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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


BEIJO PRIMITIVO / Lora Leigh
BEIJO PRIMITIVO / Lora Leigh

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

Base das Castas Felinas

Santuário

Buffalo Gap, Virginia

As comunicações seguras e os bunkers de defesa se assentavam dentro da base de uma montanha a menos de um quarto de milha da residência principal da família no vale agora conhecido como Santuário.

O nível principal era o controle da missão, equipado com a eletrônica mais avançada tecnologicamente, equipamento de localização por satélite e comunicação de missão disponível.

O nível principal era também o nível de entrada, com a primeira entrada que serpenteava através dos vários postos de trabalho a partir do qual as ordens eram transmitidas e missões Casta rastreadas em todo o mundo.

O Santuário era a base principal de missão que as Castas, máquinas de combate, equilíbrio entre homem e animal, eram contratados a partir daí e enviados ao redor do mundo para lutar nas guerras que os não-Castas começaram.

Eram especialistas em extração, espiões perfeitos, assassinos, treinadores, comandantes e os melhores especialistas em logística no mundo, e eram muito exigidos.

O controle de missão nunca foi silencioso.

A segunda entrada estava além, em volta do lado da montanha, escondida da casa principal e protegida por um espesso bosque de árvores. Abria-se num vestíbulo calmo, que poderia ter adornado o mais caro e exclusivo resort, mas era realmente o lugar da maior parte do único estado-da-arte do sistema de segurança já criado. Guardas Casta equipavam a entrada dentro e fora, enquanto aparelhos de vigilância avançado digitalizavam, identificavam e registravam até mesmo os insetos parasitas que conseguiam chegar às portas de vidro e metal.

A configuração parecida com um vestíbulo era de fato a entrada dos laboratórios da Casta, e assim a segurança era ainda maior do que para o controle de missão. Nos últimos seis meses, a entrada foi toda fechada, soldada e enterrada, numa tentativa de assegurar uma defesa impenetrável contra o acesso não autorizado ou saída de qualquer Casta que ousasse trair a comunidade, lutando para salvar a espécie Casta.

Traidores da Casta não eram inéditos. Houve mais de um em 14 anos desde que o líder da Casta Felina, Callan Lyons, anunciou ao mundo não-Casta a existência das Castas.

Ele tanto era amaldiçoado como reverenciado por sua decisão. Havia dias em que se perguntava se cometeu um erro que acabaria por destruir a todos, ou se a história o veria como um visionário que tomou o único caminho que o Conselho de Genética deixou.

Agora, enquanto passava o cartão de segurança através do leitor, e então colocava a mão na placa de identificação eletrônica, amaldiçoou a si mesmo.

Inclinando-se mais perto para o escaneamento de retina, ele esperou.

— Olá, Líder Felino Lyons, posso ter sua senha?

— Lyons, Alfa, dígito seis, sete ponto três oito.

— Obrigado, Alfa Lyons. Detecto que tem convidados. Por favor, passe sozinho. Cada convidado deve passar pela verificação antes de ser permitido o acesso para o átrio interior.

A segurança eletrônica não podia ser ordenada, manipulada ou subornada. Podia ser programada, mas, mesmo a programação tinha tantas condenadas garantias que apenas a criação de senhas para esta reunião hoje, levou mais de 36 horas. Ele quase fez careta por precisar disso.

Quando as portas abriram, ele passou para o saguão, ficou atrás, e esperou enquanto cada um dos seus “convidados” passavam pela mesma segurança. Parado no hall de entrada, podia sentir a menor onda de calor sobre sua carne, um calor que a maior parte dos seres humanos não descobririam, mas qualquer Casta sentiria.

Para completar sua função de verificação, o bio-sistema de digitalização compararia seu tipo de sangue, qualquer anomalia interna exclusiva e, compararia seu cérebro aos arquivos dele, assim como cada um dos que vinham atrás dele.

Tomar esta entrada não era a maneira mais rápida de chegar aos laboratórios, mas era a mais silenciosa. Se entrassem pela casa principal, a família, Castas, soldados humanos destinados ao Santuário, e principalmente qualquer Casta espião que ainda restasse dentro da base estaria ciente disso. Atravessar o controle da missão tinha a mesma falta de discrição. E alguns desses homens e mulheres felinos, lobos, coiotes e Castas na reunião de hoje, não mediam esforços para se ocultar.

Estavam lá por um trabalho, tomar decisões que nenhum deles estava realmente preparado para tomar, e segurança adicional foi autorizada para esta reunião, e daria aos participantes a capacidade de tomar as decisões necessárias com base numa análise ao vivo sobre a situação à mão.

O líder Felino Callan Lyons estava certo que aqueles com ele hoje, como ele, ficariam inseguros de como lidar com o que estavam prestes a enfrentar. O diretor de assuntos das Castas Jonas Wyatt, o Casta Lobo Alfa Wolfe Gunnar; e o Casta Coiote Alfa Del-Rey Delgado estavam acompanhados pelo cientista Jeffrey Amburg, um humano que Jonas conseguiu capturar quase dois anos antes. Outros que deveriam permanecer ocultos incluíam uma geneticista humana conhecida por sua pesquisa avançada em anomalias genéticas, Amelia Trace. Alexi Chernov e Katya Sobolov, especialistas na genética e fisiologia Coiote estavam ao lado dela. Atrás deles a Dra. Nikki Armani, treinada pelo Conselho e humana, e uma das principais especialistas em biologia, genética e atributos fisiológicos dos Lobos. Um a um se moveram para os scanners, deram suas senhas, e entraram.

A especialista em genética da Casta felina, Elyianna Morrey, esperava nos laboratórios abaixo bem como o mais recente cativo de Jonas Wyatt, e o flagelo das Castas.

A chegada dos Alfas e outros cientistas era um segredo muito bem guardado. O heli-jato que os trouxe foi listado como fornecimento de suprimentos médicos e havia desembarcado na área de segurança fora dos laboratórios para descarregar os suprimentos médicos fictícios.

 

 

 

 

Todas as precauções foram tomadas, mas Callan não tinha nenhuma dúvida que rumores da visita já estavam rodando. Não importavam suas tentativas, ainda parecia que o Santuário estava infectado por muitos olhos e ouvidos que informavam ao Conselho, que lutava para destruí-los, aos grupos puro-sangue determinados a prendê-los, ou simplesmente a uma série de outros inimigos que acreditavam que as Castas eram um sinal da destruição da humanidade.

O fato de que ainda houvesse Castas traindo sua própria espécie era um ácido corroendo sua alma. A crueldade que as Castas sofreram nos laboratórios não foi o suficiente para alguns, parecia. Compelidos pela ganância deslavada, os traidores da Casta enviariam seus companheiros Casta de volta aos laboratórios e os veriam destruídos.

Uma vez que o último membro do grupo passou da entrada, Callan levou todos ao grande elevador do saguão e entrou primeiro. Ficou na parte traseira do cubículo, seus olhos se estreitaram, seu olhar tocando cada cientista, enquanto orava, Deus como orava, que, apesar do horror que estavam enfrentando abaixo, que um pouco de esperança para as Castas estivesse por vir.

Seu olhar levantou para as luzes do elevador que escureciam e uma luz azul começou a girar em torno de cada indivíduo. Ao contrário do bio-scan na entrada do vestíbulo, este exame de DNA era franco, evidente. Esta digitalização final identificaria os membros do partido mais uma vez e garantiria que cada pessoa atendia aos critérios de identidade fornecidas aos computadores.

Junto com o controle automático, um Executor Casta de cada matilha, bem como um felino veriam os monitores e comparariam as identidades dos indivíduos conhecidos antes que o elevador abrisse dez andares abaixo da base da montanha.

— Bem-vindo aos laboratórios do Santuário, Alfa Lyons. — O Casta Lobo de plantão falou através do intercomunicador. — Todas as identidades foram verificadas e o acesso garantido.

As portas duplas para o elevador deslizaram silenciosamente abertas, revelando um silencioso corredor revestido de aço.

O Santuário foi um laboratório sem nome sob controle do Conselho de Genética. Os laboratórios abaixo do solo viram inúmeros nascimentos, torturas e mortes de Castas. Agora, era a casa das pesquisas cheias de esperança que poderiam salvar a todos.

Pelo menos, essa foi sua esperança quando tomaram o complexo, depois de argumentar com sucesso que o Conselho de Genética devia isso a eles. Um pequeno pagamento parcial pelos horrores que sofreram. As finanças da Casta ainda estavam sendo engordadas pelos países e impérios financeiros que contribuíram para os trabalhos do Conselho de Genética.

Mas quem poderiam processar agora, pelos horrores que ainda sofriam e o crescente preconceito em torno deles?

— Como Ely está se saindo, Callan? — Jonas perguntou, sua voz calma, enquanto caminhavam pelo corredor, scanners cantarolando baixinho enquanto faziam um teste final por armas, componentes de armas ou qualquer tipo concebível de ameaça para a instalação.

— Ela está melhor. — Afirmou Callan. — O ano passado foi difícil para ela, mas está quase lá.

Ela foi usada contra as Castas que confiavam nela para garantir sua saúde e bem-estar. Uma droga de controle da mente foi posta em seu sistema, criando sua dependência e uma incapacidade de recusar as ordens daqueles que iniciaram a reprogramação de sua delicada mente.

Ela quase morreu como resultado disso. E quase levou Jonas e um de seus melhores Executores com ela, e Callan sabia que ainda sofria de culpa por isso, uma culpa que poderia atormentá-la para o resto de sua vida.

— O ano passado foi difícil para todos. — Jonas suspirou.

O mês passado foi especialmente duro para Jonas e sua companheira, Rachel, enquanto observavam as mudanças na criança que um monstro conseguiu por as mãos.

Callan sentiu seu peito apertar, sentiu a fúria sempre presente que ribombava logo abaixo da superfície e da genética animal, que rugia de raiva.

Amber Broen Wyatt, a criança que Jonas adotou após seu acoplamento com sua mãe, foi injetada com um soro que atualmente destruía o monstro que tentou usar Amber contra Jonas.

O soro estava corroendo a mente de Phillip Brandenmore, destruindo suas células enquanto forçava seu corpo, seus órgãos, sua própria estrutura celular à mudança.

O monstro, Phillip Brandenmore. Por décadas, conspirou com o Conselho. Tinha destruído Castas, derramado seu sangue, os enchendo de tal agonia que pediam para morrer, sangrando e gritando com a necessidade de escapar.

O mesmo monstro que as Castas agora estavam lutando para salvar. Arriscando seus próprios segredos para tentar acabar com sua agonia, quando ele nunca teve misericórdia sequer um momento para a agonia que causou.

— Ela consegue lidar com isso? — Nikki Armani fez uma pausa para olhar para eles, as longas tranças negras que usava fluindo em torno dela como o chocolate escuro de seus olhos brilhantes de preocupação. — Brandenmore é seu pesadelo pessoal.

— Ela está lidando com isso. — Callan manteve sua expressão calma, seu olhar, se não sereno, pelo menos, composto.

O que mais podia dizer? Ely não falava com ele como antes. Diabos, ela já não falava com ninguém sobre nada, nem os assuntos mais banais. Estava mais reservada do que nunca, mais focada em suas pesquisas e, aparentemente, mais determinada a se isolar de todos que cuidaram dela.

À medida que se aproximavam do final do corredor, as portas duplas clicaram abertas, e os estoicos rostos das Castas por trás do claro escudo pesado na parte lateral das portas os olharam cuidadosamente.

Executores Casta Lobo, Leão e Coiote trabalhavam juntos aqui, como em nenhum outro lugar exceto, talvez, os laboratórios na base Casta Lobo de Haven, no Colorado. Os Executores, que eram responsáveis pela proteção dos laboratórios, pesquisa e seu futuro, eram especialmente selecionados e rigorosamente testados antes de ser designados para as áreas mais sensíveis dos baluartes da Casta.

Callan e seu grupo passaram ainda por um outro sensor antes de se dirigir a um curto corredor até a sala de observação onde Ely os aguardava.

Foi uma viagem que pareceu durar uma vida. A cada passo do caminho, Callan era muito consciente do fato que o que faziam aqui era um tapa na cara de todas as Castas vivas e mortas. Porque a tarefa a cargo dos cientistas que se deslocavam à frente dele era salvar a vida de um homem que tomou tantas vidas de Castas.

Quando outro Executor saiu de seu posto no corredor e abriu as portas para a sala de observação, Callan acenou para ele. Este Executor era humano. O único humano autorizado a entrar no complexo, e só por insistência de Jonas.

Jackal era parte de um grupo de forças especiais quando as Castas se revelaram pela primeira vez. Sua lealdade com as Castas surgiu a partir de seu comandante, cunhado de Callan, Kane Tyler, o homem que salvou a vida de Jackal e de sua irmã.

Era guarda pessoal de Ely, ela gostasse ou não. E o fato que não gostava dele era expresso por ela frequentemente.

Entrando na sala de reuniões, Callan se moveu até o final, na cabeceira da longa mesa de conferência. Cadeiras foram colocadas em torno dela, mas ninguém sentou. Em vez disso, viraram e olharam através da janela que dava abaixo na cela acolchoada em que Phillip Brandenmore estava confinado há mais de um mês.

O que viram era chocante, horripilante.

Era um homem de setenta e cinco anos, mas agora tinha a aparência de um homem na casa dos cinquenta. Seu cabelo crescera novamente, sua pele perdera a aparência seca de pergaminho. As manchas senis que outrora cobriam seu rosto praticamente desapareceram, e não estava mais curvado como antes, quando foi preso após o ataque de Jonas em seu retiro na cabana da montanha.

Sentava-se contra a parede, a cabeça inclinada para trás, olhando para um aparente e enganador espelho, um sorriso sarcástico no rosto.

Sabia que o espelho era mais que um reflexo de uma forma, que olhos viam pelo outro lado. Alguém estava sempre observando, tanto desta sala, como da sala que alimentava as câmeras de vídeo.

— Meu Deus, ele parece dez anos mais jovem do que a última vez que o vi. — A Dra. Armani soprou com força.

Ely saiu do canto sombreado da sala, então.

— De fato, fisicamente, ele é quase 13 anos mais jovem do que era na noite que Jonas o trouxe. — Ela afirmou. — E as mudanças metabólicas e celulares estão só aumentando. Como a degeneração do cérebro. Enquanto sua juventude retorna, vemos partes de seu cérebro realmente morrendo, e qualquer senso de moralidade ou de certo e errado deteriorando. Ao mesmo tempo, sua perspicácia e autopreservação parecem estar crescendo.

Os Drs. Chernov e Sobolov se aproximaram da janela, sua expressão calma e silenciosa enquanto olhavam o homem aparentemente despretensioso, que olhava de volta para eles com ódio e raiva demoníaca.

— Ele veio várias vezes aos laboratórios de Chernov. — Katya Sobolov sussurrou, seu olhar sombrio e cheio de sombras. — Muitas vezes tivemos que esconder nossas meninas por semanas para garantir que ele não as visse. O Conselho daria a ele tudo que quisesse, que pedisse para suas pesquisas. — Fêmeas Coiote eram uma das menores subespécies menos de todas as Castas. Eram extremamente raras e, quando encontradas, geralmente mortas.

Castas. A pesquisa de Phillip Brandenmore era em Castas.

— A verdadeira maldade o encheu muito antes que tomasse qualquer soro que criou a partir dos companheiros que destruiu. — Disse então Chernov. — É melhor deixá-lo morrer, para estudá-lo como ele estudou aqueles que torturou e matou. Eu diria que não é mais, possivelmente muito menos, do que ele faria.

— Mas não somos monstros, nem maus. — Ely se aproximou, seu olhar atormentado, os grandes olhos castanhos tão tristes que tinham o poder de quebrar o coração de Callan. — E Amber, a filha de Jonas, não é um monstro. Se não descobrirmos o que está causando isso, e como reverter antes que morra, então Amber poderia sofrer o mesmo inferno que Phillip Brandenmore está sofrendo agora.

Só Callan viu a mudança na expressão de Jonas, viu a agonia que perfurou seus gelados, prateados olhos cinzentos. A criança era um ponto dolorido com Jonas. Muito amada, estimada, e experimentando uma mudança sutil na sua própria composição celular.

— O que precisa de nós, Dra. Morris? — Foi a Dra. Sobolov que finalmente falou, seu rosto bonito ficando tenso, tornando-se frio e composto quando a cientista emergiu, dedicada e disposta a encontrar as respostas que precisavam.

Ao lado dela, Alexi Chernov deu um aceno de cabeça forte, sua expressão menos determinada, mas seu olhar endurecendo conforme também começava a deslizar na pele do cientista que era.

— Temos semanas, talvez. — Ely suspirou quando se virou de volta para olhar Phillip Brandenmore ironizando deles. — Se não resolvermos o quebra-cabeça até lá, enfrentaremos a perda não só de Amber, mas também da oportunidade de encontrar as respostas que precisamos para continuar ocultando o calor do acasalamento. É nossa opinião que a informação seja contida. É melhor conter a verdade tanto quanto possível. — Garantir que a opinião mundial e preconceito não se virassem contra eles. Suas posições, bem como sua segurança, ainda estavam em estado precário quando inconstantes medos humanos preocupavam.

— E seu cúmplice? — Chernov questionou. — Este Horace Engalls que a imprensa tem falado? Quais as informações que poderia ter?

— Engalls conseguiu nos evitar, até agora. — Jonas arrastou as palavras, e ao olhar seu rosto Callan fez uma nota mental para pressionar Jonas sobre que planos tinha em relação à Engalls. Tinha a sensação que esta seria uma daquelas histórias que o deixaria com um gosto muito ruim na boca.

— Phillip afirma que Horace só tem os resultados dos testes e drogas do braço da pesquisa desenvolvida. — Afirmou Ely. — Mas, quando não está tão lúcido, fica muito presunçoso sobre Engalls estar envolvido. — Ely sacudiu a cabeça. — É muito difícil determinar a verdade ou a mentira com ele, e mesmo se pudéssemos, não podemos revelar que está aqui ou usar qualquer coisa que disse para processar Engalls.

— Se ele não sairá daqui, então, por que salvá-lo? — Chernov perguntou cinicamente. —Simplesmente podemos estudar seu corpo morto em busca das respostas.

Jeffrey Amburg deu um pequeno suspiro.

— Porque, como eu, o filho da puta é mais útil para Wyatt vivo que morto. Temos experiência, como vê. Habilidade, informações ou contatos que o Diretor Wyatt gostaria de usar.

Amburg foi um principais dos cientistas genéticos do Conselho de Genética no que diz respeito às mutações celulares e manipulações genéticas. E praticou bem seu ofício nas Castas que criou, bem como naqueles que condenou em suas experiências.

Jonas virou, seu rosto escuro arqueado e arrogante quando seu olhar passou pelo outro homem.

— Depois de três décadas criando e torturando Castas, você nos deve, pelo menos, muito. — Jonas arrastou as palavras como se estivesse divertido. — E isso me pareceu uma alternativa melhor que a morte. — Então Jonas sorriu com todos os dentes, os caninos piscando perigosamente. — Ou pior.

Pior, seria um vulcão numa remota ilha no Pacífico que, segundo boatos, já experimentou a carne de outros que Jonas considerou ameaças críticas à sociedade Casta. O que mais ele podia fazer para salvar a filha que o animal dentro dele aceitou como própria?

Jeffrey o olhou de volta por longos momentos, de forma alguma intimidado por seu olhar. Finalmente, entretanto, deu um pequeno aceno de cabeça, a percepção cruzando seu rosto.

— Nunca considerei a alternativa, talvez. — Seus lábios quase se curvaram. — Mas, considerei o que devo às Castas, Sr. Wyatt. E duvido que Brandenmore ou Engalls vejam o assunto sob a mesma luz, contudo.

— Eu acho que está tudo de acordo nas ameaças necessárias para convencê-los a olhar sob minha perspectiva. — Jonas respondeu ironicamente.

Ah, sim, Callan pensou, definitivamente teria uma pequena conversa com seu irmão mais novo.

— Dra. Morrey, poderia nos dar uma clara linha de tempo para concluir nossa agenda de recriar o soro e revertê-lo, caso Engalls não coopere? — Amelia Trace deu um passo à frente, seus requintados traços e características tão vazios de emoções humanas que Callan poderia imaginar um robô sob a carne viva.

Ely soprou com força.

— No melhor cenário, talvez um mês. — Afirmou. — No pior caso, menos de 14 dias. — Ela sacudiu a cabeça forte. — Não posso chegar mais perto do que isso.

— Então, devemos começar, sim? — Amélia perguntou com um piscar lento, indiferente de seus olhos. — Temos uma criança para salvar.

E Callan estava certo que os outros perderam. Aquele brilho nos olhos dela. A faísca traindo o banho brilhante e explosivo de azul.

Pela primeira vez, viu a emoção, e sentiu algo mais, algo que estava lá, então se foi, tão rapidamente que não pode analisar ou decifrar.

Mas, ainda assim, era emoção.

— E tenho Engalls para lidar. — Jonas se virou para Callan, seus lábios curvados com escárnio. — Preciso discutir isso com você.

O que significava que o plano já estava em movimento.

Melhor se desculpar que dizer não. Essa era a filosofia de Jonas. Callan esperava que não acabasse mordendo seu irmão na bunda. Melhor ainda, orava que não acabasse o mordendo na bunda.

 

Toda boa menina ama um garoto mau. Era um fato da vida, um capricho da natureza. Os opostos se atraem, e quanto mais malvado o garoto, mais atraente era para a boa garota, que não podia deixar de ser atraída por ele.

Kita Claire Engalls tinha que admitir que, apesar do fato de ser, obviamente, um especialista em segurança bem respeitado, Creed Raines era definitivamente um menino mau. Um lobo disfarçado de cordeiro, e isso não estava funcionando com ele.

Um metro e noventa, nublados olhos cinzentos, grosso cabelo preto, e um oh-meu-Deus-que-corpo cheio de músculos e coberto por magnífica carne bronzeada. Pelo menos, a carne que Kita viu era magnífica e bronzeada. Ela gostava de fantasiar que o resto também era.

Sensualidade curvava seus lábios, bordeando seus olhos com densas pestanas, e às vezes, só às vezes, acendia a íris cinza-escura de seus olhos com uma fome má. A fome que vislumbrava quando se virava rápido o suficiente para pegá-lo naquele instante antes que se fosse.

Empurrando para trás uma mecha de cabelo loiro escuro que caiu sobre o ombro, Kita não conseguia deixar de pensar na atração.

Ele estava com eles muito mais que qualquer outro especialista em segurança. Poucas semanas além de um ano. Lembrou-se de marcar o dia, quase como se fosse um aniversário vazio. E era tudo culpa dele. Era o menino mau corrompendo a boa menina que era.

