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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


Vampiros Na América / Vol. 8.2
Vampiros Na América / Vol. 8.2

 

 

                                                                                                                                       

  

 

 

 

 

 

Horas mais  tarde, Lana estava em uma espécie de estado zen enquanto se concentrava em colocar um pé na frente do outro e não quebrar um tornozelo no processo. Ela teve que lançar mão de uma pequena lanterna para enxergar. Precisava que ser cuidadosa com o brilho, o cobrindo com as mãos e apontando a lanterna para baixo, para não despertar a visão noturna dos vampiros, sem falar que ela poderia entregar sua localização em uma possível fuga. Mas era isso ou quebrar um tornozelo, com certeza, de modo que ela escolheu a lanterna. Eles estavam na parte descendente da caminhada, quase próximos ao pé da montanha, chegando ao deserto, e ela estava começando a suspeitar que Vincent ocupar a posição traseira na primeira parte de sua escalada tinha menos a ver com deixá-la ditar o ritmo, e mais em colocar-se entre ela e qualquer possível perseguição. Porque assim que eles saíram do topo da colina e começaram a descida, eles mudaram, deixando Jerry como retaguarda enquanto Vincent abriu o caminho, com sua atitude constante de prontidão.
Até agora, parecia que sua fuga ou passou despercebida, ou que os homens de Camarillo estavam relutantes em perseguir um vampiro que poderia puxar a garganta de um homem fora. Mas, mesmo sem ninguém para lutar, a ideia de que Vincent queria protegê-la a fez querer gostar dele. Ou melhor, gostar dele ainda mais, uma vez que o navio de gostar dele havia partido há muito tempo.
Perigo, Will Robinson{1}, recordou-se. Era ruim o suficiente que ele fosse grande e sexy e lindo e... Ela mencionou sexy? Ele ser um cara decente no topo de tudo isso.

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 — Pensamentos profundos, querida? — A voz de Vincent estava em seu ouvido, e ela se surpreendeu. Ele estava vários metros à frente e ela não o notou ficar para trás. O que só reforçou o perigo que ele representava com ela.
Ela lançou lhe um olhar irritado. — Só pensando em sair desta cidade e nunca mais voltar.
 — Há mais uma coisa que temos que
 — Vincent, — ela disse em advertência.
 — Lana, — ele respondeu, imitando o tom de voz com precisão. — A mulher na cantina.
 — O que tem ela?
 — Ela tem que morrer. Você sabe disso.
 — Eu disse que ela me ajudou. Ela me disse onde eles estavam prendendo você. Eu não teria encontrado você em tempo sem ela.
 — Você também disse que ela só a ajudou para salvar sua própria bunda. A cadela cortou meu pescoço e me sangrou, deixando-me quase seco, Lana.
 — Eu disse a ela para sair da cidade, — disse Lana sem fôlego. — Que você a mataria se ela ficasse. — Ela reconheceu a carranca de Vincent com um encolher de ombros e acrescentou — Portanto, não há ponto
 — Mas você sabe onde ela mora, não?
Lana suspirou. — Sim.
 — Vamos ver se ela seguiu seu conselho. Se não, muito ruim para ela. Se assim for, eu vou deixar uma mensagem garantido em dar-lhe noites sem dormir para o resto de sua vida.
 — Precisamos colocar algum quilômetros
Ele entrou na sua frente e parou, forçando-a a fazer o mesmo.
 — Lembra do que eu te disse sobre Camarillo? Por que ele tinha que morrer? — Ele perguntou, olhando para ela.
Ela estudou-o em silêncio e depois disse — Para proteger outros vampiros, para que ninguém mais tentasse a mesma coisa.
 — Exatamente. E isso vale em dobro para a cadela, porque ela fez isso na frente de testemunhas.
Ela olhou-o por mais um momento. — Eu entendo, — ela admitiu, embora não sem hesitação. Porque mesmo que ela tivesse advertido Fidelia Reyes sobre o que aconteceria com ela se Vincent a encontrasse, ela não acreditava realmente em suas próprias palavras, até que viu o que ele fez a Camarillo.
A expressão de Vincent suavizou um pouquinho, como se compreendesse o seu dilema e simpatizasse. Não que isso iria mudar sua mente em tudo, ela tinha certeza. Ele balançou a cabeça, em seguida, virou-se e retomou sua posição de liderança, se movendo para baixo na mesma encosta com uma graça que Lana não podia espelhar. Ela pensou brevemente que pode não ser tão ruim ser um vampiro às vezes. Em seguida, ela se conteve.
Não é tão ruim? Ela devia estar delirando.
Eles desceram os últimos metros, as rochas desmoronando sob os pés a cada passo, até que finalmente atingiram o chão plano do deserto. Lana suspirou de alívio, apressando-se para frente até que pudesse ver a traseira do SUV saindo entre as rochas onde estacionou.
Vincent agarrou sua mão quando ela teria corrido para o carro. — Espere, — ele advertiu. — Jerry, você e eu vamos primeiro.
 — Sim, senhor.
Lana quis protestar. Claro, estava contente que Vincent queria protegê-la, mas isso não significava que ela precisava. Ela possuía um trabalho perigoso e trabalhou sozinha a maior parte do tempo. Infelizmente, discutir com Vincent só iria perder tempo, então ela ficou para trás, mas apenas por um pouco, enquanto cobriam os últimos cinquenta metros e o SUV entrou plenamente em vista.
Não houve bandidos esperando por eles.
Ela puxou o controle remoto do bolso, apertou o botão e as portas desbloquearam quase silenciosamente. Lana andou a passos largos, abriu o lado do motorista e dobrou-se sobre o assento, mesmo sem tomar o tempo para descarregar o conteúdo de seus bolsos. Isso podia esperar até que eles estivessem a uma distância segura.
Ela acabou de ligar o motor quando Vincent apareceu na porta do motorista. Ele não disse nada, apenas olhou para ela com expectativa.
Lana lançou lhe um olhar de lado, seu foco sobre a programação do sistema de navegação para uma saída rápida. — O quê? — Ela perguntou, distraída.
 — Eu dirijo.
Lana jogou-lhe um olhar de desprezo. — Eu não penso assim. Você estava quase morto apenas algumas horas atrás. Eu vou dirigir. Além disso, você não sabe para onde estamos indo.
 — Isso não é um sistema de navegação que você está programando aí?
 — Eu estou programando nossa viagem para fora da cidade, e não para a casa de Reyes. Então vamos.
Vincent, o maldito, sorriu. — Então vamos, não? — Repetiu ele.
Ela se inclinou e agarrou a maçaneta da porta, olhando para ele com um olhar agravado. — Pode ter passado despercebido, oh ser poderoso, mas nós estamos correndo por nossas vidas. Agora, se mova.
Ele deu um passo para fora do caminho, mas não antes de tomar vantagem de sua posição e depositar, um beijo rápido, duro em sua boca. Lana piscou surpresa, e seu coração deu uma batida dupla. Perigo, Will — Oh, que porra. Não estava funcionando. Ela não deveria ser atraída por ele em tudo. Ele era arrogante e mandão e um assassino para início de conversa. Ela não se apaixonava por assassinos, ela os esmurrava e os prendia até serem julgados. Então, por que achava Vincent tão maldito irresistível?
Não, não é irresistível. Ela poderia resistir a ele. Ela resistiria a ele. Mais um dia e eles chegariam a Pénjamo. Eles encontrariam este homem, Xuan Ignacio, entregar a mensagem de Raphael, e era isso. Vincent voltaria à sua vida e Lana para a dela, seus caminhos nunca se cruzariam novamente.
Então, por que diabos era mais difícil de resistir, em vez de menos? A imagem de quando Vincent se inclinou sobre ela naquela caixa quente de uma prisão veio à sua mente, os olhos brilhando um ouro acobreado, presas descendo lentamente quando ele baixou a boca em seu pescoço. Ela ainda podia sentir a pressão de seu corpo duro contra o dela, e estremeceu de prazer lembrado do orgasmo mais intenso de sua vida. Se ele pode fazer isso com uma única mordida, imagine o que poderia fazer se realmente estivesse fazendo amor com ela. Seus olhos se fecharam... e depois se abriram quando ela intencionalmente trouxe à sua mente a imagem de Vincent quando ele rasgou a garganta de Camarillo fora, pingando sangue e dentes arreganhados. Mas mesmo isso não funcionou.
Camarillo era um monstro, um fornecedor de morte e miséria, alguém que sem dúvida havia matado mais do que sua parte de inocentes em seu caminho até a escada do sucesso.
A porta do passageiro se abriu e Vincent deslizou para o assento, enchendo o veículo com seu corpo, sua mera presença. Lana sentiu um rubor aquecer suas bochechas. Ela virou-se rapidamente e se ocupou com o ajuste dos espelhos, em seguida, engrenou o SUV.
 — Você tem certeza que quer
Ele nem sequer a deixou terminar.
 — Eu tenho certeza, — ele interrompeu, corretamente supondo que ela estava prestes a questionar se ele realmente queria tomar o tempo para ir à casa de Reyes.
 — Tudo bem, — ela retrucou. — É o seu funeral. Está pronto aí atrás, Jerry? — Ela perguntou, olhando para o outro vampiro em seu espelho retrovisor.
 — Sim.
Um homem de poucas palavras. Gostava disso. Ela fez uma pausa para fazer a varredura do horizonte com cuidado, olhando para as nuvens de poeira ou qualquer indicação de que as tropas de Camarillo estavam em movimento. Não vendo nada, pressionou o pedal do acelerador e refez seu caminho, em direção à estrada que os levaria para a cidade.
Foi apenas alguns minutos mais tarde que o bairro de Reyes entrou a vista. Estava mais escuro do que a última vez que ela esteve aqui, no meio da noite, em vez de quase amanhecer. E não havia iluminação pública nesta parte da cidade. A única iluminação vinha de dentro das pequenas e espalhadas casas, a cintilação pálida de uma tela de TV daqueles com antenas parabólicas no telhado.
Lana evitou a entrada de automóveis na casa de Reyes, preferindo estacionar na rua em caso de uma fuga rápida ser necessária. Vincent estava fora do carro antes que ela tivesse desligado a ignição.
Quando ela finalmente se apressou em torno da frente do SUV para ficar ao seu lado, ele estava olhando para a casa infeliz.
 — Problema? — Perguntou ela.
 — Ninguém está lá dentro.
Lana digitalizou a frente da pequena casa. As janelas estavam escuras, mas a luz da varanda estava acesa. Lembrou-se ainda da outra manhã, e percebeu que era provavelmente um temporizador. Reyes vivia sozinha. Talvez não gostasse de voltar para uma casa escura após uma longa noite de tentar matar vampiros. A cadela.
 — Talvez ela esteja morta — Lana comentou e descobriu que não se importava de qualquer maneira. — Ela estava em muito mau estado, quando eu saí daqui.
 — Deixe-me reformular, — Vincent disse secamente. — Ninguém vivo ou morto está lá dentro.
 — Nós podemos cheirar corpos mortos, — Jerry forneceu amavelmente, quando saiu do banco traseiro para ficar ao lado deles.
 — Huh, — disse Lana, imaginando onde sua vida tomou um rumo tão errado que este conhecimento nem sequer a perturbou. — Ela provavelmente seguiu o meu conselho e se escafedeu da cidade.
Vincent lançou lhe um olhar hostil. Aparentemente, ele ainda estava segurando um rancor sobre isso.
 — Devemos ir, — disse Lana, sacudindo as chaves na mão.
 — Ainda não, — disse Vincent em um escuro tom de voz enquanto estudava a casa vazia.
 — Mas não há ninguém aqui, e não podemos ficar esperando. É só uma questão de tempo
Um ruído surdo profundo a cortou. Ela sentiu o primeiro tremor de movimento sob seus pés e olhou em volta, nervosamente. Lana sobreviveu a um terremoto, uma vez, durante uma visita à sua mãe na Califórnia. Todo mundo lá fora, lhe assegurou que, desde que foi apenas 3,9 graus na escala Richter, mal qualificava como um evento. Mas lembrou de que no fundo, houve um estrondo de som e a terrível sensação de sentir a terra se movendo sob seus pés.
 — Terremoto, — resfolegou. Ela agarrou o braço de Vincent, mas congelou ao vê-lo olhando fixamente para a casa, os olhos semicerrados, os lábios puxados para trás em um rosnado que expôs suas presas reluzentes.
 — Vincent? — Ela sussurrou, então girou, examinando o bairro, pronta para enfrentar qualquer ameaça e não encontrou nada, apenas a pequena casa de Reyes ao redor, em choque, quando estremeceu na sua fundação e o ar ficou espesso com pó. O tremor tornou-se um tremor vicioso. Rachaduras se espalham como uma teia de aranha ao longo das paredes exteriores, e o som de madeira rachada e vidro estilhaçando contou a história do que estava acontecendo lá dentro. A luz da varanda estourou com um pop afiado e Lana cobriu os olhos para protegê-los de quaisquer pequenos pedaços de vidro que voassem a distâncias incríveis através da escuridão repentina. Alcançando em seu bolso, ela agarrou a mini lanterna e ligou-a apenas a tempo de ver porta de madeira de Reyes com uma abertura frontal no meio e telhas quebradas caindo do telhado. Segundos depois, as paredes exteriores cederam completamente e a estrutura deu lugar, até que, com a queda final no estuque pelas rachaduras e lascas de madeira, a casa inteira desabou.
O silêncio caiu sobre a noite. Uma nuvem de poeira e sujeira arrastadas lentamente sobre a pilha restante de detritos. Ninguém, a não ser os cachorros da vizinhança pareciam perturbados pelo que aconteceu — fora das portas abertas, ninguém apareceu para reclamar sobre a implosão abrupta da casa do seu vizinho.
Lana franziu a testa, virando um círculo completo para estudar o bairro sem perturbação.
 — O que você fez? — Ela perguntou a Vincent suavemente, seus olhos ainda sobre as casas tranquilas. Sentia-o mais do que o via olhar para ela.
 — Deixei um aviso a ela e toda esta cidade, — disse ele, e havia tanta arrogância em sua voz normalmente amigável que ela se retorceu para olhar para ele.
 — Eles ainda estão vivos? — Ela respirou.
Vincent fez uma careta. — Quem ainda está vivo? Não havia ninguém na casa. Eu te falei isso.
 — Quero dizer o resto dessas pessoas, seus vizinhos.
Deu-lhe um olhar incrédulo. — Que porra, Lana? Claro que eles estão.
 — Então por que, — Ela engoliu em uma garganta seca. — Por que ninguém
 — Porque eu contive o som. Porque você é toda sobre uma fuga discreta. Jesus, você acha que eu matei todas aquelas pessoas? Que tipo de monstro que você acha que eu sou?
Lana estudou a casa destruída e percebeu que, por todo o barulho que aconteceu, não fora tão alto como deveria ter sido. Talvez fosse só porque ela estava assistindo acontecer que parecia muito mais alto.
Ela olhou para Vincent em desânimo. — Sinto muito, eu não
Mas ele já estava se afastando. — Sim, tanto faz. Vamos sair daqui. Eu tive mais do que suficiente desta cidade. Dê-me as chaves. — Ele estendeu a mão numa exigência impaciente.
 — Vincent, eu sinto muito, — ela repetiu, entregando-lhe as chaves.
 — Tudo bem. — Ele pegou as chaves e se dirigiu ao redor do SUV. — Jerry, — ele retrucou. — Na SUV.
 — Sim, senhor.
Jerry subiu na traseira e Lana deslizou rapidamente para o banco do passageiro, preocupada que Vincent estivesse com raiva o suficiente para partir sem ela. Ele ligou o SUV e arrancou, cantando pneus e cuspindo cascalho enquanto ela colocava o cinto de segurança. Ela lançou alguns olhares de soslaio para Vincent, mas ele a ignorou. Não foi até chegarem à estrada principal e em direção ao sul para Pénjamo que ele falou com todos, e, em seguida, apenas com Michael, usando o viva-voz.
 — Boa noite, Senhor, — ela ouviu Michael dizer.
 — Michael, prepare o jato para amanhã à noite. Eu preciso de você em Pénjamo.
 — Sim, meu Senhor. Devo levar?
 — Alguns músculos, vou deixar os detalhes para você, e uma tripulação para luz do dia. Temos alguns negócios localmente, mas depois que você levar um par de bebês — Ele olhou para Jerry no espelho e mudou o que estava prestes a dizer. — Jovens vampiros de volta para Hermosillo. Enrique está fazendo coisas que não deveria. Sem surpresas até aqui, mas isto é baixo até mesmo para ele. Vou dar detalhes quando ver você.
 — Certo. Devo chamar quando chegarmos?
 — Isso seria bom. Qualquer outra coisa para relatar?
 — Nada, jefe. Os reparos do clube estão indo muito bem.
 — Bom. Vejo você amanhã à noite.
 — Amanhã à noite, meu senhor.
Vincent desconectou sem outra palavra. Na verdade, ele não disse ou fez qualquer coisa diferente do que olhar para frente para os próximos 402 km ou algo assim quando tiveram que parar para abastecer. Lana estava apenas esperando por essa chance, desde a primeira hora que se passou em silêncio, pensando que poderia trocar com Jerry e deixá-lo sentar-se ao lado da esfinge, enquanto ela dormia no banco traseiro. Quando finalmente pararam no posto de gasolina, ela saiu do veículo quase ao mesmo tempo em que eles pararam. Normalmente, ela teria se oferecido para encher o tanque ou pagar, mas Vincent, sendo da antiga escola chauvinista — e por velha escola, literalmente, já que ele estava se aproximando do seu segundo século de vida e havia deixado claro para ela desde cedo que tais coisas eram trabalho de homem. E isso estava bem por ela, especialmente quando o homem estava em um modo irritadiço.
Ela foi direto para o banheiro, mudando de ideia uma vez que viu, e cheirou lá dentro. Anos de viagem a longa distância havia lhe ensinado como segurar quando necessário, e isso se qualificava como necessário. Ela voltou para o SUV, então pensou em pegar alguns lanches para o resto da viagem. Ela estava com fome, e eles estavam apenas cerca de metade do caminho para Pénjamo. Ela não conseguia ver Vincent parando em um restaurante, não para ela, e não esta noite, então se viu em pé no corredor de lanches, estudando uma seleção sem inspiração de doces e batatas fritas. Ela suspirou, em seguida, virou-se e saiu da loja de mãos vazias. Esta não era sua noite.
Jerry estava enchendo o carro com gasolina quando ela voltou ao Suburban. Ela olhou em volta e encontrou Vincent a alguma distância em um campo vazio ao lado da estação, falando em seu telefone celular. Provavelmente em conferência com Michael sobre — a supersecreta — merda vampiro. Tanto faz.
Ela se aproximou e encostou-se no SUV ao lado de onde Jerry estava segurando o bico de gasolina. Esta era uma estação mais velha com bombas mecânicas e sem nenhum filtro de recuperação de vapor, com cheiro forte de gasolina, combinado com o estômago vazio, a fez se sentir um pouco enjoada. Ela virou-se contra o vento, o que ajudou um pouco.
 — Ei, Jerry, — disse ela. — Se estiver tudo bem com você, eu vou sentar na parte de trás na próxima parte da viagem. Vou esticar as
 — Não.
Lana virou-se ao som da voz profunda de Vincent. — Como é?
 — Jerry vai sentar-se na parte de trás.
 — Sim, Senhor, — Jerry disse imediatamente. Lana apertou sua mandíbula com raiva. Nada do que ela tinha a dizer jamais convenceria Jerry a ir contra Vincent. Ela não sabia se era uma coisa de vampiro em geral, uma ressaca de seus dias como um escravo, ou talvez dos militares antes disso. Ela sabia que era frustrante como o inferno.
 — O que importa? — Ela perguntou... para Vincent, não Jerry, porque qual era o ponto?
 — Não importa, — ele disse, sem rodeios, em seguida, mudou de assunto como se estivesse decidido. — Poderíamos chegar a Pénjamo hoje à noite, mas não vamos. Eu não quero entrar em uma situação desconhecida com o amanhecer prestes a aparecer. Vamos parar bem longe da cidade e seguimos amanhã à noite.
Lana olhou para ele sem dizer nada. Ela poderia argumentar. Mas, novamente, qual era o ponto? Vincent charmoso poderia levar em consideração um argumento. Este Vincent? O mestre do universo, a minha palavra-é-lei Vincent? Não era o caso.
Ela girou nos calcanhares e entrou no banco do passageiro da frente, mas ao se afastar do poso, decidiu que não rolaria e morrer como um cachorro só para tornar a vida de Vincent mais fácil.
 — Acho que devemos percorrer todo o caminho para Pénjamo, ou pelo menos o mais próximo quanto possível antes do sol nascer. Dessa forma, você pode começar o dia cedo amanhã à noite.
 — E é por isso que eu estou dirigindo, — disse Vincent. — Pararemos antes de Pénjamo.
 — Ouça, idiota, — disse ela, de repente furiosa. — Eu posso não estar dirigindo, mas não se esqueça quem dorme durante todo o dia e quem não dorme. Eu posso estar longe dez minutos após o sol nascer, e onde vai estar, então, hein? Em alguma cidadezinha mexicana sem nenhum carro, é onde vai estar.
 — Tudo bem, princesa. Você escolhe uma cidade para parar. Mas não me importo com o que você diz, eu não estou dirigindo em qualquer merda que está acontecendo em Pénjamo com o sol perto de nascer.
 — Tudo bem, — Lana murmurou e se inclinou para seu telefone celular.
Eles dirigiram vários quilômetros mais em silêncio, e então ele a surpreendeu, dizendo — Você joga sujo, querida. Faz-me um bocado quente.
Lana deu um suspiro muito pouco feminino. — Qualquer coisa com uma vagina e um piscar de olhos faz você quente.
 — Eu não posso evitar se as mulheres me acham irresistível.
 — Nem todas as mulheres, — ela retrucou, mas lançou um olhar de soslaio para ele. Parecia que toda irritação se fora. Talvez ele ouviu uma boa notícia durante seu telefonema secreto, ou talvez fosse apenas um filho da puta temperamental. De qualquer maneira, ela não teve vontade de jogar bonito, então manteve os olhos em seu celular e não disse nada, apenas estendeu a mão para o sistema de navegação e programou as direções para um motel cerca de 90 quilômetros ao norte de Pénjamo que tinha quartos vagos.
Vincent desviou o olhar para ver o navegador, mas sua única resposta quando o mapa surgiu foi um grunhido sem palavras. Lana fechou os olhos e se encostou na porta, fingindo dormir. Vincent soltou uma risada divertida e ela se lembrou, tarde demais, que ele poderia dizer que ela estava fingindo. Mas até então ela estava comprometida com a pretensão e assim manteve os olhos fechados até que finalmente cochilou.
Ela acordou quando o SUV parou, seus olhos se abrindo tão logo Vincent desligou o motor e abriu a porta.
 — Eu espero que eles tenham quartos, — disse ele secamente, e se dirigiu para a recepção.
Lana sentiu-se preocupada que tivesse cometido um erro, e que, apesar de sua pesquisa no celular, o motel isolado na pequena cidade não teria quartos e agora eles teriam que correr para encontrar um lugar seguro para Vincent e Jerry antes do amanhecer. Mas então ela saiu do SUV e deu uma boa olhada no motel, e reconheceu o comentário de Vincent — como uma observação sarcástica sobre a qualidade das acomodações, e não da quantidade.
O motel parecia ter sido construído, pelo menos, cinquenta anos atrás, se não mais. A pintura descascando e as grades ao longo das escadas para o segundo andar foram mantidas juntas pela ferrugem. Ela estudou o edifício com uma careta, perguntando se era melhor estar no segundo andar quando um prédio desabasse — assim, pelo menos, cairia em cima dos escombros, ou no piso térreo, para que não caísse tanto assim.
A porta do SUV abriu atrás dela e Jerry saiu, movendo-se tão quieto que, se não fosse o som da porta, não saberia que ele estava lá.
 — Você o julga mal, você sabe, — disse ele de supetão.
Ela olhou para o vampiro geralmente calado. — Eu não o julgo em tudo, — disse ela, sabendo que eles estavam discutindo sobre Vincent.
A expressão de Jerry não se alterou. — Eu passei os últimos dois anos em um lugar onde a minha vida dependia da leitura precisa do que os seres humanos em torno de mim estavam pensando, antecipando seus desejos e necessidades antes mesmo deles saberem o que eram. Conheço as pessoas, Lana. Vincent poderia ter matado cada um dos homens de Camarillo, mas ele não quis.
 — Ele matou Camarillo. E, além disso, a única razão que ele não matou os outros foi porque estávamos com pressa.
Jerry sorriu como se ela estivesse sendo tola. — Ele poderia ter esse lugar repleto de corpos, deixar uma cidade fantasma, e caminhar para fora do portão pela frente. Em vez disso, ele nem sequer matou José.
 — José era inofensivo, — ela insistiu, ignorando a voz suave de dúvida, que estava sussurrando na parte traseira de seu cérebro.
Ele balançou sua cabeça. — Eu vi José alegremente cortar as mãos de um homem por roubar drogas. Vincent é um homem honrado, Lana.
 — Como você pode saber? — Ela perguntou, agarrando-se a seu argumento. — Você acabou de conhecê-lo, e, além disso, você o chama de mestre. Como ele é diferente do que Camarillo foi para você?
Seu sorriso tornou-se quase de pena. — É verdade que Vincent é meu mestre, mas não sou seu escravo. Sim, eu devo a ele minha lealdade, mas é dado livremente. E, em troca, eu sou dele para proteger. Certamente você pode ver a diferença? Com o tempo, eu vou lutar por ele, não porque assim o exige, mas porque ele é alguém que eu de bom grado sigo, alguém que estou honrado de proteger. — Ele virou e encontrou seus olhos diretamente. — Ele vai governar este território um dia, e eu estarei com orgulho nas fileiras dos seus guerreiros.
 — Como você sabe tudo isso?
Ele encolheu os ombros. — Ele me disse algumas coisas, mas principalmente... Eu só sei.
Vincent saiu da recepção naquele momento, lançando um chaveiro entre seus dedos.
 — Boas notícias, crianças, — ele anunciou. — Eles têm quartos!
Lana revirou os olhos. Ele pode ser o Lorde do México algum dia, mas agora, era apenas uma grande dor na bunda dela.
 — Lá em cima ou lá embaixo? — Ela perguntou, ainda preocupada com o todo edifício entrar em colapso.
 — Andar de cima. Eu prefiro cair sobre os escombros do que ficar preso embaixo deles.
Ela deu-lhe um olhar penetrante. Ele disse a ela que não podia ler seus pensamentos. Isso significava que eles pensavam da mesma forma? Porcaria. Isso foi ainda mais assustador do que pensar que ele podia ler sua mente.
Seguindo Jerry para o bagageiro do SUV, ela puxou a mochila para fora e os três deram uma pequena parada próximos ao conjunto de escadas que era tão frágil quanto parecia. Eles seguiram para baixo o mezanino até que Vincent parou em uma das poucas portas com uma luz acesa. Ele inseriu a chave com uma volta e entrou no quarto escuro, em seguida, foi diretamente para a lâmpada de cabeceira e ascendeu, obviamente, para seu benefício
 — Oh, olhe, nós temos tv a cabo, — Vincent disse maliciosamente. Ele estava dando a ela um olhar que cruzava a sala, uma sobrancelha arqueada para cima como se comentando sobre o estado pobre do motel que ela selecionou.
Lana evitou seu olhar, embora privadamente, ela concordou. — Design interessante, — ela comentou, olhando a colcha desbotada e a única janela, estranhamente colocada no alto da parede de trás.
 — As paredes são bastante espessa, e a ausência de janelas, provavelmente mantém o quarto mais frio, — Jerry ofereceu como explicação.
Lana assentiu distraída. Sua atenção estava voltada para a cama de solteiro. Morto para o mundo ou não, certamente Vincent não esperava que os três
 — Você vai dormir lá, Jerry, — disse Vincent, novamente parecendo ler seus pensamentos. Ela se virou para ver o que ele queria dizer, e percebeu que o quarto do motel era realmente uma suíte, com uma sala quase idêntica do outro lado de uma porta de madeira barata que Vincent abriu na parede interior.
Jerry balançou a cabeça e caminhou em direção a porta sem nenhum comentário, enquanto Lana franziu a testa para Vincent.
 — Existe uma porta para o exterior a partir desse quarto? — Perguntou ela.
 — Não, sem janela também. Duvido que Jerry vai se importar, no entanto, uma vez que ele está acostumado a muito pior. E tem seu próprio banheiro com uma janela se ele quiser um pouco de ar.
 — Você deve tanto dormir lá, então. Vou ficar aqui no caso de alguém vir bisbilhotar.
Vincent bufou. — Sim, eu não penso assim. Eu não estou dormindo com Jerry.
 — Bem, então eu posso
 — E nem você, — ele rosnou, adivinhando sua próxima sugestão, embora ela teria sugerido em tom de brincadeira. A única coisa que fazia sentido era para ambos os vampiros dormir no quarto sem janela enquanto ela dormia aqui. Então, por que ele estava sendo tão difícil sobre isso?
 — Eu não entendo, — disse ela, com a paciência por um fio. — Você ficou com raiva de mim a noite toda, mal falou uma palavra para mim, e agora, de repente, você está insistindo em dormimos na mesma cama? Você nem mesmo
Sem aviso, Vincent virou, e ele estava na frente dela, seus corpos se tocando, sua mão grande e quente cobrindo seu rosto. — Eu gosto muito de você, querida, — ele sussurrou.
Calor rolou por cada polegada do corpo de Lana, um toque acendendo o flashback de sentir a respiração de Vincent quente contra seu pescoço, a picada de sua mordida muito rapidamente inundando por uma tempestade de sensações que construiu a um orgasmo diferente de qualquer outro que ela já experiente. Ela deu um passo para trás, atingindo a quina da cômoda com dor o suficiente para ter a cabeça limpa. Ela piscou e virou-se para o lado, colocando ainda mais espaço entre ela e a tentação do toque de Vincent.
 — É quase o nascer do sol, — disse ela bruscamente, desistindo de seu argumento sobre o acerto de dormir. Afinal de contas, o que importava? Uma vez que era a luz do dia, seria como se Vincent não estivesse lá de qualquer maneira. — Você quer tomar banho? — Perguntou ela.
 — Isso é um convite?
Ele disse levemente, mas o olhar em seus olhos desmentia o tom de provocação das suas palavras.
 — Vincent, — ela disse, quase desesperadamente, mas a raiva estava começando a infiltrar-se. Ele estava brincando com ela e ela detestava isso.
 — Tudo bem, — disse ele, arrastando a palavra para fora ao fazer o seu sofrimento claro. — Eu vou tomar banho. Não deixe o quarto.
 — Sim, mestre.
Ela quis dizer isso sarcasticamente, mas ele entortou um meio sorriso para ela, então, na forma típica de Vincent, ele começou a tirar suas roupas antes de caminhar para o pequeno banheiro com cada centímetro de seu corpo nu em exposição. Cada polegada.
Lana inspirou, segurando o ar até que a porta do chuveiro estivesse fechada. Graças a Deus por Jerry. Porque ela era fraca. Se o outro vampiro não estivesse há apenas alguns passos de distância, ela provavelmente estaria nesse banho com Vincent no momento.
Ela olhou para a porta do banheiro fechada e franziu a testa, sem saber se estava desapontada ou aliviada com sua situação atual. Uma coisa sabia com certeza, embora; ela estava cansada. Acabada. Não tão cansada para se deitar sobre a colcha, no entanto. Jogando a cobertura desbotada e esfarrapada em um canto, ela se sentou na cama e desamarrou as botas, em seguida, puxou-as uma de cada vez, seguida por suas meias. Ela olhou para o tapete em dúvida, então pensou em colocar as meias sujas de volta em seus pés suados, e disse para o inferno com isso. Parecia bom demais estar descalça. Então, ela ignorou a probabilidade de que o tapete não fora limpo na última década ou três e enrolou os dedos sem restrições e com prazer.
Não há closet, apenas ganchos na parede perto da porta. Ela pendurou o casaco em um e desejou que pudesse tirar o resto de suas roupas também. Eles viajaram constantemente para o sul e as temperaturas estavam subindo, juntamente com a umidade, estava quente e abafado no quarto. Ela olhou em volta por algum tipo de termostato, mas não encontrou um. Normalmente, teria aberto a porta para deixar um pouco de ar entrar, mas Vincent provavelmente piraria se ele saísse de seu chuveiro para encontrar a porta aberta. Não porque ele estava nu. Não, isso não o incomodaria em tudo, ela sabia. Mas porque eles ainda não sabiam se os soldados de Camarillo estavam em seu caminho.
Ela ergueu o olhar para a janela isolada, que Jerry havia dito era para circulação. Possuía uma manivela para abrir e fechar, mas olhando em volta, ela não conseguia encontrar qualquer meio de alcançá-la pois estava muito malditamente próximo do teto. Ela começou a olhar para a mobília, para descobrir algo que servisse como uma escada, então suspirou. Não importava. A janela teria de estar coberta de qualquer maneira, uma vez que o vampiro teimoso insistiu em dormir fora em vez de lá dentro com Jerry.
Murmurando imprecações contra os vampiros em geral, e um em particular, ela se aproximou para estudar a janela mais de perto e viu os restos de uma persiana presa na parte superior do quadro. Estava cheia de crosta de sujeira e gordura que misturados com a sombra do teto na sala mal iluminada, não dava para ser visto direito. Também estava faltando qualquer tipo de haste ou corda de puxar, mas ela poderia liberá-la se... Ela voltou ao exame anterior do mobiliário. Tinha uma pequena mesa e duas cadeiras que não combinavam, nenhum dos quais pareciam fortes o suficiente para manter seu peso. A mesa, por outro lado... ela a arrastou para a parede sob a janela e subiu. A mesa era de fato um pouco alta demais, e ela teve de curvar a cabeça para evitar bater no teto.
Ela examinou as cortinas e descobriu que, enquanto a haste já era, a corda ainda estava lá, emaranhada e com nós, mas em condições de funcionamento. Felizmente, em um ato de mau planejamento ou pura sorte, não tirou suas calças e assim ainda tinha uma faca pequena no bolso. Não se preocupando em abrir as cortinas novamente, ela simplesmente puxou sua faca e cortou a corda, que libertou as persianas, as deslizando para baixo em um chuveiro desordenado de alumínio imundo. Lana tossiu, só Deus sabia, anos de sujeira e poeira flutuaram para fora. Ela acenou com a mão na frente do rosto, e examinou a agora reduzida persiana fazendo pequenos ajustes para vedar tanta luz quanto possível. E enquanto trabalhava, notou algo inesperado. Havia luz já no céu. Não era uma luz solar radiante, mas o céu começava a ficar cinza já.
Ela preocupou-se um momento com Vincent no chuveiro, preocupada que ele estivesse muito perto do raiar do sol e ficasse inconsciente, mas, em seguida, a água desligou e ela podia ouvi-lo se mover. Ela desceu, em seguida, correu para sua mochila e atirou-a sobre a cama. A porta abriu e ela se forçou a continuar a reorganizar suas roupas, separando o limpo do sujo, contando suas meias. Qualquer coisa para evitar pensar sobre o fato de que Vincent estava a poucos passos dela, e provavelmente nu. Ela se perguntou se ele tinha o hábito de andar por aí desse jeito, ou se ele só fez isso para atormentá-la. Não que ela estivesse atormentada. De modo nenhum.
 — O chuveiro é todo seu, Lana, — ele sussurrou. Como ele fazia aquilo? Tudo soar como uma sedução. Ele estava dizendo a ela a mais normal das coisas, mas com sua voz profunda e suave, as palavras simples enviavam tremores e arrepios acima de sua pele.
Ela lutou para controlar a reação de seu corpo, sabendo que seus sentidos de vampiro poderiam detectar coisas que preferia que ele não soubesse. — Obrigada, — ela disse, sem olhar para cima. — Quanto tempo até o nascer do sol? — Ela perguntou curiosamente, pensando na luz solar além da janela.
 — O amanhecer oficial já passou, — disse ele, surpreendendo-a a ponto de fazê-la olhar para cima. — Os humanos calculam o nascer do sol como a primeira borda do sol ao longo do horizonte. Poderosos vampiros — Nesse momento ele tocou o peito. E, sim, ele estava completamente nu. — Podem aguentar até o sol alcançar a esfera plena, — explicou.
 — Você pode sair nesta luz? — Ela perguntou, mais curiosa do que embaraçada.
Ele andou até a cama e se inclinou para puxar para trás as cobertas. Lana se afastou dele, como se estivesse pegando fogo, então cobriu a reação dela, agarrando a mochila e levando para o topo da penteadeira gasta. Vincent não respondeu sua pergunta. Em vez disso, ele perguntou — É porque eu estou perto de você, querida, ou está um pouco quente aqui?
 — Está quente, — ela confirmou. Ela ouviu o deslizamento da pele sobre os lençóis e se atreveu a virar-se novamente. Vincent estava sentado na cama, com as costas contra a cabeceira frágil, o lençol branco puxado quase até os quadris em um forte contraste com a pele bonita que herdou de sua mãe guatemalteca. Ele deu uma risada baixa, masculina que fez os olhos dela encontrar os dele, e seu sorriso mais branco do que os lençóis e mil vezes mais sexy. A menos que se considerasse que os lençóis mal conseguiam cobri-lo.
Ela reprimiu um gemido. — Você vai responder a minha pergunta? — Ela perguntou, conseguindo apenas manter a voz fria e profissional. — Se você pode ficar acordado com esta luz, você pode ir lá fora?
 — Eu não deveria dizer isso, — disse ele, dando-lhe um olhar calculista, mas depois ele deu de ombros. — Não, a luz solar é a luz solar, seja de um raio ou a coisa toda. É só o sono que posso adiar. Infelizmente, mesmo esse tempo é curto, por isso não posso seduzi-la como você merece. Mas temos tempo para fazer se você quiser. — Sua expressão era perfeitamente inocente... e não conseguiu enganá-la nem por um momento.
Lana deu-lhe um olhar sombrio, que se transformou em especulativo quando ela considerou não só o que ele disse, mas como ele disse isso. — Seu Inglês é muito bom, você sabe, — comentou. — Coloquialismos como esse, dar uns amassos, é a coisa mais difícil de aprender.
Vincent esticou os braços sobre a cabeça, em seguida, entrelaçou os dedos e recostou-se, flexionando seus músculos sedutoramente. Ele precisava que saber como ele era, tinha que estar fazendo isso de propósito.
 — Meu tenente, Michael, é americano, — disse ele, se acomodando. — Nascido e criado na Califórnia, e não há muito tempo atrás. Ele tem sido meu por menos de vinte anos. Seu espanhol é muito bom até agora, mas ele ainda prefere os entretenimentos americanos — televisão e filmes, e esportes, também. E entre nós, sempre falamos inglês. Ajuda a manter as nossas habilidades sobre a linguagem atual.
 — Bem, está funcionando.
 — Michael estará satisfeito ao saber disso. — Seus olhos caíram e ele deu-lhe um sorriso sonolento. — Minhas desculpas, querida. Nós vamos ter que deixar os amassos para mais tarde esta noite.
Seus braços caíram para os lados e ele deslizou na cama e rolou sobre o estômago. E então ele se foi.
 — Vincent? — Lana chamou, só para ter certeza. Mas não houve resposta.
Foi na ponta dos pés até a cama, em seguida, perguntou por que diabos ela estava na ponta dos pés. Ela ficou ali, admirando a perfeição física das suas costas — músculos e tendões, a curva de sua coluna e o seu bumbum apertado. Eles saíram direto de um livro de anatomia. Sentindo-se como uma pervertida por olhar fixamente, Lana rapidamente puxou o lençol até a cintura, mas não mais longe. Ia ficar ainda mais quente, antes que o dia terminasse. Ela resistiu ao forte desejo de deixar cair um beijo de boa noite em seu ombro, e afastou-se, indo até a mochila e despindo-se.
Quando ela finalmente entrou no chuveiro, descobriu que, como na maioria dos outros lugares, a pressão da água era uma merda. Mas a água era quente e abundante, por isso tomou seu tempo, lavando o suor de um dia passado caminhando subindo e descendo colinas. Ela gastou o tempo com o shampoo e condicionador para seus longos cabelos.
No momento em que abriu a porta do banheiro e espiou para fora para ter certeza que Vincent não se moveu, sentiu-se mil vezes melhor. Andando nua para a mochila, ela considerou suas opções. Se ela fosse sensata, estaria completamente vestida e dormiria sobre as cobertas como fizera no lugar da Marisol. Mas estava muito quente na sala, e Vincent não saberia a diferença, contanto que ela levantasse e se vestisse antes que ele acordasse para a noite. Ela poderia definir o alarme em seu telefone celular — que estava totalmente carregado desde que ela e Vincent se revezaram ao carregar seus telefones no SUV — para acordá-la bem antes de anoitecer. E ela trouxera um par de shorts de pijama de seda e uma regata para dormir, nunca pensando que ela poderia estar compartilhando uma cama com ninguém.
Ainda tentando convencer a si mesma, ela voltou para o banheiro e penteou os longos cabelos, tendo tempo para secá-los completamente e, provavelmente, duplicar a fatura de energia mensal do motel no processo. E, como se viu, foi o que ela decidiu. No momento em que seu cabelo estava seco, era como um cobertor quente em suas costas. E, combinado com o ar sufocante no quarto, não havia nenhuma maneira que ela fosse ficar totalmente vestida, não se quisesse dormir. E ela realmente precisava dormir.
Então, depois de verificar o tempo preciso do pôr do sol sobre o calendário que baixou para seu telefone, definiu o alarme, puxou seu short e parte superior do top, e deslizou sob os lençóis com cheiro surpreendentemente limpo.
Ela exalou um suspiro longo e aliviado quando sua cabeça bateu no travesseiro, e, antes que ela pudesse exalar o próximo, estava dormindo.
CAPÍTULO DOZE
VINCENT ACORDOU com os sons que Lana fazia dormindo ao seu lado. Ele abriu seus olhos. Ela estava ao seu lado, de costas para ele, tão perto que a curva firme de seu traseiro pressionaria sua coxa se ela respirasse um pouco mais profundo, tão perto que se ele movesse sua cabeça poderia sentir o cheiro limpo de seus lindos cabelos. Ele se virou cuidadosamente para o seu lado, e seu cabelo acariciou sua pele como seda quente. Ele ergueu-se sobre um cotovelo e congelou com a visão de um ombro nu, no brilho de sua pele à luz de baixo da caixa de cabo de LED. Apertando o lençol entre seus dois dedos, puxou-o lentamente para baixo e aspirou um longo suspiro. Este não era o seu traje usual de camiseta e jeans. Ela estava usando um par de minúsculos shorts de cetim azul, com uma fenda grande o suficiente para mostrar toda sua coxa bem torneada. E com ele, um top elástico que delineou o contorno redondo de seus seios, os mamilos gêmeos se insinuando sob o fino tecido branco.
Vincent a comeu com os olhos enquanto o brilho de cobre de sua fome tocava o brilho de sua pele. Ele foi feito de pedra e ela esperava que ele resistisse a isso? Ela não estava nem mesmo fingindo colocar distância entre eles. Na Marisol, ela dormira aqui totalmente vestida e em cima das cobertas, e era uma enorme cama. Esta cama foi apenas suficientemente grande para os dois, e ainda assim ela escolheu quase nada para vestir e pressionara a curva tentadora de seu traseiro direito contra o seu lado.
Um flash de luz chamou sua atenção e ele mudou-se com a rapidez de um vampiro. Num piscar de olhos identificou a fonte, estendeu a mão sobre ela, e desativou o som em seu telefone celular antes que pudesse tocar.
Ele olhou para o telefone e sorriu. Então era isso. Ela definiu um alarme de acordo com o que dissera a ela sobre o pôr do sol, pensando que estaria acordada e vestida antes que ele acordasse. Ele disse a ela que podia permanecer acordado após o nascer do sol. Ela, obviamente, não conseguiu definir o horário entre o nascer e pôr do sol e perceber que ele acordaria cedo também.
Seu sorriso se alargou quando deixou cair o telefone para o lado da cama, em seguida, abaixou a cabeça para aspirar seu perfume doce e quente. Ela era incomum, sua Lana. Uma mulher que era inteligente e corajosa o suficiente para infiltrar-se no composto de um traficante de drogas a fim de resgatar um vampiro que mal conhecia, e generosa o suficiente para alimentar esse vampiro com seu próprio sangue, mesmo que provavelmente nunca sequer pensasse em fazer algo assim antes. Uma caçadora de recompensas por profissão, ela estava armada até os dentes e acostumada a derrubar fugitivos, às vezes, perigosos e muito maiores do que ela, no decorrer de seu negócio. Mas apesar de tudo isso, Lana era toda mulher, com pele acetinada e cheirosa, e um monte de cabelo quente e sedoso que ele queria envolver em torno de seu punho e segurar enquanto batia profundamente no calor úmido entre suas coxas.
Ele mergulhou o nariz na curva do seu pescoço e inalou profundamente. Podia sentir o delicado buquê de seu sangue, podia ouvi-lo correndo através das veias sob a pele. Ele mal tocou seus lábios na pulsação de sua jugular, ouvindo a mudança em sua respiração e sabendo que ela iria em breve acordar e escapar dele. Ele escovou os cabelos para trás de seu rosto e havia apenas começado a colocar um pouco de espaço entre eles quando ela deu um gemido suave que disparou em linha reta para o seu pau. Ele prendeu a respiração quando ela levantou a mão e chegou por cima do ombro para a parte de trás de sua cabeça, acariciando-o, pedindo-lhe para que se aproximasse. Vincent reprimiu um rosnado de posse. Sua língua deslizou entre os dentes para saborear o doce salgado do seu pescoço, um gosto que se lembrava da noite anterior quando despertou em sua cela humana, um gosto que fazia suas presas emergirem avidamente, que endurecia seu membro ainda mais até que a ponta foi empurrando a seda que vestia.
 — Vincent, — ela sussurrou e rolou para encontrá-lo, levantando o rosto para seu beijo, seus lábios macios e cheios, a língua hesitante quando ele deslizou em sua boca, raspando as bordas de suas presas.
Vincent soltou um rosnado então, suave e baixo, enquanto aprofundava o beijo, sugando a língua em sua boca, enredando-a com a sua própria enquanto acariciava seus lábios, movendo-se lentamente, luxuosamente. Vincent adorava beijar uma mulher, amava o deslizamento de seus lábios macios contra o seu, o gosto de suas bocas. Havia pouca coisa melhor do que o primeiro toque da boca de uma mulher, o primeiro beijo que lhe dizia muito sobre ela. Ela era uma amante hesitante, era apaixonada, insegura, confiante?
Lana Arnold era tudo ao mesmo tempo. Uma mulher de profunda paixão que tinha medo de dar muito, com medo de entregar o controle. Mas então, ele sabia disso antes que a tocasse. O beijo era apenas um delicioso ponto sobre o ponto de exclamação do que ele já sabia sobre ela.
E ele queria mais.
Ele passou os dedos de uma mão em torno de seu quadril e puxou-a para a curva de seu corpo, deixando-a sentir o duro comprimento de sua excitação, cobrindo-a com seu peso muito maior.
 — Vincent, — ela sussurrou novamente, seu ondulante corpo contra ele, seus dedos torcendo em seu cabelo.
E então seus olhos se abriram e ela congelou.
Porra. Vincent não percebeu que ela estava dormindo. Sonhando com ele, talvez, provavelmente, mas definitivamente mais do que meio adormecida. E ela não estava feliz de acordar em seus braços.
 — Vincent? — Ela disse em um tom muito diferente da voz, suas bochechas assumindo um rubor quente de vergonha um instante antes de sua mão desaparecer e ela rolar para fora da cama.
— O que estava... — Ela começou a perguntar, então, tardiamente, parecendo lembrar o que estava usando, correu para a cômoda barata e se inclinou sobre a mochila para desenterrar algumas roupas. — Eu não quis dizer, não significa... Eu estava dormindo... Sonhando. Não com você, mas...
Vincent relaxou contra os travesseiros e admirando a visão de seus minúsculos shorts de cetim puxados para cima até revelar o inchaço de um lado do traseiro firme. Ele sentiu a fragrância de sua excitação. Sim, claro, preferia estar enterrado em sua boceta agora, mas a vista era agradável, e deu-lhe grande prazer só de saber que Lana Arnold queria ele o bastante para que estivesse sonhando com ele. Tal fato significava que ele a teria dentro de pouco tempo.
Lana apertou suas roupas contra o peito e fugiu para o banheiro, fechando a porta atrás dela.
Vincent pegou o celular e o colocou de volta na mesa de cabeceira onde estava, para que ela não suspeitasse de nada. Depois, deitou-se e acariciou-se, ouvindo Lana no banheiro e imaginando deslizar por trás dela e puxando aquele shortinho bonito para o lado, deslizando seu pau em sua boceta molhada e pronta, em seguida, transando com ela até que gritasse.
Ele veio com um gemido, e um sorriso no rosto.
 — Sinto muito... Por antes. Eu ainda estava dormindo, — disse Lana, fingindo estar envolvida em arrumar suas roupas. Ela estava muito envergonhada para olhar Vincent no rosto. Teria sido mais fácil se pudesse ter alegado que ele havia se aproveitado dela, que não queria que ele. Mas sabia que não era verdade. Ela estava sonhando com ele, sobre exatamente o que eles estavam fazendo quando ela finalmente acordou. Sonhou que rolava para encontrar o corpo poderoso de Vincent esmagando-a contra o colchão, seu joelho entre suas pernas, espalhando suas coxas enquanto fazia amor com ela com a boca. Em seu sonho, ela sabia que era apenas o começo do que ele faria com ela, e acolheu esse conhecimento.
Mas então acordou e percebeu que era mais do que um sonho. Ainda assim, estava tentada a deixar que continuasse. Mas Vincent sentira a mudança em sua consciência quase antes dela, e registrou sua reação de surpresa. E, maldição, ele parou. Só uma vez, ela teria gostado que ele fosse um idiota. Ele seria muito mais fácil de resistir, se fosse um idiota.
 — Não há nada para se desculpar, — ele assegurou, fechando sua bolsa e passando por dela, em direção a porta. — Você estava sonhando
Ela pensou que ele deixaria por isso, mas embora não fosse um idiota, ele ainda era Vincent.
 — Comigo, — acrescentou ele, inclinando-se para sussurrar as palavras em seu ouvido enquanto passava, seu hálito quente, fazendo cócegas, enquanto afastava alguns fios de cabelos que escaparam sua trança.
Lana estremeceu. Ela nunca quis ninguém como queria Vincent. Ela era uma mulher adulta, vinte e nove anos de idade, pelo amor de Deus. Dave Harrington poderia ter sido o seu primeiro, mas ele com certeza, como o inferno não seria seu último. Ela teve amantes bons e ruins, alguns ternos, outros... Não. Mas nunca havia experimentado o tipo de desejo puro e ardente que sentia por Vincent.
Ela se endireitou, erguendo a mochila quando Jerry saiu do quarto ao lado. Ele estava vestindo as mesmas roupas que usara no dia anterior, porque não tem mais nada. Lana a ela mesma de pedir a Vincent parar em algum lugar para que Jerry pudesse fazer compras. Mas, apesar do enrugado e sujo vestuário, Jerry parecia mais fresco e mais relaxado, e obviamente banhou-se.
 — Boa noite, Lana.
 — Oi, Jerry. Você dormiu bem?
 — Sim, obrigado.
 — Desculpe a falta de ar condicionado. Mas pelo menos havia uma cama, hein?
— Essas coisas não importam. O que importa é que, pela primeira vez em dois anos, acordei sem temer por minha vida.
Lana olhou para ele com espanto.
 — Vincent fez isso. Eu acordei e sabia que estava a salvo. — Ele deu um sorriso tingido com tristeza, em seguida, passou por ela e para fora da porta.
Ela ficou olhando para ele. Ele estava certo. Vincent fizera isso. Ele libertou Jerry de uma vida muito longa servidão horrível. Ela suspirou. A evidência foi acumulando, e foi confirmando que Vincent não era um idiota.
Cara, ela estava totalmente ferrada.
CAPÍTULO TREZE
 — ENTÃO, JERRY, — Vincent disse enquanto se afastavam do hotel, — o que você pode me dizer sobre esse Salvio Olivarez?
 — Eu acho que ele foi feito vampiro quase ao mesmo tempo que eu. Ele era um capitão da polícia mexicana antes disso.
 — Qual é o nome do seu assim chamado mestre, você sabe?
 — Domingo Poncio, mas não sei se esse é o seu nome real.
 — Provavelmente não, — Vincent comentou. — Esses caras geralmente usam os nomes das ruas. O que ele faz para o cartel?
 — Ele tortura pessoas, e depois as mata. Para obter informações principalmente. Às vezes, ele elimina rivais, embora nem sempre. Pelo menos é o que Salvio me disse. Mas nossas conversas eram curtas e raramente privadas. Normalmente, apenas algumas palavras trocadas quando os nossos mestres estavam muito ocupados com seus próprios negócios para prestar atenção em nós.
 — Será que Poncio tem um exército? Guardas pessoais? — Perguntou Lana.
 — Minha impressão era que ele trabalhava sozinho, exceto Salvio, é claro. Salvio é sua arma favorita.
Vincent grunhiu de forma audível.
 — Ele deve ter segurança no local, no entanto, — disse Lana, olhando para Vincent. — Eu não acredito que nós vamos encontrá-lo sentado em sua casa sozinho, exceto por um vampiro.
 — Eu concordo, — disse Vincent, assim que seu telefone celular tocou. Colocando um receptor Bluetooth em seu ouvido, ele respondeu.
 — Yo, Michael. — Ele ouviu brevemente, em seguida, disse — Tudo bem, temos algo para fazer em antes, mas terminaremos pelo tempo que você chegar aqui. Ligue quando você pousar. — Ele escutou um pouco mais, em seguida, acenou para o que quer que seu tenente estava dizendo. — Te vejo em breve. — Ele desligou e disse — Michael está a caminho com dois rapazes, mas não soa como se fossemos precisar dele para lidar com Poncio.
 — Eu ainda não acho — Lana se opôs.
 — Mas... — Vincent continuou dando-lhe um olhar que dizia que não havia terminado. — Vamos sondar o local de Poncio, obter a configuração do terreno, verificar a sua segurança. Se a informação de Jerry for correta e não houver ninguém, somente Salvio, entraremos. Se precisamos de reforços, vamos esperar até Mikey chegar aqui. —
 — Por que não esperar para
 — Eu não gosto de esperar.
 — Se me permite, senhor, — Jerry interrompeu da parte de trás. — Nós podemos não precisar de lutadores adicionais para Poncio, mas acredito que vamos para o mestre de Carolyn.
 — Carolyn? — Repetiu Vincent.
 — Que Carolyn?
 — Senhor, eu...
Lana virou em seu assento para olhar para trás para Jerry, surpresa com sua súbita hesitação. Ele estava tão próximo até este ponto, preciso em suas respostas, especialmente se era Vincent fazendo a pergunta. E no entanto, de repente, ele parecia incapaz, ou não querendo enfrentar qualquer um deles diretamente, baixando os olhos e virando-se para olhar pela janela.
 — Jerry? — Perguntou ela, seu estômago apertando com uma sensação de mal-estar.
 — Carolyn é outro vampiro, — ele disse, encontrando seu olhar finalmente. — Eu não sei o sobrenome dela. Nós nos víamos frequentemente, mas ela raramente falava. Eu acho que... — Ele fez uma pausa e sua mandíbula se apertou em óbvio desconforto quando desviou o olhar longe de Lana e encontrou o olhar de Vincent no espelho. — Senhor, eu não posso ter certeza —
 — Desembucha, — Vincent rosnou.
 — Eu acredito que seu mestre a está usando para algo diferente de execução. — Os dedos de Vincent agarraram o volante com tanta força que Lana pensou que racharia. Mas todos seus pensamentos sobre o volante condenado foram soprados, quando a raiva de Vincent explodiu através do interior do SUV, ao ponto de ela pensar que os vidros estourariam.
 — Sexo? — Vincent cerrou os dentes, sua voz tão profunda e gutural que mal poderia sair uma palavra.
 — Sim, senhor, — Jerry confirmou miseravelmente. — Seu mestre e outros.
 — Puta que pariu, — Vincent rosnou. — Vou destruir esse filho da puta.
 — Jerry? — Disse Lana, torcendo em seu assento para encará-lo. — Você disse que nós precisamos de mais do que três de nós para Carolyn. Por quê? — falou em voz baixa, fazendo a pergunta racional em uma tentativa de desarmar a raiva de Vincent, tão compreensível como era. A própria ideia do que acontecera com Carolyn fez Lana querer vomitar. Ela havia sido estuprada repetidas vezes enquanto impotente para resistir às ordens de seu mestre. Isso foi além de fodidamente doente.
Mas não ajudaria Carolyn se Vincent deixasse sua ira determinar sua próxima jogada.
 — Jerry? — Ela repetiu, desesperada para cortar a tensão insuportável que a raiva de Vincent estava criando.
 — Sim, — Jerry disse finalmente, soando como um homem acordando de um pesadelo. — O negócio do seu mestre é como o de Camarillo, o que significa que ele terá guardas.
Lana olhou para Vincent que estava olhando para o reflexo de Jerry de uma forma que lhe disse que sua raiva não havia diminuído nem mesmo um pouquinho.
 — Vincent, — ela disse, mantendo a voz baixa e fácil. — Você disse que Michael está trazendo apenas dois lutadores, talvez
 — Dois será mais do que suficiente, — ele rosnou. — Eu poderia pegar todos eu mesmo se fosse necessário.
 — Talvez devêssemos esperar
 — Não ficaremos esperando, — ele retrucou, espetando-a com um olhar. E o que ela viu em seus olhos naquele momento foi um assassino de sangue frio. Este não era mais o charmoso, sexy Vincent que estava determinado a seduzir todas as mulheres que conhecia. Este era o vampiro que Jerry alegou que poderia governar o México se quisesse. O vampiro reduziu a casa de Fidelia a escombros com nada além de um pensamento, rasgando a garganta de Camarillo com alegria escura estampada em seu rosto.
Teria ficado aterrorizada se visse esse olhar em outra pessoa que não fosse Vincent.
Mas não estava com medo, pelo menos não por si mesma. Sabia que sua raiva não era dirigida a ela, mas aos homens, vampiro ou não, que se aproveitaram de uma maneira bruta e cruel de uma mulher indefesa. Mais ainda, não tinha medo porque sabia que era Vincent, e ela nunca poderia ter medo dele.
 — Ok, — disse ela deliberadamente. — Então, vamos seguir o plano original. Faremos um reconhecimento do lugar de Poncio. Se parecer bom, vamos levá-lo para fora e você pode fazer a sua magia sobre Salvio como você fez com Jerry.
 — Magia, — Vincent repetiu sombriamente.
 — Eu falo como um leigo, é claro, — disse ela sendo intencionalmente obtusa. — Eu tenho certeza que não é realmente mágica, mas é o que parece para mim.
 — Magia, — ele disse de novo, mais suave desta vez, um sorriso brincando em torno de sua boca sensual enquanto a tensão no veículo regredia algumas centenas de níveis para baixo. — Tudo bem. Jerry?
 — Senhor?
 — Você pode me guiar até propriedade de Poncio?
Jerry analisou o deserto fora da janela, vendo, Lana estava certa, nada além da negra noite, apesar de sua visão de vampiro, porque simplesmente não havia mais nada lá fora. — Quando chegarmos mais perto, eu posso, — disse ele. — Há um desvio a partir desta estrada. Eu vou reconhecê-la quando a ver.
 — Ótimo. Lana, quando chegarmos lá
 — Não desperdice o seu fôlego, — disse ela, interrompendo-o. — Não vou ficar na SUV.
 — É um reconhecimento. Jerry e eu nesse estilo de discrição
 — Eu sou perfeitamente capaz de examinar um alvo sem mexer em um ninho de vespas, — informou ela. — Esse é o meu tipo de trabalho, você sabe.
 — Você mexe em muitos ninhos de vespas?
 — Ha, ha. Muito engraçado, — ela respondeu, embora em privado, estivesse emocionada e aliviada por Vincent ser capaz de ter senso de humor novamente.
 — Eu vou decidir quando chegarmos lá, — disse Vincent, como se isso fosse a palavra final.
 — Já está decidido.
 — Eu estou esperando por derramamento de sangue, — ele rosnou. — Estou me sentindo um pouco aborrecido.
A boca de Lana apertou irritada. Ela não poderia concordar com isso, e seu sorriso lhe disse que ele sabia disso.
Idiota.

