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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


A PROPOSIÇÃO
A PROPOSIÇÃO

 

 

    

 

 

 

 

 

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

CONTINUA

Capítulo 9

A médica silenciosa retorna com os médicos seguindo atrás. Bryan está
deitado, mas ao vê-la, ele desliza para cima e descansa as costas contra a cabeceira
da cama. Jos e eu estávamos conversando, lembrando de coisas de quando éramos
todos felizes e saudáveis - antes do rompimento. Se ele não estivesse morrendo
acho que não a teria perdoado, mas não posso fazer Jos ter uma vida de dor por
este erro. Ela pensou que estava cuidando do seu irmão, e eu não posso dizer que
não faria o mesmo para proteger Maggie.

Dr. Plaid limpa a garganta. Sean encontra um lugar na parte de trás do
quarto e inclina seus ombros largos contra uma parede. Constance fica de frente e
no centro. — E então? — Sua voz é tensa, apertada. Ela não quer dizer a sua irmã
que seu filho está realmente morrendo.

Dr. Plaid e os outros caras acenam para a Dra. Rabiscos e seu bloco de notas.
Ela olha ao redor do quarto lentamente face a face, antes de apertar o bloco de
notas o peito. — Eu sei que todo mundo está no limite esperando por uma
resposta, por isso não vou dizer lentamente - ele está morrendo. Cada indicação
mostra que o tumor está crescendo rapidamente, causando dor, tontura e
distúrbios da visão. Nós sabemos que foi lhe dito que o local de seu tumor o torna
inoperável, mas eu discordo. É operável.

Assim que ela diz as palavras, todo mundo reage à sua própria maneira.
Sean empurra a parede, exigindo mais detalhes. Constance quer saber por que os
médicos anteriores alegaram que era inoperável. Bryan se inclina para a frente,
como se ele estivesse pegando um sonho que não pode ser real. Eu conheço esse
olhar e isso me assusta. Havia algo no tom da médica, algo que ela não conseguiu
dizer, porque todo mundo começou a falar. Eu aperto a mão de Bryan. Nós olhamos
um para o outro, com muito medo à esperança.

A médica tenta falar, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo.
Depois, há um apito agudo. O Dr. Cavanhaque puxa os dedos para fora de sua boca,
inclina a cabeça para sua associada, e diz: — Continue, Dra. Sten.

A mulher é calma, mas o Ferro a enervam. Eu posso ver isso em seus
olhos. Ela suga o ar e explica. — Olha, eles estavam certos e errados. Realizar a
cirurgia para remover o tumor inteiro irá matá-lo antes que o câncer tenha a
chance mas - e esta é a parte onde eu peço que vocês permaneçam em silêncio até
que eu termine - há um procedimento que pode ser feito para remover parte do
tumor. Ao removê-lo em partes, nos permite entrar e tirar as partes que não estão
em torno de uma parte crucial do cérebro. Se a cirurgia for bem, podemos tentar a
cirurgia definitiva e remover completamente o crescimento. É uma forma prudente
para obtermos mais tempo e ter certeza de que podemos remover o tumor. Ele
envolveu-se em partes do cérebro que irá causar trauma extremo se a cirurgia não
for bem. Sem tratamento, o tumor vai matá-lo de qualquer maneira. Com a cirurgia,
ele pode viver.

Bryan é o primeiro a falar. — Talvez?

— As chances ainda são muito escassas, Sr. Ferro.

Pensativamente, Bryan pergunta: — Por que esta opção não foi sugerida
anteriormente?

— Seus médicos anteriores não fizeram esta sugestão, pois esta opção não
estava disponível para nós até agora. — Dra. Rabiscos olha para Constance, sem
saber se deveria dizer alguma coisa.

Constance revira os olhos e aperta a mão. — Eu tinha um conhecido na FDA
acelerando a aprovação de um novo projeto. Tinha sido apresentado devido aos
milhões de dólares em velhos equipamentos médicos que se tornaram obsoletos,
estavam disponíveis para uso. Então, dei uma generosa doação para o nosso
hospital para comprar a máquina. A minha parte é cuidar de onde o governo tem
vindo a arrastar seus pés.

— Quais são as chances de sucesso? — Jos pergunta timidamente. Ela
parece tão pequena, com tanto medo.

Dra. Sten olha para ela. — Não muito boa, eu temo. Não temos dados
suficientes e toda cirurgia tem riscos. Esta tem mais do que outra, devido à
localização do crescimento.

