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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


ZEPHYR / Scarlett Grove
ZEPHYR / Scarlett Grove

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Para reivindicar sua companheira, ele terá que seguir seu coração.
Maia é a Dragoness Prime e a Duquesa da Casa das Marés. Ela deu tudo por seu povo, mas todos acreditam que ela está morta. Capturada por seu próprio príncipe durante o cataclismo, Maia passou todo esse tempo trancada em seu navio. Com quatorze draconianos para cuidar, ela está focada em ser a mãe de seu bebê. Mas quando o Príncipe das Marés diz que ela deve acasalar com ele ou nunca mais verá seu bebê novamente, Maia sabe que precisa agir.
Zephyr sabe que a civilização humana foi irrevogavelmente alterada desde os sequestros e assassinatos de vampiros. Mesmo que os dragões consigam distribuir a vacina contra vampiros a tempo, pode ser tarde demais para a raça humana. Enquanto se preparava para administrar a vacina, é confrontado por uma mulher que nunca acreditou que conheceria. No momento em que Maia entra na House Of Storm em busca de proteção, o dragão interior de Zephyr tem certeza de que ela é a única.
Quando Zephyr executa a análise de acasalamento, os resultados são indetermináveis. O casal acredita na análise, mas a confirmação de seu acasalamento é importante para ambos.
Porém logo se torna evidente que eles nunca terão as provas científicas das quais suas feras interiores exigem ser verdade.
Levado ao limite pelos vampiros, humanos e seu próprio dragão interior, Zephyr deve fazer uma escolha entre seu coração e sua cabeça.
Este cientista lógico pode seguir seus sentimentos, reivindicar sua companheira e salvar o mundo? Ou ele vai deixar suas crenças rígidas roubá-lo de tudo o que ele sempre quis?

 


 


Capítulo Um

 

Zephyr sentou-se em frente ao painel do computador de seu laboratório e observou os dados passando pela tela holográfica.

— A atividade humana triplicou na última semana. Nesse ritmo, haverá um evento catastrófico nos próximos trinta dias. — Azure sua AI1 informou a ele.

— Quero que você faça algumas simulações de vários cenários, incluindo vários níveis de divulgação. O propósito é prever a reação da humanidade, se será mais ou menos perigoso revelar a nossa existência a eles neste momento.

— Compilando dados de simulação.

— Informe-me imediatamente quando estiverem completos.

— Sim, Tenente Zephyr. — Disse Azure.

Zephyr esfregou as têmporas, levantando-se da cadeira. Estava exausto das longas horas no laboratório. Mesmo depois de descobrir a fórmula para uma vacina contra os vampiros, ele e sua equipe ainda não haviam determinado uma maneira de administrá-la em todo o mundo. Os ataques aos humanos não diminuíram. Eles aumentaram.

Desde o surgimento de todas as outras casas de dragões, a pressão sobre a House of Storms2 aumentou cem vezes. Não é que Zephyr não estivesse satisfeito com a sua chegada, pelo contrário, foi uma excelente oportunidade. Mas, enquanto a House of Storms e a House of Flames 3se distraíam com a introdução dos recém-chegados ao mundo, parecia que a maioria deles havia esquecido sua missão principal. Entendia que todos precisavam de uma pausa, inclusive ele, mas ainda havia muito a ser feito.

Zephyr foi até a cozinha, seu estômago implorando para ser preenchido. Não tinha comido o dia todo. Na cozinha, encontrou Jojo e Hanish, comendo sanduíches de peru e alimentando Tor.

— É bom te ver, Zephyr. Você anda sumido ultimamente.

— Ainda há muito trabalho a ser feito.

— Agora que as outras casas despertaram e encontramos a vacina, estamos fora de perigo.

— Isso é verdade, em alguns aspectos. A verdade é que a raça humana pode estar psicologicamente em perigo. Os ataques de vampiros introduziram uma nova e estranha realidade para eles. E não há como voltar atrás.

— A raça humana terá que nos descobrir, mais cedo ou mais tarde. — Disse Hanish.

— Senhor. — Falou Zephyr, ficando preocupado com a atitude irreverente de seu Capitão. — Pode haver maneiras melhores ou piores de fazer a transição. Se pudermos evitar um alarde, seria preferível. Vimos que os humanos podem ser irracionais e caóticos, quando o medo atinge a massa. Não há como dizer o que eles podem fazer. Azure prevê um evento catastrófico nos próximos trinta dias, se permanecermos neste curso.

— Isso deve mudar quando distribuirmos a vacina. Continue com sua pesquisa e deixe-me saber se descobrir mais alguma coisa. — Ordenou Hanish, voltando-se para Jojo e seu filho. Tor fez um barulho risonho e bateu a mão em sua bandeja de comida, enviando um jato de maçã pelo o ar. Os pais ficaram entusiasmados com a exibição e Zephyr sacudiu a cabeça, começando a sair da cozinha.

— Zephyr. — Disse Hanish atrás dele.

Voltou-se para encarar seu Capitão.

— Diga, senhor?

— Por que não se concentra em encontrar sua companheira e deixa toda essa preocupação sobre a reação dos humanos, até que algo realmente aconteça.

— Agora não é hora de me preocupar com minha companheira, Capitão. —Respondeu.

— Agora é o momento perfeito para se preocupar com sua parceira. Tivemos mais progressos contra os vampiros desde a nossa chegada à Terra. É hora de relaxar, recarregar e celebrar. Às vezes, as coisas só têm que tomar conta de si mesmas.

Zephyr sabia que não iria convencer Hanish de nada agora. Seu Capitão estava em seu próprio mundinho com Jojo. Talvez Zephyr estivesse exagerando. Mas, por mais que quisesse dizer isso a si mesmo e confiar em seu príncipe, sabia que não era verdade. Eles estavam tão perto de ter a paz e a prosperidade que todos esperavam, agora não era hora de relaxar. Agora era a hora de se esforçar e trabalhar mais.

Quando se aproximou da porta do porão, percebeu que havia esquecido de pegar qualquer coisa para comer. Zephyr rangeu os dentes e se virou para a porta da frente. Saiu de casa e foi para a garagem. Pegou as chaves do Tesla branco, atravessou a porta e sentou-se ao volante. Rapidamente, saiu da garagem e fez seu caminho através dos escudos em direção à rodovia. Precisava se afastar do laboratório e limpar a cabeça.

Talvez devesse apenas relaxar e aproveitar os frutos de seus trabalhos anteriores. Talvez concentrar-se em seu trabalho fosse apenas uma forma de se distrair do fato de ainda não ter encontrado uma companheira. Enquanto corria ao longo da estrada e seguia para a costa, percebeu o quão difícil era estar sem uma.

— Você fez algum progresso nas simulações, Azure? — Zephyr perguntou através do link mental.

— A primeira análise está completa, Tenente Zephyr.

— Sim?

— Com a variável base de distribuir a vacina, mas não tomar mais nenhuma ação, há 85% de chance de a psique humana ser levada à guerra mundial.

— 85%? — Zephyr sacudiu a cabeça. — Essas chances não são boas.

— A psique humana é imprevisível. — Respondeu, Azure. — Mas é previsivelmente imprevisível.

 

 

 

 

 

Capítulo Dois


Maia estava a bordo do convés da nave da House of Tides4, olhando para o vasto planeta azul e verde. Desejava nadar nos oceanos azuis cintilantes do planeta e sentir a luz quente do sol em sua pele. Segurou a filha contra o peito e sentiu o cheiro doce do bebê. Seu amor por sua filha era ilimitado e ela ansiava por ver todos os seus filhos novamente.

A Duquesa Maia da House of Tides, era a única fêmea adulta em toda a galáxia. Eles a chamavam de Dragoness Prime, mas não se sentia mais como a principal. A maioria de seu povo acreditava que estava morta. O Príncipe das Marés se certificou disso. O pai de sua querida e doce Waverley, espalhou o boato nas últimas horas antes do fim do mundo.

Desde o cataclismo, ele a manteve cativa a bordo de sua nave. Nos meses seguintes, em que os dragões procuravam uma nova casa, Maia se contentou em cuidar de sua filha. Agora que havia despertado na Terra, tudo o que conseguia pensar era em se reunir com todos os seus filhos. E, talvez neste novo mundo, onde os humanos evoluíram para Dragon Souls, poderia encontrar seu próprio companheiro predestinado. Seu único e verdadeiro amor.

O príncipe Current, queria que ficasse com ele. Como podia procriar com qualquer macho, também podia ser reivindicada por qualquer um. Mas não era um amor predestinado. O príncipe acreditava que era justo que permanecesse leal a sua própria casa e se tornasse sua companheira. Ela o recusou todo esse tempo, mas isso não o impediu de persistir.

Maia nunca esteve com um homem. Havia sido artificialmente inseminada. Os ovos que produzira nasceram de uma Dragoness virgem. Tinha um profundo afeto por todos os príncipes cuja semente havia gestado. Um não mais que qualquer outro. Sabia em seu coração, que nenhum deles era seu companheiro predestinado.

Encontrar seu amor verdadeiro, o vínculo eterno de companheiros, era o único sonho de seu coração. Um sonho que havia sacrificado a serviço de seu povo para produzir os últimos Dragonkins em existência. Quando foi declarada uma Dragoness Prime, em seu terceiro ano de vida, esse se tornou seu destino. Mas agora esse destino foi cumprido e Maia queria algo para si mesma.

Colocou o bebê adormecido no berço e atravessou o quarto, olhando para a projeção holográfica do mundo abaixo dela. Current tinha permitido isso a ela. Mas não estava autorizada a deixar a nave e experimentar o mundo da maneira que os homens tinham feito.

Seu antigo inimigo, os vampiros, encontraram o caminho para a Terra e estavam causando estragos na população nativa. As criaturas primitivas que os dragões semearam, evoluíram ao longo dos milhões de anos em que ela passou em uma cápsula de hibernação. Durante esse tempo, criaram uma vasta civilização avançada.

Mas a semente da nobreza do dragão foi corrompida pela interferência dos vampiros. E as raízes primitivas da ascendência animal dos humanos permaneceram no centro de seu ser. Todas as três influências entraram em choque, fazendo com que agissem de maneira caótica e imprevisível. Estavam à beira de um completo colapso social por causa de uma série de assassinatos e desaparecimentos que não podiam explicar. O coração de Maia doía por eles. De certa forma, toda a humanidade eram seus filhos.

Olhou de volta para Waverley. Seu coração explodiu de amor pela criança. Maia amava muito seus filhos e sentia saudades deles todos os dias. Não tinha permissão para vê-los desde a fuga de Dragonia. O príncipe atual manteve sua existência em segredo.

De certa forma, os dragões que escaparam do cataclismo eram os melhores de sua raça. Embora, o príncipe tivesse se juntado à rebelião contra os anciãos e deixado seu mundo agonizante, podia ver que ele estava mais alinhado com os anciãos do que com os nobres corações dos rebeldes. Queria dominá-la e controlá-la. Queria mantê-la para si mesmo.

Maia esperava o dia em que poderia deixar a nave e encontrar seu próprio caminho neste novo mundo. Ele não seria capaz de mantê-la aqui para sempre. Não agora que todos haviam despertado, sua missão era um sucesso. A possibilidade dos homens encontrarem suas companheiras estava bem diante deles. Desejava mais do que qualquer coisa, que o príncipe encontrasse seu amor único e verdadeiro e a libertasse deste inferno que ele criou.

A porta de seu quarto se abriu e Current entrou. Tinha um olhar sombrio em seus olhos enquanto a olhava. Ela estava chorando. A projeção da Terra aparecia em sua tela holográfica. Atravessou a sala e a tomou nos braços. Inclinando-se, tentou beijá-la, mas ela se virou. Seus lábios caíram no ar vazio. Ele recuou, irritado com sua contínua rejeição.

— Você tem alguma notícia das Casas na superfície? — Ela perguntou.

— Eles vêm compartilhando informações sobre como cortejar mulheres humanas.

— Isso é uma boa notícia.

— Só porque os machos na superfície parecem ter encontrado suas companheiras predestinadas, não significa que todos nós o faremos. A coisa mais segura para você e eu, é ficarmos juntos.

— Claro. — Disse, virando-se e olhando para a filha. — Mas e se?

— Se minha companheira predestinada estiver entre esses seres humanos? — Ele disse, com um sorriso de escárnio, terminando o pensamento dela — Espero que você fique comigo e crie nossa filha. Somos dragões das marés. Nossa Casa deve ficar unida.

— Não há tabu contra a mistura com diferentes tipos de dragões.

— Está interessada em um dos outros homens?

— Claro que não. — Respondeu, se afastando dele. Caminhou até a tela holográfica e olhou para a projeção da Terra abaixo. Era tão bonita. Uma lágrima deslizou por sua bochecha. — É só que eu poderia fazer novos amigos. Tenho estado confinada em meus aposentos por tanto tempo. Gostaria de conhecer os outros dragões que escaparam. E quem sabe ... talvez meu companheiro predestinado viva entre os humanos.

— Uma Dragoness Prime nunca deve acasalar com um humano. — Disse humano como se o mundo deixasse um gosto amargo em sua boca.

— Mas e se pudéssemos ter o nosso amor verdadeiro? — Perguntou, virando e cruzando o espaço entre eles. Agarrou seus braços cruzados e olhou em seus olhos implorando. — Nós poderíamos ser felizes. Nós poderíamos encontrar o amor.

— O amor é uma ideia ultrapassada.

— O amor nunca está desatualizado. — Ela se virou novamente. — Amor é tudo.

— Entendo que você está apenas expressando suas suaves emoções femininas. Esse é o caminho da sua espécie. Não negaria isso a você. Mas, como seu companheiro e seu príncipe, é minha responsabilidade corrigi-la e lembrá-la de ser racional.

— Não sou irracional. — Disse, ficando impaciente com ele. — Como poderíamos cuidar de nossos filhos se não amássemos? Como poderíamos permanecer fiéis um ao outro?

— Essas são perguntas reais. Não é que não entenda onde você está querendo chegar. Mas, em tempos como estes, devemos fazer o que é certo para a corrida e para a nossa Casa. Há um amor que deve ser maior que o amor de companheiros um pelo outro, ou de pais por seus filhos. É o amor por toda a nossa espécie. Você e eu devemos ter mais dragonkins de raça pura, concebidos sem a interferência confusa do DNA humano. Por amor à nossa raça. O amor um pelo outro não é necessário. Se concordar, nós poderemos vir a nos amar com o tempo. Tenho certeza que se procurar em seu coração feminino, verá que estou certo. — Ele se virou e olhou para Waverley em seu berço.

— Claro, você está certo. — Maia disse, com medo agarrando seu intestino.

— Então concorda em ser minha companheira.

— Eu vou ... pensar sobre isso. Sabe que é difícil para mim desistir de meus sonhos românticos e ser tão racional quanto você.

Ele assentiu, parecendo aceitar essa explicação. Virou-se e saiu apressado do quarto. Maia pegou a filha e abraçou-a. As lágrimas em seus olhos pareciam assustadas demais para rolar livremente por suas bochechas.

— Nós seremos livres, minha querida. — Disse ela. — Eu prometo. O amor é real e verdadeiro. É a coisa mais importante do universo e não vou desistir do meu. Foi o meu amor que trouxe todos os dragonkins para o mundo. Acreditarei no amor até o último suspiro no meu corpo.

Waverley arrulhou para a mãe e deu um tapinha na bochecha de Maia. As lágrimas finalmente romperam a prisão nos cantos dos olhos e fluíram ininterruptamente por suas bochechas. Maia farejou as lágrimas e sorriu para sua linda filha. Os olhos azuis dela olhavam esperançosos para a mãe. Maia não queria que a filha a visse chorar.

— Serei forte para você, minha querida. Serei forte em meu amor e nunca desistirei. Nunca desistirei do meu sonho. Só porque sou a última mulher dragão na galáxia, não significa que não mereço ter o meu próprio feliz para sempre.

 

 

Capítulo Três


Zephyr chegou ao oceano e estacionou o carro em uma encosta com vista para o mar. As nuvens de tempestade cobriam o céu, lançando o mundo em um pesado tom de cinza. Ele agarrou o volante e soltou um longo suspiro. Seus olhos se concentraram no horizonte distante. Os navios estavam entrando no porto, tentando vencer a tempestade.

Flocos leves de neve ainda se agarravam à terra, lembrando-o de que estavam chegando ao segundo ano após o despertar na Terra. As coisas mudaram muito desde o dia em que os dragões das tempestades emergiram do oceano. Era difícil até mesmo para um dragão de mil anos, acreditar em tudo que acontecera em tão pouco tempo.

Observou um barco de pesca se aproximar do porto e, se perguntou se seu amor logo se revelaria. Tinha muito a fazer e muita responsabilidade em seus ombros. Quando voltasse para a mansão Storms, começaria a organizar uma forma de distribuir a vacina em todo o planeta. Agora que haviam dez naves disponíveis, poderiam facilmente atravessar o planeta em apenas algumas semanas. Mas isso exigiria um acordo com todas as outras Casas. Era uma solução óbvia, mas as reuniões ainda não foram planejadas. Chamou Akash através do elo mental, precisando da ajuda do diplomata para organizar tais reuniões.

— Como você está? — Perguntou a Akash.

— Estamos bem. O bebê está crescendo e todo mundo está feliz. Ragnar e eu chegamos a um acordo sobre como criar nosso filho e estamos nos dando muito bem pela primeira vez em ... bem ... talvez para sempre. —Akash riu através do elo mental e Zephyr podia apreciar a felicidade de seu companheiro de tripulação.

— Como estão as coisas com você? — Akash perguntou. — Já encontrou uma companheira?

— Essa não é minha preocupação agora.

— Se você diz. — Akash riu.

— É fundamental que entremos em contato com as Casas recém-despertadas para pedir sua cooperação na distribuição das doses de vacina em todo o planeta. No entanto, a diplomacia não é meu ponto forte.

— Então, em que parte do processo você está?

— As doses foram fabricadas. Mas, não entrei em contato com os capitães das outras naves.

— Talvez devesse deixar isso para mim.

— Ficaria mais do que feliz. —Disse Zephyr.

— Entrarei em contato com os capitães e transmitirei a eles a urgência da situação. Então, organizarei uma reunião em minha casa na Ilha Mercer. Seria o momento ideal para você e Flora virem e explicar como funciona. Além disso, poderíamos dar a eles um incentivo a mais para participarem da reunião, informações sobre as Dragon Souls.

— Eles certamente já têm as informações de nossos bancos de dados à sua disposição.

— Mas nada é tão convincente como a informação diretamente da fonte, como os humanos dizem.

— Eu concordaria, mas sou o único que ainda não encontrou sua companheira. Não sou exatamente um especialista em mulheres humanas.

— Isso será ainda mais convincente. Você pode falar da perspectiva de um dragão que ainda está procurando.

— Muito bem. — Disse Zephyr. — Mantenha-me informado do seu progresso.

— Não deve demorar mais do que alguns dias.

— Ótimo. Falarei com você em breve.

Zephyr se desvencilhou da ligação mental com Akash e voltou a olhar para o mar. As ondas estavam agitando-se contra a costa e os navios tinham chegado ao porto. Quando a tempestade explodiu, ele sentiu um calafrio no coração. Algo não estava certo. Sentiu isso profundamente em seus ossos.

Zephyr nunca se considerou um dragão particularmente sensível ou intuitivo, mas naquele momento, enquanto olhava para o mar revolto e os ventos uivantes fora de seu carro esportivo, sabia até o mais profundo de seu ser que sua companheira estava em apuros. Ela estava chamando por ele do outro lado do vazio, implorando por sua ajuda. Ficou impressionado com a imensidão de seu desejo. Era tão profundo que quase lhe tirou o fôlego. Sugou o ar em seus pulmões, tentando compreender o que estava acontecendo com ele. Seu coração batia mais rápido e suor escorria por sua testa. Balançou a cabeça, tentando recuperar o juízo. Mas nada parecia funcionar.

— O que deu em você? — Perguntou ao seu dragão interior.

A fera dentro dele rugiu em resposta e voou contra o fundo de seus olhos em uma raiva descontente. Chocando Zephyr tão completamente que ele foi jogado para trás em sua cadeira e bateu com a cabeça no encosto atrás dele. Fechou os olhos, confuso pelo comportamento estranho de seu dragão interior. Sabia que a maioria dos dragões tinha essas respostas estranhas depois de encontrarem suas companheiras predestinadas pela primeira vez. Mas, ter seu dragão agindo de maneira tão errática, sem nunca ter visto a mulher, era altamente alarmante.

A tempestade soprou e as nuvens jogaram granizo do tamanho de bolas de golfe. Elas se chocaram contra o para-brisa e o capô do carro. Teria que se abrigar logo ou veículo seria danificado. Ligou o motor e se afastou do mar.

O comportamento tumultuado do seu dragão interior não cedeu. Zephyr não poderia dirigir para casa sob tais condições. Encontrou um desvio na estrada e estacionou o carro. No começo, planejou apenas sentar lá e esperar a tempestade, mas descobriu que não podia ficar parado.

Abriu a porta e saiu. Antes que soubesse o que estava acontecendo, estava nu e em pé na floresta. O granizo se transformou em chuva forte. Seu dragão interior saltou de dentro dele e voou para o ar. Depois de um momento, seu senso de responsabilidade voltou para ele, ativou seus escudos furtivos, ocultando sua existência dos olhos humanos.

Cada vez mais alto, voou para o céu tempestuoso, sentindo o vento e a chuva em suas asas. Como um dragão da tempestade, esse tempo inclemente não o incomodava. Na verdade, parecia revigorante. Era um alívio profundamente necessário das preocupações de sua existência cotidiana. Voou para os ventos contrários, divertindo-se no frio e na chuva. Sentia-se vivo como não acontecia desde sua juventude, há muito tempo em seu planeta natal, Dragonia. E não queria que a incrível sensação terminasse. A voz de sua besta interior ganhou vida dentro dele.

Nossa companheira está aqui. Ela precisa de nós. Não devemos falhar com ela.

 

 

 

 

 


Capítulo Quatro


— A House Of Storms pede uma reunião diplomática com todas as casas. — Disse o príncipe à Maia.

— Sobre o que é isso? — Perguntou curiosa, segurando sua filha. Tinha tanto desejo de ver seus filhos novamente. Sabia que tal reunião poderia potencialmente lhe dar essa chance.

— Eles querem discutir um plano para proteger os humanos dos vampiros.

— Isso parece ser a coisa certa a fazer. — Disse Maia.

— Os humanos não são da minha conta.

— O que será das Dragon Souls? Sua companheira predestinada?

— Não desejo encontrar minha companheira na Terra.

— Mas você não quer seu amor verdadeiro? — Perguntou, ainda não entendendo completamente como um dragão poderia rejeitar a chance de encontrar sua predestinada.

— Não entre os humanos mestiços. Tenho você. Não preciso de outra.

— Mas seguramente...

— Irei à reunião para ver o que eles têm a dizer. Não sou tão frio a ponto de me recusar a ajudar os humanos. Principalmente pelo bem dos outros machos. Eles podem muito bem encontrar suas predestinadas entre esses selvagens. Não gostaria de negar isso a eles, mesmo que eu mesmo não tenha interesse em me acasalar.

— Isso é muito diplomático da sua parte. — Disse Maia. — Quando será a reunião?

— Em um dia. Na casa de Akash da House Of Storms. É solicitado que todos nós participemos. Pareceria desleal à minha raça se eu não concordasse em ir. Todos os outros estarão lá.

— Seria possível que eu participasse da reunião? — Perguntou esperançosa.

— E por qual motivo? — Perguntou, olhando-a de cima a baixo.

— Sinto falta dos meus filhos. Estou desesperada para vê-los. Faria qualquer coisa para ter essa chance.

— Eu permitiria que os visse se concordasse em acasalar comigo.

— Mas nós não podemos.

— Você pode acasalar com qualquer macho, é uma Dragoness Prime.

— Mas nossos predestinados ...

— Essa discussão acabou, Maia. Não vou mudar de ideia.

— Você não vê que isso está errado? — Ela perguntou, correndo para ele e pegando sua mão. — Este não é o nosso caminho. Isto não é quem somos. Deixamos nosso mundo em ruínas, para criar um mundo melhor. Não podemos criar um mundo melhor se nos negarmos ao amor que poderemos encontrar aqui.

— Não pretendo me negar ao amor. Tenho o amor que desejo com você.

— Você não me ama, Current. Você só deseja me possuir.

Maia sabia que estava pressionando a linha. Nunca tinha sido tão direta com ele antes. Mas não podia mais segurar. A perspectiva de ver seus filhos a encheu de coragem e força. Faria qualquer coisa para segurá-los em seus braços novamente.