VINCENT OLHOU Lana especulativamente enquanto ela estava na traseira aberta do Suburban e se preparavam para o reconhecimento da casa de Poncio. Ela atualmente estava escondendo uma variedade de facas sobre si mesma que um homem menor, ou vampiro, poderia ter considerado alarmante. Vincent achava que era sexy como inferno. Apenas olhando para ela estava lhe deixando duro. Isso não quer dizer que gostou da ideia de ela ir com ele, no entanto. Ele pensou e rejeitou a noção de a — persuadir — para ficar aqui e esperar por ele. Primeiro, porque ainda não descobrira uma forma de romper essa resistência estranha dela para o poder vampírico, mas ainda mais do que isso, ele não iria fazê-lo, porque respeitava muito para marginalizar sua mente contra a sua vontade. Além disso, se tentasse, ela provavelmente ficaria chateada como o inferno, o que tornaria muito mais difícil alcançar seu plano de estendê-la em uma cama grande e fodê-la até que ela gritasse.
Ele sorriu, pensando sobre essa eventualidade. Lana olhou de para cima naquele momento e estreitou seu olhar para ele, obviamente, achando sua expressão suspeita. Ele piscou para ela, apenas para sua própria diversão, e porque sabia que a faria ter ainda mais suspeitas.
Resmungando para si mesma, ela se voltou para suas armas, enfiando uma faca em sua bota com suficiente força para que ele fizesse uma careta.
 — É melhor se você não estiver sangrando antes de começar, — ele lembrou.
Ela soprou um suspiro de desdém. — Não preocupe sua linda cabecinha, vampiro. Eu fiz isso uma centena de vezes. E para sua informação tem uma bainha costurada sob encomenda para o encaixe.
 — Existe? — Disse ele, intrigado. — Cem vezes, você diz?
 — Pelo menos.
 — Mas quantas vezes você tirou isso?
Ela deu-lhe um olhar impaciente quando puxou para baixo e fechou a escotilha de carga. — O suficiente, — disse, mas em seguida, acrescentou: — Mas, principalmente, em treinamento.
Uma sensação incomum, desconfortável, inchou em torno do coração de Vincent em sua admissão. Ele revelou uma vulnerabilidade em Lana que sempre suspeitou que estivesse lá. Ele olhou ao redor, mas Jerry estava na frente do SUV, agachado e examinando a hacienda no pequeno vale abaixo. Vincent veio por trás de Lana e a prendeu entre seu corpo e a escotilha de carga fechada. Ele deslizou um braço em volta de sua cintura, sua mão descansando plana contra sua barriga quando ele se inclinou e descansou sua bochecha contra a lateral de sua cabeça. Ela endureceu um pouco, mas não o empurrou, o corpo tenso, à espera para ver o que ele faria.
 — Eu não vou dizer-lhe para não fazer isso, querida, — ele disse calmamente. — Mas tome cuidado. Lembre-se, você está lidando com vampiros. Jerry e eu somos mais fortes, mais rápidos e mais resistentes do que você. Poncio pode ser humano, mas ele ainda pode disparar uma arma, e Salvio é um completo desconhecido. Você é — Ele procurou uma maneira de dizer o que precisava ser dito sem que pudesse ofendê-la, sem fazer com que ela parasse de ouvir. — Mais fácil de danificar do que nós. — Ela tentou se afastar, mas ele só apertou ainda mais. — Prometa-me, Lana. Não se arrisque por mim ou Jerry. Eu preciso de você viva.
Ela suavizou o suficiente para perguntar: — Por quê?
Vincent sorriu ligeiramente e apertou o braço ao seu redor, fechando o pequeno espaço entre eles até que suas costas estivessem pressionadas a sua frente, deixando-a sentir a reação do seu corpo a ela. Ela chupou em uma respiração consciente e seu batimento cardíaco acelerou um nível.
 — Porque eu quero você na minha cama, querida, não apenas para dormir, mas para terminar o que começou mais cedo esta noite.
Sua cabeça caiu para trás contra seu ombro por um momento, então ela se virou em seus braços e ele deixou ela empurrá-lo. — Não se preocupe comigo, — ela disse rapidamente. — Eu tenho toda a intenção de ficar viva, e não apenas para você conseguir o que quer também.
Vincent agarrou seu braço, dobrando-o atrás das costas quando ele a puxou para perto e baixou a cabeça até que eles estavam respirando o ar do outro. — Você trata de permanecer viva. Eu farei o resto. — Ele beijou-a em seguida duro e exigente. Mas se pensava que ela lutaria com ele, se enganou. A outra mão veio para a parte de trás do seu pescoço, os dedos torcendo em seu cabelo enquanto ela o puxava com força e o beijava de volta rudemente. Quando ela o soltou, ambos estavam respirando rapidamente e seus olhos castanho-claros brilhavam com um desejo que combinava com o seu próprio.
 — Nós dois vamos sobreviver, — ela murmurou. — E então nós vamos conversar.
Vincent acariciou a mão pelo comprimento da sua trança e deu-lhe um puxão. — Combinado. Vamos ver o que Jerry descobriu.
Eles haviam estacionado o SUV acima da fazenda, ocultando-o atrás de uma colina para evitar a detecção de baixo. Vincent liderou o caminho para a propriedade de Poncio, rastejando nos últimos metros para não aparecer à luz da lua brilhante. Ele não sabia se a lua era tecnicamente cheia, mas estava muito perto disso. Lana deslizou ao seu lado e então os três estavam olhando para os edifícios abaixo.
 — É muito quieta para uma residência vamp, — Lana observou, puxando um pequeno par de binóculos de seu bolso. Ela mudou dos Levis apertados que estava vestindo, e agora usava um par de calças de combate pretas. Vincent gostava dos jeans, mas ela encheu os combates muito bem, também.
 — Alguém viu alguma coisa? — Perguntou Vincent.
 — Eu estou em visão noturna aqui, mas não estou vendo muito. Que tal vocês? — Lana perguntou, não tirando os binóculos de seus olhos.
 — Estamos várias horas do pôr do sol, — Jerry comentou. — Talvez eles tenham ido embora.
 — Ou talvez eles nunca foram para casa para começar. Se esse cara é um executor, ele deve viajar.
Um súbito clarão de luz fez Lana amaldiçoar enquanto deixava cair as lentes de visão noturna de seus olhos. — Droga. O que é que foi isso?
 — A dependência do lado esquerdo, — Jerry disse calmamente.
Vincent assentiu. Ele viu a mesma coisa. Alguém abriu e fechou a porta, e agora duas figuras, dois humanos, estavam atravessando o pátio longe da dependência. Eles estavam caminhando diretamente, mas sem pressa. Um seguia ligeiramente a frente do outro e havia um ar de confiança sobre ele. Movia-se como se estivesse certo de seu lugar e sem medo, mesmo que ele fosse inútil em uma luta. O cara estava acima do peso e fora de forma, com uma barriga que pairava sobre seu cinto. Sua confiança foi, sem dúvida, devida, em grande parte, à presença do homem fortemente armado que o acompanhava. Aquele se movia como um guarda-costas, mão sobre a MP5 pendurada no pescoço, a cabeça constantemente virava à esquerda e à direita enquanto examinava o quintal, em seguida, moveu-se rapidamente para abrir e conferir uma porta entre os edifícios antes que sua carga pudesse passar.
 — Ambos humanos, — disse Vincent para o benefício de Lana. Ela fez um som hmm, reconhecendo a informação enquanto colocava os binóculos em seus olhos mais uma vez.
 — Deve haver um porão no prédio à esquerda, senhor, — disse Jerry, confirmando o que Vincent estava pensando.
 — Eu concordo. Você disse que Poncio é um executor. Ele precisaria algum lugar para questionar suas vítimas, em algum lugar onde seus gritos não seriam ouvidos.
 — Sim. — Poncio é o cara gordo? — Lana perguntou de seu outro lado.
 — Sim, — Jerry confirmou.
Vincent assentiu. Ele adivinhou. — Isso torna o nosso trabalho mais fácil, — disse ele.
 — Como você sabe disso? — Lana questionou.
 — Os alvos estão divididos, — Jerry respondeu por ele. Vincent foi lembrado que este jovem fizera duas turnês em uma zona de guerra muito quente, para não mencionar quaisquer atividades nefastas que havia se envolvido ao longo dos últimos dois anos para Camarillo.
 — Mas nós não sabemos quantos ainda estão no porão, — Lana protestou. — Ou até mesmo se há realmente um porão em tudo.
 — Há um porão, — Vincent disse, confiante. — Tudo o que a sujeira abafa os sinais de vida, faz com que seja difícil dizer com certeza quantas pessoas estão lá embaixo. Mas o próprio fato de que é abafado me diz que há um porão. Ou isso, ou o edifício está blindado como um louco. Embora, se for, isso é ainda melhor. Eu prefiro invadir um edifício que um porão.
 — Nós estamos invadindo um edifício? — Perguntou Lana.
 — Invasão pode ser uma palavra muito forte. Vamos abordar tranquilamente, tirar Poncio da casa, em seguida, fazer uma entrada secreta na dependência. Se há um porão, o que eu acho provável, não teremos escolha a não ser verificá-lo.
 — Não podemos apenas jogar uma granada descer as escadas ou algo assim?
Jerry girou a cabeça a encarando em silêncio, enquanto o olhar de Vincent era um pouco mais divertido. — Você tem uma granada de mão, querida?
Lana deu de ombros, desconfortável. — Eu tenho um par de granadas de luz na minha mochila.
O sorriso de Vincent se ampliou. — Elas são legais?
 — Mais ou menos. Temos nossa fonte militar do Reino Unido. Eles vêm a calhar às vezes.
 — Estou intrigado com a parte do mais ou menos da sua resposta, mas podemos discutir isso mais tarde. Para agora, no entanto, estou relutante em usar suas granadas de luz. Se esse porão é o que eu acho que é, então Salvio provavelmente estará lá embaixo, talvez com os prisioneiros. Estou preocupado com os danos que sua granada pode fazer para os sentidos mais afinados de um vampiro. E já que estamos tentando libertar Salvio, prefiro não começar estourando seus tímpanos ou pior.
 — Ele pode se curar, — ela murmurou. — Mas e se ele tem um monte de guardas humanos lá com ele? Você poderia estar entrando em um tiroteio.
 — Eu não vou entrar em nada. Confie em mim, posso me mover rápido quando preciso. Mas vamos organizar as coisas primeiro. Jerry, quando chegarmos lá, quero que você encontre uma posição perto da saída desse edifício. Se alguém que não seja Salvio tentar sair, você pega.
 — Sim senhor.
 — Lana, você vem comigo. Faremos uma visitinha ao nosso gordo amigo Poncio.
CAPÍTULO CATORZE

LANA SEGUIU na traseira de Vincent, tentando não fazer tanto barulho como um rebanho de vacas correndo descendo a encosta. Vincent e Jerry se moviam como fantasmas. Ela não seria capaz de saber que eles estavam lá se não estivesse com eles. Mesmo assim, sabia que eles estavam se contendo, indo devagar para não deixá-la comendo poeira. Não que levantassem qualquer uma. Bastardos.
Ela estremeceu quando um outro pedaço de mato estalou sob seus pés, dando um suspiro de alívio quando eles finalmente atingiram uma base principalmente de pedra e sujeira da colina. Essa parte não foi tão diferente da sua saída do complexo de Camarillo, exceto que, neste caso, ela não se atreveu a arriscar até mesmo a mais menor luz. Tudo estava escuro na propriedade de Poncio. Não havia luzes ao longo do caminho ou no portão que Poncio usava, e nenhum sistema de segurança fora disparado em resposta à sua caminhada pelo pátio, ou sua movimentação ao longo da borda. Uma luz muito fraca apareceu de cima de um dos dois andares da residência de adobe que era a residência principal, mas foi um pouco mais do que um vislumbre na janela.
Se não fosse a luz brilhante da Lua, Lana quase estaria cega. Mas mesmo com ela, mal conseguiu evitar tropeçar em Vincent. Ele estava agachado, esperando por ela enquanto Jerry correu ao longo do canto da propriedade, usando a encosta desigual como cobertura enquanto se aproximava do celeiro onde pensavam que Salvio seria encontrado, e talvez um prisioneiro ou dois.
Lana descansou levemente uma mão no ombro de Vincent para que ele soubesse que estava lá, embora, em retrospecto, ele provavelmente não precisava da advertência, então se agachou ao seu lado. Ela rapidamente perdeu Jerry nas sombras, mas Vincent parecia seguir o seu progresso com bastante facilidade. Lana manteve os olhos no resto da propriedade, a digitalizando da esquerda para a direita.
 — Está muito quieto, — ela sussurrou. — Onde estão os animais? Os coiotes?
 — Eles são inteligentes o suficiente para saber que há um predador aos arredores esta noite, que é muito mais feroz do que eles são, — ele murmurou.
Lana franziu a testa, em seguida, pegou o lampejo branco que era o sorriso de Vincent. — Você quer dizer ... você? Ah. — Ela nunca pensou em vampiros como predadores, mas, é claro, eles eram. — Estou feliz que você esteja do meu lado, então.
 — Por que, Lana. Eu estou tocado.
Ela fez uma careta. — Você está tocado, sei. Então, o que vem depois?
 — Em seguida, você e eu vamos encontrar Señor Poncio e lembrá-lo de que existem criaturas andando esta noite que são muito mais perigosas do que ele.
 — É uma casa grande. Como você vai saber onde ele está?
 — Se o seu coração está batendo, eu vou encontrá-lo. Mas vamos ter de passar pela porta em primeiro lugar. Eu sou um vampiro. Eu não posso entrar sem um convite.
 — Essa história é verdadeira?
 — Essa é. E esse pode ser o motivo da guarda de Poncio ser humana. Ele se protege do seu próprio vampiro executor ao não convidá-lo para dentro de casa.
 — Eu não sou um vampiro, — disse ela, pensativa.
 — Não, você não é, mas não estou te mandando para aquela casa sozinha.
 — Se eu entrar, eu poderia convidá-lo uma vez que eu esteja lá?
 — Você não pode se esgueirar e depois me convidar. Você teria que ser convidada primeiro, e mesmo assim teria que trazer Poncio ou o guarda para convidar seus amigos, pelo menos indiretamente.
 — Se eu bater, o guarda provavelmente será aquele que responderá.
 — Provavelmente.
 — Então, tudo que eu preciso fazer é ser convidada para dentro, e depois arrumar um convite para o meu amigo. Não tem problema.

VINCENT OBSERVOU quando Lana se levantou e começou a tirar seu equipamento, sua jaqueta primeiro, e depois com um suspiro profundo, sua Sig, juntamente com o coldre de ombro. A jaqueta ela dobrou e deixou no chão, com a arma em cima dela. Ela tocou a arma levemente e disse: — Cuide bem isso, ok? Esta é a minha favorita.
 — A arma? — Ele perguntou, se divertindo com o fato dela ter uma arma favorita.
 — Sim, — ela disse como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ela então começou a puxar a camiseta de mangas compridas para fora da calça e puxou-a sobre a cabeça, deixando-a em nada, apenas um sutiã esportivo e camisa regata branca que ela usou para dormir.
Vincent fez uma careta. Ele não estava gostando de onde isso daria. — Lana, o que... — Sua infelicidade cresceu quando ela virou de costas para ele, levantou a camiseta e começou a abrir o sutiã de abertura frontal.
 — Que porra é essa? — Perguntou ele. Não estava realmente certo se deveria deixá-la ir lá sozinha em primeiro lugar, e este pequeno striptease dela não estava fazendo ele se sentir melhor sobre isso. Ela tirou o sutiã, puxou a blusa de volta, em seguida, virou-se para ele enquanto começava a trabalhar em sua trança.
 — Quando se trata de mulheres, os homens são facilmente distraídos, — ela disse distraidamente, enquanto passava os dedos pelo cabelo agora sem a trança e sacudiu a cabeça para soltá-lo sobre os ombros.
Vincent se endireitou ao lado dela, pelo menos em parte, para aliviar a tensão repentina de sua virilha com a visão de seus seios pressionando contra a camisa fina. Eles não eram grandes, mas eram redondos e firmes, com mamilos escuros que estavam em plena vista sob o tecido quase transparente. Ele percebeu com um sobressalto que ele acabava de provar seu ponto sobre os homens facilmente distraídos.
 — Lana, — disse ele, sua exibição também provando seu ponto. — Eu não vou deixar você
 — Você não é meu mestre, Vincent. Nós somos parceiros. Eu não preciso de sua permissão. Além disso, esta é a única coisa que vai funcionar. Você precisa entrar naquela casa e eu posso chegar lá.
Vincent olhou com raiva para ela. Era muito mais fácil trabalhar com seus vampiros. Eles faziam o que lhes era mandado.
 — Você precisa ficar perto, — disse ela, agachando-se para verificar a posição da faca oculta em sua bota. Seu cabelo caiu para frente em uma onda de seda preta, deslizando ao longo de seus braços nus e enrolando sobre os seios sem restrições, que não fizeram nada para a crescente pressão na virilha. — Eu vou ser a fêmea impotente afinal, — explicou, acrescentando seu sutiã e laço de cabelo para a pilha de equipamentos em cima de sua jaqueta.
 — O meu amigo e eu estamos andando por horas. Nosso carro quebrou, estamos perdidos em o deserto, e blá blá blá.
Ela amarrou tudo em um pacote amarrado com as mangas de sua jaqueta.
 — E se não funcionar?
Ela fez uma pausa em suas preparações para dar-lhe um olhar impaciente. — Bem, eu não sei, Vincent. Por que você não pensa em alguma coisa? Ou melhor ainda, me deseje boa sorte e leve minhas coisas para que eu possa me vestir uma vez que estivermos dentro.
Ela empurrou o pacote coberto de jaqueta para ele.
 — Você deveria ser impotente, querida, não mal-intencionada.
Seus olhos se arregalaram em afronta, então se estreitaram. — Você está tentando me irritar, então eu ficarei com medo. Mas não estou com medo. Já fiz isso antes. Não exatamente assim, porque eu não estava lidando com vampiros, mas perto o suficiente, quando eu queria entrar dentro de uma casa onde eu pensei que o meu alvo poderia estar se escondendo.
 — As muitas faces de Lana Arnold, — Vincent disse, pensativo, aceitando o casaco dela. — Tudo certo. Não podemos ver a entrada que Poncio usou, mas há provavelmente um pátio por aquele portão, com a porta para a casa do outro lado.
Vincent começou a atravessar o quintal, sem se preocupar com ocultação. Ele saberia se alguém estivesse olhando, e ninguém estava. Eles se aproximaram do grande portão de ferro forjado que Poncio e o guarda usaram antes. Abriram lentamente, com medo de fazer o tipo de ruído que alertaria o guarda. Mas as dobradiças se moveram silenciosamente, admitindo-os a uma passagem estreita cercada por várias plantas. Haviam grandes samambaias verdes, baixas vinhas cheias de pequenas flores em forma de estrela, e talos de treliça com grandes flores de trompete que subiam em ambas as paredes. Provavelmente foi uma pausa bem-vinda do sol do deserto quente durante o dia, mas à noite, ele criou uma riqueza de possíveis esconderijos.
Ele e Lana pararam na extremidade da passagem, usando a folhagem espessa para como cobertura quando finalmente avistaram a entrada da casa, juntamente com mais evidências de que alguém estava lá dentro. Agora que estavam mais perto, o esboço da persiana era o suficiente para lançar um brilho amarelo escuro no estreito pátio, e havia uma lâmpada adicional queimando atrás da sombra desenhada em uma janela ao lado da porta. Enquanto observavam, as barras estreitas de luz no andar de cima piscaram e desligaram como se alguém passasse pela janela e se movia para a sala.
 — Você acha que Poncio está lá em cima? — Lana sussurrou.
Vincent assentiu. — Provavelmente. O guarda provavelmente fica lá embaixo. — Ele parou por um momento, concentrando-se. — Não existem vampiros dentro, e apenas dois humanos. Mas não sabemos quantos estão no porão com Salvio. Eles poderiam aparecer a qualquer minuto.
 — Então é melhor eu começar.
Vincent a deteve com uma mão em seu braço. — Lana, lembre-se, você não pode mentir. Se você levá-lo a convidar sua amiga para dentro, não vai funcionar.
Ela assentiu com a cabeça. — Mas eu posso chamá-lo de amigos, certo? Embora eu não goste de você?
Vincent sorriu e segurou a mão sobre a parte de trás do seu pescoço, enredando os dedos em seu cabelo. — Você gosta de mim, querida. — Ele beijou sua boca, segurando-a mais do que deveria, dado as limitações de tempo, mas não tanto quanto ele teria gostado. — Seja cuidadosa.
Ela lambeu os lábios lentamente, os olhos brilhantes à luz do luar. — Eu vou, — ela sussurrou. — Fique perto, OK?
 — Conte com isso, — ele disse e depois recuou, cerrando os punhos, enquanto a observava andar pelo pátio.

LANA RESPIROU fundo pelo nariz, em seguida, puxou para baixo a parte superior da blusa em seus seios e atravessou o pátio aberto, tropeçando um pouco para o efeito, botas arrastando nas pedras de pavimentação, como se ela estivesse exausta demais para levantar seus pés corretamente. Ela procurou em suas memórias e lembrou-se da morte da mãe de sua amiga Gretchen no ano passado. Ela encheu sua mente com a imagem de Gretchen soluçando nos braços do marido, da filha de três anos de Gretchen chorando, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto suave, porque sua mãe estava triste e não sabia por quê. Lana chorou também, pela tristeza da amiga e pela sua própria. A mãe de Gretchen foi um ser humano caloroso e amoroso, que sempre tratou Lana como um dos seus próprios filhos. O funeral foi o dia mais triste da vida de Lana, mesmo incluindo o dia em que sua mãe voou para a Califórnia e a deixou para trás. E agora ela usou essa memória para trazer lágrimas aos seus olhos por um desempenho que talvez salvaria a vida de um vampiro que ela nem sequer conhecia.
Lágrimas transbordaram de seus olhos quando se forçou a hiperventilar, tendo respirações rápidas e superficiais até que ela teve de se inclinar contra a parede ao lado da porta para ter apoio. Estendendo a mão e bateu na porta, usando a pressão regular, em primeiro lugar, em seguida, mais difícil e mais frenético até que ela estava batendo com o punho fechado.
A porta abriu-se sem aviso e ela quase caiu no homem que estava lá. Assim que o viu, ela sabia que ele não era Poncio, o que significava que tinha razão sobre ele ser o cara na sala fechada no andar de cima. O guarda de frente para ela estava uma 9mm no coldre na cintura e uma espingarda em sua mão. Ele foi iluminado pela luz interior que era muito mais brilhante com a porta aberta, mas ela podia ver que seus cabelos e olhos eram escuros, e ele parecia ter algo em torno de quarenta. Vincent havia dito o homem era humano, e Lana não tinha nenhuma razão para duvidar dele.
 — Graças a Deus você está em casa, — ela suspirou, utilizando seu pior espanhol, quebrado. Ela se inclinou para frente para descansar as mãos sobre as coxas, olhando para ele com olhos cheios de lágrimas e deixando o generoso decote aparecer um pouco para dar-lhe uma melhor visão de seus seios sem sutiã. — Por favor, senhor, precisamos da sua ajuda. Meu amigo e eu estávamos quase sem gasolina, e saímos da estrada principal pensando que poderíamos encontrar algum posto, mas nós devemos ter lido o mapa errado ou alguma coisa, porque não havia nada lá e, depois, tentamos virar de volta, mas... — Seu discurso ofegante foi interrompido quando ela engasgou com soluços, inclinando-se levemente contra o batente enquanto lutava para recuperar o fôlego.
 — Por favor nos ajude. Se pudéssemos usar o telefone, podemos chamar... Oh meu Deus, será que existe mesmo um posto por aqui? — ela gemeu e começou a chorar com mais força, ousando estender uma mão para segurar seu braço. — Por favor... — Ela conseguiu espremer a palavra para fora entre soluços, ao mesmo tempo observando o guarda, que estava tão concentrado em seus seios que ela duvidou que ele estava ouvindo uma palavra do que dizia. Seu olhar caiu brevemente para os quadris e a barriga, foi ainda mais rapidamente para seu rosto, em seguida, de volta para ela e seios, que foram claramente delineadas abaixo da parte superior da blusa branca.
 — Relaxe, chica, — o guarda disse num inglês com sotaque, seu olhar crescendo calculado quando estendeu a mão e levantou uma mecha de cabelo de seu peito e envolveu-o em torno de seu dedo. — Eu cuidarei de você.
 — Você fala Inglês, — disse Lana, sua voz rompendo com emoção aliviada. — Oh, graças a Deus.
 — Venha para dentro, — o guarda disse suavemente, tomando seu braço nu e recuando. — Sua pele está tão fria, você deve estar com muito frio e com sede também, sim? — Ela começou a segui-lo.
 — Água? Oh Deus, sim, eu adoraria — Ela parou abruptamente e fez como se fosse recuar, libertando seu braço. — Mas eu não posso, — disse ela, fingindo estar dividida entre ir para dentro e vai voltar para seu ”amigo”. — Eu não posso deixar o meu amigo...
 — Seu amigo pode entrar também. Você pode descansar um pouco, e então vamos encontrar o seu carro e
 — Obrigado, — ela interrompeu, ofegante. — Deixe-me apenas... — Ela começou a se afastar, depois voltou. — Já voltamos. Por favor, não vá embora.
 — É claro que não, — disse ele. — Vou começar o fogo. Você vai pegar o seu amigo e vamos aquecer a ambos. — Ele se virou, saindo supostamente para acender o fogo, embora não soubesse exatamente o que ele estava fazendo, preparando uma bebida batizada para ela muito provavelmente, e talvez uma para seu — amigo — também. Inferno, talvez ele convidasse Poncio para o térreo e os dois teriam uma festa privada com os americanos estúpidos.
Lana se afastou antes que cedesse à tentação e acertasse o bastardo no rosto. Sua intenção era tão óbvia que estava espantada que ele pensou que estava enganando alguém. Ela queria esfregar o braço onde ele a tocou. Se ele tivesse sido mais descaradamente predatório, ele teria esfregando as mãos juntas como um vilão de um filme antigo. Mas então, ela já jogou de idiota sem cérebro antes e sempre funcionou. Talvez por isso, deslumbrado, ele não se perguntou como ela era tão estúpida a ponto de ter se perdido e acabou na hacienda no meio da porra de lugar nenhum.
Vincent a agarrou antes que ela tivesse dado três passos da porta aberta, envolvendo os braços ao seu redor e puxando-a para o calor de seu corpo grande.
 — Você está bem? — Ele murmurou.
Lana estremeceu, grata por ele estar ali, deixando-se desfrutar de um momento de conforto antes de se empurrar longe do seu abraço. — Estou bem. Era apenas uma encenação.
Vincent estudou brevemente, em seguida, balançou a cabeça e tirou a jaqueta. — Coloque isso, — ordenou, deslizando-a sobre os ombros.
Ela queria discutir. Ela tinha sua própria jaqueta, não precisa da dele. Mas realmente estava com frio e podia sentir o calor do seu corpo ainda aquecendo o material.
 — Obrigada. — Ela puxou-o e teve que forçar-se a não mexer feliz. Era apenas tão quente como ela pensou que seria, e cheirava como ele, também. Isso não deveria tê-la afetado tanto quanto fez. Inferno, ele não deveria afetar ela. Mas ela não podia negar o efeito tranquilizador do seu cheiro, e ela sabia que ele estava certo. Ela fez como ele, mais do que um pouco
 — Suas coisas, — disse Vincent, trazendo-a de volta para a realidade da sua situação. Este não era o momento de agir como uma colegial.
 — Obrigada, — ela disse novamente. Não querendo desistir do calor de sua jaqueta, ela colocou a pilha de suas coisas no chão, depois se inclinou para recuperar sua Sig. Deslizando-a para fora do coldre, ela trabalhou o canhão para confirmar sua carga, em seguida, manteve-o em sua mão, segurando-a contra a coxa. — É melhor irmos antes que o lover boy venha me procurar.
 — Certo. Vamos pegá-lo. Podemos deixar o guarda vivo se você tiver escrúpulos, mas Poncio tem que morrer. Assim como Camarillo e pelas mesmas razões.
 — Nenhum argumento da minha parte, — disse ela. — Como faremos isso?
Vincent sorriu. — Essa parte você pode deixar para mim.

LANA ENTROU na casa primeiro, olhando por cima do ombro nervosamente, ainda preocupada com Vincent.
Mas ele cruzou o limiar sem nenhum problema, dando-lhe uma piscadela brincalhona, enquanto fazia isso.
 — É bom ter amigos, — ele sussurrou, mas um instante depois, ele estava examinando a casa, sua expressão muito séria.
Lana ouviu um baque na direção do que parecia ser a cozinha. Arma na mão, ela deslizou em torno de uma parede divisória e o lover boy se encontrava caído no chão, um copo de água derramada ao lado dele.
Ela chegou mais perto, viu a garrafa de plástico de comprimidos no balcão, e sabia que ela tinha razão. O rótulo estava em espanhol, o nome do medicamento, no entanto era o mesmo. Flunitrazepam, o genérico para Rophynol, conhecido na rua como uma droga de estupro. Cara legal. Talvez ela deixasse Vincent matá-lo. Por outro lado, a melhor morte para ele pode ser quando seus mestres do cartel descobrissem que ele falhou em proteger Poncio e perdeu o vampiro, para começar.
 — Lana. — A voz de Vincent era suave, mas urgente, e ela correu de volta para o pé das escadas, onde ele a estava esperando.
 — Você fez isso? — Perguntou ela, sacudindo a cabeça na direção do guarda inconsciente.
 — Brincadeira de criança, — Vincent disse distraidamente e colocou um pé na escada antes de parar. — Poncio está lá em cima, — ele disse a ela. — Ninguém mais. Você vem?
Ela sabia por que ele estava perguntando, sabia o que ele estava realmente perguntando. A morte de Camarillo foi horrível, grotesca em sua violência e filme de horror classe B. Poncio seria o mesmo. Vincent estava dando a ela uma chance de cair fora.
 — Vou, — disse ela. — Estamos nisso juntos.
Vincent tomou sua mão, apertando-a com força antes de trazê-la aos lábios. — Obrigado, querida.
Lana corou em uma combinação de prazer e constrangimento, não sabia o que fizera para merecer o seu agradecimento. Só sabia que não havia nenhuma maneira deixá-lo sozinho nessa. Eles estavam na casa por causa de uma missão que ela trouxe para ele. Ela não se esconderia lá embaixo, enquanto ele fazia o trabalho sujo para que ela pudesse fingir que nunca aconteceu.
Além disso, havia toda aquela coisa. Ela não o mandaria para o perigo com um beijo e deixar por isso mesmo. Não enquanto ela pudesse lutar ao seu lado.
 — Você vai fazer com ele o que fez com Camarillo? — Ela sussurrou enquanto subiam a escadas.
 — Isso seria um pouco chato, não é? Você me considera algum tipo de homem sem imaginação? — Ele perguntou, balançando as sobrancelhas sugestivamente.
Lana revirou os olhos, mas só pela metade. Ele era fofo. Concedido, ele era devastadoramente bonito, mas também fofo de uma maneira inteligente. Mas então ocorreu-lhe que ele estava prestes a usar essa astúcia para improvisar uma forma particularmente sangrenta de matar alguém, e ele não parecia tão charmoso mais.
Vincent virou à esquerda no topo da escada, parecendo saber exatamente onde encontrar Poncio. Uma semana atrás, ela teria se surpreendido, mas aprendeu muito sobre vampiros em pouco tempo. Ele era provavelmente seguiu o som dos batimentos cardíacos, ou algo igualmente impossível.
Eles seguiram pelo corredor até um quarto na outra extremidade, longe da cozinha e na parte de trás a casa onde ficaria de frente para o deserto. Vincent deu-lhe um olhar interrogativo, e ela balançou a cabeça para dizer estava pronta. Ele abriu a porta sem avisar e entrou, ficando na porta aberta um segundo a mais do que necessário. Lana sabia que ele fez isso de propósito, certificando-se de que era seguro antes de a expor a tudo o que esperava dentro.
Quando Vincent se moveu para fora do caminho, no entanto, ela descobriu que o que os esperava dentro era apenas um homem acima do peso, de meia-idade em sua cueca, que atualmente estava cheirando cocaína. Ele endireitou, olhando em estado de choque quando eles entraram no quarto, um canudo de porcelana em uma mão, suas narinas ainda com o traço revelador de pó branco.
O primeiro pensamento de Lana era que Vincent estava indo para ficar desapontado, porque se Poncio estava voando cheio de coca, ele talvez não seria suscetível a dor. Mas então ocorreu-lhe que poderia realmente ser pior para ele. Não para dor, mas os jogos mentais que Vincent poderia usar contra ele em seu lugar. E em seguida, ela se perguntava o que diabos acontecia com ela, que poderia até mesmo abordar o assunto se não passasse de um problema para resolver.
 — ¿Y tú, chingados quién eres? — Poncio exigiu, seus olhos vidrados e piscando estupidamente. Quem diabos é você? Tardiamente, ele pareceu reconhecer o perigo e tentou agarrar a Glock 9mm no gabinete ao lado do espelho que ainda tinha três linhas puras de coca. Mas Vincent estava lá antes que Poncio chegasse em qualquer lugar perto da arma, colocando a mão no cabelo grosso do homem e puxando para trás até que ele gritou de dor.
 — Meu nome é Vincent, e você tem algo que me pertence.