Sean pergunta. — Por que dividi-lo em duas cirurgias separadas? Por que
não tentar fazer tudo de uma vez? Especialmente se o risco é tão alto.

Dr. Cavanhaque responde. — É uma precaução e ganharemos mais tempo.

Está faltando alguma coisa. Por que eles precisam de mais tempo? Estou
prestes a perguntar, mas Bryan pergunta. — Você não está nos dizendo algo.
Tenho a sensação que tia Connie sabe, mas eu preciso ser aquele que decide, então
me diga.

Dra. Sten coloca sua prancheta para baixo e caminha em direção a nós,
parando no pé da cama. — Há uma chance que o seu primeiro médico esteja certo,
que mesmo com a nova máquina, não podemos alcançar o crescimento. Nós
estamos esperando que a remoção de um pedaço da massa vá retardar o câncer.
Dando-nos mais tempo, permitindo-nos chegar a mais opções, mais tratamentos.
No entanto, se o câncer é mais invasivo do que tínhamos pensado...

— Então você arriscou sua vida para nada. — Sean fecha os olhos antes de
beliscar a ponte de seu nariz.

— Não é simples, Sr. Ferro. Nada disso é fácil. — Dra. Sten olha para Bryan.
— Você tem tão pouco tempo.

— Sim, mas isso pode levar tudo a perder e eu não quero perder nada. Isso
é o que você está me dizendo, certo? Isso se eu fizer isso, posso morrer de qualquer
jeito. E se você não remover todo o tumor, ele só vai voltar. Eu entendi
corretamente, doutora? — Suas últimas palavras são de irritação, mas ele está
tentando esconder.

Jon tem estado olhando pela janela. Ele se vira e acena com a cabeça. — Isso
é exatamente o que ela está dizendo.

A voz de Dra. Sten suaviza. — Eu não posso lhe dizer o que fazer. Só
recomendamos a cirurgia quando os benefícios superam os riscos. No seu caso, a
cirurgia é muito nova para saber ao certo. Você pode se recuperar totalmente.

— Ou ele poderia morrer em cima da mesa. — Sean é o mestre da
franqueza.

Constance finalmente fala. — Quanto tempo ele tem?

— Algumas semanas, talvez menos. Há outro problema. — Dra. Sten olha
para os homens.

Dr. Plaid explica. — Ele está propenso a ter um aneurisma. Ele não pode se
mover, estando sentado ou dormindo a maior parte do dia. Considerando-se a taxa
em que o tumor está crescendo em sua cabeça, ele poderia deixar-nos a qualquer
momento.

A sala fica em silêncio. Ninguém fala. Arrepios alinham em meus braços e
pescoço. Eu quero gritar com eles e dizer-lhes que estão errados, então eu mordo
meu lábio. O silêncio ensurdecedor cresce até que Bryan fala. — Então, eu já estou
morto. Nesse caso, eu deveria fazer a cirurgia. É essa a sua recomendação?

Eles assentem.

Bryan olha para o lado e puxa sua mão da minha. Ele empurra o cabelo do
rosto e se levanta. Eu não tenho ideia do que está fazendo ou o que ele vai dizer. —
É estranho, você sabe. Eu não sinto que estou morrendo, não agora. E o problema é
que não estou pronto para ir ainda. Você está me pedindo para desistir do pouco
tempo que me resta quando as chances não estão ao meu favor de qualquer
maneira. Se eu fosse o seu filho, o que você faria? Se você tivesse o que eu tenho,
você escolheria a cirurgia ou viver os últimos minutos de sua vida do jeito que você
quisesse? — Ele está de pé na frente deles, sinceramente pedindo, mas os médicos
não falam. Bryan movimenta seu maxilar e sua raiva explode. — Responda-me! Eu
mereço isso! Não há nenhuma maneira no inferno que você deve perguntar-me em
fazer algo que você não faria! — Seus punhos estão enrolados ao seu lado.

Eu não esperava que alguém fosse responder, mas surpreendentemente,
Dra. Sten fala, sua voz suave. — Eu faria isso, mesmo com o risco. Está negociando
minutos de uma vida. Se tudo correr bem, você terá a chance de começar uma
família, amar as pessoas que você gosta. Se as coisas forem mal na mesa de
operação, bem, você estava morto de qualquer maneira. Para mim, vale a pena o
risco. É por isso que demorou. Em sua posição, eu iria escolher a cirurgia. Meus
colegas discordam, mas eu não poderia manter esta opção de você. Eu iria
escolher-me. — Ela sorri amavelmente para ele. — Sabendo a minha resposta não
ajudará a fazer a sua, Bryan. Mas é o melhor que podemos oferecer a você e isso é
melhor do que nada.

