele disse; sua voz tão firme como a dela havia sido.
Emma assentiu uma vez. Duncan estendeu a mão para ela, mas ela não a aceitou, escolhendo prosseguir com a sua própria força.
Ela andou em um borrão, seus olhos tão cheios de lágrimas que mal conseguia ver. Sua mente continuava sussurrando negações; continuava dizendo para ela que não era a Lacey, que havia outras mulheres nas festas, que essa casa e o Victor já estavam por aí há anos, e que a terra aqui estava cheia de velhos cemitérios. Mas em seu coração ela sabia o que sempre soube desde que Lacey não havia voltado para casa domingo à noite. Ela sabia que algo terrível havia acontecido, porque nada mais faria com que Lacey não ligasse para ela. E agora...
— Emma? — a voz de Duncan ao lado dela era gentil, cheia de compaixão. Mas ela não queria a compaixão dele, não conseguia lidar com ela. Ela tinha que permanecer forte. Ela olhou em volta e percebeu que os vampiros de Duncan estavam olhando para ela com expectativa. Eles estavam parados em um círculo ao redor de algo, e agora haviam aberto o círculo como se para permitir sua entrada. Ela olhou para baixo e seu coração começou a bater forte.
— Emma, você não tem que fazer isso.
Ela afastou a mão de Duncan e se colocou entre os dois vampiros, quase tropeçando em um monte de terra. Um dos vampiros pegou o braço dela, e ela olhou para o grande buraco no chão. Não, não tão grande. Somente grande o bastante para...
Um grito de negação é arrancado de sua garganta, um som animalesco e mudo de pesar. Emma tropeçou enquanto se afastava, de repente, desejando que não houvesse insistido em estar aqui. Ela não queria ver o que estava naquele buraco, não queria ver aquela coisa morta vestindo aquela caricatura grotesca do rosto de Lacey, seus cachos loiros moles embaraçados, seus membros retorcidos na morte como eles nunca haviam estado em vida. Ela queria rebobinar a sua vida e manter Lacey em casa e longe da festa do Victor. Elas comeriam pipoca e beberiam vinho ruim e assistiriam filmes bregas de terror até que nenhuma delas pudesse dormir. E elas nunca teriam que se preocupar com nada pior do que monstros de filmes embaixo da cama.
— Emma. — ela não havia visto Duncan se mover, mas de repente ele estava lá, colocando os braços ao redor dela. E ela sabia que os monstros eram de verdade desta vez.
Ela se afastou dele bruscamente.
 — Não me toque. — ela vociferou. — Se não fosse vocês... — ela sabia que estava sendo injusta, que não foi Duncan que colocou Lacey naquela cova. Mas era o povo dele. Vampiros. Monstros que caçavam humanos, que seduziram Lacey com suas promessas de festas selvagens e viver chapado. Ela caminhou tropeçando até a lateral da casa, se apoiando contra a parede, determinada a voltar ao seu carro. Ela estava com seu celular lá. Ela poderia ligar para a polícia e...
Os braços fortes de Duncan a levantaram. Ela lutou contra ele, mas ele apenas aumentou o seu aperto e ordenou: — Pare, Emma.
— Me coloque no chão. — ela exigiu, batendo nos ombros dele, se escutando soluçar pelo pesar e sem reconhecer isso saindo de sua própria garganta. — Eu não preciso...
Os braços de Duncan eram como aço enquanto ele a carregava para frente da casa, raiva radiando dele em ondas, apesar de que, de alguma forma, ela sabia que essa raiva não era direcionada a ela. Emma viu seu carro, viu Baldwin correr na frente para abrir a porta. Duncan abaixou sua cabeça para o ouvido dela e sussurrou algo.
E então não havia mais nada.

Capítulo 12
Duncan observou o carro de Emma até que ele passou pela linha de abetos{10} e não conseguia mais vê-lo. Ela estava no banco de trás, dormindo profundamente, e ficaria assim por várias horas, até que o corpo de Lacey fosse recuperado e a cena processada. Ele e sua equipe ainda tinham algumas horas, mas teriam que voltar para DC antes do amanhecer. Não tinha jeito de pedir a qualquer uma de suas pessoas para passar um só dia dormindo neste pesadelo de casa. Quando terminassem aqui, quando os investigadores recuperassem cada pedaço de evidência que pudessem encontrar, ele derrubaria todo o maldito edifício até o chão. Depois disso, a terra poderia descansar. Talvez, em um século ou três, o horror desapareceria.
Ele já tinha chamado especialistas em lidar com isso. Se houvesse qualquer coisa boa nesta tragédia, era o que acontecia na Virgínia, com as instalações de Quântico do FBI tão perto. Vários vampiros trabalhavam nos laboratórios de lá, embora suas identidades fossem conhecidas apenas por uns poucos escolhidos na comunidade vampira. Raphael, é claro, sabia quem eram. O que significava que Duncan sabia, também. A morte que ele e seus vampiros tinham descoberto aqui esta noite não poderia ser disfarçada completamente, mas poderia ser gerenciada. E também dependia de Emma. Se ela fosse para as autoridades humanas e exigisse uma investigação... Bem, ele não a deixaria chegar a isso. Ele não pretendia substituir as suas memórias. Mas o faria, se necessário. Mesmo sabendo que, se ela descobrisse, ele perderia a sua confiança. E poderia também perdê-la. Mas ele não podia pôr em risco toda a sociedade de vampiros por causa de seu afeto por Emma Duquet.
Isso não significa que ele menosprezou o crime cometido. Ele poderia encobrir os detalhes, mas não iria esquecer a ofensa. Victor já estava morto, junto com seus quatro guardas vampiros, os quais ele não tinha nenhuma dúvida de que participaram da violência e da festa do sangue. Mas ainda havia outros lá fora, os seres humanos que voluntariamente e por diversão, juntaram-se à tortura de jovens mulheres por gratificação sexual. Ele iria caçá-los e destruí-los pedaço-a-pedaço, permanentemente, como ele destruiu Victor.
— Sire{11}.
Duncan virou.
— Sim, Miguel?
— Dentro da casa, meu Senhor. Dentro tem o que acreditamos ser o cofre de Victor, achamos vídeos.
Duncan encontrou o olhar baixo de seu tenente cuidadosamente, e sabia que a noite estava prestes a piorar. Ele suspirou e colocou uma mão reconfortante no ombro de Miguel.
— Pelo menos, agora nós saberemos quem será o próximo a morrer, Miguel.
— Iremos caçar, meu Senhor?
Duncan confirmou.
— Vamos jogá-los no chão e ouvi-los implorar enquanto rasgamos seus corações ainda batendo.
Miguel mostrou os dentes, rosnando com aprovação. Duncan se preparou para entrar naquela casa do mal mais uma vez. Enquanto cruzava a soleira o horror perfurou sua alma, ele só tinha um pensamento: apesar da agonia de seu último suspiro, a Victor foi concedida uma morte muito gentil.
Uma hora depois, ele estava sentado na varanda da frente precisando de um pouco de ar fresco, quando um caminhão desconhecido chegou até a casa. Ele se levantou, olhando para caminhão com cautela. Como se fosse magia, vários de seus vampiros apareceram, ocupando posições entre ele e o veículo que se aproximava. Ele continuou até parar e Duncan observou quando uma pequena vampira de cabelo escuro desceu primeiro para o estribo e, em seguida, para o chão. Sua juba espessa de cabelos negros foi tirada do seu rosto e forçada em um coque severo na parte de trás de sua cabeça. Ela usava um terninho liso escuro e uma blusa de algodão preto.
Juntos, eles a faziam parecer mais velha do que era. Ou melhor, mais velha do que ela foi quando foi transformada há um século.
— Phoebe. — Duncan chamou, enviando uma ordem mental para seus guardas que esta era a perita investigadora que ele esperava.
Phoebe Micheletti nunca foi uma agente do FBI, mas treinou com um dos seus melhores investigadores - um humano que mais tarde se tornou seu marido e companheiro. Depois de anos partilhando o vínculo companheiro e sangue com Phoebe, Ted Micheletti foi forçado a se aposentar mais cedo do FBI, quando se tornou óbvio que ele não estava envelhecendo. Agora, os dois administravam uma empresa de consultoria própria, oferecendo seus serviços de investigação para as agências de aplicação da lei em todo o país, muitos das quais não podiam se dar ao luxo de manter um investigador de tempo integral na equipe. Duncan tinha certeza que o negócio foi crescendo nestes tempos econômicos difíceis, e ele sabia que, por vezes, Phoebe e seu companheiro trabalharam de graça. Eles simplesmente gostavam do que faziam.
— Duncan. — ela começou a se ajoelhar, mas Duncan a parou. Phoebe morava na Virginia, o que significava que Duncan era oficialmente seu Senhor agora. Embora, eles nunca tivessem se conhecido pessoalmente, eram conhecidos de anos, e ele estava muito cansado para o ritual sem sentido.
— É bom ver você. — ele disse.
— E você, meu Senhor. Parabéns por sua ascensão.
Duncan assentiu, e Phoebe olhou além dele para a parte de trás aberta de uma van, onde dois vampiros técnicos forenses estavam carregando um saco preto. Não tinha qualquer necessidade de deixar o corpo de Lacey in situ{12}, sem a necessidade de preservar o local de sepultura. Eles já sabiam quem a matou.
— Nós sabemos quem ela é? — Phoebe questionou.
— Lacey Cray. — disse Duncan sombriamente. — Vinte e sete anos de idade, e secretária de K Street.
— Como ela acabou aqui?
— Victor.
— Merda. — Phoebe xingou. — Eu odeio aquele cretino.
— Tem certeza que ele não maltratou você ou Ted?
Ela balançou a cabeça rapidamente.
— Ele não ousaria. Victor era um valentão típico. Ele só pegava pessoas que não podiam revidar. Então, como você conhece a menina?
 — Sua colega de quarto veio até a casa na capital na noite após eu ter retirado Victor. A Srta. Cray estava desaparecida. Ela aparentemente já tinha saído com Victor antes, mas ela disse a Emma que esta era uma grande festa. Um final de semana no campo.
— Emma?
— Colega de quarto, Emma Duquet. Ela trabalha para um político.
— Bem, isso é um complicador. Isso ainda fica pior?
— Prepare-se. — Duncan avisou. — Victor era um grande voyeur. Nós encontramos registros de vídeo do que aconteceu aqui e na capital. Eu não sei se ele estava chantageando alguém, ou se ele só gostava de assistir. Nós ainda estamos trabalhando na identificação de todos, mas Lacey foi o único corpo que encontramos. E a única mulher de seus arquivos que não está em nenhum dos vídeos. O que fala por si só. Estou assumindo neste ponto que as outras mulheres ainda estão vivas. Se assim for, as suas memórias provavelmente foram apagadas, o que é uma bênção, porque as coisas que foram feitas a elas... — Sua boca torceu e ele desviou o olhar, sem vontade de continuar.
— E a respeito de Lacey?
— Provavelmente foi um acidente. Dado o nível de depravação que encontramos aqui, nada me surpreenderia, mas enterrá-la no quintal dessa maneira... Tem uma aparência de falta de planejamento.
 Phoebe concordou.
— Ele teve tempo de cuidar dos vídeos, mas não tanto pra fazer um trabalho melhor em sumir com o corpo.
 Duncan deu de ombros.
— Ele provavelmente tinha intenção de voltar e cuidar disso, mas eu apareci.
— Algum arquivo na casa da capital?
Duncan confirmou.
— Escondido e encriptado, mas meu pessoal é bom.
Phoebe inclinou a cabeça, estudando-o. Ela lhe deu um sorriso torto.
 — Estou feliz por você estar aqui, meu Senhor. Nós precisávamos de você. — o sorriso fugiu quando ela voltou sua atenção para o corpo parado de Lacey. — Eu só queria que você tivesse tido uma sorte melhor do que essa.
— Eu queria ter chegado uma semana antes. Lacey poderia estar viva. Nós precisamos manter isso em segredo, Phoebe.
— Ela tem família?
— Só Emma. Elas são amigas desde a infância.
— E essa Emma vai criar confusão?
— Não. — quando o olhar curioso de Phoebe encontrou o dele, ele continuou. — Vou cuidar disso. — ele deixou que o toque de poder de sua voz a lembrasse quem ele era.
 Phoebe baixou seus olhos brevemente.
— Como posso ajudá-lo?
Duncan assentiu.
— Meu chefe de segurança, Louis, está lá em cima, junto com outros dois. Vamos levar os computadores e arquivos de volta para a capital com a gente. Enquanto isso, ele fez um arquivo composto de cada rosto visível nos vídeos. Alguns deles nós achamos que conhecemos, mas eu quero que você ajude a rastrear os outros.
Ela endureceu. Então, se curvou formalmente.
— Ao seu comando, meu Senhor. — ela virou-se e dirigiu para a casa. Duncan observou-a ir, em seguida, caminhou até o técnico forense que estava fechando as portas da van.
— Você tem um local para colocar o corpo? — Duncan perguntou.
— Sim, meu Senhor. Um dos nossos é dono de uma casa funerária logo depois Falls Church. Podemos deixá-la por enquanto.
— Certifique-se de Miguel ter a informação sobre a funerária antes de sair, mas você deve ir logo. — faltavam apenas duas horas para o nascer do sol, e eles precisavam daquele tempo para armazenar devidamente o corpo de Lacey antes de ir para casa para dormir durante o dia.
— Sim, meu Senhor. — o vampiro puxou uma folha de papel do fundo da prancheta, escreveu rapidamente e entregou a folha para Miguel, que tinha seguido Duncan como uma sombra desde que eles haviam encontrado o corpo.
— Nós devemos partir também, meu Senhor. — Miguel disse calmamente enquanto a técnico vampiro subia na van e ia embora.
Duncan olhou além da imagem da van indo embora.
— Eu preciso parar na casa de Emma no caminho.
— Meu Senhor, a hora...
— Miguel. — Duncan disse suavemente. — Eu vou parar e falar com Emma.
Miguel assentiu bruscamente.
— Nós vamos sair imediatamente. Ari pode dirigir. Eu vou falar com os outros pra terminar aqui e trancar a casa. Eles podem ir na segunda caminhonete de volta pra capital.
Duncan assentiu. Ele não esperava em te que contar a Emma o que tinha que ser feito, mas não podia deixá-la recorrer às autoridades humanas. De alguma forma, ele teria que convencê-la a deixá-lo resolver isso, e se ele não conseguisse... Bem, então ele queria uma última vez com ela antes que ela o odiasse para sempre.

Capítulo 13

O carro de Emma estava estacionado há alguns metros de sua casa quando eles chegaram. Duncan enviou um fio de energia para a casa, observando. Baldwin estava lá, e consciente. Baldwin era um dos que estava com Duncan na outra noite, o que significava que ele já tinha sido convidado para a casa de Emma. Isso foi importante, pois Emma estava profundamente adormecida e permaneceria assim até Duncan acordá-la. Ele suspirou, esperando que ela estivesse tendo sonhos, porque quando acordasse, o pesadelo se tornaria real.
Ele teria preferido colocar isso para fora até amanhã à noite. Os horrores da casa de jogos de Victor o tinham deixado à beira de violência, e o que ele queria mais neste momento, era alguém para bater como uma polpa sangrenta. Não que ele alguma vez fosse prejudicar Emma. Mas seu temperamento estava definitivamente desgastado, e ela era obrigada a discutir com ele.
Duncan sabia da sua reputação, o que alguns consideraram sua incrível capacidade de manter a calma em face de provocação, mesmo no pior. Foi por isso que Raphael tinha decidido que ele seria perfeito para lidar com os charlatões humanos que se disfarçaram de líderes em Washington, DC. E lá estava a verdade da reputação de Duncan, também. Mas era uma verdade duramente conquistada, e esta noite a sua reserva foi severamente testada.
Infelizmente, ele não poderia manter Emma dormindo até que ele acordasse, amanhã à noite, e definitivamente não queria que ela acordasse durante o dia sem falar com ele primeiro. Conhecendo Emma, ??ainda tão pouco como conhecia, ele sabia que ela não ficaria esperando o pôr do sol. Mesmo se ela não chamasse a polícia, dirigiria de volta para Leesburg, onde não iria encontrar nada. O corpo se foi, assim como a evidência de que alguém estava enterrado lá. Tudo na casa que poderia levar de volta para Victor ou vampiros em geral também foi embora. As coisas já estavam no caminho para a residência em Washington DC, aonde o pessoal de Duncan iria vasculhá-la para obter informações e depois destruí-la. Neste momento, até mesmo o título para a casa de Leesburg estava sendo alterada, com documentos colocados em prática que fariam parecer que a casa tinha mudado de proprietário há alguns meses. Nem mesmo as fontes internas de Emma seriam capazes de encontrar qualquer coisa para indicar o contrário.
Mas isso não iria parar Emma. Seu próximo passo seria provavelmente a polícia humana, o que era o pior resultado possível para todos os envolvidos, incluindo Emma.
Então, Duncan tinha que falar com ela esta noite.
Ele respirou fundo, enterrando sua raiva e tampando sobre seus instintos mais agressivos. Ele não teria que durar muito tempo, não mais do que uma hora ou algo assim. Tempo suficiente para resolver com Emma, ??em seguida, retornar para a casa em DC para dormir. E quando ele acordasse, amanhã à noite, passaria algum tempo na academia para malhar e tirar o pior de sua raiva.
A porta da casa se ??abriu silenciosamente enquanto ele e Miguel começaram a subir a entrada. Não havia luzes acesas dentro. A silhueta de Baldwin era um bloco, curto quadrado de sombra mais escura enquanto ele estava lá, segurando a porta aberta.
— Qualquer coisa que eu precise saber? — Duncan perguntou a ele.
— Não, meu senhor.
— Junte-se a Ari no carro, então. Você, também, Miguel.
Miguel endureceu imediatamente, a boca aberta para protestar, mas Duncan apenas olhou para ele. Seu tenente fez uma careta, mas deu um aceno de cabeça acentuado e seguiu Baldwin de volta para a caminhonete.
Duncan suspirou de alívio. Seria difícil o suficiente manter a compostura com Emma esta noite. Ele não precisava do agravamento adicional das emoções de seus vampiros batendo em seus escudos. Eles não tinham a sua sensibilidade para o pesadelo naquela casa, mas pegaram o suficiente para que seu instinto tentasse fechar o círculo em torno dele. Que o deixou no centro de sua tempestade de indignação.
Ele precisava deste pequeno espaço de tempo sozinho, sem seus vampiros pairando, para restaurar seu próprio centro de calma antes de falar com Emma. Ele atravessou a sala de estar, circulando o sofá antigo. Emma estava deitada de lado, debaixo de um cobertor de crochê que Baldwin deve ter jogado sobre ela. Ela estava enrolada em uma bola de proteção, joelhos dobrados contra o peito, braços firmemente à frente, com as mãos em punhos, como se contra o golpe que estava por vir.
Ele sentou-se ao lado dela, e caiu no sofá sob seu peso. Ela não podia estar dormindo confortável aqui. Talvez ele devesse levá-la para o andar de cima primeiro. Ele sorriu um pouco, reconhecendo o pensamento como uma forma de adiar o inevitável.
Seu cabelo escuro tinha caído para frente, cobrindo metade do rosto dela. Ele afastou-o fora e sussurrou:
— Emma.
Seus cílios tremeram, escuros contra sua pele clara, e sua respiração tornou-se menos regular. Duncan correu as costas de seus dedos por sua bochecha sedosa. "Acorde, Emmaline."
***
Emma sentiu a presença de Duncan antes de ouvir sua voz. Ela pensou que ele deveria ser um sonho, mas parecia real. Isso parecia como Duncan sempre pareceu, um cobertor de calma que era o oposto de como a maioria das pessoas parecia colocar todo mundo no limite, pelo menos no início.
Fosse o que fosse, ela sabia que tinha que acordar, pois tinha algo que precisava se lembrar. Algo sobre o porquê de Duncan estar aqui.
— Emma. — sua voz penetrou seu sono, exortando-a a acordar. Mas, de repente ela não quer acordaria mais. Era bom em seu sonho. Seguro.
E havia algo horrível esperando por ela quando acordasse. Sua mão acariciou sua bochecha.
— Acorde, Emmaline.
Os últimos vestígios de sono fugiram antes do uso inesperado de seu nome verdadeiro, e ela gemeu baixinho. Ela tentou se virar, a afastar-se dele, mas Duncan não deixou. Sua mão forte no ombro a segurava em seu lugar, gentil, mas firme.
— Eu sei que você está acordada, Emma.
Os olhos de Emma brilharam abertos. Ela olhou para Duncan, mal capaz de vê-lo na penumbra.
— Gostaria que eu ligasse a luz? — questionou. Ele sempre parecia saber o que ela estava pensando. Ele disse que era habilidade em ler rostos, mas ela se perguntava se era algo mais.
— Não. — ela disse; sua voz áspera com o sono. Ela sabia por que ele estava aqui. Era sobre Lacey. E ela queria a escuridão. Sentou-se. Ela ainda estava vestindo jaqueta de Duncan, e puxou-a em torno de si mesma enquanto ela empurrou para baixo a manta de sua avó ao pé do sofá. Ela não se lembrava de voltar para casa, não se lembrava de adormecer.
— Você gostaria de um pouco de água? — Duncan perguntou. Ele estava sentado ao lado do sofá, e ela girou em torno dele para sentar-se, soltando os pés no chão.
Ela se inclinou para frente, se abraçando, e balançou a cabeça.
— Não, obrigada.
Ela ouviu-o suspirar enquanto se movia no sofá para se sentar na velha mesa de café, ela e Lacey haviam resgatado-a do meio-fio quando se mudaram para esta casa. Alguém dois blocos acima tinha colocado para fora, para o lixo, mas Lacey tinha visto a caminho de casa e arrastou Emma de volta com ela para buscá-la. A maldita coisa era tão pesada que elas tinham se esforçado para fazer mesmo sobre a metade do tronco de Emma, e então elas mal tinham conseguido isso até as escadas para a casa. As duas tinham grunhido como porcos torcendo, parando a cada cinco minutos para descanso. Ela sorriu com a lembrança, e ficou horrorizada ao sentir as lágrimas queimando o fundo dos seus olhos.
Emma mordeu o lábio enquanto lutava para se controlar. Ela não ia chorar. Lágrimas não trariam de volta Lacey. Nada o faria. O trabalho de Emma agora era ver Lacey devidamente enterrada. Então ela iria descobrir quem tinha feito isso... E matá-lo. Ela tinha uma arma e sabia como usá-la. Você não crescia onde ela tinha crescido sem aprender a atirar. Até teve uma adesão a um campo de tiro, na Virgínia. Não faz sentido ter uma arma se você não consegue acertar nada com ela. Ela não saía para lá com a frequência que gostaria, mas o seu objetivo era bom o suficiente. E de perto e pessoal, não importa.
De qualquer maneira, Emma não ia esperar a polícia. A polícia era muito facilmente comprada na cidade. Além disso, se tivessem levado mais a sério quando ela relatou Lacey desaparecida, talvez sua melhor amiga não estivesse morta agora. Quem sabia há quanto tempo tinha sido enterrado, em que...
Mas, ela não ia pensar nisso. Ela iria se manter unida o tempo suficiente para convencer Duncan que ela estava bem, e depois era melhor o assassino começar a olhar por cima do ombro, porque ela ia fazer alguém pagar.
— Emma? — Duncan disse suavemente.
Emma levantou os olhos para ele. Ele parecia preocupado, mas não havia necessidade. Ela estava bem. Melhor do que bem. Ela era o propósito frio.
— Duncan. — disse ela, orgulhosa de como até mesmo sua voz estava calma. Duncan apreciava calma. — Você não precisa se ??preocupar comigo. Eu estou bem.
Olhar vigilante de Duncan pareceu congelar, e por um momento Emma pensou que ela viu um brilho profundo de bronze substituir o marrom quente de seus olhos. Naquele momento, ela estava convencida de que ele sabia o que estava fazendo, o que ela pretendia fazer amanhã e no dia seguinte. Mas então ele piscou, e ela convenceu-se que era impossível. A invenção de sua imaginação sempre viva.
— Sinto muito, Emma.
— Você é muito gentil. — disse ela, com base em ensinamentos da vovó. Um chavão para cada ocasião. Qualquer coisa para encobrir o que você realmente está sentindo, por isso ninguém tem que sofrer o constrangimento de uma emoção genuína.
Olhos de Duncan estreitaram em uma carranca.
— Pare com isso.
Ela olhou para ele.
— Parar com o quê?
— Pare de me excluir com seus próprios costumes do sul.
— Eu não sei do que você está falando.
— Eu sou um lorde vampiro, Emma. Você não pode me enganar.
— Bom para você. — ela atirou de volta. — Eu sou um ser humano, e estou fazendo o melhor que posso. — quem diabos ele pensa que é? Se ela queria fingir que seu coração não estava quebrando, se ela precisava acreditar, quem era ele para dizer que ela não poderia?
— Tudo bem. — ele se levantou, empurrando a pesada mesa de seu caminho como se não pesasse nada. Ele virou as costas, ignorando-a por um momento. Ela poderia dizer que ele estava com raiva e tentava controlá-la. Alguns homens teriam batido o punho em uma parede, ou talvez jogado alguma coisa. Duncan era muito controlado para isso, mas ainda havia sinais. Ele não era o único que podia ler a linguagem corporal. Ela e Lacey tinham sobrevivido sete anos em um orfanato. Ela era uma especialista em leitura da maldita linguagem corporal.
— Há algumas coisas que você precisa saber. — disse ele, finalmente, mas sem se virar.
— Onde está o corpo de Lacey? — ela perguntou. Isso o levou ao redor para olhar para ela.
No início, ela pensou que ele não iria responder à sua pergunta, mas depois ele disse:
— Em uma casa funerária em Falls Church.
Ela franziu o cenho.
— Por que lá? A polícia não iria...
— Não haverá qualquer polícia.
Emma levantou-se, de repente tão irritada como ele tinha estado um momento atrás. Esquecendo que ela estava planejando excluir a polícia e prosseguir a sua própria vingança. Ela não ia deixá-lo cobrir isso e fingir que nada tinha acontecido.
— O que você quer dizer sem a polícia? — ela exigiu. — Você e seus vampiros assassinaram Lacey. A polícia vai fazer Victor voltar e...
— Victor está morto.
Emma congelou, de repente confusa.
— Mas, como? Quero dizer, quando?
— Quatro noites atrás.
Ela franziu a testa, fazendo contagem regressiva.
— Mas isso significa a primeira noite que eu fui vê-lo na embaixada.
— Não é uma embaixada, porra. — ele rosnou. — E sim, ele já estava morto. É assim que funciona com vampiros.
— Como o que funciona? — insistiu ela, nem um pouco impressionada pelo seu humor. Ela queria respostas.
Ele começou a responder, então se conteve e disse:
— Não importa. O que importa é que os vampiros estavam envolvidos neste crime, e vampiros vão cuidar disso.
— O que significa isso? — ela insistiu, sentindo como se estivesse rosnando. — Então, Victor está morto. Grande, fantástico. Isso é uma baixa.
— Cinco baixas. — ele interrompeu. — Ele tinha guarda-costas.
— Cinco, então. — ela estalou. — Eu não me importo. Se eles tinham alguma coisa a ver com Lacey... — ela engasgou com a palavra, e teve que se forçar a continuar, alimentando a chama da sua raiva para seguir em frente, para fazer isso. — Com a morte de Lacey, — continuou ela com calma. — então eles mereciam morrer. Mas eles não eram os únicos.
— Você está certa. Eles não eram. Mas eu sei quem era, e vou cuidar disso.
Emma olhou para ele, muda pela primeira vez. Ele já sabia quem matou Lacey?
— Eu vou cuidar disso, Emma. Eu prometo.
— Eu quero estar por dentro do que você vai fazer.
— Absolutamente não.
Ela ergueu o queixo desafiadoramente.
— Pense de novo, vampiro. Você não quer que eu vá para a polícia? Então eu quero estar por dentro. Você me dá o que eu quero, você consegue o que quer.
Duncan estava de repente na frente dela, elevando-se sobre ela, enchendo-a com seu tamanho e força. Essa reserva fria dele desapareceu, e em seu lugar havia algo gelado e mortal, e absolutamente letal. Este era o Duncan real, o vampiro poderoso o suficiente para comandar os outros, e ela sabia instintivamente que ele poderia matá-la com um pensamento.
— Você não tem ideia do que eu quero. — disse ele deliberadamente. — Tenha muito cuidado, Emmaline.
Ela engoliu em seco. Seu coração estava tropeçando tão descontroladamente que estava subindo a garganta.
— Certo. — ela sussurrou, então preparou sua coragem e olhou de volta para ele. — Mas eu ainda quero entrar.
Ele olhou para ela alguns segundos a mais, em seguida, um pequeno sorriso curvou seus lábios para cima, ali, e sumiu quase antes que ela pudesse vê-lo.
— Muito bem. — ele concordou.
Emma não poderia ter estado mais chocada. Ele estava concordando?
— Você tem um acordo. — Duncan continuou sem problemas. — Eu vou esperar você na embaixada, como lhe chamam, uma hora depois do pôr do sol, todas as noites até que isso seja concluído. E vou esperar que você trabalhe como o resto de nós.
— Tudo bem. — disse ela, seus pensamentos tropeçando enquanto tentava trocar as marchas. Ele estava indo ajudá-la a encontrar o assassino de Lacey. Ou melhor, ela estava indo ajudá-lo, mas o que importava era que ele poderia fazê-lo muito mais rápido do que ela poderia sozinha. E uma vez que ele apontasse na direção certa, ela iria tomar o assunto em suas próprias mãos. Afinal, os vampiros dormiam o dia todo. Não haveria nada que pudesse fazer para detê-la.
Duncan estava estudando-a de perto, e ela rapidamente apagou seus pensamentos, ocupando sua mente com esforços para se lembrar de quando o sol se poria e como ela convenceria Sharon em deixá-la sair do trabalho mais cedo todos os dias por um tempo.
— Quando nós começamos? — ela perguntou
O olhar de Duncan se suavizou.
— Pegue alguns dias. Enterre a sua amiga. Os homens que queremos, aqueles responsáveis, não saberão que encontrou o corpo de Lacey. Não há nenhuma razão para que sejam suspeitos, não há razão para eles correrem. E mesmo se fizerem isso, eu vou encontrá-los.
Emma o olhou, acreditando nele, sabendo que ele iria ajudá-la a conseguir justiça para Lacey.
Lacey. Luto cresceu dentro dela sem aviso prévio. Ela queria ficar sozinha. Ela precisava ficar só, para enterrar o rosto no travesseiro e chorar a dor de sua perda, onde ninguém poderia ouvir. O rosto de Duncan turvou, e ela piscou as lágrimas repentinas. Havia uma última coisa que ela precisava saber.
— Você poderia me dar o nome da funerária, por favor? Eu preciso fazer arranjos para minha Lacey.
***
Duncan fechou a porta atrás dele, ouvindo como Miguel e os outros se estabeleceram para o dia. Portas batidas e vozes acalmaram até que houve apenas silêncio. Ele tirou suas roupas, deixando-as cair ao chão. Elas tinham um fedor de morte que nunca iria sair. Ele teria que as queimar com o lixo, amanhã.
Cruzando o quarto, ele verificou as janelas automaticamente, certificando que as persianas estavam fechadas, as cortinas pesadas bem fechadas. Ele estava cansado esta noite, o corpo e a mente angustiados com as atrocidades que tinha descoberto, mas ainda mais pelo peso da dor de Emma. Isso havia tocado um lugar em sua alma, uma velha ferida que estava tão marcada sobre ele que quase não se via mais lá. Foi essa perda angustiante de alguém tão querido, alguém que você teria dado com alegria a sua vida. A dor que ele tinha enterrado há muito tempo atrás, onde se convenceu que ficaria.
Mas a dor de Emma tinha trazido tudo de volta...
***
1862, Stones River, Tennessee
Ele estava deitado na lama, ouvindo os gritos dos homens morrendo por todo lado, e suaves gemidos dos que estavam longe demais para gritar. O sol se pôs alguns minutos atrás, embora parecesse muito mais tempo do que isso. Ele tinha visto o brilho vermelho no horizonte, e se perguntou o quanto da cor era o sol e quanto era uma névoa de sangue da luta brutal do dia. Deus sabia que tinha havido bastante sangue derramado hoje para colorir mil pores do sol. Seu único consolo era saber que a morte tinha sido em ambos os lados da linha de batalha, o que era um pequeno consolo, de fato. Mais reconfortante era a certeza de que, pelo menos sua luta terminou.
Ele não estava gritando, ainda não, mas temia que o fizesse antes do tempo. Ele ergueu as mãos, a ousadia de olhar para os farrapos encharcados de sangue de seu uniforme sujo, e gemeu com o que viu. Ele não era um cirurgião, mas já tinha visto o suficiente de animais abatidos para saber o que estava olhando. Ele havia sido destruído, tanto quanto um porco no verão. Sua pele foi cortada, seus intestinos salientes para fora em grandes laços cinza, mais cinza do que o uniforme que foi dado a ele apenas algumas semanas antes. O casaco tinha vindo de um soldado morto, alguém que ele nunca tinha conhecido. Ele estremeceu quando eles entregaram a ele, não querendo uma peça de roupa de um homem morto. Mas estes eram tempos conturbados. Se você rejeitava o cinza, não importa o motivo, as pessoas olhavam com desconfiança para você por estas bandas. Este era o Tennessee, onde havia quase tantos pela Confederação como não, e não importa o que você dissesse. Importava o que você fazia. Então Duncan tinha aceitado a jaqueta cinza e deu de ombros, sentindo-se como se a própria morte tivesse se estabelecido em seus ossos. E ele não tinha estado muito errado.
Ele abaixou as mãos sobre sua barriga, mais uma vez, ignorando a pressão viscosa de suas entranhas contra seus dedos. Ele queria uivar para o céu. Não com a dor, embora sentida como se um ferro quente tivesse sido preso em sua barriga para ser mexido de vez em quando. Mas isso não foi o que o fez ficar com raiva suficiente para amaldiçoar a Deus, seus generais, e todos os outros homens de terno que enviaram agricultores como ele para lutar. Foi a própria morte que o fez ficar com raiva. Não que a temesse. Ele descobriu que tinha vivido uma boa vida, o suficiente para que a recompensa celestial que as escrituras prometiam fosse seu fim. Era o que ele estava deixando para trás que o deixava com raiva, as coisas que deixamos de fazer, mesmo sabendo que algumas dessas coisas não eram cristãs e provavelmente iriam mandá-lo direto para o inferno. Mas mesmo aqui deitado à beira da morte, teria valido a pena. Ele teria desistido do próprio céu para vingar as injustiças cometidas contra aqueles que ele amava.
Ele suspirou e deitou-se na lama, sem se preocupar mais com a sujeira ou até mesmo o mau cheiro. Isso não parecia tão ruim mais, e achava que tinha se acostumado tanto ou seus sentidos estavam morrendo. De qualquer maneira, ele não tinha isso dentro dele para cuidar.
O soldado mais próximo a ele caiu abruptamente em silêncio e Duncan fechou os olhos em oração pela alma do homem. Ele só esperava que houvesse sobrado alguém para orar por ele quando chegasse sua hora.
Uma sombra obscureceu a luz da lua por trás de suas pálpebras fechadas, e seu coração chutou um pouco. Talvez fosse isso, depois de tudo.
— Você não está tão machucado, menino. — disse uma voz profunda com um sotaque que ele nunca tinha ouvido antes.
Os olhos de Duncan brilharam abertos e olhou para o homem agachado sobre ele. Ninguém tinha falado com ele desde o cirurgião que veio antes, e ele só balançou a cabeça tristemente e seguiu em frente. Duncan não culpava o homem. Não havia sentido em desperdiçar habilidades sobre aqueles que não poderiam ser salvos. O que incluía Duncan e qualquer outro homem cuja coragem fora obstruída. Eles seriam apanhados eventualmente por aqueles encarregados de recolher os mortos e moribundos. Mas Duncan não estava morto ainda, então quem era esse estranho e o que ele queria?
O homem levantou os olhos, e Duncan se perguntou se talvez Deus julgou seus pensamentos finais de vingança e condenou-o para o inferno depois de tudo. Porque este não era um homem comum. Seus olhos eram o preto de meia-noite, com um brilho prateado profano sobre suas bordas, como se algo espreitasse por trás. E ele era maior do que qualquer homem que Duncan já tivesse visto. Maior do que Duncan, e era considerado como um grande homem.
O estranho sorriu e seus dentes eram limpos e brancos.
— Eu não sou o seu demônio cristão. E este não é o inferno. — ele olhou em volta com uma carranca. — Ou, não o que você está pensando de qualquer maneira.
Duncan olhou.
— Como você sabe o que estou pensando? — ele sussurrou, com a boca quase demasiada seca para formar as palavras.
— Eu sei de muitas coisas. — disse o estranho, virando seu olhar negro sobre ele mais uma vez. — Eu sei que você não tem que morrer hoje. — ele estudou atentamente Duncan. — A menos que você queira.
Duncan sentiu uma onda de esperança, rapidamente seguida por medo. Ele queria viver, pelo menos por tempo suficiente para buscar sua vingança, mas qual preço seria exigido pelo homem diabólico? Homens como este não davam nada de graça. Mas, então, algumas coisas valiam qualquer preço.
— Eu quero viver. — disse ele, dando uma chance.
— Sem perguntas, sem negociação? — o homem zombou levemente. — Você é tão rápido para lidar com o diabo, Duncan Milford?
— Como você sabe o meu nome? — Duncan perguntou, engolindo em seco.
— Eu disse a você. Eu sei muitas coisas. Mas vamos discutir o nosso primeiro negócio. Eu vou salvar a sua vida esta noite, mas em troca, eu quero o seu serviço.
Duncan piscou. Era o estranho um espião para a União, então? Será que ele acha que Duncan tinha alguma informação utilizável? Porque ele certamente não tinha.
 — Que tipo de serviço? — ele perguntou curioso, apesar de tudo.
O homem deu de ombros.
— Eu sou um viajante neste lugar. Eu preciso de alguém que conheça os costumes locais, até mesmo a linguagem. Embora eu pensasse que falava bem o suficiente antes de chegar aqui. — acrescentou o homem em um aparte.
Duncan analisou as palavras do homem. Na verdade, ele falava bastante bem, embora talvez um pouco bem demais. A exatidão de seu discurso entregou as suas raízes estrangeiras, isso e o sotaque que Duncan ainda não conseguiu identificar.
Duncan deslocou, tentando aliviar a dor renovada em seu intestino.
— Você quer que eu... — ele engasgou enquanto aquela quentura começou socando e mexendo novamente. Ele ficou em silêncio, desejando ficar fora por mais alguns minutos. Fechando os olhos, tentou se lembrar dos rostos de seus filhos, retratos de seu filho correndo para cumprimentá-lo no final de um dia. Ele sorriu, mas seus rostos começaram a desvanecer-se enquanto uma onda de agonia fresca queimou suas entranhas e a escuridão roubou suas memórias junto com seus pensamentos.
Quando ele abriu os olhos novamente, ele sabia que o tempo tinha passado.
— Quanto tempo? — perguntou ao estranho que se ajoelhou ao lado dele na lama. — Quanto tempo eu estive fora?
— Tempo suficiente. — o homem rosnou. — Como você se sente?
Duncan lambeu os lábios secos, fazendo uma careta. Havia um gosto estranho na boca. Não era ruim, melhor de fato do que o cheiro amargo da bile, que era tudo que ele tinha provado desde que foi ferido. Ele respirou cauteloso, não querendo despertar a dor, e percebeu que seu intestino ferido não parecia mais do que uma leve dor. Ele olhou para baixo em estado de choque. Suas calças ainda estavam rasgadas e ensanguentadas, mas sua barriga estava fechada, a pele enrugada com cicatrizes vermelhas, em vez de dividido e derramando intestino cinza. Duncan olhou, olhou-se no terror repentino. Isso era certamente profano.
O homem fez um barulho impaciente.
— Chega, Milford. Eu já lhe disse, não sou o diabo. Seu Não Deus não pode curar também? Agora, você quer o meu negócio ou não? Você vive, e em troca, serve como meu assessor.
Duncan olhou.
— Mas você já me curou.
O homem sorriu gentilmente.
— Então, eu curei.
Bem, isto era exasperante, Duncan pensava. Isso não era um truque. O pior da dor foi embora. E não só a dor da ferida que certamente o teria matado, mas a dor na perna que ele tinha quebrado quando era uma criança. A ruptura tinha curado errado e lhe doía todo dia desde então. E, no entanto, aqui deitado na lama e no sangue, sentia-se melhor do que se lembrava desde a infância. E talvez esse fosse um presente dos céus, mas o estranho não tinha a semelhança de qualquer dos demônios que Duncan tinha visto em bons livros, ele também não procedia do mesmo modo que os ministros alertaram em seus sermões. Ainda mais, ele não dava nenhuma indicação de que retiraria a sua cura se Duncan recusasse a negociar, o que um servo do diabo certamente teria feito.
Mas, ao mesmo tempo, Duncan não poderia, com toda a boa fé, se recusar a negociar desde que o estranho, na verdade, o curou. Irritante, de fato.
— Por quanto tempo? — ele perguntou de repente.
O homem levantou uma sobrancelha em questão.
— Quanto tempo tenho para atendê-lo?
O homem deu de ombros.
— Para o resto de sua vida ou da minha. — disse ele, e virou-se para examinar o campo de batalha mais uma vez.
Duncan suspirou. Ele esperava muito. Não que isso importasse. Ele não tinha nada e ninguém para ir para casa mais. Ele duvidou que sua casa ainda estivesse lá.
— Muito bem. — disse ele. — Eu concordo com o seu negócio.
— Só mais uma coisa. — disse o estranho, voltando-se para Duncan com um sorriso largo.
Duncan congelou sob o peso repentino do olhar negro. Seu coração começou a bater e sua respiração tornou-se curta, como se seu corpo já soubesse de algo que sua mente ainda não tinha compreendido. Uma parte dele sabia que deveria estar balbuciando com medo, rastejando sobre as mãos e joelhos, se fosse isso que o levasse a fugir deste monstro desumano. Em vez disso, ele se deitou e olhou, quase com espanto, enquanto do sorriso do homem cresceu presas tão longas quanto as de um lobo vermelho, e quando a luz prateada de seus olhos começou a brilhar como as próprias estrelas. Talvez o estranho o tivesse enfeitiçado de alguma forma, ou talvez ele estivesse morto depois de tudo, e esta conversa toda era nada além de uma fantasia de morrer.
— O que você é? — ouviu-se perguntar.
— Eu sou um Vampiro. — disse o homem. — E se você optar por permanecer comigo, você vai ser, também.
— Eu não sei o que é isso. — disse Duncan, espantado com a própria calma.
O homem, não, o vampiro, riu.
— É uma coisa maravilhosa. — disse ele, em seguida, abaixou a cabeça, olhando fixamente para Duncan mais uma vez.
— Você é... Humano? — Duncan perguntou.
O vampiro levantou um ombro.
— Eu nasci humano. Eu ainda o sou, de certa forma. Mas tornar-se um vampiro muda você. O torna mais do que quer que fosse. Você ainda será Duncan Milford, mas vai ser mais, também. Mais forte, mais esperto, mais poderoso.
Duncan pensou sobre isso.
— Posso fazer um pedido a você?
O estranho parecia surpreso com isso, mas balançou a cabeça.
— Você pode perguntar.
— Se eu for com você, se me tornar... Vampiro como você é, eu gostaria de pedir que você me permitisse uma tarefa final antes de sair.
O vampiro inclinou a cabeça com curiosidade.
— Que tarefa é essa?
— Vingança. — disse Duncan suavemente.
A prata nos olhos do vampiro brilhou tão intensamente que Duncan temia que trouxesse os outros correndo.
— Feito. — disse o vampiro. Ele se levantou e ofereceu sua mão.
Duncan agarrou-o e sentiu-se puxado para os seus pés como se não pesasse nada.
— Como você se chama, senhor?
— Raphael. — disse o vampiro. — Meu nome é Raphael. — ele deu um passo para trás e fez um gesto amplo. — Mostre o caminho, Duncan Milford. Sua vingança aguarda.
Eles caminharam a maior parte da noite. Duncan tinha se preocupado no início sobre sentinelas, sobre ser rotulado como um desertor ou pior. Mas Raphael tinha assegurado a ele que não seria visto, e não eram. Várias vezes eles passaram a pé por um sentinela, uma vez passando pela tenda de comando. E ainda ninguém parecia ciente de que eles estavam lá. Animais eram um assunto completamente diferente. Os cavalos os sentiam, movendo-se sem parar e resfolegando quando deslizaram pelas linhas de piquete, mas Raphael e Duncan estavam muito longe antes que viessem para verificar os animais, assumindo que alguém se incomodasse.
Enquanto caminhavam, Raphael disse a Duncan algo sobre quem ele era, o que significava ser um vampiro.
— Tal como o seu Sire. — Raphael disse enquanto percorreram uma estrada abandonada. — Eu vou te ensinar como sobreviver, como usar o que quer que conceda os dons do renascimento em cima de você.
— Renascimento? — Duncan repetiu.
O vampiro grande assentiu.
— Isso é o que chamamos, porque isso é o que é. Tudo o que era antes vai mudar. Você vai deixar todos que você conhece para trás, até a família. Você tem família, Duncan?
Uma onda de tristeza tomou conta de Duncan, ele quase se afogou, e foram várias etapas antes que ele pudesse falar. Raphael manteve o silêncio, e Duncan foi grato por isso. Finalmente, ele disse:
— Eu tive uma vez. Não mais.
Raphael não disse nada no começo, como se ponderando sobre as muitas maneiras que um homem poderia perder sua família.
— Esta vingança que você procura, é pela sua família. — ele disse como fato, não era uma pergunta, mas Duncan respondeu de qualquer maneira.
— Sim. — ele engoliu o nó duro da perda que obstruía sua garganta. — Minha esposa e filhos.
Passaram vários minutos antes de Raphael falar de novo.
— Isso é um fardo pesado para qualquer homem suportar.
Duncan assentiu, então estudou o vampiro de perto, perguntando se ele também tinha perdido alguém.
— Você deixou uma família para trás, senhor?
Um olhar feroz atravessou o rosto de Raphael, e Duncan pensou que talvez tivesse ido longe demais, presumido demais. Ele abriu a boca para pedir desculpas, mas Raphael falou primeiro.
— Meus pais. — disse ele abruptamente. — Apesar de que meu pai não fosse uma grande perda para mim, fiquei triste por causa de minha mãe. Minha irmã também, ou então pensei por um tempo.
Duncan estava curioso sobre essa última parte, mas decidiu não pressionar mais sua sorte.
— Você disse que é recém-chegado a este país, senhor? Você escolheu um mau momento para isso.
— Na verdade, chegamos alguns anos atrás. Levou tanto tempo para nos instalarmos e decidirmos nos mudar para o oeste.
— Nós? — Duncan questionou um pouco nervoso. — Há mais de você?
Raphael deve ter ouvido o nervosismo. Ele sorriu para Duncan, seus olhos foram para a cor prateada estranha novamente.
— Se você quer dizer vampiros, há mais do que alguns, embora os seres humanos não tenham consciência sobre nós. O meu grupo é pequeno, apenas aqueles que eu trouxe comigo do meu país de origem. Você não precisa se preocupar, no entanto. Eles são completamente leais a mim.
— Posso perguntar onde estão, senhor?
— Pare de me chamar de senhor, rapaz. Se você deveria chamar, saiba que meu título é lorde, pois é isso que sou, um lorde vampiro.
— Sim, meu lorde. — disse Duncan obediente, embora parecesse estranho dizer isso. Não havia tais títulos no país. Os fundadores tinham deixado para trás esse tipo de coisa, mas talvez os vampiros fossem diferentes.
— Você tem muitas propriedades de terra, então, meu lorde? — ele perguntou.
Raphael riu como um latido.
— E você picou o meu orgulho, mas tudo bem, Duncan.
— Eu não quis dizer qualquer...
— Não se desculpe. Você tem o direito de perguntar. Eu não tenho nada além de alguns homens leais e uma bolsa cheia de moedas. Os homens foram cuidadosamente escolhidos, e a moeda vem facilmente. Para o resto, pode ter certeza, Duncan Milford, eu vou governar um império.
Duncan concordou com a cabeça, e os dois continuaram por algum tempo sem falar. A lua tinha se estabelecido e a noite tinha começado a assumir o silêncio que precede o amanhecer, quando Raphael beirou de repente a estrada, indo fundo nas árvores. Duncan seguiu, não sabendo mais o que fazer. Ele escolheu o caminho que estavam tomando de volta para sua casa, mas tinham muitos quilômetros para ir ainda, e ele não estava familiarizado com as terras por que foram passando. Raphael parecia saber para onde estava indo, no entanto, tecia seu caminho através da densa floresta até chegar a uma pequena cabana. Escondido sob alguns ramos pendurados; era uma estrutura áspera construída de troncos inacabados e lama, mas parecia forte o suficiente e foi provavelmente usada por caçadores no verão. Desde que era inverno agora, o lugar estava vazio, tanto quanto Duncan poderia dizer, e a fechadura resistente na porta não convidavam os visitantes. Mas Raphael não hesitou. Ele andou direto e torceu a fechadura de metal grosso como se fosse papel, então jogou-a de lado.
Duncan olhou para o cadeado, agora inútil, e para Raphael e de volta para o cadeado.
— Você vai fazer o mesmo em breve. — Raphael garantiu-lhe, em seguida, abriu a porta e entrou. Duncan seguiu mais lentamente e encontrou Raphael dando ao lugar um levantamento crítico. — Eu dormi no melhor. — disse ele. — E no pior. Isso vai servir.
Ele fechou os olhos por um instante, em seguida, abriu-os e disse: — Temos tempo suficiente. Sente-se, Duncan. — ele não esperou, mas caiu no chão, pressionando as costas contra a parede.
Duncan deu de ombros e se sentou ao lado dele, querendo saber o que estava por vir.
— Há coisas que temos de discutir antes de ir seguir adiante. — Raphael começou. — Eu fui feito um vampiro sem concordar, ou pelo menos em desconhecimento. Ninguém perguntou se eu queria ou não, mas vou lhe dizer isso, não me arrependo. É um presente incomparável. Tenho vivido quase 300 anos, Duncan. Eu tenho o poder que não acreditaria se dissesse a você, mas que vai entender quando se juntar a nós. Há muitas coisas que você terá que aprender sobre ser vampiro, mas o mais importante é isso. Afim de sobreviver, você vai precisar beber sangue humano.
Os olhos Duncan se arregalaram de horror.
— Meu lorde! Tenho lutado na guerra, como bem sabe, mas não tenho nenhuma vontade de sobreviver matando inocentes!
Raphael balançou a cabeça.
— Não é necessário matar os humanos que você escolher para beber, Duncan. Além disso, quando se tornar vampiro, sua mordida em si vai se tornar agradável para eles. Alguns vão realmente convidá-lo para beber seu sangue em troca deste prazer, embora haja momentos em que terá que tomar o que você precisa. Mas você nunca terá que matar por isso.
Duncan olhou para longe, refletindo sobre o que acabara de ouvir. Isso, certamente, lançou uma nova luz sobre a decisão que ele havia feito. Ele poderia fazer isso? Ele poderia morder outro ser humano e beber o seu sangue?
— Mais uma vez, eu não vou fazer de você um vampiro sem o seu consentimento, Duncan. Você pode ainda, com a minha bênção, considerar a cura um presente e retornar para o que o espera. Ou você pode ir em frente comigo e com os outros. A escolha é sua, mas você deve fazer isso agora.
Duncan olhou através da mesma porta vazia que Raphael tinha passado, em busca de seu passado e seu futuro... E não encontrou nada. Seu passado foi roubado quando sua família foi morta, e seu futuro tinha morrido junto com eles.
— Eu vou fazer isso, meu lorde. — ele sussurrou, depois repetiu mais fortemente. — Eu vou fazer isso.
— Então, temos que começar, pois o sol não está muito longe. Uma lição importante, Duncan. O sol é nosso inimigo. Prende-nos no sono durante o dia, e se ficarmos expostos à sua luz, vamos queimar até as cinzas se deixados lá. É, talvez, a nossa maior vulnerabilidade.
— Podemos ser mortos caso contrário, meu lorde?
Raphael assentiu.
— Uma estaca através do coração, ou uma espada, se manejada adequadamente. Fogo, se o dano for grande demais para ser curado. E ninguém, nem mesmo um vampiro, pode sobreviver com a cabeça removida.
Duncan riu nervosamente.
— É bom saber, meu senhor.
Raphael bateu-lhe no ombro, em seguida, levantou-se e olhou em volta.
— Deite-se lá. — disse ele.
— Meu senhor? — Duncan perguntou, olhando para ele em confusão.
— Deite-se. — Raphael repetiu. — Vai ser mais fácil para nós dois.
O coração de Duncan gaguejou um pouco, apesar de suas palavras anteriores.
— Agora?
— Agora, Duncan. — Raphael disse gentilmente.
Duncan levantou-se. Estava quase escuro demais para ver, mas poderia fazer um berço solitário contra a parede oposta. Era um pouco mais que ripas de madeira, nem mesmo um colchão de palha. Quem usou o local no verão sabia que era melhor não deixar coisa alguma para trás. Ele ficaria cheio de vermes até a próxima temporada. Ele se arrastou até a cama, em seguida, estendeu a mão, colocando o peso sobre as ripas para testar a sua robustez. Elas cederam um pouco, mas seguraram, então abaixou-se, pensando mesmo se isso era melhor do que o chão frio sobre o qual tinha dormido durante as semanas desde que foi varrido pela marcha do general Bragg através do Tennessee. Ele soltou um suspiro cansado e pensou que provavelmente poderia dormir, com exceção de...
— Confortável, Duncan?
— Er, sim, meu senhor.
Raphael pairava sobre ele no escuro.
— Eu vou te morder. — disse ele quando se ajoelhou ao lado da cama. — No pescoço, porque é mais rápido.
— Será que vai doer?
— Somente no início. — disse Raphael com honestidade surpreendente. — Mas, depois disso, você vai experimentar o prazer de uma mordida de vampiro pela primeira e última vez. Vampiros não podem se alimentar um do outro, nem a mordida tem o mesmo efeito que em um ser humano.
Raphael virou a cabeça de Duncan firmemente para um lado e segurou-o lá. Sua respiração era quente enquanto ele se aproximava, e o coração de Duncan batia furiosamente em seu peito. Houve o toque de algo duro e pontudo, e depois uma dor tão afiada como uma faca de corte em seu pescoço. Ele teve um momento para pensar que talvez tivesse sido enganado por um tolo, e depois o seu sangue aqueceu e seu corpo endureceu de uma forma que não tinha nos meses desde que sua esposa morreu. Uma pequena parte de seu cérebro estava dizendo a ele que isso estava errado, mas ele não se sentiu mal. Ele se sentia... Maravilhoso! E então não sentiu nada.
Quando Duncan acordou, ficou imóvel por um momento, ouvindo, assombrado com a multidão de sons ao seu redor. Ele virou a cabeça para um ruído de arranhões e sabia que havia um rato correndo ao longo da parede, embora não pudesse vê-lo. Lá fora, uma coruja voava, suas asas uma forte vibração de som. Duncan sorriu. Era como se tivesse vivido em apenas metade do mundo até agora, com a outra metade além de seus sentidos lamentáveis??. Mas não mais.
Ele se esticou, sentindo-se forte e ágil, maravilhado novamente na ausência de dor ou feridas. Seu sorriso ficou maior, e ele queria jogar a cabeça para trás e rir com uma alegria que não sentia há anos.
— Você está acordado. — Raphael abaixou quando ele entrou pela porta, e Duncan percebeu que ainda era noite. Ou não era?
— Quanto tempo eu dormi? — perguntou.
— Apenas um dia. — disse Raphael. — Você vai dormir mais tarde para as trevas do que alguns de nós no início, mas meu sangue é poderoso, e sua força vai construir-se rápido o suficiente. Depois disso, cabe a você. Ninguém pode prever que presentes ser um vampiro vai lhe dar. Temos que esperar e ver.
— Este é um presente bom o bastante. — disse Duncan com entusiasmo. Ele se levantou, testando suas pernas, uma de cada vez, girando de lado a lado, e cedeu ao impulso de rir.
Raphael sorriu de volta para ele.
— Nós temos que ir. Há a sua vingança para ver, e depois temos de voltar com os outros.
Vingança, Duncan pensava. Ele se endireitou e enfrentou seu novo mestre.
— Estou pronto, meu senhor.
***
Washington, DC, hoje
Vingança. Foi o primeiro pensamento que Duncan teve quando acordou na noite seguinte. Ele não poderia trazer Lacey de volta para Emma, não poderia tirar a dor de sua morte. Mas poderia fazer vingança contra aqueles que tinham lhe ofendido.

Capítulo 14
 
Igreja Falls, VA
 
Emma sentou-se perfeitamente alinhada, as mãos cruzadas no colo. Levou dois dias para deixar tudo pronto. Dois dias para arranjar uma boa despedida para a única pessoa no mundo que tinha realmente importado para ela. O agente funerário foi muito gentil, mas havia tantas decisões para tomar, coisas que ela nunca teria pensado sozinha.
Mas, apesar da pressa, apesar do estresse de organizar o funeral tão rápido, tudo foi lindo. E perfeitamente Lacey. A música, as flores, mesmo o caixão com seus enfeites de bronze e bonita madeira de mogno.
O ritmo suave de algumas das músicas favoritas de Lacey silenciava o murmúrio das conversas sussurradas em volta dela. Foi difícil encontrar as músicas certas para esta noite. Lacey foi sempre uma garota de rock and roll, uma música mais adequada para rugir pela estrada com as janelas abertas e a música no último volume.
Emma sorriu tristemente pela lembrança e alisou a saia com dedos nervosos. Ela tinha usado seu melhor terno preto, blusa de seda cinza, até mesmo os saltos pretos Jimmy Choo que tinha comprado em um desafio de Lacey e depois nunca tinha usado, porque eram muito ousados para o trabalho. E uma vez que Emma nunca ia a qualquer lugar exceto trabalho, eles ficaram em seu armário, ainda na caixa, nunca usados até hoje. Lacey teria adorado que os Jimmy Choos tivessem sido usados para seu funeral.
Emma fechou os olhos, incapaz de suportar a visão do caixão por mais tempo. Ela meio que esperava que Duncan aparecesse, mas estava feliz que ele não o tinha feito.
Ela não achava que poderia lidar com qualquer vampiro agora. Mesmo sabendo que não era culpa dele, que culpá-lo pelo que Victor tinha feito seria como culpar o cara ao lado pelo que alguém do outro lado da cidade tinha feito. Ela ainda não estava pronta para enfrentá-lo. Ainda não.
O enterro seria amanhã, e seria privado, apenas entre ela e Lacey. Mas Lacey tinha tantos amigos, e eles todos ligaram para Emma, ??querendo participar de alguma forma, para dizer adeus. Então, o diretor da funerária havia sugerido este memorial. Ele chamou isso de visualização, mas Emma recusou-se a permitir que o caixão fosse aberto. Lacey teria odiado isso.
Emma chegou cedo e ficou ao lado da porta no começo, apertando as mãos e olhando para rostos que não conhecia enquanto eles diziam todas as coisas certas. Eles eram amigos de Lacey, não dela. Lacey foi sempre muito mais social do que Emma. Ela fazia amigos facilmente.
E um desses amigos tinha ajudado a matá-la. Na verdade, provavelmente mais do que um, pelo que Duncan tinha dito.
Mas as pessoas aqui esta noite não sabiam disso. Eles todos pensavam que foi um acidente. Que Lacey tinha perdido o controle de seu carro e rodado para fora da estrada no caminho para visitar alguém em sua terra natal. Claro, Lacey não tinha ninguém em casa. Não havia casa. Mas essas pessoas não sabiam isso também.
Emma abriu os olhos e olhou para frente, sentada no banco da primeira fila onde tinha se refugiado, incapaz de lidar com mais estranhos bem-intencionados. Ela não podia suportar mais um sorriso compreensivo, mais uma lágrima delicadamente enxugada, nem mesmo mais um aperto de mão suave.
Ela queria morrer. Não podia imaginar viver com essa dor, esse vazio horrível. Lacey tinha ido embora, e Emma ficou horrível e impossivelmente sozinha. O peso de sua dor inclinou suas costas até que ela estava curvada ao meio, até que pensou que iria esmagá-la. Ela tinha perdido pessoas antes - sua avó, sua mãe, até o pai que ela nunca tinha conhecido.
Mas Lacey não deveria morrer. Não Lacey. Emma estudava; Emma trabalhava. Mas Lacey vivia. Não importava onde elas se encontravam ou o pouco dinheiro que tinham, Lacey tinha sempre algo para comemorar, rir, dançar. Ela era a irmã que Emma nunca teve, a única amiga que sempre precisara, a família dela.
E ela se foi.
Emma fechou os olhos de novo, com medo de que se ela se movesse, se sequer piscasse uma pálpebra, desmoronaria, espalhando-se em pedaços minúsculos que ninguém saberia juntar. Como poderia haver uma Emma sem uma Lacey para completá-la? Ela sufocou um soluço e perguntou-se se esta noite terminaria
Ela soube o momento em que ele chegou. Sentiu o cobertor quente de conforto chegar à sua alma congelada, sentiu a segurança de sua presença muito antes de ele fazer o seu caminho até o altar para se sentar ao lado dela. Ele não perturbou, não a tocou. Era quase como se ele, também, soubesse que ela poderia quebrar e desaparecer.
Uma única lágrima deslizou debaixo de suas pálpebras fechadas, e ela procurou cegamente a mão dele. Ele pegou a mão dela e mais, reunindo-a perto, seus braços se envolvendo ao seu redor de forma quente e forte ao mesmo tempo em que sua cabeça se afundou no ombro dele, enquanto as lágrimas finalmente chegaram, absorvidas pela lã de seu terno fino.
Ele sussurrou palavras sem sentido enquanto ela chorava, segurando-a perto quando ela estremecia com a dor. Ele era uma ilha de tranquilidade em um mundo que ela não entendia mais.
Não podia dizer quanto tempo ficou lá. Ela há muito tinha parado de chorar, seu corpo não tinha mais umidade para lágrimas. Finalmente, levantou a cabeça, afastando os cabelos emaranhados. Ela deveria estar envergonhada, mas não estava. Ele ofereceu-lhe um lenço branco. Ela olhou para o lenço, então, levantou os olhos para ele. Quem ainda usava um lenço?
Ele olhou para ela.
— Sou antiquado. — explicou, parecendo saber o que ela estava pensando, como sempre. Mas por alguma razão, a ideia não a incomodava mais. Era simplesmente quem ele era. Ele era Duncan, e vampiro ou não, era um homem muito bom.
Ele beijou sua testa, seus lábios quentes e firmes.
 — Eles vão pagar, Emma. — ele murmurou. — Prometo a você.
Outros tinham oferecido simpatia, tinham dito a ela que maravilhosa pessoa Lacey foi, como ela deixaria saudades.
Apenas Duncan tinha oferecido a ela a única coisa que precisava. Vingança.

