Kauai, Havaí, paraíso tropical, selva vibrante, mar turquesa... e noites sensuais que escondem vampiros tão poderosos que podem mudar o mundo.
Raphael – poderoso, extraordinário, arrogante. Ele está eliminando rivais e reunindo aliados, determinado não apenas a sobreviver, mas a demolir os europeus que pensam que podem roubar o que ele tem trabalhado durante séculos para criar. Em uma tentativa final para evitar uma guerra que parece inevitável, Raphael concorda em encontrar um inimigo que ele conhece há muito tempo. Ela é formidável, astuta, e não é de confiança. Mas em sua arrogância, Raphael acredita que pode neutralizar qualquer traição que ela tenha produzido.
Cynthia Leighton – a companheira humana de Raphael. Linda, inteligente e mortal, quando ameaçada. Ela não confia em ninguém, muito menos em um vampiro poderoso que afirma querer a paz. Assim, enquanto Raphael se prepara para negociar um tratado, Cyn está se preparando para a inevitável armadilha que ela sabe que está chegando. Raphael se preocupa em salvar milhares de vidas de vampiros. Ela só se preocupa com uma, e ela vai fazer qualquer coisa para mantê-lo vivo e em seus braços.
Quando se prova que Cyn estava certa, quando tudo se desmorona e os inimigos de Raphael se aproveitam da magia antiga para prendê-lo, levando-o para longe de Cyn e da guerra, tudo cai sobre ela – encontrar Raphael, salvar os milhares de vampiros que vão morrer se ela não tiver sucesso... e matar cada ser, humano ou vampiro, que ficar em seu caminho.
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Malibu, Califórnia
A CARTA CHEGOU pela Federal Express, apenas uma das muitas entregues aos portões da Raphael Enterprises em uma tarde de primavera fria. Tal cm acontece com todos os pacotes, ela foi deixada sem abrir até depois do pôr do sol, quando os vampiros acordavam durante a noite. Foi então levada para o quartel–general de segurança sob uma mansão francesa do século XVIII situada bem atrás entre as árvores da propriedade de Raphael. Essa mansão tinha sido uma vez a casa de sua irmã, Alexandra, mas não mais.
O pacote foi primeiramente entregue a uma pequena equipe de vampiros altamente treinados. Foi radiografado, e depois examinado por adulteração. Os vampiros eram difíceis de matar, especialmente um tão poderoso como Raphael, mas seu povo não se arriscava com sua segurança, assim como ele não assumia riscos com os dele.
Finalmente, depois de determinado que não era nada mais do que parecia, o pacote foi cuidadosamente aberto e o conteúdo revelado — era um envelope com o nome de Raphael nele, escrito à mão em um elaborado estilo caligráfico. O técnico vampiro examinando-o franziu o cenho, suas narinas queimando com o perfume familiar. Sangue. O nome de Rafael tinha sido escrito em sangue. O técnico inalou profundamente e percebeu que era muito provável que houvesse ainda mais sangue dentro, que a própria carta tivesse sido escrita com a mesma tinta.
Seu cenho franzido aumentou, mas ele tinha idade suficiente para se lembrar de quando tais coisas eram costumeiras entre vampiros poderosos. Ele não gostou do que essa carta poderia significar para seu mestre, mas reconheceu seu significado. Saindo da sua estação, ele pegou o envelope e caminhou pelo corredor até o escritório do chefe de segurança de Raphael, Juro. Ao encontrar a sala vazia, colocou o envelope na mesa de Juro, junto com um formulário que indicava a data, hora e método de chegada, bem como as precauções de segurança já tomadas.
E ficou ali até que Juro encontrou isso horas depois, a carta que mudaria tudo...
Capítulo 01
CYNTHIA LEIGHTON permaneceu imóvel na sala escura, mal respirando, enquanto assistia o seu amante destruir lentamente outro ser, um vampiro, na sala ao lado. Esse era o Raphael em seu modo mais cruel. Muitas vezes ele era rude, implacável em sua determinação de alcançar a verdade, em tirar os segredos mais profundos de alguém a partir de gritos. Mas ele raramente brincava com as suas vítimas desse jeito. Raramente ele era cruel assim. Era preciso um tipo especial de ofensa para despertar aquilo nele. Mas o vampiro relutante que era o atual foco da atenção de Raphael trouxera aquilo para si mesmo. Ele assassinara a irmã de Raphael sem pensar duas vezes porque ela se tornara um estorvo, porque ela não era mais útil para ele.
Cyn apostava que ele se arrependia, apesar de que, particularmente, ela estava aliviada com a morte de Alexandra. A vadia tinha merecido. Ela traíra Raphael várias vezes e se estivesse viva, sem dúvidas encontraria um jeito de traí-lo de novo.
Mas apesar disso tudo, Raphael a amava, e sua morte o afligiu profundamente. Até onde Cyn sabia, isso era o suficiente para garantir ao vampiro no quarto ao lado uma vida de sofrimento. Não que Raphael tivesse consultado Cyn ou qualquer outra pessoa sobre a justificativa para o que ele estava fazendo. E ninguém se atrevera a oferecer uma opinião... Apesar de que ela tinha certeza que todos os conselheiros vampiros mais próximos dele concordavam com os seus métodos de interrogação. Na verdade, julgando pelas suas presas brilhantes e músculos esticados, lhe parecia que Jared e Juro teriam gostado de se juntar à mutilação. Os dois – Juro e o tenente de Raphael, Jared – estavam na sala de interrogação com ele. Ostensivamente era para protegê-lo contra o prisioneiro, embora dificilmente Raphael precisasse da proteção deles. Mas nunca se sabe. O nome do prisioneiro era Damien, e os seus mestres europeus eram ambos velhos e poderosos, alguns deles séculos mais velhos que Raphael, com conhecimento de coisas há muito esquecidas pela maior parte do mundo. Pelo que Raphael ou seu pessoal sabia, Damien poderia ter algum tipo de bomba relógio vampiresca escondida em seu cérebro.
Cyn não duvidava que Jared e Juro se atirassem de bom grado em uma bomba explodindo, ou em um prisioneiro explodindo para salvar a vida de Raphael. Mas ela também suspeitava que eles simplesmente gostassem de assistir a então chamada interrogação de perto e pessoalmente. Vampiros eram um tanto sanguinários.
Apesar de todo o sofrimento óbvio de Damien, Cyn tinha que admitir que Raphael tinha mostrado grande contenção em diferir sua vingança pessoal até que ele extraísse cada parte de informação que o vampiro possuía sobre seus mestres europeus e seus planos em invadir a América do Norte.
Damien Casimir. Esse era o nome completo do vampiro, e ele o anunciara com grande orgulho e imponência quando Juro o levara para a cela de interrogatório. Ele estivera tão confiante de seu poder, tão certo que ninguém poderia superá-lo e que ele logo estaria voltando para a França.
Que idiota. Até Cyn, uma humana, portanto sem sensibilidade para a força do poder de um vampiro, sabia que Raphael deixara Damien vencer o teste inicial de forças na cidade do México. E ele havia feito isso para provocar exatamente aquele tipo de resposta do vampiro francês. Raphael queria que seu prisioneiro fosse arrogante e seguro de si, queria ver o choque em seus olhos quando Raphael o quebrasse como um palito.
Cyn se aproximou do vidro. Não existia mais arrogância na criatura sentada naquela sala. Ele estava exausto e espancado, sua pele brilhando com o suor sangrento. Olhos monótonos seguiam o menor movimento de Raphael. Ele estremeceu quando o velho vampiro chegou perto demais, o choramingo de um animal subindo pela garganta que havia sido arruinada horas atrás pelos seus gritos.
Cyn escutou de perto enquanto Raphael repetia a questão que ele já havia perguntado diversas vezes, uma questão para a qual ele já conhecia a resposta e que servia para um único propósito nesse ponto – para forçar o prisioneiro a assinar a sua própria sentença de morte.
— Me diga de novo — Raphael murmurou em sua voz profunda de veludo. — Porque você matou Alexandra?
Damien soluçou, seu corpo tremendo tanto que ele mal conseguia forçar as palavras entre os lábios triturados. — Ela te traiu, meu lorde — ele gemeu. — Ela me contou tudo o que sabia.
Cyn balançou a cabeça. O tolo achava que isso o salvaria? Que Raphael já não sabia a profundidade da deslealdade da irmã? Lembrá-lo disso dificilmente o faria ganhar a sua piedade.
— Ah — Raphael disse seus lábios puxados em um sorriso amigável, brincando com a sua presa. — Então você a matou para me vingar, é isso que você está dizendo?
Damien pareceu confuso por um momento, como se realmente considerando o que Raphael estava dizendo. Mas então ele piscou e seus olhos se preencheram mais uma vez de medo. — Não, não — ele gaguejou. — Eu... Por favor, meu lorde... — ele soluçou abertamente, sabendo que mais dor se seguiria independentemente do que ele dissesse.
A expressão de Raphael ficou fria e imóvel enquanto ele olhava para o prisioneiro. Ele estava extraordinariamente bonito naquele instante, mas era uma beleza terrível e perigosa. Lágrimas encheram os olhos de Cyn quando o olhar de Raphael se iluminou com o brilho prateado de seu poder, enquanto suas presas emergiam para serem pressionadas contra seu lábio inferior.
Ela não poderia dizer por que chorou se era porque esta provação finalmente chegava ao fim, ou por ter começado um dia, em primeiro lugar. Mas ela queria o Raphael dela de volta. Queria tirá-lo do lugar escuro para onde esse interrogatório o havia sugado e trazê-lo de volta ao calor e à luz do seu abraço.
Os olhos de Damien ficaram selvagens poucos segundos antes de ele começar a gritar. Cyn sabia que era obra de Raphael, assim como sabia que ele não precisava tocar alguém para infligir dor. Uma linha vermelha manchou a camisa esfarrapada do prisioneiro, escorrendo para fora pelo tronco até se tornar tudo o que ela conseguia enxergar. E através disso tudo ele uivou de terror, se batendo contra o canto enquanto tentava desesperadamente escapar. Mas não havia escapatória. Em alguma parte do seu cérebro, Damien devia saber disso, mas sua agonia claramente era grande demais para permitir pensamentos racionais. Ou talvez fosse racional tentar o impossível ao enfrentar um vingativo lorde vampiro.
Raphael estendeu a mão, seus dentes arreganhados em uma imitação de um sorriso enquanto ele traçava uma linha no centro do peito sangrento de Damien. Cyn queria desviar o olhar, mas ela não poderia fazer isso com Raphael, não poderia rejeitar nem mesmo aquela parte terrível dele. Os gritos de Damien atingiram um tom desumano quando seu peito se abriu enquanto Raphael alcançava a cavidade ensanguentada e afundou até sua mão reemergir com o coração pulsante de Damien preso entre os dedos. Parecia impossível que um coração pudesse ser arrancado do peito de alguém e ainda bater por tempo suficiente para provocar o dono, mas não para um vampiro como Raphael. Chame de magia, chame de impossível, mas ela viu Raphael fazer isso antes, e escutara histórias disso acontecendo com outros.
Damien olhou com horror para seu coração sangrento enquanto seus gritos diminuíam para palavras murmuradas que fizeram pouco sentido e possuíam mais do que um toque de loucura.
Mas então Raphael pareceu ficar entediado com isso. Seu olhar se tornou preguiçoso um momento antes de o coração que ele estava segurando se incinerar e virar poeira cinza, rapidamente seguida pelo próprio Damien. Mas Raphael havia se afastado muito antes de Damien se tornar cinzas no chão. Batendo as mãos para se livrar da poeira, ele abriu a porta e deixou a sala de interrogatório.
Cyn estava esperando quando ele entrou pela porta. Ela teria o abraçado, mas ela o conhecia bem demais. Ele poderia não se importar com o que ele mesmo fez naquela sala, mas ele não iria querer contaminá-la.
Ela subiu nos dedos dos pés e tocou apenas os lábios nos dele, então lhe entregou uma das toalhas quentes e molhadas que tinha em mãos para aquele propósito, esperando enquanto ele limpava primeiro as mãos, depois o rosto, removendo as cinzas e o sangue. Ele tocou a bochecha dela em seguida, segurando–a em sua mão grande, seus olhos encontrando os dela por apenas um momento antes de Jared e Juro saírem da cela de interrogação atrás dele.
Eles foram diretamente para a caixa aquecida com seu fornecimento de toalhas. Cyn poderia ter pego toalhas para os dois também, mas ela ainda não tinha certeza se gostava de Jared o suficiente para oferecer cortesia a ele, e ela não era mesquinha o bastante para pegar uma para Juro enquanto ignorava Jared. Então, ela deixou ambos se virarem sozinhos.
Juro deu a ela uma piscadela conspiratória, enquanto tirava duas toalhas da caixa e entregava uma a Jared. Juro se deu muito bem com Jared e confiava na lealdade dele a Raphael, o que era tudo o que importava para Juro. Era tudo o que importava para Cyn também, mas ela ainda estava trabalhando em superar sua antipatia inicial com o tenente. Ela chegaria lá eventualmente, contudo. Por Raphael.
Do outro lado da sala, Raphael jogou sua toalha suja de sangue, acertando o cesto de lixo no canto. Cyn não esperou. Ela entrou em sua frente e envolveu os braços ao redor dele. Ele enrijeceu por um momento, mas então suspirou e relaxou em seu abraço, como se ele estivesse se mantendo em suspensão, esperando que ela o libertasse. O que não estava longe da verdade. Seus braços poderosos a cercaram quando ela se levantou nos dedos dos pés, esfregando a bochecha contra a dele, deslizando os lábios ao longo de sua mandíbula para sua boca, e então dando a ele um beijo quente e prolongado. Seu corpo afrouxou mais quando seus lábios se separaram e ele descansou a testa contra a dela. Era em horas como essa que ele mais precisava dela, Cyn pensou. Quando ele precisava de sua humanidade, seu calor, para trazê-lo de volta da terra congelada de emoções onde às vezes ele se aventurava.
— Lubimaya — ele murmurou para que somente ela escutasse.
— Amo você — ela sussurrou de volta para ele.
Eles permaneceram juntos até que Juro e Jared terminaram de se limpar, mas mesmo assim Raphael manteve um braço ao redor dela, segurando–a perto.
— Então, esse cara não era ninguém — Jared disse, resumindo a informação obtida durante as muitas horas da tortura de Damien em poucas palavras sucintas. — Um descontente que pensou que poderia obter uma posição firme nesse continente ao matar Raphael antes que seus chefes se mexessem para assumir o controle. E quando isso não aconteceu, seu plano reserva foi tomar o México de Enrique.
— Ele parecia muito confiante com sua capacidade de eliminar Enrique. — Juro comentou.
— Não em uma disputa direta — Jared zombou. — Ele deu uma olhada na corte de Enrique e pensou que o lorde mexicano estava pronto para uma boa traição, achando que ninguém do seu pessoal gostava dele o bastante para defende-lo. Felizmente para todos nós, bem, para todos nós exceto Damien — ele corrigiu, rindo. — Vincent chegou lá primeiro.
— Infelizmente, seus mestres europeus não confiaram nele mais do que ele confiava neles. — Juro disse sombriamente. — Eles aprovaram seu plano para testar Raphael, sabendo muito bem que era provável que ele morresse na tentativa, o que mostra o quão pouco eles o valorizavam. Mas eles ganhariam de qualquer jeito. Se ele conseguisse, Raphael teria ido embora. Se não conseguisse, eles se livrariam de um encrenqueiro.
— Eu teria adorado colocar as mãos naquela garota, Violet, que liderou a equipe enviada para enfrentar Raphael naquela pequena igreja — murmurou Jared.
— Damien acreditava que sua lealdade era dele, mas ela não perdeu tempo em correr de volta para a Europa quando o resultado era claro. Apostaria um bom dinheiro que ela pertence a alguém de lá.
— Nós quase certamente veremos Violet de novo antes que isso acabe. E o mestre dela também — Raphael concordou, suas palavras pondo um ponto final na conversa no mesmo instante em que o celular de Juro, que esteve sobre a mesa branca enquanto ele estava com Damien, tocou uma música estridente na pequena sala.
Juro se aproximou e olhou para a identificação na chamada, então atendeu, dando nada além de respostas monossílabas para seja lá quem estivesse na outra linha, mesmo enquanto trocava olhares significativos com Raphael que provavelmente estava ouvindo cada palavra que a pessoa dizia. Assim como Jared, para o que importa. O que significava que Cyn era a única pessoa no escuro. Maldita audição de vampiros.
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Juro desligou. — Sire — ele disse a Raphael com um aceno. — Eu vou retonar assim que eu souber de alguma coisa — ele saiu da sala de observação sem outra palavra.
Jared pegou a porta antes que fechasse, murmurando algo sobre tomar um banho antes que a merda atingisse o ventilador, então desapareceu tão rápido quanto o outro.
Cyn apertou os dentes, esperando até que Jared saísse e os deixasse sozinhos. — O que foi isso? — ela exigiu.
— Uma carta chegou hoje. Juro vai verificar — Raphael disse, dirigindo–a para a saída.
— Uma carta. Dos vampiros europeus? — ela perguntou, seu coração vibrando com a ideia de que a guerra poderia ser iminente, mesmo enquanto parte dela se alegrava pela espera ter acabado.
— Parece que sim — Raphael confirmou, avançando para abrir a porta.
— Como você sabe que são eles?
— Em tempos passados, utilizavam uma tinta que deixavam poucas dúvidas quanto à origem da carta para comunicações importantes entre vampiros.
Cyn pensou sobre aquilo por um momento, depois enrugou o nariz em desgosto. — É escrito com sangue, não é?
Ele assentiu.
— Esperto — ela murmurou. — Bem, vamos começar a festa então.
Capítulo 02
RAFAEL E CYN saíram da cela de detenção sob a garagem, pegando a rota do lado de fora do outro lado da propriedade para a casa principal, e subiram por mais escadas até seu escritório, depois desceram no elevador de segurança para seus alojamentos individuais. Era um monte de subidas e descidas, mas era tudo para manter sua segurança pessoal, bem como a segurança de toda a propriedade. Havia apenas três vampiros — Raphael, Juro, e Jared — que tinha acesso a todos os edifícios e níveis, o que não incluíam os alojamentos que Raphael compartilhava com Cyn. Ele queria que ela se sentisse completamente segura e à vontade quando estava em casa. Inferno, demorou quase um ano para convencê-la a considerar sua propriedade Malibu para ser sua casa. Ela se agarrou a seu apartamento na praia, como se esperasse por ele dizer que tudo acabou, que o que eles tinham não era para sempre no final das contas.
Mas isso nunca aconteceria. Ele sabia a verdade disso bem no fundo de sua alma, antes mesmo de ter admitido para si mesmo. Ele a amava mais do que já amou qualquer outra pessoa, mais do que a própria vida. Ele nunca ia desistir dela.
Se Raphael estivesse sozinho esta noite, ele teria ido direto para seu escritório e teria aberto a carta misteriosa. Ele pensava que era de alguém da Europa, mesmo porque ele não conseguia pensar em um único vampiro na América do Norte, que teria usado as antigas tradições dessa maneira. Pelo menos, não mais. Eles estavam todos mortos. Uma das oponentes de Aden escreveu seu desafio para ele em sangue, mas ela também estava morta, e não enviaria cartas de sangue para mais ninguém.
Esta carta era quase que certamente o primeiro passo na próxima guerra com os europeus, e Raphael estava curioso para descobrir qual seria sua aclamação. Entretanto, ele não estava tão curioso assim para renunciar um carinho de sua amante. Cyn o queria para si mesma por um tempo. Ela precisava saber que ele estava seguro dentro de sua própria cabeça, que ele ia voltar do lugar escuro que tinha ido quando estava interrogando Damien mais cedo.
E ele estava inclinado a dar Cyn o que ela quisesse. Ele sabia que a partir do momento que se conheceram que ela iria virar o seu mundo de cabeça para baixo, razão principal por ele ter levado tanto tempo para admitir seus sentimentos por ela. Às vezes, ele pensava sobre aqueles meses que havia desperdiçado fugindo, meses que poderia ter sido gasto com ela em sua vida, provocando-o à medida que trabalhavam à noite, lembrando-o de sua própria humanidade com cada toque de sua mão, cada beijo nos lábios... fazendo amor com ele com um desejo insaciável que deixava ele com vontade de acorrentá-la em sua cama e nunca a deixar sair.
Ela o amava com uma paixão furiosa e odiava quando ele adentrava no lugar frio em sua alma que era necessário para levar a cabo o tipo de interrogatório que ele fazia. E a vingança que ele tinha procurado contra Damien o levara ainda mais fundo na escuridão do que o de costume. E foi essa vingança que o agarrou no final, a ira primitiva que havia exigido sua execução pela morte de Alexandra. Não importava que Alexandra o havia traído, que, por seu ciúme tinha quase causado a morte de Cyn, ou mesmo que ele jamais fosse perdoar a traição. Naquele momento final com Damien, Alexandra ainda tinha sido a sua Sasha, a irmã mais nova que ele tinha protegido desde o momento de seu nascimento, a bela adolescente que tinha pedido para salvá-la de um casamento sem amor no mesmo dia em que um terrível ataque tinha transformado os dois em vampiros. Mas, talvez mais do que qualquer coisa – e ele sabia que isso não falava bem dele por ser verdade — sua raiva estava enraizada no fato de que Alexandra era dele. E ninguém jamais deveria ter a permissão de tocar no que era dele.
— Vamos, garoto presas, vamos para o banho.
A voz de Cyn o tirou de seus pensamentos.
— Você vai tomar banho comigo? — ele meio que provocou. Ela não tinha nenhuma razão para tomar banho. Ela só não queria deixa-lo sozinho com seus pensamentos.
— Claro — ela disse casualmente, puxando a blusa de cotton sobre a cabeça e atraindo seu olhar para o volume de seus seios adoráveis ??acima da renda sedosa de cor champanhe do sutiã.
Ele deslizou seu dedo sob uma alça estreita, deslizando–a para baixo do ombro, e o sutiã desceu revelando um mamilo rosado.
— O que você está fazendo? — ela perguntou sem fôlego.
— Estou ajudando você a se despir — ele murmurou, esfregando o polegar para trás e para frente sobre o cerne sensível, vendo-o despontar e implorar por mais.
— Você devia... — ela suspirou baixinho, sua cabeça caindo para trás, os olhos fechados, quando ele beliscou o pico inchado da forma que ela gostava, com força suficiente para causar uma dor erótica, o suficiente para aquecer seu sangue doce. Seus dedos apertaram sua camiseta, cavando em sua pele.
Raphael a queria. E ele sempre a quis. O que ele não queria era ela perto de qualquer lugar da sujeira daquele idiota do Damien.
Ele a beijou suavemente, depois sussurrou contra seus lábios.
— Tire suas roupas, ou vou fazer isso para você.
Cyn se afastou com uma risada surpresa, mas imediatamente começou a tirar a roupa, parando apenas para pedir o mesmo.
— Você também.
Raphael sorriu; seu primeiro sorriso verdadeiro desde que tinha entrado naquela sala de interrogatório, então arrancou suas roupas com a velocidade de sua natureza de vampiro.
Ele foi mais rápido que Cyn para alcançar o chuveiro, entrou e abriu a água quente, abrindo os jatos múltiplos até que o grande banheiro estava preenchido com vapor. Cyn se juntou a ele um momento depois, deslizando diretamente em seu abraço, pele contra pele, até que nada os separava.
Ela logo começou a lavar cada centímetro dele, como se entendesse a sua necessidade de apagar o menor traço persistente de Damien Casimir. Ela começou com o seu cabelo, seus dedos fortes cavando e massageando o couro cabeludo, envolvendo os braços em volta do pescoço e mordiscando os lábios, enquanto a água quente limpava o shampoo sobre seus corpos colados. Ela passou para o resto do corpo, passando gel de banho por toda a sua pele, em seguida, esfregando-o como um cavalo, usando uma coisa esponjosa roxa que ele nunca, em um milhão de anos, teria usado. Mas nas mãos de Cyn, parecia bom. Melhor do que bom. Foi o tormento mais doce quando ela esfregou isso sobre a sua bunda, seu braço roçando o pau endurecido, a boca tentadora perto quando se ajoelhou para lavar suas pernas e pés.
— Cyn — ele sussurrou um aviso, segurando seu cabelo escuro em um punho, forçando-a a olhar para cima, ajoelhada diante dele.
Ela encontrou seu olhar ardente, fingindo inocência, mas o brilho malicioso em seus olhos a entregou. Ela sabia o que estava fazendo com ele.
— O que foi baby? — ela cantarolou. — Está com dor? — Sem quebrar o contato visual, ela cruzou os dedos suaves ao redor de seu pau e beijou a ponta, e ele pode sentir o toque mais sútil de sua língua, antes de ela começar a acariciá-lo. Levemente no início, mais rápido conforme seu aperto aumentou e passou para a base, e ela o levou mais profundo em sua boca, sugando mais forte, sua língua rodando de um lado ao outro, e tudo isso olhando para seu corpo acima por inteiro, seus olhos verdes cheios de fome.
Raphael rosnou sem palavras quando estendeu a mão e a agarrou pelos braços, a erguendo e trazendo para perto. Seus olhos se arregalaram surpresos. Ele adorava ter sua boca sobre ele, e ela sabia disso. Mas esta noite ele precisava de mais. Precisava se enterrar no calor de seu corpo, precisava de suas pernas em torno de seus quadris e os seios contra o peito dele. Então, girou ambos até que as costas dela estavam contra a parede, segurando–a lá com a parte superior massiva do seu corpo, agarrando sua bunda com as duas mãos ao levantá-la, abrindo as pernas em torno de sua cintura. Cyn reagiu instintivamente, deslizando os braços em volta do pescoço para se equilibrar, fechando os olhos e gemendo de prazer quando ele mergulhou seu pau para o calor escorregadio entre suas coxas. Ele afundou os dedos em seus quadris, forçando-a a ficar parada, quando ela teria empurrado para frente para conseguir mais dele dentro dela. Seus olhos se abriram, e ele deu–lhe um sorriso preguiçoso.
— Diga, por favor. — Ele ouviu a necessidade áspera em sua própria voz, e não sabia por que estava brincando com ela. Seu corpo estava gritando com ele para tomar o que ela oferecia, o que já era dele, mas uma pequena parte dele, desesperadamente, necessitava afirmar o controle, provar que ele era mais do que o monstro no calabouço.
— Por favor, Raphael, — Cyn sussurrou, seus dedos acariciando a parte de trás do pescoço dele, os olhos brilhando de desejo cru, e algo mais. Compreensão. De todos os seres que Raphael tinha conhecido em sua longa vida, somente ela entendeu tudo o que ele era bom e mau, e o aceitou, o amou sem reservas.
Esmagando seus lábios nos dela, ele mergulhou seu comprimento inteiro profundamente em seu corpo com um único golpe poderoso. Cyn ofegou, então gemeu quando ele puxou e fez isso de novo, seus lábios macios contra seu pescoço, fazendo pequenos barulhos famintos que tremiam sobre sua pele enquanto ele se movia mais e mais rápido, batendo nela, indo fundo e com força suficiente para que suas próprias mãos sangrassem, enquanto ele a protegia do azulejo duro.
Cyn gritou enquanto seu corpo espremia o pau dele, seus quadris flexionando contra o seu quase freneticamente enquanto ela perseguia o prazer de seu orgasmo. Raphael rosnou e a fodeu mais forte, os dedos afundando–se em sua bunda para abri-la ainda mais, entrando profundamente em seu corpo, moendo contra ela com cada impulso. Cyn beijou seu pescoço, ombro e, sem aviso, cravou os dentes em sua carne, forte o bastante para tirar sangue, profundo o suficiente para a dor o fazer uivar.
Suas presas romperam em suas gengivas. Segurando seu peso delgado em uma das mãos, o peito esmagado contra os seios, levantou a outra mão e torceu os dedos em seus cabelos, puxando sua cabeça para o lado e descobrindo o comprimento elegante de seu pescoço. Sem qualquer delicadeza de costume, ele afundou as presas em sua veia inchada e sugou profundamente. Cyn gritou, contraindo contra ele quando a euforia da sua mordida a levou ao limite, direto para um orgasmo poderoso. Sua boceta quente apertou em torno de seu pau enquanto o sangue ardente dela descia em sua garganta. Ele chupou com mais vigor, sugando mais do calor de sua vida para dentro dele, sentindo os braços em torno dele, seus dedos acariciando a parte de trás de sua cabeça, segurando-o perto, enquanto seus gritos ardentes enchiam o recinto cheio de vapor.
Raphael piscou de volta à consciência, era quase como se tivesse apagado por um segundo ou dois. Exceto, que os vampiros não desmaiavam, e ele com certeza nunca desmaiou. Abruptamente, ciente de que Cyn estava mole em seus braços, a cabeça em seu ombro, ele retraiu suas presas e lambeu as duas pequenas feridas que tinha feito. Havia hematomas no pescoço. Ele tinha sido mais áspero do que o de costume com sua fome pelo sangue dela, porém ele não tinha dúvidas de que o ombro dele guardava a violência de sua mordida também. Ele sorriu com o pensamento, e beijou-a do pescoço até o queixo e sua boca.
— Lubimaya — ele murmurou.
— Me dê um minuto — ela respirou. — Não acho que tenho qualquer sensibilidade abaixo da cintura.
Raphael sorriu e empurrou seus quadris preguiçosamente, deslizando seu pau lentamente para dentro e para fora do sexo, ainda trêmulo, dela.
Cyn deu um gemido suave.
— Deixa-me reformular isso — disse ela, o sorriso óbvio em sua voz. — São só minhas pernas que não têm qualquer sensação.
A mão de Raphael descansou na curva perfeita da sua bunda e ele retirou seu pau do aperto confortável de seu corpo. Alcançando ao redor, ele desenrolou as pernas de seus quadris, abaixando seu corpo e a segurando até ele ter certeza de que ela pudesse ficar em pé sozinha. Ela levantou o rosto para ele e eles se beijaram, por muito tempo, um beijo molhado e lento, com muita língua.
Cyn suspirou contra sua boca.
— Podemos ficar em casa esta noite? Ou tipo, para sempre?
Raphael tirou o cabelo molhado de seu pescoço e arrastou os dedos sobre suas contusões já curadas.
— Não esta noite — ele disse com pesar. — Precisamos saber o que está na carta.
— Talvez seja um convite de casamento.
Raphael riu, sabendo que era o que ela pretendia com o seu comentário.
— Então, nós precisamos saber onde encontrar a lista de presentes.
Foi a vez de Cyn a rir.
— Olhe para você, Sr. Homem Moderno, sabendo o que é uma lista de presentes.
— Não há necessidade de ser insultante — ele respondeu, batendo em sua bunda.
Cyn sorriu suavemente e descansou a testa contra seu ombro. Ela levantou a cabeça e encontrou seus olhos.
— Ok, vamos descobrir o que tem nessa maldita coisa.
****
Juro apareceu no escritório de Raphael apenas alguns minutos depois que eles se acomodaram, com Raphael em sua poltrona atrás da mesa, e Cyn andando pelo quarto, inquieta. Ela não podia evitar, não conseguia ficar parada. Isso era algo gigantesco; era o que todos eles estavam esperando. As portas se abriram, e ela olhou quando Juro entrou com Jared, a apenas alguns passos atrás dele.
Cyn parou de andar e olhou para o envelope na mão de Juro. Sabendo que era de um vampiro poderoso, talvez mais do que um, ela meio que esperava isso se transformar em algo mais. Um grito, talvez um lagarto voador, aquele que iria cuspir veneno para cegá-los enquanto rasgava o coração de Raphael de dentro do peito. Vampiros eram como magos, afinal de contas. O que era um pouco de metamorfose entre inimigos?
Ela estava deixando sua imaginação, e seu medo, correr por ela. Mas ela não conseguia impedir isso. Desde o México, ela tinha sentido essa sensação persistente de morte, como se, apesar de todas as suas precauções, algum inimigo insidioso estivesse prestes a deslizar pelas barreiras que haviam erguido e destruir tudo o que importava para ela. E a única coisa, a única pessoa que importava demais para ela era Raphael. Ela nunca iria sobreviver se algo acontecesse com ele. Ela não iria querer.
Seus temores doíam no seu peito enquanto ela caminhava até ficar protetoramente ao lado dele, chegando o mais próximo possível até sentir sua perna encostar na dele. Parecendo sentir sua inquietação, Raphael correu os dedos ao longo da parte de trás da sua coxa antes de se aproximar mais de sua mesa e estender a mão para o envelope que Juro tinha colocado lá.
— Espera! — Cyn disse, parando-o, — Como sabemos que não há algo dentro, algo que não seja uma carta, ou junto com a carta?
Juro deu-lhe um olhar compreensivo.
— Você está familiarizada com os nossos protocolos de segurança, Cynthia — disse ele, pacientemente. — Ele chegou via Federal Express, e o pacote foi cuidadosamente examinado antes de ser aberto. Quando o envelope foi encontrado dentro do pacote, ele, também, passou por verificação de todos os tipos de ameaças, tanto física quanto biológica.
— E quanto a magia? — ela perguntou, sentindo suas bochechas corarem de vergonha.
— Se contivesse magia, — Raphael disse a ela, sua voz profundamente calma e sem pressa — Eu saberia.
Cyn soltou a respiração que estava segurando.
— Ok — disse ela com relutância. O que ela queria fazer era jogar o maldito envelope no incinerador industrial lá embaixo, onde eles eliminavam as bolsas de sangue vazias e, Cyn suspeitava, algum corpo ocasional. Mas ela sabia que Raphael nunca iria concordar com isso.
Ele acariciou levemente sua coxa novamente, e depois estendeu a mão para a carta mais uma vez.
Era um envelope de linho pesado. Do tipo que raramente se viu hoje em dia, especialmente atualmente com as comunicações eletrônicas. O nome de Raphael estava escrito na frente com escrita refinada e vários arabescos, hoje só encontrado em convites do casamento e coisas do tipo. Não estava selada com cola ou fita, mas com um selo de cera.
— Filhos da puta pretensiosos, não? — ela murmurou.
— Eles são muito velhos, — Raphael respondeu.
— Assim como você, mas não te vejo enviando as pessoas cartas escritas com sangue e protegidas com um selo real do caralho.
— O selo não é real, apenas pessoal.
— Raphael.
Ele sorriu, sem tirar os olhos da carta.
— Você está preparada, minha Cyn?
— Não, mas vá em frente.
Raphael escorregou um dedo abaixo da aba e partiu a cera, depois virou o envelope de cabeça para baixo e deixou a carta cair na mesa. Cyn observou quando Raphael usou um abridor de cartas elegante na forma de uma espada para nivelar a carta na mesa.
Ela podia ver a escrita. O marrom avermelhado da – tinta manchando um pouco o papel de linho pesado com cada letra, e ela não podia deixar de pensar que era apropriado, já que não era mesmo tinta, de acordo com os vampiros, mas sangue. Ela se perguntou se molharam com água para diluir e facilitar o trabalho com a escrita ou se o vampiro que escreveu a carta simplesmente ordenou que um servo abrisse uma veia para que ele pudesse usá-lo como um tinteiro vivo. Ela franziu a testa diante das próprias fantasias horríveis, então se inclinou para a frente para poder dar um olhar mais atenta ao que a carta dizia.
— Francês — disse ela.
— É, — Raphael confirmou. — Você consegue ler?
— Eu passei dois anos numa escola francesa.
— Mas você aprendeu alguma coisa? — Ele murmurou, provocando.
— O suficiente para saber que isso foi escrito por alguém muito mais velho do que eu.
Raphael assentiu. — O texto é um pouco arcaico.
— O que ele diz?
— Eles querem se encontrar sob uma bandeira de trégua. — O olhar de Raphael levantou para encontrar o de Juro, antes de soltar a carta mais uma vez. — Para discutir os termos.
— Termos de quê? — Cyn zombou.
— Eles querem que aceitemos seus encrenqueiros, vampiros mais jovens que querem mais do que os lordes europeus estão dispostos a ceder, — Jared sugeriu. — Mas aposto que eles não mencionaram isso abertamente.
Cyn olhou para ele, então de volta para Raphael, que completou. — A carta simplesmente solicita uma reunião para discutir uma acomodação razoável, a fim de evitar uma guerra que nenhum de nós quer.
— Só isso? E onde é que esta reunião deveria acontecer?
Raphael parecia estar lendo mais, e então ele disse, pensativo: — Havaí.
Cyn endureceu, surpresa. — Eu não sabia que tinha vampiros no Havaí.
— Alguns, menos de dez que conhecemos, — Juro disse lentamente, como se também estivesse surpreendido pelo pedido.
— Mas... então quem é o lorde de lá? — Cyn perguntou, confusa.
— Estritamente falando, as ilhas seriam minhas — respondeu Raphael. Ele se inclinou um pouco para trás, seus dedos pensativamente batendo debaixo do queixo. — Mas a distância é enorme, e seu verdadeiro mestre é um vampiro chamado Rhys Patterson. A maioria dos vampiros não gostam de ilhas. Mas Patterson queria o seu próprio território e sabia que não era forte o bastante para manter um, especialmente, não contra mim. Ele é um forte mestre vampiro, mas nunca será um lorde. Então, ele pediu permissão para viajar ao Havaí e criar uma colônia de sua autoria. Ele partiu para Oahu com uma delegação diplomática dos EUA no final de 1800.
Raphael tinha baixado as mãos e começado a bater um dedo no braço da cadeira, um gesto de estresse de um cara que raramente mostrava quaisquer sinais externos, não importasse o quão ruim fosse. Cyn queria consolá-lo, queria se sentar em seu colo e colocar os braços ao redor dele, mas isso não poderia ser feito agora. Em vez disso, ela se aproximou da mesa sob o pretexto de avaliar a carta do vampiro. Raphael imediatamente abriu espaço para ela, afastando-se para trás um pouco e enrolando o braço em volta da parte de trás de suas coxas, seu toque confortando a ambos.
— Ele fez vampiros depois que chegou lá? — ela perguntou.
— Segundo Juro, apenas alguns, — Raphael disse a ela. — Ele é mestre o suficiente para criar seus próprios filhos, mas não forte o bastante para controlar muitos deles. Ele nunca gerou um vampiro mais poderoso do que ele, pelo menos nenhum que ele permitisse viver além da primeira noite.
Cyn piscou para a revelação casual, e brutal, do comentário.
— Ele veio para as reuniões do Conselho? — ela perguntou.
— Ele não é um membro do Conselho. Ele vive no Havaí pela minha boa vontade. Mas nunca me preocupei com ele. Eu o visitei uma vez, depois das viagens aéreas tornarem-se viáveis... eu tive minha cota de viagens marítimas na minha vinda da Europa para cá. Foi uma visita sem incidentes, mas isso foi há alguns anos... — Ele olhou para Juro, silenciosamente perguntando se ele se lembrava exatamente da data.
— 1968? — Juro sugeriu.
Raphael considerou, e então assentiu. — 1968.
— E você não foi lá desde então? — Cyn perguntou.
Ele encolheu os ombros. — Não, mas falamos ao telefone algumas vezes por ano.
— Onde no Havaí eles querem fazer a reunião, meu lorde? — Jared perguntou, voltando ao assunto em questão. Era uma questão prática, e uma que Cyn desejou ter pensado. Ficou irritada em admitir isso, especialmente, desde que foi Jared quem os fez voltar ao ponto da discussão, mas ela estava muito, emocionalmente, envolvida nesta situação e não estava pensando direito.
Raphael nem sequer olhou para a carta. — Kauai, que é onde Patterson vive.
— Todo o seu pessoal vive em uma única ilha?
Raphael assentiu. — Até onde sei. Ele originalmente se fixou em Oahu, mas não pensou muito à frente. Ele não reivindicou território suficiente para garantir a privacidade para ele e seus filhos, e a ilha ficou muito lotada. Quando o visitei em 1968, ele já tinha se mudado para Kauai e garantido uma parcela bastante grande de terra para garantir que não teria que se mudar de novo.
— Posso ver a carta, senhor? — Jared perguntou.
Raphael entregou a ele.
— Você lê francês? — Cyn perguntou, escondendo sua surpresa. Ela sabia que Jared tinha sido trazido para este país como um escravo, embora, agora que pensou nisso, ela não tinha certeza de qual país ele tinha sido trazido. A França tinha sido muito ativa no comércio de escravos, mais ativo do que os EUA, a verdade seja dita. Ela teria que perguntar a Raphael depois, porque Deus sabia que ela não ia perguntar sobre isso a Jared.
Jared a olhou por causa de sua pergunta e deu um único aceno.
— Eles estão pedindo para se encontrar em Kauai — repetiu ele, lendo a carta. — Mas não há nenhuma menção de Patterson. Você acha que ele ainda está vivo?
Raphael deu de ombros. — Ele fez um juramento a mim, mas ele não é meu filho. Não estou certo de que sentiria sua morte a essa distância.
Jared olhou para cima com uma expressão nada feliz. — Você vai. — Ele disse como uma afirmação, como se a decisão de Raphael fosse uma conclusão precipitada.
Raphael assentiu. — Não vejo outro jeito...
— Mas eu sim — Cyn protestou. — Não vá!
Juro deu a Cyn um olhar de simpatia, então inclinou–se ligeiramente na direção de Raphael.
— Você provavelmente quer pensar sobre isso, Senhor, e o sol está próximo. Vamos deixá-lo descansar.
Cyn reprimiu um suspiro de escárnio quando Jared ofereceu um cumprimento duplo e seguiu Juro para fora do escritório, fechando as grandes portas ao sair. Ela sabia o que Juro realmente quis dizer. Ele estava dando Raphael a privacidade para discutir com a sua louca amada humana sobre uma decisão que não ia mudar. Bem, caramba, ela com certeza iria tentar mudá-la.
Raphael pegou sua mão e a levou para o elevador, digitou o código de segurança para abrir as portas, e a puxou atrás dele. Ele não disse nada até que estavam lá embaixo na privacidade de sua suíte no subsolo.
— Cyn — ele começou, mas ela colocou os dedos nos seus lábios, parando-o.
— Você se lembra do México, Rafael? Eu sei que lembra, porque só fazem algumas semanas, mas você parece ter esquecido o que aconteceu lá.
— O que eu esqueci, minha Cyn? — ele perguntou suavemente.
Ele estava brincando, e ela queria dar um soco nele. Mas tinha que tentar de qualquer maneira.
— Foi um teste, Raphael. Eles colocaram dez vampiros mestres contra você para ver o que aconteceria. Se eles tivessem conseguido te matar, seria um bônus, mas o seu verdadeiro propósito era te testar, medir sua força. Você deveria ter matado Violet antes que ela pudesse relatar tudo a eles.
— Eu deveria — ele concordou, com um aceno curto. — Não acho que a sua morte teria parado o que está por vir, mas poderia ter dificultado as coisas para eles um pouco.
Cyn ainda queria dar um soco nele, mas agora também queria gritar de frustração.
— Por que está fazendo isso, então? Eu sei que já decidiu, mas por quê?
Raphael puxou-a contra seu largo peito, segurando-a com bastante cuidado com braços que poderiam partir um homem ao meio.
— Se lutarmos esta guerra, centenas de vampiros vão morrer — disse ele.
— E se você for para este encontro no Havaí, você pode morrer.
Ele ficou em silêncio por um momento como se estivesse tentando descobrir como convencê-la. Finalmente, perguntou: — Quantos seres humanos vivem nos Estados Unidos?
Cyn franziu a testa. — O quê? Eu não sei, talvez mais de trezentos milhões.
— E no Canadá?
— Raphael...
— Vamos, me alegre. Quantos?
Ela suspirou.
— Talvez trinta, quarenta milhões?
— E no México?
— O que é isso, um teste de geografia? — ela disse, impaciente, tentando se afastar dele. — Nunca fui boa nessa matéria. — Ele não a soltou, só olhou para ela, esperando. Ela revirou os olhos em desgosto e disse: — Acho que há provavelmente mais de cem milhões no México, mas não sei o quanto ao certo.
— Então, em toda a América do Norte, podemos concordar que são mais de quatrocentos e cinquenta milhões de seres humanos?
Cyn deu de ombros, não se importando com os números que ele usava com tanto que ele fosse direto ao assunto. — Mais ou menos.
— Por outro lado, lubimaya, não há mais de quinze mil vampiros neste continente. Responda mais uma pergunta para mim.
Ela bateu no peito dele. — Existe um porquê de tudo isso em algum lugar?
Ele sorriu. — Tem sim. Diga–me, se o seu presidente foi convidado a arriscar sua vida por uma chance de salvar dez milhões de vidas humanas, você esperaria que ele fizesse isso?
— Claro. É dele, ou dela, o trabalho. Um líder deve estar sempre disposto... tudo bem, garoto presas, agora entendi onde você quer chegar com isso. Mas, primeiro, não há milhões de vampiros em riscos...
— Relativamente falando, com os nossos números menores, há uma porcentagem igual de vampiros em risco nesta guerra.
— ...e segundo — Cyn continuou, ignorando seu raciocínio, — você não é o líder deles.
— Mas eu sou — disse ele, segurando seu rosto em suas mãos fortes. — Eu sou, bem ou mal, o mais poderoso vampiro neste continente. Com grande poder vem grande responsabilidade, minha Cyn. Você sabe disso. Exigiria isso de qualquer outro líder.
Os olhos de Cyn se encheram de lágrimas fervorosas. — Mas você não é qualquer outro líder, você é meu. Meu amor, meu companheiro, minha vida. E não posso te perder, Raphael. Simplesmente não posso.
— E você não vai. Confie em mim. — Esfregou os polegares sob seus olhos, limpando as lágrimas que caíam.
— Tudo bem — ela retrucou, sabendo que nada do que falasse ia mudar coisa alguma. — Eu confio em você. Mas vou junto com você também.
— Claro que você vai. Porque, minha Cyn, se a merda bater no ventilador...
— Quando a merda bater no ventilador.
— ...confio em você para estar lá e desligar a porcaria do ventilador.
****
Na noite seguinte os quatro se encontraram novamente, mas desta vez na sala de conferências, onde todos poderiam se sentar em torno da grande mesa e discutir qual avião, pilotos, casa e equipe. Era como se estivessem saindo de férias, em vez de voar para entregar a cabeça de Raphael em uma bandeja.
Jared e Juro tinham aparecido com todos os dados pertinentes já em seus iPads. Não precisava dizer a eles qual foi a decisão de Raphael. Assim que tinham visto o convite na noite anterior, sabiam o que ele faria. No fundo do seu coração, Cyn admitiu para si mesma que ela também sabia. A diferença era que ela, pelo menos, tinha tentado convencê-lo a não fazer isso.
Ela não sabia por que os outros dois não tinham feito o mesmo. Talvez, ela pensou cruelmente, porque eles já tinham feito a mesma conta, assim como Raphael, e estavam dispostos a sacrificar sua vida para salvar seus semelhantes. Mas o pensamento mal tinha se formado e ela sabia que não era verdade. Não por Juro, de qualquer maneira, e não por Jared tampouco, ela admitiu relutantemente. Ele poderia ter estado disposto a ir junto com Raphael, ser baleado por um ser humano assassino – assumindo em sua típica arrogância vampírica que nenhum ser humano poderia enganar ou acabar com os planos de um vampiro e seus reflexos –, mas ela honestamente não acreditava que até mesmo Jared casualmente arriscaria Raphael contra toda uma equipe de vampiros mestres que queriam vê-lo morto.
Não, os dois iam junto com o que Raphael decidisse, porque ele era o seu senhor e seu lorde, e a decisão era sua. Não existia emoções humanas confusas atrapalhando o trabalho, só obediência.
— Você deve trazer outro lorde vampiro com você? — ela perguntou, interrompendo a discussão dos tempos de voo e acomodação disponível.
Raphael girou a cadeira para encará-la de onde ela estava sentada ao lado dele.
— Eles não disseram na maldita carta com quem você se reuniria — ela continuou. — Mas todos sabemos que enviarão mais de um vampiro para negociar com você. Estão com muito medo de ficar sozinhos com você. E os vampiros que enviarão não serão um grupo de funcionários de escritório. Pelo menos um deles, e provavelmente mais do que um, será um lorde vampiro, ou pelo menos um poderoso o suficiente para ser um. Afinal de contas, a razão pela qual eles estão fazendo isso é porque têm muitos vampiros poderosos e nenhum lugar para colocá-los. Que melhor maneira de os tirar de cena do que enviá-los para confrontá-lo?
— A carta especifica que só posso levar a minha própria equipe de segurança.
— Que se foda a carta. Quem disse que são eles que ditam as regras? Você deve levar Lucas ou Duncan, — Cyn insistiu, teimosamente. — Qualquer um deles ficaria feliz em ir com você. Se isso vai fazer você se sentir melhor, pode dizer que são parte de sua equipe de segurança.
— E se isso for uma armadilha para afastar Lucas ou Duncan do continente junto comigo, e assim os europeus poderem atacar? Quem vai defender seus territórios?
— Bem, quem vai defender o seu? Talvez seja esse o plano. É você quem tem o maior território, afinal de contas.
— Jared vai cuidar do Oeste na minha ausência. Lucas vai ajudá-lo no que for necessário.
Cyn deu a Jared um olhar sem expressão, então, só para ser teimosa, argumentou.
— E se Lucas estiver sob ataque também?
Raphael a olhou divertidamente e puxou sua cadeira para mais perto dele.
— Então Aden ajudará Lucas — disse ele pacientemente. — E Duncan vai ajudar Aden, e Vincent ajudará Anthony. Nós não acreditamos que o México estará sob ameaça, pelo menos não imediatamente. Achamos que eles vão esperar para ver se Vincent vai seguir o exemplo de Enrique ou optar por aliar-se com a gente. Ele já se aliou a mim em particular, mas eles ainda não sabem disso.
— Então, você já pensou em tudo.
— Tanto quanto possa se pensar, — Raphael concordou. — Juro vai me cobrir no Havaí, assim como você.
Cyn balançou a cabeça, desistindo de discutir por enquanto. Mas por dentro, seus pensamentos estavam em uma direção completamente diferente. Se ela ia proteger Rafael, se ela ia ser nada além de uma fachada, então ela tinha que pensar em algo. Cyn tinha provado mais de uma vez que era alguém a ser reconhecida, mas poucos na comunidade vampírica sabiam que esses eventos iam além de boatos. Esses vampiros estrangeiros certamente não sabiam. E mesmo se tivessem ouvido falar de seu papel na morte do Lorde Jabril, não levariam em consideração.
— O erro deles — ela murmurou para si mesma.
Raphael olhou para cima, mas ela apenas sorriu e recostou–se na cadeira. Os vampiros tinham planos para a viagem? Bem, ela também. Reforço para quando os planos deles acabassem indo para o inferno e os seus planos fossem tudo o que restava.
Capítulo 03
— ELE ESTÁ DEIXANDO VOCÊ ir com ele? — Os olhos castanhos de Luci se arregalaram de surpresa.
Elas estavam sentados no escritório abarrotado da casa de Jessica, o refúgio de adolescentes fugitivos que as duas tinham fundado anos antes.
Cyn deu a sua amiga um olhar cético. — Sério, Luci? Você está me perguntando isso?
— Eu queria ir com Juro e ele me cortou totalmente. Não cedeu nem um centímetro.
Cyn sorriu. Ainda lhe divertia que Lucia e Juro fossem um casal.
— Eu conheço esse olhar, — Luci disse, sua bela pele dourada corando enquanto ela afastava Cyn. — Supere isso, já.
— Eu não posso. É apenas tão... fofo!
— Fofo? Juro não é fofo! Ele é 130 quilos de músculo lindo e sexy como o inferno, mas ele não é fofo.
— Não Juro, você bobona, os dois juntos. Veja! Eu tenho lágrimas nos meus olhos, eu amo tanto isso.
Luci entrecerrou os olhos irritada. — Quanto tempo mais essa porcaria vai durar?
— Pelo menos um mês, talvez mais.
— Bem, não espere por nenhum telefonema, então.
— Ah, vamos lá, Luce. Eu aguentei seus comentários sobre Raphael.
— Eu odiava Raphael. Ele quebrou seu coração!
— Sim, mas ele compensou.
— Eventualmente.
— Veja! Aí. Você estendeu por pelo menos um mês, esperando por ele estalar e queimar tudo depois que voltamos. Então eu recebo um mês de fofo.
— Tanto faz. Por que você quis se reunir hoje? Eu sei que não era só para me dizer o quão fofa eu sou.
— Não apenas você, — Cyn gargalhou. — É você e...
— Eu entendi — Luci estalou. — Seguindo em frente.
— Você não é engraçada. Ok. Você tem família no Havaí, certo?
Luci piscou com a mudança inesperada de assunto. — Muitos, por quê? Juro me disse que ele e Raphael já haviam feito arranjos...
— Raphael tem seus arranjos. Estes são os meus.
Luci estudou-a por um momento. — O que há, Cyn?
— Eu não sei o quanto Juro lhe disse...
— Apenas a versão resumida. Nós não estamos no modo de compartilhamento de tudo ainda, especialmente não quando se trata de seu trabalho. Ele me disse que Raphael foi convidado para uma negociação de paz com os europeus, e que eles escolheram o Havaí como um local neutro, ou pelo menos tão neutro quanto os vampiros são capazes.
— Ele lhe disse que é provavelmente uma armadilha e que o Raphael está entrando nela?
Luci deu–lhe um olhar duvidoso. — Não, ele não mencionou isso. Você tem certeza? Porque eu não posso ver Juro deixando Raphael entrar nisso.
— Como se Juro tivesse uma escolha. Você sabe como esses caras são. É tudo sim, Sire, e imediatamente, Sire. Eles vão dar uma opinião se Raphael pedir, mas eles não vão discutir.
— Tenho certeza de que você compensa qualquer falta no departamento de argumento.
Cyn sorriu. — Eu tento. O meu ponto é, eu tenho um sentimento muito ruim sobre esta chamada negociação. Quero estar pronta se tudo for para o inferno.
Luci franziu o cenho lentamente, depois disse: — Tudo bem. Do que você precisa?
— Habitação e transporte, algo que não será rastreado de volta para Raphael ou para mim. Há uma chance de eles saberem sobre você. É pequena, mas...
— Então, vamos com os primos do lado de minha mãe. Estes são primos dela, não meus. O que significa que eles estão um passo distantes de mim, e têm nomes totalmente diferentes. Qual ilha?
— A reunião será em Kauai, então eu estou procurando por um lugar que possamos nos esconder, se for necessário. Não mais do que um dia ou dois, apenas no caso de fazerem um movimento contra Rafael e ele estiver muito machucado... — Ela respirou fundo, incapaz de pensar muito profundamente sobre o que seria necessário para ter Raphael longe da equação.
A mão de Luci cobriu a dela na escrivaninha barata do escritório. — Isso não vai acontecer, Cyn, porque você não vai deixar.
— Raphael disse que confiava em mim — Cyn confidenciou num sussurro rouco. — Ele disse que se a merda bater no ventilador, eu poderia lidar com isso. Mas e se eu não puder, Luci? E se for tarde demais?
— Vamos, Raphael é um cara esperto. Ele sabe no que está se metendo e ele conhece você. Além disso, apesar de toda a sua conversa de sim, Sire, não Sire, eu não acredito que Juro deixaria Raphael caminhar em uma situação sem vitória.
Cyn assentiu, inspirando profundamente pelo nariz. — Você está certa. Ok. Então, algum desses primos vive em Kauai?
— Só uma dúzia. Eu não estava brincando, Cyn. Meu povo está em todas as ilhas.
— Precisa ser uma casa vazia. Eu não quero colocar ninguém em perigo, e eu não posso ter alguém fofocando no supermercado sobre hábitos de vampiros estranhos.
— Bem, uma das primas da minha mãe tem uma casa grande em Princeville. O terreno não é nada para falar, mas tem um campo de golfe, de modo que compensa o pequeno tamanho da propriedade. E o trabalho de seu marido acabou de enviá-los para a Europa por um ano, por isso está vazio.
— Algum filho?
— Ambos vivem em Nova York. E com os pais fora, não há nenhuma razão para que visitem. Ela e minha mãe são próximas, então eu a conheço muito bem. Eu poderia ligar para ela.
— Isso parece perfeito, Luce, obrigada. E descubra se o lugar tem uma patrulha de segurança, também. Ela precisa que eles saibam que alguém pode estar usando a casa.
— Eu cuidarei disso. Você mencionou transporte?
— Eu estou provavelmente pensando demais nisso, mas eu pensei que poderia ser útil ter o nome de um serviço aéreo privado de confiança, apenas entre as ilhas. Você sabe que Raphael tem seu próprio avião, mas se não pudermos chegar a ele, ou se precisarmos de algo mais discreto, seria bom ter uma alternativa que nos tiraria da ilha.
— Isso é fácil. Meu primo Brandon opera um serviço de fretamento aéreo. Ele pilota helicópteros e aviões pequenos. Ainda melhor, ele é um primo honorário, então não há como rastreá-lo para mim. Ele é o melhor amigo de meu primo real que se mudou para sua casa quando seus pais militares foram transferidos para o exterior. Ele era um grande jogador de futebol na escola secundária local, em busca de uma bolsa de estudos integral para atletas na faculdade. Ele teria perdido isso se ele fosse com eles.
— Alguma chance de que você possa fazer algumas ligações antes de nós partirmos amanhã à noite?
— Absolutamente. E uma vez que você estiver lá, posso ativar a rede Shinn para o que você precisar.
Cyn já estava de pé e indo para o corredor quando a cadeira de Luci raspou o chão atrás dela. — Hum, Cyn...
Alguma coisa em seu tom de voz fez Cyn parar e girar de volta. — O que foi, Luce?
— Bem, você sabe Juro e eu...
Cyn lançou–lhe um olhar intrigado. — Sim, eu sei.
— Bem, sim, mas ele comprou uma casa em Malibu.
— Eu sei disso também. A da direita próxima à propriedade de Raphael. Ele disse... — Seus olhos se abriram de par em par quando a percepção atingiu e um enorme sorriso cruzou seu rosto. — É por isso que ele comprou. Vocês estão se unindo, não é?
— Você tem tal maneira com palavras, Cynthia. Juro está preocupado por eu estar aqui com nada além de uma casa cheia de crianças, especialmente desde que aquele rastejante usou este lugar para chamar a sua atenção e infiltrar a segurança de Raphael.
— Sim, mas ele não teve sucesso. Quer dizer, Juro soube o tempo todo...
— Essa não é a questão. Ele tentou, e Juro estava preocupado comigo sobre eu morar aqui mesmo antes disso. E agora com esta guerra, isso o deixou ainda mais preocupado. Mas eu não poderia deixar as crianças ssem ninguém para cuidar deles. Ele entendeu... Não, isso não é certo, ele não entendeu. Não teve a visão geral. A única coisa que ele se importava era a minha segurança e tudo o mais poderia ir para o inferno. Mas depois recebi um telefonema.
Cyn franziu o cenho. — Alguém a ameaçou?
— Não, não, não assim. Você já ouviu falar de Halley–Willow.org?
Cyn respondeu imediatamente. — Grande assistência on-line, voltada para crianças foragidas. Eles também administram um monte de abrigos, principalmente no sudoeste.
Luci sorriu. — Veja, eu sabia que você prestou atenção. Você está certa, e eles se aproximaram de mim um par de semanas atrás. Eles querem trazer Jessica's House sob sua proteção e eu junto com ele.
Cyn piscou de surpresa. — Mas Jessica's House é seu bebê. Você trabalhou tanto nela.
— Nós duas trabalhamos. Nós fizemos isso juntas.
— Eu escrevi alguns cheques. Você é a única que conviveu com os pequenos monstros dia após dia.
Luci sorriu. — Besteira. Você sempre esteve lá quando eu precisava de você, ou quando uma das crianças precisava de você. Este bebê pertence a nós. O que significa que esta é uma decisão para nós duas.
Cyn encolheu os ombros. — O que você quer fazer?
— Haley–Willow quer que eu ajude com divulgação, angariação de fundos e outras coisas, mas também para ajudar a criar novos abrigos em comunidades carentes. Quero fazer isso, Cyn. Jessica’s é ótimo, mas posso fazer muito mais com uma organização maior.
— Então faça.
— Tão fácil?
— Para mim é.
— Isso foi o que Juro disse que você diria.
— Ele é um cara esperto. Isto é, além de ser fofo.
— Você pode ir agora, — Luci disse e começou a empurrar Cyn para fora da porta.
— Isso significa que vocês vão morar juntos na praia? — Cyn persistiu, falando sobre seu ombro. — Você estará vivendo bem ao lado de mim! Podemos tomar o café da manhã juntas, trocar notas de sexo enquanto os caras dormem.
— Oh, meu Deus, você não disse isso. Fora.
Elas já estavam na porta da frente. Luci empurrou a porta de tela para a varanda e um grande sujeito negro saltou para seus pés. Um grande, fortemente armado cara negro que acontece ser guarda–costas humano de Cyn, Robbie Shields.
— Sendo expulsa do lugar de novo, Cyn? Não posso levá-la a lugar nenhum.
— Ei, Rob, — Luci o cumprimentou.
— Onde está a gangue, Luce? — Ele perguntou. — Não pode haver crianças aí, está muito quieto.
— Cupins — explicou Luci.
O rosto de Robbie perdeu toda expressão. — Você alimentou as crianças com os cupins? Nossa, não é esse tipo de...
— Muito engraçado — disse secamente. — A casa está sendo fechada pela manhã, e será feita alguma reforma depois disso. As crianças foram transferidas para um lugar...
— Devemos ir para dentro — disse Robbie com uma voz calma demais e muito quieto. Cyn seguiu seu olhar para a rua, onde um Muscle SUV{1} estava cruzando muito lentamente. Era um carro indistinguível – preto com janelas escurecidas e, sem surpresa, sem placa.
— Alguém que você conhece, Luce? — Ela perguntou, mesmo quando ela empurrou Luci na frente dela e de volta para a casa, com Robbie logo atrás. Ele fechou a porta e cruzou até a grande janela que dava para a rua. As cortinas estavam abertas, mas um tecido fino impedia alguém de ver demasiado.
Robbie estava de lado, com a mão na arma, que ele ainda não havia puxado.
Cyn se certificou de que Luci estava fora de qualquer linha de fogo, então se moveu silenciosamente para a sala de estar, tomando uma posição no lado oposto da janela.
— Você deveria ficar lá com Luci — Robbie disse, dando–lhe um olhar sombrio.
Cyn ignorou o comentário com nada além de um bufar desdenhoso.
— Eu acho que eles se foram, — ela disse, mas esperou até que Robbie concordasse com ela o suficiente para que ele tirasse a mão da Beretta em seu quadril. Seus olhos procuraram pela rua agora vazia por alguns minutos mais, antes que ele finalmente se afastasse e caminhasse até a cozinha onde Luci estava sentada à mesa, com uma expressão alerta, mas não intimidada.
— Você tem um monte desse tipo de coisa, Luci? — Robbie perguntou, encostado na entrada.
— De vez em quando. Tenho alguns jovens membros de gangues que preferem ficar por aqui do que ir para a prisão. Isso não faz seus líderes felizes.
— Veja, Rob, não era eu desta vez. Eles estavam atrás de Luci.
— Nossa, obrigada — Cyn disse Luci. — Não pareça tão feliz com isso.
Cyn abraçou a amiga. — Não é você, é Raphael. Ele fica maluco toda vez que alguém tenta me matar.
— Imagine isso.
— Você sabe, claro, que o Juro vai fazer alguma maluquice quando ele souber disso.
Luci olhou para ela. — Então nós não contaremos a ele sobre isso. Não é um negócio tão grande, Cyn. Eles estão apenas tentando me assustar. Eles nunca fizeram nada.
— Muito tarde para pensar em não contar ao Juro. Raphael mantém guias bem fechadas sobre mim. Qualquer coisa que dispare adrenalina, ele sabe. E o que Rafael sabe, Juro sabe, especialmente no que se refere à questões de segurança. Acostume-se a ele. Seus dias felizes de solteirice acabaram.
— Droga, droga, droga. Eu preciso ligar para ele — murmurou Luci, perdendo a calma de uma maneira que fez Cyn rir, ainda que fosse apenas por ser algo tão incomum.
— Vamos, — ela disse, puxando sua amiga para a porta da frente. — Você pode muito bem vir para casa com a gente e evitar a viagem de Juro até aqui. De qualquer forma, eles estão fechando a casa de manhã.
— Cyn está certa — disse Robbie. — Os vampiros não fazem as coisas na metade, e o cara grande se importa com você.
— No que é que eu fui me meter? — murmurou Luci.
— Você o ama?
Luci olhou para cima e encontrou seus olhos por um longo tempo antes de responder quase miseravelmente: — Sim, eu faço. Ele diz que me ama também.
— O amor é um risco, Luce. Ninguém acredita mais nisso do que eu. Mas eu conheço Juro, e se ele diz que te ama, eu acho que é um risco que vale a pena. Ele é um grande cara e também muito adorável agora que ele está apaixonado.
— Quem é adorável? — Robbie interrompeu, olhando para cima de onde ele tinha estado enviando mensagens de texto para alguém em seu telefone.
— Ninguém, — Luci disse firmemente, passando na frente de Cyn para enfrentar Rob. — Eu irei com vocês.
— Ótimo — disse Cyn. — E, Robbie, eu preciso falar com você sobre o Havaí. Podemos falar no caminho.
Ele suspirou. — Sim, eu tinha a sensação de que você ia dizer isso.
****
Cyn sentou–se na cadeira de Raphael em seus aposentos privados e arrancou suas botas, chutando-as de lado enquanto caminhava descalça até o armário. Seu casaco foi colocado em um cabide, mas o resto de suas roupas foram tiradas e empurradas no cesto de roupas sujas.
Ela estava indo para o banheiro para se preparar para a cama, mas voltou quando seu telefone celular piscou uma mensagem de entrada. Ela abriu o texto, esperando uma atualização de Luci, mas encontrou algo totalmente diferente em vez disso, algo totalmente inesperado. Nick Katsaros estava mandando mensagens para ela. Falar de uma explosão do passado. Ela e Nick tinham sido... Bem, amantes era uma palavra muito forte. Eles foram amigos de foda. Nick viajava muito a negócios, e sempre que ele estava na cidade, os dois entravam em contato, e marcavam de sair. Ele era perigosamente bonito, muito divertido e leal a seu modo. Mas ela não tinha ouvido falar dele em mais de dois anos. Não desde que ela e Raphael estavam definitivamente juntos.
Ela abriu a mensagem, lendo-a com o cenho franzido. Dizia apenas que precisava da ajuda dela em algo. Sem detalhes. Provavelmente, algum trabalho de investigação que ele queria fazer, ela pensou. Mas seja o que for, não era um bom momento. Ela entraria em contato com ele depois que eles voltassem do Havaí. Talvez. Raphael não ficaria muito entusiasmado por ela lidar com Nick novamente. Então, talvez ela apenas indicasse a ele uma outra pessoa. Não era como se L.A. tivesse poucos investigadores particulares.
Desligando a campainha do telefone por enquanto, jogou-p sobre a mesa. Continuando seu caminho original para o banheiro, ela se lavou e escovou os dentes, em seguida, desligou as luzes e deslizou nua na cama com Raphael, abraçando a sua forma longa e musculosa. Ele estava deitado de costas como sempre, um braço sobre o peito, o outro ao seu lado. Ela sorriu, porque sabia que o braço ao seu lado era para ela. Colocando a cabeça em seu ombro, ela colocou seu braço sobre sua barriga e dobrou sua perna sobre sua coxa. Ela suspirou com prazer, relaxando completamente de uma maneira que não fazia com mais ninguém, em nenhum outro lugar.
Quando Raphael finalmente acordasse com o pôr-do-sol, seu braço viria em torno dela. Era sempre a primeira coisa que ele fazia ao acordar. Mesmo antes de abrir os olhos, ele a abraçava contra seu peito. E se ela não estava lá, ele procuraria por ela. Ele não ficava feliz quando isso acontecia, e ele não era tímido em deixá-la saber disso. Mas então, Raphael não era tímido em nada.
Cyn fechou os olhos e respirou profundamente, inalando o perfume único de Raphael, escutando seu coração batendo em seu peito, acalmando-a, facilitando-a em um sono profundo.
Parecia que acabara de fechar os olhos quando o braço de Raphael caiu pesadamente sobre suas costas, segurando-a firmemente enquanto ele a rolava debaixo dele.
— Eu não acho que eles estavam procurando por mim. — Ela bocejou, piscando os olhos abertos para olhar para ele. Sua conexão era profunda o suficiente para que ele estivesse ciente do que acontecera na casa de Luci. O pico em seu nível de estresse assegurou isso.
— Eu sei, — ele disse, sua voz de meia–noite, uma carícia de som. — Mas uma bala não tem que ser dirigida a você para matá-la.
Ela sorriu para ele. — Bem, isso meio que acontece. Quero dizer...
— Cala a boca, Cynthia, — ele murmurou. Cobrindo sua boca com a dele, ele provocou sua língua ao longo da costura de seus lábios até que ela se abriu para ele, então ela deslizou para torcer convidativamente em torno de sua língua em um beijo longo e luxurioso.
Cyn envolveu seus braços nos ombros dele e puxou–o para mais perto. Ela adorava beijar Raphael, amava a maneira como ele tratava cada beijo como uma sedução, mesmo que ele não precisasse mais seduzi–la. Ela já era dele.
— Eu senti sua falta hoje, minha Cyn, — ele sussurrou, depositando beijos ao longo de sua bochecha, delineando a curva de sua orelha com sua língua e depois até seu pescoço.
O corpo de Cyn respondeu ansiosamente. Ela ficou molhada no momento em que ele começou a beijá-la, seus seios inchandos contra os planos duros de seu peito, seus mamilos enrijecidos em picos famintos. Ele acariciou uma mão quente sobre suas costelas, dedos curvando–se em torno de seu quadril antes de deslizar para baixo para agarrar sua coxa e dobrar sua perna, abrindo-a ainda mais enquanto ele acariciava sua vulva. Ela gemeu suavemente, empurrando contra sua mão enquanto ele moldava seus lábios exteriores, espalhando-os suavemente, provocando-a com os dedos enquanto seu polegar encontrava seu clitóris inchado. Mas ele não deu a ela liberação. Seu polegar esfregou sobre e ao redor do nó sensível, mal tocando, então circulando para provocar novamente.
— Raphael — ela sussurrou faminta. Ela podia sentir seu pênis quente e pesado contra sua coxa. Ela o pegou em sua mão, apertando e soltando enquanto seus dedos se moviam para cima e para baixo pelo eixo duro.
Raphael rosnou, e Cyn mostrou os dentes em resposta, acariciando-o até que seus olhos negros brilharam prata sob suas pálpebras meio abaixadas e as presas completaram seu sorriso de predador.
Sem aviso, ele agarrou seu pulso e deslizou seu pau para fora dos seus dedos com um movimento de seus quadris. Então, agarrando seu outro pulso também, ele forçou seus braços acima de sua cabeça onde ele segurou ambas as mãos em uma das suas. Com a outra, ele alcançou entre seus corpos e guiou seu pênis para a abertura de seu sexo, esfregando a ponta na umidade entre suas coxas, enquanto ela abria as pernas e empurrava seus quadris para cima.
— Fique quieta — ordenou ele suavemente.
— Eu não quero ficar quieta — ela disse desafiadoramente, e balançou mais duro, enganchando sua perna ao redor de seus quadris e puxando-se para cima em seu pênis, ou tentando.
Raphael riu enquanto evitava seus esforços, depois a esmagou contra o colchão, deixando-a sentir todo o peso de seu corpo grande.
Ela deu um grito sem palavras de frustração quando ela foi incapaz de se mover, mas o sorriso dele só aumentou mais.
— Eu amo te foder, minha Cyn, — ele murmurou. — Sua boceta está sempre tão molhada para mim, tão faminta.
Cyn respirou fundo. Suas palavras, faladas em uma voz profunda e retumbante enquanto seu pênis acariciava preguiçosamente entre seus lábios de sua vagina, deslizando no creme de sua excitação, enviou arrepios correndo sobre sua pele da cabeça aos pés.
Ela parou de lutar contra sua espera e sussurrou: — Eu sempre te quero. Isso nunca para. Você entra em um quarto e eu quero você. Eu me deito ao seu lado todos os dias e espero que você desperte para que eu possa fazer amor com você de novo.
Os olhos de Raphael brilharam a prata pura enquanto mergulhava profundamente em seu corpo com um único impulso vigoroso. Cyn gritou, adorando a sensação, enquanto seu corpo se esticava para acomodar a largura e o comprimento de seu pênis, enquanto sua vagina inundava de desejo. Ele a fodeu vigorosamente, os quadris flexionando, empurrando seu pênis profundamente em sua vagina, então puxando para fora e fazendo tudo de novo.
Cyn puxou suas mãos, querendo segurá-lo, passar seus dedos sobre os elegantes músculos de seus ombros, raspar suas unhas através das mechas grossas de seu cabelo preto. Não havia uma polegada dele que não fosse bonito, nem uma polegada que ela não amasse.
Mas Raphael estava em um modo dominante esta noite e não a soltou. Fodendo-a com firmeza, ele inclinou a cabeça para seu pescoço, empurrando contra a curva de sua mandíbula em demanda até que ela se rendeu, virando a cabeça para o lado em oferta. Sua pele puxou em uma linha tensa quando sua língua raspou contra sua veia, seus lábios fechando sobre o inchaço dela sugando suavemente. Seu coração, já correndo de excitação, dobrou sua velocidade, batendo tão forte contra suas costelas que ela sabia que Raphael sentiria, saberia o quanto ela queria sua mordida, queria o toque de suas presas, cortando primeiro em sua pele e então sua veia, queria aquele momento de fraqueza quando seu sangue começava a escorrer em sua garganta, e então a incrível onda de prazer, o emocionante calor do clímax quando a euforia de sua mordida percorria seu sistema.
Ela gritou quando ele raspou seus dentes ao longo de sua pele, a dor um prazer erótico que a fez ondular debaixo dele, cada nervo em seu corpo sensibilizado a seu toque, seu cheiro, o som de sua voz dançando sobre sua pele, enquanto ele sussurrava em russo todas as coisas que ele faria, todos os prazeres carnais que ele daria a ela.
Cyn sussurrou apenas uma palavra: — Sim.
Com um grunhido de fome, Raphael enterrou suas presas em seu pescoço, sugando com força enquanto a euforia atingia a corrente sanguínea de Cyn. Ele a segurou na cama, enquanto ela se contraia quando o orgasmo gritou através de seu corpo como um raio de eletricidade; acendendo seus nervos e contraindo seus músculos, fazendo sua vagina apertar em torno de seu pênis. Ele gemeu com suas presas ainda enterradas em sua veia, o som zumbindo através de seu corpo como um diapasão. Seu sexo tremia ao redor dele, acariciando seu comprimento, apertando e relaxando, dando prazer a ele, o incitando a climax.
Raphael ergueu a cabeça, deslizando os dentes de sua veia com uma maldição sibilada, enquanto ele batia nela, cada impulso de seu eixo agora um milhão de prazeres diferentes como os minúsculos nervos e músculos de sua bainha agarrado nele, exigindo sua libertação. Finalmente, ela sentiu a onda quente de seu orgasmo e ela foi sacudida em um novo clímax até que ela ficou mole e saciada em seus braços.
As estocadas de Raphael diminuíram para um deslizamento sensual de seu pau através da umidade misturada entre suas coxas. Ele afrouxou as mãos finalmente, e ela envolveu seus braços em torno dele, segurando-o perto, sentindo o ritmo de seus corações batendo.
Ele lambeu seu pescoço, selando a ferida, beijando-a gentilmente antes de puxá-la em seus braços e rolar para suas costas, levando-a com ele para que ela se deitasse dessosada sobre seu peito.
Eles ficaram em silêncio por um longo momento, e então ele disse: — Conte-me o que aconteceu hoje.
— Luci acha que eram gangues. Já aconteceu antes. Robbie concorda.
— Bem, se Robbie concorda...
— Não seja sarcástico. Além disso, não há razão para alguém vir atrás de mim agora. Se eu morresse, você provavelmente cancelaria sua viagem ao Havaí e eles querem você lá.
— Por que eu cancelaria a viagem?
Ela podia ouvir o humor provocante em sua voz, que foi a única coisa que o salvou. Ela ainda o socou na barriga, no entanto, apenas para fazer um ponto. Ele grunhiu em reação – ela era forte e ela nunca se continha com ele – mas então a abraçou com uma risada.
— Você provavelmente está certa, — ele concordou.
— Claro que estou. A propósito, você sabe a casa que Juro comprou ao lado da nossa? Você sabia que ele quer que Luci more ali com ele?
Ele encolheu os ombros, rolando o músculo perfeitamente formado de seu peito sob sua bochecha. — Não havia nenhuma outra razão para ele comprar a casa, então eu não estou surpreso. Existe algum problema?
— Não para mim. Estou emocionada. Luci estava vivendo quase 24 horas na Jessica’s House, o que aparentemente preocupava Juro ainda mais do que eu. Mas agora há uma organização maior que quer administrar o abrigo. Isso liberta Luci para ter uma vida real novamente.
— Tenho certeza de que Lucia pensa que já tem uma.
— Talvez — disse Cyn lentamente, então, — Eu adoraria ser uma mosca na parede quando Juro encontrar Luci esta noite, no entanto. Eu nunca o vi surtar antes.
Raphael riu. — É isso que eu faço? Surtar?
— Oh, inferno, sim. Foi a primeira coisa que Robbie e eu pensamos quando aconteceu.
— Bom.
Cyn saltou quando Raphael bateu em seu traseiro, e ela revirou os olhos.
— Ainda estamos saindo amanhã à noite?
— Não, nós iremos esta noite.
Cyn ergueu–se sobre um cotovelo para estudar seu rosto. — Você acha que eles têm um espião em sua casa?
— Não na casa, mas na propriedade. Não tenho nenhuma prova, mas é provável. É o que eu faria nessas circunstâncias.
— Então, enquanto eles estão esperando você amanhã à noite, você vai chegar esta noite.
— Exatamente. Você pode estar pronta em uma hora?
— Menos.
— Leve uma hora, e eu a gastarei com você. Qualquer coisa poderia acontecer no Havaí. Vou passar qualquer tempo que tiver com você.
O estômago de Cyn se apertou com pressentimento. Ele estava certo. Qualquer coisa poderia acontecer. E ela estaria muito pronta para isso.
****
A limusine parou suavemente ao lado do jato Boeing reluzente. Esta era a maior das aeronaves privadas de Raphael e poderia facilmente transportar Raphael e toda a sua equipe de segurança, tanto vampiros quanto humanos. O plano original tinha sido para uma equipe de reconhecimento voar esta noite, com Raphael e seu pessoal imediato indo com o jato menor amanhã. Mas com a mudança de planos, todos estavam viajando hoje à noite e isso significava que um avião maior tinha que ser usado.
Raphael abriu a porta da limusine e saiu, depois ofereceu uma mão a Cyn. Ela não precisava da ajuda, mas ela a aceitou de qualquer maneira, porque era Raphael. Quase imediatamente, Juro afastou-o para falr com Jared, deixando Cyn livre para passear pelo hangar onde Luci estava observando o processo com um olhar preocupado em seu rosto.
— Ei, Luci, — Cyn chamou quando ela se aproximou.
A atenção de Luci mudou de um enorme vampiro japonês para Cyn. — Ei.
Cyn sorriu e estendeu a mão para suavizar as linhas na testa entre as sobrancelhas perfeitamente moldadas de sua amiga. — Não franza a testa, — ela repreendeu sem entusiasmo. — Dá-lhe rugas.
Luci respirou fundo, seu peito visivelmente subindo e caindo no ruidoso hangar. — Como você faz isso, Cyn?
Cyn lançou-lhe um olhar intrigado. — Fazer o quê?
— Deixá-lo ir, sem saber se ele voltará.
Cyn ficou séria de uma vez. — Eu sempre acredito que ele vai voltar. Não posso pensar de outro modo.
— Mas você é uma lutadora. Você pode estar lá para ter certeza de que ele está seguro.
— Não há certezas. Só há a minha crença em Raphael.
O olhar perturbado de Luci voltou-se para Juro. — E se ele cair?
— Então eu caio com ele.
— Cair com... — repetiu Luci, dando a Cyn um olhar aflito. — Não se atreva, Cynthia Leighton.
— E essa é a parte da crença. Enquanto estivermos juntos, voltaremos. Nós dois.
— Porra. Preciso aprender a atirar com uma arma?
Cyn deu a sua amiga um abraço inusitado. — A guerra não é apenas sobre armas, Luce. Alguém tem que manter tudo funcionando em casa e isso nunca vai ser eu. Então cabe a você estar aqui quando todos nós voltarmos. Quando ele voltar, — ela acrescentou, apontando a cabeça na direção de Juro. — Ele parece grande e resistente, mas ele precisa de alguém para segurá-lo, também.
— Eu sei, — Luci concordou suavemente, então respirou fundo e endireitou seus ombros. — Ok. Eu posso fazer isso. Mas você volta para mim, Cyn. E traga aqueles grandes chupadores de sangue com você.
— Farei isso, — Cyn disse distraidamente quando Raphael chamou seu nome. Ela olhou para vê-lo estendendo a mão. Ele estava pronto para embarcar. — Tenho que ir, mas me diga rápido, você conseguiu contactar a sua família?
— Os primos e as tias estão a bordo. Vou enviar o arquivo por e–mail para você.
— Obrigada, Luci.
Luci acenou com a cabeça, então agarrou Cyn em um abraço apertado e a soltou, dizendo: — Eu tenho que dar ao meu de vampiro um beijo de adeus.
Cyn caminhou até seu próprio vampiro impaciente, caminhando direto em seus braços.
— Você está pronta, minha Cyn?
Ela assentiu com a cabeça. — Vamos chutar uns traseiros europeus.
Capítulo 04
O VOO FOI longo, mas os fusos horários eram favoráveis, então eles chegaram em Kauai com horas de escuridão de sobra. Não havia nenhum comitê de boas-vindas desde que Raphael não tinha dito a ninguém que eles estavam voando um dia antes do previsto. Se realmente havia um espião na equipe de Raphael, ele esperançosamente tinha sido despistado com a decisão cuidadosamente guardada de sair mais cedo.
Levar todo mundo do aeroporto de Kauai até a propriedade onde eles estariam ficando precisou de vários veículos, o que não era exatamente discreto. Mas Cyn esperava que a chegada deles no meio da noite, combinada com o hangar privado onde eles tinham desembarcado, iria prover algum disfarce. De qualquer modo, o melhor que eles poderiam esperar eram algumas horas de espaço para respirar, o suficiente para tê-los seguros na casa temporária antes que eles tivessem que lidar com o inimigo.
Porque negociações de paz ou não, os vampiros Europeus eram o inimigo. Se eles estavam aqui para negociar a paz, era apenas com o pretexto de falar por tempo o suficiente para avaliar a força de Raphael, para decidir se eles poderiam eliminá-lo aqui mesmo, neste momento, antes de ir para o continente.
Cyn sentou próxima a Raphael na limusine a medida que eles viajavam para a casa em Kauai, a mão dela segurando a dele muito apertada. Ele nunca disse uma palavra, mas ela sabia que ele também estava preocupado. Não com ele mesmo. Raphael nunca se preocupava com sua própria segurança; era parte de sua arrogância, parte do que o fazia ser quem ele era. Mas ele odiava o pensamento de Cyn estar em perigo junto com ele, odiava o risco para o povo dele. E isso era o que fazia dele um ótimo líder, um que ganhou o amor e a lealdade de seu povo ao invés de simplesmente demandar isso como uma obrigação.
— Como é esse lugar que estamos ficando? — ela perguntou a ele, enquanto eles dirigiam pelas estradas escuras, cercados por uma vegetação exuberante e uma chuva constante. Kauai recebeu o apelido de Ilha do Jardim, mas todo esse verde vinha com um monte de chuva.
— Aparentemente, é uma casa de férias do presidente de uma das filiais da Raphael Enterprises. Legalmente, é a própria filial que a possui. É uma propriedade considerável, utilizada principalmente como um bem ativo para clientes importantes. Há uma equipe completa durante essas visitas, embora obviamente, eles não estarão lá durante a nossa estada.
— A filial é comandada por vampiros?
— Em segundo plano. O rosto público é humano, assim como a maioria dos visitantes a essa casa.
Cyn franziu o cenho. — A casa será segura para vocês então?
Raphael assentiu uma vez. — Há vampiros no conselho de administração. Acomodações foram feitas para os suas necessidades únicas. Discretamente, claro.
— Quem irá fazer as camas se não tem nenhum funcionário enquanto estivermos aqui?
Raphael riu. — A maior questão era quem iria prover comida para os humanos em nossa companhia. A maioria dos meus guardas de segurança diurnos são ex-militares e totalmente capazes de cozinhar para si mesmos, mas Irina foi gentil o suficiente para enviar um de seus cozinheiros para supervisionar, — disse ele, se referindo a sua governanta vampira que também calhou de ser a companheira de Robbie. — O cozinheiro que ela mandou é um homem, como eu requisitei. Essa tarefa não é sem risco.
— Hey, garota viva aqui, — Cyn protestou.
Raphael libertou sua mão, puxando-a para o lado dele ao invés. — Eu estou bem consciente disso. Mas você, minha Cyn, é uma verdadeira guerreira.
— Own, você diz as coisas mais doces.
Raphael sorriu distraidamente, sua atenção fixa fora da janela enquanto eles viravam para o que parecia ser uma entrada. Era difícil de ver no escuro; ao menos era difícil para ela. Os olhos de vampiro de Raphael viam tão claramente como se fosse de dia. Ele não precisava de muito mais que a luz refletida de seus vários veículos, ainda que os motoristas vampiros estivessem dirigindo apenas com as luzes baixas, os faróis no máximo sendo na verdade brilhantes demais para os olhos deles.
Cyn não poderia dizer para onde eles estavam indo até que uma pequena luz perfurou através da floresta, ficando cada vez mais brilhante quanto mais perto eles ficavam de seu destino. Na hora que o próprio prédio apareceu a vista, a luz tinha se estabelecido em um brilho turquesa de uma grande piscina. Ela viu o motorista vampiro da limusine deles colocar um par de óculos de sol, então viram Juro, que estava sentado no banco da frente do passageiro, fazer o mesmo enquanto que o motorista do primeiro SUV ligou seus faróis de luz alta e banhou a frente do lugar em luz.
Era uma casa grande, mas ela esperava isso. A vida com Raphael nunca envolveu uma cabana de dois quartos. Um edifício de três andares, toda metade de trás do piso térreo foi construída na encosta atrás dele. Não tinha nenhuma dúvida de onde os alojamentos compatíveis com vampiros ficavam localizados, desde que um porão estava fora de questão. Haviam as usuais – para ilhas – sacadas em cada andar e saindo de quase todos os quartos. Cyn não sabia o tamanho, mas ela não conseguia ver nenhuma outra luz através da floresta circundante. Ela saberia a extensão melhor durante o dia de amanhã, quando ela e Robbie iriam pegar uma das SUVs para um passeio, mapeando a localização deles e aprendendo sobre a vizinhança. Ela também queria localizar o lugar dos primos de Luci. Ela não iria colocar aquele endereço no GPS. De fato, ela teria certeza de que todos os seus passeios fossem deletados do histórico do sistema de navegação antes de eles deixarem o veículo. Essa casa gigante parecia legal, mas se as coisas fossem piorar, como todo mundo acreditava que iriam, ela queria uma rota de escape e ela queria isso em segredo. Era tudo parte do plano reserva.
— Eu espero que eles tenham Wi-fi ali, — ela murmurou à medida que estacionavam, pensando sobre a informação que Luci iria enviar para ela por e–mail. Informação que ela precisava para o reconhecimento de amanhã.
— Tenho certeza que eles têm, — Raphael comentou enquanto Juro saiu da limusine e abriu a porta para eles.
Uma onda de ar quente e úmido varreu a limusine, trazendo com isso o esmagador aroma da floresta e solo molhado. Cyn aspirou o aroma para os seus pulmões. Ela tinha estado no Havaí muitas vezes com o passar dos anos. Não era tão perto assim de L.A., mas sempre pareceu como se fosse. Os presentes de graduação do Ensino Médio incluíam viagens ao Havaí com os amigos, pessoas se casavam no Havaí, a diversão pós-divórcio era no Havaí. No final das contas, ela tinha estado muito aqui. Ela preferia a costa da Califórnia, mas o Havaí definitivamente tinha o seu charme.