 — SOY VINCENT, y tu tienes algo que me pertence — , Vincent rosnou, extraindo o cheiro do medo do humano, mais intoxicante do que qualquer droga que os seres humanos poderiam evocar.
 — ¿Qué? — Perguntou Poncio. Sua voz era um lamentável choramingo, e Vincent se sentiu maravilhou que tal fraco poderia ganhar tanto poder no mundo humano.
 — Sálvio, — Vincent respondeu à pergunta do homem, e então sorriu, deixando emergir as presas de suas gengivas com um deslizamento lento, assistindo o terror se construir no olhar de Poncio. Ele apertou mais o cabelo do homem e arrastou-o para a enorme cama. Poncio estava choramingando por todo o caminho, pedindo, explicando, insistindo que Salvio era um presente de el gran jefe, el gran vampiro. Que, se Vincent apenas ligasse para Enrique, ele veria...
Sua mendicância foi cortada abruptamente quando Vincent levantou-o pelos cabelos e jogou-o sobre a cama. Poncio gritou como uma mulher, e imediatamente tentou rastejar para longe. Vincent jogou as cobertas longe, agarrando o lençol de cetim preto e rasgando-o em quatro tiras.
Poncio empurrou-se contra a cabeceira da cama, tentando colocar distância entre ele e Vincent, e agora estava lutando para o outro lado, tentando escapar. Ele estava balbuciando de medo e fazia muito pouco sentido. Se ele tivesse alguma célula funcionando em seu cérebro, teria pulado para longe da cabeceira e simplesmente rolado de lado em primeiro lugar e corrido para a porta. Ele tinha uma melhor chance contra Lana do que Vincent, o que queria dizer, nenhuma chance. Vincent estava certo de que Lana também poderia ter impedido a fuga do homem aterrorizado. Ela era uma caçadora de recompensas; ela sabia como derrubar um homem. Se nada mais, ela provavelmente teria atirado nele. Ela não disse uma palavra sobre a morte de Camarillo, não piscou um olho quando Vincent deixou claro que ele tinha o mesmo destino previsto para Poncio. Não, Lana não o teria deixado sair pela porta.
Mas Poncio não sabia disso, o que o fez um tolo por não aproveitar a chance.
Não que isso importasse. Vincent estava sobre ele antes dele conseguir colocar os dois pés no chão, agarrando seu tornozelo e arrastando-o para o outro lado da cama, chutando e gritando. Ele conseguiu marcar um pontapé decente com o pé livre enquanto Vincent prendia o outro tornozelo ao pé da cama, e Vincent amaldiçoou silenciosamente, mais irritado do que ferido. Ele estava irritado o suficiente sobre isso, porém, que olhou para cima e puxou seu poder para desferir um golpe dirigido que estalou tíbia do homem como um galho. O filho da puta não estaria dando mais chutes. Poncio gritou, e Vincent sorriu.
Ele agarrou a perna quebrada sem piedade e amarrou-a na outra cabeceira da cama, mal registrando os gritos de agonia do homem. Seu único pensamento foi ter sido uma boa ideia usar o lençol como amarras, porque era uma maldita grande cama e Poncio não era tão grande para um cara. Havia uma boa distância entre os pés da cama e os vários membros do homem. Não que isso importaria por muito tempo.
 — Você quer que eu o amordace com alguma coisa? — Lana perguntou, e Vincent se virou para ela com um sorriso satisfeito. Como um vampiro, estava em sua natureza ser o que os humanos consideram impiedoso, mesmo cruel. Ele não via dessa forma. Ele simplesmente fazia o que precisava ser feito sem deixar nenhuma emoção inútil estragar a situação. Mas poucos humanos iriam vê-lo da mesma maneira que ele. Ele encantou-se por Lana ter compreendido. Ele estava com uma ereção apenas por ficar perto dela, acordar ao seu lado. Adicionando isso a mistura, e não havia mais desculpas. Eles estavam indo foder... em breve.
Mas primeiro...
 — Nah, deixe ele gritar, — disse Vincent, voltando-se para sua tarefa. — Não há ninguém para ouvi-lo, e ele não ficará gritando muito mais tempo. Eu não quero manter Jerry esperando.
 — Eu tenho dinheiro, — Poncio implorou, usando inglês agora, mal inteligível através de seus soluços.
 — Que coincidência, — Vincent disse secamente. — Eu também.
 — Por favor, o que você quer de mim?
 — A sua dor, na verdade, mas você pode responder a uma pergunta para mim em primeiro lugar.
 — Si, si, qualquer coisa, — ele engasgou.
 — Eu sei que você está usando Salvio como um executor, portanto, não negue. Eu quero saber quem o deu para você.
 — Señor Enrique. Pergunte a ele. Ele vai dizer-lhe que está tudo bem o que eu faço.
 — Oh, eu vou perguntar a ele. Mas não está bem. Nunca esteve bem. — E com isso, Vincent cravou ambos os punhos no peito do homem, um de cada lado, quebrando várias costelas e os conduziu em seus pulmões, retalhamento ambos os órgãos, antes de pisar para trás e observando como Poncio lutar para respirar, para gritar. Os olhos do homem cresceram comicamente arregalados, sua boca escancarada como a de um peixe, horror enchendo seu olhar quando percebeu que não havia ar.
Lana surgiu ao lado de Vincent, sua mão se movendo para a parte inferior de suas costas, avisando-o que ela estava lá. Como se ele não estivesse perfeitamente consciente de sua presença, como se não soubesse o momento em que ela começou a atravessar o quarto em sua direção.
Seus dedos cerrados na camisa de Vincent enquanto Poncio lutava por oxigênio, os lábios se transformando em azuis que eventualmente se espalhou para todo o seu rosto, um azul tingido de vermelho que beirava a roxo enquanto se esforçava contra o inevitável.
 — Quanto tempo vai demorar? — Ela perguntou suavemente, e Vincent sabia que ela não era tão blasé como gostava de fingir.
 — Eu posso acabar com isso agora, — ele disse a ela. — Devemos nos juntar a Jerry, de qualquer maneira.
Lana não disse nada no início, e ele percebeu que ela estava dividida entre querer acabar com isso e não querendo parecer fraca. Mas então ela disse: — Não podemos perder muito tempo aqui. Ainda precisamos encontrar com Michael e chegar a Carolyn.
Carolyn. Vincent amaldiçoou. Lana estava certa. Não havia tempo a perder. Ele esfaqueou uma lança de seu poder no peito de Poncio e incinerou seu coração, terminando a vida inútil do homem de uma vez por todas.
Vincent pegou o braço de Lana quando se virou, momentaneamente assustado com a visão fresca de seu peito sem sutiã embaixo da blusa branca e coberto por sua jaqueta. Merda.
 — Você deve se vestir antes de ir para o celeiro.
 — Eu estou bem, se você não quer que-
 — Você vai se vestir, Lana. Só vai demorar um momento, e está frio, — acrescentou, embora soasse fraco até mesmo para seus próprios ouvidos. A verdade era que ele não queria que Jerry ou Salvio ou qualquer outra pessoa pudesse vê-la como aquilo.
 — Sim, senhor, mestre, senhor, — ela disse, mas parecia mais divertida do que qualquer outra coisa. Vincent suspeitava que ela sabia a verdadeira razão dele querer ela coberta.
Eles não se demoraram na casa. Poncio deu o que eles queriam. Vincent passou à frente dela descendo as escadas, principalmente para que pudesse pegar a trouxa de roupa e trazê-la de volta para dentro.
O guarda na cozinha estava apagado e ficaria assim por várias horas ainda. Então, não havia nenhuma razão para que ela fosse para fora... onde qualquer pessoa poderia vê-la.
Lana tirou a jaqueta, e depois desapareceu na sala de estar em frente à cozinha para pegar suas roupas. Levou apenas alguns minutos, mas quando voltou, ele viu que o sutiã estava de volta no lugar, bem como sua camiseta de mangas compridas, e que seu arnês fora mais uma vez colocado no lugar quando ela puxou seu próprio casaco sobre ele.
 — Então, qual é o plano? — Perguntou ela, entregando-lhe de volta sua jaqueta, e depois trabalhando para voltar a trançar seu cabelo.
 — Eu não tenho certeza, mas é muito provável que Salvio sentiu a morte de Poncio. Se Poncio fosse um mestre vampiro, Salvio com certeza saberia. Mas se — Vincent congelou quando um súbito e forte fio de alarme sacudiu seus sentidos. Não era sua própria percepção, o que significava... Jerry. Não havia outro vampiro em torno que pertencesse a ele.
 — Vamos, — disse ele com urgência. — Algo aconteceu.
Ele teria esperado por Lana, mas ela deu um tapa no ombro e disse: — Vá. Vou em seguida.
Vincent fez uma pesquisa rápida para ter certeza de que não havia perigo à espreita nas sombras, em seguida, decolou com uma explosão de velocidade vampírica que teve ele fora do pátio e à vista do celeiro em um momento.
Jerry não estava mais escondido nas sombras, mas mudou-se para o centro do quintal. Ele estava olhando para o celeiro onde Vincent podia ver o contorno de uma luz brilhante ao redor da porta fechada.
 — Jerry? — Perguntou.
 — Senhor, — disse Jerry, reconhecendo-o.
 — Lana? — Perguntou. — Bem aqui, — Lana disse antes que Vincent pudesse responder. Ela veio atrás deles, nem mesmo com ligeira falta de ar em seu prazo.
 — Eu ouvi tiros, senhor, armas automáticas, e gritos. Muitos gritos, — disse Jerry. — Não uma pessoa, mas muitas.
Vincent franziu a testa, contemplando as possibilidades. Mas, em seguida, a porta do celeiro se abriu e ele não o teve que fazer mais. Uma única pessoa foi mostrada em silhueta no vão da porta, um vampiro, não um humano. Salvio?
Jerry começou a avançar e o vampiro desconhecido fez o mesmo, tropeçando de joelhos quando o dois estavam menos de dez pés afastados. Ele havia sido baleado. Seu peito era uma confusão sangrenta, e seu braço esquerdo parecia quebrado na melhor das hipóteses, devastado por tiros na pior das hipóteses.
 — Jerry? — Disse o novo vampiro, sua voz fraca com a perda de sangue.
 — Está tudo bem, Sálvio, — Jerry garantiu-lhe, correndo para ajoelhar-se ao seu lado. Ele falou inglês, o que disse a Vincent que Salvio, pelo menos, entendia a linguagem.
 — Meu mestre humano está morto, — Jerry continuou, — Assim como o seu.
Salvio assentiu fracamente. — Eu senti sua morte. Era a minha chance. — Ele tentou apoiar-se usando o seu braço ferido e engasgou. Sua voz, quando ele continuou, estava apertada com a dor. — Eu matei meus guardas para fugir. O outro prisioneiro, o que eu estava questionando, morreu no fogo cruzado.
Jerry colocou a mão no ombro de Salvio, num gesto de apoio, em seguida, deu um aceno de cabeça para indicar Vincent, que ainda estava logo atrás dele. — Este é — ele começou a dizer.
Mas Vincent falou, sem esperar por uma introdução. Havia um protocolo entre os vampiros, e não inclui a espera de vampiros menores para fazer apresentações.
 — Sálvio, — disse ele. — Eu sou Vincent. — Ele mostrou seu poder por um instante, tempo suficiente para que Salvio saber quem e o que agora enfrentava.
 — Meu senhor, — Salvio sussurrou, a cabeça baixa, ombros caídos em resignação. Vincent sentiu um momento de pena do vampiro. Salvio assumiu que passou de uma frigideira proverbial para o fogo. De um mestre cruel para outro ainda pior, com apenas um tempo para respirar o ar fresco da liberdade no meio.
 — Está tudo bem, Salvio, — Jerry estava dizendo. Ele descansou a mão suavemente no ombro do amigo em reafirmação. — Senhor Vincent não é como nossos mestres humanos. Você vai ver por si mesmo. Há um mundo novo para nós, meu amigo.
 — Salvio, — repetiu Vincent, exigindo atenção quando ele parou diante do vampiro ajoelhado. — Seu mestre humano está morto. Eu o matei. Se ele fosse vampiro, isso o faria meu. Mas sua situação, como a de Jerry, não é tão simples. Enrique escravizou você a um humano, o que vai contra todos os princípios da sociedade vampírica. Mas ele ainda é o seu Sire, e por agora, você pertence a ele. Então, eu estou oferecendo-lhe uma escolha. Você pode voltar para Enrique, que pode muito bem entregar-te a outro ser humano, se não o executar no local por saber demais. Ou... você pode jurar sua lealdade para mim. Mas saiba disso, Salvio, eu não tolero deslealdade no meu povo. A traição é punida de forma rápida e permanentemente.
 — Senhor, posso? — Perguntou Jerry, olhando para Vincent.
Vincent fez uma careta. Ele não queria Salvio persuadido contra a sua vontade. Por outro lado, dada a sua experiência com Enrique, o vampiro não tinha motivos para confiar em nada que Vincent dissesse. Ele acenou para Jerry ir em frente.
 — Salvio, você me conhece. Nossas situações eram as mesmas, e eu estou lhe dizendo, você pode confiar no Senhor Vincent.
Salvio olhou para o último. Ele era menor que Jerry, com cabelos e olhos escuros, e os traços característicos de ascendência indígena mexicana.
 — Como posso fazer isso? — Ele perguntou, e Vincent percebeu que, apesar de sua aparência mexicana, ele passara tempo suficiente perto dos EUA o que o permitiu compreender e falar o inglês Americano.
 — Seu sobrenome é Olivarez, certo, Salvio? — Vincent perguntou quando tirou a jaqueta mais uma vez e entregou a Lana. Ela tomou-a, e, em seguida, sem dizer uma palavra, entregou a mesma pequena faca que ele usou antes. Ele sorriu enquanto ela se movia ligeiramente para longe dele. Longe o suficiente para estar fora do seu caminho se Salvio fizesse um movimento hostil, mas perto o suficiente para que pudesse ver o que estava acontecendo. Poderia ter sido curiosidade de sua parte, ou um desejo de estar dentro do alcance se ele precisasse dela. Mas, fosse o que fosse, deu-lhe uma sensação estranha e calorosa de que ela não se esquivava do que ele era. Assim como ela não ficou horrorizada com o que fizera para Poncio, ela não foi tocada pelo sangrento aspecto do ritual que ele estava prestes a se envolver com Salvio.
 — Sim, mestre, — Salvio respondeu. — Meu último nome é Olivarez. Minha família é de Los Cabos.
Vincent deu-lhe um olhar de pena. — Não mais, Salvio. Sua família sou eu agora.
Lágrimas encheram os olhos de Salvio, mas ele balançou a cabeça. — Eu sei.
Vincent tocou a cabeça inclinada do jovem vampiro brevemente. — Eles vão ficar melhor, mijo. — Lembrou-se o que era deixar sua família para trás sem ao menos uma carta a dizer adeus. Era como deveria ser, mas isso não torna mais fácil.
Com estes pensamentos correndo em sua cabeça, cortou o braço aberto com a faca de Lana. Doeu como um filho da puta, mas manteve sua expressão cuidadosamente em branco. Não seria bom para deixar os novatos saberem que até mesmo um poderoso vampiro podia sentir dor.
Ele baixou o braço e o sangue subiu da ferida, que correu para sua mão em concha. Ele estendeu a mão sangrenta para o vampiro ajoelhado e falou as palavras formais.
 — Você vem a mim por sua própria vontade e desejo, Salvio?
Os olhos escuros de Salvio estavam ligeiramente confusos quando olhou para Vincent, mas, em seguida, suas narinas captaram o rico cheiro do sangue de Vincent, e a perplexidade transformou-se em fome crua.
 — Eu faço, mestre, — ele rosnou.
 — E é isso o que você realmente deseja? — Vincent exigiu.
 — Sim mestre. Por favor. — Elas não foram as palavras formais, mas elas serviam.
Vincent ofereceu sua mão em concha e disse: — Então beba, Salvio Olivarez, e seja meu.
Lana assistiu o ritual que, aparentemente, ligaria Salvio a Vincent, de alguma forma vampírica. Ela não fingiu entender os laços, mas não podia negar que eles estavam lá. Ela viu a transição em Jerry. Não só em sua devoção recém-descoberta para Vincent, mas a iluminação de toda a sua persona, como se ele tivesse carregado algum peso enorme nos dois anos que ele foi escravizado por Camarillo e agora estava livre disso. Embora ele não estivesse realmente livre. Ou ele estava? Era tudo muito confuso e ela fez uma observação a si mesma para pedir que Vincent falasse sobre isso na próxima vez que eles estivessem sozinhos.
E esse pensamento a fez tremer em antecipação. Se fosse inteligente, ela faria questão de nunca mais estar sozinha com Vincent novamente. Mas (a) ela não era tão inteligente, e (b) ela não queria ser tão inteligente. O que ela queria era apenas uma noite com o corpo nu de Vincent só para ela. Ela mal provou o que ele poderia fazer quando acordaram juntos anteriormente, ou melhor, quando despertou em seus braços. Tudo que fizeram foi beijar, mas ela ainda podia sentir o calor de seu desejo por ele como um incêndio depositado em sua barriga que foi aguardando o seu tempo. E quando chegasse a hora, ela sabia que iria queimar incandescente. Viu isso toda vez que Vincent olhava para ela, viu a fome em seu olhar, a promessa do que estava por vir.
Uma pequena brisa atravessou o quintal, trazendo consigo o cheiro de cobre de sangue. Lana piscou visões de distância de um Vincent nu e centrou-se na cena sangrenta a sua frente. Este novo vampiro, Salvio, passou claramente pelo inferno e sobreviveu. Seu braço parecia que estava prestes a cair, e sua camisa estava agarrada ao peito e dura com o sangue. Ele provavelmente era sortudo por estar vivo desde que Jerry disse ter ouvido armas automáticas. Leighton havia dito a Lana que qualquer coisa que destruísse o coração de um vampiro o mataria, ela achava que sendo rasgado ao meio por balas faria o truque.
Salvio estremeceu quando ele bebeu o sangue de Vincent, e Lana teve um flashback momentâneo de quão bem que sentiu quando Vincent bebeu de seu sangue. Perguntou-se se provando o seu sangue era a mesma emoção, ou se isso era apenas para os vampiros.
Depois de alguns minutos, Vincent descansou a mão livre sobre a cabeça de Salvio e afastou-se da boca questionadora do jovem vampiro. Salvio deu um suspiro de satisfação — era saciedade, bem-aventurança. Por outro lado, quando olhou para o rosto de Vincent, ela pegou um flash de exaustão enquanto olhava para seu braço devastado.
 — Deixe-me, — disse ela instantaneamente, puxando-o para longe dos outros dois vampiros. Jerry era um bom cara, e não tinha nenhuma razão para pensar que Salvio não era o mesmo, mas eles olhavam para Vincent por tudo, e agora, ele precisava de alguém para cuidar dele, em vez do contrário.
 — Vamos lá, — disse ela, puxando-o pelo quintal para um banco de madeira rústica que se sentava ao lado de um poste de amarração antiquado que provavelmente nunca vi um cavalo. — Sente-se, — disse ela.
Vincent sorriu quando ela mandou nele, mas fez o que ela pediu, sem comentários, o que disse a ela o quanto ele estava cansado. Quando foi a última vez que ele teve sangue? Ele alimentou Jerry e agora Salvio, mas ele foi drenado por essa cadela Fidelia Reyes apenas dois dias atrás e ele só tinha alimentou-se de Lana uma única vez.
 — Você está bem? — Ela perguntou em um murmúrio que foi feito para os seus ouvidos. Tomando a faca dele, ela a limpou na perna da calça e colocou-a de volta no bolso. Ela limparia corretamente mais tarde.
 — Eu ficarei, — Vincent assegurou.
 — Deixe-me limpar isso. Eu tenho meu kit maior no SUV, mas... — Ela puxou o pequeno kit de primeiros socorros que carregava com ela não importava onde fosse. Felizmente, ela pensou em reabastecê-lo depois de usá-lo em Vincent na outra noite.
Ela virou o braço de Vincent para a luz da lua quase cheia para que pudesse ver o estrago melhor. Sua boca se apertou com o que encontrou. Foi o mesmo braço que ele alimentou Jerry, o braço que curou extremamente rápido, mas ainda apresentava as cicatrizes esbranquiçadas da alimentação de Jerry. Ou melhor, que tinha antes de Vincent ter cortado novamente para alimentar Salvio.
 — Isso tem que parar, — ela murmurou, e Vincent riu.
 — Isso nunca para, querida. É o que nós somos.
 — Não existe alguma outra maneira?
 — Infelizmente não. Nós somos criaturas de sangue.
Lana suspirou. — Eu não suponho que você me deixará levá-lo de volta para a cozinha para limpar isso.
 — Não temos tempo.
 — Isso foi o que eu pensei. — Lana começou a abrir os pacotes de gaze. Ela não tinha muitos. Era um kit de viagem, depois de tudo. Mas, em seguida, seu trabalho principal aqui era para limpar o sangue desde que o super sistema de Vincent iria curar-se sem qualquer ajuda dela. Ela usou a gaze regular primeiro, terminando com os toalhas anti-sépticas. Quando terminou, a ferida parou de sangrar. Ela ainda parecia irritada e crua, mas o sangue estava coagulando em alguns pontos mais próximos de seu pulso onde a faca abrira caminho até seu cotovelo.
Lana empurrou a imagem horrível para longe, então olhou para a pequena pilha de ligaduras ensanguentadas a seus pés.
 — Não precisamos queimar estes ou algo assim?
 — Quer dizer, porque o meu sangue está sobre eles?
 — Bem, sim.
Vincent deu-lhe um sorriso torto. — Não somos bruxas, Lana. Ninguém vai lançar um feitiço em mim. — Sem aviso, ele se inclinou tão perto que sua barba fazia cócegas na pele abaixo de sua orelha, sua respiração um sopro de calor quando ele sussurrou: — Exceto você.
O desejo surgiu, e de repente, suas roupas eram muito quentes, muito apertadas. Ela pegou a pilha de ataduras, esmagando-as em seus punhos junto com os invólucros de papel enquanto ela parava. — Eu não posso simplesmente deixar isso aqui. Não é ... higiênico.
Ouviu-se falar e sabia que ela soou como um idiota certinha, mas Vincent... enervava.
Ele a fez sentir coisas que ela nunca sentira por outro homem, coisas que ameaçavam fazê-la esquecer tudo de sua formação, sua experiência, e seu senso comum.
 — Eu só vou... — Ela fez um gesto com as mãos unidas. — Eu tenho um isqueiro.
 — Como quiser, — disse Vincent com um sorriso. — Vou descansar aqui, tudo bem?
Lana tinha certeza que ele estava tirando sarro dela, que ele não precisava descansar. Mas isso estava tudo bem. Enquanto ele ficasse onde estava e ela fosse longe o suficiente dele, ela poderia pensar.
Ela encontrou um local afastado. Não havia necessidade de iniciar um incêndio apenas para acalmar seus hormônios galopantes. Ela fez um belo monte com as bandagens, em seguida, acendeu o isqueiro sob um único ramo de mato que colocou na parte inferior da pilha. Ele brilhou rapidamente, os invólucros de papel alimentando o fogo até as ataduras começaram a queimar.
No momento em que sua mini fogueira foi reduzida a cinzas, Vincent atravessou o pátio e foi se aproximando dela, impaciente.
 — Vamos. — Ele começou a acrescentar algo, mas, em seguida, pegou o telefone celular. — Michael, — disse ele e Lana percebeu que o telefone deve ter estado no modo de vibração para o ataque furtivo sobre Poncio. Ela teve um momento de constrangimento porque não fez o mesmo. Então, novamente, ela não fez muito isso de esgueirar-se em seu negócio como uma caçadora de recompensas. Claro, ela frequentemente fingia ser alguém que não era e com a mesma frequência mentia para burro, e havia horas sentada em seu SUV na vigilância, mas ela não rastejava muito no escuro.
 — Estaremos lá dentro de uma hora, — disse Vincent depois de ouvir por um momento. — Eu vou atualizá-lo então.
Ele desligou, depois virou campainha de seu telefone de volta e colocou-o no bolso.
 — Michael está no aeroporto. Vamos deixar Salvio no avião quando chegarmos lá. Ele não poderá lutar mais essa noite.
 — Você deveria deixá-lo sozinho desse jeito?
 — Ele não estará sozinho. Michael trouxe um par de soldados vamp, mais guardas de luz do dia. Um dos vampiros e todos os guardas de luz do dia vão ficar para trás. — Ele hesitou, depois acrescentou: — Você também deveria. Este próximo cara não vai ser tão fácil quanto o gordo do Poncio. Teremos luta a frente.
Lana não dignaria sua sugestão com uma resposta. Ela simplesmente deu-lhe um olhar de foda-se e caminhou até onde Jerry e Salvio estavam à espera. Ela não se incomodou em atualizá-los, porque suas orelhas de morcego teriam pego toda a conversa. Ela estava começando a apreciar o quanto era difícil manter qualquer coisa privada com vampiros ao redor. Ela teria que lembrar disso no futuro.
 — Como está se sentindo, Salvio? — Perguntou ela. Foi uma resposta humana a seus ferimentos; ela sabia disso. Mas ela era humana, não era? Como mais ela poderia se comportar?
 — Melhor, — disse ele, parecendo quase incapaz de olhar para ela. — Muito melhor. Obrigado senhorita.
Lana suspirou. Esta já havia sido uma longa noite e não foi sequer metade. — Me chame de Lana, — ela lhe disse, e em seguida, virou-se e se dirigiu para a colina que teria que subir a fim de obter de volta o SUV. Ocorreu-lhe que ela estava fazendo uma enorme quantidade de caminhadas e escaladas neste trabalho. Além do mais, ela provavelmente estava perdendo peso, o que nem sempre era o caso. Tudo isso de estar sentada e à espera de um fugitivo, muitas vezes significava lanches e cafeína.
Vincent a alcançou antes que estivesse no meio da encosta. — Você está bem? — Ele perguntou.
 — Excelente.
 — Todo homem vivo sabe que quando uma mulher diz excelente, isso normalmente significa o oposto. Diga-me o que está errado.
 — Eu estou indo atrás de Carolyn com você.
 — Eu sei.
 — Você poderá ficar feliz de eu estar lá enfim.
 — Estou feliz agora.
 — Não, você não está. Você gostaria de enfiar-me em um canto em algum lugar até que esteja pronto para ir para cama todas as manhãs, em seguida, puxar-me para fora, me deixar um pouco louca com sua paquera inútil, em seguida, colocar-me de volta no canto.
Eles chegaram ao topo da colina e Lana bateu seus pés, tentando tirar um pouco da sujeira que se agarrava em suas botas. Ela começou a descer a curta distância em direção ao SUV, mas Vincent a agarrou pelo braço, puxando-a para a parar.
 — Eu a deixo louca? — Ele perguntou, sua voz profunda, lenta e sexy. Lana olhou para ele, sem surpresa pelo seu comentário sobre o — louca — foi o que ele se agarrou. Ela olhou para baixo do morro, onde Jerry e Salvio estavam apenas começando a subir, e disse baixinho:
 — Você sabe você que sim, Vincent. É por isso que você faz. Você gosta de brincar.
 — Eu gosto de fazer outras coisas, também, querida.
 — Grande discurso, — disse ela. Então, se perguntando que jogo ela estava jogando e se ela de repente perdeu a sua mente, ela puxou o braço para fora do aperto de Vincent e continuou até onde o SUV esperava.
Ela ouviu as fechaduras abrindo quando se inclinou sobre as escotilhas de carga e olhou de volta para acenar seu agradecimento a Vincent, que ainda estava em pé no topo do morro, observando-a.
Deixe-o assistir. Ela tinha coisas para fazer. Abrindo as escotilhas de carga, ela puxou sua mochila e esvaziou seus bolsos, mantendo a Sig e suas facas. Ela fez uma nota mental para reabastecer seu primeiro kit de emergência, mais uma vez, em seguida, fechou a escotilha e abriu a porta do passageiro de trás.
 — Sente-se na frente, — Vincent ordenou. — Estou dirigindo. Jerry e Salvio vão na parte de trás.
Lana abriu a boca para protestar, mas, no final, ela simplesmente deu de ombros e deslizou para o banco da frente ao invés disso.

VINCENT OLHOU para Lana enquanto seguiam de volta para a estrada principal. Foi um trecho irregular, mas ela agarrou-se a barra acima da porta e saltou junto com o resto deles. Ela não disse uma palavra desde que retornaram para o Suburban, e ele não conseguia descobrir se ela estava chateada ou desapontada. Isso não era típico para ele. Ele era muito bom com as mulheres, bom em agradá-las, e em descobrir o que queriam dele. Ele era experiente com as mulheres a sua volta. Mas, em seguida, a maioria de seus relacionamentos com as mulheres foram de curta duração e envolvia muito sexo e sangue. Mesmo sua relação com Marisol, a quem ele conhecia há mais de uma década, foi baseada no sexo. Foram amantes que descobriram um amor compartilhado pelo violão clássico. Mas sexo e sangue ainda estavam no cerne. Normalmente, quando a visitava, ele lhe dava um pouco de seu sangue. Apenas o suficiente para prolongar a sua juventude e, mais importante para Marisol, sua aparência. Não a manteria jovem para sempre, não a faria imortal ou amarrar sua vida a Vincent, mas ela sempre parecia mais jovem do que realmente era. Ele não duvidava de que houve verdadeira afeição lá, mas não era exatamente uma amizade.
Talvez não fosse possível para um homem ser apenas amigo de uma mulher. Claro, ele não queria ser amigo de Lana. Ela pensou que ele estava brincando com ela. E talvez estivesse, um pouco. Ele gostava de provocar, gostava de flertar. Mas se ela achava que era tudo o que era, ela teria uma dura surpresa. Ele sorriu para si mesmo com o pensamento de exatamente quão difícil essa lição seria.
 — Mestre? — Jerry chamou do banco traseiro.
 — Sim, Jerry.
 — Você ainda pretende lidar com Carolyn esta noite?
 — Absolutamente. É por isso que encontraremos meu tenente, Michael, no aeroporto. Ele trouxe alguns lutadores, bem como guardas de luz do dia apenas no caso de precisarmos deles. Algum de vocês sabe o nome de chefe de Carolyn? — Ele não conseguia se referir ao humano que havia escravizado ela — coma ajuda de Enrique — como seu mestre.
 — Ele não é seu chefe, — Salvio murmurou. — Ele é seu mestre.
 — Não, ele não é, — Vincent disse bruscamente. — Sua primeira lição, Salvio. Nenhum humano pode dominar um vampiro. Vocês três foram traídos por Enrique quando ele escravizou vocês para os humanos, mas assim como seu Sire, ele também era o seu mestre.
 — Não importa do que você o chama, — Salvio respondeu, com a voz mais forte e mais irritado. — Eu era um cão e Poncio tinha a coleira.
 — E agora ele está morto, — Vincent disse suavemente. A dinâmica da sociedade vampírica exigia que Salvio soubesse o seu lugar na estrutura de poder logo no início. Qualquer outra coisa o traria a morte muito rapidamente, quer por alguém — como Michael — que se ofenderia em nome de Vincent, ou por Vincent se ficasse bravo o suficiente. Então, se assegurou de que suas próximas palavras tivessem o açoite do seu poder — não o suficiente para prejudicar, mas o suficiente para ter certeza de Salvio compreendia. — Mas entenda que eu não sou aquele verme do Poncio, nem mesmo perto. Eu não escravizo aqueles que estão juramentados para mim. Eles, e você, têm uma escolha de como você vive sua vida. Se você quiser vender livros, ir à escola, ser um fazendeiro — embora essa última possa ser difícil à noite, você é livre para fazê-lo. Se você quer ser um lutador, você vai se juntar às fileiras das minha guarda e lutar apenas para mim. Mas você vai me respeitar e vai honrar o vínculo entre nós. Se você falhar, ou se você me trair, a punição será muito pior do que qualquer coisa Poncio poderia vir a fazer.
Salvio ficou em silêncio por um longo tempo, então ele disse: — Perdoe-me, mestre.
Vincent revirou os olhos. O destino que o salve do bebê vampiro. Já era ruim o suficiente para ele porque Lana dava sinais controversos, agora ele precisava lidar com Salvio que não sabia a diferença entre um humano que o tratava como um escravo e um verdadeiro mestre vampiro. E por falar em Lana, ele a pegou olhando para ele e deu-lhe um olhar que dizia que inferno que você quer de mim?
E ela deu-lhe um olhar silencioso de volta, que respondeu Olha quem está falando.
Vincent queria grunhir, mas em vez disso, ele afrouxou sua mandíbula o suficiente para lembrar os dois novatos em banco de trás de sua pergunta anterior. — O nome do chefe de Carolyn?
 — Albert Serrana, — Salvio disse, soando um pouco mal-humorado. — Ele tem uma propriedade a noroeste de Pénjamo, talvez 80 km — cinquenta milhas — e, sim, muitos mais guardas do que o meu... do que Poncio possuía.
 — Por que isso? — Perguntou Lana, provavelmente porque mesmo seus sentidos humanos estavam captando a tensão no veículo. Talvez esperasse que o toque de uma mulher tornaria mais fácil extrair a informação. Talvez ela tivesse um ponto.
 — Meu ... Quer dizer, Poncio
Vincent voltou a cerrar os dentes, perguntando o que ele estava pensando. Teria sido tão muito mais fácil deixar outras pessoas educar os novos vampiros nas realidades e protocolos da vida como um vampiro.
 — Era um especialista, alguém que os outros chamavam para extrair informações através da tortura, que é algo que ele gostava. A tortura, muitas vezes durava muito tempo depois da informação ter sido entregue, — ele adicionou com nenhuma emoção. — Mas ele precisava de pouco em termos de segurança. Serrana, por outro lado, é como Señor Camarillo de Jerry, diretamente envolvido na colheita e transporte de produtos, o que exige muitos guardas armados.
 — Quantos? — Lana perguntou antes que Vincent pudesse chegar a isso.
 — Depende de onde eles estão no ciclo de distribuição, mas eu o vi com até trinta homens. Claro, que poderia ter sido uma exibição para o meu... para o benefício de Poncio.
 — Será que Michael tem o suficiente — Lana começou a perguntar.
 — Eu disse a você, apenas eu e Michael seríamos suficientes, — Vincent interrompeu, sabendo que estava sendo rude, mas estava cansado de ter que adivinhar o que estava acontecendo em seu veículo. Ele era muito mais acostumado que sua palavra fosse tomada por lei sem alguém questionando suas decisões.
Lana ergueu as sobrancelhas e voltou a olhar pela janela.
Ótimo. Quão longe era essa porra de aeroporto de qualquer maneira?
CAPÍTULO QUINZE
VINCENT não achava que ele já tivera uma visão mais doce do que o aeroporto internacional em Silao. Isso ainda ficava a uma certa distância de Pénjamo, mas tudo bem, porque estava ao norte da cidade, o que significava que esta noite ele chegaria lá mais cedo. E isso era tudo para o bem. Além disso, o único outro aeroporto na área não poderia lidar com o Gulfstream 450 que era o jato particular de Vincent. Ele possuía um par de pequenos prop-jatos, mas raramente voava naqueles. Ele raramente viajava sozinho e era realmente necessária uma grande aeronave para ele e seus funcionários.
Ele ligou para Michael assim que o aeroporto entrou em exibição.
 — Sire.
 — Yo, Mikey. Eu estou aqui. — Ele conseguiu se impedir de adicionar um — Graças a Deus — para a declaração, imaginando que seus passageiros poderiam se ofender. Não que se preocupasse com Jerry ou Salvio, mas ele possuía planos para Lana que não incluíam ela chateada com ele.
 — Devo transmitir alguma ordem para pegá-lo, meu senhor? — Perguntou Michael.
 — Eu não quero ser detido, imbecil. Apenas me diga para onde ir.
Michael riu, e Vincent levou um momento para se alegrar de estar de volta com vampiros que compreendiam o que significava ser um vampiro. Ele sabia que não era culpa dos vampiros bebês que não tinham nenhuma pista, mas isso não os tornava mais fáceis de lidar.
 — Passe o terminal principal. Você vai ver algumas construções, em seguida, a aviação geral. Não é um enorme aeroporto, mas temos um hangar privado para nós. Estarei esperando lá fora.
Vincent fez a curva indicada, mas não precisou das instruções a partir daí. Ele podia sentir o traçado do sangue de seu filho. Sua ligação com Michael era mais forte do que qualquer outra, mais forte do que o laço para o seu próprio Sire, Enrique, muito mais forte do que o que ele teve com vampiros como Jerry que foram jurados a ele como mestre, mas não eram vampiros de sua própria criação.
Ele passou o terminal principal e o local da construção, em fase precoce do que os sinais diziam que iria eventualmente, ser um terminal de cargas. E então, finalmente, ele viu o hangar único que foi reservado para jatos particulares. Era dividido em três compartimentos, o que era longe do ideal, pelo menos para os propósitos de Vincent. Ele preferia muito mais um hangar individual, especialmente se qualquer um de seu pessoal tivesse que passar o dia aqui. Ele esperava que Michael tivesse trazido pilotos humanos também, apenas no caso de ter que retornar na parte da manhã.
Michael estava do lado de fora, esperando por eles. Ele acenou, dirigindo Vincent para a direita no hangar ao lado do jato.
Vincent estacionou onde Michael indicara, desligou o motor e abriu a porta.
Michael estava esperando lá fora. — Sire! — Disse ele, o tom formal, contradizendo o grande sorriso em seu rosto.
 — Mikey! — Vincent estava igualmente feliz em ver seu tenente. Vincent era bem quisto em Hermosillo, e sabia que vários vampiros ficariam ao seu lado em uma luta... Desde que o inimigo não fosse Enrique. Mas o único vampiro que podia confiar completamente para ter as suas costas era Michael, e ele sentia falta de ter essa força atrás dele. Vincent puxou para um abraço que terminou com os dois batendo-se mutuamente nas costas para afirmar sua masculinidade.
 — Estou feliz que você esteja aqui, — ele disse calmamente, deixando um pouco da seriedade da sua situação infiltrar-se o prazer de ver um ao outro.
 — Estou feliz de estar aqui. Sem desrespeito, Sire, mas eu estou olhando para esse cara — Ele acenou para Salvio que saiu do banco de trás e estava apenas chegando agora à vista em torno do SUV. — e penso que eu deveria ter estado aqui antes.
 — Eu tinha Lana... — Vincent sorriu com o olhar especulativo que Michael lhe deu, e terminou, dizendo: — mas esse é Salvio, e seus danos aconteceram antes de eu chegar lá.
 — Lana?
 — Ela é mais difícil do que parece. Ela também salvou a minha vida.
Michael fez uma carranca. — Salvou sua vida? — Ele repetiu cuidadosamente. — Existe algo que você queira compartilhar comigo, jefe?
 — Uma coisa ou duas. Quem você trouxe com você?
 — Quatro guardas de luz do dia, incluindo dois pilotos, apenas no caso.
Vincent assentiu. Ele deveria saber que Mike viria preparado. Afinal, ele teve o melhor professor — o próprio Vincent.
 — Dois lutadores vamps, Ortega e Zárate, — Michael continuou nomeando dois dos que estavam brigando no clube na noite em que Lana apareceu no escritório de Vincent. — Eu deixei entendido que eu precisava de lutadores para alguma ação no sul. Eu não disse para o que, imaginando que não seria tão incomum que você seja chamado para entregar um pouco de disciplina. E uma vez que não exatamente anunciamos exatamente sua ausência, permite que fique desconhecido onde você esteve. De qualquer forma, Ortega e Zárate estavam se sentindo culpados por quebrar o bar. Eu acho que eles estavam procurando um caminho de volta para a sua boa graça.
 — Assumindo que eles já estavam lá, — Vincent murmurou.
 — Eu não lhes disse essa parte, — Michael disse, sorrindo. — Mas eles são bons lutadores
 — Obviamente. Tudo bem. Aqui está o que temos em curso... — Ele andou com Michael para fora do hangar, usando o ruído do aeroporto para a abafar a voz enquanto enchia o tenente sobre os últimos pecados de Enrique, transformando pessoas contra a sua vontade e, em seguida, forçando-os como escravos para mestres humanos.
 — Puta que pariu, Vincent! — Michael jurou, tão chocado que usou o primeiro nome de seu Sire, o que raramente fazia. — Isso é baixo mesmo para Enrique. Você já ouviu falar disso acontecer antes?
Vincent sacudiu a cabeça. — Nunca. Mas eu sei que o Conselho o condenaria, razão pela qual Enrique tem sido tão discreto.
 — Fodido.
 — Fica pior. Você viu Salvio. Ele foi ferido depois que Lana e eu matamos sua versão humana de mestre
 — Ele defendeu o humano? — Michael perguntou, franzindo a testa.
 — Não. Mas quando o ser humano morreu e a ligação que Enrique colocou sobre ele foi embora, ele ficou por sua própria conta. Ele matou todos os seus guardas humanos. Eles estavam armados e não foi fácil, mas aparentemente, valeu a pena a ele para ser livre. Ele era um capitão da Polícia Federal mexicana. E Enrique fez dele um escravo.
 — Porra! Isto é ainda pior
 — Nem de perto, Mikey. O humano de Jerry manteve-o em uma caixa de concreto no meio de um pátio durante o dia. Ele mal se alimentava, e se Jerry não se comportasse como o esperado, eles deixavam as persianas abertas. Ele dormia enrolado em um canto como um cão.
 — Ele lhe disse isso?
 — Eu vi. Foi quando Lana salvou minha vida. Tenho a sensação de que Enrique havia alertado o chefe de Jerry sobre mim. Então, quando Jerry nos viu dirigindo para a cidade, ele foi obrigado a avisar os humanos. Infelizmente, eles achavam que, se Jerry era um bom escravo, alguém como eu seria ainda mais útil.
 — Foda-me! Eles não o fizeram?
 — Eles fizeram. Derrubaram-me em um bar, eu tenho vergonha de dizer. Usaram uma mulher bonita para chegar até mim. Cortaram meu pescoço
 — Puta que pariu, Sire. Eu deveria ter estado
 — Lana estava lá. Ela viu o que estava acontecendo e foi inteligente o suficiente para desaparecer na madeira. Jerry não deveria saber que ela estava comigo, porque não os avisou sobre ela. Ela agarrou a cadela que me cortou, descobriu onde eu estava, em seguida, aguardou até a luz do dia.
Ele voltou a entrar no hangar, observando como Lana ficou na escotilha de carga aberta do SUV, verificando suas armas e provavelmente repondo seu prático kit de primeiros socorros. Ele sorriu quando ela puxou a faca do bolso, a que ele usou para cortar o pulso para Salvio, e começou a limpá-la com um pano de limpeza.
 — Ela se esgueirou no composto, Mike. Você sabe o que esses lugares são e como são — eles são campos armados. Mas ela pulou o muro e passou o dia em uma caixa quente de concreto comigo, colocando-se entre eu e a porta, apenas no caso de precisar.
 — Se você sangrou, então
 — Ela fez isso também. Ela nunca deu sangue antes, mas ela me ofereceu sua veia.
Lana olhou para cima e viu que ele a observava. Ela inclinou a cabeça curiosamente, em seguida, sacudiu-a e voltou ao que ela estava fazendo com um sorriso confuso.
 — Bem, foda-se, — disse Michael. — Você não precisava de mim, depois de tudo. — Vincent virou e bateu no ombro de Michael.
 — Se eu não precisasse de você, você não estaria aqui. Até agora, tem sido mais sobre se esgueirar do que matar pessoas que precisavam morrer. Mas esta noite, eu vou precisar de poder e força, e isso é você.
 — Estamos indo atrás de outro animalzinho humano de Enrique? — Ah sim. E se você pensou que Enrique merecia morrer para os outros dois, este vai fechar o acordo.
 — Cristo. Eu quero saber?
 — Provavelmente não, mas você precisa. Porque esse está nos levando a Cidade do México, meu amigo. Enrique finalmente cruzou a linha.
Lana manteve o olhar baixo e viu através de seus cílios enquanto Vincent informava seu tenente. Ela quase podia marcar os pontos na conversa pela raiva crescente de Michael, soube o momento em que Vincent disse a ele sobre Carolyn e por que eles estavam indo resgatá-la esta noite. Ela não conseguia ouvir o que Michael disse, mas ele amaldiçoou alto e longo, e teve que caminhar vários passos para longe e de volta antes de enfrentar Vincent. Ela podia vê-lo ouvindo atentamente, cada polegada de seu corpo musculoso apertado com raiva.
Ele era um cara de boa aparência, grande e loiro, e, como Vincent, todo músculos. Sob outras circunstâncias, ela poderia tê-lo achado atraente — outras circunstâncias sendo, onde não conhecesse Vincent, que ela certamente já a havia arruinado todos os outros homens. Pelo menos para o futuro previsível. Ela superaria assim como fez com todos os outros, mas ele poderia demorar um pouco mais.
Vincent estava falando com Michael atentamente, com uma mão em seu ombro, enquanto Michael assentia de vez em quando. Vincent estava claramente dando suas ordens ao tenente para a missão de desta noite. Ela imaginou qual os seus planos para ela. Ela deixou claro que não ficaria para trás, mas isso não significava que ele não tentaria.
Vincent bateu no ombro de Michael com uma palavra final e os dois se separaram. Michael dirigiu diretamente para o avião, onde todos os tipos de atividades estavam acontecendo. Salvio desapareceu dentro do jato assim que chegaram. Jerry entrou com ele, mas ressurgiu logo depois. Lana assumiu que Salvio estava recebendo todo o tratamento médico para um vampiro. Mesmo com o sangue de Vincent, ele estava muito ferido. Ele melhorou um pouco ao longo do último par de horas, mas ainda não estava se movendo muito bem.
Michael não subiu a bordo do avião, mas se dirigiu a um par de vampiros que pareciam lutadores. Ambos eram enormes, maior do que Michael ou Vincent, e pareciam que pertencer a uma luta de gaiola particularmente cruel na TV a cabo. Quando Michael começou a falar com eles, eles pareciam inchar ainda mais, as mãos em garra, as presas emergindo...
 — Você gosta do meu tenente, querida?
Ela virou-se para encontrar Vincent de pé bem atrás dela. Enquanto a questão foi formulada levemente, não havia nada de leve no olhar que ele estava dando a ela.
Ela sorriu. Ele estava com ciúmes. Legal. Mas ela não era estúpida o suficiente para atormentar o monstro. Ela sacudiu cabeça. — Ele não é meu tipo, — disse ela. — Eu estava lendo sua linguagem corporal no início, quando você estava informando-o. Eu sei que você disse a ele sobre Carolyn.
Ele abaixou a cabeça e acariciou sua bochecha, sua barba se sentindo como veludo contra sua pele. — Não é o seu tipo? — ele repetiu, quase previsivelmente ignorando tudo o mais que ela disse. — Qual é o seu tipo?
Ela esfregou sua bochecha contra a dele, em seguida, puxou para trás e encontrou seu olhar escuro. — Você, — disse ela honestamente.
Seus olhos queimaram com calor cor de cobre, e o seu braço veio ao redor da sua cintura, puxando-a nivelada contra seu corpo. — Lembre-se disso mais tarde, — disse ele, em seguida, deslizou sua boca contra a dela em um beijo suave, antes de soltá-la. — E fique segura esta noite.
Ela assentiu com a cabeça. — Eu vou. Você também.
Ele sorriu e disse: — Sempre. — Então ele deu um passo para trás e acrescentou: — Sairemos em cinco minutos.

ELES ESTAVAM todos empilhados em um SUV. Vincent não queria despertar a atenção pela locação de um segundo veículo, e o Suburban era grande o suficiente para armazenar todos eles, embora não com o conforto que estavam acostumados. Cinco vampiros, nenhum deles pequeno, e Lana feita para um ajuste apertado. Vincent abandonou a direção com relutância, mas apenas porque não havia nenhuma maneira dele deixar Lana sentada na parte de trás cercada por machos, e não fazia sentido para ela sentar no banco dianteiro, quando era a menor pessoa entre eles. Portanto, Vincent sentou na parte de trás com Lana e Zárate, enquanto Michael foi com Ortega no banco do passageiro, e Jerry espremido no terceiro assento sozinho.
Lana agora estava sentada entre Vicente e Zárate, embora Vincent tivesse certeza de que havia uma abundância de espaço entre ela e o lutador vampiro grande. Ela aceitou a nova disposição dos assentos sem uma palavra, obedientemente apertada contra o lado de Vincent depois que ele colocou o braço em volta dos seus ombros para dar lugar a Zárate.
Ela não disse uma palavra, mas Vincent podia sentir a tensão em seu corpo onde estava pressionada contra o seu. Ela não parecia preocupada, porém, parecia muito... focada, preparando-se mentalmente para a batalha por vir. Vincent informou a todos sobre o que esperar, deixando claro que a noite de trabalho provavelmente incluiria um nível de violência maior do que o que já enfrentaram naquela noite, com Camarillo ou Poncio.
Vincent queria dizer alguma coisa para ela, oferecer encorajamento, uma piada, ou até mesmo um comentário lascivo sobre o que faria depois da batalha, mas com um veículo cheio de vampiros, não houve tal coisa como uma conversa particular. Assim, ele deixou cair o braço de onde estava sobre a parte traseira do assento atrás dela e acariciou seu ombro. Ela desviou o olhar da estrada em frente e olhou para cima para dar-lhe um pequeno sorriso. Seu calor atingiu os olhos antes dela se virar novamente, e Vincent contou como uma vitória suficiente para agora.
A propriedade de Albert Serrana, o traficante a quem Enrique deu Carolyn, estava nas colinas baixas, abaixo de uma alameda curva e malconservada. A natureza em torno da estrada serviu bem, já que ninguém no portão principal poderia ver quando eles quebraram o primeiro perímetro de segurança e seguiram ao posto de segurança localizado a umas cem jardas de distância. Havia quatro guardas no total, sendo que um deles foi ao rádio no momento em seu veículo entrou à vista. Vincent botou todos para dormir antes que o dedo do guarda solitário apertasse o botão — enviar — . Eles agora estavam dormindo pacificamente dentro de sua guarita, onde permaneceriam dormindo até de manhã... Ou até Vincent decidir se era mais sensato eliminá-los permanentemente.
Uma vez passado o posto de verificação, eles prosseguiram a pé, passando por cima das colinas em vez de tomar a estrada em torno deles. Em pouco tempo, eles tiveram uma visão panorâmica do composto de Serrana de uma colina próxima. Em termos de layout, era muito parecido com o de Poncio, mas as semelhanças terminavam aí. A segurança era muito maior e mais óbvia, mesmo à noite. Mas ele contou muito com a única estrada como medida de segurança armada. Os seres humanos abaixo não tinham nenhuma maneira de saber que havia invasores olhando para eles, planejando a sua destruição. Porque Vincent não se contentaria com nada menos. Tal como aconteceu com os outros, Serrana precisava ser executado, não só por seus crimes contra Carolyn, mas como um exemplo para qualquer um que pensasse em usar um vampiro desta maneira.
 — Lugar ocupado, — comentou Michael, ao lado de Vincent.
 — Formigas em um formigueiro, — Vincent zombou. — Formigas particularmente cruéis, mas formigas, no entanto.
 — Formigas do exército, — Lana disse calmamente. — Elas não canibalizam os seus?
Eles observaram em silêncio por mais um momento, em seguida, Michael perguntou: — Será que vamos matar todos eles?
Vincent considerou a questão. — Não, — ele decidiu de repente. — Criaremos uma nova lenda esta noite, um conto preventivo para aqueles que pensam em atravessar nosso futuro.
Ele olhou para cima e viu sua própria selvageria refletida no sorriso de Michael... E na expressão cuidadosamente em branco de Lana.
 — Vincent? — Ela disse, e foi a primeira coisa que ela disse a ele. Melhor do que nada. Mas seus lábios se curvaram em um sorriso divertido quando perguntou — Você já viu o filme — O Silêncio dos Inocentes?
 Vincent levou um momento, mas então ele riu, jogando a cabeça para trás com prazer. Ele sabia exatamente o que ela pensava, e definitivamente funcionou para ele. Ele olhou por cima e encontrou Michael rindo em compreensão, enquanto olhava para Lana com uma expressão que combinava perplexidade com respeito.
 — Ok, jefe, — disse ele, voltando a olhar para Vincent. — Como vamos faremos isso?
 — Rápido e tranquilo.
 — Os caras ficarão decepcionados. Eu acho que eles estavam ansiosos para algum caos no velho estilo.
 — Haverá caos suficiente para todos nós ao longo dos próximos dias. Mas não esta noite. Esta noite, eu preciso de um único guarda acordado e funcionando. Os outros tirarão uma longa soneca.