Ela foi uma boa menina toda sua vida, mas isso não significava que não reconhecia esse brilho nos olhos de um homem. Só porque era uma boa garota não queria dizer que fosse estúpida, e isso com certeza não significava que não estava bem consciente do que as sensações cravadas através de seu corpo queriam dizer.

Quando seus mamilos endureciam e seu clitóris inchado latejava, dolorido pelo toque, ela não somente sabia o que significava, mas às vezes era suficientemente inteligente para saber como cuidar dela. Quando sua carne ficava muito sensível e tão consciente da necessidade de pressão contra seus lábios, que era forçada a pressionar seus dentes inferiores contra a curva inferior, sabia que era a fome de seu beijo.

Isso não significava que ele sabia como beijar. Ela assumiu que um bom número de homens sabiam como beijar e ficou muito decepcionada. Sem dúvida, ele a desapontaria também.

Ela deu um pequeno suspiro quando empurrou os óculos de sol de seu nariz e viu como ele estava do outro lado da piscina. As mãos entrelaçadas na frente dele, a camisa branca que usava brilhante sob o sol da tarde.

Ela percebeu que os outros dois especialistas em segurança, como eles próprios se chamavam – nada mais que pistoleiros contratados – realmente pareciam estar sufocando sob o brilhante sol de primavera tardia.

Creed Raines estava tudo, menos sufocando.

De onde estava contra a poltrona, ela não podia detectar sequer uma pitada de suor na testa.

Ela olhou para as lentes escuras dos óculos, se perguntando se estava acordado. Não havia mudado de posição em uma hora. Tinha que estar dormindo.

Poderia um homem realmente dormir em pé?

Inclinando a cabeça, ela o observou com atenção.

Ela ouviu falar disto acontecer em tempos de guerra.

Sorrindo, ela imitou um beijo na direção dele, em seguida, passou a língua pelos lábios. E não houve um sorriso ou mudança de expressão.

Tanta coisa para se divertir o provocando. Tornou-se seu passatempo favorito nos últimos anos. Bem, não provocar seus guarda-costas, mas definitivamente torturá-los de uma maneira ou de outra.

— Kita, não está um pouco frio para se bronzear?

Bem, lá se foi seu divertimento do dia.

Sentando-se, ela se reacomodou antes de puxar da cadeira ao lado um agasalho fino e depois olhando acima para seu pai.

— Você não trouxe o chá gelado, papai. — Brincou com ele com um sorriso, encolhendo as pernas dela perto de seu corpo e permitindo que ele sentasse no fim da cadeira.

Para um homem de aproximadamente sessenta anos, ainda estava numa forma razoavelmente boa. Seu cabelo ainda era grosso, embora fosse mais cinza que castanho agora. Linhas de riso foram sendo lentamente substituídas por linhas de preocupação, e seus olhos castanhos, uma vez risonhos, estavam sombrios e cansados.

A morte de sua mãe no ano passado destruiu os dois, mas seu pai não estava em recuperação.

— Você deve entrar e sair do sol. — Limpou a garganta com dificuldade. — Ainda está muito frio. Pode ficar doente.

— Eu não sou mais um bebê, papai. — Disse ela gentilmente. — Eu não ficarei doente pela queda de um chapéu.

Por um tempo sim, quando era mais jovem. Não era estranha à pneumonia e a hospitais. Felizmente, tinha crescido. Mas seu pai não perdera seu hábito de se preocupar com ela.

— Você está ficando impaciente. — Seu olhar aguçou sobre ela. — Creed me informou que a pegou tentando escapar da fazenda na noite passada.

Ela virou e olhou de volta para o guarda-costas. Tinha prometido não contar. O mentiroso condenado.

Ela virou para o pai lentamente.

— Não tenho doze anos há muito tempo. — Afirmou cuidadosamente. — Não estava tentando escapar da propriedade. Acredito que calmamente entrei no meu carro e tentei me afastar.

— Pela entrada dos fundos? — Suas sobrancelhas levantaram.

Kita queria revirar os olhos, em vez disso, deu de ombros.

— Não tinha permissão para sair, papai. Sou sua filha, não sua prisioneira.

— Minha filha que agora está em perigo. — Sua voz apertou, a raiva latente por trás de seus olhos vindo através de seu tom. — Seu tio está desaparecido agora, Kita. O corpo de Phillip nunca foi encontrado desde que os corpos de seus guardas foram descobertos naquela cabana.

Kita deixou cair seu olhar em seu colo. Retorcendo os dedos juntos, tentou pensar numa maneira de mudar de assunto.

Ela e seu pai não concordavam sobre seu tio mais do que concordavam com seu confinamento.

— Kita, fique perto da casa. — Sua voz endureceu. Não era um pedido, era uma ordem.

Ela tentou, realmente tentou manter a cabeça baixa, fingir que concordava com seus desejos. Mas havia essa parte de si que não podia fazê-lo.

Ela levantou a cabeça.

— Faz dois anos, papai, que você e o tio Phillip decidiram que era uma boa ideia tentar entrar no Santuário e abusar da hospitalidade das Castas, tentando recolher sua pesquisa ilícita. Estou cansada de colocar minha vida em suspenso.

Não concordou com eles. Permaneceu em silêncio ao longo dos anos, tentando dar ao seu pai o tempo que ele precisava para resolver a situação, mas foi só piorando.

— Você não sabe o que diabos está falando. — Surpreendentemente, a mão se erguendo, curvando seus dedos ao redor do braço como se quisesse sacudi-la.

Chocado, o olhar de Kita balançou onde os dedos apertavam com força antes que virasse e olhasse para ele. Também estava olhando para a mão como se pertencesse a outra pessoa.

— Pai? — O tremor em sua voz não era medo. Era um reflexo da grave traição que sentia apertar seu peito.

Em resposta, Horace Engalls soltou os dedos e puxou a mão para trás, mas a surpresa em seu rosto desapareceu quando a expressão de raiva voltou.

— O que aconteceu foi além do nosso controle. — Sua mandíbula apertou, flexionada. — O que está feito, está feito. Não pode ser desfeito. Mas não vou permitir que você seja usada contra mim pelas Castas, Kita. Não vou permitir que se vire contra mim.

O que era uma interessante mudança de frase.

— Ninguém poderia me virar contra você, exceto você. — Ela assegurou quando jogou lentamente as pernas para o lado da poltrona e levantou. — Acho que vou entrar agora. De repente, não está tão agradável como antes.

Seu pai levantou, sua mão mais suave, mas não menos firme quando agarrou seu braço e a segurou no lugar.

— As Castas estão se movendo contra nós, Kita. — Ele soltou duro, seus olhos castanhos uma vez gentis, agora duríssimos com determinação. — Phillip está ausente, sua mãe morta, sua tia Cara presa, e há rumores de Castas segmentando a família inteira de Phillip. Não vou tê-los te levando.

— Por que está tão assustado? — Kita podia sentir o nervosismo, a sensação de desastre iminente de repente, apertando seu estômago. — O que fez nos últimos dois anos? Você jurou. — Sua respiração prendeu. — Você jurou para mim e mamãe que nunca ajudaria o tio Phillip em seus planos novamente.

Sua mãe foi embora, mas ela acreditava que honraria a promessa que fez para ela, que garantia que não faria nada para enfurecer ainda mais as Castas.

— Você acha que eu precisava fazer mais? — Desta vez, ele realmente a sacudiu, o suficiente para chocá-la, para enviar um surto de desconfiança pulsando por ela. — Você acha, Kita, que não iriam usá-la, se pudesse? Que não a levariam?

— Por que eles me querem? — Desta vez ela puxou o braço, a mágoa e a raiva crescendo dentro dela enquanto lutava para segurá-las. Não queria discutir com o pai. Não queria lutar com ele, mas Deus a ajudasse, o que fez agora para estar tão assustado?

Foi suficiente ter medo no passado. Ele prometeu, e ela confiou nele para manter essa promessa.

— Deus, Kita, eles a querem como um instrumento de barganha, pois acreditam que se ameaçarem te prejudicar, podem forçar seu tio a tudo. Ou que sei de algo que não sei e podem te tirar de mim. — Ele passou as mãos pelos cabelos, uma careta torcendo o rosto. — Eles têm Phillip. Virão por mim a seguir.

— Só se tiverem uma razão. — Ela sussurrou dolorosamente quando olhou para ele, desesperada para entender onde seu querido pai foi. — O que fez, papai?

Ele balançou a cabeça lentamente.

— Não é o que eu fiz, Kee. — Ele sussurrou em seguida. — É o que seu tio fez. E vai destruir a todos nós.

— Não. — Ela sabia melhor. — Não, pai. A única maneira que eu estaria em perigo seria se você estivesse envolvido.

Seus lábios se separaram, como se quisesse falar, mas as palavras não vieram. Foi seu olhar, no entanto. Foi a culpa, vergonha e a dor em seus olhos.

O que ele fez?

Ele quebrou sua promessa para ela e sua mãe.

— Estou feliz por mamãe não estar aqui. — Sussurrou ela, chorosa. — Estou feliz que ela não viveu para ver você traí-la.

O golpe contra a lateral do seu rosto a pegou desprevenida. O choque da dor queimou, mas ainda mais, o terrível sentimento de traição era como um punhal enfiado em sua alma.

— Sr. Engalls. — A voz estava sombria, baixa, e cheia de advertência.

Kita ergueu o olhar para encontrar as lentes escuras dos óculos de sol de Creed Raines e a expressão apertada atrás deles.

— Que diabos quer? — Seu pai virou para ele, então, furioso.

— Acho que deve recuar. — Creed arrastou as palavras. — Não me alistei para ver um pai que, supostamente, ama sua filha, de repente começar a abusar dela. Agora, eu o deixei claro?

— Supostamente ama. — Kita sufocou quando se afastou de ambos. — Essa é uma descrição bastante apropriada para um mentiroso.

Ela não esperou seu pai recuar ou ver a resposta de Creed. Kita quase correu dos dois, a raiva e a dor convergindo dentro dela para rasgar seu coração até que parecia como se fosse nada além de pedaços.

Correndo para casa, se moveu rapidamente através do primeiro andar, subiu as escadas, e entrou no quarto dela, onde bateu a porta e trancou.

Encostando sua cabeça contra a porta, Kita piscou as lágrimas e soube que a decisão que estava à beira de tomar nos últimos meses foi tomada pela grande mão do pai no segundo que acertou seu rosto.

 

Era hora de sair, não importa o que assumiu.

Creed não esperava por isso. Olhando fixamente nos olhos de Horace Engalls, teve que admitir que ele mesmo percebeu a tensão e a raiva crescendo no pai de Kita, mas nunca imaginou que Engalls atingiria sua filha.

Inferno. Se percebesse o que estava prestes a acontecer, teria dado esse passo mais cedo. A menina amava o pai. O chamava de “papai” com aquela voz suave que anunciava uma afeição profunda da alma.

Nunca teria permitido que Engalls fizesse nada para ameaçar o afeto ou danificar a emoção que sua preciosa filha sentia por ele.

— Eu pedi para interferir? — O medo sobre Engalls tinha um determinado cheiro, um ranço para os sentidos.

Creed inalou lentamente, seus sentidos amplificados por alguma estranha razão, a genética animal, que compartilhava seu corpo subindo à tona, como se um verdadeiro animal passeasse dentro de sua alma.

— Você não tem que pedir. — Assegurou o outro homem com o sutil sotaque do Texas que vinha com a identidade que roubou para esta aventura. — Eu ofereci. Você quer realmente fazer com que ela o odeie? Eu diria que está indo nessa direção com esse tapa no seu delicado rosto.

Pode ver a marca da mão do pai em sua carne cremosa, e nunca teve tantos problemas para segurar o rugido primitivo que afiava em sua garganta.

Nesse segundo, observou os lábios de Horace Engalls tremerem de emoção, o amor de pai, anulando a raiva e o medo.

Engalls abaixou a cabeça, deu um aceno breve, em seguida, virou e foi para a casa, deixando Creed olhando sua retirada.

Creed quase sorriu, definitivamente sentiu um surto de satisfação. Desde o ano passado estava trabalhando como um dos especialistas de segurança de Engalls, aos poucos substituindo os homens que vieram originalmente com ele pelos homens que confiava por si mesmo. Homens que ficariam ao seu lado e assegurariam que, quando chegasse a hora, Creed teria caminho livre para seu objetivo.

Para Kita Claire Engalls, a mimada princesa reinante do que restou do império de Engalls.

Esteve com ela quando a mãe morreu, logo após sua chegada na fazenda. Esteve aqui a cada vez que tentou escapar da fazenda para um pouco de diversão feminina inofensiva.

Às vezes, para fazer compras. Às vezes, um jantar tardio com amigos. Poucas vezes um pouco de dança em boates exclusivas que ela e seus amigos apreciavam.

Ele a conhecia.

Conhecia seus hábitos, conhecia suas expressões, seus cheiros e suas paqueras.

E sabia que o pau dele ficava como rocha, quando ela soprava beijos zombeteiros ou o olhava sobre a borda dos óculos como se fosse um deleite sensual e quisesse lamber uma gota de cada vez.

Soltando uma respiração dura, ele caminhou até a casa e entrou. Inferno, estava mais do que feliz em deixá-la dar uma lambida ou duas, então ele teria sua vez.

E podia muito bem imaginar o prazer de chegar lá. Uma mulher suave, delicada tão aquecida quanto o fogo mais quente. Carne de seda. Unhas um pouco afiadas.

Seu pau estava cruelmente duro quando subiu os degraus. O cheiro dela estendeu a mão para ele, e o puxou. Inferno, era tudo que podia fazer para manter seus sentidos intactos ao sentir o cheiro de seu medo e sua dor.

Traição era uma semente amarga, e apodrecia dentro dela. Um pai que traiu tantos outros certamente não teria nenhum problema em trair uma terna, confiante filha.

E quando a traísse, Creed Raines estaria lá. Para a traição final.

Nesse pensamento, ele parou no último passo.

Um sentimento de relutância se agitou dentro de seu peito. De repente, fugazmente, a ideia de traí-la parecia muito errada.

Forçosamente deslizou o pensamento longe, deu o último passo, roubando a determinação contra essas outras emoções. Fez um voto. Era parte de algo muito maior que uma pontada de consciência.

Se movendo para a porta fechada do quarto, bateu os dedos suavemente contra a madeira pesada e esperou. Ela estava lá dentro. Podia sentir o cheiro de suas lágrimas, sua dor. O aroma delicado de uma mulher que chegou ao limite.

 

Kita abriu a porta, esperando encontrar o pai. Em vez disso, viu Creed Raines em pé do outro lado.

Ele testemunhou sua humilhação, testemunhou sua execução. Deus, como odiava isso.

— O que quer? — Por alguma razão desconhecida, queria se jogar contra ele, liberar as lágrimas que estava segurando e sentir seus braços a rodeando.

Conforto. Ela queria seu conforto, e nunca desejou ou necessitou com a força que fazia agora.

Ele entrou no quarto, se movendo em torno dela como se fosse uma conclusão precipitada que fosse bem-vindo.

Como se pertencesse ali.

— Feche a porta.

Ela virou e olhou para ele, com espanto zombeteiro.

— Será que alguém ligou e informou que você está no comando ou algo assim? — Ela deu um empurrão forte na porta, porém, antes de virar para encará-lo.

Porra, ela era simplesmente bonita para caralho.

Creed olhou a escova atrás numa mecha de cabelo, dobrando o resto de seu comprimento no ombro em ondas loiro escuro quando ela olhou para ele com seus suaves olhos castanhos de corça.

Porra, ele amava seus olhos. Também amava o jeito como puxava o lábio inferior entre os dentes e pressionava, só um pouquinho. Pressão suficiente para fazer seu corpo apertar, seu pau pulsar duro.

Ela não tinha trocado o biquíni minúsculo que usou na piscina, apesar de estar um pouco ofuscado pelo fino tecido Violeta que colocou por cima.

Ela parecia bem nessa cor roxa escura. Boa o suficiente para comer e voltar para o segundo tempo.

— Gostaria de se afastar por um tempo? — De onde diabos veio essa oferta?

Ela piscou para ele antes que o olhar dela se estreitasse.

— Onde?

— Será que isso importa? — Ele perguntou, cruzando os braços sobre o peito. — Deixe-me fazer uma surpresa.

Havia uma parte dele se afastando do espanto e simplesmente balançando a cabeça em resignação divertida. Mas a parte dele que a convidava para sair, estava parada com seu pau latejando em antecipação, e seu sangue pulsando num alvoroço incomum enviando uma sensação queimando cheia de vida por ele.

Em alguns momentos se sentia como um robô, como um homem sem rumo. Mas isso foi antes de pisar na casa de Engalls e conhecer a princesa que devia ficar perto, perto o suficiente para ganhar sua confiança, a confiança do pai dela, então poderia entregá-la para Jonas Wyatt, se necessário.

— Você vai me surpreender? — Ele viu os escuros olhos castanhos de corça subitamente brilhando com antecipação. — E se eu não gostar da sua surpresa?

Ah, isso não estava acontecendo. Ele a conhecia. Pensou que talvez a conhecesse melhor do que conhecia a si mesmo.

— Você vai adorar minha surpresa. — Sua voz baixou, ficou mais áspera, um resmungo mal escondido agora.

Ele foi até ela, seu cheiro o puxando, a consciência da umidade feminina entre suas coxas, o perfume sutil provocando seus sentidos, o intoxicando.

Ela não estava se afastando dele também. Ela olhou para ele, os seios subindo e descendo sob o tecido macio, pressionando os mamilos duros e apertados abaixo.

O topo de sua cabeça mal chegava aos seus ombros, e quando ela inclinou a cabeça para trás mais distante, a frágil linha de sua garganta foi revelada. Sob o trabalho cosmético dentário que foi feito para esconder seus caninos, Creed jurava que podia sentir uma dor oca, a necessidade de apertar em sua carne, de segurá-la no lugar. Dominá-la.

Sua mão levantou, colocando os dedos na frágil curva de seu pescoço, sentindo o sangue batendo duro e pesado sob a carne macia.

— Por que está fazendo isso?

Ele quase sorriu. Ninguém poderia dizer que Kita era estúpida. Estava corada, excitada e pronta para foder, mas era suficientemente inteligente para perceber que estava agindo fora do normal.

— Porque você precisa sair. — Ele recuou, pondo distância entre eles. — Não quero que escape, Kita. Não posso protegê-la se não estiver com você.

Seus olhos se encheram de decepção e ela balançou a cabeça lentamente.

— Não preciso de sua pena, Creed. E não sou uma criança para precisar de um presente por obedecer às regras.

Ela se virou para a porta, a abriu e se afastou num convite silencioso.

— Não tente escapar. — A alertou. — Seu pai está focado nas Castas agora, mas há coisas muito mais assustadoras no mundo. — E ele esteve lá, e viu.

— O que poderia ser mais assustador que uma Casta? — Dúvida enchia seu tom. Como muitos não-Castas, ela não tinha uma ideia verdadeira do mal que podia ser encontrado no mundo.

— As sociedades de puro-sangue que acreditam que seu pai está fazendo a pesquisa de seu tio, e rumores de que teriam feito vários medicamentos que acreditam poder destruir as Castas. —Disse a ela. — Essas sociedades a levariam se tivessem chance, Kita. Iriam levá-la e usá-la contra seu pai. Se não tem o que eles querem, iriam puni-la, Kita, de maneiras que você nunca poderá imaginar.

E ele conhecia os horrores das mesmas. Viu os resultados delas.

Ela não falou. Quando olhou de volta para ele, viu a cintilação em seu olhar, e soube que ela ia fazer exatamente o que ele suspeitava que estava se preparando para fazer.

Kita ia fugir.

— Não faça isso. — Antes que percebesse a intenção dele, ele estava se inclinando para frente, quase cara a cara com ela, a dominância crescendo dentro dele e quase esmagadora.

Creed era um perfeito Executor disfarçado por uma razão. Sempre mantinha a calma. Nunca cedia aos seus impulsos. Os mantinha engarrafados, escondidos, só liberando a tensão durante o sexo. E tinha parceiras para isso. Mulheres que não se importavam com as preliminares brutas, mulheres que não se importavam em foder com uma Casta.

Mas nunca subiu com tanta rapidez, tão rapidamente como agora.

— Não faça o que, Creed? Não tenho uma vida? — Ela sussurrou amargamente. — Não tenho desejo de viver ou desejo de ser mais que a princesinha do papai? Desculpe, mas o brilho desgastou a cena da princesa quando soube que meu pai e meu tio passaram sua vida adulta torturando as Castas.

— Não fuja. — Ele não tocaria o resto. Não aqui e agora. — Se fugir, Kita, prometo, vou encontrá-la. Eu vou te encontrar e garantir que nunca fodidamente fuja novamente.

Ela arregalou os olhos, incrédula.

— Está me ameaçando, Creed?

— Oh, bebê, eu nunca ameaço. Eu prometo. E prometo a você, se fugir de mim, pode acabar se arrependendo.

Tudo de acordo com o que sentiria fodendo uma Casta, ele decidiu.

Ele poderia tê-la. E a teria.

— Não gosto de ameaças ou de suas promessas grosseiras. — Seu nariz tocou o dele, ficando na ponta dos pés quando recuou. — E você não é meu proprietário, Creed. Você é o capanga do meu pai, nada mais e, tenho certeza, na maioria dos dias, um inferno de coisa pior.

A raiva estava dirigindo suas palavras. A raiva e a dor. Desilusão era um inferno de viagem a fazer, e estava fazendo numa das formas mais dolorosas.

— Eu sou pior do que você imagina. — Ele rosnou para ela. — Seu pior fodido pesadelo, minha querida, se fugir. Confie em mim. Porque não quer me empurrar.

Porque estava descobrindo algo por si mesmo, algo que não pensou ser possível. Na última hora, começou a suspeitar que Kita Claire Engalls, a obstinada, teimosa princesa de um império farmacêutico, era na verdade sua companheira.

Ela recuou, o olhar dela ainda preso com o dele, os olhos apertados, seu corpo quase tremendo de raiva. Raiva e excitação. Inferno, o doce cheiro sutil de sua boceta o estava deixando enlouquecido com a necessidade de tê-la. Prová-la.

— Essa conversa está acabada. — Ela informou imperiosamente com seu nariz delicado um pouco erguido, as narinas abertas em ofensa feminina. — Pode sair agora.

Ah, podia agora? Como se fosse um cão para ser mandado para fora por desobedecer a sua patroa? É, só que não era assim que funcionava para um Casta felino. Pelo menos, não por muito tempo.

Ele a conhecia. Conhecia suas expressões, seu humor, seu riso e sua provocação. Até agora, realmente não viu sua raiva, e não podia dizer que estava confortável com ela, mas podia lidar com isso.

