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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


Vampiros Na América / Vol. 6.2
Vampiros Na América / Vol. 6.2

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

Lucas abriu os olhos, sentindo-se incomodado e não em todo relaxado com seu sono do dia. Ele raramente acordava desta forma, mas, em seguida, ele raramente sonhava. E nunca desde a única vez que ele visitou o Castelo Donlon como uma criança. Essa visita marcou o fim de sua inocência. Tudo se desfez depois, embora como um adulto ele compreendesse que as coisas pioraram durante algum tempo antes disso. Sua mãe perdeu a posição de costureira, que era o fio fino entre eles e a fome. Desespero a levara de volta para Kildare, a sacrificar o seu orgulho na esperança de obter a ajuda de seu pai, antes que fosse tarde demais.
Se ela estivesse disposta a jogar fora seu filho naquele dia, jogar fora Lucas, teriam os levado de volta. Ele entendia agora, também. Brighid era sua única filha, e o velho Donal Donlon tinha estado desesperado para garantir um herdeiro para sua propriedade, alguém em uma linha direta para si mesmo. Sua esposa, a mãe de Brighid, era muito velha para ter outro filho, e a igreja não iria deixá-lo jogá-la de lado. Então, ele tinha estado disposto a assumir Brighid de volta, para casá-la com alguém aceitável para as suas necessidades, não a de Brighid, na esperança de garantir um herdeiro legítimo.
Mas a mãe de Lucas o amava, apesar das circunstâncias de sua concepção. Ele não tinha entendido o que significava estupro aos seis anos, mas ele o fez mais tarde. E ele ficou maravilhado de que sua mãe o amava, apesar de ele a amar tão ferozmente que ele nunca duvidou disso, nem por um momento.
Mas o amor não coloca comida na mesa, não paga o aluguel do seu quarto lamentável. Então, ela vendeu a única coisa que lhe restava. A si mesma. Ele ainda se envergonhava que ela tinha sido forçada a situação tão precária por causa dele. Era por isso que ele raramente pensava sobre esses tempos. Por que ele não iria pensar sobre eles  ais esta noite também.

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Ele se sentou e respirou profundamente em seus pulmões. E ele pensou em Kathryn. Ele agarrou o celular da mesa ao lado e digitou seu número. Foi para o correio de voz, então ele desligou e ligou para o motel.
— Motel. — Disse uma voz de homem, aparentemente sentindo nenhuma obrigação de anunciar que motel, já que havia apenas um na cidade.
— Hunter, quarto dezoito. — Lucas solicitou.
— Não. Ela saiu esta manhã.
Lucas congelou. — Ela o quê? — Ele perguntou com uma voz tão fria que o pobre gerente gaguejou sua resposta.
— Ela saiu, senhor. A primeira coisa que fez esta manhã.
Lucas desligou e soltou o telefone antes que ele o esmagasse. Ela correu. Ele sabia que havia algo estranho com suas emoções quando ela o deixou esta manhã, e agora ele entendeu. Não é que ela não sentisse nada por ele, porque ele sabia que ela sentia. Ela o queria tanto quanto ele a queria ontem à noite, e até esta manhã ela claramente queria ficar. Então, por que deixar a cidade de forma tão abrupta?
Ele estalou os dedos, uma vez que compreendeu. Kathryn era uma maníaca por controle. Por que diabos ela mais tinha se tornado uma agente do FBI, um desses clones tensos de rigidez em seus ternos e gravatas idênticas? Isso esteve escrito em cima dela na primeira noite que ela o encontrou, em sua blusa abotoada e terninho. Sempre no controle. Mas não havia tal coisa quando se tratava de sentimentos, especialmente quando as faíscas voavam como se estivessem entre eles na noite passada. Kathryn não fugiu porque ela não o queria, mas porque ela queria. E isso a aterrorizava. Finalmente algo que não podia controlar, de modo que ela fugiu do local, em vez de enfrentá-lo. Ele pegou o celular de novo, com a intenção de ligar para ela por sua covardia óbvia, mas mudou de ideia. Ele não precisava mendigar a atenção de uma mulher. Elas geralmente imploravam para ele. Esta não, e isso o irritou. Mas havia outras formas de encurralar sua pessoal agente do FBI, e ele tinha a intenção...
Seu telefone tocou. — Sim, Nick. — Ele respondeu.
— Senhor, nós temos um alvo para retaliar contra Klemens.
Lucas rosnou profundamente. — Porra. Onde ele está?
— Rockford. Cem quilômetros de Chicago, mais ou menos.
— Nós vamos ter que voar. Prepare o jato, e ligue para Minneapolis. Klemens vai saber a hora que eu cruzar a fronteira, então eu quero um helicóptero esperando por nós no terreno, em Chicago. Vamos de lá para Rockford. E diga a Thad que ele é convidado para a festa. Ele pode trazer qualquer um de seus sobreviventes que podem lutar. Nenhum civil. Só guerreiros. Isso não vai ser bonito.
— Sim, meu senhor, quando?
— Traga os SUVs em dez minutos. Retaliação é uma cadela, meu amigo.

Capítulo 11
Thad esperava por eles quando eles desembarcaram no Executive Airport de Chicago, localizado em um subúrbio ao norte da cidade. Chicago era cidade natal de Klemens em todos os sentidos da palavra. Nasceu lá como um ser humano e, agora, governava a partir de lá como um vampiro. Ele já sabia que Lucas tinha atravessado em seu território, embora ele não soubesse exatamente onde ainda. E no momento em que ele descobrisse, Lucas estaria em movimento. Lucas não invejava os vampiros mais próximos de Klemens esta noite. Eles estariam arcando com o ônus da ira do senhor vampiro, e rumores diziam que Klemens não poupava ninguém quando ele estava descontente.
— Eu trouxe apenas dois do enclave, meu senhor. — Thad estava dizendo. — Mais queriam vir, mas você disse que só lutadores.
— Absolutamente. Isto vai ser sangrento, Thad. Eu sei que você pode lidar com isso, mas o que acontece com os outros?
— Ambos lutadores qualificados, meu senhor, e bem motivados.
— Eu confio em seu julgamento. Zelma. — Disse ele, voltando-se para cumprimentar o chefe de seu ninho em Minneapolis quando ela se juntou a eles. — Tudo pronto?
Zelma estava vestida com as mesmas roupas de combate pretas que os homens. Nem em seus um metro e sessenta de altura, ela era diminuída por Lucas e os outros guerreiros, mas era toda músculos e habilidade. Feminina ou não, Lucas viu sua luta e não tinha escrúpulos, incluindo-a na noite de festividades.
— O helicóptero de transporte está esperando, meu senhor — respondeu ela. — Com Thad e mais três e seus dez, seremos vinte fortes homens quando chegarmos lá.
Eles foram pela pista em uma rápida caminhada, indo para o helicóptero esperando. — Você reconhece o local? — perguntou Lucas.
— Enviei dois batedores à frente assim que Nick ligou. Eles dirigem, tendo dois SUVs separados, apenas no caso de que precisemos de transporte terrestre, uma vez que chegarmos lá.
— Bem pensado. O que você sabe sobre o lugar?
— É uma casa antiga, de dois andares, de tijolos, em nove hectares, o que é um ponto ao nosso favor. É um inferno fazer batalha em uma porra de um subúrbio. Este lugar tem muitas árvores, muita cobertura. Há apenas uma maneira de se aproximar de carro. Ele atravessa um pequeno riacho com uma ponte. Um galpão antigo, que não acho que está sendo usado de qualquer forma. No último relatório que tive, um deles estava tentando chegar mais perto para ter certeza, e talvez obter uma contagem de cabeça de dentro da casa.
— Eu não quero que o povo de Klemens seja avisado, Zelma. Se ele não pode fazê-lo em silêncio, diga para se afastar.
— Eu disse a ele o mesmo, meu senhor. Ambos sabem as regras do jogo. — O telefone tocou, e ela verificou a tela.
— Os batedores. — Disse a Lucas, em seguida, respondeu à chamada. —Fale comigo.
Enquanto Zelma recebia o relatório, Lucas e os outros estavam subindo a bordo do helicóptero, ficando situados entre os vampiros já no interior. Lucas e Nick se sentaram em dois dos lugares mais para frente. Os outros foram mais para o fundo dentro do compartimento de passageiros. Ele disse alguma coisa, Lucas pensou consigo mesmo, que ele sentiu a necessidade de possuir esses três helicópteros de transporte pesados. Suas disputas fronteiriças com Klemens vinham acontecendo a muito tempo, quase desde o primeiro dia que Klemens conquistou o Midwestern Territory para si mesmo. Klemens nunca esteve satisfeito com os limites de suas propriedades, mesmo que os limites fossem desenhados e bem estabelecidos muito antes de ele chegar ao poder. Lucas foi dominante no Plains Territory por quase cem anos antes de Klemens aparecer. E o filho da puta era um espinho em seu lado desde então.
Ele olhou quando Zelma subiu no helicóptero. Nick levantou-se, deixando-a tomar o assento entre eles, de modo que ambos podiam ouvir seu relatório.  Antes que ele se sentasse novamente, inclinou-se na cabine do piloto e deu a ordem para decolar.
O ruído do helicóptero se intensificou rapidamente. Lucas pegou o fone de ouvido que pairava sobre sua cadeira e o colocou, como Zelma e Nick fizeram. Zelma olhou para Lucas e vendo-o mexer a cabeça para um ipad exibindo não somente uma foto da casa como também um mapa dos arredores.
— Klemens comprou este lugar há dez anos. A velha lista de imóveis ainda está lá, e meu computador puxou a plataforma de registros. Os batedores as têm também, e disseram que é bastante precisa. Não mostra a paisagem circundante, é claro, mas eu estou mais interessada na estrutura.
Lucas assentiu. — E quanto a números?
— O batedor que checou não é vampiro mestre, então foi só uma estimativa. Ele diz que há mais de dez e menos de vinte. Todos no térreo e ele acha que no porão.
— Uma caverna, é quase certo. — Comentou Nick.
— Concordo. — Disse Zelma. — E nós temos que assumir que o número de combatentes está na parte alta da sua estimativa. Se for menor, tudo bem. Se não, nós estamos preparados.
— Eu não estou preocupado com números — Lucas lembrou, impaciente. — Eu vou saber quem está naquela casa assim que estiver em cena.
Zelma abaixou a cabeça, claramente envergonhada. — Desculpas, meu senhor.
Lucas acenou com compreensão. Ele podia sentir o desejo de batalha começando a crescer nos vampiros, enchendo o grande helicóptero, a fome de sangue e violência. Zelma era uma vampira forte e uma boa líder, mas isso não estava imune a ela, também. Mesmo os olhos de Nick estavam começando a brilhar em toda a borda quando o seu poder aumentou em resposta ao ar espesso de violência, e Nick viu mais batalhas ao lado de Lucas do que alguém aqui. Lucas pegou o iPad de Zelma e estudou o alvo. Não havia cobertura diretamente ao redor da casa. Eles estariam se aproximando a céu aberto e ascendente, mas se o povo de Klemens não estivesse esperando por eles, não devia ser um problema. A questão era se Klemens tivesse enviado um alerta para todos seus vampiros quando percebeu que Lucas passou por sua fronteira.
— Você pode chamar seus batedores sem dar a sua posição? — Questionou a Zelma.
— Sim, meu senhor.
— Faça isso. Pergunte se eles já viram alguma indicação de que o povo de Klemens foi avisado, qualquer súbita explosão de atividade de guarda.
— Klemens sabe que você está aqui. — Ela adivinhou com precisão.
— Claro. Mas acha que ele avisou a este quartel em particular?
Os polegares de Zelma voavam enquanto ela optava por contatar seus batedores através de mensagem. Estava ficando muito ruidoso dentro do helicóptero para nada além uma conversa gritada. Seu sorriso aumentou quando ela leu a resposta e quando olhou para cima, seus olhos estavam vermelhos com ânsia.
— Nada, meu senhor. Eles localizaram um único vigia e vão apanhá-lo em seu comando.
Lucas fez uma careta. Se esta fosse uma de suas áreas de treinamento de fronteira, teria, pelo menos, dois lutadores em patrulha, em todos os momentos. Por outro lado, esta casa não estava tão longe da principal sede de Klemens, em Chicago, por isso, talvez eles se sentissem seguros o suficiente para não se incomodar. Eles aprenderiam quanto errados estavam em breve.
— Diga a eles para aguardar, esperem até eu chegar lá. Quero ver por mim mesmo antes de se comprometer com qualquer coisa. — Ele apertou um botão e falou com o piloto através de seu fone de ouvido. — ETA?
— Doze minutos, senhor. Estamos descendo você em um campo em uma milha de distância em direção do vento. Eles não devem ouvir qualquer coisa.
— Excelente. — Uma corrida de uma milha não era nada para os seus vampiros, mas ele teria que ter certeza de que conheciam o plano de batalha acontecendo. Uma vez que eles estivessem no chão e correndo, estariam na caça, o seu sangue fluindo quente, bombeando adrenalina.
Lucas sorriu ferozmente. Isso seria doce.

* * *

Lucas ficou perfeitamente imóvel e olhou para a casa antiga. Como a foto que Zelma mostrou, era de tijolos de dois andares antigos com um inclinado telhado e uma pequena varanda com sol para um lado. Ele deixou seu poder percorrer levemente sobre a casa, deslizando em cada fenda, armário e closet, a cada degrau e para baixo no porão. Ele sorriu. Klemens ia ficar furioso.
— Dezessete vampiros, um mestre. — Ele murmurou. — E nenhum ser humano. — Este último foi um alívio. Os seres humanos teriam complicado sua tarefa hoje à noite. Ele lidaria com o próprio mestre, apesar de Nick ou mesmo Zelma provavelmente poder fazer isso também.
— Os batedores tinham razão, apenas um vigia. Acabe com ele. Silenciosamente, Zelma. Não quero sinos de alerta. Estamos indo quente. A blitz de ataque deve cercar a casa com força esmagadora. Eles claramente não esperam ninguém.
Zelma disse uma única palavra em seu microfone de garganta. Todos usavam equipamento de comunicação similar, exceto Lucas. Ele não precisava de eletrônica para comunicar-se com seus vampiros, nem uma vez ele desencadeou a plena medida de seu poder.
— Pronto, meu senhor. — Zelma e Nick sussurraram quase ao mesmo tempo.
Lucas subiu o morro lentamente, lançando as ligações em seu poder um pouco mais a cada passo que dava. Viver entre os seres humanos significava vestir uma máscara. Não apenas um rosto agradável para os moradores verem, mas amarrar seu poder firmemente para que ele pudesse andar na rua sem esbofetear os seres humanos e vampiros de lado, sem sacudir as paredes quando ficava com raiva, ou enviar salas inteiras cheias de seres humanos em um pânico irracional que eles não entenderiam. Ele era um senhor vampiro. Ele era o poder encarnado, mas ele raramente mostrava sua verdadeira face para o mundo.
Hoje era um desses momentos, e ele se deleitava com a beleza da coisa, como seu poder fluía para fora, em torno dele, à espera de ser aproveitado, à espera do gosto do sangue de seu inimigo. A escuridão em torno de Lucas iluminava como fogo dourado quando seus olhos refletiam o aumento de seu poder. Ventos não naturais começaram a se lançar em cima das árvores cada vez mais fortes até que as próprias árvores se curvaram diante dele, troncos grossos gemendo quando cederam à força imparável.  Lucas estendeu os braços para frente, reunindo o vento e jogando na casa. Ele bateu com um estalo de trovão. Janelas bateram abaladas. Telhas voaram do telhado, e a sala entrou em colapso.
De dentro da casa, ouviu os primeiros gritos de choque e medo. Não importava o quão forte os guerreiros de Klemens eram, eles acabaram de se tornar consciente do monstro esperando lá fora no escuro. E eles sabiam que a morte veio chamar.
— Vá. — Lucas sussurrou para o vento, e cada um de seus vampiros o ouviu como se ele tivesse falado diretamente para eles. They respondeu com um rugido, arrebentando portas e janelas, correndo para a casa de todos os lados, gritando por sangue. Lucas lançou sua essência mais profunda dentro da casa, semeando o ar com terror, como todos os seus pesadelos que seus inimigos nunca sonharam. A gritaria começou quando seus vampiros atacaram, o incrédulo gritos de seres quase imortais quando eles morreram.
A atenção de Lucas foi atraída para um único vampiro em um canto da casa, perto da lareira. Ele era o vampiro mestre, o mais forte das Criaturas de Klemens. — Meu. — Disse ele, e atravessou o buraco onde a porta da frente esteve uma vez.
Vários dos vampiros de Lucas o cercaram enquanto caminhava para frente. A luta ainda assolava profundamente na casa, alguns teimosos segurando-se contra o inevitável. Mas o vampiro mestre esperava por Lucas, agachado em posição de ataque, os dedos se curvaram em garras e presas pingando sangue sobre seu lábio inferior. Seus olhos estavam selvagens com medo quando ele olhou para Lucas, mas eles estavam cheios de determinação, também. Ele era muito jovem para saber que o seu destino já estava lançado. Ainda assim, Lucas teve que admirar sua coragem em manter fora o tempo que ele tinha e em permanecer de pé de qualquer forma, em face ao poder de Lucas.
Hora de acabar com isso.
— Ajoelhe-se. — Lucas comandou baixinho e levou o vampiro de joelhos com um golpe do poder.
O jovem mestre grunhiu de dor, quando os joelhos se estalaram contra o piso de madeira.
— Quais são as ordens de Klemens?
O vampiro olhou para os vampiros ao redor, em seguida, encontrou o olhar de Lucas desafiadoramente. Ele sabia, como Lucas também, que Klemens estaria a caminho logo, se ele já não estivesse. A invasão do território de Klemens por Lucas teria sido suficiente para colocar o senhor vampiro de Chicago em alerta, mas a violenta morte de muitos de seus vampiros de uma só vez seria um farol dizendo a ele que Lucas atacara. E este jovem vampiro mestre pensou que ele poderia aguentar até seu pai chegar.
Lucas sorriu. — Ele nunca chegará aqui a tempo. — Disse o vampiro quase com tristeza. — Eu estarei muito longe.
O vampiro piscou quando percebeu o significado das palavras de Lucas, mas permaneceu desafiador.
— Eu posso ler de sua mente, rapaz. — Lucas rosnou impaciente. — Será menos doloroso se você me dizer.
O vampiro respondeu cuspindo uma bola de sangue aos pés de Lucas, e Lucas riu. — Eu gosto do seu espírito. Muito ruim desperdiçá-lo em um bastardo como Klemens. Que seja a maneira mais difícil, então.
Lucas crivou seu poder no cérebro do jovem mestre, imobilizando-o. Ele se lançou rapidamente através da memória recente, vendo a cara de ódio do Klemens e um cofre. Na caverna.
Ele retirou-se da cabeça de seu cativo e deu um passo para trás. O vampiro estava caído para frente, a cabeça pendurada, o queixo quase descansando em seu peito. Mas ele ainda respirava. Lucas o considerava seu prisioneiro. Ele tinha tudo o que precisava de um presente, ou pelo menos tudo o que o vampiro tinha que dar a ele. A única coisa que restava é a morte. Ele não podia se dar ao luxo de deixar um vampiro inimigo vivo, mas ele poderia matá-lo sem dor.
Com o que foi claramente um esforço supremo, o jovem vampiro mestre ergueu a cabeça. Seus olhos estavam sem foco, e ele piscou várias vezes antes que ele fosse capaz de encar Lucas com ódio mais uma vez. — Meu senhor vai matar você — ele disse asperamente. — Eu vou te ver no inferno.
— Provavelmente. — Lucas respondeu alegremente, em seguida, bateu com o punho no peito do vampiro e arrancou seu coração. — Mas você vai ver o seu amado Senhor lá muito antes de me ver.
O vampiro se desfez em pó. Os vampiros de Lucas xingaram e recuaram rapidamente para evitar serem salpicados com isso. Por que eles se preocuparam, Lucas não sabia, uma vez que já estavam pintados com o sangue de seus inimigos.
— Nicholas. — Disse ele, quase casualmente.
— Senhor?
— Há um cofre no porão. Eu quero tudo o que está nele. Tudo. Zelma, traga o helicóptero até aqui para nos pegar, então pegue dois do seu povo para conduzir os SUVs. Eu quero que eles saiam antes de nós sairmos.
Enquanto Nick e Zelma corriam para seguir suas ordens, Lucas olhou ao redor da casa demolida. Seu povo a havia tomado literalmente, vindo de todos os lados. Cada porta e janela, ele colocou os olhos na estrutura destruída, e alguém realmente atravessou a parede da varanda. O ar era grosso com a poeira de muitos vampiros mortos. Era um cheiro de mofo, com uma sobreposição de sangue velho. Ele ouviu o helicóptero vir a pairar e caminhou de volta pela casa rapidamente. Ele não se incomodava com o cheiro de seus inimigos mortos, mas ele não queria estar coberto de pó deles também. Ele continuou até que estava sob as árvores escuras, em seguida, tomou um momento para lançar a sua consciência, procurando por Klemens.
Ah. Lá estava ele. E tão louco como uma galinha molhada.
Nicholas, enviou à mente de seu tenente. Obtenha todos no helicóptero agora.
Ele sentiu a atenção de Nicholas e, em seguida, as emoções urgentes de seus guerreiros vampiros quando eles correram para obedecer. Os SUVs já se foram, suas lanternas vermelhas piscando através das árvores quando eles se voltaram para a estrada principal, indo longe de Chicago para evitar passar na entrada de Klemens.
Eles foram para a fronteira de Iowa, que era território de Lucas a menos de uma centena de quilômetros de distância. Em velocidades de vampiro, era pouco mais de uma hora de carro. Lucas e suas tropas de helicóptero voariam diretamente para Minneapolis. O jato que os levara para Chicago já tinha partido e esperava por eles lá. Mas Lucas teria cama para o dia em Minneapolis novamente. Embora, desta vez, ele estaria dormindo em seu apartamento de cobertura privado, não escondido no cofre do porão da casa em Minneapolis, não importa o quão confortável era.
Entre o sol aparecendo e sua adrenalina falhando, Lucas estava definitivamente pronto para descansar. Ele ficou satisfeito com o trabalho da noite, no entanto. Ele tinha apontando o dedo e voado em outro território para o ataque e, em seguida, destruído dezessete guerreiros do senhor vampiro inimigo e roubado todos os dados que havia no cofre. Foi uma noite muito gratificante, sem dúvida, uma para os garotos bons – que ele não tinha dúvida de que ele e seus vampiros eram. Ele estava ansioso para cair na cama gigante que ele fez sob medida para sua cobertura em Minneapolis. Só uma coisa era necessária para tornar a noite perfeita. Kathryn Hunter. Mas de alguma forma ele duvidava que ela estivesse esperando por ele.

* * *
Minneapolis.

Kathryn acordou lentamente, confusa com a ausência completa de luz. Ela teve um total de dois segundos de alarme antes de registrar os sons e o cheiro de um hotel. Certo. Minneapolis. Hotel. Cortinas, blackout. Ela dirigiu o dia inteiro ontem, com a intenção de confrontar Carmichael em sua galeria na última noite. Mas ela estava tão cansada no momento que chegou às Twin City que ela sabiamente adiou o confronto e caiu direto na cama em vez disso. Ela pode carregar um crachá, mas Carmichael era um vampiro, e ela não era nem um pouquinho suicida. A última coisa que ela queria era desafiá-lo quando estava cansada demais para pensar direito.
Ela se atrapalhou com seu telefone celular para verificar a hora e ficou surpresa ao ver que conseguiu dormir várias horas. Claro, agora ela estava bem desperta e enfrentaria um dia inteiro sem nada a fazer, senão esperar pelo pôr do sol e vampiros.
Ela saiu da cama e foi à máquina de café. Com a primeira xícara salva-vidas de cafeína queimando seu caminho através de seu estômago, ela olhou para o e-mail, na esperança de que houvesse algo de Daniel, ou mesmo a sua agente, Penny. Mas sem sorte. Não que ela realmente esperasse.
Procurando maneiras de matar o tempo que não envolvesse televisão durante o dia, ela decidiu colocar no papel tudo o que ela sabia, uma linha do tempo começando com as últimas atividades conhecidas de Dan e adicionando tudo o que descobriu até agora. Isso levou uma hora e não chegou a lugar nenhum. Ela não precisava de uma ajuda visual para saber os detalhes deste caso. Elas foram impressas na parte de trás do seu cérebro. Ela os via sempre que fechava os olhos, como um monitor de vídeo sem parar que apenas repetia uma e outra vez.
Finalmente, em uma tentativa de manter o pouco de sanidade que restava, ela vestiu sua roupa de treino, incluindo as leggings de inverno que ela embalou especialmente para esta viagem, e tomou o elevador até o lobby. O hotel tinha uma academia, mas o que ela realmente precisava era de um pouco de ar fresco e luz do sol.
Havia um grupo de homens de terno monopolizando a recepção, então ela andou até o balcão de atendimento. Enterrado em meio a muitos folhetos turísticos, ela encontrou um mapa de um corredor que detalhou várias rotas excelentes, discriminadas por resistência e nível de treinamento. Já que corria todo dia sem contar os treinos que fazia nas trilhas de cross country da agência, ela escolheu a rota mais desafiadora, puxou o capuz sobre sua camiseta e saiu para a manhã ensolarada de Minneapolis.
No meio do caminho, ela encontrou-se perto do mesmo shopping enorme onde comprou o vestido preto que usara no clube de Lucas na sexta-feira, há apenas dois dias. Lembrar quando ela usou o vestido a fez recordar de quando Lucas a ajudou a tirar o vestido, que, em seguida, lembrou-lhe o sutiã branco liso que usava por baixo do vestido. Ela franziu o cenho. Seus sutiãs de trabalho comuns foram os únicos que ela embalou, diferente do seu sutiã esportivo, o que era ainda pior. Mas, ficar nua com Lucas fez a sua escolha de sutiã parecer indigesta. Fazia sentido quando estava trabalhando. Ela não podia ter alguma coisa muito fina embaixo de suas blusas de algodão, não poderia ter os seios saltando ao redor cada vez que ela andava. Mas isso não significava que ela tinha que ser sensata o tempo todo. Além disso, uma garota nunca poderia ter muita roupa de baixo.
Essa era a história dela, e estava aderindo a ela.
Decisão tomada, Kathryn desviou e correu para o shopping. Ela sabia que havia uma Victoria Secrets, porque ela passou por ela no dia que comprou o vestido. Se soubesse que se despiria na frente de Lucas Donlon, ela poderia ter parado. Mas esta manhã, ela achou facilmente e começou a entrar, sofrendo um momento de hesitação quando pegou um reflexo de si mesma na janela de vidro. Sem maquiagem e um rabo de cavalo debaixo de um boné de beisebol suado, ela obviamente não estava vestida para fazer compras de lingerie. Ela quase não foi, mas, em seguida, duas mulheres saíram e deu-lhe o tipo de olhar geralmente reservado para alguém tentando queimar dinheiro com bebida na próxima esquina. Isso decidiu a questão. O pai de Kathryn sempre alegou que a única maneira de ter certeza que Kathryn faria algo era sugerindo que ela não podia. Ela pensou ter superado esse impulso, especialmente uma vez que ela ficou velha o suficiente para descobrir que seu pai usava isso contra ela. Mas aparentemente, ainda funcionava.
Lançando às duas mulheres um olhar de desprezo, ela arrancou seu boné de beisebol, puxou o elástico de seu rabo de cavalo e afofou seu cabelo, em seguida, entrou na loja.
Uma hora depois ela havia gastado quase duzentos dólares em lingerie que provavelmente ninguém além dela veria. Deus sabia, ela não usaria aquela linda lingerie em rendas e seda verde para o trabalho, e uma vez que esse era o único lugar que ela ia... Ah bem. Ela tinha encontros ocasionalmente, e ela sempre podia dançar em torno de seu apartamento com a lingerie.
Saindo da loja, ela parou e colocou a bolsa no chão perto de seus pés, puxou o cabelo para trás em seu rabo de cavalo e cobriu-o com seu boné. Depois ela enganchou a sacola por cima do braço e voltou para a corrida de volta para o hotel.
Até o momento que ela correu para o saguão, ela estava ao mesmo tempo suada e fria. O céu, ensolarado antes, tinha nuvens. Não estava frio o suficiente para neve, mas a chuva tinha começado em sua última milha, e suas roupas de corrida não foram feitas para a chuva. Já para não falar que ela estava preocupada sobre sua lingerie nova ser arruinada.
Ela correu até seu quarto, tomando as escadas para evitar forçar alguém a compartilhar um elevador com ela fedida e suada. Ela despiu suas roupas, tomou um longo banho quente e se estabeleceu na cama com algum material de leitura que ela trouxe para o avião. Ela fez isso através de duas páginas antes de pegar no sono.
Ela sonhou fazendo amor com Lucas Donlon e acordou sentindo-se culpada por não ter dito a ele que estava indo embora, sem dizer adeus, ou até mesmo deixar uma mensagem. Ela geralmente não era tão covarde. Talvez ela devesse ligar hoje. Falar com ele a partir da segurança de várias centenas de quilômetros de distância. Ela sempre poderia alegar que decidiu no último minuto, e dizer a verdade que estava tão cansada quando chegou ontem à noite que caiu direto na cama.
Fazendo login em seu laptop, ela verificou o site da galeria de Alex Carmichael. Um novo show abriu ontem, mas esta noite era o grande evento de abertura de gala. Ela olhou para o relógio e sabia que ela não faria isso em tempo. Ela estava atrasada para se arrumar. Ela encolheu os ombros. Melhor estar elegantemente atrasada e com bom aspecto, que a outra alternativa.

Capítulo 12
Lucas acordou naquela noite com a sensação que ele não teve há um tempo – a satisfação visceral que vinha de ter provado o sangue de seu inimigo, e sabendo que ele atingiu um poderoso golpe. Ele se esticou, articulações estalando com o esforço, os músculos se sentindo soltos e relaxados. A única coisa que ele precisava agora era uma bela mulher em sua cama, com ambos, o sangue dela e o corpo quente bombeando para ele.
Apenas uma mulher veio à mente, no entanto. Kathryn Hunter. Ela pensou que poderia se esconder dele. Ela claramente não entendeu quem e o que ele era. Ele rolou e pegou seu telefone celular, chamando Nick.
— Senhor — respondeu Nick de uma só vez, soando como se tivesse acabado de acordar. Que ele tinha.
— Podemos rastrear o celular de Kathryn?
— Provavelmente, mas eu não tenho certeza de que nós queremos. O telefone que ela usa é do governo, isso é problema, ela é do FBI, meu senhor.
— Certo. E sobre o carro alugado, então? Todos eles não têm radares nos dias de hoje?
— Eles têm, e nós podemos. Eu já fiz um registro na empresa de aluguel que ela usou, por isso não vai demorar muito. Vou colocar o nosso povo sobre isso.
 Lucas desconectou e jogou o telefone. Ele se deitou sobre os travesseiros e começou a acariciar seu pênis preguiçosamente, bombeando seu punho para cima e para baixo quando se lembrou do gosto e a sensação de Kathryn. Ela pensou que poderia escapar dele, mas ele era vampiro, o predador final. E para um verdadeiro predador, não havia nada mais emocionante do que a caça. Especialmente uma com a promessa de sangue e sexo no final. Ele gemeu quando chegou ao clímax, o sêmen derramando entre os dedos e sobre o seu punho fechado. E ele sabia que, antes que a noite terminasse, o único punho em torno de seu pênis seria o calor sedoso de Kathryn Hunter.

* * *

Kathryn ficou olhando para o exemplo questionável de cubismo na parede da galeria de Carmichael e perguntou como a mesma galeria que exibia as fotografias de seu irmão também poderia exibir isso. Mesmo quando ela pensava, sabia que era estúpido. Alex Carmichael provavelmente a olharia com desprezo e diria que uma pessoa de bom gosto reconheceria em qualquer forma que tomasse. Ela não sabia sobre bom gosto, mas ela sabia que muitos importantes museus do mundo penduravam todos os tipos de trabalho, de Monet a Andy Warhol e tudo mais. Ainda assim, ela olhou para a pintura a óleo na frente dela com cores e composição intrigantes, e não poderia compreender. Ela esgueirou um olhar de soslaio para o preço e decidiu que era melhor assim, pois era muito além de seu orçamento de decoração.
Ela sorriu, pensando que Dan a teria repreendido, dizendo que a arte não era para a decoração. Seu sorriso desapareceu quando ela olhou ao redor da galeria lotada. Ela veio aqui na esperança de encontrar Alex Carmichael. Mais do que nunca, ela estava convencida de que ele era a chave para o desaparecimento. Mas, até agora, ele era um furão, e o champanhe estava começando a diminuir.
Ela bateu o pé, impaciente, querendo saber se ela deveria desistir e voltar para seu hotel.
— O que você acha?
Kathryn quase pulou para fora de seus sapatos com a pergunta. Se sacudindo para fora dos seus pensamentos, ela se virou para olhar para o homem que, de alguma forma aproximou-se para ficar ao lado dela sem que ela sequer percebesse.
Grandes instintos, Hunter. Ainda bem que ele só está interessado em arte.
Ela olhou em sua direção, e eles compartilharam um sorriso. Ele estava muito bem vestido, com cabelo curto e escuro, e não de uma aparência de toda ruim. Há dois dias, ela provavelmente o teria chamado de bonito. Mas isso foi antes de Lucas Donlon ter destruído suas percepções de beleza masculina para sempre. Ela voltou sua atenção para a pintura para que seu companheiro amante da arte não notasse a carranca provocada por este último pensamento.
— É... bastante ousada, não é? — Ela comentou, tentando ser sociável. A observação foi ambígua o suficiente para que pudesse admirar ou criticar, o que ele preferisse.
— É. — Ele concordou com entusiasmo.
Admirando isso, ela pensou consigo mesma.
— Eu amo a cor neste trabalho — continuou o homem. — Falta a coragem em muitos cubistas na sua arte. Isto diz corajosamente: — Isto é quem eu sou, é pegar ou largar.
Kathryn olhou para a pintura a óleo e acenou com a cabeça, embora, pessoalmente, achou que diria algo mais ao longo das linhas de, — Eu nunca ultrapassaria a pequena caixa de lápis de cor.
Uma onda de movimento em toda a sala chamou sua atenção quando Françoise, a assistente alegre de Alex, tocou o pequeno dispositivo Bluetooth em seu ouvido e abruptamente levou o alegre a um nível totalmente novo. A mulher esteve andando lentamente entre as multidões durante toda a noite, aparentemente dando uma de hostess na ausência do seu chefe. Kathryn a notou olhando a porta mais de uma vez e otimista adivinhou que o próprio Alex em breve faria uma aparição.
E agora Françoise finalmente corria ansiosamente para a entrada. Kathryn sentiu sua própria excitação subir em antecipação quando ela seguiu o progresso ansioso de Françoise e viu três grandes SUVs pretos manobrando na frente. Ignorando o atendente manobrista, eles estacionaram no meio-fio, um em frente do outro. Portas se abriram e os guarda-costas tranbordaram sobre a calçada como uma equipe da SWAT, mas vestindo ternos bem costurados em seu lugar. Um deles veio em torno de um lado da rua, e Kathryn teve sua primeira boa olhada nele.
Seu estômago despencou. Era Nicholas, o que só poderia significar uma coisa.
Kathryn se moveu ligeiramente para a direita, de modo que ela não estivesse mais à vista da porta da frente. Foi bastante fácil, pois a maioria dos frequentadores da galeria se arrastavam em outra direção, indo para as portas para obter um melhor olhar para o recém-chegado, que eles claramente entenderam ser alguém importante, talvez até famoso. A partir das conversas sussurradas ao redor dela, eles não sabiam exatamente quem era, mas a especulação corria em uma escala de uma estrela de cinema para o prefeito ou o presidente. Ninguém parecia pensar que era Alex, mas depois Kathryn já sabia disso. Ele era um vampiro, tudo bem, mas não o que ela tinha vindo aqui para ver.
Lá fora, Nicholas deu um último olhar para cima e para baixo da rua, em seguida, abriu a porta de trás do SUV médio. E lá estava ele. Lucas Donlon em toda sua glória, incrivelmente lindo no seu terno de lã escuro com linhas cinzas finíssimas e uma gravata de seda bronze com uns desenhos minúsculos dourados brilhando em contraste com a camisa branca. Seu cabelo preto muito longo foi bem penteado de seu rosto para que ele fosse a própria imagem de um titan bem sucedido de Wall Street. Ele era perfeito. Maldito.
Ao longo na porta da frente, Françoise estava fora de si de alegria. Ela esperou em frente da porta de vidro como uma criança que acabara de ver o Papai Noel. Seu rosto brilhava, as mãos debaixo do queixo, como se ela não pudesse conter sua excitação.
Dois dos guarda-costas entraram e de primeira reconheceu um deles, Mason e, em seguida, Nicholas e Lucas atrás dele. Obviamente bem versada em protocolo vampiro, Françoise esperou até que Lucas se aproximou dela, e então ela falou aos borbotões como uma colegial.
— Senhor Donlon, esta é uma grande honra!
Se contenha, mulher, Kathryn pensou amargamente, movendo-se novamente para colocar mais pessoas entre ela e Lucas, escondendo-se enquanto ainda a deixava ver tudo.
— Quem você pensa que é? — Perguntou seu companheiro amante de arte.
Kathryn olhou para ele, irritada com a distração. Esqueceu que ele estava lá. Felizmente, ele falou sem olhar para ela, porque, como todos os outros na galeria, ele não conseguia tirar os olhos de Lucas. — Eu não tenho ideia. — Ela quase rosnou em sua direção.
— Françoise — Lucas sussurrou, chamando a atenção de Kathryn de volta para o espetáculo. — Você está linda esta noite.
Ele diz isso, provavelmente, a todas as mulheres que encontra.
Françoise ficou com as bochechas iluminadas.
— E Alex? — Perguntou Lucas, olhando a galeria.
Esgueirando-se. Mentiroso. Ele estava, provavelmente, se comunicando com Alex esse tempo todo.
— Não, meu senhor. — Disse a assistente. — Eu esperava que ele estivesse, mas...
— Françoise, amor, me chame de Lucas. E eu acho que vou só dar uma olhada, se estiver tudo bem.
— Claro, Lucas. — Ela esticou-se mais perto de sua orelha e sussurrou algo muito baixo para Kathryn ouvir. Fosse o que fosse fez Lucas rir. Ele acariciou a mão pelo braço magro da mulher, que ficou radiante com prazer.
— Deixe-me ver o catálogo da amostra para você — disse ela, sem fôlego.
Era uma maravilha que ela pudesse falar com a língua pendurada para fora assim, Kathryn pensou ferozmente. Ela observou Francoise caminhando para pegar um dos catálogos brilhantes. E quanto a porcaria Françoise, amor? Lucas era um cão do caralho. Ela fez absolutamente a coisa certa em...
— O vestido parece muito melhor sem as leggings. — Observou Lucas da direita ao lado dela.
Kathryn amaldiçoou sua estupidez. Ela estava tão focada em Françoise que esqueceu a maior ameaça na sala. Ela devia ter escorregado pela porta dos fundos no momento em que ela reconheceu Nicholas vindo ao redor do SUV. Supondo que esta galeria estúpida tinha uma porta dos fundos. Mas tinha que ter uma em algum lugar. Havia um código de fogo. Não que isso importasse, porque ela deixou-se ficar tão distraída que Lucas de alguma forma conseguiu deslocar-se sobre ela. Vampiro do caralho.
— Lucas. — Ela conseguiu dizer. Ela se virou para encará-lo, encontrando seu olhar de frente. O que foi o seu segundo erro da noite. Seus olhos estavam mais dourados do que avelã hoje à noite, e eles estavam preenchidos com uma mistura de mágoa e censura. A censura ela poderia ter tratado, mas a mágoa... maldição.
— Eu não esperava vê-lo aqui. — Disse ela.
— Obviamente. Quem é seu amigo?
— Amigo — ela repetiu, intrigada, e depois lembrou-se do amante da arte. — Oh. Aquele cara? Eu não faço ideia. Alguém que não entende de cores, com certeza.
Lucas deu-lhe um sorriso de satisfação, e ela percebeu tardiamente que ela deveria ter mentido, deveria deixá-lo saber que ele não era o único homem bonito no mundo que estava interessado nela. E no momento seguinte, ela amaldiçoou pelo pensamento traidor. Por que ela se importava se Lucas estava com ciúmes ou não?
— Kathryn, a cuisle, você esqueceu-se de mencionar quando você saiu da minha cama ontem que estava partindo imediatamente para Minneapolis. Isso não é estranho?
Kathryn estreitou os olhos para ele. Não, não era porra nenhuma estranha, e ele sabia disso. — Aconteceu uma coisa — disse ela com firmeza.
— Sério? O que foi? — Respondeu ele, sua raiva aumentando para coincidir com a dela.
— Por que você se importa? — Ela exigiu.
— Por que não?
Kathryn prendeu a respiração. A pergunta atingiu-a no coração, e ela podia dizer pela expressão de satisfação no rosto que ele sabia disso. Ela desviou o olhar de seu olhar acusador e focou na arte em seu lugar.
— Um grande fã do cubismo, você? — Lucas murmurou em seu ouvido.
Ele estava muito perto, mas Kathryn recusou a se mover e deixá-lo saber que a incomodava.
— O que você sabe sobre isso? — Ela murmurou.
Ele riu suavemente. — Provavelmente mais do que você. Eu aposto que seu irmão é o único artista em sua família.
— Por que você diz isso? — Ela exigiu, vagamente insultada, mesmo que ele estivesse certo.
— Porque você é muito conservadora para ser uma artista.
— Eu não sou conservadora. — Ela retrucou, ainda olhando fixamente para as pobres mulheres distorcidas na pintura.
— Por favor. Você é um cartaz de uma garota conservadora.
— Você não tem ideia...
— Ah, eu acho que sei. Eu também descobri que você relaxa muito bem quando está motivada.
Ela lançou um olhar de lado em sua direção. — É pouco apropriado discutir isso...
— Sério? Mas está tudo bem para você me descartar como um preservativo usado e sair da cidade sem sequer dizer adeus?
A boca de Kathryn caiu em um suspiro, e ela virou-se para olhar para ele. — Eu não acredito que você disse isso! — Ela sibilou furiosamente, seu olhar arremessando ao redor para ver se alguém estava escutando.
Lucas a encarou, seus olhos soltando faíscas de ouro. —E eu não posso acreditar que você me deixou.
Eles estavam de igual para igual, tão perto que tudo que Kathryn teria de fazer era levantar-se nas pontas dos seus pés, e suas bocas se encontrariam. Ela sabia que ia gostar, conhecia a sensação de seu peito com força contra seus seios, a extensão de suas mãos enquanto circulavam seus quadris e ele estocava entre suas coxas.
Ela recuou, chocada com seus próprios pensamentos. Pensamentos que ela podia ver espelhado no olhar feroz de Lucas.
— Onde está o seu carro? — Ele rosnou.
Ela engoliu com a garganta seca. — Eu tomei um táxi.
— Tudo bem. Vamos no meu.
— Lucas... — ela começou, então parou quando ele se virou para olhar para ela como se a desafiando a protestar.
Quando ela não disse nada, sua expressão se suavizou. — Nós vamos conversar.
Kathryn balançou a cabeça e não se opôs quando ele pegou a mão dela e se dirigiu para a porta da frente. Seus dedos deslizaram nos seus tão naturalmente como se tivessem estado de mãos dadas durante anos em vez de um único dia.
Ela estava condenada.