Capítulo 15
Emma abriu a porta da frente e entrou. Estava escuro. Ela ainda não tinha se lembrado de deixar uma luz acesa, ainda esperava que Lacey estivesse em casa primeiro. Ela suspirou e começou a atravessar a sala para o interruptor de luz, mas Miguel chegou primeiro.
— Obrigada. — ela abaixou a cabeça, um pouco constrangida com a sua bondade, depois de ter pensado coisas tão terríveis sobre ele.
Duncan levantou o queixo na direção da porta, e Miguel saiu, fechando a porta atrás de si, embora Emma tivesse certeza que ele não iria longe. Ele podia já não acreditar que ela tinha planos malignos para Duncan, mas não confiava nela completamente também. Ou talvez fosse como Duncan disse; ele simplesmente não confiava em ninguém. Isso era algo que ela podia entender.
— Emma. — disse Duncan com impaciência mal controlada. — Eu quero que você vá para casa com a gente. Você não deve ficar aqui sozinha.
Emma virou para ele com um sorriso triste. Ele tinha usado o mesmo argumento todo o caminho para casa, mas a resposta dela não havia mudado.
— Eu aprecio isso, Duncan. Sério. Mas... — ela olhou em volta da sala suavemente iluminada. Parecia tão convidativa, quase confortável. Ela e Lacey tinham-se julgado incrivelmente sortudas por terem encontrado este lugar e elas foram felizes aqui. Mas Emma sabia que ela se mudaria o mais rápido possível.
Não havia nenhuma maneira que ela pudesse ficar nesta casa sem Lacey.
Ela suspirou.
— Eu tenho que acordar cedo amanhã. Há muito a fazer, e o enterro...
— Então, reagende o enterro para amanhã à noite, e eu vou com você. — ele segurou seu rosto com uma mão e levantou a outra para tirar uma mecha de cabelo para longe de seus olhos. — Você não precisa fazer isso sozinha.
Esse era o resto do argumento que ele tinha usado no caminho da funerária. Na verdade, argumento não era mesmo a palavra certa. Ele simplesmente disse a ela como seria. Ou ele tentou, pelo menos. Emma tinha a sensação de que Duncan não estava acostumado que lhe dissessem não. Mas ele iria ouvir neste momento.
Porque enterrar Lacey era algo que ela precisava fazer sozinha.
— Sinto muito. — disse ela suavemente. — Mas não. Eu vou dizer adeus a Lacey nos meus próprios termos. Então, preciso ir para o trabalho. Eu não fui lá desde...
Ela parou, sem saber que palavras usar para descrever os eventos da morte de Lacey. Ela fechou os olhos quando uma dor recém-familiar apertou seu coração. Chegaria o dia em que ela não sentiria esta dor terrível ao pensar em sua amiga assassinada? Ela algum dia seria capaz de lembrar da alegria que elas tinham compartilhado sem ser forçada a lembrar de como tudo terminou?
— Eu não vou ao escritório há alguns dias. — emendou, encontrando o olhar estreitado de Duncan. — Preciso saber quando eles me esperam de volta, e dar alguma desculpa para sair mais cedo para que possa trabalhar com você todas as noites até encontrar o assassino de Lacey. — ela entrelaçou os dedos com os dele e segurou firmemente. — Você não mudou de ideia, certo? Ainda vai me deixar ajudar?
Duncan acenou com a cabeça em concordância.
— Eu mantenho minhas promessas, Emma. Todas elas.
Emma soltou um suspiro de alívio.
 — Estou contando com isso.
— Mas você não vai mudar de ideia e voltar para casa conosco e reagendar o enterro?
Ela lhe deu um sorriso torto.
— Não. Mas vou à embaixada, quero dizer a sua casa, amanhã à noite, e vou estar pronta para trabalhar.
Ele franziu o cenho, claramente infeliz, mas depois deu um mínimo encolher de ombros que era mais uma expressão do que um movimento de sua parte.
— Como você quiser. Eu vou esperar você amanhã à noite, então. Uma hora após o pôr do sol.
— Estarei lá, chefe.
Duncan não sorriu. Ele estava olhando para ela atentamente, seus olhos queimando de emoção. Emma se aproximou, atraída por sua força bruta, pelo perigo escondido debaixo daquele exterior civilizado. O olhar dele deslizou sobre seu rosto, fixando-se em sua boca, e ela se rendeu à necessidade repentina de lamber os lábios. Ele deu um meio passo para frente, e seu coração começou a bater mais forte. Sua grande mão se curvou sobre seu quadril possessivamente, puxando-a ainda mais perto ao mesmo tempo em que ele abaixou a cabeça. E Emma esqueceu como respirar.
Sua boca tocou a dela em um beijo casto, seus lábios quentes e surpreendentemente suaves. Emma abriu a boca, querendo mais, querendo prová-lo. Sua língua deslizou ao longo da borda de seus lábios, e os dedos de Duncan apertaram em seu quadril, puxando-a perto do seu corpo enquanto ele levantava a outra mão e colocava os dedos pelo cabelo dela.
O corpo dele era firme, os seios dela esmagados contra seu peito enquanto ela inclinava a cabeça para trás, abrindo a boca em convite. Duncan respondeu com um rosnado baixo, aprofundando o beijo, a língua dele mergulhando em sua boca, girando ao redor de sua língua, provocando arrepios de desejo por seu corpo.
Ela ficou na ponta dos pés, querendo mais, enrolando seus braços em volta do pescoço dele com um gemido faminto.
Os braços de Duncan apertaram ao redor dela, e ela sentiu a pressão inconfundível de uma ereção contra sua barriga, uma coluna longa e espessa de carne dura que fez crescer calor líquido entre suas pernas. Imagens repentinas de Duncan nu, brilhando de suor, seus braços encordoados com músculo quando ele subia acima ela, seus quadris bombeando...
Duncan quebrou o beijo com um gemido, seu hálito quente contra seu pescoço quando ele a abraçou, com as mãos flexionando contra suas costas.
— Emma. — ele ofegou em advertência, respirando com dificuldade.
Emma ouviu, mas não respondeu, não conseguiu encontrar o fôlego para responder. Ele estava tentando protegê-la, ela sabia. Tentando ser sensato, ser sensível. Mas Emma não queria sensatez. Ela queria perder-se no calor e paixão que estava enterrado debaixo daquele exterior frio de Duncan. Queria aquecer-se no fogo que ele mantinha tão cuidadosamente guardado e escondido da vista.
— Emma. — ele repetiu, mais suave desta vez.
Ela suspirou com pesar, sabendo que ele estava certo. Ele recuou longe o suficiente para que seus corpos não estivessem mais se tocando.
— Peço desculpas. — disse ele. — Este não é o momento ou lugar.
— Haverá um?
Os olhos castanhos de Duncan aqueceram, brilhando com esse mesmo fogo de bronze, antes que ele roçasse a orelha dela com os lábios.
 — Haverá um momento, Emmaline. — ele sussurrou. — E quando chegar a hora, o lugar já não vai importar.
Ele se endireitou e beijou seus lábios mais uma vez, um toque suave e rápido.
— Durma bem. — disse ele. — E se você precisar de alguma coisa, ligue. Eu tenho pessoas na equipe o tempo todo.
— Tudo bem. — disse ela, já sentindo falta dele. — Vejo você amanhã à noite.
O braço de Duncan serpenteou em volta de sua cintura, puxando-a para perto, mergulhando sua cabeça até que ela sentiu os lábios dele em seu pescoço. Ela engasgou com o raspar duro de seus dentes - suas presas! - contra sua pele. Ele respirou profundamente, como se inalasse o cheiro dela, em seguida, levantou a cabeça com um rosnado.
— Não se atrase.
E então ele se foi, deixando a porta bater.
Emma ficou na penumbra de seu hall de entrada, seu coração batendo quando ela levantou os dedos trementes para seu pescoço, sentindo o calor de sua pele onde seus lábios haviam tocado. Abraçou-se, perguntando-se o que seria fazer amor com um vampiro, sentir o raspar de suas presas contra sua língua ou... Ela estremeceu lembrando o raspar de sua boca contra seu pescoço. E ela sabia que não era o medo fazendo-a estremecer.
Repreendeu sua imaginação hiperativa. Ela estava sobrecarregada emocionalmente, isso era tudo. Estava esgotada e exausta, e Duncan estava lá para abraçá-la quando ela precisou. Ele foi tão gentil, um perfeito cavalheiro, e ela tinha praticamente o agredido quando ele tentou ajudá-la, consolá-la. E, tudo bem, ele tinha se interessado, mas só porque ela tinha se jogado para ele, esfregando-se contra ele... Ela quase gemeu em voz alta, lembrando a sensação de seu pênis contra sua barriga, o calor em seus olhos.
Ela apertou os seios doloridos, de repente, esfregando a palma de suas mãos sobre seus mamilos, arfando de prazer enquanto afundava nas escadas. Ela estava muito encrencada.

Capítulo 16
 
Duncan invadiu seu escritório, furioso consigo mesmo, com toda a situação. Ele não queria deixar Emma sozinha, apesar de sua insistência. Mas certamente não tinha melhorado a situação quando a tinha praticamente atacado. Tinha tomado toda a sua força de vontade para romper com seu sedutor calor. O que ele queria fazer era empurrá-la contra a parede, puxar sua saia apertada até a cintura, e tomá-la exatamente onde ela estava. Ela estava preparada para ele, os seios inchados, os mamilos tão duros que ele sentiu-os contra o peito, apesar das camadas de roupas entre eles. E seu cheiro! Deus, o doce cheiro dela o deixara louco de desejo.
Felizmente, ele recuperou seus sentidos a tempo. Por tudo o que era santo, a mulher estava de luto, emocionalmente vulnerável, seus sentimentos crus e amplamente abertos. Apenas um animal se aproveitaria dela naquele estado.
Ele desabotoou o paletó e soltou a gravata, enojado. Apesar de tudo isso, ainda queria que ela voltasse para casa com ele. Estava preocupado com ela. Quem matou Lacey estaria desesperado para ter certeza de que ninguém nunca descobriria sobre ele, e ficaria nervoso assim que soubesse que Victor tinha deixado a cidade. Pelo menos essa era a história que Duncan e seu povo tinham soltado sobre o falecido lorde vampiro, que foi chamado sem aviso.
E isso era um lembrete oportuno para Duncan, também. Em vez de seduzir mulheres jovens e vulneráveis, ele deveria lidar com as suas funções de representante dos interesses dos vampiros da capital. Entre estas constava descobrir o que Victor tinha aprontado, mas havia mais do que isso. Ele tinha de se tornar parte do circuito social e diplomático de Washington. Fez uma careta de desgosto com a ideia, mas não havia alternativa. Antes de tratar disso, no entanto, ele tinha que fazer arranjos para a segurança de Emma.
Miguel caminhou através da porta, tendo-se demorado lá embaixo ao verificar duas vezes a implantação de guarda durante o dia. A rotina aqui ainda era nova o suficiente para que não machucasse ter certeza de que todos sabiam suas atribuições.
— Atribua um guarda a Emma Duquet. — Duncan disse ao seu tenente, sem preâmbulos. — Dia e noite. Não quero um dos ex-clientes de Victor ficando nervoso e indo atrás dela.
— Sim, meu senhor. — Miguel fez uma rápida chamada em seu celular e estava feito. Eles tinham dispensado a empresa de segurança que Victor tinha empregado, e substituíram-na com homens e mulheres que Miguel havia treinado pessoalmente para este trabalho. Duncan confiava nestes seres humanos com sua vida - literalmente, até que os quartos de segurança no porão estivessem construídos e funcionando.
— Como está progredindo Alaric lá embaixo? — Duncan perguntou.
— Excelente, meu senhor, mas, como ele vive me dizendo, tem que reconstruir esta fundação antiga e apodrecida antes que possa acrescentar-lhe alguma coisa. — ele sorriu. — O velho adora um desafio.
Duncan tirou o paletó, jogando-o em uma cadeira enquanto se acomodava atrás da mesa de seu novo escritório no segundo piso - um escritório que parecia muito com a biblioteca do andar de baixo, e por uma boa razão. Embora fosse necessário Duncan se afastar da biblioteca por razões de segurança, se nada mais - ele tinha gostado do ambiente da sala - os livros velhos, os móveis, mesmo os lambris. Então o grupo de Alaric tinha mudado tudo para aqui. Era notável, realmente. Cada livro, prateleira, mesa e lâmpada foram mudados. Agora, se eles poderiam fornecer-lhe um lugar decente para dormir. E um ginásio.
— Como estamos indo com os vídeos de Leesburg? — Duncan perguntou. Ele se recusava a se referir mais à casa em si. Não descansaria até que ela queimasse até o chão.
— Ainda não há vídeo de Lacey Cray, meu senhor. Não lá, e não em nenhum dos que descobrimos aqui, apesar de ela estar nos arquivos de Victor e, de acordo com a Sra. Duquet, ser regular nas festas de Victor.
— Estou surpreso que ele não a tenha excluído de seus arquivos completamente.
— Provavelmente teria feito isso eventualmente. Ele esperava viver muito mais tempo do que viveu.
Duncan assentiu com satisfação. Pelo menos isso foi bem. Victor foi embora, e foi Duncan a destruí-lo.
— Ainda há uma abundância de vídeos incriminadores, meu senhor. — disse Miguel. — O suficiente para destruir mais do que uma carreira política, mesmo que os homens envolvidos pudessem provar que era consensual. Victor cobria suas apostas, e tenho certeza que ele fez com que eles soubessem disso.
— Exceto que não há rostos no vídeo. Tudo o que temos são arquivos de Victor, e mesmo esses não citam nomes.
— Phoebe está trabalhando nisso. Provavelmente conseguiremos obter algumas identificações combinando o que temos - o vídeo e os arquivos em papel de Victor - com o que Brendan e Erik e seus amigos sabem. Eles conversaram com alguns dos homens envolvidos, depois de tudo. Podemos pelo menos, identificar esses.
— E as mulheres?
— É mais complicado com elas. Os homens são figuras públicas na maioria. As mulheres... Quem sabe?
— Emma pode ajudar com isso amanhã à noite. Mesmo se ela não souber os nomes, pode ser capaz de dizer-nos locais de trabalho possíveis, ou mesmo outras pessoas com quem verificar.
— Sim, meu senhor.
— E é hora de me apresentar para os círculos poderosos de Victor, também. Algo casual onde eu possa falar com as pessoas. — Duncan pensou por um momento. — Verifique o calendário de Victor. Veja se há algo já programado. Se assim for, contate os organizadores. Dê-lhes a linha que combinamos, Victor foi chamado para longe e eu sou o novo embaixador.
Duncan não gostava de usar o título pretensioso, mas, aparentemente, teria que se acostumar com isso.
— Entretanto, — continuou ele. — entre em contato com cada senador e congressista de Virgínia, Maryland e Delaware. Deixe-os saber que estou assumindo o cargo e que gostaria de me encontrar com eles. Veja se eles têm eventos próximos e faça que nos convidem. Angariações de fundos, especialmente. Certifique-se de que eles saibam que estamos dispostos a fazer uma doação. Talvez Emma possa ajudar com isso também. Ela trabalha no escritório de um congressista, depois de tudo. Ela sabe como tudo isso funciona.
Ele pensou por um momento, enquanto Miguel tomava notas febris.
— Coloque senadores da Califórnia na lista também. — acrescentou. — Eu votei lá na última eleição, e Raphael é um grande contribuinte. O que me lembra, precisamos estabelecer uma residência legal para mim fora do Distrito, para que eu possa votar no meu próprio território.
— Victor era dono de uma casa em Annapolis. — Miguel ofereceu. — Eu posso enviar algumas pessoas para conferir. Se nada mais, você pode usar o endereço.
— Bom. — ele franziu a testa quando viu Miguel teclar as informações em seu PDA. — Nós vamos precisar de mais gente, Miguel. Você é o meu tenente, não meu administrador, e esta enorme casa vai precisar de uma governanta e pessoal, também. Como Victor lidava com isso?
— Humanos, meu senhor. — respondeu Miguel, erguendo o olhar com uma carranca de desaprovação. — Vinha uma equipe uma vez por semana.
— Bem, nós não vamos fazer isso. Espalhe a palavra, você sabe a rotina. Dê preferência para os vampiros dentro do meu território, mas quem for de fora e estiver disposto a jurar lealdade em sangue será considerado. Nomeie alguém para fazer a triagem inicial, mas você ou Louis devem lidar com a seleção final pessoalmente. E eu vou querer escolher a governanta.
— Sim, meu senhor.
— Você tem as fotos?
— Meu senhor?
— Os compósitos dos vídeos. Eu gostaria de dar uma olhada.
— Eles estão no seu computador, meu senhor, juntamente com o relatório preliminar de Phoebe.
Duncan virou a cadeira para o computador, que estava em uma extensão em forma de L na mesa. Abrindo o arquivo em questão, ele examinou o relatório de Phoebe rapidamente, então abriu as imagens granuladas. Só o rosto das mulheres era mostrado completamente, o melhor que Louis conseguiu dos homens foi o ocasional perfil parcial. Mas perfis davam mais informações do que as pessoas pensavam. Esse, por exemplo, tinha um nariz bicudo muito distinto, e o seguinte tinha uma crua testa quase primitiva combinada com a ponte nasal torta de alguém cujo nariz foi quebrado muitas vezes. Não era muito, mas ele se lembraria desses homens. Eles podiam não conhecê-lo quando se encontrassem em uma festa ou uma angariação de fundos, mas ele os reconheceria. Suas emoções, ainda mais do que as suas palavras, iriam entregá-los. O único desafio seria esperar que a noite acabasse para rasgar suas gargantas.

Capítulo 17
 
Emma caminhou pelo corredor familiar para o escritório. Ela passou por algumas pessoas que ela conhecia e havia simpatia em seus olhares. Mas havia uma curiosidade mórbida, também, como se temesse, ou talvez esperassem que ela se quebrasse e chorasse aqui nos salões. Isso não iria acontecer.
Oh, Emma ainda estava entristecida. Ela iria chorar por Lacey todos os dias pelo resto de sua vida, mas sua dor era privada, assim como sua despedida final desta manhã foi privada. O Sr. Pettry, o diretor da funerária, tinha estado lá, mas manteve-se discretamente em segundo plano. Não tinha houve nenhuma oração, nenhum estranho da lista do cemitério murmurando um elogio sobre uma mulher que ele nunca tinha conhecido.
 Apenas Emma e os dois trabalhadores que tinham baixado o caixão de Lacey para o chão e depois, lentamente, pá por pá, enterraram.
Emma tinha ali a coisa toda, suas lágrimas quentes, apesar da garoa gelada que tinha começado a cair, congelando cada centímetro do exposto corpo. Ela esperou até que a última pá cheia de terra fosse lançada, a terra batida de novo, e as praças limpas. Os dois escavadores tinham se endireitado depois, olhando para ela e para o diretor da funerária, acostumados, ela supôs, pelo comportamento irracional de luto das famílias.
O Sr. Pettry finalmente se aproximou devagar, mastigando seus passos na grama, que já tinha começado a virar gelo.
—Sra. Duquet?
Emma encolheu os ombros, sabendo que era hora. Ela assentiu com a cabeça, e olhou para os dois trabalhadores do cemitério.
—Obrigada. — ela disse. Eles assentiram solenemente e correram, ansiosos, sem dúvida, para estar fora deste tempo horrível.
— Posso levá-la até seu carro? — o Sr. Pettry perguntou, insinuando delicadamente que era hora dela sair, também. Emma forçou um sorriso e tomou seu braço oferecido, grata pelo apoio. Ela tinha usado os Jimmy Choo novamente, e os saltos eram muito altos para a grama irregular.
Ela olhou para os sapatos pretos agora, quando ela correu ao longo do corredor do piso de mármore. Ela tinha razão, afinal, sobre não usá-los para trabalhar. Se ela usasse no escritório, sem torcer o tornozelo, seria por conta de sua própria sorte. Ela provavelmente deveria ter seguido seu primeiro instinto e enterrado os malditos sapatos com sua amiga, mas Lacey nunca teria perdoado. Lacey levava seus estilistas muito a sério. Contudo outra razão para ela nunca ter o dinheiro do aluguel.
Emma suspirou e desejou que não tivesse que ir para o escritório hoje, mas havia muitas pessoas ansiosas por um trabalho como o dela. Se ela ficasse fora por muito tempo, Sharon poderia muito bem usar isso como desculpa para contratar alguém velha e feia, ou masculina, no mínimo. Emma precisava do dinheiro. Ela não podia se dar ao luxo de perder o emprego, especialmente agora. O contrato de arrendamento da casa que ela tinha compartilhado com Lacey tinha mais dois meses para cumprir, e então ela teria as despesas para garantir um lugar novo e se mudar. Além disso, se fosse para casa, ela estaria rodeada por memórias de Lacey. Era melhor ficar ocupada até a noite, quando ela poderia finalmente chegar até a única coisa que importava para ela... ajudando os vampiros a rastrear o assassino de sua amiga. E a ironia de que o último pensamento não foi perdido para ela, já que os vampiros que foram os responsáveis pela morte de Lacey. Era como pedir à raposa para descobrir quem comia as galinhas. Mas Duncan não deixaria que a polícia humana se envolvesse. Ela não tinha dúvida de que ele faria o que fosse necessário para impedir que isso acontecesse. Assim, se os vampiros eram o único jogo na cidade, então Emma pretendia garantir que eles desempenhassem as regras. Porque se eles não fizessem, então ela faria o necessário tivesse para encontrar justiça para Lacey.
Ela finalmente chegou ao corredor de fora do escritório e fez uma pausa para recuperar o fôlego antes de entrar. Ela alisou a saia e abriu a grande porta de madeira, preparando-se contra a onda esperada de atenção curiosa. Ela entrou e, por um breve momento, todos pareciam parar o que estavam fazendo. Então, como se eles todos percebessem o que estavam fazendo, o barulho voltou com pressa e estava tudo normal novamente.
 Emma sentiu o calor no rosto com vergonha quando cruzou a área da recepção exterior. Ela nunca gostou de ser o centro das atenções. Abriu as portas duplas que levavam para o segundo escritório. Todo mundo fingiu não notar quando ela correu para o terceiro escritório mais estreito, e dele para o canto que ela dividia com Noreen. Sua amiga estava em sua mesa, de costas para Emma enquanto teclava furiosamente no computador. A digitação parou, e Noreen virou quando Emma deslizou em sua cadeira.
—Ei, Emma. Eu não tinha certeza de que estaria aqui hoje. Como você está?
Grande Noreen, os olhos castanhos estavam arregalados de preocupação. Ela era a única do escritório que foi para o memorial de Lacey na noite passada.
— Eu estou bem. — disse Emma, ??a mentira rolando da sua língua. As pessoas realmente não queriam saber como ela estava. A morte era muito aterrorizante. Todo mundo sabia que acontecia, mas estavam quase com vergonha de perguntar sobre isso. Noreen a estudou por um momento.
—Você não vai acreditar agora, querida, mas o tempo realmente cura. — Emma assentiu. Não era o tempo de que iria curar, neste caso, era a vingança. Mas ela tinha certeza de que Noreen não queria ouvir sobre isso.
— Obrigada, Noreen. — disse ela, encontrando o olhar da outra mulher. — E obrigada por ter ido ontem à noite. — ela abriu uma gaveta e jogou sua bolsa. — Então. — disse ela, querendo mudar de assunto — O que eu perdi?
— Oh, não muito. A subcomissão remarcou no último minuto, algo sobre um vazamento na tubulação na sala de reunião, se você pode acreditar. — a voz de Noreen sumiu enquanto seu olhar fixo sobre o ombro de Emma.
— Emma. — disse Guy Coffer atrás dela.
Emma girou em sua cadeira e tentou não saltar quando o congressista Coffer pegou sua mão e embalou entre as dele.
— Sharon e eu estamos tão tristes por sua perda, Emma. Todos nós estamos.
Emma piscou surpresa. Essas foram as palavras mais doces que Coffer tinha dito a ela desde que foi contratada. Normalmente, as instruções dela vinham através de Sharon ou um dos seus superiores. O belo rosto do congressista estava vincado com sinceridade, seus olhos encontrando os dela com firmeza. Era um momento perfeitamente político que ela estava espantada que nunca tivesse notado antes de como era falso. Ou talvez fosse apenas porque ele geralmente nunca se preocupou em vestir o rosto da campanha no escritório.
— Se há alguma coisa que podemos fazer. — disse ele, apertando sobre a mão a quantidade certa de força para indicar sua preocupação.
— Obrigada, senhor. — ela finalmente conseguiu. — Você já foi muito gentil. — ele parecia surpreso com isso, e ela acrescentou. — Em me deixar tanto tempo fora, para o funeral e tudo.
— Bem, é claro. — disse ele, parecendo genuinamente surpreso que ela iria falar isso. — É a coisa certa a fazer. — Emma sorriu.
— Eu aprecio isso de qualquer maneira, Congressista.
— Você trabalha aqui por dois anos, Emma. Chame-me de Guy.
Ele sabia quanto tempo ela trabalhava para ele? Ela estava um pouco surpresa que ele sabia o nome dela, muito mais com quanto tempo ela estava em seu escritório.
— Guy. — a voz aguda de Sharon Coffer cortou o momento, e Emma teria jurado que viu brevemente o congressista estremecer. — Você tem pessoas esperando.
— Sim, claro. — Coffer disse rapidamente. Ele deu um tapinha no ombro de Emma sem jeito. — Se você precisar de alguma coisa, Emma, ??deixe-me saber.
— Obrigada, senhor.
Ele sorriu, seu rosto suavizando em suas habituais brandas de boa aparência. A máscara estava de volta tão rapidamente que Emma duvidava que nunca tivesse ido. Ela viu quando ele se arrastou obedientemente atrás de sua esposa. Sharon entrou depois dele e fechou a porta, mas não antes de dar a Emma um olhar longo, considerando. Como se fosse culpa de Emma que Guy Coffer ter feito a coisa certa, oferecendo suas condolências. Se ela fosse demitida por isso, estaria bem e verdadeiramente chateada.
— O que foi aquilo? — Noreen sussurrou.
— Eu não tenho ideia. — Emma murmurou.
Ela enterrou-se em trabalhar o resto do dia, tentando não contar os minutos até anoitecer, que era precisamente às 05h37min. Ela tinha verificado on-line para certificar-se, antes de dirigir para o cemitério e depois para o Capitólio. Ela não costumava dirigir para o trabalho. Estacionamento era uma chateação, e transporte público era muito bom. Mas isso salvaria o seu tempo para chegar esta noite até Duncan. Seu maior problema seria sair do escritório cedo, mas ela já tinha decidido que não perguntaria a ninguém, ela estava simplesmente indo embora. Deixe-os pensar o que quisessem, que era tristeza, que ela ainda tinha negócios para cuidar a respeito da morte de Lacey. Ela não se importava.
Então, quando o relógio discreto na parede do escritório marcou 18h00min, Emma arrumou a mesa, desligou seu computador, levantou-se e puxou a bolsa de sua gaveta.
Noreen olhou para ela com surpresa, mas Emma simplesmente disse:
— Há algumas coisas que preciso cuidar.
Então ela colocou a alça de sua bolsa sobre o ombro e saiu do escritório, casualmente, como se fizesse isso todos os dias cedo. Uma vez fora do prédio, porém, ela pegou o ritmo, movendo-se pelo estacionamento lotado o mais rápido que podia nos ridiculamente altos Jimmy Choo. Duncan tinha prometido que ela poderia ajudar, e ela não ia lhe dar qualquer desculpa para voltar atrás em sua promessa.
O tráfego, como era costume, era intenso, mas menos de uma hora depois, Emma se dirigiu ao portão da casa de Duncan, ele deixou claro que não era um estacionamento embaixo do bloco. Era óbvio que havia nova gestão na cidade. O portão não foi apenas bem fechado, mas havia dois homens corpulentos e bem armados, talvez vampiros, em frente. Quando ela chegou mais perto, podia ver os guardas ainda mais armados rondando dentro das terras.
Ela virou até o portão fechado e parou, abrindo sua janela.
— Oi. — ela disse, entregando-lhe sua carteira de motorista. — Duncan está me esperando.
O guarda e, oh, sim, ele era um vampiro... Ele não fez nenhuma tentativa de esconder suas presas enquanto olhava de sua licença para o rosto dela e de volta novamente. Ele não disse nada, mas se afastou dela tempo suficiente para entregar sua licença para um segundo guarda que havia permanecido na cabana pequena no portão. Ele estudou sua licença sozinho, colocou algo em um computador invisível, em seguida, puxou um telefone celular e atingiu um número de discagem rápida. Ele olhou para cima e viu sua observação, em seguida, deu-lhe as costas, enquanto ele falava a quem havia ligado. Emma podia ouvir sua voz, mas não entendia as palavras. Ela tinha certeza que era Inglês, mas não teria jurado isso. E enquanto isso, o primeiro vampiro ficou bem próximo ao seu carro, seus braços descansando em uma arma preta e grande pendurada no peito em uma tipóia de algum tipo, enquanto a olhava sem piscar.
Emma queria desesperadamente se mover, para tocar os dedos ou bater o volante e dar um bom grito para liberar algum estresse. Ela sempre tinha tiques quando estava nervosa ou animada, e esta noite era uma combinação de ambos. Mas com o vampiro hostil de pé do lado de fora, provavelmente não era uma boa ideia. Então, em vez disso, ela se concentrou no que poderia ver da casa pelas das barras de ferro, tentando avistar toda a segurança que brotava de aparentemente nada nos poucos dias desde que ela esteve aqui pela última vez. Ela saltou quando o portão de repente começou a deslizar abrindo.
— Eles estão esperando por você. — o primeiro vampiro disse com uma voz sem emoção. Ele entregou de volta sua licença. — Estacione na área à direita. — ele apontou para uma pequena área pavimentada cerca de 20 metros da porta da frente. — Alguém vai encontrá-la na porta.
Emma pegou sua licença, orgulhosa de que seus dedos se mantiveram estáveis. Ela pegou o lado direito da calçada curva e estacionou perto da grande casa, parada ali por um momento e olhou ao redor. O dela era o único sedan no estacionamento, mas havia bastantes caminhões de vários tamanhos. A maioria dos caminhões estava repletos de material de construção, ou parecia que foram recentemente esvaziados. Ela não viu nenhum dos SUVs de Duncan, porém, assim ela percebeu que havia uma garagem perto, ou talvez uma área de estacionamento separado.
 Emma respirou um riso nervoso e decidiu que não perderia tempo suficiente de se preocupar com onde outras pessoas tinham estacionado. Ela abriu a porta do carro e jogou as pernas para fora, o que foi mais complicado que o normal com os saltos agulha. Ela tinha algumas roupas mais práticas com ela e tinha realmente a intenção de trocar antes de sair do escritório, mas quando chegou a hora, estava muito preocupada com que Sharon ou alguém fosse arrastá-la de volta para sua mesa para uma última pergunta ou telefonema. Então, ela ainda usava o terno escuro sombrio cinza que usara ao cemitério nesta manhã, com sua saia confortável e jaqueta sob medida, e ainda usava os saltos ridiculamente altos. Mas pelo menos ela parecia bem. Er, profissional. Não era como se ela se importasse se Duncan a acharia atraente ou não. Ela simplesmente queria que ele pensasse nela como uma profissional, alguém que pudesse confiar para fazer o trabalho.
Oh, quem ela estava enganando? Ela esperava deixá-lo agradavelmente surpreso{13}. Naquela noite, o último beijo só tinha feito com que ela quisesse outro de Duncan. Ela apreciou sua sensibilidade em não querer tirar vantagem de sua vulnerabilidade, mas ela passou a noite acordada tentando pensar em Lacey e pensando em Duncan. Ela sabia que era parte do processo de luto, o desejo de perder-se no físico como uma maneira de esquecer o emocional. Mas o que quer que fosse, ela queria mais dele, e se o seu corpo tinha dito algo a ela na noite passada, era de que ele não objetaria.
Ela levantou a bolsa com seu laptop por cima do ombro e agarrou a bolsa de ginástica com a troca de roupa do banco de trás. Apitou seu carro o trancando, e se dirigiu para as escadas em forma de leque de tijolos, mas antes de ela colocar o pé no degrau mais baixo, alguém abriu a porta.
 Emma olhou para cima, seu coração batendo em antecipação. Mas era só... Louis, esse era o seu nome. Ele estava na porta aberta, sorrindo agradavelmente e sem sequer um vislumbre de presas.
— Boa noite, Srta. Duquet. — disse ele educadamente, em pé perto para que ela pudesse entrar. — O Senhor Duncan está esperando por você.
Senhor Duncan?
— Hum, obrigada. — disse ela, tentando não incomodar. — Existe algum lugar... — ela ergueu a bolsa de ginástica em silêncio, perguntando se havia algum lugar que ela pudesse se trocar. Aparentemente, ela deveria ter sido mais explícita, porque Louis pegou a bolsa dela e foi até a sala onde ela conheceu Duncan na outra noite, a sala com os livros. Emma seguiu, mas parou na porta para olhar. Os livros se foram e com isso a sala. Bem, não exatamente, a sala ainda estava lá, mas parecia completamente diferente. As paredes estavam nuas e pintadas de um suave, quente e calmante bege, e os móveis pareciam algo que você encontraria em um consultório dentário bem equipado.
— O que aconteceu com os livros? — ela perguntou. — E os abajures Tiffany?
 Louis deu-lhe um sorriso contagiante.
— Meu senhor gostou da sala, então óos mudamos para ele.
Emma piscou.
— A sala inteira? — ele acenou com a cabeça.
— Perto o suficiente. — ele deixou cair sua bolsa de ginástica no chão da sala de espera recentemente remodelada e indicou a bolsa sobre o ombro dela. —Você pode deixar aqui, por agora, também.
— Ela tem o meu laptop.
Ele piscou.
— Vai ser perfeitamente seguro aqui. Honestamente.
Emma fez uma careta quando sentiu vergonha aquecer suas bochechas. Ela deixou a bolsa deslizar pelo braço e encostou-o cuidadosamente em cima da bolsa de ginástica. Louis assentiu e gesticulou pelo corredor atrás da escada.
— Eles estão no ginásio. Venha, vou lhe mostrar.
Emma abriu a boca para protestar, ela estava mal vestida para o ginásio, mas Louis decolou tão rapidamente que ela se viu correndo para acompanhar. Ela o seguiu por um corredor escuro que passou para a direita sob as escadas. Ele cruzou um corredor iluminado que parecia correr o comprimento da casa em qualquer direção. Louis virou à direita e seguiu em frente, olhando uma vez por cima do ombro para se certificar de que ela ainda estava com ele.
Emma ficou impressionada com a mudança de sua primeira noite aqui, quando ele tinha sido tão calmo e vazio. Ela só tinha visto Duncan e Miguel, naquela noite, e só havia sussurros como em uma igreja. Mas agora a casa estava cheia de ruído. Por um lado, parecia que alguém estava derrubando as paredes no andar de cima, e ela podia ouvir gritos e sons que emanavam batendo abaixo de seus pés, provavelmente no porão. Claramente, a ex-biblioteca não é a única sala que está sendo renovada. Ela pegou o olhar assustado de um homem que estava trabalhando sobre uma mesa de desenho em um dos quartos que ela passou. É outro homem ou um vampiro? Este era mais baixo do que ela, e magro, quase derrubou-a devida à maneira como ele correu para fora de uma porta na frente e se dirigiu de volta. Emma ainda estava recuperando o fôlego desse encontro, quando um enorme barulho ecoou da direção da porta da frente.
Ela pulou ao som e olhou ansiosamente por cima do ombro, mas Louis apenas sorriu quando ele girou para enfrentá-la e andou para trás alguns passos.
— Não se preocupe, Sra. Duquet. É apenas um pouco de reforma. Vamos, estamos quase lá.
"Lá" acabou por ser uma ampla e aberta sala de teto alto, que ela estava certa de ter sido originalmente uma sala de banquetes, não o ginásio que atualmente era. Os vampiros tinham limpado e colocaram algum estofamento no chão, mas não tiveram tempo para pintar. Ela ainda podia ver as descolorações nas paredes onde uma obra enorme de algum tipo havia estado pendurada. E depois havia o embelezamento do lustre gigante no centro do teto alto, o que certamente nunca foi destinado a testemunhar vampiros suados. Incongruente, ainda havia dourado, pesadas cortinas de brocado puxadas em cada janela, com guirlandas de veludo e cordas torcidas de ouro.
— Fique aqui. — disse Louis baixinho, e Emma percebeu que havia uma briga acontecendo fora nas esteiras. Quatro outros vampiros estavam contra a parede de fora. Eles estudaram sua desconfiança até Louis fazer algum tipo de coisa complexa de linguagem gestual, e todos eles voltaram sua atenção para o centro do quarto. Emma seguiu o exemplo e piscou para o que encontrou lá. Dois machos, despojados de tudo, somente calças de kimono frouxamente amarradas, seus pés e peitos nus, estavam engajados em uma batalha de artes marciais em chamas que se movia para trás e para frente da sala tão rápido que era quase um borrão. Um deles tinha cabelo escuro e curto, ela podia ver bem, e o outro... Emma prendeu a respiração.
 Era Duncan. E o outro lutador era seu tenente, Miguel. E chamar o que eles estavam fazendo uma luta não fazia justiça. Era mais uma dança, embora sem dúvida que seria mortal, se eles quisessem que fosse. Os dois eram puramente letais, quando estalaram pontapés após chute, parecendo desafiar a gravidade quando giravam no ar, em seguida, mudando de tática para atender um turbilhão de punhos e grunhidos, cada bloqueio, quando tomavam muitos golpes.
 Emma estremeceu quando o som de carne batendo na carne ecoou pelas paredes nuas, alguns dos golpes tão poderosos que ela sabia que um humano estaria no chão e gritando há muito tempo. Ela abafou um suspiro, a mão sobre a boca, quando Miguel conectou um soco forte que atingiu a mandíbula de Duncan. Mas isso não o impediu. Duncan fluiu com o golpe, abaixando-se e girando no ar, uma perna voando fora como um aríete, atingindo o lado do pescoço de Miguel. Miguel curvado sob o golpe cambaleou brevemente, em seguida, veio novamente com os dois lutando cara-a-cara, uma vez mais, se deslocando para trás e para frente ao longo do chão, nenhum deles parecia ser superior ao outro.
De repente, Duncan pra foi baixo, cravando seu ombro no estômago de Miguel. Ele jogou Miguel sobre suas costas e mandou-o pelo menos dez metros no ar. Miguel aterrissou com um estalo na madeira dura, apesar das esteiras pesadas. Inacreditavelmente, ele estava de pé em um instante, inclinado para trás como se os dois fossem de igual para igual, como dois pugilistas pesos pesados ??sem instintos de sobrevivência. Punhos cerrados, trocaram golpe após golpe, até que ambos estavam sangrando, até que Miguel de repente agarrou o braço de Duncan, mergulhou e girou, lançando-o sobre seu ombro.
 Duncan pareceu sorrir, a boca pingando sangue, dentes brilhantes quando ele tomou várias medidas em execução e voou no ar, seus pés batendo no peito de Miguel, uma, duas, três vezes que enviou o vampiro de cabelos escuros voando para trás na terra plana da esteira com outro baque duro. Ou talvez não tão árduo para um vampiro, porque Miguel chegou a seus pés novamente, rindo como um lunático.
— Você tem praticado, velho. — disse ele, assumindo uma postura defensiva mais uma vez.
— É senhor velho para você, mocinha. E talvez você esteja ficando preguiçoso. — Duncan provocou.
— As palavras são baratas, meu senhor. — Miguel rosnou. E foi a vez de Duncan rir.
Ele ainda estava rindo quando passou a olhar por cima e viu Emma. Ele levantou uma mão em palma, para fora, para parar Miguel, então inclinou a cabeça ligeiramente quando tomou a vista improvável de Emma em pé em seu ginásio vestindo seu terno cinza escuro e saltos altos. Ele sorriu para ela, seu firme e musculoso peito arfante, brilhando de suor, calças de cordão penduradas baixo nos quadris estreitos para revelar um abdômen plano e apenas um vislumbre do estreitamento doce de músculo na virilha de um homem.
Emma olhou, a boca seca e seu coração torcendo estranhamente em seu peito. Ela o queria. E se a fome no rosto de Duncan fosse qualquer coisa para passar, ele a queria também.
 Ou talvez ele estivesse apenas com fome. Tal como por sangue. Ela observou com cautela enquanto Duncan rondou para ela, seus quadris rolando como um grande gato, seu olhar para cima e para baixo em suas formas antes de se estabelecer em seu rosto com um piscar de olhos preguiçosos e lentos.
— Emma. — sua voz era um ronronar sedutor que transformou seu nome em uma carícia. Ela molhou os lábios nervosamente, e em seguida, pegou-se, recusando-se a dar-lhe a satisfação de saber que ele mexia com ela.
— Hey. — disse ela, satisfeita em como normal sua voz soou. — Você me queria aqui uma hora depois do pôr do sol. Aqui estou eu.
— Aqui está. — repetiu ele, com os olhos mergulhando para verificar a sua figura mais uma vez. — Você está muito bonita esta noite.
— Ah. Bem, obrigada. — foi uma coisa cavalheiresca de dizer, o tipo de coisa que os homens jovens aprendiam em sala de aula de baile. Emma não sabia se ele realmente quis dizer isso, ou se só estava sendo educado. Embora educado não fosse a palavra que ela usaria para descrever a forma que ele estava olhando para ela. Não, nada educado nisso.
— Eu trouxe roupas para me trocar... — disse a ele, determinada a ter o controle da conversa novamente... se ela já teve isso antes. — Eu usei essas para o sepultamento esta manhã e... — um olhar de espanto genuíno atravessou o rosto de Duncan, e ele deu um passo mais perto de súbito, escovando as costas de seus dedos por sua bochecha.
— Perdoe-me. — ele murmurou. — Eu não me lembrei. Como você está?
Emma piscou para ele, sentindo o calor de seu corpo grande, inalando o cheiro, limpo e masculino de seu suor. Ele estava tão perto e seus saltos eram tão altos que se ela levantasse um pouquinho, seus lábios se tocariam.
— Eu estou bem. — ela sussurrou. — O Sr. Pettry foi muito gentil.
— Se você precisar de mais tempo, isso pode esperar. Você...
— Não. — ela disse imediatamente, cortando o resto de suas palavras. —Eu quero fazer isso. Eu preciso fazer isso. — seus lábios ligeiramente curvaram, e ela pensou ter visto algo como respeito em seus olhos.
— Muito bem. — disse ele. — Louis vai lhe mostrar um quarto onde você pode se trocar.
Ele olhou além dela para onde o outro vampiro esperava.
— Um dos quartos dos hóspedes, Louis, com um banheiro. Você sabe melhor do que eu o que está disponível. E em seguida, leve a Srta. Duquet para o centro de segurança. Phoebe irá mais tarde para trabalhar com ela.
— Sim, meu senhor.
Duncan deu um passo para trás, afastando-se dela para pegar uma toalha que Miguel jogou para ele. Ele esfregou-a sobre o rosto e pescoço, e ela notou um tom muito leve de rosa em seu suor.
— Eu tenho que tomar banho e me trocar. — disse ele, em seguida, levantou a mão, mal tocando os seus lábios. — Nós vamos nos ver em breve outra vez.
Emma enfiou a mão no bolso de seu casaco para não tremer enquanto observava Duncan passear pela sala, seguido por Miguel. Os outros vampiros haviam se movido para o chão do ginásio e estavam envolvidos em mais episódios de luta. Ela não poderia ter dito o que era. Ela não sabia o suficiente sobre qualquer um deles. Sua única experiência com artes marciais foram duas semanas de uma desastrosa classe que ela tinha tomado na faculdade. Cada centímetro do seu corpo tinha doído, não, doer era muito gentil para como ela se sentia. Seu corpo tinha se ferido, e ela finalmente decidiu que tinha que haver uma maneira melhor de se manter em forma.
— Você está pronta, Srta. Duquet?
Emma virou a cabeça para olhar para Louis. Aparentemente, ela tinha ficado sonhando acordada. Meu Deus, pensou ela. Eu me pergunto por quê?
— Obrigada, Louis. — disse ela em voz alta. — E, por favor, me chame de Emma. — acrescentou enquanto seguia-o de volta para o corredor. Depois de cerca de 10 passos, ela pensou em perguntar. — Quem é Phoebe?
— Uma amiga. Ela trabalha com o FBI. Duncan a chamou para Leesburg a outra noite. Isolei alguns compostos de vídeo, e Phoebe executou através de algum software de identificação que ela tem acesso.
Emma não se lembrava de ter visto uma mulher entre os vampiros de Duncan, mas não havia muito sobre aquela noite que era um borrão.
— Eu não a conheci, certo?
Louis parou o tempo suficiente para dar-lhe um olhar estranhamente intenso.
— Não. — ele disse finalmente. — Ela chegou depois que você se foi.
Ele começou a andar de novo, e Emma franziu a testa em suas costas. Havia algo que ela perdeu? Talvez Duncan e Phoebe eram mais que apenas amigos. E talvez Louis estivesse perto de Phoebe e se ressentia da óbvia tensão sexual entre Duncan e Emma. Ou talvez Emma estivesse deixando sua imaginação correr em sua cabeça como um cachorro esquizofrênico.
 Sim, era provavelmente isso.
 Depois de voltar para a sala de espera para recuperar suas coisas, Emma pegou sua bolsa e laptop, enquanto Louis levava a bolsa de ginástica para o andar de cima por ela. Ela não se importava com as outras coisas. Era bom. Então, ela deixou Louis levar sua bolsa de ginástica para um quarto no segundo andar. Ele deixou cair no pé da cama e saiu rapidamente para fora do quarto.
— Estamos trabalhando bem ali. — disse ele, apontando. — Junte-se a nós quando estiver pronta. Você não vai se perder.
— Obrigada. — disse Emma. — Eu não vou demorar muito.
— Não se apresse. — ele deu um sorriso enorme. — Nós vamos ficar aqui a noite toda.
 Emma riu respeitosamente, esperando até que ele desaparecesse no corredor antes de fechar a porta. Ela olhou em volta. Era um bom quarto. Com muitos babados, e não realmente ao seu gosto, mas a mobília era bonita e tudo estava impecável. E havia um banheiro. Ela correu nessa direção, foi tão corrido sair do edifício do Capitólio antes que alguém a parasse, que ela tinha ignorado essa necessidade particular.
Lavando as mãos, olhou para seu reflexo no espelho sobre a pia e se perguntou por que nenhum homem, muito menos Duncan, lhe daria uma segunda olhada. Ela parecia horrível. Muitas noites com pouco sono tinham colocado círculos escuros e roxos sob seus olhos. E eles eram ainda mais evidentes, porque sua pele era pálida. Ela não se incomodou em usar rímel esta manhã. Mesmo o batom se foi, provavelmente mastigado no caminho até aqui. Seu rosto era uma mancha grande, pálida, com os olhos cansados, e estava se completando por um emaranhado escuro de cabelo bagunçado. Adorável.
Ela suspirou e se afastou. Ela tinha uma escova de cabelo na bolsa, e um pouco de gloss não poderia doer tanto.
Foi apenas uma questão de minutos antes de os Jimmy Choo terem mudado de lugar com os Nikes na bolsa de ginástica, junto com suas dobradas roupas de escritório. Ela terminou de amarrar os sapatos e cruzou para o banheiro para estudar seu reflexo mais uma vez. Ela parecia melhor. Não ótimo, mas definitivamente melhor. Ela usava um jeans desbotado, solto o suficiente para ser confortável, mas apertado o suficiente para que ela soubesse que parecia bem. Emma trabalhava duro para se manter em forma e não importava em deixar transparecer. Qual era o ponto de outra forma? Junto com os jeans, ela usava uma camiseta branca de algodão, e um moletom com zíper, mantendo-o só para caso de necessidade. Ela colocou o tubo de brilho labial no bolso lateral de seu capuz e deixou o resto de suas coisas onde elas estavam.
 Ela abriu a porta e virou-se na direção que Louis havia indicado. Ela já podia ouvir um zumbido constante de conversação e cliques de teclas do computador, às vezes pontuadas por palavrões viciosos em uma variedade de idiomas. Ela seguiu o barulho baixo do salão para outra sala de paredes nuas, esta muito menor do que no andar de baixo do ginásio. Provavelmente foi concebido como um quarto, mas agora tinha uma mistura de mesas e escrivaninhas colocadas em ângulos casuais com nenhum padrão óbvio. Computadores e outros equipamentos por toda parte, e os vários tipos de cabos entre eles eram um desastre à espera de acontecer quando serpenteavam e torciam de mesa em mesa e por todo o chão. Embora, talvez os vampiros não tivessem que se preocupar como ela.
Ela franziu o cenho. Se este era o seu centro de segurança, ela não estava impressionada. Esperava algo mais profissional da equipe de Duncan, ou pelo menos mais ordenada.
Louis veio até ela e deve ter visto a dúvida em sua expressão, porque ele disse:
— É temporário, até chegarmos à nova sala equipada lá embaixo.
Emma forçou-se a sorrir.
— Contanto que funcione, isso é o que importa. — disse ela.
— Oh, isso funciona. — Louis assegurou. — Eles podem não parecer muito bons, mas... — um coro de rosnados saudou esta avaliação e ele riu. — Mas eles são alguns dos melhores operadores do mundo. Entre nós, não há um código que não possa quebrar, ou um sistema que não pode cortar.
Emma riu tanto de sua rima quanto do seu entusiasmo. Foi contagiante, e ela encontrou vontade própria crescendo. Finalmente, ela estava fazendo algo positivo. Cuidando de Lacey, organizando seu funeral e colocando seu corpo para descansar... o que foi absolutamente necessário, e Emma estava com um dever amorosamente cumprido. Mas não tinha feito nada a respeito de ver a justiça feita sobre aqueles que a tinham matado. Hoje à noite, Emma iria começar o dever mais solene de todos, e que era encontrar quem foi o responsável e fazê-los pagar.
 É claro, os primeiros passos nesse caminho envolviam estar sentada em um computador e fazer uma pesquisa básica. Emma pegou com Louis fotos a partir dos vídeos e estavam cortadas em uma única página, com a ideia de excluí-los um por um até que não houvesse mais nenhum. Uma hora mais tarde, ela conseguiu identificar apenas duas das mulheres, e essas foram apenas porque ela se encontrou com elas em uma festa de aniversário de Lacey ano passado. Mesmo assim, ela tinha apenas os seus primeiros nomes e nenhuma ideia de onde trabalhavam ou viviam Mas o resto delas... Ela balançou a cabeça. Tinha que haver uma maneira melhor de fazer isso.
Ela empurrou de volta do computador e tomou um longo gole de água da garrafa que Louis deixou em sua mesa há algum tempo atrás. Ela olhou pensativa para as fotos. Havia dezenas de milhares de jovens, mulheres profissionais que viviam ou trabalhavam em Washington, DC. Então ela teve que reduzi-lo de alguma forma. Primeira pergunta, como é que Victor atendia a essas mulheres? Pelo que Duncan e os outros tinham dito sobre o vampiro e seus hábitos, ela deduziu que ele tinha limitada interação social com os seres humanos. Ele tinha ido para a arrecadação de fundos ocasionais, mas ele participara apenas dos encontros sociais marcando um convite por um golpe de sorte. Ele havia dado partes de seu próprio país, mas parecia que ele tinha apenas convidado os legisladores e lobistas. Nenhum dos habituais sociáveis doyennes foi convidado, não tinham estrelas de Hollywood, ou até mesmo os tipos de mídia de grande nome.
Emma franziu o cenho. Então, talvez a maioria das mulheres foram pegas ao acaso mesmo. Não somente legisladores, e não lobistas, também. Mas suas secretárias e assistentes, mulheres jovens ansiosas por uma oportunidade de conviver com o poder. Mulheres como Lacey. Emma se endireitou. Era isso! E ela tinha uma maneira muito melhor de identificá-los se ela estivesse certa.
— Eu estarei de volta. — disse ela para ninguém em particular, e correu pelo corredor até a sala onde tinha deixado suas coisas, incluindo sua bolsa e laptop. Apressando-se para o quarto de babados, ela caiu de joelhos e arrastou a bolsa enorme de debaixo da cadeira onde ela enfiou anteriormente. Ela tirou o computador e o abriu, esperando impacientemente enquanto ele ligava e procurou para conexão da casa Wi-Fi gratuito. Ele pediu uma senha, e ela xingou em frustração. Ela deveria ter pensado nisso.
Ela empurrou a bolsa para fora do caminho de novo e puxou as pernas debaixo dela para sentar quando alguém bateu de leve na porta e abriu.
— Emma?
Ela procurou o som da voz de Duncan, seu sorriso se abriu quando ele entrou à vista. Ela só podia olhar. O suado e sem camisa se foi, e em seu lugar... ela suspirou de prazer. Emma amava um homem em um smoking, mas Duncan em um smoking tirava o fôlego. Lacey teria reconhecido o estilista que era responsável; Emma só sabia que Duncan deveria ter estampado as páginas da revista de moda exclusiva. Ele tinha um corpo feito para roupa formal, com ombros largos e quadris estreitos, e o smoking foi adaptado para enfatizar a perfeição. Era simples e preto, com lapelas estreitas, entalhadas e um pequeno punho branco. Seu longo cabelo loiro foi puxado firmemente longe de seu rosto, de modo que seu cabelo parecia quase curto visto de frente.
— Emma. — ele repetiu, segurando a mão para ela.
 Ela suspirou e colocou o computador debaixo do braço, segurando a outra mão para que ele pudesse puxá-la para levantá-la. Ele era realmente demais. Foi como se as parcas tivessem descoberto o homem perfeito, e dissessem: "Aqui, Emma, ??ele é todo seu." Só que ele não era. Ele era um vampiro poderoso e, provavelmente, tinha todos os tipos de mulheres bonitas que disputavam sua atenção. Ela sufocou o impulso irracional de ciúme que pensou equivocada, e conseguiu encontrar o seu olhar com um sorriso travesso.
— Você está muito bonito esta noite, Duncan. — disse ela, enfatizando seu próprio sotaque para deixá-lo saber que ele não era o único que sabia falar. Seus olhos castanhos plissaram ??em diversão.
— Obrigado, Srta. Duquet. Você é muito gentil.
 Ela apertou os lábios, pensativa.
— Mas, obviamente, você não estará ajudando no departamento de pesquisa hoje à noite.
— Não, não estou. Embora, honestamente, eu preferia estar fazendo isso. Infelizmente, tenho um evento para angariar fundos para participar. Black tie. - acrescentou, gesticulando com desdém em seu smoking. — Estava no calendário de Victor, mas eles vão me receber em seu lugar. Confesso que estou esperando para me encontrar com alguém útil para a nossa atual investigação.
 Emma ficou séria imediatamente.
— Você precisa ter cuidado, então. Miguel vai com você? — seus olhos aqueceram brevemente com humor.
— Miguel e Ari, ambos. Eu vou estar muito seguro. Estou mais preocupado com você. Agora, os homens que mataram Lacey devem saber que seu corpo foi encontrado. A história que você contou, que ela morreu em um acidente de carro é provavelmente o que os tem deixado de fora até agora. Mas depois de hoje à noite, saberão com certeza que Victor está desaparecido, e ficarão nervosos novamente. Especialmente se não há qualquer indício de que você está verificando as atividades de Lacey antes de sua morte.
— Ninguém sabe que estou aqui, muito menos o que estou fazendo. Eu disse a eles no escritório que tinha algumas coisas para cuidar. Eles vão assumir que tem a ver com a morte de Lacey, mas nada fora do comum.
Duncan inclinou a cabeça em reconhecimento, mas disse:
— Ainda assim, eu me sentiria melhor se você não estivesse sozinha em sua casa. Temos muito espaço aqui, você sabe, e ninguém iria incomodá-la.
Emma esperava que Duncan realmente não pudesse ler seus pensamentos direito, então, porque ela não se importaria, se ele a incomodasse. Sua expressão mudou, tornando a intenção de repente maior, e Emma corou, convencida de que, mais uma vez, ele sabia o que ela estava pensando. Ele tocou seus dedos no calor de sua bochecha vermelha e se inclinou um pouco mais perto.
— Eu não quero que nada aconteça com você, Emmaline. — ele murmurou, e roçou os lábios contra os dela em um beijo suave, muito fugaz. Emma olhou para ele.
— Por que você me chama assim? — ela sussurrou.
— Porque é o seu nome e eu gosto. É antiquado.
— Você é o único que usa.
— Bom. — ele a beijou novamente, mais desta vez, não tempo suficiente.
— Nós vamos conversar mais tarde.
E foi assim que ele se foi. Emma ficou olhando-o com frustração. Quando ele fazia coisas assim, ela tinha certeza de que a queria, assim como tinha certeza no ginásio quando o calor escaldante entre eles tinha queimado sua pele. Mas depois ele voltava a ficar distante, ou sabe-se lá o que mais, e desaparecia, deixando-a quente, incomodada e pensativa.
Ou talvez ela estivesse apostando muito no que era para ele nada mais do que um leve flerte. Talvez ele não estivesse procurando por algo mais que algumas horas de gratificação sexual. Várias horas quentes, suadas e satisfatórias.
 Emma riu baixinho. Sim, ela poderia fazer isso. Mas então suspirou, sabendo muito bem. O que ela sentia por Duncan era mais do que simples luxúria. Talvez não um compromisso de vida, ainda não, de qualquer maneira, e talvez nunca, mas era mais do que algumas horas de sexo suado e satisfatórias. Claro, isso não significa que ela recusaria a oportunidade, se ele oferecesse. Especialmente desde que ela tinha a sensação de que essas seriam as melhores horas de sua vida.
Sacudiu-se para fora das fantasias piscando em seu cérebro e correu de volta para a sala de informática. Ela não podia fazer nada sobre Duncan e seu apelo condenável, mas definitivamente poderia fazer a diferença na identificação de algumas das pessoas na lista de Victor. Ela agarrou o laptop de forma mais segura. Ela não era um hacker de computador como Louis e os outros vampiros, mas era uma colecionadora compulsiva de informações. E as informações em seu computador poderiam ser exatamente o que precisavam.
 