— Não me empurre, querida. — Ele avisou em voz baixa. — Não me force a algo que nós dois vamos lamentar.

Ele não tinha dúvida em sua mente que ela o odiaria pelo resto da vida se a forçasse no calor do acasalamento, e ele com certeza não poderia avisá-la sobre isto primeiro.

Girando nos calcanhares, saiu do quarto sem dizer mais nada. O problema era que estava tão perto da maldita degustação que não podia confiar em si mesmo. Não queria mais nada que puxá-la em seus braços e tomar seus lábios num beijo que sabia apenas atiçaria as chamas queimando entre eles.

Inferno, não esperava encontrar sua companheira aqui, de todos os lugares.

A princesa Engalls? Herdeira de uma empresa farmacêutica que já trabalhou com Phillip Brandenmore para criar uma linha de medicamentos potencialmente fatais para as Castas?

O bloqueador de cheiro de Brandenmore abriu caminho até as mãos das sociedades puro-sangue e das Castas Coiote leais ao Conselho, soldados ainda desesperados para capturar os companheiros de Casta de alta patente ou, Deus nos livre, uma das crianças híbridas que nasceram.

Especialmente os híbridos nascidos de lobos. A híbrida de Lobo e Coiote – Cassie Sinclair, assim como o filho de Aiden e Charity Chance, ou o filho de Dash e Elizabeth Sinclair. As crianças eram tão raras nas Castas Lobo que os cientistas do Conselho ainda trabalhando correriam qualquer risco para conseguir um.

Adicionado a isso estava a droga criada para controlar a mente das Castas. Horrível, destrutiva, quase impulsionou Elyianna Morrey à insanidade, ao mesmo tempo em que ela permitia que técnicos de laboratório traidores roubassem e manipulassem dados valiosos sobre o calor do acasalamento, na tentativa de vendê-los a Phillip Brandenmore e Horace Engalls.

Descendo novamente, Creed começou a se mover para proteger a mulher delicada que suspeitava ser sua companheira, especialmente dela mesma. Estava em mais perigo do que sabia.

Na semana passada, Creed encontrou sinais que alguém vigiava a casa, mas não conseguiu detectar cheiros incomuns. Seu pai estava agindo estranhamente fora de seu caráter, e havia rumores que as sociedades de puro-sangue estavam de olho em Kita Engalls para forçar a entrega das informações que tinha sobre as drogas que seu cunhado fabricou. As drogas de amostra e a capacidade de produzi-las em larga escala fora destruída numa explosão ainda inexplicada das Instalações Engalls.

As Castas não fizeram isso. A informação que recolheram dizia que as sociedades puro-sangue não o fizeram também. Isso deixava apenas alguns grupos paramilitares suspeitos, mas as Castas não tinham fontes dentro dessas organizações, o que poderia ajudá-los de forma confiável a apontar os responsáveis pela explosão.

Uma coisa era certa: havia muitas pessoas esperando usar Kita como alavanca contra o pai. Consiga a menina, e a pesquisa poderia ser sua.

As Castas precisavam desesperadamente da investigação para juntar com as informações fornecidas apenas algumas semanas antes pela filha de um cientista da Casta. Storme Montague escondeu algumas pesquisas sobre companheiros, febre primal e uma vacina criada num laboratório pouco conhecido nos Andes, antes das Castas serem resgatados nessa área. A vacina imitava uma criada na Rússia para os Coiotes e os homens e mulheres que trabalhavam com eles. A vacina, originalmente concebida como um anticorpo contra um temido contágio associado à febre selvagem, agora se revelava um componente tão necessário no acasalamento e capacidade de conceber no seio da comunidade Casta.

Peça por peça iam conseguindo as respostas às suas perguntas sobre sua própria biologia e mistérios que rodeavam sua criação e sua capacidade de procriar. Não podiam se dar ao luxo de perder o pouco de pesquisa não destruída, porque não tinham consciência do perigo que poderia representar mais tarde.

E Creed não podia se dar ao luxo de perder a única mulher que o fazia sentir. Quem o fez perceber que era mais que apenas uma Casta. Ela o fez perceber que havia uma chance, embora pequena, que pudesse ser um homem de bem.

 

Ela conseguiu escapar dele.

Um rosnado escorregou passando por sua garganta quando um de seus parceiros humanos deu uma tossida alta e exagerada antes de virar para olhá-lo em estado de choque. Estavam de pé no centro do quarto de Kita com seu pai apoiando os braços sobre a porta da varanda aberta.

— Eu paguei a você para evitar que isso acontecesse. — Horace Engalls se voltou contra eles como se fosse culpa sua ela ter fugido. — Você estava aqui para protegê-la.

— Fomos contratados para impedir que alguém chegasse nela. Não nos informaram que ela acabaria por fugir. — Salientou Creed.

— Ela está sempre fugindo. — Horace rosnou de volta para ele, seus olhos castanhos cintilando de raiva vermelha. — Você sabia disso.

— E nós sempre estivemos cientes das noites que isso acontecia. — Creed respondeu com muito mais calma do que sentia. — Ela é obviamente muito mais silenciosa que seus amigos quando vêm buscá-la.

Quando chegava a hora da cautela, as mulheres eram como crianças numa loja de doces. Todas com olhos grandes, risos e charme feminino.

— Ela foi levada, então. — Um tremor vibrava na voz de Horace quando passou as mãos sobre o rosto. — Meu Deus, eles a levaram. — Ele ergueu a cabeça, os olhos úmidos agora com lágrimas de um pai. — Quem poderia estar com ela?

Sentir piedade deste homem ia contra tudo que Creed sabia dele. No entanto, a dor estava lá. Na face de Horace Engalls, nos seus olhos, seu cheiro, havia apenas amor e medo por sua filha.

— Nós vamos descobrir. — Prometeu ele, sabendo que não fora levada. Ela tinha fugido.

O tapa no rosto do dia anterior, dois anos de reclusão e medo, e para ela foi o suficiente.

Poderia, sem dúvida, aliviar a mente de Horace saber isso, mas Creed tinha planos muito diferentes do que trazê-la para casa.

— Como vai descobrir? — Horace engoliu, visivelmente tremendo agora que o medo começou a se fundir dentro dele. — Não há nenhuma nota de resgate. Não há nada.

— Mas haverá. — Garantiu Creed. Ele virou para os dois homens que trabalhavam com ele. — Fiquem aqui, coloquem um grampo no telefone. Vou ver o que posso descobrir e relatar de volta. — Voltando-se para Horace, endureceu sua expressão e sua voz. — Fique aqui perto do telefone. Alguém vai ligar, e eu duvido que demore muito. No momento que ouvir algo, um de meus homens entrará em contato comigo.

Ele virou as costas para o pai e se moveu rapidamente pelo corredor até sua suíte e uma pequena bolsa de couro que permanecia embalada para emergências.

Uma muda de roupas, armas, munição e um pequeno kit médico estavam incluídos. Puxando calças de couro, uma camisa preta de manga comprida e uma jaqueta de couro do armário, jogou-os na cama antes de pegar as botas pretas.

Estava vestido e descendo as escadas em cinco minutos. Ignorou os três homens que andavam pelo escritório: Horace e os dois Executores humanos atribuídos às Operações Encobertas com o Escritório dos Assuntos das Castas.

A letal e negra motocicleta, especialmente projetada, sentava inocentemente na calçada. Seu quadro era baseado num dos ciclos menos poderosos de turismo, mas todos os aspectos da sua funcionalidade foram adaptados com a tecnologia das Castas. Escarranchando rapidamente, Creed puxou o fechado capacete sobre sua cabeça, prendendo-o sob o queixo, em seguida, deu a partida com um toque de seus dedos.

Antes de sair da calçada, colocou o capacete no modo de segurança completa e depois falou para os controles ativados por voz.

— Ativar Engalls, Kita, protocolo de monitoramento em todas as marcas.

O display digital surgiu no interior do visor, quando o computador respondeu.

— Todos os veículos atualmente contabilizados, e todos, exceto um desativado e localizado na garagem principal. Veículo três está sendo monitorado através de rastreamento automotivo, bem como etiqueta eletrônica detectada em Engalls, carteira de Kita. Localização atualmente identificada e destacada na tela.

O display digital reconfigurou para mostrar o pequeno ponto vermelho identificado como o veículo de Kita, em torno de cinco horas à frente dele.

— Computador, mapas de rotas que cruzem no menor tempo possível.

O mapa reconfigurou mais uma vez. Poderia ganhar duas horas de tempo e alcançá-la bem antes do anoitecer.

—Navegação de bordo detectada no veículo. — Falou o computador inesperadamente. —GPS programado e exibindo endereços de seu destino.

Deus a ama de coração, Creed quase sorriu. Kita gostava de dizer que era desorientada. Adorava GPS, razão pela qual colocou os trackers de navegação em cada veículo pertencente ao seu pai.

O computador voltou segundos depois com o endereço do seu destino, e desta vez, não pôde deixar de sorrir. Estava indo direto ao território casta e nem sequer sabia disso.

Ele adorou. Não poderia ter pedido um destino melhor a si mesmo.

— Chame Wyatt. — Ordenou ao computador quando virou para a interestadual e começou a sair de Nova York em direção à Virgínia. As coordenadas estabelecidas pelo computador poderiam fazê-lo chegar ao local antes dela. Uma pequena comunidade do Tennessee que mal chegava a centenas durante a baixa temporada turística. E isso definitivamente não era época turística nessa área agora.

— Wyatt está indisponível no momento. — Respondeu o computador.

— Chame Wyatt. Passo de verificação tango, sete.

O computador parou por longos segundos antes de responder.

— Passo de verificação aprovado, Executor Raines. Diretor Wyatt estará na linha momentaneamente.

Ele não teve que esperar muito.

— Wyatt. — Jonas respondeu logo.

— Ela está fugindo. — Creed informou imediatamente.

— A pirralha Engalls? — Jonas rosnou. — Temos uma situação?

— Podemos fazer disso uma situação. — Creed respondeu rapidamente antes de soltar sua explicação. Quase podia ouvir Jonas pensando forte e rápido na outra linha.

— Eu vou contatá-lo. — O diretor finalmente declarou, pensativo. — Mantenha-a incomunicável até novo aviso. Vou colocar o plano em vigor e ver se conseguimos que Engalls coopere.

O que significava que Brandenmore não estava cooperando. O presidente enlouquecido da Brandenmore Pesquisas estava tão distorcido, tão maldoso e astucioso que, mesmo sua mente sendo devorada, ainda planejava destruir as Castas.

A única esperança que restava era a chance de que Engalls pudesse descobrir onde a investigação estava escondida. As castas exaustivamente pesquisaram todos os locais de conhecidos associados com a Brandenmore Engalls e escritórios corporativos, sites de pesquisa, residências particulares, mas não encontraram nenhum vestígio da pesquisa que aos Castas sabiam que Brandenmore havia desenvolvido com a ajuda de Engalls.

— Sabe onde ela está indo? — Jonas questionou.

— Tenho seu sistema de navegação por tags, bem como sua carteira. — Respondeu Creed. — Sua localização foi tirada da navegação, e a tenho agora.

— Excelente. — A satisfação na voz de Jonas fez os lábios de Creed por um momento se apertarem. — Mantenha-a fora da vista e fora de comunicação, Creed. E reze. — Por um momento, a agonia que Creed sabia que o outro homem estava passando escorregou em sua voz. — Reze para Engalls cooperar quando suspeitar que o Conselho de Genética raptou sua filha.

E ele estava rezando. Mas, admitiu Creed, tinha orado desde que soube o que Brandenmore fez ao bebê de três meses: injetou o mesmo soro que tinha injetado em si mesmo. O soro que rapidamente o matava. E se recusou a dar as informações sobre ele, se recusou a fazer mais que dar-lhes o soro original e exigir que descobrissem porque estava o destruindo e não à criança. Como se temesse dar sua pesquisa às Castas, o que resultaria em tudo que fosse necessário para salvar apenas Amber.

Creed não poderia jurar que não seria a direção que as Castas tomariam.

Mas ao deixá-lo morrer, Amber morreria. Ao se recusar a entregar a pesquisa, Brandenmore estava garantindo que a doença se aprofundasse e destruísse seu cérebro. Infelizmente, não estavam encontrando as respostas a tempo de salvá-lo da morte. E com ele morto, o soro que usou, Ely assegurou, já não serviria sem o corpo vivo de Bradenmore para testar qualquer cura adiante.

Uma faca de dois gumes que Creed sabia estar não apenas na criança em risco, mas em toda a comunidade Casta também.

Jonas sabia que a única fraqueza nas famílias Brandenmore e Engalls era Kita, a filha de Horace Engalls. Também sabia que outros grupos estariam cientes disso. Creed foi enviado para assegurar que ela ficasse em segurança e garantir que, quando fosse o momento certo, as Castas teriam a posse dela.

Um simples sequestro não a convenceria a transferir a lealdade de seu pai para eles, no entanto. Creed estava esperando, esperando, determinado a tirar vantagem da menor fraqueza que mostrasse.

Se as Castas tivessem Kita do lado deles, então teriam Horace.

E Creed agora tinha um ás.

O calor do acasalamento.

Aquela pontada de culpa só crescia, apertando o peito e formigando na sua alma. Porque agora, ele a conhecia. E sabia, se ela soubesse que a enganou, podia acabar sendo a única mulher capaz de virar as costas ao fenômeno.

Agora não iria apenas chupar!

 

Ela estava em casa.

Kita entrou na casinha, fechou e cuidadosamente trancou a porta atrás dela, em seguida, soltou um suspiro cansado. Dirigir de Nova York não era muito longe, mas desta vez pareceu durar para sempre.

Claro, se tivesse se abstido de olhar pelo retrovisor, não tomaria tanto tempo, nem pareceria tão cansativo. Mas manteve a expectativa de ver Creed montado em sua moto preta má atrás dela.

Ela se sentiu perseguida. Como presa. Como uma lebre correndo do lobo e incapaz de encontrar um buraco profundo o suficiente para se esconder.

Estava segura agora. Tinha que estar. Esse buraco tinha que ser profundo o suficiente, porque era o único lugar onde podia escapar, o único lugar que ninguém conhecia.

Profundamente nas montanhas do Tennessee, escondido fora de uma pequena comunidade pequena de apenas algumas centenas. A casa não estava em seu nome, não estava vinculada a nada nem ninguém que estivesse associada.

Com seus olhos fechados, ignorou a sensação de que deixou algo para trás, ou talvez que algo a houvesse seguido. Foi cuidadosa, e aprendeu a ter cuidado.

Creed ensinou a ela durante todo o ano passado.

Ela o olhou, ouviu e anotou, e quando fugiu, se lembrou de tudo que falou sobre como escapar de um possível inimigo.

Ele não era o inimigo, mas poderia muito bem ser no momento.

— Você teve um bom passeio?

Um grito irrompeu de sua garganta, enquanto seus olhos se abriam, as mãos empurrando, lutando pela maçaneta da porta e não conseguindo mais que girar, antes que de repente ele estivesse lá.

Kita gritou em choque quando sua mão espalmou contra a porta fechada, empurrando-a e a pressionando contra ele.

Contato corporal completo.

No ano que trabalhou para seu pai, ela nunca sentiu o efeito completo de seu corpo, rígido, musculoso, ou o calor gerado.

Sua cabeça empurrou para trás, pressionando contra a madeira, seu olhar se conectou com o dele quando respirou um suspiro chocado. Contra a barriga dura e tensa, seu pau pressionava contra ela.

— Você realmente acha que eu deixaria você escapar tão facilmente?

Sombrio, áspero, tão sexy, que ela jurava que seus joelhos enfraqueceram.

Kita engoliu.

— Como me encontrou?

— Talvez eu seja apenas mais esperto que a média contratada. — Ele arrastou as palavras.

Kita sentiu os lábios dela. Detestava quando isso acontecia perto dele. Precisava ser beijada. A dor foi tão intensa que rapidamente atingiu outras áreas muito mais sensíveis.

— Tenho certeza que é. — Ela respondeu, mas seu tom não era mal-humorado ou teimoso como desejaria. Era macio. Foi um “venha” e sabia que era, mesmo involuntário. Só esperava que não soasse como um apelo. — Agora, me diga como conseguiu.

O sorriso que raspou o canto dos lábios, de repente fez seu coração acelerar, batendo furiosamente o sangue em suas veias. Era um olhar tão mau. Um olhar extremo de bad-boy.

Suas coxas apertaram, seu clitóris ficou quente, inchado e dolorido quando puxou o lábio inferior entre os dentes e apertou.

— Eu poderia fazer melhor. Toda vez que vejo esse lábio muito apertado entre seus dentes, me faz querer dar uma mordida também.

Ela se sentiu derreter. Seus sucos lubrificavam sua boceta, saturando as dobras entre as coxas dela enquanto ela mal, só mal conseguia segurar um gemido.

— Você nem sequer mordiscou. — Ela sussurrou. — E eu ofereci.

— Agora? — Sua mão deslizou de onde estava apoiada sobre sua cabeça, tocou no ombro, acariciou o cotovelo, depois deslizou sobre o material fino da manga da camisa e agarrou seu pulso.

Antes que Kita pudesse compreender o significado do que ele estava fazendo, ele agarrou seus pulsos, os puxou rapidamente sobre a cabeça, e apertou na mão grande.

— Creed. — Era um protesto. Tinha certeza que era.

Tinha que ser um protesto, disse a si mesma. Jogos de dominância realmente não a atraíam. Gostava lento, toque leve. Preliminares que duravam para sempre. Ou pelo menos mais de três minutos.

Mas não podia deixar de perceber sua boceta de repente tão sensível que até mesmo sentir a umidade da sua lubrificação era uma carícia.

— Você está molhada, Kita? — O rugido sombrio de macho em sua voz fez um arrepio percorrer sua espinha.

Ela percebeu então porque amava sua voz. Era forte, feroz. Um som pesado e escuro, como um gato grande rondando pela floresta ao seu redor.

Exceto que Creed tinha um jeito de a fazer sentir muito mais que a ponta de medo que sentia em torno dos grandes felinos. E muito mais que a desconfiança que sentia em torno de várias Castas que entrou em contato nos últimos anos.

Ele a fazia se sentir viva. Ele a fazia perceber que era mais sensual, e muito mais sozinha, que nunca experimentou antes.

— Você não está me respondendo. — Sua cabeça abaixou, seus lábios roçando sua bochecha. — Você está molhada?

Ela balançou a cabeça enquanto lutava com a cadência de sua voz hipnotizante.

— Não? — A borda de diversão em sua voz fez seu coração saltar uma batida. — Então, se eu pôr minha mão dentro dessas calças justas, não vou encontrá-la lisa e quente para mim?

Sua mão livre moveu-se para a cintura, então aos quadris, antes que seus dedos encontrassem o botão das calças jeans e brincassem com ele, provocantes.

As costas dos seus dedos roçaram a carne nua sob a bainha de sua camisa curta. A carícia quente, tão delicada como era, fez seus mamilos apertarem, latejando quando sentiu seus cílios ficarem pesados, uma sonolência sensual pairando sobre ela.

— Por que está fazendo isso? — Ela precisava pensar agora. Haviam decisões a tomar, uma vida para construir. — Por que me seguiu?

— Por que fugiu de mim? — Sua cabeça abaixou até que a bochecha dele estava ao lado dela, os lábios em seu ouvido, o calor de sua respiração acariciando o ouvido delicado. — Não te avisei para não fugir de mim, Kita?

Ele tinha, ela se lembrava.

— Você é perigoso para mim. — Choramingou. — Nós sabemos, Creed. Não posso lidar com você.

Ele quebraria seu coração. Ela não era do tipo de sexo casual, ela descobriu na faculdade. Precisava de compromisso, de monogamia. Precisava sentir que pertencia, e não tinha encontrado ainda. Ou pelo menos, não até Creed. A partir do momento que o encontrou, algo dentro dela clicou, abriu uma parte de sua sensualidade que não sabia existir.

— Como sabe que não pode lidar comigo? — Um estreitamento suave, aquecido em seu ouvido a empurrou contra ele, um pequeno gemido ofegante deixando seus lábios quando olhou para a parede em frente e lutou para recuperar apenas alguns de seus sentidos.

Mas isso não estava acontecendo. Ele não ia deixar isso acontecer. No instante seguinte, o botão de seus jeans se abriu.

 

Creed olhou em seus olhos e sentiu uma irritante coceira logo abaixo de sua língua quando o botão de seus jeans abriu sob seus dedos. Sua palma contra sua barriga, os dedos dobrados logo acima da almofada quente de sua boceta.

Doce, o calor feminino flutuava para suas narinas, embriagando seus sentidos. Ela o deixou quase bêbado com o cheiro de sua excitação, por saber da fome, doce e feminina que a atormentava.

Nunca experimentara nada parecido com isso. Calor de acasalamento ainda era um fenômeno relativamente misterioso para aquelas Castas que ainda não acasalaram. Reconheciam os cheiros alterados dos Companheiros. Havia a consciência de certas alterações não naturais, a falta de envelhecimento, ou pelo menos um retardo no processo de envelhecimento. Mas o cheiro excepcionalmente aquecido de excitação de Companheiros era infundido com algo tão profundo, tão emocional, que aos não acasalados era impossível processar.

Casais acoplados os deixavam altamente desconfortáveis, porque exalavam um sentimento de emoção totalmente desconhecido para as Castas não acasaladas, um sentimento que ia muito além de fidelidade ou fraternidade.

Enquanto Creed deixava as pontas dos dedos acariciar a pele macia do estômago de Kita, sentindo sua respiração pesada, o doce cheiro aquecido de sua boceta, agora entendia a emoção de Companheiro.

Durante o último ano chegou a conhecer Kita, senti-la, cada vez mais perto dela, nunca percebendo que estava se apaixonando por ela. Até agora.

Agora, olhando em seus grandes olhos castanhos enquanto seus dedos se moviam lentamente mais abaixo, querendo tocar o inicio de sua lubrificação, Creed percebeu que nos últimos meses, foi colocando Kita mesmo acima das ordens de Jonas.

— Creed. — O sussurro nos seus lábios rasgou através de seus sentidos quando seus cílios ficaram entreabertos, as feições lavadas com um rosa delicado de faminto desejo.

Um segundo depois ele encontrou os macios, delicados cachos logo acima do clitóris. Estava quente e abaixo, meu Deus, mais abaixo, jurava que já podia sentir a umidade que sabia estar se reunindo nas pregas suaves.

Deus, queria beijá-la.

Seu olhar caiu sobre os lábios macios, a forma como sua língua saia para fora e passou sobre eles. Queria tomá-la, sentir sua fome e sua necessidade. O gosto da delicadeza de sua boca antes de passar a língua pelo seu pescoço, ao longo de seus seios, os mamilos apertados, antes de encontrar o calor delicioso esperando por ele lá.

