Criar uma Loja Virtual Grátis
Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


A PARTICIPAÇÃO DOS ANJOS
A PARTICIPAÇÃO DOS ANJOS

                                                                                                                                                  

 

 

 

Biblio VT

 

 

 

 

 

Capítulo 21

 


A vassoura beijava ao longo do corredor central do estábulo, empurrando os detritos à frente, chutando uma fina névoa de partículas de feno. Enquanto Edward caminhava atrás de sua vassoura, os focinhos das fêmeas reprodutoras saíam de baias de portas abertas, aspirando a sua camiseta, batendo o cotovelo, soprando os cabelos. Umidade tinha explodido em sua testa e uma linha desceu sua espinha na cintura solta do jeans. De vez em quando, ele parou e passou o antebraço sobre o rosto. Falava com Joey, o filho de Moe, que estava tirando o estrume das baias. Deu um tapa em um pescoço gracioso ou alisou uma crina ágil.

 Ele podia sentir o álcool sair de seus poros, como se estivesse marinado nas coisas. E ainda assim, enquanto ele estava trabalhando a bebida no seu corpo, ele teve que cuidar de uma garrafa de vodca duas vezes, caso contrário, a agitação ia à frente dele.

 — Você está trabalhando duro, — veio uma voz do outro lado.

 Edward parou e tentou olhar por cima do ombro. Quando seu corpo não lhe permitia a margem de manobra, ele arrasou, usando o punho da vassoura para alavancar.

 Apertando um raio de luz do sol, ele disse: — Quem é?

 — Eu sou detetive Merrimack. CMP.

 Um estridente conjunto de passos desceu o concreto, e quando eles pararam na frente dele, uma carteira foi aberta, e uma identificação e um crachá foram apresentados para inspeção.

 — Eu estava pensando se eu poderia fazer algumas perguntas, — disse o detetive. — Assim como uma formalidade.

 Edward mudou o foco da exibição para o rosto que combinava com a fotografia laminada. Merrimack era afro-americano, com cabelos curtos, um maxilar forte e mãos grandes que sugeriam que ele poderia ter sido jogador de futebol ao mesmo tempo. Ele estava usando uma camisa polo branca brilhante com a insígnia do Departamento de Polícia do Metro de Charlemont no peito, um bom par de calças e um conjunto de sapatos de couro com solas de borracha que faziam Edward pensar que, na ocasião, o cara tinha que perseguir alguém.

 — Como posso ajudá-lo, detetive?

 Merrimack guardou suas credenciais. — Você quer ir a algum lugar para se sentar enquanto conversamos em particular?

 — Aqui está bom o suficiente para mim. — Edward coxeou até um fardo de feno e deixou seu peso cair das pernas. — Não há ninguém mais neste celeiro agora. E você pode virar esse balde se quiser se sentar.

 Merrimack sacudiu a cabeça. Sorriu. Olhou ao redor. — Esta é uma reprodução que você tem aqui. Muitos cavalos bonitos.

 — Você é um homem de apostas na pista?

 — Apenas coisas pequenas. Nada como você, tenho certeza.

 — Eu não aposto. Mais isso é.

 — Nem mesmo em seus próprios cavalos?

 — Especialmente não nos meus. Então o que posso fazer por você?

 O detetive atravessou a baia cuja parte superior estava fechada. — Uau. Este é uma beleza...

 Edward balançou a cabeça. — Eu não ficaria tão perto se eu fosse...

 Nebekanzer abriu os dentes e pulou nas barras, e Merrimack voltou para trás, dançando melhor do que Savion Glover.

 Enquanto o homem se segurava em uma porta torta oposta, Edward disse: — Você não está familiarizado com os cavalos, não é?

 — Ah... não. — O homem endireitou-se e arrumou a camisa. — Não, eu não estou.

 — Bem, quando você entra em um celeiro cheio de baias aberta e há uma, e apenas uma, está completamente fechada? As chances são de que é por uma boa razão.

 Merrimack balançou a cabeça para o grande garanhão, que estava movendo de um lado para o outro como se quisesse sair e não era para apertar a mão de forma educada. — Diga-me que ninguém monta essa coisa.

 — Só eu. E não tenho nada a perder.

 — Você? Você pode entrar numa sela na parte de trás desse cavalo.

 — Ele é meu garanhão, não apenas um cavalo. E sim, posso. Quando eu penso em algo, posso fazer isso acontecer mesmo neste corpo.

 Merrimack foi reorientado. Sorriu novamente. — Você pode. Bem, isso deve estar ajudando com sua recuperação. Eu leio sobre o seu...

 — Férias infelizes? Sim, o que eu atravessei nunca vai aparecer no Trivago. Mas pelo menos eu consegui os pontos frequentes para a viagem. Nada, porém, para o norte. Eles tiveram que transportar o que restava de mim para uma base do exército, e então a Força Aérea me trouxe de volta aos Estados Unidos.

 — Não consigo imaginar o que foi isso.

— Sim, você pode. — Edward recostou-se no fardo de feno e reorganizou suas pernas. — Então o que posso fazer por você?

 — Espere, você disse que a Força Aérea o trouxe para casa?

 — O embaixador na Colômbia é um amigo da minha família. Ele foi muito útil. Assim como, o adjunto do xerife amigo meu em Charlemont.

 — Seu pai providenciou a ajuda?

 — Não ele não fez.

 — Não?

 Edward inclinou a cabeça. — Ele tinha outras prioridades na época. Você veio até Ogden County apenas para me perguntar sobre meus cavalos? Ou é sobre meu pai?

 Merrimack sorriu de novo, assim parecia que ele estava pensando, mas não queria parecer ameaçador. — Isto é. Apenas algumas perguntas de fundo. Em situações como essa, gostamos de começar com a família.

 — Pergunte à vontade.

 — Você pode descrever seu relacionamento com seu pai?

 Edward moveu a vassoura entre os joelhos e bateu a alça para frente e para trás. — Foi frágil.

 — Essa é uma grande palavra.

 — Você precisa de uma definição?

 — Não, eu não. — Merrimack tirou um bloco do bolso de trás e o abriu. — Então vocês não eram próximos.

 — Eu trabalhei com ele por vários anos. Mas eu não diria que a relação tradicional pai-filho era uma que compartilhamos.

 — Você era seu herdeiro aparente?

 — Eu era no sentido comercial.

 — Mas você não é mais.

 — Ele está morto. Ele não tem qualquer “mais”, tem? E por que você não vai e me pergunta se eu o matei e cortei seu dedo?

 Outro daqueles sorrisos. E o que você sabe, o cara tinha bons dentes, tudo em linha reta e branco, mas não de uma maneira falsa e cosmeticamente melhorada. — Tudo bem. Talvez você gostaria de responder sua própria pergunta.

 — Como posso matar alguém? Eu mal consigo varrer esse corredor.

 Merrimack olhou para baixo e para trás. — Você acabou de me dizer que era tudo sobre motivação para você.

 — Você é um detetive de homicídios. Você deve estar bem ciente de quanto esforço leva para assassinar alguém. Meu pai era um homem saudável e, na minha condição atual, ele pesava cerca de 20 quilos a mais do que eu. Talvez eu não tenha gostado muito dele, mas isso não significa que o patricídeo esteja na minha lista de prioridades na vida.

 — Você pode me dizer onde você esteve na noite em que ele morreu?

 — Eu estava aqui.

 — Existe alguém que possa corroborar isso?

 — Eu posso.

 Shelby saiu da sala de abastecimento, sem se importar e calma como um Buda. Embora estivesse mentindo.

 — Olá, senhorita, — disse o detetive, caminhando e estendendo a palma da mão. — Eu sou do Departamento de Polícia do Metro de Charlemont. E você é?

 — Shelby Landis. — Ela apertou a mão e deu um passo atrás. — Eu trabalho aqui como uma mão estável.

 — Por quanto tempo?

 — Não muito. Uma semana ou mais. Meu pai morreu e ele me disse para vir aqui.

 Merrimack olhou para Edward. — E naquela noite, na noite em que seu pai morreu, vocês dois foram...

 — Só aqui, — disse Edward. — Sentado ao redor. Essa é a extensão das coisas para mim.

 — Bem, tenho certeza de que isso é compreensível. — Sorriso. — Deixe me perguntar algo. Que tipo de carro você dirige?

 Edward encolheu os ombros. — Eu não, na verdade. Meu Porsche está em Easterly. É transmissão manual, então não é realmente tão prático mais.

 — Quando foi a última vez que você voltou para casa?

 — Aquela não é mais minha casa. Eu moro aqui.

 — Tudo bem, quando foi a última vez que você foi em Easterly?

 Edward pensou quando ele e Lane entraram no centro de negócios para que esses registros financeiros pudessem ver a luz do dia. Tecnicamente, não estava entrando, mas Edward certamente não teria sido bem-vindo lá. E sim, ele havia roubado informações corporativas.

 Então ele teve esse momento com a senhorita Aurora, a mulher envolvendo seus braços ao redor dele e quebrando-o por dentro.

 Muitas câmeras de segurança em Easterly. Fora e dentro da casa. Dentro do centro de negócios.

 — Eu estive lá alguns dias atrás. Para ver meu irmão Lane.

 — E o que você fez enquanto esteve lá?

 — Falei com ele. — Usou uma porta traseira na rede para extrair informações. Observou seu pai fazer um acordo com Sutton. Depois que o desgraçado a paquerou. — Nós apenas conversamos.

 — Hmm. — Sorriso. — Você pegou emprestado um dos outros carros? Quero dizer, sua família tem muitos carros diferentes, não é?

— Não.

 — Eles não? Porque quando eu estive lá ontem, vi um grande número de portas de garagem na parte de trás. Em frente ao centro de negócios onde seu pai trabalhou.

 — Não, como em eu não peguei nenhum dos outros carros.

 — As chaves desses veículos estão na garagem, certo? Em um caixa com uma combinação.

 — Eu acho.

 — Você conhece a combinação, Sr. Baldwine?

 — Se eu sabia, esqueci disso.

 — Isso acontece. As pessoas esquecem códigos de passaporte e senhas o tempo todo, não é o caso. Diga-me algo, você está ciente de alguém que possa ter rancor contra seu pai? Ou queria prejudicá-lo? Talvez tivesse uma razão para se vingar dele?

 — É uma longa lista.

— É?

— Meu pai tinha o hábito de não ser simpático com os outros.

 — Você pode me dar exemplos específicos?

 — Qualquer um com quem ele já lidou com um nível pessoal ou profissional. Assim.

 — Fracasso, na verdade. Você disse que seu pai estava saudável, em comparação com você. Mas você estava ciente de qualquer doença que ele poderia ter tido?

 — Meu pai acreditava que homens reais não ficam doentes.

 — Ok. — O bloco ficou fechado sem que o detetive tivesse escrito nada nele. — Bem, se você pode pensar em algo que nos ajude, você pode me ligar aqui. Ou um de vocês.

 Edward aceitou o cartão de visita que lhe foi oferecido. Havia um selo dourado no centro, o mesmo que estava na camisa do detetive. E o nome de Merrimack e vários números e endereços foram impressos em torno dele como se fosse o sol.

 No fundo, havia a frase “Para proteger e servir” na escrita cursiva.

 — Então, você acha que ele foi assassinado? — disse Edward.

 — Você? — Merrimack deu um cartão para Shelby. — O que você acha, Sr. Baldwine?

 — Eu não tenho uma opinião de um jeito ou de outro.

 Ele queria perguntar se ele era um suspeito, mas ele já sabia dessa resposta. E Merrimack estava mantendo suas cartas perto de seu peito.

 Sorriso. — Bem. É um prazer conhecer vocês dois. Você sabe onde me encontrar, e eu sei onde encontrar vocês.

 — O prazer era todo meu.

 Edward viu o detetive sair na luz do início da tarde. Então ele esperou um pouco mais enquanto um carro de polícia não marcado prosseguiu pela linha principal e para a estrada além.

 — Você não estava comigo, — murmurou Edward.

 — Isso importa?

 — Infelizmente... importa.

 

Capítulo 22

 


Pelo menos o advogado de seu pai não estava atrasado.

Quando Lane verificou o seu relógio, quatro e quarenta e cinco em ponto quando o Sr. Harris trouxe o venerável Babcock Jefferson para o salão principal de Easterly.

 — Saudações, Sr. Jefferson, — Lane disse enquanto se levantava. — Bom que você veio.

— Lane. Minhas condolências.

 O executor de William Baldwine estava vestido com um terno azul-marinho com uma gravata vermelha e azul, e um lenço branco no bolso do peito. Ele era uma versão rica de sessenta e poucos, de um bom garoto, suas bochechas salientes sobre o colarinho de sua camisa formal, o cheiro dos charutos cubanos e o Bay Rum o antecedeu quando ele se aproximou para apertar a mão.

 Samuel T. levantou do outro sofá. — Sr. Jefferson. Estou aqui na qualidade de advogado de Lane.

 — Samuel T. Como está seu pai?

 — Muito bem.

 — Dê-lhe as minhas saudações. E qualquer um é bem-vindo aqui a convite da família.

 — Sr. Jefferson, — Lane falou. — Esta é minha noiva, Lizzie King.

 E praticamente uma pausa atingiu todos na sala: Gin ergueu os olhos, Samuel T. sorriu e o Sr. Jefferson curvou-se na cintura.

 Lizzie, entretanto, lançou um olhar surpreso na direção de Lane e depois se recuperou estendendo a mão para o executor e oferecendo ao cara um sorriso. — É uma coisa muito recente.

 Por um momento, o Sr. Jefferson parecia positivamente afetado com ela, seus olhos cintilando de maneira amigável.

 — Bem, parabéns! — O Sr. Jefferson assentiu na direção de Lane e depois voltou a se concentrar nela. — Eu diria que você é uma melhora, mas isso seria desrespeitoso para sua ex-Sra. Você é, no entanto, uma grande melhoria.

 Lizzie riu. — Você é encantador, não é?

 — Até minhas botas de caça, senhora. — O Sr. Jefferson ficou mais sério quando olhou para Lane. — Onde estão seus irmãos?

 Lane voltou a sentar-se novamente ao lado de Lizzie. — Eu não sei em que estado Max está, muito menos como alcançá-lo, e Edward está...

 — Bem aqui.

 Edward se materializou na arcada e, embora Lane o visse um dia ou dois, a aparência física ainda era o tipo de coisa que você tinha que ajustar. Ele estava barbeado e se banhou, seu cabelo escuro estava úmido e ondulado de uma maneira que nunca havia sido permitida nos anos anteriores. Sua calça estava quase caindo dos quadris, mantidas apenas por um cinto de couro de jacaré. Sua camisa era lisa e azul, uma sobra de seu guarda-roupa de negócios. Era tão solta, porém, era como se ele fosse uma criança tentando vestir a roupa do pai.

 E, no entanto, ele impunha o respeito enquanto ele mancava e se sentou em uma das poltronas. — Sr. Jefferson. Bom te ver de novo. Desculpe minha grosseria, mas preciso me sentar.

 — Eu vou até você, filho.

 O executor colocou a maleta em uma das mesas laterais e caminhou. — É bom ver você novamente.

 Edward apertou a mão do homem. — Da mesma forma.

 Não houve conversa depois disso. Edward nunca foi de muita conversa, e o Sr. Jefferson pareceu lembrar disso.

 — Há alguém que você convidou?

 O reflexo de Lane foi esperar que Edward respondesse, mas então ele se lembrou de que ele foi o único a juntar todos.

 — Não. — Lane se levantou e fechou as portas que abriram no escritório. — Estamos prontos.

 Ele fechou as duas metades e foi fazer o mesmo no arco para o vestíbulo. Quando ele se virou, ele ficou com o olhar de Lizzie. Ela estava sentada no sofá de seda em seu short e camisa polo, seus cabelos loiros se afastaram, o rosto aberto.

 Deus, ele a amava.

 — Vamos fazer isso, — Lane ouviu-se dizer.


 Edward empurrou as mãos, colocando os cotovelos nos braços acolchoados da cadeira. Do outro lado do salão, no sofá de seda, seu irmãozinho estava aconchegante, com a horticultora, Lizzie, e tinha que admitir, a facilidade com que os dois se sentavam lado a lado era indicativo de uma conexão normalmente não encontrada nos casamentos Bradford: estava na forma como ele casualmente arrumou um braço sobre os ombros. Como ela apoiou a mão no joelho dele. O fato de eles terem contato visual entre si como se ambos estivessem verificando se o outro estava bem.

 Ele desejava o bem para Lane. Ele realmente desejava.

 Gin, por outro lado, estava em um relacionamento mais tradicional com seu futuro esposo. Richard Pford não estava em nenhum lugar, e isso também foi bom. Ele poderia se casar com um da família, mas isso era privado.

 — Estamos aqui para a leitura da última vontade e testamento de William Wyatt Baldwine, disse Babcock enquanto se sentava na outra poltrona e abriu a pasta no colo.

 — A Mãe deve ser incluída? — Edward interveio.

 O executor olhou para a metade superior de seu caso e disse suavemente: — Eu não acredito que seja necessário incomodá-la. Seu pai estava principalmente interessado em prover sua prole.

— Mas é claro.

 Babcock retomou a extração de um documento bastante volumoso. — O falecido envolvido me contratou nos dez anos anteriores como seu advogado pessoal, e durante esse período, ele executou três testamentos. Esta é a sua vontade final, executada há um ano. Nele, ele prevê que todas as dívidas de natureza pessoal sejam pagas, juntamente com os impostos e honorários profissionais adequados, em primeiro lugar. Posteriormente, ele criou uma confiança para a maior parte de seus ativos. Essa confiança deve ser dividida igualmente a favor da Senhorita Virginia Elizabeth Baldwine, do Sr. Jonathan Tulane Baldwine e do Sr. Maxwell Prentiss Baldwine.

 Pausa.

 Edward sorriu. — Eu entendo que meu nome foi omitido de propósito.

 Babcock sacudiu a cabeça com gravidade. — Sinto muito, filho. Defendi que ele o incluísse, eu fiz.

 — Cortar-me de seu testamento é o fardo menos oneroso que o homem me coloca, eu lhe asseguro. E, Lane, deixe de olhar para mim assim, sim.

 Enquanto seu irmão mais novo afastou os olhos, Edward levantou-se e dirigiu-se para o carrinho do bar. — Reserva Família, alguém quer?

 — Para mim, — disse Lane.

 — Eu aqui, — Samuel T. falou.

 Gin permaneceu em silêncio, mas seus olhos também, observavam todos os seus movimentos enquanto o advogado descrevia os detalhes em relação à confiança que havia sido estabelecida. Samuel T. passou por seu copo e Lane, e então Edward estava de volta a poltrona em que ele estava.

 Ele poderia dizer honestamente que não sentiu nada. Não há raiva. Sem nostalgia. Sem desejo ardente de fechar a distância, reconectar, reconfirmar. Corrigir algo.

 O desprendimento tinha sido duro, afiado por ele vivendo com as contradições do fogo do ressentimento de seu pai e o congelamento do distanciamento do homem.

 Isso não faria que os outros sentissem qualquer coisa, pelo menos, quando se tratava dele e sua deserdação. Seu relacionamento com seu pai, como era, era o negócio apenas dos dois. Edward não queria cuidar da simpatia dos outros, seu irmão e sua irmã precisavam ser tão frios quanto ele.

 Um ano atrás, ele pensou.

 Perguntava-se por que a mudança no testamento foi feita. Ou talvez ele nunca tenha sido mencionado nas versões anteriores também.

 — ... até os legados individuais. — Neste ponto, Babcock limpou a garganta. — Eu gostaria de notar que houve um legado significativo no testamento para a Sra. Rosalinda Freeland, que já morreu. A casa em que residia, na Cerise Circle 372 em Rolling Meadows, era de fato propriedade do Sr. Baldwine, e era seu desejo que a propriedade fosse livre e clara para ela. No entanto, no caso em que ela falecesse, o que de fato aconteceu, foi feita uma disposição adicional neste instrumento, que esta residência, juntamente com a soma de dez milhões de dólares, seja dotada para o filho Randolph Damion Freeland. Disse que os ativos devem ser depositados em um fideicomisso em benefício dele até aos trinta anos de idade, comigo ou a minha pessoa designada como administrador.

 Silêncio.

 O tipo de críquete.

Ah, então foi por isso que você não queria que minha mãe estivesse aqui, pensou Edward para si mesmo.

 Samuel T. cruzou os braços sobre o peito. — Bem.

 E isso foi o bastante, mesmo que ninguém mais disse nada. Era claro, no entanto, que a ex esposa de Lane não foi a única mulher que William tinha impregnado fora do casamento.

 Talvez também houvesse outros filhos ou filhas no mundo.

 Embora, verdadeiramente, a resposta para isso não importasse mais para Edward do que qualquer tipo de herança. Ele veio aqui por uma razão diferente do testamento. Apenas tinha que parecer como se ele tivesse chegado para o mesmo encontro pelo qual todos se reuniram.

 Ele precisava dispor, como sua avó teria dito.

 

Capítulo 23

 


Quando o Sr. Jefferson percorreu os longos parágrafos do documento, Gin não estava focada na leitura do testamento ou, na verdade, pelo fato de Edward ter sido cortado. Seu único pensamento era que Amelia estava em casa... e Samuel T., enquanto se sentava lá, naquele sofá, representando o interesse de Lane em uma atividade profissional... estava sob o mesmo teto que sua própria filha.

 Nenhum deles sabia disso, é claro.

 E essa era Gin.

 Ela tentou não imaginar os dois sentados lado a lado. Tentou não ver, como ela lembrava os dois com uma especificidade que queimava sua memória, as características comuns, os movimentos semelhantes, o estreitamento do olho quando estavam concentrados. Ela também desviou especialmente o fato de que os dois escondiam sua formidável inteligência por trás de uma sociabilidade lacônica... como se fosse algo sobre o qual eles não queriam ser vistosos demais.

 — E isso conclui as disposições salientes. — O Sr. Jefferson tirou os óculos de leitura. — Gostaria de aproveitar esta oportunidade para responder quaisquer perguntas. O testamento está em inventário no momento, e uma totalização dos ativos está começando.

 Houve um silêncio. E então Lane falou. — Eu acredito que você disse tudo. Eu vou sair com você. Samuel T., junte-se a nós?

 Gin abaixou a cabeça e só então deixou seus olhos seguir Samuel T. enquanto ele se levantou e abriu as portas duplas para seu cliente e o executor de seu pai. Ele não olhou de volta para ela. Não a cumprimentou nem a olhou.

 Mas isso era um negócio.

 Uma coisa com a qual você sempre poderia contar com Samuel T., não importava quão selvagem e louco pudesse ser depois do trabalho, assim que ele colocava o chapéu do advogado, ele era inabalável.

 Ela literalmente não existia. Mais do que qualquer outra pessoa que não afetasse os interesses de seus clientes.

 E, normalmente, essa atitude indiscutivelmente irritável a irritava e fazia com que ela quisesse bater na sua cara e exigir atenção. Saber que Amélia estava em algum lugar na mansão a curava de qualquer imaturidade, no entanto.

 Com eles em tão perto na vizinhança, era impossível ignorar as implicações de sua falta de divulgação. Ela era uma criminosa, roubando-os de anos que eram lhes devido, roubando-os de conhecimento que era seus direitos. E pela primeira vez, sentiu uma culpa que era tão finamente afiada que tinha certeza de que estava sangrando internamente.

 Mas a ideia de sair com tudo isso? Essa era uma montanha insuperável de onde ela estava agora, a distância, a altura, o território rochoso que todos os dias e noites de ausência, e eventos pequenos e grandes, somados, era muito longe para viajar.

 Sim, pensou. Foi por isso que ela causou o drama, essa foi a raiz de suas escapadas. Se alguém batesse címbalos diretamente na frente do seu rosto... não se podia ouvir mais nada. Especialmente a consciência de alguém.

 Sua consciência.

 — Como você está?

 Agarrando a atenção, ela olhou para seu irmão Edward e teve que piscar as lágrimas ao vê-lo.

 — Não, não, nada disso, — ele disse rigidamente.

 Ainda bem que ele pensou que ele era a causa. — Mas é claro. — Ela fechou os olhos. — Edward... você está...

 Não estava bem, pensou enquanto deixava passar os próprios problemas.

 E Deus, vê-lo encurvado e magro, tão diferente do chefe da família como ela sempre o imaginou, era uma recalibração que ela não desejava fazer. Foi tão estranho. Nas formas que importam, era mais fácil perder o pai do que a encarnação que seu irmão que sempre foi.

 — Estou bem, — ele completou quando ela não conseguiu completar a frase. — E você?

Caindo aos pedaços, pensou para si mesma. Sou a fortuna da nossa família, desmoronando primeiro em privado... e então para todos verem.

 — Estou bem. — Ela bateu a mão dela. — Nos escute. Soamos como nossos pais.

 Ela saiu da cadeira e o abraçou, e não conseguiu se segurar enquanto sentia os ossos e não muito mais. Ele deu uma pancada estranha antes de dar um passo atrás.

 — Eu entendo que há felicitações em ordem. — Ele se curvou com força. — Vou tentar vir ao casamento. Quando é?

 — Ah... sexta-feira. Não, sábado. Eu não sei. No entanto, nos casamos no tribunal na sexta-feira. Não tenho certeza sobre uma recepção.

 Abruptamente, era a última coisa que tinha algum interesse para ela.

 — Sexta-feira. — Ele assentiu. — Bem, meus cumprimentos para você e seu noivo.

 Com isso, ele se afastou, e ela quase saltou à frente dele e exigiu que ele dissesse o que ele realmente pensava: Seu verdadeiro irmão, Edward, nunca teria sido tão compassivo com Richard. Edward tinha feito negócios com os distribuidores Pford por anos e nunca ficou impressionado com o homem.

E se o velho Edward soubesse o que acontecia atrás de portas fechadas?

Ele teria sido um assassino.

Mas ele evoluiu para um lugar diferente, mesmo quando parecia determinado a permanecer no caminho. Nem foi uma melhoria, foi.

 Deixada na sala sozinha, Gin se sentou de novo e ficou onde estava, uma paralisia estranha ultrapassando seu corpo. Enquanto isso, as várias vozes e pisadas se afastaram. E então, fora do gramado ao sol, não muito longe de onde aquela descoberta horrível havia sido feita no canteiro de hera, os dois advogados e seu irmão caíram em uma conversa.

 Ela olhou para Samuel T. através do copo borbulhante da janela à moda antiga. Seu rosto nunca pareceu mudar. Era tão cinzelado e perfeitamente formado como sempre, seus cabelos eram um pouco longo do lado e escovados atrás. Seu corpo longo e magro, carregava aquele terno feito à mão como um cabide, as dobras do tecido, as mangas, os punhos das pernas das calças, caindo exatamente como um alfa.

 Pensou nele na adega do porão, fodendo aquela garota na mesa no Derby Brunch. Gin já estava chorando quando ele se afastou e levou a mulher de uma forma que tinha feito o som bimba como uma estrela pornô.

 Passando pela história do seu relacionamento com Samuel T., era apenas mais um em uma longa lista de eventos desagradável para lembrar... que começou no primeiro beijo quando tinha quatorze anos e culminou em Amelia.

 O problema foi, no entanto, quando eles pararam as brigas, o conflito, as imitações de preda-no-sapato, chute-no-traseiro, ele poderia ser...

 Apenas o homem mais incrível, inacreditável, dinâmico e vivo que já conheceu.

 E no passado, ela teria dito que seu casamento não os teria impedido de estar juntos. O deles sempre foi um caso de amor que foi como uma interseção ruim sem semáforo, o colapso uma e outra vez, faíscas, o cheiro de gasolina, queimaduras, emaranhados de metal e borracha em todos os lugares. Eles eram vidro de segurança rebentado na rede de aranha de rachaduras, bolsas de ar empilhadas, os pneus apareciam e caíam.

 Mas a corrida logo antes do impacto? Não havia nada parecido no mundo, especialmente não com uma beleza entediada e subutilizada do sul como ela, e nunca importava se um ou outro estivesse com outra pessoa. Namoradas, namorados, amantes sérios, encontro sexual. O constante para ambos era o outro.

 Ela viu o olhar em seu rosto quando ele descobriu sobre o seu noivado, no entanto. Ele nunca a olhou assim antes, e essa expressão era o que ela via enquanto ela estava acordada à noite...

 — Diamante excelente, ele te pegou.

 Ela empurrou a cabeça para cima. Samuel T. estava encostado na arcada, os braços cruzados sobre o peito, as pálpebras baixas nos olhos, a boca apertada, como se ele ressentia o fato de que ela ainda estava na sala.

 Gin afastou o anel da vista e limpou a garganta. — Não poderia ficar longe, Advogado?

 Como provocações, foram um fracasso. A entrega suave apenas acabou de matar a ironia completamente.

 — Não fique lisonjeada, — ele disse quando entrou e se dirigiu para o sofá. — Eu deixei minha pasta. Não vim para te ver.

 Ela se preparou para essa velha e familiar onda de raiva, aguardava com expectativa, de fato, mesmo que por sua familiaridade. A onda corrosiva em seu intestino não se aglomerou, no entanto, em vez disso, como um convidado de jantar que grosseiramente não apareceu e, assim, desapontou sua anfitriã. Samuel T., por outro lado, estava jogando com suas velhas regras, cutucando, irritando, com uma vantagem que parecia cada vez mais nítida.

 — Por favor, não venha à recepção de casamento, — ela disse abruptamente.

 Ele se endireitou com aquela antiga maleta herdada de seu tio-avô na mão. — Oh, mas estou ansioso para te assistir com seu verdadeiro amor. Planejo me inspirar em seu exemplo amoroso.

 — Não há motivo para você vir.

 — Oh, nós diferimos sobre isso...

 — O que aconteceu? Acabou?

 Amélia explodiu na arcada, toda a energia de dezesseis anos nesse corpo e com essa sensação de estilo que já não era mais adolescente e as características que pareciam ser cada vez mais as de seu pai.

 Oh, Deus, pensou Gin com uma sacudida de dor.

 — Oh, olá, — Samuel T. disse à menina com um tom entediado. — Vou deixar sua mãe preencher as informações. Ela está se sentindo tão discursiva. Estou ansioso para ver você em alguns dias, Gin. No seu vestido branco.

 Quando ele simplesmente se afastou, sem dar uma olhada nem um pensamento a Amelia, Gin ficou de pé e começou a ir atrás dele antes que ela pudesse se parar.

 — Mãe, — a garota exigiu enquanto passava. — O que aconteceu?

 — Não é da sua conta. Você não é uma beneficiária. Agora, se você me desculpar.

 Amelia disse algo desrespeitoso, mas Gin estava focada em chegar a Samuel T. antes de acelerar naquele Jaguar.

 — Samuel T. — Gin sibilou enquanto corria pelo chão de mármore do vestíbulo. — Samuel!

 Ela o seguiu pela porta da frente apenas a tempo de ver o executor de seu pai sair em uma Mercedes grande e Lane, andar pela parte de trás da casa.

— Samuel!

— Sim, — ele disse sem parar ou olhar para trás.

— Você não precisa ser rude.

 Em seu conversível, Samuel T. ficou atrás do volante, colocou a maleta no banco vazio e olhou para ela. — Isso vem de você?

 — Ela é uma criança...

 — Espere, trata-se de Amelia?

 — Claro que é! Você passou por ela como se ela não existisse.

 Samuel T. balançou a cabeça como se alguma coisa estivesse chocalhando no crânio. — Deixe-me ver se entendi. Você está chateada porque não reconheci a filha que você teve com outro homem?

 Oh. Deus. — Ela é inocente em tudo isso.

 — Inocente? Para sua informação, essa foi a leitura do testamento do seu avô, não um processo criminal. A culpa ou a relativa falta do mesmo não é relevante.

 — Você a ignorou.

 — Você sabe... — Ele bateu o dedo indicador em sua direção. — Pelo que entendi, você é a última pessoa que deveria acusar alguém de ignorar aquela garota.

 — Como você ousa.

 Samuel T. olhou para o longo e ondulado capô da Jaguar. — Gin, não tenho tempo para isso. Eu tenho que falar com o advogado da esposa do seu irmão agora mesmo, e isso, ao contrário da sua pequena exibição de...

 — Você simplesmente não aguenta ninguém dizendo que você não é Deus.

 — Não, acho que não posso suportar você, na verdade. A coisa de Deus é uma questão secundária.

 Ele não esperou qualquer outro comentário dela. Ele ligou o motor, pisou no acelerador algumas vezes para se certificar de que ele pegou, e então ele estava fora, seguindo o caminho pelo qual o executor tinha forjado na colina, longe de Easterly.

 Gin olhou para ele indo. Dentro de si mesma, ela estava gritando.

Por Amelia. Por Samuel T. Por Richard.

 Principalmente... por si mesma e todos os erros que cometeu. E a tristeza que veio com o conhecimento de que na idade madura dos trinta e três anos, não havia tempo suficiente na vida para corrigir os erros que ela havia causado.


 Lane passou pelos fundos, esperando pegar Edward antes de partir. Sem dúvida, seu irmão havia pegado o caminho dos funcionários porque havia equipes de notícias estacionadas no portão da frente desde que a história do suicídio havia se noticiado. E também, sem dúvida, Edward estava com pressa para sair considerando o que havia no testamento.

 Não havia palavras adequadas para o que seu pai tinha feito: cortar seu primogênito de uma herança era ao mesmo tempo totalmente característico para William, e ainda uma surpresa cruel também.

 Um final foda-se que não poderia ser combatido, os mortos carregando um trunfo no seu túmulo.

 Então Lane queria... dizer algo... ou verificar ou... ele não tinha ideia. O que estava claro era que Edward, sem dúvida, não se interessaria por qualquer coisa que ele tivesse a dizer, mas na ocasião, você só tinha que tentar, com a esperança de que a outra pessoa, em um momento de reflexão silenciosa, possa lembrar que você tinha feito o esforço, mesmo que fosse estranho.

 Não havia nenhum caminhão Red & Black na linha curta de carros pelo centro de negócios, mas Lane achou um antigo Toyota estacionado ao lado do Mercedes vermelho que ele havia dado a Senhorita Aurora. Tinha que ser o que Edward tinha vindo, mas seu irmão não estava atrás do volante, não estava mancando em sua direção. Na verdade, não estava em nenhum lugar.

Entrando pela porta traseira para a cozinha, Lane encontrou Senhorita Aurora no fogão. — Você viu Edward?

 — Ele está aqui? — ela perguntou quando ela se virou da panela. — Diga-lhe para vir me ver se ele estiver aqui.

 — Não sei onde ele está.

 Lane fez uma rápida pesquisa ao redor do primeiro andar e depois parou na escada. Não havia motivo para seu irmão se preocupar com o esforço de ir até os quartos.

 — Onde você está? — disse para si mesmo.

 Dirigindo-se aos jardins, ele atravessou o centro de negócios. Todas as portas francesas estavam trancadas no lado de frente para as flores, e ele tinha que ter ido mais adiante para a entrada traseira com sua fechadura codificada.

 Assim que ele entrou, ele sabia que havia encontrado Edward: havia luzes acesas novamente, então seu irmão devia ter ligado a energia elétrica.

 — Edward?

 Lane caminhou pelo salão acarpetado, olhando para os escritórios vazios. Seu telefone estava explodindo com as chamadas do presidente do conselho, cada um dos vice-presidentes seniores irritados e até mesmo o advogado corporativo. Mas nenhum deles se atreveu a se aproximar de Easterly, e isso lhe disse que tinha algo sobre eles. E mesmo que esse bando de terno estivesse ocupado desaparecendo com provas da sede central? Não importava. Jeff pode não gostar dele no momento, mas aquele analista de números anuais salvou arquivos de tudo o que tinha na rede antes que a denúncia fosse exposta.

Assim, todas as mudanças eram tão incriminadoras como os desfalques que exigiam um encobrimento.

 Quando Lane seguiu para o escritório de seu pai, ele estava ciente de que seu coração estava batendo e que sua mente havia recuado atrás de uma parede de armadura.

 Assim como alguém que estava pronto para uma bomba explodir pode se proteger atrás do cimento.

 — Edward?

 Ele desacelerou quando chegou à antessala do escritório de seu pai. — Edward...?

 A porta de William Baldwine estava fechada, e Lane não conseguia lembrar se ele tinha sido o único a fechá-la quando eles fizeram a evacuação no dia anterior. Quando ele alcançou o botão, ele não tinha ideia do que ele iria encontrar no outro lado.

 E ele não tinha certeza de que ele queria ver.

 Ele empurrou os painéis. — Edward...

 O escritório estava escuro, e quando ele apertou o interruptor de luz na parede, ninguém estava lá. — Onde diabos está...

 Quando ele se virou, Edward estava logo atrás dele. — Procurando por mim?

 Lane soltou uma maldição e agarrou a frente de seu próprio peito. — O que você está fazendo aqui?

 — Visitando as minhas velhas assombrações.

 Lane procurou por coisas nas mãos do irmão, nos bolsos, atrás das costas de Edward. — A sério. O que você está fazendo?

 — Onde é a gerência sênior?

 — Abaixo da sede em escritórios menores.

 — Você os despediu?

 — Eu lhes disse apenas para sair primeiro. — Ele mediu o rosto de seu irmão. — Ou eles estavam indo para a cadeia.

 Edward sorriu. — Você vai dirigir a empresa você mesmo?

 — Não.

 Houve uma pausa. — Qual é o seu plano, então?

 — Tudo o que eu queria fazer era tirá-los daqui.

 — E você acha que isso vai parar o sangramento financeiro?

 — O pai está morto. Eu acho que é isso que irá detê-lo. Mas até que eu saiba com certeza, não vou correr riscos.

 Edward assentiu. — Bem, você não está errado. De modo nenhum. Mas você pode querer pensar sobre quem estará no comando agora que ele está morto.

 — Alguma chance de você estar procurando um emprego?

 — Eu tenho um. Sou alcoólatra agora.

 Lane encarou o ombro de seu irmão na área de recepção vazia. — Edward. Eu tenho que saber uma coisa, e é só você e eu aqui, ok?

 — Na verdade, esse lugar inteiro é inspecionado. Câmeras, microfones escondidos. Não há nenhum segredo sob este teto, então tenha cuidado com o que você pergunta.

 Lane encontrou-se querendo outra bebida.

 E depois de um momento tenso, ele simplesmente murmurou: — Você virá ao velório?

 — Eu não sei por que eu faria isso. Não estou de luto e não tenho a intenção de prestar nenhum respeito. Sem ofensa.

 — Não me ofende, e posso entender tudo isso. Mas a mãe provavelmente descerá para isso.

 — Você acha?

 Lane assentiu e esperou por seu irmão dizer algo mais. O homem não disse. — Escute, Edward... realmente sinto muito por...

 — Nada. Você não sente nada porque nada disso, nada disso foi sua culpa. Você só pode pedir desculpas pelos seus próprios erros. É isso tudo, irmãozinho?

 Quando Lane não conseguiu pensar em mais nada, Edward assentiu. — Isso é tudo, então. Tome cuidado e não me ligue se precisar de algo. Eu não sou o tipo de recurso que você deseja.

 

Capítulo 24

 


O Porsche chamou muita atenção enquanto Lane dirigia no bairro de Rolling Meadows, mas não porque ele estava indo rápido. Apenas a visão do conversível e do som do motor eram suficientes para atrair olhares dos caminhantes de cães, as crianças brincando nas calçadas, as mães empurrando os carrinhos de criança. As casas eram amontoadas, mas eram de bom tamanho, a maioria delas de tijolos com cúpulas ou janelas de sacada no primeiro andar e janelas sobre o telhado ou varandas no segundo para distingui-las, um pouco como irmãos que compartilhavam a mesma coloração, mas tinham diferentes características faciais. Havia Volvos ou Infinitis ou Acuras estacionados em calçadas, arcos de basquete acima das portas da garagem, decks com churrasqueiras na parte de trás.

 Com o sol da tarde brilhando sobre árvores dignas de cartão postal, e todos os gramados verde, e todos aquele bando de crianças correndo, foi um retrocesso diante da geração iChildhood.

 Com insistência silenciosa, o GPS no 911 o navegou através das ruas que foram organizadas por tipos de árvores, flores e, finalmente, frutas.

 Cerise Circle não era diferente de nenhuma das outras pistas, estradas e caminhos do desenvolvimento. E quando ele veio até a casa em que ele estava procurando, não havia nada para distingui-la do seu grupo genético maior.

 Lane deixou o conversível rolar para frente do outro lado da rua. Com a parte superior, ele podia ouvir o drible rítmico de uma bola de basquete atrás de sua garagem, o salto-salto-rebote ecoando da casa ao lado.

Desligando o motor, ele saiu e caminhou sobre o pavimento em direção ao som. O garoto que era LeBron'ing[19] estava fora de vista nos fundos, e Lane realmente queria apenas voltar ao seu maldito carro e fugir.

 Mas isso não era porque ele não conseguia enfrentar as evidências vivas e respiratórias das infidelidades de seu pai, e ele não tinha medo de olhar para um rosto tão próximo do seu também. E não, o fato de que algum estranho era seu sangue e estava no testamento não balançou seu mundo.

 A verdade de fundo para a sua reticência? ele estava simplesmente muito exausto para cuidar de qualquer outra pessoa. O problema era que esta pobre criança, sem culpa, estava prestes a ser sugado para o buraco negro Bradford e como Lane não poderia, pelo menos, tentar orientá-lo um pouco sobre o filho da puta.

 Era uma loteria infernal para ganhar. Especialmente agora que o dinheiro havia desaparecido.

 Não é muito positivo.

 A calçada tinha apenas cerca de nove metros de comprimento, um mero espaço de estacionamento em Easterly. E enquanto Lane continuava a andar, o menino de dezoito anos com o basquete foi revelado gradualmente.

 Alto. Ficaria mais alto. Cabelos escuros. Com grandes ombros já.

 O garoto subiu para uma enterrada, e a bola ricochetou a borda.

 Lane a pegou no ar. — Ei.

 Randolph Damion Freeland parou primeiro porque ficou surpreso. E então porque ficou chocado.

 — Então, você sabe quem eu sou, então, — Lane disse suavemente.

 — Eu vi sua foto, sim.

 — Você sabe por que estou aqui?

 Quando a criança cruzou os braços sobre o peito, havia um bom espaço entre os peitorais e os bíceps, mas isso não duraria muito mais. Ele ia preencher e ser forte.

 Deus, seus olhos eram o azul exato dos dele.

 — Ele morreu, — o menino murmurou. — Eu li sobre isso.

 — Então você sabe…

 — Quem era meu pai? Sim. — Esse olhar baixou. — Você vai, como...

 — Como o quê?

 — Me levar preso ou algo assim?

 — O que? Porque eu faria isso?

 — Não sei. Você é um Bradford.

 Lane fechou os olhos brevemente. — Não, eu vim te ver sobre algo importante. E também para dizer que sinto muito, pela morte de mãe.

 — Ela se matou. Na sua casa.

 — Eu sei.

 — Eles dizem que você encontrou seu corpo. Eu li isso no jornal.

 — Eu encontrei.

 — Ela não se despediu de mim. Ela simplesmente saiu naquela manhã e então ela se foi. Você sabe, como, permanentemente.

 Lane balançou a cabeça e apertou a bola entre as palmas das mãos. — Eu realmente sinto muito...

 — Não se atreva! Não se atreva!

 Uma mulher mais velha disparou para a varanda com uma cabeça cheia de vapor, o rosto torcido no tipo de raiva que fazia uma arma de mão desnecessária. — Você se afasta dele! Você se afasta ...

 — Vovó, pare! Ele está apenas conversando...

 Quando a criança entrou entre eles, a avó era todo braços, lutando para chegar em Lane. — Você fica longe! Como você ousa vir aqui?

 — Ele é um herdeiro. É por isso que eu vim.

Quando os dois pararam em sua luta, Lane assentiu. — Ele ficou com casa e dez milhões de dólares. Achei que você gostaria de saber. O executor estará em contato. Não sei quanto dinheiro há, mas eu quero que vocês dois saibam que vou lutar para garantir que esta casa fique no nome do seu neto.

 Afinal, havia um cenário pelo qual, também, poderia ser liquidado, dependendo da situação da dívida. E então, onde essa criança ia?

 Quando a avó sorriu de sua surpresa, ela voltou ao trem do ódio. — Nunca mais venha aqui.

 Lane trancou os olhos com o menino. — Você sabe onde eu moro. Se você tiver dúvidas, se quiser conversar...

 — Nunca! — Gritou a mulher. — Ele nunca irá até você! Você também não pode levá-lo!

 — Babcock Jefferson, — Lane disse enquanto colocava a bola no caminho de entrada. — Esse é o nome do advogado.

 Ao se afastar, a imagem desse jovem garoto que segurava aquela velha estava esculpida em seu cérebro, e Deus, ele odiava seu pai por novos motivos naquele momento, ele realmente odiava.

 De volta ao Porsche, ele ficou atrás do volante e dirigiu. Ele queria gritar, bater um par de carros estacionados, rolar algumas bicicletas. Mas ele não fez isso.

 Ele estava saindo para a entrada do desenvolvimento quando o telefone tocou. Ele não reconheceu o número, mas ele respondeu porque mesmo um telemarketing era melhor do que os pensamentos em sua cabeça.

 — Sim?

 — Sr. Baldwine? — disse uma voz feminina. — Sr. Lane Baldwine?

 Ele deu seta para a esquerda. — É ele.

 — Meu nome é LaKeesha Locke. Eu sou a repórter de negócios para o Charlemont Courier Journal. Eu queria saber se você e eu podemos encontrar em algum lugar.

 — Sobre o que?

 — Estou fazendo uma história de que a Bradford Bourbon Company está com séria dívida e enfrenta uma possível falência. Está saindo amanhã de manhã. Eu pensei que você poderia querer comentar.

 Lane apertou o queixo para manter as maldições dentro. — Agora, por que eu ia querer fazer isso?

 — Bem, eu entendo, e é bem evidente, que a fortuna pessoal da sua família está inextricavelmente ligada à empresa, não é?

 — Mas eu não estou envolvido no funcionamento do negócio.

 — Então você está dizendo que você desconhecia qualquer dificuldade?

 Lane manteve seu nível de voz. — Onde está você? Eu irei até você.


O galpão de propriedade da Estância da Família Bradford era menos como um galpão e mais como um hangar de avião. Localizado abaixo e na parte de trás da extensa propriedade, estava ao lado do estacionamento dos funcionários e ao lado da linha de casas da década de cinquenta que foram usadas por criados, trabalhadores e partidários por décadas.

 Quando Lizzie entrou na caverna fumegante e com cheiro de óleo, suas botas estavam ruidosas sobre chão de concreto manchado. Tratores, cortadores industriais, caminhões e limpadores de neve foram estacionados de forma ordenada, os seus exteriores limpos e os motores mantidos dentro de uma polegada de suas vidas.

 — Gary? Você está aí?

 O escritório do encarregado estava no canto mais distante, e através do vidro empoeirado, uma luz brilhava.

 — Gary?

 — Não lá. Ou aqui.

 Ela mudou a trajetória, andando em torno de um cortador de madeira e dois limpadores de neve que eram do tamanho de seu velho Yaris.

 — Oh, Deus, não levante isso! — ela gritou.

 Lizzie se apressou, apenas para ser ignorada quando Gary McAdams levantou parte de um bloco de motor do chão e para uma das mesas de trabalho. A façanha teria sido impressionante em qualquer circunstância, mas considerando o cara tinha trinta anos mais que ela? Então, novamente, Gary foi construído como um buldogue, forte como um boi, e resistente como um poste de cerca do Kentucky.

 — Suas costas, — ela murmurou.

 — Está bem, — veio o sotaque do sul. — O que você precisa, senhorita Lizzie?

 Ele não olhou para ela, mas isso não significava que ele não gostasse dela. Na verdade, os dois funcionavam bem juntos: quando ela começou aqui, ela se preparou para um conflito que nunca se materializou. O caipira auto proclamado provou ser um amor total sob esse exterior grosso.

 — Então você sabe sobre o velório, ela disse.

 — Eu sei sim.

 Colocando-se na mesa de trabalho, ela deixou os pés balançarem e observou como suas mãos calosas faziam sentido da maquinaria, movendo-se rápido e seguro sobre o metal antigo. No entanto, ele não fazia grande coisa sobre sua competência, e ele era assim. Pelo que Lizzie entendeu, ele começou a trabalhar nos campos quando tinha doze anos e esteve aqui desde então. Nunca foi casado. Nunca tirou férias. Não bebe. Vivi em uma das casas.

 Dominava os trinta trabalhadores que estavam sob suas ordens com um punho justo, mas de ferro.

 — Você precisa da chave inglesa? — ela perguntou.

 — Sim, eu sei.

 Ela lhe entregou o que precisava, pegou de volta quando ele terminou, pegou-lhe outra coisa antes de ter que pedir isso.

 — De qualquer forma, — ela continuou. — O velório será amanhã, e eu só quero ter certeza de que nós temos um corte fresco na entrada principal a manhã, um corte nos pingos de ouro na estrada esta tarde, se pudermos fazer acontecer, e um corte por toda a frente e no pátio.

 — Sim. — Alguma coisa que você precisa nos jardins traseiros?

 — Eu acho que estão em boa forma. Eu vou passar por eles com Greta, no entanto.

 — Um dos garotos vai fazer um corte dentro da piscina.

 — Bom. Socket?

 — Sim.

 Ao trocarem as ferramentas novamente, ele perguntou: — É verdade o que eles dizem que você encontrou?

 — Greta encontrou. E sim, é.

 Ele não deslocou os olhos de seu trabalho, aquelas mãos de dedos espessos e pesados nunca perderam uma batida. — Hã.

 — Eu não sei, Gary. Até agora, pensei, como todos os outros, que ele pulou. Mas não mais.

 — A polícia veio?

 — Sim, alguns detetives de homicídios. Os mesmos que estavam aqui pela morte de Rosalinda. Falei com eles por um tempo esta manhã. Provavelmente, eles vão querer interrogá-lo e qualquer outra pessoa que esteja no terreno em torno do tempo que ele morreu.

 — Negócio triste.

 — Muito. Embora eu nunca tenha gostado do homem.

 Ela pensou sobre a leitura do testamento. Deus, era como algo fora de um filme antigo, os herdeiros reunidos em alguma sala elegante, um ilustre advogado recitando as provisões em uma voz de Charlton Heston.

 — O que eles te perguntam? Os detetives?

 — Apenas como o encontramos. Onde eu estava nos últimos dias. Como eu disse, eles falarão com todos, tenho certeza.

 — Sim.

 Ela entregou um par de alicates. — A equipe também está convidada para o velório.

 — Para o velório?

 — Uh-huh. É para todos os respeitos.

— Eles não querem nenhum macaco gordo como eu naquela casa.

 — Você seria bem-vindo. Eu prometo. Eu vou.

— Isso é certo, é pelo seu homem.

 Lizzie sentiu o rubor bater em suas bochechas. — Como você sabia sobre mim e Lane?

 — Não há nada que aconteça por aqui que eu não sei, menina.

 Ele parou o que estava fazendo e pegou um velho pano vermelho. Quando ele enxugou as mãos, ele finalmente olhou, seu rosto curtido gentil.

 — É melhor Lane fazer o certo para você. Ou eu consigo lugares para colocar o corpo dele.

 Lizzie riu. — Eu o abraçaria agora, mas você poderia desmaiar.

 — Oh, eu não sei sobre isso. — Exceto que ele estava mexendo seu peso como se ela o tivesse envergonhado. — Mas acho que ele provavelmente é bom, ou você não estaria com ele. Além disso, eu o vejo olhar para você. O menino teve amor nos olhos durante anos quando ele olhava você.

 — Você é muito mais sentimental do que você deixa transparecer, Gary.

 — Eu não fui educado, lembre-se. Não sei o significado dessas grandes palavras.

 — Eu acho que você sabe exatamente o que elas significam. — Lizzie o empurrou levemente no braço. — E se você decidir vir para o velório, você pode ir comigo e Greta.

 — Eu tenho trabalho para fazer. Não tenho tempo para isso.

 — Eu entendo. — Ela pulou da mesa de trabalho. — Bem, vou sair. Eu cuidei tudo, e a senhorita Aurora está com a comida, é claro.

 — Como está indo aquele mocinho?

 — Ele não é tão ruim.

 — Depende do que você está usando como comparação.

 Com uma risada, ela levou a mão sobre o ombro como um adeus e se dirigiu para o exterior ensolarado. Mas ela não chegou muito longe antes de ele falar novamente.

 — Senhorita Lizzie?

 Virando-se, ela arrumou sua camisa polo na cintura de seu short. — Sim?

 — Eles farão alguma coisa para o aniversário do Little V.E. este ano? Preciso fazer algo para isso?

 — Oh Deus. Eu tinha esquecido que estava chegando. Não creio que fizemos nada no ano passado, não é?

 — Ela está completando sessenta e cinco. Essa é a única razão pela qual eu perguntei.

 — Isso é um marco. — Lizzie pensou na mãe de nascimento de Lane naquele quarto. — Eu vou perguntar. E, eu preciso colocar flores frescas amanhã.

 — Há algumas peônias adiantadas chegando.

 — Eu estava pensando a mesma coisa.

 — Deixe-me saber se você quer que faça algo mais.

 — Sempre, Gary. Sempre.

 

Capítulo 25

 


Quando Lane finalmente voltou para Easterly, depois do que se sentiu como anos na presença dessa repórter, ele foi diretamente para o segundo andar, ignorando o jantar que havia sido servido na sala de jantar formal e ignorando a confusão do Sr. Harris sobre um monte de coisa.

 Na porta do avô, ele bateu uma vez e a abriu,

 Ao longo da cama, Tiphanii se sentou rapidamente e levou as cobertas com ela, escondendo que claramente estava nua.

 — Por favor, desculpe-nos, — ele disse a ela. — Ele e eu temos algum negócio.

 Jeff acenou com a cabeça para que a mulher partisse, e meu Deus, ela levou seu tempo, passeando com esse lençol enquanto Jeff puxava o edredom sobre ele e se sentou.

 Depois de uma ida ao banheiro, ela surgiu em seu uniforme e desapareceu pela porta, embora Lane estivesse seguro de que, propositadamente, deixou a calcinha preta no chão ao pé da cama.

 — Foi totalmente consensual, — murmurou Jeff. — E eu tenho permissão para subir de...

 — O jornal local sabe tudo. Tudo.

 Quando Jeff abriu a boca, Lane ladrou. — Você não tinha que me foder assim!

 — Você acha que eu falei com a imprensa? — Jeff jogou a cabeça para trás e riu. — Você realmente pensa que eu peguei alguns centavos e deu-lhes qualquer coisa...

 — Eles têm a informação que você está trabalhando. Página a página. Explique como isso aconteceu. Pensei em poder confiar em você ...

 — Me desculpe, você está me acusando de fraude depois que você me chantageou para fazer isso por você? Mesmo?

 — Você me ferrou.

 — Tudo bem, antes de tudo, se eu fosse te ferrar, eu teria ido ao Wall Street Journal, não ao Charlemont Herald Post Ledger ou a qualquer coisa que seja chamado. Posso nomear meia dúzia de repórteres na Big Apple. Eu não poderia dizer-lhe quem chamar aqui no maldito Kentucky. E mais ao ponto, depois que esse pequeno pesadelo acabar, eu voltarei para Manhattan. Você acha que eu não poderia usar alguns favores devidos a mim? A merda sobre sua família e seu pequeno negócio de bourbon é uma grande notícia, idiota. Maior que algum envoltório de diário de Podunk, USA Today. Então, sim, se eu estivesse vazando qualquer coisa, eu gostaria de ter uma vantagem para mim pessoalmente.

 Lane respirou com dificuldade. — Jesus Cristo.

 — Eu também não o chamaria. Mas é porque sou judeu.

 Deixando cair a cabeça, Lane esfregou os olhos. Então ele caminhou, indo entre a cama e a mesa. A mesa e uma das janelas de painel longo. A janela e a mesa.

 Ele voltou às janelas. A noite ainda não havia caído, mas estava chegando em breve, o pôr-do-sol caindo no horizonte, fazendo com que a curva da terra sangrasse rosa e roxo. Em sua visão periférica, todo o trabalho de Jeff, as notas, os computadores, as impressões eram como um grito no ouvido.

 E então, havia o fato de que seu antigo colega de quarto da faculdade estava nu no quarto, olhando para ele com uma expressão remota: Atrás de toda a raiva que acabara de pular da boca de Jeff, havia dano, ferida real.

 — Desculpe, — Lane respirou. — Desculpe... coloquei as conclusões erradas.

 — Obrigado.

 — Também sinto muito por estar fazendo você fazer isso. Eu só... estou perdendo minha maldita cabeça por aqui. Eu sinto que estou em uma casa que está em chamas, e todas as saídas não são mais que chamas. Estou queimando e estou desesperado e estou cansado dessa merda.

 — Oh, pelo amor de Deus, — seu velho amigo murmurou em seu sotaque de Nova Jersey. — Veja, vá lá.

 Lane olhou por cima do ombro. — O que?

 — Sendo todo agradável. Odeio isso sobre você. Você me irrita e me deixa louco, e então você torna tudo honesto e torna-se impossível para mim odiar sua bunda branca, privilegiada, arrependida. E para sua informação, estava gostando de estar furioso com você. Era o único exercício que eu estava obtendo... bem, não obstante, não é o caso de Tiphanii.

 Lane sorriu um pouco e depois voltou a se aproximar da vista. — Honesto, hein. Você quer honesto? Como em algo, eu não disse a ninguém?

 — Sim. Quanto melhor eu sei o que está acontecendo aqui, mais eu posso ajudar e menos me ressentir de estar preso.

 Ao longe, um falcão subiu em correntes invisíveis, andando no céu com cantos afiados e rápidos, como o crepúsculo da noite cheio de rodovias e estradas que só os pássaros podiam ver.

 — Eu acho que meu irmão o matou, — Lane ouviu-se dizer. — Eu acho que Edward foi o único que fez isso.


 Cara, Jeff desfrutava tanto a coisa irritada e justa. Era um passeio suave, mas intenso, queimava em seu peito um tanque de gás inesgotável que o mantinha acordado durante a noite, focado nos números, movendo-se pelos dados.

Mas ele e Lane, o idiota, atingiram esses cantos antes, durante o longo relacionamento, manchas de falta de comunicação ou estupidez que os separavam. De alguma forma, o sulista lá sempre fechou a distância.

 E sim, ele havia feito isso de novo. Especialmente com aquele pequeno flash de notícias.

 — Merda, — Jeff disse enquanto se deitava contra os travesseiros. — Está falando sério?

 Pergunta idiota.

 Porque esse não era o tipo de coisa que alguém dizia, mesmo em brincadeira, dado o que estava acontecendo nessa casa. E também não era algo que Lane teria pensado mesmo sobre o seu herói mais velho, a menos que ele tivesse uma ótima razão.

 — Por quê? — Jeff murmurou. — Por que Edward deveria fazer algo assim?

 — Ele é o único com o motivo real. Meu pai era um homem terrível e ele fez muitas coisas terríveis para muitas pessoas poderosas. Mas Monteverdi vai matá-lo sobre essa dívida? Não. Ele vai querer recuperar o dinheiro. E Rosalinda não fez isso. Ela estava morta antes que meu pai fosse às cataratas. Gin sempre o odiava, mas não gostaria de sujar as mãos. Minha mãe sempre teve razão, mas nunca a capacidade. Quem mais poderia ter feito isso?

 — No entanto, seu irmão não está em boa forma. Quero dizer, eu estava pegando algo para comer e voltando para cá quando ele entrou na casa. Ele estava mancando como se sua perna estivesse quebrada. Não parecia que ele pudesse lidar com a maldita porta, muito menos atirar alguém para fora de uma ponte.

 — Ele poderia ter tido ajuda. — Lane olhou por cima do ombro, e sim, aquele rosto bonito pareceu ter passado pela lavadora, e não na melhor maneira. — As pessoas na fazenda são dedicadas a ele. Meu irmão tem essa maneira sobre ele, e ele sabe como fazer as coisas.

 — Ele esteve aqui? Na casa?

 — Eu não sei.

 — Existem câmeras de segurança, certo? Aqui na propriedade.

 — Sim, e ele sabe disso. Ele colocou o maldito sistema, e se você apagar as coisas, isso vai mostrar. Existem log-ins que podem ser rastreados.

 — Os detetives pediram a filmagem?

 — Ainda não. Mas eles vão.

 — Você vai dar isso a eles?

 Lane amaldiçoou. — Eu tenho escolha? E eu não sei... eu estava sozinho com Edward hoje. Eu quase perguntei a ele.

 — O que o impediu? Tem medo que ele fique chateado?

 — Entre outras coisas, tive medo da resposta.

 — Qual é a sua próxima jogada?

 — Eu espero. Os detetives não estão indo embora. Eles vão sair para vê-lo na fazenda. E se ele fez isso...

 — Você não pode salvá-lo.

 — Não, eu não posso.

 — Por que exatamente seu irmão quer o seu pai morto? Um monte de problemas para ter apenas porque você foi espancado um par de vezes quando criança.

 — Pai tentou matá-lo na América do Sul.

— O que?

 — Sim, Edward é o que ele é agora por causa do que foi feito lá. E houve muita história ruim entre eles antes disso. Inferno, mesmo em seu testamento, o pai o deixou de fora deliberadamente. Além disso, você sabe, meu irmão não é alguém que você ferra. Ele tem essa maneira sobre ele.

 Querido Deus, pensou Jeff.

 No silêncio que se seguiu, ele considerou seu irmão e irmã, ambos vivendo em Manhattan também. Eles eram casados. Múltiplos filhos. Seus pais dividiram seu tempo entre a Florida e Connecticut, mas tinham um pied-à-terre[20] em SoHo[21]. Todos eles se reuniam em todos os feriados, e havia calor e conflito, alegria, lágrimas e risos.

 Sempre risos.

 Lane tinha uma bela casa. Com muitas coisas agradáveis. Bom carro.

 Não havia comparação, estava lá.

 O sujeito passou e estacionou na cadeira na mesa. — De qualquer forma, basta disso. Então, se você não vazou, quem fez?

 — Administração sênior. Quero dizer, vamos lá. Recebi as informações de suas fontes. As planilhas em que estou fazendo a análise são o produto de trabalho.

 Lane esfregou a cabeça como se tudo doesse. — Claro.

 — Olha, amigo, você não pode congelar esses ternos para sempre, e claramente, eles não estão colorindo as linhas, o que não é uma surpresa. Agora não é um bom momento para não haver ninguém ao leme.

 — Sim, eu preciso de alguém para dirigir a empresa de forma provisória. A diretoria quer se encontrar comigo. Ele também deve pensar nisso.

 — Bem, no caso de eu não colocar um ponto suficientemente bom nisso, a menos que você tome controle, a gerência sênior, os próprios idiotas que você expulsou, estão no comando.

 — Mas eu não sou qualificado. A única coisa que eu sou inteligente o suficiente para saber é que eu não sei merda sobre um negócio nesta escala. — Lane puxou as mãos. — Pelo amor de Deus, não posso me preocupar com isso agora mesmo. Eu tenho que passar pelo velório amanhã, e depois iremos daqui. Maldita seja, Edward era aquele que iria assumir o controle.

 Quando tudo ficou quieto, Jeff alisou o edredom sobre suas coxas porque ele não sabia o que fazer mais. Eventualmente, ele disse meio de brincadeira: — Quando eu recupero a empregada? E não para limpar o banheiro.

— Isso depende de você. Eu sou seu o empregador, e não o seu cafetão.

  — Então você é responsável por esta família, hein.

  — Ninguém mais é voluntário para o trabalho. — Lane pôs-se de pé. — Talvez por causa do que aconteceu com o último cara que deu um tiro.

  — Você conseguiu isso, cara. Você consegue.

  Lane veio e colocou a mão. — Sinto muito, eu coloquei você nesta posição. Honestamente. E depois que isso acabar, prometo que nunca mais entrar em contato com você para qualquer coisa.

  Por um momento, Jeff mediu o que foi oferecido. Então ele apertou a palma da mão. — Sim, bem, eu não o perdoo.

  — Então, por que você está apertando a mão?

  — Porque eu sou uma daquelas pessoas que esquece facilmente. Eu sei, eu sei, está para trás. Mas funcionou para mim até agora, e está tirando você do gancho, então foda-se com seus princípios.

 

Capítulo 26

 


— Agora, isso é mais parecido com isso.

 Quando Richard Pford entrou na sala de estar da família de Easterly por volta das nove da noite, Gin queria rolar os olhos e dizer-lhe que os anos 1950 queriam seus costumes de volta. Mas a verdade era, sim, ela tinha ficado para falar com ele, e sim, enquanto ela o viu avançar para o bar como se fosse o senhor da mansão, ela lembrou o quanto ela o desprezava.

 Depois de se servir um bourbon, ele se aproximou e sentou-se na cadeira de couro ao lado do sofá que ela tinha estado. A sala não era grande, e as pinturas a óleo dos puro sangue Bradford premiados pendurados nas paredes, com os painéis tornavam as coisas ainda menores. Adicionando a proximidade física de Pford à mistura? Bem, isso encolheu as coisas até o ponto em que a TV de tela larga mostrando uma repetição de The Real Housewives of Beverly Hills parecia como se pressionasse contra o rosto dela.

 — Por que você está assistindo a essa droga? — ele disse.

 — Porque eu gosto.

 — É uma perda de tempo. — Ele pegou o controle remoto e mudou o canal para algum comentarista financeiro em uma gravata vermelha e uma camisa azul clara. — Você deve ver coisas de valor.

 Então, deixe-me afastar meu olhar, pensou.

 — Precisamos conversar sobre a recepção. — Ela estreitou os olhos. — E devo apresentá-lo a Amelia.

 — Quem? — ele disse sem tirar o olho do formigueiro do NASDAQ.

 — Minha filha.

 Isso chamou sua atenção e ele olhou por cima, uma sobrancelha fina levantando-se. — Onde ela está? Ela está em casa da escola?

 — Sim.

 Gin estendeu uma mão para o telefone da casa que estava discretamente escondido atrás de uma lâmpada feita de um troféu de ceras de prata esterlina das dezenove centenas. Pegando o receptor, ela chamou a extensão do mordomo.

 — Sr. Harris? Pegue Amelia e traga-a aqui? Obrigado.

 Quando ela desligou, ela olhou para Richard. — Eu preciso que você pague pela recepção de casamento que estamos tendo aqui no sábado. Você pode me escrever o cheque. Serão cerca de cinquenta mil. Se for mais, eu voltarei para você.

 Richard baixou o copo e voltou a se concentrar nela. — Por que estou pagando por qualquer coisa?

 — Porque nos casaremos. Nós dois.

 — Em sua casa.

 — Então você não vai dar nenhuma contribuição?

 — Eu já tenho.

 Ela olhou para o anel. — Richard, você está vivendo sob este telhado, comendo nossa comida...

 Ele riu e girou seu bourbon ao redor. — Você não está realmente fazendo esse argumento, está?

 — Você vai escrever esse cheque e é isso.

 — Eu sugiro que você segure a respiração para que a tinta esteja seca, querida. — Richard a brindou. — Agora, esse seria um show que vale a pena assistir.

 — Se você não paga, cancelarei a festa. E não mente. Você está ansioso pela atenção.

 Os troféus, afinal, precisavam de uma cerimônia de apresentação.

 Richard sentou-se à frente, o movimento de sua bunda fazendo com que o couro enrugasse. — Eu sei que você não está ciente disso, mas há problemas na empresa da sua família.

 — Oh, realmente. — Ela ficou burra. — Alguém perde a chave para um armário de fornecimento de escritório? Ah, que tragédia.

 Não havia valor em deixá-lo entrar em sua fraude financeira, afinal. Certamente, não antes da emissão do certificado de casamento.

 Ele sorriu e, pela primeira vez, algo próximo à alegria realmente atingiu os olhos dele. — Adivinha quem me ligou hoje? Uma amiga minha no Charlemont Courier Journal. E você quer saber o que ela me disse?

 — Que eles estão fazendo uma exposição sobre implantes penianos e querem que você seja um sujeito?

 — Isso é grosseiro.

 — É verdade, mas acho que isso pode ajudar.

 Richard sentou-se e cruzou as pernas, apertando-se a mandíbula. — Em primeiro lugar, é ela, não eles. E, em segundo lugar, ela me disse que há problemas muito sérios na sua empresa, Gin. Grandes questões financeiras. Haverá uma história a primeira hora da manhã sobre tudo. Portanto, não tente me jogar com essa discussão sobre a necessidade um cheque para você para a recepção, de modo que as coisas sejam equitativas entre nós. Seu pai morreu e seu testamento está sendo homologado, os bens de sua mãe está amarrado até ela morrer, e a BBC está lutando com seus dividendos lá embaixo. Se você quiser realizar um levantamento dos fundos e espera que eu contribua, é melhor você se declarar para que eu possa obter a amortização. Caso contrário, não vou te dar um centavo. Querida.

— Eu não sei do que você está falando.

 — Você não? Bem, então, leia a primeira coisa da manhã e você aprenderá algo. — Ele indicou a televisão. — Ou melhor ainda, venha aqui e veja este canal. Tenho certeza de que você estará por toda a TV amanhã.

 Gin levantou o queixo, mesmo quando seu coração entrou em um campo quebrado no peito. — Nós temos muito dinheiro aqui na casa, e eu não sinto que não é razoável que você pague por algo, então, se você não estiver preparado para compartilhar o custo, então a recepção está cancelada.

 Richard cuidou de seu bourbon. — Uma dica sobre as negociações. Se você for emitir ameaças, certifique-se de que elas são respaldadas por um resultado em que a outra parte está comprometida.

 — Você quer me mostrar. Você quer provar que você me pegou. Não finjas que não sou um prêmio para você.

 — Mas, assim que a tinta estiver seca, você é minha. E isso também estará no jornal. Todos lerão sobre isso. Não preciso de um coquetel para provar isso.

 Gin balançou a cabeça. — Você é tão superficial.

 O riso que encheu o quarto fez com que ela desejasse jogar algo nele novamente, e ela olhou a lâmpada de prata esterlina.

 — Isso vem de você? — ele disse. — Minha querida, o único motivo pelo qual você está se casando comigo é por causa dos contratos favoráveis que eu concordei em dar a companhia de seu pai. E eu gostaria de ter sabido sobre a crise na empresa. Eu provavelmente poderia ter conseguido você por nada além desse anel, dado o estado financeiro das coisas.

 Nesse ponto, houve uma batida na porta, e então o Sr. Harris entrou com Amelia.

 A menina mudou para um calção de Gucci, e a cabeça dela estava enterrada em seu telefone, seus dedos se movendo sobre a tela.

 — Senhorita Amelia, madame, — o inglês entoou. — Haverá alguma outra coisa?

 — Não, obrigado, — Gin o dispensou.

 — O prazer é meu.

 Quando o mordomo se curvou e a porta estava fechada, a menina não olhou para cima.

 — Amelia, — disse Gin bruscamente. — Este é meu noivo, Richard.

 — Sim, — disse a garota. — Eu sei.

 — Como você não o cumprimentou, acho difícil acreditar.

 — Estava na net. — Dar de ombros. — De qualquer forma, parabéns, para vocês dois. Estou emocionada.

 — Amelia, — disse Gin. — O que diabos é tão fascinante?

 A menina virou o telefone, piscando uma tela que estava iluminada como uma Lite-Brite à moda antiga. — Diamantes.

 — Eu acho difícil argumentar com isso, — murmurou Gin. — Mas você está sendo grosseira.

 — É um novo jogo.

 Gin indicou Richard. — Você vai pelo menos dizer olá de maneira adequada.

 — Posso ver a semelhança, — Richard ofereceu. — Você é muito bonita.

 — Eu deveria estar lisonjeada? — Amelia inclinou a cabeça. — Oh, muito obrigada. Estou desejando de ter algo em comum com ela. É a ambição da minha vida, ser como a minha mãe quando crescer. Agora, se me desculpar, eu prefiro estar em uma realidade virtual com diamantes falsos do que perto dela ou de alguém que se ofereça para se casar com ela. Boa sorte para você.

 Amelia estava na porta um segundo depois, mas não porque estava correndo.

 Amelia não fugia de nada.

 Ela cruzava os lugares. Assim como o pai dela.

 — Missão cumprida, — Richard disse enquanto se levantava e voltou para o bar. — A maçã não cai longe da árvore. E me permita reiterar, não vou lhe escrever qualquer tipo de cheque. Cancele a recepção como desejar e nos casaremos no tribunal. Não importa para mim.

 Gin focou na tela da TV, sua mente agitada. E ela ainda estava olhando para o espaço quando Richard se colocou na frente dela.

 — Basta lembra de uma coisa, — ele disse. — Você tende a se tornar criativa quando você fica quieta assim. Posso lembrar que eu não tolero desrespeito, e você pode escolher lembrar as consequências precisas de qualquer insulto a mim.

 Oh, mas você gosta, seu desgraçado doente, pensou Gin amargamente. Gosta de cada minuto.


 — John, você passou. Bom trabalho.

 Quando Lizzie ouviu Lane falar, ela olhou para cima a partir da geladeira, principalmente vazia. Através da cozinha da fazenda, ele estava sentado em sua mesa circular, conversando com o notebook que estava aberto à sua frente, com as sobrancelhas cerradas, duas partes de uma porta dupla puxadas.

 — O que? — ela disse enquanto fechava as coisas.

 — John Lenghe. O Deus do Grão. Ele me disse que ele me enviaria tanta informação quanto pudesse sobre as empresas envolvidas na WWB Holdings. E aqui estão elas.

 Quando ele empurrou a tela, ela se abaixou e olhou para um e-mail que parecia longo como um livro. — Uau. Isso é um monte de nomes.

 — Agora nós temos que encontrá-los. — Lane se sentou e esticou os braços sobre a cabeça, algo estralando alto o suficiente para fazê-la estremecer. — Eu juro que isso é como um passeio de montanha-russa sem fim, o tipo que não para, mesmo depois de você ter náusea.

 Ficando atrás dele, ela massageou os ombros. — Você conversou de novo com essa repórter?

— Sim. — Ele relaxou. — Oh, Deus, isso é bom.

 — Você está tão tenso.

 — Eu sei. — Ele exalou. — Mas sim, acabei de falar com ela. Ela publicará a história. Não há nada que possa fazer para detê-la. Um desses vice-presidentes deve ter falado. Ela sabia muito.

