Biblio VT
Series & Trilogias Literarias
Vice, ‘Vício’ é seu primeiro nome, nome do meio e sobrenome... este anjo poderá salvá-la?
O Visconde de Vice gosta de dois tipos de mulheres, as que caem facilmente em sua cama e as que vão embora com a mesma rapidez. Então, por que ele não consegue parar de pensar na doce Srta. Ada Chase? Seu cabelo ruivo e olhos verdes assombram seus sonhos, embora não devesse. Ela é totalmente errada para ele...
O Visconde Viceroy parece que foi enviado do céu, mas por trás desse verniz perfeito existe um canalha. Ada tem certeza disso. E damas como ela deveriam ficar longe de malandros como ele. Então, por que ela está seduzida por seu encanto perfeito?
Capítulo Um
Lorde Blakely Everbee, o Visconde de Viceroy, sentou-se ao lado da Srta. Ada Chase enquanto ambos observavam sua prima caminhar pelo corredor em direção a seu amigo, o Conde de Exmouth. Ele fez uma careta, flexionando os dedos. Vice odiava casamentos. E ele os desprezava especialmente enquanto se sentava ao lado de uma mulher elegível que, se não estava enganado, iria chorar.
Ele quase cuspiu ao ver a pequena gota d'água se formando no canto do olho dela. Então, ela fez o que todas as mulheres faziam. Com um toque delicado de seu lenço, soltou um pequeno suspiro. Do tipo que pode levar um homem a amolecer.
— Não é simplesmente lindo?
Vice teve que confessar que, embora o casamento em si fosse terrível, a visão dela não era terrível. Era muito boa, na verdade.
Não se atreveu a creditá-la mais do que boa, no entanto. Ele era considerado excepcionalmente bonito por muitos, seus traços quase angelicais. E ele mantinha as mulheres com quem namorava em padrões muito elevados. Eram as mulheres mais bonitas, talentosas, dotadas ou perfeitas na Inglaterra e em toda a Europa por esse motivo. Ele teve um caso, por exemplo, com uma cigana conhecida por sua habilidade de ler cartas com precisão mortal e beber vodca com os melhores homens.
Ele tinha feito uma bagunça com a atriz mais famosa de toda Londres, tinha estado com uma princesa russa que era rica além de sua imaginação. Ao todo, a lista de mulheres com quem compartilhou uma cama era uma realização em si. Uma do qual ele era orgulhoso.
E a senhorita Ada não era digna de lista. Sim, era adorável com seu cabelo ruivo claro reluzindo ao sol, e seus olhos verdes brilhantes que só pareciam mais brilhantes com o tremeluzir das lágrimas. E sim, sua figura era flexível, a quantidade perfeita de curvas suaves com um busto amplo e uma cintura fina. Claro, seu lábio trêmulo enquanto ela olhava para a noiva e o noivo o fez se perguntar qual seria o seu gosto. E o minúsculo ruído de satisfação que ela emitiu soou como a conversa de travesseiro mais doce que ele já tinha ouvido. Mas a Srta. Chase não era talentosa em nada significativo... e, portanto, não era seu tipo.
— Aquele beijo. — Ela se virou para ele, os olhos um pouco sonhadores, a cabeça inclinada para o lado. — Diana está brilhando.
A boca de Vice se torceu em uma carranca.
— Brilhando? —Sua boca tinha gosto de cascalho. Por que as mulheres insistem em ser tão ingenuamente românticas? Essa era outra característica que a maioria das mulheres com quem ele flertava decididamente carecia. Elas entendiam o mundo como ele era. Diferente de Ada...
Ada bateu no braço dele com o leque. Um leve toque que fez o tecido de seu colete roçar em seu braço fazendo cócegas.
— Você não vê? A cor em suas bochechas. Seu sorriso sem fôlego. É só...
— Bonita? — Vice completou a palavra que ela acabara de usar momentos antes. Sua voz continha desdém, em vez de otimismo de olhos marejados. — Você já nos contou.
Ela se inclinou em direção a ele então, sua boca ligeiramente entreaberta, seus olhos enrugando nos cantos.
— Você não acha?
Ele avaliou suas características. Suas maçãs do rosto altas estavam vermelhas com um tom marrom rosado que acentuava os pequenos respingos de sardas em seu nariz. Elas não eram do seu gosto usual, dando a ela um ar de inocência, mas descobriu que gostaria de contá-las. Talvez beijar algumas.
— Casamentos são geralmente chatos. E, pior ainda, tudo que posso pensar é que o noivo desistiu de toda a diversão da vida para cuidar de uma mulher e um bando de pirralhos que virão em breve.
Ada fungou, voltando-se para frente.
— Meu Deus, você é desagradável, não é?
Seu melhor amigo, o Barão de Baderness, estava sentado a duas cadeiras de distância, ao lado da prima de Ada, Lady Grace. Agora, Grace era uma mulher que poderia estar na sua lista. Os traços de seu rosto eram uma máscara perfeita de beleza feminina. Seu espesso cabelo loiro claro estava artisticamente arranjado para destacar suas maçãs do rosto salientes com sua coloração rosa perfeita. Bad se inclinou, fazendo contato visual, apesar das duas mulheres entre eles.
— Ele está além de desagradável. Eu poderia usar a palavra insuportável, — Bad murmurou alto o suficiente para os quatro ouvirem.
Grace deu uma risadinha.
— Você é muito engraçado. Você geralmente é tão quieto que não percebi que você tinha senso de humor. — Isso fez Bad fechar a boca e se sentar em sua cadeira.
Foi a vez de Vice rir.
— Ele não é. Ele só faz uma piada uma vez a cada cinco anos.
A boca de Ada se curvou em um pequeno sorriso. O tipo em que seus lábios ficam juntos, sem mostrar nenhum de seus dentes. Mas ela balançou a cabeça, como se desaprovasse, apesar de suas feições relaxadas. Então, um dedo tocou seu queixo.
— Insuportável? — Ela olhou para ele, seus olhos verdes brilhando. — A palavra combina com você.
Ele ergueu uma sobrancelha. Por sua consideração, Ada Chase não tinha o direito de causar-lhe nenhum problema. Seis semanas antes, ela, sua irmã e suas primas haviam entrado em seu local de jogos secretos que ele administrava com cinco de seus amigos. Elas descobriram o segredo dos homens e se colocaram em perigo. Agora, ele e Bad estavam sendo forçados a tomar conta das duas únicas mulheres Chase que não eram casadas. Elas precisavam manter seu segredo e ele precisava ter certeza de que estavam seguras. Uma mulher louca chamada Lady Abernath estava aterrorizando as mulheres Chase para expor Vice e seus amigos. O trabalho era pior do que ir a este casamento.
— E que palavra pode se adequar a você? — Ele voltou, inclinando-se mais perto. O que poderia ter sido um erro. Ela cheirava a biscoitos ou canela. Talvez ambos. Não, espere, ele pegou dicas sutis de mel junto ao seu cheiro doce. Sem querer, inspirou profundamente. Delicioso.
Ela deu de ombros, mas seu rosto ficou tenso e ela colocou as mãos no colo. Baixando a cabeça para olhar para eles, ela franziu os lábios.
— Devo apresentar a palavra mais usada para me descrever?
— Se isso te agrada. — Ele se recostou com a sensação de ter acabado de ganhar uma batalha de inteligência desconhecida. Ele podia ver seu desconforto.
Então ela relaxou. Sua cabeça ficou mais alta enquanto as linhas de seu corpo se endireitavam. Ada olhou-o, inclinando-se para perto.
— Minha irmã e minhas primas costumam me chamar de passarinho. Suponho que seja porque tenho tendência a ficar nervosa.
Isso parecia certo para ele. Olhando para suas feições agora, ela era tão bonita, não mais do que Grace. Mas faltava-lhe a confiança que chamava a atenção nesses aspectos. Por que uma mulher tão bonita como ela não veria seu próprio valor?
Ela chegou um pouco mais perto ainda, e seu seio esquerdo roçou no braço dele. Seu corpo inteiro se apertou com o toque leve enquanto a respiração dela sussurrava na pele de sua orelha, quase o fazendo estremecer. Não havia nada de tímido nesse movimento.
— Mas no ano passado, ganhei um novo apelido.
Ele se virou para ela então, percebendo o quão perto ela estava, uma polegada, talvez duas, e ele poderia pressionar seus lábios nos dela entreabertos. Ele cerrou os dedos para não acariciar o rosto dela. Droga, queria beijá-la. Como ela conseguiu atrair um libertino experiente como ele?
— Qual é?
— Arruinadora de libertinos, — respondeu ela, olhando-o diretamente nos olhos. — Você pode imaginar um nome mais bobo?
Ela estava se aproximando? Ele piscou duas vezes tentando fazer seus olhos funcionarem corretamente quando ela se endireitou novamente.
— Você? Arruinadora de libertinos? Conheci algumas mulheres na minha época que poderiam reivindicar esse título, mas você? Uma mulher capaz de fazer um homem pecador se arrepender?
Ela deu de ombros levemente. Não se afastou, mas ele notou um leve enrugamento nos olhos, quase como se ela estivesse estremecendo.
— Eu sei. É realmente um absurdo.
Ele estreitou o olhar. Ela o estava desafiando? Sua boca se curvou em um sorriso quando uma nova ideia chamou sua atenção. Se ela queria travar uma guerra no campo do afeto, ele estava no jogo. E se ela realmente tivesse uma reputação de reformadora de libertinos, bem, ela seria uma boa adição à sua lista.
Ter a atenção dela ajudaria a realizar outro objetivo também. Na verdade, seu trabalho seria muito mais fácil se ela desejasse estar ao seu lado. Concordou em vigiá-la quando ela estivesse em público. Foi a razão por sentar-se ao lado dela hoje. Ada havia descoberto um segredo sobre seus amigos e ele precisava ter certeza de que ela guardaria esse segredo. E os acontecimentos recentes determinaram que ele também a mantivesse segura.
Uma pequena voz incomodou no fundo de seus pensamentos que ele era tão ruim quanto sua mãe o alegou ser. Mas empurrou esse pensamento de lado. Ele a estava ajudando. Isso era certo, e não iria tão longe a ponto de realmente arruinar sua reputação. O jogo era inofensivo. Melhor do que inofensivo, ajudava a mantê-la segura.
Ele deu a ela seu sorriso mais encantador.
— Nem um pouco absurdo. Eu vejo agora. Seu cabelo me lembra o pôr do sol em um dia quente de verão e seus olhos são da cor da grama nova. Como um libertino não pode ser encantado?
Em vez de sorrir, ela fez uma careta, seus lábios carnudos se transformando em uma carranca decidida.
— Não sei o que você está fazendo, mas não vai funcionar comigo.
Ele se sobressaltou, o que o empurrou em direção à beirada da cadeira, e suas costas escorregaram da estreita faixa de madeira na qual estivera encostado. Ele nunca foi desajeitado e não entendia agora, mas em uma câmera lenta nauseante, ele caiu para o lado, prendendo a mão no próprio pedaço de madeira que acabara de derrubá-lo. O problema era que seu peso havia mudado para um lado do assento, pelo menos foi o que ele compreendeu mais tarde. No momento, entretanto, cambaleou para o lado, tanto ele quanto a cadeira caindo no chão. Ofegos encheram o ar quando o órgão parou de funcionar. Ele olhou para cima para encontrar Ada olhando-o como se nele tivesse crescido uma segunda cabeça.
Ada olhou para o visconde deitado a seus pés, enrolado em sua cadeira. Ela mordiscou o lábio tentando decifrar a gravidade da situação.
Primeiro, ela apenas mentiu descaradamente. Ninguém na história do mundo a considerou uma destruidora de libertinos. Era uma mentira completa. Na verdade, muitas vezes elas zombavam dela por ser branda e assustada com tudo, principalmente com os homens. Não tinha certeza do porquê a assustavam tanto. Eles eram um mistério para ela quando todo mundo parecia entendê-los tão perfeitamente. Diana, por exemplo, sabia exatamente como conseguir que um homem fizesse o que ela queria que ele fizesse, e exatamente quando queria que ele fizesse.
Mas Ada ficava em silêncio toda vez que um homem bonito falava com ela. Duas vezes, tropeçou em seus próprios pés quando um a convidou para dançar, e uma vez, conseguiu empurrar seu parceiro para a tigela de ponche. Foi a cena mais humilhante de sua vida. Bem, exceto por agora. Não tinha certeza de como, mas certamente era a culpada por Vice ter escorregado no chão.
Mas, pior do que a mentira que acabara de contar era que sua mentira claramente confundiu o visconde e, assim que ele percebesse que ela havia mentido, ele ficaria ainda mais furioso. Os homens geralmente ficavam furiosos quando ela os fazia tropeçar ou os fazia voar para uma pancada. Ada nunca se safou com falsidades. Algumas pessoas podiam, mas ela não. Diana jurou que cada mentira era visível em seu rosto. Deve ser verdade. De que outra forma era pega todas as vezes?
E tinha certeza de que ele já suspeitava da mentira. Ele não tinha falado isso quando disse a ela que conhecia mulheres que podiam carregar o título de destruidoras de libertinos? Ela estava certa de que sim. E implícito nessa declaração estavam dois fatos que ela sabia há muito tempo sobre si mesma. Um, ela não era esse tipo de mulher. Seu passado havia ressaltado esse fato repetidamente. E dois, um homem como o Viceroy nunca se interessaria por ela. Ele mesmo quase disse as palavras. Provavelmente foi por isso que ela não tropeçou em sua presença. Conseguiu falar e não o fez tropeçar nenhuma vez. Até agora, claro.
— Lorde Viceroy, você está bem? — Ela se abaixou quando toda a festa de casamento parou para olhar para eles. Ele pegou a mão dela, mas estava muito enrolado na cadeira para erguer-se.
Levantando-se, ela endireitou o assento de madeira e então se abaixou para Lorde Viceroy novamente. Presa em uma pequena passagem, pretendia ajudá-lo a se levantar com o máximo de dignidade possível. Mas ele puxou antes que Ada plantasse seus pés. Em vez de ajudá-lo a se levantar, tombou para frente, caindo diretamente sobre ele, seu rosto quase colidindo com o dele. Ele colocou a mão entre eles, o que foi uma coisa boa. Se ele não tivesse feito isso, seus dentes poderiam muito bem ter se chocado, mas a junta de seu dedo atingiu sua bochecha e uma dor aguda a fez rolar para o lado.
— Ai, — ela chorou.
Ele a envolveu com o outro braço, apenas conseguindo evitar que ela se espatifasse nas cadeiras quando colocava uma das mãos no chão ao lado do rosto do Viceroy, a outra pressionando seu peito. Movendo sua mão, ele segurou sua bochecha e virou seu rosto.
— Dane-se tudo para o inferno, — ele murmurou. — Você vai ter um hematoma.
Ela tentou se soltar do corpo dele, mas suas saias se enredaram com o seu movimento sobre ele. As pernas dela envolveram as dele e seus quadris se apertaram. Todo o contato... bem... aqueceu seu sangue. Ou isso era o seu constrangimento? Não, ela estava acostumada com essa emoção e isso era definitivamente mais. Nunca havia tocado em um homem assim antes e ele era tão musculoso embaixo dela. Uma pulsação começou a doer entre suas pernas. Ele é tão bonito...
Sua respiração ficou presa e seus olhos se arregalaram. Ele poderia dizer como ela estava respondendo? Ele ainda estava estudando sua bochecha.
— Daring vai me matar, — ele murmurou baixinho.
— Não é sua culpa...
Como se tivesse ouvido a partir de duas fileiras, o cunhado de Ada, o Duque de Darlington.
— O que está acontecendo aí?
Ada apertou os lábios. Daring, como Vice chamava de Darlington, era o marido de sua irmã. Mas ele também era um dos bons amigos de Vice, e eles eram donos do clube junto com o Marquês de Malicorn, Conde de Exmouth e o Barão de Baderness.
— Está tudo bem, — ela gritou de volta como se isso fizesse tudo ficar bem. Pelo menos Vice não parecia terrivelmente zangado. — Estaremos de pé em um momento. Não precisa se preocupar.
— Maldito inferno, — disse Vice, seus traços normalmente agradáveis transformando-se em uma carranca.
O homem tinha cabelo loiro com olhos azul celeste, feições esculpidas e lábios carnudos. Sua respiração prendeu novamente quando sua mão agarrou sua camisa. O que só serviu para lembrá-la de quão forte e duro era seu peito.
Vice se sentou e de alguma forma conseguiu puxá-la com ele, ficando de pé enquanto a segurava. Ele colocou Ada de volta no chão, as mãos firmemente em sua cintura.
— Minhas desculpas por cair. Obrigado por tentar ajudar-me. Não pretendia puxá-la...
Ela acenou com a mão. Ele estava se desculpando com ela?
— A culpa foi certamente minha. — Então ela deu um passo para trás, quase tropeçando nos pés de Grace. Por que ela ficou tão nervosa?
Seus pais se viraram para olhar e Ada desejou desaparecer no chão. Todo mundo olhou. Ela cambaleou e as mãos de Vice dispararam para mantê-la no lugar novamente. Sua pele estremeceu com seu toque. Ele deu-lhe outro sorriso encantador. O tipo que parecia experiente e falso. Seus arrepios pararam. Ele a deixava com os joelhos fracos, mas não quando parecia tão ensaiado. Esse olhar a lembrou de que ela era uma das muitas mulheres que ele encantou, e provavelmente a mais sem importância delas. O peso que tornava seus membros desajeitados desapareceu. Não queria este homem mais do que ele a queria.
— Se você insiste em assumir a culpa, não vou impedi-lo. — Então, ele piscou.
Ela estreitou os olhos enquanto inclinava a cabeça para o lado, avaliando-o. Quando estavam emaranhados no chão, ela tinha esquecido que tipo de homem ele era. Por um momento, ele era apenas o homem bonito e bem constituído pressionado contra ela. E honestamente, ela respondeu a ele de maneiras que não entendeu completamente. Mas quando ele começou a falar.... Ele a deixou com raiva, em primeiro lugar. Provavelmente porque ela sabia que um homem como ele nunca estaria realmente interessado nela. Pelo menos, não depois que ela o derrubasse no chão mais algumas vezes. Ele fugiu tão rápido quanto seus pés podiam levá-lo. Suas linhas de ações eram para qualquer mulher mais vibrante. Ele não reconheceu o desdém dela, é claro, mas Ada conhecia bem homens como Vice.
Ela sabia com que tipo se casaria. Um sujeito afável que sua irmã provavelmente chamá-lo-ia de chato. Claro, Minnie e Diana haviam domesticado os libertinos, mas Ada, ela teria sorte de domar seu cabelo ruivo em uma touca discreta o suficiente para um comerciante ou médico. Ela foi cortejada por um aventureiro. Ou era assim que ela gostava de denominá-lo. Um homem que foi a lugares emocionantes para estudar animais. Mas até ele a deixou. Ela simplesmente não era excitante o suficiente, tinha certeza disso. Seu peito apertou e sua cabeça caiu. Uma mulher desajeitada e chata. Isso é o que ela era.
— Você sabe que um cavalheiro leva a culpa como regra.
— Eu não sou um cavalheiro, — ele sussurrou se inclinando para perto. — Mas se você quiser, pode ser tudo minha culpa. Desta vez e sempre.
Toda vez? O que isso quer dizer? Ela franziu a testa, mas o sorriso perverso que curvou seus lábios disse-lhe que ele queria dizer algo desagradável, e agora estava zombando de sua falta de experiência.
Não adiantava responder, então ela sentou-se, o olhar fixo em frente para não ter que olhar para ninguém. O casamento havia acabado e a sensação rosada que enchia seu peito ao assistir às núpcias se foi. O que era tudo culpa do Vice. Cruzando os braços, ela olhou para ele. Poderia odiar aquele homem.
Capítulo Dois
Ada não era nada como ele esperava do primeiro encontro deles. Ela tinha sido suave, complacente, até onde ele podia dizer. Ele assumiu que ganhar seu afeto seria tão fácil quanto dar-lhe algumas palavras amáveis.
Seu olhar penetrante, atualmente queimando em seu peito, dizia o contrário. Mesmo assim, ele gostava de desafios. E Ada era ainda mais interessante por ser menos flexível.
Agora, ganhar o afeto dela não apenas tornaria sua vida mais fácil, no entanto, tornaria ainda mais divertida.
Mas uma pequena dúvida surgiu em seus pensamentos. E se Ada fosse como Camille? Uma mulher de valor que o considerou inútil? Ele se encolheu, lembrando-se dela. Ele passou anos tentando provar que ela estava errada.
Ele balançou sua cabeça. Ele não permitiria que seu relacionamento com Ada fosse tão longe. Só queria que ela tivesse uma pequena paixão, que o capacitasse a cuidar dela com mais facilidade. Claro, não queria que ela chegasse muito perto. Ele nunca permitiu que nenhuma delas se aproximasse muito. Não, desde Camille.
Ele encontrou os olhos delas e estreitando com irritação.
Dando-lhe o seu melhor sorriso, ele endireitou a cadeira e então estendeu a mão.
— Vamos cumprimentar a noiva e o noivo?
Ela respirou fundo antes de cuidadosamente colocar a mão na dele.
— Vamos.
A mãe dela se inclinou na fileira à frente deles.
— Você está bem, Ada?
Ada deu um aceno rígido.
— Tudo bem, mãe.
A mãe deu uma olhada rápida para Vice, antes de se inclinar para sussurrar.
— Você deve tentar ser mais como uma dama. Eu não sei porque isso continua...
Ada bufou, o constrangimento fazendo seu rosto esquentar.
— Eu estava perfeitamente como uma dama. Não há necessidade de continuar minha humilhação.
Sua mãe franziu a testa, batendo o leque contra a palma da mão.
— Ada Lynn. — Sua voz saiu afiada, aumentando para ecoar pela igreja. — Eu criei você para ser mais respeitosa do que isso.
Vice se aproximou.
— Está tudo bem, Sra. Chase. Ela está certa quanto ao fato de eu ser o culpado pela queda. Vou tentar ser mais cuidadoso.
A expressão da Sra. Chase mudou instantaneamente quando ela deu a Vice um largo sorriso. Pelo menos ele ganhou uma mulher Chase.
— Tenho certeza de que você tentará.
Então a matrona começou a se mover, indo em direção ao corredor para seguir a noiva e o noivo da igreja.
Colocando a mão de Ada em seu cotovelo, ele se abaixou para sussurrar em seu ouvido.
— Eu acalmei sua mãe.
Ada balançou a cabeça.
— Talvez. Embora você não entenda a intensidade com que minha mãe se empenha em casar suas filhas. Se eu fosse você, ficaria preocupado.
Ele fez uma pausa, endireitando-se. Movimento bem colocado da parte dela. Ele se perguntou se ela jogava xadrez.
— Isso foi uma ameaça?
Ela arqueou uma sobrancelha.
— Um aviso. Tome cuidado com a atenção que você me dá publicamente.
Isso fez com que o ar escapasse de seus pulmões.
— Eu prometi aos meus amigos zelar publicamente por você. Como posso te cuidar? — Tecnicamente, ele só ficou para se certificar de que ela ficasse quieta sobre à casa de jogos que ele secretamente possuía. Ela e suas irmãs descobriram seu segredo e, ao fazê-lo, correm perigo com uma criminosa perigosa, a Condessa de Abernath.
Ela encolheu os ombros quando eles entraram no corredor.
— Isso é algo que você terá que decidir por si mesmo.
Ele soltou um pequeno grunhido de frustração. Estava prestes a alegar que ela devia-lhe um favor. Para cobrar, ela teria que permitir que ele a acompanhasse até a festa de abertura da temporada. Essa seria sua chance de cortejá-la e observá-la.
Mas ela tinha razão, passar um tempo com ela era perigoso. Primeiro, pelo bem da propriedade. Em segundo lugar, para sua própria sanidade. Quando escolhia mulheres de maior sucesso, era confiante, jovial. Mas Ada o tirou do jogo. Pelo amor de Deus, ele caiu da cadeira enquanto estava sentado. E ele tinha os pensamentos sobre ela saltando de um extremo ao outro.
Seu quadril roçou o dele e seu próprio corpo se apertou em consciência. O que havia com essa mulher? Por todas as avaliações, ele deveria tê-la facilmente sob controle.
— Ada, — disse Grace logo atrás deles. Vice se virou para vê-la parecendo bastante confortável no braço de Bad. — Você acha que podemos ir às compras amanhã? O baile do Appletree é amanhã à noite e quase não tenho fita.
As entranhas de Vice se contraíram. Ada e Grace estavam seguras porque saiam pouco. Seis semanas antes, a ex-noiva do Duque de Darlington, a Condessa de Abernath, havia tentado expor seu clube enviando as desavisadas mulheres Chase à sua porta. No momento que as senhoritas guardaram o segredo dos homens, Lady Abernath começou a atacá-las, uma por uma. Se elas saíssem para fazer compras, poderão estar em risco.
— Sem fitas, — disse ele antes que Ada pudesse responder.
Ada se virou para olhá-lo.
— Você é doce em um segundo e um monstro no próximo. Você é sempre tão errático?
Ele balançou a cabeça. Como esse dia deu tão terrivelmente errado?
— Você sabe que Lady Abernath tentou sequestrar duas de suas primas. Por que você seria tão tola a ponto de comprar fitas?
Ela prendeu a respiração.
— Não pedi para comprar fitas. —As bochechas dela ficaram com aquele tom de marrom rosado que ele gostava tanto. — Além disso, não preciso de sua permissão para fazer nada. Meu pai pode decidir quais saídas para compras eu deva ir.
— Seu pai não está ciente de várias circunstâncias importantes. Tenho certeza de que se estivesse, não permitiria que você fizesse compras.
Ela ergueu as sobrancelhas, parando.
— Se ele estivesse ciente das circunstâncias, eu estaria comprando roupas de casamento.
Ela o tinha lá e ele sabia disso. Se Lorde Winthrop soubesse que ele estivera em uma reunião ilícita tarde da noite com sua filha, Vice se veria no altar muito rapidamente. Para um papel de parede, ela era decididamente mal-humorada. E ele poderia desfrutar desse lado dela, se isso não significasse que agora estava sendo forçado a ir às compras de fitas.
— Perdoe-me. Talvez Lorde Baderness e eu pudéssemos acompanhá-las, mas não amanhã. Talvez na segunda-feira?
Grace deu um pequeno grito atrás deles enquanto Bad emitia um estrondo definitivo de desaprovação. Mas o rosto de Ada suavizou e era isso que ele esperava o tempo todo. Talvez fosse apenas o desafio da caça. Mas quando se tornou tão sensível à felicidade dela?
— Isso seria muito bom, na verdade. Estamos presas em casa há dias.
— Estou ansioso por isso, — disse ele, descobrindo que quis dizer isso. Também tinha a intenção de receber um convite para o baile Appletree. Inferno, ele poderia ter um em sua pilha de correspondência não aberta. Em algum momento durante o casamento, conquistar o afeto de Ada tornou-se um objetivo pessoal. E ele era um homem que gostava de desafios. A questão era: como iria superar seu lado irritadiço e sua mãe preocupada com casamento?