— Nós já passamos por isso muitas vezes antes, Maia. E não aprecio sua atitude. Se simplesmente me aceitasse como seu companheiro, estou confiante de que encontraria amor por mim. Em troca, permitiria que visse seus filhos sempre que quisesse. Não entendo porque negou a seus filhos a mãe deles por tanto tempo. Você nega a todos nós o amor de que fala. Não sou eu quem não acredita no novo mundo, é você.

— Como pode dizer isso? Dei tudo o que tenho e tudo o que sou para preservar nossa raça. Você então convenceu todos os sobreviventes de que eu morri. Essas ações são uma rejeição de tudo o que defendemos...

— Se me pressionar, haverá consequências.

— O que quer dizer? — Perguntou, seus olhos correndo para sua filha.

— Nós conversamos sobre isso, Maia. Se insistir em me afrontar, em resistir a mim, em me desafiar, então não terei escolha senão levar nossa filha para longe de você, a fim de protegê-la de sua influência.

— Você não ousaria! Sou a mãe dela. Eu a criei. Eu a amo e ela me ama!

— Não vou permitir desafios na minha Casa. Pensei que tinha deixado isso claro. Como seu príncipe, seu salvador e pai de sua filha, você me deve sua lealdade.

— Posso lhe dever minha lealdade como Príncipe da House Of Tides, mas não lhe devo minha vida. Este não é o nosso caminho e não é a nossa lei. Até os anciãos teriam protestado contra isso.

— Você de todas as pessoas não deve falar dos anciãos e de seus protestos. Você os desafiou dando à luz aos dragonkins. Era estritamente proibido o seu acasalamento com os príncipes das outras Casas. Eles se negaram a morrer no cataclismo. A vinda de novos dragões ao mundo desafiava diretamente suas ordens.

— E você concordou com eles? — Perguntou, horrorizada com a sugestão dele.

— Concordo que você é uma insubordinada. Se ousar me desafiar novamente, Maia, vou trancá-la em um quarto sozinha e nunca permitirei que veja a criança novamente. E se tiver que forçá-la a suportar meu dragão...

— Não posso acreditar nas palavras que estão saindo da sua boca. — Disse ela, cobrindo a boca em choque e desânimo. — Você é um homem melhor do que isso.

— Sou um homem que sabe o que quer. Um homem que sabe o que é valioso. Me recuso a te deixar destruir o que temos, me recuso a deixar que tire o que é meu. Queria que nosso acasalamento fosse mútuo Maia, mas sabe que não preciso da sua concordância para conseguir o que quero de você. Seria sábio se lembrar disso.

— Isso não é quem você é. Me recuso a acreditar em suas palavras vis.

— Acredite no que quiser, Maia. Essa conversa durou tempo suficiente. Não vou me envolver mais nisso. Você foi avisada. Se me desafiar de novo, vai colher as consequências de suas ações. E só terá a si mesma para culpar. Pense no bem-estar de sua filha. Se quer ser livre para ser sua mãe e cuidar dela como sei que você faz, então fará o que eu pedir.

Maia recuou, incapaz de acreditar no que estava ouvindo. Confiara nele no começo. Pensara que era um bom homem e um confidente. Ele estava lá para ela no final, quando o sol deles morreu e implodiu em um buraco negro. Tinha sido o único a tirá-la de seu mundo agonizante. Ficara tão grata por ele estar ali quando estava doente e fraca e, não conseguia chegar a sua própria nave.

Mas, à medida que os dias e os meses passavam, não permitia que falasse com os outros, percebeu a verdade. Era tão perturbador que não queria acreditar. Quando eles encontraram a Terra e a semearam com as almas de seus ancestrais, tudo se tornou inevitavelmente claro para ela. Estava presa e ninguém sabia que ainda estava viva.

Maia correu para Waverley e a abraçou, as lágrimas escorrendo por suas bochechas sem parar.

— Você é louco. — Ela disse. — Perder o nosso planeta natal te levou à loucura.

— Não importa o que pensa de mim, Maia. Fará o que eu pedir, ou perderá as liberdades que agora lhe permito.

— Você não pode me manter trancada aqui para sempre!

— Se é nisso que precisa acreditar, não vou te parar. Como disse, vou ter o que quero de você, com a sua cooperação ou não. Vou te deixar sair dessa sala no minuto em que acasalar comigo. Terá permissão para ver seus filhos, terá permissão para vaguear pelo mundo e ver tudo o que ele tem a oferecer. Você tem vinte e quatro horas para decidir ser minha. Se sua resposta ainda for não, levarei a criança desta sala e não irá vê-la novamente. Não queira me testar nisso. Você será minha, goste ou não.

Deu uma última olhada para a criança e saiu do quarto. Não podia acreditar que confiara nesse homem. Não podia acreditar que ele era o único a trazer a House of Tides para este novo mundo. Não tinha honra e não conhecia nenhum respeito. Mas sabia que ele manteria sua palavra. Maia abraçou Waverley, enquanto seu coração chorava por ambas. Não podia permitir que seu bebê fosse criado por esse homem. Não podia se permitir ser reivindicada por ele. Não havia boas opções, ela se sentia completamente presa. Se apenas seu irmão soubesse que havia sobrevivido e estivesse a bordo da nave. Ele nunca permitiria que isso continuasse.

Todos os dragões das marés viriam em seu auxílio. Ela era a Dragoness Prime e a próxima na fila para o trono. Nunca teve o desejo de governar, sabia que seu destino era chocar o dragonkin desde sua memória mais antiga. O que desejava era liberdade. Tinha o direito de viver como uma mulher livre e não permitiria que um louco tirasse isso dela.

Se pudesse apenas encontrar um jeito de alcançar seu irmão. Current removera seu elo mental enquanto estavam no ônibus entre Dragonia e a nave. Estava tão doente e delirando com a pressão de chocar dezesseis dragões, que não pôde lutar contra ele. Ela nem sabia o que estava acontecendo.

Segurou sua filha mais perto, sentindo as lágrimas fluírem. Encontraria um jeito de se libertar e contaria a todos os dragões a verdade do que havia acontecido com ela.

 

Capítulo Cinco


Zephyr sentou-se ao lado de Flora na sala de estar da casa de Akash, em Mercer Island, esperando a chegada dos príncipes. Ficou contente por Akash ter organizado a reunião e fazer todos os cumprimentos necessários. Ele e Flora estavam aqui apenas para fazer o que sabiam melhor, explicar a ciência por trás de tudo.

Havia canapés espalhados por todas as superfícies da sala de estar. Pratos de mini-quiches e minúsculos cachorros-quentes embrulhados em massa. Nervosa, Flora mastigou um prato de salgadinhos, enquanto seus olhos percorriam a sala.

— Quando eles estarão chegando aqui? — Ela perguntou.

— Deve ser a qualquer momento. — Disse Akash, abrindo outra garrafa de vinho.

— Espero que todos concordem em nos ajudar. — Disse Zephyr.

— O que faremos se eles não concordarem? — Perguntou Flora.

— Nós teremos que criar o plano B.

— Não há nada para se preocupar. — Disse Akash. — Os príncipes vão concordar em nos ajudar.

Houve uma batida na porta um momento depois, Akash se apressou para abri-la. O príncipe da House of Stone 5 chegou. Akash levou-o para a sala de estar onde Zephyr e Flora esperavam. Eles se levantaram e ofereceram saudações ao primeiro convidado.

— É bom ver todos vocês de novo, depois de longos anos. — Cumprimentou Mortar, o Príncipe das Pedras. — Mas mesmo um sono de um milhão de anos, parece ser apenas um instante em uma cápsula de hibernação. — Ele riu pesadamente.

Os outros riram junto com ele e Akash ofereceu-lhe comida e um copo de Merlot. Serviu um copo para todos antes que houvesse outra batida na porta. Akash se apressou em dar as boas-vindas ao próximo convidado, enquanto Flora e Zephyr conversavam com Mortar e tomavam seu vinho.

— Como vê a Terra agora que mudou tanto? — Flora perguntou.

— É incrível como a civilização humana é semelhante à antiga Dragonia. Não é tão antiga ou tão estabelecida e os seres humanos vivem vidas muito mais curtas, mas há tantas semelhanças impressionantes. Torna óbvio que nós viemos de uma ancestralidade compartilhada.

— Estou curiosa sobre a cultura da antiga Dragonia. — Flora, comentou. — Sei que todos vocês querem entender a Terra e seus costumes, em preparação para encontrar suas companheiras, mas a história de seu povo deve ser preservada e compartilhada.

— Adoraria compartilhar nossas histórias com o povo da Terra, mas, neste momento não é proibido compartilhar nossa existência com eles? — Príncipe Mortar perguntou.

— Ainda mantemos nossa existência em segredo, mas isso pode mudar. —Respondeu, Zephyr.

— Oh?

— Tenho feito simulações sobre a questão. Como os humanos estão reagindo negativamente em resposta aos ataques dos vampiros, precisamos saber se será mais ou menos perturbador para eles saberem a verdade.

— E o que encontrou?

Zephyr tomou um gole de vinho.

— Se não agirmos, há 85% de chance de uma guerra global.

— E se nós contarmos a eles?

— As perspectivas são um pouco melhores. Mas as reações humanas permanecem em grande parte imprevisíveis, mesmo para nossa AI.

— Quanto tempo até os humanos entrarem em guerra?

— Não muito tempo.

Akash entrou no quarto com o príncipe da House of Ether 6 ao seu lado. Todos se cumprimentaram e Akash ofereceu-lhe uma taça de vinho. O príncipe aceitou, e todos começaram a conversar, voltando a conversa que estavam tendo antes da entrada do recém-chegado.

— Zephyr estava apenas nos contando sobre algumas simulações para prever a reação humana aos recentes ataques de vampiros.

— Oh? — O Príncipe de Éter disse.

— Receio que os resultados não são bons. — Respondeu Zephyr

— Parece prudente dizer-lhes a verdade. — Opinou Mortar.

— Mas qualquer mudança em sua percepção da realidade causará uma completa mudança de paradigma. A humanidade não é conhecida por sua racionalidade durante períodos de estresse. Dizê-los, pode causar a mesma coisa que estamos tentando evitar.

Logo a sala estava cheia de príncipes de todas as casas sobreviventes. Akash serviu uma taça de vinho a todos e certificou-se de que estavam confortavelmente sentados.

— Meus bons príncipes de Dragonia. Estou muito feliz por vocês terem se juntado a nós, para esta ocasião memorável. É a primeira reunião de todas as Casas desde que entrei na hibernação há um milhão de anos. E é bom ver todos os seus rostos. Embora, seja bom nos conectar e desfrutar da companhia um do outro, os chamamos aqui hoje, com propósitos mais sérios.

— Como vocês sabem, o experimento genético que realizamos antes de entrar em hibernação foi bem-sucedido. As Dragon Souls vivem neste planeta. Sete, dos oito de nós que despertaram antes de vocês, encontraram suas companheiras predestinadas.

Todos olharam para Zephyr conscientemente. Calor subiu em seu rosto antes que recuperasse o controle de suas emoções.

— Fizemos um juramento para proteger os humanos e as Dragon Souls. Nossos antigos inimigos, os vampiros, também habitam este planeta. Em nossa busca para protegê-los, algumas das nossas maiores mentes descobriram uma vacina que inoculará qualquer humano ou Dragon Souls, o vampiro morrerá imediatamente no segundo em que provar uma gota do sangue da pessoa inoculada. A razão pela qual nós os convidamos aqui hoje, é que entregar esta vacina a toda humanidade virou um problema logístico. Pedirei a Zephyr e a cientista Dragon Soul, Flora, que expliquem a vacina e o método de entrega que eles criaram.

Flora e Zephyr se levantaram, os olhos dos príncipes neles. Juntos, explicaram como criaram a vacina, todos os seus fracassos e seu sucesso final. Explicaram como o sangue de Flora tinha sido o elo perdido. E como ela criara a bomba de partículas como arma, mas descobriram que também seria um meio eficaz de distribuir a vacina.

— E isso me leva à razão pela qual nós os chamamos aqui para este encontro. — Disse Akash. — Não podemos distribuir essas doses com rapidez suficiente usando a tecnologia humana. Nossas naves foram enterradas embaixo de nossas casas, fazendo com que elas fossem estruturalmente dependentes delas. Se movermos nossas naves, perderemos nossos lares. Mas agora que todos vocês despertaram, nós lhes pedimos, a um ou a todos, que participem da distribuição da vacina pelo planeta. Ajude-nos a proteger a humanidade.

Houve um entusiasmo ativo entre os príncipes quando Akash terminou seu discurso.

— O que dizem? — Akash perguntou. — Quem entre vocês ofereceria sua nave para esta missão?

Uma a uma, as mãos de cada príncipe foram levantadas, até que apenas um não levantou a mão em concordância. O príncipe da House of Tides estava com os braços cruzados no canto, as sobrancelhas franzidas e os olhos escuros. Todos olharam para ele com expectativa. Treze naves prontas, seria mais do que suficiente distribuir as doses, mas mais naves significava que concluiriam mais rápido. Os príncipes tinham concordado em tudo, desde o plano de deixar a velha Dragonia. Ter um deles recusando tal missão estabeleceria uma nova precedência entre eles. Finalmente, o Príncipe das Marés suspirou pesadamente e endireitou-se, dirigindo-se à multidão reunida.

— Sim, vou oferecer minha nave para esta missão. Devemos proteger os humanos e essas Dragon Souls que criamos. O que poderia ser mais importante?

— Excelente. — Disse Akash. — Faço um brinde a todos vocês, irmãos e amigos. Bem-vindos ao Novo Mundo! — Akash ergueu o copo e foi espelhado por todos os outros.

— Vamos agora desfrutar da nossa camaradagem. — Disse, com um largo sorriso.

Os príncipes se reuniram em torno das bandejas de comida e começaram a conversar, brincar e rir. Zephyr ficou com Flora, continuando sua conversa tranquila.

— Isso acabou melhor do que esperava. — Disse ela. — Devemos distribuir as vacinas em questão de dias agora.

— Então você é o único que ainda não encontrou sua companheira? — Perguntou Mortar, andando e dando tapas nas costas de Zephyr com uma mão pesada.

— Ainda não. Mas, neste momento, tenho outras coisas para preencher minha atenção.

— Alguém inventou uma maneira de identificar parceiros? Podemos procurar essas Dragon Souls usando sua genética?

— Pensei nisso, e também Cato da House of Flames. Temos acesso a todos os bancos de dados humanos e ao DNA de qualquer um que tenha sido armazenado. Mas tal empreendimento iria sobrecarregar nossos sistemas além de sua capacidade. Isso ainda não se tornou uma prioridade.

— Seria muito mais fácil para o resto de nós encontrar nossas companheiras. — Disse Mortar. — Parece um empreendimento valioso para mim. — Ele riu com entusiasmo. — E posso imaginar que você também estaria motivado.

— É um bom projeto para depois que vacinarmos os seres humanos e decidirmos o que faremos em relação à divulgação.

— Me ofereço para ser o primeiro a experimentar. — Respondeu Mortar, com uma piscadela. — Meu filho precisa de uma mãe.

— Vou dar uma olhada. — Zephyr tomou um gole de vinho enquanto o Príncipe das Marés passava por ele. Um perfume pairava no ar ao redor dele. Era tão doce e sedutor que o dragão interior de Zephyr se agitou dentro dele, ficando selvagem e desesperado como estava na praia durante a tempestade. Com o choque e a surpresa, ele cuspiu o vinho. Current virou-se para ele e seus olhos se encontraram. O vinho tinha se espalhado na camisa do príncipe. O príncipe o tocou com um grunhido irritado e Akash correu com um guardanapo para limpar a mancha.

— Tenho a coisa certa para tirar isso. — Akash disse, dando a Zephyr um sorriso de olhos arregalados e excessivamente cheio de dentes.

— Peço desculpas, Current. — Disse Zephyr — Algo me pegou desprevenido.

— Venha. — Akash se apressou, levando o príncipe para a cozinha.

— O que há de errado? — Flora perguntou.

— Havia um cheiro nele. Uma sensação que levou meu dragão a histeria.

— O Príncipe das Marés é seu companheiro?

— Não...

Flora riu de sua própria piada, enquanto Zephyr tentava descobrir o que era engraçado.

— Dragões não têm nada contra a prática. Mas eu pessoalmente não sou atraído por homens. E se fosse, não me sentiria atraído pelo Príncipe das Marés. Ele é um sujeito desagradável.

— Então o que é? — Flora perguntou, contendo sua necessidade de provocá-lo como todos os outros sobre sua falta de uma companheira.

— Não é o cheiro dele. Há algo agarrado a ele.

— Você acha que ele esteve perto de sua companheira predestinada? — Flora perguntou, seus olhos se iluminando.

— Meu dragão interior certamente está se comportando como se fosse esse o caso. — Disse Zephyr, entrando em um canto sossegado com sua parceira de laboratório.

— Você deveria perguntar a ele onde esteve desde o último banho.

— Essa pode ser uma pergunta estranha.

— Deveria perguntar se ele fez alguma parada na Terra antes de vir para a reunião.

— Sim, isso pode funcionar. Mas ele não gosta de mim. Não acho que responderia a uma simples pergunta.

— Vá e diga a ele que refrigerante tirará o vinho da camisa dele. E então pergunte. — Zephyr hesitou. — Bem, se não fizer isso, eu vou.

Zephyr tentou impedi-la, mas Flora era imparável. Ela deu-lhe um olhar astuto e correu atrás do Príncipe das Marés e de Akash. Ele tomou outro longo gole de vinho. Quando Flora voltou alguns momentos depois, pareceu desapontada.

— Ele disse que não parou em nenhum lugar antes de vir para a reunião. E nunca visitou a Terra.

— O que isso poderia significar? — Zephyr perguntou.

— Não sei. — Disse Flora com um encolher de ombros. —Talvez você esteja apenas cansado. — Ela colocou a mão no ombro dele. — Tem trabalhado demais por muito tempo.

O dragão interno de Zephyr girou, despertando e batendo as asas, mergulhando e correndo insistentemente do fundo de sua mente. Com a mais inflexível das emoções, a voz de sua fera se elevou dentro dele, afirmando uma única frase.

— É ela.

 

 

 


Capítulo Seis


Maia não podia ficar trancada no quarto por mais um momento. Andou de um lado para o outro, tentando pensar em alguma maneira de escapar. Desde que percebeu que era uma prisioneira, tentou de todas as formas escapar. Todas essas tentativas foram inúteis, mas agora seria diferente. Desta vez, o príncipe havia deixado a nave.

Olhou para a filha e suspirou. Nos tempos antigos, antes dos dragões desenvolverem o implante de ligação mental, eles usavam a telepatia para se comunicar por longas distâncias. Essa habilidade havia saído de moda e, ao longo dos milênios, havia desaparecido. Mas, Maia sabia que nos recessos de sua mente permanecia a capacidade de alcançar aqueles com quem ela se importava.

Só tentou uma vez antes. Apenas alguns dias atrás, quando sentiu que sua situação havia se tornado grave demais, gritou em todo o universo por seu predestinado, para salvá-la deste oceano de escuridão. Mas ele não veio. Maia teve que pensar em um novo plano.

Não ficaria sentada, observando um homem malvado criar sua filha, enquanto a tratava como uma prisioneira. A crença de Maia no amor era o âmago do seu ser e não desistiria da possibilidade de encontrar o seu próprio. Mesmo que nunca encontrasse o seu destino, pelo menos ela e sua filha estariam livres.

Esperava que um dia sua filha encontrasse e amasse seu companheiro. Isso era o suficiente para lhe dar esperança. Sentou na cama, enquanto a projeção da Terra girava abaixo. Fechou os olhos e cruzou as mãos no colo. Cavando profundamente no fundo de sua consciência, afundou cada vez mais no vazio negro de sua mente. Seria preciso toda sua concentração se quisesse que essa tentativa de fuga tivesse sucesso.

Respirou firme e uniformemente, afundando cada vez mais em seu transe. Sua mente mudou para um nível completamente novo, estava em um estado próximo de sonhar. Procurou pela energia que sabia ser de seu irmão. Eles passaram muitas horas conversando um com o outro sobre o elo mental, conhecia o aroma de sua mente. Isso ajudou a guiá-la por essa estranha e nova experiência.

No começo, pensou que era a sua imaginação. Mas tinha que ter fé que isso funcionaria. Encontrou o aroma de sua consciência através do vasto oceano de sua memória e gritou para ele em tons emocionais claros e precisos.

— Querido irmão. Querido irmão. Ainda estou viva. Ouça minhas palavras. Estou aqui a bordo da nave. Você deve me encontrar. O destino da nossa Casa está em jogo. Por favor, venha me encontrar. Siga o som da minha voz. Querido irmão, siga o som da minha voz.

Sentiu um pequeno formigamento de reconhecimento. Foi o suficiente para ela continuar em seu caminho. Logo a sensação ficou mais forte e sentiu a profunda surpresa na mente de seu irmão. Tinha que acreditar que ele a estava ouvindo e não era apenas uma invenção de sua imaginação desesperada.

— Encontre-me irmão. Me encontre! Estou trancada no berçário.

Enquanto continuava a atraí-lo, a sensação de suas próprias emoções ficou mais e mais forte até que Maia se convenceu de que seu irmão estava chegando. Os momentos se estenderam e Maia estava começando a perder a fé. Mas não desistiu. Continuou a chamar seu irmão. — Venha irmão. Venha me encontrar. Estou presa no berçário. —Repetiu essas palavras inúmeras vezes até que não conseguiu mais manter o foco. Abriu os olhos e soltou um suspiro profundo. Nada havia acontecido. Ele não tinha vindo.

Uma vibração veio da porta. Zumbindo cada vez mais alto. Maia levantou-se, pegando a filha. Segurou a cabeça do bebê em sua mão, esperando que o que quer que estivesse atrás daquela porta fosse amigo e não inimigo.

— É você? — Ela disse para si mesma. — É você, meu irmão?

A porta foi aberta pelo lado de fora, centímetro por centímetro. E o coração de Maia batia forte em seu peito. Olhou para a abertura e viu o rosto que desejou ver por tantos anos. Seu irmão abriu a porta o suficiente para passar por ela e a olhou com tanto espanto que fez seus joelhos enfraquecerem. Ele tropeçou em direção a ela, a mão na testa. Correu para ele, segurando Waverley em seus braços. Estava diante dele, apenas ao alcance do braço.

— Pode ser? Pode ser realmente você?

— Sou eu, querido irmão, você me encontrou! Agora posso ser livre. Rapidamente, devo deixar este lugar antes que ele volte. — Seu coração batia freneticamente e ela mal podia pensar com o som do pulsar em suas veias.

— Como pode ser? O príncipe nos contou que você estava morta. Ele disse que morreu de exaustão por ter chocado os dragonkins.

— Era uma mentira. Estava fraca, mas não morri. Ele me levou como prisioneira, agora ameaça me manter aqui para sempre se me recusar a acasalar com ele. Ele diz que nunca mais me deixará ver minha filha e irá me forçar a ter mais filhos, goste ou não.

Seu irmão parecia atordoado, enraizado no lugar. Maia sabia que precisava se mover rapidamente. O príncipe não se afastaria por muito tempo, e sua fúria os dilaceraria se voltasse para encontrá-los assim.

— Temos de ir! — Estendeu sua mão para pegar a dele. Ele olhou para a mão dela, ainda não completamente consciente do que estava diante dele.

— Irmão!

Ele saiu de seu transe e olhou em seus olhos. Assentindo uma vez, pegou a mão dela e levou-a para fora do berçário. Correram pelo corredor e dobraram a esquina. No final do próximo corredor, ele abriu uma cápsula de escape e a ajudou a entrar.

— Venha irmão. — Disse ela, estendendo a mão para ele.

— Não posso. Esta é uma cápsula para uma pessoa. Há mais na outra extremidade da nave.

— Depressa. Quero que venha comigo. Não me atrevo a pensar no que vai acontecer se você não vier agora.

— Deve ir, minha irmã. Tome este dispositivo de pulso. Poderá entrar em contato comigo através dele.

Maia olhou para o aparelho e assentiu. Seu irmão apertou um botão e a porta da cápsula de fuga se fechou. Em poucos segundos, a cápsula foi lançada. Waverley chorou quando a inércia bateu contra suas costas. Maia respirou fundo, segurando a filha no peito.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Não chore. Não chore.

Ela segurou firme enquanto a cápsula voava para a atmosfera da Terra, para um mundo alienígena desconhecido. Desejou que estivesse preparada. Não tinha nada além das roupas que usava, um dispositivo de pulso e sua preciosa Waverley. Teria que ser o suficiente por agora.

Sua cápsula caiu. A porta se abriu rapidamente e Maia desceu na areia de uma costa estrangeira. A chuva de inverno atingiu seu rosto e o mar se chocou contra o litoral. Segurou seu bebê apertado em seus braços, deslizou o dispositivo de pulso sobre a mão e desativou todos os sinais de rastreamento e monitoramento. Obtendo acesso ao banco de dados, rapidamente procurou os dragões mais próximos. A House of Storms não estava longe.

