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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


VOCÊ ME CONQUISTOU / Nic Chaud
VOCÊ ME CONQUISTOU / Nic Chaud

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Giovanna não estava conseguindo acreditar que tinha sido convidada para trabalhar no departamento de pesquisas biotecnológicas, do hospital-escola da universidade na qual tinha feito seu doutorado. Sua tese sobre o uso da nanotecnologia para o transporte inteligente de medicamentos foi reconhecida internacionalmente e a universidade decidiu investir na pesquisa que ela vinha desenvolvendo.

Seu sonho era conseguir diminuir para zero os efeitos colaterais dos remédios para o câncer, com a utilização de pequenos robozinhos capazes de reconhecer e matar apenas as células malignas. Obter reconhecimento e financiamento para sua pesquisa era uma grande conquista e ela estava tão empolgada que começou a dar saltos e gritos pela sala, acordando Alexa, sua amiga de anos com quem dividia o apartamento.


– Credo! Que alegria é essa logo cedo? – perguntou Alexa, que apareceu com a cara toda amassada e com o corpo enrolado num cobertor.

– Ah, desculpe te acordar, mas é que recebi uma notícia maravilhosa. Fui convidada para continuar minhas pesquisas na universidade, com um financiamento excelente.

– Então vou me aposentar e você paga todas as despesas daqui pra frente. Não aguento mais trabalhar naquele bar.

– Sua fingida, você ama trabalhar lá que eu sei. O que você não aguenta é ver seu namorado ser cantado pela mulherada.

– Fique sabendo que ele não é meu namorado! É só um sócio com benefícios.

– Tá, você transa com ele de vez em quando e cada um segue a vida. Então por que você fica arrasada quando ele partilha o “benefício” dele com outra?

– Quem disse que eu fico arrasada?

– Me engana que eu gosto. Até hoje eu não me conformo que você largou a faculdade para abrir um bar em sociedade com ele. Nós poderíamos estar trabalhando nessa pesquisa juntas.

– Pois é! Às vezes eu me arrependo, mas...

– Ainda dá tempo de você mudar de ideia, só falta um ano para você completar o curso. Pense nisso.

– Vou pensar, mas amanhã. Agora vou voltar para a cama. Venha aqui pra eu te dar um abraço. Estou orgulhosa de você, amiga.

– Obrigada! Vá descansar, então, tentarei não ser muito esfuziante.


Depois que Alexa fechou a porta do quarto, Giovanna foi se arrumar para ir até o hospital, formalizar sua contratação como pesquisadora. Cantou baixinho no chuveiro para não incomodar Alexa. E continuou cantando enquanto dirigia, só que bem alto para extravasar a alegria que estava sentindo. A música que tocava no rádio, e que Giovanna acompanhava a plenos pulmões, era animada e dançante.


Arruma pra mim um namorado quente e gostoso

Arruma já, já, já...

Que eu tenho muito amor pra dar, dar, dar...


De tão animada, não notou que um carro tinha parado ao seu lado no sinaleiro. Continuou cantando alto, mesmo estando com a janela aberta, e quase morreu de susto quando um objeto foi atirado em seu colo. Olhou rapidamente para ver quem tinha feito aquilo e deu de cara com o homem mais lindo que já tinha visto.


– Agora não posso conversar, porque estou atrasado para uma cirurgia. Mas eu vou te ligar. Você tem uma voz linda! – ele gritou, antes de arrancar o carro na frente dela.


Atordoada, Giovanna se abaixou para apanhar o objeto que havia caído ao chão. Era um celular. “Que cara doido!”, pensou, sentindo uma excitação no baixo ventre. Pelo carro esportivo e caro, supôs que devia ser um médico acostumado a ter mulheres caindo de amores por ele. Só que deixaria bem claro, quando fosse devolver o telefone, que não seria uma delas.

Passou a manhã resolvendo a parte burocrática da sua contratação e depois recebeu as boas vindas da diretoria do hospital. O próprio diretor-executivo fez as honras de acompanhá-la até um laboratório todo equipado, que dali pra frente seria seu local de trabalho. Também recebeu permissão de requisitar alunos para serem seus assistentes, caso desejasse. Giovanna agradeceu ao diretor, acreditando no sucesso daquela parceria.