— Kita. — Ele pressionou a testa contra a dela, engolindo e saboreando a pitada de canela, que fez crescer as glândulas sob a língua. — Precisamos ir um pouco mais devagar.

No entanto, os dedos estavam a apenas um sopro de seu clitóris, fazendo uma pausa, doendo para chegar ao nó apertado de nervos que se escondia dentro dos cachos macios e dobras da mulher que puxava contra ele.

— Certo. — Ela respirou, mas não tentou se afastar. Em vez disso, se empurrou contra ele, apertando as mãos sobre o tecido de sua camisa, como se quisesse segurá-lo com ela.

Ela não tinha ideia de quem ele era. Não tinha ideia de com quem estava. Uma Casta, um inimigo de seu pai, e uma vez que a beijasse, não haveria como esconder.

Seus dedos deslizaram mais adiante, tocando o núcleo quente do clitóris, e ele se perdeu.

Era um Casta, não um robô. Não podia tocá-la, não podia desejá-la com tal fome e não pegar o que estava sendo oferecido a ele tão sedutoramente, com tanta boa vontade.

— Creed, me beije. — O sussurro escorregou dos lábios dela e rasgou o pouco controle que tinha.

— Kita, você não sabe quem eu sou. — Ele lutou para respirar algo mais que o cheiro quente dela.

Ela se moveu contra ele, acariciando seu clitóris na ponta dos dedos dele enquanto se dizia a si mesmo que devia revelar a verdade para ela. Ordenou-se.

— Eu sonho com você. — Ela sussurrou em seguida. — Sabe como eu fantasio com você, Creed? Eu me toco e tento fingir que é você. Estou cansada de fingir. Sei que você é o homem que vai me fazer sentir dor.

Sua cabeça virou, seus lábios desceram até seu ouvido enquanto ele o mordiscava em retaliação sensual ou aprovação, não tinha certeza qual.

— Pode doer pior, — Ele gemeu. — se eu te beijar.

— Nada pode doer pior.

Sua cabeça inclinou para trás quando a moveu. Disse a si mesmo que só queria ver seu rosto, se mover para sentir o cheiro muito rico de sua excitação, onde descansava, muito perto da veia pulsando em seu pescoço.

Seus lábios estavam lá, roçando, enviando uma onda de luxúria rasgando por ele, e o quente elixir rico pulsando nas glândulas da sua língua.

Sacudindo a cabeça para o lado, Creed ergueu a mão livre e rapidamente puxou o disfarce cosméticos dos caninos de ambos os lados de sua boca.

Se ela percebeu o que ele fez, não deu sinal. Quando ele se voltou, seus lábios cobrindo os dela, ela se deu a ele. Seus lábios se separaram, um suave gemido passou por seus lábios, e Creed aproveitou.

O animal interior, reprimido por muitos anos de trabalho encoberto, se levantou dentro dele com um selvagem, um rugido interno, e ele lhe deu o beijo que um macho da Casta só pode dar à sua Companheira.

Um beijo escuro, mau, de ligação primitiva, a segurando, acasalamento no sentido mais selvagem.

Kita nunca teve um beijo que a deixou tão faminta. Ela podia ser excitada. Ficou excitada muitas vezes, por vários homens.

Até este beijo.

Ela não acreditava que um beijo pudesse ser sexy, pudesse disparar os sentidos e puxá-la mais em sua excitação.

Até este beijo.

Creed abaixou a cabeça, o cinzento estrondoso de seus olhos a apanhando numa armadilha, enquanto sentia uma lassidão pesada, sensual, alcançá-la. Seus lábios se separaram, involuntariamente, seus cílios vibraram enquanto lutava para mantê-los abertos, e seu coração começou a disparar pela forte excitação, erótica quando o dedo no seu clitóris exerceu apenas a mínima pressão no momento que seus lábios roçaram os dela.

O toque, oh, tão sutil, foi como um raio de calor. Um pequeno suspiro escapou de seus lábios, o convite perfeito para abaixar completamente a cabeça e tomar posse de uma maneira que nenhum outro homem jamais fez.

Com confiança, provocante.

Com sua língua, procurou traçar a curva do lábio inferior, em seguida, puxou-o entre os dentes, importunando-a com precisão sensual, após um último pequeno beliscão, uma lambida que a fez se levantar mais próxima dele.

Entre suas coxas o dedo indicador acariciava, apertava, sutil em sua destruição e assédio sexual.

Kita podia se sentir tremendo, estremecendo. Uma sensação de desejo, fome crescente dentro dela, que se admirou por não estar gritando.

Queria seu beijo.

Uma completa fusão, sedutora, um beijo despertando a luxúria que a queimaria até as pontas dos dedos.

Havia lido sobre isso.

Sonhou com isso.

Sentiu que estava lá fora. Afinal, onde havia fumaça, havia fogo, certamente, e até mesmo adolescentes juravam ter experimentado o beijo perfeito.

Um que fosse primitivo.

Faminto.

Um beijo que não pudesse resistir.

Nesse segundo, os lábios cobriram os dela. Dividindo as curvas desesperadas, a língua deslizou dentro numa provocação contra a dela, se retirou e voltou, quando seus braços se levantaram para envolver seu pescoço e segurá-lo com ela.

Seu beijo ficou ainda mais profundo e, com um rosnado faminto vibrando contra os lábios e com o braço ao redor dela a apertando, Kita finalmente encontrou o beijo em que poderia se perder.

Um sutil toque de canela encontrou seu paladar quando sua língua lambeu a dela mais uma vez, seus lábios roubando seus sentidos e controle. Desta vez, o beijo foi um golpe íntimo de fogo e gelo, raios chamejando através de seus sentidos, o calor envolvendo em torno de seu corpo. Era tudo que alguma vez ouviu que um beijo devia ser.

Seu braço a envolveu, forte e quente, tão forte. Não havia ruptura naquele aperto. Não havia como ela querer que fosse quebrado.

Apertando os braços em volta de seu pescoço, ela inclinou seu quadril, pressionando o botão endurecido de seu clitóris com mais firmeza em seus dedos enquanto sentia ele a empurrando com mais força contra a porta.

Isso deveria ter acontecido mais cedo, pensou de longe. Nunca teria corrido se soubesse que estava fugindo disso.

Os profundos beijos intoxicantes queimavam como fogo na sua alma, obliterando qualquer pensamento de protesto, qualquer necessidade de protestar. A sensação viajava pelas terminações nervosas, as excitando como nada antes na sua vida. Antes que Kita percebesse, estava se movendo, se esfregando nele, desesperada para conseguir seus dedos mais abaixo, enchendo o vazio dentro dela.

Nada importava, só se aproximar mais dele, cumprir as promessas que fazia com os lábios, com sua língua, com a fome desumana estrondando num grunhido que vibrava em seu peito.

Esse som foi um aviso, que ela optou por não ouvir. Prestar atenção seria se afastar dele. Significaria renunciar ao calor e à onda de sensações que desencadeou dentro dela.

— Kita. — Marcado. Faminto. Aquele som emitiu um arrepio correndo por suas terminações nervosas.

Cravando as unhas no tecido de sua camisa, ela ficou na ponta dos pés, se arqueando para ele. Sentindo seu pau pressionando contra seu abdômen, tentou ficar cada vez mais próxima, os dedos dele se curvando, pressionando mais abaixo, bordeando a abertura de sua boceta quando ela engasgou e tentou extrair mais do gosto melado e rico de seu beijo na sua língua.

— Kita. — O gemido duro, escuro quando se afastou do beijo atraiu um grito de protesto de seus lábios.

Se esforçando para abrir os olhos, ela olhou para ele, a respiração dura e áspera quando jurou que ainda sentia o gosto dele. Ela passou a língua sobre a curva inferior do lábio, quase gemendo com o gosto quente de canela e especiarias que encontrou ali.

Então, a respiração sibilou de seus lábios. Suas costas arquearam. O prazer ficou agudo, consumindo tudo, quando sentiu dois rígidos dedos penetrando a fechada, apertada abertura de sua boceta.

Êxtase começou a crescer em sua corrente sanguínea, chicoteando através de seu sistema e espasmando os músculos internos da vagina, uma vez que agarrou os dedos em resposta reflexiva.

Dedos ásperos deslizaram por suas costas, emaranhando em seus cabelos e puxando sua cabeça para trás quando a encarou selvagemente.

— Tem alguma ideia do que eu poderia fazer para você? — Sua voz era tão escura, cheia de fome que até mesmo brilhava em seus olhos. — Eu poderia te tomar, Kita. Vou tomá-la. Cada centímetro doce, suave dessa boceta apertada.

Ah inferno, ela ia gozar. A sensação bateu em seu ventre, através de sua vagina, apertando ainda mais quando sentiu a onda de sucos entre seus dedos e as paredes vaginais.

— Por que esperar?

Ela conseguiu surpreendê-lo. Podia ver a surpresa nos seus olhos.

Então, Kita teve a surpresa de sua vida.

Seus lábios foram para trás numa careta, brilhando bem definidos, os malvados, animalescos caninos na parte lateral da boca, que proclamavam sua genética animal.

Ele era uma Casta.

Seus olhos arregalaram. Os dele estreitaram.

Um grunhido retumbou em sua garganta enquanto seus dedos entravam dentro dela, curvados e pressionando contra um local escondido muito sensível esfregando uma, duas vezes, o que destruiu seus sentidos.

Já estava preparada para ele.

Pronta para atingir o limite no esquecimento.

Não esperava isso. Considerando tudo que ouviu falar sobre as Castas, não deveria estar qualquer coisa além de apavorada. Tão apavorada que o medo deveria ser sua única resposta possível.

Em vez disso, sentia o êxtase.

Arrebatamento.

Um grito duro e gutural saiu dos seus lábios quando um orgasmo rasgou através de seu corpo.

Ela explodiu em seu clitóris, boceta, em seguida, correu seu ventre e pelo resto do seu corpo numa curva apertada.

O grito lamentoso, desesperado que saiu dela era um som que nunca fez antes. Veio do âmago do seu ser, como se o prazer, um prazer como nunca experimentou antes, tomasse o controle de seus sentidos.

Apertando as coxas em torno de sua mão, ela apertou a boceta nos dedos que ainda a acariciavam, ainda esfregando aquele ponto principal dentro dela. Estrelas explodindo irradiaram através de seu cérebro.

— Creed. — Seu nome era um som de prazer agoniado quando sentiu a respiração ainda no peito por momentos preciosos.

Queria sentir cada sensação. Queria conhecê-la, memorizá-la. Queria prendê-la dentro dela e mantê-la para o resto de sua vida.

Por que não havia como manter Creed. Não havia como uma Casta a manter, mesmo sendo o homem que desejava, o homem por quem sofreu por todos estes meses. Não havia como algum inimigo de seu pai jamais amá-la.

Quando o prazer começou a escurecer, a realidade tomou seu lugar, forçando a fantasia a recuar enquanto lentamente recuperava seus sentidos.

Seus dedos aliviaram o aperto que tinha sobre ele.

Seu pênis ainda pressionava contra seu quadril, duro e feroz, o calor da sua carne parecendo irradiar através do couro das calças.

Os estrondosos olhos cinzentos estavam quase negros, a transpiração pontilhava sua testa, e seu peito subia e descia com sua respiração áspera.

E só uma pergunta podia ressoar em sua mente.

Por quê?

 

— Não tente fugir novamente. Não irá longe.

Kita olhou para Creed, o especialista em segurança de seu pai no ano passado, e, oh, tão óbvio, não mais que um espião plantado pelo Escritório dos Assuntos das Castas.

Sentou na cadeira em frente a ele, cruzou as pernas, apoiou o cotovelo no braço almofadado, repousou a cabeça contra a palma da mão, e só olhou para ele quando se sentou no sofá em frente a ela, se inclinando, antebraços apoiados nos seus joelhos, os olhos fixos nos dela.

— Agora não parece simplesmente um gatinho insatisfeito. — Ela arrastou as palavras zombando. — Ou será vira-lata? Felino, Lobo ou Coiote?

Seus olhos se estreitaram.

— Felino. Leão.

Seus lábios franziram numa vaga imitação de consideração.

— Devo ser a principal prioridade, se o diretor do Gabinete dos Assuntos das Castas enviou um dos seus Executores Leão para bancar a babá durante o ano passado.

Seus lábios afinaram.

— Eu não era sua babá.

As sobrancelhas dela levantaram.

— Bem, não estava colado na bunda do meu pai, então duvido que Jonas Wyatt o mandasse pajear a ele. Então me diga, Creed, por que estava lá? Informação? Simplesmente manter o controle sobre nós? Ou estava lá para matar um de nós, quando fosse o momento certo?

Sentou lentamente atrás, cruzando os braços sobre o peito quando sua expressão ficou fria, sem traços de emoção.

— Não estava lá para matá-la, e não estava lá para matar seu pai.

— Informações. — Suspirou. — É por isso que estava lá, não é?

— Então, por que estou aqui agora?

— Meu pai o enviou? –

— Você o chamava de “papai” antes. — Ressaltou ele, e nas sombras que atravessaram seu rosto, ela jurava que viu uma ponta de raiva em seu olhar.

Não tinha o direito de ficar zangado com ela. Se alguém tinha o direito de estar com raiva, era ela.

— Como o chamo não é da sua conta. — Ela o informou com zombaria em seus olhos. — Ele o enviou?

Ele deu de ombros com a pergunta, e ela tomou por um sim. Era a única razão pela qual a seguiria.

— Quando vamos voltar? Não posso deixar meu carro aqui.

— Não vamos voltar ainda.

Que interessante.

Kita continuou a olhar para ele, se admirando pela sensação de umidade aquecida entre suas coxas.

Porra, ele beijava como um maldito deus do sexo. Como sua maior fantasia. Fez o que os outros deixaram de fazer. Seu beijo apenas alimentou seu desejo. Então fez o que seus outros dois amantes nem sequer conseguiram chegar perto. Ele a mandou ao orgasmo. E conseguiu isso apenas com um beijo e seus dedos. Outros homens não foram capazes de fazê-lo, não importa os esforços e grunhidos que colocaram nisso.

 

Ela estava olhando para ele.

Creed estreitou os olhos enquanto tentava ler sua expressão.

Era impossível.

Pela primeira vez desde que se tornou seu guarda-costas, Creed não podia dizer, só pela expressão dela, o que estava pensando. Mas havia suficiente emoção rolando dela para ele só pelo cheiro. E não havia raiva suficiente para salvá-la.

Devia estar furiosa. À frente do aroma sutil de excitação que ainda a percorria, devia estar furiosa com ele. O que só faria a excitação mais quente, crescendo mais alto.

Em vez disso, estava, em primeiro lugar, excitada, e por trás disso, sentiu irritação e confusão.

A parte confusa, ele compartilhava. Por todas as coisas consideradas, ela era realmente bastante racional. Especialmente considerando o fato e que estava agora no calor do acasalamento.

Assim como ele estava. Ele teve o beijo dela, seu orgasmo, ele ainda estava ferozmente duro, seu pau pulsando com fome furiosa. Era o desejo mais intenso que já conheceu. Desde o momento que seus lábios se tocaram, desde que sentiu o calor de seus lábios, o hormônio do acasalamento começou a crescer nas glândulas sob a língua.

Era mais que uma coceira agora. Era uma queimadura, uma excitação muito mais profunda do que foi antes que o calor de acasalamento chutasse.

— Não gosto desse olhar em seu rosto. — Ela murmurou enquanto ele continuava a observá-la em silêncio, atraindo os aromas exclusivos dela.

Ele arqueou as sobrancelhas, sem vontade de deixá-la entrar em seus pensamentos ainda. Para dar a ela uma chance de notar profundamente sua necessidade dela quando estava começando a ficar muito preocupado com o que os próximos dias trariam.

— E o que quer dizer, não vamos voltar ainda? É por isso que meu pai o enviou atrás de mim, certo?

Ela não estava mais chamando o pai de “papai”. E cada vez que dizia “pai”, o cheiro de desilusão pairava na direção dele.

Toda emoção tinha um perfume, e para os sentidos de uma Casta, eram facilmente detectáveis.

Desilusão era um perfume que colidia com sua inocência, sua compaixão. Era um cheiro de enxofre escuro sutilmente subjacente ao mais doce aroma suave de uma chuva de primavera, o cheiro de sua excitação. Estava lá, no entanto, e isso o irritou.

— Claustrofobia faz coisas malucas numa pessoa. — Ele deu de ombros enquanto a observava atentamente. — É minha opinião que, talvez, precise de férias por alguns dias. Uma chance para aliviar um pouco da tensão.

Não era exatamente uma mentira, mas não era exatamente a verdade. Mas não estava prestes a dizer que ele e seu chefe estavam levando seu pai a acreditar que ela foi sequestrada.

— Ele não sabe que você é uma Casta, não é? — Seus lábios franziram zombando.

Diversão se juntou aos outros aromas, apenas uma sugestão mais leve do mesmo.

— Não, ele não estava ciente disso.

— E sobre os outros homens que estavam trabalhando?

Suas sobrancelhas arquearam.

— Eu não disse.

Ele não precisava dizer. Faziam parte do Escritório de Assuntos das Castas; Jonas provavelmente disse a eles. Se não, não seria difícil para eles simplesmente porque Creed estava trabalhando com eles por um tempo danado.

Kita balançou a cabeça em diversão, uma diversão que podia facilmente ler em sua expressão neste momento.

— Você não odeia Castas. — Comentou ele.

Ela levantou de sua cadeira e se moveu languidamente por toda a sala antes de virar e encostar à moldura da porta, o olhando fixamente.

— Eu nunca odiei Castas, Creed. Não pediram o que foi feito a eles. Nasceram assim.

Foram criados assim, Creed corrigiu em silêncio. Foram criados para este mundo, e treinados em vez de nascidos, para ser assassinos.

Ele balançou a cabeça lentamente. Ao longo do ano que esteve em sua casa, viu isso dentro dela. Estava esperando, observando, nem confiando nem desconfiando das Castas. Havia dado especial atenção às notícias e discussões e, às vezes parecia estar estudando seu pai, essencialmente, o observando no ato de ser apenas um pai.

— E agora que já beijou um. — Ele disse suavemente. — Esteve nos braços de um. O que acha agora?

— Eu acho que você é tão selvagem e tão determinado quanto cada relatório que já li dizia que seria. E duvido que estivesse na minha casa para me proteger, não importa o perigo. Então, porque não me diz exatamente porque estava lá.

— Isso era porque eu estava lá, Kita. — Simplesmente não era a única razão para estar lá.

Ela assentiu com a cabeça novamente, sua expressão e o olhar pensativo. Foi então que o cheiro dela chegou até ele. O aumento do calor feminino. Quanto mais quente a excitação queimava, ardendo dentro dela.

— O tempo vai dizer por que está aqui, então, não vai? — Ela murmurou, respirando profundamente.

— Será que vai? — Ele levantou, em seguida, se moveu lentamente na direção dela, sentindo o aumento da fome dentro dele também. — Talvez seja uma resposta que deve encontrar agora, Kita.

Seu calor não era tão intenso quanto seria, uma vez que derramasse sua semente dentro dela, mas a excitação era alta o suficiente para aos poucos ficar desconfortável.

Avanços em fenômenos de acasalamento iam chegando lentamente, sendo pesquisados exaustivamente, e só então determinadas informações eram compartilhadas com as Castas.

Ainda era um assunto considerado NTK , precisa saber. E só as Castas mostrando visíveis sinais de acasalamento, ou pessoas envolvidas em operações altamente sensíveis, eram dadas as informações.

Creed tinha a informação. Sabia das suposições, dos pequenos avanços feitos, da pesquisa que os cientistas das Castas faziam. E sabia que o calor não atingira sua altura plena ainda. E não seria alcançado até que sua semente estivesse dentro dela.

Até então, o hormônio que lançou até agora iria irritar mais que qualquer outra coisa.

A menos que a beijasse novamente.

Apenas um beijo de apresentação, a menos que quisesse que ela o odiasse.

Precisavam de preservativos.

Havia ainda os minúsculos pelos ao longo do seu corpo visivelmente sem pelo que carregavam o hormônio, mas as quantidades eram tão diminutas que, enquanto não a beijasse novamente, poderia controlá-lo.

Enquanto não a fodesse sem camisinha, teria um pouco de tempo antes das consequências ficarem aparentes.

Pelo menos, para Kita. Ele, por outro lado, já estava sentindo as consequências. Ele a beijou, e assim o hormônio estava infundido com o impulso genético para aumentar o calor e torturar seus corpos até a concepção ocorrer. Transformar a genética com seu esperma para ser mais compatível com seus óvulos, mesmo quando qualquer hormônio compartilhado com ela, a faria da mesma forma mais compatível com ele.

Parando na frente dela, sua mão se esticou e pegou com delicadeza uma mecha pesada de cabelo. Ele se sentia fascinado por aquele cabelo. Tantos tons de loiro natural brilhantes contra seus dedos.

Podia sentir o estrondo de um grunhido em sua garganta.

Podia cheirar sua excitação, seu interesse. Podia cheirar a emoção, ternura, e ainda uma necessidade crescente de confronto. Um cheiro que lembrava aquele detectado em companheiros e casais humanos também. Uma fragrância perto do amor.

Tirando o olhar da mecha pesada de cabelo que segurava, vislumbrou a paixão delineando a face de Kita.

— Você me cativou, Kita Claire. — Ele sussurrou enquanto virava a cabeça ligeiramente, a necessidade de beijá-la mal contida pelo conhecimento das consequências.

— Realmente? — Um traço de falta de ar infundia seu tom. — Talvez tenha feito o mesmo comigo, Creed, mesmo sendo um pouco arrogante sobre isso.

— É parte da nossa genética. — Seu olhar se concentrou nos seus lábios.

Nenhum beijo, ele disse a si mesmo. Não podia beijá-la, não podia lambê-la, não podia mordê-la. Fechou os olhos enquanto inclinava a testa contra a dela. Não podia provar as sedosas, saturadas pregas de sua boceta, não importa o quanto sua boca molhava por isso.

Tinha que manter sua língua em sua boca, seus lábios fechados.

Tinha que protegê-la, pelo menos até que pudesse contar a verdade.

Mas isso não significava que não havia outras maneiras de brincar.

Havia muitas maneiras de brincar. Formas que deixariam os dois ofegantes, os corpos transpirando na liberação.

Ele teria a certeza que ela não perdesse seu beijo. Mas ele o faria. Deus o ajudasse, perderia o gosto de sua língua perversa, a sensação dos lábios sob os dele. E o gosto de sua boceta macia. Que realmente se arrependeria de perder.

