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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


BLIZZARD / Addison Jane
BLIZZARD / Addison Jane

 

 

                                                                                                                                                 

 

 

  

 

PARA BLIZZARD, o sentimento de traição era um que ele conhecia bem.
Seu pai era um membro antigo dos Brothers by Blood MC. Ele acreditava que a irmandade vinha primeiro, mesmo antes de sua esposa e filho. No início, Blizzard não culpou sua mãe por ir embora. Isso foi até ele descobrir que ela havia se juntado com um membro de outro MC, deixando-o para trás para lidar com as consequências. Ele nunca pensou que ele sentiria esse tipo de dor novamente, jurando que suas costas nunca mais veriam a lâmina de outra faca. Até que Rose apareceu, tentando-o, atraindo-o e depois deixando-o na calçada, lutando por sua vida enquanto se afastava com o inimigo.
Rose passou sua vida inteira se perguntando de onde ela havia vindo.
Sua mãe sempre manteve essa informação para si mesma, levando-a com ela para o túmulo. Ela estava determinada a conhecer sua história e seu pai, mas logo descobriu que não era o encontro que esperava. Ela pode ter escapado das mãos de um louco, mas a família com a qual ela tinha sido deixada ainda não preenchia o vazio que ela sentia por dentro.
Rose cometeu muitos erros, prejudicando as pessoas que se preocupavam com ela e se destruindo no processo. Ela estava caminhando por uma estrada escura e voltar para a cidade onde ela se perdeu — e a seu coração — nunca foi parte do plano. Quando lhe foi dada uma oportunidade de redenção e com nada a perder, ela estava prestes a se lançar de volta ao inferno. Mas o destino estava contra ela, desta vez, talvez não houvesse alguém para ir em seu resgate.
Dizem que o tempo cura todas as feridas, mas o tempo está acabando. Você poderia perdoar e esquecer se significasse a diferença entre a vida e a morte?

 

 

 


 

 

 


PRÓLOGO

BLIZZARD

Jogo o resto da minha cerveja fora. Tinha esquentado e a sensação disso descendo pela garganta era menos do que agradável.

Faço uma careta e sinalizo para Ham - um dos prospectos do clube - me trazer outra. Ele me olha com atenção, mas eu atiro-lhe um olhar que fecha sua boca bem rápido e agarro a nova garrafa de sua mão.

Eu estava anestesiando meu corpo.

Parecia ser um tema comum para mim no momento. Eu não estava completamente inconsciente dos olhares preocupados de meus irmãos. Eu costumava ser a vida das festas – fazendo piadas e provocando a agitação.

Isto é o que acontece quando você faz escolhas de merda e não segue seus instintos. Você fica na merda.

Eu observo enquanto meu presidente abraça sua Old Lady, Chelsea, a beijando apaixonadamente e sem se importar com quem visse. Era bom para todos nós podermos relaxar e não nos preocuparmos se alguém estava vindo nos atacar ou nos destruir.

Tivemos a máfia italiana nos assediando nos últimos meses. Não sabendo onde ou quando eles iriam atacar nos deixava tensos.

Chelsea esteve na mira deles e tanto quanto tentamos duramente protegê-la, no final, o diabo estava mais perto do que qualquer um de nós havia previsto. Uma das melhores amigas e companheiras de quarto de Chelsea, Rose, nos enganou o tempo todo.

Sinto uma dor no meu peito ao pensar nela.

Rose não só havia se infiltrado na vida de Chelsea, mas também na minha.

Eu sabia que a atração estava lá desde o início, mas ela sempre lutou contra isto.

O ato de se fazer de difícil sempre excitava caras como eu, que geralmente conseguiam qualquer garota, em qualquer lugar, abrisse as pernas com facilidade. Acontece que eu estava interessado em uma distração indesejada com a missão de ferir a Old Lady do meu presidente.

Uma missão que ela conseguiu.

Chelsea ficou ligada a aparelhos durante dias antes de finalmente conseguir respirar sozinha. E mesmo assim foi arriscado.

O pai de Rose, Marco DePalma, tinha perfurado o pulmão de Chelsea e nós conseguimos chegar a tempo de levá-la para o hospital. Mas nessa altura, seu cérebro foi privado de oxigênio, e afetou severamente a habilidade de falar e usar seu corpo.

Rose desapareceu e Chelsea foi deixada com semanas de fisioterapia, lutando para voltar a ser a garota viciada em exercícios que era antes.

Toda a sua vida foi virada de cabeça para baixo porque escolhemos confiar em alguém que, no final, nos apunhalou pelas costas.

Não foi a minha primeira batalha com a traição e eu estava começando a questionar minha capacidade de distinguir amigo de inimigo. Com Rose, minha mente estava tão turva de desejo que eu não podia ver todos os sinais que agora eram como faróis gigantes.

Meu telefone vibra no bolso e o nome de Kev aparece na tela. Eu franzo a testa e vou para a porta lateral da sede do clube enquanto aperto o botão de resposta.

“Sim?”

“Venha até o portão. Você vai querer ver isso,” ele diz enigmático, desligando antes mesmo de conseguir processar o que ele havia dito.

Jogo minha garrafa de cerveja vazia mais uma vez na lixeira enquanto eu passo por ela. O portão da frente está a menos de cem metros da sede do clube, então eu simplesmente caminho até lá.

O cascalho faz barulho sob minhas botas pesadas e meu corpo parece estar flutuando devido à quantidade de álcool que eu já havia consumido desde que me sentei no bar, há pouco mais de uma hora.

Tinha uma sensação boa quando comecei a pensar em arrastar uma das garotas do clube depois disso, tentando aliviar algumas das tensões sexuais do meu corpo. A parte de merda era que toda vez que eu tentava, imaginava o rosto dela, Rose, olhando pra mim. Mesmo com minha fúria, eu a queria mais do que queria admitir.

Eu atravesso os portões e, logo que a vejo, balanço a cabeça, pensando que era apenas um outro truque que a bebida estava fazendo comigo. Mas quando ela se vira para olhar em mim, eu sei que ela é real e está bem na minha frente.

Meu coração acelera e eu preciso impedir meu corpo de correr até ela e envolvê-la firmemente. Ela parecia derrotada, seus olhos fundos como se ela não tivesse dormido em semanas e seu corpo já magro muito menor do que eu lembrava.

Endireito meus ombros. Nós nos observamos por um momento, ela puxa seus longos cabelos escuros, mostrando seu nervosismo. Foi uma das coisas que me atraiu nela. Rose sempre foi forte, pude sentir e ver quando nos conhecemos, mas quando ela estava perto de mim, ela derretia. O exterior duro desaparecia. Era como se estar na minha presença, a acalmasse. Gostei que eu tinha um efeito tão grande em seu corpo e mente.

Aperto meus dentes, lutando contra todas as minhas outras emoções e uso uma que esconderia todas as outras - raiva.

“Você já não causou danos suficientes? Voltou para mais?’ Eu falo com desdém.

Eu vejo quando ela sentiu minhas palavras, seu corpo se curvou protetoramente.

“Sinto muito,” ela sussurrou tão baixo que quase não consegui entender. “Eu-eu só vim me desculpar.”

Seu braço esquerdo está coberto por gesso azul escuro que ela esfrega enquanto falava. Como se lhe desse algum tipo de confiança para dizer o que precisava.

Tento lembrar de que não fomos os únicos que nos ferimos durante a guerra com seu pai. Marco DePalma é um indivíduo seriamente fodido. Seu irmão mais novo Anthony dirigia o negócio da família DePalma. Eles são uma das famílias italianas mais poderosas da costa leste e tem as mãos em todos os tipos de atividades ilegais. Marco ficou bravo pelo fato do negócio familiar ter sido passado para seu irmão mais novo e tinha enlouquecido, matando seu pai e acusado nosso clube por isso.

O plano de Marco para nos derrubar e matar Chelsea tinha caído quando informamos seu irmãozinho do que ele tinha feito.

Rose foi duramente punida por Marco. Ele a manipulou a fazendo pensar que precisava mostrar seu valor para ser considerada parte de sua família. E com a morte de sua mãe, ela sentiu que eram tudo o que lhe restava. Ele lhe bateu, a torturou e, a seus olhos, lhe deixou sem outra opção.

O que ela não viu foi o que Chelsea e eu estávamos oferecendo a ela. Mais do que apenas amizade, mas uma família aqui no clube.

O pensamento me deixou furioso. Família era mais do que o sangue que corria em suas veias. É quem te apoia em tempos de crise. É quem está disposto a ficar ao seu lado quando você estiver enfrentando o pelotão de fuzilamento. É encontrar um grupo de pessoas que vão te amar e te apoiar incondicionalmente. Era algo que estávamos dispostos a oferecer a ela, mas que ela se recusou a aceitar.

“Porque isso deixa as coisas bem, certo?” Eu rosnei, frustração crescendo dentro de mim. “Chelsea acabou de sair da porra do hospital. Nós quase a perdemos. Ela não pode andar ou falar direito. Pode levar meses para ela voltar ao que era.”

A mão dela vai ao seu peito e eu observo quando ela engole as lágrimas que estão enchendo seus olhos. “Eu não deveria ter vindo,”, ela sussurrou, afastando-se parecendo estar prestes a fugir.

Mas o idiota em mim não permitiria que ela tivesse a satisfação de fugir do que tinha feito. Eu queria que ela sentisse a dor que eu estava sentindo. Eu queria que o coração dela doesse do jeito que o meu doía quando eu pensava nela. Eu queria que ela se magoasse assim como eu.

Eu sou egoísta.

“Você age bem como vítima. Todos nós acreditamos nisso. Chelsea estava pronta para lutar por você. Assim como eu, mas era tudo uma mentira.” Eu dou um passo à frente.

Ela gira e eu então vejo. O fogo em seus olhos que eu pensei ter desaparecido. O fogo ainda está lá dentro dela, e não posso deixar de sentir a emoção em mim. Eu queria que ela me desafiasse. Eu queria ver aquele fogo queimando, porque então eu saberia que não foi tudo fingimento. Havia algo real sobre ela.

“Eu fui uma vítima! Não fique aí e pense que por causa disso tudo você sabe o que eu passei, a merda pela qual lutei.” Sua respiração está pesada e as lágrimas começam a rolar por suas bochechas. “Você tem sua família, Blizzard! Você tem uma casa – um clube cheio de irmãos e pessoas que ficariam ao seu lado em um piscar de olhos. Eu não tinha ninguém...

“Você tinha a mim,” eu afirmo, aproximando-me dela. Eu queria pegá-la e sacudi-la. Eu bato no meu peito, bem no meu coração. “Eu estava lá... Chelsea estava lá, porra. Nós te apoiamos, e mesmo assim você virou as costas e nos enganou.”