Colocou seu bebê na cadeira macia da cápsula de escape e mudou para sua forma de Dragoness das Marés. As escamas ondulantes e azul-acinzentada da criatura brilhavam como as ondas do mar. Entrou em modo furtivo e gentilmente colocou seu bebê em sua boca. Descansando a criança contra a parte de trás de seus dentes, envolveu-a sob a língua. Mães dragões carregaram seus filhotes por milhões e milhões de anos. Seria seguro o suficiente para o bebê até que encontrasse alguém para protegê-lo do seu captor.

Ela se lançou no ar, abrindo as asas pela primeira vez em muito tempo. A chuva caindo sobre suas escamas parecia uma sensação cristalina de prazer indefinível. Bateu as asas, voando mais e mais alto, com cuidado para manter seu bebê seguro e protegido em sua boca.

A alegria da liberdade encheu seu corpo e não queria mais nada além de mergulhar e girar ao vento e à chuva. Mas voou firmemente em direção ao alvo. A House of Storms era sua única esperança. Se eles se recusassem a ajudá-la, não sabia o que faria. A perspectiva de ver seu doce bebê, Tor, a encheu de tanta alegria, seu dragão derramou uma lágrima.

— Só um pouco mais longe. — Disse para si mesma.

Protegeria sua filha, ela e sua raça do malvado príncipe. Se alguma vez tivesse a chance de encontrar o amor, o apreciaria como todo o ouro, prata e joias do universo. O amor era a coisa mais preciosa que alguém poderia ter.

Finalmente, a House of Storms apareceu. Sentiu uma sensação de alívio inundá-la, enquanto sua ansiedade aumentava. Ela se aproximou de seus escudos e deslizou entre eles como qualquer dragão faria. Estava na terra deles, saindo do sigilo. Colocou o bebê na grama molhada e mudou de posição, pegando a criança e embalando-a em seus braços quando voltou à forma humana. Seu bebê esteve aninhado e quente em sua boca. Mas agora a chuva fria caía sobre ela. Ela chorou. A chuva encharcava o cabelo de Maia, colando-o em longos tentáculos negros. Andou devagar em direção à porta dos fundos da mansão. Ela se abriu e uma mulher saiu. Olhou interrogativamente para Maia e, em seguida, aproximou-se lentamente dela.

— Você está perdida?

Talvez se a mulher pensasse que fosse humana, lhe desse abrigo por pena.

— Estou com muito frio e meu bebê está encharcado. Podemos entrar? — Maia perguntou quando chegou ao alcance da audição da mulher.

Podia sentir o cheiro de um dragão no aroma da mulher. Maia olhou nos olhos da mulher e observou sua postura reta. Ela segurava um guarda-chuva e fez sinal para que Maia ficasse embaixo dele.

— O que aconteceu. Houve um acidente? Você se perdeu? Há alguém para quem possa ligar para vir buscar você?

— Estou muito cansada. — Disse Maia, tentando evitar dar explicações.

— Venha para dentro. Vou pegar algumas roupas secas para você.

A mulher conduziu Maia a uma cozinha e instruiu-a a sentar-se à mesa enquanto encontrava algo para ela usar. Um momento depois, a conduziu por um corredor, depois subiu alguns degraus até o quarto. Procurou ativamente por roupas secas para ela e para o bebê. Colocou-as na cama e disse a Maia para ir em frente e se secar, enquanto ela arrumava chá e uma mamadeira para o bebê.

— Obrigada. — Disse Maia, o frio recuando lentamente.

— Meu nome é Jojo. E estou feliz em conhecê-la.

— Eu sou Maia. Obrigada pela ajuda.

Jojo se virou e saiu do quarto. Maia secou rapidamente e mudou sua filha antes de sair de suas roupas molhadas. Colocou as roupas limpas e secas que Jojo forneceu. Era um par de calças cor-de-rosa e uma jaqueta combinando. Parecia celestial contra sua pele. Maia soltou um longo suspiro de satisfação. Jojo também lhe dera um par de chinelos para seus pés. Maia pegou a filha e levou-a de volta pelas escadas e pela casa até a cozinha. Jojo estava derramando água fumegante em um vaso floral. O aroma de ervas e especiarias subiu no ar.

— Fiz um pouco de chá. Isso deve aquecê-la bem. E uma mamadeira está aquecendo para o bebê.

— Você foi tão gentil.

— Pode colocar o bebê na cadeira alta se quiser descansar. — Jojo ofereceu.

Maia concordou e colocou a filha na cadeira de encosto alto. Estava em uma posição reclinada perfeita, permitindo que sua filha descansasse.

Jojo carregava uma bandeja com o bule de chá, xícaras e uma mamadeira para o bebê até a mesa. Ela serviu uma xícara a Maia e ofereceu a mamadeira a Waverley.

— Temo que tudo que tenha é leite de vaca. Mas na idade dela, tudo deve estar bem.

— Você não tem fórmula de dragão? — Maia perguntou, sua mente exausta e entorpecida. Havia esquecido seu fingimento. Jojo olhou para ela, estreitando os olhos.

— Sim. — Disse Jojo. — Sua filha é uma dragonkin?

— É uma história terrivelmente longa, Jojo. E temo que não terei forças para contar mais de uma vez. Você seria tão gentil a ponto de chamar o Príncipe Hanish?

Jojo passou o dedo pelo dispositivo de pulso, mandou uma mensagem para Hanish e depois foi rapidamente preparar uma mamadeira de fórmula de dragão.

— Vou começar isso e depois levá-la para a biblioteca, onde podemos falar em particular. — Disse Jojo.

Maia pegou Waverley e seguiu Jojo para outra sala, com muitas prateleiras cheias de livros. Havia uma cadeira de couro confortável e um balanço de bebê ao lado. Ela sentou-se, segurando sua filha perto. Não queria deixá-la ir.

— Vou pegar aquela mamadeira.

Quando Jojo saiu pela porta, Hanish entrou. Alto e forte, com ferozes olhos azuis e um sorriso arrojado. Hanish e Jojo sussurraram um para o outro. Seus olhos caíram em Maia e sua boca se abriu de choque. Assentindo, ele atravessou a sala e se sentou em uma cadeira de frente para ela.

— Dragoness Prime. — Disse, respirando fundo. Seus olhos se fecharam. — Como você está aqui? Todos acreditamos que estava morta.

— Era uma mentira, Príncipe Hanish. Uma mentira terrível e desprezível.

Jojo voltou para o quarto com a mamadeira e fechou a porta.

Maia olhou de Hanish para Jojo e depois para o chão, sem saber como começar sua história de desgraça e traição.

— Como ficou sabendo da minha morte? — Ela finalmente disse.

— O Príncipe das Marés nos disse que foi te buscar no Palácio do Nascimento, mas que você já havia morrido de exaustão quando ele chegou.

— A verdade é que ele me retirou do Palácio. Mas, em vez de me permitir desfrutar do nosso sucesso em deixar a nossa Casa e participar da celebração por ter encontrado uma nova, ele disse a todos que eu tinha morrido. Removeu minha ligação mental quando estava exausta demais para lutar com ele. Disse que era para minha proteção e, no meu estado, acreditei nele. Me levou para bordo da nave em segredo e me colocou no berçário. Ninguém mais sabia que eu estava lá. Todos pensaram que ele salvou Waverley e me encontrou morta. Depois espalhou esse rumor terrível e todos acreditaram nisso.

— Mas por que ele faria uma coisa dessas? — Hanish perguntou. Maia contou tudo o que lhe acontecera. Hanish acariciou seu queixo, absorvendo a notícia chocante. — Isso é muito perturbador. — Ele deslizou o dedo sobre o dispositivo de pulso e começou a digitar uma mensagem. — Estou instruindo Zephyr a modificar nossos escudos para que nenhum dragão fora de nossa casa possa penetrá-los. Não quero que ele venha aqui sem ser convidado e tente arrebatá-la.

— Ele não sabe que estou aqui.

— Mesmo que ele seja incapaz de rastrear o seu dispositivo de pulso, poderá rastrear sua cápsula de fuga. E há apenas alguns lugares lógicos para onde poderia ir nesse mundo alienígena.

— Devemos levá-la para longe daqui. — Disse Jojo.

— Mas onde? — Hanish perguntou.

 

 

 

 

 

Capítulo Sete


— Preciso que você venha à biblioteca imediatamente. — Disse Hanish através do elo mental.

Zephyr se afastou do painel do computador e se levantou. Subiu correndo as escadas, atravessou a sala e seguiu pelo corredor até a biblioteca.

— O que foi? — Zephyr perguntou, entrando no quarto.

Foi surpreendido pelo perfume mais sedutor que já sentiu em toda a sua vida. Quando examinou a sala, ele a viu sentada com a criança em seus braços, vestindo um agasalho rosa. Ela parecia um anjo em uma pintura. Zephyr piscou repetidamente, seu coração se apertou em seu peito, sentiu como se não pudesse respirar. Seu dragão se elevou dentro de sua mente, girando e arranhando descontroladamente a parte de trás de seus olhos. Zephyr caiu de joelhos, ofegante. Seus olhos se encontraram com os da mulher misteriosa. Seus olhares não mudaram um do outro nem por um segundo.

Ela se levantou, o rosto decidido e atravessou a sala em direção a ele. Estendeu a mão para ele e ele pegou a mão dela. O contato enviou uma faísca de reconhecimento através de todo o seu ser, através de cada célula do seu corpo, até o seu núcleo e em seu cérebro.

— É você. — Ele resmungou.

— Zephyr, o que está fazendo no chão? Temos negócios importantes para atender. Você está nos envergonhando na frente da Dragoness Prime.

— Essa reação é normal. — Ela disse com a voz mais suave. — E se eu não tivesse passado por tanto ultimamente, estaria no chão também.

Finalmente, ele prendeu a respiração e se levantou. Suas mãos ainda estavam juntas. Olharam nos olhos um do outro, enquanto ela segurava o bebê contra o peito.

— Eu sou Maia. A Dragoness Prime.

Zephyr balançou a cabeça, incapaz de compreender o que estava acontecendo. Seu dragão interior ferozmente e violentamente insistiu que ela era sua companheira.

— Sou o Tenente Zephyr, Oficial da Ciência da House of Storms. É bom conhecê-la.

— É bom conhecer você também, Zephyr.

— O que está acontecendo aqui? — Perguntou Hanish, incrédulo.

— Veja, Príncipe Hanish, parece que Zephyr e eu somos companheiros. — Disse Maia.

Zephyr ainda não conseguia pronunciar as palavras na ponta da língua. Ficou aliviado quando ela respondeu por ele.

— Companheiros? Não tinha ideia que a Dragoness Prime poderia ter um companheiro.

— Nem eu, até este momento. Mas mantive a esperança viva e isso me manteve forte.

— Você se sacrificou tanto pelo bem maior. — Hanish falou, suavemente.

— Foi um sacrifício que estava disposta a fazer. Fui declarada uma Dragoness Prime aos três anos de idade. Meu DNA nunca foi inserido no banco de dados de acasalamento. Como a última mulher de uma geração, meus pais sempre souberam que meu destino seria levar os jovens de cada Casa. E me preparei para isso toda a minha vida.

— Me ofereci para carregar o dragão do príncipe assim que atingi a maioridade. Nunca questionei essa decisão. Quando a pequena nasceu, tudo o que podíamos fazer era fugir. Pensei que, depois que saíssemos de Dragonia, teria uma chance de finalmente procurar meu predestinado. Mas, o Príncipe das Marés tinha outros planos.

— O que quer dizer? — Zephyr perguntou.

— Maia pediu asilo na House of Storms. Ela estava sendo mantida presa pelo Príncipe Current desde o cataclismo. Apenas algumas horas atrás, escapou com a ajuda de seu irmão, que acreditava que ela estava morta, como o resto de nós, até que usou telepatia para contatá-lo.

Raiva profunda pulsou na base do cérebro de Zephyr. Ele não podia acreditar no que estava ouvindo. Era impensável que um príncipe de Dragonia chegasse a tal nível.

— Então ele desonrou sua Casa e a si mesmo mais do que as palavras podem expressar. — Disse Zephyr, em voz baixa.

— Precisamos tirá-la daqui. — Afirmou Hanish.

— O que você propõe? — Zephyr perguntou.

— Sugiro que peçamos a um dos outros capitães para levá-la a bordo de sua nave, enquanto você viaja para distribuir as vacinas. Mas, primeiro devemos decidir em quem podemos confiar.

— Eu sugeriria o Príncipe das Pedras. Tivemos uma conversa interessante na reunião dos príncipes. Acredito que ele seria compreensivo e discreto.

— Muito bem. Vou entrar em contato com ele através de uma ligação mental privada e informá-lo sobre o nosso pedido. Você e Maia devem se preparar para sair.

— Estou pronta para ir. — Disse Maia.

— Deixe-me ajudá-la a arrumar algumas roupas, comida e suprimentos para a sua jornada. — Jojo ofereceu. — Você é um pouco mais alta do que eu, mas tenho certeza que posso encontrar algumas coisas que se encaixem.

Jojo levou Maia embora e Hanish foi ao seu quarto para contatar o Príncipe das Pedras. Zephyr foi deixado sozinho na biblioteca. Ele e Maia haviam confirmado um ao outro e aos outros que eram companheiros, mas não se incomodaram com a análise de acasalamento. Embora, quisesse acreditar que era verdade mais do que jamais desejara em sua vida, como cientista, precisava de provas concretas.

Finalmente, pensando claramente, subiu as escadas até o quarto de Jojo. Bateu suavemente na porta e foi imediatamente convidado a entrar. Maia e Jojo estavam tirando as roupas do armário de Jojo e inspecionando cada peça, enquanto arrumavam uma sacola.

— O que foi? — Jojo perguntou.

Zephyr estava sem palavras. Não queria que Maia pensasse que ele não acreditava em sua conexão. Mas em uma situação delicada como essa, a prova definitiva era mais necessária do que nunca.

— Sei que nós dois sentimos uma conexão e eu nunca questionaria esse instinto.... Mas como um homem da ciência ...

— Você quer realizar a análise de acasalamento. — Maia disse, terminando seus pensamentos para ele.

Para surpresa de Zephyr, ela parecia entender completamente sua linha de pensamento. Ela arrancou um fio de cabelo da cabeça e atravessou a sala com tanta graça e presença que ele quase ficou mudo por sua beleza. Entregou-lhe o cabelo e piscou.

— Não posso esperar para ouvir os resultados.

— Você não se importa?

— Você e eu somos do velho mundo, Zephyr. Nós dois entendemos nossos modos e nossos costumes. Não questiono seu desejo de realizar a análise nem por um instante. Na verdade, estava prestes a pedir-lhe para executar eu mesma.

— Você duvida do nosso acasalamento? — Zephyr perguntou, não acreditando nas palavras saindo de sua boca assim que ele as ouviu em seus próprios ouvidos.

Ela riu com um som brilhante e alegre, seus olhos brilhando com uma luz misteriosa.

— Claro que não. Olhe para nós querendo a mesma coisa e duvidando um do outro por isso.

— Você está certa. — Ele sorriu astutamente, seus olhos se afastando por um momento antes de se estabelecer novamente nela. — Vou começar a análise e vamos obter nossa confirmação muito em breve.

— Mal posso esperar.

Zephyr virou-se para a porta e segurou a maçaneta. Hesitou, olhando de volta para Maia. Ela havia voltado a arrumar as malas, segurando a filha no quadril e acariciando as roupas com a outra mão. Estava deslumbrante. Quando a luz do sol atravessou as nuvens e correu pelas janelas atrás dela, um brilho dourado apareceu ao redor de sua cabeça. Naquele momento, Zephyr sentiu como se estivesse observando a mais brilhante deusa do universo. De fato, a Dragoness Prime salvou sua raça da extinção. Era uma deusa entre o seu povo. Seu amor por ela era tão grande que quase acreditava que não a merecia. Zephyr suspirou, correu para o corredor e desceu as escadas para o laboratório.

— Azure, quero que faça uma análise de acasalamento entre o Tenente Zephyr da House of Storms e a Dragoness Prime Maia, da House of Tides.

— A Dragoness Prime está morta. — Respondeu a AI.

— Não. Não está. Acabei de conhecê-la e meu dragão interior insiste que ela é minha companheira.

 

 

 

 

 

 

 


Capítulo Oito


Zephyr e Maia embarcaram na cápsula enviada pela House Of Stone. Eles se sentaram lado a lado enquanto Maia segurava sua filha. Zephyr correu os dedos pelo painel de controle e logo a cápsula estava em vôo. Voaram pelo ar em uma velocidade que os seres humanos não poderiam vê-los. A cápsula voou através da escotilha de entrada e, a porta da nave se abriu. Diante deles estava o Príncipe Mortar, com os olhos arregalados de espanto quando a viu. Ninguém mais se juntou a ele para recepcioná-los. O olhar de surpresa no rosto de Mortar foi difícil de absorver. Ela não sabia se poderia lidar com uma equipe inteira de dragões de pedra atordoados e espantados.

— Preparei seus quartos. Vamos manter sua presença em segredo por enquanto, se isso for agradável para você, Dragoness Prime. — O Príncipe das Pedras disse, enquanto os conduzia pelo corredor. — Hanish me explicou que você foi presa pelo seu príncipe. Não quero que se sinta assim a bordo da minha nave, mas Hanish pediu que mantivéssemos a sua presença em segredo.

— Vamos continuar como planejado por agora. — Respondeu Maia. — Há sabedoria nisso. E não me sinto como uma prisioneira a bordo de sua nave, Príncipe Mortar. Mas temo pela segurança do meu irmão. Ele deveria se juntar a mim após minha fuga e nós continuamos separados.

— Posso lhe fazer algumas perguntas, minha senhora? — Indagou o príncipe, abrindo uma porta no corredor.

— Este será o seu quarto. Eu o preparei com tudo que precisará para cuidar de sua filha.

— Seu filho está a bordo da nave? — Maia perguntou. Ela só conseguiu reconectar-se brevemente com seu filho Tor, na House of Storms. Foi um encontro celestial. Mãe e filho pareciam se reconhecer imediatamente, houve um vínculo intuitivo instantâneo. Mesmo que Jojo fosse sua mãe por todos os direitos e ela não quisesse mudar isso, Maia queria muito ver todos os seus filhos novamente.

— O berçário está bem por aquela porta. — O Príncipe das Pedras a informou. — Pode vê-lo quando quiser.

— Oh, obrigada. — Disse Maia, uma lágrima deslizando por sua bochecha.

— Entendi que você e o Tenente Zephyr são companheiros. — Falou Mortar, fechando a porta.

— Estamos executando a análise de acasalamento agora. — Respondeu Zephyr.

— Mas os dois sentem isso?

— Nós sentimos. — Afirmou Maia.

— Que coisa linda. Não posso dizer o quanto fiquei satisfeito quando Hanish me informou que ainda estava viva. É horrível o que o Príncipe das Marés fez com você. O príncipe da sua própria casa. É impensável. Mas saber que está viva e bem, aqui na Terra, é uma boa notícia. É um ótimo dia na história da nossa raça. E estou tão feliz por vocês terem encontrado um ao outro.

Depois de ter passado tanto tempo na companhia do Príncipe das Marés e sua sádica necessidade de possuí-la, ouvir o Príncipe das Pedras dizer que estava feliz por ela encontrar o amor, fez Maia ter a sensação de que poderia começar a chorar naquele momento. Mas, se lembrou que a maioria dos dragões eram bons, leais e justos. O comportamento de seu príncipe era uma anomalia. Nem mesmo os anciãos rígidos da antiga Dragonia, podiam se comparar ao que ele havia feito. Era tão impensável e tão fora do personagem para sua espécie. Estar entre esses homens honrados era um grande alívio e um bálsamo para sua alma. Ela se sentiu imediatamente à vontade e em casa com eles.

— Não tem ideia de como é bom ouvir você dizer essas palavras, Príncipe Mortar. Fui exposta a uma mente maligna por muito tempo. Isso faz com que palavras gentis sejam ainda mais doces de se ouvir.

— Você deveria ouvir muito mais delas, minha senhora. — Disse o Príncipe das Pedras. — Agora, tenho certeza que precisa descansar. Hanish me contou de sua ousada fuga hoje cedo. Se vier comigo, Zephyr, vou mostrar-lhe o seu quarto. A presença de Zephyr não será um segredo para os homens, se estiver tudo bem para você, minha senhora. Ele poderá nos ajudar na distribuição das vacinas.

— Claro. Não iria mantê-lo longe de seu trabalho.

— Você é uma alma corajosa, brilhante e uma bênção para nossa raça, Maia. — O Príncipe Mortar segurou as mãos dela e sorriram um para o outro por um momento antes que ele e Zephyr se virassem para sair. Zephyr lhe deu um último olhar. A expressão em seu rosto era tão vulnerável e expectante que quase partiu seu coração de saudade. Esperava que a análise de acasalamento fosse rápida e que pudessem estar juntos em breve. Ela já havia chegado tão longe desde aquela manhã. Escapou de sua prisão, se reuniu com seu filho Tor, conheceu o homem que acreditava ser seu companheiro e logo veria seu filho. O dia foi lindo e brilhante para Maia, se lembraria dele pelo resto de sua vida.

Colocou sua filha adormecida no berço e foi até o painel de controle que abria a porta para o berçário adjacente. Ela se certificou de que o quarto estava vazio, então ninguém ficaria surpreso em encontrar a Dragoness Prime a bordo de sua nave. Quando encontrou o quarto vazio, abriu a porta e entrou. Um bebê dormindo estava deitado no berço, quente e seguro sob seus cobertores. O coração de Maia explodiu de amor e saudade com a visão da criança. Cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar. Queria mais do que tudo estender a mão e pegar a criança em seus braços. Mas não ousaria acordar um bebê adormecido. Em vez disso, se levantou e o observou dormir, seu coração explodindo de alegria. Lentamente, se inclinou e beijou a cabeça do bebê, respirando o cheiro de sua pele.

— Meu amado filho. É tão bom vê-lo novamente.

Maia endireitou-se e virou-se, não querendo demorar muito no berçário e ser descoberta pela tripulação. Com um último olhar para o filho, deslizou pela porta e fechou-a. Sua filha estava dormindo no berço e Maia sentiu uma onda de exaustão tomar conta dela. Estava tão cansada. Mas os príncipes Hanish e Mortar haviam lhe dado abrigo, agora poderia finalmente descansar depois de suas dificuldades.

Tirou os sapatos, deitou na cama e fechou os olhos. O cansaço tomou conta dela como uma maré quente. O sono a envolveu em poucos instantes, flutuando no prazer dos sonhos.

Quando acordou, Maia estava faminta e Waverley se mexeu no berço.

O chip de link mental de Maia havia sido removido, mas Hanish lhe deu um novo dispositivo de pulso depois de descartar o anterior. Ela usou para enviar uma mensagem privada para o Príncipe Mortar, deixando-o saber que estava com fome. Um momento depois, ouviu-se um bipe na porta dela. Checou o interfone e descobriu que um robô de serviço estava parado do lado de fora do quarto. Rapidamente abriu a porta e pegou a bandeja. Ela levou-o para a mesa e colocou a filha na cadeira alta. Deu a Waverley a mamadeira de fórmula de dragão para beber e Maia comeu sua refeição. Teve acesso total aos bancos de dados da House of Storms e a todas as pesquisas realizadas desde que chegaram à Terra. Maia estava intensamente curiosa sobre os humanos. Queria aprender tudo o que pudesse sobre essas criaturas que ajudara a criar.

Colocou um entretenimento humano altamente valorizado na tela holográfica em seu quarto e assistiu com prazer o filme passar ante dela. Os humanos tinham um grande talento para drama e história, foi um prazer apreciar sua criatividade.

Enquanto assistia filme após filme e desfrutava das iguarias que Mortar enviara pelo robô de serviço, tocou em Waverley e sentiu que estava voltando à sua antiga forma pela primeira vez desde o cataclismo.

Antes de ser capturada por seu próprio príncipe e mantida prisioneira a bordo de sua nave, Maia sempre sentiu o profundo senso de dever para com seu povo. Sua natureza brincalhona e feliz fora esmagada durante seu cativeiro. Enquanto observava os filmes de comédia e de aventura em sua tela, sentiu seu antigo senso de humor voltar para ela. Foi tão repentino e tão bem-vindo que subiu como excitação extática em seu coração. Desejou que Zephyr pudesse estar lá para compartilhar com ela. Se perguntou o que ele estaria fazendo naquele momento. Rapidamente digitou uma mensagem para Zephyr, perguntando se ele iria se juntar a ela em seu quarto. Alguns momentos depois, ele respondeu, dizendo que adoraria.