****
Duncan subiu as escadas de tijolos velhos da casa particular onde o senador Max Grafton estava oferecendo o jantar. Estritamente falando, é claro, não era o senador que estava oferecendo a arrecadação de fundos, mas um dos seus apoiadores. Alguém rico o suficiente para pagar esta moradia em Georgetown que era muito pequena, quando se tratava de quatro andares. Miguel caminhava ao lado dele, e Ari permaneceria com o SUV. Ele ignorou o manobrista, mas provavelmente não era o único. Este tipo de caso não atraía nada, apenas os convidados ricos, as pessoas que poderiam ajudar o senador reeleito com um cheque e outros persuadindo a se juntar a eles. Duncan também sabia por experiência própria que, apesar dos protestos oficiais em contrário, dinheiro falava. Se você doasse dinheiro suficiente para o político certo, compraria o político e muitas vezes o seu voto também. Foi assim pelo tempo que alguns seres humanos tinham sido levantados em posições de poder, e sempre seria.
Um toldo discretamente colorido estava esticado acima da varanda em frente da casa, e dois tipos de segurança estavam parados no pequeno quadrado para os convidados. Seus olhares patinaram sobre Duncan, mas permaneciam em Miguel que não escondia que ele era um guarda-costas altamente treinado e motivado. Ele também estava armado, mas isso também não era incomum. Em um encontro como este não haveria segurança privada, e todos estariam armados. Eles não poderiam fazer o seu trabalho de outra forma. Os homens que guardavam a porta não sabiam, mas Miguel provavelmente poderia ter feito seu trabalho tão bem sem a arma. Além disso, Duncan poderia fazer o trabalho de Miguel. Até poucos dias atrás, uma grande parte de seu trabalho foi a de proteger Raphael. Mas isso foi antes de ele se tornar um lorde vampiro sozinho, e agora seu mundo tinha mudado para sempre. Ele ainda não estava certo se preferia desta forma, mas já era tarde demais para arrependimentos.
Miguel avaliou os guardas, que fizeram o mesmo com ele. Nenhum deles deu qualquer indicação de seus pensamentos, nem mesmo uma contração de um músculo. Mas Duncan sabia que os dois guardas humanos estavam tanto incomodados e intrigados quanto Miguel, sentindo que havia algo de diferente nele, mas sem saber o quê. Eles não sabiam ainda que Miguel e Duncan eram ambos Vampiros. Ainda não.
Miguel entregou o convite de Duncan, o convite do Victor, mas era de Duncan agora. Ele sorriu tristemente com o pensamento, mesmo enquanto observava os olhos do guarda alargar quando leu o nome. O ser humano se esticou, fez uma reavaliação rápida de Miguel, em seguida, atirou um olhar para Duncan, que conheceu sua olhar com calma.
— Senhores. — disse Duncan finalmente. Ele colocou um pouco de poder sobre ele, cansado de ser obrigado a esperar na varanda como um advogado indesejável.
O guarda mais próximo da porta saltou com o lembrete. Independentemente dos seus sentimentos sobre vampiros, Duncan era um convidado em uma festa onde somente os mais poderosos eram bem-vindos. O guarda abriu a porta e deu um passo para o lado, pressionando-se contra a parede para evitar acidentalmente roçar em Duncan quando ele passasse. Duncan sorriu, divertido, imaginando o que teria o homem temido. Será que ele achava que o vampirismo era contagioso? Que se ele tocasse Duncan, se transformaria em um animal babando? Mas, não, o guarda estava transmitindo suas emoções como uma banda de metais. Ele estava apavorado, mas não de pegar uma doença. Ele tinha medo de Duncan sozinho, como se Duncan fosse um animal selvagem que poderia virar a qualquer momento e rasgar sua garganta sem nenhuma razão. Duncan suspirou interiormente. O homem era um tolo, mas educar seres humanos mal informados não era o seu propósito aqui esta noite.
 Ele entrou na casa lotada, e imediatamente estremeceu com o nível de ruído. Diretamente em frente a ele tinha um corredor escuro, e à direita uma escada estreita que torcia-se sob o teto baixo. Algumas pessoas permaneceram na escada, indo para cima ou para baixo, mas a maior parte do os hóspedes que ele podia ver estavam em uma sala ao lado. Uma lareira dava ao quarto uma sensação de boas-vindas, mas não era necessário adicionar qualquer calor. Não com todas aquelas pessoas de pé e falando sem parar. Havia mais pessoas no andar de cima, ele podia ouvi-los conversando e rindo. Mais opressivo do que o ruído, porém, foram as emoções de muitas mentes em um espaço confinado.
Duncan manteve o rosto cuidadosamente impassível, mas foi um esforço. Esta era uma casa grande, como essas coisas eram, e talvez com menos pessoas parecesse mais espaçosa. Mas como estava, Duncan sentiu como se estivesse sendo espremido por todos os lados por seres humanos que mantinham um constante fluxo de diálogo, mas tinha muito pouco a dizer.
— Embaixador Milford? — uma voz de mulher chamando seu último nome chamou-o para fora de seus pensamentos. Ele olhou para cima para ver uma matrona elegantemente vestida vindo em sua direção, seus saltos muito altos fazendo barulho, batendo no chão de mármore xadrez que lembrou que o pátio em frente do que costumava ser a casa de Alexandra, em Malibu. A mulher humana se aproximava, o olhar curioso nunca deixando seu rosto. Ela era atraente para sua idade e elegante, com o sorriso perfeito de uma anfitriã profissional.
— Nós recebemos a notícia que você se juntou a nós, embaixador.
Duncan inclinou a cabeça.
— Senhora... — disse ele.
— Perdoe-me. — ela disse, e riu quando se aproximou o suficiente para estender uma mão. — Whitlow, Margery. Estou muito feliz em conhecê-lo.
Duncan tomou sua mão e apertou com cuidado, sentindo o movimento dos ossos frágeis sob seus dedos.
— Sra. Whitlow, é claro. — disse ele, lembrando o nome do casal de hospedagem de convite de Victor.
— Oh, me chame de Margery. — ela disse, e riu de novo. Ela tinha um sorriso agradável e genuíno, não algo que normalmente encontrava em festas assim, Duncan pensava. — Sra. Whitlow é tão abafado. — acrescentou. Seu olhar se desviou para Miguel, mas ela não disse nada, claramente rejeitando-o como mais um guarda-costas. — O senador Grafton ficou intrigado quando lhe disse que sua equipe havia chegado. Nenhum de nós sabia que Victor estava indo embora. Deve ter sido bastante repentino.
— Foi. — disse Duncan sem se comprometer.
Margery parou por um momento, provavelmente esperando que ele oferecesse uma explicação. Quando ninguém disse nada, no entanto, ela se recuperou com destreza.
— Você tem trabalho pesado, fixando-se em um novo posto em prazo tão curto. Foi bom você ter tempo para nós.
— Ao contrário, Margery. — disse Duncan. Ele deliberadamente atando suas palavras com um toque de sedução, e sentiu a corrida de um pouco de emoção que ela sentiu quando ele disse seu nome. — Há muito para fazer em casa, mas as casas sempre podem esperar. — ele disse suavemente. — Estou muito satisfeito com esta oportunidade para atender o senador Grafton - e você também, é claro.
Margery corou com prazer, e Duncan sorriu.
— Margery! — uma mulher com mais perfume surgiu de uma das salas laterais, com os braços estendidos para um abraço. — Senti sua falta quando entrei. — Margery se afastou de Duncan com óbvia relutância, seu olhar persistente em seu rosto, mesmo quando seu corpo virou-se para cumprimentar a outra mulher.
— Gloria. — ela emocionou-se com entusiasmo totalmente falso. — Quanto tempo, querida?
 Duncan aproveitou a distração para mover-se entre outros convidados. Miguel permaneceu perto da porta e Duncan deslizou pelo aglomerado de pessoas, recolhendo nomes e petiscos de fofoca, se apresentando a pessoas encantadoras e os moradores. Ele era bom nesse tipo de coisa, muito melhor do que Raphael, e seu pai seria o primeiro a admitir isso. Raphael em seu mais humilde e encantador, ainda era maciçamente intimidante. Ele não poderia mudar, era simplesmente o que era. Duncan, por outro lado, tinha a capacidade de acalmar as pessoas a esquecer o que ele era.
Ele estava em profunda conversa com a esposa de um famoso autor francês, modestamente aceitando os elogios sobre seu sotaque impecável, quando Margery tocou seu cotovelo.
— Embaixador. — disse ela ansiosamente. — Eu tenho negligenciado você. Venha. Você deve ver o senador Grafton. Ele está no quarto principal no andar superior.
Ela entrelaçou o braço no dele e puxou-o em direção à escada. Miguel se esticou, mas Duncan chamou sua atenção e acenou com ele. Com alguns vampiros, sua familiaridade poderia ter sido fatal, mas Duncan foi muito usado por seres humanos para ser ofendido. Além disso, Margery não era uma pessoa má, na medida como ele poderia dizer. Seus mais fortes sentimentos em relação a ele eram curiosidade misturada com luxúria, que foi, em parte por sua própria culpa.
Ela lançou seu braço quando chegaram as escadas, o que era simplesmente muito estreito para tanta intimidade. Duncan seguiu em uma discreta distância, o fantasma de Miguel atrás dele como uma sombra. Ele tinha chegado à torção na escada quando outro homem entrou em vista, no sentido oposto. Ele tinha um rosto corado, que dizia que era muita bebida nas muitas noites, e ele estava carregando um copo de cristal de líquido âmbar que derramou de forma imprudente quando ele virou para baixo. Duncan podia sentir o cheiro de uísque turfoso sob o fedor de suor. O homem olhou para cima e Duncan o viu vindo em sua direção. Ele quase tropeçou em reconhecimento que obviamente chocou de tal forma que não havia dúvida de que ele sabia quem era Duncan.
Duncan estudou seu rosto em troca, observando as características brutas e cicatrizes de um atleta cujos melhores anos estavam atrás dele.
— Miguel? — ele perguntou ao seu tenente em um segmento estreito telepático. Miguel era seu filho. Por isso, o outro vampiro era como uma extensão de Duncan.
— O deputado Dean Kerwin, meu senhor.
 Interessante, pensou Duncan. E o homem estava nervoso ao ver Duncan. Ele acenou para o congressista, como se soubesse quem ele era, mais para o prazer de ver o nervosismo do homem de surpresa do que qualquer outra coisa.
— Aí está você. — Margery falou quando ele pisou no segundo andar. —Eu continuo a perdê-lo. — ela enganchou o braço no dele novamente e levou-o para um canto da outra sala estreita, esta com, felizmente, menos pessoas dentro.
— Max. — disse ela, aproximando-se de dois homens profundos em uma conversa. — Este é o embaixador Milford.
Max Grafton era um homem pequeno e atarracado, com um rosto afilado e olhos inteligentes. E, ao contrário do congressista Kerwin, Grafton estava completamente sóbrio. A taça de champanhe na mão esquerda, foi artisticamente drenada pela metade, mas não havia uma sugestão de cheiro de álcool sobre ele. Ele virou-se longe de seu companheiro e estendeu a mão direita para Duncan em saudação.
— Embaixador. — ele disse suavemente, sua voz surpreendentemente profunda para um homem do seu tamanho.
— Senador. — Duncan respondeu, dando-lhe um firme aperto de mão.
— Obrigado, Margery. — disse Grafton em demissão óbvia de sua anfitriã. Margery fez um leve som de protesto que ninguém, só um vampiro, teria ouvido, em seguida, abriu um grande sorriso e se virou para Duncan.
— Eu espero que nós possamos nos falar novamente mais tarde, embaixador.
 Por um capricho da gentileza, Duncan pegou seus dedos e levou-os aos lábios, levemente beijando as costas da mão.
— Seria um prazer, Margery. — disse ele deixando o mel de seu sabor da educação do sul, derreter as palavras. Margery levantou a mão que ele tinha beijado com a bochecha corada.
— Oh, meu... — disse ela. — Você é um daqueles garotos charmosos do sul. Vou ter que avisar as senhoras.  — ela riu de novo dessa forma encantada, em seguida, correu em seus saltos altos. Duncan voltou a tempo de ver um flash de olhar azedo no rosto de Grafton, antes que fosse rapidamente apagado.
— Brad. — Grafton disse a seu companheiro. — Dê-nos um momento?
— É claro. — disse o homem e atravessou o corredor para mais uma sala cheia de pessoas.
— Então. — disse Grafton, chamando a atenção de Duncan. — Duncan Milford, não é? Eu não acho que Victor já usou um sobrenome.
Duncan não conseguia pensar em nada para dizer a esse comentário bastante fútil, então ele permaneceu em silêncio, estudando o homem na frente dele e pensando na hostilidade que conseguia sentir rolando do senador. Ele decidiu em um ataque frontal.
— Victor falou muito bem de você, senador. — disse ele. Era uma mentira, claro. Victor não tinha falado com Duncan sobre ninguém, nem nunca mais falaria, mas Duncan estava curioso para ver que reação teria Grafton. O senador cresceu mais ainda, aqueles olhos inteligentes buscando o rosto de Duncan, como se esperando uma pista de algum tipo. Não que ele encontraria uma.
— Será que ele fez? — disse ele finalmente. — Eu não esperava que o meu nome chegasse a todos. — Duncan sorriu conscientemente, como se divertia.
— Vamos, Max, ambos sabemos, — as emoções de Grafton estavam em algo muito próximo a entrar em pânico antes de Duncan terminar a frase. — que Victor foi um defensor seu. Uma baleia, eu acredito que vocês chamam alguém que gosta, uma pessoa que é capaz de entregar doações de pacotes de somas consideráveis.
A respiração de Grafton lentamente voltou a um ritmo normal e ele sorriu.
— Ah, isso, é claro. Victor foi muito generoso. — Grafton tomou um longo gole de seu champanhe, mas devia estar muito quente agora. Quando ele abaixou a taça, a máscara estava firmemente de volta no lugar. — Então, Milford, você é do Sul?
— Originalmente. — Duncan concordou. Ele acenou para um garçom, que apareceu com uma bandeja de champanhe fresca e levou uma taça. Olhos de Grafton cuidadosamente vigiados enquanto tomava um gole de degustação.
— Eu não acho que você po... isto é, os vampiros comem comida regular?
— Nós não. Mas nós bebemos. — Duncan não se incomodou explicando que enquanto para alguns vampiros o saboreavam o álcool, e outros a queimavam, mas não tinha nenhum efeito em suas mentes.
— Victor não. Pelo menos não que eu já tenha visto.
— Não? Eu estou surpreso.
— O que aconteceu com Victor, afinal? — Grafton exigia. — Eu o vi há menos de duas semanas atrás e ele não disse nada sobre ir embora. Eu espero que ele esteja bem. — ele acrescentou, como que para amenizar a demanda em suas palavras anteriores. Duncan encontrou o olhar do senador uniformemente.
— Talvez ele não quisesse incomodá-lo.
 Grafton estudou-o um pouco mais, em seguida, se aproximou, como se em confiança. Miguel se esticou um pouco onde ele estava perto arcada aberta da sala, mas Duncan lançou-lhe um rápido olhar de tranquilidade. Max Grafton não apresentava perigo para Duncan, pelo menos não no meio deste encontro civilizado. Max parecia-lhe mais do tipo que ficava à espreita com uma arma grande. Ou melhor, contrataria alguém para fazê-lo, enquanto Max estabelecia um álibi crível.
— Diga-me, Milford. Você estará assumindo... todas as responsabilidades de Victor?
— Você quer dizer as festas. — disse Duncan negligente. — É claro. Eu tenho todos os arquivos de Victor. — Grafton congelou e seu coração disparou mais uma vez.
— Eu não tenho ideia do que você está falando.
Duncan quase riu alto, mas resolveu por um sorriso que fez a sua simples diversão.
— Grafton, por favor. Um homem de sua sofisticação e... gostos? Você deve ter saber que Victor estava gravando tudo o que acontecia naquela casa. Você prefere as loiras, não é? Você e o bêbado Congressista Kerwin, ambos. Na verdade, acredito que vocês compartilharam uma ou duas.
Grafton olhou para Duncan, o rosto pálido e sua respiração tão rápida que Duncan temia que o homem fosse desmaiar. Ele engoliu em seco uma vez, duas vezes, e em seguida, os lábios apertaram com raiva e ele rosnou:
— Eu não sei o que você está fazendo, Milford. Mas não serei chantageado...
— Chantageado... — Duncan sussurrou, inclinando-se direto para o espaço do senador. — Você está me confundindo com Victor, Grafton, o que seria um erro. Eu não persigo meus inimigos. Eu elimino-os. Lembre-se disso.
Duncan deu um passo atrás e sinalizou para Miguel, que esperou até Duncan ter passado e, em seguida, seguiu-o. As escadas estavam vazias quando eles foram direto para a porta, a sua missão, tal como era, foi cumprida aquela noite. Ele ouviu Miguel chamar Ari no rádio, dizendo-lhe para trazer o SUV, foram mais uma vez para fora da casa, o veículo familiar chegando até o meio-fio. Ari abriu a janela, para que pudessem vê-lo, mas permaneceu atrás do volante, quando Miguel abriu a porta traseira para Duncan e seguiu-o para o interior.
Duncan sentiu a raiva de Miguel crescente todo o caminho daquela casa e na rua, e ele suspeitava que fosse dirigida a ele. Uma vez que eles andavam, ele colocou um braço informal sobre a parte traseira do assento e olhou para o tenente sentado ao lado dele.
— O que é, Miguel?
Miguel lançou-lhe um olhar irritado.
— Você o convidou para vir atrás de você, senhor. Você se colocou como isca. — Duncan deu de ombros.
— Talvez. Mas parecia o caminho mais rápido para pegá-los. Kerwin parecia familiar, não é? Ele certamente sabia quem eu era. E eu estava certo do bom dinheiro que Kerwin e Grafton foram conferir antes de eu aparecer e arruinar seu partido. Emma precisa encontrar o assassino de Lacey, Miguel, e eu quero este assunto feito. Não foi por isso que viemos a esta cidade?
— Eu entendo, meu senhor. Mas o trabalho vai continuar muito mais rápido se você estiver vivo para fazer isso. — ele rosnou.
 Duncan suspirou. Miguel tinha um ponto, mas ele conhecia homens como Grafton. A menos que Duncan pressionasse e pressionasse forte, eles podiam dançar em volta um do outro durante meses. Emma merecia algo melhor do que isso. Ela nunca seria capaz de continuar com sua vida até que isso fosse resolvido.
Próximo a ele, Miguel clicou o receptor no dispositivo Bluetooth em seu ouvido, respondendo a uma chamada silenciosa. Duncan franziu a testa. Tanto quanto qualquer um sabia, eles ainda estavam no jantar, o que significava que ninguém ligaria se não fosse urgente.
— O que é? — Miguel agarrou no telefone. — Quem é? — Onde você está agora? Não. Não! Não chame ninguém. Nós estamos a caminho. Cinco minutos. — ele inclinou-se para Ari antes mesmo de desligar. — Para a Casa de Emma Duquet, Ari. Rápido.

Capítulo 18
Depois que Duncan saiu, Emma correu de volta para o centro de segurança e ligou seu laptop. Não há sentido em gastar a bateria se ela não precisava. Louis olhou quando ela voltou, mas ele continuou trabalhando em seu próprio computador, os dedos voando a uma velocidade impressionante. Os vampiros estavam todos felizes em deixá-la fazer o trabalho pesado de vadear através de fotos, tentando descobrir quem era quem. Que estava tudo bem para ela, desde que a deixassem fazer algo. Puxando para cima seu banco de dados, ela examinou as informações e classificou os campos que ela pensou que iria ajudar.
Parte do trabalho de Emma no escritório de Guy Coffer havia sido filtrar os pedidos diários de lobistas que queriam ver o congressista por uma coisa ou outra. Às vezes, eles queriam um cara-a-cara, às vezes só queriam convidá-lo para um coquetel ou outro alegre evento social. A coisa era, havia algo como 11 mil lobistas em Washington, DC, e cada um deles pensava que a sua missão especial era a coisa mais importante do planeta. Ela não os culpava por isso, era o seu trabalho se sentir assim. Mas o deputado Coffer ficava em um par de Comissões muito influentes, cuja influência ia além de qualquer assunto. E isso significava que um monte de lobistas vinha depois de seu voto. O trabalho de Emma era buscar ervas daninhas através dos pedidos e fornecer um relatório diário de quem queria o quê e se valiam o tempo do congressista. O fator decisivo era geralmente dinheiro na forma de doações de campanha, mas desde que ela era uma funcionária do governo, seu tempo não poderia ser usado para qualquer angariação de fundos para este propósito. Então, seus relatórios tinham que ser redigidos em outros termos, como importância a um determinado grupo ou a consciência pública de uma questão importante. Era tudo mentira. Mas o dinheiro ganhava as eleições, e publicidade, desde que isso soasse para as pessoas que voltavam para casa sentindo que seu deputado estava fazendo alguma coisa, uma vez que o elegeram.
Emma, ??sendo o coelhinho da Energizer, hiperativa que ela era, tinha construído um banco de dados de informações sobre os vários lobistas, afiliações, informações de contato, juntamente com informações sobre os assistentes e secretárias que ela lidou com pelo menos tanto quanto seus patrões. Ela puxou a lista de iniciais que tinham a partir de arquivos de Victor e começou a trabalhar, tentando combiná-los com seus contatos diversos. Demorou muito mais tempo do que esperava e foi finalmente decepcionante. Havia muitas mulheres com as mesmas iniciais, e não havia maneira de classificá-las por probabilidade. Se ela tivesse estado civil em seu banco de dados, por exemplo, poderia ter eliminado as mulheres casadas, pelo menos no primeiro corte. Algumas delas, ela sabia, eram muito velhas para combinar com qualquer uma das mulheres fotografadas, mas para a maioria, ela não tinha ideia se eram as que estava procurando ou não.
— Emma. — disse Louis, atrás dela.
Ela endireitou-se e se virou, esfregando suas costas, que tinham ficado tensas de ficar sentada debruçada sobre o computador. Uma mulher estava ao lado de Louis. Ela era pequena, com uma juba selvagem de cabelo escuro e encaracolado, e tinha que ser um vampiro. Ou isso ou Duncan estava empregando adolescentes agora, porque esta mulher parecia ter 19 em seu jeans apertado e desbotado e suéter vermelho.
— Emma, ??esta é Phoebe Micheletti. Ela é a que lhe falei, com o FBI.
Ok, definitivamente um vampiro. Mas era inquietante saber que o FBI tinha vampiros trabalhando para eles. Os teóricos da conspiração enlouqueceriam se soubessem!
— Ex FBI, e somente uma consultora. — Micheletti corrigiu, e sorriu quando estendeu a mão. Emma levantou-se, automaticamente, tomando a mão de Micheletti, sentindo a força nos dedos delicados.
— Emma Duquet. — disse ela. — Louis mencionou que você estaria vindo.
— E aqui estou. — ela fez um movimento enxotando a Louis e disse: —Pode ir, Louis, vou ficar com ela a partir daqui.
 Emma piscou, esperando que Louis fosse reagir à dispensa do vampiro fêmea, mas ele riu.
— Você não pode tê-la, Pheebs. Se Emma quer um emprego, Duncan tem prioridade.
— Eu não tenho ideia do que você está falando. — Phoebe disse inocentemente.
Louis deu-lhe um olhar cético, mas caminhou de volta para seus computadores. Phoebe continuou a observar quando Louis sentou-se e se inclinou para trabalhar mais uma vez.
— Ele é um dos melhores hackers vivos, entende. Eu tentei recrutá-lo para minha empresa, mas ele é de Duncan até o osso. — ela olhou para Emma. — Se Louis quer você, você deve ser boa.
Emma encolheu os ombros, desconfortável.
— Eu não fiz nada ainda. Eu acho que ele está feliz que alguém está fazendo o trabalho pesado. — Phoebe estava olhando sobre os ombros de Emma, ??seus olhos alternando entre computador de Emma com seu banco de dados e a lista de iniciais.
— O que é isso?
— É o meu próprio banco de dados de lobistas e seus afiliados. Eu trabalho para o deputado Coffer.
— Ah. — disse Phoebe. — Isso explica tudo. Louis é um colecionador compulsivo de informações. Ele tem inveja do seu banco de dados.  — Emma riu.
— Não tem me feito muito bem ainda. Eu nunca pensei que diria isso, mas não há muita informação.
— Sem sorte, então? — Phoebe murmurou, sentando na cadeira ao lado de Emma e folheando suas notas. A ação deixou Emma irritada por alguma razão. Essas eram suas notas. A vampiro fêmea poderia ter, pelo menos, perguntado antes de começar a bisbilhotar através delas. Ela percebeu que Phoebe estava esperando por ela para dizer algo.
— Não tive sorte. — disse ela, lembrando-se da questão. — Ainda não. Mas eu ainda estou trabalhando.
— Sobre os homens?
— Louis disse que estava trabalhando nisso.
— Eu estou. — Phoebe disse, dando um sorriso. — Mas como você, não tive sorte ainda. Você tem centenas de entradas em seu banco de dados?
— Milhares. — Emma corrigiu, sentindo-se insultada e lutando contra o desejo de arrebatar o seu banco de dados à distância da ex-consultora do FBI. Centenas de entradas, de fato. E havia qualquer coisa como um consultor do FBI anterior? Ela não tinha certeza se queria ninguém do governo vendo suas informações sobre o seu computador, muito menos o FBI. Esquecendo que ela própria trabalhava para o governo. Não era a mesma coisa.
— Milhares. — Phoebe disse. — Mas há milhões de pessoas em nosso banco de dados de reconhecimento facial, e tão brilhante como Louis é, esses compostos eram... — ela encolheu os ombros sem terminar seu pensamento, mas era óbvio que não achou que foram muito úteis. Emma sentou-se em seu computador, sentindo uma necessidade irracional de defender seus métodos.
— Eu estava pensando sobre isso antes que você chegasse e eu pudesse identificar até mesmo uma dessas mulheres, que levaria para o resto deles.
— Como você sabe disso?
— Porque todos se conhecem. Eles vão todos para as mesmas festas, e não estou falando apenas de Victor. As pessoas que trabalham no interior do Beltway são como uma pequena cidade. Todo mundo conhece todo mundo, ou conhece alguém que faz.
— Então, talvez a gente devesse ir para algumas dessas festas nós mesmas. — Phoebe pensou. — Você pode conseguir isso?
— Claro. Recebo convites todos os dias no escritório do congressista. É apenas uma questão de escolher a... — ela congelou com um pensamento que lhe ocorreu. — As mulheres todas se conheciam, o que significa que, provavelmente, todos sabiam sobre Lacey, também. Sobre o funeral de Lacey. — ela terminou em um sussurro.
— Perdão?
— O funeral de Lacey. — ela repetiu mais certamente. — Havia muitas pessoas lá, mas eu só conhecia algumas delas, porque eram todos amigos de Lacey.
— Mas você tem as imagens de arquivos de Victor. Será que você não se lembra se alguma destas mulheres estava lá?
— Não. — disse Emma. — Eu não estava muito bem, e em estado de choque a noite toda. Se não fosse por Duncan, não sei o que teria feito. Eu não me lembro de ninguém, merda. — ela pensou furiosamente. — Espere, tinha uma...
— Glen Pettry estava cuidando do funeral? — Phoebe interrompeu.
— Sim, ele foi o único que me disse... — ela parou de falar porque Phoebe tinha puxado um celular do bolso e já estava discando um número.
— Glen. — ela disse agradavelmente. — Phoebe Micheletti. Como você está? Ele está bem, mal-humorado como sempre. Ouça, você tem câmeras de segurança em seu comércio? Não. Entendo. É algo que estamos trabalhando, mas vamos descobrir. Obrigada. — ela desligou e o colocou em seu bolso.
— Alegria nº 1. Ele tem vídeo, mas apenas com a entrada dos fundos onde os corpos entram e porque chega a todas as horas. A entrada da frente é mais sensível. Ninguém quer pensar que está sendo gravado no funeral da tia Tessie, e a funerária está em uma boa vizinhança. Além disso, Glen faz um monte de negócios com os vampiros, e nenhum de nós quer um registro de nossas idas e acontecimentos. — Emma permaneceu em silêncio. Havia outra maneira de identificar quem tinha estado no funeral, mas ela não estava disposta a compartilhar isso. Ela já decidiu que não queria trabalhar mais com a vampira do que fosse necessário.
— Foi um bom pensamento, no entanto. — Phoebe disse. Ela levantou-se e olhou em volta. — Olha, se você não encontrar estas mulheres, precisa me deixar lidar com elas.
— Eu acho que deveria ligar...
— Eu não estou tentando roubar seu brilho, Emma. — ela interrompeu. —Estamos todos atrás da mesma coisa. Além disso, Duncan quer você segura, e ele é muito mandão. Ele vai querer um de nós a seguindo se você receber uma ligação, e posso conseguir muito mais com as mulheres do você.
— Eu não teria tanta certeza.
— É provável que Victor tenha mexido com suas memórias. — Phoebe interrompeu novamente. — Não importa o quão persuasiva ou simpática você seja, elas não podem dizer o que não lembram. Eu serei capaz de desfazer o que Victor fez e ajudá-las a recordar as coisas que elas nem sequer percebem que sabem. — Emma franziu o cenho.
— Se você diz que sim. — ela concordou categoricamente. Phoebe riu de novo.
— Você não tem ficado perto de nós o tempo suficiente ainda, mas vai ser uma crente em breve. Tudo bem, estou indo. É um longo caminho de casa para mim. Louis tem o meu número, se você conseguir alguma coisa, e eu vou deixarei você saber se tivermos os acessos para o reconhecimento facial. — ela sorriu e deu um tapinha no ombro de Emma. — Não fique tão desanimada, Emma. Começa sempre assim. — ela empurrou a cadeira de volta para a mesa e olhou para onde Louis estava digitando furiosamente.
— Louis. — ela chamou, esperando até que ele olhou para cima, sua expressão um pouco vaga, como se não fosse o suficiente como o resto deles.
— Eu vou embora. Eu ligo se alguma coisa aparecer.  — ele concordou e voltou imediatamente para o que estava fazendo, batendo fora a mão de outro vampiro sentado ao lado dele. Phoebe sorriu.
— Queixo para cima, Em. — ela disse. — Eu estarei em contato.
Emma a observou ir com um olhar azedo.
— Queixo para cima, Em. — imitou. Ela odiava ser chamado de Em. Ela esperou até que a vampira chata se fosse, mesmo enfiando a cabeça no corredor para ter certeza absoluta. E então pegou seu próprio telefone e rolou através dos números. Pettry estava bem em cima desde que ela tinha ligado para ele mais do que qualquer outra pessoa nos últimos dias. Ele respondeu depois do segundo toque.
— Senhor Pettry. — disse ela. — É Emma Duquet.
— Srta. Duquet. — disse ele calorosamente. — Como posso ajudar? — ela notou que ele não perguntou como ela estava. Essa convenção social particular provavelmente não funcionava bem em seu negócio, uma vez que praticamente todos com que tratava estavam miseráveis ou não estariam ligando para ele.
— Havia um livro de presença no funeral de Lacey, não havia?
— Sim, é claro. Me desculpe, não dei a você, mas você saiu de repente, e ainda havia alguns visitantes para...
— Tudo bem, Sr. Pettry. Eu entendo. Obrigada por manter isso por mim. Eu estou ansiosa para tê-lo agora. Você acha que eu poderia buscá-lo?
— Certamente. Se for conveniente. — Pettry disse.
— Eu sei que é tarde. — ela olhou para o relógio. — Muito tarde. — emendou. — E isso é pedir demais, mas eu realmente preciso desse livro. Você acha que eu poderia buscar esta noite?  — ela se sentia culpada mesmo por perguntar, mas se Pettry fazia um monte de negócios com os vampiros, deveria estar acostumado com enterros no meio da noite.
— Certamente, estou aqui até muito tarde todas as noites. Basta vir e tocar a campainha.
— Obrigada, Senhor Pettry, e obrigada de novo por toda a sua bondade durante o serviço de Lacey.
— O prazer foi meu por ser útil durante este momento difícil. — Emma desligou.
— Louis, preciso buscar uma coisa. — disse ela, já reunindo suas coisas.
Louis saltou e se aproximou.
— Aonde você vai?
— À casa do funeral. Eu preciso pegar o livro de presença. Eu acho que vai ajudar com isso. — ela indicou suas notas dispersas.
—Isso não é necessário. Vou mandar um dos nossos rapazes pegá-lo para você.
— Não, obrigada. — Emma disse agradavelmente, desligando o laptop e colocando-o debaixo do braço. — Prefiro fazer eu mesma, e vou direto para casa depois. Eu preciso acordar cedo amanhã.
— Duncan não vai gostar de saber que você está fazendo isso.
— Uma coisa boa é que Duncan não é meu chefe. — disse ela com naturalidade.
Emma pegou suas anotações e saiu antes que Louis pudesse discutir mais com ela, parando apenas o tempo suficiente para reunir suas coisas do quarto de babados antes de ir lá pra baixo. Ela olhou para o relógio de novo, quase gemendo pela hora perdida. Até ir para Pettry e voltar pra casa de novo, seria mais uma noite sem dormir muito. Mas algumas xícaras de café tomariam conta de manhã, e ela achava que poderia esgueirar-se em algumas pesquisas no escritório.
Com a bolsa de ginástica em uma mão e seu laptop de volta na bolsa pendurada no ombro, ela dirigiu-se para seu carro, apenas para descobrir Baldwin esperando por ela. Ele era um cara, ou vampiro, de boa aparência. Mais baixo do que ela uns centímetros, mas ele tinha o cabelo escuro desalinhado, uma sombra grande pelos músculos, compensando a altura. Ele se endireitou quando ela desceu as escadas da frente e imediatamente estendeu a mão para suas malas.
— Eu vou te levar para casa, Emma.
— Eu estou com meu carro. Obrigada.
— Então vou seguir você.
Emma parou e olhou-o com curiosidade.
— Por quê?
Ele deu de ombros.
— Ordens do chefe.
— Eu estou em perigo?
Ele sorriu.
— Não comigo por perto.
 Emma sorriu e informou-o alegremente:
— Eu não estou indo direto para casa. Eu preciso parar na Funerária Pettry perto de Falls Church.
— Isso não é uma parada, é um desvio. Vamos deixar o seu carro primeiro.
Emma encolheu os ombros. Ela não tinha vontade de discutir e além disso, era uma longa viagem.
— Tudo o que você disser.
Ele carregou as malas de seu carro, esperando, enquanto ela se estabelecia ao volante, erguendo as sobrancelhas incisivamente quando ela não colocou o cinto de segurança imediatamente.
— Nossa, Baldwin, você é como uma mãe galinha.
— Eu gosto do meu trabalho, Emma. Eu não quero que nada aconteça com você no meu turno.
Ele fechou a porta e correu de volta para o seu SUV, então a seguiu pelo portão da frente indo para a rua.
Foi uma viagem curta e tranquila de volta à sua casa. Ela não vivia tão longe. Era o trânsito e fechamento da rua para os constantes comboios VIP que fazia a viagem mais longa durante o dia e à noite. Mas a essa hora da noite, as ruas estavam quase vazias. Havia festas acontecendo, mas não em sua parte da cidade, por isso, uma vez que deixaram o bairro de Duncan, não tinham o que considerar.
Mas quando eles chegaram à sua casa, não havia lugar para estacionar. Com o fim do inverno, os garis estavam de volta e todos colocavam seus carros de um lado da rua para a limpeza da manhã seguinte. Ela teve que estacionar uma quadra e dois quarteirões para baixo, e mesmo assim o espaço era apenas grande o suficiente para o carro dela. Ainda bem que ela era uma boa motorista.
Baldwin parou ao seu lado e estendeu para abrir a porta do passageiro em seu SUV.
— Entre. — ele chamou.
Emma pegou suas malas, jogou-as no banco de trás do SUV, e subiu, olhando ao redor feliz. Ela gostava de andar em grandes carros. Ela teria comprado um para ela, mas não era prático em DC. Talvez um dia ela tivesse uma casa na Virginia ou Maryland, e teria dois veículos - um sedan prático para ir ao trabalho, e um grande SUV como este para andar pelo campo no fim de semana. Ela sorriu, gostando da ideia.
— Por que você está sorrindo? — Baldwin perguntou.
— Eu gosto da sua caminhonete.
— Não é minha caminhonete. Eu sou apenas o motorista.
— Bem, eu gosto de qualquer jeito.
— Eu deixaria você dirigir, mas Duncan não iria gostar.
— Por que não? Eu sou uma boa motorista.
— Sim, mas o que acontece com o outro cara? Meus reflexos são mais rápidos dos que os seus.
Como se via, os reflexos de Baldwin eram mais do que bons para evitar acidentes. Ele dirigia como um morcego saindo do inferno, a mudança de faixa e entrada em espaços apertados que tinha. Emma tinha verificado o cinto de segurança mais de uma vez. Mas eles fizeram um ótimo tempo, chegando lá muito mais rápido do que ela teria em seu próprio carro.
Pettry estava ocupado quando chegou, ela não queria saber o que ele fazia a essa hora da noite, mas deixou uma caixa marrom forrada que continha um livro com capa semelhante com as palavras em ouro Com amorosas memórias estampada na frente. Lágrimas brotaram de seus olhos, e ela fechou a caixa rapidamente. Isso ia ser mais difícil do que pensava.
— Isso é tudo, Emma? — Baldwin perguntou calmamente.
Ela assentiu com a cabeça, não confiando em sua voz.
— Vamos lá, querida. Vamos tirá-la daqui.
Emma agarrou a caixa apertando em seu peito e seguiu o vampiro de volta para a caminhonete. Ele a ajudou a subir no banco alto, sem dizer nada quando ela se recusou a deixar de segurar caixa.
A viagem de volta foi rápida, mas muito mais tranquila. Emma estava cansada. Ela esteve cansada o dia todo, e era quase uma da manhã. Ela poderia até ter cochilado um pouco, porque de repente estavam em frente à sua casa. Emma piscou, então se endireitou e estendeu a mão para a porta, ainda segurando o livro de memórias em seu peito.
— Espere. — disse Baldwin.
Ele estacionou em fila dupla, desligou o motor e desceu da caminhonete, fazendo a volta para o seu lado para abrir a porta.
— Me dê suas chaves. — ordenou.
Emma não discutiu. Ela entregou-lhe o livro, então se virou para o banco de trás e enfiou a mão no compartimento de zíper em sua bolsa. Ela procurou suas chaves e levantou a mão, sacudindo-as no ar, onde poderia vê-las.
— Tudo bem. — disse ele e estendeu a mão para ajudá-la.
Ele deu o livro de volta para ela.
— Dê-me um minuto para pegar suas outras coisas.
Ele fechou a porta e atingiu a porta traseira do SUV quando seu telefone tocou. Ele levantou um dedo, dizendo-lhe para esperar, e atendeu o telefone. Emma só podia ouvir sua metade da conversa, mas era obviamente um dos outros vampiros procurando algo na casa. Tudo estava uma bagunça lá. Ela não sabia como eles estiveram a par de tudo.
Baldwin colocou o telefone entre o queixo e o ombro, e abriu a porta da caminhonete. Emma estremeceu. Havia um vento leve, e ela estava com frio, apesar de seu casaco quente. Com um olhar para Baldwin, que estava logo trás, ela seguiu em frente e subiu as escadas até sua casa, pensando em nada, a não ser em entrar e ir para sua cama quente.
Ela colocou a chave na fechadura e abriu a porta. Ela ouviu o chamado de Baldwin.
— Emma, espere! — e então várias coisas aconteceram tudo de uma vez.
As sombras da sua sala de estar mostravam um grande homem, seus olhos ovais gêmeos de branco em um rosto escuro de barba, suas mãos fortes quando ele fechou a distância de poucos metros entre eles e agarrou seu braço com uma das mãos, enquanto a outra fechava sobre a boca.
No mesmo instante, a porta da frente se abriu para bater contra a parede, e Baldwin estava lá, girando-a para longe do estranho e pisando entre eles tão rapidamente que Emma tropeçou e quase caiu.
 O homem gritou quando a mão de Baldwin fechou em sua garganta. Um tiro ecoou, e depois outro, surpreendentemente alto nos limites de sua pequena casa. Baldwin resmungou, cambaleando pela porta aberta, e, literalmente, jogou o invasor longe da casa, fazendo-o voar passando o SUV e indo para a rua. O atacante gritou, o som cortado abruptamente quando ele bateu no pavimento rígido e rolou para a sarjeta oposta.
— Emma. — Baldwin raspou urgência.
Ela girou em direção a Baldwin, atingida por algo na voz dele. Ele estava largado, quase em pé, com uma mão apertando o peito onde...
— Oh meu Deus, você está sangrando! Você foi baleado? — ela o agarrou antes que ele pudesse cair, escorregando seu ombro debaixo do braço e puxando um suspiro de ar quando seu peso caiu sobre ela de uma vez. Com o braço em volta de sua cintura, ela agarrou-o com força e arrastou-o da porta indo para a sala de estar. Ela tentou levá-lo para o sofá, mas ele se afastou dela e caiu no chão com um gemido de dor, rolando para trás e olhando para ela.
— Computador. — ele ofegou. — Tire suas bolsas daqui.
— Meu... — seus olhos se arregalaram, e ela correu de volta para o SUV aberto, agarrando a bolsa de ginásio e a com o laptop. Ela fechou a caminhonete e, em seguida, arrastou as malas para casa, e bateu e trancou a porta, também. Pegando seu telefone de mesa, ela correu para Baldwin, caindo de joelhos ao lado dele.
— Devo chamar a polícia? Você precisa de uma ambulância?
— Miguel. — ele sussurrou. — O meu telefone.
Emma assentiu enquanto o sangue em seu corpo finalmente começou correr para seu cérebro mais uma vez, e ela conseguia pensar com clareza. Claro. Baldwin era um vampiro. Ele não iria querer a ajuda médica.
Ela colocou o telefone de lado.
— Seu telefone ficou na caminhonete?
— No bolso.
Emma olhou para baixo. Ele estava vestindo calça jeans e um moletom que estava encharcado de sangue. Ela apertou sua mandíbula, determinada a não desmoronar. Baldwin precisava dela. Ela apalpou os bolsos rapidamente, ignorando o sangue, e encontrou o telefone enfiado no bolso canguru de seu moletom.
Ela o levantou, assim Baldwin poderia ver.
— Certo. — ela perguntou. — Como posso ligar para Miguel?
— Um. — Baldwin disse.
Emma fez um rápido levantamento do telefone e atingiu o disco de primeira velocidade. Tocou duas vezes, e em seguida, uma voz irritada disse:
— O que foi?
— Baldwin foi baleado. — disse ela com urgência. — Por duas vezes, eu acho. Ele está sangrando.
— Quem é?
— Emma. Você tem que se apressar.
— Onde está você agora?
— Minha casa. Devo chamar uma ambulância ou...
— Não. Não! Não chame ninguém. Nós estamos a caminho. Cinco minutos.
Miguel, ou pelo menos achava que era Miguel, desligou, e Emma chegou mais perto de Baldwin. Arrancando a colcha de sua avó do sofá, ela colocou-a ao seu redor, então se inclinou para frente, tentando compartilhar o calor do seu corpo, o conforto de sua presença.
— Aguenta aí, Baldwin. Miguel está a caminho.
Mas Emma estava preocupada. Ele não parecia bem. Ela não sabia muito sobre fisiologia vampira, mas ela achava que qualquer criatura não poderia se dar ao luxo de perder muito sangue, e ele estava perdendo muito. Seus olhos estavam fechados, seu peito mal se movia quando ele respirava, e...
— Baldwin? — disse ela com urgência. Nenhuma resposta.
Ela apertou os braços ao redor dele e começou a contar os segundos, de espera para uma nova respiração, segurando sua própria e esperando que a ajuda chegasse logo.
*****
O fechar de portas pesadas de carros no alto da noite alertava. Sua cabeça virou. Ela teve tempo de lembrar que a porta estava trancada e eles não poderiam entrar, e então invadiram a casa, rompendo a fechadura como se fosse feita de papel. Miguel foi o primeiro, e Emma sabia que era porque ele não confiava nela o suficiente para enviar Duncan em uma situação desconhecida em sua palavra só.
 E então, Duncan estava lá, encontrando os olhos dela, mantendo isso brevemente antes de fazer uma verificação rápida do seu corpo e voltar-se novamente, como se para ter certeza de que ela estava bem.
Ari chegou por último. Ele fechou a porta e puxou a mesa do corredor em frente a ela. Não era uma mesa pesada, mas pelo menos mantinha a porta fechada.
Miguel caiu no chão, levantando a coberta e rasgando a roupa de Baldwin para que ele pudesse ver o peito do vampiro. Emma ficou de lado, puxando o resto da manta com ela.
— Emma. — a voz de Duncan era firme e tranquilizadora, calma, apesar da crise óbvia. Ela olhou em seus olhos castanhos quentes, esperando para ver algo que lhe diria que Baldwin estaria bem.
— Eu preciso que você se mova. — disse ele suavemente. — Baldwin precisa de mim.
Ela percebeu que ele tinha tirado o smoking que estava usando e estava enrolando a manga de sua camisa branca. Ela fugiu de volta, em seguida, levantou-se, querendo sair do caminho, mas também querendo saber o que eles fariam. Por que Duncan estava liberando os braços? Se houvesse uma cirurgia a ser feita, não seria Miguel ser um...
 Seus pensamentos gaguejaram a um impasse quando Duncan com uma faca pequena e afiada cortou seu antebraço. Emma nunca esteve a ponto de desmaiar, e não estava prestes a começar agora. Mas ela nunca tinha visto um homem cortar seu próprio braço, e isso a fez se sentir enjoada. Ela encostou-se à parede, mas seu olhar foi arrebatado sobre o sangue jorrando do braço de Duncan, um braço, ele agora colocava... Ah, é claro. Baldwin precisava de sangue para substituir o que tinha perdido como um ser humano normal faria. A diferença era que ele podia sugá-lo através de suas presas em vez de precisar de uma transfusão. Ok, não era surpresa.
Ela respirou fundo, e depois se segurou, com os olhos crescentes, quando Miguel pegou a faca de Duncan e cortou o peito de Baldwin. Lá havia muito sangue, como se pouco importasse, mas isso a fez ter vertigem em pensar sobre o fato de enfiar uma faca no peito de um homem e cortá-lo aberto. Ela estremeceu e fechou os olhos contra a visão.
— Miguel precisa tirar a bala. — Duncan explicou calmamente.
Ela abriu os olhos e encontrou-o olhando para ela. Seu braço ainda estava sobre a boca de Baldwin e o vampiro estava chupando ruidosamente, como uma criança com chupeta.
  — Ela sairia sozinha. — Duncan continuou. — Mas está muito perto de seu coração e não queremos correr esse risco. A cura também vai muito mais rápida sem essa bala.
Emma engoliu em seco e deu um passo mais perto com cuidado, a curiosidade vencendo a delicadeza. Ela tinha um milhão de perguntas que queria fazer, mas não queria perturbar a concentração de Miguel.
Duncan olhou para trás novamente e deu-lhe um rápido sorriso de aprovação que a aqueceu. Sua reação a irritou, porque ela não precisava da aprovação de ninguém, mas não podia negar a maneira como ele a fazia se sentir também. Ela suspirou interiormente e viu um sorriso cruzar o rosto de Duncan. Desde que ela sabia que ele não poderia estar sorrindo pelo peito aberto de Baldwin, tinha que ser algo que ela tinha feito. O que a irritava mais uma vez.
— A bala danificou seu pulmão. — explicou Duncan, focando o seu olhar sobre a cirurgia em curso. — Mas o meu sangue pode curar isso. O coração é outra questão. Muito dano pode ser fatal.
O olhar de Miguel subiu para Duncan quase sem querer, como se estivesse muito chocado para controlar sua reação, e depois a sua atenção foi direto para a operação que estava realizando.
Interessante. Talvez os vampiros não gostassem de revelar a vulnerabilidade a Duncan, ela acabara de admitir.
De repente, Miguel parou de cortar e enfiou os dedos no peito de Baldwin, acabou pegando uma bala sangrenta. Ari se agachou ao lado ele e estendeu a mão para a mesma, esperando Miguel procurar em volta e pegar uma segunda antes de envolver as duas em um pedaço de pano e colocá-las no bolso.
— Você tem um kit de primeiros socorros? — Miguel murmurou sem olhar.
— Sim. — Emma disse rapidamente. Ela correu para a cozinha, deixando cair a colcha na máquina de lavar. Ela teria que deixá-la de molho ou o sangue nunca mais sairia. Ela foi até o armário sobre a máquina e pegou a lata de metal em forma de kit de primeiros socorros. Ela correu de volta e ajoelhou-se ao lado de Miguel, colocando o kit aberto entre eles.
— O que você precisa? — ela perguntou com certo orgulho. Ela nunca tinha usado o kit antes, mas estava completamente abastecido.
— Spray antibiótico, se você tiver, senão, em líquido.
Ela lhe entregou um frasco de spray de Bactine, pensando que iria anestesiar a dor, também. Mas então olhou para o escancarado buraco no peito de Baldwin e decidiu que precisaria de todo Bactine para entorpecê-lo. Além disso, Baldwin parecia não estar com qualquer dor.
Ele estava sugando alegremente o braço de Duncan, de olhos fechados, sua expressão não mostrando nenhum estresse. Ele não tinha sequer gemido uma vez, agora que ela pensou sobre isso.
— Ele pode ainda ser infectado? — ela perguntou curiosamente, observando. — Eu quero dizer se o sangue de Duncan pode curar tudo isso, ele não pode curar a infecção, também?
— Sim, pode. — respondeu Duncan. — Vampiros em geral são quase completamente resistentes a todos os tipos de infecção. Mas com uma ferida deste tamanho, se minimizar a contaminação, é um problema a menos e sua fisiologia vampira terá que lidar somente com a ferida para curá-la mais rapidamente.
Miguel passou o spray todo, em seguida, entregou a garrafa de volta para ela.
— Ataduras. — disse ele. — Grandes compressas de gaze ou gaze envoltória de algum tipo.
— Eu tenho várias. — disse ela imediatamente, sabendo exatamente o que estava em seu kit.
Duncan e Miguel deram-lhe um olhar estranho, provavelmente se perguntando por que uma analista legislativa do Congresso precisaria de tal primeiro socorros tão completo, e ela obviamente não o fez. Mas quando chegou a hora de comprar um, os kits prontos pareciam tão insignificantes que tinha feito seu próprio, se preparado para o pior. E talvez tenha exagerado um pouco.
Ela desembrulhou várias compressas de gaze grandes antiaderentes e entregou a Miguel.
— Fita. — disse ele, sem sequer perguntar se ela tinha. — Corte vários pedaços, oito ou nove centímetros de comprimento.
Emma assentiu e começou cortar a fita, feliz por ter tesoura em tamanho real, em vez dessas coisas ruins que vinham nos kits regulares.
Enquanto ela e Miguel fechavam o peito de Baldwin, Duncan finalmente puxou seu pulso longe da boca do vampiro. Ari pegou um branco e limpo lenço e entregou-o a Duncan.
— Você precisa de um curativo, também? — ela perguntou, dando um olhar indagador Duncan.
Ele sorriu.
— Não, obrigado, Emma.
Ela franziu a testa, os olhos cresceram quando viu que ele limpou o sangue de seu pulso e já tinha começado a cicatrizar.
— Fita! — Miguel rosnou.
Ela pulou, murmurando:
— Desculpe. — antes de entregar-lhe o próximo pedaço de fita.
— Tudo bem. — disse Miguel, finalmente, sentando sobre os calcanhares. — Isso vai resolver.
Duncan passou a mão reconfortante sobre a testa de Baldwin, colocando o cabelo para trás.
— Ari. — disse ele. — Leve Baldwin de volta para a casa. Miguel e eu vamos continuar com Emma.
— Meu senhor. — disse Ari.
 Ele e Miguel levantaram Baldwin cuidadosamente e levaram-no para o carro, Miguel empurrando a mesa de lado, enquanto Ari o carregava pela porta.
— Emma. — disse Duncan.
Ambos estavam ainda sentados no chão, e ela olhou para cima de onde estava reembalando seu kit de primeiros socorros.
— Diga-me o que aconteceu. — disse ele.
Seus olhos se encheram de lágrimas inexplicáveis??, como se agora que a crise passou, o corpo dela estivesse lhe dando permissão para reagir. Ela passou a mão nos olhos, cansada, limpando as lágrimas.
— Havia um homem esperando por nós, por mim. Ele já estava em casa quando abri a porta. Baldwin estava pegando o material do carro e me disse para esperar, mas eu estava com tanto frio. Ele, o atacante, eu quero dizer... veio para mim na hora que abri a porta, e deve ter pensado que eu estava sozinha. Mas Baldwin... — seus olhos se abriram de repente. — Ele ainda está aí? Na rua? Baldwin o jogou...
Ela parou de falar, porque Duncan levantou e saiu pela porta. Ela ouviu vozes e correu para a porta para ver o que estava acontecendo. Ari já estava indo embora, mas Duncan e Miguel estavam debruçados sobre algo na rua. Miguel se levantou, e ela percebeu que ele estava carregando seu atacante sobre o ombro. Eles caminharam para uma grande SUV preta. Duncan abriu a porta e Miguel jogou o homem na parte de trás, em seguida, fez algo para ele. O homem não fez nenhum barulho.
Miguel fechou a porta em silêncio e Duncan voltou para dentro.
— Ele está morto? — Emma perguntou.
— Não. — disse Duncan. — Mas pode em breve, gostaria que estivesse. Arrume suas coisas, Emmaline. Você voltará para a casa conosco. Não é seguro para você aqui.
Emma lhe deu um olhar estreito.
— Eu vou ficar bem. — disse ela. — Eu tenho que trabalhar de manhã.
— Então você pode ir da minha casa. — disse Duncan uniformemente.
— Eu prefiro ficar aqui. Todas as minhas coisas estão aqui.
— Então leve suas coisas com você. — disse ele deliberadamente. — Você não vai ficar aqui sozinha.
— Eu vou ficar aqui. — ela insistiu. A verdade era que se ele tivesse pedido, ela teria concordado em ir com ele, porque realmente não queria ficar aqui sozinha, não quando algum idiota com uma nova arma em punho poderia aparecer a qualquer minuto. Mas ele não tinha pedido, tinha?
— Emma — Duncan estalou. — Alguém invadiu a casa e quase matou Baldwin. Você está sendo irracional.
— Então vou para um hotel. — ela viu um flash de dor em seus olhos, e sua teimosia drenou. — Tudo bem. — ela retrucou, por sua vez. — Eu vou com você. Mas você tem que parar de mandar em mim, droga.
— Vou me lembrar disso. — murmurou Duncan. — Aonde você vai? — ele perguntou quando ela começou a passar por ele, indo para as escadas.
— Eu vou pegar minhas coisas. — disse ela impaciente.
— Oh. — ele sorriu, e ela não conseguiu evitar. Sorriu de volta. — Eu vou ajudar.
— Eu realmente não preciso... — mas ele já estava passando por ela e subindo as escadas, indo para seu quarto.
— Espere. — ela disse, correndo atrás dele. Ela chegou à esquina, ele estava alcançando sua gaveta.
— Pare. — ela disse, e correu pelo quarto. — Eu vou arrumar, obrigada.
— O que está na gaveta? — ele perguntou inocentemente, mas seus olhos estavam dançando.
Emma olhou-o com cuidado. — Você está tentando me distrair.
Ele deu-lhe um olhar perplexo.
— Você está preocupado se vou surtar sobre o que aconteceu e está tentando me distrair com a ameaça de brincar com a minha roupa de baixo.
Suas sobrancelhas se ergueram.
— É isso que está aqui?
— Sim, é, e você está evitando a pergunta.
O sorriso desapareceu. De repente ele estava perfeitamente sério quando estendeu a mão e esfregou os dedos pelo rosto dela.
— Você poderia ter sido morta.
Seu peito se apertou com a emoção, o coração disparado mais rápido do que esteve durante toda a noite.
— Eu nem vi a arma. Eu apenas ouvi quando...
Duncan fechou os olhos por um instante, como se o pensamento disso o incomodasse ainda mais. Ele a puxou suavemente em seus braços.
— Está tudo bem, Emmaline? Mesmo?
Ela colocou os braços ao redor de sua cintura e apertou, saboreando a sensação do seu corpo grande em torno dela, sentindo-se segura novamente. Ela assentiu com a cabeça contra seu ombro.
— Eu não fui ferida. Baldwin me salvou.
— Estou feliz. — ele murmurou com sua mão esfregando para cima e para baixo em sua coluna num ritmo confortável.
Emma poderia ter ficado lá a noite toda, mas Duncan tocou seus lábios no cabelo dela e disse:
— Arrume o suficiente para vários dias. Não é seguro para você aqui até descobrir quem estava por trás disso.
Ela assentiu com a cabeça e afastou-se com relutância.
— Eu não vou demorar muito. — disse ela sem olhar para ele.
Ele colocou um dedo sob seu queixo e ergueu o rosto.
— Leve o tempo que quiser. — disse ele sério, então deu-lhe um olhar astuto. — Tem certeza de que não quer ajuda com essa gaveta?
Emma riu fracamente.
— Não, posso lidar com isso.
— Então estarei lá embaixo. Eu tenho que falar com Miguel. Me avise quando você estiver pronta e nós vamos ajudar com as malas.
****
Duncan controlava sua fúria enquanto descia os degraus da escada da casa de Emma, ??andando para o SUV onde Miguel esperava com o homem morto.
É claro, o ser humano ainda não estava morto, mas logo estaria. Assim que lhes dissesse tudo o que sabia.
— Senhor. — disse Miguel formalmente quando Duncan se aproximou.
— Será que Ari já chegou?
— Sim, meu senhor. Ele chegou em casa. Baldwin acordou quando o levaram para dentro. Ele não está feliz, mas está bem.
— Bom. — Duncan olhou através da janela para o humano inconsciente. — Se ele quisesse matá-la, teve a chance.
Miguel assentiu.
— Talvez ele só devesse assustá-la. Ou talvez tivesse uma mensagem que nunca chegou a entregar porque Baldwin estava lá.
— Se há uma mensagem, nós vamos saber. — Duncan disse sombriamente.
— Se eles sabem que ela está trabalhando com a gente, meu senhor, virão atrás dela.
A raiva de Duncan subiu e ele lutou para mantê-la sob controle, mas Miguel estava ciente de qualquer maneira. Ele poderia dizer pelo olhar atento do seu tenente, a formalidade cuidadosa. A ideia de alguém impor as mãos sobre Emma o fez querer rasgar as gargantas de todos os seres humanos dos arquivos de Victor, afinal tinha uma dessas mãos na morte de Lacey. Nenhum deles era inocente, tanto quanto ele estava preocupado.
Ele obrigou-se a pensar com calma, algo que percebeu ser cada vez mais difícil quando se tratava de Emma Duquet. Mas ele não podia se dar ao luxo de correr e matar seres humanos, qualquer que fosse o motivo. Isso era exatamente o oposto do porque ele estava na cidade corrupta, em primeiro lugar. Não que os homens responsáveis ??pela morte de Lacey viveriam. Oh, não. Eles todos iriam morrer. Talvez não esta noite, talvez nem mesmo em breve. Mas eventualmente. E ele faria e se certificaria que soubessem disso. Cada um deles viveria os últimos meses de sua vida olhando por cima do ombro, esperando a morte encontrá-lo.
O pensamento lhe agradou e sorriu levemente.
— Peça para alguém criar uma sala segura em casa para o preso para quando chegarmos lá. — disse apontando para a caminhonete. — Em algum lugar longe de onde Emma estará dormindo. O porão. Conforto não é importante. Eu não quero um desenho de resgate estragado na polícia humana, e não quero matá-lo sob nossos narizes, também.
— Sim, meu senhor.
Os dois se viraram quando Emma apareceu na porta carregando uma mala e uma bolsa de roupa sobre um ombro.
— Emma. — disse Duncan, impaciente. — Vamos ajudar com isso.
Ela empurrou a mala em sua direção.
— Você leva isso e eu vou...
Ele levantou a mala e puxou a bolsa de roupa de seu ombro, entregando-as para Miguel.
— Okaaay. — ela demorou. — O que faço com essa porta?
Duncan franziu a testa, em seguida, estudou o batente da porta.
— A fechadura está quebrada, mas a estrutura é boa. Eu suponho que você não tenha um martelo e pregos...
Sua voz sumiu enquanto Emma desaparecia dentro de sua casa.
— É claro, você tem. — ele emendou.
Ela reapareceu com os itens solicitados e um sorriso maroto.
— Ninguém gosta de um faz-tudo. — brincou ele enquanto ela caminhava.
— Ah, eu não faço tudo. — ela respondeu despreocupadamente. — Estou preparada para tudo.
Duncan riu e pegou um martelo pela primeira vez em mais anos do que poderia contar.
****
Emma sentou-se dentro do SUV quente e viu quando Duncan pregou a porta fechada da frente. Não era todo dia que ela via um homem de smoking segurando um martelo. Claro, não era todo dia que algum maluco tentava assaltá-la em sua casa. Só que talvez o cara não fosse um maluco. De forma estranha, seria reconfortante se os assassinos de Lacey tivessem enviado alguém atrás dela. Isso significaria que ela estava no caminho certo.
Ela franziu o cenho. Mas, se fosse esse o caso, por que não tinha tentado matá-la? Ele poderia ter. Talvez tivesse planejado outra coisa completamente diferente para ela.
Duncan e seus vampiros não iriam deixá-la ver todos os detalhes do que havia acontecido nas chamadas festas de Victor. Estavam protegendo-a, o que era irritante, mas ela tinha um bom senso do que a haviam deixado ver, e as coisas que tinha ouvido. Isto quebrou seu coração, pensar em Lacey envolvida em tudo isso, e estremeceu sozinha, grata que Baldwin estivesse lá esta noite.
Duncan deixou cair as ferramentas no chão do banco da frente, em seguida, se juntou a Emma atrás. Miguel estava dirigindo já que Ari tinha levado o menor SUV com Baldwin nele.
— Nós teremos um serralheiro aqui o mais rápido possível. — disse Duncan quando fechou a porta. — Eu vou mandar alguém do meu pessoal arrumar aqui.
— E se não for até de manhã? — ela perguntou. — Eu posso...
— Eu tenho guardas humanos para o dia, Emma. Eles podem lidar com isso.
— Meu carro está na outra quadra. — disse ela, levantando a voz para incluir Miguel, então ele saberia que eles teriam que parar. — Esquerda aqui, então na próxima à direita. — ela acrescentou, então disse a Duncan. — Eu tenho que ir trabalhar amanhã, er, quero dizer, esta manhã. Eu tenho reuniões, além de... — ela parou, pensando que provavelmente seria melhor se Duncan não soubesse sobre seus planos de continuar rastreando as mulheres das festas de Victor durante o dia de amanhã.
— Além de quê? — Duncan perguntou, olhando-a com curiosidade.
— Eu não posso me dar ao luxo de perder meu emprego. — disse ela sem jeito. Ela corou com a mentira, mas esperava que ele assumisse que ela estava envergonhada por causa de sua implícita falta de dinheiro. Além disso, realmente não era uma mentira. Ela não poderia se dar ao luxo de perder o emprego.
Duncan olhou para ela, sua expressão cuidadosamente em branco, e ela sabia que ele sentia que algo estava fora. Ele não podia saber exatamente sobre o que ela estava mentindo, mas tinha certeza que ele sabia que ela não estava dizendo toda a verdade também.
Quando eles chegaram ao carro dela, Emma começou a sair, mas Duncan colocou uma mão em seu braço para segurá-la.
— Eu vou com Emma, Miguel.
Na frente, a cabeça de Miguel estalou e ele virou-se para dar a Duncan um olhar afiado.
— Você pode dirigir atrás de nós. — disse Duncan. — Não é tão longe.
Miguel olhou para Duncan por um momento pesado e, em seguida, assentiu.
— Sim, senhor. — disse ele as palavras respeitosas, mas com raiva.
Emma olhou para Duncan, esperando que ela não ficasse presa entre dois vampiros furiosos, mas a expressão de Duncan era tão calma e controlada, como sempre. Ele segurou o olhar de Miguel até que o outro vampiro desviou o olhar, então virou aquele olhar frio sobre ela e apontou para a porta.
— Vamos, Emma. — disse ele.
Emma alcançou a maçaneta da porta, empurrou a porta e saiu para o ar frio. Isso deveria ser estimulante após o calor do SUV, mas ela tremia e a exaustão rolou sobre ela como um cobertor grosso. Deus, ela estava cansada. Quanto tempo passou desde que ela tinha dormido? E ela teria que trabalhar em poucas horas, tinha que fazê-lo parecer como se ela estivesse passando pela morte de Lacey, fazendo seu trabalho, talvez encontrar um lugar menor para viver. Mas certamente não gastar suas noites acordada procurando o assassino, que poderia muito bem ter um escritório no prédio ao lado, ou até mesmo no corredor.
A mão de Duncan se aproximou dela, deslizando as chaves de seus dedos dormentes.
— Entra no carro. Eu vou dirigir.
— Eu posso...
— Claro que pode. Mas eu dirijo de qualquer maneira.
— Mandão. — ela murmurou, dando a volta para o banco do passageiro. — Phoebe disse que você era mandão.
— Sim, bem. — ele deslizou atrás do volante e ligou o carro. — Phoebe não é exatamente uma tarefa simples sozinha.
Emma virou o aquecedor em seu nível mais elevado, e Duncan imediatamente ajustou as aberturas em sua direção.
— Seu marido é um vampiro, também?
— Não. A maioria dos relacionamentos de vampiros é com humano. Compartilhamento de sangue é intensamente sexual. Eu já vi um ou dois ménage à trois que funcionaram, dois vampiros e um humano, mas isso é raro.
Emma sentiu o próprio sangue aquecer quando imaginou a boca de Duncan em seu pescoço, o tronco nu, brilhando de suor do jeito que ele estava no ginásio antes. Ela estendeu a mão e virou o calor para baixo, desabotoando o casaco.
Duncan olhou para ela.
— Muito quente?
— Sim, eu acho. — ela tossiu um pouco. — Este aquecedor começa devagar, mas uma vez que começa, é um pouco demais.
A boca pecaminosa de Duncan se curvou um pouco, mas ele nunca tirou os olhos da estrada.
O que ela não daria para vê-lo agitado, para quebrar o controle de sempre dele. Só uma vez. Ela não queria que nada de ruim acontecesse. Ela só queria sacudi-lo um pouco e ver o que acontecia. Ela teve um pensamento passageiro, perguntando se ele tinha controle na cama do jeito que possuía em qualquer outro lugar. E então seus olhos se arregalaram, chocada com seus próprios pensamentos. Obviamente, ela estava trabalhando demais e por muito tempo. Muito trabalho e pouca diversão aparentemente fazia de Emma uma garota com muito tesão. Ela engoliu uma risada, mordendo o interior de sua bochecha para que o Duncan-que-tudo-vê não notasse.
Quando eles entraram pelo portão da casa dos vampiros, era quase quatro da manhã. Emma já considerava nem mesmo de ir dormir, mas não havia café suficiente na cidade para mantê-la a noite toda e durante todo o dia, também.
Eles não estacionaram na frente, mas deram a volta por trás da casa. As luzes do detector de movimento inundaram a área assim que entraram, tornando-se quase tão brilhante como o dia. Guardas vampiros apareceram das sombras, alguns deles com óculos de sol para proteger seus olhos. Miguel fez o mesmo, com os olhos cobertos por lentes envolventes quase negras quando saiu do SUV. Ele falou com um dos outros vampiros, e caminhou para abrir a porta do motorista de seu sedan, que parecia pequeno e esfarrapado ao lado da linha de SUVs brilhantes.
— O prisioneiro está seguro no porão, meu senhor. — disse ele, quando Duncan deslizou de trás do volante. — Alaric construiu uma paliçada.
— E gostou de fazer isso, sem dúvida.
— Sim, meu senhor. Ele fez um comentário que faziam anos, e ele esperava que se lembrasse da proporção adequada de tensão.
— Eu quero o prisioneiro vivo, Miguel, não estrangule em uma morte lenta. Só depois que eu interrogá-lo, de qualquer maneira.
Emma lhe deu um olhar assustado. O que eles fariam com o prisioneiro depois que o interrogassem? Os vampiros pareciam evitar o contato com a polícia humana, mas não podiam deixar o homem ir, também. Ela franziu o cenho. Para essa matéria, o que fariam com o assassino de Lacey, quando o encontrasse ou os encontrasse?
— O que você está pensando, Emma? — Duncan perguntou com a voz ao lado de sua orelha.
Ela pulou, franzindo a testa para ele.
— Precisamos colocar um sino em você.
Duncan simplesmente sorriu e colocou a mão na pequena curva das suas costas, encaminhando-a para a porta.
— Você poderia tentar. Eu provavelmente poderia apreciar isso... ou ao menos experimentá-lo. — ele abriu a porta e segurou-a para ela.
— Então. — continuou ele enquanto caminhavam através de uma grande cozinha. — O que a deixou tão carrancuda assim?
— Você quer dizer além de você?
Ele acenou com a cabeça facilmente.
— Além de mim.
Emma pensou em fazer alguma coisa, mas ela realmente precisava de uma resposta para isto.
— O que você vai fazer quando encontrá-los? Os homens que mataram Lacey?
Eles haviam chegado ao foyer, abaixo as escadas até então, e Duncan parou, virando-se para encará-la.
— É a política da comunidade vampiro que trabalha com a polícia humana e autoridades em todos os momentos. — ele disse suavemente. Parecia ensaiado e Emma sabia que ela estava ouvindo a linha do partido.
Ela encontrou seus olhos perfeitos de aparência humana.
— Eu não perguntei qual era a política, Duncan. Estes são homens poderosos. Se você enviá-los para as autoridades, estarão de volta às ruas em horas e não dias. Eu quero saber o que você vai realmente fazer quando pegá-los.
Ele a estudou por um longo momento, então disse:
— Os interesses da comunidade vampira vem sempre em primeiro lugar. — ela abriu a boca para exigir que respondesse a sua pergunta, mas ele antecipou-a, dizendo: — Há alguns segredos que vampiros nunca compatilham. Tenho razões para acreditar Victor era... indiscreto, digamos assim, em relação a alguns desses segredos. Tal conhecimento, particularmente nas mãos de homens como esses, representa uma ameaça ao meu povo, e não vou tolerar ameaças a meu povo.
Emma ouviu não apenas as palavras, mas o que ele estava tentando dizer a ela. Ela assentiu com a cabeça.
— Então você vai eliminar a ameaça. — disse ela, querendo ser perfeitamente clara.
— Sim.
— Eu não tenho problema com isso. — disse ela com firmeza.
Seus olhos castanhos brilhavam.
— Estou aliviado.
Emma revirou os olhos, em seguida, olhou com consternação as muitas escadas entre ela e uma cama confortável.
— Eu poderia levá-la. — disse Duncan sério.
Ela sorriu com pesar.
— Obrigada. Mas tenho uma sensação de que eu nunca esqueceria.
— Eu não diria a ninguém. — disse ele, colocando a mão sob seu cotovelo e emprestando sua força considerável quando começaram a subir as escadas.
— Eu estava falando sobre você.
Duncan riu alto, em seguida, pegou-a em seus braços e correu até as escadas. Antes que ela prendesse a respiração, eles estavam no quarto que tinha usado antes, e ele a estava colocando no chão, deslizando-a para baixo de seu corpo, para que ela sentisse cada centímetro de músculo firme do seu peito, suas coxas. Ela prendeu a respiração. Seus músculos não eram as únicas coisas que estavam duras nele.
Emma olhou para cima e encontrou seu olhar travado pelo brilho de bronze de seus olhos.
— Seus olhos. — ela sussurrou, levantando a mão para traçar a curva de seu rosto. — Eles estão brilhantes.
— Eles fazem isso. — murmurou Duncan, flexionando os dedos fortes sobre seus quadris.
— Mas não o tempo todo. — Emma disse suavemente.
— Quando uso o meu poder. — explicou Duncan, uma mão mergulhando quase na curva da bunda dela quando ele a puxou mais perto. — Ou quando uma forte emoção entra em jogo.
— Emoção. — Emma repetiu suavemente, seus dedos agora brincando junto à suavidade de sua boca. — Como... desejo? — ela levantou-se e deu um rápido beijo em sua boca. — Deseja? Outro beijo. Quer?
Ela voltou a levantar-se, com a intenção de dar-lhe um beijo rápido, mas ele rosnou, segurando-a no lugar quando ele aprofundou o beijo em algo quente e exigente. Uma mão subia em suas costas, os dedos torcendo em seu cabelo quando ele mudou o ângulo do beijo, indo mais fundo quando a língua mergulhou na boca dela.
Emma gemeu baixinho. Ele tinha gosto de noites quentes e segredos sombrios, embora ela não pudesse ter explicado o que isso significava. Ela só sabia que era verdade.
Ela queria mais. Ela queria morder os lábios, provar mais dele. Ela chegou por trás de sua cabeça e puxou a fita do seu cabelo loiro, empurrando seus dedos por ele, raspando as unhas ao longo de seu couro cabeludo.
Duncan rosnou contra sua boca, e Emma sentiu algo duro e afiado. Seu coração disparou quando ela percebeu o que eram. Presas. Ela passou a língua ao longo de sua lisura, e Duncan estremeceu através de cada célula de seu corpo. Emma empurrou com mais força, esmagando-a contra a sua boca. Era como se ela não pudesse chegar perto o suficiente.
Ela sentiu uma picada afiada na sua língua, provou seu próprio sangue, quente e acobreado.
Duncan apertou os dedos em seu cabelo, segurando-a com tanta força que trouxe lágrimas aos seus olhos, mas ela não gritou, não se moveu quando sua língua varreu sobre a dela, lambendo até a última gota. Sua ereção, já uma presença longa e dura contra sua barriga, cresceu incrivelmente, lutando contra a roupa que os separava. Emma colocou as mãos na camisa de Duncan quando ele interrompeu o beijo, puxando-o de volta para ela com um pequeno gemido de fome quando ela alcançou sua boca mais uma vez.
— Emma. — ele murmurou, então praguejou suavemente quando ela mordeu o lábio inferior com raiva. Ela não queria romper a pele, mas tinha que doer mesmo.
— O quê? — ela devolveu, seu corpo gritando com ela para deixá-lo nu agora!
— Está tarde. — disse ele, suas mãos fortes em seus braços segurando-a longe de seu corpo, quando tudo o que ela queria fazer era esfregar-se contra ele como um gato.
— Tarde? — repetiu. — Tarde para quê? — ela exigiu.
Duncan riu, desviando quando ela deu um soco em seu abdômen em retaliação.
— Pare de rir e me diga o que está acontecendo, seu vampiro estúpido. — a realidade a atingiu. — Oh.
Duncan esfregou seu abdômen, como se seu punho tivesse feito qualquer dano aos seus músculos.
— Então, quanto tempo até o amanhecer? — ela perguntou, olhando para ele e mostrando desejo em seus olhos.
Duncan gemeu baixinho.
— Não olhe assim para mim. — disse ele. — Isto é o bastante.
Emma sorriu maliciosamente para a cama provavelmente não intencional de casal, mas, naturalmente ele sabia porque ela estava sorrindo.
— Você é má. — disse ele. Ele deixou suas mãos passeando das costas para a bunda dela, puxando-a perto o suficiente para sentir exatamente como estava duro.
— Pouco mais de uma hora. — ele murmurou contra seu ouvido. — E Emmaline, minha querida, quando eu finalmente começar a fazer amor com você, vou precisar de muito mais tempo do que isso.
Emma estava, de repente, feliz que ele estava segurando-a, porque a onda de luxúria que sentia ao ouvir essas palavras murmuradas a teria derrubado. Isto era tão injusto.
— O que você... — a voz dela quebrou e ela tossiu um pouco. — O que você vai fazer amanhã? Quero dizer à noite?
— Eu vou ficar aqui a noite toda. — ele sussurrou com a respiração quente contra sua pele quando beijou o ponto sensível em frente de sua orelha, em seguida, depositou uma linha de beijos suaves sobre a sua boca.
Emma se esticou para cima, mas ele colocou um beijo final, forte em seus lábios e deu um passo para trás.
— Tome cuidado hoje, Emma. — disse ele sério e colocando o cabelo atrás da orelha. — Prometa-me.
— Eu vou. — disse ela, sem fôlego.
— Não confie em ninguém. — continuou ele, em seguida, deu um beijo casto na testa. — E você deve conseguir todo o sono que puder. Você vai precisar dele mais tarde. — ele piscou e então se virou e caminhou para o salão e para longe.
Emma olhou para a porta vazia, seu corpo vibrando com necessidade não atendida.
— Droga. — ela sussurrou, depois estendeu a mão e fechou a porta firmemente. A fechadura era só a maçaneta, o que não impediria a entrada de um vampiro. Mas ela realmente não esperava que alguém fosse perturbá-la.
Ela olhou inquieta ao redor do quarto, então olhou para o relógio. Se ela fosse dormir imediatamente, conseguiria duas horas a mais antes que tivesse que levantar-se e ir para o trabalho. Mas as chances de cair no sono logo eram zero ponto zero graças a um certo vampiro.
Qual era a versão masculina de um galo provocante de qualquer maneira? Ela teria que procurar isso mais tarde. Por enquanto, ela se resignava a um dia alimentado por cafeína, então abriu sua mala.
****
Algumas horas mais tarde, Emma estava usando seu uniforme de terninho e salto alto, passeando pelos corredores de mármore de Washington. Bem, certo, ela na verdade não foi passear, isso seria óbvio demais. Ela se apressou, assim como todos os outros faziam neste edifício, correndo, às vezes com um grupo de repórteres e cinegrafistas depois deles, como se o destino do mundo repousasse sobre seus ombros. Ela deveria, isso era verdade, mas era longe de ser tão frequentemente quanto os políticos gostavam de pensar que era.
Estava lotado nesta manhã. Mais uma reunião do Congresso, algo quebrando como jogadores de beisebol usando esteróides. Pessoas morrendo de fome em todo o mundo, morrendo nos campos de batalha, agredidos até a morte por seus vizinhos, e o que o mais premente dos líderes do mundo livre poderia pensar era um monte de grandes cabeças, pequenos torrões de atletas que usavam esteróides. Quem se importava? Não Emma, ??embora seus colegas do sexo masculino tivessem insistido que importava. Ela estava apenas contente pelo deputado Coffer não estar em nenhuma das comissões competentes. Ela não achava que poderia ter mantido uma cara séria, ou a boca fechada.
Ela desesperadamente pegou uma xícara de café no caminho para a mesa, e conseguiu não derramar enquanto fazia malabarismo com sua bolsa com o laptop e livro do Memorial de Lacey dentro. Ela deixou a caixa em seu quarto no Duncan. Era muito volumoso mesmo para sua bolsa gigante.
Ela mal conseguiu tomar alguns goles preciosos de cafeína e desnatado sobre os arquivos relevantes para a reunião da manhã, quando o Congressista abriu a porta e seus colegas pularam de cabeça para o escritório. Emma seguiu mais lentamente, maravilhada de que apenas alguns dias atrás, ela teria sido tão bombeada como os outros sobre a audição de amanhã. Mas esta manhã não era nada, só uma distração. O que ela queria fazer era sentar-se com o seu computador e acompanhar sua nova ideia sobre como identificar as mulheres a partir das festas de Victor.
Era meio-dia quando teve a chance, no entanto. A reunião tinha corrido durante muito tempo, e então não tinha uma pilha de pedidos de constituintes para ela percorrer. A maioria foi encaminhada para outros membros da equipe imediatamente, mas alguns eram de natureza mais grave e ela teve de lidar com isso sozinha.
Mas, finalmente, o escritório estava quase vazio, com todos fora para almoçar em algum lugar. Washington levava seus almoços muito a sério, vendo-os como mais uma oportunidade de votos judiciais, levantar dinheiro ou às vezes apenas para ter um par de martinis e parar a agitação por uma hora ou duas.
Emma pegou um muffin que sobrara da manhã. Era de cranberry, o menor da ninhada, quase esmagado e de má reputação, que foi provavelmente a única razão de ainda estar lá. Ela pegou ainda outra xícara de café e voltou para sua mesa, puxou a lista de iniciais das mulheres dos arquivos de Victor e começou a passar pelo Livro enlutado de Lacey, procurando por nomes.
Ela estava inicialmente surpresa com o número de pessoas que assinaram o livro. Ela esteve em um nevoeiro, e não tinha ideia de que muitas pessoas tinham ido. Alguns tinham simplesmente assinado seus nomes, mas a maioria tinha escrito pelo menos algumas palavras de condolências, e muito poucos tinham feito mais do que isso. Foi um esforço não se perder em suas lembranças enquanto lia as palavras de pessoas que ela não conhecia, mas que tinha conhecido Lacey e sentiriam falta dela. Isso a lembrou do por que ela estava lendo o livro, de modo que enxugou suas lágrimas e começou a procurar as páginas mais metodicamente.
Ela estava curvada tentando decifrar a caligrafia de alguns, quando uma porta se abriu e a voz de surpresa Guy Coffer disse:
— Emma?
Emma saltou, quase engasgando com um pedaço de bolo. Ela pegou o café e tomou um longo gole, agradecida que tinha ficado o tempo suficiente para estar quente.
— Congressista. — ela conseguiu dizer, finalmente, tossindo.
Coffer deu-lhe um olhar preocupado, a mão estendida, como se estivesse pensando em dar tapinhas nas costas.
— Você está bem? — perguntou ele, em causa. — Eu não queria assustá-la.
Emma tomou outro gole de café e acenou com a mão em desdém.
— Eu estou bem. — ela disse, colocando a xícara. Ela girou em sua cadeira, apoiando uma mão sobre a mesa e sorrateiramente bateu na tecla em seu laptop que iria fechar seus arquivos.
— Eu não sabia que você estava aqui. — disse ela com cautela.
Coffer deu-lhe seu sorriso bonito do político.
— Eu passei aqui mais cedo. Você dá duro no trabalho.
Emma estava um pouco alarmada com a ideia de que ele poderia ter passado por ali sem que ela percebesse. Então, ela olhou em volta e sentiu um novo tipo de preocupação. Os telefones tocavam quase constantemente, como de costume, e ela podia ouvir as pessoas no escritório exterior, mas diferente disso, ela e Coffer estavam sozinhos. Se Sharon entrasse agora teria um acidente vascular cerebral, e talvez disparasse sobre Emma. Merda.
— Eu sinto muito. Eu não ouvi. Havia algo...
— Não se desculpe. Você tem direito ao almoço assim como o resto de nós. Eu saí para pegar uma xícara de café.
— Está muito velho. Deixe-me fazer um fresco.
Emma fechou seu laptop e saltou, correndo para a cafeteira no lado do gabinete. Houve uma grande instalação na frente, mas se aventurar para o escritório exterior às vezes significava ser emboscada por alguém que queria alguma coisa, então os analistas que trabalhavam nesta parte do escritório tendiam a usar este. Todo mundo deveria fazer a sua parte para manter o pote cheio, mas como sempre, tinham aqueles que refutavam o dever. Emma não era uma dessas. Ela valorizava muito o café.
— No que você está trabalhando? — Coffer perguntou, olhando para o livro do enlutado, que estava aberto na mesa de Emma.
Emma se obrigou a manter a calma, esperando até que enchesse a cafeteira e apertasse o botão, antes de se virar para encará-lo.
— Esse é o livro de condolências do funeral de Lacey. — disse a ele, deixando suas emoções reais darem sabor a suas palavras. — Então, muitos amigos vieram dizer adeus a Lacey, pessoas que eu nem sabia. — ela fez uma pausa, olhando para fora da janela, observando o inverno acumulando sujeira no vidro.
— Você e Lacey eram muito próximas? — ele perguntou, e seus olhos eram tão tristes que Emma olhou para ele por um momento antes de assentir.
— Lacey era como uma irmã para mim. A única família que eu tinha.
— Sinto muito. — disse ele.
Emma sabia que Coffer era um político habilidoso, mas ele parecia tão sincero que ela não podia evitar de dar-lhe um sorriso tranquilizador.
— Todo mundo me diz vai ficar melhor com o tempo. Eu não tenho certeza se acredito nisso, mas...
— Eles estão certos, você sabe. — ele interrompeu atentamente. — O dia em que aprendi, o meu irmão tinha morrido no exterior e foi o pior dia da minha vida. Em um momento ele estava aqui, e no próximo se foi. A dor de perdê-lo... ela ainda está lá, mas não tanto quanto costumava estar. Às vezes me sinto culpado por isso, mas acho que é a maneira de nossas mentes lidarem com uma perda terrível. Caso contrário, a gente enlouquece.
Emma não sabia o que dizer. Ela foi literalmente esmagada pela sua bondade.
— Obrigada. — ela disse. — Isso foi muito gentil.
Coffer abaixou a cabeça, sorrindo.
— Eu não queria ficar tão sério. Se o café estiver pronto...
— É claro. — disse Emma, grata pelo intervalo. As coisas tinham ficado um pouco intensas demais por um momento. Ela pegou um copo para ele, dois açúcares, a maneira como todos sabiam que ele gostava. Assim como todo mundo sabia que Sharon sempre fazia isso com adoçante.
— Obrigado. — disse ele, dando-lhe uma piscadela cúmplice. — Eu vou deixá-la em paz agora. Termine o seu... — ele olhou à sua volta para os restos de seu muffin. — Muffin? — disse ele, depois sorriu e caminhou de volta ao seu escritório.
Emma praticamente caiu de volta em sua cadeira, seu nervosismo ainda saltando em choque de ter Coffer em cima dela. Claro, a mesa estava em um canto distante e, quando ela estava trabalhando, estava de costas para seu escritório, mas mesmo assim... ela balançou a cabeça. Ela poderia ser uma grande investigadora - não, ela era uma grande investigadora, dê-lhe um problema e ela trabalhava como se fosse um cachorro com um osso. Foi o que fez dela uma excelente analista legislativa, também.
Mas, aparentemente, não foi feita para se esgueirar. Balançando a cabeça, abriu seu computador e voltou ao trabalho, colocando sua cadeira em um ponto para que suas costas não ficassem totalmente para o escritório. Ela não queria mais visitas surpresas.
Ela estava realmente indo até as últimas páginas de condolências. Ela estava tão certa que seria a fonte de dados definitiva, de que todas as mulheres de alguma forma magicamente apareceriam em suas páginas. Mas até agora, ela só tinha um nome possível, e que era duvidoso. Os arquivos de Victor tinham listado um V.S. como uma de suas mulheres, mas a entrada que correspondia no livro era um Slayton V.. Não tinha nome, apenas a inicial, e a caligrafia não lhe dava nenhuma pista em saber se era um homem ou uma mulher. 
Desanimada, voltou-se para a última página e viu o nome Tammy Dietrich. E Victor tinha um T.D. na sua lista. Seu estômago apertou com entusiasmo. Talvez ela estivesse certa o tempo todo e este era o intervalo que estava procurando.
Um conjunto de vozes soou no escritório exterior, anunciando o retorno de pelo menos alguns de seus colegas. Ela fechou o livro enlutado, esfregando os dedos na capa mole, pensativa. Desde que encontraram o corpo de Lacey, ela tinha essa sensação de que havia um grande relógio tiquetaqueando os segundos e, em breve, seria tarde demais. Os homens poderosos envolvidos já estavam trabalhando para cobrir suas bundas tão completamente que ninguém poderia ver aqueles pálidos globos brancos novamente. Ela torceu o nariz para a imagem de seus próprios pensamentos, mas era uma reação indiferente.
Porque na verdade o pensamento era inegável. Eles precisavam de algum progresso nesta investigação antes que os homens responsáveis ??apagassem qualquer pista do seu envolvimento. Emma só precisava de uma identidade das mulheres de Victor, alguém que estava lá, que poderia citar nomes.
Ela não se entregou em qualquer momento para mudar de ideia. Ela agarrou suas notas, empurrou seu laptop em sua bolsa e saiu do escritório antes que alguém se importasse em notar. Ela queria acompanhar Tammy Dietrich e VS também, e tinha certeza que sabia de alguém que poderia ajudá-la.
Ela correu para fora do estacionamento do Capitólio, na tarde fria, puxando o casaco. No ano passado esteve quente esta época do ano. Ela deu ao céu cinzento um olhar cauteloso. Ele não poderia, na verdade, enviar mais neve, não é?
Ela abriu seu carro e entrou com gratidão, transformando o aquecedor em plena explosão. Enquanto esperava no interior do carro para se aquecer, ela ligou para o antigo escritório de Lacey, dando um suspiro de alívio quando a voz que respondeu era uma que ela conhecia bem.
— Betty. — disse Emma. — É Emma Duquet.
— Emma. — Betty Napoli respondeu calorosamente com simpatia. — Como você está, querida?
— Bem, eu acho. Tem sido difícil.
— Claro, criança. Nós todos sentimos a falta de Lacey. Ela era uma coisa tão animada.
— Obrigada. — Emma disse calmamente. — Ela era especial.
— Ela com certeza era. Como posso ajudar?
— Estou escrevendo notas de agradecimento. Você sabe, as pessoas que enviaram flores, aqueles que foram ao memorial, também. Eu tenho o livro que todos assinaram, mas não conheço algumas dessas pessoas, e pensei que talvez você...
— Bem, você me conhece, e eu conheço todo mundo. Quem você precisa?
— Apenas dois agora. A...  — ela fez uma pausa, como se verificando sua lista. — Tammy Dietrich? Eu acho que está certo. É difícil ler algumas dessas assinaturas.
— Bem, eu sei quem é Tammy Dietrich. Na verdade, deixe-me dar o endereço dela.
Emma tentava encontrar uma caneta quando Betty recitou o endereço do escritório de uma firma de advocacia que nunca tinha ouvido falar. Não que isso fosse uma grande surpresa. A Capital estava cheia de advogados como lixo depois de um desfile, e ela deveria saber desde que ela era um deles.
— E qual é o outro? — Betty perguntou.
Emma tinha encontrado uma caneta, começando a trabalhar e estava tentando lembrar a recitação de Betty do endereço.
— Desculpe. — ela disse distraidamente.
— O outro nome. — Betty disse pacientemente. — Você disse que havia dois.
— Ah, certo. Sinto muito. A caneta não funcionou de imediato. Sim, o outro é algo Slayton, eu acho. A primeira é a inicial V, como... Victor.
— Slayton. — Betty repetiu pensativamente. — Slayton. Você sabe, eu acho que ela trabalhou aqui por pouco tempo. Apenas um mês ou dois, e é por isso que não tenho certeza se é ela. Eu não sei se ela e Lacey teriam se conhecido, mas... sim, aqui está ela. Violeta. É um nome lindo, não é? — Betty pensou por alguns instantes. — Violeta Slayton. Eu não sei onde ela foi quando saiu daqui, no entanto.
— Você tem um endereço de casa? — Emma perguntou, sabendo que mesmo que Betty tivesse, não poderia lhe dar.
— Bem, agora, eu tenho. Mas você sabe como são sobre coisas como essa. Eu vou lhe dizer o que posso, no entanto. Nós estávamos conversando, e acho que ela mencionou que sua família era de Springfield, Virginia. Tinha uma casa em Donset. Nós comentamos sobre isso, porque tenho alguns amigos lá. Pode ser um lugar para começar.
Emma escreveu o nome da cidade e sorriu. Sem realmente dizer nada a ela, Betty estava dizendo que Violeta Slayton estava morando com os pais em Springfield. Com isso, mais o nome da rua, ela poderia encontrar Slayton facilmente.
— Obrigada, Betty. — disse ela com sinceridade. — Eu realmente aprecio isso.
— Bem. Foi uma coisa terrível o que aconteceu com Lacey. Tão jovem... — sua voz falhou um pouco e ela fungou discretamente. — Me avise se você precisar de mais alguma coisa, você ouviu, Emma?
— Eu vou. — disse Emma, ??sentindo seu próprio peito apertar com emoção. — Obrigada novamente.
Não querendo se debruçar sobre o lembrete de que ela perdeu Lacey, Emma desligou e imediatamente abriu seu laptop. Ainda sentada no estacionamento, ela estava perto o suficiente para que pudesse acessar o Wi-Fi gratuito de seu escritório. Ela conferiu Tammy Dietrich primeiro, porque esse era mais fácil. O endereço que Betty tinha lhe dado estava em Alexandria, Virginia, mas as chances eram que Dietrich fosse um membro da costa de DC, também. Mesmo Emma era licenciada para a prática em DC, e ela não tinha intenção de estar de pé diante de um tribunal aqui. Foi apenas algo que fez, trabalhar perto do Distrito, especialmente quando era tão compulsivamente organizado como Emma. Mesmo sem outra vantagem, aquilo lhe dava acesso a coisas como a Ordem dos Advogados do diretório de membros, o que vinha a calhar em momentos como hoje. Ela digitou o nome de Dietrich. Não havia nenhuma imagem, o que não era incomum.
Emma não tinha uma lista com ela, também. Na verdade, não havia muita informação de Dietrich, só da escola de direito, que era Georgetown, e o endereço da empresa que Betty já havia dado a ela. Dietrich era o único nome listado da empresa, o que provavelmente significava que ela tinha um escritório particular, talvez com um ou dois outros advogados.
Ainda assim, o endereço de Alexandria era muito valioso. Ela estava indo muito bem. Emma pegou um mapa e decidiu pelo menos conferir o escritório de Dietrich. Talvez ela devesse entrar e pedir informações, apenas para dar uma olhada. As chances eram de que uma vez que ela não conhecia Dietrich, Dietrich não a conhecia também. Além disso, ela provavelmente não passaria na frente da sua mesa de qualquer maneira.
Alexandria era perto o suficiente para que, em circunstâncias normais, fosse mais rápido pegar um táxi, ou até mesmo o ônibus. Mas Emma ainda esperava ir para a casa de Violeta Slayton esta tarde, e ela não poderia se dar ao luxo de desperdiçar o tempo que seria necessário andando de volta para o estacionamento do Capitólio e pegando seu carro. Ela suspirou. Isso custaria uma fortuna no estacionamento em Alexandria.
*****
Emma teve sorte e pegou um espaço de estacionamento para baixo de duas portas do escritório de Dietrich. Era apenas 10 minutos, mas já sabia que não demoraria mais tempo do que isso para verificar Tammy Dietrich de sua lista. Por um lado, Dietrich estava listada como uma sócia na placa discreta do lado de fora do prédio de escritórios. O gosto de Victor por mulheres para as suas festas se inclinava mais para secretárias do que parceiras da lei. E outro, os escritórios de advocacia eram localizados em um velho edifício de Alexandria. Este era certamente um beco sem saída, mas uma vez que ela já estava aqui, checaria o assunto.
A recepcionista olhou para cima quando Emma se aproximou da mesa. A mulher era, talvez, dez anos mais velha que Emma e seu vestido muito melhor.
Ela estava fazendo o seu melhor para olhar para baixo de seu nariz, mesmo que estivesse olhando por cima, através de um par de óculos de tartaruga muito tradicionais.
 — Oi. — disse Emma, fingindo ler os vários pedaços de papel que ela tinha dobrado em sua mão, como se fosse para referência. — Eu tenho que encontrar alguns amigos no... — ela olhou para os papéis. — Waterfront Park, e não consigo...
— É Waterfront. — a recepcionista disse friamente, com uma forte dose de 'Oh meu Deus, você é estúpida' em sua voz. — É por ali. — acrescentou, apontando com um dedo perfeitamente cuidado em uma direção, que era justo a porta do escritório.
 Emma lhe deu um sorriso amigável.
— Bem, é claro que é. Onde está o meu cérebro esta tarde? Você foi muito gentil. — acrescentou ela, embora não tivesse sido verdadeiramente. Robôs tinham mais bondade humana que essa mulher. Mas Emma não precisava de nenhum elogio. Ela já tinha conseguido o que veio fazer aqui.
Na parede atrás da mesa da recepcionista frígida estavam retratos profissionais de Tammy Dietrich e seu parceiro. E Tammy Dietrich não era, definitivamente, um dos brinquedos de Victor. Emma não tinha nomes para as mulheres em vídeos de Victor peep show, mas ela definitivamente tinha rostos. E Dietrich não era uma delas.
Emma não perdeu mais nenhum tempo com a recepcionista hostil. Ela saiu do escritório e correu de volta para seu carro com dois minutos de sobra no medidor. Não foi um total desperdício de tempo. Ela não tinha encontrado uma das mulheres da lista de Victor, mas pelo menos eliminou Dietrich.
Isso era algo. Não muito, mas alguma coisa. E ela ainda tinha Violeta Slayton, que definitivamente tinha trabalhado com Lacey.
Emma puxou o laptop e pegou carona com alguém na conexão Wi-Fi desprotegida. Ela conectou com a rede de escritório e acessou uma listagem das famílias da área de Springfield, Virgínia. Usando o sobrenome Slayton e o nome da rua que Betty tinha lhe dado, ela logo teve o endereço dos pais de Violeta Slayton. Ela clicou no mapa do site favorito, digitou o endereço, e analisou as instruções. Ela assentiu com a cabeça para si mesma. Ela definitivamente poderia chegar lá e voltar a casa de Duncan uma hora antes do sol se pôr.
Ela tinha um pensamento fugaz de que Duncan não estaria muito feliz com ela se fosse ver Slayton sem ele. Especialmente depois do seu intruso armado ontem à noite. Mas eles não sabiam ao certo ainda se a noite com o último cara tinha alguma coisa a ver com Victor. Ele poderia simplesmente ser um assaltante. E, mesmo se alguém estivesse mantendo o controle de suas investigações, eles mal estariam seguindo cada movimento seu. Ela não sabia que estaria visitando a Virgínia esta tarde, assim como poderia alguém saber? Além disso, Violeta Slayton poderia ser um beco sem saída como Tammy Dietrich. Os homens responsáveis ??pela morte de Lacey provavelmente estavam sentados e rindo de como Emma corria, perseguindo sombras.
Ela enviou as instruções para casa Slayton para seu telefone celular, em seguida, entrou em seu carro e se afastou apenas alguns segundos antes do cara do parquímetro chegar.