 LANA AFAGOU seus vários bolsos, certificando-se que tinha tudo, infeliz que tudo não incluía a Sig. Era apenas temporário, uma vez que ela, mais uma vez tirou a jaqueta, a fim de mostrar um pouco de pele, mas ainda não a deixou feliz.
 — Eu estou ficando um pouco cansada de ser seu fantoche de carne, — ela murmurou para Vincent, que estava de pé ao seu lado, esperando.
 — Fantoche de carne? — Ele perguntou, claramente divertido.
 — O que mais você chamaria isso? — Ela perguntou, indicando a sua blusa puxada para baixo novamente, embora ela ainda estivesse usando seu sutiã.
 — Querida, você não quer saber como eu chamo isso. Pelo menos, não na atual circunstância.
O rosto de Lana aqueceu, mas ela admitiu para si mesma que o rubor era tanto prazer quanto de embaraço.
 — Eu quero minha arma de volta no minuto que entrarmos, — informou a Michael.
 — Sim, senhora, — disse ele, lutando contra um sorriso.
Lana olhou para ele, não particularmente entusiasmada para ser a fonte de entretenimento para um bando de vampiros.
Sentindo seu humor, Vincent inclinou-se e disse baixinho: — Obrigado por fazer isso, Lana.
Lana estreitou os olhos para ele, mas ele parecia sincero, então ela deu de ombros. — É tudo por uma boa causa. E não se esqueça que você prometeu que eu poderia estar lá quando você derrubar esse imbecil.
 — Definitivamente, — Vincent disse, abruptamente sério. — Carolyn não sabe sobre qualquer um de nós. Eu posso acalmá-la rápido o suficiente, mas, inicialmente, ela é suscetível de ser mais tranquilizada por uma presença feminina.
Em face desse lembrete de por que eles estavam fazendo isso, Lana esqueceu seu próprio desconforto. O que seria um pouco de pele em comparação com o que a vampira passou? Nada.
 — Eu estou pronta, — disse ela, puxando sua blusa para baixo e prendendo-a com mais força em suas calças. Ela não poderia deixar de notar a expressão infeliz de Vincent enquanto ela fazia isso. Bem, muito ruim. Esta foi a sua ideia, depois de tudo.
 — Vamos, — disse rispidamente.
Eles desceram do topo da colina, e imediatamente arrancaram em torno da curva final da estreita estrada que iria levá-los para o portão da frente do composto. O plano era que Lana e Vincent se aproximassem a pé. À primeira vista, eles apareceriam como um par de caminhantes, os turistas que se perderam no sopé.
Lana abriu um largo sorriso quando eles se aproximaram. — Oi. Quer dizer, buenos dias, — ela chamou, em seu pior espanhol. — Por favor, estamos perdidos, — ela continuou. Em seguida, agitando as mãos na sua frente, como se estivesse aflita, acrescentou: — Sinto muito, meu espanhol é... ruim. Você pode nos ajudar? Eu acho que estamos perdidos.
O olhar do guarda vagou entre ela e Vincent, que era claramente a maior ameaça. Ele não disse uma palavra, mas também, não era preciso. Seu trabalho era usar seu mojo vampiro, que, como ela entendia, era praticamente um esforço silencioso. Ela esperava que ele fizesse isso em breve, porém, porque, que velho clichê sobre ser despida com olhos de um indivíduo? Sim, isso é como se sentia, e foi ficando cada vez mais e mais desconfortável a cada minuto. Os guardas estavam manuseando as armas — HK MP5s, a arma de escolha de cada criminoso por estes dias — e ficando cada vez mais nervosos, divididos entre encarar seus peitos e avaliar Vincent.
Lana estava prestes a atirar Vincent um olhar o-que-no-inferno, quando os dois guardas caíram no chão, suas armas caindo com um barulho metálico. Ela olhou para eles por um momento de surpresa, em seguida, virou-se para questionar Vincent. Porém, ela perdeu o fôlego ao vê-lo. Ele sempre era uma visão e tanto, bonito e em forma, com um carisma que o rodeava como uma nuvem cintilante. Mas ela nunca o viu assim.
Ele ficou perfeitamente imóvel, quase sem respirar, o brilho de cobre de seus olhos tão brilhantes que eram como dois holofotes brilhando na escuridão. Ela sentiu o mesmo choque eletrostático sobre a pele que sentira antes, mas este foi mais forte, quase doloroso em sua intensidade, uma mortalha de aperto em vez de um toque de seda. Mas, apesar disso, ela olhou para ele sem medo, sabendo em seu coração que, mesmo que ele se concentrasse em um inimigo atrás dos portões, ele estava protegendo-a.
O movimento macio por trás deles avisou que Michael e os outros chegaram, mas ela não se virou para olhar. Sua atenção estava toda em Vincent, que estava em chamas com o seu poder, temível na intensidade de seu foco. Sem aviso, ele piscou, e, lentamente, virou a cabeça para olhar para ela. Ele sorriu.
 — Você confia em mim, querida?
Lana nem sequer teve que pensar em sua resposta. — Sim.
Seu sorriso aqueceu. — Michael, — disse ele, sem tirar seus olhos dela.
 — Aqui está, linda, — disse Michael com uma voz provocante. Ele estendeu sua jaqueta e arma, que ela vestiu rapidamente, sem saber exatamente quanto tempo eles tinham ou se o feitiço de Vincent funcionaria.
 — Vamos, — disse Vincent, uma vez que ela estava pronta. Ele estendeu a mão, e ela tomou-a automaticamente, dando aos dois guardas inconscientes um olhar perplexo.
 — Você não vai amarrá-los ou algo assim?
 — Não é necessário, — Vincent respondeu com desdém. — Eles estarão desmaiados até de manhã. — Então ele empurrou o portão e Lana tem a surpresa de sua vida. Além do portão era o edifício principal, e na frente desse um pátio de terra... Que estava cheio de corpos.
 — Eles estão...?
 — Inconscientes, assim como os outros, — disse ele.
Lana estava tendo dificuldade para respirar. Ela sabia que os vampiros eram poderosos, e que Vincent era classificado como um dos mais fortes. Mas isso... Uma coisa era para derrubar um par de guardas, mas haviam vinte ou mais homens no pátio, e aqueles eram apenas os que ela podia ver. Muitos deles estavam agrupados em torno de um grande caminhão, como se tivessem estado no processo de carregá-lo e simplesmente se deixou cair onde eles estavam. E deveria haver outros que ela não poderia ver, no edifício principal, na grande garagem. Mas ninguém veio para investigar o colapso repentino de seus companheiros, e ninguém desafiou Vincent e os outros quando eles entraram no composto.
Vincent fez uma pausa, o que significava que Lana parou também, uma vez que ele ainda estava segurando sua mão.
Ele ficou perfeitamente imóvel novamente. Lana ficou tensa e começou a puxar a mão dela, mas Vincent aumentou seu aperto. — Apenas um momento, — ele murmurou.
Quando se moveu novamente, foi para puxá-la contra o seu lado quando ele passou por um portão escancarado e indo direto para as grandes portas duplas da casa principal de ferro forjado.
 — Há apenas um outro vampiro nas instalações, e eu estou supondo que seja Carolyn, — disse ele para Michael, falando sobre a cabeça de Lana para onde seu tenente caminhou ao seu lado oposto. — Eu derrubei ela e todos os outros agora. Vamos entrar e encontrar alguém que possa nos dizer onde encontrar o senhor da casa. Então vamos acordá-lo.
Michael assentiu, dando um passo à frente de Vincent, sua postura alerta, seu olhar movendo-se constantemente. Lana ouviu, mais do que viu, os outros fecharem em suas costas, formando um círculo de proteção quando se aproximaram da porta da frente, pisando em torno dos corpos inconscientes que desarrumam a ampla varanda.
Mas, enquanto os outros vampiros estavam tensos e prontos para lutar, Vincent parecia mais relaxado do que nunca. Segurando a mão de Lana, ele passeou até a porta de entrada totalmente aberta, como se os dois estivessem aqui em uma missão para procurar imóveis, inspecionando cada detalhe importante.
 — Aquela, — Vincent disse de repente, apontando para uma mulher de meia-idade, deitada um pouco abaixo da frente da porta. Como os outros, parecia que ela havia desmaiado no meio de um passo. Ela usava um conjunto simples de saia e blusa preta e sapatos sem graça, e estava cercada por uma pilha de lençóis e toalhas que estavam dobrados antes de sofrerem uma queda.
Michael caiu de joelhos ao lado da mulher e tocou seu ombro levemente. Ela se mexeu, então acordou com um sobressalto, sua expressão de medo em encontrar um gringo estranho ajoelhado sobre ela. Michael ofereceu sua mão para a mulher e ajudou-a a ficar de pé.
 — ¿Como se chama, señora? — Qual é o seu nome?
 — Dolores, — disse ela, com o rosto pálido quando ela viu os corpos em torno dela.
Michael sorriu, parecendo um jovem americano qualquer, agradável e sem segundas intenções.
 — Dolores — repetiu ele. — Que bonito nombre. — Lindo nome.
Dolores olhou para ele em silêncio, seus dedos agarrando o crucifixo no pescoço.
Michael continuou, seu espanhol fluido e fácil. — Você sabe onde Albert Serrana está agora? — Perguntou a ela. A mulher assentiu. — E você sabe sobre o vampiro que ele mantém? A mulher? — A expressão de Dolores amoleceu.
 — A bonita, — disse ela. — Tão triste.
 — Você quer dizer que é triste ela estar aqui?
 — Não, señor. Ela está triste. O tempo todo. Tão bonita, mas tão triste.
A pressão de Vincent na mão de Lana apertou quase dolorosamente e ela apertou de volta, em parte para evitar que ele quebrasse sua mão, mas também para que soubesse que ela compartilhava de sua raiva.
 — Onde ele está? — Vincent rosnou, e Dolores olhou para ele em alarme.
 — Tranquilo, Dolores, — Michael disse suavemente. Se acalme. — Estamos aqui para a bonita. Ela pertence a nós. Pode nos mostrar onde ela está agora?
 — Si, — Dolores disse com firmeza e fez um gesto em direção à escada dentro da porta da frente. — Entre. — Michael sorriu e indicou que ela deveria dar o exemplo.
Dolores atravessou as portas e subiu as escadas com Michael a seguindo. Vincent foi o próximo com Lana ao seu lado, mas ela soltou a mão da dele. Ela fez isso delicadamente, apertando sua mão antes de deixar ir, mas ela não intencionava entrar em uma situação potencialmente hostil com a mão direita preenchida com algo diferente de sua arma. Vincent olhou por cima quando ela puxou a Sig e acenou em compreensão. Levando a arma para baixo ao longo de sua coxa, ela seguiu Michael e Dolores pelas escadas e ao longo do mezanino, em seguida, por outro corredor que terminava em uma única porta de grandes dimensões de madeira escura unida.
Dolores parou na frente da porta. — Devo bater, señor? — Ela perguntou, olhando para Michael.
 — Não, obrigado, Dolores, — disse ele suavemente, em seguida, a pegou antes que ela caísse. Levantando-a facilmente, ele arrombou a porta para o que acabou por ser uma pequena sala de estar e a deitou em um sofá de veludo laranja. Deixando-a lá, ele voltou para o corredor e fechou a porta atrás de si.
 — Sire? — Ele perguntou, virando-se para Vincent.
 — Carolyn está lá dentro, — disse Vincent, olhando para a porta de madeira escura, com uma expressão de repulsa. — Mas só um humano. Eu estou supondo que é Serrana, uma vez que sua nova namorada parecia ansiosa por agradar.
 — O que posso dizer, meu senhor? As senhoras me amam.
 — Especialmente aquelas com idade suficiente para ser sua mãe, — Vincent respondeu secamente. — Abra a porta.
Michael tentou a maçaneta. Ela resistiu ao seu esforço por alguns segundos até que ele aplicou um pouco da sua força de vampiro e quebrou a fechadura com facilidade infantil. Ele entrou pela primeira vez e parou, bloqueando a porta. Lana franziu a testa para a manobra não era inteligente enquadrar-se assim, dando a quem estava esperando dentro um tiro certeiro. Mas depois lembrou-se de que todos dentro estavam inconscientes.
Ele se moveu finalmente, caminhando enquanto Lana o seguia, um passo à frente de Vincent. O lampejo amarelo fogo lançou sombras sobre a sala mal iluminada, o que tornava muito quente e abafado para seu gosto. Era um quarto, naturalmente. Onde mais um estuprador manteria sua prisioneira? Havia uma cama king-size com uma cabeceira ornamentada e duas mesas de cabeceira combinando. Lâmpadas de cada lado iluminaram o quarto brilhantemente, suas bases de cobre marteladas reluzentes.
Lana se aventurou para dentro do quarto, sentindo os outros entrarem e se espalhando atrás dela. Ela encontrou o dono da propriedade caído entre a cama e as janelas fechadas. Ele estava completamente nu, e seu primeiro pensamento foi que ele deveria estar acendendo as luzes. Mas, em seguida, ela ouviu o profundo murmúrio da voz de Vincent e se virou para vê-lo embrulhando um cobertor em torno de uma jovem nua. Lana imediatamente se voltou em torno de Serrana e o chutou nas bolas. Ela só esperava que ele pudesse sentir. Mas então, ela confiava de que o que quer que Vincent planejou para o bastardo seria muito pior.
 — Lana, — Vincent disse, em voz baixa e urgente.
Ela esqueceu tudo sobre Serrana e correu, caindo de joelhos ao lado dele.
 A mulher, possivelmente Carolyn, estava acordada e se encolhendo para longe de Vincent, segurando o cobertor sobre ela. O coração de Lana se apertou de tristeza para a mulher e o ódio para o homem, o porco que fez isso com ela.
 — Carolyn, — ela disse suavemente, empurrando-se na frente de Vincent, se colocando entre ele e Carolyn para que ela fosse a única pessoa quem a jovem abusada visse. E, sim, ela sabia que era uma vampira, com força suficiente para lançar um homem do outro lado da sala, mas agora, ela era simplesmente uma mulher, tão vulnerável e danificada como qualquer mulher humana teria sido nessas circunstâncias.
Os olhos baixos de Carolyn levantaram e encontraram os dela, enchendo-se de lágrimas. — Você tem que correr, — ela sussurrou. — Afaste-se enquanto pode.
Lana piscou em confusão, antes de perceber que Carolyn pensou que Serrana, ou talvez Vincent, teria de alguma forma levado Lana como prisioneira e destinava-se a atormentá-la também. Porque Carolyn não tinha nenhuma razão para acreditar que os vampiros eram melhores do que os humanos que viviam com ela.
 — Não, Carolyn, — Lana disse gentilmente, com lágrimas picando em seus próprios olhos enquanto ela puxava o cobertor mais firmemente sobre os ombros da vampira. Seu instinto era de abraçá-la, mantê-la próxima e lhe dizer que tudo ficaria bem. Mas o primeiro movimento era de Carolyn. Ela havia sido tocada de muitas maneiras e por muitas pessoas contra sua vontade. Ela precisava saber que ela estava no controle novamente.
 — Estamos aqui para te tirar deste lugar. Este é Vincent, — disse Lana, sacudindo a cabeça em sua direção. — Você pode confiar nele. Ele e esses outros vieram aqui para libertá-la.
Carolyn olhou, primeiro para Lana, e, em seguida, levantou os olhos, pegou os outros vampiros enchendo o quarto, fazendo-a parecer pequena, com seu tamanho e raiva eriçados. Ela se encolheu um pouco, mas Lana falou rapidamente, dizendo: — Eles não estão com raiva de você. Eles estão com raiva dele. — Ela apontou para Serrana, permitindo seu ódio preencher suas palavras, querendo fazer com que Carolyn a ouvisse e soubesse exatamente onde estava.
Carolyn baixou o olhar para Lana novamente, e então de repente explodiu em lágrimas, segurando o cobertor a sua volta e deixando cair a cabeça contra o ombro de Lana. Lana abraçou a jovem vampira, com cautela no início, mas, em seguida, mais apertado enquanto o corpo de Carolyn começou a tremer com a força de suas lágrimas, seus soluços crus e dolorosos.
Vincent jurou violentamente sob sua respiração. Ele se pôs de pé e Lana foi perifericamente consciente de seus passos quando ele batia no chão de ladrilhos. Ela virou o suficiente para vê-lo pegar o inconsciente Serrana e jogá-lo em cima da cama, em seguida, com seus dedos cravados na garganta do homem e ele rosnou, — Acorde, seu bastardo doente.
Lana não podia ver o rosto do homem, mas ouviu o seu grito aterrorizado quando ele acordou para encontrar-se sendo sufocado até a morte — para não mencionar rodeado por — um grupo de desmedidos e irritados vampiros, cada um deles o olhando com as presas totalmente distendidas e olhos brilhantes.
 — Como eu vou matar você? — Vincent cantarolou. — Eu poderia rasgar seu coração, mas seria muito rápido. Eu poderia quebrar todos os ossos do seu corpo e cortar suas veias. Deixá-lo sangrar lentamente, deixando você sentir a sua vida escorrendo enquanto está impotente para detê-la. — Serrana gritou de repente, e Lana torceu ainda mais para ver Vincent brincando com ele, sacudindo os dedos para as grandes veias do pescoço do homem, movendo-se para baixo para fazer o mesmo com seu ombro e com o peito, exceto que agora, Lana podia ouvir o som abafado de ossos quebrando com cada movimento dos dedos de Vicente.
Serrana gritou e a cabeça de Carolyn disparou, os olhos assumindo um brilho pálido próprio enquanto ela olhava para seu ex-torturador.
 — Meu — ela sussurrou com voz rouca.
O primeiro pensamento de Lana foi que Carolyn estava reconhecendo seu captor de alguma forma e estava pronta para defendê-lo. Mas, em seguida, ela registrou a raiva e o ódio na voz da jovem. Ele deslizou sobre a pele de Lana como uma coisa viva antes de atravessar a sala para onde Serrana estava gritando.
 — Meu, — Carolyn repetiu com mais força quando se levantou, segurando o cobertor ao seu redor. Lana ficou de pé com ela, virando-se para Vincent, que estava levantando Serrana fora da cama, ainda o agarrando pela sua garganta, segurando-o alto enquanto enrolava a outra mão em uma garra em torno do lamentável órgão do estuprador.
 — Vincent, — Lana disse bruscamente.
Ele girou a cabeça em sua direção, com raiva de ter sua diversão interrompida. Até que seu olhar deslocou sobre seu do ombro e viu Carolyn ali de pé, seus próprios olhos se iluminados, com poder suficiente para dar eles um brilho azul suave.
Vincent sorriu lentamente, e foi uma coisa terrível de se ver. Serrana viu, e gemeu de horror, mas o único pensamento de Lana foi a de que ele teria ficado muito melhor com Vincent do que ele estava indo para estar com Carolyn.
Vincent abriu os dedos e deixou o humano cair na cama. Serrana imediatamente tentou fugir, mas Vincent o deteve com um olhar negligente, segurando-o como um inseto fixado a uma borda.
 — Ele é todo seu, Carolyn, — disse Vincent, afastando-se da cama com um grande gesto na direção de Serrana. — Tome o seu tempo.
Lana ouviu um ronco baixo soando às suas costas. Ela se virou para ver Carolyn no modo vamp completo, presas brilhando com elas pressionado em seu lábio inferior, os olhos incandescentes quando ela deixou cair o cobertor e seguiu até o outro lado da sala, sua nudez esquecida. Todos os machos recuaram, dando-lhe muito espaço, lhe permitindo este momento para se vingar.
O olhar de Serrana seguia Vincent enquanto ele se afastava, mas então avistou Carolyn. Seus olhos se arregalaram em realização apavorada e ele gritou de medo, se debatendo sem rumo, mantido no lugar pelo poder de Vincent.
Carolyn parou a sua frente, e então, levantou o olhar para Vincent. — Pode soltar, meu senhor, — ela disse, com a voz baixa e rouca, embora se era por falta de uso ou de gritar, Lana não sabia.
Vincent segurou seu olhar por um momento, como se julgando se ela poderia lidar com o humano, mas então ele inclinou a cabeça ligeiramente em aquiescência e deu um passo para trás. Lana sentiu um breve frisson de poder, e em seguida, Serrana saltou quando foi abruptamente libertado de suas restrições. Ele imediatamente tentou rolar para fora da cama e fugir, sem pensar em o quanto tolo isso era, mas isso não importava. A mão de Carolyn se moveu mais rápido do que Lana poderia seguir, agarrando as bolas do homem e esmagando-as em seu punho, os dedos apertando até que Lana podia ver o osso branco de seus dedos. Serrana gritou, o som aumentando com o agarre de Carolyn se apertava, até que com um puxão final, ela rasgou-os completamente. Ignorando os gritos angustiados de Serrana, Carolyn segurou os pedaços sangrentos de carne na mão, olhando-os curiosamente e por tempo o suficiente para que Lana começasse a se perguntar o que ela finalmente faria. Mas então, era como se ela estivesse saindo de um transe. Seus olhos piscaram e todo o seu corpo estremeceu duro, uma vez. Ela trocou seu olhar dos testículos triturados para Serrana soluçando e de volta, em seguida, mostrou todos os seus dentes numa careta viciosa, agarrou Serrana pelos cabelos e empurrou os pedaços sangrentos em sua garganta.
Ela se virou para Vicente e, falando em um sotaque suave, lento, que traiu suas origens do Sul, disse: — Eu ficaria agradecida, meu senhor, se você mantivesse este verme vivo enquanto eu brinco com ele.
 — Considere feito, — disse Vincent, como se manter um homem vivo para ser torturado era algo que ele fizesse todos os dias.
Carolyn sorriu pela primeira vez desde que a encontraram. E Serrana gritou.
CAPÍTULO DEZESSEIS
LANA olhou para o que restava de Albert Serrana e teve de engolir em seco para conter a náusea agitando seu estômago. Ela não podia reclamar sobre o quadro horrível uma vez que toda coisa de — O Silêncio dos Inocentes — foi ideia dela, mas não considerou a realidade... Ou o mau cheiro. Seria ainda pior quando o povo de Serrana acordasse algum tempo depois do amanhecer para descobrir o corpo de seu chefe em exibição. A maioria deles veria faltando uma pinta ou duas de seu próprio sangue, também. Vincent permitiu todas as suas pessoas jantar à vontade sobre os guardas inconscientes, instruindo-os a deixar as feridas no pescoço sangrando. Ele queria que não houvesse nenhuma dúvida a respeito de quem foi que lhes visitou durante a noite. A exibição macabra de Serrana foi concebida como um aviso, depois de tudo. Um aviso para não foder com os vampiros a menos que você esteja disposto a pagar o preço.
Mas Lana e os outros estariam muito longe até então. O que era uma coisa para ser grato, ela supôs, que não estaria por perto ao nascer do sol. As moscas viriam então.
Ela estremeceu e se virou, apenas para dar de cara com Vincent.
 — Então o que você acha? — Ele perguntou, olhando para os portões de ferro altos em frente à porta principal. Eles haviam sido mantidos aberto anteriormente, mas agora estavam fechados, a fim de exibir melhor sua nova decoração.
Lana se forçou a olhar mais uma vez. Ortega e Zárate arrastaram o sangrento e devastado corpo de Serrana para o portão, usando algum arame pesado que encontraram no caminhão. Eles ficaram orgulhosos de seu trabalho, ligando as pernas e os braços estendidos, até mesmo puxando a cabeça para trás de modo que seu olhar, sem visão e sem olhos, parecia estar examinando o quintal.
Quando ela não disse nada, Vincent colocou os braços ao seu redor, abraçando-a de volta ao seu peito. — Carolyn precisava disso, — ele sussurrou, tanto um pedido de desculpas e uma explicação.
 — Eu sei. E o bastardo merecia cada pedacinho disso.
 — O mesmo acontece com Enrique, — ele rosnou contra sua orelha.
Lana se torceu em seus braços para olhar para ele. — Mas Enrique é muito mais perigoso. Não?
Vincent colocou dois dedos sobre seus lábios. — Eu não tenho nenhum desejo de morrer jovem... Bem, jovem de certa maneira, — ele emendou com um sorriso torto. — Vamos lá, o nascer do sol não está muito longe e temos que começar a levar Michael e os outros de volta para o aeroporto.
 — E sobre Carolyn? — Perguntou ela. A vampira quase desabou em um colapso emocional e físico depois que terminou lidar com seu estuprador. Lana encontrou algumas roupas em um quarto adjacente para ela. Eram roupas de homens, mas estavam limpas e era fácil de se adaptar em uma mulher menor. Vincent falou com Carolyn, suas palavras suaves e para seus ouvidos apenas, antes dele cortar o pulso e deixá-la beber. Ela não bebeu tanto como Jerry ou Salvio fizeram, mas, aparentemente, foi o suficiente. Vincent acariciou seu rosto uma vez e, em seguida, a pegou quando ela caiu em um sono profundo, segurando-a por um momento antes de transferi-la para Michael, que a levou para o SUV esperando no jardim. Ortega recuperou o veículo antes de ajudar Zarate na exibição de Serrana.
Carolyn estava lá agora, no compartimento de carga, ainda dormindo sob a compulsão que Vincent colocou sobre ela, um que Lana tinha certeza que duraria até que ela acordasse em Hermosillo na próxima noite.
 — Temo um par de vampiros do sexo feminino em Hermosillo — , disse Vincent Lana. — Também algumas mulheres humanas que estão acopladas a vampiros. Elas vão prestar qualquer assistência que Carolyn precisar. Mas ela é uma vampira, Lana, e é minha agora. Ela pode contar com minha ajuda e qualquer que seja a força que ela precisa recuperar. Não vai ser fácil, mas não vai ser tão doloroso como seria para um humano também.
Lana assentiu. Ele disse a ela tudo isso antes, mas ela ainda se sentia responsável de alguma forma.
 — Você pode vê-la quando tudo isso acabar, — ele lembrou a ela suavemente.
 — Eu sei.
 — Você está pronta para sair daqui, então?
Ela respirou fundo. — Definitivamente.
Os outros já estavam se empilhando no SUV, que estava ainda mais cheio agora. Jerry foi andando na área de carga com Carolyn, primeiro porque ele a conhecia um pouco, mas principalmente porque ele era o mais magro dos vampiros presentes, e Vincent ainda se recusou a permitir que Lana se sentasse em qualquer lugar, sem ser ao seu lado.
Lana quase cochilou enquanto corriam para o aeroporto. Vincent e Michael concordaram com a rota que o jato sairia logo que todos estivesse a bordo. Os pilotos humanos estariam no comando, pois a maior parte do voo seria após o nascer do sol, mas, aparentemente, uma vez em Hermosillo, eles teriam — Luz do dia — era assim que Vincent o chamou — o próprio aeroporto. O único pensamento de Lana foi que esperava que os guardas humanos fossem confiáveis, mas, em seguida, Vincent apontou que os mesmos guardas protegiam o composto em Hermosillo todos os dias. E que eles eram muito bem compensados. Havia também algum tipo de tabu vampiro contra o ataque de seu inimigo à luz do dia, porque ninguém queria iniciar esse rolamento de bola de neve particular.
A outra razão para a sua pressa para chegar ao aeroporto foi que Lana e Vincent não retornariam a Hermosillo com os outros. Eles continuariam a busca por Xuan Ignacio, o que significava que precisavam de tempo suficiente para dirigir a um hotel e obter o check-in antes do amanhecer. A coisa mais sensata a fazer teria sido ficar em Silao, que era a cidade mais próxima do aeroporto, mas, naturalmente, Vincent possuía outros planos. Ele insistiu em escolher o hotel, lembrando a Lana, cheio de sarcasmo, das encantadoras acomodações com as persianas quebradas que ela arranjou a última vez que ele deixou ela escolher.
Isso não era de todo justo, pois havia um mundo de diferença entre encontrar acomodações no meio do nada e em uma cidade real. Mas ela se manteve calma por duas razões. Um, Vincent era um pé no saco quando não conseguia o que queria; mas, dois, ele estava acostumado com o melhor de tudo, e após o último par de noites em motéis que, provavelmente eram quartos alugados por hora, Lana estava mais do que pronta para qualquer luxo ele que pudesse encontrar.
Vincent puxou seu celular, grunhiu uma ou duas vezes, então, aparentemente, fez uma reserva, embora não compartilhou os detalhes. Lana estava cansada demais para reclamar, no entanto. Ela só queria ver os outros com segurança em seu caminho e, em seguida, encontrar seu próprio caminho para um banho quente, logo que possível.
Michael virou-se para o aeroporto, passou o terminal principal e o local de construção, e entrou no hangar privado. Eles ligaram antes, de modo que a porta do hangar estava aberta, e o jato já estava preparado e esperando por eles. Ortega e Zárate esperaram até Vincent sair do SUV, em seguida, deu-lhe um respeitoso aceno e desapareceram pelas escadas para a pista de pouso. Jerry saltou da escotilha de carga e estava indo para pegar Carolyn quando Vincent o deteve.
 — Eu nunca tive a chance de lhe perguntar, Jerry, — disse ele, chamando a atenção do outro vampiro. — Como você sabia quem eu era? Quero dizer, obviamente, sou um vampiro, mas você me conhecia especificamente. Como? Eu nunca te conheci.
Jerry respondeu com a mesma sinceridade e respeito que ele sempre mostrou Vincent. — Senhor Enrique. Estávamos na Cidade do México para uma reunião, e você entrou enquanto saíamos. Estávamos atravessando a sala, mas Enrique fez questão de parar Camarillo e lhe disse para evitá-lo, porque você era muito poderoso. Eu não acho que ele sabia que eu estava ouvindo, ou talvez ele não se importou. Mas acho que Camarillo decidiu então que queria você para ele mesmo, porque Enrique tinha medo de você.
Vincent parecia pensar por um momento. — Lembro-me dessa reunião. Ele criou um problema com alguns vampiros em Cabo e queria minha ajuda para limpar sua bagunça. Eu estive na Cidade do México por apenas uma noite. — Ele olhou para cima e encontrou o olhar de Lana sobre ele, e ela sabia que ele estava pensando a mesma coisa que ela, como um encontro casual mudou tantas vidas. Se ele chegasse poucos minutos mais tarde naquela noite, talvez Camarillo nunca tivesse recebido o aviso de Enrique, Jerry e os outros ainda seriam escravos, e Vincent não poderia estar preparado para destruir Enrique mais cedo ou mais tarde.
Vincent bateu no ombro de Jerry. — É melhor você levar Carolyn para o avião. Ele estará saindo em breve.
Jerry fez uma pequena reverência, então facilmente levantou uma Carolyn adormecida e subiu as escadas.
Finalmente, apenas Michael ficou, mas ele claramente não queria os deixar.
 — Você fez inimigos com tudo isso. Se Enrique já não ouviu falar, ele vai em breve. E ele não vai querer palavra do que ele fez se espalhe, nem mesmo para seus próprios vampiros. E, especialmente, não para os outros senhores. Eu não gosto de você estar aqui sozinho.
 — Eu não estou sozinho. Eu tenho Lana.
 — Sem desrespeito, — Michael disse, dando-lhe um olhar de desculpas, — mas a senhorita Arnold não é... — Ele soltou um longo suspiro, claramente à procura de uma palavra que não a ofendesse.
 — Você quer dizer que ela não é um vampiro, — Vincent forneceu, parecendo mais confuso do que qualquer outra coisa.
 — Exatamente.
 — Ficaremos bem, Michael. Eu acho que nós dois sabemos que Enrique tem assuntos mais urgentes em seu prato agora. Temos alguns dias antes dele realmente agir, e é tudo o que precisamos. Terminaremos essa missão de Raphael e ver o que vem a seguir.
Michael lhe deu um olhar sombrio. — Cidade do México é o que vem a seguir.
Vincent assentiu. — A única questão é o tempo. E eu tenho uma forte suspeita de que o quê Xuan Ignacio tem a nos dizer deve incidir sobre essa decisão.
Michael não parecia feliz, mas assentiu com a cabeça. — Lembre-se de sua promessa, Sire.
 — Sim, sim, não ir à Cidade do México sem você. Você é como uma criança irritante.
Michael riu, então olhou de volta para o jato quando os motores aumentaram de potência. — Isso é o piloto me dizendo para pôr a minha bunda a bordo. Tome cuidado, jefe. E me mantenha informado.
Vincent puxou Michael para um abraço, então empurrou-o em direção às escadas. — Vá, antes de começarmos a nos humilhar, chorando na frente de Lana.
Michael sorriu e avançou até as escadas, levando-os três de uma vez. Lana invejava sua energia. Do jeito que estava sentindo, ela teria agarrada o corrimão e arrastando-se um passo de cada vez.
Vincent puxou-a para longe do jato enquanto alguém subia a escada e fechava a escotilha. No momento em que o avião estava taxiando lentamente pelo hangar, os dois já estavam no SUV. E antes que ele se virasse para a pista, estavam correndo de volta através do aeroporto, em direção à rodovia principal.
Lana verificou seu cinto de segurança, em seguida, acomodou-se no banco do passageiro da frente com um suspiro de alívio, sentindo-se estranhamente em casa, como se por estar de volta em seu assento, ela poderia relaxar agora que o SUV foi restaurado para a sua ordem apropriada. E isso significava que era novamente apenas ela e Vincent correndo através da noite.
 — Quão longe até o hotel? — Ela perguntou, abafando um bocejo.
 — 80 km mais ou menos.
Ela olhou para ele, incrédula. — 80 km? Não havia nada mais perto?
 — Claro que tinha, mas não o tipo de lugar que eu queria. Você ficará feliz quando chegarmos lá.
 — Eu vou estar morta quando chegarmos lá. Estou cansada e com fome. Preciso comer você sabe. Comida de verdade. — Ela estava começando a soar como uma criança chorona, mas não se importava. Ela estava morrendo de fome e queria um chuveiro.
 — Feche os olhos, querida. Eu vou acordá-la antes de chegarmos, — disse ele calmamente, como se não tivesse ouvido uma palavra do que ela disse. Ou que isso não importava. Provavelmente o último, uma vez que ele estava tão acostumado a estar no comando.
Lana poderia ter discutido, mas teria sido apenas por causa do argumento, porque o grande cabeça dura não mudaria de ideia. Ele sorriria e faria o que quisesse de qualquer maneira. Ela se debruçou contra a porta e fechou os olhos, não realmente acreditando que dormiria, mas não no humor para discutir, também.
A última coisa que ouviu foi Vincent falando com alguém no telefone, arranjando em um rápido e fluente espanhol para que uma refeição estivesse à espera quando chegassem.
Lana acordou com um sobressalto quando Vincent acariciou sua bochecha com o dorso dos dedos. Ela olhou ao redor com as percepções atordoadas de alguém que adormeceu em um lugar e acordado em outro. Em algum lugar que nunca fora antes.
Ela olhou para cima e encontrou Vincent observando-a. — Você está pronta? — Perguntou.
Ela piscou em confusão, depois estudou a cidade movimentada em torno deles. Poderia ter sido qualquer grande cidade, em qualquer parte do mundo. Em qualquer lugar do mundo de língua espanhola, de qualquer maneira. Abaixando a cabeça, ela olhou para fora da janela de Vincent para o hotel. Ela não sabia de onde estavam, mas descobriu que realmente não se importava. Enquanto tivesse uma cama e um chuveiro, e pelo menos uma barra de chocolate no mini-bar, ela iria sobreviver.
 — Pronta, — disse ela. Ela foi abrir a porta, mas encontrou um jovem ansioso para abrindo-a.
 — Bienvenida, señora, — disse ele com uma polidez ansiosa que se encaixava com a elegante fachada do hotel à sua frente.
Vincent estava esperando por ela do outro lado do SUV. Ele estendeu a mão e ela tomou-a, admirada de quão completamente natural isso que se sentia. Apenas alguns dias atrás... Ela sabia se ela contasse de volta, poderia descobrir exatamente quanto tempo eles estavam viajando juntos, mas que isso realmente não importava. O que importava era o quão completamente as coisas mudaram. Foram de estranhos desconfiados para parceiros relutantes, e agora? Agora, eles deram as mãos enquanto caminhavam para o hotel elegante que Vincent escolheu, parecendo como um casal de verdade.
Um porteiro abriu a pesada porta de vidro precisamente quando eles chegaram, fazendo eco dos sentimentos do valete de boas-vindas, parecendo não notar que os novos hóspedes estavam empoeirados e sujos e que suas roupas estavam com algumas manchas misteriosas que não iriam querer examinar muito de perto. Lana correu uma mão auto-consciente sobre seu cabelo, sabendo mesmo quando fez isso, que não havia nada que pudesse fazer para reparar o estrago antes de chegar à recepção.
Vincent, é claro, entrou no ar doce, e fresco do lobby como se fosse dono do lugar, todo confiante em sua roupa suja e incrustado de sangue como ele teria estado em um smoking sob medida.
Lana pegou uma matrona bem tonificada dando a Vincent um olhar ousado e admirador enquanto se dirigia para fora para uma corrida de manhã cedo. Ou pelo menos suas roupas faziam parecer que ela queria que todos acreditassem que é onde estava indo. Lana não estava convencida de que qualquer atleta sério usaria essa quantidade de maquiagem. Mas então ela não estava se sentindo particularmente caridosa sobre o assunto. Ela olhou para o barracuda feminina e apertou a mão de Vincent, aproximando-se do seu lado.
Ele olhou para baixo e deu-lhe uma piscadela conhecedora. Lana revirou os olhos, mas o estrago estava feito. Ele sabia o que fez e por quê.
Houve uma pequena fila na recepção, mas Vincent não parou. Em vez disso, ele caminhou até o outro lado do balcão onde um homem de aparência séria, levantou-se, concentrando-se em algo na tela na frente dele. Ele olhou para cima quando Vincent chegou, e seus olhos arregalaram-se.
 — Señor Kuxim, bienvenido, — disse ele, parecendo satisfeito com a ligação que Vincent dignou-se a deixar cair no último momento.
 — Felipe, — Vincent cumprimentou-o, continuando em inglês, — e a nossa suíte está pronta?
 — Mas é claro. Eu vou informar a cozinha de sua chegada. — Felipe trocou algumas palavras, com ele, puxou um folheto já preparado e chaves de uma gaveta e os entregou. — Seu habitual.
 — Eficiente como sempre. Obrigado.
 — O prazer é meu. — Seus olhos brilhavam com prazer genuíno, tanto que Lana acreditou nele.
Eles tinham o elevador para si, o que era bom, porque no espaço confinado Lana podia cheirar a si mesma e não foi agradável. O perfeito Vincent não era exatamente um anúncio de colônia masculina, o que ela realmente achou bastante tranquilizador.
Ele deslizou seu cartão-chave na abertura reservada para determinados andares e o elevador acelerou para cima sem parar. O corredor se estendia para ambos os lados quando as portas se abriram. Era perfeitamente silencioso, em parte, Lana estava certa de ser por causa da hora mais cedo, mas o tapete grosso e papel de parede paredes foram projetados para absorver o som, e os quartos eram provavelmente bem isolados. Não haveria batidas de cabeceiras neste hotel.
Seu quarto ou suíte de acordo com Felipe, era quase todo o caminho até ao fim, e Lana teve certeza de que, se ela tivesse energia para se virar, teria encontrado pequenos depósitos de sujeira e lama onde seus pés estavam se arrastando ao longo do tapete caro.
Vincent inseriu a chave e abriu a porta pesada, entrando na sua frente e checou o quarto antes de voltar e puxá-la para dentro. Então ele fechou e trancou a porta.
Lana estava mais do que cansada, mas isso não a impediu de admirar o quarto. Ele era espaçoso e elegante, com iluminação suave, uma TV de tela plana grande, e uma cama fodidamente grande que parecia o céu.
 — Eu preciso de um banho, — disse ela.
 — Vá em frente, — Vincent disse a ela. — A bagagem deve estar aqui quando você terminar.
Ela considerou esperar. Afinal, Vincent provavelmente queria um banho tanto quanto ela, mas desde que ele ofereceu, ela decidiu ser egoísta e seguir em frente.
O banheiro do hotel era feito de um reluzente mármore rosa com torneiras douradas, e era maior do que seu quarto em casa. Através de uma porta à esquerda havia uma área de vestir com espaço no armário o suficiente para abrigar todo o seu guarda-roupa e ainda ficaria vazio. Uma cesta de suprimentos de banho orgânicos se encontrava no balcão, assim, em vez de esperar a mochila, ela arrancou as garrafas de xampu e condicionador, juntamente com um sabonete sem cheiro e colocou tudo no chuveiro. Ligou a água quente, e deixou o vapor correr até o quarto. O jato era regulado, mas ela preferiu algo mais brusco. Hoje à noite, ou melhor, essa manhã, ela queria uma massagem dura e pungente. Além disso, ela precisava para lavar os cabelos. As imagens do que Carolyn fizera para Albert Serrana não saíam de sua cabeça, como um vídeo em replay. Mas não foi a brutalidade que a incomodou, porque o bastardo merecia tudo o que ele recebeu. Não, o que fez Lana estremecer era a convicção de que pedaços dele ainda estavam agarrados em seus cabelos, pele e roupas.
Em minutos, ela deixou suas botas e roupas em uma pilha no chão e estava sob o jato de água, deixando o calor embeber os músculos doloridos. A porta abriu e ela reconheceu Vincent apesar do vidro do chuveiro estar embaçado. Não havia dúvida quanto a sua altura e largura, ou a graciosa maneira como ele se movia. Ela pensou a princípio que ele queria se juntar a ela e não sabia como se sentia sobre isso. Não tinha dúvidas de que eles estariam fazendo sexo mais cedo ou mais tarde, mas, ao mesmo tempo, não sabia se ela queria que sua primeira vez com ele fosse no chuveiro. Especialmente quando a água ainda estava correndo rosa com o sangue que ela estava tentando lavar fora de seu cabelo. Eca.
Vincent deve ter tido dúvidas semelhantes, porque ele se virou e saiu da sala. Ou talvez era simplesmente demasiado perto de nascer do sol. Esse pensamento a fez se apressar para terminar. Não seria justo se ela pudesse tomar um bom banho e ele não.
Ela lavou o condicionador do cabelo e deu um passo para o ar relativamente mais frio do banheiro, envolvendo uma grande toalha macia em torno de seu cabelo. Ela notou roupões de banho no armário, então em vez de tomar tempo para se secar com a toalha, vestiu um dos roupões e saiu para a sala principal.
A primeira coisa que notou foi o cheiro de comida. Comida deliciosa e picante. Seu estômago roncou em voz alta o suficiente para que Vincent notasse. Mas então o que é que ele não notava? Ele olhou para cima e acenou para o carro de serviço de quarto que apareceu enquanto ela tomava banho.
 — Como você pediu, — disse ele.
Lana levantou a tampa de metal do prato principal e seu estômago roncou ainda mais alto. Ela não sabia exatamente o nome apropriado para esta refeição, mas o chamou de carne assada. Havia um recipiente coberto separado com tortillas de farinha recém-feitas, e ela quase desmaiou.
A risada de Vincent a fez olhar para ele. — Apenas observando você olhar para a comida está me deixando duro, querida.
Lana corou. — Desculpe.
 — Oh, não se desculpe. Você vai olhar para mim assim em breve. — Seu corpo inteiro aqueceu enquanto ele continuou. — Infelizmente, o nascer do sol está perto e eu preciso de um banho.
 — Lamento ter demorado tanto.
Vincent se aproximou e segurou seu rosto em sua mão. — Não se desculpe. Eu gosto de você doce e limpa. — Ele beijou seus lábios suavemente, apenas um toque rápido de sua boca. — Coma seu jantar, Lana.
Ela esperou até que ouviu a água correndo, em seguida, sentou-se e tentou não gemer de prazer enquanto comia sua primeira refeição de verdade em dias. Uma coisa sobre se pendurar com vampiros, eles tendem a esquecer que humanos precisam de alimentos. As refeições que ela conseguiu encontrar ao longo dos últimos dias agarrou com pressa, e até mesmo ela se cansou de barras de chocolate e batatas fritas.
Lana acabou de comer e foi empurrando o carrinho até a porta do corredor para colocá-lo fora, quando ouviu a porta do banheiro abrir.
 — Não abra a porta, — disse Vincent atrás dela.
Ela virou-se para encontrá-lo ali de pé completamente nu, é claro. Vincent tinha apenas duas configurações, nu ou totalmente vestido. Ele estava secando-se com uma toalha grande, mas nem sequer fingiu estar tentando cobrir-se. Ela disse a si mesma para se concentrar em seu rosto, mas era difícil. Vincent vestido era lindo. Vincent nu era o tipo de beleza que você normalmente só via em museus.
Ele pegou seu olhar de admiração e lhe deu um sorriso perverso, dentes brilhantes contra sua pele e barba ainda mais escura.
Lana suspirou. — Devo chamar alguém para levar o carro? — Perguntou ela, tentando aliviar a tensão sexual no quarto. Ou talvez fosse a única que sentia isso, porque ele parecia relaxado o suficiente.
 — Vou levá-lo para fora, — disse ele e começou a atravessar a sala em direção a ela.
 — Você não tem nenhuma roupa, — ela disse afetadamente. — Eu vou levar.
 — Não há ninguém lá fora para ver, — comentou ele e agarrou o carrinho.
 — Então não há nenhuma razão que eu não possa fazer isso.
Vincent revirou os olhos, em seguida, agarrou a maçaneta e abriu a porta, ali de pé em toda sua glória nua segurando a porta para ela. — Você vai ser tão teimosa assim quando fodermos?
O rosto de Lana se aqueceu enquanto ela empurrava o carrinho ao passar por ele. Mas ela se recuperou, dando o seu melhor. — Quem disse que vamos foder?
Ela levou mais tempo do que o necessário para colocar o carro contra a parede do corredor, tentando ganhar tempo. Vincent pendurou o sinal No Molestar{2} na maçaneta da porta, esperou até que ela estivesse de volta, em seguida, fechou e trancou a porta empurrando-a contra a parede com seu grande corpo. Seu grande, corpo nu.
 — Seu corpo me diz que vamos foder, — ele murmurou, seus dedos fazendo um trabalho rápido no nó de seu roupão. Ele empurrou o tecido de pelúcia longe, a mão deslizando sobre a pele nua de sua barriga para descansar em seu quadril. — E você também sabe disso. Eu vejo em seu rosto cada vez que você olha para mim. — Ele baixou sua boca na dela e beijou-a. Não um toque provocador de sua boca, e não um rápido, beijo duro, mas um prolongado beijo delicioso que a fez subir na ponta dos pés para encontrá-lo, seus lábios se abriram em boas vindas, sua língua acariciando dele, quente e sensual, provando calor, especiarias e masculinidade. A mão dele caiu para sua bunda e puxou-a contra ele, deixando-a sentir o comprimento de sua excitação.
Ela arqueou contra ele e ele gemeu. — Droga.
Lana se afastou e olhou para ele, seu cérebro tão embaçado com o desejo de demorou um momento antes que ela compreendesse o problema. Nascer do sol.
 — Oh, Deus, Vincent, eu sinto
— Pare de se desculpar, maldição. — Seus olhos se fecharam de repente e ele pareceu afundar onde ele estava em pé. Quando abriu os olhos, foi lentamente, como se as pálpebras estivessem muito pesadas. — Eu tenho que ir para a cama, querida. Não há tempo.
Lana não hesitou. Colocando seu ombro debaixo do braço, ela caminhou com ele para a grande cama, jogando as almofadas decorativas para o chão e puxando as cobertas apenas a tempo para Vincent cair sobre o colchão.
 — Hoje à noite, Lana, — ele sussurrou. Então rolou em sua barriga e estava fora. Lana passou seus dedos sobre suas costas, sentindo as bandas firmes de músculos sob a pele dourada suave, rastreando ao longo do comprimento de sua coluna todo o caminho até seu belo traseiro. Sentiu-se tentada a tocar isso também. Para apertar os músculos em volta firmes. Mas ela não o fez. Isso seria um pouco pervertido para ela.
Ela suspirou e puxou o lençol e o cobertor até a sua cintura. Um bocejo de quebrar a mandíbula a lembrou que também ficou acordada a noite toda. Apressando-se de volta para o banheiro, ela escovou os dentes e mais ou menos deu uma secada em seu cabelo. Levaria muito tempo para secar tudo, e ela estava muito cansada. Tirando o roupão, ela se dirigiu até o grande armário. Um sorriso cansado atravessou seu rosto com a visão das duas malas empoeiradas no meio do elegante closet. Ela cavou através da sua e encontrou uma outra regata e shorts de cetim azul. Ela olhou para a limitada vestimenta duvidosa, depois sacudiu a cabeça. Era inútil fingir por mais tempo. Ela estava dormindo na mesma cama com Vincent por dia. Se eles tivessem chegado no hotel até uma hora antes, ele provavelmente estaria enterrado dentro dela até agora. Ela enfiou a blusa sobre a sua cabeça e entrou no shorts curtos, pensando que ela provavelmente deveria ter economizado tempo e ido para a cama sem nada. Mas não estava assim tão certa por ele. Talvez quando acordasse ao pôr do sol, ele teria mudado de ideia. Ou talvez algo surgisse. Algo diferente da impressionante ereção que sentira contra seu ventre antes.
Um tremor de desejo ondulou sobre sua pele quando ela desligou a luz do banheiro e fez seu caminho para a cama. Ela era o que eles chamaram de California King, o que significava que ela poderia facilmente se arrastar e nunca tocar Vincent em tudo. Mas, em vez disso, ela encontrou-se movendo todo o caminho para o lado dele, puxando as cobertas sobre ambos e enrolando-se ao seu lado. E, quando fechou os olhos, ela sonhou sobre como seria fazer amor com um vampiro.

