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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


A PROPOSIÇÃO
A PROPOSIÇÃO

 

 

  

 

 

 

 

 

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.


CONTINUA

Capítulo 6

Eu pego as chaves e corro para a sua porta do outro lado do corredor. Eu
pensei que teria que encontrar a chave certa e não podia parar de tremer o
suficiente para fazer qualquer coisa. É quando a porta se abre. Maggie espreita
para fora do batente. Os olhos verdes brilham, como se ela estivesse
chorando.

Eu escancaro a porta aberta com tal violência que um prego sai.
— Maggie! — Eu avanço para ela, mas ela mantém-se com as mãos
levantadas, impedindo-me de abraçá-la.

— Saia, Hallie. Sai fora daqui antes que ele volte. — O olho de Maggie
está inchado com um círculo escuro em torno dele. Um dos seus pulsos está
em carne viva e o outro está sangrando. Ela está usando um pedaço rasgado
de lingerie que está úmido. As pernas têm contusões pretas e azuis por toda
parte. As contusões estão dispostas em pequenos grupos de quatro, como se
mãos segurando com muita força os tivesse feito.

— Maggie. — Eu quero chorar. Ele bateu com muita força nela.

— Hallie, vá, antes que ele volte.

Puxo no braço dela e ela tropeça em direção à porta. — Ele não vai voltar
por algum tempo. Vamos. Estamos desaparecidas. Nunca voltaremos aqui.
Nunca mais.

Maggie firma os pés. — Eu não posso sair. Estou morta, se eu sair.

Eu olho-a uma vez. — Você está morta se ficar. O que diabo aconteceu
aqui?
— Eu não quis trazer uma menina.

— Então ele a usou? — Ela acena com a cabeça. Meus lábios separam
quando uma lufada sai.
— Oh! Maggie. — Raiva está se construindo dentro de mim. Se eu tivesse
uma arma, eu voltaria e tiraria as bolas dele fora. Eu não sei exatamente o que
está fazendo ou o que Victor fez a ela, mas eu sei que ele bateu nela e,
provavelmente, estuprou-a. As marcas pretas e azuis percorrendo todo o
caminho até as coxas. O cabelo está uma bagunça e a maquiagem, uma vez
perfeita, está manchada no rosto, enquanto ela está se afogando em lágrimas.

Sua voz é severa e fria. — Foi a minha escolha. — O rosto de Maggie
brilha com lágrimas e aranhões. Ela encontra o meu olhar quase desafiador.
— Esta é a minha vida, não a sua.

Paro meus passos e saio puxando ela. Voltando, deixo escapar: — Você já
fez isso antes?

— Só quando eu tinha que fazer. Hallie, isso não é problema seu. — A
mandíbula de Maggie aperta e seus olhos uma vez vibrantes demostram
distância.

Estou mortificada e não posso esconder. Eu permaneço lá e sinto cada
gota de tristeza, arrependimento, raiva rasgando do meu corpo. Isso me muda
e eu não posso parar. Maggie é a única família que me resta. Eu não me
importo com Neil, talvez eu nunca tenha me importado, mas as pessoas não
podem viver sozinhas. Estar sozinho é um passo de estar morto, é um ritmo
de acabar em um lugar como este com o rosto coberto de hematomas e
lágrimas.

Há momentos na vida que se arrastam lentamente, como sombras que se
estendem por toda a Terra quando o sol desce no horizonte. Outras vezes é
rápido como um galho quebrando. Minha vida mudou naquele momento e eu
senti isso. As paredes sobem, mais e mais, até que não há ninguém acima
delas, nem mesmo Deus. Eu estou sozinha em minha miséria, e não há
nenhuma maneira de eu deixar Maggie ir. Eu vou fazer o que tenho que fazer
e as consequências são de pouca importância.

Eu seguro o pulso dela e puxo-a atrás de mim, explicando: — Victor está
nocauteado em seu apartamento. Vamos embora e nunca mais voltaremos.
Você não tem permissão para sair e você trabalha para mim agora. Esta merda
está acabada. Acabou, Maggie, e nunca vai voltar.