— Prometa uma coisa, Creed. — Disse ela.

Seus cílios levantaram a olhar para ela enquanto a fome o comia.

— Se eu puder. — Respondeu ele.

— Prometa que não está fazendo isso por algum tipo de vingança Casta. Que não está dormindo comigo numa tentativa de fazer meu pai pagar o que ele e o tio Phillip fizeram.

Tio Phillip. Phillip Brandenmore era seu tio através do casamento de Horace com a irmã mais nova de Phillip.

— Eu posso jurar que não vou dormir com você pra fazer seu pai ou seu tio pagar pelos crimes cometidos contra as Castas. — Isso foi fácil. Era verdade.

Sua mão levantou, alisando sua bochecha com as pontas dos dedos enquanto observava seus olhos castanhos derreterem de emoção.

Ele incentivou a emoção nela desde o primeiro dia, a partir da primeira coceira que sentiu sob sua língua. Ele brincou, flertou.

— Me beije, Creed. — Ela sussurrou o apelo que não podia satisfazer. — Como fez antes.

Sua cabeça abaixou. Um pouco. Deus o ajudasse, que fosse capaz de parar quando precisasse.

Quando seus lábios fechados passaram suaves da testa para sua têmpora, ele deixou as mãos correrem até seus quadris, empurrando o suéter para encontrar seus seios.

Os globos lisos, firmes encaixaram em suas mãos enquanto os apertados mamilos duros encontravam os dedos. Poderia sobreviver sem seu beijo, disse a si mesmo. Poderia sobreviver sem ejacular dentro dela. Não iria matá-lo. Inferno, outras Castas ficaram sem seus companheiros por anos antes, e sobreviveram.

Ele sobreviveria também.

Mas, primeiro, teria que distraí-la. Teria que dar-lhe tanto prazer que não saberia que o beijo não estava lá.

Curvando-se, colocou os braços atrás dos joelhos e costas, levantando-a contra seu peito enquanto a levava rapidamente ao quarto que encontrou antes.

A cama já estava arrumada. Ela fez alguém saber que estava vindo, pois a despensa, assim como a geladeira e banheiro estavam estocados com novos itens. Nada fora usado antes.

Deitado na cama dela, Creed se moveu para os pés e com cuidado tirou o tênis, então as meias de algodão. Despi-la se tornou uma das tarefas mais sensuais que já fez.

Ela se arqueou para ele puxar a calça de seu corpo. Livre dessas, ela começou a se atrapalhar com os botões de sua blusa.

Ele assistiu. Assistiu aqueles dedos graciosos abrindo cada botão quando rapidamente arrancou suas próprias roupas de seu corpo, com cuidado colocando a camisinha de lado.

Isso seria agonia. Agonia e êxtase. Estaria nas alturas do êxtase, e ainda assim nas profundezas da dor, se o que ouviu era verdade.

E ele mereceria.

E isso valeria a pena.

Valeria a pena cada segundo de agonia para sentir seu aperto rodeando seu pau.

Quando ela puxou a camisa à parte, Creed deixou de lado sua própria camisa.

Nu, tão duro que cada pulso de sangue através de seu pênis era um prazer tão intenso que era doloroso.

Sentada na cama, os cabelos caindo em torno de seu rosto em ondas loiras iluminadas pelo sol e sombreadas, parecia uma maldita sedutora assombrando suas fantasias.

Isso era exatamente o que ela era. Sua fantasia. A mulher sem nome que sonhou por anos antes que Jonas o enviasse para a fazenda Engalls.

Era sua companheira.

E estava se estendendo para ele.

 

Excitação, aquela fome, desejo insatisfeito, anseios desesperados e dores de tirar o fôlego. Era a necessidade pelo toque, o corpo tão hipersensível, cada terminação nervosa subindo em direção ao prazer que se tornou o ponto central da realidade.

Era também a necessidade de tocar, no entanto.

Se ajoelhando, ela achatou as palmas das mãos contra os músculos rígidos de seu abdômen, sentindo-o flexionar em resposta ao seu toque, aquecido, vivo. À primeira vista, a carne dura e bronzeada parecia totalmente livre de pelo. Mas sob suas mãos sensíveis, o sentiu super suave abaixo, quase uma penugem suave, quente, invisível a olho nu, mas detectável ao tato.

Descansando sobre os joelhos, o objeto de sua obsessão nos últimos 12 meses estava diante de seus olhos, completamente nu, completamente excitado, o comprimento de seu pênis duro projetando para frente, e não podia deixar de compará-lo às suas fantasias.

E as fantasias não eram nada em comparação.

Nada poderia tê-la preparado para o altamente condicionado, completamente excitado corpo de aço rígido de um macho da Casta no seu auge.

Seus dedos enroscaram contra os abdominais flexionados, as unhas raspando contra sua carne quando sentiu os músculos endurecem ainda mais sob seu toque. A cabeça de seu pau brilhou com umidade, inchada e escura com a excitação extrema.

Arrastando as unhas abaixo de seus abdominais, ela exultou com o gemido duro que encontrou a carícia, bem como o pulsar nas veias visíveis pesadas do eixo poderoso, grosso.

Quando suas mãos desceram acariciando, acariciando as coxas, os dedos dele se enterraram nos seus cabelos. Ríspidos dedos masculinos raspando seu couro cabeludo, enviando trilhas de sensibilidade requintada rasgando a espinha.

Ela precisava tocá-lo, sentir o gosto dele, experimentar todos os prazeres sensuais de estar em seus braços. Cada toque sensual, erótico, sabor e som.

Sua cabeça abaixou, seus lábios se movendo em seu peito, sua língua lambendo por cima de um mamilo masculino duro, quando ouviu vibrar o gemido sufocado no peito dele.

Parte gemido, parte rosnado, o som enrolou em seus sentidos, alimentando as sensações que cresciam dentro dela quando os dentes dela seguraram o disco e permitiu que sua língua o importunasse com pequenas lambidas agudas.

O gosto do desejo masculino e uma pitada de canela atingiu seus sentidos e queimou em suas veias. Entre suas coxas, seu clitóris latejava e doía, a necessidade do toque a montando como uma febre, então as mãos se moveram para suas pesadas, musculosas pernas.

Sentia como se estivesse ficando bêbada, embriagada na pura excitação má. A fascinação a perseguiu desde o dia que o conheceu, a fantasia fluindo através de sua mente enquanto lutava para se aliviar, enquanto a necessidade de seu toque, de seu beijo, crescia fora de controle.

E agora, ele estava aqui. Tão obviamente excitado, com as mãos em seus cabelos, as pontas dos dedos roçando o couro cabeludo dela quando começou a lamber seu caminho abaixo de seu torso.

Nunca tocou um homem como estava agora tocando Creed, com tanta liberdade. Sempre houve hesitação, um sentimento de algo não muito certo. Os dois homens com quem esteve antes, cada um foi uma decepção, a fazendo temer que nunca sentiria o prazer que poderia ter no toque de um homem.

No toque desse homem.

Nos braços de uma Casta.

Um gemido saiu da garganta.

Sua Casta. A espécie humana sempre teve fascínio por eles desde o dia em que se revelaram, e hoje, ela teria um para si mesma.

Seus lábios se moviam para baixo no abdômen, sua língua lambia, acariciava, até que chegou no comprimento brutalmente duro do seu pau pesado.

Uma mão se curvou em torno da base do mesmo, a sensação do pulso pesado embaixo enviando o sangue batendo em suas veias. Virando a cabeça para trás, ela se moveu para lamber, saborear a cabeça inchada quando se viu empurrada de volta na cama, e um segundo depois, rolava para seu estômago quando Creed veio por trás dela.

— Oh, Deus, Creed. — Ela gritou, arqueando as costas quando seu braço curvou sob seus quadris, a puxando para cima e para trás até que a deixou de joelhos.

— Fique quieta. — Pernas duras agarraram suas coxas quando o sentiu se movendo atrás dela, uma mão alisando a curva de seu traseiro. — Só assim, Kita. Tão doce e pronta para mim. Confiando em mim. Você confia em mim, querida?

Será que confiava nele?

Só com sua vida.

— Confio em você. — Ela gritou enquanto seu dedo passava entre suas coxas, apertando contra a entrada da sua vagina, passando ao interior quando a ponta calejada raspou contra terminações nervosas sensíveis.

Era uma fúria de fome. Um desejo. Uma necessidade que não sabia como suportar quando seus quadris empurraram para trás, desesperada por mais.

— Eu preciso de você. — Ela exigiu, sua voz áspera agora. — Por favor, Creed. Por favor, preciso em mim.

Ela não tinha a intenção de soar tão carente, tão dolorida. Não tinha a intenção de pedir, mas o desejo dentro dela se recusava a permanecer em silêncio. Esperou muito tempo por isso, esperou muito tempo por ele. Deus, ele tinha que doer tão profundamente por ela.

— Preciso de você mais do que você sabe, Kita. — Ele se aproximou dela, pressionando os lábios contra seu ombro, o calor dele como um fogo em suas costas enquanto sentia a largura da espessura de seu pênis deslizar ao longo das lisas dobras de sua boceta.

A carne pulsante arranhou em seu clitóris inchado, enviando fogo e gelo através de seu corpo quando o prazer explodiu na parte de trás de seu crânio e crepitou através de seu cérebro.

Com dedos trêmulos, ela empurrou a mão entre as coxas, agarrando com força seu pau duro quando o som do seu rugido áspero retumbou a sua volta.

Seus dedos acariciaram o comprimento, lubrificado pelos sucos, que saia de sua boceta.

Os músculos da sua vagina convulsionaram quando seu útero apertou. Seu pau latejava em sua mão, e a necessidade de tê-lo dentro dela era como uma febre, não podia suportar por mais tempo.

Uma parte distante de si percebeu que de alguma forma, quando fez uma pausa atrás dela, colocou uma camisinha. Por um segundo, a confusão encheu sua mente. Era tão raro uma Casta ser capaz de engravidar uma mulher. Eram geneticamente codificados contra isso. Alguns desafiavam essa regra, mas muito poucos.

Então, ele foi se movendo, movendo, se aproximando quando enfiou a cabeça grossa de sua ereção contra a entrada apertada, confortável com seu corpo.

— Eu preciso de você. — Sussurrou ela, desesperada por ele agora. — Oh, Deus, Creed, preciso de você tão desesperadamente.

— Então, me tome, Kita. — Ele gemeu, seus lábios se movendo em seu ouvido, uma lufada de ar quente acariciando sobre a orelha um segundo antes que seu rosto áspero a acariciasse. —Me tome como precisa, querida. Cada centímetro.

Cada centímetro. Cada centímetro de aço duro pulsando contra sua boceta quando começou a pressionar para trás, sentindo a cabeça lentamente dividindo a abertura sensível.

Ela estava tremendo, tremores duros correndo através de seu corpo quando sentiu o estiramento da entrada, queimando quando se apoiou em seu pênis. Sua cabeça caiu para a cama, pressionando os travesseiros, os dedos apertando os cobertores sob ela quando empurrou para trás. Cada centímetro grosso, latejando dentro dela a fez se sentir tomada, quase ao ponto do esmagamento, prazer e dor combinando até que estava choramingando, gritos sufocados deixando os lábios quando começou a enchê-la.

— Kita. — O sussurro rosnado em seu ouvido a empurrou, o prazer cravando através de seu corpo quando o esticou, queimando a cada toque de seu peito contra suas costas, agarrando suas coxas, puxando seu pênis dentro dela. — Leve-me querida. Tudo de mim. Empurre para trás, amor. Se encha de mim.

Seus dentes cerraram quando seus quadris empurraram para trás, o enterrando mais fundo dentro dela com um golpe lancinante.

Ofegante, clamando pelas sensações em seu corpo que lutava para aceitar a ereção pressionando duro dentro dela, Kita lutava para apenas respirar. Para dar sentido ao aperto, às sensações intensas e marcantes de sua boceta para seu ventre só para ecoar com as erupções de êxtase em todo o resto do seu corpo.

— Mais. — Ela ofegou, lutando para voltar lenta e cuidadosamente. — Creed, por favor...

— Tome mais de mim, querida. — Parecia que estava forçando as palavras entre os dentes, e ela sentiu o calor do seu suor numa queda aquecida ao longo de seu ombro. — Pegue o que quiser, Kita. É tudo seu, querida. Tanto quanto quiser.

Ela queria tudo. Queria queimar por dentro e por fora. Queria ser tomada por ele, possuída, e voar através do arrebatamento quando o prazer crescente e agonizante dentro dela fosse liberado.

Queria ver o sol, as chamas que podia sentir lambendo sua carne.

E queria seu beijo. Quase podia sentir seu sabor. Canela e a fermentação malvada de uma tempestade infundida com o oceano. Puro macho. Forjando puro calor de ferro através dela.

— Creed. — Ela gemeu o nome dele quando a testa encostou-se ao travesseiro antes do pescoço arquear, puxando-o novamente para descansar em seu ombro enquanto se preparava atrás dela. — Foda-me. Por favor, não posso fazer isso sozinha. — Ela estava a ponto de chorar agora, a fome a rasgando, crescendo através dela até que não podia lutar contra isso. — Leve-me, Creed. Faça-me pertencer a você.

Como se esse pedido fosse tudo que precisava, um grunhido selvagem soou atrás dela quando ele recuou, levantando-se de joelhos, as mãos segurando os quadris dela, e ele avançou gradualmente, mas de forma constante dentro dela até o fim, enterrando o comprimento de seu pau e muito mais. Ela puxou pela entrada dura e tremeu, tremeu quando seus sentidos ameaçaram detonar no extremo das sensações.

Não houve maneira de processá-lo. Não houve como se acostumar com a sensação dele totalmente dentro dela antes que começasse a se mover. Puxando para trás, a ponta queimando ao raspar, arranhando mais terminações nervosas expostas antes que de repente fosse mais a frente uma vez e a deixasse cambaleando com as explosões de êxtase preliminar da liberação.

Exceto, que a liberação não veio.

Um grito rasgou a partir de sua garganta quando puxou de volta, um segundo depois empurrou para frente, a fodendo com um ritmo que não conseguia resistir e não tinha intenção de lutar. Só podia aceitar. Apenas se segurar para o passeio que sentia nos últimos fios da realidade dissolvendo sob o prazer rasgando por ela.

O som de suas coxas batendo contra as dela, a sensação de seu suor nas costas, o som de seus rugidos no ar, e a sensação do comprimento de aço do seu pau a tomando, possuindo. Oh, Deus, ele era dono dela.

Ele a deixou fora de si com o prazer e a excruciante agonia deliciosa. Misturando sensações através de seu corpo, forçando-as a derreter juntamente como seu pau encapsulado dentro dela, uma e outra vez. Ele acariciou, acariciou as terminações escondidas que ela nem sabia que seu corpo possuía, e a deixou gritando, pedindo liberação.

Cada golpe conduzia a outro prazer doloroso, mais um passo para as chamas brilhantes que podia sentir ameaçando alcançá-la.

Ele foi a empurrando para um plano que nunca conheceu. Um mundo onde nada existia, só a sensação, mas a sensação de sua dura ereção, fodendo dentro dela. Não havia nada, só sensação sobre sensação, o clitóris inchando a um ponto de desespero, seus mamilos queimando quando roçavam o lençol, a boceta em chamas com prazer.

Ela montava uma altura que jamais soube existir, e atrás dela, podia sentir Creed tenso, sentindo as sensações de aperto brutal através dela, apertando seu ventre, sua boceta o segurando mais apertado, ordenhando o pênis, lutando para mantê-lo dentro ela, para atingir esse golpe final que iria jogá-la de cabeça num abismo de arrebatamento total.

Estava lá.

Tão perto.

Estava queimando em torno dela, preenchendo seus sentidos, puxando-a mais perto. Ele a fodeu mais duro, mais rápido, apertando as mãos na sua cintura, até que finalmente, com um grito de medo, de repente, no êxtase, sentiu que a possuía.

Brutais explosões e abrasadoras erupcionaram através de seu corpo. Kita se sentiu empurrando embaixo dele, ouviu seu grito estrangulado quando as unhas arranharam os cobertores sob ela.

Sua boceta pulsava, apertada, estremecendo com a reviravolta súbita a rasgando. Ouviu-o dar um rugido, desesperado animalesco antes de enterrar seu pau profundo e duro dentro dela quando a chama final de êxtase atravessou sua mente.

Ela estava consciente apenas do prazer agudo, consumindo tudo e dos braços de Creed em volta dela. Não sabia de nada, só do calor brutal, envolvente que irradiava numa conflagração de explosões crescentes que finalmente a deixaram tremendo, instável em seus braços enquanto os dois desabavam na cama.

Foi cansativo.

Estava drenada ao ponto de se perguntar se teria força ou vontade de se afastar dele. Estava ligada a ele, ainda mais do que percebeu que já estava.

Era a razão por ter corrido.

Este foi o motivo que a fez tão desesperada, fugindo para escapar da casa de seu pai.

Não apenas porque seu pai a havia traído.

Não só porque não sabia se podia confiar nele por mais tempo.

Porque não sabia se podia confiar em si mesma. Se podia deixar de implorar, como acabou implorando por isso.

Para Creed Raines rasgar através de seus sentidos, queimar além de suas reservas, e roubar o coração, que ela sabia, naquele instante, tinha guardado para ele.

 

Creed estava no inferno. Agonia. Seu pênis estava tão danado de duro que parecia querer dividir ao meio. Suas bolas estavam esticadas sob o comprimento pesado de seu eixo, e jurava que seu sangue estava fervendo enquanto bombeava através de seu corpo.

Sua liberação o deixou seco no início, balançando através de seu corpo e enchendo a camisinha. A falta da sensação contra a parte inferior, onde a lingueta de acoplamento devia ter emergido impediu a liberação final do disparo, no entanto.

Sabia o básico do calor de acasalamento. A ele e vários outros Executores encobertos foram dadas apenas informações superficiais, um pouco antes de deixar o Santuário um ano antes.

Sabia, porém, instintivamente, do calor de acasalamento; todas as Castas sabiam. Era o cheiro dos Companheiros partilhado, o sentimento de união que tinha um perfume próprio. E o amor.

O animal dentro de Creed havia reconhecido, e uma parte dele ansiava por isso desde o primeiro dia que percebeu, logo depois que chegou ao Santuário.

Os laboratórios em que esteve não eram tão monstruosos como a maioria. Uma vez que os resgates começaram, os cientistas, soldados e treinadores de lá trabalharam com as Castas para sua libertação em segurança e transporte para o Santuário.

Nem todos os laboratórios envolvidos com o Conselho de Genética tinham subscrito seus métodos de crueldade.

Estando na cama com sua própria Companheira, Creed entendeu por que as Castas acasaladas falavam como sendo algo que não podia ser negado.

O impulso de marcá-la, morder sua pele delicada pouco acima do ombro e permitir que o hormônio de acasalamento entrasse em seu sistema, a necessidade de beijá-la, se derramar dentro dela, tudo fazia parte da ligação e tudo fazia parte do esmagador calor rasgando através de seus sentidos agora.

A agonia não era nada comparado à sensação de satisfação e realização, entretanto, quando sentou, completamente vestido, no quintal protegido da casa que Kita possuía, segurando-a contra ele.

A espreguiçadeira superlarga era densamente forrada e bastante larga para permitir tanto seu corpo muito maior como a mulher estendida entre suas coxas, as costas contra seu peito, as ondas longas do seu cabelo loiro escuro brilhando em cascata sobre seu braço.

Estavam lá por horas, simplesmente olhando o nascer do sol até que agora começava a aquecer as montanhas que os rodeavam e espreitando suas trilhas de luz dourada para a gruta sombreada que ela criou num convés traseiro.

— Quando comprou a casa? — Ele perguntou quando ela se aconchegou mais perto, a colcha que ele enrolou ao redor deixando um ombro nu, antes que ele a enfiasse de volta.

Ela estava agradável e acolhedora, satisfeita e lânguida enquanto estava contra ele.

— Há alguns anos atrás. — Ela suspirou. — Levou uma eternidade descobrir como ocultar a compra. Meu nome não está associado a ela em qualquer outro lugar que um papel assinado entre mim e um advogado em Charleston. Isso pareceu a maneira mais simples.

— Por que você precisava dela?

Ela estava certa. Apesar da investigação completa que as Castas fizeram sobre ela, esta propriedade não veio à luz. Verificaram cada amigo da escola, e até mesmo inimigos que tinha, meteram-se em cada canto e recanto de sua vida para encontrar o menor detalhe sobre ela. E ainda assim, este escapou.

— Eu não sei por que era tão importante na época. — A nota de perplexidade em sua voz não pode ser escondida, nem podia o fato que agora se perguntava se ela de algum modo pressentia o que estava por vir.

O fato era, Creed sentia que Kita sabia há anos que seu pai estava envolvido em algo que não deveria estar. Provavelmente, desde a primeira versão das notícias que as Castas existiam, Kita pegou a subversão de seu pai.

Era uma coisinha intuitiva, não havia dúvida. Imaginou que uma vez que chegasse a conhecê-lo bem, haveria muito pouco que pudesse omitir sem ela sentir.

— Conte-me sobre você em vez disso. — Ela exigiu suavemente. — Só falamos de mim nos últimos quatro dias. Quero saber mais sobre você.

— Como o quê? — Ele olhou para o quintal cercado desejando que pudesse afastar qualquer dúvida sobre si mesmo. Não mentiria para ela, mas sabia que, às vezes, a verdade era complicada.

— Como é o Santuário? — Ela inclinou a cabeça para trás contra seu braço quando se moveu para olhar para ele. — Li que é como um acampamento armado, e relatam que é uma grande orgia. — Ela deu uma risada leve. — Beth está certa que é uma orgia. Apesar de que, se não for, apenas perdeu a aposta com Stacey.

Stacey era uma das amigas que iam à dela casa muitas vezes. A ruiva cospe-fogo com mais coragem que bom senso, às vezes. Beth, por outro lado, normalmente era prática, embora descontraída.

— E o que Stacey diz? — Perguntou ele.

A diversão lentamente filtrou em seus olhos.

— Um campo de guerra. — Disse ela tristemente. — Um lugar cheio de tensão e prontos para o combate a todo momento.

Era interessante ouvir que as duas haviam apostado em extremos opostos do espectro de seu caráter.

— Então, perderam. — Deu um sorriso, esperando conforto do sofrimento que viu em seu olhar. Era uma das coisas que amava nela, percebeu. Sua compaixão. A compaixão que nem seu pai nem seu tio possuíam. — O Santuário está sempre preparado, é certo. Temos equipes de Executores que estão constantemente em guarda, mas, na maioria das vezes, é mais como uma grande comunidade.

— Até que seja atacada. — Ela adivinhou.