Ela puxa seus cabelos enquanto grita, “Eu não tive escolha!”

Ela está caindo aos pedaços na minha frente e preciso de toda a minha força para não pega-la e envolve-la em meus braços. Eu entendi que ela se sentia pressionada, que seu pai a tinha forçado. Mas eu lhe dera muitas oportunidades para se livrar – Chelsea cuidou dela e levou-a ao hospital quando seu pai tinha ido longe demais – mas ela não as aproveitou e agora ela tinha feito sua cama e teria que deitar nela.

“Todos nós temos uma escolha. Você fez a sua.” Eu cuspo no chão pronto para terminar essa conversa e ir embora.

Ambos olhamos um para o outro, ela com lágrimas cobrindo suas bochechas e eu com uma quantidade forçada de veneno e nojo nos meus olhos.

Não demorou muito para que um carro se aproximasse da calçada atrás dela. Ela sabia que estava lá, e eu soube instantaneamente quem era.

Meu corpo entra no modo de autoproteção. Eu sei que há alguns dos meus irmãos no portão atrás de mim, mas eu me afasto, perseguindo-a quanto ela tinha recuado.

Ela olha por cima do ombro quando as portas do carro se abriram, o vento sopra ao redor dela, jogando o cabelo em seu rosto. Meus dedos se contraem, formigando para puxá-lo e colocá-lo atrás de sua orelha, para que eu pudesse ver seus belos olhos novamente.

“Rosalie, entre no carro.” Eu reconheço os meninos quando eles pisam na calçada e começam a caminhar na sua direção. Giovanni e Ricardo são os dois filhos sobreviventes de Anthony DePalma.

Seu filho mais velho, Kenneth foi uma vez um homem que chamei de irmão.

Quando Anthony pensou que tínhamos matado seu pai, ele enviou seu filho mais velho para se infiltrar no nosso grupo, na tentativa de destruir o clube de dentro para fora. Depois de quase matar a Old Lady de um irmão, descobrimos quem ele era e acabamos com ele.

Estávamos esperando a vingança.

E meu instinto estava me dizendo que este era o momento.

Gio e Rico posicionam em ambos os lados de Rose. Eu posso sentir o nervosismo de Rico enquanto seus olhos se movem sutilmente entre seu irmão e eu. Mas Giovanni fica firme, inabalável em sua raiva, enquanto ele me encara. Uma arma pendurada ao seu lado, seus dedos cerrados firmemente em torno dela.

“Entre no carro, Rosalie.”

Seus olhos estão brilhantes e largos, o que me diz que ela não havia planejado que isso acontecesse e ela está começando a entrar em pânico.

Ela coloca uma mão no peito de Gio em uma fraca tentativa de afasta-lo, mas o garoto está furioso e procurando vingança. Isso era tudo o que ele podia ver neste momento, e nem ela nem qualquer outra coisa iria detê-lo.

Eu levanto meus ombros, sabendo que isso ia acontecer, mas não estou disposto a mostrar qualquer tipo de medo. Eu enfrentei coisa pior e eu não ia deixar esse garoto pensar que ele estava prestes a me derrubar. “Apenas mais um truque, hein? Quando vocês vão parar de usar as mulheres para fazer o trabalho sujo?” Eu o provoquei, abrindo meus braços e o convidando a atirar.

“Não,” Rose resmunga, estreitando os olhos para mim com desprezo. Ela se move, colocando seu corpo na frente de seu primo. “Nós vamos embora.”

Gio ignora-a, continuando a olhar para mim sobre sua cabeça. “Você matou o nosso irmão.”

Aperto meus punhos. Kenneth, ou Target, como era conhecido pelo clube, era um idiota. Ele tratava as mulheres muito mal, degradando e machucando elas a cada chance que ele tivesse. Me deixou com raiva pensar que alguém poderia lutar e falar por ele, considerando o que ele fez para minha família.

“Ele era um idiota. Você deveria me agradecer. Agora ele está fora do caminho, você é o próximo na fila para assumir o trono,” eu zombei sarcasticamente.

“Ele era meu irmão,” Gio grita, levantando a arma e apontando-a diretamente para mim.

Eu posso ver o cano escuro da arma, sua profundidade parecia sem fim. “Ele combinou com um traficante de escravos conhecido de pegar uma das nossas mulheres e vendê-la pela melhor oferta,” recordei.

Rose ofega.

Bom. Espero que agora ela tenha percebido o tipo de pessoas pelas quais ela estava lutando. O tipo de família que escolheu. Os Brothers by Blood não eram perfeitos de jeito algum, mas nós tínhamos respeito e dignidade.

“Seu clube levou um da minha família,” Gio baixou a voz. Sua raiva tinha desaparecido. Agora ele era o soldado calmo e calculista perfeito que seu pai criara. Suas emoções já não o impediam. “Agora vou levar um de vocês. Sangue por sangue.”

Meu corpo fica tenso, preparando-se para o impacto.

“Não!“ Rose gritou e se atirou contra seu primo. Meu corpo reage imediatamente. Ela não vê, mas eu a pego. Tudo dentro de mim, meus instintos me diziam que eu precisava protegê-la.

Esse movimento simples salvou minha vida.


CAPÍTULO 1

ROSE

“Tio, estou bem.”

“Pessoas que estão bem não saem sem uma explicação, Rosalie.” Suspirei ao ouvir meu tio Anthony usar meu nome completo, ele se recusava a me chamar de outro jeito. Anthony e meus primos estavam tentando muito me acolher na família e me fazer sentir bem-vinda.

Às vezes, era reconfortante. Desde que me lembro, sempre rezei por uma grande família e então fui jogada em uma das maiores e mais poderosas famílias italianas nos Estados Unidos.

Mas foi diferente.

Não era o que eu imaginava. “Eu só-”

“Rosalie. Nós somos família. Nós resolvemos juntos os nossos problemas.” O tom de sua voz era quase repreensivo.

Eu baixo minha cabeça, eu sabia, se eu não me virasse e voltasse para casa, ele enviaria alguém para me procurar.

“Ok...” Eu suspirei, “...vou para casa agora.”

Olho para o céu. Você mal pode vê-lo entre os edifícios que se estendem até as nuvens. Começava a escurecer e as nuvens, uma vez brancas, agora estão sombreadas de cinza escuro e ameaçando-me com uma tempestade.

As pessoas se movem pela calçada a caminho do trabalho ou apenas tentam escapar antes de ficarem encharcadas. Sigo o exemplo e desço a escada que leva ao metrô.

Eu tinha ficado muito boa em andar pela cidade nos últimos meses. Eu só tive que ligar para o meu primo Rico me resgatar três ou quatro vezes. Ele achou hilário a cada vez. Eu aprendi rapidamente que ele era o melhor para chamar. Minha outra prima Celia não ajudava em nada. Ela não saía da casa, a menos que fosse para a escola ou uma maratona de compras. Ela era mimada e todos sabiam disso, incluindo ela.

Giovanni, o mais velho de todos, eu não tinha falado desde que ele atirou em Blizzard. Ele tentou uma vez, mas eu não consegui lidar com isso. Toda vez que eu olhava para ele tudo o que podia ver era o sangue de Blizzard se espalhando pelo concreto quebrado.

Gio é um soldado no exército da máfia de seu pai. Ele cortava os sentimentos e emoções e tinha sido ensinado a simplesmente fazer o que precisava ser feito para proteger sua família e seus negócios. Ele estava perto de não ter emoção nenhuma, e mesmo que não fossemos próximos, meu coração doía em pensar na pessoa que ele estava se tornando.

Eu sigo o fluxo no metro movimentado.

Uma garota com cabelos loiros longos tocando seu violão está sentada no chão contra uma parede de concreto. Ela é linda e jovem, possivelmente ainda adolescente, mas sua música é fascinante. Eu a observo por alguns minutos. Assim que eu estou prestes a aproximar e jogar algumas moedas na caixa do seu violão que está aos seus pés, alguns arruaceiros com as calças caídas se aproximam dela. Franzo o cenho quando eles param na frente dela, provocando-a enquanto pegam a pequena quantia de dinheiro que ela havia acumulado.

Ela se levanta e os empurra, gritando para eles irem embora. Um dos meninos a empurra contra a parede sólida e o ar deixou seus pulmões.

“Ei!” Eu gritei, meus pés me levando até eles antes mesmo de perceber o que estava fazendo. Levanto o pé e chuto o garoto que está agachado em frente ao estojo do violão. Ele cai de lado e as moedas espalham pelo chão. “Deixe-a em paz.” Minha voz não vacilou, a adrenalina nas minhas veias mantendo-a estável.

Eu achei que alguém fosse parar para ajudar, mas as pessoas simplesmente desviavam da briga, olhando para o outro lado, como se elas simplesmente não quisessem saber.

Eu sinto a raiva crescer dentro de mim. Eu sei como era não ter ninguém te defendendo. As pessoas olham, mas não tentam ajudar. Elas são egoístas. Elas sempre simplesmente assumem que outra pessoa lidaria com isso. Deixam para outra pessoa ajudar.

“Foda-se, cadela.” De repente, o segundo menino avança na minha direção zombando.

“Deixe-a em paz,” respondo, erguendo os ombros e me recusando a ser intimidada.

“Olhe para você, uma pequena garota branca tentando ser uma heroína.” Ele sorriu, um dente lascado me encarando.

Eu sinto isso crescendo dentro de mim. Eu estou enojada – enojada e cansada pra caralho – das pessoas me desprezando, assumindo que eu não poderia me proteger. Eu estava cansada de pessoas me olhando e assumindo que poderiam se aproveitar.

Eu não permitiria que alguém se aproveitasse novamente. Eu não iria me deixar ser pisada e destruída.

Meu pai me esmagou, e pensei que era o que eu merecia, que eu tinha que lutar pelo seu amor. Mas você sabe o que, eu não tinha que lutar porque agora eu sei que merecia mais do que isso.

Levanto meu punho, sabendo que iria pegar o idiota desprevenido, mas antes que ele pudesse encontrar sua mandíbula, uma mão grande prende meu pulso, segurando-o no lugar.

Os ladrões idiotas tropeçam com o confronto, seus olhos bem abertos, mas eles não recuam. Eu sei exatamente quem está de pé ao meu lado sem ter que virar minha cabeça. Meu tio era bem conhecido na cidade, especialmente pelas gangues locais. Obviamente, esses idiotas não haviam visto a lista de Nova York das pessoas com as quais não se deve brincar.

“Problemas, Rosalie?” A voz de Angelo causou arrepios na minha espinha.