No caminho de volta, começou a elaborar mentalmente o que faria, no dia seguinte, assim que chegasse ao laboratório. Focada nesses pensamentos, nem lembrava de que estava com o celular do desconhecido em sua bolsa. Mas, ao escutar telefone tocando, imediatamente as lembranças voltaram e ela encostou o carro para atender.


– Alô!

– É a moça de voz linda que quer um namorado quente e que tem muito amor pra dar? Quero me colocar à disposição e dizer que estou precisando muito de carinho.

– Ah, é mesmo? Não diga.

– Acredite em mim, estou solteiro faz tempo. Por que acha que tomei esta atitude desesperada de jogar meu celular? Gostei tanto de você, que eu não podia perder a oportunidade de te conhecer.

– Confesso que sua atitude me surpreendeu.

– Então vamos marcar um encontro, assim a gente se conhece melhor e você devolve meu celular.

– Pode ser hoje à noite, no bar que a minha amiga é sócia. Assim ela fica de olho e me socorre, caso eu precise. Tenho dúvidas quanto à sua sanidade.

– Vou te provar que sou um homem com boas intenções. Me passe o endereço e diga o horário em que vai estar lá.


Combinaram que se encontrariam às oito da noite. Alexa já tinha sido informada do ocorrido e reservado para eles a mesa mais próxima ao bar. Ficaria atrás do balcão, de olho no maluco do celular. Giovanna planejava fazer a devolução e explicar que no momento não estava aberta a relacionamentos. Desenvolver sua pesquisa tomaria muito do seu tempo e qualquer coisa que a tirasse do rumo dos seus objetivos estava fora de questão. O único problema é que o cara era lindo demais e ela estava se sentindo tentada a provar do fruto proibido.

Já Noah, o maluco do celular, estava determinado a conquistar Giovanna. Tinha amado o jeito dela, sexy e alegre, cantando ao volante. Chegou até a comentar com seus colegas médicos, enquanto operava uma vesícula na sala de cirurgia, de que tinha acabado de conhecer a mulher da sua vida. Disseram que ele era louco de pensar isso, mas Noah não se importava com a opinião deles.




Racionalmente, Giovanna não queria levar adiante a cantada do maluco lindo, mas inconscientemente sim. Escolheu um traje que a deixava sexy, saia de couro em tom dourado metalizado, com amarrações laterais. E uma blusa creme estilo pirata, de mangas levemente bufantes e trançado de cordão no peito. Se admitisse a verdade para si mesma, assumiria que estava adorando a perspectiva de ir àquele encontro.

Às sete e meia da noite, Noah e Giovanna, cada um em sua casa, terminavam de se arrumar. Ela ainda não sabia, mas ele tinha a certeza de que estavam prestes a enlaçar seus futuros para sempre. Ele estava animado. Ela apreensiva, porque a única coisa que sabia sobre ele era o fato de ser atirado, envolvente e lindo.


Eu já disse lindo? Pois é, liiindooo.




Giovanna foi quem chegou primeiro no bar. Assim que a viu, Alexa a chamou para que sentasse no balcão e conversassem enquanto ela preparava uns drinks.

– Menina, que cantada foi essa que você recebeu? Celular atirado pela janela? Ainda não conhecia essa modalidade.

– Nem eu, levei o maior susto – Giovanna respondeu. – Mas o cara era tão lindo que me desarmou. Mesmo assim, achei melhor marcar o encontro aqui, já que não sei nada sobre ele.

– Fez bem. Qualquer coisa é só me fazer sinal e eu chamo o segurança. Mas se o cara for legal, aproveite e curta a noite.

– É disso que eu estou com medo, de gostar dele. Você sabe que não quero me envolver com ninguém.

– Não sei porque pensa assim, já que é perfeitamente possível trabalhar e namorar ao mesmo tempo, basta querer. No fundo acho que você tem medo de sofrer, por isso arranjou essa desculpa esfarrapada.

– Bem, ver meus pais a vida inteira se matando de tanto brigar nunca me serviu de exemplo a ser seguido.

– Entendo, mas, se o seu cara doido for aquele que está entrando neste momento, tenho a impressão de que seus traumas vão se curar. Uau! Lindo é pouco para descrevê-lo.