Houve um bipe na porta e ela verificou quem era. Olhou pelo interfone e encontrou Zephyr em pé do outro lado da porta, parecendo ansioso e bonito. Abriu a porta para ele, deleitando-se com o cheiro de seu corpo. Seu dragão interior ronronou de prazer em sua presença. Maia saiu do caminho e o convidou para entrar.

— Estou tão feliz que pode se juntar a mim. Não tive muita companhia em tanto tempo. Prefiro não ficar sozinha.

— Estou feliz em me juntar a você. — Disse ele. — Vejo que está apreciando o entretenimento humano conhecido como filme.

— Sim. Acho isso muito agradável.

Eles se sentaram juntos nas cadeiras confortáveis de frente para a tela, enquanto Waverley brincava com brinquedos no chão. Olhou para Zephyr. Sua mão estava tão perto e ela teve um profundo impulso de estender a mão e pegá-la. Mas hesitou. A análise de acasalamento não estava completa e eles não sabiam ao certo se estavam realmente destinados. Seu dragão interior rugiu ao pensar que Zephyr não era dela. A reação de sua fera foi quase dolorosa em sua mente. Fez uma careta ao rosnar e estalar de seu dragão, afastando a dor. Virou-se para Zephyr e sorriu.

— Você já obteve os resultados da análise de acasalamento? — Ela perguntou timidamente.

— Ainda não. Pedi a Azure para terminar o mais rápido possível, mas ela diz que os resultados são mais desafiadores do que o previsto.

— Me pergunto por que isso acontece?

— A AI da minha nave me informou que o fato de você ter dado à luz filhos de outros machos, está tornando a análise mais complicada do que a maioria.

— Oh. — Ela disse, desapontada.

Esperava que tivessem o resultado até o final do dia. Mas, se Maia aprendeu alguma coisa em seu aprisionamento, foi ter paciência. Abateu seu impulso de pegar a mão de Zephyr. Continuaram sentados lado a lado, assistindo comédias românticas e histórias de aventuras, enquanto compartilhavam a delícia humana conhecida como pipoca. Foi tudo muito agradável. Mas, depois de várias horas juntos, Waverley precisava dormir e a própria Maia estava se sentindo muito cansada. Mesmo com o cochilo, ela se sentiu exausta de seu dia agitado.

Caminhou com Zephyr até a porta e, ficaram lá juntos por um momento, olhando nos olhos um do outro. Uma centelha de esperança irradiava de dentro dela, desejou que ele a alcançasse e a beijasse. Em vez disso, ele assentiu e sorriu.

— Te verei de manhã. Depois de distribuir nossa primeira rodada de vacinas, estaremos passando por uma agradável cadeia de ilhas tropicais. O Príncipe Mortar sugeriu que tirássemos umas breves férias lá. Deve lhe dar uma chance de aproveitar algumas das belezas deste planeta.

— Isso parece exatamente o que preciso.

— Boa noite então. — Zephyr disse, abrindo a porta e saindo.

— Boa noite. — Respondeu, quando a porta se fechou.

Sentiu a perda de sua presença imediatamente e queria que ele voltasse. Respirou fundo e soltou, lembrando a si mesma até onde já chegara. Estava tão perto de tudo que sempre quis. Tão perto de alcançar todas as coisas que acreditava serem possíveis, mesmo estando presa. Tudo o que tinha que fazer era esperar um pouco mais, até que a AI de Zephyr tivesse os resultados de sua análise. Seria melhor para todos se esperassem pela confirmação. Era o caminho do povo deles. Depois de seu tempo em cativeiro, queria manter suas tradições, seus costumes e sua honra mais do que tudo na galáxia.


Capítulo Nove


Maia pisou na areia da praia humana, segurando sua filha em uma tipoia fornecida por Jojo. As pessoas andavam a distância ao longo da costa, sua primeira observação verdadeira dos seres humanos. Zephyr estava ao seu lado, sua presença forte e silenciosa dando-lhe uma sensação de segurança e proteção que ela precisava desesperadamente. Desde que acordou semanas atrás, tinha sido confinada em uma nave. Durante esse tempo, tudo o que queria era sair. Agora que estava livre, sentiu um crescente sentimento de apreensão por viver neste mundo totalmente novo. Waverley se agitou, quando a brisa morna levou o aroma das flores tropicais. Maia respirou fundo e suspirou, tentando relaxar.

— Temos salas reservadas para os próximos dias. A tripulação estará distribuindo as vacinas por toda a área.

— É muito gentil da sua parte pausar sua missão para me acompanhar até aqui.

— Não é um ato de bondade, mas um ato de egoísmo. — Disse Zephyr.

Olhou para ele, observando o leve sorriso em seus lábios e o brilho em seus olhos. Corou, entendendo o significado.

— Gosto do nosso tempo juntos. — Disse ele.

— Assim como eu.

— Pensei que enquanto estivéssemos aqui, você gostaria de ir comprar roupas novas que melhor se adequassem ao seu gosto pessoal.

— Você não gosta do que Jojo me forneceu? — Perguntou, olhando para si mesma enquanto caminhavam pela areia.

— Pensei que gostaria de escolher algo para você. Dizem que a roupa é uma expressão do indivíduo.

— Tem razão. — Concordou ela.

— Este resort supostamente tem ótimas oportunidades para comer e fazer compras. Sem mencionar a chance de nadar no mar quente.

Maia olhou para as águas azul-turquesa e sorriu.

— É lindo aqui. Minha dragoness interior deseja ser envolvida nas ondas. Já faz tempo demais. Waverley nunca nadou em sua vida.

— Nós vamos ter que remediar isso.

Fizeram o seu caminho ao longo da praia e verificaram no hotel. Maia ficou perdida o tempo todo, deixando Zephyr liderar o caminho. Não entendia os modos dos humanos. Mas esperava aprender.

Depois que o porteiro levou as malas pelas escadas, eles entraram em sua ampla e luxuosa suíte. Havia salas comuns no centro e quartos privados em ambos os lados. Zephyr deu uma gorjeta ao porteiro e, ele deixou as sacolas perto da porta.

— Vou ficar no quarto com o berço. Tem uma linda vista do oceano. Adoraria sair agora, mas acho que minha Waverley precisa de um cochilo. Isso tudo foi um pouco demais para ela. Tudo o que conheceu foi o berçário a bordo da nossa nave.

— Ela logo experimentará o mundo inteiro e tudo o que tem para oferecer. Mas, por enquanto, se quiser colocá-la para um cochilo, posso pedir-nos serviço de quarto e podemos continuar sua educação sobre a humanidade.

— O que é serviço de quarto?

— Isso significa que eles trazem comida para o nosso quarto.

— Isso soa perfeito. Não quero ficar confinada aqui para sempre, mas prefiro apenas relaxar por agora.

— Estou aqui por você.

— Obrigada por tudo, Zephyr. Você tem sido tão gentil e complacente.

— Não há nada mais que eu prefira fazer do que ajudá-la a se estabelecer em sua nova vida na Terra. E também consigo passar o tempo com a mulher que meu dragão acredita ser minha companheira. Devo admitir, que nunca imaginei que seria a Dragoness Prime.

— Quem você imaginou ser sua companheira?

— Nunca poderia ter imaginado uma mulher tão linda e magnífica como você, sendo minha.

Maia corou com as palavras dele. Queria se jogar em seus braços e professar seu amor eterno. Esqueça o passado, esqueça seu dever, esqueça tudo, até mesmo a análise de acasalamento. Estava tão perto de dizer isso em voz alta. Ambos haviam concordado que esperar era o melhor curso de ação e sabia que, a longo prazo, seria melhor resistir aos impulsos, mas isso não tornava isso mais fácil.

— Você teve alguma atualização na análise de acasalamento?

— Está demorando bastante. — Disse Zephyr, sua voz tensa de ansiedade quando pegou o telefone.

Maia imediatamente sentiu pena de falar disso de novo. Se simplesmente não falassem sobre isso, poderiam fingir que já tinham confirmação de que eram companheiros. Nas profundezas de sua alma, sabia que Zephyr era dela. Esperou por tanto tempo, ansiando pelo momento em que encontraria o par para sua alma. Parecia quase impossível esperar mais tempo para estar com ele. Faria o melhor possível para ficar satisfeita com a companhia dele e se tornar sua melhor amiga.

— O que gostaria de comer? — Ele perguntou, mudando de assunto.

— Gostaria de experimentar tudo.

Ele riu.

— Deveríamos. Vamos tentar tudo no menu.

Maia riu quando ele ordenou. Quando terminou, eles se sentaram no sofá e esperaram a entrega.

O pedido deles exigia que dois garçons o levassem até o quarto. Sua grande mesa de jantar estava coberta de vários pratos. Maia riu deliciada com a abundância de cores, aromas e sabores.

— Agora você tem que me explicar o que é tudo isso.

Zephyr continuou a explicar-lhe o que era cada prato e como era feito, enquanto provava cada um. A experiência sensual de provar cada prato encheu-a de prazer. No momento em que tinha provado tudo na mesa, estava recheada até as guelras e sentindo-se feliz e cansada da maneira mais satisfatória.

Sentaram-se juntos e percorreram as opções de mídia na televisão. Escolheram um filme romântico de ficção científica sobre visitantes do espaço sideral. O enredo ecoou tanto suas próprias vidas, que quase se sentiu como se fosse um sinal. Os amantes lutaram fortemente para estarem juntos durante o filme. Em um ponto, perto do fim, pensou que eles nunca poderiam estar juntos. Mas então, finalmente, o poder de seu amor superou todas as probabilidades e triunfou contra a adversidade.

Estava cheia de inspiração e alegria quando o casal se reuniu no final. Foi tão gratificante que lágrimas correram por seu rosto quando os créditos rolaram. Zephyr a olhava com uma expressão questionadora em seus olhos.

— Você está bem?

— Estou. — Enxugou a lágrima.

— Mas está chorando.

— Estou emocionada com o filme. — Ela fungou. — Estou tão feliz que eles conseguiram ficar juntos.

— Este é um enredo humano típico. Mas temo que as coisas nem sempre funcionem assim na vida real.

Seu coração caiu. Não esperava que Zephyr dissesse algo tão pessimista e cínico. Maia precisava acreditar que tudo daria certo no final para eles. O medo girou em seu peito com a noção de que ele poderia não sentir o mesmo.

— Mas os companheiros sempre se encontram. — Sussurrou.

— Talvez para os dragões. Mas nem sempre funciona dessa maneira para os humanos.

— Oh? — Alívio pulsou através dela. — Por que não?

— Porque os humanos não têm companheiros predestinados como nós.

Ele a olhou com desejo, os olhos em chamas acenderam um desejo ainda maior dentro dela. Sua dragoness interior gritou por satisfação e, Maia não conseguiu mais se conter. Deslizou as pontas dos dedos pelas costas da mão de Zephyr, mal roçando sua pele. Uma onda de eletricidade percorreu-a desde as pontas dos dedos, passando pela mão, pelos braços e, depois, até a espinha e o núcleo. Ela se sentiu em chamas, a ponto de ser quase demais para suportar.

Zephyr estremeceu ao seu toque e ela se afastou. Ele limpou a garganta e se levantou. Waverley chorou no quarto e Maia correu para cuidar de sua filha. Sua mente estava em chamas, e seu corpo pulsava com consciência. A única vez que sentiu algo parecido com esse prazer, foi a primeira vez que ela e Zephyr se tocaram. Cada outro momento de sua vida empalideceu em comparação.

Estava cheia de adoração por seus dragões quando eles nasceram, naqueles breves momentos, foi capaz de segurá-los e dar-lhes seu amor. Sempre soube que teria que desistir deles, foi acordado que o dragonkin iria com o príncipe de cada Casa. E parte dela havia se impedido de permitir que seu amor fluísse. Mas quando tocou Zephyr, algo mudou nela.

Foi inflamada, queria abanar as chamas mais altas e mais fortes até queimar todo o desespero e tristeza de seu passado. Mas a reação dele não combinou com a dela. Parecia confuso e talvez até repelido por ela.

Maia pegou Waverley e embalou-a nos braços. Sentiu o cheiro da cabeça da criança. Estar com seu bebê sempre lhe dava uma sensação de contentamento. Percebeu então, que estava perdendo o amor de um companheiro que deveria ter sido um complemento ao amor de seu filho. O Príncipe das Marés nunca poderia substituir o amor de seu companheiro predestinado, não importa o quanto ele insistisse que deveria.

Mas agora que estava com Zephyr, tinha uma ideia de como seria ser mãe e mulher. Seu amor por sua filha se ampliou mil vezes, neste breve período em que esteve com ele. Levou Waverley para a sala principal e fez uma mamadeira de leite de dragão para ela.

Zephyr estava longe de ser visto. Maia se perguntou se de alguma forma o ofendera ao tocá-lo de maneira tão íntima. Parecia tão envolvido quanto ela, mas talvez isso tenha mudado quando a conheceu. Odiava pensar que seu desejo por ela estava diminuindo em vez de aumentar. Depois de todos os meses que passara com o Príncipe das Marés, se desiludira com a possibilidade de sua própria felicidade. Zephyr entrou na sala um momento depois. Seu rosto estava gravado com uma carranca profunda.

— O que há de errado? — Maia perguntou.

— Acabei de receber as notícias de Azure.

— Que notícias?

— A análise de acasalamento está completa.

 


Capítulo Dez


— Inconclusivo? — Perguntou Maia. — O que isso significa?

— Isso significa que ela não pode determinar se somos companheiros ou não.

— O que devemos fazer? — Maia balançou Waverley nos braços.

A decepção de Zephyr soou através de seu corpo como um sino de pedágio. Ele não podia suportar o olhar no rosto dela. Sentiu como se tivesse falhado com ela, falhou a ambos, em todos os sentidos. E não havia nada que pudesse fazer para mudar isso.

— Podemos executar a análise novamente. Não sei mais o que fazer.

Maia se virou, seu desespero e decepção palpáveis no quarto.

— Isso é o que você deve fazer. — Sussurrou.

— Vou começar imediatamente.

— Vou terminar de alimentar Waverley em nosso quarto. Acho que preciso descansar um pouco.

— Compreendo.

Ele a observou desaparecer no quarto, uma sensação crescente de pânico subindo em seu peito. Zephyr nunca fora um homem que recebesse fortes emoções. Mas naquele momento, seus sentimentos estavam agitados como um mar turbulento. E não sabia como parar.

Tudo o que queria era fazê-la feliz. Tudo o que queria era a chance de vê-la sorrir. Mas com uma frase, havia frustrado todas as suas esperanças. Não conseguia trair a tradição de seu povo. Nenhum deles queria isso. Se permitir estar com ela sem provas, seria um erro imperdoável. Não o faria melhor que o Príncipe das Marés. Nunca poderia ser um homem de tão pouca honra.

Teria que deixá-la ir se fosse necessário. Por mais que se sentissem atraídos, o verdadeiro companheiro de Maia ainda poderia estar em algum lugar.

Mas esperava que fossem verdadeiros companheiros. Havia várias razões pelas quais o teste poderia ser inconclusivo. Tentaria novamente e, enquanto isso, permaneceriam juntos como amigos. Teria que ser o suficiente.

Continuaria a estar lá para ela, mesmo que no final, estivesse destinada a outra pessoa. Esse era o caminho de um homem honrado. Zephyr não seria nada menos do que o melhor que poderia ser para si mesmo, para seu povo, para sua Casa e, acima de tudo, para Maia.

— Azure. Gostaria que fizesse a análise de acasalamento novamente. Por favor, determine as variáveis que estão tornando o teste inconclusivo.

— A Dragoness Prime carregou os filhotes de muitos outros dragões. O DNA deles se misturou com o dela. É muito provável que seja difícil dar uma resposta definitiva. A maioria dos testes é negativo ou positivo. Este não pode ser completado. Posso ajustar as variáveis da análise para incluir a mudança no DNA da Maia, mas não posso garantir que alguma vez consiga determinar um resultado definitivo.

— Isso significa que Maia nunca encontrará seu destino?

— Ela pode encontrar o seu destino. Mas a análise de acasalamento pode nunca ser precisa.

— Isso não vai acontecer.

— Farei o meu melhor, Tenente. — Disse Azure. — É tudo que posso garantir.

— Muito bem, Azure. Por favor, comece sua segunda análise.

Zephyr desligou a ligação mental com a AI de sua nave e afundou em sua cama. Olhou para o teto e segurou as mãos sobre o peito, respirando fundo na tentativa de se acalmar.

Não esperava experimentar uma reação tão emocional aos resultados. Estava preparado para ouvir positivo ou negativo. E depois de sua atração inicial e contínua um ao outro, esperava ouvir um resultado positivo. Não saber era pior do que qualquer coisa, exceto o olhar de decepção em seus olhos.

Não tinha mais ideia do que fazer. Não podia forçar os resultados e também não podia ignorá-los. Tinha que fazer todo o possível para preservar sua raça e garantir seu futuro. E cada escolha que fez ao longo do caminho, sabia que era tudo para o futuro de seu povo.

Queria Maia por si mesma, em todos os sentidos. Admirava a pureza de sua bondade, sua luz, seu próprio senso de dever e sua lealdade para com seu povo. Ela era tão inimaginavelmente forte e tão bonita que o fez tremer de desejo. Mas os sentimentos que nutria por ela, também eram a razão pela qual tinha que manter distância e esperar por um resultado conclusivo. Era muito preciosa para permitir que sua luxúria egoísta tomasse suas decisões, não importando o quanto precisasse dela.

***

Adormeceu na esperança de que a manhã seguinte fosse melhor. Quando o sol rompeu as cortinas, ele se levantou. Na sala de jantar, encontrou Maia já vestida e preparada para o dia. Waverley sentada em uma cadeira alta na mesa da sala de jantar. Maia pedira serviço de quarto. Havia uma garrafa de café, morangos fatiados, panquecas de melão, bacon e ovos.

— Pedi meus alimentos de café da manhã favoritos dos itens de menu que experimentamos ontem.

Ela ainda parecia distante e infeliz. Era como se uma faísca de luz tivesse desaparecido em seus olhos. Queria mais do que tudo trazê-la de volta. Para trazer de volta a camaradagem fácil que eles tinham compartilhado no dia anterior. O toque de sua mão foi a experiência mais sensual de sua memória até hoje. Não podia suportar a distância que agora estava entre eles. Mas não tinha ideia de como mudar isso, ou se deveria tentar.

— Isto é perfeito. — Ele sentou em frente a ela na mesa. — Pensei que nós poderíamos visitar as lojas hoje.

— Tenho olhado os folhetos do resort e os nomes das lojas por perto. Acho que estava certo sobre expressar meu próprio estilo, em vez de expressar o estilo de Jojo.

Maia e Jojo eram pessoas muito diferentes. Enquanto Jojo era rigorosa e dominadora, Maia era suave e carinhosa. As duas mulheres eram poderosas, mas o poder de Maia vinha de um lugar diferente. Sua força era seu coração. Foi o que lhe deu força para suportar e amar todos os doze dragões. Ela havia sobrevivido à prisão pelo próprio príncipe, mas não perdera a fé no amor. Zephyr não podia começar a imaginar a força de caráter necessária para se manter forte e amoroso diante de tal mal.

Comeu seu café da manhã, trocando olhares com a Duquesa das Marés. Desejou poder alcançá-la e tocá-la, acalmá-la de alguma forma. Mas sabia que não podia. Se não era sua companheira, não queria confundir as coisas, mas odiava que não pudessem ceder aos seus sentimentos. Sabia que ela o queria tanto quanto ele e, cada segundo que permaneciam sem confirmação, era como um século de tortura.

Quando finalmente terminaram a refeição, prepararam o bebê para um passeio pelo resort. Maia vestiu Waverley com roupas leves para o dia quente e, ela usava um vestido leve de Jojo que era apropriado para o clima, embora não muito bom para o estilo de Maia. Zephyr usava um par de bermudas, uma camisa polo e sandálias. Eles saíram, desceram o elevador e passaram pelo o saguão, parecendo uma família em férias. O que ele não daria para realmente ser o que pareciam ser. Os humanos ao redor deles sorriram quando passavam, vendo apenas a aparência externa. Eles não conseguiam ver as emoções turbulentas que pareciam pingar de um lado para o outro entre eles.

Eles desceram a avenida de butiques e artes e locais oficiais. A primeira loja em que pararam era para crianças. Maia teve grande alegria em escolher roupas adequadas para a pequena Waverley. Comprou tudo rosa com babados e fitas, gorros e laços para sua bebê. A emoção de Maia em comprar vestidos para sua filha infectou Zephyr ao ponto de ele estar escolhendo tecidos femininos e botas para a criança também.

No momento em que terminaram, Waverley estava usando um vestido leve e rendado, perfeito para o clima, com sapatos de fundo macio e uma touca de sol. Ela sentou-se no carrinho, sacudindo um chocalho, que sugava intermitentemente em sua boca desdentada. Maia se iluminou de alegria, enquanto seguiam para a próxima loja e se dirigiu para dentro.

— Posso ficar com Waverley enquanto você escolhe suas coisas. — Disse Zephyr.

Maia olhou de Zephyr para a bebê e voltou, com o sorriso ainda cheio no rosto. Acenou com a cabeça uma vez e se afastou do carrinho.

— Espere perto do provador, mostrarei tudo o que experimentar.

Zephyr limpou a garganta, um suor frio surgindo em sua testa. A ideia de ver Maia vestida com roupas que lhe fossem adequadas, o enchia de emoções profundamente conflituosas.

 

 

 

 

 

 

Capítulo Onze


Maia entrou na loja, olhando em volta para todas as belas ofertas. Teve uma sensação de conforto e luxo enquanto passava pelos corredores de roupas lindas. Cada tecido era mais suave e mais luxuoso que o anterior. Sentiu-se tão abençoada por estar naquele momento, com Zephyr e Waverley e tantas opções e oportunidades bonitas diante dela. Como Dragoness Prime e Duquesa da Casa das Marés, Maia não estava familiarizada com coisas bonitas. Fazia muito tempo desde que se sentira tão à vontade com sua vida e consigo mesma. Toda a sua vida, sentiu sua responsabilidade para com seu povo. Preparou-se para ser a mãe de um dragão de cada Casa. Uma vez que as sementes dos príncipes tinham sido entregues a ela, as tinha tomado em seu corpo e as gestado para criar novas vidas que salvariam seu povo da destruição. A força necessária para desafiar os desejos dos anciãos havia tomado tudo o que tinha. Maia não tivera, desde então, o desejo de fazer algo tão simples e agradável quanto escolher um vestido novo.

Zephyr organizara um momento especial, depois que todos os seus deveres foram cumpridos. Esteve neste novo mundo com todos os seus filhos. Foi um momento profundamente gratificante para Maia. E uma distração adequada para o vazio roendo em seu coração, com o conhecimento que ainda não podia estar com Zephyr.

Uma vendedora se aproximou e sorriu largamente para Maia, perguntando o que estava procurando.

— Não tenho certeza. — Confessou Maia.

— Existe uma ocasião especial?

— Talvez ... namoro. — Disse Maia com uma piscadela.

— Ohhh, você precisa de algo para um encontro. É ele ali? — A vendedora apontou para Zephyr se acomodando em seu assento perto do provador. Ele balançava o carrinho de um lado para o outro, gentilmente embalando Waverley para dormir.

— Sim. Ele é meu companheiro. Quero dizer, meu marido. Estamos fazendo esta viagem para reacender nosso romance.

— Acho que sei exatamente o que você precisa.

Maia seguiu a vendedora pela loja, enquanto ela lhe mostrava uma variedade de vestidos. Passaram por Zephyr, antes da vendedora pendurar as roupas em um provador e Maia entrou.

— Apenas me chame se precisar de alguma coisa. — Disse a vendedora do outro lado da porta.

— Obrigada. — Maia respondeu, verdadeiramente grata pela ajuda da menina.

Maia tirou as roupas de Jojo e vestiu o primeiro vestido. Era um material brilhante com uma cintura justa e uma saia longa. O corpete era azul-escuro como o oceano durante uma tempestade e flores tropicais impressas no tecido da saia. Colocou um par de sapatos combinando e se olhou no espelho. Sua pele brilhava como o brilho de um dragão e, seus cabelos caíam em ondas escuras e longas ao redor de seus ombros. Ela era alta e curvilínea no estilo de seu povo, não precisava de adornos adicionais. Mas a visão de si mesma e da moda humana era emocionante de se ver.

Saiu pela porta do provador e encontrou Zephyr esperando por ela, enquanto lia algo em um dispositivo humano chamado smartphone. Seus olhos se voltaram para ela e se arregalaram de choque quando a viu. Virou-se para frente e para trás, deixando a saia fluir ao redor dela. Suas bochechas coraram.

— Você gosta disso? — Perguntou, embora fosse óbvio que ele a achou atraente naquele momento.

— Você é um espetáculo para ser visto. — Disse, sua voz quase quebrando.