Grace cruzou o braço ao de Ada, enquanto passeavam na carruagem de volta à propriedade de Lorde e Lady Winthrop para o café da manhã do casamento. Seu pai estava sentado em frente a elas, olhando pela janela.
Grace se inclinou, sussurrando no ouvido de Ada.
— Você está bem? Você não parecia você mesma na igreja.
Ada encolheu os ombros. Ela estava tudo, menos bem.
— É o Lorde Viceroy. Ele é tão...
— Jeitoso? —Grace suspirou. — Aquele ao meu lado fica carrancudo o tempo todo, mas não Lorde Viceroy. Ele é lindo de se olhar.
Ada fez uma careta. O tipo que torceu o nariz e franziu os lábios como se tivesse cheirado algo terrível.
— Eu ia dizer algo muito mais parecido com irritante. — Grace era mais adequada ao gosto dele, tinha certeza. Ada o tinha visto uma vez, em uma casa de chá com a mulher mais linda que ela já tinha visto. Perfeição absoluta. Nenhuma sarda à vista...
Grace riu, cobrindo a boca com a mão, mas Ada bateu no queixo, continuando:
— Também falso. A maior parte do que ele faz e diz parece uma fachada. Como se fosse um ator fazendo o papel de visconde.
Grace encolheu os ombros.
— Ele parece encantador o suficiente para mim.
Ada balançou a cabeça.
— Homens encantadores não têm interesse em mim por muito tempo. — Seu estômago começou a tremer. Seu coração havia sido partido seis meses antes e não podia enfrentar a ideia de que isso acontecesse novamente. Se algum homem era capaz de fazer isso, era Lorde Viceroy. Ela precisava ficar longe dele. — Não sou muito excitante. Não como Diana ou Minnie. Ou você. — Todas sabiam flertar, discutir ou incitar algum tipo de paixão. Tudo o que ela parecia capaz de fazer era sentar-se silenciosamente sorrindo.
Claro, alguém poderia argumentar que ela fez qualquer coisa, menos hoje. Só que Lorde Viceroy era tão irritante. Houve aquele momento em que estava em cima dele quando ele não estava nem um pouco aborrecido. Então, ele foi excitante. Mas, ele rapidamente deslizou seu verniz de volta no lugar.
Ela não gostava nada daquele homem.
Grace deu um tapinha em seu braço.
— Não seja ridícula. Você é absolutamente deslumbrante e muito gentil. Existe um homem que é perfeito para você, e ele será bonito e inteligente.
Ada deixou escapar um suspiro. Talvez isso fosse verdade. Então, novamente, a experiência disse-lhe que não era.
O único homem que realmente se interessou por ela foi um pesquisador de animais selvagens exóticos. Ela conhecia Walter Conroy há anos, pois era um amigo da família. E ela ficou emocionada quando ele mostrou seu favoritismo sobre suas primas e irmãs. Tanto que ela ficou feliz em passar horas ouvindo suas aventuras. Até que ele partiu para uma. Então, Walter tinha sido claro. Ela não deveria esperar por ele, pois ele não sabia quando ou se voltaria.
— Você acha mesmo?
— Claro que acho. Até Lorde Viceroy se sente tentado por você.
Ada balançou a cabeça. Ele estava apenas fingindo por hábito ou alguma outra motivação.
— É uma atuação. Ele não está mais interessado em mim do que em se estabelecer e se mudar para o campo.
— Como você sabe? — Grace perguntou, inclinando-se ainda mais perto.
— Eu sinto. — Ela pressionou as mãos nas bochechas. — Ele quer algo de mim. Só não tenho certeza do quê.
Grace disfarçou uma risadinha.
— Esse é exatamente o meu ponto. Ele quer algo de você. — Em seguida, Grace balançou as sobrancelhas.
Ada deu um tapa no braço de Grace.
— Não gosto disso. — Mas ela tinha que confessar, quando seus corpos se pressionaram, foi a única vez que ele não pareceu falso. Ada estava terrivelmente ciente dele e algo sobre a maneira como suas mãos a seguraram a fez quase pensar que a notou também. Ele não estava tentando afastá-la, ao contrário, estava puxando-a para mais perto.
— Veremos, — Grace se endireitou. — O homem se ofereceu para escoltá-la até a vila.
— Ele fez isso agora? — Seu pai de repente entrou na conversa, fazendo-a pular. Ele estava ouvindo esse tempo todo? Quanto ela havia revelado em voz alta. — Ele é amigo de Darlington, correto?
— Sim, papai, — ela respondeu, apertando as mãos no colo.
— Você acha que aqueles homens fizeram um pacto para se casar? Eles parecem bastante apaixonados por vocês, meninas.
Seus ombros caíram de alívio. Claramente ele não a ouviu dizer que Vice estava apenas fingindo.
— Não é nada disso, papai. Darlington pediu que cuidassem de nós, depois que Cordélia foi sequestrada.
Seu pai balançou a cabeça.
— Estranho negócio. Alguém pegou Lady Abernath?
— Não, — ela respondeu. Seu pai não sabia que Darlington fora noivo de Lady Abernath e que esta estava ameaçando todas elas agora para expor o clube secreto de Daring. Seu pai também não tinha ideia de que a Condessa Abernath também havia tentado sequestrar Diana. Para dizer a ele, elas teriam que expor tantos segredos que estavam tentando manter ocultos.
Ele assentiu.
— Bem, Darlington é um bom homem por levar sua segurança tão a sério, mas ele não precisa se preocupar. Sou perfeitamente capaz de cuidar de vocês, meninas. Além disso, uma mulher solteira estando com senhores solteiros que não são inclinados ao casamento...
— Nós entendemos, tio, — Grace interrompeu.
O pai de Ada se voltou para a janela.
— Devo falar com Darlington pessoalmente.
— Boa ideia, — disse Ada. Talvez seu pai pudesse convencer Lorde Viceroy a deixá-la em paz. O homem estava causando uma tensão dentro dela que só sua ausência poderia aliviar.
Capítulo Três
Vice desceu da carruagem e parou na escada, esperando Ada chegar. Ele passou a maior parte da viagem pensando no que poderia ter feito de errado. Claramente, ele a aborreceu, e achava que sabia o porquê.
Ele foi até ao seu encontro como se ela fosse uma mulher experiente que já tivesse tido um amante. Mas Ada era uma mulher com pouca experiência. Ela precisava de mais cortejo e menos sedução. Apenas o suficiente para tornar seu trabalho de guarda mais fácil. Uma simples paixão da parte dela seria suficiente. E seria bom para seu ego também. Ele se certificaria de terminar as coisas antes que Ada pudesse rejeitá-lo, é claro. Ele não passaria por isso novamente. Mas provar que uma mulher como Ada ainda podia se importar com ele, bem, isso era tentador com certeza.
Com sua confiança restaurada, considerou como se livraria quando seu dever de guarda terminasse. Por ser uma mulher inocente em idade de casar-se, não poderia dar-lhe um presente ou dinheiro para acalmá-la. Em vez disso... ele olhou para o céu, teria que tecer uma história. Talvez dizer que foi em benefício dela.
Sentindo-se seguro, ele observou enquanto a carruagem avançava até a frente da casa. O Sr. Chase saiu, entregando Ada e Grace.
Vice mal notou a loira enquanto o cabelo ruivo de Ada brilhava ao sol. Seus quadris tinham um balanço encantador que o fez perder o fôlego. Ele a notou antes, mas agora... como não viu como ela era perfeitamente bonita?
Elas caminharam em sua direção, seus olhos absorvendo cada detalhe. A coluna esguia de seu pescoço, o formato adorável de seu rosto, nem muito fino nem muito redondo, o corte esguio de seus ombros. Ada levantou delicadamente a barra da saia enquanto começava a subir as escadas. Elas chegaram perto e ele se virou, segurando-lhe o cotovelo.
— Posso?
Ada balançou a cabeça rapidamente.
— Não precisa, — ela respondeu, passando rapidamente.
— Não precisa? — Ele respondeu. Ele ficou olhando para ela, sua mandíbula cerrada com tanta força que seus dentes começaram a doer. Como ela conseguiu abalar sua confiança em um único segundo? Apenas duas pequenas palavras? Ele caminhou atrás dela. — Você está certa?
Ela olhou-o por cima do ombro enquanto sua mão descansava no cotovelo de seu pai.
— Não, obrigada. Como você pode ver, estou perfeitamente escoltada.
O Sr. Chase também se voltou.
— Vou falar com Darlington, mas ele não precisa ocupar seu tempo, meu lorde. Vou ficar de olho na minha filha, e tenho certeza de que Lorde Winthrop cuidará da dele.
Vice fechou a boca. Darlington definitivamente teria que falar com Lorde Winthrop e com o Sr. Chase. A questão era: como Darlington iria reforçar o fato de que a segurança oferecida por eles era certamente necessária, e sem revelar todos os seus segredos.
— Ele estará aqui a qualquer momento, tenho certeza.
O Sr. Chase balançou a cabeça.
— Isso pode esperar até depois do café da manhã do casamento.
Grace deu um pequeno salto.
— Tio, você vai nos levar para a vila amanhã para comprar fitas? Preciso de um determinado tom de azul para combinar com meu vestido.
— É claro. — O Sr. Chase deu a sua sobrinha um sorriso indulgente. — Tenho certeza de que estamos seguros aqui em nosso bairro em Londres.
Ada deu a ele outro olhar por cima do ombro, mas desta vez, estava mordiscando o lábio. Ela não queria ser atraente, mas o paraíso... ele queria cuidar daquela carne. Suas palavras o tiraram de seus pensamentos carnais.
— Não sei, papai. O que aconteceu com Cordélia...
Vice se aproximou.
— Se você for sair, por favor, deixe-me acompanhá-la. Só até vocês falarem com Darlington. — Ele teve um medo repentino que não conseguia expressar. E se algo acontecer com Ada? Ele se sentiria responsável. Ele experimentou... perda.
Ele odiava a emoção. Era algo que evitou a todo custo após a morte de seus pais. Ele se tornou o Viceroy com apenas treze anos, quando eles sucumbiram a uma doença no pulmão enquanto ele estava longe na escola.
O Sr. Chase parou, olhando para sua filha. Ela deu um único aceno de cabeça, pequeno e quase imperceptível. Mas Vice percebeu e a tensão em seu estômago relaxou. Ela foi sensata o suficiente para saber que sua ajuda era necessária.
— Isso seria muito bom da sua parte, — disse ele.
Ada olhou por cima do ombro novamente, dando a ele outro olhar demorado. Este não continha irritação, mas... curiosidade. Seus olhos enrugaram nos cantos enquanto ela o estudava.
— Papai, — ela disse. — Vou caminhar com Lorde Viceroy por um momento.
A vitória cantou em suas veias. O que tinha feito de diferente para que ela respondesse a ele? Mas antes que ele pudesse processar, ela deslizou a mão em seu cotovelo.
— Obrigada por estar genuinamente preocupado, — ela disse suavemente, virando a cabeça para falar encostada em seu ombro.
Ah. Ela o queria genuíno, não é? Ele respirou fundo. Ele não compartilhava seus verdadeiros sentimentos sobre nada com muita frequência.
— De nada.
Ela flexionou os dedos contra a parte interna do braço dele.
— Você não precisa fingir interesse por mim. Não desejo ser sequestrada por Lady Abernath. Vou tomar cuidado.
Ele estremeceu.
— Quem disse que eu estava fingindo alguma coisa? — Mas a verdade é que ele tinha um conjunto bastante treinado de falas ensaiadas. Já fazia um bom tempo. Dizer qualquer outra coisa era arriscar-se...
Ela revirou os olhos, baixando a voz, imitando sua voz muito mais profunda.
— Seu cabelo é como o pôr do sol. — Ada lançou-lhe um olhar penetrante. — Por favor. Até eu já ouvi esse.
Esfregando a nuca, ele suspirou.
— Então você não aprecia meus elogios?
Ela parou por um momento enquanto mais uma vez mordiscava o lábio.
— Eu gosto de elogios. Acho que gosto apenas daqueles que são... — Ela fez uma pausa e ergueu os olhos: — Sobre mim.
Ele pigarreou. A maioria das mulheres não se importava que suas palavras floreadas fossem de natureza genérica. Elas presumiam que os elogios eram especificamente sobre elas e se deleitavam com a excitação.
— Para o registro, seu cabelo é como o pôr do sol.
Ela soltou um bufo.
— Eu nem sou loira.
Vice parou, voltando-se para ela.
— Eu vejo cor. — Então, ele estendeu a mão e por um momento, tocou um dos fios. A textura sedosa escorregou por entre seus dedos. O gesto era totalmente impróprio, mas ele não conseguia se conter. — E para esclarecer, eu disse que seu cabelo era como o pôr do sol, não como o sol. No verão passado, na praia, sentei-me na areia enquanto o sol se punha sobre o mar. O céu se transformou em um clarão de cores impetuosas. Então, assim que o globo solar mergulhou abaixo da água, as cores se suavizaram para tons mais suaves de vermelho, amarelo e laranja. Foi a paleta de cores mais linda que eu já vi e durou apenas alguns momentos. Essa é a cor do seu cabelo.
O que ele não compartilhou foi que a praia em que se sentou era propriedade de sua família. Não ia lá desde que Camille rejeitou sua proposta. Ele havia levado sua família para uma viagem ao campo na tentativa de cortejá-la. Ele falhou. O lugar estava cheio de tristeza.
Ela olhou-o, a boca ligeiramente aberta enquanto aquela cor adorável corava suas bochechas. Tinha tons de mel em vez de um rosa mais clássico, mas ele achou o tom muito atraente.
— Eu... você... isso foi... — Ela parou de tentar falar e apenas olhou-o.
— Ada, — ele sussurrou. — Você tinha um motivo para querer falar comigo?
Ela engoliu em seco e, respirando fundo, endireitou-se.
— Sim, tinha. — Ela franziu o cenho. — Acho que posso precisar da sua ajuda, afinal.
Ada estava tentando, e falhando, fazer sua mente funcionar corretamente. Vice a deixou totalmente confusa. Seu elogio... não tinha sido genérico e tinha sido incrivelmente bonito, o tipo de palavras que roubaram seus pensamentos e a encheram de uma empolgação sem fôlego.
— Com o que você precisa de ajuda? — Ele perguntou. — Além do óbvio?
— O óbvio? — Eles haviam começado a andar novamente e passado pela porta da frente, mas estavam se movendo lentamente, seu pai e Grace bem à frente deles.
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Lady Abernath? A tentativa de sequestro de dois de suas primas? Esse tipo de coisas.
O calor estava enchendo suas bochechas. De novo. Por que esse homem continuamente a fazia corar? E como ela recuperou o distanciamento que tinha tido na igreja? Quando ele dizia suas falas ensaiadas, podia ignorar o quão bonito ele era.
— Oh, sim. É exatamente por isso que preciso de ajuda. Se não for por mim, então por Grace. Ela parece não entender o quão perigosa é a situação.
Ele parou.
— Você está preocupada com ela? — Ele olhou para as costas de Grace enquanto ela desaparecia na sala de café da manhã. — Não com você mesma?
Ada olhou para o chão.
— Eu sou naturalmente mais cautelosa. —Ela realmente quis dizer medo. — Mas Grace parece pensar que nada de ruim vai realmente acontecer com ela. Se você estiver aí, pode me ajudar a convencê-la a agir com cuidado.
Ele franziu a testa para ela, suas sobrancelhas se juntando.
— Estou aqui para te proteger. Não a ela.
Bem, isso provavelmente era ao mesmo tempo verdade e irritante, e talvez apenas um pouco satisfatório, mas Ada não precisava de ajuda. Grace precisava.
— Tudo bem, vou seguir Grace incansavelmente e você... — Ela lhe deu o que esperava ser um sorriso angelical.
Ele parecia entender o ponto, seus olhos se estreitando.
— Você vai me levar a uma perseguição de Grace.
Suas palavras a fizeram sorrir, mas ela tentou segurar os lábios em uma linha reta. Ela falhou.
— É uma forma pessimista de ver a situação, mas sim, suponho que sim.
— Todos se esqueceram de mim? — Uma voz profunda e grave retumbou atrás deles. Sem pensar, Ada apertou a mão no braço de Vice, se aproximando. Quando começou a confiar nele para proteção?
Em resposta, ele se inclinou perto do ouvido dela.
— É apenas Bad. — Ada teve o desejo distinto de deitar a cabeça em seu peito enquanto colocava os braços em volta de sua cintura. Ela não estava em perigo, mas seu abraço era muito... seguro. E emocionante.
Ela se virou para ver o amigo de Vice, o Barão de Baderness, olhando carrancudo para eles.
— Sou perfeitamente capaz de manter Grace segura e já fui incumbido do trabalho.
Ada se encolheu, sua outra mão deslizando sobre o braço de Vice.
— Não tive a intenção de ofender, meu senhor. — Se apoiou em Vice, sentindo conforto com sua proximidade. Ela nunca gostou quando as pessoas estavam com raiva dela. — Nós não nos conhecemos e eu não tinha certeza de quão comprometido com a tarefa... — Sua voz sumiu quando ela olhou para Vice. Ele olhou para baixo, sua expressão séria, seu rosto desenhado em linhas tensas. Ela pigarreou. — Lorde Viceroy ofereceu ajuda ao meu pai e presumi que isso significava que ele estava disposto a nos ajudar.
Ele se inclinou mais perto, seu outro braço chegando à cintura dela.
— Claro, estou disposto.
Excitação e calor se espalharam por ela. Quando ele estava sinceramente perto, era quase irresistível. Ela tinha que descobrir como fazer o outro Vice voltar. Aquele que era arrogante e libertino. Porque esse homem era irresistível. E Ada precisava resistir a ele ou acabaria caindo em seu feitiço.
Libertino arruinador.... O termo era ridículo. Mas arruinada por um libertino... Ela começou com surpresa e medo. Ada poderia estar em perigo real.
Vice avaliou Ada enquanto ela olhava-o, a língua molhando os lábios. Ele queria provar aquela língua. Ele a puxou para mais perto ainda. Ela teria gosto de mel? Talvez pêssegos. Seu corpo estava endurecendo nos lugares mais sensíveis. Por que essa mulher estava lhe causando estragos?
Ele não tinha reagido dessa forma desde... Camille. Estranho. Ele colecionou todas essas mulheres ao longo dos anos, e todas eram mais e, de alguma forma, menos do que Ada. Elas eram talentosas, inteligentes, espirituosas, ricas. E, no entanto, aqui estava uma mulher que não era tão bem-sucedida e ainda assim tinha visto diretamente através dele com um único olhar. E agora ela violou suas defesas e começou a derrubá-las em grandes pás.
Camille também. Então, ele deu as boas-vindas a seu caráter refrescante. Camille tinha visto através dele e quando Vice estava com ela, era mais pelo relacionamento deles. Pela primeira vez desde a morte de seus pais, ele compartilhou seus sentimentos. Permitiu que ela soubesse como ele sofria. Do que ele tinha medo. Ficar sozinho...
Mas no final, Camille descobriu que ele era menos. Insuficiente. E quando ele propôs, ela rejeitou sua oferta. Em vez disso, casou-se com um marquês. Ela estava arrependida. Disse a ele que precisava de alguém mais forte, mais estável. Um homem com menos cicatrizes. Ele sabia que a perda de seus pais havia roubado parte de seu coração, mas ela o fez perceber que nunca seria o suficiente. Soube, então, que uma mulher de verdadeiro valor nunca o desejaria verdadeiramente.
— Obrigada, — disse Ada, sua voz um pouco acima de um sussurro. — Muito obrigada.
— O que está acontecendo aqui? — Daring retumbou da porta. — Ada deveria estar aqui com o resto de nós. — Os olhos do duque percorreram Vice, seu olhar demorando-se na mão na cintura de Ada.
Ada se virou para o duque, dando um passo à frente de Vice como se ele precisasse de sua proteção. Sua ação quase o fez sorrir. Primeiramente, ele não tinha medo de Daring. O duque não o assustaria mesmo que não fossem amigos. Em segundo lugar, ela não estava mentindo quando disse que suas irmãs e primas se referiam a ela como tímida. A voz grave de Bad quase a reduziu a arrepios. Não que ele se importasse. Ele gostou bastante quando ela se aproximou dele, procurando sua proteção. Sua necessidade acendeu algo dentro dele.
— Foi minha culpa, Sua Graça. Meu pai não sabe do perigo que corremos e disse a Lorde Viceroy que seria melhor se ele deixasse nossa proteção para a família. Estava acabando de dizer a sua senhoria que Grace, em particular, tem tendência para encrencas.
Daring franziu a testa.
— Entendo. Obrigado, Ada. — Ele gesticulou para Ada entrar. Ada olhou para ele, seus olhos segurando uma pergunta enquanto se enrugavam nos cantos.
Ele não queria que ela se afastasse. Estranhamente, não queria nada mais do que colocá-la debaixo do braço e mantê-la ali. Mas ele deu um forte aceno de assentimento e ela se afastou, passando pela porta para se juntar à família.
Daring a deixou passar e então bloqueou a porta novamente.
— Eu gostaria de uma palavra com vocês dois. —Passando por eles, começou a descer o corredor, sem se preocupar em esperar pela aceitação deles.
— Duques, — Bad resmungou. — Tão mandões.
Vice não respondeu. Em vez disso, olhou de volta para a sala onde Ada se juntou a Grace, Diana e Minnie. Quando o ruivo se tornou sua cor favorita?
— Daring, — ele chamou. — Posso lhe fazer uma pergunta?
— Suponho que sim, — respondeu Daring.
— Você acha que ruivas são mais interessantes? — Vice perguntou, não olhando para Daring, mas para nada em particular. Seus pensamentos estavam na pele cremosa de Ada e no verde de seus olhos e... Ele correu direto para as costas do duque. Ricocheteou no homem, se segurando antes que ele caísse. Ele nunca foi desajeitado. Apoiou-se na parede. O que havia de errado com ele?
Daring se virou, seu rosto diretamente no de Vice. Vice era alto, mas Daring era mais alto e se abaixou, usando cada centímetro de sua altura para intimidação.
— Escute-me. — Ele enfiou o dedo no peito de Vice. — Isso pode acontecer de duas maneiras. Uma, você não faz nada além de proteger Ada. Duas, você se casa com ela. — Ele cutucou novamente. — Mas você não deve brincar com a irmã de Minnie. — O nariz de Daring quase tocou o dele, as narinas dilatadas. — Vou bater em você, picá-lo, cobri-lo com penas e, então, escoltarei seu corpo mutilado diretamente ao altar. Estou sendo claro?
Vice respirou fundo, estufando o peito. Daring não iria assustá-lo.
— Abundantemente. — Ele baixou os braços na frente dele, empurrando o duque um pouco para trás. — Acho Ada interessante como pessoa. Ela tem uma profundidade que é ao mesmo tempo intimidante e fascinante.
Daring deu um passo parcial para trás.
— E a cintura dela? O que você acha disto?
— É uma cintura linda, — ele respondeu, seus olhos se estreitando.
— Sabia que você pensava isso, já que sua mão a tocou o dia todo. — Daring o cutucou novamente.
Vice deu um pequeno empurrão no homem. Daring estava começando a irritá-lo.
— Foi você quem disse que eu precisava protegê-la. Agora sinto a necessidade de mantê-la perto de mim para ter certeza de que está segura. Não sei ser de outra maneira.
Daring não o cutucou novamente. Em vez disso, ele deu um passo para trás.
— Isso é verdade. É difícil permanecer desapegado. Mas se o Sr. Chase está começando a suspeitar de você, então é melhor você proceder com cautela. —Ele esfregou o rosto com a mão. — Talvez vocês dois devessem se revezar cuidando de Grace e Ada. Isso o impedirá de formar um vínculo emocional e os Chases ficarão menos desconfiados.
O queixo de Vice estalou para trás como se tivesse levado um tapa. A sugestão de Daring o irritou. Não queria Bad em qualquer lugar perto de Ada. Cerrando os punhos, ele sacudiu a cabeça com força. Não queria nenhum homem perto dela, exceto ele mesmo.
Mas antes que pudesse responder, Bad falou.
— Sou perfeitamente capaz de atender Grace sem entrar no laço do casamento.
— O que precisamos é de um plano em duas frentes. —Vice coçou o queixo. Precisava começar a usar a cabeça. — Temos reagido a Lady Abernath. É hora de procurá-la ativamente. Dessa forma, podemos deixar de proteger as mulheres para sempre.
— Concordo, — Daring grunhiu. — Eu contratei um detetive para encontrá-la. Mas também acho que precisamos conversar com seu primo, Sin. Ele está mais familiarizado com os movimentos dela do que nós.
O estômago de Vice embrulhou. Ele trouxe o Conde de Sinclair para ajudar com o clube, mas descobriu que Lady Abernath estava chantageando Sin para ajudá-la. Sabia que não era culpa de Sin, mas Vice ainda se sentia traído por seu primo. Estava destinado a não ter ninguém em quem pudesse confiar?
— Tudo bem. Devo pegá-lo agora? — Sin foi ao casamento e ao café da manhã, embora Vice não tivesse falado com o homem o dia todo.
Daring acenou com a cabeça.
— Bad pode pegá-lo. Você e eu temos um pouco mais para discutir primeiro.
Bad se virou e desceu o corredor pelo caminho por onde tinha acabado de chegar. Vice não desejava buscar Sin, mas também não queria discutir mais nada com Daring. Verdade seja dita, gostaria de voltar para o lado de Ada. Este era um desejo que ele precisava lutar. Muito tempo com ela e ela descobriria todos os seus piores atributos.
— Não discutimos o suficiente? — Vice perguntou.
Os ombros de Daring caíram.
— Ada é uma mulher suave. Eu me preocupava menos com Diana ou até mesmo com Cordélia, mas Ada... ela poderia se machucar tão facilmente.
Vice estalou os nós dos dedos, um de cada vez.
— Eu entendi. Mas você não precisa se preocupar. Ela vê através de mim e no que me diz respeito, ela parece não querer ceder em tudo.
Daring assentiu.
— Percebi. —Então ele colocou a mão no ombro de Vice. — Você tira o melhor dela. Ela faz o mesmo por você?
Ele piscou, dando um passo parcial para trás.
— Não sei. — Ela fazia, ele suspeitou. O que tinha menos certeza era se ele era realmente bom para ela. Ele não tinha sido para Camille.
Bad e Sin caminharam pelo corredor.
— Bom, — Daring disse quando ele chamou a atenção de Sin. — É hora de terminarmos isso.
Capítulo Quatro
Ada ficou entre sua irmã e sua prima, desejando que Vice tivesse voltado para a sala. Ela se mexeu enquanto olhava para a porta novamente. Tentou se lembrar que não se importava muito com ele. Era tão cheio de si.
Mas então, se lembrou da sensação da mão dele em sua cintura. O roçar de seu quadril contra o dela. Ele a fez sentir como se ela fosse... mais.
— Ada, — Minnie cutucou o braço dela. — Onde você está?
— Obviamente, estou aqui. — Ada saiu da divagação dos pensamentos de volta ao presente.
Minnie olhou de soslaio para ela, com um pequeno sorriso nos lábios.
— Fisicamente, suponho.