Giovanna se virou e precisou segurar o queixo para não cair. Alto, músculos trabalhados cobertos por uma camisa branca, calça jeans justa e andar de felino. Todas as mulheres no ambiente notaram sua presença, mas foi só para Giovanna que dedicou seu sorriso lindo, encarando-a enquanto caminhava em sua direção.


– Estou muito feliz por nos encontrarmos pessoalmente – ele disse forma calorosa. – Só que ainda não sei o seu nome.

– Oi, eu me chamo Giovanna e esta é a minha amiga Alexa. Alexa este é o...

– Noah, muito prazer.

– O prazer é meu! – Alexa respondeu sorrindo, concluindo que a amiga tinha se dado muito bem. – Fiquem à vontade. Reservei aquela mesa para vocês. Já levo o menu para escolherem o que vão beber.

Noah e Giovanna caminharam até a mesa, sem que ele tirasse os olhos sobre ela.

– Pare de me olhar desse jeito, você está me deixando constrangida.

– Algo me diz que você é a mulher da minha vida.

– Como pode afirmar uma coisa dessas, se até agora a pouco não sabíamos nem o nome um do outro?

– Não sei explicar, só sei que sinto isso.

– Mas por que eu? Deve estar cheio de mulheres lindas querendo se jogar pra cima de você.

– Não me interessam, eu quero você.

– Você está parecendo um louco.

– É o meu defeito. Quando desejo algo batalho incansavelmente até conseguir. Foi assim na medicina e será assim no amor.

– Você é médico?

– Cirurgião. Desde pequeno eu afirmava para os meus pais que seria médico para abrir a barriga das pessoas. Hoje abro barrigas e o que mais aparecer. Estou terminando minha residência em cirurgia geral e serei contratado como um dos integrantes do corpo médico do hospital Princesa Leopoldina.

– Jura? Eu começo a trabalhar lá amanhã, como pesquisadora.

– Eu sabia que estávamos destinados um para o outro. O universo com certeza conspira a favor daqueles que se amam.

– Pera lá, você está indo rápido demais. Eu vim aqui apenas para devolver o seu celular e para te dizer que não estou disponível.

– Não me diga que você tem namorado!

– Não tenho e não pretendo ter. Quero ficar inteiramente focada em minha pesquisa.

– Eu não vou aceitar de cara essa sua resposta. Vamos fazer o seguinte, você sai uma vez comigo, para um encontro de verdade, com jantar a luz de velas e música. Terminado o encontro, se você ainda estiver decidida a viver apenas para sua pesquisa, eu vou respeitar a sua decisão e não te procurarei mais. Aceita? E, se quiser referências extras sobre mim, pode perguntar para qualquer um no hospital e eles vão te contar como eu sou um cara legal.

– Legal talvez, convencido certamente.

– Então, aceita?


Giovanna olhou para a amiga, que tinha ficado de ouvidos atentos à conversa dos dois. Pelas costas de Noah, Alexa movia os lábios e mãos, incentivando-a veementemente para que aceitasse o encontro.


– Está bem, aceito.

– Ótimo, agora vamos pedir algo para comer. Estou morrendo de fome – Noah completou de forma tão espontânea que ela teve de dar risada.


O resto da noite os dois passaram conversando sobre os médicos e funcionários do hospital. Noah fez imitação dos mais excêntricos, provocando gargalhadas em Giovanna. Ele também quis conversar sobre a pesquisa dela, ficando muito interessado e impressionado. E, quando chegou a hora de irem embora, trocaram seus números de telefone, marcando o encontro para o dia seguinte. Antes de sair, deram um tchau para Alexa, que fez sinal pedindo que Giovanna ligasse quando chegasse ao apartamento.


– Foi uma noite muito agradável – ele falou quando chegaram ao carro dela.

– Também achei – ela respondeu.


Percebendo o brilho no olhar de Giovanna, Noah aproximou seus lábios dos dela, que se entreabriram na esperança de serem beijados. Com suavidade, ele a tomou nos braços, mas foi com paixão que a beijou, trazendo-a mais perto de si. A química foi imediata. Giovanna fez uma última tentativa de resistir às sensações, mas suas pernas não obedeceram aos seus comandos de se afastar. O beijo acabou sendo profundo, íntimo, avassalador.

Precisou se recuperar do beijo para dar a partida no carro. As pernas de Giovanna estavam bambas. Ela ficou olhando admirada para o autocontrole de Noah, enquanto manobrava o carro e lhe dava um último aceno antes de ir. Precisaria muito de uma voz amiga, que a ajudasse pensar com lucidez. E não conseguiu esperar chegar ao apartamento para ligar para Alexa.