Maggie está com falta de ar e quase caí no chão. — Eu não posso! — Ela
fala. — Não me faça ir! Hallie, ele vai me matar.

Eu a liberto e sinto o sorriso torcido de polegadas em meus lábios. Eu não
sou eu, porque estou oferecendo algo que eu nunca iria sugerir. — Então eu
vou cuidar dele. Vá para o carro.

— Hallie! — Maggie investe para mim, tentando agarrar meu braço.

Eu me acerco a ela. — Vá! — Seus olhos verdes encontraram os meus e
ela sabe. Ela vê a dor me fraturando em duas. Eu não sou mais a mesma e nós
duas sabemos disso. — Você nunca vai vê-lo novamente. — É uma promessa.

Maggie acena enquanto está lá, tremendo. Ela envolve os braços em volta
da cintura e olha para mim como se fossemos crianças novamente. Ficamos
neste local antes, mas da última vez não revidamos.
— Vai dar tudo certo. Vai dar. — Ela pronuncia as palavras mais para si
mesmo do que para mim. Eu sorrio, e puta que pariu praticamente quebrando
o meu rosto para fazer isso, mas eu consigo. Antes que ela caminhe pelo
corredor com as roupas nos braços, eu toco seu ombro levemente. Maggie
acena uma vez para mim, depois desce escada abaixo e desaparece de vista.

Minha mente está gravada com a escuridão. É como se eu tivesse caído em
um poço e não consigo encontrar o caminho. Victor está lá, me sufocando e
se eu não libertá-lo, se eu não expulsá-lo, ele vai estar sempre lá, esperando.
Três lentos e silenciosos passos de volta para o apartamento de Maggie e eu
vejo o homem ainda deitado no chão. Ele está despertando, gemendo
maldições e toca o local sangrento na sua testa. Será que alguém irá lamentar?
Será que alguém lhe comprará uma lápide e um lugar no cemitério? Eu não
iria pagar essas coisas. Eu não pude dar ao melhor homem do mundo, então
por que Victor Campone o teria? Ele é a encarnação do mal.

Antes de eu saber o que aconteceu, estou segurando uma faca de cozinha
sem graça no meu punho, lentamente me aproximando dele por trás. Victor
senta-se e quase cai para o lado.
— Essa puta. — Ele agarrou a cabeça como se estivesse latejando.

Isso não é real, é? Minha vida deu uma volta completa. Estou de volta à
mercê da crueldade e recuso-me a deixá-la me governar. Prefiro morrer, por
isso estou aqui. Minha mão não treme, e a garota que eu havia sido
desapareceu. Ela está se dissolvendo como uma imagem deixada ao sol,
desaparecendo para sempre até que não restasse nenhum vestígio
remanescente.

Victor me sente em pé atrás dele e se vira para olhar por cima do ombro.
É quando eu entro em ação. A surpresa em seu rosto, o brilho da lâmina
prateada da faca, e o rio de sangue que corre em sua garganta como um rio
vermelho tudo brilha como se estivessem acontecendo em outro lugar. Os
olhos de Victor arregalam em choque quando sua mão levanta até o pescoço e
se afasta coberta de escarlate.

Aqueles olhos, eu vou me lembrar do jeito que olhou para mim com
admiração e raiva, até morrer. Seus lábios abrem para falar, mas eu não me
importo. Largo a faca. Ela faz barulho no chão enquanto eu viro os
calcanhares e vou embora, deixando Victor morrendo no chão.

Capítulo 7

O tempo rasteja a uma parada, da mesma forma que quando meu pai
morreu. Maggie e eu saímos em silêncio. Eu sei o que temos que fazer, mas eu
não quero fazê-la sofrer. Digo a ela que eu estou pensando e ela concorda.
Paramos na Target e escolhemos algumas roupas do saldo de estoque e de nos
trocamos no carro. Eu pego minhas roupas velhas, casaco e luvas e coloco-os
no saco plástico branco antes de jogá-los no lixo atrás da loja. Está
transbordando. Eles virão e tirarão as roupas ensanguentadas antes do
amanhecer.