VINCENT ACORDOU com o calor do corpo de uma mulher de contra o seu lado e o roçar de cabelo sedoso sobre a sua pele.
Ele se virou e colheu Lana contra ele, colocando-a sob seu corpo, deixando-a sentir o peso e calor dele enquanto cutucava o joelho entre suas coxas. Seus braços rodearam seu pescoço mesmo antes que ela estivesse completamente acordada, suas pálpebras tremulando, sua boca se abrindo a dele com um gemido doce e faminto enquanto ela puxava sua cabeça para baixo para um beijo.
Vincent engoliu os deliciosos pequenos ruídos que ela fazia quando se arqueava contra ele, sua língua deslizando em sua boca, varrendo as gengivas inchadas, atormentando-o enquanto ele lutava para manter suas presas sob controle. Ele ainda podia lembrar o sabor mel escuro de seu sangue, sentir o seu deslizamento lento pela sua garganta quando ele tomou sua veia naquela caixa quente de prisão. Ela se ofereceu a ele para salvar sua vida, mas esta noite, ela saberia o verdadeiro prazer carnal de sua mordida, iria chorar deliciosamente enquanto o calor e o desejo correria pôr o seu corpo, enquanto sua boceta apertaria em torno de seu pau até que ela gritasse seu nome.
 — Vincent, — ela sussurrou e seus olhos se abriram. — Eu estava sonhando com você.
 — E o que você sonhou, querida?
Ela ondulou debaixo dele, o cetim de seus shorts minúsculos acariciando seu membro inchado enquanto seus seios se empurravam contra seu peito, seus mamilos cutucando contra o tecido elástico de sua camisa.
 — Isto, — ela disse e encontrou com o seu olhar em demanda atrevida.
O sorriso de Vincent era lento e confiante. — Eu posso fazer isso, — ele murmurou, arrancando seus shorts, empurrando-os para baixo de suas coxas e os deixando lá, prendendo as pernas juntas.
Ele acariciou seu corpo, roçando seus seios através de sua camisa, achatando os dedos sobre sua barriga e acariciando ao longo de seu quadril até a coxa. Lana se arqueou contra sua mão, joelhos transformando o cetim calções em ataduras quando ela tentou abrir as pernas para seu toque.
 — Vincent, — ela murmurou irregularmente, meio suplicante e meio exigindo que ele a libertasse. Ela torceu os dedos em seus cabelos e puxou duro, castigando-o. Mas ele apenas sorriu e deslizou sua mão entre as coxas, mergulhando um dedo para o centro cremoso de seu sexo. Lana gemeu, lutando contra o cetim enquanto empurrava contra sua mão. Ela estava tão molhada, tão gostosa. Ele acrescentou um segundo dedo, mergulhando profundamente dentro dela, sentindo o tremor de suas paredes internas quando ele começou a fodê-la, pressionando a palma da mão contra seu clitóris, esfregando frente e para trás enquanto empurrava seus dedos dentro e fora observando-a se contorcer embaixo dele. Ele gemeu na visão de seus seios lutando contra sua regata, seus mamilos redondos, gordos e sedutores. Inclinando a cabeça, ele fechou a boca sobre o mamilo através do tecido e chupou com força, até que ela gritou, até que os dedos que ela torcera em seu cabelo estavam segurando-o contra o seu peito, até que sua camisa estava encharcada e ele podia ver o contorno rosado de sua auréola. Ele fechou os dentes sobre o cone inchado de seu mamilo e ela gritou alto, sua boceta apertando em torno de seus dedos quando ela se desfez para ele, seus gemidos abafados quando ela mordeu o lábio tentando ficar quieta.
Foda-se.
Vincent levantou a cabeça para admirar os círculos rosa escuro de seus mamilos, agora inchados por chupá-los. Ela ainda estava respirando com dificuldade de seu orgasmo, seus seios subindo e descendo sedutoramente. Seu olhar viajou para cima, demorando-se na linha de sua jugular saturada, atraído para a gota de sangue em seus lábios quando ela os mordeu reprimindo seus gritos.
Pegando seu olhar, ele lentamente tirou os dedos de dentro dela, arrastando-os sobre seu clitóris supersensível. Suas pálpebras caíram pesadamente quando ela choramingou alto, enquanto seus quadris se levantavam contra seus dedos quase sem vontade, como se seu corpo soubesse melhor do que ela, o que queria, o que precisava. Seu olhar sobre ele estava agitado, quase com medo, mas ela não estava com medo. Não dele, de qualquer maneira. Não havia cheiro de medo, apenas excitação e desespero. Ela não estava com medo do que ele faria, só do que a faria sentir.
Ele arrastou os dedos, molhado com seus sucos, sobre a barriga nua, em seguida, levantou-os deliberadamente para sua boca, lambendo o sabor cremoso dela, observando seus olhos se incendiarem com o desejo.
 — Delicioso, querida.
Ela corou constrangida mesmo enquanto seu pulso disparava. Vincent baixou a cabeça e tocou sua boca sangrenta com a língua, saboreando aquele pequeno gole de seu sangue, enquanto se misturava com o gosto de seu gozo já em sua boca. E então ele a beijou, deixando-a provar-se enquanto sua língua se torcia com a sua, fazendo amor com o seu beijo até que ela se contraiu debaixo dele, tentando chutar os shorts fora, querendo abrir as pernas em sua volta.
Mas ele não estava pronto para isso ainda.
Ela gemeu em protesto quando ele interrompeu o beijo, mas ele queria ouvi-la gritar seu nome da próxima vez que ela gozasse. Não haveria mais gritos abafados, não mais reprimindo sua paixão. Ele lambeu seu caminho ao longo de sua mandíbula para a delicada concha de sua orelha, sentiu sua pele tremer, ele provocou a sua língua dentro, traçando o contorno, mordendo o lóbulo, em seguida, beijando para afastar a pequena dor. Seu coração pulou contra seu peito quando sua boca tocou sua veia, quando sua língua seguindo sua linha por trás da orelha, para baixo ao longo da curva de seu pescoço. Ele podia ouvir o fluxo de sangue através do pulsar de seu batimento cardíaco, podia cheirar a riqueza dele, podia sentir o gosto em sua língua. Ele sabia exatamente qual seria o gosto, como o sangue dela seria ao deslizar como melaço rico em sua garganta e alimentando seu desejo.
As gengivas se dividiram quando suas presas surgiram, um grunhido em sua garganta. Passaram-se dias desde que ele se alimentou pela última vez, dias desde Lana lhe deu seu sangue para fortalecê-lo para a batalha por vir. Se ela tivesse sido uma de suas amantes regulares, suas presas já estariam enterradas em seu pescoço enquanto a fodia o mais forte que podia. Mas Lana era mais do que isso, e ela não estava acostumada a ter um amante vampiro. Ainda não.
Então ele continuou beijando e lambendo. Seguindo sua veia para baixo até seu peito, mordiscando seu caminho ao longo do arco de sua clavícula, expondo seu ombro, e beijando a ondulação superior do seu peito. Impulsionado pela fome em suas veias, a frustração de seu sangue tão perto, ele agarrou o material fino de sua parte superior e rasgou, mostrando seus seios. Lana engasgou, seu coração batendo tão alto que era tudo o que podia ouvir. Ele lambeu cada polegada de sua pele sedosa, sugando quase todo seu peito em sua boca, a língua raspando sobre o mamilo até que ele também estava cheio de sangue, pulsando no tempo com o seu batimento cardíaco, implorando por sua mordida. Ele fechou os dentes sobre a carne inchada, com força suficiente para deixar a sua marca, mas não para tirar sangue. Lana gemeu baixinho, murmurando palavras sem sentido, impulsionando seus quadris contra ele.
Vincent deu em seu mamilo uma lambida áspera final, depois passou a boca para o outro seio e deu a mesma atenção. Ela gritou de frustração, as unhas curtas arranhando seu couro cabeludo, seu corpo inteiro ondulando debaixo dele.
 — Vincent, — ela respirou.
Ele levantou a cabeça, encontrando seu olhar, seus olhos normalmente brilhantes nebulosos com a necessidade. — O que você quer, Lana? — ele perguntou, sua própria luxúria tão grande que ele foi incapaz de fazer muito mais do que rosnar as palavras.
 — Você, — ela sussurrou. — Eu quero você.
Vincent mostrou os dentes num sorriso lupino. — Você me tem.
Ele arrancou os shorts de cetim, espalhando suas pernas enquanto segurava seu traseiro entre as mãos e colocava a boca em sua vagina. Lana protestou. Ela queria seu pau, não sua boca. Mas ele não concluíra com ela ainda. Ela lutou para recuperar o fôlego, quase chorando quando ele deu uma longa lambida entre suas dobras e sobre o clitóris, enquanto os lábios se fechavam sobre essa delicada pérola. Ele fechou os olhos, em seguida, lutando contra a vontade de morder. Não havia lugar mais suculento no corpo de uma mulher, nenhum sangue mais gostoso. Ela gritaria se ele mordesse lá. Ela gritaria seu nome enquanto gozasse com tanta força que provavelmente iria desmaiar. Mas ele precisava fodê-la primeiro.
Ele rosnou uma maldição. O suficiente.
 — Espalhe suas pernas, — ele exigiu, empurrando seus quadris entre as coxas quando ela não se moveu rápido o suficiente, dobrando os joelhos contra o peito até que ela estava nua e aberta para ele. E então ele a fodeu.
Segurando seu pau na mão, ele colocou-o contra o calor cremoso de seu sexo e empurrou profundamente em seu corpo, deslizando facilmente com a umidade de sua excitação, impulsionado pelo aroma de sua necessidade, o aperto de sua bainha em torno dele. Ela gemeu quando seu corpo se ajustou para ele, seus músculos internos tremendo enquanto se esticavam para acomodar seu comprimento. Mas ela não esperou. Em vez disso, ela levantou-se urgentemente às suas estocadas, agarrando seu traseiro enquanto seus quadris batiam um contra o outro, friccionando a pele em sua urgência, dentes e lábios se chocando quando suas bocas se encontraram em uma necessidade súbita e frenética.
As presas de Vincent rasparam sua língua, os dentes esmagados em seus lábios, e seu sangue fluindo e se misturando. Lana gritou quando seu sangue acendeu seus nervos e seus músculos se apertaram debaixo dele, quando foi jogada quase que instantaneamente em outro orgasmo. Vincent lutou contra o desejo irresistível de prová-la ainda mais, de afundar suas presas em seu pescoço, sua coxa, seu sexo. Ele não se importava. Mas em vez disso, ele a fodeu, batendo seu pau em seu corpo apertado, sentindo-a tremer em torno dele, sua vagina ondulando ao longo de seu comprimento, acariciando-o com mil dedos, apertando e liberando, exigindo que ele se rendesse, que a enchesse com seu semêm. Até que, finalmente, foi muito. Seu clímax era um peso ardente enquanto suas bolas se apertaram até que sua libertação rugiu para baixo de seu membro e irrompeu, enchendo-a enquanto ela gritava seu nome.

LANA LEVOU suas mãos sobre os ombros e as costas de Vincent, sentindo a força, e sua amplitude. Ela ainda estava tremendo de seus orgasmos múltiplos. Ela não tinha certeza de quantos. Ela nunca teve que contar antes. A maioria dos seus amantes mal conseguira um. Mas não Vincent.
Ela sabia que ele seria assim. Que faria amor com cada parte do corpo de uma mulher, que ele a deixaria mole, sua boceta tremendo, ainda apertando com mini orgasmos enquanto seu membro flexionava profundamente dentro dela. Que ele a deixaria com fome de mais.
Ele beijou o lado do pescoço, sua língua deslizando para fora para provar sua pele suada. Lana tremia antecipando sua mordida, inclinando a cabeça para um lado e expondo seu pescoço para ele em um desavergonhado convite.
Lembrou-se de como se sentiu, o calor abrasador, o fogo correndo por suas veias e ao longo de seus nervos. Foi além de sensual nos confins quentes da cela. Ela sonhou todos os dias desde então, o que seria tê-lo mordendo-a enquanto ele fazia amor com ela, enquanto estivesse enterrado profundamente dentro dela, sua ereção dura e grossa, o poder de seu corpo pressionando-a enquanto ele empurrava uma e outra vez.
Lana estremeceu apenas de pensar nisso, e Vincent se levantou sobre os cotovelos, levantando o peso de cima dela para que pudesse ver seu rosto.
 — Tudo certo?
Ela assentiu, com a garganta muito apertada para falar enquanto encontrava seus olhos salpicados de cobre, os dedos vasculhando as ondas de seu cabelo preto, quando de repente ela franziu a testa. Por que ele não a mordeu?
Sem aviso, ele levantou-se da cama e foi até a pequena geladeira. Lana se sentiu abruptamente nua, com a parte superior da blusa em farrapos, seu short... em algum lugar. Ela se levantou e dirigiu-se para o banheiro, sem saber o que faria lá, sabendo apenas que ela não podia deitar na cama como um amante que a rejeitou, aquela cujo sangue, obviamente, não era desejável, ao menos que ele estivesse preso sem opções.
Vincent pegou sua mão enquanto passava por ele. — Lana? — Disse ele, franzindo o cenho enquanto a parava. — O que está errado?
 — Errado? Por que algo estaria errado? — Ela retrucou, recusando-se a olhar para ele. Ela tentou se soltar, mas o aperto em sua mão se fortaleceu enquanto ele a puxava contra o peito, os braços poderosos a apertaram para mantê-la lá.
 — Diga-me, — ele exigiu.
Lana apertou os dentes, recusando-se a dar-lhe a satisfação.
 — Eu posso fazer você dizer, — ele murmurou.
 — Mas você não vai, — ela respondeu presunçosamente.
Seus braços se apertaram ao redor dela. — Não tenha tanta certeza, — ele rosnou. — Um momento atrás, você estava gritando meu nome, enquanto sua vagina apertava meu pau com tanta força que pensei que iria perdê-lo. O que aconteceu entre agora e depois?
 — Não é o que aconteceu, — disse ela, lutando inutilmente contra a sua espera. — É o que n- Fechou sua boca antes que ela fizesse a si mesma de idiota ainda mais.
 — O que não? — Ele adivinhou, inteligente demais para seu próprio bem. — O que não aconteceu, Lana? — Perguntou ele, soando genuinamente confuso.
Ela empurrou para trás o suficiente para morder seu braço, mas ele apenas riu.
 — Você acha que morder vai me fazer libertá-la? Eu sou um vampiro, querida. Mordendo unicamente me excita.
Ela podia sentir a verdade de suas palavras no comprimento duro de seu eixo pressionando contra sua barriga.
 — Bem, pelo menos um de nós está usando os dentes, — ela retrucou. E quase imediatamente, ela desejou que tivesse dito nada quando Vincent ficou muito quieto, os braços de repente, como barras de ferro.
 — Você quer que eu te morda?
 — Não coloque palavras em minha boca, — ela estalou. — Eu não sou uma ...
Ela nunca terminou sua frase pois Vincent colocou os dedos em seus cabelos, puxou a cabeça para um lado, e afundou suas presas em sua veia.
Todo o corpo de Lana convulsionou enquanto ela tremia surpresa para o orgasmo de corpo inteiro no espaço de um batimento cardíaco. Ela gritou, ofegando por ar, seu coração correndo tão forte que batia em seus pulmões, roubando sua respiração. Os braços fortes de Vincent a ampararam, um em volta do pescoço, o queixo seguro na sua mão enquanto ele a manteve imóvel por sua mordida, sua outra em torno de sua cintura, esmagando-a contra seu corpo, seus pés mal tocando o chão enquanto ela estremecia com sua devassa fome.
Lana estendeu a mão e acariciou a parte de trás de sua cabeça, enfiando os dedos pelos seus cabelos longos enquanto lutava com uma onda de prazer, inundando cada polegada de seu corpo.
 — Vincent, — ela sussurrou, agarrando seus ombros, suas unhas cavando os músculos grossos.
Com um grunhido, Vincent levantou a cabeça, seus dentes brilhando vermelho com seu sangue. Seus músculos flexionaram enquanto a virava e jogava-a de cara para a cama. Ajoelhado atrás dela, ele agarrou seus quadris em ambas as mãos e levantou sua bunda para o ar. Não houve finesse, sedução. Seus dedos grossos mergulharam entre as coxas e encontrou-a molhada e pronta para ele, e, em seguida, seu pau estava batendo nela, seus quadris batendo em sua bunda enquanto se enterrava até as bolas em um único golpe.
Lana enterrou a cabeça nos braços e gemeu, seus nervos ainda vibrando com a excitação de sua mordida enquanto ele a fodia descontroladamente, seus grunhidos pontuando cada impulso, até que ele agarrou seu cabelo mais uma vez, e puxou-a para os seus joelhos. Com as costas pressionadas contra seu peito, ele enterrou seus dedos em sua boceta e suas presas em seu pescoço e ambos vieram com tanta força que pensou que o quarto iria quebrar em torno deles.
Lana gritou o nome de Vincent, uma e outra vez, a euforia em sua mordida gritando ao longo de seus nervos, enquanto sua libertação a encheu de calor até que, finalmente, ela não aguentou mais e gritou sem palavras.
A próxima coisa que ela sentiu foi a língua de Vincent molhada e quente em seu pescoço, e uma vaga memória lhe disse que estava selando as feridas. Eles estavam deitados, estendidos na cama, suas costas ainda para a frente de Vincent, mas ele estava acariciando-a agora, a acalmando enquanto ela descia da dupla euforia de ter seu pau e sua mordida. Foi tão devastador como imaginou que seria, e ela achava que não seria capaz de se mover novamente.
 — Eu machuquei você? — Vincent perguntou em voz baixa, e ela ouviu o interesse genuíno em sua voz, sua preocupação.
Ela balançou a cabeça em silêncio, chegando de volta para acariciar sua mandíbula. — Foi lindo, — ela sussurrou. — Você é lindo.
Vincent beijou o lado de seu pescoço. — Essa é minha linha, — ele murmurou, sorrindo contra sua pele. — Além disso, eu tenho que ser devastadoramente bonito, não lindo.
Lana sorriu. — Convencido, também.
 — Ah, com certeza.
Ela riu. — Nós temos que nos mover agora? Porque eu não tenho certeza que posso.
 — Nós podemos fazer o que quiser, mas eu não tenho nenhuma objeção a passar a noite dentro de você.
Lana estremeceu. Ela sabia que ele quis dizer isso. — Vou precisar de comida.
 — Eu posso fazer isso.
 — Durante toda a noite, será, então, — ela respirou e se transformou em seu beijo.
CAPÍTULO DEZESSETE
LANA acordou antes do anoitecer na noite seguinte. Ela sabia disso porque Vincent ainda estava dormindo e porque uma verificação rápida do app do sol em seu telefone celular confirmou que ela tinha vários minutos antes do sol se pôr. Ela saiu da cama o tempo suficiente para utilizar as instalações e pegar seu laptop, em seguida, recostou-se e conectou a Internet do hotel para verificar seu email enquanto esperava.
Seu inbox possuía o lixo usual, e mais cinco novas mensagens de Dave Harrington e uma do seu pai. Abriu a de seu pai e não encontrou nada novo. Ele ainda falou sobre Dave como se ele fosse a segunda vinda e a instruiu a se encontrar com Dave para terminar o que quer que essa atribuição fosse, que ela assumiu sem dizer a ninguém. Ele não perguntou como estava indo, não perguntou ela precisava de ajuda. Inferno, os caras assumiam trabalhos particulares todo o tempo, e ele nunca se queixou. Na verdade, ela pensou que era uma boa coisa — a mantendo feliz e alinhada enquanto o negócio estava lento. Mas ele obviamente não pensava da mesma forma quando se referia a ela. Esta atitude fez com que ela não contasse a ele sobre o trabalho para Raphael em primeiro lugar.
Ela sabia qual seria sua reação.
Ela continuou lendo, perguntando o quão profundamente ele havia bisbilhotado em seus negócios. Parecia que ele sabia que o trabalho teria algo a ver com os vampiros, mas não muito mais. Isso significava que Dave Harrington provavelmente a seguiu até Hermosillo, mas não conseguiu espremer qualquer informação das pessoas de Vincent. Dado o que ela agora sabia sobre a hierarquia vampírica, isso não a surpreendeu, especialmente desde que o único vampiro que realmente sabia o que estava acontecendo era Michael. Dave ainda poderia encontrá-la se estivesse determinado, mas seria necessário um longo tempo, talvez mesmo tempo suficiente para que o trabalho estivesse terminado.
E ela considerou, pela primeira vez, que quando o trabalho terminasse, ela e Vincent voltariam às suas vidas separadas. A ideia de que talvez nunca mais o veria novamente... feria. Era uma verdadeira dor física em seu coração. Ela pressionou a mão no peito e tentou dizer a si mesma que era outra coisa, toda a comida picante, talvez. Mas isso não explicava as lágrimas ardendo parte de trás de seus olhos.
Os lençóis sussurraram enquanto Vincent acordava atrás dela. Colando um sorriso, ela olhou por cima ombro para vê-lo olhando para ela.
 — Você pode ler meus emails, também, se prometer fazê-lo nua, — ele ronronou.
Ela riu, aliviada por ele não ter notado seu humor. — Eu estava esperando por você. Eu preciso de um banho.
 — Sexo no chuveiro...Muito melhor do que ler emails nua.
 — Quem disse alguma coisa sobre sexo?
Ele não disse uma palavra, simplesmente jogou as cobertas e levantou em toda a sua beleza nua, sua ereção sobressaindo dura, grossa e orgulhosa. Lana não percebeu que ela estava olhando, até que ele se aproximou e levantou o queixo, forçando-a a olhar para seu rosto.
 — Hellooo? Meu rosto está aqui em cima, — disse ele em uma paródia cantada de uma fêmea virtuosa protestando.
Lana novamente, sentindo isso dessa vez, quando ela se levantou para envolver os braços em volta do pescoço. — Sexo no chuveiro soa bem, — ela murmurou, acariciando sua pele. Ela pegou a mão de Vincent enquanto se levantava e dirigiu-se ao banheiro, parando apenas o tempo suficiente para fechar seu laptop sem abrir qualquer um dos e-mails de Dave Harrington.

VINCENT levantou Lana contra a parede de azulejos e bateu seu pau dentro dela, impulsionado pela necessidade de possuí-la, tanto quanto pela raiva por ela lhe fazer querê-la tanto. Eles passaram toda a noite anterior na cama, na maior parte com ele dentro dela, com apenas breves pausas para repouso e alimentação, apenas para Lana, de qualquer maneira. Ele não precisava de qualquer comida, apenas o seu sangue, e ele não precisa de muito descanso também.
E ainda assim, ele acordou esta noite duro como uma rocha e estendendo a mão para ela. Talvez se ele transasse com ela o suficiente, ele iria se satisfazer. Talvez essa fome que o levava a reclamá-la, para garantir que nenhum outro homem ousasse olhar para ela, seria finalmente saciada, e ele poderia voltar para sua vida. De volta a pegar qualquer porra de mulher para saciar suas fantasias. Só que ele não queria foder qualquer mulher, apenas essa.
Ele grunhiu sua raiva, agarrando sua coxa e a envolvendo mais elevada em torno de sua cintura, esmagando sua boca contra a dela. Lana ecoou seu grunhido, cavando seus dedos em seus cabelos com tanta força que doía, o que só abasteceu seu desejo por ela. Ele provou sangue quando seus lábios se partiram com a ferocidade de seu beijo, em seguida, mais sangue quando ela o mordeu de volta, sua risada baixa e sensual. Seu pau cresceu incrivelmente mais duro com o som e com seu sexo, quente e apertado, pulsando ao seu redor. Ele se afastou e encontrou seu olhar, seus olhos tão cheios de um abandono selvagem, como o seu também deveria estar. Cristo, eles iriam foder um aos outros até a morte neste ritmo.
E que maneira de morrer.
Ele deixou suas presas emergirem, saboreando a dor ao dividir suas gengivas, o alargamento dos olhos de Lana quando ela olhou para seu comprimento afiado e reluzente. E então, com seus olhos nunca deixando os seus, ela sorriu e inclinou a cabeça, mostrando a elegante extensão de seu pescoço.
Porra. Minha, ele pensou e virou a cabeça para a frente, suas presas cortando o calor úmido de sua pele, perfurando uma veia tão inchada com sangue que ela explodiu como um fruto maduro, inundando sua boca, rolando goela abaixo. Tanto sangue, e tão deliciosa, que teve que fechar os olhos contra o êxtase, para que Lana não visse e soubesse o poder que tinha sobre ele. Isto era mais do que sangue. Este era o sangue da mulher que poderia ser sua companheira se ele lhe permitisse isso ir tão longe.
O grito de Lana o fez abrir os olhos. Ele puxou a cabeça para trás, querendo ver como ela culminou em torno dele, como ela perdeu o controle, presa na mesma armadilha que ele estava, seu corpo estremecendo na agonia de um orgasmo que Vincent lhe dera, e que ela era incapaz de resistir.
 — Vincent, — ela sussurrou seu nome, tão suave e doce, tão cheia de emoção. Tão vulnerável.
Tolo que ele era, seu coração inchou. Inclinando a cabeça, lambeu as feridas de sua mordida, selando-os para parar o fluxo de sangue. Então mordiscou seu caminho para sua boca, lhe dando um tipo diferente de beijo, um cheio de desejo e anseio. E assim, ele deslizou seu pau dentro e fora devagar, sentindo seu corpo convulsionando em torno dele, seus mamilos raspando seu peito, seu coração acelerado como o orgasmo se formando através dela. E quando ela estava quase feita, quando sentiu as contrações em sua barriga começar a abrandar, a carícia de sua vagina começa a perder a sua agitação, ele segurou seu traseiro, segurando-a bem aberta, e ele fodeu com ela a sério, batendo seu pau tão profundo quanto poderia ir moendo contra seu clitóris com cada impulso.
Os olhos de Lana se abriram em choque quando um novo clímax se agarrou a ela, enquanto sua vagina ondulava em torno de seu membro mais uma vez. Seus braços se apertaram convulsivamente sobre seus ombros e ela gritou impotente. Vincent sentiu seu próprio corpo responder, seu orgasmo subindo como o calor de um vulcão, que ruge através de todos os músculos, queimando cada nervo até sua libertação ser derramada, reivindicando sua mulher com o seu pau da mesma maneira que fez com suas presas.

LANA afrouxou seu aperto em Vincent, tão superaquecida pelo o chuveiro quente quanto pelo vampiro ainda mais quente entre suas coxas que pensou que derreteria. Ou isso, ou explodir. Ela não sabia de qual ela não tinha certeza. E ela não se importava, porque valeu a pena. Vincent valeu a pena. Talvez isso fizesse dela uma idiota, porque ele não era apenas um vampiro, ele era um homem. E homens como Vincent não se amarram a uma mulher. Ela precisava se lembrar disso. Precisava que lembrar que tudo o que eles possuíam era passageiro. Que poderia ser quente e incrível, mas, no final, era apenas diversão. Algo glorioso para recordar quando fosse velha e senil.
Ela acariciou a mão sobre a parte de trás da cabeça de Vincent. Sua testa descansou contra o azulejo as suas costas, e sua respiração era quente e alta em seu ouvido. Uma câimbra lembrou-lhe que suas pernas ainda estavam enroladas em torno de seus quadris e ela fez uma careta, não tendo certeza de que forçara para movê-las... Ou para estar em seus próprios pés, se ela tentasse.
 — Eu acho que preciso de um banho, — ela murmurou, consciente de sua pele suada, da umidade entre suas coxas, tanto dele quanto dela.
Vincent riu e levantou a cabeça, os olhos salpicados de cobre quando encontraram os dela. — Você pode se mover?
 — Talvez. Se você ajudar.
Ele apertou sua nádega, então arrastou seus dedos para baixo em sua umidade e ao longo de sua coxa.
 — Pare com isso, — ela repreendeu fracamente. — Nós vamos ficar aqui a noite toda.
 — Isso é uma coisa ruim?
 — Eu não sei sobre você, vampiro, mas eu vou enrugar como uma ameixa. E isso não é atraente em uma amante.
Ele deu uma palmadinha em sua bunda e em seguida, deu um passo atrás, facilitando suas pernas para o chão e segurando-a até que ela ficasse mais ou menos constante. Mas este era Vincent, o que significava que não deixar isso parar por aí.
Alcançando atrás dela, ele havia bombeado um bom punhado de gel de banho e começou a lavá-la, deslizando suas fortes mãos por todo o corpo, lavando entre as coxas e sobre seu traseiro. Sentindo-se mais relaxada do que já se sentiu, Lana fechou os olhos e aproveitou a massagem.
 — Enxágue.
Ela piscou os olhos abertos para encontrar Vincent olhando-a melindroso.
 — Enxágue-se, querida. Você está toda cheia de sabão.
 — Certo, — ela disse, como se não tivesse ficado meio adormecida. Vincent se afastou para que ela pudesse ficar sob o jato, mas, em seguida, agarrou o pulverizador de mão e dançou sobre o corpo dela, fingindo ser útil apontando-o entre as pernas.
 — Me dá isso, — ela retrucou, levando-o para longe e apontando-a para seu rosto brevemente antes de terminar a sua própria lavagem. Foi uma sorte, pensou ela, que lavou o cabelo antes que transarem. Porque se ficaria tão perto de um Vincent nu por muito mais tempo, só havia uma maneira que poderia ir. E em seguida, ela seria uma ameixa com certeza.
Entregando-lhe o pulverizador, ela se levantou na ponta dos pés para beijar sua boca, então deu um tapa em sua bunda no caminho para fora do chuveiro. Instantaneamente sentindo cerca de dez graus mais frio, ela puxou um dos macios robes, em seguida, pegou uma toalha e um pente, atravessou a área de vestir e saiu para o quarto.
Envolvendo o manto apertado em torno de seu corpo, ela amarrou-o frouxamente, e em seguida, ficou na frente do espelho e começou a pentear o cabelo molhado. Alguém bateu na porta do quarto e ela franziu a testa, verificando a hora. Talvez Vincent pedira algo no serviço de quarto para o café da manhã... ou jantar... ou o que você chamaria quando você dormiu durante todo o dia e acordou durante a noite. Ou talvez fosse a camareira, uma vez que eles perderam a limpeza regular programada.
Ela foi até a porta e verificou o olho mágico, cobrindo-o com a mão em primeiro lugar, apenas no caso alguém estar lá fora, com uma arma. Ela viu isso em um filme uma vez. O filme em si não foi muito impressionante, mas a cena foi.
Afastando-se seus dedos — que ainda estavam inteiros e livres de ferimentos de bala — ela colocou seu olho no olho mágico e encontrou algo muito pior.
Dave Harrington. Que porra ele estava fazendo aqui?
Ela estalou os bloqueios e abriu a porta.
 — Que porra é essa, Dave?
 — Você me pergunta isso? — Ele perguntou, empurrando e entrando no quarto. — Eu estive deixando mensagens, emails... Seu pai está doente de preocupação. Ninguém sabe no que você está trabalhando, ou por que você está aqui no meio do país do cartel... E por sua conta, pelo amor de Deus.
 — Saia, — disse ela, dando um passo à frente dele, tentando impedi-lo de ir mais longe na sala de antes do desastre. — O que eu faço não é da sua conta ou do meu pai. Agora, saia.
— Não até que você me diga por que você está aqui. No que você está trabalhando? — Ele deu vários passos para dentro do quarto, forçando-a a se afastar, um homem grande por qualquer padrão, forte e em forma... E Vincent com certeza o destroçaria.
 — Não aqui, — Lana disse com firmeza. — Eu preciso me vestir. Por que não encontro você no café?
Infelizmente, Dave pode ser ignorante, mas não era estúpido. Ele virou-se em um círculo, olhando para a cama desarrumada, olhando para a porta do banheiro fechada. Ela sabia o momento em que ele ouviu a água a correr chuveiro. Seu corpo inteiro ficou tenso, e ele virou-se, com os olhos arregalados em descrença.
 — Você está fodendo alguém? Você fugiu do seu pai, de mim, para ter uma boa transa no México?
Mas Lana não estava olhando para Dave mais. A porta do banheiro se abriu e ela encontrou o olhar de Vincent.
 — Você não me disse que tinha um convidado, querida.

VINCENT ACABAVA de sair do chuveiro, sentindo-se ótimo, quando ouviu um homem gritando com Lana na sala ao lado. Ele agarrou sua calça, puxou-as para cima de suas pernas molhadas, e abriu a porta do banheiro para encontrar um homem gritando algo sobre uma foda mexicana.
Vincent olhou por cima do ombro volumoso do humano e encontrou o olhar preocupado de Lana.
 — Você não me disse que tinha um convidado, querida.
O humano se virou, uma mão indo para a grande pistola na cintura quando olhou para Vincent, seu olhar o medindo da cabeça aos pés, com ódio desmascarado. Vincent não teve que mergulhar nem mesmo em seus pensamentos superficiais para saber o que ele estava pensando. Parecia haver uma lâmpada piscando sobre sua cabeça. Ele viu um Vincent principalmente nu, seu cabelo e pele ainda molhados do banho, e viu Lana, toda limpa e brilhante, enrolada no robe envolvente, seus longos cabelos ainda pingando água.
O humano lançou um olhar atordoado para Lana, depois para Vincent. E sua expressão mudou, tornando-se mais calculada, observando tamanho e força de Vincent, a maneira como ele estava parado, equilibrado e pronto para lutar. E ainda mais, a sua total falta de preocupação com a súbita aparição do humano.
Este era Dave Harrington, Vincent presumiu, com base na descrição de Lana, tanto do homem e seu temperamento. Ele era 5 ou 6 cm mais baixo do que Vincent, mas volumosos com os músculos, e, provavelmente, os utilizava para intimidar as pessoas.
Pena Vincent não se intimidou, e Dave Harrington sabia disso.
 — Você estava dizendo? — Vincent perguntou suavemente, esperando que o idiota persistisse em insultar Lana, assim, dando a Vincent uma razão para bater sua bunda no chão.
 — Quem diabos é você? — Harrington exigiu.
Lana passou em torno dele e assumiu uma posição ao lado de Vincent, um movimento significativo que não foi despercebido por Harrington, se seu olhar boquiaberto em Lana fosse qualquer indicação.
 — Eu acredito que essa seria a minha pergunta, — Vincent respondeu, — uma vez que este é o meu... isto é, o nosso quarto que você tão rudemente invadiu.
Harrington olhou para Lana, esperando que ela claramente fizesse algo. Apresentá-lo, talvez? Declarar seu amor eterno?
Mas, então, o robe de Lana se moveu, e Harrington teve um olhar em seu pescoço, onde Vincent recentemente a mordera. Não havia muito na forma de uma marca, mas foi o suficiente, uma vez que o homem obviamente já sabia, que ele tirou à conclusão correta.
Mas então ele fez o movimento errado.
 — Você está fodendo um vampiro? — Harrington exigiu e estendeu a mão para Lana, seja para empurrar o robe de lado para ver melhor ou para agarrá-la, Vincent não sabia. E ele não se importava.
Movendo-se mais rápido do que o humano poderia seguir, ele agarrou o pulso do homem antes que sua mão pudesse tocar Lana, em seguida, entrou em seu espaço, pararando a um fio de cabelo do peito do humano.
 — Não toque nela, — Vincent rosnou. — E você vai manter sua língua na sua cabeça, ou eu vou rasgá-la para fora e empurrá-la em sua garganta.
 — Vincent, — Lana disse calmamente.
Ele esperou o tempo suficiente para o humano perceber que ele estava impotente contra a força maior de Vincent, em seguida, o deixou ir empurrando o homem um passo para trás, longe de Lana.
Envolvendo um braço descaradamente possessivo ao redor dos ombros de Lana, ele tocou sua cabeça com a dela de uma forma que gritou intimidade e perguntou: — Quem é este palhaço? — Mesmo já sabendo.
Harrington fuzilou para ele. — Eu sou seu noivo, imbecil. Quem é você?
Lana bufou de desgosto, mas reveladora não fez nenhuma tentativa de desalojar o braço de Vincent. — Você não é meu noivo, Dave. Nós nunca estivemos noivos.
 — Quanto a quem eu sou, — Vincent interrompeu. — Eu sou o único fo
Lana virou a cabeça devagar e o olhou fixamente, como se desafiando-o a terminar a frase.
Vincent sorriu e terminou, dizendo: — seguindo Lana por todo o país. A mantive segura... entre outras coisas.
 — Vincent, — Lana repreendeu suavemente, virando-se para tocar o queixo com os dedos, lutando contra um sorriso que ela provavelmente não queria que ele visse. Ela voltou para Harrington.
 — Sinto muito que você veio até aqui para nada, Dave. Mas este não é o seu negócio, ou do meu pai. Eu agradeço sua preocupação, mas como você pode ver, eu estou perfeitamente segura. Agora, eu vou lhe pedir para sair.
Harrington, que era ou ignorante ou estava em um grande caso de negação, olhou para Lana em descrença.
 — Você está escolhendo um vampiro sobre nós?
 — Não há nós, — Lana gritou, tendo finalmente chegado ao seu limite com o imbecil. — Você poderia por favor enfiar isso na sua cabeça! Nós namoramos! Muito tempo atrás! Deixe isso para trás!
 — Lana
 — Não. Droga! — A calma de Lana desapareceu para sempre. — Vá para casa, — ela rosnou tão violentamente como qualquer vampiro poderia. — E diga a meu pai para parar de se intrometer nos meus negócios. Eu estou de férias. Agora, me deixe em paz!
Harrington finalmente pareceu cair na real. — Tudo bem, — ele retrucou. — É o seu funeral. — Ele esbravejou e abriu a porta, parando para uma última ressalva. — Ou talvez o do seu pai, uma vez que isso vai quebrar a porra de seu coração.
Lana revirou os olhos para esse último pedaço de drama, mas não disse nada até que a porta se fechou em sua bunda inútil.
 — Como se fosse possível, — ela murmurou. — Sean Arnold pode sobreviver a tudo apenas para provar que pode.
Vincent passou o braço em volta de sua cintura e puxou-a contra o peito, inclinando-se para esfregar sua bochecha contra a dela. — Você está bem?
Ela assentiu com a cabeça.
 — Ele ainda quer você, você sabe.
 — Ele quer o negócio do meu pai.
 — Talvez. Mas ele quer você também.
 — Muito ruim para ele então.
 — Você o deseja?
Ela virou-se para dar-lhe o tipo de olhar uma pessoa dá alguém que é particularmente sem noção. — Não, Vincent, — ela explicou pacientemente. — Se eu quisesse Dave Harrington, eu teria fodido ele no chuveiro há dez minutos ao em vez de você. Feliz agora?
Vincent sorriu, então se inclinou e fechou os dentes sobre seu lábio inferior antes de lamber embora a dor. — Peço desculpas.
 — Hmph. Eu não preciso de você para me proteger, você sabe.
 — Eu sei disso. Mas eu preciso.
Ela sorriu com relutância. — Orgulho, teu nome é homem, ou macho, de qualquer forma.
 — Naturalmente, — Vincent concordou.
 — Sim, bem, agora que a parte de entretenimento da nossa noite está concluída, precisamos começar procurando Xuan Ignacio. Ele é a razão de estarmos aqui, afinal.
 — Eu que pensei que estávamos aqui para que você pudesse tirar proveito de mim.
 — Isso é verdade. Mas pensei que talvez eu devesse lhe dar uma pausa. Você sabe, algum tempo para recuperar a sua força.
Vincent baixou a cabeça para dar-lhe um olhar malicioso. — Isso é um desafio?
Ela balançou a cabeça com um sorriso. — Eu não sou tão tola. Mas nós realmente temos que encontrar Xuan.
— Tudo bem, — admitiu. — Devemos mudar de hotel de qualquer maneira. Se Harrington nos encontrou, outros podem também.
 — Ele provavelmente está rastreando meu celular. Esta é a primeira vez que ficamos em um lugar por tempo o suficiente para ele encontrar a gente.
 — Mais uma razão para mudar. Vamos empacotar e sair daqui. Vamos pegar um pouco de comida e vou fazer algumas chamadas. Xuan não é o único vampiro no Pénjamo. É hora para lembrar aos moradores quem é que está no comando.
 — Você quer dizer Enrique? — Perguntou Lana, fingindo inocência.
Vincent rosnou e agarrou-a pelas lapelas, puxando o rosto para o seu e estabeleceu um duro, rápido beijo contra sua boca doce. — Eu, querida, e não se esqueça disso.
 — Pfftt. — Com essa dispensa, ela bateu um beijo contra seus lábios, em seguida, desengatou os dedos de seu robe e caminhou de volta para o banheiro, deixando-o a se perguntar como é que ele poderia estar caído por uma mulher que parecia não precisar dele em tudo.
CAPÍTULO DEZOITO
ENQUANTO LANA jantava no restaurante, Vincent bebeu um copo de vinho, para manter as aparências e fez telefonemas, começando com Michael.
 — Sire, — seu tenente respondeu.
 — Mikey, o que você tem para mim?
 — Primeiro, os filhotes estão indo bem. Jerry só precisava de algumas boas refeições, e ele já está patrulhando com um dos regulares. Salvio é um pouco mais difícil de se conectar, ele não parece tão privado de sangue quanto Jerry.
 — Ele matou um grupo de guardas um pouco antes de o encontrarmos. Eu estou supondo que ele se alimentou deles.
 — Isso explica tudo. Ele parece um pouco desconfortável, mas está começando a patrulhar esta noite. Pensei em manter os dois juntos, mas Salvio parecia relutante.
 — Problema?
 — Acho que não. Vamos ver como ele se ajusta, mas por agora, ele está de segurança no clube, cuidando da porta. Eu pedi para Ortega manter um olho sobre ele, pois ele conhece a história.
 — Boa ideia. E Carolyn? — ele perguntou, cobrindo a boca e falando tão baixinho que Lana não pode ouvir.
 — Eu não a vi desde que voltamos, mas estou recebendo relatórios noturnos. Fisicamente, ela está totalmente recuperada, é claro. Quanto ao resto, pode ser que demore um pouco até que se sinta confortável diante de qualquer macho, mas ela está bem com as outras mulheres. Ela é forte.
 — Ela teria que ser para sobreviver a isso e manter a sanidade.
 — Falando de insanidade, jefe, recebi a palavra da minha fonte dentro do HQ de Enrique, e não é bom. Ele diz que Alexandra está morta.
 — Porra. Enrique a matou?
 — Não Enrique. Um visitante da França. O mesmo que planejou o atentado contra Raphael no Acuña. A palavra é que ele ainda está na Cidade do México, escondendo-se na villa de Enrique.
 — Por que ele ainda está lá? Você pensaria que ele estaria correndo para casa, especialmente desde que foi estúpido o suficiente para matar a irmã de Raphael.
 — Ninguém parece saber. Raphael já deve saber que ela está morta, certo?
 — Conte com isso. Porra, essa situação só fica mais e mais complicada. Porra. Tudo bem, uma coisa de cada vez. Encontrou alguma coisa para me ajudar com Xuan Ignacio? Eu gostaria de encontrar o cara e acabar logo com isso.
 — A rosa já desabrochou{3}?
 — De jeito nenhum. O que eu gostaria é para passar algumas semanas de qualidade com esta rosa em particular na casa de Cabo. Nenhum visitante, nenhuma política.
 — Huh.
Vincent franziu a testa para o telefone. — Huh o quê?
 — Oh, uh, nada. Apenas verificando minhas notas. E, sim, eu tenho alguma ajuda para você. Celio — você se lembra dele, o vampiro mais velho que afirmou ter visto Xuan
 — Sim sim.
 — Bem, querendo agradar a si mesmo, e se dedicou a pensar novamente sobre o passado e veio com um nome para você. É outro vamp como ele. Velho, mas não forte. Ainda vivendo em Pénjamo. — Michael fez uma pausa. — Você já pensou sobre quantos caras devem haver assim, vivendo no mundo? Vampiros realmente velhos que pendurados em pequenas aldeias, sobrevivendo com um gole de uma linda coisinha jovem — menina ou menino?
Enquanto Michael continuava a ser inteligente, Vincent foi arrebatado com a visão de Lana tomando um gole de sua Coca. Seus lábios, cheios e molhados com alguma coisa rosa que ela colocou sobre eles no andar de cima, em volta do canudo grosso enquanto ela chupava... Ele colocou a mão sobre a dela na mesa, enrolando seus dedos juntos. Lana olhou para cima e encontrou seus olhos com um sorriso suave.
E tudo o que Vincent podia pensar era tê-la nua e debaixo dele o mais rápido possível.
 — Nenhum poder, mas não preocupado com isso, porque há vampiros como você mantendo a ordem na terra, — Michael terminou.
 — Você sabe, Mikey, — disse Vincent, seu olhar nunca deixando Lana. — Eu não posso dizer que já pensei sobre isto. Mas você sabe o que eu posso dizer?
 — Eu estou supondo que é que você não dá a mínima para isso também.
 — Homem inteligente. Eu sabia que havia uma razão pela qual eu mantive você por perto. Agora me diga se o que Celio tem a dizer vai me ajudar a encontrar Xuan.
 — Seu amigo sabe o paradeiro atual do Xuan, e está disposto a se encontrar com você.
 — Excelente. Me mande a localização por mensagem.
 — Enquanto falamos.
 — Eu te ligo mais tarde, — disse Vincent e desconectando. Então ele virou-se para Lana. — Temos uma reunião com um cara que sabe onde encontrar Xuan.
 — Isso foi rápido. Quem é ele?
 — Um velho amigo de Celio que ainda vive na área.
 — Quão perto?
 — Eu preciso chamá-lo e configurá-lo, mas não aqui. Ligarei da estrada.
Lana soltou a mão e imediatamente começou a recolher suas coisas, se preparando para sair. Ela tomou um último gole de sua bebida, limpou a boca, pediu a conta e colocou algum dinheiro na mesa... Mas a única coisa em que Vincent podia pensar era na falta do calor de seus dedos nos dele.
Ele piscou e deu um tapa mental em sua cabeça. Que porra é essa? Ele era um cara-tipo-transe-e-saia-feliz. Ele não era um adolescente apaixonado.
 — Você está pronta? — Perguntou. Quando Lana olhou para ele com surpresa, percebeu que soou um pouco grosseiro.
 — Tudo bem? — Perguntou ela.
 — Sim, desculpe-me. Eu simplesmente pensei que estávamos realmente fazendo o que viemos fazer em primeiro lugar.
 — Muitas viagens paralelas, — observou ela.
 — Exatamente.
 — Então vamos ver um homem sobre uma coisa.
Vincent riu e colocou um braço em volta de seus ombros enquanto caminhavam para fora do restaurante.
 — Você tem lido muitas histórias policiais.
 — Há algum outro tipo?
 — Bom ponto.

 — VOCÊ TEM CERTEZA que esse é o caminho? — Perguntou Vincent. Ele estava falando com um velho amigo de Celio, usando o viva-voz enquanto se dirigiam para Pénjamo.
 — A menos que você o tenha assustado. Ele sabe que você está vindo?
Lana pensou que a voz do outro vampiro soou velha, como um humano velho, e se perguntou como ele se parecia. Seria possível que alguns humanos tivessem sido transformados quando estavam perto do fim das suas vidas? E se sim, o que acontecia então? Será que o vírus vampiro ou o que quer seja começaria a repará-los então eles voltariam a ser jovens de novo? Ou eles estavam destinados a serem velhos eternamente? Certamente, pelo menos, a sua saúde teria melhorado. Eles não teriam de suportar a imortalidade com artrite ou frágeis ossos, ou teriam?
 — Você deve ter cuidado com quem você está falando, meu velho, — Vincent rosnou.
 — O que vai fazer, me perseguir e me matar, porque eu não beijei a sua bunda?
Os olhos de Lana arregalaram-se.
 — Se foder isso, eu poderia fazer, — Vincent estalou, em seguida, bateu com o punho contra a tela desligando.
Claro, a tela não foi projetada para responder a punhos, de modo que eles ainda podiam ouvir o velho vampiro na outra extremidade murmurando sobre lordes vampiros de merda que pensam que sua merda não fede, só porque eles têm o melhor da loteria genética antes de Lana tocar a tela com seu dedo e desconectar a chamada.
 — Ignore-o, — disse ela calmamente. — Ele é um velho infeliz. Tudo o que importa é se a sua informação é boa. Você acha que é?
 — Provavelmente, — Vincent admitiu a contragosto, obviamente, ainda chateado. — Eu não sei nada sobre ele, exceto o que Celio me disse, mas não há nenhuma razão para ele mentir. Não há nada para ele nisso de qualquer jeito.
 — Ele parecia velho.
 — Sim, então? Sabíamos que ele era velho. Celio nos disse.
 — Mas ele parecia um humano de idade, com a voz trêmula e outras coisas. Os vamps eventualmente envelhecem desse jeito?
Vincent parecia pensar sobre isso. — Alguns fazem. É como se o cérebro não pudesse sustentá-los mais, mesmo os mais fortes. O último Lord do Nordeste era assim. Ao olhar para ele, você teria pensado que ele não possuía mais de trinta. Mas sua mente foi indo para o inferno.
 — O que aconteceu?
 — Seu tenente o matou.
 — Tipo um golpe de misericórdia?
Vincent mostrou os dentes. — Eu não acho que Rajmund teve misericórdia em sua mente na época. A maneira mais rápida para um vampiro morrer é ameaçar seu companheiro.
Lana absorveu aquele pedaço de informação, em seguida, perguntou: — Então, onde é que vamos, então?
 — Sul da cidade, nas colinas. O cara diz que não vai aparecer no GPS, mas que já esteve lá uma ou duas vezes. Ele está me enviando informações que vão nos direcionar para lá.
 — Quão longe você acha que é?
 — 100km. Vai demorar duas horas ou mais. Por que, você está com pressa?
 — Estou curiosa. Você não?
 — Sim, eu acho que sim. Não é incomum que Raphael enviasse uma mensagem privada para um dos vampiros de Enrique. Mas quando você me contou, especificamente, deixando claro que me quer lá na hora da entrega, significa obviamente alguma coisa. Como ele saberia que eu não iria direto para Enrique com isso? Inferno, como ele sabia que eu não a levaria e a mensagem, para Enrique?
 — Por que você não fez? — Perguntou Lana, ignorando o frio que arrepiou ao longo de sua coluna com a ideia.
Ela não pensou sobre essa possibilidade. Se tivesse, provavelmente teria enviado o dinheiro de volta e dito para Cyn e Raphael para encontrar outro mensageiro.
Vincent estendeu a mão e pegou a dela, da mesma maneira que fez no restaurante. Ele fez seu coração acelerar e seu estômago apertar. Ela queria confiar em seu coração, mas estava com a sensação de que seu estômago tinha opinião própria.
 — Eu não podia deixar passar a chance de ir em uma viagem particular com você, poderia?
Lana zombou ruidosamente.
 — Você se subestima, querida. Mas eu admito que estava intrigado com o mistério do pedido de Raphael. Que você era a mensageira foi um belo bônus.
Ele apertou seus dedos e Lana sentiu seu estômago apertar novamente.
 — Bem ... mais duas horas e você saberá tudo, não é mesmo?
 — Nós saberemos, — ele emendou. — Você é uma parte disso, também.
Lana queria acreditar nisso, queria acreditar que havia algo em seu futuro. O problema era que ela não podia ver um futuro que incluísse ela e Vincent juntos.