– Ué, já chegou? – Alexa perguntou ao atender a ligação de Giovanna.

– Não, ainda estou dirigindo. Deixei o celular no viva voz.

– Você sabe que eu não gosto quando faz isso. Se quiser conversar, encoste o carro.

– Peraí, já parei.

– O que você tem de tão urgente para me contar?

– O Noah me beijou.

– E...?

– E a minha pesquisa?

– A pesquisa continua. Você trabalha de dia e namora de noite.

– E se eu não conseguir trabalhar direito?

– Deixe de ser boba! Gostaria de saber quem foi que colocou essa ideia em sua cabeça, de você ter que reprimir seus desejos só porque tem uma carreira profissional. Se fosse eu não pensaria duas vezes, ainda mais com um homem maravilhoso como Noah.

– Ele é mesmo maravilhoso, não é?

– É lindo.

– E beija bem.

– Imagine o resto...

– Senti que é grande só de encostar, e ponha grande nisso.

– E vai caber?

– Tem que caber...

– Essa conversa está tomando um rumo perturbador.

– Está mesmo... Você vem dormir em casa? Eu queria conversar mais – Giovanna pediu.

– Acho que vamos ter que deixar a conversa para amanhã. Já prometi para o Ricardo que vou passar a noite com ele.

– Está bem.

– Falamos mais amanhã, então. Lindos sonhos com o Noah.

– Obrigada.




Na manhã seguinte, Giovanna arrumou-se o mais rápido que pode e seguiu para o seu primeiro dia de trabalho como pesquisadora na universidade. Sua cabeça doía tentando encontrar uma solução para os desejos intensos que Noah tinha despertado em seu corpo. Seus lábios ainda guardavam a sensação de prazer pelo contato quente e envolvente do beijo dele. Ficava extremamente excitada só de pensar em vê-lo nu, com aquele pênis enorme totalmente ereto. Como conseguiria trabalhar com aquela visão em seus pensamentos? Ao estacionar no pátio da universidade, precisou fazer um rápido exercício de respiração para retomar o controle das suas emoções. O que ajudou, mas não muito.

Organizar tudo do seu jeito no laboratório ajudou mais. Acabou sendo um dia bem produtivo. Terminou as tarefas com satisfação e com a certeza de que a paixão por sua pesquisa não precisava competir com a paixão por Noah. Envolvida no trabalho, conseguiu focar em seus objetivos, sem que os assuntos do coração atrapalhassem.

Por isso voltou para casa tranquila, decidida a dar uma chance ao destino. Estava disposta a acreditar que o encontro com Noah no sinaleiro foi mais do que mero acaso. Algo que nem a ciência poderia explicar. E com certeza devia estar apaixonada para estar pensando assim. Só podia ser isso.

Assim que abriu a porta do apartamento, Alexa, que estava se arrumando para seu trabalho noturno no bar, gritou do quarto.


– Ainda bem que você chegou antes de eu sair. Me conte tudo!

– Correu tudo bem na universidade. Organizei o material, fiz o pedido do que faltava e amanhã já volto a trabalhar na pesquisa. E recebi a permissão de contratar uma assistente. Que tal você?

– Eu?

– É. Só precisa destrancar a sua matrícula e voltar a estudar. Lembra como sonhávamos juntas de que íamos mudar o mundo com as nossas descobertas?

– Lembro, mas parece que foi há séculos atrás. Me sinto uma velha.

– Velha? Mas você tem apenas vinte e quatro anos!

– De espírito tenho uns sessenta. Todos os meus sonhos ficaram para trás.

– Se pensa assim é porque não está feliz com esse arranjo que fez com o Ricardo. Venda sua parte no bar para ele e volte a estudar. Você sabe o quanto é inteligente, pode muito bem retomar todos os sonhos. Venha descobrir comigo a cura para o câncer. Vamos sonhar juntas que um dia vamos ganhar o prêmio Nobel de Medicina.

– Bem que eu gostaria. Talvez você esteja certa, não sei. Vou pensar, está bem?

– Já é um começo. Espero que pense com carinho.

– Outro dia a gente conversa mais sobre isso.