Maia sorriu levemente e voltou para o provador, satisfeita consigo mesma. Foi apenas a primeira roupa. Escolheu um segundo vestido. Este se ajustou as suas curvas, contornando à forma de seu corpo. O tecido rosa empoeirado tinha pequenas manchas brancas. Um cinto apertava sua cintura. Escorregou em um par de botas brancas e torceu o cabelo até a nuca em um coque solto. Saiu do quarto e fez uma pose dramática com uma das mãos na cintura e o outro braço se projetou de seu lado. Zephyr quase caiu do seu lugar. Sua reação foi extremamente satisfatória. Ela riu, colocando as pontas dos dedos na boca.

— Você gosta deste mais que o anterior?

— É difícil comparar. — Finalmente disse, soando como um adolescente.

— Posso levar os dois!

Voltou ao vestiário e experimentou o vestido branco rendado, com a saia que pendia até o meio da perna e um par de sapatos pretos de um couro brilhante. Lembrou da imagem de um vestido branco dos filmes que assistiu com Zephyr no dia anterior. Vestidos brancos eram usados pelos humanos no dia do acasalamento. Havia um arranjo de flores no provador e, Maia o segurou como um buquê de flores quando saiu do provador para Zephyr vê-la. Ele deu um longo assobio baixo, seus olhos viajando dos pés até o rosto dela e de volta, em um movimento lento e sensual. Ela posou delicadamente, movendo seus pés e corpo para melhor mostrar o vestido.

— Isso parece um vestido de noiva? — Perguntou.

— Sim. — Ele resmungou.

— É muito lindo, mas acho que posso querer usar algo mais chique no dia do meu casamento, devo aderir a este costume humano. Pode ser divertido fazer uma coisa dessas agora que estou na Terra. Você não acha?

— Acho que seria muito divertido. — Ele engoliu em seco. — Ver você como uma noiva.

Ela riu e voltou para o provador, experimentando mais cinco vestidos. Depois que os expôs a Zephyr, decidiu comprar todos eles. Então experimentou os trajes de praia e roupas casuais que a vendedora providenciara e decidiu também levar tudo isso. O dinheiro não era um problema para a Dragoness Prime e Duquesa da Casa das Marés, estava satisfeita depois de tudo que passou.

Quando saíram da boutique, se sentiu tão alta quanto um dragão em vôo. As compras tinham sido muito divertidas. Mas, o que lhe deu mais prazer, foram os olhares de Zephyr cada vez que a via. Depois de guardar tudo na suíte, decidiram almoçar na praia. Ela vestiu um traje de banho sob o vestido e mudou sua filha para um maiô também.

Eles saíram para a praia do resort e sentaram-se a uma mesa sob um guarda-sol. Um garçom saiu para pegar o pedido do almoço. Desta vez, Maia sabia exatamente o que queria. Ela pediu um sanduíche de presunto e abacaxi e Zephyr pediu o mesmo. Waverley mamou uma mamadeira de fórmula de dragão e bebeu bebidas de frutas, enquanto a brisa morna agitava seus cabelos.

Olhou para as ondas azuis cristalinas e curtiu a sensação de felicidade e contentamento. Estava tendo um momento tão lindo, ainda mais adorável pela presença do homem que acreditava ser seu companheiro. Maia concordara em esperar até que tivessem confirmação absoluta de que eram um par, mas a verdade é que não se importava mais. Sabia no fundo de seu coração que Zephyr é seu companheiro. No final, nada poderia mantê-los separados. Assim como na comédia romântica que assistiram na noite anterior.

Sabia que teriam que enfrentar algumas batalhas, mas eventualmente o amor prevaleceria. Foi o que a mantivera viva durante todos aqueles meses em que esteve presa a bordo da nave. Foi o que a ajudou a ficar forte quando tinha chocado doze ovos, sabendo que sua Dragoness poderia morrer.

Teve que se apegar ao amor, não importava o quê. E o faria. Porque não havia outro caminho. Não havia outra opção. O amor é tudo o que ela era e tudo o que importava. Sua força e seu escudo e, não importava o que acontecesse, Maia continuaria a amar com a mesma intensidade e força que sempre tivera.

Olhou para a filha e depois para Zephyr, quando o garçom trouxe o almoço e colocou diante deles na mesa. Pareciam ser uma família. Mãe, pai e filha. Podiam compartilhar o amor e o vínculo que ansiara por todo esse tempo. Fechou os olhos e respirou fundo, imaginando que o que desejava fosse verdade. O garçom perguntou se precisavam de mais alguma coisa e, Zephyr disse que estavam bem, por enquanto. Maia deu uma mordida em seu sanduíche, o sabor de abacaxi e carne de porco embrulhado em pão crocante se misturou em sua boca, desdobrando-se em algo deliciosamente novo. Os humanos tinham um jeito com a comida que era bem agradável.

— Valeu a pena percorrer todo o caminho através da galáxia apenas por esta comida.

Zephyr começou a rir disso e ela se juntou a ele em sua alegria.

— A comida é definitivamente, como os humanos dizem, o lado bom da vida.


Capítulo Doze


Depois do almoço, Maia levantou-se da mesa e retirou Waverley da cadeira alta. Ela tirou o vestido, revelando seu corpo longo e delicioso em um minúsculo maiô. Zephyr ficou estupefato ao vê-la descer a praia. Ela olhou para trás por cima do ombro e gritou para ele.

— Você não vem?

Ele tirou a camisa e o short e seguiu-a pela praia.

— A areia parece gloriosa sob os meus dedos. — Disse ela, quando a encontrou na praia.

— O sol está quente e o mar também. — Uma onda salpicou seus pés e pernas.

— Quero que Waverley experimente a água.

Ela começou a entrar na água azul cristalina, passando lentamente pelas ondas suaves, com Waverley no quadril. A água envolvia cada vez mais a pele bronzeada de Maia, subindo por suas pernas, coxas, quadris e cintura. Zephyr assistiu o tempo todo com uma sensação de despertar. Seu dragão interior foi dominado pela visão dela e pela magnificência que era Maia, a Duquesa das Marés. Seu corpo respondeu e, ele se forçou a voltar ao controle. Todos amavam a Dragoness Prime. O Príncipe das Marés abandonara sua honra para tentar mantê-la. Zephyr nunca seria esse tipo de homem. Não importa o quanto a desejasse. Não importa o quanto seu dragão interior rugia para torná-la sua.

Maia segurou Waverley na água e elas brincaram nas ondas. Ele foi dominado pelo impulso de tocá-la, beijá-la, oferecer-lhe doces palavras de devoção. O que poderia acontecer? Era o que os dois queriam. Por que se segurar? Por que se torturar? Ele se virou, seu coração batendo e seus pensamentos fracos. Não seria esse homem. Não queria. E, no entanto, não pôde evitar. Sentiu como se estivesse sendo dilacerado de dentro para fora. Seu dragão interior lutou com seu senso de dever, e não houve vitória em uma batalha contra o ego. Não sabia o que poderia fazer. Estava sem palavras e perdido. Maia o olhou, levantando uma sobrancelha.

— O que há de errado? Parece chateado.

— Sinto como se minha alma estivesse sendo despedaçada.

— Seu corpo certamente parece saudável. — Disse ela, seus olhos viajando por cima de sua forma espessa e musculosa.

— Sempre estou em boas condições físicas. Como oficial militar, devo estar sempre preparado para lutar.

— E essa tatuagem. — Perguntou, deslizando o dedo por cima do ombro e do bíceps. — Quando você a conseguiu?

— Quando entrei no serviço militar e alcancei o posto de primeiro no comando do Capitão Hanish. Temo que tenha sido o resultado de uma aposta perdida entre mim e Raiden. Ele tem algo semelhante nele.

— Qual foi a aposta?

— Raiden e Hanish compartilham uma abordagem semelhante sobre à vida, embora os dois possam frequentemente bater de frente. Raiden gosta de entrar em ação antes de pensar. Eu o avisei que essa tática pode ser fatal em uma batalha contra a qual os vampiros estavam lutando na época. Disse a ele que deveria dedicar seu tempo para analisar a situação e então tomar uma decisão. Ele me disse que esperaria. Apostou que sua abordagem seria vitoriosa. E, no final, foi. Então agora tenho essa tatuagem.

— Você já esteve em uma batalha ativa?

— Oh sim, muitas vezes. Luto com uma espada laser de duas mãos. Meu treinamento começou na minha juventude, quando meus pais notaram que eu era mais talentoso nos caminhos da mente, eles fizeram tudo para garantir que não teriam um filho fraco. E, embora tenha me ressentido disso na época, agora vejo a sabedoria de sua decisão.

— Eu também. — Os olhos de Maia percorreram uma trilha quente sobre seu corpo e um arrepio percorreu sua pele sob a intensidade de seu olhar.

Maia se aproximou, seus dedos passando sobre a tatuagem em seu braço, através de seu ombro e depois para baixo de seu peito. Eles desceram cada vez mais até cruzarem seu tanquinho e descansarem no cós de seus calções de banho. Seu corpo latejava sob a superfície da água e ele fechou os olhos antes de agarrar a mão dela e gentilmente afastá-la.

— Quero você. Quero você mais do que qualquer coisa que já quis em toda a minha vida. Mas devemos esperar pelos resultados. Caso contrário, não serei melhor do que o Príncipe das Marés.

Sua boca caiu em choque e ela envolveu ambos os braços ao redor de sua filha.

— Nunca mais se compare a esse homem. Me recuso a te ouvir dizer essas palavras, Zephyr. Você me entende?

— Sinto muito se te ofendi, Maia, mas esta é a única maneira de controlar meu desejo. Anseio por você em todos os momentos. Quero você com cada fragmento do meu ser. Mas devo resistir. Não posso ceder ao meu desejo, sem evidência de que estamos predestinados. Não tenho o direito ...

— Mas eu também quero você.

— Preciso pensar, Maia. Preciso ficar sozinho com meus pensamentos. — Ele se afastou dela. As partes em conflito de seu ser se debatiam e colidiam dentro dele. A dor era quase insuportável. — Vou encontrá-la hoje à noite, podemos discutir isso novamente. Esperemos que, nesse momento, possa me controlar e pensar racionalmente, de acordo com o homem que acredito ser.

— Está me deixando? — Perguntou quando ele se virou.

— Estarei na suíte. Me sinto muito confuso por estar perto de você agora. Não está fazendo nenhum bem a nenhum de nós. Está tão bonita nesse traje de banho, tão alegre com sua filha, que temo perder o controle e tocar em você ou beijá-la ou lhe dizer o quanto a amo.

— Zephyr ...— Ela estendeu a mão para ele, mas ele se afastou.

— Nós dois sabemos que é errado. Vou falar com você novamente em breve, Duquesa das Marés. Tem o meu maior respeito. Por favor, não se ofenda.

— Não estou ofendida Zephyr. Mas sinto sua falta quando não estamos juntos. Minha dragoness interior grita para completar o vínculo. É tudo que sempre quis e tudo que sonhei em meus meses de cativeiro. Resisti ao Príncipe de Marés, não só porque ele é um homem malvado e confuso, mas porque eu acreditava que o verdadeiro amor estava lá fora me esperando. Agora que o amor está aqui diante de mim, nós dois sentimos isso, mas você nega isso a si mesmo. Não precisamos da análise de acasalamento para provar que deveríamos estar juntos. Tudo o que precisamos é a verdade dentro de nossos corações.

— Mas nós podemos estar errados. E então o que faríamos?

— Você está certo. Se estivermos errados e não somos companheiras de verdade, poderíamos perder o respeito das outras Casas. Nós inevitavelmente atrairíamos a vingança do Príncipe das Marés. Mas não acha que nossos sentimentos significam algo? Eles não provam que estamos destinados a ficar juntos?

— Há uma razão pela qual nossa espécie parou de depender desses sentimentos. E, em vez disso, começaram a depender da análise de acasalamento. Você, de todas as pessoas, deveria entender isso. Você é a Dragoness Prime.

— Sou uma mulher. Sou uma mulher apaixonada por um homem. Isso é o suficiente para mim.

Ele se virou para ela, movendo-se pelas ondas suaves. Ficou ao alcance dos braços dela. Seu dragão interior gritou para que a tomasse em seus braços, para consolá-la, para lhe dizer que seus sentimentos eram mais que suficientes. Para dizer que ela era tudo o que precisava e tudo o que precisaria. Mas não podia.

Em vez disso, ele disse:

— Esses sentimentos são importantes. E quando a análise do acasalamento provar que sou seu predestinado, vou me divertir com eles.

E então se afastou, indo para longe do mar e da mulher que lhe provocava mais sentimento do que jamais experimentara em toda sua existência. Era angústia ou felicidade. Não sabia qual. O pensamento de estar com ela o enchia de alegria, mas a possibilidade de não ser seu companheiro o enchia de pavor. Não conseguia conciliar seu coração e sua cabeça. Nem sabia por onde começar a desemaranhar as emoções que guerreavam dentro dele.

 

 

 

 

Capítulo Treze


Maia entrou na suíte do hotel, sentindo-se mais confusa do que nunca. Queria que Zephyr simplesmente esquecesse a análise de acasalamento e cedesse ao desejo que sentiam um pelo outro. Se fossem humanos, nada disso seria um problema, apenas fariam o que achavam certo. Pelo menos, era isso que ela entendia sobre a raça humana. No começo, se sentiu um pouco triste por eles. Mas agora sentia pena de si mesma. Depois do sol e da areia na praia, deu banho em Waverley e a colocou para dormir.

Zephyr estava enclausurado em seu quarto, então decidiu que era melhor deixá-lo em paz. Depois de um banho e uma muda de roupa, se sentou no computador para fazer mais pesquisas sobre os rituais humanos de namoro. Talvez Zephyr estivesse certo. Talvez estivessem apenas se enganando porque ambos queriam tanto encontrar seus companheiros. Talvez seu próprio companheiro ainda estivesse lá fora em algum lugar.

Entrou em um site de namoro humano e depois desligou rapidamente. Todo o processo a fez se encolher e, soube mais do que nunca que queria que as coisas dessem certo com Zephyr. Sua dragoness interior tinha certeza do que jamais fora. Seus sentimentos não eram desejos ilusórios. Se a análise de acasalamento não pudesse provar que ela e Zephyr eram companheiros, então a análise de acasalamento seria interrompida. Por volta da hora do jantar, Zephyr saiu do quarto, com os olhos embaçados e cansado.

— Você estava dormindo?

— Tenho feito pesquisas. A vacina parece estar se espalhando para os animais. Os vampiros vão ficar desesperados sem nada para comer.

— O que eles farão?

— Minhas simulações sugerem que os vampiros só serão capazes de sobreviver por algumas semanas. Então serão forçados a hibernar ou morrer.

— Isso é uma boa notícia, não é?

— Depende. É muito provável que ataquem os dragões e a humanidade.

— Como?

— Os vampiros têm muito poder no mundo: riqueza e armas. Poderiam fazer qualquer coisa, explodir metade do mundo para derrubar o mercado de ações. Talvez o envio da vacina tenha sido um passo apressado de nossa parte.

— Mas você tinha que fazer isso.

— Mesmo agora, a propagação da vacina mudou seu comportamento. Os desaparecimentos e assassinatos pararam completamente. Mas os humanos estão cada vez mais desconfiados. O comportamento humano tornou-se caótico e há agitação civil em todo o mundo. Os humanos podem se destruir sem a ajuda dos vampiros.

— Por que não dizem a verdade agora?

— Decidimos esperar até depois da vacina ser distribuída antes de fazê-lo. Espero que isso enfraqueça os vampiros o suficiente para que eles não possam fazer nada muito destrutivo. — Ele atravessou a sala e sentou-se em uma cadeira em frente a ela, cruzando as mãos no colo. — Continuo recebendo solicitações dos dragões, pedindo-me para encontrar suas companheiras predestinadas. E tive que explicar para eles que não posso fazer isso. Ainda não.

— Por que não?

— Não tenho uma maneira de combinar o DNA de dragão com o DNA humano.

— O que seria necessário para fazer isso?

— A verdade é que escrever o código seria um processo bastante simples, se conseguisse que Cato e Penélope me ajudassem. E com Flora nos aconselhando sobre os componentes genéticos, provavelmente poderíamos criar um programa em pouco tempo. Mas não tem sido nossa prioridade até agora. E ainda não é, para ser honesto. Tivemos problemas muito maiores para resolver.

— Mas se você encontrasse a companheira do Príncipe das Marés, então ele teria que me deixar ir.

— Não tinha pensado nisso. Quando voltar para a House of Storms, vou discutir isso com os outros e ver o que eles pensam.

Maia não pôde deixar de se animar com a perspectiva de Current encontrar sua companheira. Ela e Waverley finalmente estariam livres. Acreditava, em seu coração, que tudo que ele precisava era encontrar sua própria companheira. Assim que seu dragão interior respondesse à visão e ao cheiro de sua predestinada, ele teria que deixar Maia partir.

— Mortar vai mandar uma cápsula para nos pegar em meia hora. Yuki criou uma maneira de fazer um ônibus espacial parecer um veículo humano. É mais fácil fazer a viagem de um lado para outro dessa maneira.

— Isso é engenhoso.

— É simplesmente uma mudança no programa do escudo de camuflagem.

— Vou pegar minhas coisas e preparar Waverley para a jornada.

Maia empacotou suas coisas com uma nova esperança em seu coração. Um porteiro do hotel apareceu e ajudou-os com as malas, enquanto Maia levava a filha na engenhoca, chamada carrinho de bebê, até o primeiro andar do hotel. Sempre pensaria com carinho no tempo que passara aqui. Desejava que pudessem ficar mais tempo. Talvez algum dia, quando ela e Zephyr estiverem juntos, poderiam voltar. Usaria um de seus novos vestidos e, eles poderiam passar a noite rindo, dançando e nadando.

Mas, por enquanto, precisava se contentar com sua liberdade e a segurança de sua filha. Quando chegaram ao carro, Maia descobriu que o próprio Príncipe Mortar descera para escoltá-los de volta a nave.

Todos subiram no grande veículo e saíram para as ruas. Eles se transformaram em uma estrada isolada, mudaram para o modo furtivo e pularam para o céu.

— Nós dispensamos a última de nossas bombas de partículas carregando a vacina. Agora que terminamos com essa missão, a House of Stones vai encontrar um novo lar. Nós estivemos discutindo onde gostaríamos de viver e decidimos que gostamos do estado do Colorado. Maia, está convidada a vir conosco, ou podemos devolvê-la à House of Storms.

— Mas e o Príncipe das Marés?

— Ele está fora distribuindo suas próprias bombas.

— E meu irmão?

— Fizemos algumas perguntas sutis sobre o Duque das Marés e nossa conclusão é que ele está seguro, por enquanto.

— Devo retornar à House of Storms para completar meu trabalho. Há muito em jogo neste momento. — Disse Zephyr.

— Você é mais que bem-vinda para se juntar a nós no Colorado, Dragoness Prime.

Olhou do príncipe para Zephyr e depois para a filha. Maia não sabia o que fazer. Sua dragoness interior estava gritando que Zephyr era dela. Não queria se separar dele. Ele teria que retornar à House of Storms para completar seu trabalho. Trabalho que poderia libertá-la para sempre do Príncipe das Marés.

— Vou com você para o Colorado. — Decidiu Maia.

— Se quiser, podemos te levar de volta antes de irmos, Zephyr. — Ofereceu Mortar.

Sua presença ainda era um segredo, Maia se retirou para seus aposentos. Sentir uma mistura de esperança e tristeza a deixou em um estado de melancolia. Quando chegou a hora de Zephyr sair, caminhou com ele até a porta e, inconscientemente, estendeu a mão para abraçá-lo. Um gesto tão natural que era quase impossível não o fazer. Mas ela o sentiu enrijecer, antes de relaxar em seu abraço. Ele tomou uma longa inalação de seu perfume na curva de seu pescoço, enquanto a abraçava.

— Vou conseguir um novo implante. Poderemos falar através do elo mental. — Ela se afastou, mas ainda segurava a mão dele. Olharam nos olhos um do outro, por um breve momento, antes de deixá-la ir.

— Sim. Devemos ficar em contato.

— Informe-me assim que tiver dados conclusivos da análise de acasalamento. — Uma lágrima se formou no canto do olho.

— Claro. — Sua voz era baixa quando ele se virou.

Zephyr saiu e desapareceu atrás da porta de correr. Maia puxou uma respiração trêmula em seu peito.

— Cheguei até aqui acreditando no amor. Continuarei acreditando nisso, não importa quais sejam as circunstâncias.

 

Capítulo Quatorze


Zephyr retornou à House of Storms mais confuso do que nunca. Sentir os braços de Maia ao redor dele o tinha preenchido com tal sensação de pertencimento que não queria deixá-la ir. Seu dragão interior havia gritado para torná-la sua. Sem a confirmação da análise de acasalamento, não podia se permitir o que mais queria.

Enquanto caminhava pela porta dos fundos, viu Jojo e Hanish olhando para ele da mesa da cozinha.

— Como foi? — Jojo perguntou. — Você já a reivindicou?

— A análise de acasalamento é inconclusiva. — Resmungou Zephyr.

— Mas seus dragões sentiram isso. — Disse Hanish. — Não entendo porque hesita.

— Não sou um homem sem honra.

— Por que não consegue resultados conclusivos? — Perguntou Hanish.

— Poderia ser por inúmeras razões. Mas, é mais provável que seja por ela ter levado os dragonkins de doze príncipes. Agora se me desculpar, tenho um grande trabalho para fazer no laboratório.

Zephyr saiu da cozinha, correu pela sala e desceu as escadas correndo para o laboratório. Encontrou Flora lá, trabalhando com uma grande tigela de nachos no colo.

— Você está de volta. — Disse ela, com a boca cheia.

— Sim, as bombas foram todas distribuídas. As Casas agora estarão procurando por seus próprios lares.

— Tenho acompanhado as simulações que começou sobre a reação dos seres humanos à verdade. — Disse Flora. — As variáveis mudaram após a distribuição da vacina, então comecei a nova simulação que você sugeriu. Os resultados sugerem que há uma chance de 95% de que os vampiros retaliem.

— Estava com medo disso.

— No entanto, é possível que a resposta seja vantajosa para nós e para a raça humana. — Ela enfiou outro nacho na boca. Era estranho Flora comer enquanto trabalhava. Zephyr se perguntou o que havia acontecido com ela. Pegou um de seus nachos, quando se sentou ao lado dela.

— Como assim?

— É altamente provável que os vampiros divulguem sobre nós.

— Deixe-me ver os resultados. — Ele deslizou o dedo sobre o painel do computador para trazer os dados.

— Sim. Vejo aqui que a maior probabilidade é que eles divulguem. Mas a segunda maior probabilidade é que eles desencadeiem bombas atômicas em todo o planeta.

— Mas há apenas 65% de chance de fazerem isso. — Falou Flora, com a boca cheia de nachos.

— Você está grávida? — Zephyr perguntou, farejando o ar.

— Sim. Acabei de descobrir esta manhã. — Respondeu ela. — Como sabia?

— Apenas um palpite.

Ela esfregou o estômago, recostando-se na cadeira. — Realmente preferiria que os vampiros não desencadeassem o inverno nuclear no meu planeta. — Lamentou ela.

— A agitação social em todo o planeta está se acelerando a cada dia.

— Minha sugestão é que esperemos pelo próximo movimento dos vampiros, antes de tomar qualquer ação. Se dissermos aos humanos, isso tirará a opção dos vampiros de retaliação e fará com que a precipitação nuclear seja menos provável.

— Concordo. — Zephyr disse, tomando outro nacho de sua tigela. — Raiden sabe?

— Raiden não está tão interessado em ciência. — Migalhas de nacho polvilhavam em seu colo.

— Quis dizer sobre o bebê.

— Oh sim, ele sabe disso.

— Vou ter que parabenizá-lo, da próxima vez que passar por ele jogando esse jogo idiota.

— O jogo não é idiota. Jogo sozinha. — Ela empurrou outro punhado de nachos em sua boca. — Raiden é o líder da guilda novamente. Estamos todos felizes por tê-los de volta.

— Isso é bom para todos os jogadores, mas acho que vamos precisar de suas habilidades de luta antes que tudo isso seja feito.

— Você sabe que Raiden está sempre pronto para lutar.

— Enquanto esperamos pela resposta dos vampiros, há outro projeto em que poderíamos estar trabalhando.

— Qual?

— Parece haver um pedido universal para um site de namoro.

— Um site de namoro. Como isso poderia ser uma prioridade?

— Seria para dragões e Dragon Souls.

— Ohhh.

— Pensei que nós poderíamos ter sua irmã e Cato envolvidos. E com sua experiência em genética, tenho certeza que teríamos um protótipo instalado e funcionando dentro de alguns dias.

— Isso provavelmente é verdade. — Concordou Flora. — Vou entrar em contato com eles imediatamente.