Maggie e eu refazemos a nossa maquiagem no carro. É quando ela para e
olha para mim, pronta para chorar. — Eles vão descobrir.

— Não, eles não vão. Ninguém nos viu.

— Victor tinha o lugar vazio, então não haveria ninguém por perto para
ouvir o que ele estava fazendo esta noite, mas os caras nem sempre saem. E se
eles a viram?

Eu dou de ombros. — Então, eles podem assumir e dar continuidade ao
seu império de drogas. Ninguém se importa comigo. Ele se foi, Maggie.
Desculpe-me por não chegar lá mais cedo. — Nossos olhos se encontram e
eu quero chorar, mas as lágrimas não vêm. Algo dentro de mim quebrou hoje
à noite. Eu sei o que tenho que fazer, o que a minha vida será, por causa deste

ato. Eu aceitei isso antes de encaixar a faca na garganta de Victor. Vou assinar
meus contratos, casar-me com Neil, e ser a esposa-objeto que todo mundo
acha que eu sou. Isso vai permitir-me cuidar de Maggie e certificar-me de que
isso nunca aconteça novamente. Dinheiro é poder, e agora eu tenho muito.

Maggie concorda. — Então, vamos para a sua festa e fingir que estava
ofendida por que o idiota não me convidou?

— Sim. — Eu bato meus lábios de depois reaplicar o minha maquiagem.
— E provocá-lo sobre não me dizer.

— Então você me agarrou e foi para mudar?

— Exatamente.

Capítulo 8

Eles aceitam a desculpa, até mesmo Neil, que afirma que pode detectar
um mentiroso a quinze metros de distância. É tudo nos olhos, ele disse-me, a
postura, a envergamento dos ombros, e a posição dos braços. Então eu faço o
oposto. Continuo equilibrada e sorridente. Eu rio das piadas ruins de seu
amigo e deixo Cecily me provocar sobre ela ser uma cadela excluindo a minha
melhor amiga das festividades.

Eu ajo como se eu tivesse bebido muito e aponto o dedo em seu peito
inflado. — Se você deixá-la fora de qualquer celebração de novo, você vai se
arrepender. Ela é uma irmã para mim. — Eu sorrio para Maggie, que está do
outro lado da sala. Ela está vestindo calças escuras para cobrir os hematomas
em suas pernas. Uma espessa camada de corretivo esconde o inchado e o
círculo escuro dos olhos. Ela toca o corte na bochecha e conta em uma
história maluca sobre como eu a desafiei a descer o corrimão na escada.

Ela está rindo. — Então, Hallie não acha que posso fazer isso. Bem, dane
isso. Então eu me levanto no velho trilho e empurro. Eu estava bem até que
eu bati no pouso e me arremesso contra a parede. Foi a coisa mais engraçada
que eu já fiz. Eu pensei que eu iria pousar em meus pés, como na TV.
— E é por isso que a TV não é real.

— Não brinca. — Ela ri e brinda seu copo para o cara idiota, alto e
escuro, em pé ao lado dela.

O homem suspira como se ela dissesse a coisa mais cruel que ele já ouviu
falar, por isso, Maggie liga o charme. Ela bate os olhos e toca seu braço
levemente, rindo para ele, como se ele fosse o homem mais engraçado da
vida. Seu comportamento amacia e os dois vagueiam para o quintal, onde está
mais escuro.

Cecily, e seu esfumaçado ego, estão em pé ao meu lado. Seus seios estão
tentando escapar de seu decote. — Eu pensei que você estava tendo um
ataque de pânico ou algo assim.

Eu olho em frente olhando para o mar de gente, mas não vendo ninguém.
— Não, apenas TPM.