Ada olhou para onde Diana estava ao lado de seu novo marido. Lorde Exmouth olhou para a noiva como se ela fosse a pessoa mais importante do mundo. Seu olhar era tão suave, seu toque gentil.
— Você me pegou. Eu assisti Diana se casar hoje e isso me fez pensar...
— O que isso fez você se perguntar? — Minnie perguntou enquanto passava o braço sobre a irmã.
Ada deu de ombros levemente.
— Perguntei-me com que tipo de homem eu poderia me casar. Ele vai olhar para mim com amor e admiração? — Então, apontou para Diana.
Minnie apertou-a.
— Claro que ele vai.
Mas Ada franziu a testa.
— Como você pode saber? Não sou como você e Diana. As pessoas não são atraídas por mim.
Minnie deu uma risada leve.
— Você sabe que as pessoas também sentem repulsa por nós, correto? Onde todos acham sua companhia agradável.
— Agradável não é emocionante... — Ada olhou para a janela, com o peito doendo. — É muito chato. E homens interessantes encontram coisas mais interessantes para fazer do que passar um tempo comigo.
Minnie soltou um longo suspiro.
— Isso é sobre Walter? Em primeiro lugar, ele não era interessante, era um chato terrível.
— Isso é para me fazer sentir melhor? Mesmo os homens chatos não vão gostar de mim o suficiente para casar-se comigo? — O olhar de Ada se voltou para Minnie.
Minnie ergueu as mãos.
— Ele gostou de você porque você estava disposta a alimentar seu afeto completo por si mesmo. Você é terrivelmente gentil assim. E ele não se casou com você porque, apesar do que disse, sabia que você esperaria. Você não é chata, você é leal e boa.
Ada se encolheu.
— Pareço o nosso retriever, Rusty. — Mas Minnie havia feito vários pontos pertinentes. Fizera tão poucas exigências a Walter. Mas ela sempre teve medo, se as fizesse, ele recusaria e a deixaria. — Eu só sei ser eu mesma.
Minnie se aproximou.
— Isso é verdade. E algum homem vai te amar exatamente pelo que você é. Não deixe Walter tirar isso de você. Ele simplesmente não era o homem correto. — Minnie baixou ainda mais a cabeça. — Agora, um homem como Vice...
— O Vice não é uma opção. — Ada deu um pequeno passo para trás. — Isso torna mais fácil dizer a ele como me sinto.
Minnie inclinou a cabeça para o lado.
— É por isso que você pode andar em linha reta quando está com ele? Você não acha que ele gosta de você?
O calor subiu em suas bochechas.
— Posso conseguir andar, mas literalmente caí em cima dele durante a cerimônia. Além disso, já vi as mulheres que ele prefere.
Minnie pressionou os dedos nas bochechas.
— Ele geralmente passa tempo com mulheres de código moral muito mais flexível.
— Eu quis dizer que elas são mais bonitas do que eu.
As sobrancelhas de Minnie se ergueram.
— Ada. Por favor. Eu desejo me parecer com você. De onde você tirou a ideia boba de que não era deslumbrante?
Ada então olhou para a irmã.
— Mas todo mundo nota você. Ninguém me vê.
— Isso não é verdade. Eles estão tentando chamar sua atenção, você mantém sua cabeça baixa para que não pensem que podem se aproximar. Acho que você tem medo de falar com os homens porque se tornou muito desajeitada.
Ada balançou a cabeça, mas as palavras a atingiram como um tapa. Ela manteve as pessoas afastadas?
— Isso não pode ser. — Mas a verdade era que muitas vezes era mais fácil ignorá-los do que lidar com seu constrangimento. Desde que ela era uma criança, Ada era socialmente estranha.
— Ada, se você quiser chamar a atenção de um homem, basta olhar para ele. — Sua irmã tocou seu braço. — Prometo a você que ele se aproximará avidamente.
Ada olhou para Diana.
— E assim que eu tiver sua atenção. Como faço para mantê-la? — Ela pensou em Walter.
— Bem. — Minnie mordiscou o lábio. — Isso é quando você deveria se tornar menos disponível. Não tenha medo de fazê-lo esperar. Ou interrompê-lo quando ele falar de si mesmo. Depois de ter sua atenção, faça-o lutar por você.
— Interessante, — ela respondeu. Ela tinha sido quase rude com Vice, e ele não parecia menos interessado. Na verdade, havia ficado ainda mais. — Vou pensar nisso com certeza.
— Ótimo, — respondeu Minnie.
Ada juntou as mãos. Na verdade, poderia testar algumas teorias ainda hoje. E ela conhecia exatamente o homem com quem experimentá-las.
Vice sentou-se ao lado de Sin, mas afastando-se do homem. Sin tinha sido seu primo favorito e um de seus amigos mais próximos. Seu círculo estava ficando menor a cada dia.
Sin deu-lhe vários olhares curtos. Finalmente, ele inclinou-se.
— Você está bravo comigo.
Vice recuou.
— Não estou bravo. Não te culpo por querer sua filha de volta. — Mas ele ficou desapontado. Não podia negar isso. Ele se sentiu... traído.
Sin fez uma careta.
— Abernath levou minha filha. Quanto tempo você levaria para ter de volta alguém que você ama?
Por alguma razão estranha, os traços delicados de Ada surgiram em seus pensamentos.
— Eu entendo, Sin. Realmente. —Surpreendentemente, entendia. Se alguém pegasse Ada... quando ele se tornou tão protetor?
— Sin, todos nós entendemos. É por isso que você ainda está aqui, — acrescentou Daring.
— Concordo, — disse Bad. — E agora que temos sua filha de volta, precisamos de sua ajuda.
— Qualquer coisa. — Sin estendeu as mãos sobre a mesa a sua frente.
Daring se inclinou para frente.
— Como você conheceu Lady Abernath?
Sin se encolheu de ombros.
— Socialmente. Comecei a procurar uma nova esposa para me ajudar a criar Anne. — Ele colocou as mãos de volta no colo. — Eu a conheci há um mês, e ela me confidenciou que seu marido havia falecido. Ela me disse que precisava de ajuda financeira, por isso não tornara pública sua morte. Ela não queria deixar a sociedade para sofrer. — Ele apertou as mãos. — Fez sentido na época. Olhando para trás, vejo o quão tolo isso foi.
Vice pigarreou.
— Ela é uma mulher muito persuasiva. — Desta vez, ele se aproximou. — Você era íntimo dela?
Sin negou com a cabeça.
— Não. Quer dizer, estávamos indo nessa direção, mas eu queria cortejá-la, não a seduzir. Pensei... — Ele passou a mão pelo cabelo. — Achei que ela daria uma boa madrasta. Que maldito idiota eu sou.
— Ela enganou mais de uma pessoa, — respondeu Daring. — Muitos de nós somos vítimas de seus encantos.
Sin concordou.
— Com o que você precisa de ajuda?
— Aonde ela vai? O que ela faz com seu tempo? — Bad perguntou. — Precisamos pegá-la antes que ela tente pegar outra pessoa que nos é querida.
Sin olhou para seu colo.
— Não tenho a menor ideia de onde ela está morando agora, mas conheço alguns clubes que ela gosta de frequentar. Eu poderia levá-lo lá, mas apenas se você pudesse me ajudar a manter Anna segura.
Daring assentiu.
— É claro. Na verdade, por que vocês dois não ficam comigo e com Minnie? Não consigo pensar em nenhum lugar mais seguro do que este. Posso pedir a prima de Minnie que venha ficar também. Maria é maravilhosa com crianças.
Sin caiu para trás, o alívio o fazendo parecer mole.
— Isso seria maravilhoso.
Vice soltou um suspiro. Seu plano estava dando certo.
— Vamos começar esta noite. Nesse ínterim, vamos voltar para o casamento de Exile. Não podemos perder todo o café da manhã.
Daring corou.
— De acordo. E vocês dois devem manter seus olhos em Ada e Grace, e suas mãos longe delas.
Bad resmungou, mas Vice não retrucou. Todo o seu plano era capturar a atenção de Ada. Não que ela estivesse cooperando. Mas se o fizesse, se o plano dele desse certo e ela se apaixonasse por ele, ele desafiaria Daring?
Ele não a arruinaria. Não tinha pensado nisso antes, mas agora que tinha, ele nunca comprometeria o futuro dela. Talvez, com isso em mente, seja melhor abandonar por completo a ideia de que ele capturaria o afeto dela.
Ele desceu para o café da manhã. No momento em que entrou na sala, ele procurou por Ada, encontrando-a ao lado de Minnie. Os olhos dela encontraram os dele, então rapidamente os desviou. Ele parou, incapaz de desviar o olhar.
Quando seus olhos encontraram os dele novamente, foi como se ela o estivesse puxando para frente, e ele se viu cruzando a sala em sua direção.
— O que eu perdi? — Ele perguntou quando chegou ao lado dela.
— Nada. — Ela olhou para Diana e Exile. — Eles parecem muito felizes, não é?
Ele não tirou os olhos dela. Ele não conseguiu.
— Parecem.
— Eu gostaria de ter isso algum dia. O que eles têm. A maneira como eles se olham. — Então, ela olhou-o novamente, aqueles olhos verdes brilhando na luz da manhã.
Ele não pode evitar.
— Você irá.
Seu olhar se alargou e seus lábios se separaram.
— Você acha que algum homem sentirá por mim o que Lorde Exmouth sente por minha prima?
Ele queria levar os dedos dela aos lábios. Inferno, gostaria de poder beijá-la.
— Eu sei que um homem irá. Na verdade, estou disposto a apostar que haverá mais de um.
Suas sobrancelhas se ergueram.
— Mesmo? Você está mais ou menos propenso a apostar como você faz?
Ele se aproximou.
— Quase nunca jogo. As probabilidades sempre favorecem a casa. — Ele queria acariciar sua bochecha, correr o polegar ao longo de sua mandíbula.
Ela soltou um suspiro suave e sua respiração fez cócegas no nariz dele. Mel. É assim o seu gosto.
— Minnie diz que devo olhar nos olhos de um homem e então, quando ele se aproximar, falar sobre mim em vez de perguntar sobre ele. Você acha que isso é verdade?
Ele começou.
— Isso é o que você acabou de fazer comigo, não é?
Ela deu um aceno hesitante.
— Funcionou? Você está mais ou menos interessado em mim? Não que você precise estar interessado. Eu sei que não sou muito... eu...
— Ada, — disse ele, desejando poder tocá-la. Como ela poderia dizer que não era muito? Ela estava abrindo caminho em sua alma. Ele estendeu os dedos, mas os deixou cair novamente. Daring queimou buracos em suas costas com a intensidade de seu olhar. — Você está perigosamente perto de arruinar outro libertino.
Capítulo Cinco
A boca de Ada se abriu com suas palavras. O que a confissão dele significava exatamente? Como ela o arruinaria? Ela espiou por cima do ombro, levantando-se na ponta dos pés, para ver Darlington olhando para eles.
— Acho que você quer dizer que Daring está perto de arruinar um libertino. Ele não vai permitir que você cometa um único deslize, mas essa não sou eu.
Ele riu. Um adorável barítono profundo que ondulou sobre sua pele como pequenas ondas na superfície da água. Ela estremeceu quando o som a atingiu.
— Ele está nos dando uma avaliação bastante atenta.
Ela acenou com a cabeça, olhando-o novamente.
— Talvez você deva ir falar com outra pessoa. Então, Sua Graça poderia relaxar.
Vice se aproximou.
— Onde está a diversão nisso?
Ela apertou os lábios para não sorrir. Ada sabia que ele era do tipo que gostava de problemas. Ela era interessante para ele precisamente porque atualmente representava uma série de questões. Uma vilã que poderia atacar a qualquer momento, uma família que poderia presumir o pior, um duque mal-humorado que poderia forçar Vice pelo corredor com uma pistola. Ela franziu o cenho. Ele perderia o interesse rapidamente quando o perigo passasse. Não perderia? Tinha que confessar, parte dela estava tentada a jogar a cautela ao vento. O que seria um erro, não seria?
— Emily acabou de chegar. Eu deveria ir falar com ela.
— Jack está aqui? — Vice se virou para olhar para a porta.
— Acho que não. Emily o deixou, e voltou para a casa da minha tia e do meu tio. Espero que ela e Jack se reconciliem logo, — ela fez uma pausa, mordiscando o lábio. Os primeiros dias de Emily e Jack foram bastante tumultuados. Jack tinha um passado pitoresco e tentou manter segredo de Emily de muitas partes. Mais recentemente, descobriram que o filho de Lady Abernath poderia ser filho de Jack. Emily não recebeu bem a notícia.
— Eu também, — ele respondeu.
Ela fez um pequeno ruído de discordância no fundo da garganta.
— Você não pode me dizer que está feliz por Jack estar casado.
Vice encolheu os ombros.
— No começo, não estava. Mas Emily está grávida, e até eu posso ver que Jack a ama de todo o coração. Quero qualquer coisa que o faça feliz.
Ada engoliu um caroço. A cada minuto que passava, ela gostava mais deste homem. O que era perigoso para sua própria felicidade.
— Se você me der licença.
Com um aceno final, ela contornou Vice e começou a ir para Emily, cujo rosto parecia decididamente pálido.
— Em, — ela chamou, pegando a mão de sua prima. — Você está bem?
Emily balançou a cabeça.
— Tenho estado muito enjoada na parte da manhã. Você acha que Diana vai me perdoar por perder a cerimônia? Eu simplesmente não conseguia sair de casa.
Ada abraçou sua prima.
— Claro que vai. — Ela se moveu para trás, acariciando levemente a bochecha de Emily. — É com você que estou preocupada. Você não parece nada bem.
Emily balançou a cabeça.
— Tive dificuldade em manter a comida no estômago. Não consigo dormir pensando em... — Ela balançou a cabeça. — Ada, não é tarde demais para você. Você pode se casar com um homem bom, sem segredos e sem passado sórdido.
Ada deu um passo parcial para trás. Emily estava lendo seu diário?
— Você está dizendo isso porque esses são os únicos homens que estariam interessados em mim?
Emily semicerrou os olhos.
— Não, claro que não. Estou dizendo para ficar longe de libertinos e trapaceiros porque eles vão partir seu coração. Assim como Jack quebrou meu.
Ada mordeu o lábio, suas entranhas se apertando. Emily não era ela mesma, mas suas palavras tocaram alguns dos medos mais profundos de Ada.
— Acho que devo ficar com você e Grace. Estou preocupada com vocês duas.
Emily pegou-lhe as mãos novamente.
— Oh, por favor, fique conosco, Ada. Eu tenho estado tão aborrecida. Você é sempre tão calma. Você é como o sol da primavera após um inverno longo e frio.
— Hmm.
Ela ouviu uma voz masculina profunda atrás dela. Vice.
— Essa é uma metáfora interessante, — disse ele.
Emily se endireitou, dando um passo para trás e puxando Ada com ela.
— Vice. É bom ver você de novo. — Sua voz tinha um tom frio que desmentia suas palavras.
— E você também, Lady Effington. —Ele se aproximou ainda mais. — Como você está?
Emily envolveu Ada com o braço.
— Por que você se importa?
Ada olhou para Vice, cujo olhar viajou de um lado para outro entre elas.
— Jack é meu amigo e Ada é minha responsabilidade...
— Ela é a senhorita Chase para você, — sibilou Emily, depois apontou o dedo. — Sei tudo sobre você e suas travessuras. Já ouvi falar das atrizes, das ciganas, das festas com princesas. Eu sei o tipo que você é. — A voz de Emily estava aumentando enquanto a multidão se aquietava.
O estômago de Ada embrulhou e sua respiração se recusou a liberar.
— Emily. Você está fazendo uma cena. — Mas por dentro, uma dor se formou em seu peito. As palavras eram o lembrete de que ela precisava para manter distância de Lorde Viceroy. Ela era a mulher de quem os homens normais corriam com medo. Ela nunca manteria a atenção de Vice por muito tempo.
Emily deu um longo suspiro.
— Fique longe da minha prima. Ela não precisa da sua espécie.
A cabeça de Vice foi jogada para trás como se tivesse sido golpeada.
— Minhas desculpas se eu ofendi.
— Meu lorde, — começou Ada, dando meio passo em sua direção antes que Emily a puxasse de volta.
Vice não respondeu enquanto se virava e saía novamente. Desta vez, ele não apenas cruzou a sala, ele as contornou e se dirigiu para a porta.
— Você o assustou, — disse Ada enquanto observava suas costas. Embora soubesse que era melhor não permitir que ele se aproximasse, ela também não gostava de vê-lo ferido.
— Ótimo, — Emily respondeu. — Você será muito mais feliz sem ele te incomodando. Quem ele pensa que é usando o seu nome de batismo?
Ada balançou a cabeça. Emily estava certa. E, no entanto, de alguma forma, ela odiava vê-lo partir.
Vice subiu em sua carruagem, jogando-se com um baque no banco. O que o irritou tanto foi que Emily estava exatamente certa. Ele nunca seria bom para uma mulher como Ada.
Camille já não tinha lhe ensinado isso? Ele ainda se lembrava das palavras que ela lançou-lhe como bolas de chumbo.
“Eu preciso de um homem que seja estável, confiável. Você é muito divertido, Lorde Viceroy, mas não consigo me imaginar criando filhos com você. Você estaria no clube muito mais do que em casa”.
Ele baixou a cabeça entre as mãos. Jurou desistir de tudo, mas Camille não acreditou nele. No final, ela se casou exatamente com tipo que ela descreveu. Vice se perguntou se ela estava feliz. Provavelmente estava.
Ele bateu na estrutura da carruagem sinalizando para seu cocheiro começar. O chicote estalou quando as rédeas tilintaram e ele recostou-se no banco.
— Espere, — uma pequena voz feminina chamou. — Lorde Viceroy, por favor, espere.
Ada. Ele reconheceria sua voz em qualquer lugar.
— Pare, — ele gritou, batendo na parede com sua bengala novamente. A carruagem parou e a porta se abriu. Ada ficou no chão, com nada além de seu vestido verde claro, sua pele exposta coberta de arrepios. Enquanto o sol da primavera aquecia o ar, hoje estava decididamente fresco com uma forte brisa. — Você está tremendo.
— Só vou demorar um pouco, — respondeu ela. — Eu só queria te dizer... — E então ela parou, mordiscando o lábio.
Ele desceu da carruagem novamente e, tirando o casaco, deixou-o cair sobre os ombros dela, fechando-o sobre o peito.
Seus braços a envolveram com mais força por dentro e então ela baixou a cabeça, aspirando o ar pelo nariz.
— Seu casaco tem um cheiro delicioso.
Ele queria abraçá-la, mas olhou para as janelas e viu uma multidão olhando de cima.
— Estou feliz que você gostou.
Ada ergueu a cabeça, seus olhos verdes brilhantes encontrando os dele.
— Tem cheiro de charuto, pinho e... você.
Ele agarrou a parte externa de sua coxa para não tocar seu rosto.
— Você gosta do meu cheiro?
Ela desviou o olhar novamente.
— Amanhã à noite, iremos ao baile Applebee. Acho que mencionei isso antes. É a minha temporada e de Grace também. — Ela respirou fundo. — Sua Graça estará lá junto com Lorde Exmouth e Lorde Effington, você não precisa comparecer.
— Você veio aqui para me dizer para não comparecer? — Ele estreitou os olhos, deixando cair à cabeça mais perto. Por que essas palavras pareceram uma punhalada no coração?
Ela encolheu os ombros, os ombros largos de seu casaco exagerando o movimento.
— Minhas palavras não saíram corretamente. — Ela olhou para ele novamente, o queixo erguido, expondo a longa coluna de seu pescoço. Ele gostaria de deixar uma trilha de beijos naquele pescoço. — Eu vim aqui para pedir que você fosse, apesar das palavras da minha família. Mas se você não quiser, eu entenderia e estarei segura, mesmo que você não queira ir.
Ele não deveria ir. Esta era a sua chance de ir embora antes que Ada caísse em si e o rejeitasse. Além disso, ela nem era seu tipo de mulher.
— Estarei lá, — respondeu ele.
Ela deu um aceno rápido, um pequeno sorriso brincando em seus lábios. Ele destacou a curva suave que poderia ter os beijos dele. O formato adorável de sua bochecha, o contorno de seu queixo.
— Obrigada, — ela murmurou, sem desviar o olhar. — Aprecio sua ajuda.
— É o meu prazer, — disse ele. Essa era a verdade. Emily estava certa em várias frentes e uma delas era que Ada iluminou sua vida. — Devo encontrá-la antes da entrada.
— Estou ansiosa por isso, — ela respondeu com um sorriso.
— Deixe-me acompanhá-la de volta para dentro. Não suporto ver você aqui sem seu casaco. Há uma brisa forte hoje.
— Obrigada, — ela disse enquanto se virava para caminhar em direção à porta. Ele sabia que toda a família dela assistia, mas ele não queria oferecer-lhe o braço. Ela teve que puxar sua mão. Em vez disso, ele envolveu a mão em sua cintura.
Ela olhou para ele e depois para as janelas.
Sua única resposta foi continuar empurrando-a para frente.
— Sua família é um problema para outro dia. Hoje e amanhã, temos que ter certeza de mantê-la segura. Você acha que vai comprar fitas pela manhã?
Ela balançou a cabeça.
— Vou convencer Grace a adiar. Usaremos branco amanhã, ela tem fita suficiente para isso.
Ele a ajudou a subir os degraus. Sua pequena cintura se encaixava perfeitamente em sua mão. Talvez devesse se casar com ela antes que ela percebesse que ele não era bom o suficiente. Ele viu Emily na janela. Esse também tinha sido o plano de Jack?
Alcançando a porta, eles entraram.
— Vejo você amanhã, Ada.
— Lorde Viceroy. —Ela fez uma pequena reverência.
— Ada, — ele sussurrou, deslizando as mãos sob as lapelas do casaco para empurrar lentamente o tecido para fora do corpo dela. Ele roçou seus ombros estreitos e ouviu seu suspiro. O som o fez apertar. — Quando estivermos sozinhos, me chame de Blake.
— Blake, — ela respondeu, olhando para ele mais uma vez.
Droga, ele adorava olhar para ela assim. E ele estava errado. Ada era mais especial do que qualquer mulher que veio antes dela. Ela escapou de todas as suas defesas, fazendo-o doer de necessidade por ela. Como já tinha pensado que outra mulher era mais bonita?
Tirando o casaco com cuidado, ele deu um passo para trás.
— Amanhã.
— Amanhã, — ela disse.
Isso deu a ele exatamente um dia para decidir o que fazer. Case-se com a garota e arrisque-se a ser tão infeliz quanto Jack, ou observe outra mulher de verdadeiro mérito ir embora. Certamente, ele não sabia qual escolheria.
Mas por esta noite, deixou a questão de lado. Ele tinha uma vilã para pegar afinal, e então teria todo o tempo do mundo para explorar seus sentimentos.
Capítulo Seis
Ada o observou se afastar, colocando as mãos nas saias para não se envergonhar de estender a mão para ele. Como ela havia começado o dia, pensando que Vice era um insípido que não ia bem e, antes do repouso da tarde, percebeu que ansiava pelo mesmo homem?
Ela balançou a cabeça. Ela tinha ansiado antes, acabara de falar sobre seus sentimentos consigo mesma ontem. A primeira vez que o viu com a atriz, sua respiração ficou presa em seus pulmões, sua cabeça girou. Mas um olhar para a mulher com quem ele estava e ela sabia. Ele nunca seria dela. Ela empurrou seus sentimentos para baixo e fez escolhas sensatas.
Igual a Walter. Ele tinha sido o que ela pensava ser a escolha mais prática. Se mesmo os homens práticos não a queriam... o que isso dizia sobre ela?
Ou Minnie estava certa e ela precisava pedir mais?
E Vice. Ela conhecia o tipo de mulher que ele preferia. Bonita, talentosa e vivaz eram apenas algumas das palavras que descreviam as mulheres com as quais ele esteve ligado. Nenhuma dessas palavras a descrevia. Ela era bonita, confiável, um pouco tímida e assustada, e muito estranha.
— Ada? — Emily perguntou, aproximando-se dela. — Por que você está olhando para a porta da frente?
— Por nada, — ela respondeu.
Emily tocou sua manga.
— Espero que você não esteja chateada comigo. Eu empurrei Lorde Viceroy para longe porque queria protegê-la.
Ada suspirou. Desejou que Vice ainda estivesse aqui, mas ela sabia o quanto Emily disse a verdade. Ela também sabia que sua prima estava sofrendo por causa da briga recente com o marido.
— Como eu poderia ficar chateada com você? —Ela se virou para abraçar Emily. — Vamos levá-la até a cozinha e ver se encontramos algo para acalmar seu estômago.
— Eu gostaria disso, — Emily murmurou. — Depois de perder a cerimônia, é melhor eu ajudar Diana a se instalar em sua nova casa esta tarde. — Emily apertou o nariz. — Tenho sido uma irmã terrível ultimamente.
Ada deu um tapinha na mão de Emily.
— Você teve seus próprios problemas. Todo mundo entende.
— Você é uma joia, — disse Emily enquanto desciam as escadas. — Venha comigo para a casa de Diana, sim? Ela será mais gentil com você lá.
— Claro, — ela respondeu. Parte dela desejava ficar em casa, pelo menos para reviver cada detalhe de hoje, mas outra parte sabia que sua família precisava dela, e ela faria melhor em se manter ocupada de qualquer maneira. — O café da manhã está terminando. Colocaremos algo em seu estômago, e depois iremos para a nova casa de Diana.
Emily concordou.
— Não vamos ficar muito tempo. Tenho certeza de que eles estão ansiosos para ficar sozinhos. Mas ainda acho que vai ajudar Diana a se estabelecer. É assustador deixar a família com a qual você viveu toda a sua vida.
Isso fez Ada parar. Emily nunca parecia ter medo de nada.
— Você estava nervosa por ir embora?
— Claro, — disse Emily quando chegaram à cozinha. — Animada também, é claro.
Emily foi até o balcão, encontrando um pedaço de pão cortado pela metade em uma tábua.
— Oh, isso parece delicioso.
— Pão velho? — Ada ergueu uma sobrancelha.
— Ela está se sentindo muito mal, — Diana falou da porta. — Estou feliz em ver você comendo, Emily, e Ada, estou feliz em ver você aqui embaixo com ela e não ainda lá fora com Lorde Viceroy.
Ada apertou os lábios.
— Eu só estive fora por um minuto. Precisava transmitir uma mensagem antes que ele partisse.
— Eu ouvi dizer que vocês ambas irão comigo para a minha nova casa?
— Por pouco tempo, — respondeu Ada.
Diana acenou com a cabeça.
— Bom. Teremos muito tempo para discutir o porquê você não está agindo como você mesma. Nunca pensei que a veria perseguir um homem assim.
Ada torceu o nariz.
— Eu não o persegui. E não estamos falando de mim. Hoje é sobre você. Lembra?
Diana parou de olhar para ela de esguelha.
— Se alguém mais tivesse dito isso, pensaria que estavam mudando de assunto. Você é uma das poucas pessoas na qual poderia realmente querer dizer essas palavras.
— Eu quero, — ela fungou. — Agora. Conte-nos. Qual é a sensação de ser a Lady Exmouth?