– Está bem, mas antes de ir me ajude a escolher uma roupa para o meu encontro com o Noah.

– Ajudo se você me der todos os detalhes depois, centímetros inclusive.

– Levarei fita métrica.

As duas se divertiram muito falando sobre o assunto “pênis grande”, enquanto escolhiam as roupas para Giovanna usar. O eleito foi um vestido creme, que contrastava maravilhosamente com o tom de pele dela, e um conjunto de lingerie rendado no mesmo tom. Sandálias de saltos altíssimos e uma clutch de miçangas completaram o conjunto.

Alexa desejou boa sorte à amiga e saiu para o trabalho, ainda rindo das besteiras que tinham acabado de falar. Giovanna também estava sorrindo quando entrou no banho. Pensando em ser acariciada pelas mãos de Noah, fez uma esfoliação suave. E, com a pele ainda molhada, espalhou um mousse hidratante. Depois de se secar com a toalha, borrifou seu perfume para o alto, para receber uma chuva de gotículas aromáticas pelo corpo todo, antes de colocar o vestido. Depois só maquiou os olhos e colocou um pouco de gloss nos lábios. Estava pronta. Coração disparado à espera da mensagem de Noah, que ficou de buscá-la.




Ele a esperava fora do carro, para abrir a porta e fechar depois que ela entrasse. Elegantíssimo, de blazer escuro e camisa branca, recebeu-a com um beijo nos lábios.


– Você está maravilhosa! – ele disse.

– Obrigada! – Giovanna agradeceu, adorando o brilho no olhar dele.

– Pronta para o nosso encontro?

– Estou.

– Espero conseguir convencê-la de que formamos um casal perfeito.

– Já vou te avisando que não vai ser fácil abalar minhas convicções.

– Tenho certeza de que até o final da noite suas convicções serão eliminadas, você vai ver. Tenho surpresas preparadas.

– Bem, adoro surpresas.

– Fico feliz em saber disso – sorriu para ela, antes de fechar a porta.

– Espero que goste do local que escolhi para o nosso primeiro encontro. Primeiro de muitos, espero – ele comentou, antes de dar a partida no carro.

– E eu posso saber que local é esse?

– E estragar a surpresa? Claro que não!

– Nem uma pista você pode me dar?

– Nenhuma. Mas se você adivinhar eu confirmo que acertou.

– Pela sua elegância, deve ser um restaurante francês bem chique.

– Não.

– Um italiano então.

– Também não.

– Japonês.

– Errou de novo.

– Meus palpites acabaram. Você ainda é um enigma para mim.

– E você gosta de enigmas?

– Adoro.

– Sou todo seu, para que me decifre – ele disse com olhar safado. – Mas só depois da surpresa.

– Que surpresa será essa?

– Falta pouco, estamos quase chegando.

– Mas este não é o caminho do hospital?

– Também é o caminho para o nosso destino.


Intrigada, Giovanna tentou se lembrar de algum restaurante situado ali por perto, mas que soubesse só existia o Bar do Jonas, bem em frente ao hospital. O que será que Noah estaria aprontando?

As suspeitas de que o destino fosse o bar se confirmaram quando Noah virou à esquerda e parou o carro em frente ao estabelecimento, que parecia deserto e às escuras.


– Você tem certeza de que o bar está aberto? – ela perguntou um tanto decepcionada, pela surpresa ser naquele local fantasmagórico.

– Está aberto sim, o dono é meu amigo. Ele está nos esperando.

– Está bem, vamos entrar então – tentou parecer animada.

– Por favor – Noah ofereceu o braço a ela.

– Obrigada – Giovanna disse sorrindo, enganchando seu braço no dele.


A escuridão os acompanhou até o hall de entrada, mas, assim que eles avançaram um pouco mais para dentro, todas as luzes foram acesas e muitas pessoas saíram de esconderijos e gritaram: “SURPRESA”!

Giovanna levou o maior susto ao ver aquele bando de gente animada que ela não conhecia, mas que aparentemente estavam ali por causa dela. Uma faixa presa ao teto, com os dizeres “Bem vinda Giovanna”, confirmava este fato. Vendo a expressão confusa do olhar dela, Noah resolveu explicar.