 — Contudo, como pode compartilhar essa informação? A Bradford Bourbon Company não é uma empresa pública. Não é uma violação da privacidade?

 — Não há violação de privacidade quando se trata de negócios. E contanto que ela coloque as coisas de uma certa maneira, ela ficará bem. Será como quando eles colocam a palavra “alegada” na frente de quase tudo quando eles relatam crimes.

 — O que vai acontecer a seguir?

 — Eu não sei, e eu realmente estou deixando de me preocupar com isso. Tudo o que tenho a fazer é superar o velório amanhã, e então a próxima crise terá toda a minha atenção.

 — Bem, estamos prontos. O Sr. Harris e eu cuidamos da equipe, a senhorita Aurora está pronta na cozinha. Os locais que serão ocupados receberão um toque final pela manhã. Quantas pessoas você espera?

 — Mil, talvez. Pelo menos tanto quanto... oh, aí mesmo. Siiiiim. — Ao deixar sua cabeça cair no lado oposto, ela admirou a linha de seu forte pescoço. — Tanto quanto nós tivemos no almoço do Derby pelo menos. Uma coisa que você sempre pode contar como certo, especialmente se você perdeu seu dinheiro? As pessoas gostam de encarar a carcaça da grandeza. E depois desse artigo amanhã, é isso que vamos parecer no balcão do açougueiro.

Lizzie balançou a cabeça. — Lembre-se da minha fantasia onde deixamos tudo isso para trás?

Lane se torceu e puxou-a para o colo. Quando ele afastou o cabelo e olhou para ela, seu sorriso quase chegou aos olhos dele. — Sim, oh, sim. Diga-me como é novamente.

Ela acariciou sua mandíbula, sua garganta, seus ombros. — Nós vivemos em uma fazenda muito longe. Você passa seus dias treinando basquete. Eu planto flores para a cidade. Todas as noites, nos sentamos juntos na nossa varanda e observamos o sol descer sobre a lavoura de milho. Nos sábados, vamos ao mercado de pulgas. Talvez eu venda coisas lá. Talvez você. Nós compramos uma pequena mercearia onde Ragu é considerado uma iguaria estrangeira, e eu faço muita sopa no inverno e salada de batata no verão.

 Quando suas pálpebras afundaram, ele assentiu. — E torta de maçã.

 Ela riu. — Torta de maçã também. E nós vamos nadar nus, em nossa lagoa nos fundos.

 — Oh, eu gosto dessa parte.

 — Eu pensei que você iria.

 Suas mãos começaram a vagar, girando a cintura, movendo-se mais alto. — Posso confessar uma coisa?

 — Claro.

 — Não vai refletir bem no meu caráter. — Ele franziu a testa. — Então, novamente, não há muito a fazer no momento.

 — O que?

 Foi um pouco antes de ele responder. — Quando você e eu estávamos no escritório do meu pai, queria empurrar tudo do topo de sua mesa e fazer sexo com você na maldita coisa.

 — Mesmo?

 — Sim. — Ele encolheu os ombros. — Depravado?

 Lizzie considerou o hipotético com um sorriso. — Na verdade não. Embora eu não consiga decidir se isso é erótico ou apenas criará uma bagunça no chão que vai me matar não limpar.

 Enquanto ele riu, ela se levantou, mas ficou montada. — Mas eu tenho uma ideia.

 — Oh?

 Arqueando suas costas, ela tirou a camisa e lentamente a puxou para cima e sobre sua cabeça. — Há uma mesa aqui e, embora não haja nada além do seu notebook, e eu não sugeriria jogá-lo no chão, ainda podemos... você sabe.

 — Oh, siiiiiim...

 Quando Lizzie se esticou na mesa da cozinha, Lane estava bem sobre ela, inclinando-se sobre ela, sua boca encontrando a dela em uma onda de calor.

 — Por sinal, — ela ofegou, — na minha fantasia, fazemos isso muito...

 

Capítulo 27

 


Na manhã seguinte, Lane desacelerou enquanto se aproximava da Big Five Bridge do lado de Indiana, o tráfego estrangulando a estrada com viajantes de manhã. O rádio do Porsche estava desligado. Ele não verificou seu telefone. E não tinha ligado o notebook antes de deixar Lizzie.

 O sol voltou a ser brilhante em um céu azul claro, algumas nuvens estriadas passando pelas bordas. O tempo bom não deveria durar, no entanto. Um sistema de baixa pressão estava chegando e as tempestades eram esperadas.

 Parecia adequado.

 Enquanto ele reduziu para a terceira macha, e depois, ele viu a frente que o congestionamento era mais do que apenas a hora de pico. Mais à frente, há alguma construção no espaço, as linhas de fusão de carros formando um gargalo que piscavam ao sol e jogavam ondas de calor. Avançando, ele sabia que ele iria atrasar, mas ele não iria se preocupar com isso.

 Ele não queria essa reunião agora. Mas ele não tinha escolha.

 Quando ele finalmente entrou na única linha, as coisas começaram a se mover, e ele quase riu quando ele finalmente puxou ao lado dos trabalhadores em seus macacões laranja, chapéus e jeans.

 Eles estavam instalando alambrados nas bordas da ponte para evitar que as pessoas saltassem.

 Nada de saltos. Ou, pelo menos, se você insistisse em tentar, precisaria escalar o alambrado.

 Atingindo a junção espaguete, ele pegou uma curva apertada, disparou sob um viaduto, entrou na I-91. Duas saídas mais tarde, ele estava na avenida Dorn e foi para River Road.

 O posto Shell na esquina era o tipo de lugar que era parte farmácia, parte supermercado, parte loja de bebias... e banca de revista.

 E ele pretendia passar por ela quando entrou a direita. Afinal, haveria uma cópia do Charlemont Courier Journal em Easterly.

 No final, porém, suas mãos tomaram a decisão por ele. Girando o volante para a direita, ele disparou para a estação de serviço, contornou as bombas de combustíveis e estacionou próximo ao congelador de alumínio duplo com GELO pintado sobre ele junto com uma imagem de um pinguim de desenho com um lenço vermelho em volta do pescoço.

 O boné de beisebol que ele puxou sobre o rosto tinha o logotipo do U de C na frente.

 Nas bombas, havia alguns caras enchendo seus caminhões. Um veículo municipal. Um CG & E pegador de cereja. Uma mulher em um Civic com um bebê que ela continuava verificando no banco de trás.

 Ele sentiu que todos estavam olhando para ele. Mas estava errado. Se estivessem olhando em sua direção, era porque estavam verificando seu Porsche.

 Um sino tocou enquanto ele empurrava para o espaço frio da loja, e lá estava. Uma fila de Charlemont Courier Journals, todos com a manchete que ele temia pendurado acima do cartaz de Las Vegas Strip-sized.

A FALÊNCIA DE BRADFORD BOURBON.

 O New York Post não poderia ter feito isso melhor, ele pensou quando conseguiu um dólar e quinze centavos fora. Pegando uma das cópias, ele colocou o dinheiro no balcão e deu uma batida de seus dedos. O cara da caixa registradora olhou de quem ele estava recebendo e assentiu com a cabeça.

 De volta ao Porsche, Lane ficou atrás do volante e observou a página. Escaneando o primeiro conjunto de colunas, ele abriu para ler todo o artigo.

 Oh, ótimo. Eles reproduziram alguns dos documentos. E havia muitos comentários. Mesmo um editorial sobre a ganância corporativa e a falta de responsabilidade dos ricos com a sociedade.

 Jogando a coisa de lado, ele se afastou e acelerou.

 Quando chegou aos portões principais da propriedade, ele diminuiu a velocidade, apenas para contar o número de caminhões de notícias estacionados no gramado como se estivessem esperando que uma nuvem de cogumelos voltasse para Easterly a qualquer momento. Continuando, ele entrou na propriedade pela entrada de funcionário e disparou pelo caminho de volta, passando pela horta de vegetais que Lizzie cultivava para a cozinha da senhorita Aurora e, em seguida, as estufas de barril e, finalmente, as casas e o galpão de terra firme.

 O estacionamento dos funcionários estava cheio de carros, todos os tipos de ajuda extra já no local para preparar as coisas para as horas de velório. A pista pavimentada continuava além disso, montando a colina paralela à passarela que os trabalhadores costumavam chegar à casa. No topo, havia as garagens, a parte de trás do centro de negócios e as entradas traseiras para a mansão.

 Ele estacionou ao lado do Lexus marrom que estava em um dos pontos reservados para a alta administração.

 Assim que Lane saiu, Steadman W. Morgan, presidente do conselho de administração da Bradford Bourbon Company, saiu de seu sedan.

O homem estava vestido com roupas de golfe, mas não como Lenghe, o Deus do Grão, tinha estado. Steadman estava em roupas brancas de Charlemont Country Club, o símbolo da instituição privada em azul real e dourado em seu peitoral, um cinto de precisão Princeton Tiger em torno de sua cintura. Seus sapatos eram o mesmo tipo de mocassins que Lane usava, sem meias. O relógio era Piaget. O bronzeado foi obtido nos campos de golfe, não artificial. A vitalidade era uma boa criação, uma dieta cuidadosa, e o resultado do homem que nunca teve que se perguntar de onde sua próxima refeição estava vindo.

— Bastante no artigo, — disse Steadman ao se encontrarem cara a cara.

— Agora você entende por que eu mandei todos eles fora daqui?

 Não houve agitação das mãos. Sem formalidades honradas ou trocadas. Mas então, o bom Stewart não estava acostumado a ser a segunda maior prioridade de ninguém e, claramente, seus calções boxers dos Brooks Brothers diziam isso.

 Então, novamente, ele acabou de saber que ele estava sentado na cabeça da mesa em um momento muito ruim na história da BBC. E Lane certamente se relacionaria com isso.

 Com um aceno de mão, Lane indicou o caminho para a porta de trás do centro de negócios e ele digitou novo código de acesso para os dois. Acendendo as luzes enquanto seguiam, ele abriu o caminho para a pequena sala de conferências.

— Eu lhe ofereceria café, — Lane disse enquanto se sentava. — Mas eu sugiro conversarmos.

— Não estou com sede.

 — E é um pouco cedo para o bourbon ou qualquer bebida. — Lane uniu as mãos e se inclinou. — Então. Gostaria de lhe perguntar o que está em mente, mas isso seria retórico.

 — Teria sido bom se você tivesse me informado sobre artigo. Sobre os problemas. Sobre o caos financeiro. Por que diabos você bloqueou a alta administração?

 Lane encolheu os ombros. — Eu ainda estou tentando chegar ao fundo disso sozinho. Então eu não tenho muito a dizer.

 — Havia bastante nesse maldito artigo.

 — Não é minha culpa. Eu não fui a fonte, e meu comentário não foi tão à prova de bala quanto Kevlar. — Embora o repórter lhe tivesse dado um pouco para continuar. — Eu direi que um amigo meu, que é banqueiro de investimentos que se especializou em avaliar corporações multinacionais, está aqui de Nova York, e ele está descobrindo tudo.

 Steadman parecia se recompor. O que era um pouco como uma estátua de mármore lutando para manter um rosto direto: não muito trabalho.

 — Lane, — o homem começou em um tom que fez Walter Cronkite parecer Pee-wee Herman, — eu preciso que você entenda que a Bradford Bourbon Company pode ter o nome da sua família, mas não é um carrinho de limonada, você pode fechar, abaixar ou mudar sua vontade apenas porque você é sangue. Existem procedimentos corporativos, linhas de comando, formas de...

 — Minha mãe é o maior acionista.

 — Isso não lhe dá o direito de transformar isso em uma ditadura. A gerência sênior tem um imperativo para voltar dentro dessa instalação. Temos de convocar um comitê de busca para contratar um novo Diretor Presidente. Um líder interino deve ser nomeado e anunciado. E acima de tudo, uma auditoria interna apropriada para esta bagunça financeira deve ser...

 — Permita-me ser perfeitamente claro. Meu ancestral, Elijah Bradford, começou essa empresa. E eu absolutamente vou fechá-la se eu precisar. Se eu quero. Estou no comando, e será muito mais eficiente se você reconhecer isso e sair do meu caminho. Ou eu também o substituirei.

 O equivalente a um ninho de vespa assassina de raiva estreitou o rosto de Steadman. O que, novamente, não foi uma grande mudança. — Você não sabe com quem você está lidando.

 — E você não tem ideia do quanto eu tenho a perder. Eu serei o único a nomear um sucessor para meu pai, e não serão os vice-presidentes seniores que vieram aqui todas as manhãs para puxar o saco dele. Vou descobrir onde o dinheiro foi, e eu vou nos manter no negócio, mesmo se eu tiver que ir para baixo e administrar eu mesmo. — Ele pegou um dedo no rosto corado de Steadman. — Você trabalha para mim. O conselho trabalha para mim. Cada um dos dez mil funcionários que recebem um salário trabalha para mim, porque eu sou o filho da puta que vai dar a volta em tudo.

 — E exatamente como você se propõe a fazer isso? De acordo com esse artigo, existem milhões de dólares desaparecidos.

 — Me veja.

 Steadman olhou pela mesa brilhante por um momento. — O conselho...

 — Saia do meu caminho. Ouça, cada um recebe cem mil dólares para se sentar e não fazer absolutamente nada. Eu garantirei a cada um de vocês um quarto de milhão de dólares este ano. Esse é um aumento de cento e cinquenta por cento.

 O queixo do homem subiu. — Você está tentando me subornar? Nos subordinar?

 — Ou eu posso fechar o conselho. Sua escolha.

 — Há estatutos...

 — Você sabe o que meu pai fez com meu irmão, correto? — Lane se inclinou mais uma vez. — Você acha que eu não tenho os mesmos contatos que o meu velho fez nos Estados Unidos? Você acredita honestamente que não posso tornar as coisas muito difíceis para você? A maioria dos acidentes acontece em casa, mas os carros também podem ser complicados. Barcos. Aviões.

 Supôs que o Kentucky Fried Tony estava saindo novamente.

E a coisa realmente assustadora foi, como ele disse as palavras, ele não tinha certeza se ele estava blefando ou não. Sentado aqui, onde seu pai estava sentado, Lane se sentiu perfeitamente capaz de assassinar.

 De repente, a lembrança de cair da ponte, de ver a água chegar a ele, de estar naquele interior entre segurança e morte, voltou para ele.

 — Então, o que vai ser? — Lane murmurou. — Um aumento ou um túmulo? — Steadman tomou seu tempo doce, e Lane deixou o homem olhar para seus olhos o tempo que ele quis.

 — Eu não tenho certeza de que você possa prometer, filho.

 Lane encolheu os ombros. — A questão é se você quer testar essa teoria sobre o positivo ou o negativo, não é?

 — Se esse artigo for verdadeiro, como você vai conseguir o dinheiro?

 — Esse é o meu problema, não o seu. — Lane sentou-se de volta. — E eu vou deixar você saber de um pequeno segredo.

 — O que?

 — O dedo anelar do meu pai foi encontrado enterrado na frente da casa. Ainda não foi lançado na imprensa. Então não se engane. Não foi suicídio. Alguém o matou.

 Havia um pouco de clareamento na garganta nesse ponto. E então, bom, Steadman disse: — Quando exatamente receberíamos o pagamento?

Peguei você, Lane pensou.

 — Agora, aqui vamos o que vamos fazer, — ele disse ao homem.


 Jeff levou o café da manhã no andar de cima para o quarto do avô de Lane e ele estava no telefone o tempo todo. Com o pai dele.

 Quando ele finalmente desligou, sentou-se na cadeira antiga e olhou para a grama do jardim. As flores. As árvores em flor. Era como um cenário para os Carringtons na década de oitenta. Então pegou a cópia do Charlemont Courier Journal que ele roubou do andar de baixo na cozinha e olhou para a história.

 Ele leu primeiro online.

 Depois disso, quando ele desceu para pegar um café e um dinamarquês, ele perguntou a Senhorita Aurora se ele poderia pegar a cópia física. A mãe de Lane, como ela era chamada, não olhou para cima do que ela estava cortando no balcão. Saia daqui, foi tudo o que ela havia dito.

 Jeff memorizou todas as palavras, cada número, todas as imagens dos documentos.

 Quando uma batida tocou, ele disse: — Sim?

 Lane entrou com um café para si, e mesmo que ele se tenha se barbeado, ele parecia um merda. — Então-oh, sim, — disse o cara. — Você viu isso.

 — Sim. — Jeff colocou a maldita coisa para baixo. — É um ataque feroz. O problema é que nada é deturpado.

 — Eu não vou me preocupar com isso.

 — Você deve.

 — Acabei de comprar o conselho.

 Jeff recuou. — Desculpa, o que?

 — Preciso que me encontre dois milhões e meio de dólares.

 Colocando suas palmas em seu rosto e segurando uma maldição, Jeff apenas sacudiu a cabeça. — Lane, eu não trabalho para a Bradford Bourbon Company...

 — Então eu vou pagar você.

 — Com o que?

 — Pegue uma pintura do andar de baixo.

 — Sem ofensa, mas não gosto de museus e odeio arte representacional. Tudo o que você fez foi feito antes do advento da câmera. É aborrecido.

 — Há valor nisso. — Quando Jeff não deu uma resposta, Lane encolheu os ombros. — Tudo bem, vou te dar uma parte das joias da minha mãe.

 — Lane.

 O colega de quarto da faculdade não se moveu. — Ou pegue o Phantom Drop-head. Eu vou fazer isso com você. Nós possuímos todos os carros. E o meu um Porsche?

 — Você está louco?

 Lane indicou ao redor deles. — Há dinheiro aqui. Em toda parte. Você quer um cavalo?

 — Jesus Cristo, é como uma venda de garagem.

 — O que você quer? É seu. Então me ajude a encontrar esse dinheiro. Preciso de duzentos e cinquenta mil por cada dez pessoas.

 Jeff começou a balançar a cabeça. — Não funciona assim. Você não pode simplesmente desviar fundos por um capricho...

 — Não há capricho aqui, Jeff. Trata-se de sobrevivência.

 — Você precisa de um plano, Lane. Um plano abrangente que imediatamente reduz as despesas, consolida a função e antecipa uma possível investigação federal, especialmente com esse artigo agora.

 — O que me leva ao meu segundo motivo para estar aqui. Preciso que você prove que meu pai fez tudo.

 — Lane, que merda! Você acha que eu posso tirar essas coisas do meu...

 — Eu não sou ingênuo e você está certo. A polícia virá batendo depois desse artigo, e quero lhes apresentar um caminho claro para meu pai.

 Jeff exalou. Estralou os nódulos. Perguntei o que sentiria se ele atingisse sua testa com a mesa. Algumas centenas de vezes. — Bem, pelo menos, isso parece ser falta de inteligência.

— Essa é a beleza de tudo isso. Apenas veio para mim. Meu pai está morto, então não é como se fossem desenterrá-lo e colocá-lo atrás das grades. E, depois de tudo o que ele puxou, não estou preocupado em preservar sua memória. Deixe o desgraçado entrar em chamas por tudo, e então vamos avançar com a empresa. — Ele tomou uma bebida da caneca. — Oh, o que me lembra. Eu enviei um e-mail para você que Lenghe me enviou nas empresas da WWB Holdings. É mais do que nós temos e ainda não é o suficiente.

 Tudo o que Jeff poderia fazer era olhar para o cara. — Você sabe, eu não posso decidir se você tem um título incrível ou simplesmente está tão desesperado que perdeu a sua maldita cabeça.

 — Ambos. Mas posso dizer que o último é mais concreto. É difícil ter direito quando você não pode pagar por nada. E quanto à sua compensação, no que me diz respeito, estou aqui em uma situação de venda de fogo. Então, pega um caminhão e carregue a maldita coisa no telhado. Tudo o que você acha que é justo.

 Jeff olhou para o jornal novamente. Parecia apropriado que o artigo estava cobrindo todo o trabalho que fazia.

 — Não posso estar aqui para sempre, Lane.

 Mas tinha algo que ele tinha que cuidar para si mesmo. Além da lista mais recente de lavanderia de Lane e ideias brilhantes.

 — E sobre os sêniores? — perguntou Jeff. — Você também os subornou?

 — De modo nenhum. Para esse assunto, eu os coloquei em licença administrativa não remunerada para o próximo mês. Achei que havia provas suficientes para que isso fosse justificado, e a diretoria está enviando avisos. Os gerentes intermediários vão pegar a folga até encontrar um Diretor Presidente interino.

 — Vai ser difícil com isso. — Jeff bateu na primeira página. — Não é exatamente uma boa plataforma de recrutamento.

 Enquanto Lane simplesmente olhava para ele, Jeff sentiu um golpe de água fria figurativa bater na cabeça dele. Colocando ambas as palmas das mãos para cima, ele começou a balançar a cabeça novamente. — Não. Absolutamente não...

 — Você seria responsável.

 — De um navio torpedeado.

 — Você poderia fazer o que quiser.

 — Como me dizer que eu posso redecorar uma casa que está no meio de um deslizamento de terra?

 — Eu te darei equidade.

Eeeeeeeeee indicam o grito dos pneus. — O que você acabou de dizer?

 Lane virou-se e foi até a porta. — Você me ouviu. Estou lhe oferecendo equidade na mais antiga e melhor empresa de Bourbon da América. E antes de me dizer que eu não tenho permissão blá, blá, blá, posso lembrá-lo de que o tabuleiro está no meu bolso traseiro. Eu posso fazer o que quer que eu queira e precise.

 — Enquanto você conseguir o dinheiro para pagá-los.

 — Pense nisso. — O bastardo liso olhou por cima do ombro. — Você pode possuir algo, Jeff. Não são apenas números cruéis para um banco de investimento que está pagando para ser uma calculadora glorificada. Você pode ser o primeiro acionista não familiar na Bradford Bourbon Company, e você pode ajudar a determinar nosso futuro.

 Jeff voltou a olhar para o artigo. — Você já me perguntou se as coisas estavam indo bem?

 — Não, mas é porque nesse caso, eu não estaria envolvido na empresa.

 — E o que acontece quando tudo acabar?

 — Depende do que “parece”, não é? Isso poderia mudar sua vida, Jeff.

 — Sim, há uma recomendação. Veja o que é feito por você. E P.S., a última vez que você queria que eu ficasse, você me ameaçou. Agora, você está me subornando.

 — Está funcionando? — quando ele não respondeu, Lane abriu a saída. — Eu não gostei de ameaçar você duramente. Eu realmente não. E você está certo. Estou batendo cabeça aqui como um idiota. Mas estou sem opções, e não há nenhum salvador vindo do céu para me dar um milagre e fazer com que tudo isso vá embora.

 — Isso é porque não há como fazer isso desaparecer.

 — Não merda. Mas eu tenho que lidar com isso. Eu não tenho escolha.

 Jeff amaldiçoou. — Não sei se posso confiar em você.

 — O que você precisa de mim para que você possa confiar?

 — Depois de tudo isso? Não tenho certeza de que posso.

 — Então seja auto interessado. Se você possui parte do que você está economizando, se houver uma enorme vantagem, e existe, então, esse é o incentivo que você precisa. Pense nisso. Você é um empresário. Você sabe exatamente o quão lucrativo isso poderia ser. Eu lhe dou o estoque agora, e depois as coisas giram ao entorno? Há primos Bradford que estarão morrendo de vontade de comprar a merda de volta. Isso representa a melhor chance de um evento de capitalização de oito dígitos para você, fora da fodida loteria.

 Com essa nota, porque o bastardo sabia exatamente quando se retirar, Lane saiu, fechando a porta silenciosamente.

 — Foda. Me, — murmurou Jeff para si mesmo.

 

Capítulo 28

 

Lizzie dobrou seus shorts cáqui e colocou-os no balcão no banheiro de Lane ao lado de sua camisa de trabalho. Ao se endireitar, o espelho lhe mostrou um reflexo que era familiar, mas também estranho: o cabelo dela estava preso em seu rabo de cavalo, o protetor solar que colocou no início da tarde tornava sua pele muito brilhante e seus olhos tinham bolsas sob eles.

No entanto, tudo isso era normal.

Pegando o vestido preto na frente dela, ela deslizou sobre sua cabeça e pensou, ok, aqui estava a estranheza.

 Na última grande festa de Easterly, há menos de uma semana, ela estava firme no caminho junto com os funcionários. Agora, ela era uma híbrida estranha, parte da família em virtude de se envolver com a Lane, mas ainda na folha de pagamento e muito envolvida nos preparativos e no preparo para o velório.

 Arrancando o cansaço fora, ela escovou os cabelos, mas aparecia a marca da borracha e parecia ruim.

 Talvez houvesse tempo para a...

 Não. Quando ela olhou para o telefone, os números liam 3:43. Não é suficiente até mesmo um banho rápido.

 Em dezessete minutos, as pessoas começaram a chegar, os ônibus levando-os da área de estacionamento na River Road até o topo da colina e a grande porta da frente de Easterly.

 — Você parece perfeita.

 Olhando para a porta, ela sorriu para Lane. — Você é tendencioso.

 Lane estava vestido com um terno azul-marinho com uma camisa azul claro e uma gravata de cor coral. Seus cabelos ainda estavam molhados do banho, e ele cheirava a colônia que ele sempre usava.

 Lizzie voltou a se concentrar, alisando a simples bainha de algodão. Deus, ela sentiu como se estivesse vestindo roupas de outra pessoa, e jesus, ela supôs que era. Não tinha pego emprestado este vestido de sua prima há uma década, também para um funeral? A coisa foi lavada o suficiente para desaparecer em torno das costuras, mas ela não tinha mais nada em seu armário.

 — Eu preferiria estar trabalhando neste evento, — ele disse.

 — Eu sei.

 — Você acha que Chantal virá?

 — Ela não ousaria.

 Lizzie não tinha muita certeza disso. A breve a ser ex-esposa de Lane era uma agarradora de atenção, e essa era uma excelente oportunidade para a mulher afirmar sua relevância apesar de seu casamento não estar mais acontecendo.

 Lizzie esfregou os cabelos e levou-o à frente. O que não fez nada para ajudar com a marca.

Dane-se, pensou. Ela ia deixar solto.

 — Você está pronto? — ela disse quando ela foi até ele. — Você parece preocupado. Como posso ajudar?

 — Não, estou bem. — Ele ofereceu seu cotovelo. — Vamos. Vamos fazer isso.

 Ele a levou para fora do seu quarto e entrou no corredor. Quando chegaram ao conjunto de quartos de sua mãe, ele diminuiu a velocidade. Então parou.

 — Você quer entrar? — ela perguntou. — Eu espero você no andar de baixo.

 — Não, vou deixá-la aí.

 Enquanto continuaram na grande escada e começaram a descer, sentiu-se como uma impostora, até sentir a tensão no braço e percebeu que ele estava inclinado sobre ela.

 — Eu não posso fazer isso sem você, — ele sussurrou quando chegaram ao fundo.

 — Você não precisará, — ela disse calmamente quando eles entraram no piso de mármore. — Eu não vou deixar o seu lado.

 Ao redor, os garçons com gravatas e coletes pretos estavam prontos com bandejas de prata, preparados para pegar o pedido de bebida. Havia dois bares montados, um na sala de jantar à esquerda, outro na sala da frente à direita, com apenas Reserva Família Bradford, vinho branco e refrigerante disponível. As flores que ela havia pedido e organizado foram exibidas de forma proeminente em cada sala, e havia uma mesa circular antiga centrada na entrada com um livro de condolências e uma bandeja de prata para receber cartões.

 Gin e Richard foram o próximo da família a chegar, os dois descendo as escadas com a distância de um campo de futebol entre eles.

— Irmã, — Lane disse enquanto ele beijava sua bochecha. — Richard.

 Os dois passaram sem reconhecer Lizzie, mas em sua mente, foi um caso de: às vezes você teve sorte. Tudo o que eles diriam ou fariam era provável se deparar-se com condescendentes de qualquer maneira.

 — Isso não está bem, — murmurou Lane. — Eu vou ter que...

 — Não faça nada. — Lizzie apertou sua mão para chamar sua atenção. — Ouça-me quando digo isso. Isso não me incomoda. Em absoluto. Eu sei onde estou e se sua irmã me aprova ou me desaprova? Não altera meu código postal no mínimo.

 — É desrespeitoso.

 — É meninas do ensino médio. E cheguei a isso há quinze anos atrás. Além disso, ela é assim porque é miserável. Você poderia estar ao lado de Jesus Cristo, filho de Deus, e ela odiaria o fato de ele estar com um manto e sandálias.

 Lane riu e a beijou na têmpora. — E mais uma vez, você me lembra exatamente por que estou com você.


 — Espera. Sua gravata está torcida.

 Mack torceu. Seu escritório vinha com um chuveiro, uma pia e um vaso sanitário, e ele não tinha incomodado em fechar a porta quando entrou... bem, ferrado, com esse laço de seda em sua garganta.

 Beth colocou alguns papéis na mesa e veio.

 O espaço apertado ficou ainda mais apertado quando ela entrou com ele, e Deus, seu perfume enquanto ela esticava e deslizava o nó.

 — Eu não acho que isso combina mesmo, — ele disse enquanto tentava não se concentrar em seus lábios. — A camisa, quero dizer.

 Cara, eles pareciam macios.

 — Não. — ela sorriu. — Mas está tudo bem. Você não é julgado no seu senso de moda.

 Por uma fração de segundo, ele imaginou colocar suas mãos em sua cintura e puxá-la contra a frente de seus quadris. Então ele mergulharia a cabeça e descobriria o sabor dela. Talvez levantá-la em cima da borda da pia e...

 — Bem? — ela indagou quando ela jogou uma extremidade da gravata sobre a outra em seu coração.

 — O quê?

— Onde você está indo todo vestido?

 — O velório de William Baldwine em Easterly. Estou atrasado. Começa às quatro.

 O puxão de sua garganta foi erótico, mesmo que ele o levasse na direção errada: se Beth estivesse mexendo com suas roupas, ele queria que ela estivesse tirando-as dele.

 — Oh. Uau. — Mais puxão. Então ela recuou. — Melhor.

 Ele se inclinou para um lado e verificou-se no espelho. A maldita coisa era reta como uma linha em uma rodovia, e o nó estava bem no colarinho, e nem todos foram conquistados de uma forma ou de outra, também. — Muito impressionante.

 Beth saiu, e ele a viu se afastar antes de chutar sua própria bunda. No momento em que ele estava pronto para se voltar a focar, ela estava em sua mesa, fazendo um gesto para as coisas, falando.

 Ela estava encarnada novamente, o vestido estava sobre o joelho, mas não muito longe, e abaixo no pescoço, mas não demais. As mangas eram curtas. Meias? Não, ele não pensava assim, e maldito, essas eram boas pernas. Sapatos planos.

 — Bem? — ela disse novamente.

 Ok, ele precisava cortar a porcaria antes que ela pegasse aquela vibração hostil-trabalho-ambiente que ele estava jogando.

 — O quê? — ele perguntou quando ele saiu do banheiro.

 — Você acha que eu poderia me juntar a você? Quero dizer, eu não trabalhei para o homem, mas agora estou na empresa.

 Não era um encontro, ele disse enquanto assentia. Absolutamente não. — Claro. — Ele limpou a garganta. — É um evento aberto. Imagino que haverá muitas pessoas da BBC. Provavelmente devemos ir no seu carro, no entanto. Minha picape não é um lugar para uma senhora.

 Beth sorriu. — Vou pegar minha bolsa. Feliz de dirigir.

 Mack ficou para trás por um segundo enquanto ela foi até a mesa. Forçando a olhar para todos os rótulos nas paredes, ele lembrou a sua ereção parcial de que ela era sua assistente executiva. E sim, ela era linda, mas havia coisas mais importantes para se preocupar com sua vida amorosa atualmente inexistente.

 Hora de se acomodar em algum lugar, pensou. Esteve muito ocupado com o trabalho nos últimos tempos, e isso foi o que aconteceu: você se tronava um cara desesperado ao redor de uma mulher muito decente e seu pau assume o controle.

 — Mack? — ela gritou.

 — Chega... — Pare. Isto. — Não, quero dizer... eu estou, ah...

 Oh, pelo amor de Deus.

 

Capítulo 29

 

Ninguém apareceu.

 Cerca de uma hora e vinte minutos de velório, quando deveria ter havido uma fila pela porta da frente e um carrossel de ônibus subindo e descendo a montanha, havia apenas alguns retardatários, todos os quais examinaram a escassez de gente e batiam em retirada para a porta de Easterly.

 Como se tivessem usado trajes de Halloween para um baile. Ou branco após o Dia do Trabalho. Ou estava sentado na mesa das crianças durante algum grande evento.

Supunha que ele estivesse errado sobre pessoas que queriam ver os poderosos caídos de perto e pessoalmente.

 Lane passou muito tempo vagando de uma sala para outra, com as mãos nos bolsos porque sentia vontade de beber e sabia que era uma má ideia. Gin e Richard desapareceram em algum lugar. Amélia nunca desceu. Edward não apareceu.

 Lizzie estava ficando bem com ele.

 — Com licença senhor.

 Lane voltou para o mordomo uniformizado. — Sim?

 — Há algo que eu possa fazer?

 Talvez fosse o sotaque inglês, mas Lane poderia ter jurado que o Sr. Harris estava sutilmente satisfeito com a desonra. E isso não fez que Lane quisesse se aproximar e transformar todo aquele cabelo Brylcreem em uma bagunça só.

 — Sim, diga aos garçons para arrumar os bares e então eles podem ir para casa. — Não há motivo para pagá-los para ficar de pé. — E deixe os manobristas e os ônibus irem. Se alguém quer vir, eles podem deixar seus carros na frente.

 — Claro senhor.

 Quando Harris desapareceu, Lane foi até a base da escada e sentou-se. Olhando pela porta da frente até a luz do sol, ele pensou na reunião com o membro do conselho. As cenas com Jeff. O encontro com John Lenghe.

 Quem deveria aparecer em uma hora, mas quem sabia.

 Jeff estava certo. Ele estava usando táticas de braço forte, e manipulando pessoas e dinheiro ao redor. E sim, era sob o pretexto de ajudar a família de merda, salvando a família. Mas a ideia de que ele poderia estar se transformando em seu pai fez seu estômago revirar.

 Engraçado, quando ele foi a essa ponte e se inclinou sobre essa borda, ele queria algum tipo de conexão ou compreensão do homem. Mas agora ele estava arquivando isso sob cuidado com o-que-você-deseja. Muitos paralelos estavam montando, graças à maneira como ele se comportava.

 E se ele se transformasse no filho da puta...

— Ei. — Lizzie se sentou ao lado dele, enfiando a saia debaixo das coxas. — Como você está? Ou espere, essa é uma pergunta estúpida, não é.

 Ele se inclinou e a beijou. — Estou bem...

 — Eu perdi isso?

 Ao som de uma voz familiar que ele não tinha ouvido há muito tempo, Lane ficou rígido e virou lentamente. —... mãe?

 No topo da escada, pela primeira vez em anos, sua mãe estava com o apoio de sua enfermeira. Virginia Elizabeth Bradford Baldwine, ou Little V.E. Como ela era conhecida na família, estava vestida com um longo vestido de seda branco, e havia diamantes em suas orelhas e pérolas ao redor de sua garganta. Seu cabelo perfeitamente colorido e sua coloração era adorável, embora definitivamente o resultado de um bom trabalho de maquiagem em oposição à saúde.

 — Mãe, — ele repetiu enquanto se levantava e subia as escadas duas de cada vez.

 — Edward, querido, como você está?

 Lane piscou algumas vezes. E então pegou o lugar da enfermeira, oferecendo um braço que foi prontamente aceito. — Você quer descer as escadas?

 — Eu acho que é apropriado. Mas ah, estou atrasada. Eu perdi todos.

 — Sim, eles vieram e foram embora. Mas está tudo bem, mãe. Vamos prosseguir.

 O braço de sua mãe era semelhante ao de um pássaro, tão magro sob a manga e, enquanto se inclinava sobre ele, seu peso mal se registrou. Eles fizeram a descida devagar, e durante todo o tempo, ele queria erguê-la e carregá-la, porque parecia que poderia ser uma opção mais segura.

Se ela tivesse uma queda? Tinha medo de que ela corresse o risco de se quebrar na base da escada.

 — Seu avô foi um grande homem, — ela disse, quando eles chegaram ao chão de mármore preto e branco do salão. — Oh, olha, eles estão removendo as bebidas.

 — Está tarde.

 — Eu adoro as horas de sol no verão, não é? Elas duraram tanto tempo.

 — Você gostaria de se sentar no salão?

 — Por favor, querido, obrigado.

 Sua mãe não caminhava tanto como embaralhava até a arcada, e quando finalmente chegaram aos sofás de seda em frente à lareira, Lane se sentou no que estava de frente para a porta da frente.

— Oh, os jardins. — Ela sorriu enquanto olhava pelas portas francesas do outro lado do caminho. — Eles parecem tão maravilhosos. Você sabe, Lizzie trabalha tão duro em tudo.

 Lane escondeu a surpresa ao passar e servir-se de um bourbon no carrinho da família. Foi além do tempo que ele cedeu ao seu desejo. — Você conhece Lizzie?

 — Ela me traz minhas flores, oh, você está. Lizzie, você conhece meu filho Edward? Você deve.

 Lane olhou a tempo para ver Lizzie fazer uma dupla tomada e depois cobrir a reação bem. — Sra. Bradford, como você está? É maravilhoso ver você de pé.

 Embora o sobrenome de sua mãe fosse legalmente Baldwine, ela sempre foi a Sra. Bradford em torno da propriedade. Era assim como as coisas eram, e uma das primeiras coisas que seu pai tinha aprendido a odiar, sem dúvida.

 — Bem, obrigada, querida. Agora, você conhece Edward?

 — Sim, — disse Lizzie suavemente. — Eu o conheci.

 — Diga-me, você está ajudando com a festa, querida?

 — Sim, senhora.

 — Eu acho que perdi. Eles sempre me disseram que eu chegaria tarde para meu próprio funeral. Parece que eu calculei mal o do meu pai também.

 Quando dois garçons entraram para começar a desligar o bar no canto, Lane balançou a cabeça em suas direções e eles se afastaram. Ao longe, ele podia ouvir o tintilar de copos e garrafas e um pingo de conversa da equipe enquanto as coisas eram tratadas na sala de jantar, e ele esperava que seu cérebro interpretasse como o fim de festa.

 — Sua escolha de cor é sempre perfeita, — disse sua mãe a Lizzie. — Eu amo meus buquês. Aguardo os dias em que você os muda. Sempre uma nova combinação de flores, e nunca um fora do lugar.

 — Obrigada, Sra. Bradford. Agora, se você me desculpar?

 — É claro querida. Há muito o que fazer. Imagino que tínhamos uma terrível aglomeração de pessoas. — Sua mãe acenou com a mão tão graciosa como uma pena que flutuava através do ar, seu enorme diamante em forma de pera piscando como uma luz de Natal. — Agora, diga-me, Edward. Como estão as coisas no Old Site? Temo que estive fora de circulação por um algum tempo.

 Lizzie deu um aperto no braço antes de deixar os dois sozinhos, e Deus, o que ele não teria dado para segui-la para fora da sala. Em vez disso, sentou-se no lado mais afastado do sofá, aquela foto de Elijah Bradford parecia olhar para ele de cima da lareira.

 — Tudo está bem, mãe. Tudo bem.

 — Você sempre foi um homem de negócios tão maravilhoso. Você assemelha ao meu pai, você sabe.

 — Isso é um elogio.

 — É para ser.

 Seus olhos azuis estavam mais pálidos do que ele se lembrava, embora talvez fosse porque eles realmente não se concentravam. E o cabelo de sua rainha Elizabeth não era tão grosso. E sua pele parecia tão fina como uma folha de papel e tão translúcida como a seda fina.

 Ela parecia ter oitenta e cinco, não sessenta e cinco.

 — Mãe? — ele disse.

 — Sim querido?

 — Meu pai está morto. Você sabe disso, certo? Eu te disse.

 Suas sobrancelhas se juntaram, mas nenhuma linha apareceu e não porque ela tivesse Botox. Pelo contrário, ela foi criada em uma época em que jovens senhoras foram educadas a não ir ao sol, não que os perigos com o câncer de pele fossem plenamente conhecidos naquela época, e não por causa de qualquer preocupação com a camada de ozônio sendo esgotada. Mas, porque as sombrinhas e guarda-sóis no lazer eram acessórios elegantes para as filhas dos ricos.

 Os anos sessenta no sul rico foram mais análogos aos anos quarenta em qualquer outro lugar.

 — Meu marido…

 — Sim, o pai morreu, não avô.

 — É difícil para mim... o tempo é difícil para mim agora. — Ela sorriu de uma maneira que não lhe deu nenhuma ideia de estar sentindo qualquer coisa ou se o que ele estava dizendo estava afundando em tudo. — Mas eu vou ajustar. Bradfords sempre se ajusta. Oh, Maxwell, querido, você veio.

 Quando ela estendeu a mão e olhou para cima, ele se perguntou quem no inferno que ela achou que chegara.

 Quando ele se virou, ele quase derramou sua bebida. — Maxwell?


— Sim, por ali, por favor. E para a sala dos casacos.

 Lizzie apontou um garçom segurando uma caixa de copos alugados e não utilizados em direção à cozinha. Então ela voltou para pegar a última das garrafas de vinho branco não abertas de uma caixa de bebidas no chão. Graças a Deus, havia algo para limpar. Se ela tivesse que ficar em todas aquelas salas vazias por mais tempo, ela iria perder a cabeça.

 Lane não parecia se importar de um jeito ou de outro que essencialmente ninguém veio, mas Deus ...

 Inclinando-se, levantou a caixa e caminhou por trás da mesa coberta de linho. Saindo da sala de jantar pela porta lateral, ela colocou a caixa com as outras três no salão dos funcionários. Talvez eles pudessem devolvê-las porque as garrafas não foram abertas?

 — Cada centavo ajuda, — ela disse para si mesma.

 Imaginando que ela começasse no bar no terraço, ela hesitou em uma das portas dos funcionários, mesmo que, se ela usasse, ela teria que caminhar até o outro lado da casa.

 Em Easterly, a família podia ir e vir de qualquer lugar a qualquer momento. Os funcionários, por outro lado, foram regimentados.

Então, novamente...

— Dane-se.

Ela não estava fazendo esse esforço porque ela era uma empregada, mas porque o homem que amava estava tendo um dia realmente de merda e a estava matando ver isso acontecer e ela precisava melhorar a situação de alguma forma, mesmo que fosse apenas a arrumação para um evento que nunca aconteceu.

 Atravessando os cômodos, saiu as portas francesas da biblioteca e fez uma pausa. Este era o terraço que tinha vista para o rio e o grande declive para a River Road, e todos os antigos móveis de ferro forjado e mesas cobertas de vidro foram movidos para a periferia para acomodar todas as pessoas que não vieram.

 O barman posicionado lá fora deixou seu posto, e ela passou e levantou o forro de mesa de linho do bar. Por baixo, caixotes vazios para os utensílios e caixas para o bourbon e o vinho estavam bem ordenados, e ela arrastou alguns deles.

 Justo quando ela estava prestes a começar a embalar, literalmente, notou a pessoa sentada imóvel e silenciosa por uma das janelas, seu foco na casa, não na vista.

 — Gary?

 Enquanto falava, o chefe da maquinaria pulou tão rápido, a cadeira de metal em que ele estava esbarrou na lareira.

 — Oh, puxa, desculpe. — Ela riu. — Eu acho que todos estão no limite hoje.

 Gary estava em um macacão e suas botas de trabalho foram mantidas, sem sujeira ou detritos nelas. Seu velho boné de beisebol de Momma's Mustard, Pickles & BBQ estava em sua mão, e ele rapidamente o empurrou para trás em sua cabeça.

 — Você não precisa sair, — ela disse quando começou a transferir copos para uma caixa embaixo.

 — Eu não irei. Apenas quando eu vi...

 — Sem carros, certo. Quando você viu que ninguém estava chegando.

 — As pessoas ricas têm um estranho senso de prioridade.

 — Amém a isso.

 — Bem, de volta ao trabalho. Você não está precisando de nada?

 — Não, estou me dando algo para fazer. E se você me ajudar, eu terminarei mais rápido.

 — Então é assim, hein.

 — Sim desculpa.

 Ele resmungou e saiu pela lateral distante do terraço, tomando o caminho que descia em torno da base da muralha de pedra que impedia essa parte da mansão de cair de seu sublime poleiro.

 Mais tarde, muito mais tarde, Lizzie se perguntou por que se sentia obrigada a sair do bar e caminhar até onde o homem esteve sentado e olhando tão atentamente. Mas, por algum motivo, o impulso foi inegável. Então, novamente, Gary raramente ficava quieto, e ele curiosamente desinflou.

 Inclinando-se no velho vidro... viu a mãe de Lane empoleirada, tão bonita quanto uma rainha, naquele sofá de seda.

 

CONTINUA

Capítulo 21

 


A vassoura beijava ao longo do corredor central do estábulo, empurrando os detritos à frente, chutando uma fina névoa de partículas de feno. Enquanto Edward caminhava atrás de sua vassoura, os focinhos das fêmeas reprodutoras saíam de baias de portas abertas, aspirando a sua camiseta, batendo o cotovelo, soprando os cabelos. Umidade tinha explodido em sua testa e uma linha desceu sua espinha na cintura solta do jeans. De vez em quando, ele parou e passou o antebraço sobre o rosto. Falava com Joey, o filho de Moe, que estava tirando o estrume das baias. Deu um tapa em um pescoço gracioso ou alisou uma crina ágil.

 Ele podia sentir o álcool sair de seus poros, como se estivesse marinado nas coisas. E ainda assim, enquanto ele estava trabalhando a bebida no seu corpo, ele teve que cuidar de uma garrafa de vodca duas vezes, caso contrário, a agitação ia à frente dele.

 — Você está trabalhando duro, — veio uma voz do outro lado.

 Edward parou e tentou olhar por cima do ombro. Quando seu corpo não lhe permitia a margem de manobra, ele arrasou, usando o punho da vassoura para alavancar.

 Apertando um raio de luz do sol, ele disse: — Quem é?

 — Eu sou detetive Merrimack. CMP.

 Um estridente conjunto de passos desceu o concreto, e quando eles pararam na frente dele, uma carteira foi aberta, e uma identificação e um crachá foram apresentados para inspeção.

 — Eu estava pensando se eu poderia fazer algumas perguntas, — disse o detetive. — Assim como uma formalidade.

 Edward mudou o foco da exibição para o rosto que combinava com a fotografia laminada. Merrimack era afro-americano, com cabelos curtos, um maxilar forte e mãos grandes que sugeriam que ele poderia ter sido jogador de futebol ao mesmo tempo. Ele estava usando uma camisa polo branca brilhante com a insígnia do Departamento de Polícia do Metro de Charlemont no peito, um bom par de calças e um conjunto de sapatos de couro com solas de borracha que faziam Edward pensar que, na ocasião, o cara tinha que perseguir alguém.

 — Como posso ajudá-lo, detetive?

 Merrimack guardou suas credenciais. — Você quer ir a algum lugar para se sentar enquanto conversamos em particular?

 — Aqui está bom o suficiente para mim. — Edward coxeou até um fardo de feno e deixou seu peso cair das pernas. — Não há ninguém mais neste celeiro agora. E você pode virar esse balde se quiser se sentar.

 Merrimack sacudiu a cabeça. Sorriu. Olhou ao redor. — Esta é uma reprodução que você tem aqui. Muitos cavalos bonitos.

 — Você é um homem de apostas na pista?

 — Apenas coisas pequenas. Nada como você, tenho certeza.

 — Eu não aposto. Mais isso é.

 — Nem mesmo em seus próprios cavalos?

 — Especialmente não nos meus. Então o que posso fazer por você?

 O detetive atravessou a baia cuja parte superior estava fechada. — Uau. Este é uma beleza...

 Edward balançou a cabeça. — Eu não ficaria tão perto se eu fosse...

 Nebekanzer abriu os dentes e pulou nas barras, e Merrimack voltou para trás, dançando melhor do que Savion Glover.

 Enquanto o homem se segurava em uma porta torta oposta, Edward disse: — Você não está familiarizado com os cavalos, não é?

 — Ah... não. — O homem endireitou-se e arrumou a camisa. — Não, eu não estou.

 — Bem, quando você entra em um celeiro cheio de baias aberta e há uma, e apenas uma, está completamente fechada? As chances são de que é por uma boa razão.

 Merrimack balançou a cabeça para o grande garanhão, que estava movendo de um lado para o outro como se quisesse sair e não era para apertar a mão de forma educada. — Diga-me que ninguém monta essa coisa.

 — Só eu. E não tenho nada a perder.

 — Você? Você pode entrar numa sela na parte de trás desse cavalo.

 — Ele é meu garanhão, não apenas um cavalo. E sim, posso. Quando eu penso em algo, posso fazer isso acontecer mesmo neste corpo.

 Merrimack foi reorientado. Sorriu novamente. — Você pode. Bem, isso deve estar ajudando com sua recuperação. Eu leio sobre o seu...

 — Férias infelizes? Sim, o que eu atravessei nunca vai aparecer no Trivago. Mas pelo menos eu consegui os pontos frequentes para a viagem. Nada, porém, para o norte. Eles tiveram que transportar o que restava de mim para uma base do exército, e então a Força Aérea me trouxe de volta aos Estados Unidos.

 — Não consigo imaginar o que foi isso.

— Sim, você pode. — Edward recostou-se no fardo de feno e reorganizou suas pernas. — Então o que posso fazer por você?

 — Espere, você disse que a Força Aérea o trouxe para casa?

 — O embaixador na Colômbia é um amigo da minha família. Ele foi muito útil. Assim como, o adjunto do xerife amigo meu em Charlemont.

 — Seu pai providenciou a ajuda?

 — Não ele não fez.

 — Não?

 Edward inclinou a cabeça. — Ele tinha outras prioridades na época. Você veio até Ogden County apenas para me perguntar sobre meus cavalos? Ou é sobre meu pai?

 Merrimack sorriu de novo, assim parecia que ele estava pensando, mas não queria parecer ameaçador. — Isto é. Apenas algumas perguntas de fundo. Em situações como essa, gostamos de começar com a família.

 — Pergunte à vontade.

 — Você pode descrever seu relacionamento com seu pai?

 Edward moveu a vassoura entre os joelhos e bateu a alça para frente e para trás. — Foi frágil.

 — Essa é uma grande palavra.

 — Você precisa de uma definição?

 — Não, eu não. — Merrimack tirou um bloco do bolso de trás e o abriu. — Então vocês não eram próximos.

 — Eu trabalhei com ele por vários anos. Mas eu não diria que a relação tradicional pai-filho era uma que compartilhamos.

 — Você era seu herdeiro aparente?

 — Eu era no sentido comercial.

 — Mas você não é mais.

 — Ele está morto. Ele não tem qualquer “mais”, tem? E por que você não vai e me pergunta se eu o matei e cortei seu dedo?

 Outro daqueles sorrisos. E o que você sabe, o cara tinha bons dentes, tudo em linha reta e branco, mas não de uma maneira falsa e cosmeticamente melhorada. — Tudo bem. Talvez você gostaria de responder sua própria pergunta.

 — Como posso matar alguém? Eu mal consigo varrer esse corredor.

 Merrimack olhou para baixo e para trás. — Você acabou de me dizer que era tudo sobre motivação para você.

 — Você é um detetive de homicídios. Você deve estar bem ciente de quanto esforço leva para assassinar alguém. Meu pai era um homem saudável e, na minha condição atual, ele pesava cerca de 20 quilos a mais do que eu. Talvez eu não tenha gostado muito dele, mas isso não significa que o patricídeo esteja na minha lista de prioridades na vida.

 — Você pode me dizer onde você esteve na noite em que ele morreu?

 — Eu estava aqui.

 — Existe alguém que possa corroborar isso?

 — Eu posso.

 Shelby saiu da sala de abastecimento, sem se importar e calma como um Buda. Embora estivesse mentindo.

 — Olá, senhorita, — disse o detetive, caminhando e estendendo a palma da mão. — Eu sou do Departamento de Polícia do Metro de Charlemont. E você é?

 — Shelby Landis. — Ela apertou a mão e deu um passo atrás. — Eu trabalho aqui como uma mão estável.

 — Por quanto tempo?

 — Não muito. Uma semana ou mais. Meu pai morreu e ele me disse para vir aqui.

 Merrimack olhou para Edward. — E naquela noite, na noite em que seu pai morreu, vocês dois foram...

 — Só aqui, — disse Edward. — Sentado ao redor. Essa é a extensão das coisas para mim.

 — Bem, tenho certeza de que isso é compreensível. — Sorriso. — Deixe me perguntar algo. Que tipo de carro você dirige?

 Edward encolheu os ombros. — Eu não, na verdade. Meu Porsche está em Easterly. É transmissão manual, então não é realmente tão prático mais.

 — Quando foi a última vez que você voltou para casa?

 — Aquela não é mais minha casa. Eu moro aqui.

 — Tudo bem, quando foi a última vez que você foi em Easterly?

 Edward pensou quando ele e Lane entraram no centro de negócios para que esses registros financeiros pudessem ver a luz do dia. Tecnicamente, não estava entrando, mas Edward certamente não teria sido bem-vindo lá. E sim, ele havia roubado informações corporativas.

 Então ele teve esse momento com a senhorita Aurora, a mulher envolvendo seus braços ao redor dele e quebrando-o por dentro.

 Muitas câmeras de segurança em Easterly. Fora e dentro da casa. Dentro do centro de negócios.

 — Eu estive lá alguns dias atrás. Para ver meu irmão Lane.

 — E o que você fez enquanto esteve lá?

 — Falei com ele. — Usou uma porta traseira na rede para extrair informações. Observou seu pai fazer um acordo com Sutton. Depois que o desgraçado a paquerou. — Nós apenas conversamos.

 — Hmm. — Sorriso. — Você pegou emprestado um dos outros carros? Quero dizer, sua família tem muitos carros diferentes, não é?

— Não.

 — Eles não? Porque quando eu estive lá ontem, vi um grande número de portas de garagem na parte de trás. Em frente ao centro de negócios onde seu pai trabalhou.

 — Não, como em eu não peguei nenhum dos outros carros.

 — As chaves desses veículos estão na garagem, certo? Em um caixa com uma combinação.

 — Eu acho.

 — Você conhece a combinação, Sr. Baldwine?

 — Se eu sabia, esqueci disso.

 — Isso acontece. As pessoas esquecem códigos de passaporte e senhas o tempo todo, não é o caso. Diga-me algo, você está ciente de alguém que possa ter rancor contra seu pai? Ou queria prejudicá-lo? Talvez tivesse uma razão para se vingar dele?

 — É uma longa lista.

— É?

— Meu pai tinha o hábito de não ser simpático com os outros.

 — Você pode me dar exemplos específicos?

 — Qualquer um com quem ele já lidou com um nível pessoal ou profissional. Assim.

 — Fracasso, na verdade. Você disse que seu pai estava saudável, em comparação com você. Mas você estava ciente de qualquer doença que ele poderia ter tido?

 — Meu pai acreditava que homens reais não ficam doentes.

 — Ok. — O bloco ficou fechado sem que o detetive tivesse escrito nada nele. — Bem, se você pode pensar em algo que nos ajude, você pode me ligar aqui. Ou um de vocês.

 Edward aceitou o cartão de visita que lhe foi oferecido. Havia um selo dourado no centro, o mesmo que estava na camisa do detetive. E o nome de Merrimack e vários números e endereços foram impressos em torno dele como se fosse o sol.

 No fundo, havia a frase “Para proteger e servir” na escrita cursiva.

 — Então, você acha que ele foi assassinado? — disse Edward.

 — Você? — Merrimack deu um cartão para Shelby. — O que você acha, Sr. Baldwine?

 — Eu não tenho uma opinião de um jeito ou de outro.

 Ele queria perguntar se ele era um suspeito, mas ele já sabia dessa resposta. E Merrimack estava mantendo suas cartas perto de seu peito.

 Sorriso. — Bem. É um prazer conhecer vocês dois. Você sabe onde me encontrar, e eu sei onde encontrar vocês.

 — O prazer era todo meu.

 Edward viu o detetive sair na luz do início da tarde. Então ele esperou um pouco mais enquanto um carro de polícia não marcado prosseguiu pela linha principal e para a estrada além.

 — Você não estava comigo, — murmurou Edward.

 — Isso importa?

 — Infelizmente... importa.

 

Capítulo 22

 


Pelo menos o advogado de seu pai não estava atrasado.

Quando Lane verificou o seu relógio, quatro e quarenta e cinco em ponto quando o Sr. Harris trouxe o venerável Babcock Jefferson para o salão principal de Easterly.

 — Saudações, Sr. Jefferson, — Lane disse enquanto se levantava. — Bom que você veio.

— Lane. Minhas condolências.

 O executor de William Baldwine estava vestido com um terno azul-marinho com uma gravata vermelha e azul, e um lenço branco no bolso do peito. Ele era uma versão rica de sessenta e poucos, de um bom garoto, suas bochechas salientes sobre o colarinho de sua camisa formal, o cheiro dos charutos cubanos e o Bay Rum o antecedeu quando ele se aproximou para apertar a mão.

 Samuel T. levantou do outro sofá. — Sr. Jefferson. Estou aqui na qualidade de advogado de Lane.

 — Samuel T. Como está seu pai?

 — Muito bem.

 — Dê-lhe as minhas saudações. E qualquer um é bem-vindo aqui a convite da família.

 — Sr. Jefferson, — Lane falou. — Esta é minha noiva, Lizzie King.

 E praticamente uma pausa atingiu todos na sala: Gin ergueu os olhos, Samuel T. sorriu e o Sr. Jefferson curvou-se na cintura.

 Lizzie, entretanto, lançou um olhar surpreso na direção de Lane e depois se recuperou estendendo a mão para o executor e oferecendo ao cara um sorriso. — É uma coisa muito recente.

 Por um momento, o Sr. Jefferson parecia positivamente afetado com ela, seus olhos cintilando de maneira amigável.

 — Bem, parabéns! — O Sr. Jefferson assentiu na direção de Lane e depois voltou a se concentrar nela. — Eu diria que você é uma melhora, mas isso seria desrespeitoso para sua ex-Sra. Você é, no entanto, uma grande melhoria.

 Lizzie riu. — Você é encantador, não é?

 — Até minhas botas de caça, senhora. — O Sr. Jefferson ficou mais sério quando olhou para Lane. — Onde estão seus irmãos?

 Lane voltou a sentar-se novamente ao lado de Lizzie. — Eu não sei em que estado Max está, muito menos como alcançá-lo, e Edward está...

 — Bem aqui.

 Edward se materializou na arcada e, embora Lane o visse um dia ou dois, a aparência física ainda era o tipo de coisa que você tinha que ajustar. Ele estava barbeado e se banhou, seu cabelo escuro estava úmido e ondulado de uma maneira que nunca havia sido permitida nos anos anteriores. Sua calça estava quase caindo dos quadris, mantidas apenas por um cinto de couro de jacaré. Sua camisa era lisa e azul, uma sobra de seu guarda-roupa de negócios. Era tão solta, porém, era como se ele fosse uma criança tentando vestir a roupa do pai.

 E, no entanto, ele impunha o respeito enquanto ele mancava e se sentou em uma das poltronas. — Sr. Jefferson. Bom te ver de novo. Desculpe minha grosseria, mas preciso me sentar.

 — Eu vou até você, filho.

 O executor colocou a maleta em uma das mesas laterais e caminhou. — É bom ver você novamente.

 Edward apertou a mão do homem. — Da mesma forma.

 Não houve conversa depois disso. Edward nunca foi de muita conversa, e o Sr. Jefferson pareceu lembrar disso.

 — Há alguém que você convidou?

 O reflexo de Lane foi esperar que Edward respondesse, mas então ele se lembrou de que ele foi o único a juntar todos.

 — Não. — Lane se levantou e fechou as portas que abriram no escritório. — Estamos prontos.

 Ele fechou as duas metades e foi fazer o mesmo no arco para o vestíbulo. Quando ele se virou, ele ficou com o olhar de Lizzie. Ela estava sentada no sofá de seda em seu short e camisa polo, seus cabelos loiros se afastaram, o rosto aberto.

 Deus, ele a amava.

 — Vamos fazer isso, — Lane ouviu-se dizer.


 Edward empurrou as mãos, colocando os cotovelos nos braços acolchoados da cadeira. Do outro lado do salão, no sofá de seda, seu irmãozinho estava aconchegante, com a horticultora, Lizzie, e tinha que admitir, a facilidade com que os dois se sentavam lado a lado era indicativo de uma conexão normalmente não encontrada nos casamentos Bradford: estava na forma como ele casualmente arrumou um braço sobre os ombros. Como ela apoiou a mão no joelho dele. O fato de eles terem contato visual entre si como se ambos estivessem verificando se o outro estava bem.

 Ele desejava o bem para Lane. Ele realmente desejava.

 Gin, por outro lado, estava em um relacionamento mais tradicional com seu futuro esposo. Richard Pford não estava em nenhum lugar, e isso também foi bom. Ele poderia se casar com um da família, mas isso era privado.

 — Estamos aqui para a leitura da última vontade e testamento de William Wyatt Baldwine, disse Babcock enquanto se sentava na outra poltrona e abriu a pasta no colo.

 — A Mãe deve ser incluída? — Edward interveio.

 O executor olhou para a metade superior de seu caso e disse suavemente: — Eu não acredito que seja necessário incomodá-la. Seu pai estava principalmente interessado em prover sua prole.

— Mas é claro.

 Babcock retomou a extração de um documento bastante volumoso. — O falecido envolvido me contratou nos dez anos anteriores como seu advogado pessoal, e durante esse período, ele executou três testamentos. Esta é a sua vontade final, executada há um ano. Nele, ele prevê que todas as dívidas de natureza pessoal sejam pagas, juntamente com os impostos e honorários profissionais adequados, em primeiro lugar. Posteriormente, ele criou uma confiança para a maior parte de seus ativos. Essa confiança deve ser dividida igualmente a favor da Senhorita Virginia Elizabeth Baldwine, do Sr. Jonathan Tulane Baldwine e do Sr. Maxwell Prentiss Baldwine.

 Pausa.

 Edward sorriu. — Eu entendo que meu nome foi omitido de propósito.

 Babcock sacudiu a cabeça com gravidade. — Sinto muito, filho. Defendi que ele o incluísse, eu fiz.

 — Cortar-me de seu testamento é o fardo menos oneroso que o homem me coloca, eu lhe asseguro. E, Lane, deixe de olhar para mim assim, sim.

 Enquanto seu irmão mais novo afastou os olhos, Edward levantou-se e dirigiu-se para o carrinho do bar. — Reserva Família, alguém quer?

 — Para mim, — disse Lane.

 — Eu aqui, — Samuel T. falou.

 Gin permaneceu em silêncio, mas seus olhos também, observavam todos os seus movimentos enquanto o advogado descrevia os detalhes em relação à confiança que havia sido estabelecida. Samuel T. passou por seu copo e Lane, e então Edward estava de volta a poltrona em que ele estava.

 Ele poderia dizer honestamente que não sentiu nada. Não há raiva. Sem nostalgia. Sem desejo ardente de fechar a distância, reconectar, reconfirmar. Corrigir algo.

 O desprendimento tinha sido duro, afiado por ele vivendo com as contradições do fogo do ressentimento de seu pai e o congelamento do distanciamento do homem.

 Isso não faria que os outros sentissem qualquer coisa, pelo menos, quando se tratava dele e sua deserdação. Seu relacionamento com seu pai, como era, era o negócio apenas dos dois. Edward não queria cuidar da simpatia dos outros, seu irmão e sua irmã precisavam ser tão frios quanto ele.

 Um ano atrás, ele pensou.

 Perguntava-se por que a mudança no testamento foi feita. Ou talvez ele nunca tenha sido mencionado nas versões anteriores também.

 — ... até os legados individuais. — Neste ponto, Babcock limpou a garganta. — Eu gostaria de notar que houve um legado significativo no testamento para a Sra. Rosalinda Freeland, que já morreu. A casa em que residia, na Cerise Circle 372 em Rolling Meadows, era de fato propriedade do Sr. Baldwine, e era seu desejo que a propriedade fosse livre e clara para ela. No entanto, no caso em que ela falecesse, o que de fato aconteceu, foi feita uma disposição adicional neste instrumento, que esta residência, juntamente com a soma de dez milhões de dólares, seja dotada para o filho Randolph Damion Freeland. Disse que os ativos devem ser depositados em um fideicomisso em benefício dele até aos trinta anos de idade, comigo ou a minha pessoa designada como administrador.

 Silêncio.

 O tipo de críquete.

Ah, então foi por isso que você não queria que minha mãe estivesse aqui, pensou Edward para si mesmo.

 Samuel T. cruzou os braços sobre o peito. — Bem.

 E isso foi o bastante, mesmo que ninguém mais disse nada. Era claro, no entanto, que a ex esposa de Lane não foi a única mulher que William tinha impregnado fora do casamento.

 Talvez também houvesse outros filhos ou filhas no mundo.

 Embora, verdadeiramente, a resposta para isso não importasse mais para Edward do que qualquer tipo de herança. Ele veio aqui por uma razão diferente do testamento. Apenas tinha que parecer como se ele tivesse chegado para o mesmo encontro pelo qual todos se reuniram.

 Ele precisava dispor, como sua avó teria dito.

 

Capítulo 23

 


Quando o Sr. Jefferson percorreu os longos parágrafos do documento, Gin não estava focada na leitura do testamento ou, na verdade, pelo fato de Edward ter sido cortado. Seu único pensamento era que Amelia estava em casa... e Samuel T., enquanto se sentava lá, naquele sofá, representando o interesse de Lane em uma atividade profissional... estava sob o mesmo teto que sua própria filha.

 Nenhum deles sabia disso, é claro.

 E essa era Gin.

 Ela tentou não imaginar os dois sentados lado a lado. Tentou não ver, como ela lembrava os dois com uma especificidade que queimava sua memória, as características comuns, os movimentos semelhantes, o estreitamento do olho quando estavam concentrados. Ela também desviou especialmente o fato de que os dois escondiam sua formidável inteligência por trás de uma sociabilidade lacônica... como se fosse algo sobre o qual eles não queriam ser vistosos demais.

 — E isso conclui as disposições salientes. — O Sr. Jefferson tirou os óculos de leitura. — Gostaria de aproveitar esta oportunidade para responder quaisquer perguntas. O testamento está em inventário no momento, e uma totalização dos ativos está começando.

 Houve um silêncio. E então Lane falou. — Eu acredito que você disse tudo. Eu vou sair com você. Samuel T., junte-se a nós?

 Gin abaixou a cabeça e só então deixou seus olhos seguir Samuel T. enquanto ele se levantou e abriu as portas duplas para seu cliente e o executor de seu pai. Ele não olhou de volta para ela. Não a cumprimentou nem a olhou.

 Mas isso era um negócio.

 Uma coisa com a qual você sempre poderia contar com Samuel T., não importava quão selvagem e louco pudesse ser depois do trabalho, assim que ele colocava o chapéu do advogado, ele era inabalável.

 Ela literalmente não existia. Mais do que qualquer outra pessoa que não afetasse os interesses de seus clientes.

 E, normalmente, essa atitude indiscutivelmente irritável a irritava e fazia com que ela quisesse bater na sua cara e exigir atenção. Saber que Amélia estava em algum lugar na mansão a curava de qualquer imaturidade, no entanto.

 Com eles em tão perto na vizinhança, era impossível ignorar as implicações de sua falta de divulgação. Ela era uma criminosa, roubando-os de anos que eram lhes devido, roubando-os de conhecimento que era seus direitos. E pela primeira vez, sentiu uma culpa que era tão finamente afiada que tinha certeza de que estava sangrando internamente.

 Mas a ideia de sair com tudo isso? Essa era uma montanha insuperável de onde ela estava agora, a distância, a altura, o território rochoso que todos os dias e noites de ausência, e eventos pequenos e grandes, somados, era muito longe para viajar.

 Sim, pensou. Foi por isso que ela causou o drama, essa foi a raiz de suas escapadas. Se alguém batesse címbalos diretamente na frente do seu rosto... não se podia ouvir mais nada. Especialmente a consciência de alguém.

 Sua consciência.

 — Como você está?

 Agarrando a atenção, ela olhou para seu irmão Edward e teve que piscar as lágrimas ao vê-lo.

 — Não, não, nada disso, — ele disse rigidamente.

 Ainda bem que ele pensou que ele era a causa. — Mas é claro. — Ela fechou os olhos. — Edward... você está...

 Não estava bem, pensou enquanto deixava passar os próprios problemas.

 E Deus, vê-lo encurvado e magro, tão diferente do chefe da família como ela sempre o imaginou, era uma recalibração que ela não desejava fazer. Foi tão estranho. Nas formas que importam, era mais fácil perder o pai do que a encarnação que seu irmão que sempre foi.

 — Estou bem, — ele completou quando ela não conseguiu completar a frase. — E você?

Caindo aos pedaços, pensou para si mesma. Sou a fortuna da nossa família, desmoronando primeiro em privado... e então para todos verem.

 — Estou bem. — Ela bateu a mão dela. — Nos escute. Soamos como nossos pais.

 Ela saiu da cadeira e o abraçou, e não conseguiu se segurar enquanto sentia os ossos e não muito mais. Ele deu uma pancada estranha antes de dar um passo atrás.

 — Eu entendo que há felicitações em ordem. — Ele se curvou com força. — Vou tentar vir ao casamento. Quando é?

 — Ah... sexta-feira. Não, sábado. Eu não sei. No entanto, nos casamos no tribunal na sexta-feira. Não tenho certeza sobre uma recepção.

 Abruptamente, era a última coisa que tinha algum interesse para ela.

 — Sexta-feira. — Ele assentiu. — Bem, meus cumprimentos para você e seu noivo.

 Com isso, ele se afastou, e ela quase saltou à frente dele e exigiu que ele dissesse o que ele realmente pensava: Seu verdadeiro irmão, Edward, nunca teria sido tão compassivo com Richard. Edward tinha feito negócios com os distribuidores Pford por anos e nunca ficou impressionado com o homem.

E se o velho Edward soubesse o que acontecia atrás de portas fechadas?

Ele teria sido um assassino.

Mas ele evoluiu para um lugar diferente, mesmo quando parecia determinado a permanecer no caminho. Nem foi uma melhoria, foi.

 Deixada na sala sozinha, Gin se sentou de novo e ficou onde estava, uma paralisia estranha ultrapassando seu corpo. Enquanto isso, as várias vozes e pisadas se afastaram. E então, fora do gramado ao sol, não muito longe de onde aquela descoberta horrível havia sido feita no canteiro de hera, os dois advogados e seu irmão caíram em uma conversa.

 Ela olhou para Samuel T. através do copo borbulhante da janela à moda antiga. Seu rosto nunca pareceu mudar. Era tão cinzelado e perfeitamente formado como sempre, seus cabelos eram um pouco longo do lado e escovados atrás. Seu corpo longo e magro, carregava aquele terno feito à mão como um cabide, as dobras do tecido, as mangas, os punhos das pernas das calças, caindo exatamente como um alfa.

 Pensou nele na adega do porão, fodendo aquela garota na mesa no Derby Brunch. Gin já estava chorando quando ele se afastou e levou a mulher de uma forma que tinha feito o som bimba como uma estrela pornô.

 Passando pela história do seu relacionamento com Samuel T., era apenas mais um em uma longa lista de eventos desagradável para lembrar... que começou no primeiro beijo quando tinha quatorze anos e culminou em Amelia.

 O problema foi, no entanto, quando eles pararam as brigas, o conflito, as imitações de preda-no-sapato, chute-no-traseiro, ele poderia ser...

 Apenas o homem mais incrível, inacreditável, dinâmico e vivo que já conheceu.

 E no passado, ela teria dito que seu casamento não os teria impedido de estar juntos. O deles sempre foi um caso de amor que foi como uma interseção ruim sem semáforo, o colapso uma e outra vez, faíscas, o cheiro de gasolina, queimaduras, emaranhados de metal e borracha em todos os lugares. Eles eram vidro de segurança rebentado na rede de aranha de rachaduras, bolsas de ar empilhadas, os pneus apareciam e caíam.

 Mas a corrida logo antes do impacto? Não havia nada parecido no mundo, especialmente não com uma beleza entediada e subutilizada do sul como ela, e nunca importava se um ou outro estivesse com outra pessoa. Namoradas, namorados, amantes sérios, encontro sexual. O constante para ambos era o outro.

 Ela viu o olhar em seu rosto quando ele descobriu sobre o seu noivado, no entanto. Ele nunca a olhou assim antes, e essa expressão era o que ela via enquanto ela estava acordada à noite...

 — Diamante excelente, ele te pegou.

 Ela empurrou a cabeça para cima. Samuel T. estava encostado na arcada, os braços cruzados sobre o peito, as pálpebras baixas nos olhos, a boca apertada, como se ele ressentia o fato de que ela ainda estava na sala.

 Gin afastou o anel da vista e limpou a garganta. — Não poderia ficar longe, Advogado?

 Como provocações, foram um fracasso. A entrega suave apenas acabou de matar a ironia completamente.

 — Não fique lisonjeada, — ele disse quando entrou e se dirigiu para o sofá. — Eu deixei minha pasta. Não vim para te ver.

 Ela se preparou para essa velha e familiar onda de raiva, aguardava com expectativa, de fato, mesmo que por sua familiaridade. A onda corrosiva em seu intestino não se aglomerou, no entanto, em vez disso, como um convidado de jantar que grosseiramente não apareceu e, assim, desapontou sua anfitriã. Samuel T., por outro lado, estava jogando com suas velhas regras, cutucando, irritando, com uma vantagem que parecia cada vez mais nítida.

 — Por favor, não venha à recepção de casamento, — ela disse abruptamente.

 Ele se endireitou com aquela antiga maleta herdada de seu tio-avô na mão. — Oh, mas estou ansioso para te assistir com seu verdadeiro amor. Planejo me inspirar em seu exemplo amoroso.

 — Não há motivo para você vir.

 — Oh, nós diferimos sobre isso...

 — O que aconteceu? Acabou?

 Amélia explodiu na arcada, toda a energia de dezesseis anos nesse corpo e com essa sensação de estilo que já não era mais adolescente e as características que pareciam ser cada vez mais as de seu pai.