Diana deu um sorriso radiante enquanto Emily olhava para seu pedaço de pão.
Ada passou o dia cuidando de suas primas, Emily e Diana, enquanto ajudavam esta última a desempacotar seus pertences na casa de Exile. O casal havia decidido não ter uma lua-de-mel, mas teriam alguns dias para si próprios em vez de uma viagem para conhecer a família. Depois que tudo fosse resolvido com Lady Abernath, eles viajariam para a Escócia para encontrar todos os parentes de Exmouth.
Subindo na carruagem para voltar à casa, Ada observou as ruas de Londres passarem, lanternas sendo acesas quando o sol começou a se pôr. Emily estava igualmente quieta ao lado dela, claramente perdida em seus próprios pensamentos.
O céu estava brilhando com um tom laranja-avermelhado que a deixou sem fôlego. E isso a fez pensar em Vice.
Ela sorriu quando os raios de luz finais deslizaram do céu. A carruagem diminuiu a velocidade, alcançando um cruzamento movimentado e Ada examinou a multidão de pessoas a cavalo, em carruagens e a pé. A cidade estava sempre movimentada, mas nesta época do ano uma enxurrada de pessoas voltava do campo para a próxima temporada.
Cabelo loiro claro chamou sua atenção. Era distinto em sua tonalidade e ela reconheceu a cor imediatamente como pertencente a Lady Abernath.
Apertando mais a cortina para esconder o rosto, ela notou o bairro primeiro. Ela estava perto de Hyde Park na Cromwell Road.
Seus olhos se estreitaram.
— Não posso acreditar.
— O quê? — Emily disse, sentando-se um pouco. — Algo está errado?
— É Lady Abernath. — Ela apontou para a janela, segurando a cortina com força.
Emily se levantou parcialmente, mudando para o outro banco.
— Ela está horrível, — sibilou Emily, pressionando o rosto contra o vidro.
— O que você quer dizer? — Ada estudou a mulher lentamente abrindo caminho por meio da multidão. Aos olhos dela, a mulher parecia exatamente a mesma. Alta, escultural, quase fria em sua beleza perfeita. O homem com quem ela caminhava, porém, dava calafrios a Ada. Ele tinha bem mais de um metro e oitenta, se destacando na multidão, com olhos duros e cabelo escuro penteado para trás. Sua boca era fina e franzida enquanto várias cicatrizes cruzavam seu rosto.
— Olhe para a capa dela. Ela comprou pronta, tenho certeza, — Emily murmurou. — Não que haja algo de errado com isso, é só que seu guarda-roupa geralmente é impecável.
— Ela perdeu a maior parte das roupas no incêndio, tenho certeza. — Ada respondeu, seus olhos ainda estudando o homem enquanto se agachava em seu assento.
Lady Abernath havia sequestrado Cordélia. Quando Malice a resgatou, um incêndio irrompeu na casa de Lady Abernath. O próprio Malice resgatou o filho de Abernath; e, Malice e Cordélia adotaram o menino, levando Harry com eles para visitar a família.
— Você acha estranho que Lady Abernath nem mesmo tenha tentado resgatar seu filho?
— Ela não contou a ninguém que tinha um filho. Tudo sobre a situação é estranho, — Emily respondeu. — Mas ela tem ainda mais motivos para nos odiar agora que temos seu filho. — A criança tinha sido tão claramente maltratada e deixada em uma casa em chamas, eles não tiveram muita escolha.
— Mas por que não ir para o Bow Street Runners? Ela poderia acusar Malice de sequestro.
Emily bateu no queixo. — Isso parece um método óbvio de vingança.
— Talvez isso não afete Daring diretamente o suficiente? —Abernath e Daring foram noivos. Ele era o homem que a condessa mais queria punir.
— Ou talvez ela não queira o filho. — Emily de repente baixou a cortina. — Acho que ela me viu.
Ada baixou a dela também. — É melhor sairmos daqui.
— A multidão está muito densa. — Emily apertou as mãos. — Devíamos ter trazido um dos homens conosco.
— Por que não? — Ada se inclinou para frente, desejando que Vice estivesse aqui agora.
Emily balançou a cabeça. — Foi só um passeio de carruagem. Nós nem devemos ter sido vistas.
— O que faremos? — Ada nunca foi a melhor nessas situações.
— Precisamos voltar para casa. — Ela bateu na parede da carruagem. — Cocheiro. Vamos procurar outro caminho.
— Sim, minha senhora, — ele gritou de volta e então agarrou as rédeas, movendo-se através da multidão para virar à esquerda em uma das muitas ruas laterais.
Com a carruagem em movimento, Ada conseguiu respirar novamente.
— Lady Abernath está ganhando uma frente. Ela colocou medo em nossos corações.
Emily balançou a cabeça.
— Você está certa. Espero que a peguem logo. Isso está ficando cansativo.
A situação era pior do que cansativa. Seu tempo com Vice a estava forçando a enfrentar algumas duras verdades. Ela tinha sentimentos por Lorde Viceroy, sentimentos que ele nunca corresponderia. Tinha que descobrir como se afastar novamente.
Vice estava em um clube mal iluminado, uma hora depois da meia-noite. O lugar cheirava a bebida rançosa e a corpos sujos. Seu nariz se curvou e ele puxou o lenço do bolso, em seguida, colocou o tecido sobre o nariz. Ele apertou o tecido com mais força até as narinas. Quando ficou melindroso?
Este era o terceiro estabelecimento que ele, Sin e Bad visitaram esta noite, cada um pior que o anterior. As mulheres sempre foram tão espalhafatosas? O licor é tão repugnante?
Ele se perguntou como se sentiria em seu clube, o Toca do Pecado. Sempre tinha sido uma segunda casa para ele, mas algo havia mudado, onde ele desejava apenas estar em casa. Uma mulher ruiva se aproximou dele. Não do tom ruivo do cabelo de Ada, mas de um vermelho vivo. Ela lhe deu um grande sorriso, seus quadris balançando para frente e para trás de forma a atrair a atenção.
— Como você é bonito. — Ela sorriu, deslizando a mão ao longo do ombro dele. Ela não cheirava a canela ou mel, mas sim a água de rosas barata e corpo sujo.
Ele manteve o rosto passivo, sem mover um músculo enquanto enfiava a mão no bolso e tirava uma moeda.
— Para você, — ele disse. — Vá tirar quinze minutos para você.
Ela encostou-se nele.
— Você não quer se juntar a mim?
— Devo recusar, — respondeu ele.
Bad estreitou seu olhar, sua sobrancelha pesada caindo para baixo.
— Você acabou de deixar passar uma mulher perfeitamente boa?
Vice tinha suas dúvidas sobre o perfeitamente boa, mas felizmente para ele, Daring entrou na sala e acenou da porta, com o punho cerrado em torno de um pedaço de papel. Então o homem caminhou pela sala, a multidão parecendo se afastar dele.
— Estamos saindo, — disse ele como introdução.
Sin deu um passo à frente.
— Por quê? — Ele apontou em volta do clube. — Ela mencionou vir aqui várias vezes.
Daring se inclinou mais perto.
— Ada e Emily viram a condessa hoje, quando estavam na carruagem.
— Ada saiu sem mim? — Vice endireitou-se, seu estômago embrulhando de medo. — Ela está bem?
— Bem. — Daring lançou-lhe um olhar curioso. — Mas ela viu Abernath com um homem. Emily o descreveu em sua carta, — ele fez uma pausa e acenou com o pedaço de papel, — como sendo alto, cabelo longo e escuro e várias cicatrizes no rosto.
Vice prendeu a respiração.
— Ela estava com Crusher.
Daring acenou com a cabeça.
— Não posso acreditar que ela se rebaixou tanto. Mesmo entre os ladrões, o homem não tem honra.
— Vamos para a casa de Crusher? — Bad perguntou. — Se ela estiver sob sua proteção, será difícil tomar qualquer atitude lá.
Daring balançou a cabeça.
— Pensei em esperar lá fora por ela sair. Ver se não podemos interceptá-la?
— É um plano tão bom quanto qualquer outro, — respondeu Vice. Parte dele ficou aliviado. Se eles a pegassem, a vida poderia voltar ao normal. Mas, outra voz se perguntou o que exatamente aquela vida continha? Ele ainda queria isso?
Mas ele empurrou esses pensamentos de lado enquanto seguia Daring porta afora. Subiram na carruagem de Daring, mas foi Bad quem falou primeiro.
— Em vez de apenas esperar do lado de fora, vou entrar, — disse ele. — Crusher e eu temos uma história. Posso visitar sem levantar suspeitas.
Daring olhou para Bad.
— Atrevo-me a perguntar o que é essa história?
Bad encolheu os ombros.
— Eu nem sempre fui um lorde como você. — Ele recostou-se. — Vamos usar isso em nossa vantagem esta noite.
Vice estremeceu.
— Eu irei com você. Talvez devêssemos fingir que estamos bêbados? Divertindo como clientes?
Bad deu a ele um longo olhar.
— Como você se tornou tão encantadoramente bom em subterfúgios?
Vice se encolheu por dentro. Ele gostaria de ser um pouco mais pleno. Ter se tornado herdeiro numa idade tão jovem permitiu que ele fosse selvagem quando jovem. Mas ele perdeu grande parte de sua inocência também.
— Isso vem naturalmente.
Bad deu um tapinha nas costas dele.
— Estamos quase lá.
Dez minutos depois, eles atravessaram a porta, Vice cambaleando de uma maneira que ele esperava ser convincente.
Uma rápida inspeção da sala, entretanto, o deixou desapontado. Não havia sinal de Crusher ou Abernath.
Bad arranjou um lugar em uma das mesas, e eles fizeram questão de perder várias mãos para a casa. Só então Bad, com a voz arrastada, pediu para ver o proprietário.
— Eu quero Crusher, — ele exigiu.
— Quem é você para exigi-lo? — O crupiê cuspiu no chão.
— Somos velhos amigos, — Bad balançou em sua cadeira. — Diga a ele que Baderness quer vê-lo.
— Baderness? — O homem cuspiu novamente, mas se levantou da cadeira. — Vou chamá-lo, mas você vai se arrepender.
Bad lançou ao outro homem um olhar turvo, mas Vice cerrou os punhos por baixo da mesa.
— Qual é o seu plano?
Bad balançou a cabeça.
— Ser convidado para a sala dos fundos.
Vice respirou fundo. Ele não gostou. Eles estariam trancados e com apenas eles dois era mais difícil lutar para escapar, mas eles estavam nisso agora. Ele não deixaria Bad sozinho para enfrentar o que quer que viesse.
O crupiê voltou, acenando para que o seguissem. Vice se levantou, prendendo a respiração. O que eles estavam prestes a descobrir?
Muito parecido com a Toca do Pecado, eles caminharam por um longo corredor mal iluminado até que uma porta levava a uma pequena sala nos fundos. Vice nunca foi apresentado a Crusher, mas reconheceu o homem imediatamente. Uma grande cicatriz corria de seu olho até o lábio, com vários outros cortes em vários ângulos em seu rosto.
— Fez isso consigo mesmo, — Bad murmurou para que apenas Vice pudesse ouvir.
A única pergunta que Vice queria fazer era por quê. Mas ele ficou em silêncio enquanto Crusher gesticulava para que se sentassem.
— Já faz muito tempo, meu senhor.
— Crusher tirou a deferência, baixando a voz. — A que devo este prazer?
Bad sentou-se, recostando-se na cadeira como se não se importasse com o mundo. Vice nunca imaginou seu amigo como ator, mas ele estava dando um show agora.
— Viceroy e eu estávamos apenas procurando algum entretenimento. A vida tem sido um pouco monótona.
Os olhos de Crusher desviaram-se para Vice.
— E você veio aqui? Estou surpreso que você tenha se rebaixado tanto. Mesmo nos velhos tempos, você era muito elevado e poderoso para pessoas como eu.
Bad não moveu um músculo.
— Isso não é verdade. Você era muito intimidante.
— Mentiroso, — desdenhou Crusher. — Você nunca se intimidou e foi o único homem que me superou.
O superou em quê? Vice não se atreveu a perguntar agora. Em vez disso, dirigiu-se a Crusher.
— Talvez tenhamos vindo ao lugar errado, — disse ele, mudando de posição na cadeira. — Desculpas por tomar seu tempo.
— Sente-se. — Crusher deu um sorriso que apenas puxou suas cicatrizes. — Não disse que queria que você fosse embora. Só que fiquei surpreso por você ter vindo. Que tipo de entretenimento você tem em mente?
Bad inclinou a cabeça para o lado.
— Tem alguma mulher de qualidade?
Os lábios de Crusher curvaram-se sobre os dentes como se a conversa doesse. Seus dedos cerrados e abertos.
— A exposição normal. Mas você pode dar uma olhada.
Algo não estava indo bem. Crusher parecia afável, mas não era nem de longe o ator que Bad era, e seu rosto se contorceu em linhas de raiva. Ou talvez fossem apenas suas cicatrizes.
— Não, obrigado. Se você tivesse algo especial, você teria dito. — Desta vez, Vice se levantou. Se algo estava para acontecer, ele queria poder alcançar a porta.
Crusher também se levantou.
— Eu disse para sentar-se.
Vice inclinou a cabeça para o lado.
— E eu disse, não, obrigado.
O crupiê ainda estava atrás de Crusher e ele veio para o lado do homem.
— Meu patrão pediu a você que se sente para alguma conversa cavalheiresca.
Bad também ficou de pé.
— Eu não acho que alguém esteja ficando sentado. — Bad expandiu seu peito. — Por que você está tentando nos manter aqui?
Crusher apontou um dedo corpulento para Bad.
— Só porque você me derrotou naquela época, não significa que você pode agora. — Ele apontou o dedo em direção a Bad. — Eu sei o porquê você está aqui. Ela é minha agora e você não pode tê-la.
Bad estacou.
— Estamos discutindo sobre a Condessa Abernath?
— Estamos. — Crusher estendeu a mão e deu um pequeno empurrão em Bad. — Não vamos fingir. A vida te deu tudo, não deu? Mas não ela. Ela é para mim.
Vice fez uma careta. O ciúme era uma amante perigosa.
— Não queremos a condessa assim. Precisamos apenas de uma palavra.
— Eu sei o que você precisa. Você não pode ter. — Então, ele zombou de Bad. — Fui mais esperto que você desta vez. Ela já se foi há muito tempo.
Crusher os trouxe para distraí-los. A condessa provavelmente havia se afastado. Mas pelo menos sabiam com quem ela estava associada agora.
— Você errou totalmente nossa intenção. — Vice ergueu as mãos. — Só estávamos preocupados com ela depois do incêndio. Ela tem uma história com nosso amigo...
— Eu sei sobre a história dela, — Crusher zombou. — E seu amigo vai pagar. Se você o ajudou a machucá-la, todos vocês vão pagar. —Então, ele estendeu a mão e empurrou Bad no peito.
Crusher era um homem grande, mas Bad plantou os pés de uma maneira que o impediu de se mover. Ele absorveu o empurrão.
— Veremos quem paga.
Essas palavras poderiam muito bem ser um barril de pólvora. A sala explodiu quando Crusher mergulhou em Bad, o crupiê dando um salto em Vice.
Esquivando-se ao redor da mesa, o homem errou e bateu na parede.
Crusher tinha Bad no chão, seu punho musculoso erguido. Vice agarrou uma cadeira e a derrubou nas costas do homem. Ele caiu para o lado e em um instante, Bad estava de pé.
Correndo para a porta, eles fizeram seu caminho para fora do clube, tropeçando na rua. Vice não parou, indo para o beco onde eles deixaram Daring, mas a carruagem havia sumido.
— Você acha que eles estão perseguindo Abernath?
Bad balançou a cabeça.
— Não sei, mas vamos sair daqui enquanto podemos. Vamos descobrir amanhã.
Vice fez uma careta quando eles começaram a correr pela rua, ziguezagueando por becos. Uma coisa era certa, ainda não tinham resolvido nada. Só podia esperar que eles não tivessem piorado a situação.
Eles iriam para a casa de Daring e descobririam o que aconteceu. Provavelmente, Daring estava seguindo Abernath agora. Esperava que a pegassem. Não que pretendesse deixar Ada sozinha. Ele gostava mais quando ela estava ao seu lado, mas ainda não conseguia afastar a sensação de que ela poderia fazer muito melhor do que ele.
Capítulo Sete
O dia seguinte passou com muita atividade. Ada manteve sua promessa e foi ficar com Emily e Grace. As meninas sempre tiveram passes livres entre as casas das famílias, e os seus pais não se importavam que ela ficasse na casa de seus tios.
No qual era um alívio. Enquanto fazia as malas para ir embora, sua mãe fez muitas perguntas sobre o visconde, em razão por ter sido tão atencioso.
— Quando você o conheceu, querida? — Era uma pergunta inocente, mas a resposta era tudo menos isso.
Como não podia dizer, no clube secreto deles no meio da noite, ela mordiscou os lábios.
— Jack e Emily nos apresentaram.
Sua mãe sorriu com aprovação.
— E ele já pediu para te cortejar?
— Mãe, — ela implorou. — Só nos encontramos algumas vezes.
— Ele vai ao baile hoje à noite? — Sua mãe se inclinou para frente de sua posição na cama.
— Sim, — ela respondeu, endireitando-se do baú que estava enchendo. — Mas mãe, não tenha muitas esperanças. Lorde Viceroy é um solteirão conhecido.
Sua mãe piscou.
— Seu pai também, querida. E você, — apontou a mãe para a filha, — é exatamente o tipo de pessoa que muda a opinião de um homem.
Ela colocou as mãos nos quadris.
— Oh, por favor. Diana ou Minnie, elas são os tipos que podem...
— Ada Lynn, — sua mãe disse enquanto se levantava da cama. — Elas podem pegar um homem e colocar algum senso nele, mas você o conduzirá lentamente pelo caminho correto. Ele nem vai perceber que está acontecendo até ser tarde demais.
Ada não sabia como responder a isso e ainda não sabia. Em sua experiência, não levou ninguém a lugar nenhum. Bem, conseguiu fazer Blake concordar em vir a um baile. Essa era a extensão de suas habilidades.
Mas as palavras ecoaram em sua cabeça quando ela foi para a casa de seus tios. Eles lhe fizeram companhia enquanto ela comia uma refeição leve, e então foram se arrumar para as festividades da noite.
Emily estava deitada em sua cama no seu quarto enquanto Grace e Ada se vestiam, mas seus olhos permaneceram desfocados enquanto olhava para fora da janela.
— Em, — Ada perguntou timidamente, suas luvas brancas sendo abotoadas em seu braço. — Por que você não vem conosco?
— Estou grávida. Não deveria.
— Você está com apenas alguns meses. Ninguém saberá, — Grace acrescentou, acariciando seus cachos cuidadosamente penteados.
Emily encolheu os ombros.
— Ele estará lá porque Darlington quer que ele esteja.
— Exatamente, — respondeu Ada, cruzando a sala para sentar-se cuidadosamente ao lado de sua prima. — Vocês dois deveriam conversar.
Emily balançou a cabeça.
— Não quero falar e não quero vê-lo. Ele mentiu para mim muitas vezes sobre seu passado. Ele só vai me convencer a voltar, e então faremos tudo de novo, onde descubro outra falsidade.
Ada deu-lhe um tapinha no queixo, seu coração doendo em simpatia.
— Então, não faça isso de novo. Faça-o contar-lhe quaisquer outros segredos. Ser honesto. Mais uma mentira vai quebrar vocês dois para sempre. — Ela pegou a mão de Emily. — Mas ele te ama. Sei que ele ama e você está carregando um filho dele. Você honestamente se vê criando este bebê sem ele?
— Não, — Emily respondeu deixando escapar um suspiro pesado. — Mas também preciso lhe dar uma lição. Não consigo perdoá-lo tão rapidamente, como fiz da última vez.
Uma risadinha escapou dos lábios de Ada, e ela levou a mão à boca. O plano de Emily era muito inteligente.
— Entendo. Isso é remédio.
Emily olhou-a, um sorriso puxando seus lábios.
— O que não percebi é que também ficaria infeliz. — Então, ela suspirou novamente. — Fui horrível com Lorde Viceroy hoje, não fui?
Ada deu um tapinha na mão de sua prima.
— Tenho certeza que ele está bem.
— Você gosta dele? — Emily perguntou e Grace parou de mexer no cabelo para atravessar a sala e ouvir sua resposta.
— Eu? Como um libertino? Sou um ratinho assustado, lembra? — Ada se levantou, sacudindo as saias.
Emily começou a se levantar também.
— Você é mais cautelosa. Mas os homens gostam disso muitas vezes. Meu conselho, permita que ele a proteja. Isso o fará se sentir másculo.
Ada balançou a cabeça. O conselho de sua mãe não foi diferente. Mas como isso explicava a rejeição de Walter ou a quantidade de homens que a haviam ignorado?
— Não sou o tipo de mulher que interessa a homens como ele...
— Ele está interessado, — Grace rejeitou sua afirmação. — E você está fazendo um trabalho maravilhoso em afastá-lo e depois atraí-lo de volta. Sinceramente, pensei que você estava fazendo isso de propósito.
Ada piscou quando Emily cruzou a sala.
— Eu estou indo. Não vai demorar muito. Espere por mim.
Grace voltou para o espelho.
— Ela vai demorar uma eternidade e vamos nos atrasar.
Ada não teve escolha a não ser caminhar até a janela.
— Mas Lorde Viceroy deve me encontrar nas portas. Ele estará lá fora.
— Bom, — Grace respondeu. — Empurre-o para longe e depois o atraia de volta. Seu problema é que você é muito gentil, você sabe disso, certo?
— Eu pensei que era tímida e medrosa? — Esperança estava vibrando em seu estômago. Ela tentou reprimir. Isso só a levaria a outro coração quebrado.
Grace balançou a cabeça.
— Acho que essas são as suas vantagens. Emily está certa. Ele vai querer te salvar. Apenas deixe-o adivinhar se você também gosta dele.
Ada balançou a cabeça. Todas tinham conselhos, mas ela não tinha certeza se algo iria ajudar. Ainda assim, pode ser divertido tentando. Ela sabia de uma coisa com certeza, estava pronta para fazer algumas mudanças e nenhum homem era tão excitante quanto Blake.
— Então eu deveria fazer contato visual, então me retirar, levá-lo lentamente para se tornar um homem melhor o tempo todo, provocando-o com meu afeto e fazendo com que ele me proteja?
Grace inclinou a cabeça para o lado.
— Exatamente.
Ada soltou um bufo. Isso era tudo? Não admira que tenha falhado com os homens. Ela se virou para a janela, olhando para as folhas que começavam a surgir nas árvores. Ela sabia que Vice não gostaria de ser seu marido, mas talvez pudesse testar algumas dessas teorias com ele? Sua barriga se contraiu de culpa, mas ela a afastou. O interesse dele era certamente passageiro. Provavelmente a esqueceria antes mesmo de perceber que ela o estava usando como uma ferramenta de aprendizado.
Vice mudou de posição, perguntando-se quando elas iriam chegar. O vento estava mais forte e ele estava ficando com frio. Estava nervoso desde os eventos da noite anterior e precisava ver Ada e se certificar de que ela estava bem.
Finalmente, bem no final da fila de carruagens, ele avistou a carruagem de Daring e dos Winthrops, logo atrás dele. Ele se endireitou na parede, ziguezagueando pela multidão para saudá-los quando chegaram.
No momento ao avistar Ada, seu peito se apertou da maneira mais estranha. Ele tinha visto centenas de debutantes todas vestidas de branco, mas nenhuma parecia tão bonita quanto ela. Seus olhos se encontraram e seguraram os dele por um momento antes dela desviar o olhar.
Grace se inclinou para sussurrar em seu ouvido. Ada assentiu várias vezes antes de olhar para ele novamente com um sorriso tímido. E então, ela desviou o olhar. Ele queria segurar seu olhar, apreender o que ela estava pensando. Por que ela o estava mantendo em suspense assim? Vice se aproximou dela.
— Você finalmente chegou. Eu estava ficando preocupado.
Ada olhou por cima do ombro, direcionando seu olhar para a mulher que acabava de sair da carruagem.
— Desculpas. Emily decidiu vir, afinal.
Vice ergueu as sobrancelhas.
— Jack sabe que ela está aqui?
— Não sei. Você viu Jack? — Ada agarrou seu braço, e seu corpo se apertou enquanto as pontas dos dedos dela roçavam levemente seu bíceps.
— Ele está lá dentro, — murmurou Vice, aproximando-se mais. — Parece tão miserável quanto ela.
Ada mordeu o lábio.
— Oh, céus. Eles não fazem o casamento parecer fácil, não é?
— Não o fazem, — ele respondeu, fazendo uma careta. Jack tinha um passado pitoresco, mas o de Vice... o dele era pior. Por muito. — Há uma lição a ser aprendida aí, eu diria.
Os ombros de Ada se curvaram.
— Certamente, existe.
Ele se virou e estendeu o cotovelo. Ela hesitou antes de colocar a mão na dobra. Ele olhou para ela.
— Qual lição você acha que é?
Ela finalmente olhou-o e sustentou seu olhar, seus próprios olhos enrugados em questão.
— Suponho, pensei que um homem como Jack é muito difícil de domar.
Vice estremeceu. Ele tinha medo disso. Ada acreditava exatamente como Camille. Ele estava destinado a ficar sozinho.
— Eu suponho.
— O que você quis dizer? — Ela apertou o braço dele.
Ele estendeu a mão e acariciou sua bochecha com o dedo.
— Essa honestidade teria tornado o início deles muito melhor.
Ada parou, olhando-o.
— Oh, isso é muito melhor do que a minha suposição.
Ele encolheu os ombros. Entendeu por que Jack não tinha sido honesto. Só a ideia de confessar todos os seus pecados para uma mulher como Ada fazia seu coração martelar loucamente no peito. Na verdade, ele provavelmente contaria os dois primeiros e ela fugiria chorando para nunca mais falar com ele.
— Não tenho tanta certeza. Veja o que o passado de Jack fez com eles. Imagine se ela tivesse conhecido tudo isso antes do noivado. — Ele contou a Camille seus segredos. Ela o julgou com bastante severidade e, finalmente, o deixou por um homem melhor.
Ada inclinou a cabeça para o lado.
— Pode ser. Ou talvez seja o fato de que são segredos que continuam aparecendo para surpreendê-la, talvez seja esse o problema.
— Essa não tem sido minha experiência, — ele murmurou.
— Qual foi a sua experiência? — Ela perguntou e então balançou a cabeça. — Eu sinto muito. Não quero bisbilhotar.
Eles estavam entrando pelas portas principais, a aglomeração de pessoas fazendo com que ele se sentisse vigiado e adicionando um ar de privacidade.
— Você não está. Propus a uma mulher há cinco anos. Ela me recusou porque meu passado era muito pitoresco e meu futuro provavelmente também o seria. Ela estava certa, é claro. Eu tinha acabado de abrir o clube. Passei muito tempo com homens que bebiam muito e jogavam de forma ainda mais indisciplinada.
O rosto de Ada teve um espasmo e sua outra mão acariciou sutilmente seu peito.