Capítulo 13

Eles mal se falaram no percurso até a cobertura de Lucas. Kathryn estava dolorosamente ciente de Nicholas e de Mason sentado na frente, e ela não sabia o que dizer de qualquer forma. Lucas ainda segurava a mão dela, pressionada contra a coxa dele, o que lhe pareceu terrivelmente íntimo. Mas então, o que era mais íntimo do que eles fizeram na noite passada?
Eles cruzaram uma ponte. Ela não sabia qual. Havia tantas nas Twin City; parecia quase como se toda a rua tivesse uma ponte. Ela viu uma placa dizendo que eles estavam cruzando o rio Mississipi, o que significava que eles provavelmente estavam agora em St. Paul. Mais algumas quadras, e os três utilitários viraram na direção de um prédio alto de aço e vidro que estava quase à beira do rio. O estacionamento era no subterrâneo, com a entrada protegida por um guarda humano, e também uma barreira sólida de ferro. Alguém no utilitário da frente usou o controle remoto, e a barreira se ergueu, e a garagem os engoliu por inteiro.
Lucas aparentemente tinha alguma influência com a associação de proprietários, porque eles estacionaram nas três vagas de estacionamento mais próximas do elevador. Assim que eles pararam, os outros dois utilitários se esvaziaram, com vampiros se implantando ao longo da garagem. Um deles apertou o botão do elevador, em seguida, entrou e verificou tudo antes de segurar a porta aberta e dando um ok assentindo.
Lucas abriu sua porta e saiu para a garagem sem soltar da mão de Kathryn. Ela fez uma careta, especialmente quando ela teve que se equilibrar para sair do utilitário, mas ele nem olhou para ela, apenas mudou sua posição e esperou.
Kathryn suspirou. Ele iria tornar as coisas difíceis. Ela apenas sabia disso.
Ele não disse uma palavra até eles estarem na cobertura dele. Era no último andar, claro, com vistas explosivas do rio de um lado do que ela presumiu ser o prédio do Capitólio do outro.
— Lindo — ela comentou.
Lucas ainda não disse nada, apesar de ele ter soltado a mão dela e seguir para o bar do outro lado. Eles estavam completamente sozinhos. Alguns dos vampiros no seu contingente de segurança ficaram no térreo. Outros desceram no andar logo abaixo desse. Apenas Nicholas subiu até o topo com eles. Ele verificara o apartamento inteiro, e então voltou pelo elevador e presumidamente se juntou aos outros em algum lugar. Kathryn estudou seu rosto discretamente, procurando por evidências da ferida medonha que ele ostentara apenas dois dias atrás. Não havia nada. Ele estava completamente curado, da mesma forma que Lucas disse que ele ficaria.
Lucas se serviu de uma bebida no bar e caminhou de volta para onde ela estava parada na frente da janela com vista para o rio.
— O que aconteceu, Kathryn? — Ele perguntou baixinho.
Ela olhou de relance para ele.
— Eu não sei do que você está falando. — Ela mentiu.
— Deixe-me refrescar sua memória então. Você me fodeu até não querer mais anteontem...
— Eu te falei que eu tinha coisas pra fazer. Eu dirigi o dia inteiro ontem para chegar aqui...
—... e aparentemente você não podia esperar para sair da cidade. Eu falei com o gerente do hotel. Você deve ter ido para lá direto depois de sair da minha cama, então fez as malas e foi embora quando o sol mal havia saído do horizonte.
— E o que você quer dizer com eu fodi você até não querer mais? — Aproveitou a única coisa que ela podia discordar, já que tudo mais que ele disse era malditamente preciso. — Eu não era a única naquela cama, Lucas. Fodemos até não querer mais, e todos se divertiram.
Inesperadamente, ele sorriu.
— Você sentiu minha falta, não é? Ah claro, as primeiras duas horas foram apenas concentradas em fugir, mas então você começou a pensar, duvidar... e você sentiu minha falta. Você sonhou comigo?
O maxilar de Kathryn ficou tenso.
— Arrogante — ela murmurou.
Ele riu.
— Sim, mas eu estou certo.
Ela o circulou.
— Por que você está aqui? Por que a galeria do Carmichael?
Lucas tomou um gole vagaroso de seu uísque, olhando por cima do copo de cristal. Quando ele o abaixou, ele disse:
— Eu acho que isso é óbvio.
— Você está... conspirando com ele — ela acusou. — Com o Carmichael.
— Não, a cuisle, eu estive caçando. — Ele se virou para colocar o copo no tampo de mármore de uma mesa próxima.
— O que acushla significa, droga! Do que você está me chamando? — Ela fez uma careta quando o resto de suas palavras fez sentido. — Espera, o que você quer dizer com caçando? Caçando o quê?
Lucas passou os longos dedos em torno de seu quadril e puxou-a contra seu corpo.
— Não é o que, e sim quem. Certa agente do FBI. — Ele abaixou sua boca na dela.
Kathryn tinha intenção de resistir a ele. Ela não iria beijá-lo, e ela certamente não iria agarrá-lo como uma fêmea faminta e se esfregar contra ele brutalmente. Mas foi isso que aconteceu. Um segundo ela estava determinada a ir embora, e no próximo eles estavam inalando o oxigênio um do outro, beijando famintamente, mordendo e lambendo, seus braços ao redor do pescoço dele, seus dedos enroscados no cabelo solto dela, enrolando-o em seu punho e inclinando a cabeça dela para trás para saquear sua boca. E a outra mão dele... sua respiração parou em seus pulmões quando a outra mão dele pressionou o seu quadril contra o dele para que ela pudesse sentir cada centímetro da ereção dele, longa e grossa e dura como pedra contra a sua barriga.

* * *

Lucas sentiu uma onda de satisfação quando Kathryn gemeu um protesto contra seus lábios.
— Eu não quero... — ela começou, mesmo enquanto ela chupava a língua dele para dentro de sua boca.
— Eu sei — ele murmurou de volta. — Nem eu. — Mas ele não podia parar. Havia algo a respeito dela, algo que o deixava louco, como um ferro quente enfiado em seu maldito cérebro. Ele tinha que tê-la, desesperadamente precisava dela embaixo dele, sua vagina quente ensopando de molhada enquanto ela cobria seu pênis várias vezes.
— Droga — ele xingou baixinho e puxou o seu vestido preto apertado por cima de seus quadris.
— Espera! — Kathryn protestou fracamente. — A janela.
— Ela é de um lado só — Lucas afirmou e tirou o vestido por cima da cabeça dela. Ele sibilou quando viu o que ela estava vestindo por baixo. Foi-se o sutiã branco confortável de algodão, e no seu lugar, seda e renda clara, mal cobrindo seus seios fartos, com um pequeno triângulo de renda entre suas coxas.
— Você esteve fazendo compras — ele disse, esfregando a mão no firme e praticamente nu traseiro dela, enquanto ele acariciava seu seio com a outra, dedilhando seu mamilo rosa até ele aparecer contra a sua prisão de seda.
Kathryn estava trabalhando com determinação em seu cinto, abrindo o botão em sua calça e deslizando o zíper para baixo. Ele endureceu, em mais de uma maneira, quando ela o pegou em sua mão, seus dedos fortes e graciosos agarrando-o com firmeza enquanto ela começava a acariciá-lo de cima para baixo.
— É culpa sua — ela reclamou. — Você fez eu me sentir feia com o meu sutiã branco.
— Você nunca poderia ficar feia, a cuisle. Eu gosto bastante, na verdade, apesar de eu gostar mais desse aqui. Agora me diga — ele puxou o longo cabelo dela, forçando-a a olha para ele. — Quem você pensou que iria ver esta linda e sexy lingerie nova?
Ela sorriu inocentemente, mas o brilho em seus olhos a entregou.
— Com ciúmes?
Lucas reconheceu o sentimento. Não era algo que ele sentia frequentemente, mas ela estava certa. Ele estava com ciúmes. Ele não sabia quanto tempo essa obsessão entre eles duraria, mas enquanto durasse, ninguém iria tocá-la a não ser ele.
— Nunca — ele mentiu. — Mas eu sou um filho da mãe possessivo, Kathryn. Enquanto nós estivermos fazendo o que quer que isso seja, ninguém a não ser eu pode ver a sua lingerie. — Ele abaixou sua boca até o pescoço dela e mordeu suavemente.
— Oh, ah — ela disse, sua respirando saindo entrecortada. — E se eu... — Seja lá o que ela iria dizer se perdeu no suspiro de surpresa quando ele deslizou dois dedos entre as dobras molhadas de seu sexo. Jesus, ela estava quente. Escorregadia e sedosa e tão pronta para ele.
— É isso — ele grunhiu. Ele a empurrou contra a parede ao lado da janela e arrancou sua calcinha de renda, jogando-a para o lado. Deslizando sua calça para baixo e libertando seu pênis, ele a ergueu e deslizou entre suas pernas. Ela respondeu ansiosamente, envolvendo suas pernas ao redor de sua cintura, os braços sobre os seus ombros, enquanto suas bocas se encontravam mais uma vez, beijando avidamente. Lucas afundou seu pênis em seu centro cremoso, sentindo o calor do corpo dela ao redor dele, seu canal tão apertado, seus músculos internos trêmulos acariciando-o enquanto ele enfiava profundamente quanto era possível. Ele pausou pelo espaço de uma respiração, ficando completamente parado, sentindo a pulsação de sua vagina ao redor dele, o coração dela batendo forte contra seu peito, sua respiração quente e úmida ao longo de sua bochecha. Eles ficaram parados lá por um longo momento. E então ele começou a se mover, lentamente no começo, deslizando-se dentro e fora dela, saboreando o deslize de cetim de sua umidade ao longo de seu membro. Com uma estocada longa e lenta, ele enfiou o mais profundamente que ele poderia, sentindo o toque de colo do útero dela contra a cabeça de seu pênis.
Kathryn fez um barulho no fundo de sua garganta e seu ombro estremeceu um pouco de um lado para o outro, como um gato que tinha experimentado uma erva do gato. Um lado da boca dele ergueu em um sorriso. Ele gostava disso... a ideia que ele era a erva dela. Os olhos de Kathryn se abriram para encontrar os dele, e isso acendeu a chama. De repente, ele tinha que tê-la, tinha que ouvi-la gritando o seu nome. Ele grunhiu e começou a estocar dentro e fora do corpo dela, sem ir atrás de delicadeza, mas sim de conclusão. Ele precisava se derramar dentro dela, marcá-la de uma maneira que ninguém mais poderia.
Kathryn fez pequenos barulhos com cada estocada de seu pênis, agarrando os ombros dele e enfiando suas unhas até que ele sabia que teria marcas no final da noite. Isso o deixou feliz. Ele queria carregar a marca dela também. Ele abaixou sua boca até a jugular dela, sentindo a veia gorda embaixo de sua língua, o seu sangue correndo, mais rápido agora enquanto o seu coração dançava em antecipação.
— Lucas, Lucas... — ela estava gemendo agora, a súplica de uma amante enquanto ele a fodia com força e profundamente.
— Kathryn — ele sussurrou, e afundou suas presas na veia dela, empurrando a pequena resistência em sua pele macia, a parede fina de sua veia maleável, e, em seguida, o sangue dela estava escorrendo pela sua garganta como mel escuro, quente e suave.
As pernas de Kathryn se entrelaçaram ao redor de seus quadris, as unhas dela arranhando suas costas. Sua vagina se apertou ao redor dele quando o orgasmo reverberou no corpo dela, seus dentes lisos afundando em seu ombro enquanto ela gritava, os quadris dela batendo contra os seus até ele sentir o seu próprio clímax em suas bolas, rugindo através do seu eixo e preenchendo-a completamente.
Lucas retraiu suas presas e lambeu as últimas deliciosas gotas do sangue dela. Ele beijou as pequenas perfurações, sabendo que elas seriam seladas em segundos e completamente curada em horas. Kathryn se segurou nele, os braços dela moles ao redor de seu pescoço, as pernas dela tremendo em reação a seu amor explosivo.
Ele olhou para si mesmo e riu. Ele ainda estava mais do que meio vestido. Sua calça estava nos calcanhares, e em algum ponto a sua camisa havia sido aberta, mas ele ainda estava usando o casaco, e a gravata dele ainda estava no lugar. Kathryn ergueu sua cabeça ao som de sua risada. Ela seguiu seu olhar e começou a rir também. Até que ele viu uma lágrima sair do olho dela.
— Kathryn?
— O que é isso entre nós, Lucas? É como...
— Combustão espontânea — ele forneceu. — Fogo e pólvora. Eu chego perto de você, e eu tenho que te tocar. Eu toco você, e eu tenho que estar dentro de você. Não mais tarde, mas agora.
— Exatamente — ela concordou. — Mais ou menos. Quer dizer, na minha cabeça, estou dizendo não obrigada e saindo fora, e quando eu me dou conta eu estou me jogando toda em cima de você.
— Então, é tudo sua culpa então?
— Como você descobriu isso?
— Vampiros são predadores, Kathryn. Quando você corre, o meu instinto é correr atrás de você, e eu posso correr bem mais rápido. Então se você apenas estivesse se jogando em mim logo de cara...
— Nos seus sonhos, idiota — ela retrucou, batendo os nós dos dedos na nuca dele.
— Ai, — Lucas disse, rindo. — Você tem músculos, mulher. E falando de músculos... — Ele espalmou o traseiro dela com as duas mãos, erguendo-a mais para cima. Os olhos de Kathryn se arregalaram como se ela tivesse acabado de perceber como eles terminaram, com ele enterrado entre as pernas longas e adoráveis dela que ainda estava em volta dele.
O rosto dela esquentou.
— Ah, meu Deus. É isso que você faz. Olha pra mim! Eu estou contra uma parede! E na vista de qualquer um que...
— Eu te falei. O vidro só dá pra ver de um lado.
— Que seja. Me coloque no chão, seu grande imbecil.
— Agora ela me chama de imbecil. Não foi disso que você me chamou quando estava toda molhada em cima de mim a um momento atrás.
— Lucas!
— O quê?
— Você não pode ficar dizendo coisas assim... eu pensei que nós tínhamos concordado que essa atração entre nós não era saudável. Sabe, todo o negócio de fogo e pólvora?
— Eu nunca concordei com tal coisa. Definitivamente é explosivo, no entanto. Uma chama que queima rápido. E a melhor maneira de lidar com isso é deixá-la queimar naturalmente. Nós precisamos passar diversos dias fazendo sexo selvagem de todas as maneiras imagináveis. Sabe, para nos livramos desse impulso doentio.
— Claro que você pensaria assim. Além disso, nós tentamos isso na outra noite se bem me lembro. Obviamente não funcionou.
— Pfff. Aquilo não foi nada, minha querida. Uma chama tão quente assim precisa mais do que uma única noite.
— Você apenas está tentando me levar de volta para sua cama.
— Eu não preciso de você na minha cama; eu já te tenho contra a minha parede.
Ela corou novamente. Ele adorava fazê-la corar.
— Eu queria que você não dissesse coisas assim.
— Assim como? Você não está contra a minha parede?
— Lucas — ela começou seriamente, e então resfolegou quando ele começou a se mexer dentro dela, aproveitando a umidade do seu orgasmo recente que havia deixado sua vagina quente e molhada e perfeitamente lubrificada.
— Vamos incendiar a parede, a cuisle, ou você prefere usar a cama? É uma cama muito boa.
Kathryn não respondeu imediatamente. Seus olhos estavam fechados, sua expressão sonhadora enquanto ele deslizava lentamente para dentro e para fora de seu corpo sexy. Ela lambeu seus lábios lentamente, e foi a vez do Lucas gemer.
— Você está me matando aqui, Kathryn. Se você quer ir para a cama, me diga agora, ou será tarde demais.
Seus olhos se abriram.
— Cama — ela conseguiu falar.
Amaldiçoando a posição ingrata na qual ele se encontrava... somente kathryn poderia tê-lo deixado tão loucamente faminto tão rapidamente para ele ficar com os sapatos, sua calça ao redor dos calcanhares... ele, no entanto, se endireitou e seguiu em frente. Recusando-se a se afastar do calor acolhedor de Kathryn, ele segurou seu traseiro com as mãos, segurando-a no mesmo lugar enquanto ele tirava os sapatos, depois tirava a calça, deixando-os numa pilha no chão. As pernas de Kathryn se apertaram ao redor dele enquanto ele a carregava para o quarto, suas bocas alimentando um ao outro como se eles não houvessem dado um ao outro orgasmos aos gritos momentos mais cedo. Ela estava certa sobre uma coisa. Essa atração entre eles era mais quente do que qualquer uma que ele já havia experimentado em sua longa vida. E ele podia ver isso terminando apenas de duas formas... ou eles ficariam nessa por um tempo, talvez um bom e longo tempo, apesar de ele não estar disposto a ir muito longe nesse caminho, até mesmo em seus pensamentos. Ou a chama queimaria rápido e eles terminariam se odiando.
De qualquer forma, ele pensou, enquanto a deitava na cama e prosseguia tirando seu casaco, camisa e gravata enquanto ainda conseguia manter seu pênis enterrado dentro dela, ele pretendia tê-la em sua cama toda a noite pelo tempo que isso durasse.

* * *

Kathryn passou seus dedos pelo cabelo fino e preto no peito de Lucas. O peito duro, musculoso e lindo de Lucas. Por que ele não podia ser um feioso em vez de um deus? Ela teria ido e saído de Dakota do Sul, sem olhar para trás, olhos pra frente e procurando pelo seu irmão, e então de volta para Quântico. Em vez disso, ela estava toda enrolada em vampiros e segredos e um lindo amante. E claro, ela estava fazendo algum progresso em encontrar o Daniel, mas ela estava perdendo seu coração no processo. Ela suspirou.
— Seja o que for que você esteja pensando, pare. — Lucas resmungou, sua voz grossa saciada e preguiçosa.
— Quem disse que eu estou pensando em alguma coisa?
— Você suspirou.
— Eu respirei.
Ele riu.
— Se eu disser que o céu é azul, você diria que ele é verde. Apesar de que eu não vejo o céu há tanto tempo, que poderia muito bem ser verde agora.
— O céu ainda é azul. E eu não sou tão ruim assim.
— Ah, sim, você é. Mas eu a... não consigo tirar minhas mãos de você de qualquer jeito.
Kathryn ouviu a parada em sua frase e se perguntou o que ele estaria prestes a dizer. Ela pensou sobre as possibilidades e se encontrou sorrindo igual uma boba. Ela apertou os freios com força nesse pensamento. Hora de mudar de assunto.
— Então, quantos anos você tem? — ela disse rapidamente. — Quer dizer, você me disse no outro dia que apenas amantes poderiam fazer essa pergunta, mas eu tenho quase certeza que eu me qualifico nessa categoria agora.
— Sem dúvidas.
— Então, confesse, velho. Quantos anos?
— Eu nasci em Kildare, Irlanda em 1785.
Kathryn piscou.
— Mas isso te deixa com... — ela fez umas contas rápidas na cabeça, mas Lucas a venceu.
— Duzentos e vinte e sete anos, tirando ou colocando um mês. Eu nasci no inverno, é só isso que eu sei.
Kathryn sentou-se, encarando-o desacreditada.
— Você deve ter imaginado algo assim — ele disse, olhando para ela calmamente.
— Não. Quer dizer, sim. Mas... eu não acho que ninguém, pelo menos ninguém nas autoridades, sabe que você é tão velho. Quer dizer... olhe pra você! Eu conheço caras de vinte anos que não estão tão bem assim! Todos vocês são assim tão velhos? — Ela sabia que estava tagarelando, mas não conseguia parar.
Lucas apenas sorriu.
— Você acha que eu estou bem?
Confie nele para escolher a única coisa lisonjeira que ela falou.
— Você tem um espelho — ela disse com desdém. — E eu tenho certeza que você passa bastante tempo olhando para ele também. Então não finja que você não sabe do que eu estou falando.
— Tudo bem — ele respondeu, parecendo totalmente calmo. — Não, nem todo vampiro tem a mesma idade do que eu.
— Você nunca fala sério?
— Acredite em mim, Kathryn. Eu posso ser mortalmente sério quando a situação exige. Mas deitado na cama, nu, com uma linda mulher que eu acabei de foder até ela gritar o meu nome... — Ele riu quando Kathryn deu-lhe um olhar ameaçador. —... não é normalmente a hora para ser solene. No entanto, só para você, a cuisle.
Ele se ergueu nos travesseiros e colocou suas mãos atrás da cabeça.
— Há muitos vampiros mais novos que eu, e muitos poucos que são muito, muito mais velhos. O que é importante para se lembrar quando lidar com vampiros, Kathryn, é que idade e poder não são necessariamente a mesma coisa. Eu tenho duzentos e vinte e sete, e isso parece velho. Mas eu tenho diversos vampiros no meu território que são bem mais velhos que isso, e eles são jurados ao meu serviço porque eu os protejo, não ao contrário. Se um deles me desafiar, ele estaria morto antes que pudesse pronunciar as palavras. É assim que funciona. Humanos falam de líderes que possuem a vida de seus seguidores nas mãos, mas com vampiros, isso é literalmente verdade. Meus vampiros têm o sangue em suas veias e o ar em seus pulmões porque eu torno isso possível.
Kathryn estudou esse novo e sério Lucas. Se tudo o que todos viam era o rosto público, o lindo playboy espalhando seu charme pela multidão, seria fácil subestimar Lucas Donlon. Faltamente fácil.
— Como isso acontece? — ela perguntou baixinho.
Ele deu a ela um olhar confuso.
— Como alguém se transforma em vampiro? É como nos livros?
— Eu suponho que dependeria de qual livro.
— Tudo bem. Como você se tornou um vampiro, então?
— Ah. Agora essa é uma longa história. — Ele estendeu um braço musculoso e beliscou a ponta de um de seus mamilos. — Se você voltar aqui — ele acrescentou, baixando o braço até a cintura dela e puxando-a na direção dele. — Eu te conto.
Kathryn fingiu uma carranca e segurou seus seios de maneira protetora, principalmente para dar um efeito, já que o Lucas nunca fez nada para machucá-la, nem mesmo nos mais profundos auges de sua paixão.
Lucas respondeu inclinando-se para frente e pegando o mamilo ofendido em sua boca, beijando-o gentilmente e agitando sua língua sobre e ao redor em uma carícia suave.
— Melhor? — ele murmurou.
Kathryn mal podia respirar. Alguma emoção que ela nunca sentiu antes apertava o seu peito como uma camisa de força. Ela acariciou seus dedos pelo seu cabelo rebelde, depois assentiu sem dizer nada, e o deixou puxá-la para seus braços.
— Me conte a história — ela sussurou, sabendo, mesmo enquanto ela perguntava, que ela estava brincando com fogo, que cada palavra que passava pelos lábios sensuais dele, que ela estaria sendo sugada mais profundamente na chama que era Lucas Donlon.

Capítulo 14

1801, Londres, Inglaterra

Lucas Donlon se esgueirou por entre a multidão na praça movimentada, seu olho experiente procurando o próximo alvo, o próximo tolo. Era isso que todos eles eram. Tolos. Agrupados negligentemente em torno do pátio da casa de ópera, sem a sensação que Deus havia dado até para um cachorro vira-lata. Pelo menos o cachorro era esperto o suficiente para guardar o seu tesouro, mesmo se esse fosse apenas um osso suculento.
Ele subiu ao telhado de um prédio próximo e se agachou, sorrindo sozinho com a imagem de si próprio como um cachorro vira-lata entre as ovelhas lá embaixo. Ele sempre quis ter tido um cachorro, mas quando a mãe dele estava viva, ela não queria a bagunça, e quando ela morreu... bem, ele já tinha problemas o suficiente em se manter alimentado, quanto mais alimentar um cachorro. E havia a Polícia de Dublin para enfrentar. Eles tentaram mais de uma vez jogá-lo em uma daquelas prisões para meninos rebeldes comandadas por padres. Ele preferia se arriscar nas ruas. Pelo menos lá ele era livre... livre para economizar alguns cobres que ele conseguiu ganhar ao levar recados para as prostitutas que foram colegas de sua falecida mãe no final de sua vida. Livre para roubar seja o que fosse que ele pudesse botar as mãos.
Inevitavelmente, ele entrou em conflito com a Polícia diversas vezes e foi forçado a deixar a Irlanda pra trás. E sem olhar para trás nem um pouco. Irlanda era a casa dele, mas ele prometeu a si mesmo que retornaria algum dia quando fosse um homem rico. Ele estaria usando roupas caras e montando um belo cavalo como aqueles que seu avô possuiu. Ele apenas esperava que aquele velho sem coração estivesse lá para testemunhar isso.
Lucas afastou os pensamentos sobre o avô que deixou sua mãe e ele passar fome nas ruas. O velho era um An Tiama de suas próprias terras. Seus servos viviam melhores do que quem ele abandonou, sua própria carne e sangue.
Lucas pesquisou a multidão. Ele ainda estava mais magro do que nunca... suas refeições não eram regulares o bastante para qualquer outra coisa... mas aos dezesseis anos ele era muito alto para deslizar facilmente pela multidão como uma vez ele havia feito, arrancando bolsas à vontade. Ele tinha que escolher seus alvos mais cuidadosamente esses dias, tinha que se mover decisivamente, pegar e sair fora sem levantar suspeita. Porque ele estava muito velho para o abrigo de meninos. Se ele fosse pego agora, seria a prisão para ele, e por um tempo bem longo também.
Seus olhos caíram em um homem alto, de cabelos pretos igual ao de Lucas, mas com olhos tão negros quanto o seu cabelo. Ele se destacava até mesmo nessa reunião chique, extremamente arrogante em uma multidão arrogante. O homem estava vestido com uma calça limpa e cara, e botas de couro que iam até a altura do joelho. Um colete branco resplandecente que fora ricamente bordado para caber em um homem tão grande. A única falha neste esplendor de alfaiataria era a ausência de um chapéu, como se ele desdenhasse a necessidade de se esconder ou se proteger embaixo de sua aba. Tudo isso gritava dinheiro e posição nos olhos bem treinados de Lucas. Infelizmente, seu cérebro bem treinado estava dizendo a ele que algo não estava certo sobre este aí. Ele não tinha o olhar dos outros tolos, com seus olhos em todos os lugares menos onde eles deveriam estar. A experiência de Lucas estava dizendo a ele que não havia muita coisa que escapava desse estranho de olhos escuros.
O homem falou algo por cima das cabeças da multidão, e Lucas se virou para olhar. Outro aristocrata, quase tão alto quanto o de cabelo escuro, mas era pálido, com cabelo tão vermelho como qualquer um que Lucas havia visto nas ruas de Dublin. Lucas se esforçou para ouvir o que foi dito, mas eles estavam falando em uma língua estranha, e ele não conseguia entender uma única palavra. O homem pálido respondeu na mesma língua.
Estrangeiros, então. Lucas sorriu. Qual seria a sensação em roubar uma bolsa desse aí? Nenhum dos seus amigos ladrões no casebre bambo onde eles chamavam de casa jamais conseguiu tal coisa. Era arriscado, mas ele estava certo que a bolsa iria conter moedas suficientes para fazer valer a pena.
O olhar de Lucas seguiu seu novo alvo, observando a forma como o estrangeiro passava entre a multidão, a maneira como suas roupas se mexiam em volta de sua bolsa, e a bolsa em si. Couro bem costurado, mas com uma alça estreita que cairia facilmente com a faca pequena e afiada que Lucas carregava em sua manga. Ele estudou o alvo por mais tempo do que ele normalmente teria feito. Com a maioria de seus alvos, ele podia simplesmente deslizar atrás deles, mergulhar a mão na bolsa ou cortar a alça, e ir embora antes do tolo perceber que ele esteve ali.
Mas quando a bolsa era rica o bastante, ele tinha que ser cuidadoso ao máximo. Tais pessoas frequentemente possuíam companheiros ou até mesmo guardas para ser cauteloso a respeito. Valia a pena esperar alguns momentos e observar.
Com esse homem, este estrangeiro alto, moreno, ele esperaria estes momentos e mais.
Lucas finalmente fez o seu caminho quando os sinos soaram, e a nobreza reunida começou a se movimentar na direção das portas da frente da casa de ópera. Ele rapidamente desceu o teto e ficou para trás no beco, examinando a multidão mais uma vez, verificando a localização dos vários vigias que sempre ficavam por perto. Depois de definir o que ele iria fazer, no entanto, ele não hesitou. Ele se moveu através da multidão com facilidade de uma longa experiência, pegou a faca na mão, caminhou até seu alvo e deslizou a faca embaixo da alça da bolsa do estrangeiro. Um movimento do pulso e...
Dedos longos se enrolaram ao redor de seu pulso com surpreendente força. Lucas ergueu seus olhos em choque e encontrou o olhar negro e frio do homem moreno. O homem sorriu, e isso gelou Lucas até os ossos.
— Eu acredito que isso é meu — o homem disse, sua voz profunda, as palavras em inglês com forte sotaque.
Lucas apertou sua mandíbula e se impôs com toda a sua altura, endireitando seus ombros. Se ele ia cair, ele o faria com a dignidade de um homem.
A expressão do homem moreno se aqueceu parcialmente.
— Eu estive procurando por um garoto — ele disse. — Você servirá.
— Eu não sou garoto — Lucas cuspiu de volta para ele.
O homem riu.
— Não, você não é. Mas você servirá de qualquer jeito.

* * *

— E foi assim que eu conheci o Raphael — Lucas disse, passando a mão pelo braço de Kathryn.
Ela esperou que ele continuasse, franzindo a testa quando ele não o fez.
— E quanto ao resto da história? — ela exigiu.
Ele deu de ombros.
— É isso.
— E quanto a parte sobre os vampiros?
— A parte sobre os vampiros? — ele repetiu, rindo.
— Pare. — Ela beliscou a barriga dele, ou tentou fazê-lo. O abdômen de tanquinho de Lucas não deixava muito a se beliscar. — Eu quero saber como ele te transformou em um vampiro. E quando. Porque não parece ter dezesseis anos, cara. Eu não durmo com bebês, não importa quão velhos eles realmente sejam.
— Até agora você também não dormiu comigo também — ele murmurou, acariciando sua mandíbula enquanto uma mão sorrateiramente tocou o seu seio.
Kathryn se virou no seu abraço, incapaz de se segurar. Cada vez que ele a tocava, seu corpo respondia, como se ele estivesse programado em seus genes. Ela curvou uma perna ao redor da coxa dele e começou a acariciar-se ao longo do quadril dele.
Lucas fez um som estrondoso no fundo de seu peito e inclinou-se para chupar suavemente o pescoço dela. Kathryn estremeceu. Ela colocou seus lábios ao lado da orelha dele e sussurrou: — Me conte quando você se tornou um vampiro.
Lucas deu um tapa de brincadeira em seu traseiro e se afastou dela para deitar-se sobre os travesseiros.
— Por que você quer saber?
— Porque eu estou curiosa. Como isso funciona?
— Eu não vou te contar isso. Se você se tornar um vampiro um dia, você vai descobrir. Se não... — Ele puxou o cabelo dela. —... você não descobrirá. O que, até onde eu possa dizer algo a respeito, significa que você nunca saberá. Eu gosto de você do jeito que você é.
— Desmancha-prazeres. Eu odeio segredos.
Lucas riu novamente.
— Todos nós os temos, a cuisle. Até mesmo você.
Kathryn fez uma careta para o carinho falado em irlandês. Ele nunca contou a ela o que isso significava, mas ela não queria atrapalhar a sua conversa atual para perguntar, então ela deixou isso passar.
— Bem, pelo menos me diga o que aconteceu depois daquela noite — ela disse no lugar.
Lucas deu um encolher de ombros, despreocupado.
— Raphael precisava de alguém para ser seus olhos e ouvidos durante o dia. Não era como agora, com tudo feito na internet e todos os tipos de lugares abertos vinte e quatro horas por dia. Alguém tinha que lidar com mil e uma coisas necessárias para administrar uma casa, coisas que precisavam ser feitas durante o dia. Até mesmo os vampiros precisam de roupas e acessórios, e havia as necessidades sociais, correio e tal. Convites para eventos como a ópera. Raphael e seu povo não eram do alto escalão, mas eles transitavam em círculos muito chiques.
— Então você era o mensageiro dele.
— Algo como isso.
— Por quanto tempo?
— Quantos anos eu pareço ter para você?
— Vinte e sete anos — Kathryn disse imediatamente.
— Perto o bastante. Depois de alguns anos, Raphael decidiu deixar a Europa. Eu fui com ele, claro. Não havia nada para mim na Inglaterra, ou na Irlanda também. E a minha vida com o Raphael era melhor do que qualquer coisa que eu conheci antes disso. Pela primeira vez, eu não estava com fome toda noite. Eu tinha um lugar seguro e limpo para dormir e roupas decentes para vestir. Então, eu reservei uma passagem de navio para todos nós e lidei com o capitão e a tripulação, salvaguardando os vampiros enquanto eles dormiam, e organizando encontros tranquilos à noite para que os vampiros pudessem se alimentar discretamente. Quando nós chegamos à América, Raphael me deu uma escolha. Eu escolhi me tornar o que eu sou.
— E se você tivesse escolhido a outra opção? O que ele teria feito?
— Ele teria me mantido como seu guarda diurno, ou me dado dinheiro suficiente para eu fazer o que fosse que eu decidisse. Lealdade é importante para ele.
Kathryn o estudou por um momento, surpresa pela emoção honesta que ela ouviu em sua voz quando ele falava sobre o Raphael.
— Você o ama.
Lucas assentiu.
— Ele é o meu Criador. Essa é a relação mais importante que qualquer vampiro tem, a menos que ele tenha uma parceira. Mesmo assim, os dois... Criador e parceira... tem a mesma significância para ele. Mas mais do que isso, Raphael foi a primeira pessoa, fora a minha mãe, que me tratou como se eu valesse alguma coisa. Eu teria dado a minha vida a ele sem hesitação.
— Bem, por favor, não faça isso.
— Não faça o quê?
— Não dê a sua vida. — Ela olhou para cima e segurou o olhar dele para que ele soubesse que ela falava sério, mas então, sentindo a necessidade de dar um passo para trás, ela acrescentou: — Eu estou te usando no momento.
Lucas olhou-a atentamente. Um lento sorriso curvou seus lábios, e ele disse.
— Sem promessas. Mas se você for legal comigo, eu farei o melhor que posso.
— Eu sou legal contigo.
— Eu quero dizer... agora.
Kathryn sentiu algo duro roçar contra o seu quadril.
— Ah, isso — ela disse, brincando. — Tenho certeza que eu posso arrumar algo legal com isso.