O pessoal da segurança de Raphael estava se espalhando, tendo certeza de que não haviam surpresas. Normalmente, eles teriam feito isso antes que ele chegasse, mas a mudança de planos tinha posto um fim na rotina normal deles. Os seres humanos podem achar a chegada noturna uma complicação, mas não os vampiros. Eles tinham aprimorado a audição para acompanhar a supervisão noturna deles e poderiam detectar facilmente alguém espreitando no perímetro por uma única batida do coração. Inferno, alguns dos guardas vampiros seriam capazes de ouvir os pensamentos do intruso. Não haveria nenhum esgueirar nessa casa.
Mas então, Raphael não estava preocupado com ninguém se esgueirando até ele. Cyn sabia que o perigo aqui não estaria se escondendo nos arbustos. Iria encontrá-lo cara a cara com um sorriso.
Deus, ela odiava isso!
As luzes internas repentinamente acenderam, então tão subitamente esmaeceram. Esse era outro indicativo de uma residência vampírica, um interruptor em todas as luzes. Haviam seres humanos o suficiente com eles, entretanto, então algumas luzes eram necessárias. De fato, a metade humana do contingente de segurança de Raphael iria procurar suas camas quase imediatamente, então eles poderiam dormir um pouco antes que eles assumissem seus deveres com o nascer do sol.
— Você está com fome, minha Cyn?
Ela balançou sua cabeça. — Irina tomou conta de mim e de Robbie antes que deixássemos L.A. Ela nos fez companhia enquanto comíamos, e embalou para nós alguns sanduíches em caso de sentirmos fome antes que chegarmos aqui. Ela gosta que Robbie esteja bem alimentado.
Ela sorriu então, e se inclinou contra Raphael, abraçando sua cintura e olhando para ele.— E quanto a você, garoto presos? Está com fome?
Os olhos negros de Raphael cintilaram através dos cílios pecaminosamente longos enquanto ele a encarava com flagrante desejo. — Sempre.
— Deveríamos encontrar o nosso quarto.
— Os alojamentos seguros estão na parte de trás, — ele disse e, pegando a mão dela, seguiu o resto do contingente vampiro passando de uma cozinha gourmet brilhante para uma caixa–forte camuflada como uma estante de livros.
— Uma porta na estante? — Cyn comentou. — Isso é muito Jovem Frankenstein para você.
— A porta tem um código de entrada para prevenir acesso não autorizado, mas a maioria dos clientes que usa essa casa são humanos, então a fachada era necessária. Jovem Frankenstein? — ele adicionou, intrigado.
Cyn encarou. — Você nunca viu esse filme? Eu não acredito que eu não sabia disso ainda. Assim que voltarmos para L.A., você e eu teremos um encontro com filme. Eu levarei a pipoca.
— E você comerá toda ela também.
Ela colocou a língua para fora enquanto ele a puxou em um corredor estreito que estava alinhado com portas pesadas, cada uma com um teclado no lado de fora.
— Como isso funciona? — ela perguntou. — Quem conhece todos esses códigos?
— Há um código mestre, mas eles são individualmente programados pelo ocupante, como um cofre em um quarto de hotel.
— Legal.
Eles alcançaram até o final do corredor e uma porta que era mais larga que as outras. Raphael digitou um código e a porta abriu.
— Essa é uma programável, também?
— Sim. Embora leve uma sequência de códigos ligeiramente mais longa.
— Posso escolher o código?
— Nós discutiremos isso.
Cyn engasgou em falsa descrença. — Você não confia em mim para escolher um bom código?
— Eu não confio no seu senso de humor.
Ela empurrou a porta fechada e o empurrou-o de costas em direção a grande cama, mas apenas porque ele a deixou. Se Raphael não quisesse se mover, ela poderia empurrá-lo a noite inteira e ele simplesmente continuaria ali e pareceria entediado.
Nessa ocasião, no entanto, ele caiu de costas no colchão e a levou com ele, prontamente rolando para cima dela. Cyn enrolou seus braços ao redor do pescoço dele, os dedos dela brincando com seu cabelo curto. Ele tinha um lindo cabelo, preto feito carvão e espesso, entretanto ele sempre o usava curto no típico estilo homem de negócios, mais comprido no topo e curto na parte de trás. Coloque Raphael em um de seus ternos elegantes, e ele estaria em casa nos altos escalões de Wall Street.
Ele se esticou em cima dela, ainda completamente vestido, usando jeans da 501, uma camiseta preta de manga curta, e um par gasto de botas de engenheiro da Frye. Não tinha nada de Wall Street sobre ele esta noite.
— Eu gosto das roupas, — ela disse acariciando suas mãos sobre o firme abdômen embaixo da camisa, — mas você está usando muitas delas.
Raphael abaixou a cabeça e deu a ela um longo e lento beijo, a sua língua rodando a dela, seus lábios sensuais movendo-se nos dela em uma carícia quente. O beijo durou tanto tempo que ambos estavam arquejando por ar quando finalmente se separaram. Os olhos negros de Raphael estavam iluminados de prata enquanto ele tocava sua boca com a dela novamente, dessa vez lambendo o sangue dos lábios dela das suas presas.
— Você pode escolher o código, lubimaya, — ele disse a ela, sorrindo.
Cyn deu-lhe um olhar estreito. — Essa foi muito fácil. Qual o problema, garoto presas?
Raphael suspirou, balançando a cabeça pelo termo de carinho favorito dela. Ela sabia que ele particularmente o amava, apesar disso, ou ele teria pedido a ela para parar de usá-lo até agora.
— Eu tenho uma reunião, — ele disse a ela.
— Eu meio que imaginei, — ela disse secamente. — Quanto tempo até o nascer do sol?
— Infelizmente, não tempo o suficiente. Eu estarei de volta a tempo de dormir com você.
— Eu deixarei a porta aberta então você não precisará adivinhar o código.
— Isso seria sensato. Você não quer que seja necessário que eu arranque a porta fora.
— Eu não tenho medo de você.
— Não, — ele concordou. — Você nunca teve. Esse é um dos motivos pelos quais eu te amo.
— Você terá que me dizer o resto disso.
— O resto de quê?
— Os motivos pelos quais você me ama.
Ele sorriu e a beijou suavemente. — Se a gente tiver tempo. É uma lista muito longa.
— Você só está dizendo isso para que eu deixe você ir para a sua reunião.
Ele riu e empurrou-se para cima e para fora dela até ficar de pé próximo à cama. — Estarei de volta assim que eu puder.
Ela pulou para os seus pés e agarrou com os dois punhos sua camisa, puxando-o para um rápido e duro beijo. — Eu estarei aqui.
Cyn observou da porta aberta enquanto Raphael andava abaixo pelo longo corredor. Juro emergiu do quarto ao lado do deles, então os dois terminaram andando juntos, seus ombros largos quase escovando as paredes de cada lado. Ela esperou até que eles passassem a porta segura mascarada como uma estante de livros e ficaram fora de vista. Então ela rapidamente leu as instruções para codificar a fechadura, inseriu uma série de números que ela esperava serem aleatórios o suficiente, enviou o número para Raphael por mensagem, então fechou a porta.
Pegando seu laptop, ela se estabeleceu na cama. O Wi-fi da casa apareceu, e ela entrou com o código de acesso, o que tinha sido incluso na mesma folha de informações que as instruções da fechadura da porta. Indo diretamente a sua caixa de entrada, ela encontrou o e-mail de Luci. Ele incluía diversos nomes e números de telefone de vários parentes, não apenas no Kauai, mas de outras ilhas também. Luci realmente tinha um monte de primos por aqui. A casa de Kauai estava no topo da lista com o endereço e uma foto, mais o número da prima dela na Europa só para o caso. O próximo da lista era o primo honorário Brandon que possuía um negócio de fretamento aéreo. Cyn iria ligar para ele de manhã, só pra trocar uma ideia, então ele saberia quem ela era se ela precisasse dele com urgência. O resto da lista era uma variedade de primos e serviços, incluindo um restaurante ou dois, os quais Cyn checaria se esta fosse uma viagem de férias. Mas desde que não era, ela pulou esses.
A prioridade amanhã teria que ser a casa no Kauai possuída pela prima de Luci. Se tudo fosse para o inferno, ela e Raphael e os outros iriam precisar de um lugar que os vampiros Europeus não tinham conhecimento. Ela e Robbie iriam precisar checar a casa, ter certeza de que ela servia aos seus propósitos, e então torná-la amigável aos vampiros tanto quanto eles pudessem em pouco tempo.
Ela ainda estava olhando a lista de Luci quando alguém bateu, ou esmurrou, a porta fechada. Olhando para cima com um olhar culpado, ela fechou o laptop, então pulou para fora da cama e digitou o código da fechadura com seu dedo. A porta se abriu para revelar o seu segurança vampiro, Elke, em pé do lado de fora e parecendo extremamente irritado.
— Que porra, Cyn? É muito mais fácil ser seu segurança se eu posso ver seu corpo magro.
— Supere isso, — Cyn zombou, fingindo que seu coração não estava acelerado. E o que era tudo isso? Ela não tinha nada pelo que se sentir culpada. Ela estava simplesmente fazendo o que Raphael tinha pedido a ela para fazer.
— Eu estava apenas estabelecendo o código da porta, — ela disse a Elke, puxando a porta completamente aberta e gesticulando para dentro. — Qual deles é o seu? — ela perguntou, balançando a cabeça para a linha de portas idênticas ao longo de ambos os lados do corredor, tentando desviar a ira de Elke.
— Segunda porta à esquerda, do lado de Juro. Você ficará feliz em saber que Jared está bem aqui, — ela adicionou, acenando para a primeira porta na direta.
— Pare com isso. Estou tentando me dar bem com ele esses dias. Onde está as instalações dos guardas humanos? Eu quero falar com Robbie.
— Sim, mas ele quer falar com você? Isso normalmente termina mal para ele.
— Você está exagerando. Você sabe onde ele está ou não?
— É claro que eu sei. O que você está tramando?
— Nada. O que te faz pensa...
Elke entrou mais no quarto e fechou a pesada porta novamente. — Cyn. Eu te conheço. Estamos em um lugar não familiar e Raphael está se preparando para encontrar um bando de vampiros que, por qualquer critério, são o inimigo. E você, minha amiga, não é do tipo confiante. Você assume, assim como todos nós fazemos, que isso não vai terminar em um encontro amigável de paz. Mas enquanto nosso senhor e mestre, a quem todos nós amamos e admiramos, assume que ele pode forçar uma saída sobre qualquer coisa, você sempre se planeja para o pior. Então, diga–me. O que você está tramando?
Cyn encarou Elke, seus lábios achatados em irritação. Ela era tão óbvia assim?
— Não se preocupe. Você só é óbvia para as pessoas que te conhecem e te amam. E não há muitos de nós, então você está segura; agora diga–me.
Cyn soprou uma respiração irritada, mas a verdade era que se o plano dela entrasse em vigor, ela iria precisar de Elke com ela.
— Ok, você está certa. Eu não confio em nada sobre essa situação, então eu fiz algumas investigações. Robbie e eu estamos indo checar algumas coisas amanhã e talvez no dia seguinte, enquanto o sol está ativo. Eu também tenho um contato que conduz um serviço de voo, e vou verificar com ele o tempo de trânsito entre as ilhas.
— Robbie já sabe sobre isso?
— Não, mas eu sei que ele vai concordar comigo quando ele ouvir o que eu tenho em mente.
— Eu nunca pensei que eu diria isso, mas eu acho que você está certa. O que eu posso fazer?
Cyn deu-lhe um sorriso genuíno. — Eu saberei mais por volta de amanhã à noite. Que horas é a reunião de Raphael com a gangue Eurolixo?
— Ainda não sabemos, já que não era suposto ele chegar até amanhã à noite. Não será até duas noites depois de hoje, entretanto, porque mesmo seus inimigos não esperam que ele vá do aeroporto diretamente para uma reunião. Especialmente não esses inimigos. Eles são em sua maioria velhos, e eu quero dizer velhos. Mas mais importante, eles são da velha escola, o que significa que não estão assim tão emocionados com as conveniências modernas como os aviões. Eles esperarão que Raphael seja igualmente apreensivo, e enquanto eles adorariam puxá-lo para uma reunião quando ele está fora de seu jogo, eles assumirão que ele nunca iria concordar com isso.
— Isso pode funcionar a nosso favor quando as coisas forem à merda — Cyn disse pensativamente.
— Você quer dizer se as coisas piorarem.
— Não realmente. Eu tenho um péssimo pressentimento sobre isso.
— Eu torcia para que você não dissesse isso.
— Eu desejava que eu não estivesse sentindo isso.
Elke suspirou. — Vamos lá, vamos encontrar o Robbie.
— Obrigada, Elke.
— Sim, sim. Só tenha certeza de que as minhas cinzas encontrem o caminho delas de volta para Malibu quando tudo isso terminar.
****
Raphael empurrou para o lado a estante de livros camuflada e começou a andar no corredor escondido em direção ao quarto que ele estava compartilhando com Cyn. Atrás dele, Juro trancou a porta segura para o dia. Estava muito perto do nascer do sol. Seu pessoal humano da segurança tinha assumido o controle, e a maioria de seus vampiros já tinham ido dormir em seus quartos. Raphael podia sentir a presença de Cyn em seu alojamento privado e estava louco para chegar a ela antes que o sol nascesse. A reunião com seus membros tinha levado mais tempo do que o esperado e tinha envolvido um breve reconhecimento do terreno fora da propriedade.
Juro estava numa firme crença de que os vampiros Europeus estavam muito próximos. Kauai era a casa base de Rhys Patterson, o mestre vampiro que controlava o que havia de vida vampira nessas ilhas, e Juro estava convencido de que os Europeus tinham de algum modo persuadido Rhys a ajudá-los. Por que mais organizar a reunião deles nessa ilha? Oahu era mais fácil de chegar com mais voos diretos e uma população humana maior. Teria feito mais sentido de realizar a reunião lá. Era bem possível que os Europeus estavam coagindo sua assistência, ameaçando seu povo ou a ele pessoalmente. Mas, de qualquer jeito, parecia que os Europeus estavam usando um de seus lugares como sua casa base.
Raphael tinha decidido fazer um reconhecimento de uma das residências principais de Rhys, a qual estava apenas alguns quilômetros de distância. Era uma das razões pelas quais Raphael tinha originalmente escolhido construir nessa localização. Haviam exceções, mas vampiros normalmente tendiam a viver em grupos, ou pelo menos construir suas casas na mesma vizinhança. Segurança numérica era uma das lições duramente aprendidas através dos séculos, e era uma das quais os vampiros nunca esqueceram.
Juro tinha objetado violentamente quando Raphael anunciou que ele iria liderar o reconhecimento ele mesmo. Juro tinha até levantado o espectro da reação de Cyn se ela descobrisse sobre isso, como se isso fosse dissuadir Raphael de ir. Ele respeitava a opinião de sua companheira e, francamente, amava a exibição agressiva de proteção em relação a ele. Mas ele não iria se acovardar atrás de paredes como uma flor frágil. Ele era um senhor vampiro e um malditamente poderoso. O povo dele precisava ser lembrado disso as vezes.
Como se revelou, a propriedade próxima de Rhys tinha estado vazia. O que era estranho por si só. Não tinha confirmado a teoria de Juro de que o mestre Havaiano tinha estado associado, mas certamente não tinha contestado isso. Rhys tinha ao menos duas outras casas nessa ilha; os Europeus podiam estar se hospedando em uma delas. Mas era curioso que não havia ao menos a menor força de segurança na propriedade que eles haviam visto esta noite. Fazia Raphael temer pela segurança de Rhys e de todo o seu povo.
— Eles estão esperando nossa chegada para amanhã à noite, — Raphael disse, parando do lado de fora de sua porta. — Mas não até mais tarde. A primeira coisa após o pôr do sol, eu quero um reconhecimento de todas as outras propriedades de Rhys, e eu quero alguém com cada uma das patrulhas de reconhecimento que seja forte o suficiente para me dizer quantos vampiros têm na propriedade, se tiver algum.
— E você, Sire? — Juro perguntou cautelosamente.
Raphael sorriu. — Eu irei liderar uma das patrulhas novamente, mas dessa vez levarei Cyn junto para me proteger.
Juro sorriu, conhecendo Cyn bem o suficiente para assumir que haveria uma briga acerca da segurança de Raphael antes de eles sequer saírem pela porta. Raphael pensou que ele não estava errado sobre isso. Por outro lado...
— Você gostaria de apostar o resultado? —Raphel perguntou ao seu chefe de segurança.
Juro riu profundamente em seu peito. — Não obrigado, Sire. Mas eu espero que essas paredes sejam suficientemente à prova de som.
Raphael sorriu, então disse: — O nascer do sol está próximo, e eu tenho uma companheira para oferecer boa noite. Nos encontraremos uma hora depois do pôr do sol na cozinha. Durma bem.
E com isso, ele rapidamente digitou o código da porta que Cyn tinha enviado a ele por mensagem mais cedo e entrou.
Cyn estava sentada na cama, uma longa e nua perna pendurada de lado, estendendo o robe de seda rosa que ela estava vestindo. Seu laptop estava aberto na frente dela e ela olhou para cima quando ele entrou.
— Como foi sua reunião? — ela perguntou, fechando o laptop e guardando-o na mochila.
Raphael a olhou cuidadosamente, se perguntando se ela já sabia que ele tinha ido explorar mais cedo. — Produtiva, — ele disse com imprecisão. — Você ficou aqui?
Ela deslizou para fora da cama e ele viu que ela não estava usando nada embaixo do robe, seus seios cheios balançando sob o tecido sedoso. — Eu fiz algum trabalho no computador, então Elke e eu fomos procurar Robbie. Só para, você sabe, pegar a configuração do terreno, descobrir onde todo mundo está dormindo, pegar um pouco de comida... para Robbie e eu, isso é. Elke já havia comido.
Raphael deslizou um braço ao redor da cintura dela assim que ela estava próxima o suficiente, puxando-a duramente contra seu corpo e soltando o nó em seu robe até que ele caísse aberto. O tempo era muito curto. O nascer do sol estava se aproximando dele e enquanto ele era mais forte que a maioria e podia resistir à demanda do sol por um curto período, não havia tempo para muitas preliminares. Não se ele estivesse indo provar sua Cyn antes do nascer do sol.
Cyn respondeu prontamente, envolvendo seus braços envolta de seus ombros e balançando-se levemente contra ele. Raphael engoliu um grunhido e acariciou suas mãos para baixo da coluna dela até apalpar sua bunda, pressionando seu quadril ainda mais perto, deixando-a sentir sua excitação.
Ela se levantou na ponta dos pés e o beijou, sem língua, apenas uma leve carícia de seus lábios macios, se afastando com um rápido giro de sua língua sobre a boca dele. Ela continuou a beijá-lo, movendo-se de sua mandíbula para o seu pescoço, seus dedos trabalhando à medida que ela se movia, puxando sua camisa para fora de suas calças, abrindo os botões de seus jeans um por vez. Era hábito dele comandar a menos que ele estivesse usando um terno, e essa noite não era exceção. Cyn olhou para cima, encontrando o olhar dele com um sorriso satisfeito quando ele deslizou a mão dela em seu zíper e o cercou um seus dedos elegantes.
Ela manteve seus olhos nos dele quando começou a acariciá-lo e isso era tudo que Raphael podia fazer para não pegá-la no colo e jogá-la na cama. Mas sua Cyn estava em um humor estranho essa noite. Ela não era naturalmente submissa, mas ela podia atuar convincentemente quando ela queria. E ele amava quando ela o fazia.
Ele grunhiu quando ela caiu em seus joelhos e levou-o em sua boca. Cristo, ela tinha uma boca quente. Uma talentosa, também. Ela fechou seus lábios sobre ele e sugou com força, levando-o profundamente dentro dela, sua língua rodopiando carícias ao redor de seu eixo, lambendo-o de cima a baixo como um pirulito. Ele colocou uma mão atrás da cabeça dela e, incapaz de se ajudar, impulsionou seus quadris para frente. Seu pau deslizou garganta abaixo, e ela gemeu suavemente, o som vibrando em volta de seu comprimento duro, quase lhe levando ao orgasmo. Mas ele não havia terminado com ela ainda. Ele começou a se mover lentamente, deslizando seu pau dentro e fora, fodendo sua doce boca, vendo a si mesmo movendo para dentro e para fora entre os lábios dela à medida que ela olhava para cima para ele, seus olhos cheios com desejo.
Quando ele não podia mais aguentar, quando ele pensou que ele iria estourar de sua pele se ele não aliviasse a pressão, ele aumentou o aperto no cabelo dela e começou a se mover mais rápido. Cyn deslizou uma mão entre suas coxas abertas e começou a acariciar a si mesma enquanto ele assistia, seus dedos se movendo rapidamente em sua cremosa buceta molhada, até que ela gritou, desencadeando a própria liberação poderosa dele.
Ela olhou para cima, para ele, enquanto ele entrava no clímax, sugando e engolindo, pegando cada gota. E então ela o lambeu, limpando-o como uma boa pequena escrava, até que com uma longa lambida, sugou-o deslizando para fora de sua boca, ela beijou a ponta de seu pau e sentou em seus calcanhares, seus olhos nunca deixando os dele.
Raphael encarou-a a medida em que o sorriso dela crescia. Isso totalmente arruinou a personagem de escrava, mas era cem por cento Cyn. Ela parecia o gato que lambeu a tigela até ficar limpa. Ele igualou seu sorriso, então colocou suas mãos embaixo dos braços dela e a levantou, jogando-a na grande cama. Rapidamente se livrando do resto de suas roupas, ele a seguiu, rolando ambos para debaixo das cobertas.
Cyn envolveu-se nele, apoiando o queixo em suas mãos, então ela podia olhar para o rosto dele, enquanto ela alcançava seu cabelo e puxava uma folha de samambaia.
— Bom reconhecimento hoje, garoto presas? — ela perguntou com um olhar malicioso em seus olhos verdes.
Raphael franziu. Ela sabia o tempo todo que ele tinha saído com sua equipe essa noite. E ela tinha lhe dado um boquete de qualquer maneira, jogando de doce submissa.
Ela piscou para ele, quando ela viu a realização cruzar seu rosto. Mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, o sol roubou sua consciência, deixando-lhe com dois pensamentos: primeiro, ele não iria ser capaz de puni-la por qualquer que fosse o que Robbie e ela planejaram para o dia, e segundo, ele realmente iria levá-la com ele, quando ele sair em reconhecimento amanhã à noite.
Capítulo 05
CYN SE AJOELHOU na cama e descansou a mão no peito de Raphael, esperando até que ela sentisse cinco batimentos cardíacos completos antes de levantar a mão. Inclinando-se sobre ele, ela beijou seus lábios e afastou uma mecha de cabelo de sua testa.
— Eu vou voltar, garoto presas. E vou ter cuidado.
Ela nunca tinha certeza do quanto Raphael estava ciente durante o dia. Ela sabia que qualquer forte emoção da parte dela, especialmente o medo, definitivamente o trazia a consciência. Mas além disso, não estava claro quantas vezes ele realmente ficava com ela. Supondo que isso dependia do quão determinado ele estava, da maneira como ele ficou no começo do seu relacionamento quando sentiu que estava se apaixonando por ela e tinha tentado quebrar isso. Exceto que, embora ele não quisesse se comprometer com ela, ele não queria que ela se comprometesse com qualquer outra pessoa. Então, ele estava escondido em seu subconsciente, enviando-lhe sonhos tão incrivelmente eróticos que ela não sabia o que era real e o que não era. Sonhos que a fizeram sentir dolorido quando acordava e se encontrava sozinha.
Mas isso foi há muito tempo, e neste dia em particular, ela suspeitava que Raphael ficaria perto de sua mente por razões inteiramente diferentes. Primeiro, porque apenas estar nesta ilha era um exercício de incerteza e perigo para eles. Eles sabiam, ou pelo menos fortemente suspeitavam, que os vampiros europeus já estavam aqui. Essa reunião foi ideia deles, e eles queriam se preparar antes que Raphael chegasse, procurando vantagem em um terreno familiar. E então havia o fato de que os europeus não podiam ser confiáveis e praticamente tudo o que eles diziam era suspeito.
Ela também sabia que Raphael a vigiaria hoje porque ele percebeu, no último minuto desta manhã, que ela tinha brincando com ele, que ela sabia o tempo todo que ele tinha precisamente se arriscado na noite passada ao vagar em torno da ilha com seus amigos vampiros, que ele teria ficado furioso se fosse ela que fizesse isso. O que significava que ele não tinha motivos para discutir com ela sobre o que ela e Robbie estariam fazendo hoje. Isso não significava que ele iria deixá-la sair assim. Ele estaria observando-a ao máximo com suas habilidades consideráveis, mesmo que seu corpo estivesse preso aqui no cofre. Mas ela não se importava. Hoje não. Havia uma espécie de conforto em saber que se ela e Robbie ferram-se tudo, se os europeus tivessem espiões há luz do dia, então Raphael e seus vampiros saberiam onde encontrá-la e a Rob, esperançosamente ainda intactos. Porque por mais que gostasse de correr riscos, riscos muito grandes, ela não tinha um desejo de morte. Nem mesmo perto disso. Não importa o que algumas pessoas pensassem.
Ela colocou o código na porta atrás dela, selando Raphael lá dentro. Em seguida, fez o mesmo para a porta na estante. Por um capricho, ela fez uma pausa o suficiente para examinar alguns dos títulos da estante e descobriu que eram livros de verdade – livros de receitas e livros gerais sobre comida e vinho. Provavelmente, para os clientes não vampiros que usavam a casa. Ela se aproximou e abriu a geladeira. Estava cheia de comida de verdade também, para o pessoal da segurança humana, e para ela. Para os vampiros, havia uma cozinha menor no corredor secreto com um imenso frigorífico sub-zero de aço inoxidável que foi abastecido com sangue ensacado.
— Está procurando o café da manhã?
Cyn girou ao redor com um sorriso para Robbie. Ele era um cara muito grande, cerca de um metro e oitenta e dois de músculos sob sua pele lisa e escura. Ele também era um ex-Ranger do Exército que estava acasalado com a governanta vampira de Raphael, Irina. Cyn e Robbie tinham passado por algumas merdas pesadas juntos não fazia muito tempo. Ele era mais do que seu guarda-costas; ele era seu amigo, e ela confiava nele mais do que em qualquer outra pessoa quando se tratava de lutar ao seu lado.
— Não estou com fome suficiente para o café da manhã — disse ela. — Eu vou apenas pegar um iogurte. Você quer?
— Eu já comi com os caras da segurança mais cedo, um grande café da manhã. Eu estarei bem por um par de horas pelo menos.
Cyn balançou a cabeça com um sorriso. Robbie tinha um grande apetite para ir com seu enorme físico e, como ele estava acasalado com uma vampira, nunca mais teria que se preocupar com a propagação de meia-idade. Ele tinha o metabolismo de um homem muito mais jovem, e ele era muito ativo, o que significava que ele podia comer o quanto quisesse.
— Vamos — ela disse, pegando sua mochila. — Vamos fazer nossa primeira parada na mercearia. Você pode pegar alguns sanduiches para mais tarde.
Robbie alcançou-a enquanto se dirigiam para a porta da frente. — A mercearia? Os caras fizeram grandes compras na noite passada.
— Eu sei. Mas eu quero ter certeza de que ninguém nos siga antes de começar a trabalhar e precisamos de alguns suprimentos.
— E qual é nosso trabalho?
Cyn parou nas escadas da porta da frente, olhando os SUVs todos alinhados e estacionados voltados para a frente, para uma fuga rápida. Ela ouviu a porta se fechar atrás dela, então o chocalho da porta como Robbie se certificasse de que estava trancado. Um dos sujeitos da segurança humana se materializou, balançando a cabeça quando reconheceu Cyn. Ela acenou com a cabeça em resposta, enquanto ele se misturava na floresta, depois ela apertou o botão no controle remoto que Elke lhe havia dado. O SUV mais próximo da porta da frente apitou, e ela caminhou até ele.
— Como eu disse na noite passada — ela disse a Robbie quando abriu a porta e deslizou atrás do volante, — A prima da mãe de Luci tem uma casa próxima que eu quero verificar. E então eu acho que estamos voando para Honolulu.
O grande veículo abaixou quando Robbie instalou-se no banco do passageiro. — Por que diabos vamos lá?
— Quero verificar os horários de viagem, aqui em Kauai, mas especialmente em Honolulu. Esse aeroporto é um zoológico e eu quero saber quanto tempo nos levará a pousar, pegar um carro e entrar na estrada.
— O Raphael sabe sobre isso?
Cyn lhe deu um sorriso presunçoso. — Confie em mim, Raphael não se importará.
— Uh hein. Você deveria me deixar dirigir — disse ele, sem qualquer deferência.
— Por quê? — Ela exigiu.
— Porque eu sou um motorista melhor.
— Você não é.
— Sim, eu sou, meu amor. Especialmente, quando se trata de manobras evasivas.
— Não vai chegar a isso. Somos apenas dois turistas que visitam as ilhas.
— Dois turistas bem armados. E como vamos pegar nossas armas em um avião?
— É um fretamento privado, outro dos primos de Luci. Ele sabe o que esperar. E eu estou dirigindo.
— Dê-me o endereço então, e eu vou programá-lo no navegador. Caso contrário, você vai matar-nos tentando fazer os dois.
Ela entregou a cópia impressa do e-mail de Luci, apontando o endereço local, que ela havia circulado.
— Não me deixe esquecer de apagar o histórico quando terminarmos hoje — disse ela, começando pela longa entrada.
— Ok — Rob falou distraidamente, seus grandes dedos tocando as informações no sistema de navegação, enquanto Cyn entrou na estrada principal e virou em direção à mercearia local.
****
O sol estava alto no céu, quando Cyn finalmente parou na entrada da casa da filha da prima da mãe de Luci. Ou algo assim.
— Não é exatamente uma grande propriedade — observou Robbie.
— Não é uma cabana também — disse Cyn. — Casas neste bairro valem mais de um milhão.
— Hã. Você tem uma chave?
— Eu sei onde encontrá-la.
— Por favor, não me diga que está debaixo de um vaso de flores.
Cyn sorriu quando saiu do SUV e caminhou pelo lado da casa, com Robbie como uma sombra próxima. Ele levava ser seu guarda-costas a sério. Raphael quase o matou na última vez em que ela ficou ferida. Não era culpa de Robbie, mas Raphael não se importara. Estava no turno de Robbie e isso foi o suficiente.
Atravessando a parte de trás da casa, ela cavou em uma pilha de rochas decorativas perto da grande churrasqueira ao ar livre e encontrou o que estava procurando. Parecia todas as outras rochas cinzentas, mas era uma daquelas falsas com um compartimento secreto. Ela abriu e segurou a chave para que Robbie visse.
Ele tirou isso dela, enquanto eles viravam de volta para a frente da casa. Ele inseriu a chave na porta e a abriu, uma mão na Beretta de 9mm no quadril e a outra fazendo com que ela estivesse atrás dele quando a porta se abriu em dobradiças silenciosas.
A casa tinha aquele sentimento vazio que lhes dizia que ninguém estava em casa e não tinha estado por um tempo. O ar estava mofado e úmido, apesar do ar condicionado que fazia ruídos, enquanto caminhavam para a cozinha. A temperatura na casa foi ajustada apenas o suficiente para combater o penetrante e potencialmente prejudicial, umidade e calor, mas não suficientemente baixo para o conforto humano. Cyn não se preocupou com isso agora. Sua única preocupação era verificar os quartos e outros ambientes e fazer o que fosse necessário para torná-los seguros como um refúgio de emergência para os vampiros.
Robbie já estava na cozinha e abriu a porta para a garagem. — A garagem está vazia — ??ele estava dizendo. — Eu vou puxar o SUV para dentro.
Cyn lhe lançou as chaves, depois fez uma rápida caminhada pelo piso térreo. A casa era muito melhor do que parecia da rua. O interior era aberto e arejado com o que pensava ser uma típica decoração havaiana – muitas cores claras e padrões florais brilhantes. Havia um grande pátio que dava para um campo de golfe, com muitas árvores fornecendo cobertura entre o verde e a casa em si.
Robbie voltou e eles verificaram o andar de cima juntos. Havia quatro quartos, incluindo uma suíte master espaçosa. Uma varanda ampla e aberta era acessível de cada quarto através de grandes portas de vidro deslizantes. Isso era um problema, mas era um que ela havia antecipado. Alguns dos suprimentos que eles pegaram no supermercado tratariam disso.
— Nós teremos que cobrir essas portas — disse ela, afirmando o óbvio. Robbie estava acasalado com uma vampira, ele entendia a situação assim como ela fez.
— Talvez devêssemos ter comprado alguns sacos de dormir. Os vampiros terão que dormir, e não há camas suficientes — observou Robbie. E ele estava certo. Havia apenas uma cama em cada um dos quatro quartos. Raphael teria naturalmente um quarto para si mesmo, o que significava que os outros – incluindo Juro e todos os guardas vampíricos de Raphael – teriam que se espremer nos outros três. Ajudava que, uma vez que os vampiros estivessem fora para o dia, eles estavam realmente fora. Não se levantavam para fazer um xixi rápido, sem rolar, nem roncar. Pelo menos não na experiência de Cyn, que era apenas com Raphael. Por tudo o que ela sabia, alguns vampiros roncavam como loucos.
— Nós, seres humanos, podemos dormir no andar de baixo — continuou Robbie.
— Não devemos ficar aqui por mais de um dia — acrescentou Cyn. — Todo mundo pode sofrer por um dia de merda.
— Concordo. Eu vou encontrar alguns cobertores e toalhas para usar nas janelas. Deve haver muitas toalhas de praia, se nada mais.
— Nós também podemos usar folhas, se elas estiverem escura o suficiente. Vamos sobrepor se tivermos que fazer.
— Espero que as pessoas de Luci não se importem com o fato de encontrar buracos nos lençóis.
— Vou comprar novos para eles.
Robbie começou a subir as escadas. — Não entre em problemas enquanto eu estiver fora.
— Você vai estar no andar de baixo — disse Cyn.
— Exatamente.
Cyn bufou com desdém e começou a abrir caixas de tachinhas e desenrolar rolos de fita adesiva. Boa velha fita adesiva.
Robbie estava de volta em minutos, despejando uma braçada de cobertores, lençóis e toalhas na grande cama king-size na suíte master.
— Vai ser mais rápido se trabalharmos juntos — ela disse e começou a puxar lençóis da pilha. — Iremos de quarto em quarto.
Robbie tirou o lençol dela. — Eu vou segurar, você prende.
Demorou mais do que Cyn esperava, mas um pouco mais de uma hora depois, eles tinham todas as janelas no andar de cima cobertas, mesmo as que estão nos banheiros e no final do corredor. Eles não podiam fazer nada sobre a luz subindo a escada aberta, mas isso não deveria ser um problema. Mesmo cobrir as janelas nos banheiros e no corredor era exagerado. Se os vampiros estivessem chegando tão perto que o sol já estava nascendo, eles teriam problemas muito maiores do que um pequeno vazamento de luz. Inferno, se esse fosse o caso, eles poderiam acabar à luz do dia na garagem.
— Você sabe — ela disse devagar. — Devemos cobrir aquela pequena janela na garagem. Apenas no caso.
Robbie lhe deu um olhar pensativo. — Bom pensamento. Podemos fazê-lo no caminho de saída. Quando deveríamos encontrar o seu piloto?
Cyn verificou o relógio. — Seu nome é Brandon, e ele está aguardando minha ligação. Eu devo avisá-lo com uma hora de antecedência. Se eu ligar quando sairmos daqui, deve dar tempo. O aeroporto fica a uma hora de carro, mas não tenho ideia de como é o tráfego. Essa é uma das coisas que eu preciso saber.
— E na outra extremidade?
— Eu arrumei um carro alugado em Honolulu. Outro dos primos de Luci tem um aluguel vazio Diamond Head, então eu estou fazendo Brandon nos levar para Honolulu International. Eu mapeei a casa no Google e deve ser uma curta viagem do aeroporto, mas novamente, eu não sei como é o tráfego. Nós também não vamos fazer toda a preparação, já que não sei se usaremos a casa. Mas eu quero ter suprimentos suficientes no local, para que possamos prepará-la rapidamente para os vampiros, apenas no caso.
— Por que você está olhando para Honolulu? O que está acontecendo aqui, Cyn?
Cyn lhe deu um olhar aflito. — Eu não quero parecer paranoica ou qualquer coisa, mas não confio nesses vampiros europeus. Eu sei o que você vai dizer — ela acrescentou apressadamente, erguendo uma mão. — Que Raphael também não confia neles, que ele está entrando com os olhos abertos. Mas a diferença é que enquanto ele gostaria de lhes dizer para se foderem, ele não pode. Ele deve encontrá-los, o que é o mesmo que dizer que ele tem que entrar em uma armadilha se é o que eles estão planejando, e eu realmente estou com medo. Eu acho que Acuña não é mais que um ensaio geral para esta reunião, e pretendo estar preparada para a real coisa.
— Ok, então isso explica ter esta casa como um esconderijo temporário, mas o que acontece com Honolulu?"
— E se nós quisermos, ou precisarmos, sair dessa ilha rapidamente? Para se afastar de qualquer armadilha que os europeus planejaram? Eles esperam que Raphael vá para seu próprio avião no aeroporto principal. Mas ter Brandon nos levando seria a última coisa que eles esperariam. E Honolulu é uma grande cidade, fácil de perder-se.
— Você é um pouco pensativa sobre isso, querida.
— Talvez. Mas não vai nos custar muito para estar preparado.
Robbie encolheu os ombros. — Você me pegou lá. Assim... podemos pegar o almoço em Honolulu?
Capítulo 06
MUITO MAIS TARDE NAQUELA noite, Cyn estava seguindo Raphael pela selva – será que o Havaí poderia ser classificado como uma selva? O que classificaria uma selva de qualquer maneira?
— Posso ouvir você pensando, Lubimaya
— Tudo que posso ouvir é você andando — Elke murmurou de trás dela
Raphael parou debaixo de uma larga folha de palmeira... ou talvez era uma gigante samambaia... Seja lá o que fosse os protegia da persistente chuva que havia começado a cair logo após o pôr-do-sol e nunca mais terminou.
Querendo proteger a visão noturna de Raphael, ela tapou uma pequena lanterna Maglite que apenas ela precisava e tentou relembrar o porquê de ter querido vir nessa pequena excursão.
Raphael sorriu para ela, claramente divertido com a sua situação. — Você é normalmente mais discreta que isso. Você parece estar preocupada.
Cyn considerou dizer-lhe que a sua preocupação era mais voltada a demasiada abundância de flora do Havaí, mas decidiu não dizer. O deixou pensar que ela estava fazendo coisas importantes durante todo o dia, o que havia feito, e era isso que a sua mente estava ponderando, o que havia feito. Ela estava satisfeita com o que ela e Robbie tinham conseguido.
— Tentarei ficar quieta. Estamos muito distante?
Raphael bateu no botão do Bluetooth de sua orelha, seus olhos indo para longe dela enquanto escutava. Ele tinha três equipes checando diferentes propriedades naquela noite, então a chamada poderia ser de um dos outros grupos, ou poderia ser alguém do próprio grupo de reconhecimento do Raphael, um dos cincos que estavam espalhados ao redor dele, não incluindo ele, Cyn ou Elke.
Raphael tocou no botão de novo o desconectando, então: — O explorador a frente alcançou o perímetro. Ele irá nós guardar até a gente se juntar a ele. Não mais que noventa metros.
Cyn lutou para não suspirar. Mais noventa metros em uma selva molhada. Ela preferia muito mais sua própria missão de reconhecimento, a qual apenas envolvia uma verificação de casas caras. — Pronto quando você estiver — ela disse alegremente.
Raphael pegou a sua mão — Fique atrás de mim e caminhe por onde caminho. Vai ser mais fácil para você.
— E mais silencioso — Elke sussurrou formando uma fila detrás dela.
— Sem mais conversa — Raphael ordenou. Apertando a mão de Cyn com mais força, ele acelerou o ritmo até finalmente romperem uma última linha de árvores e então, pararem abruptamente.
A casa estava bem à frente deles, do outro lado da ampla faixa de gramado bem aparado que provavelmente era de um verde-esmeralda em um dia ensolarado. Não havia luzes do lado de fora, nem sequer uma luz na varanda ou no pátio para quebrar as sombras. Embora dentro fosse outra história.
Luz fraca saía pelas pequenas frestas das janelas em ambos os andares da casa de dois andares. Ela conseguia enxergar movimentos por meio das translúcidas cortinas no andar de baixo, enquanto no andar de cima a janela estava coberta com um blackout imperfeito que mostrava finas linhas de luz ao redor das bordas. Parecia que vampiros estavam na residência.
O Explorador de Raphael materializou-se próximo a eles, movendo-se tão silenciosamente que Cyn não o havia notado até que ele estivesse ali. Elke cutucou Cyn, dando a ela um olhar significativo quando ela encarou, como se para dizer que era assim que era para ser feito. Cyn apenas deu de ombros. Ela nunca foi capaz de se mover como os vampiros; era inútil fingir o contrário.
— Definitivamente vampiros, meu senhor. — Disse o explorador, sua voz mal discernível. — Eles têm um perímetro de segurança, mas apenas perto da casa. Eles também são vampiros, embora não eu reconheça nenhum deles.
Raphael acenou e adquiriu aquele olhar não–realmente–lá em sua cara, que lhe disse que ele estava examinando a casa com seus sentidos extremamente superiores. Ele se agachou lentamente, levando-a com ele. Do outro lado, o explorador copiou seus movimentos, encarando a casa como se estivesse tentando ver o que o seu mestre estava vendo.
Eles permaneceram desse modo por alguns minutos até que entre um piscar de olhos e outro, Raphael estava de volta. Ele não disse nada, simplesmente sacudiu a cabeça para o explorador indicando que a trilha atrás dele, o que Cyn considerou que significava que ele queria que eles voltassem para o veículo. Mais caminhada longa e difícil pela selva molhada. Fantástico.
Raphael ficou de pé, puxando Cyn para seus pés, então girou-a para o lado em que eles vieram. Ele ergue o queixo para a Elke que andou na frente, então Cyn e Raphael em sequência. Cyn imaginou que provavelmente havia um par de vampiros formando uma retaguarda. Raphael poderia ser o senhor deles e mestre e superpoderoso, mas Juro iria esfolar esses guardas vivos se algo acontecesse com o seu Sire.
Eles demoraram a chegar aos seus veículos – os quais felizmente eram quatro por quatro. Eles estavam escondidos em uma estreita trilha que era um pouco maior que um caminho de animais e Cyn não tinha desejo de andar de volta para casa, porque seus carros ficaram afundados na lama –quando Raphael recebeu uma nova chamada. Entretanto, isto o pôs em ação.
— No carro agora — Ele estalou, abrindo a porta e empurrando Cyn para dentro.
— O que é? — Ela perguntou não mais se preocupando com a chuva ou a lama.
A poderosa SUV rugiu a vida. O motorista trocou as marchas, rodas giraram conforme ele manuseava o carro para dentro da trilha e mudando para alta velocidade em direção a estrada principal.
— Raphael? — Cyn perguntou.
— Assumimos que nossos anfitriões estariam observando o aeroporto essa noite, alertas para a nossa chegada, então arranjamos um chamariz de pouca qualidade, uma armação de chegada para qualquer um que assistisse.
— Mas eles sabiam que não era você chegando naquele avião, não é?
— Não necessariamente. Eles não esperavam que eu anunciasse a minha presença, então eles teriam que ir pela minha descrição física somente. O jato entrou no hangar ao chegar essa noite, assim como nós na noite passada, que tem o beneficio de esconder passageiros de uma vista casual. Três veículos saíram do hangar e foram conduzidos por esse caminho. O telefonema era do líder da equipe dos motoristas desses veículos. Eles pegaram um atalho direto do aeroporto.
— Mas isso provavelmente significava que eles caíram no chamariz e não sabem que você já está aqui. Não é bom?
— Sem dúvidas.
— Então, por que estamos correndo de volta?
— Uma de nossas SUV ficou para trás para confrontar nossos seguidores, deixando outra SUV e uma limusine seguir em frente. Eles assumirão que estou dentro da limusine, o que significa que tenho que estar em casa quando os observadores finalmente chegarem.
— Por que guiá-los para a casa? Deixar nossos caras despistá-los?
Raphael deu-lhe um aquele sorriso que significava que o lado violento de sua personalidade estava se mostrando novamente.
— Era para ser um comitê de boas–vindas, minha Cyn. Um mensageiro do mestre destas ilhas.
— Ok, certo. Eles estavam bisbilhotando claro e simples.
— Eles estavam curiosos — ele reconheceu — Contudo não posso deixá-los tentar encontrar nosso avião.
Cyn franziu os lábios e encolheu os ombros, deixando sua linguagem corporal dizer o que ela não sabia o porquê — Estou assumindo que Juro estará na casa também.
— Tente mantê-lo afastado — disse Raphael, secamente, conforme o veiculo fazia um movimento brusco de um lado para o outro, virando para a longa entrada que levava a casa.
Os outros dois carros da equipe de observação estavam em sua cola e seguiram para dentro da garagem de múltiplos carros. Pela primeira vez, Cyn estava agradecida que estava chovendo, já que isso lavava a maioria dos rastros dos pneus em caso de alguém se preocupar em olhar. A porta de chumbo da garagem foi rolada para baixo pelo controle remoto assim que os veículos entraram. Uma porta conduzia da garagem para a cozinha principal e a partir daí, eram apenas alguns passos até o corredor privado atrás da estante de livros.
Raphael levou Cyn diretamente para o seu quarto e digitou o código da porta num borrão na velocidade de vampiro. Abriu a porta apenas o suficiente para eles entrarem e então, fechou a porta atrás deles.
— Há algum código de vestimenta para essa reunião? — Cyn perguntou apenas meia irônica conforme corria em direção ao closet. Se essas pessoas fossem tão antiquadas quanto Elke dissera, talvez eles esperassem que a companheira de Raphael estivesse vestida formalmente. Ela trouxe um vestido e uma sandália de salto alto, pensando que talvez houvesse algo como um jantar formal, então ela estava mais ou menos preparada.
— Cyn
Era apenas o seu nome, mas o modo como Raphael o disse e o olhar em seus olhos quando ela se virou para estudá-lo, lhe disse que tinha mais notícias ruins chegando.
— Não quero você comigo.
Ela franziu o cenho. — Onde com você?
— Hoje, amanhã. Não quero que eles saibam que você está aqui, ou ao menos saibam como você se parece.
— Mas eles já sabem como me pareço. Eu estava no México, lutei contra Violet com você.
— Violet foi a única sobrevivente da noite. — Ele apontou — O resto não a viu em pessoa, e nenhum deles sabe que você está aqui. E quero manter deste jeito.
— Por quê? Não confi...?
Raphael a agarrou pelos ombros, dando-lhe uma pequena sacudida. — Não diga isso. Confio minha vida a você. Confio em você mais do que em qualquer um, incluindo meus próprios filhos.
— Então por quê? — Cyn amaldiçoou, as lágrimas estavam pressionando a parte de trás de seus olhos e podia sentir que seus sentimentos estavam feriados e ela precisava saber o que ele estava pensando.
Raphael abrandou seu domínio sobre ela. — Dois motivos. O primeiro é que não a quero machucada. Esses vampiros não terão escrúpulos em usá-la contra mim. Isso é o porquê não te defendi no México, para que eles não conseguissem ver o quanto você significa para mim.
Cyn assentiu. — Mas quero ficar com você, Raphael, não atrás de você.
— O que revela o meu segundo motivo. Se eles não sabem sobre você, eles não podem se proteger contra você. Se algo der errado, você será minha arma secreta.
Cyn bateu seu punho contra o peito dele. Ele estava certo, mas ela odiava isso. — Não é justo — ela sussurrou.
— Eu sei. E sei que vai contra todos seus instintos permanecer nas coxias e esperar. Mas estou pedindo para você fazer isso para mim.
Ela fechou os olhos, lutando contra o medo e a tristeza enrolando na parte de trás de seu cérebro, ameaçando dominar seus pensamentos. Raphael pós seus braços ao redor dela e a trouxe perto dele, seus lábios em seu cabelo. — Amo você, Cyn.
Ela assentiu contra seu peito. — Eu sei. E irei fazer o que você quer com uma condição.
Ela sentiu sua boca curvar em um sorriso. — E o que seria?
— Prometa-me, Raphael, que você permanecerá vivo e que irá voltar para mim.
— Irei fazer tudo ao meu alcance para voltar para você, lubimaya. Sempre.
— Ok. — Ela saiu de seus braços, se afastando para sentar na cama. E lá permaneceu, assistindo Raphael tirar suas roupas sujas e molhadas, lavar seu rosto e passar uma toalha em seu cabelo molhado. Ele mudou para par de calças e vestiu uma camisa, sem gravata, a camisa aberta no colarinho. Ela gostava dele em seus jeans 501 e camisa, mas Raphael parecia bem em tudo e essa era a sua versão havaiana do uniforme de mestre do universo. Quando ele ia conhecer outras pessoas – aquelas que orquestravam encontros e eram verdadeiramente uma ameaça para todos eles – ele ia para um terno completo e gravata, não importando o clima tropical ou a localização. Mas esta noite era casual, desde que supostamente ele acabou de chegar de um longo voo de L.A.
Quando terminou de se vestir, ele veio para perto da cama e puxou-a em seus pés, então puxou sua cabeça para trás pelos cabelos e lhe deu um longo e molhado beijo.
— Não irei demorar. É uma chamada de cortesia, nada mais.
— Estou supondo que irei esperar aqui?
Raphael sorriu. — Por acaso, sou um idiota? — ele perguntou retoricamente. — Vamos. Não quero que eles a vejam, entretanto, definitivamente quero que você os veja. — Andando até a porta, ele digitou o código e a porta se abriu. Virando, ele lhe deu uma piscadela, então abriu a porta totalmente, revelando o irmão de Juro, Ken’ich, esperando no corredor ao lado de uma porta aberta.
Cyn deu-lhe um sorriso surpreso. Ken’ich não tinha voado com eles na noite passada, o que a tinha deixado confusa na hora, já que Juro e seu irmão estavam quase que constantemente ao lado de Raphael. Entretanto, agora ela notou que ele chegou num segundo avião nesta noite, o que claramente fazia parte do plano o tempo todo. Ainda assim, qual era a causa dele estar esperando por ela agora? Eles deveriam ficar juntos? Jogar cartas ou assistir filmes para manter sua mente do fato que Raphael estava indo se encontrar com os caras maus apenas alguns metros dela? Ela gostava de Ken’ichi o suficiente, mas ele não era exatamente um sujeito falante.
Raphael tinha uma mão em suas costas e a impulsionou para frente. — Você veio no avião da isca? — ela perguntou, sabendo a resposta, mas necessitando conversar.
Ken’ichi concordou em silêncio, apenas seus olhos oferecendo uma saudação calorosa.
Ela e Raphael passaram pela porta aberta onde Ken’ichi estava parado, e Cyn olhou para dentro. Ela não tinha estado em nenhum dos quartos, exceto aquele que ela e Raphael compartilhavam, então ela estava curiosa.
— Oh! — Ela disse, encarando as prateleiras e fileiras de equipamentos e monitores, um do qual mostrava os guardas de Raphael cumprimentando os convidado naquele exato momento.
— Um sistema de segurança! — Ela disse encantada
— Um centro de controle de segurança — corrigiu Raphael.
— Tem som?
— Não seria útil de outra forma.
— Legal — girando, ela levantou-se nos dedos dos pés e beijou Raphael nos lábios. — Fique bem, garoto presas. Estarei observando.
Raphael revirou seus olhos, algo que ela estava certa que ele nunca tinha feito antes de encontrá-la, e depois, ele deu um tapinha na bunda dela e se dirigiu para a porta escondida. Com seus visitantes inesperados significava que a porta estaria fechada, então ele digitou os códigos antes de abri-la. Cyn o observou desaparecer na cozinha, então se inclinou para trás para assistir Juro juntar-se a ele no vídeo do monitor. Ambos foram passando de câmera para câmera até aparecerem na sala de estar principal, aonde os convidados estavam esperando.
Entrando no quarto de segurança, Cyn puxou uma pequena cadeira na frente do monitor principal, deixando a mais confortável para o seu companheiro, que, sendo um gêmeo idêntico de Juro em todos os sentidos, precisava de espaço e suporte extra. Ela estendeu a mão e aumentou o volume.
— Lorde Raphael — Os convidados disseram em uníssono quando Raphael caminhou para dentro da sala. Os dois aparentavam terem origem havaiana; com cabelo preto e olhos escuros, altura mediana e forte, não gordo, mas estruturados. Estavam vestidos com roupas quase idênticas – calça de linho de cor clara e uma camisa de estilo havaiana, mas com cores pastel sólidos, ao invés das estampas florais. Também, pareciam ter aproximadamente a mesma idade, ao redor dos trintas anos, mas aparências significavam pouco para um vampiro. Raphael saberia no momento em que entrasse na sala a real idade deles e o quão poderoso eles são. Não havia nenhuma maneira que Cyn pudesse julgar essas coisas pelo monitor, o mesmo aconteceria se eles estivessem na frente dela. Ela poderia distinguir vampiro do humano, mas era só isso.
O terceiro mensageiro não parecia que saia normalmente com os outros dois. Não aparentava ter mais que uns vinte e poucos anos, usava um jeans escuro e uma camisa de botões preta com as mangas enroladas na metade do seu antebraço. Seu cabelo castanho escuro estava espetado com gel, suas orelhas e sobrancelhas eram furadas, suas orelhas mais de uma vez, e ele usava óculos de aro preto. Esse último item fez Cyn piscar em surpresa. Ela nunca viu um vampiro usar óculos antes e se perguntou se ele não fez isso apenas para efeito. Indo para um look nerd, talvez.
— Você acha que esses são óculos reais? — perguntou.
Ken’ichi pareceu pensar, então disse: — Sim, você pode ver a distorção nas lentes. Elas são receitadas por médicos.
Cyn deu uma piscadela com um sorriso. Era uma noite de surpresas, aparentemente. Isso foi o máximo que ela já o ouviu falar de uma só vez.
— Alguma vez você já viu um vampiro usar óculos? — Ela perguntou, empurrando a sua sorte.
Ele franziu a testa, pensando, então balançou sua cabeça.
— Talvez não seja um vampiro.
— Pode dizer isso daqui?
Ele balançou a cabeça. Cyn respirou fundo para perguntar outra coisa, contudo, Raphael e os outros estavam falando e ela não queria perder isso.
— Bem-vindo ao Havaí, Lorde Raphael. — Disse um dos outros dois caras mais velhos, um com a camisa cor de pêssego.
— E você quem é? — Juro perguntou, nada amigavelmente.
— Perdoe-me, meu senhor. Eu sou Kale e esse... — ele disse, indicando o vampiro de camisa azul ao seu lado — É o Jonathan.
Raphael deu ao homem nerd um olhar avaliador.
— Donovan Willis, Lorde Raphael. Eu sou um especialista de segurança de Rhys Patterson. O mestre Patterson não sabia qual era sua estrutura de sistema de segurança aqui e então me enviou para oferecer meus serviços.
Próximo a Cyn, Ken'ichi bufou com desdém.
— Eu sei, não é? — Ela disse agradavelmente. — O que essa cara pensa, que vamos apenas deixá-lo dançar por aqui e invadir nosso sistema?
Na tela, a expressão de Juro refletia sua avaliação, mas Raphael parecia quase divertido. — Minhas pessoas são completamente capacitadas, senhor Willis, contudo, obrigado pela oferta.
— Tem certeza, meu senhor? Há aspectos específicos da internet...
— Deixe isso ir, garoto, — Kale estalou. — Desculpas, meu senhor. Ele é humano.
— Bem, isso responde a questão, — Cyn murmurou. O comentário sarcástico de Kale sobre a humanidade de Donovan Willis trouxe à mente a precaução de Raphael de mais cedo. Ele estava certo sobre o desdém deles aumentar o perigo dela, mas sob certas circunstâncias, ela podia fazer essa atitude trabalhar a seu favor.
Mas Kale, ou Sr. Pêssego, como Cyn mentalmente estava se referindo a ele, não tinha terminado. — Trago saudações do Mestre Patterson e de seus convidados.
— Onde está o Mestre Patterson? — Raphael perguntou suavemente.
— Ele permanece com seus visitantes europeus esta noite, meu senhor. A viagem deles foi longa e difícil.
— É uma distância significativa — Raphael concordou sem trazer à tona a desagradável revelação precisa de quando eles fizeram essa longa e difícil jornada. Especialmente, porque provavelmente forçaria o Sr. Pêssego a mentir. Embora possa ser engraçado vê-lo tentar.
— O Mestre Patterson tem a honra de servir como mediador para essa disputa, Lorde Raphael. — Jonathan (também conhecido como Sr. Azul) concordou. — Ele aguarda com expectativa o que certamente será uma resolução amigável.
— Como todos nós.
— Há mais alguma coisa? — Juro perguntou abruptamente. — Lorde Raphael, também, fez uma longa viagem.
— Claro. Perdoe-nos, meu senhor. — Sr. Pêssego disse imediatamente. — Se não houver objeções, Mestre Patterson gostaria de começar as negociações amanhã à tarde em sua residência pessoal. — Ele estendeu o que parecia um cartão de negócio excessivamente grande para Raphael, mas Juro interceptou, tomando o cartão oferecido.
Sr. Pêssego parecia assustado com o movimento rápido de Juro, ou talvez fosse por que o tamanho dele é facilmente o dobro do Sr. Pêssego. De qualquer forma, deu a Juro um olhar inquieto, então mexeu no bolso da camisa que tinha o cartão de visita, como se quisesse saber se ele deveria ter trazido mais, antes de finalmente, dirigir-se a Raphael de novo — Esse cartão indica o local do encontro, meu senhor. Posso dizer ao Mestre Patterson que você concorda?
Raphael não disse nada por um longo tempo, longo o suficiente para que Pêssego e Azul tivessem ambos um distinto e desconfortável olhar, enquanto o nerd Donovan Willis parecia apenas divertido. Interessante.
— Estaremos lá. — Raphael disse finalmente, com um pequeno sorriso que parecia brincar sobre sua boca, embora fosse difícil ver os detalhes nas filmagens de segurança.
— Excelente, meu senhor — Pêssego disse.
Se não fosse um vampiro, Cyn teria jurado que Pêssego estava suando com a preocupação, o que era estranho considerando que seu único propósito essa noite era ser parte de um glorioso comitê de boas-vindas. Sem o colar havaiano. Mas a fonte dessa preocupação – parte da má atitude geral de Raphael, é claro – ficou evidente nas suas próximas palavras.
— Uh, isto é, desculpe-me, Lorde Raphael, mas...
Raphael não facilitou para o cara. Ele apenas assistiu, esperando ele gaguejasse isso para fora.
— Os, ah, termos da negociação estipulam que as partes da, eh, negociação, tragam apenas um convidado cada um para o encontro.
Raphael inclinou a cabeça para o vampiro gaguejante, o que fez literalmente Pêssego dar um meio passo para trás antes de se firmar e ficar parado.
— Esses eram os termos — Raphael disse.
O que ele não fez, Cyn notou, foi concordar. Mas Pêssego claramente usou seu último fragmento de coragem e decidiu não empurrar Raphael para um compromisso mais específico.
— Obrigado, meu senhor, e novamente, bem-vindo às ilhas. — Ele disse, dando uma pequena saudação e apressou-se para a porta da frente, com Azul se arrastando em seu rastro.
Donovan Willis, por outro lado, observou os dois vampiros com uma óbvia antipatia antes de segui-los para fora. Em um último minuto, ele virou-se e deu a Raphael um olhar penetrante, e Cyn poderia jurar que havia algo que ele gostaria de dizer. Mas, então, ele deu uma pequena sacudida na cabeça e com aparência relutante, seguiu o rastro de seus companheiros.
Cyn esperou até a porta da frente ser fechada, até que a câmera de segurança da frente mostrasse seus visitantes entrando no carro e dirigindo de volta, e então, ela empurrou a cadeira para trás e se dirigiu para a porta do quarto-seguro. Antes de alcançá-lo, de qualquer forma, a porta oculta guinou aberta e Raphael apareceu. Ela foi direto para seus braços, sentindo como se ele estivesse em perigo, mesmo que nenhum dos três representavam uma real ameaça. Ao menos, não que ela pudesse dizer.
— Você não está realmente... –— Cyn começou a protestar, mas Raphael a levou de volta para a entrada e esperou até Juro fechar a porta segura antes de colocar todos dentro da sala de segurança.
— Eles estavam mentindo sobre Patterson, meu senhor. — Juro grunhiu em sua voz profunda. — Eles são tolos por pensar que podem mentir para você?
— Estavam mentindo — Raphael concordou. — Apesar disso, suas motivações são mais difíceis de discernir. É possível que eles não estejam completamente informados. Conheço as pessoas de Patterson, no entanto, nenhum desses dois eram dele.
— Poderiam ser novos? — Cyn perguntou
— Eles não são — Raphael disse simplesmente.
— Então, eles estão aliados com os europeus, e assumiram que você não saberia diferenciar já que eles pareciam locais. Isso não cheira bem para seu amigo Patterson.
— Não, não faz. Apesar disso, penso que ele não está morto ainda. Eles precisam dele para ao menos fazer uma aparição amanhã à noite.
— E quanto ao nerd? — Cyn perguntou. — O humano. — Ela esclareceu, sob o olhar interrogativo de Raphael. — Ele não parecia gostar muito do Pêssego e do Azul.
— Pêssego e Azul? — Raphael perguntou com evidente divertimento.
— Essas camisas são novas, provavelmente, ainda tem a etiqueta nelas. E se vestiram mais como gêmeos do que como vocês garotos. — Ela acrescentou, gesticulando para Juro e seu irmão que estavam lado a lado contra a parede, preenchendo a pequena sala só com eles dois. E adicionando Raphael, que não era uma pessoa pequena, havia definitivamente uma abundancia de vampiro por metro quadrado.
— O Nerd, como você o chamou — Juro comentou, — não era afeiçoado por seus companheiros, contundo ele realmente queria muito colocar suas mãos no sistema de segurança.
— Isso foi estranho. — Cyn disse. — Ele realmente não pensou que o deixaríamos fazer isso, não é?
— Por mais que ele queria o acesso, não acredito que era o seu real propósito vir essa noite. Será interessante saber mais sobre o Sr. Willis.
— Irei fazer algumas escavações. — Cyn ofereceu, esperando contribuir um pouco mais do que apenas levantar os cotovelos sobre os monitores de segurança numa pequena sala e passear pelas mansões.
— A casa que tínhamos sob vigilância mais cedo, antes que tivéssemos que correr de volta para cá, é quase que certamente uma das deles — Raphael comentou, mudando o assunto. — Detectei dez vampiros, dois dos quais eram senhores, e outros mais como mestres, incluindo dois guardas.
— Não puderam trazer tantas pessoas com eles, então, provavelmente trouxeram apenas mestres ou acima disso. Não trouxeram um contingente de segurança completa, pois a maioria dos lutadores não são mestres vampiros. Assim, os mestres que vieram estão fazendo um dever duplo. —Juro comentou, então, puxou de seu bolso, o cartão que o Pêssego lhe deu. — O endereço bate com a casa em que você esteve mais cedo, Sire. Embora, no local que a minha equipe investigou, também encontrou ao menos um Lorde e vários vampiros com poderio considerável. A assinatura de poder era considerável. Poderiam ter dez dessas casas na ilha — ele acrescentou sombriamente. — Não temos noção de seus números.
— E o nosso homem no aeroporto? — Raphael perguntou.
— Ele viu um jatinho particular chegando cinco dias atrás. Entrou diretamente no hangar, mas ele foi capaz de ver que apenas cinco passageiros desembarcarem. Todos vampiros, mas ele não sensível o suficiente para determinar seus níveis de poder. Julgando pela sua linguagem corporal e dos outros ao seu redor, ele ousou supor que dois eram, se não lordes, pelo menos mestres poderosos. Seguindo minhas instruções, ele não os seguiu do aeroporto, mas permaneceu observando. Não houve mais chegadas desde então, mas ele é só um homem, e apenas esteve lá por uma semana. É inteiramente possível que seus inimigos vêm se agrupando há um tempo.
Cyn se aproximou de Raphael, deslizando sua mão na dele, enquanto seu estômago se embrulhava com medo. Juro estava certo. Os caras maus aprenderam com o México. Eles trouxeram mais poder de fogo desta vez. Maior em quantidade e poder vampiro. Talvez muito mais.
Raphael apertou os dedos de Cyn e suspirou. — O que você faria no meu lugar, Juro? Deveria ir para casa, recusar me encontrar com eles?
Juro franziu a testa, conflito estava escrito por todo o seu rosto. Claramente, parte dele que era ferozmente leal ao Raphael queria que o seu Sire fizesse exatamente isso. Ir para casa e deixar a luta chegar por si própria no território deles. Mas o chefe de segurança nele, a parte que olha para toda situação e pesava os prós e contras, sabia que eles tinham que ficar. Todo o continente estava em risco, não apenas o Oeste, e eles precisavam saber mais sobre o inimigo, mais sobre suas forças e fraquezas. Agora mesmo, eles não tinham sequer uma certeza sobre os Lordes Europeus que estavam por trás da invasão. A carta que eles enviaram não estava assinada por nenhum lorde vampiro. Raphael tinha feito sua compreensão, sua oposição, da pauta de expansão bem clara. E a tinta de sangue sozinha tinha sido o suficiente para ele tomar a sério esse convite.
— Não, meu senhor, — Juro finalmente falou com uma aceitação relutante — acredito que deveríamos pelo menos ir nos encontrar com eles. Ele abriu a boca para falar mais, mas Raphael levantou a mão o parando.
— Você me acompanhará no encontro amanhã, é claro. Levaremos uma escolta de segurança completa, e depois os deixaremos parados perto, no caso de precisarmos.
— Cynthia... — Juro começou, mas Raphael o cortou.
— Permanecerá aqui, — Raphael disse, virando com um olhar suave na direção dela. — Nós concordamos com isso.
Juro encontrou o olhar de Cyn, suas sobrancelhas levantaram em questão. Ela concordou. Não estava feliz com isso, mas ela entendia. Fazia sentido ter um backup que o inimigo não sabia.
Raphael puxou Cyn para mais perto ao seu lado e disse a Juro, — Se você quiser, chame Jared e informe-o sobre esses últimos eventos. Amanhã à noite, teremos uma equipe pronta para sair uma hora antes do pôr-do-sol.
— Sire — Juro aceitou.
Raphael acenou com a cabeça para Juro e Ken'ichi, em seguida, puxou Cyn pelo corredor até o quarto deles.
Uma vez dentro, Cyn deixou Raphael digitar o código de acesso e atravessou para o closet. Antes dessa noite, ela estava meia convencida de que Raphael havia pedido para ela ser o “Plano de backup” dele simplesmente como uma maneira de mantê-la ocupada e fora de seu caminho. E ela ainda achava que sua preocupação com sua segurança desempenhava um papel em sua decisão. Entretanto, havia mais do que isso. Sua necessidade de suporte era real e ela precisava colocar o seu traseiro na reta.
Ela percorreu mentalmente sua lista de verificação mental. Primeiramente precisaria garantir um abrigo seguro. Ela tinha duas casas de segurança mais ou menos preparadas para vampiros, uma aqui em Kauai e outra em Diamond Head em Oahu. Assim, risque isso da lista. Próximo, escapar da ilha. Riscado. O primo de Luci assegurou a ela que ele está disponível 24 horas por dia na próxima semana, se necessário.
Próximo da lista era o plano de fuga, e ela percebeu enquanto caminhava pela selva com Raphael esta noite, que ela não conhecia muito bem a área ao redor. E se eles tivessem que mudar de rota de estradas? Ou se eles precisarem desviar da rota para o aeroporto? Ou simplesmente um jeito de sair dessa propriedade sem que seja por aquela longa, vulnerável e muito óbvia entrada?
Ela e Robbie precisavam adquirir um veículo não rastreável com um bom GPS e fazer alguma exploração. Quando elas terminassem, eles precisariam guardar o veículo fora do local, preferencialmente sem que haja uma longa distância, caso precisassem de uma fuga por meio da selva.
Sua cabeça estava cheia com todos esses detalhes conforme, ela sentava para desatar a bota de combate que vestira para a caminhada na selva. Atirando as botas para o lado, ela tirou sua camisa por sua cabeça e tinha apenas abaixado o zíper da sua calça quando um par de mãos grandes quentes estendeu a mão para cobrir o seio dela, os polegares dedilharam asperamente seus mamilos apesar da renda do sutiã.
— Vem para cama, lubimaya. — Raphael murmurou, roçando seus dedos sobre sua costela e descendo, escorregando para o cós do jeans e mergulhando em sua calcinha.
Cyn virou em seus braços, estendendo a mão para puxá-lo para baixo, para um beijo quente, suculento e cheio de desejo.
— Você está vestindo muita roupa. — Ela sussurrou contra seus lábios.
Raphael parecia mais interessado nas roupas dela, empurrando o jeans e a calcinha para baixo, ele encheu sua mão nas duas esferas gêmeas de sua bunda, apertando e soltando, conforme ele a levantava até a dura ponta de sua ereção que encaixava perfeitamente na fenda entre suas coxas.
Cyn gemeu suavemente e flexionou seu quadril contra a protuberância de seu zíper, então percebeu, descontente, que estava nua, suas calças ao redor de seu tornozelo, enquanto Raphael permaneceu completamente vestido. Atirando-se contra seu aperto, ela retornou para seus pés e atracou-se nos botões da camisa dele. Claramente, decidindo que estava levando muito tempo, Raphael rasgou sua camisa, mandando os botões voando.
Rindo selvagemente, Cyn empurrou a camisa de seus ombros, então inclinou-se para provar a perfeita pele macia de seu peito, lambendo seu caminho de um mamilo para o outro, parando apenas tempo o suficiente para seus dentes fecharem ao redor dos pequenos e duros mamilos, mordendo forte o suficiente para Raphael sibilar de prazer, enquanto ele finalmente soltava os botões e o zíper de sua calça.
Deixando-os cair no chão, ele levantou Cyn e saiu da pila amarrotada de roupas, andando a passos largos pela pequena distância até a cama. Ele não a atirou como normalmente fazia, mas a depositou no colchão muito macio e a seguiu para baixo, rapidamente a cobrindo, deixando-a sentir todo o peso do corpo dele: as firmes curvas e planos de seus músculos, o longo comprimento de suas pernas e a estreiteza de seus quadris enquanto deslizava entre as coxas delas e espalhavas suas pernas amplamente ao redor dele.
Ele se curvou para beijá-la, seus dedos enrolando em seus cabelos, forçando sua cabeça para trás enquanto sua boca movia dos lábios dela para a lisa linha de seu pescoço, sugando sua pele acima de sua jugular duro o suficiente para doer, duro o suficiente para que ela tenha um chupão de ensino médio na manhã seguinte. Duro o suficiente para sua veia dilatar, ávida para os toques de seu canino. Mas ele não a mordeu, tranquilizando o seu tormento com carícias de sua língua em vez disso, mesmo quando ele liberou o aperto do cabelo dela e segurou sua cabeça suavemente, seu polegar acariciando as maças do seus rosto.
Cyn encontrou o olhar de seus olhos negros quando ele se inclinou para beijá-la de novo e o que ela viu lá engrossou sua garganta com emoções. Os beijos dele era terno e cheio de sentimento, conforme sua mão escorregou sobre seus ombros até suas costas e a trouxe para perto, até que não havia nenhum centímetro de espaço entre eles quando ele deslizou seu duro e quente pau dentro dela.
Sobrecarregada com as emoções, com a sensação de que Raphael estava tocando cada e todo centímetros dela, Cyn fechou seus olhos e se agarrou a ele, alisando a curva dos músculos de suas costas, o firme inchaço de sua bunda, e de volta para agarrar-se a ele tão firmemente quanto podia, desejando que eles pudessem esquecer o resto do mundo, as ameaças dos vampiros europeus, os milhares de vampiros em casa que estavam esperando por Raphael para protegê-los, para fazer o mundo deles seguro. Eles não se importavam com o que iria custar a ele, não se importavam com os outros vampiros que possivelmente morreriam, e sobre o fato que Raphael arriscava sua vida uma e outra vez para eles pudessem viver suas vidas sem preocupações.
O quadril de Raphael empurrou lentamente, seu pênis deslizava para dentro e fora dela, escorregando facilmente no creme de sua excitação, seu envoltório afagando e soltando-o, enquanto ele fazia amor com ela.
Cyn franziu a sobrancelha quando algo clicou em seu cérebro. Seus olhos abriram-se, suas pernas cruzaram sobre a curva da bunda do Raphael, e ela empurrou o peito dele antes de forçá-lo a olhar para ela.
— O que você está fazendo? — ela exigiu.
Raphael lhe deu um olhar interrogativo, mas não disse nada.
Os olhos de Cyn se estreitaram. — Não faça isso, Raphael. Não se atreva.
— Fazer o quê? — Ele perguntou, seu rosto cuidadosamente em branco. Muito em branco. E Cyn sabia que estava certa. Ele não a estava fodendo, nem mesmo fazendo amor com ela. Não, ele estava dizendo adeus porque não esperava sobreviver a próxima noite.
Bem. Foda-se. Isso.
Cyn deixou as pernas dela cair em ambos lados de seu quadril, então empurrou duramente, rolando-os até que ela estava no topo, sentada sobre ele, encarando-o, quase muito furiosa para falar. Quase.
— Você não vai dizer adeus para mim assim. Não vai dizer adeus de qualquer forma. Você me prometeu que iria voltar, e isso não significa que irei conseguir as suas cinzas numa caixa, está me ouvindo? Ninguém pode te matar a não ser eu, e eu juro, Raphael, irei estacá-lo eu mesma se você os deixar te matar.
Um canto de sua boca sensual se curvou em diversão com a sua ameaça ilógica, e ela rosnou, na verdade, grunhiu para ele. O que fez o sorriso dele ainda maior.
— Talvez eu simplesmente queira sentir o conforto da suave e doce carne da minha companheira antes de ir para a batalha.
Cyn deu-lhe um olhar duvidoso, mas sorriu. — Neste caso, você tem a mulher errada.
Raphael envolveu ambos braços ao redor dela e os rolou de novo, ficando mais uma vez no topo. — Eu tenho exatamente a mulher que quero, lubimaya. Não há outra.
Ela o encarou por um longo momento, tentando ver a verdade em seu olhar cheio de estrelas — Eu te amo — ela disse solenemente — Não sobreviverei sem você. Não quero.
A expressão do Raphael tornou-se feroz em um segundo. — Não diga isso. — Ele rosnou.
— Por que não? — Cyn demandou. — É a verdade. Se algo acontecer com você, eu...
— Você viverá sua vida.
Cyn lhe deu um sorriso presunçoso. — O mesmo para você, garoto presas. Creio que vamos ter os dois que sobreviver, hein?
A única resposta de Raphael foi começar a se mover de novo, afundando profundamente dentro de sua buceta em cada estocada, e depois, puxando para fora quase que completamente, provocando-a por uma pulsação, e mergulhando em todo seu percurso mais uma vez.
Cyn envolveu suas pernas ao redor do seu quadril, seus tornozelos cruzados sobre sua bunda, seus braços ao redor das costas dele, mãos largas a segurava próximo a ele enquanto suas bocas se encontravam num beijo que era muito mais do que línguas e dentes. Isso era uma profusão do amor, do desejo, da promessa não só de sobrevivência, mas de proteção.
Os dentes de Raphael perfuraram as gengivas dele, rasgando os lábios de Cyn enquanto o beijo deles mudava, tornando-se quente e apaixonado ao mesmo tempo em que os impulsos de Raphael tornaram-se mais forte, rápidos, seu quadril batendo dentro dela, os poderosos músculos se juntando e soltando. Cyn sentiu a áspera roçada de sua língua enquanto ele lambia o sangue dos lábios cortados dela, também, sentiu o gemido rugir em sua garganta quando ela o mordeu de volta. Ele ergueu a cabeça com um grunhido, seus olhos selvagens com brilho prateado na luz fosca, sua presa enchendo sua boca conforme ele se inclinava no pescoço dela. Sua respiração era quente contra a pele por um breve momento, e então, a mordeu. Pontos afiados cortaram a pele, sua veia revelando-se com sua chupada, tomando uma longa, suave sucção de sangue. A euforia da mordida correu pelo sistema de Cyn, decolando ao longo de seus nervos, mandando ela instantaneamente para um clímax que arqueou suas costas. Ela gritou, sua cabeça jogou-se para trás, suas pernas cruzadas ao redor dos seus quadris estreitos ao mesmo tempo em que o seu interior apertou-se ao redor do pênis dele, ondulando ao redor do seu cumprimento duro, acariciando, o incitando a se juntar a ela.
Raphael ergueu a cabeça, as presas se distanciando de sua veia, sua língua raspando a ferida aberta sem pensar, conforme seu quadril martelava entre as pernas de Cyn, sua virilha moendocontra ela em cada estocada. Seu pau inchou-se enquanto a buceta de Cyn apertava e alargava, até que finalmente seu orgasmo se extravasou para fora numa abrasadora onda de prazer que uniu suas vozes em êxtase.
Cyn enterrou-se nos braços de Raphael, envolvida pelo calor de seu clímax. Ele se esticou para se mover, tirando o seu peso dela, mas ela o segurou por um momento mais, saboreando o bater do coração contra seus seios, o calor de sua respiração contra o pescoço dela enquanto ele lutava para retornar o seu controle. Um controle que ela o fez perder. Ela acariciou calmamente as costas dele, o confortando por essa prova de que ela não única aniquilada pelo sexo.
Sem aviso, ele a pegou em seus braços e a rolou para suas costas. O ar frio fluiu sobre sua pele aquecida e ela estremeceu. Raphael jogou os cobertores sobre eles, segurando-a até que ela estava quente de novo.
— O sol está subindo, minha Cyn — ele murmurou, encostando os lábios no topo de sua cabeça.
— Estarei aqui quando você acordar.
— Mas você tem planos para o dia — ele disse secamente, interpretando corretamente suas palavras.
— Mais coisas de backup. Robbie estará comigo. Seremos excepcionalmente cuidadosos.
Ele suspirou, um longo estouro que soou mais exausto do que ela alguma vez o ouviu.
Seu peito apertou com um medo estranho. — Raphael? — ela se apoiou em seu cotovelo para olhar para ele, mas ele já tinha ido. Descansando a bochecha em seu peito, ela esperou que pelo ritmo constante e lento da batida do coração, e da profunda expansão do pulmão. Ela suspirou aliviada quando os sinais de vida esperados vieram a vida como costumeiro. Sentando-se, ela estudou seu rosto, escovando seu preto e curto cabelo com seus dedos.
Tudo estava bem. Normal. Por enquanto.
Mas essa noite, ele estaria se encontrando com o inimigo, e isso era outro assunto. Ela sabia que não era a única preocupada, mas ela parecia ser a única a pensar em simplesmente dizer para irem se foder e ir para casa. O problema era que, embora, todos acreditassem que os vampiros europeus estavam tentando algo desonesto, eles também acreditavam que Raphael era poderoso o suficiente para derrotar ou ao menos, sabotar o que quer que fosse. Raphael era um poder como o mundo nunca antes viu. Era quase inimaginável que alguém pudesse vencê-lo.
Infelizmente, Cyn poderia imaginar tudo isso facilmente.
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Cyn abriu a porta do SUV e deslizou para o chão, segurando-se quando suas pernas cansadas ameaçaram ceder. Parte do problema era a fraca sandália que usava. O tipo de viagem que ela e Robbie fizeram hoje demandava sapatos melhores. Ela considerou isso quando deixou a cama de Raphael mais cedo, sua principal preocupação tinha sido se misturar com os outros turistas, e botas de combate simplesmente não faziam o truque. Não no calor úmido de Kauai. Mas agora, seu corpo inteiro estava pegajoso com o suor, suas pernas nuas estavam arranhadas e ela apenas sabia que havia pedaços de vegetação em suas roupas e cabelo. Ela apenas esperava que as lembranças de sua caminhada na selva fossem limitadas a variedade de plantas.
Suspirando cansada, ela afastou-se do veículo e fechou a porta, ouvindo-a trancar atrás dela quando Robbie apertou o controle remoto. Ele se aproximou dela e eles começaram a subir as escadas da casa.
— Estamos prontos aqui, Cyn. Você fez tudo que podia.
— Espero que sim. Deus, espero que sim.
— Haja o que houver você lidará com isso. Sempre lida.
Cyn parou na metade da cozinha e olhou para o grande Ranger do exército que era mais do que um guarda-costas para ela. — Obrigada, Robbie. Isso significa muito para mim.
— Não fique toda melosa em cima de mim. Vou perder o meu cartão de fodão se eu chorar. — Ele estendeu a enorme mão e bagunçou o cabelo dela, tirando algo verde.
Cyn olhou para isso duvidosamente. Parecia uma planta, mas...
— É uma folha. — Ele riu e a virou em direção a porta segura atrás da estante. — Vá dormir com seu amorzinho. Irei fazer o mesmo, sem o amorzinho, mas estarei aqui. Se precisar de mim, me ligue.
Cyn assentiu, depois digitou o código de entrada e abriu a porta segura apenas o suficiente para deslizar para dentro. O corredor estava mais do que perfeitamente quieto. Cada porta fechada, o centro de controle de segurança rodava silenciosamente, monitores tremulavam com imagens. Havia guardas regulares no quarto e em qualquer outro lugar da casa onde a segurança matutina ficava vigiando. Era apenas sobre o centro de controle que a casa tinha que os soldados de linhas, os humanos e os visitantes permaneciam inconsciente de toda extensão da rede de vigilância de hardware da casa.
Cyn apoiou a testa na porta fria enquanto digitava o código do quarto que compartilhava com Raphael, abrindo-a novamente apenas o suficiente para entrar antes de fechar atrás dela.
Raphael estava dormindo exatamente como ela o deixara, deitado de costas, com o lençol até a cintura, seu rosto sereno e belo à luz fraca. Tudo que ela queria era rastejar na cama até ficar perto dele, mas ela tinha que tomar banho antes. Tirando as roupas, ela andou até o banheiro e as deixou no chão ou na cadeira, onde quer que elas caíssem. O banho foi morno no início, mas sentia-se refrescantemente frio. Pensando nas possibilidades de insetos invasores, ela esperou até que fluísse água quente, esfregando-se profundamente e ensaboando seu cabelo.
Ela se secou e deslizou embaixo do lençol próximo a Raphael, puxando o leve cobertor para cobri-los no quarto gelado. Verificou a hora. Três horas mais ou menos até o pôr-do-sol.
****
O sol ainda estava no horizonte quando Raphael acordou. Sua primeira sensação foi que Cyn estava deitada ao seu lado, sua suave e quente e ainda profundamente adormecida. Deslizando seus braços ao seu redor, a puxou contra seu lado. Ela murmurou algo sem palavras, um braço molhe caiu em sua barriga, a cabeça dela, em seu ombro. Mas não acordou. Ele podia sentir a sua exaustão. Ela tinha saído mais cedo, fazendo planos. Ele não sabia exatamente o que ela havia feito. Não queria saber. Ele apenas sabia que podia confiar nela.
Seus vampiros estavam acordados, suas mentes clicando a vida ao seu redor como uma séria de lâmpadas, algumas mais brilhantes, outras nem tanto. Juro primeiro, o mais brilhante deles, então seu gêmeo ken’ichi, apenas segundos depois e quase tão brilhante quanto. E depois os outros. A maioria poderia ir com ele se encontrar com os europeus, mas mesmo assim, era provável que ninguém exceto Juro pudesse entrar na casa. Os lordes europeus queriam uma testemunha para seja lá o que eles estavam planejando, alguém para carregar a história de volta para Malibu depois da derrota Raphael, na esperança de desencorajar as pessoas de Raphael e enfraquecer as defesas de seu território. Mas Raphael conhecia seu povo melhor do que eles. O que quer lhe acontecesse, o Oeste não cairia.
Cyn se espreguiçou perto dele, o primeiro sinal de seu despertar. Ela deveria estar furiosa, se soubesse a profundidade da sua certeza sobre o resultado desse encontro. Ele não andaria para fora dessa casa hoje. Tanto quanto sabia, a única questão era como os Europeus iriam conseguir contê-lo. Ele sabia da extensão de seu poder, sabia que era mais velho que a maioria dos vampiros do velho continente. Nenhum deles tinha conseguido controlá-lo, quando era jovem e inexperiente, e com certeza não poderia fazer isso agora. Mas eles pensavam que podiam. Ele estava perdendo algo. A única questão era o quê.
Cyn acordou finalmente, e seus braços se apertaram ao redor dela.
— Estamos indo embora? — Ela perguntou, sua voz sonolenta e sexy. Seu pau endureceu em resposta, mas ele o ignorou com pesar. Não havia tempo para tal coisa hoje à noite, tão bom quanto seria.
— Temo que não. — Disse ele, sabendo que o que ela queria era sair da ilha e ir para casa, não simplesmente deixar a cama ou a casa.
Ela sentou-se, puxando seu cabelo para trás quando caiu em seu rosto, seus seios balançaram tentadoramente perto. Ela era a mulher mais sensual que ele já conheceu... a lutadora mais feroz. Oh, certamente, ele conheceu outras que eram mais fortes, mais hábeis com uma arma ou outra coisa, mestre das mais variáveis artes marciais. Mas ele nunca conheceu ninguém que fosse tão forte de vontade como sua Cyn. Se ela acreditava em sua causa, se ela acreditasse em você, ela nunca desistiria.
— Podemos ao menos tomar banho juntos? — ela perguntou, sabendo da restrição de tempo assim como ele.
Raphael envolveu seus braços ao redor dela e saltou da cama, levando-a com ele e extraindo um grito assustado. Ele sorriu, prazeroso que ainda tinha o poder de surpreendê-la.
— Tomaremos banho, mas você deve evitar a tentação de me molestar. — Ele disse severamente.
Cyn lhe deu uma risada de menina e colocou seus braços ao redor de seu pescoço. — Sem promessas, garoto presa. Sem promessas.
****
Raphael estudou a si próprio no espelho, sorrindo quando Cyn saiu de trás dele, seus dedos delgados alisando o ombro do seu paletó, circulando ao redor para ficar na frente dele e endireitou a sua gravata.
— Eu sei que você será o super Raphael e tudo, mas não está muito terrivelmente quente para um terno e gravata?
— Está sim, mas meus colegas estarão vestidos muito formalmente, ainda mais formais que isso. E, tanto quanto eu preferiria não me incomodar, as primeiras impressões importam quando estamos conduzindo uma negociação.
Os olhos verdes dela eram solenes quando olhou para ele — Realmente acha que eles irão negociar?
Raphael considerou mentir, mas as coisas eram muito críticas e ela precisava da verdade. Além do que, ele prometeu anos atrás, quando quase a perdeu, que não manteria as coisas delas mais.
— Não, — admitiu, — Espero que eles exijam a nossa rendição. Eles vão começar a oferecer incentivos em troca da nossa cooperação, possivelmente, partilha de poder, embora com os territórios separados e as autoridades dos senhores atuais severamente limitadas. Caso isso não funcione – e não irá – eles irão recorrer às ameaças. Nesse ponto, eu irei agradecê-los graciosamente pelo convite, retornarei aqui rápido o suficiente para pegar você e os outros, e imediatamente deixarei a ilha.
— Você realmente acha que será assim?
— Penso que esse é o cenário mais otimista.
Ela suspirou. — Isso foi o que pensei — ela bateu no peito dele. — Ok, está tão bonito quanto você vai conseguir, o que... — ela ficou nas pontas dos pés para beijá-lo — ...é malditamente belo.
Raphael passou os braços ao redor da cintura dela, segurando-a perto. — Dê-me um beijo de adeus. — Disse contra seus lábios.