Angelo cuidava dos negócios do meu tio nesse lado da cidade. Ele é alto, robusto e sexy como o inferno. Ele também é solteiro e procura uma esposa para se casar e ter filhos – alguém para passar seu legado.

O problema?

Ele não é o homem que eu quero.

A jovem loira está grudada na parede, seus olhos se movem de um lado a outro entre nós e os dois idiotas.

“Devolva o dinheiro da garota,” disse Angelo de forma clara e enfática, o sotaque italiano proeminente em sua voz tornando suas palavras muito mais ferozes.

O mais jovem e, obviamente, mais estúpido dos meninos se mantem firme, cruzando os braços sobre o peito com um olhar de desafio. “O que você vai fazer sobre isso, homem de negócios?” Ele levantou a bainha de sua camisa, revelando uma arma encaixada na cintura de sua cueca.

O ruído de um trem enche a estação, a brisa soprando contra minha pele quando ele começa a parar. As pessoas correm ao nosso redor, inconscientes do confronto insignificante. Angelo rapidamente me coloca de lado, próxima à garota loira. Ele estende o braço e sua mão enorme agarra o bandido pela garganta. Ele o puxa para perto, e sua boca se move, mas eu não consigo ouvir o que ele está dizendo por causa do barulho do trem e da multidão.

Ele joga o garoto para trás, que consegue se firmar. Ele olha para mim com os olhos arregalados antes de pegar seu amigo pela camisa e arrastá-lo correndo pela plataforma.

Angelo observa-os partir antes de se virar para mim. “Vamos, Rosalie.”

Respiro fundo e enfio a mão no meu bolso. Eu puxo o dinheiro que estava lá e entrego à jovem que ainda está olhando para nós em estado de choque. Pego sua mão e coloco o dinheiro nela.

Sem parar para conversar, corro atrás de Angelo, que já tinha começado a andar na direção da saída. Eu o sigo para a rua, onde, como eu havia suspeitado, começara a chover.

Havia um carro escuro e matizado estacionado na calçada e Angelo abre a porta e espera que eu entre antes de seguir o exemplo. Olho pela janela, esperando a palestra que eu sabia que viria.

“Por que você faria algo tão estúpido?” Angelo perguntou casualmente, mas eu podia ouvir a rispidez em seu tom. “Membros de gangues são perigosos. Eles são jovens e estúpidos e isso os torna extremamente imprevisíveis.”

“Você estava lá. Está tudo bem,“ eu disse a ele, me sentindo uma garotinha que acabara de ser pega fugindo à noite.

“E se eu não estivesse?”

Eu resmungo. “Não tem que pensar no que poderia ter sido. Não faz sentido.”

Ficamos em silêncio por alguns minutos, balançando de um lado para outro enquanto o motorista atravessa o trânsito da cidade de Nova York como se estivesse treinando para a NASCAR1.

“Como você cresce se não considera os erros cometidos no passado?” Sua pergunta me deixou tensa.

Eu me viro para poder ver seus olhos. Ele me observa com cuidado, e com diversão como se estivesse gostando da reação que eu tenho a ele. “Como você segue em frente se ficar constantemente pensando em toda a merda que você fodeu?” Eu jogo nele com um pouco menos de classe.

“Parece que você fala por experiência,” ele observa, seus olhos fixos em mim.

“Não venha com besteiras, Angelo.” Eu franzi o nariz. “Não aja como se meu tio não tivesse te informado sobre o que aconteceu.”

“Touché, toroso mio2,“ ele disse com um leve sorriso.

A verdade era que eu pensava. As escolhas que eu fiz durante o último ano pairavam pesadamente em minha mente e constantemente me faziam sentir mal do estômago. Desejei desesperadamente que houvesse uma maneira de fazer as coisas corretas. Eu me permiti ser manipulada e usada.

Em algum lugar ao longo do caminho, eu me perdi.

Perdi a capacidade de distinguir o certo do errado – e o amor do ódio. Perdi amigos, família e todo o meu orgulho e auto respeito.

Mas de tudo, saber que eu o perdi, foi o que quase me destruiu.

Quase.

Eu ainda não tinha desistido.

Se houvesse uma maneira de corrigir as coisas que fiz, eu faria isso em um piscar de olhos, independentemente das consequências.


CAPÍTULO 2

BLIZZARD

“Irmão, acorde, cara.”

Eu podia ouvir a voz através da névoa na minha cabeça, mas eu estava tão exausto. Meus olhos lutaram para ficar fechados. Alguém sacudiu meu ombro e me assustei. O meu pescoço doía, minha cabeça doía, e todo o meu corpo me pedia para descansar adequadamente.

“Blizz...” Eu esfreguei meus olhos, o borrão começando a diminuir e Optimus, meu melhor amigo e presidente, está ao meu lado. “Como ele está?”

A realidade começou a surgir e fiquei mais do que sóbrio.

Ele tinha exagerado na dose. E com a quantidade de álcool que estava em seu sistema e sua natureza agressiva, eles foram inteligentes o suficiente para mantê-lo dormindo enquanto descobriam o que estava acontecendo.

“Quando eles me disseram que ele tinha ingerido muitas pílulas, eu pensei foda-se. Este bastardo teimoso nunca deixaria esta terra voluntariamente. Ele é muito idiota para isso.” Eu disse a Op enquanto observo o rosto do meu pai. Era a primeira vez em anos que eu o via sem uma carranca. Ele nunca ficou feliz em me ver. Sempre que eu o visitava, ele vinha com um ‘O que você quer?’ mesmo que ele estivesse esperando por mim.

Nunca fui bem-vindo.

Hands era um idiota difícil.

“Eles sabem o que há de errado então?” Op pergunta, recostando-se contra a parede oposta a mim.

Encolhendo os ombros, empurro minha cadeira para trás e me estico, relaxando meus músculos tensos. Eu nem tinha certeza de quanto tempo eu estava aqui. Um dos veteranos do clube tinha visitado ontem e encontrou-o desmaiado no chão. Eu não saí do seu lado desde que o trouxeram.

“A enfermeira ficou um pouco nervosa quando explicou que o médico precisava falar comigo. Mas isso pode ter sido pela minha boa aparência.” Eu movimento as sobrancelhas e Op dá um pequeno sorriso. “Chel não veio com você?”

“Seu pai assusta ela pra caramba.” Franco como sempre.

“Me assusta também,” eu disse, pegando o copo de água na mesinha ao lado da cama e bebendo tudo.

Há uma leve batida na porta.

Op levanta uma sobrancelha. “Você quer que eu saia enquanto conversa com o médico?” Eu balancei minha cabeça quando pedi para o médico entrar. Eu não admitiria isso, mas eu precisava de todo o apoio que conseguisse agora. Este era um novo território para mim. Meu pai era o maior idiota do planeta, mas nunca o vi enfraquecido – nunca.

O médico – um homem baixo e calvo – e uma enfermeira que poderia estar na capa da Playboy entram em silêncio.

A enfermeira me olha de cima a baixo, e eu sei que, depois que tudo isso terminasse, eu precisaria de uma boa foda. E ela ia servir.

“O que está acontecendo, doc?”

Ele não riu da minha piada, mas sorri para mim de qualquer maneira.

“Isso é um pouco mais grave do que pensamos no início, senhor...”

“Blizzard.“ O médico franziu a testa com o meu nome de clube e fez uma nota rápida em sua planilha antes de continuar. “Senhor Blizzard. Seu pai aqui tem a síndrome de Korsakoff. Esta síndrome faz parte da família da demência em estágio inicial e geralmente está associada ao consumo intenso de álcool durante um longo período de tempo.”

E esse era o meu pai em poucas palavras. Ele era um bêbado – ele era o bêbado. E, aparentemente, agora o consumo de bebidas alcoólicas havia cobrado seu preço.

Passo a mão pelo meu rosto, não está barbeado e mais cheio do que costumo por causa do tempo que estive trancado neste maldito hospital.

“Você pode explicar?” Eu pergunto lentamente, tentando não deixar meu mau humor ou frustração assumir.

Assentindo com a cabeça, o médico vira algumas páginas na prancheta. “A razão pela qual seu pai superdosou sua medicação foi porque ele não lembrou de tomá-la. Sua memória de curto prazo está gravemente afetada, então ele continuou tomando até desmaiar, sem saber que tinha acabado de tomar sua pílula uma e outra vez.” Seus olhos continuaram a escanear a página. Eles nunca se fixaram em mim. Eu não sabia se isso era porque ele estava muito assustado ou porque estava entediado por ter que explicar tudo isso para mim.

“Então ele tem demência?” Perguntei cautelosamente, olhando para Optimus verificando se eu não tinha sido o único a ouvir isso. Os olhos de Op estão arregalados enquanto olha para o médico em estado de choque.

O médico franze a testa, quase como se ele tivesse me explicado tudo e ainda assim lhe fiz perguntas estúpidas. “É uma parte da família da demência. Seu pai tem apenas sessenta anos. Não é uma idade comum para pacientes com demência, mas isso acontece. Há uma chance de suas circunstâncias melhorarem com muito trabalho duro.”

“Você está dizendo que ele precisa ficar sóbrio, não é?” Eu perguntei.

“Isso, entre outras coisas. Ele precisará de injeções de tiamina e apoio contínuo.”

Eu sufoco uma risada e ele me olha em completo choque. “Ele vai mandar você se foder. Ele vai gritar, urrar e falar merda.”

Ele parece considerar isso por um momento. “Talvez devêssemos sugerir um centro de atendimento se você não acha que é capaz de lhe dar o apoio que ele precisa.”

“Você vai ter que trancá-lo e jogar a chave fora, se pensa que tem algum tipo de chance de fazê-lo largar o álcool,” eu falei sem rodeios, ignorando a indireta suja de que eu não me importava o suficiente com o meu pai. O bastardo me tratou como merda e ainda me esforcei para visitá-lo uma vez por semana e arriscar um soco na minha cara.

Os médicos poderiam lidar com essa merda – como se ele precisasse de outro motivo para me odiar.

“Eu vou fazer os arranjos. Pode levar um mês ou mais para encontrar um lugar e não posso garantir que será próximo daqui.”

Olho para o meu pai, o homem que passava mais tempo bêbado do que sóbrio e sempre gostava de me chutar enquanto eu estava para baixo.

Eu me preocuparia se ele não estivesse na mesma cidade?

Tudo dentro de mim dizia que não, não me importaria. Não depois do que ele me fez enquanto eu crescia. Mas então penso em como a minha mãe nos deixou e uma onda de lealdade me domina. A necessidade de não ser como ela é muito forte.