– Estes são nossos colegas do hospital, que vieram aqui para se apresentarem a você, te desejarem boas vindas e te desafiarem para um karaokê. Pessoal, – ele continuou – esta é a Giovanna, a mulher por quem eu me apaixonei a primeira vista, ou melhor, me apaixonei ao primeiro refrão que escutei ela cantar. Mas ela é difícil, por isso preciso da ajuda de vocês para que ela se apaixone por mim também. Contem e cantem para ela que eu sou gente boa.


Todos começaram a assoviar e gritar “O Noah é bonzinho”, “Namora ele, Gi”, “Leva o Noah pra casa”, e ele fazia gestos pedindo mais apoio, com o pessoal colaborando com assovios cada vez mais altos. Um a um, todos foram se aproximando de Giovanna para abraçá-la e fazê-la se sentir acolhida entre eles. Os médicos que estavam no centro cirúrgico contaram como Noah havia chegado encantado por ela, logo depois do encontro no sinaleiro. Disseram ter achado que ele tinha ficado louco, mas que depois de conhecê-la também estavam apaixonados. Noah fingiu indignação e mandou os amigos caírem fora. Depois que todos se apresentaram, um grito de guerra foi ouvido: “Que comece o Karaokê”! Uma pequena disputa pelo microfone selou o início do desafio, e o vencedor, um dos companheiros de cirurgia de Noah, começou a cantar com a voz desafinada, olhando para Giovanna, que ria do jeito dele.


Larga dele e vem pra mim

Sou melhor você vai ver

Tenho amor no coração

Maior carinho é que vai ter


Noah fez que ia atirar o sapato nele e o amigo saiu correndo do palco divertindo a todos. Outro amigo pegou o microfone, enquanto Noah fazia cara feia, indicando com os dedos que estava de olho nele.


Gente boa é o que ele é

Ninguém pode negar

O que eu posso dizer pra Giovanna

É que Noah é partidão pra se casar


Este recebeu aprovação de Noah e palmas da plateia. No resto da noite houve mais cantoria, intercalada com a degustação dos sanduíches gourmet da casa. Giovanna estava feliz e se sentindo à vontade com as brincadeiras entre eles, até que um coro começou, exigindo que ela cantasse a música que fez o amigo deles se apaixonar. Ela bem que tentou se esquivar, mas Noah a carregou para o palco. Envergonhada, foi obrigada a cantar.


Arruma pra mim um namorado quente e gostoso

Arruma já, já, já...

Que eu tenho muito amor pra dar, dar, dar...


Giovanna começou de modo tímido, mas depois se soltou e foi ovacionada. Os amigos gritavam: “Aí, gostoso! Os dois desceram rindo do palco. Como muitos trabalhavam cedo no dia seguinte e outros voltariam para o plantão, deram a noite por encerrada, com a promessa de novos encontros em breve.

Sentindo-se feliz e leve como nunca, Giovanna caminhou de mãos dadas com Noah. Tinha adorado a surpresa dele. A acolhida calorosa e divertida que recebeu naquele primeiro encontro foi inesperada e sentida como um gesto de carinho, para que não se sentisse só naquele ambiente enorme e frio do hospital. Gesto que dizia muito sobre quem o tinha organizado, porque só uma pessoa bem quista conseguiria, em tão pouco tempo, mobilizar tantos colegas dispostos a acolhê-la entre eles.


– Foi uma noite adorável – ela agradeceu, antes de entrar no carro.

– Ainda não terminou – ele respondeu, tomando-a nos braços.

– Adorei seus amigos.

– E eles adoraram você, mas não mais do que eu – Noah aproximou seu quadril do dela, para que ela tomasse consciência do quão excitado estava.


Igualmente excitada, Giovanna olhava com paixão para os lábios de Noah, desejando repetir a experiência de beijá-lo. Não precisou esperar muito. O caminho a ser percorrido pelo desejo de ambos era curto. Seus lábios se uniram com a urgência violenta de quem precisou conter por muito tempo à necessidade de expressar a paixão entre seus corpos.

As resistências de Giovanna derreteram no calor produzido pela intimidade profunda que o beijo havia tomado, junto ao roçar do membro de Noah em seu ventre. Ela o queria mais do que nunca, queria senti-lo por inteiro, em toda a sua potência, por isso convidou-o para ir até o seu apartamento. Alexa só chegaria bem mais tarde.