— Ainda. Isso deve ter doído.
Ele estava se preparando para uma enxurrada de perguntas sobre o que exatamente ele fez para ganhar a rejeição. A simpatia de Ada era como um bálsamo no qual ele precisava há tanto tempo.
— Sim.
Por um momento, seus olhos se encontraram. Ele queria se enrolar no verde fresco de seu olhar, mas então ela desviou o olhar, afrouxando o braço.
— Eu deveria voltar para minha família. Eu...
— Estou aqui por você, Ada, — disse ele, puxando-a para mais perto novamente. — Não há necessidade de sair.
Olhando para a multidão.
— Eu tenho meu próprio passado e isso exige que eu mantenha distância entre nós.
— Como é? — Qual passado? Que homem? A raiva cresceu dentro dele. Quem tocou Ada e como ele a machucou?
— Não importa. Grace diz que não devo prestar muita atenção em você. Eu... — Ela parou novamente. — Estou dizendo tudo errado mais uma vez.
— Nós vamos falar com Grace mais tarde. Agora, quero saber quem foi o homem do seu passado.
Mas ela parou de falar, parou de andar, na verdade. Ela tropeçou e ele a segurou, colocando-a de pé. Seu rosto estava pálido.
— Queridos santos misericordiosos, — ela murmurou. — É ele.
Com um dedo trêmulo, ela apontou para a multidão. Lá estava um homem com cabelos escuros e ombros largos olhando diretamente para sua Ada. Quando exatamente ela se tornou sua? Vice não tinha certeza e não importava. Esse homem não estava chegando perto de sua mulher.
Capítulo Oito
A língua de Ada inchou em sua boca. Era Walter. Ele partira seis meses antes, em uma missão na África para estudar a vida selvagem, dizendo que ficaria fora por anos. Ela nunca esperou vê-lo aqui, esta noite, em seu primeiro evento.
Sem pensar, apertou o braço de Blake com mais força, aproximando-se dele. Por que ela estava com medo de Walter, e quando Blake se tornou seu lugar seguro?
— Quem é ele? — A voz de Blake baixou, um estrondo tornando o som grave.
Ela engoliu em seco e lambeu os lábios.
— Ele é amigo da família.
— Essa não é toda a história. — Vice mudou, ficando entre ela e Walter. — Você pode me contar.
Ela balançou a cabeça.
— Eu menti para você outro dia.
— Como? — Ele disse enquanto lentamente os movia para o lado, fora da multidão e longe de sua família.
— Quando eu lhe disse que era uma destruidora de libertinos, — ela baixou a cabeça. — Eu menti.
Uma rajada de ar frio tocou sua pele e ela percebeu que eles estavam se dirigindo para a varanda.
— Isso não importa. — Ele acariciou suas costas com a ponta dos dedos. — Conte-me mais sobre seu amigo da família.
Ela roçou a bochecha contra o braço dele. De alguma forma, tocá-lo deu força a ela.
— O único homem que já demonstrou interesse por mim é um pesquisador biológico. Ele saiu há seis meses para uma viagem à África e me disse para não esperar por ele.
— Aquele homem olhando para você era o seu pesquisador? — Os dentes de Vice estavam cerrados tornando suas palavras cortantes, mas ele parou do lado de fora das portas, com uma visão clara do resto da festa.
Ela assentiu.
— Ele não deveria voltar.
— Por que ele voltou? — Vice perguntou, mudando-a mais uma vez para que ela não pudesse ser vista pela multidão.
— Seu palpite é tão bom quanto o meu. — Ela balançou a cabeça, olhando nos olhos dele. — Não sabia que ele tinha voltado. — Ela colocou as mãos em seu peito, aproximando-se. — O estranho é que também não tenho certeza se quero saber. Eu... — Mesmo na semana passada, ela considerou Walter o homem que escorregou por entre seus dedos. O melhor que ela tinha feito. Agora ela nem queria falar com ele.
Vice relaxou sob suas mãos.
— Ficaria feliz em ajudar no que for necessário.
Ela assentiu. Por que ela não queria falar com Walter? Ele a machucou, isso estava claro. Mas de alguma forma a dor foi embora.
E ele voltou. Foi por causa dela? E se fosse? Ela tinha acabado de se modificar para praticar seus truques femininos. Se nada mais, ela não poderia experimentá-los em Walter?
Mas a ideia encheu sua boca de bile. E percebeu que não sentia mais nada por ele. O que quer que tenha acontecido entre eles se foi.
— Não preciso de nenhuma ajuda, mas obrigada, Lorde Viceroy. — Ela endireitou a coluna. — Mas é melhor eu voltar para minha família. Não queremos causar mais problemas esta noite.
Ele franziu a testa antes de dar um aceno rápido e puxá-la de volta para a multidão. A família dela estava quase exatamente onde os haviam deixado e a multidão de convidados disfarçou seu breve desaparecimento, ou pelo menos, Ada esperava que sim. Enquanto eles se juntavam à família dela, o grupo lentamente fez seu caminho até a extremidade oposta do salão de baile, onde encontraram um pequeno espaço e algumas cadeiras vazias.
Vice ficou em silêncio, mas permaneceu ao lado dela, a mão dela enfiada em seu cotovelo. Da parte de Ada, ela estava perdida em pensamentos e feliz pelo pilar de força que atualmente a sustentava no meio da multidão.
Ela iria falar com Walter, fingir que ele não estava lá? Inspirando profundamente, aspirou o rico perfume de Blake. Era reconfortante e excitante, e ela se viu roçando a bochecha contra ele mais uma vez.
Ele inclinou a cabeça para baixo, seu queixo roçando o topo de sua cabeça. Os olhos de Ada se fecharam.
— Eu gostaria de poder simplesmente sair. Não quero estar aqui.
Blake sorriu contra o topo de sua cabeça.
— Eu também.
— Estou interrompendo, — disse outro homem ao lado dela. Ela deixou os olhos fechados. Walter. Seu estômago se revirou e ela se aproximou de Vice, aspirando o cheiro de Vice, a sensação de seu calor próximo ao dela.
Lentamente, ela ergueu a cabeça e abriu os olhos. Parte dela queria dizer sim, ele estava interrompendo, mas ela foi criada para ser educada.
— Claro que não, Sr. Conroy. — Ela olhou para Vice, cujo rosto estava rígido. — Posso apresentá-lo a Lorde Viceroy.
Walter sacudiu rapidamente o queixo.
— Meu senhor.
— Senhor Conroy, — Vice respondeu, sua voz dura e reta. Ada, sem pensar, deu outro aperto no braço dele. Tocá-lo a acalmou. Acalmou seus nervos em frangalhos.
Blake olhou para baixo, seus olhos se enrugando em uma pergunta. Então, ele olhou para cima novamente.
— Eu perguntaria como você e a Srta. Chase se conhecem, mas ela já me falou sobre você. A questão agora é por que você está de volta à Inglaterra?
Walter se endireitou.
— Tenho negócios pendentes aqui, — respondeu ele. Então, aproximou-se. — Senhorita Chase, posso pedir uma dança?
Ada olhou para Vice, cujo rosto havia se transformado em granito mais uma vez. Sua mandíbula estava tensa e um músculo saltou em sua têmpora. Ela não tinha motivos, entretanto, para recusar.
— É claro.
— Muito bom. Ficarei com a próxima. — Ele pegou o cartão dela e escreveu seu nome antes de se posicionar do outro lado de Ada. Ela respirou fundo, sem saber o que fazer com isso. Quando ela olhou para ele, ele se virou para ela. — A dança vai começar em poucos minutos. Parece-me bobagem sair e voltar no meio dessa multidão. — Ele olhou para Vice. — E eu gostaria de ter um tempo extra em sua companhia.
Ada engoliu em seco. Bem, isso era um pouco pegajoso. Grace passou vagarosamente, dando-lhe uma piscadela exagerada.
— Já está funcionando, — disse ela em um sussurro alto.
— O que está funcionando? — Blake perguntou enquanto a movia para mais perto.
— Eu não tenho ideia, — ela respondeu, finalmente soltando a mão de seu braço. Ada nunca esperou ficar posicionada entre dois homens. Uma risada borbulhou em seu peito. Embora não quisesse mais Walter, poderia muito bem aproveitar uma noite com vários interessados. E Grace estava certa. Ela não podia dar a Vice todo o seu carinho. Ele apenas quebraria seu coração. Era hora de colocar um pouco de distância entre eles. — Conte-me tudo sobre sua jornada, Sr. Conroy.
Vice ficou absolutamente imóvel, usando cada gota de sua energia para não socar Walter Conroy diretamente no rosto. Tudo dentro dele gritou para puxar Ada para perto e fazer esse homem desaparecer. Mas, e daí? Ela ficaria presa ao Vice?
O ciúme revestiu o interior de sua boca. Este homem estava puxando Ada para longe dele. Conroy teve sua chance, e literalmente navegou metade do caminho ao redor do mundo. O homem deveria ter ficado longe.
— Eu entrei naquele navio, Srta. Chase, e percebi que erro terrível tinha cometido. Nunca deveria ter lhe deixado.
Vice ouviu o suspiro de Ada. Maldito Conroy. Maldito seja a si próprio por não ser um homem melhor. Conroy provavelmente era honrado e honesto. Todas as coisas que faltavam a um homem chamado Vice. Ele se odiava neste momento. Pior ainda, sabia que se importasse com Ada, deveria se afastar e permitir que Conroy a cortejasse. Vice queria bater em alguma coisa. Qualquer coisa.
— Quando chegamos ao primeiro porto no norte da África, deixei o navio e encontrei outro para voltar para casa, mas era um navio mercante e fiz várias paradas. —Ele se aproximou de Ada, pegando sua mão. — Sei que estou fora há seis meses, e sei que disse para você não esperar, mas... — Conroy levou a mão dela aos lábios e beijou sua pele enluvada.
A pele de Vice se arrepiou com uma energia formigante. Seus punhos fechando e abrindo. Sim. Definitivamente queria socar o pesquisador.
— Oh, Walter, você não precisa se desculpar. Foi...
— Eu quero. — Walter a parou. — Eu gostaria de ter ficado. Gostaria de ter pedido você em casamento.
— O quê? — A palavra deixou seus lábios em um suspiro quando as entranhas de Vice se retorceram de dor. Isso iria acontecer novamente. Ele iria perder outra mulher para um homem melhor. Ele nunca deveria se permitir preocupar-se. Ele trabalhou tão duro para ter relacionamentos perfeitos e sem importância, desprovidos de qualquer emoção.
— Você não quis dizer isso, — disse Ada. — Seu trabalho o leva...
— Eu sei o que o trabalho exige. O que preciso perguntar é: você pode fazer parte disso comigo?
— Eu, — Ada começou, sua mão ainda descansando nas suas. — Eu não estou...
— Nossa dança está começando. — Conroy colocou a mão dela em seu cotovelo. — Vamos, meu amor.
Vice estremeceu, seu lábio curvando-se sobre os dentes. Conroy lançou-lhe um olhar cauteloso por cima da cabeça de Ada enquanto a puxava para a multidão. O coração de Vice doeu em seu peito vendo aquele homem puxá-la para longe. Ada deveria estar ao seu lado, não com Conroy. Mas ele empurrou esse pensamento de volta para baixo. Ada deveria estar com o homem que poderia fazê-la feliz. Vice nunca havia satisfeito ninguém, nem mesmo a si mesmo.
— Filho da m... — Vice começou, mas um toque em seu ombro o parou. Ele se virou para ver a prima de Ada parado à sua direita.
— Há uma senhora presente, — Grace disse, dando-lhe um sorriso angelical.
Ele olhou-a, então percebeu o quão severa sua expressão deveria estar e tentou relaxar os músculos de seu rosto.
— Desculpe, —murmurou, seu corpo ainda vibrando de raiva.
O sorriso de Grace se alargou.
— Chateado, não é?
Ele respirou fundo, tentando clarear a cabeça.
— Aquele homem é...
Grace ergueu uma sobrancelha.
— Todo errado para Ada.
Vice estreitou o olhar.
— Você está dizendo isso para ocupar meu pensamento ou o seu?
Grace encolheu os ombros.
— O meu. — Então, ela ergueu o dedo. — Mas também não tenho certeza se aprovo você. — E então, ela bateu no ombro dele novamente. — Quais são suas intenções em relação à Ada?
— Intenções? Não tenho outra coisa senão fazer o que fui instruído e segui-la como um cachorrinho. — Ele estava mentindo. Sobre tudo isso. Queria mantê-la para si, sabia disso agora. Mas, também queria que ela tivesse o homem que ela merecia. Desde a morte de seus pais ele estava quebrado. Camille sabia disso e Ada perceberia em breve.
Os lábios de Grace se estreitaram. Ele tinha que confessar, ele nunca tinha visto esse lado dela. Ele estava um pouco intimidado.
— Não vou insultar nenhum de nós dois apontando todas as maneiras pelas quais você é muito mais perigoso do que um cachorrinho. Nem vou apontar como sei que você tem intenções. O que ainda não entendi é o quanto elas são honradas.
— Eu não sei o que você quer dizer? — Ele procurou Ada na pista de dança. Conroy a balançava sem esforço, parecendo extremamente confiante. Vice fez uma careta novamente, seu peito apertando. Ele não tinha energia para essa conversa.
— Você sabe o que eu quero dizer. Você é um libertino. Você se considera muito bem. Você não quer se casar e é muito habilidoso com minha prima. Estou certa?
Bad entrou logo atrás de Grace e ele ouviu seu amigo rir. Vice desviou o olhar de Ada para olhar para Bad.
— Fique fora disso, — ele gritou por cima do ombro de Grace. Bad apenas riu mais forte. Ele voltou sua atenção para a prima de Ada. — Se você pensa tudo isso sobre mim, por que estamos conversando?
— Você gosta dela, — disse Grace. — E quando ela está com você... — Grace torceu o nariz, mudando seu peso. — Ela... bem, ela é uma pessoa mais vivaz. — Ela levantou um ombro. — Ela nem tropeça quando está perto de você, o que, quando penso nisso, é muito interessante.
O queixo de Vice caiu. Isso poderia ser verdade?
— Você acha que eu sou bom para ela?
Grace encolheu os ombros.
— Melhor do que ele. Você viu como ele nunca a deixa falar? Com você, ela luta, ela ri, ela empurra. Gosto de vê-la assim. Mas, — então Grace o cutucou com força, — se você a arruinar, então serei forçada a ter Daring e Bad...
— Bad vai ficar do seu lado ao invés do meu? — Vice olhou para o amigo que havia parado de rir.
Grace olhou para o barão também.
— Bad? — Ela deu-lhe um sorriso doce, o tipo que iluminou todo o seu rosto.
Bad piscou várias vezes, seu rosto cheio de um desejo que Vice nunca tinha visto. Bad tinha ficado quieto sobre Grace, mas, neste momento, Vice se perguntou se seu amigo estava se apaixonando.
— Vou cuidar para que o Vice se comporte.
Foi a vez de Vice rir. Em parte, porque Bad estava sendo enganado, mas principalmente consigo mesmo.
— Não tenho intenção de fazer nada que possa comprometer Ada. — Ele quis dizer cada palavra, o que o chocou profundamente.
— Você planeja se casar com ela, então? —Grace cruzou os braços. — Porque você está prestando muita atenção nela e minha família está começando a notar.
Vice fez uma careta, olhando para o chão.
— Ada seria uma ótima esposa. Eu, porém, por várias razões, não tenho méritos para ser um bom marido.
Grace fez uma pausa e Bad se aproximou.
— Entendo isso completamente, — seu amigo respondeu calmamente.
Vice balançou a cabeça.
— Mas se você disser que ele não é bom para ela, então posso ajudá-la com isso. — Na verdade, ele teria um grande prazer em se livrar de Walter Conroy.
Capítulo Nove
Ada girou no chão, tentando chamar a atenção de Vice. Walter estava falando sem parar.
— Vamos nos casar, é claro, e então você pode viajar para a África comigo. Teremos que ter cuidado para não conceber até voltarmos para Londres, mas pelo menos estaremos juntos.
Parte dela gostou de suas palavras e se encontrou amolecendo sob seu toque. Ela se sentiu tão rejeitada e seus planos acalmaram seu ego.
— Você pensou em tudo.
— Sim, Ada. Tempo em um navio pode fazer isso com você. — Ele a puxou para mais perto e ela enrijeceu em seus braços. — Eu posso cuidar de você. Eu posso te amar.
Era adorável ouvir, mas não era da natureza dela permitir que ele continuasse apenas para se sentir melhor consigo mesma. Ele poderia amá-la, mas como ela poderia retribuir quando outra pessoa havia capturado seu coração?
— Walter. — A única palavra foi baixa, mas firme.
Ele hesitou por um momento, seus olhos ficando cansados, antes de continuar.
— Com esta última viagem, poderei passar anos trabalhando aqui em Londres, publicando revistas, dando palestras. Podemos construir uma vida, Ada. Sei que te deixei uma vez, mas voltei para provar que posso ser o homem de que você precisa. Venha para a África comigo. Apenas por alguns anos. Podemos...
Ela balançou a cabeça.
— Não. — A palavra saiu mais dura do que pretendia, mas se ela não fosse direta, ele poderia fugir com a conversa novamente. Que era uma das razões pelas quais ele nunca seria o homem que ela queria.
— Não diga isso. — Ele segurou sua cintura com mais força. — Levei meses para voltar aqui. Pelo menos me dê uma chance.
Ela estremeceu.
— Tente entender. Sem você aqui, eu pensei muito e...
— É aquele visconde, não é? — Seu lábio se curvou. — Eu vi a maneira como você se inclinou para ele. Você está em público e não está prometida a ele. Como você pode agir assim?
Ada pigarreou.
— Não é Blake.
— Blake? —Eles estavam girando mais rápido. — É Blake agora? Há quanto tempo você o conhece? Você permitiu a ser cortejada no momento em que saí?
Ada tentou se afastar, mas Walter a segurou firme.
— Eu acho que você deveria me soltar.
Seu rosto endureceu, seu pescoço saliente com tendões e músculos.
— Estou em um navio há seis meses para voltar para você e agora...
— Isso não é verdade, — ela retrucou. — Você gastou pelo menos metade me deixando aqui me perguntando o porquê você não se importava o suficiente comigo para ficar. Você nunca escreveu uma carta ou enviou um cartão postal para mim.
Walter puxou o queixo para trás, suas feições afrouxando.
— Isso é justo. Mas agora vejo o erro em meus caminhos.
Ela balançou a cabeça.
— É tarde demais.
— Não. — Eles estavam se movendo em direção às portas do corredor. — Não é tarde demais. Recuso-me a aceitar isso.
Ela tentou plantar os seus pés, mas ele a dominou e seus pés se enredaram em suas saias. Ele a arrastou contra ele, puxando-a em direção às portas.
— Walter, Pare! Eu não quero mais dançar.
— Nem eu. Você e eu precisamos conversar sobre vários assuntos, todos os quais requerem privacidade.
Isso a encheu de medo. Ela não queria ficar sozinha com este homem neste momento ou em qualquer outro. Ele poderia arruiná-la. A raiva emanava dele em ondas e ela tentou se afastar novamente.
— Não. Devo insistir para ser devolvida à minha família.
— Você não pode me dizer que não esteve sozinha com ele. Eu vejo como você está confortável em tocá-lo. — Ele a empurrou porta afora. Ela não tinha muita escolha, olhando ao redor dele, ela encontrou o olhar de Blake, que estava fixo nela. Pouco antes de sua visão de Vice ser interrompida, ela murmurou uma única palavra. Ajuda. Ela não duvidou por um momento que ele viria. De alguma forma, sabia que Vice sempre viria por ela.
Walter parou de dançar, arrastando-a pelo corredor.
— Eu te amo, Ada. Eu te amo há anos. — Ele puxou mais rápido. — Gostaria de ter ficado e me casado com você, mas não me diga que vou perdê-la para aquele dândi de um lorde. Preciso provar a você que sou o melhor homem. — Ele começou a experimentar as portas enquanto eles continuavam pelo corredor, sua mão sobre o braço dela em um aperto firme. Ela tentou se afastar, mas ele era muito forte.
O desespero rolou dele em ondas, e o medo fez Ada sufocar um soluço. Ela agarrou sua camisa, desesperada para dizer qualquer coisa que o fizesse mudar de curso.
— Você não está me perdendo para ele. —Ela tentou puxá-lo, mas falhou mais uma vez. — Ele não é do tipo que se casa. — Ela soube que as palavras estavam erradas no segundo que saíram de sua boca. Ela fazia isso quando estava nervosa.
E ela sentiu a mudança em Walter. Ele era um homem forte, mas seu aperto se transformou em pedra. Walter empurrou uma porta e a puxou para dentro, girando-a.
— Então por que rejeitar minha oferta? Eu faria de você minha esposa. — E então, ele a puxou contra seu corpo e baixou a boca em direção à dela. — Ada, eu preciso mostrar a você a profundidade do meu carinho.
Tudo dentro dela gritou em negação. Ela nunca beijou um homem e este não poderia ser o primeiro. Não assim. Ela sabia que Walter estava ferido, mas isso não dava a ele o direito de tirar isso dela. Suas vísceras se contraíram quando ela deu um puxão para trás, baixou o ombro e o empurrou contra o estômago dele. Ela ouviu seu sopro de respiração e por um momento pensou que estava livre.
A vitória cantou em suas veias e, recuando, ela se lançou para a porta, mas ele agarrou sua manga e a segurou firme, mesmo quando o tecido se rasgou.
— Ada, — ele grunhiu. — Precisamos terminar essa conversa. Eu não acabei.
Ela respirou fundo, ainda tentando se contorcer enquanto seu vestido fazia vários sons de rasgando.
— Solte, — ela gritou.
A porta se abriu quase batendo nela. Ela parou, olhando enquanto Blake marchava para a sala. Seu rosto estava desenhado em linhas apertadas, seu peito estufado.
— Você a ouviu. Solte-a.
— Isso não é da sua conta, — Walter rosnou de volta. — Saia daqui e vamos resolver...
A resposta de Vice foi erguer o punho e fincá-lo diretamente no nariz de Walter. De repente, ela estava livre e tropeçou para o lado, batendo na parede. Girando, ela viu Vice bater em Walter novamente. Walter tentou rebater, mas errou e Blake ergueu o punho pela terceira vez.
— Não, — ela gritou, levantando a mão.
Blake manteve o punho fechado.
— Ele tentou machucar você.
Tremendo, ela afastou-se da parede.
— Ele também estava sofrendo. — Então, ela estendeu a mão trêmula para tocar seu braço. — Chega de violência. Por favor, Blake, acompanhe o Sr. Conroy para fora. É hora dele ir embora.
Blake não tirou os olhos de Walter quando agarrou o outro homem pelo colarinho e começou a puxá-lo em direção à porta.
— Fique aqui, — ele latiu. Walter estava dobrado, segurando o nariz, que derramava sangue, enquanto Blake o arrastava para fora da sala. Ela olhou para o vestido. A manga se rasgou e estava pendurada em seu braço. O que ela iria fazer?
Vice rosnou de satisfação enquanto jogava Conroy no caminho de cascalho.
— Não quero ver você em qualquer lugar perto de Ada nunca mais.
Walter ainda estava segurando o nariz, fechando-o para estancar o sangue.
— Ela vai me escolher, você sabe. No final, ela vai me escolher.
— Você perdeu o juízo. Você acabou de atacá-la. — Vice cerrou os punhos novamente, desejando ter batido no homem várias vezes. Apenas o pedido de Ada o impediu.
— Ela entende. Você a ouviu. E ela entende você também. Você sabe o que ela disse? Você não é do tipo que se casa. Ela não quer se casar com você. — Walter cambaleou para o lado, chamando um dos criados. — Minha carruagem.
Vice apertou a mandíbula, mas por dentro seu estômago afundou. Claro que Ada pensava que ele não era do tipo se casava. Que mulher de valor o desejaria?
Ele pensou em sua lista de mulheres talentosas. Todas elas estavam muito preocupadas com seus próprios sucessos para notar suas deficiências. Essa era a verdadeira razão pela qual ele escolheu as mulheres experientes e sem amarras. Nunca houve uma conexão real com nenhuma delas.
Girando, ele subiu os degraus e voltou para a casa. Seguindo pelo corredor, ele abriu a porta da sala onde havia deixado Ada. Ele podia ver agora que era um escritório com uma grande escrivaninha, e prateleiras sobre prateleiras de livros. Ada ficou exatamente onde ele a deixou, abraçando-se a si mesma.
Qualquer raiva que ele pudesse ter sentido derreteu-se. Seu vestido estava terrivelmente rasgado, seu rosto coberto de lágrimas.
Fechando a porta suavemente, ele foi até ela e gentilmente a puxou para seus braços. Ela se derreteu nele.
— Blake, — disse ela, com a voz trêmula. — O que eu vou fazer? Olhe meu vestido.
Ele a segurou mais perto.
— Vamos resolver tudo isso. Você está bem? Ele te machucou? — Ela era tão suave em seus braços, seu cheiro de mel flutuando em suas narinas.
— Estou bem. Meu vestido foi o que mais estragou. — Ela olhou para baixo, tocando sua manga rasgada. — Minha mãe vai... — Seus olhos voaram para os dele. — Você não acha que ela vai me forçar a casar com Walter, não é?
Ele a puxou para mais perto.
— Eu vou matá-lo primeiro.
— Blake. — Seus olhos se arregalaram quando olhou-o. — Você não faria.
— Ok. Não assassinato. Talvez castração? Ele não pode se casar se não tiver...
Desta vez, sua boca se fechou.
— Blake.
Ele segurou sua bochecha, seu polegar correndo ao longo de seus lábios.
— Não vou permitir que eles te forcem a um compromisso com ele, eu juro.
Ela deu um pequeno beijo na ponta de seu polegar. Seu pênis inchou com o leve toque.
— Obrigada, — ela respirou contra a carne sensível de seu dedo. — Posso te pedir mais um favor?
— Claro, — ele respondeu, sua voz ficando mais profunda com sua consciência crescente.
Ela beijou a pele sensível entre o polegar e o indicador.
— Achei que Walter ia roubar o meu primeiro beijo. — Ela esfregou o nariz na parte interna da mão dele, dando outro beijo leve na palma.
— Eu teria que matá-lo então, — ele respondeu, sua respiração entrando em suspiros rasos. Não por causa de sua raiva. Seus beijos leves estavam causando estragos em seu corpo.
— Pare de falar sobre violência. — Ela mordiscou um caminho para seu pulso.
Seu coração bateu rapidamente no peito. Nunca tão pequenos toques o afetaram tanto.
— Ok. — Ele deslizou a outra mão por seu braço e pescoço, segurando seu queixo e inclinando a cabeça de Ada para que ele pudesse olhar em seus olhos. — O que você quer perguntar?
Ela engoliu em seco, sua garganta delicada trabalhando.
— Eu quero que você me beije.
Ele parou, procurando seu rosto. Ele não queria perguntar o porquê, não queria pensar sobre o que isso significava. Precisava daquele beijo.
— Peça e você receberá.
Capítulo Dez
Ada sabia que era imprudente. Se fossem pegos, se casariam com certeza. Na verdade, mesmo agora, estando sozinhos assim...