“Nós atravessaremos essa ponte quando chegarmos nela,” falei ao médico que assente com a cabeça, satisfeito com a minha resposta e prontamente caminha diretamente até a porta.

A enfermeira, por outro lado, leva seu tempo balançando os quadris e jogando seus cabelos. Ela se vira para me dar uma rápida piscadinha por cima do ombro quando saiu do quarto. Ela é quente, mas meu pau nem se contraiu com a demonstração de interesse.

“A cadela quer.” Op riu de seu lugar do outro lado do quarto.

“Eu vou dar a ela mais tarde,” eu murmurei, levantando-me e caminhando até a pia para pegar outro copo de água.

“Você não toca as putas do clube, mas a equipe de enfermagem tudo bem?” Sua pergunta foi séria, eu poderia dizer, mesmo que ele tentasse encobri-la com um tom divertido.

Depois de beber ruidosamente coloco o copo na mesinha. “Faz tempo que não temos novas garotas no clube. Fiquei enjoado das mesmas de sempre, sempre as mesmas.”

“Você quer dizer que teve um pequeno vislumbre de algo melhor e não há retorno agora?” Eu queria bater nele, acertar meu punho em seu rosto estupidamente presunçoso.

Mas ele estava certo.

Rose me mostrou outra coisa, outro mundo, eu acho que você poderia dizer. Ela era linda e engraçada e ela mostrou respeito próprio, o que significa que ela não o deixaria de lado por qualquer irmão que pedisse.

Eu não condeno as garotas do clube. Elas fazem o que fazem, elas são pagas para fazê-lo, e a maioria delas é gentil. Mas eu queria alguém que pudesse chamar de minha. Alguém que fosse sexy e inteligente e que eu não tivesse que compartilhar com meus irmãos. Eu queria possuí-la, mente, corpo e alma.

Infelizmente para mim, o diabo já a havia reivindicado, e me perguntei como algo tão sombrio e enganador poderia se esconder dentro de tamanha beleza.

Meu nariz contrai, o cheiro do quarto do hospital fazendo meu estômago se contorcer. Tive a sorte de passar apenas alguns dias no hospital depois do dia que Rose apareceu na sede do clube. A bala atingiu apenas o meu braço. O que me fez vir para cá foi quando eu caí. Eu bati minha cabeça na calçada de concreto e desmaiei. E deixe-me dizer que as feridas da cabeça sangram como um filho da puta.

Os meninos acharam que eu tinha sido baleado na cabeça quando vieram correndo, nenhum deles conseguia entender como eu ainda estava vivo.

Eu tive uma concussão e levei alguns pontos, mas melhor do que uma bala no peito.

Eu sempre odiei hospitais, mas agora o cheiro e a sensação do lugar me atingiram por outro motivo.

Isso me lembrou daquele dia.


CAPÍTULO 3

ROSE

Olho para a carta em minhas mãos.

Mesmo com tudo que sofri durante o último ano, eu ainda consegui terminar a faculdade. Embora eu suspeitasse que meu tio teve seu dedo nisso para o tornar possível. Ele tinha um talão de cheques gordo e muita influência. A faculdade me deu dois meses para completar as últimas tarefas que eu tinha perdido.

Eu sabia que não era normal, mas não estava em condições de me opor. Poderia também aproveitar ao máximo o poder da minha nova família.

A única falha, eu tinha que voltar para Athens e pegar meu diploma em pessoa assinado pelo Reitor.

Eu jogo o pedaço de papel na cama ao meu lado e ele flutua no ar, desliza sobre o colchão e vai para o chão.

Eu gemo.

Eu estou pronta para voltar à cena do crime?

“Uau, não gostaria que o vento soprasse agora e seu rosto ficasse assim.” Rico inclina-se contra o batente da porta. “Porque a careta?”

Entrando no quarto, ele vê o papel no chão e abaixa para pegá-lo. Eu assisto enquanto ele lê. Sua sobrancelha se ergue enquanto ele franze o cenho com as palavras. “Isso é uma besteira, eles não podem fazer você voltar lá apenas para buscar isso.”

“Eu preciso. A única condição é que eu pegue pessoalmente.”

Ele balança sua cabeça. “Eu vou falar com papai. Tem que haver algo que ele possa fazer sobre isso.”

Eu o alcanço antes que saísse pela porta. “Rico, por favor, ele já fez o suficiente por mim com isso. Se é isso que eu preciso fazer, então eu vou fazê-lo.”

Rico era protetor. Nós formamos um relacionamento realmente excelente, mas tanto quanto eu amava que ele assumiu o papel de irmão mais velho, não podia deixar que eles me protegessem de tudo. Entre Rico e Angelo, ambos me ensinaram maneiras de ser mais forte e senti como se eu tivesse crescido tanto no corpo quanto na mente.

Estava pronta para isso.

Eu estava pronta para voltar.

“Eu poderia ir...”

Eu sorrio. “Rico, tudo bem. Eu vou ficar bem.”

Ele faz uma careta. “Bem, que tal irmos até a academia e treinar no ringue de boxe. Assim eu saberei que se você encontrar alguém, você estará preparada.”

Eu rio e salto para fora da cama. Angelo tinha sido inflexível que eu precisava aprender a me proteger. Eu lamentei e resmunguei sobre isso, mas secretamente eu adorei. Isso me deu a sensação de que eu não estava indefesa – um sentimento que meu pai Marco se certificou que eu sentisse todos os dias.

“Boa ideia.” Eu dou nele um rápido empurrão, então ele tropeça e passo por ele indo para o porão, onde fica a academia.

“Pirralha!” Ele gritou atrás de mim. Eu ri, pulando três degraus de cada vez e esperando que eu não perdesse um e caísse desajeitadamente pela escada. Eu podia ouvir os passos de Rico atrás de mim, se aproximando rapidamente.

“Rosalie!” Meu corpo parou instantaneamente ao ouvir a voz do meu tio. Rico parou ao meu lado. Tio Anthony está no final da escada. “Rosalie, eu preciso falar com você. E eu preciso lembrá-los que esta casa não é um pátio de recreio.”

“Sim, pai.” Rico baixou a cabeça, dando à minha mão um aperto rápido enquanto passava por mim.

Tio Anthony estende a mão, gesticulando em direção ao escritório.

Concordo com a cabeça e forço um pequeno sorriso enquanto o sigo pelo corredor. Ele senta-se no grande sofá de couro, uma peça lindamente trabalhada que se encaixava perfeitamente ao tema do escritório. Havia estantes cheias de livros e uma escrivaninha impressionante que era maior que a maioria das mesas de uma sala de jantar de seis lugares. Meu tio era discretamente extravagante. Ele nunca expôs isso ao mundo exterior, mas em sua própria casa ele amava o melhor de tudo, e quanto maior, melhor.

Enfio minhas pernas debaixo de mim enquanto me sento em uma poltrona grande em frente a ele. Ele se inclina para frente, descansando os antebraços sobre os joelhos e juntando as mãos.

“Isso não é bom, é?” Perguntei, me mexendo nervosamente.

Ele suspira. “Marco está pedindo para vê-la.”

Meu coração acelera. “Porquê?”

Meu tio bufa e eu olho para ele em estado de choque. Tio Anthony não bufava. Uma coisa que eu aprendi estando aqui com os DePalma, é que existe uma imagem que a família precisa projetar. É por isso que meu tio mantém uma ótima postura e por que meus primos são tão diferentes a portas fechadas. “Eu diria que ele está desesperado. Ele foi cortado da família. Ele não tem dinheiro e, mais importante, nenhum aliado.”

“Eu não quero falar com ele ou vê-lo,” eu disse, meu estômago agitando. Talvez eu tenha aprendido a ser forte e a manter a cabeça erguida, mas mesmo a menção do nome do meu pai fez tudo o que eu tinha construído desmoronar novamente.

“Eu recomendaria que não o fizesse. Você se tornou uma mulher bonita e forte nos últimos meses.” Eu sorrio suavemente como se ele estivesse lendo os pensamentos na minha cabeça. “Eu odiaria que isso mudasse.”

Eu engulo com dificuldade, mordendo a língua na tentativa de encontrar as palavras certas. “Ele... ele vai sair?”

Seu rosto endurece. “Você tem certeza de que está pronta para essa resposta?”

Sentando um pouco mais reta, concordo com a cabeça. “Por favor... eu preciso saber. Eu perdi tanto tempo me perguntando quem era meu pai. Saber que ele é um ser humano tão sombrio e raivoso, faz-me questionar quem eu sou. Eu sou o sangue dele. Eu sou parte dele-“

“Você é meu sangue. Eu não vou deixar você continuar pensando que só porque ele é seu pai que você foi envenenada com seus problemas.” Sua voz era severa e ele me olhou diretamente nos olhos. Foi intimidante, mas ao mesmo tempo, não ousei desviar o olhar. “Nossa família é forte, somos resistentes e somos humildes. Nunca se deixe pensar de outra forma.”

Um tremor atravessa meu corpo. Suas palavras estavam cheias de paixão.

“Marco não vai mais contaminar essa família com sua presença.”

Demoro alguns minutos para processar isso. Claro, ele nunca iria ser direto e dizer o que ia acontecer com ele. Meu tio era muito inteligente para professar essas palavras, sem saber quem poderia estar ouvindo, mas o que ele havia feito me acalmou.

Marco, quase matou a única pessoa que eu poderia chamar de amiga e tinha me marcado para sempre. Olho para a minha mão que ainda carrega as marcas de seu castigo pouco ortodoxo. A queimadura tinha descolorido minha palma e a deixou com uma textura estranha. Um lembrete permanente da dor que sofri e da minha estupidez por estar tão desesperada por fazer parte de algo mais.

Concordo com a cabeça, aceitando sua explicação. Parecia estranho estar tão entorpecida com algo que qualquer pessoa normal acharia chocante. Eu pensei que ouvir essas palavras doeria mais, que eu sentiria algum tipo de dor no meu peito como foi quando perdi minha mãe. Talvez eu me encaixasse aqui mais do que pensava? Ou talvez eu simplesmente não me importasse? Talvez eu só quisesse que ele se machucasse?

Só esses pensamentos agitaram meu estômago.

“Eu tenho que voltar para Athens para pegar meu diploma,” afirmei, mudando a direção da conversa antes de começar a exigir detalhes.

Tio Anthony inclina a cabeça para o lado. “Você está preocupada com isso?”

Minhas mãos apertam os braços da cadeira. “Não muito preocupada, mas... são eles.”

Eu luto contra as lágrimas quando ameaçam cair. Eu não as deixaria aparecer.