— Eu vou ter certeza que a sua amiga seja convidada para todos os
eventos com você de agora em diante. — Cecily limpa a garganta. — Existe
algo que você quer me dizer? — Eu me viro e arqueio uma sobrancelha para
ela, mantendo um copo meio vazio de vinho na mão. — Vamos, vamos,
agora, você pode me dizer. Alguém com o seu, digamos... gosto, pode
encontrar sexo chato depois de um tempo. Não seria surpresa para ninguém
saber...

Tomo um gole enquanto ela está falando e meu coração bate forte.
Gostaria de saber se eu tenho o sangue no meu rosto, até que ela vai para a
última frase. Eu quase engasgo com meu Merlot e pouso o copo, silenciando-
a. — Não, claro que não!

— Porque se você fosse gay, não seria um grande negócio. — Ela sopra
fumaça na minha cara.

Agarrando seu braço, eu dirijo Cecily longe da enorme quantidade de
ouvidos e para o corredor. — Não! Eu não sou gay e se você der essa
impressão Neil Juro por Deus...

Ela oferece um sorriso divertido e toca no meu antebraço. — Vamos,
agora, Hallie. Eu não quis dizer nada com isso. Vocês duas estão perto e não
faria sentido, com o seu passado e os seus...

— Sim, bem, você está sem base aqui e o homem que colocou este anel
no meu dedo vai ter um ataque, se você sequer mencionar a ideia. — Neil tem
sua filosofia de ordem natural e isso iria assustá-lo. Eu preciso dele para ficar.
Ele não pode sair, e uma sugestão como essa vai mandá-lo correr para o outro
lado.

Ela levanta as garras de rosa e sorri. — Oh! Eu não vou, mas se você
precisar de alguém em quem confiar, eu estou aqui. Isso é tudo que eu queria
oferecer. Eu não vou julgar. — Seus velhos olhos fixam-se nos meus por um
momento. Ela pode sentir o segredo enterrado profundamente dentro de
mim, mas há mais do que um. Assim mesmo, se ela descobre sobre Bryan, ela
nunca vai saber o que eu fiz esta noite.

Ser defensivo é fazê-la pensar que há algo a defender, por isso eu me
inclino para perto e digo: — Olhe, eu lhe diria, se fosse esse o caso. Eu sei que
posso confiar em você. — Quando eu me tornei tão boa em mentir? — Mas
Neil é estranho com coisas assim. Ele está bem com o meu livro, uma vez que
não era real, sabe? Não é como se essas coisas fizessem parte da nossa vida.
Você entende, não é?

Ela entende tudo bem. Cecily acena devagar e eu sei que estou fodida. Ela
sabe que há uma história lá, outro amante. Bom. É melhor do que saber que
fui eu que cortei a garganta de Victor Campone.

Capítulo 9

Maggie fica com Neil e comigo, por alguns dias. Está estranhamente
silencioso porque, geralmente, Neil e Maggie brigam como se o mundo fosse
acabar, e um deles tivesse que dar a palavra final. Mas a briga cessou e só a
tranquilidade reina. Bryan não tem ficado por perto e Jon nunca tentou cobrar
o dinheiro dele. Eu fui capaz de conseguir que Cecily me antecipasse cinco
mil, porque ela achou que era muito. Não contei a ninguém que tenho esse
dinheiro e mantive os meus pensamentos em meu coração — ou no que
sobrou dele, enquanto elaborava um plano de fuga.

Boas pessoas poderiam ser atormentadas com pesar e questionariam a sua
própria existência por tirar uma vida, mas não eu. Odeio pensar sobre o
significado por trás da minha falta de empatia. Uma vida é uma vida. Ao
mesmo tempo, acho que cada coisa que respira tem valor e eu não tenho o
direito de destruí-la. Agora tenho sangue em minhas mãos, que nunca será
lavado. Elas estão manchadas com o pecado do tipo que entranha
profundamente nos ossos e não me importo.