* * *

Daniel acordou ao som de vozes. Ele ficou parado, com medo de se mover, sem querer que quem quer que fosse ouvisse-o e parasse de falar. Nunca houve alguém a não ser o sequestrador dele antes. Ninguém para conversar a não ser eles dois. Mas agora... sim, essa era definitivamente a voz de uma mulher.
Ele prendeu a respiração enquanto esperava, brevemente, que fosse Kathryn, que ela o encontrara, e o FBI entraria com tudo de armas na mão. Ou pelo menos com os distintivos sendo mostrados já que não soava como se houvesse muito tiroteio acontecendo do lado de fora. Mas não era a Kathryn. A voz dela era muito mais rouca do que a da mulher, mais sexy, ou assim seus amigos diziam. Ela era a irmã dele. Ele não queria pensar sobre a voz dela ou nada sobre ela que fosse sexy.
A mulher lá fora, seja quem ela fosse, estava agitada, sua voz subindo em volume e emoção.
— Estou te dizendo, aquela vadia do FBI está se aproximando do Lucas, e isso não é bom.
— Talvez você esteja apenas com ciúmes. Você sempre teve uma queda por ele.
— Vai se foder! — A mulher vociferou. — Além disso, eles foram embora juntos. Que tal isso como prova?
— Que seja — o sequestrador dele murmurou. — Que diferença isso faz?
— Nós precisamos acabar com isso. Você nunca me disse que a irmã dele era uma merda de uma agente do FBI.
— Como infernos eu poderia saber algo assim?
— Se você tivesse falado com a agente dele de imediato, como nós discutimos, isso não importaria. Nós teríamos o resgate, e todo esse negócio já estaria acabado.
— Há muito mais nisso do que dinheiro, pelo amor de Deus.
— Para mim não há! Especialmente agora que Lucas está envolvido. Eu não vou arriscar minha vida para que você possa se empolgar com o seu namorado lá dentro.
— Ele não é o meu namorado. Ele é um artista.
— Sim, bem, ele é um artista rico, e eu vou fazer o pedido de resgate antes que seja tarde demais.
— Não! — O homem disse imediatamente. — Quer dizer, ainda não. Eu preciso fazer uma ligação mais tarde hoje. Então nós resolveremos tudo.
Daniel sorriu. Então a Kathryn estava procurando por ele. Ele sabia que ela não desistiria tão fácil. Uma porta bateu do lado de fora do cômodo. Foi um pouco distante, como no final de um longo corredor, e o barulho normalmente significava que o seu sequestrador estava indo embora por um tempo. Neste caso, ele pensou que provavelmente era a mulher indo embora, mas o homem foi com ela? Mas não, uma chave virou na fechadura da porta, então alguém ainda estava lá. Ele estabilizou sua respiração, fingindo dormir. Era uma habilidade que ele aperfeiçoou nessas semanas de cativeiro, e ele ficou muito bom nisso. Por alguma razão, o homem sempre ficava relutante em acordá-lo. Talvez ele pensasse que um artista precisava de seu sono ou alguma merda assim. Daniel não sabia e não se importava. Se ele mantivesse seu admirador longe dele, era uma coisa boa.
A porta abriu lentamente. Daniel podia senti-lo parado lá, encarando-o, mas ele estava acostumado e não se mexeu. Um momento depois, a porta se fechou, mas ele permaneceu parado. Seu captor o testava às vezes, abrindo a porta rapidamente, tentando pegá-lo. Havia funcionado na primeira vez que ele tentou, mas não desde então, porque Daniel não era um maldito idiota. Apesar de que ele estava começando a achar que seu sequestrador poderia não estar jogando com o baralho inteiro.
A fechadura clicou solidamente no lugar, e os passos se afastaram. Uma porta distante bateu, e Daniel estava sozinho mais uma vez.
* * *

Lucas sentiu a cama se mexer logo que Kathryn saiu. Ele abriu um de seus olhos e a viu juntando suas roupas, esgueirando olhares por cima do ombro. Ela realmente sabia tão pouco sobre vampiros? Ele não dormia, não da maneira como os humanos o faziam. Não à noite, de qualquer forma. E seu sono diurno era mais como inconsciência, pelo menos fisicamente. Sua mente poderia ser ativa, mas seu corpo se recusava a cooperar.
Kathryn caminhou na ponta dos pés para fora do quarto enquanto Lucas se irritava. Isso estava se tornando um hábito, e um que ele não gostava em uma amante. Ele a seguiu silenciosamente, entrando na sala de estar enquanto ela colocava o vestido por cima da cabeça.
— Kathryn.
Ela pulou com o som da voz dele, girando e quase caindo enquanto lutava para por o vestido e puxando-o para baixo o bastante para que ela pudesse o enxergar. Ela teria caído se ele não tivesse segurado-a.
Ela se desvencilhou de suas mãos, oferecendo-lhe um olhar nervoso.
— Isso não foi engraçado.
— Nada disso é engraçado — ele vociferou de volta para ela. — Eu pensei que nós havíamos passado desse negócio de sair de fininho em nosso relacionamento.
— Relacionamento? É disso que você chama?
— Bem, do que infernos você chama?
Ela deu um passo para frente e ficou na cara dele.
— Nós estamos fazendo sexo. E, francamente, eu nem deveria estar fazendo isso. Eu deveria estar procurando pelo meu irmão, não me enrolando na cama contigo.
— Você está procurando pelo seu irmão, até mesmo você não pode fazer isso durante vinte e quatro horas do maldito dia.
— Eu preciso encontrar Alex Carmichael, e eu estou começando a achar que ninguém quer que eu fale com ele, incluindo você.
— É isso? — Lucas rosnou. — Notícias novas, Agente Hunter. Eu tenho pessoas procurando por ele desde que você me contou que ele foi embora com o seu irmão. Eu o quero encontrado o mesmo tanto que você.
Kathryn copiou seu olhar de raiva de primeira, então pareceu desinflar quando ela recuou para o sofá.
— Eu preciso encontrar o Alex, Lucas.
Lucas se agachou na frente dela e pegou suas mãos.
— Eu sei, a cuisle. E nós vamos. Ele não pode se esconder para sempre.
— E se ele saiu da cidade? Você disse que ele tinha um mestre diferente. Será que ele vai até ele?
— Possivelmente. Embora o Alex fixou residência em Minneapolis por uma razão. Eu acho que ele prefere morar aqui.
— Eu não entendo nada disso. Eu não entendo como todos vocês podem viver nesse país e não ser parte do sistema. Não há cópias em arquivo sobre ele em lugar algum. Ele é dono de um negócio, mas não há licenças, e nem documentos de propriedade. O prédio onde a galeria está localizada é de propriedade de uma empresa que está tão bem protegida, que levaria meses para eu conseguir descobrir quem é o seu verdadeiro dono. Se essa fosse uma investigação oficial, eu poderia colocar alguns técnicos trabalhando nisso, mas sou apenas eu, e eu não consigo encontrá-lo.
Ela olhou para cima, seus olhos cheios de lágrimas
— Eu preciso encontrá-lo, Lucas. — Uma lágrima escorreu pela sua bochecha, e ela congelou, imediatamente virando sua cabeça e escondendo-a atrás do seu cabelo. Sem emoção, sem sentimentos. Não para a sua Kathryn.
Lucas suspirou.
— Eu coloquei pessoas em todos os lugares que eu posso pensar. E o Alex me conhece. Ele ligará logo que souber que eu estou procurando por ele.
— Eu pensei que todos vocês podiam apenas... — Ela suspirou impacientemente e acenou uma mão no ar. — Sabe, telepatia, falar com a mente.
Lucas lutou contra um sorriso, sabendo que ela não apreciaria. Não em seu estado atual.
— Se o Alex fosse minha criação... um vampiro que eu transformei — ele acrescentou quando ela deu-lhe um olhar perplexo. — Se ele fosse um dos meus, eu poderia contatá-lo sem precisar de um telefone, por assim dizer, mas ele não é.
Kathryn levantou abruptamente, empurrando o cabelo para trás. Ela olhou em torno do quarto até que avistou sua bolsa, em seguida, ela foi até ela e começou a tirar coisas para fora. Sua arma. Ele não sabia que ela havia trazido uma consigo, apesar de que se ele fosse pensar nisso, ele teria sentido o cheiro da maldita coisa. Em seguida veio o seu distintivo do FBI em sua carteira preta e pequena, e finalmente, um prendedor preto de cabelo, que aparentemente era o que ela estava procurando. Ela penteou os cabelos com os dedos e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo. Lucas tinha alguns desses. Ele era conhecido por passar meses sem cortar o cabelo, até o seu cabelo o irritar o suficiente que ele desistia e o cortava de novo.
Kathryn se virou para ele do outro lado do cômodo, suas bochechas livres de lágrimas.
— Deve estar ficando tarde para você — ela disse, sem olhar para ele.
Lucas a estudou, se perguntando que evento em sua vida havia feito ela se fechar tão completamente em si mesma. Se perguntando se um dia ele descobriria.
— O sol nascerá em... 45 minutos, mais ou menos num instante — ele confirmou.
Ela o olhou então, seus olhos arregalados de surpresa.
— Você pode dizer isso precisamente?
— Quando a sua vida depende disso, você aprende.
Ele podia ver que ela estava intrigada. Talvez fosse esse o caminho para o coração de Kathryn. Dar a ela um mistério para resolver. Presumindo-se que ele queria encontrar o coração dela. Talvez ele ficasse melhor roubando uma página do caderno dela. Algumas noites de sexo selvagem, e então adeus, foi bom te foder.
— O que você vai fazer hoje? — ele perguntou a ela.
Ela mordeu o lábio inferior, considerando. Lucas assistiu avidamente, pensando o quanto ele gostaria de ser aquele dando a mordida. Ele quase perdeu o que ela estava dizendo quando ela finalmente falou.
— Eu não sei se há algo que eu possa fazer durante o dia. A única pista que eu tenho nesse momento é o Alex Carmichael.
Lucas pensou sobre o que poderia acontecer se a Kathryn fosse procurar um vampiro que não queria ser encontrado. Mesmo um relativamente inofensivo como o Alex.
— Me prometa que você não vai procurar por ele sem mim, Kathryn. Você não sabe com o que você está lidando.
Ela respirou fundo, e ele podia dizer que ela iria dispensá-lo como fez todas as outras vezes. Mas então algo mudou a ideia dela.
— Tudo bem — ela disse inesperadamente. — Me ligue quando você estiver pronto hoje à noite.
Ela se virou, mas Lucas usou sua velocidade de vampiro para atravessar os poucos metros entre eles, deslizando o braço em volta de sua cintura antes mesmo dela vê-lo se mexendo. Seus olhos se arregalaram em choque, mas suas pupilas queimaram com desejo quando aumentou seu aperto.
— Estou pronto agora, a cuisle.
O rosto de Kathryn se esquentou quando Lucas achatou sua mão sobre seu traseiro perfeito, pressionando-a contra sua ereção.
— E quanto... — ela começou, mas suas palavras foram cortadas quando o telefone residencial de Lucas tocou. Ele franziu a testa. Ele não esperava nenhuma ligação, e certamente não tão próximo do nascer do sol.
— Salva pelo gongo — ele murmurou, e então deu um beijo rápido e com força nela antes de caminhar até o bar para pegar o telefone, verificando o identificador de chamadas enquanto o pegava. Suas sobrancelhas se ergueram, e ele parou, ouvindo os passos de Kathryn enquanto ela caminhava para dentro do banheiro e fechava a porta.
Ele apertou o botão para atender o telefone.
— Alex?
— Meu senhor — Alex Carmichael diz sem fôlego. — Eu não tenho muito tempo. Eu preciso me encontrar com o senhor.
— O que foi? Você precisa de ajuda?
— Não agora, meu senhor, — Ele disse, ainda respirando com dificuldade. — Não há tempo. Você pode me encontrar amanhã à noite?
— Claro. Na galeria?
— Não — Alex disse instantaneamente. — Muitos ouvintes. Eu tenho uma propriedade em Saint Louis Park, um antigo galpão. Está vazio, abandonado. Eu comprei sem pensar muito, mas... Me desculpe, meu senhor. Você não se importa com isso. O ponto é, está vazio. Ninguém vai nos procurar lá. Eu posso te mandar o endereço.
— Pode mandar — Lucas disse a ele, e deu o número do celular de trabalho de Nick. — Qual é a distância?
— Apenas alguns quilômetros, meu senhor. Quinze minutos de Minneapolis.
— Duas horas depois do pôr do sol, então. Eu estarei lá.
— Obrigado meu senhor, — Alex diz fervorosamente. — Obrigado. — E então ele desligou.
Lucas desligou com uma careta, e então imediatamente ele ligou para Nick.
— Criador? — Nick respondeu, soando tão surpreso quanto Lucas quando Alex ligou.
— Alex Carmichael acabou de ligar.
— Isso não é possível... Que linha?
— O telefone de casa.
— Como infernos ele conseguiu esse número?
— Boa pergunta. Uma pergunta melhor... por que ele quer se encontrar comigo? — Ele ouviu a porta do banheiro se abrir atrás dele, ouvindo o salto alto de Kathryn batendo no piso de madeira.
— Eu não gosto disso — Nick disse.
— Não, nem eu. Algo não está certo. Ele soava... apavorado, mas determinado ao mesmo tempo.
— Klemens está por trás disso de alguma maneira.
— Eu acho que você está certo, mas eu tenho que ir de qualquer maneira.
— Criador!
— Nick, eu preciso ouvir o que ele tem a dizer.
— Meu senhor. Lucas. Por favor. Você gosta da Kathryn, e você gostaria de ajudá-la. Eu entendo isso. Mas não vale a pena arriscar...
— Isso não é um debate, Nick. Você receberá uma mensagem com o endereço. Um galpão velho em Saint Louis Park.
— Isso é logo fora da cidade — Nick disse infeliz. — Ele obviamente sabe que você está aqui.
— Eu tenho certeza que a Françoise estava no telefone com ele no momento que nós fomos embora da galeria. — Lucas sentiu mais do que ouviu a atenção de Kathryn aumentar com a menção da gerente de galeria do Alex. Ele se virou lentamente e a encontrou encarando-o, sua bolsa na mão, arma e distintivo mais uma vez seguramente dentro da bolsa.
— Por favor, não me diga que você está planejando ir lá sozinho.
— Eu não sou um idiota, Nick. Você e o Mason.
— E uma equipe, meu senhor. Por favor.
— Você e o Mason, Nick — ele repetiu. — Ele já está apavorado. Eu não quero assustá-lo mais ainda.
Nick resmungou.
— Você está me matando aqui, Criador.
— Eu levarei a Agente Hunter junto para ajudar, que tal? Ela está armada e é perigosa.
Kathryn estreitou seus olhos para ele, e ele sorriu.
— Eu tenho uma escolha?
— Não.
— Então me fale que horas amanhã à noite, e nós estaremos prontos.
— Alex e eu concordamos em duas horas após o pôr do sol, mas vamos chegar lá meia hora antes disso.
— Sim, meu senhor.
Lucas sorriu com a resignação melancólica na voz do seu tenente quando ele desligou. Kathryn estava sobre ele um instante depois.
— Quem nós vamos encontrar?
Lucas olhou para o seu belo rosto, seus lábios ainda inchados por seus beijos, seus olhos azuis brilhantes de emoção. E tudo que ele queria fazer era arrastá-la de volta para sua cama. Ela olhou para ele e deve ter lido o desejo em seu olhar, porque suas bochechas esquentaram, e seu coração começou a bater mais rápido. Ela lambeu seus lábios, e Lucas seguiu o rápido movimento de sua língua rosa.
— Quem... – ela repetiu, e então teve que engolir quando sua voz saiu rouca e seca. — Quem nós vamos encontrar, Lucas? — Ela disse, tentando novamente.
— Alex Carmichael — Lucas forneceu, colocando o queixo dela em sua mão e abaixando a boca dela para um beijo longo. Era só para isso que ele tinha tempo. O sol estava quase acima do horizonte. Não que a Kathryn estaria interessada em sexo de qualquer forma. Não uma vez que ela ouviu o nome de Alex.
Ela agarrou a mão dele, apertando os dedos dele enquanto ela se afastava do seu beijo.
— Carmichael? Ele está com o Daniel?
— Ele não mencionou o seu irmão — Lucas disse, suspirando em resignação, — e eu acho que ele teria mencionado se estivesse com ele. Mas nós teremos que esperar para ver.
— Droga — ela xingou. — Espera. Ele te deu um endereço. Me dê, e eu vou verificar hoje. Se o Daniel estiver lá, eu posso pegá-lo. Se não, nenhum mal, certo?
Lucas ofereceu-lhe um olhar paciente.
— A localização é um galpão abandonado. É duvidoso que Alex esteja lá agora. Se ele estiver, o prédio estará seguro o bastante que você não será capaz de fazer nada a não ser observá-lo pelo lado de fora.
— Você não pode saber disso. Me dê o endereço.
— Eu sei disso, e, não, eu não vou te dar o endereço, porque se você sair correndo para lá sem saber o que você está fazendo, alguém pode terminar morto.
— Você quer dizer o seu amiguinho, Alex.
— Não, na verdade, eu quero dizer você. Mas, sim, o Alex também pode ser uma causalidade. Um vampiro em seu repouso está completamente indefeso. Eu não vou te ajudar com isso.
Ela o encarou, sua mandíbula flexionando com tensão.
— Você não acha que o Daniel está lá.
— Não, eu não acho.
— Tudo bem. Vamos jogar do seu jeito.
— Sim, nós vamos. Você pode sair sozinha. — Ele caminhou em direção ao quarto, irritado com a obsessão dela com seu irmão.
— Espera! — ela chamou. — Que horas... — Ela gritou em surpresa quando as persianas de aço automáticas rolaram sobre as janelas e trancaram com um barulho alto.
— Esteja aqui ao pôr do sol — ele disse por cima do ombro. — Você tem três minutos, ou você ficará trancada aqui dentro até lá.
Kathryn disparou um rápido olhar para as janelas fechadas, e então de volta para ele. Ela agarrou sua bolsa e seu casaco, e então o surpreendeu ao correr até ele para lhe dar um beijo rápido antes de correr para a porta.
— Te vejo no pôr do sol — ela falou enquanto se apressava para fora da cobertura.
Lucas olhou por onde ela ia em estupefação. Talvez houvesse esperança para ela ainda. Ele pressionou um botão no painel de segurança da cobertura, desativando o bloqueio no elevador. Um segundo botão, e uma tela apareceu, mostrando a ele Kathryn no elevador, e então mudando em seguida para o lobby quando ela saiu do prédio. Ela estava no celular, supostamente chamando um táxi. Ela não deve ter problema a essa hora do dia.
Ele se inclinou pesadamente contra a parede enquanto digitava o código para remover o bloqueio. O sistema se religou imediatamente, trazendo o elevador de volta para o andar da cobertura e o travando-o lá, ao mesmo tempo travando a porta do elevador e a porta da frente da suíte com as mesmas persianas de aço que cobriam as janelas.
Lucas sabia que naquele momento o sol cobria o horizonte. Era uma chama dentro de sua cabeça, um peso de mil quilos em seu peito enquanto ele caía na cama. Seu último pensamento antes de o sol roubar a sua consciência era que Klemens estava usando Carmichael como isca. Que isso era a sua vingança pela morte de seus vampiros na casa Rockford.

Capítulo 15
— Eu não gosto disso.
Lucas olhou para Nicholas, nem um pouco surpreso pelo pronunciamento de seu tenente. — Claro que você não gosta — ele comentou, depois virou sua atenção de volta para o armazém decrépito onde Alex marcou o encontro. — Eu não estou louco com isso também.
— Como nós sabemos quem ou o que está esperando lá dentro? — Nick insistiu.
Kathryn fez um barulho impaciente. — Nós nunca iremos saber se ficarmos aqui a noite toda.
— Na verdade — Lucas disse, dando a ela um olhar de desculpas. — Eu posso te dizer nesse momento quem esta lá. E é Alex Carmichael.
— Você pode dizer — ela disse fracamente, e então sua expressão caiu. — Só Carmichael? — Ela disse, desapontamento se arrastando em cada silaba.
— Sim. Sinto muito Kathryn.
— Você me avisou — ela disse resignada. — Eu não acreditei em você.
Lucas passou uma mão reconfortante por seu braço. — Seu irmão não está ali, mas isso não significa que Carmichael não saiba onde está. Ele pediu para nos ver por uma razão.
— Claro.
— Nicholas — Lucas disse, chegando a uma decisão.
— Senhor.
— Kathryn e eu entraremos sozinhos. Você e Mason...
— Meu senhor! Carmichael pertence a Klemens. E se for uma armadilha? — Nick reivindicou, ecoando a preocupação do próprio Lucas.
— Por isso que eu quero você e Mason aqui fora. Não tem ninguém naquele prédio, humano ou vampiro, com exceção do Alex. E acho que consigo lidar com ele sozinho. Mas se for uma armadilha, se Klemens planeja mandar uma força atrás de nós... então eu preciso de vocês aqui, vigiando e prontos para chamarem a tropa.
— Eu poderia chamá-los agora, meu senhor. Eles estão prontos e esperando pela ordem.
Lucas considerou. Toda essa situação estava muito estranha. Mas Carmichael era uma pessoa decente e sempre se irritou com as ordens de Klemens. Ele nunca teve a coragem de sair do território do outro senhor vampiro, mas, entretanto, ele passou muito de seu tempo em Minneapolis.
Ele balançou a cabeça. — Não tem ninguém lá, Nick. Vamos, Kathryn — ele disse, estendendo sua mão, — vamos ver o que Alex tem a nos dizer.
Ela olhou para a mão dele, e tirou a sua arma ao invés disso. — Eu estou com Nick nessa — ela disse obstinadamente. — Eu não sei quem é esse cara, Klemens, mas tem alguma coisa errada com esse encontro.
Nicholas deu a Lucas um olhar significativo, ao qual Lucas ignorou. — Como queira, a cuisle — ele disse a Kathryn. — Mas vamos ver.
O edifício era velho e profundamente desgastado. Os tijolos eram esburacados, a argamassa faltando em pedaços grandes o suficiente que um observador conseguiria dar uma olhada dentro, se ele fosse tão estúpido de colocar um olho nos pequenos buracos aparentes. Lucas não era estúpido. Ele andou até a porta da frente laminada de metal e deu a maçaneta uma puxada hesitante. Estava destrancada. Claramente, Carmichael estava esperando por eles.
A porta se abria para fora. Ele checou para ter certeza de que Kathryn estava pronta, depois abriu a porta e foi na frente dela. Ele podia não pensar que tinha uma armadilha esperando por eles, mas ele não apostaria a vida de Kathryn nisso. Ele era bem menos destrutível que sua amante humana. Terra e cascalho raspavam no chão enquanto passavam pelo o que era uma pequena área de recepção. Tinha uma antiga mesa de metal em um canto e o que ele assumia serem os restos de uma cadeira em pedaços atrás dela. Fios, tanto de telefones quanto elétricos, saíam das paredes, e pedaços do carpete mostravam o chão de concreto como um fungo marrom.
— Bonito — Kathryn comentou.
— Alex disse que estava abandonado.
Uma segunda porta se encontrava aberta para o interior. Lucas atravessou-a e viu que o restante do edifício era algum tipo de instalação de fabricação. Tinha uma área central aberta com pesadas montagens ainda parafusadas no chão, no entanto, o equipamento foi removido pela maior parte. O pouco do que restava eram irreconhecíveis, ao menos para Lucas. Em volta dos quatro lados estava um mezanino aberto com três andares separados, cada um de frente para a área de fabricação. Escritórios alinhavam as paredes do mezanino, alguns com as portas ainda fechadas, outros escancarados. Qualquer vidro que estava nas portas ou nas armações do lado delas já foi embora há muito tempo e enchia o chão. Um corrimão de metal que uma vez providenciou uma barreira entre os andares do mezanino e a fábrica aberta estava enferrujado com grandes buracos onde caiu, ou foi arrancado completamente.
Lucas sondou a área, seus sentidos bem abertos. Seu olhar parou em um elevador de tamanho industrial, que parecia estar em relativamente bom estado. Alex estava claramente mantendo para o seu próprio uso, apesar do estado deplorável do resto do edifício.
As portas se abriram um momento depois, e o próprio Alex saiu de dentro.
 — Perdoe-me, meu senhor. Eu pretendia estar aqui quando você chegasse.
Lucas abaixou sua cabeça brevemente em reconhecimento. — Alex, essa é a Agente Especial Kathryn Hunter, FBI. Eu não acredito que tenham se conhecido.
Alex sorriu fracamente. — A infame Agente Hunter. Você deixou Françoise bastante agitada.
— Eu não sei por quê. A não ser que um de vocês tenha algo a esconder. — Kathryn respondeu friamente.
— Eu admiro muito o trabalho do Daniel, Agente Hunter. Mas, infelizmente, ele não está comigo.
Kathryn continuou em silêncio, mas Lucas podia sentir sua tensão e falta de confiança como uma serra elétrica em seus nervos.
— Porque estamos aqui, Alex? — Ele perguntou, querendo acabar logo com isso.
— Por favor, meu senhor — ele disse, gesticulando para o elevador. — O que eu tenho para dizer é melhor ser dito em particular. Eu tenho um apartamento muito agradável lá em baixo, um lugar para quando eu preciso me afastar. Ninguém sabe sobre ele, exceto eu. E agora você, claro.
Lucas estudou o outro vampiro, procurando por trapaça. Se Alex tentasse contar uma mentira direta, Lucas saberia, mas além disso, era difícil de dizer. Alex não pertencia a ele. Mesmo assim, ele estava no território de Lucas, e ele deveria saber que Kathryn, pelo menos, não acreditava em uma palavra do que ele falava. Contudo, ele parecia perfeitamente relaxado. Talvez fosse somente por ele estar em seu covil particular, um lugar onde se sentia seguro. Ou talvez não tivesse nada a esconder.
— Certo — Lucas concordou. — Tem luz suficiente para Kathryn?
— Claro, meu senhor. Eu frequentemente trabalho lá em baixo.
— Kathryn? — Lucas disse, olhando para ela em questionamento.
— Claro, porque não? — Ela colocou a arma de volta no coldre, mas Lucas percebeu que ela não abotoou a alça de segurança, e sua mão repousava levemente na traseira da arma.
— Mostre o caminho, Alex — Lucas disse, indicando o elevador com a porta aberta.
A descida do elevador foi tranquila. Apesar do estado horroroso do edifício, o vampiro tinha claramente mantido o elevador em boas condições, o que fazia sentido se ele vinha aqui frequentemente para dormir no porão. A falta de segurança era surpreendente, mas talvez, tinha mais do que Lucas conseguia ver. No mínimo, Alex poderia provavelmente trancar o elevador e fazer com que o andar de baixo ficasse inacessível durante as horas diurnas.
Lucas olhou para os números dos andares acima da porta do elevador e franziu o cenho abruptamente. Eles tinham acabado de passar o P1 e estavam descendo para o P2. — Tem um porão abaixo? — Ele perguntou bruscamente.
Alex assentiu. — Foi uma das razões de eu ter comprado este prédio. Ninguém parecia saber o que os donos originais estocavam aqui em baixo, mas eu imagino que se beneficiavam com as condições geladas. Eu mandei testarem todo o terreno para contaminantes só para garantir, mas não tinha nada aqui.
Lucas aceitou a explicação, mas não conseguia largar o mau pressentimento que aumentava com essa pequena aventura. Claramente, Kathryn estava tendo as mesmas preocupações, porque ela foi para o canto e deu meio passo para trás dele quando o elevador desacelerou. Táticas defensivas básicas. Nunca dê ao seu inimigo um alvo concentrado.
Antes das portas do elevador se abrir, Lucas mandou seu poder por uma varredura a frente, procurando por inimigos. Alex certamente sentiu o toque do poder, mas ele não ofereceu um protesto de nenhum jeito, nem uma garantia de que não era necessário. E subitamente ocorreu a Lucas o que estava lhe incomodando sobre esse encontro. Era o próprio Alex. Nenhum vampiro gostava de ter o seu covil invadido, em especial por um vampiro tão poderoso quanto Lucas, que também era o inimigo mortal do mestre de Alex. Mas não era que Alex estava muito nervoso, era porque ele estava muito calmo.
Por fora, Lucas não entregou nada, mas em particular ele xingou sua própria arrogância e deixou suas emoções transferirem para Nicholas, que esperava lá em cima com Mason. Se a merda ia acertar o ventilador, ele queria Nick atirando em todos os doze cilindros logo de cara. As portas se abriram, ele saiu para o porão, examinando de parede a parede com todos os sentidos que possuía. Nada. Então por que...
— Perdoe-me, meu senhor — Alex disse por detrás dele. — Ele não me deu escolha.
Lucas se virou para ver Alex ainda parado na porta aberta do elevador, sua mão esquerda apertando uma série de botões no painel de controle. Travando? Ou...
Em um flash de percepção, Lucas entendeu tudo que Alex fez. Ele pegou Kathryn e a jogou na parede de trás do elevador dois segundos antes do mundo explodir, e do prédio inteiro cair em cima deles.