Bryan endurece quando ela fala. A dor está inundando seu corpo. Eu pulo
para cima e puxo-o de volta para o pé da cama. — Sente-se. Aqui. — Eu entrego-lhe
mais remédios. Bryan olha para mim com os olhos vidrados. Ele pisca uma vez,
duro, e uma lágrima rola pelo seu rosto.

— Era para eu cuidar de você.

Mantenho a minha voz tão firme quanto possível, eu coloco meu braço
sobre seus ombros e o puxo para o meu lado. — Você vai estar sempre cuidando de
mim, se você estiver aqui ou lá.

Minhas palavras o sufocam mais. Ele tenta se afastar, mas não vou deixar ir.
O copo de água é batido da minha mão e suas pílulas rolam pelo chão quando ele
enterra o rosto no meu ombro. — Eu não sou fraco. — Ele sussurra.

— Ninguém pensa que você é. — Eu sussurro de volta. Ficamos assim por
alguns momentos. Todo mundo está nos observando, esperando a resposta de
Bryan. Quando ele se afasta do meu ombro, coloca seu sorriso falso e fica firme.

Ele vira-se para Dra. Sten oferecendo sua mão. Ela pega e sacode. — Eu não
entendo.

— Enquanto todos vocês falaram com sinceridade Dra. Sten, você me disse
como se sentia e por que. Você pode ser a médica a realizar a cirurgia?

Ela acena com a cabeça. — Haverá muitos de nós, incluindo os meus colegas
aqui presentes.

— Mas você vai ser a médica liderando, certo? — Ela acena com a cabeça.
— Então organize.

Capítulo 10

Dois dias. É quando eles marcaram a cirurgia, que provavelmente irá matá-
lo. Todos se foram, exceto Sean. Bryan fez sua decisão para melhor ou pior e não
quer falar sobre isso. Ele recuou novamente atrás de sorrisos falsos e eu não posso
culpá-lo. Ele esconde seu medo tão bem. Eu não teria pensado que ele estava com
medo, mas eu sei que ele está. A maneira como olha para mim, o toque de sua mão
quase em pânico depois que ele se senta ao meu lado na cama.

Eu não quero deixá-lo, mas tenho que ir terminar tudo com Neil antes que
ele venha me procurar. — Fique com ele até eu voltar? — Eu não posso acreditar
que estou pedindo a Sean Ferro um favor. Ele balança a cabeça e permanece em um
canto escuro como uma cobra esperando para atacar. Sean me assusta. Sério. Fico
feliz que ele está do lado de Bryan.

Pego minha bolsa e olho para o moletom de grandes dimensões. Se isso não
enviar uma mensagem, eu não sei o que vai. — Eu vou estar de volta daqui a pouco.
— Eu me inclino para beijar Bryan na testa, mas ele me puxa para baixo em cima
da cama e reduz a velocidade do beijo, lambendo a abertura dos meus lábios até
que eu o deixo entrar. As borboletas giram em mim e eu rio, empurrando-o de
volta quando me lembro de que estamos sendo observados. — Bryan!

— Não há mais beijinhos, não até que eu me for. Economize beijinhos para o
beijo final antes que eles me abaixem no chão.

Suas palavras me apunhalam através do coração. Eu mal posso respirar,
mas ele olha para mim, segurando em minhas mãos. — Hallie, o único tempo que
temos é agora. Eu aceitei isso. A cirurgia não vai funcionar. Prometa-me que você
vai me dizer adeus.

Eu tento sorrir, mas minha boca não deseja se mover, portanto eu aceno
com a cabeça. — Então, você vai terminar as coisas com ele ou dizer-lhe que você
estará em casa em poucos dias?

— Você realmente acha que eu poderia voltar para ele depois de tudo isso?
— Eu fico olhando incrédula com meu queixo caído. Eu olho para Sean, mas Bryan
segura meu rosto e me move de volta em direção a ele.

Olhando nos meus olhos, ele diz. — Você deve voltar para ele quando isso
terminar. Você não deve ficar sozinha.

— Como você pode dizer isso?

— Eu não vou mais ficar aqui, Hallie. Ele era bom para você.