Capítulo 19
 
Violeta Slayton estava tão nervosa quanto um gato de rabo comprido em um lugar cheio de cadeiras de balanços{14}, como diria a avó de Emma. Slayton estava pálida e muito magra, mas Emma tinha a impressão que estes eram acontecimentos recentes. Suas roupas estavam muito grandes, e sua pele tinha aquela aparência seca de alguém que não estava comendo ou se hidratando corretamente. Mas nada disso, nem as roupas e nem palidez dela, poderia esconder o fato de que ela era linda. Seus olhos eram castanhos escuros e luminosos, cercada por longos cílios pretos, e seu cabelo sujo e estava grosso e ondulado. Violeta lembrou Emma das mulheres que ela conheceu enquanto fazia um estágio em um centro de crise de estupro durante a faculdade de direito. O pensamento do que teria feito Violeta reagir dessa forma fez o sangue de Emma correr frio, e ela sabia que tinha feito a coisa certa ao vir para cá.
— Eu fiquei triste de ouvir sobre Lacey. — disse Violeta, sentando-se no canto de um sofá grande e fofo. Ela falou tão baixinho que Emma teve que se inclinar pra perto para ouvir. Era como se Violeta estivesse com medo que alguém a ouvisse, mesmo que Emma soubesse que não havia ninguém na casa, exceto as duas. Slayton se abraçou, envolvendo-se na camisola gigante de quase o dobro do seu tamanho. — Lacey era uma boa pessoa. Admirável. Eu senti que eu tinha que ir, tinha que prestar meus respeitos, embora... — Ela parou de repente, e seus belos olhos estavam cheios de medo quando eles encararam Emma.
— Embora o quê, Violeta? — Emma perguntou gentilmente.
Violeta olhou pra longe.
— Eu não via ninguém desde que saí da firma. Eu saí meio que de repente. Eu não dei a eles uma explicação apropriada, e eles não ficaram muito felizes comigo. Eu não sabia se veria alguém conhecido no funeral. Eu não queria ver ninguém, mas... Lacey era legal. Eu não os deixaria... — Sua boca se apertou, seus lábios rolaram na parte de baixo até desaparecer completamente.
— Você disse que Lacey era corajosa. — Emma disse baixinho. — Por que disse isso?
Violeta olhou fixamente seus dedos, que brincavam com o botão de couro do seu casaco, rolando-o primeiro para um lado e depois para o outro.
— Ela não tinha medo de ninguém. — Ela sussurrou. — Parecia que ela não acreditava que o mundo podia machucá-la. — Violeta olhou pra cima de repente encontrando o olhar de Emma. — Mas ela estava errada. Não é?
Emma assentiu, deixando mostrar seu próprio sofrimento.
— Lacey era a única família que eu tinha. — disse ela, sem saber por quê. — Há um lugar dentro de mim, perto do meu coração, que dói o tempo todo desde que ela se foi. Eu não acho que nunca vai parar de doer, mas eu sei que não irá até eu descobrir o que realmente aconteceu com Lacey.
Violeta deu-lhe um olhar assustado.
— Mas eu pensei... — O entendimento floresceu em seus olhos, e ela perdeu o pouco de cor que ela tinha. — Não. — ela sussurrou, balançando a cabeça.
— Você foi às festas com Lacey. Não foi, Violeta? — Emma perguntou suavemente.
— Eu não consigo falar sobre isso. Eu não vou. — Violeta sacudiu sua cabeça, mais uma vez se recusando a olhar Emma. — De qualquer maneira, eu não lembro nada.
Emma observou a outra mulher, odiando-se por estar aqui, por forçar Violeta Slayton reviver mesmo que uma parte pequena do que tinha acontecido com ela. Mas os homens ainda estavam soltos. E mereciam pagar pelo que tinham feito. Por Lacey, certamente, e por Violeta e as outras também. E a qualquer outra mulher no futuro, se eles não fossem parados.
— Lacey foi assassinada. — disse para Violeta sem rodeios, tendo uma grande chance. — Eu deixei todo mundo achar que foi um acidente de carro, porque eu não confio na polícia para lidar com isso. Os homens que a mataram têm muito dinheiro e poder, e são essas coisas que falam nesta cidade.
Violeta estava olhando para ela de novo, sacudindo a cabeça.
— Eu não posso te ajudar. Ele fez algo que eu não consigo lembrar. É o único decente... — Ela riu amargamente e passou a mão pelo cabelo sujo. — Por pior que isso pareça, é melhor do que a alternativa.
— Você está tendo flashbacks? — Emma perguntou, lembrando as vítimas de estupro que ela conversou na faculdade. — Pesadelos? Pedaços de coisas que não fazem sentido, mas aterrorizam você assim mesmo?
— Pior. — Violeta sussurrou. — É pior, porque eles não fazem sentido. Às vezes, acho que se eu pudesse juntar as peças e der um sentido a tudo, isso finalmente poderia ir embora. Mas eu tenho medo do que eu vou descobrir quando eu for mais fundo.
— Deixe-me ajudá-la. — Emma disse. — Deixe meus amigos ajudar você.
— Amigos? Que amigos? — Violeta disse, parecendo desconfiar. — Nenhum deles?
— Eles?
Respiração de Violeta aumentou até que ela estava quase ofegante.
— Vampiros. — ela respirava. — Eles existem, você sabe. — disse ela desafiadoramente, como se assumisse que Emma não acreditaria nela.
Emma afirmou.
— Eu sei.
Violeta piscou.
— Você acredita em mim?
— É claro. Eu já fui à residência dos vampiros, a embaixada. Eu sei sobre Victor, e eu sei o que ele fez. — Emma se inclinou para frente fervorosamente.
— Victor está morto, Violeta. Ele não mais pode te machucar.
— Morto? — Violeta sussurrou em descrença. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela levantou a mão trêmula à boca. — Morto. — ela repetiu. Seu olhar brilhou ao encontrar o de Emma. — Então você não precisa de mim.
— Mas eu preciso. — Emma disse suavemente. — Eu preciso de você para me dizer o que aconteceu. Eu preciso saber quem eram os homens, para que eu possa fazê-los pagar.
Violeta fechou os olhos, como se sentisse dor. Ela ficou assim um longo tempo, e Emma pensou que ela tinha desmaiado. Mas, então, Violeta falou com uma voz surpreendentemente forte.
— Eu não quero que minha família saiba. Eles já sofreram bastante com isso.
Emma pensou rapidamente. Ela precisava de um lugar para se encontrar com Violeta, em algum lugar onde ela se sinta segura. A casa de Duncan era provavelmente a mais segura, mas claramente estava fora de questão. Mesmo que Violeta nunca estivesse estado na casa, havia vampiros demais. E Duncan nunca concordaria fazer isso na casa de Emma, não depois da outra noite. Droga. Bem, eles tinham que fazer alguma coisa. Duncan e seus vampiros provavelmente tinham casas em todo o lugar. Eles só precisavam que ter certeza que o que eles escolhessem não tivesse sido um lugar que Victor tinha usado para seus jogos pervertidos.
— Se você concordar em me ajudar venho buscá-la eu mesma. — Emma garantiu a Violeta. — Você pode dizer a seus pais que eu sou uma amiga. Eles vão ficar felizes que você está saindo. — Disse ela, sabendo que era verdade.
Violeta acenou cansada.
— Ótimo. Eu só quero acabar com isso. Eu quero minha vida de volta.
— Eu vou fazer o meu melhor. — disse Emma séria. Ela começou isso para buscar justiça para Lacey, mas eles não poderiam mais ferir Lacey. Eles ainda estavam ferindo Violeta Slayton, embora, e Emma iria para fazê-los parar.
Ela trocou números de telefone com Violeta, prometendo voltar a ter contato com ela logo pela manhã para marcar algo. Ela estava nervosa em deixar Violeta sozinha. Com medo de que alguma coisa pudesse acontecer. Com medo, sinceramente, que ela mudasse de idéia e corresse. Mas Violeta se recusou a ir com ela, então não havia nada Emma poderia fazer. Ela só podia confiar.
Até ela estar em seu carro, voltando para a Capital ela não tinha percebido o quão tarde já era. Em retrospecto, ela estava um tanto surpresa que Duncan ou um de seus homens não haviam ligado para descobrir onde ela estava. Isso realmente a preocupava um pouco. Tinha acontecido mais alguma coisa?  Alguma coisa que tinha deixado todos tão ocupados que eles não tiveram tempo para se preocupar com o seu paradeiro?
No próximo sinal vermelho, ela pegou o telefone celular e rolou até o número de Duncan. Foi a primeira vez que ela o chamou, desde que ele a tinha dado o seu cartão de visita há um pouco mais de uma semana atrás. Ela ficou surpresa ao perceber que não tinha mais tempo do que isso. Tanta coisa havia acontecido, não parecia possível que tinha passado tão pouco tempo.
A luz ficou verde e ela colocou o telefone entre a orelha e o ombro enquanto o número de Duncan ia direto para o correio de voz. Talvez fosse muito cedo para chamar. Afinal, o sol estava quase baixo, o céu ainda tinha luz no horizonte. Talvez os vampiros não fossem madrugadores ou o que você chama alguém que acordou com o pôr do sol.
O correio de voz de Duncan soou, a convidando-a a deixar uma mensagem. Ela pegou o telefone e o segurou contra o rosto.
 — Oi, Duncan. Aqui é Emma. Estou ligando pra avisar que estou a caminho e tenho notícias. Vou te contar quando chegar aí.
Ela fez uma pausa, de repente, sem saber como despedir. O Ok, tchau de sempre, realmente não encerrava. E o smack um beijo no telefone parecia banal, dado o calor entre eles. Ela tomou o caminho covarde e simplesmente desligou, jogando o telefone no assento do passageiro.
Ela e o super sexy Duncan iriam ter um coração-para-coração muito em breve. Talvez hoje à noite depois que ele ouvisse como ela tinha encontrado Violeta Slayton. Esta foi uma boa notícia para a sua investigação, uma notícia realmente boa. Uma pequena festa não seria inadequada. E qual a melhor maneira de comemorar do que finalmente ficar nu juntos?
Seu estômago apertou quando a imagem de Duncan seminu brilhou em sua mente. Ela subiu a ladeira a mais de 150km/h pisou fundo no acelerador. Ia ser uma noite muito boa.