Cyn envolveu seus braços ao redor do pescoço dele, pressionando os seus suaves seios contra ele, enquanto ela aprofundava o beijo, sua língua colidindo com os dentes, enroscando com as presas que emergiram em resposta ao desejo. Um rosnado deslizou da garganta de Raphael, conforme ele segurava a parte de trás de sua cabeça, a prendendo no lugar, enquanto ele se afundava profundamente no doce calor de sua boca, saboreando o sangue quando ela raspou sua língua sobre umas das presas pontiagudas. Ele uniu essas sensações – a suavidade de seus lábios nos deles, as pérolas duras dos mamilos dela contra o seu peito, e mais do que tudo, a doçura requentada de seu sangue – e ampliou com as possibilidades de que ele poderia muito bem estar o mais distante do que já esteve antes de poder segurá-la em seus braços novamente.
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Cyn se pôs de pé, enquanto Raphael e os outros partiram. Ela não foi até a porta. Se seus inimigos estivessem observando a casa, eles não queriam que alguém a visse ou a reconhecesse. Especialmente desde que havia uma possibilidade de quererem sequestrá-la e usá-la contra Raphael. Além disso, ela e Raphael disseram adeus antes deles sequer chegarem até a sala de estar. Não havia mais nada a ser dito.
Isso não a impediu de correr para o quarto de segurança na passagem escondida para observar Raphael subir na limusine com Juro. Ken’ichi estava ficando na casa com ela, assim como Elke, mas Raphael estava levando o resto da sua guarda vampira, um total de doze dos seus melhores guerreiros, com ele. Um deles estava dirigindo a limusine, enquanto Juro sentava no banco de passageiro na frente, e Raphael atrás sozinho. Isso fez o coração dela doer que ela não estivesse lá com ele, mas era por boas razões. Assim como havia boas razões para Juro sentar-se na frente ao invés de se unir com Raphael no banco de trás. Aparentemente, era tudo sobre propriedade quando se tratava desses velhos vampiros, e Raphael estava simplesmente jogando um jogo, acalmá-los em complacência e nada mais.
O resto dos guardas estavam empilhados em outras duas SUVs, deixando um único veículo na casa para Cyn e para os guardas humanos, que eram todos os que tinham ficado para trás. Normalmente, esses guardas estariam finalizando os seus dias, jantando, relaxando, indo dormir cedo para ficar pronto para o início do amanhecer. Mas não hoje. Ninguém estava relaxando essa noite. Eles estavam se preparando para a luta, e empacotando para ir embora ao mesmo tempo. Ninguém sabia exatamente o que essa noite traria, Cyn sabia menos ainda. Mas todos esperavam voltar para casa e terminar com isso.
Assim que Raphael foi embora, Cyn deveria empacotar suas coisas e se preparar. Roupas, ela poderia viver sem ou comprar seja lá o que precisasse, mas as armas era outra questão. Ela tinha checado as leis armamentistas do Havaí antes de sair de LA. Com uma residência legal e tempo o suficiente, podia-se obter a autorização e a aquisição de qualquer coisa menos uma metralhadora. Mas enquanto ela provavelmente poderia enganar sobre a residência, tempo era algo que não tinha se tudo desse em merda. Então, ela trouxe seu próprio arsenal. A mochila duffle{2}, guardada no closet que ela compartilhava com Raphael, estava cheia de equipamentos ostensivamente ilegais, mas muito necessários. Continha principalmente armas, um par de facas, e munições, 90% dos quais Cyn chamava de assassinos-de-vampiros. Havia também, um colete de balística feito sob medida desde que ela tinha dificuldades para caber, e também, era uma dor na bunda vestir um colete. Ela pediu a Robbie para trazer seus equipamentos, embora ela duvidasse que havia necessidade de pedir. Mesmo que ele não fosse o excelente guarda-costas que era, seus anos no exército o deixou com hábitos que eram difíceis de serem quebrados. Bons Hábitos, no ponto de vista de Cyn. Ela tinha certeza que nem todo mundo iria concordar com isso, mas foda-se eles.
Ela observou até que nem sequer as luzes traseiras vermelhas pudessem ser vistas, e então, ela voltou para o seu quarto para se preparar. E sim, claro, ela esperava pelo melhor, mas em sua experiência, esperança era um frágil escudo. Ela estava se preparando para o pior.
Capítulo 07
RAPHAEL ACENOU COM a cabeça para seu destacamento de guardas vampiros, dizendo-lhe sem palavras para estar preparado. Eles discutiram o que poderia vir desta noite, considerando todos os possíveis resultados que poderiam imaginar. Seus guardas sabiam o que fazer.
Previsivelmente, seus anfitriões vampiros proibiram os guardas de Raphael de se aproximarem da casa. Eles foram parados há umas boas centenas de metros abaixo da estrada, antes do desvio para o curto caminho. Mesmo seu motorista teve que sair e se juntar aos outros.
Apenas Juro foi permitido de continuar seu caminho com ele, que não era nada mais do que eles tinham esperado. Enquanto ele saia da limusine, Raphael olhou a residência. Havia dez vampiros presentes, três deles eram senhores. Nenhuma surpresa aí também. Eles não queriam encará-lo com menos que isso.
Ele e Juro subiram as escadas. Um único mestre vampiro estava em pé dentro da porta da frente aberta, olhando para Raphael com visível desgosto.
— Godard, — Raphael disse friamente, reconhecendo o outro vampiro. — Estou assumindo que sua presença significa que Mathilde está lá dentro. Você ainda é seu cão de ataque, ou ela finalmente cumpriu suas promessas, e elevou você até sua cama?
Os olhos de Godard brilharam com raiva, antes que ele parecesse se lembrar de quem ele estava encarando. Ou isso, ou ele simplesmente lembrou que sua senhora, a Lady Mathilde, não perdoava os criados que desobedeciam a ela.
— Raphael, — Godard zombou. — Minha senhora, está ansiosa para renovar o seu conhecimento depois de tanto tempo.
— Ela está? — Raphael perguntou, mais curioso do que ele admitiria para um verme como Godard. O vampiro realmente tinha sido mais do que o cão de ataque de Mathilde todos aqueles anos atrás, antes de Raphael deixar a Europa. Godard fora seu torturador, um trabalho que ele abraçara com muito entusiasmo.
A presença de Mathilde aqui no Havaí não era uma surpresa, no entanto. Ela era uma vampira poderosa, e certamente ambiciosa o suficiente para querer mais do que a Europa tinha a oferecer a ela. Que ela tinha trazido Godard... isso era mais preocupante. Embora fosse inteiramente possível que o vampiro sádico tivesse finalmente chegado tão perto de Mathilde como ele sempre tinha desejado.
Armado com o conhecimento de pelo menos um dos senhores que ele iria encontrar, Raphael avançou com cautela. Esta era a residência que ele e Cyn haviam descoberta há duas noites, e nada havia mudado. A diferença desta noite era que Raphael estava dentro, perto o suficiente para pesar o poder combinado daqueles reunidos aqui e medi-lo contra o seu próprio. A assinatura de poder na casa surgiu querendo que ele achasse tanto reconfortante, como não.
Se necessário, ele poderia ficar sozinho contra cada vampiro aqui, individualmente ou todos de uma vez. Mas eles tinham que saber disso. E quanto a todos aqueles vampiros que Juro tinha detectado na outra casa próxima. Onde eles estavam? Por que trazê-los para a ilha, se os senhores europeus não iam usá-los para enfrentar Raphael?
Ele trocou um olhar de conhecimento com Juro, que era poderoso o suficiente por si mesmo para ter calculado a força reunida e inteligente o suficiente para ter captado o mesmo problema preocupante.
Permitindo a ele mesmo não mais do que um olhar, no entanto, Raphael manteve seu rosto cuidadosamente sem expressão – aquele que Cyn chamava de sua cara de mestre do universo – enquanto ele seguia o vampiro que encontrou eles na porta e que agora estava os escoltando do hall para a sala onde ele podia sentir os três senhores vampiros esperando por ele. Ele reconheceu Mathilde agora, como um deles. Mas ele pegou o gosto de outra mente familiar, e sabia que Rhys Patterson, o mestre das Ilhas Havaianas, estava esperando ali também. Raphael sentiu um momento de alivio por Patterson ainda estar vivo; ele temia o pior depois de conhecer a delegação de boas-vindas na outra noite. Mas ao mesmo tempo, a presença do havaiano o preocupou. Tinha Patterson conspirado com os Europeus depois de tudo? Ou eles estavam usando-o?
Godard abriu um par de portas de correr, depois recuou, convidando Raphael a entrar primeiro. Juro bufou em desdém e pisou na frente do outro vampiro, não tão sutilmente escovando contra ele quando passou e jogando o vampiro muito menor alguns passos para trás. Juro parou, impedindo Raphael de entrar enquanto examinava a sala e seus ocupantes, a cabeça girando lentamente de um lado para o outro.
Raphael esperou pacientemente, embora já suspeitasse das identidades dos três senhores dentro da sala. O gosto de suas mentes se tornara mais forte a cada passo que ele tomava para dentro da casa. Havia muito tempo desde que ele deixara a Europa, mas não tanto que esqueceria qualquer um dos velhos senhores, os que se recusaram a abrir espaço para ele apesar de sua óbvia superioridade no poder. Os mesmos que tinham agora trazido os vampiros de dois continentes à beira da guerra por causa de sua persistente recusa em reconhecer os poderes crescentes entre eles.
Na frente dele, os ombros maciços de Juro se ergueram em uma respiração profunda, então lentamente exalou enquanto ele se virava e se curvava para Raphael. — Mestre, — ele disse simplesmente, seus olhos dizendo tudo o que ele não podia, ou não diria, na frente de seu público. Juro odiava isso. Ele viu sua necessidade, mas odiava.
Raphael deu a seu chefe de segurança um meio sorriso, descansando uma mão sobre seu ombro brevemente, enquanto ele passava.
Eles esperavam por ele em uma fila, de pé ali vestidos em sua elegância como algo fora de um drama de fantasia da televisão pública americana. Mathilde era a mais forte dos três. Ela governava um território significativo no sul da França, que incluía Nice, e era uma das mais opostas a compartilhar. Ela também era a Mestre do recém-falecido Damien, o vampiro que, há poucos dias atrás, tinha sido um convidado na sala de interrogatório de Raphael. Raphael tinha ficado um tanto surpreso ao saber do parentesco de Damien, uma vez que se for de Mathilde, jovens vampiros que se mostravam muito poderosos eram destruídos logo após o seu despertar. Ela gostava de seus jovens machos bonitos e apenas fortes o suficiente para servir seus propósitos, sem serem ameaçadores. Ela tinha gostado de Raphael uma vez, até que ela descobriu as profundezas de seu poder. E então ela tinha virado os olhos para outro lugar. Eles tinham uma história, ele e Mathilde. E ele não se surpreendeu ao encontrá-la ao leme desta invasão.
Mas Mathilde sozinha não era párea para Raphael, e ela sabia disso. Foi por isso que ela enviou Damien e sua flha Violet para enfrentar Raphael em vez de fazê-la sozinha. E a razão pela qual ela não estava sozinha contra ele agora.
Os dois que estavam com ela nesta noite eram Berkhard de Munique e Hubert de Lyon. Poderes significativos em seu próprio direito, embora um passo abaixo de Mathilde. Mas, mesmo com os dois machos ao seu lado, Mathilde não poderia derrotar Raphael, o que o fez pensar, mais uma vez, por que ela insistiu nessa reunião.
— Raphael. — Foi Mathilde quem falou primeiro, sua voz, o chilrear infantil de uma menina muito mais jovem, embora ela tivesse sido uma mulher casada em seus vinte e poucos anos quando ela foi levada e tranformada por seu agora morto Mestre. Ela estava lá em um vestido azul pálido de cetim que sua irmã morta Alexandra teria apreciado. Raphael quase esperava que ela levantasse as saias e fizesse uma reverência como a dama aristocrática que uma vez fora.
Ele olhou para Berkhard e Hubert, em suas roupas formais pretas, esperando que eles expressassem suas próprias saudações. Mas eles claramente designaram a parte faladora da noite para Mathilde, pois nenhum dos machos ofereceu nada além de um aceno de cabeça em reconhecimento, permanecendo em silêncio como se estivessem mudos.
O olhar de Raphael então viajou além da linha de saudação para Rhys Patterson, que estava a vários passos atrás dos três senhores. Ele estava vestido como Raphael, embora sem a gravata. Rhys estivera nas Ilhas há tanto tempo, que provavelmente já não possuía uma gravata. Seu olhar estava fixo em Raphael, como se ele quisesse de dizer alguma coisa, ou estava tentando comunicar alguma mensagem silenciosa. Mas fosse o que fosse, Raphael não estava recebendo. Raphael não permitiu nenhuma reação aparecer em sua expressão ou linguagem corporal, mas interiormente ficou consternado com essa evidência de que Rhys não era um participante voluntário. Lembrou-se dos dois vampiros desconhecidos que apareceram como os emissários do senhor havaiano. Teria Mathilde e sua tripulação prejudicado o povo de Rhys, ou ameaçado fazê-lo?
Raphael virou um olhar fixo para Mathilde, encontrando seus olhos azuis pálidos. — Mathilde — ele reconheceu. — Berkhard, Hubert —acrescentou, olhando para cada um dos outros.
— Você está parecendo bem, Raphael, — Mathilde disse com agrado, como se fossem velhos amigos se cumprimentando.
Sua boca mal se moveu em um sorriso divertido. — Estamos fingindo gostar um do outro agora, Mathilde? O que você quer?
Ela fez um tsk com a boca. — O teu tempo no Novo Mundo te endureceu — ela repreendeu-o. — Não podemos nos comportar de forma adequada às nossas posições?
Raphael sorriu ligeiramente. — Nossas posições, Mathilde? Nasci filho de um camponês moscovita. Acredito que meu comportamento está bem de acordo com a minha posição.
Sua boca franziu com repugnância. — Muito bem. — Ela deu um passo para a frente e ofereceu um aperto de mão, embora fosse mais como uma bela dama oferecendo a mão para ser beijada por alguém indigno de honra.
Ele deu o meio-passo necessário para aproximá-lo o suficiente, então pegou seus frágeis dedos em sua mão muito maior... E várias coisas aconteceram ao mesmo tempo.
Do outro lado da sala, a mente de Rhys Patterson subitamente emitiu um aviso. Raphael só teve tempo de explodir uma advertência antes que uma força invisível se encaixasse no lugar com um som como um trovão, e bandas de metal rodeavam seus pulsos, metal tão frio que queimava, chamuscando sua carne e marcando seus ossos.
Juro rugiu sua fúria enquanto Raphael caía de joelhos, balançando a cabeça enquanto ele lutava para colocar seus pensamentos juntos. Ele pegou seu poder, mas pela primeira vez em quase 500 anos, ele não estava lá. Ou melhor, estava, mas ele não podia alcançá-lo. Era como se um grande peso estivesse pressionando para baixo sobre ele e tudo o que ele poderia fazer simplesmente era lembrar quem ele era e o que ele estava fazendo ali.
Mas, no entanto, Raphael não tinha vivido todos esses séculos sem aprender algumas coisas. Ele não tinha o poder, mas ele ainda tinha seu intelecto. Obrigando-se a ignorar o medo tentando sufocar a vida dele, o medo não por si, mas por o seu povo, por Juro... por Cyn – ele avaliou a situação usando tudo o que sabia, tudo o que ele tinha aprendido, e que ele encontrou era ambos aterrorizados e isso enfureceu-o.
Seu povo sabia que havia mais vampiros na ilha do que poderia ser contado, mas eles não tinham chegado perto de adivinhar os números reais. Violet tinha advertido os europeus depois do México. Ela tinha-lhes dado prova de que dez não era o suficiente. Mas eles não duplicaram ou mesmo triplicaram esse número. Eles trouxeram dez vezes esse número, mais que Raphael podia adivinhar com precisão. Mathilde e os outros devem ter se protegido como loucos para esconder tantos de sua descoberta. Havia mais de cem vampiros mestres dispostos contra ele em algum lugar, suas mentes trabalhando em conjunto, e cada um deles se concentrava apenas em conter Raphael.
Ele tinha sido arrogante e um tolo. Cyn estava certa. Ele deveria ter matado Violet quando ele teve a chance, antes que ela pudesse correr para casa para compartilhar informações com Mathilde. Mas seu orgulho o fizera usá-la; uma mensagem enviada a seus manipuladores de que eles não poderiam derrotá-lo, que eles deveriam abandonar seus planos mal considerados de expansão para a América do Norte. Ele não tinha considerado uma vez que eles iriam considerá-lo um desafio. Que em vez de reconhecer sua força superior e recuar como vampiros poderosos tinham feito por séculos, eles uniriam forças e se estabelecessem para superar sua vantagem. Eles devem ter planejado isso por meses. Teria levado pelo menos algum tempo para reunir tantos mestres vampiros. E como os moradores não notaram? Havaí era um lugar relativamente insular. Você não poderia deixar cair uma centena de vampiros em uma comunidade e esperar que ninguém notasse. Como eles estavam sendo alimentados?
Ele estava errado sobre o México. Tão errado em sua arrogância. O México não foi um grande gesto por parte de Mathilde. Estava planejando essa incursão muito antes do México. Ela certamente tinha aprendido alguma coisa com aquele confronto, mas era perfeitamente possível que todo o fiasco tivesse sido planejado simplesmente para enganá-lo em complacência, em acreditar que eles ainda estavam por fora e falhando.
— Pare-o, Raphael, ou eu vou matá-lo.
A voz infantil de Mathilde trouxe Raphael, arrastando-o de volta para a sala onde Juro estava de pé sobre ele protetoramente, jogando de lado vampiro após vampiro enquanto eles tentavam forçá-lo a se afastar. Mathilde e seus companheiros conspiradores haviam recuado para a margem, é claro. Arriscando nada de si mesmos, satisfeitos de ficar de pé e ver como seus próprios filhos eram danificados ou destruídos em face da raiva de Juro.
— Juro, — Raphael disse.
Seu chefe de segurança lançou um último vampiro pelo quarto, então parou, respirando pesadamente, mas com emoção, não tensão física. Juro poderia ter jogado homens adultos por horas sem se preocupar.
— Senhor, — ele disse, sua voz cheia de dor.
Raphael descobriu que podia olhar para cima o suficiente e encontrar os olhos de Juro. — Você sabe o que fazer — disse a ele.
Ele podia ver a negação no olhar atormentado de Juro, o desejo de negar. Mas o grande vampiro era muito leal, muito disciplinado. Ele sabia o que tinha que ser feito, e qual dado tinha que ser rolado.
Juro fechou os olhos enquanto ele puxou um suspiro resignado pelo seu nariz, soltando com um longo suspiro antes de abrir seus olhos de novo e assentiu. — Sim, Senhor.
Raphael sorriu. — Confie, Juro. E cuide do meu povo.
Juro assentiu de novo.
— É um bom rapaz, — disse Mathilde quase alegremente, como se já tivesse ganho.
Raphael a odiava naquele momento, não tanto por si mesmo, mas por Juro, por sua incapacidade de reconhecer a lealdade e a disciplina que levava para que o grande vampiro permanecesse obediente a um Senhor que estava literalmente ajoelhado diante dele, impotente. Para confiar que este não era o fim. Porque não era. Aquela idiota da Mathilde podia pensar assim, mas Raphael sabia melhor. Ela venceu a rodada, sem dúvida. Mas isso era guerra, e havia muitas batalhas ainda por ser combatidas.
— Raphael ficará conosco — disse Mathilde, e Raphael percebeu que ela estava falando com Juro, que a olhava com um ódio indiscriminado. — Mas você e todos os seus vampiros e guardas voltarão a Los Angeles, ou de onde você for. — ela acrescentou, desdenhosa, como se L.A. fosse alguma cidade de comércio de gado no Oeste Selvagem Americano. — Estamos permitindo isso como uma demonstração de boa fé.
Raphael duvidou que isso fosse verdade. Era mais provável que eles estivessem sem vampiros fortes e não pudessem segurar seus poderosos filhos e ele ao mesmo tempo.
— Você pode voltar para a propriedade de Raphael e defender seu território. Nós buscamos apenas uma luta justa.
Foi tudo o que Raphael podia fazer para não zombar de seu rosto. Se eles quisessem uma luta justa, eles teriam estado dispostos a enfrentar o senhor do território de forma apropriada, em vez de desabilitá-lo com astúcia. Porque não era só a centena de vampiros o segurando, eram as algemas de metal enroladas em torno de seus pulsos como faixas de fogo frio. Elas eram antigas e cheiravam a magia, e assim como os cem mestres que esmagavam seu poder vampírico, os braceletes estavam roubando sua vontade, minando sua tremenda força física.
— Você partirá destas ilhas antes do nascer do sol, ou seu Senhor morre.
Raphael podia sentir o tormento de Juro. Eles tinham conseguido conter seu poder, mas não o vínculo com seus filhos. O que significava... Cyn. Ela saberia que algo estava terrivelmente errado agora. Seu coração estaria exigindo que ela corresse até aqui para salvá-lo, mas ela era mais esperta do que isso. Ele estava contando com isso. Concentrou-se brevemente na imagem dela em sua cabeça, o intelecto por trás de seus belos olhos verdes, o sorriso perverso em seus lábios exuberantes... seu coração leal e alma corajosa.
Eu amo você, minha Cyn. Ele não sabia se ela o ouviu ou não. Mas eles estiveram separados antes e ele encontrou um jeito de alcançá-la. Ele faria isso de novo. Não seria fácil; isso talvez levasse um dia ou dois para quebrar o aperto que tinham nele. Mas ele faria isso. Ele não a deixaria sozinha. Ele não a deixaria. Não desse jeito.
— Juro, — ele disse de novo, capturando a atenção do seu leal chefe de segurança. — Você sabe o que fazer. — Ele repetiu firmemente.
A expressão de Juro ficou sombria e ele acenou com a cabeça. — Sim, Senhor. Eu cuidarei disso.
— Obrigado. — Ele podia dizer que Juro queria dizer mais, mas qualquer coisa que eles dissessem nesse ponto daria muito. Então eles trocaram um silencioso adeus, então com um olhar final cheio de ódio para Mathilde e seu pelotão, o grande vampiro japonês girou em seu calcanhar e saiu do quarto.
Deixando Raphael sozinho com seus captores.
— Me desculpe, Lorde Raphael. — A voz de Rhys estava baixa e áspera como se ele não a usasse há um tempo. — Eles têm todas as minhas crianças. — As emoções do mestre vampiro estavam repletas de arrependimento e medo, todas genuínas o suficiente. Mas ele estava olhando para Raphael atentamente, como se quisesse que ele entendesse algo que ele não estava dizendo.
Raphael olhou para ele, não dando nada de seus pensamentos. Haveria tempo para descobrir o que Rhys estava tentando dizer a ele, mas por enquanto... — Eu entendo, Rhys. Suas pessoas estão seguras pelo menos? Alguém foi ferido?
Rhys baixou a cabeça como se envergonhado, ou talvez em desespero por sua falha em comunicar o que tinha sido a sua mensagem oculta. Quando olhou para cima, seus olhos estavam cor de rosa com lágrimas não derramadas. — Tanto quanto sei, estão bem e são fiéis ao legítimo senhor.
Raphael se permitiu um sorriso então, tanto para o benefício de Rhys como para incitar seus captores.
— Seu legítimo senhor. — A voz ridícula de Mathilde interrompeu a troca deles. — Nenhum de vocês sabe o significado disso — insistiu ela com estridência. — Nós somos seus superores em todos os sentidos. Nós somos seus senhores legítimos e em breve governaremos todos vocês como é nosso dever.
Raphael deslocou o olhar para a antiga fêmea, deixando que sua expressão dissesse o que pensava dela e seus metros de cetim azul. — Esta é uma flagrante violação da bandeira da trégua, Mathilde — disse ele calmamente. Sabia que ela não se importaria. Isso era óbvio. Mas ele queria que fosse dito para o registro, por assim dizer, para que mais tarde, ela não pudesse alegar que ele não tinha avisado. — Pelas leis do nosso povo, esta ação é uma declaração de guerra.
Ela se irritou com o que ela sem dúvida considerava ser um sermão de sua parte. — Conheço nossas leis, e você, Raphael. Mas seu povo se renderá rapidamente, se sua vida estiver em jogo.
— Você pensa assim? — Raphael perguntou, deixando seu divertimento mostrar.
Mathilde olhou fixamente, então recolheu o que restava de sua coragem em um sorriso desprezo. — Estou ansiosa para conhecer sua mulher, Raphael. As histórias que eu ouvi... — Ela balançou a cabeça. — Ridículo pensar que um único ser humano poderia realmente realizar tudo o que eles atribuem a ela. Mas, então, é parte da lenda, não é? — Ela olhou para a sua forma ajoelhada. — O grande Raphael. Não estou impressionada.
Raphael permitiu que um sorriso perverso enrugasse seu rosto, enquanto ele se lembrava do último vampiro que tinha dito isso a ele, e onde aquele vampiro estava agora. Ele respondeu a Mathilde como fez com Damien. — Você ficará.
Capítulo 08
CYN PERAMBULOU PELA sala, incapaz de se manter quieta. Ela havia começado na sala de controle da segurança, mas, como a caravana de Rafael havia desaparecido, não tinha nada para ver. E mesmo ela sabendo logicamente que o retorno do comboio apareceria na tela de segurança, ela não poderia ficar presa naquela sala pequena por mais tempo.
Robbie apareceu alguns minutos depois que Rafael saiu. Ele andou diretamente até Cyn e a puxou para um grande abraço, algo que mais ninguém ousaria fazer. — Vai ficar tudo bem, docinho. Você vai ver.
Cyn retribuiu o abraço, mas não podia concordar com o que ele havia dito. Ela tinha um pressentimento de que eles estariam fazendo trilha na selva antes do fim da tarde, e só havia uma razão para isso acontecer. Por que tudo teria ido pro inferno em uma manipulação. Se sentindo pronta para saltar fora de seu próprio corpo, ela estava a caminho da sala de segurança, quando sentiu, uma onda forte de poder que a fez se agarrar à soleira da porta, convencida de que o próprio planeta tremia embaixo de seus pés. Em um minuto Rafael estava em sua mente, como sempre, no próximo ele desapareceu. Sumu. Uma aterrorizante batida do coração depois, ele voltou, mas estava mais fraco, tão fraco que ela mal reconheceu sua essência, o vampiro poderoso que ela conhecia.
Ela deu meia volta e correu para a sala de estar, onde Robbie estava em pé ao lado da janela, como se estivesse fazendo guarda.
— Prepare os equipamentos, Rob. — Disse ela com firmeza. — Estamos saindo.
Ele a encarou. — Cyn? O que aconteceu? — Robbie não tinha nenhuma ligação direta com Rafael. Ele não teria sentido nada do que ela vivenciou.
— Ainda não sei, mas é ruim. — Ela não gastou mais nenhuma palavra, sabia que Robbie não esperaria por isso. A porta da estante de livros estava aberta, ela se esgueirou pela abertura, disparando pelo corredor até o quarto que ela dividia com Rafael. Elke apareceu da sala de controle.
— Cyn? — a voz de Elke estava tensa de preocupação, o mais próximo de pânico que Cyn já tinha ouvido.
— Você sentiu aquilo? — ela perguntou pra Elke enquanto ela esmurrava o código de entrada do quarto deles.
— O que foi aquilo? Rafael está...
Cyn virou com uma expressão raivosa. Rafael estava morto? Era isso que Elke queria saber, mas estava com medo de perguntar. — Ele é o seu patriarca Elke, — ela falou com rispidez, — você sabe a resposta disso. Elke assentiu, rodando os ombros, balançando suas mãos e braços, como se estivesse desativando seu próprio alarme.
— Você está certa. Desculpe. O que está fazendo?
— Medidas estão sendo tomadas...
— Que medidas? Não estou sabendo de nenhuma...
— Ninguém sabe. Rafael queria que fosse assim. Robbie e eu estivemos trabalhando durante o dia, preparando as coisas. Mas a hora chegou. Esteja pronta para sair.
Ken’ichi apareceu por trás de Elke. — Juro... — ele disse, sua voz que já é grossa se tornou um barulho baixo de tensão, sua testa enrugada de preocupação. Cyn teve que se esforçar para não encará-lo. Era mais emoção do que ela já tinha visto em seu rosto geralmente impassível.
— Meu irmão está furioso... E aterrorizado.
Todo o fôlego deixou os pulmões de Cyn. O que seria necessário para aterrorizar Juro? Agarrando a beirada da porta com tanta força que doía, ela olhou para seu interior, procurando a centelha que era Rafael, seu aperto à porta era a única coisa que a segurava em pé quando ela o encontrou, encontrou ele. Ainda assustadoramente fraco, mas estava lá.
Naquele momento, o rádio gritou na sala de controle e Ken’ichi disparou pelo corredor num borrão de rapidez vampiresca, Cyn seguiu seu rastro, chegando à porta aberta bem a tempo para ver Ken’ichi colocar um fone de ouvido e bater furiosamente no teclado.
— O que houve? — exigiu Cyn.
— Se foi. — Ele murmurou.
— Se foi?! — Cyn notou o pânico em sua própria voz ao perguntar isso.
— O sinal, — Ken’ichi esclareceu. — Eu não consigo, — ele endureceu abruptamente. — Juro, — ele sussurrou.
Cyn queria agarrar seus ombros enormes e sacudi-lo. Mandá-lo parar com aquela merda estúpida. Era hora de usar a porra das palavras.
— Fale comigo. — Disse ela com uma paciência forçada.
Ken’ichi levantou os olhos fazendo os encontrar os dela. Ele se parecia demais com Juro.
— Juro estava furioso, sua raiva era como uma tempestade em minha mente, de repente, como se um interruptor tivesse sido desativado, ele sumiu. E agora... — ele se virou para o teclado e começou a trabalhar furiosamente de novo. — Nossas comunicações já eram. Não consigo alcançar os acessos de segurança.
— É isso. — Cyn teve uma sacada e voltou para o corredor. — Robbie! ela gritou. — Vamos lá fora. Elke, você vem conosco, Ken...
— Má ideia, Cyn — Rob advertiu, andando em sua direção. — Rafael queria você escondida por alguma razão. Toda a preparação que fizemos pode dar em merda se você for lá fora.
— Eu não posso ficar sentada aqui...
— E se eles já estiverem esperando isso? Qual a melhor maneira de atingir Rafael que eles têm, hein? Vou te dizer. É você.
— Mas eles têm...
— Você não sabe o que está se passando lá fora. As comunicações não estão funcionando, Cyn. Isso é tudo que você sabe até agora.
— Eu senti acontecendo, algo horrível... — as palavras dela foram cortadas por um barulho agudo que fez todos taparem os ouvidos. Vozes vieram em seguida, uma se destacando entre as demais, tentando alcançar Ken’ichi.
— Base, vá em frente. — Disse Ken’ichi.
— Estamos na casa, — disse a mesma voz, e Cyn a reconheceu como o chefe da equipe de segurança que Rafael fazia parte. Ela ouviu gritos e depois — Encontramos Juro, ele está... Sim, senhor, — mais gritos e então...
— Cynthia? — Era a voz de Juro, cheia de tensão e mais grave que nunca.
Cyn entrou na sala, enquanto Ken’ichi colocou as comunicações no alto falante.
— O que houve? — Comandou ela. — Onde está Rafael?
— Estamos voltando, — disse ele, mas isso não respondia sua pergunta.
— Rafael está...
— Estaremos aí em três minutos, Cyn — disse Juro, gentilmente.
Cyn piscou surpresa, ficando assustada logo em seguida. Juro nunca a chamara de Cyn. Todos chamavam, até Rafael. Mas Juro não.
Seus pulmões contraíram de horror. Ela se levantou desorientada. Sua mão caindo sobre o ombro largo de Ken’ichi. — Ele não está morto. — Ela sussurrou, suas palavras quase inaudíveis.
— Ele não está.
Ela olhou para cima, surpresa quando a voz grossa de Ken’ichi concordou com ela.
— Você saberia, — disse ele. Seu olhar encontrando o dela, solenemente. — Nós todos saberíamos.
Cyn engoliu em seco, depois assentiu. O movimento na tela chamou sua atenção para o rastro de veículos em alta velocidade vindo em direção à casa, espalhando cascalhos pelo caminho. Ela deu um salto e ficou de pé muito rápido. Quase tropeçando na cadeira em sua urgência de sair para encontrá-los.
A porta da frente se abriu antes de ela alcançá-la. Juro permaneceu lá, seu rosto rosa e cheio de lágrimas enquanto ele a encarava.
Cyn parou subitamente. — Juro?
— Eles o levaram. — Disse ele, simplesmente. — Eu lutei, mas... Ele ordenou que eu parasse.
— Rafael?
Ele adentrou a casa, fechando a porta às suas costas. — Ele me fez prometer, Cynthia. Ele sabia...
— Ele sabia que eles tentariam algo assim, — disse ela. Subitamente vazia. — Ele sabia que eles poderiam levá-lo.
Juro assentiu. — Ele me deu ordens. Para caso acontecesse. Quando acontecesse. — Ele cruzou a sala enquanto eles falavam, estando em pé em próximo dela agora. Seus olhos negros eram como mananciais de tristeza, seu rosto molhado de lágrimas sangrentas.
— Eles ordenaram que deixássemos a ilha, se não...
— Eu não vou a lugar algum sem Rafael, — disse ela rispidamente. — E é melhor alguém me explicar que porra está acontecendo. Quem está com ele? E como?
— Mathilde... — Juro fez uma pausa, tomando fôlego. Quando Cyn levantou as mãos em desgosto. — Ela é uma das vampiras que estavam lá essa noite, — explicou ele. — Haviam outros, mas ela parecia estar no comando. Ela governa um território no sul da França. Ela é bastante velha, Cynthia. Muito mais velha que Rafael, e muito perigosa.
— Ela é mais forte que ele? — Cyn perguntou confusa, — Como ela pôde...?
— Porque ela não estava sozinha. Ela tinha não só os dois que estão com ela, mas muitos outros. Cem ou mais, todos eles trabalhando...
— Mais de cem? — Saber daquilo era como se uma bola de demolição estivesse colidindo como seu peito, esmagando seu coração, suas esperanças.
— Cem ou mil, eles ainda podem ser mortos, — Robbie encorajou por trás dela.
Cyn se virou para vê-lo em pé na soleira da porta.
— Estamos prontos para eles, querida. — Ele disse para ela, — Não se esqueça disso.
Ela o encarou, lutando contra as lágrimas. Chorar não ajudaria em nada. Ela cerrou os dentes até o seu maxilar doer, depois engoliu o choro e assentiu.
— Você não precisa matar todos eles, — Ken’ichi falou silenciosamente, aparecendo perto de Robbie.
— O que você quer dizer? — perguntou Cyn.
— Meu irmão está certo, — concordou Juro. — Esses são mestres vampiros, não lordes, mas, como todos os vampiros, eles estarão mais acostumados a trabalharem juntos do que como uma força solitária. Alguns serão mais fortes que outros, mas você só precisaria destruir um ou dois para perturbar a força que existe neles e criar um ponto fraco para que Rafael consiga escapar.
Um sorriso repentino enrugou o rosto de Cyn. — Um ponto fraco, eu posso fazer isso.
— Cynthia, — Juro falou lentamente — Eu lhe daria essa chance, mas... precisamos sair. A vida de Rafael...
Cyn abriu a boca para tentar fazê-lo entender, para dizer mais uma vez que ela não iria a lugar nenhum sem Rafael, mas algo no semblante de Juro a fez parar. Seu olhar estava focado no dela, mas seus olhos se desviaram de repente para a direita, na direção do quarto que ela dividia com Rafael.
Cyn franziu o cenho depois seus olhos se arregalaram quando ela entendeu e gritou: — Vá se foder, Juro! E disparou para longe, seu punho esmurrando a porta com força à medida que ela a abria.
— Cynthia, — Juro a chamou e a seguiu pelo corredor até a entrada do quarto, fechando a porta atrás de si.
Cyn se virou, encarando interrogativamente Juro. Ele ergueu um dedo, fazendo sinal para que ela esperasse, enquanto ele ouvia algo que ela não conseguia escutar.
— Certo. — Ele disse de repente, — Ken’ichi está bloqueando os sinais de eletrônicos por enquanto. Ele não pode deixar bloqueado por muito tempo sem levantar suspeitas, então precisamos conversar rápido.
— Você acha que temos um espião na casa? Um dos guardas? — perguntou Cyn, se lembrando da suspeita de Rafael de ter um espião em sua casa em Malibu.
— Nenhum dos nossos, não. Eu acredito que eles grampearam a casa antes de nós chegarmos.
— Nós estamos seguros aqui?
— Eu suspeito de que eles não podem nos ouvir enquanto estamos na câmara. Patterson não sabia da existência desses quartos e não teria a senha da porta mesmo se soubesse. Mas eu prefiro ser cauteloso.
Cyn assentiu, — Ok, então o que aconteceu? — Perguntou ela, tentando se manter calma.
— Foi uma armadilha...
— Certo, até aí eu sei, mas...
— E Rafael já esperava que fosse, — Juro continuou apesar da sua interrupção. — Mas nós não esperávamos por isso, eu estava em pé bem do seu lado. Eu vi tudo, mas ainda não entendo. Mathilde apertou a mão dele e... logo depois, ele estava ajoelhado, como se não tivesse mais forças para ficar de pé. Ela deve ter usado magia nele, ou algum tipo de truque mental, eu nunca vi... Rafael, ele parecia desacreditado, sua expressão desolada, como uma criança que havia descoberto pela primeira vez que seu pai não era infalível.
Cyn estava prestes a sacudi-l para que continuasse quando ele visivelmente reuniu todas as suas forças e disse: — Ela sugou toda sua força física de alguma maneira, drenou-o durante um momento crítico. Foi o suficiente para que eles contivessem seu poder.
— Eles? Quem são eles?
— Todos aqueles mestres vampiros que ela tem do seu lado. Eu nunca senti tantas mentes num só lugar, e todos focados em atingir o mesmo objetivo. Alguém deve estar obrigando-os, Mathilde talvez, ou então os três juntos...
— Onde estão eles? — comandou Cyn, cortando sua balbuciação. Juro geralmente não era tão taciturno quanto seu irmão gêmeo, mas ele também não enrolava. Cyn sabia o que ela tinha sentido. Foi como estar em uma cratera gigante no momento em que um meteoro colidiu. Quão pior deve ter sido para Juro, estando tão perto de Rafael quando tudo aconteceu. — Eles estarão juntos? Quero dizer, todos no mesmo lugar? O mesmo lugar onde Rafael...
— Não no mesmo lugar. Eles já abandonaram aquela casa. Foi por isso que perdemos o sinal das comunicações, que eles me nocautearam. Eu não apaguei por muito tempo, na hora que eu acordei eles já tinham sumido e levado Rafael com eles.
— Merda, — Cyn praguejou, mas não persistiu. Não havia tempo para tais indulgências. Eles teriam que sair agora, e teriam que sair rápido.
— Eles nos ordenaram a sair da ilha, deixar o Havaí juntos, ou eles vão matá-lo.
Cyn encarou, — Matá-lo?
— Eles não vão fazer isso, — disse ele, já cansado, passando a mão na testa. — A morte de Rafael seria sentida por todos os vampiros da ilha. Pretendentes viriam de todos os lugares para lutar pelo território. Mathilde não quer isso, ou ela teria matado Rafael logo de cara ao invés de capturá-lo. Ela pode ser forte, mas ela não vai poder contar com os lordes aliados dela nisso. Pretendentes podem puxar poder de seus apoiadores, mas eles ainda têm que lutar mano a mano numa batalha. E haveria batalhas. Jared, ou eu, ou qualquer outro leal a Rafael seriamos fortes o suficiente para conquistar o território, e nossos inimigos sabem disso.
— O que ela quer é valsar até Malibu e propor um desafio a Rafael pessoalmente. E quando ele não responder ao seu desafio, porque ela garantiu que ele não conseguisse, ela se declarará vencedora por omissão.
— Mas você não vai ficar parado e deixar isso acontecer.
Juro balançou a cabeça em negação. — Lucas também não, nem Duncan. Mas o território de Rafael abriga milhares de vampiros. Mathilde pode planejar em conquistar poder e então drenar os vampiros de Rafael até secarem de modo a derrotar qualquer um que desafie seu controle.
— Mas o poder pode seguir o fluxo contrário, não pode? Os vampiros de Rafael sugarem mais poder dele do que o ajudarem.
— Pode parecer isso, mas Rafael pode tomar deles na hora que ele quiser. Ele não se aproveita disso, mas numa guerra ele com certeza faria. E eles dariam por livre e espontânea vontade. Ele é muito querido.
A postura de Juro mudou, tomando aquele semblante vazio de quando ele estava ouvindo algum outro vampiro em sua mente. Provavelmente seu irmão.
— Nosso tempo é curto, me desculpe Cynthia, mas eu preciso voltar para Malibu. Mesmo se Mathilde e seu primeiro não exigirem isso, mas Rafael me ordenou antes mesmo de sairmos de Los Angeles. Eles atacarão em breve, acreditando que estamos fracos e despreparados. Nós não estamos, mas Jared precisará do meu apoio para enfrentá-los. Mathilde sozinha ele consegue dar conta, mas se eles unirem forças novamente...
— Eu entendo, vocês e os outros...
— Você deve vir comigo, — ele disse gentilmente, — eles querem todos nós...
— Juro, — ela disse categoricamente, — Eu não deixarei essa ilha sem ele. Eles não sabem que eu estou aqui. Eles não sabem sobre Robbie, ou, neste caso, Elke também. Nós ficaremos e nós vamos libertar Rafael. E depois mataremos cada um deles.
A boca de juro se contraiu em uma linha fina enquanto ele olhava para baixo para encará-la. — Meu senhor escolheu bem, Cynthia. Você é sua parceira. Mas apesar toda a sua coragem, você precisará de mais que Elke. Ela é uma lutadora feroz, e bastante fiel a você e Rafael, mas do jeito que os vampiros estão, o poder dela não é suficiente.
— Eu não vou lutar essa batalha de acordo com os termos deles. Não sou páreo para eles no que se refere ao seu tipo de poder, então farei do meu jeito. Será inesperado, e eu vou usar isso contra eles.
Juro assentiu, — Uma estratégia inteligente, mas no final você pode precisar de poder. Nosso tipo de poder.
Cyn deu de ombros, — Você mesmo disse, você precisa voltar para casa. Além do mais, eles estarão de olho em você, em especial, lhe observando sair da ilha.
— Mas não meu irmão.
Cyn franziu o cenho. — O que você quer dizer?
— Ken’ichi sempre preferiu dar um passo atrás, mas sua força é igual a minha.
Cyn arregalou os olhos. Juro e seu irmão gêmeo são iguais em aparência, mas ela aprendeu ao longo desses anos que aparência pouco importava quando o assunto era vampiros. Ken’ichi sempre ficava atrás, na sombra de seu irmão, que Cyn assumiu que ele fosse menos poderoso. Mas talvez sua ambição fosse menor, ou ele gostasse mais da vida nas sombras.
— Mas eles não vão se certificar de que vocês dois irão embora? — ela perguntou.
— Um pouco de desordem da minha parte e uma cutucada na direção certa e o espião de Mathilde verá o que ele quer ver. Afinal, somos idênticos.
Cyn assentiu. — Feito. Nós escaparemos por trás, enquanto vocês chamam atenção para a saída de vocês pela frente. — Ela começou a sair, detalhes tempestuando a sua cabeça enquanto ela pensava em tudo que precisava fazer nos próximos dez minutos.
— Cynthia, — ele disse silenciosamente, chamando a atenção dela. — Traga Rafael de volta para casa. Manteremos o território dele, mas traga ele para casa.
— Pode contar com isso, — disse Cyn. Algumas pessoas o teriam abraçado nesse momento, mas Cyn não é do tipo que abraça, e a única pessoa que ela já viu Juro abraçar foi Luci. Então, ela olhou para ele com o que ela esperava que fosse confiança e determinação e assentiu.
Juro fez o mesmo. Depois, sem falar nenhuma palavra, deu meia volta e saiu do quarto, fechando a porta atrás dele.
Cyn imediatamente puxou o celular e discou para Robbie. — Juro acha que fomos grampeados, — ela disse quando ele respondeu. Ela não precisava falar mais nada, o ex–ranger do exército sabia mais do que ela sobre operações secretas. — Elke está do nosso lado — ela disse a ele. — Ken’ichi também, sairemos por trás em cinco minutos.
Capítulo 09
CYN IRROMPEU ATRAVÉS do quarto que ela tinha compartilhado com Raphael, seu cérebro indo a mil milhas por minuto, tentando lembrar tudo que ela precisava, todos os planos que eles tinham feito... tudo o que a impediria de pensar sobre Raphael e o que ele estava passando, o que eles deviam estar fazendo para ele. Ela tinha visto o tipo de dor que ele poderia infligir aos outros. Ela queria acreditar que ela saberia se ele estivesse com dor, se aquela vadia da Mathilde o estava torturando, mas ela não podia dizer isso com certeza. Não com a conexão entre eles tão enfraquecida como estava agora. Não com a tendência de Raphael em protegê-la.
Ela colocou alguns artigos de higiene em uma bolsa de lona com zíper, sibilando irritada quando ela cortou sua mão nas tesouras já ali dentro. Parecia estúpido estar preocupada sobre seu xampu e sabonete favorito naquele momento, mas ela sabia por experiência que tais itens seriam importantes à medida que os dias se arrastassem. Não havia como dizer quanto tempo demoraria para descobrir uma forma de libertá-lo uma vez que eles o encontrassem. Ela e sua equipe seriam quatro contra quem sabe quantos? Não só os cem ou mais mestres vampiros que estavam com Raphael esforçando-se para mantê-lo prisioneiro, mas também qualquer segurança que Mathilde trouxe junto com eles. E então havia a logística a considerar. Mover Raphael a luz do dia seria problemático. Não faria bem libertá-lo somente para deixar a luz do sol feri-lo ou até mesmo matá-lo, em vez disso. E se eles decidissem organizar seu resgate à noite? E se ele tivesse sido torturado, e se ele estivesse ferido ou faminto, e incapaz de mover-se sob seu próprio poder?
Ela tinha muitas perguntas, e nenhuma delas teria respostas até eles encontrarem Raphael. Inferno, e se ele já havia sido movido da casa onde a reunião tinha sido realizada. A reunião que não era uma reunião em tudo, mas uma emboscada. As chances ainda eram boas de que ele estivesse em Kauai por enquanto. Seria arriscado tentar movê-lo hoje à noite. Juro tinha dito a Cyn que Mathilde teria espiões no aeroporto, mas a vampira vadia sabia, ou pelo menos suspeitava, que Raphael tinha espiões lá também. E sobre o poderoso círculo de mestres vampiros, a centena ou mais de vampiros mestres? Eles estariam aqui em Kauai? Eles teriam que ser movidos, também. E todos antes do nascer do sol. Já poderiam as centenas estarem em outra ilha? Era possível que Mathilde conectasse as suas mentes em uma única unidade a tal distância? Ela teria que perguntar a Juro antes dele partir.
Cyn queria ignorar o sangue escorrendo de sua mão. Era um corte superficial e coagularia em breve. Mas ali era os trópicos. Uma pequena ferida poderia se tornar uma infecção grave. Então ela pegou um daqueles band-aids fora do saco. E o colocou nela, em seguida fechou o saco e atirou-o junto com as bolsas já embaladas na sua cama – a cama deles. Ela tinha deixado a porta aberta e quando ela ouviu a voz profunda de Juro, ela desceu o corredor até a cozinha onde ele estava dando ordens da partida iminente a todos. Em pé na entrada da porta da câmara privada, ela chamou sua atenção com um movimento de cabeça, então recuou para seu quarto. O quarto dela e de Raphael, ela se corrigiu mentalmente.
— Eles o moverão para fora da ilha, não irão? — Ela perguntou.
Juro virou-se para fechar a porta e deu a ela um aceno relutante. — Não hoje à noite, mas mais cedo ou mais tarde.
— Ele poderia acabar em qualquer lugar, — ela sussurrou, sentindo o desespero que ameaçava afogá-la.
— Não qualquer lugar, Cynthia, — Juro replicou, colocando uma mão em seu braço.
Ela sugou uma profunda respiração. Ela tinha que focar-se. — Você está certo. Uma centena de vampiros não pode apenas se esconder em qualquer lugar. E eles não podem se mover tão facilmente, também. Eles também têm que comer, não tem? Talvez até mesmo mais do que o usual com a energia que eles estão gastando.
— Mathilde terá planejado isso. Isso não foi algo que ela inventou de uma hora para outra.
Ela quase o socou em seguida. Como se ela precisasse de algo mais para ficar deprimida. Mas ele estava certo. Ela sabia que ele estava certo. Maldito seja ele.
— Você está certo, — ela disse severamente. — Mas ainda, uma centena de vampiros ou mais. Você não move assim tantos vampiros em um avião Cessna de dois lugares, e mesmo os vampiros tem arquivos de planos de voo.
Juro assentiu em concordância. — Nós podemos ajudar com isso. Uma vez que nós estivermos de volta em L. A. Os contatos de Raphael são extensos.
— Certo. Nós precisamos de uma maneira de permanecer em contato. Telefones descartáveis seria o melhor.
Juro resmungou desdenhosamente. — Eu não sou o chefe de segurança por nada. Eu dei a Ken’Ichi telefones descartáveis com uma longa lista de números com que você pode nos contatar. Seus telefones estão numerados de um a vinte cinco. Os nossos são do vinte seis até cinquenta. Nós usaremos um telefone novo a cada dia. Se nós precisarmos de mais do que isso...
— Não precisaremos, — Cyn insistiu. — Nós não podemos.
Juro olhou como se ele quisesse discordar, mas ao invés disso assentiu sombriamente. — Você checará diariamente.
— Sim, chefe.
— Eu estou falando sério, Cynthia.
Cyn encontrou seu solene olhar com o dela próprio. — Eu, também. Grandão. Nós ficaremos em contato. Mas por agora, nós desapareceremos.
— Apenas lembre-se. Eu sei que você gosta de trabalhar sozinha, mas você não está sozinha nisso.
Cyn olhou para ele e sorriu. — Eu sei. Eu tenho uma equipe, mas mais do que isso... eu tenho Raphael.
Juro deu-lhe um meio sorriso, então abriu a porta e desapareceu corredor abaixo. Cyn voltou para cama e colocou seu coldre no ombro, em seguida verificou a carga de sua Glock–17 favorita – nada além de uma da assassina de vampiros ao redor para essa missão – apertando a 9mm no lugar, em seguida ela colocou uma arma idêntica no cós da calça atrás dela. A jaqueta preta de algodão que ela vestiu estava indo para ser muito quente, mas ela não podia andar ao redor em quase nada além de uma camiseta e os arreios com suas armas em exibição. Jeans pretos estavam enfiados na parte de cima de suas botas, ela já estava tão pronta quanto poderia estar para uma caminhada através da selva. Ela e Robbie tinham um carro secreto nas proximidades – tamanho médio, quatro portas importado, o típico alugado por turista.
Ela fechou sua mochila e deslizou-a sobre seus ombros, e estava virando para a porta quando ela viu a jaqueta de couro que Raphael tinha jogado sobre a parte de trás da cadeira quando eles tinham chegado. Ele tinha comentado o calor sufocante, e eles tinham rido, porque geralmente era o frio que o irritava. Cyn tinha provocado sobre ele ser impossível de agradar. Lágrimas encheram seus olhos agora enquanto ela lembrava de como ele tinha trancado a porta e mostrado a ela apenas o quão facilmente ele poderia ser agradado, como eles agradariam um ao outro até que eles estivessem ambos estivessem literalmente drenados. As lágrimas derramaram, molhando suas bochechas, quando ela admitiu para si mesma, pelo menos, que ela estava genuinamente com medo pela primeira vez em sua vida. Ela tinha lutado batalhas antes. Inferno, ela tinha sobrevivido a um tiroteio com a máfia russa e encarado aquele idiota do Jabril, que alegremente a teria estuprado até a morte, e então lhe dado seu sangue enquanto ela estivesse morrendo.
Mas ela nunca tinha amado ninguém da forma que ela amava Raphael. Se ela o perdesse...
Ela engoliu em seco, esfregando as lágrimas fora de seu rosto. Ela não podia pensar dessa forma. Ela o traria de volta. Raphael estava contando com ela. Ele tinha praticamente a avisado de cada coisa que poderia acontecer. Agarrando sua jaqueta de couro, ela empurrou-a dentro da bolsa, em seguida correu ao redor para colocar uma muda de roupa para ele. Uma vez que ele fosse resgatado, ele precisaria dela. Ela fechou o zíper da bolsa com todas as coisas dentro e colocou-a firmemente sobre o ombro. Um olhar final ao redor do quarto assegurou-lhe que não havia nada nesse quarto que eles poderiam precisar. Ela tinha o Ipad de Raphael na bolsa junto com o seu laptop. Todo o resto era substituível. Com um aceno silencioso de encorajamento para si mesma, ela deixou o resto para trás e partiu para resgatar o amor da sua vida.
****
Raphael manteve seus olhos fechados atrás da venda, manteve seus músculos relaxados sob o aperto das poderosas algemas encantadas com que eles tinham o amarrado com magia. Ele era uma pessoa prática que acreditava em sua própria força sobre todo o resto. Tudo que ele tinha conseguido, tudo que ele tinha construído, era o produto de seu próprio poder e inteligência, seu trabalho duro e determinação. Mas não poderia ser um vampiro sem acreditar em mágica. Ciência poderia possivelmente explicar a simbiose vampira, com seu maciço poder de cura, mas não poderia explicar a capacidade de Raphael de parar o coração de um vampiro com o pensamento a milhas de distância. Ou quebrar cada osso do corpo do inimigo com um simples desejo. Havia mágica no mundo. Tinha simplesmente desaparecido da consciência humana até somente parecer ser inexistente.
Mas Mathilda era muito mais velha do que ele, centenas de anos mais velha. O suficiente para que ela pudesse estar ao redor quando a mágica estava diminuindo, mas ainda ativa no mundo. Quando tal dispositivo como as algemas que atualmente estava minando sua força ainda se espalhava pela terra, enterrado nas cavernas em ruínas.
Ele engoliu um suspiro de partes iguais de resignação por sua situação e desgosto pelo que ele não tinha antecipado. Sob outras circunstâncias, ele poderia ter medo por sua vida. Mas Mathilde e os outros não queriam ele morto, pelo menos não ainda. Não havia dúvidas em sua mente que eles planejavam matá-lo antes do fim. Mas não até que eles tivessem conquistado a América do Norte. Eles pareciam bastante confiantes que teriam sucesso nesse fim. Eles não tinham nem mesmo se preocupado em resguardar suas conversas ao redor dele. Pelo contrário, na verdade. Eles tinham sentido prazer em deixá-lo saber apenas o quão facilmente o continente iria cair para eles.
Sua confiança estava gravemente mal colocada, mas ele não seria o único a lhes dizer isso. Na verdade, ele não estava indo lhes dizer nada. Eles tentaram enganá-lo no começo, o provocando, inventando mentiras sobre Juro e os outros enquanto eles evacuavam voltando para a Califórnia, sobre o estado das coisas entre seu pessoal em Malibu. Eles pensaram que ele era cego? Pensaram que só porque eles amarraram seu corpo e abafaram o seu poder, ele tinha perdido aquela conexão básica entre o Senhor dos vampiros e seu pessoal?
Talvez um deles devia ter testado suas algemas mágicas antes de usá-las nele. Ele sabia exatamente o que estava acontecendo em seu território e com seu pessoal. Ele podia não se comunicar com eles como normalmente desejaria, mas ele ainda sabia quais eram os corações que estava batendo e quais não estavam, quem permanecia ligado a ele e quem não.
Um dos vampiros menores de Mathilde – de força física, mas não um poder significativo – colocou a mão sob seu cotovelo e empurrou-o de pé. Levou um esforço determinado, mas Raphael se manteve por si mesmo mole e sem resistência quando ele foi empurrado para fora da casa dentro do calor úmido na noite Havaiana, e eventualmente dentro do veículo. Eles o mantiveram vendado, mas ele ainda tinha ouvidos, ainda tinha o sentido do olfato. Ele sabia que havia múltiplos veículos, que havia mais pessoas do que ele e o guarda que estavam saindo. Portas bateram, passos arrastados, e vampiros chamando um ao outro. Este era o segundo movimento da noite. Eles tinham evacuado a casa onde ele tinha encontrado Mathilde poucos minutos após sua captura, e agora eles estavam se movendo de novo, provavelmente antecipando a possibilidade da tentativa de resgate de Juro e os outros.
Ele poderia ter lhes dito que isso não ia acontecer, que eles estavam perdendo tempo desde que Juro tinha ordens estritas para retornar para a Califórnia e se juntar a Jared na defesa de seu território até que Raphael pudesse fazer sua fuga e proteger a si mesmo. Mas então, ele não estava inclinado a tornar suas vidas mais fácies. Os deixaria correr e perder tempo e os esforços com sua centena de vampiros adicionais todos focados hora após hora, noite após noite, apenas o mantendo no lugar.
Ele tentou alcançar Cyn com sua mente, mas somente pode deslizar através da névoa para chegar a ela. Ele podia ouvi--la, não sua voz, mas seus batimentos cardíacos, sua existência no mundo. Ela estaria procurando por ele. Juro e os outros estariam de volta a Califórnia, mas ele sabia que Cyn ficaria. Era frustrante não ser capaz de tocá-la, não segurá-la da forma que ele tinha feito no passado quando eles tinham estado separados. Mais do que qualquer um dos outros, ele precisava de sua Cyn. Sua ausência era um aperto doloroso em seu peito, cavando mais fundo com cada hora.
Ele se estabeleceu no banco traseiro de couro da limusine onde eles o tinham colocado, lembrando a si mesmo para ser paciente. Esperar pelo momento certo. Seus captores logo ficariam entediados e complacentes em sua tarefa. E a cada hora um da centena de diligentes enfraqueceria. E os poderes de Raphael cresceriam.
E além disso, sua Cyn estava vindo para ele. Querida Mathilde estava prestes a aprender sobre o quão letal uma mulher humana poderia ser.
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Cyn caminhava através da selva molhada, suas roupas ensopadas em meio a sua pele. Pelo menos metade da umidade que pesava sobre ela tinha que ser suor. Era tão fodidamente quente e abafado lá fora. De quem foi a ideia de manter essa pequena confabulação no Havaí de qualquer modo? Eles não poderiam ter escolhido algum lugar mais frio? Que tal sobre o Alasca? Era legal nessa época do ano. Bem, exceto pelos mosquitos. E as dezesseis horas de luz do dia. Não exatamente o local vampiro ideal de férias.
A sua frente, Robbie amaldiçoava sucintamente quando repentinamente começou a chover de novo. Embora, realmente, que mal poderia fazer um pouco mais de água? Ele estava liderando seu bando alegre, porque ele e Cyn eram os únicos que sabiam onde o carro estava escondido, e ele tinha recusado a deixar Cyn ir primeiro. Elke estava diretamente atrás de Cyn, com Ken’Ichi assumindo a retaguarda. Eles tinham saído da casa por trás, enquanto Juro e os outros partiam muito ruidosamente pela frente. E agora seus três guardas costas a cercavam, nunca deixando-a tomar a liderança, nunca deixando ela cuidar da retaguarda, como se ela precisasse de mais proteção do que qualquer um deles. Chateava Cyn ser tratada como o elo fraco, ou, mesmo pior, como alguém que merecia viver mais do que os outros. Mas ela não protestaria, porque eles estavam apenas fazendo seu trabalho, e eles tinham boas intenções. Além disso, quando a situação ficasse crítica não importara. Todos eles lutariam lado a lado.
Ela segurou uma grande folha verde antes dela bater em seu rosto. Samambaia? Palmeira? Ela ainda não tinha ideia do que era e ainda dão se importava. Um olhar para baixo no aplicativo de navegação em seu telefone celular disse a ela que eles estavam quase lá. Havia uma estrada de chão onde ela e Robbie tinham estacionado seu veículo de fuga. Ela somente esperava que o carro alugado estivesse à altura da tarefa. Talvez eles deveriam ter conseguido...
Um lampejo de calor tomou conta dela, trazendo um cheiro, um toque. Raphael. Ela tropeçou quase caindo, antes de agarrar um galho grosso de alguma coisa e se firmar, incapaz de mover-se. Ela ouviu sua voz chamar seu nome, mas estava muito longe, como um sussurro em uma catedral, ecoando pelas paredes, impossível de prender.
— Cyn? — A voz de Robbie trouxe ela de volta para o presente, de volta a selva molhada e sua fuga desesperada. — Você está bem, querida?
Cyn fechou seus olhos, se afastando de Robbie e todo o resto, enquanto ela alcançava Raphael, lutando para manter o fio frágil que era sua consciência. Ela queria gritar seu nome, mas forçou-se a ficar imóvel e quieta ao invés disso. Sua raiva e frustração não fariam qualquer bem a ela. Focando tão duro quanto ela podia, ela enviou-lhe seu amor e disse a ele que ela estava indo. E que era melhor estar esperando quando ela chegasse lá.
— Cyn? — Robbie disse novamente, sua voz cuidadosa e cheia com preocupação.
Sua garganta estava espessa com emoção, mas ela conseguiu sussurrar: — Eu estou bem.
Robbie a estudou por um minuto. — Raphael?
Cyn sorriu pesarosa. Ela esquecia, às vezes, que Robbie era companheiro de uma vampira, que ele tinha estado com Irina a muito mais tempo do que ela tinha estado com Raphael, e provavelmente entendia o laço de companheirismo melhor do que ela fazia.
— Yep. — Ela aceitou a mão que ele ofereceu, segurando-a por um momento até que sua cabeça parasse de girar. — Ele ainda está... muito longe, — ela disse lutando para descrever o que sentia. — Mas a conexão já está mais forte do que estava.
— Lorde Raphael é muito mais poderoso do que eu acho que Mathilde entende — Ken’Ichi disse calmamente, chamando sua atenção para p fato de que ambos, ele e Elke, estavam agachados enquanto eles verificavam a selva ao redor deles.
— Ela está julgando-o pelo que ele era duzentos anos atrás, — Cyn disse com súbita compreensão.
Ken’Ichi assentiu. — E do pouco que ela aprendeu do encontro com Violet. Mas ela não esperava o laço de companheiro que você compartilha com ele, e ela estará pressionando duro para suprimir tal significativa conexão.
— Bom, — Cyn exclamou. — Eu estou ansiosa para mostrar a ela apenas o que nós podemos fazer juntos. — Ela se afastou de Robbie, acariciando seu braço para tranquilizá-lo. — Eu estou bem. Nós precisamos continuar.
Ele estudou ela cuidadosamente na luz da lua, em seguida assentiu. — Tudo bem. Eu tomarei a liderança.
— É claro que você irá, — ela murmurou com bom humor e mal conseguindo se desviar por baixo do ramo que ele intencionalmente soltou em retaliação.
Eles fizeram um bom tempo depois disso, trabalhando duro na última milha ou mais até o local onde ela e Robbie tinham escondido o carro alugado. Embora não antes que Cyn duvidasse de sua navegação mais do que da primeira vez. Parecia um caminho direto a luz do dia, e muito mais perto, também. Mas então, isso era porquê ela tinha programado a maldita localização no GPS de seu telefone em primeiro lugar. Um pedaço de selva parecia apenas como todo o resto para ela.
Robbie tirou as folhas de palmeira e outros vegetais verdes que eles tinham empilhado em cima do veículo de fuga. Então circularam o pequeno carro como se esperassem encontrar armadilhas.
— Você não acha que eles realmente colocaram bombas nisso, acha? — Ela perguntou duvidosa a ele. Ela imaginava que se alguém tinha descoberto o carro de aluguel e quisesse ter certeza que ninguém poderia usá-lo, eles apenas cortariam seus pneus. Isso é o que ela teria feito. Mas não havia razão para seus inimigos estarem até mesmo procurando por isso.
— Na verdade não, — Robbie concordava. — Eu estou mais preocupado com atolar do que bombas.
Cyn observou o chão molhado, pensando que eles nunca sairiam daqui se o carro ficasse atolado na lama. Isso não era mais uma estrada. Se eles estivessem nas montanhas em Malibu, ela teria chamado de estrada de fogo – uma pista funcional para veículos utilitários, mas que não era usada para viagens regulares. Além disso, o carro que eles tinham alugado era do tamanho médio de um sedan e não exatamente equipado por off-road trekking{3}. Por outro lado, isso era tão insignificante, com sua força de vampiro, Ken’Ichi provavelmente poderia levantá-lo e colocá-lo de volta na estrada se ele ficasse preso.
Aparentemente satisfeito com o que ele encontrou, Robbie abriu as maçanetas e entrou atrás do volante, em seguida manobrou o veículo para fora do caminho estreito e esperou pelo resto deles entrarem. E entrar foi o que eles fizeram. Geralmente falando, Cyn odiava quando os caras sentavam na frente, com as mulheres relegadas aos bancos traseiros como fossem cidadãs de segunda classe. Ela tinha um metro e oitenta e dois de altura e suas pernas eram mais longas do que a maioria dos homens. Se alguém precisava de um espaço na frente extra para as pernas era geralmente ela. Nesse caso, entretanto, Ken’Ichi e Robbie não eram somente mais altos, mas cada um deles pesava uma centena de quilos a mais. O único lugar que eles se encaixavam no veículo era na frente, e mesmo assim, eles tinham que empurrar os assentos para trás quase em seus limites. Elke, por outro lado, poderia chutar traseiros tão bem quando os dois homens, mas só com um metro e cinquenta e dois de altura, por cinco centímetros que ela não teria problemas com o arranjo de assentos. Ela sorriu quando Cyn teve que mudar para o lado para se encaixar no estúpido banco traseiro.
— Nós parecemos um carro de palhaços, — Cyn murmurou. — Eu devia ter conseguido algo maior.
— Nós dirigiremos o outro amanhã, — Robbie disse facilmente. — Esse é bom o bastante para hoje à noite, e é mais fácil para esconder.
— Fácil para você dizer, — ela adicionou sob sua respiração, ganhando outro sorriso de Elke que, sendo uma vampira ouviu o comentário.
— Quão longe é esse lugar para o qual nós estamos indo? — Elke perguntou, tentando parecer como se ela não estivesse desfrutando da situação de Cyn.
— Pouco mais de três milhas, — Robbie assegurou. Ele estava movendo-se em um ritmo constante pela estrada estreita e já estava abrandando para virar entrando na estrada principal por trás da propriedade onde tinham passado as últimas duas noites. Apenas pensar sobre suas últimas horas com Raphael fazia o coração de Cyn apertar dolorosamente.
— A casa é maior, — ela disse, desesperada para pensar sobre algo mais. — Mas Robbie e eu arrumamos todos os quartos, cobrimos as janelas e as coisas. E desde que somos apenas nós, deve ser grande o bastante.
Elke deu um encolher de ombros exagerado. — Hei, eu não preciso muito espaço.
— Anã, — Cyn murmurou.
— Esquisita, — Elke murmurou de volta, Cyn sentiu sua boca curvar-se em um meio sorriso e imediatamente se sentiu culpada. Ela não devia estar sorrindo, não devia estar gostando de nada disso. Eles não estavam brincando de vadiar, esquivando-se de alguma reunião entediante. Eles estavam correndo para salvar a vida de Raphael.
Quando eles fizeram a retorno final na rua onde a casa segura ficava, Robbie bateu no controle remoto da porta da garagem. Sendo aberta pelo tempo que eles atingiram a entrada da garagem, e ele entrou direto na garagem aberta, fechando a porta atrás deles logo que o carro estava completamente dentro.
— Essa casa pertence à família de Lucia? — Ken’ichi perguntou.
Cyn se assustou com o tom familiar de sua voz quando se referiu a Luci, então percebeu que ela não devia ter estado surpresa. Juro era seu gêmeo, depois de tudo. Ele provavelmente soube antes de Cyn que Luci e Juro iriam morar juntos.
— Sim, — ela disse, respondendo sua pergunta quando todos eles saíram do carro muito pequeno. — Mas pelo lado de sua mãe e um par de ramos distantes, então mesmo se os vampiros europeus souberam sobre a conexão de Luci conosco, o que estará deturpado, eles não devem ser capazes de identificar esse lugar. Assumindo que eles procurem em tudo. Com alguma sorte, eles caíram na trapaça de Juro e pensarão que nós todos voamos de volta para casa.
Ken’ichi assentiu silenciosamente, então virou-se para Robbie e disse: — Nós precisamos desligar as luzes.
Robbie olhou de relance para a luz da porta da garagem aberta e disse: — Eu cuidarei disso hoje.
Cyn foi em frente, puxando a chave que ela manteve de sua última visita, abrindo a porta entre a garagem e a casa. Ela entrou na cozinha escura, imediatamente fechando as persianas.
— Elke, você devia verificar os arranjos para dormir e ter certeza que eles são seguros para vocês, caras. A luz do sol não está muito longe. Robbie e eu combinaremos um turno de vigia, dormiremos em turnos através do dia para que um de nós esteja sempre acordado. Eu acho que nós estamos seguros, mas é melhor ser cuidadoso.
Ela circulou ao redor do resto do piso térreo, verificando persianas e cortinas, e descartando as sombras. Estava escuro lá fora por enquanto, e de manhã, Elke e Ken’ichi estariam no andar de cima onde todas as janelas estavam cobertas, mas ela estava preocupada sobre mais do que apenas com o nascer do sol. Ela não queria ninguém olhasse e percebesse que a casa estava ocupada, e em seguida ter curiosos sobre quem estava visitando. Melhor que eles simplesmente assumissem que estava alugada para férias e deixassem por isso.
— Tudo está bem aqui, — Elke disse, descendo as escadas. — Nós devemos discutir quais nossos próximos passos.
Cyn assentiu. — Concordo. Ela olhou ao redor da grande sala de estar com mobília confortável. — Vamos sentar aqui. Provavelmente é melhor para os caras.
— Sim, nenhum vime, — Elke comentou com um sorriso afetado.
Cyn deu um sorriso fraco. — Quanto tempo antes do nascer do sol? — Ela perguntou, olhando de relance para as janelas, procurando por qualquer sinal de luz do dia ao redor das extremidades nas persianas.
— Cerca de uma hora. Tempo o suficiente para decidir sobre um plano para mais tarde esta noite.
Cyn esperou até todo mundo estar acomodado, em seguida respirou fundo. — Eu estive pensando sobre isso, e eu estou muito certa que eles moverão Raphael assim que eles puderem. — Ela não mencionou seu contado de mais cedo com ele, não sabia se era um negócio único, ou se ele a alcançaria de novo com mais informações. Agora, a única coisa que ela sabia com certeza era que Raphael estava vivo, mas todos eles já sabiam disso, especialmente Elke e Ken’ichi. Se Raphael morresse, cada vampiro do território ocidental – e isso era milhares de vampiros, incluindo os dois nessa sala – saberia instantaneamente. Inferno, a morte de Raphael provavelmente seria sentida em cada vampiro da América do Norte, sem importar o quão forte ou fraco eles eram. Ele era tão poderoso.
Mas então, se Raphael morresse, não haveria buraco profundo o bastante para Mathilde se esconder. Lucas a caçaria e a estacaria no coração, e Cyn estava certa que seguraria o martelo.
— Mathilde e sua gangue devia ter outro esconderijo montado, fosse nessa ilha ou em outra, — Cyn disse, forçando-se a parar de pensar sobre o que aconteceria se Raphael morresse, e se concentraria em mantê-lo vivo. — Tem que ser algum lugar não associado com Rhys Patterson, porque isso seria muito fácil para os aliados de Raphael o localizarem. Juro disse que havia uma centena de vampiros ou mais trabalhando juntos para segurar Raphael. Vamos chamar de uma centena só por motivo de simplicidade. Eu não sei exatamente como isso funciona, mas eu imagino que é algo como um círculo de poder com alguém, presumivelmente Mathilde, prendendo todos eles juntos. Eu estou certa?
— Eu não sei se algo assim já foi feito, — Ken’ichi disse pensativamente. — Mathilde claramente os uniu, mas Juro acredita, e eu concordo, que seu plano é viajar para Malibu onde ela lançará um desafio pessoal para Raphael, sabendo que ele não poderá responder. Isso significa que ela não pode ser o ponto focal do círculo de poder. Mas provavelmente, ela tem vários dos mais poderosos mestres vampiros a sua disposição e eles são os únicos ligando os outros juntos.
Cyn franziu seus lábios ao pensar. — Todos eles teriam que estar em um único lugar?
Ken’ichi e Elke trocaram um olhar pensativo antes que Elke falasse. — Nós achamos que sim. Tem que ter um inferno de muita energia apenas para manter esse círculo coeso. Por que desperdiçar energia tentando fazer isso à distância? — Ela olhou para Ken’ichi por confirmação e ele assentiu sua concordância.
— Ok. Vamos dizer que eu esteja certa sobre eles moverem Raphael, — Cyn continuou. — É possível que uma centena ou mais de vampiros já esteja na nova localização? Mesmo que seja em outra ilha.
Elke olhou pra Ken’ichi para responder à pergunta de Cyn. Juro tinha dito que os poderes de Ken’ichi eram iguais aos dele. A reação de Elke dizia a Cyn que seu maior poder significava que ele também entendia as perguntas sobre os poderes vampíricos melhor do que Elke fazia.
Ken’ichi pareceu refletir sobre a pergunta, então falou lentamente. — Eu nunca encontrei Mathilde ou seus aliados, e não tenho nenhum conhecimento de suas forças individuais. Mas o fato de que eles precisaram de subterfúgios para subjugar Raphael é muito revelador. Os três poderiam trabalhar em conjunto para manter a integridade de seu grupo à distância, mas apenas a curto prazo, um dia ou dois no máximo.
Cyn considerou isso por um momento. — As probabilidades são, então, que eles vão estar movendo Raphael para onde ela está escondendo sua centena de vampiros. Deve ter levado meses apenas para conseguir trazer tantos aqui em primeiro lugar. Realocá-los rapidamente seria uma grande dor de cabeça. E francamente, apesar dela ser uma vadia, eu não acho que Mathilde seja estúpida. Eu acho que o círculo está em algum lugar que ela considera mais seguro e que eles moverão Raphael para lá mais cedo ou mais tarde.
— Faz sentido, — Robbie concordou. — Eles exigiram que Juro e os outros saíssem, mas eles não acreditam que nós enviaremos uma equipe para investigar. E a primeira coisa que qualquer equipe assim faria seria destruir qualquer propriedade de Rhys Patterson.
— Nosso primeiro trabalho então é descobrir onde eles vão. Porque enquanto eu gostaria de acreditar que nós os pegaremos antes que saiam de Kauai, eu não acho que iremos. Eu imagino que eles sairão dessa ilha logo que o sol se pôr hoje à noite, se eles já não fizeram. Então por onde nós começamos?
— Normalmente, eu diria aluguéis a curto prazo, — Robbie comentou. — Mas esse é o Havaí. Aluguéis de férias são tão comuns quanto palmeiras.
Eles ficaram em silêncio por um momento, então Elke tamborilou seus dedos e disse: — Comida.
Cyn franziu a testa por um momento antes do entendimento clicar. — Sangue. Você está certa. São muito vampiros que precisam ser alimentados. Mesmo se Mathilde estivesse inclinada a trazer sangue da Europa, seria quase impossível manter o bastante em mãos para alimentá-los por mais do que um dia ou dois. Isso são muitos voos, que são caros e fáceis de rastrear. Meu palpite é que ela quer deixá-los se alimentarem nas ruas ou ela está roubando bancos de sangue. Então é onde nós começaremos. Nós verificamos os registros policiais, registros oficiais, qualquer coisa que nós podermos acessar, procurando por ondas de crimes incomuns que indiquem a presença de vampiros.
— Isso é uma grande pesquisa, Cyn, — Robbie comentou.
— Eu sei, mas nós podemos pelo menos eliminar Kauai. Eu realmente não acho que ela ficará aqui
— Ainda é um monte de chão para cobrir. As ilhas maiores têm muitas jurisdições policiais diferentes, e nós não sabemos se eles são centralizados, ou mesmo computadorizados.
— Mas os vampiros terão que ficar perto de uma grande cidade, não terão? Se todos aqueles vampiros começarem a se alimentar em algum lugar com uma pequena população, isso seria notado. Portanto, nós ficaremos com as cidades centrais maiores por agora. Elas são mais propensas a serem computadorizadas de qualquer maneira. Você também tem que imaginar que alguns vampiros podem ficar excitados e arrancar uma garganta ou drenar alguém. Alguma coisa como isso é mais plausível que apareça e provavelmente terminará na internet.
— É um lugar para começar, — Robbie concordou.
— Eu pesquisarei isso essa manhã, — Cyn continuou, — Mas eu não sou exatamente uma hacker. Se as informações estiveram tão acessíveis quanto nós esperamos, eu não devo ter problemas. Mas se eu não voltar com qualquer coisa, eu chamarei algumas pessoas em quem confio. Eu também estou indo checar com o primo de Luci que é um piloto fretado e ver se ele conhece alguém na polícia local. De novo, esse tipo de crime deve criar um zumbido. Espero que eu tenha algumas pistas para nós seguirmos mais tarde esta noite.
— Eu acho que nós devemos verificar as duas casas que sabemos que Mathilde passou algum tempo, — Elke sugeriu. — Eu acho que você provavelmente está certa, e ela sairá, mas alguns do pessoal de Patterson devem estar ao redor. Juro informou para mim e Ken’Ichi enquanto vocês estavam ficando prontos, e ele sentiu muito fortemente que Petterson era um cúmplice involuntário. Se isso for verdade, Mathilde está provavelmente mantendo seu pessoal refém. Agora que ela tem o que queria, os vampiros de Petterson devem estar soltos e dispostos a conversar.
— E se Mathilde deixou uma equipe de guarda? — Robbie perguntou.
— Então nós observaremos por enquanto e reportaremos de volta.
Cyn assentiu. — Nós devemos nos comunicar pelo telefone celular até isso acabar. Nós ainda não sabemos como ou quando eles hackearam a casa segura. Eu não quero dar uma chance para nossas comunicações serem comprometidas também. Juro me deu um monte de números de telefones descartáveis antes que ele saísse, mas eu quero guardar estes para comunicação com Malibu. Robbie e eu compramos alguns quando nós estávamos abastecendo esse lugar, então nós usaremos aqueles. Eles estão em uma mochila preta na cozinha, então usem-os. Apenas façam uma nota de qual telefone vocês pegaram.
Cyn levantou-se, esticando os músculos doloridos, exaustos e tensos ao mesmo tempo. Ela precisava de cafeína. Havia uma cafeteira na cozinha e café estava entre os mantimentos que ela e Robbie pegaram no outro dia. Ela se dirigiu para a cozinha enquanto Elke e Ken’ichi se moveram em direção as escadas. O céu ainda estava escuro do lado de fora, mas Cyn sabia que o nascer do sol estava perto.
Robbie estava inclinado de costas no sofá, esfregando seu rosto com ambas as mãos. Ele pulou em seus pés quando ela parou perto dele. — Eu ficarei primeiro — Ele começou a dizer, mas Cyn o cortou.
— Não, — ela disse. — Você tem estado quase dormir por dois dias. Além disso eu preciso fazer algumas chamadas, e eu não serei capaz de dormir de qualquer forma. — Ela se aproximou e agarrou o telefone descartável da mochila colocada sobre a ilha da cozinha.
— O clube dos companheiros está ativo. Hum? — Robbie perguntou, assentindo para o telefone em sua mão. — Vocês, caras, tem uma palavra como código secreto ou algo assim?
— Ainda não. Mas nós podemos chegar a uma depois disso. — Seu telefone celular pessoal tocou. Ela verificou a chamada e não ficou surpresa pela identidade de sua primeira chamada.
— Hei, — ela disse atendendo o celular. — Deixe-me ligar de volta para você. — Ela desligou, então virou para enfrentar Robbie enquanto ela ligava o telefone descartável. — Está tudo bem, — ela disse para ele. — É Murphy. Você pode ir para cama, e eu acordarei você em algumas horas.
— Diga ‘oi’ a Murphy por mim, — Robbie disse, então deu a ela uma saudação silenciosa e subiu as escadas, de dois em dois degraus. Cyn desmoronou em uma grande cadeira estofada, café esquecido por agora, enquanto ela discava o número de Murphy e apertava chamar.
Ele respondeu no primeiro toque. — Leighton.
— Olá para você também, — ela disse, cumprimentando seu colega do Canadá. Colin Murphy era companheiro de Sophia, a única Lorde vampira na América do Norte.
Cyn não teve que explicar o número inesperado que ela tinha ligado. Murphy teria esperado aquilo depois que ela disse que ligaria de volta para ele. Na verdade, eles haviam discutido esse tipo de coisa entre os vários membros do clube dos companheiros, pela guerra dos vampiros se aproximando no horizonte.
— Como você está indo, Leighton? — A voz de Murphy era mais suave do que o usual tom cínico que ele usava com ela. Ela e Colin tinham passado pelo inferno e voltado juntos. Eles encobriam o carinho com o irritável bate-papo, mas eles gostavam um do outro, e em uma vida diferente poderiam até ter sido mais do que amigos. Colin era um guerreiro experiente, um ex-seal da marinha. E agora, ele a entendia melhor do que qualquer um dos outros amigos, sua frustração por não poder fazer nada, por não ter em quem atirar.
— Não muito bem, — ela admitiu brevemente, mas ela não elaborou. Se eles começassem a discutir sentimentos e como ela realmente estava, ela terminaria choramingando com seu inexistente café ao invés de descobrir como resgatar Raphael.
— Entendi, — Colin disse, ela sabia que ele entendeu. — Então do que você precisa?
— Nada ainda. Nós ainda estamos tentando determinar exatamente onde Raphael está sendo mantido, então nós descobriremos como chegar a ele.
— Onde você está? Juro nos deu a linha oficial que ele tinha evacuado todo mundo da ilha, mas eu apostei com Sophia mil dólares que você ainda estaria aí.
— Diga-lhe para pagar, mas mantenha para vocês. Eu não quero Mathilde informada de nosso paradeiro antes que nós estejamos prontos para fazer nosso movimento.
— Quem é “nós”? Rob está aí com você?
— É claro. Ele disse ‘oi’ de qualquer forma. Elke e Ken’ichi também estão aqui.
Um momento de silêncio então Colin disse: — Quem, porra, é Ken’ichi?
— O irmão gêmeo de Juro, — Cyn disse–lhe, surpresa que ele não sabia.
— Merda, sério? Eu não tinha certeza se o cara tinha um nome. Eu nunca o ouvi falar. Na verdade, eu tipo assim, pensei que ele era todo músculo, nenhum cérebro.
— Errado em todos os aspectos. Ele fala muito bem e acredite em mim, seu cérebro é completamente funcional. Ele só não gosta muito de pessoas.
— Mas ele gosta de você?
— O que eu posso dizer? Eu sou adorável. — Isso foi o mais perto de seu usual de sarcasmo, e Cyn achou estranhamente reconfortante.
— Se você diz. Agora me diga o que eu posso fazer para ajudar. Eu não posso deixar Sophia, mas...
— Você em nenhuma hipótese pode deixar Sophia nesse momento. Eles acham que neutralizaram Raphael, então eles atingirão no próximo continente. Nós esperamos que Mathilde atinja diretamente o território de Raphael. Mas ela tem um par de poderosos aliados com ela essa noite. Ela quer o Oeste, então é duvidoso que ela quererá eles com ela para enlamear a água em seu desafio lá. O fato de que eles estejam aqui significa que eles provavelmente colocaram suas miras em outros...
— Cyn, — ele interrompeu calmamente. — Sobre Raphael...
— Eu conseguirei ele de volta, — ela disse firmemente.
— Se alguém pode fazer isso, esse é você.
Cyn encontrou-se dissecando essa última sentença, se perguntando se era a forma de Murphy dizer que ele não pensava realmente que Raphael poderia ser resgatado, ela não acreditou nisso por nenhum minuto. Ela o resgataria. Ela quase disse alguma coisa, mas então percebeu que a exaustão poderia estar nublando seus pensamentos, porque Murphy nunca teria sugerido tal coisa. Ele não acreditava em desistir mais do que ela fazia.
— O que eu realmente preciso é de um policial, — ela disse cansada.
— Um policial? Para que diabos?
— Acessar os relatórios policiais principalmente, mas também por fofocas. Policiais falam um com o outro. Eu quero saber se há alguma coisa estranha acontecendo localmente.
— Você está procurando por um pico de atividades vampíricas.
— Exatamente. Você sabe, eu continuo dizendo as pessoas que há um cérebro embaixo de todos esses músculos de vocês, — ela provocou automaticamente.
— Legal, — ele respondeu, em seguida voltou aos negócios. — Eu não conheço nenhum policial pessoalmente, mas eu tenho um amigo em Oahu. Um cara da marinha que cresceu aí. Ele deixou a equipe quase ao mesmo tempo que eu, e voltou para casa para formar uma família. Eu posso dar um telefonema para ele. Ele deve conhecer alguém que conhece alguém.
Cyn pensou sobre isso. — Quanto ele sabe sobre vampiros?
— Ele sabe que eu estou casado com uma, e ele sabe o que eu faria por ela.
— Ok, lhe dê esse número. Eu aprecio isso, Murphy.
— Hei, essa é a razão para o clube, certo?
— É agora. Embora originalmente, eu pensava mais ao longo de três Martinis no almoço e viagens de compras.
— Eu estava imaginando que isso era antes de eu me juntar.
— Você não gosta de martinis?
— Você é engraçada. Eu gosto muito de martinis.
— Então você pode ficar em um bar e observar as sacolas enquanto o resto de nós faz compras.
— Sim, porque eu não tenho o bastante com Sophia.
Cyn riu, então disse suavemente: — Obrigada, Murphy.
— A qualquer hora, Leighton. Eu ficarei em contato.
Ele desligou, e Cyn não tinha nem desconectado, quando seu celular pessoal tocou de novo. Um olhar rápido para a tela lhe disse que era a vez do FBI verificá-la.
— Kathryn, — ela cumprimentou, então foi para a mesma rotina que ela teve com Murphy, dizendo que ela ligaria de volta e então discou no telefone descartável.
— Cyn. Eu sinto muito, — Kathryn disse no minuto que elas reconectaram.
— Obrigado. Lucas deve estar ficando louco, heim? — Lucas era o Lorde vampiro que governava o território das planícies, e Kathryn sua companheira. Raphael era o Pai (Sire) de Lucas, e de todos os filhos vampiros de Raphael, ele e Lucas tinham uma conexão única. Cyn não sabia se era porque Lucas tinha sido o primeiro de Raphael, ou se era porque Lucas tinha sido somente um adolescente quando ele e Raphael tinha se encontrado. Ele tinha sido um ladrão de rua que Raphael tinha tirado da sarjeta para ser seu servo humano, e anos depois ele fez dele um vampiro. A primeira vez que Cyn encontrou Lucas foi quando Raphael tinha evitado uma tentativa de assassinato. Lucas tinha feito uma viagem especial, voando centenas de milhas apenas para ver por si mesmo se Raphael estava vivo e bem.
Kathryn fez um som de desprezo. — Eu ameacei atirar nele se ele pegasse um avião sem falar com você primeiro, — ela disse, soando como se ela estivesse apenas meio brincando.
— Balas não iriam realmente machucá-lo, sabe, — Cyn respondeu.
— Elas machucam se forem grandes o bastante.
Cyn engasgou rindo. — Eu sei como é Lucas em tudo, mas você não quer realmente matá-lo, certo?
— Às vezes é um cara ou coroa, mas até agora, a resposta é não. Eu somente ameacei atirar em sua perna dessa vez.
— Eu estou surpresa que isso o impediu.
— Ok, então talvez eu realmente disse que seria ambas as pernas. Eu precisava que ele esfriasse e pensasse ao invés de correr em uma missão de resgate que você já tinha em mãos.
— E se eu não tivesse? — Cyn perguntou fracamente.
— Vamos, Cyn. Eu tenho fé em você, e assim faz Lucas.