— Ele me disse para dormir com você para que pudéssemos evitar um
escândalo. Ele não era bom para mim e não vou ficar com ele. Estou cansada de
fazer as coisas da maneira mais fácil. Além disso, não estarei sozinha. Tenho
Maggie. Vamos cuidar uma da outra, por isso não se preocupe conosco. — Bryan
começa a protestar, então eu me inclino e dou-lhe outro beijo generoso. — Eu vou
estar de volta em uma hora ou menos.

— Tudo bem. Então eu tenho algo divertido planejado.

— Você?

— Sim, por isso prepare-se. — Ele pisca para mim e eu coro. — Porra,
Hallie. Eu posso precisar enviar Sean para longe para que eu possa ter o meu
caminho com você.

Eu sorrio. — Daqui a pouco. Eu já volto. — Olho para Sean. Ele sai do seu
canto e puxa uma cadeira ao lado de Bryan. Por um segundo, eu tenho uma
sensação horrível na boca do estômago, como se algo está prestes a dar
horrivelmente errado.

— Tudo bem, Hallie. Vá. — Sean começa a conversar com Bryan sobre
alguma nova patente que ele está se candidatando e pergunta como ele escolheu as
ações de tecnologia. Todos os negócios. Bom. Por um segundo, eu estava
preocupada que Sean fosse dizer a Bryan sobre Victor.

Capítulo 11

— Neil? — Eu chamo o seu nome enquanto empurro a porta da frente do
seu condomínio. Meu plano é acabar com isso muito bem e ir embora. Eu vou pegar
o dinheiro depois, quando chegar a hora, mas não é agora. Tocando o anel de
noivado no meu dedo, eu torço, puxando-o para fora. Neil deve estar acampado em
frente ao computador jogando WOW com seus amigos. Essa é a sua atividade
normal de agora e a vida não planejada provavelmente dará lugar ao caos. Ele
sempre diz coisas assim, o que vai tornar isso mais difícil. Ele vai pensar que estou
deixando-o para ficar com Bryan, mas isso não é toda a parte. Eu não quero minha
vida para ser vivida assim. Não é justo para mim ou para ele. Caminho pela cozinha
olhando em volta. Dois copos estão no balcão, vazios. O pote de café ainda está
cheio e cheira queimado. Eu o desligo.

Uma sensação estranha se arrasta até minha espinha quando eu olho em
volta. Alguma coisa está errada, mas não posso dizer o que é. Tudo está do jeito
que normalmente está, então empurro minha paranoia de lado. — Neil? — Eu
chamo o seu nome novamente, mas não há resposta.

Eu me inclino contra o balcão e volto a olhar para a sala. Eu posso ver
através da casa, todo o caminho até a porta da frente. Tudo está meticuloso, como
sempre é, mas uma coisa não está. Uma cadeira – a cadeira de Neil - está puxada
para fora e girada ligeiramente. Parece que ela foi empurrada com uma mão. Meu
olhar repousa sobre a cadeira. Mesmo com pressa, ele não faria uma coisa dessas.
Eu ando mais e olho para o pedaço de madeira, desejando que pudesse falar. Eu
não quero estar aqui.

Juntando a minha coragem, eu caminho até as escadas e paro em frente à
porta fechada. — Neil, eu sei que você está com raiva de mim, mas nós precisamos
conversar. Não podemos continuar assim. Não é bom para nenhum de nós. — Eu
estou olhando para o anel na minha mão enquanto falo. Ainda sem resposta. —
Neil?

Estendendo a mão, eu pego a maçaneta e giro. Quando a porta se abre, eu
engasgo com o cheiro e cambaleio para trás, quase caindo da escada. Minha mão
voa sobre minha boca e abafa o meu grito.

Neil.

Sangue.

Cecily.

Seus corpos nus estão entrelaçados e sem vida. O colchão imaculado e
cobertores estão cheios de sangue velho e o cheiro me deixa pronta para vomitar.
Fico ali por um momento, segurando meu estômago, inclinada. Meu cabelo
pendurado no meu rosto obscurecendo a pessoa ao meu lado. Não é até que ele fala
e eu me movo.

— Você se esqueceu de mim? Porque eu não me esqueci de você. — Victor
está de pé ao meu lado com um sorriso medonho em seus lábios. Ele olha para o
casal morto em cima da cama. — Eu pensei que você nunca mais voltaria.
Agradeço a Deus por pequenos milagres, porque lhe devo um grande momento.

A voz de Sean ecoa em minha mente. Ele não vai subestimá-la novamente.

Eu não sei o que fazer. Estou desarmada e Victor tem uma arma em seu
cinto e uma faca na mão. Sua lâmina de prata está limpa, embora eu tenha certeza
que é por isso que há muito sangue. — Você os matou. — Eu me viro para sufocar
as palavras. Minhas mãos estão na parede, deslizando ao longo dela, tentando não
cair.