Capítulo 20
 
Duncan observava seu prisioneiro, o infeliz que atacou Emma e quase matou Baldwin, mesmo sendo tão difícil matar um vampiro. Era apenas boa sorte que Duncan e Miguel haviam estado tão perto, e que Baldwin havia estado alerta o bastante para fazer Emma ligar para eles. Alguns minutos mais e ele teria sangrado até a morte, apesar de seus melhores esforços. E fora a ameaça à Emma... Que Duncan provavelmente não esqueceria... O ataque a um dos seus era algo que ele não perdoaria.
Exceto que este homem realmente era um infeliz que, se ele pudesse acreditar, havia escolhido a casa errada para roubar. E Duncan não tinha motivo para não acreditar nele. Até onde ele podia determinar, o homem estava contando a verdade. E havia poucos malditos vampiros mais habilitados para detectar mentiras entre humanos do que Duncan, especialmente quando ele deslizava para dentro da mente do humano e o deixava todo confortável e relaxado. Nesse ponto, não havia decepção restante no homem.
— Estou te dizendo a verdade, cara. — o prisioneiro reclamou pela enésima vez. — Eu não sei nada sobre nada.
— Então você diz. — Miguel rosnou.
— Porque é a verdade, cara. Eu vi o aviso de funeral e fui olhar a casa.
— Então, você rouba dos mortos, é isso?
— Eu não tenho vergonha disso. Um corpo está morto, o que importa se eu pegar as coisas dele? Ainda bem que sou eu. Lugar legal como aquele, eu imaginei que deveria ter alguma coisa de valor, então eu fiquei de olho lá, e quando ninguém veio para casa, eu fiz a minha jogada. Dois minutos depois, aquela piranha aparece e todo o inferno acontece.
— E você deu um tiro no meu homem. — Duncan disse tensamente.
— Sim, bem, merdas acontecem. Ele me assustou, só isso. Você não pode assustar um homem desse jeito.
— Eu vejo. Então é culpa dele que ele levou um tiro.
— Bem, sim, mais ou menos.
Duncan estudou o homem, se perguntando se ele não deveria retornar uma boa dose de medo para o humano, se não por outra razão a não ser para puni-lo por ser um verme tão grande.
— É possível que alguém o tenha pegado, Sire? — Miguel perguntou baixinho.
Duncan há havia considerado, e rejeitado, a possibilidade de que outro vampiro tivesse manipulado essa patética desculpa para um homem e mandado matar Emma.
— Não há sinal de adulteração. O problema é — ele admitiu, — que essa criatura realmente vai atrás dos mortos. Se alguém souber disso, seria muito simples direcioná-lo até Emma e deixá-lo fazer o que ele faz de melhor. A sugestão necessária seria tão leve que a menos que o vampiro seja um total idiota, o resultado seria praticamente indetectável, até mesmo para mim. Especialmente já que o humano honestamente acredita no que ele está nos contando.
Miguel franziu a testa.
— Então o que nós fazemos com ele? Ele quase matou o Baldwin.
Duncan concordou. Ele não podia apenas deixar o homem ir. Ele não havia matado ninguém ontem à noite, não que o Duncan soubesse, pelo menos, mas provavelmente era apenas uma questão de tempo antes que ele o fizesse. Por outro lado, não era a responsabilidade do Duncan proteger a raça humana dela mesma também.
— Eu não acredito que o nosso amigo aqui aprecie totalmente os perigos de sua profissão escolhida. Eu acho que uma pequena lição está em ordem, depois da qual você pode mandá-lo de volta para o mundo selvagem e deixar que a natureza tome o seu rumo.
Duncan largou o homem da posse que ele tinha sobre o seu cérebro, e viu o medo se restabelecer quando todas as reações químicas retornaram ao fluxo sanguíneo do homem.
— Que merda? — o humano disse, olhando ao redor com olhos arregalados e aterrorizados enquanto ele observava seu dilema. — Quem são vocês?
Miguel mostrou suas presas e sorriu para o homem em dificuldades. O cara ainda estava gritando quando Duncan deixou o porão e seguiu para o seu escritório, se perguntando tolamente onde Emma estaria. Já tinha passado uma hora depois do por do sol que eles haviam concordado. Ele sempre podia chamar o guarda que ele havia designado para ela e descobrir o que ela estava fazendo. Mas se algo significante tivesse acontecido o guarda teria ligado para ele já. Talvez ela tivesse que trabalhar até tarde ou talvez... Seu telefone tocou enquanto ele se sentava em sua mesa. Olhando para o identificador de chamadas, ele viu que era Jackson Hissong, o humano no comando de seus guardas diurnos. Duncan franziu a testa. Não era comum Jackson estar por aqui a essa hora.
— Jackson. — ele disse, respondendo. — Você está aqui tarde.
— Sim, meu senhor. Estou prestes a ir embora, mas o guarda designado a seguir Emma Duquet hoje acabou de reportar.
— Emma? — Duncan disse, alerta, mas não ainda alarmado, já que não havia tensão na voz do Jackson. — Algo aconteceu?
— Ela nunca esteve em perigo, meu senhor, mas ela não ficou exatamente sentada em seu escritório o dia inteiro, então eu pensei que você iria querer saber para onde ela foi.
— Bem, sim, — Duncan concordou. — Eu estou muito interessado em saber disso, Jackson.
* * *
Emma acenou para o guarda quando o portão se abriu e ela dirigiu para dentro da propriedade. Ela estacionou no lugar de sempre do lado direito da porta da frente e saiu do carro, deslizando sua bolsa e o laptop por cima do ombro. Ainda totalmente em frenesi de ter encontrado Violeta, ela praticamente saiu pulando pelas escadas.
Ela abriu a porta da frente e entrou, piscando em surpresa. A grande casa estava ainda mais barulhenta esta noite. Soava como se tivessem derrubando todo o lugar de dentro para fora, e tentando não ser muito organizado a respeito disso. Abaixando sua cabeça contra a possibilidade de detritos voadores, ela desviou de uma pilha de... o que era isso? Paredes, talvez. Paredes que haviam sido despedaçadas...
— Cuidado aí embaixo! — o aviso gritado soava de cima, e Emma caminhou rapidamente para dentro da antiga biblioteca mal conseguindo desviar da nova camada de detritos que caíram pela escadaria aberta e pousaram numa pilha crescente.
— Bom Deus. — ela murmurou, e olhou de volta no batente.
— Emma! Aí está você.
Emma olhou duas vezes quando Baldwin se juntou a ela no pequeno cômodo.
— Baldwin. — ela disse, examinando-o de cima a baixo. — Você parece... saudável.
Ele riu com a surpresa dela.
— Vampiro, docinho. Nós nos curamos como loucos, especialmente quando alguém como Duncan faz as honras.
Emma se lembrou de Duncan abrindo seu pulso para Baldwin beber.
 — O sangue do Duncan fez isso?
Baldwin assentiu, de repente sério.
— Duncan é super poderoso, entende.
Ela assentiu com a cabeça lentamente. Baldwin estava morrendo em seu chão ontem à noite. Isso era além de poderoso. Isso era malditamente incrível.
— Estou feliz que esteja bem. — ela conseguiu dizer.
Ele sorriu.
— Eu também.
— Eu, hum... — Emma procurou por algo para dizer. — Eu estacionei lá na frente. Eu devo estacionar lá atrás?
— Não. Me dê suas chaves. Eu farei isso.
— Tem certeza?
— Claro. Você está trabalhando com o Louis, certo? Eu levo as chaves, mas o chefe quer vê-la antes. Ele deixou um aviso e não parecia muito contente sobre isso.
— Não? — Emma perguntou, mais curiosa do que preocupada.
Baldwin ofereceu um olhar solidário.
— Não se preocupe, querida. Ele gosta de você, então não será tão ruim. Você está com as chaves?
Ela pegou suas chaves e as entregou.
— Obrigada. — ela disse fracamente.
Ele pegou as chaves, dando-lhe uma piscadela antes de desaparecer do lado de fora. Emma ficou na segurança relativa da antiga biblioteca por um momento, meditando sobre o aviso de Baldwin. Então, Duncan estava infeliz com ela? Ok, então ela havia ido trabalhar e voltou correndo pra cá, como uma boa abelhinha operária. E talvez estivesse um pouco atrasada, e talvez ele tenha ficado preocupado, mas ela havia ligado. E havia encontrado Violeta Slayton, o que era uma grande coisa, se pelo menos alguém ouvisse. Não era isso que ela tinha que estar fazendo? Tudo isso não era o mais importante?
Mentalmente endireitando seus ombros, e meio irritada que a sua boa notícia estava sendo pisoteada pelo ego do Duncan, ela deu um único passo para fora da antiga biblioteca, olhou para cima cuidadosamente, e então correu para as escadas.
Duncan estava no telefone quando ela colocou a cabeça pela porta entreaberta de seu escritório. Ela já tinha começado a voltar para o corredor, quando ele pegou seu olhar e apontou para a cadeira na frente de sua mesa. Não que ela tivesse que obedecê-lo, mas seria muito covarde fingir que não havia visto ou entendido o seu gesto. E por qual motivo ela estava preocupada de qualquer forma? Ela sentou na cadeira designada e desejou que tivesse trocado de roupas antes de vir aqui. Pelo menos então ela poderia ter afundado casualmente ao invés de sentar reta em sua saia lápis e saltos como uma Madame.
Duncan a ignorou quando ela chegou à cadeira. Ele estava sentado paralelo à mesa e falando com alguém sobre o que soava como reforma da casa. Algo sobre o porão e um jazigo e lençol freático. Ela bocejou com vontade. Um sinal que Duncan obviamente entendeu e não gostou, se o olhar que ele deu a ela fosse uma indicação. Meu Deus. Que arrependimento.
Emma estava sentindo-se mais beligerante a cada momento que esperava que Duncan saísse do telefone. Quem ele pensava que era? Ela não trabalhava para ele. Aqui ela havia conseguido ter o maior avanço que eles até agora, e estava se sentindo como uma garotinha desobediente. E tudo porque ela havia tomado a iniciativa, ao invés de esperar por horas pela permissão de Duncan. Como se ela precisasse disso? Ela acumulou uma boa dose de raiva e ira quando Duncan desligou e jogou o telefone na mesa. Ele ficou de pé e caminhou até a porta, fechando-a em silêncio.
Emma o seguiu com os olhos até onde pôde, mas se recusou a alimentar o seu ego e se virar na cadeira para vê-lo fechar a porta às suas costas. Ela estava primorosamente consciente dele, no entanto, especialmente quando ele chegou bem atrás dela e disse,
— Como foi o seu dia, Emma?
— Ocupado. — ela disse bruscamente. — Como foi... — ela pulou quando ele colocou as mãos em seus ombros, deslizando-os pelos braços e cobrindo suas mãos, prendendo-a na cadeira.
Duncan se inclinou mais perto, seus lábios mordiscando sua orelha antes dele dizer baixinho: — Ocupado fazendo o quê?
Emma ficou totalmente parada. Ela podia sentir a força das mãos dele sobre as dela, os músculos em seus braços e peito enquanto ele a cercava. O cabelo dele estava solto, e roçava contra a bochecha dela como mechas de seda quente. Ele era o homem mais sexy, mais lindo que ela já conheceu, e se eles tivessem uma hora a mais na noite passada, teriam transado como coelhos. Mas havia algo nele essa noite que fez o seu cérebro animal, primitivo parar e gritar perigo!
— Duncan? — ela disse.
— Sim, Emma?
— Você está bravo comigo?
Seus lábios tocaram sua têmpora em um beijo suave.
— Por que eu estaria bravo? — ele murmurou. Seus lábios percorrendo sua mandíbula, chegando próximo do canto de sua boca antes de se mover novamente para a pele macia embaixo da orelha.
Emma estava tendo dificuldade em respirar, e seu coração estava batendo tão forte que ela tinha certeza que ele podia vê-lo batendo por debaixo de suas roupas. Como se ele tivesse ouvido seu pensamento, Duncan ergueu uma de suas mãos das dela e deslizou seus dedos sob a gola de sua camisa e ao longo de sua clavícula, provocando, até que o seu toque roçou a parte superior de seus seios. Emma fechou os olhos e deixou a cabeça cair para trás contra seu peito.
— Me diga, Emma. — Duncan disse com sua voz um sussurro da meia-noite contra seu ouvido, prometendo todos os tipos de prazeres pecaminosos. — Você aproveitou a sua visita a Alexandria?
Emma congelou.
— O quê?
— E Violeta Slayton, isso foi muito inteligente de sua parte, exceto...
— Exceto o quê? — ela se endireitou, seu corpo abruptamente dividido entre o desejo ainda bombeando pelo nervosismo e raiva que ele de alguma forma sabia cada passo que ela havia dado hoje. Ela tentou se afastar dele e se encontrou sendo levantada da cadeira, o domínio sobre seus braços cuidadosos, porém indestrutíveis enquanto ele a girava e olhava feio para ela. Seus olhos castanhos não eram mais apenas quentes; eles estavam queimando, com aquele brilho de bronze os iluminando por dentro.
— Exceto que Tammy Dietrich trabalha para Max Grafton. — ele grunhiu. — O mesmo Max Grafton que nós sabemos que estava conectado ao Victor e suas festas imundas.
Emma não sabia sobre a conexão de Dietrich com o Grafton. Sua própria averiguação não havia mostrado ligações óbvias entre eles, mas se houvesse uma, era significante. Ele estava certo sobre esse tanto. Não que ela fosse admitir isso.
— Isso não significa nada. — ela argumentou em tom desafiador. — Um cara como o Grafton tem toneladas de advogados fazendo o trabalho para ele. Ela poderia...
— Ela é a maldita irmã dele, Emma. E ele é seu único cliente. O que isso lhe diz?
— Espera. — Emma disse, tentando se concentrar quando Duncan ainda estava segurando-a tão próximo quanto a uma amante, apesar de ele estar além de bravo com ela. Algo não estava certo nisso. Se ela apenas pudesse...
De repente tudo se encaixou.
— Como você ficou sabendo sobre a Dietrich? Eu nem mesmo sabia sobre ela até hoje cedo quando averiguei o livro de enlutado e liguei... Você pôs uma escuta no meu telefone? É isso?
— Não seja ridícula.
— Então como...
— Eu não preciso por uma maldita escuta em seu telefone. Eu coloquei um segurança com você.
— Você está me seguindo? — ela se empurrou para longe de seu peito, mas mesmo assim ele não a soltou.
— Claro que sim, alguém quase a matou ontem à noite. — ele grunhiu.
— Você não sabe disso. — ela insistiu. — Ele não puxou a arma até que eu...
— Jesus Cristo, Emma. — ele explodiu. — Você tem que estar morta e sangrando antes de me deixar ajudá-la?
Emma o encarou chocada. Ela nunca havia visto Duncan perder o controle desse jeito. Não quando eles encontraram o corpo da Lacey, nem mesmo quando o seu homem estava sangrando no chão da casa dela.
— Você tem me ajudado. — ela disse baixinho. — Eu não teria sobrevivido nada disso sem você.
Duncan suspirou e afrouxou seu aperto nela um pouco, passando seus dedos sobre a bochecha dela.
— Eu não quero perdê-la, Emmaline. Não dessa forma.
— Você não vai me perder. — ela descansou sua testa contra a bochecha dele, respirando o cheiro dele. — Além disso, — ela acrescentou baixinho, e olhou para cima para encontrar os olhos dele. — você me deve horas de sexo quente e incrível.
Duncan ficou parado, seu olhar quente e atento, mas não com raiva dessa vez.
— O que prometi foram horas fazendo amor, não simplesmente sexo. — ele murmurou, roçando seus lábios sobre os dela, antes que seus dentes se fechassem gentilmente sobre o lábio inferior. — Há uma diferença, querida.
Então ele a beijou, e Emma descobriu que realmente havia uma diferença. A boca dele era suave no início, seus lábios mal se encostando aos dela, como se estivessem procurando entrada. Seus lábios se abriram com um suspiro, e ele se moveu para o golpe fatal, a boca dele vindo com força e exigência enquanto seus braços se apertaram ao redor dela.
Emma encontrou sua demanda com uma ferocidade só dela, sua língua se reunindo com a dele em uma dança em busca do domínio, enquanto ela erguia seus braços ao redor do seu pescoço e passava os dedos debaixo de seu longo cabelo, contra o seu couro cabeludo. Ele mordiscou seu lábio de novo, com mais força dessa vez, e riu contra sua boca quando ela o mordeu de volta com um rosnado baixo.
— Mulher cruel. — ele murmurou, puxando sua camisa para fora de sua saia apertada e correndo seus dedos por suas costas nuas até seu sutiã, que abriu com um rápido movimento de seus dedos.
Emma gemeu quando seus seios foram liberados de seu confinamento, se esfregando contra o peito dele, saboreando os rígidos músculos contra seus mamilos sensíveis. Ela agarrou a parte inferior de sua camisa e puxou para cima, querendo um pouco de pele. Ele praguejou baixinho, mas a soltou por tempo suficiente para tirar a camisa por cima de sua cabeça e jogá-la de lado. Emma tirou sua jaqueta e camisa de uma vez só, deixando-as cair atrás dela enquanto seu sutiã deslizava por seus braços.
— Linda. — Duncan sussurrou, e cobriu seus seios com suas grandes mãos, seus polegares acariciando seus mamilos até que estavam firmes, escuros e implorando para serem sugados.
Mas Duncan tinha outros planos. Emma resmungou quando ele abandonou seus seios, suas mãos indo em direção à sua bunda, enquanto ele a pressionava contra sua ereção, apertando-a enquanto ele bombeava contra ela. A boca dele estava por todo seu pescoço, lambendo e sugando até que ela pensou que iria enlouquecer. O que ela tinha pensado em chamá-lo na outra noite? Um provocador de buceta? Um provocador de clitóris? O que quer que fosse, ainda estava fazendo isso... E ainda estava tentando deixá-la louca.
— Duncan. — ela resfolegou.
A única resposta dele foi um zumbido quando ele se inclinou para tomar um mamilo duro em sua boca, finalmente.
Emma gemeu, agarrando os cabelos dele e o segurando contra ela no caso dele pensar em fugir. Ela lutou para recuperar o fôlego, desejando que tivesse usado uma saia diferente, ou nenhuma saia, para que pudesse colocar as pernas ao redor de seus quadris e sentir aquela longa e dura ereção entre suas coxas. Ela iria gozar apenas com a sensação contra o seu sexo inchado. Ela sabia disso.
— Duncan. — ela disse de novo, puxando uma respiração com força enquanto ele raspava os dentes sobre o mamilo e ela sentiu as pontas afiadas de suas presas contra sua pele tenra. Ela deu um suspiro de prazer. — Sabe aquelas horas que você falou?
Sua língua lambia seu seio, acalmando o ardor de suas presas.
— Humm. — ele disse enquanto mudava para o outro seio, seus dedos continuamente acariciando aquele que ele estava deixando para trás.
— Você acha... Ah meu Deus. — ela engasgou quando a boca dele se fechou sobre o segundo mamilo inchado e ele sugou com força, puxando metade de seu seio para o calor de sua boca. Ela quase teve um orgasmo bem nessa hora quando o prazer se atirou ao longo de suas terminações nervosas como um raio. Isso foi direto para o seu clitóris, que ela jurava que podia sentir cada centímetro das veias do pênis de Duncan, apesar de duas camadas de roupas entre eles. Emma gemeu de frustração e deu um puxão firme em seu cabelo.
Ele olhou para ela, seus olhos tão quentes com a cor que ela estava maravilhada que ele conseguia ver algo.
— Nós podemos foder primeiro? — ela se ouviu dizer. — E fazer amor depois? Por favor?
Duncan a encarou por dez segundos, e então mostrou seus dentes em um sorriso lento e malévolo. Mais rápido do que Emma poderia ter pensado possível, ele agarrou sua saia e empurrou até sua cintura, seus dedos deslizando ao longo de suas coxas nuas antes de movê-los para arrancar sua calcinha. Tão rapidamente quanto, ele a ergueu para a cintura dele, colocando as pernas dela em volta de seus quadris, enquanto a empurrava contra a parede. Ela sentiu o breve toque de sua mão entre eles, e então seu pênis estava livre, deslizando ao longo de suas dobras encharcadas entre suas coxas, atormentando o seu clitóris já necessitado. Outro toque de sua mão enquanto ele se posicionava, e então uma longa e firme estocada e ele estava até as bolas dentro dela. O corpo inteiro de Emma estremeceu com um desejo tão intenso que ela mordeu o ombro dele para engolir seus gritos. Duncan bombeou uma, duas vezes, e então Emma já estava gozando com mais força do que já tinha feito antes, sua cabeça jogada pra trás, dentes enterrados profundamente em seus lábios para não deixar que a casa inteira soubesse que ela estava sendo fodida contra a parede e amando cada minuto disso.
Duncan a segurou enquanto ela tremia após o orgasmo, solavancos de sensação continuavam a se disparar ao longo de cada terminação nervosa. As mãos dele estavam segurando seu traseiro nu, o peito dele esmagando seus seios enquanto ele a segurava contra a parede. E então começou a se mover novamente... estocadas longas, lentas de seu eixo grosso que deixou as paredes de sua buceta arrepiada de prazer, ondulando ao longo de seu pênis enquanto ele a erguia mais alto e enfiava ainda mais fundo dentro dela. Emma tencionou seus músculos internos, apertando e acariciando-o, acolhendo a sua deliciosa penetração.
Duncan sibilou quando o sexo dela se apertou ao redor de sua ereção, e então gemeu quando começou a bombear mais rapidamente, seus quadris batendo com os dela como um tapa na pele nua, a boca dele se movendo sobre o seu pescoço até que ela sentiu a mordiscada de seus dentes sobre a sua jugular. Os batimentos cardíacos de Emma dispararam com partes iguais de medo e excitação quando ela sentiu o raspar leve de suas presas, e então o medo e todas as outras emoções sumiram quando um súbito calor queimou o sangue em suas veias, enquanto o êxtase primitivo se atirou ao longo de cada nervo em seu corpo, tudo isso se acumulando no pequeno músculo de seu clitóris. Suas paredes vaginais convulsionaram ao redor da espessura do pênis do Duncan, e ela ouviu um ruído agudo alto vindo de sua própria garganta, enquanto ela lutava para não gritar, prendendo o som em seu peito onde ele ganhou vida própria lutando para sair. Ela ofegou e procurou ar enquanto Duncan continuava a estocar dentro dela, até que finalmente ela sentiu uma onda de calor úmida e ele rugiu a sua chegada.
Eles ficaram abraçados um ao outro, ofegantes, corações bombeando em uma batida única. As pernas de Emma ainda estavam presas ao redor de sua cintura, os braços dela segurando sua cabeça enquanto ele acariciava seu pescoço onde Emma estava bem certa que não havia mordido ainda. Ele mordiscou sua pele, mas ela não achava que ele havia realmente tirado sangue. Ele disse a ela que sexo vampírico era viciante porque a mordida deles dava uma sensação muito boa, mas ela não conseguia imaginar que sexo com Duncan pudesse ser ainda mais intoxicante do que ela havia acabado de experimentar. Ela nunca mais queria deixá-lo sair da cama. Falando nisso, ela pensou com um sorriso, ela já não queria.
O bombeamento de sangue se acalmou o suficiente para que Emma pudesse ouvir novamente, então se tornou consciente do barulho de construção do lado de fora do escritório de Duncan... Os gritos de seus homens, a queda de materiais enquanto destruíam a casa. Ela gemeu, percebendo que eles provavelmente haviam ouvido tudo.
Duncan deu uma risadinha, sua boca mordiscando seu pescoço mais uma vez antes dele erguer sua cabeça e encontrar seu olhar. O cabelo loiro estava pendurado em sua testa e seus olhos brilhavam com um bom humor presunçoso.
— Eles não nos ouviram, Emma. Esse cômodo é insulado para privacidade, e, além disso, você estava muito ocupada me mordendo para gritar.
O rosto de Emma esquentou de vergonha, mas então ela disse: — Mas... você não me mordeu?
— Não mordi. — ele disse, confirmando suas suspeitas.
Emma franziu a testa.
— Por que não?
Quando Duncan ofereceu a ela um olhar confuso, ela disse: — Quer dizer, você disse que sexo e sangue são conectados pra vocês, e que...
— Eu nunca tiraria sangue de você sem perguntar primeiro, Emma. E já que você exigiu que nós fodêssemos imediatamente — ele acrescentou, com um sorriso. — não tive tempo para perguntar.
Emma corou com o lembrete, e estava repentinamente consciente de que ele ainda estava segurando-a contra a parede e que ela estava mais do que meio nua. Seu rubor aumentou.
— Hum, você provavelmente pode me descer agora.
— Eu acho que não. — Duncan disse. Ao invés de soltá-la, ele aumentou o seu aperto e, sem avisar, se virou da parede e começou a atravessar o cômodo.
Emma gritou de surpresa, seus braços agarrando seu pescoço.
— O que você está fazendo? — ela exigiu.
— Estou mantendo minha promessa. — ele disse carregando-a ao redor de sua mesa e para outra porta, que ela presumiu ser um armário até ele dobrar de leve seus joelhos e abri-la com uma mão.
— O quê...
Duncan entrou em um cômodo adjacente e fechou a porta atrás deles. Emma olhou ao redor enquanto luzes suaves se acendiam. Eles estavam em um quarto. Um quarto enorme, com cortinas pesadas cobrindo as janelas e uma cama enorme. Meu Deus.
Duncan a colocou no meio da grande cama e imediatamente começou a tirar o que restava das roupas dela. Sua jaqueta e camisa foram embora, assim como seus sapatos, e sua roupa de baixo que não eram nada, a não ser renda retalhada no chão em algum lugar de seu escritório. Ele abriu o zíper de sua saia, que estava embolada ao redor de sua cintura, e então a puxou para fora e observou pensativo a sua meia-calça que ia até a sua coxa.
— Eu gosto dela. — ele disse, e então tirou seus sapatos e empurrou sua calça jeans pra baixo, saindo delas para revelar duas coisas... Um: ele não estava usando cueca... E isso não era a coisa mais sexy? E dois: vampiros não precisavam de tempo de recuperação entre ereções. Seu pênis estava longo, grosso e lindamente excitado, endurecendo ainda mais quando ela o encarou, como se estivesse gostando da atenção.
Duncan se ajoelhou na cama e correu suas mãos nas pernas dela, acariciando suas panturrilhas embaixo da seda de sua meia-calça, abrindo suas coxas enquanto o seu toque se movia pela pele delicada entre suas pernas. Emma sentiu seu rosto esquentar enquanto ele abria ainda mais suas coxas, enquanto seu olhar caloroso se acomodava nas dobras inchadas de seu sexo. Ele ergueu a cabeça para encontrar seus olhos, e então lambeu seus lábios lentamente, deliberadamente.
Emma resfolegou, sentindo seu rosto ficar ainda mais quente quando ele se esticou entre suas pernas e espalmou seu traseiro, seus polegares vindo para abri-la totalmente. Sua respiração ficou presa quando ele percorreu sua língua pelas dobras de sua abertura. Ela já estava molhada e lisa dos orgasmos fulminantes que Duncan havia dado a ela, e ele lambeu-a como sorvete, sua língua mergulhando em seu núcleo estremecido, deslizando ao longo de cada vinco e dobra até que ele finalmente lambeu seu clitóris tão sensível. Seus músculos estremeceram em reação e ele fez isso novamente, circulando ao redor e sobre esse acúmulo apertado de nervos em um padrão imprevisível, atormentando-a.
Emma agarrou os cabelos dele com sua mão, sua necessidade tão avassaladora, que ela se esqueceu de ficar envergonhada, muito focada em decidir se queria segurá-lo no lugar ou empurrá-lo para longe. Sua cabeça estava jogada pra trás, seus olhos fechados, enquanto ela lutava para processar a sobrecarga de sensações. Não apenas da boca dele em sua buceta, ou de sua língua perversa provocando seu clitóris, mas a pressão de seus ombros grandes contra suas coxas, o deslizar sedoso de seu cabelo contra a sua barriga. Mas ainda mais, o simples fato de que era Duncan fazendo essas coisas.
— Duncan — ela sussurrou, querendo dizer a ele que era muito, que ela não conseguia aguentar tantas sensações diferentes de uma vez. Mas como se antecipando o seu protesto, ele repentinamente sugou com força o seu clitóris, pegando-o em sua boca como um pedaço suculento de fruta.
O orgasmo disparou por ela sem aviso prévio, seu abdômen apertando com força enquanto seus músculos internos ondulavam, tentando segurar um pênis que nem mesmo estava lá. Ele a levou a um clímax com apenas sua boca, e um êxtase inacreditável a atingiu por completo. Emma gritou, incapaz de segurar, sem se importar mais se alguém ouvisse.
* * *
Duncan agarrou firme o traseiro de Emma, bebendo do doce néctar de seu orgasmo enquanto ela convulsionava embaixo dele. Deus, ela estava molhada. E tinha um sabor tão bom. Seu creme era quase tão bom quanto a pequena degustação do sangue que ele teve de seus seios mais cedo. Foi necessário um autocontrole supremo para ele se satisfazer com apenas o aroma de seu sangue, mordiscando a pele acima de sua veia e sabendo que logo teria o sangue de Emma escorrendo como veludo líquido em sua garganta.
E ela estava tão pronta para ele. Quando ele roçou a ponta de suas presas contra sua pele, ela não se afastou, não havia gritado de medo. Ele sentiu a onda de excitação enquanto o coração dela se acelerava, enquanto seu sangue bombeava com mais força, enchendo sua veia em antecipação de sua mordida.
Ela iria gozar tão lindamente quando ele finalmente a mordesse. Assim como ela estava gozando para ele agora.
Ele acariciou com sua língua o seu clitóris pela última vez, e então ficou de quatro, rondando seu corpo até que seu eixo se aninhou entre as pernas dela. Ele se abaixou e sugou a ponta de um seio cheio e macio em sua boca, e os olhos violetas de Emma se abriram. Eles estavam vidrados e quase com uma cor lavanda devido a luxúria, enquanto ela sorria para ele. E ele foi.
Ele estendeu a mão e posicionou seu pênis contra sua abertura, em seguida, empurrou com força seus quadris, se enterrando profundamente dentro dela. Suas paredes internas, ainda pulsando com o clímax dela, pulsaram ao longo de seu comprimento, cercando-o em calor líquido. Ele se abaixou em cima dela, tomando a sua boca enquanto ele flexionava seus quadris, deleitando-se com a fricção do seu canal acetinado contra seu pênis enquanto ele se movia para dentro e para fora dela, a sensação de seus seios fartos, seus mamilos grandes e inchados... Duros como pedras cobertas com veludo contra seu peito.
Emma colocou seus braços ao redor de seus ombros enquanto ele a beijava, as pernas dela se cruzando nas costas dele enquanto ela começava a erguer seus quadris para encontrá-lo. Ele grunhiu e começou a entrar com mais força, querendo que ela chegasse ao clímax novamente, querendo sentir o corpo dela se apertar ao redor de seu pênis, enquanto seus gozos se derramavam quentes e molhados.
— Emma. — ele sussurrou contra o pescoço dela, aspirando o aroma hipnotizador do sangue dela tão próximo. Ele passou sua língua por cima da veia, sentindo o sangue se apertar em seu confinamento, implorando pelas suas presas.
— Emma. — ele repetiu intensamente.
Emma gemeu, então lambeu seus lábios lentamente. Seus olhos abriram e encontraram os seus diretamente.
— Pode fazer. — ela sussurrou.
Duncan deu uma estocada com força.
— Tem certeza?
— Sim. Por favor, Duncan. — ela virou a cabeça para um lado, expondo seu pescoço, esticando-o em convite.
Duncan sibilou, suas pálpebras caindo pesadamente quando a fome movida pela luxúria rugiu ao longo de cada nervo e em cada músculo. Ele inclinou sua cabeça até o pescoço dela, a boca dele infalivelmente indo para o inchaço grosso da jugular. Usando apenas seus lábios, ele sugou com força na veia, enchendo-a ainda mais, puxando-a para a sua boca sem quebrar a pele. Emma resfolegou, e ele sorriu. Ele esfregou a superfície afiada de suas presas ao longo do pescoço dela, deslizando-as para frente e para trás, provocando-a. Os dedos de Emma se afundaram em seus bíceps e o coração dela, que já estava batendo com força, começou a acelerar. Um tremor repentino de excitação deixou seus músculos internos tensos, ondulando-os ao longo de seu pênis, ainda revestidos com seu interior.
Ele ergueu a cabeça e enfiou suas presas na veia dela, gemendo com o fluxo grosso e doce de sangue, perfumado com a excitação, tão rico como mel. As mãos de Emma se moveram de seus ombros para pegar a sua nuca, segurando a boca dele contra ela. Ela gritou em surpresa quando a euforia de sua mordida atingiu a corrente sanguínea dela, como se ela estivesse assustada com a própria resposta de seu corpo. A ondulação do músculo ao longo de seu eixo aumentou de velocidade, e Duncan começou a empurrar com mais força e mais rápido, impulsionado tanto pela necessidade da Emma, quanto pela sua própria. Seus lindos olhos violetas se abriram e ela o olhou.
— Ah, meu Deus. — ela sussurrou, e então foi empurrada para o limite quando seu corpo pequeno e quente tencionou, apertando o seu pênis com tanta força que ele mal conseguia se mover. Emma gritou quando o orgasmo chegou para os dois, quando seus próprios gemidos se misturaram com os gritos dela de prazer, e ele atirou a sua liberação profundamente dentro do útero dela.
Duncan ficou deitado em cima dela, respirando com dificuldade, sabendo que deveria se mover. Ele era pesado, e por causa de sua altura, Emma era delicada. Mas ele não conseguia encontrar força para se erguer. Ele ficou deitado por mais um momento, os braços da Emma ainda segurando-o, seus tornozelos presos em cima de sua bunda. Finalmente, ele alcançou atrás dele e ergueu uma das pernas dela. As coxas dela se abriram como se não houvesse força restante em seus músculos. Duncan sorriu e se moveu para o lado, levando-a com ele para que ela deitasse contra o seu peito, na curva de seu braço.
Eles ficaram dessa forma por um longo tempo, em silêncio, a respiração deles lentamente retornando ao normal.
— Você está bem, Emmaline? — ele perguntou, esfregando seu queixo em seu cabelo cheiroso.
— Bem? — Emma murmurou preguiçosamente. — Bem nem chega perto. Em êxtase, talvez. — ela ergueu a cabeça o bastante para lamber o mamilo dele. — Me diga uma coisa. — ela disse. — Eu tenho permissão para mordê-lo também? — seus dentes se fecharam sobre o mamilo dele, enfatizando suas palavras.
Duncan grunhiu, alcançando o traseiro dela e apertando-o em aviso.
— Apenas lembre-se, minhas presas são mais afiadas, e você é muito saborosa.
— Humm. Bem, não estou reclamando. Contanto que eu possa mordê-lo também.
Duncan estremeceu com prazer.
— Fique à vontade, querida. Eu sou todo seu. — ele percebeu enquanto dizia as palavras que era verdade. Emma Duquet tinha de alguma forma, conseguido fazer o que nenhuma mulher havia conseguido desde que sua mulher havia morrido quase duzentos anos atrás. Ela havia entrado em seu coração.
Emma deu uma lambida brincalhona em seu mamilo, então sentou-se e, cantarolando baixinho, montou em seus quadris. O calor molhado de seu sexo provocou a base de seu pênis enquanto ela se mexia pra frente e pra trás acima dele, suas mãos posicionadas no peito dele, seus seios balançando tentadoramente fora de seu alcance. Ele se inclinou pra frente e pegou um em sua boca, sugando com força antes de ela sair novamente de seu alcance.
— Você está forçando a sua sorte. — ele avisou, seu olhar pesado enquanto a observava.
— Troca de favores. — ela murmurou.
Duncan franziu a testa brevemente, mas decidiu que não se importava com o que ela queria dizer. Tudo que ele se importava era com sua boca naqueles lindos seios e seu pênis dentro dela mais uma vez.
— Venha aqui. — ele disse, agarrando seus quadris.
— Não, não. — Emma respondeu, continuando a se mexer, mas se inclinando pra trás para que ele não conseguisse alcançar seus seios.
— Emma.
— Sim? — ela disse docemente.
Em um único movimento, ele virou-a sobre e sob ele, enterrando-se profundamente dentro dela, exatamente onde queria estar. Emma ofegou com surpresa e então gemeu quando ele começou a se mover, se esfregando contra seu clitóris cada vez que ele se entrava em sua buceta apertada.
— Eu te avisei. — ele murmurou, então abaixou sua cabeça e mordeu a ponta de um mamilo inchado, deixando suas presas rasparem contra a suave pele de seu seio até que o sangue jorrou. Ele lambeu o sangue, e Emma estremeceu com prazer que combinava com o seu, enquanto ele saboreava o seu doce sangue em sua língua. Ele começou a enfiar com mais força, querendo senti-la quente e apertada enquanto ela gozava ao redor de seu pênis mais uma vez, estabelecendo de uma vez por todas que ela era dele e de mais ninguém. Os músculos do estômago dela tremeram quando o orgasmo começou a rasgar dentro dela, as convulsões estremecendo através de seu útero e percorrendo ao longo das paredes lisas, cercando seu pênis. Seu sexo se apertou ao redor dele, alternadamente apertando e soltando o seu pênis enquanto ele continuava a deslizar dentro e fora dela, roçando contra o seu clitóris inchado.
Emma gritou seu nome quando gozou desta vez, suas unhas arrancando sangue ao longo de suas costas, suas pernas esmagando o fôlego de seu corpo. Duncan sentiu sua própria liberação crescendo quando seu saco se apertou e suas bolas ficaram pesadas. De repente, Emma mordeu seu ombro forte o bastante para tirar sangue, e com um grito ele ultrapassou o limite quando o orgasmo tomou conta dele.
Duncan não pensou que pudesse se mover. Cento e cinquenta anos fazendo amor com as mulheres mais lindas no mundo, e pela primeira vez ele realmente se sentia drenado. Não que ele fosse ter problema para levantar de novo se Emma estivesse com vontade. Ele ergueu sua cabeça e a olhou, tirando uma mecha de cabelo de sua bochecha molhada. Ele sorriu e imaginou que ela não estaria pedindo uma repetição por um tempo, pelo menos. Movendo-se com cuidado, ele deslizou para o lado, puxando-a com ele. Ela suspirou e se acomodou contra o seu corpo, sua cabeça em seu ombro.
Uma poderosa onda de protecionismo inundou seus sentidos e ele teve que lutar para manter seus músculos relaxados e soltos para que ela não notasse. A urgência para acasalar, de torná-la dele, havia sido aliviada agora que ele a havia tomado de corpo e sangue. Ela podia não saber ainda, mas Emma Duquet pertencia a ele. Nenhum outro vampiro iria ousar tocá-la, ou eles iriam encarar a sua fúria. E sua fúria seria uma coisa terrível quando se tratava de Emma.
* * *
O toque do seu celular agitou Duncan ao estado de alerta. Emma havia adormecido e ele não queria perturbá-la, então a abraçou enquanto ela dormia e deixou sua mente continuar a trabalhar os muitos detalhes que exigiam sua atenção nestes dias. Tudo desde a sua construção em progresso, a questão dos assassinos de Lacey, até o problema mais importante que era a segurança de Emma. Se dependesse dele, ela não deixaria a casa até que ele soubesse que todos os responsáveis pela morte de Lacey tivessem sido lidados e não fossem mais uma ameaça. Seu modo preferido de assegurar a sua segurança era o mais permanente, apesar de que, racionalmente, ele entendia que levantaria suspeita se vários oficiais eleitos morressem todos de uma vez. Então ele mataria o pior deles e se asseguraria que os outros deixassem a cidade. Por agora.
Emma se agitou com o som do telefone, seus olhos se abrindo lentamente. Ela endureceu, provavelmente percebendo que não era a sua própria cama. E então, para o seu grande prazer, relaxou contra ele. Isso fez algo com seu coração, ao saber que acordar ao lado dele a fazia se sentir segura o bastante para relaxar.
— Provavelmente é Miguel. — ele disse, beijando o topo de sua cabeça. — Eu devo falar com ele.
Emma sentou-se, em seguida, se inclinou para lhe dar um beijo profundo, seus seios nus balançando perto o suficiente para que ele pudesse pegar um na mão, sorrindo quando seu mamilo imediatamente endureceu em resposta. Ela cantarolou de prazer e se empurrou contra a mão dele antes de se afastar.
— Diga a Miguel que ele tem uma noção péssima de tempo. — ela disse, então saiu da cama e seguiu para o banheiro.
Duncan observou seu traseiro bem torneado até que ela fechou a porta, então saiu caminhando para o outro cômodo para recuperar seu telefone na mesa. Ele não tinha, na verdade, que atender para saber que era Miguel ligando para ele. A conexão entre Criador e sua cria vampiro era muito forte, especialmente quando o Criador era tão poderoso como Duncan.
— Miguel. — ele disse, respondendo ao telefone.
— Sire. — Miguel disse cuidadosamente. — Eu não quero interromper...
— Você não está. — ele garantiu ao seu tenente. Se realmente fosse uma interrupção, Duncan nem teria respondido.
— Meu senhor, o guarda que nós tínhamos com a Srta. Duquet hoje me disse que ela passou muito tempo com Violeta Slayton.
— Entendo. — Duncan disse. — Emma e eu nos juntaremos a você na sala de monitoramento daqui a pouco.
— Obrigado, Sire.
Duncan desligou, sorrindo da discrição do Miguel. O que ele havia contado a Emma sobre o quarto ser à prova de som era verdade. Nenhum de seus vampiros teria ouvido o que estava acontecendo. Mas isso não significava que seus cérebros haviam parado de funcionar. Mesmo sem a ligação de sangue com ele, eles teriam detectado fortes emoções sendo geradas. Quando alguém acrescentasse essa ligação junto ao resto, saberiam muito bem o que Duncan estava fazendo esta noite.
Emma saiu do banheiro, seus lindos seios e tudo mais à toda mostra. Ela olhou para ver Duncan observando-a faminto.
— Pare com isso. — ela chamou sua atenção. — Ou nós nunca sairemos desse quarto.
— Isso seria uma coisa ruim?
Emma riu.
 — Eventualmente você se cansaria de mim.
Duncan cruzou o quarto até ela em duas longas passadas, deslizando seu braço ao redor de sua cintura e puxando-a firmemente contra o seu corpo.
— Nunca. — ele sussurrou entre beijos mordiscados em seu ouvido e em seu pescoço. Emma enroscou seus braços ao redor dele com um gritinho faminto, e inclinou sua cabeça contra seu ombro, dando a ele acesso total ao pescoço. Ela estremeceu quando ele mordeu o lóbulo de sua orelha, e seus mamilos cutucaram o peito dele.
— Você é um homem muito mau, Duncan. — ela sussurrou com sua respiração quente contra a sua pele.
— Eu nem mesmo sou um homem, Emma. E enquanto alguns podem me considerar mau... Eu sou muito bom no que faço.
— E o que é isso? — ela perguntou, beijando o ombro dele antes de se afastar para oferecer a ele um olhar curioso.
— Eu cuido das pessoas que são importantes para mim, e especialmente aqueles que considero meus. — ele beijou sua boca macia. — E você, Emmaline, é, com certeza, minha.

Capítulo 21
 
— Eu não quero que a incomodem. — Emma disse pelo que pareceu ser a centésima vez. Ela estava sentada no escritório improvisado junto com Duncan e vários de seus vampiros, incluindo Phoebe. A cadeira era dura e desconfortável, o cômodo era frio, e ela estava cansada até os ossos. Ela esteve acordada a maior parte da noite anterior, havia trabalhado o dia todo hoje, dirigido até a casa de Violeta Slayton e voltado, e então passou duas horas vigorosas com Duncan - não que ela fosse desistir de um minuto de seu tempo com Duncan, não importando o pouco de sono que ela tivesse. Mas estava começando a parecer que não conseguiria dormir essa noite também. Esse era o problema em trabalhar com os vampiros. Eles estavam frescos e ansiosos para seguir, apenas começando o seu dia, por assim dizer, enquanto ela não queria nada mais do que dormir por oito horas diretas.
Exceto que eles estavam discutindo a aproximação deles a Violeta Slayton, que era algo que Emma se importava muito. Ela não os deixaria incomodar a pobre mulher em contar para eles o que ela sabia, sem importar as consequências.
— Emma. — Duncan disse pacientemente. — Ela é provavelmente a nossa melhor fonte para conseguir a identidade dos homens envolvidos na morte da Lacey.
— Ela não se lembra de nada.
— Mas ela lembrará. — Duncan insistiu, também pela centésima vez. — O fato em si dela estar assustada como você diz que está, mostra que ela sabe que algo aconteceu e está tendo pesadelos a respeito disso, me diz que quem quer que seja que mexeu com a cabeça dela, fez um trabalho horrível. Eu posso consertar isso e conseguir o que queremos ao mesmo tempo. Você diz que se importa com ela, então me deixe reparar o dano que eles causaram à mente dela.
Emma observou Duncan com firmeza. Ele estava inclinado contra a mesa do outro lado dela, com as longas pernas esticadas na frente dele e cruzadas nos calcanhares. Ele estava bonito como sempre, com jeans preto e camiseta, seu cabelo preso em um rabo de cavalo simples. E ela tinha bastante certeza que ele conseguia mentir até não querer mais e ela nunca saberia a diferença se não quisesse que ela soubesse. Mas ela confiava nele. Só Deus sabe o quão imoral ele era na cama, mas também era um bom homem fora dela.
— Tudo bem. — ela concordou. — Mas ninguém mais, Duncan. Se vocês todos aparecerem juntos, ela enlouquecerá e nós nunca tiraremos uma palavra dela.
— Concordo. — ele disse, assentindo.
— E eu vou com você. — quando Duncan fez uma careta, ela acrescentou: — Eu não acho que ela o verá de outra forma.
— Tudo bem então. — ele disse relutantemente. — Mas você disse que ela não queria se encontrar na casa dela.
— Certo. Então nós temos que descobrir algum lugar neutro. Não aqui. — ela disse imediatamente. — Até onde sabemos, este é um dos lugares que Victor e seus amiguinhos a atacaram.
— Miguel. — Duncan disse, deslocando seu olhar para o seu tenente. — Nós precisaremos de algum lugar privado, mas não tão isolado que ela se sinta ameaçada. E nenhuma das propriedades do Victor. Nós não sabemos quais ele usou.
— Você pode fazer isso em nossa casa. — Phoebe ofereceu de seu assento ao lado de Emma. — É próximo de onde Slayton mora, e nós temos bastante privacidade. Além disso, com o Ted morando lá, tem aquela sensação de ter gente morando. — ela acrescentou secamente.
— Você tem certeza, Pheebs? — Duncan perguntou, franzindo as sobrancelhas.
— Absolutamente. Nossos escritórios são na mesma propriedade, então temos pessoas entrando e saindo o tempo todo, mas me certificarei que tenha o lugar só para você para isso.
Ele assentiu.
— Obrigado, então. Miguel, nós faremos isso amanhã à noite. Você pode verificar a propriedade hoje à noite. Faça o que for necessário para se sentir seguro sobre o empreendimento. Emma e eu pegaremos Violeta...
— Não. — Emma interrompeu. — Eu pegarei Violeta sozinha e a levarei para a casa. Quando chegarmos lá, você pode se juntar a nós. Ela não vai querer um estranho na casa dela, Duncan. — ela insistiu quando pareceu que ele discutiria. — Você pode colocar alguém para nos seguir, se isso o faz se sentir melhor, mas eu a levarei para a casa de Phoebe sozinha. Eu precisarei do endereço e tudo mais para mapear antecipadamente.
— Nós programaremos o GPS para você. — Duncan disse. — Você estará dirigindo um dos nossos utilitários. Eles são mais seguros.
Emma assentiu, esperando internamente que conseguisse um dos grandes utilitários 8V, não uma versão menor, mais simples. Talvez se ela pedisse com jeitinho. Atrás de Duncan, Baldwin estava dando a ela um positivo, e ela lutava contra um sorriso. Duncan estreitou seus olhos para ela desconfiadamente, mas ela ofereceu a ele um sorriso inocente, que tinha certeza que não o enganou por um minuto.
— Muito bem. — Duncan disse, claramente chamando o fim da reunião. — Louis, você e os outros continuem trabalhando. Miguel, você e eu precisamos falar com o Alaric. Ele está esperando por nós na nova ala. Emma, um momento do seu tempo, por favor.
Ôh ôh, Emma pensou. No flagra.
Ela o seguiu pelo corredor, mal conseguindo passar pela porta do escritório dele antes que ele a empurrasse contra a parede e a beijasse. Ela reagiu sem pensar, subindo na ponta dos pés e esfregando seus seios contra o peito dele, beijando-o em resposta com toda a vontade. Ele grunhiu e amassou seus lábios embaixo de sua boca, suas presas bem em evidência enquanto ele mordia com força o bastante para retirar uma pequena quantidade de sangue dela.
Emma suspirou e o mordeu também, provando o mel grosso que era seu sangue de vampiro um momento antes dele atingir a sua corrente sanguínea e enviar um choque de luxúria que serpenteou entre suas pernas. Ela gemeu na boca dele, prendendo uma perna em seu quadril e começando a se esfregar desavergonhadamente contra ele, precisando liberar o calor que se acumulava como um vulcão prestes a explodir.
Duncan falou um palavrão baixinho, arrancando o jeans dela e enfiando sua mão em sua calcinha, sibilando quando seus dedos deslizavam pelas dobras já molhadas entre suas pernas.
— Você está tão quente. — ele sussurrou, e enfiou dois dedos dentro de sua buceta faminta, levando-a para mais um orgasmo ardente que a fez bater contra a parede e deixou-a tremendo e agarrando os ombros dele, enquanto pequenos choques de prazer se acendiam ao longo de seus nervos aleatoriamente.
Duncan carregou-a para seu quarto e a jogou na cama, seu olhar um fogo líquido contra sua pele enquanto ele tirava primeiro a calça dela e então a dele, nem mesmo se incomodando com o resto de suas roupas antes dele levantar as pernas dela por cima de seus ombros e entrar profundamente dentro dela com um golpe único e forte, seus braços musculosos elegantes fixados em cada lado dela.
Emma queria acariciá-lo, deslizar suas mãos por cima dos músculos suaves daqueles poderosos ombros, aquele firme peitoral com seus escassos pelos dourados. Ele era tão lindo esticado em cima dela, o pênis dele a preenchendo tão completamente, enquanto estocava para dentro e para fora, o corpo dela fechando ansiosamente ao redor dele com cada estocada. Ela passou a mão por cima de um mamilo - inchado de desejo, doendo pela falta de atenção - e resfolegou com a sensação, tão boa que era. O olhar de Duncan se fixou imediatamente em seus seios, e Emma sorriu, acariciando-os, apertando-os juntos, circulando os mamilos entre os dedos e apertando-os com força suficiente para que eles crescessem com o sangue correndo neles.
Ele rosnou, seu olhar encontrando o dela e voltando para seus seios enquanto ele começava a bombear com mais força. Emma gritou, sentindo a pressão crescer entre suas pernas, os primeiros tremores do clímax tensionando sua barriga e enviando arrepios de prazer ao longo de suas paredes internas com cada estocada do pênis de Duncan. Ela fechou os olhos por causa da corrente avassaladora de sensações, esfregando sua mão pelo abdômen e sobre o seu monte até o seu clitóris que estava implorando por liberação.
Percebendo o que ela estava fazendo, seus olhos abriram com culpa e ela olhou para ver Duncan a observando famintamente.
 — Faça. — ele exigiu. — Goze para mim, Emma.
Vergonha esquentou sua pele já ruborizada, mas ela começou a se acariciar, sentindo o peso do olhar dele com cada carícia de seus dedos. Os lábios de seu sexo estavam inchados enquanto ela esfregava o botão entre eles, sua buceta estava tensa ao redor do grosso pênis de Duncan.
— Olhe para mim, Emma.
Ela olhou para ele, que começou a entrar com mais rapidez, seus poderosos braços segurando-a no lugar enquanto ele a fodia, enquanto ela começava a esfregar seu clitóris com mais força, desesperada agora pela liberação. O orgasmo chegou sem aviso prévio, passando de uma onda de excitação a uma enorme onda de uma sensação incrível que rugiu por ela, confundindo seus sentidos até que só conseguia gritar e esperar que não fosse explodir com o poder bruto dele. Alguma parte dela registrou o grito triunfante de Duncan quando a liberação dele a inundou, preenchendo-a com calor antes de cair em cima dela e a pegar em seus braços.
* * *
Duncan reforçou seu aperto sobre Emma e sorriu contra seu cabelo sedoso e quente. Ela estava enrolada contra ele, seus lábios acariciando seu pescoço, um braço cobrindo com firmeza o peito dele. Ela ainda estava tremendo da força de seu clímax, e ele esticou a mão, puxando o cobertor sobre o corpo dela para que não esfriasse muito rapidamente. Não que ele se preocupasse com a saúde dela, não com todas as mordidas que ela deu. Ele sorriu, pensando no sangue que ela havia tomado dele. Ele já podia sentir dentro dela e sabia que isso serviria como um farol entre eles. Não importava onde ela estivesse, ele iria encontrá-la. Era uma conexão que só ficaria mais forte, quanto mais tempo eles ficassem juntos, quanto mais sangue ela tomasse dele, e ele dela.
Pensar no sangue dela fez seu pênis se contorcer, apesar do fato de que ele mal havia recuperado seu fôlego. Ele não a havia mordido dessa vez, mas queria. Foi um esforço, mas ele já havia tomado um pouco da veia dela antes e não queria enfraquecê-la. Não quando as coisas estavam tão incertas, quando os inimigos deles poderiam estar aguardando em cada esquina para derrubá-los. Ele fez um lembrete mental de se certificar que houvesse comida suficiente para ela na cozinha. Eventualmente, as coisas se normalizariam, mas por enquanto, era apenas ele e seu time de vampiros, e eles mal haviam começado a estocar a cozinha com sangue suficiente para todos eles.
Emma se mexeu e bocejou delicadamente.
— Você deveria dormir. — ele murmurou.
— Eu ainda posso trabalhar...
— Não tem porquê até nós falarmos com Slayton amanhã. E você precisa dormir. Eu a deixei exausta. — ele ouviu o sabor presunçoso de suas próprias palavras e não foi surpresa quando ela deu um tapinha em seu peito.
— Metido.
— Não estou sendo metido se é verdade, querida...
— Ah, meu Deus. — ela disse em descrença. Ela riu de uma maneira que parecia muito com uma risadinha antes que ela cobrisse a boca com a mão.
Ele sorriu.
— Bem?
— Ah, tudo bem. — ela concordou como se estivesse fazendo um favor para ele. — Você foi magnífico.
 Ele deu um tapinha no traseiro dela, brincando.
— Lembre-se disso da próxima vez que você pensar em flertar com Baldwin.
— Flertar? — ela rebateu. — Eu não estava... foi por isso que você deu uma de homem das cavernas comigo? Por causa do Baldwin?
— Eu não dei uma de homem das cavernas.
— Deu sim. Eu estava esperando que você fosse começar a fazer xixi em mim ou algo assim, me deixando com o teu cheiro.
— Eu ainda posso fazer isso, se você quiser. — ele grunhiu.
— Não se você valorizar o seu pau. — ela disse secamente. — Lembre-se de quem dorme o dia todo e quem não dorme.
— Você não faria nada com o meu pau. Você gosta dele demais.
Ela ficou em silêncio por um momento, pensativa.
— Bem. Isso é verdade. Mas você está totalmente por fora no que diz respeito ao Baldwin. Eu queria dirigir o utilitário na outra noite e ele não me deixou. Ele disse que você o mataria se algo acontecesse comigo e seus reflexos eram mais rápidos.
— Por que você queria dirigir?
— Eu gosto de dirigir rápido, e gosto principalmente de dirigir carros grandes e rápidos, com motores poderosos. Então você disse que eu estaria dirigindo um dos utilitários amanhã à noite e Baldwin achou engraçado. E eu também.
— Bem. — Duncan disse, percebendo que ele poderia ter exagerado só um pouquinho, não que ele iria admitir isso para Emma. — Você precisa entender que os vampiros são extremamente territoriais, e mais ainda um Lorde vampiro, o que eu sou. É por isso que governo essa residência e esse território. E você pertence a mim, Emma.
Emma se afastou e deu-lhe um olhar avaliador, seus olhos violetas brilhando como ametistas na penumbra.
— Se eu pertenço a você... — ela disse, observando-o de perto. — isso significa que você pertence a mim também?
Duncan nem mesmo piscou.
— Corpo e alma. — ele disse, quase a desafiando a aceitar.
Emma sorriu lentamente, começando com uma curva de seus lábios, e então iluminando seu rosto inteiro.
— Então eu sou sua, meu senhor.
* * *
Duncan puxou as cobertas para cobrir Emma, e então se inclinou para deixar um beijo gentil em sua bochecha. Ela estava dormindo profundamente, como ele sabia que estaria. Mais cedo, ele havia visto círculos embaixo de seus olhos, as linhas de preocupação em seu rosto. E realmente não era necessário que permanecesse acordada essa noite. Louis e sua equipe iriam continuar fuçando nos arquivos de Victor, mas a verdade era que eles nem estavam procurando mais por arquivos sobre as festas ilícitas, ou os homens que mataram Lacey. Tudo que havia a respeito disso foi encontrado. Como ele havia dito a Emma, se eles fossem ter algum progresso nessa frente, viria através de Violeta Slayton.
Duncan estava confiante em sua habilidade no que dizia respeito a manipular a mente humana. Ele havia aprendido com Raphael e não havia ninguém vivo que fosse melhor. Mas ele não poderia saber o tamanho do dano que Victor havia feito até conhecer Slayton. Ele sabia que poderia pelo menos dar à mulher alguma paz e aliviá-la de seus pesadelos e lampejos de memórias desconhecidas. Mas se ele poderia fazer isso, ainda teria que ver.
Ele fechou a porta do quarto e se retirou para o escritório do segundo andar, seguindo para as escadas que levavam para a ala leste. Alaric estava lá, e Miguel também. A pedido de Duncan, Alaric havia se retirado de todos os outros projetos para se concentrar nesse. Mais do que tudo, Duncan queria o seu povo seguro, e eles não estariam até que a nova tarefa fosse cumprida.
Ele caminhou pelo corredor traseiro, seguindo o som da construção e riso masculino. Seus inimigos estavam se aproximando. Ele podia sentir. Não era específico. Não como um alerta específico: - Eles estão vindo pela colina ao amanhecer. - Era mais uma sensação vaga e amorfa de perigo que preenchia seus pulmões com a primeira respiração que ele dava a cada nascer do sol e não parava até que estivesse sufocado pela urgência.
Ele apenas esperava que estivesse pronto, quando finalmente tudo caísse sobre eles.