Cyn desejou privadamente que ela pudesse ser tão confiante quanto eles eram sobre suas chances. Mas ela não disse isso em voz alta.
— A palavra oficial é que Juro veio para casa com a equipe toda, incluindo você, — Kathryn lhe disse. — Mas eu não acreditei por um minuto.
— Isso foi o que Murphy disse, também. Vamos esperar que a cadela não me conheça tão bem.
— A cadela que você se refere é Mathilde?
— A própria. Lucas a conhece?
— Sim. Ele disse que Raphael tem uma história com ela, e que essa história é a razão de Raphael deixar a Europa quando ele fez.
— Uma mulher desprezada? — Cyn disse, odiando a cadela mais com cada detalhe que ela descobria sobre ela.
— Lucas não me deu qualquer detalhe. Você pode perguntar a ele quando ele ligar mais tarde, o que provavelmente será um minuto depois do pôr do sol.
— Considere-me avisada. Dê a ele o número desse telefone, ok? É um descartável.
— Movimento esperto. — Houve um momento de silêncio. — Como eu posso ajudar, Cyn? Deve haver alguma coisa com que eu possa contribuir além das réplicas espirituosas.
Era engraçado, pensou Cyn. Suas razões para organizar o clube dos companheiros em primeiro lugar tinha sido exatamente o que ela disse a Murphy. Era suposto ser sobre Martini e compras, algum entretenimento para fazer enquanto os grandes vampiros maus mantinham suas várias reuniões. Mas tinha se tornado muito mais. Principalmente, porque as companheiras tinham se tornado um grupo tão diverso e capaz de mulheres... e homens, ela adicionou, pensando em Murphy.
— Eu estou em modo de pesquisa, — ela disse a Kathryn, voltando para sua conversa. — Até agora, nós estamos procurando por fontes locais de relatórios da polícia, colunas de registros policiais em jornais locais, e qualquer acontecimento inexplicável coberto por artigos confiáveis. Com ênfase em confiável.
— Você está procurando por atividade vampírica inexplicável, — Kathryn imaginou, apenas como Murphy fez. — Eu posso ajudar com isso. Muitas vezes os vampiros de ataques selvagens são considerados em série, e terminam na VICAP{4}, — ela disse, se referindo ao banco de dados nacional do FBI para atividades criminais violentas. — Eu farei uma busca e verei o que virá à tona. Eu imagino que você ainda está procurando por toda a ilha?
— Eu estou excluindo Kauai por enquanto. Nada mais faz sentido. Eu voltarei a isso se não tiver sucesso em mais nada, mas eu estou tentando restringir minha busca.
— Eu verificarei o VICAP de manhã e retornarei para você de qualquer maneira.
— Obrigada, Kathryn. Isso será de grande ajuda.
— É o mínimo que eu posso fazer. Bem, isso e acorrentar Lucas à cama, então ele não aparecerá em sua porta.
— Pobrezinho.
Kathryn riu alto. — Sim. Ele pode ser uma dor na bunda, mas ele é muito bonito.
— Eu falarei com você mais tarde? — Cyn disse, ansiosa para desligar o telefone. Ela sabia que os outros estariam ligando e ela apreciava seu apoio. Mas ela precisava tirar essa parte fora do caminho, então ela poderia se focar no problema.
— Eu ligarei logo que eu tiver retorno.
— Ótimo, falo com você mais tarde, então. — Ela desligou o telefone descartável e dirigiu-se para a cozinha com sua mente no café. Ela estava procurando por filtros de café quando seu celular tocou de novo. Ela voltou para a mesa para pegar seu telefone, e deslizou seus dedos para aceitar a chamada apenas quando seu cérebro processou o toque e reconheceu como um texto ao invés de uma chamada.
Franzindo um pouco o cenho, ela abriu suas mensagens e viu que havia na verdade duas. A primeira era de... Nick de novo? Era a mesma mensagem enigmática de antes, aquela em que ele tinha um problema e precisava de sua ajuda. Mas dessa vez ele adicionou um insistente Me ligue!!! Ela imaginou que as três marcas de exclamações eram para significar urgente. Infelizmente para Nick, ela tinha apenas um assunto urgente agora, e não era o seu.
Movendo-se para a próxima mensagem, ela encontrou um número na entrada que ela não reconheceu. Aparentemente essa era sua manhã para mensagens misteriosas, porque esse consistia de um link e um texto de uma única linha.
Eu pensei que você acharia isso interessante.
Cyn olhou fixamente. Anexado com um daqueles sites de utilidades que diminuem links longos demais. Muito útil, mas o resultado não deu em nada de onde o link a levaria. Normalmente, ela teria deletado uma mensagem como essa sem um segundo pensamento.
Mas aqueles não eram tempos normais.
Ainda assim, não poderia machucar tomar algumas precauções. Ela enviou uma mensagem para seu telefone descartável, em seguida clicou no link. Abriu no que parecia como um site marginal de um website da internet que visava notícias paranormais. Havia os habituais contos de avistamentos de alienígenas, mas aqueles foram enviados as margens, correndo para uma coluna à esquerda que estava cheia com histórias bizarras, como cobras de duas cabeças e cordeiros de seis patas.
Indo para as presas gotejando sangue, exibidas proeminentemente na página principal, entretanto os vampiros no website eram números interessantes. Então, não era surpresa que era sua história principal de hoje – e, uma rápida varredura lhe disse que era uma verdade na maioria dos dias – apresentava relatórios de avistamentos de vampiros ou rumores. E não o tipo de ficção científica brilhante de vampiros. Eram avistamentos na vida real, frequentemente incluindo fotografias, de alguns dos mais poderosos vampiros da América do Norte. Cyn examinou o arquivo de imagens rapidamente encontrando várias afirmando mostrar Raphael, mas quando ela as checou, a única coisa que eles mostravam era parte de cima da nuca de sua cabeça no meio de sua equipe de segurança. Ela estava chocada por ver-se visível em uma das fotos, mas apenas de costas, o que era um alívio. Ela notou de passagem que seu cabelo estava ótimo, mas ela também pensou que a foto devia ser uma velha, provavelmente logo depois daquele fodido agrupamento perto de Seattle, quando ela ainda estava se recuperando de seus machucados, porque ela parecia muito magra.
Não havia nenhuma razão para seu remetente misterioso chamar sua atenção para as velhas fotos dela e Raphael, no entanto. Muito mais interessante era a história que denominava a manchete atual, a única detalhando um aumento súbito na área de Honolulu de corpos mortos com suas gargantas rasgadas. O repórter também afirmava ter conhecimento sobre um aumento de assaltos onde as vítimas sobreviveram, mas foram deixadas com graves feridas no pescoço e uma redução acentuada no volume de sangue. Em outras palavras, sobreviventes de ataques de vampiros.
Cyn nem mesmo sabia que havia vampiros no Havaí até essa viagem, então ela não conhecia a prática comum nas ilhas. Mas na América do Norte geralmente, os vampiros não deixavam cadáveres, e eles também não deixavam... vítimas. A maioria dos doadores de sangue eram voluntários com nenhum desejo de apresentar queixa aos policiais ou a alguém mais sobre suas interações com vampiros. Exceções aconteciam, é claro, mas naqueles casos, o vampiro ofensor era tratado com rapidez e muitas vezes fatalmente pelo próprio Lorde vampiro ou um de seus executores. Ela achava que mesmo a polícia segurava a verdade no Havaí, ou Raphael teria feito algo sobre isso antes disso.
O que queria dizer, que se os repórteres nesse site da internet poderiam ser creditáveis, Honolulu estava experimentando uma onda de crimes com vampiros, o que era precisamente o que ela tinha estado procurando.
Por um momento, Cyn sentiu como uma daquelas vítimas anémicas mordidas por vampiros. Seu coração estava batendo, mas o sangue parecia estar correndo para toda parte, exceto sua cabeça. Com sua visão cinza, ela inclinou-se para frente, cabeça entre os joelhos, o telefone caindo de seus dedos repentinamente sem nervosos. Ela devia ter desmaiado por alguns minutos. Porque a próxima coisa que ela sabia, foram os pesados passos de Robbie descendo a escada o e ele estava chamando seu nome.
— Cyn? —Ele ficou em um joelho em sua frente. — O que foi isso?
Havia medo em sua voz, e ela sabia que ele pensava que algo tinha acontecido com Raphael, algo poderoso o bastante que ela tinha sentido através de sua conexão. Robbie temia por Raphael, mas era mais do que isso. Sua esposa Irina, era uma das vampiras de Raphael. Se o pior acontecesse com Raphael, atingiria forte em Irina, talvez até mesmo a mataria. Na melhor das hipóteses, ela terminaria ligada a um novo Lorde vampiro, e não havia garantias de quem seria.
Cyn não pode levantar sua cabeça imediatamente, não sem desmaiar, mas estendeu a mão e cegamente apertou o grosso antebraço de Robbie. — Não foi Raphael, — ela conseguiu sussurrar. Ela procurou pelo telefone descartável, que tinha escorregado da sua mão, agarrando-o com os dedos úmidos quando Robbie o entregou. Ela segurou para que ele visse a tela, que ainda estava exibindo o histórico de notícias de Honolulu.
Robbie leu silenciosamente. — Ok, então alguém fez nosso trabalho. Mas o que há com você, querida?
Ela ergueu sua cabeça o suficiente para dizer: — Eu vi a história e soube que nós estávamos certos, e eu apenas...
— Você foi uma menina e desmaiou? — Ele brincou, mas girou seu braço embaixo de seus dedos e apertou sua mão firmemente.
— Eu não desmaiei, — ela insistiu, ouvindo a trepidação em sua própria voz. — Eu acho que eu apenas estava com fome. Eu não consigo lembrar a última vez que eu comi. Ela sentou lentamente. — Foda-se, eu odeio essa sensação. Faz-me querer vomitar.
— Aqui.
Ela olhou para cima e viu-o segurando uma garrafa de água.
— Onde você conseguiu isso? Você sempre carrega uma reserva? — ela perguntou ceticamente, mas pegou a garrafa oferecida e bebeu. — Isso é coisa de Ranger?
— Isso é uma coisa “nós estamos no Havaí”. É fodidamente quente aqui, fácil ficar desidratado. Você se sente melhor?
Cyn assentiu. — Por que você está acordado?
— Não consegui dormir. Eu pensei em pegar o primeiro turno por você, ou pelo menos lhe fazer companhia.
— Nós somos um par, não somos? Os caras maus entrarão pela porta, e estaremos tão cansados que não seremos capazes de levantar as armas.
— Hei, soldado Ranger aqui. Eu nunca estou muito cansado para levantar minha arma.
— Seja como for. Você sente vontade de tomar café da manhã?
— Você está se oferecendo para cozinha?
— Eu posso fazer ovos mexidos e torradas.
— Torradas francesas?
— Torrada comum de torradeira. Você quer qualquer outra coisa, você está por si mesmo.
Robbie ficou em pé e estendeu uma mão. Ele a ajudou a levantar e a segurou até que eles estavam ambos certos que ela não ia cair, então viraram em direção a cozinha.
— Eu não consigo lembrar, — ele disse em tom de conversa, — Nós compramos bacon?
Cyn assentiu. — Você pelo menos. E se você quer isso, você cozinha. Os ovos mexidos é o mais complicado que eu faço.
— Não me admira que você esteja tão magra. Você não cozinha nada.
— Eu principalmente como. E eu não estou magra, idiota.
— Sensível. Você deve estar se sentindo melhor.
— Esse fodido website tem uma foto da minha bunda.
— Nós devemos invadir esse site por si só. Cobrir suas páginas com corações e flores.
— Boa ideia. Eu terei alguém nisso assim que levarmos Raphael de volta em casa.
Ambos ficaram em silêncio por um longo tempo, o comentário de Cyn serviu para lembrá-los do que exatamente a assustou em primeiro lugar.
— Você acha que o site é confiável? — Robbie perguntou, se movendo para a geladeira e tirando os ingredientes para o café da manhã.
Cyn inclinou-se contra o balcão, outra garrafa de água em sua mão. Ela tomou um longo gole antes de responder. — Confiável? Provavelmente não. Mas isso não quer dizer que não haja verdade nessa história. Alguém acha que há. O bastante para me enviar o link de qualquer forma.
Robbie franziu a testa. — Sim, mas quem? E por que nos ajudar?
— Poderia ser um do pessoal de Rhys Patterson. De acordo com Juro, Patterson somente cooperou com Mathilde porque ela o ameaçou. Mas ele está governando essas ilhas por conta própria a um longo tempo. Nem mesmo Raphael realmente sabe quantos vampiros ele tem, ou quem eles são. Se Mathilde perdeu alguém, esse vampiro poderia estar retaliando ao nos direcionar a informação que nós precisamos.
— Ou poderia ser alguém da equipe de Mathilde nos enviando em uma busca a um ganso selvagem, a fim de desviar nossa atenção de onde quer que seja que eles realmente estão se escondendo.
— Mas isso pressupõe que Mathilde sabe que nós estamos aqui, e nós não achamos que ela sabe, — Cyn protestou.
— Quem quer que seja que enviou essa mensagem não tem conhecimento que você está aqui. Tudo que eles sabem é que você está sentada em Malibu roendo suas unhas.
— Talvez.
— O que você me diz, Cyn. Ao invés de nos conduzir a loucura com os e se, por que você não termina os ovos, e eu procurarei em fontes de notícias locais legítimas e vejo o que eles têm.
Robbie puxou seu laptop de onde ele estava colocado na mochila e começou a teclar. — O que Murphy tem a dizer? — ele perguntou sem olhar para cima.
Robbie estava com ela e Murphy no dia que ela quase morreu. Ele tinha segurado sua garganta com suas mãos, enquanto Murphy tinha corrido de volta para o complexo onde Raphael estava apenas acordando. Uma experiência compartilhada como essa criava um laço que nunca se esquece.
Cyn começou a quebrar os ovos. — Murphy tem um amigo seal em Oahu. Ele disse para eu esperar um telefonema. Eu estou esperando que o amigo conheça um amigo policial que possa nos ajudar a rastrear essas histórias, desde que todos os tipos gung-ho{5} tendem a ficar juntos.
— Quando ele vai ligar?
— Assim que Murphy consiga contatá-lo, eu imagino. Esperançosamente logo.
Robbie continuou a trabalhar em seu laptop, seus dedos grossos batendo no teclado forte o bastante para fazer estremecer.
— Aqui vamos nós, — ele anunciou repentinamente.
— O que você conseguiu? — Cyn perguntou. Ela deixou de lado a tigela de ovos crus, então caminhou ao redor para olhar sobre seu ombro. — Honolulu Star-Adevertiser, — ela leu. — Esse é um grande jornal?
— O maior em circulação no estado, ou assim eles alegam.
— E?
— Eles não têm agressões, e eles não descrevem completamente o massacre sangrentos como o site com o grupo de vampiros fez, mas eles têm três corpos, todos mortos com as mesmas feridas, e todos nas últimas duas semanas.
— Três corpos não é muito, — ela comentou, ainda lendo sobre seu ombro.
— Não é em L.A., mas eu não tenho certeza sobre Honolulu. E comparando com os outros relatórios, há uma forte possibilidade para um novo refúgio de Mathilde.
Cyn recuou. — Eu gostaria de saber quem enviou-me aquele link em primeiro lugar. Cheira como armadilha.
— Eles deixaram um número de telefone para chamar de volta?
— O número estava bloqueado, mas eu sempre posso tentar enviar um texto de volta e ver o que acontece.
— Então, faça isso. Apenas pergunte quem são.
Cyn caminhou ao redor do balcão e entrou na sala de estar onde ela tinha deixado o telefone descartável quando ela teve seu episódio que absolutamente não era um desmaio. Agarrando seu telefone, ela rapidamente digitou: “Que diabos é isso?” Então pensou melhor nisso, e mudou para simplesmente, quem é você?
A resposta veio antes mesmo que ela conseguisse voltar para a cozinha. Robbie olhou para o toque de mensagem, seus olhos encontrando os delas com uma pergunta. Ela assentiu, em seguida veio para perto dele então ambos podiam ler o texto. Ela dizia simplesmente: Um aliado. Nós devemos nos encontrar.
— Oh, foda-se, não, — Robbie disse imediatamente. — Sem encontros, Cyn. Nós não temos qualquer ideia de quem é esse palhaço.
— Só há uma maneira de descobrir, — ela continuou razoavelmente. — Nós concordamos com o encontro.
— Bobagem. Peça a ele algo genuíno, e veja o que ele diz.
Cyn encolheu os ombros, em seguida digitou: Você me conhece. Mas quem é VOCÊ? Ela destacou a última palavra para dar ênfase.
Ela largou o telefone, então ligou a panela para esquentar e despejou os ovos nela. quando seu telefone soou, ela estava mexendo os ovos, então Robbie o pegou e leu em voz alta. — Donavan Willis. Eu trabalho para Rhys Petterson.
Cyn franziu a testa. Donavan Willis. — Eu conheço o nome, — ela disse distraída. Se ele trabalhava para Patterson, ele era local, alguém que ela conheceu ou ouviu falar nos últimos dias. Mas ela não tinha encontrado muitas pessoas. Na verdade, além do piloto primo de Luci, ela não tinha conhecido ninguém em tudo. Raphael tinha cuidado disso, mas...
— Donavan Willis! — Ela repetiu com reconhecimento repentino. — Ele apareceu no segundo dia que nós estávamos na casa, como parte do comitê de boas-vindas. Eu estava na sala de controle vendo o vídeo de segurança com Ken’ichi. Havia dois vampiros tentando passar por locais em camisas havaianas combinadas e então havia o humano Willis. Cabelo espetado, piercings. Ele queria... — Ela pensou no que ela tinha ouvido da conversa de Willis com Raphael.
— Ele ofereceu-se para consertar a internet de alta velocidade da casa, disse que ele poderia fazer mais rápido ou alguma outra besteira. Todos nós achamos que era um estratagema óbvio para grampear nosso sistema, e Raphael declinou educadamente.
— E sobre os dois vampiros com Willis? Eles pareciam acolhedores com Willis?
— Acolhedor? É uma daquelas palavras código das Operações Especiais que os civis não entendem?
— Você está apenas com inveja que eles não levam garotas?
Cyn bufou. Isso era meio de verdade, embora ela nunca admitiria. — Acolhedor não era a palavra que eu usaria para descrever aqueles caras. Na verdade, eu tenho certeza que não uso essa palavra desde que eu tinha cerca de seis anos. Mas, o ponto na verdade, Willis e os vampiros não pareciam estar jogando na mesma equipe. Quando ele achou que eles não estavam olhando, os sentimentos de Willis sobre os outros dois eram bastante óbvios, e eles definitivamente não estavam cheios de admiração.
Cyn distribuiu os ovos, e adicionou torradas em cada prato. A cozinha ficou silenciosa por alguns minutos enquanto as torradas eram lambuzadas com geleia e os ovos eram consumidos. Cyn se surpreendeu por comer quase tanto quanto Robbie. Aparentemente, ela estava com mais fome do que imaginava.
Robbie levantou-se e serviu café para ambos. Cyn assentiu em agradecimento então afastou o prato e disse:— Ok, vamos com a ideia de que Patterson não é um cúmplice disposto a sequestro. Onde isso nos deixa?
— Nos deixa com Willis, um humano que trabalha para Petterson, oferecendo seus serviços.
— Pode valer a pena investigar.
— Como ele sabe que você ainda está na ilha?
— Talvez ele não saiba. L.A. fica somente seis horas de viagem daqui.
Robbie franziu o cenho. — Eu não sei. Ele pediu por uma reunião, não uma chamada telefônica. Isso me diz que ele sabe que você está aqui.
Cyn olhou para baixo para o telefone descartável em sua mão, e sentiu a lâmpada acender em sua cabeça. — Meu telefone celular, — ela disse, dando a Rob um olhar de dãh. — Ele originalmente mandou a mensagem para meu telefone celular e ele é um hacker. Um especialista em segurança pelo que Raphael me disse. Quão difícil seria para um cara como ele rastrear a localização de meu celular? Até mesmo se eu não o usasse, está ligado e nós dois sabemos o que significa. Talvez ele não possa restringir a um local específico, mas ele com certeza pode dizer que eu ainda estou em Kauai.
— Merda. Nós precisamos desligar os telefones pessoais de todos e tirar as baterias. Nada mais além dos celulares descartáveis irrastreáveis daqui em diante.
Cyn lhe deu um olhar perturbado. — Mas e se Raphael...
— Querida, — ele disse pacientemente. — Nós dois sabemos que Raphael não precisa de um telefone para contatá-la.
— Eu sei que você está certo, — ela disse, respirando fundo. — Mas eu não posso fazer isso. Eu preciso deixar essa conexão aberta, apenas no caso.
— Eu entendi. Vamos apenas esperar que o pessoal de Matilde não seja tão afiado quanto Willis, quando se trata de telefones celulares.
— Vamos esperar que Willis já não esteja trabalhando para Mathilde.
— Bom ponto. Nós devemos encontrá-lo, porém.
Cyn olhou para ele com surpresa. — Por que a mudança de coração?
Robbie fez uma careta. — Se ele está do nosso lado, ele pode nos ajudar. Se ele não está, nós precisamos saber disse, também. Porque significará que Mathilde sabe sobre nós.
— Nós provavelmente devemos definir um encontro à luz do dia, então. De modo que nenhum dos aliados de Mathilde, pelo menos nenhum dos mais perigosos, possa estar à espreita.
— Eu não tenho certeza que seja uma boa ideia. — Ele discordou. — Nós não podemos deixar os vampiros sem vigilância.
— Você poderia ficar aqui enquanto eu...
O riso de Robbie foi um latido de descrença. — Não há nenhuma maneira no inferno que eu deixarei você se encontrar com esse cara sozinha. Nós esperaremos até depois de escurecer, e levaremos Ken’ichi e Elke conosco. Mande a mensagem e volta. Marque o encontro para noventa minutos depois do pôr do sol. Algum lugar perto.
— Quem morreu e fez de você o chefe?
— Quando se trata de merda como essa? Tio Sam. Hooah{6}.
— Que seja, — Cyn murmurou.
— Você fica aqui até o pôr do sol, então trás os vampiros com você para o encontro. Eu me dirigirei para lá mais cedo e verei se alguém diferente de Willis aparecerá. Você lembra como ele parece? Posso reconhecê-lo por algo mais?
— Cabelo castanho escuro espetado. Piercings em ambas as sobrancelhas e orelhas, óculos pretos de armação.
— Peso? Altura?
— Eu só o vi no vídeo, — ela disse pensativamente. — Ele estava próximo a Raphael, embora, então, um metro e sessenta mais ou menos, magro, mas em forma talvez 72 quilos.
— Certo. Ele te encontrará no McDonald’s perto do mercado onde nós fomos ontem. Eu estou assumindo que ele sabe como você parece, mesmo que ele não tenha te visto na casa. Independentemente disso, certifique-se que nós saibamos como ele parece. Há uma área de piquenique no lado sul do drive-thru. Não terá tanta multidão quanto no restaurante ou na área de jogos, especialmente depois de escurecer.
Os polegares de Cyn estavam voando enquanto ela escrevia a mensagem para Willis, separando as instruções de Robbie em dois textos diferentes o que tornava mais fácil seguir.
A resposta de Willis foi instantânea. Três palavras. Eu estarei lá.
Ela olhou para cima e encontrou os olhos marrons escuros de Robbie. — Nós vamos. — Ela tinha que se forçar a manter a calma, manter as mãos firmes e a voz fria. Essa era a primeira boa vantagem que eles tinham, um homem dentro do campo do inimigo. Ela socou sua emoção para lembrar a si mesma que Willis podia não estar no campo de Mathilde mais, se é que ele alguma vez esteve. O fato de que ele estava disposto a ajudar Cyn argumentava contra isso, mas ele provavelmente ainda sabia mais do que ela sobre o que estava acontecendo.
Robbie estava observando-a atentamente, parecendo entender sua batalha interna. O que ele tinha dito sobre tio Sam treinando-o para situações que acabavam como essa, era verdade. Robbie tinha visto a guerra real, tinha tomado decisões de vida e morte em três campos de batalhas diferentes. Os vampiros eram muito sanguinários, e Cyn tinha lutado sua cota de conflitos desde que assumiu Raphael, mas ela sabia que sua experiência não chegava perto da de Robbie. O que era provavelmente o porquê de ela estar praticamente saltando fora de sua pele com o que ela esperava ser excitação bem escondida, enquanto ele estava em pé ali fazendo uma clara imitação de homem de gelo.
— Eu levarei o carro de aluguel, — ele lhe disse. — É menos visível. Você liga para a empresa de aluguel e pede para trazer algo maior. Ken’ichi e eu precisamos de algum espaço para as pernas. E eu quero algo com mais poder.
— Você devia tentar o assento de trás, — ela resmungou.
— É, não obrigada. — Ele andou e pegou um par de telefones irrastreáveis da mochila. — Anote esses números.
Cyn obedientemente anotou os números em seu telefone, então olhou para Robbie. — Você conseguiu munição? Tudo mais que você precisará?
— Eu consegui duas Mags reserva, e, hei, eu estou indo para estar no McDonald’s. Eu estou provavelmente melhor lá fora do que em sua casa com dois sanguessugas e uma mulher que mal come comida.
— Eu acabei de ter ovos!
— Querida, isso foi apenas o aperitivo.
— Tudo bem. Vá para o McDonald’s e se polua com comida rápida.
— Você está morrendo de vontade de ir comigo, não está?
— Morrendo é uma palavra muito forte.
— Quer que eu pegue um hambúrguer com fritas? Eu poderia trazer na volta...
— Não, não. Eu conseguirei algo mais tarde. Inferno, Willis é um geek de computador. Talvez nós possamos nos unir pela junk food.
— Eu trancarei. Você deve tentar dormir... você vai precisar.
— Eu não sou uma boa guarda se eu estiver dormindo profundamente.
— Então pegue um travesseiro e alguns cobertores e durma na parte de cima das escadas. A coisa do assento do amor no alto da escada parece muito confortável. Não para mim, mas você pode se encaixar. Ou dormir aqui embaixo.
— Talvez, — ela disse, embora internamente ela estava pensando de jeito nenhum. A única coisa que que ainda a tentara a dormir era a memória de como Raphael tinha usado seus sonhos para contatá-la antes. Quando ela tinha estado no Texas com aquele babaca do Jadril. Conceder-lhe o desejo de sonhar tinha sido praticamente nada além de sexo, mas isso não queria dizer que ele não podia fazer outras coisas, também. Seu coração doía, uma verdadeira dor física, quando ela pensava sobre Raphael, sobre o que ele devia estar passando. Sobre o quanto ela precisava acreditar que nada e nem ninguém poderia mantê-los separados.
Ela apertou sua mandíbula tão forte que machucou, engolindo a emoção que ameaçava inundá-la. Ela não estava indo deixar Mathilde vencer. A cadela pensava que ela era tão esperta, enquanto ela tivesse Raphael, e que ninguém nem nada poderia tocá-la. Bem, boa sorte com isso. Porque Raphael pertencia a Cyn, e ninguém ia levá-lo para longe dela.
— Agora essa é a Cyn que eu conheço e amo, — Robbie comentou com um meio sorriso, enquanto ele via a expressão determinada em seu rosto. — E essa é a Cyn que eu preciso para esta operação.
Cyn deu-lhe um olhar surpreso, em seguida riu pesarosamente. — Eu estou apenas tentando não entrar em colapso em um pedaço encharcado como uma garota esquisita.
— Vá em frente e desabafe por alguns minutos – depois que eu tiver ido embora, por favor – e tire isso de seu sistema. Depois, esqueça sobre isso e venha lutar.
— Obrigada, Robbie, — ela disse sinceramente.
— Hei, nós passamos pelo fogo juntos, querida.
— E saímos do outro lado, — ela adicionou. — E nós faremos isso desta vez, também. Não se preocupe.
— Não estou preocupado. E agora eu vou embora antes que eu seja aquele que se transforma em uma garota esquisita.
— Eu conseguirei uma SUV no local de locação tão logo você saia. Mantenha contato.
— Sim, senhora. Eu verei você lá mais tarde.
Cyn dirigiu-se para frente, observando através da janela quando Robbie saiu com o sedan para fora da garagem. Ela ouviu o barulho da porta fechando atrás dela, então imediatamente foi para o andar de cima para verificar a garagem, e todas as outras portas e janelas. Ela deu um telefonema rápido para uma empresa de carros de aluguel diferente e arranjou uma SUV apropriada para ser deixada em duas horas, em seguida ela pegou um travesseiro e esticou-se no assento do amor com vista para as escadas, embora esticar-se não fosse inteiramente exato – o pequeno sofá era pelo menos cinquenta centímetros menor do que ela era – mas ela não imaginava que ela fosse dormir tanto assim.
****
Ela acordou ao som do celular próximo ao ouvido direito. Ela tinha deixado dois dos telefones preparados próximo a ela antes de ir dormir então ela não perderia qualquer ligação. O toque era de um dos telefones que Juro tinha lhe dado, e uma rápida verificação do tempo lhe disse quem seria seu interlocutor. Ainda era dia na costa leste, mas o sol tinha se posto na costa oeste, e os vampiros estavam acordados.
Ela tocou a tela. — Duncan, — ela disse rapidamente deslizando para fora do pequeno sofá do amor para sentar no chão pesadamente acarpetado.
— Cynthia, — ela ouviu sua voz familiar e tranquilizadora voz com um ligeiro sotaque sulista.
Ela sabia que seu telefonema viria. Juro começaria a notificar os outros assim que ele estivesse no ar ontem à noite. Depois de tudo, o sequestro de Raphael era provavelmente o primeiro golpe da guerra vindo, e os outros Lordes vampiros precisavam saber, para se prepararem, não havia muito tempo, o oposto seria verdadeiro. O povo de Raphael teria se esforçado para manter seu sequestro em segredo. Mas os vampiros da América do Norte eram uma aliança agora, e todos eles concordariam que o primeiro ataque dos inimigos teria Raphael como alvo. Agora que Mathilde teve sucesso nisso – pelo menos em curto prazo – Juro teria avisado os outros que um ataque mais amplo poderia ser eminente.
— Duncan, — ela repetiu, uma vez mais lutando com as lágrimas que apertavam sua garganta e faziam falar quase impossível. Ela estaria se tornando um poço de emoções ultimamente. Se ela não conseguisse Raphael de volta logo, ele não reconheceria o poço humano que ela se tornaria.
— Eu não lhe perguntarei como você está, Cynthia. Eu sei. — Duncan disse, a afeição óbvia em sua voz não fez nada para trazer suas emoções sob controle. Duncan tinha sido o tenente de Raphael por muitos séculos. Ele tinha saído apenas no ano anterior quando ele havia lutado e vencido pelo seu próprio território. Cyn e Duncan não confiaram um no outro inicialmente, mas eles eventualmente tinham se tornado próximos, e ela ainda sentia falta de sua presença diariamente, desde que ele se mudou todo o caminho através do país para Washington, D. C.
— Juro nos disse sobre seus planos, — ele disse, provavelmente para preencher o silêncio criado por sua atual incapacidade de falar. — Como nós podemos ajudar?
Cyn inclinou sua cabeça para trás no sofá do amor e fechou seus olhos. Ele não ia tentar e falar para ela sobre o resgate de Raphael. Mas então, ele não faria isso. Duncan a conhecia muito bem para pensar que ele poderia falar com ela sobre qualquer outra coisa, especialmente quando vinha a ser a segurança de Raphael. Por outro lado, ele amava Raphael tanto quanto ela fazia. Ele poderia estar soando como o seu habitual eu imperturbável, mas ela sabia que ele estava lutando com a vontade de pegar um avião e se unir a ela no Havaí por si mesmo.
— Nós ainda estamos coletando informações nesse ponto, — ela disse. — Mas não se preocupe, se nós precisarmos de qualquer coisa eu chamarei. Como você está indo, Duncan? E sem besteira.
— Basta dizer que as últimas vinte quatro horas tem sido estressantes, — ele admitiu, o que era o equivalente a um grito primal de qualquer outra pessoas. A contínua presença de seu sotaque por si só era um indicador de seus níveis de estresse para qualquer um que o conhecia bem. Quanto mais irritado Duncan ficava, mas seu sotaque tornava-se evidente. — Eles não precisam de mim aqui, Cynthia, — ele disse, sua voz subjugada e suas palavras arrastadas, como se ele não quisesse ninguém lá para captar o que ele estava dizendo. — Miguel pode...
— Duncan, — ela o interrompeu, aturdia por encontrar a si mesma uma posição lógica na presente conversa. — Você não pode sair de seu território agora. E mesmo se você pudesse, Anthony precisa de seu apoio. Nós não sabemos onde o próximo ataque será.
— Foda-se Anthony, — ele disse maldosamente. Mais evidências de seu estado emocional atual. Duncan nunca perdia sua calma e ainda mais raramente amaldiçoava. — Raphael devia ter substituído ele muito antes disso.
— Sim, nisso Raphael é realmente indolente, — ela concordou, seu próprio sotaque afetado. — É claro, houve algumas outras exigências sobre seu tempo ultimamente.
Duncan suspirou. — Você está certa, eu sei. Mas se houver qualquer coisa que eu possa fazer para ajudar...
— Eu ligarei. Mas Robbie está aqui comigo, e Elke e Ken’ichi. E eu acho que nós ficaremos melhor em um time pequeno, indo no estilo guerrilha.
— Guerrilha, hum? — Ela ouviu o sorriso em sua voz.
— Ele me serve, você não acha?
— Surpreendentemente bem. Mas Cynthia, o que você precisar, mesmo que não seja mais do que uma voz amigável no telefone, você deve prometer que ligará.
— Eu ligarei, — ela repetiu pacientemente. — Eu deveria esperar ouvir Lucas depois? — Ela perguntou.
— Eu estou surpreso que eu cheguei primeiro, — Duncan lhe disse. — A última vez que eu falei com ele, o garoto tinha seu jato abastecido e pronto para partir.
— Você tem que impedi-lo, Duncan.
— Eu acredito que o convenci a ficar onde ele está por agora. Mas se algo mudar... ele pode chegar a você mais rápido do que eu posso, Cynthia.
— Eu não acho que nós precisamos da ideia de ajuda de Lucas agora.
— Ele pode ser sutil quando necessário.
— Eu aceitarei sua palavra sobre isso, mas... — Ela parou quando seu telefone indicou outra chamada. — Falando do diabo, — ela disse a Duncan. — É Lucas.
Duncan suspirou alto. — Eu desejaria que nós todos não estivéssemos tão longe.
O telefone tocou novamente. — Merda, eu tenho que atender isso, Duncan. Eu tenho que falar com Lucas, ou ele convencerá a si mesmo que eu estou morta e aparecerá aqui antes que a noite acabe. Você sabe que ele irá.
— Você está certa. Tome cuidado, Cynthia, e lembre-se...
— Qualquer coisa que eu precisar, eu sei. E, Duncan, eu o trarei de volta. Eu prometo. Dê meu amor a Emma. — Ela atendeu a chamada de Lucas, antes que ela fosse para o correio de voz. — Lucas, — ela respondeu.
— Cynthia, querida, — Lucas cumprimentou-a, seu sotaque exatamente o oposto de Duncan, com aquela energia cintilante em cada sílaba. — Nós estamos preparados e prontos para ir. Nos dê um alvo e nós estaremos lá.
— Lucas, — ela o repreendeu. — Eu sei que você e Raphael falaram sobre isso. Juro e Jared precisam de você exatamente onde está.
— Foda-se eles, — ele disse com uma raiva repentina que combinava com a explosão de Duncan mais cedo, — Ninguém disse nada sobre Raphael ser capturado pela cadela da Mathilde.
— Você conhece Mathilde? Você já a encontrou? — ela perguntou urgentemente, pensando que ela devia ter perguntado isso a Duncan, também. Quando mais informação ela tivesse, melhor. Lucas tinha estado com Raphael na Europa, então ele era mais provável que tivesse conhecido a cadela.
— Eu a conheci, mas eu ainda era humano naquele tempo e bem abaixo para ela reparar. Então eu não sei muito sobre ela, — ele admitiu, e Cyn sentiu o desespero pairar como uma espessa névoa cinza. — Raphael passou algum tempo em sua corte, apenas alguns meses. Eles nunca se deram muito bem, mas eles quase chegaram as vias de fato antes de nós sairmos por bem. Eu não tenho certeza sobre o que foi a discussão, mas Raphael estava tão irritado quando eu o vi, e nós saímos no dia seguinte.
O nevoeiro de desespero pareceu rastejar mais perto, mas então ela lembrou a razão principal pela qual ela tinha atendido. — Não venha para cá, Lucas. Mathilde acha que todo o pessoal de Raphael saiu das ilhas, e eu quero que ela continue pensando assim. Se ela não souber que nós estamos aqui, ela não se importará em se proteger contra nós.
— Querida. Eu amo uma mulher esperta.
— Você ama todas as mulheres.
— Aí, não mais. Eu sou o vampiro de uma mulher só.
— Kathryn acabou de entrar na sala, não foi? — Cyn perguntou, sentindo seu humor clarear apesar de sua situação desesperadora. Ela ouviu uma voz baixa feminina ao fundo um momento antes de Lucas voltar.
— Minha bela Katie enviou seus cumprimentos e disse para dizer a você que sua pesquisa no VICAP não trouxe nada de útil, mas ela continuará procurando.
— Diga a ela que eu agradeço, e que eu ligarei se eu tiver mais para continuar.
— Sei disso, Cynthia, — Lucas disse em um raro momento de seriedade. — Há muito poucos seres com quem eu verdadeiramente me importo nesse mundo. Eu farei qualquer coisa por Raphael. Qualquer coisa.
— Eu o trarei de volta, — ela prometeu mais uma vez, fazendo a mesma promessa para Lucas que ela tinha feito para Duncan e Juro antes disso.
Porque a verdade era essa, ela estava indo salvar Raphael... ou morrer tentando.
— Você fique seguro, Lucas. Ambos, você e Kathryn. Eu estarei em contato, — Cyn disse. Ela desligou a chamada, mas não se levantou imediatamente, levando alguns minutos para controlar as emoções que as duas chamadas tinham despertado, para reconstruir as paredes de aço e depois enfiar todas as emoções atrás delas. Ela precisava desse distanciamento, a fim de funcionar em um nível necessário para ver o que precisava ser feito e então seguir através e fazer isso. Ela conhecia suas forças e fraquezas. Ela tinha um talento para remover as ervas daninhas das resmas dos detalhes que vinham em um caso e encontrar os poucos pedaços que importavam. Ela se destacava no pensamento tático, e era, alguns até diziam obsessiva, em busca de seu objetivo. Mas ela estava certa como certeza não era destemida. Não havia tal coisa. Havia somente a habilidade de continuar apesar do medo, e ela podia fazer isso. Infelizmente, seu maior medo nesse caso não era por si mesma, mas por Raphael. E isso estava tão emaranhado nela, o seu amor por ele, que era muito mais difícil empurrar tudo atrás das paredes.
Suspirando, ela trouxe seu cobertor e travesseiro para o chão, esperando pegar uma hora ou duas de sono antes do sol se pôr. Ela nunca seria capaz de relaxar no quarto, sabendo que os vampiros estavam desprotegidos, mas, pelo menos no chão, ela poderia se esticar.
Ela tinha acabado de começar a adormecer, quando a campainha soou. O som inesperado a trouxe sobre seus joelhos em um instante, Glock em sua mão e apontou em direção as escadas, antes que ela lembrasse da maldita SUV que ela tinha pedido para a empresa de aluguel entregar.
Com o coração batendo com a corrida de adrenalina, ela desceu as escadas. Com a Glock ainda mantida pronta e para baixo ao seu lado, ela abriu a porta apenas o suficiente para verificar o jovem de aparência muito séria segurando a prancheta. Cyn sorriu, tentando parecer uma amigável turista comum, mas a julgar pelo olhar alarmado nos olhos do garoto, ela descobriu que falhou miseravelmente. Ela entendeu sua reação ainda melhor quando ela alcançou atrás da porta para colocar sua arma para baixo e pegou seu reflexo no espelho colocado sobre a mesa ali. Ela parecia como a assassina do machado. Não admira que as mãos do garoto estivessem tremendo.
Ela tirou sua carteira da sua mochila, depois o seguiu até o Suburban estacionado na entrada da garagem. Usando uma das várias identidades falsas, ela conseguiu acalmar o garoto o bastante para terminar a papelada. Ela apenas tinha rubricado e assinado o último formulário quando seu amigo se acalmou de volta. Ela deu ao garoto um sorriso e uma nota de dólares de gorjeta, tentando compensar seu medo anterior, então voltou para dentro da escura e silenciosa casa. Ela brevemente contemplou tentar dar outro cochilo, mas então se rendeu a realidade e virou-se para a cozinha ao invés.
Ela estava indo precisar de café. Muitos e muitos cafés.
****
— O que Duncan tinha a dizer? — Aquelas foram as primeiras palavras que saíram da boca de Elke, quando ela entrou na cozinha várias horas depois.
Cyn olhou para cima onde ela tinha estado curvada sobre seu laptop por horas, examinado os relatórios de crimes das últimas semanas. Ela não se preocupou em perguntar como Elke sabia que Duncan tinha ligado. Elke conhecia Duncan a muito mais tempo do que Cyn o fazia. Eles tinham trabalhado juntos quase diariamente por décadas.
— Duncan e Lucas, ambos ligaram, e os dois se ofereceram para voar. Eu disse para ficarem lá por agora.
— Lucas será mais difícil de controlar se isso continuar por muito tempo, — Ken’ichi comentou calmamente se juntando a conversa quando ele entrou na cozinha. Seus pensamentos um espelho quase exato aos de Cyn, e ela se encontrou constantemente tendo que mudar sua avaliação dele. Ele permaneceu uma sombra de Juro por tanto tempo que ela ainda estava se ajustando a essa nova versão – uma que falava.
Cyn cobriu sua confusão tomando um gole do que parecia ser a centésima xícara de café do dia. Nem mesmo o gosto era bom mais. Ela abaixou a xícara com uma careta e atualizou ambos os vampiros.
— Lucas não é nosso problema hoje à noite. Eu recebi essa mensagem de texto hoje. — Ela entregou seu telefone para Ken’ichi que colocou no balcão entre ele e Elke, onde ambos poderiam ler. Amaldiçoando suavemente, Elke rolou até eles lerem a conversa toda, então ela olhou para cima com um olhar acusador.
— Você concordou em encontrá-lo.
Cyn assentiu. — Robbie e eu discutimos, e decidimos que valia a pena tentar, contanto que nós fôssemos espertos sobre isso. É sempre possível que Mathilde o enviou, mas isso não se soma. Se ela sabe que eu ainda estou aqui, ela não perderia seu tempo com um geek de computador. Ela enviaria um esquadrão inteiro, ou ela me ignoraria completamente.
— Mas Willis disse que ele trabalhava para Rhys Patterson, e a última vez que ouvimos, foi que Patterson estava apenas com Mathilde sob coação. Então Willis podia apenas estar tentando ajudar seu chefe.
— Então, ele acha que nós podemos ajudá-lo, — Elke disse secamente. — Mas o que isso significa para nós?
— Isso é o que eu quero saber, e eu estou disposta a encontrá-lo.
— Você e Rob já tem isso preparado? — Ken’ichi perguntou, encontrando seu olhar solenemente.
Cyn assentiu. — Hoje à noite, no McDonald’s local, Robbie já está lá. Ele manteve observando, apenas no caso de Willis tentar se esgueirar em um beco ou três. O acordo foi que ele viria sozinho.
— Que horas que nós o encontraremos? — Elke perguntou.
— A reunião é noventa minutos após o pôr do sol, mas eu disse a Robbie que nós chegaríamos mais cedo.
— Como nós supostamente chegaremos lá se Rob levou o carro de palhaço? — Elke perguntou. — Eu quero dizer, Ken’ichi e eu podemos correr, mas você...
— Eu tive um local de locação diferente entregando outro veículo.
Elke ficou em pé. — Eu espero que você tenha um carro real dessa vez.
Cyn sorriu. — Eu cuidei disso. Caras, vocês estão prontos para o rock e roll?
— Eu estou pronto para partir, — Ken’ichi concordou, afastando-se do balcão.
Elke revirou seus olhos para ele, em seguida olhou para Cyn. — O que ele quis dizer foi, “inferno, vamos foder um geek!”.
****
O McDonald’s estava aberto quando eles entraram no estacionamento. Com as semanas de verão ainda longe, a escuridão veio mais cedo, e a hora do rush estava completamente terminada. Mas como Robbie tinha predito, a área de piquenique estava quase deserta. Na verdade, havia somente uma pessoa sentada do lado de fora, e aquele era Donavan Willis. Cyn o reconheceu de sua breve visita a casa. De fato, ele parecia exatamente o mesmo, até as roupas que ele estava usando. O que fez ela pensar que ele devia estar se escondendo, apenas como eles estavam.
Ele estava sentado na mesa, várias fileiras atrás, mas encarava o estacionamento, um laptop aberto na frente dele como se ele fingisse trabalhar. Cyn podia dizer que ele estava fingindo, porque mesmo no curto tempo que ela tinha estado observando-o, seus olhos tinham ficado mais fixos nos carros vindo e indo do que na tela de seu computador.
Cyn pegou seu telefone e discou o número de Rob.
— Ei, — ele respondeu. — Rodas legais.
— Elke também achou. Qualquer coisa que eu precise saber?
— Não que eu tenha visto. Nosso garoto apareceu cinco minutos antes do que você. Imagino que ele não confia em nós também.
— Eu encontro-me bem com isso. Como você quer jogar isso?
— Eu farei o primeiro contato. Se as coisas estiverem seguras eu me levantarei e virarei em direção a sua posição. Então você vem para frente com os outros.
— Soa bem.
— Não se aproxime sozinha, Cyn. Deixe Ken’ichi e Elke fazerem seu trabalho.
— Sem discussão. Eu tenho somente um objetivo aqui, e esse é chegar a Raphael. Eu não posso fazer isso se eu for capturada ou morta.
— Ninguém vai chegar a você. Não no meu turno
— Eu sei. Nós esperaremos por seu sinal.
Ela desligou e colocou o telefone de lado, sem se preocupar em dizer aos outros o que Robbie tinha dito. Eles eram vampiros. Eles provavelmente tinham sido capazes de ouvi-lo melhor do que ela.
— Lá vai ele, — Elke disse suavemente.
Robbie saiu da escuridão em torno da área de piquenique, movendo-se firmemente, mas sem correr, claramente tentando evitar assustar Willis. Cyn não tinha certeza se isso funcionou. Willis se levantou em um salto, quase caindo quando seus joelhos bateram no banco da mesa de piquenique, mal conseguindo se segurar o bastante para não cair sem graça em seu traseiro.
Nunca tirando seus olhos de Robbie, ele empurrou seus óculos para cima em seu nariz no que era claramente um gesto habitual. Ele disse algo que Cyn não pode pegar, e ela desejou que eles tivessem tido bastante tempo para pegar algum equipamento de comunicação. Ela colocou isso em sua lista mental de tarefas. Eles precisavam de um tipo de dispositivos bluetooth que todo o pessoal de segurança de Raphael usava. Se ela tivesse pensado sobre isso, ou se eles tivessem mais tempo, ela teria agarrado alguns quando eles saíram pela porta de sua grande casa. Mas não devia ser tão difícil encontrar algo equivalente, mesmo aqui no paraíso.
Ela focou de volta em Robbie que estava dizendo algo para Willis. Ele inclinou-se para frente e estendeu uma grande mão, deslizando a outra para fechar a tampa do laptop do homem, mantendo sua mão no dispositivo, dedos espalhados, enquanto ele falava intensamente. Willis inclinou-se para longe, sua postura rígida, mãos para cima em sua frente, boca se movendo enquanto ele respondia rapidamente o que quer que Robbie tivesse tido.
Robbie olhou para o outro homem brevemente, em seguida girou em direção ao estacionamento. Seu olhar foi diretamente para o canto escuro onde Cyn e os outros estavam esperando, e deu um aceno quase imperceptível.
— Parece como um sim, — Cyn anunciou com cuidado para não deixar nenhuma ansiedade que ela estava sentindo transparecer em sua voz. Sua preocupação não era com ela. Não era nem mesmo com Robbie ou os outros. Sobre o que ela se preocupava, o que tinha medo que deslizava ao longo de seus nervos como um enxame de formigas mordedoras, era a possibilidade de falhar. A chance que ela fizesse um movimento errado no tempo errado, e Raphael pagaria por seu erro. Ela podia aceitar sua própria morte, mas não a de Raphael.
— Eu irei primeiro, — Ken’Ichi informou-a. Ele não estava pedindo sua aprovação, ou solicitando seu consentimento. Esse era seu guarda-costas dizendo a ela como iria ser.
— Elke seguirá, — ele continuou, — E em seguida você. Você permanecerá dentro da nossa cobertura até nós sabermos se é seguro.
— Robbie concordou. Ele deve pensar...
— Rob é um excelente guarda-costas, mas ele é, todavia, humano. Há métodos mais confiáveis para verificar as intenções de Willis.
— Não o machuquem, — Cyn advertiu. — Se ele está sendo sincero, nós precisaremos de sua cooperação, se não de sua confiança.
— Eu estou ciente. Você está pronta, Elke?
Elke assentiu de novo, toda negócios, apenas como Ken’ichi. Ela abriu sua porta e caminhou ao redor da frente da SUV para ficar em pé apenas na retaguarda de Cyn. Uma vez que ela estava em posição, Ken’Ichi saiu do veículo, que aparentemente era o sinal que Elke estava esperando. Ela estendeu a mão para a maçaneta de Cyn, mas Cyn foi mais rápida que ela. Abriu a porta do seu lado, pisando sobre o estribo quando seus pés bateram no estacionamento ela se endireitou. As portas dos dois veículos bateram fechadas com praticamente simultâneos sons de thunks, e então eles estavam em movimento.
Cyn pegou o momento que Willis viu eles vindo. Seus olhos se fixaram primeiro em Ken’Ichi, arregalando-se em choque, e ocorreu a Cyn que Willis provavelmente pensou ser Juro. Os gêmeos eram verdadeiramente idênticos em aparência. Era somente depois que você os conhecia que percebia eles eram facilmente distinguíveis um do outro.
Mas Willis não conhecia nenhum deles. Ele via aquele que ele provavelmente pensava ser Juro avançando sobre ele, quando ele acreditava que Juro e os outros tinham voltado para L.A.
Ele ergueu seu pé lentamente, parecendo como se ele estivesse pronto para fugir.
Cyn deu um passo para fora da sombra de Ken’Ichi, ignorando seu grunhido de aviso, enquanto ela colocava um sorriso no rosto e estendia uma mão em saudação. Ela sabia que era contra as regras, mas ela não queria que Willis desaparecesse antes que eles tivessem uma chance de falar.
— Senhor Willis? — Ela disse desnecessariamente, ainda oferecendo sua mão. — Eu sou Cynthia Leighton. — Ela falou calmamente, para que ninguém escutasse. Ela tinha fé em ambos, Robbie e Ken’Ichi, mas seu grupo não era exatamente discreto na área de piquenique do McDonald’s. A brecha poderia ser algo tão inadvertidamente quando uma pessoa ocupada os avistando e passando-os como uma casual fofoca, e a pessoa seguinte fazendo o mesmo até serpentear seu caminho de alguma forma aos ouvidos de Mathilde.
Willis ignorou sua mão no início. Ele estava muito ocupado examinando-a, das roupas que ela usava até o arreio em seu ombro espreitando para fora de sua jaqueta, a uma cuidadosa varredura de seu rosto.
Finalmente, ele estendeu sua mão através da mesa marcada, com suas camadas de tinta grossa, e disse: — Chame-me de Donovan.
Cyn balançou sua mão. — E eu sou Cyn. Eu devo me juntar a você?
Ele sorriu para isso, um meio sorriso nervoso, que torceu um lado direito de sua boca. — Essa é a razão para você estar aqui, não é?
Cyn balançou uma longa perna sobre o banco e sentou, disparando um sorriso para Robbie que permanecia perto de Donovan, sua Beretta 9MM pronta e mantida para baixo em sua coxa, fora de vista dos transeuntes, mas claramente visível para Donovan. Robbie obviamente não confiava na tecnologia ainda, mas em seguida, isso era o que fazia ele tão bom em seu trabalho.
— Esse é Rob, — ela disse, — Mas você provavelmente sabe disso. Atrás de mim está Elke e Ken’Ichi.
— Ken’ichi, — Willis repetiu, principalmente para si mesmo, enquanto ele olhava fixamente para Ken’Ichi. — Ele apenas se parece com...
— Ele faz, — Cyn concordou. — Mas ele não é. — Ela não explicou o porquê dos dois vampiros japoneses serem tão parecidos. Isso não era da conta de Willis.
— Então, porquê você está aqui, Donovan? — Ela perguntou diretamente.
As mãos de Willis tremeram muito levemente quando ele as ergueu para descansar sobre a mesa nos lados de seu laptop, seus olhos cabisbaixos, como se ele estivesse se reunindo para o que quer que viesse a seguir. Finalmente, ele olhou para cima e disse: — Porque ambos perdemos alguém que amamos.
Cyn olhou fixamente para ele. — Eu não perdi ninguém ainda. E eu não pretendo.
Donovan balançou sua cabeça impacientemente. — Eu não quis dizer... ninguém está morto, pelo menos não que eu saiba. E eu acho que eu saberia.
— Você é humano, — Ken’Ichi, afirmou o óbvio. — Então quem é sua companheira?
Cyn piscou pela pergunta que parecia vir do nada, então ela percebeu... Donovan afirmou que ele saberia se alguém tivesse morrido. E a única forma de ele saber isso era se ele fosse companheiro, apenas como Cyn saberia se algo acontecesse com Raphael. Então quem era a companheira de Donovan?
Donovan engoliu forte, olhando fixamente primeiro para Ken’Ichi, então para Cyn, seus olhos piscando rapidamente como se lutasse contra as lágrimas. — Rhys, — ele disse finalmente, falando em um quase sussurro. — Rhys Patterson.
Cyn o olhou de perto. Eles tinham assumido que Patterson estava sendo forçado a ajudar Mathilde. As palavras de Donovan pareciam confirmar isso. Cuidando para evitar que essas especulações colorissem suas palavras, ela disse apenas: — Eu pensei que Rhys Patterson fosse o mestre destas ilhas.
Donovan assentiu. — Ele é.
— E vocês dois são companheiros.
— Nós somos, — ele disse quase desafiadoramente.
— Relaxe, — Cyn lhe disse. — Eu não me importo com quem Patterson ama. Tudo que eu me preocupo é sobre se ele se manteve fiel ao seu juramento com o Lorde. E esse é Raphael, não algum intruso da França.
— Rhys não traiu Lorde Raphael.
— Você perdoará meu ceticismo.
— Eu sei como isso parece, mas você não sabe de tudo. Mathilde tem o povo de Rhys. Ela tomou eles sem qualquer aviso, antes que ele até mesmo soubesse que ela estava aqui. Rhys não é um Lorde. Ele não é como Raphael ou os outros que podem perceber o momento em que os poderes estrangeiros cruzam suas fronteiras. Ele nem mesmo sabia que Mathilde estava no Havaí até que ela apareceu em nossa porta, e então já era tarde demais.
— Como ela está prendendo os outros? Eu quero dizer eles são vampiros. Se um número suficiente deles se aglomerar...
— Eles estão famintos. Ela dá a eles apenas sangue o bastante para mantê-los vivos, mas não mais.
— Como você sabe? Eu quero fizer, sem ofensa, mas você é humano.
— Assim como você, — ele retrucou, mas Cyn apenas deu de ombros.
— Você disse isso, — ela lhe disse. — Raphael é muito mais poderoso do que Rhys, nossa mente está sempre em contato.
— Você está certa. Rhys não é tão poderoso. Mas eu estou conectado o bastante a Rhys para que eu possa sentir sua dor, não somente a dele, mas dos outros. Eles são seus filhos e estão sofrendo terrivelmente.
Cyn não sabia se algo disso era verdade, mas ela estava convencida que Donovan acreditava. Ela também estava convencida que ele amava Rhys Patterson.
— Então onde está Rhys agora?
— Ele está com a vagabunda maluca da Mathilde. Eu não sei exatamente onde ainda, porque ela moveu todo mundo. Eu somente sei que ela mantém Rhys perto.
— Por que ela não está preocupada sobre o que você está fazendo, deixado totalmente sozinho? Ela não sabe sobre você e Rhys?
— Mathilde não tem um companheiro e é muito desdenhosa daqueles que tem, alegando que isso os enfraquece, tornando-os como sua presa, ela nem mesmo tem um amante regular que eu possa dizer. Seus vampiros saem caçando e trazem para casa uma seleção de doadores, como um prato de sobremesa. Mathilde faz sua escolha, dá uma mordida, os fode se ela achá-los atraentes, e então ela esquece sobre eles.
— Eles estão matando pessoas? — Cyn perguntou, inclinando-se para frente intencionalmente.
— O povo de Mathilde não está. Mas eu não posso falar pelos outros.
— Outros?
— Você deve saber sobre eles, — ele disse olhando para cima e dando a Ken’Ichi um olhar confuso. — Mathilde voou com um exército inteiro de mestres vampiros. Eles são os únicos bloqueando Raphael. Logo depois que eles chegaram, Rhys ficou furioso porque eles estavam deixando vítimas humanas, ou doadores se você quiser chamá-los assim, feridos e perto da morte. Ele disse que o pessoal de Mathilde estava cagando sobre toda sua casa, e deixando ele para limpar sua bagunça. Então um par de pessoas foi morta, e ele quase perdeu isso.
Cyn trocou um olhar com Robbie. Se Donovan estivesse certo, então aqueles relatórios de notícias que ele tinha lhe dado deviam conduzir a qualquer lugar que Raphael estava sendo mantido. A menos que...
— Você sabe para onde eles foram movidos? Onde eles estão mantendo Raphael agora? — Ela perguntou urgentemente.
Mas Donovan balançou sua cabeça. — Todos eles desapareceram. Até mesmo Rhys. Foi por isso que eu contatei você. Ela prometeu a Rhys que liberaria ele e nosso pessoal uma vez que Raphael estivesse seguro. Mas quando eu voltei essa manhã... todo mundo tinha ido, e Rhys não tem me contatado.
— Onde você estava quando eles desapareceram?
— Eu estava tentando encontrar a casa onde ela mantinha nosso pessoal. Nós pensamos, isso é, Rhys e eu pensamos que se eu pudesse chegar aos seus vampiros, e se todos eles trabalhassem juntos, então talvez ele pudesse partir. Ele estava certo que ele sabia onde Mathilde tinha os escondidos, mas... ele estava errado. E quando eu voltei para lhe dizer, ele tinha desaparecido, também.
— Essa é a casa onde Raphael encontrou Mathilde?
Ele balançou sua cabeça. — Não, ela somente usou aquele lugar para o encontro. Ela estava ficando na casa onde Rhys e eu vivemos. Ela levou Raphael para lá na primeira noite, logo depois que ele foi capturado, mas eu voltei noite passada, e está completamente vazia.
— Qual era o plano de Rhys? Eu quero dizer, se você tivesse tido sucesso em libertar seus vampiros? E sobre Raphael?
— Eu não sei, — Donovan disse sem olhar para ela. Mas então ele ergueu sua cabeça com um olhar e grunhiu com veementemente, — E eu não me importo! O grande Lord Raphael. Mesmo Rhys falava sobre ele como se ele fosse um deus, o grande mal encarnado. Então ele podia salvar a si mesmo. Eu somente me preocupo sobre Rhys.
Cyn encolheu os ombros. — Então por que você me ligou?
— Porque quer eu goste ou não, a melhor chance de Rhys sobreviver é se o fodido do Raphael se soltar. E eu conheço sua reputação. Você vai ir atrás de Raphael, e eu posso ajudá-la a fazer isso acontecer.
— Como você sabia que eu estava na ilha? — ela perguntou, ainda muito desconfiada.
— Eu rastreei seu telefone celular.
— Você hackeou meu telefone?
— Como se fosse mesmo um desafio, — ele disse com desdém. — Eu disse a você, eu ouvi sobre você. Eu não tinha certeza que você tinha vindo com Raphael originalmente, mas eu soube que se você não estivesse aqui já, você estaria em breve.
Cyn digeriu tudo isso. Pelo menos Rhys era honesto. Ele admitiu que ele não dava a mínima sobre Raphael, que só estava pedindo carona em sua investigação para salvar Rhys. Mas, enquanto ele pudesse ajudar, ela não se importava quais eram suas motivações. Se ele estivesse dizendo a verdade sobre tudo isso...
— Ken’Ichi? — ela disse, bloqueando seu olhar em Willis.
— Cynthia.
— Ele está dizendo a verdade?
Willis arregalou os olhos em realização. Ele não conhecia Ken’Ichi, mas com sua pergunta, Cyn tinha acabado de informar que ele também era poderoso o bastante para saber quando um humano estava mentido. Cyn esperou por Willis entrar em pânico, talvez até mesmo tentar correr – embora ele nunca teria tido sucesso – mas quando sua garganta se moveu ao engolir de nervoso, ele olhou por cima do ombro dela e esperou pelo veredito.
— Ele está dizendo a verdade, — Ken’Ichi disse, sua voz profunda escura com desgosto. — Ele verdadeiramente não dá a mínima sobre meu Lorde Raphael. Que é também meu Sire, humano.
Cyn mostrou seus dentes em um sorriso forçado, enquanto Willis disparava um olhar nervoso sobre seu ombro. Ela não precisava virar e olhar para saber que Ken’Ichi estava dando a Willis seu melhor olhar ameaçador.
— Tudo bem, — ela disse, chamando a atenção de Willis de volta para ela. — Então, eu entendo o porquê você quereria nossa ajuda, eu apenas não entendo o porquê nós quereríamos a sua. Eu não estou exatamente trabalhando sozinha aqui, — ela disse, levantando o queixo em um meio círculo para indicar Robbie e os dois vampiros. — Por que eu preciso de você?
— Porque eu conheço as ilhas, e eu conheço Mathilde. Ela tem estado se pavoneando ao redor por aqui a semanas, fazendo exigências como se fosse uma rainha, ameaçando o resto de nós como lixo. Eu sei como ela pensa. E eu tenho habilidades, — ele adicionou com mais do que um toque de arrogância. — Habilidades que, com todo o devido respeito ao resto de seu time aqui, eu duvido que eles possam duplicar. Eu posso quebrar qualquer banco de dados, qualquer computador. E se você encontrar Mathilde, eu tenho uma porta dos fundos de saída para cada sistema que ela possui, de seu telefone celular para as unidades de comunicação que sua segurança está usando.
— Eu acredito que suas habilidades de hackear podem ser úteis, — Cyn admitiu embora ela não estava prestes a dizer a ele que ela estava lamentando a ausência daquelas mesmas habilidades apenas a poucas horas antes. — Mas por que Mathilde teria incluído você em qualquer um de seus planos?
— Quem disse que ela me incluiu? Eu não era nem mesmo um ponto em seu radar. O que é exatamente como eu entreouvi tanto quanto eu fiz. Ela teve que incluir Rhys, porque ele era o único que conhecia as ilhas. Sem mencionar, que sua participação era necessária para enganar Raphael. Mas aqui está a coisas... Rhys me levou com ele na maioria das reuniões, e eu prestei atenção.
— E Mathilde não percebeu isso?
— Não mais do que ela notaria um cachorro sentado aos pés de Rhys.
Cyn bateu seus dedos na mesa distraidamente, tentando encontrar um buraco em sua história, uma razão do porquê ela não devia aceitar sua ajuda. Ela não veio com nada.
— Ok, — ela disse abruptamente. — Nós temos uma casa que estamos usando por agora. Nos moveremos quando a investigação exigir, mas por agora, é conveniente, nós voltaremos para lá e decidiremos para onde nós iremos a seguir. Você tem um carro?
****
Concluindo que Willis tinha um carro, e depois de um pouco de reorganização entre os três veículos e a garagem para dois carros, foi acordado que o carro de Willis devia definitivamente ficar fora de vista. Podia ser como ele disse, que Mathilde mal sabia que ele estava vivo, mas não havia necessidade de instigar o destino. Quanto a outra vaga na garagem, eles decidiram que o carro de palhaço parecia mais como um carro alugado por turistas, então esse foi deixado na entrada da garagem e o suburban foi estacionado na segunda vaga, fazendo o carro de dois lugares do hacker parecer menor.
Cyn já havia entrado na cozinha, imaginado que o debate sobre o estacionamento não requereria sua contribuição. Ela só tinha uma coisa em sua mente, e isso era dormir, e se ela realmente estivesse com sorte, talvez sonhasse com Raphael. Ela pegou uma garrafa de água, e começou a ir para o quarto, mas encontrou-se sentando na escada, muito cansada para continuar indo, ou até mesmo tirar sua jaqueta. Ela se perguntou se Raphael a alcançaria em seus sonhos se ela dormisse aqui mesmo.
Sem aviso as grandes mãos de Robbie levantaram seu corpo para ficar em pé. — Vá para cima, Cyn, se algo acontecer, eu acordarei você.
Cyn olhou friamente para ele. — Você me carregará?
Robbie sorriu. — Não, mas você pode inclinar-se sobre mim então nós não fracassaremos antes de chegar lá.
Quando eles chegaram ao quarto que ela estava chamando de seu, Cyn deu um tapinha no peito de Robbie em agradecimento, então fechou a porta, enquanto ele se afastava. Tirando suas roupas uma peça por vez, ela as deixava onde quer que caíssem. A única exceção seus arreios de ombro e a Glock 9mm que estava lá no coldre. Os arreios, ela colocou sobre a cadeira perto da cama, a Glock foi para mesa perto do travesseiro. Sua arma reserva ainda estava em sua mochila. Ela não a usou para encontrar Willis, porque tinha muito poder de fogo em sua equipe sem ela, mas desse momento em diante, ela teria ambas as armas com ela sempre que eles saíssem.
Deitando-se sobre o colchão muito firme em nada além de suas roupas debaixo e um top com elástico, Cyn contemplou tomar um banho, mas não tinha força de vontade para fazer qualquer coisa, exceto puxar as cobertas e se colocar embaixo delas. Os lençóis estavam frios e cheirando a limpeza, seu corpo doía com o alívio por finalmente estar deitado. Ela relembrou a imagem de Raphael quando ela o viu pela última vez, quando ele a beijou em despedida antes de ir encontrar Mathilde. E ela se perguntava pelo que ele estava passando. Era noite. Não importava o que eles estavam fazendo com ele, ele estaria acordado e consciente. Eles estavam torturando-o? Ele estava se perguntando porquê ela não tinha o encontrado ainda?
Seu olhar caiu sobre a jaqueta de couro de Raphael, a única que ela pegou em seu caminho para fora da casa, a única que ele não tinha usado porque ele queria se vestir adequadamente para as negociações com Mathilde. A vadia.
Cyn estendeu um braço e agarrou-a na cadeira, em seguida se enterrou de volta nos travesseiros, abraçando em seu peito. Ela sentiu o primeiro rastro quente do líquido ao longo de sua bochecha quando uma lágrima vazou e ensopou o travesseiro. E então ela dormiu.
****
O colchão próximo a ela afundou como se alguém se ajoelhasse na cama, as cobertas movendo-se atrás dela. Ela reconheceu o cheiro dele, reconheceu a força de sua presença, enquanto ele estendeu um braço poderoso e arrastou através do lençol frio, aconchegando-se a ela na curva de seu grande corpo.
Cyn gemeu suavemente, entrelaçando seus dedos com os dele sobre seu abdômen, prendendo seus braços no lugar antes que ele pudesse desaparecer.
— Durma, Lubimaya — ele murmurou.
— Eu não posso dormir. Eu tenho que encontrar você, — ela se queixou, ouvindo o mal humor em suas próprias palavras. Ela soava como uma criança cansada.
— Eu estou aqui. Eu sempre estarei aqui, — ele disse, pressionando uma mão em seu coração.
— Não! — Ela quase gritou, empurrando sua mão longe. — Não diga merda como essa. Eu não quero você em meu fodido coração como uma memória. Eu quero você em meus braços onde eu possa tocar você, onde eu possa deixar você louco.
Seus lábios se moveram contra seu cabelo com um sorriso, e ela rolou, enterrando seu rosto contra seu peito. — Você realmente está aqui, ou eu estou sonhando?
Que pergunta estúpido de fazer, ela pensou. Se a coisa toda fosse um sonho, sua mente sonhando não saberia disso. Dãh,
— Não importa, — ela murmurou, então cedeu e perguntou o que tinha a assombrado a cada momento em que esteve acordada desde que ele tinha sido levado. — Você está bem? Eles estão... machucando você?
Os braços de Raphael apertaram ao seu redor. — Eles não são poderosos o bastante para me machucar, — ele disse. — Tudo que eles podem fazer é me prender. E mesmo esse controle se desfaz com cada hora que passa ou eu não estaria aqui com você agora.
Cyn ouviu cada palavra, cada sílaba de suas garantias, esforçando-se para ouvir o menor indício de decepção, algo que diria a ela que ele estava dizendo o que ela precisava ouvir ao invés da verdade. Mas ela não encontrou nada. Raphael era um mentiroso talentoso, mas não com ela, não mais. Ela acreditava que ele realmente estava bem... por agora.
— Onde você está? — Ela sussurrou, quase com medo de fazer a pergunta. Com medo que ele desapareceria no momento que ela deixasse o reino do sentir e cruzasse para o mundo real, das estratégias e dos resgates.
— Eu não sei, — ele admitiu, arrependimento e até mesmo embaraço óbvios em seus pensamentos. — Era noite quando nós deixamos a casa, mas dia antes que o avião partisse.
— Avião, — Cyn repetiu urgentemente. — Vocês estão em um avião... Raphael?
Ele estava desaparecendo. Não indo como na vida real, não um gradual deslizar, mas apenas... desaparecendo. E ela queria gritar. Ela tinha que fazer aquela estúpida pergunta? Ele teria ficado mais tempo se ela apenas tivesse calado a boca e o beijado? Beijar ele. Ela nem mesmo conseguiu beijá-lo.
Cyn acordou com a luz intensa do pôr do sol fluindo através da janela aberta, e as lágrimas escorrendo em seus olhos. Ela enrolou-se em uma bola abraçando a jaqueta de Raphael, segurando a memória dele perto enquanto ela deixava as lágrimas virem. Coloque tudo para fora agora, ela pensou. Livre-se de toda essa inútil emoção, em seguida levante, tome um fodido banho, e fique pronta para chutar alguns traseiros.
Capítulo 10
— ELES O LEVARAM para outra ilha.
Todos olharam para cima com o anúncio de Cyn, quando ela entrou na cozinha pouco tempo depois, após um banho rápido e uma troca de roupa. Ela foi diretamente para a máquina de café e derramou um copo de Java{7}, adicionou açúcar, e então deu a volta com a caneca na mão ainda mexendo-o.
Ken’ichi foi o primeiro a reagir. — Raphael entrou em contato com você? — Quando Cyn confirmou a sua suposição com um aceno, sua expressão tornou-se presunçosa com se ele soubesse o tempo todo que ninguém poderia segurar seu Sire por um longo tempo.
Elke e Robbie estavam sorrindo, mas Willis era o único que parecia confuso.
— Vamos lá, rapaz. — Robbie disse impacientemente. — Você está ligado a um vampiro razoavelmente poderoso. Vocês devem se falar em algum nível mental, certo?
— Bem, sim, mas... você está dizendo que ele falou enquanto você dormia? Enquanto ele dormia? Durante o dia?
Cyn encolheu os ombros. — Sim.
Willis apenas olhou a ela, aparentemente sem palavras. E Cyn lembrou o que ela considerava por concedido como parte da vida com Raphael era realmente extraordinário, mesmo entre vampiros.
— Ok. — Ela disse de repente desconfortável. — Nós tivemos a confirmação que ele está fora da ilha. Não sabemos onde. Nossa melhor aposta são os assassinatos semelhantes ataques de vampiros em Honolulu. Eu vou ligar para Murphy novamente, e ver se ele fez algum progresso com seu amigo de Oahu. Poderia ser de grande ajuda ter um policial em nosso time.
— Você não precisa de um policial. Eu posso entrar no sistema do HPD{8} no momento que eu quiser. — Willis disse, claramente querendo provar seu valor.
— Isso é ótimo, e é por isso que precisamos de você. Mas os policiais falam, e nem tudo o que eles dizem é encontrado em um registro oficial. Eu também gostaria de aproveitar isso.
Willis assentiu com um acordo relutante. Os hackers tendiam a acreditar que tudo poderia ser encontrado em algum lugar online.
— De qualquer maneira. — Cyn oficialmente continuou. — Nós estamos deixando essa casa e provavelmente não vamos voltar. O que significa que as janelas terão que ser descobertas, juntamente com qualquer evidencia que grite vampiro. Eu vou ter Luci providenciando para a casa um serviço de limpeza que virá e tomará conta do resto.
Ela bebericou o resto do seu café, então enxaguou a caneca e colocou dentro da máquina de lavar, enquanto os outros empurravam as cadeiras e banquinhos.
— Robbie, você conheceu o piloto, Brandon. Ligue para ele, por favor, e arranje um voo para mais tarde esta noite. O mais rápido que ele puder preparar. E eu vou ligar para Murphy.
Ela saiu da cozinha, parando apenas para encontrar os olhos negros de Ken’ichi com um sorriso confidencial. — Eu vou encontrá-lo. E então iremos tomar conta do resto deles.
Ken’ichi deu a ela um sorriso raro, exultante como um predador. — Eles morrem, Cynthia. Cada um deles.
— Eles com certeza irão.
****
O telefone tocou uma vez, antes de Colin Murphy responder com um curto: — Leighton.
— Eu sou a única pessoa que nunca diz “Olá”, Murphy? — Cyn perguntou secamente.
— Não, isso é praticamente o meu método padrão de saudação. A menos eu não saiba quem está ligando, então é: ‘O quê inferno você quer?’, então julgue-se com sorte.
— Sorte é bom, mas um contato com a força polícia local poderia ser melhor. Você ainda tem conversado com seu amigo SEAL?
— Eu conversei e tenho um nome para você. O nome do policial é Mal Turner, e ele é um detetive do HPD, esse é Departamento de Polícia de Honolulu. Se você precisa de uma jurisdição diferente...
— Não, isso está perfeito. O que eu digo a ele?
— O nome do meu amigo é Doug Burgess. Ele ligará para Turner, então ele estará esperando ouvir de você.
— Isso é bom. Obrigada, Murphy. Como está a fronteira no Norte?
— Quieto por agora, mas estamos nos preparando para o pior. Estamos tentando antecipar uma estratégia, mas é difícil com tão pouca informação.
— É tanto território para cobrir. — Cyn disse, referindo ao território de Sophia, o qual era todo o Canadá.
— Raj e Aden realmente intensificaram a fronteira. Lucas também, embora com Raphael faltando, ele está focado em ajudar Juro e Jared no Oeste.
— Raphael viu isso vindo.
— Parece que sim. Estaríamos pior sem a aliança.
Cyn queria sentir bem com isso, e ela se sentiu. Estava orgulhosa por Raphael ter conseguido unir os oitos lordes vampiros do norte da América uma única aliança funcionando. Mas era difícil sentir-se bem com as conquistas de Raphael, enquanto ele permanecia prisioneiro da Mathilde.
— Mathilde e outros irão se arrepender de terem deixado Europa.
— Como está indo, Leighton?
— Eles o moveram para fora da ilha. Nós sabemos que isso é um fato. E temos uma pista de onde ele pode estar. Seu amigo policial será útil para deduzir isso.
— Então, você está otimista.
— Eu não estou otimista. Não quando se trata das pessoas com quem me importo. Eu apenas faço o trabalho, e eu apenas faço com uma vingança quando alguém fode com Raphael.
— Uh huh. Agora que temos isso fora do caminho, como estamos realmente sentindo? A versão sem merda estúpida.
Cyn afundou na cama com um suspiro. — Eu estou assustada até a morte.
— Todo mundo fica assustado com coisas assim, que...
— Não, Murphy. E não estou assustado por mesma. Tenho medo de fazer algum estupido e Raphael pagar o preço.
— Foda isso. Eu confio em você com a minha vida, Leighton. Seus instintos são bons o bastante como de qualquer soldado que eu conheço, e eu conheço alguns dos melhores.
Cyn sorriu ironicamente. — Obrigada, Murphy. Então se não é verdade, é bom ouvir isso.
— Merda, Cyn. Eu quis dizer cada maldita palavra.
— Ok.
— Rob ainda está com você, certo?
— A cada passo do caminho. Ele não me deixa fora de sua vista.
— Aí está. Se um soldado como Rob segue você, então você está fazendo algo certo.
— Ok. — Ela repetiu.
Murphy praguejou suavemente. — Chame Mal Turner, Cyn. E se você não conseguir, você pode chamar meu amigo Doug. Eu estou enviando a você o número pessoal dele, e eu também incluí o número do HPD, apenas no caso. Mas eu avisarei Doug, que você provavelmente estará lingando essa noite dando a circunstâncias.
Cyn olhou para baixo no seu telefone tocando uma mensagem. — Recebido. — Ela falou a Murphy.
— Certo. Eu tenho que ir. Está tarde aqui e as reuniões estão acontecendo, tentando ter todo mundo pronto.
— Eu entendo. Boa sorte, e eu vou falar com você quando nós estivermos de volta em L.A.
— Ligue a qualquer momento, Leighton. Especialmente se for boas notícias.
— O mesmo, tchau Murphy.
Cyn desligou, então abriu o telefone e discou o número de Mal Turner. Ela se preparou sem saber o que esperar. Ela nunca tinha sido nada além de uma policial de rua, e ela não durou muito tempo no LAPD. Mas ela conhecia alguns detetives. Eles eram geralmente obcecados com trabalho e não apreciavam ter que lidar com amigos ou parente de alguém. Todos eles fazem, por que toda sua rede de trabalho era crítica, mas eles não gostavam disso.
O telefone tocou cinco vezes e ela estava prestes a desligar quando a voz rosnou: — Turner.
Cyn não gastava tempo com sutilezas. — Sou Cynthia Leighton. Doug Burgess me deu seu telefone.
— Sim, ele deu. Isso é sobre o quê?
— Burgess não disse nada?
— Eu não perguntaria se ele tivesse feito, Docinho.
Cyn fez uma careta com a palavra de carinho, mas deixou passar. — Eu estou procurando por um assassino que eu penso estar atuando na sua jurisdição.
— Yeah? Coisa engraçada. Isso é coisa do tipo que eu faço. Então me diga porquê eu preciso de você para fazer meu trabalho.
— Por que esse assassino é um vampiro, Detetive Turner. E eu sei o muito mais sobre vampiros do que você.
Ela esperou. O silêncio continuou por vários minutos, mas ela sabia que ele continuava lá. Ela poderia ouvir o som de alguma coisa tocando no fundo, então Turner amaldiçoou e o som cortou.
— Quem diabos é você? — Ele exigiu.
— Eu disse para você. Meu nome é Cynthia Leighton. Quanto ao resto, deveríamos nos encontrar, isso não é coisa que se discute no telefone.
— Como eu sei que você não está cheia de merda?
— Verifique, você tem meu nome, E eu vou dar qualquer outra informação que você precise. Eu sou formada pela LAPD e agora a licenciada no estado da Califórnia como investigadora particular. E você provavelmente vai encontrar outras histórias lá fora também. Algumas delas são até mesmo verdadeiras. Mas o mais importante detetive, eu sou a pessoa que pode ajudar a você matar quem está degolando gargantas em Honolulu.
— Você quer dizer capturar, não quer, Docinho? Você disse, matar.
— Sim. Primeira lição quando se trata de vampiros assassinos, querido. Quando os você pega, você os mata.
Turner deu uma risada surpreso que soou como pedras rolando em seu peito.
— Eu gosto de você, Leighton. Quando podemos nos encontrar?
— Eu vou estar em Honolulu tarde dessa noite, então qualquer hora amanhã de manhã ou à noite.
— Então você não é um vampiro?
— Eu não sou.
— Está certo. Vamos manter isso fora do escritório. Esse é um bom número para você?
— É um começo, mas é bom para um dia.
— O mistério aumenta, ok. Eu vou mandar uma mensagem para você com a localização. Nós nos encontraremos às 8:30 amanhã à noite. Não esteja atrasada.
— Eu vou estar lá.
— E, Leighton?
— Sim?
— Estarei verificando você, então se tem algo que queira dizer...
— Nada a dizer, Turner. Vejo você amanhã à noite.
Cyn desligou, então levantou para reunir algumas coisas que ela não empacotou, incluindo a jaqueta de Raphael. O telefone tocou e ela fez uma pausa para ler a mensagem recebida de Mal Turner. Ele providenciou o nome e o local de um bar, mas como ela não conhecia nada de Honolulu, a informação lhe dizia pouco. Ela faria questão de verificar o bar com Robbie durante a manhã. Amigo de amigos ou não, ela nunca foi despreparada para um lugar desconhecido, a fim de encontrar uma pessoa desconhecida.
Robbie colocou a cabeça através da porta aberta, enquanto ela estava puxando o zíper da duffler.
— Você está pronta? — Ele perguntou. — Brandon está preparando o avião agora. Ele disse que dado o nosso tempo de condução, podemos decolar assim que chegarmos lá.
Ela levantou a duffler, a qual Robbie imediatamente pegou dela. — Guarde a sua força, querida. Murphy conseguiu um policial para você?
— Yeah. O nome dele é Mal Turner. Eu liguei e ele soou interessado no que temos a dizer. Relutou no começo, mas não há surpresa nisso. No momento que eu mencionei o assassino vampiro, ele mudou de tom. Nós iremos encontrá-lo amanhã à noite.
— À noite é bom. Eu sinto melhor com Ken’ichi e Elke na nossa retaguarda. Eu acredito que não iremos encontrá-lo na estação. Vampiros e policiais não se misturam.
— Nós iremos nos encontrar em um bar. Você e eu podemos verificá-lo amanhã à tarde.
— Isso soa bem.
Robbie desceu as escadas, enquanto Cyn fazia uma verificação final dos quartos do andar de cima, para ter certeza de que os vários lençóis e toalhas haviam sido removidos das janelas. Lá embaixo, todos os lençóis usados ??foram colocados em uma enorme pilha na lavanderia. Cyn fez uma nota mental de mandar uma mensagem para Luci sobre conseguir um serviço de limpeza e tudo mais.
Elke estava esperando, quando ela terminou a vistoria no andar de baixo, e elas se juntaram os outros na garagem para encontrar Robbie e Ken’ichi já subindo no assento dianteiro do Suburban, com Willis uma pequena sombra no assento da frente do seu próprio carro. Ela quase esqueceu sobre Willis. Ela não estava segura se ainda precisaria dele, para ser sincera. Mas não machucaria ter um hacker na mão, e todo o seu conhecimento das Ilhas e sua conexão com Patterson poderia ainda provar ser útil antes de tudo isso acabar.
Mas isso não significava que ela confiava nele. Ele não estava indo para Honolulu com eles. Eles iriam escondê-lo em um bom hotel não muito longe do aeroporto de Lihue em Kauai. Cy tinha feito às reservas usando um de seus nomes falsos e cartões de créditos. Ele estaria mais seguro lá, e ele estaria disponível se ela precisasse dele, mas ele não saberia nada mais do que isso, sobre onde o resto deles estaria ou o que eles fariam. Willis afirmou estar do lado deles, e o sentido de verdade de Ken’ichi confirmou a sua intenção. Mas o interesse dele não estava coincidindo com o deles. Se houvesse uma escolha entre Patterson e Raphael, não haveria dúvidas em relação a quem ele escolheria.
— Isso significa que você e eu estamos pegando um carro palhaço? — Elke exigiu, atraindo a atenção de Cyn com um amplo gesto em direção aos homens dentro do Suburban.
Cyn suspirou. Sério? Ela precisava perder tempo com isso?
— Você pode ir com os rapazes. — Ela falou a Elke. — Eu vou estar bem atrás de você no sedan.
— Como se isso fosse acontecer. — Elke resmungou. — Certo. Eu vou com você, mas eu vou dirigir.
— Como você quiser. — Cyn disse facilmente, escondendo o seu sorriso. Ela sabia que Elke nunca iria aceitar deixá-la sozinha, mesmo que significasse ter que dirigir por cinquenta quilômetros em um carro pequeno.
Quando a pequena caravana se afastou, Cyn olhou para trás, sem arrependimento por estar deixando Kauai para trás. Apesar de toda a beleza de ilha, ela sempre a associaria aos recentes e devastadores eventos. Nas próximas férias de verão, ela estava pensando em ficar em Malibu.
****
O Aeroporto Internacional de Honolulu era previsivelmente muito mais agitado que Lihue de Kauai tinha sido. Um dos aeroportos mais movimentados do mundo, ele processava cerca de dez vezes mais passageiros. O primo Brandon parecia conhecer não apenas o aeroporto, mas a maioria de seu pessoal de controle, conversando livremente enquanto se preparavam para a descida. Ninguém lhe perguntou quem eram seus passageiros. Eles eram apenas mais um fretamento privado. Esse era o negócio de Brandon, afinal.
Uma vez no chão, Brandon tinha um Volkswagen antigo que ele mantinha no hangar para andar por Honolulu, e ele deu a Robbie e Elke uma carona até o local de aluguel de automóveis. Cyn reservou duas SUV’S dessa vez para evitar brigas. Robbie e Elke foram escolhidos para pegar os veículos, porque o tamanho de Ken’ichi o tornava muito memorável e nenhum deles iria deixar Cyn dirigir por aí sozinha, mesmo ao redor do aeroporto.
Brandon estava mais do que feliz de permanecer à espera por futuros voos. Cyn não achava que eles fariam mais viagens entre as ilhas, mas ninguém sabia. E como eles iriam voltar para o continente depois que Raphael estivesse com eles... ela não tinha pensado nisso ainda. Havia muitos fatores para considerar, muito ainda em jogo, antes de tomar decisões.
Uma vez que todos entraram nos carros e dirigiram para sua casa temporária, a qual estava perto de Diamond Head, Cyn se sentiu estranhamente energizada. Ela dormiu um pouco no avião, mas não era isso. Era Raphael. Ele estava próximo. Ela sentiu alguma coisa diferente no minuto que eles desembarcaram e ela estava agora confiante que eles fizeram a decisão correta em vir para essa ilha.
— Ele esta aqui. — Ela disse suavemente. Ela e Robbie estavam em um SUV com os dois vampiros em um segundo veículo diretamente a sua frente.
Robbie deu a ela um olha de lado. — Cyn?
— Raphael. — Ela disse, sem ter certeza que ele a ouviu. — Ele está próximo daqui. Eu posso senti-lo.
Algumas pessoas poderiam ter zombado e imaginado que ela estava deixando o desejo tomar conta dela, mas não Robbie. Ele sabia o tipo de conexão que um vínculo de união forjava.
— Isso significa nós estamos um pouco mais perto, querida. — Ele disse em vez disso. — Não demorará muito agora.
Ela deu a ele um aceno com a cabeça, mais para ela mesma, já que Robbie estava focado na estrada. — Você está certo, eu quero ver os relatórios policias de Turner. E se ele não der para mim, eu vou ter Willis sendo útil. Eu preciso saber onde todos essas mortes por vampiros ocorreram.
— Você pensa mesmo que os vampiros vão atacar novamente? Isso é arriscado. Policias estarão procurando por eles, agora que deixaram corpos por aí.
— Normalmente, eu concordaria com você, mas esses são vampiros de Mathilde. Se eles seguem a ordem de sua Mestre, eles provavelmente se consideram acima das leis humanas. E eles também não conhecer tão bem a área. Eles vão voltar para o que é familiar.
— Você pode estar certa, mas o que então? Você está pensando em segui-los para onde estão ficando? Vampiros podem ser muito astuciosos. É muito difícil de rastreá-los.
— Eu não vou segui-los. Eu irei encontrar um, seduzi-lo para fora do seu grupo, então fazê-lo me dizer o que ele sabe.
Robbie riu. — Sim, certo.
— Você não acha que eu posso?
— Querida, você pode seduzir qualquer quer coisa masculina. Mas como você irá fazer ele falar com você?