FOI UMA BOA COISA que o velho vampiro enviou essa lista de marcadores naturais, Vincent pensou consigo mesmo. Foi também uma maldita coisa boa que seu veículo tivesse tração nas quatro rodas e calotas especiais, ou eles teriam se afundado ou ficado presos em algumas rochas lá atrás. O assim chamado caminho que estavam seguindo era apenas uma estrada de terra. Se não tivesse duas faixas de terra pouco visíveis em meio ao matagal, teria assumido que não era nada além de uma trilha de animais e teria ignorado. Mas era óbvio que alguém estava usando-a em uma base pouco frequente, mas regular, e cada um dos marcadores do velho vamp estava aparecendo onde ele disse que estariam. Então, eles continuaram.
 — Xuan Ignacio deve realmente querer ser deixado sozinho, — Lana comentou.
Isso foi o máximo do que ela disse nas últimas horas. À exceção de uma ou duas palavras salientando as curvas seguintes, ela ficou estranhamente quieta. Não que ela normalmente fosse uma tagarela, mas havia um sentimento sob seu silêncio dessa vez. Um humano não teria percebido isso, mas ele sim. Seus poderes vampíricos eram bons para mais do que apenas tropeçar ao longo memórias de sua vítima. Ele possuía o pacote completo de habilidades telepáticas vampíricas, todas ampliadas pelo poder que lhe tornava um potencial lorde vampiro. E seus sentidos vampíricos estavam lhe dizendo que Lana estava pensando. Em sua experiência, quando uma mulher começava a pensar, ele precisava começar a se preocupar.
 — Quase lá, — ela disse a ele, verificando o texto em seu telefone celular. — Mais uma curva.
 — Você está pronta para isso?
Ela olhou para ele, então de volta para a estrada. — Eu deveria estar lhe perguntando isso. Você é o — Uau, olha esse cacto em forma de pênis! É enorme.
Vincent olhou para o cacto gigante que estava aparecendo nos faróis como um extraterrestre, então olhou para Lana.
Ela notou sua expressão divertida e corou com veemência. — Desculpa. Eu apenas nunca vi um tão grande. A propósito, essa é a sua curva. A casa não deve estar longe agora.
Vincent teve que desacelerar quase a uma parada para fazer a curva acentuada à esquerda, e mesmo assim o estúpido cacto que Lana admirou tanto raspou ao longo do lado do seu SUV, fazendo com que seus dentes cerrassem de irritação. Michael riria dele sobre isso o tempo todo, mas Vincent gostava que seus veículos tivessem uma boa aparência. E isso não inclui um fodido cacto arranhando a lataria do lado do motorista.
 — Fumaça, — Lana disse de repente. — Eu pensei ter visto fumaça refletindo nos faróis.
Vincent assentiu. Ele podia cheirá-la. — Quando chegarmos lá, você ficará atrás de mim, querida, até que saibamos o que é o quê. Este é um vampiro que estamos lidando. Um astuto o suficiente para ter sobrevivido por muito, muito tempo.
Ele levou o SUV a uma parada a mais ou menos seis metros da porta da frente, sentou-se por um momento, e soltou uma pequena parte de seu poder, deslizando-a por entre as fendas da casa de bloco de pedra a sua frente, querendo aprender o máximo que pudesse antes de bater na porta da frente.
 — Há um vampiro dentro, — ele informou Lana suavemente. — Ninguém mais.
 — Será que ele sabe que você está aqui? — Ela perguntou, sussurrando, como se o vampiro pudesse ouvi-los de dentro da casa.
 — Ele sabe que alguém está aqui. Mas eu consigo mascarar a minha assinatura. Não é para me gabar nem nada, mas eu sou um cara muito poderoso. Eu não queria que ele surtasse.
 — Não é para me gabar nem nada, — ela repetiu secamente.
Vincent deu de ombros. — É o que é. Quem quer que esteja dentro daquela casa não está na minha confederação. Ainda assim, há alguma coisa... — Ele inclinou a cabeça, curioso. Ele não sabia se o vampiro dentro era Xuan Ignacio, mas quem quer que fosse, havia algo estranhamente familiar sobre a sensação dele, como se o vampiro fosse alguém que Vincent deveria conhecer.
 — O que é? — Perguntou Lana.
Vincent franziu a testa, balançando a cabeça. — Um gosto de... alguma coisa. Uma conexão. Pode ser pelo fato de ambos termos sido gerados por Enrique, mas eu nunca... Deixa para lá. Saberei mais uma vez se eu tocá-lo. Você está pronta? Você tem o envelope?
 — Bem aqui, — disse ela.
Vincent notou a firmeza de sua voz e mãos quando ela abriu a porta, e se sentiu estranhamente orgulhoso de sua coragem. Ele balançou a cabeça, afastou esses pensamentos fantasiosos e diminuiu a luz dos faróis para apenas luzes de estacionamento. Havia o suficiente com uma Lua brilhante sobre eles para que não precisasse delas, mas faria diferença para Lana. Abriu sua própria porta e saiu do SUV, andando ao redor para encontrá-la. Ele não tomou sua mão, embora quisesse. Mas, como ela, ele entendeu a necessidade de manter as mãos livres em situações de risco potencial.
Não que estivesse sentindo qualquer hostilidade do vampiro dentro. Se houvesse alguma coisa, saberia...
A porta se abriu, e um vampiro ficou enquadrado na abertura, uma luz laranja dançando às suas costas a partir do brilho de uma lareira.
 — Vincent, — o vampiro disse em uma voz cheia de emoção. — Eu sabia que você me acharia algum dia.
CAPÍTULO DEZENOVE
VINCENT sentiu os olhos de Lana sobre ele, enquanto olhava para o vampiro que foi chamado Xuan Ignacio. Ele era de estatura baixa, com cabelo preto, com as características largas e planos que falavam de raízes indígenas, central americana ou mexicana. Vincent sabia que ele não conhecia esse vampiro, mas também tinha certeza de que deveria conhecê-lo. Era apenas mais uma questão em uma viagem que já estava cheia deles. Muitas perguntas. Era hora de algumas respostas de merda.
Sem aviso, Vincent tirou a máscara que vestiu para o conforto de Xuan e soltou totalmente seu poder. Ele rugiu através de seu sangue, vibrando ao longo de cada nervo, flexionando os músculos, expandindo seus pulmões a ponto de quase arrebentarem, e acender o brilho de cobre de seus olhos. Eles atingiram a figura de Xuan Ignacio como um holofote, queimando duas vezes tão quente quanto às chamas às suas costas dentro da cabine.
Vincent esperava que o vampiro reagisse, mas Xuan apenas sorriu, quase com orgulho, como se tivesse esperando exatamente isso de seu visitante. O vampiro então se dirigiu a Lana, indo para frente com mão estendida, e, falando em um inglês com sotaque. — Perdoe-me, eu não me apresentei. Meu nome é
Ele não foi mais longe do que isso. Vincent deu um passo à frente de Lana, protegendo-a de Xuan, mesmo sabendo que ela provavelmente não iria agradecer por isso. Sua raiva pulsava em suas costas, mas era melhor tê-la irritada e viva, do que morta. Ou pior.
 — Quem é você? — Vincent exigiu.
O vampiro puxou sua mão para trás e olhou para Vincent. — Meu nome é Xuan Ignacio. Mas você já sabe disso, Vincent Kuxim.
 — Como você me conhece?
 — Todo mundo conhece o poderoso tenente de Enrique, — Xuan disse suavemente. — Mas o que te traz à minha porta?
Lana empurrou Vincent de lado, e não suavemente. Mas ele observou que ela sabiamente manteve sua distância de Xuan mesmo quando se dirigiu a ele. — Eu sou Lana Arnold, — disse ela. — Nós estamos aqui porque um cliente me pediu para te entregar isso.
Ela estendeu o envelope com a mensagem de Raphael nela, mas Xuan não pegou de imediato.
 — Quem é o seu cliente? — Ele perguntou com cautela.
Lana teria respondido, mas Vincent venceu-a. Ele queria ver a reação do vamp. — Raphael.
Os olhos de Xuan se fecharam, e acenou para si mesmo, como se aceitasse algo que soubesse que aconteceria, mas ao mesmo tempo temia... ou temera. Ele estendeu a mão.
 — Posso? — Perguntou.
Lana olhou para Vincent, em seguida, tomou um passo necessário para a frente e entregou a mensagem de Raphael.
O vampiro segurou o envelope em suas mãos, transformando-a sobre e ao redor, estudando o seu nome escrito com a letra de Rafael.
 — Você sabe o que a mensagem diz? — Ele perguntou a Lana, mas sua atenção estava em Vincent.
 — Não, — respondeu Lana por ambos.
Xuan assentiu. — Vocês deveriam entrar. Eu suspeito que eu tenha uma história para contar.

LANA esperou para ver o que Vincent faria. Ela não gostou quando ele se colocou entre ela e Xuan, como se fosse incapaz de proteger a si mesma. Mas suspeitava que Vincent sabia disso e fez isso de qualquer maneira. Então, ok, ela não era estúpida o suficiente para deixar o seu orgulho lhe matar, e Vincent entendia esta situação muito melhor do que ela. Mas ele também ficou surpreso, talvez até um pouco abalado, com o aparecimento de Xuan. Ainda assim, deveria haver mais do que isso. Vincent estava preocupado, antes mesmo de chegarem aqui.
Isso significava que Xuan era mais poderoso do que Vincent esperava? Será que ele tem algum talento que poderia alcançar e tocar alguém... E não de uma boa maneira? Era isso que Vincent sentiu enquanto se aproximava?
Ela não podia pedir que Vincent respondesse a qualquer uma dessas questões sem revelar sua ignorância, então esperou para ver o que ele faria.
Vincent estudou Xuan por um momento, e, enquanto ela não podia ver nada, sabia que haveria algum tipo de medição de pau de vampiros em curso, com Vincent demonstrando a Xuan quanto poder ele poderia trazer para a mesa.
Xuan não parecia preparado para lutar, apesar de tudo. Ele simplesmente se inclinou um pouco a partir da cintura e se afastou de sua porta, como se para convidá-los para dentro.
 — Vamos conversar, — Vincent concordou, em seguida, estendeu a mão e colocou o braço na frente de Lana, curvando sua mão o seu quadril, puxando-a ligeiramente atrás dele. — Mas você não vai tocá-la.
Xuan endireitou-se e inclinou a cabeça em uma aceitação sorrindo. — Claro que não. Você se juntará a mim para o café? Confesso um gosto persistente por ele, apesar da nossa... Necessidade dietética.
Vincent esperou até as costas de Xuan se voltassem para puxá-la contra seu lado e murmurar: — Você pode ter raiva de mim depois, mas por favor, siga a minha liderança neste processo. Não deixe que ele te toque.
 — Eu não sou uma idiota.
 — Eu sei que você não é, — disse ele, firmando seu aperto em um abraço e colocando um beijo suave contra sua têmpora.
O coração de Lana balançou feliz e ela disse para ele se comportar. Isso era apenas Vincent sendo Vincent. Ele era um macho alfa, naturalmente protetor. Nada mais.
Ela seguiu Vincent para a pequena casa enquanto Xuan rodeava a sala, acendendo as luzes. Ela suspeitava que era para seu benefício, assim como sabia que Vincent deixou as luzes do SUV acesas pela mesma razão. O que lembrou a ela...
 — As luzes do SUV? — Ela disse a Vincent.
Deu-lhe um olhar perplexo, depois inclinou-se para trás e olhou para o SUV. As luzes apagaram quase imediatamente.
 — Truque legal, — ela murmurou.
 — Não seja tão chata, — ele murmurou de volta para ela.
 — Por favor, sentem-se, — Xuan disse, apontando para um pequeno sofá e uma cadeira solitária que estava colocada na frente da lareira.
A sala era pequena o suficiente para que os móveis ocupassem metade do espaço disponível. A outra metade era uma cozinha minimalista, com uma pia e geladeira construída em um conjunto de armários. Tinha uma mesa de madeira básica com duas cadeiras e, contra a outra parede, estava um pequeno armário antiquado que parecia ter visto alguns anos. A julgar pelas portas fechadas na outra extremidade da casa, suspeitou que havia um quarto e um banheiro. Ela franziu a testa, pensando que ele deveria ter um sistema de fossa séptica e um gerador também. Xuan poderia viver como um eremita, mas ele abraçou as conveniências da tecnologia moderna.
Lana sentou-se no sofá, deixando espaço para Vincent no lado mais próximo da cadeira solitária, onde presumivelmente Xuan se sentaria. — Você deve ter um gerador, — ela comentou com Xuan quando ele lhe entregou café em uma caneca de cerâmica.
Xuan assentiu. — Eu preciso de geladeira para o sangue, é claro. Estou sozinho a maior parte do tempo e meus livros são minha única companhia. Eu não preciso de muita luz, especialmente desde que eu comprei um e-reader em uma de minhas viagens para a cidade para o combustível do gerador. Sempre que eu vou buscar combustível agora, eu carrego o meu leitor. É uma invenção maravilhosa.
 — Eu concordo, — disse Lana, dando o velho vampiro um sorriso genuíno. Ele parecia um cara legal, gentil e... um pouco solitário. Ela quase sentia pena dele. Quase. A vida e os negócios que ela possuía a tornou cínica o suficiente para considerar a possibilidade de que era tudo um truque.
 — Você não parece do jeito como ele descreveu, — ela disse, pensativa.
 — Alguém me descreveu?
Vincent estava rondando o quarto, mas agora ele se juntou a Lana no sofá, jogando um braço atrás dela em um movimento descaradamente possessivo. Lana queria revirar os olhos, mas ela conseguiu manter sua expressão em branco.
 — Mais do que um, na verdade, — Vincent pegou a conversa. — Disseram que era um demônio, que você tinha o cabelo branco, um rosto branco, e seus olhos eram vermelhos.
Xuan riu suavemente. — Bem. Meus olhos ainda são vermelhos, mas isso não é incomum entre os vampiros, como você bem sabe. O branco... quando eu vim pela primeira vez a Pénjamo, vivi muito mais perto da cidade. Eu queria ser deixado sozinho, mas os camponeses estavam curiosos. Felizmente, eles também eram primitivos. Eu me cobri de roupas brancas e percorri El Cero San Miguel por algumas noites. Com meus olhos na cor vermelho vampiro, eu tenho certeza que era bastante assustador. Os moradores já acreditavam que a colina era assombrada. Eu simplesmente somei algo mais à lenda. Deixaram-me em paz depois disso. Eventualmente, me mudei para aqui e todos se esqueceram de mim. — Ele olhou para Vincent. — Ou quase todos. Raphael tem uma longa memória.
Vincent ficou em silêncio por um momento, então abruptamente disse: — Chega. Abra o envelope.
Xuan acomodou-se na cadeira. Ele estava com o envelope em uma mão e uma xícara de café na outra. Colocou o copo numa mesa ao lado e segurou o envelope em ambas as mãos, em seguida, virou-o e deslizou um dedo sob a aba selada. Abriu-se facilmente. Ele estendeu a mão e removeu a carta de Raphael.
Lana queria arrebatá-la para fora de seus dedos e lê-lo. Raphael queria Vincent aqui. Por quê? A resposta estava na carta.
Ela se inclinou para frente, impaciente, silenciosamente pedindo Xuan para ir mais rápido. O braço de Vincent deslizou mais baixo em suas costas e apertou, como se ele estivesse preocupado que ela fosse saltar sobre o outro vampiro e rasgar a carta fora de suas mãos. Ela podia sentir a tensão no braço de Vincent e sabia que ele estava tão ansioso como ela estava.
A boca de Xuan se apertou brevemente enquanto lia, em seguida, olhou para cima e encontrou o olhar de Vincent, seus próprios olhos brilhantes de lágrimas.
Que diabos foi isso?
Xuan entregou a carta para Lana. Ela resistiu ao impulso de agarrá-la, levando-a lentamente de sua mão, em seguida, girando para que Vincent pudesse ler com ela.
Era uma linha, escrita na mesma caligrafia com o nome de Xuan no envelope. E nela dizia...
É hora de contar a história.
CAPÍTULO VINTE
Texas, 1876

XUAN IGNACIO estava parado na escuridão, protegendo os olhos contra as chamas brilhantes da fogueira. Era um bom fogo, muito maior do que os dois jovens precisavam. Cercado pelo campo negro de uma noite no deserto, ele provavelmente os fez se sentir seguros. Infelizmente, ele fez o contrário.
 — Os tolos poderiam muito bem pintar alvos em suas costas, — Enrique comentou com desdém. Mas então, Enrique não entendeu que o fogo trazia conforto aos jovens humanos, bem como a luz. Enrique abraçou sua nova existência de vampiro sem olhar para trás, perdendo sua humanidade como uma camisa indesejada.
 — Poderíamos levá-los agora, — disse Xuan. — Eles não precisam passar pelo resto. — Ele não estava feliz com o plano de Enrique, ele nunca esteve. Mas Enrique era poderoso, um vampiro destinado a liderar outros, enquanto Xuan... Xuan principalmente queria ser deixado sozinho. Mas Enrique não o deixava. Ele cansou de vaguear pelo campo e aterrorizar os camponeses. Ele queria descobrir um território próprio e se estabelecer. Ele precisava de soldados para fazer isso, então ele fixou os dois em uma campanha para criar seguidores leais. Era simples, na verdade. Eles localizaram um grupo de ladrões e assassinos e, em seguida, os seguiam, — salvando — suas vítimas de uma morte certa.
Mas não até que eles estivessem a beira da morte primeiro.
Os primeiros gritos zangados quebraram a serenidade enganosa da noite quando os bandidos atacaram os dois jovens, atirando descontroladamente, seus tiros mais errando do que acertando. Os dois viajantes foram para suas próprias armas, mas muito lentamente.
Foram tolos, ingênuos, ao pensar que não havia perigo na escuridão. Idiotas por não reconhecer que seus belos cavalos e equipamentos iriam atrair o pior daqueles percorriam o deserto procurando roubar os incautos.
O humano mais alto alcançou seu revólver primeiro e conseguiu obter fora alguns bons tiros, matando um dos ladrões e ferindo levemente outro. Mas não foi o suficiente. Poucos minutos depois, os dois jovens estavam no chão, mortalmente feridos, suas vidas sangramento na sujeira. Os ladrões chutaram seus corpos flácidos de lado e tomaram o que queriam. Eles não se preocuparam em matar os jovens, assumindo que o deserto faria isso para eles. E eles certamente não tinham interesse em aliviar o seu sofrimento.
Xuan olhou para cima e pegou o brilho do sorriso de Enrique à luz da lua, suas presas totalmente distendidas enquanto observava o caos.
 — Vou pegar o mais distante, — Enrique disse a ele. — O outro é seu.
Xuan escondeu sua surpresa. Enrique raramente pedia a Xuan para criar qualquer um dos novos vampiros. Ele queria que a lealdade fosse somente para ele. Mas Xuan não discutiu. Ele nunca discutia. Ele não a forçou para recusar qualquer coisa Enrique quisesse. Sempre foi assim, mesmo que Xuan fosse muito mais velho do que Enrique. Eles eram filhos do mesmo Sire, um vampiro que não tinha nenhum interesse em construir um império ou até mesmo um pequeno reino. Não havia nenhuma história ou razão para os humanos que ele escolheu, e ele não se importava com o que acontecia, uma vez que foram transformados. Quando Enrique se deparou com Xuan Ignacio em suas andanças, ele se aproximou, dizendo a Xuan eles teriam uma melhor chance de sobreviver juntos do que sozinhos. A verdade era que Enrique não gostava de ficar sozinho. Ele sempre precisou de plateia, e agora ele decidiu que precisava de um exército. Xuan foi junto, porque é isso o que ele fazia.
Até agora.
Xuan decidiu que ele estava quase terminado com o plano de Enrique. Enrique agora possuía muitos vampiros para ajudar a construir e defender seu território. Ele não precisava mais de Xuan. E Xuan não tinha estômago para o derramamento de sangue que Enrique parecia se deliciar.
Voltando sua atenção para sua caça atual, Xuan seguiu Enrique para o acampamento e se ajoelhou ao lado do humano meio-morto que Enrique escolheu para ele. O jovem estava mortalmente ferido. Xuan levou algum consolo nisso. Sem a sua intervenção, o humano certamente morreria esta noite.
Ele inclinou a cabeça para o pescoço do homem morrendo e bebeu profundamente. O sangue do humano era grosso e rico. Ele era, ou foi, forte e saudável, a sua riqueza óbvia concedendo-lhe uma vida de facilidade e boa nutrição. E Xuan saboreou o gosto de seu sangue, saboreou o conhecimento de que ele poderia beber sua suficiência. Que vampiro não teria prazer em beber tão profundamente? Na maioria das vezes, ele foi forçado a aprender a se controlar, seja por ditame de Enrique ou da simples sobrevivência. Ele e Enrique pegavam apenas o que precisavam para viver, deixando suas vítimas vivas de modo a evitar chamar a atenção para si.
Mas não mais. Enrique cresceu para governar, e moderação era uma coisa do passado.
Quando o humano estava na beira da morte, quando sua pele morena estava pálida e seu batimento cardíaco tão fraco que a audição aguçada de um vampiro mal podia ouvi-lo, Xuan abriu seu próprio pulso e segurou-o acima da boca do rapaz, deixando as primeiras gotas deslizarem sobre a língua do humano e descendo pela garganta. E então ele esperou.
Ele viu Enrique fazer isso muitas vezes. Sabia que não demoraria muito. Nunca demorava. E com certeza, o humano de repente engoliu em seco, sua língua trabalhando no inesperado sustento do sangue de Xuan. Um momento depois, o peito do homem inchou com a primeira respiração completa que ele desenhara desde Xuan começou em seguida, um segundo fôlego enquanto seu coração ganhava força, quando ele começou a bater no peito como um tambor.
Estremecendo em antecipação, Xuan baixou o pulso para a boca do homem, fechando os olhos contra a dor misturada com prazer quando o humano fechou os lábios sobre o pulso devastado de Xuan, como seus dentes ainda sem presas rasgaram sua carne, escavando para segurá-lo no lugar enquanto o humano bebeu... e bebeu.
Xuan entrou em uma espécie de euforia. Ele nunca se sentira assim antes, quase como se seu próprio poder tivesse dobrado pelo sabor do sangue do humano. Ele quase perguntou a Enrique sobre isso, mas algo o fez permanecer em silêncio. Ele nunca notou Enrique reagir desta forma para a criação de um novo vampiro, e ele não sabia o que significava. Talvez fosse apenas ele, uma fraqueza que fez dele vulnerável. E era sempre melhor não revelar qualquer fragilidade quando Enrique estava envolvido.
 — É quase o amanhecer.
Os olhos de Xuan se abriram ao som da voz áspera de Enrique. Ele gentilmente separou os dentes do humano de seu pulso, escovando o cabelo escuro longe da testa do jovem. Ele era bonito; ambos os irmãos eram. Mas era mais do que isso. Havia uma sugestão em suas características de uma antiga raça, os maias, os descendentes do mesmo império que o gerou e seus antepassados até onde ele podia contar.
Xuan teria gostado de manter este para si mesmo, para ser seu irmão mais novo, aquele que nunca teve. Mas Enrique nunca permitiria isso. Ele engoliu um suspiro e disse: — O meu está pronto para viajar.
 — Seu? — Enrique zombou. — Não há o seu. Ambos são meus. Agora, vamos lá, me ajudar a conseguir uma caverna para nós.
Eles levaram os dois novos vampiros para a escuridão mais fria de uma caverna nas proximidades. Era a razão pela qual escolheram esta localização em particular, esse grupo de ladrões em particular. A troca de sangue era desgastante não só para os novos vampiros, mas para os velhos também.
Eles voltaram para a segurança da caverna antes do amanhecer e com tempo de sobra. Os dois humanos eram grandes homens, mas Xuan e Enrique forçaram de seu sangue de vampiro para ajudá-los. Xuan deixou os dois irmãos tão confortáveis quanto possível sob as condições primitivas, então se estabeleceu em seu próprio saco de dormir. Amanhã à noite seria um novo desafio. Apresentariam os dois jovens vampiros a suas novas vidas e seu novo senhor.
Xuan acordou na noite seguinte ao som odioso da voz de Enrique. Esta seria sua última noite juntos. Ele cumpriu qualquer tipo de obrigação que possuía para com o outro vampiro, mas o mais importante, ele não tinha nenhum desejo de ser um soldado de infantaria sob o governo de Enrique. Ele sabia que o tipo de senhor Enrique se tornaria. Ele às vezes se sentia culpado sobre seu papel na criação de um exército para torná-lo possível.
 — Eles não estão indo bem, — Enrique informou-o, com a paciência tensa de alguém que teve de repetir a si mesmo. — Está frio aqui. Me ajude a levá-los de volta para o fogo.
Xuan levantou o vamp mais próximo em seu ombro e se arrastou de volta para o acampamento. Sem aviso, o fogo deflagrou, cortesia do poder de Enrique. Xuan estava acostumado com isso agora e não reagiu além de estabelecer sua carga para baixo perto do calor, tomando um momento para endireitar os novos membros do vampiro, tornando-o mais confortável.
Enrique colocou sua carga para baixo também, mas em vez de fazer o vampiro inconsciente confortável, puxou uma faca e cortou o pescoço do vampiro recém-criado, deslizando o dedo através do fio de sangue que produziu. Ele trouxe o dedo à boca e chupou, provando.
 — Fraco, — ele pronunciou. — E nós não podemos ficar aqui mais uma noite.
Sem aviso, ele deslizou com a faca, cortando a grande artéria na garganta do vampiro. Então alternando o controle sobre a faca, ele esfaqueou no coração enquanto o sangue jorrava de seu pescoço em uma fonte horrível de vermelho.
Xuan olhou, sem acreditar no que estava vendo. Este foi um novo nível de brutalidade, mesmo para Enrique. O jovem vampiro apenas precisaria do resto da noite para florescer. Eles poderiam ter dado a ele aquele período. Mas não foi a lenta recuperação do rapaz que influenciou a decisão de Enrique, era a força de seu sangue. Enrique queria guerreiros fortes, e este jovem vampiro, aparentemente, não tinha a força adequada.
Xuan colocou uma mão protetora sobre o peito do vampiro ao seu lado, mesmo sabendo que ele não poderia vencer contra Enrique.
 — Esse é forte. Ele vai acordar em breve.
 — Ele é meu, — Enrique lembrou.
 — É claro, — Xuan concordou. — Eles são todos seus. Vou pegar nossas coisas da caverna.
Enrique não disse nada. Em vez disso, simplesmente se agachou ao lado do vampiro dormindo e esperou que ele acordasse para a primeira noite de sua nova vida. Quanto mais jovem o vampiro, mais tarde ele acordaria depois do pôr-do-sol, mas não demoraria muito agora. E Enrique gostava de ter a certeza de ser o primeiro rosto que os jovens viam ao acordar.
Xuan levantou-se e olhou para a avareza na expressão de Enrique enquanto estudava seu mais novo soldado e, próximo a ele, a pilha de gordurosa de poeira que ainda ontem era um jovem humano saudável.
Naquele momento, Xuan tomou uma decisão. Ele caminhou de volta para a caverna e reuniu seus equipamentos, embalando o que podia em seus alforjes. E, em seguida, tomando o seu próprio pequeno equipamento em mãos, ele deixou a segurança da caverna e da companhia duvidosa de Enrique, e entrou na noite.

Pénjamo, Guanahuato, México, dias atuais

XUAN terminou de falar, mas ficou sentado ali, olhando para as chamas como ele fez durante o relato de seu conto. Lana começou a fazer uma pergunta, mas Vincent falou primeiro.
 — Como você conhece Raphael? — Perguntou. Era uma pergunta bastante natural, mas não havia nada de natural na maneira como ele perguntou. A voz de Vincent era baixa e crua, cada palavra precisamente ladrada, como se estivesse suprimindo alguma emoção violenta. Ainda mais revelador eram seus olhos, que haviam assumido um brilho de cobre que colocava as chamas na pequena lareira no chinelo.
Lana estudou-o com preocupação, mas ele não estava olhando para ela. A atenção de Vincent estava fixa em Xuan, mas Xuan não estava o olhando de volta. Ele estava estudando o fogo intensamente, como se nele contivesse os segredos do maldito universo.
 — Eu conheci Raphael não muito tempo depois que deixei Enrique, aqui no México, — Xuan disse finalmente, ainda se recusando a olhar para Vincent. — Raphael nunca disse por que estava aqui, mas olhando para trás, acho que ele estava tentando decidir o quão distante para o sul ele queria expandir seu território. Enrique gosta de fingir que o México sempre foi o seu, mas só é dele, porque Raphael não queria para si.
 — Vá direto ao ponto, — Vincent rosnou.
Lana virou a cabeça bruscamente para olhar para ele. Ela tinha razão. Ele estava furioso. Claro, ele estava no direito de estar, já que acabou de descobrir que Enrique havia mentindo para ele todo esse tempo sobre como seu irmão morreu, e quem o havia matado. Mas havia mais do que isso. Algo mais profundo que Xuan revelou, algo que ela não entendeu, talvez algo que não podia compreender. Algo amarrado com ser um vampiro.
Mas ela entendeu muito. A chave de toda a insistência de Raphael que Vincent enfrentasse Xuan diretamente. Por que ele faria isso? Por que enviar-lhes todo o caminho até aqui só para que Xuan pudesse dizer a Vincent que foi Enrique quem matou seu irmão? Por que não dizer ele mesmo a Vincent? Um telefonema de cinco minutos teria feito isso. Havia algo mais, alguma razão para que Raphael quisesse que Vincent viesse ver Xuan Ignacio em pessoa, algo que estava empurrando Vincent diretamente para o limite da violência.
 — Raphael me perguntou sobre Enrique, — Xuan continuou. — Ele estava tentando entender que tipo de homem Enrique era, que tipo de senhor ele seria. Então, eu disse Raphael essa história, e disse a ele sobre você.
Xuan arriscou um breve olhar na direção de Vincent, mas o que ele viu ali não incentivou o seu a ficar. Ele rapidamente baixou os olhos novamente. — Raphael poderia ter me matado então. Ele estava certamente com raiva o suficiente para fazê-lo depois de ouvir sobre o que fizemos, porque eu era tão culpado quanto Enrique. Mas ele concordou em me deixar viver com uma condição — que se você aparecesse na minha porta, eu diria a você a verdade.
Vincent se levantou, visivelmente vibrando de raiva. Ele estendeu a mão na direção de Lana, mas sem tirar os olhos de Xuan Ignacio, como se não confiasse nele.
Lana se levantou e deslizou seus dedos nos de Vincent. Seu aperto aumentou imediatamente, e ele a puxou para longe de Xuan, colocando-se entre eles.
 — Você tem cinco dias, — Vincent rosnou, — para sair do México. Não me importa para onde você vai. Mas se você ainda estiver aqui após cinco dias, eu vou te matar.
Finalmente, Xuan olhou para cima. — Você acha que você pode fazê-lo? — Ele perguntou, seu olhar de repente afiado e penetrante.
A reação de Vincent foi imediata... e aterrorizante. Ele pareceu inchar de raiva, crescendo ainda mais alto do que era, músculos tensos sob sua camiseta e nas costuras de suas calças pretas. Sua energia abruptamente encheu a pequena casa, fazendo as vigas de madeira um rangerem alto, enviando as poucas peças de mobiliário patinar para as paredes, apagando as velas e definindo as chamas na lareira à dançar descontroladamente.
 — ¿Dudas de mi, viejo? — Ele rosnou, sua voz profunda e ameaçadora, as palavras ditas em um espanhol tão gutural que ela poderia compreender o seu significado. Você duvida de mim, meu velho?
Xuan encolheu-se em uma bola, de modo que até Lana quase sentiu pena dele, encolhido no chão como se estivesse certo de que sua morte terrível era iminente.
 — No, — ele sussurrou. — No, yo le creo. — Não. Não, eu acredito em você.
 — Cinco días, — Vincent repetiu, enquanto a esmagadora sensação de perigo era abruptamente drenada da sala. — ¿Comprendes? — Cinco dias. Você entende?
Xuan assentiu sem olhar para cima. — Comprendo. — Eu entendo.
Vincent girou e, empurrando Lana à sua frente, saiu da pequena casa, sem falar novamente até que eles estavam no SUV.
 — Coloque seu cinto de segurança, — ordenou enquanto batia o SUV em marcha e fazia um giro de 180°, vomitando sujeira e poeira quando ele acelerou para fora do quintal e volta para a estrada estreita.
 — Diga-me o que aconteceu, — disse ela, clicando o cinto no lugar.
A mandíbula de Vincent estava apertada com tanta força que ela podia ver os músculos tremendo mesmo com apenas as luzes do painel para ver.
 — Vincent, se você não me disser o que está acontecendo, eu vou saltar para fora do veículo e voltar e fazer Xuan me contar.
Ele lançou-lhe um olhar zangado. — Mesmo você não seria estúpida o suficiente para saltar de um veículo em movimento.
Ela imaginou que ele estava furioso o suficiente para dizer coisas idiotas ele mesmo, então ela ignorou seu estúpido comentário... por agora. Em vez disso, ela disse docemente, — O veículo não estará se movendo quando você fizer a curva grande cacto esquisito.
 — Não me empurre sobre isso, Lana, — ele disse em uma voz dura.
 — Não vou calar a boca, Vincent, — ela respondeu tão difícil quanto.
Ele bateu a mão contra o volante com tanta força que ela o ouviu gemer.
 — Enrique matou meu irmão, — ele cuspiu.
 — Eu entendi. Agora, diga-me o resto.
 — Isso não é o suficiente para você?
Lana não caiu nessa. Ele estava tentando envergonhá-la tentando fazê-la cair, mas ela não ia fazer isso. Ela fazia parte desta peregrinação, também, e ela precisava saber toda a história.
 — Diga-me o resto, Vincent.
Sua mandíbula se apertou novamente e ela pensou que não ia responder. Mas então ele disse: — Ele foi cuidadoso na forma como ele contou a história.
Ela franziu a testa. O que diabos isso significa? — Você quer dizer Xuan Ignacio.
 — Sim.
 — E...?
Ele demorou tanto para responder que ela pensou que teria que fazer toda a música e dançar ela toda novamente. Mas então ele pegou sua mão, enfiando os dedos entre eles e descansou as mãos unidas em sua coxa, seu polegar acariciando para trás e para frente como se ele precisasse de conforto.
 — Vincent? — Ela disse, ficando alarmada. O que era tão horrível?
 — Xuan foi cuidadoso na forma como ele contou a história, — Vincent disse novamente, — porque Enrique não é meu Sire. Xuan Ignacio é.
CAPÍTULO VINTE E UM
LANA piscou surpresa. Era isso? Esse foi o grande segredo? Claramente, estava faltando alguma coisa.
 — Como você sabe que Xuan é seu Sire, em vez de Enrique? — Ela perguntou, tentando descobrir por que isso era um negócio tão grande.
Vincent zombou. — Porque eu ouvi o que Xuan disse, como ele descreveu aquela noite. E eu estava lá, droga! Mas principalmente porque... o momento em que pisei naquele quintal, o momento em que vi Xuan... eu senti alguma coisa, e eu sabia.
 — Mas você não ficou com raiva até
 — Até que eu descobri que eles assassinaram meu irmão porque ele era inconveniente! — Vincent interrompeu. — Em vez de lhe dar mais uma noite para se recuperar, eles o mataram. Eles fizeram isso. Não os bandidos, mas Enrique e Xuan, meu Sire.
Ele disse que a palavra como se fosse algo sujo, algo nojento.
 — Mas por que importa quem é o seu Sire? — Ela perguntou cuidadosamente.
 — Por que isso importa? — Ele repetiu, virando-se para olhar para ela sem acreditar.
 — Eu não sou um vampiro, Vincent, — ela lembrou a ele bruscamente.
Ele deixou escapar um longo suspiro. — A única conexão que é sagrada na sociedade vampira é o relacionamento com seu Sire. Não importa o que acontece em sua vida como um vampiro, essa conexão está sempre lá. — Ele soltou uma risada áspera. — Por que você acha Raphael nos enviou para Xuan? Manipulador desgraçado. Ele sabia que se eu descobrisse o que realmente aconteceu, que Xuan é o meu Sire e que Enrique assassinou meu irmão... Raphael sabia que eu mataria Enrique. E Raphael quer Enrique morto.
 — Então, não é sobre Xuan ser seu Sire. É sobre quem matou o seu irmão.
Vincent parecia desinflar, de repente, toda a sua ira desaparecer em um instante. — A traição... São ambos. Tanto Xuan ir embora, quanto Enrique... Eu fui um tenente leal por mais de um século para o vampiro que matou meu irmão.
Lana apertou sua mão. — Mas você sempre o odiou. Mesmo quando era leal. Talvez uma parte de você soubesse sem realmente saber.
Vincent sorriu amargamente. — Todo poderoso vampiro chega a um ponto em que ele não precisa mais de seu Sire para sobreviver, quando seu próprio poder é suficiente para sustentá-lo. Mas, mesmo assim, os laços de afeto permanecem, fazendo com que a ideia de matar o vampiro que te deu esta vida impensável. Eu digo isso só porque eu já vi isso em outros. Pela minha parte, eu sempre soube que eu desafiaria Enrique algum dia, e nunca me incomodou saber que eu ganharia poder literalmente sobre o seu cadáver.
 — Mas agora que sei a verdade, agora que eu sei o que ele fez, sua morte será ainda mais doce. Vou arrancar o seu coração batendo de seu peito e assistir a sua vida desaparecendo em pó. E então eu vou tomar todo o seu território e todos nele. Tudo o que ele sempre se preocupou, todo mundo que ele já amou — se um coração negro como o dele for capaz de tal coisa — serão meus.
Os olhos de Lana se arregalaram, os lábios achatando em uma linha estreita. — Okaaay, — disse ela, eventualmente, imaginando que era melhor não desafiar Vincent quando ele estava planejando caos.
Vincent apertou sua mão, como se estivesse tentando tranquilizá-la de que seu coração estava a salvo de todo o tratamento — Arrancando para fora do peito.
 — Posso te fazer uma pergunta? — Perguntou cuidadosamente.
Ele lhe deu um olhar quase divertido. — Claro.
 — Por que você está dirigindo como se os cães do inferno estivessem em nossos calcanhares?
Ele soltou uma gargalhada que não era alegria. — Porque se eu tivesse que gastar mais um minuto na presença daquele bastardo, eu o teria rasgado em pedaços sangrentos. E eu pensei que você não entenderia.
O peito de Lana se encheu de calor. Isso foi quase doce. E então ela se engasgou com o pensamento. Era doce que seu amante vampiro não queria rasgar uma pessoa em pedaços sangrentos na sua presença? Claramente, ela caiu no buraco do coelho sem perceber.
Ela respirou profundamente pelo nariz. — Bem. Bom. Então, estamos indo para a Cidade do México?
Vincent quase sorriu enquanto apertava sua mão com força. — Michael vai trazer o avião e nós vamos embora. Mas não esta noite, querida. Hoje à noite, vamos encontrar um hotel, e eu vou lhe mostrar o que significa ter um lorde vampiro em sua cama.

IMAGINANDO que havia pelo menos uma pequena chance de que Xuan Ignacio telefonar para seu velho amigo Enrique e enchê-lo sobre os atuais eventos, Vincent decidiu que ele e Lana precisavam estar o mais longe de Pénjamo que poderiam antes do sol nascer. Eles acabaram em Guadalajara, que era apenas a uma centena de quilômetros, mas o suficientemente grande, com mais de um milhão de habitantes, para lhes dar algum anonimato, para não mencionar muitos hotéis e um grande aeroporto.
Vincent selecionou um hotel de forma aleatória — não seu habitual modus operandi, mas provavelmente mais seguro sob as circunstâncias. Quem o conhecia bem — e Enrique conhecia — saberia da sua preferência por hospedagem de alta qualidade, o que significava que ficar em um hotel mais simples e perto do aeroporto era provavelmente o lugar mais seguro para esta noite.
O check-in correu bem. Eles usaram ID e cartão de crédito de Lana, para dificultar para Enrique, se ele estivesse o procurando, e eles foram os únicos a entrar no elevador. A maioria do tráfego do lobby consistia em homens de negócios que iam para outra direção, e iriam embora para pegar um voo no início da manhã. Nenhum deles falou no elevador ou na longa caminhada pelo corredor sem graça para o seu quarto. Lana inseriu o cartão-chave, mas Vincent empurrou à sua frente, ignorando o suspiro exasperado. Ela teria que se acostumar com sua natureza protetora, porque não havia nada que ele pudesse fazer sobre isso. Bem, ela supôs que ele poderia mudar se quisesse, mas ele realmente não queria.
Ele sorriu enquanto Lana vinha atrás dele e jogava a bolsa sobre a cama. Pelo menos ele a deixava levar sua própria mochila. Isso foi evoluído de sua parte, não foi?
 — O que você está rindo? — Ela resmungou.
Ele baixou a própria mochila no chão e agarrou-a. — Você, — ele disse a ela. — Você me faz sorrir.
 — Certo, — ela descartou, empurrando para longe dele. — Preciso de um banho antes que seja tarde demais. Você não precisa de um?
Vincent arqueou uma sobrancelha para suas palavras, e Lana captou no caminho óbvio que seus pensamentos tomaram, mas ela não conseguiu segurar sua expressão severa por muito tempo. Ela já estava sorrindo quando caiu para a cama e começou a desamarrar suas botas.
 — Grandes planos, vampiro? — Brincou ela, tirando primeiro uma depois a outra.
Vincent puxou sua camiseta pela cabeça e sentou-se para trabalhar em suas próprias botas. — Grande vampiro, querida, — ele replicou.
A única resposta de Lana era ficar e retirar sua camiseta e calça, deixando-a em nada, apenas sutiã e calcinha, sendo que ambos eram simples, de algodão preto, sem detalhes, sem graça. Não particularmente sexy. Mas então ela os tirou e, com um olhar tímido por cima do ombro, dirigiu-se para o chuveiro, ela balançou a bunda enquanto puxava o laço de sua trança e enfiava os dedos por seus longos cabelos até cair como seda preta sobre suas costas nuas.
 — Filha da puta, — Vincent murmurou. Ele fez um trabalho rápido com o resto de suas roupas, agarrando Lana quando ela puxou a cortina de chuveiro e entrou na banheira. Ele odiava chuveiros banheira. Nunca havia espaço suficiente para um banho adequado. Mas esta noite, ele especialmente odiou, porque não havia suficiente espaço para foder Lana do jeito que queria.
 — Eu odeio esses chuveiros, — disse ele quando se empurrou atrás dela, deixando a cortina do chuveiro semi-aberta, não se preocupando com a água que espirrava no chão.
 — Você é mimado, — disse ela, estendendo a mão para o pequeno aparador, tentando pegar o sabão.
Vincent pegou dela e arrancou o papel. — Eu odeio barra de sabão, também.
Lana riu. — Você está muito mal-humorado. Você quer que eu saia para que você possa ficar sozinho?
Vincent a agarrou pela cintura. — Não, se você valoriza a sua vida.
Ela virou-se em seus braços, os seios nus pressionados contra o peito, a cabeça inclinada para trás para olhar para ele. — Você nunca me machucaria.
Vincent baixou a cabeça até que seus lábios estavam quase se tocando. — Você está certa. Mas isso não significa que você pode sair de qualquer coisa que você quiser. Eu tenho os meus métodos, você sabe.
 — Você tem? — Ela se esticou na ponta dos pés, fechando a pequena distância entre eles enquanto seus braços enroscavam em seu pescoço e sua boca tocou-lhe. Ela o beijou timidamente no início, os lábios abrindo lentamente, sua língua deslizando ao longo do vinco entre os lábios, pedindo entrada. Vincent deslizou sua mão pelas suas costas, segurando-a no lugar, enquanto a outra mão se torcia em seus longos cabelos, puxando sua cabeça para trás enquanto ele assumia o controle do beijo, sentindo o calor de sua boca, a dança delicada de sua língua enquanto ela explorava as gengivas... Ofegou de surpresa quando suas presas responderam tão rapidamente que ele furou sua língua, enchendo suas bocas unidas com sangue.
Vincent engoliu em seco, fechando os olhos contra o golpe de luxúria. Seu membro, já despertado por seu corpo nu, ficou ainda mais duro com o gosto do seu sangue, pressionando contra sua barriga, sua pele acetinada molhada e lisa, assim como seu sexo seria.
Ele rosnou e baixou a mão para pegar sua bunda, levantando-a mais. Os braços de Lana apertaram em torno de seu pescoço quando ela enrolou a perna em torno de sua coxa, tentando se encaixar em seu pau. Ela fez um pequeno ruído frustrado, não mais do que um pequeno gemido necessitado, mas que o enviou para o limite. Girando-a, ele pegou o sabonete e ensaboou-o entre mãos enquanto se aproximava para acariciar seus seios, beliscando seus mamilos com dureza até que ela apoiou a cabeça em seu ombro com um suspiro desejoso, cobrindo suas mãos com o dela enquanto acariciava sobre sua barriga, enquanto seus dedos mergulhados entre suas coxas.
Ela engasgou quando seus dedos deslizaram mais profundo, quando ele começou a bombeá-la com longas e lentas estocadas, enquanto o polegar brincava com seu clitóris, esfregando círculos em torno dele, passando pelos nervos apertados sem tocá-lo. Lana balançou contra ele, tentando manobrar sua mão onde ela queria, para forçar seus dedos a provocando a lhe dar o que ela precisava. Mas ele a segurou no lugar, sua outra mão ainda em seu seio, beliscando um mamilo, depois o outro, a boca em seu pescoço, beijando e chupando, provando o salgado úmido de sua pele, deleitando-se com o aroma de seu sangue tão perto.
Lana deslizou sua mão entre seus corpos e envolveu seus dedos ao redor de seu membro onde estava aninhado contra as bochechas firmes de seu belo traseiro. Ela acariciou-o uma vez, duas vezes, em seguida, liberou ele, só para voltar e agarrar seu traseiro, segurando-o enquanto se esfregava contra ele, comprimindo seu pau contra a curva tentadora de sua parte traseira. Muito tentadora.
Vincent segurou seu seio uma última vez, beliscando seu mamilo até ficar rosa e inchado, e então ele deslizou a mão coberta de sabão entre seus corpos, acariciando a fenda de seu traseiro, encontrando sua abertura e mergulhando dentro. Era tão liso quanto sua vagina. E então, quando as unhas de Lana cavavam em suas coxas, seus gritos encheram seus ouvidos e sua vagina apertou seus dedos, ela veio com tanta força que ela resistia em seu aperto, ele deslizou seu membro para dentro do canal quente e apertado de seus traseiros, com um gemido de prazer. Isso era a perfeição, sua vagina pulsando em torno de seus dedos, seu pau enterrado no calor de veludo de seu traseiro, seus gritos desamparados em seus ouvidos enquanto orgasmos múltiplos disparavam através de seu corpo.
Vincent obrigou a mover-se, para puxar seu membro para fora da carícia quente do seu corpo, mas apenas o tempo suficiente para mergulhar novamente enquanto ele começava a foder sua vagina com os dedos, deslizando seu pau dentro e fora de seu traseiro... E percorria com sua veia com suas presas mordendo-a então no pescoço, extraindo a plenitude rica de seu sangue.
Lana gritou, seus sentidos já sobrecarregados agitados novamente pela euforia em sua mordida. Ela convulsionou em seus braços, cada músculo do seu corpo apertando, apertando seus dedos, seu membro, até mesmo suas presas enquanto serpenteava um braço em volta de seu pescoço e segurava a parte de trás de sua cabeça, segurando-o perto dela.
Vincent gemeu profundamente em seu peito, o calor escaldante de próprio orgasmo construindo mais e mais quente, até que se derramou, enchendo Lana com sua liberação quente, contraindo seus próprios músculos até que pensou ele também iria gritar com a deliciosa dor. Até que, finalmente, ele levantou a cabeça, o sangue de Lana pingando de suas presas, e seu nome em seus lábios.