Meu tio respira fundo, mas acena com a cabeça. “Nunca sinta que está abaixo de alguém porque cometeu erros, amore.” Vi a fachada forte escorregar de seu rosto e, pela primeira vez desde que cheguei, senti mais nele do que apenas uma necessidade de proteger o nome de sua família, senti um tio que compartilhava seu coração com sua sobrinha.

Meu corpo se aqueceu.

Eu queria tanto sentir como se pertencesse aqui. Eu tentei, mas eu fui criada de forma tão diferente e eu continuava a me sentir como um pária.

Eu queria aquela grande família que era gentil e atenciosa e passava tempo juntos. Eu queria grandes natais e feriados em família. Eu queria tios que ficassem muito bêbados e contassem histórias divertidas durante encontros familiares e avós que comprassem meias a cada aniversário. Queria uma família que fofocasse e se vangloriasse. Eu queria todas aquelas coisas estranhas que cada família faz, que para elas é normal.

Esta não era a família DePalma.

Os DePalma eram fortes, mas de um modo diferente. Seus laços familiares eram inquebráveis, mas por diferentes motivos. A lealdade ao nome da família foi impregnado neles, tudo permanente e havia certas expectativas para cada membro. Eu aposto que Celia nunca se queixou a seus amigos sobre o poder de seu pai, e eu aposto que Rico nunca sonhou em fugir à noite para ir a uma festa do colégio. Simplesmente porque eles tinham muito a perder. O nome de família DePalma não era algo que você ousaria arriscar.

Era muita pressão e eu já podia sentir isso me sufocando.

“Você gostaria que eu enviasse alguém com você?” A pergunta do tio Anthony me fez sentar um pouco mais ereta.

Eu balanço minha cabeça. “Não. Não, eu preciso fazer isso sozinha.”

Ele franze a testa. “Não há vergonha em pedir ajuda, Rosalie. Somos família.”

Forçando um sorriso, eu balanço minha cabeça. “Obrigada tio. Mas eu nunca vou ser independente se continuar me escondendo atrás de você.”

Sorrindo, ele acaricia minha perna e levanta. “Você é sábia.”

Esta era a coisa boa sobre o meu tio, ele pode criar seus filhos de um certo modo, mas ele definitivamente não os criou para serem covardes e recuar. Isso era algo que eu estava aprendendo rápido, algo que eu precisava.

Respiro fundo quando ele se desculpa e sai do escritório. O pensamento de voltar para Athens me assustou muito. Eu queria acreditar que poderia entrar e sair sem ser notada, mas eu não sou burra. Aquela área é propriedade dos Brothers by Blood MC e não existe nenhuma maneira de voar sob o radar deles.

Ter um dos homens do tio Anthony comigo seria reconfortante, mas eu estaria escondendo minha cabeça na areia.

Eu preciso enfrentar meus demônios e lidar com as consequências das minhas ações.

Talvez essa viagem ajudasse a acalmar minha mente?

Talvez eu voltasse e encontrasse tudo bem e ninguém mais se importava com o que aconteceu?

Talvez eu estivesse apenas sonhando?


Capitulo 4

Blizzard

“Blizz?”

Viro a cabeça para olhar em Ham. Ele está na porta do escritório do Op desajeitadamente.

“Sim?”

“Você tem visitantes, cara.” Eu vejo seus olhos se moverem sobre meu ombro para onde Optimus está sentado com Chelsea em seu colo. Só isso me disse que não é o tipo de visitante que eu iria gostar.

Viro meu corpo em sua direção. “Quem é?”

Seus olhos se estreitam ligeiramente quando ele responde, “Alguns motoqueiros com uma mulher que diz ser sua mãe.”

Eu preciso me conter para não estremecer com suas palavras. Minha mãe foi embora quando eu tinha apenas doze anos, abandonando meu pai e eu por um membro de outro clube. Não soube muito dela desde então. Ela ligava quando eu era mais jovem, mas quando comecei a perceber a profundidade do que ela tinha feito, deixei de atender.

Ham cruza os braços em seu peito largo. O garoto cresceu nos últimos meses.

Fechando as mãos em punhos, sigo para a porta, Ham saltando para o lado antes que eu o atropelasse.

Ouço Optimus gemer. “Oh, merda.” Mas continuo andando pelo corredor e saio pelas portas do pátio. O cascalho faz barulho sob meus pés pesados, passos atrás de mim se movendo rapidamente para me alcançar.

“Blizzard,” Op resmungou, alcançando-me logo antes de chegar aos portões da frente. Eu posso ver os motociclistas parados do outro lado. “Você precisa manter a calma.”

Eu zombo, passando pelo portão e encontro cara a cara a mulher que tinha me virado as costas há tantos anos atrás.

Seus olhos se arregalam e ela se afasta da moto em que estava apoiada. Ela está mais velha, mas ela parece exatamente como eu lembrava dela. Ela envelheceu bem. O pensamento acabou me deixando ainda mais furioso.

“O que você quer?” Eu pergunto irritado, parando ali.

Eu assisto ela se encolher, mas quando uma mão enrugada envolve sua cintura e um grande idiota, vestindo jeans escuro e um colete de couro, levantou-se ao lado dela, ela pareceu recuperar a confiança.

Ela endireita os ombros e me olha nos olhos. “Matthew.” Eu estremeço. Ouvindo meu nome, um nome que eu não tinha escutado sair da boca de ninguém em muito tempo. Quatro outros homens de diferentes idades e físico descem de suas motos e se aproximam.

“Você tem muita coragem de aparecer aqui,” eu zombei.

Sinto Optimus se mover para o meu lado esquerdo, parando na minha frente e dando a atenção, mas os olhos da minha mãe nunca deixaram os meus.

“Eu preciso falar com você.”

Minhas narinas dilatam. “Parece que é algo que você deveria ter feito há vinte anos.”

Ela assente, aceitando o veneno em minhas palavras sem negação. “Eu sei, mas estou fazendo isso agora.”

“Já ouviu o ditado muito pouco, muito tarde?”

O silêncio paira no ar por um tempo antes de Optimus pigarrear. “Espero que você tenha uma boa razão para vir até a sede do nosso clube sem aviso prévio.”

O homem mais velho com o braço em volta da minha mãe lhe dá um aperto antes de dar um passo à frente. Eu sei quem ele é. O homem pelo qual ela tinha deixado meu pai, com o qual tinha iniciado uma nova família em uma nova cidade, em um novo clube.

“Meu nome é Judge,” ele se apresentou, sua voz baixa. “Presidente do Satan’s Sanctuary MC.”

“Optimus,” respondeu meu presidente.

Judge assente. “Eu acredito que há alguma história aqui que obviamente precisa ser esclarecida, mas vou direto ao assunto. Precisamos de ajuda.”

“Não,” respondo secamente. “De jeito nenhum.”

“Blizzard,” Op grunhiu em desaprovação.

Aponto para minha mãe. “Você não pode voltar aqui, pedindo alguma merda depois do que você fez.”

Ela não baixa a cabeça com vergonha ou recua. A cadela é forte, eu preciso admitir isso. Ela levanta a cabeça e me olha diretamente nos olhos. Vejo tristeza refletida ali, mas força também.

“Ela não está pedindo,” disse Judge, pisando na frente dela de forma protetora. Ele bate no peito. “Eu estou pedindo.”

Eu franzo a testa. Não era frequente ver o presidente de outro clube vindo até você pedir ajuda. Nós preferimos manter nossos assuntos ou problemas dentro do clube, nunca mostrávamos nossas fraquezas lá fora.

O Satan’s Sanctuary é um clube muito menor, mas eles tinham um punhado de outras subseções espalhadas por aí. Eu ainda estava surpreso por eles terem vindo aqui.

“Isso é um grande pedido,” disse Optimus.

Eu quero rir, a situação era tão ridícula. Não tenho notícias da minha mãe há anos, e agora ela aparece aqui sem aviso prévio e desesperada.

Judge baixa a cabeça. “Você sabe que não estaríamos pedindo se essa merda não fosse importante e isso diz respeito ao seu garoto aqui.” Ele fez um gesto na minha direção.

Olho de lado para Op e ele franze a testa interessado. Todo o meu corpo gritou para mandar-lhes se foder e rir enquanto eles se afastavam.

Desejo desesperadamente ver a dor nos olhos da minha mãe com a esperança de que isso me fizesse sentir como se estivesse ganhando algo do que ela tirou de mim.

Mas não posso.

Eu encolho meus ombros.

Op me observa por um minuto antes de gritar por cima do ombro dele, “Ham, abra os portões e deixe-os entrar.”

Eu observo enquanto os ombros da minha mãe caem com alívio, e ela recua para a moto onde estava apoiada anteriormente. Op, meus irmãos e eu, voltamos para a sede do clube enquanto eles começam a se dirigir para dentro do complexo.

“O que você acha?” Ele perguntou.

“Nenhuma ideia maldita. Eles devem estar desesperados,” eu disse, chutando o cascalho e observando as cinco motos estacionarem em frente à sede do clube.

“Eles estão desesperados ou sabem que você não será capaz de dizer não?” Eu estreito meus olhos. O desdém que eu tinha pela mulher que me deu à luz queimou dentro de mim. Mas se teve algo que eu aprendi crescendo dentro do clube, foi que você não virava as costas para a família.

Ela me deixou com um pai alcoólatra abusivo que me culpou por todos os seus problemas. Eu o odiava por isso, mas eu o tinha cortado da minha vida? Não.

“Você não sabe se não vamos dizer não.”

Op ri. “Você pode odiá-la o quanto quiser, mas eu te conheço. Você não poderá dizer não.”

Eu resmungo baixo.

Nos reunimos na sala principal. Meus irmãos tomaram seus lugares encostados no bar quando os forasteiros entraram e sentaram em uma mesa comigo e Op.

“Você tem dez minutos para convencer a mim e ao meu vice-presidente cabeça dura de porque nós temos que ajudá-los.” Op colocou as cartas na mesa.

Judge observa sua parceira – sua esposa talvez. Eu nem sabia o que eles eram. Eu sabia que ela e meu pai eram divorciados. O dia em que ele recebeu esses papéis pelo correio tinha sido ruim.

Ele agarrou a gola da minha camisa e me jogou contra a parede mais próxima. Eu não chorei, nem mesmo quando caí sobre a pequena mesa lateral e uma parte da madeira quebrada cortou minha pele. Eu rangi os dentes, triturando-os e escondi a dor enquanto me movia.

Ele empurrou um pedaço de papel na minha cara, nem me deu tempo para entender o borrão de palavras antes de começar a gritar, “Um divórcio! A cadela da sua mãe quer o maldito divórcio!”

Eu queria perguntar por que, para tentar descobrir o que estava acontecendo, mas eu sabia que isso só aumentaria sua raiva.