Capítulo 16
 
A primeira coisa que Kathryn registrou foi sujeira. Em todo lugar. Preenchendo seus olhos, sua boca, seu nariz. Cobria cada centímetro de pele e descia pela sua blusa. Ela tossiu, um som horrível que ela não acreditava ter vindo de sua própria garganta. Ela foi levantar sua mão, para tirar o cabelo imundo de seu rosto e segurou um grito de dor. Seu braço. Algo havia acontecido com...
— Lucas! — Ela quis gritar o nome dele, mas saiu mais como um sussurro rouco. Deus, ela doía. Com cada sentido retornando, cada terminação nervosa estava acordando, ela doía mais.
— Lucas? — Ela tentou de novo, um grasnido rouco desta vez. Ainda sem resposta.
Ela lutou para encontrar sentido no que aconteceu, seus pensamentos eram espessos e lentos como seiva de árvore em um dia frio. Ela tentou piscar, abrir seus olhos e percebeu que eles já estavam abertos. Que simplesmente não havia luz. Escuridão total.
Fechando seus olhos novamente, ela voltou ao começo e fez um inventário de seu corpo, mexendo seus dedos do pé, flexionando músculos, dobrando joelhos. Até agora, tudo bem. Ela moveu sua mão direita cuidadosamente. Seu pulso estava dolorido, torcido provavelmente, seu antebraço estava machucado e dolorido, mas sua mão funcionava, seus dedos flexionando. Essas eram boas notícias. Ela usava a mão direita.
Seu braço esquerdo não tinha se saído tão bem. A dor de antes havia crescido para um pulsar constante que batia em ritmo com seu coração. Ela estendeu a mão com cuidado e sentiu a umidade quente de sangue fresco. Estava ruim, mas provavelmente não era fatal.
Kathryn tentou se virar, para que ela pudesse se sentar, mas havia um peso em suas pernas. Inclinando-se, ela tateou ao redor com sua mão direita boa e encontrou algum tipo de placa de metal. Pegando na beirada, ela a ergueu o suficiente para dobrar seus joelhos e tirar suas pernas debaixo dele antes de deixá-la cair no lugar com um ruído com uma nova nuvem de poeira. Ela puxou seus joelhos até o peito e esperou por um momento, tremendo. Ela estava entrando em choque? Ela descartou essa possibilidade. Seu braço não estava sangrando o bastante para isso. Hemorragia interna era possível, mas seu rápido inventário não parecia indicar quaisquer lesões internas.
Ela precisava se lembrar. Ela precisava saber onde Lucas estava. Ela precisava de luz.
Sua mão bateu em seu quadril e encontrou o volume reconfortante de sua Glock. Com toda esperança, ela foi tateando seu caminho ao longo de seu cinto e quase riu de alívio ao tocar sua pequena lanterna dada pelo FBI. Ela puxou o cilindro de metal de seu coldre com cuidado, sem querer arriscar derrubá-lo no escuro. Pegando-o com firmeza, ela clicou e congelou.
O subsolo de Alex Carmichael. Ela sabia que não deveria ter confiado nele. Vampiro traiçoeiro da porra. Ela iluminou a lanterna para cima e reconheceu o elevador, ou o que restava dele. Lucas havia agarrado-a no último minuto, jogando-a de volta no elevador com o Carmichael que estava dizendo algo, brincando com os botões do elevador e então... Um súbito pensamento de pânico a fez iluminar o elevador no canto onde Alex tinha estado de pé, meio esperando encontrá-lo olhando de volta para ela. Mas as únicas coisas que restavam de Alex Carmichael eram as roupas que ele estava usando, e elas estavam literalmente pontuadas pelo enorme pedaço de aço que havia terminado a sua vida. Então o filho da mãe havia terminado como homem-bomba, explodindo o maldito prédio inteiro e ele junto.
E o Lucas... Ela lutou para pensar naqueles últimos momentos. Ele a jogou no elevador e então...
— Lucas! — Ela então gritou seu nome desta vez. Sua lanterna mostrou um monte emaranhado de madeira, metal e concreto, onde o porão uma vez esteve. Um vampiro poderia sobreviver a algo assim? E se um daqueles pedaços perfurou o coração dele, igual a Alex? Havia um monte de pó e roupas em algum lugar ali que costumava ser o Lucas? Não, ele estava muito vivo para morrer tão inutilmente. Ela não acreditaria nisso. Ela não podia acreditar. A dor que ela sentiu com a possibilidade do Lucas estar morto foi surpreendente. Quando ele havia se tornado tanto para ela?
Ela se sacudiu mentalmente e colocou de lado estes pensamentos para mais tarde. Lucas estava em algum lugar, ainda vivo, mas ferido, e ela precisava encontrá-lo.
Ela se lembrou do Nicholas e do Mason esperando do lado de fora. Eles teriam que saber que algo aconteceu... seria difícil não perceber uma explosão desse tamanho, afinal de contas... e eles trariam ajuda, mas seriam eles capazes de escavar os escombros e chegar até aqui?
Kathryn apontou a lanterna diretamente acima de sua cabeça. O elevador não ia a lugar nenhum, isso era certo. Mesmo se o elevador e seu mecanismo de polia estivessem intactos, o elevador em si estava retorcido como uma caixa de suco vazia. Uma nova onda de medo se espalhou pela suas entranhas. Ela era mais do que um pouco claustrofóbica. Era uma coisa de controle, mas saber disso não tornava mais fácil respirar. Não quando ela pensava nas toneladas de pedra acima de sua cabeça, e se alguém pudesse cavar e tirá-los para fora antes que o ar acabasse... ou os destroços caíssem em sua cabeça.
Ela examinou o que restava do porão mais uma vez. Era ainda um porão se não havia mais um prédio em cima? Era mais como uma tumba. Pilhas de pedras e escombros no topo delas sem saída. Ela baniu esse pensamento rapidamente. Havia tempo o suficiente para desistir mais tarde. O que ela tinha que fazer agora era se aventurar nessa bagunça e encontrar o Lucas. Ela não podia esperar pelo Nicholas e as tropas chegarem. Lucas não podia esperar. Ele havia arriscado sua vida pela dela, e ela não iria deixá-lo lá sozinho.
Não havia espaço para ficar em pé, então ela foi se arrastando como podia e de joelhos quando era obrigada. O que restava do piso estava coberto com metal retorcido e vidro, e ela tinha que verificar cada passo que ela dava, cada lugar que ela colocava sua mão. Foi lento e exaustivo, mas mais do que tudo ela estava aterrorizada do que ela encontraria.
— Lucas. — Kathryn continuou dizendo o nome dele, algumas vezes falando alto, algumas vezes sussurrando desesperadamente. Ela não conseguia se lembrar exatamente onde ele estava durante a explosão, então ela começou no elevador e foi indo o mais adiante possível. Havia uma enorme quantidade de metal emaranhado, grandes barras pesadas rasgadas como papel, tudo retorcido um no outro, os espaços preenchidos com enormes pedaços de concreto e sujeira. Ela não era uma engenheira, mas alguns desses feixes pareciam segurar o pior dos escombros de cima, deixando pequenos espaços no nível do solo. Bem de longe, acima, ela pensou ter ouvido gritos, e de vez em quando, o ar se enchia com som de gemidos metálicos. Ela pensou que os feixes estavam sendo forçados sob o peso do prédio demolido. A primeira vez que ela ouviu o barulho, ela teve medo de que algo havia se quebrado, e tudo lá em cima estava prestes a cair aqui embaixo. Mas cada vez mais, os ruídos de quebra começaram a soar como um esforço organizado, quase como um canteiro de obras, e isso deu a ela uma esperança de ser resgatada. Mas isso poderia demorar horas, e ela tinha que encontrar Lucas.
— Lucas? — Ela disse novamente, quase soluçando. O peito dela doía de tentar respirar o ar empoeirado, suas costas doíam de se curvar nos espaços pequenos. Seus dedos estavam cortados e sangrando de empurrar pedaços retorcidos de metal e concreto, e... ela começou a temer que Lucas poderia de fato estar morto.
— Kathryn.
Ela congelou, incerta de que ela tinha realmente ouvido.
— Lucas?
— Mais ou menos — ele disse fracamente, e tossiu.
Sua lanterna procurou nos escombros e nada encontrou.
— Onde você está?
— Para a esquerda. A outra esquerda — ele esclareceu quando a luz dela foi para o lado errado.
Ela se forçou a procurar lentamente, movendo o feixe estreito da lanterna de um lado para o outro até que ela pegou um lampejo de pele pálida, quase invisível na massa retorcida de metal.
— Lucas! — No começo, ela era incapaz de alcançá-lo. Kathryn era forte para uma mulher, mas até mesmo ela não conseguiria mover todos os detritos de lado, mesmo que fosse sensato fazê-lo. Frustrada, ela foi agachada para a esquerda, na direção onde ela tinha certeza que era a parede que dava para o lado de fora. Alternando sua luz entre onde ela sabia que o Lucas estava e seu caminho atual, ela encontrou um tipo de túnel através dos destroços e serpenteou nele de barriga para baixo, sua pele se arrepiando com o conhecimento de tudo o que estava pairando sobre eles.
— Lucas — ela murmurou em desespero, passando a lanterna sobre o pouco que ela conseguia ver dele. Ele estava praticamente enterrado embaixo de uma pilha de concreto e vergalhões, apenas sua cabeça, ombros, e um braço estavam visíveis. Ela deslizou o mais próximo possível dele, ignorando a dor quando pedaços afiados de escombros destruíam suas roupas e se afundavam na pele de seus joelhos e cotovelos.
Os olhos dele se abriram, brilhando com uma luz dourada que fazia sua lanterna passar vergonha.
— Kathryn. — Palavras roucas e secas, e ela desejou ter um pouco de água para oferecer a ele. — Você está sangrando — ele disse. — Você está machucada?
Ela balançou a cabeça, sem confiar na sua voz e se sentindo tola. Lágrimas transbordaram de seus olhos, misturando alívio ao desespero. Vampiro ou não, ele estava seriamente ferido. Ossos quebrados, aquelas lesões internas que ela estava preocupada... isso era apenas o começo do que poderia estar acontecendo com o Lucas.
— Shhh, não chore. — Ele estendeu a mão boa para ela. — Eu sou difícil de matar, a cuisle. Você ainda não se livrou de mim. — Uma careta de dor retorceu seu lindo rosto. Ele fechou os olhos, mas não gemeu, não gritou. Tudo que Kathryn podia fazer era tentar não gritar por ele.
Ela assentiu, sem realmente acreditar nele, mas entendendo a importância de ele acreditar no que ele estava dizendo.
— Você está machucada? — ele repetiu, apertando os dedos dela.
Ela engoliu o nó de pesar em sua garganta. Ele podia ter se salvado, mas ele a salvou primeiro. E agora ele estava ali deitado quebrado e possivelmente morrendo, sem importar o quanto ele negasse isso.
Ela balançou a cabeça.
— Eu não estou machucada. Alguns cortes. Não é nada. — Ela entrelaçou os dedos com os dele, então se inclinou para frente e tocou seus lábios na boca dele cuidadosamente. — O que eu posso fazer?
— O beijo foi um começo.
Ela riu. Pelo menos a intenção dela era rir. Porém foi mais um soluço quebrado, mas estava tudo bem. Se ele podia provocar, talvez ainda houvesse esperança. Talvez os vampiros fossem realmente mais fortes do que ela pensava.
— Você precisa do meu sangue? — ela perguntou urgentemente.
Ele sorriu, mostrando seus dentes brancos, apesar das circunstâncias desesperadoras.
— Eu me lembrarei desse momento para sempre, minha Katie. — Ele tossiu com força, e então disse: — Um pouco de sangue seria muito bem vindo.
— Como nós... Quer dizer...
— O seu pulso servirá muito bem.
— Ah. Certo. Claro. — Kathryn apoiou sua lanterna no chão, inclinando-a para fornecer luz sem cegar a nenhum deles. Ela estava usando uma jaqueta e uma blusa de manga longa. As duas estavam rasgadas e sujas, mas notavelmente os punhos estavam intactos. Ela empurrou a manga esquerda da jaqueta até o seu antebraço e desabotoou o punho de sua blusa, dobrando-o por cima de sua jaqueta até o seu pulso estar à mostra.
— Eu...
Lucas pegou seu braço com sua mão livre e o trouxe aos seus lábios, beijando a pele macia de seu pulso gentilmente.
— Tão macia, a cuisle. Tão frágil.
— Frágil — ela repetiu. — Aí está uma palavra que muitas pessoas não usariam para me descrever.
— Isso é porque elas não te conhecem como eu.
As palavras de protesto dela morreram sem serem ditas quando sua língua quente bateu uma vez, duas vezes por cima do pulso de seu punho. Seu coração começou a martelar quando ele beijou o pulso dela. Ela conhecia o prazer da mordida dele, e o corpo dela também. Seus seios pareciam repentinamente muito apertados no sutiã confinante que ela tinha colocado debaixo da blusa de algodão macia esta noite.
— Isso vai machucar, Kathryn — ele sussurrou, a respiração dele soprando gentilmente seu pulso úmido. — Eu prefiro estar entre suas pernas, meu pênis enterrado em sua vagina tão molhada...
— Lucas — ela o alertou, seu rosto ficando quente. — Isso não...
Ele atacou sem aviso, suas presas afundando nas veias enterradas profundamente em seu antebraço. E ele estava certo. Doía muito mais do que quando ele mordia seu pescoço, mas apenas por alguns segundos, enquanto a euforia em sua mordida não chegava em seu cérebro. Depois disso...
Ela deixou a cabeça cair pra frente, lutando contra a onda de êxtase sexual percorrendo o seu sistema. Se seus seios pareciam sensíveis antes, eles eram puro tormento agora, seu sutiã raspando seus mamilos inchados como se fosse a renda mais áspera ao invés do algodão mais macio. Calor se acumulou entre suas coxas, ondas de sensação assaltando seu ventre, seu abdômen.
Um grito escapou de seus lábios, seu corpo estremecendo quando o clímax a atingiu. Kathryn enterrou seu rosto contra o seu antebraço, grata pela escuridão. Eles estavam presos em um porão, três andares de sujeira, pedra e metal em cima deles, e ela estava tendo um maldito orgasmo.
Lucas ergueu a boca de seu pulso, suas presas deslizando sem dor de sua veia. Ele lambeu as feridas e depositou outro beijo em seu pulso, mas ele não largou de sua mão.
— Obrigado, Kathryn — ele disse solenemente.
Ela assentiu com a cabeça. Mas não conseguiu olhar para ele. Ela estava muito envergonhada.
— Minha Katie.
— O quê?
— Olhe para mim.
Ela ergueu apenas seus olhos de relance, e então de volta para baixo.
— Isso não foi um olhar. Pare, Kathryn. Isso é biologia. É como nós sobrevivemos os séculos antes que os humanos pudessem ver além da superstição e entrar na era disco.
Ela sorriu apesar de si mesma.
— Era disco?
— Um presente para a comunidade vampírica, um ghrá. Mas a verdadeira revolução foi o controle de natalidade. Todas essas lindas mulheres de repente livres e ansiosas para desfrutar da sexualidade que os homens já desfrutavam tão liberalmente há séculos.
Kathryn revirou os olhos.
— Eu tenho certeza que você era bastante popular.
— Era? Estou magoado. Só para você saber, eu ainda sou.
— Certo. Eu sei o que você está fazendo — ela acrescentou, encontrando seu olhar firme finalmente.
— Além de estar deitado embaixo dessa pilha de escombros, você quer dizer?
— O quão gravemente você está ferido, Lucas? A verdade.
— Ah, isso. Eu receio que eu tenha alguns ossos quebrados embaixo de tudo isso. E posso dizer, nunca quebrei um osso antes... dói pra diabos. Não, não — ele acrescentou rapidamente, ouvindo o suspiro involuntário de consternação de Kathryn. — Eu posso lidar com isso. Apesar de que eu vou esperar algumas demonstrações de simpatia e admiração quando tudo isso acabar. Talvez você possa fazer carinho na minha testa e dizer coisas como, Pobre bebê. Você foi tão forte. Esse tipo de coisa. — A tensão em sua voz desmentia suas palavras fáceis, a voz dele estava fina e estrangulada como se ele estivesse lutando para encontrar oxigênio suficiente para falar.
— Se nós sairmos daqui, eu vou acariciar mais do que a sua testa — Kathryn prometeu.
— Eu me encontro motivado, juntando a sua deliciosa doação de sangue, que irá acelerar tudo tremendamente. Infelizmente, ossos levam tempo para sarar, até mesmo para um vampiro. — Sua mandíbula ficou repentinamente tensa, seus olhos fechando enquanto seu rosto se contorcia com uma óbvia dor.
— Lucas? — Ele resmungou em resposta, então ela continuou. — Por que o Alex faria isso? Tentar nos matar dessa forma, e se matar também.
— Compulsão — Lucas disse, sua voz baixa com esforço. — Seu mestre e eu somos inimigos. Ele usou o Alex para me atingir. Alex não tinha escolha no que ele fez. Ele não foi o vilão.
Kathryn não tinha certeza se concordava com isso, mas ela não iria discutir com ele.
— Eu acho que Nick e os caras estão tentando chegar aqui embaixo — ela disse rapidamente, querendo distrai-lo. Ela ergueu o queixo para indicar o barulho quase constante que agora vinha de cima.
— Nicholas começou um trabalho de resgate — ele confirmou em um sussurro tenso. — Mas isso vai levar tempo. — A voz dele ficou mais calma, sua expressão ficando mais leve, como se a dor tivesse diminuído, pelo menos temporariamente. — Nós vamos ficar presos aqui por horas ainda. Então, enquanto a coisa muito especial no meu sangue que me torna Vampiro faz o seu melhor para consertar os meus ossos quebrados, você pode me distrair falando.
— O que eu devo dizer?
Lucas não abriu os olhos, mas sua boca se curvou em um sorriso torto. — Diga que você me ama — ele murmurou.
Seu coração se torceu em seu peito, mas ela não conseguia dizer as palavras. Nem mesmo brincando. Elas estavam muito próximas da verdade que ela não queria reconhecer. — Por favor, não morra — ela sussurrou em seu lugar.
— Eu não vou morrer, a cuisle. — Ele disse, deixando seu sotaque irlandês reverberar pelas palavras. — Eu ainda tenho que tirar a sua roupa.
— Mas como você pode sarar ossos quebrados desse jeito sem...
Seus olhos dourados se abriram de novo, e ela conseguiu ver a dor neles, mesmo ele falando claramente. — Você precisa entender, Kathryn. A cura do vampiro não se importa que as minhas pernas estejam presas sob uma pilha enorme de pedras. Ele só quer que elas funcionem novamente, e ele está tomando todo o poder de cura do meu corpo e sangue para se concentrar nessa única tarefa.
— O que isso significa?
— Me dê tempo o suficiente, e moverei essa maldita pilha de lixo das minhas pernas. Mas os ossos começarão a querer se curar tudo de novo, porque eles ainda estão sob pressão nesse momento, e nem mesmo a cura vampírica pode deixá-los retos e sãos.
— Ah, Deus, Lucas, — Ela sussurrou.
— Segure a minha mão — ele disse, seus olhos se fechando mais uma vez. — Me distraia. Me conte o que aconteceu depois que os seus pais morreram.
Kathryn o observou a luz fraca de sua pequena lanterna, procurando em seu rosto por qualquer sinal de que ele estivesse manipulando-a, usando a situação terrível deles para ela se abrir com ele, para contar a ele algo pessoal.
Mas seu rosto estava pálido, até mesmo para ele, e havia linhas de dor enrugando o canto de seus olhos fechados. A respiração dele estava tensa, e ela pensou em quão difícil devia estar para ele respirar, o quão doloroso era ficar deitado lá, sentindo os seus próprios ossos se curando, e enquanto isso sabendo que você teria que passar por tudo isso de novo quando ele estivesse livre.
— O que faz você pensar que os meus pais estão mortos? — Ela perguntou, para o fazer pensar em algo, qualquer outra coisa.
— É a maneira como você se relaciona com o seu irmão, a maneira como você fala sobre ele. É quase como se você fosse a mãe ao invés de irmã. Além de todo esse tempo que nós passamos procurando por ele, você nenhuma vez mencionou uma mãe ou um pai. Estou achando que você era muito jovem quando eles morreram. Talvez alguém assumiu as rédeas, um avô, uma tia ou um tio, mas você era mais velha que o seu irmão, e você se sentia responsável por ele de qualquer forma.
Ele não abriu os olhos, não olhou para ela, mas ela podia sentir ele querendo uma resposta dela. Seu estômago se revirou ao pensar em revelar seus momentos mais dolorosos, sua história privada. Mas ele havia contado a história dele, uma vida muito mais difícil que a dela havia sido, apesar de suas perdas.
— Minha mãe morreu quando o Daniel tinha dois anos — ela começou. — Eu tinha seis. Meu pai ainda está vivo.
— Ah. Mas nenhum de vocês é próximo a ele.
— Ele nos criou sozinho. Meus avós... aqueles com o rancho... ofereceram para nós irmos morar com eles, e o meu pai vinha nos finais de semana e ficava com a gente. Ele disse não. Nós éramos filhos dele, e ele nos queria com ele. Mas ele ainda tinha que trabalhar, claro. Nós tínhamos babás, mas eu já cuidava do meu irmão desde que ele nasceu. Minha mãe foi diagnosticada com câncer um pouco antes de dar a luz, e ela começou os tratamentos logo depois. Minha memória mais antiga é o meu pai me dizendo no dia que o meu irmão nasceu que eu precisava ajudar minha mãe com o bebê novo porque ela estava doente. Eles vieram para casa com o Daniel, e eu me lembro de olhar para ele e pensar que ele era a minha responsabilidade agora. Quando eu tinha quatro anos, eu já sabia como preparar a mamadeira para o meu irmão, como esquentar no microondas antes de colocar o bico. Eu trocava as fraldas dele, apesar de que provavelmente não bem, e eu o botava para dormir. Era eu que ele queria quando chorava, não um dos nossos pais. Quando ele fez um ano, eu voltei para casa do meu primeiro dia no jardim de infância, e ele estava tão feliz de me ver que ele deu seus primeiros passos. Para mim.
— E o que o seu pai pensava de tudo isso?
— Foi difícil para ele. Minha mãe ficou doente por dois anos antes de morrer, e acho que realmente foi mais fácil para ele depois disso. Ele nos amava, mas o trabalho dele era uma fuga de tudo. Eu não posso culpá-lo por isso. Ele fez o melhor que pôde, e eu sou grata. Ele poderia ter ido embora quando a minha avó ofereceu, ou nos jogado para a irmã da minha mãe, mas ele não o fez.
— Mas ele ainda está vivo. Então onde ele está agora?
— Ele casou novamente há alguns anos. A esposa dele é mais jovem, e eles têm dois filhos.
— Mais irmãos para você. Que amável.
— Eu acho. Eu mal os conheço. Eles moram no Arizona, e as crianças são bem mais jovens.
— E você não quer de verdade mais irmãos.
— Eu não preciso de mais. Eu tenho o Daniel.
— Humm. — Ele caiu no silêncio, o bastante para Kathryn sentir uma pontada de medo.
— Lucas?
O coração dela pulou em alarme quando ele não respondeu, e ela se aproximou mais, pressionando seu rosto no dele e ouvindo sua respiração, esperando pelo roçar de ar quente em sua bochecha.
— Kathryn — ele sussurrou, baixo o suficiente que ela não teria ouvido se ela não estivesse tão perto. — Eu já te falei que te amo?
Ela beijou seus olhos fechados e então sua boca.
— Shh — ela sussurrou. — Guarde sua força para as coisas importantes.
— Amor é importante, a cuisle. Você não estaria aqui de outra forma.
Ele ficou em silêncio depois disso, descansando, ela imaginou. Mas contanto que ele estivesse respirando, ela imaginou que a cura vampírica, como ele chamava, ainda estava funcionando nele, ainda tentando curar o dano devastador em seu corpo. Kathryn abaixou seu rosto na curva de seu braço, ainda segurando a mão dele. Ela estava dolorosamente cansada, e ela se perguntou por quanto tempo eles teriam que esperar lá embaixo.
Ela não percebeu que havia dormido até que um barulho forte a acordou. Ela acordou com um susto, olhos arregalados. Seu primeiro pensamento foi que algo cedeu acima deles, algum pedaço importante da estrutura metálica que segurava todo o resto, e agora eles estavam condenados.
— É apenas o Nicholas — Lucas disse, sua voz mais forte do que antes.
Ela olhou para ele. Ele parecia cansado embaixo daquela sujeira e poeira, mas seus olhos estavam abertos e reluzindo o dourado de poder.
— Você está pronta para sair daqui? — ele perguntou.
— Sair? — Ela repetiu, confusa.
— Aponta sua lanterna lá em cima, pode ser? — Ele ergueu seus olhos para indicar o emaranhado de vigas metálicas e construção destruída em cima dele.
Kathryn fez uma careta, mas fez o que ele pediu, movendo o feixe estreito de sua lanterna de um lado para o outro acima deles até ele grunhir de satisfação e disse:
— Isso. Me faz um favor?
Ela assentiu, um pouco preocupada sobre o que ele estava planejando fazer.
— Eu quero que você volte até o elevador onde você estava antes. Eu não tenho certeza do que irá acontecer quando eu começar a mexer nas coisas, e eu não quero você aqui embaixo.
— Eu pensei que você disse que o Nicholas estava vindo com o resto dos caras. Eu acho que nós deveríamos esperar...
— Não é de minha natureza esperar, a cuisle. Além disso, eu tenho uma reputação para manter.
— Isso não é engraçado.
— Não, não é. É mortalmente sério. Agora, por favor, Kathryn, faça o que eu estou pedindo e volte para o elevador.
Ela olhou-o infeliz por um longo minuto, em seguida, apertou os lábios e balançou sua cabeça em concordância. Ela havia começado a se contorcer no caminho de volta da mesma maneira que ela veio, quando ele a parou com uma mão em seu braço.
— Sem um beijo de boa sorte?
Kathryn estreitou seus olhos em irritação, mas sentiu um sorriso puxando seus lábios.
— É melhor que você saiba o que você está fazendo, Lucas Donlon, porque eu não vou salvar o seu traseiro de novo se toda essa merda cair em cima de você.
— Venha aqui.
Ela se arrastou para frente de novo e colocou sua boca contra a dele, com a intenção de lhe dar um rápido beijo nos lábios. Mas Lucas tinha outros planos. A mão dele se enroscou nos fios soltos de cabelo dela, segurando-a no lugar enquanto ele dava nela um beijo ardente. A língua dele deslizou entre seus dentes, entrelaçando-se com sua língua, enquanto os lábios dele acariciavam sua boca. A tensão saiu do corpo de Kathryn por alguns preciosos momentos enquanto ela se deleitava com a sedução do toque de Lucas, seus fortes dedos massageando a sua nuca, o beijo dele a clamando para si, mesmo se fosse por apenas estes poucos minutos em um porão escuro.
Ele se afastou lentamente, e ela gostava de pensar que a relutância dele espelhava a dela.
— Quando isso acabar, minha Katie, você e eu vamos passar diversas horas de qualidade em uma grande cama com uma garrafa de um bom uísque e sem telefones.
— Promessa grande, vampiro.
— Planos grandes — ele corrigiu. — Agora vá. Estou cansado de ter toda essa merda pesando em cima de mim.
Kathryn fez uma careta. Ela não via como ele pensava em sair dali sem ajuda. Vampiro ou não, havia apenas muita coisa no caminho, e cada pedacinho pesava uma tonelada. Ele tremulou os dedos, como se estivesse empurrando-a para seguir caminho, então ela obedeceu. Se arrastando para trás, e fazendo uma careta quando o seu braço machucado encostou-se a um pedaço afiado de concreto, e de novo quando algo rasgou sua calça e aumentou seus cortes e contusões.
— Você entende o conceito de se mover em segurança, não é, a cuisle? Alguém deveria pelo menos tentar chegar lá inteira.
— Eu estou tentando. Isso não é fácil, sabia?
Outro barulho começou acima, este continuando por um tempo enquanto Kathryn finalmente conseguia se livrar do pior dos escombros e meio se arrastou, meio se agachou, meio se abaixou de volta para a segurança duvidosa do poço do elevador. O som morreu um pouco antes de ela chegar ali, o tilintar metálico final ecoando pelo espaço vazio do poço acima da cabeça dela.
— Você acha que eles estão vindo por aqui? — ela chamou Lucas.
— Provavelmente. Isso evita ter que passar por grande parte dos detritos. A alternativa seria escavar através da parede lateral.
— Eu pensei que você e o Nicholas estavam, sabe, em contato.
Lucas riu, soando quase como o seu eu de sempre.
— Há limitações. Você está no elevador?
— Sim — ela respondeu, irritada.
— Fique o mais para dentro que você puder. E você pode querer fechar os olhos.
Kathryn fez o que ele pediu, fechando seus olhos com um suspiro impaciente alto o bastante para Lucas ouvir. Mas por dentro, ela estava tremendo, seu coração acelerado.
Ela se apertou em um canto apertado do elevador, esforçando-se para ver no escuro, aterrorizada que a sorte do Lucas fosse acabar, que o colapso seguinte seria aquele que ele não sobreviveria.
 
* * *
Lucas deu um sorriso torto ao ouvir o suspiro de exasperação de Kathryn, ele não conseguia vê-la da posição incômoda que estava, mas ele podia ouvi-la resmungando para si mesma enquanto se movia. E podia sentir o medo dela por ele, o medo que ela tentava encobrir com seus resmungos.
Quando ele estava certo de que ela estava segura, ele esticou o seu poder e tocou Nicholas.
— Senhor? — Os pensamentos de Nicholas estavam tensos de preocupação.
— Complicações com as autoridades humanas até agora?
— Um carro patrulha veio. Alguém ouviu a explosão e os chamaram. Nós tivemos uma boa conversa, e eles foram embora felizes.
— Excelente. Vocês estão vindo pelo poço do elevador?
— Sim. Tivemos que mover algumas toneladas de detritos primeiro, mas finalmente nós limpamos o poço. Nós podemos cortar pelo...
— Não. A Kathryn está lá. Eu irei até vocês.
— Você vai subir?
— Depois que eu mover essa porra de pilha de pesada, sim. Será... ruim, Nick. Você entende?
— Sim, meu senhor. Eu tenho um helicóptero em espera se nós precisarmos. Nós vamos para o rancho ou vamos ficar em St. Paul?
Lucas queria ir para a sua casa no rancho em Dakota do Sul, mas fazia mais sentido permanecer nas Twin City. Quanto antes ele estivesse em segurança, mais cedo seu corpo poderia começar a se curar novamente, e ele precisava de sua força de novo rapidamente. Klemens saberia que Alex Carmichael estava morto, e ele também saberia que Lucas não estava. Claramente ele estava contando com a morte de Lucas na explosão suicida de Alex, mas mesmo ele tendo sobrevivido, Klemens presumiria que ele estava ferido, deixando-o enfraquecido e talvez vulnerável ao ataque. Lucas não tinha condições de estar fraco. Não a menos que ele estivesse preparado para render a sua gente e território ao Klemens. Isso nunca aconteceria.
O rancho em Dakota do Sul era o seu verdadeiro covil, mais a cobertura do outro lado do rio em St. Paul teria que servir. Mais do que qualquer coisa, ele precisava de um lugar seguro para descansar enquanto a cura vampírica consertava o que estava errado em seu corpo.
— Vamos até a cobertura, Nick. O mais rápido possível.
— Entendido, meu senhor.
— Vejo você daqui a pouco.
— Boa sorte, Criador.
Lucas fechou seus olhos, imaginando a massa esmagadora de vigas, concreto e vergalhões que ele viu na luz da lanterna de Kathryn. E então ele acrescentou a distância entre a sua atual localização e a parede mais próxima onde a destruição era menor. Ele se preparou contra a dor inevitável. Ele havia contado a Kathryn que os seus ossos quebrados doíam como o inferno, mas correr com eles da maneira como eles se curaram seria muito pior.
— Feche seus olhos, Kathryn — ele falou novamente, dando-lhe um aviso.
E então ele se moveu.
Uma explosão de puro poder ergueu a massa de destroços em cima dele com um gemido de metal torturado e pedras despedaçadas. Era apenas um metro, e por apenas alguns segundos, mas foi o bastante para Lucas se virar de rosto para baixo e correr de quatro para longe, alcançando um lugar relativamente seguro na parede com não mais do que uma respiração de sobra quando o enorme peso desabou mais uma vez. As paredes tremeram, e o chão estremeceu embaixo do impacto tremendo.
Tudo se mexeu quando a pilha de escombros se acomodou em sua nova configuração, sujeira e pedaços de concreto caindo nele como uma neve letal.
— Kathryn! — ele gritou por cima do barulho.
— Estou bem — ela respondeu. — Onde você está?
— Não saia! — Ele gritou rapidamente. — Eu vou até você.
— Você tem certeza, eu posso...
— Droga, Kathryn. Fique aí.
Lucas se agachou perto da parede, joelhos enfiados contra o seu peito, rosto enterrado na proteção de seus braços até que tudo parou de se mover. Ele ergueu sua cabeça de novo. O ar ainda estava denso com partículas de vai saber que tipo de lixo, mas eles tinham que sair dali. A pilha não estava estável para começo de conversa, e ele temia que houvesse apenas piorado.
Ele se forçou a ficar de pé, fechando seus olhos contra a agonia de ossos que foram curados dobrados ou desalinhados. Se ele tivesse que adivinhar, ele diria que cada osso em sua perna direita estava quebrado, além do seu fêmur na perna esquerda. E sua pélvis parecia de vidro toda vez que ele se mexia. Essa era a notícia ruim. A notícia boa era que o dano aos órgãos vitais foram mínimos e já se curavam. Seus pulmões doíam, mas isso era provavelmente devido ao fato do ar estar mais poluído do que qualquer outra coisa. E seu coração estava são. Se não estivesse, ele estaria há muito tempos morto junto com Alex Carmichael. Ele se perguntou se Kathryn já havia percebido que os restos de Alex era parte da poeira que ela estava respirando. Ele decidiu não dividir este fato em particular.
Demorou apenas alguns minutos, aproximando-se da parede, encontrando o seu caminho em torno das pilhas menores, em sua maioria concreto e móveis esmagados, que barravam seu caminho. Havia alguns fios elétricos enrolados na bagunça, mas eles estavam mortos. Nick provavelmente cortou a linha principal como precaução. Enquanto Lucas se aproximava da frente aberta do elevador, ele se endireitou o máximo possível. Ele não queria que Kathryn pensasse muito sobre a sua condição física. Ele não queria que ela prestasse muita atenção para o estado de suas pernas em particular. Ela não precisava saber o quão ruim estava.
Ela estava sentada contra a parede de trás do elevador, cabeça enterrada em seus braços, seu rabo de cavalo, normalmente arrumado, estava solto e despenteado. Ele sentiu o cheiro de sangue fresco e franziu a testa. O machucado em seu braço ainda estava vazando sangue, e um corte de aparência desagradável marcava sua panturrilha. Era o braço que o perturbava mais. Mesmo sem um curativo, ele deveria ter coagulado já.
— Kathryn — ele disse baixinho.
A cabeça dela se ergueu, e ele viu em seus olhos o que ela havia se recusado a contar para ele quando ele ainda estava preso. Um sorriso lindo se espalhou em seu rosto, e ela riu enquanto pulava e vinha para os seus braços.
— Eu não posso acreditar! — Ela disse, abraçando-o com tanta força que doeu, mas ele segurou de qualquer forma. — Alguma coisa está doendo? — Ela perguntou, saindo do seu abraço muito rapidamente enquanto dava um passo para trás para observar o corpo dolorido dele.
— Nada que não consiga lidar — ele respondeu com a maior sinceridade. — Nós precisamos sair daqui, a cuisle. Estou preocupado com esse lugar.
— Certo — ela disse, em seguida, olhou para o teto amassado do elevador. — Hum. Você tem um plano?
Lucas sorriu e roubou um rápido beijo que se transformou em um longo antes dele se afastar. Aquela maldita química novamente. Aqui eles estavam, enterrados em um buraco de destroços instáveis, e ele ainda a queria como queria a sua próxima respiração. E julgando a cor no rosto previamente pálido dela e o acelerar de seu coração, ela sentia isso também.
— Escapar primeiro — ele disse, abaixando sua mão até o volume do perfeito traseiro dela. — Sexo depois.
Kathryn encontrou seu olhar, seu peito subindo e descendo com respirações rápidas. Ela lambeu seus lábios.
— Certo — ela disse, nunca quebrando o contato dos olhos. Eles se inclinaram na direção um do outro como dois imãs, antes de perceberem ao mesmo tempo o que eles estavam fazendo e se afastarem.
— O Nick está esperando — ele murmurou, torcendo um dedo em seu cabelo embaraçado.
— Ok — ela concordou, mas nenhum deles se mexeu.
Lucas sorriu lentamente, o sorriso se tornando uma risada.
— Há um helicóptero.
— Melhor ainda — ela sussurrou.
— Eu tenho que fazer um buraco nesse maldito elevador.
— Parece perigoso.
— É. Um beijo vai tornar tudo melhor.
Ela lhe deu um sorriso torto próprio dela.
— Você acha que um beijo torna tudo melhor.
— E não é?
Kathryn segurou seu rosto e tocou seus lábios nos dele. Ela abriu sua boca para dizer algo, mas ela foi interrompida quando Nicholas escolheu aquele momento para gritar pelo poço do elevador.
— Lucas!
Lucas revirou os olhos de desgosto, mas respondeu.
— Você está pronto, Nick?
— Pronto!
— Essa é minha deixa — Lucas olhou em volta procurando uma ferramenta em potencial, e encontrou um pedaço de um metro e meio de aço pesado irregular e destruído nas extremidades. — Afaste-se, e cubra seus olhos. — Ele estudou o espaço fechado com uma careta. — Melhor ainda, apenas fique do lado de fora para que você não fique embaixo de qualquer coisa que decida ruir quando eu fizer isso.
— O que você vai fazer? — Kathryn perguntou enquanto ela se movia para obedecer.
— Isso — ele disse, e enfiou o pedaço de metal pelo topo do elevador, quebrando o teto danificado, empurrando de lado fios elétricos e abrindo um buraco. Mais lixo imediatamente começou a cair pelo elevador, concreto em sua maioria, juntamente com cabos grossos que serpenteavam retorcidos, que ele presumiu ser o que guiava o elevador para cima e para baixo.
Mas, além de tudo isso, veio o ar fresco e, acima, a visão bem-vinda do céu noturno e Nicholas olhando para ele com um olhar preocupado em seu rosto.
— Meu senhor! — Nicholas chamou, sua voz cheia de alívio.
— Mande-nos uma corda, Nick.
— Eu farei melhor, meu senhor — Nick disse e gesticulou para o lado. Mason apareceu lá em cima usando uma cadeirinha com uma corda pesada arrastando atrás de si. Ele puxou a corda uma vez, assentindo para quem segurava a corda, em seguida, deslizou sobre a beirada, caindo livremente pelos primeiros cinco metros antes da corda ficar esticada, e ele começou a descer na direção do topo do elevador. Lucas apreciou o pensamento, mas não ele iria subir nos braços fortes de Mason, não importa o quanto os ossos doloridos dele quisessem. Mas Kathryn iria.
— Pode subir, minha Katie — ele disse, gesticulando para Kathryn. — O seu salvador aguarda.
Kathryn observou o grande vampiro duvidosamente.
— Eu não posso escalar pela lateral? Sabe, como uma parede?
Lucas balançou a cabeça.
— Muito perigoso. Muitos perigos para fora, fios elétricos e tal — ele acrescentou, mentindo só um pouco.
Ela franziu a testa, mas ela permitiu que ele desse uma força para ela passar pelo buraco no teto, onde Mason esperava. Ele teve que cerrar os dentes enquanto ela ia para os braços do outro vampiro. Isso não devia incomodá-lo tanto, mas incomodava. E o fato que incomodava disse a ele que ela importava mais do que ele estava admitindo.
Mason não perdeu tempo. Logo que Kathryn estava segura, ele começou a subir para a superfície. Sem estar acostumada a velocidade e força de um vampiro, Kathryn deu um pequeno grito de surpresa quando Mason voou para cima, sua subida impulsionada pelos vampiros lá de cima. A subida deles foi provavelmente mais rápido do que o elevador em si teria sido.
Logo que eles chegaram ao topo, Kathryn imediatamente se soltou do abraço de Mason e se afastou do grande vampiro... para a grande satisfação de Lucas. Mas, em seguida, a próxima tarefa o aguardava. Ele suspirou, pensando não pela primeira vez que o orgulho e competitividade dos vampiros eram um pé na bunda de vez em quando.
— Apenas a corda, Nick — ele chamou.
Nick olhou por cima da beirada para ele e abriu a boca para protestar, mas algo na expressão de Lucas o fez parar. Ou talvez tenha sido as ondas de agressão flutuando do maldito buraco no chão. De qualquer forma, a grossa corda logo estava serpenteando na direção dele. Lucas a agarrou, e então cerrou seus dentes e começou a subir, mão sobre mão, até ele alcançar o topo.
Nicholas o pegou pelo braço logo que ele chegou à borda do buraco, preparando-o discretamente sob a desculpa de puxá-lo para um rápido abraço masculino antes de se afastar. Lucas apreciou o gesto e a lealdade de seu tenente. Um senhor vampiro nunca poderia se dar ao luxo de demonstrar fraqueza. Nick entendia isso.
Lucas observou seus vampiros reunidos, procurando a menor indicação de deslealdade. Mas ele não encontrou nada a não ser alívio, amor, e uma determinação de aço de vingança contra quem tentou assassinar seu mestre. E a vingança estava definitivamente no futuro deles. Mas não esta noite. Lucas estava com dor e exausto. Ele queria sua cama e ele queria Kathryn.
— Vamos, Kathryn — ele disse, estendendo uma mão.
Ela olhou para a mão dele, em seguida, ergueu seus olhos para estudar seu rosto. Por um momento, ele pensou que ela iria rejeitá-lo, mas então algo em seu olhar se rendeu. Ela entrelaçou seus dedos nos dele, e ele suspirou interiormente. Ele iria precisar de toda sua força para o que ele faria em seguida.
 
* * *
 
Kathryn olhou para Lucas enquanto eles subiam no elevador para a cobertura. Algo estava errado. Com certeza ele estaria exausto depois do que ele passou. Ela com certeza estava exausta, e o calvário dele foi bem pior do que o dela. Era mais do que apenas cansaço, no entanto.
Ele segurou sua mão todo o caminho até lá. O ato em si não era estranho; Lucas era uma pessoa que gostava de tocar. Mas de vez em quando enquanto eles se dirigiam para casa, o seu aperto aumentou até o ponto de quase dor, e ela pegara uma expressão fugaz de angústia em seu lindo rosto. Ele disse a ela que seus ossos foram curados de maneira imprópria, que a cura vampírica iria querer corrigi-los, uma vez que ele estivesse livre, mas... isso significava que já estava funcionando nele?
— Você está bem? — Ela se inclinou perto o suficiente para sussurrar no ouvido dele, baixinho o bastante que ela achou que nenhum outro vampiro conseguiria ouvir. Mas havia apenas o Nicholas no elevador com eles, e Lucas parecia confiar nele acima de todos os outros.
— Ótimo — ele disse em uma voz que não tinha nada da cadência alegre habitual de sua voz.
Ela franziu a testa, mas não o forçou. Talvez não fosse normal para um senhor vampiro mostrar dor, mesmo entre aqueles que ele confiava.
Quando as portas da cobertura se abriram, ela começou a sair, mas Lucas a parou.
— Nick irá te acomodar no piso inferior. Ele não tranca durante a noite, então você ficará mais confortável lá.
— Por que eu não posso ficar com você? — Ela perguntou, odiando a ideia dele sofrer sozinho com o que estava acontecendo.
Lucas olhou para ela, seu olhar se suavizando enquanto ele segurava seu rosto e esfregava seu polegar por cima dos lábios dela.
— Você não quer presenciar isso, a cuisle. Eu não quero você aqui para isso. Não será bonito, mas, confie em mim, eu vou passar por isso. E amanhã à noite, você pode fazer aquele carinho que nós comentamos a respeito.
— Lucas, eu não tenho medo de um pouco de...
— Kathryn. Por favor.
Seus lábios se apertaram infelizes, mas ela assentiu.
— Tudo bem. Vou voltar para o meu hotel e...
— Não, — ele interrompeu. — Eu não acho que você era um alvo essa noite, mas Klemens sabe sobre você agora, e ele pode tentar te usar contra mim. Eu não quero você ferida. Dê ao Nick a sua chave do hotel, e ele vai mandar um dos guardas diurnos lá para pegar as suas coisas.
— Lucas, eu posso passar a maior parte do meu tempo no escritório hoje em dia, mas eu ainda sou uma agente treinada do FBI. Eu sei como me proteger.
— E Klemens é um senhor vampiro. Você viu o que eu fui capaz de fazer essa noite, mesmo machucado como eu estava. Você pode se defender contra isso? Por favor — ele acrescentou, quando ela olhou feio para ele teimosamente. — Uma noite. Que mal pode fazer?
— Tudo bem — ela concedeu. — Mas eu vou para o hotel com o seu guarda. Eu prefiro fazer a minha própria mala.
— E você vai voltar — Lucas esclareceu.
— Sim, papai — ela resmungou, revirando os olhos. — Eu volto logo em seguida.
Lucas lhe deu um sorriso torto cansado, e então baixou sua boca à dela e a beijou longamente.
— Meus sentimentos por você definitivamente não são paternais, minha Katie.
Kathryn corou, sabendo que Nicholas estava assistindo e ouvindo tudo, mas ela estendeu a mão e acariciou o rosto de Lucas da testa ao queixo.
— Pobre bebê — ela murmurou. — Você foi tão forte, tão corajoso.
Lucas riu e deu um último beijo nela, com força.
— Eu me lembro de outras promessas que foram feitas. Eu espero um pagamento integral quando eu vir você à noite.
Ele olhou por cima da cabeça dela para o Nicholas.
— Está tudo preparado?
— Sim, meu senhor. Você gostaria...
— Jesus, não você também, Nick. Eu ficarei bem. — Lucas saiu do elevador e desapareceu para um dos cantos escuros da cobertura.
Kathryn o observou até que as portas se fecharam, mas ele nunca olhou para trás. Ela se inclinou contra a parede do elevador, em seguida, olhou para suas roupas sujas, muito consciente do Nicholas em pé a alguns metros de distância dela em um espaço confinado. Finalmente, ela olhou para ele e o encontrou a estudando.
— Ele ficará bem? — Ela perguntou.
Nicholas piscou.
— Eu não o deixaria lá em cima se eu não acreditasse nisso.
Kathryn assentiu com tristeza e disse:
— Ok, eu acho. Sobre essa ida ao hotel...
— Lucas Donlon é o meu mestre, Agente Hunter. Será feito exatamente como ele mandou.
Kathryn suspirou. Ela se lembrava de estar no comando de sua própria vida apenas alguns dias atrás. Ela tinha que se perguntar quando ela o perdeu e quando Lucas Donlon tomou o seu lugar.
 
* * *
 
Lucas fechou a porta da cobertura atrás dele, mais grato do que palavras poderiam expressar por estar sozinho com a sua dor. Havia consumido cada grama de energia que restava dele manter as aparências, não apenas para a Kathryn, mas para o Nick, e os outros também. Talvez não fosse necessário, mas era instinto. Além disso, se ele tivesse se rendido à agonia do seu corpo, ele estaria gritando com toda a sua força e arrancando pedaços enormes do estofado do utilitário em uma tentativa de aliviar a dor.
Ele foi diretamente para o console de segurança, sem esperar pelo nascer do sol, baixou as persianas de aço e trancou todo mundo para fora. O próximo passo era a geladeira atrás do bar que estava abastecida com sangue fresco.
Cem anos atrás, Nick pegaria alguém da rua e os faria esperar até Lucas os drenar. Com alguma sorte a pessoa seria algum tipo de criminoso, alguém que o mundo estaria melhor sem. Mas Lucas não se iludia de que erros foram cometidos, ou que algumas vezes apenas não houve tempo suficiente antes do nascer do sol para ser exigente. A única benção era que não acontecia sempre. O tipo de dano que Lucas sofreu esta noite era uma coisa rara para alguém de sua força.
E os bancos de sangue humanos estavam abertos vinte e quatro horas por dia.
Lucas pegou uma tigela de vidro sob o bar e a encheu de água, e então colocou no microondas para ferver. Enquanto ele esperava, ele abriu a primeira bolsa de sangue e o bebeu frio. Tinha um gosto horrível ao descer pela sua garganta, mas quando atingiu o seu estômago o frio não importava. Seu corpo começou a usá-lo imediatamente. O microondas apitou. Usando uma toalha do bar, ele colocou a tigela cheia de água no balcão e colocou uma segunda bolsa de sangue na água quente, abrindo a bolsa lentamente.
Ele estava alcançando uma terceira bolsa para beber frio quando seu telefone tocou. Não o seu celular, que estava enterrado em algum lugar embaixo do prédio de Alex Carmichael, mas o seu telefone fixo. Ele olhou o identificador de chamadas, mas já estava pegando o telefone. Ele sabia quem era.
— Criador — ele respondeu.
— Lucas. — A voz familiar e profunda de Raphael o cumprimentou. — Quem você irritou agora?
Lucas sorriu para si mesmo.
— Eu estou bem, obrigado. Ok, talvez não bem, mas apenas torto, não quebrado. Não permanentemente de qualquer forma.
— Mais alguns esclarecimentos que você gostaria de acrescentar? — Raphael perguntou secamente.
— Foram algumas horas difíceis. Não vou negar.
— Klemens?
— Sim, mas como sempre ele não sujou as próprias mãos. Um assassino humano para você, e o pobre Alex Carmichael para mim. Klemens o tinha sob compulsão. Para seu crédito, Alex lutou contra, mas não teve chance.
— Não — Raphael concordou pensativamente. — Klemens usa o caminho dos covardes, mas ele tem poder quando ele decide usá-lo.
— Bem, o tempo dele acabou. Eu tenho pessoas posicionadas e mantendo um olho nele. Se eles conseguirem determinar o local exato dele amanhã à noite, eu vou atrás dele.
Houve uma pausa bem incomum ao Raphael, antes de ele dizer: — Lucas, tenha muita certeza que você esteja preparado para isso.
— Eu posso lidar com ele, Criador. Você não vai se livrar de mim assim tão facilmente.
— E quanto à Agente do FBI?
— Ela quase morreu comigo essa noite.
— Isso foi tolice do Klemens. A morte dela poderia ter atraído atenção indesejada, até mesmo para ele.
— Eu não acho que ele sabia que ela estaria comigo.
Raphael ficou em silêncio por um momento.
— A agente do FBI está com você — ele disse.
Lucas riu.
— O que eu posso dizer, Raphael? As mulheres me amam.
— Então você continua me dizendo. Eu presumo que ela não esteja aí agora.
— Nem mesmo eu conseguiria levantar essa noite, meu senhor. Ela está bem segura no andar inferior.
— E amanhã à noite?
— Não se preocupe. Quando eu for atrás do Klemens, será apenas com vampiros convidados.
— Você tem sangue o suficiente para esta noite?
— Nick cuidou disso.
— Eu vou te deixar então. Cyn manda seu carinho.
— De alguma forma eu duvido disso.
Foi a vez do Raphael rir.
— Fique bem, Lucas.
— Você também, Criador.
Lucas desligou e jogou o telefone no bar, e então ergueu a bolsa de sangue quente aos seus lábios e bebeu sem parar. A terceira bolsa que ele estava prestes a beber fria foi para a tigela com a água ainda quente para ser esquentada. Ele pegou mais duas bolsas geladas da geladeira e as carregou para o quarto para beber enquanto ele se arrumava. Ele estaria dormindo no seu quarto extra essa manhã. O dia provavelmente seria feio, e ele não queria a bagunça ou as memórias no lugar que ele dormia. Ele tinha menos de trinta minutos antes do nascer do sol. A prioridade número um dele era beber o maior volume possível de sangue, mesmo se isso significasse que ele estivesse frio e sem gosto. O corpo dele precisaria de toda energia que pudesse consumir para que ele pudesse se curar. Mas ele desesperadamente precisava de um banho também. Ele estava coberto de sujeira e pó de concreto, e sabe-se lá que tipos de seres viviam naquele prédio antigo daquele jeito. O sangue podia esquentar na água quente do chuveiro dele, e se ele se apressasse, ele poderia tomar mais duas bolsas depois disso.
Mas de qualquer forma que ele visse, mesmo com cada litro de sangue na geladeira, seria um dia malditamente longo.
 