Mas algo havia mudado. Quando Walter tentou roubar aquele beijo, bem, lutou com ele porque queria dar sua primeira experiência a um homem que fazia seu coração bater forte no peito. E esse homem era Blake.
Com dolorosa deliberação, Blake alcançou seu rosto, segurando-o com as palmas das mãos enquanto seus polegares faziam pequenos círculos em suas têmporas.
— Ada, — ele gemeu, procurando seu rosto enquanto se inclinava um pouco mais perto. — Você está certa?
— Sim, — ela sussurrou, chegando mais perto dele. O mundo tinha desacelerado para um ritmo sem pressa, o que só a deixou ainda mais excitada, como se parte da alegria fosse saborear o momento. — Eu nunca quis nada mais.
Ele gemeu no fundo da garganta. Um pequeno ruído que era quase imperceptível ao ouvido, mas vibrou através dela, estabelecendo-se profundamente em seu núcleo e fazendo-a doer entre as pernas.
— Feche os olhos, — ele sussurrou, seus lábios, mas um fôlego, tão perto que ela quase podia senti-los, ou ela estava imaginando a sensação?
— Não acho que eu queira, — ela disse, ficando na ponta dos pés e deslizando os braços em volta da cintura dele. — Odiaria perder um único pedaço disso.
Um lado de sua boca se ergueu em um sorriso.
— Confie em mim, amor. Você se sentirá ainda mais sem ver.
Ela piscou duas vezes, então fechou as pálpebras, confiando nele para conduzi-la onde ela pertencia. Em resposta, ele colocou seus lábios sobre os dela. Apenas uma escovada macia, nada mais, mas ela ofegou em resposta, recuando e abrindo os olhos.
— Blake, — disse, enquanto seus lábios se separaram e ela olhou em seus olhos. — Aquilo foi tão...
Uma das mãos dele deslizou pelo pescoço dela, causando calafrios por todo o corpo dela.
— Terrível?
Foi a vez dela sorrir.
— Delicioso.
— Essa é uma palavra muito melhor. — Ele deslizou os dedos na parte de trás de seu cabelo, massageando seu couro cabeludo. — Esse cabelo, — ele disse, sua voz áspera e rouca. — É tão sedoso. Eu quero ver isso desfeito.
Ada balançou levemente a cabeça. Isso não poderia acontecer, é claro. Este foi apenas um beijo, mas ele não lhe deu a chance de dizer isso, seus lábios pressionando os dela novamente. Esse beijo foi mais firme do que o anterior, mais forte e mais satisfatório. Ela o apertou com mais força, enquanto ele chegava seus lábios mais perto e erguia a boca para fazer a mesma ação uma e outra vez.
Ela mal conseguiu recuperar o fôlego quando ele abriu sua boca, em vez de fechar, sua língua deslizando ao longo de seu lábio inferior.
Ela nunca tinha imaginado tanto prazer e seus joelhos dobraram enquanto ela gemia em sua boca.
Blake recuou, olhando para ela.
— Ada?
— O quê? — Ela enrijeceu preocupada por ter feito algo errado. Ela estava muito entusiasmada?
— Amor, você não pode fazer barulhos assim, — ele disse, deslizando a mão pelo peito dela, logo acima do seio. A pele de seu mamilo se esticou em antecipação, mas ele deslizou a palma da mão sob seu braço e desceu de lado até a cintura.
— Perdoe-me se eu ofendi. Vou tentar...
— Ada, — Blake gemeu. — Você não me ofendeu. Ruídos como esse me fazem querer muito mais. Mas este beijo é para você.
— Oh, — ela respondeu enquanto olhava em seus olhos azuis. À luz das velas, pareciam mais escuros, apenas manchas azuis cintilando à medida que a luz se movia. Como um homem pode ser tão deslumbrante? — Vou fazer o meu melhor, mas não esperava que um beijo fosse tão...
— Delicioso? — Ele sorriu, acariciando sua bochecha, mandíbula e queixo. — Foi mais do que isso, eu penso, amor. Foi incrivelmente...
A porta se abriu e os dois se viraram para ver um casal se abraçando fervorosamente enquanto entravam na sala.
— Eu te amo, — a mulher murmurou, seus lábios colados aos de seu parceiro.
— Emily? — Ada perguntou, virando para o lado de Blake.
Emily se separou de Jack voltando-se para sua prima.
— Ada? — Os olhos de Emily se arregalaram quando ela viu a cena, sua boca aberta. — O que está acontecendo?
Ada imediatamente percebeu seu erro. Ela estava sozinha com Blake em seu primeiro baile.
— Não diga a mamãe. Prometo que foi tudo muito inocente. Eu...
— Seu vestido! — Emily apontou para a manga. Então, ela desviou o olhar para Blake. — Você! — Sem aviso, ela correu para Blake, puxando a saia perto dos joelhos. — Afaste-se da minha prima.
Ela se aproximou dele com uma agitação de anáguas e mãos agitadas.
— Seu demônio. Sabia que você não servia, mas se aproveitar de uma garota doce e inocente como... — Cada palavra foi pontuada com um tapa na cara de Blake.
— Emily. — Ada tentou bloquear as mãos agitadas de Emily enquanto Blake erguia um braço para se proteger. — Eu não sou uma garota e Blake não... — Mas ela não conseguiu terminar também. Jack correu atrás de sua esposa.
— Vice, nós confiamos em você, — disse Jack, passando o braço por cima do ombro da esposa para empurrar Vice.
Isso fez Emily esbarrar nele, fazendo com que Ada se inclinasse e caísse para o lado dele. Ele tombou para trás, tropeçando em uma cadeira. Seu braço ainda estava ao redor de Ada e os dois tombaram para o lado, caindo em direção ao chão.
Blake a puxou contra sua frente, batendo com as costas no chão enquanto o peso dela pousava em cima dele. Ele deu um grunhido alto quando o corpo dela pressionou contra o dele, o dela perfeitamente amortecido.
— Malditas bolas, Jack, — ele gritou. — Por que você fez isso? Você poderia ter machucado Ada.
— Eu poderia ter machucado, Ada? — Jack retrucou. — Isso está consumado. E você vai pagar por isso. — Jack se aproximou deles, seu rosto se contorceu de raiva.
Ada enterrou o rosto no peito de Blake, segurando seus ombros.
— Pare, — ela chamou, embora o som estivesse abafado. — Blake não rasgou meu vestido. Walter Conroy, sim.
— O quê? — Jack parou.
Emily gritou atrás dele:
— O quê?
— Blake estava tentando me ajudar delicadamente a sair dessa situação. A última coisa que preciso é que mamãe exija que eu me case com Walter. — Ela fechou os olhos com força, afundando-se ainda mais contra Blake, que a abraçou com força.
Ele beijou o topo de sua cabeça.
— Eu te disse. Não vou permitir que isso aconteça. Se chegar a esse ponto, eu mesmo me casarei com você. Sua mãe certamente aprovará um Visconde em vez do Sr. Conroy.
Desta vez, Emily e Jack falaram em uníssono absoluto.
— O quê?
As palavras deixaram sua boca antes que ele pensasse nelas. Ele cerrou os dentes. O que acabou de fazer?
Ada ergueu a cabeça de onde estava enterrada em seu peito e seus olhos verdes encontraram os dele, seus lábios lilases separados em questionamento.
— Blake?
Sua pequena língua saiu para molhar seus lábios, o que ele não tinha sido capaz de provar desde que foram interrompidos. Ele sabia que queria, desejava desesperadamente provar o néctar que era sua boca.
— Eu sei o que você vai dizer. Você não quer um homem como eu.
Suas sobrancelhas se juntaram em questão.
— Não era isso que eu ia dizer.
Jack se aproximou deles.
— Sinto muito por ter te pressionado. Mas acho que precisamos esperar para ter essa conversa. Há quanto tempo Ada está aqui?
Um músculo saltou na mandíbula de Vice. Demasiado longo.
— Um quarto de hora, talvez mais.
Jack fez uma careta.
— Envolva-a em seu casaco, então você e Emily podem levá-la para a carruagem. Vou dizer à família dela que... — Ele fez uma pausa. — O que devo dizer a eles?
— Diga a eles que eu fiquei doente. Náusea. — O temperamento nervoso de Ada frequentemente significava que seu estômago a incomodava. — Eles vão acreditar em você.
Ada começou a se endireitar. Ele não queria deixá-la ir. Por um segundo a mais ele a abraçou e então com um resmungo de insatisfação, sentou-se com ela em seus braços. Ele poderia tê-la levantado, mas Jack abaixou a mão e puxou-a para se levantar, Vice a seguiu.
Tirando o casaco, ele colocou o tecido pesado sobre os ombros dela. Seu cabelo estava solto, graças aos dedos dele. Ele estremeceu, ao mesmo tempo que seus dedos coçavam para puxar os grampos e deixar as tranças caírem ao redor dele como ondas de luz.
— Emily, vamos levá-la para fora.
Emily assentiu e foi para a porta.
— Vou me certificar de que ninguém está vindo. Ela não pode ser vista assim.
Emily colocou a cabeça para fora e chamou-os.
— O corredor está vazio.
Vice puxou as lapelas do casaco enquanto Ada ia atrás da sua prima. Jack agarrou o braço de Vice.
— Um conselho. — Jack se aproximou. — Apenas case com ela.
Vice franziu a testa.
— Sem ofensa, mas não tenho certeza se esse é o caminho correto. Você já considerou que não somos feitos para... — Ele parou, sem querer insultar o amigo.
Jack abanou a cabeça.
— Cometi um erro crítico que corrigi. Não há mais mentiras entre nós. Sem meias verdades. Aprenda comigo e você ficará bem. E se você ainda estiver em dúvida, assista Daring. Ele é tão bom no casamento quanto em tudo o mais.
Vice deu um aceno rápido enquanto seguia Ada, colocando o braço em volta dela. Seu corpo se encaixou tão perfeitamente contra o dele enquanto segurava a curva de sua cintura, que desejou poder moldá-los juntos. Seu doce aroma de mel o envolveu e uma mecha de seu cabelo caiu de sua touca, arrastando-se por seu braço.
Casar-se com ela?
Como seria isso? Primeiro, pensava nela em sua cama todas as noites. Maldito inferno, seu pênis se esticou contra o tecido de suas calças.
Então, ele considerou os dias. Seu sorriso gentil, palavras gentis, seu cheiro permeando sua casa. Mas, e ela? Como ela se sentiria quando soubesse de todas as mulheres que perambularam nesses mesmos chãos?
Eles desceram a escada dos fundos e saíram para o beco onde carruagens alinhavam-se na rua. Relutantemente, ele soltou Ada e ficou na frente de Emily. Não vendo seu veículo, ele caminhou até o meio-fio, chamando uma carruagem.
As senhoras saíram apressadas para a rua, subindo na pequena carruagem.
— Posso levá-la para casa daqui, — disse Emily enquanto se inclinava para fora da porta. — Obrigada.
Seus lábios se estreitaram quando Ada desapareceu de vista. Ele não queria deixá-la ir, mas então, ela se inclinou novamente. Sua boca tremia e seus olhos fixos nos dele como se estivesse procurando por algo.
— Vou ficar na casa da minha tia e do meu tio.
Ele deu um único aceno de cabeça e então fechou a porta. Ele já sentia falta da sensação dela pressionada ao seu lado.
Fazia sentido que ele ficasse. Ele voltaria para dentro, daria uma volta pela sala. Fazendo-se saber que ele nunca saiu da festa. Mas, preferia estar naquela carruagem com ela.
Ela lhe disse que estava ficando com Lorde e Lady Winthrop. Ela esperava que ele a visitasse? Excitação explodiu dentro dele com a ideia de vê-la novamente.
Trotando de volta para o beco, ele fez seu caminho para dentro e subiu as escadas. O baile estava agora em pleno andamento, a multidão rodopiando pelo chão. Ele avançou em torno da borda, encontrando a família Chase. Bad estava com eles, seus olhos grudados na pista de dança. Ele seguiu o olhar de seu amigo até que viu Grace girando nos braços de outro homem. Bad estava cumprindo seu dever como guarda ou havia algo mais no olhar escuro de seu amigo?
Esta noite, Vice não poderia perguntar. Em vez disso, passou pela família para chegar ao lado do Sr. Chase.
— Meu senhor, — Sr. Chase curvou a cabeça.
Vice acenou de volta.
— Senhor Chase.
— Como Ada está passando? — O pai dela estava olhando para a pista de dança também.
Ele engoliu em seco.
— Só um pouco doente, senhor. Nada para se preocupar.
— Eu sei que Conroy a puxou para o corredor, eu o vi e vi você ir atrás deles. — O homem se endireitou, ficando em toda a sua altura. — Algo que eu deva me preocupar?
Seu coração parou.
— Não, senhor. Certifiquei-me de que ele não a incomodará novamente.
— Bom, — o pai dela respondeu, então ele se virou para olhar para Vice. — Você me lembra de mim mesmo na sua idade. Antes de conhecer Winifred.
Vice ergueu as sobrancelhas.
— Obrigado?
O Sr. Chase se concentrou na pista de dança novamente com um pequeno sorriso curvando seus lábios.
— Eu era um pouco um libertino.
— Como? —Vice começou, dando um passo para trás.
O Sr. Chase ergueu a mão.
— Deixei aqueles dias para trás há muito tempo. A questão é: você está pronto para o mesmo destino?
Vice respirou fundo.
— Sim, senhor. Acredito que estou. — Ele realmente tinha acabado de dizer isso? Ele imaginou Ada, e seus olhos se fecharam. — Mas não tenho certeza se sou digno dela.
— Ahh. — O Sr. Chase deu um tapa nas costas dele. — Venha me ver amanhã. Às dez horas em ponto. Se você quiser, levaremos Grace e Ada às compras de fitas depois. Grace não é o tipo de mulher que gosta de ficar esperando.
Vice deu um único aceno de cabeça.
— Lorde Baderness vai querer se juntar a nós.
— Tudo bem, — o outro homem respondeu. — Agora vá para casa e durma um pouco. Amanhã será um grande dia.
Vice se virou para ir embora. O que o Sr. Chase disse certamente era verdade. Ele já havia pedido a uma mulher em casamento uma vez. Não tinha certeza se estava ansioso para pedir a uma segunda. A questão era: seria um dia maravilhoso ou terrível?
Capítulo Onze
Ada se sentou na carruagem com Emily, olhando para sua prima.
— Você e Jack? Vocês estavam se beijando?
Emily se inclinou para frente.
— Não se preocupe comigo agora. Você é aquela em que precisamos nos concentrar esta noite.
— Confie em mim, eu quero saber. Vocês dois se reconciliaram? — Ada estendeu a mão e pegou a mão de sua prima.
Emily deu a ela um sorriso brilhante.
— Sim. Nós nos reconciliamos. Obrigada, pela amabilidade.
— Você acha que vai brigar assim de novo? — Ada engoliu em seco.
Recostando-se em sua cadeira, Emily balançou a cabeça.
— Tenho certeza que vamos brigar. Todos os casais brigam. Não é?
— Suponho que sim. — Ada recostou-se. — Estou perguntando porque vejo muitos pontos em comum entre Jack e Blake.
Emily concordou.
— Eu também. — Ela bateu no queixo. — Antigos malandros.
Ada ergueu a mão.
— Eu diria que Blake é um malandro ainda em curso.
— Ele se ofereceu para se casar com você para salvá-la, — Emily respondeu.
As entranhas de Ada se retorceram. Isso deveria deixá-la feliz, mas de alguma forma, doeu.
— Foi uma oferta por causa do momento.
Emily franziu a testa.
— Isso é verdade. Mas nunca o imaginei fazendo qualquer tipo de oferta. Então, você está claramente progredindo.
Ada fez uma pausa.
— Minha mãe disse que eu era o tipo que poderia levar um homem a mudar tão lentamente que ele nem saberia o que estava acontecendo.
Emily sorriu.
— Eu amo isso e acho que é verdade. Vice é um homem diferente quando está com você.
— E o outro homem? O homem que ele ainda é com todo mundo? O que faço com ele? — Ada olhou pela janela enquanto seu estômago revirava.
— Ele vai ficar cada vez menor, —disse Emily. — Você sabe por que eu estava com raiva de Jack?
— Ele mentiu, — respondeu Ada, sem realmente pensar nisso. Seus pensamentos estavam ocupados contemplando Vice e sua outra metade. Quando estavam juntos, ela se esquecia de ter medo, mas quando não estavam, ela se lembrava do homem que ele era. O homem que ficaria entediado com um ratinho como esposa.
— Não, isso é apenas uma parte.
— O quê? — Ada se virou para a prima.
— Eu estava com raiva porque posso perdoar seu passado, mas tenho muito mais dificuldade quando ele comete os mesmos erros no presente. Não julgue Vice por quem ele era, tome-o por quem ele pode se tornar.
— E se nenhum dos homens quiser uma mulher como eu em longo prazo? — Ada mordeu o lábio. — Não sou excitante como você e Grace, ou forte como Minnie e Diana, ou inteligente como Cordélia. Eu sou... — Ela fez uma pausa, procurando a palavra.
— Você é positivamente maravilhosa. — Emily tocou seu joelho. — Honestamente, você traz o melhor em todos ao seu redor e isso o inclui. Não duvide disso.
Ada não respondeu enquanto lutava para encontrar as palavras. Emily realmente achava isso?
A carruagem parou na casa de seus tios, e ela e Emily desceram. Foi só então que ela percebeu que ainda usava a jaqueta de Blake. Apertando a roupa mais junto de si, ela colocou o nariz e respirou fundo. Inalando seu perfume único, suas inseguranças se dissiparam enquanto seu corpo se apertava em resposta.
— Acontece, Ada, — disse Emily ao terminar de pagar ao cocheiro e começar a subir os degraus. — O casamento é sempre um ato de fé. E mesmo agora ainda não decidi se fiz o certo. Pare de se perguntar se você é boa o suficiente. Em vez disso, pergunte se ele é o que você realmente deseja.
Ela respirou fundo. Ela sabia a resposta para essa pergunta. Era tão simples.
— Sim. Ele é.
Emily deu um grande sorriso.
— Viu. Admitir a verdade não foi tão difícil, foi?
Ada balançou a cabeça. Saber que ela o queria era a parte fácil. A tarefa muito mais difícil seria convencê-lo a se casar com ela e manter seu interesse. Mas Emily estava certa. Se ele era o homem certo para ela, valia à pena tentar pegá-lo.
No dia seguinte, Vice trotou escada acima para a casa de Ada, não que ela estivesse lá. Ele desejou que ela estivesse. Vê-la tornaria este dia muito mais fácil.
Ele mal dormiu na noite anterior, preocupado com os detalhes de hoje e depois. Como ele deveria propor? Ela diria sim? Como a convenceria com o tempo de que poderia se tornar um homem digno de seu afeto?
Batendo na aldrava de latão, a porta se abriu quase que instantaneamente. Mas não foi o mordomo ou mesmo o Sr. Chase que o cumprimentou, mas Jack.
— O que...?
Jack fez uma careta.
— Eu também não estou feliz com isso. Eu tinha planos esta manhã para mover minha esposa de volta para minha casa. Em vez disso, fui coagido a liderar um grupo de compradores de fitas.
— Seriamente? — Vice apertou os olhos. — O Senhor Chase não vai comparecer?
— Doente, — Jack respondeu com uma carranca cada vez mais profunda. — Tenho a sensação de que o homem pode ter exagerado na bebida na noite passada. Ele é um pouco bebedor. Sempre foi. E parecia estar comemorando outro compromisso bem-sucedido. — As sobrancelhas de Jack se ergueram. — Ele também disse que você tem sua bênção, seja lá o que isso signifique. — Jack deu-lhe um olhar penetrante. — E que você deve garantir que Lorde Baderness seja apropriado.
Os lábios de Vice se separaram de surpresa. Ele recebeu responsabilidades na família.
— Vamos, então?
— Num momento, — Jack apontou para o caminho. — Bad está chegando agora. — Então, ele coçou a cabeça. — Não muito tempo atrás, estávamos acordados todas as horas da noite administrando um clube secreto. Agora partimos em uma aventura de caça à fita antes do meio-dia. A pior parte, estou animado. Há dias que quase não vejo minha esposa, e a seguiria até um mar de tafetá se isso significasse que receberia um único beijo.
Vice balançou a cabeça.
— Eu me permitiria ser derrubado todos os dias, assim como você fez ontem à noite, se isso significasse que Ada iria olhar para mim com aqueles olhos de adoração. Sou um escravo.
— Você não é um escravo, meu amigo, você está apenas apaixonado. — Jack bateu em suas costas. — Vamos. Vamos. Temos mulheres para babar.
Vice seguiu Jack. Na superfície, isso não mudou. Eles sempre babaram por mulheres. E, no entanto, suas vidas não poderiam ser mais diferentes. Amar? Jack tinha realmente acabado de usar essa palavra? E ainda mais alarmante, Jack pode estar certo. Ele nunca se sentiu assim por ninguém. Nunca. Seu coração batia forte com a emoção, oprimindo seus sentidos.
— Você acha que vai se cansar de ser casado?
— Você testemunhou o meu relacionamento com Emily, não foi? Entediado é a última coisa que estarei.
Bad saltou de sua carruagem olhando para seus dois amigos.
— Compra de fitas? — Ele estufou o peito. — Eu já te disse que sobrevivi lutando em brigas de rua?
— Não, — respondeu Vice, derrapando até parar. Era a isso que Crusher se referia? — Você era um lutador? Antes de você herdar o título? — Ele olhou para cima e para baixo no rosto de Bad. — Não admira que sua pele pareça ter passado por um moedor de carne. — Não quis dizer isso como um insulto. Ele às vezes se esquecia que Bad teve uma formação difícil.
Bad fez uma careta, seu rosto se estabelecendo em linhas profundas de insatisfação.
— Você é um idiota. E Grace é uma dor. Agora estou seguindo uma princesinha mimada enquanto ela caça o tom perfeito de fita azul. — Ele ergueu as mãos. — Todos nós, nossos dias destruídos por seu capricho.
Vice ergueu uma sobrancelha.
— É realmente disso que você está com raiva? Eu vi você observando-a dançar com Lorde Williams.
Bad ergueu o punho.
— Não me teste.
Vice ergueu as mãos.
— Desculpe. Vou ficar fora disso. Tenho meus próprios problemas.
— Ele tem. — Jack sorriu enquanto passava o braço em volta do pescoço de Vice. — Ele está apaixonado.
As bochechas de Vice aqueceram, mas Bad parecia ter sido atingido por um raio.
— Não, você também?!
— Eu não cogitei sobre essa palavra, — ele respondeu, dando de ombros. — Mas estou começando a me perguntar...
Bad esfregou o couro cabeludo com as mãos, despenteando o cabelo e tornando sua aparência ainda mais escandalosa.
— Eu não quero saber.
Vice apertou um olho, avaliando Bad. Seu amigo sempre teve um exterior frio e controlado. Mas não hoje. Talvez Vice não fosse o único afetado por uma mulher Chase. Bad estava agindo estranhamente.
— Ok. Vamos acabar com isso então, vamos?
— Sim, por favor. — Bad subiu na maior carruagem de Vice. — Esta noite estamos voltando para ver se podemos encontrar Abernath novamente. Quero acabar com esse negócio, e aquele detetive que Daring contratou não está fazendo o trabalho com rapidez suficiente.
— Eu concordo com esse sentimento. — Ele queria que o negócio com Abernath acabasse. Ada, no entanto, ele esperava estar apenas começando com ela. — Ada precisa estar segura e...
— Maldito inferno, você está apaixonado. — Bad se jogou para trás contra o assento. — Teremos que vender o clube. Eu não posso administrar sozinho, mesmo com a ajuda de Sin.
Vice olhou para o amigo. Vender o clube? Queria isso? O clube era a razão pela qual ele concordou em cuidar de Ada em primeiro lugar.
Mas quando pensou em seu futuro, não se via mais participando de nenhuma noite fora com homens bêbados. Ele se imaginava enrolado com ela na cama, os cabelos ruivos caindo sobre o peito.
— Vamos resolver o primeiro problema, então podemos descobrir o destino da Toca do Pecado.
Bad soltou um gemido.
— Eu acho que esperava que você negasse a necessidade de vender o lugar.
Vice encolheu os ombros, mas foi Jack quem falou.
— O inferno do jogo é a empresa de um jovem solteiro. Estamos envelhecendo.
Bad olhou para fora da janela, com a testa franzida.
— Você está, talvez. Eu apenas comecei a viver minha vida.
Os homens ficaram em silêncio. Em poucos minutos, alcançaram a propriedade Winthrop e Jack entrou para buscar as mulheres. Ele esqueceu tudo sobre sua preocupação no momento em que Ada entrou na carruagem. Ela usava um vestido de marfim, realçando sua pele cremosa e olhos verdes brilhantes. Ele queria puxá-la para seu colo, mas ela se sentou na cadeira em frente a ele, dando-lhe um pequeno sorriso.
— Boa tarde.
— Olá, — respondeu ele. Queria dizer muito mais do que isso. Talvez confessar seus sentimentos. Beijá-la loucamente ou... sua respiração ficou presa na garganta. Ele desejou implorar para ela dar-lhe uma chance.
Ele pensou em Camille. Ele não implorou. Ele era jovem e estava ferido, e saiu furioso para deixar a família dela para fazer as malas. Mas Ada... ele não hesitou em implorar. Ela era uma mulher mais suave e... ele se aproximou enquanto ela olhava para trás. Ela era o tipo de mulher que poderia encher um homem de amor.
— Ada, — ele começou.
— Não, — Bad resmungou. — Aqui, não. Agora, não.
Vice fez uma careta. Seja lá com o que for que Bad estava lutando, ele sentia muito por seu amigo. Mas, não permitiria que isso o atrapalhasse hoje. Hoje seria o dia em que convenceria Ada a ser sua, não importando as consequências. Ainda não sabia se era o homem certo para ela, mas também não podia desistir. Só podia esperar que o coração dela fosse bom o suficiente para aceitá-lo, apesar de suas falhas. Vice entendeu que estava apelando para a pena dela, mas ele assumiria o controle ao vê-la se casar com outra pessoa.
Capítulo Doze
Ada olhou para Blake com os olhos estreitos. Algo estava diferente nele hoje. A intensidade rolou dele em ondas, e seu olhar não vacilou nenhuma vez.
Ela se mexeu, juntando as mãos. Na noite passada ele foi terno, gentil. Hoje, porém, havia uma energia que a fez se sentir... revigorada. Seu pulso disparou, sangue cantando em suas veias.
— Onde está o meu pai?
— Sentiu-se mal depois de ontem à noite, — respondeu Jack, subindo na carruagem. — Ele me enviou em seu lugar.
Ada apertou os lábios. O sem-vergonha original, ele provavelmente exagerou na última noite. Sua mãe cuidaria de seu pai para que ele se sentisse bem novamente. Ela sempre cuidou.
Ela olhou para Vice. Era isso que aconteceria com ela? Como sua mãe, ela domaria seu libertino e o transformaria num homem de família que teria acessos ocasionais de excesso?