“Isso é por sua causa! Ela nunca quis crianças,“ ele resmungou enquanto andava de um lado a outro na minha frente. “Ela sempre disse que era muito jovem, queria se divertir e viver sua vida.”.

Eu balancei a cabeça, sem entender o que ele estava dizendo. Ela talvez nunca tenha sido a melhor mãe, eu sabia disso, apenas observando como as outras Old Ladies do clube tratavam seus filhos. Mas ela ainda me abraçava quando eu me machucava e tentava me fazer rir. Ela ia às reuniões escolares e me mandava fazer minha lição de casa.

“Se você não tivesse nascido, então nós ainda estaríamos aproveitando as noites, festejando e fumando sempre que quiséssemos, não envolvidos em trocar fraldas sujas e cuidar de sua bunda.” Ele parou e me encarou com uma escuridão em seus olhos que eu raramente vi. Ele me odiava, eu podia dizer. Eu podia sentir isso.

Se lançando para a frente, ele envolveu suas mãos em torno da minha garganta e começou a me levantar do chão. Eu engasguei e sufoquei, cuspindo em seus braços tatuados.

“Ela mudou! Você fez ela mudar!“ Ele me sacudiu, batendo minha cabeça na parede e me deixando atordoado. Eu tinha quinze anos e era grande para minha idade, mas nada contra a força brutal do meu pai.

“Solta ele, Hands!” Ouvi outra voz rouca gritar. Ele continuou a me sacudir mesmo quando o homem que consegui reconhecer como o presidente do clube e melhor amigo do meu pai, Dealer, entrou e tirou suas mãos do meu pescoço.

Eu caí no chão, tossindo e ofegando.

“A culpa é dele!” Escutei meu pai gritar enquanto eu rastejava cegamente ao longo do piso de madeira em direção ao meu quarto. A voz alta do meu pai cheia de acusações me seguindo. “Sua maldita culpa!”

Dealer me salvou da ira do meu pai em mais de uma ocasião.

Eu sinto como se ele soubesse quando as coisas iriam ficar ruins e apareceria do nada. Eles costumavam ser próximos, Dealer e Hands escolheram seus nomes juntos. Como prospectos, eles costumavam sair e enganar homens no pôquer. Eles eram uma equipe improvável, mas juntos eram imparáveis – imbatíveis.

Meu amigo Op teve os melhores pais. Seu pai era forte e poderoso, mas humilde sobre quem ele era e o mundo que ele controlava. Dealer atendeu a todos em sua família, até mesmo os pequeninos, como eu. Ele acreditava em lealdade e força como um, que nossa cadeia é tão forte quanto o seu elo mais fraco.

Sua esposa, Daisy-Mae, era uma garota do interior que não sabia como lidar com o clube no início, mas ela aprendeu porque era sobre o que seu homem gostava, então era o que ela gostava. Ela era uma senhora influente, mas uma alma reconfortante e pacífica.

O amor deles foi combinado pelo maldito universo. Eu pensei uma vez que o dos meus pais também era.

Quão errado eu estava.


Capitulo 5

Blizzard

Um pigarro chamou minha atenção e eu escutei quando Judge começou a falar. Ele manteve a cabeça erguida apesar da situação em que ele estava. Que não me mostrava o quanto eles precisavam de nós. Ele não iria entrar aqui e implorar e pedir ajuda. Isso não é o que um presidente forte faz.

Ele iria colocar tudo na mesa e, independentemente da nossa resposta, ele manteria seus ombros erguidos e sairia daqui jogando um foda-se por cima do seu ombro.

Eu tinha que respeitá-lo por isso.

“Descobri um clube ocupando no nosso território, Vicious Vultures MC.” Ele fechou as mãos enquanto as colocou no topo da mesa. Minha mãe, Jackie, envolveu sua mão sobre a dele e deu um leve aperto. “Eles estiveram nos irritando por um mês ou mais. Tentando tudo o que eles têm. Matando alguns dos meus meninos, roubando lojas na cidade, aterrorizando as pessoas e dizendo a todos que se nós não desistirmos, eles irão queimar tudo até que não haja mais nada.”

“Você veio até aqui por causa de uma guerra por território?” Eu zombei. “Isto é para o que as suas subseções servem.”

Judge reconhece minhas palavras, mas continua conversando com Op. “Uma subseção veio ajudar, expulsou-os, mas a merda ficou séria... e pessoal, duas noites atrás.” Ele limpou a garganta e olhou para a minha mãe que acenou com a cabeça para ele. “Eles levaram nossa menina.”

Eu olho para eles em estado de choque. Nunca soube nada sobre eles terem um filho. Perguntei-me se o meu pai sabia, com certeza ele teria adorado ter jogado isso na minha cara. Afasto da mesa e me obrigo a levantar.

Eu vejo minha mãe tentar levantar pelo canto do meu olho, mas Op levanta uma mão, impedindo-a de sair da cadeira.

“Quantos anos estamos falando aqui?” Perguntou Op.

“Ela tem dezenove anos,” ela respondeu suavemente.

Os números começam a correr pela minha cabeça. Quantos anos eu tinha quando ela foi embora? Quantos anos tenho agora?

Eu giro bruscamente e olho para ela. “Uma mentirosa e uma fodida traidora.” Eu lambi meus lábios e olhei para ela.

“Matty...”

“Esse não é o meu nome porra!” Gritei. Sinto uma mão no meu ombro, uma mão leve.

“Blizzard, está tudo bem,” disse Chelsea suavemente.

“Não está...” Eu tentei respirar, mas foi estranho e trêmulo, a adrenalina e a raiva enchem minhas veias. “Não está tudo bem! Enquanto você estava brincando e destruindo meu mundo, eu estava lidando com as consequências. Eu estava levando surras por você!”

Minha mãe ofega e uma mão cobre sua boca.

“Eu estava apanhando então você poderia sair e ser uma puta de merda.”

“Basta!” Gritou Judge, batendo as palmas das mãos sobre a mesa e olhando para mim. “Mostre a sua mãe um pouco de respeito. Você precisa saber a verdade antes de começar a lançar acusações infundadas.”

Eu dou um passo à frente, Chelsea ainda agarrando meu ombro em uma patética tentativa de me segurar. “Infundadas? Eu tenho as malditas cicatrizes para provar isso.”

“Blizzard, isso é o suficiente,” Op grunhiu, de pé também e girando o corpo para mim. “Sente-se porra, não terminamos.”

Chelsea pisa na minha frente agora e a deixo me empurrar para trás até eu sentir minhas costas baterem no bar e eu caio em um banquinho agora desocupado. Ela agarra minha mão, meus dedos brancos pela maneira dura que eu os estava apertando-os. Ela abre minha mão e força uma garrafa de cerveja gelada.

Inclinando-se para mim, ela sussurra com dureza, “Beba antes que Op venha aqui e nocauteie você.”

Olho por cima da sua cabeça para o meu presidente. Ele pode ser meu melhor amigo, mas ele tinha a ameaça de violência em seus olhos enquanto ele me encarava. Eu bebo na garrafa, o líquido amargo e fresco escorregando pela minha garganta. A sala está silenciosa. Chelsea observa-me cautelosamente até ficar satisfeita, então ela se afasta, deslizando atrás de Op.

Com as coisas calmas, Op começa de novo. “Como eles a pegaram?”

Minha mãe limpa a garganta. “A pegaram na saída do seu trabalho. Mataram um dos meninos no processo.”

“E desde então?” Leo perguntou, tomando meu lugar ao lado de Op na mesa.

“Exigiram que abandonemos a cidade em troca dela.” Eu olho quando outra voz se juntou à conversa. Ele é jovem, mas alto e robusto. Ele segura um isqueiro nas mãos, acendendo-o com os dedos.

“Suponho que isso não é uma opção,” respondeu Leo.

O garoto estreita os olhos. “Eu quero a porra da minha mulher de volta! E, infelizmente, para nós, vocês podem ser a única opção que temos de fazer isso, sem perder nosso clube ou nossas vidas no processo.”

Ah, então o garoto estava com a minha chamada irmãzinha. Meus instintos gritaram para socá-lo só por esse fato. Foi um sentimento estranho.

“Vocês tem um plano para isto?” Op perguntou, jogando o braço em torno de Chelsea que está ao seu lado.

“Espero que possamos descobrir uma maneira se você concordar em nos ajudar,” disse Judge, batendo os dedos sobre a mesa.

Op responde com diplomacia, “Isso é algo que eu precisarei discutir à mesa com meus irmãos.”

Judge pega a mão da minha mãe. “Claro. Nós ficaremos na cidade. Você pode nos informar quando tomar uma decisão.”

Observo enquanto Optimus aperta as mãos dele e os acompanha até às motos. Meus irmãos se espalharam, mas Chelsea caminha direto para mim.

“Você precisa de outra cerveja?” Perguntou ela.

Olho para a minha garrafa que se tornou vazia mais rápido do que o habitual. “Sim, princesa.”

Ela contorna o bar e noto o pequeno coxear em seu passo. Chelsea tinha sido gravemente ferida, precisando de uma extensa terapia física antes de poder caminhar corretamente de novo. Mas todos notamos que quando ela estava cansada ou estressada, ela tinha um pouco de dificuldade.

“Princesa, você precisa se sentar antes que seu homem te veja andando como um pato manco,” eu a repreendi, enquanto ela colocava outra cerveja gelada no balcão.

“Você acabou de me chamar de pato manco?” Ela bateu suas unhas bem feitas no balcão do bar, me desafiando a repetir.

Eu sorrio. “Sim, mas um daqueles bonitinhos fofinhos e amarelos.”

Ela bufa. “Você é um idiota.”

Meu sorriso lentamente se transforma em um sorriso malicioso quando ouço o estrondo profundo das motos e a batida de pesadas botas chegando à porta. “Ei, Op! Sua garota está oscilando enquanto caminha.”

Chelsea se debruça sobre o bar como se fosse me agarrar, mas eu me afasto de seu alcance.

“Mulher, você pode simplesmente se sentar,” Optimus grunhiu passando pela porta.

Ela cruza os braços em seu peito. “Estou bem. Seu irmão aqui está apenas tentando me irritar.”

“Chelsea...” advertiu Op.

“Ele me chamou de pato manco!” Ela protestou, apontando para mim como uma criança acusadora.

Eu rio, mas antes que pudesse retrucar, um pequeno corpo passou pela porta ao lado de Optimus e se atirou em mim. Consegui colocar minha bebida no bar antes de pegar Harlyn no ar e levantá-la.

“Ei, garota.” Eu sorri para a garotinha.