* * *
 
Daniel ignorou os sons agora familiares do corredor fora do quarto. Seu algoz... apesar de que essa palavra provavelmente fosse muito forte a menos que tédio pudesse ser considerado tortura... havia voltado para o seu ritual noturno. Ele presumiu que fosse noite, porque o homem tinha um trabalho fazer e, até onde Daniel percebeu, ele ainda estava fazendo-o. Ele até mesmo tinha aparecido de uniforme uma ou duas vezes. Noite após noite, ele trazia água e comida, e então se sentava e expressava a sua admiração pelo trabalho de Dan, indo tão longe a ponto de trazer alguns de seus livros fotográficos para babar. Assustador nem começava a descrevê-lo. Pelo menos a mulher que ele ouviu na outra noite tinha uma razão prática para sequestrá-lo. Ela queria dinheiro. Daniel ficaria contente em pagá-los o tanto que eles quisessem se eles apenas deixassem-no sair desse quarto nojento.
Ele pensou em como a Kathryn se desesperava com a bagunça que ele criava em cada cômodo que ele morava ou trabalhava. Ele tinha feito uma promessa a todos os deuses que estivessem ouvindo que se eles apenas o tirassem dessa situação, ele ficaria limpo e arrumado pelo resto de sua vida. Ou pelo menos ele tentaria.
A porta se abriu, trazendo luz com ela enquanto seu captor apertava o botão do corredor.
— Boa noite, Daniel — o louco disse alegremente, do mesmo jeito que ele fazia toda noite. Como se ele realmente acreditasse que eles eram de alguma forma amigos, e isso era simplesmente uma diversão noturna agradável.
Dan não respondeu, não sentou, nem mesmo olhou para o idiota. Ele permaneceu deitado em sua cama desconfortável com um braço sobre os olhos e o ignorou.
— Eu trouxe um sanduíche de filé esta noite. Seu favorito.
— Como diabos você sabe? — Daniel resmungou.
— Joanie, que trabalha no café, me contou — ele disse, parecendo satisfeito, e Daniel se amaldiçoou por fazer a pergunta.
— Eu trouxe outra coisa também.
O familiar som de clique de uma câmera digital fez Daniel se virar para olhar.
— Que porra é essa? — ele exigiu, pulando e pegando a câmera antes que o seu captor pudesse pegá-la de volta. — Essa é uma das minhas!
— Eu sei — o doido disse em um tom magoado. — A sua irmã deixou tudo lá na sala do Xerife para guardar. Eu tive que entrar lá de fininho para pegar.
— O que você quer dizer com deixou? Onde ela foi?
Ele deu de ombros.
— Eu não sei. Talvez ela foi para casa.
O coração de Daniel se afundou com essas notícias, mesmo ele dizendo para si que isso não poderia ser verdade. Por um lado, Kathryn nunca deixaria o equipamento dele para trás se ela estivesse indo embora de verdade. Por outro lado... e isso era importante... ela nunca desistiria dele. Kathryn era a única constante na vida dele, aquela que sempre o apoiaria. Ele tinha que se lembrar disso, acreditar nisso. O captor dele estava apenas fodendo com a cabeça dele, tentando fazê-lo acreditar que ele não tinha mais ninguém. Esse bundão deve ser a pessoa mais solitária no mundo se ele pensou que poderia sequestrar alguém e torná-lo seu amigo. Síndrome de Estocolmo, minha bunda.
— Eu posso ficar com isso? — Dan perguntou, poupando uma rápida olhada para o seu sequestrador. O bastante para ver o rosto do homem se iluminar com a pergunta.
— Claro! Foi por isso que eu trouxe para você. Eu peço perdão por não pensar nisso mais cedo. Foi completamente impensado da minha parte.
Jesus, esse cara era patético.
— Sim, certo. Ok. Eu posso comer meu jantar agora?
— Ah não, o seu bife! Deve estar frio. Eu devo colocá-lo no microondas ou algo assim?
Ele queria eletrocutar o bife? Que idiota. Mas tudo que ele disse foi: — Não, está tudo bem. Está ótimo.
— Você tem certeza, por que...
— Eu disse que está ótimo.le tinha que se lembrar disso, acreditar nisso. O captor dele estava apenas fodendo com a cabeça dele, tentando faz.todo mundo
— Oh, ok, eu vou pegar lá na cozinha então. Você gostaria de uma taça de vinho?
— Claro — Daniel disse, tirando uma rápida foto enquanto seu captor se virava para lhe trazer a comida, cobrindo o pequeno som que ela fez com palavras. — Isso seria bom.
Quando o seu captor voltou, a câmera estava deitada na cama. Ele notou e fez uma careta.
— Tenho cuidado com isso. Certifique-se que você tire-a do lugar antes de apagar a luz. Você não quer sentar nela ou algo assim.
— Sim, quanto a isso. Que tal deixar as luzes acesas para que eu possa tirar algumas fotos? Coisas de arte, sabe — ele acrescentou com uma inflexão que significava um elogio ao doido, para fazê-lo pensar que ele e Dan compartilhavam o verdadeiro significado de arte.
O rosto do maluco se iluminou como se fosse Natal.
— Isso seria esplêndido! — Ele fez uma careta como se estivesse pensando melhor, mas disse, — eu acho que não fará mal deixar a luz acesa por um dia. Mas não mais do que isso — ele repreendeu, como se estivesse falando com uma criança.
— Ótimo — Dan disse, lutando contra a vontade de contar a esse diodo o que ele realmente pensava.
— De nada — disse o maluco afetadamente, em seguida, se acomodou para ver Dan comer como ele fazia toda a noite. – Agora, sobre o que nós falaremos esta noite?
Daniel não respondeu. Ele descobriu que a aberração não queria realmente conversar. Ele queria na verdade alguém para ouvir suas divagações, e Dan estava mais interessado em comer. O seu captor só trazia comida uma vez por dia, e Dan descobriu cedo que o humor do cara era imprevisível.
Algumas noites ele permanecia por horas, reclamando sobre sua vida, seu trabalho, quaisquer casos interessantes que ele conseguia ressuscitar de sua mente claramente perturbada.
Outras noites, ele ficava impaciente depois de apenas alguns minutos, deixando Daniel com uma alimentação semi-acabada e ainda com fome.
Parece que hoje seria uma longa noite, dada a excitação do homem com a câmera. Mas Daniel não iria se arriscar. Ele comeu o bife frio, batata cozida morna, até mesmo o brócolis, que normalmente ele detestava, porque uma dessas noites, o idiota iria cometer um erro, e Dan estaria pronto.

Capítulo 17

Twin City, Minnesota
Lucas foi diretamente da sua cama para outro banho quente quando ele acordou depois do pôr do sol. O dia havia sido difícil, até pior do que ele esperava. Chamar de sono seria uma distorção grosseira. Ele tinha estado com uma dor excruciante durante boa parte do sono, dor que havia feito a agonia de ser esmagado por toneladas de entulho ser quase nada em comparação. Ele acordou coberto de suor sangrento. Os lençóis estavam encharcados de vermelho, despedaçados por causa de seu sono perturbado. O corpo dele ainda doía por causa disso, enquanto pelo menos uma parte de sua mente continuava esperando que a dor começasse de novo, sem confiar que havia terminado. Nenhum humano conseguiria ter sobrevivido a tal tortura e permanecer são. Até mesmo Lucas nunca havia experimentado nada igual.
Ele enrolou uma toalha em volta da cintura e caminhou até o espelho embaçado, secando uma parte dele. Sua barba era uma sombra espessa ao longo de sua mandíbula. Ele precisava se barbear. Por outro lado, ele tinha uma linda mulher esperando por ele. A escolha era fácil.
Ele deixou a toalha cair enquanto seguia para fora do banheiro, indo em direção ao seu guarda-roupa. O som de uma respiração sendo puxada o fez virar em direção à porta.
— Kathryn — ele disse, sem surpresa. Ele sabia que ela estava na cobertura. Ela não teria sido permitida subir no elevador, muito menos ter saído dele, sem a permissão dele. A primeira coisa que Lucas havia feito ao acordar foi ligar para o Nick, para garantir que ele havia sobrevivido o dia e dizer a ele para permitir que a Kathryn subisse à cobertura quando ela aparecesse. Ela chegou enquanto ele ainda estava no banheiro... ele havia tomado o suficiente do sangue dela para sentir sua presença... e ele estava feliz que ele teve a precaução de fechar a porta do outro quarto onde ele havia passado o dia. Ele não queria que Kathryn testemunhasse a prova de sua recuperação agonizante.
Ele absorveu a visão bem-vinda de suas curvas vestida em um jeans desbotado que se agarrava a ela e o fazia desejar que ela se virasse, para que ele pudesse ver a perfeição de seu traseiro coberto pelo jeans. Seus pés estavam descalços, suas unhas do pé pintadas com um vermelho brilhante. Como a roupa de baixo, um lado sexy de Kathryn que ela escondia do mundo. Mas não dele. E falando em roupa de baixo, ou falta dela, ela estava sem sutiã embaixo de uma camiseta azul escura do FBI.
Sua observação atingiu seu rosto e encontrou seus olhos viajando pelo corpo dele, por sua vez se demorando, ele estava contente em ver, em sua crescente ereção.
Lucas sorriu. — Aqui em cima, a cuisle — ele falou de forma arrastada, batendo em seu queixo.
Kathryn corou na hora certa, mas ela encontrou o seu olhar desafiadoramente. — Você parece bastante saudável para um homem que foi esmagado embaixo de um prédio a menos de vinte e quatro horas atrás.
— Ah, minha Katie — ele sussurrou, indo até ela e inclinando seu queixo teimoso com um dedo. — Eu continuo te falando, eu não sou um homem. Eu sou um vampiro.
Ele abaixou sua boca até a dela. Seus lábios se encontraram com uma faísca de reconhecimento, um choque elétrico de desejo quase instantâneo. A boca de Kathryn se abriu debaixo dele, e ele passou a língua pelos lábios macios dela em uma exploração preguiçosa que muito rapidamente se transformou em algo exigente e insistente. Lucas mudou o ângulo de seu beijo para que ele pudesse se aprofundar, segurando a nuca dela em um aperto possessivo, segurando-a no lugar enquanto a outra mão dele caía para a parte inferior das costas dela e a puxava de encontro com seu corpo nu. Kathryn gemeu dentro da boca dele, suas fortes mãos deslizando da cintura dele até suas costas, se apertando nos músculos recém-curados enquanto ela exigia por sua vez. O calor entre eles nunca era de sentido único, eram dois elementos combustíveis se unindo e criando um fogo que nenhum deles podia controlar.
Lucas de um passo para trás para pegar a borda da camiseta dela e puxá-la por cima de sua cabeça, largando-a no chão enquanto seus dedos acariciavam suas costas e davam a volta para segurar os seios lindos dela. Eles eram pesados em suas mãos enquanto ele os admirava, os mamilos rosa escuro dela inchados e eretos, se destacando em relação à suas grandes e pálidas auréolas. Ele esfregou seus polegares sobre os mamilos dela, sorrindo em apreciação enquanto eles se endureciam em picos duros.
Kathryn agarrou os pulsos dele e esfregou seus seios contra as mãos dele como uma gatinha implorando para ser acariciada. Ela se ergueu na ponta dos pés e trouxe sua boca até a dele em um beijo duro e faminto, sua língua se empurrando contra a dele, lutando por controle. Ele mordeu a língua dela, provocativamente, o bastante para estabelecer uma dominância sem furar a pele, abrindo sua mordida quase imediatamente. Mas não havia nada de provocativo na resposta dela quando seus dentes sem corte se afundaram com força em seu lábio inferior, arrancando sangue. Kathryn passou sua língua sobre o pequeno ferimento em uma carícia sensual, lambendo as poucas gotas de sangue. O corpo de Lucas se endureceu quando o pescoço dela se moveu ao engolir, levando-o para dentro dela de uma maneira totalmente nova.
— Cuidado — ele grunhiu, — eu mordo de volta. — Ele a levantou do chão, seus braços em volta dela, segurando-a em um abraço firme enquanto ele saqueava sua boca, esmagando os lábios dela debaixo dele, achatando seus seios nus contra seu peito, sua pele macia como cetim, seus mamilos como duas pérolas.
— Lucas — ela sussurrou, o som cheio de desejo, mas com um toque de medo, quando o seu sangue atingiu o sistema dela, e ela experimentou pela primeira vez o que realmente significava ter um amante vampiro.
— O que você quer, a cuisle?
— Você — ela disse sem fôlego. — Você pode... você está bem o suficiente...
Lucas riu e passou seus braços embaixo das pernas dela, erguendo-a do chão e a carregando para a cama. Ele deixou Kathryn cair no colchão, em seguida alcançou o zíper da calça jeans dela, puxando-a e deixando-a nua em um único movimento. Segurando seu olhar, ele caiu de joelhos entre suas pernas e passou as mãos de suas panturrilhas até os joelhos. Ele dobrou os joelhos dela e os abriu, expondo seu sexo para o seu olhar faminto. Ele lambeu seus lábios lentamente, em seguida olhou para cima de novo e encontrou seus olhos.
— Minha, Katie. Não se esqueça disso.
— Lucas, eu...
Ele nunca ouviu qualquer protesto que ela estava prestes a fazer, apenas o som de sua respiração sendo puxada enquanto ele caía na cama entre suas coxas e lambia, correndo sua língua ao longo de sua fenda, abrindo os lábios dela para revelar sua vagina inchada, molhada e cheia de desejo. Ele lambeu de novo, saboreando-a, mexendo sua língua sobre a essência sensível de seu clitóris. Ele estreitou os olhos com desejo para a visão daquele monte concentrado de nervos ereto tão orgulhosamente debaixo de seus olhos, duro e vermelho como uma cereja, quase tremendo de excitação. Ele pressionou sua língua sobre a sua dureza ansiosa, e Kathryn gemeu, erguendo-se contra a boca dele. Ela estava chorando, lágrimas escorriam pelas suas bochechas com uma sobrecarga de sensações, murmurando o nome dele uma e outra vez, como um apelo por algo.
Não, não algo, Lucas pensou para si mesmo. Ele sabia o que ela queria. O que ela precisava. O que os dois precisavam. Ele ergueu sua boca daquele lugar sedoso entre as coxas dela e subiu pelo seu corpo, lambendo e beijando, demorando-se para encher sua boca com os mamilos inchados dela, a lamber o suor entre os seus seios, deslizando mais para cima até que o comprimento duro de seu pênis descansava entre suas pernas, contra o calor vulcânico de seu núcleo.
— Kathryn — ele rosnou. Ele esperou até os olhos dela se abrirem, embaçados de desejo enquanto ela olhava para ele. E então ele enfiou seu pênis profundamente dentro de seu corpo, gemendo quando seu canal quente e molhado se fechava ao redor dele, ainda vibrando com o orgasmo dela enquanto ela o recebia dentro de si. Ele empurrou dentro dela até ele estar totalmente revestido, até que as suas bolas batessem contra seu perfeito traseiro, e as pernas dela subissem e se curvassem em suas costas.
Ela envolveu seus braços em volta dele, suas unhas curtas se enfiando em suas costas, os olhos dela fechados enquanto as paredes de sua vagina pulsavam e estremeciam. Lucas se inclinou e beijou suas pálpebras, uma de cada vez. Ela abriu seus olhos e sorriu para ele com uma emoção nua, de tal forma que a respiração dele ficou presa no peito. Em seguida, como se percebrndo o que ela fez, ou com medo do que ela deu, ela fechou seus olhos de novo e começou a erguer seus quadris em um ritmo de acasalamento atemporal, ondulando debaixo dele, para que seus seios roçassem contra o peito dele enquanto sua vagina deslizava pelo seu pênis.
Lucas a deixou controlar o ritmo por alguns minutos, apreciando o deslize de seda do corpo dela, o roçar de seus mamilos duros sobre seu peito. Ele se inclinou, enfiando seu rosto contra o pescoço dela e inalando profundamente, respirando o aroma de sua pele, seu suor, e o calor delicioso de seu sangue tão próximo da superfície.
O coração de Kathryn era um tambor contra o peito dele enquanto seus movimentos se aceleravam, enquanto os quadris dela se mexiam freneticamente. Lucas deu um beijo prolongado na suavidade de veludo de seu pescoço, sorrindo quando Kathryn estremeceu em antecipação. Ela estava ofegante agora, seus dedos segurando a nuca dele, sua cabeça virada para o lado como se estivesse se oferecendo à mordida dele.
Ele pressionou seus lábios ao longo do inchaço de sua jugular até que ele encontrou o local perfeito, e então sugou com força, puxando a veia dela para dentro de sua boca e soltando-a. Kathryn gemeu e colocou uma mão no traseiro dele, fodendo-o freneticamente para aliviar o começo de um clímax que ele conseguia sentir se ondulando ao longo de seu pênis.
Ele ergueu sua boca e soprou suavemente sua pele molhada. Ela estremeceu. Sem aviso prévio, ele mordeu sua veia, fechando seus olhos em êxtase quando o mel quente do sangue dela passou por sua garganta, fazendo com que seu coração martelasse contra seu tórax, seus nervos retumbando de excitação enquanto o calor preenchia cada centímetro de seu corpo.
Kathryn congelou embaixo dele, como se tivesse sido congelada no tempo, e em seguida, ela gritou enquanto cada músculo em seu corpo parecia ter espasmos ao mesmo tempo, suas pernas se entrecruzando nos quadris dele, os braços dela se apertando nas costas dele enquanto suas unhas se afundavam, marcando as costas dele até que ele conseguiu sentir o fluxo quente de seu próprio sangue. Seu pênis ficou incrivelmente duro enquanto as paredes internas dela se convulsionavam ao redor dele, ondulando e acariciando seu eixo.
Lucas gemeu, suas presas ainda enterradas no pescoço de Kathryn, seu sangue ainda enchendo sua boca. Erguendo a cabeça, ele engoliu, deleitando-se com o sabor único dela enquanto seu quadril continuava a bombear, enfiando seu pênis profundamente entre as pernas da Kathryn enquanto ela se contorcia em torno dele. Sua respiração estava saindo em suspiros sem fôlego, e ela estava dando gritinhos de prazer sem palavras, o que fez o pênis dele contrair e suas bolas se apertarem, fazendo o seu clímax crescer e atingir um peso insuportável antes de finalmente ir para o seu pênis, uma inundação de fogo de liberação que espirrou contra o ventre de Kathryn, marcando-a com o calor dele, tornando-a sua.
Lucas caiu contra o corpo superaquecido de Kathryn, o rosto dele ainda enterrado na curva do pescoço dela. Erguendo um pouco sua cabeça, ele lambeu as poucas gotas de sangue das perfurações impecáveis, selando-as com a química de sua saliva. Em algumas horas, não haveria traço visível de sua mordida, apesar de que o corpo de Kathryn se lembraria por muito mais tempo que isso. Ele sorriu com o pensamento.
— Do que você está rindo?
Ele desviou o olhar e a encontrou observando-o.
— Há tantas coisas que eu não sei nem por onde começar.
— Você é tão cheio de merda — ela respondeu preguiçosamente. — Eu sei o que você está pensando.
— Sério? Sou todo ouvidos.
Kathryn flexionou seus músculos internos, acariciando seu pênis, que ainda estava semi-duro e enterrado dentro dela. — Se você fosse todo ouvidos, querido, nós nem estaríamos aqui.
Lucas riu.
— Ponto feito. Mas você está evitando a pergunta. O que eu estava pensando?
— Você estava sendo todo, eu, Tarzan, você Jane. Os caras sempre ficam com esse olhar presunçoso quando eles fazem uma mulher gozar, como se ninguém nunca tivesse feito isso.
Ela deu um tapinha de brincadeira no traseiro dele, mas Lucas sentiu uma onda súbita de raiva que o fez querer fodê-la até perder os sentidos para que ela nunca mais pensasse sobre outro homem. Seus olhos devem ter ficado dourados, porque Kathryn estava dando a ele um olhar desconfiado.
— Lucas?
— O quê? — Ele rosnou, sabendo que ele estava exagerando e de alguma forma chocado com sua própria raiva. Claro que ela teve outros amantes antes dele. Só Deus sabe que ele teve mais do que a sua parte. Provavelmente era todo o sangue que ele consumiu na noite anterior, mas isso também exaltava as características de cada vampiro, incluindo uma possessividade viciosa em relação a essa mulher em particular.
— Está tudo bem? — Kathryn questionou.
Ele controlou o seu poder com um ato de vontade e se concentrou na mulher embaixo dele.
— Claro — ele mentiu, e abaixou sua cabeça para beijá-la antes de rolar para o lado. — Eu estava apenas pensando no Klemens.
— Foi esse vampiro que mandou o Alex para te matar? — Ela perguntou com cautela.
— Sim. Apesar de que a sua presença deve ter sido uma surpresa desagradável. Nem mesmo o Klemens é tolo o bastante para tentar assassinar um agente do FBI.
Kathryn deu de ombros e sentou-se, jogando seus longos cabelos para trás. Lucas estendeu seus dedos para enroscá-los nas mechas sedosas, tentado a usá-lo para puxá-la de volta para o lado dele, ou mais especificamente, embaixo dele, para que ele pudesse demonstrar sua superioridade em relação a qualquer amante que ela pode ter tido, no passado ou futuro.
Um telefone tocou no outro cômodo. Lucas franziu a testa para o toque estranho, mas Kathryn deu um tapinha no ombro dele e disse: — Nick me deu um celular novo para você. Deve ser isso.
Lucas levantou-se e saiu do quarto, ainda bravo consigo mesmo e com a Kathryn.
Ele encontrou o telefone na mesa próxima à porta. Era igual ao seu antigo e sem dúvida já continha toda a informação que o seu antigo possuía também.
— Nick — ele respondeu. — O que foi?
— Klemens, meu senhor. Nós sabemos onde ele está, e ele ficará lá a noite inteira.
— Excelente. Quanto tempo você precisa?
— Nós estamos prontos, e o avião está esperando.
— Melhor ainda. Me dê dez minutos.
Lucas desligou e caminhou de volta para o quarto, indo diretamente para o chuveiro mais uma vez.
— Ei! — Kathryn pulou da cama e se apressou atrás dele. — O que está acontecendo?
Lucas fechou a porta do chuveiro e entrou sob o jato quente sem responder. Kathryn não era dissuadida tão facilmente, no entanto. A porta abriu, e ela se juntou a ele, bombeando um punhado de sabonete líquido e se lavando rapidamente enquanto falava.
— Aonde nós vamos?
— Nós não vamos para lugar algum. Eu vou visitar o Klemens.
— Foda-se isso. Ele está com o meu irmão.
— Eu não acho...
— Alex estava com o Daniel, e agora o Alex está morto. E de acordo com você, ele estava agindo sob ordens deste idiota do Klemens, o que significa que o Klemens provavelmente está com o Daniel. Eu vou com você.
— Um... não, você não vai. Isso é assunto de vampiro, e vai ficar feio. E dois... eu não acho que o Alex estava com o seu irmão, portanto, o Klemens também não.
— Três — ela disse, sarcasticamente continuando sua contagem, — eu não me importo com o que você pensa... eu não preciso da sua permissão para fazer o que eu quiser, grandão.
— Talvez, mas você não sabe para onde eu estou indo também.
— Ah, como se eu não pudesse descobrir. Até mesmo os vampiros possuem planos de voo, e eu certamente posso descobrir os números de seus aviões.
— E eu posso te colocar para dormir e você não vai acordar até que tudo estiver acabado — Lucas vociferou.
— E eu posso te processar por ataque a um agente federal — ela retrucou, ficando cara a cara com ele.
— Então eu poderei arranjar para que você não se lembre disso também — ele respondeu, enfiando seu rosto tão perto do dela que seus narizes estavam tocando.
— Que diabos é o seu problema? — Ela exigiu.
— Eu não sei sobre o que você está falando.
— O inferno que você não sabe. Você tem estado nervosinho desde... Ah, por favor. Só porque eu disse que todos os caras ficam presunçosos depois do sexo? O quê? Você é bom demais para ser comparado a outros homens?
Lucas rosnou e a agarrou pela cintura, empurrando-a contra a parede de azulejos e segurando-a com o seu corpo.
— Eu nem homem sou. Você deveria se lembrar disso.
Kathryn sorriu, em seguida lambeu uma gota de água de seu queixo.
— Você com certeza age como um de vez em quando. — Ela esfregou seu pé na parte de trás da panturrilha dele, e seu pênis se endureceu instantaneamente. — Infelizmente, eu não acredito que nós tenhamos tempo para fazer algo a respeito disso — ela murmurou.
Lucas mostrou seus dentes e aumentou seu aperto em torno dela, erguendo-a até que seu pênis estava acomodado no triângulo macio entre suas coxas.
— Sempre há tempo — ele grunhiu e empurrou-se contra o seu calor úmido, empurrando para frente até que seu eixo estivesse totalmente acomodado, seus corpos grudados no chuveiro fumegante.
Kathryn perdeu o ar dada a intrusão inesperada. Sua cabeça caiu para trás, e seus olhos se fecharam, a grande veia em seu pescoço esticando com a súbita onda de sangue, quase implorando para ser aproveitada. Lucas se inclinou se aproximando, lambendo e saboreando seus lábios, sua mandíbula, mergulhando sua língua no ouvido dela antes de passá-la por sua jugular roliça. A perna que ela estava esfregando ao longo da parte de trás da panturrilha dele agora estava presa em torno de seus quadris, bombeando suavemente enquanto ela o encorajava a se aproximar... e se mexer. Lucas sorriu e começou a fodê-la, empurrando constantemente para dentro e para fora enquanto ele apertava os firmes globos do traseiro dela.
— Você não joga limpo — ela sussurrou enquanto se agarrava em seus ombros, flexionando os músculos de seu traseiro enquanto se empurrava contra ele.
— Foda-se limpo — ele sussurrou contra o ouvido dela, em seguida seus lábios se abaixaram até a delicada pele do pescoço dela e ele afundou suas presas em sua veia com sabor de mel.
Kathryn sobressaltou quando a euforia em sua mordida atingiu seu sangue, seus músculos se apertaram em antecipação do orgasmo chegando. Um estremecimento de corpo inteiro a atingiu da cabeça aos pés, sua perna se apertando ao redor dos quadris dele, segurando-o dentro dela enquanto os pequenos músculos de seu invólucro estremeciam ao longo do eixo dele. Kathryn gritou repentinamente, unhas se afundando em seus ombros enquanto seu corpo se apertava em torno dele como uma luva quente e molhada. Seu grito se tornou um gemido agudo quando o orgasmo tomou conta dela, e ela começou a bombear contra ele furiosamente tentando aliviar a dor. Lucas ergueu sua boca do pescoço dela e lambeu as perfurações gêmeas. Ele teria gostado de levar ela de volta para a cama, de ter aproveitado até a última gota do clímax de seu corpo trêmulo antes de procurar o seu próprio. De lembrá-la do prazer que ele podia dar a ela vez e outra, e deixá-la tentar encontrar um amante humano que pudesse se igualar. Ou outro vampiro que ousasse tocá-la. Ou ela era dele, ou ela não era de ninguém. Mas não havia tempo suficiente.
Ele rosnou ao pensar nisso, enraivecido que ela podia deixá-lo desse jeito, enraivecido que ele permitiu que isso acontecesse. Ele aumentou a força do seu abraço nela e a fodeu com mais força, batendo seus quadris contra o dela até que ele sentiu o calor abrasador de seu próprio clímax crescendo até um rugido, apertando suas bolas e endurecendo seu pênis enquanto ele enfiava dentro do punho fechado do seu corpo antes de gozar com um grito de triunfo, preenchendo-a mais uma vez com a sua liberação.
Lucas soltou as pernas de Kathryn de volta para o chão do chuveiro. Ela segurou nele por um momento, seus fortes dedos agarrando os braços dele com uma força quase dolorosa. O coração dela estava batendo apressadamente, seus seios pulsando com a força dele. Foi o esforço do ato de amor deles, mas também do calor do chuveiro que ficou ligado o tempo inteiro, fazendo o chuveiro parecer mais com uma sauna.
— Você está bem? — Ele perguntou, abraçando-a gentilmente.
Ela assentiu e lambeu os lábios.
— Ponto feito, vampiro, — Ela disse, sua voz rouca sem ar, seus músculos trêmulos embaixo das mãos dele. — Você definitivamente é diferente.
Lucas sentiu uma onda de prazer, mas a controlou, apenas se permitindo um pequeno sorriso antes de dizer: — Se você terminou de abusar do meu eu másculo, eu tenho que me arrumar. Nick e o resto estarão esperando por mim lá embaixo.
— Certo — ela concordou, tirando seu cabelo molhado do rosto. Ela franziu a testa. — Eu provavelmente terei que pegar uma roupa sua emprestada. Eu não vim preparada para ficar espreitando no escuro.
Lucas a soltou e deu um passo para trás.
— Está tudo bem, porque você não vai espreitar nada.
— Lucas, seja razoável. Eu posso te ajudar.
— Eu duvido disso. A única coisa que você fará é ficar no caminho e vai terminar se machucando.
Ela socou o braço dele com força o bastante para doer.
— Foda-se. Eu treino todos os dias para isso.
— Sim? — Ele respondeu. — Se você é tão durona, me derrube. Nesse momento, bem aqui. — Ele saiu do chuveiro e entrou na sala onde ele encontrou a arma que ela sempre usava. Ele a tirou do coldre. — Aqui está a sua Glock — ele disse, segurando-a para ela. — Dê um tiro em mim.
— Eu não vou atirar em você — ela disse, claramente chocada com a ideia.
— Pegue a arma, Kathryn. — Ele a empurrou para a mão dela, e ela a pegou dele, verificando a trava enquanto se afastava para colocar diversos passos entre eles.
 — Pare com isso, Lucas. Não há trava externa na Glock. Essa arma é hábil.
— Sim — respondeu Lucas com desdém. — Eu estou com tanto medo. Então atire em mim.
— Eu te falei — ela cuspiu com raiva, — eu não vou atirar em você. Isso não é um maldito jogo.
— Atire, Kathryn — Lucas exigiu, avançando sobre ela ameaçadoramente. — Atire, ou eu vou pegar a arma e fazer isso por você.
Ela o encarou, desacreditada por não mais do que alguns segundos antes que erguesse a arma entre eles.
— Pare — ela disse. — Isso não é engraçado.
Lucas balançou a cabeça.
— Não é para ser engraçado. Eu estou fazendo um ponto. Atire em mim. — Ele continuou avançando, e então, propositalmente, deixou suas presas emergirem e pressionar no seu lábio inferior. — Atire, atire, atire — ele trovejou, pontuando cada um com um passo acelerado.
— Não se aproxime, Lucas — ela disse, falando sério agora, a arma absolutamente firme em sua mão.
— Faça-me parar.
— Droga. — Ela ergueu a arma uma fração de centímetro, e ele viu a leve tensão em sua mão direita enquanto ela se preparava para puxar o gatilho.
E então ele se mexeu. Dois segundos depois, a arma dela estava em suas mãos, e ele estava com ela em seu abraço firme no outro braço, cuspindo fogo.
— Seu maldito imbecil — ela rosnou. — Me solta.
Lucas a largou sem discutir, e ela tropeçou a diversos passos para longe dele. Mas ele segurou a arma. Ele não era um idiota total.
— Que infernos foi isso? — Ela exigiu, seus olhos cheios de fogo.
— Isso, a cuisle, foi uma demonstração do por que você não virá esta noite. Como você tão acertadamente apontou, isso não é um jogo. Isso é uma guerra. E quando os vampiros vão à guerra, pessoas morrem. Um humano não teria chance. — Ele passou correndo de um jeito que ela mal pôde acompanhar e a abraçou gentilmente.
— E eu não tenho desejo de te ver morrer.
Ela ficou tensa no círculo de seu abraço.
— Me solte — ela disse com firmeza. Ela claramente ainda estava brava com a demonstração dele, mas não tinha problema. Ele preferia que ela estivesse brava e viva, do que morta na primeira vez que ela tentasse enfrentar um vampiro no campo de batalha.
Lucas a soltou dando de ombros.
— Você não teria acreditado em mim de outra maneira, Kathryn.
Ela esfregou seu pulso, apesar dele saber que não a machucou. Mesmo fazendo o seu ponto, ele foi primorosamente cuidadoso com as vulnerabilidades humanas dela. Bem mais cuidadosos que os seus inimigos seriam.
— Tudo bem. Então eu não consigo ter a mesma força ou velocidade que vocês — ela admitiu mal-humorada. — Mas há mais em uma força-tarefa como essa...
— Isso não é uma força-tarefa — Lucas interrompeu implacavelmente. — Esta é uma guerra, Kathryn. Chame-a pelo que ela é. Os vampiros lutam até a morte.
— Tudo bem — ela repetiu, irritada. — Mas há mais em uma guerra do que combate mano a mano. Eu não consigo competir com vocês nisso, eu admito, mas pode ter certeza que eu consigo atirar. Me dê uma arma decente de longo alcance e um terreno elevado, e eu serei o seu vigia.
Lucas abriu sua boca para rejeitar sua oferta, mas parou e a observou curiosamente em vez.
— Você consegue fazer isso?
— Sim, Lucas — ela disse condescendente. — Eu posso fazer isso. Você é igual a todos aqueles idiotas no Departamento que acham que as mulheres só sabem se fingir de prostitutas ou digitar.
— Não — Lucas disse lentamente. — Eu nunca pensei dessa forma. — Ele considerou suas opções por um longo momento. — Você já matou alguém? — Ele perguntou sem rodeios.
Kathryn piscou.
— Não — ela admitiu.
— Você já atirou em um ser humano?
— Uma vez. Não com um rifle. Foi de perto. Cidade pequena. Meu parceiro e eu estávamos de passagem, na verdade com a mira na próxima cidade com uma investigação do que parecia ser uma célula terrorista caseira, quando quatro vagabundos roubaram um banco do outro lado da rua do café onde nós paramos para almoçar. Os moradores estavam desarmados e mais do que felizes em aceitar a nossa assistência.
— Você atirou em um ladrão de banco?
Ela assentiu.
— Um dos quatro tentou fugir enquanto seus comparsas atacavam, armas em punho. Ele estava com um colete à prova de balas. De corpo inteiro — ela esclareceu. — Eu poderia ter atirado na cabeça e teria acertado. — Ela deu de ombros. — Mas ele já havia jogado fora a arma, então eu dei um tiro na perna dele, ao invés.
— Isso foi legal da sua parte.
— Eu sou uma agente do FBI, Lucas. Eu tento apreender suspeitos, não matá-los.
— Outra razão pela qual você não deveria vir conosco essa noite. Você não pode atirar na perna de um vampiro, Kathryn. Isso só vai irritá-lo.
Ela olhou-o com firmeza, sua mandíbula apertada com raiva, mas seu olhar pensativo.
— E quanto a vocês? — Ela perguntou.
— E nós? — Lucas respondeu, intrigado.
— Vocês vão matar todo mundo que vocês encontrarem essa noite?
— Bem, não todos — ele brincou, e então ficou sério em vista do olhar de irritação dela. — A resposta mais simples seria sim. Qualquer vampiro que nos encontrar na batalha hoje à noite irá morrer. Alguns podem se render. Klemens não é um mestre fácil, e não há muitos vampiros dele que ficarão tristes em vê-lo partir. Infelizmente, ligação entre Criador/Criatura irá levar grande parte desses que o odeiam a defendê-lo. Eles irão morrer juntamente com os outros.
— Essa é uma forma bastante brutal de se viver.
Lucas assentiu.
— Isso é o que significa ser Vampiro.
— Haverá humanos lá?
— Não do nosso lado, mas Klemens estará esperando visita, um chefe local da máfia que não vai querer ser visto. Klemens provavelmente permitirá que o humano traga alguns de seus guardas consigo, e eles serão humanos também.
— Vocês vão esperar até que os humanos vão embora antes de atacar?
— Definitivamente não. Aquele cara da máfia é a minha distração. Mas você não deveria se preocupar tanto sobre ele. Ele e cada um dos seus guardas provavelmente já mataram, ou mandaram matar, mais pessoas do que qualquer um de nós. Bem, você de qualquer maneira. Eu vivi uma época longa e sangrenta.
Kathryn olhou-o nos olhos, claramente tentando decidir se ele estava brincando sobre sua própria contagem de mortes. Ele não estava.
— Tudo bem — ela disse, no tom de quem já havia tomado uma decisão. — Me encontre um terreno alto. Eu posso pelo menos derrubar os guardas que esse cara da máfia trouxer consigo. Eu não vou matá-los a menos que eu seja obrigada a fazê-lo, mas há outras formas de me certificar que um homem fique derrubado. Humanos não possuem a sua tolerância para dor. Eu também farei o meu melhor para te cobrir contra os seus inimigos vampiros. Qual é a melhor maneira de incapacitar um vampiro?
— Você não incapacita um vampiro — Lucas disse sem rodeios. — Você o mata. Atinja a cabeça dele se você puder. Se não, mire na cabeça. Dependendo da munição, isso pode pelo menos tirá-lo do jogo por tempo suficiente para você fugir. Presumindo que você seja tão boa quanto está dizendo.
— Eu sou.
— Ok — ele concordou, sorrindo com o olhar de surpresa dela. — Eu continuo te falando, Kathryn. Isso é guerra. Eu não vou entregar uma arma só porque você vem embalada em uma embalagem sexy.
— Uma embalagem que você não estará desembrulhando tão cedo — ela respondeu.
Lucas riu.
— Diga ao Nick que tipo de equipamento você precisa, e se nós não tivermos aqui, ele estará esperando por você quando nós pousarmos. Mas você segue minhas ordens, Kathryn. Sem perguntas.
— Ei, é isso que nós fazemos no FBI. Nós seguimos ordens. — Ela passou por ele, dando um tapinha na mão que ele estendeu para ela. — Eu tenho que terminar o meu banho. E eu preciso daquelas roupas.