Levando seus nachos com ela, Flora, saiu correndo do laboratório e subiu as escadas. Zephyr continuou revisando os resultados de suas simulações. Realmente esperava que os resultados estivessem corretos. Se os vampiros se revelassem aos humanos, isso explicaria os eventos inexplicáveis dos últimos meses, mas se os vampiros escolhessem a outra opção, isso poderia significar o fim do mundo.

— Zephyr, você está aí? — Maia perguntou através do elo mental.

— Você tem seu chip implantado.

— Mortar colocou no caminho. Acabamos de chegar ao Colorado. As montanhas aqui são lindas. A House of Stone ficará em um local tão lindo, mas já sinto falta do mar.

— Está convidada a voltar para a House of Storms a qualquer momento.

— Adoraria. — Disse ela. — O Príncipe Mortar disse que posso tomar um dos ônibus a qualquer momento, mas temo que isso não será possível até que as coisas sejam resolvidas com o Príncipe das Marés. Você fez algum progresso com o site de namoro?

— De fato, sim. Acabei de falar com Flora sobre isso. Ela vai entrar em contato com sua irmã e seu cunhado para começar. Nós deveremos ter uma versão beta em breve. Temos o DNA das Dragon Souls que já doaram sangue, precisaram de sangue ou nasceram em um hospital depois de certa data. Não abrange toda a humanidade, mas é um começo. Depois de tê-los em um banco de dados separado, poderemos tentar combiná-los com os dragões masculinos atualmente na Terra. Não há como dizer quanto tempo levará para coincidir um dragão macho específico com sua companheira, mas pelo menos teremos a infraestrutura no lugar.

— O Príncipe das Marés pode ser o primeiro a ser correspondido? — Maia perguntou, sua voz interior relutante, mas esperançosa.

— Sim. Essa parece ser a melhor escolha. Quanto mais cedo estiver livre de seu desejo, mais cedo estará livre para fazer suas próprias escolhas.

— E mais cedo saberão que meu desejo por você é real e não apenas o meu medo de voltar ao cativeiro. — Seu tom era calmo e inabalável. Ele piscou várias vezes, vendo a sabedoria em suas palavras. Mas seu dragão interior se rebelou. Não tinha dúvida, de que ela era dele. A besta não precisava de provas, ele sabia que seu desejo não vinha do medo. Seu desejo era o destino. A mente lógica de Zephyr, por outro lado, nunca agiria de acordo com o desejo de seu dragão, sem evidências científicas firmes para sustentá-lo.

— Houve algum resultado para nossa análise de acasalamento?

— Não há nada novo para relatar. Vou lhe dizer assim que souber de alguma coisa.

— Muito bem então. Devo ir. Waverley está acordando de sua soneca.

A mente de Zephyr ficou em silêncio quando Maia se retirou. Sentiu a energia correr para fora dele como se tivesse perdido parte de sua alma. Fechou os olhos com força, quando o dragão interior atacou a parte de trás de seus olhos. Era demais para suportar, sentiu como se estivesse sendo rasgado em pedaços pelo outro lado de si mesmo.

— Preciso esperar por resultados conclusivos. — Zephyr enunciou cada palavra. Olhou para a tela holográfica diante dele e um novo arquivo apareceu.

— Análise de acasalamento completa. — Entoou Azure.

— Resultado? — Perguntou Zephyr, excitado.

— A análise de acasalamento entre Maia das Marés e Zephyr das Tempestades permanece inconclusiva.

 

 

 

 

 


Capítulo Quinze


— O resultado da última análise de acasalamento. — Zephyr disse a Maia através da ligação mental. Ela estava sentada na nave da House of Stone, olhando para a paisagem da montanha abaixo. Seu coração pulou no peito quando a voz de Zephyr subiu por dentro da mente dela.

— E qual foi? — Perguntou animadamente.

— Receio que permaneça inconclusivo.

— Inconclusivo. Como pode ser isso? — Maia instantaneamente ficou com raiva.

— Azure não pode confirmar ou negar que somos companheiros.

— Estou farta disso, Zephyr. Não me importo mais. Minha dragoness interior me atormenta incessantemente. Os velhos hábitos não significam mais nada?

— Dragões não confiaram na intuição por mil anos.

— Nossos avós fizeram. Antes da diminuição do nosso sol e do declínio da taxa de natalidade feminina, todos os dragões seguiram seus instintos. Por que deveríamos ser tão diferentes agora?

— Há tanta coisa em jogo, Maia. Sei que você sabe disso.

— O que sei é que estou sendo despedaçada de dentro para fora. Não posso sustentar minha sanidade contra o excesso de raiva da minha besta interior. Preciso de alívio.

— Sei como se sente. — Sua voz era fraca.

— Seria tão errado se cedêssemos às nossas paixões?

— Não sei o que dizer, Maia. Honestamente não sei. No começo, acreditava que era uma questão de honra esperar por resultados conclusivos. Não quero ser como o Príncipe das Marés.

— Pedi para você não se comparar a ele nunca mais.

— Sou um cientista. Confio em análise, experimentação e resultados prováveis. Os delírios da minha besta interior não me fornecem nada disso.

— Não posso continuar assim. Preciso ver você.

— Seria melhor se nos mantivéssemos separados.

— Por que me tortura assim?

— Essa é a última coisa que quero fazer.

— Então por que se recusa a me ver?

— Não me recuso a vê-la. Só acho que é insensato ficar juntos até termos resultados conclusivos. Isso tornará mais fácil controlar nossas paixões.

— Venha para o Colorado.

— Não posso, nós apenas começamos a trabalhar no site de namoro. E estamos em um momento crucial na guerra com os vampiros. Simulações sugerem que os vampiros vão retaliar em breve. Os vampiros estão morrendo de fome, os humanos se tornam mais imprevisíveis e, estou tentando encontrar uma companheira para o seu sequestrador.

— Todas essas coisas são fracas em comparação com a minha necessidade por você. — Disse ela. Seu coração se encheu com a verdade de suas palavras.

Zephyr suspirou dentro de sua mente.

— Você deveria vir até mim. — Falou Zephyr, sua voz interior tão suave que ela mal podia ouvi-lo. Então ele continuou ganhando confiança. — Vamos passar um dia juntos. Sem quaisquer restrições entre nós.

— E podemos fingir que sabemos que somos companheiros e estamos livres para cortejar.

— Sim. — Zephyr sussurrou.

— Estarei aí ao anoitecer. Waverley estará a salvo aqui até eu voltar. Nós podemos ficar sozinhos.

— Aguardo sua chegada com grande expectativa.

Maia preparou-se rapidamente para a viagem, arrumando o vestido branco que comprara, para olhar nos olhos de Zephyr. Finalmente teria a chance de usá-lo para ele. Informou ao Príncipe das Pedras de seus planos e assegurou que Waverley fosse bem atendida enquanto estivesse fora.

Correu para o ônibus e subiu para dentro. Sua excitação vibrou em seu peito. Ela dera à luz doze dragonkins, mas nunca estivera apaixonada. Nunca beijou um homem. Nunca se sentiu realizada em um abraço apaixonado. O pensamento de segurar Zephyr tocara a tela de sua mente, enquanto deslizava os dedos sobre o painel de controle do ônibus espacial.

Seu ônibus espacial foi lançado da nave maior, voando pelo brilhante céu do Colorado. Voou sobre as montanhas cobertas de neve, sobre os vales e formações rochosas vermelhas, através das planícies e lagos, até chegar ao estado natal de Zephyr. Deixou o ônibus e transformou-o em um veículo em uma estrada rural isolada perto de sua casa. Depois de remover o escudo furtivo, continuou até os portões da frente da House of Storms.

Maia realmente gostava da sensação de liberdade e, a oportunidade estava à sua frente. Os portões se abriram e ela atravessou o estacionamento em frente à casa. Não foi Zephyr, o dragão que a cumprimentou na porta da frente. Ele rapidamente se apresentou como Raiden e a guiou para dentro. Ela encontrou um grupo de dragões e Dragon Souls esperando por ela na sala de estar.

— É tão bom ver você de novo. — Disse Jojo, levantando-se do sofá e atravessando o espaço para beijar Maia nas bochechas.

— Então, você é a famosa Dragoness Prime. — Disse uma mulher que tinha um prato de asas de galinha. Ela limpou os dedos em um guardanapo e sorriu. — Estamos trabalhando no site de namoro agora. Estamos em debate, de qualquer maneira. Cato e Penélope estão na linha.

A mulher faminta apontou para um dispositivo tecnológico humano disposto na pequena mesa no meio da sala.

— Oi. — Veio uma voz entusiasmada do dispositivo. — Sou Penélope. Mal posso esperar para conhecê-la pessoalmente.

Zephyr entrou na sala, segurando uma xícara de café na mão como se estivesse perdido em pensamentos. Seus olhos se encontraram quando ele a viu. Sua expressão passou por tantas emoções que Maia não conseguiu acompanhar.

— Você chegou mais rápido do que o previsto.

— Vim embora imediatamente. — Pousou a mala na frente dela.

— Então vai levar a moça em um encontro adequado? — Jojo disse.

— Vou tentar.

— A análise do acasalamento finalmente provou que vocês são companheiros? —Perguntou Hanish.

Maia e Zephyr permaneceram em silêncio, olhando um para o outro ao longe. Mas foi Maia quem falou primeiro.

— Receio que não. A análise de acasalamento permanece inconclusiva. Mas nossos dragões internos são bastante conclusivos. Decidimos passar algum tempo juntos, independentemente da análise.

— Isso é muito diferente de você, Zephyr. — Hanish riu.

— Há um velho ditado humano. — Começou Zephyr. — O coração é que manda. Maia e eu estamos sendo assediados incessantemente por nossos dragões internos e concordamos que passar algum tempo juntos pode nos dar algum alívio.

— Você não deve acreditar em tudo que acha que sabe sobre o acasalamento. — Falou Raiden. — Digo por experiência própria. Flora e eu éramos melhores amigos e tínhamos uma conexão um com o outro, mas meu dragão interior nunca dizia nada. Se tivesse ignorado meus sentimentos e acreditado apenas nos movimentos da fera interior, nunca teria tido a chance de torná-la minha. Quando não pude mais resistir aos meus sentimentos, finalmente fiz a análise para provar que ela era minha companheira. O resto é história. Você nunca sabe como as coisas vão acabar até tentar.

— A diferença é que a análise de acasalamento acabou provando que vocês eram companheiros. — Disse Zephyr.

— O destino funciona de maneiras misteriosas, Zephyr. Não pode sempre confiar no instinto ou na ciência. Às vezes, só precisa seguir com seus sentimentos.

— Ele está certo. — Concordou Flora, começando um outro prato de asa de galinha. — Vou ter um bebê em breve. Isso é prova suficiente de que estamos predestinados, você não acha? — Ela riu, acenando uma asa coberta de molho de churrasco para Zephyr.

— Vou te mostrar onde você pode ficar. — Disse Hanish, pegando a alça da mala de Maia. Ela o seguiu pelas escadas até o quarto onde havia ficado na última vez que esteve lá.

— Posso te fazer uma pergunta? — Maia perguntou.

— Claro. — Respondeu Hanish, em pé ao lado da porta.

— Acredito que Zephyr é meu companheiro, mas os resultados da análise de acasalamento são inconclusivos. Sei que os dragões antigos dependiam de sua intuição para encontrar um ao outro e que a maioria dos que se acasalavam em nosso planeta sentiam o mesmo desejo. Creio que devemos ignorar os resultados e seguir nossos corações, mas Zephyr não. Poderia me dar alguns conselhos sobre como chegar até ele?

— Zephyr é um homem da ciência. — Disse Hanish. — Ele só acredita em fatos. Mas sei que ele anseia tanto por você quanto você por ele. Nunca vi Zephyr tão desesperado.

— O que devo fazer?

— Zephyr é um homem que pensa com a cabeça, não com o coração. E menos ainda com o corpo. Você pode ajudá-lo a conectar essas coisas. Então pode conseguir que ele mude sua perspectiva.

— Entendo.

— Maia, você me deu meu filho, o presente mais precioso possível. Quero que seja feliz. Você é uma mulher forte que conhece sua própria mente. Tem se sacrificado tanto por tantos. É hora de conseguir seu final feliz.

— Obrigada, Hanish. — Ela pegou as mãos dele carinhosamente. — Obrigada por tudo que fez por mim. Não sei onde estaria agora sem a sua ajuda.

— Todos nós ficamos perdidos sem você, Maia. Foi sua disposição de carregar os dragonkins, que nos inspirou a desafiar os anciãos e a deixar a velha Dragonia. Você e seu amor são uma inspiração para todos os dragões. O destino a recompensará em espécie.

— Espero que esteja certo, Hanish. — Disse ela, olhando para o chão.

— Vou te deixar agora, para se preparar para o seu encontro. Lembre-se do que disse a você sobre como chegar até ele. Se for devagar, sei que ele verá a luz.

— Me lembrarei.

 

 

 


Capítulo Dezesseis


Zephyr descansou as mãos no painel do computador de sua nave, olhando para a tela holográfica à sua frente. A análise de acasalamento pode não ter sido conclusiva, mas suas últimas simulações foram. Sabia que os vampiros iriam agir logo e haveria uma avaliação do que a vacina tinha causado. Os dragões recém-despertados estavam todos clamando por um site de namoro, mas tudo o que Zephyr conseguia pensar era em Maia.

Subiu as escadas e olhou através da sala. Teve uma visão de infinita graça de beleza. Maia estava lá, no vestido de renda branca, o cabelo enrolado em cachos e maquiagem aplicada em seu rosto já bonito. Suas pernas eram moldadas pela altura de seus saltos e ela usava uma capa de pele preta em volta dos ombros contra o frio.

Ele a tinha visto no vestido antes, mas vê-la agora, com a promessa de um tempo a sós, o deixou completamente abalado. Caminhou em sua direção, engolindo o nó na garganta.

— Você está linda. Mais adorável que a lua e as estrelas. — As palavras saíram de sua boca como se não viessem dele e não podia acreditar que as tivesse dito. O rosto de Maia ficou rosa quando ela sorriu timidamente e estendeu a mão para pegar a dele.

— Obrigada. Você também não parece tão mal.

Zephyr vestia um terno preto com uma gravata prata, que comprara para o casamento de Hanish e Jojo. Não a usara desde então. Hanish sugeriu que usasse hoje à noite e ouviu o conselho de seu Capitão.

— Devemos? — Ele disse, oferecendo-lhe o cotovelo.

Maia passou o braço pelo dele e ele abriu a porta para ela, escoltando-a para o Tesla. Ela deslizou para o banco do passageiro e, ele correu para o outro lado, escorregando ao volante.

Lançando um olhar para ela, notou que seu peito subia e descia, enquanto respirava profundamente. Um rubor se espalhou por seu peito, só podia supor que estava enfrentando a mesma batalha interior que ele. Seu dragão interior estava histérico, enviando-lhe impressões de ter se encantado por seu corpo adorável e queria chover beijos em cada centímetro de sua linda pele brilhante.

Ligou o motor e saiu rapidamente da garagem. Logo estavam acelerando ao longo da estrada, indo para o norte em direção à cidade. Reservou uma mesa em um bom restaurante e um quarto em um hotel cinco estrelas. Disse a si mesmo, repetidamente, que não deveria conseguir o quarto, mas seu dragão parecia ter tomado conta de seu corpo e mente e feito a reserva para ele.

Quando chegaram à cidade, estacionou do lado de fora do restaurante. Enquanto caminhavam para dentro, seu dragão interior mal conseguia se conter. A besta insistiu que não podia mais esperar por sua companheira e, Zephyr usou toda a força e racionalidade para conter a onda de paixão se agravando dentro dele.

Disse seu nome a anfitriã e foram guiados em direção a uma mesa perto da janela, com vista para a rua coberta de neve. A música suave dançou no ar, quando o tilintar das conversas encheu a sala, dando uma sensação de paz e celebração.

— Posso começar com as bebidas? — A anfitriã perguntou.

— A melhor garrafa do seu champanhe. — Zephyr respondeu, afrouxando a gravata.

Sentiu-se contraído, como se o seu dragão interior fosse saltar de dentro dele a qualquer momento.

— Agora mesmo.

Maia olhou para o cardápio, as sobrancelhas franzidas em confusão.

— Não acho que podemos pedir tudo no menu desta vez.

— Não há razão para que não. Mas nem tudo pode caber nesta mesa.

Ela riu, cobrindo a boca com as pontas das unhas vermelhas carmesim. A visão da cor contra sua boca o deixou louco de desejo, teve que fechar os olhos para manter o controle. O mordomo voltou com a garrafa de champanhe e serviu uma taça para eles. Zephyr precisava do alívio do álcool e drenou o copo inteiro de uma só vez. Maia riu para ele, enquanto bebia o líquido borbulhante.

— Isso faz cócegas no meu nariz.

Zephyr sabia que era indelicado, mas seus olhos estavam fixos na curva de seus seios. Quando Maia o viu olhando, sua reação foi tudo menos ofendida. Em vez disso, ela mordeu o lábio e bateu os cílios sedutoramente. Suas pupilas se dilataram e o rosa em suas bochechas ficou mais vívido.

— Sugiro a lagosta. — Disse ele. — É o que vou pedir.

— Quero o mesmo. Gostei quando experimentei na ilha.

Depois que o garçom recebeu seus pedidos, mordiscaram pão e canapés. Zephyr sentiu-se endurecer entre as pernas com a força de seu dragão interior, vibrando dentro dele. Bebeu outra taça de champanhe, apertando o cristal com tanta força que fez uma rachadura no copo. Colocou a taça na mesa e tentou respirar através de sua luxúria.

Quando a lagosta foi servida, saciou-se rachando a espessa carapaça do crustáceo. A violência oferecia alguma liberação para sua agitação interior, mas não podia verdadeiramente acalmar a fera. Nada poderia fazer isso. Nada além de Maia. Precisava dela.

Precisava abraçá-la, amá-la, sentir-se profundamente dentro dela. Precisava envolvê-la em seus braços e reivindicá-la como sua. Sabia disso nas profundezas de sua alma. Sabia disso melhor do que sabia seu próprio nome. Não havia dúvida. Até que sua mente lógica o lembrou que não tinha provas de que ela era sua companheira. Apenas seus sentimentos simples e bárbaros.

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo Dezessete


Maia apreciou a lagosta tremendamente. Foi preparada com molhos diferentes do que tinham experimentado na ilha. Estava tendo uma noção mais clara do que a Terra tinha para oferecer o tempo todo. Quando terminaram a refeição, pediram suflê de chocolate e, Maia mergulhou sua pequena colher no molho escuro, lambendo-a com a língua delicada. Zephyr não conseguia tirar os olhos dela, viu a tempestade se formando nos olhos dele, por trás de sua fachada séria.

Ele cerrou o punho com tanta força que ficou branco. Maia estendeu a mão, deslizando a palma e os dedos sobre a dele. Ele afrouxou o aperto e ela segurou sua mão. A energia vibrou entre eles e, olharam profundamente nos olhos um do outro.

— Está pronta para sair daqui? — Zephyr disse, em voz baixa. Seu dragão estava tão perto da superfície.

— Pensei que nunca perguntaria. — Maia respondeu, no mesmo tom.

— Tenho um quarto reservado no hotel aqui em frente. — Disse ele. — Gostaria de ir comigo agora?

— Sim. — Respondeu, sem fôlego.

Eles se levantaram da mesa e, depois de pagar a conta, saíram silenciosamente do restaurante. Maia deu uma risadinha em antecipação, enquanto seguia Zephyr pela porta e para as ruas frescas de Seattle. Uma leve camada de neve se instalara nas calçadas e as luzes da avenida estavam brilhando no concreto. O cheiro do ar úmido pairava pesadamente ao redor deles e a enchia de uma sensação de vivacidade, apesar do frio. Eles atravessaram a rua na faixa de pedestres e entraram no hotel.

Este foi um dos momentos mais emocionantes da sua vida e ela não sabia bem o que pensar ou fazer. Zephyr verificou qual era o quarto e, eles fizeram o seu caminho para o segundo andar. Dentro de sua suíte, Maia sentiu o aroma das flores e viu um grande buquê de rosas brancas em um vaso sobre a mesa. A fragrância a encheu de uma sensação de paz e luxo. Pressionou o nariz em uma das flores, inalando uma profunda essência do perfume. Zephyr tocou seus ombros e beijou sua nuca, respirando profundamente o aroma de sua pele.

— Estou faminto por você. — Virou-a para ele.

Ela engasgou quando a girou para encará-lo. Não podia acreditar que finalmente estava aqui com ele. Ter que esperar só aumentou seu desejo. Agora que ele estava perto, mal conseguia se conter.

Seus lábios se encontraram em um beijo faminto. Eles se agarraram um ao outro e ele a puxou contra os planos duros de seu corpo. Ela rosnou profundamente em sua garganta, sentindo sua dragoness tão perto da superfície, que temeu que pudesse romper e devorá-lo inteiro.

— Zephyr. — Ela gemeu.

Queria consumi-lo, senti-lo dentro de seu corpo e alma. Não tinha palavras. Era corpo, besta e instinto. Todo o resto era uma lembrança distante. Ele pressionou sua masculinidade grossa contra ela, seu dragão retumbando em seu peito. Incapaz de conter a maré de paixão, ela rasgou os botões de sua camisa, abrindo o tecido para revelar os músculos tensos de seu peito largo.

Passou as mãos sobre a pele dele, deleitando-se com a sensação. Se inclinou e lambeu os planos de seu peito, sacudindo a língua sobre os mamilos. Nunca tinha sido tão animada, tão crua. Sua dragoness interior estava acordada com ferocidade. Agarrou o cinto dele e o abriu, a força de sua fera interior traindo o delicado disfarce de sua forma feminina.

Abriu a calça dele e a puxou até os joelhos. Zephyr gemeu quando seu pênis longo e grosso se soltou das restrições de sua roupa, revelando-se aos olhos famintos dela. Lambeu os lábios enquanto bebia a visão dele. Sentiu seu cheiro de almíscar. Desejava o corpo dele, como uma mulher que não bebeu água por anos e encontrou um poço de água limpa e fresca.

Ela o chupou, deleitando-se com seu gosto, a sensação dele em sua boca, sua espessura, a curva de seu eixo. Lambeu a cabeça de seu pênis, sugando as minúsculas gotas de líquido que seu corpo lhe entregou.

Zephyr passou as mãos pelo cabelo dela, rosnando quando ela deslizou a boca para cima e para baixo em seu eixo. O sentimento de estar dentro dela era delicioso demais para ser compreendido. Maia chupou mais forte, acariciando-o com a mão, enquanto se movia para cima e para baixo. Zephyr estava acima dela, ofegante e receptivo à sua intensidade feroz, até que não aguentou mais e a colocou de pé.

Olhou nos olhos dela, a eletricidade de seu dragão acendendo sob a racionalidade do homem que conhecia. Puxou o vestido dela sobre sua cabeça, deixando-a em seu sutiã, calcinha e salto alto. Virou-a com um grunhido e apertou seu pênis na fenda de sua bunda, mordiscando a parte de trás de seu pescoço, quando agarrou seus seios e amassou-os em suas mãos poderosas.

Ele a acompanhou até a cama e inclinou-a para descansar as mãos no colchão. Lambeu as costas dela, desabotoando o sutiã e tirou a calcinha. Afundou entre suas pernas, a língua dele vagando sobre o prazer líquido dela.

Maia choramingou, quando ele a virou e deslizou em seu canal. Enquanto seu dedo girava no botão de seu prazer, sua língua a preenchia, consumindo-a até que estava no limite da liberação.

Ele a manteve lá, suspensa a beira do clímax, até que ela sentiu que poderia se quebrar pela pressão de sua luxúria. Zephyr se levantou e apertou seu pênis contra seu núcleo molhado. Ela rosnou como a fera que era, sem medo do que ele tinha para dar.

Tinha chocado doze dragonkins, mas nunca esteve com um homem. Agora estava no precipício deste despertar, não podia esperar para se render a isso. Estava tão aberta, tão faminta, tão pronta, que empurrou de volta contra ele, deslizando-o para dentro dela.

Zephyr segurou seus quadris e a fez diminuir o movimento, avançando para dentro em um ritmo agonizante. Ela gritou com necessidade. — Foda-me. — Ele empurrou profundamente em seu núcleo. A respiração de Maia ficou presa, e ela jogou a cabeça para trás, gemendo com doce alívio. Seu corpo se apertou em seu pau grosso. Sua necessidade finalmente sendo saciada, ela sentiu vontade de chorar.

— Oh sim, oh sim. — Maia choramingou, precisando de muito mais para preencher a dor que tinha se elevado a alturas excruciantes.