Ada mordiscou o lábio. Por que estava se fazendo essa pergunta? Ele só se casaria com ela se Walter forçasse o assunto. A menos que ela pudesse convencê-lo do contrário. Isso era mesmo possível?
— Bad, — disse Grace de seu assento ao lado de Ada. — Que loja de fitas devemos ir primeiro?
Muito chocado.
— Há mais de uma?
Grace agitou sua mão.
— É claro. As fitas são um acessório importante. Você não sabe disso?
Os lábios de Bad se estreitaram enquanto se esticavam sobre seus dentes.
— O que sei é que Jack e Emily, e Ada e Vice, junto comigo, tiveram seus dias arruinados para que você pudesse escolher um pedaço de tecido que provavelmente não precisa. Você não sente nem um pouco de remorso?
— Como? — Grace se endireitou, seu rosto ficando vermelho. — Estou presa em casa há semanas, muito graças você.
Bad apontou o dedo.
— Você é a única que chegou sem ser convidada a um clube de cavalheiros no meio da noite.
Grace soltou um som de irritação.
— Não foi ideia minha. Na verdade, eu não queria ir e gostaria de ter ouvido a mim mesma. — Ela se inclinou e cutucou Bad no ombro. — Se eu tivesse, não estaria em perigo e não precisaria encontrar um marido com pressa porque vocês são terríveis em encontrar uma mulher solteira.
Então, ela se jogou de volta em seu assento.
A carruagem parou e Bad se lançou de seu lugar em direção à porta.
— Se precisar de mim, estarei na taverna.
— Qual taverna? — Jack perguntou franzindo a testa.
— A que estiver mais próxima, — Bad respondeu, saltando da carruagem e batendo a porta atrás de si.
Grace fungou.
— Já vai tarde.
Mas Ada não tinha tanta certeza.
— Grace, — ela alcançou sua prima. — Sair é perigoso o suficiente. Devíamos ter um homem para toda mulher...
— Ada, — Grace retrucou. — Eu não preciso agora do seu pequeno pipiar nervoso. Pelo amor de Deus, pare de ter medo o tempo todo. É ridículo.
Ada estremeceu, os ombros curvados de vergonha. Ela não estava apenas nervosa, simplesmente queria manter Grace segura. Vice se inclinou para frente, tocando o joelho dela com a palma da mão. Ela engoliu em seco, seu olhar encontrando o dele enquanto colocava a mão sobre a dele. Ela se endireitou de volta. Ele certamente a ajudaria, o que fez Ada sorrir.
— Não é, — Vice interrompeu. — Nós encurralamos Abernath ontem à noite. Apesar do seu comentário, pegar uma mulher em uma cidade cheia de milhares de pessoas é difícil. Mas ela sabe que estamos atrás dela e, honestamente, seria mais seguro para você voltar para casa. Estou preocupado em como ela poderia retaliar.
A respiração de Ada ficou presa na garganta. Eles estavam perseguindo Lady Abernath à noite? Ela estava orgulhosa e assustada.
— Não, — Grace respondeu, também de pé. — Não estou determinando o que faço da minha vida com base no mau humor de Bad ou nas tentativas de chantagem de Lady Abernath. Acabei aqui. —Então, ela abriu a porta e começou a descer os degraus. Segurando seu vestido, ela desceu da carruagem.
Jack deu um pulo.
— Vou falar com ela, — disse por cima do ombro. — Tem sido um momento difícil para todos.
Emily concordou.
— Eu vou também.
— Vamos todos, — disse Ada enquanto deslizava para baixo no banco, mordendo o lábio. — Grace está cansada de ficar em casa e precisa de um repouso.
— Você está muito zangada com ela? — Emily perguntou saindo da carruagem.
Ada balançou a cabeça.
— Não muito. Ela provavelmente está certa.
— Ela não está. Você está sendo inteligente enquanto ela está agindo precipitadamente. — Vice estendeu a mão e ela colocou a mão enluvada na dele, o calor apagando um pouco de seu mal-estar. — Bom para você por enfrentá-la. Eu sei que não foi fácil, mas estou orgulhoso...
Um grito fez Ada parar de se mover no meio da frase, com o pé apoiado em um degrau. Rápido como uma cobra, Blake estendeu a mão para ela e puxou-a em seus braços quando um tiro ecoou na rua movimentada.
Mais gritos encheram o ar quando Vice pressionou seu corpo contra a carruagem, usando o dele muito maior como escudo.
Alguém gritou. Emily, deixando escapar um gemido baixo por perto.
— Jack!
Ada empurrou o peito de Blake, mas ele a segurou com força.
— Não se mova, amor, — disse ele em um sussurro abafado.
Ele estava falando sério? Ele queria que ela ficasse aqui, enquanto Emily gritava. Quem de sua família foi ferido?
— Solte-me, — ela ofegou, empurrando novamente.
— Ada, — ele grunhiu em um tom cortante. — Eu não posso ter você machucada. Aguente ainda.
Ela se acalmou e ele lentamente recuou, a cabeça girando de um lado para o outro.
— Ada, — Emily gritou novamente. — Grace se foi!
Um medo profundo e nauseante encheu o peito de Vice quando ele se afastou. Grace estava longe de ser vista, Jack estava caído como uma bola amassada no chão, Emily empoleirada sobre ele. O que diabos tinha acontecido?
— Grace? — Ada gritou, finalmente se libertando dele e correndo em direção a Emily. Ela parou, procurando na rua, então se virou para ele. — Temos que encontrá-la!
Vice correu para o lado dela, mas se curvou sobre o amigo.
— Jack? — Ele sabia que ela estava certa, mas ele tinha que verificar seu amigo primeiro. Ele não podia simplesmente deixá-lo morrer na rua.
Jack rolou, o sangue escorrendo de seu braço.
— O tiro trespassou. Vou ficar bem.
Emily puxou a saia e começou a arrancar partes da anágua, em seguida, enrolou-as no braço dele.
— Oh, meu amor, — ela disse com uma voz trêmula. — Sinto muito. Eu deveria ter voltado para casa ontem à noite. Eu...
— Emily, — ele sussurrou. — Isto é minha culpa.
Ada puxou a manga de Vice.
— Para que lado Grace foi?
— Por ali, — Jack apontou. — Um homem com uma cicatriz no rosto a carregou em uma grande carruagem. — Ele soltou um gemido baixo quando se sentou. — Tinha um padrão distinto de cavalos entalhados.
Vice fez uma careta. Como eles a encontrariam agora? Sabia que o homem que a havia levado era Crusher. Claro que Abernath havia enviado seu mais novo lacaio. Mas ele não iria apenas levá-la de volta para seu clube.
Ada agarrou seu braço, puxando-o em direção à carruagem. Ele piscou, percebendo que ela estava certa.
— Temos que ir agora, — disse ela.
— O que aconteceu? — Bad, de repente, estava na frente dele.
— Entre na carruagem, — disse ele, praticamente jogando Ada também, — Vou explicar no caminho. — Então, ele se voltou para Emily. — Você pode lidar com Jack?
Emily concordou.
— O consultório do nosso médico fica do outro lado da rua. Vou cuidar dele.
Bad subiu no veículo e Vice logo atrás dele.
— Desça pela Faulk Street. Estamos procurando uma carruagem com cavalos esculpidos.
— Sim, meu senhor, — o cocheiro gritou de volta.
Vice fechou a porta quando a carruagem começou a descer a rua.
— O que aconteceu? — Bad perguntou novamente. — Onde está Grace?
— Foi-se, — disse Ada, com a voz trêmula.
— Foi-se? — A cor sumiu de seu rosto. — O que você quer dizer com foi-se?
— Crusher, — respondeu Vice, com o estômago revirando. — Pelo menos, eu acho. Jack disse que viu um homem com cicatrizes em todo o rosto agarrá-la.
— E você disse uma carruagem com cavalos esculpidos nela? — Bad bateu com o punho na moldura de madeira. — Isso é certamente Crusher. Ele está ridiculamente orgulhoso daquela carruagem. Comprada de um marquês endividado anos atrás.
Vice estremeceu interiormente ao avaliar Bad. Seu rosto se contorceu de dor, sua pele pálida e sua sobrancelha baixa.
— Isso é bom. Reconheceremos a carruagem.
Bad atingiu a lateral do veículo novamente.
— Não deveria tê-la deixado.
Vice olhou para Ada enquanto ela olhava para as mãos entrelaçadas. Ele viu uma lágrima escorrer por seu rosto, deslizando de seus cílios escuros sobre sua bochecha enquanto molhava várias de suas sardas. Ela respirou fundo.
— Eu disse a ela para não vir hoje.
— Ei, — o cocheiro gritou. — Você viu uma carruagem com cavalos esculpidos nela?
— Acabei de passar por uma na ponte de Londres, — gritou um homem.
— Ponte de Londres? — Vice franziu a testa.
Bad se levantou de seu assento, abrindo a porta.
— Vou na frente com o cocheiro. Serei capaz de localizar melhor a carruagem.
— Agora? — A cabeça de Ada se ergueu. — Enquanto a carruagem está se movendo?
— Eu vou ficar bem. — Bad acenou com a mão indiferente enquanto abria a porta.
— Tenha cuidado, — gritou Ada. — A última coisa de que precisamos, Lorde Baderness, é que você também se machuque.
Bad parou.
— Depois do que eu fiz, você está preocupada comigo?
Ada balançou a cabeça.
— Você estava com raiva de Grace por ser tão estúpida. Acredite em mim, eu também.
Bad olhou para ela e depois para Vice. Vice deu de ombros, mas seus lábios se curvaram em um sorriso.
— Ela é muito generosa de espírito.
Bad deu um único aceno de cabeça.
— Eu posso ver isso. — Então, ele saltou da carruagem. — Eu os vejo, — gritou ele. — Eles estão pagando o pedágio na ponte.
Ada agarrou seu braço.
— Temos que nos apressar.
Vice colocou a cabeça para fora também, e com certeza, parado na ponte, estava uma carruagem com garanhões esculpidos em suas portas que eram intrincadamente pintadas.
— Como vamos atravessar a ponte rapidamente? — Vice perguntou. — Não podemos perdê-los agora.
— Senhor, — chamou Bad. — Eu lhe darei vinte libras pelo seu cavalo e pela sela.
— O quê?
— Vinte libras. Compre um novo e embolse o resto.
— Combinado, — respondeu o homem.
Bad olhou para eles.
— Mantenha-se o melhor que puder.
Ada ainda estava segurando o braço de Vice.
— Por favor. Traga-a de volta para nós.
Bad acenou com a cabeça e saltou da carruagem.
— O que devo fazer, meu lorde? — O cocheiro perguntou.
Olhando para o semblante determinado de Ada, sua decisão foi fácil.
— Continue seguindo aquela carruagem.
Capítulo Treze
Ada nunca esteve mais cansada em toda a sua vida e, no entanto, seria menos provável que adormecesse. Eles estavam dirigindo por horas. Haviam avistado a carruagem com frequência no início da perseguição, o suficiente para saber que ela e Blake estavam atrás de Grace em uma estrada ao norte. Mas já haviam se passado horas desde que viram o veículo. E não havia sinal de Bad.
Sua cabeça doía quase tanto quanto seu corpo quando se aconchegou na dobra do braço de Vice. Pelo menos seu travesseiro era confortável, embora os músculos deles estivessem um pouco duros. Ela olhou para ele, seus olhos abertos olhando para a escuridão.
— Você está acordado.
— Você também, — disse ele olhando para baixo enquanto acariciava suavemente sua bochecha. — Você deveria tentar descansar.
— Não posso, — respondeu ela. — Fico pensando em Grace sozinha com pessoas estranhas. E se eles a machucarem? — E se eles fizerem pior? Ela tocou o peito, seu coração batendo loucamente. Ela não conseguia nem dizer as palavras em voz alta.
— Ela está bem, — ele respondeu suavemente, puxando-a para mais perto. — Em primeiro lugar, a condessa não quer machucá-la. Ela só quer que ela exponha Daring. Nesse ponto, espero que Grace concorde. Provavelmente venderemos o clube de qualquer maneira. — Ele suspirou. — Bad e eu cuidaremos de sua reputação e da de Grace, enquanto encontramos Abernath e damos a ela a punição que ela merece.
— Cuidar de nossas reputações? — Ada se sentou então, suas entranhas formigando com a compreensão. — O que isso significa?
Vice também se sentou.
— É meio da noite, amor. Você nunca chegou em casa. —Ele pegou a mão dela. — Temos que nos casar, Ada.
Sua boca ficou seca.
— Você faria isso por mim?
— Eu já disse que faria ontem à noite. —Ele se inclinou e beijou sua bochecha. — Eu quis dizer isso então, e quero dizer isso agora.
Parte dela pulou de excitação, enquanto outra se encolheu ao perceber que esse casamento não vinha do coração, mas nascia da necessidade.
— Tudo bem. Casar-nos-emos depois de encontrarmos Grace.
Ele balançou sua cabeça.
— Querida, eu não queria dizer isso, mas não vamos encontrá-la. Bad é quem irá.
— Mas nós viemos até aqui. — Suas entranhas se retorceram enquanto as lágrimas brotavam de seus olhos.
Vice segurou as mãos dela.
— Ouça. Não vimos nenhum sinal da carruagem. Nenhuma em horas. Pelo que sabemos, eles saíram da Estrada do Norte há muito tempo. — Ele passou os braços em volta dela, puxando-a para perto. — Eu também não queria desistir, mas a carruagem de Crusher é mais leve e rápida do que esta.
Ada balançou a cabeça. Ela não podia desistir de Grace.
— Mas eles terão que parar eventualmente e nós podemos alcançá-los.
Vice a puxou para seu colo.
— Escute, amor. Baderness não é como os outros lordes. Ele cresceu nos guetos de Londres. Era um lutador de rua antes de ser um lorde. O homem nunca parece se cansar. Nunca desiste, e é mais duro do que o resto de nós juntos. Se alguém vai alcançar Grace, é ele.
Ada não conseguiu evitar. As lágrimas que ela segurou durante a maior parte do dia começaram a cair. Estava cansada e assustada, e Grace corria muito perigo.
— Eu tenho que ajudar a encontrá-la, Blake. Eu nunca vou me perdoar.
Ele assentiu.
— Compreendo. Faremos uma parada na próxima cidade. Perguntaremos se alguém viu a carruagem. Pegar comida, trocar os cavalos.
— Tudo bem. — Então, ela aconchegou o rosto coberto de lágrimas ainda mais na curva de seu pescoço. — Obrigada por me ajudar.
— Ada, — ele sussurrou, sua voz como uma carícia. — Sou eu quem deveria estar lhe agradecendo.
— Por quê? — Ela perguntou, levantando a cabeça novamente.
Ele segurou o rosto dela entre as mãos.
— Por ser tão forte. Elas estão erradas sobre você. Você não é um pássaro assustado. Você é atenciosa e cuidadosa, mas mostrar bom senso é diferente de ter medo. Nunca esqueça isso.
Essas palavras encheram seu coração mais do que qualquer coisa que alguém já havia dito a ela.
— Você realmente quer dizer isso?
— Cada palavra, — ele respondeu, então seus lábios capturaram os dela.
Ela amava sua prima, mas as farpas de Grace na frente de todos a cortaram profundamente, e o apoio de Blake agora era como bálsamo em uma ferida. Quando os lábios dele se moveram sobre os dela, ela se perdeu naquele beijo.
— Você é um dos melhores homens que conheço.
Ele respirou fundo, as mãos segurando o rosto dela com mais força.
— Você não tem que dizer isso. Concordar em se casar comigo foi o suficiente.
Sua sobrancelha se enrugou em questão.
— Não tem que dizer isso? O que você quer dizer?
Seu rosto sofreu um espasmo, seu olhar caindo.
— Chamo-me Vice. Já te disse, fui rejeitado pela primeira mulher que pedi em casamento por causa da minha moral frouxa. Ela disse...
— Pare. — Ada entendeu, mas não acreditou. Nem por um momento. — É a sua vez de me ouvir. Ela nunca o olhou mais profundamente e essa é a perda dela. Porque por baixo das escolhas da sua vida e dos olhos azuis celestes está um bom homem. O tipo que salva mulheres em festas, lança resgates durante a noite e se casa com uma mulher para salvar sua reputação.
— Então, você não lamenta se casar comigo? — Sua voz tremeu enquanto ele procurava os olhos dela com os seus.
— Como? — Ela sorriu calorosamente, e então se inclinou para dar um beijo leve nos lábios dele. — Estou honrada.
Ele fechou os olhos, afundando-se ainda mais contra ela.
— Jure para mim que você quis dizer isso.
— Eu quero dizer isso, — respondeu ela, envolvendo os braços em volta do pescoço.
Seus corpos se esmagaram quando ele capturou sua boca novamente, beijando-a repetidamente. E quando ele abriu seus lábios, ela avidamente os separou, pronta para provar sua língua. Os dois gemeram quando o beijo se aprofundou, ficando mais intenso a cada golpe de sua boca.
— Perdão, meu senhor, — o cocheiro gritou. — Mas estamos nos aproximando de uma aldeia.
Lentamente, Blake se retirou.
— Nós vamos parar, — ele gritou de volta.
Todas as preocupações de Ada que ela conseguiu esquecer por um momento voltaram correndo.
— Espero que esta seja a decisão certa.
— Eu também, — ele respondeu. — Mas teremos que colocar nossa fé em Bad.
Vice segurou Ada perto enquanto saíam da carruagem. Ele precisava dela ao seu lado porque estava preocupado com a sua segurança, mas também porque não suportava ficar separado agora.
Ele engoliu em seco. Ela realmente quis dizer o que disse? Seus dedos se apertaram em sua cintura. Ada não mentia.
Se ela fosse diferente, ele poderia chorar de alegria por estar ao seu lado. Como ele achou que ela fosse menos? Ela era mais de tudo. Mais amor, mais gentileza, mais beleza por dentro e por fora.
E ela o achou digno? Ele não conseguia acreditar. A aldeia era pequena, com uma única estalagem e taverna, e um pequeno celeiro à sua esquerda. O cocheiro saiu arrastando os pés para cuidar dos cavalos enquanto Vice se dirigia à porta principal da taverna.
Ele olhou para Ada. Ele disse que parariam para comer, mas a verdade é que eles deveriam parar durante a noite. Eles não tinham ideia de qual direção tomar e nenhuma chance de alcançar Crusher. Mas ele entendeu a necessidade dela de não abandonar sua família.
O estalajadeiro olhou para a porta, seus olhos se estreitando enquanto Vice se aproximava. Que estranho.
— Noite, — o homem chamou. — Você não seria Vice, seria?
Isso o fez parar.
— Eu sou.
O homem cambaleou.
— Se importa se eu perguntar o que você está perseguindo?
— Se importa se eu perguntar por que você está perguntando? —Vice mudou Ada ainda mais atrás dele. Como esse homem sabia quem ele era?
— O homem sombrio, que se refere a si mesmo como Bad, disse que você viria. Disse que você parecia um anjo e que teria uma ruiva com você. Deixou um recado e uma bolsa gorda para eu entregar ao homem certo.
Vice relaxou um pouco.
— Estou perseguindo uma carruagem entalhada com cavalos. Há quanto tempo ele passou?
O outro homem deu a ele um sorriso encantado.
— Você é o homem certo. — Então, ele se virou e foi para a escrivaninha de onde tirou uma folha de pergaminho. — Ele saiu há cerca de uma hora. Mas, estava apenas alguns minutos atrás do homem que você está procurando. Bad falou para dizer a você que ele a teria de volta antes que a noite acabasse, e que você deveria esperar por ele aqui. — Então, ele entregou a Vice à folha de papel.
Ada tossiu, puxando seu braço.
— Ele está dizendo a verdade? Devemos realmente esperar? Talvez devêssemos segui-lo, caso ele precise de ajuda ou falhe. E se ele falhar?
Vice leu rapidamente o conteúdo da carta no papel enrolado.
— Ele não vai falhar. — Seus ombros relaxaram ainda mais. — Ele recuou intencionalmente, de modo que Crusher pensa que Bad se perdeu. Dessa forma, Bad pode lançar um ataque furtivo. — Então, ele entregou a carta a Ada.
Bad estava perto deles desde o primeiro momento. Ele tentou ultrapassar a carruagem, mas Crusher tinha um veículo leve e ágil. Ele fingiu estar ferido para que Crusher pensasse que teria uma chance de escapar. Além do mais, Abernath estava com eles, tinha quase certeza, e ela fora atingida por uma bala.
Ada ofegou cobrindo a boca.
— Oh, céus. Lady Abernath foi baleada.
— Podemos ter uma mesa, por favor, senhor, — perguntou Vice. — E duas tigelas de qualquer ensopado que você tenha na panela.
O estalajadeiro acenou com a cabeça.
— Claro.
— Vou precisar de pergaminho e tinta também.
— Para o quê? — Ada perguntou, segurando o papel nas mãos.
— Tenho que escrever para sua família. Eles precisam saber o que está acontecendo. — Ele fez uma careta. — Eu deveria ter apenas contado a seu pai o que estava acontecendo para começar. Não estaríamos nesta confusão se eu tivesse feito isso.
— Mas, Daring... — Ela começou.
— Daring estava tentando proteger o clube. — Vice baixou a bochecha até o cabelo. — O que foi um erro o tempo todo. Devíamos ter deixado o clube ir para o inferno, e trabalhado mais duro para protegê-la.
Ela balançou a cabeça.
— Diana me disse que Exile usa os lucros do clube para evitar que suas terras na Escócia afundem em dívidas e para que seu povo seja alimentado. Você tinha um bom motivo para proteger esse ativo.
Ele olhou para Ada, seus suaves olhos verdes brilhando de volta. Entraram em uma sala de jantar privativa e ele a ajudou a se sentar. — Como sempre, você é muito gentil.
Ela balançou a cabeça.
— Não estou sendo gentil, estou sendo prática. Você falou em vender o clube, mas alguns dos homens dependem disso, não é?
Ela tinha razão.
— O que eu digo para sua família?
— Diga-lhes a verdade. Abernath sequestrou Grace. Estamos perseguindo-a. Você pretende se casar comigo para garantir que minha reputação fique protegida. Onde estamos? Abbotville?
— Sim, — ele respondeu enquanto mergulhava a pena na tinta. — Algo mais?
— Diga a eles que Bad está prestes a resgatar Grace e a todos nós, — ela falou a palavra todos, acrescentando ênfase, — estaremos em casa muito em breve. Além disso, lembre-os de não envolver os detetives de Bow Street. Nesse ponto, nossas reputações são mais importantes.
Ele acenou com a cabeça, arranhando o papel enquanto escrevia apressadamente o bilhete. Assim que terminou, chegaram duas tigelas de ensopado de cordeiro fumegante junto com um pouco de pão, o estalajadeiro foi colocando as tigelas na frente deles.
Ada suspirou.
— Estou com fome.
— Claro que você está. Não comemos há horas. — Ele dobrou seu bilhete e o entregou ao anfitrião. — Você faria a gentileza de ter esta carta entregue esta noite? — Em seguida, ele enfiou a mão no bolso e tirou várias moedas.
— Claro, senhor, — respondeu o estalajadeiro, embolsando o dinheiro. — Eu tenho o garoto certo para o trabalho.
Vice acenou em agradecimento quando o homem saiu novamente. Os dois comeram sem falar. Ele respirou fundo quando terminou, sua mente trabalhando muito melhor.
— Agora, — disse, olhando de frente para a mulher que logo seria sua esposa. — Precisamos discutir esta noite.
Ela se inclinou para frente.
— Nós vamos continuar, não vamos?
Vice balançou a cabeça. Ele odiava desapontá-la agora. Ela deu a ele muito.
— Nós nunca os pegaríamos, amor.
O rosto de Ada se contraiu, suas sobrancelhas se juntando.
— Eu quero ajudar.
Ele pegou a mão dela.
— Eu sei que você quer, mas meu trabalho, aqui e agora, é protegê-la. Bad manterá Grace segura. Não posso te deixar sozinha e não deveria te levar mais distante.
A voz de Ada tremia enquanto ela falava.
— Eu não quero deixá-la.
Ele apertou os dedos dela.
— Mas nós tentamos, Ada. Neste ponto, estamos muito atrás e em uma verdadeira encruzilhada. Nem sabemos em que direção eles foram. — Ele podia ver a dor em seu rosto e o seu próprio rosto estava contraído com uma dor profunda. Sabia que ela estava certa. Bad poderia falhar. Mas agora, ele precisava manter a mulher que amava segura. E ele a amava.
Esta noite louca havia lhe ensinado uma coisa, Ada Chase era a mulher perfeita para ele. Ele se casaria com ela e passaria a vida cuidando da mulher que lhe deu tanto sem nenhum esforço.
Capítulo Quatorze
Ada olhou através da mesa para Blake. Ela sabia que ele estava certo. Mas odiava sentar-se aqui e não fazer nada.
— Nós chegamos tão longe, — ela murmurou.
Ele se inclinou em sua direção.
— E estaremos perto o suficiente para ajudar se eles nos mandarem buscar. — Ele segurou a mão dela, seu polegar massageando círculos na pele sensível entre o polegar e o indicador.
Ela assentiu com a cabeça, um arrepio correndo por sua espinha.
— E se ela estiver machucada?
Vice pegou a outra mão dela.
— Eu amo que você esteja tão preocupada com os outros. Mas, Ada, temos que pensar em você também. —Então, ele se levantou, contornando a mesa e levantou-a. — Apenas algumas horas de sono. Você ficará mais capaz de cuidar dela quando Bad a resgatar, se estiver descansada.
Ela deu um aceno ausente. Ele tinha razão.
Eles voltaram para a mesa, mas ela mal prestou atenção enquanto ele falava com o estalajadeiro e a conduzia escada acima. Ele destrancou uma porta e abriu-a, então a seguiu para dentro.
Quando ele fechou o painel de madeira atrás dele, ela percebeu que ele pretendia ficar.
— Oh, — ela ofegou, girando. — Um quarto?
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Eu posso dormir no chão, mas depois de tudo o que aconteceu hoje... — Ele limpou a garganta. — Eu não vou deixar você sozinha.
O calor encheu suas bochechas.
— Isso também faz sentido. E eu sei que estamos prestes a nos casar...
Ele cruzou a sala, puxando-a contra ele.
— Ada. — Ele deu um leve beijo em sua têmpora. — Eu só vou mantê-la segura. Isso é tudo.
Por que essas palavras foram um pouco... decepcionantes?
— Eu sei. Eu só... — Ela não sabia bem o que dizer. — De alguma forma, não imaginei que a minha primeira noite sozinha com um homem seria assim.
Ele correu o dedo pelo lado do rosto dela.
— Isso... emocionante? Cheia de ação?
Isso a fez rir um pouco.
— Suponho que tenham sido todas essas coisas.
— Eu sei que você está preocupada com Grace, mas ela é uma mulher tenaz e Bad... — Vice baixou a cabeça para mais perto. — Acho que ele está apaixonado por ela. Ele não vai admitir, nem para si mesmo. Em sua defesa, somos um pouco estúpidos assim. Mas tenho certeza de que ele não vai permitir que nada aconteça a ela.