Capítulo 22
 
— De quem é essa casa mesmo?
Emma engoliu seu instinto explosivo de irritação à pergunta de Violeta, pois esta era a terceira vez que ela fazia a mesma pergunta desde que elas haviam chegado.
 — De um amigo. — ela disse no mesmo tom. — Marido e mulher, na verdade. Ambos são do FBI, então você sabe que é um lugar seguro.
Era basicamente a mesma resposta que ela havia dado as três vezes. Felizmente, Phoebe e seu marido tinham fotos suficientes de seus dias no FBI - penduradas na parede ou espalhadas por qualquer superfície livre - o que era totalmente verdadeiro. É claro que as fotos revelavam versões muito mais novas de importantes diretores do FBI e vários políticos, incluindo um ex-presidente. Mas isto funcionaria neste caso, porque levaria Violeta a assumir que aquele era um casal confortavelmente aposentado ao invés de uma eternamente jovem vampira e seu companheiro.
— Bela casa. — Violeta comentou. — Duas aposentadorias governamentais. — ela adicionou, como se isso explicasse a bela casa.
Emma assentiu. Era uma bela casa. Violeta estava certa. Emma havia seguido as instruções da agradável moça do GPS, e fingido não ter visto os vampiros que a seguiam para ter certeza que ambas chegariam sãs e salvas ao destino. O lar de Phoebe e Ted Micheletti era na verdade uma antiga fazenda na Virginia, com um antigo celeiro que ainda poderia ser cartão postal a 100 metros da casa. Infelizmente a única coisa em que Emma podia pensar ao encarar o celeiro era em ratos. Pois lá deveria estar cheio deles. Ela só esperava que estivesse longe o bastante para que, em sua viagem, não chegasse perto deles ou do celeiro para poder alcançar a casa. Ela odiava ratos.
— Eles não se importam que use a casa deles? — Violeta perguntou.
— Eles viajam muito, e estarão fora por uns dias. Imaginei que seria melhor nos encontrarmos fora da cidade, e aqui não é tão longe da casa dos seus pais.
Emma havia argumentado que devido ao horário de trabalho, o encontro com Violeta ao anoitecer seria mais adequado. Com o funeral e tudo o mais, ela havia dito que não poderia mais faltar ao emprego. O que não estava muito longe da verdade. Sharon estava absolutamente desagradável quando Emma apareceu no escritório pela manhã. Felizmente, o congressista Coffer estivera em reuniões com o comitê todo o dia, e Sharon claro, como chefe de equipe, esteve com ele. O que impediu Emma de cruzar o caminho de ambos no decorrer do dia. A explicação também ajudara com Violeta. Ela viera de uma família de operários e entendia a importância de um salário.
— Gostaria de uma bebida quente? — Emma perguntou a Violeta. — Ou talvez algo mais suave?
— Uma coca diet seria bom, ou... — Violeta vacilou, enquanto o som de carro anunciava a chegada de alguém. Ela levantou os olhos para Emma como se decidindo se iria ou não dar pra trás. Uma porta de carro abriu e fechou após uma breve pausa.
— Duncan chegou. — disse Emma reassegurando-a. Emma e os outros, incluindo Duncan, haviam acordado que seria melhor usar os nomes verdadeiros. Seria improvável, mas se Violeta visse uma foto dele por aí e se lembrasse, ela saberia que eles foram honestos com ela.  O mais provável, entretanto, depois de hoje seria que Violeta não se lembrasse de ter conhecido nem Duncan nem nenhum outro vampiro. Dez dias ou dez anos pra frente ela poderia esbarrar em Duncan na rua e ele seria um completo estranho. Mas só no caso de algo dar errado, eles haviam fornecido os nomes verdadeiros como sinal de confiança.
Duncan bateu na porta ao invés de usar a campainha. Emma imaginou que fosse intencional, mais como um vizinho que estava batendo à porta do que um estranho que acabara de chegar. Ela caminhou para recebê-lo, movendo-se de forma casual e lenta, disfarçando o estresse que estava sentindo em relação ao encontro da noite.
Duncan sorriu para ela pela porta de vidro, e Emma quase vacilou quando uma onda de pura luxúria a atingiu. Ela havia deixado o complexo há poucas horas, mas era como se não o visse, não o tocasse, há séculos. Ele piscou para ela que corou se sentindo uma colegial com sua primeira paixão.
— Boa noite, Emma. — ele disse com seu olhar nunca deixando o dela. Sua voz atacando os nervos dela como presas de veludo. Ele estava lindo esta noite, mas então, quando era que ele não estava lindo? Esta noite, no entanto, ele se vestiu intencionalmente em uma mescla de homem de negócios e bom ouvinte. Ele vestia uma calça caqui escura que ficava melhor nele do que em muitos outros homens que ela havia visto, e abraçava seu traseiro maravilhosamente. Camisa de gola escura e blazer de lã e para encerrar o look, usava o cabelo amarrado dando um ar boêmio de pensador. Você quer falar sobre vampiros? Esse é um homem que não somente iria escutá-la como acreditaria em você.
— Duncan. — ela disse, se sentindo estremecida e querendo ter certeza de que ele experimentara a mesma onda de desejo que ela sentia.  — Que bom que você... apareceu. — seus olhos se encheram de calor e o corpo de Emma respondeu instantaneamente, fazendo com que ela desejasse que eles tivessem dez minutos sozinhos. Era todo tempo que precisavam. Contra parede, apenas alguns momentos para saciá-la de seu desejo. Mas, não. Ela guardou sua luxúria, reservando-a para depois, quando estivessem sozinhos novamente naquela enorme cama. Na sala atrás dela, Violeta pigarreou baixo, e Emma quase deu um pulo ao lembrete do por que todos estavam ali. Ela abriu a porta e disse: — Entre. — sem saber se o convite era necessário ou não. Phoebe, afinal de contas, era uma vampira, então talvez a restrição não se aplicasse. Mas ela se esquecera de perguntar mais cedo se a residência de um vampiro era sacrossanta como a de um humano. Droga. Se ela fosse andar com vampiros precisaria começar uma lista de todas as coisas a saber sobre eles.
* * * *
Duncan fitou Emma pela porta aberta. O cheiro da excitação dela preencheu seus sentidos e instantaneamente ele estava duro. Ele forçou seu corpo a relaxar, usando todo controle que aprendera em mais de um século e meio de existência. Mesmo assim, para tornar as coisas mais interessantes, ele deixou seu braço roçar os seios de Emma enquanto passava por ela. Ele ouviu o profundo suspiro e riu para si mesmo. Ela não era a única que sabia provocar.
— Duncan. — Emma disse de alguma maneira sem fôlego que ele estava feliz em notar. — Essa é minha amiga, Violeta. — ela caminhou para a direção ao lado da outra mulher que estava sentada. — Eu te contei sobre ela.
— Sim, claro. — Duncan disse. Ele não se ofereceu para um aperto de mãos de imediato, mas tirou o blazer e colocou sob uma cadeira próxima. Ele escolheu a cadeira mais perto do local em que Violeta estava sentada no sofá, perto o bastante para que pudesse tocá-la, mas não tão perto para que ela se sentisse intimidada por ele.
— Um prazer conhecê-la, Violeta. — ele disse, finalmente oferecendo as mãos. — Espero que possa ajudar.
Violeta não se moveu a princípio. Ela era pequena e pálida. Bonita debaixo de todo aquele estresse, e completamente submissa. Ele entendeu o que Victor tinha visto, sabia por que ele a tinha escolhido. Ele não gostava, mas entendia. Ela ficou lá, congelada, como um rato macio e cinza sobre os olhos do predador, ela não poderia saber quão acurada era aquela comparação. Duncan permaneceu parado, sem falar com ela, deixando que ela tomasse a iniciativa e fizesse as coisas a seu tempo. Ela o estudou por alguns minutos, seus olhos passando das mãos estendidas aos olhos dele, onde ela se inclinou para procurar seus olhos, e então se voltou para as mãos. Ela o cumprimentou devagar, deixando que ele envolvesse os grandes dedos em sua pequena mão. Ele não sacudiu as mãos, simplesmente a segurou de maneira firme e macia, irradiando segurança e calor através da conexão, gentilmente a persuadindo de que não lhe desejava nenhum mal.
Lágrimas silenciosas encheram os olhos de Violeta quando ela relaxou pela primeira vez desde que Victor mexeu com sua mente. Mesmo uma sondagem superficial mostrou a Duncan que o falecido Lorde vampiro foi bruto em seus esforços para limpar os pensamentos da jovem mulher. Talvez ele estivesse com pressa. Talvez ele pretendesse voltar e realizar um trabalho mais cuidadoso. Ou, mais provavelmente, ele era um açougueiro que não se importara com os estragos que fizera nos humanos que eram seus brinquedos.
Duncan limpou uma lágrima que escorria pelas bochechas de Violeta.
— Tudo ficará bem, Violeta. Você vai ver.
Ela assentiu com a cabeça baixa, e limpando os olhos, firmou o queixo desafiante.
— O que você precisa que eu faça?
Duncan sorriu com a coragem. Quando Emma contou sobre Violeta, ele assumiu que ela fosse alguém despedaçada, uma mulher fora de si porque Victor tinha achado sua vontade. Mas isso não era verdade. Ela era naturalmente submissa, mas aquilo não significava, necessariamente, fraca.
O provável era que ela sobreviveu até agora devido a uma força maior do que Victor esperava. Sua mente havia rejeitado a manipulação do antigo Lorde vampiro e se prendido à verdade, apesar do custo à sua sanidade.
Duncan apertou seus dedos ligeiramente.
— Apenas me diga o que você se lembra. — ele disse gentilmente. — Farei o resto.
Violeta inspirou profundamente pelo nariz, sua boca selada com determinação.
— Isso é hipnose ou algo do gênero?
— Algo do gênero. — Duncan concordou prontamente. — Mas você não perderá a consciência e se lembrará de tudo.
Ela o estudou novamente por alguns minutos, então disse: — Eu não me lembro muito sobre o que aconteceu.
— Diga-me qualquer coisa que se lembre. — Duncan disse, mandando uma ligeira sugestão para a mente dela se lembrar.
— Okay. — ela parou por um momento, como se decidindo por onde começar.
— A primeira festa que fui, — ela começou. — foi com a Lacey.
A cada palavra que ela dizia, Duncan se aprofundava mais em suas memórias. Ele estava horrorizado pela bagunça que Victor havia deixado pra trás. Nós, emaranhados de memórias e meias verdades, tudo misturado com coisas que Victor havia tentado esconder. Duncan estava com vergonha em nome de sua espécie, que um Lorde vampiro tão poderoso quanto Victor pudesse ser tão incompetente ou tão cruel. Lentamente ele foi puxando pedaços de verdade, e a cada revelação, Violeta se lembrava de mais coisas. Ele manteve as emoções dela com extremo controle enquanto adentrava em sua mente, não querendo causar maior estresse psicológico do que o que ela havia sofrido.
Violeta sorriu quando falou sobre Lacey.
— Ela era tão bonita, tão cheia de vida. Todos os homens a amavam. Eu os observa olhando-a nas festas. Quando ela entrava na sala, as cabeças acompanhavam como se ela fosse ferro e eles ímãs. Ou talvez fosse o contrário. No entanto, isto nunca a afetava. Não como outras que se achavam e andavam de nariz empinado. Lacey achava que a coisa toda era um jogo. — ela franziu levemente. — Mas definitivamente era um jogo que ela queria ganhar. Ela buscava por algo nas festas. Talvez um marido, ou talvez um amante rico. Eu nunca a conheci a fundo para perguntar o que era.
— Você está falando das festas na casa do Victor? — Duncan esclareceu rapidamente.
Violet assentiu.
— A casa da embaixada, a casa grande e branca. Lugar legal, mas dentro era mais como uma fraternidade do que como uma embaixada. Era estranho.
— O que acontecia nessas festas?
Ela deu de ombros.
— Nada a princípio. Coisas típicas de Washington. Os homens eram pegajosos, principalmente os casados; e a maioria das mulheres não se importava. Não as mais jovens, de qualquer maneira. Não foi até que Victor nos convidou à outra casa, a que fica em Leesburg que eu me senti... desconfortável.
— Por quê?
Violeta ficou tensa, e Duncan a acalmou confortando suas mãos e sua mente.
— Ninguém pode te machucar agora, Violeta. Você sabe disso, não sabe?
Ela assentiu rapidamente.
— Sim. Eu acredito em você.
As palavras de confiança somaram um novo peso de responsabilidade na alma de Duncan. Era algo minúsculo quando comparado ao peso que ele já carregava, mas não poderia deixar de senti-lo mesmo assim.
— Obrigado, Violeta. — ele esperou um momento, então. — Por que se sentiu desconfortável nas festas em Leesburg?
— Era a minha primeira vez em uma das festas de final de semana. Lacey havia me dito sobre outra casa em Annapolis, eu acho, mas lá foi apenas uma noite e todo mundo foi embora antes de amanhecer. A festa em Leesburg durou todo final de semana. Eu não queria ir, mas sentia como se eu tivesse que ir, como se fosse desapontar alguém se não fosse à festa. Não fazia sentido, mas quanto mais perto se aproximava a data da festa, mais eu sentia que tinha que ir.
Ela deu de ombros, como se mesmo agora ela não pudesse entender. Mas Duncan entendia. Victor claramente havia plantado a sugestão na mente dela e deixado as coisas acontecerem.
— Eu peguei uma carona com Lacey, e quando chegamos lá, — Violeta continuou. — tinha apenas alguns homens - dois ou três que eu já tinha visto, mais Victor e seus guardas. Eu achei que mais pessoas chegariam, mas com exceção de mais três mulheres que chegaram logo depois de nós, ninguém mais apareceu.
— Quando percebi que éramos só nós e aqueles homens, eu sabia para que eles nos queriam lá. — lágrimas rolaram por sua bochecha, mas esse foi o único sinal de estresse que ela apresentou enquanto falava.
— Victor fez algo comigo, com todas nós. Eu fiz... coisas horríveis para aqueles homens. Coisas nojentas. Mesmo enquanto eu fazia essas coisas, sabia que algo estava errado. Era como se minha mente estivesse gritando comigo de algum lugar, mas meu corpo não queria ouvir. E durou uma eternidade, não só com um dos caras, mas com todos eles.
— Victor participou em...
— Não comigo. — ela disse rapidamente. — Eu não sei sobre as outras. Seus guardas participaram. Quando os clientes - era assim que Victor os chamava, como se fôssemos putas. — ela engoliu em seco, repulsa pelos homens e talvez por ela mesma, também, estampada no seu rosto. — Quando os clientes terminavam conosco, os guardas de Victor assumiam. E eles queriam mais que sexo, ou mais que apenas sexo, porque eles tinham isso também.
— Sangue? — Duncan perguntou, cuidadoso ao esconder a raiva em sua voz.
Violeta assentiu.
— E na outra noite, começou tudo outra vez, mas os homens eram piores que antes. Mais violentos. Achei que fossem matar a todas nós. — ela suspirou. — Mas eles só mataram a pobre Lacey.
Os olhos de Duncan imediatamente se focaram em Emma que estava na mesa de jantar atrás de Violeta. Ela encontrou seu olhar, estresse em cada nuance de seu corpo. Ele queria dizer a ela para ir embora, que não precisava escutar aquelas coisas, mas ele sabia que ela não iria. E ele não a pediria pra ir.
— Você viu o que aconteceu com Lacey? — ele perguntou, retornando sua atenção para Violeta e fazendo a pergunta soar ligeiramente como uma curiosidade.
Violeta balançou a cabeça.
— Eu estava na sala ao lado. Mas eu os ouvi. Eu acho... Eu ouvi um dos outros homens gritar com alguém, falando que eles a mataram. Ele disse algo como: ‘Você estrangulou ela, seu idiota.’ E então o homem que estava comigo - me envergonho de dizer que não sei quem ele era - enfim, ele deu um pulo e saiu correndo pro corredor e todo mundo começou a gritar, e então alguém empurrou alguém e eu ouvi uma briga. Então um dos guardas de Victor entrou no quarto e me agarrou. — ela esfregou os braços, como se ainda pudesse sentir o toque dele.
— Ele me arrastou pelo corredor, me jogou em um quartinho com as outras mulheres e trancou a porta. Lacey era a única que estava faltando. Nós estávamos todas nuas, mas tinha uma cama, então pegamos os lençóis e cobertas. Duas das mulheres... Eu não sei seus nomes. Lacey era a única que eu conhecia, e nenhuma de nós usava nossos verdadeiros nomes. Eu acho que todas nós sabíamos que aquilo era algo sobre o qual não queríamos que ninguém soubesse. Enfim, duas das mulheres estavam inconscientes, quer dizer, elas não estavam se mexendo. Por isso, eu e outra garota as enrolamos nas cobertas, imaginando que elas precisariam do calor, e nós nos enrolamos nos lençóis. E isso é tudo que me lembro. É como se tivesse um buraco negro no meu cérebro, e não importa quanta força eu faça, não consigo me lembrar de nada. Eu acordei em um carro dirigindo de volta para a cidade. Eu estava vestida, mas as roupas não eram minhas. Um dos guardas de Victor me deixou no meu apartamento, me deu minha bolsa, e foi isso. Eu entrei em casa e...
Violeta balançou a cabeça, se escondendo atrás dos cabelos enquanto seus olhos se fecharam e sua garganta apertava enquanto ela estava lutando para conter as emoções. Duncan se sentiu sujo ao penetrar no coração e alma dela daquela maneira, mas ele não poderia ajudá-la, não poderia consertá-la de outra maneira. Porque ele estava tentando consertá-la, porque estava tão ligado aos sentimentos dela, ele sabia que as emoções dela eram muito parecidas com as de mulheres que foram estupradas. Ele já havia tido este mesmo sentimento, com outras mulheres que havia resgatado ao longo dos anos. Era uma combinação de vergonha e culpa, de incapacidade, e ao mesmo tempo de pura e verdadeira raiva, às vezes delas mesmas, assim como de seus estupradores.
— Tomei banho. — Violeta sussurrou. — Tomei banho até que cada milímetro do meu corpo estivesse queimando de tanto esfregar. Então me arrastei até a cama e dormi. E nunca mais realmente acordei. — ela olhou pra cima, encontrando o olhar de Duncan. — Até hoje.
— Sinto muito por fazê-la reviver tudo isso. — Duncan disse, encontrando seus olhos e deixando transparecer seu pesar. — Mas é necessário. Eu não perguntaria se houvesse outra maneira.
Violeta assentiu.
— Eu sei. E me sinto melhor simplesmente em saber que foi real, que não estou enlouquecendo.
— Você conhecia algum dos homens, fora Victor?
— Até então, não. Mas um deles é aquele senador que você vê nas notícias toda hora agora, Grafton. Eu me lembro de outros dois, mas não sei o nome deles. Um era o nojento que estava comigo quando Lacey morreu. Eu o reconheceria se o visse, mas não sei seu nome. Ele era meio acabado e bebia bastante. Ele tinha aquele cheiro que os alcoólatras têm. Eu não sei precisamente qual é, mas eu tinha um tio que era alcoólatra e sempre tinha esse mesmo cheiro. O homem não conseguiu... — seu rosto corou em vergonha, e ela olhou em outra direção.
— O homem não conseguiu uma ereção. — Duncan forneceu. — É isso?
— Sim. — Violeta disse, ainda não olhando pra ele.
— E quanto ao terceiro homem?
— Eu também não sei o nome, mas se tivesse que adivinhar, eu diria que é um político ou algo do gênero. Ele tinha aquele jeito esperto, tipo capitão do time de futebol. Ele parecia um, também. Eu fiquei imaginando por que um cara bonito como aquele precisaria de Victor como cafetão.
Aquela descrição se enquadrava em muitos políticos para ser útil, mas o alcoólatra que ela descreveu... Parecia combinar com o congressista Kerwin que Duncan tinha visto na arrecadação de fundos na mansão do Grafton, impregnado com muito álcool e encarando Duncan como se ele fosse um fantasma.
— Mas eu nunca vi a mulher. — Violeta acrescentou inesperadamente.
Duncan e Emma a encararam.
— Mulher? — Duncan questionou, intrigado. — Você se refere a uma das outras mulheres que estavam lá com você?
— Não. — Violeta disse, balançando a cabeça. — Tinha uma mulher lá com Victor. Não cheguei a vê-la; só ouvi sua voz. Ela chegou tarde, no fim, depois de Lacey... — ela franziu o cenho e mordeu o lábio inferior infeliz. — Ela estava gritando, quero dizer, com muita raiva, como se tivesse no comando ou algo assim. Surpreendeu-me porque eu nunca havia ouvido ninguém falar daquele jeito com Victor antes.
* * * *
Eles levaram Violeta para casa depois da conversa. Emma dirigiu a mesma SUV, com Violeta no banco do passageiro e Duncan no banco de trás.
Ele não disse muito, mas Emma podia sentir o conforto de sua presença atrás dela, como uma lareira em uma noite fria. Ela sabia que provavelmente ele estava ali por Violeta, mas ela gostou do mesmo jeito. Ela se perguntou se ele sabia como ela se sentia quando ele estava por perto. Será que ele já se sentiu como ela? Será que alguém já o deixou com esse sentido de completo seguro ou satisfação? Ou era instinto, apenas uma parte de quem ele era?
Os pais de Violeta estavam em casa quando eles chegaram. As luzes da varanda estavam dando boas vindas, e Emma pode ver o brilho da televisão atrás da porta de vidro.
— Seus pais estarão preocupados? — Emma perguntou, sem saber o que Violeta tinha dito a eles. Eles tinham que se perguntar por que a filha deles, que esteve toda depressiva pelas últimas duas semanas, de repente estaria fora de casa até altas horas.
Violeta balançou a cabeça.
— Eu disse a eles que sairia com uma amiga. Eles ficaram super felizes.
Emma podia entender isso.
— Você gostaria que eu entrasse em casa com você?
— Não, tudo bem. — Violeta se virou para Duncan. — Obrigada, Duncan. — ela disse melancólica. — Eu não sei o que você realmente fez hoje, e não me importo. Você salvou minha vida e isso é tudo que importa. Pra mim, pelo menos. — ela abriu a porta do carro e desceu, então parou e olhou para Emma. — Espero que ache o que procura Emma, e espero que lhe traga paz. — então ela bateu a porta e subiu as escadas de casa se movendo com energia e graça que não existiam há poucas horas atrás.
— Ela se lembrará alguma coisa sobre isso? — Emma perguntou, ao ver Violeta entrar em casa.
— Não. — Duncan disse. — Ela irá acordar amanhã e se lembrará de estar doente, e então ela ficará melhor.
Emma suspirou. Era uma vitória agridoce. Eles tinham devolvido a vida a Violeta, mas Lacey ainda estava morta. E seus assassinos ainda estavam à solta. Pelo menos Violeta havia fornecido algumas pistas. Grafton, com certeza, o que eles já suspeitavam e o bêbado impotente, provavelmente Kerwin. E ainda havia a mulher. A esposa do Grafton? Ou talvez Tammy Dietrich? Emma suspirou. Quanto mais eles descobriam, mais complicada a coisa toda se tornava.
As mãos calorosas de Duncan tocaram o ombro dela.
— Encosta, Emma. — ela encostou sem mesmo questionar por que. Seus acompanhantes pararam atrás deles e minutos depois Ari bateu na janela dela. Ele se sentou no banco do motorista e Miguel subiu no banco do passageiro.
Emma resmungou todo o tempo enquanto subia no banco traseiro com Duncan, e se consolou se aconchegando nele. Duncan pôs os braços em volta dela e a beijou de forma cálida dando a ela a esperança de que Ari fosse piloto da Indy 500. Mas ele ficou em silêncio depois disso, deixando Emma com seus pensamentos. Cidades e bairros eram um borrão no lado de fora. Ari estava dirigindo muito mais rápido do que ela ousaria, especialmente desde que começara a chover. Aparentemente ele não se preocupava em ser parado por limite de velocidade. Poderia um vampiro se livrar de uma multa se parado por alta velocidade? Ou talvez tivessem algum tipo de imunidade diplomática? E namoradas também teriam imunidades? Isso poderia ser útil.
Eles chegaram à embaixada com horas antes do nascer do sol. Ari estacionou atrás da casa, manobrando a construção e os equipamentos. Emma saiu da SUV, franzindo o cenho para a enorme quantidade de materiais para construção. Ela sabia que tinha mais gente, mais vampiros, na verdade, trabalhando na casa do que ela havia visto. Ela tinha visto evidências da reforma e às vezes podia ouvir o som de homens trabalhando. Mas isso parecia ser muito material para uma reforma. Duncan se juntou a ela, seu olhar passando da casa e então de volta a Emma. Ele sorriu, então colocou as mãos na cintura dela.
— Vamos entrar antes que comece a chover de novo. — ele disse, e foi em direção à porta da cozinha. — Peça a Alaric para me deixar atualizado, por favor, Miguel. — ele comandou sem olhar. — E diga a ele que o encontrarei amanhã à noite.
— Sim, Lorde.
— Deve estar cansada. — Duncan disse perto do ouvido dela.
— Não tão cansada. Além do mais, você fez todo o trabalho. — ela murmurou de volta.
— Fiz? Talvez.
Emma franziu o cenho, mas não disse mais nada até que eles alcançaram a suíte de Duncan e fecharam a porta.
Ela desabotoou a blusa e tirou o salto, observando-o veladamente, admirando a graça de seus movimentos, mesmo diante de algo tão prosaico como remover a jaqueta e tirar o suéter. Apesar de que não havia nada de prosaico sobre o peitoral de Duncan. Ou suas costas. Ele era todo músculos, longos pedaços de músculos que se juntavam em largos ombros e poderosos braços. Não conseguindo se conter ela tirou a blusa e atravessou o quarto em direção a ele. Todos os seus sentidos pareciam agora concentrados, como se perto de Duncan tudo ficasse em hiperfunção. O grosso tapete parecia seda sob os pés, seus cabelos se esparramavam calorosos sobre os ombros, e o cetim do sutiã um tormento sobre os seios.
Duncan se virou para vê-la caminhar em direção a ele, o corpo perfeito que era só dele, seus olhos brilhando com tom de bronze na suave iluminação. Ele estendeu a mão quando ela se aproximou perto o suficiente. Ela colocou seus dedos nos dele, sentindo a força de sua pele enquanto ele fechava a mão e a trazia para o seu abraço, envolvendo a cintura dela com seus braços e abaixando a cabeça o suficiente para encontrar os lábios dela.
— Emma. — ele disse suavemente. Apenas isso. Apenas seu nome, como uma promessa.
Emma pôs a mão nos rosto dele.
 — O que Victor fez, — ela disse a ele rapidamente, tentando adivinhar a fonte do descontentamento aquela noite. — aquilo não é você. Sabe disso, certo?
— Claro. — ele disse rápido demais.
— Mas ainda se sente culpado.
Ele suspirou.
— Victor era um de nós. Nós deveríamos ter imaginado o que ele estava fazendo e o impedido.
— Você impediu. — ela o lembrou. — E agora ele está morto. — ela manteve seu olhar. — Victor está realmente morto, não é?
Duncan a estudou por um longo tempo, como se decidindo se confiaria nela. Emma prendeu o fôlego, não apenas porque ela queria que Victor estivesse morto, mas mais importante, porque ela desesperadamente precisava que Duncan confiasse nela o suficiente para falar a verdade.
— Ele realmente está morto. — Duncan disse sem rodeios. Ele encontrou o olhar dela por um momento, então a puxou para o seu peito. Emma prendeu seus braços envolta dele com seus olhos se enchendo de lágrimas de alívio.
— Quero que você mude suas coisas para cá, para esta suíte. — Duncan disse suavemente. — Do outro quarto.
— Eu não tenho muita coisa aqui, está...
— Não importa. Esta é sua suíte agora.
Emma passou os dedos pelas costas dele. Duncan simplesmente gostava de dar ordens? Ou talvez fosse aquele sentimento possessivo do qual ela o tinha prevenido? Ela realmente se importava? Afinal, não era como se ela fosse se mudar para casa dele. Ele não tinha dito isso. Eram apenas algumas peças de roupa. Ela tinha feito isso outras vezes com outros namorados no passado, quando eles deixavam coisas um no apartamento do outro. Então porque agora parecia diferente? Pergunta idiota, Emma, ela disse para si mesma. Era diferente porque desta vez ela estava apaixonada pelo cara. E ela não tinha ideia de como ele se sentia em relação a ela. Oh, claro, ele a desejava, e, sim, ele era possessivo como o inferno. Mas aquilo era amor?
Ela suspirou. Duncan a ouviu, obviamente. Ele podia ouvir um alfinete cair a vinte metros, mas mais importante, ele compreendia a emoção por trás do suspiro.
— Você é minha, Emma. — ele disse suavemente, e em uma voz que não permitia nenhuma contestação, continuou: — Quero que isto esteja claro. Enquanto estiver nesta casa, enquanto estivermos juntos, você é minha. E de mais ninguém.
Emma se inclinou o suficiente para encará-lo.
— Isto funciona para os dois, vampiro. Eu também não compartilho.
Um pequeno sorriso surgiu no rosto de Duncan e ele falou com voz de cansaço: — Eu mal tenho forças para você, Emmaline.
Emma sorriu baixinho, o deixando distrai-la.
— Oh, de alguma forma você dá um jeito. — ela murmurou, então colocou a mão atrás de sua cabeça e puxou a fita de couro que prendia o cabelo dele.
— Eu continuo perdendo estas coisas. — ele reclamou.
— Você tem uma gaveta cheia delas. — ela zombou, espalhando os dedos pelo cabelo dele. — Não seja mulherzinha.
As sobrancelhas de Duncan se arquearam em descrença.
— Mulherzinha?
— Um, bom, é só uma... — ela gritou em surpresa quando ele a rodou e a jogou na cama. Em um flash, ele a tinha dobrado, para colocar sua saia na cintura, à calcinha no chão. Emma começou a rir, então gemeu quando o pênis dele empurrou suas dobras e se aprofundou no faminto e molhado sexo dela. Ela assobiou de prazer em como era bom senti-lo, como ele a abria e a enchia enquanto entrava e saía de dentro dela com longas e graciosas estocadas. Ele desabotoou o sutiã e percorreu as costas dela com seus longos dedos, acariciando-a, e ela arqueou mais ainda suas costas de forma lenta abrindo-se mais ainda para invasão dele. Ele se inclinou sob as costas dela e entrelaçou os dedos em seu cabelo afastando-os para poder se aconchegar em seus cabelos.
— Que isto lhe sirva de lição. — ele sussurrou contra o ouvido dela. Ela gemeu novamente enquanto sua posição vulnerável o deixava penetrar mais fundo do que jamais havia penetrado-a. Ele parou de se mover abruptamente, ainda enterrado dentro dela, nada além do diminuto deslize dos seus quadris pra frente e pra trás, enquanto ele a mantinha imobilizada. — Isto, minha querida Emmaline, é um pênis preenchendo a sua doce e pequenina buceta. Meu pênis.
Emma deu uma risadinha.
— Ok, Eu...
— E garotas têm pênis? — ele interrompeu. — Não, elas não têm.
Emma pressionou o quadril gentilmente contra ele, amando o suave deslizar da grossura dele dentro dela.
— Eu não acho que você esteja levando essa lição a sério. — Duncan zombou. Emma uivou em surpresa enquanto ganhava um tapinha na bunda e ele começou a penetrá-la com empenho. Ela fechou os olhos e se deixou levar, amando o roçar da colcha de veludo contra seus duros mamilos, o calor da fricção do pênis dele, a maravilhosa sensação que ele emanava segurando seu quadril com uma mão e com a outra provocando seu clitóris. Ele a virou novamente, seu peito contra as costas dela, e ela sentiu o caloroso afago da língua dele ao lado de seu pescoço. Ela arrepiou em expectativa e tudo abaixo da cintura começou a tremer com anseio e antecipação. A suave e firme superfície das presas dele pressionaram o pescoço dela, o que a fez sentir calafrios, o coração enchendo a garganta e deixando difícil respirar. Mas quem precisava respirar? Ela apenas precisava de Duncan.
As presas dele deslizaram quase sem dor pela tensa pele do pescoço dela, pinçando a veia como uma agulha, o que foi rapidamente esquecido pela onda de prazer que invadiu o sangue dela. O veludo abaixo dos seios dela se tornaram calorosos e sedutores afagos contra seus mamilos, cerrando o abdômen e fazendo com que sua vagina tremesse em antecipação.
Sem aviso ela explodiu em um clímax que convulsionou cada músculo no corpo dela, mesmo com Duncan ainda dentro dela, os quadris dele rebolando contra a bunda dela, fazendo-a mais aberta pra ele. Em algum lugar em tudo aquilo, ela estava ciente das pequenas puxadas das presas dele contra sua veia, o grunhir dele enquanto ela se entregava, então ele levantou a cabeça e uivou com o gozo, ele a preencheu com seu quente clímax.
Emma não mais sentia vontade de rir. Na verdade, ela talvez risse de tanta alegria se pudesse sentir alguma parte de seu corpo, mas ela estava tão satisfeita que não podia sentir nada. O pênis de Duncan flexionou dentro dela, e ela gemeu enquanto seu clitóris se excitava em resposta. Ok, então nem toda parte dela estava dormente, afinal de contas.
Ela sentiu uma quente garoa de sangue abaixo de seu pescoço um momento antes de Duncan lamber lentamente selando os furos gêmeos. Ele os beijou depois disso, murmurando uma silenciosa desculpa, mas Emma não se importou. Ela amou a maneira como ele gozou, amou sentir seu pau pulsando dentro dela, amou que ele estava tão perdido no clímax que esqueceu de lamber a ferida para fechar. O que eram algumas gotas de sangue comparadas àquilo?
Ele se levantou, então a elevou pela cintura encostando ambos contra a cabeceira da cama. Emma se sentou o suficiente para despregar as remanescentes estocadas sobre sua coxa e então desabou contra ele, sua bochecha repousando nos ombros musculosos dele. Ela espalmou a mão sobre o rígido abdômen, alisando-o com orgulho possessivo. Duncan resmungou, vibrando uma risada abaixo da orelha dela.
— Odeio quando você faz isso. — ela resmungou.
— Faço o quê? — ele perguntou inocentemente.
— Oh, por favor. Você me lê como um livro. Além do mais, eu estava apenas admirando seu tônus muscular.
— Tudo bem.
Ela levantou sua mão e deu um tapinha nos músculos que estava admirando, o que o fez rir mais ainda. Emma sorriu. Pelo menos ele não estava triste, como estava mais cedo.
— Duncan?
— Emma.
— Você realmente lê meus pensamentos? Quero dizer, você pode?
Ele a trouxe mais perto e apertou seus lábios contra a testa dela.
— Não é assim tão simples. Eu posso ler facilmente os pensamentos dos vampiros jurados a mim, e especialmente dos meus filhos, como Miguel e Louis. Com humanos, a diferença é como se fosse ouvir a música dos seus vizinhos, ou estar passando e então ouvir algo. Eu não escuto cada pensamento, mas se necessário, posso penetrar em quase qualquer cérebro humano e saber seus pensamentos. Também sou capaz de manipular pensamentos e memórias. Pode ser algo simples como persuadir um policial a não me multar por ultrapassar o limite de velocidade, ou complexo como o que Victor fez ao apagar a memória daquelas mulheres. Se bem que gosto de pensar que a minha manipulação é mais habilidosa e bem menos cruel do que qualquer coisa que Victor tenha feito.
Ele segurou o queixo dela e o levantou para fazê-la olhar pra ele.
— Eu nunca invadiria seus pensamentos sem a sua permissão, Emma, mas você deve saber que quanto mais sangue trocarmos, mais próximos nossos pensamentos ficarão, e mais aberta sua mente ficará para mim.
— Mas você já sabe o que estou pensando!
— Não sei. Não realmente. Eu claramente sou um grande empata. Eu leio emoções. Eu sempre tive alguma habilidade nesse assunto, mesmo quando humano. Mas ao me tornar vampiro, minha habilidade em ler a emoção de outros se tornou quase perfeita. E como eu lhe disse quando nos conhecemos pela primeira vez, tenho décadas de experiência lendo a linguagem corporal de humanos que acompanham essas emoções. — ele deu de ombros. — São apenas as palavras que faltam.
Os dedos dele ainda brincavam com os braços dela, mas ela sentia que o resto dele permanecia imóvel aguardando por sua reação. Ela franziu o cenho, pensando sobre o que ele havia lhe dito, sobre o que significava. Ele conhecia suas emoções, seus sentimentos... Sobre ele. Que ela o amava. Emma sabia que deveria estar envergonhada, mas por outro lado, ele sabia que ela o amava e não tinha ido embora aos gritos. Então tudo bem.
— Dificilmente parece justo. — ela resmungou, puxando alguns pelos do peitoral dele.
— Ow! O que não é justo? — ele perguntou, esfregando seus pelos puxados.
— Que eu não saiba o que você esteja sentindo também.
— Você sabe como me sinto, Emmaline. Você é minha.
Emma suspirou devagar. Talvez fosse uma coisa de vampiro, toda essa fixação pela palavra ‘minha’.
— Então, quem você acha que era a mulher? – ela perguntou mudando de assunto. — A que Violeta ouviu gritando à noite.
— Tammy Dietrich, provavelmente. — Duncan disse. — Homens poderosos sempre chamam seus advogados primeiro quando se metem em problemas. E pode explicar porque ela estava no velório de Lacey. Grafton seria óbvio demais, porém Dietrich poderia ter ido para analisar o território e ninguém teria se dado conta.
— Mas por que ela assinaria o livro do memorial? Teria sido mais esperto não deixar um registro como esse.
— Quem sabe? Força de hábito? Talvez alguém a tivesse reconhecido e ela achou que ficaria estranho se não assinasse. Além do mais, quem olha essas coisas depois? Ela provavelmente não deu muita atenção ao assunto. Neste ponto eles já saberiam do desaparecimento de Victor, ou pelo menos que ele estava fora de alcance. E com o encontro do corpo de Lacey, tenho certeza que estavam ansiosos pra saber qual a história atribuída à sua morte, e se a polícia estaria envolvida.
— Bom, isso é algo em que concordamos. Sem polícia.
— Sem polícia. — Duncan confirmou. — Cuidarei disso pessoalmente.
— Nós cuidaremos disso. — Emma disse firme. — Lacey era minha amiga.
— Você não é assassina, Emma.
— E você é?
— Quando preciso, sim.
Emma considerou todos os anos que Duncan já tinha vivido, e quão diferente a justiça era no passado... Ela franziu o cenho. No passado desde quando?
— Quantos anos você tem, Duncan? — ela perguntou, imaginando se ele contaria a ela. — Quero dizer quantos anos você realmente tem?
— Nasci em 1836.
A surrealidade daquilo tirou o fôlego de Emma por um momento. Duncan tinha quase duzentos anos de idade, o que significava que mesmo quando ele era humano, seria velho o suficiente para ser casado, para ter filhos, especialmente naquela época.
— Você tinha uma família? Quero dizer antes de se tornar vampiro. Você foi casado?
Ele não disse nada por um momento, então se levantou e deixou a cama. Emma pensou que tinha ido longe demais, que havia tocado em outro tabu vampírico, ou talvez que fosse algo muito doloroso para pensar a respeito. Duncan foi em direção a um grande armário, abriu a gaveta de cima, e pegou uma caixa de madeira do tamanho de uma antiga caixa de cigarros. Emma se viu curiosa enquanto ele levantava a tampa e tirava algo de dentro, então ficou encarando o que quer que fosse antes de se virar e voltar para cama.
Ele mostrou o que era, e ela viu uma foto antiga. Era o retrato de uma jovem mulher e duas crianças - um garoto de mais ou menos quatro anos, e uma segunda criança de sexo indeterminado, talvez com um ano, sentada no colo da mulher. Emma encarou a fotografia, então olhou para Duncan.
— Minha esposa e filhos. — ele simplesmente disse. — Eles morreram enquanto eu estava na guerra.
O coração de Emma se apertou em simpatia.
— Sinto muito. — ela sussurrou. — O que houve?
— Eles foram assassinados.
Ela o encarou, de repente compreendendo. Por todo tempo Duncan foi o único a entender sua necessidade de vingança, sua necessidade em ser parte da busca pelos assassinos de Lacey. E talvez isso se desse porque ele conhecia em primeira mão a sede por justiça, não nas mãos da lei, com seus processos e proteção aos assassinos, mas justiça pessoal e com as próprias mãos. O bíblico, olho por olho, vingança a sangue frio.
— O que você fez? — ela perguntou.
* * * *
1836, Bacia de Nashville, Tennessee
Duncan encarava as ruínas do que antes havia sido seu lar. Parecia velha e cansada, apesar de mergulhada na noite. Nunca foi uma grande construção, mas era repleta de vida há muito tempo atrás. Não mais. Ele era o último de sua linhagem, e agora que era um vampiro, não haveria ninguém depois dele. E ninguém para se importar, de qualquer maneira.
Ele e Raphael tinham gasto muitas noites para chegar até ali. Raphael havia dito que o caminho final seria o ocidente, até alcançarem o oceano. A jornada de volta para onde havia sido o lar de Duncan era um desvio, mas Raphael nunca protestou. Ele parecia aceitar a necessidade de Duncan por vingança como se fosse a sua própria necessidade. A princípio Duncan pensara que era o laço entre vampiro e sua criação, mas ele logo percebeu que era mais que isso. Este era o tipo de homem que Raphael fora e o tipo de Lorde vampiro que ele havia se tornado. Ele ficaria ombro a ombro com aqueles que ele criara. Duncan sentia os laços de lealdade crescendo cada vez mais fortes a cada passo ao lado do vampiro que agora era e sempre seria seu Senhor.
— O que aconteceu? — Raphael perguntou rapidamente, encarando a casa abandonada.
— Essa guerra infernal aconteceu. — Duncan disse. Ele andou em direção à castanheira no jardim em frente a casa, inclinando-se para pegar os restos despedaçados de uma espessa corda. Tinha enfeitado a árvore há muito tempo atrás, um balanço moldado novamente a cada primavera para seus filhos brincarem. Ele deixou cair à corda no chão sujo virando em direção à estrada e a cidade mais próxima.
Raphael acompanhou seu ritmo sem comentários, apesar de que Duncan podia sentir a curiosidade de seu Senhor pelo laço que eles agora dividiam. Era um sentimento estranho estar tão ligado a outro homem, mas não havia nada sexual sobre aquilo. O laço o tornava mais forte como se Raphael fosse uma reserva de força que Duncan pudesse tomar emprestado à sua vontade. Ou talvez fosse o certo conhecimento de que Raphael sempre estaria ao seu lado para enfrentar os inimigos. E esses inimigos estavam na cidade, há alguns quilômetros de distância.
— Eu não me alistei à priori. — Duncan disse enquanto andavam. — Para as pessoas daqui não importava ficar ou não com a União, e muitos de nós sentia como se não fosse nossa batalha. Mas então a Confederação veio à procura de soldados e tivemos que escolher. — ele deu de ombros. — Nós votamos e a Confederação ganhou, ou assim nos disseram os fundadores da cidade. Não tenho ideia se foram verdadeiros quanto a isso, ou se simplesmente se encaixava melhor em seus interesses que assim fosse. De qualquer maneira, aqueles entre nós com boa saúde e força o suficiente foram enviados para servir. E nos foi assegurado que as nossas famílias não sofreriam, que a cidade se manteria unida.
Duncan inclinou para pegar uma pedra que ficou balançando com a mão enquanto andavam.
— E a cidade se manteve? — Raphael perguntou.
Duncan considerou a questão.
— Eles mantiveram. Mas não da maneira que eu esperava. Minha esposa era uma linda mulher e eu um pobre fazendeiro. Ela se casou abaixo de seu status ao me desposar, mas ela me amava, e Deus sabe que a amava também. Às vezes penso que ela ainda estaria viva se tivesse casado com alguém mais rico, ou apenas alguém que não fosse eu. — ele jogou a pedra quicando pela noite enluarada nas redondezas do campo. — Antes de nos casarmos ela tinha um pretendente. O filho do banqueiro, um jovem com dinheiro e privilégios, o qual foi rejeitado em meu favor. Ele se sentiu ofendido, claro, e enquanto eu estava na guerra, foi à nossa casa, bêbado e furioso com o fato dela ter me escolhido, o que ele considerou como a forma dela humilhá-lo.
— Não é necessário dizer o que aconteceu depois. Qualquer um poderia dizer o que houve em tal encontro.
— Seus filhos? — Raphael perguntou.
— Meu filho tentou proteger a mãe e foi derrubado com um porrete. Minha filha, um bebê, pouco mais de um ano, ainda nem falava a última vez que a vi. Ela permaneceu ao lado da mãe por dias, antes que alguém soubesse o que tinha se passado. Meu sogro eventualmente foi procurá-la e os encontrou assim. Meus filhos estavam mortos e minha esposa não muito longe de se juntar a eles. Mas antes de morrer, ela contou o que houve, e quem fora o responsável por isso. O pai dela procurou o xerife, mas o monstro estava longe, fora enviado à guerra onde seus crimes não seriam expostos. Eu também havia sido enviado pra Guerra, claro, mas retornei apenas em tempo de visitar seus túmulos.
— Esse assassino ainda vive? — Raphael perguntou em uma voz gélida.
— Vive. Mas não por muito mais tempo.
Raphael grunhiu em concordância. Eles andaram outro quilômetro em silêncio, até avistarem as construções da cidade, luz de velas piscando em janelas distantes. Eles pararam na periferia da cidade, e Raphael se virou devagar analisando os conjuntos de casas.
— A casa dele fica aqui em algum lugar?
— A casa do pai dele. Aquela ali, perto das árvores de nogueira. Daqui não dá pra ver, mas há um pequeno lago também. Adorável no verão, apesar de que agora a comunidade local é desencorajada a usá-lo. Antes deles construírem a casa, o lago era de uso de todos.
A casa do banqueiro brilhava com tanta iluminação, lanternas queimando na varanda, velas brilhando em cada janela. Duncan deu os primeiros passos, Raphael a seu lado. Eles alcançaram a porta da frente e tocaram a pequena campainha pendurada em um só lado. Essa era a parte do plano que mais preocupava Duncan.  A casa era propriedade privada, o que significava que, como vampiros, ele e Raphael teriam que ser convidados a entrar.
Uma empregada uniformizada abriu a porta. Era jovem e bonita, africana, o que significava que provavelmente ela era escrava. Ela os encarou, seu olhar indo do rosto para as roupas sujas.
— Somos convidados, criança. — Raphael falou. — Convide-nos a entrar.
Duncan estremeceu em surpresa, mas a escrava continuou a encarar o grande Lorde vampiro, seus olhos brancos e sem expressão, até que ela, sorrindo, disse: — Entrem, cavalheiros. Direi ao senhor que chegaram.
— Senhor, de fato. — Raphael resmungou, mas sorriu para a jovem escrava. — Obrigado.
Ela corou abaixando a cabeça com prazer enquanto entravam na casa.
— Onde está o seu... Senhor? — Raphael perguntou suave.
— Na biblioteca, cavalheiros. Posso lhes mostrar?
— Isto seria muito gentil. Duncan?
Eles seguiram a escrava por um pequeno corredor no fundo da casa. Ela parou em frente a duas portas e estava prestes a bater em uma delas quando Raphael tomou sua mão.
— Não há necessidade de se dar ao trabalho, criança. Volte para os seus afazeres.
Os olhos da jovem escrava adquiriram aquele aspecto desfocado novamente, e então ela se virou e afastou-se, como se eles nem estivessem ali.
Raphael olhou-a partir, então pegou o olhar de Duncan.
— O banqueiro está sozinho aí dentro, mas há outros na casa.
Duncan esfregou as mãos nervosamente em suas calças imundas e tentou acalmar seu coração em ritmo de galope.
Ele queria fazer isto certo, não apenas pela vingança, mas também para mostrar a Raphael que ele não cometera um erro ao escolhê-lo entre todos aqueles homens moribundos no campo de batalha.
Ganhar o respeito de Raphael, de repente, passou a ser a coisa mais importante em sua vida, e ele não podia deixar de se perguntar se esse novo sentimento era parte da ligação da qual Raphael falara.
Raphael abriu as portas e entrou a biblioteca. Ele emanava força e confiança, dominando a sala não só pelo seu tamanho, mas pelo poder que irradiava dele. Era tão forte que Duncan pensou que se concentrasse o suficiente poderia ver o poder em volta de Raphael. Mas o banqueiro então falou, e Duncan passou a ter olhos somente para o homem cujo filho havia assassinado sua família.
— Milford? — disse o banqueiro, seu corpo espesso vibrando com indignação. — O que significa isso?
— Seu filho matou minha família. — ele retrucou o banqueiro calmamente. — Quero saber onde ele está.
O banqueiro se deixou cair na cadeira, cheio de desdém.
— Você quer dinheiro, é isso? — ele se inclinou e abriu a gaveta na escrivaninha, pegando uma caixa de metal. A chave estava na fechadura e ele a abriu revelando uma quantidade considerável de moedas de ouro.
— Quanto você quer, Milford?
Duncan o encarou. Depois de meses no campo de batalha ele pensava que já tinha visto o quão baixo um homem podia chegar. Mas isso... Esse vira-lata achava que ouro compensaria pela perda de sua família?
— Vamos lá, garoto. Todo mundo tem um preço. Qual o seu?
— De fato eu tenho um preço. — Duncan disse cada palavra enfatizado precisão para que não houvesse dúvidas. — E o preço é olho por olho. Eu quero a vida do seu filho.
— Não seja ridículo. Além do mais ele não está aqui. Ele se alistou no exército como todo mundo. Eu não tenho ideia...
Raphael fez um gesto impaciente e o banqueiro parou de falar, seus olhos saltando à face enquanto lutava por falar.
Medo fez com que suor cobrisse sua face e banhasse seu pescoço, por isso ele abriu o colarinho da camisa em um esforço inútil de tentar libertar sua voz. Seu olhar mudou de Raphael para Duncan e então voltou para Raphael novamente.
Duncan podia escutar a respiração difícil do homem enquanto ele inspirava e expirava com dificuldade, o aperto dos dedos na cadeira de madeira. Ele sentia o cheiro do suor, o fedor do alho no hálito do banqueiro enquanto o medo o dominava. Mas mais que isso... Ele inclinou a cabeça curiosamente.
— Eu posso sentir o medo, meu Senhor. — ele sussurrou para Raphael. — É quase como se meu próprio coração estivesse acelerado, meu estômago se revirando com terror. No entanto... Não há culpa. Ele sente uma raiva merecida, como se fosse ele o injustiçado.
Ao seu lado, Raphael assentiu.
— Empatia. Você devia tê-la quando humano, mas seu renascimento expandiu-a. É uma excelente característica de se ter, Duncan. Irá nos servir muito bem no futuro.
Duncan mostrou as presas ao banqueiro, sentindo aumentar o medo do homem de maneira satisfatória.
Duncan nunca fora um homem violento. Sempre disposto a defender o que era seu, ele preferia persuadir ao invés de lutar, e sempre fora capaz de achar as palavras certas para que as coisas se acertassem a seu favor.
Mas agora, vendo o homem que uma vez ele pensou ser poderoso tremendo de medo ao olhar para ele... Duncan se sentiu bem. Sentiu-se fazendo a coisa certa.
— Ele mente. — Raphael disse casualmente, alcançando a caixa cheia de moedas de ouro para si. — O filho dele está na casa. — seu olhar mudou para a direita, encarando a parede como se pudesse ver através dela. Ele deu um meio sorriso. — No final do corredor, na verdade. — ele voltou o olhar para o banqueiro. — Dormindo.
O banqueiro foi para frente, a cabeça batendo na mesa e quicando uma vez que ficou inconsciente. Duncan olhou para Raphael.
— Você soube onde estava o filho dele ao ler seus pensamentos, meu Senhor?
— Sim. — Raphael concordou. — Os pensamentos de homens chorões são fáceis de ler. Por aqui, Duncan.
Eles se apressaram para o corredor, de volta pelo caminho que usaram há pouco tempo atrás. Não encontraram ninguém pelo caminho, nem a empregada, Raphael virou em outro corredor, este mais estreito que o primeiro e foi de encontro à porta fechada. Havia apenas uma vela no armário oposto à porta, mas fora isso o corredor estava pouco iluminado.
Esperando pelo confronto, Duncan puxou a faca e abriu a porta. Ele se abaixou enquanto entrava, esperando que a bala de uma espingarda o recebesse, se de fato este fosse o assassino. Mas o quarto estava completamente escuro e nada a não ser um grunhido de surpresa o recebeu.
Duncan sentiu uma onda de poder vinda de Raphael passar por ele. Velas acenderam, e o homem foi revelado, escondido no escuro. Ele estava na cama com as cobertas até o peito, apoiado nos cotovelos enquanto se encolhia perante os intrusos.
— Milford. — disse o homem. — Esperava que estivesse morto. — ele puxou seu corpo contra parede atrás da cama e perguntou cansado: — O que você quer?
Duncan encarou o assassino, seu olhar nos ombros musculosos do homem embaixo da roupa de dormir, passando para suas pernas ainda cobertas pelo lençol. Ele levantou os olhos para o assassino que o olhava desafiador.
— Isso mesmo, sou um aleijado, mas ainda sou dez vezes o homem que você sempre será.
— Você é um assassino e estuprador, mais baixo que uma barata que vive na merda.
O assassino deu de ombros.
— Terminamos então? Porque estou cansado. — Raphael foi para a luz, e o assassino o olhou. — Trouxe alguém pra fazer o trabalho sujo por você? Bem se vê.
Raphael pegou as pernas enrugadas do assassino debaixo do lençol e riu.
— Já vi isto antes, Duncan. Provavelmente o pau dele é tão inútil quanto suas pernas. Há certa justiça nisso.
Duncan pegou a lâmina na mão direita. Assentiu.
— Justiça, meu Senhor. — concordou, então deu dois passos pra frente e apunhalou o peito do assassino, a faca afiada passando fácil pela pele até chegar ao coração. Sangue manchou a camisola de linho e o homem uivou, olhando em choque para as mãos de Duncan que ainda empunhava a faca para o rosto do assassino.
— Não é justiça que procuro. — Duncan rosnou. — É vingança.
Ele esperou até que a vida deixasse os olhos do assassino, até que seu corpo caísse pesado em suas mãos, então pegou a faca e suspendeu o lençol para limpar a lâmina. Ao devolver a faca à cintura, percebeu que acabara de cometer assassinato a sangue frio, e assim mesmo não sentiu outra coisa além de satisfação. Ele não deveria ter sentido culpa, ou ao menos algum conflito entre seu desejo por vingança e esta execução? Era isso que significava ser um vampiro? Ele não seria mais humano?
— Ainda somos humanos após a transformação, Duncan. — Raphael disse, como se lendo sua mente. — Mas também somos mais. Para um vampiro não há cinza, apenas preto e branco. Se um homem pega algo que é meu, se ele machuca alguém com quem me importo, ou rouba algo que valorizo, ele morre. É uma vida mais simples, mas também mais cruel. Alguns de nós se alegram com isto; outros escolhem viver o mais próximo dos humanos quanto possível. Não há como saber como serão as coisas antes do renascimento, mas me alegra saber que estava certo sobre você. Tem poder e talento, você não hesita frente ao inimigo. Isso é bom, Duncan, porque pretendo governar esse continente algum dia. Precisarei de alguém como você ao meu lado.
 Duncan se virou para encarar seu senhor. Ele ouviu a sinceridade nas palavras do Lorde vampiro. Mais que isso, ele sentiu a emoção nas palavras e soube que Raphael estava falando apenas a verdade. Ele deu um passo pra trás e fez uma cortesia da cintura pra baixo.
— Estou honrado em servi-lo, Lorde.
Raphael sorriu e deu tapinhas nos ombro de Duncan.
— Vamos dar o fora desse lugar. A visão do inimigo morto é satisfatória, mas o fedor é menos convidativo.
Ambos estavam rindo enquanto seguiam pela estrada, respirando o ar fresco da noite. Duncan andava orgulhoso ao lado do seu Senhor, e pela primeira vez desde que sua família fora assassinada, ele sabia que tinha um motivo pelo qual viver.
* * * *
— Você alguma vez se arrependeu? — Emma perguntou. Eles estavam deitados lado a lado novamente, e ela se apoiou em seus cotovelos para olhar o rosto de Duncan quando a respondesse.
Ele balançou a cabeça, encontrando o olhar violeta de Emma. E então disse a ela a mesma coisa que Raphael havia lhe dito quando saíram daquela casa há muitos anos atrás.
— Há coisas que não podem ser perdoadas se um homem for viver consigo, algumas ações nos definem. Aquele homem estuprou minha esposa, a matou e meus filhos. Não poderia deixá-lo viver e me considerar um homem.
Emma assentiu, descansando a cabeça nos ombros de Duncan novamente. Ela pousou a mão sobre seu coração.
— Isso vale para as mulheres também, sabia. Não posso esquecer que o assassino de Lacey está por aí. Não posso viver com isso.
— E você não viverá, Emmaline. Nenhum de nós dois viverá com isso.

Capítulo 23
 
Emma foi trabalhar no dia seguinte, embora não tivesse mais certeza por que ela se importava. Ela estava lá de corpo, mas era só isso. Toda vez que alguém lhe fazia uma pergunta, tinha de reproduzir em sua cabeça o que fosse que havia sido dito, em seguida, lembrar-se de onde estava antes de responder. Isso a deixou olhando fixamente para o computador ou para a pessoa que tinha falado enquanto tentava lembrar. Por isso, nem mesmo surpreendeu-a quando Sharon Coffer parou na sua mesa e pediu a ela para entrar no escritório do congressista. Embora pedir foi uma maneira educada de dizer. Foi mais um comando.
Guy Coffer estava fora, então Emma e Sharon tinham o escritório espaçoso para si. Emma sabia que ela estava em apuros quando Sharon fechou a porta deliberadamente antes de caminhar até sentar-se atrás da mesa. Isso era algo que até mesmo os funcionários mais antigos jamais teriam ousado, mas havia sido claro para Emma desde o início que Sharon considerava este escritório tanto seu quanto de seu marido, essa eleição de Guy Coffer era tanto sobre Sharon quanto era sobre Guy. Ele só passou a ter o rosto mais fotogênico, e mais carisma em seu dedo mindinho do que existia no corpo de Sharon.
— Emma. — disse Sharon, indicando a cadeira em frente à mesa. Emma sentou obedientemente. — Estamos todos muito tristes em ouvir sobre Laney...
— Lacey. — Emma corrigiu.
A expressão de Sharon apertou, seus olhos se estreitando em fendas, mas sua voz era toda suavidade e luz quando ela continuou: — É claro. Lacey. Estamos todos muito pesarosos sobre a sua morte, e todos sabemos o esforço que você deu. — Sharon fez uma pausa, como se esperasse Emma dizer algo, mas Emma não sabia o que esse algo deveria ser, então ela permaneceu em silêncio.
— Infelizmente... — Sharon passou, seu tom de voz deixando claro que ela não considerava nada lamentável.  — O negócio do escritório deve continuar. E eu tenho medo que você não esteja acompanhando. Tenho certeza que você entende. Uma vez que embalar suas coisas, alguém vai escoltá-la para fora do prédio e, claro, confiscar sua ID.
Emma piscou, não é certo que ela tinha ouvido isso direito.
— Você está me demitindo? — ela perguntou incrédula.
— Estamos deixando você ir, sim. O deputado vai, naturalmente, fornecer-lhe uma carta de referência, e estou certa de que você não terá dificuldade em encontrar outra posição uma vez que sua situação pessoal desaparecer. Mas até lá...
— Você está me demitindo? — Emma repetiu, ainda não acreditando no que tinha ouvido. — Minha melhor amiga morre, e você está me demitindo porque estou distraída?
A boca de Sharon apertou em desgosto.
— Realmente, Emma, não há necessidade de histeria. — mas ela não conseguia esconder a dica de satisfação em sua expressão. Este era um dia que Sharon Coffer provavelmente tinha sonhado. O dia em que finalmente se livrava de Emma Duquet, que claramente tinha projetos sobre Guy Coffer, e cujo maior pecado foi ser mais bonita do que Sharon. O caralho.
Emma levantou, recusando-se a dar à cadela mais prazer do que já estava dando com isso.
— Você tem meu endereço. — ela disse sem rodeios, em seguida, virou-se e saiu do escritório. Noreen observava com os olhos arregalados quando Emma foi diretamente para sua mesa e começou a reunir alguns itens pessoais que mantinha ali.
— Emma? — Noreen perguntou.
— A cadela me demitiu. — disse Emma, rangendo os dentes.
— Você está brincando comigo? Por quê?
— Aparentemente, ter a minha melhor amiga morta é muito inconveniente. O negócio tem de continuar.
— Oh, querida, eu sinto muito.
Emma olhou para cima e deu à outra mulher um sorriso.
— Não se preocupe, Noreen. Já enfrentei pior do que isso e me saí bem. Eu vou fazer isso de novo.
Palavras corajosas, ela pensou enquanto escondia suas coisas em sua bolsa enorme. Trabalhos como o dela eram difíceis encontrar e quase impossível de conseguir, e Sharon sabia disso. Toda essa besteira sobre uma carta de referência... Ah, com certeza, haveria uma carta, e iria dizer todas as coisas certas. Mas por trás das costas de Emma, ??Sharon Coffer iria envenenar o poço.
Ela tirou todas as gavetas uma última vez, em seguida, pendurou sua bolsa por cima do ombro e pegou seu laptop e sua jaqueta. Ela deu um rápido abraço em Noreen, deu um último olhar ao redor, e saiu pela porta pela última vez. Se Sharon queria alguém para acompanhá-la para fora do prédio, eles poderiam muito bem se recuperar.
Ninguém veio atrás dela, então Emma continuou andando, todo o caminho para fora do prédio, indo para o estacionamento. Ela jogou a bolsa sobre o banco, e seu laptop em seguida, embora com um pouco mais de cuidado. Emma ficou atrás do volante e girou a chave. Ainda ninguém à vista e ela não esperaria.
Ela saiu do estacionamento e dirigiu pelo do engarrafamento do trânsito de DC, tentando decidir para onde ir. Seu coração queria correr de volta para Duncan, para reclamar e bufar até a calma que o rodeava penetrasse em sua raiva e a fizesse ver que o mundo não acabaria porque ela perdeu o emprego. Racionalmente, ela já sabia, mas estava com muita maldita raiva. De qualquer forma, era dia e Duncan estava dormindo. Ela pensou em se juntar a ele, mas ela não tinha dormido durante o dia com ele ainda. Parecia ainda mais íntimo do que o que eles tinham feito juntos em sua cama. Provavelmente era bobagem, mas ela sentiu como se ele precisasse convidá-la para dormir ao lado dele quando era tão vulnerável. Não que ela não fosse confiável. Inferno, ele estava provavelmente mais seguro com ela lá com ele, que não, mas ela teve um pressentimento de que precisava ser ele a dar o primeiro passo.
Então, para onde ir? Ela estava cansada demais para dormir, mesmo que usasse o outro quarto e, além disso, a residência parecia muito vazia sem qualquer um dos vampiros ao redor. Havia guardas humanos na propriedade durante o dia, mas pelo que ela tinha visto pela manhã quando saiu para o trabalho, eles ficavam do lado de fora da casa. Para esse assunto, ela não estava absolutamente certa, se os guardas iriam deixá-la voltar para dentro antes de anoitecer.
Então, ela se afastou da residência dos vampiros e se dirigiu para sua casa. Duncan não ficaria feliz que ela estivesse indo para lá sozinha, mas ele admitiu que o cara na outra noite era um ladrão comum, e não algum assassino enviado para matá-la. E havia questões práticas para lidar. Suas cartas, e as de Lacey, também, estavam se acumulando, e havia contas para pagar. E agora que ela não tinha um emprego, precisava atualizar seu currículo e começar a procurar algo novo. Também era hora de deixar seu senhorio saber que ela não estaria renovando o contrato de aluguel da casa. Mesmo se ela fosse capaz de superar a ausência de Lacey, ela simplesmente não poderia pagar o local sozinha. Especialmente se ela tivesse que ficar alguns meses sem renda.
Emma encontrou um espaço na rua à direita em frente a sua casa sem nenhum problema, porque ao contrário dela, a maioria de seus vizinhos ainda tinha emprego. Ela tinha desligado a ignição e estava puxando as chaves pra fora, quando um familiar SUV estacionou bem atrás dela. Era um dos de Duncan. Ele tinha alguém a seguindo no outro dia, e, aparentemente, ainda fazia. Tanto para ficar sozinha. Ela suspirou e olhou no espelho retrovisor, mas as janelas do SUV eram escuras. Ela não podia ver o motorista, mas não esperava o reconhecer de qualquer maneira. Ela estava mais familiarizada com os vampiros do que os guardas humanos. Agarrando as coisas dela, ela caminhou para o lado do motorista do SUV e esperou enquanto ele abaixava sua janela.
— Hey. — ela o cumprimentou.
— Srta. Duquet. — disse ele.
— Eu vou pegar algumas caixas e coisas. Você quer entrar?
Ele desligou o motor da caminhonete.
— Eu vou andar com você, ter certeza que está tudo bem.
— Oh, eu tenho certeza que tudo...
— Com todo o respeito, minha senhora. — disse ele. — Eu não trabalho para você.
Emma piscou e pensou que era muito ruim Baldwin não estar por perto. Pelo menos ele era divertido.
— Tudo bem. — ela disse, e se afastou, retirando a chave para a fechadura nova, que Duncan tinha ordenado instalar. Sr. Zangado poderia seguir ao seu próprio ritmo.
Como esperado, havia uma pilha de correspondência no chão dentro da porta da frente. Ela deixou cair suas chaves no prato, colocou sua bolsa e laptop nas escadas e recolheu toda a bagunça. Embaralhando-a em uma pilha, ela se dirigiu para a cozinha. O guarda de Duncan veio por trás dela e foi imediatamente para cima para verificar tudo. Emma revirou os olhos e parou o tempo suficiente para pegar o controle remoto e ligar a TV, mais para a companhia do que qualquer outra coisa. Tinha a sensação de que seu guarda-costas não seria muito falador.
Ela deixou as cartas sobre a bancada de azulejos e percebeu a mensagem em espera da luz piscando na secretária eletrônica. A máquina em si era uma sobra de quando ela e Lacey viveram juntas na faculdade, antes que fossem capazes de pagar serviço de celular. Quando se mudaram para Washington, elas obtiveram um número de celular, mas seu serviço de Internet forneceu mais de um telefone fixo, então elas automaticamente ligaram à máquina. Ninguém nunca tinha ligado para o número, exceto operadores de telemarketing, e mesmo eles pararam de ligar após o primeiro ano.
Então Emma olhou para a luz piscando por alguns segundos antes de registrar seu significado. Alguém a tinha ligado no telefone de casa. Não era provavelmente nada, mais uma chamada desencadeada pelo aviso do funeral de Lacey, exceto que o telefone estava em seu nome, não Lacey, e ela tinha usado automaticamente seu número de celular em todos os formulários exigidos.
— Só há uma maneira de descobrir. — ela murmurou e apertou o botão. A voz mecânica da máquina confirmou que havia uma única mensagem e deu a data e hora da chamada, a mensagem começou a tocar.
— Srta. Duquet, — a voz rouca de mulher disse. — nós nunca nos encontramos, mas você veio ao meu escritório em Alexandria há dois dias. — Emma arrebatou a mão da máquina, como se o interlocutor tivesse estendido a mão e a eletrocutado. Alexandria. Isso tinha que ser Tammy Dietrich. Deve ter havido monitoramento de vídeo na área de recepção. Como poderia Dietrich saber que ela esteve lá? Mais importante ainda, por que ela estava ligando para Emma, ??e por que esse número?
— Eu tentei te ligar no escritório de Guy Coffer, — Dietrich continuou. — mas você estava fora, e não puderam... Ou talvez não quiseram... Dizer quando você estaria de volta. Eu não deixei uma mensagem com eles por razões... Bem, por razões que prefiro não discutir em uma secretária eletrônica.
Dietrich respirou profundamente, e Emma percebeu que ela estava fumando um cigarro. Isso explica a qualidade áspera de sua voz, mas talvez não a tensão subjacente de cada sílaba que ela falava.
— Ligue-me, Srta. Duquet. — Dietrich disse sem rodeios. — Mas use um telefone que você pode confiar absolutamente. Não use o seu celular pessoal, não use esta linha também. Eu recomendo um telefone público, se você puder encontrar um, ou um telefone celular pré-pago. Estou lhe deixando um número, mas não se incomode tentando rastreá-lo. Eu tomei meu próprio conselho e vou me desfazer do telefone se não ouvi-la no prazo de quarenta e oito horas. Ligue para mim. Você ficará contente se fizer.
A máquina apitou alto, anunciando o fim. Emma olhou, então mexeu freneticamente para reproduzir a mensagem de Dietrich. Ela não tinha prestado atenção para a data e hora, não sabia ao certo se o relógio foi mesmo definido na máquina. Droga! Por que a mulher não tinha ligado para o celular dela? Ok, tudo bem, ela não queria que ele fosse rastreado, mas não podia pelo menos ter dado um aviso a Emma? Seus dedos tremiam quando ela encontrou o botão direito de repetição.
— O que é isso?
Emma gritou e virou-se, tinha esquecido o guarda de Duncan.
Ele franziu a testa.
— Há algo de errado?
— Você tem um telefone celular? — ela exigiu.
— Bem, sim, não...
— Dê-me. — disse ela, apertando o botão de replay na secretária eletrônica, que lhe informou obedientemente que a mensagem solitária de Dietrich tinha chegado à noite passada. Enquanto Emma e Duncan estiveram com Violeta. Será que Dietrich sabia sobre Violeta? Foi por isso que ela tinha ligado? Para alertá-los para ficar longe da moça? Violeta estava em perigo por causa do que tinha feito? Não, isso não fazia sentido. Se ela já tivesse conversado com eles, não havia nada a ganhar ao se livrar dela. A jogada inteligente agora seria se livrar de Emma e Duncan. Talvez seja isso que Dietrich estava fazendo. Definir Emma até ser eliminada.
A mensagem se acalmou ao número de telefone que Dietrich tinha deixado e Emma escreveu, então se virou para o guarda que a olhou como se ela tivesse perdido a cabeça.
— Telefone? — ela perguntou impaciente.
Ele estudou por um minuto, em seguida, entregou. Não havia maneira que seus inimigos pudessem conhecer o telefone de um segurança particular para monitorar, de modo que deveria ser seguro. Ela digitou os números rapidamente, então esperou enquanto ele tocou e tocou. Ela tinha quase desistido, quando a voz rouca de Dietrich respondeu.
— Já era em tempo, Duquet.
Estômago de Emma afundou.
— Como você sabia que era eu?
— Você é a única que eu dei esse número. — Dietrich disse secamente. — Esse foi o motivo.
Certo.
— Recebi sua mensagem. — Emma disse firmemente. — O que você quer?
— Você veio me ver. — Dietrich lembrou. — Por isso, no entanto, dou um conselho para você. Saia da cidade. Você e seu namorado também. Vão tão longe e tão rápido quanto puderem.
— Olha, Dietrich. É Tammy Dietrich, certo?
— Certo, querida.
— Bem, querida, não sei que jogo você está fazendo, mas eu não vou embora até...
Dietrich riu amargamente.
— Este não é um jogo. Max não joga. Ele nunca o faz. Ele simplesmente limpa a borda, até que ele faça o seu caminho, e você, Duquet, está em seu caminho.
— Max Grafton? Seu irmão?
— Meio-irmão, mas quem está contando? Eu não tenho tempo para isso. Eu liguei para lhe dar um aviso e dei-lhe. Eu queria falar com você no velório de Lacey, mas havia muitas pessoas em volta. Então, estou dizendo a você agora. Sua vida está em perigo e morrer não vai trazer de volta Lacey. É isso, Duquet. Isso é tudo que tenho a dizer.
— Espere! Como faço para entrar em contato com você?
— Você não vai. Eu lhe disse, estou seguindo meu próprio conselho. Eu vou cavar um buraco em algum lugar distante e rastejar para ele, e espero que, pelo inferno, Max nunca me encontre. Adeus, Sra. Duquet.
— Espere! — Emma gritou novamente, mas Dietrich já havia desligado. Emma deu um grito mudo de frustração e girou para o guarda. — Qual é o seu nome?
— Marlon.
— Quanto tempo até pôr do sol, Marlon?
Ele olhou para o relógio.
— Duas horas, mais ou menos, provavelmente menos.
Emma pensou por menos de um minuto. Sair da cidade não era ainda uma possibilidade, especialmente sem Duncan. E ela apostaria um ano de salário que o senhor vampiro não tinha absolutamente nenhuma intenção de sair, não por causa de Max Grafton ou qualquer outra pessoa. Mas por mais poderoso que Duncan fosse, ele sangrava e poderia morrer.
— Vamos embora, Marlon. Duncan está em perigo.
Marlon não desperdiçou palavras. Ele agarrou seu braço e empurrou-a para fora da cozinha e pela sala de estar, onde a notícia de TV local estava cobrindo uma história sobre uma explosão e um incêndio em algum lugar no Distrito. Eles estavam chamando-o de terrorismo, que foi a primeira coisa que todos pensavam esses dias, se fosse ou não fosse. Emma estendeu a mão enquanto Marlon arrastou por ela, a intenção de desligar a TV, quando ela reconheceu...
— Marlon. — disse ela, sem fôlego.
Algo em sua voz parou o guarda. Ele se virou para olhar para a mesma imagem horrível na tela de televisão que havia lhe chamado a atenção. Era a casa de Duncan. E estava pegando fogo.