Cyn ficou em silêncio por um longo tempo, encarando a silhueta de Diamond Head ficando cada vez maior na frente deles. Ela quase não disse nada, por que enquanto ela sabia que Elke e Ken’ichi poderiam estar bem com o que ela tinha planejado, ela não estava certa de como Robbie se sentiria sobre isso. Ele lutou em guerras. Ele tinha amigos que foram capturados e torturados por inimigos – às vezes por informações, e às vezes apenas por seu Deus ter um nome diferente.
Mas no fim, ela o respeitava muito para mentir para ele, e não seria justo inclui-lo ele em algo sem um relato completo.
— Vou perguntar a ele educadamente. — Ela disse calmamente. — E se isso não funcionar, então farei o que for preciso a fim de fazer o bastardo me dizer tudo que ele sabe.
Quando ele não respondeu, ela olhou para ele sobre as luzes. — Eu entendo se você não puder ser parte disso, Robbie. Eu gostaria de dizer que isso acontece porque eu tenho estado ao redor de Raphael por muito tempo, e ele está anestesiado para realidade. Mas a verdade é... isso não é sobre ele. É sobre mim. Eu sou egoísta. Eu quero ele de volta. Não por centenas ou milhares de vampiros que ele pode salvar, embora eu tenha considerado eles, também. Mas, principalmente, eu estou fazendo por mim, por que eu preciso dele de volta.
Robbie assentiu lentamente. — Obrigada por ser honesta comigo. Mas desde que minha Irina é uma desses vampiros, cuja vida nós provavelmente estaremos salvando. Eu estou dentro. O que seja que você precise que eu faça.
Cyn fechou os olhos contra a onda de emoções. Ela poderia admitir a si mesma agora, que ela tinha temido contar a ele o que ela tinha planejado, pois ela odiava a ideia de que Robbie poderia pensar menos dela pelo que ela iria fazer. Não a teria impedido, mas isso a teria machucado.
O clima sombrio foi quebrado pela voz artificial dos GPS dizendo-lhes que a próxima curva seria a quinhentos metros. Os próximos minutos foram ocupados com os dois SUVs rodando através das ruas escurecidas, até que chegaram na entrada da sua mais recente e, esperançosamente, a última casa temporária.
Cyn encontrou a chave da propriedade que a companhia de administração tinha deixado para ela. Eles tinham sido claros com ela no telefone que essa era uma propriedade exclusiva e que deixar a chave debaixo do vaso de flores era muito incomum. Mas aparentemente a prima de Lucia tinha feito uma ligação, e era isso. Essa era a sua casa depois de tudo. Se ela queria emprestar a um bando de moradores noturnos que não poderiam ser incomodados em seguir o procedimento, era com ela então.
— Estamos com sorte com essa casa. — Cyn disse a outros uma vez que eles desarmaram o alarme e fizeram um rápido reconhecimento de segurança da casa. — Os quartos são nos andares de cima e todos têm blackout de janelas. Se eu não soubesse melhor, acharia que vampiros já moraram aqui. Robbie e eu armazenamos suprimentos o suficiente para cuidar de outras janelas que precisam ser cobertas, mas lidaremos com isso amanhã.
Não levou muito tempo para acalmar depois disso, o que era uma boa coisa, desde que o nascer do sol estava muito perto para o bem-estar. Essa casa era bem maior do que a de Kauai e como a agente da administração da propriedade tinha indicado, a vizinhança era muito mais exclusiva. A casa ficava a direita da água, e tinha uma vista que continuava para sempre. As áreas comuns – as salas de jantar, de estar e a cozinha – tinham janelas do chão ao teto que se deslizavam a maior parte, mostrando o exterior, o qual era um estilo de construção havaiano comum. Os seis quartos, pelo contrário, todos tinham janelas modestas que enfrentavam o leste, o que provavelmente explicava aquelas sombras escuras. Os vampiros não eram os únicos que não gostavam de levantar-se com o sol. A própria Cyn tinha sido uma coruja noturna confirmada, mesmo antes de conhecer Raphael.
Com Ken'ichi e Elke escondidos em seus respectivos quartos – sem necessidade de compartilhar, dado o número de quartos disponíveis – Cyn e Robbie gravitavam em direção à cozinha com sua vista espetacular.
— Você já notou como cada costa é única? — Cyn perguntou, olhando para a infinita extensão do Oceano Pacífico além das janelas. — Quero dizer, Malibu está do outro lado do oceano, mas você nunca saberia ao olhar para este ponto de vista.
Robbie deu-lhe um olhar que questiona sua sanidade ou se perguntou onde diabos ela estava indo com isso. Ou ambos.
— As diferenças são principalmente geológicas — disse ele praticamente. — O Havaí é composto de ilhas vulcânicas, enquanto Malibu se senta na borda de uma grande placa tectônica.
Cyn deu-lhe um olhar cético. — Obrigado, Sr. Sabe tudo.
Ele deu de ombros alegremente.
— Preciso de café. — Murmurou ela. — E eu preciso mudar a senha do Wi-Fi da casa. Podemos mudá-lo antes de partirmos, mas não quero que ninguém mais tenha acesso enquanto estivermos aqui.
— Você precisa dormir, não de café. E nós dois precisamos.
— Nós temos que checar o bar onde estaremos encontramos Turner.
— Mais tarde. Nós podemos fazer isso à tarde. Dormir primeiro.
— Nós podemos pegar turnos revezados...
— Essa casa tem um top de linha em segurança. Eu vou adicionar alguns meus aprimoramentos, pegue o quarto de baixo. Ninguém entrará sem que eu saiba.
Ela se pôs de pé. — Dormir — ela concordou. Mas enquanto subia as escadas, não pensava em dormir. Ela estava pensando em Raphael, e se perguntando se ele entraria em contato com ela em seus sonhos novamente. Se agora que estavam fisicamente mais perto, poderia ser mais fácil para ele. Talvez ele pudesse contar a ela mais sobre onde ele estava.
Esticando-se sob as cobertas da cama king-size em seu quarto, ela empurrou os travesseiros em torno de sua cabeça, tentando ficar confortável, tentando impedir um zilhão de pensamentos correndo em torno de seu cérebro – tudo o que Juro tinha lhe dito, criando imagens de pesadelos de Raphael, meio morto de fome, porque eles não estavam o alimentando o suficiente, trancado no escuro, ficando mais fraco a cada hora. a cima de tudo isso havia o conhecimento dos muito fatores variados que ela tinha que antecipar. Ela não podia planejar com antecedência para suas batalhas. Ela não sabia o suficiente. Tudo dependeria de onde Raphael estava sendo mantido, quantos guardas havia – quantos vampiros e quantos humanos. E como ele estava sendo mantido. Sabia que, inicialmente, Raphael tinha sido drenado de alguma forma de seu poder físico, algum tipo de magia, Juro tinha dito a ela. Mas Cyn acreditava que isso era possível? Mais provável era simplesmente uma explosão de poder da própria Mathilde, algo inesperado o suficiente que tinha conseguido derrubar Raphael pelos poucos segundos que tinha levado sua gangue de cem para contê-lo com sua força combinada de vampiro. Provavelmente era algo que eles haviam praticado repetidamente na expectativa daquele momento. E quem sabia? Talvez Raphael estivesse mesmo preso em um cofre de algum tipo, não muito diferente dos de Raphael e seus vampiros todos dormiam lá dentro. Havia tanto que ela não sabia...
Ela sentou-se, abruptamente querendo bater-se na cabeça como um desses personagens de desenho animado. Ela não sabia, mas Raphael sim.
Inclinando-se, ela agarrou a jaqueta de onde ela a empurrou no topo de sua mochila e abraçou-a perto, respirando seu cheiro. Recostando-se com ela nos braços, ela puxou um cobertor até os ombros, fechou os olhos e pensou em Raphael. Não do jeito que ele poderia ser agora, mas do jeito que sempre foi. Seu sorriso quando ele brincava com ela – tão raro quando eles se conheceram, mas aparecendo mais a cada mês que ficavam juntos; o fogo de prata em seus olhos negros quando ele fazia amor com ela, quando seus dentes afundaram em seu pescoço, enquanto ela estremecia com o clímax; Sua beleza masculina, tão quente quando estava relaxado, e tão gelado em seu modo de mestre do universo. Ela sorriu.
E lentamente, ela adormeceu.
****
Algo roçou sobre sua testa e ela afastou-o, aconchegando-se mais profundamente na jaqueta. O perfume de Raphael a cercava, muito mais forte em seus sonhos, mais quente também. Ela franziu o cenho em seu sono, e sentiu o familiar toque de seus dedos enquanto ele suavizava as rugas da testa franzida.
— Raphael, — Ela respirou, aterrorizada que ele desaparecesse se ela falasse muito alto.
— Lubimaya. — Sua voz era a mesma de sempre, o mesmo som de veludo profundo e meia-noite. Não era? Ele parecia diferente? Ele já era mais fraco? Ou ela estava simplesmente impondo seus próprios medos, encontrando mudanças que não estavam lá?
Seus braços apertaram ao redor dela, como se sentisse suas preocupações. — Eu sou mais forte do que eles imaginam, minha Cyn.
Ela assentiu, envolvendo seus braços sobre os seus, onde a abraçaram, apertando-o com força, como se pudesse de alguma forma mantê-lo com ela, mesmo quando acordasse.
— Você quer saber o que todos... — ela começou a perguntar, mas ele interrompeu.
— Quero apenas saber que você está segura e bem em minha ausência.
Ela bateu nos braços cruzados. — Você me conhece. Eu estou bem.
— Você não está, mas terá que esperar até eu retornar.
Seu coração apertou. Ele tinha tanta confiança nela. Ela falou rapidamente para cobrir suas próprias inseguranças.
— Eu falei com Juro. Ele disse que Lucas...
— Eu sei o que Lucas fará. Meu tempo está curto lubimaya. Você deve assistir e contar a Lucas o que você vê. Ele saberá o que fazer com isso.
Cyn começou a perguntar o que ele queria dizer, quando de repente ela estava em outro lugar, em outro tempo, e vendo o mundo através dos olhos de Raphael...
France, 1819
Raphael esperou impaciente por Mathilde fazer uma aparição. Ela estava habitualmente atrasada. Era uma pretensão de sua parte, uma maneira de demonstrar que ela era mais importante do que quem a esperava, que seu tempo era muito mais valioso. Era irritante como o pecado e mais uma razão pela qual ele nunca concordaria em servi-la.
Ele tinha vindo a esta parte da França à procura de uma casa, apenas a última parada em sua busca por um território próprio. Mas o que ele encontrou foi mais do que ele tinha encontrado em toda a Europa – muitos senhores vampiros mais velhos, todos bem defendidos e dominados pelo poder. Ele poderia ter desafiado qualquer um deles e triunfar, mas, francamente, a Europa estava dividida em tantas pequenas explorações que ele teria que lutar desafio após desafio, a fim de criar um território digno de seu poder e ambição.
Ironicamente, foi a oferta de Mathilde há duas noites que tomara sua decisão por ele. Ele estava indo para a América e levando algumas pessoas com ele. Ele esperava que a jornada fosse infernal e longa, mas nesses dias, a viagem era rotineiramente suficiente para que ele não tivesse dúvidas de que sobreviveriam à travessia.
E uma vez lá, as oportunidades seriam ilimitadas. Por que apesar de tudo, o continente era vasto, aberto e, o mais importante, livre de vampiros.
Mas primeiro, ele tinha que lidar com Mathilde. Supondo que ela chegasse para o encontro antes do sol nascer em um novo dia.
— Raphael.
Ele girou com o som de sua voz, seu olhar admirando sua aparência cuidadosamente cultivada. Ela era uma mulher atraente, não bonita, mas sensível e segura de si mesma, o que era atraente a seu modo. A menos que se conhecesse a mente manipuladora que trabalhava constantemente atrás desse apelo enganoso. Mathilde não fazia nada sem um motivo oculto, e seus motivos eram sempre egoístas.
— Mathilde, — ele respondeu, intencionalmente omitido qualquer título ou honorífico. Ela não era a única que podia jogar.
Sua delicada mandíbula se flexionou em irritação, mas sua expressão nunca variou enquanto deslizava graciosamente pelo quarto e apresentava a mão para ser beijada.
Raphael o fez, mas apenas porque era o costume humano. Ele teria de bom grado beijado a mão de uma vendedora de flores na rua. Ele pegou os dedos oferecidos por Mathilde, tocando-os em seus lábios no mais breve dos gestos.
Mathilde acomodou-se em seu assento favorito, que era uma cadeira de grandes dimensões colocada sozinha na frente da sala, com outras cadeiras menos elaboradas agrupadas à sua volta.
Raphael afastou as cadeiras menores, perturbando a sua colocação cuidadosa, a fim de empurrar um sofá pequeno na posição em seu lugar. As cadeiras eram muito frágeis para ele sentar-se com qualquer conforto, o que Mathilde sabia muito bem. Ela franziu o cenho de desaprovação por seu rearranjo improvisado, mas ainda não ofereceu nenhuma palavra de censura. Ela queria algo dele, e ela estava disposta a tolerar alguma insubordinação menor para obtê-lo.
— Então, Raphael — ela ronronou. — Você considerou minha oferta?
Ele não respondeu diretamente. Em vez disso, ele fez uma pergunta. — Você já ouviu falar da América, Mathilde?
Seus lábios franziram em desgosto. — Lugar não civilizado. Agricultores e crentes. Nenhum dos quais eu escolheria me associar.
— Homens e mulheres trabalhadores que criam algo do nada, Mathilde. Um vasto continente de possibilidades.
Ela deu de ombros. — Se você diz. Dificilmente um lugar para vampiros, ou qualquer um de posição.
Raphael quase riu em seu rosto. Mathilde pode ter vindo da nobreza, ele realmente não sabia. Mas ele certamente não tinha. Em sua vida anterior, ele tinha sido um daqueles agricultores que ela tanto desprezava.
— O que isso tem a ver comigo? — ela retrucou, antes que a percepção alterasse sua expressão em uma de descrença. — Você não pode estar pensando seriamente em ir para lá?
— Eu não estou apenas pensando nisso. Estou determinado a fazê-lo. Vamos fazer o nosso caminho.
— Eu ofereci-lhe um lugar à minha direita! Eu o faria meu tenente, e você me deixaria por esse lugar selvagem?
Raphael levantou um ombro com desdém. — Quero um território, Mathilde. Não faço segredo disso. E não há nenhum aqui.
— Você não precisa de território se você ficar ao meu lado. Isso não é poder suficiente?
— Você não quer colocar seu poder nas minhas costas, Mathilde. Você quer meu poder na sua, e nós dois sabemos disso. Não tenho interesse em ser o número dois de ninguém.
— Sua arrogância me assusta. Eu governo centenas de vampiros, a maioria dos quais são meus próprios filhos e me devem suas vidas. O que você tem? Nem um único filho...
As palavras de Mathilde pararam quando uma porta na parte de trás da sala se abriu e Lucas entrou, caminhando discretamente até o lado de Raphael, onde se agachou, esperando para entregar qualquer mensagem que o trouxe a este quarto.
Mas Raphael não estava olhando para Lucas; ele manteve sua atenção em Mathilde. Ele viu o desejo em seu olhar enquanto observava Lucas, a cobiça. Apesar de todo seu desprezo pela espécie humana, os amantes de Mathilde eram todos jovens homens e humanos. Como os franceses o chamavam? Nostalgie de la boue. Nostalgia pela lama. Assim como Mathilde gostava de provar sua superioridade fazendo os outros esperar, ela preferia os amantes socialmente inferiores, amantes que ela podia dominar e controlar.
E ela queria Lucas. Ela o desejava desde o primeiro momento em que o viu, chegando até a perguntar a Rafael se poderia “emprestá-lo” em mais de uma ocasião, como se o rapaz a quem ele havia resgatado das ruas de Londres fosse uma posse a ser passada ao redor e emprestada entre amigos. Ou inimigos.
Mas Raphael nunca deixaria isso acontecer. Lucas era seu para proteger de maneiras que Mathilde nunca entenderia.
— Aguarde-me lá fora, Lucas — ele ordenou.
Lucas não era tolo. Ele sentiu a tensão no momento em que entrou na sala. Ele olhou Raphael brevemente, uma oferta silenciosa de apoio se Raphael precisasse. Mas esse, era Lucas. Raphael enfrentaria um vampiro quase tão poderoso e muito mais astuto do que ele, e Lucas estava preparado para ficar com ele, mesmo sendo humano e vulnerável.
Raphael tocou-lhe o ombro com tranquilidade. — Eu estarei lá rapidamente. — Lucas assentiu, então se levantou e saiu do quarto tão silenciosamente como entrou, sem nem mesmo reconhecer a presença de Mathilde.
— Seu escravo precisa aprender algumas maneiras, Raphael. — A expressão dela se tornou calculadora, e Raphael preparou-se para o que quer que ela fosse fazer a seguir. — Talvez eu possa te ajudar com isso. Você sabe que eu preferiria que você permanecesse ao meu lado, mas se você estiver pronto, eu vou conceder-lhe licença. Lucas terá de permanecer, como pagamento pela proteção que lhe dei ao longo da sua estadia aqui. Mas você não precisa se preocupar com seu bem-estar. Vou levá-lo como meu próprio, e ele será bem cuidado.
Raphael riu. Ele realmente riu. Ele não podia evitar. Esta megera de uma fêmea pensou que poderia reivindicar Lucas como pagamento de uma dívida? Como se Raphael lhe devesse alguma coisa pelos meses que havia desperdiçado em sua corte? Como se ele tivesse se beneficiado até mesmo do menor modo de sua presença, quando na verdade era ela que tinha ganhado muito mais de sua associação do que ele.
O riso dele sumiu. — Lucas nunca será seu. Quanto à sua permissão para sair... eu não preciso, nem desejo isso. Nós somos vampiros. Se você acredita que pode me impedir... — ele ficou de pé até a altura dele e olhou para ela — Então faça isso. Se não eu me despeço. E duvido que nossos caminhos voltem a se cruzar novamente.
Raphael girou no calcanhar e foi para a porta. Atrás dele, ele ouviu o farfalhar de saias de cetim, enquanto Mathilde se levantava.
— Você não vira as costas para mim! — Ela sibilou. — Eu domino este território e você me mostrará o respeito devido ao seu próprio lorde.
Raphael olhou para trás quando ele alcançou a porta. — Este território é seu — concordou ele. — Mas eu nunca serei, nem Lucas. — Ele levantou o trinco e saiu para o corredor, fechando a porta atrás de si enquanto Mathilde emitia um grito de fúria sem palavras, acompanhado pelo som de algo quebrando.
Os olhos de Lucas estavam arregalados quando encontraram os dele. — Vamos sair esta noite, meu senhor?
Raphael assentiu. — O mais cedo possível. O novo mundo nos espera.
Honolulu, Hawaii, dia atal
Os olhos de Cyn se abriram para uma sala escura e um momento de desorientação. Ela alcançou automaticamente Raphael, mas ele se foi. Ele nunca esteve lá. Seu cérebro sabia disso, mas seu coração demorou mais para enfrentar isso.
Ela suspirou e sentou-se, forçando-se a lembrar de todos os detalhes do sonho que Raphael enviara. Ou, mais precisamente, o sonho dentro de um sonho. Uma verificação de seu relógio lhe disse que ainda havia duas horas até o pôr do sol local. Mas em casa, os vampiros já estavam acordando, e Lucas, cujo território se estendia por dois fusos horários, estava uma ou duas horas à frente de Malibu, dependendo de sua localização. Mas de qualquer forma, ele teria acordado há muito tempo.
Ela já tinha abandonado o velho telefone descartável que ela usara em Kauai, esmagando-o em pedaços e jogando os restos em vários caixotes de lixo do aeroporto, tanto aqui em Honolulu, como em Lihue em Kauai. Ela pegou o novo que ela usou para chamar o Detetive Turner, sabendo que o número seria registrado como “desconhecido” no telefone privado de Lucas. Sob as circunstâncias, no entanto, ela também sabia que ele iria responder à chamada.
— Donlon.
Demorou um momento para reconhecer a voz severa que respondeu. Ela nunca tinha visto o lado de negócios de Lucas, nem mesmo o guerreiro, embora Raphael tinha lhe dito que Lucas era uma força sangrenta da natureza no campo de batalha. Mas o Lucas que ela sempre viu foi o encantador playboy. Não mais, aparentemente.
— Cyn aqui — ela disse, combinando com seu tom sério. E ela devia ter feito um pouco demais, porque as próximas palavras de Lucas estavam longe de serem lúdicas.
— Cyn? Aconteceu alguma coisa, Raphael...
— Relaxe. Raphael está bem até onde eu sei. E de qualquer maneira, você saberia tão bem como eu se ele não estivesse.
— Certo, certo. Eu sei disso. As coisas estão um pouco... intensas por aqui.
Cyn não sabia se estava a ponto de fazer as coisas melhor ou pior para Lucas, então ela foi direto ao ponto. — Tenho uma mensagem para você. De Raphael.
— Uma mensagem. Acho que não foi um telefonema.
— Não, dificilmente. Mais como um sonho. Ele diz que você vai saber o que fazer com ele, ou mais especificamente, eu acho, o que fazer com o que ele sobre Mathilde. Posso te enviar um e-mail se...
— Não. Conte-me. Eu quero a emoção da história, não apenas as palavras.
— Ok, aqui vai... — E Cyn passou a contar tão fiel como ela poderia recordar a história do último encontro de Raphael e Lucas com Mathilde.
Lucas ouviu, nunca interrompendo, nunca fazendo uma pergunta.
Quando ela terminou, houve um momento de silêncio, e então ele disse: — Então Mathilde me queria como seu garoto brinquedo. Tenho que ser honesto com você, Cyn. Eu acho isso meio estranho. Quero dizer, ela é como minha bisavó ou algo assim. Acho que preciso de um abraço. — Ele se afastou do telefone e levantou a voz para gritar: — Katie, querida, você tem um momento?
Cyn soltou um som exasperado. Somente Lucas. — Tenho a certeza de que não era essa a mensagem da Raphael, Lucas.
— Relaxe. Um abraço quente nunca machucou ninguém. Mas eu entendo, e ele está certo. Eu sei o que fazer com isso.
Cyn esperou que ele compartilhasse. Quando ele não ofereceu, ela contemplou perguntar ele, mas decidiu que ela tinha o suficiente em seu prato sem se preocupar com o que estava com Lucas.
— Ok. Se você tem isso, então eu preciso ir. Diga “oi” para Kathy para mim, e... se cuida, Lucas. De Kathryn, também.
— Sempre. Você também, Cyn.
Cyn desligou. Ela podia ouvir alguém se deslocando lá embaixo, presumivelmente Robbie, já que era muito cedo para os vampiros estarem acordados. Mas também porque o aroma do café tinha começado a derivar acima das escadas. A ideia de café era suficiente para levá-la a se mover, mas ainda havia mais uma chamada que ela tinha que fazer. Dirigindo-se até sua mochila, ela cavou a caixa de telefones que Juro tinha deixado com ela e tirou a do rótulo #1.
Ligando-o, ela discou o único número em sua lista de contatos e esperou. Juro respondeu antes que pudesse tocar duas vezes.
— Esta é sua ideia de atualizações diárias?
Ele parecia tão descontente, e tão diferente de seu habitual, eu imperturbável, que ela sorriu. — Eu prometi atualizações diárias? Não me lembro disso. — Ela falou devagar como se estivesse realmente tentando se lembrar.
— Cynthia.
— Eu não vi o ponto em chamar antes que eu tivesse qualquer coisa para relatar.
— Além do fato de que você estava segura e bem, você quer dizer.
— Imaginei que você saberia disso, já que você e Ken'ichi, ambos sendo vampiros fortes, e também tendo essa coisa de conexão de gêmeos indo para você.
— Essa coisa de conexão de gêmeos — ele repetiu.
— Admite. Você já sabe o que está acontecendo, ou você estaria muito mais puto do que você está. Então, com quem você conversou?
— Quase todo mundo, incluindo Colin Murphy.
— Murphy? Isso é uma surpresa.
— Estamos coordenando nossas defesas com Sophia.
— Murphy o atualizou sobre a situação aqui?
— Só para dizer que ele lhe deu o nome de um detetive de polícia em Honolulu, o que achei interessante. Fora isso, ele não sabia onde você estava.
Cyn poderia ter dito a Juro que sua atual namorada e próxima a ser sua companheira de casa tinha uma ideia muito boa de onde ela estava desde que tinha sido um parente de Luci que tinha fornecido todas as suas habitações. Mas se Luci escolheu não compartilhar isso, aquele era seu negócio.
— Estamos seguindo uma trilha promissora — disse ela. — Ainda não o encontramos, mas estamos perto. Mais importante ainda, sei que Raphael está a salvo.
— Raphael entrou em contato com você?
— É uma maneira de falar. — Ela não entrou em qualquer detalhe, sabendo que Juro iria entender. — Como está tudo? Algum movimento da rainha vadia?
— Nada evidente. Estamos tentando determinar sua estratégia provável. Com tantos de seus mestres vampiros amarrados no esforço para prender Raphael, não consigo vê-la lançando um ataque frontal. Ela simplesmente não tem a força de combate.
— E se ela aparecer em Malibu e fizer um desafio, como você disse que faria? Existe uma formalidade para isso? Raphael tem um certo número de dias para responder antes que ele perca?
— Três noites. Se ela seguiir as velhas leis... o que estou certo que fará, Raphael terá três noites para enfrentar seu desafio. Mas como tenente de Rafael, Jared também tem o direito de aceitar o desafio em seu nome.
— Jared pode derrotá-la? Eu sei que ele é forte, mas... Mathilde é um lorde vampiro muito velha, e ela claramente não tem medo de trapacear para conseguir o que quer, que parece ser o território de Raphael.
— Jared ficará satisfeito com a sua preocupação — ele comentou secamente.
Cyn não teve nenhum retorno para isso. Sua preocupação principal tinha sido para o território de Raphael, embora se fosse honesta, ela não quisesse que qualquer coisa má acontecesse a Jared tampouco. Ele simplesmente não era sua primeira prioridade.
— Jared pode segurá-la?
— Talvez, talvez não. Mas Lucas certamente pode.
— Lucas?
— Se Mathilde tentar reivindicar o território por padrão, Lucas vai desafiá-la e reivindicar o território para si mesmo.
Cyn não contou a Juro sobre o sonho que Raphael enviara, uma vez que tinha sido destinado a Lucas. Mas agora era óbvio que Raphael havia antecipado a necessidade de Lucas se apresentar para desafiar Mathilde. Lucas deve ter obtido alguma informação útil sobre como lidar com Mathilde a partir dos detalhes do último encontro.
— Mas e o território de Lucas? Ele não estará em perigo? — Perguntou ela.
— Aden ajudará quando necessário. Sophia ofereceu, mas eu suspeito que ela e Colin estarão ocupados lutando suas próprias batalhas, enquanto Aden pode facilmente fundir as defesas dos territórios dele e de Lucas por trás de sua liderança.
Cyn caiu sobre a cama, desanimada de novo. Tinha estado tão otimista antes de ligar para Juro. Pela primeira vez desde que começara a história, começou a pensar que finalmente estavam no caminho que levaria ao resgate de Rafael, e que era apenas uma questão de tempo. Mas agora... Tudo era muito mais complicado do que ela tinha acreditado. Mesmo depois que ela resgatasse Raphael – e ela o resgataria – ele poderia não ter m território para voltar, ou ele teria que ir para casa e reclamar tudo de novo, talvez com centenas de seus próprios vampiros morrendo por nada. Qual era o número que ele tinha comparado as prováveis ??vítimas de vampiros? Dez milhões de seres humanos?
De repente, ela ficou furiosa. Furiosa que aparentemente todo mundo soubesse que Raphael seria atacado e todos simplesmente tomaram o passo como parte de sua estratégia. E tão furiosa consigo mesma por acompanhá-lo. Raphael advertira-a sobre o perigo. Ele viera direto para fora e disse a ela que ela precisava se preparar para quando o desastre acontecesse. Talvez em vez de aplaudir sua própria inteligência enquanto ela estava trabalhando com Lucia e Robbie para definir esse plano de desastre no lugar, ela deveria ter tentado falar com Raphael sobre encontrar Mathilde. Talvez se ela tivesse feito isso, ela não iria agora encontrar-se trabalhando meio cega, lutando por cada migalha de informaçãos, montando uma trilha para seguir para trazê-lo de volta.
Mas mais do que qualquer outra coisa, ela estava furiosa porque Raphael tinha que sofrer mais um dia de prisão, ou que todos esses vampiros poderiam ter que morrer, apenas para que a cadela da Mathilde não tivesse que compartilhar o poder com seus próprios filhos vampiros.
— Quanto tempo eu tenho para resgatar Raphael e levá-lo para Malibu, a fim de impedi-la? — Ela perguntou a Juro firmemente.
— Não podemos ter certeza de...
— Quanto tempo, Juro?
— Mathilde esperará até que Raphael se enfraqueça o suficiente para...
— Enfraquecido como?
— Inanição — ele disse sem rodeios. — Ela não vai alimentá-lo.
Cyn sentiu como se tivesse sido golpeada no estômago. — Nada? Mas ele não precisa de muito sangue, — ela sussurrou.
— Não — disse Juro suavemente, — mas ele precisa de algo. Esta noite é a quarta noite que ela o tem. Entre a falta de nutrição e a pressão de todas aquelas mentes que o restringe, ele estará suficientemente enfraquecido para que os mestres vampiros de Mathilde sejam capazes de segurá-lo sem ela. E ela vai direto para Malibu.
— Você quer dizer...
— Acho que ela vai bater em nossas portas amanhã à noite.
— Mas você disse que pode deixá-la fora por três noites, uma vez que ela chegar aí.
— E também não vamos recebê-la com os braços abertos. Dadas as circunstâncias de seu ataque a Raphael, estaremos bem dentro de nossos direitos de assumir uma intenção hostil e defender a propriedade de nosso senhor. Vamos eliminar o maior número de guerreiros que pudermos quando ela se aproximar, enfraquecendo-a antes mesmo que ela tenha a chance de declarar sua reivindicação. Contudo, uma vez que ela conseguir expressar o desafio, as hostilidades cessarão e o período de espera começará.
— E depois?
— Entre Jared e eu, e então Lucas entraremos para disputar seu direito ao território, podemos empurrá-lo de três dias para quatro, talvez até cinco. Mas depois disso, Lucas não terá escolha a não ser lutar contra ela.
— Então, para confirmar, depois desta noite, eu tenho quatro dias, ou mais precisamente, noites, para levar Raphael para casa.
— O que você está planejando, Cynthia?
— Quanto menos você souber, melhor, cara grande. Mas saiba disso, quando Mathilde finalmente chegar perto de cumprir suas demandas, ela vai ter a surpresa de sua vida.
— O que você vai fazer?
— Tudo o que eu tiver que fazer.
Capítulo 11
— JURO DISSE QUE temos quatro noites para levá-lo de volta à Malibu antes que as coisas fiquem realmente sangrentas.
Robbie lhe dá um olhar preocupado. — Incluindo esta noite?
Cyn balançoou a cabeça. — Não. A contagem regressiva aparentemente começa quando Mathilde bater no portão em Malibu. Juro espera que ela apareça amanhã à noite, então essa será a noite um. Mas os nossos planos devem incluuir tempo o suficiente para que Raphael volte para casa. — Ela deixou a xícara de café e caminhou até a porta de vidro de correr aberta, sentindo a brisa quente do Pacífico e tentando imaginar o que estava acontecendo com todos aqueles à milhas de distância em Malibu.
Robbie aproximou-se e ficou ao seu lado, os braços cruzados sobre o peito largo, o crânio de sua tatuagem do exército Ranger brilhando em seu bíceps enorme. — Certo. Vamos ver o que já temos. Nós entramos nas sombras tão rápido e profundamente que nem sequer souberam que estávamos aqui, muito menos que ainda estamos. Nós já descobrimos mais ou menos a área onde estão escondendo Raphael, e por esta hora amanhã, nós sabemos ainda mais. Estamos perto agora, Cyn.
Ela conseguiu dar um sorriso forçado, que provavelmente não o enganou. — Acho melhor começarmos, então. Nós devemos encontrar Turner às 8:30 da noite, mas quero verificar as coisas antes disso. Tudo o que sei sobre o lugar que o encontraremos é que é um bar. Quero saber quão grande é, o movimento, quão alta é a música... o de sempre.
— É um pouco cedo para beber, mas estou dentro.
— Certo, deixe-me pegar uma arma reserva, e então estou pronta.
— Você sabe que provavelmente será um bar de policiais, certo?
— Eu imagino que sim, por quê?
— Só dizendo... eles vão ver todas as armas que você está usando dois minutos depois de atravessar a porta.
— Ótimo. Então talvez eles me deixaram em paz.
— Tente se lembrar que isso é apenas um reconhecimento, Cyn. Nós só vamos lá para dar uma olhada antes do encontro desta noite, então seja legal.
— Eu sempre sou legal.
O riso de Robbie a seguiu pelo corredor.
****
O bar ficava à menos de 1,6 km de Waikiki, subestação de Honolulu. Cyn não sabia em qual escritório Turner trabalhava, mas fazia sentido que os assassinatos houvessem ocorrido perto da praia de Waikiki, porque era o centro de atividades turísticas da ilha. Os vampiros não eram estúpidos ao procurar suas vítimas. Os turistas tinham a tendência de se embebedar, o que os tornava desinibidos e prontos para uma aventura mais selvagem nas suas férias, não importando quão sãos e sóbrios estariam na volta para casa.
Robbie evitou o estacionamento do bar por um público nas proximidades, nem sequer piscando para a taxa horária exorbitante. Encontrou um lugar no primeiro nível, e armou uma rápida fuga. Cyn deduziu que ele nem sequer pensava nessas coisas. Já era uma segunda natureza.
Caminharam metade de quarteirão até o bar, Cyn sentindo-se vestida demais com suas calças pretas de combate e botas, e a jaqueta preta curta que usava para esconder suas armas. Robbie usava a mesma regata preta que usara em casa, mas vestiu uma camisa de mangas curtas havaiana para esconder a beretta em seu quadril. Sua tatuagem de Ranger ainda amostra, o que chamou a atenção de Cyn, porque era pessoal para Robbie e não algo que ele normalmente exibia.
— O que há com a exibição da tatoo? — Ela perguntou, curiosa.
— Murphy me deu algumas informações sobre Turner. O amigo de Murphy é SEAL, mas Turner é um dos meus.
— Do exército Ranger, você quer dizer — ela disse pensativamente — Isso pode ser útil.
Robbie encolheu os ombros — Não vai fazer mal. Dá uma confiança, pelo menos.
— Eu aceito qualquer vantagem que pudermos. — ela parou na frente de um bar que provavelmente não recebia muitos turistas. Parecia o tipo de lugar que servia projetos de cerveja americana, e doses em copos de vidros pesados, não bebidas frutadas com bonitos guarda-sóis.
— Você está pronta? — Robbie perguntou.
— Com o risco de soar como uma paródia de um filme ruim... eu nasci pronta.
Ele gemeu e abriu a porta. — Definitivamente soou como uma paródia de um filme ruim. — Ele murmurou quando entrou primeiro, então avançou para que Cyn pudesse fechar a porta atrás deles.
A conversa, que tinha um zumbido baixo apesar da hora adiantada, parou. Cada policial – e, sim, este era um bar de policiais – virou-se para avaliar os recém-chegados com olhos que catalogaram em dez segundos como estranhos.
A sala estava escura, especialmente depois da luz do sol brilhante, mas uma vez que seus olhos se ajustaram, Cyn pode ver que o espaço era longo e estreito. O bar em si era à direita, com alguns assentos contra a parede à esquerda, e algumas mesas mais agrupadas na parte de trás. A iluminação consistia em uma fileira de luzes pequenas e escuras sobre o espelho atrás das fileiras de garrafas de licor e meia dúzia de enfeites de variados estanho perfurado ao longo da parede.
Ignorando os olhares fixos, que variavam de hostil à francamente suspeitos, Cyn abriu caminho para um lugar vazio nos fundos. Robbie parou para pedir algumas cervejas ao barman, que nenhum deles beberia. Mas chamaria muita atenção ficar sem pedir qualquer coisa. Robbie também pegou um menu, que inesperadamente incluía hambúrgueres e frango, juntamente com os costumeiros nachos e batatas fritas.
O estômago de Cyn roncou. — Você vê alguém comendo? — ela perguntou calmamente, enquanto Robbie pousava suas cervejas e tomava o assento de frente para a porta. Cyn notara uma porta de trás no escuro corredor que levava aos banheiros, e assim tinha intencionalmente escolhido o assento voltado para aquela saída, enquanto confiava em Robbie para cobrir a frente.
— Sim. Por que, você está com fome?
— Morrendo de fome, mas se os moradores não comem a comida, então não deve ser boa.
Robbie encolheu os ombros. — Vejo seis policiais comendo. E ninguém está mais nos observando.
— Diretamente não, pelo menos. Quer um hambúrguer?
— Eu comeria um. E talvez um pouco de frango junto.
Cyn deu-lhe um meio sorriso. Convivendo com Raphael, ela às vezes esquecia a quantidade de comida que caras grandes como Robbie comiam. — Você pode ter metade do meu hambúrguer. Você pede ou eu?
— Eu serei um cavalheiro. Não quero que os caras tenham a impressão errada.
Cyn inclinou a cabeça curiosamente, lembrando das mesas que tinham passado no caminho para o bar. — Eu sou a única mulher aqui, não sou?
— Você entendeu, querida.
— Bem. Vá brincar de homem e fale com o barman, deixarei uma mensagem para os vampiros que os encontraremos na casa. E desde que estou sendo feminina, você pode muito bem me dar uma soda diet no lugar desta cerveja.
Dois hambúrgueres, uma cesta de nuggets de frango e um monte de batatas fritas mais tarde, mas com ambas as garrafas de cerveja ainda intocadas, Cyn e Robbie deixaram o bar e voltaram para casa. Eles prestaram muita atenção à sua rota, indo tão longe que pegaram algumas ruas erradas, apenas para que o GPS tivesse que redirecioná-los de volta para a rua principal. A luz do sol ainda era uma mancha dourada no céu ocidental quando eles chegaram, mas o próprio sol estava abaixo do horizonte. O que significava que ambos os vampiros já estavam em movimento quando Cyn desarmou o sistema de alarme. O tempo de vigília era uma questão de idade para os vampiros. Quanto mais velho o vampiro, mais cedo ele poderia se levantar após o pôr do sol, enquanto os mais velhos e poderosos, como Raphael, eram capazes de acordar antes mesmo do sol ter caído abaixo do horizonte.
Ken’ichi desceu da escada, se movimentando tão silenciosamente que nem Cyn nem Robbie notaram até que ele limpou a garganta para chamar a atenção. Cyn acenou com os dedos um olá, então continuou para a cozinha. Ela precisava de café. Esse encontro com Turner era importante, e se a noite fosse do jeito que esperava, ia ser longa.
Capítulo 12
ELES LEVARAM OS veículos ao encontro com Turner, estacionando no mesmo local na quadra abaixo que Cyn e Robbie haviam usado naquela tarde. As ruas estavam muito mais ocupadas do que antes, cheias de carros e pessoas. Aparentemente, era noite de sexta–feira. Cyn não esteve acompanhando exatamente os dias desde que Raphael foi levado. Não importava para ela que dia da semana era, apenas há quanto tempo ele tinha ido embora.
Mas enquanto o início do fim de semana não era algo que Cyn havia incluído nos planos, aquilo na verdade era um pouco de sorte. Que momento melhor para vasculhar os bares procurando por um vampiro do que no fim de semana quando multidões estavam no seu auge e a caçada seria boa?
Primeiro, no entanto ela precisava conversar com Turner e convencê-lo a compartilhar o que ele sabia.
Ken’ichi entrou primeiro no bar, dez minutos depois do combinado. Usando a descrição da sala de Cyn, ele passou pelo bar e puxou duas mesas juntas no fundo, incluindo a que ela e Robbie haviam sentado mais cedo naquele dia. Depois, ele foi para o bar e pagou em dinheiro por uma garrafa de whisky e seis copos, deixando ao bartender uma bela gorjeta antes de voltar para a mesa e sentar com as costas viradas para a parede.
Cyn estava do lado de fora, esperando com os outros, quando seu recente telefone descartável tocou.
— O policial já está aqui — Ken’ichi disse sem delongas. Colin Murphy tinha enviado uma foto do grupo do time de beisebol que seu camarada Seal Doug jogou com Turner, então eles tinham uma descrição clara do detetive de Honolulu.
— Ele está prestando atenção em você? — Cyn perguntou, curiosa com o quanto Turner sabia sobre eles.
— Ele me encaruu quando entrei, e se certificou que eu visse quando fez isso. Ele não fez nenhum movimento desde então.
— Então Murphy disse a ele por quem procurar. Tudo bem, estamos chegando.
As calçadas estavam lotadas de pessoas que estavam mais do que felizes em sair do caminho com Robbie liderando o caminho. Cyn e Elke seguiram atrás dele, com Elke insistindo que Cyn fosse para dentro perto das construções, como se ela fosse uma donzela frágil que desmaiaria se uma carruagem espirrasse lama nela. Cyn sabia que não era essa exatamente a razão. Elke trabalhou basicamente todos os dias com Cyn. Ela a viu no seu pior e no seu melhor, e ela sabia que Cyn era capaz quando a merda batia no ventilador. Então Cyn sabia que ela estava sendo irracional em deixar que o simples movimento de segurança a irritasse. Mas agora que elas finalmente estavam fazendo algo, ela tinha pouca paciência para toda a discussão sobre o seu bem-estar. Era com Raphael que deveriam estar preocupados. Raphael que agora, aparentemente, estava há várias noites sem sangue algum. Eles não fizeram amor na noite que ele foi encontrar Mathilde; eles não tiveram tempo, nem mesmo no chuveiro. O que significava que ele não tomou o sangue dela antes de sair da casa. Porque ela não insistiu que ele encontrasse tempo?
Cyn sabia que aquilo também não era razoável. A retrospectiva era 20/20 e uma completa perda de energia. Mesmo que eles tivessem feito sexo, mesmo que Raphael tivesse tomado o sangue dela naquela noite, não seria suficiente para sustentá-lo por muito tempo. Não quando ele estava aprisionado sobre sabe-se lá quais condições. Ele estava acorrentado? Eles o torturaram? Eles estavam o mantendo acima do solo, usando a luz do sol como uma ameaça enquanto ele dormia, enfraquecendo-o mais com cada hora que ele permanecia prisioneiro deles?
— Vai devagar, Cyn — a advertência na voz baixa de Elke fez Cyn perceber que inadvertidamente ela tinha aumentado o ritmo até que Robbie foi forçado a esticar um braço para impedir que ela passasse por ele.
— Desculpa — ela murmurou, reduzindo a velocidade enquanto eles prosseguiam seu destino.
Robbie olhou rapidamente em volta, então abriu a porta.
O lugar estava tão escuro à noite como estivera à tarde. Mas sem a luz do sol lá fora, seus olhos não precisavam se ajustar, e Cyn pôde enxergar claramente de imediato. Apesar de tudo, o bar parecia melhor iluminado do que a rua. Robbie não desacelerou, mas os levou diretamente para a mesa onde Ken’ichi esperava.
Ou teria levado, se Turner não tivesse se levantado de uma mesa adjacente com um grande sorriso no rosto, como se estivesse cumprimentando velhos amigos.
— Senhoras — ele disse, gesticulando largamente com os braços abertos. — Murph disse que vocês eram lindas, mas ele nunca disse que eu encontraria a mulher dos meus sonhos!
— Ela tem namorado, idiota, então pode parar. — rosnou Eike.
O sorriso de Turner só amentou. — Bom para ela, mas eu estava falando de você, loira. Não quebre o meu coração dizendo que também tem namorado.
Era difícil ver com a luz baixa, mas Cyn juraria que a pele normalmente pálida de Elke se iluminou com um rubor. Ela estava tentada a esperar e ver como esse jogo particular de flerte andaria, mas eles não estavam lá para socializar.
— Makelo Turner, eu suponho — disse Cyn, estendendo a mão e pensando que a foto de beisebol não fazia justiça. Ele era muito mais impressionante pessoalmente e naturalmente carismático. Sua pele era negra, cabelo preto, olhos pretos. Provavelmente nativo havaiano ou ao menos descendente da polinésia. Seus músculos eram tão grossos quanto os de Robbie, e talvez um centímetro mais alto, o que o colocava com um metro e oitenta mais ou menos. Seu cabelo liso, preto como carvão era curto atrás, mas longo o suficiente na frente para que ele tivesse que usar algum tipo de produto para mantê-lo para trás. Ele usava uma camiseta preta e vestia uma calça, mas com um casaco esporte leve que cobria o suporte de ombro.
Turner pegou a mão estendida de Cyn em uma grande garra e balançou gentilmente, dizendo: — Em carne. E você, é claro, é a inestimável Cynthia Leighton. Murphy fala muito de você.
Cyn deu a ele um sorriso apertado de reconhecimento e disse: — Essa é Elke, e...
— Elke — interrompeu Turner com um murmúrio. — Me chame de Mal.
— ... Esse é Rob Shields — Cyn finalizou.
— Murphy tinha muitos elogios para você também, irmão. — disse Turner, apertando as mãos com Robbie do jeito que grandes homens faziam, o peito alto, os músculos esticados.
— Hooah — eles disseram quase que simultaneamente.
— E esse cavalheiro é Ken’ichi — Cyn continuou, deslizando pela reunião Ranger para sentar à direita do grande vampiro.
Robbie imediatamente sentou ao lado de Cyn, o que deixou ambos encarando a parte da frente da sala, olhando para além do bar. Turner olhou para os assentos restantes, forçado a escolher entre um dos dois bancos à esquerda de Ken’ichi, o que deixava suas costas para a sala principal, ou o banco no fim oposto das mesas combinadas, o que o deixava na frente de Ken’ichi, mas longe demais para uma conversa discreta.
Elke pareceu se decidir por ele quando deslizou na cadeira perto de Ken’ichi, de frente para Cyn na mesa.
— Eu vou sentar perto de Elke — disse Turner com suavidade, colocando ações nas palavras e em seguida imediatamente agarrando a garrafa de whisky e serviu um copo para Elke e ele, antes de empurrar na direção dos outros. Elke estreitou os olhos para Cyn, como se a desafiando a dizer qualquer coisa sobre o flerte flagrante de Turner, mas Cyn começou a trabalhar.
Ignorando a dose de whisky no copo que alguém colocou na frente dela, ela se inclinou sobre a mesa para Turner e disse: — Eu quero ver os seus arquivos sobre aquelas três mortes, as que você e eu sabemos que foram mortes por vampiros.
Turner tomou uma dose de whisky e então descansou o peso em seus antebraços e se inclinou sobre a mesa, colocando o rosto apenas alguns centímetros de distância de Cyn.
— Aqueles são arquivos policiais confidenciais. Porque eu compartilharia?
— Porque como eu te disse no telefone, eu posso encontrar e parar o assassino muito mais rápido do que você — disse Cyn, tentando ser diplomática. A verdade era que se realmente existisse um vampiro ou vampiros por trás daqueles assassinatos – e ela sabia que existia – ela não achava que policiais humanos seriam capazes de pará-los. Mas ela não disse aquilo, se contentando com uma simples advertência, dizendo: — É provável que você esteja lidando com mais do que um vampiro, o que tornará mais difícil ainda para você.
Turner franziu o cenho. — Pará-lo, você disse. O que exatamente isso significa? O departamento policial está severo com seus detetives, mandando armas contratadas para matar os suspeitos. Há aquela maldita coisa de ‘inocente até que se prove o contrário’ que nós por acaso acreditamos.
— Vamos deixar uma coisa clara, Turner — disse Cyn sem rodeios. — Eu gostaria da sua ajuda. Tornaria o meu trabalho muito mais fácil, e há muito mais em jogo aqui para mim do que parar esses assassinos. Mas eu posso fazer isso sem você. Eu não conheço a sua cidade, mas com certeza posso ler um mapa. E eu conheço vampiros muito melhor do que você jamais conhecerá.
Turner encontrou o seu olhar em silêncio, os lábios franzidos em pensamento. — Então me diga, o que você fará uma vez que encontrar os seus supostos vampiros assassinos? Uma estaca direto no coração é isso? Sem perguntas?
— Como eu lido com eles não é preocupação sua — Cyn insistiu.
— E veja, querida, é aí que você está errada. Eu sei quem você é, e me parece que você deveria estar insistindo que esses vampiros tivessem a mesma justiça que humanos teriam, o devido processo e tudo mais. Mas você não está. E eu gostaria de saber o porquê.
— Vá em frente e conte a ele — disse Elke. — Eu posso matá-lo depois que conseguirmos o que precisamos.
Ao invés de se assustar com a ameaça, Turner deu a ela um olhar encantado, como se ela tivesse dito algo maravilhoso, e não acabado de se oferecer para matá-lo.
Os olhos de Elke se arregalaram no que alguns poderiam ter confundido com horror, mas Cyn conhecia a vampira bem o suficiente para ver que ela estava particularmente satisfeita com a atenção de Turner. Muitas pessoas olhavam para o cabelo loiro curto e platinado de Elke e para o seu corpo sólido e musculoso e presumiam que ela era lésbica. Mas Cyn sabia que aquilo não era verdade. Elke tinha boas razões para o percurso de carreira que ela tinha escolhido com Raphael, e ela havia trabalhado arduamente para conseguir manter um lugar no círculo secreto de segurança de Raphael. Mas aquele era o trabalho dela, não a soma total do que ela era. Quando se tratava de suas preferências sexuais, ela era totalmente hétero. E Turner era um homem muito atraente.
— São os negócios, Mal — Elke grunhiu com um olhar abafado.
Turner pousou uma mão dramática sobre o coração ao ouvir ela dizer o seu nome, mas quando encarou Cyn novamente, ele era estava todo a trabalho. — Você não está sendo totalmente sincera comigo, Leighton. Você não está caçando um assassino, ou, pelo menos, essa não é a sua motivação principal. Você quer algo desses vampiros. O que é?
Quando Cyn só o olhou fixamente, debatendo sobre o quanto deveria contar a ele e se ele era confiável, Turner reiterou sua posição. — Você quer os arquivos? Eu quero a história completa.
Cyn se forçou a permanecer calma, cerrando um punho sobre a coxa debaixo da mesa. Willis havia insistido mais de uma vez que ele poderia hackear o sistema do departamento policial e pegar qualquer arquivo que ela quisesse. Mas ela queria mais do que os documentos oficiais. Ela queria as notas de Turner e de todos os outros. Ela queria os livros de assassinatos, que conteriam cada evidência que eles coletaram. E apenas Turner poderia conseguir aquilo pra ela.
Ela olhou para Ken’ichi, que lhe deu um aceno quase imperceptível que era mais do que uma simples concordância com a barganha de Turner. Implícito naquela concordância havia o que poderia acontecer se Turner os traísse. Elke poderia estar brincando sobre matá-lo, mas Ken’ichi não.
— Tudo bem — disse Cyn. — Os vampiros que eu acredito que sejam responsáveis por esses assassinatos fazem parte de uma conspiração maior, cujos líderes sequestraram o meu companheiro, Raphael, quatro noites atrás, e estão mantendo-o prisioneiro sob condições horríveis. Eu vou resgatá-lo de um jeito ou de outro. Mas existe um problema muito maior no jogo do que apenas a minha vingança pessoal. Se não encontrarmos Raphael a tempo, haverá guerra e centenas, talvez milhares, morrerão tanto vampiros quanto humanos. Seus assassinos, e eu acredito que haja mais de um, fazem parte dessa conspiração, parte de um grande grupo de vampiros cujo único foco agora é manter Raphael aprisionado.
— E é por isso que eu quero rastrear esses assassinos. Porque eu vou atrair um deles e descobrir tudo o que ele sabe.
— Supondo que você consiga fazer isso e que você pegue o cara certo... e se ele resistir e não te contar o que você quer saber?
Cyn lançou a ele um olhar encoberto. — Ele vai me contar. Ele vai implorar para me contar.
Turner olhou de volta para Cyn, como se tentando envolver seu cérebro com a realidade daquelas palavras vindas de uma mulher que parecia que deveria estar fazendo compras no Rodeo Drive, não sentada em um bar policial em Honolulu falando sobre caçar vampiros assassinos.
— Tudo bem. E depois? — Turner persistiu. — Uma vez que ele diga o que você precisa saber, você vai entregá-lo para a polícia? Para mim?
Cyn deu a ele um olhar de pena. — Sem chances — ela disse, cada palavra dura e firme. — Quando eu tiver acabado com ele, eu vou matá-lo. E acredite, ele vai ficar feliz quando eu fizer isso. E então eu vou libertar Raphael e ajudá-lo a matar cada um dos bastardos que foram tolos o bastante para pensar que eles conseguiriam tê-lo como prisioneiro, ou que eu sentaria e torceria as mãos enquanto eles faziam isso. Bem vindo ao mundo da justiça vampira, Mal.
Turner piscou. — Tudo bem, então — ele colocou lentamente a mão no bolso e retirou um pen drive, levantando ambas as mãos na frente dele e movendo os dedos para mostrar que ele não estava segurando mais nada.
— Isso é tudo o que eu tenho sobre os assassinatos — disse ele.
Cyn estendeu a mão para o pen drive, mas Turner fechou os dedos sobre ele. — Com uma condição — disse ele, ganhando um olhar hostil. — Quero participar da investigação.
— Fora de questão — murmurou Elke, ao mesmo tempo em que Robbie disse: — Não é uma boa ideia, irmão.
Cyn apenas fitou o detetive, pensativa. — Por quê? — ela perguntou.
— Porque esses assassinatos aconteceram na minha área. Porque eu sou um cara curioso e vampiros me intrigam. — Então ele piscou e disse: — E porque eu preciso de tempo para persuadir Elke aqui a sair comigo.
Cyn podia sentir o olhar pálido de Elke tentando abrir um buraco em sua testa, mas a vida amorosa da sua guarda-costas não era a principal preocupação de Cyn no momento. Encontrar Raphael era a única preocupação, e Cyn poderia evocar facilmente qualquer número de cenários onde poderia ser útil ter um policial ao lado deles. E eram exatamente nisso que ela conseguia pensar naquele momento.
— Tudo bem — disse ela. — Mas eu quero ver os registros dos assassinatos.
Turner fez uma cara como se ele esperasse que ela não soubesse sobre eles. Mas então ele deu de ombros e disse: — Feito. — ele abriu a mão, dando o pen drive para Cyn. — Quando começamos? — perguntou ele.
— Assim que eu voltar para a casa e dar uma olhada nesses arquivos — disse Cyn distraidamente, já empurrando a cadeira.
— Ótimo. Eu vou até a estação para pegar os registros. Talvez Elke possa andar comigo, desde que eu não sei aonde vou depois.
— Eu tenho um emprego, idiota — estalou Elke. — E não é ser o seu...
— Pode ser — Cyn interrompeu. — Mas Elke vai dirigir. Você vai usar um dos nossos veículos e vai deixar o seu telefone no seu carro. Não quero ninguém rastreando você até a casa.
— Estou de plantão, eu não posso...
— Eu vou te dar um telefone descartável. Você pode encaminhar as suas chamadas para ele.
— Paranoica demais? — Turner zombou.
Cyn encolheu os ombros. — Você queria aprender mais sobre vampiros? Essa é a sua primeira lição. Nós sobrevivemos sendo paranoicos. — ela se levantou e deu a ele um olhar fixo através da mesa. — Você vai querer ser cuidadoso, detetive Turner, para que a sua segunda lição não seja o que acontece com as pessoas que nos traem.
Capítulo 13
CYN SE FORÇOU a colocar de lado seu laptop, fechando os últimos três arquivos do pen drive que Maleko Turner tinha dado a ela no bar. Ele e Elke tinham aparecido na casa há algumas horas, com o verdadeiro registro de assassinatos na mão. Mas Cyn já tinha começado a passar pelos arquivos de computador e ela tinha decidido terminá-los primeiro, e então ver qual informação adicional detalhada o registro de assassinatos podia oferecer. Ela sabia pela sua experiência como P.I.{9} que algumas vezes o olho vê no papel o que perdeu na tela do computador.
Mas ela estava muito exausta para olhar mais alguma coisa no momento. O sol tinha nascido em algum momento atrás, e os vampiros estavam dormindo profundamente em suas camas. Turner tinha querido ficar, insistindo que eles precisavam de gente para ajudar na segurança da casa, mas quanto mais perto ficava do dia D, menos disposta Cyn estava em confiar em alguém de fora do seu pequeno grupo. Então, Elke tinha empurrado Turner porta a fora e a trancado. O olhar no rosto de Turner quando os 56 quilos de Elke tinham rudemente empurrado seus 90 quilos a mais de músculo para fora da casa sem derrubar uma gota de suor tinha sido impagável. Infelizmente para Elke, tinha sido o olhar de um homem que morreu e foi para o céu. Cyn teria se divertido muito se ela tivesse uma gota de emoção sobrando.
Suspirando, ela alcançou a caneca que ela teria jurado que tinha enchido com café quente, apenas para encontrar o liquido tão frio que ela nem poderia tomar.
— Ok, é isso. — Ela murmurou, as pernas de madeira da cadeira rasparam no chão quando ela se levantou. Ela precisava conseguir pelo menos algumas horas de sono, mesmo que apenas para dar a Raphael a chance de se conectar com ela, algo muito mais essencial para ela do que dormir. Havia drogas para mantê-la acordada. Mas apenas Raphael podia fazê-la querer continuar tentando.
Robbie sentou-se quando ela tropeçou através do cômodo em seu caminho para as escadas. Ele estava deitado no sofá, tendo um daqueles cochilos de combate que os militares pareciam ser especializados. Ele estava pegando o primeiro turno, não confiante que o sistema de segurança sozinho era o suficiente para proteger os vampiros. Uma vez que eles encontraram Maleko Turner em um bar de policiais, suas presenças tinham sido conhecidas. Eles não tinham evidências de que Mathilde tinha algum policial como parte de sua conspiração, mas eles não tinham nenhuma evidência de que ela não tivesse também. Então, desse momento em diante, ele e Cyn tomariam turnos de dormir durante o dia.
— Alguma coisa nos arquivos? Qualquer coisa que você queira que eu dê uma olhada? — Robbie perguntou, soando tão alerta quanto se ele não tivesse apenas aberto os olhos.
Ela negou com a cabeça. — Eu mandei a Willis a informação de onde os corpos foram encontrados e pedi a ele que conectasse isso com os bares vampiros conhecidos. Mesmo que Rhys Patterson vivia no Havaí, ele devia saber sobre qualquer vampiro aqui em Honolulu e onde eles passavam o tempo. Não é tão longe para que ele nunca tenha visitado. — Ela cobriu a boca para esconder um bocejo que abriu sua mandíbula. — Eu ainda preciso ir através dos livros de assassinato, mas... eu não consigo ver direito.
— Durma um pouco. É de manhã. Mathilde e seu pessoal não vão a lugar nenhum.
****
Cyn não se lembrava de cair no sono, mas ela sabia que não demorou muito antes dela sentir o toque da mente de Raphael contra a sua, tão familiar que isso a fez sentir dor com a sensação de perda.
— Lubimaya, — ele sussurrou, sua respiração quente contra a orelha dela. Era tudo tão real, mas mesmo em seu sonho ela sabia que se ela girasse, se ela virasse para olhar dentro dos seus olhos negros, que ele teria ido embora. E então ela não tentou. Alguma coisa era melhor do que nada.
— Raphael.
Os braços deles se enrvolveram nas costas dela, e ela franziu a sobrancelha. Isso era uma coisa que ele fazia o tempo todo quando eles dormiam, quando eles faziam amor, seus braços sendo um peso ancorando ela contra ele. Mas isso era diferente dessa vez, não tão pesado, seu puxar não tão forte.
— Raphael? — ela sussurrou alarmada, apertando seus olhos fechados para não acordar, para não o fazer desaparecer. — Você está bem? Alguma coisa está errada?
— Eu vou ficar bem, minha Cyn. Não é nada que eu não esperava.
— Eles fizeram alguma coisa? Você está...?
— Cynthia, — ele interrompeu, usando seu nome inteiro para ganhar sua atenção. — Nós não temos tempo para isso. Mathilde deixou a ilha. Você precisa avisar Jared e Juro que ela está a caminho.
— Mathilde — Cyn repetiu, arrastando sua mente para longe do estado físico de Raphael. — Isso significa que o relógio está correndo.
Silêncio. Ela pensou por um momento que ele tinha ido, mas ela ainda podia sentir a pressão do seu corpo contra o dela, o mergulho da cama atrás dela.
— Venha logo, lubimaya, — ele murmurou, e então se foi.
Cyn acordou de repente, seu coração batendo, ofegando por ar enquanto ela automaticamente alcançava a Glock que ela deixou na mesa ao lado da cama. Rolando para fora da cama, ela colocou suas costas contra a parede e escutou. Mas tudo que ela conseguia ouvir era o tamborilar do seu próprio pulso. Com um solavanco, ela se lembrou do seu sonho e da mensagem de Raphael.
Ela atravessou a cama, indo para a caixa de telefones descartáveis que Juro tinha dado a ela, procurando pelo marcado #2. Tinha realmente que ser o #2? Qual era a maldita diferença que isso fazia?
Encontrando o telefone correto, ela checou a hora. Era muito cedo. O sol não tinha se posto ainda em Malibu. Juro tinha um correio de voz no seu telefone #2? Será que ele ao menos pensaria em checar?
— Foda-se, — ela murmurou, então discou o número de Luci, ao invés. Mathilde não devia saber sobre Luci, e mesmo que ela soubesse, ela não devia ser capaz de encontrar o seu número de celular privado. Luci tinha vários números para os vários conselhos de caridade que ela participava, mas seu número pessoal de celular apenas um punhado de pessoas sabia.
Cyn não ficou surpresa quando a ligação foi para o correio de voz. Depois de tudo, Luci estava dormindo com um vampiro agora.
— Luce, — ela disse depois do beep. — Você não conhece esse número, mas você sabe quem é. Diga ao seu amante que eu tenho uma mensagem para ele do seu chefe. A vadia está a caminho. Ele saberá o que significa. A vadia está a caminho, Luce. Cuide-se.
Ela desligou, então se sentou do lado da cama e esperou até seu coração parar de correr. Ela tinha dormido por um pouco mais de duas horas. Nem perto do bastante, mas isso era tudo que ela ia ter. Juro tinha dado a ela três noites, depois que Mathilde chegasse em Malibu. Três noites para encontrar Raphael e levá-lo para casa.
E a noite um tinha oficialmente começado.
Capítulo 14
Noite Um – Malibu, Califórnia
LUCIA JÁ ESTAVA acordada quando os olhos de Juro se abriram para a noite. Ela estava sentada ao lado dele na cama, franzindo a testa para o celular, seu rosto banhado no brilho azul do quarto escuro.
— Lucia? — ele perguntou.
Ela saltou ao som de sua voz, seus olhos arregalados com algo próximo ao medo quando ela se virou para olhá-lo.
— O que há de errado? — Ele disse instantaneamente, levantando e puxando-a para seus braços, seus sentidos procurando a sala, o prédio, toda a propriedade por algum perigo que ele ainda não sentia. Não havia nada, exceto a forma trêmula da mulher que ele amava, e o celular na sua mão.
— Lucia, — ele repetiu, forçando-a a olhar para ele. — Quem te ligou? — perguntou, intuindo a fonte de seu medo.
— Cyn, — ela disse em uma voz fraca. — Cyn me chamou. Ela me deu...
Juro sentou-se mais reto, seus sentidos de vampiro verificando automaticamente o vínculo que tinha com seu Sire, achando-o distante, mais fraco do que deveria ser, mas intacto. O que significava que Raphael estava vivo... — Alguma coisa aconteceu com Cynthia? Com o Ken...
— Pare, — Lucia disse, colocando seus dedos sobre seus lábios. — Todo mundo está bem, — ela disse pacientemente, sua compostura parecia ter retornado enquanto a sua tinha se desintegrado. — Cyn me deu uma mensagem para você do “seu chefe”. Ela disse para dizer a você... — Ela ergueu os olhos para ele, encontrando seu olhar fixamente, como se quisesse avaliar sua reação a suas próximas palavras. — Ela disse que a cadela está a caminho. — Juro congelou por nada mais do que um piscar de olhos, mas Lucia pegou isso.
— Ela quer dizer Mathilde, não é?
Ele acenou a cabeça nitidamente. — Preciso subir. Tenho pessoas no aeroporto que podem confirmar sua chegada, e preciso avisar o Jared.
Ele começou a sair da cama, mas parou, segurando o rosto de Lucia em uma das mãos. — Preciso que fique aqui na propriedade por enquanto. Sei que não é tão confortável quanto a nossa casa, mas...
— Pare, — Lucia murmurou, envolvendo os braços ao redor do pescoço dele, seus dedos penteando através de seus cabelos soltos. — Você acha que eu não entendo o que está acontecendo? Isso é guerra, Juro. Nós fazemos o que precisa ser feito. Faça suas chamadas, então vamos conversar.
Ele bateu no número de Jared, já em discagem rápida, enquanto Lucia ia para o banheiro para cuidar das necessidades. Ele não precisava se preocupar com interceptações nesses telefones, especialmente não aqui no quarto de dormir do cofre, que era onde Jared ainda seria encontrado a esta hora da noite. Deslizando o telefone entre sua orelha e ombro, ele fez o seu caminho para o armário e começou a se vestir.
— Juro, — Jared disse, soando sem fôlego.
— Cynthia ligou. Mathilde está a caminho — disse Juro.
— Como ela...
— Raphael.
— Porra. Eu estarei lá em cima em dois minutos. Nós precisamos...
— Eu chamarei nosso observador no aeroporto assim que nós terminarmos aqui. Vou saber mais quando eu chegar lá em cima.
— Certo, — Jared disse, e desligou. Não havia mais nada a dizer. Mas se Mathilde estava prestes a aparecer no portão deles, havia um inferno muito mais para fazer.
A porta do banheiro abriu quando ele ligou para outro número. A pessoa do outro lado da linha tinha uma boa razão para que seu telefone ficasse vibrando, então ele ouviu o toque várias vezes enquanto observava Lucia emergir, trançando seus longos cabelos sobre seu ombro.
A chamada foi para o correio de voz. — Aqui é o Juro. Preciso de um relatório da situação. Daqui a dez minutos, — disse ele, depois desligou.
Lucia juntou-se a ele perto do closet e começou a colocar rapidamente roupas íntimas e – jeans e um suéter, meias grossas e tênis. Sua Lucia não era uma guerreira, mas era uma mulher sensata e competente.
Ela esperou até que ele se sentou na cama para atar suas botas, então ela ficou diante dele, as mãos nos quadris. — Tudo bem, o que posso fazer para ajudar?
— Eu só preciso saber que você está segura — ele respondeu, seus dedos automaticamente fazendo os laços da bota, amarrando-os. –— Não há como prever o que Mathilde fará, nem o quanto ela sabe. Se ela perceber o que você significa para mim...
— Estou segura enquanto estiver na propriedade, ou...
— Pelo menos por enquanto — ele interrompeu para dizer sombriamente.
— Não chegará a isso — ela repreendeu-o. — Eu confio em você, e você deve confiar em Cyn. Ela vai trazer Raphael de volta a tempo.
— Eu confio nela. — Ele suspirou, balançando a cabeça enquanto ele foi para o lado dela. — Se houvesse apenas mais tempo.
— Bem, não há, — ela disse sem rodeios. — Então, nós simplesmente teremos que fazer o que pudermos para estarmos prontos para eles quando chegarem aqui. Agora. Eu sei que tenho que ficar na propriedade, mas não há motivo para me esconder no seu quarto. A menos que você esteja envergonhado...
Juro cobriu sua boca com seus lábios antes que ela pudesse terminar a frase. Ele a beijou até que ambos respirassem com dificuldade, então ergueu a cabeça, os olhos brilhando de emoção. — Nunca pense isso, Lucia. Amar você, ter você ao meu lado, é o momento mais orgulhoso da minha vida.
Ela acariciou uma mão macia sobre sua bochecha. — Eu também te amo, sabe.
Juro passou os dedos pela sua longa e sedosa trança e inclinou a cabeça para beijá-la... Apenas para ser puxado de volta para a feia realidade pelo zumbido de seu telefone celular.
Dando a Lucia um olhar pesaroso, ele lhe deu um rápido toque de seus lábios, enquanto pegava o telefone da mesa. Um olhar para o identificador de chamadas e suas entranhas se apertaram com medo.
— Status — ele disse secamente.
— Desculpe pelo atraso, senhor, mas estávamos em movimento. Nós temos mantido o olho nesse avião privado fretado que veio em LAX de Honolulu muito tarde ontem à noite. O hangar permaneceu fechado durante o dia com o avião dentro, mas há aproximadamente dez minutos, surgiu uma limusine e duas SUV de escolta. Meu parceiro e eu estamos seguindo-os, e parece que eles estão indo em sua direção. Eles estão apontando para a estrada 10 oeste, mas o tráfego está os atrasando.
— Entendido. Pare de seguir e volte aqui o mais rápido que puder. — Ele não soletrou; Ele não precisava. Os dois iriam trocar seu carro em favor de motocicletas, tomar ruas laterais para a costa, que apenas um local saberia sobre elas e, em seguida, manobrar através dos engarrafamentos na Pacific Coast Highway muito mais rápido do que a limusine da Mathilde e os acompanhantes.
— Sim, senhor.
Juro puxou Lucia para perto com uma mão, puxando-a para fora da porta com ele, enquanto desligava a ligação e marcava o número de Jared.
— Confirmado, — ele disse, antes que o outro vampiro pudesse falar. — Eles estão na Dez.
— Graças a Deus pelo tráfego da hora do hush — murmurou Jared. — Levará pelo menos quarenta minutos para chegar até aqui. Certo, vou espalhar a palavra. Você está chegando?
— No meu caminho.
Juro e Lucia tomaram a passagem subterrânea até a casa principal. Os corredores em torno deles estavam vazios, o elevador aberto e esperando quando eles chegaram lá. Todos os lutadores de Juro, todos os lutadores de Raphael, já estavam lá em cima e espalhados. Eles suspeitaram que Mathilde estivesse nesse voo fretado. O fato de que a aeronave tinha aterrissado em um hangar privado e ficado lá, com ninguém desembarcando, foi quase prova suficiente. Juro poderia ter ido ao aeroporto e verificado por si mesmo. Assim poderia Jared. Qualquer um deles era forte o suficiente para detectar a presença de Mathilde, especialmente porque era muito provável que ela tivesse trazido alguns de seus próprios vampiros para apoiá-la na próxima batalha.
Mas eles tinham colocado intencionalmente observadores humanos no aeroporto, indetectáveis ??a Mathilde, porque havia tantos humanos na área. Deixaram-na acreditar que tinha entrado sem ser notada, que sua chegada à propriedade de Raphael em Malibu viria como uma surpresa completa.
Haveria uma surpresa tudo bem, mas não seria para o povo de Raphael.
As portas do elevador se abriram ao som de vozes e movimento, mas não de pânico. Um grupo de seis soldados passou por ali, todos carregando longos estojos de rifle. Como um deles, eles acenaram nitidamente na direção de Juro quando ele saiu do elevador, mas eles nunca quebraram o passo enquanto eles chegavam à escada principal e começavam a descer como um trovão de botas de combate.
— Atiradores de Elite — Juro murmurou a Lucia, conduzindo-a para a sala de conferências principal, que havia sido transformada em uma sala de guerra nesse tempo. — Eles vão se instalar nas árvores ao redor do portão e atirar nas pessoas de Mathilde.
Os olhos de Lucia se arregalaram. — São todos vampiros?
— Os atiradores são uma mistura, três vampiros, três humanos. Os alvos também serão ambos, mas os vampiros são uma prioridade, pelo menos para esta noite.
De repente, ela pegou uma de suas mãos em ambas as dela e segurou firmemente, tão forte que ele podia sentir seu corpo inteiro tremendo como tinha sentido quando ele acordou pela primeira vez esta noite.
— Lucia, — ele disse suavemente, envolvendo-a nos dois braços e segurando-a firmemente. — Eu sinto muito. Você não precisa saber detalhes como esse. Eu não estava pensando...
— Não, — protestou ela. — Sua mente precisa estar aqui, em tudo isso, sem se preocupar comigo. Vou atender telefones, ou fazer sanduíches, ou... qualquer coisa que eu possa fazer. Eu vou lidar. Você vai lidar com Mathilde.
Juro deu-lhe um beijo rápido e duro. — Nós vamos fazer de você uma guerreira ainda — disse ele, com um sorriso torto que teria chocado a maioria das pessoas que o conheciam. — Pelo corredor, última porta à esquerda. Irina vai encontrar algo para você fazer. Oh, e pode ligar para Cyn por mim? Certifique-se de que ela saiba que recebemos a mensagem dela a tempo. Diga a ela que vou ligar mais tarde com uma atualização.
Lucia soltou uma muda saudação e então seguiu pelo corredor. Juro esperou até que ela tivesse desaparecido de sua vista, então se virou de volta para a sala de guerra, seus olhos frios e determinados enquanto ele caminhava e se juntava a Jared na cabeceira da mesa. Ele deslizou um fone de ouvido Bluetooth, em seguida, olhou para o seu técnico de comunicações que fez um teste rápido. Juro assentiu.
— Tudo bem — disse ele a Jared. — Onde estamos?
— Snipers apenas chegaram ao portão principal, ocupando posições agora. Portões fechando atrás deles.
— E o resto?
Jared sorriu maliciosamente. — Os reboques chegaram na programação esta manhã. Dois deles. E eles estão preparados para os nossos hóspedes. Espero que sua majestade não se importe em dormir em uma cama de solteiro.
Juro bufou desdenhosamente. — Ela vai criar um inferno sagrado. Mas olhe para isso dessa maneira... uma vez que nossos atiradores acabarem com seu povo, as acomodações não serão tão lotadas.
— Porra, eu odeio essa parte. A espera.
Juro olhou para o relógio. — Nós podemos usá-la para nos preparar. O telefonema de Cyn nos deu um tempo.
Jared se endireitou de onde estava inclinado sobre a mesa, examinando um mapa da fazenda. — Eu não conheço Cyn muito bem. E você sabe que ela e eu tivemos um mau começo...
— Luci me disse que vocês chegaram a uma trégua não oficial.
Jared soltou uma gargalhada. — Sim. Mata ela admitir que eu poderia não ser um babaca total, mas o gelo está derretendo... glacialmente, mas está derretendo. De qualquer maneira, eu sei que Cyn é dura, e Deus sabe que ela ama Raphael com cada célula em seu corpo, mas... você acha que ela pode fazer isso?
— Luci e eu tivemos a mesma conversa há alguns minutos. Mas eu era o único a fazer essa pergunta. Lucia acredita que Cyn vai fazê-lo, e ela conhece Cyn um inferno muito melhor do que qualquer um de nós. Então, sim, acho que ela vai libertar Raphael. E eu acho que juntos eles deixarão uma grande pilha de poeira em qualquer buraco úmido em que seus captores estiveram escondidos. E então eu acho que ele entrará aqui e dará a Mathilde o maior choque de sua vida.
Jared sorriu brevemente. — Isso é o que eu quero ouvir. Agora, vamos ter certeza de que manteremos a cadela esperando o tempo suficiente para que isso aconteça.
— Foda-se sim, — Juro concordou.
****
Eles tinham pouco mais de quarenta minutos para se preparar, mas já era suficiente. Na verdade, eles haviam começado a se preparar para esse confronto no momento em que Raphael e sua escolta haviam saído para o Havaí. Era a principal razão de Jared ter ficado para trás, enquanto Juro viajara com Raphael.
Toda aquela preparação não facilitou a espera, mas quando a limusine de Mathilde fez a curva à esquerda da Pacific Coast Highway e parou em frente ao portão fechado da propriedade – depois de percorrer uma estrada que havia sido deliberadamente preenchida por obstáculos e crivada com buracos – Juro sabia que estavam prontos para ela. Ou tão prontos como poderiam estar sem Raphael lá para liderar a defesa.
Jared e Juro receberam a chamada de rádio do guarda de portão no mesmo momento, seus fones de ouvido Bluetooth ajustados para a mesma frequência de comando. — Senhor, há uma mulher aqui...
— Lady Mathilde, seu camponês — disse uma voz masculina fortemente acentuada de algum lugar fora do microfone.
— Uh, Lady Mathilde — corrigiu o guarda, deliberadamente mal pronunciando o nome com um “duh” no final, em vez do francês ma-TEELD. O jogo era ferir o orgulho de Mathilde em cada oportunidade, porque um adversário balançado era um adversário enfraquecido. A recente exposição de Juro a vampira francesa, bem como as lembranças de Lucas sobre ela, falavam de um ego extremamente narcisista. Que, concedido, vinha de mãos dadas com ser um senhor de vampiro, mas o ego de Mathilde era acompanhado por uma personalidade necessitada que requeria uma levantada em cada oportunidade. Era uma espécie de insegurança que a tornava vulnerável. Mal pronunciar seu nome era um pequeno tiro contra sua vaidade, mas então, era apenas o começo.
— Ela está exigindo entrada, senhor — continuou o guarda.
— Certifique-se de que ela não está bloqueando o portão, — Jared disse deliberadamente, sabendo que o guarda teria seu volume alto o suficiente para que a audição de vampiro de Mathilde pegasse sua resposta. — E eu estarei aí — ele terminou.
Jared silenciou seu fone de ouvido com um sorriso, esperando Juro fazer o mesmo.
— Eu sei que isso não é nada além da saudação inicial, mas, maldição, isso foi bom.
— Pequenas vitórias — concordou Juro. — Vamos ver o que a puta tem a dizer por si mesma.
— Você acha que ela vai sair de sua limusine? — Jared perguntou quando saíram da sala de conferências e começaram a descer o corredor.
— Uma vez que ela perceba que não estamos abrindo os portões? E que ela estará vivendo em um trailer? Foda-se, sim. Ela vai criar um inferno.
Jared e Juro pegaram uma escolta quando saíram da casa. Ambos eram vampiros poderosos, e antes de Raphael ter sido levado, qualquer um deles poderia ter deixado a propriedade sozinho, sem que ninguém protestasse. Mas não mais. Não até que isso acabasse. Eles eram muito valiosos para a defesa da propriedade.
A distância da porta principal da casa até o portão onde Mathilde esperava não era tão grande, menos de trezentos metros, em linha reta. Mas isso era guerra, e caminhar aquela distância os deixava muito expostos. Assim, Jared e Juro entraram em um dos SUVs à prova de balas com sua escolta e foram conduzidos para o portão.
O complexo do Raphael foi projetado para garantir a segurança de seus vampiros durante o dia quando eles eram vulneráveis, e para parar os inimigos no portão, dia ou noite. A propriedade de quase dez hectares estava rodeada por três lados por uma parede de dez metros, cada centímetro coberto por câmera de vigilância, e grande parte coberta por arame farpado. Alarmes de placa de pressão foram semeados em todas as áreas mais remotas, e havia patrulhas ao vivo em torno do perímetro. O quarto lado da propriedade era uma queda de cinquenta metros até o oceano, também coberto por câmera de vigilância, com uma única escada em ziguezague que fornecia o único acesso da praia para o topo do penhasco. E isso era apenas o terreno. A casa e outros edifícios tinham camadas adicionais de segurança, mas Juro não tinha intenção de deixar Mathilde chegar tão longe.
O portão principal para veículos, que agora estava frustrando a entrada de Mathilde, era uma barreira pesada e sólida de aço, com uma casa de guarda fortificada a um lado.
Enquanto ele e Jared saíam do SUV, Juro notificou o guarda via Bluetooth de sua chegada. O portão foi aberto o suficiente para um vampiro de cada vez passar. Sua escolta foi em primeiro lugar, seguido por Jared e Juro. Eles haviam debatido que apenas um deles a confrontasse, enquanto o outro ficava para trás, mas decidiram que era melhor mostrar uma frente forte e unida desde o início. Afinal, embora nenhum deles pudesse igualar a força de Raphael, juntos eles eram uma força poderosa, especialmente quando estavam em seu próprio território. Eles eram mais que suficientes para se oporem a Mathilde, porque, vamos encarar, Mathilde não poderia enfrentar Raphael também. Foi por isso que ela e seus aliados foram forçados a violar a bandeira de trégua para tirá-lo da cena.
A primeira coisa que Juro notou quando o portão se abriu e ele se aproximou do guarda foi a pressão implacável que Mathilde estava pondo na mente do guarda, tentando forçá-lo abrir o portão. Juro reforçou imediatamente os escudos do guarda. Mathilde tinha cometido um erro estratégico ao manter Raphael vivo. Por um lado, fez esta pequena charada de desafio dela possível. Por outro lado, no entanto, isso significava que a ligação de Raphael aos milhares de vampiros que o chamavam senhor, e especialmente às centenas de vampiros que ele próprio criara, estava intacta, incluindo Juro. Tudo o que Juro tinha que fazer era usar seu próprio poder para reforçar o elo já existente que ele e o guarda compartilhavam com Raphael, e os esforços de Mathilde deslizaram como chuva no aço.
— Qual é o problema? — perguntou Jared, dirigindo a pergunta ao seu próprio guarda, já que a limusine de Mathilde estava novamente fechada.
— Há uma senhora ali... — o guarda começou a explicar, mas naquele momento a janela da limusine abaixou com um sibilar de som.
— Lady Mathilde chegou — disse o motorista com ironia. — Você abrirá o portão.
Jared bufou. — Acho que não. Esta propriedade está em um pé de guerra. Amigos ??apenas, e seu passageiro não é amigável, colega. Por outro lado, ninguém da sua equipe foi autorizado a entrar neste território, o que significa que você está em violação da soberania do Lorde Rafael. E isso nos dá o direito de matar cada um de vocês, se nós escolhermos.
Naquele momento, as portas se abriram dos três veículos de Mathilde e vampiros saíram.
Jared recuou para ficar ao lado de Juro, sua mão levantada em um sinal silencioso que foi imediatamente respondido pelos booms quase simultâneos de vários rifles de sniper de calibre 50, e um após o outro da escolta de vampiros de Mathilde se desintegraram em poeira, seus corações se evaporaram junto com seus peitos. Não precisava de uma estaca de madeira para matar um vampiro. Enquanto o coração fosse destruído além da habilidade de curar, o vampiro estava morto. E uma rodada de calibre 50 não deixava muita coisa para trás.
As armas dos franco-atiradores ficaram em silêncio. A noite fedeu a pólvora e sangue, as portas dos SUVs ainda abertas. Somente um vampiro permaneceu à vista, um macho que ainda se sentava no assento do motorista do segundo SUV, parecendo congelado com ambas as mãos no volante.
Jared e Juro esperaram para ver o que Mathilde faria. Se tivessem muita sorte, ela se viraria, voltaria para o aeroporto e terminaria com esse desafio miserável. Mas nenhum deles esperava que isso acontecesse. Senhores vampiros não eram nada se não arrogantes, e Mathilde não era exceção.
A porta de trás da limusine se abriu e, apesar dos protestos audíveis de alguém no banco de trás, Mathilde saiu do veículo, seus lábios franzidos em desgosto com a cena ao seu redor, mostrando a dor que se poderia esperar da perda de tantos de seus próprios vampiros.
Parecia a mesma aristocráta arrogante que fora no Havaí, embora Juro notasse que pelo menos ela trocou o vestido de cetim arcaico que usara na noite em que havia traído Raphael. A roupa desta noite era composta de calças pretas e uma camisa de gola alta, com um casaco comprido e botas de salto alto até o joelho.
— Jared, não é? — Ela disse, conseguindo olhar abaixo seu nariz apesar da diferença em suas alturas.
Jared a olhou em silêncio. — Meu nome é Jared — disse finalmente. — E você é?
Os lábios de Mathilde se curvaram em desdém. — Eu sou sua nova senhora, rapaz. E você vai pagar caro por este ultraje. Seu fim não será nem rápido nem indolor, asseguro.
Jared endireitou, um sorriso divertido brincando sobre seus lábios. — Este território já tem um senhor. E não é você.
Ela devolveu um olhar presunçoso, suas presas abruptamente em plena exibição conforme ela se endireitou a toda a altura e anunciou em uma voz intencional para transportar além da parede: — De acordo com as antigas leis de nosso povo, eu desafio Rafael, Lorde do Oeste, a me encontrar em defesa de seu território.
Se ela esperava choque ou desânimo, ela não conseguiu isso de nenhum dos vampiros de Raphael que estavam do lado de fora do portão. Mas isso não impediu o brilho da vitória que iluminou seus olhos azuis, como se esse resultado fosse uma coisa certa.
— Infelizmente, — Jared disse, como se seu desafio fosse uma questão de pouca preocupação, — Lorde Raphael não está aqui no momento para responder ao seu desafio. No entanto, ficarei feliz em transmitir suas intenções a ele.
— Três noites — disse ela, apressando as palavras, sem fôlego, como se ela não pudesse esperar para entregar seu pequeno golpe de graça. — Raphael tem três noites para me encontrar ou perderá o desafio.
— Então, se você diz, — Jared disse secamente.
Mathilde afastou um pouco de poeira que tinha pousado em seu suéter preto. — Você vai me admitir imediatamente, e fornecer acomodações adequadas.
— Ah! Lamentavelmente, ou se eu for honesto, não tão lamentavelmente, devo informá-la que, de acordo com essas mesmas leis antigas que você tão recentemente invocou, e como uma desafiante não convidada, o que certamente você é, agora você é considerada uma inimiga, e, portanto, lhe é negada a entrada à propriedade do meu Sire.
Ela olhou para ele com incredulidade. — Eu sou a governante de um território significativo na França, e uma senhora em meu próprio direito. Não serei deixada como um mendigo no portão!
— Sim, bem, talvez você devesse ter ligado com antecedência. Eu sou o tenente do Lorde Raphael, no comando desta propriedade em sua ausência, e eu não permitirei você dentro das paredes sem a aprovação de meu Sire. E como eu sou atualmente incapaz de entrar em contato com ele, como você bem sabe, eu não posso obter essa aprovação. Assim, você não será permitida passar por estes portões.
— Você acha que pode me parar, garoto?
Todas as pretensões de bom humor sumiram da expressão de Jared. Ele deu um passo à frente como se estivesse preparado para desafiá-la, mas Juro tocou seu braço levemente em advertência. Jared não conseguiria derrotar Mathilde em um desafio. Mas se ele agisse como substituto de Raphael neste momento, o desafio seria lutado aqui e agora. Jared perderia, e Raphael também.
O brilho da vitória no olhar de Mathilde morreu quando Jared rolou os ombros, liberando a tensão. — Meu Sire não precisa de mim para lutar suas batalhas por ele — disse ele.
— Uma coisa boa, ao que parece — ela murmurou, indo para um último insulto. — Muito bem. Vamos ocupar sua casa de hóspedes enquanto esperamos Raphael.
— Sinto muito de novo — disse Jared, sem sinceridade. — Nossas acomodações estão todas dentro da propriedade o que as deixa indisponíveis para você. Se você está decidida a perseguir esse desafio imprudente, no entanto, suponho que você poderia fazer uso desses trailers ali. — Ele gesticulou para os dois trailers idênticos que tinham sido trazidos naquela manhã. — Fizemos alguma reforma recentemente — mentiu ele, — e os vários empreiteiros...
Mathilde virou-se lentamente na direção indicada, depois respirou fundo e virou-se para ele em indignação.
— Você não pode esperar que eu...
— Ou você pode voltar para o aeroporto, pegar o avião que trouxe você aqui, e voltar para a França. A escolha é sua.
Mathilde o olhou fixamente, seu olhar se deslocava de Jared a Juro conforme ela fisicamente vibrava com raiva. — Eu não vou esquecer disso, — ela sibilou. — Vocês dois morrerão gritando quando eu for sua senhora.
— Eu morrerei muito antes disso — disse Juro, as primeiras palavras que ele tinha falado com ela desde que fora forçado a assistir enquanto preendia Raphael, forçado a abandonar seu Sire a seu destino. — Eu preferiria morrer defendendo o último humano nesta propriedade do que servir um único momento sob seu governo.