 Oh, Deus, pensou Gin com uma sacudida de dor.

 — Oh, olá, — Samuel T. disse à menina com um tom entediado. — Vou deixar sua mãe preencher as informações. Ela está se sentindo tão discursiva. Estou ansioso para ver você em alguns dias, Gin. No seu vestido branco.

 Quando ele simplesmente se afastou, sem dar uma olhada nem um pensamento a Amelia, Gin ficou de pé e começou a ir atrás dele antes que ela pudesse se parar.

 — Mãe, — a garota exigiu enquanto passava. — O que aconteceu?

 — Não é da sua conta. Você não é uma beneficiária. Agora, se você me desculpar.

 Amelia disse algo desrespeitoso, mas Gin estava focada em chegar a Samuel T. antes de acelerar naquele Jaguar.

 — Samuel T. — Gin sibilou enquanto corria pelo chão de mármore do vestíbulo. — Samuel!

 Ela o seguiu pela porta da frente apenas a tempo de ver o executor de seu pai sair em uma Mercedes grande e Lane, andar pela parte de trás da casa.

— Samuel!

— Sim, — ele disse sem parar ou olhar para trás.

— Você não precisa ser rude.

 Em seu conversível, Samuel T. ficou atrás do volante, colocou a maleta no banco vazio e olhou para ela. — Isso vem de você?

 — Ela é uma criança...

 — Espere, trata-se de Amelia?

 — Claro que é! Você passou por ela como se ela não existisse.

 Samuel T. balançou a cabeça como se alguma coisa estivesse chocalhando no crânio. — Deixe-me ver se entendi. Você está chateada porque não reconheci a filha que você teve com outro homem?

 Oh. Deus. — Ela é inocente em tudo isso.

 — Inocente? Para sua informação, essa foi a leitura do testamento do seu avô, não um processo criminal. A culpa ou a relativa falta do mesmo não é relevante.

 — Você a ignorou.

 — Você sabe... — Ele bateu o dedo indicador em sua direção. — Pelo que entendi, você é a última pessoa que deveria acusar alguém de ignorar aquela garota.

 — Como você ousa.

 Samuel T. olhou para o longo e ondulado capô da Jaguar. — Gin, não tenho tempo para isso. Eu tenho que falar com o advogado da esposa do seu irmão agora mesmo, e isso, ao contrário da sua pequena exibição de...

 — Você simplesmente não aguenta ninguém dizendo que você não é Deus.

 — Não, acho que não posso suportar você, na verdade. A coisa de Deus é uma questão secundária.

 Ele não esperou qualquer outro comentário dela. Ele ligou o motor, pisou no acelerador algumas vezes para se certificar de que ele pegou, e então ele estava fora, seguindo o caminho pelo qual o executor tinha forjado na colina, longe de Easterly.

 Gin olhou para ele indo. Dentro de si mesma, ela estava gritando.

Por Amelia. Por Samuel T. Por Richard.

 Principalmente... por si mesma e todos os erros que cometeu. E a tristeza que veio com o conhecimento de que na idade madura dos trinta e três anos, não havia tempo suficiente na vida para corrigir os erros que ela havia causado.


 Lane passou pelos fundos, esperando pegar Edward antes de partir. Sem dúvida, seu irmão havia pegado o caminho dos funcionários porque havia equipes de notícias estacionadas no portão da frente desde que a história do suicídio havia se noticiado. E também, sem dúvida, Edward estava com pressa para sair considerando o que havia no testamento.

 Não havia palavras adequadas para o que seu pai tinha feito: cortar seu primogênito de uma herança era ao mesmo tempo totalmente característico para William, e ainda uma surpresa cruel também.

 Um final foda-se que não poderia ser combatido, os mortos carregando um trunfo no seu túmulo.

 Então Lane queria... dizer algo... ou verificar ou... ele não tinha ideia. O que estava claro era que Edward, sem dúvida, não se interessaria por qualquer coisa que ele tivesse a dizer, mas na ocasião, você só tinha que tentar, com a esperança de que a outra pessoa, em um momento de reflexão silenciosa, possa lembrar que você tinha feito o esforço, mesmo que fosse estranho.

 Não havia nenhum caminhão Red & Black na linha curta de carros pelo centro de negócios, mas Lane achou um antigo Toyota estacionado ao lado do Mercedes vermelho que ele havia dado a Senhorita Aurora. Tinha que ser o que Edward tinha vindo, mas seu irmão não estava atrás do volante, não estava mancando em sua direção. Na verdade, não estava em nenhum lugar.

Entrando pela porta traseira para a cozinha, Lane encontrou Senhorita Aurora no fogão. — Você viu Edward?

 — Ele está aqui? — ela perguntou quando ela se virou da panela. — Diga-lhe para vir me ver se ele estiver aqui.

 — Não sei onde ele está.

 Lane fez uma rápida pesquisa ao redor do primeiro andar e depois parou na escada. Não havia motivo para seu irmão se preocupar com o esforço de ir até os quartos.

 — Onde você está? — disse para si mesmo.

 Dirigindo-se aos jardins, ele atravessou o centro de negócios. Todas as portas francesas estavam trancadas no lado de frente para as flores, e ele tinha que ter ido mais adiante para a entrada traseira com sua fechadura codificada.

 Assim que ele entrou, ele sabia que havia encontrado Edward: havia luzes acesas novamente, então seu irmão devia ter ligado a energia elétrica.

 — Edward?

 Lane caminhou pelo salão acarpetado, olhando para os escritórios vazios. Seu telefone estava explodindo com as chamadas do presidente do conselho, cada um dos vice-presidentes seniores irritados e até mesmo o advogado corporativo. Mas nenhum deles se atreveu a se aproximar de Easterly, e isso lhe disse que tinha algo sobre eles. E mesmo que esse bando de terno estivesse ocupado desaparecendo com provas da sede central? Não importava. Jeff pode não gostar dele no momento, mas aquele analista de números anuais salvou arquivos de tudo o que tinha na rede antes que a denúncia fosse exposta.

Assim, todas as mudanças eram tão incriminadoras como os desfalques que exigiam um encobrimento.

 Quando Lane seguiu para o escritório de seu pai, ele estava ciente de que seu coração estava batendo e que sua mente havia recuado atrás de uma parede de armadura.

 Assim como alguém que estava pronto para uma bomba explodir pode se proteger atrás do cimento.

 — Edward?

 Ele desacelerou quando chegou à antessala do escritório de seu pai. — Edward...?

 A porta de William Baldwine estava fechada, e Lane não conseguia lembrar se ele tinha sido o único a fechá-la quando eles fizeram a evacuação no dia anterior. Quando ele alcançou o botão, ele não tinha ideia do que ele iria encontrar no outro lado.

 E ele não tinha certeza de que ele queria ver.

 Ele empurrou os painéis. — Edward...

 O escritório estava escuro, e quando ele apertou o interruptor de luz na parede, ninguém estava lá. — Onde diabos está...

 Quando ele se virou, Edward estava logo atrás dele. — Procurando por mim?

 Lane soltou uma maldição e agarrou a frente de seu próprio peito. — O que você está fazendo aqui?

 — Visitando as minhas velhas assombrações.

 Lane procurou por coisas nas mãos do irmão, nos bolsos, atrás das costas de Edward. — A sério. O que você está fazendo?

 — Onde é a gerência sênior?

 — Abaixo da sede em escritórios menores.

 — Você os despediu?

 — Eu lhes disse apenas para sair primeiro. — Ele mediu o rosto de seu irmão. — Ou eles estavam indo para a cadeia.

 Edward sorriu. — Você vai dirigir a empresa você mesmo?

 — Não.

 Houve uma pausa. — Qual é o seu plano, então?

 — Tudo o que eu queria fazer era tirá-los daqui.

 — E você acha que isso vai parar o sangramento financeiro?

 — O pai está morto. Eu acho que é isso que irá detê-lo. Mas até que eu saiba com certeza, não vou correr riscos.

 Edward assentiu. — Bem, você não está errado. De modo nenhum. Mas você pode querer pensar sobre quem estará no comando agora que ele está morto.

 — Alguma chance de você estar procurando um emprego?

 — Eu tenho um. Sou alcoólatra agora.

 Lane encarou o ombro de seu irmão na área de recepção vazia. — Edward. Eu tenho que saber uma coisa, e é só você e eu aqui, ok?

 — Na verdade, esse lugar inteiro é inspecionado. Câmeras, microfones escondidos. Não há nenhum segredo sob este teto, então tenha cuidado com o que você pergunta.

 Lane encontrou-se querendo outra bebida.

 E depois de um momento tenso, ele simplesmente murmurou: — Você virá ao velório?

 — Eu não sei por que eu faria isso. Não estou de luto e não tenho a intenção de prestar nenhum respeito. Sem ofensa.

 — Não me ofende, e posso entender tudo isso. Mas a mãe provavelmente descerá para isso.

 — Você acha?

 Lane assentiu e esperou por seu irmão dizer algo mais. O homem não disse. — Escute, Edward... realmente sinto muito por...

 — Nada. Você não sente nada porque nada disso, nada disso foi sua culpa. Você só pode pedir desculpas pelos seus próprios erros. É isso tudo, irmãozinho?

 Quando Lane não conseguiu pensar em mais nada, Edward assentiu. — Isso é tudo, então. Tome cuidado e não me ligue se precisar de algo. Eu não sou o tipo de recurso que você deseja.

 

Capítulo 24

 


O Porsche chamou muita atenção enquanto Lane dirigia no bairro de Rolling Meadows, mas não porque ele estava indo rápido. Apenas a visão do conversível e do som do motor eram suficientes para atrair olhares dos caminhantes de cães, as crianças brincando nas calçadas, as mães empurrando os carrinhos de criança. As casas eram amontoadas, mas eram de bom tamanho, a maioria delas de tijolos com cúpulas ou janelas de sacada no primeiro andar e janelas sobre o telhado ou varandas no segundo para distingui-las, um pouco como irmãos que compartilhavam a mesma coloração, mas tinham diferentes características faciais. Havia Volvos ou Infinitis ou Acuras estacionados em calçadas, arcos de basquete acima das portas da garagem, decks com churrasqueiras na parte de trás.

 Com o sol da tarde brilhando sobre árvores dignas de cartão postal, e todos os gramados verde, e todos aquele bando de crianças correndo, foi um retrocesso diante da geração iChildhood.

 Com insistência silenciosa, o GPS no 911 o navegou através das ruas que foram organizadas por tipos de árvores, flores e, finalmente, frutas.

 Cerise Circle não era diferente de nenhuma das outras pistas, estradas e caminhos do desenvolvimento. E quando ele veio até a casa em que ele estava procurando, não havia nada para distingui-la do seu grupo genético maior.

 Lane deixou o conversível rolar para frente do outro lado da rua. Com a parte superior, ele podia ouvir o drible rítmico de uma bola de basquete atrás de sua garagem, o salto-salto-rebote ecoando da casa ao lado.

Desligando o motor, ele saiu e caminhou sobre o pavimento em direção ao som. O garoto que era LeBron'ing[19] estava fora de vista nos fundos, e Lane realmente queria apenas voltar ao seu maldito carro e fugir.

 Mas isso não era porque ele não conseguia enfrentar as evidências vivas e respiratórias das infidelidades de seu pai, e ele não tinha medo de olhar para um rosto tão próximo do seu também. E não, o fato de que algum estranho era seu sangue e estava no testamento não balançou seu mundo.

 A verdade de fundo para a sua reticência? ele estava simplesmente muito exausto para cuidar de qualquer outra pessoa. O problema era que esta pobre criança, sem culpa, estava prestes a ser sugado para o buraco negro Bradford e como Lane não poderia, pelo menos, tentar orientá-lo um pouco sobre o filho da puta.

 Era uma loteria infernal para ganhar. Especialmente agora que o dinheiro havia desaparecido.

 Não é muito positivo.

 A calçada tinha apenas cerca de nove metros de comprimento, um mero espaço de estacionamento em Easterly. E enquanto Lane continuava a andar, o menino de dezoito anos com o basquete foi revelado gradualmente.

 Alto. Ficaria mais alto. Cabelos escuros. Com grandes ombros já.

 O garoto subiu para uma enterrada, e a bola ricochetou a borda.

 Lane a pegou no ar. — Ei.

 Randolph Damion Freeland parou primeiro porque ficou surpreso. E então porque ficou chocado.

 — Então, você sabe quem eu sou, então, — Lane disse suavemente.

 — Eu vi sua foto, sim.

 — Você sabe por que estou aqui?

 Quando a criança cruzou os braços sobre o peito, havia um bom espaço entre os peitorais e os bíceps, mas isso não duraria muito mais. Ele ia preencher e ser forte.

 Deus, seus olhos eram o azul exato dos dele.

 — Ele morreu, — o menino murmurou. — Eu li sobre isso.

 — Então você sabe…

 — Quem era meu pai? Sim. — Esse olhar baixou. — Você vai, como...

 — Como o quê?

 — Me levar preso ou algo assim?

 — O que? Porque eu faria isso?

 — Não sei. Você é um Bradford.

 Lane fechou os olhos brevemente. — Não, eu vim te ver sobre algo importante. E também para dizer que sinto muito, pela morte de mãe.

 — Ela se matou. Na sua casa.

 — Eu sei.

 — Eles dizem que você encontrou seu corpo. Eu li isso no jornal.

 — Eu encontrei.

 — Ela não se despediu de mim. Ela simplesmente saiu naquela manhã e então ela se foi. Você sabe, como, permanentemente.

 Lane balançou a cabeça e apertou a bola entre as palmas das mãos. — Eu realmente sinto muito...

 — Não se atreva! Não se atreva!

 Uma mulher mais velha disparou para a varanda com uma cabeça cheia de vapor, o rosto torcido no tipo de raiva que fazia uma arma de mão desnecessária. — Você se afasta dele! Você se afasta ...

 — Vovó, pare! Ele está apenas conversando...

 Quando a criança entrou entre eles, a avó era todo braços, lutando para chegar em Lane. — Você fica longe! Como você ousa vir aqui?

 — Ele é um herdeiro. É por isso que eu vim.

Quando os dois pararam em sua luta, Lane assentiu. — Ele ficou com casa e dez milhões de dólares. Achei que você gostaria de saber. O executor estará em contato. Não sei quanto dinheiro há, mas eu quero que vocês dois saibam que vou lutar para garantir que esta casa fique no nome do seu neto.

 Afinal, havia um cenário pelo qual, também, poderia ser liquidado, dependendo da situação da dívida. E então, onde essa criança ia?

 Quando a avó sorriu de sua surpresa, ela voltou ao trem do ódio. — Nunca mais venha aqui.

 Lane trancou os olhos com o menino. — Você sabe onde eu moro. Se você tiver dúvidas, se quiser conversar...

 — Nunca! — Gritou a mulher. — Ele nunca irá até você! Você também não pode levá-lo!

 — Babcock Jefferson, — Lane disse enquanto colocava a bola no caminho de entrada. — Esse é o nome do advogado.

 Ao se afastar, a imagem desse jovem garoto que segurava aquela velha estava esculpida em seu cérebro, e Deus, ele odiava seu pai por novos motivos naquele momento, ele realmente odiava.

 De volta ao Porsche, ele ficou atrás do volante e dirigiu. Ele queria gritar, bater um par de carros estacionados, rolar algumas bicicletas. Mas ele não fez isso.

 Ele estava saindo para a entrada do desenvolvimento quando o telefone tocou. Ele não reconheceu o número, mas ele respondeu porque mesmo um telemarketing era melhor do que os pensamentos em sua cabeça.

 — Sim?

 — Sr. Baldwine? — disse uma voz feminina. — Sr. Lane Baldwine?

 Ele deu seta para a esquerda. — É ele.

 — Meu nome é LaKeesha Locke. Eu sou a repórter de negócios para o Charlemont Courier Journal. Eu queria saber se você e eu podemos encontrar em algum lugar.

 — Sobre o que?

 — Estou fazendo uma história de que a Bradford Bourbon Company está com séria dívida e enfrenta uma possível falência. Está saindo amanhã de manhã. Eu pensei que você poderia querer comentar.

 Lane apertou o queixo para manter as maldições dentro. — Agora, por que eu ia querer fazer isso?

 — Bem, eu entendo, e é bem evidente, que a fortuna pessoal da sua família está inextricavelmente ligada à empresa, não é?

 — Mas eu não estou envolvido no funcionamento do negócio.

 — Então você está dizendo que você desconhecia qualquer dificuldade?

 Lane manteve seu nível de voz. — Onde está você? Eu irei até você.


O galpão de propriedade da Estância da Família Bradford era menos como um galpão e mais como um hangar de avião. Localizado abaixo e na parte de trás da extensa propriedade, estava ao lado do estacionamento dos funcionários e ao lado da linha de casas da década de cinquenta que foram usadas por criados, trabalhadores e partidários por décadas.

 Quando Lizzie entrou na caverna fumegante e com cheiro de óleo, suas botas estavam ruidosas sobre chão de concreto manchado. Tratores, cortadores industriais, caminhões e limpadores de neve foram estacionados de forma ordenada, os seus exteriores limpos e os motores mantidos dentro de uma polegada de suas vidas.

 — Gary? Você está aí?

 O escritório do encarregado estava no canto mais distante, e através do vidro empoeirado, uma luz brilhava.

 — Gary?

 — Não lá. Ou aqui.

 Ela mudou a trajetória, andando em torno de um cortador de madeira e dois limpadores de neve que eram do tamanho de seu velho Yaris.

 — Oh, Deus, não levante isso! — ela gritou.

 Lizzie se apressou, apenas para ser ignorada quando Gary McAdams levantou parte de um bloco de motor do chão e para uma das mesas de trabalho. A façanha teria sido impressionante em qualquer circunstância, mas considerando o cara tinha trinta anos mais que ela? Então, novamente, Gary foi construído como um buldogue, forte como um boi, e resistente como um poste de cerca do Kentucky.

 — Suas costas, — ela murmurou.

 — Está bem, — veio o sotaque do sul. — O que você precisa, senhorita Lizzie?

 Ele não olhou para ela, mas isso não significava que ele não gostasse dela. Na verdade, os dois funcionavam bem juntos: quando ela começou aqui, ela se preparou para um conflito que nunca se materializou. O caipira auto proclamado provou ser um amor total sob esse exterior grosso.

 — Então você sabe sobre o velório, ela disse.

 — Eu sei sim.

 Colocando-se na mesa de trabalho, ela deixou os pés balançarem e observou como suas mãos calosas faziam sentido da maquinaria, movendo-se rápido e seguro sobre o metal antigo. No entanto, ele não fazia grande coisa sobre sua competência, e ele era assim. Pelo que Lizzie entendeu, ele começou a trabalhar nos campos quando tinha doze anos e esteve aqui desde então. Nunca foi casado. Nunca tirou férias. Não bebe. Vivi em uma das casas.

 Dominava os trinta trabalhadores que estavam sob suas ordens com um punho justo, mas de ferro.

 — Você precisa da chave inglesa? — ela perguntou.

 — Sim, eu sei.

 Ela lhe entregou o que precisava, pegou de volta quando ele terminou, pegou-lhe outra coisa antes de ter que pedir isso.

 — De qualquer forma, — ela continuou. — O velório será amanhã, e eu só quero ter certeza de que nós temos um corte fresco na entrada principal a manhã, um corte nos pingos de ouro na estrada esta tarde, se pudermos fazer acontecer, e um corte por toda a frente e no pátio.

 — Sim. — Alguma coisa que você precisa nos jardins traseiros?

 — Eu acho que estão em boa forma. Eu vou passar por eles com Greta, no entanto.

 — Um dos garotos vai fazer um corte dentro da piscina.

 — Bom. Socket?

 — Sim.

 Ao trocarem as ferramentas novamente, ele perguntou: — É verdade o que eles dizem que você encontrou?

 — Greta encontrou. E sim, é.

 Ele não deslocou os olhos de seu trabalho, aquelas mãos de dedos espessos e pesados nunca perderam uma batida. — Hã.

 — Eu não sei, Gary. Até agora, pensei, como todos os outros, que ele pulou. Mas não mais.

 — A polícia veio?

 — Sim, alguns detetives de homicídios. Os mesmos que estavam aqui pela morte de Rosalinda. Falei com eles por um tempo esta manhã. Provavelmente, eles vão querer interrogá-lo e qualquer outra pessoa que esteja no terreno em torno do tempo que ele morreu.

 — Negócio triste.

 — Muito. Embora eu nunca tenha gostado do homem.

 Ela pensou sobre a leitura do testamento. Deus, era como algo fora de um filme antigo, os herdeiros reunidos em alguma sala elegante, um ilustre advogado recitando as provisões em uma voz de Charlton Heston.

 — O que eles te perguntam? Os detetives?

 — Apenas como o encontramos. Onde eu estava nos últimos dias. Como eu disse, eles falarão com todos, tenho certeza.

 — Sim.

 Ela entregou um par de alicates. — A equipe também está convidada para o velório.

 — Para o velório?

 — Uh-huh. É para todos os respeitos.

— Eles não querem nenhum macaco gordo como eu naquela casa.

 — Você seria bem-vindo. Eu prometo. Eu vou.

— Isso é certo, é pelo seu homem.

 Lizzie sentiu o rubor bater em suas bochechas. — Como você sabia sobre mim e Lane?

 — Não há nada que aconteça por aqui que eu não sei, menina.

 Ele parou o que estava fazendo e pegou um velho pano vermelho. Quando ele enxugou as mãos, ele finalmente olhou, seu rosto curtido gentil.

 — É melhor Lane fazer o certo para você. Ou eu consigo lugares para colocar o corpo dele.

 Lizzie riu. — Eu o abraçaria agora, mas você poderia desmaiar.

 — Oh, eu não sei sobre isso. — Exceto que ele estava mexendo seu peso como se ela o tivesse envergonhado. — Mas acho que ele provavelmente é bom, ou você não estaria com ele. Além disso, eu o vejo olhar para você. O menino teve amor nos olhos durante anos quando ele olhava você.

 — Você é muito mais sentimental do que você deixa transparecer, Gary.

 — Eu não fui educado, lembre-se. Não sei o significado dessas grandes palavras.

 — Eu acho que você sabe exatamente o que elas significam. — Lizzie o empurrou levemente no braço. — E se você decidir vir para o velório, você pode ir comigo e Greta.

 — Eu tenho trabalho para fazer. Não tenho tempo para isso.

 — Eu entendo. — Ela pulou da mesa de trabalho. — Bem, vou sair. Eu cuidei tudo, e a senhorita Aurora está com a comida, é claro.

 — Como está indo aquele mocinho?

 — Ele não é tão ruim.

 — Depende do que você está usando como comparação.

 Com uma risada, ela levou a mão sobre o ombro como um adeus e se dirigiu para o exterior ensolarado. Mas ela não chegou muito longe antes de ele falar novamente.

 — Senhorita Lizzie?

 Virando-se, ela arrumou sua camisa polo na cintura de seu short. — Sim?

 — Eles farão alguma coisa para o aniversário do Little V.E. este ano? Preciso fazer algo para isso?

 — Oh Deus. Eu tinha esquecido que estava chegando. Não creio que fizemos nada no ano passado, não é?

 — Ela está completando sessenta e cinco. Essa é a única razão pela qual eu perguntei.

 — Isso é um marco. — Lizzie pensou na mãe de nascimento de Lane naquele quarto. — Eu vou perguntar. E, eu preciso colocar flores frescas amanhã.

 — Há algumas peônias adiantadas chegando.

 — Eu estava pensando a mesma coisa.

 — Deixe-me saber se você quer que faça algo mais.

 — Sempre, Gary. Sempre.

 

Capítulo 25

 


Quando Lane finalmente voltou para Easterly, depois do que se sentiu como anos na presença dessa repórter, ele foi diretamente para o segundo andar, ignorando o jantar que havia sido servido na sala de jantar formal e ignorando a confusão do Sr. Harris sobre um monte de coisa.

 Na porta do avô, ele bateu uma vez e a abriu,

 Ao longo da cama, Tiphanii se sentou rapidamente e levou as cobertas com ela, escondendo que claramente estava nua.

 — Por favor, desculpe-nos, — ele disse a ela. — Ele e eu temos algum negócio.

 Jeff acenou com a cabeça para que a mulher partisse, e meu Deus, ela levou seu tempo, passeando com esse lençol enquanto Jeff puxava o edredom sobre ele e se sentou.

 Depois de uma ida ao banheiro, ela surgiu em seu uniforme e desapareceu pela porta, embora Lane estivesse seguro de que, propositadamente, deixou a calcinha preta no chão ao pé da cama.

 — Foi totalmente consensual, — murmurou Jeff. — E eu tenho permissão para subir de...

 — O jornal local sabe tudo. Tudo.

 Quando Jeff abriu a boca, Lane ladrou. — Você não tinha que me foder assim!

 — Você acha que eu falei com a imprensa? — Jeff jogou a cabeça para trás e riu. — Você realmente pensa que eu peguei alguns centavos e deu-lhes qualquer coisa...

 — Eles têm a informação que você está trabalhando. Página a página. Explique como isso aconteceu. Pensei em poder confiar em você ...

 — Me desculpe, você está me acusando de fraude depois que você me chantageou para fazer isso por você? Mesmo?

 — Você me ferrou.

 — Tudo bem, antes de tudo, se eu fosse te ferrar, eu teria ido ao Wall Street Journal, não ao Charlemont Herald Post Ledger ou a qualquer coisa que seja chamado. Posso nomear meia dúzia de repórteres na Big Apple. Eu não poderia dizer-lhe quem chamar aqui no maldito Kentucky. E mais ao ponto, depois que esse pequeno pesadelo acabar, eu voltarei para Manhattan. Você acha que eu não poderia usar alguns favores devidos a mim? A merda sobre sua família e seu pequeno negócio de bourbon é uma grande notícia, idiota. Maior que algum envoltório de diário de Podunk, USA Today. Então, sim, se eu estivesse vazando qualquer coisa, eu gostaria de ter uma vantagem para mim pessoalmente.

 Lane respirou com dificuldade. — Jesus Cristo.

 — Eu também não o chamaria. Mas é porque sou judeu.

 Deixando cair a cabeça, Lane esfregou os olhos. Então ele caminhou, indo entre a cama e a mesa. A mesa e uma das janelas de painel longo. A janela e a mesa.

 Ele voltou às janelas. A noite ainda não havia caído, mas estava chegando em breve, o pôr-do-sol caindo no horizonte, fazendo com que a curva da terra sangrasse rosa e roxo. Em sua visão periférica, todo o trabalho de Jeff, as notas, os computadores, as impressões eram como um grito no ouvido.

 E então, havia o fato de que seu antigo colega de quarto da faculdade estava nu no quarto, olhando para ele com uma expressão remota: Atrás de toda a raiva que acabara de pular da boca de Jeff, havia dano, ferida real.

 — Desculpe, — Lane respirou. — Desculpe... coloquei as conclusões erradas.

 — Obrigado.

 — Também sinto muito por estar fazendo você fazer isso. Eu só... estou perdendo minha maldita cabeça por aqui. Eu sinto que estou em uma casa que está em chamas, e todas as saídas não são mais que chamas. Estou queimando e estou desesperado e estou cansado dessa merda.

 — Oh, pelo amor de Deus, — seu velho amigo murmurou em seu sotaque de Nova Jersey. — Veja, vá lá.

 Lane olhou por cima do ombro. — O que?

 — Sendo todo agradável. Odeio isso sobre você. Você me irrita e me deixa louco, e então você torna tudo honesto e torna-se impossível para mim odiar sua bunda branca, privilegiada, arrependida. E para sua informação, estava gostando de estar furioso com você. Era o único exercício que eu estava obtendo... bem, não obstante, não é o caso de Tiphanii.

 Lane sorriu um pouco e depois voltou a se aproximar da vista. — Honesto, hein. Você quer honesto? Como em algo, eu não disse a ninguém?

 — Sim. Quanto melhor eu sei o que está acontecendo aqui, mais eu posso ajudar e menos me ressentir de estar preso.

 Ao longe, um falcão subiu em correntes invisíveis, andando no céu com cantos afiados e rápidos, como o crepúsculo da noite cheio de rodovias e estradas que só os pássaros podiam ver.

 — Eu acho que meu irmão o matou, — Lane ouviu-se dizer. — Eu acho que Edward foi o único que fez isso.


 Cara, Jeff desfrutava tanto a coisa irritada e justa. Era um passeio suave, mas intenso, queimava em seu peito um tanque de gás inesgotável que o mantinha acordado durante a noite, focado nos números, movendo-se pelos dados.

Mas ele e Lane, o idiota, atingiram esses cantos antes, durante o longo relacionamento, manchas de falta de comunicação ou estupidez que os separavam. De alguma forma, o sulista lá sempre fechou a distância.

 E sim, ele havia feito isso de novo. Especialmente com aquele pequeno flash de notícias.

 — Merda, — Jeff disse enquanto se deitava contra os travesseiros. — Está falando sério?

 Pergunta idiota.

 Porque esse não era o tipo de coisa que alguém dizia, mesmo em brincadeira, dado o que estava acontecendo nessa casa. E também não era algo que Lane teria pensado mesmo sobre o seu herói mais velho, a menos que ele tivesse uma ótima razão.

 — Por quê? — Jeff murmurou. — Por que Edward deveria fazer algo assim?

 — Ele é o único com o motivo real. Meu pai era um homem terrível e ele fez muitas coisas terríveis para muitas pessoas poderosas. Mas Monteverdi vai matá-lo sobre essa dívida? Não. Ele vai querer recuperar o dinheiro. E Rosalinda não fez isso. Ela estava morta antes que meu pai fosse às cataratas. Gin sempre o odiava, mas não gostaria de sujar as mãos. Minha mãe sempre teve razão, mas nunca a capacidade. Quem mais poderia ter feito isso?

 — No entanto, seu irmão não está em boa forma. Quero dizer, eu estava pegando algo para comer e voltando para cá quando ele entrou na casa. Ele estava mancando como se sua perna estivesse quebrada. Não parecia que ele pudesse lidar com a maldita porta, muito menos atirar alguém para fora de uma ponte.

 — Ele poderia ter tido ajuda. — Lane olhou por cima do ombro, e sim, aquele rosto bonito pareceu ter passado pela lavadora, e não na melhor maneira. — As pessoas na fazenda são dedicadas a ele. Meu irmão tem essa maneira sobre ele, e ele sabe como fazer as coisas.

 — Ele esteve aqui? Na casa?

 — Eu não sei.

 — Existem câmeras de segurança, certo? Aqui na propriedade.

 — Sim, e ele sabe disso. Ele colocou o maldito sistema, e se você apagar as coisas, isso vai mostrar. Existem log-ins que podem ser rastreados.

 — Os detetives pediram a filmagem?

 — Ainda não. Mas eles vão.

 — Você vai dar isso a eles?

 Lane amaldiçoou. — Eu tenho escolha? E eu não sei... eu estava sozinho com Edward hoje. Eu quase perguntei a ele.

 — O que o impediu? Tem medo que ele fique chateado?

 — Entre outras coisas, tive medo da resposta.

 — Qual é a sua próxima jogada?

 — Eu espero. Os detetives não estão indo embora. Eles vão sair para vê-lo na fazenda. E se ele fez isso...

 — Você não pode salvá-lo.

 — Não, eu não posso.

 — Por que exatamente seu irmão quer o seu pai morto? Um monte de problemas para ter apenas porque você foi espancado um par de vezes quando criança.

 — Pai tentou matá-lo na América do Sul.

— O que?

 — Sim, Edward é o que ele é agora por causa do que foi feito lá. E houve muita história ruim entre eles antes disso. Inferno, mesmo em seu testamento, o pai o deixou de fora deliberadamente. Além disso, você sabe, meu irmão não é alguém que você ferra. Ele tem essa maneira sobre ele.

 Querido Deus, pensou Jeff.

 No silêncio que se seguiu, ele considerou seu irmão e irmã, ambos vivendo em Manhattan também. Eles eram casados. Múltiplos filhos. Seus pais dividiram seu tempo entre a Florida e Connecticut, mas tinham um pied-à-terre[20] em SoHo[21]. Todos eles se reuniam em todos os feriados, e havia calor e conflito, alegria, lágrimas e risos.

 Sempre risos.

 Lane tinha uma bela casa. Com muitas coisas agradáveis. Bom carro.

 Não havia comparação, estava lá.

 O sujeito passou e estacionou na cadeira na mesa. — De qualquer forma, basta disso. Então, se você não vazou, quem fez?

 — Administração sênior. Quero dizer, vamos lá. Recebi as informações de suas fontes. As planilhas em que estou fazendo a análise são o produto de trabalho.

 Lane esfregou a cabeça como se tudo doesse. — Claro.

 — Olha, amigo, você não pode congelar esses ternos para sempre, e claramente, eles não estão colorindo as linhas, o que não é uma surpresa. Agora não é um bom momento para não haver ninguém ao leme.

 — Sim, eu preciso de alguém para dirigir a empresa de forma provisória. A diretoria quer se encontrar comigo. Ele também deve pensar nisso.

 — Bem, no caso de eu não colocar um ponto suficientemente bom nisso, a menos que você tome controle, a gerência sênior, os próprios idiotas que você expulsou, estão no comando.

 — Mas eu não sou qualificado. A única coisa que eu sou inteligente o suficiente para saber é que eu não sei merda sobre um negócio nesta escala. — Lane puxou as mãos. — Pelo amor de Deus, não posso me preocupar com isso agora mesmo. Eu tenho que passar pelo velório amanhã, e depois iremos daqui. Maldita seja, Edward era aquele que iria assumir o controle.

 Quando tudo ficou quieto, Jeff alisou o edredom sobre suas coxas porque ele não sabia o que fazer mais. Eventualmente, ele disse meio de brincadeira: — Quando eu recupero a empregada? E não para limpar o banheiro.

— Isso depende de você. Eu sou seu o empregador, e não o seu cafetão.

  — Então você é responsável por esta família, hein.

  — Ninguém mais é voluntário para o trabalho. — Lane pôs-se de pé. — Talvez por causa do que aconteceu com o último cara que deu um tiro.

  — Você conseguiu isso, cara. Você consegue.

  Lane veio e colocou a mão. — Sinto muito, eu coloquei você nesta posição. Honestamente. E depois que isso acabar, prometo que nunca mais entrar em contato com você para qualquer coisa.

  Por um momento, Jeff mediu o que foi oferecido. Então ele apertou a palma da mão. — Sim, bem, eu não o perdoo.

  — Então, por que você está apertando a mão?

  — Porque eu sou uma daquelas pessoas que esquece facilmente. Eu sei, eu sei, está para trás. Mas funcionou para mim até agora, e está tirando você do gancho, então foda-se com seus princípios.

 

Capítulo 26

 


— Agora, isso é mais parecido com isso.

 Quando Richard Pford entrou na sala de estar da família de Easterly por volta das nove da noite, Gin queria rolar os olhos e dizer-lhe que os anos 1950 queriam seus costumes de volta. Mas a verdade era, sim, ela tinha ficado para falar com ele, e sim, enquanto ela o viu avançar para o bar como se fosse o senhor da mansão, ela lembrou o quanto ela o desprezava.

 Depois de se servir um bourbon, ele se aproximou e sentou-se na cadeira de couro ao lado do sofá que ela tinha estado. A sala não era grande, e as pinturas a óleo dos puro sangue Bradford premiados pendurados nas paredes, com os painéis tornavam as coisas ainda menores. Adicionando a proximidade física de Pford à mistura? Bem, isso encolheu as coisas até o ponto em que a TV de tela larga mostrando uma repetição de The Real Housewives of Beverly Hills parecia como se pressionasse contra o rosto dela.

 — Por que você está assistindo a essa droga? — ele disse.

 — Porque eu gosto.

 — É uma perda de tempo. — Ele pegou o controle remoto e mudou o canal para algum comentarista financeiro em uma gravata vermelha e uma camisa azul clara. — Você deve ver coisas de valor.

 Então, deixe-me afastar meu olhar, pensou.

 — Precisamos conversar sobre a recepção. — Ela estreitou os olhos. — E devo apresentá-lo a Amelia.

 — Quem? — ele disse sem tirar o olho do formigueiro do NASDAQ.

 — Minha filha.

 Isso chamou sua atenção e ele olhou por cima, uma sobrancelha fina levantando-se. — Onde ela está? Ela está em casa da escola?

 — Sim.

 Gin estendeu uma mão para o telefone da casa que estava discretamente escondido atrás de uma lâmpada feita de um troféu de ceras de prata esterlina das dezenove centenas. Pegando o receptor, ela chamou a extensão do mordomo.

 — Sr. Harris? Pegue Amelia e traga-a aqui? Obrigado.

 Quando ela desligou, ela olhou para Richard. — Eu preciso que você pague pela recepção de casamento que estamos tendo aqui no sábado. Você pode me escrever o cheque. Serão cerca de cinquenta mil. Se for mais, eu voltarei para você.

 Richard baixou o copo e voltou a se concentrar nela. — Por que estou pagando por qualquer coisa?

 — Porque nos casaremos. Nós dois.

 — Em sua casa.

 — Então você não vai dar nenhuma contribuição?

 — Eu já tenho.

 Ela olhou para o anel. — Richard, você está vivendo sob este telhado, comendo nossa comida...

 Ele riu e girou seu bourbon ao redor. — Você não está realmente fazendo esse argumento, está?

 — Você vai escrever esse cheque e é isso.

 — Eu sugiro que você segure a respiração para que a tinta esteja seca, querida. — Richard a brindou. — Agora, esse seria um show que vale a pena assistir.

 — Se você não paga, cancelarei a festa. E não mente. Você está ansioso pela atenção.

 Os troféus, afinal, precisavam de uma cerimônia de apresentação.

 Richard sentou-se à frente, o movimento de sua bunda fazendo com que o couro enrugasse. — Eu sei que você não está ciente disso, mas há problemas na empresa da sua família.

 — Oh, realmente. — Ela ficou burra. — Alguém perde a chave para um armário de fornecimento de escritório? Ah, que tragédia.

 Não havia valor em deixá-lo entrar em sua fraude financeira, afinal. Certamente, não antes da emissão do certificado de casamento.

 Ele sorriu e, pela primeira vez, algo próximo à alegria realmente atingiu os olhos dele. — Adivinha quem me ligou hoje? Uma amiga minha no Charlemont Courier Journal. E você quer saber o que ela me disse?

 — Que eles estão fazendo uma exposição sobre implantes penianos e querem que você seja um sujeito?

 — Isso é grosseiro.

 — É verdade, mas acho que isso pode ajudar.

 Richard sentou-se e cruzou as pernas, apertando-se a mandíbula. — Em primeiro lugar, é ela, não eles. E, em segundo lugar, ela me disse que há problemas muito sérios na sua empresa, Gin. Grandes questões financeiras. Haverá uma história a primeira hora da manhã sobre tudo. Portanto, não tente me jogar com essa discussão sobre a necessidade um cheque para você para a recepção, de modo que as coisas sejam equitativas entre nós. Seu pai morreu e seu testamento está sendo homologado, os bens de sua mãe está amarrado até ela morrer, e a BBC está lutando com seus dividendos lá embaixo. Se você quiser realizar um levantamento dos fundos e espera que eu contribua, é melhor você se declarar para que eu possa obter a amortização. Caso contrário, não vou te dar um centavo. Querida.

— Eu não sei do que você está falando.

 — Você não? Bem, então, leia a primeira coisa da manhã e você aprenderá algo. — Ele indicou a televisão. — Ou melhor ainda, venha aqui e veja este canal. Tenho certeza de que você estará por toda a TV amanhã.

 Gin levantou o queixo, mesmo quando seu coração entrou em um campo quebrado no peito. — Nós temos muito dinheiro aqui na casa, e eu não sinto que não é razoável que você pague por algo, então, se você não estiver preparado para compartilhar o custo, então a recepção está cancelada.

 Richard cuidou de seu bourbon. — Uma dica sobre as negociações. Se você for emitir ameaças, certifique-se de que elas são respaldadas por um resultado em que a outra parte está comprometida.

 — Você quer me mostrar. Você quer provar que você me pegou. Não finjas que não sou um prêmio para você.

 — Mas, assim que a tinta estiver seca, você é minha. E isso também estará no jornal. Todos lerão sobre isso. Não preciso de um coquetel para provar isso.

 Gin balançou a cabeça. — Você é tão superficial.

 O riso que encheu o quarto fez com que ela desejasse jogar algo nele novamente, e ela olhou a lâmpada de prata esterlina.

 — Isso vem de você? — ele disse. — Minha querida, o único motivo pelo qual você está se casando comigo é por causa dos contratos favoráveis que eu concordei em dar a companhia de seu pai. E eu gostaria de ter sabido sobre a crise na empresa. Eu provavelmente poderia ter conseguido você por nada além desse anel, dado o estado financeiro das coisas.

 Nesse ponto, houve uma batida na porta, e então o Sr. Harris entrou com Amelia.

 A menina mudou para um calção de Gucci, e a cabeça dela estava enterrada em seu telefone, seus dedos se movendo sobre a tela.

 — Senhorita Amelia, madame, — o inglês entoou. — Haverá alguma outra coisa?

 — Não, obrigado, — Gin o dispensou.

 — O prazer é meu.

 Quando o mordomo se curvou e a porta estava fechada, a menina não olhou para cima.

 — Amelia, — disse Gin bruscamente. — Este é meu noivo, Richard.

 — Sim, — disse a garota. — Eu sei.

 — Como você não o cumprimentou, acho difícil acreditar.

 — Estava na net. — Dar de ombros. — De qualquer forma, parabéns, para vocês dois. Estou emocionada.

 — Amelia, — disse Gin. — O que diabos é tão fascinante?

 A menina virou o telefone, piscando uma tela que estava iluminada como uma Lite-Brite à moda antiga. — Diamantes.

 — Eu acho difícil argumentar com isso, — murmurou Gin. — Mas você está sendo grosseira.

 — É um novo jogo.

 Gin indicou Richard. — Você vai pelo menos dizer olá de maneira adequada.

 — Posso ver a semelhança, — Richard ofereceu. — Você é muito bonita.

 — Eu deveria estar lisonjeada? — Amelia inclinou a cabeça. — Oh, muito obrigada. Estou desejando de ter algo em comum com ela. É a ambição da minha vida, ser como a minha mãe quando crescer. Agora, se me desculpar, eu prefiro estar em uma realidade virtual com diamantes falsos do que perto dela ou de alguém que se ofereça para se casar com ela. Boa sorte para você.

 Amelia estava na porta um segundo depois, mas não porque estava correndo.

 Amelia não fugia de nada.

 Ela cruzava os lugares. Assim como o pai dela.

 — Missão cumprida, — Richard disse enquanto se levantava e voltou para o bar. — A maçã não cai longe da árvore. E me permita reiterar, não vou lhe escrever qualquer tipo de cheque. Cancele a recepção como desejar e nos casaremos no tribunal. Não importa para mim.

 Gin focou na tela da TV, sua mente agitada. E ela ainda estava olhando para o espaço quando Richard se colocou na frente dela.

 — Basta lembra de uma coisa, — ele disse. — Você tende a se tornar criativa quando você fica quieta assim. Posso lembrar que eu não tolero desrespeito, e você pode escolher lembrar as consequências precisas de qualquer insulto a mim.

 Oh, mas você gosta, seu desgraçado doente, pensou Gin amargamente. Gosta de cada minuto.


 — John, você passou. Bom trabalho.

 Quando Lizzie ouviu Lane falar, ela olhou para cima a partir da geladeira, principalmente vazia. Através da cozinha da fazenda, ele estava sentado em sua mesa circular, conversando com o notebook que estava aberto à sua frente, com as sobrancelhas cerradas, duas partes de uma porta dupla puxadas.

 — O que? — ela disse enquanto fechava as coisas.

 — John Lenghe. O Deus do Grão. Ele me disse que ele me enviaria tanta informação quanto pudesse sobre as empresas envolvidas na WWB Holdings. E aqui estão elas.

 Quando ele empurrou a tela, ela se abaixou e olhou para um e-mail que parecia longo como um livro. — Uau. Isso é um monte de nomes.

 — Agora nós temos que encontrá-los. — Lane se sentou e esticou os braços sobre a cabeça, algo estralando alto o suficiente para fazê-la estremecer. — Eu juro que isso é como um passeio de montanha-russa sem fim, o tipo que não para, mesmo depois de você ter náusea.

 Ficando atrás dele, ela massageou os ombros. — Você conversou de novo com essa repórter?

— Sim. — Ele relaxou. — Oh, Deus, isso é bom.

 — Você está tão tenso.

 — Eu sei. — Ele exalou. — Mas sim, acabei de falar com ela. Ela publicará a história. Não há nada que possa fazer para detê-la. Um desses vice-presidentes deve ter falado. Ela sabia muito.

 — Contudo, como pode compartilhar essa informação? A Bradford Bourbon Company não é uma empresa pública. Não é uma violação da privacidade?

 — Não há violação de privacidade quando se trata de negócios. E contanto que ela coloque as coisas de uma certa maneira, ela ficará bem. Será como quando eles colocam a palavra “alegada” na frente de quase tudo quando eles relatam crimes.

 — O que vai acontecer a seguir?

 — Eu não sei, e eu realmente estou deixando de me preocupar com isso. Tudo o que tenho a fazer é superar o velório amanhã, e então a próxima crise terá toda a minha atenção.

 — Bem, estamos prontos. O Sr. Harris e eu cuidamos da equipe, a senhorita Aurora está pronta na cozinha. Os locais que serão ocupados receberão um toque final pela manhã. Quantas pessoas você espera?

 — Mil, talvez. Pelo menos tanto quanto... oh, aí mesmo. Siiiiim. — Ao deixar sua cabeça cair no lado oposto, ela admirou a linha de seu forte pescoço. — Tanto quanto nós tivemos no almoço do Derby pelo menos. Uma coisa que você sempre pode contar como certo, especialmente se você perdeu seu dinheiro? As pessoas gostam de encarar a carcaça da grandeza. E depois desse artigo amanhã, é isso que vamos parecer no balcão do açougueiro.

Lizzie balançou a cabeça. — Lembre-se da minha fantasia onde deixamos tudo isso para trás?

Lane se torceu e puxou-a para o colo. Quando ele afastou o cabelo e olhou para ela, seu sorriso quase chegou aos olhos dele. — Sim, oh, sim. Diga-me como é novamente.

Ela acariciou sua mandíbula, sua garganta, seus ombros. — Nós vivemos em uma fazenda muito longe. Você passa seus dias treinando basquete. Eu planto flores para a cidade. Todas as noites, nos sentamos juntos na nossa varanda e observamos o sol descer sobre a lavoura de milho. Nos sábados, vamos ao mercado de pulgas. Talvez eu venda coisas lá. Talvez você. Nós compramos uma pequena mercearia onde Ragu é considerado uma iguaria estrangeira, e eu faço muita sopa no inverno e salada de batata no verão.

 Quando suas pálpebras afundaram, ele assentiu. — E torta de maçã.

 Ela riu. — Torta de maçã também. E nós vamos nadar nus, em nossa lagoa nos fundos.

 — Oh, eu gosto dessa parte.

 — Eu pensei que você iria.

 Suas mãos começaram a vagar, girando a cintura, movendo-se mais alto. — Posso confessar uma coisa?

 — Claro.

 — Não vai refletir bem no meu caráter. — Ele franziu a testa. — Então, novamente, não há muito a fazer no momento.

 — O que?

 Foi um pouco antes de ele responder. — Quando você e eu estávamos no escritório do meu pai, queria empurrar tudo do topo de sua mesa e fazer sexo com você na maldita coisa.

 — Mesmo?

 — Sim. — Ele encolheu os ombros. — Depravado?

 Lizzie considerou o hipotético com um sorriso. — Na verdade não. Embora eu não consiga decidir se isso é erótico ou apenas criará uma bagunça no chão que vai me matar não limpar.

 Enquanto ele riu, ela se levantou, mas ficou montada. — Mas eu tenho uma ideia.

 — Oh?

 Arqueando suas costas, ela tirou a camisa e lentamente a puxou para cima e sobre sua cabeça. — Há uma mesa aqui e, embora não haja nada além do seu notebook, e eu não sugeriria jogá-lo no chão, ainda podemos... você sabe.

 — Oh, siiiiiim...

 Quando Lizzie se esticou na mesa da cozinha, Lane estava bem sobre ela, inclinando-se sobre ela, sua boca encontrando a dela em uma onda de calor.

 — Por sinal, — ela ofegou, — na minha fantasia, fazemos isso muito...

 

Capítulo 27

 


Na manhã seguinte, Lane desacelerou enquanto se aproximava da Big Five Bridge do lado de Indiana, o tráfego estrangulando a estrada com viajantes de manhã. O rádio do Porsche estava desligado. Ele não verificou seu telefone. E não tinha ligado o notebook antes de deixar Lizzie.

 O sol voltou a ser brilhante em um céu azul claro, algumas nuvens estriadas passando pelas bordas. O tempo bom não deveria durar, no entanto. Um sistema de baixa pressão estava chegando e as tempestades eram esperadas.

 Parecia adequado.

 Enquanto ele reduziu para a terceira macha, e depois, ele viu a frente que o congestionamento era mais do que apenas a hora de pico. Mais à frente, há alguma construção no espaço, as linhas de fusão de carros formando um gargalo que piscavam ao sol e jogavam ondas de calor. Avançando, ele sabia que ele iria atrasar, mas ele não iria se preocupar com isso.

 Ele não queria essa reunião agora. Mas ele não tinha escolha.

 Quando ele finalmente entrou na única linha, as coisas começaram a se mover, e ele quase riu quando ele finalmente puxou ao lado dos trabalhadores em seus macacões laranja, chapéus e jeans.

 Eles estavam instalando alambrados nas bordas da ponte para evitar que as pessoas saltassem.

 Nada de saltos. Ou, pelo menos, se você insistisse em tentar, precisaria escalar o alambrado.

 Atingindo a junção espaguete, ele pegou uma curva apertada, disparou sob um viaduto, entrou na I-91. Duas saídas mais tarde, ele estava na avenida Dorn e foi para River Road.

 O posto Shell na esquina era o tipo de lugar que era parte farmácia, parte supermercado, parte loja de bebias... e banca de revista.

 E ele pretendia passar por ela quando entrou a direita. Afinal, haveria uma cópia do Charlemont Courier Journal em Easterly.

 No final, porém, suas mãos tomaram a decisão por ele. Girando o volante para a direita, ele disparou para a estação de serviço, contornou as bombas de combustíveis e estacionou próximo ao congelador de alumínio duplo com GELO pintado sobre ele junto com uma imagem de um pinguim de desenho com um lenço vermelho em volta do pescoço.

 O boné de beisebol que ele puxou sobre o rosto tinha o logotipo do U de C na frente.

 Nas bombas, havia alguns caras enchendo seus caminhões. Um veículo municipal. Um CG & E pegador de cereja. Uma mulher em um Civic com um bebê que ela continuava verificando no banco de trás.

 Ele sentiu que todos estavam olhando para ele. Mas estava errado. Se estivessem olhando em sua direção, era porque estavam verificando seu Porsche.

 Um sino tocou enquanto ele empurrava para o espaço frio da loja, e lá estava. Uma fila de Charlemont Courier Journals, todos com a manchete que ele temia pendurado acima do cartaz de Las Vegas Strip-sized.

A FALÊNCIA DE BRADFORD BOURBON.

 O New York Post não poderia ter feito isso melhor, ele pensou quando conseguiu um dólar e quinze centavos fora. Pegando uma das cópias, ele colocou o dinheiro no balcão e deu uma batida de seus dedos. O cara da caixa registradora olhou de quem ele estava recebendo e assentiu com a cabeça.

 De volta ao Porsche, Lane ficou atrás do volante e observou a página. Escaneando o primeiro conjunto de colunas, ele abriu para ler todo o artigo.

 Oh, ótimo. Eles reproduziram alguns dos documentos. E havia muitos comentários. Mesmo um editorial sobre a ganância corporativa e a falta de responsabilidade dos ricos com a sociedade.

 Jogando a coisa de lado, ele se afastou e acelerou.

 Quando chegou aos portões principais da propriedade, ele diminuiu a velocidade, apenas para contar o número de caminhões de notícias estacionados no gramado como se estivessem esperando que uma nuvem de cogumelos voltasse para Easterly a qualquer momento. Continuando, ele entrou na propriedade pela entrada de funcionário e disparou pelo caminho de volta, passando pela horta de vegetais que Lizzie cultivava para a cozinha da senhorita Aurora e, em seguida, as estufas de barril e, finalmente, as casas e o galpão de terra firme.

 O estacionamento dos funcionários estava cheio de carros, todos os tipos de ajuda extra já no local para preparar as coisas para as horas de velório. A pista pavimentada continuava além disso, montando a colina paralela à passarela que os trabalhadores costumavam chegar à casa. No topo, havia as garagens, a parte de trás do centro de negócios e as entradas traseiras para a mansão.

 Ele estacionou ao lado do Lexus marrom que estava em um dos pontos reservados para a alta administração.

 Assim que Lane saiu, Steadman W. Morgan, presidente do conselho de administração da Bradford Bourbon Company, saiu de seu sedan.

O homem estava vestido com roupas de golfe, mas não como Lenghe, o Deus do Grão, tinha estado. Steadman estava em roupas brancas de Charlemont Country Club, o símbolo da instituição privada em azul real e dourado em seu peitoral, um cinto de precisão Princeton Tiger em torno de sua cintura. Seus sapatos eram o mesmo tipo de mocassins que Lane usava, sem meias. O relógio era Piaget. O bronzeado foi obtido nos campos de golfe, não artificial. A vitalidade era uma boa criação, uma dieta cuidadosa, e o resultado do homem que nunca teve que se perguntar de onde sua próxima refeição estava vindo.

— Bastante no artigo, — disse Steadman ao se encontrarem cara a cara.

— Agora você entende por que eu mandei todos eles fora daqui?

 Não houve agitação das mãos. Sem formalidades honradas ou trocadas. Mas então, o bom Stewart não estava acostumado a ser a segunda maior prioridade de ninguém e, claramente, seus calções boxers dos Brooks Brothers diziam isso.

 Então, novamente, ele acabou de saber que ele estava sentado na cabeça da mesa em um momento muito ruim na história da BBC. E Lane certamente se relacionaria com isso.

 Com um aceno de mão, Lane indicou o caminho para a porta de trás do centro de negócios e ele digitou novo código de acesso para os dois. Acendendo as luzes enquanto seguiam, ele abriu o caminho para a pequena sala de conferências.

— Eu lhe ofereceria café, — Lane disse enquanto se sentava. — Mas eu sugiro conversarmos.

— Não estou com sede.

 — E é um pouco cedo para o bourbon ou qualquer bebida. — Lane uniu as mãos e se inclinou. — Então. Gostaria de lhe perguntar o que está em mente, mas isso seria retórico.

 — Teria sido bom se você tivesse me informado sobre artigo. Sobre os problemas. Sobre o caos financeiro. Por que diabos você bloqueou a alta administração?

 Lane encolheu os ombros. — Eu ainda estou tentando chegar ao fundo disso sozinho. Então eu não tenho muito a dizer.

 — Havia bastante nesse maldito artigo.

 — Não é minha culpa. Eu não fui a fonte, e meu comentário não foi tão à prova de bala quanto Kevlar. — Embora o repórter lhe tivesse dado um pouco para continuar. — Eu direi que um amigo meu, que é banqueiro de investimentos que se especializou em avaliar corporações multinacionais, está aqui de Nova York, e ele está descobrindo tudo.

 Steadman parecia se recompor. O que era um pouco como uma estátua de mármore lutando para manter um rosto direto: não muito trabalho.

 — Lane, — o homem começou em um tom que fez Walter Cronkite parecer Pee-wee Herman, — eu preciso que você entenda que a Bradford Bourbon Company pode ter o nome da sua família, mas não é um carrinho de limonada, você pode fechar, abaixar ou mudar sua vontade apenas porque você é sangue. Existem procedimentos corporativos, linhas de comando, formas de...

 — Minha mãe é o maior acionista.

 — Isso não lhe dá o direito de transformar isso em uma ditadura. A gerência sênior tem um imperativo para voltar dentro dessa instalação. Temos de convocar um comitê de busca para contratar um novo Diretor Presidente. Um líder interino deve ser nomeado e anunciado. E acima de tudo, uma auditoria interna apropriada para esta bagunça financeira deve ser...

 — Permita-me ser perfeitamente claro. Meu ancestral, Elijah Bradford, começou essa empresa. E eu absolutamente vou fechá-la se eu precisar. Se eu quero. Estou no comando, e será muito mais eficiente se você reconhecer isso e sair do meu caminho. Ou eu também o substituirei.

 O equivalente a um ninho de vespa assassina de raiva estreitou o rosto de Steadman. O que, novamente, não foi uma grande mudança. — Você não sabe com quem você está lidando.

 — E você não tem ideia do quanto eu tenho a perder. Eu serei o único a nomear um sucessor para meu pai, e não serão os vice-presidentes seniores que vieram aqui todas as manhãs para puxar o saco dele. Vou descobrir onde o dinheiro foi, e eu vou nos manter no negócio, mesmo se eu tiver que ir para baixo e administrar eu mesmo. — Ele pegou um dedo no rosto corado de Steadman. — Você trabalha para mim. O conselho trabalha para mim. Cada um dos dez mil funcionários que recebem um salário trabalha para mim, porque eu sou o filho da puta que vai dar a volta em tudo.

 — E exatamente como você se propõe a fazer isso? De acordo com esse artigo, existem milhões de dólares desaparecidos.

 — Me veja.

 Steadman olhou pela mesa brilhante por um momento. — O conselho...

 — Saia do meu caminho. Ouça, cada um recebe cem mil dólares para se sentar e não fazer absolutamente nada. Eu garantirei a cada um de vocês um quarto de milhão de dólares este ano. Esse é um aumento de cento e cinquenta por cento.

 O queixo do homem subiu. — Você está tentando me subornar? Nos subordinar?

 — Ou eu posso fechar o conselho. Sua escolha.

 — Há estatutos...

 — Você sabe o que meu pai fez com meu irmão, correto? — Lane se inclinou mais uma vez. — Você acha que eu não tenho os mesmos contatos que o meu velho fez nos Estados Unidos? Você acredita honestamente que não posso tornar as coisas muito difíceis para você? A maioria dos acidentes acontece em casa, mas os carros também podem ser complicados. Barcos. Aviões.

 Supôs que o Kentucky Fried Tony estava saindo novamente.

E a coisa realmente assustadora foi, como ele disse as palavras, ele não tinha certeza se ele estava blefando ou não. Sentado aqui, onde seu pai estava sentado, Lane se sentiu perfeitamente capaz de assassinar.

 De repente, a lembrança de cair da ponte, de ver a água chegar a ele, de estar naquele interior entre segurança e morte, voltou para ele.

 — Então, o que vai ser? — Lane murmurou. — Um aumento ou um túmulo? — Steadman tomou seu tempo doce, e Lane deixou o homem olhar para seus olhos o tempo que ele quis.

 — Eu não tenho certeza de que você possa prometer, filho.

 Lane encolheu os ombros. — A questão é se você quer testar essa teoria sobre o positivo ou o negativo, não é?

 — Se esse artigo for verdadeiro, como você vai conseguir o dinheiro?

 — Esse é o meu problema, não o seu. — Lane sentou-se de volta. — E eu vou deixar você saber de um pequeno segredo.

 — O que?

 — O dedo anelar do meu pai foi encontrado enterrado na frente da casa. Ainda não foi lançado na imprensa. Então não se engane. Não foi suicídio. Alguém o matou.

 Havia um pouco de clareamento na garganta nesse ponto. E então, bom, Steadman disse: — Quando exatamente receberíamos o pagamento?

Peguei você, Lane pensou.

 — Agora, aqui vamos o que vamos fazer, — ele disse ao homem.


 Jeff levou o café da manhã no andar de cima para o quarto do avô de Lane e ele estava no telefone o tempo todo. Com o pai dele.

 Quando ele finalmente desligou, sentou-se na cadeira antiga e olhou para a grama do jardim. As flores. As árvores em flor. Era como um cenário para os Carringtons na década de oitenta. Então pegou a cópia do Charlemont Courier Journal que ele roubou do andar de baixo na cozinha e olhou para a história.

 Ele leu primeiro online.

 Depois disso, quando ele desceu para pegar um café e um dinamarquês, ele perguntou a Senhorita Aurora se ele poderia pegar a cópia física. A mãe de Lane, como ela era chamada, não olhou para cima do que ela estava cortando no balcão. Saia daqui, foi tudo o que ela havia dito.

 Jeff memorizou todas as palavras, cada número, todas as imagens dos documentos.

 Quando uma batida tocou, ele disse: — Sim?

 Lane entrou com um café para si, e mesmo que ele se tenha se barbeado, ele parecia um merda. — Então-oh, sim, — disse o cara. — Você viu isso.

 — Sim. — Jeff colocou a maldita coisa para baixo. — É um ataque feroz. O problema é que nada é deturpado.

 — Eu não vou me preocupar com isso.

 — Você deve.

 — Acabei de comprar o conselho.

 Jeff recuou. — Desculpa, o que?

 — Preciso que me encontre dois milhões e meio de dólares.

 Colocando suas palmas em seu rosto e segurando uma maldição, Jeff apenas sacudiu a cabeça. — Lane, eu não trabalho para a Bradford Bourbon Company...

 — Então eu vou pagar você.

 — Com o que?

 — Pegue uma pintura do andar de baixo.

 — Sem ofensa, mas não gosto de museus e odeio arte representacional. Tudo o que você fez foi feito antes do advento da câmera. É aborrecido.

 — Há valor nisso. — Quando Jeff não deu uma resposta, Lane encolheu os ombros. — Tudo bem, vou te dar uma parte das joias da minha mãe.

 — Lane.

 O colega de quarto da faculdade não se moveu. — Ou pegue o Phantom Drop-head. Eu vou fazer isso com você. Nós possuímos todos os carros. E o meu um Porsche?

 — Você está louco?

 Lane indicou ao redor deles. — Há dinheiro aqui. Em toda parte. Você quer um cavalo?

 — Jesus Cristo, é como uma venda de garagem.

 — O que você quer? É seu. Então me ajude a encontrar esse dinheiro. Preciso de duzentos e cinquenta mil por cada dez pessoas.

 Jeff começou a balançar a cabeça. — Não funciona assim. Você não pode simplesmente desviar fundos por um capricho...

 — Não há capricho aqui, Jeff. Trata-se de sobrevivência.

 — Você precisa de um plano, Lane. Um plano abrangente que imediatamente reduz as despesas, consolida a função e antecipa uma possível investigação federal, especialmente com esse artigo agora.

 — O que me leva ao meu segundo motivo para estar aqui. Preciso que você prove que meu pai fez tudo.

 — Lane, que merda! Você acha que eu posso tirar essas coisas do meu...

 — Eu não sou ingênuo e você está certo. A polícia virá batendo depois desse artigo, e quero lhes apresentar um caminho claro para meu pai.

 Jeff exalou. Estralou os nódulos. Perguntei o que sentiria se ele atingisse sua testa com a mesa. Algumas centenas de vezes. — Bem, pelo menos, isso parece ser falta de inteligência.

— Essa é a beleza de tudo isso. Apenas veio para mim. Meu pai está morto, então não é como se fossem desenterrá-lo e colocá-lo atrás das grades. E, depois de tudo o que ele puxou, não estou preocupado em preservar sua memória. Deixe o desgraçado entrar em chamas por tudo, e então vamos avançar com a empresa. — Ele tomou uma bebida da caneca. — Oh, o que me lembra. Eu enviei um e-mail para você que Lenghe me enviou nas empresas da WWB Holdings. É mais do que nós temos e ainda não é o suficiente.

 Tudo o que Jeff poderia fazer era olhar para o cara. — Você sabe, eu não posso decidir se você tem um título incrível ou simplesmente está tão desesperado que perdeu a sua maldita cabeça.

 — Ambos. Mas posso dizer que o último é mais concreto. É difícil ter direito quando você não pode pagar por nada. E quanto à sua compensação, no que me diz respeito, estou aqui em uma situação de venda de fogo. Então, pega um caminhão e carregue a maldita coisa no telhado. Tudo o que você acha que é justo.

 Jeff olhou para o jornal novamente. Parecia apropriado que o artigo estava cobrindo todo o trabalho que fazia.

 — Não posso estar aqui para sempre, Lane.

 Mas tinha algo que ele tinha que cuidar para si mesmo. Além da lista mais recente de lavanderia de Lane e ideias brilhantes.

 — E sobre os sêniores? — perguntou Jeff. — Você também os subornou?

 — De modo nenhum. Para esse assunto, eu os coloquei em licença administrativa não remunerada para o próximo mês. Achei que havia provas suficientes para que isso fosse justificado, e a diretoria está enviando avisos. Os gerentes intermediários vão pegar a folga até encontrar um Diretor Presidente interino.

 — Vai ser difícil com isso. — Jeff bateu na primeira página. — Não é exatamente uma boa plataforma de recrutamento.

 Enquanto Lane simplesmente olhava para ele, Jeff sentiu um golpe de água fria figurativa bater na cabeça dele. Colocando ambas as palmas das mãos para cima, ele começou a balançar a cabeça novamente. — Não. Absolutamente não...

 — Você seria responsável.

 — De um navio torpedeado.

 — Você poderia fazer o que quiser.

 — Como me dizer que eu posso redecorar uma casa que está no meio de um deslizamento de terra?

 — Eu te darei equidade.

Eeeeeeeeee indicam o grito dos pneus. — O que você acabou de dizer?

 Lane virou-se e foi até a porta. — Você me ouviu. Estou lhe oferecendo equidade na mais antiga e melhor empresa de Bourbon da América. E antes de me dizer que eu não tenho permissão blá, blá, blá, posso lembrá-lo de que o tabuleiro está no meu bolso traseiro. Eu posso fazer o que quer que eu queira e precise.

 — Enquanto você conseguir o dinheiro para pagá-los.

 — Pense nisso. — O bastardo liso olhou por cima do ombro. — Você pode possuir algo, Jeff. Não são apenas números cruéis para um banco de investimento que está pagando para ser uma calculadora glorificada. Você pode ser o primeiro acionista não familiar na Bradford Bourbon Company, e você pode ajudar a determinar nosso futuro.

 Jeff voltou a olhar para o artigo. — Você já me perguntou se as coisas estavam indo bem?

 — Não, mas é porque nesse caso, eu não estaria envolvido na empresa.

 — E o que acontece quando tudo acabar?

 — Depende do que “parece”, não é? Isso poderia mudar sua vida, Jeff.

 — Sim, há uma recomendação. Veja o que é feito por você. E P.S., a última vez que você queria que eu ficasse, você me ameaçou. Agora, você está me subornando.

 — Está funcionando? — quando ele não respondeu, Lane abriu a saída. — Eu não gostei de ameaçar você duramente. Eu realmente não. E você está certo. Estou batendo cabeça aqui como um idiota. Mas estou sem opções, e não há nenhum salvador vindo do céu para me dar um milagre e fazer com que tudo isso vá embora.

 — Isso é porque não há como fazer isso desaparecer.

 — Não merda. Mas eu tenho que lidar com isso. Eu não tenho escolha.

 Jeff amaldiçoou. — Não sei se posso confiar em você.

 — O que você precisa de mim para que você possa confiar?

 — Depois de tudo isso? Não tenho certeza de que posso.

 — Então seja auto interessado. Se você possui parte do que você está economizando, se houver uma enorme vantagem, e existe, então, esse é o incentivo que você precisa. Pense nisso. Você é um empresário. Você sabe exatamente o quão lucrativo isso poderia ser. Eu lhe dou o estoque agora, e depois as coisas giram ao entorno? Há primos Bradford que estarão morrendo de vontade de comprar a merda de volta. Isso representa a melhor chance de um evento de capitalização de oito dígitos para você, fora da fodida loteria.

 Com essa nota, porque o bastardo sabia exatamente quando se retirar, Lane saiu, fechando a porta silenciosamente.

 — Foda. Me, — murmurou Jeff para si mesmo.

 

Capítulo 28

 

Lizzie dobrou seus shorts cáqui e colocou-os no balcão no banheiro de Lane ao lado de sua camisa de trabalho. Ao se endireitar, o espelho lhe mostrou um reflexo que era familiar, mas também estranho: o cabelo dela estava preso em seu rabo de cavalo, o protetor solar que colocou no início da tarde tornava sua pele muito brilhante e seus olhos tinham bolsas sob eles.

No entanto, tudo isso era normal.

Pegando o vestido preto na frente dela, ela deslizou sobre sua cabeça e pensou, ok, aqui estava a estranheza.

 Na última grande festa de Easterly, há menos de uma semana, ela estava firme no caminho junto com os funcionários. Agora, ela era uma híbrida estranha, parte da família em virtude de se envolver com a Lane, mas ainda na folha de pagamento e muito envolvida nos preparativos e no preparo para o velório.

 Arrancando o cansaço fora, ela escovou os cabelos, mas aparecia a marca da borracha e parecia ruim.

 Talvez houvesse tempo para a...

 Não. Quando ela olhou para o telefone, os números liam 3:43. Não é suficiente até mesmo um banho rápido.

 Em dezessete minutos, as pessoas começaram a chegar, os ônibus levando-os da área de estacionamento na River Road até o topo da colina e a grande porta da frente de Easterly.

 — Você parece perfeita.

 Olhando para a porta, ela sorriu para Lane. — Você é tendencioso.

 Lane estava vestido com um terno azul-marinho com uma camisa azul claro e uma gravata de cor coral. Seus cabelos ainda estavam molhados do banho, e ele cheirava a colônia que ele sempre usava.

 Lizzie voltou a se concentrar, alisando a simples bainha de algodão. Deus, ela sentiu como se estivesse vestindo roupas de outra pessoa, e jesus, ela supôs que era. Não tinha pego emprestado este vestido de sua prima há uma década, também para um funeral? A coisa foi lavada o suficiente para desaparecer em torno das costuras, mas ela não tinha mais nada em seu armário.

 — Eu preferiria estar trabalhando neste evento, — ele disse.

 — Eu sei.

 — Você acha que Chantal virá?

 — Ela não ousaria.

 Lizzie não tinha muita certeza disso. A breve a ser ex-esposa de Lane era uma agarradora de atenção, e essa era uma excelente oportunidade para a mulher afirmar sua relevância apesar de seu casamento não estar mais acontecendo.

 Lizzie esfregou os cabelos e levou-o à frente. O que não fez nada para ajudar com a marca.

Dane-se, pensou. Ela ia deixar solto.

 — Você está pronto? — ela disse quando ela foi até ele. — Você parece preocupado. Como posso ajudar?

 — Não, estou bem. — Ele ofereceu seu cotovelo. — Vamos. Vamos fazer isso.

 Ele a levou para fora do seu quarto e entrou no corredor. Quando chegaram ao conjunto de quartos de sua mãe, ele diminuiu a velocidade. Então parou.

 — Você quer entrar? — ela perguntou. — Eu espero você no andar de baixo.

 — Não, vou deixá-la aí.

 Enquanto continuaram na grande escada e começaram a descer, sentiu-se como uma impostora, até sentir a tensão no braço e percebeu que ele estava inclinado sobre ela.

 — Eu não posso fazer isso sem você, — ele sussurrou quando chegaram ao fundo.

 — Você não precisará, — ela disse calmamente quando eles entraram no piso de mármore. — Eu não vou deixar o seu lado.

 Ao redor, os garçons com gravatas e coletes pretos estavam prontos com bandejas de prata, preparados para pegar o pedido de bebida. Havia dois bares montados, um na sala de jantar à esquerda, outro na sala da frente à direita, com apenas Reserva Família Bradford, vinho branco e refrigerante disponível. As flores que ela havia pedido e organizado foram exibidas de forma proeminente em cada sala, e havia uma mesa circular antiga centrada na entrada com um livro de condolências e uma bandeja de prata para receber cartões.

 Gin e Richard foram o próximo da família a chegar, os dois descendo as escadas com a distância de um campo de futebol entre eles.

— Irmã, — Lane disse enquanto ele beijava sua bochecha. — Richard.

 Os dois passaram sem reconhecer Lizzie, mas em sua mente, foi um caso de: às vezes você teve sorte. Tudo o que eles diriam ou fariam era provável se deparar-se com condescendentes de qualquer maneira.

 — Isso não está bem, — murmurou Lane. — Eu vou ter que...

 — Não faça nada. — Lizzie apertou sua mão para chamar sua atenção. — Ouça-me quando digo isso. Isso não me incomoda. Em absoluto. Eu sei onde estou e se sua irmã me aprova ou me desaprova? Não altera meu código postal no mínimo.

 — É desrespeitoso.

 — É meninas do ensino médio. E cheguei a isso há quinze anos atrás. Além disso, ela é assim porque é miserável. Você poderia estar ao lado de Jesus Cristo, filho de Deus, e ela odiaria o fato de ele estar com um manto e sandálias.

 Lane riu e a beijou na têmpora. — E mais uma vez, você me lembra exatamente por que estou com você.


 — Espera. Sua gravata está torcida.

 Mack torceu. Seu escritório vinha com um chuveiro, uma pia e um vaso sanitário, e ele não tinha incomodado em fechar a porta quando entrou... bem, ferrado, com esse laço de seda em sua garganta.

 Beth colocou alguns papéis na mesa e veio.

 O espaço apertado ficou ainda mais apertado quando ela entrou com ele, e Deus, seu perfume enquanto ela esticava e deslizava o nó.

 — Eu não acho que isso combina mesmo, — ele disse enquanto tentava não se concentrar em seus lábios. — A camisa, quero dizer.

 Cara, eles pareciam macios.

 — Não. — ela sorriu. — Mas está tudo bem. Você não é julgado no seu senso de moda.

 Por uma fração de segundo, ele imaginou colocar suas mãos em sua cintura e puxá-la contra a frente de seus quadris. Então ele mergulharia a cabeça e descobriria o sabor dela. Talvez levantá-la em cima da borda da pia e...

 — Bem? — ela indagou quando ela jogou uma extremidade da gravata sobre a outra em seu coração.

 — O quê?

— Onde você está indo todo vestido?

 — O velório de William Baldwine em Easterly. Estou atrasado. Começa às quatro.

 O puxão de sua garganta foi erótico, mesmo que ele o levasse na direção errada: se Beth estivesse mexendo com suas roupas, ele queria que ela estivesse tirando-as dele.