* * *

Kathryn se inclinou sobre a mesa de conferência do jato particular e estudou a incrível variedade de fotografias e esquemas do complexo de Klemens em Chicago. Eles haviam decolado de Rapid City no elegante jato particular de Lucas... aparentemente realmente era bom ser o rei. Ela duvidava que muitas forças invasoras viajavam com tal luxo. Tão logo eles estavam no ar, Nick mostrou seus arquivos sobre o Klemens e começou a discutir o plano de batalhas deles para essa noite. Ela não teria pensado ser possível para um cidadão privado acumular esses tipos de dados, mas ela provavelmente estava sendo ingênua. Na era do Google Earth e os milhões de outros sites onde ele conseguiria angariar esses dados, um hacker de primeira poderia operar milagres. E como todo o resto, quando se tratava de hackers, não havia aparentemente nada a não ser o melhor para o Lucas.
— Me diga de novo como você sabe que o Klemens estará lá essa noite? — Kathryn perguntou ao Nicholas.
Ele olhou para Lucas pedindo permissão, e em seguida disse:
— Isso é um pouco de boa sorte da nossa parte. Klemens tem alguns aliados humanos desagradáveis em Chicago, incluindo Hector McKinney, que é um dos maiores chefes do crime localmente. É ele quem encontrará com ele essa noite. Agora, normalmente, você esperaria que isso significasse um aumento na segurança, mas o negócio é, Klemens não é um tolo. Ele não confia no seu aliado mafioso e limita o número de soldados que ele pode trazer nessas reuniões. Claro, McKinney não confia no Klemens também, então o Klemens faz um grande show ao limitar os seus guardas também.
— Como eu disse, é principalmente para ser um show por parte do Klemens. Todos os seus vampiros estarão lá, mas eles estão fora de vista, a maioria no porão.
— Então eles apenas esperam no porão por algumas horas?
— Um porão de vampiro não é o que você pensa, Agente Hunter. Especialmente na sede de um senhor vampiro. Ele é totalmente construído, com todo o conforto. Mas ainda é um porão, e isso coloca a maioria dos guardas dele em um único lugar quando nós atacarmos.
— Eu vejo. E quanto a essa casa? — Ela perguntou, apontando para o vizinho mais próximo do Klemens, próximo era um termo relativo, dado o tamanho dos terrenos. A casa do Klemens era enorme, com o tamanho do terreno combinando. A casa do vizinho dele era tão grande quanto, mas tinha uma grande vantagem do ponto de vista de Kathryn... tinha três andares, onde Klemens tinha apenas dois e um sótão trapeira. Que colocava o telhado do vizinho pelo menos dez metros acima do Klemens, e que esses dez metros poderiam ser usados para sua vantagem... presumindo que ela conseguisse chegar lá.
— É lá que você estará — Nick confirmou. — Os donos estão na Flórida. Eles vão todo ano depois do Dia de Ação de Graças e não retornam até o final de Abril.
— Todo ano? — Kathryn perguntou. — Há quanto tempo você está vigiando esse cara?
Nicholas lançou outra olhar ao Lucas, que estava sentado ao lado dela.
— Vampiros vivem um longo tempo — Lucas comentou misteriosamente.
— Seja o que for que isso signifique — ela murmurou. — Ok, então os donos estão na Flórida, mas um lugar tão grande assim, eles devem ter uma equipe que cuida da casa, jardineiros, até mesmo guardas. E quanto a eles?
— A governanta apenas aparece duas vezes por semana. Eles possuem um sistema de segurança e uma patrulha que dá uma passada de maneira programada. A política de empresa deles é variar as patrulhas, por razões óbvias, mas eles não fazem isso. Além disso, eles literalmente só dão uma passada, então a menos que você esteja planejando ficar de pé no telhado e acenar, não haverá nada para eles verem.
— Então, eu terei a casa só para mim então.
Nick sacudiu a cabeça em concordância.
— Logo que nós chegarmos a Chicago, você irá diretamente para a propriedade do Klemens. Um dos meus caras irá te levar e te ajudar a se instalar dentro da casa. Lucas e o resto de nós irão proceder com mais cuidado, mas eu preciso de você lá em cima e pronta para seguir quando nós chegarmos lá. Quando o Lucar chegar à propriedade, não haverá tempo de subir sobre os muros e entrar de fininho nas casas. Nós teremos que atacar imediatamente.
— Você percebeu, Kathryn — Lucas falou lentamente, — que você estará invadindo a casa do vizinho para conseguir subir no telhado. Você sendo uma agente do FBI e tudo mais...
Kathryn fez uma careta. Ela nem tinha considerado esse aspecto nas atividades dessa noite, mas Lucas estava certo, maldito seja. Ela estava quebrando a lei apenas por entrar na casa. Ela olhou para cima e viu o riso em seus olhos por causa de sua situação.
— Espertinho — ela murmurou. — Ok, o que eu vou fazer lá?
— Exatamente o que você sugeriu — Nick disse simplesmente. — Vigiar. A propriedade de Klemens é muito grande para nós cobrirmos cada ângulo possível. Mas se você encontrar o ponto certo, você será capaz de ver tudo, exceto a lateral mais distante de onde você estará. Se você ver qualquer coisa estranha, você me informe, e eu vou direcionar a resposta.
Kathryn assentiu. Isso era bom, e ela poderia fazer isso com uma consciência tranqüila, já que não envolveria matar ninguém. Espera-se.
Nick voltou sua atenção ao Lucas.
— Como o senhor quer que a gente proceda com o ataque, meu senhor?
— Quantos guerreiros nós temos no total? — Lucas perguntou pensativamente, estudando as imagens de satélite da casa do Klemens.
— Minneapolis está mandando quase o seu contingente completo. Eles devem ter chegado a Chicago já. Eu também trouxe combatentes de Kansas e Missouri. Ambos viajaram ontem à noite e chegaram durante o dia. Com os seus guardas, isso te dá pelo menos cinquenta guerreiros experientes.
— E o Klemens?
— Por causa do visitante dele, seus números visíveis são limitados. Não mais do que três à mostra, incluindo sua guarda pessoal e a equipe no portão. Mas ele deve ter pelo menos outros dez nas proximidades, provavelmente fora de vista no porão. É possível que com as possíveis hostilidades, ele deve ter aumentado esse número, mas eu tenho olhos no complexo e espero ter uma contagem mais exata quando nós chegarmos.
— E quanto aos guardas humanos? — Kathryn perguntou.
Nicholas deu-lhe um olhar vazio, como se ele não tivesse acostumado a contar os humanos como parte da ameaça. O que provavelmente ele não estava. A demonstração anterior de Lucas havia ardido... em mais maneiras do que uma... mas havia demonstrado bem explicitamente como os humanos estavam ultrapassados contra até mesmo a menor força de vampiros.
— Você disse que o mafioso tem seus próprios guardas?
Um olhar de compreensão cruzou o rosto de Nick, e ele assentiu.
— Eu espero não mais do que sete humanos, incluindo o McKinney.
Kathryn assentiu. Pelo menos alguns desses guardas humanos provavelmente permaneceriam do lado de fora para manter um olho no portão, porque eles não confiariam em um vampiro para fazer isso por eles. Então, eles seriam os primeiros alvos quando Lucas desse o comando. Ela franziu o cenho. Qual era o comando mesmo? Ela se preparou para perguntar, mas escutou ao invés o Lucas começar a explicar o plano de ataque para a noite.
— Haverá apenas duas entradas principais — ele começou, — então nós entraremos pela frente e por trás. Você derrubará primeiro os guardas no portão, Nick, mas eu não os quero mortos. Eu não quero que o Klemens saiba exatamente o que nós estamos fazendo até chegarmos a casa. Uma vez que passarmos o portão, nós teremos uma pequena força intinerante espalhada ao redor da casa, mas a maioria de vocês irá se concentrar em dois pontos principais de entrada. Você pega um, e deixa a Zelma pegar o outro. Assim que vocês estiverem prontos, eu vou começar a projeção, e vocês vão para as portas. Eu vou lidar com o Klemens e quem estiver bloqueando o meu caminho. O resto é com vocês.
— Criador — Nicholas confirmou com um aceno de cabeça rápido. — Eu vou dizer aos outros.
Lucas assentiu sua permissão, e Nicholas fez o seu caminho pelo corredor e começou a conferência com o resto da força vampírica.
— O que você quis dizer, quando você disse que você começará a projeção? — Kahtyrn perguntou.
Lucas estava estudando o esquema da casa, mas agora ele olhou para ela com um sorriso que derreteu seu coração. Ela queria resistir a ele, mas seu rosto parecia ter uma vontade própria. Ela sorriu de volta para ele.
Ele tomou sua mão, brincando ociosamente com seus dedos enquanto ele respondia sua pergunta.
— Os senhores Vampiros possuem talentos incomuns, alguns deles são exclusivos a cada indivíduo. Um dos meus talentos mais úteis é a habilidade de me conectar com os outros vampiros no que eu penso como um nível visceral. Não é telepatia... os dois são mais ou menos. Por exemplo, no campo batalha, eu posso compartilhar a minha força muito maior com os meus guerreiros, impulsionando-os fisicamente e psicologicamente. Mas o outro lado deste talento em particular é que eu posso drenar a força e a coragem dos meus inimigos, posso fazê-los acreditar que seus piores pesadelos estão caindo sobre eles.
— Há limites? — Kathryn perguntou, de alguma forma surpresa pelo que ela estava ouvindo. — Quer dizer, por que você precisa de guerreiros? Por que não apenas dar um choque no Klemens e nas tropas dele logo de cara?
— Porque o Klemens também é um senhor vampiro. E quando ele perceber o que eu estou fazendo, ele eventualmente será capaz de me bloquear de afetar o seu povo. Isso vai levar tempo... não muito tempo, não mais do que alguns minutos... mas será o bastante para nos dar um começo, porque o Klemens não será capaz de bloquear o ataque inicial, e o efeito de choque será considerável. Especialmente pelos novos e mais fracos entre os seus vampiros. Eles serão atingidos mais duramente e se recuperar mais lentamente, deixando-os vulneráveis quando nós atingirmos a casa. Mas, no final, tudo terminará em uma guerra sangrenta e brutal de vampiro contra vampiro. Pelo menos até que eu destrua o Klemens.
Kathryn deu-lhe um olhar preocupado.
— Mas você pode fazer isso, certo? Quer dizer, você é mais forte do que ele.
Lucas deu de ombros.
— Obviamente, eu acredito que eu seja. Eu não sou suicida. Por quê? Você está preocupada comigo?
Ela estava preocupada com ele. Mas ela não iria admitir isso. Ela não iria admitir que ele era importante para ela, que talvez ela se importasse mais com ele do que era saudável... para ela de qualquer forma. Ao invés disso, ela mudou de assunto ao perguntar: — E quanto ao meu irmão?
Lucas franziu o cenho, como se ele soubesse que ela tinha sentimentos por ele e estava irritado que ela não fosse admitir isso. Mas ele não teria como saber disso. Então talvez fosse apenas o seu ego considerável que queria ser amaciado.
— Eu te falei, Kathryn. Eu não acho que o Klemens está com o seu irmão.
— Sim, você disse, mas e se ele estiver?
Lucas suspirou.
— Se ele estiver, ele provavelmente deverá estar trancado em algum lugar. Provavelmente no porão, que é o lugar mais seguro para ele.
— Certifique-se que o Nicholas diga...
— Nick já informou a todo mundo sobre a possibilidade. Nós não estamos procurando matar humanos esta noite, e certamente não alguém sendo mantido prisioneiro pelo Klemens.
Ele acariciou a mão despreocupadamente sobre o cabelo bem preso de Kathryn e puxou gentilmente a sua trança.
— O rifle atende aos seus padrões? — Ele perguntou.
Kathryn assentiu. Nick conseguiu arrumar o rifle e a mira de longo alcance que ela queria antes de eles deixarem Minneapolis. Enquanto Nick e Lucas foram direto para o aeroporto para se reunir com os vários grupos de vampiros que estariam seguindo para a batalha, ela foi ao campo de tiro com o chefe de segurança de Minneapolis para calibrar a sua arma e ajustá-la às suas necessidades específicas. Mas ela não achou que o Lucas estava fazendo a pergunta por que ele duvidava do armamento. Ele estava tentando avaliar o seu humor. Ele estava preocupado sobre como ela reagiria uma vez que a matança começasse. Ele não tinha com todas as letras, mas ele havia dado a entender o assunto em todo o percurso até o aeroporto. Ela teria gostado de tranquilizá-lo, mas ela ainda não estava certa de como ela se sentia sobre isso. Nada sobre o que aconteceria essa noite era legal, não de acordo com a lei humana. E o trabalho dela era representar essa lei, um trabalho que ela levava muito a sério.
— A arma é ótima — ela o assegurou. — O seu cara já havia calibrado-a para cem metros. Eu apenas fiz alguns ajustes. Quando eu olhar através da mira, será como se eu estivesse bem ao seu lado.
— Bem, não atire em mim.
Kathryn deu uma risada ofegante e empurrou a coxa dele ao lado dela.
— Eu não vou. Eu sempre tenho certeza absoluta sobre os meus alvos antes de puxar o gatilho.
— Você estará aquecida o suficiente?
Isso fez ela virar a cabeça e sorrir para ele, apagando a nota sombria que havia dado sabor à interação deles desde a saída de Minneapolis.
— Estou vestindo duas de suas camisetas de manga longa por cima da minha blusa, mais este agradável casaco que o Nick encontrou para mim. A legging é minha, e elas são para inverno, então são perfeitamente adequadas. Eu prefiro as minhas botas táticas, mas os tênis e meias estão quentes o bastante, e pelo menos são pretos. Eu passei na inspeção?
Lucas puxou sua trança novamente, com mais força dessa vez.
— Espertinha. Estou enviando o Mason com você para o vizinho. — Ela abriu a boca para protestar, mas ele continuou falando.
— Ele não vai ficar. Ele apenas te guiará pela casa e te ajudará a montar tudo no telhado. A casa deverá estar vazia, mas não há nenhum sentido se arriscar.
Ela assentiu, profissional.
— Tente não dar um tiro em nenhum dos meus caras, ok?
Isso foi recebido com uma careta.
— Eu te falei, a mira é boa, e eu sou muito cuidadosa. Além disso, de acordo com você, a minha pequena arma não fará muito dano para um vampiro mesmo.
— Ei, dói levar um tiro, mesmo se ele não te mata.
— Já ouvi falar. Eu farei o meu melhor.
Kathryn começou a dizer mais, querendo mais uma vez se certificar de que o irmão dela não seria machucado acidentalmente. Mas o Nicholas se juntou a eles novamente bem na hora que o avião começou a angular para a esquerda e entrou em uma virada acentuada. Ela olhou pela janela e viu as luzes de Chicago à distância.
— Aperte o cinto, Kathryn — Lucas a aconselhou. — Essa guerra está prestes a começar.

Capítulo 18

Chicago, Illinois
Quando eles chegaram, o deles era o único jato, infernos, o único avião, movendo-se no pequeno aeroporto. Lucas fez um rápido levantamento da área enquanto ele seguia vários de seus guerreiros descendo as escadas, então esperou quando Kathryn desceu com mais cuidado, o estojo do longo rifle visível sobre o ombro direito dela. Mason havia tentado levar o rifle para ela, mas ela recusou com firmeza. Algo sobre ninguém tocando sua arma. Então o grande vampiro agarrou um par de enormes sacos de lã, apontou o veículo deles e dirigiu-se para fazer a sua própria verificação de equipamento.
Com Lucas em solo dentro do terriório de Klemens, tudo estava em jogo e movendo-se rápido. Ele agarrou Kathryn para um último beijo forte e rápido quando ela chegou ao asfalto. — Você fica naquele telhado, até que eu diga que é seguro.
— Sim, sim. — Disse ela, já prendendo suas várias peças de equipamentos em seu corpo. — Eu sei o que fazer. — Ela parou de repente e agarrou a frente da camiseta preta dele, a qual era exatamente igual as que ela pegou emprestada dele. — Tome cuidado, Lucas. — Disse ela, encontrando seu olhar sério. — Eu te vejo do outro lado.
Lucas franziu o cenho. O irlandês de rua supersticioso durão que ele foi uma vez não gostou do som dessas palavras finais, embora ele soubesse que tinha um significado diferente no contexto moderno. Ele a assistiu correr em direção ao SUV esperando, assistiu Mason bater violentamente a porta de carga, em seguida, subir para o assento do motorista. Lucas acompanhou as lanternas traseiras até que elas desapareceram ao redor do terminal principal, então seguiu Nick para o seu próprio SUV e os muitos vampiros à espera de seu comando.
No minuto que Lucas desembarcou em Chicago, Klemens sabia que ele estava aqui. Ele não saberia a localização precisa de Lucas imediatamente, apenas que ele violara o território de Klemens. Eles contavam que a reação do senhor vampiro de Chicago fosse um pouco paralisada com a presença de seu convidado humano.
O chefe da máfia era muito egoísta e muito importante para as operações de Klemens para rejeitar ligeiramente, o que significava que Klemens teria que se livrar diplomaticamente, o que levaria tempo. Mesmo que ele sacrificasse o chefe da máfia e fugisse rapidamente, isso ainda seria alguns minutos antes de perceber que Lucas estava literalmente entrando pelo seu portão da frente.
Enquanto corriam pelas ruas da meia-noite de Chicago, Nick continuou um murmúrio constante de conversa, verificando com as tropas já no local em torno do complexo de Klemens – perto o suficiente para manter vigia de quem vem e vai, mas não tão perto que a presença deles provocaria qualquer um dos próprios seguranças de Klemens.
As técnicas de guerra eram muito mais fáceis nesta era tecnológica do que eram quando Lucas começou pela primeira vez com Raphael. Não que eles tivessem que lutar muitas guerras deste lado do Atlântico, não uma vez que a comunidade vampira Norte Americana teve uma ideia do que Raphael poderia fazer. Não havia muitos vampiros neste continente, e esses estavam concentrados ao longo do corredor Atlântico. Mas logo no início, Raphael deixou claro que seu interesse estava no extremo Ocidente. Enquanto os vampiros cujas terras eles passaram o deixaram sozinho, ele os deixou sozinhos, também.
Lucas ainda pensava, algumas vezes, sobre o quão mais fácil era sua vida naquela época, com um bom par de binóculos, e talvez um ou dois sensores de movimento.
Ele olhou para cima, conforme o SUV diminiu, e a monstruosidade da casa de Klemens surgiu à vista. Parecia mais um asilo do que uma casa, mas o senhor vampiro de Chicago provavelmente gostava dessa maneira.
— Senhor.
Lucas virou-se para Nick.
— Tudo pronto?
— Os guardas do portão estão caídos, e as equipes de entrada estão no lugar.
— O humano, McKinney?
— Ainda dentro, meu senhor. Um de seus guarda-costas estava com os guardas do portão de Klemens, e há um SUV vazio com a porta aberta para a rua. Eu estou supondo que o guarda do humano deveria permanecer com o veículo.
— O humano está morto?
Nick assentiu.
Lucas estava feliz que Kathryn não estava ali para debater a questão. Ele levou um momento para procurar cada um dos seus vampiros, reafirmando a ligação deles com ele, oferecendo força e coragem, bem como verificando as suas posições em torno da propriedade.
— Vamos fazer isso, Nick.

* * *

Kathryn se estabeleceu na posição, certificando-se que tudo o que ela precisava estava ao alcance. Ela e Manson tinham quebrado os limites de velocidade em toda a extensão da cidade, conseguindo aqui o que tinha de ser algum tipo de recorde. Uma vez em cena, eles estabeleceram um novo recorde, levando-a para dentro e através da casa tão rapidamente que ela tinha certeza que alguém tinha observado isso antes do tempo. A porta em que entraram foi destrancada, e uma vez lá dentro, ele não tinha mostrado nenhuma hesitação. Ele sabia exatamente para onde ir e literalmente a carregou pelas escadas, simplesmente atirando um braço em volta da cintura e movendo-se. Foi emocionante e assustador ao mesmo tempo.
Chegar ao telhado não foi um problema, dado que ela já tinha decidido que não trabalharia ali. O único lugar que ela poderia ter se estabelecido seguramente em um campo como esse teria sido o pico, e isso não teria dado a ela uma boa linha de visão sobre a casa de Klemens ao lado. Então, ela enxotou Mason de seu caminho, em seguida, e estabeleceu-se em um dos quartos do terceiro andar.
Era quase tão longe do chão quanto o telhado, e da janela ela teve uma visão de quase 180 graus da propriedade de Klemens. Ela poderia ver qualquer movimento ao longo das paredes da frente e de trás, assim como as do lado mais próximo da posição dela.
A janela era uma das mais antigas do tipo double-hung{11} que operava em um sistema de roldana para abrir direto para cima. Com a janela aberta, ela tinha organizado seus sacos de areia na ampla soleira, então, ajustou uma SSG Sig 3000{12}, a qual era quase idêntica a que ela usava em Quantico{13}.
Colocando o rifle com cuidado sobre uma mesa perto da janela, ela levantou os binóculos e varreu a cena em modo de visão noturna. Lucas não chegara ainda, mas os vampiros da equipe adiantada estavam em movimento, assumindo posições ao redor da casa.
Aumentando seu campo, ela verificou o edifício em si com a visão noturna desligada. Havia algumas luzes no interior, principalmente concentradas no segundo andar, um quarto de canto no lado dela do edifício. As cortinas estavam fechadas, mas a ocasional sombra de movimento podia ser vista ao longo da borda de uma janela. E era isso.
Ela ouviu o ronco dos múltiplos motores e desviou o olhar a tempo de ver vários grandes SUVs pretos rasgarem ao virar a esquina e chegar guinchando um pneu na parada em frente ao portão de ferro forjado. Kathryn teve um momento ruim, temendo que tivesse sido descoberta, mas então as portas se abriram, e ela reconheceu vários dos vampiros de Lucas enquanto eles vertiam através do portão e desapareceram nas sombras em torno do enorme composto de Klemens.
Ela continuou observando, seu olho sobre um SUV cujas portas permaneceram fechadas. A noite ficou abruptamente em silêncio. Sem motores de caminhonetes, sem comandos silenciosos, nem mesmo o som do tráfego nas proximidades da estrada Lake Shore. De repente, as portas se abriram, e Kathryn respirou quando Lucas surgiu em pé silenciosamente, seu olhar varrendo de lado a lado, parecendo catalogar cada detalhe até a localização exata de vampiros que Kathryn há muito tempo perdeu de vista. A cabeça dele virou-se lentamente, seu olhar se acomodando na janela onde ela estava sentada assistindo, como se ele pudesse vê-la, apesar de todas as precauções que ela tomou para permanecer invisível. Ele atirou-lhe um sorriso rápido, então ficou sério e voltou para enfrentar seu inimigo.
Lucas começou a avançar, cercado por suas tropas, e era uma visão aterradora. Eles eram os guerreiros de sua raça, altos e musculosos, seus olhos brilhando um vermelho estranho, como as profundezas do inferno. Eles estavam vestidos completamente de equipamentos de combate pretos, com um brilho não revelador de metal entre eles. Suas variadas armas, alguns carregando longas facas de aparência perversa, outros uma variedade de armas e alguns vários de ambos. E todos eles, incluindo Lucas, estavam repletos de presas, o brilho branco de seus dentes em um contraste gritante com seus trajes uniformemente sombrios.
De todos eles, apenas Lucas não usava armas, nem mesmo uma lâmina simples. Mas ele estava armado com a mais letal do que qualquer um deles. O poder que ele contou a ela, o poder de um senhor vampiro que ela tinha apenas meio acreditado, se tornou realidade enquanto ele caminhava em direção a casa. Um vento soprou do nada, rapidamente aumentando de uma brisa que sacudiu as árvores e enviou folhas mortas correndo para escapar dos passos dele, para uma tempestade violenta que espreitava o chão à sua frente, batendo as janelas e portas da mansão de Klemens, estilhaçando as janelas de sua estrutura. O ar, que tinha estado tão tranquilo apenas momentos antes, estava agora pesado, com uma sensação de desgraça, como se a própria noite entendesse que uma grande batalha estava prestes a acontecer.
Lucas avançou, vestido com as mesmas vestes negras que seus soldados, o casaco de couro longo soprando atrás dele como uma capa enquanto a tempestade de seu poder girava diante dele. Seu cabelo preto estava penteado para trás de seu rosto bonito, e seus olhos ardia o mais puro ouro, lançando uma luz brilhante no caminho que ele atravessava no gramado bem cuidado, um farol guiando sua frente de vampiros. Kathryn tremeu, e não de frio.
Lucas estava a vários metros da varanda, quando a porta se abriu, apenas para ser rapidamente arrancada da mão do homem que estava lá, apoiando-se desesperadamente contra a tempestade de poder de Lucas. Uma intensa luz branca espalhou-se pelo quintal congelado, dando-lhe um fraco molde de prata, esboçando dois humanos. Kathryn imediatamente baixou os binóculos para a almofada de cobertores que ela tinha recolhido e colocou seu olho no escopo do rifle.
Ela centrou em Lucas, em seguida, moveu cuidadosamente em direção à porta, marcando dois homens, primeiro um, depois o outro. Os humanos eram das antigas, cada um carregando uma Uzi sub-machine gun, armazenada no estilo gangster no quadril, com uma pistola automática 9mm na outra mão. Ela assumiu que estes eram os guarda-costas do chefe da máfia McKinney, uma vez que Lucas tinha indicado que seriam os únicos humanos na casa.
Um dos dois deu um passo agressivo para a varanda da frente, o cabelo e as roupas soprando loucamente quando ele gritou algo que o vento arrancou de sua boca e jogou longe. Lucas e seus vampiros continuaram vindo, como se o homem não existisse. Kathryn praguejou silenciosamente e colocou a mira no humano tolo. Lucas pode ser quase imortal, mas só quase. E ela não se importa com o que ele disse sobre balas não derrubarem vampiros. Balas suficientes poderiam fazer uma série de prejuízos, e se o guarda apontasse sua Uzi em Lucas, isso iria destruí-lo. Ela se abaixou em seu espaço de atirar, sua mente e os olhos cravados no desenrolar dos acontecimentos abaixo, todos os detalhes tão claros como se ela estivesse a dois metros de distância. Seu mundo inteiro tornou-se o pequeno círculo de espaço revelado por seu escopo. Ela viu o braço tenso do guarda quando ele levantou a arma fracionalmente, viu-o apertar a arma mais perto de seu quadril para estabilizá-la, viu os dedos dele contrair-se.
Ela soltou um suspiro, começou seu lento aperto no gatilho... e congelou quando seu alvo desapareceu. Movendo-se tão rápido que tinha sido nada além de um borrão escuro através do seu escopo, os vampiros de Lucas derrubaram os dois guardas humanos.
Num instante os dois homens estavam se preparando para disparar, e no próximo a porta estava vazia, e havia dois corpos caídos em um amontoado no chão frio. Ela engoliu em seco quando um dos vampiros de Lucas arrastou um corpo acima do chão e afundou os dentes no pescoço do homem, bebendo profundamente antes de jogá-lo de lado. Ela pegou os binóculos e deu uma olhada. O homem estava de costas, com a cabeça em um ângulo não natural, sua garganta arrancada. Se ele não tivesse morrido antes, ele estava agora, e ela não tinha certeza de como ela se sentia sobre isso. O humano era um gângster e, provavelmente, um assassino, mas...
Mas nada, Kathryn, recordou-se. Lucas a tinha advertido que esta era uma guerra. E aquele guarda caído lá teria alegremente matado cada um dos vampiros invasores, incluindo Lucas, se ele tivesse a chance. Afinal, ela não havia se preparado para fazer exatamente a mesma coisa? Se os vampiros de Lucas não tivessem feito isso primeiro, ela teria atirado antes que ele pudesse matar Lucas, e ela teria atirado para matar, também. Mas vendo a forma que ele morreu, vendo-o deitado com a garganta rasgada... Isso a incomodava. Ela não podia negar.
Ela levou um choque enquanto algo como eletricidade estática zumbiu sobre sua pele, fazendo com que os cabelos finos nos braços endurecessem. Lá embaixo, Lucas tinha levantado os braços como se fosse abraçar a mansão e todos nela. Então o vento morreu, e a noite ficou escura e silenciosa, como todas as luzes da casa, todas as luzes da rua, todas as luzes na noite distante no bairro extinguiram-se no espaço de um batimento cardíaco.
Kathryn pegou os binóculos de visão noturna, seus dedos trêmulos enquanto ela lutava para manter as lentes firmemente o suficiente para ver. Mas não havia nada, apenas escuridão onde Lucas tinha estado de pé.
Ela baixou os binóculos, quando um flash de movimento onde não havia nenhum antes a fez se afastar de sua busca desesperada perto da porta da frente. Ela levantou as lentes de novo e examinou o lado da casa, certa de que ela viu algo se mover. Tinha sido perto do chão, uma anomalia presa em sua visão periférica, não um animal, mas há... alguma coisa – talvez uma janela – estava sendo aberta da casa. Foi pouco mais do que uma área um pouco menos escura na parede, mas definitivamente isso foi um movimento, e oh, sim, muito.
Kathryn tocou o botão do pequeno rádio em seu ouvido.
— Nick. — Foi apenas alguns segundos antes de ele responder, mas pareceu uma eternidade, enquanto observava figuras começarem a surgir a partir do que era claramente uma saída do subsolo. Tinha que ser os vampiros de Klemens, aqueles que Nick disse que estariam se escondendo do visitante humano, McKinney.
— O que você tem, Hunter? — A voz de Nick foi um barulho bem vindo.
— Muita movimentação, meu lado da casa. Eu acho que é uma saída do subsolo de alguns...
— Eu cubro. — Nick interrompeu, e então ele se foi.
Kathryn deixou cair os binóculos e colocou o olho no escopo ao invés. Estes eram quase certamente os vampiros de Klemens. Lucas tinha insistido que ela não seria capaz de matá-los com seu rifle, mas ele provavelmente nunca viu o que uma bala calibre .50 podia fazer. Um tiro na cabeça iria dividir o crânio de uma pessoa bem no meio, como Play-Doh{14} e pulverizar o cérebro. Nem mesmo um vampiro poderia sobreviver a isso. Mas ela particularmente não queria matar ninguém esta noite, por isso ela foi com uma Federal Match Grade .308 Remington 168-grain slugs. Avistando os vampiros emergindo, ela não se incomodou com a seleção de alvos detalhada. Ela apenas moveu a mira de um pedaço de escuridão para o próximo e puxou o gatilho.
A primeira dupla uivou em surpresa quando as balas os rasgaram. Como Lucas disse, isso obviamente dói como o inferno, e isso definitivamente os desacelerou. Eles giraram em círculos, em busca do atirador, mas ela apenas continuou atirando, e logo estavam mais preocupados em fugir de suas balas do que descobrir de onde elas estavam vindo.
— Meus rapazes estão na cena, Hunter. — Nick alertou urgentemente.
Kathryn parou de atirar e mudou para os binóculos conforme o primeiro dos vampiros de Lucas engatou seu inimigo. Se ela pensou que a morte do guarda humano na varanda da frente tinha sido violenta, esta levou isso para um nível totalmente novo. Não houve presunção entre os vampiros, sem disputa por posição, apenas entraram em cena e começaram a rasgar uns aos outros por partes. Facas, presas, mãos se curvaram em garras enquanto eles cortavam e arrancavam uns aos outros. Cabeças foram arrancadas dos corpos, em seguida, jogadas de lado, os corpos viravam pó diante de seus olhos. Outro vampiro foi executado com uma faca terrível. Ele agarrou o peito e riu, até que o guerreiro de Lucas o esfaqueou uma segunda vez, direto no coração. Então, ele também se tornou nada mais do que um monte de pó.
O coração de Kathryn estava martelando, adrenalina definindo seus nervos na ponta da faca, enquanto ela observava algo que ela sabia que poucos humanos jamais veriam. Em alguns momentos, não havia ninguém deixando a janela do porão além dos vampiros de Lucas. E nenhum corpo morto à vista.
— Tudo limpo, Hunter — Nick informou. — Bom trabalho.
— Entendido. — Ela controlou-se, sua mão tremendo quando a deixou cair longe do seu ouvido. Pó. Os vampiros eram difíceis de matar, mas eles realmente viraram pó quando isso aconteceu. Seus chefes do FBI ficariam emocionados com o conhecimento que ela poderia trazê-los das atividades dessa noite. Ela podia até conseguir uma promoção com isso, talvez algo que iria levá-la para fora do escritório e de volta ao campo novamente. Ela colocou a mão sobre o coração batendo e pensou sobre lealdade. Ela não sabia mais onde exatamente estava a dela. Esse era um pensamento preocupante.
Alguém gritou dentro da casa. Então, como se esse primeiro grito tivesse libertado todos eles a partir de um feitiço de silêncio, a noite foi preenchida com os sons da batalha. Foi a essência dos pesadelos, e tudo que Kathryn podia pensar era que Lucas estava ali em algum lugar, e ela não tinha ideia do que estava acontecendo. Ou se ela o veria vivo de novo.

* * *
Lucas parou diante da porta da frente de seu inimigo, cada pitada de poder e conhecimento que ele possuía focados em uma coisa, espalhando medo e confusão entre os vampiros de Klemens. E até o momento em que ele saiu do SUV no portão de Klemens, ele esteve usando sua força para parar o seu senhor vampiro rival de identificar sua presença. Mas tão perto, isso era inútil. Sua assinatura de poder estaria muito forte, e Klemens era muito astuto. No minuto que eles chegaram à propriedade, mesmo enquanto ele verificava a localização de seus guerreiros ao redor, e Kathryn, também, em sua posição elevada acima da batalha, ele esteve usando seu talento único para sussurrar nos ouvidos dos guerreiros de Klemens, alertando-os de invasores esgueirando em torno dos cantos em um sopro de vento, da morte tocando seus ombros e arrancando sua coragem.
O terror deles alimentou seu poder, tão rico e doce como o sangue da veia. Ele não gostava dessa parte de seu talento, essa capacidade de tirar força do medo dos outros. Mas isso era guerra, e se ele veio para escolher quem iria morrer esta noite, ele usaria todo talento que possuía para ter certeza de que fosse Klemens e seus vampiros que morreriam antes do próximo nascer do sol.
Lucas poupou um fio de energia para procurar seu inimigo, a sonda delicada deslizando através das fissuras para procurar todos os cantos da monstruosidade de uma casa diante dele. Muito em breve, ele teria que sugar o poder de volta para dentro de si e deixar a maior batalha para seus guerreiros, porque em algum lugar lá, Klemens estava esperando. Não importa quantos dos vampiros de Chicago os lutadores de Lucas destruíram, a verdadeira batalha, a única que realmente contava, era o confronto entre os dois senhores vampiros.
A porta da frente se abriu apenas para ser arrancada de suas dobradiçãs pelo vento feroz do poder de Lucas. Ele apertou os olhos contra o eixo súbito de luz branca enquanto dois humanos fortemente armados cambalearam para a abertura. Guardas de McKinney, ele assumiu, e eles estavam se preparando para disparar. Vários vampiros de Lucas estavam de repente na frente dele, guardando-o com seus corpos, enquanto dois de seus membros traçaram pelo gramado coberto de geada e derrubaram os humanos antes mesmo de conseguirem trazer suas armas para uma posição de disparo. Os dois homens gritaram, suas vozes cortadas quando seus pescoços foram arrancados. Um dos vampiros de Lucas alimentou-se brevemente, rasgando a garganta do humano enquanto seu coração batia sua batida final. Mas a alimentação foi mais simbólica do que qualquer outra coisa – um predador alegando sua vitória antes de jogar o corpo inerte de lado.
Agravados pela luz brilhante, a qual não tinha lugar na residência de um vampiro, Lucas estendeu a mão e fritou a rede elétrica local. O bairro inteiro afundou na escuridão abençoada. Próximo a ele, Nick endureceu a atenção, então implantou rapidamente vários guerreiros para um lado da casa. Lucas ouviu o pop repetido de vários tiros e olhou para a casa vizinha. Um flash de um bocal de arma confirmou a localização de Kathryn, e ele sorriu. Então, ela começou a disparar seu rifle depois de tudo. E ela não parecia ter quaisquer dúvidas sobre isso, também. Talvez ele ainda fizesse dela uma guerreira.
Seu olhar se desviou para o buraco negro de uma entrada frontal. Ele puxou o fio do seu poder e encontrou Klemens.
Você deveria ter me matado quando teve a chance, ele pensou ironicamente, e deixou o pensamento transportar para o segundo andar, onde Klemens esperava.
Hoje à noite vou fazer melhor, sua escória irlandesa. A voz mental de Klemens estava cheia de veneno.
Lucas quase riu da calúnia insignificante e pensou que o vampiro de Chicago devia realmente estar preocupado se ele estava recorrendo a tais insultos superficiais. Lucas enviou um último pesadelo veloz através da enorme mansão, seu sangue bombeando com adrenalina quando um dilúvio de terror voltou para ele. Ele se embebedou disso, em seguida, entrou pela porta da frente e subiu as escadas.
A batalha se desenrolava enquando ele caminhava através da casa, seus guerreiros moviam-se silenciosamente ao redor dele, espectros letais que traziam a morte permanentemente onde quer que fossem. Os primeiros gritos foram os últimos gritos de vampiros pegos de surpresa, ainda abafado pelo cobertor de escuridão que ele deixou cair sobre a casa. Mas, enquanto ele subia as escadas, reunindo o seu poder de volta para dentro de si para a batalha final, o nível de ruído aumentou. Vampiros uivaram em agonia e rugiram em triunfo. Corpos caíram através das paredes e rolavam sobre sacadas. As pessoas de Klemens lutavam ferozmente, sabendo o que estava em jogo, reconhecendo a profundidade do perigo que corriam. Lucas não tinha dúvida de que eles estavam sendo incitados a uma defesa desesperada por seu mestre, que permaneceu escondido em seu lugar de poder, à espera de Lucas, como uma aranha gorda em sua teia.
Lucas moveu-se rapidamente pelo corredor do segundo andar, sozinho agora. Mesmo Nicholas foi atraído para a batalha frenética furiosa ao redor dele. Lucas moveu-se com propósito, embora ele nunca tivesse estado nesta casa antes, a presença de Klemens atraiu-o, tão certo como uma seta vermelha piscando no escuro.
Ele encontrou o senhor vampiro de Chicago em uma sala de troféus à moda antiga. Cabeças de animais estavam montadas nas paredes, e uma coleção de armas antigas penduradas sobre a enorme lareira, onde brasas revelaram a luz morrendo de uma fogueira recente. A sala cheirava a sangue fresco, e Lucas sabia que ele não teria que se preocupar sobre a morte de Hector McKinney. Klemens abateu o chefe da máfia, drenando-o até secar para se abastecer para a disputa.
Klemens surgiu das sombras, de pé atrás da mesa. Sangue, ainda quente do coração batendo de McKinney, agarrava-se à roupa de Klemens e pingava de suas presas. Ele sorriu para Lucas, com as mãos ainda curvadas em garras que tinham rasgado seu ex-aliado em pedaços.
— Vem para morrer afinal, Lucas?
Lucas sorriu facilmente, mostrando suas próprias presas, que se prepararam para a luta de sua vida. Klemens era poderoso, mas jovem, como vampiros que se movem de um lugar pra o outro. Ele era forte, mas inexperiente, manejando seu poder como um bastão. Ele era um gorila com um grande clube. Lucas, por outro lado, tinha poder e experiência. O seu era um estilo de luta mais refinado, a morte por mil cortes. Ele estava indo saborear cada fatia da carne de Klemens, antes de matá-lo.
Lucas atacou sem aviso, cortando a grande artéria femoral da perna esquerda de Klemens, então imediatamente arrebatou seu poder de volta em um escudo apertado em torno de si mesmo. Klemens uivou para o ataque inesperado e lutou exatamente como Lucas esperava que ele fizesse.
Um golpe estrondoso de poder bateu contra os escudos de Lucas, uma tática que teria o levado aos seus joelhos, se não estivesse preparado para isso. Mas Lucas não perdeu tempo analisando a estratégia de seu inimigo. Em vez disso, ele respondeu de imediato, cortando Klemens da esquerda à direita, uma e outra vez, o seu poder como um chicote de muitas caudas, cujas extremidades farpadas cortavam em seu inimigo de todas as direções, de alto a baixo. Klemens rugiu enquanto ele lutava para se proteger do ataque não convencional de Lucas. Ele estendeu a mão, e Lucas chocou-se. Era como uma enorme pedra batendo contra seus escudos, mas apesar deles curvarem-se sob a agressão, eles nunca quebraram. E como seus escudos, Lucas nunca vacilou. Ele rosnou seu ódio enquanto cortava a carne dos ossos de Klemens, cortando artérias e veias, levando o senhor de Chicago de joelhos quando suas pernas cederam, incapazes de apoiá-lo.
Klemens deu um uivo no fundo da garganta de raiva e estendeu seus braços para fente. Lucas recuou enquanto cada cabeça de animal montada nas paredes veio voando em direção a ele de uma vez, golpeando fisicamente seus escudos de todos os lados. Foi uma jogada desesperada por parte de Klemens, destinada mais a distrair do que ferir, e quase funcionou.
Lucas se abaixou quando uma cabeça de veado voou em seu rosto, e Klemens atacou de onde ele se ajoelhou, empunhando seu poder assim como o pessoal de Lucas imaginou. O poder bateu contra os escudos de Lucas por todos os lados, batendo até que Lucas podia ouvir o choque do ar contra seus escudos, uma ressonância profunda como o badalo de um sino enorme. E Lucas ficou no meio de tudo isso.
Ele contraiu seus escudos firmemente em torno de si mesmo, tornando-os mais seguros, mesmo que isso chamasse os golpes do ataque de Klemens mais perto de seu corpo físico. Mas isso não importou. Contanto que seus escudos segurassem, mesmo uma polegada de proteção era o suficiente. De dentro do casulo de seu poder, Lucas estudou o inimigo. Klemens sangrava por toda parte, um acúmulo de sangue em torno dele, onde ele se ajoelhou, sua carne pendurada em tiras sangrentas que se misturavam com os pedaços de sua roupa. Lucas mudou o seu ataque, não mais empunhando um chicote de muitas farpas, mas um florete fino em seu lugar. Uma agulha fina de poder voltada diretamente para o coração de Klemens.
Ele empurrou isso a frente, sentiu-o penetrar os escudos de Klemens, sentiu o choque do senhor vampiro quando ele perfurou sua carne e se enterrou em seu coração. Os lábios de Lucas se curvaram em um simples sorriso de vitória enquanto ele jogava o florete mais uma vez, partindo do coração de Klemens em meio a uma batida, cortando-o em dois, uma vez que escalonou dentro de seu peito.
Klemens uivou e derrubou seus escudos, arranhando seu peito ensanguentado, tentando desesperadamente reunir os resíduos de seu poder, para curar o incurável. Lucas estava praticamente certo que Klemens não teria sucesso, mas ele não se arriscou. Ele cortou o senhor vampiro desprotegido, esculpindo em sua carne e ossos até que seu coração finalmente se rendeu a luta. Klemens morreu, seu grito final de negação ecoando na longa noite, depois que seu corpo virou pó.
Lucas teve o espaço de uma batida de coração para saborear a sua vitória, uma mistura de alívio e triunfo enquanto ele estendia a mão para seus vampiros, tocando cada um, afirmando a ligação deles, assegurando que seu mestre ainda vivia, ainda mantinha suas vidas seguras em seu poder. Então, o mundo desabou, e ele caiu de joelhos, oprimido pelo peso dos súditos de Klemens, os milhares de vampiros repentinamente à deriva com a morte de seu mestre, gritando de medo e desespero, à procura de alguém para mantê-los juntos, para manter seus corações batendo, suas paredes protegidas contra os inimigos.
Lucas se curvou sob suas demandas, de costas dobradas quase até o chão enquanto ele lutava para impor a ordem, para segurar o seu próprio povo e ainda proteger aqueles que pertenceram a Klemens. Raphael avisara a ele sobre isso quando eles discutiram pela primeira vez a necessidade de enfrentar o senhor vampiro de Chicago. Quando Lucas insistiu que ele não tinha vontade de governar o território centro-oeste, juntamente com o seu.
Lucas era Vampiro, e tudo o que isso significava. Ele era agressivo, territorial, possessivo e francamente selvagem quando forçado a isso. Mas como Raphael observou com algum desespero em mais de uma ocasião, Lucas tinha o coração de uma alma alegre, um playboy que gostava da vida mais do que da conquista.
Então, Raphael educou Lucas sobre como levar as pessoas de Klemens sob sua asa, como mudá-los seguramente de lado, agarrando suas vidas firmemente até que um novo senhor surgisse no resultado. O território seria lançado aberto a todos os interessados.
Batalhas de dominância seriam travadas, e alguns candidatos morreriam, mas, eventualmente, um novo senhor surgiria, e Lucas estaria livre deste fardo extra.
Lucas respirou fundo quando as vozes cessaram finalmente, o esgotamento de sua força diminuindo até que não fosse mais do que um arranhão irritante contra os seus nervos.
— Senhor?
Lucas olhou para o rosto preocupado de Nicholas.
— Nós fizemos isso, Nick. Ding dong, o bastardo está morto.
Nick riu e ofereceu ao seu Senhor uma mão. Lucas pegou agradecido. Ele confiava em Nick, e ele estava exausto.
— Algum problema que eu não sei?
— Nenhum, meu senhor. O pessoal de Klemens estava totalmente despreparado. Vários tentaram fugir através de uma janela do porão, embora se a intenção deles era fugir ou defender seu Senhor, eu não sei. Em qualquer caso, Kathryn nos deu o aviso e os manteve presos até chegarmos lá.
— Eu ouvi os tiros. Ela está...
— Ilesa, meu senhor. Eu pedi a ela para ficar lá em cima até nós limpamos a casa.
Lucas deu ao seu tenente um olhar interrogativo. Não havia nenhuma razão para Kathryn permanecer na vigília, e nenhum perigo para ela aqui na casa.
Nicholas sabia disso tão bem quanto ele.
— Tenho pessoas em busca pela casa por sobreviventas... ou vítimas. — Admitiu Nick. — Eu concordo com você que o irmão dela provavelmente nunca esteve aqui, mas...
— Ela não vai acreditar até que veja por si mesma. — Disse Lucas, quando a compreensão apareceu. — Certo. Ok, obtenha alguns dos nossos guardas da luz do dia aqui o mais rápido possível. Eu quero esta casa segura, pelo menos nos próximos dias. Depois disso... — Ele deu de ombros. — Eu não tenho nenhum desejo de viver aqui, mas acho que o próximo senhor poderia.
— Nós vamos ter que ficar aqui até que o novo senhor seja descoberto?
— Diabos, não.
Nicholas fez uma careta de acordo.
— Eu já coloquei na chamada para a sede de Minneapolis. Os Seguranças da luz do dia estarão na estação antes do amanhecer. Devo passar um rádio para Kathryn e dizer a ela...
— Lucas! — A voz de Kathryn subiu a escadaria.
— Tarde demais. — Disse Lucas.