— Parece alguns dos meus trabalhos mais antigos. — Ele examina a cama e
sorri. — É pessoal, isso é certo, porra. A polícia vai saber que tipo de pessoa fez
isto, e eles vão assumir que foi você. Você vê, uma vez que seu noivo estava
transando com esta velha senhora, eu matei uma pessoa extra. Ela não fazia parte
do plano, mas a mulher me viu e agora todo mundo acha que estou morto - graças
a você. Eu tenho que dizer que foi um enorme favor, deslizando a lâmina em meu
pescoço. Todo mundo pensou que eu estava empurrando margaridas em algum
lugar, mas você. — Ele ri e aponta à faca na minha garganta. — Você não enterrou a
lâmina em meu pescoço, por isso estou aqui. — Ele dá um passo em minha
direção. Antes que eu possa reagir, a faca entra em contato com meu ombro. Eu

grito e me afasto. O movimento me joga fora de equilíbrio e antes que eu possa
recuperar meu pé, Victor me empurra. Eu vou voando para trás, para baixo da
escada, batendo minha cabeça, ombro e rosto enquanto eu salto descendo os
degraus.

Eu estou gritando com ele, e tentando ficar em pé, mas ele é mais rápido do
que eu, e está ileso. A parte de trás da minha cabeça dói. Eu a toco e meus dedos
saem cobertos de sangue.

— Levante-se. — Victor chuta-me. — Você não é uma idiota nem uma
mimada princesinha. Lute.

— Me deixe. Vá embora agora mesmo e ninguém nunca vai saber que você
estava aqui. — Eu seguro meu ombro, tentando parar o fluxo de sangue. Minha
cabeça gira e o quarto inclina para o lado. Eu vou morrer.

O homem ri. — E você vai falar? Eu pareço idiota? A coisa que eu não posso
acreditar é que você viu em primeira mão o que acontece com uma puta que me
decepciona. Você não tem ideia do que diabos está prestes a viver, não é? Eu vou
fazer isso longo e lento.

— Os vizinhos virão. Eles vão me ouvir. — Eu dou um passo para trás.

— Os vizinhos são velhos e não pode ouvir merda nenhuma sem seus
aparelhos auditivos, que desapareceram. Tem sido alguns dias agora, mas eu
aposto que temos um pouco mais para brincar antes que alguém venha procurar.

Meu corpo está coberto de suor e minha mente está me dizendo para correr,
mas meu corpo quer lutar. O conflito é o que torna difícil para me mover, e o
sangue escorrendo pelo meu braço. — Onde está Maggie?

Victor sorri forçadamente mostrando seu dente de ouro. — Onde é que você
acha? Essa cadela era boa na cama, mas sua língua solta não era apropriada. Eu
cuidei dela. Pena que você não estava por perto para me deter neste momento. —
Sem aviso, ele joga a faca na mão. Ela voa pelo meu ouvido e enterra na parede.

Eu grito e giro ao redor, agarrando a primeira coisa que eu vejo - a cadeira
de Neil. Victor está puxando a arma, então ele não pode bloquear meu balanço. Eu
arremesso a cadeira com fúria e ouço a madeira quebrando, uma vez entrando em
contato com seu corpo. Victor xinga e a arma voa através da sala, para a cozinha.

Assim que a cadeira está fora das minhas mãos, eu corro para a porta, mas Victor
me agarra.

Nós rolamos por um momento, e então ele me firma no chão. — Você não
vai fugir desta vez, sua puta. — Seu punho se conecta com meu rosto e dor explode
no meu olho. Eu tento torcer fora de seu controle, mas eu não posso me mover. —
Você está pronta vagabunda? As coisas vão ficar interessantes.

Antes de eu saber o que está acontecendo, ele puxa para baixo meu
moletom. Eu não estou usando calcinha, porque eu não tinha roupas extras na casa
de Bryan. Victor continua. — Eu sabia. Boceta do caralho. Esta parte será divertida.
Eu já lhe disse que prefiro esta área para ser agradável e suave? Que tal se
barbear?

Eu balancei minha cabeça furiosamente, de forma incoerente.