Zephyr descansou contra ela por um instante, antes de se afastar e empurrá-la novamente. Ela gemeu do fundo de sua garganta, enquanto seu orgasmo crescia de novo e de novo com cada impulso. Lágrimas escorreram de seus olhos quando os dedos dele cavaram sua carne. Ela se tornou um objeto de luxúria e satisfação e, era tudo o que queria ser. Sua necessidade por ele tinha sido tão profunda, tão implacável, que quase a destruiu. Mas com Zephyr dentro dela, finalmente poderia libertá-la. Queria mais e mais. Queria seus dentes em sua carne, sua semente em sua vagina. Queria que ele a enchesse com o fruto de seus filhotes para fazê-la gestar seu bebê.

— Oh Maia. — Ele rosnou. — Você é maravilhosa!

— Reivindique-me, Zephyr. Reivindique-me agora! Faça-me sua para sempre.

Zephyr se abaixou e segurou seu queixo, puxando-a para perto, enquanto continuava a deslizar lentamente para dentro e para fora de seu núcleo. Ela sentiu seus dentes afiados em seu pescoço, equilibrados sobre ela e prontos para morder.

— Leve-me, Zephyr. Faça agora! Por favor.

 

Capítulo Dezoito


— Zephyr? Maia? — O Príncipe das Pedras disse sobre seus dispositivos de pulso.

Zephyr engasgou, liberando sua semente em sua amada, mas seus dentes se retraíram e ele rapidamente se afastou. Maia desabou na cama.

— O que foi? — Maia engasgou, deslizando o dedo sobre o pulso.

— O Duque das Marés. Veio a nossa nave pedindo proteção. Nós o aceitamos. Acreditamos em sua história. Ele pediu para ver Waverley, para ter certeza de que estava segura. Nunca deveria tê-lo deixado. Eu deveria .... Eu vi através de suas mentiras. Mas sei como você se sente sobre o seu irmão. O que mais eu poderia ter feito?

— O que está acontecendo? — Maia exigiu.

— Ele saiu, não mais de uma hora atrás. E então recebemos uma mensagem do Príncipe das Marés, exigindo que você voltasse para ele ou nunca mais veria sua filha. Sinto muito, Dragoness Prime. Por favor me perdoe.

— Meu irmão sequestrou minha filha?

Olhou para Zephyr, seus olhos grandes e lacrimosos. Ele estava sem palavras. Esta foi uma reviravolta horrível de eventos que nunca poderiam ter previsto. Maia começou a se vestir, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Sinto muito, Maia. — Disse o Príncipe Mortar.

— Nós nos encontraremos na House of Storms. — Informou Zephyr.

Maia já estava em movimento e se dirigiu para a porta. — O que vamos fazer? — Perguntou, quando pegaram o elevador até o telhado.

— Nós vamos pegá-la de volta.

Saíram para o telhado repleto de neve, mudaram para o modo furtivo e saltaram para o céu. Zephyr entrou em contato com Hanish no momento em que estavam no ar, contando o que aconteceu.

— Receio que esse não seja nosso único problema. — Respondeu Hanish. — Os vampiros informaram ao mundo de sua existência e da nossa. Há histeria em massa entre os humanos. E não há voz de razão entre eles.

— Não posso pensar sobre isso agora. Devo me concentrar em trazer Waverley de volta.

— Entendo. Mas se os humanos destruírem a si mesmos e a este mundo, não haverá um mundo para nenhum de nós.

***

— Estamos quase lá. — Falou Zephyr ao seu amor.

Perdeu a chance de reivindicá-la, mas agora que havia provado seu corpo e sentido a profundidade de seu amor, sabia, sem sombra de dúvida, que Maia era dele. Pertenciam um ao outro, corpo e alma, nada e ninguém os separaria.

Chegaram à House of Storms em tempo recorde e aterrissaram no quintal, quando uma tempestade de neve partiu do céu. Maia e Zephyr correram para dentro. Todos os dragões da Casa e da House of Flames se reuniram. Príncipe Mortar também estava presente, o olhar em seu rosto revelando a profundidade de sua culpa. Ele tentou novamente se desculpar com Maia, mas tudo o que ela podia fazer era se apoiar em Zephyr e esconder as lágrimas escorrendo pelo rosto dela.

— Temos que apelar para o eu maior do Príncipe das Marés. — Disse Hanish. — O homem deve ter alguma honra.

— Não tenho certeza se podemos contar com isso. — Respondeu Zephyr.

— Uma boa notícia é que completamos uma versão beta do site de namoro. —Declarou Penélope, trazendo um laptop para a mesa da cozinha. — Nós já inserimos suas informações de DNA no banco de dados. Vou apenas programar os computadores para começarem a executá-lo. Se usarmos o poder de processamento de toda as naves, poderemos ter resultados rapidamente.

— Faça isso. — Ordenou Kian, o Príncipe das Chamas.

Penélope apertou alguns botões e depois assentiu.

— Está feito.

— Isso ainda deixa a questão sobre o que podemos fazer sobre isso. — Constatou Cato, mudando a tela do computador para um feed de um canal de notícias. O presidente dos Estados Unidos estava no palanque dirigindo-se ao público, alertando que esses eventos poderiam levar a guerra. Cato, em seguida, mudou os canais para várias outras estações onde os líderes de todos os outros países do mundo diziam algo semelhante.

— Mas por que? — Maia perguntou. — Por que declararam guerra entre eles, quando descobrem que existem outros seres na Terra além deles mesmos?

— Todos culpam uns aos outros. Acreditam que é uma farsa criada por seus inimigos. Estão procurando alguém para culpar.

— Isso não está certo. — Disse Maia, sacudindo a cabeça.

— Este foi um dia difícil para você, Maia. Deveria descansar.

— Não posso descansar, Zephyr. Preciso encontrar minha filha.

— Esta é uma mensagem do Príncipe das Marés. — Veio uma voz estrondosa através do dispositivo de pulso de todos simultaneamente. — Se não entregarem a Dragoness Prime, vamos destruir todos vocês.

— Ele não pode ficar contra todos nós. — Disse Hanish.

— Atenção! — Avisou Azure, o AI da House of Storms. — Estamos sob ataque.

— Sei onde você está, Maia. — Falou o Príncipe das Marés, através do canal aberto. — É hora de voltar para casa.

— Por favor, ouça ele, Maia. — Acrescentou o irmão dela.

— Como você pôde fazer isso, irmão? Como pôde levar minha filha?

— Ele não me deixou escolha. Me disse que iria matá-la se não fizesse isso. Se tivesse ameaçado minha vida, teria morrido de bom grado por você. Mas ele disse que iria te caçar até os confins da galáxia, que nunca iria ceder até a encontrar e destruir tudo o que você ama, incluindo Waverley.

— Você me jogou direto nas mãos dele, irmão.

A casa estremeceu ao redor deles, vibrando como se tivesse sido atingida por um terremoto.

— Golpe direto de mísseis dragonianos. Escudos em 85%. — Disse Azure.

— Potência máxima para os escudos. — Ordenou Hanish. — Mulheres e crianças para o quarto seguro.

— É a mim que ele quer. Vou voltar. Tenho que proteger minha filha.

— Nunca. — Afirmou Zephyr. — Você nunca vai voltar para ele. Você é minha. Você é minha companheira.

— Se você acasalou com minha Dragoness Prime, vou destruir todos vocês.

— Você não pode querer tomar a companheira de outro homem. — Alertou Hanish, indignado.

— Prove que Maia é sua companheira e vou recuar. Mas sei que a Dragoness Prime não tem destino. Primeiro, ela pertencia ao povo, agora pertence a mim por direito. Eu sou seu príncipe.

— Precisamos fazer outra análise de acasalamento. — Disse Zephyr, fechando o canal para o Príncipe das Marés.

— Mas todos foram inconclusivos até agora. — Contestou Maia, cobrindo o rosto com as mãos.

— Não sei mais o que fazer. É a única maneira de provar isso.

Houve outro grande impacto no complexo. As paredes rangeram e Tor gemeu através do monitor do bebê.

— Zephyr, execute a análise de acasalamento. Cato e Penélope, dediquem todo seu conhecimento no site de encontros e encontre a companheira desse homem. Jojo, leve Tor para o porão e mantenha-o em segurança. O resto de vocês, prepare-se para a batalha.

Todo mundo entrou na linha do comando de Hanish. Zephyr e Maia correram para o porão com Penélope e Flora. Jojo levou Tor para a sala de espera. Os outros dragões saíram para combater os dragões das marés. Zephyr olhou para Maia, desabou em uma cadeira no fundo do laboratório, sabendo o quanto isso deve ser difícil para ela.

— Azure, preciso que você faça nossa análise de acasalamento mais uma vez. Mas com as novas amostras de DNA.

Ele pegou um cotonete e passou do lado de dentro da bochecha de Maia e colocou-o na placa de análise e depois pegou um cotonete próprio, deixando-o cair logo depois.

— Não entendo, Zephyr. — Disse Maia. — Como isso pode fazer alguma diferença?

— Só tenho um pressentimento.

— Está tomando uma decisão baseada em um sentimento? — Questionou Flora, levantando uma sobrancelha.

— Vamos apenas dizer que estou crescendo como homem. — Respondeu Zephyr.

— Análise de acasalamento começando. — Disse Azure.

A mansão estremeceu até a fundação.

— Eu deveria subir para ajudá-los. — Falou Zephyr. — Vocês, senhoras, deveriam ir ao quarto seguro.

— Tenho meu laptop ligado a Azure. — Informou Penélope, segurando a máquina debaixo do braço. — Nós podemos trabalhar de lá.

Zephyr subiu as escadas, aliviado pelas mulheres estarem seguras atrás de vários escudos. Os homens estavam no quintal, sob a cúpula enfraquecida de seus escudos. Zephyr mudou para sua forma de dragão e se juntou aos outros em batalha. Atirou seu raio de dragão na nave de ataque. A luta foi um enorme show de luzes que qualquer humano dentro de cem milhas poderia ver. Mas não havia como voltar agora. Os humanos sabiam de sua existência. Nada poderia ser feito para colocar o gênio de volta na garrafa, como os humanos diziam.

***

Maia estava sentada no quarto seguro com as outras mulheres. Penélope e Flora se movimentaram entre cuidar de Tor e checar o computador. Maia se sentia tão perdida sem sua Waverley. Seus braços estavam vazios. Mas ela segurou Tor perto do coração, grata por poder estar com o bebê novamente.

— Oh meu Deus. — Exclamou Penélope. — Encontramos uma companheira.

— Uma companheira? — Maia disse, sua voz rouca e distante.

— Uma companheira para o Príncipe das Marés. Não posso acreditar. Ela está a poucos quilômetros daqui.

— Está falando sério? — Perguntou Flora, olhando para a tela do computador.

— Sim. Ela é proprietária de um pesqueiro bem próximo a cidade.

— O que é um pesqueiro? — Maia perguntou.

— Um lugar onde eles criam peixes em tanques.

— Precisamos trazê-la aqui. — Disse Maia.

— Mas estamos no meio de uma batalha. — Penélope falou. — Hanish quer que a gente fique aqui.

— Você não precisa fazer o que Hanish lhe diz. — Afirmou Maia.

— Sei que não temos que fazer o que ele nos diz, mas como vamos sair sem sermos vistas?

O complexo estremeceu.

— Combustível em 50%. — Informou Azure.

— Precisamos ir agora.

— Flora deve ficar aqui, ela está grávida. — Disse Jojo, levando Tor de Maia.

— Posso ir sozinha. — Maia se ofereceu.

— De jeito nenhum. Você precisa de pelo menos uma pessoa para protegê-la. —Penélope insistiu.

— Vamos juntas. Jojo pode cuidar do bebê. — Sugeriu Flora.

— Não acho que os caras ficarão muito felizes com isso. — Disse Jojo.

Flora segurou os quadris.

— Não vou apenas sentar aqui e deixar o Príncipe das Marés destruir nossa casa, sabendo que podemos fazer algo para acabar com tudo isso.

— Por que não pedimos a Zephyr para vir? — Jojo perguntou.

— Os caras precisam ficar na batalha. — Disse Maia. — Encontrar a companheira do Príncipe Current é minha tarefa.

— Estamos indo com você. — Afirmou Flora.

Maia, Penélope e Flora saíram do salão e, Jojo trancou a porta atrás delas. Houve outro impacto direto no complexo e poeira caiu do teto no corredor.

— Como vamos chegar ao pesqueiro sem um carro? — Penélope perguntou.

— Você esqueceu que sou uma dragoness?

Correram para o andar de cima e ativaram seus escudos furtivos, antes de saírem pela a entrada da frente. Fogo e relâmpago brilhavam ao redor, enquanto os mísseis disparavam contra os escudos. Maia ficou impressionada com os fogos de artifício explodindo em torno dela.

— Estou aqui. — Maia chamou por cima do barulho. — Mudarei e escaparei do complexo pelo chão e, uma vez que tenhamos chegado a um local seguro, levantaremos voo. Alguma de vocês já montou um dragão antes?

— Nós duas já. — Disse Flora.

— Bom. Estão prontas?

— Sim.

— Vamos!

Maia mudou para sua forma de dragão azul marinho, pronta para as outras escalarem suas costas. Alguém guinchou quando as irmãs subiram por suas escamas frias e encontraram um lugar confortável para se sentar na curva de suas asas. Maia não podia mais falar com elas porque nenhuma das mulheres humanas tinha o chip mental de ligação, mas haviam feito o seu plano e, teria que confiar que elas a avisariam se algo desse errado.

Saiu correndo pela calçada e esperou por um instante, observando o ambiente antes de escorregar pelos escudos e correr para a cobertura da floresta. Ela correu mais e mais entre as árvores. Flora e Penélope estavam ofegando e rindo quando ela correu e pulou entre as árvores e se abaixou sob os galhos.

Chegou ao topo de uma colina e encontrou uma clareira que era uma plataforma de lançamento adequada para levá-la para o ar. Penélope tinha carregado o mapa para o pesqueiro através do elo mental de Maia. Podia vê-lo na tela de sua mente. Elas se afastaram da furiosa batalha na House of Storms e se aproximaram cada vez mais da casa da mulher. Enquanto pairava sobre a superfície, o cheiro de água e peixe encheu seu nariz. Maia se acomodou em uma área arborizada e Penélope escorregou de suas costas.

— O que vamos dizer a essa mulher? — Penélope perguntou, segurando seus quadris.

— Por que não dizemos a ela a verdade? — Maia perguntou. — Agora que os humanos sabem que dragões e vampiros existem, o que pode doer?

— Então, vamos dizer que ela é a companheira de um dragão psicótico e precisamos que venha conosco para que possa nos ajudar a parar uma guerra? — Penélope perguntou.

— Sim, mas se ele encontrar sua companheira, deixará de ser tão psicótico. Será benéfico para todos. — Declarou Flora.

— Não podemos garantir isso. — Disse Penélope.

— Vamos lá, Pen. Vamos manter o pensamento positivo. Pobre Maia vai ter um colapso nervoso.

— Encontrar sua companheira vai mudá-lo. — Afirmou Maia. — Acredito na profundeza da minha alma. Se alguma coisa pode trazer paz à sua mente, será sua companheira.

— Tudo bem então, vamos fazer isso. — Decidiu Penélope, correndo pela floresta em direção ao pesqueiro.

— Ela vai pensar que somos tão esquisitas. — Disse Flora.

— Não há esperança para isso. — Constatou Penélope. — Nós apenas temos que entrar lá e fazer acontecer.

As irmãs engataram os braços, rindo uma da outra. Flora pôs o braço ao redor do ombro de Maia, puxando-a para o abraço de amor fraternal. Algo derreteu dentro dela e, teve uma sensação de pertencimento que não sabia que poderia ser possível. Essas mulheres estavam arriscando muito para ajudá-la. Foi um sacrifício que não esqueceria tão cedo. Mas, mais do que isso, estavam oferecendo sua amizade.

Penélope apertou a campainha da casa da fazenda e esperaram na varanda, enquanto os sinos tocavam lá dentro. Um momento depois, uma mulher idosa baixinha atendeu a porta e examinou-as com curiosidade.

— Sim? — A mulher perguntou

— Esperávamos poder falar com Evangeline Andrews. — Disse Penélope.

— Posso ajudar? Evangeline está ocupada.

— Temos informações muito importantes para compartilhar com ela.

— Que informação?

— É sobre as notícias sobre os vampiros e dragões. — Informou Flora.

— O que minha filha tem a ver com isso? — A mulher perguntou, fechando a porta no meio do caminho.

— Temos razões para acreditar que ela poderia ajudar a evitar uma guerra. — Respondeu Penélope.

— Espere aqui. — Pediu a mulher, fechando a porta atrás de si.

— Se ela não vier de bom grado, nós devemos apenas sequestrá-la. — Sugeriu Flora, rindo.

— Não posso acreditar que você acabou de dizer isso. — Disse Penélope. — Tem certeza de que tiramos todo o sangue de vampiro de você?

— Estou brincando. Sou a última pessoa a sequestrar alguém.

— Acredito que sim.

Um momento depois, uma mulher alta e curvilínea usando uma jaqueta jeans e botas de trabalho abriu a porta da frente e olhou para elas interrogativamente.

— Minha mãe diz que vocês acham que posso evitar uma guerra? — Evangeline perguntou com um sorriso.

— Algo assim. — Respondeu Penélope.

— Vou ser sincera com você, Evangeline. — Disse Maia. — Há um homem que temos razões para acreditar que pode ser o amor da sua vida. Mas, agora ele não está em um lugar muito bom. O destino do mundo está em jogo. E acreditamos que se ele conhecesse você, isso poderia mudar tudo.

— Vai ter que me dar um pouco mais de informação do que isso.

— Somos dragões. — Declarou Maia.

— Oh meu Deus, você disse a ela. — Exclamou Penélope, cobrindo a boca, os olhos arregalados.

— Dragões?

— Você sabe que os vampiros revelaram nossa existência. — Disse Maia.

— Tanto quanto sei, isso é tudo uma teoria da conspiração. Você é do bando de loucos daquele culto maluco na estrada? Já disse a vocês um milhão de vezes para ficarem longe da minha terra.

— O que é um culto? — Maia perguntou.

— Nós não somos parte do culto. — Afirmou Penélope. — Maia, por que não mostra a ela?

— Bem aqui na varanda da frente?

— Você vai ter que voltar para a garagem, para não estragar a casa dela. — Constatou Flora.

— Bom ponto. — Concordou Penélope.

— Tudo bem então. — Disse Maia, descendo a entrada da garagem. — Vou te mostrar que sou uma dragoness.

Maia respirou fundo e se transformou em sua forma de dragão azul marinho. Evangeline ficou fraca nos joelhos e quase caiu no chão em estado de choque. No último segundo, ela se segurou no batente da porta.

— Isso deve ser um truque.

— Não é um truque.

— Vocês são todos dragões? — Evangeline perguntou.

— Não, somos humanas. Ela é a única fêmea adulta de dragão que restou no universo. — Informou Penélope.

— Devo estar alucinando. — Evangeline sacudiu a cabeça, incrédula.

Maia se transformou em humana e subiu novamente na varanda. — Eu te imploro que venha conosco, Evangeline.

— Devemos apenas levá-la. — Sussurrou Flora.

— Cale-se Flora. — Disse Penélope. — Seu cérebro grávido está te deixando louca.

— Temos montanhas de ouro. — Disse Maia. — Posso transferir para você agora.

— Oh, é uma ótima ideia. — Concordou Penélope. — Qual é a sua conta bancária?

— Não vou lhe dar minhas informações bancárias. — Disse Evangeline.

— Ok, seu endereço do PayPal7?

Evangeline divulgou seu endereço de e-mail. Penélope bateu na tela holográfica de seu dispositivo de pulso, enquanto Evangeline a olhava com uma expressão mistificada no rosto.

— Isso é algum novo tipo de smartphone? — Evangeline perguntou.

— É uma tecnologia avançada de dragão. — Respondeu Penélope, olhando para ela. — Verifique seu e-mail.

Evangeline tirou o smartphone do bolso de trás e deslizou o dedo pela tela. Um momento depois, sua boca caiu aberta.

— Transferi... um milhão de dólares. — Disse Penélope, colocando o dedo mindinho no lado da boca. Flora e Penélope riram. Maia olhou para eles, confusa.

— Um milhão de dólares! — Exclamou Evangeline. — Como isso é possível?

— Nós dissemos a você, somos dragões de toda a galáxia e temos montanhas de ouro. Precisamos que venha conosco para encontrar seu companheiro predestinado, para que possa nos ajudar a evitar uma guerra.

— Tudo bem. — Concordou Evangeline, estupefata. — Vou com você. Esta é provavelmente a coisa mais idiota que já fiz na vida. Mas um milhão de dólares em dinheiro pode cuidar de minha mãe e meu filho pelo resto de suas vidas. E se você me matar, pelo menos eles serão cuidados.

— Não queremos matar você. — Afirmou Flora. — Nós realmente precisamos que você venha conosco agora.

— Estou pronta. Onde está seu carro?

— Sobre isso... — Começou Penélope. — Você vai ter que andar na parte de trás de um dragão, invisível.

— Espero que tenha um estômago forte. — Acrescentou Flora.

— Achei que não ficaria mais chocada hoje. — Disse Evangeline, seguindo-as até a entrada da garagem.

Maia se transformou em sua forma de dragão. Flora e Penélope subiram nas costas e Evangeline subiu atrás. Um momento depois, Maia ativou seu escudo furtivo e se lançou para o céu. Ouviu Evangeline gritar, enquanto Flora e Penélope riam e repreendiam uma à outra por rir.

Levou apenas mais alguns minutos para voltar à House of Storms, onde pousou na mesma clareira de onde partiu e, correu pela cobertura da floresta até a borda do complexo.

— O que está acontecendo? — Evangeline disse enquanto o fogo dos dragões, os relâmpagos e os torpedos explodiam no céu.

— Nós dissemos que havia uma guerra.

— Acho que estava dizendo a verdade. — Disse Evangeline.

Flora e Penélope desceram das costas de Maia assim que ela ficou visível. Elas ajudaram a trêmula Evangeline a descer no chão. Maia voltou para sua forma humana. O dragão de Hanish correu na direção delas. Evangeline gritou e Hanish se transformou em um homem.

— O que vocês estão fazendo? — Hanish exigiu.

— Nós a encontramos. — Penélope disse, com um floreio.

— Esta é a companheira do Príncipe das Marés. — Flora terminou por ela.

As gêmeas estavam em cada lado de Evangeline, apontando para ela como se estivessem exibindo um burro premiado. Tudo o que Maia podia fazer era manter a esperança de que essa era a resposta que todos esperavam.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo Dezenove


— Príncipe das Marés. — Chamou Zephyr através de seu dispositivo de pulso. —Vamos entregar a Dragoness Prime, se trouxer a criança até aqui.

— Você vai mandá-la para mim. — Exigiu o príncipe.

— Esta é a nossa única oferta. Maia precisa saber que sua filha está bem. Você a traz para baixo, pessoalmente, então entregamos Maia.

— Isso é um truque.

— Você a quer ou não. Ela está disposta a ir com você.

— Irei com você se vier aqui e me mostrar que Waverley está ilesa. — Disse Maia.

— Posso mostrá-la a você em holograma.

— Preciso vê-la pessoalmente.

— Muito bem então. Vou descer em breve.

— O que está acontecendo? — Perguntou Evangeline, colocando a caneca de chocolate quente entre as mãos. A mulher parecia absolutamente abalada. Zephyr não podia acreditar que Flora, Penélope e Maia tinham ido encontrá-la sem informar ninguém. Ele nunca teria aprovado. Mas percebeu que as mulheres eram mais fortes e mais engenhosas do que qualquer um deles imaginara.

— Ele é sua alma gêmea. — Disse Flora.

— É ele que está atacando vocês?

— Sim. — Respondeu Penélope. — Mas temos certeza que você vai gostar dele.

— Vai me forçar a ir com esse louco? — Evangeline começou a tremer.

— Não. — Afirmou Flora. — Nós só queremos que ele sinta o seu cheiro.

— Literalmente. — Acrescentou Penélope.

— Achamos que isso vai consertar a cabeça dele. — Flora apontou para a têmpora.

— Definitivamente. — Penélope assentiu.

O complexo parou de tremer com os ataques e os dragões reunidos esperaram pacientemente pela chegada do príncipe. Kian e Raiden estavam do lado de fora, preparados para acompanhá-lo a casa.

Houve uma batida forte na porta e, em seguida, Kian entrou. A próxima pessoa a entrar pela porta foi um homem que Zephyr reconheceu da reunião com os príncipes. O Príncipe das Marés, segurava Waverley frouxamente no quadril. Maia ficou de pé e correu para a filha, ajeitando-a nos braços.

— Já viu que a criança está bem. Agora venha.

— Você precisa conhecer uma convidada especial antes de irmos. — Disse Maia, afastando-se para deixá-lo ver e cheirar Evangeline.