Trocaram poucas palavras durante o trajeto. A troca de seus olhares revelava mais do que poderia ser dito. Paixão, desejo, cumplicidade, rendição. Giovanna queria pertencer a Noah e Noah pertencer a ela. A porta do apartamento foi aberta às pressas e a porta do quarto fechada com mais pressa ainda.

Ela tomou a iniciativa de abrir os botões da camisa dele, para passar a mão naqueles músculos trabalhados. Sentiu a umidade em sua calcinha aumentar, quando as mãos dele desceram o zíper do vestido em suas costas. Um arrepio de prazer percorreu seu corpo, acompanhando o movimento do vestido indo ao chão, revelando suas curvas minimamente cobertas pelo conjunto de lingerie.

As pupilas de Noah se abriram ainda mais, extasiado com a beleza dela. Louco de paixão, ele retirou a calça, ficando apenas com sua cueca boxer, que mal dava para acomodar seu membro intumescido. Giovanna o acompanhou no streptease soltando o sutiã. Seus belos seios soltos foram logo beijados e acariciados pelas mãos hábeis de um cirurgião, despertando prazeres desconhecidos em sua pele.

Guiadas pelo instinto, as mãos de Giovanna adentraram na cueca box, trazendo para fora o pênis duro, enorme e grosso de Noah. Simplesmente um espetáculo! Ela duvidou seriamente se caberia dentro de si, mas nada no mundo a impediria de ter a experiência de ser totalmente preenchida.


– Está com medo? – ele perguntou. – Sei que é grande e pode assustar.

– Não estou com medo, estou com vontade de senti-lo até o fundo de dentro de mim.

– Posso usar um lubrificante...

– Posso lubrificar com beijos...

– Deve...


Noah pegou Giovanna no colo e a colocou na cama. Deitou-se ao lado dela depois de se despir por completo. A perfeição de um deus de ébano, nobre, protetor, forte e potente. Ela ajoelhou-se aos pés dele, porque ele merecia. Tomou-o em sua boca com prazer, lambendo e sugando aquela dádiva do universo. Extasiado pelos beijos de Giovanna, Noah gemia adorando cada gota de saliva que ela ia deixando em seu corpo. Mas ele também queria beijá-la e o fez, arrancando dela suspiros apaixonados.

Lubrificados pelos carinhos e pelo prazer, tinha chegado a hora de tentar o encaixe entre seus corpos. Giovanna abriu as pernas ao máximo, ansiosa por receber todo o vigor de Noah. Ele penetrou-a com cuidado para não machucá-la, dando tempo para que sua vagina laceasse. A cada centímetro conquistado, Giovanna sentia-se mais próxima do paraíso. O prazer irradiava a cada contração involuntária, que seu corpo dava ao redor do membro poderoso que avançava território. A carne em conflito, tentando impedir a passagem, mas ao mesmo tempo liberando mais lubrificação, foi obrigada a se render, abrindo passagem.

Giovanna descobriu que o caminho do paraíso era sem volta. As sensações se intensificaram quando Noah começou a se movimentar dentro dela, cada parte de seu corpo acompanhando o ritmo do prazer. O orgasmo veio como uma explosão nuclear, acabando com a possibilidade de Giovanna se imaginar um dia sequer sem Noah. Estava ligada para sempre a ele, de corpo e de alma.

Mas não foi só para ela que o orgasmo veio como uma bomba. Noah também ficou detonado pela ejaculação intensa e poderosa que explodiu através de sua uretra, inundando o interior de sua amada. O prazer arrasador, que acompanhou o jorro, superou a todos os outros que já havia sentido. Ele sabia que não estava enganado, Giovanna era a mulher da vida dele.

Dormiram abraçados até às cinco da manhã, quando Noah precisou se levantar e ir para casa, arrumar-se para mais um dia de operações no centro cirúrgico. Antes de sair, Noah abraçou e beijou Giovanna, afirmando que se comprometia a fazer de tudo para que o relacionamento deles desse certo.


– Até depois, meu amor! A gente se vê depois no hospital. Obrigado pela noite mais maravilhosa da minha vida.

– Até depois! – ela respondeu embevecida, beijando-o mais uma vez nos lábios.