— Tudo bem, então vamos fazê-lo desta maneira. — Ele pega um isqueiro e
acende. A coisa chama à vida. Victor me mantém presa com um braço enquanto sua
mão está centímetros cada vez mais perto da área peluda entre as minhas pernas.
Tão logo o isqueiro toca o cabelo, a parte inteira pega fogo. Eu grito e se me
contorço, tentando afastar-me dele, mas eu não consigo me mover. Lágrimas
rolam pelo meu rosto enquanto ele vê os meus pelos queimarem. Ele espera um
momento, deixando-me gritar de dor, e então me agarra -esmagando-o fogo com a
mão.

— Deixe-me ir. — Eu peço.

— Implore-me para não te foder sem sentido. — Seus olhos escuros
bloqueiam os meus. — Faça isso. — Ele move sua mão e um dedo desliza para
dentro de mim. Ele empurra forte e eu grito.

Nós nos movemos e eu não tinha notado. Eu faço um movimento, sabendo
que é a única vez que vou conseguir. Meu calcanhar chuta em linha reta em suas
bolas. Victor se enrola enquanto eu puxo minhas calças para cima e corro para fora
da casa.

Meu coração está batendo tão forte que parece que vai explodir. Corro
passando o carro de Bryan e não olho para trás. Mas eu ouço Victor atrás de mim,
cada vez mais perto. Eu quero ficar em uma área pública, mas ninguém parece

estar fora. Eu corro até que não consigo respirar. Meus pulmões estão pegando
fogo. Eu não pensei sobre onde estava indo, mas percebo quando vejo Bryan
saltando para fora de um carro antes de parar totalmente.

Ele corre em direção a mim. — Hallie!

— Não! Bryan, vá! — Eu tento dizer a ele, mas mal posso falar. Eu bato nele,
incapaz de respirar. Ele me entrega para Sean e caminha em direção a minha
casa. — Não! — Eu grito e tento me afastar.

O tempo para. Victor entra no meio da rua, arma puxada e voltada
diretamente para mim. Com a arma levantada, ignora Bryan até que ele não possa.

— Se você a quer, terá que me matar primeiro. — A voz de Bryan é sem vida
e forte. Ele está segurando uma arma já engatilhada, diretamente para o rosto de
Victor.

— Não vale a pena morrer por essa boceta.

— É aí que você está errado. — Bryan dispara e o tiro vai para fora. Há um
eco e no último segundo Victor reposiciona sua arma, mas ele cai no chão.

Sean está segurando em minha cintura enquanto eu tento ir para longe dele.
Eu estou gritando seu nome, vendo o homem que amo cair no chão em câmera
lenta.

— Não foi um eco! — Eu chuto ficando livre de Sean e corro para Bryan.

Antes de eu chegar lá seu corpo desaba no chão. Seus olhos me veem uma
última vez antes de rolar para trás e olhar para o céu. O sangue flui do seu peito,
encharcando a camisa e fluindo para o chão. — Não, não, não! Faça-o
parar! Sean! Ajude-me! — Eu agarro cabeça de Bryan e grito quando a vida sangra
fora dele.

— Amo você. Sempre amei. — A voz de Bryan está tão fraca, tão cheia de
dor que me corta ao meio.

— Eu também amo você. Sempre amei. — Eu sorrio para ele e um olhar
calmo se espalha em seu rosto. Bryan torna-se flácido em meus braços enquanto
eu acaricio sua cabeça e digo a ele que vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem.

Capítulo 12

Luzes da polícia piscam ao nosso redor, e eu não entendo o que eles estão
dizendo. Alguém está me puxando para longe, enquanto outro policial pega a arma
de Bryan. — Pesquise os números disso.

— Sim, senhor. — Ele pega a arma e desaparece.

Sean está de pé sobre nós, duro e silencioso.

Um policial pergunta se estávamos envolvidos. Ele achou um anel no chão.
Eu não respondo. Eu não consigo responder. Minha voz foi sugada e não há
palavras.

As vozes ao meu redor são um borrão de ruído até Sean falar. — Não, não
era meu.

— Sr. Ferro, esta arma foi usada em outro homicídio.

Eu olho rapidamente porque Sean senta duro. Ele diz um nome de uma
mulher como se fosse uma bênção e uma maldição. Ele respira profundamente e
esfrega os olhos antes de olhar para o seu primo com um sorriso estranho no
rosto. — Seu idiota.

Eu não entendo. — O que você está falando? — Sean não vai responder, ele
apenas balança a cabeça. Seus olhos são duros e insensíveis. Eu quero gritar para
ele, mas não posso.

Um policial me responde. — Esta é a arma que matou Amanda Ferro.

 

 

                                    CONTINUA

 

 

 

                                       

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