— Feito, — ela zombou. Então, com um último olhar afiado para os trailers, ela entrou na limusine.
Jared sinalizou novamente. Nas árvores, os atiradores já se moveram, ocupando novas posições pelo resto da noite. Antes do nascer do sol, uma nova equipe de franco-atiradores humanos viria, junto com um guarda humano. Mas, por enquanto, uma equipe de guerreiros vampiros atravessou os portões para cercar a limusine e o SUV solitário com seu motorista aterrorizado enquanto manobraram na área recém-desmatada onde os dois trailers tinham sido montados. Juro poupou um momento de simpatia pelo motorista do SUV. Alguém teria que pagar o preço do desagrado de Mathilde depois da derrota de hoje à noite, e provavelmente seria esse cara.
Juro esperou com Jared até que Mathilde estivesse instalada em suas acomodações de “convidados” e os guardas foram implantados para sua satisfação. Então os dois se afastaram atrás da parede da propriedade, e o portão de aço fechou com um barulho alto. Era alto o suficiente para que Mathilde ouvisse atrás das finas paredes de seu novo trailer, e ele esperava que a fizesse morder os dentes até a raiz.
Nem ele nem Jared disseram uma palavra enquanto subiam de volta ao SUV e faziam a pequena viagem de volta para a casa principal, permanecendo em silêncio até que estivessem dentro e as portas da casa se fechassem atrás deles.
— Tudo correu bem — comentou Jared. As palavras dele estavam calmas o suficiente, mas Juro podia ouvir a raiva e desconforto por baixo delas.
— Ela é muito velha e astuta para deixar isso aparecer — respondeu Juro, — A morte de seus lutadores é um revés. E agora que ela declarou sua intenção, ela não será capaz de trazer novos. Nós os mataremos antes deles a alcançarem. Ela também sabe disso. É o melhor que poderíamos esperar esta noite.
Eles chegaram ao topo da escada e foram para a sala de conferências, quando Jared parou e virou-se para considerar Juro. — Não parece suficiente. Só temos três noites agora. Eu sei que você disse que Cyn...
— Jared. Temos um plano. Nós vamos cumpri-lo. Vou chamar Cyn e atualizá-la, enquanto você liga para Lucas, e deixe ele saber que ele está acordado.
Noite Um – Honolulu, Hawai
Cyn esfregou seus olhos, tentando se concentrar nas páginas na frente dela. Ela tinha mudado para os registros dos assassinatos, lendo cada página dos relatórios, lutando para decifrar o que ela assumiu ser a escrita de Maleko Turner. Provavelmente, era uma boa coisa que ele estivesse vindo para encontrar Elke, porque nesse momento, Cyn iria precisar de sua ajuda apenas para descobrir o que alguns desses rabiscos diziam.
As fotos não deixaram dúvida. Essas três mortes foram causadas por vampiros, um homem e duas mulheres. Os relatórios do ME{10} sobre as três vítimas indicaram relações sexuais consensuais antes da morte, sem agressão, além das lesões no pescoço. O que significava que o vampiro ou os vampiros responsáveis ??haviam seduzido doadores dispostos, como de costume, mas depois se deixaram levar pela alimentação. Ou eles não estavam acostumados a doadores vivos e tinham perdido o controle de seu instinto de alimentação, ou estavam fora da coleira pela primeira vez em muito tempo e simplesmente tinham gostado da matança.
O que levantou a pergunta... Com Mathilde fora das ilhas, quem estava no comando? De acordo com Juro, e os relatos de sonhos necessariamente críticos de Raphael, os cem ou mais vampiros que o restringiam eram em sua maioria vampiros mestres. Vampiros geralmente não jogam bem juntos, e com Mathilde e os outros senhores longe, pode ser um caso de muitos tenentes e ninguém no comando. Isso poderia tornar o trabalho de Cyn mais fácil depois que ela localizasse Raphael. O que ela tinha que fazer em breve. Como, esta noite.
Seu intestino queimava de muito café e sem comida suficiente conforme seus níveis de estresse subiam. Ela se levantou abruptamente e caminhou até a geladeira. Ela não estava com fome. O pensamento de comida realmente a enjoou, mas os próximos dias exigiriam o melhor que ela tinha para dar, tanto mentalmente quanto fisicamente, e isso significava que ela tinha que comer... alguma coisa. Mesmo que fosse apenas para parar a queimadura em seu estômago.
Ela olhou para a geladeira. Metade estava cheia de comida. Robbie tinha cuidado disso. Enquanto a outra metade estava cheia de alimento de um tipo diferente. Eles tinham estocado sangue ensacado para os vampiros, cortesia de Donovan Willis, que tinha organizado uma remessa do fornecedor de Rhys Patterson.
Cyn fechou a porta. Nada ali apelava para ela. Ela abriu o freezer, em vez disso, olhando para o relógio na parede. Era bem depois do pôr-do-sol em Malibu. Por que ninguém a chamara ainda? Mathilde estaria lá agora. Teria ela emitido o desafio formal? Será que os rapazes conseguiram matar seus seguidores como eles esperavam? Alguma das pessoas de Raphael foi ferida?
— Por que ninguém me ligou ainda? — ela perguntou enquanto Robbie trovejava escada abaixo, indo direto para a geladeira e colocando-a de lado quando ele chegou e pegou uma garrafa de suco de laranja. Agitando vigorosamente, ele abriu a tampa e bebeu, drenando-a em um longo gole.
Ele abriu a tampa da lata de lixo para jogar o recipiente vazio, olhando para a pilha de filtros de café descartados, restos de seu dia curvada sobre os registros de assassinatos.
— Jesus, Cyn, quanto café você bebeu?
— Por que ninguém ligou? — ela repetiu.
Robbie lançou lhe um olhar paciente. — Porque eles estão no meio de uma guerra? Porque até agora Mathilde mostrou seu traseiro magro no portão e eles estão lidando com um vampiro que é mais poderoso do que qualquer um deles, um que provavelmente apareceu com seu próprio exército em reboque? Vamos, Cyn. Você sabe melhor do que isso.
Cyn empurrou seu cabelo para trás de seu rosto com as duas mãos, puxando as pontas. — Eu sei.
— Por que você não sobe e toma um banho quente? Você vai se sentir melhor.
Ela riu amargamente. — Sim. Eu tenho que estar no meu melhor para esta noite. Não posso seduzir um vampiro assassino com o cabelo sujo, certo?
— Cyn.
— Eu sei, eu sei, eu só estou... — Seu telefone descartável mais recente tocou ruidosamente e ela girou para a mesa, o agarrou e apertou o botão “Atender” sem sequer olhar para ver quem estava chamando. Somente uma pessoa tinha esse número e esse era Juro.
— Ei, — ela disse sem fôlego.
— Você está sem fôlego, está tudo bem aí?
— Tudo bem, o que aconteceu?
— Boa noite para você também.
— Juro!
Ele riu suavemente. — Foi como planejado. Mathilde apareceu com dois SUVs cheios de vampiros e exigiu entrar. Nossos atiradores tiraram todos menos um de seus vampiros, e ele não tem muita luta deixada nele.
— E o desafio?
— Ela lançou seu desafio, mas nós sabíamos que ela faria, Cynthia. Nós nos planejamos para isso. Lucas está a caminho e vai atrasá-la tanto quanto possível.
— Três noites, — Cyn sussurrou, principalmente para si mesma, mas Juro ouviu.
— Lucas vai esticá-lo para quatro. Ele é um idiota, mas é isso que precisamos agora.
Cyn sorriu, depois respirou fundo. — Então, tudo bem. Ok. Estamos prontos para este fim. Você provavelmente não vai ouvir de mim até amanhã à noite, então não...
— O que você está planejando, Cynthia? Raphael não...
— Raphael quer que eu faça o que for preciso para salvar seu povo, e você sabe disso.
— Devo enviar o jato?
— Não. Preparei um dos jatos corporativos do meu pai para voar para Honolulu amanhã. Eles estão vindo do Japão, então vai parecer uma parada regular e não vai chamar a atenção. Eles vão ficar aqui até eu lhes dar a palavra, então eles vão arquivar um plano de voo para Nova York com uma parada em L.A. para combustível. Nós voaremos até Santa Monica, não LAX.
— Boa ideia. E você pode usar a minha casa quando chegar aqui.
— Eu estava pensando em meu condomínio, mas sua casa provavelmente é melhor. Obrigada.
Um passo soou em cima. Cyn olhou pela janela e viu que o sol se pôs, deixando apenas um brilho dourado no horizonte.
— Eu tenho que ir, Juro. Temos muito a fazer e não temos muito tempo para fazê-lo.
— Tenha cuidado, Cynthia. Se alguma coisa acontecer com você...
— Nada vai acontecer comigo. Tenho muita gente aqui para ter certeza disso.
— Boa sorte, então.
— Você também. Eu ligo quando puder.
Cyn desligou, em seguida, imediatamente abriu a parte de trás do telefone e removeu o chip SIMM. Caminhando até pia, ela ligou a água, então deixou cair a minúscula placa de circuito no lixo e virou o interruptor. O triturador resmungou infeliz por alguns segundos, em seguida, parou.
— Não tenho certeza se isso é bom para a eliminação — comentou Robbie.
— Fez o truque, não foi?
— Esse martelo de carne teria feito a mesma coisa. Acho que tudo correu de acordo com o plano em Malibu?
Ela assentiu. — Mathilde perdeu quase todos os seus lutadores, mas ela lançou seu desafio, o que significa que o relógio está correndo.
— Você já conversou com Donovan Willis sobre possíveis bares de vampiros locais?
— Sim. Ele gemeu um pouco, mas eu enviei–lhe a localização dos corpos e ele prometeu dar uma olhada e enviar de volta os bares mais prováveis ??nas proximidades. Estou supondo que os vampiros não foram longe com os corpos, já que dificilmente poderiam levá-los de volta para casa com eles. — Ela indicou seu laptop aberto. — Willis vai me enviar um e-mail de volta. Se entrar enquanto estou me preparando, você e Turner deveriam dar uma olhada.
— Faremos. Ei, Ken,— Robbie disse enquanto Ken'ichi caminhava com seu habitual passo silencioso descendo as escadas e entrando na cozinha.
Ken'ichi levantou o queixo em uma saudação silenciosa. — Já ouvimos falar de Malibu?
Cyn levantou os restos do telefone descartável. — Tudo correu como planejado. É nossa vez agora.
— Espero que isso signifique que Mathilde não está respirando mais — grunhiu Elke, juntando-se à conversa.
— Se fosse tão fácil, — Cyn concordou. — Eu tenho que ir tomar banho.
— Sim, você precisa, — Elke murmurou, pulando para sentar na ilha da cozinha.
— Você deve fazer um café fresco, — Cyn disse docemente enquanto ela passou. — Seu namorado estará aqui em breve.
— Ele pode fazer seu próprio café, — Elke estalou. — E ele não é meu namorado — ela gritou quando Cyn subiu as escadas.
****
Maleko Turner tinha chegado quando Cyn voltou para o andar de baixo. Ela tomou banho e fez todas as coisas que uma pessoa tipicamente faria quando iria sair para uma noite na cidade. Ela até tinha colocado algum rímel e brilho labial. Seu jeans estava apertado e seu pescoço estava exposto, juntamente com a metade de seus seios em uma bata, o que também revelava uma boa quantidade de seu sutiã de renda preta. Ela olhou para si mesma no espelho e teve que lutar contra o desejo de vomitar. Colocar seu casaco preto ajudou um pouco. Era necessário esconder a Glock enfiada na cintura traseira, e enquanto ela deixasse a frente aberta, ainda havia muito decote e pescoço em exibição. A própria ideia de que outro homem a tocasse, de deixar outro vampiro se aproximar de sua pele, ainda a deixava doente, mas pelo menos a arma a lembrava de que ele estaria morto antes que ele conseguisse afundar a presa.
Ela se endireitou na frente do espelho, decidida a não deixar nenhuma das suas dúvidas mostrar. Eles precisavam de um vampiro para questionar, e eles não podiam se dar ao luxo de fazer uma grande cena sobre isso no bar. Se pudessem ter encurralado um dos vampiros sozinhos, Maleko poderia simplesmente ter caminhado para cima e prendido o cara. Mas eles não podiam contar com isso. Se o vampiro não estava sozinho, se até um de seus companheiros europeus passasse para ver algo suspeito, Raphael poderia ser movido antes que ela e os outros pudessem chegar até ele.
E se isso acontecesse, eles teriam que começar tudo de novo. Não havia tempo suficiente para isso.
— Ei, Mal — ela disse virando a esquina na cozinha.
— Leighton, — ele disse sem olhar, sua atenção em algo que ele e Robbie estavam estudando. Ela se aproximou para ver o que era, e ele olhou para ela, seus olhos se arregalaram em apreciação e surpresa.
Cyn encolheu os ombros. — Conheça sua isca para a noite.
Ele abaixou o queixo. — Você vai fazer.
Robbie também olhou para ela. Mas sua reação foi completamente diferente, com suas sobrancelhas franzidas em uma careta. — Você não vai lá sozinha.
Cyn suspirou. — Eu tenho que ir. Você sabe disso. Eu deveria estar disponível.
— Raphael vai me matar se algo acontecer com você.
— Notícias rápidas... Raphael é a razão pela qual estamos fazendo tudo isso.
— Querida, se algo acontecer com você, não haverá vampiros suficientes no hemisfério ocidental para mantê-lo aprisionado.
— Parece um plano — ela disse, rindo.
— Vamos, Cyn, seja razoável. Um de nós pode ir com você.
— Quem? Vocês são todos muito grandes e perceptíveis, e, além disso, você vai pairar. Você não conseguirá se impedir. O vampiro irá vê-lo e você vai assustá-lo. E se eu levar Elke, o meu alvo vai saber que ela é um vampiro e não um deles, o que irá torná-lo suspeito. E eu não vou lá nua. Estou armada.
Turner a olhou de cima a baixo. — Você está carregando uma arma nesse equipamento? O que é, uma faca?
— Glock 17. Nunca saia de casa sem uma.
— Eu não pensei que as armas trabalhassem contra vampiros — disse ele suspeitosamente, como se eles estivessem guardando segredos de humanos durante todos esses anos. O que eles tinham, é claro.
— No minuto que você achar que o policial sabe demais, ainda posso matá-lo por você, Cyn. — Elke respondeu animadamente.
— Eu vou manter isso na mente, — Cyn murmurou. — Vocês escolheram um bar para mim?
Robbie assentiu, gesticulando com um dedo para ela se juntar a eles na ilha da cozinha onde ele tinha espalhado um mapa. — Eu marquei os locais de morte, ou pelo menos onde os corpos foram encontrados, no mapa aqui. Willis fez a mesma coisa e identificou dois bares.
Cyn abriu a boca para objetar. Tinha de haver mais de dois bares a uma curta distância do corpo locais. Honolulu era uma cidade grande, depois de tudo. Mas Robbie antecipou sua objeção com uma mão levantada.
— Eu tive o mesmo pensamento — disse ele. — Por que só dois bares? Mas Willis diz que ele e Patterson visitaram Honolulu em uma base bastante regular, e que pelo menos algumas dessas visitas foram a pedido de Mathilde e seu grupo. Embora Patterson não percebesse isso até mais tarde. Alguns vampiros aproximaram-se dele, procurando sua permissão para se instalarem no Havaí. Eles voaram para um encontro e saudação, que é provavelmente quando eles localizaram qualquer casa em que eles estão segurando Raphael. Eles também foram em alguns bares enquanto eles estavam aqui, sob o pretexto de conhecer uns aos outros. E ambos os bares estão na curta lista do Willis.
— Certo, então podemos ter que bater dois bares esta noite. Ken'ichi, Elke, vocês podem ouvir bem o suficiente para se sentarem no estacionamento e me dizerem se um vampiro anda por aqui? Eu não quero que ele fique assustado, se ele sentir vocês lá, mas dessa maneira nós poderíamos cobrir ambos os bares de uma só vez.
Ken'ichi e Elke trocaram um olhar como se estivessem tendo uma conversa, então o grande vampiro assentiu. — Nós podemos fazer isso.
Elke sorriu, dizendo: — Eu sou uma presença poderosa, não fácil de ocultar, mas vou conseguir.
— Não é a verdade, — Maleko disse fervorosamente.
Elke surpreendeu Cyn apertando o grande policial do braço brincando. — Mal e eu podemos pegar um dos veículos. Cyn, você vai com os caras no outro. Uma vez que nós localizarmos o bar, e você entrar para enganchá-lo, Mal e eu vamos voltar e preparar as coisas aqui. Vamos ter que parar na loja primeiro, pegar algumas folhas de plástico. Eu suspeito que haverá sangue uma vez que começarmos a questionar esse cara. E talvez algumas dessas grandes almofadas acolchoadas que assassinos usam. Você sabe, para sufocar os gritos.
Mal franziu o cenho para ela.
— Não me olhe assim. O que você acha? Que vamos hipnotizá-lo ou algo assim? Bem-vindo ao mundo dos vampiros, Mister Cop. Ou eu poderia te matar agora e, você sabe, acabar com isso.
— Porra, mulher, pare de se oferecer para me matar!
— Sim, ok — disse Cyn interrompendo o show de Elke e Mal. — Está escuro e nós temos nossos alvos. Apenas para ser clara, vou seduzi-lo com meus caminhos maus, atraí-lo para fora para uma mordida rápida, então Robbie e Ken'ichi irão agarrá-lo. Ken'ichi, você pode apagá-lo rápido o suficiente para que ele não seja capaz de gritar por ajuda, certo?
— Contanto que ele esteja suficientemente distraído.
— Ele ficará muito distraído — Cyn assegurou-lhe.
— Mas não morder — insistiu Robbie.
— Foda-se não, — ela concordou.
— Tudo bem então. Nós estamos indo, — disse Robbie. — Elke, certifique-se de que você e Mal consigam o suficiente para cobrir completamente o interior da garagem. Eu prefiro ter folhas de plástico sobrando do que ficar preso tentando esfregar manchas de sangue.
— Que merda? — Mal murmurou, balançando a cabeça enquanto Elke sorria.
— Você está pronta, Cyn? — Robbie perguntou.
Ela puxou o casaco no lugar para esconder os nervos fazendo as suas mãos tremerem, e deu-lhe um breve aceno de cabeça. — Vamos fazer isso.
****
— E se ninguém aparecer esta noite? — Cyn perguntou, quebrando o silêncio.
Ela, Robbie e Ken'ichi estavam sentados no SUV, na última fila de um estacionamento movimentado. Mesmo que a área fosse bem iluminada, havia bastante árvores ao longo das bordas para que eles não fossem visíveis sentando-se no escuro, esperando. E isso é o que eles estavam fazendo há uma hora.
— Podemos fazer isso amanhã à noite — disse Robbie em voz baixa.
— Raphael não pode esperar tanto.
— Willis diz que os visitantes vampiros também olharam propriedades. Talvez nós possamos descobrir quais.
— Sim, porque os agentes imobiliários não são uma moeda de dez centavos por aqui.
— Cyn.
— Sim?
— Você está sendo uma dor na bunda, querida. Estamos todos fazendo o melhor que podemos.
Cyn queria gritar que seu melhor não era bom o suficiente, mas isso não era verdade. Este não era o problema de Robbie, era dela. Ela odiava estar aqui sem fazer nada, imaginando o que estava acontecendo com Raphael enquanto ela espreitava em um estacionamento, esperando que algum vampiro desprezível apareça para ser seduzido. Que plano fodido era esse. O que ela tinha pens...
— Lá está ele — disse Ken'ichi, sua voz calma e plana. — O macho nas calças claras e camisa de flores.
Cyn olhou para fora do para–brisa. — O que há com esses caras e roupas de resort? Alguém colocou um memorando? Quando estiver no Havaí, vestir calças de linho e camisas pastel?
— Isso não é realmente pastel — observou Robbie. — Não com todas aquelas flores nele.
— Ew, obrigada pelo conselho de moda, Rob. Ok, — ela disse, dando uma rápida olhada ao redor para ter certeza que ninguém estava assistindo. — Eu estou indo. — Ela tocou o botão de comunicação Bluetooth em seu ouvido para ter certeza de que estava firmemente colocado e coberto por seu cabelo. O botão do microfone correspondente foi anexado ao casaco. Era preto fosco e pequeno o suficiente para que ele pudesse ser imperceptível, especialmente em um bar escuro.
— Eu vou fazer uma verificação de comunicação uma vez que eu chegar a alguns metros de distância — disse ela, abrindo a porta do SUV. Todas as luzes do interior tinham sido desligadas ou desativadas por isso não havia nada para indicar a sua saída. — Vocês sabem o que fazer certo?
— Você traz o cara de volta aqui para o se pegar no carro, Ken ataca ele, e nós o agarramos — confirmou Robbie. — Eu vou em frente e chamo Elke, para que ela saiba que estamos indo.
Cyn assentiu. — Aqui vamos nós.
O bar já estava lotado quando Cyn entrou. Ele era mais uma saída de bairro, não localizado no centro ou perto de qualquer um dos principais hotéis, mas havia vários grandes complexos de condomínios a uma curta distância, a maioria anunciando aluguel de férias. Que, combinado com um grande buffet de happy hour e bebidas com desconto, provavelmente explicava as multidões. Estava bem além do designado “happy hour”, mas as pessoas pressionando contra ela e parecendo preencher cada centímetro de espaço na sala ainda estavam muito felizes.
Cyn não gostava de multidões. Além do aspecto de segurança, o que a fazia sentir vontade de tirar uma arma, simplesmente não gostava de ser tocada por estranhos. Especialmente, por suados estranhos bêbados.
Examinando a multidão, ela encontrou seu alvo no bar e caminhou nessa direção. Não há sentido em retardar isso, ou jogar de tímida. Quanto mais cedo ela saísse desse lugar, mais feliz estaria.
Ela empurrou seu caminho para o balcão, afastando duas tentativas de agarrar seu braço e um flagrante aperto de sua bunda – que quase fez o apertador ganhar um pulso quebrado, e teria, se ela não tivesse negócios mais importantes para atender. Quando finalmente chegou ao bar, ela sentiu que precisava tomar um banho... E uma grande bebida. Infelizmente, ela não estaria fazendo qualquer um em breve.
Ainda manobrando seu caminho através da multidão gritando por bebidas, ela procurou por seu vampiro e viu-o prestes a colocar seu traseiro em um banquinho que estava sendo desocupado. Movendo-se rapidamente, ela passou por cima do cara que estava saindo e se deslizou para o assento bem na frente do vampiro, dando-lhe um sorriso rápido que ela esperava ser coquete. Fazia tempo que não flertava com ninguém além de Raphael. Suas habilidades estavam enferrujadas.
— Desculpe, — ela disse, praticando aquele sorriso. — É tão cheio aqui e você é tão grande— piada, ela pensou para si mesma — você pode se virar sozinho contra essa máfia muito mais fácil do que eu posso. — Agarrando a frente do seu casaco ela abriu um lado aberto, mostrando algum peito. — Está quente aqui, não é?
O vampiro olhou para ela por tanto tempo que ela pensou que tinha feito o movimento errado, mas então ele sorriu.
— Qualquer coisa para uma linda senhora — ele disse, com um forte sotaque que traiu suas origens francesas e reafirmou sua crença de que este era um dos caras de Mathilde.
— Você não é doce? — ela murmurou, olhando para ele através de suas pestanas. — Eu vou te comprar um...
— Mais non! — Ele disse instantaneamente. — Você é muito bonita para comprar sua própria bebida. O que você terá?
— Vodka rocks, Grey Goose se eles tiverem. — Ela riu um pouco. — Essa é realmente uma vodka francesa, ou eles apenas dizem isso?
Ele ordenou dois Grey Goose no gelo, deixando de lado a bebida misturada que estivera bebendo antes de sentar-se. Parecia uísque e algo, o que significava que ele estava trocando para vodka por ela, mas os vampiros não precisavam se preocupar com pequenas coisas como ressaca.
— Grey Goose é de fato francês — disse ele, dirigindo sua atenção de volta para ela. — Mas não é a nossa melhor vodka. Você deve tentar Nuage, se você puder obtê-lo. É muito superior.
Cyn deixou seus olhos se arregalarem de admiração por seu conhecimento, embora ela achasse que ele escolheu Nuage apenas porque era a vodka francesa mais cara do mercado. Babaca pretensioso.
— Você realmente é da França — ela disse com espanto. — Eu pensei que eu reconheci o sotaque, mas não temos muitos turistas franceses aqui.
— Ah, mas não sou turista. Meu colega e eu estamos aqui a negócios.
O coração de Cyn afundou. Ele estava aqui com alguém afinal? Ele tinha chegado sozinho, mas talvez seu amigo já estivesse aqui.
— Você está aqui com um amigo? — Ela perguntou, olhando ao redor como se ela pudesse magicamente localizá-lo.
— Não esta noite, mon ange. Sou todo seu. Julien Gardet, ao seu serviço.
Bleah, Cyn pensou. Ela não era seu anjo de merda ou qualquer outra coisa.
— Eu amo francês, — ela soltou. — Parece sempre tão exótico. Eu tive isto na escola secundária, é claro, mas eu não ousaria...
— Uma mulher como você não precisa se preocupar com essas coisas. Quando um homem olha para você, cada palavra é música.
Duplo bleah! Será que essa porcaria realmente funciona em outras mulheres? Ela estava envergonhada por seu gênero se isso fosse verdade.
Suas bebidas chegaram a tempo de impedir que ela risse em seu rosto. Ele empurrou um em sua direção, então pegou o outro e ofereceu um brinde. — Para mulheres lindas — disse ele, erguendo o copo para clicar com o dela. Mas não era só o copo que ele alcançava. Julien Gardet estava sendo um menino muito mau. Ela podia sentir sua mente tentando tocar a dela na versão vampírica de uma espiada, tentando tirar sua vontade e substituí-la pela sua. Qualquer vampiro capturado fazendo tal coisa no território de Raphael teria sido sumariamente executado. Ela não conhecia as leis na Europa, mas suspeitava que variassem amplamente, dependendo de cada senhor vampiro. Era possível que nem Mathilde permitisse tal transgressão em seu território, mas ele estava em Malibu. Talvez fosse simplesmente um caso do rato aproveitando a ausência do gato.
Felizmente, Cyn era imune a esse tipo de manipulação. De acordo com Raphael, ela sempre foi uma pessoa difícil, mas agora que ele havia adicionado sua própria camada de proteção à sua resistência natural, os esforços insignificantes de Gardet não tinham chance.
Claro, ele não sabia disso.
Cyn conseguiu parecer convincentemente perturbada quando ela tocou seu copo no dele. — E homens bonitos também — acrescentou timidamente.
Previsivelmente, ele amou isso. Ele tomou um gole longo de sua vodka, observando como Cyn bebia a dela cuidadosamente. A proteção de Rafael não se estendia a dar-lhe a resistência de um vampiro ao álcool, e ela não queria que qualquer tipo de zumbido a abrandasse. Mas Gardet não devia esperar que ela virasse tudo do jeito que ele fez, de qualquer forma. Ela era apenas uma menina e uma menina humana.
— Então, você é uma... como eles dizem?... uma local? — ele perguntou.
— Como você soube? — Ela perguntou, enquanto o sentia empurrando e empurrando. Qual era o seu jogo final? Ele era um dos assassinos? Ou ele simplesmente queria um passeio pelo estacionamento, junto com uma mordida rápida em um canto escuro?
— Você disse mais cedo que você não recebeu muitos turistas franceses — ele continuou. — Eu entendi que isso significava que você vive nas proximidades.
— Oh, certo, — ela riu um pouco. — Eu esqueci disso. Mas você está certo. Eu tenho uma casa em Diamond Head. — Ela sentiu seu interesse surgir junto com suas tentativas de subornar sua vontade, e em sua cabeça, ela pensou, Ah ha! Esse era o seu jogo. Voltar para seu lugar, um pouco de sexo, um pouco de sangue, e tudo sem ela se lembrar de qualquer coisa.
Mal sabia ele que tinha exatamente o mesmo plano que ele, embora com um resultado ligeiramente diferente.
Seus olhos brilharam brevemente. Talvez em antecipação da noite selvagem de sexo que ele estava planejando, ou poderia ser devido aos sinais de dólar piscando em sua cabeça por causa do caro código postal Diamond Head.
— Diamond Head — disse ele com apreço. — Eu esperava chegar lá antes de partirmos, mas essas reuniões... elas desperdiçaram muitos dias. E agora não há mais tempo.
— Você vai embora? — Cyn encheu a voz de decepção.
— Ainda temos alguns dias. Infelizmente, nosso único tempo livre agora será à noite, então...
— Mas Diamond Head é linda à noite! — Cyn protestou na hora certa, a pressão em sua mente agora atingindo o ponto onde estava lhe dando uma dor de cabeça.
— Eu ouvi isso. — Ele estava se aproximando mais enquanto eles conversavam, até agora ele estava sussurrando em seu ouvido. — Você poderia me convidar para sua casa, — ele sugeriu.
Cyn quase suspirou de alívio. Finalmente. Ela tinha pensado por um momento que ela teria que ter a ideia por conta própria.
— Podemos tomar um drinque em minha casa, — ela disse brilhantemente, deixando-o pensar que ele tinha influenciado seus pensamentos. — Este lugar está tão barulhento hoje à noite, e dessa forma você poderia ver Diamond Head, também.
— Você tem certeza que não se importaria?
Cyn quase revirou os olhos. Gardet nem sabia como ganhar com graça.
— Claro que não. Ninguém deve deixar Honolulu sem ver Diamond Head à noite. Você tem um carro, ou...
— Eu tenho, — ele disse imediatamente. — Posso segui-la até lá.
Claro, Cyn pensou cinicamente. Ele precisaria de um plano de saída. Não ficaria bem se ela acordasse amanhã de manhã e encontrasse seu amante dormindo no armário para evitar o sol.
— Eu não costumo fazer isso. — Ela deu uma risadinha enquanto ela saia do banco de bar. Sim, uma risadinha. Ela teria que fazer os caras jurarem silêncio quando tudo isso acabasse.
— Mas você está fazendo isso por mim, — ele cantarolou, adicionando uma outra dose de oomph ao seu empurrão.
— Você está pronto? — Ela perguntou, tomando um gole final de sua vodka. Ou fingindo.
— Eu estou — ele respondeu. Sua antecipação tomou o melhor dele por um momento enquanto seus olhos brilharam brevemente no quarto escurecido, a cor carmesim em torno de sua íris marrom que o marcava como vampiro.
Cyn olhou ao redor, mas ninguém parecia ter notado seu deslize. Ninguém lhes prestou muita atenção. Era apenas um outro encontro no bar.
Ele empurrou a porta aberta à frente dela, segurando-a quando ela pisou na frente dele. O ar havaiano úmido parecia frio depois de estar no bar lotado, e uma brisa fresca tocou seu rosto quando eles começaram a atravessar o estacionamento.
Robbie estava falando em seu ouvido, reformulando seu plano na mosca. Foi um pouco de sorte que Gardet decidiu seguir Cyn de volta para sua casa para completar a sua sedução com um drinque de noite. Eles não teriam que arriscar uma agarração pública no estacionamento. Robbie disse a ela que ele e Ken'ichi haviam se escondido nos fundos, com Ken'ichi protegendo sua presença da detecção, para que ela pudesse dirigir o SUV enquanto Gardet a seguia, e que Elke e Mal estavam prontos para eles.
Agora tudo que Cyn precisava fazer era descobrir como quebrar Gardet.
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— Você não tem que fazer isso, Cyn — disse Robbie, ficando pé ao lado dela em seu quarto escurecido, enquanto no andar de baixo Ken'ichi e Elke amarravam seu prisioneiro com segurança na garagem recém-modificada. Maleko Turner também estava lá, assistindo com os olhos de policial. Ele não parecia feliz, mas ele não tinha dito nada sobre isso também.
— É claro que eu tenho, — ela insistiu enquanto tirava o casaco. Ela tirou a Glock 9mm de seu cós traseiro, trabalhou a câmara para verificar que não havia nenhuma bala no tubo, então deslizou a arma em seu coldre aberto. Ela não estava se desarmando. Ela estava simplesmente trocando armas. Ela tinha mudado para uma rodada padrão de 9mm n sua viagem para o bar lotado, mas agora ela estava prestes a questionar um vampiro, o que significava que ela precisava de algo com muito mais potente. Chegando no coldre, ela recuperou seu equipamento de ombro e a segunda Glock, que ainda estava carregada com o que ela chamou de suas matadoras de vampiro – balas de pontas ocas revestidas de Hydra–Shok, que fazia um pequeno buraco entrando e um buraco realmente, muito grande saindo. Apenas a coisa certa para destruir o coração de um vampiro. Ou talvez uma articulação do joelho ou duas, se alguém queria extrair informações antes de matá-lo.
Ela trabalhou o cano, mas desta vez foi para ter certeza de que havia uma rodada lá. Gardet ficaria preso à sua cadeira, e Ken'ichi o estaria impedindo de pedir ajuda. Mas isso não significava que ele não era perigoso. Os vampiros eram imprevisíveis, e Gardet era um vampiro mestre, o que significava que seu poder estava acima da média. Não tão forte como Ken'ichi, ou isso não teria funcionado. Mas ele ainda era forte e, se suas tentativas de subornar a sua vontade no bar eram qualquer coisa para ser levada em conta, ele não acima de usar truques para obter o que queria. Ela teria que estar em guarda o tempo todo. Ela deslizou o coldre de ombro e encaixou a arma no lugar.
— Ken ou mesmo Elke iria questionar este idiota para você se você perguntasse, — Robbie persistiu.
— Eu sei disso. Mas eu não vou pedir-lhes para fazer algo cruel, só porque eu não tenho coragem de fazê-lo sozinha.
Ela saiu da sala, mas Robbie entrou na frente dela.
— Cyn, você nunca fez nada assim. Infligir dor apenas para conseguir fazer alguém falar, ouvindo-os gritar e, em seguida, fazê-lo novamente e novamente, à espera de vê-los quebrar. Você não sabe... isso come sua alma.
Cyn parou, olhando para Robbie com olhos diferentes. Tinha pensado que sabia tudo sobre seu serviço militar, mas nunca soube... Ela estava preocupada que ele se opusesse a seu plano porque seus amigos haviam sido torturados, mas e se suas objeções fossem porque ele tinha sido o único a fazer a tortura, porque ele sabia o preço, e ele não queria que ela fosse pagá-lo.
— Rob — ela disse hesitante, tentando descobrir uma maneira de explicar isso para ele. — Eu não quero fazer isso. Eu não estou... eu vi Raphael questionar pessoas, humanas e vampiras. E eu sei que há uma parte dele que gosta do que ele está fazendo. É como se a coisa que o faz vampiro, o simbionte ou o que quer que você queira chamá-lo, vê a empatia humana como uma fraqueza, algo a ser despojado. E quanto mais poderoso o vampiro, menos empático ele permanece.
— Mas eu não sou um vampiro. Eu sei que muita gente pensa que eu sou uma cadela, mas isso é apenas personalidade. Eu tenho o complemento de empatia humana, e eu não estou ansiosa para o que eu tenho que fazer esta noite. Mas não vou cicatrizar as almas de Ken’Ichi ou Elke em vez da minha. Eu não me importo se eles são vampiros. Porque enquanto alguma parte de Raphael gosta de ser cruel, outra parte dele não, e rouba um pouco mais de sua alma de cada vez.
— Se nossos papéis fossem invertidos, se eu tivesse sido sequestrada, Raphael faria qualquer coisa para me trazer de volta. Ele torturaria cada pessoa em Honolulu se isso fosse o que custasse. E assim eu vou fazer isso por ele. É um cara. Um cara que faz parte de uma gangue que tem torturado Raphael há dias. Ele ganhou alguma dor por seu papel nisso. Ele ganhou muito.
Os lábios de Robbie se apertaram em uma linha sombria, mas ele concordou com a cabeça. — Vamos fazer esse porco gritar.
Gardet ergueu os olhos quando Cyn abriu a porta entre a casa e a garagem, em seus olhos um olhar furioso acima do pedaço de fita adesiva cobrindo sua boca. Olhos furiosos, observaram Cyn, mas simplesmente marrons. Não havia nenhum brilho carmesim em seu olhar, nenhum sinal de poder. O que Ken'ichi estava fazendo, estava funcionando.
Cyn apontou para a fita adesiva sobre a boca dele. — Eu meio que preciso que ele fale — ela disse, olhando para Elke que estava mais perto de Gardet, suas mãos em seus quadris, seus olhos cheios de ódio enquanto ela olhava para o prisioneiro.
— O bastardo não iria calar a boca — ela murmurou.
— Todo este preenchimento não conterá o ruído? Os vizinhos não estão tão perto.
— Sim, nós somos bons nisso — Elke concordou. — E nós podemos sempre ligar alguma música se nós precisarmos, — ela adicionou, chamando a atenção de Cyn para a bancada de trabalho onde um iPhone tinha sido encaixado em um alto-falante pequeno, sem fio.
— Essa foi a sugestão de Mal — disse Elke orgulhosamente, o que fez Cyn lhe dar uma dupla olhada. Aparentemente, Elke não estava tão ansiosa para matar o grande bobo. Isso também a fez pensar sobre Mal, mas talvez ele não visse vampiros como parte da população que ele jurou proteger e servir. Ou talvez Elke o tivesse convencido de quão diferente era realmente a sociedade de vampiros.
— Tudo certo. Vamos começar — disse Cyn. — Talvez nosso amigo aqui seja inteligente. — Ela estendeu a mão e rasgou a fita na boca de Gardet, ignorando a pele que veio com ela e se estremecer de dor. Ele estaria fazendo muito mais do que estremecer se não lhe dissesse o que ela precisava saber.
— Você vai se arrepender disso, — ele rosnou para Elke. — Eu sou da senhora Mathilde, e ela vai te comer viva por escolher um humano sobre o seu próprio.
— Oh, querido — Elke murmurou. — Estou tão assustada.
— Você estará. Essas correntes...
— Sim, sim, — Cyn disse em uma voz entediada, interrompendo seu discurso. — Você está chateado, porque eu não me apaixonei por sua rotina 'oh, você é tão linda' lá. Foi o que você fez com essas outras mulheres antes de matá-las?
— Eu não matei ninguém. Eu gosto de minhas mulheres vivas quando eu as fodo — disse ele, sorrindo para ela.
— OK. Essa é uma imagem que eu nunca vou tirar da minha cabeça agora, então obrigada por isso, idiota. Talvez você as tenha matado depois.
— Eu te disse, eu não matei ninguém. É disso que se trata? Um par de putas humanas mortas e você vem toda Rambo? O quê? Você se relacionou com um deles ou algo assim?
— Ou algo assim — ela concordou. — Então, se não foi você, quem foi? Eu sei que foi um vampiro.
— Eu não sei — disse ele, sua expressão se fechando, como se dissesse que ele tinha feito toda a conversa que pretendia fazer.
Cyn puxou sua Glock, suspirando enquanto enroscava um silenciador, e recuou para evitar o sangue em suas roupas.
Gardet riu. — Essa arma não pode me prejudicar. Você conseguiu suprimir meu poder com algum feitiço ou outro por agora, mas você não pode mudar minha natureza. Meu corpo vai curar antes...
Seu júbilo foi interrompido com um grito, quando Cyn disparou uma rodada diretamente em seu joelho, quase obliterando a articulação. O sangue espalhou-se sobre o chão coberto de plástico, enquanto ele olhava horrorizado para a ruína de sua perna, que estava quase cortada no joelho, seu pé pra cima apenas porque as correntes que o amarravam o mantinham no lugar.
— Você provavelmente está certo, — Cyn disse, caminhando mais perto. Ela se agachou para examinar o que restava do joelho de Gardet. — Eu tenho certeza que seu sangue de vampiro será capaz de curar isso... Eventualmente. — Embora ela achou interessante que ele assumiu que ela estava usando algum tipo de feitiço para controlá-lo, assim como Juro insistiu que Mathilde deve ter feito para enfraquecer Raphael em seu ataque inicial.
— Puta — sibilou Gardet. — Minha senhora vai...
Outro grito de dor cortou suas palavras enquanto Cyn apunhalou o pé em sua perna sem ferimentos com a linda faca nova que Raphael lhe dera depois de admirar as muitas facas de sua amiga Lana Arnold. Ela estava limpando o sangue de sua lâmina, franzindo o cenho enquanto tentava encontrar um ponto limpo na perna de sua calça, quando Mal se aproximou.
— Tudo bem, isso já foi longe o suficiente — ele disse calmamente. — Eu concordei em deixar você me ajudar com isso, porque você parecia saber muito mais do que eu...
— Mais? — Cyn exigiu, girando ao redor para confrontá-lo. — Os policiais não sabiam nada sobre quem estava matando aquelas pessoas até eu aparecer.
— Ok, você está certa, — ele disse, suas mãos levantadas em um gesto displicente. — Mas agora que temos um suspeito, talvez eu deva levá-lo...
— Você não vai levá-lo a lugar algum — disse Cyn, girando e esfaqueando a faca no ombro de Gardet, enquanto cravando a lâmina na articulação, enquanto ele gritava.
— Jesus, — Mal jurou. — Pelo menos deixe-me perguntar a ele...
— Você é um maldito policial? — gritou Gardet. — Que tipo de idiota permitiria...
— Eu sou o tipo de policial que tem três corpos mortos, — Mal rosnou. — Com quem eu poderia lidar. Imaginei que era uma aberração que vira muitos filmes, mas três deles? E então ela aparece — ele apontou para Cyn — Me dizendo que eram vampiros, e o que eu sei sobre eles? Nada. Mas ela disse que poderia te encontrar e te fazer falar. E que tudo o que ela faria iria curar. Não imaginei nenhum mal, nenhuma falta, e eu conseguia um assassino fora das ruas. — Ele se virou para se dirigir a Cyn. — Mas isso... — Ele apontou para o vampiro ensanguentado. — Eu não me inscrevi para isso.
— Você mata tantos vampiros quanto eu, e você vai se acostumar com isso — Cyn zombou. Ela ergueu sua Glock, apontando para o outro joelho do vampiro, mas o grito silencioso de Gardet a fez pausar.
— Você a ouviu, — ele implorou para Mal, rapidamente engolindo o soluço que colocou um engate em suas palavras. — Ela quer me executar, mas eu não matei aquelas pessoas. Eu juro.
Cyn deu um passo mais ameaçador. Seus olhos se arregalaram e ele quase derrubou a cadeira enquanto ele se afastava dela. Ele mudou o olhar para Mal e começou a falar rapidamente. — Eu vou te dizer quem foi. Vou lhe mostrar onde ele mora. Qualquer coisa, apenas mantenha-a longe de mim. Ela é louca, você não pode ver isso? — Ele exigiu, seu olhar mudando freneticamente de Cyn para Mal e de volta novamente.
Mal tocou o braço de Cyn, empurrando a mão dela para baixo. — Vamos ver o que ele tem a dizer.
— Foda-se — Cyn jurou em desgosto, mas ela se afastou para ficar perto das escadas que dava para a casa.
— Então fale — disse Mal. — E nenhuma besteira. Ela tem um interesse pessoal nisso, e gosta de seu trabalho. Então é melhor que seja bom.
— Há dois deles, — ele disse rapidamente, sua voz um raspão doloroso. — Dois assassinos separados. O primeiro que eu acho que foi um erro. Samuel não queria matar ninguém, mas acabávamos de chegar e fazia tanto tempo que não tínhamos sangue... — Os olhos dele se arregalaram quando Cyn se moveu abruptamente.
— Está tudo bem, — Mal disse a ele, dando um olhar de raiva para Cyn antes de voltar para Gardet. — Você disse que havia dois assassinos. O primeiro corpo que encontramos foi um homem. Alguém matou as duas mulheres?
Gardet estava olhando fixamente para Cyn, sua postura imóvel e atenta, como se ela fosse o monstro, e ele a vítima indefesa. Que piada, ela pensou amargamente, e bateu um punho na porta fechada da cozinha.
Gardet saltou quando o som rompeu o silêncio.
— Talvez você deva esperar lá em cima — sugeriu Mal. Ele apontou para Robbie.
Robbie deu-lhe um olhar hostil, mas então caminhou até Cyn e tocou gentilmente seu braço.
— Vamos, querida. Vamos fazer uma pausa.
Cyn encontrou seu olhar por um longo momento, depois cuspiu na direção de Gardet e torceu a maçaneta, empurrando a porta aberta. Robbie a seguiu, fechando a porta atrás deles, enquanto Cyn subia as escadas e entrava no banheiro que estava usando. Ajoelhando-se, ela vomitou, vomitando o pouco de comida que ela tinha conseguido comer naquela noite, saboreando a vodka que consumira no bar.
Robbie entrou atrás dela. — Ah, Cyn, — ele murmurou, então se agachou ao lado dela, segurando seus cabelos e esfregando suas costas.
— Sinto muito — disse ela entre um soluço, depois vomitou um pouco mais, embora não houvesse nada que lhe deixasse o estômago.
Robbie levantou-se, puxando um pano do armário e passou-o sob água fria, antes de se agachar ao lado dela novamente. — Aqui está.
Cyn tirou o pano molhado da mão dele, segurando-o em seu rosto superaquecido primeiro. Sentia-se como uma merda, mas principalmente estava envergonhada. Não por causa do que ela tinha feito – com a vida de Raphael em jogo, ela teria feito muito pior – mas porque ela estava sendo tão fraca sobre isso.
— Vamos lá — Robbie persuadiu, puxando-a para seus pés, tirando o pano dela e refrescando-o sob água mais fria. — Limpe o rosto.
Cyn assentiu sem dizer nada, pegou a toalha e limpou obedientemente, antes de se curvar sobre a pia e enxaguar a boca com punhados de água fria.
— Sinto muito — disse ela novamente, apoiando os braços na pia e olhando para a água enquanto ela corria pelo ralo.
Robbie se aproximou e desligou a água. — Por que você tem que se desculpar? — Ele murmurou, puxando-a para fora do banheiro e sentando-a na cama. Ele se agachou na frente dela, esfregando suas mãos frias com suas mornas. — Você acha que é a primeira pessoa que atirou seus biscoitos depois de uma festa sangrenta como essa?
Cyn ergueu o olhar para encontrar com o dele, seus olhos lacrimejantes pelo esforço de vomitar.
— Eu vi alguns dos guerreiros mais difíceis que você já conheceu vomitar seu jantar depois de um interrogatório áspero — Robbie disse a ela.
— Raphael não, — ela sussurrou.
— Isso é porque ele tem você para absolver seus pecados. Ele não precisa vomitar, porque você está lá trazendo-o da escuridão. Assim como se ele estivesse aqui, você ficaria bem.
— Se ele estivesse aqui, nada disto estaria acontecendo — ela murmurou.
— Então é melhor recuperá-lo, certo?
Cyn assentiu, esfregando ambas as mãos sobre o rosto. — Você acha que Mal tem o que precisamos já?
Robbie assentiu com a cabeça. — Acho que o Gardet provavelmente está contando tudo o que sabe e mais. Você tinha aquele vampiro assustado fora de sua mente de merda, e Mal jogou com isso perfeitamente.
Ela sabia que ele estava tentando animá-la, mas não queria que lhe dissessem o quão bem ela tinha torturado outro ser vivo, mesmo que ele tivesse a resposta do paradeiro de Raphael.
— Eu preciso de um banho — ela disse, parando abruptamente, tentando não pensar em por que ela precisava disso, ou o que ela precisava lavar.
— Você está sozinha nisso — brincou Robbie. — Eu estarei esperando lá fora.
Cyn assentiu, mas agarrou seu braço antes de se virar. — Obrigada, Robbie.
— Você tem isso, Cyn.
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Cyn parou novamente na garagem, com suas paredes e portas cobertas de colchas, seu plástico salpicado de sangue. O sol estava brilhando lá fora em algum lugar, mas você não podia dizer dentro da garagem.
Gardet ainda estava acorrentado à sua cadeira, e seu joelho despedaçado ainda era uma bagunça. Se você olhasse de perto, você poderia ver onde o vampirismo tinha começado a curar o dano. Mas levaria dias para ele curar corretamente, dependendo de quão poderoso era Gardet. Era assim que o vampirismo funcionava. Começaria a cicatrização mesmo que o joelho de Gardet estivesse curvado e sua perna ainda atada à cadeira. Mas no instante em que Gardet tentasse se levantar, o dano seria óbvio e o vampirismo começaria tudo de novo, tentando fazer um trabalho melhor.
Era uma coisa espantosa para se contemplar, mas Cyn lembrou-se que Gardet era um do povo de Mathilde, e que eles poderiam estar fazendo o mesmo ou pior para Raphael. E de repente não a incomodou tanto. Além disso, Gardet provavelmente estaria morto antes que ele precisasse de seu joelho novamente de qualquer maneira. Ela não tinha dúvidas de que, assim que Raphael fosse libertado, mataria todos os vampiros que tiveram qualquer coisa a ver com sua captura, incluindo Gardet. Assumindo que Cyn não matou o vampiro primeiro. Ela não ia se preocupar com a contagem de mortos quando eles finalmente entrassem para pegar Raphael.
— Eles sempre caem assim logo que o sol nasce? — perguntou Maleko Turner. Ele veio para ficar ao lado dela e olhar para o vampiro inconsciente.
Cyn assentiu. — Bastante. Depende do vampiro. Alguns são mais poderosos que outros e podem aguentar mais, mas uma vez que bate... eles estão fora, não importa onde eles estejam, de pé, sentados, deitados. Eles vão embora.
— O que você vai fazer com esse cara?
Cyn pensou em sua resposta, depois fez uma pergunta em vez disso: — Você conseguiu tudo o que precisamos dele?
Turner deu uma inclinação lateral na cabeça. — Supondo que ele nos disse a verdade, sim. Ele me deu nomes...
— Os nomes não importam. Preciso de um local.
— Também tenho isso. É uma casa não muito longe daqui. De acordo com Gardet, Mathilde convenceu a velha que morava lá para convidá-la para dentro, disse que admirava o jardim. Conversaram sobre flores e fizeram amizade. Mathilde então convenceu o velho casal a tirar férias e deixá-la usar a casa enquanto eles estivessem fora. Ele podia estar mentindo, claro. Ele parecia bem convencido de que ele estaria saindo daqui amanhã à noite.
— Ele tem um sentimento inflado de seu próprio poder. Ele não vai a lugar nenhum.
— Ainda assim, não podemos simplesmente tomar suas palavras em fé cega. Você e eu devemos verificar o lugar enquanto o sol se levanta.
— Se ele está dizendo a verdade sobre essa ser a casa, estará cheia de vampiros. Eles terão guardas, guardas diurnos, quero dizer. Temos que ter cuidado.
— Eu percebi isso, mas a casa está na praia. Podemos fazer o nosso reconhecimento do lado do oceano. Vamos atrair menos atenção, e na minha experiência as pessoas tendem a não se preocupar tanto com um ataque pela água.
Cyn assentiu. — Vou pedir a Robbie para ficar por aqui e manter um olho nas coisas. Ele não vai gostar, mas vocês sendo amigos Rangers e tudo, ele vai aceitar.
— Pensei que tivesse dito que Gardet estaria apagado durante o dia?
— Não estou preocupada com o Gardet. Mas Elke e Ken'ichi estão lá em cima também. Eles estão completamente vulneráveis, e com tudo em movimento, eu não gosto de deixá-los desprotegidos.
— Elke? — Ele repetiu, seus olhos preocupados.
Cyn olhou-o interrogativamente. — Você realmente gosta dela? Ou você está apenas fodendo ao redor?
— Eu realmente gosto dela, e eu realmente gostaria de estar fodendo ao redor... mas não do jeito que você quer dizer.
Cyn mostrou os dentes. — Cuidado com minha Elke. Ela significa muito para mim.
— Acho que você deveria estar mais preocupada comigo do que com ela. Ela poderia limpar o chão comigo.
— Verdade. — Ela olhou ao redor da garagem, enrugando o nariz. —Vamos sair daqui. Este lugar está começando a cheirar.
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O barco balançava suavemente debaixo deles, o oceano inclinado com ondulações cobertas de branco. Havia uma tempestade no Pacífico em algum lugar, mas o barco de Turner parecia mais do que capaz de manejá-la.
— Este é um belo barco, Turner.
— Me chame de Mal. E, sim, é um belo barco. Por um tempo depois do meu divórcio, pensei em viver nisto.
— Quase claustrofóbico, — Cyn comentou, alcançando os binóculos de alta potência que ela trouxe para seu reconhecimento. — E você não é exatamente um cara compacto.
Ele riu. — Então eu descobri isso, quando eu tentei viver com nesse bebê. Eu tenho um apartamento em vez disso, mas eu mantive o barco. Eu tenho um bom negócio com ele.
Enquanto, Mal se estendia em uma almofada de sol no convés traseiro, sendo óbvio sobre isso para quem os observasse, Cyn instalou-se em uma almofada plana sob a cobertura do toldo e mirou seus binóculos na casa onde Gardet insistira que ele e seus “parceiros de negócios” estavam ficando. Examinou lentamente de um lado para o outro. Era uma casa de bom tamanho, com muitos contratempos para ambos os lados da propriedade, e o lote era todo murado. Quem quer que morasse lá não queria qualquer estranho casual confundindo isso com nada, além de uma praia privada. Era uma construção mais antiga, o que significava que cada centímetro de superfície plana perto das paredes e ao redor da casa estava coberto de folhagem. Havia o que parecia um jardim de estilo japonês de um lado, mas também havia um gramado largo de grama verde bem aparada e bem cortada.
— Mal, você tem Wi–Fi neste barco? — Ela perguntou, nunca tirando os olhos dos binóculos.
— Sim — ele disse sem se mover de sua pose do adorador do sol. — Microchip conectado ao computador. Código de acesso em um papel amarelo.
— É bom saber que o melhor de Honolulu tem o mais recente protocolo de segurança de rede — ela disse secamente, enquanto ela se levantava e descia as escadas para o “escritório” que ele havia montado na cozinha. Ela abriu seu laptop e entrou. Ela queria ver o que ela poderia encontrar sobre a casa que eles estavam olhando. Se tivesse sido colocada para venda em qualquer momento nas últimas duas décadas, podia haver fotografias ou plantas.
Quando sua busca inicial não trouxe nada, ela fez uma busca rápida dos registros da propriedade preferivelmente e descobriu que a casa tinha sido possuída pela mesma família desde os anos 1930. Passando de geração em geração, obviamente tinha sido renovado um tempo ou dois, mas não houve uma mudança de propriedade.
Ela ligou o celular e chamou Donovan Willis.
— O quê? — Ele respondeu. — Você tem outro trabalho merda para mim?
— Posso ter, Willis. Eu não tenho tempo para seu temperamento. Patterson possui alguma propriedade em Oahu?
— Ele tem um condomínio em Trump Tower em Waikiki.
— É isso aí? Nenhuma casa em algum lugar?
— Não, — ele disse lentamente. — Por que você está perguntando sobre isso?
— Apenas seguindo uma pista — disse ela vagamente, ainda sem confiar nele. — Podemos ter mais notícias mais tarde, então não tenha uma overdose de Cheetos.
Ela desligou antes que ele conseguisse dizer uma resposta. Ela subiu os poucos degraus de volta para seu posto de vigilância.
— Alguma coisa interessante? — Mal perguntou, sua voz preguiçosa como de uma pessoa meio adormecida ao sol.
— Bem, — ela disse casualmente. — Estou um pouco preocupada com os donos dessa casa. Se os vampiros realmente estão a usando... acho que podem estar mortos.
Ele sentou-se abruptamente. — O quê?
— Sim. — Cyn falou sem tirar os olhos da casa alvo, que ela estava novamente vigiando cuidadosamente. Os binóculos que ela usava eram extraordinariamente poderosos. Ela e Mal estavam a cerca de um quarto de milha no mar, mas ela podia aproximar-se e estudar cada detalhe de cada janela, até o tipo de plantas que cobrem as soleiras.
— Esta casa está na mesma família há muito tempo. Eu pensei que poderia ser do Patterson. Um monte de alterações no título do arquivo dos vampiros para torná-lo parecido com uma geração que morreu e o próximo é herdado. Mas Willis diz que Patterson não possui nada nesta ilha, exceto um condomínio.
— Então a história de Gardet é válida. Mathilde fez com que eles se fossem e a deixassem usar.
— Talvez — concordou ela. Mas, em particular, ela não pensava assim. O estilo de Mathilde não era persuasão. Ela poderia ter entrado em sua casa, mas era mais provável que tivesse matado os donos para tirá-los do caminho. Ou talvez Cyn tivesse sido cercada por tanta morte e violência no último ano que ela automaticamente foi para a pior conclusão possível.
No entanto, Mathilde tinha invadido a casa, por isso ela era certamente dominada por vampiros agora. Cada janela foi bloqueada, persianas ou cortinas cobrindo cada pedaço de vidro. Não havia nenhuma luz entrando nesses quartos, pelo menos não desse lado. Mas ela não estava procurando isso agora, ela estava procurando os guardas humanos que ela sabia que tinham que estar lá. Nenhum vampiro com o poder e o ego de Mathilde passaria um único dia em uma casa sem guardas à luz do dia. Naturalmente, Mathilde não estava mais aqui, mas se Raphael estava, então os cem vampiros da Mathilde tinham que estar aqui em algum lugar, também. E certamente aquelas cem, e o prêmio que guardaram, valeriam a pena uma equipe de segurança humana.
— Lá está você — ela murmurou, quando dois guardas apareceram do lado direito da casa, suas mãos descansando em prontidão casual em carabinas M4 idênticas. Usavam camisas e shorts de cor cáqui, com botas de combate marrons do Exército. Mas eles estavam mais interessados ??em sua própria conversa do que em qualquer um que pudesse representar uma ameaça à casa. Evidentemente, não lhes ocorreu olhar para o mar.
Cyn tinha visto isso antes em guardas humanos contratados para vigiar uma residência provisória de vampiros. Mathilde provavelmente tinha uma força de segurança muito eficaz em casa, mas ela já tinha trazido quem sabe quantos vampiros no Havaí. Ela obviamente tinha decidido contratar guardas locais, em vez de trazer suas pessoas regulares da Europa, porque Cyn apostaria um bom dinheiro que os dois caras que ela estava olhando eram veteranos do Exército dos EUA. Os M4 que carregavam eram padrão para as Forças Especiais, mas isso não significava que os guardas fossem. Robbie provavelmente poderia ter contado a ela mais, mas ela realmente não precisava mais neste momento. Ainda era possível que Gardet estivesse mentindo e que se infiltrasse nessa casa só para descobrir que estava ocupada por algum cara rico e velho que gostava de sua privacidade. Mas seus instintos lhe diziam que não era isso.
Raphael estava preso lá em algum lugar, cercado por inimigos. Ela era uma nadadora forte, na melhor forma de sua vida. Ela podia fazer essa distância. Ela olhou para a casa, esperando Raphael falar com ela, para dar-lhe um sinal. Ela sabia que ele estava enfraquecido por falta de sangue, que ele estava profundamente no sono do dia quando ele só podia tocá-la através de sonhos. Mas se ele estava lá, ele sabia que ela estava aqui? Que ela estava planejando, mesmo agora, vir até ele? — Cyn?
Ela saltou ao som de seu nome naquela voz profunda. Mas não era Raphael, era Mal.
— Você está bem?
— Sim, — ela disse irritada. — Por que não... — Ela olhou ao redor em estado de choque. Que porra é essa? Ela estava a meio caminho do barco, um pé mergulhado na água quente com ela montada de lado. Ela puxou a perna de volta para o barco, então girou ao redor, deslizando para baixo para se aconchegar na almofada espessa.
— Desculpe, — ela murmurou. — Eu fui... no momento.
Mal sentou-se no lado oposto do deck, inclinando-se para a frente, os braços sobre as coxas, as mãos penduradas entre os joelhos. — Então, você acha que este é o lugar?
Ela não respondeu imediatamente, sua garganta muito espessa com emoção para obter as palavras. Ela queria um sinal. Será que contava a dor em seu coração? Que todo instinto que ela tinha a atraía para aquela casa? Que ela pudesse sentir o cheiro dele, podia sentir seu calor em seu sangue?
— Sim, — ela conseguiu. — É essa aí.
— Devemos voltar então — ele disse gentilmente. — Precisamos de um plano.
— Eu tenho um plano — ela sussurrou. — E ninguém vai gostar.
Capítulo 15
Noite Dois – Malibu, Califórnia
O TELEFONE TOCOU, o tom diferenciado dizendo-lhes que era mais um chamado do portão. Juro tinha perdido a conta, mas ele supunha que havia sido pelo menos uma dúzia de chamadas desde que o sol se pôs. Com menos de duas horas até o nascer do sol, ele esperava que Mathilde tivesse terminado com eles durante a noite, mas aparentemente não.
— É a sua vez de lidar com ela — disse Jared, sem sequer tirar os olhos de seu iPad onde ele estava revendo os horários de implantação mais recentes para a presença considerável da guarda de Raphael. Embora chamá-los de guarda não era mais exato. Eles eram um exército, uma das forças mais mortíferas na face da terra.
Seu inimigo atual estava no portão, assim como os inimigos de antigamente. Mas esta era uma cadela cósmica e ela estava intocável por mais dois dias. Depois disso... Bem, depois disso, dependeria de eventos ocorrendo a mais de 4000 quilômetros de distância em Honolulu.
O telefone tocou novamente.
— Você não pode simplesmente ignorar. Isso não é justo com os guardas que tiveram que lidar com ela.
Juro engoliu um gemido e pegou o telefone.
— Eu já estou indo — disse ele, sem nem sequer esperar o guarda dizer nada. Ele não precisava. Se fosse uma emergência, a chamada teria sido feita pelo canal de comunicação tático. Se o guarda estava usando o telefone fixo, a chamada era apenas Mathilde reclamando novamente.
Ninguém esperava que ela aceitasse seu isolamento graciosamente. Ela era, afinal de contas, uma vampira soberana e acostumada a um padrão mais alto de tratamento de todos a seu redor. Mas alguns poderiam pensar que até uma vampira soberana esperaria algum desconforto quando fosse para a guerra.
Juro desceu o corredor e as escadas, pegando sua escolta ao longo do caminho. Teria sido fácil fazer corpo mole, acreditar que as coisas estavam seguras por enquanto, que nada aconteceria por pelo menos mais dois dias. Seus franco-atiradores tiveram um efeito devastador nas tropas de Mathilde, derrubando não só quase toda sua tropa de vampiros, mas muitos de seus guardas diurnos, também. Um ou dois de seus humanos haviam saído de seu trailer no início do dia, carregando uma bandeira branca, alegando que não tinham se inscrito para isso. Sua rendição havia sido aceita, mas depois de se certificar de que não estavam armados ou com bombas presas ao corpo, eles haviam sido presos nas celas de Raphael, abaixo da garagem. Jared e Juro não poderiam arriscar que eles corressem para relatar a situação de Mathilde e possivelmente trazer novos aliados. As tropas de Rafael tinham a vantagem por enquanto, mas isso poderia facilmente se voltar contra elas.
Mathilde estava isolada, física e psicologicamente. Seus protetores humanos haviam sido derrotados naquele primeiro dia, seu trailer investigado enquanto ela dormia e seu celular confiscado, junto com outros dispositivos de comunicação que encontraram. Fora isso, eles deixaram-na sem ser perturbada, com sua entrega de sangue diária. Se ela preferisse se alimentar de seus companheiros humanos ao invés disso, seria sua escolha.
Não haviam punido Mathilde por seu tratamento a Raphael, mas era tentador. Porque a verdade era que alguns dias sem sangue não eram suficientes para incapacitar um Lorde vampiro. Se Raphael estava tão fraco quanto Cyn indicou, ele quase certamente perdera sangue e não simplesmente fora deixado morrendo de fome. Provavelmente, alguns dos ajudantes humanos de Mathilde tinham sido encarregados ??de cortar seus pulsos durante o dia enquanto ele dormia, talvez até mesmo tenham injetado algum tipo de afinador de sangue para aumentar o fluxo sanguíneo, mesmo que pelo pouco tempo antes de o vampiro simbionte reagir. Todos sabiam o que os traficantes haviam feito com Vincent, como ele perdera sangue. E aqueles traficantes estiveram na cama com Enrique, que estivera na cama com os europeus. Estava começando a parecer que o sangramento era a tática favorita dos europeus, porque, até onde Juro sabia, nunca tinha sido visto na América do Norte.
Juro não tinha dito a Cyn nada disso, imaginando que se Raphael quisesse que ela soubesse, ele mesmo teria dito a ela. Já era o bastante ela saber que ele estava fraco e ficando mais fraco. Ela não precisava de mais motivação do que isso.
Juro e sua escolta pararam logo na entrada do portão da propriedade. Eles trocaram olhares idênticos de medo, então um deles sinalizou para o guarda e o aço pesado abriu-se o suficiente para que eles pudessem passar.
— Onde ela está? — Perguntou ao guarda, examinando a área ao redor do portão, que começava a se assemelhar a uma verdadeira zona de guerra. Os dois trailers estavam assentados de um lado como estiveram desde o início. Eles tiveram que remover várias árvores para abrir espaço para eles, o que foi bastante perturbador para as terras da fazenda. Mas sobre tudo isso estava a destruição causada na longa calçada, substituindo sua superfície suavemente pavimentada e bem-cuidada por uma bagunça esburacada e com pedras espalhadas. Pelo menos não havia corpos. Os vampiros tinham virado pó e os corpos humanos tinham sido removidos. Nem mesmo o povo de Mathilde tinha argumentado contra isso. Ninguém queria estar cercado pelo fedor de cadáveres decadentes.
— Ela está no trailer — disse o guarda, atraindo a atenção de Juro. — Provavelmente, esperando que você se apresente a sua grandeza.
Juro bufou. — Ela vai esperar um pouco se é isso que...
A porta do trailer abriu, interrompendo-o. O único criado vampiro de Mathilde que restou emergiu, movendo-se lentamente, espiando com medo as árvores vizinhas. Era o mesmo vampiro que estivera ao volante da SUV de escolta quando ela chegou. Isso tinha sido apenas ontem à noite, embora suas exigências incessantes fez parecer muito mais tempo.
— Lady Mathilde falará com você — disse o vampiro tentativamente.
— É por isso que estou aqui — respondeu Juro, não se movendo de onde ele estava parado do lado de fora do portão.
— Ela, isto é, a Senhora Mathilde teria que...
— Olhe — disse Juro, impaciente. — Eu sei que você está apenas fazendo seu trabalho, mas a situação é a mesma. Se Mathilde quiser falar comigo, ela terá que sair para fazer isso. Eu garanto a segurança dela, e a sua também, então pare de se encolher, cara.
De repente, um braço magro saiu da porta, empurrando o vampiro infeliz para o chão. Ele saltou rápido o suficiente, lançando um olhar furioso para sua patroa. Pelo que parecia, Mathilde não estava ganhando nenhum amigo em qualquer um dos lados.
A própria Mathilde apareceu um momento depois, elegantemente vestida como sempre. Sua roupa era profundamente roxa, aparentemente sua bagagem tinha conseguido atravessar a luta na noite passada, mas, de qualquer forma, era praticamente a mesma coisa. Calças justas enfiadas em botas de salto alto, um suéter combinando, com um cardigan de comprimento até o joelho, em uma matiz ligeiramente mais escura. Ela marchou para mais perto de Juro com graça admirável dado seu entorno, parando a vários metros de distância.
— Você provou seu argumento — ela disse bruscamente. — Você é leal a Raphael e eu sou o inimigo. Mas eu já ganhei essa batalha, Juro. Não seja tolo e torne mais difícil para todos.
Juro observou-a sem expressão, sem acreditar no que estava ouvindo. Certamente, ele sabia que Mathilde era egocêntrica, mas ela realmente pensava que já ganhara?
— Três dias, Mathilde — disse finalmente — Tem mais alguma coisa?
— Você certamente não espera que eu resida nisso — ela apontou para o trailer atrás dela — por mais duas noites.
— Isso depende de você. — respondeu ele — Se você optar por abandonar este desafio infrutífero, teremos o prazer de oferecer-lhe uma escolta para o aeroporto e garantir sua partida segura para sua casa na França.
Mathilde abriu a boca para responder, mas Juro não lhe deu uma chance. — Se, por outro lado, sua intenção é aguardar a chegada do meu Senhor, Lorde Raphael, como é certamente seu direito, então, sim, eu realmente espero que você permaneça aqui. Lembro-lhe que não estamos obrigados a fornecer alojamento durante a duração de seu desafio. A segurança ou conforto daqueles que declararam guerra ao Lorde Raphael...
— Eu não fiz isso...
— ...seja através de palavra ou ação — persistiu Juro, ignorando sua objeção, que era evidentemente falsa — Não é nossa preocupação. Mais alguma coisa?
Mathilde olhou-o fixamente, seus olhos impondo o brilho turvo de seu poder. Juro podia sentir sua raiva crescente, seu poder testando-o, pressionando contra ele como um animal feroz se esforçando para se libertar. Os guardas ao redor dele moveram–se nervosamente e ele concentrou-se, perguntando-se se ela finalmente tinha se livrado das rédeas de sua paciência e ia atacá-lo francamente. Ele tinha uma boa ideia do que ela era capaz, sabia que ela se absteve de usar seu poder contra qualquer um deles até agora só porque ela estava conservando sua força pela possibilidade de batalhas futuras. Mas ele e Jared a pressionaram muito durante nas duas últimas noites.
— Você vai se arrepender disso — ela disse em uma voz baixa e ameaçadora. — Seu Senhor está acabado. E, marque minhas palavras, você estará, também.
Ela girou sobre seu calcanhar e deslizou como uma modelo em uma passarela de volta para as escadas do trailer, subindo-as em um único salto gracioso antes de desaparecer lá dentro, seu lacaio vampiro seguindo-a e fechando a porta.
Juro respirou aliviado. Ele era um vampiro poderoso, poderoso o suficiente para ser o substituto de Raphael se ele tivesse escolhido aceitar a oferta. Mas ele honestamente não sabia o que teria acontecido se tivesse chegado a uma briga entre ele e Mathilde, aqui e agora. Era muito possível que ele pudesse ganhar dela em uma disputa de poder bruto, mas ela era muito mais velha, com muitos mais anos de desafios de luta e de enganar seus oponentes.
— Esperemos que tenha acabado por essa noite, rapazes — murmurou ele, virando-se para a guarda. — Não se arrisquem com ela. Atire para matar se precisar.
— Sim, senhor — disse o guarda e então entrou na guarita com suas paredes fortemente reforçadas e vidro à prova de balas.
Juro não achava que Mathilde desperdiçaria seu tempo matando um guarda, mas isso não significava que ela não teria outra pessoa que atirasse por ela. Ele e Jared tinham feito o que podiam para isolá-la, mas era muito possível que ela tivesse outros apoiadores na área que conheciam seus planos e responderiam ao seu desaparecimento sem serem chamados.
Juro subiu no SUV para a curta viagem de volta para a casa, seus pensamentos voltando-se para Honolulu, onde a verdadeira batalha pela sobrevivência deles estava sendo travada. Agora mesmo, Mathilde não passava de um pé no saco. Mas ela seria muito mais do que isso se Cyn e Ken'ichi não conseguissem localizar Raphael e trazê-lo de volta para cá antes que fosse tarde demais.
Capítulo 16
Segunda noite – Honolulu, Havaí.
CYN E MAL voltaram para a casa antes do pôr-do-sol, muito antes para o óbvio alívio de Robbie. Ele não ficara satisfeito por ser deixado para trás, mas alguém tinha que ficar com os dois vampiros dormindo, e era o barco de Mal.
Ela tinha dito a Robbie apenas que eles definitivamente encontraram a casa onde Raphael estava sendo mantido, mas adiou qualquer informação mais detalhada até que os dois vampiros estivessem acordados e pudessem se juntar a eles. E então ela subiu para trocar de roupa e tomar um banho, esperando que a despertasse um pouco.
Permanecendo debaixo da água caindo, ela tentou desviar sua mente. Ela não conseguiu dormir mais do que duas horas das últimas vinte e quatro horas, e tinha tido uma hora arrebatada no barco, e depois outra no carro no caminho de volta para a casa. Ela estava preocupada com Raphael, preocupada com o que sentira quando estavam sentados no barco, tão perto de onde ele estava aprisionado. Ele estava muito fraco. Ela estava começando a suspeitar que as pessoas de Mathilde estavam fazendo algo mais do que simplesmente o deixar sem sangue. Raphael era mais forte do que isso. Alguns dias sem sangue o teriam deixado fora de seu jogo, mas não tanto.
O relógio estava correndo, e seu coração lhe dizia que precisavam chegar lá esta noite, para que Raphael não passasse por isso outro dia. Mas sua mente dizia que tinham que esperar, que não ajudaria matar todos, inclusive Raphael, por apenas algumas horas de diferença.
Porque de um jeito ou de outro, ela estava indo atrás de Raphael amanhã.
****
— Eu tenho que te dizer, — Mal estava dizendo quando ela começou a descer as escadas. — Foi muito estranho. Eu pensei por um minuto que eu teria que mergulhar atrás dela. Era como se ela estivesse em transe ou algo assim.
— Foi perto... ela sabia que Raphael estava lá. — Cyn reconheceu a voz de Elke. Ela deveria ter adivinhado que era com quem Mal estaria falando. O cara tinha uma queda séria.
— Todos os vampiros podem fazer isso? — Ele perguntou.
Elke bufou desdenhosamente. — Eu não acho que você entenda o poder que levou para Raphael tocar em Cyn. Mesmo com toda a força, é preciso algum magia forte para um vampiro se comunicar com um ser humano durante o seu sono. Para Raphael ter feito isso agora, depois do que eles fizeram com ele? Isso é inacreditável.
— Vocês todos continuam falando sobre o que eles fizeram com ele, ou o que eles ainda estão fazendo. Que porra estão fazendo? Quero dizer, se ele é esse vampiro poderoso, como o estão segurando?
Houve um momento de silêncio, e então Elke falou com uma voz fraca: — Eu não disse nada para Cyn, porque eu não sei ao certo, mas... Acho que Mathilde deve tê-lo sangrado, provavelmente seus lacaios humanos cortaram seus pulsos durante o dia. Ela é muito covarde para chegar tão perto dele à noite, não importa quantos vampiros ela tenha espremendo seu cérebro.
Cyn sentiu como se tivesse sido golpeada. Ela afundou na escada, suas pernas já não estavam dispostas a mantê-la em pé. Elke ainda estava falando com Mal lá embaixo, mas as palavras não faziam mais sentido. Mathilde tinha sangrado Raphael. Ela cortou seus pulsos. E agora ela não o estava alimentando.
Cyn enterrou o rosto em seus braços. Ela sabia que havia algo de errado com ele, algo mais do que apenas alguns dias sem alimentação. Raphael estava morrendo. Ele estava morrendo esta tarde, quando ela estava a apenas cem metros de distância. Ela deveria ter entrado. Se ela soubesse...
— Cyn?
Ela olhou para cima enquanto Robbie se sentava ao lado dela.
— Nós temos que pegá-lo hoje à noite — ela disse a ele com urgência. — Isso significa moldar um pouco o meu plano, mas ainda podemos fazê-lo. Não havia muitos guardas de dia, e à noite, a maioria dos vampiros provavelmente estará ocupada demais segurando Raphael para se preocupar com a segurança. Na verdade, aposto que os guardas noturnos também são humanos. Devemos perguntar a Gardet. Ele vai estar acordado agora, nós podemos...
— Cyn! — Robbie estava praticamente gritando, o que lhe disse que ele estava tentando chamar sua atenção por um tempo. — Pare. Você não está fazendo nenhum sentido.
Cyn percebeu que estava sem fôlego, que estava andando. Mas isso não mudava nada. Virando-se para encarar Robbie, ela segurou seu braço e repetiu atentamente: — Temos que ir buscá-lo hoje à noite. Não há mais tempo. Mathilde já está em Malibu. Não podemos perder...
— Nós não vamos esta noite.
Cyn girou ao som da voz profunda de Ken'ichi. — Por que diabos não? — Ela perguntou, olhando para ele. — E quem o colocou no comando?
— Juro — disse ele simplesmente. — Mas mais que isso, Cynthia. Você é a única que me queria aqui, porque sabia que precisaria de um vampiro poderoso. E agora estou dizendo que devemos esperar até amanhã à noite.
Cyn deu-lhe um olhar cortante, perguntando-se por que o vampiro normalmente silencioso tinha escolhido este momento para exercer suas habilidades verbais. Mas ele estava certo sobre uma coisa. Ela era a pessoa que o queria com ela nesta missão. — Tudo bem, eu estou disposta a ouvir. Porque amanhã?
— Podemos mover esta discussão para a cozinha onde todos podem participar?
Cyn encolheu os ombros com desdém. — Tanto faz. Eu poderia beber uma xícara de café. — Ela se levantou e fez o seu caminho pelo resto das escadas, rodeando a parede para a cozinha a tempo de ver Elke e Mal se separarem como um casal de adolescentes culpados. Esses dois precisavam pegar um quarto e apenas fazê-lo. Colocaria todos para fora de sua miséria.
Aproximando-se da cafeteira, ela serviu uma xícara, adoçou com açúcar e virou para encarar Kenichi. — Então, faça o seu argumento. Por que não esta noite?
— Não há argumento, Cynthia. Não estamos preparados para fazer isso hoje à noite.
— Não é verdade. Mal e eu fizemos o reconhecimento da casa esta tarde, e Gardet pode nos dizer o layout específico e onde eles estão segurando Raphael.
— E quanto aos outros? — Ken'ichi perguntou calmamente.
— Que outros? Quer dizer os guardas? Quantos podem existir? Como eu disse a Robbie, a maioria dos vampiros de Mathilde provavelmente estão muito apavorados de perder o controle de Raphael para jogar tempo fora vigiando o perímetro. Além disso, estive pensando nisso, e essa casa não é grande o suficiente para manter mais de cem vampiros ao mesmo tempo. Aposto que há outra casa por perto. Perto o suficiente para que eles trabalhem com sua magia.
— Se isso é verdade, como você se propõe a livrar o Lorde Rafael de seu domínio?
Cyn olhou para ele.
— Eu o quero de volta tanto quanto você, Cynthia. — Ele ergueu a mão para evitar o protesto que subiu imediatamente aos seus lábios. — Não da mesma maneira — ele admitiu. — Mas Raphael é meu Sire. Quando ele encontrou meu irmão e eu estávamos... — Sua boca apertou, como se ele tivesse dito mais do que ele pretendia. — Ele nos tornou humanos novamente, e então ele nos fez mais. Daria minha vida por ele em um instante. Mas não fará bem a nenhum de nós, nem ao senhor Raphael, nem a você, nem a Juro ou aos outros em Malibu, se nós tentarmos salvar Raphael e falharmos. Seus carcereiros só o protegerão mais fortemente, enquanto nós teremos perdido a maior vantagem que temos.
Cyn suspirou e desviou o olhar. — O fato de que eles não sabem que estamos aqui.
— Sim.
— Então, o que você propõe?
— Fazemos mais uma noite de reconhecimento. Elke e eu vamos vigiar a casa para determinar se existem vampiros presentes e quantos. Entretanto, concordo com a sua avaliação de que os cem de Mathilde estão provavelmente muito próximos. E nosso amigo Gardet saberá onde.
— Tenho uma pergunta — disse Mal, chamando a atenção de todos. — Nunca perguntei a Gardet sobre Raphael. Até onde ele sabe, Cyn está aqui porque tinha uma ligação com uma das vítimas, e nós queremos o assassino. Então por que Gardet me deu a casa onde eles estão segurando Raphael em vez desta outra casa, aquela em que todos vocês pensam que o resto dos vampiros estão ficando? Você pensaria que ele iria querer nos manter longe do prêmio.
Todos olharam para ele por um momento, então Elke apertou seu braço com força suficiente para fazê-lo estremecer. — Parece que você é mais do que apenas um rosto bonito — ela disse, e se virou para os outros. — O que acham?
— Acho que devemos perguntar a Gardet — disse Ken’ichi, sem rodeios. — Foi você quem falou com ele na noite passada, Mal, então você toma a dianteira. Mas estarei com você desta vez. Ele não pode mentir para mim. Ele não é forte o bastante.
— E se ele tentar? — Mal perguntou curiosamente. — Chamamos Cyn com sua arma?
Cyn apertou os dentes contra o tremor que suas palavras causaram. Ela não queria entrar naquela garagem novamente, mas ela faria isso se tivesse que fazer.
— Isso não será necessário — respondeu Ken'ichi. — Creio que a utilidade do Sr. Gardet está no fim. Se necessário, vou vasculhar seu cérebro pelo que precisamos, e depois descartar o que resta.
Cyn levantou os olhos rapidamente. — Se ele morrer, Mathilde não o sentirá?
— Normalmente, — Ken'ichi concordou. — Ela é sua Sire, afinal. Mas eu suspeito que ela esteja muito distante para sentir sua morte, ou se ela sentir, ela provavelmente não vai saber a maneira que aconteceu. Ela provavelmente assumirá que ele morreu no esforço para subjugar Raphael. Ela e seus aliados teriam calculado certo número de fatalidades como uma questão em curso. Além disso — acrescentou com uma voz que tinha ficado gelada — Uma vez que Gardet enfrentasse o meu senhor, sua morte era uma conclusão inevitável.
— Mas se ele perceber que estamos atrás de Raphael... não podemos deixá-lo sair para avisar a ninguém, — Cyn disse urgentemente.
— Isso não vai acontecer, Cynthia, — Ken'ichi disse pacientemente. –Você deve confiar em mim.
Cyn encontrou seus olhos escuros e assentiu. — Eu confio.
A sombra de um sorriso tocou seu rosto antes de se virar para olhar para Mal mais uma vez. — Você entende o que deve ser feito?
Mal acenou tristemente. — Nem tudo, mas o suficiente para saber que se não fosse pela loirinha aqui, eu estaria desejando nunca ter ouvido falar de vampiros. Então me diga, quando descobrirmos onde está esta outra casa, o que faremos então?
— Esta noite é apenas para reconhecimento. Quando tivermos o que precisamos, vamos voltar aqui e elaborar uma estratégia para amanhã.
— Eu tenho uma estratégia — disse Cyn. — Vou amanhã à tarde, durante o dia. Vou encontrar Raphael e estar lá quando ele acordar. — Ela olhou para baixo, relaxando as mãos quando ela percebeu que estava apertando a borda da ilha da cozinha tão forte que seus dedos estavam brancos e sem sangue. — Quando vocês chegarem depois do pôr-do-sol, ele será forte o suficiente para ajudar em seu próprio salvamento. E para se vingar.
Ela olhou para cima então, percorrendo seus rostos. Somente Mal parecia confuso. Os outros compreenderam que Raphael precisaria se alimentar, e Cyn seria a única lá quando ele acordasse. Ela sabia o que isso significava, sabia que ele estaria fora de controle por seu sangue. Mas não queria que mais ninguém o alimentasse. E ela sabia que Raphael nunca a machucaria.
— Cyn... — Elke começou a objetar, mas deu uma olhada na determinação no rosto de Cyn, e assentiu com a cabeça em concordância.
— Vamos discutir os detalhes de sua estratégia antes de encerrarmos a noite — disse Ken'ichi. — De uma forma ou de outra, precisamos estar prontos para nos mover amanhã ao pôr-do-sol.
Ken'ichi e Mal se dirigiram à garagem para questionar Gardet. Elke olhou para a saída de Mal, depois se virou para Robbie e disse: — Você vai ficar com Cyn esta noite?
Ele assentiu. — Como cola.
— Então vou para a garagem. Ken'ichi pode precisar de ajuda extra... e Mal também.
— Podemos pegar algo pra comer — disse Robbie. — Pergunte a Mal se ele quer alguma coisa e me avise.
— Entendi — disse Elke, então correu pelo corredor, como se estivesse preocupada que eles pudessem começar sem ela.
— Você acha que é com Ken que ela está preocupada? — Robbie perguntou levemente.
— De maneira nenhuma — disse Cyn.
— Isso é o que eu pensei, também. Vai colocar sapatos. Estamos fazendo uma corrida atrás de hambúrgueres. Mal me deu instruções de como chegar ao In-N-Out.
— Eu não estou com fome.
— Não? Você parece ter perdido dez quilos, e Cyn querida, você não tem dez quilos pra perder. Além disso, você é uma humana muito pálida. Se você vai alimentar Raphael amanhã à noite, você precisará de mais glóbulos vermelhos do que sua carga atual. Você precisa de carne. E enquanto estamos fora, vamos pegar alguns shakes de alta proteína. Eu sei que você nunca vai concordar em comer antes de partirmos amanhã, mas você pode beber um shake ou dois.
— Robbie.
Ele deu a ela um olhar interrogativo. — Sim?
— Você não pode ir comigo amanhã. Você sabe disso certo? Tem que ser apenas eu e Rafael.
Ele a encarou em silêncio. — Eu não posso ir tão longe quanto onde eles estão segurando-o, no porão ou em um quarto, ou o que quer que seja. Mas eu tenho certeza que o inferno que eu posso levá-la até a casa e cobrir seu traseiro.
Cyn deu um meio sorriso. — Meu plano realmente não pede que minha bunda seja coberta.
— Que porra isso significa?
— É a única maneira...
Cyn parou quando a porta da garagem abriu e Elke colocou a cabeça para fora. — Mal disse para trazer-lhe um shake de chocolate e um par de 3 x 3s. Sem cebolas — ela acrescentou com uma piscadela, depois desapareceu de volta à garagem sem esperar confirmação.
Robbie levantou-se abruptamente. — Vamos, vamos pegar os hambúrgueres, e você vai me dizer o que é esse seu plano de traseiro descoberto.
****
— Eles não vão gostar disso — comentou Robbie.
Eles estavam sentados no In-N-Out, comendo hambúrgueres e batatas fritas, enquanto Cyn explicava seu plano para Robbie. Cyn não esperava ter muito apetite, mas quando começou a comer, descobriu que estava com fome. Ela tinha terminado com um duplo, todas as suas batatas fritas, e uma boa parte de um shake de chocolate, também. Porque Robbie estava certo. Se ela fosse alimentar Raphael, precisaria de algo mais do que café em seu sistema.
— Eles vão ver a lógica disso — disse ela. — Além disso, você percebendo ou não, o foco deles está cada vez mais em Raphael. Eles pensam que eu não sei o que está acontecendo, que eu não o sinto ficar mais fraco, que sou apenas uma estúpida arrogante mulher de vampiro. Eu sou sua companheira, pelo amor de Deus. Mas eu tenho notado que os vampiros têm essa coisa de papaizinho com seu Sire. Está sempre lá, mas sai mais quando estão sob estresse, ou, pior ainda, quando estão sob ameaça. E como todas as crianças, eles querem acreditar que seu pai os ama mais. Quanto maior o estresse, mais apegados eles se tornam.
Ela roubou uma das batatas fritas de Robbie, ignorando seu olhar não tão sutil.
— Até amanhã, estarão tão empolgados que finalmente irão atrás de Raphael que eles me servirão de mãos e pés amarrados, se isso for preciso.
Robbie riu da imagem, mas sacudiu a cabeça. — Isso não é verdade, e você sabe disso.
— Talvez não seja tão ruim — admitiu ela. — Mas eles vão junto com meu plano, porque eles sabem que é necessário. — Ela disse por cima de seu guardanapo. — Devemos voltar.
Robbie suspirou e afastou-se da mesa. — Deixe-me fazer o pedido de Mal, e nós iremos.
Eles pegaram a comida de Mal e uma segunda porção de batatas fritas para o poço sem fundo que era o estômago de Robbie, então voltaram para a casa de Diamond Head. Desde que a garagem tinha sido transformada em uma prisão para Gardet, eles estacionaram na entrada e entraram pela porta da frente. A porta estava trancada e o alarme estava armado no andar térreo, o que Cyn achava estranho. Mas então ela ouviu o chuveiro no andar e cima. Se estivessem todos lá em cima, poderiam ter armado o alarme neste andar com excesso de cautela. Mas por que estavam todos lá em cima? E quanto a Gardet?