Creed deu um aceno curto.

— Até que seja atacada. Mas somos treinados para isto, Kita. Sabemos como reagir, e sabemos como revidar.

— E aqueles que trouxeram que não sabem lutar? — Perguntou delicadamente. — Suas esposas? O que fazem, Creed?

Será que queria ser uma mulher da Casta? Houve um clarão de esperança e preocupação em seu olhar, como se tivesse dado a questão muitos pensamentos, mas precisava de mais informações detalhadas.

— Estão protegidas. — Prometeu a ela. — Cada Casta no Santuário, seja macho ou fêmea, Felino, Lobo ou Coiote, dedica sua vida a proteger esposas e filhos se um ataque for lançado. — Ele ergueu a mão e emoldurou seu rosto, seu polegar acariciando o lábio inferior. — O amor é algo que nunca arriscamos a perder, Kita. Mesmo aqueles que ainda não sentiram o fogo da emoção esperam há muito tempo por isso. Dariam suas vidas para garantir que um Companheiro de Casta esteja completamente protegido.

— Um companheiro. — Sussurrou ela. — O que é preciso, Creed, para ser companheira de uma Casta?

Falou contra seu polegar, seus olhos castanhos escuros ficando sensuais, sonolento quando o corpo dela suavizou ainda mais contra ele.

— Amor. Isso é tudo que precisa, Kita. A única diferença é que o amor das Castas é único, para sempre. Assim como nossos primos genéticos. — Ele estava morrendo de vontade de beijá-la. O hormônio enchia sua boca como um afrodisíaco particularmente picante, exigindo que ele compartilhasse. Até que ele a beijasse, até que forçasse o hormônio em seu sistema, só faria piorar.

Deus, se ficasse pior, não sabia se poderia suportar. Era uma agonia agora. Como uma chama ardente brutal nos seus quadris, ameaçando seu autocontrole.

E não era que não a tivesse. Passaram os últimos dois dias fodendo como martas. Ela estava esgotada, quando a levou para a varanda depois de fazer o café descafeinado, e agradeceu a Deus que ela bebeu. A bebida com cafeína era um acelerador para o aquecimento de acasalamento em machos e fêmeas. Não achava que podia suportar ter nada para intensificá-lo. Ela não estaria seguro com ele se ficasse pior.

— Só amor. — Sua cabeça virou, pressionando os lábios na carne nua que a parte de sua camisa desabotoada revelava. — E se seu Companheiro não ama para toda a vida, Creed? Se são humanos? Alguns humanos são muito volúveis, sabe.

Seus lábios se curvaram com o lembrete. Ah, sim, humanos poderiam ser inconstantes, como as Castas podiam, em alguns casos. Não eram tão diferentes.

Mas a questão levantada era condenadamente complicada para ele.

— Não tem sido um problema, no entanto. — Foi a única resposta que pode dar a ela.

E, aparentemente, era a resposta errada. A suspeita escureceu seus olhos.

— Há alguma verdade nas histórias dos tabloides sobre um hormônio de acasalamento? — Não havia medo em seu olhar, apenas curiosidade, desconfiança.

— Você sabe como os tabloides são, Kita. — Ele tentou ridicularizar, mas não foi adiante.

Creed se recusava a mentir para sua Companheira.

Como Executor encoberto, era usado para mentir. Tinha que mentir para manter a fachada necessária para o trabalho. Às vezes, até mesmo seu nome era alterado, a cor de seus olhos, sua cor de cabelo. Às vezes, se perguntava se ainda sabia quem era. Mas isso foi antes que entrasse na vida de Kita.

— Eu sei como é. — Ela admitiu em voz baixa. — E eu te conheço. Você está evitando minha pergunta, Creed. O que não está me dizendo?

Ele quase sorriu. Como disse antes, era condenadamente intuitiva. E parecia ter prestado mais atenção nele durante o ano passado do que teria talvez desejado.

— Há diferenças com as Castas. — Ele admitiu finalmente. — Coisas que eu prefiro que nós discutamos mais tarde.

Sentiu-a tensa. Um ar de mágoa desceu ao seu redor quando seu olhar ficou ferido.

— Mais tarde, ao contrário de agora, de que maneira? — Ela estava se afastando dele e não podia suportar isso.

O animal dentro dele estava rosnando em fúria. Em primeiro lugar, ele recusou o beijo de acasalamento mais de uma vez, então embainhou seu pau e impediu seu corpo de travar dentro dela.

Estava desafiando todos os instintos naturais que a espécie vivia e respirava. Acasalamento. A ligação de sua vida com outro, o presente que viria a ele uma única vez, na medida que as Castas sabiam. E agora, estava permitindo que ela se distanciasse, se afastasse.

Seus braços se apertaram ao seu redor involuntariamente, uma parte de sua mente, seus sentidos Casta, recusando-se a libertá-la, apesar do fato que sabia que era melhor para ambos.

Ela olhou para ele por longos momentos, seu olhar uma acusação silenciosa.

— Isso é porque você não me beijou novamente. — Ela finalmente declarou conscientemente. — Porque existe, e por qualquer motivo você decidiu que não sou boa o suficiente para qualquer que seja seu Acasalamento, não é?

Seus olhos se arregalaram.

— Você perdeu a porra da cabeça? — Irritado e cheio de surpresa frustrada, a pergunta conseguiu passar pelos lábios.

— Eu? — Seus olhos se estreitaram de volta, pesados, os cílios espessos sombreando suas bochechas quando a ira marrom faiscou de volta para ele. — Você acha que sou tão fácil de manipular e controlar que não perceberia que não me beijou de novo? Isso apesar do fato que a concepção ocorre apenas com Companheiros, você ainda usa preservativo. Não há DSTs que possa me passar, porque Castas não são suscetíveis a doenças humanas normais e vírus. Você pega um fodido resfriado? — Sua voz subiu ligeiramente.

Estava com raiva. Podia senti-la dentro dela, vê-la na faísca nos olhos dela.

— Não, nós não pegamos. — Sua cabeça abaixou até que estivessem olhando um para o outro, o nariz quase até o nariz agora num confronto que não esperava. — Nem resfriados, nem doenças sexualmente transmissíveis, porra de gripe nenhuma. Mais alguma coisa?

— Muitas. — Ela retrucou. — Mas, de repente está se recusando a responder questões importantes, então só estou perdendo meu tempo. — Seu nariz levantou, como se estivesse ofendida com algum cheiro. — E realmente tenho essa coisa sobre perder meu tempo.

Moveu-se para levantar, deixar seus braços, negar seu calor, conforto, quando o calor do acasalamento era como uma ferida mortal o destruindo de dentro para fora.

— Então pode desperdiçar um pouco mais dele. — Envolveu um braço ao redor dela, levantou, virou, virou a alavanca que baixava completamente a espreguiçadeira acolchoada antes de prendê-la sob seu corpo muito maior.

O frio ar girava em torno deles enquanto suas mãos agarraram seus pulsos e os puxavam acima de sua cabeça para apertá-los com os dedos de uma mão.

Lutando contra ele, ela olhou de volta para ele, a frustração agora raiva quando tentou dirigir seu joelho entre suas coxas, apenas para que ele a torcesse e suavemente manobrasse suas coxas mais pesadas entre as dela, abrindo-a quando rosnou para ela num aviso.

Era uma medida primitiva, desesperada que deslizava sem seu controle. O homem e o animal preso dentro dele guerreavam, selvagens em sua determinação de proteger sua companheira pelo caminho. Reclamá-la como cada um achava que deveria ser reivindicada.

Era a maldição de qualquer Casta. Essas duas metades de repente em conflito, lutando pela supremacia.

Ao invés de recuar em cautela, porém, Kita pinoteou contra ele.

— Eu não posso acreditar que você se atreveu a rosnar para mim assim. — Ela se enfureceu, suas feições ruborizando, o corpo enrijecendo, e uma pitada de arrogância feminina definindo sua expressão. — Não sou uma das suas pequenas fãs das Castas para ter medo dos seus condenados dentes, Creed Raines. Encontre alguém para intimidar, porque não vai longe na tentativa de me intimidar.

Seu pênis estava pegando fogo. Ele endureceu ainda mais, um feito que considerava impossível. E engrossou ainda mais, suas bolas mais apertadas, um lance de pura agonia rasgando sua mente em sua necessidade de acasalar. Marcar o que era seu. A reclamar.

— Você pequena petulante teimosa. — Ele rosnou para ela enquanto ela resistia contra ele, os macios cachos molhados de sua boceta pressionando seu pênis enquanto seus quadris desciam para mantê-la no lugar. — Fique parada antes que consiga mais do que acha que está pedindo.

— O quê? Tudo do você? — De repente, ela gritou. — Foda-se, Creed. Você pode ter tudo de mim, mas tudo que dá em troca é o que acha que eu mereço? O pouco que pretende me permitir? Pode ir para o inferno, porque vou ser amaldiçoada se aceitar menos do que aquilo que me pertence.

Ele se acalmou. Seus músculos travaram no lugar, a segurando sob ele sem esforço com a surpresa – porra nenhuma, era puro choque que o fez encará-la atentamente.

— Eu tenho toda você, Kita? — Ele rosnou de volta para ela, sabendo que devia tomar cuidado com o tom subitamente primitivo em sua voz. — Porque exigirá sua própria alma, Kita, aceitar o animal que está tentando.

Ela bufou, repreensão brilhando em seus olhos.

— Está ouvindo muito a imprensa Casta, Creed. Você é um homem. Um homem com algumas qualidades acrescentadas e um inferno de muito mais arrogância primitiva, mas ainda sangra. Ainda sente dor e esperança. — Lágrimas de repente encheram seus olhos. — Você ainda pode amar, não pode?

E lá estava o centro dos medos de Kita. Olhando fixamente para ela, Creed a sentiu perfumada, sentiu todas as emoções rasgando nela pela primeira vez. Como se estivesse, finalmente, permitido que uma barreira de algum tipo entre ela e o mundo, entre ela e Creed deslizasse aberta.

Kita o amava.

Adorava o pai, e não era o herói como queria vê-lo. Mas ainda assim, o amava, apesar de que Creed sabia que às vezes ela se perguntava se seu pai retornava seu amor.

Amava a irmã, que renegou sua família. Adorava a mãe que perdeu e os amigos que a abandonaram quando a imprensa revelou a duplicidade de seu pai contra as Castas.

E sabia agora, ela o amava.

— Eu te amo, Kita. — E a estava condenando na mesma frase. Porque não podia dizer o que sua alma mantinha, sem dar a ela a verdade, toda a verdade, e a criatura que realmente era.

Parte homem, parte animal primitivo, uma criatura que queimava por ela, que doía claramente em seu espírito para lhe dar o acasalamento que sempre a marcaria como sua.

Sua.

Ela pertencia a ele, como ele pertencia a ela.

A natureza o presenteou com uma força muito maior que o soberbo corpo macho, que foi criado para ter. Tinha dado mais que os instintos avançados que o homem codificou em sua genética. Deu a ele a mulher que iria atiçar o fogo para lutar, para proteger. Uma mulher que aliviaria os horrores da batalha, que aliviaria o desespero quando a escuridão crescesse.

No entanto, ao mesmo tempo, estava dando a ele sua maior fraqueza também. Uma fraqueza que o tiraria dos trabalhos secretos para ficar ao seu lado. Uma fraqueza que o faria ter medo pela primeira vez em sua vida. Creed tinha algo muito mais importante que o medo da morte. Agora, o medo da morte seria um escasso segundo do medo de perdê-la.

Castas não tinham só um Companheiro para a vida. Acasalavam para a vida. Se a perdesse, se ela o perdesse, a vida se tornaria uma existência horrível, triste, o que nunca queria encarar.

— Você me ama, Creed? — Uma pequena lágrima escorregou pelo canto do olho. — Se me ama, então não vai se esconder de mim. Vai me dar quem é, o mesmo que dou para você. Isso não é amor verdadeiro? Você não pode me amar se está disposto a tirar de mim as partes de você que o fazem uma Casta.

Ele engoliu com força.

— E se essas partes te mudarem de alguma forma? — Ele sussurrou, seus dentes apertando pela demanda para beijá-la, para acasalar, rasgando em seus sentidos, rasgando o controle que estava lutando desesperadamente para manter. — Se tenho medo que essas mudanças transformem esse amor em ódio?

Ela lambeu os lábios. Macia, sedosa, uma tentação rosa que estava morrendo para provar, sua língua lambeu sobre os lábios.

— O amor não é assim. — Ela sussurrou asperamente, o movimento dos quadris, de repente muito mais que uma tentativa de fuga. — Se até mesmo uma parte das histórias de tabloides são verdadeiras, Creed, então me parece que você só me completa. — Por um segundo, seus olhos brilharam com a dor sombreada. — Você tem tudo de mim agora. Eu não deveria ter o mesmo de você?

Completar a ela? Lembrou-se de logo quando chegou à propriedade Engalls, ouvi-la confidenciar a sua amiga Beth que se sentia incompleta. Que se sentia como se uma parte dela faltasse, distante, incapaz de chegar e encontrar o que podia sentir falta.

Sabia que ela era sua Companheira. Sabia que era sua vida. Mas também sabia de seu medo de transformar esse amor em ódio.

Deus sabia, ela era a parte da sua vida que estava desaparecida até o dia que olhou para as profundezas puras, chocolate, doce de seu olhar. A partir desse momento, todo o seu ser se concentrou em atraí-la, a fascinar, provocando-a, incentivando as respostas emocionais e sensuais na falta de realmente se permitir tocá-la.

Porque sabia que uma vez que a tocasse, seria um inferno.

E ele estava no inferno.

— Beije-me, Creed. — Ela se esforçou contra ele, tentando-o, o destruindo. — A menos que realmente não me queira? — Por um segundo, o medo cintilou no olhar dela.

— Não te quero? — Ele gemeu. — Kita. Deus. Doçura. No último ano, vivi para você.

 

O beijo, quando chegou, não acreditava que seria tão bom quanto o primeiro. Certamente não poderia ser tão bom quanto se lembrava do primeiro.

Mas foi melhor.

Se possível, mais quente, mais selvagem, mais tudo-consumindo do que qualquer beijo antes dele, mesmo que o primeiro beijo que ele lhe dera quatro dias antes.

Seus lábios se separaram dela, acariciando sua língua dentro, lambendo a dela, tentando lamber atrás, para jogar, para brincar numa dança sensual e perversa com lábios e línguas combinados de uma forma muito mais perversamente erótica que já esperou que um beijo pudesse ser. Tão erótico que seriamente deveria ser ilegal.

Creed não apenas a beijou. Ele fez amor com sua boca.

Os lábios dele capturaram os dela, tomando-os com prazer, lambendo os beijos que se espalhavam como um incêndio através de seus sentidos, ela não conseguia se controlar – não queria se controlar.

Ele segurou os pulsos dela facilmente acima de sua cabeça, prendendo-a gentilmente, com a mão livre agarrou seus quadris, segurando-a com seus próprios quadris acomodados no feixe de nervos sensíveis entre suas coxas. Enganchando seu corpo com os joelhos, se arqueando para ele, levantando-se contra ele, Kita sentiu a mesma conflagração brilhante explodindo através dela.

Canela e especiaria doce encheram seu paladar. O perfume, o sabor infundiu seus sentidos, dando uma sensualidade adicional à carícia.

Nua sob ele, vulnerável e dolorida, Kita não conhecia o medo de um momento em seus braços. Cada toque foi entregue para seu único prazer. Agraciada com o maior cuidado quando o material fino de sua camisa raspou os botões apertados de seus mamilos.

Ela queria. Queria a ele como nunca quis nada em sua vida. O desespero que atravessava seu corpo era primitivo, instintivo. Era como uma fome que não podia parar de lavrar através de seu corpo.

Quando os lábios dela se retiraram, Kita teve que admitir que bem entendia por que ele tentou avisá-la que podia ser algo que ela não queria.

Podia sentir um calor quase sobrenatural subindo dentro dela, uma demanda furiosa ressoando por todo seu corpo, chorando por mais, por mais que seu beijo, mais que a sensação do seu pênis coberto pelo jeans contra sua boceta. Ela queria tudo dele. Sua posse plena. Essa plenitude, cega e avassaladora que rasgava seu passado da realidade e a jogava num mundo brilhante de libertação e satisfação.

O calor, a demanda, a necessidade, estavam amplificados. Não era artificial. Era mais acentuada, as sensações mais claras, mais limpas. Foi como se um véu fosse arrancado, nenhum medo, incerteza ou hesitação natural lavando os sentidos quando a pura fome superou isso.

Esse era o calor de acasalamento.

Um sentimento de admiração cresceu dentro dela quando seus lábios se afastaram e viajaram ao longo da mandíbula dele, deixando o gosto dele contra sua língua, a tentando.

Mas foi apenas alguns segundos depois que ele retornou.

Os cílios vagaram quando ele parou em cima dela, sua respiração dura, rápida. Os escuros olhos cinzentos estavam quase negros, os lábios inchados, as faces coradas como um tijolo vermelho escuro quando o olhar centrou em seus lábios.

Ela os lambeu devagar, provocando.

— Deixe-me provar mais uma vez, Creed. — Ela se esforçou contra o aperto que tinha sobre ela. — Beije-me novamente. Sabe que eu sonhei com seu beijo?

— O beijo perfeito. — respondeu ele.

Seus olhos se arregalaram, separando os lábios para arrastar mais ar, para aliviar a restrição súbita no peito, a emoção, a batida de excitação através de seu coração.

O beijo perfeito.

Isso era o que ela procurava. Aquele beijo que alimentava o desejo, a excitação. Isso podia amenizar ou queimar. Isso podia trazer facilidade ou fome.

— O beijo de Creed. — Seus lábios tremeram, a emoção quase esmagadora. — Mais um.

Ele balançou a cabeça lentamente.

— Não um mais, Kita. Uma vida mais.

Desta vez, quando seus lábios se moveram sobre os dela, separando, sua língua acariciando por dentro, Kita tomou o que quis. Seu gosto. O prazer a ser encontrado, o calor e a marca do leão, que acreditava poder ser mais que um rumor.

Seus dentes beliscaram sua língua, sua língua acariciou sobre a dele. Ela sugou cada penetração da boca, se glorificando com o rosnado que retumbava em seu peito cada vez que o gosto dele se intensificava contra sua língua.

Seu beijo não foi tudo que usou para destruir seus sentidos, no entanto.

Enquanto uma mão segurava as dela acima da cabeça, a outra acariciava seu corpo. Acariciando seu lado, apertando seu seio, seus dedos brincando com um bico quando ela se arqueou mais perto e se esforçou para manter o contato com os lábios.

Com o beijo perfeito.

Seus gemidos enchiam o ar, girando em torno de seus sentidos, enquanto as chamas lambiam o corpo aquecido de Kita.

Era lindo. Era como estar imersa num mundo de pura sensualidade e prazer quente. Chicoteando por suas veias, apertando através de seu corpo, apertando seus quadris com os joelhos enquanto seu corpo se retorcia contra ele.

O comprimento aquecido de seu pênis pulsava sob o jeans, pressionando em seu clitóris enquanto esfregava contra ela, tentando-a, à beira de implorar pelo alívio que estava ficando desesperada para ter.

Ele arrancou os lábios dos dela, ofegante, o suor pontilhando sua testa, um riacho correndo de seu ombro enquanto ela levantava a cabeça para pegá-lo com a língua.

O sabor da excitação masculina e a fome aquecida explodiu em sua boca. Ela gemeu, as pálpebras quase muito pesadas para ficar abertas enquanto seu corpo vibrava com um desespero que não conseguia controlar.

— Eu quero tocar em você. — Ela gemeu quando os dedos em forma de concha no seio o ergueu, e sua cabeça desceu para a ponta dura do seu mamilo.

Sua língua encontrou o apertado, duro broto. Como um choque elétrico de sensação pura passou sobre ela, quando se arqueou num empurrão rápido, reflexivo.

— Creed. Chupe. — Ela exigiu, de repente, tanta fome pela sensação da boca a cobrindo que não podia suportar. — Creed, oh, Deus. Preciso de sua boca...

Um grito rasgou dos seus lábios quando a boca a rodeou. Muito quente, perversa. Ele chupou o feixe de terminações nervosas em sua boca, puxando, tanto seu rosto como seus cílios se levantaram para olhar para ela.

Sua língua açoitou a ponta sensível, apertando os dentes. Ele importunou o ponto minúsculo, chupou, amou-a até que ela se arqueasse e implorasse, clamando por mais quando ele rosnou acima dela.

Ele se moveu para o outro, ainda segurando seus pulsos acima de sua cabeça enquanto cobria o monte com a mão livre e inclinava a cabeça para ele. Lambeu ao redor da ponta, lambeu sobre ele. Sugou para o interior, enviando golpes brutais de prazer correndo de seu mamilo para o clitóris, apertando seu ventre aquecido e fazendo a umidade derramar entre suas coxas.

Com outro rosnado duro, uma última lambida firme, a cabeça se ergueu, mais uma vez, a intenção no olhar, selvagemente predatório quando a mão livre deslizou por seu estômago.

— Posso sentir seu suco doce. — Murmurou enquanto seus dedos passavam sobre a carne macia de sua barriga. — Quero lamber sua boceta, querida. Vou te comer até que tudo que possa fazer é gozar para mim. Até que cada impulso da minha língua em sua boceta apertada a faça gritar, Kita. Implorando por mais.

Ela estava tremendo, olhando com fascínio quando ele começou a lamber um caminho de fogo pelo corpo dela, soltando seus pulsos, embora ela mal percebesse isso, abrindo bastante suas coxas e, finalmente, ajoelhando sobre o deck de madeira sob a borda da espreguiçadeira.

Os dedos de uma mão alisaram através das dobras lisas quando Kita choramingou em crescente excitação.

— Sonhei em degustar você. Em beijar você aqui. De sentir sua boceta apertada ondulando em minha língua, seu clitóris inchando contra ela. É isso que vou ter, Kita. Vou sentir sua boceta gozando em minha língua.

As palmas das mãos espalmadas sobre as coxas, pressionando-as mais longe quando a cabeça abaixou, seu hálito quente acariciando a carne íntima um segundo antes que sua língua varresse através da fenda saturada.

Kita tinha que olhar. Não podia deixar de olhar. Ver como devorava sua boceta, lambia perto do clitóris, em seguida, lentamente, tão lentamente, chupando o inchado nó torturado em sua boca.

Kita tentou gritar. A parte superior do corpo saltou, quase saindo da espreguiçadeira antes que sua palma pressionasse contra seu estômago e empurrasse de volta à almofada grossa. Seus quadris arquearam, deslizando seus pés para a borda da espreguiçadeira e levantando mais, empurrando o clitóris ainda mais contra ele.