LANA FEZ COM QUE o sinal No Molestar estivesse para fora, então fechou a porta e verificou as fechaduras, girando uma volta firmemente no lugar. Ela estava mais cansada e mais relaxada do que ela podia se lembrar de sentir. Orgasmos múltiplos, aparentemente, fazem isso com uma pessoa, algo ela não conhecia antes de conhecer Vincent. Ela não sabia se sua incrível habilidade sexual era uma coisa de vampiro ou uma coisa Vincent, e não se importava. Ela só sabia o que ela sentia quando ele fazia amor com ela, e praticamente todo o resto do tempo, também.
Vincent estava no telefone quando ela se aproximou da cama, seus olhos escuros levantando para encontrar os dela. Ele estava falando com Michael, mas puxou as cobertas para trás e deu um tapinha no colchão ao lado dele num convite. Havia uma mulher viva que poderia resistir a isso? Lana sorriu ao ver a expressão exagerada de sedução que ele estava dando a ela. Porque, na verdade, um Vincent nu era toda a tentação que ela precisava.
Antes de se juntar a ele, ela verificou a carga em sua Sig e a deixou a uma curta distância no lado da mesa de cabeceira. Vincent não achava que Enrique sabia onde eles estavam, ainda não, de qualquer maneira, mas ela não estava descartando qualquer chance. Se alguém entrasse por aquela porta, ela estava indo para supor que eram os caras maus e não reagiria de acordo.
Apenas para uma boa medida, ela enfiou uma faca debaixo do travesseiro antes de deslizar sob os lençóis frescos.
Vincent desconectou e jogou o celular em sua mesa de cabeceira. Ele puxou-a para a curva de seu duro, musculoso, e incrivelmente lindo corpo.
 — Michael diz oi.
 — O que mais ele disse? — Ela perguntou, virando-se para ele e esfregando uma mão apreciativa sobre os planos firmes de seu peito.
 — Ele colocará o avião no ar assim que puder, depois do pôr do sol amanhã. Jerry e os outros pediram para acompanhá-lo. Eles querem vingança.
Lana franziu a testa. — Carolyn, também? Isso é sábio?
Vincent deu de ombros. — Ela tem o direito de estar na matança. Eu deixei para Mikey, mas ele me disse que ela pode lidar com isso.
 — Você diz que eles querem vingança, mas você precisa ser o único a matar Enrique, a fim de assumir seu território, certo?
 — Está certo. Mas vou precisar de pessoas nas minhas costas, vampiros que eu possa confiar e aproveitar a força se eu precisar disso. Eu sei que posso matar Enrique, mas eu não me engano pensando que será fácil. Ele é poderoso e é implacável. E ele também sabe que estou indo. Ele estará pronto para mim.
Lana franziu a testa. — Isso é perigoso, — disse ela lentamente. Seus olhos se arregalaram e ela olhou para ele, atordoada. — Ele poderia te matar!
Vincent a abraçou com força, envolvendo seus braços em torno dela. — Eu não vou morrer, querida. Eu sou mais forte que Enrique.
 — Mas você disse que ele estará pronto, e que não vai jogar justo. Como você sabe?
 — Lana. — Ele reivindicou sua boca em um beijo lento, molhado, que deixou seus nervos formigando todo o caminho até os dedos dos pés. — Eu não vou perder, — ele sussurrou contra seus lábios. — Eu sei o que Enrique vai fazer. E eu conheço os seus truques. Eu posso fazer isso.
Lana assentiu sem palavras, mas estava mais aterrorizada do que nunca. Ela enfrentou fugitivos desesperados e traficantes assassinos, mas nada a assustou tanto quanto a ideia de Vincent confrontando Enrique. E se ele morresse? O que ela faria então?
Ela fechou os olhos contra a terrível imagem do corpo ensanguentado de Vincent deitado no chão enquanto seu assassino cantava sua vitória. Ela empurrou a imagem para o fundo de sua mente o tanto quanto poderia, se querer Vincent pegando até mesmo uma sugestão disso. A última coisa que ele precisava era ir para a luta de sua vida era com seus medos sobre ele.
 — Então, Cidade do México, amanhã à noite, certo? — Perguntou ela, mesmo que já soubesse a resposta.
 — Cidade do México, — ele confirmou. Em seguida, ele colocou um dedo sob seu queixo, forçando-a a olhar para ele. — Eu suponho que eu não poderia convencê-la a ir para algum lugar seguro, algum lugar
 — Sem chance, — ela o interrompeu.
Vincent suspirou. — Isso não é um jogo, Lana, — disse ele, mais sério do que ela já o vira.
 — Eu estou ciente disso
 — Eu sei que você é inteligente e capaz, e eu vi sua coragem, mas isso... Isso vai ser como nada que você já assistiu. Enrique fará qualquer coisa, qualquer coisa, para ganhar isso. Você viu o que ele fez para Carolyn. Ele fará ainda pior para você, porque você é humana; você não significa nada para ele. Mas você importa para mim, e ele vai usá-la se ele puder.
 — Você está tentando me assustar? Você acha que eu vou correr para casa?
 — Você deveria ter medo. Mas a única coisa que me interessa é que você viva. Se eu soubesse que você correria para casa, eu faria o que fosse preciso para que isso acontecesse. Mas eu sei que você não vai.
 — Malditamente certo que não vou.
Vincent deu-lhe um sorriso torto. — Por que não?
Lana virou-se, fazendo um show afofando seu travesseiro, empurrando-o para trás enquanto se sentava.
 — Porque eu me importo com você, — disse ela, intencionalmente sem olhar para ele, não querendo que visse a verdade em seus olhos.
 — Você se importa comigo.
Ela engoliu em seco e assentiu. — Somos parceiros. Estivemos juntos nisso desde o início. Eu preciso ver isso até o fim.
 — Parceiros.
Por que ele continua repetindo tudo o que eu digo?
Vincent inclinou a cabeça, estudando-a. — É isso que você?
Lana empurrou as cobertas para baixo, de repente sentindo calor. Ela precisava que ele parasse de falar. — Que horas são?
Ela foi rolar para fora da cama, mas Vincent impediu-a com um braço em volta de sua cintura, puxando-a de volta e deslizando um joelho entre suas coxas, onde Lana sabia que ele iria encontrá-la molhada e pronta mais uma vez.
 — É muito tarde, — ele murmurou, acariciando seu pescoço. — Mas sinta-se livre para usar meu corpo para o seu prazer depois que eu estiver dormindo, parceira.
Lana deu um tapa em seu peito. — Eu não acredito que você disse isso. Eu nunca
Vincent murmurou em silêncio, e ela pôde sentir os lábios sorrindo contra a sua pele.
Ele levantou a cabeça. — Beije-me, querida. Está quase na hora.
Lana deu o que ele queria, esticando-se para tocar sua boca na dele, sentindo a escova macia de sua barba em sua pele. — Bons sonhos, — ela sussurrou.
 — Você estará neles? — Ele murmurou, e então, como uma criança deslizando para sua posição favorita, Vincent rolou de barriga e se foi.
Lana acariciou seus dedos suavemente sobre a extensão suave de suas costas, e depois seu braço, onde ela contornou o deus maia de sua tatuagem. Colocando os lábios no rosto sorridente do deus sol, ela fez uma oração silenciosa para a antiga deidade, pedindo-lhe para proteger o filho de seus adoradores, esperando enquanto ela fazia isso que o deus inconstante estava ouvindo.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
 MICHAEL estava os aguardando quando Lana e Vincent chegaram no aeroporto internacional de Guadalajara no dia seguinte. Vincent dirigiu o SUV um tanto arranhado e danificado para o hangar privado, em seguida, esperou até as grandes portas se fecharem atrás dele para sair e cumprimentar o seu tenente.
Lana estava na porta, olhando por cima do SUV enquanto os dois homens, dois vampiros, se abraçavam. Vincent disse a ela que a ligação entre um vampiro e seu Sire era o vínculo mais próximos que dois vampiros poderiam ter. Ela não sabia o que isso significava até este momento, quando viu a reação de Michael a Vincent, a compreensão instantânea em seu rosto do que Vincent passou, todo o tumulto emocional e a raiva. Havia um amor genuíno entre eles, algo que ela sabia que Vincent nunca experimentaria com o seu próprio Sire. Certamente não de Enrique que usurpou o lugar de direito de Xuan, e não de Xuan Ignacio. Ele abdicou desse papel sem se preocupar no que isso significaria para Vincent.
Vincent e Michael se separaram, batendo nas costas uns dos outros com força suficiente para quebrar ossos em um humano, enquanto o resto da equipe gradualmente apareceu de trás do jato particular. Jerry e Salvio estavam lá, junto com Zárate e Ortega que esteve com eles quando resgataram Carolyn. Seu coração apertou com uma ternura inusitada quando viu que os dois grandes lutadores vamp tinham Carolyn entre eles. Eles não estavam sendo óbvios sobre isso, mas estava claro, de qualquer forma, que eles estavam mantendo um olho de águia para qualquer um que poderia significar perigo a Carolyn.
Lana considerou sua tendência súbita e irritante para sentimentos ternos. Se isso era o que acontecia quando se apaixonava por uma pessoa, não estava surpresa que ela nunca fez isso antes.
No mesmo momento que teve esse pensamento, Vincent sorriu para ela por cima do ombro e ela não conseguiu não sorrir de volta. Mais emoções ternas. Ele estendeu a mão em sua direção, e ela forçou-se a caminhar lentamente até ele.
 — Lana, — Michael disse, saudando-a. — Meu Sire me disse que você está se juntando a nós para a Cidade do México. Como estão suas armas? Você precisa de munição, armas adicionais? Eu soube que você gosta de facas?
Lana piscou surpresa. Ela esperava que o tenente de Vincent tentasse dissuadi-la a ir junto de alguma maneira, talvez até mesmo tentasse dissuadi-la diretamente.
 — Eu estou bem de armas, — disse ela lentamente. — Mas precisarei de alguma munição de 9mm, da que tiver um bom poder de fogo. Vampiros são um pouco mais difíceis de matar.
Michael concordou. — Você terá que falar com Cynthia Leighton quando isto acabar, ou talvez com a companheira de Lucas, qual é o nome dela? — ele perguntou, dirigindo o comentário a Vincent antes de fornecer sua própria resposta. — Kathryn Hunter. Eu sempre pensei que era um nome particularmente adequado para um agente do FBI, — acrescentou com um sorriso.
 — Ou a companheira de um lorde vampiro, — Vincent concordou, sorrindo. Michael acenou amigavelmente, em seguida, virou-se para Lana e o assunto em questão.
 — Infelizmente, não temos qualquer um desses especialistas aqui esta noite, então por enquanto...
 — Por enquanto, vamos tentar evitar tiroteios, — Vincent interrompeu. — Meu desafio é para Enrique, ninguém mais.
 — Mas você sabe que ele não está sentado, esperando educadamente você aparecer. Ele tentará detê-lo antes de chegar lá, — comentou Michael.
 — É por isso que nos moveremos rápido. Vamos voar para Cidade do México hoje à noite, nos instalar e conversar com amigos. Amanhã à noite, iremos diretamente ao QG de Enrique. Uma vez que eu estiver na villa, ele não poderá fazer nada, além de aceitar o desafio. Se ele jogar seus guardas em mim, então, irá fazê-lo parecer fraco. Ele não permitirá isso.
Michael não parecia feliz, mas balançou a cabeça. — Eu odeio isso, mas você está certo.
 — Tenha fé, Mikey, — disse Vincent, agarrando o ombro do vampiro mais jovem. — Eu posso derrota-lo.
 — Eu sei. E você sabe que eu estarei às suas costas quando você fizer isso.
Michael moveu seu olhar para algo sobre o ombro de Vincent quando uma voz profunda disse: — Nós também gostaríamos de estar lá para você, meu senhor.
Lana virou-se com Vincent e viu Ortega e Zárate ajoelhando-se. — Gostaríamos de jurar nossa fidelidade se você nos aceitar, meu senhor, — disse Ortega.
A mão de Vincent apertou brevemente o quadril de Lana antes de soltá-la para livrar-se de sua jaqueta e lançá-la sobre o capô do SUV. Arregaçando a manga de sua camiseta, ele foi para levantar o pulso para suas presas, mas Lana chegou lá primeiro, entregando-lhe a faca Spyderco perversamente afiada do bolso.
Os olhos escuros de Vincent aqueceram com emoção. — Obrigado, querida.
 — Hey, mi navaja es su navaja. — Minha faca é sua faca.
Vincent piscou-lhe um sorriso rápido antes de sua expressão mudar e ele considerar os dois vampiros ajoelhando-se diante dele.
 — Richard Ortega, — disse ele, dirigindo-se ao vampiro que falou: — Você vem a mim de sua livre e espontânea vontade e desejo?
Ortega encontrou o olhar de Vincent diretamente e disse: — Sim, meu senhor.
 — E é isso o que você realmente deseja? — Vincent perguntou solenemente.
 — É meu desejo mais verdadeiro, — Ortega respondeu, com os olhos ainda fixos em Vincent.
Vincent balançou a cabeça, em seguida, estalou a lâmina preta de Lana aberta e cortou o braço verticalmente entre seu pulso e antebraço. O sangue jorrou imediatamente, escorrendo pelo seu braço e revestimento sua mão e dedos.
 — Então beba, Richard Ortega, e seja meu, — ele disse e segurou seu pulso para Ortega, cujos olhos fecharam em algo próximo ao êxtase enquanto inalava a fragrância acobreada do sangue de Vincent. Ele pareceu prender a respiração por um instante, como se prendendo o cheiro dentro de seu peito, saboreando o rico aroma. Então seus olhos se abriram, brilhantes sob a luz fraca, e ele colocou a boca no pulso de Vincent e bebeu.
Lana viu o processo antes, com Jerry e os outros, mas isso foi de algum modo diferente. Estavam meio de uma crise, um compromisso em meio a batalha, em vez desta lenta e ritualizada cerimônia. Mesmo tendo visto isso antes, ela teve que morder sua reação a Vincent cortando seu próprio braço dessa maneira. Especialmente quando o sangue começou a fluir. Ela sabia como afiada a faca era, quão profundo ela teria cortado. Mas Vincent não estremeceu. Outra coisa de vampiro, ela adivinhou. Nunca mostrar dor. Ou talvez ele simplesmente fez isso tantas vezes que os nervos foram destruídos. Ela fez uma nota para perguntar-lhe mais tarde, quando as tropas não estavam por perto para ouvir sua resposta. Havia a aparências a serem mantidas, afinal.
Ela ficou esperando pacientemente enquanto Ortega terminou de beber e, em seguida, enquanto Vincent passava pelo mesmo ritual com Zárate. Depois disso, as coisas se moveram rapidamente. O SUV foi esvaziado — Vincent lhe assegurou que alguém voltaria pelo veículo mais tarde — e todos se empilharam no jato.
O vôo para a Cidade do México foi curto, pouco mais de uma hora. Vincent e Michael passaram a maior parte desse tempo discutindo logística. Vincent já possuía aliados na Cidade do México, vampiros que estavam preparados para jurar sua fidelidade assim que desembarcassem. Aparentemente, quanto mais vamps Vincent tivesse às suas costas quando fosse enfrentar Enrique, mais forte ele estaria, desde que ele poderia tirar o poder dos seus apoiantes enquanto estava lutando. Algum tipo de magia vampiro metafísica. Ugh. Ela gemeu por dentro. Ela não acreditava em magia, ou pelo menos nunca havia antes de conhecer Vincent. Mas ela precisava admitir que muito do que se passou com os vamps não poderia ser explicado de outra maneira. Pelo menos não por ela.
No minuto em que eles desembarcaram na Cidade do México, os apoiadores de Vincent apareceram. Cinco longas SUVs pretas com as janelas escuras estavam esperando em um hangar privado, com um número de vamps alinhados na frente deles, quase como soldados de prontidão. E, como soldados, eles foram todos armados — HK e MP5s, com uma arma secundária jogada aqui e ali.
Aqueles foram os primeiros vampiros que vira carregando armas. Obviamente, algo mudou.
Lana desembarcou com Vincent, mas foi pegar sua mochila da pilha de bagagem, enquanto ele cruzou diretamente para sua linha de apoiadores e fez questão de cumprimentar cada um pessoalmente. Lana ficou para trás e viu, meio esperando um ritual de sangue em massa para cimentar a relação entre Vincent e esse novo grupo. Ela estava agradecida ao ver que não seria o caso. Pelo menos por enquanto.
Talvez eles fariam uma sangria grupal mais tarde, ela pensou com uma careta interna.
Apesar do comitê de boas-vindas, os vampiros não permaneceram no aeroporto. Os pilotos de Vincent desligaram o jato e, surpreendentemente, se juntaram ao resto dos vampiros em empilhados nas SUVs e aceleraram fora na noite. Lana sentiu um pouco como se estivesse em um filme, com os tipos segurança todos falando no que ela imaginou que fossem dispositivos bluetooth, enquanto ela e Vincent se apertavam no banco do meio de uma das SUVs. Um vamp que ela não conhecia assumiu o volante, e Michael sentou-se na frente no banco do passageiro.
Lana não conhecia a Cidade do México. A maioria dos fugitivos que ela perseguiu foram capturados mais perto da fronteira EUA. Então, ela não sabia de que distrito ou subúrbio da cidade estavam quando o comboio finalmente parou.
Ela olhou pela janela curiosamente, enquanto os novos seguranças de Vincent saíram dos outros veículos e correram para verificar o perímetro. Eles estavam na frente de uma residência de quatro andares, presumivelmente o condomínio que Vincent mencionou anteriormente. O edifício estava em um grande terreno, o que permitiu um recuo substancial de seus vizinhos. Jardins e árvores enchiam o espaço, e uma passarela curva levava a uma porta de vidro. Cada um dos quatro níveis continha uma varanda ao longo da lateral voltada para a rua, e em cada varanda haviam vasos de flores transbordando de cor sob a suave iluminação indireta. Era bonito, embora com certeza não se parecesse muito com o estereotipado covil de um vampiro. Por outro lado, poderia-se facilmente perder as câmeras de segurança igualmente discretas em cada curva. Assim como se poderia confundir com a decoração das persianas metálicas pesadas em cada porta e janela, as quais ela não duvidava desciam diariamente ao nascer do sol, selando os vampiros e os humanos.
Os vamps de Vincent os rodearam quando eles saíram do SUV, e Vincent segurou a mão dela enquanto foram escoltados diretamente para dentro do prédio. Ela viu a entrada de uma garagem subterrânea para um lado e se perguntou por que eles não entraram dessa forma — que parecia oferecer mais cobertura, e portanto, mais segurança. Mas então ela viu um novo comitê de boas-vindas esperando por eles no lobby, e entendeu. Não poderiam fazer uma grande entrada através da porta da garagem.
Uma vez lá dentro, Vincent foi levado para cumprimentar seus seguidores, o que deixou Lana com bastante tempo para olhar ao redor. Ela ficou surpresa ao ver que o lobby parecia pertencer a um prédio de escritórios ao invés de um condomínio. Ela também observou que ninguém parecia estar ao redor, exceto vampiros. Onde estavam os outros inquilinos? O que eles pensam sobre ter a sede de um ninho vampiro em seu edifício, sobre sua segurança assumindo o controle?
 — Esse prédio é meu, — disse Vincent em seu ouvido. Ela virou-se, mais feliz do que deveria ter sido para encontrá-lo ao seu lado. Foi um pouco desconcertante ser o único humano na multidão. — A cobertura é só minha, — ele continuou, — mas há outras oito unidades todos ocupadas por meu povo. — Ele segurou seu braço quando eles entraram no elevador, puxando-a contra seu lado enquanto Michael e outros dois vampiros que ela nunca conheceu se espremeram atrás deles formando uma parede sólida de músculos na frente da porta.
 — Oito unidades? — Ela repetiu. — Quatro para um andar?
Vincent assentiu. — Não há nenhuma unidade no piso térreo, mas há uma piscina e um ginásio, bem como escritórios do edifício.
 — Você vem aqui muitas vezes? — Perguntou ela. Ela tinha a impressão de que ele evitava a Cidade do México, e ainda assim aqui estava, este edifício muito caro e um monte de vampiros que pareciam estar apenas esperando a sua chegada.
 — Era necessário de tempos a tempos. Tenho deveres como tenente de Enrique.
 — Há mais do que isso, porém, — ela comentou. Vincent abraçou e colocar os lábios em sua orelha. — Há mais, mas não aqui.
 Lana assentiu. Não se discutia planos para um golpe enquanto se estava no elevador, não importa quem possuísse o edifício.
O andar da cobertura acabou por ser metade residência e meio centro estratégico. Para a direita, assim que saíram do elevador, havia um par de mesas de escritório agradáveis, equipadas com telefones e computadores. Além disso possuía uma área de estar aberta completa com uma grande TV de tela plana montada na parede que foi silenciada e sintonizada para — no que? — CNN. Um par de portas abertas fora da área de estar revelou uma grande sala de conferências vazia, com uma mesa de madeira e cadeiras de couro em frente a uma parede de janelas.
Tudo era enorme. Grandes espaços, mobiliário grande, TV de tela grande. Mas o que atingiu Lana mais que qualquer outra coisa foi a total falta de ruído. Era como se tivessem entrado numa câmara acústica, onde nenhum som penetrou pelo lado de fora, enquanto todos dentro ficavam com medo de perturbar o silêncio. Exceto não havia ninguém aqui. Ela imaginou que iria mudar uma vez que a turma lá de baixo fizesse o seu caminho para cima. Mas, por agora, era um estranho espaço vazio — esperando ser preenchido.
Vincent puxou sua atenção longe da área do escritório, pegando sua mão e levando-a para a esquerda, seus passos não fazendo nenhum som no carpete profundo enquanto faziam seu caminho para um segundo conjunto de portas duplas. Como aquelas guardando a sala de conferência, elas eram quase do chão ao teto, cerca de dez pés de altura, e lacadas em um preto uniforme sem adornos senão o aço polido em um embelezamento rústico. A diferença era que estas portas foram garantidas por um teclado digital, que ficava à direita das portas e incluía uma fechadura biométrica com um scanner. Vincent introduziu um código de oito dígitos, pressionou o polegar no scanner, e as portas se abriram.
 — Vamos digitalizar você para o sistema de hoje à noite, — Vincent comentou. — Ninguém além de nós e Michael terá acesso a esta suíte.
Lana assentiu, secretamente aliviada. Com o súbito aparecimento de tantos vampiros estranhos cujo único trabalho parecia manter Vincent seguro, ela estava um pouco preocupada. Ela sabia que algumas pessoas viviam com uma presença de segurança constante e, eventualmente, esqueciam que os guardas estavam lá, mas ela nunca quis ser uma delas. Ela gostava muito de sua privacidade.
Uma vez que entraram no condomínio de Vincent, no entanto, todas as preocupações sobre privacidade e muitos guardas fugiram de seus pensamentos, substituídas por uma única certeza... Ela não pertencia a esse lugar.
O quarto era de tirar o fôlego — teto alto e uma parede inteira de vidro com uma visão que continuava para sempre. Ela sabia que haviam muitos dias na Cidade do México, onde a qualidade do ar era uma porcaria e a neblina fechada, mas esta noite, com céu claro e a meia-lua minguante alta no céu, as luzes da cidade iluminavam o fundo do vale de uma forma que lhe dizia que eles estavam em uma borda da subida do vale.
Este era um imóvel caro. Muito caro. E Vincent possuía todo o maldito edifício. Mesmo que ele não fosse bonito e charmoso, ele era rico o suficiente para obter qualquer mulher que quisesse. Assim o que ele estava fazendo com ela? Talvez quando tentou convencê-la a ficar para trás antes, ele realmente queria que ela ficasse para trás, em vez de se preocupar com sua segurança.
Ela suspirou e vagou para o quarto, que, como tudo neste prédio, foi construído em grande escala. Os móveis eram escuros e masculinos, de madeira pesada e profundamente tingida. A cama era enorme e claramente feita por encomenda. Concedido, Vincent era um homem grande. Mas mesmo que ele não precisava de todo esse espaço, a menos que fizesse algumas orgias. Que, pelo que sabia, era exatamente o que ele fazia.
Lana empurrou para o banheiro extravagante, mas em vez de ser acalmada ou mesmo encantada com as belas luminárias e o chuveiro grande o suficiente para seis, tudo o que viu apenas elevou o volume da voz sussurrante dentro de sua cabeça, que repetia uma e outra vez que ela não pertencia aqui.
 — Lana?
Ela virou-se para encontrar Vincent encostado no batente da porta, estudando-a com um olhar preocupado. Ela se perguntou quanto tempo ele estava lá e o que viu em seu rosto enquanto isso. Ele pode não ser capaz de ler sua mente, mas poderia ler sua linguagem corporal bem o suficiente.
 — Isso é lindo, — disse ela e quis dizer isso. Ela não lhe disse que se sentia como uma intrusa total. Que estava quase com medo de tocar em qualquer coisa, com medo de deixar suas impressões digitais sujas para trás.
Ele olhou em volta, como se a visse pela primeira vez. — É legal. Eu não fico muito aqui.
 — Por que, então?
 — Porque eu sabia que esse dia chegaria, e as aparências importam, especialmente para os vampiros. Se eu vou desbancar Enrique, eu preciso parecer como um lorde vampiro.
Ela sorriu fracamente. — Eu diria que você conseguiu.
Ele se aproximou e esfregou as mãos para cima e para baixo de seus braços. — Você está bem? Você parece
 — Cansada, — ela forneceu, poupando-lhe a busca de um adjetivo adequado. — E com fome. Deve haver ser uma cozinha por aqui em algum lugar, não é?
Vincent franziu a testa, claramente não comprando a desculpa, mas disposto a deixá-la fugir com ela por agora. — Há uma cozinha, — disse ele, — mas provavelmente sem comida. Talvez um pouco de sangue, uma vez que sabiam que eu estava vindo, mas isso não lhe faria nenhum bem, — disse ele com uma risada forçada.
Lana assentiu. — Está tudo bem. Tenho certeza que há um supermercado nas proximidades. E você deve ter reuniões para ir.
Sua carranca se aprofundou, mas assentiu.
 — Certo. Então, irei até a loja, em seguida, cozinhar algum jantar e talvez dar um mergulho. Poderemos nos encontrar aqui mais tarde.
Vincent estudou um momento muito longo. — Você estará aqui quando eu voltar, certo?
Lana lutou contra o rubor que subiu em seu rosto, porque ela realmente considerou ir direto para o aeroporto e pegar um voo para casa. A Cidade do México tinha um grande aeroporto; ela sabia que havia uma abundância de vôos indo para o seu destino. Mas, assim como havia considerado isso, ela o rejeitou. Vincent merecia mais do que isso, porque, independentemente de quais sentimentos que ela pudesse abrigar por ele, eram parceiros. E os parceiros não abandonavam uns aos outros, na véspera da batalha. — Claro que estarei aqui, — assegurou ela, como se alguma outra sugestão fosse absurda. — Você acha que eu vou sair sem experimentar o chuveiro?
Vincent sorriu lentamente, e pareceu relaxar. Mas não havia nada relaxado sobre a marca de posse em seu beijo, nem o aviso profundo em sua voz quando ele deslizou os lábios até sua orelha e disse: — Eu vou te cobrar isso, querida.
Lana beijou de volta, deixando-o pensar que a expectativa de que causou o tremor de emoção que ondulava sobre seu corpo. Mas foi a ameaça inconfundível em suas palavras que a fez estremecer, que lhe dizia que ele a encontraria, não importa o quão longe ela corresse.

VINCENT NÃO QUERIA deixar Lana. Havia algo acontecendo em sua linda cabeça, algo que ele não conseguia descobrir. Ele faria com o tempo, mas o tempo era escasso esta noite. Ele tinha pessoas para se encontrar, vampiros que arriscaram tudo para aparecer aqui esta noite. Não haveria volta depois disso. Conspirar para assassinar um Lorde não era algo que um vampiro fazia levianamente, ou em segredo.
Enrique saberia que ele estava na cidade, e por quê. Vincent poderia aproveitar esta noite para fortalecer o seu apoio, para tranquilizar seus vampiros leais de que ele possuía o que era preciso para derrotar Enrique e tornar-se o novo Lorde do México. E ainda mais importante, que, como seu lorde, ele seria um melhor governante. Enrique tinha muitos aliados, mas poucos amigos. Seu reinado de séculos era puramente baseado em força e o conhecimento de que a deslealdade seria punida com uma morte brutal.
Vincent não era ingênuo o suficiente para pensar que poderia governar com benevolência. Ele estava prestes a se tornar um Lorde Vampiro, não um padre. A maioria dos vampiros vivia uma vida tranquila e só queriam ser deixados sozinhos. Mas aqueles poucos que não, os que formariam a corte de Vincent e sua equipe de guerreiros, precisavam saber que a força encontraria a força, e deslealdade a morte.
Mas eles também precisavam saber que a lealdade seria recompensada, e que a riqueza do território seria compartilhada entre aqueles que a criaram, não acumulada e distribuída a quem beijou o seu traseiro, como Enrique fez. Infelizmente, tudo precisava ser transmitido esta noite. Ele queria ficar com Lana, fazer amor com ela naquela cama gigante até que ela não tivesse forças para sequer pensar em deixá-lo. Mas ele tinha um dever, uma responsabilidade para com os vampiros que já colocaram suas vidas em risco, simplesmente concordando em se encontrar com ele.
Ele teve que colocar sua fé na palavra de Lana e seus sentimentos no beijo que eles compartilharam, embora não podia deixar de sussurrar um aviso em seu ouvido delicado. — Vou cobrar isso de você, querida.
Ela podia correr, mas não conseguiria se esconder. Não dele. Ela estremeceu e ele soube que ela pegara a mensagem subjacente de suas palavras.
Ele atravessou a sala de estar da suíte, virando-se para ela quando chegaram em frente ás portas. — Você terá um guarda com você onde quer que você vá.
Ela fez uma careta. — Eu não preciso disso. Eu não gosto de estranhos
 — Eu sei, e eu sinto muito. Mas é necessário.
 — E se eu esperar até o dia? — Argumentou. — Todos os maus estarão dormindo, certo?
O coração de Vincent apertou com a sugestão de que ela não dormiria com ele, mas não deixou isso aparecer. Afinal, ela era humana e a luz do sol era necessária. Ele provavelmente deveria se acostumar com a ideia, já que isso não mudaria.
— Luz do sol não é garantia de segurança, — ele disse a ela, deslizando a mão pelo seu braço e ligando seus dedos. — Enrique tem guardas humanos, assim como eu. Se você preferir, eu posso atribuir um deles para você em vez de um vampiro. Dessa forma, não importa qual é a hora.
Lana inclinou a cabeça para trás e para a frente, infeliz, mas finalmente acenou em acordo. — OK. Eu acho que isso funciona. Quando eu o conheço?
 — Eu vou ter alguém vindo aqui agora. Vou esperar até que ele chegue.
 — Isso não é necessário. Eu te prometi
 — Eu vou esperar, — Vincent insistiu, não confiando muito em suas intenções. — Além disso, você precisa ser digitalizada no sistema de segurança antes de sair, e você vai precisar do código. — A campainha da porta soou e ele disse: — Deve ser Michael.
 — Eu pensei que você disse que ele tinha acesso.
 — Ele tem. Mas, enquanto estamos aqui juntos, ele não vai usá-lo. Vamos lá, vamos começar a sua impressão no sistema, para que possa ir às compras. Você se sentirá melhor, uma vez que tiver um pouco de comida de verdade.
Lana se afastou quando ele abriu a porta, os dedos deslizando longe dos seus. Vincent pensou que ela só recuou porque ele precisava para abrir a porta para Michael, mas isso não explicou por que parecia que ela estava se afastando muito mais do que sua mão.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

VINCENT abriu a porta do veículo logo que Ortega levou o SUV a uma parada em frente ao edifício. Apenas uma noite, e ele já estava cansado dos protocolos de segurança que rodeada suas idas e vindas. Uma das coisas que ele sentiria falta depois de matar Enrique e se tornar o Lorde do México seria a liberdade para se movimentar livre de toda essa cerimônia. Como ele havia dito a Lana, ele entendia a necessidade dela. Pelo menos metade disso era apenas para manter as aparências, mas a outra metade lidava com questões de segurança reais. Ele podia defender-se, mas um lorde territorial era um grande fodido alvo, e não serviria a ninguém se ele gastasse toda a sua energia lutando contra todo Davi que pensassem em derrubar Golias.
Ainda assim, isso o irritou. Ele teve que deixar o edifício do condomínio cedo. Seus partidários foram se reunindo, mas nem todo mundo poderia, ou deveria vir a ele. Fazia mais sentido para ele ir para alguns deles, ao invés de aparecerem todos aqui. Especialmente desde que Enrique certamente possuía alguém vigiando. Era melhor deixar o antigo lorde ficasse tentando adivinhar qual dos vampiros em sua corte o apoiaria no desafio final amanhã.
Mas não era isso que estava incomodando Vincent, não era o que o fez correr de volta para o condomínio esta noite. O que monopolizou os cantos de sua mente durante toda a noite foi a sua última conversa com Lana. Tudo aconteceu tão rápido, ele sabia que ela estava se sentindo sobrecarregada, talvez até mesmo ameaçada como a única humana em um edifício cheio de vampiros. Depois de tudo, no espaço de poucas horas, eles foram de tomar uma viagem pela estrada, com os dois pulando de motel para motel no México, para ter uma comitiva inteira e uma cobertura na Cidade do México à sua disposição. Mesmo para ele, a situação era claustrofóbica. Quão pior deve ser para ela?
O que explicou a sua pressa de voltar para o andar de cima. Ele checou os relatórios do guarda humano atribuído para ela, então sabia que ela foi fazer suas incumbências e já voltou. E agora Vincent queria tomá-la antes do amanhecer, para se certificar de que ela entendeu o quão importante ela era para ele, e que juntos, eles lidariam com qualquer problema que surgissem com estes novos acordos, assim como eles fizeram quando era apenas os dois. Todos os outros vampiros, os tipos segurança, os seus apoiantes e puxa-sacos, eram secundários. Era Lana que importava.
Ele não estava há mais de dois metros do SUV, superando a equipe de segurança em sua pressa, quando em sua visão periférica, ele viu um homem correndo em sua direção. Um humano, grande e vagamente familiar.
Vincent virou, tentando obter um melhor olhar através da parede da carne que os seus seguranças formaram em torno dele, enquanto alguns dos outros agarraram o homem e começaram a empurrá-lo a uma distância segura.
 — Ela não pertence a você, — gritou o humano.
Vincent olhou, então empurrado por seus guarda-costas para obter sua primeira boa olhada no humano.
Harrington. Dan, não, Dave Harrington, o ex-namorado ou noivo de Lana, dependendo de quem você acreditava. Vincent foi com a versão de Lana. Mas de qualquer forma, ele queria saber o que o homem estava fazendo aqui.
 — Deixem-no ir, — ele ordenou e viu como o humano imediatamente veio mais perto, aparentemente muito estúpido para compreender a extensão de próprio perigo.
Harrington parou apenas fora do alcance de sua mão. Ele parecia exausto e verdadeiramente angustiado. Vincent quase sentiu pena do homem. Ele disse a Lana que Harrington ainda a queria, e agora sabia que tinha razão. Harrington não entendia que ele estragou tudo isso há anos atrás, não acreditava que realmente a perdera. Que tolo.
 — Ela não é para você, vampiro. Ela pertence a sua própria espécie, — disse o humano, seus olhos cheios de ódio.
 — Sua própria espécie... Esse seria você? — Vincent perguntou friamente.
 — Você está certo. Lana é minha. Ela sempre foi minha.
 — Eu não acredito que Lana vê dessa maneira.
 — Porque você ferrou com a cabeça dela. Eu não vou deixar você tê-la.
 — Lana vai para onde ela quiser. Você é um idiota se você não vê isso. — Vincent olhou ao redor, procurando um rosto familiar, alguém em quem pudesse confiar. — Ortega, Zárate, — disse ele, voltando para seu pessoal de Hermosillo. — Escoltem o Sr. Harrington para o aeroporto. Se assegurem que ele pegue seu voo para casa.
Os dois vampiros gigantescos se aproximaram de ambos os lados de Harrington. Eles não o tocaram, mas eles não precisavam. A ameaça era clara. Harrington era um grande homem, mas os vampiros eram maiores. E eles eram vampiros.
 — Isto não é o fim. Você não pode fazê-la feliz.
A garganta de Vincent se apertou quando sinalizou a Ortega e Zárate para ir em frente. Não porque ele desse a mínima para Dave Harrington ou suas ameaças vazias, mas porque as terríveis advertências do humano ecoavam seus próprios medos. E Vincent não teve medo de nada há muito tempo.
Girando nos calcanhares, ele entrou no prédio e foi direto para o elevador que a sua segurança estava segurando para ele. Eram apenas três andares até a cobertura, mas pareceu durar uma eternidade.
 — Ela não vai agradecer por isso, — Michael murmurou ao seu lado.
Vincent lançou um olhar silencioso ao seu tenente, mas não disse nada, porque sabia que o que Michael disse era verdade. Quando Lana descobrisse sobre Harrington, sobre como Vincent o despachou para o aeroporto, não ficaria contente. Ela não gostava dele lutando suas batalhas. E ela especialmente não gostaria que ele agisse sem sequer consultar com ela.
 — Lana está no edifício? — Ele estalou em vez disso, não dirigindo a pergunta a ninguém em particular.
 — Sim, meu senhor, — disse alguém. — Na suíte.
Bom, pensou Vincent. É aí que ele precisava dela. Eles fecharam a porta e ficaram sozinhos novamente, e então eles poderiam falar.
As portas do elevador se abriram e seu passo era hesitante ao nível de atividade que o cumprimentou, e o barulho que o acompanhava. Quando ele saiu, as coisas ainda estavam sendo preparadas. Agora, parecia que metade dos vampiros na Cidade do México foram pendurados fora de sua porta da frente. Ele não tinha tempo para isso. Ele começou a sair do elevador, com a intenção de ir diretamente para o seu apartamento, mas uma voz familiar o deteve.
 — Vincent.
Era uma voz que era tão familiar com a sua própria, mas que ele não ouviu há muito tempo. Ele virou com um sorriso que transmitia todo o calor e alegria que sentiu ao vê-la novamente.
 — Camille, — disse ele, tomando o passo final para encontrá-la, sua mão segurando seu queixo elegante. — Quando foi que você chegou aqui?
 — Na Cidade do México? Ou na sua sede?
 — Ambos.
A risada dela era como o som de delicados sinos. Mais homens do que ele poderia contar fizeram papel de bobo apenas para ouvir aquele som. Ele e Camille eram irmãos de certa maneira. Ambos os filhos de Enrique — ou então ele pensava na época — eles — cresceram — juntos, tendo sido criados ao mesmo tempo.
 — Cheguei a pouco esta noite, — disse ela. — Enrique empurrou-me para longe da costa. Ele sempre se ressentiu da nossa proximidade, e tenho certeza que sabe que minha lealdade é mais para você do que ele. Ele não vai gostar de saber que estou aqui, mas eu não podia perder o grande final. E, além disso, eu trouxe alguns amigos. — Ela indicou a sala de conferências com uma ligeira mudança de seus olhos.
Vincent acariciou as costas de seus dedos sobre a suavidade aveludada de sua bochecha. — Obrigado, bella. É bom ver você, — ele murmurou. Ele estava prestes a dizer mais quando um pequeno ruído chamou sua atenção no final do corredor à sua esquerda. Ele se virou e viu Lana parado na porta aberta do apartamento, olhando para ele. Ela estava vestida com um moletom e carregava uma toalha, como se em seu caminho para baixo para o ginásio.
Ela parecia linda e forte, e ele lamentou abruptamente seu confronto baseado no orgulho com Harrington. Ele abriu a boca para chamá-la, mas com um único olhar ilegível, ela atravessou o corredor até que estava perto o suficiente para tocar.
Só que ela baixou a mão quando ele a alcançou, estendendo a sua própria para Camille e tomando um passo mais perto.
 — Camille, — disse Vincent, picando a rejeição de Lana. — Esta é Lana Arnold. Lana e eu somos
 — Parceiros, — Lana interrompeu. — Vincent ajudou-me com uma atribuição de trabalho que acabei de terminar.
Vincent viu os olhos de Camille dançando com o riso, mas ele não achou nada de engraçado. Ele virou a carranca para Lana e estava prestes a dar alguma desculpa para Camille, enquanto ele arrastava Lana de volta para a cobertura e descobria o que diabos estava acontecendo, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Lana falou novamente.
 — Bem, eu vou deixar vocês dois com suas... consultas, — disse ela, recuando. — Prazer em conhecer você, Camille. Vincent, — disse ela com um aceno rápido, então ela se foi antes que ele tivesse a chance de dizer qualquer coisa, descendo a escada com seu guarda-costas humano a reboque.
Vincent deu um passo para ir atrás dela, mas Michael apareceu ao seu lado e disse baixinho: — Sire, Camille trouxe Tulio.
 — Sinto muito, Vincent, — Camille disse suavemente, seu olhar cheio de compreensão com a sua situação. — Mas Tulio está esperando na sala de conferências, — ela lembrou.
Vincent praguejou suavemente. Amado Tulio era um poderoso mestre de Baja que odiava Enrique, mas nunca seria poderoso o suficiente para derrubá-lo por si mesmo. Ele estava disposto a apoiar a candidatura de Vincent, mas só se ele pudesse ser convencido de que iria ganhar. Tulio queria que Enrique desaparecesse, mas não estava disposto a arriscar o próprio pescoço por isso. Se houvesse mais tempo, Vincent teria dito para o inferno com Tulio e teria ido atrás de Lana. Mas não havia tempo algum. Ele precisava saber esta noite de que lado Tulio estaria amanhã.
— Certifique-se de que ela não deixe o prédio, — ele rosnou para Michael, e então virou-se com um sorriso para Camille e se dirigiu para a sala de conferências.

LANA ABRAÇAVA a toalha de banho dobrada como um cobertor de segurança enquanto descia as escadas para o primeiro piso. Ela já estava em seu caminho para a piscina, mesmo antes de ver Vincent com sua amiguinha, na esperança de aliviar um pouco do estresse que estava sentindo desde que eles entraram no avião para a Cidade do México.
Essa ideia parecia um inferno agora. Ela teria que nadar até que estivesse exausta para apagar a imagem de Vicente e Camille, olhando para o outro com aquele olhar em seus rostos. Tudo o que imagem precisava era de poeira de pó de fadas brilhando ao redor de suas cabeças, de tão fofa que foi.
A ironia era que Lana ficou feliz em vê-lo. Ela ouviu sua voz antes mesmo de as portas se abrirem, e seu coração deu um salto proverbial para a alegria. Ela sabia naquele momento que, enquanto ela poderia não pertencer aqui, este era o lugar onde queria estar. Com Vincent.
Seu primeiro pensamento quando Vincent saiu do elevador foi que ele parecia cansado. Mas então a mulher — Camille — disse seu nome, e sua exaustão pareceu escorrer.
Camille era adorável, é claro. Pequena e delicada, com uma cintura fina e seios transbordando, ela tinha lábios exuberantes pintados de vermelho, seu cabelo negro caindo em ondas graciosas pelas costas. Ela riu de algo que Vincent disse e cabeças se viraram ao som. O sorriso de Vincent cresceu mais amplo e ele passou as costas de seus dedos sobre a bochecha elegante da mulher, murmurando algo para seus ouvidos somente.
Lana sentiu o toque dos dedos como um soco em seu estômago. Ela não tinha a intenção de fazer nenhum som, mas ela deve ter feito, porque a cabeça de Vincent se virou, e nesse primeiro momento de descuido, ela viu a culpa em seus olhos. E, de repente, a voz sussurrante na parte de trás de seu cérebro, a que ela convenceu em estar errada, porque ela queria tanto ficar com Vincent, se tornou um aviso gritante, reforçando o que sabia o tempo todo. Ela realmente não pertencia a esse lugar.
Lana se forçou a andar pelo corredor, a segurar a onda e ser educada. Mas quando Vincent tentou tocá-la, quando ele lhe deu aquele olhar magoado quando evitou sua mão, ela soube que precisava ir embora antes que começasse a gritar.
Ela resmungou algo educado, então, aproveitando a distração fornecida quando Michael sussurrou algo no ouvido de Vincent, ela desceu a escada e foi embora, a pesada porta batendo atrás dela.
E agora ela estava correndo escada abaixo, esperando em cada curva para ouvi-lo às suas costas, ouvir sua voz chamando seu nome, mas ele nunca o fez. Ela tinha que decidir o que fazer, onde ir a partir daqui. Sua melhor aposta seria a de esperar até o nascer do sol, voltar para a cobertura, arrumar suas coisas e ir embora. Ela já não acreditava Vincent iria tentar impedi-la de ir. Agora que sua namorada vampiro estava aqui, ele provavelmente estaria aliviado ao descobrir que ela foi embora, que ela faria isso tão fácil para ele.
Ela continuou em movimento seus pés seguindo o ritmo de seus pensamentos que corriam rápido e sem sentido.
Antes que percebesse, o guarda-costas abriu a porta para o primeiro andar, lembrando-a de que ele ainda estava com ela. Ela esqueceria tudo sobre ele por um momento. Seu nome era Jeff Garcia e estava com Vincent por quase quatro anos. O que Jeff faria se ela se dirigisse para o aeroporto? Será que ele tentaria impedi-la? Iria com ela? Uma vez que deixasse o México, ela não precisaria mais de um guarda-costas. Ela não tinha certeza de que precisava de um agora.
Lana parou por um momento, uma mão cobrindo os olhos fechados. Ela precisava pensar sobre o que estava fazendo. Ela estava deixando a emoção levá-la ao invés da razão, correndo com medo. Correndo era a palavra chave. Ela precisava parar e pensar. Ela tornou-se ciente do cheiro de cloro, o eco abafado das águas contra a telha. Abrindo os olhos, ela percebeu que a escada seguia diretamente para a área da piscina. Através de uma parede de janelas para a sua direita era a parte principal do ginásio, com o habitual equipamento e algumas almas resistentes começando a treinar antes do sol nascer. Ela assumiu que eram todos vampiros, mas era possível que alguns deles fossem guardas humanos como Jeff.
Ninguém estava usando a piscina.
Ela veio até aqui para nadar, e isso é o que faria. Sem sequer pensar, jogou a toalha em uma espreguiçadeira e tirou a camiseta. Ela sentou-se para sair das calças, não porque precisasse, mas porque não queria que Jeff visse que ela tinha sua pequena faca Spyderco enfiada no bolso pequeno de seu moletom. O bolso havia sido projetado para transportar chaves e talvez um telefone celular, mas Lana pensou que uma faca seria mais útil. E guarda-costas ou não, ela não ia a lugar nenhum sem algum tipo de arma. Ela dobrou as calças com cuidado, em seguida, levantou-se para a borda da piscina. Ela estava usando um maiô de uma peça preta simples que comprou de uma loja ao lado do supermercado onde fora antes. Ela puxou-o para baixo sobre seu traseiro um pouco autoconsciente. Ela estava em boa forma, mas o maiô era cortado um pouco mais alto do que ela normalmente usava.
Ela puxou a touca barata que comprou com o maiô, em seguida, com um aceno para Jeff, que tomou uma posição na porta que acabou de passar, Lana pisou na borda e mergulhou. Natação era como meditação para ela. Após os primeiros golpes, ela não teve que pensar sobre isso mais, não ouviu a voz irritante no fundo de sua mente, não viu o carinho no rosto de Vincent, a suavidade de suas palavras quando tocou na mulher, Camille, no andar de cima. Ela simplesmente se moveu através da água, e caiu no ritmo familiar de um crawl{4} para frente... braçada, respirar, braçada, respirar, bater na parede, por sua vez, deslize, e começa tudo de novo. Ela nadou até que seus músculos começaram a queimar, e então nadou um pouco mais, até que suas braçadas não eram mais suaves, suas voltas não mais graciosas.
Quando bateu na parede em sua volta seguinte, ela parou, pendendo para o lado da piscina, respirando o cheiro de cloro da água enquanto o esgotamento começou a surgir. Ela poderia não ser um vampiro, mas ela viveu como um na semana passada, o que significava que estava acordada a noite toda e seu corpo precisava dormir.
E, em algum momento durante o seu mergulho, seu cérebro chegou a uma decisão, ou talvez fosse seu coração. Tão fácil e simples como seria, ela não precisava entrar de fininho e ir embora sem dizer adeus a Vincent, sem qualquer explicação. Talvez fossem apenas parceiros, afinal de contas, mas mesmo um parceiro merecia o respeito de uma despedida decente.
Lana suspirou, sabendo o que faria, o que ela precisava fazer.
 — Que horas são? — Ela perguntou a Jeff, que estava exatamente onde ele estava quando começou a nadar.
Ele lhe deu um sorriso torto e disse: — Quase nascer do sol. Os vampiros abandonaram o ginásio.
Lana se puxou para fora da água. Demorou mais do que deveria e ocorreu-lhe que ela poderia ter feito algumas voltas mais do que seu corpo poderia lidar. Pelo menos não teria que se preocupar com sua mente mantendo-a acordada hoje. O único pensamento em sua cabeça agora era dormir.
Ela pôs de pé com esforço e se enrolou na toalha grande, retirando a touca desconfortável e a jogando no lixo. Ela pensou em subir o elevador sem se vestir, mas havia um monte de pessoas que desconhecidas entre ela e sua cama, então ela se arrastou em suas roupas novamente, sem se importar que seu traje estivesse molhado.
 — Vamos, — disse a Jeff, pressionando a toalha em torno da trança úmida de seus cabelos.
Jeff estava falando com alguém no botão bluetooth em seu ouvido. Lana esperou pacientemente, inclinando-se contra a parede, porque se preocupou que se ela se sentasse, iria simplesmente cair, dormindo, e não se levantar novamente. Jeff tocou o botão em seu ouvido, desligando a chamada. — Os elevadores estão bloqueados no andar de cima, — ele disse, balançando a cabeça em simpatia. — Algum grande vampiro se preparando para partir. Pronta para as escadas?
Lana olhou dele para a porta da escada, pensando, Inferno, não. Mas o que disse foi: — Claro.
Ele deu uma risada simpática enquanto Lana abria a porta para as escadas.
 — Lana, — Jeff disse urgentemente e ela se lembrou que ele deveria ir primeiro. Mas, em seguida, um movimento na escada chamou sua atenção, e ela olhou em choque para a pessoa em pé lá.
 — O que você está fazendo aqui? — Perguntou ela quando Jeff amaldiçoar, e então o som irregular de um taser encheu o vão das escadas de concreto.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
VINCENT passeava enquanto as persianas desciam sobre as janelas. Onde diabos estava Lana? Ele ligou em seu celular, mas não recebeu nenhuma resposta. Então ele tentou Jeff Garcia e nada. O GPS em ambos os telefones lhes disse que estavam no prédio, mas não conseguiu descobrir nada mais específico do que isso, e agora o nascer do sol estava prestes a lhe tirar a capacidade de ir à procura deles. Ele ainda poderia pedir a seus seguranças diurnos para encontrá-los, mas não estava exatamente com pressa de anunciar a todos que sua amante o estava evitando. Seu telefone tocou. Era Michael com um check-in final. Seu tenente era jovem como vampiro, o que significava que ele iria colidir com o sono a luz do dia bem antes de Vincent.
 — Mike, — ele respondeu laconicamente.
 — A construção foi bloqueada. Ninguém entra ou sai, até o pôr do sol. Como foi com Tulio?
 — Ele está a bordo por enquanto. Mas ele está inseguro de sua aposta. Ele estará no local de Enrique quando chegarmos lá, mas não nos acompanhará visivelmente.
 — Então ele não quer ser visto com a gente até que saiba quem vai ganhar.
 — É melhor descobrirmos agora que tipo de doninha ele é. Eu vou saber para não depender dele no futuro.
 — Lana?
 — Ainda no ginásio, tanto quanto eu sei.
O silêncio saudou essa declaração, e, em seguida, — Ela não deixou o prédio.
 — Eu sei. Durma bem, Michael. — Vincent desligou sem esperar por uma resposta. Michael pode ser a coisa mais próxima que ele tinha de um amigo, mas não estava prestes a discutir sua vida amorosa com ele. Não quando se tratava de Lana, de qualquer maneira. Ela não era como uma mulher qualquer que ele tivesse pegado em um bar e esquecido em seguida. Ela importava para ele, mas era óbvio que ele não a convencera desse fato.
Então, onde diabos ela estava? Escondendo-se até que ele estivesse dormindo para o dia? Ele não teria pensado que era o seu estilo. Na verdade, ele sabia que não era seu estilo. Mas então, ela não foi ela mesma desde que eles chegaram na Cidade do México, e ela viu a maneira como ele vivia aqui, visto todos os vampiros cortejando-o, os ouvindo lhe chamar de senhor. Ele não perdeu sua reação para a cobertura também. Ela agiu como se fosse um museu em vez de uma casa. Talvez porque ele nunca viveu aqui. Isto foi apenas o lugar que ele ficava quando a política não lhe deu uma escolha. Ele apostava que se Lana viu o seu lugar em Hermosillo, ela teria ficado completamente à vontade.
Ele simplesmente não teve tempo suficiente com ela antes que tudo isso descesse sobre ele. Ele não planejou confrontar Enrique tão cedo. Sua mão forçou-se em várias frentes. Primeiro, pelo que Enrique fizera para Jerry e Salvio, e especialmente Carolyn. Como ele poderia deixar isso sem questionamento? E então houve Raphael, certificando-se de que Vincent corresse para Xuan Ignacio, de modo que o velho vampiro pudesse deixar cair sua pequena bomba da verdade. Vincent poderia ter estado pronto para desafiar Enrique depois Carolyn, mas saber sobre o assassinato de seu irmão pela mão de Enrique havia selado o negócio. Assim como Raphael sabia que seria.
Se apenas Vincent pudesse ter tido mais um dia com Lana, mais um dia com apenas os dois, para prepará-la para tudo isso, para deixar que seus sentimentos viessem a tona.
Então, onde diabos ela estava? Ele pegou seu celular, com a intenção de chamá-la uma última vez, mas cambaleou de repente, quase caindo, quando o nascer do sol afirmou seu controle inexorável sobre ele. Com passos arrastando, ele mal conseguiu chegar ao quarto, antes de cair de cara na cama grande vazia.
CAPÍTULO VINTE E CINCO
O TELEFONE de Vincent estava tocando quando ele saiu do chuveiro. Pegou-o de cima do balcão onde o deixou, na esperança de que fosse Lana. Ela não voltou para a cobertura durante o dia, nem mesmo para pegar suas coisas, e a preocupação que ele sentiu ao acordar esta noite para encontrá-la se foi cimentada em algo muito pior enquanto a noite avançava. Michael assegurou Vincent que ele pessoalmente verificou a cada fita de vídeo e que não havia nenhum sinal de Lana ou Jeff Garcia, que esteve protegendo-a. Mas os vídeos poderiam ser cortados, e seus celulares, que foram rastreados dentro do edifício antes do amanhecer, agora, não apareciam. Eles nem foram desligados e as baterias removidas, estavam destruídas.
Não havia nenhuma razão para Lana para fazer algo assim, e ele sabia, com certeza, que Garcia não faria isso. Não por sua vontade. Jeff Garcia era leal a Vincent. Michael jurou, e Vincent acreditou. O que significava que tudo o que aconteceu com Lana provavelmente aconteceu com Garcia em primeiro lugar.
Vincent riu sem humor em tudo, quando percebeu que sua esperança mais cara neste momento era que Dave Harrington estivesse com ela. Que ele de alguma forma conseguiu esgueirar-se para fora do aeroporto e retornou a cidade, a fim de arrastar Lana de volta para a segurança de seu seio familiar. Isso explicaria a ausência de um sinal de celular. Harrington saberia como evitar a detecção, e como tirá-la do país com ninguém sabendo. E se Lana estava confusa, ou chateada o suficiente sobre seu relacionamento com Vincent, ela nem sequer teria lutado com ele. Mas mesmo quando teve esse pensamento, ele rejeitou. Não importa o quanto Lana estivesse puta, Vincent não acreditava que ela iria embora sem dizer adeus. Mesmo que seu adeus fosse só para lhe mandar se foder.
O telefone tocou novamente e Vincent verificou o identificador de chamadas, jurando quando viu o nome de outro de seus partidários vampiros. Quase desde o momento em que o sol deixou cair abaixo do horizonte, eles estavam chamando-o, tão nervosos como gatos em uma sala cheia de cactos. Ele não respondeu a qualquer um deles, deixando Michael acalmar seus nervos, oferecendo garantias. Ele não deveria ficar segurando mãos na iminência da batalha mais perigosa de sua vida. Pelo menos isso era o que Michael estava dizendo a eles. Eles não precisavam saber a verdade. Que ele estava com medo que algo terrível acontecera a sua amante e estava lutando uma batalha consigo mesmo entre marchar para o covil de Enrique e oferecer um desafio, ou dizer foda-se tudo e ir à procura de Lana ao invés.
Infelizmente, ele estava começando a temer que essas duas coisas eram as mesmas. Que era Enrique que havia pego Lana, e que tinha a intenção de usá-la contra ele.
O telefone tocou novamente, e Vincent quase o jogou contra a parede antes que visse o nome de Michael no visor. — O quê? — Ele rosnou.
 — Sire, — Michael disse formalmente, voltando ao protocolo em face da raiva de Vincent. — Perdoe- me, mas... Eu preciso saber o que dizer à sua equipe de segurança.
Vincent desviou o olhar e seus olhos caíram sobre a necessaire de Lana. Ela não usava muita maquiagem, não era uma mulher de alta manutenção, que mexia com cremes e loções. Sua única vaidade, se ela tivesse uma, era o seu cabelo. Ela tinha garrafas de viagem de shampoo e condicionador caros, e uma variedade de laços de cabelo e faixas para segurar sua trança. Mas a única coisa que ela usou mais foi a escova. Ele notou isso porque era incomum, não é uma dos tipos de plástico típicas encontradas no caixa de uma grande loja local. Lana lhe disse que ela a teve por anos, que foi projetada para o seu tipo de cabelo e lhe custara uma fortuna, mas valeu a pena. E quando ele a assistiu escovar e trançar a cada noite, assistindo os cursos longos e lentos através da queda negra de seus cabelos, ele teve que concordar com ela. Apenas observando ela o fez querer jogá-la na cama e transar com ela até que gritasse. Ele ia comprar-lhe uma centena dessas escovas se fosse isso que ela queria.
Então, por que, se decidiu deixá-lo, ela não teria pelo menos recolhido a escova e os laços para levar com ela?
 — Estamos indo encontrar Enrique, — disse Vincent para Michael. Porque ele estava convencido que era onde encontraria Lana. E se Enrique a tivesse machucado... Bem, o lorde vampiro já ia morrer esta noite, mas Vincent se certificaria de que seu sofrimento seria tão insuportável que ele imploraria por sua morte antes que tudo terminasse.