* * *

Kathryn lutou para pôr de lado seu equipamento e chegar até a casa de Klemens ao lado. Ou melhor, o que costumava ser a casa de Klemens. Nick tinha falado pelo rádio para ela saber que eles estavam limpando e para garantir a ela que Lucas e todos os outros sobreviveram à batalha. Ele pediu que ela permanecesse onde estava, no caso de alguém tentar dar alguma. Ela fez o que ele pediu até que ela viu vários dos vampiros de Lucas rondando no quintal, batendo um nas costas do outro em vitória. Ela suspeitava que Nick estava tentando mantê-la longe da casa por algum motivo, e esse motivo só poderia ter um nome. Daniel.
O coração dela queria que ela corresse até lá para ver o que eles encontraram, mas seu cérebro insistiu em se certificar de que não havia deixado rastro da presença dela nesta casa antes de sair. Então ela sacrificou os poucos minutos que levou para colocar os móveis de volta onde ela encontrou e jogou os dois sacos de areia pesados para fora da janela. Ela viu onde eles desembarcaram para que ela pudesse pegá-los mais tarde, em vez de puxar para baixo pelas escadas. Ela então fechou a janela e dobrou as cortinas no meio, assim como estava quando chegou. Ela deu uma olhada final ao redor do pequeno quarto, agarrou o estojo do rifle e correu para baixo e para fora da porta de trás, fechando-a atrás dela, fazendo uma nota mental de que alguém teria que vir mais tarde e programar o alarme.
Kathryn depositou seu estojo do rifle no compartimento de carga de um dos SUVs parados fora da casa de Klemens. As caminhonetes foram puxadas pelas portas e agora estavam perto da varanda da frente. Não havia ninguém por perto, então ela entrou na casa através de uma porta aberta e ficou por um momento, escutando.
O nível mais baixo da casa estava mais apagado, mas havia luar suficiente para que ela pudesse ver as silhuetas de mobiliário para o outro lado de onde ela estava. O corredor à direita tinha uma luz fraca brilhando fora dele, e ela podia ouvir um estrondo baixo que a fez pensar que havia um gerador de emergência em algum lugar, provavelmente, na cozinha. Em frente a ela estava uma grande escada que ia direito para o segundo piso de mezanino, que sustentava corredores bloqueados de cada lado.
— Lucas! — Ela chamou e começou a subir. Lucas apareceu no mezanino antes dela subir mais do que alguns degraus.
— Não venha. — Ele mandou descer. — Eu vou até você.
Kathryn estudou-o enquanto descia as escadas, movendo-se com sua graça letal habitual, e algo mais. Ele parecia... vitorioso. Era difícil de descrever. Ele estava tão lindo como nunca, seu cabelo preto despenteado atraentemente, seu grande corpo envolto em couro preto, olhos castanhos brilhando como ouro. Mas, então, não era tanto sua aparência física que estava diferente. Era um ar sobre ele, como se ele estivesse cercado por uma auréola de poder invisível.
Ele veio mesmo até ela.
— Eu pareço tão ruim assim? — Ele meio que brincou, olhando para si mesmo.
— Não. — Ela disse rapidamente. — Apenas diferente de alguma forma.
— De alguma forma — ele concordou com um irritante ar vago.
— Klemens? — Ela perguntou.
— Pó, junto como a maioria de seus companheiros.
Kathryn olhou para ele. Ela não contou, mas um monte de vampiros saiu da janela do porão, e em uma casa deste tamanho, provavelmente mais do que ela nunca viu. Eram pessoas, assim como Lucas e Nick e os outros. E assim eles estavam mortos e... pó.
— Kathryn?
— Sim. Isso é... habitual? Quero dizer, quantas vezes vocês lutam entre si até a morte?
— Não se preocupe, Agente Hunter. Isso não acontece frequentemente, e isso não diz respeito a você de qualquer maneira. Nós escolhemos o nosso caminho na sociedade de vampiros, e nenhum dos que morreram aqui tinham que ser lutadores. Eles poderiam ter sido donos de lojas, advogados, encanadores, o que eles quisessem, e estado perfeitamente a salvo disso tudo. É como seu próprio exército. É tudo voluntário.
— Isso não faz com que seja menos de uma perda quando eles morrem. — Kathryn estalou de volta para ele.
— Não, isso não faz. — Rebateu Lucas firmemente. — E há aqueles, inclusive eu, que vai lamentar a morte desnecessária de cada um desses vampiros. Mas a minha responsabilidade é para com os vivos, para com todos aqueles vampiros que Klemens mantinha em seu poder, os vampiros que teriam morrido em um instante se eu não tivesse intensificado a proteção deles. Então, eu não preciso do seu julgamento, obrigado.
— Lucas. — Ela agarrou o braço dele quando ele teria passado por ela descendo as escadas. — Eu não quis dizer isso.
Ele parou um degrau abaixo dela e encontrou seu olhar, seus olhos no mesmo nível. — Não, eu não acho que você quis. É tarde, Kathryn. Tem sido uma longa noite, e eu não vou dormir nesta casa. Estamos voltando para o condomínio St. Paul. Você vem?
— E Daniel? — Ela perguntou com urgência.
Lucas suspirou, e ela ouviu a exaustão nessa simples respiração.
— Seu irmão não está aqui. — Disse ele pacientemente. — Meus vampiros têm procurado cada centímetro desta grotesca casa. Não há ninguém vivo dentro destas paredes, que não seja o meu próprio pessoal. E não há sepulturas novas, também. — Acrescentou, antes que ela pudesse expressar essa possibilidade horrível. Foi cruel da parte dele dizer isso, mas ela não podia negar que tinha o mesmo pensamento.
— Como você pode saber disso? — Ela sussurrou.
— Um, Klemens é... era inteligente demais para enterrar as vítimas em sua terra natal, muito menos em sua própria toca. Dois, vampiros têm um sentido incrivelmente afiado de cheiro, especialmente quando se trata de sangue e morte. Ele não está aqui, Kathryn.
Kathryn lançou um olhar desesperado ao redor da mansão escura.
— Eu preciso...
— Ver por si mesmo — Lucas terminou para ela. — Eu entendo. Eu tenho um contingente de guardas do dia chegando para proteger a casa. Eles vão ajudar, se você quiser, e eles vão saber como entrar em contato comigo.
— Obrigada. — Ela segurou em seu braço, sem saber o que fazer, mas não querendo deixá-lo zangado com ela. — Lucas...
Ele sorriu e inclinou-se para lhe dar um beijo.
— Eu ainda te amo, minha Katie. Nós vamos voar de volta para Dakota do Sul depois do pôr do sol, esta noite. Deixe-me saber o que você quer fazer. — Ele olhou para as escadas. — Vamos, Nick.
Kathryn ficou de lado enquanto Nicholas descia passando por ela para seguir Lucas. Ela olhou em volta e viu um interruptor de luz perto da porta da frente. Andando até lá, ela acendeu todos os interruptores, mas nada aconteceu. O que quer que Lucas fez extinguindo as luzes mais cedo deve ter danificado a rede. E provavelmente levaria horas antes da equipe de emergência chegar aqui para corrigir o que quer que seja que ele estragou.
Ela suspirou e se moveu desajeitadamente para fora com a grande lanterna de sua mochila. Ela acreditou em Lucas quando ele disse que seu irmão não estava aqui. Ou pelo menos ela acreditou que ele acreditava. Mas ela não podia deixar esse lugar sem ver por si mesma, sem buscar qualquer evidência de que Dan tinha estado aqui no passado.
E depois disso... ela não sabia o que ela faria. Porque se Alex nunca teve Daniel, se Klemens nunca o levou, então, onde ele estava?

Capítulo 19

Twin City, Minnesota
Kathryn tropeçou cansada pela porta do quarto que Lucas reservara para ela em sua sede em St. Paul. Era quase noite, e ela sabia que Lucas estaria acordando em breve, mas ela não podia encará-lo. Ainda não. Ela estava grata além da crença de que ele tivesse feito esse apartamento disponível para ela, que sua bagagem estava aqui com suas roupas, seus produtos de higiene pessoal. Ela precisava de um banho. Ela precisava de seu próprio sabão, seu shampoo, suas próprias roupas limpas. Ela precisava de algo normal e bom, depois de passar muitas horas pesquisando cada sala, cada armário, cada gabinete e gaveta da casa dos horrores de Klemens. A sujeira dele agarrou-se a sua pele, revestiu seu cabelo, e enraizou sob suas unhas. Se houvesse uma perversidade em que o senhor vampiro não esteve, ela não encontrou. Ele tinha bibliotecas inteiras repletas de livros, arquivos de computador e vídeos da pior espécie: pedofilia, filme com mortes, escravidão sexual e sado-masoquismo – e não do tipo consensual, também. E em seguida, esteve em seu calabouço privado, o lugar onde ele tinha satisfeito seus passatempos em um nível mais pessoal. Lucas poderia estar certo sobre a ausência de corpos – ela não encontrou nada para contradizê-lo – mas homens e mulheres definitivamente morreram naquela casa.
Ela respirou fundo o ar limpo e se despiu, em seguida, procurou nos armários da cozinha até que encontrou uma caixa de sacos de lixo embaixo da pia. Cada peça de roupa que ela vestiu entrou no saco, da faixa revestida de borracha em seu cabelo, incluindo seu suéter e as duas camisas que ela pegou emprestadas de Lucas, mesmo seus tênis e meias. Ela amarrou o saco, em seguida, empurrou-o em um segundo saco e prendeu aquele bem firmemente. Seu primeiro instinto foi o de jogar tudo fora, mas ela podia mudar de ideia mais tarde, então por enquanto ela simplesmente o largou em um canto próximo da porta e arrastou-se para o banheiro.
Alcançando o chuveiro, ela girou a água quente em plena explosão, em seguida, inclinou-se cansada em cima da pia, revigorando-se em seus braços. Ela evitou se olhar no espelho, contente quando o espaço preencheu de vapor, enevoando o vidro o suficiente para que ela não pudesse ver nada. Ela se sentiu contaminada por aquilo que ela encontrou, e ela se perguntou se já se sentiria limpa novamente. Voltando-se para o chuveiro, ela abriu a porta e quase entrou sob o jato sem verificar primeiro. Algo registrou no seu cérebro cansado no último minuto, e ela estendeu a mão, puxando-a de volta quando a água perigosamente quente bateu nos seus dedos. Coração batendo forte, ela ajustou a água para ferver um pouco menos, então fechou a porta atrás dela e levantou-se, deixando a água lavar sobre ela.
Ela não percebeu que chorava até que a porta do chuveiro abriu e Lucas colocou seus braços em volta dela, segurando-a enquanto ela chorava em silêncio, lágrimas quentes contra o peito largo dele, seu corpo tremia de emoção enquanto ele a segurava firme.
— Ah, Katie. Nós vamos encontrar o seu irmão. Eu prometo.
Kathryn não podia responder inicialmente, não conseguiu encontrar o fôlego para fazer nada além de chorar. Mas quando ela chorou tudo, com sua voz áspera por suas lágrimas, ela disse:
— Não é só Daniel. É aquele lugar horrível. Você sabia que ele...
— Eu sabia um pouco disso. Nós, senhores vampiros, não exatamente socializamos uns com os outros, então eu não estive em sua casa antes. Mas eu sabia que as preferências de Klemens tendiam para... degradação, e o meu povo me informou sobre o que eles encontraram antes de saírmos. Sinto muito que teve que ver isso.
— Você sabe. — Disse ela, fungando bem alto. — Eu já conheci alguns dos agentes que trabalham na força-tarefa de pornografia infantil, e eles insinuaram os tipos de coisas com que trabalham. Mas, vendo aquela terrível coleção de hoje de Klemens... Eu fico feliz que ele está morto.
— Sim — concordou Lucas. — Só lamento que ele tenha levado tantos com ele.
— Mas eles viveram lá, também. Eles devem ter...
— Alguns deles provavelmente compartilharam seus gostos, mas não todos. O vínculo entre um vampiro e seus filhos é forte, Kathryn. Mesmo muitos dos que o odiavam teriam sido incapazes de desafiá-lo.
— Então, eu sinto muito por eles, mas não pelo resto.
Ela o sentiu beijar o topo de sua cabeça e tentou se afastar.
— Não — ela protestou. — Eu estou suja.
— Nós vamos ter que fazer algo sobre isso, então. — Ele falou lentamente, sua cadência irlandesa fazendo-se ouvir.
Ele chegou por trás dela e abriu um recipiente de plástico, cheirando o conteúdo antes de derramar pela cabeça.
— Eu posso fazer isso, você não...
— Deixe-me, a cuisle. Apenas relaxe.
Ele virou-a até que ela estava de costas para o seu peito, seu grande corpo protegendo-a da água batendo. Seus dedos fortes massagearam seu couro cabeludo, perfumando o chuveiro fumegante com o cheiro doce de seu xampu, enchendo suas narinas com o cheiro de limpeza ao invés da podridão repulsiva do covil de Klemens. Ela inclinou a cabeça para trás e o deixou trabalhar, saboreando o fluxo elegante de seus músculos, a força sólida de seu corpo atrás dela. Uma onda de tristeza trouxe novas lágrimas aos olhos. Ela sabia que isso não poderia durar. Em pouco tempo, ela teria que voltar para a Virgínia, para seu trabalho e sua vida lá. Ela teria que deixar tudo isso – deixar Lucas – para trás. Era uma relação impossível a deles. Milhares de quilômetros separavam suas vidas, e isso era só à distância. Ela trabalhava para o FBI, e ele era um maldito senhor vampiro. Como isso poderia funcionar entre eles? Ela não poderia mudar quem ela era mais do que Lucas poderia deixar de ser um vampiro. Ela inclinou a cabeça, então Lucas não veria as lágrimas. Ela nunca chorou, e agora, de repente, ela não conseguia parar.
Os dedos de Lucas pararam, e ela pensou que ele sentia de alguma forma que ela estava chorando, mas depois ele deslizou as mãos em seus ombros e disse — Prepare-se para enxaguar. — Ele virou-a lentamente na corrente de água, inclinando sua cabeça para frente com uma pressão suave. Uma vez que tirou o xampu, ele passou o condicionador – ela se apaixonou perdidamente por um homem que apreciava a necessidade de condicionador.
Seus pensamentos derraparam até parar. Amor? Ela não poderia amar Lucas Donlon por todas as razões que já disse a si mesma.
— Relaxe, a cuisle. — Ele repetiu, murmurando em seu ouvido. — Eu vou cuidar de você.
Cuidar dela? O que ele quis dizer com isso? Ela não precisava de ninguém para cuidar de... Oh.
As mãos hábeis de Lucas estavam esfregando gel de banho em todo o caminho pelas costas dela, sobre os ombros e ao longo de seus braços. Ele ergueu cada uma das mãos dela separadamente, lavando entre os dedos, massageando as unhas e cutículas, esfregando até a última gota de sujeira de Klemens. Ele baixou para sua bunda e deu um aperto de provocação antes de deslizar seus dedos entre suas nádegas e descer, deslizando um dedo em seu ânus antes de descer quase na dobra da sua vagina.
Kathryn gemeu baixinho e deixou a cabeça cair sobre o ombro dele. Ela virou a cabeça e encontrou sua boca. Seus lábios e pele estavam quentes do chuveiro, mas sua boca quando ela rodou sua língua ao redor estava fresca e deliciosa. Ele chupou forte, puxando a língua dela mais fundo em sua boca antes de liberá-la para trilhar beijos de seu pescoço para o ombro, onde ele mordeu suavemente sobre o osso delicado de sua clavícula.
Ela sentiu a lâmina fria de seu gel de banho conforme ele pingava-o sobre o peito dela, e então a carícia quente de suas mãos, pegando seus seios, provocando seus mamilos em pedrinhas rígidas da sensação enquanto suas mãos se moviam mais baixo. Ele lavou as costelas dela, seu abdômem e desceu ainda mais até que ele mergulhou os dedos entre as dobras de seu sexo, atormentando-a com roçares de brincadeiras sobre e ao redor de seu clitóris, acariciando as bordas de sua vagina, enquanto negava-lhe até mesmo o mais breve deslizar de seus dedos em sua vagina faminta. Kathryn colocou a mão sobre a dele, empurrando-a mais para baixo, mais profundo, exigindo o que ela queria.
Mas Lucas apenas sorriu e retirou a mão de suas coxas e virou-a para encará-lo novamente. Espremendo mais gel em suas mãos, ele se ajoelhou para lavar as penas dela, de seus quadris para os dedos dos pés, lavando cuidadosamente e massageando cada perna, enquanto Kathryn cerrava os punhos, seus dedos no cabelo molhado dele, dolorosamente consciente de sua boca tão perto do centro de seu desejo.
Ela quase gritou quando sua língua de repente arranhou um caminho lento ao longo de sua fenda, varrendo a umidade de sua excitação antes de acariciar contra seu clitóris. Seus lábios se fecharam sobre aquela saliência sensível, e Kathryn pensou que ela iria desmaiar quando ele chupou forte, puxando a pérola inchada entre seus lábios, em seguida, deixando-o deslizar para fora outra vez, mais e mais, até que ficou cheio de sangue, até que cada nervo no corpo de Kathryn gritava por liberação. Ela apertou seus seios, beliscando seus mamilos impiedosamente, desesperada para aliviar um pouco da pressão, um pouco da necessidade que dominava seus sentidos.
Lucas chegou por trás dela, pegando a bunda dela em suas mãos poderosas, segurando-a no lugar enquanto ele a atormentava, fazendo-a sentir coisas que nunca sentiu com ninguém, fazendo-a querer coisas que ela sabia que eram impossíveis. Ela abriu a boca para pedir para ele parar, ou talvez, para continuar para sempre. Ela não sabia o que ela teria dito, porque naquele momento, Lucas fechou os dentes sobre o clitóris e mordeu. Ela gritou, então, enquanto um orgasmo invadiu através de seu corpo como um raio, acendendo cada terminação nervosa, disparando todos os músculos, e fazendo todos os pelos em seu corpo endurecer como ondas de êxtase em cascata sobre seu corpo, até que ela mal podia suportar. Kathryn puxou o cabelo de Lucas, gritando seu prazer até que o orgasmo roubou até mesmo a sua respiração, e tudo o que ela podia fazer era ofegar o nome dele.
Lucas deu a sua vagina um golpe final de sua língua, seus olhos brilhando dourado quando ele olhou para ela e lambeu os lábios, visivelmente saboreando o sangue que ele extraiu a partir de seu clitóris. Ele se levantou abruptamente, seu corpo musculoso deslizando sobre o dela conforme ele a apertou contra a parede do chuveiro. Ela podia sentir o comprimento sólido de sua excitação quando ela ergueu os braços em volta de seu pescoço. Ele agarrou sua coxa e colocou a perna em volta de seu quadril, levantando-a mais até que ele pudesse deslizar seu pênis em sua umidade ansiosa. Kathryn gemeu e fechou os olhos, sobrecarregada com a sensação de veludo sobre mármore de seu pênis grosso empurrando dentro dela.
— Abra seus olhos, Kathryn. — Lucas exigiu, sua voz baixa e áspera.
Kathryn levantou as pálpebras pesadas de paixão e encontrou o olhar dourado dele. Ele sustentou seu olhar quando ele começou a transar com ela, uma mão em concha sob a bunda dela, a outra pressionada contra a parede de azulejo enquanto ele deslizava para dentro e para fora com movimentos longos e lentos, deixando-a sentir cada centímetro de seu pênis quando ele mergulhou através de sua ainda trêmula vagina, a pélvis dele friccionando contra seu clitóris estranhamente excitado com cada golpe.
Kathryn lambeu os lábios, o suor escorrendo pelo seu rosto enquanto a água quente continuava a bater ao seu redor. O olhar de Lucas caiu brevemente para sua boca, então mudou de volta a seus olhos, sua expressão crescendo, de repente, mais determinado enquanto seus movimentos tornaram-se mais urgentes. A bunda dele flexionou mais debaixo da perna que ela tinha em volta de seu quadril, e ele começou a meter nela, empurrando mais profundo com cada estocada, seus golpes na carne molhada dela.
Lucas rosnou, e os olhos de Kathryn se arregalaram quando suas presas surgiram. Seu olhar assumiu um brilho predatório, quando ele beliscou brevemente em seus lábios e mandíbula, antes de finalmente lamber a pele de seu pescoço, sua língua grossa e fria contra a grande veia debaixo de sua orelha. Seu coração batia, sua respiração em curtas arfadas, quando o deslizar suave de suas presas substituíram a língua. Ele levantou a cabeça levemente e mordeu sua veia.
E então ela estava chorando, impotente, enquanto um segundo orgasmo reivindicou seu corpo, cerrando seus músculos internos em torno do pênis dele, tornando o sangue dela em lava derretida enquanto rolava por suas veias, transportando um prazer que era quase demais para ela suportar tudo de uma vez. Sua perna se contraiu em torno dos quadris dele, seu calcanhar cavando em sua bunda musculosa enquanto seu sexo pressionava apertado, recusando-se a libertá-lo, mesmo que uma parte de Kathryn estivesse implorando para ele parar. Seu peito apertado com uma emoção que ela não queria reconhecer, não queria sentir, mas era tarde demais. Tarde demais.
— Tarde demais — ela sussurrou, quando Lucas dobrou contra ela finalmente, ambos esgotados e tremendo.
— Tarde demais para o que, a cuisle? — Ele sussurrou sem fôlego.
— Eu não sei — ela mentiu. — Eu não sei o que eu estava dizendo.
Lucas alcançou por trás dele e removeu a perna dela, baixando-a cuidadosamente até que ambos seus pés tocaram o chão de ladrilhos.
— Quer que eu lave você?
Kathryn empurrou suas mãos e forçou uma risada.
— Você já fez o bastante lavando por uma noite. Cuide de si mesmo.
— Você não é de modo algum divertida. — Ele murmurou enquanto se ensaboava e lavava-se rapidamente. Quando terminou, ele se inclinou para um último beijo macio e faminto, sussurrando algo no ouvido dela antes de se afastar e a deixar no chuveiro para terminar sozinha. As palavras eram em irlandês, assim ela podia fingir que não ouviu, não sabia o que elas significavam, mas a verdade era...ela não precisa saber o real significado das palavras, porque estava lá na maneira como ele disse, no roce macio de seus lábios contra sua orelha, o rolar das sílabas fora de sua língua. Ele a amava, e isso estava quebrando o coração dela.

Capítulo 20

Lucas mal tinha desligado uma chamada com Nick quando Kathryn finalmente saiu do quarto, parecendo toda rosada e bem satisfeita. Ele creditou-se com ambas as coisas. Ela estivera longe de qualquer um quando ele despertou mais cedo nesta noite. Ele sabia que ela estava lá embaixo, mesmo antes de acordar. O sangue que tirou dela ao longo dos últimos dias tinha cantado para ele a sua presença, deixando-o sentir a sua tristeza e muito mais.
— Sentindo-se melhor? — Ele perguntou desnecessariamente.
Ela cruzou com ele e acariciou sua bochecha com uma mão enquanto o beijava. — Graças a você. — Ela murmurou, depois recuou e disse, — Se eu fosse você, eu queimava aquela mansão horrível com tudo dentro dela.
— Se fosse por mim, eu faria. Mas não é minha decisão.
Kathryn franziu a testa. — Eu pensei que uma vez que você o derrotou...
— Matou. — Lucas corrigiu.
Seus lábios apertaram, mas ela balançou a cabeça. — Desde que você o matou, que tudo dele seria seu?
— Se eu quisesse, sim, mas eu não quero. Eu vou manter o seu povo em segurança até um novo senhor permanente surgir.
— Como é que isso funciona?
Lucas levantou um canto de sua boca em um sorriso. — Eu diria a você, Agente Hunter, mas então eu teria que te matar. — Ele se moveu rapidamente, serpenteando um braço ao redor da sua cintura e puxando-a contra ele. — E eu definitivamente não quero matar você, minha Katie. Tenho coisas muito melhores para fazer com esse delicioso corpo.
Kathryn corou com evidente prazer e tentou afastá-lo. — Mantenha seus segredos de vampiros. Eu não me importo.
Lucas riu, dando a ela uma última carícia em sua bunda firme antes de deixá-la ir. — Estamos voltando para Dakota do Sul esta noite. E eu acho que é onde você precisa procurar por seu irmão.
Ela ficou séria imediatamente, e ele quase se arrependeu de lembrá-la. Quase. Porque ele sabia mais do que tudo, que a ausência de seu irmão a assombrava. Se Lucas pudesse resolver esse problema para ela, ele ficaria feliz, mas ele desistiu a muito tempo de acreditar em finais felizes.
— Você está certo. — Ela concordou. — Essa... — ela fez um gesto para indicar a Twin City, suas luzes cintilando um pouco além das grandes janelas. — Essa foi uma má decisão da minha parte. Eu preciso voltar para o começo, para o princípio. Eu vou começar de novo, reentrevistar todo mundo, verificar cada lugar de novo. Eu perdi alguma coisa. Eu só tenho que descobrir o quê.
— Eu vou ajudá-la. — Lucas assegurou. — O meu pessoal vai te ajudar...
— Eu tenho que encontrá-lo, Lucas. De uma forma ou de outra. Se eu não encontrar... — Ela desviou o olhar, a boca apertada, os punhos fechados enquanto lutava para não derramar as lágrimas brilhando em seus olhos azuis. — Eu tenho que encontrá-lo. — Ela sussurrou, quase para si mesma.
Lucas colocou os braços em volta dela e a segurou suavemente, como uma peça de cristal que iria quebrar se você segurasse com muita força. Ele só esperava que Kathryn fosse mais forte do que isso, porque Kurt havia procurado de cima a baixo, em lugares que Kathryn nunca se aventurou, e ele não encontrou nenhum vestígio. Daniel Hunter havia desaparecido no vento, e Lucas estava começando a pensar que ele ficaria assim.

* * *

The Badlands, Dakota do Sul.

Kurt acelerou o passo enquanto se aproximava do Ben Reifel Visitor Center. Ele estacionou sua caminhonete no estacionamento do lado dali mais cedo, antes de sair para uma área remota. Ele estava parando de fazer mais cedo do que o habitual esta noite. Lucas e a maioria dos guerreiros tinham estado fora da cidade. Eles lutaram e derrotaram Klemens em seu covil em Chicago na noite passada e estariam voltando para casa hoje à noite. O clube não estava aberto, mas seria uma espécie de festa em casa, e Kurt estaria lá para ajudar a manter as coisas em ordem. Outrora, ele teria estado lá em Chicago com eles, mas ele era um barman agora, um gerente de negócios. Ele podia ficar entediado com isso, eventualmente, podia perder o sangue correndo em uma batalha bem disputada, mas por enquanto ele estava contente com amassar umas poucas cabeças de vampiros agora e depois.
Esta noite, ele não estava esmagando a cabeça de ninguém. Ele estava procurando por Dan. Kathryn Hunter havia deixado a cidade, seguindo Alex Carmichael para Minneapolis. Kurt não acreditou que Alex tinha alguma coisa a ver com o desaparecimento de Dan. O vampiro mais velho apenas não tinha isso nele para fazer algo assim, e por que ele teria? Ele e Dan eram colegas de trabalho, amigos mesmo.
Não, Kurt estava convencido de que seu amigo Dan ainda estava aqui em algum lugar. Ele não sabia por que acreditava tão fortemente nisso. Era apenas um sentimento. Talvez fosse o sangue que compartilharam uma vez no sertão. Isso não foi suficiente para uma conexão real. Dan tinha estado mais curioso do que comprometido com a troca. Mas algum instinto de Kurt continuou insistindo que Dan estava próximo, e Kurt vasculhou a cidade à procura dele, sem sucesso. Então, ele voltou para Badlands, pensando que talvez ele tivesse perdido alguma coisa. Ele era o melhor rastreador e tinha assombrado os selvagens de Badlands todas as noites procurando por Dan. Algumas vezes foi apenas uma ou duas horas após o bar fechar à noite, outras vezes, quando o bar estava fechado, ele tinha começado ao pôr do sol e procurou a noite toda.
Ele parou, recuando para as sombras enquanto uma caminhonete saiu da rodovia e rolou através do estacionamento para o pequeno edifício usado como uma espécie de escritório e armazenamento pelos ranges. Ele viu quando uma figura familiar se inclinou para recolher um recipiente de isopor do banco do passageiro, em seguida, saltou de sua caminhonete e dirigiu-se para dentro, usando uma chave para abrir a porta trancada.
Kurt sentiu o cheiro de comida cozida, e seu olhar se concentrou no recipiente de isopor. Meio tarde para o jantar. Mais... ele cheirou novamente. Carne grelhada e congelada, mas malpassada o suficiente para que Kurt ainda pudesse sentir o cheiro de sangue fresco. E o homem que carregava era um vegetariano completo. Um tipo de dor na bunda sobre isso, na verdade.
Grato que sua caminhonete estava fora de vista no estacionamento não iluminado, perto do centro de visitantes, Kurt recolheu-se para as sombras, confiante de que a noite deserta o esconderia até que quisesse ser visto. Uma vez que o visitante inesperado entrou no prédio menor e fechou a porta, Kurt deslizou silenciosamente em frente ao estacionamento. Um pedaço de luz brilhou em torno do seu lado, e ele deslizou para baixo até que ele estava de pé à direita do lado de fora de uma pequena janela. Ele rosnou sua frustração. A maldita janela estava coberta com algum tipo de pano preto pesado, então ele não conseguia ver nada. Ele podia ouvir o vegetariano que carregava a carne falando com alguém, no entanto. E ele podia sentir o cheiro do bife. Alguém respondeu ao primeiro homem.
Kurt congelou no reconhecimento. Então, ele teve que lutar contra todos os seus instintos enquanto recuava e discava um número.

* * *

O celular de Lucas tocou enquanto ele seguia Kathryn para o SUV fora do aeroporto Rapid City. Ela esteve quieta no voo para casa. Preocupava-o em várias maneiras, não menos do que se eles falhassem em encontrar o irmão dela, Kathryn nunca se recuperaria. Mas a outra coisa era a clara sensação de que ela estava se afastando dele, ou se preparando para se afastar, o que era a mesma coisa. Era como se ela tivesse decidido que o fim estava chegando, e ela queria facilitar a separação cuidadosamente, então não rasgaria tanto o seu coração. Para não mencionar o que isso faria ao dele.
Ele verificou o identificador de chamadas em seu celular e fez uma careta. Por que Kurt estaria ligando para ele?
— Kurt? — Disse ele, respondendo à chamada.
— Senhor. Eu encontrei Daniel Hunter.
Lucas olhou para Kathryn, mas ela olhava para fora da janela, e sendo humana, não podia ouvir o que Kurt estava dizendo.
— Onde?
— Aqui, meu senhor. Em Bandlands, perto do centro de visitantes.
Os pensamentos de Lucas correram quando ele tentou descobrir uma maneira de perguntar se Daniel estava vivo ou morto sem revelar qualquer coisa para Kathryn, que agora virou sua atenção da janela, e estava meio ouvindo sua conversa.
— Em que condição? — Perguntou ele finalmente.
— Vivo, meu senhor. Eu não pude vê-lo, mas eu o ouvi falar, e seu captor lhe trazia comida.
— E quem é esse? — Lucas rosnou.
— Cody Pilarski, meu senhor. O guarda do parque. Isso não faz sentido, mas é o que eu vi.
— Onde você está agora?
— Eu estou lá, meu senhor. Meu primeiro pensamento foi ir sozinho, mas...
— Não — disse Lucas instantaneamente. — Nós vamos estar aí dentro de uma hora. Não o deixe sair, mas espere por mim, se puder.
— Sim, Senhor.
Lucas desligou e colocou casualmente um braço por cima do ombro de Kathryn, puxando-a para mais perto. — Mason. — Disse ele para o vampiro atrás do volante do SUV. — Vamos para o centro de visitante do Parque Nacional de Bandlands. Você sabe onde é?
— Sim, meu senhor. — Mason respondeu com uma voz um pouco intrigada.
— Nick, eu quero quatro dos nossos lutadores conosco. O resto pode ir para a casa da fazenda.
— Sim, meu senhor, posso perguntar...
Kathryn olhava para ele agora. Lucas virou a cabeça para encontrar seu olhar e disse: — Kurt encontrou Daniel. Nós vamos buscá-lo.