 — Oh. Uau. — Mais puxão. Então ela recuou. — Melhor.

 Ele se inclinou para um lado e verificou-se no espelho. A maldita coisa era reta como uma linha em uma rodovia, e o nó estava bem no colarinho, e nem todos foram conquistados de uma forma ou de outra, também. — Muito impressionante.

 Beth saiu, e ele a viu se afastar antes de chutar sua própria bunda. No momento em que ele estava pronto para se voltar a focar, ela estava em sua mesa, fazendo um gesto para as coisas, falando.

 Ela estava encarnada novamente, o vestido estava sobre o joelho, mas não muito longe, e abaixo no pescoço, mas não demais. As mangas eram curtas. Meias? Não, ele não pensava assim, e maldito, essas eram boas pernas. Sapatos planos.

 — Bem? — ela disse novamente.

 Ok, ele precisava cortar a porcaria antes que ela pegasse aquela vibração hostil-trabalho-ambiente que ele estava jogando.

 — O quê? — ele perguntou quando ele saiu do banheiro.

 — Você acha que eu poderia me juntar a você? Quero dizer, eu não trabalhei para o homem, mas agora estou na empresa.

 Não era um encontro, ele disse enquanto assentia. Absolutamente não. — Claro. — Ele limpou a garganta. — É um evento aberto. Imagino que haverá muitas pessoas da BBC. Provavelmente devemos ir no seu carro, no entanto. Minha picape não é um lugar para uma senhora.

 Beth sorriu. — Vou pegar minha bolsa. Feliz de dirigir.

 Mack ficou para trás por um segundo enquanto ela foi até a mesa. Forçando a olhar para todos os rótulos nas paredes, ele lembrou a sua ereção parcial de que ela era sua assistente executiva. E sim, ela era linda, mas havia coisas mais importantes para se preocupar com sua vida amorosa atualmente inexistente.

 Hora de se acomodar em algum lugar, pensou. Esteve muito ocupado com o trabalho nos últimos tempos, e isso foi o que aconteceu: você se tronava um cara desesperado ao redor de uma mulher muito decente e seu pau assume o controle.

 — Mack? — ela gritou.

 — Chega... — Pare. Isto. — Não, quero dizer... eu estou, ah...

 Oh, pelo amor de Deus.

 

Capítulo 29

 

Ninguém apareceu.

 Cerca de uma hora e vinte minutos de velório, quando deveria ter havido uma fila pela porta da frente e um carrossel de ônibus subindo e descendo a montanha, havia apenas alguns retardatários, todos os quais examinaram a escassez de gente e batiam em retirada para a porta de Easterly.

 Como se tivessem usado trajes de Halloween para um baile. Ou branco após o Dia do Trabalho. Ou estava sentado na mesa das crianças durante algum grande evento.

Supunha que ele estivesse errado sobre pessoas que queriam ver os poderosos caídos de perto e pessoalmente.

 Lane passou muito tempo vagando de uma sala para outra, com as mãos nos bolsos porque sentia vontade de beber e sabia que era uma má ideia. Gin e Richard desapareceram em algum lugar. Amélia nunca desceu. Edward não apareceu.

 Lizzie estava ficando bem com ele.

 — Com licença senhor.

 Lane voltou para o mordomo uniformizado. — Sim?

 — Há algo que eu possa fazer?

 Talvez fosse o sotaque inglês, mas Lane poderia ter jurado que o Sr. Harris estava sutilmente satisfeito com a desonra. E isso não fez que Lane quisesse se aproximar e transformar todo aquele cabelo Brylcreem em uma bagunça só.

 — Sim, diga aos garçons para arrumar os bares e então eles podem ir para casa. — Não há motivo para pagá-los para ficar de pé. — E deixe os manobristas e os ônibus irem. Se alguém quer vir, eles podem deixar seus carros na frente.

 — Claro senhor.

 Quando Harris desapareceu, Lane foi até a base da escada e sentou-se. Olhando pela porta da frente até a luz do sol, ele pensou na reunião com o membro do conselho. As cenas com Jeff. O encontro com John Lenghe.

 Quem deveria aparecer em uma hora, mas quem sabia.

 Jeff estava certo. Ele estava usando táticas de braço forte, e manipulando pessoas e dinheiro ao redor. E sim, era sob o pretexto de ajudar a família de merda, salvando a família. Mas a ideia de que ele poderia estar se transformando em seu pai fez seu estômago revirar.

 Engraçado, quando ele foi a essa ponte e se inclinou sobre essa borda, ele queria algum tipo de conexão ou compreensão do homem. Mas agora ele estava arquivando isso sob cuidado com o-que-você-deseja. Muitos paralelos estavam montando, graças à maneira como ele se comportava.

 E se ele se transformasse no filho da puta...

— Ei. — Lizzie se sentou ao lado dele, enfiando a saia debaixo das coxas. — Como você está? Ou espere, essa é uma pergunta estúpida, não é.

 Ele se inclinou e a beijou. — Estou bem...

 — Eu perdi isso?

 Ao som de uma voz familiar que ele não tinha ouvido há muito tempo, Lane ficou rígido e virou lentamente. —... mãe?

 No topo da escada, pela primeira vez em anos, sua mãe estava com o apoio de sua enfermeira. Virginia Elizabeth Bradford Baldwine, ou Little V.E. Como ela era conhecida na família, estava vestida com um longo vestido de seda branco, e havia diamantes em suas orelhas e pérolas ao redor de sua garganta. Seu cabelo perfeitamente colorido e sua coloração era adorável, embora definitivamente o resultado de um bom trabalho de maquiagem em oposição à saúde.

 — Mãe, — ele repetiu enquanto se levantava e subia as escadas duas de cada vez.

 — Edward, querido, como você está?

 Lane piscou algumas vezes. E então pegou o lugar da enfermeira, oferecendo um braço que foi prontamente aceito. — Você quer descer as escadas?

 — Eu acho que é apropriado. Mas ah, estou atrasada. Eu perdi todos.

 — Sim, eles vieram e foram embora. Mas está tudo bem, mãe. Vamos prosseguir.

 O braço de sua mãe era semelhante ao de um pássaro, tão magro sob a manga e, enquanto se inclinava sobre ele, seu peso mal se registrou. Eles fizeram a descida devagar, e durante todo o tempo, ele queria erguê-la e carregá-la, porque parecia que poderia ser uma opção mais segura.

Se ela tivesse uma queda? Tinha medo de que ela corresse o risco de se quebrar na base da escada.

 — Seu avô foi um grande homem, — ela disse, quando eles chegaram ao chão de mármore preto e branco do salão. — Oh, olha, eles estão removendo as bebidas.

 — Está tarde.

 — Eu adoro as horas de sol no verão, não é? Elas duraram tanto tempo.

 — Você gostaria de se sentar no salão?

 — Por favor, querido, obrigado.

 Sua mãe não caminhava tanto como embaralhava até a arcada, e quando finalmente chegaram aos sofás de seda em frente à lareira, Lane se sentou no que estava de frente para a porta da frente.

— Oh, os jardins. — Ela sorriu enquanto olhava pelas portas francesas do outro lado do caminho. — Eles parecem tão maravilhosos. Você sabe, Lizzie trabalha tão duro em tudo.

 Lane escondeu a surpresa ao passar e servir-se de um bourbon no carrinho da família. Foi além do tempo que ele cedeu ao seu desejo. — Você conhece Lizzie?

 — Ela me traz minhas flores, oh, você está. Lizzie, você conhece meu filho Edward? Você deve.

 Lane olhou a tempo para ver Lizzie fazer uma dupla tomada e depois cobrir a reação bem. — Sra. Bradford, como você está? É maravilhoso ver você de pé.

 Embora o sobrenome de sua mãe fosse legalmente Baldwine, ela sempre foi a Sra. Bradford em torno da propriedade. Era assim como as coisas eram, e uma das primeiras coisas que seu pai tinha aprendido a odiar, sem dúvida.

 — Bem, obrigada, querida. Agora, você conhece Edward?

 — Sim, — disse Lizzie suavemente. — Eu o conheci.

 — Diga-me, você está ajudando com a festa, querida?

 — Sim, senhora.

 — Eu acho que perdi. Eles sempre me disseram que eu chegaria tarde para meu próprio funeral. Parece que eu calculei mal o do meu pai também.

 Quando dois garçons entraram para começar a desligar o bar no canto, Lane balançou a cabeça em suas direções e eles se afastaram. Ao longe, ele podia ouvir o tintilar de copos e garrafas e um pingo de conversa da equipe enquanto as coisas eram tratadas na sala de jantar, e ele esperava que seu cérebro interpretasse como o fim de festa.

 — Sua escolha de cor é sempre perfeita, — disse sua mãe a Lizzie. — Eu amo meus buquês. Aguardo os dias em que você os muda. Sempre uma nova combinação de flores, e nunca um fora do lugar.

 — Obrigada, Sra. Bradford. Agora, se você me desculpar?

 — É claro querida. Há muito o que fazer. Imagino que tínhamos uma terrível aglomeração de pessoas. — Sua mãe acenou com a mão tão graciosa como uma pena que flutuava através do ar, seu enorme diamante em forma de pera piscando como uma luz de Natal. — Agora, diga-me, Edward. Como estão as coisas no Old Site? Temo que estive fora de circulação por um algum tempo.

 Lizzie deu um aperto no braço antes de deixar os dois sozinhos, e Deus, o que ele não teria dado para segui-la para fora da sala. Em vez disso, sentou-se no lado mais afastado do sofá, aquela foto de Elijah Bradford parecia olhar para ele de cima da lareira.

 — Tudo está bem, mãe. Tudo bem.

 — Você sempre foi um homem de negócios tão maravilhoso. Você assemelha ao meu pai, você sabe.

 — Isso é um elogio.

 — É para ser.

 Seus olhos azuis estavam mais pálidos do que ele se lembrava, embora talvez fosse porque eles realmente não se concentravam. E o cabelo de sua rainha Elizabeth não era tão grosso. E sua pele parecia tão fina como uma folha de papel e tão translúcida como a seda fina.

 Ela parecia ter oitenta e cinco, não sessenta e cinco.

 — Mãe? — ele disse.

 — Sim querido?

 — Meu pai está morto. Você sabe disso, certo? Eu te disse.

 Suas sobrancelhas se juntaram, mas nenhuma linha apareceu e não porque ela tivesse Botox. Pelo contrário, ela foi criada em uma época em que jovens senhoras foram educadas a não ir ao sol, não que os perigos com o câncer de pele fossem plenamente conhecidos naquela época, e não por causa de qualquer preocupação com a camada de ozônio sendo esgotada. Mas, porque as sombrinhas e guarda-sóis no lazer eram acessórios elegantes para as filhas dos ricos.

 Os anos sessenta no sul rico foram mais análogos aos anos quarenta em qualquer outro lugar.

 — Meu marido…

 — Sim, o pai morreu, não avô.

 — É difícil para mim... o tempo é difícil para mim agora. — Ela sorriu de uma maneira que não lhe deu nenhuma ideia de estar sentindo qualquer coisa ou se o que ele estava dizendo estava afundando em tudo. — Mas eu vou ajustar. Bradfords sempre se ajusta. Oh, Maxwell, querido, você veio.

 Quando ela estendeu a mão e olhou para cima, ele se perguntou quem no inferno que ela achou que chegara.

 Quando ele se virou, ele quase derramou sua bebida. — Maxwell?


— Sim, por ali, por favor. E para a sala dos casacos.

 Lizzie apontou um garçom segurando uma caixa de copos alugados e não utilizados em direção à cozinha. Então ela voltou para pegar a última das garrafas de vinho branco não abertas de uma caixa de bebidas no chão. Graças a Deus, havia algo para limpar. Se ela tivesse que ficar em todas aquelas salas vazias por mais tempo, ela iria perder a cabeça.

 Lane não parecia se importar de um jeito ou de outro que essencialmente ninguém veio, mas Deus ...

 Inclinando-se, levantou a caixa e caminhou por trás da mesa coberta de linho. Saindo da sala de jantar pela porta lateral, ela colocou a caixa com as outras três no salão dos funcionários. Talvez eles pudessem devolvê-las porque as garrafas não foram abertas?

 — Cada centavo ajuda, — ela disse para si mesma.

 Imaginando que ela começasse no bar no terraço, ela hesitou em uma das portas dos funcionários, mesmo que, se ela usasse, ela teria que caminhar até o outro lado da casa.

 Em Easterly, a família podia ir e vir de qualquer lugar a qualquer momento. Os funcionários, por outro lado, foram regimentados.

Então, novamente...

— Dane-se.

Ela não estava fazendo esse esforço porque ela era uma empregada, mas porque o homem que amava estava tendo um dia realmente de merda e a estava matando ver isso acontecer e ela precisava melhorar a situação de alguma forma, mesmo que fosse apenas a arrumação para um evento que nunca aconteceu.

 Atravessando os cômodos, saiu as portas francesas da biblioteca e fez uma pausa. Este era o terraço que tinha vista para o rio e o grande declive para a River Road, e todos os antigos móveis de ferro forjado e mesas cobertas de vidro foram movidos para a periferia para acomodar todas as pessoas que não vieram.

 O barman posicionado lá fora deixou seu posto, e ela passou e levantou o forro de mesa de linho do bar. Por baixo, caixotes vazios para os utensílios e caixas para o bourbon e o vinho estavam bem ordenados, e ela arrastou alguns deles.

 Justo quando ela estava prestes a começar a embalar, literalmente, notou a pessoa sentada imóvel e silenciosa por uma das janelas, seu foco na casa, não na vista.

 — Gary?

 Enquanto falava, o chefe da maquinaria pulou tão rápido, a cadeira de metal em que ele estava esbarrou na lareira.

 — Oh, puxa, desculpe. — Ela riu. — Eu acho que todos estão no limite hoje.

 Gary estava em um macacão e suas botas de trabalho foram mantidas, sem sujeira ou detritos nelas. Seu velho boné de beisebol de Momma's Mustard, Pickles & BBQ estava em sua mão, e ele rapidamente o empurrou para trás em sua cabeça.

 — Você não precisa sair, — ela disse quando começou a transferir copos para uma caixa embaixo.

 — Eu não irei. Apenas quando eu vi...

 — Sem carros, certo. Quando você viu que ninguém estava chegando.

 — As pessoas ricas têm um estranho senso de prioridade.

 — Amém a isso.

 — Bem, de volta ao trabalho. Você não está precisando de nada?

 — Não, estou me dando algo para fazer. E se você me ajudar, eu terminarei mais rápido.

 — Então é assim, hein.

 — Sim desculpa.

 Ele resmungou e saiu pela lateral distante do terraço, tomando o caminho que descia em torno da base da muralha de pedra que impedia essa parte da mansão de cair de seu sublime poleiro.

 Mais tarde, muito mais tarde, Lizzie se perguntou por que se sentia obrigada a sair do bar e caminhar até onde o homem esteve sentado e olhando tão atentamente. Mas, por algum motivo, o impulso foi inegável. Então, novamente, Gary raramente ficava quieto, e ele curiosamente desinflou.

 Inclinando-se no velho vidro... viu a mãe de Lane empoleirada, tão bonita quanto uma rainha, naquele sofá de seda.

 

CONTINUA

Capítulo 21

 


A vassoura beijava ao longo do corredor central do estábulo, empurrando os detritos à frente, chutando uma fina névoa de partículas de feno. Enquanto Edward caminhava atrás de sua vassoura, os focinhos das fêmeas reprodutoras saíam de baias de portas abertas, aspirando a sua camiseta, batendo o cotovelo, soprando os cabelos. Umidade tinha explodido em sua testa e uma linha desceu sua espinha na cintura solta do jeans. De vez em quando, ele parou e passou o antebraço sobre o rosto. Falava com Joey, o filho de Moe, que estava tirando o estrume das baias. Deu um tapa em um pescoço gracioso ou alisou uma crina ágil.

 Ele podia sentir o álcool sair de seus poros, como se estivesse marinado nas coisas. E ainda assim, enquanto ele estava trabalhando a bebida no seu corpo, ele teve que cuidar de uma garrafa de vodca duas vezes, caso contrário, a agitação ia à frente dele.

 — Você está trabalhando duro, — veio uma voz do outro lado.

 Edward parou e tentou olhar por cima do ombro. Quando seu corpo não lhe permitia a margem de manobra, ele arrasou, usando o punho da vassoura para alavancar.

 Apertando um raio de luz do sol, ele disse: — Quem é?

 — Eu sou detetive Merrimack. CMP.

 Um estridente conjunto de passos desceu o concreto, e quando eles pararam na frente dele, uma carteira foi aberta, e uma identificação e um crachá foram apresentados para inspeção.

 — Eu estava pensando se eu poderia fazer algumas perguntas, — disse o detetive. — Assim como uma formalidade.

 Edward mudou o foco da exibição para o rosto que combinava com a fotografia laminada. Merrimack era afro-americano, com cabelos curtos, um maxilar forte e mãos grandes que sugeriam que ele poderia ter sido jogador de futebol ao mesmo tempo. Ele estava usando uma camisa polo branca brilhante com a insígnia do Departamento de Polícia do Metro de Charlemont no peito, um bom par de calças e um conjunto de sapatos de couro com solas de borracha que faziam Edward pensar que, na ocasião, o cara tinha que perseguir alguém.

 — Como posso ajudá-lo, detetive?

 Merrimack guardou suas credenciais. — Você quer ir a algum lugar para se sentar enquanto conversamos em particular?

 — Aqui está bom o suficiente para mim. — Edward coxeou até um fardo de feno e deixou seu peso cair das pernas. — Não há ninguém mais neste celeiro agora. E você pode virar esse balde se quiser se sentar.

 Merrimack sacudiu a cabeça. Sorriu. Olhou ao redor. — Esta é uma reprodução que você tem aqui. Muitos cavalos bonitos.

 — Você é um homem de apostas na pista?

 — Apenas coisas pequenas. Nada como você, tenho certeza.

 — Eu não aposto. Mais isso é.

 — Nem mesmo em seus próprios cavalos?

 — Especialmente não nos meus. Então o que posso fazer por você?

 O detetive atravessou a baia cuja parte superior estava fechada. — Uau. Este é uma beleza...

 Edward balançou a cabeça. — Eu não ficaria tão perto se eu fosse...

 Nebekanzer abriu os dentes e pulou nas barras, e Merrimack voltou para trás, dançando melhor do que Savion Glover.

 Enquanto o homem se segurava em uma porta torta oposta, Edward disse: — Você não está familiarizado com os cavalos, não é?

 — Ah... não. — O homem endireitou-se e arrumou a camisa. — Não, eu não estou.

 — Bem, quando você entra em um celeiro cheio de baias aberta e há uma, e apenas uma, está completamente fechada? As chances são de que é por uma boa razão.

 Merrimack balançou a cabeça para o grande garanhão, que estava movendo de um lado para o outro como se quisesse sair e não era para apertar a mão de forma educada. — Diga-me que ninguém monta essa coisa.

 — Só eu. E não tenho nada a perder.

 — Você? Você pode entrar numa sela na parte de trás desse cavalo.

 — Ele é meu garanhão, não apenas um cavalo. E sim, posso. Quando eu penso em algo, posso fazer isso acontecer mesmo neste corpo.

 Merrimack foi reorientado. Sorriu novamente. — Você pode. Bem, isso deve estar ajudando com sua recuperação. Eu leio sobre o seu...

 — Férias infelizes? Sim, o que eu atravessei nunca vai aparecer no Trivago. Mas pelo menos eu consegui os pontos frequentes para a viagem. Nada, porém, para o norte. Eles tiveram que transportar o que restava de mim para uma base do exército, e então a Força Aérea me trouxe de volta aos Estados Unidos.

 — Não consigo imaginar o que foi isso.

— Sim, você pode. — Edward recostou-se no fardo de feno e reorganizou suas pernas. — Então o que posso fazer por você?

 — Espere, você disse que a Força Aérea o trouxe para casa?

 — O embaixador na Colômbia é um amigo da minha família. Ele foi muito útil. Assim como, o adjunto do xerife amigo meu em Charlemont.

 — Seu pai providenciou a ajuda?

 — Não ele não fez.

 — Não?

 Edward inclinou a cabeça. — Ele tinha outras prioridades na época. Você veio até Ogden County apenas para me perguntar sobre meus cavalos? Ou é sobre meu pai?

 Merrimack sorriu de novo, assim parecia que ele estava pensando, mas não queria parecer ameaçador. — Isto é. Apenas algumas perguntas de fundo. Em situações como essa, gostamos de começar com a família.

 — Pergunte à vontade.

 — Você pode descrever seu relacionamento com seu pai?

 Edward moveu a vassoura entre os joelhos e bateu a alça para frente e para trás. — Foi frágil.

 — Essa é uma grande palavra.

 — Você precisa de uma definição?

 — Não, eu não. — Merrimack tirou um bloco do bolso de trás e o abriu. — Então vocês não eram próximos.

 — Eu trabalhei com ele por vários anos. Mas eu não diria que a relação tradicional pai-filho era uma que compartilhamos.

 — Você era seu herdeiro aparente?

 — Eu era no sentido comercial.

 — Mas você não é mais.

 — Ele está morto. Ele não tem qualquer “mais”, tem? E por que você não vai e me pergunta se eu o matei e cortei seu dedo?

 Outro daqueles sorrisos. E o que você sabe, o cara tinha bons dentes, tudo em linha reta e branco, mas não de uma maneira falsa e cosmeticamente melhorada. — Tudo bem. Talvez você gostaria de responder sua própria pergunta.

 — Como posso matar alguém? Eu mal consigo varrer esse corredor.

 Merrimack olhou para baixo e para trás. — Você acabou de me dizer que era tudo sobre motivação para você.

 — Você é um detetive de homicídios. Você deve estar bem ciente de quanto esforço leva para assassinar alguém. Meu pai era um homem saudável e, na minha condição atual, ele pesava cerca de 20 quilos a mais do que eu. Talvez eu não tenha gostado muito dele, mas isso não significa que o patricídeo esteja na minha lista de prioridades na vida.

 — Você pode me dizer onde você esteve na noite em que ele morreu?

 — Eu estava aqui.

 — Existe alguém que possa corroborar isso?

 — Eu posso.

 Shelby saiu da sala de abastecimento, sem se importar e calma como um Buda. Embora estivesse mentindo.

 — Olá, senhorita, — disse o detetive, caminhando e estendendo a palma da mão. — Eu sou do Departamento de Polícia do Metro de Charlemont. E você é?

 — Shelby Landis. — Ela apertou a mão e deu um passo atrás. — Eu trabalho aqui como uma mão estável.

 — Por quanto tempo?

 — Não muito. Uma semana ou mais. Meu pai morreu e ele me disse para vir aqui.

 Merrimack olhou para Edward. — E naquela noite, na noite em que seu pai morreu, vocês dois foram...

 — Só aqui, — disse Edward. — Sentado ao redor. Essa é a extensão das coisas para mim.

 — Bem, tenho certeza de que isso é compreensível. — Sorriso. — Deixe me perguntar algo. Que tipo de carro você dirige?

 Edward encolheu os ombros. — Eu não, na verdade. Meu Porsche está em Easterly. É transmissão manual, então não é realmente tão prático mais.

 — Quando foi a última vez que você voltou para casa?

 — Aquela não é mais minha casa. Eu moro aqui.

 — Tudo bem, quando foi a última vez que você foi em Easterly?

 Edward pensou quando ele e Lane entraram no centro de negócios para que esses registros financeiros pudessem ver a luz do dia. Tecnicamente, não estava entrando, mas Edward certamente não teria sido bem-vindo lá. E sim, ele havia roubado informações corporativas.

 Então ele teve esse momento com a senhorita Aurora, a mulher envolvendo seus braços ao redor dele e quebrando-o por dentro.

 Muitas câmeras de segurança em Easterly. Fora e dentro da casa. Dentro do centro de negócios.

 — Eu estive lá alguns dias atrás. Para ver meu irmão Lane.

 — E o que você fez enquanto esteve lá?

 — Falei com ele. — Usou uma porta traseira na rede para extrair informações. Observou seu pai fazer um acordo com Sutton. Depois que o desgraçado a paquerou. — Nós apenas conversamos.

 — Hmm. — Sorriso. — Você pegou emprestado um dos outros carros? Quero dizer, sua família tem muitos carros diferentes, não é?

— Não.

 — Eles não? Porque quando eu estive lá ontem, vi um grande número de portas de garagem na parte de trás. Em frente ao centro de negócios onde seu pai trabalhou.

 — Não, como em eu não peguei nenhum dos outros carros.

 — As chaves desses veículos estão na garagem, certo? Em um caixa com uma combinação.

 — Eu acho.

 — Você conhece a combinação, Sr. Baldwine?

 — Se eu sabia, esqueci disso.

 — Isso acontece. As pessoas esquecem códigos de passaporte e senhas o tempo todo, não é o caso. Diga-me algo, você está ciente de alguém que possa ter rancor contra seu pai? Ou queria prejudicá-lo? Talvez tivesse uma razão para se vingar dele?

 — É uma longa lista.

— É?

— Meu pai tinha o hábito de não ser simpático com os outros.

 — Você pode me dar exemplos específicos?

 — Qualquer um com quem ele já lidou com um nível pessoal ou profissional. Assim.

 — Fracasso, na verdade. Você disse que seu pai estava saudável, em comparação com você. Mas você estava ciente de qualquer doença que ele poderia ter tido?

 — Meu pai acreditava que homens reais não ficam doentes.

 — Ok. — O bloco ficou fechado sem que o detetive tivesse escrito nada nele. — Bem, se você pode pensar em algo que nos ajude, você pode me ligar aqui. Ou um de vocês.

 Edward aceitou o cartão de visita que lhe foi oferecido. Havia um selo dourado no centro, o mesmo que estava na camisa do detetive. E o nome de Merrimack e vários números e endereços foram impressos em torno dele como se fosse o sol.

 No fundo, havia a frase “Para proteger e servir” na escrita cursiva.

 — Então, você acha que ele foi assassinado? — disse Edward.

 — Você? — Merrimack deu um cartão para Shelby. — O que você acha, Sr. Baldwine?

 — Eu não tenho uma opinião de um jeito ou de outro.

 Ele queria perguntar se ele era um suspeito, mas ele já sabia dessa resposta. E Merrimack estava mantendo suas cartas perto de seu peito.

 Sorriso. — Bem. É um prazer conhecer vocês dois. Você sabe onde me encontrar, e eu sei onde encontrar vocês.

 — O prazer era todo meu.

 Edward viu o detetive sair na luz do início da tarde. Então ele esperou um pouco mais enquanto um carro de polícia não marcado prosseguiu pela linha principal e para a estrada além.

 — Você não estava comigo, — murmurou Edward.

 — Isso importa?

 — Infelizmente... importa.

 

Capítulo 22

 


Pelo menos o advogado de seu pai não estava atrasado.

Quando Lane verificou o seu relógio, quatro e quarenta e cinco em ponto quando o Sr. Harris trouxe o venerável Babcock Jefferson para o salão principal de Easterly.

 — Saudações, Sr. Jefferson, — Lane disse enquanto se levantava. — Bom que você veio.

— Lane. Minhas condolências.

 O executor de William Baldwine estava vestido com um terno azul-marinho com uma gravata vermelha e azul, e um lenço branco no bolso do peito. Ele era uma versão rica de sessenta e poucos, de um bom garoto, suas bochechas salientes sobre o colarinho de sua camisa formal, o cheiro dos charutos cubanos e o Bay Rum o antecedeu quando ele se aproximou para apertar a mão.

 Samuel T. levantou do outro sofá. — Sr. Jefferson. Estou aqui na qualidade de advogado de Lane.

 — Samuel T. Como está seu pai?

 — Muito bem.

 — Dê-lhe as minhas saudações. E qualquer um é bem-vindo aqui a convite da família.

 — Sr. Jefferson, — Lane falou. — Esta é minha noiva, Lizzie King.

 E praticamente uma pausa atingiu todos na sala: Gin ergueu os olhos, Samuel T. sorriu e o Sr. Jefferson curvou-se na cintura.

 Lizzie, entretanto, lançou um olhar surpreso na direção de Lane e depois se recuperou estendendo a mão para o executor e oferecendo ao cara um sorriso. — É uma coisa muito recente.

 Por um momento, o Sr. Jefferson parecia positivamente afetado com ela, seus olhos cintilando de maneira amigável.

 — Bem, parabéns! — O Sr. Jefferson assentiu na direção de Lane e depois voltou a se concentrar nela. — Eu diria que você é uma melhora, mas isso seria desrespeitoso para sua ex-Sra. Você é, no entanto, uma grande melhoria.

 Lizzie riu. — Você é encantador, não é?

 — Até minhas botas de caça, senhora. — O Sr. Jefferson ficou mais sério quando olhou para Lane. — Onde estão seus irmãos?

 Lane voltou a sentar-se novamente ao lado de Lizzie. — Eu não sei em que estado Max está, muito menos como alcançá-lo, e Edward está...

 — Bem aqui.

 Edward se materializou na arcada e, embora Lane o visse um dia ou dois, a aparência física ainda era o tipo de coisa que você tinha que ajustar. Ele estava barbeado e se banhou, seu cabelo escuro estava úmido e ondulado de uma maneira que nunca havia sido permitida nos anos anteriores. Sua calça estava quase caindo dos quadris, mantidas apenas por um cinto de couro de jacaré. Sua camisa era lisa e azul, uma sobra de seu guarda-roupa de negócios. Era tão solta, porém, era como se ele fosse uma criança tentando vestir a roupa do pai.

 E, no entanto, ele impunha o respeito enquanto ele mancava e se sentou em uma das poltronas. — Sr. Jefferson. Bom te ver de novo. Desculpe minha grosseria, mas preciso me sentar.

 — Eu vou até você, filho.

 O executor colocou a maleta em uma das mesas laterais e caminhou. — É bom ver você novamente.

 Edward apertou a mão do homem. — Da mesma forma.

 Não houve conversa depois disso. Edward nunca foi de muita conversa, e o Sr. Jefferson pareceu lembrar disso.

 — Há alguém que você convidou?

 O reflexo de Lane foi esperar que Edward respondesse, mas então ele se lembrou de que ele foi o único a juntar todos.

 — Não. — Lane se levantou e fechou as portas que abriram no escritório. — Estamos prontos.

 Ele fechou as duas metades e foi fazer o mesmo no arco para o vestíbulo. Quando ele se virou, ele ficou com o olhar de Lizzie. Ela estava sentada no sofá de seda em seu short e camisa polo, seus cabelos loiros se afastaram, o rosto aberto.

 Deus, ele a amava.

 — Vamos fazer isso, — Lane ouviu-se dizer.


 Edward empurrou as mãos, colocando os cotovelos nos braços acolchoados da cadeira. Do outro lado do salão, no sofá de seda, seu irmãozinho estava aconchegante, com a horticultora, Lizzie, e tinha que admitir, a facilidade com que os dois se sentavam lado a lado era indicativo de uma conexão normalmente não encontrada nos casamentos Bradford: estava na forma como ele casualmente arrumou um braço sobre os ombros. Como ela apoiou a mão no joelho dele. O fato de eles terem contato visual entre si como se ambos estivessem verificando se o outro estava bem.

 Ele desejava o bem para Lane. Ele realmente desejava.

 Gin, por outro lado, estava em um relacionamento mais tradicional com seu futuro esposo. Richard Pford não estava em nenhum lugar, e isso também foi bom. Ele poderia se casar com um da família, mas isso era privado.

 — Estamos aqui para a leitura da última vontade e testamento de William Wyatt Baldwine, disse Babcock enquanto se sentava na outra poltrona e abriu a pasta no colo.

 — A Mãe deve ser incluída? — Edward interveio.

 O executor olhou para a metade superior de seu caso e disse suavemente: — Eu não acredito que seja necessário incomodá-la. Seu pai estava principalmente interessado em prover sua prole.

— Mas é claro.

 Babcock retomou a extração de um documento bastante volumoso. — O falecido envolvido me contratou nos dez anos anteriores como seu advogado pessoal, e durante esse período, ele executou três testamentos. Esta é a sua vontade final, executada há um ano. Nele, ele prevê que todas as dívidas de natureza pessoal sejam pagas, juntamente com os impostos e honorários profissionais adequados, em primeiro lugar. Posteriormente, ele criou uma confiança para a maior parte de seus ativos. Essa confiança deve ser dividida igualmente a favor da Senhorita Virginia Elizabeth Baldwine, do Sr. Jonathan Tulane Baldwine e do Sr. Maxwell Prentiss Baldwine.

 Pausa.

 Edward sorriu. — Eu entendo que meu nome foi omitido de propósito.

 Babcock sacudiu a cabeça com gravidade. — Sinto muito, filho. Defendi que ele o incluísse, eu fiz.

 — Cortar-me de seu testamento é o fardo menos oneroso que o homem me coloca, eu lhe asseguro. E, Lane, deixe de olhar para mim assim, sim.

 Enquanto seu irmão mais novo afastou os olhos, Edward levantou-se e dirigiu-se para o carrinho do bar. — Reserva Família, alguém quer?

 — Para mim, — disse Lane.

 — Eu aqui, — Samuel T. falou.

 Gin permaneceu em silêncio, mas seus olhos também, observavam todos os seus movimentos enquanto o advogado descrevia os detalhes em relação à confiança que havia sido estabelecida. Samuel T. passou por seu copo e Lane, e então Edward estava de volta a poltrona em que ele estava.

 Ele poderia dizer honestamente que não sentiu nada. Não há raiva. Sem nostalgia. Sem desejo ardente de fechar a distância, reconectar, reconfirmar. Corrigir algo.

 O desprendimento tinha sido duro, afiado por ele vivendo com as contradições do fogo do ressentimento de seu pai e o congelamento do distanciamento do homem.

 Isso não faria que os outros sentissem qualquer coisa, pelo menos, quando se tratava dele e sua deserdação. Seu relacionamento com seu pai, como era, era o negócio apenas dos dois. Edward não queria cuidar da simpatia dos outros, seu irmão e sua irmã precisavam ser tão frios quanto ele.

 Um ano atrás, ele pensou.

 Perguntava-se por que a mudança no testamento foi feita. Ou talvez ele nunca tenha sido mencionado nas versões anteriores também.

 — ... até os legados individuais. — Neste ponto, Babcock limpou a garganta. — Eu gostaria de notar que houve um legado significativo no testamento para a Sra. Rosalinda Freeland, que já morreu. A casa em que residia, na Cerise Circle 372 em Rolling Meadows, era de fato propriedade do Sr. Baldwine, e era seu desejo que a propriedade fosse livre e clara para ela. No entanto, no caso em que ela falecesse, o que de fato aconteceu, foi feita uma disposição adicional neste instrumento, que esta residência, juntamente com a soma de dez milhões de dólares, seja dotada para o filho Randolph Damion Freeland. Disse que os ativos devem ser depositados em um fideicomisso em benefício dele até aos trinta anos de idade, comigo ou a minha pessoa designada como administrador.

 Silêncio.

 O tipo de críquete.

Ah, então foi por isso que você não queria que minha mãe estivesse aqui, pensou Edward para si mesmo.

 Samuel T. cruzou os braços sobre o peito. — Bem.

 E isso foi o bastante, mesmo que ninguém mais disse nada. Era claro, no entanto, que a ex esposa de Lane não foi a única mulher que William tinha impregnado fora do casamento.

 Talvez também houvesse outros filhos ou filhas no mundo.

 Embora, verdadeiramente, a resposta para isso não importasse mais para Edward do que qualquer tipo de herança. Ele veio aqui por uma razão diferente do testamento. Apenas tinha que parecer como se ele tivesse chegado para o mesmo encontro pelo qual todos se reuniram.

 Ele precisava dispor, como sua avó teria dito.

 

Capítulo 23

 


Quando o Sr. Jefferson percorreu os longos parágrafos do documento, Gin não estava focada na leitura do testamento ou, na verdade, pelo fato de Edward ter sido cortado. Seu único pensamento era que Amelia estava em casa... e Samuel T., enquanto se sentava lá, naquele sofá, representando o interesse de Lane em uma atividade profissional... estava sob o mesmo teto que sua própria filha.

 Nenhum deles sabia disso, é claro.

 E essa era Gin.

 Ela tentou não imaginar os dois sentados lado a lado. Tentou não ver, como ela lembrava os dois com uma especificidade que queimava sua memória, as características comuns, os movimentos semelhantes, o estreitamento do olho quando estavam concentrados. Ela também desviou especialmente o fato de que os dois escondiam sua formidável inteligência por trás de uma sociabilidade lacônica... como se fosse algo sobre o qual eles não queriam ser vistosos demais.

 — E isso conclui as disposições salientes. — O Sr. Jefferson tirou os óculos de leitura. — Gostaria de aproveitar esta oportunidade para responder quaisquer perguntas. O testamento está em inventário no momento, e uma totalização dos ativos está começando.

 Houve um silêncio. E então Lane falou. — Eu acredito que você disse tudo. Eu vou sair com você. Samuel T., junte-se a nós?

 Gin abaixou a cabeça e só então deixou seus olhos seguir Samuel T. enquanto ele se levantou e abriu as portas duplas para seu cliente e o executor de seu pai. Ele não olhou de volta para ela. Não a cumprimentou nem a olhou.

 Mas isso era um negócio.

 Uma coisa com a qual você sempre poderia contar com Samuel T., não importava quão selvagem e louco pudesse ser depois do trabalho, assim que ele colocava o chapéu do advogado, ele era inabalável.

 Ela literalmente não existia. Mais do que qualquer outra pessoa que não afetasse os interesses de seus clientes.

 E, normalmente, essa atitude indiscutivelmente irritável a irritava e fazia com que ela quisesse bater na sua cara e exigir atenção. Saber que Amélia estava em algum lugar na mansão a curava de qualquer imaturidade, no entanto.

 Com eles em tão perto na vizinhança, era impossível ignorar as implicações de sua falta de divulgação. Ela era uma criminosa, roubando-os de anos que eram lhes devido, roubando-os de conhecimento que era seus direitos. E pela primeira vez, sentiu uma culpa que era tão finamente afiada que tinha certeza de que estava sangrando internamente.

 Mas a ideia de sair com tudo isso? Essa era uma montanha insuperável de onde ela estava agora, a distância, a altura, o território rochoso que todos os dias e noites de ausência, e eventos pequenos e grandes, somados, era muito longe para viajar.

 Sim, pensou. Foi por isso que ela causou o drama, essa foi a raiz de suas escapadas. Se alguém batesse címbalos diretamente na frente do seu rosto... não se podia ouvir mais nada. Especialmente a consciência de alguém.

 Sua consciência.

 — Como você está?

 Agarrando a atenção, ela olhou para seu irmão Edward e teve que piscar as lágrimas ao vê-lo.

 — Não, não, nada disso, — ele disse rigidamente.

 Ainda bem que ele pensou que ele era a causa. — Mas é claro. — Ela fechou os olhos. — Edward... você está...

 Não estava bem, pensou enquanto deixava passar os próprios problemas.

 E Deus, vê-lo encurvado e magro, tão diferente do chefe da família como ela sempre o imaginou, era uma recalibração que ela não desejava fazer. Foi tão estranho. Nas formas que importam, era mais fácil perder o pai do que a encarnação que seu irmão que sempre foi.

 — Estou bem, — ele completou quando ela não conseguiu completar a frase. — E você?

Caindo aos pedaços, pensou para si mesma. Sou a fortuna da nossa família, desmoronando primeiro em privado... e então para todos verem.

 — Estou bem. — Ela bateu a mão dela. — Nos escute. Soamos como nossos pais.

 Ela saiu da cadeira e o abraçou, e não conseguiu se segurar enquanto sentia os ossos e não muito mais. Ele deu uma pancada estranha antes de dar um passo atrás.

 — Eu entendo que há felicitações em ordem. — Ele se curvou com força. — Vou tentar vir ao casamento. Quando é?

 — Ah... sexta-feira. Não, sábado. Eu não sei. No entanto, nos casamos no tribunal na sexta-feira. Não tenho certeza sobre uma recepção.

 Abruptamente, era a última coisa que tinha algum interesse para ela.

 — Sexta-feira. — Ele assentiu. — Bem, meus cumprimentos para você e seu noivo.

 Com isso, ele se afastou, e ela quase saltou à frente dele e exigiu que ele dissesse o que ele realmente pensava: Seu verdadeiro irmão, Edward, nunca teria sido tão compassivo com Richard. Edward tinha feito negócios com os distribuidores Pford por anos e nunca ficou impressionado com o homem.

E se o velho Edward soubesse o que acontecia atrás de portas fechadas?

Ele teria sido um assassino.

Mas ele evoluiu para um lugar diferente, mesmo quando parecia determinado a permanecer no caminho. Nem foi uma melhoria, foi.

 Deixada na sala sozinha, Gin se sentou de novo e ficou onde estava, uma paralisia estranha ultrapassando seu corpo. Enquanto isso, as várias vozes e pisadas se afastaram. E então, fora do gramado ao sol, não muito longe de onde aquela descoberta horrível havia sido feita no canteiro de hera, os dois advogados e seu irmão caíram em uma conversa.

 Ela olhou para Samuel T. através do copo borbulhante da janela à moda antiga. Seu rosto nunca pareceu mudar. Era tão cinzelado e perfeitamente formado como sempre, seus cabelos eram um pouco longo do lado e escovados atrás. Seu corpo longo e magro, carregava aquele terno feito à mão como um cabide, as dobras do tecido, as mangas, os punhos das pernas das calças, caindo exatamente como um alfa.

 Pensou nele na adega do porão, fodendo aquela garota na mesa no Derby Brunch. Gin já estava chorando quando ele se afastou e levou a mulher de uma forma que tinha feito o som bimba como uma estrela pornô.

 Passando pela história do seu relacionamento com Samuel T., era apenas mais um em uma longa lista de eventos desagradável para lembrar... que começou no primeiro beijo quando tinha quatorze anos e culminou em Amelia.

 O problema foi, no entanto, quando eles pararam as brigas, o conflito, as imitações de preda-no-sapato, chute-no-traseiro, ele poderia ser...

 Apenas o homem mais incrível, inacreditável, dinâmico e vivo que já conheceu.

 E no passado, ela teria dito que seu casamento não os teria impedido de estar juntos. O deles sempre foi um caso de amor que foi como uma interseção ruim sem semáforo, o colapso uma e outra vez, faíscas, o cheiro de gasolina, queimaduras, emaranhados de metal e borracha em todos os lugares. Eles eram vidro de segurança rebentado na rede de aranha de rachaduras, bolsas de ar empilhadas, os pneus apareciam e caíam.

 Mas a corrida logo antes do impacto? Não havia nada parecido no mundo, especialmente não com uma beleza entediada e subutilizada do sul como ela, e nunca importava se um ou outro estivesse com outra pessoa. Namoradas, namorados, amantes sérios, encontro sexual. O constante para ambos era o outro.

 Ela viu o olhar em seu rosto quando ele descobriu sobre o seu noivado, no entanto. Ele nunca a olhou assim antes, e essa expressão era o que ela via enquanto ela estava acordada à noite...

 — Diamante excelente, ele te pegou.

 Ela empurrou a cabeça para cima. Samuel T. estava encostado na arcada, os braços cruzados sobre o peito, as pálpebras baixas nos olhos, a boca apertada, como se ele ressentia o fato de que ela ainda estava na sala.

 Gin afastou o anel da vista e limpou a garganta. — Não poderia ficar longe, Advogado?

 Como provocações, foram um fracasso. A entrega suave apenas acabou de matar a ironia completamente.

 — Não fique lisonjeada, — ele disse quando entrou e se dirigiu para o sofá. — Eu deixei minha pasta. Não vim para te ver.

 Ela se preparou para essa velha e familiar onda de raiva, aguardava com expectativa, de fato, mesmo que por sua familiaridade. A onda corrosiva em seu intestino não se aglomerou, no entanto, em vez disso, como um convidado de jantar que grosseiramente não apareceu e, assim, desapontou sua anfitriã. Samuel T., por outro lado, estava jogando com suas velhas regras, cutucando, irritando, com uma vantagem que parecia cada vez mais nítida.

 — Por favor, não venha à recepção de casamento, — ela disse abruptamente.

 Ele se endireitou com aquela antiga maleta herdada de seu tio-avô na mão. — Oh, mas estou ansioso para te assistir com seu verdadeiro amor. Planejo me inspirar em seu exemplo amoroso.

 — Não há motivo para você vir.

 — Oh, nós diferimos sobre isso...

 — O que aconteceu? Acabou?

 Amélia explodiu na arcada, toda a energia de dezesseis anos nesse corpo e com essa sensação de estilo que já não era mais adolescente e as características que pareciam ser cada vez mais as de seu pai.

 Oh, Deus, pensou Gin com uma sacudida de dor.

 — Oh, olá, — Samuel T. disse à menina com um tom entediado. — Vou deixar sua mãe preencher as informações. Ela está se sentindo tão discursiva. Estou ansioso para ver você em alguns dias, Gin. No seu vestido branco.

 Quando ele simplesmente se afastou, sem dar uma olhada nem um pensamento a Amelia, Gin ficou de pé e começou a ir atrás dele antes que ela pudesse se parar.

 — Mãe, — a garota exigiu enquanto passava. — O que aconteceu?

 — Não é da sua conta. Você não é uma beneficiária. Agora, se você me desculpar.

 Amelia disse algo desrespeitoso, mas Gin estava focada em chegar a Samuel T. antes de acelerar naquele Jaguar.

 — Samuel T. — Gin sibilou enquanto corria pelo chão de mármore do vestíbulo. — Samuel!

 Ela o seguiu pela porta da frente apenas a tempo de ver o executor de seu pai sair em uma Mercedes grande e Lane, andar pela parte de trás da casa.

— Samuel!

— Sim, — ele disse sem parar ou olhar para trás.

— Você não precisa ser rude.

 Em seu conversível, Samuel T. ficou atrás do volante, colocou a maleta no banco vazio e olhou para ela. — Isso vem de você?

 — Ela é uma criança...

 — Espere, trata-se de Amelia?

 — Claro que é! Você passou por ela como se ela não existisse.

 Samuel T. balançou a cabeça como se alguma coisa estivesse chocalhando no crânio. — Deixe-me ver se entendi. Você está chateada porque não reconheci a filha que você teve com outro homem?

 Oh. Deus. — Ela é inocente em tudo isso.

 — Inocente? Para sua informação, essa foi a leitura do testamento do seu avô, não um processo criminal. A culpa ou a relativa falta do mesmo não é relevante.

 — Você a ignorou.

 — Você sabe... — Ele bateu o dedo indicador em sua direção. — Pelo que entendi, você é a última pessoa que deveria acusar alguém de ignorar aquela garota.

 — Como você ousa.

 Samuel T. olhou para o longo e ondulado capô da Jaguar. — Gin, não tenho tempo para isso. Eu tenho que falar com o advogado da esposa do seu irmão agora mesmo, e isso, ao contrário da sua pequena exibição de...

 — Você simplesmente não aguenta ninguém dizendo que você não é Deus.

 — Não, acho que não posso suportar você, na verdade. A coisa de Deus é uma questão secundária.

 Ele não esperou qualquer outro comentário dela. Ele ligou o motor, pisou no acelerador algumas vezes para se certificar de que ele pegou, e então ele estava fora, seguindo o caminho pelo qual o executor tinha forjado na colina, longe de Easterly.

 Gin olhou para ele indo. Dentro de si mesma, ela estava gritando.

Por Amelia. Por Samuel T. Por Richard.

 Principalmente... por si mesma e todos os erros que cometeu. E a tristeza que veio com o conhecimento de que na idade madura dos trinta e três anos, não havia tempo suficiente na vida para corrigir os erros que ela havia causado.


 Lane passou pelos fundos, esperando pegar Edward antes de partir. Sem dúvida, seu irmão havia pegado o caminho dos funcionários porque havia equipes de notícias estacionadas no portão da frente desde que a história do suicídio havia se noticiado. E também, sem dúvida, Edward estava com pressa para sair considerando o que havia no testamento.

 Não havia palavras adequadas para o que seu pai tinha feito: cortar seu primogênito de uma herança era ao mesmo tempo totalmente característico para William, e ainda uma surpresa cruel também.

 Um final foda-se que não poderia ser combatido, os mortos carregando um trunfo no seu túmulo.

 Então Lane queria... dizer algo... ou verificar ou... ele não tinha ideia. O que estava claro era que Edward, sem dúvida, não se interessaria por qualquer coisa que ele tivesse a dizer, mas na ocasião, você só tinha que tentar, com a esperança de que a outra pessoa, em um momento de reflexão silenciosa, possa lembrar que você tinha feito o esforço, mesmo que fosse estranho.

 Não havia nenhum caminhão Red & Black na linha curta de carros pelo centro de negócios, mas Lane achou um antigo Toyota estacionado ao lado do Mercedes vermelho que ele havia dado a Senhorita Aurora. Tinha que ser o que Edward tinha vindo, mas seu irmão não estava atrás do volante, não estava mancando em sua direção. Na verdade, não estava em nenhum lugar.

Entrando pela porta traseira para a cozinha, Lane encontrou Senhorita Aurora no fogão. — Você viu Edward?

 — Ele está aqui? — ela perguntou quando ela se virou da panela. — Diga-lhe para vir me ver se ele estiver aqui.

 — Não sei onde ele está.

 Lane fez uma rápida pesquisa ao redor do primeiro andar e depois parou na escada. Não havia motivo para seu irmão se preocupar com o esforço de ir até os quartos.

 — Onde você está? — disse para si mesmo.

 Dirigindo-se aos jardins, ele atravessou o centro de negócios. Todas as portas francesas estavam trancadas no lado de frente para as flores, e ele tinha que ter ido mais adiante para a entrada traseira com sua fechadura codificada.

 Assim que ele entrou, ele sabia que havia encontrado Edward: havia luzes acesas novamente, então seu irmão devia ter ligado a energia elétrica.

 — Edward?

 Lane caminhou pelo salão acarpetado, olhando para os escritórios vazios. Seu telefone estava explodindo com as chamadas do presidente do conselho, cada um dos vice-presidentes seniores irritados e até mesmo o advogado corporativo. Mas nenhum deles se atreveu a se aproximar de Easterly, e isso lhe disse que tinha algo sobre eles. E mesmo que esse bando de terno estivesse ocupado desaparecendo com provas da sede central? Não importava. Jeff pode não gostar dele no momento, mas aquele analista de números anuais salvou arquivos de tudo o que tinha na rede antes que a denúncia fosse exposta.

Assim, todas as mudanças eram tão incriminadoras como os desfalques que exigiam um encobrimento.

 Quando Lane seguiu para o escritório de seu pai, ele estava ciente de que seu coração estava batendo e que sua mente havia recuado atrás de uma parede de armadura.

 Assim como alguém que estava pronto para uma bomba explodir pode se proteger atrás do cimento.

 — Edward?

 Ele desacelerou quando chegou à antessala do escritório de seu pai. — Edward...?

 A porta de William Baldwine estava fechada, e Lane não conseguia lembrar se ele tinha sido o único a fechá-la quando eles fizeram a evacuação no dia anterior. Quando ele alcançou o botão, ele não tinha ideia do que ele iria encontrar no outro lado.

 E ele não tinha certeza de que ele queria ver.

 Ele empurrou os painéis. — Edward...

 O escritório estava escuro, e quando ele apertou o interruptor de luz na parede, ninguém estava lá. — Onde diabos está...

 Quando ele se virou, Edward estava logo atrás dele. — Procurando por mim?

 Lane soltou uma maldição e agarrou a frente de seu próprio peito. — O que você está fazendo aqui?

 — Visitando as minhas velhas assombrações.

 Lane procurou por coisas nas mãos do irmão, nos bolsos, atrás das costas de Edward. — A sério. O que você está fazendo?

 — Onde é a gerência sênior?

 — Abaixo da sede em escritórios menores.

 — Você os despediu?

 — Eu lhes disse apenas para sair primeiro. — Ele mediu o rosto de seu irmão. — Ou eles estavam indo para a cadeia.

 Edward sorriu. — Você vai dirigir a empresa você mesmo?

 — Não.

 Houve uma pausa. — Qual é o seu plano, então?

 — Tudo o que eu queria fazer era tirá-los daqui.

 — E você acha que isso vai parar o sangramento financeiro?

 — O pai está morto. Eu acho que é isso que irá detê-lo. Mas até que eu saiba com certeza, não vou correr riscos.

 Edward assentiu. — Bem, você não está errado. De modo nenhum. Mas você pode querer pensar sobre quem estará no comando agora que ele está morto.

 — Alguma chance de você estar procurando um emprego?

 — Eu tenho um. Sou alcoólatra agora.

 Lane encarou o ombro de seu irmão na área de recepção vazia. — Edward. Eu tenho que saber uma coisa, e é só você e eu aqui, ok?

 — Na verdade, esse lugar inteiro é inspecionado. Câmeras, microfones escondidos. Não há nenhum segredo sob este teto, então tenha cuidado com o que você pergunta.

 Lane encontrou-se querendo outra bebida.

 E depois de um momento tenso, ele simplesmente murmurou: — Você virá ao velório?

 — Eu não sei por que eu faria isso. Não estou de luto e não tenho a intenção de prestar nenhum respeito. Sem ofensa.

 — Não me ofende, e posso entender tudo isso. Mas a mãe provavelmente descerá para isso.

 — Você acha?

 Lane assentiu e esperou por seu irmão dizer algo mais. O homem não disse. — Escute, Edward... realmente sinto muito por...

 — Nada. Você não sente nada porque nada disso, nada disso foi sua culpa. Você só pode pedir desculpas pelos seus próprios erros. É isso tudo, irmãozinho?

 Quando Lane não conseguiu pensar em mais nada, Edward assentiu. — Isso é tudo, então. Tome cuidado e não me ligue se precisar de algo. Eu não sou o tipo de recurso que você deseja.

 

Capítulo 24

 


O Porsche chamou muita atenção enquanto Lane dirigia no bairro de Rolling Meadows, mas não porque ele estava indo rápido. Apenas a visão do conversível e do som do motor eram suficientes para atrair olhares dos caminhantes de cães, as crianças brincando nas calçadas, as mães empurrando os carrinhos de criança. As casas eram amontoadas, mas eram de bom tamanho, a maioria delas de tijolos com cúpulas ou janelas de sacada no primeiro andar e janelas sobre o telhado ou varandas no segundo para distingui-las, um pouco como irmãos que compartilhavam a mesma coloração, mas tinham diferentes características faciais. Havia Volvos ou Infinitis ou Acuras estacionados em calçadas, arcos de basquete acima das portas da garagem, decks com churrasqueiras na parte de trás.

 Com o sol da tarde brilhando sobre árvores dignas de cartão postal, e todos os gramados verde, e todos aquele bando de crianças correndo, foi um retrocesso diante da geração iChildhood.

 Com insistência silenciosa, o GPS no 911 o navegou através das ruas que foram organizadas por tipos de árvores, flores e, finalmente, frutas.

 Cerise Circle não era diferente de nenhuma das outras pistas, estradas e caminhos do desenvolvimento. E quando ele veio até a casa em que ele estava procurando, não havia nada para distingui-la do seu grupo genético maior.

 Lane deixou o conversível rolar para frente do outro lado da rua. Com a parte superior, ele podia ouvir o drible rítmico de uma bola de basquete atrás de sua garagem, o salto-salto-rebote ecoando da casa ao lado.

Desligando o motor, ele saiu e caminhou sobre o pavimento em direção ao som. O garoto que era LeBron'ing[19] estava fora de vista nos fundos, e Lane realmente queria apenas voltar ao seu maldito carro e fugir.

 Mas isso não era porque ele não conseguia enfrentar as evidências vivas e respiratórias das infidelidades de seu pai, e ele não tinha medo de olhar para um rosto tão próximo do seu também. E não, o fato de que algum estranho era seu sangue e estava no testamento não balançou seu mundo.

 A verdade de fundo para a sua reticência? ele estava simplesmente muito exausto para cuidar de qualquer outra pessoa. O problema era que esta pobre criança, sem culpa, estava prestes a ser sugado para o buraco negro Bradford e como Lane não poderia, pelo menos, tentar orientá-lo um pouco sobre o filho da puta.

 Era uma loteria infernal para ganhar. Especialmente agora que o dinheiro havia desaparecido.

 Não é muito positivo.

 A calçada tinha apenas cerca de nove metros de comprimento, um mero espaço de estacionamento em Easterly. E enquanto Lane continuava a andar, o menino de dezoito anos com o basquete foi revelado gradualmente.

 Alto. Ficaria mais alto. Cabelos escuros. Com grandes ombros já.

 O garoto subiu para uma enterrada, e a bola ricochetou a borda.

 Lane a pegou no ar. — Ei.

 Randolph Damion Freeland parou primeiro porque ficou surpreso. E então porque ficou chocado.

 — Então, você sabe quem eu sou, então, — Lane disse suavemente.

 — Eu vi sua foto, sim.

 — Você sabe por que estou aqui?

 Quando a criança cruzou os braços sobre o peito, havia um bom espaço entre os peitorais e os bíceps, mas isso não duraria muito mais. Ele ia preencher e ser forte.

 Deus, seus olhos eram o azul exato dos dele.

 — Ele morreu, — o menino murmurou. — Eu li sobre isso.

 — Então você sabe…

 — Quem era meu pai? Sim. — Esse olhar baixou. — Você vai, como...

 — Como o quê?

 — Me levar preso ou algo assim?

 — O que? Porque eu faria isso?

 — Não sei. Você é um Bradford.

 Lane fechou os olhos brevemente. — Não, eu vim te ver sobre algo importante. E também para dizer que sinto muito, pela morte de mãe.

 — Ela se matou. Na sua casa.

 — Eu sei.

 — Eles dizem que você encontrou seu corpo. Eu li isso no jornal.

 — Eu encontrei.

 — Ela não se despediu de mim. Ela simplesmente saiu naquela manhã e então ela se foi. Você sabe, como, permanentemente.

 Lane balançou a cabeça e apertou a bola entre as palmas das mãos. — Eu realmente sinto muito...

 — Não se atreva! Não se atreva!

 Uma mulher mais velha disparou para a varanda com uma cabeça cheia de vapor, o rosto torcido no tipo de raiva que fazia uma arma de mão desnecessária. — Você se afasta dele! Você se afasta ...

 — Vovó, pare! Ele está apenas conversando...

 Quando a criança entrou entre eles, a avó era todo braços, lutando para chegar em Lane. — Você fica longe! Como você ousa vir aqui?

 — Ele é um herdeiro. É por isso que eu vim.

Quando os dois pararam em sua luta, Lane assentiu. — Ele ficou com casa e dez milhões de dólares. Achei que você gostaria de saber. O executor estará em contato. Não sei quanto dinheiro há, mas eu quero que vocês dois saibam que vou lutar para garantir que esta casa fique no nome do seu neto.

 Afinal, havia um cenário pelo qual, também, poderia ser liquidado, dependendo da situação da dívida. E então, onde essa criança ia?

 Quando a avó sorriu de sua surpresa, ela voltou ao trem do ódio. — Nunca mais venha aqui.

 Lane trancou os olhos com o menino. — Você sabe onde eu moro. Se você tiver dúvidas, se quiser conversar...

 — Nunca! — Gritou a mulher. — Ele nunca irá até você! Você também não pode levá-lo!

 — Babcock Jefferson, — Lane disse enquanto colocava a bola no caminho de entrada. — Esse é o nome do advogado.

 Ao se afastar, a imagem desse jovem garoto que segurava aquela velha estava esculpida em seu cérebro, e Deus, ele odiava seu pai por novos motivos naquele momento, ele realmente odiava.

 De volta ao Porsche, ele ficou atrás do volante e dirigiu. Ele queria gritar, bater um par de carros estacionados, rolar algumas bicicletas. Mas ele não fez isso.

 Ele estava saindo para a entrada do desenvolvimento quando o telefone tocou. Ele não reconheceu o número, mas ele respondeu porque mesmo um telemarketing era melhor do que os pensamentos em sua cabeça.

 — Sim?

 — Sr. Baldwine? — disse uma voz feminina. — Sr. Lane Baldwine?

 Ele deu seta para a esquerda. — É ele.

 — Meu nome é LaKeesha Locke. Eu sou a repórter de negócios para o Charlemont Courier Journal. Eu queria saber se você e eu podemos encontrar em algum lugar.

 — Sobre o que?

 — Estou fazendo uma história de que a Bradford Bourbon Company está com séria dívida e enfrenta uma possível falência. Está saindo amanhã de manhã. Eu pensei que você poderia querer comentar.

 Lane apertou o queixo para manter as maldições dentro. — Agora, por que eu ia querer fazer isso?

 — Bem, eu entendo, e é bem evidente, que a fortuna pessoal da sua família está inextricavelmente ligada à empresa, não é?

 — Mas eu não estou envolvido no funcionamento do negócio.

 — Então você está dizendo que você desconhecia qualquer dificuldade?

 Lane manteve seu nível de voz. — Onde está você? Eu irei até você.


O galpão de propriedade da Estância da Família Bradford era menos como um galpão e mais como um hangar de avião. Localizado abaixo e na parte de trás da extensa propriedade, estava ao lado do estacionamento dos funcionários e ao lado da linha de casas da década de cinquenta que foram usadas por criados, trabalhadores e partidários por décadas.

 Quando Lizzie entrou na caverna fumegante e com cheiro de óleo, suas botas estavam ruidosas sobre chão de concreto manchado. Tratores, cortadores industriais, caminhões e limpadores de neve foram estacionados de forma ordenada, os seus exteriores limpos e os motores mantidos dentro de uma polegada de suas vidas.

 — Gary? Você está aí?

 O escritório do encarregado estava no canto mais distante, e através do vidro empoeirado, uma luz brilhava.

 — Gary?

 — Não lá. Ou aqui.

 Ela mudou a trajetória, andando em torno de um cortador de madeira e dois limpadores de neve que eram do tamanho de seu velho Yaris.

 — Oh, Deus, não levante isso! — ela gritou.

 Lizzie se apressou, apenas para ser ignorada quando Gary McAdams levantou parte de um bloco de motor do chão e para uma das mesas de trabalho. A façanha teria sido impressionante em qualquer circunstância, mas considerando o cara tinha trinta anos mais que ela? Então, novamente, Gary foi construído como um buldogue, forte como um boi, e resistente como um poste de cerca do Kentucky.

 — Suas costas, — ela murmurou.

 — Está bem, — veio o sotaque do sul. — O que você precisa, senhorita Lizzie?

 Ele não olhou para ela, mas isso não significava que ele não gostasse dela. Na verdade, os dois funcionavam bem juntos: quando ela começou aqui, ela se preparou para um conflito que nunca se materializou. O caipira auto proclamado provou ser um amor total sob esse exterior grosso.

 — Então você sabe sobre o velório, ela disse.

 — Eu sei sim.

 Colocando-se na mesa de trabalho, ela deixou os pés balançarem e observou como suas mãos calosas faziam sentido da maquinaria, movendo-se rápido e seguro sobre o metal antigo. No entanto, ele não fazia grande coisa sobre sua competência, e ele era assim. Pelo que Lizzie entendeu, ele começou a trabalhar nos campos quando tinha doze anos e esteve aqui desde então. Nunca foi casado. Nunca tirou férias. Não bebe. Vivi em uma das casas.

 Dominava os trinta trabalhadores que estavam sob suas ordens com um punho justo, mas de ferro.

 — Você precisa da chave inglesa? — ela perguntou.

 — Sim, eu sei.

 Ela lhe entregou o que precisava, pegou de volta quando ele terminou, pegou-lhe outra coisa antes de ter que pedir isso.

 — De qualquer forma, — ela continuou. — O velório será amanhã, e eu só quero ter certeza de que nós temos um corte fresco na entrada principal a manhã, um corte nos pingos de ouro na estrada esta tarde, se pudermos fazer acontecer, e um corte por toda a frente e no pátio.

 — Sim. — Alguma coisa que você precisa nos jardins traseiros?

 — Eu acho que estão em boa forma. Eu vou passar por eles com Greta, no entanto.

 — Um dos garotos vai fazer um corte dentro da piscina.

 — Bom. Socket?

 — Sim.

 Ao trocarem as ferramentas novamente, ele perguntou: — É verdade o que eles dizem que você encontrou?

 — Greta encontrou. E sim, é.

 Ele não deslocou os olhos de seu trabalho, aquelas mãos de dedos espessos e pesados nunca perderam uma batida. — Hã.

 — Eu não sei, Gary. Até agora, pensei, como todos os outros, que ele pulou. Mas não mais.

 — A polícia veio?

 — Sim, alguns detetives de homicídios. Os mesmos que estavam aqui pela morte de Rosalinda. Falei com eles por um tempo esta manhã. Provavelmente, eles vão querer interrogá-lo e qualquer outra pessoa que esteja no terreno em torno do tempo que ele morreu.

 — Negócio triste.

 — Muito. Embora eu nunca tenha gostado do homem.

 Ela pensou sobre a leitura do testamento. Deus, era como algo fora de um filme antigo, os herdeiros reunidos em alguma sala elegante, um ilustre advogado recitando as provisões em uma voz de Charlton Heston.

 — O que eles te perguntam? Os detetives?

 — Apenas como o encontramos. Onde eu estava nos últimos dias. Como eu disse, eles falarão com todos, tenho certeza.

 — Sim.

 Ela entregou um par de alicates. — A equipe também está convidada para o velório.

 — Para o velório?

 — Uh-huh. É para todos os respeitos.

— Eles não querem nenhum macaco gordo como eu naquela casa.

 — Você seria bem-vindo. Eu prometo. Eu vou.

— Isso é certo, é pelo seu homem.

 Lizzie sentiu o rubor bater em suas bochechas. — Como você sabia sobre mim e Lane?

 — Não há nada que aconteça por aqui que eu não sei, menina.

 Ele parou o que estava fazendo e pegou um velho pano vermelho. Quando ele enxugou as mãos, ele finalmente olhou, seu rosto curtido gentil.

 — É melhor Lane fazer o certo para você. Ou eu consigo lugares para colocar o corpo dele.

 Lizzie riu. — Eu o abraçaria agora, mas você poderia desmaiar.

 — Oh, eu não sei sobre isso. — Exceto que ele estava mexendo seu peso como se ela o tivesse envergonhado. — Mas acho que ele provavelmente é bom, ou você não estaria com ele. Além disso, eu o vejo olhar para você. O menino teve amor nos olhos durante anos quando ele olhava você.

 — Você é muito mais sentimental do que você deixa transparecer, Gary.

 — Eu não fui educado, lembre-se. Não sei o significado dessas grandes palavras.

 — Eu acho que você sabe exatamente o que elas significam. — Lizzie o empurrou levemente no braço. — E se você decidir vir para o velório, você pode ir comigo e Greta.

 — Eu tenho trabalho para fazer. Não tenho tempo para isso.

 — Eu entendo. — Ela pulou da mesa de trabalho. — Bem, vou sair. Eu cuidei tudo, e a senhorita Aurora está com a comida, é claro.

 — Como está indo aquele mocinho?

 — Ele não é tão ruim.

 — Depende do que você está usando como comparação.

 Com uma risada, ela levou a mão sobre o ombro como um adeus e se dirigiu para o exterior ensolarado. Mas ela não chegou muito longe antes de ele falar novamente.

 — Senhorita Lizzie?

 Virando-se, ela arrumou sua camisa polo na cintura de seu short. — Sim?

 — Eles farão alguma coisa para o aniversário do Little V.E. este ano? Preciso fazer algo para isso?

 — Oh Deus. Eu tinha esquecido que estava chegando. Não creio que fizemos nada no ano passado, não é?

 — Ela está completando sessenta e cinco. Essa é a única razão pela qual eu perguntei.

 — Isso é um marco. — Lizzie pensou na mãe de nascimento de Lane naquele quarto. — Eu vou perguntar. E, eu preciso colocar flores frescas amanhã.

 — Há algumas peônias adiantadas chegando.

 — Eu estava pensando a mesma coisa.

 — Deixe-me saber se você quer que faça algo mais.

 — Sempre, Gary. Sempre.

 

Capítulo 25

 


Quando Lane finalmente voltou para Easterly, depois do que se sentiu como anos na presença dessa repórter, ele foi diretamente para o segundo andar, ignorando o jantar que havia sido servido na sala de jantar formal e ignorando a confusão do Sr. Harris sobre um monte de coisa.

 Na porta do avô, ele bateu uma vez e a abriu,

 Ao longo da cama, Tiphanii se sentou rapidamente e levou as cobertas com ela, escondendo que claramente estava nua.

 — Por favor, desculpe-nos, — ele disse a ela. — Ele e eu temos algum negócio.

 Jeff acenou com a cabeça para que a mulher partisse, e meu Deus, ela levou seu tempo, passeando com esse lençol enquanto Jeff puxava o edredom sobre ele e se sentou.

 Depois de uma ida ao banheiro, ela surgiu em seu uniforme e desapareceu pela porta, embora Lane estivesse seguro de que, propositadamente, deixou a calcinha preta no chão ao pé da cama.

 — Foi totalmente consensual, — murmurou Jeff. — E eu tenho permissão para subir de...

 — O jornal local sabe tudo. Tudo.

 Quando Jeff abriu a boca, Lane ladrou. — Você não tinha que me foder assim!

 — Você acha que eu falei com a imprensa? — Jeff jogou a cabeça para trás e riu. — Você realmente pensa que eu peguei alguns centavos e deu-lhes qualquer coisa...

 — Eles têm a informação que você está trabalhando. Página a página. Explique como isso aconteceu. Pensei em poder confiar em você ...

 — Me desculpe, você está me acusando de fraude depois que você me chantageou para fazer isso por você? Mesmo?

 — Você me ferrou.

 — Tudo bem, antes de tudo, se eu fosse te ferrar, eu teria ido ao Wall Street Journal, não ao Charlemont Herald Post Ledger ou a qualquer coisa que seja chamado. Posso nomear meia dúzia de repórteres na Big Apple. Eu não poderia dizer-lhe quem chamar aqui no maldito Kentucky. E mais ao ponto, depois que esse pequeno pesadelo acabar, eu voltarei para Manhattan. Você acha que eu não poderia usar alguns favores devidos a mim? A merda sobre sua família e seu pequeno negócio de bourbon é uma grande notícia, idiota. Maior que algum envoltório de diário de Podunk, USA Today. Então, sim, se eu estivesse vazando qualquer coisa, eu gostaria de ter uma vantagem para mim pessoalmente.

 Lane respirou com dificuldade. — Jesus Cristo.

 — Eu também não o chamaria. Mas é porque sou judeu.

 Deixando cair a cabeça, Lane esfregou os olhos. Então ele caminhou, indo entre a cama e a mesa. A mesa e uma das janelas de painel longo. A janela e a mesa.

 Ele voltou às janelas. A noite ainda não havia caído, mas estava chegando em breve, o pôr-do-sol caindo no horizonte, fazendo com que a curva da terra sangrasse rosa e roxo. Em sua visão periférica, todo o trabalho de Jeff, as notas, os computadores, as impressões eram como um grito no ouvido.

 E então, havia o fato de que seu antigo colega de quarto da faculdade estava nu no quarto, olhando para ele com uma expressão remota: Atrás de toda a raiva que acabara de pular da boca de Jeff, havia dano, ferida real.

 — Desculpe, — Lane respirou. — Desculpe... coloquei as conclusões erradas.

 — Obrigado.

 — Também sinto muito por estar fazendo você fazer isso. Eu só... estou perdendo minha maldita cabeça por aqui. Eu sinto que estou em uma casa que está em chamas, e todas as saídas não são mais que chamas. Estou queimando e estou desesperado e estou cansado dessa merda.

 — Oh, pelo amor de Deus, — seu velho amigo murmurou em seu sotaque de Nova Jersey. — Veja, vá lá.

 Lane olhou por cima do ombro. — O que?

 — Sendo todo agradável. Odeio isso sobre você. Você me irrita e me deixa louco, e então você torna tudo honesto e torna-se impossível para mim odiar sua bunda branca, privilegiada, arrependida. E para sua informação, estava gostando de estar furioso com você. Era o único exercício que eu estava obtendo... bem, não obstante, não é o caso de Tiphanii.

 Lane sorriu um pouco e depois voltou a se aproximar da vista. — Honesto, hein. Você quer honesto? Como em algo, eu não disse a ninguém?

 — Sim. Quanto melhor eu sei o que está acontecendo aqui, mais eu posso ajudar e menos me ressentir de estar preso.

 Ao longe, um falcão subiu em correntes invisíveis, andando no céu com cantos afiados e rápidos, como o crepúsculo da noite cheio de rodovias e estradas que só os pássaros podiam ver.

 — Eu acho que meu irmão o matou, — Lane ouviu-se dizer. — Eu acho que Edward foi o único que fez isso.


 Cara, Jeff desfrutava tanto a coisa irritada e justa. Era um passeio suave, mas intenso, queimava em seu peito um tanque de gás inesgotável que o mantinha acordado durante a noite, focado nos números, movendo-se pelos dados.

Mas ele e Lane, o idiota, atingiram esses cantos antes, durante o longo relacionamento, manchas de falta de comunicação ou estupidez que os separavam. De alguma forma, o sulista lá sempre fechou a distância.

 E sim, ele havia feito isso de novo. Especialmente com aquele pequeno flash de notícias.

 — Merda, — Jeff disse enquanto se deitava contra os travesseiros. — Está falando sério?

 Pergunta idiota.

 Porque esse não era o tipo de coisa que alguém dizia, mesmo em brincadeira, dado o que estava acontecendo nessa casa. E também não era algo que Lane teria pensado mesmo sobre o seu herói mais velho, a menos que ele tivesse uma ótima razão.

 — Por quê? — Jeff murmurou. — Por que Edward deveria fazer algo assim?

 — Ele é o único com o motivo real. Meu pai era um homem terrível e ele fez muitas coisas terríveis para muitas pessoas poderosas. Mas Monteverdi vai matá-lo sobre essa dívida? Não. Ele vai querer recuperar o dinheiro. E Rosalinda não fez isso. Ela estava morta antes que meu pai fosse às cataratas. Gin sempre o odiava, mas não gostaria de sujar as mãos. Minha mãe sempre teve razão, mas nunca a capacidade. Quem mais poderia ter feito isso?

 — No entanto, seu irmão não está em boa forma. Quero dizer, eu estava pegando algo para comer e voltando para cá quando ele entrou na casa. Ele estava mancando como se sua perna estivesse quebrada. Não parecia que ele pudesse lidar com a maldita porta, muito menos atirar alguém para fora de uma ponte.