Capítulo 24
 
Emma sentia como se estivesse morrendo. Se ela tivesse ido diretamente para Duncan, depois de sair do trabalho, talvez estivesse lá a tempo de ter parado isso. Ela precisava chegar à casa, precisava ver por si mesma o que estava acontecendo e o quanto era ruim. Duncan e seus vampiros estavam todos lá, desamparados no sono. Era a casa em chamas ao seu redor? Eles estavam morrendo enquanto ela e Marlon corriam pelas ruas de DC? Ela não conseguia acreditar, não podia acreditar. No fundo de seu coração, ela tinha certeza de que ela saberia se alguma coisa tivesse acontecido com Duncan. Ele era muito importante para morrer, sem causar uma ondulação na realidade, certamente, na realidade de Emma. Mas e se ele não estivesse morto, mas gravemente ferido? O que ela faria então? Todo vampiro que ela conhecia estava com ele. A quem ela poderia pedir ajuda? Quando Baldwin foi baleado, foi Duncan, que o trouxe de volta com o seu sangue. Mas quem estaria lá para trazer de volta Duncan?
Ela segurou a alça acolchoada da porta, quando Marlon correu pelas ruas laterais para evitar o tráfego, tendo cada curva com um guincho de pneus. Emma tinha o canal de notícias local em seu telefone celular, a mesma notícia que tinha visto em sua casa. A estação estava correndo uma transmissão ao vivo da cena, mas não mostrava o suficiente. Ela precisava de detalhes, closes. Ela gritava para a tela cada vez que rompia com a notícia inútil dos âncoras, que não fizeram nada além de repetir o que ela já sabia. As autoridades estavam no local e se recusavam a especular sobre a causa, mas não parou de vazar informações. Isto era Washington, apesar de tudo. A principal teoria foi uma explosão de gás de algum tipo. Mas foi um acidente ou intencional? Especulação estava correndo selvagem. Todas as embaixadas na região haviam fechado.
Não houve menção de qualquer ferido, mas não teria. Duncan e seus vampiros poderiam ser mortos e ninguém saberia até o pôr do sol. Emma engoliu em seco, recusando-se a ceder ao terror gritando no fundo do seu cérebro. Ela olhou para as pequenas imagens no vídeo, comparando o que ela estava vendo, o que ela conhecia da casa e seu layout, tentando determinar qual parte da casa estava queimando. Uma explosão poderia estar em qualquer lugar, e a casa estava meio vazia. Mas as imagens que viam eram da rua, e as chamas e destruição estavam muito visíveis, o que significava que a frente da casa estava envolvida. E o quarto de Duncan dava para a imensidão verde do gramado da frente. Emma virou o telefone para baixo em sua coxa e olhou para longe. Ela não podia ver mais. Ela precisava ver por si mesma.
Ela fechou os olhos e ouviu Marlon, que estava no telefone, tentando alcançar seu supervisor, o cara responsável dos guardas durante o dia, mas até agora ele não teve sorte. O comandante da guarda estava ocupado demais lidando com a situação de emergência para se preocupar com Marlon e Emma. Mas então ela e Marlon ouviram dizer a alguém que eles estavam voltando.
— Ela está aqui comigo. Sim, cinco minutos no máximo.  — ele fez uma pausa, então. —Por que diabos não?
— O quê? — Emma exigia. — Coloque-o no viva voz, droga.
Marlon deu um olhar assediado, mas disse: — Espere. Eu estou colocando no viva voz. É o meu chefe. — ele acrescentou por causa de Emma.
—Srta. Duquet? — a voz que vinha do alto-falante era profunda e controlada. A voz de autoridade.
—Me chame de Emma. O que está acontecendo?
—Bem, Emma, ??os bombeiros querem entrar na residência, e não posso permitir isso.
—Espere. Diga isso de novo? Você está me dizendo que ninguém está combatendo o fogo?
—Não. Eles estão em cena e têm mangueiras, mas querem ficar dentro da casa. O Senhor Duncan me deu ordens específicas que ninguém, em nenhuma circunstância, é permitido dentro de casa durante o dia.
Emma ouviu com metade de uma orelha, seu cerebro corria. Tinha que ser uma coisa da embaixada. Embaixadas eram consideradas o governo estrangeiro soberano e todos tratavam a residência dos vampiros como uma embaixada. Ela podia ver porque haveria alguma confusão, mas...
— Ok, entendo isso. — ela disse em voz alta. — Mas esta é uma emergência. Certamente.
— Ninguém, em nenhuma circunstância. — ele repetiu com firmeza. —Exceto você.
— Perdão?
— Você é a única permitida a entrar durante o dia. Mesmo eu não estou autorizado a entrar.
— Bem, mas... Sim. Aí...
— O procedimento padrão, senhora. E a imprensa está toda sobre isso. Eu prefiro não dizer mais até que possamos falar em pessoa.
Emma olhou para cima quando eles finalmente fizeram a curva na rua para a casa de Duncan e ela entrou em vista.
— Oh, merda. — ela respirava. Em seguida, disse para o capitão da guarda. — Estamos chegando ao portão agora, você pode nos levar para dentro?
— Definitivamente. Mas, Marlon, você vai ter que estacionar fora.  — sua voz começou a pular, como se ele estivesse correndo. — Eu estou no caminho para o portão. Te encontro lá.
Marlon estacionou em fila dupla tão perto do portão quanto poderia, em seguida, passou um braço ao redor de sua cintura, e a conduziu para frente. Ele teve que empurrar o seu caminho através da multidão, ignorando gritos furiosos e demandas da Polícia Militar para parar. A única coisa que poderia detê-los era uma bala, e nenhum policial se arriscaria atirando na multidão. Ela esperava.
— Lá está ele. — disse Marlon, gritando para ser ouvido acima do barulho da multidão, os caminhões de combate a incêndio e equipamentos dentro das paredes. Eles podiam não ser capazes de entrar na casa, mas certamente não estavam desistindo de lutar contra ela do lado de fora. Um homem alto, de aparência exótica acenou para eles quando avançou sobre o policial guardando o portão aberto e disse algumas palavras. O oficial olhou para cima, em seguida, baixou a cabeça e acionado o rádio no ombro. Quase instantaneamente, um buraco se abriu no meio da multidão para vomitar dois policiais corpulentos que conduziram Emma e Marlon para passar pela parede.
— Srta. Duquet. — o negro disse. — Eu Sou Jackson Hissong, Chefe da segurança do Lorde Duncan durante o dia.
— Me chame de Emma. — lembrou ela, balançando a mão rapidamente. — O que posso fazer? — ela correu ao lado de Hissong quando ele girou e correu sobre o gramado para frente da casa, onde uma espécie de posto de comando foi criado.
— Primeiro: você precisa me apoiar com o capitão dos bombeiros. Eles não podem entrar na casa.
— Olha, Jackson, esta não é mesmo uma embaixada real, e não sei o que a lei diz sobre uma situação como essa, mesmo que fosse.
— Mas você é uma advogada, certo?
— Sim, mas não tenho qualquer autoridade para...
— Bom o suficiente. Você está agindo como agente do Senhor Duncan no momento, e como o único indivíduo autorizado a entrar nas instalações.
— Então, talvez eu devesse dizer ao corpo de bombeiros que está tudo bem para eles entrarem, assim...
— Não. — disse Hissong, parando para considerá-la constantemente. — Você não pode fazer isso.
— Mas e se Duncan e os outros estão lá e estão feridos? — Emma perguntou angustiada.
— O Senhor Duncan conhece os riscos melhor do que você, e tenho treinado com Miguel por dez anos. Esta não é uma questão de algum protocolo ou imunidade diplomática. Esta é a residência de um vampiro. Eu já tenho bombeiros privados a caminho, mas, entretanto, se esses caras... — ele gesticulou para os bombeiros ao redor deles. — entrarem na casa, os vampiros estarão totalmente vulneráveis. E se esse foi o plano? A maioria deles é provavelmente decentes, corajosos servidores públicos que fazem um trabalho perigoso. Mas e se apenas um deles não for quem parece ser? Ele vai lá, descobre os vampiros e... — ele bateu as mãos, fazendo Emma saltar de surpresa. — Isso é rápido, Emma. Está tudo acabado. Há uma razão para estas restrições. O Senhor Duncan é um homem inteligente, e assim é Miguel. Você tem que confiar neles.
— Eu faço, mas...
— Sem mas, bebê. Você me apoia, ou não fala com o capitão. Não há outra opção. — Emma fez uma careta.
— Você está falando sério?
— Como um ataque cardíaco. — Hissong respondeu.
Emma olhou para longe, olhando para a casa. O fogo parecia estar sob controle, mas o que ela sabe sobre essas coisas? Eles ainda estavam pulverizando água, e os homens ainda estavam trabalhando perto dos destroços. Seu coração parou quando reconheceu o que estava vendo. Isso era o quarto de Duncan. Ou era. A explosão foi logo abaixo do quarto que ela e Duncan compartilhavam, soprando as janelas e arrancando grandes pedaços de parede. Ela não podia ver dentro da casa, não poderia dizer se Duncan estava lá, o buraco não era tão grande e havia pulverização de água em todos os lugares, equipamentos no caminho.
O aviso de Tammy Dietrich, que estavam em perigo voltou para ela. Mas ela não confiava em Dietrich. Talvez o telefonema fosse um truque para obter Emma de volta aqui em tempo de morrer na explosão. Ela olhou para Jackson Hissong, seu rosto escuro brilhando com a sujeira, suor e as mãos nos quadris enquanto ele a estudava, esperando.
— Tudo bem. — disse ela. — Nós vamos fazer do seu jeito. — Hissong balançou a cabeça, como se nunca tivesse visto qualquer outra possibilidade. Ele tomou seu braço, guiando-a para frente.
— Cuidado com o degrau. — alertou. — Há um monte de porcaria no chão.
Emma percebeu pela primeira vez que ela ainda estava com os saltos de dez centímetros que tinha usado para ir ao escritório naquela manhã. Ela não teve tempo de mudar antes de correr para fora de casa e voltar para cá. Ela suspirou e agradeceu o apoio da mão de Hissong em seu braço.
— Capitão Stavros. — Hissong chamou sua voz profunda, apesar do barulho do som ao seu redor, não apenas do equipamento e da corrida de água, mas do próprio fogo. Um homem alto terminou sua conversa com dois outros bombeiros antes de favorecer Hissong com uma carranca que ele rapidamente transferiu para Emma.
— Capitão, esta é Emma Duquet, advogada do Senhor Duncan. — cansado Stavros a olhou de cima a baixo, mas não mascarou o fato evidente de que não estava impressionado. Se era com ela especificamente, ou advogados em geral, Emma não sabia. De qualquer maneira, ele teve sua volta como nada mais teria. Ela podia não concordar com Hissong sobre isso, mas com o Capitão, ela lutaria com seu último suspiro.
— Você é uma advogada? — disse ele, em dúvida.
— Sim, eu sou. Há um problema? — ela disse friamente, decidindo que uma abordagem de frente era o único tipo que funcionaria neste caso.
— Sim, há um problema. Precisamos chegar dentro dessa estrutura e seu homem aqui está nos impedindo. Você tem sorte de eu não tê-lo preso junto com todos os...
— Capitão Stavros, você não pode ter subido para a posição que tem no distrito sem estar ciente da lei sobre embaixadas estrangeiras, o que a embaixada em si é, para todos os efeitos, o território soberano da nação em questão.
— Claro, estou ciente disso. — disse ele, irritado. — Mas não sou obrigado a ficar e assistir ao edifício maldito queimar até o chão, colocando outras pessoas e bens em risco. Todos estão...
— Há muito mais aqui em risco do que a propriedade. Esta é a embaixada de um vampiro. Há um grande número de vampiros dentro da casa, e tenho certeza que cada um deles está irritado como o inferno agora. Você quer seus homens lidando com isso?
— Claro que não, mas isso é um risco que corremos, como qualquer outro risco neste trabalho. Além disso... — ele acrescentou, baixando a voz. — Eu pensei que vampiros dormissem durante o dia.  — Emma lhe deu um pequeno sorriso e mentiu com os dentes.
— Você está assistindo os filmes errados, capitão. Olha... — ela continuou em voz conciliadora. — Choveu ontem à noite, está tudo molhado, incluindo as propriedades vizinhas. Em cima disso, os homens do senhor Hissong ativaram o sistema de irrigação automatizado e com a distância entre as casas, as chances do fogo se espalhar eram muito pequenas.
— Então, talvez eu deva instruir meus homens para se retirarem e deixar a casa maldita queimar. — Stavros respondeu, claramente não se sentindo em um clima conciliatório.
— E isso certamente é sua prerrogativa. Eu entendo que já temos empresas privadas a caminho para continuar lutando contra o fogo.
— Filho de uma... — Stavros olhou para ela. Qualquer um que trabalhasse ou vivesse no Distrito, especialmente em uma capacidade oficial, sabiam dos campos minados associados com as várias embaixadas e seu pessoal. E, independentemente de seu cargo como capitão dos bombeiros, ela sabia que ele tinha negociado com sucesso mais do que um encontro no passado, afim de subir tão alto no departamento como ele.
— Tudo bem. — ele retrucou. — Nós vamos fazer o que pudermos daqui, mas a responsabilidade é sua, senhora. E você mantenha aqueles malditos amadores de vocês longe do meu fogo.  — ele saiu sem esperar por sua resposta, e Emma soltou um suspiro longo e aliviado.
— Muito bem, Emma. — Hissong disse em seu ouvido. — Eu sabia que você tinha isso em você.
— Mentira. — ela disse de forma sucinta. — Você não sabe nada sobre mim. Que horas são?
— Dez minutos até anoitecer. Vamos tirá-lo dos holofotes, sim?
— Sim. — concordou Emma, ??de repente sentindo trêmula. Seu confronto com Stavros a fez esquecer exatamente o que estava em jogo aqui. Mas agora tudo o que ela podia pensar era Duncan e se ele ainda estaria vivo, ou, pior ainda, se ele acordaria ao pôr do sol para se encontrar sozinho e seus vampiros presos em uma prisão de fogo.
Ela deixou Hissong tomar-lhe o braço novamente, ciente de Marlon em seu outro lado e correram para a parte de trás da residência. Era mais tranquilo aqui atrás, com a parte principal do fogo parecendo ser concentrada na parte da frente do edifício. Mas havia bombeiros, também aqui, e Emma podia ver o brilho ameaçador das chamas dançando em muitas janelas. Toda a casa iria ceder antes do tempo. Emma tossiu quando o fogo saltou de uma janela do andar de cima, soprando fumaça e fuligem gordurosa direto em seu rosto. Hissong mudou-se para protegê-la do pior.
— Vamos lá. — disse ele. — As garagens estão limpas. Podemos chegar longe de tudo isso. — ele tirou um molho de chaves do bolso e entregou-os a Marlon, que se apressou em frente.
— Eles já compartilharam alguma informação com você sobre como isso começou? — ela perguntou quando desviavam das pilhas encharcadas de material de construção.
— O corpo de bombeiros? Não, é muito cedo para sua investigação. Mas não preciso deles, eu sei o que aconteceu. — Emma cravou em seus calcanhares, forçando-o a parar.
— Você sabe? Como?
— Esta propriedade inteira, incluindo a residência dentro e fora, está em vigilância por vídeo durante o dia. O homem que começou o fogo já está em custódia.
— A polícia está com ele?
— Não a polícia, Emma. Como você apontou para Stavros, esta propriedade é território vampiro. Você pode ter blefado com nosso capitão de bombeiros local, mas na medida em que os vampiros estão em causa, isto é um negócio vampiro, não humano. O Senhor Duncan irá fazer o interrogatório e mais ninguém.
— E se...  — ela engoliu, relutante em dizer as palavras. — E se Duncan... não puder fazer isso. — ela finalmente conseguiu, olhando para Hissong.
— Então, Deus salve a todos nós, porque o Senhor Raphael vingará por seu sangue.
— Raphael? Quer dizer o senhor de Duncan?
— Esse mesmo. Vamos, Marlon tem a garagem aberta. — Marlon ficou na porta lateral aberta esperando por eles.
— Devo apagar as luzes, Jackson? — perguntou ele.
— Não. — Emma disse rapidamente. Ela não sabia o que iria acontecer quando o sol se pusesse, mas se fosse ruim, se o pior acontecesse, ela não queria que a dessa tristeza se destacasse para todo mundo ver. — Eu não quero chamar atenção para nós ou para o que estamos esperando.
— Certo. — Hissong disse.
Eles pararam há alguns metros dentro da porta, deixando-a aberta. Emma podia sentir o cheiro do fogo, um cheiro, chamuscado acre que picou seus pulmões e fez seus olhos lacrimejarem. Ela sabia que seu rosto devia estar sujo de preto, o cabelo gorduroso e cinza das cinzas. Não era de admirar que Stavros tivesse duvidado de suas credenciais. Ela provavelmente teria também.
Com um estrondo de som, o chão tremeu sob seus pés. Emma congelou, olhando para a casa em chamas. Toda a conversa em volta dela cessou. Apesar do barulho constante do equipamento, a ausência de vozes era tão palpável como se a noite fosse perfeitamente imóvel. E então a própria casa estremeceu.
— O que é isso? — Emma sussurrou, mais para si mesma do que ninguém, mas Jackson Hissong estava em sua orelha.
— Você já viu um vampiro realmente poderoso ficar com raiva, Emma? — ela balançou a cabeça em silêncio. — Bem, você está prestes a ver. — acrescentou.
— Ele está chegando! — alguém gritou. E então todo mundo estava gritando novamente, correndo para puxar o pessoal e equipamentos, com medo da casa de que estava prestes a entrar em colapso. Emma assistia a tudo com a distância crescente, sentindo-se como um espectador em um jogo, como se tudo isso fosse irreal. Havia uma pressão crescente sobre ela, uma presença que ela não conseguia tocar, como se ela só precisasse abrir uma porta e então haveria.
Duncan?
****
  O sol pairava sobre o horizonte, momentos antes de cair abaixo da borda. Duncan se enfureceu, preso em sua mente quando seu poder se mexeu, enrolando com ele, esforçando-se para sair, a construção de uma explosão que derrubaria a casa e de todos à sua volta. O ar tremia, o chão tremia, as madeiras antigas da casa rangendo ameaçadoramente. Ele lutou pelo controle que sempre tinha chegado tão naturalmente para ele. Mas essa fúria era muito maior do que qualquer outra que ele já havia sentido, seu poder louco para se libertar e vingar o mal feito a ele e ao seu povo, a... Emma.
O pensamento dela depositou fome em seu poder. Ele retirou-se, enrolando no fundo, esperando. Ele tinha que manter a calma. Ele precisava de informações. Onde estava Emma? Se ela tivesse aqui quando o fogo atingiu? Ela estava deitada e ferida, morrendo, enquanto os humanos lutavam contra o incêndio, sem saber que ela estava dentro? Ele deixou sua mente vagar livre, seus pensamentos à procura externa. Seus vampiros dormiam ao redor dele, alguns já começam a ganhar consciência, outros jovens demais para acordar quando o sol ainda estava no céu.
Ele procurou mais longe, além dos limites do porão sombrio sob a ala leste, onde ele e seus vampiros tinham dormido desde que se deslocam para esta casa imprópria e velha. Ele não encontrou nada além do fogo. Seu calor rodeava as chamas vorazes que comiam as madeiras como uma fera voraz, cada vez mais perto, ameaçando os quartos de dormir primitivos que Alaric tinha deixado juntos, como uma medida temporária. Não havia seres humanos ao redor. Duncan podia sentir a sua presença, também, longe demais, apenas sua segurança do dia. Suas emoções de medo, excitação, curiosidade bombardeada contra ele, o que tornava difícil eliminar qualquer pessoa, para determinar o quão ruim era. Uma mente forte passou pela sua consciência e ele agarrou. Esta estava energizada, excitada e determinada. Um homem de alguma autoridade, embora fosse impossível dizer se era um dos bombeiros ou a polícia, ou talvez até mesmo um poderoso vizinho assistindo da rua. Qualquer que fosse, Duncan deslizou sua própria consciência no cérebro do ser humano, tecendo a dois sem problemas até que ele pudesse olhar para cima e ver.
Seu coração quase parou quando viu o dano da casa, o fogo continuava a grassar em volta do que deveria ser o ponto focal de uma explosão. Seu quarto, o quarto onde dormia Emma. Seu poder rugiu de volta.
— Emma!
****
— Duncan? — Emma sussurrou. Ela virou a cabeça na direção da casa.
 
— O que é isso? — Hissong perguntou atentamente.
— Eu não sei. Eu pensei que o ouvi.
— O quê?
— A voz de Duncan... na minha cabeça. Ele chamou meu nome. Isso não faz nenhum sentido, mas...
— Faz todo o sentido. Onde foi que a voz pareceu vir?
— Fique quieto! — ela disse, e depois mais calmamente. — Eu sinto muito. Deixe-me concentrar. — Emma se sentiu tola. Duncan tinha dito a ela que ele não podia ler seus pensamentos, mas também disse que quanto mais eles trocavam sangue, mais perto suas mentes ficariam. E Emma gostava de morder. Ela tinha tomado um pouco de seu sangue cada vez que eles fizeram amor. Seria possível?
— Duncan. — ela sussurrou e em sua mente, e ela gritou: "DUNCAN!"
— Emmaline. — sua voz voltou para ela, acolhedora, com sentimento e tão forte como se ele estivesse ao seu lado. Mas, então, ela desapareceu, e Emma duvidou por um momento que tivesse ouvido. Até que ela sentiu uma onda de emoção que tinha gosto de Duncan. Cercou-a calma e forte, exatamente como ele era. Emma fechou os olhos contra uma onda de alívio, inclinando-se contra a porta aberta para o apoio.
— Bem? — Hissong exigia.
— Ele está vivo. Eles estão todos vivos, eu acho.
— Porra. — Hissong xingou. — Nós temos que... — ele olhou para cima, olhos estreitando enquanto olhava na direção da casa. Emma deu um passo, o suficiente para fora da porta para ver o que tinha tirado a sua atenção, seu coração pulando na possibilidade. Mas era apenas um grupo de homens desconhecidos assaltando em todo o quintal e indo diretamente para os três no abrigo da garagem.
— Você. — o primeiro homem chamou. — Hissong, não é?
— Sim, senhor. — disse Jackson, saindo para o quintal. — Alaric? — disse reconhecendo claramente o homem. Emma piscou quando o contratante vampiro que ela tinha visto pela casa caminhou mais perto. Eles nunca foram apresentados, mas ela já tinha ouvido Duncan no telefone com ele.
— Onde está Duncan? — Alaric exigia.
— Essa é a minha pergunta para você. — respondeu Jackson. — Eles estão vivos em algum lugar, mas não sei onde.
— Porão da ala leste, mas nada está acabado, e eu dei uma boa olhada nas chamas no caminho até aqui. A parte principal está totalmente engolida, e todo o lugar vai queimar.  — ele xingou violentamente e olhou na distância, pensando. — Tudo bem. Melhor que podemos fazer é tentar tornar isso mais fácil para Duncan. Vamos, rapazes. — ele me olhou e começou a atravessar o quintal. — Você também, Hissong, e qualquer outra coisa que você puder poupar. Temos algumas escavações para fazer.
 
****
 
O sol finalmente se rendeu, caindo abaixo do horizonte e liberando Duncan para agir. Ele abriu os olhos e imediatamente acordou seus vampiros com uma explosão de energia, puxando mesmo o mais novo deles fora do sono e vigília em completo. O fogo estava ao redor deles, a parte principal da casa completamente intransitável, mas até mesmo a ala leste acima de suas cabeças estava queimando agora, as madeiras antigas crescendo mais quente a cada minuto. Com um estalo, um pedaço do teto cedeu e uma língua de fogo mergulhou avidamente para o porão. Duncan praguejou quando um dos seus vampiros gritou.
— Todo mundo comigo. — ele gritou, colocando energia suficiente para as palavras se tornarem um comando. O quarto estava repentinamente mais quente, como se essa pequena pausa no teto trouxesse o calor do incêndio junto com ele. Ele estava encharcado de suor, o cabelo, a roupa, e quando olhou em volta, ele podia ver que todos os seus vampiros estavam na mesma condição. Eles se reuniram em torno dele, as suas emoções um espancamento de medo e tensão batendo na parede de seu controle. Eles estavam olhando para ele salvá-los; para chegar a um plano de como tirá-los aqui de uma vez.
— Miguel?
— Sim, meu senhor. — disse Miguel, aparecendo ao seu lado.
— Nós estamos tomando o túnel.
— Senhor? Não terminou ainda. Não há nada lá, mas...
— Confie em mim, Miguel. Vamos.
— Sim, meu... — o resto das palavras de Miguel foi enterrado sob o acidente de madeiras queimando quando todo o piso acima deles cedeu.
— Agora! — seu poder trovejou, segurando o chão de desabar na baía, enquanto seus vampiros correram para o túnel. Ele olhou atrás deles o tempo suficiente para todos estarem seguros, o seu poder lançando o bronze dos seus olhos para as sombras para rivalizar com as chamas.
 Quando o último de seu povo passou de forma segura, ele lançou as madeiras queimando, usando sua velocidade de vampiro para escapar quando o primeiro andar caiu no porão. Seguindo seus vampiros, Duncan correu para a segurança mínima do abóbado inacabado de Alaric. Era uma construção nova, oculta sob o quintal e chegava através de um túnel da residência. Se concluído, teria uma porta blindada ligada ao porão da ala leste, e outra porta igualmente segura para o cofre em si. Teria sido expansiva, com espaço suficiente para todos os vampiros terem a sua própria câmara pequena.
Mas isso tudo era para o futuro. Alaric tinha terminado o túnel e o recinto de concreto para o cofre, mas ainda era apenas uma caixa grande no chão. E com a queima ala leste e sem eletricidade, era uma grande caixa sem saída e sem ar.
Duncan liderou seu povo em direção à entrada do túnel, o seu caminho iluminado pelo fogo em si. Ele se esquivou de lado como outra seção do piso que cedeu, o fogo lambendo em direção a eles ansiosamente, a fumaça sufocante e preta. Ele parou debaixo do intervalo, com um segundo impulso de poder e soprando as chamas de volta quando seus vampiros empurraram para frente. Miguel levou-os, mas Louis estava com Duncan e ofereceu voluntariamente o seu poder para aumentar a de seu senhor. Duncan pôs a mão no ombro do menor vampiro.
— Em boa hora, Louis. Isso ainda não acabou.
Louis balançou a cabeça, seus olhos sobre os vampiros, até que todos tinham passado e ele e Duncan foram até a traseira. Mais à frente, o primeiro de seus vampiros atingiu o buraco reforçado na parede onde a entrada do túnel seria. Ele já tinha o quadro de apoio pesado para a planejada porta estilo abóbada. O alívio de seus vampiros era uma brisa fresca em sua mente quando eles atravessaram a fronteira para a relativa segurança do túnel.
Estava escuro lá dentro, e frio. Eles estavam há dez metros de profundidade e Duncan podia sentir a terra úmida em seus ossos tão certo como se estivesse pressionando em seus poros, em vez de retido por dois pés sólidos de concreto. Alaric insistiu na espessura extra das paredes, lembrando a Duncan que Washington, DC foi construída sobre um pântano e isso significava que escoava água por toda parte. Mas agora a espessura extra era mais uma barreira entre os vampiros e segurança.
***
Emma observava inexpressivamente quando Alaric e seus vampiros começaram a cavar. Ela não sabia exatamente por que estavam cavando, apenas que Alaric tinha dito a ela que iria ajudar Duncan e seus vampiros a sair da casa em chamas. Ela franziu a testa em sua explicação, mas estava disposta a fazer o que fosse preciso para salvar Duncan, então se ofereceu para ajudar a cavar. Alaric riu e assegurou-lhe que o seu povo poderia fazê-lo muito mais rápido. Procurando algo para fazer além de observar impotente, ela encontrou uma fonte de água engarrafada na garagem e arrastou-a para o quintal. Todos pareciam compreender, até mesmo os vampiros, que era apenas um pouco de água para beber. Então, agora ela estava de volta, observando e esperando.
O Capitão dos Bombeiros Stavros apareceu, finalmente, olhou para os homens cavando, em seguida, marchou para Emma.
— O que inferno os homens estão fazendo? — ele exigiu.
Emma empertigou-se e disse confiante: — Eles estão cavando um túnel de resgate.
— Um resgate. — Stavros olhou para ela, em seguida, como se uma luz tivesse ido sobre a sua cabeça, sua expressão se apagou e ele disse. — Vampiros. — Emma assentiu.
— Sim. — e então praguejou para si mesma porque Stavros tinha percebido isso antes dela. Obviamente, Duncan e seus vampiros dormiam em algum lugar no porão, não no segundo andar como ela assumiu. E era igualmente óbvio que tinha que haver algum tipo de válvula de escape subterrâneo. Ela não encontrou muito conforto nesta epifania súbita, no entanto, uma vez que não era uma saída de emergência se alguém tivesse que cavar de cima. Era como fazer um furo de resgate para mineiros presos. Eles poderiam estar em qualquer lugar, e como você saberia se o buraco para resgate seria no mesmo local onde os mineiros estavam?
Não sabendo mais o que dizer, ela entregou a Stavros uma garrafa de água, então congelou quando Alaric gritou e todo mundo parou de cavar. Emma olhou de um para outro, uma vez que pegaram seus equipamentos e começaram apressadamente a recuar.
— O que está acontecendo? — ela perguntou a Alaric quando caminhou até a garagem e começou a empurrá-la para dentro da estrutura. Ele não respondeu, apenas entrou na frente dela, bloqueando seu corpo quando uma onda de choque de ar rugiu através do pátio e a terra explodiu.
****
Duncan se obrigou a esperar até que todas as suas pessoas estivessem reunidas no que teria sido o cofre. Ele podia ouvir o cavar de cima, provavelmente pessoas de Alaric. Eles estavam ficando muito próximos, e o velho vampiro saberia que essa rota de fuga seria a mais provável. Duncan também estava consciente de Emma, ??e sabia que ela estava muito perto. O pensamento de Emma, ??do que poderia ter acontecido se ela estivesse dormindo no andar de cima, finalmente rachou sua paciência.
— Afastem-se. — ele enviou o aviso para todos os vampiros até acima, seu próprio povo ouviu e sabia o que significava. Eles se endireitaram ansiosamente, tão ansiosos quanto estavam para escapar de sua prisão anterior. A escavação parou, e Duncan reuniu seu poder em um único concentrado golpe, como se os punhos fossem feitos de ferro, e o muro nada mais que areia. Ele atirou seu braço para frente, o gesto não mais do que uma manifestação física de força poderosa que se chocou contra a parede de concreto, rachando, como se fosse um ovo e explodindo através de quase dez metros de terra firme.
Houve aplausos em volta das pessoas de fora, humanos e vampiros, e seus próprios vampiros quando o ar fresco da noite inundou o túnel. Uma mão estendeu através do buraco lamacento e Duncan a agarrou. Ele ouviu o barulho da saudação de Alaric antes de subir e olhar para cima, para ver o vampiro magro caindo sobre ele com um sorriso.
— Duncan. — Alaric gritou. — Na maldita hora certa, meu senhor!
Eles se abraçaram.
— Sua mulher é uma mulher dura. — Alaric rosnou contra sua orelha. — Os humanos a olham como se ela fosse quatro estrelas do general{15}. — acrescentou, rindo.
 Duncan olhou sobre o ombro de Alaric, seu olhar encontrando Emma nas sombras profundas debaixo de uma árvore caída, do outro lado do pátio. Ela ficou imóvel, olhando para ele, com as mãos unidas contra sua boca. Ele deu um tapa no ombro de Alaric e se afastou, indo em sua direção. Ela o observou, seus olhos violetas escuros, um brilho suspeito dizendo-lhe que tinha chorado. Seus batimentos cardíacos correram mais rápidos a cada passo que dava. Quando ele se aproximou o suficiente, suas mãos caíram longe de seu rosto e ela correu para frente, seu nome em seus lábios quando ela se jogou em seus braços.
— Duncan. — gritou ela, então puxou de volta uma respiração soluçando.
— Emmaline. — ele sussurrou em seu ouvido, enterrando seu rosto na seda quente do cabelo dela, enchendo os braços com sua suavidade, e afogando-se no cheiro e toque dela.
— Eu estava com medo. — ela começou mas ele a silenciou, cobrindo a boca com seus lábios e bebendo-a, sentindo seus braços apertar contra seu pescoço quando o beijo se aprofundou, quando suas línguas se encontraram, girando em si avidamente. Duncan interrompeu o beijo relutantemente, consciente de seus vampiros e todo mundo assistindo.
— Eu te amo, Emmaline. — ele sussurrou. — Eu vou lhe mostrar o quanto, logo que encontrarmos um pouco de privacidade.
— Oh. — Emma respirou, suas bochechas e olhos com um rubor crescente, como se consciente dos espectadores pela primeira vez. Duncan riu suavemente.
— Foi só um beijo. — ele murmurou, tocando com sua boca na dela rapidamente.
— Não é apenas um beijo. — Emma corrigiu. — Um inferno de um beijo. — Duncan riu alto, puxando-a contra seu peito para um abraço forte, antes de pegar sua mão, virando-se para os outros.
— Jackson. — disse ele, pesquisando os rostos.
— Sim, meu senhor. — Jackson Hissong saiu de onde estava conversando com Miguel e Louis.
— O que nós sabemos? — Jackson chegou mais perto e disse baixinho:
— Temos um homem sob custódia, meu senhor. Mas talvez devêssemos levar essa conversa para outra casa. Algumas das coisas que precisam ser ditas...
— É claro. — disse Duncan imediatamente. — E todos nós poderíamos usar um chuveiro e alguns nutrientes, iram bem. E os guardas diurnos?
— Com sua permissão, meu senhor, os manterei no dever até que seus vampiros possam assumir.
Duncan trocou um olhar com Miguel, que disse: — O traidor está mantido em local seguro. Jackson não acredita que o resto de seus homens estava envolvido, embora vamos verificar cada um deles antes de sair para ter certeza.
Duncan assentiu.
— Muito bem. Emma e eu vamos seguir na frente para a outra casa, e vamos convocar todos quando tiverem a chance de se limpar. Eu vou querer o prisioneiro disponibilizado para mim.
— Claro, meu senhor. — disse Miguel, em seguida, virou-se para começar a organizar a rotação de guarda e de partida.
Duncan deixou cair um braço sobre o ombro de Emma e começou a caminhar em direção ao muro, que protegia a propriedade ao longo do rio. Emma respirou surpresa quando abriu uma pequena caixa de controle e digitou um código no teclado escondido lá. Com um zumbido suave de ruído, um portão escondido saiu da parede lisa.
— Onde é que vamos? — ela perguntou intrigada.
— Um passeio ao luar ao longo do rio. — brincou Duncan.
— Muito romântico. — ela murmurou, inclinando-se contra sua lateral. —Mas eu prefiro ter um chuveiro quente. — Duncan riu.
— Será que você compartilha?
— Só se você me disser para onde estamos indo.
— Como disse Jackson, para a outra casa.
— Eu não sabia que havia outra casa!
— Eu sou um lorde vampiro, Emma. Há sempre outra casa.
****
Emma deixou cair a cabeça para trás enquanto a água quente abençoadamente descia por seu cabelo, lavando o shampoo junto com horas de suor e fuligem. Ela se endireitou e passou o condicionador, em seguida, voltou atrás e retirou a maior parte de seu cabelo molhado sobre um ombro, deixando a água bater o stress de suas costas. Suspirando de prazer, ela pegou uma barra de sabão e esfregou-a entre as mãos, gerando uma espuma espessa que tinha apenas um leve aroma limpo. Não tinha sabonetes florais para Duncan, aparentemente, o que era bom para ela. Ela levantou as mãos com sabão para o rosto e começou a lavar suavemente, tentando não pensar sobre o que ele estaria fazendo à sua pele. Uma noite não iria matá-la, e, além disso, o resíduo oleoso de fuligem preta deixada pela fumaça e fogo provavelmente precisava de algo mais forte do que o seu habitual limpador facial. Ela teria uma hidratação extra amanhã para compensar, uma vez que conseguisse pegar suas próprias coisas. Esse pensamento a fez parar. As coisas que ela tinha deixado na casa de Duncan foram embora, embora, graças a Deus, ela tinha seu laptop com ela. Todo o resto era facilmente substituível. Além disso, Duncan tinha sobrevivido e isso era tudo o que importava.
E falando do diabo... Ela pegou uma sombra borrada de movimento antes da porta do chuveiro abrir e o vampiro entrar. Emma correu um olho admirando de cima para baixo seu corpo nu. A lama e a sujeira que o tinha feito parecer como um refugiado só o deixou mais masculino, mais perigoso. Ele colidiu com ela com cuidado com o quadril, um braço serpenteando para circundar sua cintura, ele a empurrou para fora do fluxo de água quente.
— Você está todo sujo. — queixou-se sem entusiasmo.
— Diz a mulher que está toda limpa e brilhante. — comentou ele e em seguida, recuou um passo, puxando-a sob o jato com ele. Emma cuspiu brevemente antes de enterrar o rosto em seu peito.
— Você está me sujando. — ela murmurou, mas colocou os braços ao redor de sua cintura estreita, passando as mãos sobre os músculos firmes. Ele era como uma obra de arte, cada músculo perfeitamente definido e fluía elegantemente sobre tendões e ossos.
Duncan inclinou a cabeça de volta para o chuveiro como ela tinha feito antes, deixando a água correr através de seu longo cabelo loiro. Ela chegou por trás dele e pegou o xampu. Ele era muito alto para ela lavar o cabelo confortavelmente, mesmo assim ela pegou uma boa quantidade de gel e pôs em seu cabelo molhado, em seguida, ficou atrás admirando o jogo de músculos em seus braços e ombros enquanto ele limpava a lama.
— Deus, isso é bom. — disse ele, enxaguando o cabelo limpo.
— Estar limpo? — Emma perguntou.
— Não. — ele abriu os olhos e deu um sorriso lento. — Estar nu com você. — suas mãos desceram para agarrar seus quadris, e ele a apoiou contra a parede. — Ter minhas mãos em você. — suas mãos caíram para sua bunda e ele a ergueu sem esforço, pressionando para frente, até que suas pernas estavam envoltas ao redor de seus quadris estreitos. Ela podia sentir sua ereção, dura e pesada contra sua coxa, enquanto esfregava contra ela suavemente, brincando com ela.
— Duncan. — ela sussurrou, implorando. Mas ele não estava pronto para ceder a seus apelos. Ainda não. Uma mão surgiu entre eles para cobrir o seio, o polegar tocando sobre o mamilo até que ele estava cheio e duro. Ele inclinou a cabeça para beliscar levemente a carne gorda.
— Fiquei preocupado com você, Emmaline. — ele murmurou, lambendo o mamilo, mordiscando-o, e então mordeu mais forte até que ela gritou, suas pernas apertaram em torno de seus quadris enquanto seu sexo se apertou em necessidade.
— Eu também. — ela suspirou, pegando um punhado de seu cabelo molhado e puxando.  — Com você, eu quero dizer.
— Ai. — Duncan olhou para cima e sorriu, seus quadris nunca cessavam seus movimentos de empurrar enlouquecedor, deixando-a sentir o tamanho de seu pênis, perto, mas não onde ela queria, não onde precisava.
— Duncan, me ajude, se você não...
Ela gritou quando, sem aviso, ele mergulhou seu corpo inteiro profundamente entre as pernas, esticando-a, apesar de sua ampla disponibilidade, batendo para frente até que seus quadris se reuniram com um tapa da carne molhada. Ele esperou, então, observando-a enquanto ela lutava para recuperar o fôlego, enquanto seu corpo se suavizou a acomodá-lo.
— Se eu não fizer o quê? — ele perguntou suavemente.
 Emma puxou a cabeça para frente, levando-o para um beijo sem fôlego. Era quente e úmido e macio, uma carícia lenta de lábios e língua, enquanto abaixo, flexionou seus músculos internos em torno de seu pênis com o mesmo ritmo. Duncan gemeu quando seu pênis estremeceu em resposta, e Emma levantou a cabeça lentamente, lambendo sua língua ao longo da curva de sua boca antes de sussurrar:
— Eu amo você, Duncan.
Duncan encontrou seu olhar, sua expressão completamente séria quando ele começou um movimento lento e constante, os músculos tensos de seu aperto em sua bunda, quando seus quadris empurravam para frente e para trás entre as pernas dela, sua ereção era um eixo de pedra quente revestida em cetim quando ele, repetidamente, retirou, apenas a ponta permanecendo dentro dela, então deslizou profundamente em seu corpo mais uma vez, um longo, deslizar suave de carne contra carne. Emma cruzou os tornozelos sobre a sua bunda, prendendo-o entre suas coxas. Seus braços estavam em volta do pescoço, os dedos enfiados através de seu cabelo. A boca de Duncan moveu sobre o rosto, beijando seus olhos, sua mandíbula e até seu pescoço. Sua língua contra sua carne superaquecida enquanto lambia o suor e água de sua pele, quando ele chupou forte sobre sua veia jugular. Emma sorriu para si mesma, pensando que teria um chupão no período da manhã. Ela não tinha um desses em...
Ela gemeu com a excitação quando suas presas perfuraram sua veia, quando o primeiro orgasmo poderoso disparou através de seu corpo, apertando seu ventre e apertando os seios. Cada golpe de Duncan produzia uma sacudida de sensação incrível, onda após onda de prazer, como se os seus nervos estivessem nus e seu pênis uma escova de seda contra eles. Emma começou a empurrar no ritmo com seus movimentos, querendo que ele se juntasse a ela, querendo sentir o momento em que ele perdesse o controle e ultrapassasse o limite com ela.
Suas presas ainda estavam enterradas em seu pescoço, Duncan gemeu.  O som vibrou contra sua pele e correu por suas veias, um estrondo sobre os seios e para baixo, entre as pernas tremendo e ao longo do comprimento de seu pênis. Ele levantou a cabeça, e sua língua rodou rapidamente as feridas pequenas antes que ele esmagasse sua boca sobre a dela, compartilhando o gosto de seu sangue. Emma encontrou seu beijo com fome, mordendo enquanto ela lutava para se aproximar dele, lambendo os lábios em pedido de desculpas quando sentiu o fluxo quente do seu sangue, mas saboreando a onda de calor que veio com ele.
Duncan grunhiu e começou a foder, batendo-a contra o azulejo molhado, protegendo-a com seus braços nas costas enquanto ele empurrava mais e mais, até que Emma pensou que os azulejos certamente quebrariam sob a tensão. Rosnando com fome, ele a ergueu mais, mudando o ângulo de sua penetração, indo ainda mais profundo do que antes, sua espessura atormentando a carne sensível de suas paredes internas até que seu corpo tremia com a excitação e implorava para a liberação. Duncan escorregou os dedos de uma mão ao longo do vinco da bunda dela, acariciando a tira de pele esticada com sua penetração, antes de mergulhar o dedo no seu ânus. Emma ofegou um segundo orgasmo gritando ao longo de seus nervos, saltando como um raio pelo toque de sua mão, pelo o impulso de seu pênis e até os seios inchados, que foram esmagados contra seu peito forte. Ela mordeu seu ombro, tentando engolir o grito que subiu até a garganta, oprimindo as sensações a cada centímetro do seu corpo. Seu sexo apertou o pênis de Duncan quando ele começou a resistir contra ela, sua libertação quente em seu ventre quando os dentes romperam a pele do seu ombro, e ele levantou a cabeça para uivar seu clímax.
***
Duncan se apoiou pesadamente contra Emma, ??segurando-se tanto com a imprensa de seu corpo, como o aperto de suas mãos em sua bunda doce. Seus braços estavam soltos sobre os ombros, os tornozelos ainda segurando em torno de seus quadris, enquanto sua língua ávida continuava em volta do sangue de seu ombro. Ele descansou a mão suavemente contra a parte de trás de sua cabeça, encorajando-a. Quanto mais de seu sangue ela pegava, mais apertado o vínculo seria entre eles. Seu ombro pulsava quando ele se lembrou da sensação de seus dentes em sua carne, e ele sorriu. Ela era uma gata selvagem, sua Emma. E ela era sua.
Por mais improvável que parecesse, ele tinha se apaixonado novamente. Ele amava sua esposa, embora a memória fosse tão antiga e distante, era como se tivesse acontecido com outra pessoa. Mas ele ainda podia lembrar o aroma de seu pó, o toque de sua mão quando ela esfregava os ombros depois de um dia duro. Ela foi uma boa mulher que merecia mais do que ele foi capaz de lhe dar. E muito melhor do que o final que ele trouxe para ela.
Mas ele não era mais aquele homem. Ninguém, homem ou vampiro, jamais tocaria sua mulher. Emma era dele, e ele iria lutar até a morte para protegê-la. É claro que Emma provavelmente ira mordê-lo novamente se ela soubesse seus pensamentos. Ela não era uma flor tímida para ficar atrás e deixar que alguém lutasse suas batalhas. Não, ela queria ficar ao seu lado e lutar contra seus inimigos juntos. E era melhor. Porque o mundo era um terrível e traiçoeiro lugar, e consolou-o saber que Emma estaria lá para enfrentá-lo com ele, quando acordasse, todas as noites.
Emma deu uma lambida final em seu ombro e levantou a cabeça.
— O que você está pensando? — ela murmurou, beijando a mordida que ela tinha feito tão ansiosamente.
— Só que eu te amo, Emmaline. — ele esfregou o queixo contra seu cabelo molhado.  — Você vai ficar?
— Ficar? — ela perguntou, seu hálito quente em sua carne rasgada. —Você quer dizer hoje?
— Eu quero dizer para sempre.
Emma levantou a cabeça para olhar para ele, com os olhos cheios de lágrimas.
— Duncan?
 Ele encontrou seu olhar uniformemente.
— Fique comigo, Emma. — repetiu ele. — Seja minha.
Ela assentiu com a cabeça, sem palavras, com lágrimas correndo pelo rosto.
— Certo. — ela sussurrou, então soltou um suspiro de frustração. — Isso não foi muito poético da minha parte.
— A poesia é superestimada. — comentou Duncan. Ele recuou e a baixou lentamente, deixando-a deslizar para baixo de seu corpo até que seus pés estavam firmemente no chão.
 Emma suspirou, descansando a cabeça contra seu peito. Os dois ficaram ali, escutando um a respiração do outro, até que Emma disse, rindo.
— Eu acho que preciso de um banho.
— Sim, bem. — ele puxou-a sob a água que ainda estava funcionando, embora visivelmente mais fria do que antes. — Eu estava tentando tomar banho quando você me molestou.
— Eu? Você começou isso. — ela murmurou, distraída, passando as mãos sobre o abdômen, que contraiu automaticamente sob seus dedos. Ela olhou para ele e piscou. Duncan gemeu.
— Deixe-me pelo menos terminar de me lavar. Se eu soubesse que você era insaciável, eu teria...
— O quê?
— Fodido você até a inconsciência antes de tomar banho. — ele sussurrou em seu ouvido.
— Duncan. — ela engasgou, mas não se afastou.
Foi um banho rápido, mas só porque Emma recusou sua oferta para lavar os restos de sua vida amorosa entre suas pernas.
— Nós nunca vamos sair daqui, se você fizer isso. — disse ela, batendo longe suas mãos.  — Eu vou ser uma ameixa seca.
— A ameixa seca mais atraente, no entanto. — disse ele galantemente. Mas ele saiu do chuveiro e começou a se secar, enquanto Emma terminava. Ele colocou moletom e estava esperando com uma toalha grande, quando ela surgiu poucos momentos depois.  Enrolando-a, ele a pegou no colo e levou-a para o quarto. Ela levantou os braços para dar a volta em seu pescoço, então suspirou e descansou a cabeça em seu ombro.
Duncan puxou as cobertas de volta e a deitou sobre os lençóis. Colocando um joelho no colchão ao lado dela, ele terminou de secar seu corpo nu, em seguida, puxou as cobertas e se inclinou para beijá-la com ternura.
— Durma, Emma. Eu vou estar perto. — ela agarrou sua mão quando ele foi se levantar, seus olhos já meio fechados de sono.
— Onde você vai dormir hoje, Duncan?
— Com você, Emmaline. Esta casa é mais adequada para o meu tipo. Eu voltarei aqui para você.
Ela sorriu, esfregando sua bochecha contra sua mão antes de liberá-lo e se enrolar debaixo do cobertor. Ela estava dormindo em alguns momentos, sem qualquer ajuda de Duncan, embora ele tivesse se preparado para induzir seu sono, se necessário. Ele tinha um prisioneiro para interrogar. O homem que ateou fogo na residência, e que tinha a intenção clara de matar Duncan, juntamente com alguns de seus vampiros, e, talvez, Emma, ??também. Não era uma tarefa e Duncan sabia, mas era algo que ele faria e bem, porque nada era mais importante para ele do que a segurança de Emma e seu povo. Mas de alguma forma, ele duvidava que sua amada Emma admiraria sua habilidade quando o ser humano começasse a gritar por misericórdia.

Capítulo 25
 
Duncan cruzou os braços sobre o peito e encostou-se à parede do pequeno quarto estéril do porão. Ele tinha colocado uma camiseta por cima da calça de moletom e acrescentou um par de tênis Nike pretos, mas não se preocupou com nada mais extravagante, porque esperava estar queimando as roupas antes do fim da noite. Ele também esperava estar enfrentando um pedaço trêmulo de humanidade aterrorizada, implorando por sua vida. Em vez disso o que ele tinha era um enigma.
Franziu a testa para o guarda humano sentado à frente dele na mesa. Os braços do homem estavam algemados atrás das costas, mas fora isso ele não estava preso. E não estava particularmente assustado, também.
— Meu senhor? — o homem perguntou, seus olhos arregalados, inocentes e confusos. — Aconteceu alguma coisa?
Este homem tinha arrastado um tanque de propano para soldar do local de construção de Alaric na ala leste, armou-o para explodir como uma pequena bomba embaixo da suíte escritório de Duncan no segundo piso e espirrou diluente em uma linha de lá para a escadaria principal. Então caminhou calmamente para fora da casa pela porta da cozinha na parte de trás e voltou para sua patrulha regular do perímetro, deixando tempo de sobra para o seu habitual check-in. Não havia nenhuma questão acerca da culpa, eles tinham vídeos de segurança dentro e fora do sistema digital ativado por movimento que Miguel tinha instalado assim que se mudaram para a casa. Uma vez que as câmeras eram acionadas, as imagens eram enviadas para um centro de controle numa casa há uma quadra da antiga residência de Victor. Era a casa em que Miguel e Louis tinham vivido durante a preparação para a aquisição do território de Duncan, a mesma casa em que agora estavam todos vivendo até que a antiga residência fosse reparada, ou novas instalações fossem encontradas e devidamente protegidas.
E, no entanto, apesar dessa evidência incontestável, o guarda não parecia lembrar-se de nada disso. Ele ainda devia ter ficado com medo, no entanto. Ainda que não tivesse feito nada de errado, ele deveria ter medo de encontrar-se algemado e enfrentando Duncan como seu inquisidor.
— Senhor Daniels, não é? — Duncan perguntou finalmente, embora ele soubesse o nome do guarda.
— Sim, meu senhor. — disse o homem prontamente. — Clint Daniels.
— Diga-me, qual é a última coisa que você se lembra antes de ser trazido aqui?
Daniels balançou a cabeça tristemente. — Ser algemado, meu senhor. — ele disse, parecendo confuso. — Eu estava de pé na entrada do portão principal, mantendo os espectadores longe durante o fogo, e então Jackson Hissong apareceu e mandou um dos caras colocar isto em mim. — ele tentou levantar as mãos atrás, mas elas estavam presas sobre o encosto da cadeira e ele fez uma careta. — Não entendo, meu senhor. O que aconteceu?
— Posso tocar em você, Senhor Daniels? Não é necessário, mas vai fazer as coisas mais fáceis.
— Claro, meu senhor.
A carranca de Duncan se aprofundou. Clint Daniels, obviamente, não tinha nada a esconder, ou pelo menos nada que achasse que devia esconder. A suspeita se enraizou nos pensamentos de Duncan, fazendo seu estômago apertar com raiva e mau agouro. Ele se afastou da parede e circulou a mesa, ciente da atenção de Miguel endurecendo atrás dele enquanto ele se aproximava do prisioneiro. Duncan colocou a mão na cabeça de Daniels, automaticamente escovando o cabelo do homem de sua testa, em um gesto reconfortante quando ele se inseriu sem esforço na consciência do humano. As emoções de Daniels subiram para a consciência de Duncan primeiro, e o que ele encontrou apenas confirmou o que ele tinha notado alguns momentos atrás. Clint Daniels estava preocupado e confuso, mas não estava assustado. E maldito se não deveria estar.
Duncan cavou mais fundo, vendo o incêndio em casa através dos olhos de Daniels, as multidões fora do portão. As multidões que Duncan tinha evitado ao tomar seu passeio da meia-noite ao longo do rio com Emma. O pensamento de Emma, ??e do perigo que ela assim evitou, renovou o seu propósito, e ele enterrou-se nos pensamentos de Daniels sem compaixão. Ele foi o mais cuidadoso possível, mas precisava da verdade.
Duncan fechou os olhos e focou-se. Viu as memórias superficiais, as mesmas que Daniels tinha contado, o espanto quando Jackson Hissong ordenou que o algemassem, mas nada mais que isso. Ele mergulhou mais fundo, forçando Daniels a se lembrar. O humano começou a tremer. Ele gemeu, suas pernas batendo, chutando contra a mesa, como se tentasse escapar. Duncan viu a barreira nessa altura, a outra parede que alguém tinha erguido nas memórias deste homem, alguém habilidoso o suficiente para fazê-lo sem deixar o humano como um idiota babando. Este não foi trabalho de Victor. Ele tinha visto como Victor tinha mexido nas memórias de Violeta, o remendo apressado que a deixara confusa e incapaz de funcionar. Não, esse foi o trabalho de alguém muito mais hábil e paciente. Alguém que pensava mais à frente, que tinha preparado tudo para Daniels poder preparar sua armadilha e retomar as suas funções sem problemas. Se não fosse pelas câmeras de Miguel - algo que somente Duncan e alguns outros poucos sabiam - eles provavelmente nunca teriam descoberto quem começou o incêndio. Que foi fogo posto, todos sabiam agora, até mesmo os investigadores de incêndios humanos. Mas nunca poderiam ter traçado o ato de volta a este homem.
Daniels começou a chorar, soluços de partir o coração que sufocaram sua voz enquanto ele se desculpou uma e outra vez, o medo esperado saturando finalmente suas emoções.
— Eu não sei, meu senhor. Eu nunca teria... — sua voz quebrou novamente quando os soluços ficaram mais fortes.
— Está tudo bem, Clint. — disse Duncan suavemente, alisando a mão sobre a cabeça inclinada de Daniels. — Não foi culpa sua. — ele continuou a acariciar a cabeça do humano enquanto trabalhava, substituindo as memórias com as suas próprias. Era uma pena. Este homem foi um empregado fiel, um ótimo guarda. Se Duncan tivesse chegado a ele primeiro, isso nunca teria acontecido. Mas não houve tempo suficiente; muitas crises tinham acontecido de uma vez. Duncan nunca tinha encontrado tempo para verificar todos e cada um dos guardas diurnos para bombas de tempo como esta, e para adicionar defesas em suas mentes contra intrusão casual.
Ele suspirou e libertou a mente de Daniels, inclinando o homem com cuidado para frente até que ele estava caído sobre a mesa, dormindo.
— Solte-o. — disse a Miguel. — Ele tem uma família?
— Não. — disse Miguel, desbloqueando as algemas e esfregando os braços do humano rapidamente para restaurar a circulação. — Ele é um dos que eu trouxe comigo de West Coast. Um bom homem, meu senhor.
— Sim. — concordou Duncan, cansado. — Um bom homem que alguém tentou usar contra nós. Alguém chegou a ele, Miguel. Um vampiro mestre que, de algum modo nos escapou.
Miguel lançou-lhe um olhar alarmado.
— Poderia ser alguém que já conhecemos? Como o artista Erik, ou seu parceiro, Brendan?
Mas Duncan já estava balançando a cabeça.
— Não. Nenhum deles é um vampiro mestre. É alguém que temos ignorado. — reiterou. — Maldição! Como se eu já não tivesse o suficiente com que me preocupar. — ele desviou o olhar com desgosto. — Tudo bem. — disse ele firmemente. — Envie o nosso amigo aqui de volta para a Califórnia, dê-lhe um bom trabalho. Nada disso foi culpa dele.
Miguel assentiu.
— O que você vai fazer agora, meu senhor?
Duncan soltou um riso amargo.
— Esperar que quem fez isso apareça. Ele sabe que estou ciente dele agora, e que vou procurá-lo. Melhor deixá-lo agir do que esperar que eu o encontre. Ele vai fazer a sua jogada em breve, e nós vamos estar prontos quando ele o fizer.

Capítulo 26
 
Duncan despiu as roupas, se sentindo sujo apesar do fato de que não houvera necessidade de violência real essa noite. Sem sangue, pelo menos. O que ele fora forçado a fazer com o cérebro de Clint Daniel foi uma violação, mas pelo menos o humano ainda era funcional, capaz de viver sua vida como antes.
Ele deixou a camisa cair no chão e atravessou o quarto em direção à enorme cama onde Emma dormia. Ela respirava profundamente, em equilíbrio, seu coração em um bater constante que o atraía como um ímã. Ele escorregou na cama ao lado dela, puxando-a a curva de seu corpo, uma parte de si desejando que ela acordasse. Ela não acordou. Ela simplesmente sorriu em seu sono profundo e se curvou contra ele, seus lábios macios tocando o peitoral dele como um beijo de sonho.
Ele sentiu o sol se esgueirando abaixo do horizonte. Restavam apenas alguns minutos antes que a luz do dia roubasse sua consciência. Ele apertou os braços em volta de Emma, enterrando seu rosto nos calorosos e sedosos cabelos dela e fechando os olhos.
 
* * * *
 
Emma acordou se sentindo mais descansada do que se sentira em semanas. Pelo menos até o momento em que abriu os olhos para um quarto escuro em uma casa estranha. Ela se preocupou por um momento, então, antes de tudo voltar a ela - o fogo, a espera pra ver se Duncan e os outros vampiros estavam vivos, o banho... Ela sorriu com a memória, passando as mãos pelo corpo, se sentindo sexy e desejada e muito, muito feminina. Duncan dormia ao lado, sua respiração lenta e constante - talvez um pouco lenta demais, agora que ela pensava a respeito. Se ela não soubesse que ele era um vampiro, estaria preocupada. Seus pensamentos congelaram e ela rolou para o lado rapidamente, pegando o relógio na cabeceira. Era tarde, um pouco mais de uma hora até o pôr do sol, mas ainda era dia, o que explicava as pesadas cortinas e a escuridão. Ela se virou para encarar Duncan. Ele não apenas dormia. Ele dormia profundamente. Bom, essa era a primeira vez, um daqueles momentos na relação em que você nunca esquece. Claro, ela seria a única que lembraria, porque Duncan estava morto, não de fato, mas para o mundo.
O toque do celular a fez pular da cama para atender o telefonema antes que Duncan acordasse. Quando seus pés tocaram o tapete, ela se deu conta de que não importava. A casa poderia ir abaixo ao redor de Duncan que ele não acordaria. De fato, a casa quase caiu em cima dele ontem e ele dormiu por quase toda a confusão. Até onde ela sabia, pelo menos. Ela teria que perguntar a ele sobre aquilo.
Mas o maldito celular ainda tocava. Emma ligou a luz de cabeceira. A luz era apenas o suficiente para que ela não trombasse em nada e conseguisse seguir o som do seu celular. Exceto que aquele não era o celular dela. Era o de Duncan. Ela encarou o identificador de chamadas. Cynthia. Quem diabos era Cynthia?
Se sentindo culpada de alguma forma, ela lançou um rápido olhar por sobre os ombros ao seu amante sonolento, então atendeu ao telefone.
— Alô?
Silêncio. Então.
 — Quem diabos está falando? — a voz de uma mulher exigiu.
Os olhos de Emma se estreitaram em irritação
— Acho que essa fala é minha já que você que ligou pra mim.
— Eu não liguei pra você, eu liguei pro Duncan. Onde diabos ele está?
— Dormindo. O que você saberia se soubesse alguma coisa sobre ele.
— Querida, eu sei mais sobre Duncan do que você, incluindo o fato de que ele está dormindo. Eu esperava falar com a caixa postal, mas ao invés disso estou falando com você. Então, quem é você e o que diabos você fez com Duncan?
— Muita coisa. Por horas e horas. Lide com isso. — Emma desligou, sentindo mesquinha e muito satisfeita. Claro, talvez Duncan não encarasse dessa maneira.
Ela deu um pulo quando o telefone começou a tocar novamente. Cynthia. Que surpresa. Emma considerou atender apenas pela satisfação de desligar novamente, mas imaginou que a vadia ia continuar ligando.
Assumindo que ela fosse vadia. Infernos, talvez essa tal de Cynthia fosse contadora de Duncan ou algo do tipo. Emma estava começando a questionar sua grosseria quando seu telefone começou a tocar em algum lugar no outro lado do quarto.
— O que há com esses telefones? — ela resmungou e foi em busca de sua jaqueta.
O telefone que sobreviveu ao trauma da noite passada com apenas um pouco de lama sobre ele deveria estar no bolso da jaqueta. Ela teve um estranho pensamento que poderia ser Cynthia ligando para ela também, mas aquilo era só um cutucão de sua mente culpada. Não que Emma duvidasse que alguém determinado poderia achar seu número de telefone, mas não tão rápido. Não sem um nome para ajudar na busca. Ela finalmente localizou as roupas e pegou o celular, franzindo ao olhar para ele. O telefonema era do seu escritório. Ou melhor, o que foi seu escritório até Sharon a despedir. Foi ontem que tudo isso aconteceu? Parece que tanto aconteceu por um curto período de tempo.
Ela considerou não atender. Afinal, ela não devia a eles mais nada. Mas poderia ser Noreen ou uma das outras assistentes legislativas. Não era culpa delas que Sharon fosse uma idiota, ou que Guy Coffer não se impusesse diante de sua esposa. Ela suspirou e apertou o botão atender.
— Emma Duquet. — ela respondeu cuidadosamente.
— Emma, estou tão contente que atendeu. — disse uma voz de homem em um tom um simpático demais. A voz de um político. Era Guy Coffer em pessoa ligando. Isso não parecia ser nada bom.
— Congressista Coffer. — ela respondeu — Posso ajudá-lo em algo?
— Na verdade não, Emma. Liguei para me desculpar sobre como as coisas foram tratadas ontem. Eu não tinha ideia de que Sharon a deixaria ir. Claro, eu deixo as questões da equipe de trabalho para ela, mas se eu soubesse... — a voz dele se arrastou porque ambos sabiam que mesmo se ele soubesse, não teria feito nada a respeito.
— É muito gentil de sua parte, senhor. — Emma disse, sentindo pena dele. Ele não era um homem mau. Ele apenas carecia de certas partes anatômicas essenciais.
 — Sim, bem, eu me sinto culpado sobre como as coisas ocorreram. Escrevi uma carta de referência e fiz recomendações a vários colegas também. Seria melhor que você pegasse a carta pessoalmente, no entanto. Eu não gostaria que se extraviasse no correio, você sabe como essas coisas podem ser.
O que significava que Sharon havia visto a carta, e ela a derrubaria no fragmentador de papel tão rápido que provavelmente perderia um dedo ao fazê-lo. Emma considerou a situação. Ela realmente precisava daquela carta, e ainda tinha sua identificação já que nunca se incomodou de devolver quando ela foi despedida. Ela poderia dar um pulo rápido e subir pro Hill, pegar a carta e voltar num piscar de olhos. Coffer nunca teria sugerido que Emma passasse por lá se houvesse ao menos a menor chance de que Sharon estivesse por perto, então não havia riscos de confronto naquele assunto.
Emma olhou por sobre os ombros para onde Duncan dormia perfeitamente imóvel, perfeita vulnerabilidade. Alguém havia tentado matá-lo ontem, e a ela também, provavelmente. Ele tinha dito a ela ontem à noite que esta casa era melhor ambientada para vampiros, e ela sabia que teriam guardas humanos protegendo o local durante o dia, assim como era na antiga casa. Ela franziu o cenho pensativa. Jackson Hissong estaria por ali em algum lugar, e ela tinha certeza que ele disponibilizaria alguém para acompanhá-la até o escritório de Coffer e então de volta a casa.
Mas Duncan não teria gostado do plano. E ele teria razão.
 — Eu aprecio o gesto, congressista. — ela disse a Coffer. — Mas não estou em casa. Na verdade, estou a caminho do Distrito agora mesmo. Vou levar umas duas horas para chegar aí, e então ao escritório. Eu não posso pedir que espere esse tempo todo.
— Não será problema algum Emma. Eu vim ao escritório hoje para um pouco de paz e silêncio, e tenho trabalhos a fazer, então não me importaria de esperar.
— Bem, obrigada, senhor. É muita gentileza. Estarei aí o mais breve possível.
 