* * *

Lucas tinha argumentado para ela ficar na caminhonete. Como se isso fosse acontecer. Kathryn puxou para fora a sua mochila da parte traseira do SUV de Lucas e pegou sua Glock 23, verificando o pente e operando o dispositivo para verificar se estava carregada. Ela colocou a arma em seu cinto de serviço, juntamente com sua mini-Maglite, então pegou um elástico de cabelo e amarrou para trás, torcendo-o em um coque baixo para mantê-lo fora de seu caminho. A última coisa que ela pegou foi a sua ID do FBI. Quem quer que seja que estava lá ia em custódia. Não haveria corpos abandonados neste momento. Esse poderia ser um território de Lucas, e ela era mais do que grata que Kurt havia localizado Daniel quando ela falhou, mas isso não era hora de justiça vampírica. Ela estava bastante certa que um caso como este seria levado pelo menos a nível do município, mas o xerife Sutcliffe seria o único fazendo a prisão formal. Ela mesma o chamaria uma vez que esse cara, Pilarski, estivesse em custódia, e ela se chutaria mais tarde por não acompanhar e entrevistar Pilarski ela mesma. Agora, ela ia conseguir seu irmão de volta.
Lucas deu um olhar de desaprovação quando ela se juntou a grande confabulação de vampiros, mas ela o ignorou. Eles estavam estacionados na mesma rua do centro de visitantes. O deserto estava quase escuro como breu, com apenas um pouco de luar para poder ver. Os vampiros poderiam provavelmente ver muito bem, mas ela não poderia fazer nada a poucos metros de distância. Ela não ligou a lanterna, no entanto. Tudo o que ela precisava era que Pilarski olhasse para fora da janela, para ver a sua luz e pânico.
— Há uma pequena sala perto dos fundos — Kurt estava dizendo, — ao longo do lado direito do prédio. É muito inútil voltar para lá, e a janela está coberta com um cobertor ou algo assim, mas você pode dizer quando a luz passa.
— Pilarski ainda está dentro? — Kathryn perguntou a ele.
Kurt concordou. — Eu estive observando desde que eu liguei. Sua caminhonete é a única sem o logotipo. Eles não estão autorizados a conduzir veículos do parque para uso pessoal, e aquele prédio que ele está é suposto ser de armazenamento. Há um par de salas de reunião dentro, mas eles não utilizam muito esta época do ano.
— E o quarto de trás?
— Se isso é o que eu penso, não é muito mais do que um armário de armazenamento.
Kathryn virou-se para Lucas. — Então, qual é o plano? — ela perguntou. Era seu irmão lá, mas esse era o pessoal de Lucas.
Lucas deu-lhe um olhar seco de reconhecimento e se dirigiu ao seu tenente. — Nick, você pega os outros e circunda o prédio. Eu não o quero escapando por uma janela. Kurt, você vai bater na porta. Ele conhece você, sabe que você paira em torno do parque durante a noite, por isso não vai desencadear sua suspeita imediatamente. Pegue ele para andar com você para mais longe do edifício, e Kathryn e eu iremos atrás de você. Eu quero saber quantos estão lá antes de fazermos um movimento. Se for só Pilarski, você o leva para fora e nós pegamos Daniel.
— O leve para fora, não o mate. Eu quero que ele seja preso e acusado.
Como um, todos os vampiros se viraram para olhar para ela.
— O que? — Ela exigiu. — Ele é humano e sequestro não é um crime de pena de morte. Ele vai para a cadeia.
— E fazer isso de novo quando ele sair. — Comentou Lucas.
— Você não sabe isso. Nós nem sabemos por que ele fez isso dessa vez. Além disso, isso é como funcionam os tribunais, e eu tenho um juramento de cumprir a lei, não importando se eu concordo com isso ou não.
Lucas revirou os olhos em desgosto. — Como você quiser. Nick, vá. Kurt, você está comigo e Debbie-Do-Right{15} aqui.
Kathryn socou seu braço, mas ele apenas riu. Vampiro bastardo provavelmente não tinha nem sentido.
Levou apenas alguns minutos para que todos assumissem suas posições. Kathryn maravilhou-se com a velocidade e discrição dos vampiros. Era muito ruim que eles não estivessem dispostos a trabalhar pela aplicação da lei, porque só no improviso ela poderia pensar em uma meia dúzia de situações aonde os seus talentos viriam a calhar. Será que grandes atiradores vampiros como Lucas proíbem envolvimento vampírico na aplicação da lei? Ou era apenas uma questão de desconfiança mútua? Ela fez uma nota para verificar com Lucas. Mais tarde. Primeiro, Daniel.
Kurt subiu os degraus de concreto e bateu na porta de tela. A resposta inicial foi o silêncio, mas depois de Kurt bater de novo, Lucas se inclinou para sussurrar em seu ouvido que alguém se aproximava da porta.
A porta mal abriu primeiro, então foi mais aberta, quando Pilarski reconheceu o visitante.
— Kurt — ele disse em surpresa óbvia. — O que é isso, cara? É tarde demais.
— Sim, é — Kurt concordou agradavelmente, — mas eu vi a sua caminhonete e queria ter certeza que estava tudo bem com você. Você precisa de uma carona para algum lugar?
— Oh, não, cara. Estou apenas recuperando o atraso em algumas coisas. Você sabe que o governo não é nada além de papelada.
Kurt riu. — Alguém tem de apresentá-los para a era do computador. Se importa se eu entrar?
— O quê? Hum. Eu não acho que realmente...
Kurt não esperou por um convite. Ele abriu a porta e entrou, forçando Pilarski a se mover ou ser batido para trás.
— Bom, tudo bem, eu acho que por um minuto, tudo bem. — Pilarski esquivou-se. — Você quer um pouco de chá ou... Ah, foda-se. Desculpe. Eu não estava pensando.
— Ei, Cody. — Kurt disse facilmente. — Isso é cheiro de carne? Você estava escondendo algo de nós todo esse tempo? Esgueirando um hambúrguer, tarde da noite?
— Não! — Protestou, enquanto caminhavam mais fundo no edifício, suas vozes sumindo. — Eu não...
Kathryn perdeu o que quer que seja que Pilarski não fez, porque Lucas estava em movimento, saltando no degrau em um único salto gracioso e puxando-a sem esforço por trás dele. Ele passou pela primeira porta, completamente silencioso, não mais do que uma sombra entre as sombras. Kathryn puxou a arma e o seguiu, consciente do barulho que ela estava fazendo em contraste. Seus passos eram como um elefante sobre o cascalho, e sua respiração cuidadosa parecia soprar fole. Ela olhou ao redor e viu que Lucas já estava no corredor, deslizando em direção a uma porta iluminada onde Kurt e Pilarski pareceram ter saído. Ela ouviu o deslizar de uma chaleira no fogão e imaginou que isso devia ser uma cozinha ou sala de descanso.
— Eu não sabia que vampiros bebiam chá. — Pilarski estava dizendo a Kurt.
Kurt estava de pé na porta, inclinando-se para um lado. Quando se aproximaram, ele apontou para uma porta mais para baixo no corredor apagado.
— Claro, nós bebemos. — Ele disse casualmente, e ajeitou para ficar no centro da porta, bloqueando efetivamente a vista de Pilarski enquanto Lucas e Kathryn passavam.
A porta que Kurt os direcionou era no final do corredor. Lucas já estava testando a maçaneta quando Kathryn surgiu ao lado dele, mas estava trancada com uma trava com chave, e não havia chave à vista. Lucas olhou por cima do ombro em direção à cozinha, onde a chaleira estava agora começando a assobiar irregularmente, então ele deu de ombros e chutou a porta.
O cheiro bateu nela primeiro. Ela quase caiu de joelhos em dor antes que ela reconhecesse o que era. Não era morte, nem um corpo em decomposição, mas dejetos humanos, sujeira e comida podre. Aquele desgraçado!
— Daniel. — Ela chamou. Estava muito escuro. Ela guardou a Glock e puxou a lanterna, iluminando ao redor da sala, até que encontrou uma trouxa de roupas em uma cama no canto.
— Lucas, eu não posso ver nada. — Ela chamou, enquanto corria para frente, a sua luz liderando o caminho. Uma nojenta, amarela instalação apareceu por cima da sua cabeça, assim que ela chegou à cama, e ela viu seu irmão pressionado contra o canto, o rosto pálido sob a sujeira, seus olhos azuis, tanto quanto os seus, olhando para ela, incrédulo.
— Kat? — Ele meio que sussurrou.
Ela estendeu a mão para ele, mas ele a empurrou contra a parede, segurando a mão para detê-la.
— Não. — Dise ele com urgência. — Eu estou nojento.
— Não, você não está. — Disse ela em meio às lágrimas. Ela apagou a luz e se agachou na frente de seu irmão. — Você é a coisa mais linda que eu já vi.
Houve um breve flash da sua marca registrada de um sorriso enquanto ele disse: — Eu não estou. Mas eu vou estar. Apenas deixe-me dar o fora daqui, Kat.
Lucas estava de pé na porta destruída, murmurando em seu telefone celular. Provavelmente chamando Nick e os caras de volta, já que o inimigo neste caso consistiu em um guarda de parque solitário. Um guarda de parque obviamente desequilibrado, mas ninguém que ele não pudesse segurar. O senhor vampiro recuou, e Kurt apareceu na porta.
— Hey — ele disse, seus olhos encontrando os de Dan. — Você precisa de um banho, cara.
Dan riu, seus olhos se enchendo de lágrimas. — Isso é o que eu tenho estado dizendo.
Kurt atravessou a sala em três passos largos e fez o que seu irmão não havia permitido a ela fazer. Ele passou os braços em torno de Daniel, sujo e tudo, e Dan agarrou-se ao vampiro grande, seus ombros tremendo enquanto ele chorava lágrimas silenciosas de alívio. Kurt puxou o cobertor longe com uma mão, viu a algema de metal ao redor do tornozelo de Dan e quebrou a corrente com um grunhido irritado. Então, ele olhou para cima e encontrou o olhar de Kathryn.
— Eu gostaria de deixá-lo limpo, se estiver tudo bem com você.
Kathryn assentiu em silêncio, e Kurt começou a ajudar seu irmão a ficar de pé, mas no último minuto, Dan se enrolou com algo debaixo dos cobertores e veio com uma câmera.
Kathryn olhou, reconhecendo como uma daquelas que ela deixou com o Xerife. — Como... — ela começou a perguntar, a suspeita florescendo. — Eu guardei seu equipamento no escritório do Sheriff.
Dan sacudiu a cabeça, como se estivesse lendo sua mente. — O maluco trouxe para mim, gabou-se do quão inteligente ele foi roubando isso debaixo do nariz do xerife. — Ele apertou o controle sobre a câmera, levantando-a ao nível dos olhos. — Isso vai me fazer ganhar um Pulitzer{16}, Kat.
— Dan — ela o repreendeu.
Kurt o encorajou em direção ao corredor, mas Dan parou na frente dela e pegou sua mão. — Eu sabia que você viria.
Kathryn apertou-lhe a mão sobre a dele. — Foi Kurt quem encontrou você. — Disse ela, dando ao vampiro barman um olhar agradecido. — Eu tinha certeza de que Alex Carmichael tinha você.
— Alex? — Dan repetiu em confusão.
— Mais tarde. — Kurt disse. — Banho primeiro.
Dan riu um pouco, deu um aperto final nos dedos de Kathryn e repetiu: — Eu sabia que você viria. — Então, como se a troca tivesse tomado o pouco de energia que ele tinha deixado, ele apoiou-se contra Kurt, quem praticamente o carregou para fora do quarto imundo.
Quando eles foram embora, ela deu a Lucas um olhar duro.
— Pilarski. — Disse ela com firmeza.
— Todo amarrado com um laço bonito, assim como você ordenou, Agente Hunter. — Ele respondeu ironicamente.
— Eu sei que você acha que eu sou idiota.
— Nem um pouco. — Disse ele, então fez uma careta e cobriu o nariz e a boca com uma mão. — Mas poderíamos terminar isto em outro lugar? Mesmo um nariz humano deve estar atingido pelo cheiro aqui.
Kathryn tardiamente lembrou-se do mau cheiro, e seu estômago enervou. Ela tinha estado tão preocupada com Dan... Lutando contra uma súbita vontade de vomitar, ela saiu correndo da sala imunda, empurrando Lucas à sua frente. — Mova-se vampiro, a menos que você queira que eu me adicione ao aroma.
Lucas a pegou e os dois correram pelo corredor e para fora no estacionamento, onde Kathryn inclinou-se, com as mãos sobre os joelhos enquanto ela sugava o ar da noite viva em respirações profundas.
— Deus, isso foi horrível. — Ela suspirou. — Eu não posso imaginar... Inferno, EU preciso de um banho.
— Aqui vem o xerife — comentou Lucas de onde ele estava a vários metros de distância, provavelmente apenas no caso de ela perder a batalha contra o seu estômago.
Kathryn procurou enquanto o xerife Sutcliffe chegou ao estacionamento, seguido de uma segunda unidade de patrulha, ambos com suas barras de luz intermitentes.
— Mas eu não o chamei ainda.
— Eu pedi a Nick para ligar antes de nós entrarmos. — Lucas disse suavemente. Ele deu de ombrou quando ela lhe deu um olhar interrogativo. — Eu não tinha vontade de ficar esperando a guarda local chegar aqui. Pode demorar um pouco para alguém aparecer nestas cidades pequenas, especialmente à noite.
Kathryn se endireitou, então afagou o braço de Lucas em apreciação quando ela foi se encontrar com o xerife.
— Xerife Sutcliffe — ela o cumprimentou.
— Agente Hunter. — Ele respondeu. — Como está o seu irmão?
— Exausto e faminto, mas nada que uns dias de descanso não vão cuidar.
— Você não ligou para uma unidade de resgate?
— Um amigo o levou. — Ela disse, deixando-o assumir que ela quis dizer para o hospital. — Nós pensamos que seria mais rápido.
— Então, ele estava aqui o tempo todo. — Disse Sutcliffe, balançando a cabeça. — Como você o encontrou?
Ela assentiu com a cabeça.
— Denúncia anônima no meu celular cerca de noventa minutos. A voz era de um homem, mas abafada. Ele disse que meu irmão estava sendo mantido aqui, e uma vez que já estávamos a caminho do aeroporto, nós viemos diretamente para o parque para conferir.
— Você esperou para me chamar. — Disse ele em óbvia desaprovação.
— Está correto, senhor. Eu não vi nenhuma razão para fazer uma cena, se isso acabasse por ser uma brincadeira. Afinal, você e eu, ambos verificamos as coisas aqui no centro de visitantes, e nada surgiu no nosso radar. — Ela expressou deliberadamente, fazendo-se tão responsável quanto o xerife, talvez mais, por negligenciar qualquer coisa que possa ter indicado que seu irmão estava sendo mantido bem debaixo de seus narizes.
— Eu vejo. — Seu olhar viajou ao longo dos vampiros rodeados atrás dela. Havia apenas três, Lucas, Mason e Nicholas, desde que Lucas já tinha enviados os outros embora. Ele teria enviado aqueles dois, mas ele não estava disposto a deixar Kathryn sozinha com o prisioneiro, e Nicholas se recusou a deixar Lucas sozinho com as autoridades humanas. Aparentemente, dificuldade em confiar eram os seus nomes do meio.
— Senhor Donlon e seus companheiros estavam comigo quando eu recebi a dica. — Explicou ela, sentindo apenas uma ligeira pontada por manipular a verdade.
— Você sabe de onde isso veio? A dica, eu quero dizer.
— Eu já verifiquei isso. A chamada veio de um celular descartável. Impossível de rastrear.
— Malditas coisas. Bem — ele olhou para além dela, para Cody Pilarski, que estava pendurado miseravelmente entre dois robustos vampiros. — O que você tem a dizer por si mesmo, Cody?
Pilarski levantou a cabeça e dirigiu-se ao Sheriff. — Eu quero negociar. — Disse ele mal-humorado. — Isso foi ideia de Belinda, não minha. Hunter estaria morto se eu não o tivesse protegido.
O xerife Sutcliffe deu de ombros. — Não é minha a última palavra. — Disse ele, então, virou-se para Kathryn, que ainda absorvia a reivindicação de Pilarski. Belinda foi a única quem instigou o sequestro? Ela era a guarda do parque que Kathryn entrevistou em seu primeiro dia na cidade. A única que chegou toda perturbada ao falar sobre Dan. Kathryn tinha assumido que ela estava afetada, mas talvez ela estivesse simplesmente culpada.
— Eu vou segurar Pilarski durante a noite — o Sheriff estava dizendo, — e o Condado vai buscá-lo na parte da manhã. E não se preocupe com ele conseguindo fiança, não importa o que ele consiga acordar. Nós não aceitamos sequestradores em Dakota do Sul.
— Eu aprecio isso. E agora, a cena é sua, xerife. Eu sei que eu deveria ficar, mas meu irmão precisa de mim. Então, se está tudo bem com você...
— Não se preocupe — Sutcliffe assegurou. — Eu entendo, e eu sei onde você trabalha. — Acrescentou ele, com uma piscadela.
Kathryn riu, aliviada. Ela sabia que ele estava pressionando por não ter esperado. Já era ruim o suficiente que seu irmão, a mais importante testemunha, já tinha ido.  — Obrigada — disse ela com sinceridade. — Você tem os meus números, e eu vou ter certeza que estamos disponíveis para dar as nossas declarações.
— Você estará na cidade? — Sutcliffe verificou, provando que ele não era totalmente ingênuo.
Kathryn assentiu. — Um tempo — disse ela vagamente, muito ciente da audição afiada de Lucas pegando cada palavra que ela disse. — Você pode me encontrar pelo meu celular.
— Bom o suficiente, então. Eu estou contente que tudo deu certo para você e seu irmão, Agente Hunter. Este é um bom dia.
— Sim, é, Sheriff.
Lucas veio por trás dela, não tocando, mas perto o suficiente para que ela pudesse sentir o calor de sua presença. Eles ficaram em silêncio até que o xerife se afastou para conversar com seus auxiliares, e então Lucas baixou a cabeça para seu ouvido e disse: — Um tempo, Kathryn?
Ela estremeceu com o estrondo baixo de sua voz e da ameaça leve na questão. Ela sabia que isso iria acontecer. Ela tinha que voltar para a Virgínia, seu trabalho estava lá. E sua casa, tal como isso era. Em um mundo perfeito, ela poderia ter ficado nesta pequena cidade, comprado uma pequena casa de campo e acomodar-se para criar cabras, ou talvez pintar obras-primas. Isso sempre aconteceu desse jeito nas histórias. Infelizmente, esse era o mundo real.
— Kathryn? — Lucas exigiu.
Ela se virou para ele, sua mão automaticamente levantando para acariciar a barba áspera na mandíbula dele, seus olhos encontrando o olhar dourado dele. E seu coração torceu. Ela não sabia como isso podia ter acontecido. Não sabia por que isso aconteceu agora, e com um vampiro de todas as pessoas. Mas ela o amava. Isso iria rasgá-la quando ela tivesse que partir.
— Um tempo. — Repetiu ela, acariciando seu polegar sobre seus lábios macios.
Lucas não foi enganado. Ele olhou-a desconfiado e disse: — Vamos conversar.
Kathryn assentiu. Dizer adeus seria difícil o suficiente, ela pensou tristemente, mas Lucas estava acostumado a conseguir do seu próprio jeito. Ele iria tornar isso ainda mais difícil.
— Você sabe para onde Kurt levou Dan? — Ela perguntou, mudando de assunto.
— Kurt vive no rancho.
Kathryn deu-lhe um olhar surpreso.
— A maioria do meu povo vive — explicou. — Os vampiros tendem a viver em ninhos. É mais seguro assim.
— Posso ver o meu irmão, então?
Ele deu-lhe um olhar estreito. — Você não vai voltar para a fazenda hoje à noite?
Lucas era muito intuitivo para o conforto de Kathryn. — É claro. — Assegurou, mesmo que ela preferisse ter ido para o motel. Kathryn não acreditava em prolongar o inevitável. É melhor fazer um término limpo disso. Mas Dan estava no rancho, e em seu coração, ela queria essas últimas horas com Lucas. Amanhã seria breve o suficiente para o desgosto.

* * *

O irmão de Kathryn estava esperando quando Lucas finalmente chegou a casa, na sua fazenda. Kurt tinha o sentado na mesa da cozinha, uma xícara de chá quente e os restos de um sanduíche na frente dele. Lucas olhou para a comida, então levantou o olhar para Kurt, uma sobrancelha ergueu em curiosidade.
— Judy fez o sanduíche — explicou Kurt. — E nó tinhamos o chá.
— Eu vejo. — Lucas murmurou. Ele ouviu Kathryn vir atrás dele. Dan estava assistindo a troca de olhares entre Lucas e Kurt, mais curioso do que assustado. Não que ele tivesse nada a temer de Lucas, Kathryn o estacaria em seu sono se ele tocasse em um fio de cabelo da cabeça de seu precioso irmão. Mas era surpreendente, dado seu cativeiro recente, que Dan Hunter manteve tanto de si mesmo como ele fez. Isso mostrou a força de caráter, e coragem, também. Kathryn o criou bem, Lucas pensou secamente.
— Posso te abraçar agora? — Kathryn exigiu, ignorando Lucas para ir diretamente ao lado de seu imão.
Ele sorriu, e Lucas abruptamente viu a semelhança entre eles. O cabelo do irmão era mais escuro, suas características, obviamente, mais pesadas, mais masculinas, mas os olhos eram de um mesmo azul profundo, e aquele sorriso era o que Kathryn teria se sua vida não tivesse a envolvido com tanta força em responsabilidade. Principalmente um irmãozinho.
Dan Hunter levantou-se, e irmã e irmão se abraçaram. Ele era uns bons três centímetros mais alto do que Kathryn, e ainda quando eles se abraçaram, foi o abraço de uma mãe e filho. Lucas viu e sentiu um puxão respondendo em sua alma, o desejo de uma criança que nunca teve esse tipo de segurança. Ou que perdeu tão jovem que era apenas uma memória fraca.
Kathryn correu os dedos pelo cabelo de seu irmão. — Você ligou para Penny?
— Primeira coisa.
— Você vai voltar para a Califórnia logo?
— Eu não sei. — Disse ele descuidadamente. — Eu nunca terminei o que eu queria fazer aqui, e há a nova coleção para trabalhar. Você disse que meu equipamento está no xerife? Todo ele?
— Sim — ela disse, não escondendo a sua supresa pela resposta dele. — Tem certeza que você não quer ir para casa? Ou você pode vir para a minha casa, se você quiser.
— Não. Eu vou ficar aqui com Kurt por algum tempo.
O olhar aguçado de Kathryn brilhou para Kurt, que lhe deu uma piscadela cúmplice.
— Huh. — Ela disse, então voltou sua atenção para Daniel. — Sente-se, querido. — Disse ela, direcionando-o de volta para o seu lugar.
Lucas quase rosnou. Ela nunca o chamou de querido, ele pensou, então quase riu alto. O quê? Ele estava com ciúmes de seu maldito irmão?
Talvez ele devesse deixá-la partir se isso era no que ela o transformou.
— Kathryn — disse Lucas baixinho, tentando não soar tão irritado como ele se sentia.
Ela se virou para ele, os olhos arregalados de espanto. Ou talvez de culpa. — Sinto muito. — Disse ela. — Dan, este é Lucas Dolon. Ele tem estado me ajudando a procurar por você. Lucas, meu irmão. Daniel.
Dan se levantou novamente e deu um passo mais perto de Lucas para oferecer sua mão. Mas sua expressão, quando ele encontrou o olhar de Lucas, não era mais a de uma adorável criança. Ele estava cheio de aviso e proteção, um olhar que disse, machuque minha irmã e morra.
— Kurt me contou tudo sobre você, Senhor Donlon.
Lucas apertou a mão do menino, apenas conseguindo frear o instinto de esmagar seus ossos humanos muito frágeis. Se não fosse por Kathryn observando cada nuance, ele poderia.
— Você é um homem de sorte — disse Lucas ao invés, — ter alguém como sua irmã importando-se tão profundamente com você.
— Eu sou — Dan concordou. — E ela merece o melhor.
Lucas quase riu da ameaça evidente, mas não dita. Ele mostrou os dentes. — Não pressione, garoto. — Ele rosnou.
— Pare com isso! — Kathryn assobiou. — Os dois. Dan. Sente-se e beba seu chá, e eu vou ver você amanhã. — Ele virou seu olhar para Lucas. — Podemos conversar?
— É claro — respondeu Lucas suavemente. — Vamos levar isso para o meu escritório. — Ele empurrou a porta de vaivém da cozinha e fez um gesto para que ela o precedesse, dando ao irmão um olhar sombrio sobre seu ombro enquanto ele seguia.
— O que diabos foi isso? — Kathryn exigiu assim que estavam seguros atrás da porta fechada de seu escritório.
— Pergunte ao seu querido irmão. — Lucas respondeu arrogantemente. — Ele é o único que tentou quebrar meus dedos com seu fraco aperto de mão humano. — Ele circulou sua mesa e desabou em sua cadeira confortável, pegando um abridor de cartas em forma de espada para brincar.
— Eu não posso acreditar nisso. Você está com ciúmes do meu irmão?
— Se você diz então.
— Não há nenhuma razão — ela começou furiosamente.
— Diga-me, kathryn — ele interrompeu, levantando os olhos para encontrar os dela. — Quais são seus planos?
Ela congelou no meio da frase. — O que?
— Seus planos. Você encontrou seu irmão, e ele está, aparentemente, ficando aqui. Deve ser interessante, por sinal. Mas e você?
Kathryn olhou para ele enquanto ela afundou sem palavras em uma das cadeiras em frente de sua mesa. — Eu não posso ficar aqui, Lucas — ela admitiu suavemente. — Meu trabalho...
— Seu trabalho. É isso, então? Você e eu não significamos nada?
— Nós vivemos a milhares de quilômetros de distância. — Ela implorou. — E eu não trabalho exatamente das nove às cinco. Isso é mais do que eu já me afastei do trabalho em... nunca. Mesmo se nós trocarmos visitas...
— O que eu não posso fazer — disse Lucas, jogando o abridor de cartas sobre a mesa. — Virgínia pertence a outro senhor. Eu não posso ir lá.
— Mas você espera que eu desista da minha vida — disse ela, fazendo uma afirmação, não uma pergunta.
— Seu trabalho é sua vida? Duvido. Então, qual é o real problema aqui, Kathryn?
— Tudo bem. Meu problema é que esse relacionamento tem uma maneira de assumir. Isso começa sendo divertido, e logo você está dando um tempo com os amigos, pulando fora do trabalho, e em seguida, antes que você perceba, sua vida não lhe pertence mais. É de outra pessoa.
— Notícia de última hora, amor. Isso é uma rua de duas vias. Você não é a única a ser convidada a oferecer alguma coisa.
— Mas eu não quero que você desista de nada! Eu não quero que qualquer um de nós desista de nada. Eu só quero a minha vida para ser minha. Passei 20 anos cuidando do meu irmão, e meu pai, também. Eu vivi pelas suas necessidades, seus desejos, seu tudo, e eu prometi a mim mesma que, quando Dan crescesse eu nunca faria isso de novo.
— Exceto que você está aqui — respondeu ele amargamente. — Correndo mais uma vez para salvar seu irmão. Obviamente, você não é tão livre como você pensou. — Ele acrescentou, surpreendentemente ferido pelas palavras dela, pela ideia de que ela considerou que eles tinham de ser um fardo, em vez de um presente.
— Mas eu amo meu irmão. Eu não posso simplesmente desligar meus sentimentos, você sabe.
Lucas olhou para ela, concentrando-se em sentar-se perfeitamente imóvel, em não mostrar qualquer dor que suas palavras estavam causando a ele. Não que isso parecia importar. Ela estava completamente inconsciente do que ela disse.
Lucas levantou-se atrás de sua escrivaninha, a grande poltrona de couro deslizando silenciosamente longe. — Pelo menos não os sentimentos que você tem para seu irmão. — Ele comentou categoricamente. — Fique bem, Kathryn. Nick irá fornecer qualquer assistência que necessite em providenciar transporte. — Ele atravessou a sala, dirigindo-se a sua entrada privada.
— Lucas — Kathryn implorou enquanto ele abria a porta. — Não saia assim.
Mas Lucas não se virou, nem mesmo olhou. Não havia mais nada a dizer.
Nick estava vindo pelo corredor quando Lucas fechou a porta atrás de si, as palavras de Kathryn ainda presentes em sua cabeça.
— Meu senhor. — Disse Nick, apressando-se para frente. — Eu estava vindo ao seu escritório. — Ele fez uma pausa, pegando a expressão no rosto de Lucas e, provavelmente, um sopro de suas emoções, também. — Meu senhor? Aconteceu alguma coisa?
— Nada. Agente Hunter estará partindo. Dê a ela toda a ajuda que precisa. Onde está o Mason?
— Dentro dos estábulos, eu acredito que com alguns dos outros.
— Chame-o aqui. Estou indo para a propriedade. Quanto mais cedo melhor, Nick.

* * *

Kathryn estava no escritório de Lucas, olhando para a porta que ele fechou em seu rosto. Ela poderia abri-la. Ela poderia persegui-lo e forçá-lo a falar com ela, para deixá-la explicar. Mas qual era o ponto? Tudo o que ela disse era verdade. Eles viviam milhares de quilômetros de distância, e ela sabia quando ela disse isso, que ele não podia visitá-la na Virgínia. O que significava que, independentemente das belas palavras de Lucas sobre compromisso, ela seria a única esperada a transformar sua vida mais uma vez. Lucas ainda estaria aqui, em seu rancho, com todas as suas pessoas ao redor. Ainda assim, o grande, fodido senhor do reino.
Enquanto ela estaria desistindo da única coisa que já foi verdadeiramente dela. Seu trabalho.
Então, em vez disso, você está desistindo de Lucas?
Ela afastou a voz em sua cabeça. Quem disse que ela já tinha Lucas para desistir em primeiro lugar? Eles se conheciam por alguns dias, uma semana. Grande coisa. Eles ainda não passaram a fase de desejo de um relacionamento, muito menos algo mais. Ok, então ela nunca esteve realmente na luxúria como isso antes, mas seus amigos estiveram, e eles disseram tudo sobre isso. Em detalhe, grande merda. Com ênfase na merda. Então, talvez isso fosse tudo com Lucas, alguns dias de muito sexo.
Mas mesmo se não fosse, mesmo se eles tivessem administrado ficar junto por um mês, ou um ano, isso significaria comprometer o seu trabalho. Estar com o FBI era a única coisa que ela sempre quis fazer. E se ela não estava disposta a desistir disso, a fim de estar com Lucas, então talvez isso não fosse amor, depois de tudo.
As fotos na parede ao lado da mesa de Lucas chamaram sua atenção, as que ela tinha admirado no início, as que Dan tirou na Irlanda. Ela sorriu tristemente, pensando em um jovem Lucas cruzando aqueles campos com sua mãe, só para ser afastado pelas próprias pessoas que deveriam tê-los protegido. Ela se aproximou e tocou a imagem de um cavalo correndo, suspirando baixinho. Talvez Lucas estivesse certo. Não havia sentido em aumentar a esperança onde não havia nenhuma. Talvez um rompimento fosse o melhor.
Então, por que isso não fez se sentir assim?

Capítulo 21
Um mês depois
Lucas jogou seu celular, ignorando o som de rachadura quando bateu na mesa. Esse foi o que, o oitavo celular que ele destruíra esse mês? Quem ligava? Talvez alguém precisasse achar para ele era uma merda de celular que não quebrasse com cada batidinha.
— Nicholas! — Ele rugiu.
A porta do corredor se abriu, e Nick colocou sua cabeça para dentro. — Senhor?
Lucas olhou furiosamente para seu tenente. Em primeiro lugar, porque diabos ele estava do lado de fora? Ele estava fazendo isso mais e mais vezes ultimamente, escondido no corredor ao invés de ficar aqui onde ele pertencia.
— Que merda está acontecendo em Topeka? Emmett acabou de ligar para reclamar sobre o zoneamento do novo terreno.
— Emmett fica tentando economizar dinheiro diminuindo subornos.
— Bom, e porque diabos ele está me ligando sobre isso?
— Eu cuido disso, meu senhor.
— É melhor alguém cuidar — Lucas resmungou.
— Sim, meu senhor. Mais alguma coisa?
Lucas lançou um olhar carrancudo. — Não.
Nick se esquivou de volta para o corredor e fechou a porta quase antes de Lucas terminar a única silaba. Que porra foi isso? Ele se jogou em sua cadeira e encarou de mau-humor o cômodo vazio. Onde estavam todos? Seus olhos recaíram sobre as fotos da Irlanda, as que costumava amar antes...
Ele se levantou subitamente, pegou o celular já quebrado de sua mesa, e jogou do outro lado do cômodo onde acertou a parede com uma batida satisfatória, deixando um buraco do tamanho de um celular no gesso. Esse não foi o primeiro também.
Lucas olhou para a marca na parede. O que diabos estava fazendo?
— Nicholas — ele berrou mais uma vez.
A mesma coisa. A porta se abriu, e a cabeça de Nick apareceu. — Senhor?
Lucas o estudou com olhos cerrados, depois suspirou. — Prepare o jatinho. Nós vamos para Virgínia.
Nick soltou uma respiração dramática. — Já estava na hora, meu senhor.
Lucas teria jogado algo nele, mas não tinha mais nada para jogar. E Nick já tinha saído. Vampiro esperto.
Sentado outra vez atrás de sua mesa, Lucas girou sua cadeira para o aparador e pegou o telefone fixo, já que ele destruiu seu atual celular. Apertando os botões desejados, ele ouviu o toque de chamada duas vezes do outro lado do país antes que fosse atendido.
— Lucas.
— Duncan — Lucas disse. — Eu tenho um favor a pedir.

* * *

Quantico, Virginia

Kathryn analisou o apartamento vazio, procurando por qualquer coisa que ela possa ter esquecido. Ela já olhou cada gaveta e armário pelo menos três vezes. Já tinha varrido e passado aspirador até o lugar estar muito mais limpo do que quando se mudou. Seu proprietário nem precisaria tirar o pó antes de alugar o lugar de novo. Não que ele devolveria a taxa de limpeza de qualquer jeito, mas ia contra sua natureza deixá-lo sujo.
Ela pegou a pequena caixa de pertences que eram as únicas coisas restantes. Continha sua secretária eletrônica e uma pequena luminária, além de algumas cartas que de algum jeito escaparam da mudança de endereço que ela tinha pedido nos correios. A maioria eram propagandas, mas tinha seu nome e endereço nelas, e ela sabia demais sobre fraude de identidade para deixar para trás. Aparentemente, suas tendências de TOC estavam a flor da pele. Era o estresse. Ela esperava que sair daqui esta noite ajudaria com isso.
Segurando a caixa no quadril, ela abriu a porta da frente, fez uma última checagem visual no lugar onde chamou de lar por quase três anos, depois fechou e trancou a porta. Ela mandaria as chaves para o proprietário no seu caminho para os correios hoje à noite. Ela tinha uma pequena caixa de Sedex pronta para ir – endereço, selo, coberta com papel bolha para as chaves não chacoalharem... sim, suas compulsões estavam definitivamente comandando o show.
Seu apartamento era no terceiro andar, então ela usou as escadas. As únicas vezes que ela usou o elevador foi no dia que se mudou para cá, e ontem quando se mudou para fora daqui. As escadas eram um bom exercício, e além do mais, qualquer coisa que a deixasse cansada era maravilhoso ultimamente. Ela não estava dormindo bem também.
O ar fresco tinha uma sensação ótima em seu rosto quando abriu a porta de segurança. Ela esperou até ouvir a porta se fechar atrás dela, depois se inclinou e checou para ter certeza que o proprietário tinha retirado seu nome da lista de residentes. Ele tinha. Ela segurou a caixa mais perto e se endireitou quando uma porta de carro bateu na rua atrás dela. Ela se virou, registrou o fato de que o motor ainda estava ligado, e sua mão foi automaticamente para sua Glock 23 ainda presa em seu cinto. Era tarde, e ela veio direto do escritório, fazendo uma parada final antes...
— Kathryn.
A respiração de Kathryn ficou presa em seu peito, e ela segurou a caixa tão apertada contra seu quadril que doeu.
— Lucas?
— Você não me reconhece? — Ele brincou, se inclinando para pegar a caixa dela.
Ela a entregou para ele, mesmo que não pesasse nada. Ela estava muito perplexa ao achá-lo em sua porta para fazer qualquer coisa.
— O que você está fazendo aqui? — Ela perguntou. — Eu pensei que você não pudesse... quer dizer...
Lucas levantou um ombro desdenhoso. — Duncan é um amigo. Ele abriu uma exceção... por uma noite. — Ele acrescentou.
— Mas por que... — Kathryn ouviu ela mesma tropeçar por suas palavras, mas parecia não conseguir parar.
— Eu senti sua falta. — Ele disse, seus lindos olhos dourados encontrando seu olhar direto. — Você disse que nós podíamos nos visitar, então eu pensei...
— Mas eu estou me mudando — ela soltou. — Estou indo embora amanhã.
Lucas franziu o cenho. — Se mudando para onde? — Ele deu um passo agressivo para frente. — E com quem? — Ele exigiu.
Kathryn quase deu risada com sua suposição indignada de que ela estava com alguém novo. Ela quase não dormiu em um mês porque ela sentia tanto a falta dele, e ele achava que ela estava se mudando com seu novo amante.
No entanto, ela não riu. Ela não poderia. Não quando ele estava parado finalmente na frente dela, parecendo tão delicioso que ela queria chorar.
— Acontece que eu estava errada. — Ela sussurrou, seus olhos bebendo avidamente a visão dele parado na frente de sua entrada. — Eu quero minha vida virada de cabeça para baixo.
Lucas lhe deu um olhar confuso.
O rosto dele embaçou quando lágrimas encherem seus olhos. — Eu vou me mudar para Minneapolis. — Ela exclamou. — Eu pedi uma transferência. Parece que não tem muitos agentes disputando a vaga. Alguma coisa sobre o clima.
— Minneapolis? — Lucas repetiu. Ele a olhou com uma expressão vazia, e então aquele sorriso glorioso iluminou seu rosto. E o coração dela.
Ele colocou a caixa no chão do seu lado e a puxou para seus braços. — Eu senti sua falta, a cuisle. Eu nunca deveria ter deixado você ir embora.
Kathryn soltou uma risada. — Eu não tenho certeza de que você poderia ter me impedido — ela disse contra a pele morna de seu pescoço, — mas me desculpe por ir embora do jeito que fui. E me desculpe por ter machucado você — ela adicionou, as palavras quase engolidas por seu soluço de alívio. Ela passou seus braços em volta das costas dele e segurou firme, capaz de respirar livremente pela primeira vez desde quando saiu do escritório dele há quase um mês.
— Não peça desculpas — Lucas grunhiu. — Só diga que me ama.
— Eu amo. Eu amo tanto você que isso me mata de medo. Mas viver sem você... é como um buraco no meu coração que eu nunca poderia preencher.
Lucas apertou seus braços ao redor dela.
— Ah, minha Katie, nós ficaremos bem, então. Você verá.
— Eu sei. Agora que você está aqui, eu sei.
Lucas abaixou a cabeça e a beijou. Foi ardente e carinhoso ao mesmo tempo e tão familiar. Era como voltar para o lar.
— Posso te dar uma carona para algum lugar? — Ele murmurou, sua boca traçando beijos calorosos por toda a mandíbula dela antes de voltar para sua boca.
Kathryn sorriu contra seus lábios. — Que tal Minneapolis? Era para eu pegar um voo hoje à noite.
Lucas riu, depois passou um braço pela cintura dela e gesticulou para o SUV que estava à espera. — Sua carruagem a espera.
— Aquele ali é o meu carro alugado. — Ela disse, indicando um sedan médio parado na guia. — Minha caminhonete foi com a van de mudança ontem, e eu tenho que levar essa de volta para o aeroporto.
— Sem problema. Nick cuida disso. Ele ficará tão grato por você voltar conosco, ele fará tudo que você pedir.
Ela olhou para ele confusa. — Porque Nick ficaria...
Ele parecia culpado, na verdade. — É possível que eu tenha estado um pouco... de pavio curto ultimamente.
— Acho que terei que acalmá-lo então. Para o bem do Nick.
A risada de Lucas foi baixa e sedutora. — Eu conto com isso, a cuisle. Eu definitivamente conto com isso.

Epílogo

Minneapolis, Minnesota
Eles olhavam do outro lado do rio quando Lucas Donlon acompanhava a mulher para o evento de gala iluminado brilhantemente, mais duas pessoas lindas em um hotel que já estava cheio delas. O evento do ano, os jornais chamavam. Os ricos e poderosos do estado todos juntos em um grande e gordo alvo. Felizmente para todos eles, ele não estava caçando hoje. Essa noite era somente reconhecimento.
Ele viu quando Lucas se inclinou para sussurrar algo privado para a mulher. Ela riu com o quer que fosse dito, olhando para ele, seu rosto brilhando com emoção. Era óbvio para qualquer pessoa com olhos que ela estava apaixonada, e parecia que ele retornava o sentimento. Lucas Donlon apaixonado. Seis meses atrás, Aden teria jurado que Lucas seria o último a cair.
— Quem é a mulher? — Ele perguntou.
— Sua vadia do FBI — Magda forneceu, quase cuspindo as palavras. Tinha ódio ali. E não só pela mulher, mas para Donlon também. Uma mulher rejeitada, talvez? O pior tipo em sua experiência.
— Não se preocupe com ela — Magda continuou. — Se preocupe com Donlon e seus planos para o meio-oeste.
— Eu pensei que ele se abriria para todos os promissores. A primeira leva é em duas semanas — um dos outros vampiros contestou. Tinham dois deles, e Aden não tinha descoberto ainda se eles eram concorrentes sérios, ou simplesmente cachorrinhos da Magda.
— Isso é o que ele diz — ela respondeu sombriamente. — Mas concorrências podem ser reparadas. Ele e Raphael não se largam, e eles têm grandes planos que não estão compartilhando com ninguém.
Ou talvez eles não estejam simplesmente compartilhando com você, Aden pensou para si mesmo, dispensando os medos da vampira de uma grande conspiração.
— Raphael está envolvido nisso? — O outro vampiro que apresentou a pergunta anterior protestou. — Ninguém disse nada sobre encarar o Raphael.
— Com medo? — Magda tirou sarro. — Foda-se Raphael. Ele pode ser morto como qualquer outro vampiro. Klemens quase o pegou alguns meses atrás. Se o besta tivesse contratado um assassino competente, Senhor Merda Raphael já estaria morto.
— Eu ouvi que houve um atentado, mas não quem foi — Aden comentou. — Foi Klemens?
Ela assentiu. — Contratou um franco-atirador humano que errou. Deveria ter contratado um vampiro ao invés disso.
— E mesmo assim, Klemens está morto, enquanto Raphael continua vivendo — Aden disse secamente, cansado dos comentários de escárnio dela. —Eu duvido que isso seja uma coincidência.
— É, então Klemens está morto. Não importa o porquê. — Ela lançou a Aden um olhar feio. Ele interrompeu seu momento no holofote, e ela era uma mulher que gostava da luz. — Nós estamos aqui porque Klemens morreu, e Lucas está vulnerável — ela continuou. — Olhe para ele. Eu poderia pegá-lo daqui se eu tivesse um rifle decente.
Aden duvidava disso, mas ele manteve o pensamento para si mesmo.
— Então qual é o plano? — Um dos cachorrinhos da Magda perguntou.
— Nós acabamos com Donlon e dividimos o território do meio-oeste — Magda afirmou audaciosamente. — Só lembre, o território de Donlon é meu.
— Se voce conseguir segurar — Aden comentou suavemente. Ele se afastou da parede e parou em sua completa altura. — Eu não sei vocês rapazes, mas eu não tenho nenhuma intenção de enfrentar Donlon. Eu quero o meio-oeste, e eu não tenho necessidade de ficar emburrado nas sombras com uma mulher brava para isso acontecer.
Magda se virou para encará-lo, vibrando, presas a mostra. Aden lançou um olhar desdenhoso. Ela estava cheia de mágoa, essa daí, e decidida em vingança. Mas ela não tinha nenhum poder por trás, e ele não tinha nenhum desejo de ser pego em seus esquemas.
— Veremos quão resistente você é quando a merda atingir o ventilador — ela zombou.
Aden limpou sujeira de sua manga. — Sim, veremos — ele disse calmamente. — Vejo vocês em Chicago, rapazes. Deverá ser interessante.

 

 

                                                                                                    D. B. Reynolds Aden

 

 

 

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