Harlyn é a garotinha de Op. Ela e sua mãe estavam vivendo em outro estado. Isso até que a merda bateu no ventilador alguns meses atrás, e Optimus finalmente as trouxe de volta para cá na tentativa de mantê-las seguras enquanto lidamos com a mesma família mafiosa que atirou em mim na rua há alguns meses.

Quando as coisas finalmente se acalmaram, Sugar, a mãe de Harlyn decidiu voltar e ficar com a nossa família. Optimus e Chelsea estavam animados por tê-las aqui. Outro de meus irmãos ficou particularmente feliz por ter Sugar tão perto, mas Op ainda não tinha consciência do relacionamento que estava crescendo dentro dessas paredes.

“Por que você não está na escola?” Perguntou Chelsea com desconfiança, inclinando-se no bar para dar um beijo na bochecha da menina.

Harlyn cobre a boca e tosse um pouco. “Eu estou doente.”

Levanto minha sobrancelha para Optimus e ele esfrega a mão pelo rosto.

“Como o inferno que você está,” Optimus grunhiu aproximando, tira-a de mim e a coloca no chão. Ele se agacha na frente dela. “Você perdeu dois dias na semana passada, Harlyn. O que está acontecendo?”

Ela arrasta seus pequenos tênis no chão.

“Isso é o que eu gostaria de saber.” Sugar apareceu na porta de onde Optimus tinha acabado de sair. “Nós vamos ver o professor depois da escola.”

Harlyn geme, “Estou doente.”

“Besteira,” Op disse a pegando no colo. “Que horas? Chelsea e eu iremos.”

“Três e meia. Mas por enquanto, você tem lição de casa para fazer, senhorita.” Ela jogou a mochila de Harlyn na mesa mais próxima.

Harlyn olha para Chelsea como se estivesse procurando algum apoio. Chelsea balança a cabeça. “Vá fazer.”

Optimus a libera e ela pisoteia, resmungando sobre como era tão injusto. A garota pode ter apenas seis anos, mas é como ter uma maldita pré-adolescente.

“A vida de uma criança de seis anos... tão difícil,” zombei.

Ela me lança um olhar sobre o ombro e não posso deixar de rir.

Tal pai, tal filha.

“Igreja em meia hora,” ordenou Optimus antes de seguir pelo corredor até o escritório.

Suas palavras ficaram de repente sérias. Havia coisas maiores para se preocupar. Se Harlyn soubesse o quanto ela tinha sorte.

Minha vida estava prestes a ficar muito mais complicada.

Eu podia sentir isso.


Capitulo 6

Rose

A viagem de avião não tinha sido longa, mas na minha cabeça, pareceu uma eternidade. Sentada lá, esperando enquanto me aproximava cada vez mais do lugar onde eu me perdi.

Athens guardava as piores lembranças da minha vida. Foi onde meu pai me espancou, onde ele me fez sentir como se fosse a escória mais baixa da Terra. Ele me contou histórias sobre quão poderosa era a família DePalma, como eles possuíam os Estados Unidos e como eles eram tão dominantes e influentes. Marco me fez sentir como se fosse um privilégio ser considerada parte de sua família, não simplesmente um direito, porque eu tinha o sangue deles correndo nas minhas veias.

Quando eu encontrei meu pai, ele me enviou para a faculdade do outro lado do país. Doeu saber que o homem que eu procurei, por tanto tempo, era tão frio e indiferente. Enquanto eu estive longe, pesquisei a história das famílias italianas – seus costumes, seus valores. Era tudo o que eu queria, tudo o que eu tinha sonhado quando garotinha. Primos, tias e tios, avós – o tipo de família que se unia para comemorar.

Então, quando Marco me chamou dizendo que era hora de eu aparecer e provar o quão dedicada eu estava em fazer parte de sua família, me juntei a ele em um instante. Sem saber que estava prestes a entrar em algo que me destruiria completamente.

Inspiro profundamente enquanto saio pelas portas do aeroporto. O ar aqui é diferente do ar de Nova York. Mais fresco, talvez. Mas mesmo a suavidade do ar e os espaços abertos não fizeram nada para me acalmar.

Eu parei alguns minutos, esperando acalmar minhas mãos trêmulas antes de jogar minha bolsa sobre meu ombro e caminhar até o táxi mais próximo.

Eu tinha reservado um quarto de hotel perto da universidade e da cidade, então não precisaria arranjar um carro. O plano era uma noite e depois eu daria o fora daqui amanhã à tarde.

Entrar e sair – eu poderia fazer isso.

Meu corpo estava começando a relaxar sentada no táxi e assistindo o mundo passar. Eu me apaixonei por essa cidade. Era bonita e tradicional. Um nó se formou na minha garganta. O cenário era familiar e, enquanto olhava pela janela e observava, comecei a me sentir quase confortada.

Tanto quanto eu amei e detestei as memórias que vieram com este lugar, no final, ainda tinha um sentimento de casa.

Me acomodo no meu quarto de hotel e peço comida. Eu escolhi fazer um voo à tarde amanhã, então eu poderia caminhar até a universidade e pegar um táxi de lá direto para o aeroporto. Não haveria muita coisa a ser feita e, portanto, poucas chances de ver... alguém. Eu verifico o relógio. São quase dezenove horas e está começando a escurecer lá fora.

Fico de pé na varanda e olho para a rua. Eu cheguei a conhecer Athens como a palma da minha mão, e meu antigo apartamento era a apenas duas ruas de onde eu estou. Eu quase posso ver seu telhado.

O desejo de dar uma olhada é atraente. Eu adorava aquele pequeno lugar. Antes que Chelsea fosse morar comigo, era onde eu tinha encontrado meu santuário.

Lembrava-me de casa.

Lembrava-me da minha mãe.

Meu peito doeu quando pensei na mulher que me criou. Eu tentei ignorar meus pensamentos sobre ela durante o ano que passou, simplesmente porque eu sabia que ela ficaria tão decepcionada pela pessoa que eu havia me tornado.

Eu visto um casaco com um capuz e coloco meus tênis. Descendo as escadas correndo, chego a uma das últimas voltas e quase colidi com uma mulher que estava lentamente subindo. Saio do caminho, me desculpo profusamente, enquanto ela pressiona a mão em seu coração, como se eu a tivesse assustado.

“Tudo bem, querida,” ela disse, finalmente olhando para mim. “Eu deveria ter ouvido você vindo, mas eu estava em outro mundo.”

Os olhos dela são lindos, brilhantes e azuis e cheios de familiaridade. Nesse instante, achei que ela poderia saber quem eu era, então me desculpei novamente. “Não há problema, tchau!” Eu desço os degraus dois de cada vez, querendo fugir o mais rápido que posso. A última coisa que eu queria era que alguém me reconhecesse enquanto estivesse aqui e os Brothers viessem bater na porta do meu quarto de hotel.

Prendo meu cabelo e puxo o capuz sobre minha cabeça. Eu mantenho o rosto abaixado enquanto caminho, começo a ficar nervosa e isso me fez saltar a cada pequeno ruído ou movimento.

Não era que eu tivesse medo.

Eu sabia que os Brothers nunca me machucariam – não fisicamente. Mas eu sabia que, tendo a chance, Blizzard iria usar a oportunidade para me rasgar em pedaços. Eu estava cada vez mais forte todos os dias, aceitando que cometi erros e tentando me erguer como uma pessoa melhor. Agora, não era o momento de ser cortada e destruída por alguém com quem uma vez eu realmente me importei – com quem eu ainda me importava. Eu estava com medo de que cada passo que eu dei até agora teria sido por nada e que voltaria a ser aquele pequeno rato assustado quando deixei Athens, há tantos meses atrás.

O vento arranca o capuz do meu rosto e eu me encontro em frente ao apartamento que amei.

O piso inferior é uma garagem antiga onde os proprietários do edifício armazenam todas as suas coisas enquanto vagam pelo exterior em cruzeiros e festas. Eles nunca ficaram em um lugar e, portanto, decidiram alugar seus pequenos apartamentos para ajudar a financiar suas despesas – não que precisassem, eram ricos e horrivelmente gananciosos.

Não posso deixar de sorrir para a escada lateral frágil que conduz ao apartamento. Minha mãe e eu moramos no mesmo tipo de apartamento na Califórnia por doze anos. A única diferença era que havia um apartamento abaixo do nosso e a senhorita Betham, a idosa que vivia ali e cuidava de mim, todos os dias depois da escola.

Estudo o lugar cuidadosamente, me perguntando por que não tinha percebido as semelhanças até agora.

Minha mãe trabalhava em dois empregos e, quando completei quatorze anos, fui trabalhar também. E mesmo assim, ainda lutávamos para ganhar dinheiro apenas para as despesas no melhor dos tempos.

O vento leve esfria as lágrimas que começaram a escorrer lentamente pelo meu rosto.

Eu sinto muita falta dela.

Minha mãe era uma mulher que eu olhava e admirava. Ela era tão forte e nunca deixou nossas circunstâncias ditar nossa felicidade. Ela sempre encontrou tempo, e ela me fez lembrar que não era sobre a quantidade de dinheiro que tínhamos ou onde vivíamos, mas quem nós éramos como pessoas.

Uma lição que obviamente esqueci.

Senti como se eu tivesse arruinado tudo e destruído a pessoa que ela me criou para ser. As coisas nunca foram destinadas a ser dessa forma, nunca foram feitas para acabar assim tão mal. E eu só tinha a mim mesma para culpar.

“Sinto muito, mamãe,” eu sussurrei no vento enquanto olho para o pequeno apartamento. “Eu sinto muito. Odeio viver assim, mas não sei como melhorar. Por favor, se você estiver ouvindo, preciso que você me dê uma chance de melhorar tudo.” Olhei para o céu, as nuvens bloqueiam as estrelas. Eu queria poder vê-las, talvez apenas por um pequeno sinal de que ela poderia me ouvir.

Eu fungo e volto para as sombras quando um carro entra na rua. Eu fiquei lá tempo suficiente. Arrasto meus pés quando volto para o hotel, meu coração pesado e angustiado. Perder a minha mãe provocou a busca do meu verdadeiro pai, um pai que minha mãe passou a vida toda me escondendo.

Infelizmente, eu era muito curiosa e o buraco em que me encontrei era mais como um túmulo.

Quando você fez o pior. Quando você machucou pessoas por causa das escolhas que você fez. Quando você está caindo e caindo, e achar o seu equilíbrio parece impossível, para onde você vai?

A quem você recorre?

Pela primeira vez na minha vida, eu me perguntei se era isso. Era assim que eu deveria viver? Lamentando minhas escolhas de vida e nunca avançar? Nunca ter uma família me apoiando?