Seus olhos percorreram a humana e sua boca se abriu. A mulher, que antes era forte e poderosa, corou e piscou os olhos ao ver o belo príncipe.

— Príncipe da Casa das Marés. — Disse Maia. — Te apresento a sua companheira predestinada, Evangeline Andrews.

— Não pode ser. — Respondeu ele, tropeçando para frente e segurando-se nas costas de uma cadeira.

Evangeline limpou a garganta e estendeu a mão para apertar dele. Current ofereceu a mão errada para um aperto de mão humano, então os dois ficaram de mãos dadas. Ela corou ainda mais e, ele se sentou na cadeira para olhar para ela.

— Pegue uma xícara de chocolate quente para ele. — Pediu Penélope.

— Seu nome é Evangeline? — Ele perguntou.

— Sim. E você é um Príncipe Dragão?

— Não mais. — Afirmou o Príncipe Mortar, caminhando pela porta dos fundos. — Os príncipes tomaram uma decisão. Permitiremos que você viva e corteje sua companheira predestinada, mas deve renunciar à liderança da House of Tides. Seus homens não querem mais segui-lo e, as outras Casas não aceitarão esse tipo de comportamento de um dos nossos. Nós temos você cercado. Entregue-se ou morra.

— Quem vai liderar minha Casa? — Ele perguntou.

— Os dragões despertos votaram, a decisão unânime foi que a nova líder da House of Tides deve ser Maia, a Dragoness Prime e Duquesa da Casa.

— Princesa das Marés? — Maia disse, colocando a mão em seu coração. — Não esperava isso.

— Você é a próxima na fila. — Informou o Príncipe Mortar. — E a maior heroína da nossa raça.

— O que devo fazer? — Ela perguntou, parecendo confusa.

— Poderia começar encontrando um lar para sua Casa. — Sugeriu Hanish.

— Sim ... um lar para a nossa Casa. Um lugar à beira-mar. Onde todos os meus filhos possam brincar na maré. — Disse ela.

— Você aceita, então? — Perguntou Mortar.

— Aceito. — Respondeu Current, ainda olhando amorosamente nos olhos de Evangeline. — Você será minha companheira?

A boca de Evangeline caiu e ela piscou várias vezes em choque. Cato deu-lhe uma palmada nas costas e riu. — Você tem muito a aprender sobre costumes humanos de acasalamento. Para sua sorte, tenho muitos dados para você atualizar sua etiqueta de namoro.

— Em seguida, poderia encontrar minha companheira? — Perguntou Mortar.

— Nós podemos. — Disse Penélope, digitando em seu computador.

— E meu irmão? — Perguntou Maia. — Onde ele está?

— Eu o coloquei em uma cela de prisão. Mas agora que é a líder da Casa, pode libertá-lo você mesma.

— Iremos colocá-lo em um bom apartamento na cidade mais próxima. — Sugeriu Raiden. — Vai ser perfeito para você.

— E poderá aprender tudo sobre rituais de namoro humano. — Disse Zephyr. — Para que não assuste até a morte sua companheira, com sua ansiedade.

— Eu gostaria disso. — Respondeu Current, sem tirar os olhos de Evangeline.

— Se precisar de ouro... — Falou Maia. — Posso te mandar. Mas, como disse o Príncipe Mortar, você deve se demitir pacificamente e seguir em frente com sua vida.

— Eu vou. Farei qualquer coisa para ter uma chance de estar com minha companheira.

Penélope e Flora se entreolharam e sorriram, concordando uma vez como se tivessem algum tipo de telepatia mental.

— Nós sabíamos que isso iria consertá-lo. — Disse Penélope.

— Você não tinha tanta certeza sobre isso, Penélope. — Contestou Flora.

— Sabia sim. — Objetou Penélope.

— O que importa é que aconteceu. E todos nós estamos seguros e juntos agora, no mesmo time mais uma vez. — Finalizou Maia.

— Isso resolve um problema. — Lembrou Zephyr. — Mas de acordo com as últimas notícias, os humanos estão à beira de sua própria guerra.

— Devemos deixá-los saber que estamos aqui para ajudar este mundo. — Afirmou Hanish.

— Quem deve se dirigir aos humanos? — Zephyr perguntou. Todos na cozinha se viraram para olhá-lo. — Não serei o único a fazer isso.

— Tudo o que precisa fazer é falar com seu coração. — Respondeu Maia.

— Com meu coração? — Zephyr disse, encostado na ilha da cozinha. — Acho que posso fazer isso.

— Tenho os resultados da análise de acasalamento de Zephyr e Maia — Comunicou Azure através do link mental. Maia e Zephyr se entreolharam.

— E qual foi? — Ele perguntou.

— Os resultados são positivos. Vocês são companheiras predestinados.

Maia se jogou nos braços de Zephyr e ele segurou seu corpo macio contra o dele. Foi o momento mais satisfatório da sua vida. Sua querida, sua amada, era realmente sua, e agora poderiam ficar juntos sem um pingo de dúvida.

— Agende uma coletiva de imprensa para a manhã. — Solicitou Zephyr. — Então vou saber exatamente o que dizer.

 

Capítulo Vinte


Zephyr e Maia levaram Waverley para a nave da House of Tides. Esperaram, enquanto as câmaras de ar se abriam e fechavam ao redor deles. Quando a porta da nave se abriu, ela foi recebida pela tripulação. Os rostos dos homens de sua Casa irradiavam excitação e adoração.

— Princesa. — Disseram eles, curvando-se diante dela.

Maia olhou em volta para suas cabeças inclinadas em sinal de gratidão, por seu amor por ela. Estendeu a mão e tocou seu Primeiro Tenente no ombro.

Ele se levantou e colocou a mão em seu coração.

— Não tínhamos ideia de que você ainda estava viva. Current nos disse que a House of Storms havia raptado Waverley, então o seguimos no ataque. Por favor, nos perdoe.

— Não há nada para perdoar, meus amigos. Não tenho ressentimento de nenhum de vocês. — Ela olhou em volta. — Onde está meu irmão?

— Ele está no brigue. — Disse um grande guerreiro.

Maia passou pelo corredor até a prisão do navio. A porta se abriu e ela entrou. Encontrou seu irmão preso em uma cela atrás do vidro à prova de som. Ele se levantou, seus olhos travando com os dela. Pronunciou o nome dela e colocou a mão contra o vidro. Tinha uma expressão torturada e lágrimas brilhavam em seus olhos. Maia manteve Waverley perto, o peso familiar de sua filha era um grande conforto para ela. Seu irmão olhou para a bebê e seus olhos estremeceram, as lágrimas escorreram pelo seu rosto. Ele pronunciou as palavras:

— Sinto muito. — Com a cabeça para baixo, cobriu o rosto com a mão.

— Solte-o. — Ordenou Maia.

— Sim, Princesa. — Disse seu Tenente.

Ele deslizou o dedo sobre o painel de controle e a porta do calabouço se abriu. Seu irmão ofegou e saiu apressado, caindo de joelhos diante dela. Maia se abaixou e pegou a mão dele, puxando-o para ficar em pé. Colocou o braço em volta da cintura dele e o abraçou apertado.

— Querido irmão.

— Como pode me perdoar, Maia? Fiz uma coisa imperdoável.

— Poderia te odiar pelo que fez. Mas sei que foi feito por amor.

— Ele disse que mataria as duas.

— Seu maior pecado é o medo, meu irmão. Só desejo ajudá-lo a ter mais coragem e mais crença no poder do seu próprio coração. Se quiser ensinar isso a você, não posso puni-lo pelo que fez.

— Oh Maia. — Disse ele, levantando a mão para beijar as costas de seus dedos. — É verdadeiramente uma grande princesa: sábia e forte. Temos a sorte de ter você como líder da nossa Casa. E quem é esse? — Olhou para Zephyr.

— Este homem é meu companheiro. Oficial de Ciência Zephyr da House of Storms. Hoje à noite, estou tomando o controle desta nave. Irmão, gostaria que se retirasse para seu quarto para uma contemplação silenciosa. Lembre-se de minhas palavras para você hoje: fortifique seu coração. Acredito que um dia se tornará um homem corajoso e poderoso. — Disse ela, colocando a mão em seu ombro e olhando em seus olhos.

— Obrigado, Maia. Não vou te decepcionar.

— Sei que você não vai. — Maia respondeu. Ele respirou fundo e beijou sua bochecha antes de sair pela porta.

— O brigue não é o lugar mais apropriado para a comemoração do nosso dia, é meu amado companheiro? — Perguntou Maia, virando-se para Zephyr e segurando seu rosto em sua mão.

— Acho que seus aposentos podem ser um lugar melhor para isso. — Ele beijou sua mão.

Caminharam pelo corredor até seus novos quartos. Os aposentos do capitão foram preparados para ela. Colocou seu bebê em um berço no berçário adjacente e verificou as portas. Maia sabia que não havia mais motivos para temer alguém ou alguma coisa. Mas, por enquanto, queria tomar todas as precauções para sua filha. Maia e Zephyr saíram do berçário para os seus aposentos particulares.

Zephyr pegou a mão dela e levou-a à boca, beijando os nós dos dedos, um por um. Seus olhos se fecharam, enquanto ele apreciava o cheiro e o sabor de sua pele. Seu corpo inteiro relaxou quando o prazer sensual do beijo de seu amante a fez estremecer. Ela entrou em seus braços e envolveu os dela ao redor de seu pescoço, olhando em seus olhos.

— Grande Dragoness Prime, agora Princesa da House of Tides. Deusa entre os Dragonianos. Esta noite você se tornará minha para sempre. — Ele inclinou o rosto para o seu, pressionando seus lábios gentis, mas firmes em sua boca. Soltou um suspiro trêmulo e fechou os olhos, enquanto a emoção brotava dentro dela. Tinham passado por tanto, superado tanto, agora poderiam finalmente ficar juntos.

— Minha amada. — Ele suspirou.

Zephyr a ergueu, embalando-a nos braços e levou-a para o outro lado da sala. Ele a deitou na cama grande e macia. Enquanto pressionava sua dureza entre as pernas dela, se beijaram devagar e apaixonadamente, o estresse do dia evidente na força de sua paixão. Toda a tensão só tornava muito mais agradável estarem juntos agora. Ele deslizou a mão pela perna dela, sob o vestido, acariciando sua coxa.

Em seguida, a puxou pela cintura e deslizou sua ereção sobre seu núcleo úmido. Seus beijos foram lentos e insistentes, Maia chegou rapidamente à beira do clímax. Estava tão tomada de gratidão, que as lágrimas de alegria, deslizaram por seu rosto em apreciação por seu lindo amante.

— Minha Princesa. — Sussurrou, enquanto a beijava, tirando-a de suas roupas.

Sua língua deslizou sobre seu corpo. A lenta e suave sensualidade de seus movimentos a puxou para um transe hipnótico. Ele beijou seu abdômen e o monte de seu sexo, enquanto suas mãos gentilmente agarravam seus seios. Sua língua sacudiu seu sexo e pressionou através das dobras externas e sobre seu botão de prazer. Ele lambeu seu corpo, lânguido e amoroso, a ponta da sua língua se contorcia sobre seu desejo.

Respirou longa e profundamente, absorvendo o poço de paixão que ele fazia surgir dentro dela. Ele trouxe a abundância de seu amor para mais perto da superfície a cada beijo. Maia engasgou e gemeu quando seu clímax começou a se desdobrar.

— Meu amado. — Sussurrou, passando as mãos pelos cabelos dele.

Sua língua aumentou a vibração, quando seus dedos molhados deslizaram para dentro e, pressionaram contra seu desejo interior. De repente, ela veio, como uma inundação de óleo quente espalhando-se por seu corpo. Sua boca se abriu quando o prazer pulsante bateu ao ritmo de seu coração. Seus olhos se arregalaram quando viu a luz brilhante dançar no teto acima dela.

Zephyr beijou sua boca, o gosto de seu sexo salgado e doce em sua língua. Pressionou sua ereção contra sua umidade e deslizou sobre seu corpo. Beijou seus seios e mordiscou seus picos. Ela o abraçou, deslizando as mãos por suas costas fortes. Colocou as pernas ao redor da cintura dele. Seu peso e seu tamanho a protegiam. A pressão de seu corpo a fez se sentir segura.

Zephyr moveu os quadris e pressionou a cabeça de seu pênis contra sua entrada. Ela se inclinou e beijou sua boca, aberta e apaixonada, suas línguas pressionando uma contra a outra. Agarrou a parte de trás de seu cabelo com força, enquanto se preparava para sentir seu comprimento espesso em seu núcleo.

— Sim... — Disse, quando ele deslizou dentro dela.

Os sulcos de seu sexo roçavam suas paredes internas, deslizando sobre o óleo quente de seu amor. Quando ele afundou até a base de si mesmo, em seu desesperado abraço, ela se deitou e se deleitou com a sensação de integridade que ele lhe deu.

Ela segurou seu rosto e eles olharam nos olhos um do outro. A centelha de amor e desejo irradiava entre eles. Zephyr começou a se mover em um ritmo lento e poderoso, levando sua paixão mais e mais a cada impulso de seus quadris.

Bela e magnífica, as marés de sua paixão cresceram e cresceram como as ondas do mar. Ele rolou dentro dela, ganhando velocidade e potência a cada inclinação de seu quadril. Ele a moveu como uma tempestade se move no mar. Deslizou a língua sobre o pescoço dela, sussurrando suavemente em seu ouvido enquanto se aproximavam do clímax. As ondas de amor estavam crescendo, enquanto a tempestade soprava o mar em um frenesi.

— Você é minha. — Zephyr rosnou em seu ouvido.

Ela veio como um tsunami, correndo em direção à costa desavisada. Os dentes afiados de Zephyr roçaram seu pescoço enquanto ele rosnava, seu desejo vibrando sobre sua pele. Ela se inclinou em seu pescoço, suas próprias presas afiadas descendo em sua boca. A luz de sua dragoness brilhava nos olhos dela.

Juntos, eles morderam. Zephyr liberou sua semente profundamente nas profundezas dela e eles se abraçaram naquele momento pulsante e atemporal. A tempestade e o mar se encontraram, construindo um poder além da medida, além de qualquer coisa que a Terra já tivesse visto. O poder de sua onda quebrou sobre os dois e, sentiu como se a própria sala estremecesse.

Então, estavam dançando com o vento, a chuva e o mar em ascensão, girando juntos nas ondas que desciam e arrebentavam. Trovões e relâmpagos brilhavam no céu tempestuoso. Maia e Zephyr foram a tempestade, foram o mar, eles eram o poder da vida, morte e renascimento.

Quando seus dentes deslizaram um do outro, soltaram um suspiro profundo e se separaram. Ela rolou de costas. Seu corpo ainda latejava com o conhecimento de Zephyr. Ele foi para as profundezas do seu ser e ela renasceu. Mais forte e mais poderosa do que antes.

O acasalamento de dois dragões destinados ao amor, através do tempo e do espaço, nunca havia acontecido antes neste planeta. Ela riu quando se inclinou sobre o cotovelo e se virou para ele, descansando contra o peito dele. Ele acariciou o cabelo dela e beijou sua testa.

— Tanta beleza, tanto poder. — Falou ele, com um suspiro.

— Agora devemos descansar, meu amado. Porque amanhã, vamos acabar com todas as guerras e testemunhar o alvorecer de um novo dia para o povo da Terra.

 

 

 

 


Capítulo Vinte e Um


Zephyr subiu em um pódio ante os microfones e os repórteres que se reuniram para ouvi-lo. Pela primeira vez em sua vida, sabia exatamente como falar de seu coração.

— Pessoas da Terra. Há muito tempo, os dragões de Dragonia escaparam da morte de nossa estrela. Nós vasculhamos a galáxia para encontrar um novo lar e finalmente encontramos a Terra. Quando encontramos as criaturas primitivas que viviam aqui na época, sabíamos que eram uma grande promessa. Então, nós semeamos este mundo com as almas de nossos ancestrais, esperando que algum dia Dragon Souls nascessem entre vocês.

— Dormimos por um milhão de anos, despertando apenas alguns anos atrás. Descobrimos que a raça humana evoluiu para os seres gloriosos e belos que vocês são hoje. Mas, infelizmente, descobrimos que nossos filhos amados haviam sido infectados pelo nosso antigo inimigo.

— Os vampiros tinham vindo aqui para se banquetearem no sangue da humanidade. Eles corromperam sua sociedade com ganância, ódio e suspeita. Nós tentamos argumentar com os vampiros, pedir-lhes para mudar seus hábitos alimentares, mas se recusaram. Seu poder vinha do sangue dos seres inteligentes que tomavam a força. Então, eles não pararam.

— Estes últimos meses de confusão, assassinatos e desaparecimentos foram o resultado da retaliação dos vampiros contra os dragões. Quando vimos a aceleração de sua destruição, redobramos nossos esforços para encontrar uma vacina que impedisse os vampiros de se alimentarem de humanos.

— Nós fomos bem-sucedidos nisso. Como subproduto da distribuição da vacina, os animais neste planeta agora também estão imunes. Se um vampiro beber o sangue de um humano ou animal, ele vai morrer. Fui informado de que os vampiros tomaram as reservas de sangue, embarcaram em sua antiga nave e deixaram a Terra para sempre.

— Imploro que vocês guardem as armas que apontam um para o outro. A existência de vampiros e dragões não é uma mentira ou uma conspiração criada por outro país ou facção. Vampiros e dragões existem. Mas, enquanto os vampiros saem, os dragões de Dragonia permanecerão. Nós não queremos ter poder sobre o seu povo. Nós não queremos influenciar suas decisões. Nós não desejamos nada além da chance de viver em paz com vocês.

— Faremos tudo o que pudermos para apoiar o desenvolvimento do amor, da paz e da prosperidade neste planeta. Mas pedimos que vocês permaneçam como estão e continuem com suas vidas. Sabemos que é difícil esquecer e seguir em frente depois de uma revelação tão chocante, mas o progresso e a mudança serão muito mais suaves para vocês, se isso acontecer lentamente, sem medo ou ganância.

— Sabemos que o coração humano é nobre e sábio. Sabemos que o potencial do amor fraternal é a força motriz do seu maior poder. Deixem de lado a influência dos vampiros e procurem profundamente dentro dos seus corações de dragões. Vocês encontrarão o verdadeiro poder do seu amor. Isso irá curar o mundo e criará a realidade que vocês desejam.

— Vocês podem se perguntar por que nós semeamos este planeta em primeiro lugar. A morte do nosso sol baixou nossa taxa de natalidade feminina até quase não restar nada. O resultado de nós espalharmos nosso DNA através deste planeta não só ajudou a humanidade a evoluir, mas também criou seres humanos que têm DNA de dragão latente suficiente para transportar a alma de um dragão. Nós as chamamos de Dragon Souls. Estas Dragon Souls são as parceiras predestinadas da nossa espécie.

— Nós criamos um site de namoro que pode combinar Dragon Souls com seus companheiros dragões predestinados. Nós não esperamos nada de vocês. Mas, uma vez que o nosso maior chamado é o amor e a conexão, esperamos ser abençoados em encontrar nossas companheiras predestinadas neste planeta. Muitos de nós já encontramos nossas companheiras. Essas uniões criarão grandes e poderosas mudanças para melhor neste planeta.

— Esse site de namoro estará prontamente disponível na Internet para qualquer interessado. Se tiverem mais perguntas sobre a história de Dragonia, nosso pessoal e a ciência por trás da vacina ou a semeadura do seu planeta, acesse www.dragonia.com.

— Sempre haverá alguém disponível para responder às suas perguntas. Prometemos total transparência em todas as coisas e viveremos como a personificação do amor e da confiança.

— Vocês são todos uma grande humanidade. Vocês não estão em desacordo um com o outro. E não estão em desacordo conosco. Sabemos que somos convidados em seu planeta e que alteramos o curso de sua evolução, mas esperamos que vocês possam nos ver como benfeitores que sempre desejaram o melhor para todos vocês. Do meu coração de dragão para o seu. Eu te desejo amor e paz.

Zephyr inclinou-se ligeiramente diante das câmeras e se virou para se afastar. Encontrou Maia esperando nos bastidores com Waverley. Ela envolveu um braço ao redor dele e beijou sua bochecha.

— Como me saí? — Perguntou.

— Isso foi perfeito. Você realmente tem um coração forte.

— Acha que vai funcionar?

— Sem sombra de dúvida.


Capítulo Vinte e Dois


Maia sentou-se no meio da longa mesa de madeira, olhando para os rostos sorridentes de todos os seus amigos e familiares. Levantou a taça de champanhe para aqueles que se reuniram para celebrar a inauguração da House of Tides.

— Muito obrigada a todos por terem vindo.

— Nós não perderíamos por nada. — Disse Penélope.

— Todos nós deveríamos nos mudar para uma ilha tropical. — Suspirou Flora, esfregando seu estômago arredondado.

— Não vamos mover a House of Storms tão cedo. — Respondeu Hanish.

— Vocês são bem-vindos para vir nos visitar sempre que quiserem. — Convidou-os Zephyr. — Há espaço para todos.

Maia e Zephyr compraram um resort tropical em uma ilha no Pacífico Sul, semelhante àquela em que passaram os primeiros dias juntos. Depois de receber a confirmação da análise de acasalamento, descobriram que a razão pela qual a análise fora inconclusiva, era justamente pela razão que Zephyr havia postulado. Depois de fazer amor, a interferência dos outros dragões não era mais um fator.

Maia esfregou a barriga arredondada e sorriu para as amigas. Seu irmão sentou à sua esquerda e Zephyr à sua direita. De um lado da mesa estava a House of Flames, do outro lado a House of Storms. As outras casas também foram acomodadas nas mesas próximas.

Até Current e Evangeline estavam lá. Ele fora completamente cooperativo na transferência de poder e não fez nenhuma tentativa de usurpar a posição de Maia. O poder do amor verdadeiro era tão forte. Current até estava passando um tempo com Waverley.

A princípio, Maia relutou em deixá-lo entrar em sua vida, mas acabou notando sua mudança e entendeu que ele era uma parte importante da vida de sua filha. Estava morando em um pequeno apartamento na cidade e passava a maior parte do tempo aprendendo sobre humanos e saindo em encontros com Evangeline. Ninguém queria aplicar-lhe uma punição severa, agora que fizera as pazes com todos.

Maia sorriu para Zephyr e olhou para o outro lado da praia, para as outras mesas cheias de dragões das outras casas. Olhou para o oceano e depois para as cadeiras altas com cada um dos filhos sentados nelas. Tudo o que sempre quis tinha acontecido e seu povo havia encontrado um novo mundo para chamar de seu.

— Quero aproveitar o momento para agradecer pela bela vida que todos compartilhamos. Depois do discurso emocionante de meu cônjuge na mídia humana e, da onda imediata de amor que tomou conta do mundo, as ondas de paz vêm aumentando desde então.

— É uma grande bênção estar com todos vocês aqui agora. Tudo o que desejamos, quando deixamos a velha Dragonia, se tornou realidade. Os vampiros deixaram a humanidade em paz e nós estamos no início de uma grande e poderosa Era para todos.

— Quero agradecer a cada um de vocês, Príncipes de Dragonia, sua coragem, sua força e sua fé em mim para dar à luz a nossos dragões, mesmo contra o desejo dos mais velhos.

— Sou abençoada com o amor do meu companheiro Zephyr. Meu querido, sua dedicação à nossa missão compartilhada, apesar de tudo, é o que nos trouxe através da linha de chegada para onde estamos agora. Eu te amo mais do que as palavras podem expressar.

— Para todas as mães de dragões agora neste mundo, vocês são minhas irmãs de alma. Eu as amo como uma parte de mim mesma. E espero que juntas possamos continuar trazendo os princípios de amor, nobreza e honra para o futuro em constante evolução neste mundo belo e abundante.

— Que assim seja! — Disse Zephyr, erguendo o copo.

— Que assim seja! — Disseram Penélope e Flora juntas.

— Que assim seja! — Disse Jojo e o resto.

Uma lágrima deslizou pela bochecha de Maia, enquanto ouvia seus bebês arrulharem. Todos reunidos eram uma grande alegria em seu coração. Todos os filhos de dragões cresceriam e viveriam juntos aqui na Terra. Ela esperava que todos os príncipes encontrassem seu amor predestinado, enquanto fundavam suas casas em todo o mundo.

Mas para Maia, seu futuro estava garantido, seu amor estava aterrado aqui e agora, e tinha tudo o que sempre desejara.

 


Notas


[1] AI – Inteligência artificial;
[2] House of Storms – Casa das tempestades;
[3] House of Flames – Casa das Chamas.
[4] House Of Tides – Casa das Marés
[5] House of Stone – Casa das Pedras
[6] House of Ether – Casa do Éter; Éter na filosofia é a quinta essência.
[7] PayPal é um sistema de pagamento online.

 

 

                                                   Scarlett Grove         

 

 

 

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