Sua língua circundou o botão inchado com lambidelas bruxuleantes que fizeram relâmpagos de êxtase quase explodir dentro dela. Seus dedos separaram as dobras, dois escorregando dentro dela esfregando, acariciando em pequenos golpes até que estavam enterrados dentro e ela jurava que estava morrendo de prazer.

Suas mãos agarraram a almofada da cadeira acima dela. Seus olhos fechados, pesados demais para ficar abertos, mas as sensações muito nítidas, mais quentes pela falta de visão.

Seus dedos esticaram os tecidos supersensíveis de sua boceta. Ele empurrou dentro dela, puxando para trás e empurrando para dentro quando a fodeu em penetrações controladas, superficiais que a fizeram ofegar de prazer.

Sua língua atormentava seu clitóris. Seus lábios se fecharam em torno dela, sua boca a puxando. Podia sentir os pulsos elétricos crepitantes de sensação começando a crescer dentro dela. Como faíscas de relâmpago quebrando o céu, cada toque, cada impulso, cada lambida enviava faíscas de sensações rasgando seu corpo.

Estava tão perto. Podia sentir isso. Estava queimando, o aperto em seu ventre. Os músculos da vagina apertaram o cerco contra os dedos quando empurrou com pressão áspera. Mantinha os lábios sobre seu clitóris de forma má, ardente, puxando cada sensação em seu clitóris antes de enviá-la correndo mais quente através de todas as terminações nervosas do corpo dela.

Podia se ouvir chamando seu nome, implorando. Seus quadris levantaram e baixaram, rangendo contra os lábios dele quando sentiu o êxtase continuar a crescer dentro dela.

Nunca conheceu sensações como essa. Sempre sentiu que estavam lá. Sempre sentiu que o prazer podia ser muito mais, que o beijo perfeito, o toque perfeito a aguardavam.

Sabia que Creed estava lá, em algum lugar. O detectou. Sentiu. Sabia que a vida seria muito mais se apenas pudesse encontrá-lo.

E o encontrou. Ou será que ele a encontrou? Mas ele estava aqui, agora, sua língua açoitando os pequenos nervos de seu clitóris enquanto seus dedos perfuravam sua boceta, fodendo com tais impulsos lentos, rasos que podia sentir as sensações crescentes aumentando cada vez mais fortes.

O prazer a açoitou.

Como raios de fogo elétrico correndo através de seu clitóris, sua boceta, seus seios, apertando, espasmando através dela até que, finalmente, com um grito desesperado de descontrole, ela sentiu cada nervo do corpo se romper.

O orgasmo explodiu através de seu sistema numa corrida de êxtase tal, o prazer da alma vinculado tal, que sentiu como se uma parte de si mesma voasse livre, direto na alma de Creed.

Seus olhos se abriram, seus lábios se separaram num grito silencioso quando ele deu um gemido áspero, tirou seus dedos fora dela, e um segundo depois pressionou a ponta grossa de seu pênis contra a macia, convulsionada entrada de sua boceta e deu um duro e forte impulso.

Seus pés cavaram na madeira do convés, seus quadris arqueando da almofada para forçar a carne grossa, mais fundo, mais duro. O ímpeto adicional da sensação foi como jogar gasolina numa chama já fora de controle, explodindo na noite.

Abrindo os olhos, o olhar dela se moveu, hipnotizado, até onde ele estava trabalhando o talo rígido de seu pênis dentro de seu corpo. A carne escura, fortemente raiada e latejante, brilhava com seus sucos quando ele se recuou.

Penetrando novamente, movendo-se com o impulso de vai-e-vem, ele separou as dobras, abrindo-as, encontrando terminações que ela estava certa que não sentiu quando ele usou o preservativo.

Ele parecia mais duro, mais grosso, mais quente. Quase esmagado em seu poder e dureza, o eixo inchado forjou no interior quando ele se escarranchou na espreguiçadeira, as mãos agarrando seus quadris, as coxas sobre as dele, os quadris arqueados.

Sua vagina flexionou ainda presa nos ecos do orgasmo ao que mal tinha sobrevivido, e, entretanto, podia sentir isso crescendo de novo. Foi subindo dentro dela a cada impulso, cada ardência, se estendendo até a penetração com um golpe final e duro em que ele se enterrou até o talo.

Kita ergueu o olhar.

Estava pulsando dentro dela, tão grosso, tão pesado que se sentia sobrecarregada, excessivamente possuía. Sua carne interna flexionava e pulsava em torno do intruso, acariciando, ordenhando enquanto ela lutava para recuperar o fôlego.

— Quando isso acontecer, — Ele disse, sua voz gutural. — quando eu gozar, amor, não tenha medo. — O peito dele estava se movendo com respirações duras, o esforço para manter seu controle óbvio.

Kita balançou a cabeça. Não tinha ideia do que ele estava falando. Ela não tinha intenção de ficar assustada.

— Me fode, Creed. — Ela finalmente engasgou quando ele não se mexeu. — Não fale comigo até a morte.

Seus cílios flutuaram sobre seu olhar por um momento. Quando abriram, seus olhos tinham um olhar escuro e faminto. Como um predador com a presa, determinado agora a desfrutar de cada momento com ela.

— Foder você? — Ele recuou lento e raso quando suas costas arquearam, com as mãos empurrando a almofada acima dela para travar os pulsos, segurando seus quadris. — Oh, Kita, eu sonhei em mostrar exatamente como posso te foder.

O próximo impulso duro, cegante, estabeleceu o ritmo. Seus gritos enchiam o deck coberto e o quintal enquanto seu corpo esticava com as estocadas duras. A grossura de seu pênis sobre a carne sensível era agonia e êxtase.

Ela estava sendo lançada num mundo de sensação pura, e não havia como escapar. Podia sentir a cada minuto suas terminações quando seu pênis queimava em toda sua carne interna em golpes longos e ferozes. Deslizando dentro dela com golpes poderosos, agarrou seus quadris, a segurando no lugar, obrigando-a a suportar o prazer brutal dele.

Sua boceta o agarrou, o ordenhou. Quando cada sensação rasgou atrás da outra, ela finalmente se sentiu explodir, derretendo em torno dele quando sua boceta apertou em seu pênis deslizando e sua liberação começou a derramar em torno do comprimento pesado enroscando dentro dela, fazendo-se perguntar se nunca recuperaria sua sanidade.

Então, oh Deus. Seus olhos arregalaram quando o sentiu.

Nesse golpe final, ele se enterrou profundamente, deu um gemido áspero, e ela sentiu o comprimento de uma ereção adicional de repente saindo de seu pau, pressionando dentro dela, tremulando com pequenos golpes firmes contra aquele pacote secreto de nervos logo abaixo do clitóris.

Ela morreu em seus braços. Não houve chance do medo surgir. Não havia espaço para nada, só o arrebatamento que roubou cada partícula de sua sanidade e a deixou num arco apertado, seu corpo esticando, seu olhar fixo em seu rosto.

Suas feições eram selvagens, um esgar de êxtase de macho. Sua cabeça foi jogada para trás, o pescoço tenso, esticando seus bíceps, flexionando o abdômen espasmodicamente enquanto ela sentia cada erupção de seu sêmen explodir dentro dela. A marcando. Abrasando a delicada área sensível e a enviando para outro orgasmo, um convulsivo tremor que a apertou, deixou ofegante e trêmula, antes que caísse sobre as almofadas quando Creed tombou sobre ela.

Com pequenas batidas furiosas, seu pau continuou lançando em seu interior enquanto a extensão endurecida continuava a estimular o broto dolorido, puxando sensações, forçando pequenas explosões de prazer através dela, mesmo quando sabia que estava muito cansada para dar mais.

Até que finalmente, Creed desabou em cima dela, seu corpo suado puxando respirações ofegantes. Instável pela exaustão, ele conseguiu puxá-los para os lados enquanto permanecia travado dentro dela.

Não que ele tivesse escolha, ela percebeu distante. Estava literalmente preso dentro dela, a lingueta felina animalesca continuava a palpitar e empurrar a intervalos, puxando gritinhos de seus lábios.

Muito tempo, minutos depois, ele finalmente começou a diminuir e, finalmente, após o que pareciam eras, os pulsos abrasadores da extensão pararam, permitindo que seu corpo se instalasse numa saciedade que sabia não poder ser totalmente natural.

Fisicamente, emocionalmente, pela primeira vez em sua vida, Kita se sentia em paz.

 

Quanto tempo passou, Creed não estava certo. Sua primeira indicação de perigo, porém, foi a vibração oca do telefone por satélite que carregava no bolso da frente da calça jeans.

Ele se moveu imediatamente. Se afastando de sua companheira exausta, ele puxou sua calça jeans para os quadris e deu um empurrão rápido no fecho antes de embalar rapidamente o cobertor sobre o corpo de Kita. Seus olhos abriram surpresos.

— Creed?

Havia medo em seus olhos, ele viu. Mas depois da primeira exclamação chocada de seu nome, ela estava se mexendo. Mesmo antes que pudesse ajudá-la a sair do chaise, ela estava de pé e ao invés de perguntar, o seguiu rapidamente para a casa.

— Temos problemas. — Ele rosnou quando a puxou para o quarto. — Depressa e se vista. Jeans e tênis. — Ele estava pegando jeans, uma camiseta e um agasalho quente do armário quando ela puxou calcinha e meias de uma cômoda.

Ela não se preocupou em procurar sutiã, ele notou. Não era necessário para sobreviver.

Estava vestida quando ele acabou de localizar o pequeno saco de couro preto com armas que havia escondido no fundo de seu armário. Abrindo-a, rapidamente amarrou uma arma ao seu lado e no tornozelo, em seguida, em poucos segundos tinha o poderoso fuzil automático que carregava com ele, montado e pronto para atirar.

Quem diabos pensava que poderia se deslocar sobre ele assim? Em plena luz do dia?

Ou era um idiota ou um homem ou Casta que pensava que era melhor, mais inteligente e mais brilhante que um Executor Secreto Casta Leão.

Não havia como confundir o alarme ainda vibrando em sua cintura, porém, uma clara indicação que alguém estava entrando na parte traseira da propriedade de Kita.

Outro Executor teria reconhecido os sinais, bem como as armadilhas eletrônicas definidas e anunciado sua presença. Jonas já suspeitava que Kita era companheira de Creed, certamente seria mais esperto para tentar tal truque. Especialmente com Creed.

Depois de puxar um casaco leve de penas, Creed agarrou um extra que atirou para Kita com uma ordem para colocá-lo. Ele então atirou o pacote de couro pesado de munição sobre as costas e a alça da arma no ombro.

Tomando sua mão quando ela puxou o casaco, estava se movendo pela casa em direção a porta da frente, seus sentidos em alerta, gritando em alerta.

Atrás dele, podia sentir o medo de Kita, mas sobrepondo-se o cheiro de sua determinação e confiança.

— Quem sabia que estava aqui? — Era uma questão que deveria ter se perguntado dias atrás, caramba.

— Ninguém. Eu apenas fugi. Não contei a ninguém para onde estava indo.

Movendo-se rapidamente através da cozinha em silêncio, ele abriu a porta para a garagem e a puxou para dentro. A motocicleta era sua melhor aposta, não tão protegida como um veículo, mas...

Ele deu uma parada dura.

Estavam lá. Seus aromas neutralizados, bloqueados, expressões duras, lisos olhos cheios de perigo. E de pé atrás deles estava o fantasma da morte que assombrava as Castas desde quando podia recordar.

— Tio Phillip? — Incerteza e medo crescente enchiam a voz de Kita, enquanto olhava para a versão muito mais jovem do tio que conheceu.

Porra! Creed olhou para o homem, escondendo seu choque, avaliando quantas décadas de idade regrediram em Phillip Brandenmore. Parecia tão oportuno, tão formidável como quando tinha seus quarenta anos, o rosto mais uma vez escuro e quase bonito, olhos castanhos livres da penumbra que a idade trouxe.

Seu cabelo era castanho escuro, mais uma vez espesso e esportivo, apenas um pouco de cinza nas têmporas, enquanto seus ombros eram largos, o peito musculoso. Como se seu corpo não houvesse esquecido sua antiga forma, força e poder, e facilmente o devolvesse a ele.

Kita moveu-se para escapar ao seu lado antes que Creed apertasse os dedos em seu pulso em alerta.

Ela o acalmou rapidamente.

Podia sentir o cheiro de seu medo, porém, bem como sua incerteza.

Phillip Brandenmore sorriu. Perfeitos dentes brancos substituíam os idosos, os escuros que Creed se lembrava de sua última visita ao Santuário, logo após Brandenmore ter sido capturado.

O choque que Kita estava sentindo perfumou o ar, então Creed manteve um olhar atento sobre os homens acompanhando Brandenmore e as armas apontadas para Kita e si mesmo. Ele prestou especial atenção na mulher ao seu lado direito, sabendo que se a matasse, haveria um inferno.

— Creed Raines, Executor Leão da Casta. — Brandenmore arrastou as palavras enquanto se movia em linha com os mercenários, que obviamente o resgataram das celas do Santuário. —Casta, você tem coragem ao pensar que pode sequestrar minha sobrinha, fodê-la, e não pagar por isso. Ela é muito danada de boa para o gosto de um animal do caralho. — Seu olhar voltou para Kita, e por um segundo, o menor segundo, Creed podia jurar que algo doloroso, cheio de arrependimento cintilou nos olhos de Brandenmore.

Poderia chegar em sua arma a tempo? Será que se jogasse Kita para o lado e de fato faria qualquer dano antes que conseguissem feri-la?

Seu olhar foi sobre os homens mais uma vez. Não devia sentir descrença por vê-los lá, mas porra, se já esperava por isso. Quando olhou de volta para a mulher, o comandante destes homens o seguiu, atraído pelo pequeno pingente que usava fora de sua camiseta.

Sua atenção voltou para Brandenmore.

— Que diabos está fazendo aqui? — Ele rosnou, seus dedos apertando mais uma vez o pulso de Kita para segurá-la no lugar.

— Eu vim por minha sobrinha. — Ele retrucou. — Wyatt acha que é tão malditamente inteligente. Assim como malditamente cuidadoso. — Ele zombou. — Eu o ouvi, como ouvi seus planos de transformar Kita Claire numa reprodutora de merda para um de seus Castas. Uma Casta que conseguiu ganhar a confiança dela.

Kita ficou rígida, sua respiração presa atestando sua surpresa, e ele temia, sua crença no que Brandenmore estava dizendo ou no que estava vendo.

Um tio do passado, não do presente. Um homem que agora a encarava com olhos reptilianos, um sorriso de escárnio nos lábios quando sua atenção se voltou para Creed.

Um homem cujos pistoleiros apontavam em sua direção.

 

Kita não podia acreditar no que estava vendo, no que estava acontecendo ao seu redor. Ele parecia com seu tio, antes que ela sequer nascesse. Este era o homem que esteve tão orgulhosamente em fotos de casamento de sua irmã, o homem que carregou sua sobrinha recém-nascida, sua expressão gentil e cheia de amor.

Seu tio não era tão jovem, e não era possível voltar no tempo, voltar à juventude, não importa o quanto se pudesse desejar.

— Quem é você? — Sussurrou ela finalmente. — Você não pode ser tio Phillip. Isso simplesmente não é possível.

Mas isso era possível. Ela olhou para ele quando um sorriso estranho puxou seus lábios.

Não havia calor ou compaixão neste homem. Não havia nenhum amor, nenhuma gentileza que sempre via em seu rosto quando sua mãe estava viva. Não havia nada da tristeza que viu em seu rosto quando sua amada irmã morreu.

— É claro que pode. — Disse ele. — Devo dizer, Kita Claire, nunca esperava isso de você. — Ele acenou com a mão para Creed quando um olhar de desagrado atravessou seu rosto. —Dormindo com o inimigo, criança? E de uma espécie diferente? Estou muito desapontado.

Kita estava apavorada.

Ela balançou a cabeça.

— Eu não te conheço.

Desespero preso na sua voz, um apelo para que alguém explicasse, racionalizasse, para assegurá-la que esse realmente não era o tio que uma vez amou muito.

Ele estalou a língua, um som zombeteiro que arranhou em seus sentidos e enviou medo correndo por ela.

— Claro que sim, filha. — Ele sorriu para ela. — Você não quer aceitar. Descobri a fonte da juventude. O elixir da cura. — Excitação acendeu seus olhos. — Eu procurei por toda a minha vida, Kita. Sonhei encontrá-la antes que sua mãe morresse. Antes de o câncer a matar. Poderia tê-la salvo. — Por um momento, raiva fanática acendeu seus olhos. — Ela poderia estar viva hoje, jovem e inteira, se eu encontrasse isso mais cedo.

— Destruiu sua mente, Kita. — Creed murmurou baixinho.

— Cale a boca! — O grito furioso de Phillip a fez estremecer quando a respiração prendeu dolorosamente, com medo. — Você não sabe o que está falando. Minha mente não está destruída. Os médicos da Casta que estão loucos. Eu testei antes! — Saliva juntou em seus lábios enquanto Kita forçava as lágrimas. — Eu sei o que estou fazendo.

Sua atenção se voltou para Kita.

— Você teria me agradecido mais tarde, se esse desgraçado não acasalasse com você. — Ele jogou a mão em direção a Creed num gesto de fúria. — O filho da puta tinha que arruinar tudo. Poderia ter mantido sua juventude, Kita, sem ter que foder este animal.

Kita balançou a cabeça, aterrorizada agora.

— Você não disse a ela? — Phillip de repente se tornou divertido, calmo. — Não disse a ela, Casta, como o hormônio com que a infectou vai parar seu envelhecimento? Como vai se manter jovem e bonita, e permanecerá em seu auge, forte e plenamente capaz de foder? — Desdenhou a última.

— Creed. — Ela sussurrou seu nome.

— Mais tarde, querida, eu prometo. — Foi apenas um sopro de som.

— Infelizmente, depois não. — Phillip deu um feliz suspiro satisfeito enquanto Kita o olhava com cautela.

Este era um monstro na pele de seu tio.

— Deixe Kita ir, Brandenmore. — Afirmou Creed, sua voz escura, se mantendo firmemente no controle. — Vamos lidar com isso, só entre nós dois.

Phillip balançou a cabeça.

— Desculpe, Casta, não posso fazer isso. — Disparou. — Ela escolheu acasalar com um animal, agora pode optar em se submeter aos testes que vou precisar. — Ele olhou de volta para eles. — Eu posso ter descoberto a fonte da juventude, mas precisa de alguns ajustes. Como Companheiros, podem me ajudar a fazer esses ajustes. — Seu olhar ficou mais duro à medida que Kita lentamente agarrava o braço de Creed com terror. — Infelizmente, não viverão após muitas experiências. Mas devem provar ser muito úteis.

Ela sabia que as reportagens tinham difamado seu tio e seu pai pela utilização de Castas como sujeitos de pesquisa. Pela crueldade das mortes supostamente causadas, os experimentos desumanos e drogas que quase mataram vários membros de nível superior da comunidade Casta.

Ela se agarrou a Creed, mal conseguindo respirar, sentindo a horrível sensação de irrealidade se tornar realidade quando percebeu que esse realmente não era o tio que a mimou quando criança, que prometeu a ela que ele e seu pai sempre a protegeriam quando souberam que sua mãe estava com câncer.

A cabeça de seu tio inclinou quando viu a compreensão em seu rosto. Um franzido marcou sua testa, e por apenas um segundo, pensou, talvez, vislumbrou o tio amado que foi uma vez.

— A minha mãe te amou. — Sua respiração prendeu, a acusação em sua voz agora cheia de lágrimas. — Você mentiu para ela.

Seu cenho se aprofundou quando a raiva acendeu seu olhar.

— Em nenhum momento menti para sua mãe. — Ele trincou fora. — Ela era como minha própria filha. Eu a criei. — Ele bateu no peito, possessivamente. — Eu a protegi.

— Você jurou a ela que você e meu pai me protegeriam. — Ela gritou furiosamente. — Olhe para você. O que ela faria se o visse agora, tio Phillip? Ela iria chorar.

Ele declarou uma vez que nada mais o destruía como ver o choro da irmã. Quando as palavras deixaram sua boca, ela finalmente viu um lampejo de humanidade naqueles olhos frios e mortos.

Ele olhou de volta para ela, a íris marrom sombreada, cheia de agonia, as lágrimas que ela tentava segurar caíram.

— Não chore. — Ele sussurrou.

— O que fez, tio Phillip?

Sua expressão torceu.

— A fonte da juventude, Kita. — Ele olhou ao redor, como se procurando desesperadamente por algo. — Eu a encontrei. As Castas. Eles seguram a fonte da juventude. — Seu olhar se voltou para ela, seus dedos apertando ao lado, o corpo tenso agora, ereto, forte e jovem novamente. —Você tem a fonte da juventude. — Ele sussurrou, seu olhar, sua expressão sombreada de tristeza. — Kita, por quê? Por que o deixou tocar em você? Você não pode viver sem seu fígado, Kita. Ele cria... — Ele parou.

Sua expressão ficou congelada, seu olhar um laser afiado.

— Você terá que morrer, assim como ele.

— Pela fonte da juventude. — Lágrimas rolavam por suas bochechas. — Você roubou meu tio pela sua juventude. — Isto não era mais seu tio Phillip.

Ao seu lado, sentiu Creed tenso, os dedos roçando seu pulso para chamar sua atenção. Ele queria algo.

Mais uma vez. Ele estava traçando a palavra em seu braço.

Mais uma vez. Ela seguiu cada curva feita pela unha.

— A mamãe te amava. Você se lembra? — Compreendendo o significado de Creed, Kita disse a única coisa que já sabia que distrairia seu tio. — Ela chorou por você quando morreu.

O monstro que roubou a forma de seu tio balançou a cabeça. Seus ombros se levantaram, e então o mundo à sua volta virou o inferno.

As luzes na garagem de repente explodiram, lançando todos na escuridão, enquanto pedaços de lâmpadas fluorescentes choviam sobre eles.

Creed balançou ao seu redor, a empurrou embaixo de uma velha mesa de trabalho que nunca tirou da área e, de repente, ele se foi.

O fogo dos lasers e tiros ricocheteando começaram em torno dela, explodindo nas paredes como gritos enchendo os sentidos. Sabia que, se sobrevivesse, teriam eco em seus pesadelos.

Não conseguia ver nada com os flashes de luz. Não tinha ideia de onde ninguém estava, quem eram, ou mesmo se Creed ainda estava vivo.

— Sua puta!

Kita gritou quando a mesa tombou e um flash de luz explodiu através da sala, revelando seu tio, sua expressão demoníaca, os olhos vermelhos em chamas, um segundo antes de tudo ficar escuro novamente.