 — Ele poderia ter tido ajuda. — Lane olhou por cima do ombro, e sim, aquele rosto bonito pareceu ter passado pela lavadora, e não na melhor maneira. — As pessoas na fazenda são dedicadas a ele. Meu irmão tem essa maneira sobre ele, e ele sabe como fazer as coisas.

 — Ele esteve aqui? Na casa?

 — Eu não sei.

 — Existem câmeras de segurança, certo? Aqui na propriedade.

 — Sim, e ele sabe disso. Ele colocou o maldito sistema, e se você apagar as coisas, isso vai mostrar. Existem log-ins que podem ser rastreados.

 — Os detetives pediram a filmagem?

 — Ainda não. Mas eles vão.

 — Você vai dar isso a eles?

 Lane amaldiçoou. — Eu tenho escolha? E eu não sei... eu estava sozinho com Edward hoje. Eu quase perguntei a ele.

 — O que o impediu? Tem medo que ele fique chateado?

 — Entre outras coisas, tive medo da resposta.

 — Qual é a sua próxima jogada?

 — Eu espero. Os detetives não estão indo embora. Eles vão sair para vê-lo na fazenda. E se ele fez isso...

 — Você não pode salvá-lo.

 — Não, eu não posso.

 — Por que exatamente seu irmão quer o seu pai morto? Um monte de problemas para ter apenas porque você foi espancado um par de vezes quando criança.

 — Pai tentou matá-lo na América do Sul.

— O que?

 — Sim, Edward é o que ele é agora por causa do que foi feito lá. E houve muita história ruim entre eles antes disso. Inferno, mesmo em seu testamento, o pai o deixou de fora deliberadamente. Além disso, você sabe, meu irmão não é alguém que você ferra. Ele tem essa maneira sobre ele.

 Querido Deus, pensou Jeff.

 No silêncio que se seguiu, ele considerou seu irmão e irmã, ambos vivendo em Manhattan também. Eles eram casados. Múltiplos filhos. Seus pais dividiram seu tempo entre a Florida e Connecticut, mas tinham um pied-à-terre[20] em SoHo[21]. Todos eles se reuniam em todos os feriados, e havia calor e conflito, alegria, lágrimas e risos.

 Sempre risos.

 Lane tinha uma bela casa. Com muitas coisas agradáveis. Bom carro.

 Não havia comparação, estava lá.

 O sujeito passou e estacionou na cadeira na mesa. — De qualquer forma, basta disso. Então, se você não vazou, quem fez?

 — Administração sênior. Quero dizer, vamos lá. Recebi as informações de suas fontes. As planilhas em que estou fazendo a análise são o produto de trabalho.

 Lane esfregou a cabeça como se tudo doesse. — Claro.

 — Olha, amigo, você não pode congelar esses ternos para sempre, e claramente, eles não estão colorindo as linhas, o que não é uma surpresa. Agora não é um bom momento para não haver ninguém ao leme.

 — Sim, eu preciso de alguém para dirigir a empresa de forma provisória. A diretoria quer se encontrar comigo. Ele também deve pensar nisso.

 — Bem, no caso de eu não colocar um ponto suficientemente bom nisso, a menos que você tome controle, a gerência sênior, os próprios idiotas que você expulsou, estão no comando.

 — Mas eu não sou qualificado. A única coisa que eu sou inteligente o suficiente para saber é que eu não sei merda sobre um negócio nesta escala. — Lane puxou as mãos. — Pelo amor de Deus, não posso me preocupar com isso agora mesmo. Eu tenho que passar pelo velório amanhã, e depois iremos daqui. Maldita seja, Edward era aquele que iria assumir o controle.

 Quando tudo ficou quieto, Jeff alisou o edredom sobre suas coxas porque ele não sabia o que fazer mais. Eventualmente, ele disse meio de brincadeira: — Quando eu recupero a empregada? E não para limpar o banheiro.

— Isso depende de você. Eu sou seu o empregador, e não o seu cafetão.

  — Então você é responsável por esta família, hein.

  — Ninguém mais é voluntário para o trabalho. — Lane pôs-se de pé. — Talvez por causa do que aconteceu com o último cara que deu um tiro.

  — Você conseguiu isso, cara. Você consegue.

  Lane veio e colocou a mão. — Sinto muito, eu coloquei você nesta posição. Honestamente. E depois que isso acabar, prometo que nunca mais entrar em contato com você para qualquer coisa.

  Por um momento, Jeff mediu o que foi oferecido. Então ele apertou a palma da mão. — Sim, bem, eu não o perdoo.

  — Então, por que você está apertando a mão?

  — Porque eu sou uma daquelas pessoas que esquece facilmente. Eu sei, eu sei, está para trás. Mas funcionou para mim até agora, e está tirando você do gancho, então foda-se com seus princípios.

 

Capítulo 26

 


— Agora, isso é mais parecido com isso.

 Quando Richard Pford entrou na sala de estar da família de Easterly por volta das nove da noite, Gin queria rolar os olhos e dizer-lhe que os anos 1950 queriam seus costumes de volta. Mas a verdade era, sim, ela tinha ficado para falar com ele, e sim, enquanto ela o viu avançar para o bar como se fosse o senhor da mansão, ela lembrou o quanto ela o desprezava.

 Depois de se servir um bourbon, ele se aproximou e sentou-se na cadeira de couro ao lado do sofá que ela tinha estado. A sala não era grande, e as pinturas a óleo dos puro sangue Bradford premiados pendurados nas paredes, com os painéis tornavam as coisas ainda menores. Adicionando a proximidade física de Pford à mistura? Bem, isso encolheu as coisas até o ponto em que a TV de tela larga mostrando uma repetição de The Real Housewives of Beverly Hills parecia como se pressionasse contra o rosto dela.

 — Por que você está assistindo a essa droga? — ele disse.

 — Porque eu gosto.

 — É uma perda de tempo. — Ele pegou o controle remoto e mudou o canal para algum comentarista financeiro em uma gravata vermelha e uma camisa azul clara. — Você deve ver coisas de valor.

 Então, deixe-me afastar meu olhar, pensou.

 — Precisamos conversar sobre a recepção. — Ela estreitou os olhos. — E devo apresentá-lo a Amelia.

 — Quem? — ele disse sem tirar o olho do formigueiro do NASDAQ.

 — Minha filha.

 Isso chamou sua atenção e ele olhou por cima, uma sobrancelha fina levantando-se. — Onde ela está? Ela está em casa da escola?

 — Sim.

 Gin estendeu uma mão para o telefone da casa que estava discretamente escondido atrás de uma lâmpada feita de um troféu de ceras de prata esterlina das dezenove centenas. Pegando o receptor, ela chamou a extensão do mordomo.

 — Sr. Harris? Pegue Amelia e traga-a aqui? Obrigado.

 Quando ela desligou, ela olhou para Richard. — Eu preciso que você pague pela recepção de casamento que estamos tendo aqui no sábado. Você pode me escrever o cheque. Serão cerca de cinquenta mil. Se for mais, eu voltarei para você.

 Richard baixou o copo e voltou a se concentrar nela. — Por que estou pagando por qualquer coisa?

 — Porque nos casaremos. Nós dois.

 — Em sua casa.

 — Então você não vai dar nenhuma contribuição?

 — Eu já tenho.

 Ela olhou para o anel. — Richard, você está vivendo sob este telhado, comendo nossa comida...

 Ele riu e girou seu bourbon ao redor. — Você não está realmente fazendo esse argumento, está?

 — Você vai escrever esse cheque e é isso.

 — Eu sugiro que você segure a respiração para que a tinta esteja seca, querida. — Richard a brindou. — Agora, esse seria um show que vale a pena assistir.

 — Se você não paga, cancelarei a festa. E não mente. Você está ansioso pela atenção.

 Os troféus, afinal, precisavam de uma cerimônia de apresentação.

 Richard sentou-se à frente, o movimento de sua bunda fazendo com que o couro enrugasse. — Eu sei que você não está ciente disso, mas há problemas na empresa da sua família.

 — Oh, realmente. — Ela ficou burra. — Alguém perde a chave para um armário de fornecimento de escritório? Ah, que tragédia.

 Não havia valor em deixá-lo entrar em sua fraude financeira, afinal. Certamente, não antes da emissão do certificado de casamento.

 Ele sorriu e, pela primeira vez, algo próximo à alegria realmente atingiu os olhos dele. — Adivinha quem me ligou hoje? Uma amiga minha no Charlemont Courier Journal. E você quer saber o que ela me disse?

 — Que eles estão fazendo uma exposição sobre implantes penianos e querem que você seja um sujeito?

 — Isso é grosseiro.

 — É verdade, mas acho que isso pode ajudar.

 Richard sentou-se e cruzou as pernas, apertando-se a mandíbula. — Em primeiro lugar, é ela, não eles. E, em segundo lugar, ela me disse que há problemas muito sérios na sua empresa, Gin. Grandes questões financeiras. Haverá uma história a primeira hora da manhã sobre tudo. Portanto, não tente me jogar com essa discussão sobre a necessidade um cheque para você para a recepção, de modo que as coisas sejam equitativas entre nós. Seu pai morreu e seu testamento está sendo homologado, os bens de sua mãe está amarrado até ela morrer, e a BBC está lutando com seus dividendos lá embaixo. Se você quiser realizar um levantamento dos fundos e espera que eu contribua, é melhor você se declarar para que eu possa obter a amortização. Caso contrário, não vou te dar um centavo. Querida.

— Eu não sei do que você está falando.

 — Você não? Bem, então, leia a primeira coisa da manhã e você aprenderá algo. — Ele indicou a televisão. — Ou melhor ainda, venha aqui e veja este canal. Tenho certeza de que você estará por toda a TV amanhã.

 Gin levantou o queixo, mesmo quando seu coração entrou em um campo quebrado no peito. — Nós temos muito dinheiro aqui na casa, e eu não sinto que não é razoável que você pague por algo, então, se você não estiver preparado para compartilhar o custo, então a recepção está cancelada.

 Richard cuidou de seu bourbon. — Uma dica sobre as negociações. Se você for emitir ameaças, certifique-se de que elas são respaldadas por um resultado em que a outra parte está comprometida.

 — Você quer me mostrar. Você quer provar que você me pegou. Não finjas que não sou um prêmio para você.

 — Mas, assim que a tinta estiver seca, você é minha. E isso também estará no jornal. Todos lerão sobre isso. Não preciso de um coquetel para provar isso.

 Gin balançou a cabeça. — Você é tão superficial.

 O riso que encheu o quarto fez com que ela desejasse jogar algo nele novamente, e ela olhou a lâmpada de prata esterlina.

 — Isso vem de você? — ele disse. — Minha querida, o único motivo pelo qual você está se casando comigo é por causa dos contratos favoráveis que eu concordei em dar a companhia de seu pai. E eu gostaria de ter sabido sobre a crise na empresa. Eu provavelmente poderia ter conseguido você por nada além desse anel, dado o estado financeiro das coisas.

 Nesse ponto, houve uma batida na porta, e então o Sr. Harris entrou com Amelia.

 A menina mudou para um calção de Gucci, e a cabeça dela estava enterrada em seu telefone, seus dedos se movendo sobre a tela.

 — Senhorita Amelia, madame, — o inglês entoou. — Haverá alguma outra coisa?

 — Não, obrigado, — Gin o dispensou.

 — O prazer é meu.

 Quando o mordomo se curvou e a porta estava fechada, a menina não olhou para cima.

 — Amelia, — disse Gin bruscamente. — Este é meu noivo, Richard.

 — Sim, — disse a garota. — Eu sei.

 — Como você não o cumprimentou, acho difícil acreditar.

 — Estava na net. — Dar de ombros. — De qualquer forma, parabéns, para vocês dois. Estou emocionada.

 — Amelia, — disse Gin. — O que diabos é tão fascinante?

 A menina virou o telefone, piscando uma tela que estava iluminada como uma Lite-Brite à moda antiga. — Diamantes.

 — Eu acho difícil argumentar com isso, — murmurou Gin. — Mas você está sendo grosseira.

 — É um novo jogo.

 Gin indicou Richard. — Você vai pelo menos dizer olá de maneira adequada.

 — Posso ver a semelhança, — Richard ofereceu. — Você é muito bonita.

 — Eu deveria estar lisonjeada? — Amelia inclinou a cabeça. — Oh, muito obrigada. Estou desejando de ter algo em comum com ela. É a ambição da minha vida, ser como a minha mãe quando crescer. Agora, se me desculpar, eu prefiro estar em uma realidade virtual com diamantes falsos do que perto dela ou de alguém que se ofereça para se casar com ela. Boa sorte para você.

 Amelia estava na porta um segundo depois, mas não porque estava correndo.

 Amelia não fugia de nada.

 Ela cruzava os lugares. Assim como o pai dela.

 — Missão cumprida, — Richard disse enquanto se levantava e voltou para o bar. — A maçã não cai longe da árvore. E me permita reiterar, não vou lhe escrever qualquer tipo de cheque. Cancele a recepção como desejar e nos casaremos no tribunal. Não importa para mim.

 Gin focou na tela da TV, sua mente agitada. E ela ainda estava olhando para o espaço quando Richard se colocou na frente dela.

 — Basta lembra de uma coisa, — ele disse. — Você tende a se tornar criativa quando você fica quieta assim. Posso lembrar que eu não tolero desrespeito, e você pode escolher lembrar as consequências precisas de qualquer insulto a mim.

 Oh, mas você gosta, seu desgraçado doente, pensou Gin amargamente. Gosta de cada minuto.


 — John, você passou. Bom trabalho.

 Quando Lizzie ouviu Lane falar, ela olhou para cima a partir da geladeira, principalmente vazia. Através da cozinha da fazenda, ele estava sentado em sua mesa circular, conversando com o notebook que estava aberto à sua frente, com as sobrancelhas cerradas, duas partes de uma porta dupla puxadas.

 — O que? — ela disse enquanto fechava as coisas.

 — John Lenghe. O Deus do Grão. Ele me disse que ele me enviaria tanta informação quanto pudesse sobre as empresas envolvidas na WWB Holdings. E aqui estão elas.

 Quando ele empurrou a tela, ela se abaixou e olhou para um e-mail que parecia longo como um livro. — Uau. Isso é um monte de nomes.

 — Agora nós temos que encontrá-los. — Lane se sentou e esticou os braços sobre a cabeça, algo estralando alto o suficiente para fazê-la estremecer. — Eu juro que isso é como um passeio de montanha-russa sem fim, o tipo que não para, mesmo depois de você ter náusea.

 Ficando atrás dele, ela massageou os ombros. — Você conversou de novo com essa repórter?

— Sim. — Ele relaxou. — Oh, Deus, isso é bom.

 — Você está tão tenso.

 — Eu sei. — Ele exalou. — Mas sim, acabei de falar com ela. Ela publicará a história. Não há nada que possa fazer para detê-la. Um desses vice-presidentes deve ter falado. Ela sabia muito.

 — Contudo, como pode compartilhar essa informação? A Bradford Bourbon Company não é uma empresa pública. Não é uma violação da privacidade?

 — Não há violação de privacidade quando se trata de negócios. E contanto que ela coloque as coisas de uma certa maneira, ela ficará bem. Será como quando eles colocam a palavra “alegada” na frente de quase tudo quando eles relatam crimes.

 — O que vai acontecer a seguir?

 — Eu não sei, e eu realmente estou deixando de me preocupar com isso. Tudo o que tenho a fazer é superar o velório amanhã, e então a próxima crise terá toda a minha atenção.

 — Bem, estamos prontos. O Sr. Harris e eu cuidamos da equipe, a senhorita Aurora está pronta na cozinha. Os locais que serão ocupados receberão um toque final pela manhã. Quantas pessoas você espera?

 — Mil, talvez. Pelo menos tanto quanto... oh, aí mesmo. Siiiiim. — Ao deixar sua cabeça cair no lado oposto, ela admirou a linha de seu forte pescoço. — Tanto quanto nós tivemos no almoço do Derby pelo menos. Uma coisa que você sempre pode contar como certo, especialmente se você perdeu seu dinheiro? As pessoas gostam de encarar a carcaça da grandeza. E depois desse artigo amanhã, é isso que vamos parecer no balcão do açougueiro.

Lizzie balançou a cabeça. — Lembre-se da minha fantasia onde deixamos tudo isso para trás?

Lane se torceu e puxou-a para o colo. Quando ele afastou o cabelo e olhou para ela, seu sorriso quase chegou aos olhos dele. — Sim, oh, sim. Diga-me como é novamente.

Ela acariciou sua mandíbula, sua garganta, seus ombros. — Nós vivemos em uma fazenda muito longe. Você passa seus dias treinando basquete. Eu planto flores para a cidade. Todas as noites, nos sentamos juntos na nossa varanda e observamos o sol descer sobre a lavoura de milho. Nos sábados, vamos ao mercado de pulgas. Talvez eu venda coisas lá. Talvez você. Nós compramos uma pequena mercearia onde Ragu é considerado uma iguaria estrangeira, e eu faço muita sopa no inverno e salada de batata no verão.

 Quando suas pálpebras afundaram, ele assentiu. — E torta de maçã.

 Ela riu. — Torta de maçã também. E nós vamos nadar nus, em nossa lagoa nos fundos.

 — Oh, eu gosto dessa parte.

 — Eu pensei que você iria.

 Suas mãos começaram a vagar, girando a cintura, movendo-se mais alto. — Posso confessar uma coisa?

 — Claro.

 — Não vai refletir bem no meu caráter. — Ele franziu a testa. — Então, novamente, não há muito a fazer no momento.

 — O que?

 Foi um pouco antes de ele responder. — Quando você e eu estávamos no escritório do meu pai, queria empurrar tudo do topo de sua mesa e fazer sexo com você na maldita coisa.

 — Mesmo?

 — Sim. — Ele encolheu os ombros. — Depravado?

 Lizzie considerou o hipotético com um sorriso. — Na verdade não. Embora eu não consiga decidir se isso é erótico ou apenas criará uma bagunça no chão que vai me matar não limpar.

 Enquanto ele riu, ela se levantou, mas ficou montada. — Mas eu tenho uma ideia.

 — Oh?

 Arqueando suas costas, ela tirou a camisa e lentamente a puxou para cima e sobre sua cabeça. — Há uma mesa aqui e, embora não haja nada além do seu notebook, e eu não sugeriria jogá-lo no chão, ainda podemos... você sabe.

 — Oh, siiiiiim...

 Quando Lizzie se esticou na mesa da cozinha, Lane estava bem sobre ela, inclinando-se sobre ela, sua boca encontrando a dela em uma onda de calor.

 — Por sinal, — ela ofegou, — na minha fantasia, fazemos isso muito...

 

Capítulo 27

 


Na manhã seguinte, Lane desacelerou enquanto se aproximava da Big Five Bridge do lado de Indiana, o tráfego estrangulando a estrada com viajantes de manhã. O rádio do Porsche estava desligado. Ele não verificou seu telefone. E não tinha ligado o notebook antes de deixar Lizzie.

 O sol voltou a ser brilhante em um céu azul claro, algumas nuvens estriadas passando pelas bordas. O tempo bom não deveria durar, no entanto. Um sistema de baixa pressão estava chegando e as tempestades eram esperadas.

 Parecia adequado.

 Enquanto ele reduziu para a terceira macha, e depois, ele viu a frente que o congestionamento era mais do que apenas a hora de pico. Mais à frente, há alguma construção no espaço, as linhas de fusão de carros formando um gargalo que piscavam ao sol e jogavam ondas de calor. Avançando, ele sabia que ele iria atrasar, mas ele não iria se preocupar com isso.

 Ele não queria essa reunião agora. Mas ele não tinha escolha.

 Quando ele finalmente entrou na única linha, as coisas começaram a se mover, e ele quase riu quando ele finalmente puxou ao lado dos trabalhadores em seus macacões laranja, chapéus e jeans.

 Eles estavam instalando alambrados nas bordas da ponte para evitar que as pessoas saltassem.

 Nada de saltos. Ou, pelo menos, se você insistisse em tentar, precisaria escalar o alambrado.

 Atingindo a junção espaguete, ele pegou uma curva apertada, disparou sob um viaduto, entrou na I-91. Duas saídas mais tarde, ele estava na avenida Dorn e foi para River Road.

 O posto Shell na esquina era o tipo de lugar que era parte farmácia, parte supermercado, parte loja de bebias... e banca de revista.

 E ele pretendia passar por ela quando entrou a direita. Afinal, haveria uma cópia do Charlemont Courier Journal em Easterly.

 No final, porém, suas mãos tomaram a decisão por ele. Girando o volante para a direita, ele disparou para a estação de serviço, contornou as bombas de combustíveis e estacionou próximo ao congelador de alumínio duplo com GELO pintado sobre ele junto com uma imagem de um pinguim de desenho com um lenço vermelho em volta do pescoço.

 O boné de beisebol que ele puxou sobre o rosto tinha o logotipo do U de C na frente.

 Nas bombas, havia alguns caras enchendo seus caminhões. Um veículo municipal. Um CG & E pegador de cereja. Uma mulher em um Civic com um bebê que ela continuava verificando no banco de trás.

 Ele sentiu que todos estavam olhando para ele. Mas estava errado. Se estivessem olhando em sua direção, era porque estavam verificando seu Porsche.

 Um sino tocou enquanto ele empurrava para o espaço frio da loja, e lá estava. Uma fila de Charlemont Courier Journals, todos com a manchete que ele temia pendurado acima do cartaz de Las Vegas Strip-sized.

A FALÊNCIA DE BRADFORD BOURBON.

 O New York Post não poderia ter feito isso melhor, ele pensou quando conseguiu um dólar e quinze centavos fora. Pegando uma das cópias, ele colocou o dinheiro no balcão e deu uma batida de seus dedos. O cara da caixa registradora olhou de quem ele estava recebendo e assentiu com a cabeça.

 De volta ao Porsche, Lane ficou atrás do volante e observou a página. Escaneando o primeiro conjunto de colunas, ele abriu para ler todo o artigo.

 Oh, ótimo. Eles reproduziram alguns dos documentos. E havia muitos comentários. Mesmo um editorial sobre a ganância corporativa e a falta de responsabilidade dos ricos com a sociedade.

 Jogando a coisa de lado, ele se afastou e acelerou.

 Quando chegou aos portões principais da propriedade, ele diminuiu a velocidade, apenas para contar o número de caminhões de notícias estacionados no gramado como se estivessem esperando que uma nuvem de cogumelos voltasse para Easterly a qualquer momento. Continuando, ele entrou na propriedade pela entrada de funcionário e disparou pelo caminho de volta, passando pela horta de vegetais que Lizzie cultivava para a cozinha da senhorita Aurora e, em seguida, as estufas de barril e, finalmente, as casas e o galpão de terra firme.

 O estacionamento dos funcionários estava cheio de carros, todos os tipos de ajuda extra já no local para preparar as coisas para as horas de velório. A pista pavimentada continuava além disso, montando a colina paralela à passarela que os trabalhadores costumavam chegar à casa. No topo, havia as garagens, a parte de trás do centro de negócios e as entradas traseiras para a mansão.

 Ele estacionou ao lado do Lexus marrom que estava em um dos pontos reservados para a alta administração.

 Assim que Lane saiu, Steadman W. Morgan, presidente do conselho de administração da Bradford Bourbon Company, saiu de seu sedan.

O homem estava vestido com roupas de golfe, mas não como Lenghe, o Deus do Grão, tinha estado. Steadman estava em roupas brancas de Charlemont Country Club, o símbolo da instituição privada em azul real e dourado em seu peitoral, um cinto de precisão Princeton Tiger em torno de sua cintura. Seus sapatos eram o mesmo tipo de mocassins que Lane usava, sem meias. O relógio era Piaget. O bronzeado foi obtido nos campos de golfe, não artificial. A vitalidade era uma boa criação, uma dieta cuidadosa, e o resultado do homem que nunca teve que se perguntar de onde sua próxima refeição estava vindo.

— Bastante no artigo, — disse Steadman ao se encontrarem cara a cara.

— Agora você entende por que eu mandei todos eles fora daqui?

 Não houve agitação das mãos. Sem formalidades honradas ou trocadas. Mas então, o bom Stewart não estava acostumado a ser a segunda maior prioridade de ninguém e, claramente, seus calções boxers dos Brooks Brothers diziam isso.

 Então, novamente, ele acabou de saber que ele estava sentado na cabeça da mesa em um momento muito ruim na história da BBC. E Lane certamente se relacionaria com isso.

 Com um aceno de mão, Lane indicou o caminho para a porta de trás do centro de negócios e ele digitou novo código de acesso para os dois. Acendendo as luzes enquanto seguiam, ele abriu o caminho para a pequena sala de conferências.

— Eu lhe ofereceria café, — Lane disse enquanto se sentava. — Mas eu sugiro conversarmos.

— Não estou com sede.

 — E é um pouco cedo para o bourbon ou qualquer bebida. — Lane uniu as mãos e se inclinou. — Então. Gostaria de lhe perguntar o que está em mente, mas isso seria retórico.

 — Teria sido bom se você tivesse me informado sobre artigo. Sobre os problemas. Sobre o caos financeiro. Por que diabos você bloqueou a alta administração?

 Lane encolheu os ombros. — Eu ainda estou tentando chegar ao fundo disso sozinho. Então eu não tenho muito a dizer.

 — Havia bastante nesse maldito artigo.

 — Não é minha culpa. Eu não fui a fonte, e meu comentário não foi tão à prova de bala quanto Kevlar. — Embora o repórter lhe tivesse dado um pouco para continuar. — Eu direi que um amigo meu, que é banqueiro de investimentos que se especializou em avaliar corporações multinacionais, está aqui de Nova York, e ele está descobrindo tudo.

 Steadman parecia se recompor. O que era um pouco como uma estátua de mármore lutando para manter um rosto direto: não muito trabalho.

 — Lane, — o homem começou em um tom que fez Walter Cronkite parecer Pee-wee Herman, — eu preciso que você entenda que a Bradford Bourbon Company pode ter o nome da sua família, mas não é um carrinho de limonada, você pode fechar, abaixar ou mudar sua vontade apenas porque você é sangue. Existem procedimentos corporativos, linhas de comando, formas de...

 — Minha mãe é o maior acionista.

 — Isso não lhe dá o direito de transformar isso em uma ditadura. A gerência sênior tem um imperativo para voltar dentro dessa instalação. Temos de convocar um comitê de busca para contratar um novo Diretor Presidente. Um líder interino deve ser nomeado e anunciado. E acima de tudo, uma auditoria interna apropriada para esta bagunça financeira deve ser...

 — Permita-me ser perfeitamente claro. Meu ancestral, Elijah Bradford, começou essa empresa. E eu absolutamente vou fechá-la se eu precisar. Se eu quero. Estou no comando, e será muito mais eficiente se você reconhecer isso e sair do meu caminho. Ou eu também o substituirei.

 O equivalente a um ninho de vespa assassina de raiva estreitou o rosto de Steadman. O que, novamente, não foi uma grande mudança. — Você não sabe com quem você está lidando.

 — E você não tem ideia do quanto eu tenho a perder. Eu serei o único a nomear um sucessor para meu pai, e não serão os vice-presidentes seniores que vieram aqui todas as manhãs para puxar o saco dele. Vou descobrir onde o dinheiro foi, e eu vou nos manter no negócio, mesmo se eu tiver que ir para baixo e administrar eu mesmo. — Ele pegou um dedo no rosto corado de Steadman. — Você trabalha para mim. O conselho trabalha para mim. Cada um dos dez mil funcionários que recebem um salário trabalha para mim, porque eu sou o filho da puta que vai dar a volta em tudo.

 — E exatamente como você se propõe a fazer isso? De acordo com esse artigo, existem milhões de dólares desaparecidos.

 — Me veja.

 Steadman olhou pela mesa brilhante por um momento. — O conselho...

 — Saia do meu caminho. Ouça, cada um recebe cem mil dólares para se sentar e não fazer absolutamente nada. Eu garantirei a cada um de vocês um quarto de milhão de dólares este ano. Esse é um aumento de cento e cinquenta por cento.

 O queixo do homem subiu. — Você está tentando me subornar? Nos subordinar?

 — Ou eu posso fechar o conselho. Sua escolha.

 — Há estatutos...

 — Você sabe o que meu pai fez com meu irmão, correto? — Lane se inclinou mais uma vez. — Você acha que eu não tenho os mesmos contatos que o meu velho fez nos Estados Unidos? Você acredita honestamente que não posso tornar as coisas muito difíceis para você? A maioria dos acidentes acontece em casa, mas os carros também podem ser complicados. Barcos. Aviões.

 Supôs que o Kentucky Fried Tony estava saindo novamente.

E a coisa realmente assustadora foi, como ele disse as palavras, ele não tinha certeza se ele estava blefando ou não. Sentado aqui, onde seu pai estava sentado, Lane se sentiu perfeitamente capaz de assassinar.

 De repente, a lembrança de cair da ponte, de ver a água chegar a ele, de estar naquele interior entre segurança e morte, voltou para ele.

 — Então, o que vai ser? — Lane murmurou. — Um aumento ou um túmulo? — Steadman tomou seu tempo doce, e Lane deixou o homem olhar para seus olhos o tempo que ele quis.

 — Eu não tenho certeza de que você possa prometer, filho.

 Lane encolheu os ombros. — A questão é se você quer testar essa teoria sobre o positivo ou o negativo, não é?

 — Se esse artigo for verdadeiro, como você vai conseguir o dinheiro?

 — Esse é o meu problema, não o seu. — Lane sentou-se de volta. — E eu vou deixar você saber de um pequeno segredo.

 — O que?

 — O dedo anelar do meu pai foi encontrado enterrado na frente da casa. Ainda não foi lançado na imprensa. Então não se engane. Não foi suicídio. Alguém o matou.

 Havia um pouco de clareamento na garganta nesse ponto. E então, bom, Steadman disse: — Quando exatamente receberíamos o pagamento?

Peguei você, Lane pensou.

 — Agora, aqui vamos o que vamos fazer, — ele disse ao homem.


 Jeff levou o café da manhã no andar de cima para o quarto do avô de Lane e ele estava no telefone o tempo todo. Com o pai dele.

 Quando ele finalmente desligou, sentou-se na cadeira antiga e olhou para a grama do jardim. As flores. As árvores em flor. Era como um cenário para os Carringtons na década de oitenta. Então pegou a cópia do Charlemont Courier Journal que ele roubou do andar de baixo na cozinha e olhou para a história.

 Ele leu primeiro online.

 Depois disso, quando ele desceu para pegar um café e um dinamarquês, ele perguntou a Senhorita Aurora se ele poderia pegar a cópia física. A mãe de Lane, como ela era chamada, não olhou para cima do que ela estava cortando no balcão. Saia daqui, foi tudo o que ela havia dito.

 Jeff memorizou todas as palavras, cada número, todas as imagens dos documentos.

 Quando uma batida tocou, ele disse: — Sim?

 Lane entrou com um café para si, e mesmo que ele se tenha se barbeado, ele parecia um merda. — Então-oh, sim, — disse o cara. — Você viu isso.

 — Sim. — Jeff colocou a maldita coisa para baixo. — É um ataque feroz. O problema é que nada é deturpado.

 — Eu não vou me preocupar com isso.

 — Você deve.

 — Acabei de comprar o conselho.

 Jeff recuou. — Desculpa, o que?

 — Preciso que me encontre dois milhões e meio de dólares.

 Colocando suas palmas em seu rosto e segurando uma maldição, Jeff apenas sacudiu a cabeça. — Lane, eu não trabalho para a Bradford Bourbon Company...

 — Então eu vou pagar você.

 — Com o que?

 — Pegue uma pintura do andar de baixo.

 — Sem ofensa, mas não gosto de museus e odeio arte representacional. Tudo o que você fez foi feito antes do advento da câmera. É aborrecido.

 — Há valor nisso. — Quando Jeff não deu uma resposta, Lane encolheu os ombros. — Tudo bem, vou te dar uma parte das joias da minha mãe.

 — Lane.

 O colega de quarto da faculdade não se moveu. — Ou pegue o Phantom Drop-head. Eu vou fazer isso com você. Nós possuímos todos os carros. E o meu um Porsche?

 — Você está louco?

 Lane indicou ao redor deles. — Há dinheiro aqui. Em toda parte. Você quer um cavalo?

 — Jesus Cristo, é como uma venda de garagem.

 — O que você quer? É seu. Então me ajude a encontrar esse dinheiro. Preciso de duzentos e cinquenta mil por cada dez pessoas.

 Jeff começou a balançar a cabeça. — Não funciona assim. Você não pode simplesmente desviar fundos por um capricho...

 — Não há capricho aqui, Jeff. Trata-se de sobrevivência.

 — Você precisa de um plano, Lane. Um plano abrangente que imediatamente reduz as despesas, consolida a função e antecipa uma possível investigação federal, especialmente com esse artigo agora.

 — O que me leva ao meu segundo motivo para estar aqui. Preciso que você prove que meu pai fez tudo.

 — Lane, que merda! Você acha que eu posso tirar essas coisas do meu...

 — Eu não sou ingênuo e você está certo. A polícia virá batendo depois desse artigo, e quero lhes apresentar um caminho claro para meu pai.

 Jeff exalou. Estralou os nódulos. Perguntei o que sentiria se ele atingisse sua testa com a mesa. Algumas centenas de vezes. — Bem, pelo menos, isso parece ser falta de inteligência.

— Essa é a beleza de tudo isso. Apenas veio para mim. Meu pai está morto, então não é como se fossem desenterrá-lo e colocá-lo atrás das grades. E, depois de tudo o que ele puxou, não estou preocupado em preservar sua memória. Deixe o desgraçado entrar em chamas por tudo, e então vamos avançar com a empresa. — Ele tomou uma bebida da caneca. — Oh, o que me lembra. Eu enviei um e-mail para você que Lenghe me enviou nas empresas da WWB Holdings. É mais do que nós temos e ainda não é o suficiente.

 Tudo o que Jeff poderia fazer era olhar para o cara. — Você sabe, eu não posso decidir se você tem um título incrível ou simplesmente está tão desesperado que perdeu a sua maldita cabeça.

 — Ambos. Mas posso dizer que o último é mais concreto. É difícil ter direito quando você não pode pagar por nada. E quanto à sua compensação, no que me diz respeito, estou aqui em uma situação de venda de fogo. Então, pega um caminhão e carregue a maldita coisa no telhado. Tudo o que você acha que é justo.

 Jeff olhou para o jornal novamente. Parecia apropriado que o artigo estava cobrindo todo o trabalho que fazia.

 — Não posso estar aqui para sempre, Lane.

 Mas tinha algo que ele tinha que cuidar para si mesmo. Além da lista mais recente de lavanderia de Lane e ideias brilhantes.

 — E sobre os sêniores? — perguntou Jeff. — Você também os subornou?

 — De modo nenhum. Para esse assunto, eu os coloquei em licença administrativa não remunerada para o próximo mês. Achei que havia provas suficientes para que isso fosse justificado, e a diretoria está enviando avisos. Os gerentes intermediários vão pegar a folga até encontrar um Diretor Presidente interino.

 — Vai ser difícil com isso. — Jeff bateu na primeira página. — Não é exatamente uma boa plataforma de recrutamento.

 Enquanto Lane simplesmente olhava para ele, Jeff sentiu um golpe de água fria figurativa bater na cabeça dele. Colocando ambas as palmas das mãos para cima, ele começou a balançar a cabeça novamente. — Não. Absolutamente não...

 — Você seria responsável.

 — De um navio torpedeado.

 — Você poderia fazer o que quiser.

 — Como me dizer que eu posso redecorar uma casa que está no meio de um deslizamento de terra?

 — Eu te darei equidade.

Eeeeeeeeee indicam o grito dos pneus. — O que você acabou de dizer?

 Lane virou-se e foi até a porta. — Você me ouviu. Estou lhe oferecendo equidade na mais antiga e melhor empresa de Bourbon da América. E antes de me dizer que eu não tenho permissão blá, blá, blá, posso lembrá-lo de que o tabuleiro está no meu bolso traseiro. Eu posso fazer o que quer que eu queira e precise.

 — Enquanto você conseguir o dinheiro para pagá-los.

 — Pense nisso. — O bastardo liso olhou por cima do ombro. — Você pode possuir algo, Jeff. Não são apenas números cruéis para um banco de investimento que está pagando para ser uma calculadora glorificada. Você pode ser o primeiro acionista não familiar na Bradford Bourbon Company, e você pode ajudar a determinar nosso futuro.

 Jeff voltou a olhar para o artigo. — Você já me perguntou se as coisas estavam indo bem?

 — Não, mas é porque nesse caso, eu não estaria envolvido na empresa.

 — E o que acontece quando tudo acabar?

 — Depende do que “parece”, não é? Isso poderia mudar sua vida, Jeff.

 — Sim, há uma recomendação. Veja o que é feito por você. E P.S., a última vez que você queria que eu ficasse, você me ameaçou. Agora, você está me subornando.

 — Está funcionando? — quando ele não respondeu, Lane abriu a saída. — Eu não gostei de ameaçar você duramente. Eu realmente não. E você está certo. Estou batendo cabeça aqui como um idiota. Mas estou sem opções, e não há nenhum salvador vindo do céu para me dar um milagre e fazer com que tudo isso vá embora.

 — Isso é porque não há como fazer isso desaparecer.

 — Não merda. Mas eu tenho que lidar com isso. Eu não tenho escolha.

 Jeff amaldiçoou. — Não sei se posso confiar em você.

 — O que você precisa de mim para que você possa confiar?

 — Depois de tudo isso? Não tenho certeza de que posso.

 — Então seja auto interessado. Se você possui parte do que você está economizando, se houver uma enorme vantagem, e existe, então, esse é o incentivo que você precisa. Pense nisso. Você é um empresário. Você sabe exatamente o quão lucrativo isso poderia ser. Eu lhe dou o estoque agora, e depois as coisas giram ao entorno? Há primos Bradford que estarão morrendo de vontade de comprar a merda de volta. Isso representa a melhor chance de um evento de capitalização de oito dígitos para você, fora da fodida loteria.

 Com essa nota, porque o bastardo sabia exatamente quando se retirar, Lane saiu, fechando a porta silenciosamente.

 — Foda. Me, — murmurou Jeff para si mesmo.

 

Capítulo 28

 

Lizzie dobrou seus shorts cáqui e colocou-os no balcão no banheiro de Lane ao lado de sua camisa de trabalho. Ao se endireitar, o espelho lhe mostrou um reflexo que era familiar, mas também estranho: o cabelo dela estava preso em seu rabo de cavalo, o protetor solar que colocou no início da tarde tornava sua pele muito brilhante e seus olhos tinham bolsas sob eles.

No entanto, tudo isso era normal.

Pegando o vestido preto na frente dela, ela deslizou sobre sua cabeça e pensou, ok, aqui estava a estranheza.

 Na última grande festa de Easterly, há menos de uma semana, ela estava firme no caminho junto com os funcionários. Agora, ela era uma híbrida estranha, parte da família em virtude de se envolver com a Lane, mas ainda na folha de pagamento e muito envolvida nos preparativos e no preparo para o velório.

 Arrancando o cansaço fora, ela escovou os cabelos, mas aparecia a marca da borracha e parecia ruim.

 Talvez houvesse tempo para a...

 Não. Quando ela olhou para o telefone, os números liam 3:43. Não é suficiente até mesmo um banho rápido.

 Em dezessete minutos, as pessoas começaram a chegar, os ônibus levando-os da área de estacionamento na River Road até o topo da colina e a grande porta da frente de Easterly.

 — Você parece perfeita.

 Olhando para a porta, ela sorriu para Lane. — Você é tendencioso.

 Lane estava vestido com um terno azul-marinho com uma camisa azul claro e uma gravata de cor coral. Seus cabelos ainda estavam molhados do banho, e ele cheirava a colônia que ele sempre usava.

 Lizzie voltou a se concentrar, alisando a simples bainha de algodão. Deus, ela sentiu como se estivesse vestindo roupas de outra pessoa, e jesus, ela supôs que era. Não tinha pego emprestado este vestido de sua prima há uma década, também para um funeral? A coisa foi lavada o suficiente para desaparecer em torno das costuras, mas ela não tinha mais nada em seu armário.

 — Eu preferiria estar trabalhando neste evento, — ele disse.

 — Eu sei.

 — Você acha que Chantal virá?

 — Ela não ousaria.

 Lizzie não tinha muita certeza disso. A breve a ser ex-esposa de Lane era uma agarradora de atenção, e essa era uma excelente oportunidade para a mulher afirmar sua relevância apesar de seu casamento não estar mais acontecendo.

 Lizzie esfregou os cabelos e levou-o à frente. O que não fez nada para ajudar com a marca.

Dane-se, pensou. Ela ia deixar solto.

 — Você está pronto? — ela disse quando ela foi até ele. — Você parece preocupado. Como posso ajudar?

 — Não, estou bem. — Ele ofereceu seu cotovelo. — Vamos. Vamos fazer isso.

 Ele a levou para fora do seu quarto e entrou no corredor. Quando chegaram ao conjunto de quartos de sua mãe, ele diminuiu a velocidade. Então parou.

 — Você quer entrar? — ela perguntou. — Eu espero você no andar de baixo.

 — Não, vou deixá-la aí.

 Enquanto continuaram na grande escada e começaram a descer, sentiu-se como uma impostora, até sentir a tensão no braço e percebeu que ele estava inclinado sobre ela.

 — Eu não posso fazer isso sem você, — ele sussurrou quando chegaram ao fundo.

 — Você não precisará, — ela disse calmamente quando eles entraram no piso de mármore. — Eu não vou deixar o seu lado.

 Ao redor, os garçons com gravatas e coletes pretos estavam prontos com bandejas de prata, preparados para pegar o pedido de bebida. Havia dois bares montados, um na sala de jantar à esquerda, outro na sala da frente à direita, com apenas Reserva Família Bradford, vinho branco e refrigerante disponível. As flores que ela havia pedido e organizado foram exibidas de forma proeminente em cada sala, e havia uma mesa circular antiga centrada na entrada com um livro de condolências e uma bandeja de prata para receber cartões.

 Gin e Richard foram o próximo da família a chegar, os dois descendo as escadas com a distância de um campo de futebol entre eles.

— Irmã, — Lane disse enquanto ele beijava sua bochecha. — Richard.

 Os dois passaram sem reconhecer Lizzie, mas em sua mente, foi um caso de: às vezes você teve sorte. Tudo o que eles diriam ou fariam era provável se deparar-se com condescendentes de qualquer maneira.

 — Isso não está bem, — murmurou Lane. — Eu vou ter que...

 — Não faça nada. — Lizzie apertou sua mão para chamar sua atenção. — Ouça-me quando digo isso. Isso não me incomoda. Em absoluto. Eu sei onde estou e se sua irmã me aprova ou me desaprova? Não altera meu código postal no mínimo.

 — É desrespeitoso.

 — É meninas do ensino médio. E cheguei a isso há quinze anos atrás. Além disso, ela é assim porque é miserável. Você poderia estar ao lado de Jesus Cristo, filho de Deus, e ela odiaria o fato de ele estar com um manto e sandálias.

 Lane riu e a beijou na têmpora. — E mais uma vez, você me lembra exatamente por que estou com você.


 — Espera. Sua gravata está torcida.

 Mack torceu. Seu escritório vinha com um chuveiro, uma pia e um vaso sanitário, e ele não tinha incomodado em fechar a porta quando entrou... bem, ferrado, com esse laço de seda em sua garganta.

 Beth colocou alguns papéis na mesa e veio.

 O espaço apertado ficou ainda mais apertado quando ela entrou com ele, e Deus, seu perfume enquanto ela esticava e deslizava o nó.

 — Eu não acho que isso combina mesmo, — ele disse enquanto tentava não se concentrar em seus lábios. — A camisa, quero dizer.

 Cara, eles pareciam macios.

 — Não. — ela sorriu. — Mas está tudo bem. Você não é julgado no seu senso de moda.

 Por uma fração de segundo, ele imaginou colocar suas mãos em sua cintura e puxá-la contra a frente de seus quadris. Então ele mergulharia a cabeça e descobriria o sabor dela. Talvez levantá-la em cima da borda da pia e...

 — Bem? — ela indagou quando ela jogou uma extremidade da gravata sobre a outra em seu coração.

 — O quê?

— Onde você está indo todo vestido?

 — O velório de William Baldwine em Easterly. Estou atrasado. Começa às quatro.

 O puxão de sua garganta foi erótico, mesmo que ele o levasse na direção errada: se Beth estivesse mexendo com suas roupas, ele queria que ela estivesse tirando-as dele.

 — Oh. Uau. — Mais puxão. Então ela recuou. — Melhor.

 Ele se inclinou para um lado e verificou-se no espelho. A maldita coisa era reta como uma linha em uma rodovia, e o nó estava bem no colarinho, e nem todos foram conquistados de uma forma ou de outra, também. — Muito impressionante.

 Beth saiu, e ele a viu se afastar antes de chutar sua própria bunda. No momento em que ele estava pronto para se voltar a focar, ela estava em sua mesa, fazendo um gesto para as coisas, falando.

 Ela estava encarnada novamente, o vestido estava sobre o joelho, mas não muito longe, e abaixo no pescoço, mas não demais. As mangas eram curtas. Meias? Não, ele não pensava assim, e maldito, essas eram boas pernas. Sapatos planos.

 — Bem? — ela disse novamente.

 Ok, ele precisava cortar a porcaria antes que ela pegasse aquela vibração hostil-trabalho-ambiente que ele estava jogando.

 — O quê? — ele perguntou quando ele saiu do banheiro.

 — Você acha que eu poderia me juntar a você? Quero dizer, eu não trabalhei para o homem, mas agora estou na empresa.

 Não era um encontro, ele disse enquanto assentia. Absolutamente não. — Claro. — Ele limpou a garganta. — É um evento aberto. Imagino que haverá muitas pessoas da BBC. Provavelmente devemos ir no seu carro, no entanto. Minha picape não é um lugar para uma senhora.

 Beth sorriu. — Vou pegar minha bolsa. Feliz de dirigir.

 Mack ficou para trás por um segundo enquanto ela foi até a mesa. Forçando a olhar para todos os rótulos nas paredes, ele lembrou a sua ereção parcial de que ela era sua assistente executiva. E sim, ela era linda, mas havia coisas mais importantes para se preocupar com sua vida amorosa atualmente inexistente.

 Hora de se acomodar em algum lugar, pensou. Esteve muito ocupado com o trabalho nos últimos tempos, e isso foi o que aconteceu: você se tronava um cara desesperado ao redor de uma mulher muito decente e seu pau assume o controle.

 — Mack? — ela gritou.

 — Chega... — Pare. Isto. — Não, quero dizer... eu estou, ah...

 Oh, pelo amor de Deus.

 

Capítulo 29

 

Ninguém apareceu.

 Cerca de uma hora e vinte minutos de velório, quando deveria ter havido uma fila pela porta da frente e um carrossel de ônibus subindo e descendo a montanha, havia apenas alguns retardatários, todos os quais examinaram a escassez de gente e batiam em retirada para a porta de Easterly.

 Como se tivessem usado trajes de Halloween para um baile. Ou branco após o Dia do Trabalho. Ou estava sentado na mesa das crianças durante algum grande evento.

Supunha que ele estivesse errado sobre pessoas que queriam ver os poderosos caídos de perto e pessoalmente.

 Lane passou muito tempo vagando de uma sala para outra, com as mãos nos bolsos porque sentia vontade de beber e sabia que era uma má ideia. Gin e Richard desapareceram em algum lugar. Amélia nunca desceu. Edward não apareceu.

 Lizzie estava ficando bem com ele.

 — Com licença senhor.

 Lane voltou para o mordomo uniformizado. — Sim?

 — Há algo que eu possa fazer?

 Talvez fosse o sotaque inglês, mas Lane poderia ter jurado que o Sr. Harris estava sutilmente satisfeito com a desonra. E isso não fez que Lane quisesse se aproximar e transformar todo aquele cabelo Brylcreem em uma bagunça só.

 — Sim, diga aos garçons para arrumar os bares e então eles podem ir para casa. — Não há motivo para pagá-los para ficar de pé. — E deixe os manobristas e os ônibus irem. Se alguém quer vir, eles podem deixar seus carros na frente.

 — Claro senhor.

 Quando Harris desapareceu, Lane foi até a base da escada e sentou-se. Olhando pela porta da frente até a luz do sol, ele pensou na reunião com o membro do conselho. As cenas com Jeff. O encontro com John Lenghe.

 Quem deveria aparecer em uma hora, mas quem sabia.

 Jeff estava certo. Ele estava usando táticas de braço forte, e manipulando pessoas e dinheiro ao redor. E sim, era sob o pretexto de ajudar a família de merda, salvando a família. Mas a ideia de que ele poderia estar se transformando em seu pai fez seu estômago revirar.

 Engraçado, quando ele foi a essa ponte e se inclinou sobre essa borda, ele queria algum tipo de conexão ou compreensão do homem. Mas agora ele estava arquivando isso sob cuidado com o-que-você-deseja. Muitos paralelos estavam montando, graças à maneira como ele se comportava.

 E se ele se transformasse no filho da puta...

— Ei. — Lizzie se sentou ao lado dele, enfiando a saia debaixo das coxas. — Como você está? Ou espere, essa é uma pergunta estúpida, não é.

 Ele se inclinou e a beijou. — Estou bem...

 — Eu perdi isso?

 Ao som de uma voz familiar que ele não tinha ouvido há muito tempo, Lane ficou rígido e virou lentamente. —... mãe?

 No topo da escada, pela primeira vez em anos, sua mãe estava com o apoio de sua enfermeira. Virginia Elizabeth Bradford Baldwine, ou Little V.E. Como ela era conhecida na família, estava vestida com um longo vestido de seda branco, e havia diamantes em suas orelhas e pérolas ao redor de sua garganta. Seu cabelo perfeitamente colorido e sua coloração era adorável, embora definitivamente o resultado de um bom trabalho de maquiagem em oposição à saúde.

 — Mãe, — ele repetiu enquanto se levantava e subia as escadas duas de cada vez.

 — Edward, querido, como você está?

 Lane piscou algumas vezes. E então pegou o lugar da enfermeira, oferecendo um braço que foi prontamente aceito. — Você quer descer as escadas?

 — Eu acho que é apropriado. Mas ah, estou atrasada. Eu perdi todos.

 — Sim, eles vieram e foram embora. Mas está tudo bem, mãe. Vamos prosseguir.

 O braço de sua mãe era semelhante ao de um pássaro, tão magro sob a manga e, enquanto se inclinava sobre ele, seu peso mal se registrou. Eles fizeram a descida devagar, e durante todo o tempo, ele queria erguê-la e carregá-la, porque parecia que poderia ser uma opção mais segura.

Se ela tivesse uma queda? Tinha medo de que ela corresse o risco de se quebrar na base da escada.

 — Seu avô foi um grande homem, — ela disse, quando eles chegaram ao chão de mármore preto e branco do salão. — Oh, olha, eles estão removendo as bebidas.

 — Está tarde.

 — Eu adoro as horas de sol no verão, não é? Elas duraram tanto tempo.

 — Você gostaria de se sentar no salão?

 — Por favor, querido, obrigado.

 Sua mãe não caminhava tanto como embaralhava até a arcada, e quando finalmente chegaram aos sofás de seda em frente à lareira, Lane se sentou no que estava de frente para a porta da frente.

— Oh, os jardins. — Ela sorriu enquanto olhava pelas portas francesas do outro lado do caminho. — Eles parecem tão maravilhosos. Você sabe, Lizzie trabalha tão duro em tudo.

 Lane escondeu a surpresa ao passar e servir-se de um bourbon no carrinho da família. Foi além do tempo que ele cedeu ao seu desejo. — Você conhece Lizzie?

 — Ela me traz minhas flores, oh, você está. Lizzie, você conhece meu filho Edward? Você deve.

 Lane olhou a tempo para ver Lizzie fazer uma dupla tomada e depois cobrir a reação bem. — Sra. Bradford, como você está? É maravilhoso ver você de pé.

 Embora o sobrenome de sua mãe fosse legalmente Baldwine, ela sempre foi a Sra. Bradford em torno da propriedade. Era assim como as coisas eram, e uma das primeiras coisas que seu pai tinha aprendido a odiar, sem dúvida.

 — Bem, obrigada, querida. Agora, você conhece Edward?

 — Sim, — disse Lizzie suavemente. — Eu o conheci.

 — Diga-me, você está ajudando com a festa, querida?

 — Sim, senhora.

 — Eu acho que perdi. Eles sempre me disseram que eu chegaria tarde para meu próprio funeral. Parece que eu calculei mal o do meu pai também.

 Quando dois garçons entraram para começar a desligar o bar no canto, Lane balançou a cabeça em suas direções e eles se afastaram. Ao longe, ele podia ouvir o tintilar de copos e garrafas e um pingo de conversa da equipe enquanto as coisas eram tratadas na sala de jantar, e ele esperava que seu cérebro interpretasse como o fim de festa.

 — Sua escolha de cor é sempre perfeita, — disse sua mãe a Lizzie. — Eu amo meus buquês. Aguardo os dias em que você os muda. Sempre uma nova combinação de flores, e nunca um fora do lugar.

 — Obrigada, Sra. Bradford. Agora, se você me desculpar?

 — É claro querida. Há muito o que fazer. Imagino que tínhamos uma terrível aglomeração de pessoas. — Sua mãe acenou com a mão tão graciosa como uma pena que flutuava através do ar, seu enorme diamante em forma de pera piscando como uma luz de Natal. — Agora, diga-me, Edward. Como estão as coisas no Old Site? Temo que estive fora de circulação por um algum tempo.

 Lizzie deu um aperto no braço antes de deixar os dois sozinhos, e Deus, o que ele não teria dado para segui-la para fora da sala. Em vez disso, sentou-se no lado mais afastado do sofá, aquela foto de Elijah Bradford parecia olhar para ele de cima da lareira.

 — Tudo está bem, mãe. Tudo bem.

 — Você sempre foi um homem de negócios tão maravilhoso. Você assemelha ao meu pai, você sabe.

 — Isso é um elogio.

 — É para ser.

 Seus olhos azuis estavam mais pálidos do que ele se lembrava, embora talvez fosse porque eles realmente não se concentravam. E o cabelo de sua rainha Elizabeth não era tão grosso. E sua pele parecia tão fina como uma folha de papel e tão translúcida como a seda fina.

 Ela parecia ter oitenta e cinco, não sessenta e cinco.

 — Mãe? — ele disse.

 — Sim querido?

 — Meu pai está morto. Você sabe disso, certo? Eu te disse.

 Suas sobrancelhas se juntaram, mas nenhuma linha apareceu e não porque ela tivesse Botox. Pelo contrário, ela foi criada em uma época em que jovens senhoras foram educadas a não ir ao sol, não que os perigos com o câncer de pele fossem plenamente conhecidos naquela época, e não por causa de qualquer preocupação com a camada de ozônio sendo esgotada. Mas, porque as sombrinhas e guarda-sóis no lazer eram acessórios elegantes para as filhas dos ricos.

 Os anos sessenta no sul rico foram mais análogos aos anos quarenta em qualquer outro lugar.

 — Meu marido…

 — Sim, o pai morreu, não avô.

 — É difícil para mim... o tempo é difícil para mim agora. — Ela sorriu de uma maneira que não lhe deu nenhuma ideia de estar sentindo qualquer coisa ou se o que ele estava dizendo estava afundando em tudo. — Mas eu vou ajustar. Bradfords sempre se ajusta. Oh, Maxwell, querido, você veio.

 Quando ela estendeu a mão e olhou para cima, ele se perguntou quem no inferno que ela achou que chegara.

 Quando ele se virou, ele quase derramou sua bebida. — Maxwell?


— Sim, por ali, por favor. E para a sala dos casacos.

 Lizzie apontou um garçom segurando uma caixa de copos alugados e não utilizados em direção à cozinha. Então ela voltou para pegar a última das garrafas de vinho branco não abertas de uma caixa de bebidas no chão. Graças a Deus, havia algo para limpar. Se ela tivesse que ficar em todas aquelas salas vazias por mais tempo, ela iria perder a cabeça.

 Lane não parecia se importar de um jeito ou de outro que essencialmente ninguém veio, mas Deus ...

 Inclinando-se, levantou a caixa e caminhou por trás da mesa coberta de linho. Saindo da sala de jantar pela porta lateral, ela colocou a caixa com as outras três no salão dos funcionários. Talvez eles pudessem devolvê-las porque as garrafas não foram abertas?

 — Cada centavo ajuda, — ela disse para si mesma.

 Imaginando que ela começasse no bar no terraço, ela hesitou em uma das portas dos funcionários, mesmo que, se ela usasse, ela teria que caminhar até o outro lado da casa.

 Em Easterly, a família podia ir e vir de qualquer lugar a qualquer momento. Os funcionários, por outro lado, foram regimentados.

Então, novamente...

— Dane-se.

Ela não estava fazendo esse esforço porque ela era uma empregada, mas porque o homem que amava estava tendo um dia realmente de merda e a estava matando ver isso acontecer e ela precisava melhorar a situação de alguma forma, mesmo que fosse apenas a arrumação para um evento que nunca aconteceu.

 Atravessando os cômodos, saiu as portas francesas da biblioteca e fez uma pausa. Este era o terraço que tinha vista para o rio e o grande declive para a River Road, e todos os antigos móveis de ferro forjado e mesas cobertas de vidro foram movidos para a periferia para acomodar todas as pessoas que não vieram.

 O barman posicionado lá fora deixou seu posto, e ela passou e levantou o forro de mesa de linho do bar. Por baixo, caixotes vazios para os utensílios e caixas para o bourbon e o vinho estavam bem ordenados, e ela arrastou alguns deles.

 Justo quando ela estava prestes a começar a embalar, literalmente, notou a pessoa sentada imóvel e silenciosa por uma das janelas, seu foco na casa, não na vista.

 — Gary?

 Enquanto falava, o chefe da maquinaria pulou tão rápido, a cadeira de metal em que ele estava esbarrou na lareira.

 — Oh, puxa, desculpe. — Ela riu. — Eu acho que todos estão no limite hoje.

 Gary estava em um macacão e suas botas de trabalho foram mantidas, sem sujeira ou detritos nelas. Seu velho boné de beisebol de Momma's Mustard, Pickles & BBQ estava em sua mão, e ele rapidamente o empurrou para trás em sua cabeça.

 — Você não precisa sair, — ela disse quando começou a transferir copos para uma caixa embaixo.

 — Eu não irei. Apenas quando eu vi...

 — Sem carros, certo. Quando você viu que ninguém estava chegando.

 — As pessoas ricas têm um estranho senso de prioridade.

 — Amém a isso.

 — Bem, de volta ao trabalho. Você não está precisando de nada?

 — Não, estou me dando algo para fazer. E se você me ajudar, eu terminarei mais rápido.

 — Então é assim, hein.

 — Sim desculpa.

 Ele resmungou e saiu pela lateral distante do terraço, tomando o caminho que descia em torno da base da muralha de pedra que impedia essa parte da mansão de cair de seu sublime poleiro.

 Mais tarde, muito mais tarde, Lizzie se perguntou por que se sentia obrigada a sair do bar e caminhar até onde o homem esteve sentado e olhando tão atentamente. Mas, por algum motivo, o impulso foi inegável. Então, novamente, Gary raramente ficava quieto, e ele curiosamente desinflou.

 Inclinando-se no velho vidro... viu a mãe de Lane empoleirada, tão bonita quanto uma rainha, naquele sofá de seda.

 

CONTINUA

Capítulo 21

 


A vassoura beijava ao longo do corredor central do estábulo, empurrando os detritos à frente, chutando uma fina névoa de partículas de feno. Enquanto Edward caminhava atrás de sua vassoura, os focinhos das fêmeas reprodutoras saíam de baias de portas abertas, aspirando a sua camiseta, batendo o cotovelo, soprando os cabelos. Umidade tinha explodido em sua testa e uma linha desceu sua espinha na cintura solta do jeans. De vez em quando, ele parou e passou o antebraço sobre o rosto. Falava com Joey, o filho de Moe, que estava tirando o estrume das baias. Deu um tapa em um pescoço gracioso ou alisou uma crina ágil.

 Ele podia sentir o álcool sair de seus poros, como se estivesse marinado nas coisas. E ainda assim, enquanto ele estava trabalhando a bebida no seu corpo, ele teve que cuidar de uma garrafa de vodca duas vezes, caso contrário, a agitação ia à frente dele.

 — Você está trabalhando duro, — veio uma voz do outro lado.

 Edward parou e tentou olhar por cima do ombro. Quando seu corpo não lhe permitia a margem de manobra, ele arrasou, usando o punho da vassoura para alavancar.

 Apertando um raio de luz do sol, ele disse: — Quem é?

 — Eu sou detetive Merrimack. CMP.

 Um estridente conjunto de passos desceu o concreto, e quando eles pararam na frente dele, uma carteira foi aberta, e uma identificação e um crachá foram apresentados para inspeção.

 — Eu estava pensando se eu poderia fazer algumas perguntas, — disse o detetive. — Assim como uma formalidade.

 Edward mudou o foco da exibição para o rosto que combinava com a fotografia laminada. Merrimack era afro-americano, com cabelos curtos, um maxilar forte e mãos grandes que sugeriam que ele poderia ter sido jogador de futebol ao mesmo tempo. Ele estava usando uma camisa polo branca brilhante com a insígnia do Departamento de Polícia do Metro de Charlemont no peito, um bom par de calças e um conjunto de sapatos de couro com solas de borracha que faziam Edward pensar que, na ocasião, o cara tinha que perseguir alguém.

 — Como posso ajudá-lo, detetive?

 Merrimack guardou suas credenciais. — Você quer ir a algum lugar para se sentar enquanto conversamos em particular?

 — Aqui está bom o suficiente para mim. — Edward coxeou até um fardo de feno e deixou seu peso cair das pernas. — Não há ninguém mais neste celeiro agora. E você pode virar esse balde se quiser se sentar.

 Merrimack sacudiu a cabeça. Sorriu. Olhou ao redor. — Esta é uma reprodução que você tem aqui. Muitos cavalos bonitos.

 — Você é um homem de apostas na pista?

 — Apenas coisas pequenas. Nada como você, tenho certeza.

 — Eu não aposto. Mais isso é.

 — Nem mesmo em seus próprios cavalos?

 — Especialmente não nos meus. Então o que posso fazer por você?

 O detetive atravessou a baia cuja parte superior estava fechada. — Uau. Este é uma beleza...

 Edward balançou a cabeça. — Eu não ficaria tão perto se eu fosse...

 Nebekanzer abriu os dentes e pulou nas barras, e Merrimack voltou para trás, dançando melhor do que Savion Glover.

 Enquanto o homem se segurava em uma porta torta oposta, Edward disse: — Você não está familiarizado com os cavalos, não é?

 — Ah... não. — O homem endireitou-se e arrumou a camisa. — Não, eu não estou.

 — Bem, quando você entra em um celeiro cheio de baias aberta e há uma, e apenas uma, está completamente fechada? As chances são de que é por uma boa razão.

 Merrimack balançou a cabeça para o grande garanhão, que estava movendo de um lado para o outro como se quisesse sair e não era para apertar a mão de forma educada. — Diga-me que ninguém monta essa coisa.

 — Só eu. E não tenho nada a perder.

 — Você? Você pode entrar numa sela na parte de trás desse cavalo.

 — Ele é meu garanhão, não apenas um cavalo. E sim, posso. Quando eu penso em algo, posso fazer isso acontecer mesmo neste corpo.

 Merrimack foi reorientado. Sorriu novamente. — Você pode. Bem, isso deve estar ajudando com sua recuperação. Eu leio sobre o seu...

 — Férias infelizes? Sim, o que eu atravessei nunca vai aparecer no Trivago. Mas pelo menos eu consegui os pontos frequentes para a viagem. Nada, porém, para o norte. Eles tiveram que transportar o que restava de mim para uma base do exército, e então a Força Aérea me trouxe de volta aos Estados Unidos.

 — Não consigo imaginar o que foi isso.

— Sim, você pode. — Edward recostou-se no fardo de feno e reorganizou suas pernas. — Então o que posso fazer por você?

 — Espere, você disse que a Força Aérea o trouxe para casa?

 — O embaixador na Colômbia é um amigo da minha família. Ele foi muito útil. Assim como, o adjunto do xerife amigo meu em Charlemont.

 — Seu pai providenciou a ajuda?

 — Não ele não fez.

 — Não?

 Edward inclinou a cabeça. — Ele tinha outras prioridades na época. Você veio até Ogden County apenas para me perguntar sobre meus cavalos? Ou é sobre meu pai?

 Merrimack sorriu de novo, assim parecia que ele estava pensando, mas não queria parecer ameaçador. — Isto é. Apenas algumas perguntas de fundo. Em situações como essa, gostamos de começar com a família.

 — Pergunte à vontade.

 — Você pode descrever seu relacionamento com seu pai?

 Edward moveu a vassoura entre os joelhos e bateu a alça para frente e para trás. — Foi frágil.

 — Essa é uma grande palavra.

 — Você precisa de uma definição?

 — Não, eu não. — Merrimack tirou um bloco do bolso de trás e o abriu. — Então vocês não eram próximos.

 — Eu trabalhei com ele por vários anos. Mas eu não diria que a relação tradicional pai-filho era uma que compartilhamos.

 — Você era seu herdeiro aparente?

 — Eu era no sentido comercial.

 — Mas você não é mais.

 — Ele está morto. Ele não tem qualquer “mais”, tem? E por que você não vai e me pergunta se eu o matei e cortei seu dedo?

 Outro daqueles sorrisos. E o que você sabe, o cara tinha bons dentes, tudo em linha reta e branco, mas não de uma maneira falsa e cosmeticamente melhorada. — Tudo bem. Talvez você gostaria de responder sua própria pergunta.

 — Como posso matar alguém? Eu mal consigo varrer esse corredor.

 Merrimack olhou para baixo e para trás. — Você acabou de me dizer que era tudo sobre motivação para você.

 — Você é um detetive de homicídios. Você deve estar bem ciente de quanto esforço leva para assassinar alguém. Meu pai era um homem saudável e, na minha condição atual, ele pesava cerca de 20 quilos a mais do que eu. Talvez eu não tenha gostado muito dele, mas isso não significa que o patricídeo esteja na minha lista de prioridades na vida.

 — Você pode me dizer onde você esteve na noite em que ele morreu?

 — Eu estava aqui.

 — Existe alguém que possa corroborar isso?

 — Eu posso.

 Shelby saiu da sala de abastecimento, sem se importar e calma como um Buda. Embora estivesse mentindo.

 — Olá, senhorita, — disse o detetive, caminhando e estendendo a palma da mão. — Eu sou do Departamento de Polícia do Metro de Charlemont. E você é?

 — Shelby Landis. — Ela apertou a mão e deu um passo atrás. — Eu trabalho aqui como uma mão estável.

 — Por quanto tempo?

 — Não muito. Uma semana ou mais. Meu pai morreu e ele me disse para vir aqui.

 Merrimack olhou para Edward. — E naquela noite, na noite em que seu pai morreu, vocês dois foram...

 — Só aqui, — disse Edward. — Sentado ao redor. Essa é a extensão das coisas para mim.

 — Bem, tenho certeza de que isso é compreensível. — Sorriso. — Deixe me perguntar algo. Que tipo de carro você dirige?

 Edward encolheu os ombros. — Eu não, na verdade. Meu Porsche está em Easterly. É transmissão manual, então não é realmente tão prático mais.

 — Quando foi a última vez que você voltou para casa?

 — Aquela não é mais minha casa. Eu moro aqui.

 — Tudo bem, quando foi a última vez que você foi em Easterly?

 Edward pensou quando ele e Lane entraram no centro de negócios para que esses registros financeiros pudessem ver a luz do dia. Tecnicamente, não estava entrando, mas Edward certamente não teria sido bem-vindo lá. E sim, ele havia roubado informações corporativas.

 Então ele teve esse momento com a senhorita Aurora, a mulher envolvendo seus braços ao redor dele e quebrando-o por dentro.

 Muitas câmeras de segurança em Easterly. Fora e dentro da casa. Dentro do centro de negócios.

 — Eu estive lá alguns dias atrás. Para ver meu irmão Lane.

 — E o que você fez enquanto esteve lá?

 — Falei com ele. — Usou uma porta traseira na rede para extrair informações. Observou seu pai fazer um acordo com Sutton. Depois que o desgraçado a paquerou. — Nós apenas conversamos.

 — Hmm. — Sorriso. — Você pegou emprestado um dos outros carros? Quero dizer, sua família tem muitos carros diferentes, não é?

— Não.

 — Eles não? Porque quando eu estive lá ontem, vi um grande número de portas de garagem na parte de trás. Em frente ao centro de negócios onde seu pai trabalhou.

 — Não, como em eu não peguei nenhum dos outros carros.

 — As chaves desses veículos estão na garagem, certo? Em um caixa com uma combinação.

 — Eu acho.

 — Você conhece a combinação, Sr. Baldwine?

 — Se eu sabia, esqueci disso.

 — Isso acontece. As pessoas esquecem códigos de passaporte e senhas o tempo todo, não é o caso. Diga-me algo, você está ciente de alguém que possa ter rancor contra seu pai? Ou queria prejudicá-lo? Talvez tivesse uma razão para se vingar dele?

 — É uma longa lista.

— É?

— Meu pai tinha o hábito de não ser simpático com os outros.

 — Você pode me dar exemplos específicos?

 — Qualquer um com quem ele já lidou com um nível pessoal ou profissional. Assim.

 — Fracasso, na verdade. Você disse que seu pai estava saudável, em comparação com você. Mas você estava ciente de qualquer doença que ele poderia ter tido?

 — Meu pai acreditava que homens reais não ficam doentes.

 — Ok. — O bloco ficou fechado sem que o detetive tivesse escrito nada nele. — Bem, se você pode pensar em algo que nos ajude, você pode me ligar aqui. Ou um de vocês.

 Edward aceitou o cartão de visita que lhe foi oferecido. Havia um selo dourado no centro, o mesmo que estava na camisa do detetive. E o nome de Merrimack e vários números e endereços foram impressos em torno dele como se fosse o sol.

 No fundo, havia a frase “Para proteger e servir” na escrita cursiva.

 — Então, você acha que ele foi assassinado? — disse Edward.

 — Você? — Merrimack deu um cartão para Shelby. — O que você acha, Sr. Baldwine?

 — Eu não tenho uma opinião de um jeito ou de outro.

 Ele queria perguntar se ele era um suspeito, mas ele já sabia dessa resposta. E Merrimack estava mantendo suas cartas perto de seu peito.

 Sorriso. — Bem. É um prazer conhecer vocês dois. Você sabe onde me encontrar, e eu sei onde encontrar vocês.

 — O prazer era todo meu.

 Edward viu o detetive sair na luz do início da tarde. Então ele esperou um pouco mais enquanto um carro de polícia não marcado prosseguiu pela linha principal e para a estrada além.

 — Você não estava comigo, — murmurou Edward.

 — Isso importa?

 — Infelizmente... importa.

 

Capítulo 22

 


Pelo menos o advogado de seu pai não estava atrasado.

Quando Lane verificou o seu relógio, quatro e quarenta e cinco em ponto quando o Sr. Harris trouxe o venerável Babcock Jefferson para o salão principal de Easterly.

 — Saudações, Sr. Jefferson, — Lane disse enquanto se levantava. — Bom que você veio.

— Lane. Minhas condolências.

 O executor de William Baldwine estava vestido com um terno azul-marinho com uma gravata vermelha e azul, e um lenço branco no bolso do peito. Ele era uma versão rica de sessenta e poucos, de um bom garoto, suas bochechas salientes sobre o colarinho de sua camisa formal, o cheiro dos charutos cubanos e o Bay Rum o antecedeu quando ele se aproximou para apertar a mão.

 Samuel T. levantou do outro sofá. — Sr. Jefferson. Estou aqui na qualidade de advogado de Lane.

 — Samuel T. Como está seu pai?

 — Muito bem.

 — Dê-lhe as minhas saudações. E qualquer um é bem-vindo aqui a convite da família.

 — Sr. Jefferson, — Lane falou. — Esta é minha noiva, Lizzie King.

 E praticamente uma pausa atingiu todos na sala: Gin ergueu os olhos, Samuel T. sorriu e o Sr. Jefferson curvou-se na cintura.

 Lizzie, entretanto, lançou um olhar surpreso na direção de Lane e depois se recuperou estendendo a mão para o executor e oferecendo ao cara um sorriso. — É uma coisa muito recente.

 Por um momento, o Sr. Jefferson parecia positivamente afetado com ela, seus olhos cintilando de maneira amigável.

 — Bem, parabéns! — O Sr. Jefferson assentiu na direção de Lane e depois voltou a se concentrar nela. — Eu diria que você é uma melhora, mas isso seria desrespeitoso para sua ex-Sra. Você é, no entanto, uma grande melhoria.

 Lizzie riu. — Você é encantador, não é?

 — Até minhas botas de caça, senhora. — O Sr. Jefferson ficou mais sério quando olhou para Lane. — Onde estão seus irmãos?

 Lane voltou a sentar-se novamente ao lado de Lizzie. — Eu não sei em que estado Max está, muito menos como alcançá-lo, e Edward está...

 — Bem aqui.

 Edward se materializou na arcada e, embora Lane o visse um dia ou dois, a aparência física ainda era o tipo de coisa que você tinha que ajustar. Ele estava barbeado e se banhou, seu cabelo escuro estava úmido e ondulado de uma maneira que nunca havia sido permitida nos anos anteriores. Sua calça estava quase caindo dos quadris, mantidas apenas por um cinto de couro de jacaré. Sua camisa era lisa e azul, uma sobra de seu guarda-roupa de negócios. Era tão solta, porém, era como se ele fosse uma criança tentando vestir a roupa do pai.

 E, no entanto, ele impunha o respeito enquanto ele mancava e se sentou em uma das poltronas. — Sr. Jefferson. Bom te ver de novo. Desculpe minha grosseria, mas preciso me sentar.

 — Eu vou até você, filho.

 O executor colocou a maleta em uma das mesas laterais e caminhou. — É bom ver você novamente.

 Edward apertou a mão do homem. — Da mesma forma.