Alexa chegou a tempo de presenciar a despedida deles. Acenou discretamente para Noah e seguiu direto para o quarto. Giovanna percebeu que a amiga estava arrasada e não conseguiu dizer para Noah o quanto aquela noite tinha significado para ela também. Mas ele entendeu o que se passava e disse que eles teriam tempo para conversar depois. Tocada pela sensibilidade dele, Giovanna esperou que ele desaparecesse do alcance de seus olhos antes de entrar.


– Por que você está assim tão triste? – Giovanna perguntou, depois de bater de leve e entrar no quarto de Alexa.

– Acabei tudo com o Ricardo. Não volto pra aquele bar nunca mais. Ele que arrume dinheiro pra pagar a minha parte, porque eu não vou deixar barato o que ele me fez. Você acredita que eu acordei no meio da noite com ele acariciando uma mulher do meu lado? Disse que tinha preparado um ménage à trois de surpresa para nós. Pois cuspi na cara dele. Vagabundo! Nunca tocou nesse assunto comigo e me colocou nessa situação.

– Sinto muito, Alexa. Você sabe que eu não gostava dele, mas nem por isso eu queria que você sofresse. Você não merecia isso.

– Não mesmo. Não tenho nada contra quem gosta de sexo a três, mas eu não gosto. Eu queria que ele gostasse só de mim, mas não pode ver um rabo de saia que corre logo atrás. Chega. Pensar que larguei minha carreira por causa desse traste.

– Volte para a universidade, termine seu curso. Vai ajudar você se esquecer de tudo isso.

– Vou voltar, já decidi. E, se o oferecimento estiver de pé, quero ser sua assistente. Mas só se você for uma chefe bem boazinha, meu coração não aguenta mais maldade.

– Está de pé sim e prometo ser bem boazinha.

– Então está combinado! O Ricardo agora é coisa do passado. Conquistar o Prêmio Nobel, aqui vamos nós! – Alexa enxugou os olhos, querendo disfarçar com a brincadeira a dor que estava sentindo.

– Aqui vamos nós! – Giovanna repetiu, abraçando a amiga.


Aliviada, Alexa quis saber todos os detalhes do encontro de Giovanna com Noah, inclusive os centímetros.


– Mas quanto você acha que mede? Não se faça de boba que eu sei que reparou muito bem.

– Uns vinte e dois centímetros, mais um pouco quem sabe. E de diâmetro, faltou mão para fechar a circunferência.

– Uauuu! Que loucura!

– Nem fale! Coisa linda de se ver e sentir... Doeu um pouco no começo, mas depois...

– Imagino...

– E, só pra você saber, o Noah tem uns amigos bem lindos.

– Quem sabe, mais pra frente, você me apresenta alguns deles.

– Quando você quiser. Durma um pouco agora. Tudo vai melhorar você vai ver.

– Vou tentar e de tarde vou reabrir minha matrícula. Não vejo a hora de recolocar a minha vida no eixo.

– Assim que se fala. Falamos mais tarde então.


Na hora do almoço, Noah veio buscar Giovanna para comerem juntos, mas assim que os dois se tocaram o fogo entre eles foi atiçado. Deixaram o almoço de lado e se fecharam na sala de descanso dos médicos, para fazerem o que estavam com vontade. Só não conseguiram se livrar dos amigos que passavam batendo na porta, só para incomodar. Prática corriqueira e muito divertida para eles, desde o tempo em que eram estudantes. Sem se deixar abalar, Giovanna e Noah riam e prosseguiam se beijando, como se o hospital lá fora não existisse.




Seis meses depois...


Noah e Giovanna comemoravam seu noivado no Bar do Jonas. Todos os amigos estavam lá, inclusive Alexa, que carinhosamente tinha sido incluída como mais uma integrante do grupo. Mais uma vez era a noite de karaokê e o amigo de Noah, aquele que tinha tentado cantar Giovanna de brincadeira, surpreendeu dedicando uma música para Alexa, pedindo para ser namorado dela.

Os assobios foram às alturas e aumentaram ainda mais quando Alexa disse que aceitava. O novo casal se beijou para o delírio de todos e para a felicidade de Giovanna, que via sua amiga feliz outra vez. Noah também beijou Giovanna, os dois realizados por verem o sonho de ficarem juntos e de formarem uma família se realizando. Mas até que chegasse o tempo de terem filhos, teriam muitas horas de prazer, para desfrutarem a sós, apenas um com o outro. 

 

                                                    Nic Chaud         

 

 

 

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