Seguindo Robbie para a cozinha, Cyn continuou pelo curto corredor até a garagem enquanto ele deixava o pedido de Mal no balcão. Mesmo antes de abrir completamente a porta da garagem, ela soube que algo havia mudado. As luzes estavam apagadas, e o cheiro... este não era o cheiro que a garagem tinha da última vez que ela estava nela.
Ela acendeu as luzes e olhou fixamente. Todos os sinais de que isso era qualquer coisa diferente de uma garagem comum tinham desaparecido. As colchas que haviam providenciado a cobertura improvisada contra o sol, os plásticos que haviam sido manchados de sangue... e o mais importante, o próprio Gardet, estavam todos desaparecidos.
Robbie veio por trás dela e empurrou-a de lado com um gentil toque. Descendo os três degraus da garagem, ele se virou em um círculo.
— Eu vou dar-lhes isso — ele disse calmamente, — eles fizeram um bom trabalho.
— Isso ajuda quando o corpo morto se desfaz por si mesmo — disse ela distraída, ainda sem acreditar no que estava vendo. — Você acha que Ken'ichi tirou alguma coisa dele antes?
— Eu apostaria nisso. Ele não teria acabado com o cara de outra forma, — ele disse, mas então inclinou a cabeça pensativamente. — Ou ele pode ter feito. Gardet era um idiota de classe mundial.
Cyn ouviu passos e se virou para ver Ken'ichi vindo pelo corredor, sendo intencionalmente barulhento para não assustá-la.
— Ele desistiu do endereço da segunda casa e mais — disse ele, obviamente ouvindo sua pergunta para Robbie – audição de vampiro e tudo isso.
— Como você tem certeza de que ele estava dizendo a verdade?
O grande vampiro lhe deu um sorriso de boca fechada que era em partes igualmente presunçoso e perverso. — Tenho certeza. Embora, sabendo a localização da casa onde Raphael está sendo mantido, estou confiante que poderíamos ter localizado a outra casa sem ele. Eles tinham que estar perto, e muitos vampiros estariam emitindo uma assinatura alta. Mas, de qualquer forma, o Sr. Gardet estava ansioso para nos dizer o que sabia.
— Por que ele desistiu da prisão de Raphael em vez de seus amigos? — Ela perguntou. Isso a incomodava mais do que qualquer outra coisa.
Ken'ichi assentiu com a cabeça. — Gardet assumiu que você seria a única a investigar o endereço que ele nos deu. Que você, e talvez Robbie, entrariam durante o dia com a intenção de encontrar os vampiros que mataram seu suposto amigo e matá-los enquanto dormiam. Como você descobriu, a casa onde eles estão segurando Raphael tem guardas na luz do dia. Gardet contou com eles matando você quando tentasse invadir, eliminando assim a ameaça aos outros sem comprometer o plano maior.
— Já lhe disse — comentou Robbie. — Assassino de classe mundial.
— Há mais — disse Ken'ichi. — Ele admitiu o que já sabíamos, que Mathilde deixou as Ilhas, junto com seus dois senhores. Mais importante, Cynthia, você precisa saber que Raphael nunca está sozinho. Não há nunca menos de três vampiros diretamente na sala com ele, às vezes quatro, se eles não forem fortes o suficiente. Servem como guardas à noite, mas dormem ao seu lado durante o dia, servindo de foco para os outros assim que acordarem.
Cyn ajustou o resto do relatório de Ken'ichi, absorvida preferivelmente com esta parte a mais atrasada de notícia indesejável. Seu plano sempre fora chegar ao lado de Raphael o mais próximo possível do pôr-do-sol, para minimizar a possibilidade de descoberta enquanto esperava que ele acordasse. Mas agora ela teria que dar tempo suficiente para tirar três, talvez quatro, mestres vampiros antes que eles, também, acordassem para a noite.
— Você está bem, Cyn? — A voz de Robbie interrompeu seus pensamentos, dizendo a ela que ela estava muito quieta por muito tempo.
— Sim. Podemos sair daqui? O sangue era ruim, mas esse cheiro de desinfetante está me dando dor de cabeça.
— Claro — disse ele, apontando para que ela o precedesse de volta à casa. — Por falar em limpeza, o que você fez com todo o plástico e essas coisas, Ken?
— Mal e Elke desfizeram-se disso. Ter um detetive de polícia ao redor é mais útil que eu esperava. Mal conhece uma instalação de incineração discreta onde, se o preço for certo, o operador não faz perguntas.
— Usaram o veículo de Mal? — perguntou Cyn.
Ken'ichi assentiu com a cabeça.
— Ainda melhor — disse Robbie. — Se vamos contaminar um carro, melhor que pertença a um policial do que a qualquer um de nós.
— Eles estão tomando banho agora — Ken'ichi disse, então inclinou a cabeça, como se estivesse escutando. — Mais ou menos — acrescentou. — Quando terminarmos, verificaremos as informações do Sr. Gardet, examinamos a área e voltamos aqui para fazer nossos planos para amanhã à noite.
Cyn assentiu. — Você já conversou com o Juro?
— Falei com ele antes de você chegar. Mathilde provou ser bastante previsível em sua resposta à estratégia de Jared e Juro. Está com raiva, mas, tendo perdido a maioria de seu apoio vampiro naquela primeira noite, não está disposta a empurrar o confronto além das ameaças verbais.
— Mas o período de espera se esgota amanhã — disse Cyn, preocupada. — Ela pode reivindicar perda contra Raphael.
Ken'ichi assentiu com a cabeça. — Lucas está pronto para chegar esta noite, embora Mathilde não saiba disso. Quando ela exigir entrada amanhã à noite, reivindicando confisco, Lucas vai desafiá-la pelo território. Se ele tiver que lutar com ela, ele vai, mas a nossa esperança é que ele seja capaz de atrasá-la até Raphael retornar.
Cyn contou as noites em sua cabeça. Faltavam duas noites, ela calculou. Ela tinha apenas duas noites para libertar Raphael e levá-lo de volta para Malibu. E levá-lo em forma suficiente para derrotar Mathilde.
Essa era a única coisa da qual Cyn não tinha absolutamente nenhuma dúvida. Se pudesse levar Raphael de volta para Malibu a tempo, ele iria derrotar Mathilde. Cyn só esperava que ele fizesse a cadela sofrer primeiro.
A voz profunda de Mal e as risadas de Elke descendo as escadas, precedeu-os na cozinha. Os dois tinham obviamente apenas acabado de sair de um chuveiro, e, obviamente, tinha sido em um chuveiro juntos.
Mal imediatamente se dirigiu para a ilha central, e comeu seus hambúrgueres e batatas fritas, mastigando como um homem faminto. Ou alguém que tinha acabado de fazer sexo no chuveiro.
Cyn pegou o olhar de Elke e arqueou uma sobrancelha em questão. Mas Elke simplesmente encolheu os ombros, escondendo um sorriso.
Eles não demoraram muito tempo depois disso. Enquanto Mal comia sua comida, Cyn subiu e se trocou. Esta noite deveria ser sobre reconhecimento, mas ao lidar com vampiros, nunca doía trazer algumas armas especiais. Apenas no caso.
****
Cyn sentou no banco de trás do SUV, olhando para a casa que Gardet tinha afirmado ter uma centena de vampiros focados em conter o poder de Raphael. Teria sido fácil explodir tudo. Eles poderiam voltar de manhã, colocar algumas cargas bem colocadas, lançar algumas granadas através das janelas para uma boa medida, e ir embora. Robbie sabia tudo sobre explosivos, e ela tinha certeza que Mal poderia dizer-lhes onde eles poderiam pegar alguns C4 e detonadores.
Mas de alguma forma, ela duvidava que Mal iria apoiar explodir uma residência no meio de um bairro de Honolulu.
Então, em vez disso, ela se encontrou estudando a casa, vendo todos os sinais reveladores de habitação de vampiros – janelas cobertas com cortinas improvisadas, provavelmente cobertores ou lençóis e sem luzes, embora ela pudesse ver algumas pessoas se movendo. Não tantas como você esperaria com tantos vampiros vivendo no mesmo lugar, e sem vai e vem, mas isso não a surpreendeu. Esses caras tinham um trabalho a fazer, e esse trabalho não permitia socializar. Durante a hora em que estiveram observando a casa – do estacionamento na frente da casa de um vizinho, a mais de um quarteirão de distância – ela havia visto quatro vampiros. Três retornando, e depois mais três saindo.
— Há tantos vampiros lá dentro, — Ken'ichi sussurrou, sua voz tensa como se o machucasse estar tão perto. — E a casa é tão pequena, pequena demais para tantos.
O celular do dia de Cyn tocou. Ela olhou para o número recebido. — Sim.
— Esse é definitivamente o lugar, certo? — Elke perguntou sem preâmbulo. — Há tantos vampiros trabalhando lá que até eu posso sentir isso.
— Sim, — Cyn disse novamente. — Acho que já vimos o suficiente. Certo, Ken'ichi? — Ela perguntou.
Ele não respondeu imediatamente. Mas então ele acenou lentamente. — Podemos ir embora. Isso será para Raphael resolver. Nosso foco deve ser libertá-lo em vez disso.
Cyn estava meio assustada com sua resposta. Ela poderia ter dito a ele que seu foco inteiro sempre fora libertar Raphael. Mas não era só o que Ken'ichi havia dito, era a maneira como ele havia dito isso. Foi assustador, como se sua mente estivesse em outro lugar. Em algum lugar não tão bom.
Ela estremeceu. Ela não poderia sair desta ilha rápido o suficiente. Uma vez que ela tivesse Raphael em seus braços novamente, eles estavam indo dar a merda fora daqui e nunca mais voltar.
Com a luz do dia a menos de uma hora de distância, eles correram de volta para a casa em Diamond Head. Havia pouco tempo para discutir os detalhes mais críticos do plano de Cyn para chegar a Raphael, mas isso era provavelmente uma coisa boa. Ela estava absolutamente decidida em seu curso de ação e não viu o ponto de passá-lo com pessoas que só iriam tentar a fazer desistir dela. Ela não podia admitir isso, entretanto. Então, quando voltaram para a casa, eles realizaram uma sessão de estratégia apressada na cozinha, enquanto Ken'ichi sugava um saco de sangue da geladeira. Aparentemente, a noite tinha o desgastado. Cyn percebeu que Elke não bebia, o que significava que Mal provavelmente descobrira os verdadeiros prazeres de ser amante de um vampiro, inclusive deixando Elke afundar suas presas.
— Se nós estamos ignorando a casa dos vampiros por agora, — Cyn disse, inclinando-se contra o balcão da cozinha, — Então tudo que nós temos que nos preocupar é entrar naquela, onde Raphael está sendo mantido. E a melhor hora para fazer isso é à luz do dia.
— Há guardas ali — lembrou Mal. — Ambos os vimos.
— Mas não havia muitos e não estavam bem colocados. Além disso, eu não estou pensando em atacar a fortaleza. Eu só preciso entrar na casa e encontrar Raphael, então eu posso estar lá quando ele acordar para a noite. Vou precisar de sua ajuda, Mal, e de Robbie. Mas quando eu estiver lá, vocês desaparecerão até a escuridão, quando Elke e Ken'ichi aparecerem.
— E depois? — Mal perguntou.
Cyn olhou ao redor do grupo. — Quando Ken'ichi e Elke chegarem à casa, Raphael será o único a tomar decisões.
— Eu não entendo. Não vai ficar muito doente... — Mal começou a protestar, mas Elke tocou seu braço.
— Eu vou explicar mais tarde — ela disse a ele.
Mal estava claramente frustrado, mas ele deixou ir. — Tudo bem, então vamos voltar para a grande questão. Como você planeja entrar e encontrar Raphael?
— Robbie e eu estaremos no lado da praia, mas eu preciso de uma distração, e é aí que você entra. Quem estava morando naquela casa quando cometeu o erro de convidar Mathilde para dentro provavelmente está morto. Ninguém os relatou como desaparecidos, não que poderíamos encontrá-los de qualquer maneira, mas os vampiros não sabem disso. Pode fazer algum tipo de checagem de segurança, Mal? Você sabe, como se alguém tivesse chamado a polícia, preocupado porque eles estavam tentando alcançar seus avós idosos e não conseguem achá-los?
Mal encolheu os ombros. — Não é o meu ritmo habitual, mas posso fazer isso.
— Você precisa chegar com tanto barulho quanto possível. Eu não quero dizer uma sirene ou qualquer coisa, eu só quero que você seja visível. Certifique-se de que qualquer um que veja o veículo saberá que é HPD. Talvez estacionar na frente da casa, ligar as luzes. Queremos que alguém te assista de dentro da casa para pensar que os vizinhos definitivamente notaram você. Você poderia até bater em um par de portas dos vizinhos primeiro, mostre seu crachá para quem responder. Espero que a ameaça de sua presença na frente da casa atraia alguns, ou mesmo a maioria, da segurança de Mathilde. Eu já estarei lá dentro, e enquanto você jogar o seu jogo na frente, vou localizar Raphael e ficar com ele.
— Você vai entrar?
Cyn sacudiu a cabeça. — Não. Eles vão me convidar.
****
— Este plano é um saco, — Robbie murmurou enquanto eles amontoavam equipamentos no SUV.
— Isso enche o saco, é o que isso faz, — Cyn murmurou. Ajeitou a parte inferior do biquíni que atualmente usava debaixo da camiseta gigante com “meu coração Havaiano” que ela usava sobre a parte superior. E isso era tudo que ela tinha, um biquíni e uma camiseta. O biquíni era necessário para seu plano, mas ela não tinha exatamente embalado ele para tomar sol quando ela estava se preparando para esta viagem. Ela teve que correr para rua e comprar o traje de banho bem cedo esta manhã. Estando no Havaí, havia muitas lojas para escolher, mas ela não tinha tomado o tempo para escolher. Ela simplesmente pegou o que melhor se adequava às suas necessidades, isto é, aquele que mostrava a maior parte da pele, e a comprou sem nem experimentar.
Tecnicamente, ele se encaixa. Ela não estava acostumada a ter a metade de seu traseiro pendurado em público, enquanto os fundos tentavam cortá-la pela metade verticalmente.
Cyn olhou de relance e capturou o olhar preocupado de Robbie. — Não se preocupe. Eu não posso explicar isso, mas eu sei que é isso que eu preciso fazer. Além disso, você está dizendo que eu não estou bem o suficiente neste biquíni para distrair os guardas?
Ele lhe deu um olhar seco. — Buscando elogios? Geralmente não é seu estilo.
— Nem é esta maldita roupa — ela estalou, puxando de novo a tanga, que só estava fazendo o que tinha sido projetado para fazer.
Ambos olharam para cima quando Mal saiu da casa, fechando a porta da frente atrás dele, depois sacudindo a maçaneta da porta para ter certeza de que estava segura.
— Eu não gosto de deixá-los, — ele rosnou, parando no caminho para o seu veículo do HPD que estava estacionado na calçada.
— Não é o ideal — concordou Cyn. — Mas o sistema de segurança está ligado e conectado aos nossos telefones, e você pode voltar logo que... — Seu telefone celular tocou com uma chamada. Não o telefone do dia, mas seu telefone celular pessoal.
Quem quer que a chamasse não podia ser alguém com quem ela quisesse falar, já que todas aquelas pessoas estavam dormindo ou de pé na frente dela. Ainda assim, pensando que poderia ser um de seus amigos do clube dos companheiros, ela verificou e fez um duplo olhar no que viu. Nick Katsaros novamente? Que porra é essa? Ela recusou o telefonema e saiu para guardar o telefone, mas ele nem saiu de sua mão antes que ele a chamasse de novo. Ela recusou e esperou. Mas, desta vez, era um texto.
Cyn. Atenda o maldito telefone. É crítico.
Essa era toda a mensagem dita. É Crítico. Por que ele diria isso? E apenas neste momento, quando ela estava literalmente à beira da batalha mais importante de sua vida.
O celular tocou, fazendo-a pular. Nick. Ela olhou para ele, tentando decidir.
— Cyn? — Robbie disse, sentindo sua preocupação. — Quem é...
Ela o cortou, levantando uma mão para ele esperar enquanto respondia a chamada.
— Nicky, — ela disse cautelosamente. — Este não é um bom momento.
— Cyn, — ele respirou, como se aliviado que ela tinha atendido. — Eu sei o que você está prestes a fazer, e você precisa se encontrar comigo primeiro.
— Você não pode sab...
— Você está se preparando para salvar Raphael. Eu não sei como você planeja fazê-lo, mas eu sei que seja qual for o plano, ele não vai funcionar a menos que você me encontre primeiro.
— Que porra é essa? Como você sabe sobre isso? — Ela olhou furiosamente ao redor, escaneando cada casa, cada sombra, procurando quem quer que fosse que os estivesse espionando. Procurando Nick. Mas como?
— Cyn,— Nick praticamente gritou, ganhando sua atenção. — Você confia em mim?
Cyn respirou, com coração acelerado. Ela confiava nele? — Sim, — ela disse a ele, sabendo que era verdade, mesmo que ela não pudesse dizer por quê.
— Então me encontre, querida. Eu quero a mesma coisa que você. Quero que o seu Raphael seja libertado e que a cadela esteja morta.
Cyn respirou fundo. Como o inferno... — Tudo bem — disse ela, decidindo. — Onde está você? Tem que ser agora, Nick. Estou sem tempo.
— Eu sei. Mova sua equipe. Nos encontraremos no parque de estacionamento da Diamond Monument, então está no seu caminho. Parque no trailhead. Estou num Panamera preto.
— Dez minutos — ela disse, e desligou. Ela olhou para cima para encontrar Robbie observando-a de perto.
— Uma voz do passado — disse ela. — Mas um homem em quem confio. Ele tem algumas informações sobre a situação de Raphael. Algo que ele diz que precisamos saber antes de entrar. Nós vamos encontrá-lo no estacionamento do Monument. — Ela estremeceu debaixo da camiseta fina enquanto dizia as palavras. Algo aconteceu com Raphael? Alguma coisa ainda pior do que ela achava? Mas Nick não a chamaria se não pudesse ser consertado. O que quer que fosse.
— Vamos — ela disse.
****
Eles chegaram em dois veículos, com Mal seguindo seu SUV em seu sedã HPD em questão. Estava desmarcado, mas qualquer pessoa com olhos sabia o que era.
Cyn viu o Porsche Panamera imediatamente, preto com janelas coloridas. Um carro elegante com muito poder, mas sutil para Nick, que tendia a ir com descapotáveis ??chamativos, como Ferraris de $200,000.
Robbie estacionou ao lado dele, intencionalmente colocando Nick em seu lado do veículo, o que deixou duas larguras de veículo cheio entre Nick pessoalmente e Cyn. Cyn sacudiu a cabeça. Ela entendeu o instinto que fez Robbie fazê-lo, mas ela conhecia Nick, e ele não era uma ameaça para ela.
Nick saiu do Panamera quando eles saíram, cada polegada longa, e forte dele. Cyn estava cem por cento comprometida com Raphael, mas isso não significava que ela era cega. Nick Katsaros era um homem bonito. Ele sempre foi. Mais de dois metros de músculo bem tonificado, com ombros largos e pernas longas e magras. Seus cabelos ondulados e castanhos estavam mais longos do que a última vez que ela o vira, e seus olhos castanhos estavam cobertos por um par de óculos Oakleys polarizados, que ele puxou enquanto caminhava ao redor do carro para cumprimentá-los.
— Cyn, — ele disse calorosamente, abrindo os braços. — Ainda podemos nos abraçar?
Ela sorriu e entrou em um abraço rápido, mas foi Nick que se afastou primeiro, olhando para ela de cima e abaixo, observando sua camiseta sobre o conjunto de biquíni. — Não é o seu traje habitual, mas parece bom como sempre — disse ele.
Cyn riu fracamente, virando-se quando sentiu Robbie se aproximar dela.
— Nick Katsaros, Robbie Shields, — ela disse, apresentando-os.
Os dois homens apertaram as mãos, sem sequer fingir que não estavam tentando esmagar os ossos um do outro. Robbie era mais largo, mais grosso com músculos, mas apesar de toda sua aparência magra, Nick sempre possuiu uma força oculta.
Mal se juntou à multidão e se apresentou. — Maleko Turner, HPD —disse ele, sem oferecer a mão, mas pelo menos pondo fim à luta de poder entre os outros dois.
Nick piscou para Cyn enquanto flexionava os dedos. — Tão bom quanto é te ver, Cyn, eu sei que o tempo é curto, então eu vou direto ao ponto. Eu sei que Mathilde levou o seu cara, e eu suspeito que você está prestes a montar um resgate. Eu teria chegado aqui mais ced...
— Eu nem vou perguntar como você sabe essas coisas, — Cyn interrompeu. — Você é um vendedor, pelo amor de Deus. Ou pelo menos...
— Eu não sou um vendedor — ele disse, soando um pouco exasperado. — Eu nunca fui um vendedor. Você simplesmente assumiu que eu era. Talvez tenha tornado mais fácil para você esquecer as coisas que você não poderia explicar, mas, querida não temos tempo para isso. Depois que você terminar, depois que você trouxer Raphael para casa, nós conversaremos. Ok?
Cyn assentiu. — Então, por que o encontro?
Ele olhou para Robbie e Mal por sua vez, olhando-os inquietos. — Cyn... Isso é delicado. Não sei quanto você compartilhou...
— Tudo — interrompeu ela. — Bem, tudo a ver com esta operação de qualquer maneira. O que quer que seja, você pode dizer isso a todos nós.
Ele a olhou por um momento, depois deu de ombros como se quisesse reconhecer que era sua decisão tomar.
— Você sabe o quão poderoso é Raphael, — ele disse falando em voz baixa. — Então você sabe que teria levado muito tempo, não só para pegá-lo inconsciente, mas para enfraquecê-lo até o ponto onde eles pudessem segurá-lo.
Ele estava dizendo o que Cyn havia pensado mais de uma vez nos últimos dias, então ela não podia discordar. Embora ela certamente se perguntasse como Nick sabia tudo isso.
— Elke acha que eles estão sangrando ele...
— Eu estou supondo que Elke é uma vampira, e ela está certa. Eles provavelmente estão, para restringir seus ataques, se nada mais, mas há mais. Mathilde colocou as mãos em um conjunto de... algemas como elas seriam chamadas agora, mas elas são muito mais do que isso. Elas são as Algemas de Âmbar e estão além de antigas, um artefato de poder tremendo que foi criado quando a magia ainda dominava este mundo.
— Magia? — Cyn disse, não escondendo sua incredulidade.
Nick olhou fixamente. — Cyn, você vive com um vampiro, pelo amor de Deus. E não apenas qualquer vampiro, mas um cara que é um dos maiores sumidouros de energia mágica do mundo hoje. Como você pode não acreditar em magia?
— Bem, sim, Raphael é incomum, mas... Algemas mágicas?
Nick piscou para ela. –Você é mais esperta do que isso, Cyn. Mas não temos tempo para discutir sobre isso. As algemas de Âmbar fazem mais do que simplesmente amarrar sua vítima; elas drenam sua energia até que ele mal possa permanecer na posição vertical. Quanto mais ele as usar, mais fraco ele se tornará. Pior ainda, elas não podem ser quebradas ou forçadas, só abrirão com a chave.
— Você está dizendo que Mathilde prendeu Raphael nestas algemas? Mas se ela fez isso, então ela tem a chave, então como eu...?
— Eu nunca disse que havia apenas uma chave. — Nick alcançou através da porta aberta do Porsche e agarrou algo do assento, deixando Robbie e Mal ambos tensos e expectantes. Mas ele emergiu com algo nos dedos, algo longo e de bronze...
— Uma chave — sussurrou Cyn.
— Elas foram chamadas de Algemas Âmbar por uma razão. Duas chaves foram feitas, uma para o captor, e outra para o prisioneiro. Só que a chave do prisioneiro estava envolta em âmbar, posta à vista para atormentá-lo com o conhecimento de que sua liberdade estava tão próxima e ainda completamente inacessível. Mesmo que um prisioneiro conseguisse se apoderar da chave, ele não teria força física para esmagar o âmbar para que a chave pudesse ser usada.
— E esta aqui? — Cyn perguntou, estudando o estreito pedaço de bronze. Não parecia muito com uma chave, pelo menos não por padrões modernos. Era uma vara longa e estreita, com um simples anel em uma das extremidades, e esculturas ao longo do barril que poderiam ter sido algum tipo de linguagem, mas não uma que ela reconhecia.
— A chave âmbar. Destruída por mim mesmo anos atrás, quando foi recuperada de um colecionador sem escrúpulos que estava procurando as algemas. Eu nunca estive com as algemas, mas ele não sabia disso. Eu sabia que elas estavam na Europa em algum lugar, mas não foi até Mathilde usá-las que eu soube a sua localização exata.
— E isso o trouxe para o Havaí?
Ele assentiu. — Seu uso delas em Raphael me trouxe aqui, mas esta não é a primeira vez que ela as usa. Mathilde é muito velha e um pouco psicopata. Eu pagaria um bom dinheiro para assistir Raphael matá-la, mas duvido que ele iria acolher a minha presença — ele acrescentou, dando uma piscada Cyn.
— Se isso me ajuda a libertá-lo, você tem um lugar na primeira fila — disse ela. — Como funciona?
— Simples. Você toca a chave direto no encaixe da algema e é isso.
— Nenhuma palavra mágica ou algo assim?
Nick sacudiu a cabeça. — Posso ver que precisamos conversar. Mas depois. Você precisa chegar a Raphael agora. — Ele se inclinou e beijou-a levemente na bochecha. — Boa sorte, querida.
— Por que você está fazendo isso? — Ela perguntou, estudando seu belo rosto. — Você não conhece Raphael.
— Você está certa, mas eu conheço você. Há o bem e o mal neste mundo, Cyn, e eu sei de que lado da linha você está. Então, se você ficar com seu vampiro, então eu sei onde ele está, também.
— Obrigada, Nicky — disse ela solenemente.
Ele sorriu. — Além disso, seu vampiro me deve uma agora. E eu sempre recolho minhas dívidas.
Deslizando os óculos de volta, ele acenou com a cabeça para os dois homens, depois entrou no Panamera e fechou a porta. Afastando-se com um guincho de pneus, ele fez uma volta de 180 graus e saiu do estacionamento com um spray de sujeira e o cheiro de borracha queimando.
— Babaca, — Robbie murmurou, acenando uma mão na frente de seu rosto.
Cyn ignorou a réplica óbvia – que o babaca poderia ter salvo a vida de Rafael – e disse apenas: — Vamos pegar Raphael.
****
Como Cyn tinha explicado aos outros, seu plano era duplo, e a primeira parte era ela entrar na casa. Os guardas da luz do dia que ela observara haviam sido menos disciplinados do que o que ela estava acostumada com Raphael, mas eles ainda pareciam ser profissionais. Suas armas e a maneira como as carregavam falavam de treino militar, e tinham estado alertas o suficiente para que ela duvidasse de que pudesse simplesmente escapar pela porta dos fundos.
Não, como ela havia dito aos outros, ela pretendia ser convidada. Daí o biquíni, e sua localização atual, que estava sentada no barco de Mal, a cem metros do mar, duas casas em direção ao alvo. Ela verificou os relatórios marítimos esta manhã, e agora estava feliz em ver que eles estavam certos sobre as condições de surf. A água era plana e a temperatura quente, o que tornaria mais fácil nadar. Mas a distância ainda asseguraria que ela chegasse parecendo molhada e desarrumada em seu biquíni.
Cyn não pensava frequentemente em como se parecia, era simplesmente parte de quem ela era. Mas isso não significava que ela não estava ciente dela. Tinha sido dito muitas vezes a ela quão bonita ela era, mesmo antes de atingir o ensino médio, quando algumas de suas babás estavam convencidas de que ela deveria ter como objetivo uma carreira de modelo. Pelo menos, até que sua avó apareceu e fechou essa linha de pensamento completamente. Naturalmente, olhando para trás, sua avó poderia ter preferido que Cyn se tornasse uma modelo em vez de uma policial, mas essa água passou há muito tempo sob a ponte.
Ela estava mais do que feliz em usar sua aparência quando podia fazê-la trabalhar para ela, e esta era uma daquelas vezes. Uma bela, peituda, mas desamparada, vestindo nada além de um biquíni, aparece na sua praia, e você é um homem forte e capaz em uma profissão cujo treinamento enfatiza a proteção dos fracos... o que você faz?
Cyn estava esperando que eles envolvessem seus braços fortes em torno dela, lhe dessem uma toalha, e a convidassem para dentro para se aquecer. Talvez até mesmo se oferecer para realizar CPR, embora ela esperasse que não chegasse a isso. Ela realmente não queria ser uma bela vítima de afogamento, ela só queria parecer uma.
— Você tem certeza sobre isso? — Robbie perguntou, enquanto tirava a camiseta, deixando-a em nada além do biquíni.
— Tenho certeza — disse ela, tentando soar como se quisesse dizer isso. — Apenas certifique-se de pegar minha sacola no jardim antes de Mal bater na porta. Se eu acabar lutando com alguém, eu quero ter algo mais do que uma chave antiga.
— Essa chave ainda parece segura o suficiente? Porque nós podemos...
— Robbie, — ela disse, segurando seu pulso, que estava completamente embrulhado em fita adesiva branca. Debaixo da fita estava a chave, que tinha sido enroscada em um cabo à prova de água e, em seguida, enrolada ao redor e em torno de seu pulso até que ela começou a se preocupar com a circulação na mão. Mas entre as bobinas de corda e as camadas de fita segurando-a no lugar, a chave estava segura, e isso era tudo o que importava.
Ela saiu para a plataforma de mergulho de barcos. — Raphael e eu estaremos esperando por vocês, — ela disse a ele. — Não nos desaponte.
— Estaremos lá.
Ela deu-lhe um sorriso final por cima do ombro, depois mergulhou no Oceano Pacífico e começou a nadar.
Capítulo 17
Noite Três – Malibu, California.
JURO ASSISTIU O monitor de segurança, enquanto Mathilde fazia uma viagem curta do seu trailer até o portão da frente, acompanhada do seu último vampiro sobrevivente. Aquele vampiro não era poderoso em nenhum sentido da palavra, e Juro tinha certeza que Mathilde preferiria ter ao menos um único mestre vampiro nas suas costas. Infelizmente para ela, isso era tudo que tinha sobrado.
Nada disso importava naquele momento, no entanto. Essa era a terceira noite desde que Mathilde tinha anunciado sua intenção de desafio. Ela não estava aqui dessa vez para exigir melhores acomodações ou um doador de sangue vivo. Ela estava aqui para fazer um desafio final e declarar o território seu por perda, desde que ela sabia muito bem que Raphael não estava aqui para responder.
— Ela está batendo de novo, — Juro disse.
— Vamos fazer ela esperar? — Jared perguntou do outro lado do quarto, onde ele tinha apenas terminado a conferência por ligação com Anthony e Vincent. Nenhum deles achava que os vampiros europeus iriam parar com o oeste. Se Mathilde tivesse ou não sucesso em seu plano para tomar o território de Raphael, os outros dois lordes vampiros que estavam com ela no Havaí tinham desaparecido do radar de todo mundo na mesma noite que Mathilde tinha aparecido em Malibu. Era uma aposta segura achar que eles tivessem delineados seus próprios planos visando um ou mais territórios, mas ninguém sabia onde, e todo mundo estava tentando estar pronto para eles.
— Isso importa? — Juro perguntou em resposta à pergunta de Jared.
— Você é sempre tão rígido, Juro, — Lucas disse, saindo da sala de conferência como se não tivesse uma preocupação no mundo. — Eu tinha esperanças de que uma boa mulher como Lucia iria iluminar um pouco você.
Juro virou e deu a ele um olhar sombrio.
Lucas levantou suas sobrancelhas em resposta. — Acho que não, — ele disse levemente, então se jogou em uma das grandes poltronas giratórias ao redor da mesa de conferência.
Juro sabia que Lucas era um bom lutador e um bom lorde para seu território, mas o vampiro estava em seus nervos. Parecia que não havia nenhuma situação grave o suficiente para o idiota ser sério.
— Então, o que a Lady Mathilde tem essa noite? — Lucas perguntou, saindo da cadeira que ele tinha acabado de pegar. Ele andou e sentou ao lado de Juro, assistindo o monitor enquanto a cena ao redor do portão se desdobrava. — Além desse terrível gosto para roupas. — Ele disse fazendo uma careta. — Alguém precisa mostrar a aquela vadia o calendário. O ano 1400 é tão ultrapassado. Ela sempre se veste desse jeito?
Juro estudou a imagem de Mathilde na tela. Ele discordava de Lucas sobre um monte de coisas, mas não sobre a escolha de vestido de Mathilde para essa noite. Ela estava usando o mesmo tipo de estilo que usara quando se encontrou com Raphael. O vestido era feito de um tecido brilhante em roxo real – não era uma escolha casual de cor, Juro estava certo. Tinha um corpete apertado, babados, mangas bufantes e uma saia cheia, que faria uma briga real impossível. Seu cabelo loiro estava preso de uma maneira elaborada com grandes cachos pendurados sobre seu ombro, e ela estava sorrindo diretamente para a câmera, sua expressão era de triunfo, como se ela soubesse que eles estavam assistindo.
— Ela realmente acha que nós vamos ficar quietos e deixá-la valsar aqui?
— Ela provavelmente espera um desafio de mim ou de Jared, mas ela não está preocupada conosco.
— Eu não tenho certeza se ela não deveria estar. — Lucas comentou quietamente. — Qualquer um de vocês provavelmente poderia acabar com ela.
Juro fechou os olhos brevemente ao elogio, e a confiança que isso revelava. Eram em momentos como esse que ele entendia a crença de Raphael em Lucas como um amigo e aliado. O vampiro podia ser uma dor na bunda, mas quando o empurrão vinha, ele era todo negócios, e sua lealdade era inabalável.
— Mas nós não queremos que ela saiba disso. Ela não deveria saber sobre você também.
Lucas deu-lhe uma palmada nas costas, fazendo a mandíbula de Juro se apertar em irritação. Ele odiava quando Lucas fazia isso, o que era provavelmente o motivo dele continuar fazendo.
— Não se preocupe, grandão. Eu tenho isso. Deixe ela entrar na casa. Isso fará ela sentir como se tivesse ganho alguma coisa, a fará mais receptiva quando eu encenar a minha parte. Ela verá exatamente o que ela quer ver. Nosso único problema será mantê-la fora da minha cama.
Juro não conseguiu impedir que o olhar de desgosto atravessasse o seu rosto quando ele se virou para encarar Lucas. — Você está casado com Kathryn, — ele lembrou a ele.
Lucas riu. — Eu não disse que eu vou deixar ela ir para minha cama, Juro. Por Cristo, ela é como minha avó ou algo do tipo. Nojento. — Ele tremeu. — Eu apenas disse que ela vai querer estar lá.
— Pare de atormentar todo mundo, — Kathryn Hunter brigou com Lucas, entrando no quarto. — E sua cama já está preenchida. Permanentemente.
— E encantado eu estou minha, Katie, — Lucas cantarolou, atravessando a sala para dar um beijo na sua parceira. — Devo apontar, no entanto, para vocês que desconhecem minha proposta aqui, que meu objetivo aqui é desafiar a reinvindicação de Mathilde, enquanto a encanto a fazendo acreditar que eu não represento nenhuma ameaça real.
— Eu entendo bem o bastante, — Kathryn disse, apertando a bochecha dele. — Mas sem toque.
Lucas sorriu, parecendo deliciado com a mostra de ciúmes de sua parceira.
— Eu disse ao guarda para deixá-la entrar. Ela está em seu caminho. — Jared disse, interrompendo a troca alegre deles. — Não vai demorar agora.
— Bom, — Lucas disse, seu comportamento se tornando mortalmente sério em um segundo, o que era tão típico dele. — Eu estou cansado de Mathilde e suas demandas. É a hora dela jogar o nosso jogo agora.
****
Eles a encontraram no andar de baixo, na sala de recepção, não querendo que ela sujasse o espaço privado de Raphael no andar de cima. Jared e Juro estavam esperando, juntamente com os seus guardas de segurança, quando Mathilde entrou como uma monarca conquistadora.
— Jared, Juro, — ela disse, suas narinas apertadas como se doesse respirar o mesmo ar que eles respiravam. Seu olhar se levantou para a dúzia de vampiros nas costas deles, qualquer um que poderia derrubar seu próprio lacaio com um pensamento. — Os outros podem ir embora. Falarei com vocês e seu capitão mais tarde.
Juro riu, trazendo um silvo indignado de Mathilde. — Eles não têm um capitão, — ele explicou. — Eles têm a mim. E eu sou o chefe da segurança de Raphael.
— Não por muito tempo, — ela bateu. — Onde está ele de qualquer maneira? O tempo está correndo, e eu estou ficando impaciente para reivindicar meu novo território.
— Reivindicar e ter são coisas diferentes, — Jared a lembrou. — Simplesmente dizer isso não faz verdadeiro.
O poder de Mathilde subiu de repente preenchendo a sala, pressionando a alma de Juro de uma forma que ele sabia que Jared também estaria sentindo.
— Eu não pedi lições da sua parte sobre como reivindicar um território, Jared Lincoln. Eu era uma lorde bem antes de você ter nascido naquela plantação da Geórgia. Ah sim, — ela continuou, — eu sei tudo sobre você, e você também, Juro. De qualquer forma, onde está seu irmão gêmeo? Eu quero ver se vocês são tão idênticos como eu ouvi falar.
Nenhum dos dois se incomodou em responder as provocações de Mathilde, e especialmente a sua questão sobre Ken’ichi. Essa era uma estrada que eles definitivamente não queriam ir com ela.
— Por que você está aqui, Mathilde, e por que as roupas? — Juro perguntou, passando seu olhar pelo vestido extravagante.
O nariz de Mathilde foi para cima, olhando de cima para eles, mesmo que cada um deles fosse, pelo menos, trinta centímetros mais alto que ela. — Eu acho que é obvio até para vocês. Sendo um desafio formal a Raphael, Lorde do Oeste, de acordo com a lei e tradição vampira, eu por meio dessa...
— Lady Mathilde, — a voz de Lucas interrompeu o anúncio dela.
Apenas sobre a linha, como de costume. Juro pensou. Lucas podia ter entrado muito antes, mas não havia dúvidas de que ele tinha prazer em encenar uma entrada dramática, isso reafirmava a opinião de Juro sobre ele.
Mathilde ofegou audivelmente, girando em um dos seus saltos para confrontar quem quer que ousou interromper seu momento de glória. Quando ela viu Lucas, sua primeira reação foi choque, seguida de perto por um distinto olhar feminino de apreciação.
Juro franziu os lábios reflexivamente. Talvez Lucas estivesse certo sobre Mathilde, depois de tudo. Ou Raphael estava, desde que tinha sido sua ideia usar Lucas como segurança e distração.
— Lucas? — Mathilde falou, seu jovem rosto assumindo uma expressão de flerte. Ela olhou para ele de cima a baixo. — Você ainda serve Raphael?
Lucas deu de ombros negligentemente, rondando mais de perto para analisar Mathilde da cabeça aos pés. — Você parece amável, Mathilde. A idade te fez bem.
— E a você, — ela quase ronronou. — A última vez que te vi, você ainda era um jovem desajeitado. Um homem humano muito jovem.
— Vamos, não vamos jogar. Você deve saber que Raphael me transformou anos atrás.
Ela inclinou sua cabeça, sorrindo. — Você está certo, claro. Eu não sou tola o suficiente para desafiar Raphael sem checar seus amigos e aliados. Mas eu também sei que você tem seu próprio território. Então, por que você está aqui?
Lucas virou suas costas para ela, atravessando a sala para cair levemente em um dos elegantes sofás espalhados pelo quarto. — Meu tenente faz a maior parte do trabalho do dia a dia, — ele disse sem constrangimento. — Coisas tediosas. Eu apenas dou um pulo quando há alguma coisa que valha a pena.
— E Raphael aprova?
Lucas bufou um riso. — Eu sou um lorde vampiro, Mathilde. Eu não preciso de sua aprovação mais.
— Isso não foi o que eu ouvi. Eu ouvi que vocês dois são como parceiros de crime... ou amantes.
Lucas fez um som de reprovação. — Depois de todos esses anos, você ainda tem ciúmes de mim e de Raphael. Você nunca vai superar isso, vai?
Mathilde enrijeceu. — Eu não tenho ideia...
— Você me queria. Ele me tinha. Simples assim.
— Por que você está aqui, Lucas? — Ela perguntou, fungando delicadamente.
Lucas ficou de pé com um longo suspiro. — Eu estou aqui para um desafio, seu desafio... bem, isso soa ridículo, não? Vamos fazer isso simples. Eu desafio o seu direito sobre esse território. Você quer? Então lute comigo por isso.
— Você não pode lutar o desafio por Raphael, apenas Jared...
— Por favor, — Lucas disse, derramando a palavra sarcasticamente. — O que nós somos, humanos, que brigam sobre quem tem o direito? Nós somos vampiros, e vampiros tem uma regra e apenas uma regra. Pegue o que consegue segurar. Você quer o território. Eu quero o território. Então nós brigamos por ele.
— Por que, quando você governa as Planícies por quase 200 anos?
— Eu gosto mais do tempo daqui. Além disso, você dificilmente é alguém para reclamar sobre alguém já ter um território. Você tem um seu, conforme eu me lembro.
— Você está me desafiando de verdade?
Lucas piscou. — Eu estou realmente. Embora, — ele olhou suas roupas elegantes mais uma vez. — Eu estou disposto a esperar uma noite. Eu odiaria arruinar um belo vestido. Aliás, tem uma festa essa noite na minha casa de sangue favorita, e você sabe o que eles falam sobre as garotas da Califórnia.
Mathilde franziu a sobrancelha profundamente, e Juro pensou por um momento que ela fosse recusar. Ou pelo menos recusar a dar uma noite a mais a Lucas, que era o ponto principal desse pequeno drama.
— Muito bem, — ela disse finalmente. — Embora eu espere que você pensará sobre isso no meio tempo. Eu preferiria que fossemos amigos do que inimigos, Lucas, — ela murmurou, inclinando-se para perto dele. Se endireitando mais uma vez, ela se virou para Jared e disse: — Eu vou, no entanto, permanecer na casa até que isso seja decidido. Você providenciará acomodações adequadas...
— Não irei, — Jared disse, a interrompendo.
Ela o encarou. — Rafael está em omissão. Pelos direitos...
— Você não tem direitos nessa casa, Mathilde. O território não é seu ainda. Lucas contestou seu desafio, e, francamente, eu preferiria ele do que você. Se você ganhar, você pode organizar qualquer acomodação que você gostar. Tenha certeza que nem eu ou a maior parte das pessoas de Raphael irão ficar aqui para ver qual quarto você selecionou.
Juro esperou Mathilde explodir, para finalmente usar algum poder considerável que ele poderia sentir a invadindo. Mas mais uma vez, ela recuou, claramente mais preocupada sobre a luta em potencial com Lucas do que sobre ela dormindo no trailer por mais um dia.
— É melhor você correr rápido, Jared Lincoln. Eu não vou esquecer disso.
Jared deu um negligente encolher de ombros, então gesticulou para sua equipe de segurança. — Mostrem a Lady Mathilde o portão, por favor.
— Lucas! — Mathilde ordenou, como se esperasse que ele intervisse.
Mas Lucas apenas deu de ombros. — Ainda não é meu território, baby. Não são minhas regras. Eu te vejo amanhã de noite. Vamos ser civilizados e fazer isso às dez horas. Podem ter sobrado senhoras para entreter. Você entende, — ele adicionou com uma piscada.
A boca de Mathilde franziu com desaprovação, sua saia de cetim agitando no chão de mármore enquanto ela se virava para encontrar seis vampiros que se aproximavam para a escoltar de volta para o portão.
Juro e os outros esperaram até ouvirem a porta da frente fechar na bunda dela, em seguida o bater das portas do SUV, e o som dos motores se distanciando do portão, antes de falarem.
— Isso foi divertido, — Jared disse secamente.
— Foi como o esperado, de qualquer jeito, — Lucas concordou. — Vamos esperar que eu possa atrasá-la amanhã de novo se for necessário. Alguma palavra de Cyn?
Juro suspirou. — Ken’ichi ligou. Eles estão se movendo essa noite.
— Quando saberemos se eles tiveram sucesso? — Lucas perguntou firmemente.
— Espero que antes da manhã, mas com a diferença de hora... — Ele balançou sua cabeça. — Talvez não até a noite de amanhã.
— Cyn pode ligar e deixar uma mensagem... — Lucas começou a dizer.
Mas Juro o interrompeu. — Se eles tiverem sucesso, Cyn terá coisas mais importantes em sua cabeça. Eu pedirei a Robbie para fazer isso.
— Ele pode ligar para Kathryn. Me dê o seu número. Eu mandarei uma mensagem a ele.
— Certo. Vamos subir, então. Nós temos que estar prontos... apenas no caso.
— Não há com o que se preocupar, meu amigo, — Lucas disse confiante. — Raphael vai estar aqui, amanhã ou na outra noite. E ele vai limpar o chão com Mathilde.
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Noite três – Honolulu, Havaí.
Cyn nunca havia se considerado uma boa atriz particularmente. Ela era muito irritadiça para fingir que gostava de alguém que não gostava, muito impaciente com a estupidez para ser... bem... paciente. Mas uma vez que ela alcançou a areia atrás da casa de praia roubada de Mathilde, ela descobriu que não havia necessidade de atuação. Ela estava realmente exausta. Aparentemente toda aquela academia que Elke fez ela fazer diariamente, não a tinham preparado para cem jardas a nado.
Ela cambaleou até a praia, então se forçou a continuar andando até ela atingir a areia atrás da casa onde Raphael estava esperando por ela. O sol já estava baixo no horizonte e o ar suave parecia frio na sua pele rapidamente fria. Suas pernas e braços pareciam como borracha enquanto ela cambaleava para frente. Ela finalmente se permitiu cair de joelhos, tremendo, esperando que alguém estivesse vendo. Isso tudo seria por nada se ela não conseguisse entrar na casa. Dessa distância, ela podia sentir a mente adormecida de Raphael procurando por ela. Era uma sobra do seu usual, parecendo mais como um instinto do que um ato proposital. Alguma parte dele sabia que ela estava perto e queria ela com ele.
— Eu estou indo, querido, — ela sussurrou, praticamente rastejando pela areia até o gramado do quintal cuidado.
A grama era dura contra sua pele depois de tanto tempo no oceano, cada folha como uma ponta sem corte de uma faca. Ela tremeu novamente, chacoalhando tão forte que seus ossos doeram. Isso era mais do que uma reação a temperatura do ar. Isso era seu corpo a lembrando que ela não tinha comido o bastante por dias para manter sua temperatura interna depois de tanto esforço físico. Ela não iria fazer nenhum bem para Raphael se ela não conseguisse se aquecer logo.
Esse pensamento a levou de volta para seu pé, ela tropeçou em direção a vista da casa.
— Hey! — Uma voz áspera de homem a assustou, a deixando cair em seus joelhos mais uma vez. Ela se virou para o som, tirando o cabelo molhado de seu rosto, e piscando enquanto um par de guardas se apressavam para frente. Era a maldita hora.
— Ajuda, — ela disse, sua voz surpreendentemente fraca para suas próprias orelhas. — Eu fui pega... — Ela tossiu violentamente, seu peito doendo com o esforço.
— Mas que porra? — O segundo guarda a alcançou, um deles parado a alguns centímetros, enquanto o outro veio aos joelhos perto dela. — De onde você veio? — Ele perguntou, olhando para longe dela em busca na praia.
— Nadando. — Ela ofegou entre as tosses, então estremeceu quando outro calafrio sacudiu seus ossos.
— Ela está congelando, homem, — o guarda próximo a ela falou para seu companheiro. — Nós precisamos a levar para dentro.
— Nós não podemos fazer isso. Merda.
— Bem, nós não podemos deixar ela aqui para morrer, e nós não podemos ligar para um médico exatamente.
Cyn segurou seu pulso firmemente, forçando-o a olhar para ela. — Correnteza, — ela murmurou, mal capaz de sentir seus próprios lábios.
— É isso. — O cara moveu sua M4 ao redor, de modo que ela ficou em suas costas, então levantou-a em seus braços. Ele se levantou relativamente tranquilo, o que disse a Cyn que ela estava certa sobre esses caras. Eles não eram gordos, fora de forma, farsas contratadas. Eles eram em forma e profissionais. E graças a Deus, eles tinham um fraco por mulheres em biquínis afogadas.
— Não se preocupe, — ele disse a ela. — Nós a esquentaremos e a levaremos de volta para seu hotel.
— Waikiki, — Cyn sussurrou, preenchendo o cenário.
— Eu te disse, — o cara disse ao seu amigo. — Nós vamos secá-la e dar a ela uma carona. Sem mal, sem falta.
Dez minutos depois, Cyn estava sentada na cozinha da casa de família, enrolada em várias toalhas grandes e com um copo de café na frente dela. Seu socorrista tinha colocado açúcar em sua bebida escura, enquanto dizia que ela precisava de energia. Ela não podia argumentar com isso. Outro dos guardas tinha oferecido a ela um par de meias quentes e agora, quase todos os centímetros dela estavam cobertos com alguma coisa. Eles estavam sendo tão bons, ela se sentiu quase culpada. Culpada o suficiente para que esperasse que nenhum deles morresse no tiroteio que se seguiria. Pelo que ela tinha ouvido da conversa deles e de rádios unilaterais, não soava como se eles soubessem o que estavam guardando. Eles pareciam apenas saber que tinha alguma coisa relacionada com vampiros, mas não que alguém estava sendo mantido como prisioneiro. Era apenas alguma coisa que os vampiros estavam guardando nos fundos da casa, onde eles estavam proibidos de ir. De onde ela esta sentada, ela podia dizer que eles estavam acampando na sala de estar aberta da família, e cozinhando suas refeições na cozinha. Um conjunto de portas, que logicamente dizia a ela que levaria aos quartos do outro lado da casa, estava fechada firmemente, e nenhum dos caras chegava perto delas. Até mesmo as toalhas que eles enrolaram nela vieram de um grande closet perto do banheiro de convidados.
Ela estava surpresa de saber que eles estavam vigiando a casa ao redor do perímetro. Uma conversa murmurada entre seus socorristas, a maior parte preocupada sobre ter ela fora da casa antes dos seus visitantes da noite chegassem, confirmou que um novo contingente de vampiro aparecia toda noite logo após o pôr do sol. Eles desapareciam dentro dos quartos de trás, os vampiros anteriores surgiam e saiam sem dizer uma palavra, e era isso. Nenhuma saudação de qualquer tipo, nenhuma informação trocada.
Mathilde estava aparentemente tão confiante do sucesso de seu plano, tão certa que não teria nenhuma tentativa de resgate que ela não se incomodou com uma força de segurança vampira. Claro, isso podia ser porque ela não tinha mais vampiros de sobra para o trabalho, que toda sua força tinha que se concentrar em simplesmente conter Raphael. Ou, talvez, ela estava contando com seus espiões no aeroporto para alertar os vampiros locais se alguém ameaçasse aparecer.
Uma coisa parecia clara. Mathilde nunca nem considerou a possibilidade que os salvadores de Raphael já estivessem na ilha, que eles estavam aqui quando ele tinha sido pego, e que eles estavam esperando para resgatá-lo desde então.
— Você está se sentindo melhor, senhorita? — Seu bom samaritano original perguntou.
Cyn concordou, segurando sua caneca de café com as duas mãos para impedi-la de chacoalhar, enquanto ela tomava outro gole fortificante.
— Qual é seu nome? — Ele perguntou.
— Adela, — ela disse, tendo antecipado a pergunta. Era o nome da sua avó. A velha mulher era dura como unhas.
Ele tocou a fita amarrando seu pulso. — O que é isso, Adela?
Ela puxou de volta sob a toalha, se recusando a encontrar os olhos dele, como se estivesse envergonhada. — Eu machuquei meu pulso, — ela disse a ele, intencionalmente soando defensiva, esperando que ele pensasse que ela tentou machucar a si mesma. — Eu queria ir nadar, então meu companheiro de quarto amarrou a bandagem desse jeito. Fita adesiva, — ela disse, fazendo uma piada fraca. — Isso pode arrumar qualquer coisa.
Ele estudou seu rosto, como se tentasse decidir se prosseguia a questão do seu chamado “machucado”, mas então ele deu a ela um olhar resignado, e disse: — Onde você está ficando, Adela? Assim que você estiver... — Ele parou assim que a sirene da polícia perfurou a tranquilidade do bairro.
Seu companheiro apareceu de repente na soleira da porta entre a sala de estar e a entrada da cozinha. — Você chamou a polícia?
— Foda-se, não.
O companheiro encarou Cyn suspeitosamente.
— Jesus, homem, olhe para ela. Ela não ligou para ninguém.
— Tudo bem, fique aqui. Mantenha ela quieta.
Seu salvador sentou perto dela, e Cyn deu a ele um olhar preocupado. — Policiais? — Ela perguntou
— Não se preocupe, — ele assegurou a ela. — Nós lidaremos com isso.
Cyn ouviu a voz de um homem na porta da frente e deu outro olhar ao seu salvador. Ela ficou em pé, deixando a toalha cair. — Eu devia ir, — ela disse, atirando olhares nervosos entre a porta e a saída de trás. — Eu não quero policiais envolvidos.
— Hey, não é um problema. Meu amigo vai...
Um único tiro foi ouvido da frente da casa.
— Mas que porra? Fique aqui! — o guarda correu para frente da casa, rodando sua M4 para ficar já na posição enquanto ele ia.
Cyn esperou até ele desaparecer na entrada, então se apressou através das portas de vidro e nas sombras crescentes de um jardim japonês. Recuperando a mala que Robbie tinha deixado ali para ela, ela só teve tempo suficiente para procurar dentro do bolso lateral e pegar sua Glock, então levantou a bolsa sobre seus ombros e deslizou de novo para dentro da casa, indo diretamente para as portas duplas fechadas que levavam para os quartos do fundo. Se o guarda voltasse, ele, esperançosamente, assumiria que ela tinha ficado nervosa e ido embora. Entretanto, se as coisas fossem de acordo com o plano, ele não estaria voltando para ela.
Estava escuro na parte de trás da casa, mofado com desuso, e frio, como se estivesse fechada por um tempo. Ela parou por um momento, deixando seus olhos se ajustarem, antes de se mover rapidamente para a primeira porta aberta e esquivar-se para dentro. Era um pequeno banheiro – um chuveiro, um vaso, e uma pequena janela com a sombra desenhada. Deixando cair sua bolsa no chão, ela se agachou e puxou um silenciador, o colocando em sua Glock sem olhar enquanto ela escutava o profundo silêncio nessa parte da casa. Colocando a agora silenciosa Glock no chão, ela pegou sua camiseta, que ela tinha usado mais cedo, antes de começar seu longo nado, e colocou-a pela sua cabeça. Ela não se incomodou com mais nada. Roupas não eram exatamente a prioridade no momento. Ela não sabia nada sobre os vampiros atualmente vigiando Raphael, ela não sabia quão fortes eles eram ou quão logo após o pôr do sol eles iriam acordar. Mas ela sabia que o pôr do sol estava malditamente perto e ela precisava pegar Raphael primeiro.
Ela deslizou o aparelho e seu comunicador deu dois cliques.
— Ocupado aqui, Cyn, — Robbie murmurou.
— Eu estou dentro. Tente não matar esses caras. Eles estavam apenas fazendo o trabalho.
— Eu vou fazer meu melhor. Boa sorte. — Robbie disse, e então ele se foi, e Cyn estava sozinha.
Que era como ela gostava. Ela removeu o aparelho, o desligou, e o colocou na bolsa. Ela não queria que ninguém ouvisse o que aconteceria entre ela e Raphael.
Empurrando a bolsa em um canto, e agradecendo as meias quentes que ainda cobriam seus pés, ela começou a andar pelo corredor longo e escuro, usando a lanterna de LED segura em baixo do cano da sua Glock. Havia várias portas, todas fechadas. Ela parou, e abriu cada uma, checando como uma questão de rotina, mesmo que cada célula do seu corpo estava a atraindo para as portas duplas no fim. A suíte máster. Aquele era o lugar que eles tinham colocado Raphael. Uma homenagem zombeteira ao seu poder? Ou simplesmente um lugar conveniente para empurrá-lo, o quarto mais longe da porta da frente, o maior quarto para ele seus vampiros vigilantes.
Cyn abriu a porta. Um quarto – cama de casal, criados mudos, uma cômoda baixa. Ninguém ali. Ela podia ouvir a briga na parte da frente da casa, vozes roucas de homens gritando um de volta para o outro, então dois tiros de uma arma. Seu interior se apertou. Ela não queria ninguém machucado, mas especialmente não Robbie ou Mal.
Ela não poderia se preocupar com isso, no entanto. Seu trabalho estava aqui. Com Raphael.
Ela parou diante das portas duplas, ouvindo por uma armadilha. Ela poderia jurar que ela podia ouvir o coração de Raphael batendo, mas provavelmente era apenas o dela mesma. Usando a lanterna de LED, ela examinou cada pedaço do batente. Não achando nada, pelo menos nada que ela pudesse detectar, ela pôs sua mão na maçaneta e a girou.
Ela segurou uma respiração, enquanto abria a porta. Se o ar no corredor tinha sido bolorento, aqui era rançoso. Sangue velho, suor, e cheiro de corpos não lavados. Seu coração apertou com dor, e também com raiva silenciosa, novamente, por terem ousado tratarem Raphael assim.
Ela procurou pelo quarto, seus olhos indo para a grande cama contra a parede mais distante e para a figura imóvel deitada ali. Raphael. Estava muito escuro para realmente ver seu rosto, mas seu coração disse a ela o que seus olhos não podiam ver.
Ela queria se apressar até ele, mas se forçou a se mover cautelosamente. Ela considerou ligar a luz. Nenhum dos vampiros iria notar a diferença. Mas ela não sabia como estava à batalha do lado de fora do quarto, e não queria avisar sua presença, apenas no caso.
Movendo o raio estreito da lanterna ao redor da sala, ela contou quatro vampiros inimigos. Três estavam no chão entre ela e a cama. Eles tinham puxado as almofadas do sofá e das cadeiras para se deitarem, e estavam realmente dobrados em sacos de dormir. Isso era uma festa do pijama. Que doce.
O quarto vampiro estava na cama com Raphael, uma fêmea deitada do lado da cama mais perto da parede, que tinha uma porta de vidro de correr atrás da cobertura das cortinas que iam do chão até o teto. Essa porta levaria ao quintal e para a praia.
Cyn diminuiu a lanterna, deixando seus olhos se adaptarem a pouca luz provida das várias LEDs dos visores e computadores, e a luz azul brilhando do despertador. E quando seus olhos se ajustaram, ela estudou os vampiros inimigos no chão e na cama. Vampiros tinham a regra não escrita, um acordo de cavalheiros, contra enviar assassinos humanos para matar uns aos outros durante as horas da manhã. Algum vampiro há muito tempo atrás que ninguém lembra quando, tinha percebido que se eles permitissem se matarem durante a luz do dia, a raça dos vampiros não duraria muito. Depois de tudo, uma vez que você desse a um humano a permissão de matar um vampiro em seu nome, o que o pararia de matar em seu próprio nome?
Cyn estava muito consciente dessa regra. Era uma que Raphael jamais quebraria. Nem mesmo Jabril ou Klemens – dois dos vampiros mais sem regras que ela conheceu – tinham cruzado essa linha.
Mas ela não era vampira. E ela tinha quatro inimigos parados entre ela e seu companheiro. Quatro vampiros que ela tinha que eliminar antes dela poder devolver a ele o que eles tinham levado embora... literalmente o sangue em suas veias.
O que foi que Ken’ichi tinha falado? Que eles não precisavam matar todos os cem vampiros que estavam prendendo o poder de Raphael. Eles apenas precisavam tirar um ou dois. E Gardet tinha dito a Ken’ichi que os vampiros guardando Raphael no lugar seriam o foco para todos os outros.
A chave em seu pulso tinha o poder de soltar o corpo de Raphael das algemas que drenavam seu poder. E ela sabia agora que tinha o poder para libertar sua mente. Tudo que ela precisava fazer era matar quatro vampiros enquanto eles dormiam, e Raphael iria acordar, verdadeiramente livre pela primeira vez desde que ele foi pego.
— Foda-se, — ela disse para os vampiros dormindo. — Vocês não deviam ter mexido com meu amado.
Ela andou para o primeiro vampiro dormindo no chão, puxou para trás o saco de dormir aberto e colocou três buracos de Hydra-Shok diretamente em seu coração. Antes mesmo dele virar poeira, ela tinha se movido para o próximo vampiro. Ele estava dormindo no topo do seu saco, rosto para baixo. Nenhum problema. As costas funcionavam tão bem para um tiro no coração quanto a frente. Talvez até melhor. Ela colocou sua Glock um centímetro de suas costas, apenas ligeiramente à esquerda de sua espinha, e atirou três vezes rápidas, as balas estouraram através de seu coração e meio que todo o resto em seu caminho até o outro lado. Ele se tornou poeira quase completamente antes mesmo dela se levantar e se mover, o que lhe disse que ele era um vampiro velho. Uma pena ele não ter aprendido a escolher seus amigos, ou inimigos, melhor.
O terceiro vampiro tinha evitado qualquer tipo de almofadas, e estava simplesmente esticado no chão, seu saco de dormir fechado completamente sobre sua cabeça. Como se talvez ele estivesse com medo que o sol iria estourar através da janela e ele seria exposto, intencionalmente ou por outro motivo. Infelizmente para ele, o sol não era o inimigo essa noite, e sua Glock não se importava se o sol estava no céu ou não. Ela puxou o pesado zíper do saco para baixo e deu a ele o mesmo tratamento dos outros. Três furos no coração, e ele era uma pilha de poeira em um saco de refriamento rápido.
Cyn rondou a cama, encarando a vampira fêmea dormindo na cama com Raphael. Essa merecia algo especial. Cyn teria gostado de esperar por essa abrir os olhos, então a vampira poderia ver a morte esperando. Mas o amor de Cyn por Raphael era muito mais forte do que seu ódio. Então ela se conformou em arrancar a fêmea adormecida da cama, tendo prazer com o som de sua cabeça batendo no chão de madeira antes de Cyn atirar até destruir seu coração e terminar com sua longa vida em uma pilha de poeira.
Cyn ergueu a cabeça no repentino silêncio, o zip dos tiros silenciosos ainda repetindo em sua mente enquanto se virava para olhar para Raphael, sentindo-se congelar no lugar. Depois de todas as noites e dias cheios de medo, ela estava aqui. Um soluço escapou de sua garganta, e ela pôs as costas de sua mão sobre sua boca, a Glock ainda apertada em seus dedos.
Estava tão quieto. A luta tinha morrido no resto da casa. Parte do seu cérebro registrou que Robbie e Mal deviam ter ganhado, porque ninguém estava entrando no corredor para afastá-la de Raphael. Sua mandíbula apertou. Ela mataria qualquer um que viesse através daquela porta. Ninguém estava tirando-o dela de novo.
O pensamento a induziu a agir. Colocando sua Glock em cima do criado mudo, ela subiu na grande cama e rastejou até Raphael, chocada com o que ela viu. Ele estava tão magro, tão quieto. As bordas saltadas de suas maçãs do rosto, normalmente lindas, lançavam sombras magras em seu rosto pálido, o osso esticando contra a pele esticada demais. Seus lábios sensuais estavam secos e finos, como se ele estivesse completamente desidratado, e suas belas e grandes mãos estavam apenas ossos e juntas enquanto estavam cruzadas em seu peito.
Ela acariciou seu rosto amado, tirando o cabelo sujo da sua testa. Raphael ficaria tão nervoso. Ele amava seus banhos, especialmente com ela neles, e ele odiava ficar sujo. Ele disse que isso o lembrava dos anos que ele passou na fazenda de seu pai antes de ser transformado em vampiro. A visão dele desse jeito a fez ter lágrimas queimando por trás da sua garganta, mas ela as engoliu. Ele não precisa das lágrimas dela. Ele precisava da sua força. Ele precisava da Cyn que o resto do mundo via todo dia.
Ela sentou em seus calcanhares, tirou a fita de seu pulso, encontrando a tira minúscula da faixa dobrada que deixou ao envolvê-la, então ela poderia tirar a faixa sem precisar de algo afiado. Cavando as unhas na tira para segurar melhor, ela começou a desenrolá-la, volta após volta em seu pulso. A água salgada era implacável. Então eles usaram muita fita adesiva.
Cyn finalmente conseguiu tirar a fita à prova d’água e puxou-a do seu pulso, desembaraçando o cordão até finalmente segurar a chave. A Chave Âmbar de acordo com Nick. A chave para as algemas mágicas que pareciam velhas, mas ordinárias algemas que agora ela estava perto o bastante para ver. Cruzando seus dedos, esperando que Nick não estivesse completamente louco, ela procurou pelos pulsos cruzados de Raphael, recuando com o toque frio de metal que queimou seus dedos.
— Merda! — Ela puxou sua mão instintivamente. — Maldita mágica, — ela murmurou. Aparentemente Nick sabia sobre o que ele estava falando. Ele tinha algumas explicações para dar quando isso tudo tivesse terminado.
Aproximando-se de Raphael de novo, ela estendeu a mão e colocou a chave no encaixe em torno do pulso direito dele. Ela não tinha certeza do que estava esperando enquanto as algemas caiam, mas quando os segundos passaram e nada mais aconteceu, ela quase ficou desesperada. Porque ela não pegou mais detalhes de Nick quando ela teve chance?
Ela espremeu seus dedos tão apertados ao redor da maldita chave que os pedaços de âmbar ainda agarrados ao metal cortaram seus dedos. Sentindo os pequenos cortes, ela tocou distraidamente o cordão ao redor de seu pescoço, imaginando o que mais ela poderia fazer quando de repente Raphael... respirou.
Ele respirou como um homem que não tinha enchido seus pulmões com ar em um longo tempo, seu peito se expandindo, profunda inalação que ele soltou apenas para sugar outra. Cyn se aproximou, até ela poder tocar seus lábios no dele.
— Raphael? — ela sussurrou, seus dedos ao redor de suas bochechas enquanto ela beijava seu rosto todo gentilmente, experimentando suas lágrimas na pele dele, as lágrimas que ela não podia mais segurar.
De sua mochila, todo o caminho pelo corredor calmo onde ela tinha deixado, veio o único som que ela tinha deixado ativado no telefone descartável de hoje... O som triplo de um alarme. Pôr do sol.
Os olhos de Raphael se abriram, um brilho maçante de prata no quarto escuro, sua luz uma fração do que costumava ser.
— Raphael? — Ela conseguiu sussurrar de novo.
E então suas presas rasgaram suas gengivas, e ele estava sobre ela. Suas mãos magras estavam dolorosamente fortes quando agarraram seus braços e a atiraram na cama, rolando seu pesado corpo em cima do dela em um movimento único, ardentemente rápido.
Não houve finura em sua mordida, nenhuma sensualidade, nenhum ajuste sensual de sua veia, sem mordidinhas ou beijos. Ele pegou seu cabelo em uma mão, a outra estava em seus ombros, então esticou seu pescoço e afundou suas presas na veia dela.
Isso doeu. Cyn queria gritar enquanto sua pele se abria, e sua veia eraperfurada. Mas Robbie estava provavelmente dentro da casa agora, e ela sabia que se ele ouvisse seu grito ele viria correndo. E Raphael iria matá-lo. Então ela virou sua cabeça mais e afundou seus dentes no pulso de Raphael.
Raphael resmungou quando seu sangue correu na boca dela, um som primitivo que estremeceu através de seu corpo enquanto suas presas foram ainda mais fundo, segurando-a em seu lugar como um animal clamando sua presa. Ou seu parceiro.
Sem aviso, a euforia natural em sua mordida inundou seu sistema, movendo-a da dor para o êxtase no espaço de um suspiro. Ela gritou quando o orgasmo se agarrou em seu corpo, suas costas se curvando sobre o peso de Raphael, o sangue em suas veias aquecendo enquanto o prazer sensual passou por ela em grandes ondas de desejo.
Raphael alcançou entre eles para rasgar a faixa fina de tecido que compunha a metade inferior do seu biquíni. Cyn ouviu o raspar de seu zíper. Ele agarrou sua coxa e a empurrou aberta um momento antes dela sentir a forte pressão da sua ereção, e então ele a estava fodendo, suas presas ainda enterradas em sua veia, seu pênis batendo para dentro e fora sem nenhum sentimento, nenhuma sedução, nenhum cuidado com ela. Ele era vampiro. Ele queria sexo e sangue, e ela estava disponível.
O coração de Cyn estava batendo selvagemente, uma combinação de pura luxúria e terror, levando sangue pelo seu corpo, inchando suas veias enquanto Raphael continuava a beber, parecendo sugar mais forte a cada momento. Ela podia sentir cada onde que ele tirava do seu sangue, podia sentir seu corpo ficando mais fraco enquanto a euforia da saliva dele passava, deixando-a com mais dor do que êxtase. Ela gritou, mas Raphael apenas grunhiu possessivamente, seus dedos em seu ombro com uma mão, a outra arrancando as raízes de seu cabelo.
Ela disse a si mesma que era Raphael, que ele nunca a machucaria. Mas esse não era seu Raphael. Essa era a besta interior, a parte dele que foi levada a sobreviver a qualquer custo, fazer qualquer coisa, mesmo se isso significasse drenar a mulher que ele amava.
Cyn ergueu a mão, derrubando-a debilmente sobre a nuca dele, acariciando-o ali, acariciando-o suavemente, lembrando-o de quem ela era. Quem eles eram. E ela se segurou na crença de que ele nunca a machucaria, repetindo isso como uma prece, até que a escuridão roubou seus pensamentos e não havia mais nada.
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— Cyn. — A voz profunda de Raphael estava dizendo seu nome. Ela sorriu. Ela amava sua voz, amava o som do seu nome na boca dele.
— Lubimaya, — ele sussurrou, seus lábios contra a sua orelha, seu hálito quente sobre sua pele. — Beba, — e ela sentiu o gosto quente do sangue dele em sua língua. Ela quase se virou. Ele tinha a mordido mais cedo, e ele quase a atacou. E houve dor. Tanta dor. Mas o sangue encheu sua boca, a forçando a engolir ou engasgar, então ela engoliu e quase rosnou quando cada nervo do seu corpo pareceu vir a vida em um instante, surgindo com calor, tremendo com desejo. Ela lambeu seus lábios e achou a boca de Raphael tão perto dela que ela lambeu seus lábios também.
— Raphael, — ela sussurrou, quase com medo de dizer qualquer coisa, medo que isso fosse apenas outro sonho e se ela falasse isso iria se estilhaçar.
— Minha Cyn, — ele murmurou, beijando-a gentilmente. — Me perdoe.
Ela rolou sua cabeça em negação. — Pelo o quê?
— Eu poderia ter te matado, — ele disse, sua voz sombria quase em desespero.
— Eu sabia que você pararia a tempo, — ela insistiu, escolhendo esquecer suas próprias lágrimas, para dizer a ele o que ele precisava ouvir. — Você nunca me machucou.
— Deuses, eu senti sua falta. — Ele murmurou, pressionando-a contra a cama, colocando seu quadril entre as coxas dela, balançando devagar enquanto seus lábios trilhavam sua mandíbula.
Esse era Raphael, seu amor, seu companheiro.
Cyn dobrou uma perna, enrolando ao redor das costas dele, o roçar de seu terno contra sua pele macia lembrando-a que ela estava dolorida e inchada, seu sexo nu e gotejando com a libertação anterior dele. Mas ela ignorou tudo isso. Ele precisava saber que ela o amava, que ela desculpava qualquer coisa que ele tivesse feito quando ele acordou pela primeira vez.
Que não havia nada para desculpar.
Raphael grunhiu e se colocou em sua vagina inchada, antes de repentinamente puxar com as duas mãos o fino tecido da camiseta dela e rasgá-lo no meio, mostrando seus seios no minúsculo biquíni. Seus olhos se iluminaram de desejo quando ele soltou o cordão fino segurando seu top no lugar. O tecido caiu de seus peitos nus, e Raphael sibilou de prazer. Ele fechou a boca sobre a ponta de um peito, sugando até que seu mamilo fosse apenas um centro carnudo de prazer, suas presas provocando a delicada carne de seu peito até que elas se fechassem sobre a ponta inchada. Raphael cantarolava avidamente enquanto sugava seu sangue, mas Cyn só podia gritar, pressionando uma mão contra sua boca para se silenciar enquanto uma facada de dor erótica disparava da ponta de seu peito diretamente para seu sexo. O calor jorrava entre suas coxas, seu clitóris pulsava no desejo como pulsava o tempo no seu coração
— Baby, baby, — ela disse suavemente, lágrimas rolando em suas bochechas. — Eu senti tanto sua falta.
A resposta de Raphael foi mergulhar seus dedos entre suas coxas para acariciar as dobras inchadas de sua vagina, deslizando no creme de sua excitação.
— Molhada, — ele rosnou, então empurrou dois dedos profundamente em seu corpo, provocando-a com movimentos lentos para dentro e fora, enquanto seu polegar circundava seu clitóris, roçando o suficiente para fazê-la gritar com necessidade, para tê-la empurrando contra a sua mão para exigir mais.
Raphael levantou a cabeça de seu peito, soprando suavemente contra a carne molhada, deixando-a desolada, até que ele mudou sua atenção para seu outro seio, raspando suas presas sobre o mamilo dolorido, mordendo apenas o suficiente para extrair mais sangue, atormentar Cyn com outro choque de euforia que mudou a dor para o desejo crescente.
Cyn raspou seus dedos na parte de trás da cabeça dele e por cima de suas costas, cavando sob o casaco do terno que ele ainda usava, puxando sua camisa até que ela tivesse pele, então cavou as unhas até que ela estivesse tirando algum sangue.
Raphael sibilou, então alcançou entre eles para pegar seu pênis e empurrá-lo profundamente em sua vagina. Eles gemeram em uníssono quando o calor dela o cercou, seus músculos internos apertando sobre seu pênis, acariciando-o enquanto ela se esticava para acomodar seu tamanho, enquanto seu corpo o recebia.
— Foda-se, você é tão boa, — ele sussurrou, repentinamente imóvel, seu comprimento duro enterrado tão profundo dentro dela quanto poderia estar.
Cyn sentiu a flexão de seu pênis e apertou seus músculos internos, apertando e soltando.
Raphael xingou e começou a se mover quase freneticamente, empurrando seu pênis até as bolas, então saindo e batendo dentro dela de novo e de novo.
Cyn enrolou as duas pernas nas costas dele, o segurando tão perto quando ela poderia, seus braços sobre os ombros dele, seu rosto enterrado em seu pescoço, querendo dar a ele qualquer coisa que ele precisasse para acreditar que ainda era Raphael, o mais poderoso vampiro na América do Norte, o Lorde do Oeste, seu amante, seu parceiro, seu amado.
Que nada tinha mudado. Que ele estava livre.
Raphael desabou sobre Cyn, seu coração batendo tão forte que ela podia ouvi-lo, podia senti-lo trovejando entre seus corpos. Sua língua saiu para lamber preguiçosamente as poucas gotas de sangue em seu pescoço, sua respiração quente contra sua pele suada. Ele não tinha relaxado seu aperto sobre ela – uma mão segurava seu traseiro, matendo seus quadris contra ele, enquanto a outra ainda estava enfiada em seus cabelos. Embora suas pontas dos dedos agora acariciassem gentilmente seu couro cabeludo, suas raízes não estavam mais em perigo.
Cyn desejou que eles estivessem em algum outro lugar, algum lugar seguro, onde eles poderiam deitar juntos por quanto tempo quisessem. Fazendo amor, beijando e saboreando, e fodendo também. Até dormirem nos braços um do outro.
Infelizmente, não era assim. Raphael estava de volta, mas seus inimigos continuavam vivos.
Não haveria descanso para eles também essa noite.
Raphael suspirou, como se lesse seus pensamentos.
— Eu pensei ter ouvido uma briga mais cedo, — ele disse, rolando para suas costas e colocando-a sobre seu peito. — Quem era?
— Robbie estava comigo, e um policial local chamado Maleko Turner. Ken’ichi e Elke estão provavelmente na cena agora, também, ou eles estarão logo. Eu não tenho certeza de que horas são.
— E os outros?
— Juro está em Malibu, como você queria. Mathilde está lá, fingindo te desafiar, embora esta noite, ela alegou que você já perdeu por não aparecer. Mas Lucas entrou e fez seu desafio. Ele está planejando...
Raphael cobriu sua boca com um beijo. — O bastante, lubimaya. Eu entendo. E quanto aos outros, aqueles que Mathilde reuniu para me conter?
— Eles estão a um par de quarteirões daqui, esperando para morrer.
Raphael sorriu orgulhoso. — Minha Cyn. Eu sabia que você enganaria todos eles.
— Essa sou eu. Embora tenha sido muito fácil enganar Mathilde. Ela nunca nos viu chegando.
Raphael ficou quieto, como se estivesse escutando. Cyn sabia o que isso significava. Ele estava estendendo a mão e tocando seus filhos, os vampiros que ele criara. Em algum lugar de Malibu, Juro e os outros se regozijariam com essa prova de sua liberdade, e restabelecimento de laços com seu Criador, laços que haviam sido abafados por seu cativeiro, mas nunca quebrados.
— Ken’ichi e Elke estão esperando do lado de fora, — ele disse a ela.
Ela assentiu, não surpresa. — Ken'ichi disse que a casa de Mathilde era sua para destruir, que não podíamos...
Ele deu a ela um olhar preguiçoso de um predador no ápice. — Ken’ichi está certo.
— Eles não terão ido embora já? Eu quero dizer, se eu fosse eles, eu teria corrido para as montanhas assim que...
— Você assume que eu permitiria tal coisa. — Ele se moveu rapidamente, se sentando e então se levantando, levando-a com ele até que os dois estivessem em pé perto da cama. Raphael se esticou, endireitou as roupas, enfiou o pênis de volta nas calças do terno, depois fechou o fecho e afivelou o cinto.
Cyn examinou suas próprias roupas rasgadas. A camiseta era uma perda total, mas ela deu um jeito de amarrar de volta vários pedaços de seu biquíni.
— Você tem outras roupas? — Raphael perguntou, olhando seu corpo quase nu não muito feliz.
— No SUV que Robbie está dirigindo.
Raphael tirou a jaqueta, segurando-a enquanto ela deslizava os braços para dentro das mangas, depois puxou as lapelas fechadas sobre o peito. Ficou muito grande nela, mas estava quente, o forro de seda era macio, e era de Raphael. Então ela enrolou as mangas, depois pegou sua Glock da mesa de cabeceira e desenroscou o silenciador, colocando-o no bolso da jaqueta.
Ela se virou para a porta, mas Raphael puxou sua mão, enfiando seus dedos nos dela enquanto a puxava para perto.
— Ainda não, lubimaya. Nós merecemos mais um momento juntos. Você e eu. Venha.
— Eu já fui, — ela murmurou. — Três vezes, pelo menos.
Raphael soltou uma risada muito masculina, muito presunçosa. — Por aqui, — disse ele, empurrando as cortinas pesadas e abriu a porta de vidro deslizante, quebrando a fechadura sem sequer pensar nisso.
Oh, sim. Raphael estava de volta.
Ele segurou sua mão firmemente enquanto caminhavam sobre a grama úmida, indo para a faixa de praia. O oceano era uma onda constante de som, a ressaca uma dilatação suave de água para a costa e volta novamente. Raphael ficou parado ali, com a mão segurando-a do seu lado, a cabeça jogada para trás enquanto bebia o luar e o ar fresco e salgado. Seus olhos se fecharam brevemente, e ele a puxou para um apertado abraço, ambos os braços a segurando contra seu peito.
Cyn prendeu seus braços ao redor das costas dele, mais lágrimas rolando por suas bochechas, molhando sua camiseta. Ela estava tão malditamente feliz de ter ele de volta e seguro.
— Sem mais lágrimas, minha Cyn, — ele disse suavemente. — Nossos inimigos ainda respiram.
Ela assentiu, esfregando seu rosto contra a camiseta dele, antes de se afastar e olhar para ele.
— Robbie e os outros estão prontos para se moverem. Eles apenas estão esperando uma palavra.
— A palavra está dada, minha Cyn. É hora de lutar de volta.
****
Raphael teria preferido pegar a rota pelo lado de fora da casa, mas Cyn precisava pegar sua bolsa que ela tinha deixado no banheiro de convidados, e ele não a queria naquela casa sozinha. Ele sabia que sua preocupação pela segurança dela não era totalmente racional, mas ele tinha sofrido demais naquele lugar para confiar em qualquer coisa a respeito dele. Se ele tivesse seus poderes ele teriam queimado a coisa toda, mas enquanto ele podia ser irracional quando se tratava de segurança Cyn, sua prisão não o privou de senso comum. Queimar a casa atrairia atenção não desejada, e Mathilde já tinha feito muito disso com seus cem homicidas que haviam matado humanos e deixado os corpos na rua.
O objetivo de Raphael era único neste ponto. Queria matar cada vampiro que tinha alguma coisa a ver com o esquema de Mathilde. E então ele iria voar de volta para Malibu e matar a cadela que pensou que poderia roubar seu território e suas pessoas.
Enquanto ele e Cyn se dirigiam para a porta da frente, ele se demorou sobre as formas imóveis dos quatro guardas humanos que haviam providenciado segurança para a casa. Um tinha sido baleado no braço. A ferida tinha sido enfaixada, mas o cheiro do sangue fresco fez suas presas doerem enquanto pressionavam contra suas gengivas. Tinha passado muito tempo sem sangue. Ele tinha bebido profundamente de Cyn, mas a coisa que o fez vampiro, o simbionte em seu sangue, queria que ele bebesse ainda mais. Não era mais racional do que sua preocupação com a segurança de Cyn na casa vazia, mas era instinto. Assim como um humano morrendo de fome iria acumular comida, seu corpo também queria acumular sangue.
— Eles nem ao menos sabiam que você estava aí, — Cyn disse, chegando peto dele, onde ele estava de pé sobre os humanos inconscientes. — Eu disse para os caras que fossem com armas de choque se pudessem.
Ela fez um pequeno som de dor, e ele percebeu que estava apertando sua mão.
— Eu sei que você quer matar todos envolvidos, mas esses caras são inocentes, Raphael.
Ele virou o olhar para ela, vendo os círculos negros debaixo de seus lindos olhos verdes, a exaustão roubando a cor usual de seu rosto. Mas, então, ela sorriu para ele, e ele viu mais. Triunfo por ter frustrado o plano de Mathilde, determinação para ver seus inimigos destruídos, e brilhando mais brilhantemente do que qualquer outra coisa... seu amor por ele.
— Como você diz. No entanto, vou garantir que eles não se lembrem do que aconteceu neste lugar, e que quando acordarem, o único pensamento deles será ir embora.
Cyn assentiu. — Vamos. Robbie e os outros devem estar esperando por nós.
Raphael passou o olhar por suas pernas nuas, seu corpo meio nu coberto apenas por sua jaqueta enrugada. — Você disse que tem roupas no veículo?
Ela riu, e foi como se ele não tivesse ouvido aquele som há cem anos. Ele passou um braço em torno de sua cintura e puxou-a contra seu peito, tomando sua boca e bebendo a risada de seus lábios. Ela respondeu como sempre, com os braços em volta do pescoço, os lábios se abrindo ansiosamente sob o dele enquanto suas línguas se enredavam em um abraço sensual, até que ela se afastou o suficiente para sussurrar contra seus lábios: — Eu te amo.
— Eu senti sua falta, minha Cyn. No final, eu não podia te encontrar mesmo em meus sonhos.
— Eu estava lá. Eu sempre estive ali, procurando por você.
— Quando eu acordei essa noite, e você estava ao meu lado... eu pensei que eu ainda estava dormindo.
Ela sorriu. — Há sonhos, e então há sonhos. E você, garoto presas, é definitivamente meu sonho.
Raphael deu a ela um sorriso torto. — Garoto presas. Eu senti falta até disso. Mas venha, a noite não durará para sempre.
Depois de uma rápida varredura mental para ter certeza de que não havia surpresas esperando por eles fora da casa, Raphael abriu a porta da frente. Segurando a mão de Cyn, ele saiu, aliviado por estar novamente no ar fresco, sentir a luz pálida da lua em seu rosto.
— Lorde Raphael. — O prazer na voz de Rob era genuíno, como era o alívio.
— Rob, — Raphael disse. — Meus agradecimentos.
— Uma honra, meu senhor. Ken’ichi verificou há alguns minutos. Eles estão se mantendo estáveis, mas os nativos estão ficando inquietos. Ele temia que eles fossem se reunir em breve.
Raphael virou sua cabeça para a direita, apontando um olhar sombrio na direção de uma casa que ele nunca tinha visto. Uma casa que estava cheia de vampiros que alguns poderiam reivindicar que eram apenas soldados fazendo o que tinham sido ordenados. Mas soldados morreriam em guerras o tempo todo. E Mathilde declarara definitivamente a guerra.
Ele estendeu a mão com a mente, flexionando seu poder, tocando cada mente naquela casa, sussurrando um desejo de ficar, de esperar. Adicionando uma ameaça sutil para assombrar o sono forçado deles enquanto esperavam.
— Eles não irão. Não agora. Eles estão esperando por mim.
Rob o olhou com cuidado, seu olhar se voltou para Cyn e de volta. Rob sabia do que Raphael era capaz, ou pelo menos do que tinha sido capaz antes de sua recente captura. Mas ele provavelmente também sabia como Cyn, que algo tinha sido feito a Raphael durante sua prisão. Agora mesmo, ele estava claramente se perguntando se o Lorde Raphael estava verdadeiramente de volta.
— Tenha fé, Rob. — Raphael disse quietamente. — Eu sou eu mesmo.
Rob sorriu então. — Irina ficaria feliz de ouvir isso, senhor.
— Mas primeiro, nós temos que tirar o lixo. — Cyn lembrou a eles.
— E sobre os caras que deixamos na casa, Leighton? — Uma voz de homem perguntou.
Raphael entrou na frente de Cyn quando um grande macho humano, alguém que ele nunca tinha conhecido, veio em torno do SUV. Ele esteve ciente da presença do ser humano enquanto falava com Rob. Devia ser Maleko Turner, o policial humano que Cyn lhe contou. Aquele que estava fodendo Elke. Cyn não mencionou isso, mas Raphael conseguia sentir o perfume de Elke no homem, e soube que ela tinha tomado o sangue do humano.
— Raphael, esse é Maleko Turner, — Cyn disse, confirmando o que ele já sabia. — Eu te disse sobre ele.
— Você disse. Meus agradecimentos a você também, Sr. Turner.
— Meu prazer. O caso mais interessante que eu tive por um tempo.
— E então tem Elke. — Raphael disse, dando a ele um olhar plano.
O humano corou, mas ficou alto e desafiador, dizendo: — E há minha Elke.
Raphael ergueu a sobrancelha com o “minha”. Ele não poderia parar de imaginar como Elke se sentia sobre isso. Hora de descobrir. — Vamos, — ele disse, puxando Cyn para frente. — Você pode se trocar no caminho.
Ela revirou os olhos para ele. — Voltou a menos de uma hora e já está dando ordens.
— Você prefere ir para a luta usando... isso?
— Eu pareço bem nisso.
— Você parece linda, como sempre. Mas talvez não pronta para combate.
— Yeah, yeah. Vamos dar o fora daqui. Eu nunca quero ver essa casa de novo.
****
O caminho para a outra casa era curto. Cyn teve tempo suficiente para colocar uma regata e jeans sobre o que restou de seu biquíni, juntamente com um par de meias frescas e botas de estilo de combate. Na verdade, o caminho era tão curto que ela ainda estava amarrando a segunda bota quando Rob parou no meio-fio.
A casa não era muito comparada com a que tinham acabado de deixar. Obviamente, Mathilde estava muito mais preocupada com seu próprio conforto do que com o da sua equipe. Esta casa era uma típica habitação, uma construção de dois andares que era como a que estava ao seu lado, e aquela ao lado, todo o caminho até o fim do quarteirão. Alguns dos moradores tinham tomado mais cuidado com os seus jardins, com o paisagismo na frente dos quintais, alguns haviam feito paisagismo ao redor da varanda e caminho, mas não havia dúvida de que ainda pertenciam ao mesmo tipo de habitação.