 Não houve conversa depois disso. Edward nunca foi de muita conversa, e o Sr. Jefferson pareceu lembrar disso.

 — Há alguém que você convidou?

 O reflexo de Lane foi esperar que Edward respondesse, mas então ele se lembrou de que ele foi o único a juntar todos.

 — Não. — Lane se levantou e fechou as portas que abriram no escritório. — Estamos prontos.

 Ele fechou as duas metades e foi fazer o mesmo no arco para o vestíbulo. Quando ele se virou, ele ficou com o olhar de Lizzie. Ela estava sentada no sofá de seda em seu short e camisa polo, seus cabelos loiros se afastaram, o rosto aberto.

 Deus, ele a amava.

 — Vamos fazer isso, — Lane ouviu-se dizer.


 Edward empurrou as mãos, colocando os cotovelos nos braços acolchoados da cadeira. Do outro lado do salão, no sofá de seda, seu irmãozinho estava aconchegante, com a horticultora, Lizzie, e tinha que admitir, a facilidade com que os dois se sentavam lado a lado era indicativo de uma conexão normalmente não encontrada nos casamentos Bradford: estava na forma como ele casualmente arrumou um braço sobre os ombros. Como ela apoiou a mão no joelho dele. O fato de eles terem contato visual entre si como se ambos estivessem verificando se o outro estava bem.

 Ele desejava o bem para Lane. Ele realmente desejava.

 Gin, por outro lado, estava em um relacionamento mais tradicional com seu futuro esposo. Richard Pford não estava em nenhum lugar, e isso também foi bom. Ele poderia se casar com um da família, mas isso era privado.

 — Estamos aqui para a leitura da última vontade e testamento de William Wyatt Baldwine, disse Babcock enquanto se sentava na outra poltrona e abriu a pasta no colo.

 — A Mãe deve ser incluída? — Edward interveio.

 O executor olhou para a metade superior de seu caso e disse suavemente: — Eu não acredito que seja necessário incomodá-la. Seu pai estava principalmente interessado em prover sua prole.

— Mas é claro.

 Babcock retomou a extração de um documento bastante volumoso. — O falecido envolvido me contratou nos dez anos anteriores como seu advogado pessoal, e durante esse período, ele executou três testamentos. Esta é a sua vontade final, executada há um ano. Nele, ele prevê que todas as dívidas de natureza pessoal sejam pagas, juntamente com os impostos e honorários profissionais adequados, em primeiro lugar. Posteriormente, ele criou uma confiança para a maior parte de seus ativos. Essa confiança deve ser dividida igualmente a favor da Senhorita Virginia Elizabeth Baldwine, do Sr. Jonathan Tulane Baldwine e do Sr. Maxwell Prentiss Baldwine.

 Pausa.

 Edward sorriu. — Eu entendo que meu nome foi omitido de propósito.

 Babcock sacudiu a cabeça com gravidade. — Sinto muito, filho. Defendi que ele o incluísse, eu fiz.

 — Cortar-me de seu testamento é o fardo menos oneroso que o homem me coloca, eu lhe asseguro. E, Lane, deixe de olhar para mim assim, sim.

 Enquanto seu irmão mais novo afastou os olhos, Edward levantou-se e dirigiu-se para o carrinho do bar. — Reserva Família, alguém quer?

 — Para mim, — disse Lane.

 — Eu aqui, — Samuel T. falou.

 Gin permaneceu em silêncio, mas seus olhos também, observavam todos os seus movimentos enquanto o advogado descrevia os detalhes em relação à confiança que havia sido estabelecida. Samuel T. passou por seu copo e Lane, e então Edward estava de volta a poltrona em que ele estava.

 Ele poderia dizer honestamente que não sentiu nada. Não há raiva. Sem nostalgia. Sem desejo ardente de fechar a distância, reconectar, reconfirmar. Corrigir algo.

 O desprendimento tinha sido duro, afiado por ele vivendo com as contradições do fogo do ressentimento de seu pai e o congelamento do distanciamento do homem.

 Isso não faria que os outros sentissem qualquer coisa, pelo menos, quando se tratava dele e sua deserdação. Seu relacionamento com seu pai, como era, era o negócio apenas dos dois. Edward não queria cuidar da simpatia dos outros, seu irmão e sua irmã precisavam ser tão frios quanto ele.

 Um ano atrás, ele pensou.

 Perguntava-se por que a mudança no testamento foi feita. Ou talvez ele nunca tenha sido mencionado nas versões anteriores também.

 — ... até os legados individuais. — Neste ponto, Babcock limpou a garganta. — Eu gostaria de notar que houve um legado significativo no testamento para a Sra. Rosalinda Freeland, que já morreu. A casa em que residia, na Cerise Circle 372 em Rolling Meadows, era de fato propriedade do Sr. Baldwine, e era seu desejo que a propriedade fosse livre e clara para ela. No entanto, no caso em que ela falecesse, o que de fato aconteceu, foi feita uma disposição adicional neste instrumento, que esta residência, juntamente com a soma de dez milhões de dólares, seja dotada para o filho Randolph Damion Freeland. Disse que os ativos devem ser depositados em um fideicomisso em benefício dele até aos trinta anos de idade, comigo ou a minha pessoa designada como administrador.

 Silêncio.

 O tipo de críquete.

Ah, então foi por isso que você não queria que minha mãe estivesse aqui, pensou Edward para si mesmo.

 Samuel T. cruzou os braços sobre o peito. — Bem.

 E isso foi o bastante, mesmo que ninguém mais disse nada. Era claro, no entanto, que a ex esposa de Lane não foi a única mulher que William tinha impregnado fora do casamento.

 Talvez também houvesse outros filhos ou filhas no mundo.

 Embora, verdadeiramente, a resposta para isso não importasse mais para Edward do que qualquer tipo de herança. Ele veio aqui por uma razão diferente do testamento. Apenas tinha que parecer como se ele tivesse chegado para o mesmo encontro pelo qual todos se reuniram.

 Ele precisava dispor, como sua avó teria dito.

 

Capítulo 23

 


Quando o Sr. Jefferson percorreu os longos parágrafos do documento, Gin não estava focada na leitura do testamento ou, na verdade, pelo fato de Edward ter sido cortado. Seu único pensamento era que Amelia estava em casa... e Samuel T., enquanto se sentava lá, naquele sofá, representando o interesse de Lane em uma atividade profissional... estava sob o mesmo teto que sua própria filha.

 Nenhum deles sabia disso, é claro.

 E essa era Gin.

 Ela tentou não imaginar os dois sentados lado a lado. Tentou não ver, como ela lembrava os dois com uma especificidade que queimava sua memória, as características comuns, os movimentos semelhantes, o estreitamento do olho quando estavam concentrados. Ela também desviou especialmente o fato de que os dois escondiam sua formidável inteligência por trás de uma sociabilidade lacônica... como se fosse algo sobre o qual eles não queriam ser vistosos demais.

 — E isso conclui as disposições salientes. — O Sr. Jefferson tirou os óculos de leitura. — Gostaria de aproveitar esta oportunidade para responder quaisquer perguntas. O testamento está em inventário no momento, e uma totalização dos ativos está começando.

 Houve um silêncio. E então Lane falou. — Eu acredito que você disse tudo. Eu vou sair com você. Samuel T., junte-se a nós?

 Gin abaixou a cabeça e só então deixou seus olhos seguir Samuel T. enquanto ele se levantou e abriu as portas duplas para seu cliente e o executor de seu pai. Ele não olhou de volta para ela. Não a cumprimentou nem a olhou.

 Mas isso era um negócio.

 Uma coisa com a qual você sempre poderia contar com Samuel T., não importava quão selvagem e louco pudesse ser depois do trabalho, assim que ele colocava o chapéu do advogado, ele era inabalável.

 Ela literalmente não existia. Mais do que qualquer outra pessoa que não afetasse os interesses de seus clientes.

 E, normalmente, essa atitude indiscutivelmente irritável a irritava e fazia com que ela quisesse bater na sua cara e exigir atenção. Saber que Amélia estava em algum lugar na mansão a curava de qualquer imaturidade, no entanto.

 Com eles em tão perto na vizinhança, era impossível ignorar as implicações de sua falta de divulgação. Ela era uma criminosa, roubando-os de anos que eram lhes devido, roubando-os de conhecimento que era seus direitos. E pela primeira vez, sentiu uma culpa que era tão finamente afiada que tinha certeza de que estava sangrando internamente.

 Mas a ideia de sair com tudo isso? Essa era uma montanha insuperável de onde ela estava agora, a distância, a altura, o território rochoso que todos os dias e noites de ausência, e eventos pequenos e grandes, somados, era muito longe para viajar.

 Sim, pensou. Foi por isso que ela causou o drama, essa foi a raiz de suas escapadas. Se alguém batesse címbalos diretamente na frente do seu rosto... não se podia ouvir mais nada. Especialmente a consciência de alguém.

 Sua consciência.

 — Como você está?

 Agarrando a atenção, ela olhou para seu irmão Edward e teve que piscar as lágrimas ao vê-lo.

 — Não, não, nada disso, — ele disse rigidamente.

 Ainda bem que ele pensou que ele era a causa. — Mas é claro. — Ela fechou os olhos. — Edward... você está...

 Não estava bem, pensou enquanto deixava passar os próprios problemas.

 E Deus, vê-lo encurvado e magro, tão diferente do chefe da família como ela sempre o imaginou, era uma recalibração que ela não desejava fazer. Foi tão estranho. Nas formas que importam, era mais fácil perder o pai do que a encarnação que seu irmão que sempre foi.

 — Estou bem, — ele completou quando ela não conseguiu completar a frase. — E você?

Caindo aos pedaços, pensou para si mesma. Sou a fortuna da nossa família, desmoronando primeiro em privado... e então para todos verem.

 — Estou bem. — Ela bateu a mão dela. — Nos escute. Soamos como nossos pais.

 Ela saiu da cadeira e o abraçou, e não conseguiu se segurar enquanto sentia os ossos e não muito mais. Ele deu uma pancada estranha antes de dar um passo atrás.

 — Eu entendo que há felicitações em ordem. — Ele se curvou com força. — Vou tentar vir ao casamento. Quando é?

 — Ah... sexta-feira. Não, sábado. Eu não sei. No entanto, nos casamos no tribunal na sexta-feira. Não tenho certeza sobre uma recepção.

 Abruptamente, era a última coisa que tinha algum interesse para ela.

 — Sexta-feira. — Ele assentiu. — Bem, meus cumprimentos para você e seu noivo.

 Com isso, ele se afastou, e ela quase saltou à frente dele e exigiu que ele dissesse o que ele realmente pensava: Seu verdadeiro irmão, Edward, nunca teria sido tão compassivo com Richard. Edward tinha feito negócios com os distribuidores Pford por anos e nunca ficou impressionado com o homem.

E se o velho Edward soubesse o que acontecia atrás de portas fechadas?

Ele teria sido um assassino.

Mas ele evoluiu para um lugar diferente, mesmo quando parecia determinado a permanecer no caminho. Nem foi uma melhoria, foi.

 Deixada na sala sozinha, Gin se sentou de novo e ficou onde estava, uma paralisia estranha ultrapassando seu corpo. Enquanto isso, as várias vozes e pisadas se afastaram. E então, fora do gramado ao sol, não muito longe de onde aquela descoberta horrível havia sido feita no canteiro de hera, os dois advogados e seu irmão caíram em uma conversa.

 Ela olhou para Samuel T. através do copo borbulhante da janela à moda antiga. Seu rosto nunca pareceu mudar. Era tão cinzelado e perfeitamente formado como sempre, seus cabelos eram um pouco longo do lado e escovados atrás. Seu corpo longo e magro, carregava aquele terno feito à mão como um cabide, as dobras do tecido, as mangas, os punhos das pernas das calças, caindo exatamente como um alfa.

 Pensou nele na adega do porão, fodendo aquela garota na mesa no Derby Brunch. Gin já estava chorando quando ele se afastou e levou a mulher de uma forma que tinha feito o som bimba como uma estrela pornô.

 Passando pela história do seu relacionamento com Samuel T., era apenas mais um em uma longa lista de eventos desagradável para lembrar... que começou no primeiro beijo quando tinha quatorze anos e culminou em Amelia.

 O problema foi, no entanto, quando eles pararam as brigas, o conflito, as imitações de preda-no-sapato, chute-no-traseiro, ele poderia ser...

 Apenas o homem mais incrível, inacreditável, dinâmico e vivo que já conheceu.

 E no passado, ela teria dito que seu casamento não os teria impedido de estar juntos. O deles sempre foi um caso de amor que foi como uma interseção ruim sem semáforo, o colapso uma e outra vez, faíscas, o cheiro de gasolina, queimaduras, emaranhados de metal e borracha em todos os lugares. Eles eram vidro de segurança rebentado na rede de aranha de rachaduras, bolsas de ar empilhadas, os pneus apareciam e caíam.

 Mas a corrida logo antes do impacto? Não havia nada parecido no mundo, especialmente não com uma beleza entediada e subutilizada do sul como ela, e nunca importava se um ou outro estivesse com outra pessoa. Namoradas, namorados, amantes sérios, encontro sexual. O constante para ambos era o outro.

 Ela viu o olhar em seu rosto quando ele descobriu sobre o seu noivado, no entanto. Ele nunca a olhou assim antes, e essa expressão era o que ela via enquanto ela estava acordada à noite...

 — Diamante excelente, ele te pegou.

 Ela empurrou a cabeça para cima. Samuel T. estava encostado na arcada, os braços cruzados sobre o peito, as pálpebras baixas nos olhos, a boca apertada, como se ele ressentia o fato de que ela ainda estava na sala.

 Gin afastou o anel da vista e limpou a garganta. — Não poderia ficar longe, Advogado?

 Como provocações, foram um fracasso. A entrega suave apenas acabou de matar a ironia completamente.

 — Não fique lisonjeada, — ele disse quando entrou e se dirigiu para o sofá. — Eu deixei minha pasta. Não vim para te ver.

 Ela se preparou para essa velha e familiar onda de raiva, aguardava com expectativa, de fato, mesmo que por sua familiaridade. A onda corrosiva em seu intestino não se aglomerou, no entanto, em vez disso, como um convidado de jantar que grosseiramente não apareceu e, assim, desapontou sua anfitriã. Samuel T., por outro lado, estava jogando com suas velhas regras, cutucando, irritando, com uma vantagem que parecia cada vez mais nítida.

 — Por favor, não venha à recepção de casamento, — ela disse abruptamente.

 Ele se endireitou com aquela antiga maleta herdada de seu tio-avô na mão. — Oh, mas estou ansioso para te assistir com seu verdadeiro amor. Planejo me inspirar em seu exemplo amoroso.

 — Não há motivo para você vir.

 — Oh, nós diferimos sobre isso...

 — O que aconteceu? Acabou?

 Amélia explodiu na arcada, toda a energia de dezesseis anos nesse corpo e com essa sensação de estilo que já não era mais adolescente e as características que pareciam ser cada vez mais as de seu pai.

 Oh, Deus, pensou Gin com uma sacudida de dor.

 — Oh, olá, — Samuel T. disse à menina com um tom entediado. — Vou deixar sua mãe preencher as informações. Ela está se sentindo tão discursiva. Estou ansioso para ver você em alguns dias, Gin. No seu vestido branco.

 Quando ele simplesmente se afastou, sem dar uma olhada nem um pensamento a Amelia, Gin ficou de pé e começou a ir atrás dele antes que ela pudesse se parar.

 — Mãe, — a garota exigiu enquanto passava. — O que aconteceu?

 — Não é da sua conta. Você não é uma beneficiária. Agora, se você me desculpar.

 Amelia disse algo desrespeitoso, mas Gin estava focada em chegar a Samuel T. antes de acelerar naquele Jaguar.

 — Samuel T. — Gin sibilou enquanto corria pelo chão de mármore do vestíbulo. — Samuel!

 Ela o seguiu pela porta da frente apenas a tempo de ver o executor de seu pai sair em uma Mercedes grande e Lane, andar pela parte de trás da casa.

— Samuel!

— Sim, — ele disse sem parar ou olhar para trás.

— Você não precisa ser rude.

 Em seu conversível, Samuel T. ficou atrás do volante, colocou a maleta no banco vazio e olhou para ela. — Isso vem de você?

 — Ela é uma criança...

 — Espere, trata-se de Amelia?

 — Claro que é! Você passou por ela como se ela não existisse.

 Samuel T. balançou a cabeça como se alguma coisa estivesse chocalhando no crânio. — Deixe-me ver se entendi. Você está chateada porque não reconheci a filha que você teve com outro homem?

 Oh. Deus. — Ela é inocente em tudo isso.

 — Inocente? Para sua informação, essa foi a leitura do testamento do seu avô, não um processo criminal. A culpa ou a relativa falta do mesmo não é relevante.

 — Você a ignorou.

 — Você sabe... — Ele bateu o dedo indicador em sua direção. — Pelo que entendi, você é a última pessoa que deveria acusar alguém de ignorar aquela garota.

 — Como você ousa.

 Samuel T. olhou para o longo e ondulado capô da Jaguar. — Gin, não tenho tempo para isso. Eu tenho que falar com o advogado da esposa do seu irmão agora mesmo, e isso, ao contrário da sua pequena exibição de...

 — Você simplesmente não aguenta ninguém dizendo que você não é Deus.

 — Não, acho que não posso suportar você, na verdade. A coisa de Deus é uma questão secundária.

 Ele não esperou qualquer outro comentário dela. Ele ligou o motor, pisou no acelerador algumas vezes para se certificar de que ele pegou, e então ele estava fora, seguindo o caminho pelo qual o executor tinha forjado na colina, longe de Easterly.

 Gin olhou para ele indo. Dentro de si mesma, ela estava gritando.

Por Amelia. Por Samuel T. Por Richard.

 Principalmente... por si mesma e todos os erros que cometeu. E a tristeza que veio com o conhecimento de que na idade madura dos trinta e três anos, não havia tempo suficiente na vida para corrigir os erros que ela havia causado.


 Lane passou pelos fundos, esperando pegar Edward antes de partir. Sem dúvida, seu irmão havia pegado o caminho dos funcionários porque havia equipes de notícias estacionadas no portão da frente desde que a história do suicídio havia se noticiado. E também, sem dúvida, Edward estava com pressa para sair considerando o que havia no testamento.

 Não havia palavras adequadas para o que seu pai tinha feito: cortar seu primogênito de uma herança era ao mesmo tempo totalmente característico para William, e ainda uma surpresa cruel também.

 Um final foda-se que não poderia ser combatido, os mortos carregando um trunfo no seu túmulo.

 Então Lane queria... dizer algo... ou verificar ou... ele não tinha ideia. O que estava claro era que Edward, sem dúvida, não se interessaria por qualquer coisa que ele tivesse a dizer, mas na ocasião, você só tinha que tentar, com a esperança de que a outra pessoa, em um momento de reflexão silenciosa, possa lembrar que você tinha feito o esforço, mesmo que fosse estranho.

 Não havia nenhum caminhão Red & Black na linha curta de carros pelo centro de negócios, mas Lane achou um antigo Toyota estacionado ao lado do Mercedes vermelho que ele havia dado a Senhorita Aurora. Tinha que ser o que Edward tinha vindo, mas seu irmão não estava atrás do volante, não estava mancando em sua direção. Na verdade, não estava em nenhum lugar.

Entrando pela porta traseira para a cozinha, Lane encontrou Senhorita Aurora no fogão. — Você viu Edward?

 — Ele está aqui? — ela perguntou quando ela se virou da panela. — Diga-lhe para vir me ver se ele estiver aqui.

 — Não sei onde ele está.

 Lane fez uma rápida pesquisa ao redor do primeiro andar e depois parou na escada. Não havia motivo para seu irmão se preocupar com o esforço de ir até os quartos.

 — Onde você está? — disse para si mesmo.

 Dirigindo-se aos jardins, ele atravessou o centro de negócios. Todas as portas francesas estavam trancadas no lado de frente para as flores, e ele tinha que ter ido mais adiante para a entrada traseira com sua fechadura codificada.

 Assim que ele entrou, ele sabia que havia encontrado Edward: havia luzes acesas novamente, então seu irmão devia ter ligado a energia elétrica.

 — Edward?

 Lane caminhou pelo salão acarpetado, olhando para os escritórios vazios. Seu telefone estava explodindo com as chamadas do presidente do conselho, cada um dos vice-presidentes seniores irritados e até mesmo o advogado corporativo. Mas nenhum deles se atreveu a se aproximar de Easterly, e isso lhe disse que tinha algo sobre eles. E mesmo que esse bando de terno estivesse ocupado desaparecendo com provas da sede central? Não importava. Jeff pode não gostar dele no momento, mas aquele analista de números anuais salvou arquivos de tudo o que tinha na rede antes que a denúncia fosse exposta.

Assim, todas as mudanças eram tão incriminadoras como os desfalques que exigiam um encobrimento.

 Quando Lane seguiu para o escritório de seu pai, ele estava ciente de que seu coração estava batendo e que sua mente havia recuado atrás de uma parede de armadura.

 Assim como alguém que estava pronto para uma bomba explodir pode se proteger atrás do cimento.

 — Edward?

 Ele desacelerou quando chegou à antessala do escritório de seu pai. — Edward...?

 A porta de William Baldwine estava fechada, e Lane não conseguia lembrar se ele tinha sido o único a fechá-la quando eles fizeram a evacuação no dia anterior. Quando ele alcançou o botão, ele não tinha ideia do que ele iria encontrar no outro lado.

 E ele não tinha certeza de que ele queria ver.

 Ele empurrou os painéis. — Edward...

 O escritório estava escuro, e quando ele apertou o interruptor de luz na parede, ninguém estava lá. — Onde diabos está...

 Quando ele se virou, Edward estava logo atrás dele. — Procurando por mim?

 Lane soltou uma maldição e agarrou a frente de seu próprio peito. — O que você está fazendo aqui?

 — Visitando as minhas velhas assombrações.

 Lane procurou por coisas nas mãos do irmão, nos bolsos, atrás das costas de Edward. — A sério. O que você está fazendo?

 — Onde é a gerência sênior?

 — Abaixo da sede em escritórios menores.

 — Você os despediu?

 — Eu lhes disse apenas para sair primeiro. — Ele mediu o rosto de seu irmão. — Ou eles estavam indo para a cadeia.

 Edward sorriu. — Você vai dirigir a empresa você mesmo?

 — Não.

 Houve uma pausa. — Qual é o seu plano, então?

 — Tudo o que eu queria fazer era tirá-los daqui.

 — E você acha que isso vai parar o sangramento financeiro?

 — O pai está morto. Eu acho que é isso que irá detê-lo. Mas até que eu saiba com certeza, não vou correr riscos.

 Edward assentiu. — Bem, você não está errado. De modo nenhum. Mas você pode querer pensar sobre quem estará no comando agora que ele está morto.

 — Alguma chance de você estar procurando um emprego?

 — Eu tenho um. Sou alcoólatra agora.

 Lane encarou o ombro de seu irmão na área de recepção vazia. — Edward. Eu tenho que saber uma coisa, e é só você e eu aqui, ok?

 — Na verdade, esse lugar inteiro é inspecionado. Câmeras, microfones escondidos. Não há nenhum segredo sob este teto, então tenha cuidado com o que você pergunta.

 Lane encontrou-se querendo outra bebida.

 E depois de um momento tenso, ele simplesmente murmurou: — Você virá ao velório?

 — Eu não sei por que eu faria isso. Não estou de luto e não tenho a intenção de prestar nenhum respeito. Sem ofensa.

 — Não me ofende, e posso entender tudo isso. Mas a mãe provavelmente descerá para isso.

 — Você acha?

 Lane assentiu e esperou por seu irmão dizer algo mais. O homem não disse. — Escute, Edward... realmente sinto muito por...

 — Nada. Você não sente nada porque nada disso, nada disso foi sua culpa. Você só pode pedir desculpas pelos seus próprios erros. É isso tudo, irmãozinho?

 Quando Lane não conseguiu pensar em mais nada, Edward assentiu. — Isso é tudo, então. Tome cuidado e não me ligue se precisar de algo. Eu não sou o tipo de recurso que você deseja.

 

Capítulo 24

 


O Porsche chamou muita atenção enquanto Lane dirigia no bairro de Rolling Meadows, mas não porque ele estava indo rápido. Apenas a visão do conversível e do som do motor eram suficientes para atrair olhares dos caminhantes de cães, as crianças brincando nas calçadas, as mães empurrando os carrinhos de criança. As casas eram amontoadas, mas eram de bom tamanho, a maioria delas de tijolos com cúpulas ou janelas de sacada no primeiro andar e janelas sobre o telhado ou varandas no segundo para distingui-las, um pouco como irmãos que compartilhavam a mesma coloração, mas tinham diferentes características faciais. Havia Volvos ou Infinitis ou Acuras estacionados em calçadas, arcos de basquete acima das portas da garagem, decks com churrasqueiras na parte de trás.

 Com o sol da tarde brilhando sobre árvores dignas de cartão postal, e todos os gramados verde, e todos aquele bando de crianças correndo, foi um retrocesso diante da geração iChildhood.

 Com insistência silenciosa, o GPS no 911 o navegou através das ruas que foram organizadas por tipos de árvores, flores e, finalmente, frutas.

 Cerise Circle não era diferente de nenhuma das outras pistas, estradas e caminhos do desenvolvimento. E quando ele veio até a casa em que ele estava procurando, não havia nada para distingui-la do seu grupo genético maior.

 Lane deixou o conversível rolar para frente do outro lado da rua. Com a parte superior, ele podia ouvir o drible rítmico de uma bola de basquete atrás de sua garagem, o salto-salto-rebote ecoando da casa ao lado.

Desligando o motor, ele saiu e caminhou sobre o pavimento em direção ao som. O garoto que era LeBron'ing[19] estava fora de vista nos fundos, e Lane realmente queria apenas voltar ao seu maldito carro e fugir.

 Mas isso não era porque ele não conseguia enfrentar as evidências vivas e respiratórias das infidelidades de seu pai, e ele não tinha medo de olhar para um rosto tão próximo do seu também. E não, o fato de que algum estranho era seu sangue e estava no testamento não balançou seu mundo.

 A verdade de fundo para a sua reticência? ele estava simplesmente muito exausto para cuidar de qualquer outra pessoa. O problema era que esta pobre criança, sem culpa, estava prestes a ser sugado para o buraco negro Bradford e como Lane não poderia, pelo menos, tentar orientá-lo um pouco sobre o filho da puta.

 Era uma loteria infernal para ganhar. Especialmente agora que o dinheiro havia desaparecido.

 Não é muito positivo.

 A calçada tinha apenas cerca de nove metros de comprimento, um mero espaço de estacionamento em Easterly. E enquanto Lane continuava a andar, o menino de dezoito anos com o basquete foi revelado gradualmente.

 Alto. Ficaria mais alto. Cabelos escuros. Com grandes ombros já.

 O garoto subiu para uma enterrada, e a bola ricochetou a borda.

 Lane a pegou no ar. — Ei.

 Randolph Damion Freeland parou primeiro porque ficou surpreso. E então porque ficou chocado.

 — Então, você sabe quem eu sou, então, — Lane disse suavemente.

 — Eu vi sua foto, sim.

 — Você sabe por que estou aqui?

 Quando a criança cruzou os braços sobre o peito, havia um bom espaço entre os peitorais e os bíceps, mas isso não duraria muito mais. Ele ia preencher e ser forte.

 Deus, seus olhos eram o azul exato dos dele.

 — Ele morreu, — o menino murmurou. — Eu li sobre isso.

 — Então você sabe…

 — Quem era meu pai? Sim. — Esse olhar baixou. — Você vai, como...

 — Como o quê?

 — Me levar preso ou algo assim?

 — O que? Porque eu faria isso?

 — Não sei. Você é um Bradford.

 Lane fechou os olhos brevemente. — Não, eu vim te ver sobre algo importante. E também para dizer que sinto muito, pela morte de mãe.

 — Ela se matou. Na sua casa.

 — Eu sei.

 — Eles dizem que você encontrou seu corpo. Eu li isso no jornal.

 — Eu encontrei.

 — Ela não se despediu de mim. Ela simplesmente saiu naquela manhã e então ela se foi. Você sabe, como, permanentemente.

 Lane balançou a cabeça e apertou a bola entre as palmas das mãos. — Eu realmente sinto muito...

 — Não se atreva! Não se atreva!

 Uma mulher mais velha disparou para a varanda com uma cabeça cheia de vapor, o rosto torcido no tipo de raiva que fazia uma arma de mão desnecessária. — Você se afasta dele! Você se afasta ...

 — Vovó, pare! Ele está apenas conversando...

 Quando a criança entrou entre eles, a avó era todo braços, lutando para chegar em Lane. — Você fica longe! Como você ousa vir aqui?

 — Ele é um herdeiro. É por isso que eu vim.

Quando os dois pararam em sua luta, Lane assentiu. — Ele ficou com casa e dez milhões de dólares. Achei que você gostaria de saber. O executor estará em contato. Não sei quanto dinheiro há, mas eu quero que vocês dois saibam que vou lutar para garantir que esta casa fique no nome do seu neto.

 Afinal, havia um cenário pelo qual, também, poderia ser liquidado, dependendo da situação da dívida. E então, onde essa criança ia?

 Quando a avó sorriu de sua surpresa, ela voltou ao trem do ódio. — Nunca mais venha aqui.

 Lane trancou os olhos com o menino. — Você sabe onde eu moro. Se você tiver dúvidas, se quiser conversar...

 — Nunca! — Gritou a mulher. — Ele nunca irá até você! Você também não pode levá-lo!

 — Babcock Jefferson, — Lane disse enquanto colocava a bola no caminho de entrada. — Esse é o nome do advogado.

 Ao se afastar, a imagem desse jovem garoto que segurava aquela velha estava esculpida em seu cérebro, e Deus, ele odiava seu pai por novos motivos naquele momento, ele realmente odiava.

 De volta ao Porsche, ele ficou atrás do volante e dirigiu. Ele queria gritar, bater um par de carros estacionados, rolar algumas bicicletas. Mas ele não fez isso.

 Ele estava saindo para a entrada do desenvolvimento quando o telefone tocou. Ele não reconheceu o número, mas ele respondeu porque mesmo um telemarketing era melhor do que os pensamentos em sua cabeça.

 — Sim?

 — Sr. Baldwine? — disse uma voz feminina. — Sr. Lane Baldwine?

 Ele deu seta para a esquerda. — É ele.

 — Meu nome é LaKeesha Locke. Eu sou a repórter de negócios para o Charlemont Courier Journal. Eu queria saber se você e eu podemos encontrar em algum lugar.

 — Sobre o que?

 — Estou fazendo uma história de que a Bradford Bourbon Company está com séria dívida e enfrenta uma possível falência. Está saindo amanhã de manhã. Eu pensei que você poderia querer comentar.

 Lane apertou o queixo para manter as maldições dentro. — Agora, por que eu ia querer fazer isso?

 — Bem, eu entendo, e é bem evidente, que a fortuna pessoal da sua família está inextricavelmente ligada à empresa, não é?

 — Mas eu não estou envolvido no funcionamento do negócio.

 — Então você está dizendo que você desconhecia qualquer dificuldade?

 Lane manteve seu nível de voz. — Onde está você? Eu irei até você.


O galpão de propriedade da Estância da Família Bradford era menos como um galpão e mais como um hangar de avião. Localizado abaixo e na parte de trás da extensa propriedade, estava ao lado do estacionamento dos funcionários e ao lado da linha de casas da década de cinquenta que foram usadas por criados, trabalhadores e partidários por décadas.

 Quando Lizzie entrou na caverna fumegante e com cheiro de óleo, suas botas estavam ruidosas sobre chão de concreto manchado. Tratores, cortadores industriais, caminhões e limpadores de neve foram estacionados de forma ordenada, os seus exteriores limpos e os motores mantidos dentro de uma polegada de suas vidas.

 — Gary? Você está aí?

 O escritório do encarregado estava no canto mais distante, e através do vidro empoeirado, uma luz brilhava.

 — Gary?

 — Não lá. Ou aqui.

 Ela mudou a trajetória, andando em torno de um cortador de madeira e dois limpadores de neve que eram do tamanho de seu velho Yaris.

 — Oh, Deus, não levante isso! — ela gritou.

 Lizzie se apressou, apenas para ser ignorada quando Gary McAdams levantou parte de um bloco de motor do chão e para uma das mesas de trabalho. A façanha teria sido impressionante em qualquer circunstância, mas considerando o cara tinha trinta anos mais que ela? Então, novamente, Gary foi construído como um buldogue, forte como um boi, e resistente como um poste de cerca do Kentucky.

 — Suas costas, — ela murmurou.

 — Está bem, — veio o sotaque do sul. — O que você precisa, senhorita Lizzie?

 Ele não olhou para ela, mas isso não significava que ele não gostasse dela. Na verdade, os dois funcionavam bem juntos: quando ela começou aqui, ela se preparou para um conflito que nunca se materializou. O caipira auto proclamado provou ser um amor total sob esse exterior grosso.

 — Então você sabe sobre o velório, ela disse.

 — Eu sei sim.

 Colocando-se na mesa de trabalho, ela deixou os pés balançarem e observou como suas mãos calosas faziam sentido da maquinaria, movendo-se rápido e seguro sobre o metal antigo. No entanto, ele não fazia grande coisa sobre sua competência, e ele era assim. Pelo que Lizzie entendeu, ele começou a trabalhar nos campos quando tinha doze anos e esteve aqui desde então. Nunca foi casado. Nunca tirou férias. Não bebe. Vivi em uma das casas.

 Dominava os trinta trabalhadores que estavam sob suas ordens com um punho justo, mas de ferro.

 — Você precisa da chave inglesa? — ela perguntou.

 — Sim, eu sei.

 Ela lhe entregou o que precisava, pegou de volta quando ele terminou, pegou-lhe outra coisa antes de ter que pedir isso.

 — De qualquer forma, — ela continuou. — O velório será amanhã, e eu só quero ter certeza de que nós temos um corte fresco na entrada principal a manhã, um corte nos pingos de ouro na estrada esta tarde, se pudermos fazer acontecer, e um corte por toda a frente e no pátio.

 — Sim. — Alguma coisa que você precisa nos jardins traseiros?

 — Eu acho que estão em boa forma. Eu vou passar por eles com Greta, no entanto.

 — Um dos garotos vai fazer um corte dentro da piscina.

 — Bom. Socket?

 — Sim.

 Ao trocarem as ferramentas novamente, ele perguntou: — É verdade o que eles dizem que você encontrou?

 — Greta encontrou. E sim, é.

 Ele não deslocou os olhos de seu trabalho, aquelas mãos de dedos espessos e pesados nunca perderam uma batida. — Hã.

 — Eu não sei, Gary. Até agora, pensei, como todos os outros, que ele pulou. Mas não mais.

 — A polícia veio?

 — Sim, alguns detetives de homicídios. Os mesmos que estavam aqui pela morte de Rosalinda. Falei com eles por um tempo esta manhã. Provavelmente, eles vão querer interrogá-lo e qualquer outra pessoa que esteja no terreno em torno do tempo que ele morreu.

 — Negócio triste.

 — Muito. Embora eu nunca tenha gostado do homem.

 Ela pensou sobre a leitura do testamento. Deus, era como algo fora de um filme antigo, os herdeiros reunidos em alguma sala elegante, um ilustre advogado recitando as provisões em uma voz de Charlton Heston.

 — O que eles te perguntam? Os detetives?

 — Apenas como o encontramos. Onde eu estava nos últimos dias. Como eu disse, eles falarão com todos, tenho certeza.

 — Sim.

 Ela entregou um par de alicates. — A equipe também está convidada para o velório.

 — Para o velório?

 — Uh-huh. É para todos os respeitos.

— Eles não querem nenhum macaco gordo como eu naquela casa.

 — Você seria bem-vindo. Eu prometo. Eu vou.

— Isso é certo, é pelo seu homem.

 Lizzie sentiu o rubor bater em suas bochechas. — Como você sabia sobre mim e Lane?

 — Não há nada que aconteça por aqui que eu não sei, menina.

 Ele parou o que estava fazendo e pegou um velho pano vermelho. Quando ele enxugou as mãos, ele finalmente olhou, seu rosto curtido gentil.

 — É melhor Lane fazer o certo para você. Ou eu consigo lugares para colocar o corpo dele.

 Lizzie riu. — Eu o abraçaria agora, mas você poderia desmaiar.

 — Oh, eu não sei sobre isso. — Exceto que ele estava mexendo seu peso como se ela o tivesse envergonhado. — Mas acho que ele provavelmente é bom, ou você não estaria com ele. Além disso, eu o vejo olhar para você. O menino teve amor nos olhos durante anos quando ele olhava você.

 — Você é muito mais sentimental do que você deixa transparecer, Gary.

 — Eu não fui educado, lembre-se. Não sei o significado dessas grandes palavras.

 — Eu acho que você sabe exatamente o que elas significam. — Lizzie o empurrou levemente no braço. — E se você decidir vir para o velório, você pode ir comigo e Greta.

 — Eu tenho trabalho para fazer. Não tenho tempo para isso.

 — Eu entendo. — Ela pulou da mesa de trabalho. — Bem, vou sair. Eu cuidei tudo, e a senhorita Aurora está com a comida, é claro.

 — Como está indo aquele mocinho?

 — Ele não é tão ruim.

 — Depende do que você está usando como comparação.

 Com uma risada, ela levou a mão sobre o ombro como um adeus e se dirigiu para o exterior ensolarado. Mas ela não chegou muito longe antes de ele falar novamente.

 — Senhorita Lizzie?

 Virando-se, ela arrumou sua camisa polo na cintura de seu short. — Sim?

 — Eles farão alguma coisa para o aniversário do Little V.E. este ano? Preciso fazer algo para isso?

 — Oh Deus. Eu tinha esquecido que estava chegando. Não creio que fizemos nada no ano passado, não é?

 — Ela está completando sessenta e cinco. Essa é a única razão pela qual eu perguntei.

 — Isso é um marco. — Lizzie pensou na mãe de nascimento de Lane naquele quarto. — Eu vou perguntar. E, eu preciso colocar flores frescas amanhã.

 — Há algumas peônias adiantadas chegando.

 — Eu estava pensando a mesma coisa.

 — Deixe-me saber se você quer que faça algo mais.

 — Sempre, Gary. Sempre.

 

Capítulo 25

 


Quando Lane finalmente voltou para Easterly, depois do que se sentiu como anos na presença dessa repórter, ele foi diretamente para o segundo andar, ignorando o jantar que havia sido servido na sala de jantar formal e ignorando a confusão do Sr. Harris sobre um monte de coisa.

 Na porta do avô, ele bateu uma vez e a abriu,

 Ao longo da cama, Tiphanii se sentou rapidamente e levou as cobertas com ela, escondendo que claramente estava nua.

 — Por favor, desculpe-nos, — ele disse a ela. — Ele e eu temos algum negócio.

 Jeff acenou com a cabeça para que a mulher partisse, e meu Deus, ela levou seu tempo, passeando com esse lençol enquanto Jeff puxava o edredom sobre ele e se sentou.

 Depois de uma ida ao banheiro, ela surgiu em seu uniforme e desapareceu pela porta, embora Lane estivesse seguro de que, propositadamente, deixou a calcinha preta no chão ao pé da cama.

 — Foi totalmente consensual, — murmurou Jeff. — E eu tenho permissão para subir de...

 — O jornal local sabe tudo. Tudo.

 Quando Jeff abriu a boca, Lane ladrou. — Você não tinha que me foder assim!

 — Você acha que eu falei com a imprensa? — Jeff jogou a cabeça para trás e riu. — Você realmente pensa que eu peguei alguns centavos e deu-lhes qualquer coisa...

 — Eles têm a informação que você está trabalhando. Página a página. Explique como isso aconteceu. Pensei em poder confiar em você ...

 — Me desculpe, você está me acusando de fraude depois que você me chantageou para fazer isso por você? Mesmo?

 — Você me ferrou.

 — Tudo bem, antes de tudo, se eu fosse te ferrar, eu teria ido ao Wall Street Journal, não ao Charlemont Herald Post Ledger ou a qualquer coisa que seja chamado. Posso nomear meia dúzia de repórteres na Big Apple. Eu não poderia dizer-lhe quem chamar aqui no maldito Kentucky. E mais ao ponto, depois que esse pequeno pesadelo acabar, eu voltarei para Manhattan. Você acha que eu não poderia usar alguns favores devidos a mim? A merda sobre sua família e seu pequeno negócio de bourbon é uma grande notícia, idiota. Maior que algum envoltório de diário de Podunk, USA Today. Então, sim, se eu estivesse vazando qualquer coisa, eu gostaria de ter uma vantagem para mim pessoalmente.

 Lane respirou com dificuldade. — Jesus Cristo.

 — Eu também não o chamaria. Mas é porque sou judeu.

 Deixando cair a cabeça, Lane esfregou os olhos. Então ele caminhou, indo entre a cama e a mesa. A mesa e uma das janelas de painel longo. A janela e a mesa.

 Ele voltou às janelas. A noite ainda não havia caído, mas estava chegando em breve, o pôr-do-sol caindo no horizonte, fazendo com que a curva da terra sangrasse rosa e roxo. Em sua visão periférica, todo o trabalho de Jeff, as notas, os computadores, as impressões eram como um grito no ouvido.

 E então, havia o fato de que seu antigo colega de quarto da faculdade estava nu no quarto, olhando para ele com uma expressão remota: Atrás de toda a raiva que acabara de pular da boca de Jeff, havia dano, ferida real.

 — Desculpe, — Lane respirou. — Desculpe... coloquei as conclusões erradas.

 — Obrigado.

 — Também sinto muito por estar fazendo você fazer isso. Eu só... estou perdendo minha maldita cabeça por aqui. Eu sinto que estou em uma casa que está em chamas, e todas as saídas não são mais que chamas. Estou queimando e estou desesperado e estou cansado dessa merda.

 — Oh, pelo amor de Deus, — seu velho amigo murmurou em seu sotaque de Nova Jersey. — Veja, vá lá.

 Lane olhou por cima do ombro. — O que?

 — Sendo todo agradável. Odeio isso sobre você. Você me irrita e me deixa louco, e então você torna tudo honesto e torna-se impossível para mim odiar sua bunda branca, privilegiada, arrependida. E para sua informação, estava gostando de estar furioso com você. Era o único exercício que eu estava obtendo... bem, não obstante, não é o caso de Tiphanii.

 Lane sorriu um pouco e depois voltou a se aproximar da vista. — Honesto, hein. Você quer honesto? Como em algo, eu não disse a ninguém?

 — Sim. Quanto melhor eu sei o que está acontecendo aqui, mais eu posso ajudar e menos me ressentir de estar preso.

 Ao longe, um falcão subiu em correntes invisíveis, andando no céu com cantos afiados e rápidos, como o crepúsculo da noite cheio de rodovias e estradas que só os pássaros podiam ver.

 — Eu acho que meu irmão o matou, — Lane ouviu-se dizer. — Eu acho que Edward foi o único que fez isso.


 Cara, Jeff desfrutava tanto a coisa irritada e justa. Era um passeio suave, mas intenso, queimava em seu peito um tanque de gás inesgotável que o mantinha acordado durante a noite, focado nos números, movendo-se pelos dados.

Mas ele e Lane, o idiota, atingiram esses cantos antes, durante o longo relacionamento, manchas de falta de comunicação ou estupidez que os separavam. De alguma forma, o sulista lá sempre fechou a distância.

 E sim, ele havia feito isso de novo. Especialmente com aquele pequeno flash de notícias.

 — Merda, — Jeff disse enquanto se deitava contra os travesseiros. — Está falando sério?

 Pergunta idiota.

 Porque esse não era o tipo de coisa que alguém dizia, mesmo em brincadeira, dado o que estava acontecendo nessa casa. E também não era algo que Lane teria pensado mesmo sobre o seu herói mais velho, a menos que ele tivesse uma ótima razão.

 — Por quê? — Jeff murmurou. — Por que Edward deveria fazer algo assim?

 — Ele é o único com o motivo real. Meu pai era um homem terrível e ele fez muitas coisas terríveis para muitas pessoas poderosas. Mas Monteverdi vai matá-lo sobre essa dívida? Não. Ele vai querer recuperar o dinheiro. E Rosalinda não fez isso. Ela estava morta antes que meu pai fosse às cataratas. Gin sempre o odiava, mas não gostaria de sujar as mãos. Minha mãe sempre teve razão, mas nunca a capacidade. Quem mais poderia ter feito isso?

 — No entanto, seu irmão não está em boa forma. Quero dizer, eu estava pegando algo para comer e voltando para cá quando ele entrou na casa. Ele estava mancando como se sua perna estivesse quebrada. Não parecia que ele pudesse lidar com a maldita porta, muito menos atirar alguém para fora de uma ponte.

 — Ele poderia ter tido ajuda. — Lane olhou por cima do ombro, e sim, aquele rosto bonito pareceu ter passado pela lavadora, e não na melhor maneira. — As pessoas na fazenda são dedicadas a ele. Meu irmão tem essa maneira sobre ele, e ele sabe como fazer as coisas.

 — Ele esteve aqui? Na casa?

 — Eu não sei.

 — Existem câmeras de segurança, certo? Aqui na propriedade.

 — Sim, e ele sabe disso. Ele colocou o maldito sistema, e se você apagar as coisas, isso vai mostrar. Existem log-ins que podem ser rastreados.

 — Os detetives pediram a filmagem?

 — Ainda não. Mas eles vão.

 — Você vai dar isso a eles?

 Lane amaldiçoou. — Eu tenho escolha? E eu não sei... eu estava sozinho com Edward hoje. Eu quase perguntei a ele.

 — O que o impediu? Tem medo que ele fique chateado?

 — Entre outras coisas, tive medo da resposta.

 — Qual é a sua próxima jogada?

 — Eu espero. Os detetives não estão indo embora. Eles vão sair para vê-lo na fazenda. E se ele fez isso...

 — Você não pode salvá-lo.

 — Não, eu não posso.

 — Por que exatamente seu irmão quer o seu pai morto? Um monte de problemas para ter apenas porque você foi espancado um par de vezes quando criança.

 — Pai tentou matá-lo na América do Sul.

— O que?

 — Sim, Edward é o que ele é agora por causa do que foi feito lá. E houve muita história ruim entre eles antes disso. Inferno, mesmo em seu testamento, o pai o deixou de fora deliberadamente. Além disso, você sabe, meu irmão não é alguém que você ferra. Ele tem essa maneira sobre ele.

 Querido Deus, pensou Jeff.

 No silêncio que se seguiu, ele considerou seu irmão e irmã, ambos vivendo em Manhattan também. Eles eram casados. Múltiplos filhos. Seus pais dividiram seu tempo entre a Florida e Connecticut, mas tinham um pied-à-terre[20] em SoHo[21]. Todos eles se reuniam em todos os feriados, e havia calor e conflito, alegria, lágrimas e risos.

 Sempre risos.

 Lane tinha uma bela casa. Com muitas coisas agradáveis. Bom carro.

 Não havia comparação, estava lá.

 O sujeito passou e estacionou na cadeira na mesa. — De qualquer forma, basta disso. Então, se você não vazou, quem fez?

 — Administração sênior. Quero dizer, vamos lá. Recebi as informações de suas fontes. As planilhas em que estou fazendo a análise são o produto de trabalho.

 Lane esfregou a cabeça como se tudo doesse. — Claro.

 — Olha, amigo, você não pode congelar esses ternos para sempre, e claramente, eles não estão colorindo as linhas, o que não é uma surpresa. Agora não é um bom momento para não haver ninguém ao leme.

 — Sim, eu preciso de alguém para dirigir a empresa de forma provisória. A diretoria quer se encontrar comigo. Ele também deve pensar nisso.

 — Bem, no caso de eu não colocar um ponto suficientemente bom nisso, a menos que você tome controle, a gerência sênior, os próprios idiotas que você expulsou, estão no comando.

 — Mas eu não sou qualificado. A única coisa que eu sou inteligente o suficiente para saber é que eu não sei merda sobre um negócio nesta escala. — Lane puxou as mãos. — Pelo amor de Deus, não posso me preocupar com isso agora mesmo. Eu tenho que passar pelo velório amanhã, e depois iremos daqui. Maldita seja, Edward era aquele que iria assumir o controle.

 Quando tudo ficou quieto, Jeff alisou o edredom sobre suas coxas porque ele não sabia o que fazer mais. Eventualmente, ele disse meio de brincadeira: — Quando eu recupero a empregada? E não para limpar o banheiro.

— Isso depende de você. Eu sou seu o empregador, e não o seu cafetão.

  — Então você é responsável por esta família, hein.

  — Ninguém mais é voluntário para o trabalho. — Lane pôs-se de pé. — Talvez por causa do que aconteceu com o último cara que deu um tiro.

  — Você conseguiu isso, cara. Você consegue.

  Lane veio e colocou a mão. — Sinto muito, eu coloquei você nesta posição. Honestamente. E depois que isso acabar, prometo que nunca mais entrar em contato com você para qualquer coisa.

  Por um momento, Jeff mediu o que foi oferecido. Então ele apertou a palma da mão. — Sim, bem, eu não o perdoo.

  — Então, por que você está apertando a mão?

  — Porque eu sou uma daquelas pessoas que esquece facilmente. Eu sei, eu sei, está para trás. Mas funcionou para mim até agora, e está tirando você do gancho, então foda-se com seus princípios.

 

Capítulo 26

 


— Agora, isso é mais parecido com isso.

 Quando Richard Pford entrou na sala de estar da família de Easterly por volta das nove da noite, Gin queria rolar os olhos e dizer-lhe que os anos 1950 queriam seus costumes de volta. Mas a verdade era, sim, ela tinha ficado para falar com ele, e sim, enquanto ela o viu avançar para o bar como se fosse o senhor da mansão, ela lembrou o quanto ela o desprezava.

 Depois de se servir um bourbon, ele se aproximou e sentou-se na cadeira de couro ao lado do sofá que ela tinha estado. A sala não era grande, e as pinturas a óleo dos puro sangue Bradford premiados pendurados nas paredes, com os painéis tornavam as coisas ainda menores. Adicionando a proximidade física de Pford à mistura? Bem, isso encolheu as coisas até o ponto em que a TV de tela larga mostrando uma repetição de The Real Housewives of Beverly Hills parecia como se pressionasse contra o rosto dela.

 — Por que você está assistindo a essa droga? — ele disse.

 — Porque eu gosto.

 — É uma perda de tempo. — Ele pegou o controle remoto e mudou o canal para algum comentarista financeiro em uma gravata vermelha e uma camisa azul clara. — Você deve ver coisas de valor.

 Então, deixe-me afastar meu olhar, pensou.

 — Precisamos conversar sobre a recepção. — Ela estreitou os olhos. — E devo apresentá-lo a Amelia.

 — Quem? — ele disse sem tirar o olho do formigueiro do NASDAQ.

 — Minha filha.

 Isso chamou sua atenção e ele olhou por cima, uma sobrancelha fina levantando-se. — Onde ela está? Ela está em casa da escola?

 — Sim.

 Gin estendeu uma mão para o telefone da casa que estava discretamente escondido atrás de uma lâmpada feita de um troféu de ceras de prata esterlina das dezenove centenas. Pegando o receptor, ela chamou a extensão do mordomo.

 — Sr. Harris? Pegue Amelia e traga-a aqui? Obrigado.

 Quando ela desligou, ela olhou para Richard. — Eu preciso que você pague pela recepção de casamento que estamos tendo aqui no sábado. Você pode me escrever o cheque. Serão cerca de cinquenta mil. Se for mais, eu voltarei para você.

 Richard baixou o copo e voltou a se concentrar nela. — Por que estou pagando por qualquer coisa?

 — Porque nos casaremos. Nós dois.

 — Em sua casa.

 — Então você não vai dar nenhuma contribuição?

 — Eu já tenho.

 Ela olhou para o anel. — Richard, você está vivendo sob este telhado, comendo nossa comida...

 Ele riu e girou seu bourbon ao redor. — Você não está realmente fazendo esse argumento, está?

 — Você vai escrever esse cheque e é isso.

 — Eu sugiro que você segure a respiração para que a tinta esteja seca, querida. — Richard a brindou. — Agora, esse seria um show que vale a pena assistir.

 — Se você não paga, cancelarei a festa. E não mente. Você está ansioso pela atenção.

 Os troféus, afinal, precisavam de uma cerimônia de apresentação.

 Richard sentou-se à frente, o movimento de sua bunda fazendo com que o couro enrugasse. — Eu sei que você não está ciente disso, mas há problemas na empresa da sua família.

 — Oh, realmente. — Ela ficou burra. — Alguém perde a chave para um armário de fornecimento de escritório? Ah, que tragédia.

 Não havia valor em deixá-lo entrar em sua fraude financeira, afinal. Certamente, não antes da emissão do certificado de casamento.

 Ele sorriu e, pela primeira vez, algo próximo à alegria realmente atingiu os olhos dele. — Adivinha quem me ligou hoje? Uma amiga minha no Charlemont Courier Journal. E você quer saber o que ela me disse?

 — Que eles estão fazendo uma exposição sobre implantes penianos e querem que você seja um sujeito?

 — Isso é grosseiro.

 — É verdade, mas acho que isso pode ajudar.

 Richard sentou-se e cruzou as pernas, apertando-se a mandíbula. — Em primeiro lugar, é ela, não eles. E, em segundo lugar, ela me disse que há problemas muito sérios na sua empresa, Gin. Grandes questões financeiras. Haverá uma história a primeira hora da manhã sobre tudo. Portanto, não tente me jogar com essa discussão sobre a necessidade um cheque para você para a recepção, de modo que as coisas sejam equitativas entre nós. Seu pai morreu e seu testamento está sendo homologado, os bens de sua mãe está amarrado até ela morrer, e a BBC está lutando com seus dividendos lá embaixo. Se você quiser realizar um levantamento dos fundos e espera que eu contribua, é melhor você se declarar para que eu possa obter a amortização. Caso contrário, não vou te dar um centavo. Querida.

— Eu não sei do que você está falando.

 — Você não? Bem, então, leia a primeira coisa da manhã e você aprenderá algo. — Ele indicou a televisão. — Ou melhor ainda, venha aqui e veja este canal. Tenho certeza de que você estará por toda a TV amanhã.

 Gin levantou o queixo, mesmo quando seu coração entrou em um campo quebrado no peito. — Nós temos muito dinheiro aqui na casa, e eu não sinto que não é razoável que você pague por algo, então, se você não estiver preparado para compartilhar o custo, então a recepção está cancelada.

 Richard cuidou de seu bourbon. — Uma dica sobre as negociações. Se você for emitir ameaças, certifique-se de que elas são respaldadas por um resultado em que a outra parte está comprometida.

 — Você quer me mostrar. Você quer provar que você me pegou. Não finjas que não sou um prêmio para você.

 — Mas, assim que a tinta estiver seca, você é minha. E isso também estará no jornal. Todos lerão sobre isso. Não preciso de um coquetel para provar isso.

 Gin balançou a cabeça. — Você é tão superficial.

 O riso que encheu o quarto fez com que ela desejasse jogar algo nele novamente, e ela olhou a lâmpada de prata esterlina.

 — Isso vem de você? — ele disse. — Minha querida, o único motivo pelo qual você está se casando comigo é por causa dos contratos favoráveis que eu concordei em dar a companhia de seu pai. E eu gostaria de ter sabido sobre a crise na empresa. Eu provavelmente poderia ter conseguido você por nada além desse anel, dado o estado financeiro das coisas.

 Nesse ponto, houve uma batida na porta, e então o Sr. Harris entrou com Amelia.

 A menina mudou para um calção de Gucci, e a cabeça dela estava enterrada em seu telefone, seus dedos se movendo sobre a tela.

 — Senhorita Amelia, madame, — o inglês entoou. — Haverá alguma outra coisa?

 — Não, obrigado, — Gin o dispensou.

 — O prazer é meu.

 Quando o mordomo se curvou e a porta estava fechada, a menina não olhou para cima.

 — Amelia, — disse Gin bruscamente. — Este é meu noivo, Richard.

 — Sim, — disse a garota. — Eu sei.

 — Como você não o cumprimentou, acho difícil acreditar.

 — Estava na net. — Dar de ombros. — De qualquer forma, parabéns, para vocês dois. Estou emocionada.

 — Amelia, — disse Gin. — O que diabos é tão fascinante?

 A menina virou o telefone, piscando uma tela que estava iluminada como uma Lite-Brite à moda antiga. — Diamantes.

 — Eu acho difícil argumentar com isso, — murmurou Gin. — Mas você está sendo grosseira.

 — É um novo jogo.

 Gin indicou Richard. — Você vai pelo menos dizer olá de maneira adequada.

 — Posso ver a semelhança, — Richard ofereceu. — Você é muito bonita.

 — Eu deveria estar lisonjeada? — Amelia inclinou a cabeça. — Oh, muito obrigada. Estou desejando de ter algo em comum com ela. É a ambição da minha vida, ser como a minha mãe quando crescer. Agora, se me desculpar, eu prefiro estar em uma realidade virtual com diamantes falsos do que perto dela ou de alguém que se ofereça para se casar com ela. Boa sorte para você.

 Amelia estava na porta um segundo depois, mas não porque estava correndo.

 Amelia não fugia de nada.

 Ela cruzava os lugares. Assim como o pai dela.

 — Missão cumprida, — Richard disse enquanto se levantava e voltou para o bar. — A maçã não cai longe da árvore. E me permita reiterar, não vou lhe escrever qualquer tipo de cheque. Cancele a recepção como desejar e nos casaremos no tribunal. Não importa para mim.

 Gin focou na tela da TV, sua mente agitada. E ela ainda estava olhando para o espaço quando Richard se colocou na frente dela.

 — Basta lembra de uma coisa, — ele disse. — Você tende a se tornar criativa quando você fica quieta assim. Posso lembrar que eu não tolero desrespeito, e você pode escolher lembrar as consequências precisas de qualquer insulto a mim.

 Oh, mas você gosta, seu desgraçado doente, pensou Gin amargamente. Gosta de cada minuto.


 — John, você passou. Bom trabalho.

 Quando Lizzie ouviu Lane falar, ela olhou para cima a partir da geladeira, principalmente vazia. Através da cozinha da fazenda, ele estava sentado em sua mesa circular, conversando com o notebook que estava aberto à sua frente, com as sobrancelhas cerradas, duas partes de uma porta dupla puxadas.

 — O que? — ela disse enquanto fechava as coisas.

 — John Lenghe. O Deus do Grão. Ele me disse que ele me enviaria tanta informação quanto pudesse sobre as empresas envolvidas na WWB Holdings. E aqui estão elas.

 Quando ele empurrou a tela, ela se abaixou e olhou para um e-mail que parecia longo como um livro. — Uau. Isso é um monte de nomes.

 — Agora nós temos que encontrá-los. — Lane se sentou e esticou os braços sobre a cabeça, algo estralando alto o suficiente para fazê-la estremecer. — Eu juro que isso é como um passeio de montanha-russa sem fim, o tipo que não para, mesmo depois de você ter náusea.

 Ficando atrás dele, ela massageou os ombros. — Você conversou de novo com essa repórter?

— Sim. — Ele relaxou. — Oh, Deus, isso é bom.

 — Você está tão tenso.

 — Eu sei. — Ele exalou. — Mas sim, acabei de falar com ela. Ela publicará a história. Não há nada que possa fazer para detê-la. Um desses vice-presidentes deve ter falado. Ela sabia muito.

 — Contudo, como pode compartilhar essa informação? A Bradford Bourbon Company não é uma empresa pública. Não é uma violação da privacidade?

 — Não há violação de privacidade quando se trata de negócios. E contanto que ela coloque as coisas de uma certa maneira, ela ficará bem. Será como quando eles colocam a palavra “alegada” na frente de quase tudo quando eles relatam crimes.

 — O que vai acontecer a seguir?

 — Eu não sei, e eu realmente estou deixando de me preocupar com isso. Tudo o que tenho a fazer é superar o velório amanhã, e então a próxima crise terá toda a minha atenção.

 — Bem, estamos prontos. O Sr. Harris e eu cuidamos da equipe, a senhorita Aurora está pronta na cozinha. Os locais que serão ocupados receberão um toque final pela manhã. Quantas pessoas você espera?

 — Mil, talvez. Pelo menos tanto quanto... oh, aí mesmo. Siiiiim. — Ao deixar sua cabeça cair no lado oposto, ela admirou a linha de seu forte pescoço. — Tanto quanto nós tivemos no almoço do Derby pelo menos. Uma coisa que você sempre pode contar como certo, especialmente se você perdeu seu dinheiro? As pessoas gostam de encarar a carcaça da grandeza. E depois desse artigo amanhã, é isso que vamos parecer no balcão do açougueiro.

Lizzie balançou a cabeça. — Lembre-se da minha fantasia onde deixamos tudo isso para trás?

Lane se torceu e puxou-a para o colo. Quando ele afastou o cabelo e olhou para ela, seu sorriso quase chegou aos olhos dele. — Sim, oh, sim. Diga-me como é novamente.

Ela acariciou sua mandíbula, sua garganta, seus ombros. — Nós vivemos em uma fazenda muito longe. Você passa seus dias treinando basquete. Eu planto flores para a cidade. Todas as noites, nos sentamos juntos na nossa varanda e observamos o sol descer sobre a lavoura de milho. Nos sábados, vamos ao mercado de pulgas. Talvez eu venda coisas lá. Talvez você. Nós compramos uma pequena mercearia onde Ragu é considerado uma iguaria estrangeira, e eu faço muita sopa no inverno e salada de batata no verão.

 Quando suas pálpebras afundaram, ele assentiu. — E torta de maçã.

 Ela riu. — Torta de maçã também. E nós vamos nadar nus, em nossa lagoa nos fundos.

 — Oh, eu gosto dessa parte.

 — Eu pensei que você iria.

 Suas mãos começaram a vagar, girando a cintura, movendo-se mais alto. — Posso confessar uma coisa?

 — Claro.

 — Não vai refletir bem no meu caráter. — Ele franziu a testa. — Então, novamente, não há muito a fazer no momento.

 — O que?

 Foi um pouco antes de ele responder. — Quando você e eu estávamos no escritório do meu pai, queria empurrar tudo do topo de sua mesa e fazer sexo com você na maldita coisa.

 — Mesmo?

 — Sim. — Ele encolheu os ombros. — Depravado?

 Lizzie considerou o hipotético com um sorriso. — Na verdade não. Embora eu não consiga decidir se isso é erótico ou apenas criará uma bagunça no chão que vai me matar não limpar.

 Enquanto ele riu, ela se levantou, mas ficou montada. — Mas eu tenho uma ideia.

 — Oh?

 Arqueando suas costas, ela tirou a camisa e lentamente a puxou para cima e sobre sua cabeça. — Há uma mesa aqui e, embora não haja nada além do seu notebook, e eu não sugeriria jogá-lo no chão, ainda podemos... você sabe.

 — Oh, siiiiiim...

 Quando Lizzie se esticou na mesa da cozinha, Lane estava bem sobre ela, inclinando-se sobre ela, sua boca encontrando a dela em uma onda de calor.

 — Por sinal, — ela ofegou, — na minha fantasia, fazemos isso muito...

 

Capítulo 27

 


Na manhã seguinte, Lane desacelerou enquanto se aproximava da Big Five Bridge do lado de Indiana, o tráfego estrangulando a estrada com viajantes de manhã. O rádio do Porsche estava desligado. Ele não verificou seu telefone. E não tinha ligado o notebook antes de deixar Lizzie.

 O sol voltou a ser brilhante em um céu azul claro, algumas nuvens estriadas passando pelas bordas. O tempo bom não deveria durar, no entanto. Um sistema de baixa pressão estava chegando e as tempestades eram esperadas.

 Parecia adequado.

 Enquanto ele reduziu para a terceira macha, e depois, ele viu a frente que o congestionamento era mais do que apenas a hora de pico. Mais à frente, há alguma construção no espaço, as linhas de fusão de carros formando um gargalo que piscavam ao sol e jogavam ondas de calor. Avançando, ele sabia que ele iria atrasar, mas ele não iria se preocupar com isso.

 Ele não queria essa reunião agora. Mas ele não tinha escolha.

 Quando ele finalmente entrou na única linha, as coisas começaram a se mover, e ele quase riu quando ele finalmente puxou ao lado dos trabalhadores em seus macacões laranja, chapéus e jeans.

 Eles estavam instalando alambrados nas bordas da ponte para evitar que as pessoas saltassem.

 Nada de saltos. Ou, pelo menos, se você insistisse em tentar, precisaria escalar o alambrado.

 Atingindo a junção espaguete, ele pegou uma curva apertada, disparou sob um viaduto, entrou na I-91. Duas saídas mais tarde, ele estava na avenida Dorn e foi para River Road.

 O posto Shell na esquina era o tipo de lugar que era parte farmácia, parte supermercado, parte loja de bebias... e banca de revista.

 E ele pretendia passar por ela quando entrou a direita. Afinal, haveria uma cópia do Charlemont Courier Journal em Easterly.

 No final, porém, suas mãos tomaram a decisão por ele. Girando o volante para a direita, ele disparou para a estação de serviço, contornou as bombas de combustíveis e estacionou próximo ao congelador de alumínio duplo com GELO pintado sobre ele junto com uma imagem de um pinguim de desenho com um lenço vermelho em volta do pescoço.

 O boné de beisebol que ele puxou sobre o rosto tinha o logotipo do U de C na frente.

 Nas bombas, havia alguns caras enchendo seus caminhões. Um veículo municipal. Um CG & E pegador de cereja. Uma mulher em um Civic com um bebê que ela continuava verificando no banco de trás.

 Ele sentiu que todos estavam olhando para ele. Mas estava errado. Se estivessem olhando em sua direção, era porque estavam verificando seu Porsche.

 Um sino tocou enquanto ele empurrava para o espaço frio da loja, e lá estava. Uma fila de Charlemont Courier Journals, todos com a manchete que ele temia pendurado acima do cartaz de Las Vegas Strip-sized.

A FALÊNCIA DE BRADFORD BOURBON.

 O New York Post não poderia ter feito isso melhor, ele pensou quando conseguiu um dólar e quinze centavos fora. Pegando uma das cópias, ele colocou o dinheiro no balcão e deu uma batida de seus dedos. O cara da caixa registradora olhou de quem ele estava recebendo e assentiu com a cabeça.

 De volta ao Porsche, Lane ficou atrás do volante e observou a página. Escaneando o primeiro conjunto de colunas, ele abriu para ler todo o artigo.

 Oh, ótimo. Eles reproduziram alguns dos documentos. E havia muitos comentários. Mesmo um editorial sobre a ganância corporativa e a falta de responsabilidade dos ricos com a sociedade.

 Jogando a coisa de lado, ele se afastou e acelerou.

 Quando chegou aos portões principais da propriedade, ele diminuiu a velocidade, apenas para contar o número de caminhões de notícias estacionados no gramado como se estivessem esperando que uma nuvem de cogumelos voltasse para Easterly a qualquer momento. Continuando, ele entrou na propriedade pela entrada de funcionário e disparou pelo caminho de volta, passando pela horta de vegetais que Lizzie cultivava para a cozinha da senhorita Aurora e, em seguida, as estufas de barril e, finalmente, as casas e o galpão de terra firme.

 O estacionamento dos funcionários estava cheio de carros, todos os tipos de ajuda extra já no local para preparar as coisas para as horas de velório. A pista pavimentada continuava além disso, montando a colina paralela à passarela que os trabalhadores costumavam chegar à casa. No topo, havia as garagens, a parte de trás do centro de negócios e as entradas traseiras para a mansão.

 Ele estacionou ao lado do Lexus marrom que estava em um dos pontos reservados para a alta administração.

 Assim que Lane saiu, Steadman W. Morgan, presidente do conselho de administração da Bradford Bourbon Company, saiu de seu sedan.

O homem estava vestido com roupas de golfe, mas não como Lenghe, o Deus do Grão, tinha estado. Steadman estava em roupas brancas de Charlemont Country Club, o símbolo da instituição privada em azul real e dourado em seu peitoral, um cinto de precisão Princeton Tiger em torno de sua cintura. Seus sapatos eram o mesmo tipo de mocassins que Lane usava, sem meias. O relógio era Piaget. O bronzeado foi obtido nos campos de golfe, não artificial. A vitalidade era uma boa criação, uma dieta cuidadosa, e o resultado do homem que nunca teve que se perguntar de onde sua próxima refeição estava vindo.

— Bastante no artigo, — disse Steadman ao se encontrarem cara a cara.

— Agora você entende por que eu mandei todos eles fora daqui?

 Não houve agitação das mãos. Sem formalidades honradas ou trocadas. Mas então, o bom Stewart não estava acostumado a ser a segunda maior prioridade de ninguém e, claramente, seus calções boxers dos Brooks Brothers diziam isso.

 Então, novamente, ele acabou de saber que ele estava sentado na cabeça da mesa em um momento muito ruim na história da BBC. E Lane certamente se relacionaria com isso.

 Com um aceno de mão, Lane indicou o caminho para a porta de trás do centro de negócios e ele digitou novo código de acesso para os dois. Acendendo as luzes enquanto seguiam, ele abriu o caminho para a pequena sala de conferências.

— Eu lhe ofereceria café, — Lane disse enquanto se sentava. — Mas eu sugiro conversarmos.

— Não estou com sede.

 — E é um pouco cedo para o bourbon ou qualquer bebida. — Lane uniu as mãos e se inclinou. — Então. Gostaria de lhe perguntar o que está em mente, mas isso seria retórico.

 — Teria sido bom se você tivesse me informado sobre artigo. Sobre os problemas. Sobre o caos financeiro. Por que diabos você bloqueou a alta administração?

 Lane encolheu os ombros. — Eu ainda estou tentando chegar ao fundo disso sozinho. Então eu não tenho muito a dizer.

 — Havia bastante nesse maldito artigo.

 — Não é minha culpa. Eu não fui a fonte, e meu comentário não foi tão à prova de bala quanto Kevlar. — Embora o repórter lhe tivesse dado um pouco para continuar. — Eu direi que um amigo meu, que é banqueiro de investimentos que se especializou em avaliar corporações multinacionais, está aqui de Nova York, e ele está descobrindo tudo.

 Steadman parecia se recompor. O que era um pouco como uma estátua de mármore lutando para manter um rosto direto: não muito trabalho.

 — Lane, — o homem começou em um tom que fez Walter Cronkite parecer Pee-wee Herman, — eu preciso que você entenda que a Bradford Bourbon Company pode ter o nome da sua família, mas não é um carrinho de limonada, você pode fechar, abaixar ou mudar sua vontade apenas porque você é sangue. Existem procedimentos corporativos, linhas de comando, formas de...

 — Minha mãe é o maior acionista.

 — Isso não lhe dá o direito de transformar isso em uma ditadura. A gerência sênior tem um imperativo para voltar dentro dessa instalação. Temos de convocar um comitê de busca para contratar um novo Diretor Presidente. Um líder interino deve ser nomeado e anunciado. E acima de tudo, uma auditoria interna apropriada para esta bagunça financeira deve ser...

 — Permita-me ser perfeitamente claro. Meu ancestral, Elijah Bradford, começou essa empresa. E eu absolutamente vou fechá-la se eu precisar. Se eu quero. Estou no comando, e será muito mais eficiente se você reconhecer isso e sair do meu caminho. Ou eu também o substituirei.

 O equivalente a um ninho de vespa assassina de raiva estreitou o rosto de Steadman. O que, novamente, não foi uma grande mudança. — Você não sabe com quem você está lidando.

 — E você não tem ideia do quanto eu tenho a perder. Eu serei o único a nomear um sucessor para meu pai, e não serão os vice-presidentes seniores que vieram aqui todas as manhãs para puxar o saco dele. Vou descobrir onde o dinheiro foi, e eu vou nos manter no negócio, mesmo se eu tiver que ir para baixo e administrar eu mesmo. — Ele pegou um dedo no rosto corado de Steadman. — Você trabalha para mim. O conselho trabalha para mim. Cada um dos dez mil funcionários que recebem um salário trabalha para mim, porque eu sou o filho da puta que vai dar a volta em tudo.

 — E exatamente como você se propõe a fazer isso? De acordo com esse artigo, existem milhões de dólares desaparecidos.

 — Me veja.

 Steadman olhou pela mesa brilhante por um momento. — O conselho...

 — Saia do meu caminho. Ouça, cada um recebe cem mil dólares para se sentar e não fazer absolutamente nada. Eu garantirei a cada um de vocês um quarto de milhão de dólares este ano. Esse é um aumento de cento e cinquenta por cento.

 O queixo do homem subiu. — Você está tentando me subornar? Nos subordinar?

 — Ou eu posso fechar o conselho. Sua escolha.

 — Há estatutos...

 — Você sabe o que meu pai fez com meu irmão, correto? — Lane se inclinou mais uma vez. — Você acha que eu não tenho os mesmos contatos que o meu velho fez nos Estados Unidos? Você acredita honestamente que não posso tornar as coisas muito difíceis para você? A maioria dos acidentes acontece em casa, mas os carros também podem ser complicados. Barcos. Aviões.

 Supôs que o Kentucky Fried Tony estava saindo novamente.

E a coisa realmente assustadora foi, como ele disse as palavras, ele não tinha certeza se ele estava blefando ou não. Sentado aqui, onde seu pai estava sentado, Lane se sentiu perfeitamente capaz de assassinar.

 De repente, a lembrança de cair da ponte, de ver a água chegar a ele, de estar naquele interior entre segurança e morte, voltou para ele.

 — Então, o que vai ser? — Lane murmurou. — Um aumento ou um túmulo? — Steadman tomou seu tempo doce, e Lane deixou o homem olhar para seus olhos o tempo que ele quis.

 — Eu não tenho certeza de que você possa prometer, filho.

 Lane encolheu os ombros. — A questão é se você quer testar essa teoria sobre o positivo ou o negativo, não é?

 — Se esse artigo for verdadeiro, como você vai conseguir o dinheiro?

 — Esse é o meu problema, não o seu. — Lane sentou-se de volta. — E eu vou deixar você saber de um pequeno segredo.

 — O que?

 — O dedo anelar do meu pai foi encontrado enterrado na frente da casa. Ainda não foi lançado na imprensa. Então não se engane. Não foi suicídio. Alguém o matou.

 Havia um pouco de clareamento na garganta nesse ponto. E então, bom, Steadman disse: — Quando exatamente receberíamos o pagamento?