— Mesmo? — De alguma forma, essas palavras a fizeram se sentir melhor. Se Bad amasse Grace, moveria céus e terras para protegê-la. — Acaba de me ocorrer que, se tudo der certo, o resgate de Bad pode ser bastante romântico.
Vice deu uma pequena risada.
— É uma coisa boa nenhum deles estar aqui para ouvir isso.
O sorriso de Ada sumiu.
Ele deu um beijo suave em seus lábios.
— Ela está bem. Se Bad estiver em seu encalço com um plano, ele terá sucesso, Ada. Ele é implacável. — Vice tinha visto seu amigo enfrentar homens com o dobro do seu tamanho quando ele administrava o térreo do clube. Ele nunca ficava nervoso ou zangado e era forte, habilidoso e astuto. — Não há homem melhor para ajudá-la.
— Você tem certeza?
Ele a beijou novamente, puxando-a para mais perto. Ela se acomodou nos côncavos de seu corpo, como um quebra-cabeça se encaixando. Tão certo.
— Tenho certeza.
Ela colocou as mãos em volta do pescoço dele enquanto ele a beijava novamente e novamente. Ela usava um casaco leve, mas ele tinha o desejo distinto de sentir mais dela e deslizou as mãos pelos lados, facilmente separando os botões e deslizando o casaco por seus braços. Jogando-o na cadeira ao lado da cama, ele a puxou novamente.
— Eu vou te ajudar a se despir, amor. Você vai dormir com mais conforto.
Ela balançou a cabeça.
— Não acho que seja uma boa ideia.
Ele franziu os lábios, sabendo que poderia ter que implorar. Ele seria um cavalheiro, ela estava prestes a ser sua esposa depois de tudo, mas dane-se tudo, precisava tocá-la e sentir um pouco mais dela.
— Só queria ajudar.
Atrás de seu pescoço, ele a sentiu desfazer os pequenos botões dos pulsos das luvas e, em seguida, puxar o tecido das mãos. Seus dedos deslizaram pelas mechas de seu cabelo.
— Eu nunca perguntei a você, você não tem irmãos, tem?
— Não, — disse ele, inclinando-se para o toque dela. Se ela não parasse logo, ele poderia esquecer seu compromisso de ser um cavalheiro. — Apenas eu. Meus pais morreram quando eu tinha treze anos e desde então estou sozinho.
Ela passou os dedos pelo cabelo dele novamente, arranhando seu couro cabeludo da maneira mais agradável.
— Isso deve ter sido difícil.
— Foi, honestamente. Mas, agora eu tenho você. E em breve teremos nossa própria família. — Ele fechou os olhos, desejando beijá-la novamente.
— É uma pena que uma mulher não tenha esse cabelo. Tão sedoso e a cor é linda. Você acha que vamos ter uma filha com o cabelo igual ao seu?
Discutir sobre filhos, especificamente sobre como fazer, quase o desfez. Seu corpo ficou rígido como uma árvore.
— Ela terá um lindo cabelo ruivo, da cor do sol poente.
Ela deu uma risada rouca, baixa e íntima. Isso o fez estremecer.
— Espero que não. Seu cabelo é muito mais bonito.
Ele se abaixou e capturou seus lábios novamente. Ele não pôde evitar. Não um beijo de conforto, mas um apelo de paixão. Ela juntou-se ao seu toque com igual necessidade.
— Nunca diga isso, — ele sussurrou entre beijos. — Eu te disse desde o começo. Castanho avermelhado é o meu tom favorito.
Ela suspirou em seus lábios e o beijou, sua língua deslizando ao longo de seu lábio inferior.
— Meu vestido é desconfortável, — ela murmurou. — Talvez fosse melhor se você me ajudasse a despir, afinal.
Ada deu um passo para trás, entrelaçando as mãos atrás para começar a trabalhar os botões de seu vestido. Ela estava certa de vários pontos-chave. Um, era improvável que ela dormisse muito. Tanto por causa de Grace, quanto porque agora ela estava hospedada em um quarto com o único homem que fazia seu coração bater descontroladamente no peito. Dois, eles iam se casar.
— Quando você acha que teremos a cerimônia? — Ela perguntou, desfazendo vários botões.
Seus olhos queimaram nela.
— Amanhã? O próximo dia?
Ela engasgou-se, suas mãos parando.
— Mas a licença?
Ele se aproximou e continuou o trabalho de desfazer seu vestido.
— Se você tem dinheiro suficiente, é fácil contornar o problema.
O corpete de seu vestido caiu para frente e Blake começou a remover cuidadosamente o tecido de seus braços. Juntos, eles deslizaram o vestido sobre seus quadris, onde ele desabou em uma piscina a seus pés. Suas mãos eram dolorosamente gentis quando ele se inclinou para ajudar com o vestido, ela passou os dedos por seu cabelo. Algo sobre seu toque apagou o medo que ela sentia por dentro. Tudo o que ela podia sentir com ele perto era excitação e conforto, e... amor. A palavra a atingiu como um golpe real. Ela o amava. O amava há algum tempo, na verdade. O que a deteve foi o medo de que ele não retribuísse seu afeto.
Ele se levantou e a puxou com mais força, sua boca encontrando a dela novamente. Eles ficaram assim nas chamas bruxuleantes do fogo, tocando-se, beijando-se, enquanto ele desamarrava o espartilho dela e ela desabotoava o paletó.
— Blake, — disse ela contra sua boca. — Tenho que te dizer uma coisa.
Ele fez uma pausa e puxou a cabeça para trás.
— O que é? — Sua voz estava áspera. Sofrida.
Ela engoliu em seco. Ele rescindiria sua oferta se soubesse dos sentimentos dela? Ela assustaria seu ex libertino?
— Eu... eu quis dizer o que disse quando lhe falei que achava que você era o melhor tipo de homem. Sei que você vai se casar comigo por dever, o que eu realmente aprecio.
Uma de suas sobrancelhas se ergueu, e então ele deslizou as mãos em volta de sua cintura. A decepção formou uma bola de dor em seu peito, mas então ele estendeu a mão para sua gravata, afrouxando o nó.
— Eu não estou me casando com você apenas por dever.
— Você não está? — Ela perguntou, lambendo os lábios enquanto observava seus dedos deslizarem agilmente desfazendo o nó e puxando o tecido de sua gravata de seu colarinho. Sua camisa rapidamente o acompanhou e sua boca ficou seca enquanto avaliava seu peito. Os músculos estavam profundamente definidos, e ela estendeu os dedos para arrastá-los ao longo das curvas de seu estômago.
— Não, Ada. Estou me casando com você porque você é a melhor mulher que já conheci. A mais gentil e, à sua maneira, a mais forte.
— Mais forte? — Ela ofegou com o coração acelerado.
Ele estendeu a mão e envolveu-a em seu pescoço, seus dedos embalando a base de sua cabeça.
— Você dá amor livremente a quem precisa. Isso requer força. Uma força que eu não tinha até conhecer você. — Ele fez uma careta, então. — Houve outras mulheres. Eu vou te contar sobre elas se você precisar saber.
— Eu não preciso. — Ela balançou a cabeça, em seguida, inclinou-a para o lado. — Há algum filho que possa ser seu?
Isso quase o fez sorrir.
— Não que eu saiba.
Ela assentiu.
— Alguma mulher que possa estar tramando planos de vingança?
Ele sorriu dessa vez enquanto segurava sua bochecha com a outra mão.
— Acho que não.
— Então, estamos bem, — ela levou a outra mão para começar a deslizar pelas costas dele, seus dedos explorando as curvas e vales dentro de seus músculos.
Ele prendeu a respiração.
— Você está me dificultando a concentração.
— Devo me desculpar? — Ela perguntou, e então beijou seu peito, pressionando sua boca delicada em sua pele. Ele apertou-se em necessidade.
— Eu tenho que te dizer isso. — Blake a puxou de volta. — Nenhuma daquelas mulheres pode se comparar a você, amor. Nenhuma delas poderia quebrar as paredes que coloquei em volta do meu coração. Olhe para você. Grace foi má com você hoje. Eu poderia ter criticado e sacudido meu punho para ela e fechado meus sentimentos, mas não você. Aqui está você, perseguindo-a com todo o amor que você tem. Isso exige uma pessoa especial e eu amo quem você é. Eu te amo.
Ela ofegou, ficando imóvel. Ele realmente tinha acabado de dizer isso?
— Você me ama?
— Amo. — Ele afrouxou a gravata de sua camisa. — Está tudo bem se você não sente o mesmo. Seu carinho e consentimento à minha proposta são suficientes. Eu só quero estar com você, Ada.
Seu coração quase explodiu em seu peito. Ele a amava? Ela não deu a ele tempo para terminar de afrouxar sua camisa, em vez disso, ela se jogou em seu peito, envolvendo os braços em volta do pescoço.
— Não seja bobo. Eu também te amo.
— Bobo? — Ele riu enquanto pressionava o corpo dela contra o dele, levantando seus pés do chão. — Por que você iria querer me amar, eu sou...
— O que você é? — Ela perguntou, tocando seu nariz no dele. — Forte, protetor, gentil. Como eu não poderia?
Ele a balançou em um círculo forte.
— Vou fazer o meu melhor para sempre cuidar de você. — Ele a beijou novamente. Com tão pouca roupa, ela podia sentir a pressão de seu corpo, a fricção de sua pele. Sua respiração ficou presa quando a língua dele deslizou em sua boca.
Ele a deitou na cama, seu peso pressionando em cima do dela. Ele sentia que estava delicioso... e ela poderia ter rido da palavra, exceto que seus beijos estavam roubando todo pensamento razoável de seu cérebro.
A camisa dela deslizou e o peso dele se estabeleceu entre as pernas dela, a pressão de algo duro esfregando contra sua carne sensível.
Ela gemeu ao sentir isso e, sem pensar, mudou de posição, apenas para descobrir que a fricção aumentava o prazer.
Ele estendeu a mão por baixo dela, inclinando seus quadris enquanto se movia com ela, causando uma onda de prazer que se espalhou a partir daquele único ponto por todo seu corpo.
Com habilidade surpreendente, ele estabeleceu um ritmo, parecendo saber exatamente quanta pressão colocar em sua carne inchada, e exatamente onde e como pressionar.
Antes que ela soubesse o que estava acontecendo, seu corpo se contraiu de prazer, em busca de alguma liberação que ela não entendeu inteiramente até que ela chegou ao orgasmo, seu corpo parecendo se quebrar em mil pedaços minúsculos.
Capítulo Quinze
A tensão, como um nó, puxou cada músculo de seu corpo enquanto Ada clamava por seu clímax. No começo, ele tinha pensamentos adoráveis de apenas dar-lhe prazer. De salvar sua união para o matrimônio. Mas entre sua declaração de amor, e a visão e o som de seu prazer, ele pensou que poderia morrer se tivesse que esperar mais.
— Ada... amor... — Ele praticamente podia se ouvir implorando. — Eu quero...
— Sim, — ela respondeu. — Eu quero você também. Tudo de você.
Seu pênis latejava enquanto ele se levantava, puxando suas botas apesar do fato de que as malditas coisas não saíam. Ele quase caiu com o esforço. Não que isso o surpreendesse. Desde o início, Ada o reduziu a um idiota trapalhão. Ele conseguiu cair da cadeira, pelo amor de Deus.
Ela também se levantou e o empurrou para a cama. Ele voluntariamente caiu para trás quando ela se abaixou entre suas pernas, tirando as botas de seu corpo. Então, ela deslizou as mãos por suas coxas e quadris, reduzindo-o a um nervo latejante de necessidade. Sua respiração parou em seu peito quando ela estendeu a mão para a abertura de suas calças.
— Devo ajudar você com isso também?
Ele piscou, incapaz de realmente falar. Sentiu-se como um menino novamente, atrapalhado em sua excitação enquanto ela estava tão calma e controlada.
— Você está com medo?
Ela balançou a cabeça. Parte de seu cabelo estava desfeita e ele desejou arrancar todos os grampos, mas não se achava capaz esta noite.
— Estou com você. Como eu poderia ter medo? — E então, ela abaixou suas calças, libertando seu pênis.
Ele ficou parado e a observou inspecioná-lo.
— É maior do que eu pensava.
— É isso? — Ele conseguiu dizer entre respirações.
— Vai doer?
— No começo, — ele respondeu agarrando as mãos dela e puxando-a para si. Ele a queria, mas não se ela se preocupasse. — Nós podemos esperar. Eu não quero...
Ela o beijou em silêncio.
— Eu não quero esperar. Eu só quero estar preparada para você. — Então, ela se afastou novamente, sua camisa voando sobre sua cabeça. Em pouco tempo, suas calças seguiram o exemplo, meias e botas deixadas em uma pilha. Ela estava diante dele incrivelmente nua. Seios redondos e altos, e uma cintura fina encontraram seu olhar, acentuado pelo alargamento de seus quadris. E em seu peito, um punhado de sardas.
— Um dia, vou beijar e contar cada uma dessas sardas, — ele rosnou, sentando-se para puxá-la de volta para cima dele. Ela foi para ele disposta, sua pele deslizando ao longo da dele. Ela era dolorosamente macia e tão sedosa que ele quase se desfez.
Passando a mão ao longo de suas costas, ele traçou a ampla curva de seu traseiro e, em seguida, deslizou os dedos na fenda entre as pernas. Ela estava molhada e pronta e ele gemeu novamente quando suas pernas se separaram, espalhando-se para os lados de seus quadris.
Ele nem mesmo tentou, seu pênis apenas encontrou sua abertura, pressionando nas dobras à espera.
— Eu te amo, Ada, — ele gemeu enquanto deslizava um pouco dentro dela.
Com um empurrão decidido, ela o tomou por inteiro, sua virgindade quebrando em um movimento rápido. Ele ouviu seu suspiro de dor quando ela o apertou.
— Eu também te amo. Muito.
Que presente ele recebeu. Não tinha certeza do que tinha feito para merecer isso, mas sabia, sem dúvida, que sempre a estimaria. Enlaçando seus dedos com os dela, eles permaneceram unidos, murmurando palavras silenciosas de amor até que ela relaxou e ele se moveu dentro dela, puxando para fora e, em seguida, empurrando lentamente de volta. Ela não ficou tensa de dor, então ele tentou novamente. Minutos se passaram enquanto ele gentilmente acelerava o ritmo permitindo que seu corpo se ajustasse. Parte dele queria se entrar totalmente dentro dela e liberar sua paixão, mas ele teria muitas chances para isso. Esta era sua primeira vez juntos, e ele queria que cada momento fosse especial.
Ele sentiu a mudança nela. O momento em que ela relaxou, e então começou a desfrutar de sua união. Movendo-se mais rápido, ele colocou a mão em torno de suas nádegas, certificando-se de aplicar pressão exatamente onde ela precisava.
Seu gemido baixo em seu ouvido lhe disse que ele tinha encontrado o ponto certo e ele sorriu um pouco, apesar do prazer entorpecente roubando-lhe o pensamento razoável. Então, ele não conseguiu pensar mais enquanto eles se moviam cada vez mais rápido, subindo em direção ao final.
Eles caíram juntos, seu corpo pressionando o dela enquanto ele gemia seu nome uma última vez.
— Ada.
Seus espasmos e gritos baixos foram sua única resposta, e então ela desabou em cima dele. Rolando para o lado, ele conseguiu enfiá-los sob as cobertas e jurou que, quando o cobertor caiu sobre seu corpo, ela já estava dormindo.
Puxando-a para perto de seu peito, ele fechou os olhos e desligou-se.
Ada não tinha certeza da hora, mas acordou com uma decidida batida na porta.
— Perdoe-me senhor, mas há uma mensagem para você, — uma voz rouca chamou.
Senhor? Ela mexeu-se, tentando forçar sua mente a trabalhar. Foi quando seu traseiro empurrou o corpo grande e duro atrás dela. Seus olhos se abriram.
— Dê-me um minuto, — uma voz profunda e sonolenta retumbou atrás dela. — Há quanto tempo estamos dormindo? Uma hora?
Blake. Ela se derreteu em seus ângulos rígidos. Uma garota pode se acostumar a acordar assim.
— Não faço ideia. Não me lembro de alguma vez ter dormido assim.
Ele riu, mas o som foi interrompido por outra batida.
— Senhor, o entregador disse que era urgente.
Urgente? Seus olhos se abriram e ela começou a se sentar, mas Blake subiu em cima dela, empurrando-a de volta para baixo.
— Não se mova.
— Mas eu tenho que me mover. Vamos resgatar Grace esta manhã. Você disse que depois de algumas horas de sono, iríamos embora e... — Mas ele vestiu as calças e atravessou o quarto. Quando ele girou a fechadura, Ada se enterrou sob as cobertas.
— Sim? — Blake perguntou, seu tom muito mais cortante.
— Isso acabou de chegar para você. — Ela ouviu o barulho do pergaminho.
— Obrigado, — Blake respondeu, e então a porta se fechou.
Ada saiu de debaixo do cobertor.
— De quem é? O que diz?
Blake estava olhando para a nota.
— É de Bad.
Colocando os cobertores sobre o peito, ela se sentou. Seus dedos formigaram de excitação preocupada.
— E?
Blake ergueu os olhos para o lençol em suas mãos.
— Ele diz que está feito.
Seus dedos se apertaram no cobertor.
— O que está feito? O resgate de Grace? A captura do Crusher? Os ataques de Lady Abernath? Grace está segura? Devemos seguir, ficar aqui, ir para casa?
Blake deixou cair o pergaminho ao lado dela na cama. Ela o pegou e leu as quatro palavras desenhadas em blocos irregulares na página.
Vice,
Está feito.
Bad
Ela olhou para as palavras por um minuto inteiro, como se esperasse que mais respostas saltassem da página.
— Você não pode estar falando sério, — ela finalmente murmurou. — É isso?
— É isso. — Vice subiu sobre ela e voltou para as cobertas. — Podemos muito bem voltar a dormir.
— Dormir? — Ela se virou para ele indignada. — Como você pode sequer pensar em dormir? Preciso de respostas.
Ele suspirou e alcançou sua cintura, puxando seu corpo contra o dele.
— Ada, — ele sussurrou. — Eu te disse. Bad está cuidando de Grace. Agora, pelo amor de Deus, deixe-me cuidar de você.
— Estou cuidando de mim, — ela fungou, inclinando-se para trás para olhar para ele. — Estou aquecida e em uma cama com o jantar de ontem à noite ainda no meu estômago. Vou me casar com um visconde e... — Ela ergueu um único dedo. — Eu nem mesmo tenho que ter um casamento com a interferência de minha mãe.
Ele deu uma risadinha.
— Todos os pontos excelentes. Mas pense nisso. Se Bad não tivesse Grace, ele estaria aqui. Ele não teria enviado um mensageiro.
— Oh, — ela respondeu, colocando a mão em seu pescoço. — Eu não tinha pensado nisso.
— E se Crusher ou Abernath os estivessem perseguindo, ele provavelmente não diria que tudo estava feito. Ele teria pedido minha ajuda.
— Isso... isso é verdade também.
— Portanto, proponho que me permita cuidar de você esta manhã, apenas por algumas horas. Dormiremos um pouco mais, viajaremos de volta a Londres e veremos o arcebispo para uma licença especial. Com alguma sorte, podemos nos casar hoje.
— Você acha que Bad vai se casar com Grace?
Blake balançou a cabeça.
— Vamos descobrir como proteger Grace depois que eu cuidar de você. Mas tenho certeza de que ele a manterá segura a todo custo.
Ada virou a cabeça para o lado, avaliando-o.
— É muito difícil discutir com você esta manhã.
— É meu peito nu. — Ele estufou os músculos, contraindo o estômago.
Ada teve que esconder um sorriso enquanto colocava os braços em volta da cintura dele.
— Eu pensei que eram seus argumentos sólidos.
Ele se inclinou, capturando os lábios dela com os seus.
— Gosto muito mais da ideia do meu peito ser a razão.
Ela teria argumentado, mas ele a beijou novamente, sua língua deslizando ao longo da costura de seus lábios. Quando ele abriu sua boca, ela se esqueceu do que ia dizer.
Ele rolou em cima dela, colocando seu corpo sob o dele enquanto continuava a beijá-la. A noite passada tinha sido um frenesi de paixão, mas esta manhã, ela queria explorar.
Ela passou as mãos pelas costas dele, deslizando-as até as nádegas musculosas.
Ele fez um daqueles sons de rosnado, do tipo que lhe dava arrepios, seu tom de barítono profundo vibrando em sua garganta.
— Amor, — ele rugiu. — Toque-me assim de novo, e o ritmo vai ficar muito mais rápido.
Suas palavras a encheram de profunda satisfação. O poder que ela tinha sobre ele a intoxicava.
— Tocar em você como? Assim? — Ela deslizou os dedos para dentro de sua coxa.
Ele gemeu contra seus lábios.
— Não diga que você não pediu isso. — E então, ele deslizou seu corpo pelo dela, beijando um caminho sobre sua mandíbula e pescoço.
Quando seus beijos quentes se aproximaram de seu seio, a carne se enrugou em antecipação, mas nada a preparou para a sensação de uma boca úmida sugando sua carne. Seu corpo inteiro se arqueou para encontrar seus lábios, querendo mais dele. Ele deu uma risada gutural em resposta enquanto beijava seu caminho para o outro pico.
Ela queria tanto seu toque, ela usou suas mãos para trazê-lo mais perto, impelindo-o em direção ao mamilo.
— Inferno, você é tão linda, Ada. — Seu polegar roçou a carne tenra antes que ele chupasse o outro seio em sua boca.
Ela torceu os dedos pelo cabelo dele, cavando mais fundo, a dor entre as pernas pulsando de necessidade. Como se sentisse isso, ele acariciou sua barriga e então segurou seu monte, gentilmente separando a carne macia para sua exploração.
Sua visão ficou turva enquanto cores brilhantes dançavam diante de seus olhos e a necessidade crescia dentro dela. Sem querer, ela se viu implorando.
— Por favor. Oh, sim, aí. Por favor.
Por um momento ele parou, mas então a cabeça aveludada de sua masculinidade tomou seu lugar. Não houve dor desta vez, apenas um prazer delicioso quando ele deslizou dentro dela, enchendo-a com seu comprimento duro.
Eles se moveram juntos, lentamente no início, mas depois subindo a alturas incríveis até que chegaram juntos na borda.
Ada, depois de jurar que não estava cansada, sentiu seus olhos se fecharem. Ela os abriu novamente a tempo de ver os primeiros raios de sol aparecendo pela janela.
— Veja. É o começo do dia.
Blake rolou para o lado, colocando-a contra ele.
— O início do dia do nosso casamento, meu amor.
Oh, céus. Borboletas voavam sobre sua barriga. Isso foi emocionante. Os olhos dela se abriram novamente assim que os dele fecharam.
— Você não vai dormir, vai? É muito emocionante para pensar em dormir.
Um olho se abriu.
— A igreja só vai abrir daqui a algumas horas, pelo menos.
— O que isso tem a ver com estar acordado? — Ela cutucou seu ombro. — Este pode ser o dia mais maravilhoso da minha vida.
Seus olhos se abriram, e ele sorriu com ternura.
— Meu também. —Então, seu sorriso se tornou perverso. — E acho que sei como podemos passar o tempo.
— Oh, — Ada respondeu quando seus lábios encontraram os dela novamente.
Epílogo
Cinco horas depois....
Com a luz do dia, e o acordar deles muito cedo, a viagem de volta a Londres foi significativamente mais curta do que a viagem.
Agora era antes do meio-dia, e eles estavam em frente ao Bispo de Canterbury, licença especial em mãos.
Ada segurou as duas mãos de Blake enquanto se encaravam. Ela não conseguia ficar parada enquanto sorria para o homem que estava prestes a ser seu marido. Este era um sonho que se tornou realidade.
— Tenho que confessar que te vi uma vez... comendo bolos com uma atriz.
O sorriso de Blake desapareceu.
— Aquela mulher não significava nada comparada a você, — ele sussurrou enquanto o bispo arrumava as velas.
Ela balançou a cabeça.
— Você não entende. Você roubou meu fôlego naquele dia e ainda o rouba agora.
Blake a puxou para mais perto, encostando sua testa na dela. O bispo ergueu os olhos, então.
Ada apertou os lábios. Ela teve que assegurar ao homem que sua família aprovava, que Blake estava apenas resgatando sua reputação após os atos covardes de Crusher e Abernath. Relutantemente, ele concordou com a licença e a cerimônia apressada. A generosa doação de Blake provavelmente ajudou.
— E você é minha, — ele respondeu. — Estamos prontos para começar quando você quiser, Sua Graça.
— Espere, — uma voz feminina chamou do fundo da igreja. — Por favor, espere.
A cabeça de Ada se ergueu para ver Diana e Exile correndo pelo corredor, sua mãe e seu pai logo atrás deles.
— Você está aqui, — ela exclamou.
— Você disse que eles aprovavam, — resmungou o arcebispo.
— Nós aprovamos, — sua mãe falou, ofegante. — Você tem certeza de que Grace está bem?
Blake apertou as mãos dela.
— Assim que a cerimônia terminar, Exile e eu iremos encontrá-los, e acompanhá-los para casa.
— O quê? — Ada perguntou. — Você me assegurou que Baderness tinha tudo sob controle.
Blake se aproximou um pouco mais.
— Ele provavelmente tem. Mas, para ficar seguro, vou voltar. Assim como eu a trouxe de volta a Londres para me certificar de que você está bem.
— Por que você simplesmente não me deixou em Londres para começar? — Ela perguntou, uma bola de pavor tomando conta de seu estômago.
— Eu deveria. Embora não me arrependa do que causou este momento, amor.
Essas palavras suavizaram um pouco seu coração.
— Eu queria ir.
Ele deu a ela um sorriso gentil.
— Eu sei.
Diana chegou à frente da igreja, ficando bem na frente deles.
— Estamos todos voltando para ver se Grace está segura, mas eu, por exemplo, acho que você fez a coisa certa, trazendo Ada de volta aqui para se casar.
— Obrigado, — respondeu Blake. — Mas Exile, diga a sua esposa...
— Não, — Exile respondeu antes que ele pudesse terminar. — Ela é mais forte do que a maioria dos homens. Não vou dizer que ela precisa ficar em casa.
— Então, eu vou também. — Ada se endireitou. — Grace pode precisar de nós.
Blake deu um único aceno de cabeça.
— Muito bem. Sua Graça, faça a gentileza de nos ter casados, estamos retornando ao campo esta noite em uma missão de resgate. Então, ele piscou. — O cocheiro de Jack vai se arrepender do dia em que nos pegou.
Anos depois, Ada não se lembraria dos detalhes da cerimônia. O que ela vestia, as palavras exatas que disse. Mas o sentimento ficaria com ela para sempre. Calor a rodeava. Ela encontrou um homem que a valorizava pelo que ela era e, melhor ainda, ele resgatou o melhor dela.
— Eu nunca poderia pedir mais do que você, Lorde Viceroy.
Blake deu um beijo suave na boca de sua esposa.
— E nunca sonhei em ganhar o amor de uma mulher como você, Lady Viceroy.
Seu coração batia forte no peito.
— Estou pronto para fazer o meu melhor. Vamos encontrar Grace.
Tammy Andresen
O melhor da literatura para todos os gostos e idades