Não posso discutir isso com Maggie. Ela vai pirar. E se eu disser a Neil,
conhecendo-o como conheço, ele chamaria a polícia, então eu mantenho os
meus pensamentos para mim. Cecily está cada vez mais por perto e com mais
frequência, e age como a mãe que nunca tive. Seu comportamento me enoja.
Não há espaço na minha vida para outra mãe. Uma já foi o bastante. De vez
em quando, na hora de dormir, posso ouvir a voz da minha mãe e aquela

risadinha que me dizia que ela tinha ido embora, muito chapada para se
importar. Eu iria ficar trancada naquele pequeno armário até que ela se
lembrasse de me deixar sair. Maggie não teve tanta sorte. Seu padrasto nunca
se esqueceu dela e usou-a até que seu pequeno corpo entrou em colapso.

Não sei como ela conseguiu suportar tais coisas, mas, por outro lado, ela
diz a mesma coisa sobre mim. Ela age como se a minha mãe fosse um
monstro. Mamãe não era nenhuma santa, mas ela me manteve vestida na
maioria dos dias e fora de vista. Ela poderia ter me vendido, mas ela não fez
isso. Não é que a minha mãe tenha me dado carinho. Não, significa que as
coisas poderiam ter sido piores. Ela poderia ter negociado um acerto pelo meu
jovem corpo, mas ela não fez isso.

Enquanto isso, o homem que deveria proteger a Maggie estava lhe
causando dano. Aposto qualquer coisa, que ela reviveu aquelas noites quando
Victor a tinha usado. Embora Maggie não fale sobre isso, sua postura fala
muito. Ela está sentada de lado numa cadeira, com os joelhos dobrados contra
o peito e os braços cruzados sobre seus tornozelos. Quando a campainha
toca.

Caminho me antecipando e lhe dou um tampinha no ombro, pensando
que é o cara da pizza, mas quando abro a porta, Bryan Ferro está em pé ali,
com aquele sorriso presunçoso no rosto. Sem dizer uma palavra, bato a porta
para fechá-la.

Maggie ri.

— Você vai pagar por isso!

— Como se eu me importasse! — Eu caminho para o outro lado da sala e
sento-me no sofá, pouco antes de Bryan escancarar a porta. Já fazem alguns
dias que eu não o via. Sua palidez parece vibrante novamente e não há
sonolência em seus olhos.

— Boas maneiras, Hallie! Bastante simpática! — Bryan zomba e caminha
pela sala, fechando a porta atrás dele.

Eu dou de ombros.

— É o que você merece!

— Desde quando nós recebemos o que merecemos? Porque se é esse o
caso, gostaria de fazer uma reclamação. — Aquele sorriso forçado aparece em
seus lábios sensuais, e eu gostaria que as coisas não fossem tão tensas entre
nós.

— O que você está fazendo aqui, Bryan?

Ele olha ao redor da sala.

— Neil está aqui?

Concordo com a cabeça.

— Sim, na cozinha. Ele está tentando evitar a presença de Maggie. —
Maggie dá um sorriso malicioso e oscila as pontas dos dedos para ele.

— Bem, então ele não vai se importar se eu reivindicar o meu prêmio
agora, não é?

O queixo de Maggie cai.

— Você vai agarrá-la, aqui, onde Neil pode ver?

Bryan realmente tem a audácia de rir, fazendo com que Neil saia da
cozinha.

— Eu não me importo se ele vai assistir, mas essa não era a minha
intenção. Quero você aqui e agora! Tenho um compromisso mais tarde e
estive pensando que com toda essa chantagem, tem havido muito pouco sexo.
Tenho a intenção de corrigir isso. — Bryan olha para Neil. — Espero que
você não se importe se eu pegá-la emprestado um pouquinho!

Eu não ofereço o consentimento. Não digo nada, mas posso ver
claramente as bombas nucleares disparando dos olhos de Neil. Bryan tem a
intenção de me foder na cama de Neil.

— Impressionante! — Eu digo, e balanço a cabeça.

— Você desaprova? — Bryan pergunta, parecendo chocado.