Peguei você, Lane pensou.

 — Agora, aqui vamos o que vamos fazer, — ele disse ao homem.


 Jeff levou o café da manhã no andar de cima para o quarto do avô de Lane e ele estava no telefone o tempo todo. Com o pai dele.

 Quando ele finalmente desligou, sentou-se na cadeira antiga e olhou para a grama do jardim. As flores. As árvores em flor. Era como um cenário para os Carringtons na década de oitenta. Então pegou a cópia do Charlemont Courier Journal que ele roubou do andar de baixo na cozinha e olhou para a história.

 Ele leu primeiro online.

 Depois disso, quando ele desceu para pegar um café e um dinamarquês, ele perguntou a Senhorita Aurora se ele poderia pegar a cópia física. A mãe de Lane, como ela era chamada, não olhou para cima do que ela estava cortando no balcão. Saia daqui, foi tudo o que ela havia dito.

 Jeff memorizou todas as palavras, cada número, todas as imagens dos documentos.

 Quando uma batida tocou, ele disse: — Sim?

 Lane entrou com um café para si, e mesmo que ele se tenha se barbeado, ele parecia um merda. — Então-oh, sim, — disse o cara. — Você viu isso.

 — Sim. — Jeff colocou a maldita coisa para baixo. — É um ataque feroz. O problema é que nada é deturpado.

 — Eu não vou me preocupar com isso.

 — Você deve.

 — Acabei de comprar o conselho.

 Jeff recuou. — Desculpa, o que?

 — Preciso que me encontre dois milhões e meio de dólares.

 Colocando suas palmas em seu rosto e segurando uma maldição, Jeff apenas sacudiu a cabeça. — Lane, eu não trabalho para a Bradford Bourbon Company...

 — Então eu vou pagar você.

 — Com o que?

 — Pegue uma pintura do andar de baixo.

 — Sem ofensa, mas não gosto de museus e odeio arte representacional. Tudo o que você fez foi feito antes do advento da câmera. É aborrecido.

 — Há valor nisso. — Quando Jeff não deu uma resposta, Lane encolheu os ombros. — Tudo bem, vou te dar uma parte das joias da minha mãe.

 — Lane.

 O colega de quarto da faculdade não se moveu. — Ou pegue o Phantom Drop-head. Eu vou fazer isso com você. Nós possuímos todos os carros. E o meu um Porsche?

 — Você está louco?

 Lane indicou ao redor deles. — Há dinheiro aqui. Em toda parte. Você quer um cavalo?

 — Jesus Cristo, é como uma venda de garagem.

 — O que você quer? É seu. Então me ajude a encontrar esse dinheiro. Preciso de duzentos e cinquenta mil por cada dez pessoas.

 Jeff começou a balançar a cabeça. — Não funciona assim. Você não pode simplesmente desviar fundos por um capricho...

 — Não há capricho aqui, Jeff. Trata-se de sobrevivência.

 — Você precisa de um plano, Lane. Um plano abrangente que imediatamente reduz as despesas, consolida a função e antecipa uma possível investigação federal, especialmente com esse artigo agora.

 — O que me leva ao meu segundo motivo para estar aqui. Preciso que você prove que meu pai fez tudo.

 — Lane, que merda! Você acha que eu posso tirar essas coisas do meu...

 — Eu não sou ingênuo e você está certo. A polícia virá batendo depois desse artigo, e quero lhes apresentar um caminho claro para meu pai.

 Jeff exalou. Estralou os nódulos. Perguntei o que sentiria se ele atingisse sua testa com a mesa. Algumas centenas de vezes. — Bem, pelo menos, isso parece ser falta de inteligência.

— Essa é a beleza de tudo isso. Apenas veio para mim. Meu pai está morto, então não é como se fossem desenterrá-lo e colocá-lo atrás das grades. E, depois de tudo o que ele puxou, não estou preocupado em preservar sua memória. Deixe o desgraçado entrar em chamas por tudo, e então vamos avançar com a empresa. — Ele tomou uma bebida da caneca. — Oh, o que me lembra. Eu enviei um e-mail para você que Lenghe me enviou nas empresas da WWB Holdings. É mais do que nós temos e ainda não é o suficiente.

 Tudo o que Jeff poderia fazer era olhar para o cara. — Você sabe, eu não posso decidir se você tem um título incrível ou simplesmente está tão desesperado que perdeu a sua maldita cabeça.

 — Ambos. Mas posso dizer que o último é mais concreto. É difícil ter direito quando você não pode pagar por nada. E quanto à sua compensação, no que me diz respeito, estou aqui em uma situação de venda de fogo. Então, pega um caminhão e carregue a maldita coisa no telhado. Tudo o que você acha que é justo.

 Jeff olhou para o jornal novamente. Parecia apropriado que o artigo estava cobrindo todo o trabalho que fazia.

 — Não posso estar aqui para sempre, Lane.

 Mas tinha algo que ele tinha que cuidar para si mesmo. Além da lista mais recente de lavanderia de Lane e ideias brilhantes.

 — E sobre os sêniores? — perguntou Jeff. — Você também os subornou?

 — De modo nenhum. Para esse assunto, eu os coloquei em licença administrativa não remunerada para o próximo mês. Achei que havia provas suficientes para que isso fosse justificado, e a diretoria está enviando avisos. Os gerentes intermediários vão pegar a folga até encontrar um Diretor Presidente interino.

 — Vai ser difícil com isso. — Jeff bateu na primeira página. — Não é exatamente uma boa plataforma de recrutamento.

 Enquanto Lane simplesmente olhava para ele, Jeff sentiu um golpe de água fria figurativa bater na cabeça dele. Colocando ambas as palmas das mãos para cima, ele começou a balançar a cabeça novamente. — Não. Absolutamente não...

 — Você seria responsável.

 — De um navio torpedeado.

 — Você poderia fazer o que quiser.

 — Como me dizer que eu posso redecorar uma casa que está no meio de um deslizamento de terra?

 — Eu te darei equidade.

Eeeeeeeeee indicam o grito dos pneus. — O que você acabou de dizer?

 Lane virou-se e foi até a porta. — Você me ouviu. Estou lhe oferecendo equidade na mais antiga e melhor empresa de Bourbon da América. E antes de me dizer que eu não tenho permissão blá, blá, blá, posso lembrá-lo de que o tabuleiro está no meu bolso traseiro. Eu posso fazer o que quer que eu queira e precise.

 — Enquanto você conseguir o dinheiro para pagá-los.

 — Pense nisso. — O bastardo liso olhou por cima do ombro. — Você pode possuir algo, Jeff. Não são apenas números cruéis para um banco de investimento que está pagando para ser uma calculadora glorificada. Você pode ser o primeiro acionista não familiar na Bradford Bourbon Company, e você pode ajudar a determinar nosso futuro.

 Jeff voltou a olhar para o artigo. — Você já me perguntou se as coisas estavam indo bem?

 — Não, mas é porque nesse caso, eu não estaria envolvido na empresa.

 — E o que acontece quando tudo acabar?

 — Depende do que “parece”, não é? Isso poderia mudar sua vida, Jeff.

 — Sim, há uma recomendação. Veja o que é feito por você. E P.S., a última vez que você queria que eu ficasse, você me ameaçou. Agora, você está me subornando.

 — Está funcionando? — quando ele não respondeu, Lane abriu a saída. — Eu não gostei de ameaçar você duramente. Eu realmente não. E você está certo. Estou batendo cabeça aqui como um idiota. Mas estou sem opções, e não há nenhum salvador vindo do céu para me dar um milagre e fazer com que tudo isso vá embora.

 — Isso é porque não há como fazer isso desaparecer.

 — Não merda. Mas eu tenho que lidar com isso. Eu não tenho escolha.

 Jeff amaldiçoou. — Não sei se posso confiar em você.

 — O que você precisa de mim para que você possa confiar?

 — Depois de tudo isso? Não tenho certeza de que posso.

 — Então seja auto interessado. Se você possui parte do que você está economizando, se houver uma enorme vantagem, e existe, então, esse é o incentivo que você precisa. Pense nisso. Você é um empresário. Você sabe exatamente o quão lucrativo isso poderia ser. Eu lhe dou o estoque agora, e depois as coisas giram ao entorno? Há primos Bradford que estarão morrendo de vontade de comprar a merda de volta. Isso representa a melhor chance de um evento de capitalização de oito dígitos para você, fora da fodida loteria.

 Com essa nota, porque o bastardo sabia exatamente quando se retirar, Lane saiu, fechando a porta silenciosamente.

 — Foda. Me, — murmurou Jeff para si mesmo.

 

Capítulo 28

 

Lizzie dobrou seus shorts cáqui e colocou-os no balcão no banheiro de Lane ao lado de sua camisa de trabalho. Ao se endireitar, o espelho lhe mostrou um reflexo que era familiar, mas também estranho: o cabelo dela estava preso em seu rabo de cavalo, o protetor solar que colocou no início da tarde tornava sua pele muito brilhante e seus olhos tinham bolsas sob eles.

No entanto, tudo isso era normal.

Pegando o vestido preto na frente dela, ela deslizou sobre sua cabeça e pensou, ok, aqui estava a estranheza.

 Na última grande festa de Easterly, há menos de uma semana, ela estava firme no caminho junto com os funcionários. Agora, ela era uma híbrida estranha, parte da família em virtude de se envolver com a Lane, mas ainda na folha de pagamento e muito envolvida nos preparativos e no preparo para o velório.

 Arrancando o cansaço fora, ela escovou os cabelos, mas aparecia a marca da borracha e parecia ruim.

 Talvez houvesse tempo para a...

 Não. Quando ela olhou para o telefone, os números liam 3:43. Não é suficiente até mesmo um banho rápido.

 Em dezessete minutos, as pessoas começaram a chegar, os ônibus levando-os da área de estacionamento na River Road até o topo da colina e a grande porta da frente de Easterly.

 — Você parece perfeita.

 Olhando para a porta, ela sorriu para Lane. — Você é tendencioso.

 Lane estava vestido com um terno azul-marinho com uma camisa azul claro e uma gravata de cor coral. Seus cabelos ainda estavam molhados do banho, e ele cheirava a colônia que ele sempre usava.

 Lizzie voltou a se concentrar, alisando a simples bainha de algodão. Deus, ela sentiu como se estivesse vestindo roupas de outra pessoa, e jesus, ela supôs que era. Não tinha pego emprestado este vestido de sua prima há uma década, também para um funeral? A coisa foi lavada o suficiente para desaparecer em torno das costuras, mas ela não tinha mais nada em seu armário.

 — Eu preferiria estar trabalhando neste evento, — ele disse.

 — Eu sei.

 — Você acha que Chantal virá?

 — Ela não ousaria.

 Lizzie não tinha muita certeza disso. A breve a ser ex-esposa de Lane era uma agarradora de atenção, e essa era uma excelente oportunidade para a mulher afirmar sua relevância apesar de seu casamento não estar mais acontecendo.

 Lizzie esfregou os cabelos e levou-o à frente. O que não fez nada para ajudar com a marca.

Dane-se, pensou. Ela ia deixar solto.

 — Você está pronto? — ela disse quando ela foi até ele. — Você parece preocupado. Como posso ajudar?

 — Não, estou bem. — Ele ofereceu seu cotovelo. — Vamos. Vamos fazer isso.

 Ele a levou para fora do seu quarto e entrou no corredor. Quando chegaram ao conjunto de quartos de sua mãe, ele diminuiu a velocidade. Então parou.

 — Você quer entrar? — ela perguntou. — Eu espero você no andar de baixo.

 — Não, vou deixá-la aí.

 Enquanto continuaram na grande escada e começaram a descer, sentiu-se como uma impostora, até sentir a tensão no braço e percebeu que ele estava inclinado sobre ela.

 — Eu não posso fazer isso sem você, — ele sussurrou quando chegaram ao fundo.

 — Você não precisará, — ela disse calmamente quando eles entraram no piso de mármore. — Eu não vou deixar o seu lado.

 Ao redor, os garçons com gravatas e coletes pretos estavam prontos com bandejas de prata, preparados para pegar o pedido de bebida. Havia dois bares montados, um na sala de jantar à esquerda, outro na sala da frente à direita, com apenas Reserva Família Bradford, vinho branco e refrigerante disponível. As flores que ela havia pedido e organizado foram exibidas de forma proeminente em cada sala, e havia uma mesa circular antiga centrada na entrada com um livro de condolências e uma bandeja de prata para receber cartões.

 Gin e Richard foram o próximo da família a chegar, os dois descendo as escadas com a distância de um campo de futebol entre eles.

— Irmã, — Lane disse enquanto ele beijava sua bochecha. — Richard.

 Os dois passaram sem reconhecer Lizzie, mas em sua mente, foi um caso de: às vezes você teve sorte. Tudo o que eles diriam ou fariam era provável se deparar-se com condescendentes de qualquer maneira.

 — Isso não está bem, — murmurou Lane. — Eu vou ter que...

 — Não faça nada. — Lizzie apertou sua mão para chamar sua atenção. — Ouça-me quando digo isso. Isso não me incomoda. Em absoluto. Eu sei onde estou e se sua irmã me aprova ou me desaprova? Não altera meu código postal no mínimo.

 — É desrespeitoso.

 — É meninas do ensino médio. E cheguei a isso há quinze anos atrás. Além disso, ela é assim porque é miserável. Você poderia estar ao lado de Jesus Cristo, filho de Deus, e ela odiaria o fato de ele estar com um manto e sandálias.

 Lane riu e a beijou na têmpora. — E mais uma vez, você me lembra exatamente por que estou com você.


 — Espera. Sua gravata está torcida.

 Mack torceu. Seu escritório vinha com um chuveiro, uma pia e um vaso sanitário, e ele não tinha incomodado em fechar a porta quando entrou... bem, ferrado, com esse laço de seda em sua garganta.

 Beth colocou alguns papéis na mesa e veio.

 O espaço apertado ficou ainda mais apertado quando ela entrou com ele, e Deus, seu perfume enquanto ela esticava e deslizava o nó.

 — Eu não acho que isso combina mesmo, — ele disse enquanto tentava não se concentrar em seus lábios. — A camisa, quero dizer.

 Cara, eles pareciam macios.

 — Não. — ela sorriu. — Mas está tudo bem. Você não é julgado no seu senso de moda.

 Por uma fração de segundo, ele imaginou colocar suas mãos em sua cintura e puxá-la contra a frente de seus quadris. Então ele mergulharia a cabeça e descobriria o sabor dela. Talvez levantá-la em cima da borda da pia e...

 — Bem? — ela indagou quando ela jogou uma extremidade da gravata sobre a outra em seu coração.

 — O quê?

— Onde você está indo todo vestido?

 — O velório de William Baldwine em Easterly. Estou atrasado. Começa às quatro.

 O puxão de sua garganta foi erótico, mesmo que ele o levasse na direção errada: se Beth estivesse mexendo com suas roupas, ele queria que ela estivesse tirando-as dele.

 — Oh. Uau. — Mais puxão. Então ela recuou. — Melhor.

 Ele se inclinou para um lado e verificou-se no espelho. A maldita coisa era reta como uma linha em uma rodovia, e o nó estava bem no colarinho, e nem todos foram conquistados de uma forma ou de outra, também. — Muito impressionante.

 Beth saiu, e ele a viu se afastar antes de chutar sua própria bunda. No momento em que ele estava pronto para se voltar a focar, ela estava em sua mesa, fazendo um gesto para as coisas, falando.

 Ela estava encarnada novamente, o vestido estava sobre o joelho, mas não muito longe, e abaixo no pescoço, mas não demais. As mangas eram curtas. Meias? Não, ele não pensava assim, e maldito, essas eram boas pernas. Sapatos planos.

 — Bem? — ela disse novamente.

 Ok, ele precisava cortar a porcaria antes que ela pegasse aquela vibração hostil-trabalho-ambiente que ele estava jogando.

 — O quê? — ele perguntou quando ele saiu do banheiro.

 — Você acha que eu poderia me juntar a você? Quero dizer, eu não trabalhei para o homem, mas agora estou na empresa.

 Não era um encontro, ele disse enquanto assentia. Absolutamente não. — Claro. — Ele limpou a garganta. — É um evento aberto. Imagino que haverá muitas pessoas da BBC. Provavelmente devemos ir no seu carro, no entanto. Minha picape não é um lugar para uma senhora.

 Beth sorriu. — Vou pegar minha bolsa. Feliz de dirigir.

 Mack ficou para trás por um segundo enquanto ela foi até a mesa. Forçando a olhar para todos os rótulos nas paredes, ele lembrou a sua ereção parcial de que ela era sua assistente executiva. E sim, ela era linda, mas havia coisas mais importantes para se preocupar com sua vida amorosa atualmente inexistente.

 Hora de se acomodar em algum lugar, pensou. Esteve muito ocupado com o trabalho nos últimos tempos, e isso foi o que aconteceu: você se tronava um cara desesperado ao redor de uma mulher muito decente e seu pau assume o controle.

 — Mack? — ela gritou.

 — Chega... — Pare. Isto. — Não, quero dizer... eu estou, ah...

 Oh, pelo amor de Deus.

 

Capítulo 29

 

Ninguém apareceu.

 Cerca de uma hora e vinte minutos de velório, quando deveria ter havido uma fila pela porta da frente e um carrossel de ônibus subindo e descendo a montanha, havia apenas alguns retardatários, todos os quais examinaram a escassez de gente e batiam em retirada para a porta de Easterly.

 Como se tivessem usado trajes de Halloween para um baile. Ou branco após o Dia do Trabalho. Ou estava sentado na mesa das crianças durante algum grande evento.

Supunha que ele estivesse errado sobre pessoas que queriam ver os poderosos caídos de perto e pessoalmente.

 Lane passou muito tempo vagando de uma sala para outra, com as mãos nos bolsos porque sentia vontade de beber e sabia que era uma má ideia. Gin e Richard desapareceram em algum lugar. Amélia nunca desceu. Edward não apareceu.

 Lizzie estava ficando bem com ele.

 — Com licença senhor.

 Lane voltou para o mordomo uniformizado. — Sim?

 — Há algo que eu possa fazer?

 Talvez fosse o sotaque inglês, mas Lane poderia ter jurado que o Sr. Harris estava sutilmente satisfeito com a desonra. E isso não fez que Lane quisesse se aproximar e transformar todo aquele cabelo Brylcreem em uma bagunça só.

 — Sim, diga aos garçons para arrumar os bares e então eles podem ir para casa. — Não há motivo para pagá-los para ficar de pé. — E deixe os manobristas e os ônibus irem. Se alguém quer vir, eles podem deixar seus carros na frente.

 — Claro senhor.

 Quando Harris desapareceu, Lane foi até a base da escada e sentou-se. Olhando pela porta da frente até a luz do sol, ele pensou na reunião com o membro do conselho. As cenas com Jeff. O encontro com John Lenghe.

 Quem deveria aparecer em uma hora, mas quem sabia.

 Jeff estava certo. Ele estava usando táticas de braço forte, e manipulando pessoas e dinheiro ao redor. E sim, era sob o pretexto de ajudar a família de merda, salvando a família. Mas a ideia de que ele poderia estar se transformando em seu pai fez seu estômago revirar.

 Engraçado, quando ele foi a essa ponte e se inclinou sobre essa borda, ele queria algum tipo de conexão ou compreensão do homem. Mas agora ele estava arquivando isso sob cuidado com o-que-você-deseja. Muitos paralelos estavam montando, graças à maneira como ele se comportava.

 E se ele se transformasse no filho da puta...

— Ei. — Lizzie se sentou ao lado dele, enfiando a saia debaixo das coxas. — Como você está? Ou espere, essa é uma pergunta estúpida, não é.

 Ele se inclinou e a beijou. — Estou bem...

 — Eu perdi isso?

 Ao som de uma voz familiar que ele não tinha ouvido há muito tempo, Lane ficou rígido e virou lentamente. —... mãe?

 No topo da escada, pela primeira vez em anos, sua mãe estava com o apoio de sua enfermeira. Virginia Elizabeth Bradford Baldwine, ou Little V.E. Como ela era conhecida na família, estava vestida com um longo vestido de seda branco, e havia diamantes em suas orelhas e pérolas ao redor de sua garganta. Seu cabelo perfeitamente colorido e sua coloração era adorável, embora definitivamente o resultado de um bom trabalho de maquiagem em oposição à saúde.

 — Mãe, — ele repetiu enquanto se levantava e subia as escadas duas de cada vez.

 — Edward, querido, como você está?

 Lane piscou algumas vezes. E então pegou o lugar da enfermeira, oferecendo um braço que foi prontamente aceito. — Você quer descer as escadas?

 — Eu acho que é apropriado. Mas ah, estou atrasada. Eu perdi todos.

 — Sim, eles vieram e foram embora. Mas está tudo bem, mãe. Vamos prosseguir.

 O braço de sua mãe era semelhante ao de um pássaro, tão magro sob a manga e, enquanto se inclinava sobre ele, seu peso mal se registrou. Eles fizeram a descida devagar, e durante todo o tempo, ele queria erguê-la e carregá-la, porque parecia que poderia ser uma opção mais segura.

Se ela tivesse uma queda? Tinha medo de que ela corresse o risco de se quebrar na base da escada.

 — Seu avô foi um grande homem, — ela disse, quando eles chegaram ao chão de mármore preto e branco do salão. — Oh, olha, eles estão removendo as bebidas.

 — Está tarde.

 — Eu adoro as horas de sol no verão, não é? Elas duraram tanto tempo.

 — Você gostaria de se sentar no salão?

 — Por favor, querido, obrigado.

 Sua mãe não caminhava tanto como embaralhava até a arcada, e quando finalmente chegaram aos sofás de seda em frente à lareira, Lane se sentou no que estava de frente para a porta da frente.

— Oh, os jardins. — Ela sorriu enquanto olhava pelas portas francesas do outro lado do caminho. — Eles parecem tão maravilhosos. Você sabe, Lizzie trabalha tão duro em tudo.

 Lane escondeu a surpresa ao passar e servir-se de um bourbon no carrinho da família. Foi além do tempo que ele cedeu ao seu desejo. — Você conhece Lizzie?

 — Ela me traz minhas flores, oh, você está. Lizzie, você conhece meu filho Edward? Você deve.

 Lane olhou a tempo para ver Lizzie fazer uma dupla tomada e depois cobrir a reação bem. — Sra. Bradford, como você está? É maravilhoso ver você de pé.

 Embora o sobrenome de sua mãe fosse legalmente Baldwine, ela sempre foi a Sra. Bradford em torno da propriedade. Era assim como as coisas eram, e uma das primeiras coisas que seu pai tinha aprendido a odiar, sem dúvida.

 — Bem, obrigada, querida. Agora, você conhece Edward?

 — Sim, — disse Lizzie suavemente. — Eu o conheci.

 — Diga-me, você está ajudando com a festa, querida?

 — Sim, senhora.

 — Eu acho que perdi. Eles sempre me disseram que eu chegaria tarde para meu próprio funeral. Parece que eu calculei mal o do meu pai também.

 Quando dois garçons entraram para começar a desligar o bar no canto, Lane balançou a cabeça em suas direções e eles se afastaram. Ao longe, ele podia ouvir o tintilar de copos e garrafas e um pingo de conversa da equipe enquanto as coisas eram tratadas na sala de jantar, e ele esperava que seu cérebro interpretasse como o fim de festa.

 — Sua escolha de cor é sempre perfeita, — disse sua mãe a Lizzie. — Eu amo meus buquês. Aguardo os dias em que você os muda. Sempre uma nova combinação de flores, e nunca um fora do lugar.

 — Obrigada, Sra. Bradford. Agora, se você me desculpar?

 — É claro querida. Há muito o que fazer. Imagino que tínhamos uma terrível aglomeração de pessoas. — Sua mãe acenou com a mão tão graciosa como uma pena que flutuava através do ar, seu enorme diamante em forma de pera piscando como uma luz de Natal. — Agora, diga-me, Edward. Como estão as coisas no Old Site? Temo que estive fora de circulação por um algum tempo.

 Lizzie deu um aperto no braço antes de deixar os dois sozinhos, e Deus, o que ele não teria dado para segui-la para fora da sala. Em vez disso, sentou-se no lado mais afastado do sofá, aquela foto de Elijah Bradford parecia olhar para ele de cima da lareira.

 — Tudo está bem, mãe. Tudo bem.

 — Você sempre foi um homem de negócios tão maravilhoso. Você assemelha ao meu pai, você sabe.

 — Isso é um elogio.

 — É para ser.

 Seus olhos azuis estavam mais pálidos do que ele se lembrava, embora talvez fosse porque eles realmente não se concentravam. E o cabelo de sua rainha Elizabeth não era tão grosso. E sua pele parecia tão fina como uma folha de papel e tão translúcida como a seda fina.

 Ela parecia ter oitenta e cinco, não sessenta e cinco.

 — Mãe? — ele disse.

 — Sim querido?

 — Meu pai está morto. Você sabe disso, certo? Eu te disse.

 Suas sobrancelhas se juntaram, mas nenhuma linha apareceu e não porque ela tivesse Botox. Pelo contrário, ela foi criada em uma época em que jovens senhoras foram educadas a não ir ao sol, não que os perigos com o câncer de pele fossem plenamente conhecidos naquela época, e não por causa de qualquer preocupação com a camada de ozônio sendo esgotada. Mas, porque as sombrinhas e guarda-sóis no lazer eram acessórios elegantes para as filhas dos ricos.

 Os anos sessenta no sul rico foram mais análogos aos anos quarenta em qualquer outro lugar.

 — Meu marido…

 — Sim, o pai morreu, não avô.

 — É difícil para mim... o tempo é difícil para mim agora. — Ela sorriu de uma maneira que não lhe deu nenhuma ideia de estar sentindo qualquer coisa ou se o que ele estava dizendo estava afundando em tudo. — Mas eu vou ajustar. Bradfords sempre se ajusta. Oh, Maxwell, querido, você veio.

 Quando ela estendeu a mão e olhou para cima, ele se perguntou quem no inferno que ela achou que chegara.

 Quando ele se virou, ele quase derramou sua bebida. — Maxwell?


— Sim, por ali, por favor. E para a sala dos casacos.

 Lizzie apontou um garçom segurando uma caixa de copos alugados e não utilizados em direção à cozinha. Então ela voltou para pegar a última das garrafas de vinho branco não abertas de uma caixa de bebidas no chão. Graças a Deus, havia algo para limpar. Se ela tivesse que ficar em todas aquelas salas vazias por mais tempo, ela iria perder a cabeça.

 Lane não parecia se importar de um jeito ou de outro que essencialmente ninguém veio, mas Deus ...

 Inclinando-se, levantou a caixa e caminhou por trás da mesa coberta de linho. Saindo da sala de jantar pela porta lateral, ela colocou a caixa com as outras três no salão dos funcionários. Talvez eles pudessem devolvê-las porque as garrafas não foram abertas?

 — Cada centavo ajuda, — ela disse para si mesma.

 Imaginando que ela começasse no bar no terraço, ela hesitou em uma das portas dos funcionários, mesmo que, se ela usasse, ela teria que caminhar até o outro lado da casa.

 Em Easterly, a família podia ir e vir de qualquer lugar a qualquer momento. Os funcionários, por outro lado, foram regimentados.

Então, novamente...

— Dane-se.

Ela não estava fazendo esse esforço porque ela era uma empregada, mas porque o homem que amava estava tendo um dia realmente de merda e a estava matando ver isso acontecer e ela precisava melhorar a situação de alguma forma, mesmo que fosse apenas a arrumação para um evento que nunca aconteceu.

 Atravessando os cômodos, saiu as portas francesas da biblioteca e fez uma pausa. Este era o terraço que tinha vista para o rio e o grande declive para a River Road, e todos os antigos móveis de ferro forjado e mesas cobertas de vidro foram movidos para a periferia para acomodar todas as pessoas que não vieram.

 O barman posicionado lá fora deixou seu posto, e ela passou e levantou o forro de mesa de linho do bar. Por baixo, caixotes vazios para os utensílios e caixas para o bourbon e o vinho estavam bem ordenados, e ela arrastou alguns deles.

 Justo quando ela estava prestes a começar a embalar, literalmente, notou a pessoa sentada imóvel e silenciosa por uma das janelas, seu foco na casa, não na vista.

 — Gary?

 Enquanto falava, o chefe da maquinaria pulou tão rápido, a cadeira de metal em que ele estava esbarrou na lareira.

 — Oh, puxa, desculpe. — Ela riu. — Eu acho que todos estão no limite hoje.

 Gary estava em um macacão e suas botas de trabalho foram mantidas, sem sujeira ou detritos nelas. Seu velho boné de beisebol de Momma's Mustard, Pickles & BBQ estava em sua mão, e ele rapidamente o empurrou para trás em sua cabeça.

 — Você não precisa sair, — ela disse quando começou a transferir copos para uma caixa embaixo.

 — Eu não irei. Apenas quando eu vi...

 — Sem carros, certo. Quando você viu que ninguém estava chegando.

 — As pessoas ricas têm um estranho senso de prioridade.

 — Amém a isso.

 — Bem, de volta ao trabalho. Você não está precisando de nada?

 — Não, estou me dando algo para fazer. E se você me ajudar, eu terminarei mais rápido.

 — Então é assim, hein.

 — Sim desculpa.

 Ele resmungou e saiu pela lateral distante do terraço, tomando o caminho que descia em torno da base da muralha de pedra que impedia essa parte da mansão de cair de seu sublime poleiro.

 Mais tarde, muito mais tarde, Lizzie se perguntou por que se sentia obrigada a sair do bar e caminhar até onde o homem esteve sentado e olhando tão atentamente. Mas, por algum motivo, o impulso foi inegável. Então, novamente, Gary raramente ficava quieto, e ele curiosamente desinflou.

 Inclinando-se no velho vidro... viu a mãe de Lane empoleirada, tão bonita quanto uma rainha, naquele sofá de seda.

 

CONTINUA

Capítulo 21

 


A vassoura beijava ao longo do corredor central do estábulo, empurrando os detritos à frente, chutando uma fina névoa de partículas de feno. Enquanto Edward caminhava atrás de sua vassoura, os focinhos das fêmeas reprodutoras saíam de baias de portas abertas, aspirando a sua camiseta, batendo o cotovelo, soprando os cabelos. Umidade tinha explodido em sua testa e uma linha desceu sua espinha na cintura solta do jeans. De vez em quando, ele parou e passou o antebraço sobre o rosto. Falava com Joey, o filho de Moe, que estava tirando o estrume das baias. Deu um tapa em um pescoço gracioso ou alisou uma crina ágil.

 Ele podia sentir o álcool sair de seus poros, como se estivesse marinado nas coisas. E ainda assim, enquanto ele estava trabalhando a bebida no seu corpo, ele teve que cuidar de uma garrafa de vodca duas vezes, caso contrário, a agitação ia à frente dele.

 — Você está trabalhando duro, — veio uma voz do outro lado.

 Edward parou e tentou olhar por cima do ombro. Quando seu corpo não lhe permitia a margem de manobra, ele arrasou, usando o punho da vassoura para alavancar.

 Apertando um raio de luz do sol, ele disse: — Quem é?

 — Eu sou detetive Merrimack. CMP.

 Um estridente conjunto de passos desceu o concreto, e quando eles pararam na frente dele, uma carteira foi aberta, e uma identificação e um crachá foram apresentados para inspeção.

 — Eu estava pensando se eu poderia fazer algumas perguntas, — disse o detetive. — Assim como uma formalidade.

 Edward mudou o foco da exibição para o rosto que combinava com a fotografia laminada. Merrimack era afro-americano, com cabelos curtos, um maxilar forte e mãos grandes que sugeriam que ele poderia ter sido jogador de futebol ao mesmo tempo. Ele estava usando uma camisa polo branca brilhante com a insígnia do Departamento de Polícia do Metro de Charlemont no peito, um bom par de calças e um conjunto de sapatos de couro com solas de borracha que faziam Edward pensar que, na ocasião, o cara tinha que perseguir alguém.

 — Como posso ajudá-lo, detetive?

 Merrimack guardou suas credenciais. — Você quer ir a algum lugar para se sentar enquanto conversamos em particular?

 — Aqui está bom o suficiente para mim. — Edward coxeou até um fardo de feno e deixou seu peso cair das pernas. — Não há ninguém mais neste celeiro agora. E você pode virar esse balde se quiser se sentar.

 Merrimack sacudiu a cabeça. Sorriu. Olhou ao redor. — Esta é uma reprodução que você tem aqui. Muitos cavalos bonitos.

 — Você é um homem de apostas na pista?

 — Apenas coisas pequenas. Nada como você, tenho certeza.

 — Eu não aposto. Mais isso é.

 — Nem mesmo em seus próprios cavalos?

 — Especialmente não nos meus. Então o que posso fazer por você?

 O detetive atravessou a baia cuja parte superior estava fechada. — Uau. Este é uma beleza...

 Edward balançou a cabeça. — Eu não ficaria tão perto se eu fosse...

 Nebekanzer abriu os dentes e pulou nas barras, e Merrimack voltou para trás, dançando melhor do que Savion Glover.

 Enquanto o homem se segurava em uma porta torta oposta, Edward disse: — Você não está familiarizado com os cavalos, não é?

 — Ah... não. — O homem endireitou-se e arrumou a camisa. — Não, eu não estou.

 — Bem, quando você entra em um celeiro cheio de baias aberta e há uma, e apenas uma, está completamente fechada? As chances são de que é por uma boa razão.

 Merrimack balançou a cabeça para o grande garanhão, que estava movendo de um lado para o outro como se quisesse sair e não era para apertar a mão de forma educada. — Diga-me que ninguém monta essa coisa.

 — Só eu. E não tenho nada a perder.

 — Você? Você pode entrar numa sela na parte de trás desse cavalo.

 — Ele é meu garanhão, não apenas um cavalo. E sim, posso. Quando eu penso em algo, posso fazer isso acontecer mesmo neste corpo.

 Merrimack foi reorientado. Sorriu novamente. — Você pode. Bem, isso deve estar ajudando com sua recuperação. Eu leio sobre o seu...

 — Férias infelizes? Sim, o que eu atravessei nunca vai aparecer no Trivago. Mas pelo menos eu consegui os pontos frequentes para a viagem. Nada, porém, para o norte. Eles tiveram que transportar o que restava de mim para uma base do exército, e então a Força Aérea me trouxe de volta aos Estados Unidos.

 — Não consigo imaginar o que foi isso.

— Sim, você pode. — Edward recostou-se no fardo de feno e reorganizou suas pernas. — Então o que posso fazer por você?

 — Espere, você disse que a Força Aérea o trouxe para casa?

 — O embaixador na Colômbia é um amigo da minha família. Ele foi muito útil. Assim como, o adjunto do xerife amigo meu em Charlemont.

 — Seu pai providenciou a ajuda?

 — Não ele não fez.

 — Não?

 Edward inclinou a cabeça. — Ele tinha outras prioridades na época. Você veio até Ogden County apenas para me perguntar sobre meus cavalos? Ou é sobre meu pai?

 Merrimack sorriu de novo, assim parecia que ele estava pensando, mas não queria parecer ameaçador. — Isto é. Apenas algumas perguntas de fundo. Em situações como essa, gostamos de começar com a família.

 — Pergunte à vontade.

 — Você pode descrever seu relacionamento com seu pai?

 Edward moveu a vassoura entre os joelhos e bateu a alça para frente e para trás. — Foi frágil.

 — Essa é uma grande palavra.

 — Você precisa de uma definição?

 — Não, eu não. — Merrimack tirou um bloco do bolso de trás e o abriu. — Então vocês não eram próximos.

 — Eu trabalhei com ele por vários anos. Mas eu não diria que a relação tradicional pai-filho era uma que compartilhamos.

 — Você era seu herdeiro aparente?

 — Eu era no sentido comercial.

 — Mas você não é mais.

 — Ele está morto. Ele não tem qualquer “mais”, tem? E por que você não vai e me pergunta se eu o matei e cortei seu dedo?

 Outro daqueles sorrisos. E o que você sabe, o cara tinha bons dentes, tudo em linha reta e branco, mas não de uma maneira falsa e cosmeticamente melhorada. — Tudo bem. Talvez você gostaria de responder sua própria pergunta.

 — Como posso matar alguém? Eu mal consigo varrer esse corredor.

 Merrimack olhou para baixo e para trás. — Você acabou de me dizer que era tudo sobre motivação para você.

 — Você é um detetive de homicídios. Você deve estar bem ciente de quanto esforço leva para assassinar alguém. Meu pai era um homem saudável e, na minha condição atual, ele pesava cerca de 20 quilos a mais do que eu. Talvez eu não tenha gostado muito dele, mas isso não significa que o patricídeo esteja na minha lista de prioridades na vida.

 — Você pode me dizer onde você esteve na noite em que ele morreu?

 — Eu estava aqui.

 — Existe alguém que possa corroborar isso?

 — Eu posso.

 Shelby saiu da sala de abastecimento, sem se importar e calma como um Buda. Embora estivesse mentindo.

 — Olá, senhorita, — disse o detetive, caminhando e estendendo a palma da mão. — Eu sou do Departamento de Polícia do Metro de Charlemont. E você é?

 — Shelby Landis. — Ela apertou a mão e deu um passo atrás. — Eu trabalho aqui como uma mão estável.

 — Por quanto tempo?

 — Não muito. Uma semana ou mais. Meu pai morreu e ele me disse para vir aqui.

 Merrimack olhou para Edward. — E naquela noite, na noite em que seu pai morreu, vocês dois foram...

 — Só aqui, — disse Edward. — Sentado ao redor. Essa é a extensão das coisas para mim.

 — Bem, tenho certeza de que isso é compreensível. — Sorriso. — Deixe me perguntar algo. Que tipo de carro você dirige?

 Edward encolheu os ombros. — Eu não, na verdade. Meu Porsche está em Easterly. É transmissão manual, então não é realmente tão prático mais.

 — Quando foi a última vez que você voltou para casa?

 — Aquela não é mais minha casa. Eu moro aqui.

 — Tudo bem, quando foi a última vez que você foi em Easterly?

 Edward pensou quando ele e Lane entraram no centro de negócios para que esses registros financeiros pudessem ver a luz do dia. Tecnicamente, não estava entrando, mas Edward certamente não teria sido bem-vindo lá. E sim, ele havia roubado informações corporativas.

 Então ele teve esse momento com a senhorita Aurora, a mulher envolvendo seus braços ao redor dele e quebrando-o por dentro.

 Muitas câmeras de segurança em Easterly. Fora e dentro da casa. Dentro do centro de negócios.

 — Eu estive lá alguns dias atrás. Para ver meu irmão Lane.

 — E o que você fez enquanto esteve lá?

 — Falei com ele. — Usou uma porta traseira na rede para extrair informações. Observou seu pai fazer um acordo com Sutton. Depois que o desgraçado a paquerou. — Nós apenas conversamos.

 — Hmm. — Sorriso. — Você pegou emprestado um dos outros carros? Quero dizer, sua família tem muitos carros diferentes, não é?

— Não.

 — Eles não? Porque quando eu estive lá ontem, vi um grande número de portas de garagem na parte de trás. Em frente ao centro de negócios onde seu pai trabalhou.

 — Não, como em eu não peguei nenhum dos outros carros.

 — As chaves desses veículos estão na garagem, certo? Em um caixa com uma combinação.

 — Eu acho.

 — Você conhece a combinação, Sr. Baldwine?

 — Se eu sabia, esqueci disso.

 — Isso acontece. As pessoas esquecem códigos de passaporte e senhas o tempo todo, não é o caso. Diga-me algo, você está ciente de alguém que possa ter rancor contra seu pai? Ou queria prejudicá-lo? Talvez tivesse uma razão para se vingar dele?

 — É uma longa lista.

— É?

— Meu pai tinha o hábito de não ser simpático com os outros.

 — Você pode me dar exemplos específicos?

 — Qualquer um com quem ele já lidou com um nível pessoal ou profissional. Assim.

 — Fracasso, na verdade. Você disse que seu pai estava saudável, em comparação com você. Mas você estava ciente de qualquer doença que ele poderia ter tido?

 — Meu pai acreditava que homens reais não ficam doentes.

 — Ok. — O bloco ficou fechado sem que o detetive tivesse escrito nada nele. — Bem, se você pode pensar em algo que nos ajude, você pode me ligar aqui. Ou um de vocês.

 Edward aceitou o cartão de visita que lhe foi oferecido. Havia um selo dourado no centro, o mesmo que estava na camisa do detetive. E o nome de Merrimack e vários números e endereços foram impressos em torno dele como se fosse o sol.

 No fundo, havia a frase “Para proteger e servir” na escrita cursiva.

 — Então, você acha que ele foi assassinado? — disse Edward.

 — Você? — Merrimack deu um cartão para Shelby. — O que você acha, Sr. Baldwine?

 — Eu não tenho uma opinião de um jeito ou de outro.

 Ele queria perguntar se ele era um suspeito, mas ele já sabia dessa resposta. E Merrimack estava mantendo suas cartas perto de seu peito.

 Sorriso. — Bem. É um prazer conhecer vocês dois. Você sabe onde me encontrar, e eu sei onde encontrar vocês.

 — O prazer era todo meu.

 Edward viu o detetive sair na luz do início da tarde. Então ele esperou um pouco mais enquanto um carro de polícia não marcado prosseguiu pela linha principal e para a estrada além.

 — Você não estava comigo, — murmurou Edward.

 — Isso importa?

 — Infelizmente... importa.

 

Capítulo 22

 


Pelo menos o advogado de seu pai não estava atrasado.

Quando Lane verificou o seu relógio, quatro e quarenta e cinco em ponto quando o Sr. Harris trouxe o venerável Babcock Jefferson para o salão principal de Easterly.

 — Saudações, Sr. Jefferson, — Lane disse enquanto se levantava. — Bom que você veio.

— Lane. Minhas condolências.

 O executor de William Baldwine estava vestido com um terno azul-marinho com uma gravata vermelha e azul, e um lenço branco no bolso do peito. Ele era uma versão rica de sessenta e poucos, de um bom garoto, suas bochechas salientes sobre o colarinho de sua camisa formal, o cheiro dos charutos cubanos e o Bay Rum o antecedeu quando ele se aproximou para apertar a mão.

 Samuel T. levantou do outro sofá. — Sr. Jefferson. Estou aqui na qualidade de advogado de Lane.

 — Samuel T. Como está seu pai?

 — Muito bem.

 — Dê-lhe as minhas saudações. E qualquer um é bem-vindo aqui a convite da família.

 — Sr. Jefferson, — Lane falou. — Esta é minha noiva, Lizzie King.

 E praticamente uma pausa atingiu todos na sala: Gin ergueu os olhos, Samuel T. sorriu e o Sr. Jefferson curvou-se na cintura.

 Lizzie, entretanto, lançou um olhar surpreso na direção de Lane e depois se recuperou estendendo a mão para o executor e oferecendo ao cara um sorriso. — É uma coisa muito recente.

 Por um momento, o Sr. Jefferson parecia positivamente afetado com ela, seus olhos cintilando de maneira amigável.

 — Bem, parabéns! — O Sr. Jefferson assentiu na direção de Lane e depois voltou a se concentrar nela. — Eu diria que você é uma melhora, mas isso seria desrespeitoso para sua ex-Sra. Você é, no entanto, uma grande melhoria.

 Lizzie riu. — Você é encantador, não é?

 — Até minhas botas de caça, senhora. — O Sr. Jefferson ficou mais sério quando olhou para Lane. — Onde estão seus irmãos?

 Lane voltou a sentar-se novamente ao lado de Lizzie. — Eu não sei em que estado Max está, muito menos como alcançá-lo, e Edward está...

 — Bem aqui.

 Edward se materializou na arcada e, embora Lane o visse um dia ou dois, a aparência física ainda era o tipo de coisa que você tinha que ajustar. Ele estava barbeado e se banhou, seu cabelo escuro estava úmido e ondulado de uma maneira que nunca havia sido permitida nos anos anteriores. Sua calça estava quase caindo dos quadris, mantidas apenas por um cinto de couro de jacaré. Sua camisa era lisa e azul, uma sobra de seu guarda-roupa de negócios. Era tão solta, porém, era como se ele fosse uma criança tentando vestir a roupa do pai.

 E, no entanto, ele impunha o respeito enquanto ele mancava e se sentou em uma das poltronas. — Sr. Jefferson. Bom te ver de novo. Desculpe minha grosseria, mas preciso me sentar.

 — Eu vou até você, filho.

 O executor colocou a maleta em uma das mesas laterais e caminhou. — É bom ver você novamente.

 Edward apertou a mão do homem. — Da mesma forma.

 Não houve conversa depois disso. Edward nunca foi de muita conversa, e o Sr. Jefferson pareceu lembrar disso.

 — Há alguém que você convidou?

 O reflexo de Lane foi esperar que Edward respondesse, mas então ele se lembrou de que ele foi o único a juntar todos.

 — Não. — Lane se levantou e fechou as portas que abriram no escritório. — Estamos prontos.

 Ele fechou as duas metades e foi fazer o mesmo no arco para o vestíbulo. Quando ele se virou, ele ficou com o olhar de Lizzie. Ela estava sentada no sofá de seda em seu short e camisa polo, seus cabelos loiros se afastaram, o rosto aberto.

 Deus, ele a amava.

 — Vamos fazer isso, — Lane ouviu-se dizer.


 Edward empurrou as mãos, colocando os cotovelos nos braços acolchoados da cadeira. Do outro lado do salão, no sofá de seda, seu irmãozinho estava aconchegante, com a horticultora, Lizzie, e tinha que admitir, a facilidade com que os dois se sentavam lado a lado era indicativo de uma conexão normalmente não encontrada nos casamentos Bradford: estava na forma como ele casualmente arrumou um braço sobre os ombros. Como ela apoiou a mão no joelho dele. O fato de eles terem contato visual entre si como se ambos estivessem verificando se o outro estava bem.

 Ele desejava o bem para Lane. Ele realmente desejava.

 Gin, por outro lado, estava em um relacionamento mais tradicional com seu futuro esposo. Richard Pford não estava em nenhum lugar, e isso também foi bom. Ele poderia se casar com um da família, mas isso era privado.

 — Estamos aqui para a leitura da última vontade e testamento de William Wyatt Baldwine, disse Babcock enquanto se sentava na outra poltrona e abriu a pasta no colo.

 — A Mãe deve ser incluída? — Edward interveio.

 O executor olhou para a metade superior de seu caso e disse suavemente: — Eu não acredito que seja necessário incomodá-la. Seu pai estava principalmente interessado em prover sua prole.

— Mas é claro.

 Babcock retomou a extração de um documento bastante volumoso. — O falecido envolvido me contratou nos dez anos anteriores como seu advogado pessoal, e durante esse período, ele executou três testamentos. Esta é a sua vontade final, executada há um ano. Nele, ele prevê que todas as dívidas de natureza pessoal sejam pagas, juntamente com os impostos e honorários profissionais adequados, em primeiro lugar. Posteriormente, ele criou uma confiança para a maior parte de seus ativos. Essa confiança deve ser dividida igualmente a favor da Senhorita Virginia Elizabeth Baldwine, do Sr. Jonathan Tulane Baldwine e do Sr. Maxwell Prentiss Baldwine.

 Pausa.

 Edward sorriu. — Eu entendo que meu nome foi omitido de propósito.

 Babcock sacudiu a cabeça com gravidade. — Sinto muito, filho. Defendi que ele o incluísse, eu fiz.

 — Cortar-me de seu testamento é o fardo menos oneroso que o homem me coloca, eu lhe asseguro. E, Lane, deixe de olhar para mim assim, sim.

 Enquanto seu irmão mais novo afastou os olhos, Edward levantou-se e dirigiu-se para o carrinho do bar. — Reserva Família, alguém quer?

 — Para mim, — disse Lane.

 — Eu aqui, — Samuel T. falou.

 Gin permaneceu em silêncio, mas seus olhos também, observavam todos os seus movimentos enquanto o advogado descrevia os detalhes em relação à confiança que havia sido estabelecida. Samuel T. passou por seu copo e Lane, e então Edward estava de volta a poltrona em que ele estava.

 Ele poderia dizer honestamente que não sentiu nada. Não há raiva. Sem nostalgia. Sem desejo ardente de fechar a distância, reconectar, reconfirmar. Corrigir algo.

 O desprendimento tinha sido duro, afiado por ele vivendo com as contradições do fogo do ressentimento de seu pai e o congelamento do distanciamento do homem.

 Isso não faria que os outros sentissem qualquer coisa, pelo menos, quando se tratava dele e sua deserdação. Seu relacionamento com seu pai, como era, era o negócio apenas dos dois. Edward não queria cuidar da simpatia dos outros, seu irmão e sua irmã precisavam ser tão frios quanto ele.

 Um ano atrás, ele pensou.

 Perguntava-se por que a mudança no testamento foi feita. Ou talvez ele nunca tenha sido mencionado nas versões anteriores também.

 — ... até os legados individuais. — Neste ponto, Babcock limpou a garganta. — Eu gostaria de notar que houve um legado significativo no testamento para a Sra. Rosalinda Freeland, que já morreu. A casa em que residia, na Cerise Circle 372 em Rolling Meadows, era de fato propriedade do Sr. Baldwine, e era seu desejo que a propriedade fosse livre e clara para ela. No entanto, no caso em que ela falecesse, o que de fato aconteceu, foi feita uma disposição adicional neste instrumento, que esta residência, juntamente com a soma de dez milhões de dólares, seja dotada para o filho Randolph Damion Freeland. Disse que os ativos devem ser depositados em um fideicomisso em benefício dele até aos trinta anos de idade, comigo ou a minha pessoa designada como administrador.

 Silêncio.

 O tipo de críquete.

Ah, então foi por isso que você não queria que minha mãe estivesse aqui, pensou Edward para si mesmo.

 Samuel T. cruzou os braços sobre o peito. — Bem.

 E isso foi o bastante, mesmo que ninguém mais disse nada. Era claro, no entanto, que a ex esposa de Lane não foi a única mulher que William tinha impregnado fora do casamento.

 Talvez também houvesse outros filhos ou filhas no mundo.

 Embora, verdadeiramente, a resposta para isso não importasse mais para Edward do que qualquer tipo de herança. Ele veio aqui por uma razão diferente do testamento. Apenas tinha que parecer como se ele tivesse chegado para o mesmo encontro pelo qual todos se reuniram.

 Ele precisava dispor, como sua avó teria dito.

 

Capítulo 23

 


Quando o Sr. Jefferson percorreu os longos parágrafos do documento, Gin não estava focada na leitura do testamento ou, na verdade, pelo fato de Edward ter sido cortado. Seu único pensamento era que Amelia estava em casa... e Samuel T., enquanto se sentava lá, naquele sofá, representando o interesse de Lane em uma atividade profissional... estava sob o mesmo teto que sua própria filha.

 Nenhum deles sabia disso, é claro.

 E essa era Gin.

 Ela tentou não imaginar os dois sentados lado a lado. Tentou não ver, como ela lembrava os dois com uma especificidade que queimava sua memória, as características comuns, os movimentos semelhantes, o estreitamento do olho quando estavam concentrados. Ela também desviou especialmente o fato de que os dois escondiam sua formidável inteligência por trás de uma sociabilidade lacônica... como se fosse algo sobre o qual eles não queriam ser vistosos demais.

 — E isso conclui as disposições salientes. — O Sr. Jefferson tirou os óculos de leitura. — Gostaria de aproveitar esta oportunidade para responder quaisquer perguntas. O testamento está em inventário no momento, e uma totalização dos ativos está começando.

 Houve um silêncio. E então Lane falou. — Eu acredito que você disse tudo. Eu vou sair com você. Samuel T., junte-se a nós?

 Gin abaixou a cabeça e só então deixou seus olhos seguir Samuel T. enquanto ele se levantou e abriu as portas duplas para seu cliente e o executor de seu pai. Ele não olhou de volta para ela. Não a cumprimentou nem a olhou.

 Mas isso era um negócio.

 Uma coisa com a qual você sempre poderia contar com Samuel T., não importava quão selvagem e louco pudesse ser depois do trabalho, assim que ele colocava o chapéu do advogado, ele era inabalável.

 Ela literalmente não existia. Mais do que qualquer outra pessoa que não afetasse os interesses de seus clientes.

 E, normalmente, essa atitude indiscutivelmente irritável a irritava e fazia com que ela quisesse bater na sua cara e exigir atenção. Saber que Amélia estava em algum lugar na mansão a curava de qualquer imaturidade, no entanto.

 Com eles em tão perto na vizinhança, era impossível ignorar as implicações de sua falta de divulgação. Ela era uma criminosa, roubando-os de anos que eram lhes devido, roubando-os de conhecimento que era seus direitos. E pela primeira vez, sentiu uma culpa que era tão finamente afiada que tinha certeza de que estava sangrando internamente.

 Mas a ideia de sair com tudo isso? Essa era uma montanha insuperável de onde ela estava agora, a distância, a altura, o território rochoso que todos os dias e noites de ausência, e eventos pequenos e grandes, somados, era muito longe para viajar.

 Sim, pensou. Foi por isso que ela causou o drama, essa foi a raiz de suas escapadas. Se alguém batesse címbalos diretamente na frente do seu rosto... não se podia ouvir mais nada. Especialmente a consciência de alguém.

 Sua consciência.

 — Como você está?

 Agarrando a atenção, ela olhou para seu irmão Edward e teve que piscar as lágrimas ao vê-lo.

 — Não, não, nada disso, — ele disse rigidamente.

 Ainda bem que ele pensou que ele era a causa. — Mas é claro. — Ela fechou os olhos. — Edward... você está...

 Não estava bem, pensou enquanto deixava passar os próprios problemas.

 E Deus, vê-lo encurvado e magro, tão diferente do chefe da família como ela sempre o imaginou, era uma recalibração que ela não desejava fazer. Foi tão estranho. Nas formas que importam, era mais fácil perder o pai do que a encarnação que seu irmão que sempre foi.

 — Estou bem, — ele completou quando ela não conseguiu completar a frase. — E você?

Caindo aos pedaços, pensou para si mesma. Sou a fortuna da nossa família, desmoronando primeiro em privado... e então para todos verem.

 — Estou bem. — Ela bateu a mão dela. — Nos escute. Soamos como nossos pais.

 Ela saiu da cadeira e o abraçou, e não conseguiu se segurar enquanto sentia os ossos e não muito mais. Ele deu uma pancada estranha antes de dar um passo atrás.

 — Eu entendo que há felicitações em ordem. — Ele se curvou com força. — Vou tentar vir ao casamento. Quando é?

 — Ah... sexta-feira. Não, sábado. Eu não sei. No entanto, nos casamos no tribunal na sexta-feira. Não tenho certeza sobre uma recepção.

 Abruptamente, era a última coisa que tinha algum interesse para ela.

 — Sexta-feira. — Ele assentiu. — Bem, meus cumprimentos para você e seu noivo.

 Com isso, ele se afastou, e ela quase saltou à frente dele e exigiu que ele dissesse o que ele realmente pensava: Seu verdadeiro irmão, Edward, nunca teria sido tão compassivo com Richard. Edward tinha feito negócios com os distribuidores Pford por anos e nunca ficou impressionado com o homem.

E se o velho Edward soubesse o que acontecia atrás de portas fechadas?

Ele teria sido um assassino.

Mas ele evoluiu para um lugar diferente, mesmo quando parecia determinado a permanecer no caminho. Nem foi uma melhoria, foi.

 Deixada na sala sozinha, Gin se sentou de novo e ficou onde estava, uma paralisia estranha ultrapassando seu corpo. Enquanto isso, as várias vozes e pisadas se afastaram. E então, fora do gramado ao sol, não muito longe de onde aquela descoberta horrível havia sido feita no canteiro de hera, os dois advogados e seu irmão caíram em uma conversa.

 Ela olhou para Samuel T. através do copo borbulhante da janela à moda antiga. Seu rosto nunca pareceu mudar. Era tão cinzelado e perfeitamente formado como sempre, seus cabelos eram um pouco longo do lado e escovados atrás. Seu corpo longo e magro, carregava aquele terno feito à mão como um cabide, as dobras do tecido, as mangas, os punhos das pernas das calças, caindo exatamente como um alfa.

 Pensou nele na adega do porão, fodendo aquela garota na mesa no Derby Brunch. Gin já estava chorando quando ele se afastou e levou a mulher de uma forma que tinha feito o som bimba como uma estrela pornô.

 Passando pela história do seu relacionamento com Samuel T., era apenas mais um em uma longa lista de eventos desagradável para lembrar... que começou no primeiro beijo quando tinha quatorze anos e culminou em Amelia.

 O problema foi, no entanto, quando eles pararam as brigas, o conflito, as imitações de preda-no-sapato, chute-no-traseiro, ele poderia ser...

 Apenas o homem mais incrível, inacreditável, dinâmico e vivo que já conheceu.

 E no passado, ela teria dito que seu casamento não os teria impedido de estar juntos. O deles sempre foi um caso de amor que foi como uma interseção ruim sem semáforo, o colapso uma e outra vez, faíscas, o cheiro de gasolina, queimaduras, emaranhados de metal e borracha em todos os lugares. Eles eram vidro de segurança rebentado na rede de aranha de rachaduras, bolsas de ar empilhadas, os pneus apareciam e caíam.

 Mas a corrida logo antes do impacto? Não havia nada parecido no mundo, especialmente não com uma beleza entediada e subutilizada do sul como ela, e nunca importava se um ou outro estivesse com outra pessoa. Namoradas, namorados, amantes sérios, encontro sexual. O constante para ambos era o outro.

 Ela viu o olhar em seu rosto quando ele descobriu sobre o seu noivado, no entanto. Ele nunca a olhou assim antes, e essa expressão era o que ela via enquanto ela estava acordada à noite...

 — Diamante excelente, ele te pegou.

 Ela empurrou a cabeça para cima. Samuel T. estava encostado na arcada, os braços cruzados sobre o peito, as pálpebras baixas nos olhos, a boca apertada, como se ele ressentia o fato de que ela ainda estava na sala.

 Gin afastou o anel da vista e limpou a garganta. — Não poderia ficar longe, Advogado?

 Como provocações, foram um fracasso. A entrega suave apenas acabou de matar a ironia completamente.

 — Não fique lisonjeada, — ele disse quando entrou e se dirigiu para o sofá. — Eu deixei minha pasta. Não vim para te ver.

 Ela se preparou para essa velha e familiar onda de raiva, aguardava com expectativa, de fato, mesmo que por sua familiaridade. A onda corrosiva em seu intestino não se aglomerou, no entanto, em vez disso, como um convidado de jantar que grosseiramente não apareceu e, assim, desapontou sua anfitriã. Samuel T., por outro lado, estava jogando com suas velhas regras, cutucando, irritando, com uma vantagem que parecia cada vez mais nítida.

 — Por favor, não venha à recepção de casamento, — ela disse abruptamente.

 Ele se endireitou com aquela antiga maleta herdada de seu tio-avô na mão. — Oh, mas estou ansioso para te assistir com seu verdadeiro amor. Planejo me inspirar em seu exemplo amoroso.

 — Não há motivo para você vir.

 — Oh, nós diferimos sobre isso...

 — O que aconteceu? Acabou?

 Amélia explodiu na arcada, toda a energia de dezesseis anos nesse corpo e com essa sensação de estilo que já não era mais adolescente e as características que pareciam ser cada vez mais as de seu pai.

 Oh, Deus, pensou Gin com uma sacudida de dor.

 — Oh, olá, — Samuel T. disse à menina com um tom entediado. — Vou deixar sua mãe preencher as informações. Ela está se sentindo tão discursiva. Estou ansioso para ver você em alguns dias, Gin. No seu vestido branco.

 Quando ele simplesmente se afastou, sem dar uma olhada nem um pensamento a Amelia, Gin ficou de pé e começou a ir atrás dele antes que ela pudesse se parar.

 — Mãe, — a garota exigiu enquanto passava. — O que aconteceu?

 — Não é da sua conta. Você não é uma beneficiária. Agora, se você me desculpar.

 Amelia disse algo desrespeitoso, mas Gin estava focada em chegar a Samuel T. antes de acelerar naquele Jaguar.

 — Samuel T. — Gin sibilou enquanto corria pelo chão de mármore do vestíbulo. — Samuel!

 Ela o seguiu pela porta da frente apenas a tempo de ver o executor de seu pai sair em uma Mercedes grande e Lane, andar pela parte de trás da casa.

— Samuel!

— Sim, — ele disse sem parar ou olhar para trás.

— Você não precisa ser rude.

 Em seu conversível, Samuel T. ficou atrás do volante, colocou a maleta no banco vazio e olhou para ela. — Isso vem de você?

 — Ela é uma criança...

 — Espere, trata-se de Amelia?

 — Claro que é! Você passou por ela como se ela não existisse.

 Samuel T. balançou a cabeça como se alguma coisa estivesse chocalhando no crânio. — Deixe-me ver se entendi. Você está chateada porque não reconheci a filha que você teve com outro homem?

 Oh. Deus. — Ela é inocente em tudo isso.

 — Inocente? Para sua informação, essa foi a leitura do testamento do seu avô, não um processo criminal. A culpa ou a relativa falta do mesmo não é relevante.

 — Você a ignorou.

 — Você sabe... — Ele bateu o dedo indicador em sua direção. — Pelo que entendi, você é a última pessoa que deveria acusar alguém de ignorar aquela garota.

 — Como você ousa.

 Samuel T. olhou para o longo e ondulado capô da Jaguar. — Gin, não tenho tempo para isso. Eu tenho que falar com o advogado da esposa do seu irmão agora mesmo, e isso, ao contrário da sua pequena exibição de...

 — Você simplesmente não aguenta ninguém dizendo que você não é Deus.

 — Não, acho que não posso suportar você, na verdade. A coisa de Deus é uma questão secundária.

 Ele não esperou qualquer outro comentário dela. Ele ligou o motor, pisou no acelerador algumas vezes para se certificar de que ele pegou, e então ele estava fora, seguindo o caminho pelo qual o executor tinha forjado na colina, longe de Easterly.

 Gin olhou para ele indo. Dentro de si mesma, ela estava gritando.

Por Amelia. Por Samuel T. Por Richard.

 Principalmente... por si mesma e todos os erros que cometeu. E a tristeza que veio com o conhecimento de que na idade madura dos trinta e três anos, não havia tempo suficiente na vida para corrigir os erros que ela havia causado.


 Lane passou pelos fundos, esperando pegar Edward antes de partir. Sem dúvida, seu irmão havia pegado o caminho dos funcionários porque havia equipes de notícias estacionadas no portão da frente desde que a história do suicídio havia se noticiado. E também, sem dúvida, Edward estava com pressa para sair considerando o que havia no testamento.

 Não havia palavras adequadas para o que seu pai tinha feito: cortar seu primogênito de uma herança era ao mesmo tempo totalmente característico para William, e ainda uma surpresa cruel também.

 Um final foda-se que não poderia ser combatido, os mortos carregando um trunfo no seu túmulo.

 Então Lane queria... dizer algo... ou verificar ou... ele não tinha ideia. O que estava claro era que Edward, sem dúvida, não se interessaria por qualquer coisa que ele tivesse a dizer, mas na ocasião, você só tinha que tentar, com a esperança de que a outra pessoa, em um momento de reflexão silenciosa, possa lembrar que você tinha feito o esforço, mesmo que fosse estranho.

 Não havia nenhum caminhão Red & Black na linha curta de carros pelo centro de negócios, mas Lane achou um antigo Toyota estacionado ao lado do Mercedes vermelho que ele havia dado a Senhorita Aurora. Tinha que ser o que Edward tinha vindo, mas seu irmão não estava atrás do volante, não estava mancando em sua direção. Na verdade, não estava em nenhum lugar.

Entrando pela porta traseira para a cozinha, Lane encontrou Senhorita Aurora no fogão. — Você viu Edward?

 — Ele está aqui? — ela perguntou quando ela se virou da panela. — Diga-lhe para vir me ver se ele estiver aqui.

 — Não sei onde ele está.

 Lane fez uma rápida pesquisa ao redor do primeiro andar e depois parou na escada. Não havia motivo para seu irmão se preocupar com o esforço de ir até os quartos.

 — Onde você está? — disse para si mesmo.

 Dirigindo-se aos jardins, ele atravessou o centro de negócios. Todas as portas francesas estavam trancadas no lado de frente para as flores, e ele tinha que ter ido mais adiante para a entrada traseira com sua fechadura codificada.

 Assim que ele entrou, ele sabia que havia encontrado Edward: havia luzes acesas novamente, então seu irmão devia ter ligado a energia elétrica.

 — Edward?

 Lane caminhou pelo salão acarpetado, olhando para os escritórios vazios. Seu telefone estava explodindo com as chamadas do presidente do conselho, cada um dos vice-presidentes seniores irritados e até mesmo o advogado corporativo. Mas nenhum deles se atreveu a se aproximar de Easterly, e isso lhe disse que tinha algo sobre eles. E mesmo que esse bando de terno estivesse ocupado desaparecendo com provas da sede central? Não importava. Jeff pode não gostar dele no momento, mas aquele analista de números anuais salvou arquivos de tudo o que tinha na rede antes que a denúncia fosse exposta.

Assim, todas as mudanças eram tão incriminadoras como os desfalques que exigiam um encobrimento.

 Quando Lane seguiu para o escritório de seu pai, ele estava ciente de que seu coração estava batendo e que sua mente havia recuado atrás de uma parede de armadura.

 Assim como alguém que estava pronto para uma bomba explodir pode se proteger atrás do cimento.

 — Edward?

 Ele desacelerou quando chegou à antessala do escritório de seu pai. — Edward...?

 A porta de William Baldwine estava fechada, e Lane não conseguia lembrar se ele tinha sido o único a fechá-la quando eles fizeram a evacuação no dia anterior. Quando ele alcançou o botão, ele não tinha ideia do que ele iria encontrar no outro lado.

 E ele não tinha certeza de que ele queria ver.

 Ele empurrou os painéis. — Edward...

 O escritório estava escuro, e quando ele apertou o interruptor de luz na parede, ninguém estava lá. — Onde diabos está...

 Quando ele se virou, Edward estava logo atrás dele. — Procurando por mim?

 Lane soltou uma maldição e agarrou a frente de seu próprio peito. — O que você está fazendo aqui?

 — Visitando as minhas velhas assombrações.

 Lane procurou por coisas nas mãos do irmão, nos bolsos, atrás das costas de Edward. — A sério. O que você está fazendo?

 — Onde é a gerência sênior?

 — Abaixo da sede em escritórios menores.

 — Você os despediu?

 — Eu lhes disse apenas para sair primeiro. — Ele mediu o rosto de seu irmão. — Ou eles estavam indo para a cadeia.

 Edward sorriu. — Você vai dirigir a empresa você mesmo?

 — Não.

 Houve uma pausa. — Qual é o seu plano, então?

 — Tudo o que eu queria fazer era tirá-los daqui.

 — E você acha que isso vai parar o sangramento financeiro?

 — O pai está morto. Eu acho que é isso que irá detê-lo. Mas até que eu saiba com certeza, não vou correr riscos.

 Edward assentiu. — Bem, você não está errado. De modo nenhum. Mas você pode querer pensar sobre quem estará no comando agora que ele está morto.

 — Alguma chance de você estar procurando um emprego?

 — Eu tenho um. Sou alcoólatra agora.

 Lane encarou o ombro de seu irmão na área de recepção vazia. — Edward. Eu tenho que saber uma coisa, e é só você e eu aqui, ok?

 — Na verdade, esse lugar inteiro é inspecionado. Câmeras, microfones escondidos. Não há nenhum segredo sob este teto, então tenha cuidado com o que você pergunta.

 Lane encontrou-se querendo outra bebida.

 E depois de um momento tenso, ele simplesmente murmurou: — Você virá ao velório?

 — Eu não sei por que eu faria isso. Não estou de luto e não tenho a intenção de prestar nenhum respeito. Sem ofensa.

 — Não me ofende, e posso entender tudo isso. Mas a mãe provavelmente descerá para isso.

 — Você acha?

 Lane assentiu e esperou por seu irmão dizer algo mais. O homem não disse. — Escute, Edward... realmente sinto muito por...

 — Nada. Você não sente nada porque nada disso, nada disso foi sua culpa. Você só pode pedir desculpas pelos seus próprios erros. É isso tudo, irmãozinho?

 Quando Lane não conseguiu pensar em mais nada, Edward assentiu. — Isso é tudo, então. Tome cuidado e não me ligue se precisar de algo. Eu não sou o tipo de recurso que você deseja.

 

Capítulo 24

 


O Porsche chamou muita atenção enquanto Lane dirigia no bairro de Rolling Meadows, mas não porque ele estava indo rápido. Apenas a visão do conversível e do som do motor eram suficientes para atrair olhares dos caminhantes de cães, as crianças brincando nas calçadas, as mães empurrando os carrinhos de criança. As casas eram amontoadas, mas eram de bom tamanho, a maioria delas de tijolos com cúpulas ou janelas de sacada no primeiro andar e janelas sobre o telhado ou varandas no segundo para distingui-las, um pouco como irmãos que compartilhavam a mesma coloração, mas tinham diferentes características faciais. Havia Volvos ou Infinitis ou Acuras estacionados em calçadas, arcos de basquete acima das portas da garagem, decks com churrasqueiras na parte de trás.

 Com o sol da tarde brilhando sobre árvores dignas de cartão postal, e todos os gramados verde, e todos aquele bando de crianças correndo, foi um retrocesso diante da geração iChildhood.

 Com insistência silenciosa, o GPS no 911 o navegou através das ruas que foram organizadas por tipos de árvores, flores e, finalmente, frutas.

 Cerise Circle não era diferente de nenhuma das outras pistas, estradas e caminhos do desenvolvimento. E quando ele veio até a casa em que ele estava procurando, não havia nada para distingui-la do seu grupo genético maior.

 Lane deixou o conversível rolar para frente do outro lado da rua. Com a parte superior, ele podia ouvir o drible rítmico de uma bola de basquete atrás de sua garagem, o salto-salto-rebote ecoando da casa ao lado.

Desligando o motor, ele saiu e caminhou sobre o pavimento em direção ao som. O garoto que era LeBron'ing[19] estava fora de vista nos fundos, e Lane realmente queria apenas voltar ao seu maldito carro e fugir.

 Mas isso não era porque ele não conseguia enfrentar as evidências vivas e respiratórias das infidelidades de seu pai, e ele não tinha medo de olhar para um rosto tão próximo do seu também. E não, o fato de que algum estranho era seu sangue e estava no testamento não balançou seu mundo.

 A verdade de fundo para a sua reticência? ele estava simplesmente muito exausto para cuidar de qualquer outra pessoa. O problema era que esta pobre criança, sem culpa, estava prestes a ser sugado para o buraco negro Bradford e como Lane não poderia, pelo menos, tentar orientá-lo um pouco sobre o filho da puta.

 Era uma loteria infernal para ganhar. Especialmente agora que o dinheiro havia desaparecido.

 Não é muito positivo.

 A calçada tinha apenas cerca de nove metros de comprimento, um mero espaço de estacionamento em Easterly. E enquanto Lane continuava a andar, o menino de dezoito anos com o basquete foi revelado gradualmente.

 Alto. Ficaria mais alto. Cabelos escuros. Com grandes ombros já.

 O garoto subiu para uma enterrada, e a bola ricochetou a borda.

 Lane a pegou no ar. — Ei.

 Randolph Damion Freeland parou primeiro porque ficou surpreso. E então porque ficou chocado.

 — Então, você sabe quem eu sou, então, — Lane disse suavemente.

 — Eu vi sua foto, sim.

 — Você sabe por que estou aqui?

 Quando a criança cruzou os braços sobre o peito, havia um bom espaço entre os peitorais e os bíceps, mas isso não duraria muito mais. Ele ia preencher e ser forte.

 Deus, seus olhos eram o azul exato dos dele.

 — Ele morreu, — o menino murmurou. — Eu li sobre isso.

 — Então você sabe…

 — Quem era meu pai? Sim. — Esse olhar baixou. — Você vai, como...

 — Como o quê?

 — Me levar preso ou algo assim?

 — O que? Porque eu faria isso?

 — Não sei. Você é um Bradford.

 Lane fechou os olhos brevemente. — Não, eu vim te ver sobre algo importante. E também para dizer que sinto muito, pela morte de mãe.

 — Ela se matou. Na sua casa.

 — Eu sei.

 — Eles dizem que você encontrou seu corpo. Eu li isso no jornal.

 — Eu encontrei.

 — Ela não se despediu de mim. Ela simplesmente saiu naquela manhã e então ela se foi. Você sabe, como, permanentemente.

 Lane balançou a cabeça e apertou a bola entre as palmas das mãos. — Eu realmente sinto muito...

 — Não se atreva! Não se atreva!

 Uma mulher mais velha disparou para a varanda com uma cabeça cheia de vapor, o rosto torcido no tipo de raiva que fazia uma arma de mão desnecessária. — Você se afasta dele! Você se afasta ...

 — Vovó, pare! Ele está apenas conversando...

 Quando a criança entrou entre eles, a avó era todo braços, lutando para chegar em Lane. — Você fica longe! Como você ousa vir aqui?

 — Ele é um herdeiro. É por isso que eu vim.

Quando os dois pararam em sua luta, Lane assentiu. — Ele ficou com casa e dez milhões de dólares. Achei que você gostaria de saber. O executor estará em contato. Não sei quanto dinheiro há, mas eu quero que vocês dois saibam que vou lutar para garantir que esta casa fique no nome do seu neto.

 Afinal, havia um cenário pelo qual, também, poderia ser liquidado, dependendo da situação da dívida. E então, onde essa criança ia?

 Quando a avó sorriu de sua surpresa, ela voltou ao trem do ódio. — Nunca mais venha aqui.

 Lane trancou os olhos com o menino. — Você sabe onde eu moro. Se você tiver dúvidas, se quiser conversar...

 — Nunca! — Gritou a mulher. — Ele nunca irá até você! Você também não pode levá-lo!

 — Babcock Jefferson, — Lane disse enquanto colocava a bola no caminho de entrada. — Esse é o nome do advogado.

 Ao se afastar, a imagem desse jovem garoto que segurava aquela velha estava esculpida em seu cérebro, e Deus, ele odiava seu pai por novos motivos naquele momento, ele realmente odiava.