* * * *
 
Emma percorreu os corredores quase vazios do Capitólio. Os corredores do escritório ficavam longe das áreas públicas do prédio, e era final de semana. Ninguém, a não ser alguns funcionários ocasionais poderiam ser vistos apressados pelos normalmente cheios corredores.
Emma não se incomodou em vestir-se apropriadamente. Ela não planejara permanecer tempo suficiente para que a roupa fosse importante. Pois, se fosse assim, ela teria que ter ido para casa se trocar.
Tudo que estivera na antiga residência de Duncan estava perdido, então ela não tinha nada a não ser o terno cinza e a blusa de seda que ela havia usado ontem quando Sharon a despediu. Isso e seu escarpin de dez centímetros que precisava desesperadamente de uma limpeza. Mas apesar de sua promessa, ela tinha receio de que Coffer não esperasse, então ela parou em casa apenas tempo suficiente para colocar um par de desbotados brins e um longo suéter de tricô junto com botas de solado plano. O solado plano era só no caso de que ela tivesse que sair correndo por algum motivo, como no caso de Sharon aparecer inesperadamente. Emma deu uma risadinha com a ideia e empurrou a porta do escritório de Guy Coffer.
A área externa estava vazia. Ela não esperava que tivessem recepcionistas ali no sábado, mas os escritórios no interior estavam quietos demais também. Ela franziu o cenho. Aquilo não era nada usual, mas tudo dependia do horário de encontro do congressista e qual legislação estava na pauta para ser discutida. Dois dias atrás, Emma poderia ter desfiado aquela informação sem nem precisar pensar, mas o conhecimento parecia tê-la abandonado no minuto em que ela não mais necessitava dele.
Ela alcançou a porta do escritório de Coffer e bateu rapidamente.
— Congressista Coffer?
Ela mal levantou os dedos da sólida madeira antes da porta se abrir em um puxão exibindo algo maldoso o qual ficou a encarando com olhar de ódio.
— Emma. — Sharon Coffer soltou um risinho. — Eu ficarei com a sua identificação agora.
Emma virou os olhos. Ela deveria saber. Guy Coffer não fazia xixi sem antes checar com Sharon.
— Sério, Sharon. — ela falou com lentidão. — Se tudo que você queria era a identificação, poderia ter ligado você mesma. Ficaria feliz em enviá-la para você.
— Eu não me importo com a estúpida identificação. Eu queria provar de uma vez por todas que eu estava certa sobre você esse tempo todo. Você não passaria a chance de ficar sozinha com meu marido.
— Oh, por favor. — Emma chiou. — Por que eu iria querer dividir Guy com você, quando posso ter ele todo pra mim? — ela levantou o dedão sobre os ombros indicando o local onde Duncan surgia caminhando lentamente vindo do escritório externo.
— Desculpe, Emma querida. — ele disse, dando a ela uma piscadinha. — Mas estacionar aqui é terrível. Eu deveria escrever ao meu congressista sobre isso.
Os olhos de Sharon Coffer se abriram como um personagem de desenho animado e ela silvou como um gato.
— Essa criatura é o seu namoradinho?
— Sim. — Emma disse orgulhosamente. — Apesar de que não tenha nada de inho nele. — ela passou a mão sobre os braços de Duncan que estavam cobertos pela jaqueta de couro. — Ele não é lindo?
— Ele é um monstro!
Emma inclinou a cabeça para a outra mulher, achando curioso que Sharon soubesse que Duncan era um vampiro sem que ninguém lhe dissesse. Emma não conhecera muitos vampiros, mas dos que ela conhecera, Duncan era o que mais se parecia com um humano. Ela nunca teria suspeitado que ele fosse um vampiro - de fato, ela não suspeitou quando eles se conheceram. E mesmo assim, Sharon Coffer não apenas suspeitava, ela sabia. Emma estava começando a ter um mau pressentimento sobre aquilo. Violeta não tinha identificado Guy Coffer como um dos parceiros pervertidos de Victor. Mas então, ela não sabia o nome da maioria dos homens envolvidos, e Guy Coffer não era alguém cujo rosto estava no jornal da noite.
Tinha também a mulher desconhecida que estava na noite em que Lacey morreu, a mulher que havia gritado com todo mundo como se ela estivesse no comando. Emma sentiu uma excitação de medo. Graças a Deus ela tinha esperado até que Duncan pudesse acompanhá-la essa noite. Falando nisso...
— Duncan. — ela disse, mostrando alarme.
— Não há nada pra se preocupar, Emmaline. — ele reassegurou, pegando as mãos dela e levando-as aos lábios rapidamente. Ele notou a mesma estranheza na reação de Sharon que ela havia notado, sem dúvida. De fato, ele provavelmente fez a ligação antes dela.
Duncan se pôs em frente à Emma, mas não disse uma palavra a Sharon. Ele apenas encarou a esposa do congressista, sua cabeça pendendo curiosamente, estudando-a como se ela fosse algum tipo de inseto peculiar. Ela o encarou de volta, seu olhar inicialmente desafiador se suavizando à medida que se tornava um olhar vidrado e seus braços caindo soltos ao seu lado. Eles permaneceram daquela maneira por alguns minutos, então Duncan pegou os braços de Sharon e a guiou na direção de volta ao escritório do congressista. Emma seguiu, parando de repente quando viu Guy Coffer sentado lá. Ou talvez deitado fosse uma descrição melhor. Sua cabeça estava com as bochechas encostadas na mesa, seus olhos fechados como se estivesse dormindo.
— Tudo bem com ele? — Emma sussurrou, não querendo perturbar a concentração de Duncan.
— Não há necessidade de sussurrar. — Duncan disse em sua voz usual. — E, sim, o congressista está bem. Foi simplesmente mais fácil lidar com um de cada vez.
— Vocês poderiam governar o mundo, sabia. — Emma comentou, observando Duncan guiar Sharon para uma cadeira próxima à janela.
— Quem disse que não governamos? — ele perguntou distraidamente.
Emma franziu o cenho, certa de que ele estava brincando.
— Então, o que você descobriu? O que eles sabem?
— Um monte de coisas tediosas, receio. Assim como o encantador conhecimento e aborrecimento da senhora Coffer quanto à minha natureza vampira, entretanto, essa última informação veio direto do Max Grafton em um recente jantar para convidados. Ontem à noite, por sinal. Interessante coincidência, não acha? Que enquanto eu estava morrendo tragicamente em um incêndio o qual poderia se culpar algum grupo racista ou outros com preconceitos, Max Grafton já estava envenenando outros ao explicar minha infeliz morte.
— E quanto a ele? — Emma perguntou, apontando para o aparentemente dorminhoco Guy Coffer. — O que ele sabe?
— Ele é uma patética desculpa de homem. — Duncan olhou por sobre os ombros para ela. — Por favor, me diga que você nunca teve fantasias românticas sobre ele.
— Ew. — Emma disse, enrugando o nariz. — Um político?
Duncan riu.
— Eu suspeito que Sharon aqui teria a mesma reação em relação ao namoro com um vampiro.
Emma bufou desdenhosamente.
— Mostra o que ela sabe. Pergunte a qualquer mulher, infernos, provavelmente qualquer homem também no facebook se eles preferem ter um vampiro ou um político como amante. Vampiros iriam ganhar de disparada.
— Sério? — Duncan disse, parecendo interessado demais.
— Não se preocupe, lindo. Você está fora do cardápio. Falando nisso, o que são essas mulheres que ficam ligando para checar como você está... — Emma parou de falar, de repente se dando conta de que Duncan ainda não tinha escutado a mensagem de voz de Cynthia.
Duncan sorriu enquanto cruzava o escritório em direção a Emma, seus passos lentos, um trotar letal de graça e poder. O coração de Emma bateu forte no peito, e ela sentiu os lábios umedecerem.
— Com ciúmes, Emmaline? — Duncan sussurrou contra o ouvido dela. Os braços dele serpenteando a cintura dela, esfregando a coxa dela contra o corpo dele, e ela quase uivou alto enquanto sentia a firme protuberância se elevar.
— Insanamente, cruelmente, irracionalmente com ciúmes. — ela sibilou de volta. — E eu sei como usar uma arma.
Ele riu novamente, então a beijou forte e rápido, puxando-a pra si.
— Cynthia - e sim, ouvi a mensagem e ela está ansiosa em conhecer você - é uma amiga. Ela também é a companheira do meu Senhor, Raphael, que é o Lorde do território Ocidental. Na verdade, você e Cynthia têm muito em comum. Deus nos ajude.
— Hey!
Ele a beijou novamente, então a rodou, dando um tapinha em sua bunda para fazê-la sair do escritório.
— Vamos sair daqui enquanto os infelizes Coffers não acordam de seus cochilos. Eu tenho um assassino para confrontar hoje à noite, Emmaline, e nós precisamos nos preparar.

Capítulo 27
 
— Absolutamente não! — Emma fumegou ao mesmo tempo em que invadiu o quarto e deixou cair uma bolsa de ginástica pequena perto da mesa. — Não vai me deixar aqui, enquanto vocês saem e têm toda a diversão.
— Isso não é divertido, Emma. — disse Duncan com sua calma irritante. — Max Grafton já matou uma vez, que nós sabemos. Tenho certeza de que não preciso lembrá-la que ele quase matou de novo quando organizou tudo para a minha residência queimar. Para não falar...
Emma abriu a boca para argumentar, mas Duncan antecipou-se com um olhar, e continuou:
— ... que há um vampiro envolvido. Um vampiro astuto o suficiente para manipular um dos meus próprios guardas e não ser detectado ao fazê-lo.
— Você não sabe...
— Mas eu sei, Emma. — disse ele implacavelmente. — Eu conheço os vampiros. Eu sei o que eles são capazes de fazer.
— Mas não haverá apenas vampiros lá fora esta noite. — ela argumentou. Louis tinha seguido Max Grafton para sua residência nas proximidades de Virginia por uma hábil, e bastante ilegal, escuta nos telefones pessoais do senador. Grafton estava dando um jantar na casa de Virginia esta noite. Ao contrário da angariação de fundos anterior ou do evento da noite passada, onde ele tinha falado com Sharon Coffer, esta noite era para ser uma coisa muito particular para alguns amigos. — Mesmo se houver um vampiro envolvido...
— Há. — afirmou Duncan.
Ela ignorou a interrupção.
— ... Não há nenhuma razão para acreditar que ele vai estar lá hoje à noite. Louis não ouviu nada que indicasse que o jantar é sobre negócios. São apenas alguns amigos, então não há nenhuma razão...
— Emma.
Ela olhou-o com cautela. Emma podia ser toda sobre emoção selvagem, mas Duncan não ficava com raiva, ou melhor, não o demonstrava. Ele apenas ficava mais silencioso e mais frio, suas palavras mais precisas. E essa palavra, seu nome, tinha sido cortada com uma faca bem afiada.
— Por agora. — explicou Duncan lentamente, como se ela fosse muito burra para entender, ou talvez porque era a terceira vez que ele lhe dizia a mesma coisa. — Sharon Coffer já ligou a Max Grafton para fofocar sobre ver-me no escritório de seu marido.
— Você não sabe... — Emma começou, mas parou quando Duncan lhe deu um olhar sem emoção. Ela revirou os olhos e esperou.
— Eu sei. Pedi a Louis para verificar as escutas no telefone de Grafton, porque eu também sabia que você não acreditaria em mim.
Emma fez uma careta para ele, irritada por ele estar certo. Novamente. Devia ser duro para ele, estar certo o tempo todo.
A boca de Duncan arqueou-se em um meio sorriso quando continuou.
 — Max Grafton, por sua vez, entrou em contato com seu aliado vampiro, porque sabe que eu vou atrás dele.
— Então você sabe quem é o outro vampiro?
— Não. A chamada de Grafton foi para um correio de voz desconhecido, e não fomos capazes de localizar o proprietário. O meu povo viveu nas sombras por milhares de anos, e ficamos muito bons em nos proteger. Muitos dos antigos ainda preferem as sombras. O ponto é, Emma, ??que hoje à noite vai ser o verdadeiro confronto entre mim e o outro vampiro. Nenhuma outra batalha vai importar. E eu não a quero perto quando isso acontecer. Se eu perder essa luta, eu...
O coração de Emma estava de repente em sua garganta. Nunca lhe ocorrera que Duncan podia perder. Ele era bonito, forte, invencível. Ele era... Duncan.
— Espere. — disse ela. — O que acontece se você perder?
— Se eu perder; e não pretendo fazê-lo; mas se acontecer, preciso saber que você está segura. E isso significa longe de mim.
Emma olhou para ele. Ela realmente não tinha considerado o que significava que outro vampiro estivesse envolvido, alguém que era, possivelmente, tão poderoso quanto Duncan. Alguém tão decidido em se livrar de Duncan, alguém tão vicioso que ateou fogo na residência, sabendo que Duncan e seus vampiros seriam queimados vivos. Mas ao invés de dissuadi-la, esse conhecimento tornou-a mais determinada do que nunca a estar lá hoje à noite.
— Eu vou. — ela disse sem rodeios. — Você pode me deixar aqui, mas se você me prender, eu vou chegar lá sozinha.
Os olhos de Duncan se estreitaram.
— Eu poderia adormecer você. — ele disse suavemente. — Você nunca saberia.
Emma encontrou seu olhar uniformemente.
— Eu saberia. — assegurou ela. — E nunca te perdoaria.
O músculo na mandíbula de Duncan flexionou visivelmente enquanto ele olhava para ela. Foi o único sinal da emoção que estava sentindo.
— Tudo bem. — disse ele finalmente. — Mas você fica para trás, Emma. Eu vou primeiro. E se alguma coisa acontecer comigo, você corre.
Emma assentiu uma vez em acordo, embora não houvesse nenhuma maneira no inferno de que fugiria se Duncan precisasse dela. Ela manteve esse pensamento longe de sua mente, porém, enchendo-a com a letra de uma música particularmente irritante que tinha ouvido no rádio hoje.
— Então, quando partimos? — ela perguntou.
Duncan olhou-a com cuidado, e Emma teria jurado que viu um flash de frustração em seus olhos castanhos. Então, talvez as letras de músicas estivessem resultando em impedi-lo de ouvir o que ela estava pensando. Ela guardou essa informação para o futuro e olhou para ele inocentemente. Ele bufou com desdém e disse:
— Esteja lá embaixo em dez minutos. Tenho que verificar algumas coisas com Miguel e Louis.
Ele começou a se virar, mas Emma disse: — Hey! — Duncan levantou uma sobrancelha em questão. — Que tal um beijo para dar sorte?
Duncan sorriu e envolveu uma grande mão em torno de seu pescoço, puxando-a para um profundo beijo arrebatador. Ele levantou a cabeça finalmente, deslizando sua língua ao longo da borda de seus lábios.
— Eu te amo, Emmaline Duquet.
— Eu também te amo, Duncan. Então tenha cuidado.
Ele tocou sua boca mais uma vez, e então se foi. Emma tentou escutar, mas ela nem mesmo ouviu seus passos na escada. Encolheu os ombros e correu até a mochila, que foi a única coisa que ela pegou em sua casa mais cedo. Lá estavam sua arma e munição, e ela tinha a sensação de que ia precisar deles esta noite.

Capítulo 28
A casa de Max Grafton não era só uma casa, mas uma grande propriedade. Emma sabia que ele tinha dinheiro. A maioria dos senadores também tinha depois de tanto tempo na política quanto Grafton tinha. Mas no seu caso, o dinheiro estava em sua família. Dinheiro velho. Dinheiro velho do Sul. Como alguém que cresceu na pobreza do velho Sul, Emma sabia exatamente a diferença que aquele tipo de dinheiro significava. Ainda assim, ela não estava preparada para a vastidão de sua propriedade. Tinha a casa, que era enorme, juntamente com um edifício de dois andares, que ela achava que era onde o pessoal da casa vivia, porque com uma casa tão grande como a dele, definitivamente, precisava de empregados que morassem nela. Havia uma piscina e uma casa de piscina grande o suficiente para abrigar uma família. E depois vinham os estábulos. Emma não sabia muito sobre cavalos, mas mesmo que a metade dos estábulos que ela via no longo celeiro tivessem animais nele, tinha que estar custando a Grafton uma pequena fortuna para alimentar e mantê-los.
Toda a propriedade era grande demais para colocar um muro em volta, mas tinha uma cerca de trilho, branca, ao longo da estrada, e Grafton tinha os principais edifícios e celeiros fora dos muros. Uma estradinha de cascalho curta levava a um grande portão de ferro com um "G" com trabalho estilizado. Dois guardas vestindo uniforme de combate preto estavam lá, cada um segurando um fuzil preto fosco semiautomático com uma familiaridade óbvia. Emma ficou preocupada enquanto os dois SUVs combinando chegavam até o portão, perguntando como eles fariam para entrar. Mas ela não devia se preocupar. Afinal, ela tinha visto Duncan acertar Sharon Coffer com um olhar. Ari, que estava dirigindo SUV de Duncan, convenceu o guarda do portão que eles eram convidados, em menos tempo do que levaria para mostrar suas identificações se eles realmente tivessem sido convidados.
Eles passaram pelo portão aberto e subiram uma distância pequena, esperando enquanto o segundo SUV se livrava da segurança. Uma vez que eles estavam juntos de novo, os dois SUVs começaram a descer a longa estrada sinuosa até a casa. Tinha uma fileira dupla de árvores, cuidadas para serem perfeitamente idênticas, alinhadas à estrada e com luzes brancas cintilantes em seus galhos. Seria bonito em qualquer outra noite.
— Lembrem-se, senhores. — disse Duncan friamente enquanto se aproximaram da casa. — Nós vamos em silêncio. Haverá... — ele parou abruptamente, inclinou a cabeça ligeiramente, como se estivesse ouvindo algo que ninguém podia ouvir. — Ele está aqui. — disse ele. Em seguida, balançou a cabeça, franzindo a testa. — E não está sozinho, mas eu ainda não o reconheço.
— Quem? — Emma perguntou, já que todo mundo parecia conhecer.
— Os Vampiros aliados de Max.
Ari estacionou na frente da casa, próximo a uma fila de carros caros que presumivelmente pertenciam aos convidados de Grafton esta noite. Felizmente, era uma festa pequena, o senador não se incomodou em contratar qualquer tipo de serviço de estacionamento. Dois guardas estavam de cada lado da porta da frente, mas ao contrário de seus colegas no portão, os dois usavam ternos e não carregavam armas visíveis. Emma tinha absoluta certeza de que eles estavam armados, no entanto, e ela tocou a própria arma de alguma forma autoconsciente. Ela estava vestindo uma jaqueta que ocultava a Glock 9 milímetros escondida no cós da calça nas costas, mas ainda parecia óbvio para ela.
— Você ainda pode esperar na caminhonete. — disse Duncan, apenas para seus ouvidos.
Ela virou a cabeça bruscamente e fez uma careta.
— Eu vou. — ela insistiu.
Seus lábios se curvaram ligeiramente.
— Valeu a tentativa. — ele murmurou. Em seguida a beijou suavemente e acrescentou: — Tenha cuidado, Emmaline.
* * * *
Duncan passou seus dedos sobre a maciez do rosto de Emma enquanto Louis descia da van e abria a porta para Duncan. Ele saiu pelo caminho de cascalho, com Miguel logo atrás dele. Emma fez um ruído exasperado e apressou-se para seguir, mas Duncan não esperou. Uma palavra sussurrada cuidou dos guardas humanos enquanto ele subiu os degraus e abriu a porta da frente. Ele achou curioso que os guardas fossem apenas humanos, quando ele sabia que seu inimigo vampiro estava em algum lugar lá dentro. O outro vampiro pensou que Duncan poderia estar enganado, que ele não sentiria sua presença? Subestimou, se for verdade. E foi um erro fatal. Ele teria grande prazer em apontar isso quando eles finalmente se encontrassem.
Miguel e Louis estavam um passo atrás de cada lado, enquanto ele caminhava para a casa de Grafton. Ari era o próximo, seguido de Emma, com Baldwin logo ao lado dela e os seis vampiros do segundo SUV andando atrás. Depois de atravessar a porta, eles se espalharam, com exceção de Baldwin, que tinha ordens para grudar em Emma como cola.
A porta da frente se abria em uma sala enorme. O teto do sótão aguentava mais de dois andares, com vigas grossas que cruzavam o espaço aberto. O chão era de mármore e o mobiliário era escasso, embora houvesse abundância de plantas agrupadas dividindo a sala em ambientes mais gerenciáveis ??e ainda a deixava bem ampla. Era um espaço feito para grandes encontros, e estava completamente vazio.
No entanto, Duncan não era idiota para pensar que a casa estava vazia. Uma varredura rápida lhe disse que havia cerca de 20 humanos na casa, a maioria deles reunidos em algum lugar logo à frente. Havia também... Ele fez uma breve pausa... 12 vampiros, e entre eles, claramente notou o tipo específico da mente do mestre que havia adulterado a mente de Clint Daniels e o subornou queimando a residência de Duncan.
— Doze vampiros, sendo um mestre, 20 ou mais humanos. — ele disse calmamente. A maioria dos vampiros que Duncan tinha trazido era forte o suficiente para detectar os humanos tão facilmente como ele fez, mas nem todos teriam precisão para contar os adversários vampiros. E Emma não poderia fazer nenhum dos dois. Ele a queria longe da luta. Mas também queria que ela soubesse o que estavam enfrentando.
Duncan começou a atravessar a sala, sem desperdiçar fôlego para dizer ao seu pessoal o que fazer. Estes eram todos agentes de segurança antigos, era por isso que ele os escolheu. Ele diminuiu a velocidade e parou um instante antes de o barulho forte de saltos altos anunciasse o que ele já sabia. Max Grafton estava enfim vindo para saudar os seus convidados não convidados.
— Senhor Milford. — Grafton disse com falsa cordialidade enquanto entrava na sala através de uma porta no canto e caminhava em direção a eles. —Eu ouvi dizer que você estava morto. Você vai me perdoar por estar desapontado ao descobrir que os rumores estavam errados. — ele parou há três metros de distância. — E a Srta. Duquet. Você tem dado muito mais problemas do que vale a pena, minha querida. Pelo menos Lacey...
Suas próximas palavras ficaram presas em sua garganta, juntamente com sua capacidade de respirar. Não havia nenhuma razão para Emma escutar as palavras venenosas deste homem sobre Lacey. Grafton estava agarrando o pescoço de uma forma previsível, em um gesto inútil. Ele poderia cortar sua própria garganta, ainda sim nenhum ar atingiria seus pulmões até que Duncan decidisse que era hora. O senador caiu de joelhos e seu rosto ficou vermelho primeiro. Em seguida, assumiu um tom azulado antes que Duncan o soltasse.
Grafton caiu para frente, quase batendo o rosto no chão, enquanto ele respirava fundo e tossia.
— Filho da puta. — ele suspirou, olhando para Duncan, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.
Duncan sorriu, mostrando suas presas.
— Você está desperdiçando meu tempo, Grafton.
— Você vai pagar por isso. — a voz de Grafton estava esganiçada, mas cheia de ódio. — Você não é o único a jogar na cidade.
— Sim, eu sei. Podemos ir logo com isso? — disse Duncan entediado enquanto sua mente varria a casa, à procura de uma armadilha.
Foi o olhar de Grafton em choque que, finalmente, chamou sua atenção.
— Você sabe? — Grafton gaguejou.
Duncan poupou o esforço de olhar para o humano diretamente.
— Que você é o animal de estimação do vampiro que tentou queimar minha casa comigo e os meus? Claro que...
— Eu não tenho nenhum animal de estimação, Duncan.
Duncan não se moveu, apenas seus olhos se voltaram para seguir a voz, reconhecendo o seu inimigo, enfim.
— Phoebe?
Phoebe Micheletti entrou na sala, concedendo a Grafton um olhar desdenhoso enquanto ela andava ao redor de sua figura ainda ajoelhado. Ela parou na frente de Duncan, com as mãos nos quadris.
— Você está surpreso. Bom.
Duncan deu de ombros, negligente.
— Eu estou. Não surpreso o suficiente para poupá-la, mas você era muito inteligente.
Interiormente, ele estava fervendo, principalmente de raiva de si mesmo. Eles nunca tinham se encontrado pessoalmente antes daquela primeira noite no local da sepultura, mas se ele tivesse tomado seu juramento de sangue teria conhecido o toque de sua mente e reconhecido mais tarde que ela era a única que tinha adulterado seu guarda. Mas ela fez tão certo que ele não pensou que fosse necessário. Será que ela já tinha planejado subornar alguém de sua guarda na luz do dia? Ou foi simplesmente cautelosa?
Phoebe estava jogando seu ódio para ele.
— Diga-me, Duncan. — disse ela com firmeza. — Alguma vez, você já pensou em perguntar se algum de nós queria o território antes que fosse varrido por um anjo vingativo? Eu estive esperando por mais de um século...
— Não é assim que funciona, Phoebe, e você sabe disso. Se você queria o território, deveria ter tomado. Se não fosse eu, teria sido outra pessoa.
— Eu sou a única que o merece, a única que se colocou ao lado Victor todos esses anos, enquanto...
— E o que você fez para ele? — Duncan exigiu. — Eliminou os corpos? Ajudou-o a brutalizar essas mulheres?
— Eu limpei suas bagunças, assim como faço para todos os outros, seu bastardo. Aquela mulher já estava morta quando eu cheguei lá. Tudo que fiz foi me livrar de seu corpo para que os políticos preciosos de Victor pudessem fingir que nunca aconteceu. Nós o estávamos movendo para um lugar permanente, mas logo depois você apareceu e tudo virou um inferno.
— Quantos estavam lá? Quantas mulheres foram torturadas enquanto você ficava como uma aranha gorda, observando e esperando? Sem fazer nada.
— Eu não estava 'fazendo nada'. — ela atacou com raiva. — Eu não era forte o suficiente para tomá-lo sozinha. Eu tive que esperar ficar mais forte, mais inteligente, me tornar uma lutadora melhor, construir a minha própria guarda. — ela fez um gesto pedindo silêncio sobre o ombro e vampiros começaram a chegar na sala atrás dela. — Eu passei décadas me preparando, e agora, de repente, você aparece do nada. Você e Raphael com seus grandes planos e sua arrogância.
— Raphael sempre foi justo com você. Ele a tratou com respeito, até mesmo com admiração.
— Oh! — ela abanou-se teatralmente. — Não sou simplesmente a garota viva mais sortuda do mundo? Foda-se Raphael. — ela rosnou. — Eu não preciso da sua proteção, dos seus tapinhas na cabeça, como se eu fosse algum tipo de animal de estimação inteligente ou...
— Ele nunca fez isso. — Duncan rebateu friamente. — Você se esqueceu. Eu estava lá.
— Sim, você estava lá. Sempre ao seu lado, abanando o rabinho pra ele. Seu cãozinho favorito. Victor tinha tanto direito quanto você. E agora você está aqui, com a bênção de Raphael, eu tenho certeza. Com um território seu, um presente por servi-lo tão bem por tanto tempo. Mas há algo que você não entende...
— Não, Phoebe. — disse Duncan, cortando sua ladainha com um sorriso gentil. — É você que não entende.
Ele lançou seu poder, deixando-o correr dele como se fosse água represada que de repente foi solta. O poder rugiu pela sala como um furacão, golpeando os vampiros que estavam firmemente nas costas dela, fazendo Max Grafton deslizar pelo chão de mármore liso até bater contra um trio de urnas que estava perto. Atrás dele, ele estava ciente que Emma ofegava de surpresa, mas ficou firme, sua determinação de permanecer e lutar não vacilou em nenhum momento.
Phoebe olhou para ele, seu cabelo escuro uma auréola selvagem em torno de sua cabeça, seus olhos se arregalaram brevemente, antes que eles se estreitassem em fendas de raiva. Suas mãos fechadas em seus lados. Duncan sentiu a onda de poder quando ela chamou os vampiros que tinha escolhido para ficar com ela contra ele. Um ou dois lhe enviaram um olhar triunfante, mas os outros evitaram seu olhar, como se esperassem escapar à detecção. Ele examinou os rostos rapidamente, não reconhecendo nenhum deles. Um exame mais cuidadoso e ele percebeu porquê. Estes eram próprios de Phoebe, vampiros que ela mesma tinha feito ao longo dos anos. De acordo com ela, que se preparou para a morte de Victor. Mas eles eram jovens, o mais velho não tinha nem mesmo cem anos, a maioria muito mais jovem do que isso, e nenhum deles era um mestre. A presença deles ainda ajudaria Phoebe, tanto quanto dobrando seu poder, e especialmente se ela estivesse disposta a drená-los a fim de ganhar. Mas no final, ainda seria Phoebe contra Duncan. E Duncan iria ganhar essa batalha.
Seria muito triste para ele matar Phoebe. Ele pensava nela como amiga. Embora eles nunca tivessem se encontrado, trabalharam juntos muitas vezes ao longo dos anos, a consultando por telefone e computador enquanto ela realizava suas investigações em todo o país. Mas ela tentou matar Duncan e todos os seus vampiros, estava disposta a deixar Emma morrer para chegar até ele. Ele nunca poderia perdoar isso. E como um Lorde vampiro, ele nunca poderia tolerar esse tipo de desafio ao seu governo. Ela tinha que morrer.
Duncan estendeu até o fundo do seu poder e tocou os pensamentos de Phoebe - um toque rápido - foi e voltou antes que ela percebesse a intrusão. Ele sentiu sua determinação, mas também o medo por seu marido, Ted Micheletti. Eles haviam sido companheiros muito tempo para Ted sobreviver à sua morte.
— E Ted? — Duncan perguntou calmamente. — E estes outros? — ele gesticulou para os vampiros que estavam em formação atrás dela. — Renda-se a mim, Phoebe, e eles não precisarão morrer com você.
— Não! — Ted entrou na sala pelo corredor, abrindo caminho através dos vampiros de Phoebe para alcançá-la. Ele era um homem grande, parecendo uma torre em comparação à sua esposa pequena, enquanto ele olhava para Duncan. — Não se atreva, Phoebe. — ele rosnou. — Não o deixe fazê-la desistir com sua conversa doce. Ficarei com você até o fim, meu amor. Não quero de outro jeito.
Ela poupou-lhe um olhar cheio de lágrimas. Em seguida, virou-se para Duncan. Seu queixo se projetava para frente com determinação.
— Em qualquer domingo, Duncan. — disse ela, aproveitando a ideia ‘nunca se sabe o resultado de uma competição antes de acontecer’. — Eu posso te surpreender.
Duncan a respeitou concordando, embora o resultado fosse de fato conhecido neste caso. Mesmo com seu poder dobrado, Phoebe não poderia derrotá-lo. Ela estava se iludindo todos estes anos se pensava que poderia ter derrubado Victor. E Victor nunca teve chance contra Duncan.
— Como você quiser. — disse ele. — Miguel?
— Sim, meu Senhor.
Ao ouvir a tensão na voz de Miguel, Duncan deu ao seu tenente um meio sorriso rápido.
— Não se preocupe, Miguel. — disse ele com carinho. — Me dê cobertura?
— Sempre, Senhor.
— Emma. — ele chamou, sem tirar os olhos de Phoebe. — Lembre-se de sua promessa. — ele pensou ter ouvido um sopro de ar desdenhoso dela, mas podia ser o seu poder chacoalhando a folhagem.
Seu ponto feito, Duncan sugou seu poder para mais perto, consciente de seus vampiros recuando para dar-lhe espaço e evitar ser apanhados no vórtice mortal de seu escudo defensivo. A força crua de seu poder sem limite rasgou a sala, como se desligasse um interruptor. Depois disso, a sala ficou em silêncio enquanto todos congelaram, ouvindo.
Duncan direcionou a Phoebe com um olhar frio.
— Damas primeiro. — disse ele ironicamente, intencionalmente para ferir o orgulho dela que sentiu mais cedo. O orgulho que a levou a pensar que ela poderia se tornar um Lorde Vampiro.
Phoebe reagiu previsivelmente, enrolando as mãos em garras na frente e gritando de raiva. Duncan reforçou seu escudo no reflexo, um movimento aprimorado para uma reação automática ao longo de décadas de prática, que não precisou de um pensamento de sua parte. Mas se ele teve alguma dúvida quanto ao resultado desta batalha, ela desapareceu em face do primeiro ataque de Phoebe. Impulsionada pela fúria, usando seu pleno poder, seu ataque foi sugado pelo escudo defensivo de Duncan sem deixar vestígios. Não havia nem mesmo uma marca momentânea para indicar o seu impacto. Phoebe olhou para cima e encontrou seu olhar, e ele leu o conhecimento do fracasso em seus olhos.
— Última chance. — ele falou.
— Foda-se, Duncan. — ela rosnou.
— Como você quiser. — Duncan puxou sua imensa força, formando uma lâmina de energia pura, invisível a olho nu, mas brilhando como uma espada de prata para aqueles olhos que pudessem ver. Phoebe tinha tais olhos. Ela viu a lâmina e gritou com fúria, caindo agachada, ficando pequena enquanto sugava dos seus filhos vampiros e tecia seus poderes combinados em um escudo tão apertado quanto ela podia fazer. Um por um, seus vampiros desmoronavam atrás dela enquanto ela os sugava até secar. Mesmo Ted caiu no chão, com um fio de sangue vazando de seu nariz, enquanto Phoebe tirou o pouco de energia de volta para si mesma, em uma tentativa desesperada pela sobrevivência.
Duncan já estava andando pra frente quando Phoebe uivou em desafio. Ele empurrou a lâmina brilhante de seu poder através da proteção que girava em torno de seu escudo, cortando as defesas de Phoebe, como se elas não estivessem lá, atravessando seu peito, quebrando as costelas e perfurando seu coração.
Phoebe gritou quando seu coração explodiu. Ao mesmo tempo Ted convulsionou e seus vampiros morreram. Duncan segurou a lâmina em seu coração até não sobrar nada do órgão, até que fosse poeira em seu peito. Ele puxou a lâmina de volta. Em seguida, chamou o poder para si mesmo, apertando o punho como se seus dedos agarrassem um cabo físico. Soltando o seu escudo, ele deu um passo para trás... e tropeçou, caindo de joelhos como se uma coisa com a força de uma marreta batesse em suas costas, rasgando músculos e ossos, apontando para o coração.

Capítulo 29
 
Emma sabia que ela estava sendo arrebanhada. Ela sabia que Duncan tinha nomeado Baldwin como seu protetor, provavelmente sob pena de morte ou algo igualmente desagradável. Ela não se importava, porque não havia nada que pudesse fazer sobre isso. Se você vai se apaixonar por um grande e mal macho alfa, você tem que aceitar as amplas milhas de linhas de proteção que vem com ele. Então, ela não lutou com Baldwin quando ele a pegou pelo braço e a moveu para um lado, mesmo que a fizesse se sentir como um dos vasos de plantas, especialmente quando Phoebe, “Phoebe!” apareceu.
— Eu não tenho nenhum animal de estimação. — a cadela traidora demorou enquanto entrava na sala, e Emma desejou ter algo para jogar nela. Baldwin claramente sentia a mesma coisa. Ele endureceu de surpresa e deu um passo agressivo para frente, cerrando fileiras com outros vampiros de Duncan, que estavam todos eriçados de raiva, prontos para defender Duncan. Emma ficou onde estava. Quieta e silenciosa, ela não queria chamar a atenção para si mesma por medo de que fosse empurrada direto pra fora da sala. Ela queria ver e ouvir o que estava acontecendo!
Seu coração se apertou com a dor evidente na voz de Duncan, quando ele tentou falar com Phoebe do que ele, claramente, considerava uma missão suicida. Emma não sabia nada sobre o poder de vampiro, mas ela achou que Phoebe tinha que morrer de qualquer maneira. Ela tentou queimá-los todos vivos, depois de tudo. Duncan não estava tentando salvar Phoebe. Ele estava tentando salvar os outros. Ele não parecia preocupado de maneira nenhuma por causa de si mesmo, apenas triste e resignado com o que tinha que fazer.
E, de repente, tudo mudou. A pele de Emma arrepiou com energia, todos os pelos do seu corpo levantaram quando um redemoinho que apareceu do nada encheu a sala enorme. Vasos de cerâmica cheios de plantas tombaram, quebrando contra o chão de mármore. Sujeira e folhas foram sugadas pelo vento e jogadas girando contra as paredes e janelas como granizo. Phoebe estava olhando para Duncan como se nunca o tivesse visto antes, como se ele fosse seu pior pesadelo que se tornou realidade. Ele ainda estava falando com Phoebe, mas Emma não podia ouvir o que eles estavam dizendo com todo o barulho. Ela ouviu o grito de Max Grafton. Contudo, o viu rolando pelo chão gritando como se fosse um emaranhado de folhas secas, até que ele bateu em um conjunto de panelas de barro grandes.
Querendo escutar o que estavam falando, Emma chegou um pouco mais perto, deslizando para trás e entre grupos de plantas até que ela estava bem perto de onde Duncan estava encarando Phoebe.
— Emma. — Duncan chamou de repente.
Ela congelou, certa de que ele sabia que ela tinha se aproximado, de que ela não estava mais em segurança escondida atrás do corpo de Baldwin.
— Lembre-se de sua promessa. — disse ele, e Emma deu um suspiro de desprezo. Como se ela fosse fugir se as coisas ficassem ruins. O que ele estava pensando? Mas ela não pensou antes, que tudo mudaria novamente. O silêncio caiu sobre a sala como um cobertor grosso. E Emma se agachou, se escondendo.
— Primeiro as damas. — disse Duncan, sua voz grossa com uma zombaria que Emma nunca tinha o escutado falar antes.
Eletricidade vibrou ao longo dos nervos de Emma, ??muito mais forte do que o que ela sentiu apenas momentos antes. Aquilo foi como eletricidade estática em um dia seco de verão. Isso era como um fio desencapado ao longo de seus nervos. Ela estremeceu e fechou os olhos de dor, apertando o queixo contra a vontade de gemer. Quando os abriu novamente, Phoebe ainda estava de pé em frente a Duncan, mas havia uma forma resignada definida em seus ombros, um cansaço na forma como ela se manteve apesar de seu olhar desafiador.
Duncan mal se movia, permanecia parado frio e calmo como sempre, com as pernas preparadas, ligeiramente afastadas, seu peso sobre seus calcanhares. Ele levantou o braço à altura do peito, e seus dedos se enrolaram na palma da mão como se estivesse segurando algo. Ele piscou preguiçosamente e a pressão no quarto começou a crescer. No início foi lento, em seguida, crescendo como se todo o ar estivesse sendo sugado de uma só vez. Emma começou a ofegar enquanto seus pulmões trabalhavam mais, tentando pegar oxigênio suficiente. Um peso esmagou seu peito e ela se encostou-se à parede, se sentindo fraca e tonta, mas determinada a ficar para testemunhar a execução de Phoebe. Ela piscou perplexa enquanto Duncan esticava sua mão para frente e logo depois Phoebe gritava em agonia. Os vampiros que tinham vindo para a sala com Phoebe começaram a cair como moscas onde estavam sem um único som. Não muito longe de Emma, Max Grafton grunhiu, e ela endureceu para prestar atenção. Enquanto ela estava assistindo a ação e tentando respirar, Grafton esteve acordado tempo suficiente para colocar-se atrás de uma das poucas cadeiras na sala. Ele estava agachado como um troll nojento, pálido e suado, pressionando uma mão contra suas costelas como se elas estivessem machucadas. Emma esperava que suas costelas estivessem quebradas. Ela esperava que ele apertasse tão forte que uma delas perfurasse seu pulmão e ele morresse de asfixia, enquanto todo mundo estivesse ocupado demais para perceber. Exceto ela.
Perdida em imagens da morte iminente de Max Grafton, Emma olhou e viu que Phoebe tinha se enrolado em uma bola no chão. Ela ainda estava gritando, mas mais fraco agora, desvanecendo-se rapidamente até que ela literalmente começou se despedaçar. Duncan olhou para sua forma desmoronando sem qualquer sentimento quando deu um único passo para trás. Um flash de movimento trouxe o olhar de Emma de volta para Grafton, e ela gritou quando ele puxou uma arma e atirou nas costas de Duncan.
Emma estava em movimento. Todos ao redor de seus vampiros estavam correndo para o lado de Duncan. Miguel estava gritando ordens, colocando-se entre Duncan e o que foi deixado de vampiros de Phoebe enquanto procurava o inimigo. Mas Emma já sabia quem era o inimigo. Grafton ainda tinha a sua arma, ainda mirava Duncan, seu dedo apertando o segundo tiro enquanto Duncan caía de joelhos. Emma pegou sua própria arma e disparou sem pensar, três tiros, bem próximos, como se fosse uma rajada. Um, dois, três e Grafton caiu. Emma correu e chutou a arma para longe, caindo de joelhos ao lado dele. Ela olhou para a careta no rosto, o sangue do seu peito e borbulhante de sua boca, e ela congelou, sem acreditar no que tinha feito.
Ela piscou e depois sussurrou:
— Duncan. — e virou-se desajeitadamente.
— Emma. — Miguel chamou. — Vem aqui.
Ela já estava lá antes que ele rosnasse a última palavra. As lágrimas enchiam seus olhos enquanto via Duncan deitado no chão, de olhos fechados, com uma piscina de sangue embaixo dele.
— Ele está morto? — ela perguntou, sua voz foi pega por um soluço.
— Não. — Miguel falou rápido. — Mas ele precisa de sangue.
Ela olhou em confusão.
— Sangue?
O vampiro de cabelos escuros deu-lhe um olhar impaciente.
 — Cristo! — ele xingou. — Ele é um vampiro. Ele está ferido. Ele precisa de sangue.
— Oh! É claro. — ela balançou a cabeça com sua estupidez. Ela entregou sua arma e alguém começou a tirar o casaco. — Você tem alguma coisa...
Miguel já estava entregando-lhe uma faca. Um canivete, curto e gordo, com um cabo enfeitado que ele puxou e lhe entregou pelo punho primeiro.
— Tenha cuidado. — alertou. — É afiada.
Emma olhou para a lâmina, depois sacudiu a cabeça, entregando-a de volta para ele.
— Você faz isso. — disse ela, segurando seu pulso. — Eu não acho que... Ow! — ela deu a Miguel um olhar feio. — Um pequeno aviso seria bom, cara. — ela murmurou, mas rapidamente colocou a cabeça de Duncan em seu colo e segurou seu pulso sangrando na sua boca. Será que ela precisaria esfregá-lo em seus lábios? Ou talvez bater em sua garganta para que ele... Caramba!
Duncan prendeu seu pulso, suas presas afundando na carne. Doeu, mas rapidamente, enquanto a euforia de sua mordida fazia efeito e Emma começasse a se sentir... Maravilhosa. As mãos de Duncan seguraram o pulso no lugar, e ela inclinou a parte superior do corpo sobre o dele, com a necessidade de se aproximar dele, mas também querendo esconder os sinais óbvios de seu desejo crescente. Ela só esperava que Duncan não demorasse muito tempo, caso contrário, ela iria...
— Emma.
Ela abriu os olhos e encontrou Duncan olhando para ela. Ele não estava mais sugando seu pulso, mas o calor em seus olhos dizia que estava ciente de sua excitação e retornava, ficando duro. Ele lambeu o pulso dela lenta e cuidadosamente. O coagulante da sua saliva selava a ferida, enquanto a sensação de sua língua contra a pele dela não fez nada para esfriar sua fome por ele.
Ele deu a ela um meio sorriso, depois estendeu a mão e passou os dedos sobre sua bochecha.
— Eu pensei que estivesse morto. — ela sussurrou, segurando-o com força.
— Não. — ele murmurou. — Eu tenho muito pelo que viver.
— Meu senhor. — disse Miguel, chegando para colocar a mão no ombro de Duncan.
— Certo. — Duncan colocou Emma suavemente de lado e aceitou a mão que seu tenente ofereceu, enquanto Baldwin levantou Emma e começou a envolver seu braço em um dos lenços brancos que sempre carregavam. Eles estavam de pé um pouco antes de Miguel os encontrar do lado de fora da casa esperando os SUVs.
— Ari. — Miguel falou. — Você dirige. Baldwin vai com você. Nós vamos limpar aqui, meu senhor. — acrescentou para Duncan. — Vamos seguir na outra caminhonete.
Duncan fez uma pausa nos degraus da frente o tempo suficiente para Emma se recuperar. Ele pegou sua mão quando ela saiu da casa, então deslizou para o banco de trás do SUV e a puxou com ele.
Dois minutos depois, eles estavam andando através da noite, voltando para a casa em DC.
— E agora? — Emma perguntou, ansiosamente. — Eu quero dizer, o que será feito com todas as outras pessoas, e... — ela estremeceu um pouco. — ... Com o corpo de Grafton?
Eles não precisaram se preocupar com o corpo de Phoebe ou com os vampiros dela. Eles já eram um monte de poeira no chão. Ninguém iria nem mesmo notar no meio dos destroços da luta entre Phoebe e Duncan. Emma ainda não entendia como isso funcionava, mas essas perguntas poderiam esperar. Por outro lado, o corpo de Grafton precisava ser cuidado agora.
— Duncan. — ela disse, quando ele não respondeu.
— Um momento. — respondeu ele, e Emma percebeu que ele não estava falando com ela. Ele estava em seu Bluetooth com alguém. Provavelmente era um dos vampiros que tinham ficado para trás com Grafton. Ele virou, puxando-a contra ele com mais força, colocando sua cabeça em seu ombro. — Descanse Emmaline. Tudo está sendo cuidado, você vai ver. Isso não é nada que não tenha feito antes.
— Então não vou para a cadeia por matar um senador? — ela perguntou sonolenta, pensando que deveria ser a perda de sangue que a estava deixando tão cansada.
Duncan riu.
— Não, você certamente não vai para a cadeia. O que eu faria sem você?
Emma bocejou, depois enrugou a testa, imaginando se ele tinha feito alguma coisa para fazê-la dormir.
— É a adrenalina. — disse Duncan, lendo-a com a sua habitual precisão. — É uma descarga. Mas quando vem, vem forte, e você vai junto.
— Mmmm. — disse ela, aconchegando-se contra seu peito largo. Ela sentiu os lábios de Duncan beijando o topo de sua cabeça, depois fechou os olhos e dormiu.

Capítulo 30
 
— O que você está lendo?
Emma conseguiu evitar de pular com a surpresa. Duncan se movia tão silenciosamente que, às vezes, era como se aparecesse do nada. Ele beijou seu ombro nu como se pedisse desculpas e ela sabia que não tinha conseguido esconder sua reação depois de todo o esforço.
Deitada de bruços na cama com seu laptop na frente, ela conseguiu uma espiada através da grande mecha de seu cabelo, observando como ele se acomodou ao lado dela e sentou-se de pernas cruzadas para trabalhar com o seu próprio notebook. Como sempre, sua presença criou uma pressão estranha no peito, como se houvesse alguma coisa dentro que era grande demais para permanecer lá. Ela reconheceu o sentimento, mesmo que nunca tinha experimentado antes de encontrar Duncan. Ela estava apaixonada. Desesperadamente, loucamente apaixonada. Mas ele era tão... Maravilhoso. Não apenas sua aparência, sentado com seu peito nu, cabelos loiros soltos sobre os ombros, e nada além de uma calça solta de moletom cinza mantendo-o decente, ele certamente parecia delicioso suficiente. Mas era mais do que isso. Ele era um homem bom em todos os sentidos. E ele era dela. Ela sabia, de fato. Duncan manteve suas emoções firmemente sob controle a maior parte do tempo, mas não com ela. Ele a amava. Ele dizia isso a ela o tempo todo, e ele a mostrou em milhões de maneiras diferentes.
Ela ainda tinha dificuldade em acreditar nisso, às vezes. Ela acordava e esticava a mão, esperando encontrar o espaço vazio ao lado dela e descobrir que foi tudo um sonho. Mas ele estava sempre lá, sempre pronto. Ela sorriu para si mesma.
— Emma?
Ela piscou, acabando com suas fantasias de despi-lo e de fazer “maldades” com ele.
Duncan sorriu conscientemente para ela. Sem se preocupar em esperar pela resposta à sua pergunta, ele se inclinou e examinou a tela do laptop dela.
— Anúncios de emprego? — ele franziu a testa. — Você não precisa de um.
— É claro que preciso de um emprego. Mesmo se eu me mudar pra cá... — seus dentes fecharam suavemente em seu ombro em sinal de advertência. — Mesmo que eu esteja vivendo aqui com você... — ela emendou, e ele beijou o mesmo local que tinha mordido. — ... Eu ainda tenho as despesas.
— Você pode trabalhar para mim, então. — disse ele, como se isso resolvesse a questão. E, pelo que ele sabia, provavelmente resolvia. Ele estava tão acostumado a tomar todas as decisões, dando ordens e ter todo mundo obedecendo. Mas Emma não era um de seus vampiros, e não era um caso de caridade, tampouco.
— E o que, exatamente, eu faria? — ela perguntou cética.
Duncan deu de ombros.
— A mesma coisa que você fazia para o congressista pau mole que você trabalhava.
 Emma riu de sua descrição de Guy Coffer e perguntou:
— Você tem um monte de reclamações constituintes de Vampireland?
— Não. Mas sou o representante da Vampireland para o governo americano, e a maior parte desse negócio acontece durante o dia. Você poderia ser o meu rosto durante o dia nos corredores do Congresso.
Emma virou a cabeça bruscamente para olhá-lo.
— Sério?
— Claro. Por que não?
Emma considerou. De verdade, por que não? Com certeza ela era qualificada para fazer algo assim. E será que não irritaria Sharon Coffer ver Emma rondando pelos corredores de mármore do Capitólio de novo? Ela sorriu para si mesma e Duncan riu.
— Isso é um sorriso muito sinistro que você tem aí, Emmaline.
— Vou aceitar o trabalho.
— Excelente. — disse Duncan, distraidamente buscando algo em seu laptop, provavelmente um dos muitos relatórios diários que recebia de seus diversos empregados. De todos, desde o vampiro construtor Alaric a Jackson Hissong e Miguel.
— Nós podemos discutir... Bem, Olá!
Emma realmente olhou para ver se alguém tinha entrado em seu quarto, em seguida, percebeu que ele estava reagindo a algo na tela de seu computador.
— O que é isso? — ela perguntou, esticando-se e tentando ler sobre seu braço.
— Tammy Dietrich está de volta. — disse ele, inclinando-se para ler mais de perto.
Emma levantou.
— Como você sabe?
Ele indicou o relatório em sua tela.
— Eu tinha alguém vigiando seu escritório. Ela apareceu por lá esta manhã, parecia muito suspeita. Chapéu enorme e óculos de sol, mas era realmente ela. Aparentemente, ela ouviu sobre a morte prematura de Max e decidiu que era seguro voltar para casa.
Emma suprimiu uma onda de medo.
— Quais são as últimas notícias da polícia sobre isso? Quero dizer, sobre a morte de Max.
— Eles estão achando que foi uma invasão de domicílio que deu errado. Terminando com Grafton baleado e morto defendendo a sua família.
— A polícia está acreditando nisso?
Duncan bufou com desdém.
— Nenhum dos herdeiros de Max queria que as autoridades mexessem muito nas atividades extracurriculares do velho Max, e especialmente nas suas finanças. Eles decidiram deixá-lo morrer como um herói.
— Bastardo. — disse Emma, fingindo que era só raiva que fazia seu estômago se apertar.
Duncan não era bobo, é claro. Ele a analisou e disse: — Você fez a coisa certa, Emma.
— Sei disso. Ele estava tentando te matar e matou Lacey.
— E a morte dele ainda te incomoda.
Emma franziu o cenho.
— Não por ele estar morto, é apenas...
— Tudo bem, Emmaline. Matar um homem nunca é fácil. — ele estudou seu rosto como se tentasse decidir algo. — Eu poderia apagá-lo, você sabe. Fazer você esquecer.
Emma olhou para ele. Ele esperava que ela rejeitasse a ideia imediatamente. Ela podia dizer pela forma cuidadosa que ele sugeriu e pelo jeito que estava olhando para ela agora, ele esperava que ela explodisse. Mas ela não o fez. Odiava-se por isso, mas considerou seriamente deixá-lo apagar a coisa toda - a culpa fora de lugar, o medo de que houvesse algo errado com ela que podia matar um homem a sangue frio como fez, mesmo que ele merecesse.
— Eu posso querer fazer isso um dia. — disse ela finalmente. — Mas ainda não.
Duncan sorriu de alívio, seus olhos se tornando aquele marrom quente que o fez parecer tão humano.
— Quando você estiver pronta.
Seu telefone tocou, o que era inesperado. Era domingo à noite e ele decidiu que os domingos seriam só deles. Ele tinha dito a Miguel e aos outros para não incomodá-lo, a menos que fosse alguma coisa urgente. Emma franziu o cenho, mas Duncan sorriu. Inclinou-se e pegou o telefone celular sem sequer verificar a identificação da chamada.
— Senhor. — disse ele. Seu tom era uma mistura de carinho e respeito. — Estamos bem. — continuou ele, obviamente respondendo à pergunta de quem ligou. — Nenhuma casa permanente ainda, mas virá logo. E todo mundo aí? — ele riu, sua linguagem corporal estava relaxada e fácil. Emma raramente viu Duncan assim, exceto com ela.
— Tão cedo? — ele perguntou agora. — Bem, isso é verdade. — ele ouviu um pouco mais, em seguida, disse: — Ela irá comigo. — ele riu de novo e acrescentou: — Deve ser interessante.
Emma olhou para ele de cara feia, já que claramente estava falando sobre ela. E o que podia ser tão interessante?
— Eu espero, Senhor. Até lá.
Ele desligou e jogou o telefone de volta na mesa.
— Sobre o que era? — ela perguntou.
— Era Raphael.
Ela já sabia disso. Havia apenas uma pessoa que Duncan chamava de Senhor, porque só havia um senhor para Duncan.
— Eu sei disso. — disse ela. — Pra que ele estava ligando? — E o que foi tão engraçado? Ela queria acrescentar, mas não o fez.
— Há uma reunião do Conselho Vampiro em duas semanas. — disse Duncan, dando-lhe um sorriso brilhante. — Nós vamos para a Califórnia.

Epílogo
 
Lucas Donlon, Lorde Vampiro, governante de uma fatia da América do Norte que os vampiros chamavam de Territórios Planos, esquadrinhou a sala de conferências por trás de seus óculos de sol. Ele não precisava dos óculos. O anfitrião desta reunião era Raphael, e ao contrário do lunático Krystof, que tinha hospedado a última reunião do Conselho Vampírico da América do Norte, Raphael nunca teria nada tão asqueroso como iluminação fluorescente em sua sala de conferências. Mas Lucas manteve os óculos de qualquer maneira. Tornava mais fácil manter seus pensamentos para si mesmo, entre outras coisas. Havia demasiados curiosos entre seus colegas Lordes vampiros, e como todos tinham jurado não invadir as mentes uns dos outros, estavam reduzidos a procurar pistas visuais. Que maldita piada isso era.
E que grupo alegre eles eram, também. Oito vampiros estavam sentados em torno de uma mesa de conferências que poderia facilmente ter sentado quatro vezes esse número, porque eles não confiam uns nos outros o suficiente para sentar mais perto. Ou talvez tenha sido por não terem vontade de chegar mais perto. Eles se encontravam uma vez por ano para discutir assuntos de interesse mútuo, mas dificilmente eram amigos. Na verdade, eles não eram amigos de ninguém. Lucas contava apenas um dos que estavam sentados nesta mesa como um amigo, e esse era Duncan. Alguns dos outros eram amigavelmente antagonistas, enquanto um era um inimigo declarado, e dois eram tão novos no Conselho que Lucas não tinha opinião. Rajmund, ele pelo menos conhecia pelo longo serviço como tenente do vampiro finalmente morto Krystof - esse era um vampiro que era necessário abater. Mas do mais recente membro de seu círculo de agosto, Sophia, ele nunca tinha ouvido falar até que ela apareceu como Senhora dos Territórios Canadenses. Não que ele desse a mínima de qualquer maneira. Enquanto ela respeitasse as fronteiras, ele respeitaria as suas.
— O seu voto, Lucas? — a profunda voz de Raphael interrompeu a contemplação de Lucas dos seus grandes companheiros. Lucas não se moveu de sua posição desleixada na mesa oval. Ele desviou o olhar para Raphael e baixou os óculos o suficiente para olhar sobre eles.
— Afirmativo. — ele disse, sem rodeios, em seguida, levantou os óculos para cobrir os olhos mais uma vez. Se os deuses ajudassem, os outros votariam da mesma forma e todos poderiam dar o fora daqui. Não que Malibu fosse um lugar ruim para estar. Ele só não gostava muito da companhia.
Pareceu levar uma eternidade, e ele teve de suportar, ou ignorar, mais do que um discurso chato, mas, eventualmente, todos os outros votaram para afirmar Duncan como Senhor do Território da Capital. Era o único território que exigia tal votação, e só por causa das demandas exclusivas impostas a seu senhor. Todos tinham concordado com a condição cerca de um século atrás, até mesmo Victor que tinha rido no momento, assumindo que nunca iria se tornar um problema. Idiota arrogante que era, nunca entendeu que ele era o problema. O resto deles estava esperando desde então que alguém abatesse o bastardo. Graças a Deus que isso finalmente aconteceu, e graças a Deus que foi Duncan a fazê-lo. Lucas não achava que ninguém mais poderia ter obtido a aprovação plena do Conselho.
— A decisão passa. — disse Raphael, afirmando o óbvio. Ele levantou quase imediatamente, parecendo tão ansioso quanto o resto deles para encerrar a reunião. Provavelmente mais, uma vez que era a sua casa que havia sido invadida pelos senhores e seus detalhes de segurança.
Lucas desdobrou-se da cadeira, se empurrando para trás da mesa com o mesmo movimento. Ele esperou enquanto os outros correram para fora da porta, uns poucos parando para felicitar Duncan, incluindo Raj, que fez uma pausa longa o suficiente para apertar as mãos. Raj e Duncan foram tenentes de seus respectivos senhores durante muito tempo. Lucas supunha que isso criou certa familiaridade entre ambos. E seus territórios compartilhavam uma fronteira, por isso não poderia machucar que eles fossem pelo menos amigáveis. Naturalmente, a sua própria amizade com Duncan ia muito mais longe do que isso.
Raphael foi o último a sair, seus olhos negros prenderam o olhar de Lucas por um longo momento, apesar dos óculos, até que, finalmente, ele murmurou algo para Duncan e desapareceu entre as grandes portas duplas. Duncan sorriu para Lucas enquanto fazia o seu caminho em torno da mesa.
— Duncan. — disse Lucas calorosamente. — Parabéns.
Duncan apertou a mão estendida.
— Você pode tirar os malditos óculos agora.
Lucas riu e colocou os óculos desnecessários no bolso do paletó.
— Eu só os uso para irritar Raphael. Alguém tem que manter o grandalhão humilde.
— Tarde demais, meu amigo. Esse navio navega há muito tempo.
— Sim, bem, eu faço o que posso. Você vai sair imediatamente?
— Amanhã. Nós vamos passar a noite, mas há muito a fazer em DC para permanecer longe por mais tempo.
— Nós, não é? Eu ouvi dizer que você encontrou uma doçura por lá.
— Eu poderia facilmente estar me referindo a Miguel e Louis. — disse Duncan suavemente.
— Mas você não estava. Está tudo no nós, meu amigo. Então, ela é uma doce menina antiquada do Sul? Alguém para esfregar os pés e lavar as meias?
Duncan riu.
— Dificilmente, embora Emma consiga ter influências do sul e ser doce quando quer. Ela está em algum lugar. Bebendo vinho com Cynthia, a companheira de Raphael, acredito, embora eu provavelmente deva localizá-la. É assustador pensar em que problemas essas duas poderiam entrar.
Lucas aceitou a declaração de Duncan pelo que era, uma maneira educada de reconhecer que ele sabia que Raphael estava esperando para se encontrar com Lucas.
Duncan foi o tenente e confidente de Raphael por quase cento e cinquenta anos, e mesmo que a sua tomada de posse como Senhor da Capital o afastasse das operações diárias de Raphael, não mudava nada sobre a sua amizade. Assim como a nova tomada de posse de Duncan não mudava nada a amizade que ele tinha com Lucas.
Eles saíram juntos, indo por caminhos separados depois de apertar as mãos mais uma vez e prometer ficar em contato. Duncan voltou para as escadas, enquanto Lucas seguiu ao longo do corredor, indo para o escritório de Raphael na outra ala. Ele havia deixado seus seguranças no andar inferior, não querendo quaisquer testemunhas do que as necessárias para esta reunião. Ele confiava em seu povo, na maior parte, mas não estava em perigo dentro da propriedade de Raphael, por isso não havia razão para arriscar.
As portas negras e entalhadas abriram com sua aproximação, e ele considerou colocar os óculos de sol novamente. Descartou a ideia quase imediatamente, no entanto. Eles tinham negócios a discutir, e Raphael nunca tinha apreciado a abordagem irreverente de Lucas a assuntos sérios.
Raphael observava por trás de sua mesa enquanto Lucas entrava na sala. As portas se fecharam atrás dele com uma lufada de ar, mal deixando entrar sua bunda. Lucas sorriu brevemente, mas se aproximou da mesa e se curvou pela cintura em um gesto sincero de respeito.
— Sire. — disse ele. — Obrigado por me receber.
Raphael estudou-o por um momento suspeito, então, apontou para as duas cadeiras confortáveis ??na frente da mesa.
 — Sente-se, Lucas. Onde estão seus óculos de sol?
Lucas riu em seguida.
 — Duncan me disse para não usá-los.
Raphael permitiu um sorriso no canto de sua boca.
— Diga-me o que está acontecendo.
— É Klemens. — disse Lucas referindo-se ao Lorde Vampiro do Centro-Oeste que o estava encarando através da mesa momentos antes. — Ele anda fuçando em minha fronteira. Eu ignorei até a tomada de posse de Duncan ser confirmada, porque você me pediu e porque era algo que ambos queríamos. Mas não posso ignorar por mais tempo. Meu próprio povo está começando a duvidar que tenho vontade de manter meu território.
— Filho da puta. — Raphael xingou. — O que ele quer?
Lucas deu de ombros.
— Eu suspeito que ele quer todos os meus Territórios Planos para combinar com o seu. Sempre o irritou que o seu seja maior do que o dele. — ele pontuou esta afirmação com uma piscadela irreverente, que Raphael ignorou. — Porém ele vai se contentar com qualquer coisa que consiga tirar de mim. — Lucas continuou. — E eu não vou deixar isso acontecer.
— Não. — Raphael concordou. — Então, o que você vai fazer?
— Nada até depois da próxima semana.
— Por que na próxima semana?
— O FBI está vindo para me ver. — disse Lucas, relaxando agora que o verdadeiro motivo da reunião estava resolvido.
— O FBI? — Raphael disse. — O que você fez agora?
— Senhor! — Lucas disse, colocando a mão sobre o coração e fingindo estar ferido pela acusação. Raphael lhe deu um olhar de repulsa, de modo que Lucas disse: — Eu não fiz nada, que eu saiba. Uma garota do FBI ligou. E não apenas a nós. Ela chamou o xerife local, também. Reivindica que está à procura de uma pessoa desaparecida e acha que desapareceu na nossa área. Eu verifiquei com o meu povo e ninguém ouviu falar dele. Se ele está perdido, foram os humanos ou as Badlands que o levaram, não nós.
— E quando ela for embora?
— Depois que ela se for, senhor. — disse Lucas sério. — Haverá guerra.
área. Eu verifiquei com o meu povo e ninguém ouviu falar dele. Se ele está perdido, foram os humanos ou as Badlands que o levaram, não nós.
— E quando ela for embora?
— Depois que ela se for, senhor. — disse Lucas sério. — Haverá guerra.

 

 

                                                                                                    D. B. Reynolds Aden

 

 

 

                                          Voltar a Série

 

 

 

                                       

O melhor da literatura para todos os gostos e idades