Rob parou atrás do SUV de Ken'ichi, com Maleko Turner estacionando atrás dele em seu sedã policial. Turner estava fora do carro em um flash, falando brevemente a Ken'ichi antes de dirigir rapidamente ao redor até a parte traseira onde Raphael soube Elke mantinha vigilância. Talvez ele realmente tivesse sentimentos por Elke.
— Meu senhor. — Os olhos negros de Ken’ichi, normalmente tão calmos e sem expressão como os do seu irmão, brilharam com o ouro amarelo de seu poder, refletindo a intensidade de seus sentimentos ao ver Raphael novamente.
Raphael se aproximou dele e colocou uma mão em seu ombro largo. Ken'ichi abaixou a cabeça, cobrindo a emoção nua em seus olhos. Raphael não disse nada, só descansou a mão nele por um momento, depois apertou suavemente e levantou-a.
— Situação? — Ele perguntou então, permitindo que ambos voltassem à formalidade familiar de seu relacionamento.
— Nenhum movimento pelos últimos minutos, meu lorde. Um pequeno grupo tentou sair antes, depois que chegamos. Nós lutamos. Eles perderam.
Raphael assentiu, então levantou seu olhar quando Elke veio ao redor da casa para cumprimentá-lo. Turner não estava com ela. Ele era um policial. Talvez ele estivesse cobrindo o posto por ela.
— Meu lorde, — ela disse, seu rosto pálido iluminado em uma felicidade que ela não tinha reservas sobre mostrar.
— Elke, — ele disse afetivamente. — Você adquiriu um fã.
— O policial, — ela concordou. — Cyn disse que eu poderia matá-lo se ele ficasse no caminho.
Raphael olhou para sua companheira. — Uma solução prática. Devemos lidar com eles da mesma maneira? — Ele perguntou, erguendo o queixo para a casa na frente dele, que estava repleta de vampiros. Mathilde nem fingira cuidar do conforto de seus vampiros. Era uma surpresa que muitos continuassem leais a ela.
— Nós esperamos por você, meu lorde — Ken’ichi disse.
Raphael assentiu enquanto estudava a casa, deslizando seu toque sobre cada vampiro dentro, tentando decidir o que fazer. Ele podia deixá-los em seu estado atual enquanto os matava. O mais forte entre eles poderia saber o que estava acontecendo e sentir alguma dor, mas os outros trabalhadores do empreendimento de Mathilde tinham sido úteis apenas como fontes de energia bruta – eles não sentiriam nada. Sua existência terminaria simplesmente.
Essa era a escolha lógica a fazer, a solução mais limpa. Mas seu interior não gostava dessa opção. Nem seu coração, nem sua alma, o que quer que você chamaria aquela coisa que fazia dele um maldito lorde vampiro em vez de uma dessas patéticas criaturas lá. Essa parte dele queria vingança. Quente, gritando, uma terrível vingança. Ele queria que cada um deles soubesse o que estava acontecendo e por quê. Ele queria que eles soubessem quem estava terminando sua existência, para saber que eles estavam perdidos e ele tinha vencido.
Um pequeno sorriso enrugou seu rosto.
— Uh, oh, — Cyn murmurou. — Parece um tempo quente na cidade essa noite.
O sorriso dele aumentou. — Elke, retome ao seu posto. Ninguém deve sair. Mate-os se eles tentarem.
— Meu lorde, — Elke reconheceu e correu para longe.
— Ken’ichi.
— Meu senhor.
— Veja a frente.
A boca de Ken'ichi se comprimiu em uma linha de satisfação, seus olhos brilhando. — Sim, meu lorde — disse ele claramente.
— Minha Cyn...
— Eu não vou te chamar de “meu lorde”, então esqueça.
Raphael a puxou para mais perto. — Vamos discutir como você me chama mais tarde. Por agora, você precisa saber o que vai acontecer.
Ela tinha um olhar preocupado em seu rosto. — Raphael, você está...
— Eu sou um lorde vampiro, — ele a lembrou.
Ela suspirou audivelmente. — Sim, sim. Então, qual é o plano?
— Eu vou matar cada vampiro naquela casa. Mas eu vou acordá-los antes. Vai ser barulhento, mas breve.
Cyn encolheu os ombros. — Ei, nenhum argumento. Eu queria explodir toda a porra da casa com todos dentro, mas Mal não me deixaria.
— Essa é minha Cyn, — ele disse orgulhoso, então se endireitou com um olhar para Ken'ichi. Começamos, ele enviou para seus vampiros.
****
Cyn assistiu quando Raphael acessou seu poder. Ela já tinha visto ele fazer isso antes. Ela não sabia exatamente como funcionava, mas ela achava que era alguma coisa como um estado meditativo que deixava ele descartar tudo que não importava e focar apenas em seu alvo, ou nesse caso, seus alvos.
Seus olhos mal tinham se fixado na casa, que tinha estado tão calma antes que parecia vazia, quando de repente dela emergiu sons. Os vampiros acordaram do sono que Raphael havia imposto a eles e gritaram, principalmente com medo, mas alguns com raiva. As sombras se moveram, os rostos aparecendo enquanto os vampiros olhavam para fora na rua. Alguns gritos atravessaram a noite enquanto alguns dos que estavam dentro viram quem os esperava. Algumas almas corajosas, provavelmente alguns dos mestres mais fortes, surgiram pela porta da frente com uma explosão de velocidade de vampiro. Embora se eles tivessem a intenção de escapar ou atacar, Cyn nunca saberia, porque eles não caminharam nem cinco passos antes do olhar casual de Raphael estourar seus corações e espalhar poeira na varanda. Do interior da casa, logo depois da porta aberta, vieram gritos de consternação com a morte de seus companheiros, e alguns vampiros se arrastaram para a pequena varanda, pedindo misericórdia.
Mas Raphael não tinha misericórdia para dar. Esses, também, foram desintegrados um após o outro, deixando uma faixa de pó de vampiro na varanda, sobre o limiar, e dentro da casa. Cyn lembrou-se do jogo Candy Crush, quando duas bombas de cores se encontraram e raios de luz dispararam destruindo todo o tabuleiro. Raphael era assim, exceto que seu poder matava invisivelmente, e não eram doces que estavam sendo destruídos.
Os olhos de Raphael eram manchas ardentes de prata derretida na perfeição gelada de seu rosto, seu poder um nimbo de energia que o rodeava enquanto ele entrava na casa. Cyn estava bem atrás dele, sua Glock segura em ambas as mãos, mas ela encontrou pouco alvos preciosos para seus rounds de matadores de vampiros, apesar do grande número de vampiros morando na casa. Raphael não deixou ninguém para ela matar. Ele marchou pelo andar térreo, todos os quartos lotados de vampiros que se afastavam dele, pisando um no outro enquanto eles pediam por suas vidas. Mas se Raphael ouviu suas súplicas, Cyn não viu nenhuma evidência disso. Seu poder disparou, destruindo a cada passo, até que não havia ninguém.
Fez uma breve pausa, então, a cabeça girando de um lado para o outro, como se conseguisse ver através das paredes, o que, por assim dizer, ele podia. Ele pegou o olho de Cyn, e ergueu o queixo para a escada. Quando ela assentiu com a cabeça, ele deslizou para cima, subindo as escadas de três em três, sem nenhum esforço aparente. Cyn franziu o cenho nas suas costas enquanto ela o seguia, desejando que parte daquela força de vampiro viesse junto com os outros benefícios de beber sangue de Raphael.
Ele esperou no topo por ela, e então começou a limpar o segundo andar com a mesma eficiência que ele tinha feito embaixo. Cada porta foi aberta, cada quarto vazio de vida. Raphael ainda estava lidando com o quarto principal, que tinha estado tão cheio de vampiros que Cyn pensou que eles tinham sido embalados como sardinhas quando dormiam. Que tipo de poder Mathilde tinha para tratar seus vampiros como merdas e ainda ter tanta lealdade? Ou talvez a questão era: o que ela prometeu a eles se seu plano fosse um sucesso?
Sua mente preocupada com tais pensamentos, Cyn se aproximou da sala final, que estava atrás de uma porta simples no final do corredor. Ela pegou a maçaneta, encontrou-a trancada e abriu a porta frágil. O quarto era pequeno. Tão pequeno que ela pensou que poderia ter começado como um armário de armazenamento. Uma única cama de casal estava empurrada contra a parede e uma pequena mesa quadrada segurava uma lâmpada. Com um olhar rápido por cima do ombro, onde ela podia ver Raphael ainda se divertindo no quarto principal, ela deu um cauteloso passo à frente, imediatamente colocando suas costas contra a parede enquanto ela examinava a área aparentemente vazia. Mas por que esse quarto ficaria vazio, quando todos os outros estavam cheios de vampiros? Estava reservado para alguém especial? Talvez um dos mestres que tinha feito uma corrida para isso mais cedo?
Mantendo suas costas contra a parede, ela se arrastou até ter uma visão atrás da porta. Havia um armário lá, com um estreito conjunto de portas deslizantes espelhadas. E as portas estavam fechadas.
Agachando-se para um olhar rápido debaixo da cama para se certificar de que estava vazia – ela não queria qualquer monstro surpresa de baixo da cama – ela empurrou a porta do quarto quase fechada e chutou a porta do armário com um pé com bota.
— Venha para fora se você estiver aí. Ou eu apenas vou atirar através da maldita porta.
A porta deslizante sacudiu quando alguém a alcançou, e ela deu vários passos para trás, trazendo a Glock para cima em uma posição de duas mãos, pronta para atirar. Quem quer que estivesse no armário, ele era um vampiro, e isso significava que ele seria rápido.
A porta se abriu para revelar um único vampiro macho agachado dentro. Não vendo ninguém mais que Cyn esperando por ele, simplesmente uma fêmea humana como ela, seus olhos brilharam vermelho com poder e sua boca se abriu para abrir espaço para as presas que de repente perfuraram através de suas gengivas. Um grunhido baixo e ameaçador soou em seu peito quando ele se levantou sobre seus calcanhares, se preparando para se lançar contra ela... e Cyn sorriu
— Oh, por favor, — ela disse a ele alegremente. — Me dê uma razão. Raphael está tendo toda a diversão essa noite.
Os olhos do vampiro estreitaram-se, e ele se afundou, estudando-a curiosamente.
— Quem é você? — Ela perguntou.
— Sou ninguém, — o vampiro disse, encolhendo-se ainda mais, retraindo seus dentes e olhando para ela através de longos cílios, tentando se fazer parecer inofensivo. — Um servo trazido para cuidar dos outros.
Cyn não sabia quem era esse cara, mas ela sabia que ele não era um inofensivo servo como que ele queria que ela acreditasse. Ela jogou junto com seu jogo, no entanto, esperando aprender algo.
— Então, me diga, Ninguém, — ela disse, pegando o brilho irritado em seu olhar quando ela o chamou assim. Podia ser o seu jogo, mas ele não gostava. — O que exatamente você faz aqui? Você sabe qualquer coisa sobre os cadáveres?
— Isso foi tratado, — disse ele bruscamente, antes de parar a si mesmo. — Os responsáveis não ficaram felizes quando isso aconteceu, — ele corrigiu, tentando ser submisso e falhando miseravelmente. — Os vampiros responsáveis fora...
Sua voz falhou quando Raphael abriu a porta e entrou para ficar ao lado de Cyn.
— Esse é Ninguém, — Cyn disse a ele. — Ele é um servo aqui.
Raphael olhou para o vampiro. Um sorriso lento e terrível enrugou seu rosto, suas presas brilhando úmidas de sangue.
— Godard, — Raphael cantou. — Eu esperava encontrá-lo aqui
— Lorde Raphael, eu estava...
— Oh, então é Lorde Raphael agora? Não foi disso que você me chamou na outra noite.
— Eu estava apenas fazendo meu trabalho, meu lorde. Mathilde não me deu...
— Os outros estavam fazendo seus trabalhos, Godard. Você aproveitava o seu, como você sempre aproveitou. Você não estava satisfeito com apenas mandar seus capangas de luz do dia para cortar minha garganta, você teve que cavar também. E quero dizer isso literalmente, já que você teve que cavar fundo para encontrar uma veia que não estava arruinada.
Cyn ouviu a recitação de Raphael do que eles tinham feito para ele, e levou toda a sua força de vontade para não dar um passo e explodir a cabeça do bastardo do Godard. Mas mais do que qualquer outro, essa matança era de Raphael. Significava algo para ele.
Sem avisos, Godard gritou, segurando o braço direito com o esquerdo e balançando contra a parede do armário.
— Meu senhor, por favor, — ele implorou, lágrimas de sangue rolando pelo seu rosto.
Cyn olhou para Raphael, viu seu lábio curvado em um meio sorriso, e sabia que ele era responsável por qualquer coisa que tinha causa o grito. Ele era capaz de uma crueldade inacreditável, mas então, ela não tinha feito o seu melhor para ser igualmente cruel apenas dois dias atrás? Ela foi forçada a usar balas ao invés da sua mente, mas ela teve que fazer o que precisasse, causar qualquer dor que ela pudesse, para ter o que precisava para salvar ele.
— Implorando, Godard? — Raphael zombou. — Não é isso que você exigiu de mim? Talvez se eu tivesse visto você fazer isso primeiro — ele gesticulou negligentemente para o vampiro sofrendo, — Eu teria sabido como.
Os olhos de Godard se iluminaram de raiva, substituindo o medo e a dor. — Você não será tão alto e poderoso, assim que minha senhora, destruir você.
— Sim, — Raphael disse, arrastando a palavra para fora. — Onde está sua senhora? Aqui estão todos, morrendo como ratos, e onde está Mathilde?
Godard conseguiu dar um olhar presunçoso, mas ficou em silêncio.
Raphael riu. — Eu sei onde ela está, seu tolo. Você acha que meu pessoal, minha companheira, ficou sentado de braços cruzados enquanto a sua estúpida amante planejava me destruir? Mathilde irá aprender a mesma lição que o resto de vocês hoje. A única diferença? Sua morte será vista como um presente, comparado ao que ela vai sofrer.
E Raphael aparentemente tinha terminado de falar. Mas ele não tinha terminado com Godard. Cyn ouviu ossos se estalarem em sucessão, como dados rangendo em um copo, enquanto Godard gritava. No momento em que Raphael havia terminado, o vampiro só podia ficar deitado no chão, sem os ossos intactos para se manter ereto. Ele choramingou lamentavelmente, seus olhos rolando na direção de Raphael com sangue derramado de sua boca. Aparentemente, Raphael tinha danificado mais do que ossos.
— Morte, — Godard murmurou, adicionando algo que soava vagamente como: — Eu te imploro.
Raphael sacudiu uma mão descuidada e um corte vermelho se abriu na garganta do vampiro, de modo que ele não podia sequer murmurar mais.
Raphael olhou para Cyn, ignorando o vampiro morrendo. — Você terminou aqui, minha Cyn?
— A qualquer momento que você terminar, garoto presas.
Ele sorriu com o apelido, mas então parou. — Nós temos uma situação no próximo quarto.
Cyn assentiu, mas manteve seus olhos em Godard. Quando se tratava de inimigos vampiros, o único vampiro que ela confiava era em um morto. Se aquele bastardo fizesse qualquer movimento...
Godard gritou. Cyn sentiu cheiro da carne queimada e olhou para baixo para ver a camisa sobre seu coração começar a arder. Ick. Raphael estava queimando o coração dentro de seu peito, e ele logo seria apenas mais uma pilha de poeira. Raphael não esperou para ver isso acontecer, mas Cyn sim. Ela resistiu ao puxão de Raphael em sua mão até que viu Godard se desintegrar em pó, então seguiu Raphael para fora no corredor e para baixo, para o quarto principal, indo direto para o armário de entrada.
Cyn seguiu curiosamente, a cabeça girando de um lado para o outro, ainda esperando um vampiro ou dois sair dos cantos. Havia tantos deles na casa. Era difícil acreditar que até Raphael tivesse conseguido matar todos.
Sua atenção voltou a Raphael quando ele se agachou e puxou uma manta azul felpuda para revelar mais um vampiro, embora este não estivesse parecendo muito animado. Na verdade, ele parecia um cadáver mais do que uma pessoa viva.
— Rhys Patterson, — Raphael disse, explicando porque esse vampiro entre todos os outros ainda estava respirando. Mais ou menos.
— Ele está...
— Vivo, mas por pouco. Ele está faminto.
— Ele está vivo? Por que ele parece tão... — Ela não sabia como terminar sem ser insensível sobre isso.
— Ele não tem poder o bastante para alimentar a simbiose. Sem sangue, seu corpo começou a se alimentar dele mesmo.
— Ele pode voltar? — Cyn perguntou, pensando sobre Donovan Willis e o que a morte de Rhy significaria para ele.
— Com sangue o suficiente, — Raphael disse, olhando para cima quando Ken’ichi andou para dentro do armário carregando vários sacos.
O grande vampiro ajoelhou-se ao lado de Rhys do outro lado, enquanto Raphael se levantou e puxou Cyn para fora do armário. — Vamos permitir a ele toda a dignidade que podemos. Ken'ichi o ajudará a se alimentar.
Cyn olhou para ele com curiosidade. — Patterson ajudou Mathilde, não?
— Rhys não tinha uma chance contra Mathilde. Uma vez que ela tivesse suas garras nele, ele seria impotente para desafiá-la, especialmente uma vez que ela ameaçou seu povo. Ele tentou me avisar no final, o que é provavelmente o porquê dela deixá-lo assim.
— Nós não podemos levá-lo para Malibu conosco, — ela disse pensativamente. — Eu vou ligar para Willis. Ele virá.
— Willis?
— O nerd com óculos que apareceu na primeira noite com camiseta de caveiras. Ele queria melhorar nossa segurança, lembra?
— Você confia nele?
— Ele e Patterson eram amantes, então sim. Ele não dá a mínima para Mathilde, ou você, contanto que ele consiga Patterson de volta.
— Vamos levar Rhys conosco por enquanto. Ligue para o Robbie. Que ele diga aos outros. Sairemos em três minutos.
Cyn assentiu, então apertou seu microfone de comunicação, e passou a Robbie a palavra, enquanto ela assistia Ken’ichi carregar Rhys para fora do quarto, descendo as escadas.
— Eu espero que os donos tenham conseguido um grande depósito quando eles alugaram essa casa, — ela comentou secamente, olhando ao redor enquanto eles seguiam.
— O que faz você pensar que eles alugaram isso? — Raphael perguntou
Cyn estalou para ele alto, fingindo choque. — Você quer dizer que eles invadiram?
Ele balançou sua cabeça. — Vamos, minha Cyn. Essa é uma longa noite, e longos dias. Eu preciso dormir, e eu preciso fazer uma ligação.
Cyn pegou sua mão e eles caminharam pelo corredor como se não estivessem deixando para trás uma casa cheia de vampiros mortos. — Nosso lugar não está longe — disse ela. — E é muito menos empoeirado.
****
Cyn tinha a porta aberta antes de Robbie parar totalmente a SUV dentro da garagem. Ken’ichi parou ao lado deles, na segunda vaga da garagem. Ele tinha Patterson em seu banco de trás. Elke e Mal estacionaram na calçada, saindo e entrando antes da porta da garagem se fechar.
Raphael não disse nada, mas Cyn podia dizer que ele estava exausto. Ele não tinha tido nenhum descanso antes de acabar com todos aqueles vampiros, e sem sangue além do que ele pegou dela antes. Mesmo com os poderes curativos de um senhor vampiro, ele pediu muito de si mesmo.
Ela deslizou para fora do SUV e esperou com a porta aberta até Raphael se juntar a ela. Ela se colocou contra o lado dele, e seus braços caíram sobre os ombros dela. Era um movimento natural. Raphael estava sempre a tocando. Mas nesse caso, era um meio para ela ajudá-lo para dentro da casa e subir as escadas sem mostrar sua fraqueza ser óbvia.
— Vocês vão na frente e empacotem tudo, — ela disse para Robbie enquanto levava Raphael para as escadas. — Nós iremos fazer algumas ligações, e eu vou deixá-los saber qual é o plano.
Robbie buscou em seu rosto, então assentiu. — Mal e eu vamos conseguir alguma comida.
— Boa ideia.
— Devo trazer algo para você?
Ela negou com a cabeça. — Eu vou pegar algo mais tarde.
— Qual a situação do avião? — Raphael perguntou, puxando sua atenção de volta a ele.
— Nós falaremos disso. Mas o tempo é curto para seu povo em Malibu. Nós precisamos fazer aquela ligação.
Cyn encaminhou Raphael para a enorme suíte que estava ocupando sozinha, antecipando sua chegada. Agora que ele estava lá, no entanto, não parecia tão grande. Raphael dominava todos os quartos em que ele entrava, simplesmente estando lá. Mesmo cansado como estava, saindo de dias de tortura sem descanso, nem comida, ele ainda trazia tanta energia para a sala que o ar parecia vibrar.
Cyn fechou as portas duplas, dando a eles privacidade. — Telefone ou chuveiro? — Ela perguntou sentando na cama e desamarrando suas botas. — O nascer do sol é em meia hora em Malibu, se você preferir tomar um banho rápido primeiro.
Raphael deixou cair seu paletó no chão, o mesmo que ela tinha usado por cima de seu biquíni antes dela se trocar no carro. — Telefone, — ele decidiu, chutando seus sapatos e meias, e se esticando na cama. — Venha aqui, minha Cyn.
Ela colocou o telefone descartável do dia na mesa de cabeceira, depois tirou suas botas e se arrastou pela cama. Ele puxou-a contra seu lado e envolveu ambos os braços ao redor dela.
Eles ficaram ali em silêncio por um momento, apenas existindo.
— Eu sabia que você viria, — ele disse quietamente. — Mesmo quando eu não pude mais tocar seus sonhos, eu sabia que você nunca desistiria.
Cyn apertou suas costas, enrolando uma perna em sua coxa. — Nunca. — Ela disse.
Mais alguns minutos se passaram antes de Raphael dizer: — Quais são os arranjos para o nosso retorno?
— Eu queria evitar usar seu avião particular. Isso seria muito óbvio. Então eu recrutei o maior dos jatos do meu pai, que, estritamente falando, é um jato corporativo. E como sou uma grande acionista e um membro do conselho para começar, puxei algumas cordas, o que raramente faço. De qualquer forma, liguei para os pilotos esta manhã e disse-lhes para estarem prontos para a decolagem já esta noite. Esse avião tem uma câmara de sono privada, e a cabine principal tem cortinas que cobrem toda a luz, que faz seguro para vampiros, também. Eu o tinha adaptado no ano passado, só no caso.
— Seu pai concordou com isso?
— Não, mas a avó concorda, e nós ganhamos dele. — Ela disse presunçosamente — De qualquer forma, eu sei que você odeia voar de dia, mas...
— Mas é necessário algumas vezes. Muito bem. Alerte seus pilotos. Nós partiremos assim que conseguirmos ficar prontos. O nascer do sol não está tão longe.
Cyn fez o telefonema necessário, o que levou cinco minutos desde que ela já tinha avisado os pilotos que isso poderia acontecer.
— Feito, — ela disse a ele, sentando de pernas cruzadas na curva de seus braços.
— Eu tenho que ligar para Jared e Juro.
— E Lucas.
Seu peito tremeu em um riso silencioso. — E Lucas, — ele concordou. — Juro te deu os telefones?
Ela segurou para ele o descartável — Sim. Esse é o de hoje.
Raphael pegou o telefone, e ela podia sentir ele juntando sua força para a ligação. Ela o conhecia. Ele queria falar com seu povo. Mas ele também precisava projetar força e poder, estar no controle.
Ele segurou o telefone, e Cyn começou a dizer a ele como alcançar Juro. Mas ele não precisava de sua ajuda. Ele abriu a agenda e ligou para o único número armazenado lá.
Malibu, California
Juro olhou pela janela para o oceano banhado pela lua, desejando ver o que estava acontecendo do outro lado. Ele tinha apenas alguns momentos antes de ter que se juntar a Lucia lá embaixo. Normalmente, ele já teria partido, mas ele estava se demorando, esperando ouvir alguma coisa. O resgate deveria ser esta noite, mas Cyn ainda não tinha telefonado. Isso não significava nada, é claro. Seu plano tinha começado enquanto o sol ainda estava em pé, mas não havia como saber quanto tempo demoraria a operação completa. Não saber em que tipo de condição estaria Raphael quando ela o encontrasse, ou quanto sangue ele precisaria. E então havia a centena de vampiros que tinham estado trabalhando contra ele. Cyn e os outros seriam duramente pressionados para tirar esses mestres vampiros se Raphael não fosse capaz de ajudá-los.
Mas por que assumir o pior? Havaí tinha duas horas atraso do que Malibu. Mesmo se o resgate tivesse sido um completo sucesso, talvez não houvesse tempo suficiente para alguém telefonar antes que o sol nascesse deste lado do oceano. Nesse caso, Cyn ligaria para Lucia com uma atualização, de modo que pelo menos eles saberiam ao acordar primeiro o que tinha acontecido.
Ele e os outros tinham sentido alguma esperança um tempo atrás. Uma súbita explosão de energia inundando cada célula de seu corpo, afugentando o frio do pressentimento que o havia seguido por vários dias. Desde que Raphael fora levado.
Ele acreditou, todos eles acreditaram, que isso significava que Raphael tinha sido solto de qualquer magia que Mathilde tinha usado contra ele. Que o plano de Cyn tinha tido sucesso.
Mas ele se sentiria melhor se ele pudesse saber com certeza. Se ele pudesse ouvir a voz do seu Lorde dizendo a ele que estava em seu caminho para casa.
Ele se virou para longe da janela, pensando em checar o desenvolvimento da guarda no portão antes de se juntar a Lucia no andar de baixo, quando um telefone tocou. Ele ficou confuso por um momento, porque não era a linha da casa, que eles estavam usando para se comunicar com o portão, nem a linha fixa, a qual ele muito raramente usava nesses dias.
Ele franziu a testa, então, tardiamente, reconheceu o toque como o telefone descartável daquela noite, e isso significava... Ele saltou para o telefone, com medo de Cyn assumir que era tarde demais e desligar.
— Cyn! — Juro disse, atendendo o telefone.
— Juro, — Raphael disse.
Juro fechou seus olhos, quase desmoronando em uma cadeira com a pressa do alívio que sentia ao som simples dessa voz. — Senhor, — ele respirou. — Ela conseguiu.
— Ela conseguiu.
— Nós conseguimos, — Juro ouviu Cyn esclarecer do auto-falante.
— O tempo é curto, — Raphael falou. — Qual é a situação?
— Lucas desafiou Mathilde na última noite. Eles irão se encontrar às dez da noite. Nós a isolamos completamente. Ela tem um vampiro muito assustado de guarda, e um par de humanos.
— Ela vê Lucas como uma ameaça?
— Nem um pouco, meu lorde. Lucas fez papel de tolo, que ele faz tão bem. E ela parece não ter feito a lição de casa, como ele estava preocupado. Isso ou ela acredita que você seja o poder por trás de todos os seus talentos.
— Lucas recebeu minha mensagem, então.
— De Cyn, sim. Quando você retornará, meu lorde?
— Se Lucas está para se encontrar com Mathilde essa noite, eu preciso estar aí.
— Senhor. — Isso foi tudo que Juro disse. Ele sabia o quanto Raphael odiava voar a luz do dia, mas algumas vezes não havia outro jeito. Como nesse momento.
— Nós iremos chegar antes do pôr do sol. Cyn arranjou transporte pela empresa de sua família de modo que mascare nossa chegada.
— E você deveria ir para minha casa. Lucas vai estar lá.
— Nós veremos você de noite, então.
— De noite, Senhor.
Juro desligou a ligação e jogou o telefone descartável sobre a mesa, então imediatamente pegou seu celular normal e ligou para Jared.
— Qualquer coisa? — Jared perguntou.
Juro nem tentou esconder a felicidade em sua voz. — Nosso Lorde estará em casa essa noite.
Honolulu, Hawaí
Raphael jogou o telefone descartável de lado, então levantou e começou a se despir. Na verdade, Cyn pensou, seria mais exato dizer que ele começou a arrancar suas roupas, já que ele estava literalmente rasgando as costuras de seu terno enquanto ele o removia, e jogando os restos numa pilha no chão.
— Tire a roupa, — ele disse a ela. — Você está tomando banho comigo.
Cyn sorriu. Ver Raphael em pé no quarto deles, por mais temporário que fosse, assistir ele se despir, e então estender uma mão imperiosa enquanto ele exigia que ela se juntasse a ele... ela se sentiu cinquenta quilos mais leve. Ele estava de volta. Seu sorriso era tão grande que doía seu rosto.
Até ela ver o que fizeram com ele. Ele ainda era lindo, seu peito ainda feito com músculo, seus ombros largos e grossos. Mas seus quadris, sempre estreitos, estavam muito finos, os ossos muito proeminentes. E seus olhos, enquanto a olhavam impacientemente, estavam cansados de uma maneira ela que nunca tinha visto antes.
E em menos de vinte e quatro horas, ele tinha que encarar Mathilde... e matá-la.
Cyn arrancou o resto de suas roupas, então pegou sua mão e deixou que ele a puxasse para o banheiro. O chuveiro aqui não era tão bom quanto o que eles tinham em casa, mas era maior do que a média. Grande suficiente para o que ela tinha planejado. Raphael precisava de sangue, e ele precisava de sexo. O primeiro era a nutrição para o seu corpo, para dar ao seu vampiro simbionte algum combustível para trabalhar, para continuar a curar os danos ao seu corpo. O outro era para o seu coração e alma. Ele era um vampiro poderoso que tinha sido derrubado. Ele precisava do amor de sua companheira para lembrá-lo de que ele ainda era Raphael, o formidável Lorde do Oeste, e sempre seria.
O recinto de vidro se encheu de vapor enquanto Cyn encontrava toalhas limpas e as empilhava na pia. Raphael não esperou. Ele deu um passo sob a água caindo e ficou ali, sem se importar com a porta aberta e a água espirrando por todo o chão. Seus olhos estavam fechados, a cabeça inclinada enquanto a água escorria nas suas costas largas.
Cyn fechou a porta quando ela se juntou a ele, prendendo seus braços ao redor dele por de trás e simplesmente o abraçando, reassegurando a si mesma que ele estava realmente em seus braços, que isso não era um sonho.
Enquanto o vapor embaçava o vidro mais uma vez, ela se aproximou dele para pegar xampu e lentamente lavou seus cabelos, massageando seu couro cabeludo e pescoço, sentindo ele relaxar sob seu toque. Mudando para o gel de banho, ela beijou suas costas e disse: — Eu não trouxe uma bucha comigo, então você terá que fazer com um pano de lavar.
Raphael não disse nada, então ela ensaboou o pano e começou a esfregar. Como ela tinha feito em Malibu, quando ela precisava lavar a mancha de sua crueldade, assim ela o lavou agora, livrando-o do fedor do cativeiro. Esfregando cada polegada de sua pele, começando com suas costas e pescoço, em seguida, movendo-se sobre sua bunda e para baixo, para cada perna. Então, virando-o para encará-la, ela lavou seu peito, seus braços, até mesmo sua virilha, ignorando, por agora, sua excitação evidente por seu toque.
Quando ela terminou, quando ele estava limpo de novo, ela fechou a distância entre eles até que seu mamilo duro estivesse roçando contra o peito dele. Levantando a boca ao pescoço, ela o mordiscou levemente enquanto seus dedos se fechavam sobre seu pau rígido.
Os olhos de Raphael abriram, seu olhar completamente escuro enquanto ele olhava para ela.
— Eu te amo, — ela sussurrou. Ficando na ponta do pé, ela trilhou sua boca pelo maxilar dele até seus lábios. — Me beije.
O braço de Raphael se fechou em torno de sua cintura, puxando-a contra seu corpo enquanto sua boca bateu sobre a dela com um rosnado. Seus dentes dispararam de suas gengivas, cortando seu lábio, de modo que seu beijo foi coroado com o calor de seu sangue. Eles se beijaram como amantes que estavam separados há meses, cujos corações haviam parado de bater enquanto estavam separados. Cyn envolveu seus braços em torno de suas costas e sobre seus ombros, pressionando-se contra ele até que não houvesse espaço entre eles. Tinha estado tão desesperadamente com medo de fracassar, de perdê-lo para sempre. Ela não pensou que seria capaz de soltá-lo novamente.
Ela aprofundou seu beijo, lambendo ao longo de suas gengivas inchadas, derramando mais sangue em sua boca quando seus dentes picaram sua língua. Seus dentes se fecharam sobre seu lábio inferior, misturando seu sangue com o dela enquanto ela moveu seus beijos para seu rosto, então seu pescoço, e finalmente até seu peito e abaixo para seu ventre plano, quando ela caiu de joelhos na frente dele. Olhando para cima, ela o viu inclinado sobre ela, olhos fechados, um poderoso braço apoiado no azulejo sobre sua cabeça, enquanto o outro se aproximava para alcançar sua ereção.
Cyn mordeu a mão dele quando ele começou a se acariciar, e seus olhos se abriram novamente. — Meu, — ela disse, então envolveu seus próprios dedos finos em torno da base de seu pênis e bombeou lentamente, fechando seus lábios sobre a cabeça e levando-o em sua boca até que ele tocou a parte de trás de sua garganta.
Os dedos de Raphael passaram por seus cabelos molhados, segurando-a com força, segurando-a no lugar enquanto seus quadris se dobraram e ele começou a empurrar. Cyn ergueu os olhos para vê-lo assistindo seu pênis deslizar dentro e fora de sua boca, seu olhar intencionado, focado, estrelas prateadas brilhando no preto de seus olhos.
Cyn abriu a garganta, tomando-o mais fundo enquanto os dedos dele se apertavam em um punho e ele empurrava mais forte, a cabeça de seu pênis batendo em sua garganta com cada golpe. Mais e mais rápido ele bombeou, até que com um gemido, ele empurrou tão longe quanto ele poderia ir e ficou lá, sua liberação um tiro abaixo da garganta dela quando ela engoliu mais e mais até que ele terminou.
A mão dele se afrouxou e ela se afastou, girando a língua em torno de seu pênis ainda duro, lambendo um lado e o outro, provocando a cabeça, até que com um assobio, Raphael a agarrou debaixo dos braços e a puxou para seus pés, pressionando-a contra a parede de azulejo com o peso de seu corpo.
— Você é a própria tentação. Pecadora — ele murmurou. — Minha Cyn.
Ela acariciou sua língua sobre a garganta dele e até sua boca, mordendo seu lábio e tirando sangue.
Raphael riu profundamente e agarrou suas coxas, levantando-as mais alto e abrindo seu sexo para sua crescente ereção.
Deus abençoe a resistência dos vampiros, pensou ela em particular, e então raspou as unhas sobre os ombros dele, deixando linhas na carne.
— Seja boa, — Raphael rosnou, colocando o traseiro dela em uma mão grande enquanto brincava com ela, deixando seu pênis deslizar dentro e fora de sua umidade sem penetração.
— Ser bom é superestimado — ela provocou, flexionando seus quadris para frente, empurrando contra seu comprimento.
Ele riu alto. Então, apoiou-a contra o azulejo, ele alcançou, posicionou seu pênis em sua entrada, e empurrou lentamente e firmemente, enterrando-se em seu calor com um impulso único e glorioso. Quando ele estava profundamente dentro de seu corpo, suas bolas pressionadas contra sua carne delicada, seus músculos internos tremendo em torno dele enquanto seu coração batia fora do ritmo, ambos fizeram uma pausa. Cyn encontrou seus olhos se enchendo de lágrimas enquanto ela encontrava olhar prateado dele.
— Não, — ele sussurrou, beijando seus olhos fechados, lambendo as lágrimas salgadas. — Nós estamos onde nós pertencemos.
Ela assentiu, engolindo de volta um soluço. — Eu preciso de você.
— Você me tem. Sempre.
E então ele começou a se mover, poderosamente, sensualmente, o seu espesso eixo entrando e sando dela enquanto seus quadris levantavam para atender a cada impulso, quando ela torceu a cabeça, descobrindo seu pescoço em convite tenso. Raphael gemeu com fome, sua boca se fechando sobre ela enquanto sua língua lambia na sua veia. O coração de Cyn, já galopando em seu peito, multiplicou enquanto ela acariciava a parte de trás de sua cabeça, sua vagina tremulando em torno de sua espessura, seu clitóris inchado esfregando contra o osso púbico toda vez que ele a fodia.
Ela estava ofegante, ansiosa por sua mordida, sentindo os primeiros arrepios do clímax tremer de seu clitóris para seus músculos internos, ziguezagueando até apertar seus mamilos até que eram seixos duros de sensação, raspando em dor requintada contra os planos de seu peito.
— Raphael, — Ela ofegou quando as presas dele se afundaram em seu pescoço, perfurando sua veia. De um instante para o outro, seu corpo estava em chamas, cada nervo gritando, cada músculo se contraindo. O próprio sangue em suas veias pareceu tão quente que ela pensou que iria explodir quando sua vagina convulsionou em torno dele, apertando seu pênis tão forte que ele mal podia mover. Ele se forçou contra seu apertado aperto, grunhindo enquanto acariciava os tecidos internos, cada pequeno movimento parecendo como um fio vivo em sua pele nua.
Isso era demais. Cyn jogou a cabeça para trás e ela teria gritado, mas os dedos de Raphael deslizaram entre seus dentes, forçando-a a morder, engolir seu próprio grito quando o orgasmo rolou sobre ela como uma onda de maré, afogando-a em sensação, cortando sua respiração, parando seu coração, até que não havia nada além de Raphael, nada além de seu pênis entre suas coxas, seus dentes em sua veia, seu sangue em sua garganta. E então sua liberação quente estava se apressando profundamente dentro dela quando ele juntou seu clímax com o dela, seus quadris batendo, empurrando mais e mais até que ele estava gasto.
Raphael ergueu a cabeça o suficiente para lamber suas feridas fechado-as, em seguida, descansou a testa contra seu ombro, ambos respirando pesadamente, agarrando-se um ao outro como se eles fossem desmoronar sem o apoio.
Eles ficaram assim por vários minutos, até que a água começou a esfriar. Cyn estremeceu, e Raphael imediatamente se virou para protegê-la do jato.
— Você consegue ficar em pé? — Ele perguntou.
Ela riu sem fôlego. — Eu acho que sim. Eu tenho que fazer. A água está ficando gelada.
Raphael deslizou-a pelo seu corpo até que seus pés tocaram o piso frio do chuveiro. Ele abriu a porta e a abraçou quando ela saiu e agarrou uma toalha. Desligando a água, ele a seguiu, aceitando a grande toalha que ela ofereceu, então envolvendo-a ao redor dela, prendendo-a no círculo de seus braços.
Ela deu a ele um beijo barulhento, então perguntou: — Quanto tempo até o nascer do sol?
— Duas horas, um pouco mais.
— Nós temos que empacotar e ir para o aeroporto. — Ela disse suavemente.
Ele encontrou seu olhar firme. — Você vai dormir comigo no avião.
— Cada minuto. E Robbie e Mal vão nos guardar durante o dia quando nós chegarmos em Santa Monica.
— Mal está vindo com a gente?
— Aparentemente, ele não está pronto para deixar Elke apenas ir. Na verdade, eu acho que ele pode estar procurando se mudar.
— Você confia nele?
— Eu não sei se você quer ouvir isso, mas ele veio com recomendações de Colin Murphy.
Raphael fez uma cara. — Você está certa. Eu não quero ouvir isso, mas isso tem algum peso.
Cyn deu um sorriso torto. — Vamos, garoto presas, vamos pegar algumas roupas limpas. Temos um voo para pegar.
****
Meia hora depois, as poucas coisas deles estavam empacotadas, e Donovan Willis tinha acabado de sair com um quase recuperado Rhys Patterson em seu reboque. Cyn e os outros estavam verificando a casa em busca de qualquer coisa que gritasse vampiro, quando Raphael subiu as escadas de repente e abriu a porta da frente.
Temendo o pior, Cyn girou em torno de seu lugar na ilha da cozinha, onde ela estava passando os detalhes com Robbie e Mal. Alcançando sua Glock enquanto ela corria atrás de Raphael, com Robbie em seus calcanhares e Mal seguindo com um murmurado: — O que agora?
Cyn chegou a varanda bem a tempo de ver Nick de pé na varanda da frente. Raphael estava enfrentando-o, seu braço estendido para um lado para impedi-la de passar por ele.
— O que...— ela começou a dizer, mas Raphael a parou.
— O que você quer, feiticeiro? — Raphael exigiu, sua voz efervescendo com poder.
— Oi, Cyn querida, — Nick murmurou, ignorando Raphael
— Pare com isso, Nick, — Cyn disse, guardando a arma e colocando a mão no braço de Raphael.
— Não fale com ela, — Raphael rosnou. — Que porra você está fazendo aqui?
— Espere, — Cyn insistiu.
— Você me deve, vampiro, — Nick disse satisfeito.
— Você está me confundindo com Mathilde. Eu não negocio com feiticeiros, — Raphael zombou.
— Esperem! — Cyn gritou. — Vocês dois, calem a boca. Raphael, — ela disse quietamente. — Nick é a pessoa que me deu a chave das algemas que Mathilde usou em você. Se não fosse por ele, eu não teria nem sabido onde elas estavam até eu ter você. Mathilde fez algo para Juro, então ele esqueceu disso.
Raphael virou sua cabeça apenas o suficiente para ouvir o que ela estava dizendo, mantendo seus olhos em Nick com um olhar não amigável.
— Como eu disse, vampiro. Você me deve, — Nick disse.
— Jesus, Nick, — Cyn disse impacientemente. — Pare de ser um idiota. E um feiticeiro? Que porra é essa? E como você o conhece? — Ela exigiu de Raphael.
— Eu disse a você que eu não era um vendedor... — Nick começou a dizer, mas Raphael o interrompeu.
— Eu não o conheço, eu sei sobre ele. Ele não é confiável. Nenhum deles pode ser.
— Cyn, você poderia educar seu namorado...
— Pare! — Ela gritou de novo. — Vocês dois estão agindo como duas crianças no jardim de infância. Nick, por que você está aqui?
Ele deu a ela um olhar sombrio, como se ela estivesse estragando sua diversão, mas então admitiu: — Eu quero minha chave.
Cyn alcançou o bolso do seu jeans. Ela não sabia o que fazer com aquela maldita coisa. Ela apenas sabia que mais ninguém iria colocar a mão nisso, então ela manteve por perto.
— Aqui, — ela disse, segurando a chave para Nick.
— Sem beijo...
— Não teste sua sorte. — Raphael rosnou.
— Nick, pare!
— Tudo bem. Vocês eram mais divertidos antes de conhecerem Sr. Dark e Broody aqui. E sobre as algemas?
Cyn congelou. — Hm.
— Por favor, me diga que você as tem.
— Bem — ela enrolou. — As coisas ficaram um pouco loucas, com os guardas e tudo. Posso ter, hum, deixado naquela casa. No quarto principal. Onde Raphael estava. — Ela escolheu cuidadosamente suas palavras, não querendo mencionar que Raphael fora preso, embora todos soubessem que isso era o que tinha sido feito. Mas ela não envergonharia Raphael na frente de Nick assim.
Nick rolou seus olhos. — Yeah, eu conheço vampiros, querida. Eu tenho uma bela ideia do que, ou devo dizer quem, ficou um pouco louco.
Raphael grunhiu tão alto dessa vez que até mesmo Nick recuou um passo.
— Olhe, sinto muito, Nick — disse Cyn rapidamente. — Foi estúpido da minha parte. Mas os vampiros que estavam trabalhando com Mathilde estão todos mortos, e os guardas humanos tiveram suas memórias apagadas por Raphael, para esquecer tudo e ir para casa. Portanto, as algemas provavelmente ainda estão lá no chão do quarto. Gostaria de voltar e buscá-las para você, mas...
— Não, não — disse Nick, recusando a oferta. — Eu sei que você está com pressa. Precisa ir para casa e matar Mathilde. Acredite, estou cem por cento atrás disso. Então, sabe o quê. Vou verificar a casa. Se as algemas estiverem lá, está tudo bem. Se não? Então, quando tudo isso acabar, você vai me ajudar a recuperá-las.
Cyn passou a mão pelo braço de Raphael, entrelaçando os dedos com os dele. — Raphael? — Perguntou ela.
Seus dedos seguraram os dela, mas ele não olhou para ela. Ele estava muito ocupado olhando para o Nick, com a mandíbula tão apertada que ela ficou espantada por não conseguir ouvir os dentes dele.
— Se isso acontecer, nós dois o ajudaremos. Não Cyn sozinha, —Raphael estalou.
— Não será tão divertido com você lá, mas tudo bem. — Nick disse animadamente, mas seus olhos o entregavam. Ele odiava Raphael tanto quanto Raphael obviamente o odiava. — Você tome cuidado, Cyn. E se você precisar de mim...
— Ela não precisará de você, — Raphael disse em uma voz difícil.
— Não querendo apontar o óbvio, mas...
— Nick, — Cyn disse, finalmente ficando nervosa. Raphael tinha passado o suficiente pelo inferno, ele não precisava de Nick jogando jogos. — Obrigada pelo que você fez. Realmente. Agora pare de ser um babaca.
A expressão de Nick se suavizou. — Ok, querida. Vou ligar e avisar se encontrar as algemas. E se não, então vamos caçar juntos. Nós três. Isso não vai ser grandioso?
Ele não esperou uma resposta. Ao invés, ele apenas deu a ela uma piscada, então se virou e foi de volta para seu carro, que era o mesmo Porsche Panamera preto que ele tinha dirigido antes naquele dia.
Raphael não se moveu até o carro desaparecer para baixo da montanha, até que nem mesmo o brilho vermelho das lanternas traseiras fosse visível.
— Como você conhece Nick? — Ela perguntou a ele quietamente.
Ele não disse nada no começo, e ela pensou que ele não iria, mas então ele a puxou para mais perto, deslizando um braço sobre seus ombros.
— Nicodemus Katsaros não é quem você pensa que ele é.
— Obviamente. Mas quem, ou o que, é ele?
— Ele é de outro tempo, quando magia era tão selvagem e disponível para qualquer um que quisesse usá-la. Ele é antigo e mortal, minha Cyn. E não confiável.
— Mas eu conhecia Nick...
— Você conhecia apenas o que ele queria que você conhecesse. Quem você pensa que cria aparelhos como aquelas algemas que ele queria tanto?
— Nick fez aquelas?
— Não, não ele, especificamente. Mas alguém como ele, um feiticeiro.
Cyn olhou na direção que Nick tinha pego, ambos abalados e espantados que ela poderia ter estado tão errada sobre alguém que ela conhecia tão bem. Ou, pelo menos, ela pensou que conhecia.
— Venha, — Raphael disse, beijando o topo da cabeça dela. — O bastardo maldito estava certo sobre uma coisa. Nós temos muito o que fazer e pouco tempo para isso. Nós lidaremos com ele quando nós tivermos que fazer, mas não é essa noite. Essa noite é para Mathilde. E talvez ela até nos diga como ela adquiriu aquelas algemas infernais antes de eu matá-la.
Capítulo 18
Noite Quatro, Santa Mônica, Califórnia
— EU GERALMENTE ODEIO dormir em aviões — rosnou Raphael. — Mas talvez isso seja porque você nunca esteve aqui ao meu lado. — Ele beijou a borda externa de sua orelha, então baixou sua boca para seu pescoço onde ele sugou suavemente. Cyn sorriu. Havia coisas muito piores na vida do que acordar ao som da voz de um vampiro, mesmo que isso significasse dormir nessa cama muito pequena.
— O colchão é uma porcaria — murmurou ela, inclinando a cabeça para lhe dar um melhor acesso ao pescoço.
Raphael riu, envolvendo ambos os braços ao redor dela, puxando-a de volta ao seu peito. — Essa pode ser sua próxima atualização para o jato do seu pai.
— Eu não quero falar sobre meu pai, — ela murmurou. O que era um eufemismo, uma vez que ela raramente queria falar sobre seu pai, mas especialmente quando ela estava acordada nua ao lado de seu amante, que ela quase perdeu.
Como se quisesse pontuar sua declaração, ela balançou sua bunda contra sua ereção crescente.
Raphael fez um ruído estrondoso no fundo de seu peito e puxou-a com força contra seu corpo enquanto ele se aproximava para cobrir seu peito em uma grande mão. Apertando o mamilo entre o polegar e o indicador, ele o enrolou com força, até ficar vermelho e corado de sangue.
— Tão linda, minha Cyn. Tão maduro.
Cyn colocou sua mão sobre a dele, encorajando-o a apertar mais forte, mas Raphael tinha outros planos. Deslizando a mão sobre o ventre dela, ele pressionou os dedos entre suas pernas para brincar com o clitóris. Ela gemeu ansiosamente, levantando um joelho para lhe dar melhor acesso, mas novamente, Raphael tinha seus próprios planos. Batendo no seu traseiro o suficiente para picar, ele empurrou seu joelho para baixo, então voltou a atormentar seu clitóris inchado, levando-a até a própria borda do clímax, antes de deixar seus dedos vaguear, deslizando-os no creme de sua excitação, mergulhando um dedo em sua vagina, então acariciando de volta para seu clitóris para começar tudo de novo.
Cyn estava tremendo de necessidade. Seus músculos estavam apertados, seus nervos cantando sob sua pele. Ela se esticou contra o poder dos braços poderosos de Raphael, atormentada pelo duro comprimento de seu pênis contra sua bunda, por seus dedos entre suas coxas. Chegando atrás, ela tentou pegar seu pau, torturá-lo como ele estava fazendo com ela, mas ele bateu na mão dela e só apertou mais forte contra ela.
— Raphael — sussurrou ela.
— Eu te amo assim, — ele disse, seus lábios se movendo contra a pele de seu pescoço. — Sua buceta quente e lisa, seus mamilos como cerejas maduras esperando para ser comidos, seu corpo retorcendo em meus braços, implorando para ser fodida. Você está implorando para ser fodida, minha Cyn? — Ela apertou seus lábios em uma linha apertada, recusando-se a dar-lhe a satisfação. Ele a queria tanto quanto ela queria.
Seu pênis tinha que estar doendo, ansioso para estar enterrado em sua vagina. Ela podia aguentar..
Seus dentes afundaram sem aviso em sua veia, sacudindo seu sistema com um tiro de euforia, disparando-a de excitação para orgasmo no espaço de uma única respiração. Ela sugou apenas oxigênio suficiente para gritar, então estremeceu em seus braços, suas presas ainda enterradas, ainda drenando seu sangue em sua garganta, dando-lhe a vida, dando-lhe o poder que ele precisaria para derrotar Mathilde.
Os dedos de Raphael mergulharam brevemente em seu sexo, então acariciou o nó de nervos requintadamente sensibilizado que era seu clitóris, deixando uma trilha molhada de excitação através de seu ventre e sobre seu quadril como ele mudou para cavar entre suas pernas por trás. Deslizando seus dedos dentro e fora dela, ele esticou seu dedo mais largo, primeiro um, depois dois e três, até que finalmente, ele posicionou a cabeça inchada de seu pênis em sua entrada lisa e, com um rápido flexão de seus quadris, bateu para a frente até que seus quadris bateram em seu traseiro.
Cyn adorava quando ele a fodia assim, adorava o quanto podia ir mais fundo, como ele poderia preenchê-la completamente. Ela teria empurrado contra ele, mas sua mão estava em sua barriga novamente, segurando-a ainda enquanto ele a fodia por trás, seu pau grosso esfregando contra os músculos internos de sua vagina, dedilhando a carne sensível, se sentindo tão bem que ela só podia gemer sem poder fazer nada.
As presas de Raphael deslizaram para fora de sua veia, e ela sentiu um rastro quente de seu sangue escorregar por seu pescoço para se juntar acima de sua clavícula. Sua língua selou as feridas, continuando pela mesma trilha sangrenta, lambendo seu sangue.
— Você gosta quando eu fodo com você? — Ele sussurrou.
Cyn estremeceu, ainda tremendo de seu orgasmo. Sua pergunta era tão simples, mas havia algo na maneira como ele dizia, algo escuro e exigente.
— Você sabe que eu gosto, — ela sussurrou de volta. — Eu te amo.
Ele continuou a fodê-la, seu pênis deslizando em seus sucos lisos, úmidos, seus dedos ainda enterrados nas dobras lisas de sua vagina enquanto brincava com seu clitóris.
— Venha para mim, então, — ele exigiu. — Agora. — Sua voz parecia acariciar cada nervo em seu corpo, deslizando sobre seu clitóris como uma luva de veludo, dedilhando sua carne interior quando o seu quadril de repente começou a bombear mais duro. Não houve uma acumulação lenta de sensação, nenhuma antecipação trêmula. Seu clímax atingiu como um relâmpago, o prazer começando em seu clitóris, em seguida, invadindo sua barriga, músculos contraindo seus seios inchados e seus mamilos pedindo para ser tocado. Cyn estremeceu impotente, esmagando seus próprios seios com os dedos, beliscando seus mamilos, desesperada para aliviar alguma da pressão doce enquanto o orgasmo rugia através de seu sistema.
Raphael segurou-a firmemente, com os dedos apoiados contra a barriga, o pênis esquentando o seu núcleo enquanto se movia mais rápido, enquanto a vagina se apertava o seu eixo, acariciando, ondulando ao longo de seu comprimento até que finalmente, com um gemido de libertação, caiu sobre a borda.
Eles ficaram no escuro, respirando pesadamente, o pênis de Raphael deslizando do seu canal liso, seus dedos suaves agora contra seu estômago. Ele beijou seu ombro, seu pescoço, então puxou para fora e a rolou, colocando-a debaixo dele.
— A quem você pertence, lubimaya? — Suas palavras foram ditas em uma respiração, mal lá, mas de repente Cyn sabia o que ele estava realmente pedindo. Isso era tudo sobre Nick. Raphael sabia que eles foram amantes. Claro que sim. Ele sabia que ela tinha tido amantes antes dele, assim como ele tinha tido antes dela. E normalmente não o incomodaria.
Mas estes não eram tempos normais. E Nick, aparentemente, não era um homem normal. Ele apareceu quando Raphael estava mais vulnerável, quando acabou de sobreviver ao que tinha que ser um dos pontos mais baixos de sua vida, humano ou vampiro.
— A quem você pertence? — Ele repetiu, as faíscas de prata piscando, advertindo em seus olhos negros.
Cyn encontrou seu olhar uniformemente e disse: — Eu não pertenço a ninguém, garoto presas. Mas eu sou sua, e você é o único, o único que eu já amei. Sempre.
Ele a beijou então, suave e terno, e cheio de amor. Era tudo o que tinham compartilhado, tudo o que haviam sobrevivido no passado, tudo o que sobreviveria no futuro. Juntos.
Lá fora no compartimento de passageiros principal, eles ouviram vozes, batidas e murmúrios do resto doo pessoal acordando para a noite.
— Devemos tomar banho na casa de Juro. Haverá mais espaço — disse ele, com mais do que um pingo de humor.
— Sem mencionar a água quente — ela disse secamente.
Seu celular tocou ruidosamente, vibrando sobre a mesa lateral em uma dança viciosa.
— Deve ser Lucas — disse ele. — Preciso falar com ele, mas prefiro fazê-lo pessoalmente.
— Devemos nos mover, então — disse Cyn. — Deve haver um par de SUVs esperando por nós.
Apesar de suas palavras, nenhum deles se moveu imediatamente, ambos relutantes em permitir que o resto do mundo entrasse na reconfortante escuridão de seu casulo privado.
Raphael suspirou. Cyn se juntou a ele. — No três? — Ela perguntou.
Ele riu, então deu-lhe um beijo estalado e saltou da cama, levando-a com ele.
— Três.
Malibu, Califórnia
A casa Juro tinha cerca de cem metros, do tamanho de um campo de futebol, ao lado da propriedade de Raphael na praia. Não havia motivo para que Mathilde suspeitasse que Raphael estava de volta à cidade, e todos os sinais indicavam que ela nem sabia que ele tinha fugido. Eles tinham contado com isso, a distância de Malibu para Honolulu, para mantê-la de sentir a morte de seus vampiros, e de seu grande plano. A morte de tantos de seus próprios filhos provavelmente teria atingido Mathilde com força, não importa a distância, mas nem todos os vampiros mestres que estavam trabalhando para segurar Raphael eram seus filhos. De acordo com Raphael, alguns deles tinham pertencido a Hubert ou Berkhard, os outros dois lordes que ajudaram Mathilde a prender Raphael naquela primeira noite. Enquanto os outros tinham lealdade aos lordes que permaneceram na Europa, mas que apoiaram a causa enviando seus mestres vampiros para ajudar Mathilde no Havaí.
Cyn não tinha planejado dessa forma, mas o fato de ter matado os quatro vampiros que estavam com Raphael enquanto dormiam provavelmente atrasou a consciência de alguém de que havia um problema. E no momento em que os cem se tornaram conscientes, eles estavam totalmente concentrados em conter Raphael, ainda lutando para controlá-lo como eles tinham sido ordenados. Portanto, ninguém recebeu um aviso, ninguém enviou um alarme. Tudo aconteceu muito rápido, e para muitos deles de uma só vez.
Agora que eles estavam de volta em L.A., Raphael estava se protegendo como um louco. Mesmo com a metade de sua força habitual, Raphael era suficientemente poderoso para que sua presença não se registrasse no radar de vampiros de alguém como Mathilde. Podia ser uma puta, mas era inegavelmente poderosa.
Mas apesar de tudo isso, Cyn não pôde evitar um olhar nervoso ou três, enquanto seus dois SUVs cruzavam a Pacific Coast Highway e faziam a curva para a casa de Juro. Eles estavam perto o suficiente da propriedade de Raphael que ela poderia ver o Eucalyptus Grove que marcava a entrada. Se eles tivessem passado por ele, ela poderia até ter sido capaz de vislumbrar o trailer onde Mathilde estava vivendo várias noites passadas. Segundo relatos, os jardineiros de Raphael iam ter seu trabalho dobrado, reparando todo o dano feito para acomodar aqueles reboques estúpidos. Sem mencionar os danos intencionais que tinham causado na estrada. Valeu a pena, porém, humilhar Mathilde e mantê-la fora da propriedade propriamente dita.
A casa de Juro estava bem na areia. Ela tinha três andares, e grandes janelas do chão ao teto ao longo do lado do mar. Ela tinha uma estrada estreita que correu ao longo da praia, e, como a maioria de seus vizinhos, estava cercada por uma parede para dar-lhe privacidade e manter os turistas de usar o seu quintal como uma passarela para a água.
Alguém deveria estar atento à sua chegada, porque o portão já estava abrindo suavemente no momento em que seu SUV chegou à casa. Dentro de minutos, ambos os veículos estavam dentro da parede e o portão foi fechado atrás deles.
Ken'ichi tinha deixado Elke dirigir, assim que o SUV parou, ele estava fora e sondou o quintal, que logo foi preenchido com vampiros. Eles estavam em fileiras ordenadas, alinhados, seus olhos cravados no SUV onde Raphael estava ao lado de Cyn. Com um olhar final ao redor, Ken'ichi deu a alguém um aceno de cabeça e abriu a porta do passageiro.
A primeira coisa que Cyn notou quando Raphael entrou no pátio foi um zumbido quase elétrico no ar. Ele chiou sobre sua pele e ela percebeu que era poder, poder vampiro. Estes eram vampiros de Raphael, muitos deles seus próprios filhos, dando boas-vindas ao seu senhor e mestre para casa. A maioria daqueles reunidos aqui eram guardas e guerreiros, o que significava que eles estavam na linha de frente, defendendo contra Mathilde. Para eles, o retorno de Rafael foi decisivo. A força de Rafael era baseada em grande parte em seu poder esmagador, mas quase tão importante era o amor e o respeito que seus vampiros tinham por ele. Ele governava com justiça e protegia o que era dele. E eles o protegiam em troca.
Cyn não deveria ter ficado surpresa com o comparecimento para receber seu mestre em casa, ou por sua reação ao seu retorno. Era justo...
— Será que Mathilde não notará que tantos dos guardas se foram? — ela sussurrou para Raphael.
Ele balançou sua cabeça. — Seus movimentos estão bem controlados, seu acesso à propriedade é limitado. É duvidoso que ela esteja ciente de mais de dez de meus guardas de cada vez. E o meu povo precisa disto.
Ela pegou sua mão, apertando firmemente enquanto eles se dirigiam para a casa. Eles tinham acabado de subir na varanda na parte de baixo, quando a porta da frente se abriu para revelar...
— Ah, claro. Por que não estou surpresa? — Cyn disse, balançando a cabeça.
Raphael sorriu. — Porque nada deve surpreendê-la sobre Lucas. — Ele atravessou a soleira e diretamente no abraço acolhedor de Lucas.
— É tudo tão normal? — Cyn ouviu Mal murmurar de algum lugar atrás dela.
— Esse é Lucas, querido, — Elke respondeu. — Não há nada de normal nesse garoto.
Cyn olhou de relance quando os dois se aproximaram dela dentro do amplo hall de entrada da casa. — Raphael e Lucas têm um vínculo especial — disse a Mal. — E o Lucas é carinhoso.
Ela olhou para trás a tempo de ver Raphael murmurar algo para Lucas que fez os dois rir, e então Lucas soltou Raphael para poder cumprimentar os outros, inclusive Jared, que encarou Raphael com lágrimas traiçoeiras em seus olhos, antes de abaixar a cabeça em um aceno. Raphael deu-lhe um tapinha no ombro, sussurrou algo em seu ouvido, depois se virou para Juro.
— Bem-vindo ao seu lar, Sire — disse ele, sua voz normalmente fria tremendo de emoção.
— Obrigado por ter certeza de que eu tinha uma casa para vir, — Raphael respondeu, colocando uma mão no ombro largo de Juro. — Obrigado a ambos.
Cyn perdeu o que quer que eles dissessem, porque sua visão foi bloqueada pela visão de Lucas vindo em sua direção com os braços abertos.
— Eu lhe disse que ele era carinhoso — ela murmurou, então se viu esmagada contra o peito largo de Lucas.
— Cyn, querida — ele disse alegremente, então sussurrou contra sua orelha, — Obrigado por trazê-lo de volta para nós.
Cyn se afastou o suficiente para olhar em seus olhos dourados incomuns. — Fiz tanto por mim quanto por você. Provavelmente mais — disse ela honestamente.
Mas Lucas apenas sorriu. — Eu sei. Mas obrigado de qualquer maneira.
— Mathilde não vai sentir falta de todos vocês? Você especialmente? — Ela perguntou.
— Ah, nosso encontro não é até mais tarde. Imaginei que eu a deixaria gozar suas últimas horas na terra.
— Por quê? — Cyn perguntou cinicamente.
Lucas riu. — Essa é uma das coisas que eu mais amo em você, Cyn. Você é implacável na vitória.
Cyn encolheu os ombros. Ela não sabia outra maneira de ganhar, especialmente quando se tratava de vampiros. — O que Raphael disse que te fez rir antes?
— Eu não tenho certeza que eu deveria te dizer.
— Ok. Vou perguntar a ele.
Lucas falou. — Você não é engraçada. Ele disse que na próxima vez que ele deixar sua arrogância entrar no caminho do senso comum, eu tenho sua permissão para chutar o seu traseiro. Como se isso fosse acontecer.
— Você quer dizer você estar chutando o traseiro dele?
— Você me feriu. Mas, não, eu quis dizer que ele cometeu o mesmo erro duas vezes. Mais do que qualquer um que eu já conheci, Raphael aprende com seus erros. Isso não vai acontecer novamente.
— Não, com certeza não vai. Meu coração não poderá suportar — acrescentou ela com sobriedade.
Lucas se moveu para ficar ao lado dela, e envolveu um braço apertado em torno de seus ombros. — Você e eu, então.
Raphael olhou para eles naquele momento. Ele sorriu ao vê-los de pé juntos, então estendeu a mão para Cyn.
— Meu mestre chama — ela disse secamente.
— Você adora.
Cyn riu. — Eu amo-o.
— A mesma coisa, Cyn querida.
****
Mathilde entrou na grande sala de recepção, olhando em volta para o mobiliário esparso, catalogando as mudanças que ela faria nas próximas semanas. Uma vez que ela se tornasse lorde do Oeste, tudo o que tinha sido de Raphael seria dela, a partir desta propriedade elegante para seus ativos financeiros consideráveis. Ela nem sequer conhecia a extensão de seu império, mas logo o faria. Ela faria uma prioridade, ela pensou, e mentalmente fez uma nota para trazer a sua própria equipe para rever os livros.
Muitas pessoas de Raphael teriam que morrer, é claro. Era lamentável, mas necessário. Vampiros como Jared e Juro, que haviam trabalhado tão de perto com Raphael, nunca a aceitariam. Ela supôs que alguns deles transfeririam sua lealdade para outro lugar, para Duncan talvez, ou para Lucas. Embora, se esta noite fosse como ela esperava, Lucas logo seria seu aliado, talvez até seu amante. Naquele tempo, ele era um rapaz bonito. Ele era um homem ainda mais bonito agora. E não doía que ele tivesse o território ao lado do dela – ou o que logo seria dela. Juntos, eles seriam uma formidável aliança. Eles governariam esse continente.
Ela sorriu enquanto caminhava pela sala, os saltos altos de suas botas clicando no chão de mármore. Esta realmente era uma casa encantadora. Ela provavelmente a guardaria, embora as linhas modernas não fossem normalmente a seu gosto.
Seus pensamentos deslizaram sem aviso, seu passo tremendo. Ela lutou para recuperar o equilíbrio, sentindo quase como se seu calcanhar tivesse pegado uma borda. Exceto que o mármore era perfeitamente liso, e tinha sentido mais como...
Ela girou ao redor, seu olhar procurando cada canto do quarto vazio. Impossível. Ela emitiu uma lança de poder, sondando longe através do oceano para o oeste, alcançando s mitos filhos de vampiros que ela tinha deixado guardando Raphael. Não havia nada, mas isso não era suficiente para alarmá-la. Tinha sido a falha em seu plano, a única fraqueza séria – que a distância e sua própria necessidade de se concentrar no que estava acontecendo neste lado do oceano iria impedi-la de ser capaz de monitorar o que estava acontecendo no Havaí.
Ela estava convencida de que teria sentido alguma coisa se Raphael tivesse se libertado, no entanto. Se ele de alguma forma tivesse conseguido matar todos os vampiros mestres que o contêm, certamente ela teria percebido o aumento de poder. Não teria?
Seu olhar se virou para a direita, quando as portas duplas se abriram no centro da sala. Ela ouviu uma voz masculina, seguida de riso, e ela relaxou. Era Lucas, na hora certa. E de bom humor, o que significava que ele provavelmente iria se aliar a ela. Foi uma jogada inteligente de sua parte. Ela nunca o conheceu como vampiro antes da noite passada, mas suas suposições sobre sua base de poder tinham provado ser precisas. Ele dependia de Raphael por sua posição. Se Raphael não existisse mais, então juntar-se a ela era o único curso disponível para Lucas. A menos que ele quisesse lutar desafio após desafio até que ele finalmente perdesse para um senhor mais poderoso. O que não seria longo.
Lucas apareceu entre as portas, um amplo sorriso iluminando seu belo rosto. Mathilde franziu o cenho diante do poder que ela podia sentir irradiando dele. Era muito mais do que ele tinha demonstrado ontem à noite, muito mais do que ela esperava, e isso a fez suspeitar que ele estivesse escondendo sua verdadeira força dela. Era um movimento instintivo para a maioria dos vampiros. Ela fazia a mesma coisa ao encontrar um oponente desconhecido. Nunca era bom revelar segredos.
Ela estudou Lucas com cuidado, e depois relaxou. Eles iriam ser aliados, não adversários. E, sendo esse o caso, era uma coisa boa que Lucas fosse mais forte do que o esperado. Ele seria um melhor aliado.
Ela sorriu enquanto se aproximava para cumprimentá-lo. — Lucas, não é surpresa? — Ela disse, referindo-se ao seu poder bastante substancial, agora que ela teve a chance de examiná-lo.
— Oh, isso, — ele disse, afastando suas palavras. — Eu tenho uma surpresa para você, mas é muito melhor do que isso.
— Oh? — Mathilde inclinou a cabeça, lutando contra a súbita onda de náusea que estava torcendo em seu intestino.
— Sim, boa notícia! Afinal, não vou lutar com você.
Mathilde piscou em confusão. — Isso é uma boa notícia — ela disse cautelosamente. Algo sobre toda essa organização estava de repente tocando sinos de alarme em sua cabeça. E então, entre um piscar de olhos e o próximo, seus piores temores foram confirmados. Uma onda de poder a atingiu, tão forte que ela foi derrubada um passo ou dois. E quando ela viu quem estava vindo atrás de Lucas, ela queria voltar muito mais.
— Impossível, — ela sussurrou, recorrendo a sua língua nativa.
Raphael entrou na sala, a arrogância se movendo em ondas, seu poder enchendo todos os espaços disponíveis até que Mathilde sentiu que estava tentando esmagá-la, como se a própria gravidade tivesse mudado repentinamente com sua entrada.
— Compreendo que haja um desafio em andamento — disse ele casualmente, como se ele fosse apenas um espectador.
— Você não pode estar aqui — ela respirou, desesperada para contatar seu povo no Havaí, para descobrir o que tinha acontecido, se algum deles ainda estava vivo.
Raphael inclinou a cabeça curiosamente. — Mas esta é a minha casa. Onde mais eu estaria, Mathilde? — Houve uma nitidez nessa pergunta que desmentia sua pose casual. Não que ela precisava de alguma evidência de que ele estava com raiva, até mesmo amargo. Ela não esperaria nada mais dele.
— Alguma das minhas pessoas ainda está viva? — Ela perguntou calmamente.
Raphael encontrou seu olhar por um momento, mas não em simpatia ou compreensão. Era mais como se ele achasse curioso que ela fizesse essa pergunta.
— Não, — ele disse simplesmente. — Bem, ninguém além de Rhys Patterson. Eu ouvi dele mais cedo esta noite, e ele está indo muito bem, reunindo seus filhos de volta, reconstruindo sua pequena comunidade. Ele e eu estaremos muito mais próximos depois disso, graças a você.
O coração de Mathilde apertava-se de dor, não pela morte dos outros, mas por seus próprios filhos. Alguns deles haviam estado com ela durante séculos. Seria impossível substituí-los. Mas então... A menos que ela pudesse derrotar Raphael em um desafio direto, isso realmente não importaria.
— Uma pergunta — disse ela, mais curiosa do que qualquer outra coisa. — Como escapou?
Raphael estendeu a mão para uma fêmea humana esbelta e de cabelos escuros. Mathilde olhou para a mulher de cima a baixo. Ela era adorável, com olhos de um tom invulgar de verde. E ela obviamente adorava Raphael. Mathilde podia ver o apelo do ser humano ao senhor vampiro, mas não conseguia entender por que ele a estava arrastando para uma conversa séria.
Raphael pegou a mão da mulher, puxando-a contra o seu lado. — Conheceu a minha companheira, Cynthia Leighton?
Mathilde piscou de surpresa. Esta era a companheira de Raphael? Ela tinha ouvido rumores sobre a mulher, até mesmo na Europa, mas esses rumores falavam de uma guerreira, não este punhado de uma mulher que parecia demasiada fraca para levantar uma arma decente. Mas mesmo assim... a realização a atingiu.
— Ela libertou você? — Mathilde perguntou em incredulidade. — Como isso é possível?
— Bem, eu tive ajuda, — a mulher comentou, o que suscitou um sorriso afetuoso de Raphael. Doentio.
— Seu desprezo pelos humanos sempre foi um ponto cego, Mathilde — disse Raphael, chamando sua atenção de volta.
— Nenhum humano poderia ter matado todos os meus...
— Oh, não, — Raphael disse maliciosamente. — Esse foi o meu privilégio. Minha Cyn tornou possível, no entanto. Ela suspeitava de seus motivos muito antes de qualquer um de nós. E você nem sequer soube que ela estava na ilha.
Mathilde estudou a mulher, calculando quanto tempo demoraria para matá-la agora, e se fazê-lo aumentaria suas chances de derrotar Raphael. Mas a quem ela estava enganando? Ela não podia vencê-lo em uma luta direita, não importa o quê. Era por isso que ela tinha inventado este esquema em primeiro lugar. Mas se ela ia morrer de qualquer maneira, então por que não tirar a cadela de Raphael primeiro? Dar-lhe-ia imensa satisfação em seus últimos momentos de vida, e causaria a ele uma dor imensurável.
Como se tivesse lido os pensamentos em sua cabeça, Raphael pisou abruptamente na frente de sua companheira. — Se você tentar tal coisa, sua morte será infinitamente mais dolorosa.
— Cyn — Lucas chamou a fêmea, estendendo a mão. Mas enquanto ela soltava o braço de Raphael, ela não saiu de seu lado, puxando uma arma de algum lugar sob seu casaco e segurando-a com as duas mãos.
— Esta deve ser minha luta, lubimaya — disse Raphael. — Vá ficar com o Lucas.
Mathilde ficou surpresa quando a mulher encontrou o olhar de Raphael com um aceno de compreensão, então cruzou de volta para a porta para ficar com Lucas.
— Então, Mathilde — murmurou Raphael. — Eu aceito seu desafio.
Mathilde olhou-o infeliz, o coração pesado pela forte probabilidade de sua própria morte iminente. Desde os primeiros dias de sua vida como vampira, ela não sentia esta sensação iminente de desgraça. — Você abateu meus melhores esforços, — ela disse calmamente. — Matou muitos dos meus seguidores mais fortes. Estou disposta a reconhecer a derrota e recuar...
Raphael riu. — Não é uma chance — disse ele brevemente. — Não em cem anos, nem em mil. Defenda-se ou morra no minuto seguinte.
— Posso dizer adeus?
— Não há ninguém para dizer adeus. Estão todos mortos.
— Você se tornou cruel, Raphael.
— Sempre fui cruel, Mathilde, com aqueles que merecem.
Ela atacou enquanto ele ainda estava falando, sabendo que um ataque surpresa era sua única chance. Mathilde tinha poder, mas Raphael... ele tinha sido poderoso quando ela o conheceu na Europa, mas isso não era nada comparado com o que ela estava enfrentando hoje à noite. Ela sabia agora que ele estava segurando sua força naquela primeira noite no Havaí, na noite em que ela agiu com tanta precipitação pensando em controlá-lo.
Antes que ele terminasse sua frase, ela atacou, cravando um chicote de poder apontado em sua garganta, esperando sangrar alguma de sua força terrível, mesmo enquanto ela envolvia seus escudos mais poderosos em torno de si mesma, usando muito poder para selá-los firmemente, mas disposta a tomar essa chance. Ela não podia derrotá-lo em uma prova de força; ela sabia disso agora. Mas talvez ela pudesse sobreviver a ele. Ele tinha quebrado as restrições que ela tinha envolvido, mas ele tinha que ter tomado um pedágio. Ele deve estar pelo menos enfraquecido pelos dias de inatividade, de fome e perda de sangue. Se ela pudesse aguentar até que sua força esgotasse, havia uma pequena chance de que ela pudesse se afastar. Não como Lorde do Oeste – que estava perdido para ela – mas pelo menos com sua vida.
****
Raphael bloqueou o ataque de Mathilde com uma facilidade surpreendente. Fazia tempo que não via Mathilde, ainda mais desde que ele a vira elevar seu poder, mas ele esperaria mais do que o que ela lhe lançou. Ele ergueu seus escudos quase como um pensamento tardio, então percebeu onde seu poder tinha ido. Ela estava desperdiçando força em seus escudos, mergulhando-os um sobre o outro, como se estivessem se escondendo atrás deles, em vez de gastar sua energia lutando. Ele sempre admirava o design elegante dos escudos de Mathilde. Cada um era quase como uma segunda pele, de acordo com seu corpo, apenas um centímetro acima de sua carne. Mas se esconder atrás de seus escudos parecia uma estranha estratégia para ele, até que ele entendeu seu pensamento. Ela esperava esgotá-lo, esperava que ele estivesse fraco depois da longa provação em suas mãos. Mas então Mathilde nunca teve um companheiro, nunca experimentou o poder do sangue de um companheiro, especialmente não um companheiro tão formidável quanto sua Cyn.
— Faz quase dois séculos que enfrentei um desafio, Mathilde — disse ele, deixando que ela ouvisse a zombaria em sua voz. — Me dê uma boa luta, e eu farei sua morte rápida.
Mathilde sibilou com raiva. — Como você ousa? Você não é nada além de um camponês da sujeira em uma elevação do sangue.
Raphael sorriu quando soltou todo o peso de seu poder, sentindo a corrida familiar de liberdade que ela trouxe, vendo os olhos de Mathilde se arregalarem em choque. Teria ela pensado que ele já estava em plena força? Que ele tinha entrado no quarto cercado pelas nuvens cheias de seu poder? Talvez ele não fosse o único que não tinha lutado um desafio em muito tempo.
— Nós, camponeses, somos feitos de material robusto — ele provocou.
Mathilde recuou mais dois passos, a cabeça girando de um lado para o outro, examinando a sala. Estava procurando aliados? Não encontraria nenhum aqui.
Seus pensamentos se interromperam quando um vaso grande veio voando pelo quarto para esmagar contra seus escudos. Antes que ele pudesse rir da tolice de tal estratagema, outro se quebrou contra suas costas, e ainda outro e outro até que o chão estava cheio de pedaços de porcelana inestimável. Levantando as mãos, ela reuniu os fragmentos em um redemoinho mortal com ele em seu centro, girando cada vez mais rápido até que ele podia sentir a brisa de sua passagem.
Era um aborrecimento mais do que qualquer outra coisa, e Raphael estava a ponto de dar uma bofetada quando percebeu abruptamente a loucura de seu pensamento, e calculou mal o tempo. Mathilde empurrou uma lança firmemente controlada de poder diretamente em seu coração, esperando tirar proveito de sua distração com a porcelana. E ela quase conseguiu. Pegando a ondulação do poder pelo canto do olho, ele endureceu os escudos em frente a seu peito e repeliu a lança, mas não sem sentir a pressão de seu impulso.
Levantando as mãos em um movimento de empurrão lateral, ele sugou a energia de seu ataque inicial. O mini-tornado de fragmentos de porcelana caiu ao chão com um baque forte, deixando-o cercado pelo material.
— Muito bem feito, Mathilde — observou ele. — Embora eu preferisse que você usasse a louça mais barata.
Mathilde mostrou os dentes por trás da fina distorção de seu escudo. — Quanto melhor a porcelana, mais nítidas são as fendas. Seu arrogante bastardo. Diga-me, como você se livrou das algemas?
— Por que eu diria isso?
— Por que não, oh grande? De acordo com você, eu estou morta de qualquer maneira. Pense nisso como um presente de despedida.
Raphael riu. — Você sempre foi inteligente. Pena que você é uma puta sem fé. Mas você me surpreende, então eu vou te dar isso... Minha Cyn tinha a chave.
Os olhos de Mathilde se arregalaram, uma mão indo até o peito. — Impossível! A chave é minha.
Raphael disse. — Você tinha as algemas, você conhece sua história. Então você deve saber que havia duas chaves feitas.
— Mas a outra...
— É isso mesmo, Mathilde. Minha companheira trouxe a chave âmbar — disse Raphael orgulhosamente.
Mathilde riu. — Quantos feiticeiros ela teve que foder para conseguir isso?
Raphael sentiu os olhos ficarem frios, sentiu que todos os vestígios de humor se afastavam. Apertando as mãos, ele enviou uma onda de poder contra os escudos de Mathilde, observando com satisfação enquanto ela cambaleava para trás, as veias se esticando no pescoço e na testa enquanto lutava contra isso. Uma veia em sua têmpora explodiu sob a tensão, fazendo o sangue escorrer ao longo de sua mandíbula para manchar seu suéter pálido. Respirando com dificuldade, lutando para ficar de pé, ela enxugou o sangue quando ele tinha pingado em seu olho, então endireitou suas costas para encará-lo novamente. Ela era corajosa o suficiente, ele daria isso a ela. Mas ela tinha cometido um erro quando arrastou Cyn na mistura.
Ele lançou uma série de golpes, um após o outro, chovendo-os em seus escudos, lado a lado, de cima para baixo, até que ela nunca soube onde o próximo golpe viria, seus olhos mudando descontroladamente quando ela tentou seguir seus movimentos. Ela era muito inteligente para lutar, muito experiente para pensar que ela poderia ter sucesso se ela tentasse. Ela estava colocando todo o seu esforço em seus escudos, ainda esperando para se esconder atrás deles até que sua força sinalizasse o suficiente para dar-lhe uma chance.
Raphael contornou Mathilde, mais para desequilibrá-la do que para servir a qualquer propósito real. Tornara-o uma vítima, o tinha reduzido a uma impotência que ele não sentia desde criança, à mercê dos punhos de seu pai. Não havia suficiente sofrimento que pudesse encher com ela, nenhum tormento suficiente...
Ele olhou para cima e viu Cyn de pé ao lado de Lucas, seu rosto encantador uma máscara de medo por ele. Ocorreu-lhe que Cyn nunca o tinha visto lutar um desafio antes, nunca o vira assumir um adversário que nem mesmo remotamente correspondia a ele no poder. Mas ela estava preocupada com a segurança de seu corpo, ou sua alma? Sua Cyn era uma guerreira de coração. Ela compreendia a necessidade ocasional de crueldade na guerra, mas nunca aceitou o preço que ele pagava por ela.
Raphael voltou o olhar para Mathilde, que olhava para ele, desafiadora e desesperada, dentro dos limites de seus elegantes escudos. E ele estava abruptamente cansado dessa luta. O resultado foi ordenado; não havia nada que Mathilde pudesse fazer, nenhuma reserva para ela se aproveitar disso seria suficiente para superar sua superioridade de poder bruto, muito menos sua experiência muito maior em lutas reais. Mathilde tinha poder suficiente, mas sua preferência sempre tinha sido evitar o confronto pessoal, para ganhar usando as técnicas mais secretas como assassinato e manipulação. Ou magia. Assim como ela tinha usado contra ele.
Esse pensamento o trouxe de volta ao que ela tinha feito para ele, e o que ela lhe devia por isso. Sem aviso, ele desencadeou uma série de ataques letais, já não mais com o objetivo de brincar com ela, para prolongar a luta. Estes foram projetados para matar, para subjugar a sua capacidade de se defender.
Mathilde lutou até o fim amargo, tentando desesperadamente acompanhar seus ataques, até que com um pop audível, seus escudos se derrubaram. Raphael puxou para trás seu próximo ataque, quando ela caiu de costas contra uma mesa lateral de pernas esguias, respirando com dificuldade, olhando com ódio para ele.
Raphael a olhou friamente. Ela lutou duramente até o fim, apesar das probabilidades esmagadoras. Ele quase podia respeitar tal oponente. Poderia quase considerar conceder a ela uma morte honrosa.
Quase.
Ele gesticulou, e um fino chicote de poder atacou, cortando sua garganta, cortando cada veia e artéria em seu pescoço. Ele queria que ela soubesse como era sentir o sangue de sua vida cair em um fluxo quente pelo seu peito, conhecer o sentimento de desesperança, o conhecimento de que sua vida estava prestes a terminar e todo o poder no mundo não a salvaria.
Ele observou como ela se engasgou com seu próprio sangue, viu o terror em seus olhos, e eventualmente a súplica.
— Você ainda está impressionada, Mathilde? — perguntou.
E então ele bateu com um punho em seu peito, arrancou seu coração, e esmagou-o diante de seus olhos.
****
Raphael deitou-se na cama, olhando com os olhos entreabertos enquanto Cyn penteou seus cabelos brilhantes, depois se inclinou sobre a pia para lavar o rosto. Ele inclinou a cabeça, sorrindo ligeiramente em apreço por seu corpo nu.
— Pare de olhar, — ela falou, levantando uma toalha para secar seu rosto.
— Por quê? Não posso admirar a beleza que é minha?
Ela jogou a toalha em seu rosto quando ela saiu do banheiro. Ele o esquivou facilmente, puxando-a em seus braços quando ela subiu na cama ao lado dele.
— Você nunca vai me deixar esquecer isso, vai?
— Que você é minha? Nunca.
— Você entende, isso significa que você é meu, também, certo?
— É óbvio.
— Bem, diga de qualquer maneira.
Raphael riu. — Minha Cyn, amor da minha vida, eu sou seu.
— Bem, atire. Você não tem que ser tão doce sobre isso.
Ele se virou, colocando-a sob seu corpo, colocando-a entre seus braços. — Mas eu faço. Eu não estaria aqui sem você. Muitos dos meus vampiros, meus filhos, teriam morrido sem você. Devo-te muito mais do que doçura.
— Eu não fiz por eles, ou para que você ficasse me devendo. Eu fiz isso por mim, porque a vida sem você não vale a pena viver.
— Eu sei.
Ela deu-lhe um sorriso tão desarmante, que ele estava imediatamente suspeito. — O quê? — perguntou ele, lutando contra a diversão que estava tentando curvar seus próprios lábios em um sorriso.
— Agora que você matou a bruxa má, acabou? Podemos tirar férias de verdade?
Ele suspirou. — Eu lhe daria qualquer coisa, lubimaya. Mas isso eu não posso te dar. Ainda não. Mathilde não agiu sozinha. Nós matamos todos aqueles que ela se reuniu contra mim, mas há outros, tão poderosos quanto ela ou mais, que conspiraram com ela. Esta guerra ainda não acabou.
— Eu pensei que você diria isso. Que tal um fim de semana em Malibu? Conheço um belo condomínio na praia.
— Isso eu posso fazer, — ele disse, rolando em suas costas, abraçando-a contra ele, muito consciente de que o sol estava prestes a aparecer no horizonte.
— Amo você, Raphael — disse ela sonolenta, colocando a cabeça em seu ombro.
— Eu também te amo, minha Cyn. Sempre.
Epílogo
San Antônio, Texas, mais cedo na mesma noite
CHRISTIAN DUVALL sentou-se debaixo de um guarda-chuva ao longo da River Walk em San Antonio bebendo um expresso, o delicado copo minúsculo em sua grande mão. Alguns vampiros continuaram a voltar seus gostos para o álcool, embora não tivesse nenhum efeito em seus metabolismos realçados. Christian preferia explorar sua imunidade metabólica, entregando-se ao gosto altamente cafeinado de um excelente expresso. Quanto mais encorpado, melhor.
Este estabelecimento em especial servia culinária italiana e uma aproximação justa de sua bebida favorita, embora mesmo aqui, eles não podiam corresponder a mistura escura de seu café em Toulouse. Mas, infelizmente, aquele era um café que ele provavelmente nunca veria novamente.
Ele ergueu sua xícara enquanto um barco turístico passava, cheio de americanos alegres. Ele não esperava gostar deste país, mas depois de apenas dois meses, ele teve que admitir que tinha muito a recomendar. Ele esperava que sim, porque de uma forma ou de outra, ele planejava torná-la sua casa.
Um garçom chegou à sua mesa para entregar um prato de biscoitos italianos, polvilhado liberalmente com açúcar em pó. Christian não iria comer qualquer um desses, mas por causa das aparências, ele sempre pedia alguma coisa. Afinal das contas, os vampiros haviam sobrevivido a tanto tempo, se misturando. Ele olhou para o garçom com um sorriso de agradecimento, depois voltou para seu jornal e seu expresso. Ele acabara de começar a ler uma análise da situação política local – sempre uma coisa boa para saber – quando seu mundo foi abalado por uma explosão de poder tão forte que sua mente ficou completamente em branco por um minuto ou até dois.
Foi tão avassalador e tão inesperado que, quando ele finalmente piscou de volta à consciência, ficou chocado ao descobrir o mundo humano procedendo em torno dele como se nada tivesse acontecido.
Mas algo tinha acontecido. Algo importante. Seu Sire, Mathilde, estava morta. Ela tinha falhado em sua tentativa mal concebida de derrotar Raphael, e Christian estava agora sozinho.
Ele não poderia ter pedido um resultado melhor.
Ele levantou o celular e ligou para o agente de viagens. Era hora de fazer uma visita a Malibu...
D. B. Reynolds Aden
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