 De volta ao Porsche, ele ficou atrás do volante e dirigiu. Ele queria gritar, bater um par de carros estacionados, rolar algumas bicicletas. Mas ele não fez isso.

 Ele estava saindo para a entrada do desenvolvimento quando o telefone tocou. Ele não reconheceu o número, mas ele respondeu porque mesmo um telemarketing era melhor do que os pensamentos em sua cabeça.

 — Sim?

 — Sr. Baldwine? — disse uma voz feminina. — Sr. Lane Baldwine?

 Ele deu seta para a esquerda. — É ele.

 — Meu nome é LaKeesha Locke. Eu sou a repórter de negócios para o Charlemont Courier Journal. Eu queria saber se você e eu podemos encontrar em algum lugar.

 — Sobre o que?

 — Estou fazendo uma história de que a Bradford Bourbon Company está com séria dívida e enfrenta uma possível falência. Está saindo amanhã de manhã. Eu pensei que você poderia querer comentar.

 Lane apertou o queixo para manter as maldições dentro. — Agora, por que eu ia querer fazer isso?

 — Bem, eu entendo, e é bem evidente, que a fortuna pessoal da sua família está inextricavelmente ligada à empresa, não é?

 — Mas eu não estou envolvido no funcionamento do negócio.

 — Então você está dizendo que você desconhecia qualquer dificuldade?

 Lane manteve seu nível de voz. — Onde está você? Eu irei até você.


O galpão de propriedade da Estância da Família Bradford era menos como um galpão e mais como um hangar de avião. Localizado abaixo e na parte de trás da extensa propriedade, estava ao lado do estacionamento dos funcionários e ao lado da linha de casas da década de cinquenta que foram usadas por criados, trabalhadores e partidários por décadas.

 Quando Lizzie entrou na caverna fumegante e com cheiro de óleo, suas botas estavam ruidosas sobre chão de concreto manchado. Tratores, cortadores industriais, caminhões e limpadores de neve foram estacionados de forma ordenada, os seus exteriores limpos e os motores mantidos dentro de uma polegada de suas vidas.

 — Gary? Você está aí?

 O escritório do encarregado estava no canto mais distante, e através do vidro empoeirado, uma luz brilhava.

 — Gary?

 — Não lá. Ou aqui.

 Ela mudou a trajetória, andando em torno de um cortador de madeira e dois limpadores de neve que eram do tamanho de seu velho Yaris.

 — Oh, Deus, não levante isso! — ela gritou.

 Lizzie se apressou, apenas para ser ignorada quando Gary McAdams levantou parte de um bloco de motor do chão e para uma das mesas de trabalho. A façanha teria sido impressionante em qualquer circunstância, mas considerando o cara tinha trinta anos mais que ela? Então, novamente, Gary foi construído como um buldogue, forte como um boi, e resistente como um poste de cerca do Kentucky.

 — Suas costas, — ela murmurou.

 — Está bem, — veio o sotaque do sul. — O que você precisa, senhorita Lizzie?

 Ele não olhou para ela, mas isso não significava que ele não gostasse dela. Na verdade, os dois funcionavam bem juntos: quando ela começou aqui, ela se preparou para um conflito que nunca se materializou. O caipira auto proclamado provou ser um amor total sob esse exterior grosso.

 — Então você sabe sobre o velório, ela disse.

 — Eu sei sim.

 Colocando-se na mesa de trabalho, ela deixou os pés balançarem e observou como suas mãos calosas faziam sentido da maquinaria, movendo-se rápido e seguro sobre o metal antigo. No entanto, ele não fazia grande coisa sobre sua competência, e ele era assim. Pelo que Lizzie entendeu, ele começou a trabalhar nos campos quando tinha doze anos e esteve aqui desde então. Nunca foi casado. Nunca tirou férias. Não bebe. Vivi em uma das casas.

 Dominava os trinta trabalhadores que estavam sob suas ordens com um punho justo, mas de ferro.

 — Você precisa da chave inglesa? — ela perguntou.

 — Sim, eu sei.

 Ela lhe entregou o que precisava, pegou de volta quando ele terminou, pegou-lhe outra coisa antes de ter que pedir isso.

 — De qualquer forma, — ela continuou. — O velório será amanhã, e eu só quero ter certeza de que nós temos um corte fresco na entrada principal a manhã, um corte nos pingos de ouro na estrada esta tarde, se pudermos fazer acontecer, e um corte por toda a frente e no pátio.

 — Sim. — Alguma coisa que você precisa nos jardins traseiros?

 — Eu acho que estão em boa forma. Eu vou passar por eles com Greta, no entanto.

 — Um dos garotos vai fazer um corte dentro da piscina.

 — Bom. Socket?

 — Sim.

 Ao trocarem as ferramentas novamente, ele perguntou: — É verdade o que eles dizem que você encontrou?

 — Greta encontrou. E sim, é.

 Ele não deslocou os olhos de seu trabalho, aquelas mãos de dedos espessos e pesados nunca perderam uma batida. — Hã.

 — Eu não sei, Gary. Até agora, pensei, como todos os outros, que ele pulou. Mas não mais.

 — A polícia veio?

 — Sim, alguns detetives de homicídios. Os mesmos que estavam aqui pela morte de Rosalinda. Falei com eles por um tempo esta manhã. Provavelmente, eles vão querer interrogá-lo e qualquer outra pessoa que esteja no terreno em torno do tempo que ele morreu.

 — Negócio triste.

 — Muito. Embora eu nunca tenha gostado do homem.

 Ela pensou sobre a leitura do testamento. Deus, era como algo fora de um filme antigo, os herdeiros reunidos em alguma sala elegante, um ilustre advogado recitando as provisões em uma voz de Charlton Heston.

 — O que eles te perguntam? Os detetives?

 — Apenas como o encontramos. Onde eu estava nos últimos dias. Como eu disse, eles falarão com todos, tenho certeza.

 — Sim.

 Ela entregou um par de alicates. — A equipe também está convidada para o velório.

 — Para o velório?

 — Uh-huh. É para todos os respeitos.

— Eles não querem nenhum macaco gordo como eu naquela casa.

 — Você seria bem-vindo. Eu prometo. Eu vou.

— Isso é certo, é pelo seu homem.

 Lizzie sentiu o rubor bater em suas bochechas. — Como você sabia sobre mim e Lane?

 — Não há nada que aconteça por aqui que eu não sei, menina.

 Ele parou o que estava fazendo e pegou um velho pano vermelho. Quando ele enxugou as mãos, ele finalmente olhou, seu rosto curtido gentil.

 — É melhor Lane fazer o certo para você. Ou eu consigo lugares para colocar o corpo dele.

 Lizzie riu. — Eu o abraçaria agora, mas você poderia desmaiar.

 — Oh, eu não sei sobre isso. — Exceto que ele estava mexendo seu peso como se ela o tivesse envergonhado. — Mas acho que ele provavelmente é bom, ou você não estaria com ele. Além disso, eu o vejo olhar para você. O menino teve amor nos olhos durante anos quando ele olhava você.

 — Você é muito mais sentimental do que você deixa transparecer, Gary.

 — Eu não fui educado, lembre-se. Não sei o significado dessas grandes palavras.

 — Eu acho que você sabe exatamente o que elas significam. — Lizzie o empurrou levemente no braço. — E se você decidir vir para o velório, você pode ir comigo e Greta.

 — Eu tenho trabalho para fazer. Não tenho tempo para isso.

 — Eu entendo. — Ela pulou da mesa de trabalho. — Bem, vou sair. Eu cuidei tudo, e a senhorita Aurora está com a comida, é claro.

 — Como está indo aquele mocinho?

 — Ele não é tão ruim.

 — Depende do que você está usando como comparação.

 Com uma risada, ela levou a mão sobre o ombro como um adeus e se dirigiu para o exterior ensolarado. Mas ela não chegou muito longe antes de ele falar novamente.

 — Senhorita Lizzie?

 Virando-se, ela arrumou sua camisa polo na cintura de seu short. — Sim?

 — Eles farão alguma coisa para o aniversário do Little V.E. este ano? Preciso fazer algo para isso?

 — Oh Deus. Eu tinha esquecido que estava chegando. Não creio que fizemos nada no ano passado, não é?

 — Ela está completando sessenta e cinco. Essa é a única razão pela qual eu perguntei.

 — Isso é um marco. — Lizzie pensou na mãe de nascimento de Lane naquele quarto. — Eu vou perguntar. E, eu preciso colocar flores frescas amanhã.

 — Há algumas peônias adiantadas chegando.

 — Eu estava pensando a mesma coisa.

 — Deixe-me saber se você quer que faça algo mais.

 — Sempre, Gary. Sempre.

 

Capítulo 25

 


Quando Lane finalmente voltou para Easterly, depois do que se sentiu como anos na presença dessa repórter, ele foi diretamente para o segundo andar, ignorando o jantar que havia sido servido na sala de jantar formal e ignorando a confusão do Sr. Harris sobre um monte de coisa.

 Na porta do avô, ele bateu uma vez e a abriu,

 Ao longo da cama, Tiphanii se sentou rapidamente e levou as cobertas com ela, escondendo que claramente estava nua.

 — Por favor, desculpe-nos, — ele disse a ela. — Ele e eu temos algum negócio.

 Jeff acenou com a cabeça para que a mulher partisse, e meu Deus, ela levou seu tempo, passeando com esse lençol enquanto Jeff puxava o edredom sobre ele e se sentou.

 Depois de uma ida ao banheiro, ela surgiu em seu uniforme e desapareceu pela porta, embora Lane estivesse seguro de que, propositadamente, deixou a calcinha preta no chão ao pé da cama.

 — Foi totalmente consensual, — murmurou Jeff. — E eu tenho permissão para subir de...

 — O jornal local sabe tudo. Tudo.

 Quando Jeff abriu a boca, Lane ladrou. — Você não tinha que me foder assim!

 — Você acha que eu falei com a imprensa? — Jeff jogou a cabeça para trás e riu. — Você realmente pensa que eu peguei alguns centavos e deu-lhes qualquer coisa...

 — Eles têm a informação que você está trabalhando. Página a página. Explique como isso aconteceu. Pensei em poder confiar em você ...

 — Me desculpe, você está me acusando de fraude depois que você me chantageou para fazer isso por você? Mesmo?

 — Você me ferrou.

 — Tudo bem, antes de tudo, se eu fosse te ferrar, eu teria ido ao Wall Street Journal, não ao Charlemont Herald Post Ledger ou a qualquer coisa que seja chamado. Posso nomear meia dúzia de repórteres na Big Apple. Eu não poderia dizer-lhe quem chamar aqui no maldito Kentucky. E mais ao ponto, depois que esse pequeno pesadelo acabar, eu voltarei para Manhattan. Você acha que eu não poderia usar alguns favores devidos a mim? A merda sobre sua família e seu pequeno negócio de bourbon é uma grande notícia, idiota. Maior que algum envoltório de diário de Podunk, USA Today. Então, sim, se eu estivesse vazando qualquer coisa, eu gostaria de ter uma vantagem para mim pessoalmente.

 Lane respirou com dificuldade. — Jesus Cristo.

 — Eu também não o chamaria. Mas é porque sou judeu.

 Deixando cair a cabeça, Lane esfregou os olhos. Então ele caminhou, indo entre a cama e a mesa. A mesa e uma das janelas de painel longo. A janela e a mesa.

 Ele voltou às janelas. A noite ainda não havia caído, mas estava chegando em breve, o pôr-do-sol caindo no horizonte, fazendo com que a curva da terra sangrasse rosa e roxo. Em sua visão periférica, todo o trabalho de Jeff, as notas, os computadores, as impressões eram como um grito no ouvido.

 E então, havia o fato de que seu antigo colega de quarto da faculdade estava nu no quarto, olhando para ele com uma expressão remota: Atrás de toda a raiva que acabara de pular da boca de Jeff, havia dano, ferida real.

 — Desculpe, — Lane respirou. — Desculpe... coloquei as conclusões erradas.

 — Obrigado.

 — Também sinto muito por estar fazendo você fazer isso. Eu só... estou perdendo minha maldita cabeça por aqui. Eu sinto que estou em uma casa que está em chamas, e todas as saídas não são mais que chamas. Estou queimando e estou desesperado e estou cansado dessa merda.

 — Oh, pelo amor de Deus, — seu velho amigo murmurou em seu sotaque de Nova Jersey. — Veja, vá lá.

 Lane olhou por cima do ombro. — O que?

 — Sendo todo agradável. Odeio isso sobre você. Você me irrita e me deixa louco, e então você torna tudo honesto e torna-se impossível para mim odiar sua bunda branca, privilegiada, arrependida. E para sua informação, estava gostando de estar furioso com você. Era o único exercício que eu estava obtendo... bem, não obstante, não é o caso de Tiphanii.

 Lane sorriu um pouco e depois voltou a se aproximar da vista. — Honesto, hein. Você quer honesto? Como em algo, eu não disse a ninguém?

 — Sim. Quanto melhor eu sei o que está acontecendo aqui, mais eu posso ajudar e menos me ressentir de estar preso.

 Ao longe, um falcão subiu em correntes invisíveis, andando no céu com cantos afiados e rápidos, como o crepúsculo da noite cheio de rodovias e estradas que só os pássaros podiam ver.

 — Eu acho que meu irmão o matou, — Lane ouviu-se dizer. — Eu acho que Edward foi o único que fez isso.


 Cara, Jeff desfrutava tanto a coisa irritada e justa. Era um passeio suave, mas intenso, queimava em seu peito um tanque de gás inesgotável que o mantinha acordado durante a noite, focado nos números, movendo-se pelos dados.

Mas ele e Lane, o idiota, atingiram esses cantos antes, durante o longo relacionamento, manchas de falta de comunicação ou estupidez que os separavam. De alguma forma, o sulista lá sempre fechou a distância.

 E sim, ele havia feito isso de novo. Especialmente com aquele pequeno flash de notícias.

 — Merda, — Jeff disse enquanto se deitava contra os travesseiros. — Está falando sério?

 Pergunta idiota.

 Porque esse não era o tipo de coisa que alguém dizia, mesmo em brincadeira, dado o que estava acontecendo nessa casa. E também não era algo que Lane teria pensado mesmo sobre o seu herói mais velho, a menos que ele tivesse uma ótima razão.

 — Por quê? — Jeff murmurou. — Por que Edward deveria fazer algo assim?

 — Ele é o único com o motivo real. Meu pai era um homem terrível e ele fez muitas coisas terríveis para muitas pessoas poderosas. Mas Monteverdi vai matá-lo sobre essa dívida? Não. Ele vai querer recuperar o dinheiro. E Rosalinda não fez isso. Ela estava morta antes que meu pai fosse às cataratas. Gin sempre o odiava, mas não gostaria de sujar as mãos. Minha mãe sempre teve razão, mas nunca a capacidade. Quem mais poderia ter feito isso?

 — No entanto, seu irmão não está em boa forma. Quero dizer, eu estava pegando algo para comer e voltando para cá quando ele entrou na casa. Ele estava mancando como se sua perna estivesse quebrada. Não parecia que ele pudesse lidar com a maldita porta, muito menos atirar alguém para fora de uma ponte.

 — Ele poderia ter tido ajuda. — Lane olhou por cima do ombro, e sim, aquele rosto bonito pareceu ter passado pela lavadora, e não na melhor maneira. — As pessoas na fazenda são dedicadas a ele. Meu irmão tem essa maneira sobre ele, e ele sabe como fazer as coisas.

 — Ele esteve aqui? Na casa?

 — Eu não sei.

 — Existem câmeras de segurança, certo? Aqui na propriedade.

 — Sim, e ele sabe disso. Ele colocou o maldito sistema, e se você apagar as coisas, isso vai mostrar. Existem log-ins que podem ser rastreados.

 — Os detetives pediram a filmagem?

 — Ainda não. Mas eles vão.

 — Você vai dar isso a eles?

 Lane amaldiçoou. — Eu tenho escolha? E eu não sei... eu estava sozinho com Edward hoje. Eu quase perguntei a ele.

 — O que o impediu? Tem medo que ele fique chateado?

 — Entre outras coisas, tive medo da resposta.

 — Qual é a sua próxima jogada?

 — Eu espero. Os detetives não estão indo embora. Eles vão sair para vê-lo na fazenda. E se ele fez isso...

 — Você não pode salvá-lo.

 — Não, eu não posso.

 — Por que exatamente seu irmão quer o seu pai morto? Um monte de problemas para ter apenas porque você foi espancado um par de vezes quando criança.

 — Pai tentou matá-lo na América do Sul.

— O que?

 — Sim, Edward é o que ele é agora por causa do que foi feito lá. E houve muita história ruim entre eles antes disso. Inferno, mesmo em seu testamento, o pai o deixou de fora deliberadamente. Além disso, você sabe, meu irmão não é alguém que você ferra. Ele tem essa maneira sobre ele.

 Querido Deus, pensou Jeff.

 No silêncio que se seguiu, ele considerou seu irmão e irmã, ambos vivendo em Manhattan também. Eles eram casados. Múltiplos filhos. Seus pais dividiram seu tempo entre a Florida e Connecticut, mas tinham um pied-à-terre[20] em SoHo[21]. Todos eles se reuniam em todos os feriados, e havia calor e conflito, alegria, lágrimas e risos.

 Sempre risos.

 Lane tinha uma bela casa. Com muitas coisas agradáveis. Bom carro.

 Não havia comparação, estava lá.

 O sujeito passou e estacionou na cadeira na mesa. — De qualquer forma, basta disso. Então, se você não vazou, quem fez?

 — Administração sênior. Quero dizer, vamos lá. Recebi as informações de suas fontes. As planilhas em que estou fazendo a análise são o produto de trabalho.

 Lane esfregou a cabeça como se tudo doesse. — Claro.

 — Olha, amigo, você não pode congelar esses ternos para sempre, e claramente, eles não estão colorindo as linhas, o que não é uma surpresa. Agora não é um bom momento para não haver ninguém ao leme.

 — Sim, eu preciso de alguém para dirigir a empresa de forma provisória. A diretoria quer se encontrar comigo. Ele também deve pensar nisso.

 — Bem, no caso de eu não colocar um ponto suficientemente bom nisso, a menos que você tome controle, a gerência sênior, os próprios idiotas que você expulsou, estão no comando.

 — Mas eu não sou qualificado. A única coisa que eu sou inteligente o suficiente para saber é que eu não sei merda sobre um negócio nesta escala. — Lane puxou as mãos. — Pelo amor de Deus, não posso me preocupar com isso agora mesmo. Eu tenho que passar pelo velório amanhã, e depois iremos daqui. Maldita seja, Edward era aquele que iria assumir o controle.

 Quando tudo ficou quieto, Jeff alisou o edredom sobre suas coxas porque ele não sabia o que fazer mais. Eventualmente, ele disse meio de brincadeira: — Quando eu recupero a empregada? E não para limpar o banheiro.

— Isso depende de você. Eu sou seu o empregador, e não o seu cafetão.

  — Então você é responsável por esta família, hein.

  — Ninguém mais é voluntário para o trabalho. — Lane pôs-se de pé. — Talvez por causa do que aconteceu com o último cara que deu um tiro.

  — Você conseguiu isso, cara. Você consegue.

  Lane veio e colocou a mão. — Sinto muito, eu coloquei você nesta posição. Honestamente. E depois que isso acabar, prometo que nunca mais entrar em contato com você para qualquer coisa.

  Por um momento, Jeff mediu o que foi oferecido. Então ele apertou a palma da mão. — Sim, bem, eu não o perdoo.

  — Então, por que você está apertando a mão?

  — Porque eu sou uma daquelas pessoas que esquece facilmente. Eu sei, eu sei, está para trás. Mas funcionou para mim até agora, e está tirando você do gancho, então foda-se com seus princípios.

 

Capítulo 26

 


— Agora, isso é mais parecido com isso.

 Quando Richard Pford entrou na sala de estar da família de Easterly por volta das nove da noite, Gin queria rolar os olhos e dizer-lhe que os anos 1950 queriam seus costumes de volta. Mas a verdade era, sim, ela tinha ficado para falar com ele, e sim, enquanto ela o viu avançar para o bar como se fosse o senhor da mansão, ela lembrou o quanto ela o desprezava.

 Depois de se servir um bourbon, ele se aproximou e sentou-se na cadeira de couro ao lado do sofá que ela tinha estado. A sala não era grande, e as pinturas a óleo dos puro sangue Bradford premiados pendurados nas paredes, com os painéis tornavam as coisas ainda menores. Adicionando a proximidade física de Pford à mistura? Bem, isso encolheu as coisas até o ponto em que a TV de tela larga mostrando uma repetição de The Real Housewives of Beverly Hills parecia como se pressionasse contra o rosto dela.

 — Por que você está assistindo a essa droga? — ele disse.

 — Porque eu gosto.

 — É uma perda de tempo. — Ele pegou o controle remoto e mudou o canal para algum comentarista financeiro em uma gravata vermelha e uma camisa azul clara. — Você deve ver coisas de valor.

 Então, deixe-me afastar meu olhar, pensou.

 — Precisamos conversar sobre a recepção. — Ela estreitou os olhos. — E devo apresentá-lo a Amelia.

 — Quem? — ele disse sem tirar o olho do formigueiro do NASDAQ.

 — Minha filha.

 Isso chamou sua atenção e ele olhou por cima, uma sobrancelha fina levantando-se. — Onde ela está? Ela está em casa da escola?

 — Sim.

 Gin estendeu uma mão para o telefone da casa que estava discretamente escondido atrás de uma lâmpada feita de um troféu de ceras de prata esterlina das dezenove centenas. Pegando o receptor, ela chamou a extensão do mordomo.

 — Sr. Harris? Pegue Amelia e traga-a aqui? Obrigado.

 Quando ela desligou, ela olhou para Richard. — Eu preciso que você pague pela recepção de casamento que estamos tendo aqui no sábado. Você pode me escrever o cheque. Serão cerca de cinquenta mil. Se for mais, eu voltarei para você.

 Richard baixou o copo e voltou a se concentrar nela. — Por que estou pagando por qualquer coisa?

 — Porque nos casaremos. Nós dois.

 — Em sua casa.

 — Então você não vai dar nenhuma contribuição?

 — Eu já tenho.

 Ela olhou para o anel. — Richard, você está vivendo sob este telhado, comendo nossa comida...

 Ele riu e girou seu bourbon ao redor. — Você não está realmente fazendo esse argumento, está?

 — Você vai escrever esse cheque e é isso.

 — Eu sugiro que você segure a respiração para que a tinta esteja seca, querida. — Richard a brindou. — Agora, esse seria um show que vale a pena assistir.

 — Se você não paga, cancelarei a festa. E não mente. Você está ansioso pela atenção.

 Os troféus, afinal, precisavam de uma cerimônia de apresentação.

 Richard sentou-se à frente, o movimento de sua bunda fazendo com que o couro enrugasse. — Eu sei que você não está ciente disso, mas há problemas na empresa da sua família.

 — Oh, realmente. — Ela ficou burra. — Alguém perde a chave para um armário de fornecimento de escritório? Ah, que tragédia.

 Não havia valor em deixá-lo entrar em sua fraude financeira, afinal. Certamente, não antes da emissão do certificado de casamento.

 Ele sorriu e, pela primeira vez, algo próximo à alegria realmente atingiu os olhos dele. — Adivinha quem me ligou hoje? Uma amiga minha no Charlemont Courier Journal. E você quer saber o que ela me disse?

 — Que eles estão fazendo uma exposição sobre implantes penianos e querem que você seja um sujeito?

 — Isso é grosseiro.

 — É verdade, mas acho que isso pode ajudar.

 Richard sentou-se e cruzou as pernas, apertando-se a mandíbula. — Em primeiro lugar, é ela, não eles. E, em segundo lugar, ela me disse que há problemas muito sérios na sua empresa, Gin. Grandes questões financeiras. Haverá uma história a primeira hora da manhã sobre tudo. Portanto, não tente me jogar com essa discussão sobre a necessidade um cheque para você para a recepção, de modo que as coisas sejam equitativas entre nós. Seu pai morreu e seu testamento está sendo homologado, os bens de sua mãe está amarrado até ela morrer, e a BBC está lutando com seus dividendos lá embaixo. Se você quiser realizar um levantamento dos fundos e espera que eu contribua, é melhor você se declarar para que eu possa obter a amortização. Caso contrário, não vou te dar um centavo. Querida.

— Eu não sei do que você está falando.

 — Você não? Bem, então, leia a primeira coisa da manhã e você aprenderá algo. — Ele indicou a televisão. — Ou melhor ainda, venha aqui e veja este canal. Tenho certeza de que você estará por toda a TV amanhã.

 Gin levantou o queixo, mesmo quando seu coração entrou em um campo quebrado no peito. — Nós temos muito dinheiro aqui na casa, e eu não sinto que não é razoável que você pague por algo, então, se você não estiver preparado para compartilhar o custo, então a recepção está cancelada.

 Richard cuidou de seu bourbon. — Uma dica sobre as negociações. Se você for emitir ameaças, certifique-se de que elas são respaldadas por um resultado em que a outra parte está comprometida.

 — Você quer me mostrar. Você quer provar que você me pegou. Não finjas que não sou um prêmio para você.

 — Mas, assim que a tinta estiver seca, você é minha. E isso também estará no jornal. Todos lerão sobre isso. Não preciso de um coquetel para provar isso.

 Gin balançou a cabeça. — Você é tão superficial.

 O riso que encheu o quarto fez com que ela desejasse jogar algo nele novamente, e ela olhou a lâmpada de prata esterlina.

 — Isso vem de você? — ele disse. — Minha querida, o único motivo pelo qual você está se casando comigo é por causa dos contratos favoráveis que eu concordei em dar a companhia de seu pai. E eu gostaria de ter sabido sobre a crise na empresa. Eu provavelmente poderia ter conseguido você por nada além desse anel, dado o estado financeiro das coisas.

 Nesse ponto, houve uma batida na porta, e então o Sr. Harris entrou com Amelia.

 A menina mudou para um calção de Gucci, e a cabeça dela estava enterrada em seu telefone, seus dedos se movendo sobre a tela.

 — Senhorita Amelia, madame, — o inglês entoou. — Haverá alguma outra coisa?

 — Não, obrigado, — Gin o dispensou.

 — O prazer é meu.

 Quando o mordomo se curvou e a porta estava fechada, a menina não olhou para cima.

 — Amelia, — disse Gin bruscamente. — Este é meu noivo, Richard.

 — Sim, — disse a garota. — Eu sei.

 — Como você não o cumprimentou, acho difícil acreditar.

 — Estava na net. — Dar de ombros. — De qualquer forma, parabéns, para vocês dois. Estou emocionada.

 — Amelia, — disse Gin. — O que diabos é tão fascinante?

 A menina virou o telefone, piscando uma tela que estava iluminada como uma Lite-Brite à moda antiga. — Diamantes.

 — Eu acho difícil argumentar com isso, — murmurou Gin. — Mas você está sendo grosseira.

 — É um novo jogo.

 Gin indicou Richard. — Você vai pelo menos dizer olá de maneira adequada.

 — Posso ver a semelhança, — Richard ofereceu. — Você é muito bonita.

 — Eu deveria estar lisonjeada? — Amelia inclinou a cabeça. — Oh, muito obrigada. Estou desejando de ter algo em comum com ela. É a ambição da minha vida, ser como a minha mãe quando crescer. Agora, se me desculpar, eu prefiro estar em uma realidade virtual com diamantes falsos do que perto dela ou de alguém que se ofereça para se casar com ela. Boa sorte para você.

 Amelia estava na porta um segundo depois, mas não porque estava correndo.

 Amelia não fugia de nada.

 Ela cruzava os lugares. Assim como o pai dela.

 — Missão cumprida, — Richard disse enquanto se levantava e voltou para o bar. — A maçã não cai longe da árvore. E me permita reiterar, não vou lhe escrever qualquer tipo de cheque. Cancele a recepção como desejar e nos casaremos no tribunal. Não importa para mim.

 Gin focou na tela da TV, sua mente agitada. E ela ainda estava olhando para o espaço quando Richard se colocou na frente dela.

 — Basta lembra de uma coisa, — ele disse. — Você tende a se tornar criativa quando você fica quieta assim. Posso lembrar que eu não tolero desrespeito, e você pode escolher lembrar as consequências precisas de qualquer insulto a mim.

 Oh, mas você gosta, seu desgraçado doente, pensou Gin amargamente. Gosta de cada minuto.


 — John, você passou. Bom trabalho.

 Quando Lizzie ouviu Lane falar, ela olhou para cima a partir da geladeira, principalmente vazia. Através da cozinha da fazenda, ele estava sentado em sua mesa circular, conversando com o notebook que estava aberto à sua frente, com as sobrancelhas cerradas, duas partes de uma porta dupla puxadas.

 — O que? — ela disse enquanto fechava as coisas.

 — John Lenghe. O Deus do Grão. Ele me disse que ele me enviaria tanta informação quanto pudesse sobre as empresas envolvidas na WWB Holdings. E aqui estão elas.

 Quando ele empurrou a tela, ela se abaixou e olhou para um e-mail que parecia longo como um livro. — Uau. Isso é um monte de nomes.

 — Agora nós temos que encontrá-los. — Lane se sentou e esticou os braços sobre a cabeça, algo estralando alto o suficiente para fazê-la estremecer. — Eu juro que isso é como um passeio de montanha-russa sem fim, o tipo que não para, mesmo depois de você ter náusea.

 Ficando atrás dele, ela massageou os ombros. — Você conversou de novo com essa repórter?

— Sim. — Ele relaxou. — Oh, Deus, isso é bom.

 — Você está tão tenso.

 — Eu sei. — Ele exalou. — Mas sim, acabei de falar com ela. Ela publicará a história. Não há nada que possa fazer para detê-la. Um desses vice-presidentes deve ter falado. Ela sabia muito.

 — Contudo, como pode compartilhar essa informação? A Bradford Bourbon Company não é uma empresa pública. Não é uma violação da privacidade?

 — Não há violação de privacidade quando se trata de negócios. E contanto que ela coloque as coisas de uma certa maneira, ela ficará bem. Será como quando eles colocam a palavra “alegada” na frente de quase tudo quando eles relatam crimes.

 — O que vai acontecer a seguir?

 — Eu não sei, e eu realmente estou deixando de me preocupar com isso. Tudo o que tenho a fazer é superar o velório amanhã, e então a próxima crise terá toda a minha atenção.

 — Bem, estamos prontos. O Sr. Harris e eu cuidamos da equipe, a senhorita Aurora está pronta na cozinha. Os locais que serão ocupados receberão um toque final pela manhã. Quantas pessoas você espera?

 — Mil, talvez. Pelo menos tanto quanto... oh, aí mesmo. Siiiiim. — Ao deixar sua cabeça cair no lado oposto, ela admirou a linha de seu forte pescoço. — Tanto quanto nós tivemos no almoço do Derby pelo menos. Uma coisa que você sempre pode contar como certo, especialmente se você perdeu seu dinheiro? As pessoas gostam de encarar a carcaça da grandeza. E depois desse artigo amanhã, é isso que vamos parecer no balcão do açougueiro.

Lizzie balançou a cabeça. — Lembre-se da minha fantasia onde deixamos tudo isso para trás?

Lane se torceu e puxou-a para o colo. Quando ele afastou o cabelo e olhou para ela, seu sorriso quase chegou aos olhos dele. — Sim, oh, sim. Diga-me como é novamente.

Ela acariciou sua mandíbula, sua garganta, seus ombros. — Nós vivemos em uma fazenda muito longe. Você passa seus dias treinando basquete. Eu planto flores para a cidade. Todas as noites, nos sentamos juntos na nossa varanda e observamos o sol descer sobre a lavoura de milho. Nos sábados, vamos ao mercado de pulgas. Talvez eu venda coisas lá. Talvez você. Nós compramos uma pequena mercearia onde Ragu é considerado uma iguaria estrangeira, e eu faço muita sopa no inverno e salada de batata no verão.

 Quando suas pálpebras afundaram, ele assentiu. — E torta de maçã.

 Ela riu. — Torta de maçã também. E nós vamos nadar nus, em nossa lagoa nos fundos.

 — Oh, eu gosto dessa parte.

 — Eu pensei que você iria.

 Suas mãos começaram a vagar, girando a cintura, movendo-se mais alto. — Posso confessar uma coisa?

 — Claro.

 — Não vai refletir bem no meu caráter. — Ele franziu a testa. — Então, novamente, não há muito a fazer no momento.

 — O que?

 Foi um pouco antes de ele responder. — Quando você e eu estávamos no escritório do meu pai, queria empurrar tudo do topo de sua mesa e fazer sexo com você na maldita coisa.

 — Mesmo?

 — Sim. — Ele encolheu os ombros. — Depravado?

 Lizzie considerou o hipotético com um sorriso. — Na verdade não. Embora eu não consiga decidir se isso é erótico ou apenas criará uma bagunça no chão que vai me matar não limpar.

 Enquanto ele riu, ela se levantou, mas ficou montada. — Mas eu tenho uma ideia.

 — Oh?

 Arqueando suas costas, ela tirou a camisa e lentamente a puxou para cima e sobre sua cabeça. — Há uma mesa aqui e, embora não haja nada além do seu notebook, e eu não sugeriria jogá-lo no chão, ainda podemos... você sabe.

 — Oh, siiiiiim...

 Quando Lizzie se esticou na mesa da cozinha, Lane estava bem sobre ela, inclinando-se sobre ela, sua boca encontrando a dela em uma onda de calor.

 — Por sinal, — ela ofegou, — na minha fantasia, fazemos isso muito...

 

Capítulo 27

 


Na manhã seguinte, Lane desacelerou enquanto se aproximava da Big Five Bridge do lado de Indiana, o tráfego estrangulando a estrada com viajantes de manhã. O rádio do Porsche estava desligado. Ele não verificou seu telefone. E não tinha ligado o notebook antes de deixar Lizzie.

 O sol voltou a ser brilhante em um céu azul claro, algumas nuvens estriadas passando pelas bordas. O tempo bom não deveria durar, no entanto. Um sistema de baixa pressão estava chegando e as tempestades eram esperadas.

 Parecia adequado.

 Enquanto ele reduziu para a terceira macha, e depois, ele viu a frente que o congestionamento era mais do que apenas a hora de pico. Mais à frente, há alguma construção no espaço, as linhas de fusão de carros formando um gargalo que piscavam ao sol e jogavam ondas de calor. Avançando, ele sabia que ele iria atrasar, mas ele não iria se preocupar com isso.

 Ele não queria essa reunião agora. Mas ele não tinha escolha.

 Quando ele finalmente entrou na única linha, as coisas começaram a se mover, e ele quase riu quando ele finalmente puxou ao lado dos trabalhadores em seus macacões laranja, chapéus e jeans.

 Eles estavam instalando alambrados nas bordas da ponte para evitar que as pessoas saltassem.

 Nada de saltos. Ou, pelo menos, se você insistisse em tentar, precisaria escalar o alambrado.

 Atingindo a junção espaguete, ele pegou uma curva apertada, disparou sob um viaduto, entrou na I-91. Duas saídas mais tarde, ele estava na avenida Dorn e foi para River Road.

 O posto Shell na esquina era o tipo de lugar que era parte farmácia, parte supermercado, parte loja de bebias... e banca de revista.

 E ele pretendia passar por ela quando entrou a direita. Afinal, haveria uma cópia do Charlemont Courier Journal em Easterly.

 No final, porém, suas mãos tomaram a decisão por ele. Girando o volante para a direita, ele disparou para a estação de serviço, contornou as bombas de combustíveis e estacionou próximo ao congelador de alumínio duplo com GELO pintado sobre ele junto com uma imagem de um pinguim de desenho com um lenço vermelho em volta do pescoço.

 O boné de beisebol que ele puxou sobre o rosto tinha o logotipo do U de C na frente.

 Nas bombas, havia alguns caras enchendo seus caminhões. Um veículo municipal. Um CG & E pegador de cereja. Uma mulher em um Civic com um bebê que ela continuava verificando no banco de trás.

 Ele sentiu que todos estavam olhando para ele. Mas estava errado. Se estivessem olhando em sua direção, era porque estavam verificando seu Porsche.

 Um sino tocou enquanto ele empurrava para o espaço frio da loja, e lá estava. Uma fila de Charlemont Courier Journals, todos com a manchete que ele temia pendurado acima do cartaz de Las Vegas Strip-sized.

A FALÊNCIA DE BRADFORD BOURBON.

 O New York Post não poderia ter feito isso melhor, ele pensou quando conseguiu um dólar e quinze centavos fora. Pegando uma das cópias, ele colocou o dinheiro no balcão e deu uma batida de seus dedos. O cara da caixa registradora olhou de quem ele estava recebendo e assentiu com a cabeça.

 De volta ao Porsche, Lane ficou atrás do volante e observou a página. Escaneando o primeiro conjunto de colunas, ele abriu para ler todo o artigo.

 Oh, ótimo. Eles reproduziram alguns dos documentos. E havia muitos comentários. Mesmo um editorial sobre a ganância corporativa e a falta de responsabilidade dos ricos com a sociedade.

 Jogando a coisa de lado, ele se afastou e acelerou.

 Quando chegou aos portões principais da propriedade, ele diminuiu a velocidade, apenas para contar o número de caminhões de notícias estacionados no gramado como se estivessem esperando que uma nuvem de cogumelos voltasse para Easterly a qualquer momento. Continuando, ele entrou na propriedade pela entrada de funcionário e disparou pelo caminho de volta, passando pela horta de vegetais que Lizzie cultivava para a cozinha da senhorita Aurora e, em seguida, as estufas de barril e, finalmente, as casas e o galpão de terra firme.

 O estacionamento dos funcionários estava cheio de carros, todos os tipos de ajuda extra já no local para preparar as coisas para as horas de velório. A pista pavimentada continuava além disso, montando a colina paralela à passarela que os trabalhadores costumavam chegar à casa. No topo, havia as garagens, a parte de trás do centro de negócios e as entradas traseiras para a mansão.

 Ele estacionou ao lado do Lexus marrom que estava em um dos pontos reservados para a alta administração.

 Assim que Lane saiu, Steadman W. Morgan, presidente do conselho de administração da Bradford Bourbon Company, saiu de seu sedan.

O homem estava vestido com roupas de golfe, mas não como Lenghe, o Deus do Grão, tinha estado. Steadman estava em roupas brancas de Charlemont Country Club, o símbolo da instituição privada em azul real e dourado em seu peitoral, um cinto de precisão Princeton Tiger em torno de sua cintura. Seus sapatos eram o mesmo tipo de mocassins que Lane usava, sem meias. O relógio era Piaget. O bronzeado foi obtido nos campos de golfe, não artificial. A vitalidade era uma boa criação, uma dieta cuidadosa, e o resultado do homem que nunca teve que se perguntar de onde sua próxima refeição estava vindo.

— Bastante no artigo, — disse Steadman ao se encontrarem cara a cara.

— Agora você entende por que eu mandei todos eles fora daqui?

 Não houve agitação das mãos. Sem formalidades honradas ou trocadas. Mas então, o bom Stewart não estava acostumado a ser a segunda maior prioridade de ninguém e, claramente, seus calções boxers dos Brooks Brothers diziam isso.

 Então, novamente, ele acabou de saber que ele estava sentado na cabeça da mesa em um momento muito ruim na história da BBC. E Lane certamente se relacionaria com isso.

 Com um aceno de mão, Lane indicou o caminho para a porta de trás do centro de negócios e ele digitou novo código de acesso para os dois. Acendendo as luzes enquanto seguiam, ele abriu o caminho para a pequena sala de conferências.

— Eu lhe ofereceria café, — Lane disse enquanto se sentava. — Mas eu sugiro conversarmos.

— Não estou com sede.

 — E é um pouco cedo para o bourbon ou qualquer bebida. — Lane uniu as mãos e se inclinou. — Então. Gostaria de lhe perguntar o que está em mente, mas isso seria retórico.

 — Teria sido bom se você tivesse me informado sobre artigo. Sobre os problemas. Sobre o caos financeiro. Por que diabos você bloqueou a alta administração?

 Lane encolheu os ombros. — Eu ainda estou tentando chegar ao fundo disso sozinho. Então eu não tenho muito a dizer.

 — Havia bastante nesse maldito artigo.

 — Não é minha culpa. Eu não fui a fonte, e meu comentário não foi tão à prova de bala quanto Kevlar. — Embora o repórter lhe tivesse dado um pouco para continuar. — Eu direi que um amigo meu, que é banqueiro de investimentos que se especializou em avaliar corporações multinacionais, está aqui de Nova York, e ele está descobrindo tudo.

 Steadman parecia se recompor. O que era um pouco como uma estátua de mármore lutando para manter um rosto direto: não muito trabalho.

 — Lane, — o homem começou em um tom que fez Walter Cronkite parecer Pee-wee Herman, — eu preciso que você entenda que a Bradford Bourbon Company pode ter o nome da sua família, mas não é um carrinho de limonada, você pode fechar, abaixar ou mudar sua vontade apenas porque você é sangue. Existem procedimentos corporativos, linhas de comando, formas de...

 — Minha mãe é o maior acionista.

 — Isso não lhe dá o direito de transformar isso em uma ditadura. A gerência sênior tem um imperativo para voltar dentro dessa instalação. Temos de convocar um comitê de busca para contratar um novo Diretor Presidente. Um líder interino deve ser nomeado e anunciado. E acima de tudo, uma auditoria interna apropriada para esta bagunça financeira deve ser...

 — Permita-me ser perfeitamente claro. Meu ancestral, Elijah Bradford, começou essa empresa. E eu absolutamente vou fechá-la se eu precisar. Se eu quero. Estou no comando, e será muito mais eficiente se você reconhecer isso e sair do meu caminho. Ou eu também o substituirei.

 O equivalente a um ninho de vespa assassina de raiva estreitou o rosto de Steadman. O que, novamente, não foi uma grande mudança. — Você não sabe com quem você está lidando.

 — E você não tem ideia do quanto eu tenho a perder. Eu serei o único a nomear um sucessor para meu pai, e não serão os vice-presidentes seniores que vieram aqui todas as manhãs para puxar o saco dele. Vou descobrir onde o dinheiro foi, e eu vou nos manter no negócio, mesmo se eu tiver que ir para baixo e administrar eu mesmo. — Ele pegou um dedo no rosto corado de Steadman. — Você trabalha para mim. O conselho trabalha para mim. Cada um dos dez mil funcionários que recebem um salário trabalha para mim, porque eu sou o filho da puta que vai dar a volta em tudo.

 — E exatamente como você se propõe a fazer isso? De acordo com esse artigo, existem milhões de dólares desaparecidos.

 — Me veja.

 Steadman olhou pela mesa brilhante por um momento. — O conselho...

 — Saia do meu caminho. Ouça, cada um recebe cem mil dólares para se sentar e não fazer absolutamente nada. Eu garantirei a cada um de vocês um quarto de milhão de dólares este ano. Esse é um aumento de cento e cinquenta por cento.

 O queixo do homem subiu. — Você está tentando me subornar? Nos subordinar?

 — Ou eu posso fechar o conselho. Sua escolha.

 — Há estatutos...

 — Você sabe o que meu pai fez com meu irmão, correto? — Lane se inclinou mais uma vez. — Você acha que eu não tenho os mesmos contatos que o meu velho fez nos Estados Unidos? Você acredita honestamente que não posso tornar as coisas muito difíceis para você? A maioria dos acidentes acontece em casa, mas os carros também podem ser complicados. Barcos. Aviões.

 Supôs que o Kentucky Fried Tony estava saindo novamente.

E a coisa realmente assustadora foi, como ele disse as palavras, ele não tinha certeza se ele estava blefando ou não. Sentado aqui, onde seu pai estava sentado, Lane se sentiu perfeitamente capaz de assassinar.

 De repente, a lembrança de cair da ponte, de ver a água chegar a ele, de estar naquele interior entre segurança e morte, voltou para ele.

 — Então, o que vai ser? — Lane murmurou. — Um aumento ou um túmulo? — Steadman tomou seu tempo doce, e Lane deixou o homem olhar para seus olhos o tempo que ele quis.

 — Eu não tenho certeza de que você possa prometer, filho.

 Lane encolheu os ombros. — A questão é se você quer testar essa teoria sobre o positivo ou o negativo, não é?

 — Se esse artigo for verdadeiro, como você vai conseguir o dinheiro?

 — Esse é o meu problema, não o seu. — Lane sentou-se de volta. — E eu vou deixar você saber de um pequeno segredo.

 — O que?

 — O dedo anelar do meu pai foi encontrado enterrado na frente da casa. Ainda não foi lançado na imprensa. Então não se engane. Não foi suicídio. Alguém o matou.

 Havia um pouco de clareamento na garganta nesse ponto. E então, bom, Steadman disse: — Quando exatamente receberíamos o pagamento?

Peguei você, Lane pensou.

 — Agora, aqui vamos o que vamos fazer, — ele disse ao homem.


 Jeff levou o café da manhã no andar de cima para o quarto do avô de Lane e ele estava no telefone o tempo todo. Com o pai dele.

 Quando ele finalmente desligou, sentou-se na cadeira antiga e olhou para a grama do jardim. As flores. As árvores em flor. Era como um cenário para os Carringtons na década de oitenta. Então pegou a cópia do Charlemont Courier Journal que ele roubou do andar de baixo na cozinha e olhou para a história.

 Ele leu primeiro online.

 Depois disso, quando ele desceu para pegar um café e um dinamarquês, ele perguntou a Senhorita Aurora se ele poderia pegar a cópia física. A mãe de Lane, como ela era chamada, não olhou para cima do que ela estava cortando no balcão. Saia daqui, foi tudo o que ela havia dito.

 Jeff memorizou todas as palavras, cada número, todas as imagens dos documentos.

 Quando uma batida tocou, ele disse: — Sim?

 Lane entrou com um café para si, e mesmo que ele se tenha se barbeado, ele parecia um merda. — Então-oh, sim, — disse o cara. — Você viu isso.

 — Sim. — Jeff colocou a maldita coisa para baixo. — É um ataque feroz. O problema é que nada é deturpado.

 — Eu não vou me preocupar com isso.

 — Você deve.

 — Acabei de comprar o conselho.

 Jeff recuou. — Desculpa, o que?

 — Preciso que me encontre dois milhões e meio de dólares.

 Colocando suas palmas em seu rosto e segurando uma maldição, Jeff apenas sacudiu a cabeça. — Lane, eu não trabalho para a Bradford Bourbon Company...

 — Então eu vou pagar você.

 — Com o que?

 — Pegue uma pintura do andar de baixo.

 — Sem ofensa, mas não gosto de museus e odeio arte representacional. Tudo o que você fez foi feito antes do advento da câmera. É aborrecido.

 — Há valor nisso. — Quando Jeff não deu uma resposta, Lane encolheu os ombros. — Tudo bem, vou te dar uma parte das joias da minha mãe.

 — Lane.

 O colega de quarto da faculdade não se moveu. — Ou pegue o Phantom Drop-head. Eu vou fazer isso com você. Nós possuímos todos os carros. E o meu um Porsche?

 — Você está louco?

 Lane indicou ao redor deles. — Há dinheiro aqui. Em toda parte. Você quer um cavalo?

 — Jesus Cristo, é como uma venda de garagem.

 — O que você quer? É seu. Então me ajude a encontrar esse dinheiro. Preciso de duzentos e cinquenta mil por cada dez pessoas.

 Jeff começou a balançar a cabeça. — Não funciona assim. Você não pode simplesmente desviar fundos por um capricho...

 — Não há capricho aqui, Jeff. Trata-se de sobrevivência.

 — Você precisa de um plano, Lane. Um plano abrangente que imediatamente reduz as despesas, consolida a função e antecipa uma possível investigação federal, especialmente com esse artigo agora.

 — O que me leva ao meu segundo motivo para estar aqui. Preciso que você prove que meu pai fez tudo.

 — Lane, que merda! Você acha que eu posso tirar essas coisas do meu...

 — Eu não sou ingênuo e você está certo. A polícia virá batendo depois desse artigo, e quero lhes apresentar um caminho claro para meu pai.

 Jeff exalou. Estralou os nódulos. Perguntei o que sentiria se ele atingisse sua testa com a mesa. Algumas centenas de vezes. — Bem, pelo menos, isso parece ser falta de inteligência.

— Essa é a beleza de tudo isso. Apenas veio para mim. Meu pai está morto, então não é como se fossem desenterrá-lo e colocá-lo atrás das grades. E, depois de tudo o que ele puxou, não estou preocupado em preservar sua memória. Deixe o desgraçado entrar em chamas por tudo, e então vamos avançar com a empresa. — Ele tomou uma bebida da caneca. — Oh, o que me lembra. Eu enviei um e-mail para você que Lenghe me enviou nas empresas da WWB Holdings. É mais do que nós temos e ainda não é o suficiente.

 Tudo o que Jeff poderia fazer era olhar para o cara. — Você sabe, eu não posso decidir se você tem um título incrível ou simplesmente está tão desesperado que perdeu a sua maldita cabeça.

 — Ambos. Mas posso dizer que o último é mais concreto. É difícil ter direito quando você não pode pagar por nada. E quanto à sua compensação, no que me diz respeito, estou aqui em uma situação de venda de fogo. Então, pega um caminhão e carregue a maldita coisa no telhado. Tudo o que você acha que é justo.

 Jeff olhou para o jornal novamente. Parecia apropriado que o artigo estava cobrindo todo o trabalho que fazia.

 — Não posso estar aqui para sempre, Lane.

 Mas tinha algo que ele tinha que cuidar para si mesmo. Além da lista mais recente de lavanderia de Lane e ideias brilhantes.

 — E sobre os sêniores? — perguntou Jeff. — Você também os subornou?

 — De modo nenhum. Para esse assunto, eu os coloquei em licença administrativa não remunerada para o próximo mês. Achei que havia provas suficientes para que isso fosse justificado, e a diretoria está enviando avisos. Os gerentes intermediários vão pegar a folga até encontrar um Diretor Presidente interino.

 — Vai ser difícil com isso. — Jeff bateu na primeira página. — Não é exatamente uma boa plataforma de recrutamento.

 Enquanto Lane simplesmente olhava para ele, Jeff sentiu um golpe de água fria figurativa bater na cabeça dele. Colocando ambas as palmas das mãos para cima, ele começou a balançar a cabeça novamente. — Não. Absolutamente não...

 — Você seria responsável.

 — De um navio torpedeado.

 — Você poderia fazer o que quiser.

 — Como me dizer que eu posso redecorar uma casa que está no meio de um deslizamento de terra?

 — Eu te darei equidade.

Eeeeeeeeee indicam o grito dos pneus. — O que você acabou de dizer?

 Lane virou-se e foi até a porta. — Você me ouviu. Estou lhe oferecendo equidade na mais antiga e melhor empresa de Bourbon da América. E antes de me dizer que eu não tenho permissão blá, blá, blá, posso lembrá-lo de que o tabuleiro está no meu bolso traseiro. Eu posso fazer o que quer que eu queira e precise.

 — Enquanto você conseguir o dinheiro para pagá-los.

 — Pense nisso. — O bastardo liso olhou por cima do ombro. — Você pode possuir algo, Jeff. Não são apenas números cruéis para um banco de investimento que está pagando para ser uma calculadora glorificada. Você pode ser o primeiro acionista não familiar na Bradford Bourbon Company, e você pode ajudar a determinar nosso futuro.

 Jeff voltou a olhar para o artigo. — Você já me perguntou se as coisas estavam indo bem?

 — Não, mas é porque nesse caso, eu não estaria envolvido na empresa.

 — E o que acontece quando tudo acabar?

 — Depende do que “parece”, não é? Isso poderia mudar sua vida, Jeff.

 — Sim, há uma recomendação. Veja o que é feito por você. E P.S., a última vez que você queria que eu ficasse, você me ameaçou. Agora, você está me subornando.

 — Está funcionando? — quando ele não respondeu, Lane abriu a saída. — Eu não gostei de ameaçar você duramente. Eu realmente não. E você está certo. Estou batendo cabeça aqui como um idiota. Mas estou sem opções, e não há nenhum salvador vindo do céu para me dar um milagre e fazer com que tudo isso vá embora.

 — Isso é porque não há como fazer isso desaparecer.

 — Não merda. Mas eu tenho que lidar com isso. Eu não tenho escolha.

 Jeff amaldiçoou. — Não sei se posso confiar em você.

 — O que você precisa de mim para que você possa confiar?

 — Depois de tudo isso? Não tenho certeza de que posso.

 — Então seja auto interessado. Se você possui parte do que você está economizando, se houver uma enorme vantagem, e existe, então, esse é o incentivo que você precisa. Pense nisso. Você é um empresário. Você sabe exatamente o quão lucrativo isso poderia ser. Eu lhe dou o estoque agora, e depois as coisas giram ao entorno? Há primos Bradford que estarão morrendo de vontade de comprar a merda de volta. Isso representa a melhor chance de um evento de capitalização de oito dígitos para você, fora da fodida loteria.

 Com essa nota, porque o bastardo sabia exatamente quando se retirar, Lane saiu, fechando a porta silenciosamente.

 — Foda. Me, — murmurou Jeff para si mesmo.

 

Capítulo 28

 

Lizzie dobrou seus shorts cáqui e colocou-os no balcão no banheiro de Lane ao lado de sua camisa de trabalho. Ao se endireitar, o espelho lhe mostrou um reflexo que era familiar, mas também estranho: o cabelo dela estava preso em seu rabo de cavalo, o protetor solar que colocou no início da tarde tornava sua pele muito brilhante e seus olhos tinham bolsas sob eles.

No entanto, tudo isso era normal.

Pegando o vestido preto na frente dela, ela deslizou sobre sua cabeça e pensou, ok, aqui estava a estranheza.

 Na última grande festa de Easterly, há menos de uma semana, ela estava firme no caminho junto com os funcionários. Agora, ela era uma híbrida estranha, parte da família em virtude de se envolver com a Lane, mas ainda na folha de pagamento e muito envolvida nos preparativos e no preparo para o velório.

 Arrancando o cansaço fora, ela escovou os cabelos, mas aparecia a marca da borracha e parecia ruim.

 Talvez houvesse tempo para a...

 Não. Quando ela olhou para o telefone, os números liam 3:43. Não é suficiente até mesmo um banho rápido.

 Em dezessete minutos, as pessoas começaram a chegar, os ônibus levando-os da área de estacionamento na River Road até o topo da colina e a grande porta da frente de Easterly.

 — Você parece perfeita.

 Olhando para a porta, ela sorriu para Lane. — Você é tendencioso.

 Lane estava vestido com um terno azul-marinho com uma camisa azul claro e uma gravata de cor coral. Seus cabelos ainda estavam molhados do banho, e ele cheirava a colônia que ele sempre usava.

 Lizzie voltou a se concentrar, alisando a simples bainha de algodão. Deus, ela sentiu como se estivesse vestindo roupas de outra pessoa, e jesus, ela supôs que era. Não tinha pego emprestado este vestido de sua prima há uma década, também para um funeral? A coisa foi lavada o suficiente para desaparecer em torno das costuras, mas ela não tinha mais nada em seu armário.

 — Eu preferiria estar trabalhando neste evento, — ele disse.

 — Eu sei.

 — Você acha que Chantal virá?

 — Ela não ousaria.

 Lizzie não tinha muita certeza disso. A breve a ser ex-esposa de Lane era uma agarradora de atenção, e essa era uma excelente oportunidade para a mulher afirmar sua relevância apesar de seu casamento não estar mais acontecendo.

 Lizzie esfregou os cabelos e levou-o à frente. O que não fez nada para ajudar com a marca.

Dane-se, pensou. Ela ia deixar solto.

 — Você está pronto? — ela disse quando ela foi até ele. — Você parece preocupado. Como posso ajudar?

 — Não, estou bem. — Ele ofereceu seu cotovelo. — Vamos. Vamos fazer isso.

 Ele a levou para fora do seu quarto e entrou no corredor. Quando chegaram ao conjunto de quartos de sua mãe, ele diminuiu a velocidade. Então parou.

 — Você quer entrar? — ela perguntou. — Eu espero você no andar de baixo.

 — Não, vou deixá-la aí.

 Enquanto continuaram na grande escada e começaram a descer, sentiu-se como uma impostora, até sentir a tensão no braço e percebeu que ele estava inclinado sobre ela.

 — Eu não posso fazer isso sem você, — ele sussurrou quando chegaram ao fundo.

 — Você não precisará, — ela disse calmamente quando eles entraram no piso de mármore. — Eu não vou deixar o seu lado.

 Ao redor, os garçons com gravatas e coletes pretos estavam prontos com bandejas de prata, preparados para pegar o pedido de bebida. Havia dois bares montados, um na sala de jantar à esquerda, outro na sala da frente à direita, com apenas Reserva Família Bradford, vinho branco e refrigerante disponível. As flores que ela havia pedido e organizado foram exibidas de forma proeminente em cada sala, e havia uma mesa circular antiga centrada na entrada com um livro de condolências e uma bandeja de prata para receber cartões.

 Gin e Richard foram o próximo da família a chegar, os dois descendo as escadas com a distância de um campo de futebol entre eles.

— Irmã, — Lane disse enquanto ele beijava sua bochecha. — Richard.

 Os dois passaram sem reconhecer Lizzie, mas em sua mente, foi um caso de: às vezes você teve sorte. Tudo o que eles diriam ou fariam era provável se deparar-se com condescendentes de qualquer maneira.

 — Isso não está bem, — murmurou Lane. — Eu vou ter que...

 — Não faça nada. — Lizzie apertou sua mão para chamar sua atenção. — Ouça-me quando digo isso. Isso não me incomoda. Em absoluto. Eu sei onde estou e se sua irmã me aprova ou me desaprova? Não altera meu código postal no mínimo.

 — É desrespeitoso.

 — É meninas do ensino médio. E cheguei a isso há quinze anos atrás. Além disso, ela é assim porque é miserável. Você poderia estar ao lado de Jesus Cristo, filho de Deus, e ela odiaria o fato de ele estar com um manto e sandálias.

 Lane riu e a beijou na têmpora. — E mais uma vez, você me lembra exatamente por que estou com você.


 — Espera. Sua gravata está torcida.

 Mack torceu. Seu escritório vinha com um chuveiro, uma pia e um vaso sanitário, e ele não tinha incomodado em fechar a porta quando entrou... bem, ferrado, com esse laço de seda em sua garganta.

 Beth colocou alguns papéis na mesa e veio.

 O espaço apertado ficou ainda mais apertado quando ela entrou com ele, e Deus, seu perfume enquanto ela esticava e deslizava o nó.

 — Eu não acho que isso combina mesmo, — ele disse enquanto tentava não se concentrar em seus lábios. — A camisa, quero dizer.

 Cara, eles pareciam macios.

 — Não. — ela sorriu. — Mas está tudo bem. Você não é julgado no seu senso de moda.

 Por uma fração de segundo, ele imaginou colocar suas mãos em sua cintura e puxá-la contra a frente de seus quadris. Então ele mergulharia a cabeça e descobriria o sabor dela. Talvez levantá-la em cima da borda da pia e...

 — Bem? — ela indagou quando ela jogou uma extremidade da gravata sobre a outra em seu coração.

 — O quê?

— Onde você está indo todo vestido?

 — O velório de William Baldwine em Easterly. Estou atrasado. Começa às quatro.

 O puxão de sua garganta foi erótico, mesmo que ele o levasse na direção errada: se Beth estivesse mexendo com suas roupas, ele queria que ela estivesse tirando-as dele.

 — Oh. Uau. — Mais puxão. Então ela recuou. — Melhor.

 Ele se inclinou para um lado e verificou-se no espelho. A maldita coisa era reta como uma linha em uma rodovia, e o nó estava bem no colarinho, e nem todos foram conquistados de uma forma ou de outra, também. — Muito impressionante.

 Beth saiu, e ele a viu se afastar antes de chutar sua própria bunda. No momento em que ele estava pronto para se voltar a focar, ela estava em sua mesa, fazendo um gesto para as coisas, falando.

 Ela estava encarnada novamente, o vestido estava sobre o joelho, mas não muito longe, e abaixo no pescoço, mas não demais. As mangas eram curtas. Meias? Não, ele não pensava assim, e maldito, essas eram boas pernas. Sapatos planos.

 — Bem? — ela disse novamente.

 Ok, ele precisava cortar a porcaria antes que ela pegasse aquela vibração hostil-trabalho-ambiente que ele estava jogando.

 — O quê? — ele perguntou quando ele saiu do banheiro.

 — Você acha que eu poderia me juntar a você? Quero dizer, eu não trabalhei para o homem, mas agora estou na empresa.

 Não era um encontro, ele disse enquanto assentia. Absolutamente não. — Claro. — Ele limpou a garganta. — É um evento aberto. Imagino que haverá muitas pessoas da BBC. Provavelmente devemos ir no seu carro, no entanto. Minha picape não é um lugar para uma senhora.

 Beth sorriu. — Vou pegar minha bolsa. Feliz de dirigir.

 Mack ficou para trás por um segundo enquanto ela foi até a mesa. Forçando a olhar para todos os rótulos nas paredes, ele lembrou a sua ereção parcial de que ela era sua assistente executiva. E sim, ela era linda, mas havia coisas mais importantes para se preocupar com sua vida amorosa atualmente inexistente.

 Hora de se acomodar em algum lugar, pensou. Esteve muito ocupado com o trabalho nos últimos tempos, e isso foi o que aconteceu: você se tronava um cara desesperado ao redor de uma mulher muito decente e seu pau assume o controle.

 — Mack? — ela gritou.

 — Chega... — Pare. Isto. — Não, quero dizer... eu estou, ah...

 Oh, pelo amor de Deus.

 

Capítulo 29

 

Ninguém apareceu.

 Cerca de uma hora e vinte minutos de velório, quando deveria ter havido uma fila pela porta da frente e um carrossel de ônibus subindo e descendo a montanha, havia apenas alguns retardatários, todos os quais examinaram a escassez de gente e batiam em retirada para a porta de Easterly.

 Como se tivessem usado trajes de Halloween para um baile. Ou branco após o Dia do Trabalho. Ou estava sentado na mesa das crianças durante algum grande evento.

Supunha que ele estivesse errado sobre pessoas que queriam ver os poderosos caídos de perto e pessoalmente.

 Lane passou muito tempo vagando de uma sala para outra, com as mãos nos bolsos porque sentia vontade de beber e sabia que era uma má ideia. Gin e Richard desapareceram em algum lugar. Amélia nunca desceu. Edward não apareceu.

 Lizzie estava ficando bem com ele.

 — Com licença senhor.

 Lane voltou para o mordomo uniformizado. — Sim?

 — Há algo que eu possa fazer?

 Talvez fosse o sotaque inglês, mas Lane poderia ter jurado que o Sr. Harris estava sutilmente satisfeito com a desonra. E isso não fez que Lane quisesse se aproximar e transformar todo aquele cabelo Brylcreem em uma bagunça só.

 — Sim, diga aos garçons para arrumar os bares e então eles podem ir para casa. — Não há motivo para pagá-los para ficar de pé. — E deixe os manobristas e os ônibus irem. Se alguém quer vir, eles podem deixar seus carros na frente.

 — Claro senhor.

 Quando Harris desapareceu, Lane foi até a base da escada e sentou-se. Olhando pela porta da frente até a luz do sol, ele pensou na reunião com o membro do conselho. As cenas com Jeff. O encontro com John Lenghe.

 Quem deveria aparecer em uma hora, mas quem sabia.

 Jeff estava certo. Ele estava usando táticas de braço forte, e manipulando pessoas e dinheiro ao redor. E sim, era sob o pretexto de ajudar a família de merda, salvando a família. Mas a ideia de que ele poderia estar se transformando em seu pai fez seu estômago revirar.

 Engraçado, quando ele foi a essa ponte e se inclinou sobre essa borda, ele queria algum tipo de conexão ou compreensão do homem. Mas agora ele estava arquivando isso sob cuidado com o-que-você-deseja. Muitos paralelos estavam montando, graças à maneira como ele se comportava.

 E se ele se transformasse no filho da puta...

— Ei. — Lizzie se sentou ao lado dele, enfiando a saia debaixo das coxas. — Como você está? Ou espere, essa é uma pergunta estúpida, não é.

 Ele se inclinou e a beijou. — Estou bem...

 — Eu perdi isso?

 Ao som de uma voz familiar que ele não tinha ouvido há muito tempo, Lane ficou rígido e virou lentamente. —... mãe?

 No topo da escada, pela primeira vez em anos, sua mãe estava com o apoio de sua enfermeira. Virginia Elizabeth Bradford Baldwine, ou Little V.E. Como ela era conhecida na família, estava vestida com um longo vestido de seda branco, e havia diamantes em suas orelhas e pérolas ao redor de sua garganta. Seu cabelo perfeitamente colorido e sua coloração era adorável, embora definitivamente o resultado de um bom trabalho de maquiagem em oposição à saúde.

 — Mãe, — ele repetiu enquanto se levantava e subia as escadas duas de cada vez.

 — Edward, querido, como você está?

 Lane piscou algumas vezes. E então pegou o lugar da enfermeira, oferecendo um braço que foi prontamente aceito. — Você quer descer as escadas?

 — Eu acho que é apropriado. Mas ah, estou atrasada. Eu perdi todos.

 — Sim, eles vieram e foram embora. Mas está tudo bem, mãe. Vamos prosseguir.

 O braço de sua mãe era semelhante ao de um pássaro, tão magro sob a manga e, enquanto se inclinava sobre ele, seu peso mal se registrou. Eles fizeram a descida devagar, e durante todo o tempo, ele queria erguê-la e carregá-la, porque parecia que poderia ser uma opção mais segura.

Se ela tivesse uma queda? Tinha medo de que ela corresse o risco de se quebrar na base da escada.

 — Seu avô foi um grande homem, — ela disse, quando eles chegaram ao chão de mármore preto e branco do salão. — Oh, olha, eles estão removendo as bebidas.

 — Está tarde.

 — Eu adoro as horas de sol no verão, não é? Elas duraram tanto tempo.

 — Você gostaria de se sentar no salão?

 — Por favor, querido, obrigado.

 Sua mãe não caminhava tanto como embaralhava até a arcada, e quando finalmente chegaram aos sofás de seda em frente à lareira, Lane se sentou no que estava de frente para a porta da frente.

— Oh, os jardins. — Ela sorriu enquanto olhava pelas portas francesas do outro lado do caminho. — Eles parecem tão maravilhosos. Você sabe, Lizzie trabalha tão duro em tudo.

 Lane escondeu a surpresa ao passar e servir-se de um bourbon no carrinho da família. Foi além do tempo que ele cedeu ao seu desejo. — Você conhece Lizzie?

 — Ela me traz minhas flores, oh, você está. Lizzie, você conhece meu filho Edward? Você deve.

 Lane olhou a tempo para ver Lizzie fazer uma dupla tomada e depois cobrir a reação bem. — Sra. Bradford, como você está? É maravilhoso ver você de pé.

 Embora o sobrenome de sua mãe fosse legalmente Baldwine, ela sempre foi a Sra. Bradford em torno da propriedade. Era assim como as coisas eram, e uma das primeiras coisas que seu pai tinha aprendido a odiar, sem dúvida.

 — Bem, obrigada, querida. Agora, você conhece Edward?

 — Sim, — disse Lizzie suavemente. — Eu o conheci.

 — Diga-me, você está ajudando com a festa, querida?

 — Sim, senhora.

 — Eu acho que perdi. Eles sempre me disseram que eu chegaria tarde para meu próprio funeral. Parece que eu calculei mal o do meu pai também.

 Quando dois garçons entraram para começar a desligar o bar no canto, Lane balançou a cabeça em suas direções e eles se afastaram. Ao longe, ele podia ouvir o tintilar de copos e garrafas e um pingo de conversa da equipe enquanto as coisas eram tratadas na sala de jantar, e ele esperava que seu cérebro interpretasse como o fim de festa.

 — Sua escolha de cor é sempre perfeita, — disse sua mãe a Lizzie. — Eu amo meus buquês. Aguardo os dias em que você os muda. Sempre uma nova combinação de flores, e nunca um fora do lugar.

 — Obrigada, Sra. Bradford. Agora, se você me desculpar?

 — É claro querida. Há muito o que fazer. Imagino que tínhamos uma terrível aglomeração de pessoas. — Sua mãe acenou com a mão tão graciosa como uma pena que flutuava através do ar, seu enorme diamante em forma de pera piscando como uma luz de Natal. — Agora, diga-me, Edward. Como estão as coisas no Old Site? Temo que estive fora de circulação por um algum tempo.

 Lizzie deu um aperto no braço antes de deixar os dois sozinhos, e Deus, o que ele não teria dado para segui-la para fora da sala. Em vez disso, sentou-se no lado mais afastado do sofá, aquela foto de Elijah Bradford parecia olhar para ele de cima da lareira.

 — Tudo está bem, mãe. Tudo bem.

 — Você sempre foi um homem de negócios tão maravilhoso. Você assemelha ao meu pai, você sabe.

 — Isso é um elogio.

 — É para ser.

 Seus olhos azuis estavam mais pálidos do que ele se lembrava, embora talvez fosse porque eles realmente não se concentravam. E o cabelo de sua rainha Elizabeth não era tão grosso. E sua pele parecia tão fina como uma folha de papel e tão translúcida como a seda fina.

 Ela parecia ter oitenta e cinco, não sessenta e cinco.

 — Mãe? — ele disse.

 — Sim querido?

 — Meu pai está morto. Você sabe disso, certo? Eu te disse.

 Suas sobrancelhas se juntaram, mas nenhuma linha apareceu e não porque ela tivesse Botox. Pelo contrário, ela foi criada em uma época em que jovens senhoras foram educadas a não ir ao sol, não que os perigos com o câncer de pele fossem plenamente conhecidos naquela época, e não por causa de qualquer preocupação com a camada de ozônio sendo esgotada. Mas, porque as sombrinhas e guarda-sóis no lazer eram acessórios elegantes para as filhas dos ricos.

 Os anos sessenta no sul rico foram mais análogos aos anos quarenta em qualquer outro lugar.

 — Meu marido…

 — Sim, o pai morreu, não avô.

 — É difícil para mim... o tempo é difícil para mim agora. — Ela sorriu de uma maneira que não lhe deu nenhuma ideia de estar sentindo qualquer coisa ou se o que ele estava dizendo estava afundando em tudo. — Mas eu vou ajustar. Bradfords sempre se ajusta. Oh, Maxwell, querido, você veio.

 Quando ela estendeu a mão e olhou para cima, ele se perguntou quem no inferno que ela achou que chegara.

 Quando ele se virou, ele quase derramou sua bebida. — Maxwell?


— Sim, por ali, por favor. E para a sala dos casacos.

 Lizzie apontou um garçom segurando uma caixa de copos alugados e não utilizados em direção à cozinha. Então ela voltou para pegar a última das garrafas de vinho branco não abertas de uma caixa de bebidas no chão. Graças a Deus, havia algo para limpar. Se ela tivesse que ficar em todas aquelas salas vazias por mais tempo, ela iria perder a cabeça.

 Lane não parecia se importar de um jeito ou de outro que essencialmente ninguém veio, mas Deus ...

 Inclinando-se, levantou a caixa e caminhou por trás da mesa coberta de linho. Saindo da sala de jantar pela porta lateral, ela colocou a caixa com as outras três no salão dos funcionários. Talvez eles pudessem devolvê-las porque as garrafas não foram abertas?

 — Cada centavo ajuda, — ela disse para si mesma.

 Imaginando que ela começasse no bar no terraço, ela hesitou em uma das portas dos funcionários, mesmo que, se ela usasse, ela teria que caminhar até o outro lado da casa.

 Em Easterly, a família podia ir e vir de qualquer lugar a qualquer momento. Os funcionários, por outro lado, foram regimentados.

Então, novamente...

— Dane-se.

Ela não estava fazendo esse esforço porque ela era uma empregada, mas porque o homem que amava estava tendo um dia realmente de merda e a estava matando ver isso acontecer e ela precisava melhorar a situação de alguma forma, mesmo que fosse apenas a arrumação para um evento que nunca aconteceu.

 Atravessando os cômodos, saiu as portas francesas da biblioteca e fez uma pausa. Este era o terraço que tinha vista para o rio e o grande declive para a River Road, e todos os antigos móveis de ferro forjado e mesas cobertas de vidro foram movidos para a periferia para acomodar todas as pessoas que não vieram.

 O barman posicionado lá fora deixou seu posto, e ela passou e levantou o forro de mesa de linho do bar. Por baixo, caixotes vazios para os utensílios e caixas para o bourbon e o vinho estavam bem ordenados, e ela arrastou alguns deles.

 Justo quando ela estava prestes a começar a embalar, literalmente, notou a pessoa sentada imóvel e silenciosa por uma das janelas, seu foco na casa, não na vista.

 — Gary?

 Enquanto falava, o chefe da maquinaria pulou tão rápido, a cadeira de metal em que ele estava esbarrou na lareira.

 — Oh, puxa, desculpe. — Ela riu. — Eu acho que todos estão no limite hoje.

 Gary estava em um macacão e suas botas de trabalho foram mantidas, sem sujeira ou detritos nelas. Seu velho boné de beisebol de Momma's Mustard, Pickles & BBQ estava em sua mão, e ele rapidamente o empurrou para trás em sua cabeça.

 — Você não precisa sair, — ela disse quando começou a transferir copos para uma caixa embaixo.

 — Eu não irei. Apenas quando eu vi...

 — Sem carros, certo. Quando você viu que ninguém estava chegando.

 — As pessoas ricas têm um estranho senso de prioridade.

 — Amém a isso.

 — Bem, de volta ao trabalho. Você não está precisando de nada?

 — Não, estou me dando algo para fazer. E se você me ajudar, eu terminarei mais rápido.

 — Então é assim, hein.

 — Sim desculpa.

 Ele resmungou e saiu pela lateral distante do terraço, tomando o caminho que descia em torno da base da muralha de pedra que impedia essa parte da mansão de cair de seu sublime poleiro.

 Mais tarde, muito mais tarde, Lizzie se perguntou por que se sentia obrigada a sair do bar e caminhar até onde o homem esteve sentado e olhando tão atentamente. Mas, por algum motivo, o impulso foi inegável. Então, novamente, Gary raramente ficava quieto, e ele curiosamente desinflou.

 Inclinando-se no velho vidro... viu a mãe de Lane empoleirada, tão bonita quanto uma rainha, naquele sofá de seda.

 

 

CONTINUA