 

Seu pai salvou sua vida. Só ele poderia ter matado seu cunhado.

Kita estava sentada no canto da garagem enquanto Agentes Castas enxameavam ao redor da área, cada um consultando Jonas Wyatt. Ao lado dele estava a mulher que traiu seu tio. Diane Broen. Uma mercenária que seu tio contratou, mas que, Kita entendeu, já tinha dado sua lealdade e a fidelidade de sua equipe para Jonas Wyatt.

Horace Engalls estava sentado numa caixa de madeira, com o rosto entre as mãos, lamentando o homem que traiu a todos.

Quando seu tio desapareceu, apesar dos rumores de sua morte, Horace e Kita assumiram que as Castas o haviam capturado. Tinham razão. Ficou preso na Virgínia enquanto os cientistas da Casta tentavam entender como criou o soro que começou a reverter sua idade. Um soro que injetou num bebê.

Kita ainda estava em choque. Seu tio, o tio amoroso e apaixonado fez algo que poderia destruir uma criança? Deixou um bebê passar fome. A deixou em seus próprios resíduos sem mudar a fralda. Havia tentado matá-la quando viu que não podia fugir com ela.

Para quê?

Pela fonte da juventude. Porque acreditava que a reação de Amber à droga responderia a pergunta de por que a droga o estava matando. Infelizmente, se ia responder algo, ainda não o fez. O corpo de Amber estava apenas mostrando anomalias minúsculas. Anomalias que Kita ainda não tinha sido informada dos detalhes.

— Kita. — Atrás dela, Creed ainda a segurava.

Ele a pegou quando seu tio caiu, salpicando seu sangue de um único tiro no ombro, baixo, talvez muito perto de seu peito, infligido pelo seu pai.

Seu pai também foi a razão pela qual as luzes queimaram.

Quando seu tio confrontou Kita e Creed, Horace Engalls fez o que sempre fez melhor: ele consertou. Desta vez, com o gerador de energia elétrica que alimentava as luzes fluorescentes na garagem.

Quando as luzes apagaram, correu apenas a tempo de salvar Kita da injeção que o tio se preparava para enfiar no seu braço.

O que a teria destruído como destruiu ele.

— Estou bem. — Ela finalmente respondeu a ele.

As respostas não vieram rapidamente.

Kita sentia como se estivessem lá por horas.

Quando as luzes foram restauradas, Jonas Wyatt, uma meia dúzia de Castas, Diane Broen, e seu grupo de mercenários eram os únicos ainda em pé.

Phillip Brandenmore e os outros três mercenários que contratou estavam mortos.

— Você não está bem. — Ele a estava segurando contra o peito, a mão na cabeça dela, e ela ainda chorando.

Não era tão duro quanto foi, mas as lágrimas não queriam parar.

— Creed, eu preciso de sua arma. — Diane se voltou sobre eles, estendendo uma mão delicada, com a palma para fora, revelando uma barra de cicatrizes enfatizada pelo sangue em sua mão. — Quando as autoridades chegarem não queremos explodir seu disfarce.

Creed entregou quando Kita ergueu o olhar e viu a compaixão na expressão da outra mulher.

Diane colocou a arma na parte de trás da calça, então lentamente hesitou antes de se curvar diante de Kita.

— Pesadelos começam assim. — Diane disse baixinho, olhando para Creed, em seguida, de volta para Kita. — Não se culpe, Srta. Engalls, e não será tão ruim.

Kita só conseguiu balançar a cabeça quando a outra mulher se ergueu outra vez e caminhou na direção de Jonas.

— Vamos lá. Lidar com as autoridades não é algo para o que estou no clima. — Creed não lhe deu chance de responder. A pegou nos braços e antes que soubesse, o estava agarrando, como a corda de segurança que precisava, escondendo o rosto contra seu pescoço.

Minutos depois, a sentou na cama, sua mão acariciando seus cabelos.

— Eu te amo, Kita. — Ele sussurrou. — Eu a amava antes que o primeiro mês terminasse, e eu te amo ainda mais agora. Nos dê a oportunidade de trabalhar nisso.

Ela balançou a cabeça.

— Não me faça implorar. — Sua voz estava escura, torturada.

Levantando a cabeça, ela olhou para ele.

— Você não tem que mendigar, Creed. — Sussurrou ela chorosa. — Se me deixar agora, não sei se poderia lidar com isso. Nada parece mais real para mim, exceto você. Você é a única coisa na minha vida do ano passado que não mudou.

A surpresa iluminou seu olhar.

— Você não sabia que eu era uma Casta.

— Não? — Ela não podia sorrir, nem mesmo para confortá-lo. — Eu acho que uma parte de mim sabia. Inconscientemente, acho que sempre soube. Não há nada a perdoar. Desde que me abrace. Contanto que me beije.

Ele a beijou. Suavemente. Seus lábios se separaram dela, sua língua acariciou, mas por conforto que calor, por amor e não pelo desejo amoroso que partilharam antes.

Esse foi um beijo para aquecer, confortar, aliviar. Foi um beijo para enlaçar coração e alma se fundindo e construindo um alicerce para o futuro adiante.

Quando a cabeça levantou, tocou a mandíbula dele, e desta vez, conseguiu dar um sorriso.

— Tio Phillip morreu há muito tempo, não foi?

Foi então que seu pai entrou no quarto.

— Ele morreu no dia que sua mãe o fez.

Kita virou a cabeça.

Ele ficou ali, com os ombros retos, a tristeza em seus olhos e no rosto tão pesada como o peso que ela sabia que carregava em seus ombros.

— Eu estava tentando protegê-lo. — Ele sussurrou.

— Seu pai é aquele que tem alimentado as Castas de informações, através das empresas e da Engalls Brandenmore nos últimos anos, embora se manteve no anonimato até que entrou em contato com Jonas há alguns dias. — Creed informou. — Sabia que eu era uma Casta, Kita. Assim como sabia do horror que seu tio estava tentando criar.

Seu pai engoliu.

— Para sua mãe. Para você. — Deu uma sacudida de cabeça dura. — Só queria protegê-la.

Dos monstros do mundo. Creed a soltou e ajudou Kita a levantar, enquanto observava pai e filha.

Horace Engalls se movia lentamente pela sala, seu rosto enrugado, pesado com a decisão que foi forçado a tomar.

Mesmo Creed não sabia o que Engalls estava fazendo após o caos na garagem. Só então Jonas revelou todo o envolvimento do outro homem e as informações que possuía.

Bastardo. O casamento com certeza não fez nada para curá-lo de suas manipulações.

— Kita. — Horace parou na frente dela. — Eu queria que ficasse segura.

— Deveria ter confiado em mim.

E Creed não podia fazer nada, mas concordar.

Horace assentiu.

— Deveria. Mas o manual de pai não veio com todas as respostas para as perguntas difíceis, querida. Dizia siga seu coração. E tudo que eu queria fazer era a salvar de saber o que seu tio estava fazendo. De como o mundo poderia ser mal. Isso é o que os pais fazem para as filhas, querida. Ou pelo menos, é isso que eles querem fazer. Apenas protegê-los.

Kita tremeu, e Creed podia sentir suas lágrimas. Mas essas não eram lágrimas de raiva ou tristeza, mas sim, lágrimas de libertação, de reconciliação, e talvez até mesmo de alegria.

— Eu te amo, papai.

Pai e filha.

Creed ficou atrás e deu a Horace seu momento. A chance de acertar qualquer erro, ser o pai, e Kita ser a criança.

Amanhã haveria tempo suficiente para ele reclamar sua Companheira novamente.

Agora, deu ao outro homem um aceno e um sorriso. Agora era o momento de colocar esse alicerce.

A base sobre a qual construir uma vida.

 

Três semanas mais tarde...

As altas, largas janelas derramavam luz brilhante no dormitório espaçoso do apartamento de Manhattan que Phillip Brandenmore possuiu. Uma propriedade que sua sobrinha, Kita Claire Engalls, possuiria logo, uma vez que os tribunais determinassem o proprietário ausente como morto.

Quando as autoridades chegaram à cabana onde Brandenmore tentou matar Kita, seu tio foi transportado de volta ao Santuário, sua mente quase quebrada. Estava animalesco, incoerente, rosnando e grunhindo, soltando saliva pelos lábios.

— Encontrei.

Creed se virou da visão impressionante de Manhattan quando Kita sussurrou as palavras.

Sua voz estava cheia de lágrimas, o cheiro de sua dor enchendo seus sentidos e o atraindo para olhar os arquivos que desbloqueou.

Estavam armazenados, inocentemente, num disco rígido escondido num quadro de vídeos digitais de vídeos da família no apartamento de cobertura de Brandenmore.

Sentado claramente sobre a mesa dele, estava um dispositivo que Creed sabia, que de fato já havia sido verificado.

— O disco estava muito bem escondido. — Ela suspirou cansada quando olharam para os arquivos que continuavam a aparecer no computador quando o dispositivo foi conectado. — Não apareceu com os parâmetros de busca normal, ou mesmo aqueles usados para descobrir arquivos ocultos. Ele era um gênio. — Ela esfregou o rosto cansado. — Lembrei do arquivo quando ele estava falando da minha mãe e da fonte da juventude. Entrei no escritório e o surpreendi dias antes de Jonas capturá-lo. Mexia no quadro, e estava murmurando sobre a fonte da juventude. Essa era a segunda senha.

Creed olhou para os arquivos. Nem sabia que poderia haver uma segunda senha.

— Como ele escondeu? — Creed encarou a prova que ele havia escondido isso, com espanto.

— Como eu disse, ele era um gênio. — Ela deu de ombros, porém sentiu a desilusão que rasgou através dela. — E me disse como encontrá-lo. Ele me disse para sempre se lembrar da minha mãe no dia em que nasci.

Minimizando os arquivos, ela apontou para a imagem da mãe segurando uma criança recém-nascida. Com uma rolagem de seu dedo sobre o mouse, a pequena seta tocou a ponta do canto da imagem, e aí, apareceu uma miniatura. O mouse, em seguida, moveu-se para o olho esquerdo de sua mãe.

— Ele me disse que eu era a menina dos olhos da minha mãe. — Ela clicou, e lá, a mensagem apareceu, um pedido de senha. — Digite uma senha que tenha sido encontrada em qualquer outro arquivo, e é isso que você ganha. — Ela digitou uma das senhas mais conhecidas que as Castas tinham descoberto.

Uma série de arquivos ocultos documentava a vida e a morte da mãe de Kita. As cancelando, ela tentou novamente.

— Digite a senha correta, Fonte da Juventude, e obterá os arquivos que estava procurando.

E lá estavam eles. Rotulados por data, assim como por Casta. Centenas de arquivos ocultos em um disco rígido tão diminuto que foi esquecido, porque nunca foi feito antes.

Era sua última esperança para saber o que Brandenmore fez para a criança, Amber Broen. Se as respostas não estivessem aqui, então enfrentariam um futuro de perdê-la, pois estavam perdendo Brandenmore, se o soro reagisse igual, quando ela ficasse mais velha.

Ele observou enquanto ela cuidadosamente copiava cada arquivo para o EPAD que Jonas lhe deu, antes de desconectar o quadro e o por cuidadosamente em cima da almofada eletrônica usada para manter contato com Executores, quando necessário.

Creed enviou uma mensagem com palavras cuidadosamente escolhidas, criptografadas para Jonas pegar o pacote, então levantou sua companheira do computador e a virou para encará-lo.

Como suspeitou, lágrimas desciam pelo rosto. Eram lágrimas de arrependimento, de aceitação. Não havia mais qualquer negação dentro dela, nenhuma ilusão que alguma coisa boa restasse dentro do seu tio.

— Ele amava você. — Sussurrou Creed. Estava convencido disso. — Seu tio amava você e sua mãe, Kita. Te amou tanto que a necessidade de protegê-la de seu destino o levou aos extremos que chegou.

Ela assentiu com a cabeça antes de colocar a testa contra seu peito, sua respiração presa pelo choro, que tentava segurar.

— Não havia vida mais importante para ele do que a vida da filha de sua irmã que amava mais que tudo nesta terra.

Durante um dos poucos momentos coerentes que Brandenmore teve ao longo das semanas, a informação saiu. Era fácil matar, ele gritou, chorou. Fácil torturar, mutilar e destruir se isso significasse encontrar o segredo da fonte da juventude. Um elixir que parasse o envelhecimento, que curasse todas as doenças, que poderiam salvar sua irmã da morte. E depois, nada importava, mas salvaria sua sobrinha do mesmo destino.

Os experimentos começaram no mês que Brandenmore soube que sua irmã tinha um dos poucos cânceres incuráveis que ainda existiam. A remissão era possível, mas os médicos avisaram a família que não duraria muito tempo.

Ele aceitou uma proposta que o Conselho de Genética fez nessa semana e começou sua pesquisa. Montanhas de dinheiro lhes deram as Castas necessárias, então os poucos casais acasalados que foi capaz de conseguir. De lá, virou uma bola de neve e um monstro nasceu.

Então, descobriu que tinha o mesmo câncer, anos antes que sua irmã morresse. Não a sobrinha, mas o irmão foi amaldiçoado com esse destino. Era mais do que Phillip Brandenmore podia suportar.

— Ele era egoísta. — Ela sussurrou. — Um monstro nasce, Creed, não é criado. Nasceu um monstro.

Infelizmente, Creed concordava com ela.

A dor da constatação foi uma agonia cortante nele quando rasgou através dela.

Quando ela levantou a cabeça, inclinada, seus lábios inclinaram sobre ela, a necessidade de substituir essa agonia com prazer o levou a beijá-la com força e fome que não sentia desde o primeiro beijo.

Seu beijo inflamou sob seus lábios. Arqueando contra ele, enlaçando os braços em volta do pescoço, um gemido baixo de desejo passando pelos lábios quando ele a pegou nos braços e virou para a cama.

Seu vestido foi facilmente retirado. As calcinhas de algodão que usava empurradas por seus quadris e pernas sem preocupação.

Grosso e pesado, seu pau pressionava contra a parte inferior do seu estômago, palpitando, exigindo o calor que sentia subindo entre suas coxas.

Montando-a tão duro como a necessidade daquele prazer era a necessidade de seu beijo. Não apenas por causa do calor de acasalamento que se intensificava, ou o prazer que tirava disso também. Era um conforto misturado com uma fome de fogo. Era uma dança íntima de lábios e línguas acariciando uma contra a outra, amando, acariciando quando o sabor de canela e desejo enchiam ambos os sentidos.

Creed vagou suas mãos pelas costas, depois para baixo. Pairou sobre seus quadris, voltou para sua coluna, as almofadas sensíveis experimentando o calor de sua carne de seda enquanto se movia contra ele, acariciando como fogo sobre seu pau enquanto o calor de sua barriga acariciava através dele.

Dedos suaves acariciaram o pescoço dele, os ombros quando o beijo começou a esquentar, ficar mais faminto, mais íntimo, mais desesperado.

Forçando as mãos em carícias suaves que estava fazendo em suas costas, Creed a ergueu delicadamente e colocou na cama antes de chegar por cima dela, um rosnado vibrando em seu peito enquanto deslizava entre suas coxas, apertando-as bem com os joelhos enquanto seus lábios cobriam os dela mais uma vez.

Ele queria tanto. Queria todos os gostos dela, cada centímetro de carne macia acariciada com a língua.

A necessidade que rolava furiosamente dentro dele não permitiria aquele tempo. Mais tarde talvez, pensou ele, enquanto seus lábios se moviam pelo seu pescoço, fazendo um rastro de beijos ao longo da coluna delgada quando se moveu inexoravelmente para o relevo dos seios inchados.

Os mamilos apertados, duros o atraíam. O gosto deles, um banquete de calor doce quando rolou um contra sua língua antes de puxá-lo na sua boca.

Os instintos humanos o incitavam a ter pressa, enterrar o comprimento de seu pênis duro dentro dela, sentir o êxtase da carne aquecida o apertando, ordenhando com golpes famintos, convulsivos. Mas havia uma outra parte. Um instinto profundo e primitivo que exigia que reforçasse o compromisso de vida com seu coração, alma, o fizesse dela.

Quando seus lábios percorreram seu corpo, sua língua saiu para lamber a pele sensível, a fome de ouvir seus gritos de desejo ecoando em torno dele, o levando a tocá-la, prová-la da mais íntima das formas.

Sua língua acariciou os cachos de seda em torno de seu clitóris inchado, seus dedos dividindo as pregas úmidas quando seus quadris arquearam para ele.

Foder com ela foi o maior prazer que já conheceu na sua vida, mas ele aprendia, descobrindo outros prazeres, outras formas de ampliar esse prazer a cada toque contra sua carne.

Quando abaixou a cabeça, sua língua deslizou até a fenda estreita, sacudindo contra a entrada macia e a provocando com a promessa de esticar a carne doce em breve.

Seu pênis pulsava com fome ardente com a ideia de trabalhar dentro dela, quase obliterando qualquer outra necessidade de sua mente.

Esse instinto de orientação permaneceu firme em vez disso.

Para seu prazer.

Para garantir que ela soubesse, sempre, nas profundezas do seu coração e alma que nenhum outro homem jamais poderia dar seu prazer, jamais poderia afagá-la ou satisfazê-la ou satisfazer as necessidades emocionais que sentia dentro dela.

Emoção que começou como fascinação, então, atração, e só agora ia para a devoção plenamente desenvolvida, um amor que poderia ser medido pelas décadas que poderiam ter juntos.

Era um amor que estava determinado a incentivar. Um amor do animal dentro dele que parecia entender, desejar, e estava determinado a incentivar.

Iria discutir com ela, empurrá-la, desafiá-la. Jamais permitiria que o que tinham se tornasse chato, velho ou previsível. O instinto animal dentro dele sempre saberia aonde ir.

O homem sempre saberia como sussurrar as palavras, o animal como compreender, como a deixar segura.

Quando a língua pressionou até o centro de sua boceta apertada, um grunhido retumbou em seu peito com o gosto de chuva doce dela. O deslizamento de sucos sedosos e o som de seus gemidos crescentes começando a preencher seus sentidos.

Isso era o que ele ansiava.

Suas mãos enterradas em seu cabelo, os dedos apertando nas costas enquanto ela lutava para mantê-lo no lugar quando o prazer começou a apertar dentro dela. Sua umidade aquecida acariciou sua língua quando ele fodeu dentro dela, a provando, aumentando seu prazer, determinado a prender sua alma na dele quando sua liberação explodisse.

Segundos antes que ela pudesse derreter no esquecimento, ele se aproximou dela, a palpitante coroa sensível de seu pênis pressionando contra ela, um resmungo escapando dos lábios, quando a cabeça inclinou para o ombro e o homem que era se perdeu no animal que se levantou dentro dele.

Kita gritou por um prazer tão belo, que jurava não poder suportar.

Os cílios se abriram quando sentiu a cabeça de seu pau imprensando dentro dela enquanto os dentes dele pressionavam contra a curva do seu ombro, abaixo do pescoço.

Sabia o que estava por vir. Não tinha sua marca, apesar do fato que o calor de acasalamento os estava deixando loucos por semanas.

Merinus Tyler e sua cunhada, Sherra, disseram a ela o que esperar quando chegasse, mas nada poderia tê-la preparado para isso.

Seus dentes rasparam mais sua carne quando começou a trabalhar a grossa ponta inchada de sua ereção dentro dela. Apertado, fortes empurrões que forjavam um caminho de chamas queimando através de sua boceta, esticando o tecido sensível, expondo terminações nervosas que gritavam para a vida quando a cabeça larga e o grosso eixo as acariciaram.

Dores, sensações e desespero começaram a pulsar através de sua vagina. Uma resposta profunda, torturante silêncio que exigia mais. Sempre mais. Mais duro, mais forte, mais profundo.

Sentia-se tomada, possuída, e ainda, não era suficiente. Precisava de mais.

— Creed. — Ela gemeu seu nome enquanto sentia o impulso que vinha, poderoso e feroz enterrando a carne pesada ao máximo.

Suas pernas levantaram, enroladas em torno de seus quadris. Sua cabeça arqueou para trás, nos travesseiros quando seus quadris levantaram, mais exigentes.

— Sim, Kita. — Ele gemeu. — Pressione para cima, querida. Dê-me essa boceta doce. Cada centímetro apertado.

Estava enterrado até que não podia ir adiante, antes que puxasse e empurrasse de novo, movendo seus quadris, mergulhando quando começou a foder com estocadas duras que enviaram um grito rasgando por seus lábios.

Esta era a vida, e ele estava vivendo.

A dor brutal crescia na sua vagina a fazendo se contorcer sob ele, sua boceta apertando ainda mais, a dor enrolando o clitóris enquanto sentia o útero apertar, uma agonia de prazer começando a queimar, incendiar. As paredes de sua boceta apertada ordenhando a carne dura que bombeava dentro dela, sugando-o, acariciando, puxando-o mais fundo a cada impulso, que ficava mais forte, mais rápido, relampejando sobre seu clitóris, enterrando em seu ventre até que ela acendeu num lançamento que a deixou gritando seu nome quando o êxtase começou a lançar através de cada nervo em seu corpo.

Ela sentiu que seus dentes afundaram, o fato que rasgou sua pele apenas se registrando quando foi varrida por sensações tão brilhantes, tão belas que não houve nenhum pensamento, nenhuma memória, nenhum sentimento de si mesma.

Havia apenas eles. Seu pênis flexionando e pulsante dentro dela, quando começou a entrar, a sensação da extensão grossa e aquecida saindo sob seu pau para se prender dentro dela, do golpe contra um feixe de nervos escondidos que só a fez explodir novamente, mais forte, mais brilhante do que nunca.

Ela estava gritando seu nome, sons estrangulados que duvidava fizessem sentido quando foi levada por uma onda de sensação, pura cegueira.

Ela jurou que não sentiu apenas seu corpo, mas algo mais. Sentiu-o, enrolado em sua alma, a protegendo, sua força amortecendo seu coração quando sentisse necessidade de encontrar consolo.

Sentiu-o a segurando por dentro. O sentiu ligado a ela como nunca esteve ligada a ninguém.

Nesse momento, Kita sentiu seu companheiro.

— Eu te amo. — Pouco coerente, as palavras eram arrancadas de seus lábios. — Creed, eu te amo...

E esse amor era correspondido.

Um sussurro em seu ouvido enquanto seus dentes levantavam da sua carne.

— Minha alma. — Ele gemeu, tremendo na sua liberação. — Doce Deus, Kita, você é minha alma.

E seus lábios cobriram os dela novamente. Sua língua estava na sua boca, alimentando seus gemidos.

Um beijo tão doce como ela era exigente. Vinculativo, dado que era primitivo.

Era o beijo de que os sonhos são feitos...

 

 

                                                                                                    Lora Leigh

 

 

 

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