— Isso não importa, não é? — Caminhamos até o quarto principal e
Bryan sorri largamente. Neil não diz nada, e depois de algum tempo, ouço o
seu carro sendo ligado. Os pneus cantam enquanto ele sai dirigindo pela rua.
Bryan sorri e se inclina contra a parede com suas mãos atrás de seus quadris.

— Bem, vamos lá! Tire tudo, Hallie! Quero ver cada centímetro seu!

Eu faço o que ele pede, fria e sem ânimo. Ele percebe que o medo se foi e
que não há hesitação. Quando estou completamente nua, ele dá um tapinha na
cama de Neil e pede-me para sentar com ele.

— O que há de errado?

Balançando a cabeça, eu respondo:

— Nada! O acordo era pelo meu corpo, não pela minha mente. E mesmo
se eu quisesse, não poderia falar sobre isso.

— Então, talvez eu possa ajudá-la a esquecer.

— Tudo bem, faça o que quiser. Qualquer coisa... — A palavra paira entre
nós enquanto o meu coração martela com força. Preciso me dominar e ficar
controlada agora. Preciso parar de pensar, mesmo que por apenas um
momento. Eu sei que Bryan pode fazer isso, e quero que ele faça.

Bryan afasta o cabelo do seu rosto, revelando uma suavidade que faz com
que pareça vulnerável, mesmo que saiba que ele não é.

— O que a minha Hallie gostaria de fazer esta noite? Talvez eu devesse
gozar aqui, ou aqui, — seu dedo toca os meus lábios enquanto ele sorri. —
Ou você está a fim de algo mais ousado?

Eu me inclino e sussurro:

— Qualquer coisa. Basta tirar a minha mente fora de todo o resto. Eu não
quero pensar por algum tempo.

Bryan caminha na minha direção.

— Parece perfeito. Sem perguntas. Sem respostas. E eu não vou me deter.
— Eu não posso falar sobre o que fiz ou porque preciso disso agora. Neil
nunca aprovaria, mas Bryan está aqui e disposto. Já não o amo. A parte do
meu coração que mantinha a compaixão e a reverência está morta.

Com meus lábios entreabertos, não digo nada. Apenas aceno, e sinto os
meus mamilos endurecerem. O olhar que ele está me dando traz de volta os
velhos tempos e eu quero ficar perdida no passado. Quero esquecer a minha
vida e tudo que há nela. Eu o quero! Preciso dele e meu corpo reage, ansiando
pelas memórias de outrora.

Bryan se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu vou gozar dentro de você, profundamente entre as suas pernas e se
houver alguma sobra, vou cobrir seus seios disso e lambê-los até que você
esteja imaculada. Esqueça de si mesmo, Hallie! Solte-se, largue tudo!

Coloco as minhas mãos sobre o seu peito, deslizando sua jaqueta de couro
escuro, seguida de sua camisa. Bryan engole em seco e me puxa para ele,
puxando-me pela cintura. Seus lábios pairam acima dos meus, hesitando. Eu
sei que ele está pensando em como as coisas eram antes, sobre as coisas que
nos levou a nos separar... e aquela briga. Sem nenhuma palavra mais, seus
lábios desabam sobre os meus. É um beijo desesperado, enquanto a sua língua
força a entrada na minha boca. Ele me lambe, acariciando a minha boca

enquanto me beija, degustando-me. Bryan me pressiona contra a parede me
mostrando o quanto ele me quer. Ele é tão forte que cada centímetro de seu
longo e bonito membro pressiona firme contra o meu estômago, e eu o quero
dentro de mim.

O que isso faz de mim? Uma puta? Uma pessoa empenhada em viver no
passado? Estou noiva de Neil, e estou fodendo com o meu chantagista, na
cama de Neil, sem nenhum remorso. Eu o quero tanto que me envergonho
disso.

Sem fôlego, ele se afasta.

— Quanto você me quer Hallie? — Ele faz a pergunta como se pudesse
ler a minha mente.