NINGUÉM DESAFIOU Vincent quando ele chegou na sede da Enrique na periferia da cidade. Era uma enorme propriedade, adquirida muito antes da cidade atingir os seus limites atuais. Vincent chegou com apenas uma pequena comitiva — três SUVs, cheias principalmente com seus seguranças, mas cada um deles tomou seu sangue. Todo mundo foi jurado a ele pessoalmente e iriam apoiá-lo em uma luta, se ele precisasse. E isso além de seus partidários menos óbvios, como Tulio, que já estaria com Enrique.
Os guardas do portão deram uma olhada para ele e abriram os pesados portões de madeira e de ferro. Nem mesmo Enrique esperaria que seus guardas barrassem as portas para Vincent. O lorde mexicano deixaria-os secos caso precisasse de sua força para derrotar o desafio de Vincent, mas ele não esperava que eles ficassem contra Vincent por conta própria.
Ninguém estava no pátio quando Vincent saiu do SUV e se dirigiu para dentro. Sua equipe de segurança formou um círculo ao seu redor enquanto se moviam através dos corredores desertos, botas golpeando o piso, ecoando nos espaços vazios. Michael caminhou ao seu lado, Ortega e Zárate em suas costas, juntamente com Jerry, Salvio e Carolyn. Vincent percebeu que eles tinham tanto em jogo nesta batalha quanto ele. Eles mereciam estar aqui. Todos os outros, defensores e detratores, ou deixaram a propriedade para evitar serem apanhados no conflito, ou estavam esperando com Enrique atrás das grandes portas duplas onde Vincent estava indo.
Vincent não precisava de ninguém para lhe dizer onde Enrique o esperaria. Seria a sala onde Enrique realizava seu tribunal, o lugar que Vincent sempre pensou como a sala do trono. Era enorme e na maior parte vazia, sem móveis e sem lugar para qualquer um, senão Enrique, sentar-se, porque, afinal, súditos não se sentavam na presença de seu rei, não é? O teto era abobadado, com uma cúpula de vidro pequena no centro. O vidro era claro para que Enrique pudesse observar as estrelas — ou talvez para que as estrelas pudessem brilhar em Enrique — mas tornou-se muito cansativo impedir que os pombos cagassem sobre ele, ou para limpá-lo quando eles inevitavelmente faziam. Então, Enrique teve trocar, instalando um vitral escuro. Mesmo nessa época, quando Vincent conhecia muito pouco sobre tais extravagâncias, ele ainda entendeu que suplementos de vidro deveriam ter custado uma pequena fortuna. Agora, era apenas mais um lembrete do egoísmo de Enrique, que ele se dedicou tanto para decorar este quarto em um momento quando a maioria de seu próprio povo dormia em buracos cavados debaixo de suas casas.
Vincent abriu as portas sem uma palavra e caminhou para a frente até que ele parou no meio da sala, não querendo ficar como um peticionário na frente do lorde vampiro que estava prestes a matar.
Michael e os outros se espalharam por trás dele, fazendo sua fidelidade clara. O seu apoio iria lhes custar a vida se ele não vencesse esta noite. Esse conhecimento forçou Vincent a pôr de lado o último resquício de dúvida que possuía sobre se ele poderia derrotar Enrique, as reservas finais sobre se realmente queria este trabalho. Ele também empurrou para trás suas preocupações sobre a segurança de Lana.
Muitas vidas pesavam sobre seu sucesso essa noite. Ele não podia se dar ao luxo de falhar, e por isso não o faria.
 — Vincent. Mas que surpresa, — Enrique zombou, seu ódio estampado em cada sílaba.
 — Não vamos fingir, Enrique, — Vincent respondeu. — Você não está mais surpreso ao me ver aqui do que eu em encontrá-lo rodeado por seu bando de bajuladores sem valor.
Os vampiros em questão vacilaram em afronta, mas nenhum deles teve a coragem de desafiar a avaliação de Vincent.
Ele os dispensou com um olhar.
 — Eu vejo que você adquiriu um bando próprio, — Enrique observado, em seguida, ergueu a voz. — Jerry, Salvio, oh, e especialmente você, querida Carolyn, de joelhos, — ele ordenou, colocando o suficiente de poder para que vários dos vampiros às suas costas caíssem no chão em submissão.
Mas nenhum dos três vampiros que Enrique nomeou moveram um músculo.
O rosto de Enrique se distorceu com raiva. — Eu sou seu mestre e seu senhor, e vocês vão me obedecer, — ele rosnou.
Vincent novamente sentiu o poder no comando de Enrique e chamou seu próprio poder para proteger os vampiros de pé atrás dele.
 — Eles já não os seus são, Enrique, — ele chamou, desviando a ira do lorde vampiro. — Você nunca teve seu o amor, e você perdeu a sua lealdade no dia em que os escravizou aos mestres humanos.
Um murmúrio de choque correu através do quarto enquanto essa parte da história era absorvida.
 — Então você os fez seus escravos em vez disso, — Enrique disse com desdém. — Como isso é melhor do que o que eu posso oferecer?
 — Não são escravos. Eles me deram a sua lealdade em troca da minha proteção. Essa é a realidade entre vampiro e mestre, entre um lorde vampiro e todos os vampiros vivendo em seu território. É uma responsabilidade, não um direito.
 — Oh, entendi, — Enrique zombou. — Tais palavras elevadas do filho bastardo de uma prostituta. — Ele usou a farpa como um insulto, algo para enfurecer Vincent a agir estupidamente. Mas Vincent só sacudiu a cabeça, zombando a fraqueza da torrente verbal do adversário.
 — Suas palavras não significam nada, Enrique. Eu sei quem eu sou, quem meus pais eram. — Ele fez uma pausa, vendo Xuan Ignacio entrar na sala ao lado. — Eu também sei quem era meu irmão, — Vincent continuou. — E eu sei como ele morreu.
Enrique viu Xuan também, e seus olhos se arregalaram em surpresa, uma reação descontrolada e que sumiu tão rapidamente que Vincent não teria notado se não estivesse olhando para ele. Mas foi a confirmação final que precisava de que Xuan lhe forneceu a verdade. A mesma verdade que Raphael sabia que definiria Vincent nesse caminho. — Eu vejo que você conheceu meu velho amigo Xuan Ignacio, — Enrique disse suavemente. — Ele esteve reescrevendo história de novo?
 — Não se preocupe, Enrique, — disse Vincent. — Sangue fala com sangue.
 — Talvez, mas não muda nada. Você fala de forma tão eloquente de lealdade, mas e o que você para o seu senhor de direito?
 — Um lorde vampiro possui apenas o que ele pode conter. Tem sido sempre assim.
A resposta de Enrique foi um sorriso tão presunçoso que enviou um arrepio para o menor e mais distante dos ossos de Vincent.
 — Eu pensei que você poderia se sentir assim, — disse o lorde vampiro e apontou para a pequena porta atrás do seu trono.
A porta foi puxada para trás, mas Vincent não precisava olhar para saber o que ele veria. Ele sentiu o aroma de seu sangue no momento em que a porta se abriu. Era aí o lugar onde Lana estava, onde ela e seu guarda desaparecerem. Ela não se escondeu, não fugiu dele e tudo o que ele representava. De alguma forma, um dos espiões de Enrique conseguiu sequestrá-la, tirando-a do edifício, apesar de toda a segurança de Vincent.
Mas a forma como isso aconteceu poderia ser tratada mais tarde. O porquê disso nesse instante era muito claro. Enrique pensava em negociar com Vincent, para trocar a segurança de Lana pela rendição de Vincent.
Poderia ter funcionado se Vincent não conhecesse Enrique tão bem como ele conhecia. Mas ele o conhecia, sabia d duplicidade, da depravação do lorde vampiro era capaz. Mesmo que Vincent caísse de joelhos neste momento e jurasse lealdade eterna a Enrique, o antigo lorde não deixaria Lana viver. Ele cortaria sua garganta na frente de Vincent e deixaria seu sangue pintar o chão simplesmente para provar que podia, para punir Vincent por sequer pensar em desafiá-lo.
Enrique pensou que poderia usar Lana para enfraquecer Vincent, mas ele só conseguiu endurecer sua determinação ainda mais.
O olhar de Lana encontrou Vincent enquanto era arrastada para a sala. Ela estava vestindo nada além de um maiô e calça de moletom, nem mesmo sapatos, apesar do frio na sala, e seu cabelo estava emaranhado em uma bagunça. Seus braços foram agarrados em ambos os lados por vampiros que lhe superavam por vinte quilos, como se ela fosse uma ameaça tão grande que dois deles foram necessários para lhe conter. Vincent queria sorrir para a estupidez disso, e para mostrar a Lana que não havia nada para se preocupar. Mas não podia. Enquanto Enrique permanecesse vivo, ela estava em perigo.
Enrique sinalizou quando os vampiros se aproximaram, e eles lançaram Lana com um empurrão que teria a jogada no chão, se Enrique não a pegasse primeiro, envolvendo um braço de forma casual em seu pescoço, os dedos finos acariciando sua garganta.
 — O seu gosto por mulheres melhorou, Vincent. Esta tinha espírito... antes que eu o fodesse para fora dela.
 — Ele está mentindo, — Lana falou o mais alto que podia com a mão de Enrique agarrando sua garganta. — Ele tentou, mas não consegui fazê-lo.
Enrique rosnou furiosamente, enrolado a mão livre em um punho, socando seu estômago. Ela caiu no chão e se curvou sobre os joelhos, segurando seu estômago e controlando a náusea. Enrique se abaixou e casualmente torceu seu longo cabelo em torno de seu punho, puxando sua cabeça para cima, para que Vincent pudesse ver as lágrimas escorrendo pelo rosto, o sangue pintando seus lábios.
 — Muito espírito não é atraente em uma mulher, — disse Enrique meticulosamente.
Vincent rangeu os dentes contra uma raiva tão forte que parecia que ele era um animal selvagem preso dentro de seu corpo, arranhando longas garras sobre suas costelas e contra as paredes de seu peito, exigindo ser libertado, uivando por vingança contra o monstro que se atreveu a prejudicar a sua mulher. Os punhos de Vincent se enrolaram em garras em uma imitação inconsciente da criatura, enquanto olhava para Lana, seu rosto amassado de dor, as lágrimas escorrendo enquanto ela ofegava para respirar.
Mas, então, os olhos de repente se abriram, e seu olhar, quando se encontrou com o dele, era direto com intenção sob a dor. Vincent viu sua determinação, mas não sabia o que ela queria, o que pretendia fazer. Ele a olhou, desejando que ela não fosse tão resistente à sua telepatia, desejando que ela pudesse dizer-lhe de algum modo... Ele pegou o leve movimento da mão direita, viu o brilho do medo em seus olhos quando ele seguiu o movimento, com receio que ele a entregasse. E nesse instante, Vincent soube o que ela planejou, e era tão perigoso que a besta dentro dele que era a sua raiva contra Enrique começou a uivar em seu esforço para se libertar.
Mas Vincent entendeu, e ele esperou. Ele não compraria a morte de Enrique ao custo de Lana. Ele precisava dela livre do aperto de Enrique antes de atacar.
 — Vincent, — ela suspirou, e ele olhou para ela bruscamente, alarmado com a fraqueza em sua voz. — Salvio, — ela sussurrou. — Foi Salvio.
Salvio partiu de trás de Vincent, parecendo com a intenção de atingir o lado de Enrique, como se realmente acreditasse que o lorde vampiro poderia protegê-lo. Mas era muito pouco e muito tarde. No momento que Vincent ouviu o nome de Salvio, ele estendeu a mão com o seu poder e congelou o vampiro menor no lugar.
 — Sire, — Salvio ofegou, seu olhar suplicante na direção de Enrique que estava sentado em seu trono improvisado, assistindo o quadro se desdobrar com uma expressão alegre.
 — Por quê? — Vincent exigiu. — Eu lhe dei a sua liberdade.
Salvio virou um olhar rancoroso para Vincent. — Mas você nunca perguntou se eu queria, — ele retrucou. — Talvez eu gostasse da minha vida como um pesadelo nas sombras. Eu tinha poder, eu era temido. E o que você me deu em vez disso? A vida de um soldado humilde.
Vincent olhou para ele. — Então por que não foi embora? Você poderia ter voltado para Enrique. Eu não teria parado você.
 — Porque meu Sire tinha um uso melhor para mim dentro de seu círculo, perto de sua mulher, — acrescentou, com um sorriso presunçoso.
A raiva de Vincent redobrou. — Eu lhe disse quando você jurou para mim, — disse ele, a voz baixa e dura com raiva. — Eu não tolero traição.
Ele não levantou nem mesmo uma mão na direção de Salvio, não perdeu a energia em desnecessária na teatralidade. Um fio fino de poder cortou o ar entre ele e Salvio, tornando-se um atiçador quente que bateu no coração do traidor, rasgando o músculo, aquecendo a carne.
Salvio caiu de joelhos, mãos rasgando o peito, lamentando em angústia enquanto se virava para olhar em descrença para Enrique que não fez nada, apenas se inclinou para a frente em sua cadeira, os olhos ardendo com fome, deleitando-se com o medo e a dor que irradiavam para fora de Salvio como suor de seus poros.
Vincent mostrou os dentes. — Olhe para o seu Sire agora, — ele rosnou para Salvio. — Você ainda acha que ele vai te salvar? — E com isso, ele aumentou o poder que queimava no peito de Salvio até o traidor gritar em agonia, até que o fogo incinerou seu coração em um instante. Até que Salvio não existia mais.
Vincent sacudiu a mão, como se desprendendo o resíduo da morte de Salvio, e então ele virou-se para enfrentar Enrique mais uma vez.
 — Ele era leal a você, — ele disse em voz alta, principalmente para o benefício dos muitos vampiros que lotaram a grande sala. — Ele deu-lhe o que queria, ele traiu seu juramento para mim. E ainda assim, você não fez nenhum esforço para salvá-lo.
 — Ele não possuía mais uso para mim.
 — E então que você o matou.
 — Oh, não, isso foi você, Vincent. Que herói que você é.
Vincent mal ouviu resposta sarcástica de Enrique. Sua atenção estava concentrada em vez disso, em Carolyn que se manteve firme em suas costas em face da cruel provocação de Enrique. Ela era um fogo de queimando baixo de raiva e determinação às suas costas e ele estendeu a mão com a sua mente, encontrando-a facilmente, seu vínculo para ele ainda forte e brilhando.
 — Carolyn, quando eu for atrás Enrique, você pega Lana e a protege. Você entendeu?
 — Eu vou protegê-la com a minha vida, — ela respondeu imediatamente.
Vincent esperava que não precisasse disso, mas ele não insultaria Carolyn, dizendo-lhe isso. Sua confiança de um jovem vampiro, seu senso de auto-estima foi recentemente restaurado. Então, ele enviou sua gratidão pelo link, em seguida, virou-se e esperou por Lana para fazer o primeiro movimento nessa dança.
Como se ela entendesse que ele estava pronto, que ele não poderia não gostar, mas que aceitou seu plano, Lana deu-lhe um sorriso sangrento que desafiava sua situação e transmitiu tanto amor por ele que quebrou seu coração. E, em seguida, em um único movimento praticado, ela deslizou a pequena faca do bolso, abriu-a, em seguida, virou-se e esfaqueou Enrique na coxa.
Várias coisas aconteceram ao mesmo tempo.
Enrique gritou em uma mistura de fúria e dor, e jogou Lana no outro lado da sala.
E Vincent... atacou.
A maioria das batalhas entre vampiros poderosos foram travadas no comprimento do braço, ou melhor, em batalhas de poder e força mental, com armas feitas de energia e magia. Mas isso não era o suficiente para Vincent, não hoje e não para Enrique. Ele precisava rasgar a carne do antigo lorde, sentir o seu sangue arder e esvair enquanto ele arrancava sua garganta.
Vincent atravessou a sala em um piscar de olhos e agarrou Enrique pela garganta, sua mão tão grande que quase rodeou o pescoço do vampiro menor inteiramente. Mas ele não era tão tolo que pensava que a força física por si só seria suficiente. Mesmo quando sufocou a respiração de seu antigo mestre, ele colocou um escudo de poder em torno de si, selando-o uma fração de segundo antes de Enrique atacar com sua própria força considerável. Enrique era um idiota e um traidor de seu próprio povo, mas também era um maldito poderoso lorde vampiro que governou o México por quase 200 anos. E enquanto Vincent possuía um punhado de vampiros leais às suas costas, Enrique tinha todos os recursos de um lorde. Ele podia recorrer a cada uma das almas que consideravam ele para sua proteção, milhares de vampiros cujos corações batiam pela vontade de Enrique. E Vincent sabia que o bastardo iria drenar o território todo antes de se render.
Reunindo cada grama de sua própria força, confiando em todas as horas de experiência que ele adquiriu, todas as técnicas que aprendeu ao longo de sua longa vida, Vincent mergulhou na mente de Enrique. Usando a única habilidade que era só dele, ele forçou o lorde vampiro de volta em sua juventude, de volta para quando ele veio para o México, e depois de volta ainda mais longe, à sua infância nas ruas do sul da Espanha.
Porque assim como Enrique sabia a história de Vincent, Vincent também conhecia a de Enrique. Era seu talento, depois de tudo, conhecer os segredos que todos os vampiros escondiam do mundo.
E o segredo de Enrique era um que ele guardou desesperadamente, não só de Vincent mas também dele mesmo. Porque embora Enrique insultasse Vincent como sendo o filho bastardo de uma prostituta, era o próprio Enrique, que nascera nas ruas, o filho de uma prostituta adolescente que vendeu seu filho pelo preço de uma boa refeição. Ele era o mais baixo servo em uma família rica, todo mundo o tratando como um cão, chutado e abusado, forçado a ver as recompensas de uma enorme riqueza todos os dias, mas existindo no sofrimento e degradação abjeta. Não foi até que era mais velho e escravizado durante longas horas, transportando um carregamento para o seu dono que ele chamou a atenção de um vampiro em busca de novos seguidores — jovens, homens fortes que poderiam servi-lo nas guerras de vampiros tão comuns naquele tempo. O vampiro transformou Enrique, e o primeiro ato de Enrique ao acordar como um vampiro foi caçar seu mestre humano e rasgar sua garganta.
Mas não foi o assassinato de seu antigo dono que assombrou Enrique. Foram os anos que ele passou à mercê dos outros, torturado, faminto, muito jovem e fraco para se defender. Foi uma infância horrível, uma que teria ganhado sua simpatia e compreensão, se ele não tivesse se tornado um monstro.
Se ele não tivesse ameaçado a vida da mulher que Vincent amava.
Assim, a batalha começou. Vincent estava familiarizado com o poder de Enrique, familiarizado com a forma como ele usou para punir e intimidar. Enquanto o talento de Vincent era uma coisa de sutileza e manipulação complexa, a força de Enrique era um instrumento sem corte, um porrete exercido por um valentão, literalmente. Ele tentaria destruir fisicamente Vincent, esmagar os órgãos e quebrar os ossos. Vincent poderia agredi-lo de volta, mas custaria seus esforços para destruir a mente de Enrique. Em vez disso, endureceu seu escudo, determinado a sobreviver ao espancamento tempo suficiente para permitir o seu próprio talento incomum trabalhasse em Enrique, para escavar em suas memórias de maneira selvagem e sem piedade até que não houvesse nenhum intelecto para dirigir o tremendo poder do lorde vampiro, até que ele estivesse preso no círculo de seus próprios pensamentos, seu próprio pesadelo de infância.
Vincent rasgou através das memórias de Enrique como papel de seda, cavando imprudentemente, deixando de lado quaisquer memórias que não o ajudassem, qualquer coisa que deu Enrique prazer ou satisfação, obliterando-os em seu rastro. Ele não se importava com a destruição que deixou para trás. Enrique não precisaria de sua mente funcionando quando Vincent acabasse com ele. Ele seria nada mais que um monte de pó.
Mas Enrique ainda não fora derrotado. Vincent sentiu a onda de poder atravessá-lo, um momento antes que ele foi batido no chão com tanta força que o piso rachou sob seu peso. Carne rangeu e músculos gritaram e ainda assim ele segurou, enterrando Enrique no horror de seu passado, forçando-o a reviver toda a humilhação, cada instante de terror da infância, até que Vincent estava certo de que a maré estava prestes a virar.
Mas, novamente, Enrique revidou, esmurrando Vincent com uma série de golpes que eram como pedras voando pelo ar, batendo nele com tanta velocidade e força que um dos braços de Vincent quebrou sob o assalto. Ele uivou em agonia, mas se segurou, se forçando a ignorar a dor, para esquecer moagem de seus ossos, enquanto ele agarrou Enrique em um bloqueio, impedindo seu ataque, enquanto Vincent continuou a arar através de sua mente, deixando um rastro de destruição e tormento.
Os dois rolaram a muito tempo para o chão, Vincent esmagando o lorde menor sob sua maior massa enquanto Enrique gritava sua fúria, pontuando seus ataques com gritos enfurecidos. Mas mesmo quando Enrique continuou a lutar, enquanto seus gritos desafiadores sacudiam a cúpula de vidro, todos os vampiros no quarto sentiram o momento em que a dinâmica mudou, quando o desafio de seu senhor voltou oco. O clima entre os vampiros assistindo mudou naquele instante, quando perceberam — muitos pela primeira vez — que Enrique poderia muito bem morrer nos próximos minutos.
O medo se tornou um monstro à espreita nas profundezas escuras da enorme sala, temendo que se Enrique morresse, todos morreriam com ele, temendo que na vitória, Vincent executaria os seguidores de Enrique; e havia muitos deles. E esse medo sugou o poder de Enrique, mesmo enquanto lutava por sua vida, quando ele estendeu a mão para seus vampiros, disposto a drená-los para se salvar, apenas para encontrá-los gritando de terror, sugando sua força, em vez disso, em sua necessidade desesperada por tranquilidade e segurança.
Sem aviso, alguma coisa... mudou, algo indefinível, uma privação repentina de ar, uma bolha de eletricidade estática que explodiu para fora, agarrando-se a pele de todos os vampiros presentes e cortando o rugido enfurecido de Enrique. Os gemidos de um garotinho surgiram para substituir o rosnado do poderoso lorde. E Vincent soube imediatamente o que aconteceu. Ele agarrou a memória que encontrou e a rodou impiedosamente, forçando o homem crescido a enfrentar os horrores da criança, a reviver uma e outra vez, o terror, a impotência, a fome e a sede.
Até que finalmente os golpes que haviam sido desferidos pela força do poder de um lorde vampiro se tornaram nada, senão os punhos de um homem comum. Vincent se endireitou com um rugido de vitória, um rugido com sabor de agonia quando ele apertou sua quebrada mão e bateu com ela no peito de Enrique. Em um ato de pura força de vontade, ele espremeu a vida fora do coração do lorde vampiro, destruindo o órgão e, finalmente, terminando com a longa vida de Enrique Fernandez del Solar, Lorde do México.
 Vincent ajoelhou-se no sangue e poeira da destruição de Enrique com um único objetivo: encontrar Lana. A imagem da selvageria de Enrique, quando a jogou através da sala estava presa no fundo da mente de Vincent, jogando em um loop assustadoramente semelhante ao que ele usou para torturar Enrique à sua morte. Ele se forçou a virar, ignorando a dor, piscando contra o sangue enchendo seus olhos enquanto procurava por Lana, quando de repente ele foi atingido por um golpe do nada, um golpe mais poderoso do que qualquer coisa Enrique entregou. Impelido para trás até que ele foi dobrado quase plano, ele teria entrado em colapso se Michael não o tivesse pego, se não tivesse sentido o poder de seus vampiros em torno dele, se não estivessem protegendo-o enquanto o manto de senhorio colidia com ele. Milhares de vampiros gritaram ao mesmo tempo, agarrados a ele, exigindo a vida e proteção, implorando para o conforto quando a ordem que conheceu por séculos sob Enrique agora se desintegrou e se uniram em torno de um novo centro, um novo Lorde do México. Vincent.
Vincent balançou para trás, sentando sobre os calcanhares, de olhos fechados, a cabeça apoiada em suas sangrentas mãos quebradas. Ele gemeu, espantado que houvesse qualquer nova dor que pudesse sentir, que não houvesse uma única polegada dele que poderia doer mais do que já fazia. Enrique falou uma vez do ônus da liderança, reclamando das queixas e as demandas, sobre o bombardeio constante de necessidade, até que ele sentiu como se nunca estivesse sozinho em sua própria cabeça. Vincent o descartou, pensando que era simplesmente mais um sinal da personalidade odiosa de Enrique. Mas agora ele entendeu. E se perguntou por que ele não poderia ter deixado quieto, não poderia ter deixado algum outro vampiro matar Enrique e assumir esse fardo de responsabilidade e liderança.
Mas mesmo quando pensou isso, ele soube que não teria funcionado. Talvez se ainda fosse humano, ele teria de bom grado aceitado um papel secundário na vida, aceitado as limitações inerentes de seu nascimento bastardo e seguido o exemplo de outra pessoa. Mas a partir do momento em que foi feito vampiro, algo nasceu dentro dele, algo que o incitou a ação e fez ele agarrar seu caminho para o topo, tomando o poder de vampiro depois vampiro até que culminou, neste momento.
Vincent era o Lorde do México. Era o que ele havia renascido para se tornar.
Ele estendeu a mão para os milhares de vampiros que agora eram seus para proteger. Protegendo-os de sua dor, ele lhes enviou uma mensagem de confiança primeiro, um bálsamo de cuidados. Mas ele seguiu com um gosto de seu poder, uma demanda que eles deixam de choramingar como crianças e voltassem para suas vidas. Eles estavam seguros, e agora deveriam calar a porra da boca.
O silêncio desceu e Vincent só tinha um pensamento. Onde estava Lana?
Ele abriu os olhos turvos de suor e sangue e esquadrinhou a enorme sala. O cheiro do sangue dela o atingiu em um golpe que — foi muito forte, havia muito sangue — e ele conheceu o medo real pela primeira vez em décadas. Ele tentou se levantar, mas suas pernas não iriam segurá-lo, então ele se arrastou. Ela deitou-se onde Enrique a jogou, mole e imóvel, ainda escondida atrás de Carolyn que se agachou protetoramente, com as presas reluzentes, lançando punhais com o olhar para qualquer um que chegasse muito perto. Sua cabeça girou e ela sibilou um aviso na abordagem de Vincent, antes de seu olhar se apagar e ela corar em reconhecimento.
 — Meu senhor, — ela sussurrou, encolhendo-se para trás como se esperasse punição.
 — Obrigado, Carolyn. — Ele conseguiu dizê-lo suavemente, sem rosnar, embora tudo o que queria fazer era empurrá-la de lado para chegar a Lana.
Parecendo compreender, Carolyn se afastou, limpando a abordagem.
Vincent rugiu então. Quando viu o que Enrique fez para Lana, ele desejou poder trazer o bastardo de volta, desejando que ele pudesse mantê-lo vivo por semanas, brincando com suas memórias, fazendo-o reviver cada tormento, cada humilhação uma e outra vez.
O gemido de Lana tirou-o para fora de suas fantasias de tortura. Ele se arrastou para mais perto e acariciou a parte de trás de seus dedos sobre sua bochecha.
 — Lana, — disse ele calmamente.
Seus olhos se abriram e seus lábios se curvaram em um sorriso vazio. — Vincent, — ela sussurrou, sua voz tão fraca e tão entrelaçada com a dor que ele queria uivar.
Colocando-a em seu colo, ele ignorou seus gritos de dor e passou os braços em sua volta. Então recostando-se contra a parede, ele rasgou seu pulso com suas presas e segurou-o contra sua boca. — Beba, querida.
Ela virou a cabeça num primeiro momento, os olhos fechados, o rosto contorcido em protesto.
 — Eu preciso de você forte, Lana, — ele murmurou, sabendo que a convenceria. — A luta ainda não acabou, e eu preciso de você comigo.
Ela suspirou, um exalar longo e exausto, em seguida, rolou a cabeça para trás e abriu os lábios. Vincent colocou seu pulso sangrento em sua boca, depois fechou os olhos e descansou a cabeça contra a dela quando ela começou a chupar. Cada empate de sua boca, cada toque de sua língua sentiu como se fosse seu pau em sua boca, em vez de seu pulso. Ele lutou de volta um gemido, bem consciente dos muitos olhos observando cada movimento.
 — Michael, — disse ele finalmente.
 — Sire? — Vincent abriu os olhos para olhar para seu tenente.
 — Encontre quartos seguros para o meu povo e traga nossos próprios guardas de luz do dia.
Mesmo quando disse isso, ele percebeu que todos os vampiros na sala eram agora seu povo. Mas isso levaria algum tempo para se acostumar, e Michael sabia o que ele quis dizer.
Vincent olhou para baixo para ver os olhos de Lana abertos e olhando para ele. Ela afastou sua boca para longe de seu pulso com um curso prolongado de sua língua e disse: — Jeff Garcia. Sua voz era fraca, mas urgente. — Ele está ferido, mas está vivo. Na sala onde eles me prenderam.
 — Michael, — Vincent disse, nunca olhando para longe dela.
 — Eu ouvi, Sire.
Lana fechou os olhos e respirou, como se reunindo sua força, em seguida, seus olhos se abriram novamente. — Nós ganhamos?
 Vincent sorriu. — Ganhamos. Graças a você e sua faca.
Lana sorriu e tentou rir, mas só conseguiu uma tosse sem fôlego. — Eu sinto como se eu pudesse dormir por um mês, — ela respirou.
 — Nós dois vamos dormir, — ele disse, segurando-a em seu peito. — Há apenas mais uma coisa que você precisa saber.
Ela olhou para ele em questionamento, e ele inclinou a cabeça para baixo, falando apenas para seus ouvidos. — Eu não sou a porra do seu parceiro.
EPÍLOGO
Malibu, Califórnia

 RAPHAEL olhou de relance quando determinada linha telefônica tocou, notando o número do visor. Ele trocou um olhar cúmplice com Cyn, que compreendia tão bem como ele, quem deveria estar chamando nessa linha e desse número.
 — Vincent, — disse ele, pegando o telefone e saudando o mais novo lorde vampiro da América do Norte. Ele nem sequer tentou esconder a satisfação presunçosa que sentiu com a morte de Enrique, nem precisava desse telefonema para que soubesse que o antigo lorde estava morto. Ele, junto com todos os outros lordes vampiro no continente, sentiram a morte de Enrique no momento em que aconteceu.
 — Raphael, — Vincent respondeu, não usando nenhum título ou honorífico. Intencionalmente, Raphael sabia, uma forma de estabelecer que os dois eram iguais agora, ambos lordes, ambos os membros do Conselho.
 — Parabéns, — disse Raphael. — Enrique não vai ser lamentado.
 — Não por alguém que eu conheça, — Vincent concordou.
 — E Xuan Ignacio?
 — Vivo da última vez que o vi. Embora se quer ficar desse jeito, ele deve encontrar um novo senhor mais cedo ou mais tarde.
 — Muito generoso, — Raphael disse, e quis dizer isso. Se fosse Vincent, teria executado Xuan e pronto.
 — Lana pleiteou seu caso. Ela foi eloquente.
 — Ah. — Raphael entendeu exatamente o que Vincent quis dizer. Uma amante ou companheira, pode ser muito persuasiva se importasse o suficiente com ela. E, aparentemente, Vincent se importava. Interessante.
 — Mudando de assunto, — disse Vincent, — Eu tenho um presente para você.
 — Um presente, — repetiu Raphael, deixando sua dúvida aparecer nas palavras. Ele e Vincent não trocavam presentes. Eles não eram amigos. Seu papel na ascensão incipiente de Vincent ao Conselho foi puramente por auto interesse.
 — Um presente bastante singular, — Vincent continuou. — De origem parisiense, eu acredito. Difíceis de transportar, mas Lana e eu gostaríamos de recebê-lo e sua companheira na Cidade do México se você estiver interessado em dar uma olhada.
Raphael ficou em silêncio por vários minutos, enquanto considerava o que Vincent estava dizendo — e o que não estava. — Estaremos aí amanhã à noite, — ele disse finalmente.
 — Meu povo entrará em contato com o seu com os detalhes.
 — Excelente. Estou confiante de que você vai encontrar a sua visita... Gratificante.

Cidade do México, México

Cyn entrou no edifício no braço de Rafael. Raphael estava tão devastador como sempre em um de seus elegantes ternos, enquanto Cyn escolhera um vestido de seda cinza escuro. Era sem mangas, em deferência ao calor abafado de um clima mexicano, de fácil encaixe e simples, exceto para o decote nas costas, que mostrou a pele até a cintura. Raphael amou esse vestido, que foi por isso que o usava. Reuniões entre vampiros poderosos a lembravam daqueles filmes de máfia onde o sucesso de um indivíduo era julgado pelo modo como sua mulher estava vestida. Exceto, é claro, naqueles filmes as mulheres não gostavam de tudo, considerando que Cyn possuía um excelente senso de estilo... Se ela disse isso para si mesma.
Ela enlaçou o braço de Raphael mais perto quando eles deixaram o ar noturno abafado para trás e entraram no prédio. Jared e Juro os seguiram, enquanto o resto da segurança de Raphael tomou sua posição fora. Para todos os efeitos, isso não era nada mais que uma visita amigável de um lorde para outro, uma recepção para o novo Lorde Vincent.
Mas ninguém era tolo. O nível de tensão aumentou no minuto em que Raphael subiu os degraus do que costumava ser a villa de Enrique na Cidade do México. Cyn olhou ao redor. Era um dinossauro antigo de uma casa, escura e empoeirada. Ela preferia um estilo mais moderno, mais ar, mais luz solar... ou pelo menos luar.
 — Quantos anos tem este lugar? — Ela perguntou a Raphael, lutando para manter seu desgosto oculto.
 — Quase tão antiga como Enrique... antes de morrer, é claro.
 — Você é tão orgulhoso de si mesmo, — ela repreendeu suavemente. Raphael fez uma pausa quando um par de portas abriu diretamente na frente deles. Jared começou a se movimentar, para assumir uma posição protetora, mas Raphael deteve com um sinal baixo.
 — É Vincent, — assegurou a seu tenente.
As portas se abriram completamente e Vincent emergiu. Cyn só viu ele uma vez antes, e de uma longa distância. Ele era grande, alto e, vestindo uma jaqueta escura e calças largas, mas com uma camisa de seda preta e sem gravata. Ele tinha cabelo preto comprido e barba e bigodes muito elegantes e bem aparados. Combinados, o cabelo e a barba davam-lhe um ar de libertino bonitão, embora ele não precisasse de nenhum aprimoramento. Ele era um cara muito bonito. Nada comparado com Raphael, é claro, mas de boa aparência, no entanto. E ele definitivamente aperfeiçoou essa atitude de mestre do universo que Cyn associava a todos os vampiros poderosos. Era mais do que arrogância, era uma confiança que quando ele entrasse em qualquer sala, em qualquer lugar, ele seria o fodão mais poderoso do lugar.
Exceto neste caso, isso não era bem verdade. Vincent era certamente um dos mais fodões do mundo, mas neste quarto, ele foi superado por Raphael. E ele sabia disso.
Isso foi parte da razão para o nível crescente de tensão que ela estava sentindo. A outra parte veio do simples fato de que dois poderosos lordes vampiros estarem reunidos em um espaço confinado. Lordes Vampiros não jogavam muito bem juntos.
Que foi outra razão que este encontro foi um pouco incomum. No curso normal das coisas, não seria um lorde, mas todo o Conselho, que se reuniria para acolher ao novo lorde para o clube. E eles, neste caso, também. Apenas não até depois que Raphael levasse para casa o presente que Vincent estava segurando para ele.
Vincent deu um passo à frente, parecendo relaxado, desmentindo a tensão na sala. — Raphael, bem-vindo ao México.
Raphael manteve vários pés entre eles. — Vincent, — disse ele, acenando com uma confirmação. — Eu acredito que você não conhece minha companheira, Cynthia Leighton.
 — Senhora Leighton, um prazer, — Vincent disse suavemente, dando-lhe um sorriso que ela certamente tirou as calças de todas as mulheres do México.
 — Chame-me Cyn, — disse ela secamente. Ela poderia ter oferecido sua mão se Raphael não estivesse lá, mas então preferiu não fazer. Cyn tendia a não confiar em vampiros que não conhecia. E mesmo Raphael desempenhando um papel crucial por trás da cena na ascensão de Vincent ao poder, nem ele nem Cyn realmente sabiam nada sobre Vincent.
 — Cyn, — Vincent concordou, em seguida, virou-se ligeiramente e estendeu a mão, como se alcançar algo... ou alguém, Cyn viu, enquanto uma mulher surgiu e pegou a mão estendida de Vincent e se aproximou do seu lado.
 — Lana, esta é Raphael, — disse Vincent. — E eu acredito que você tenha falado com sua companheira, Cynthia Leighton.
Lana parecia não sentir ou não se preocupar com o stress na sala. Ela veio até Cyn e ofereceu a mão, dizendo: — Cynthia, é tão bom finalmente conhecê-la pessoalmente.
Cyn a encontrou no meio — Me chame de Cyn, e da mesma forma.
Lana Arnold era adorável e não o que a maioria das pessoas teria esperado de uma caçadora de recompensas. Ela estava vestida muito mais simples do que Cyn, com calças pretas e uma blusa de seda vermelha que fez coisas maravilhosas para sua coloração, com um par de botas pretas elegantes, mas simples.
Alguém que não as conhecia poderia pensar que Cyn e Lana Arnold não possuíam nada em comum, mas Cyn sabia melhor. Cyn vestida do jeito que fez, olhando da maneira como ela fez, porque gostava disso. Mas sua aparência não a definia mais do que a de Lana. Lana Arnold seria uma excelente adição ao Clube dos Companheiros, embora essa conversa provavelmente teria de esperar pela próxima reunião do Conselho. Ou talvez uma boa e longa conversa pelo Skype. A visita de hoje à noite não duraria tempo o suficiente para sutilezas sociais. Vincent disse a Raphael que tinha um presente para ele. E Rafael disse à Cyn que o chamado presente era provavelmente o vampiro que matou a irmã de Raphael, Alexandra. E muito provavelmente o que orquestrou a tentativa de assassinato de Raphael também.
Sendo esse o caso, Raphael não queria questionar o vampiro sob o teto de Vincent. O plano era aceitar a entrega do presente, levá-lo de volta para a Califórnia e interrogá-lo lá. Depois disso, ele iria morrer uma morte dolorosa na mão de Rafael.
Cyn concordou que o vampiro estrangeiro necessário para ser interrogado e executado. Eles precisavam aprender tanto o quanto poderiam sobre a trama para derrubar Raphael e o grande estrategista por trás da planejada invasão dos europeus da América do Norte. E, claro, depois de ter tentado e não conseguido matar Raphael, o vamp precisava morrer. Mas, quanto a morte de Alexandra... Na mente de Cyn, a cadela teve o que mereceu. Embora Raphael não visse dessa maneira.
 — Entrem, — disse Vincent, retornando para o negócio em questão. Ele olhou ao redor do hall de entrada bem aberto. — Teremos mais privacidade.
Vincent abriu o caminho para uma sala bem equipada com madeira de grandes dimensões e mobiliário de couro e uma enorme lareira de pedra, fria agora que o clima era mais quente. O tenente de Vincent, um loiro alto surfista a quem Vincent introduziu como Michael, estava lá junto com um vampiro macho corpulento chamado Ortega, que parecia que ele deveria estar guardando a corda de veludo em uma boate.
Ortega e Juro se posicionaram de cada lado das portas fechadas, Ortega dando a Juro um olhar desafiador que Juro ignorou como se o outro fosse um cachorro mau comportado. Ele foi gentil com isso, mas não deixou nenhuma dúvida sobre quem ganharia se Ortega fosse ingênuo o suficiente para derrubar um desafio.
Cyn sorriu e deslizou a mão pelo braço de Rafael e entrelaçou os dedos com os dele. Deixe Vincent pensar o que quisesse, deixe-o pensar que ela estava nervosa e precisava da garantia de contato de Rafael. A realidade era que Raphael estava montando uma linha fina de raiva. Ele queria o vampiro que matou sua irmã. Era necessário para jogar este jogo pouco da diplomacia para obtê-lo, mas a paciência de Raphael não era ilimitada. O toque de Cyn chamou-o de volta a partir da borda, e, uma vez que tocar Raphael não era exatamente uma dificuldade, ela estava feliz por estar de serviço.
Jared parou à esquerda de Rafael, enquanto Michael ficou perto de Vincent e Lana. Todos estavam aqui. Todo mundo em seu lugar. O negro olhar de Rafael ergueu-se para Vincent, sua expressão completamente em branco.
 — Obrigado por ter vindo tão depressa, — disse Vincent. Raphael inclinou a cabeça em reconhecimento.
 — Você está ansioso para se livrar dele. — Ele disse isso como um fato, não uma pergunta.
Vincent sorriu, quebrando a cordialidade quase dolorosa que arquitetou. — Ele é uma dor na bunda. Se eu não soubesse que você iria querê-lo, eu teria o matado dois minutos após o conhecer.
 — Eu aprecio a cortesia, — Raphael disse ironicamente.
Vincent deu de ombros. — Eu percebi que lhe devia, por Xuan Ignacio, se nada mais. E eu não gosto de estar em dívida com as pessoas.
 — Não havia nenhuma dívida contraída, — Raphael respondeu suavemente. — Enrique era um tolo que pensava que poderia permanecer de fora do conflito que se aproxima. Sua ignorância colocou todos nós em perigo.
 — Considere isso como um presente, então, diante de futuras boas ações.
Cyn reprimiu um suspiro. Esses caras levavam doze palavras para dizer o que alguém conseguiria com duas. Ela pegou o olhar de Lana e viu a outra mulher cobrindo a boca, lutando contra uma risada.
O olhar de Vincent deslizou para sua amante? Companheira? Cyn não sabia, mas havia mais do que uma simples afeição entre eles, isso era certo.
 — Ele está no quarto ao lado, — Vincent admitiu finalmente. — Talvez as mulheres devessem esperar — Lana bufou desdenhosa cortando tudo o que ele estava prestes a dizer.
Cyn riu alto e se inclinou para o lado de Raphael, segurando sua mão entre as suas. — Eu quero ver, também, — ela disse alegremente.
Lana nem sequer tentou esconder seu riso neste momento. Os olhos de Vincent encontraram Raphael.
 — Eu sou novo nisso, — disse ele. — Vale a pena?
Raphael voltou seu olhar sobre Cyn e deu-lhe um sorriso lento. — Oh, sim. — Cyn descansou a cabeça brevemente em seu ombro, endireitando quando Vincent balançou a cabeça em sinal de rendição.
 — Tudo bem, — disse ele. — Vamos todos, então.

RAPHAEL TOMOU conhecimento da presença do outro vampiro a partir do momento em que entrou no prédio. Estando lá trocando palavras educadas com Vincent tomou toda a sua restrição. Ele estava aqui por uma única razão, que era para pegar o assassino de Alexandra.
Vincent finalmente teve o suficiente da conversa educada, ou talvez fosse o desprezo das mulheres que o motivou a fazer as coisas se moverem Normalmente, Raphael teria se oposto a ser objeto da diversão de Cyn, especialmente tendo em conta as circunstâncias. Mas, neste caso, ele teve de concordar com ela. Ele queria obtê-lo e que se foda o resto.
Vincent abriu caminho para uma única porta despretensiosa, e entrou um código de oito dígitos no teclado. A porta tocou, então deslizou suavemente aberta para revelar uma sala vazia com uma cela na parede distante. Raphael afrouxou os dedos de Cyn de e aproximou-se da cela e seu ocupante solitário. O vampiro olhou para trás, os olhos brilhando levemente, com a boca torcida em um sorriso de escárnio.
 — Eu estou cansado disso, Vincent. Liberte-me agora e minha senhora
 — Silêncio, — Raphael disse calmamente.
Os olhos do prisioneiro se arregalaram, temor substituindo o escárnio quando seu olhar caiu sobre Raphael e ele pareceu reconhecê-lo pela primeira vez. Raphael podia senti-lo tentando falar, lutando contra a compulsão que Raphael colocou sobre ele. Divertindo-se com os esforços do outro vampiro, e curioso sobre que defesa ele ofereceria, Raphael aliviou a restrição, mas o fez de tal forma que o prisioneiro pensaria que ele conseguiu quebrar isso por conta própria. Triunfo brilhou nos olhos do prisioneiro quando ele respirou fundo. — O grande Raphael, — ele zombou. — Não estou impressionado.
Raphael mostrou os dentes no sorriso de um predador e prometeu: — Você ficará.

 

 

                                                                                                    D. B. Reynolds Aden

 

 

 

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