Eu respondo, tomando a sua mão e pressionando-o contra a minha pele
escorregadia. Seus olhos estão sobre mim, observando-me, enquanto deslizo
sua mão pelo meu corpo e entre as minhas pernas. Segurando-o ali por um
momento, Bryan acaricia a pequena carne sensível e respira profundamente.
Saboreio o seu cheiro e a maneira como ele se sente contra mim. Quando olha
para mim, abro as minhas pernas e olho para ele.

A cautela passa pelos olhos de Bryan, mas desaparece rapidamente. Ele se
pergunta o que deu em mim, o que me fez mudar. Nas últimas vezes, eu me
contive, mas não agora. Sei que ele quer me perguntar, mas não vai.

Bryan inclina sua testa contra a minha.
— Você sempre foi o meu sonho erótico, Hallie! — ele sussurra. Seus
olhos se movem ao redor do quarto. Não há nada especial. Neil é chato.

Poderia ser como qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar, nos Estados
Unidos. Cores insípidas, cabeceira da cama escura, e uma cadeira.

Bryan agarra o meu pulso com força e me puxa para a cadeira.

— Afaste os pés!

Eu faço o que ele diz. O tom de sua voz é perfeitamente dominador. Ele
pega o seu cinto, e o estala. Eu vacilo, perguntando se ele vai me golpear, mas
ele diz:

— Mãos atrás das costas!

Eu movo as minhas mãos e ele coloca o cinto em volta dos meus pulsos,
utilizando-o para segurar os meus braços para trás. Quando ele termina,
caminha e olha para mim, em pé, junto à cadeira, com os olhos deslizando
avidamente sobre as minhas curvas. Seu olhar paira sobre o espaço de pelos
entre as minhas pernas. Ajoelha-se diante de mim, e lentamente desliza as
mãos para cima, na parte superior das minhas coxas, pressionando seu rosto
contra o meio que há entre as minhas pernas. Enquanto suas mãos se movem
sobre a protuberância do meu corpo, ele inala profundamente, e seus dedos,
pressionam contra a minha pele.

Eu recuo, minhas costas e minhas pernas batem contra a cadeira. Meus
pés começam a se mover para trás, tentando conter o calor que está
construindo entre as minhas coxas, mas ele me golpeia e diz:

— Venha aqui!

Com um sorriso no rosto, ele desata o cinto e faz um laço antes de me
arrastar até a porta do armário. Bryan dá um nó em uma extremidade para
conter meus pulsos e fecha o cinto na parte de cima da porta. Meus braços
estão presos acima da minha cabeça. Eu adorava quando ele fazia isso, mas
isso foi há muito tempo.

Bryan desabotoa sua calça e lentamente desliza para baixo o zíper. Ele
mantém as calças escuras, e tira o seu membro longo e espesso. Ele hesita,
parando diante de mim, segurando-o na mão. Sei que ele está se questionando.
O conflito se espalha pelo seu rosto.

— Faça isso! — eu imploro, pendurando a cabeça para trás e deixando os
meus cabelos trilharem até a minha cintura. Sei que seus olhos estão sobre
mim, vendo o meu corpo se mover na frente dele, amarrado e pronto para ser
tomado. Estou respirando com dificuldade, ansiando que ele faça isso.
Quando um momento se passa, olho para ele e digo: — Foda-me agora e me
faça sua em todos os sentidos possíveis. Faça isso!

— Eu não quero machucá-la! — ele diz, com os olhos nos meus.

— Não vai, — eu respiro. — Você é o único no controle aqui. Faça-me
contorcer! Faça-me gritar! Foda-me do jeito que você quiser! Mas, Bryan...

— Sim?

— Eu gosto das coisas um pouco mais brutas, mais do que antes. —
Depois que digo isso, os meus lábios permanecem entreabertos e respiro
profundamente. Meu peito incha, forçando os meus mamilos em direção a ele.

A porta pressiona contra as minhas costas e me inclino contra ela, imaginando
o que ele vai fazer.

 


                         CONTINUA

 

 

 

                                       

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