Se fosse, talvez tivesse que considerar se era assim que eu queria viver o resto da minha vida.

Porque não acho que eu poderia.


Capitulo 7

Rose

A caminhada de volta para o hotel foi lenta e refrescante. O tempo estava bastante quente, mas a brisa que me atingia provocava um pequeno calafrio.

Ou talvez fosse apenas minha imaginação.

Talvez eu estivesse esperando uma tempestade de neve de algum tipo.

O bar ao lado do saguão do hotel está cheio. Havia um aviso lá fora dizendo que acontecia uma conferência nesse dia e a sala estava cheia de empresários de aparência rica com suas gravatas afrouxadas.

Parei por um segundo para observá-los. Eles riam e brincavam, indo de um grupo para outro – misturando-se.

Parecia que o único cuidado que eles tinham no mundo era onde ir em suas próximas férias ou para alguns, qual das mulheres respeitáveis, mas altamente sexy, no bar, eles iriam levar para o seu quarto.

O punhado de senhoras que se juntaram a eles usam vestidos longos bonitos que caíram e abraçaram os lugares certos. São lindas e requintadas. Alguns dos homens as olhavam como abutres enquanto bebiam uísque caro.

Apenas alguns anos atrás, eu teria invejado todos eles. Eu teria sonhado em ter seu dinheiro e ser parte de sua pequena reunião. Mas, depois de ir morar com os DePalma, descobri rapidamente que essas pessoas não eram sempre o que pareciam. Qual deles tinha vínculos com o tráfico de drogas, qual deles se casou pela riqueza da família apenas para que pudesse ter tudo, qual deles estava sendo pago para ignorar as coisas escuras e nocivas que estavam acontecendo dentro de seus negócios?

Você não poderia saber.

As pessoas nunca são o que parecem, eu sabia muito bem. Eu vivi isso.

Encontrei meus pés me levando para o bar, mas não foram os vestidos fabulosos que atraíam minha atenção. Foi a senhora que eu encontrei rapidamente nas escadas no início dessa noite. Ela está sentada com um grupo de homens. Eles usam coletes de um MC e, mesmo que eu devesse fugir de qualquer pessoa nesta cidade que usasse algo parecido com isso, a necessidade de saber quem eram foi tão forte que não consegui evitar.

Eles estavam sentados em uma cabine lotada, recostados e falando calmamente enquanto bebiam cerveja. Este não era o lugar de costume que pessoas como eles gostavam de frequentar, eu sabia disso com certeza. Um dos homens levanta e eu observo o emblema que cobre suas costas.

Satan’s Sanctuary.

Eles não são Brothers by Blood.

Há uma pequena mesa que fica atrás da cabine deles. É mais baixa e eles não podem me ver por cima.

A adrenalina me domina enquanto eu deslizo para o assento vazio e sinalizo para uma garçonete.

“O que você gostaria, querida?” Ela me cumprimentou com um sorriso. Ela odiava estar lá. Eu podia dizer isso apenas pelo entusiasmo forçado em sua voz.

“Vodka e laranja,” respondi calmamente, me ajeitando na cadeira, fazendo parecer que eu estava me virando para ela, mas, na verdade, eu estava me posicionando para que minha orelha ficasse virada na direção da outra cabine. Ela assente rapidamente e desaparece na multidão de homens.

“Eu preciso dela de volta.” Ouvi a voz da senhora. Parecia triste e abatida. Meu coração queria estender a mão para ela, a dor era tão real que eu podia sentir apenas por essas cinco palavras.

“Nós vamos pegar Lane de volta, Jackie,” uma voz suave retumbou. Fiz uma nota mental dos nomes dos quais estavam falando.

“E se Blizzard disser que não? E se a ponte estiver muito desgastada para ele atravessar?” Meus ouvidos se animaram e por um segundo meu coração parou. Blizzard.

“Ele não vai. Ele pode ser um idiota, mas ele não vai se afastar disso,” disse uma outra voz profunda. “Precisamos de alguém lá dentro. Conseguir alguém para ver se ela está bem. Se ela ainda está viva.” O homem murmurou as últimas palavras. Quem quer que eles estivessem falando, posso dizer apenas pela emoção em sua voz que isso o tinha atingido com força. Demorava muito para um homem mostrar esse tipo de cuidado por uma mulher, e eu instantaneamente o admirei por ser capaz de ser tão transparente.

“Você acha que eles arriscariam um deles por nós?” Alguém zombou.

Ouço uma leve fungada e com isso meu coração quase quebrou. “Eu simplesmente não sei, não mais.”

“Ei, linda.” Eu me assustei, olhando para cima para encontrar um dos homens de negócios olhando em mim com um sorriso bêbado em seu rosto. Eu queria rolar os olhos, claramente ele tinha bebido demais, e mais do que provavelmente arruinado com as mulheres mais elegantes que estavam aqui. Então, aqui estava ele, tentando sua cantada barata em mim, a garota escondida no canto vestindo um moletom e jeans.

Afastando meu corpo dele, respondo educadamente, “Não estou interessada. Mas obrigada.”

Claramente não entendendo a dica, ele se aproxima ainda mais, o cheiro de álcool e más escolhas de vida irradiando dele. “Eu tenho um quarto no andar de cima.”

Fraco. “Eu também. É o que geralmente acontece em um hotel.”

Ouço uma pequena risada vir da cabine atrás de mim, e percebo que preciso sair daqui e rápido antes de chamar muita atenção.

Eu me levanto, usando a mesa como barreira colocando-a entre nós. “Eu estava indo embora,” eu disse a ele. Seu rosto se ilumina, então eu acrescento rapidamente. “Sozinha.”

O sorriso transformou-se instantaneamente e eu sabia que não estava saindo daqui sem chamar a atenção. Eu respondi à sua atitude agora irritada com uma carranca. Era como se estivéssemos em algum impasse mexicano. Um de nós tinha que se mover e tive a sensação que seria eu, que ele não ia me deixar passar de forma pacífica.

“Todas as mulheres aqui são iguais, fodidas. Acho que você é melhor do que toda elas, mesmo na sua...” ele acenou sua mão na minha direção como se estivesse dissecando minha roupa “...roupa de rato de rua.”

Eu não me ofendi, inferno, eu quase ri. Se isso era o melhor que ele tinha, eu ia ganhar essa batalha intelectual por uma milha. Mas não era isso que estava me preocupando. Ele é um cara grande e eu sou alta, mas mesmo eu sei que a força muscular, às vezes, vence o cérebro.

“Você precisa ir procurar outro rato de rua,” falei seriamente. Esperando que ele achasse o nosso pequeno encontro problemático demais e saísse para perseguir a próxima mulher.

Aparentemente, eu estava esperando por muito e esse cara tinha uma faixa realmente estúpida ou muito teimosa. Nenhuma das quais seria bom para mim se eu não saísse dessa situação rapidamente.

As pessoas se movem a nossa volta, ignorando o que estava acontecendo como se não pudessem fazer nada para detê-lo. Então, por que se incomodar. Assim como na estação de trem. Se não era sua luta, por que se envolver?

Egoísta. As pessoas são egoístas.

Eu decido ir em frente. Esperando que ele estivesse muito bêbado e lento para tentar fazer um movimento enquanto eu passava por ele. Eu me espremi entre a cabine e a mesa em que eu estava sentada, torcendo meu corpo ao redor dele e tentando manter o espaço entre nós. Subestimei o seu alcance e vi meu braço envolto em sua mão quente e suada. Suas unhas bem feitas afundam na minha pele.

“Ei!” Eu gritei, puxando seu pulso com a outra mão. “Solte-me.”

Inclinando-se mais perto, ele grunhe na minha cara. “Pare de ser tão arisca, cadela.”

“Deixe-me ir,” gritei, desistindo de sua mão e empurrando seu peito. Meu braço arde onde seus dedos estão apertando. É o tipo de dor que eu não sentia há muito tempo. O tipo de dor que você sente apenas quando é infligido a você por outro ser humano. Eu o empurro novamente, mas ele não se move. Em vez disso, ele começa a me puxar. Eu firmo meus calcanhares, mas ele é forte.

“Ei!” Gritou uma voz. O homem de terno ergue os olhos bruscamente. Seus olhos se estreitando. “Solte-a.” A voz era severa e implacável.

“Cuide do seu próprio negócio,” gritou o meu atacante. Sua mão aperta meu braço e com o choque de dor que me atravessou, eu decido que não me importaria em causar uma cena um pouco mais. Eu levanto meu pé para trás e alinhei, usando toda a minha força nele quando chuto diretamente nas suas bolas.

Ou, pelo menos, onde deveriam estar, porque estava se tornando bastante evidente que esse idiota não tinha nenhuma, se gostasse de caçar mulheres assim.

A força do meu chute fez ele se afastar instantaneamente, mas, com isso, ele me jogou para trás. Eu me preparei, esperando cair no chão de costas, mas em vez disso, dois braços envolvem meu corpo me pegando enquanto eu tropeçava.

Eles estão cobertos de tatuagens. Tatuagens coloridas, sem espaço livre para ser visto.

“Bem, acho que não consegui salvá-la daquele feio bastardo, mas eu te salvei de cair no chão. Isso me dá alguns bônus?” Sua boca está bem ao lado da minha orelha e enquanto ele falava sua respiração fazia cócegas no meu pescoço. Eu estremeço e rapidamente afasto me equilibrando. “Não é exatamente a reação que eu estava esperando.” Ele riu.

Eu giro, meus pés quase se enroscando. Ele se aproxima uma vez mais para me estabilizar e consigo dar uma boa olhada no rosto dele. Ele tem uma barba cobrindo sua mandíbula, estranho ver em alguém que parecia tão jovem, mas sexy, no entanto. Um gorro preto em sua cabeça, mas é o colete que ele usa que mais se destacou.

Balançando a cabeça enquanto tento limpar meus pensamentos, peço desculpas, “Desculpe. Isso foi intenso.” Eu olho para o homem que tinha me agarrado. Ele está abrindo caminho entre as pessoas, indo na direção do banheiro dos homens.

“Odeio idiotas como ele.” O cara com as tatuagens bufou. ”Maldito bastardo.”

Eu esfrego meu braço, está dolorido e eu sei que haveria contusões depois.

“Obrigada...” eu disse a ele, deixando a frase no ar.

“Skins,” ele ofereceu, e eu soube de imediato que esse é seu nome de estrada.

“Você está bem, querida?” Eu percebi de repente que eu estava de pé bem em frente à cabine onde os membros do clube estavam sentados. Jackie – eu lembro que eles se referiam a ela assim – está olhando para mim com preocupação.

Eu preciso sair rápido daqui. “Sim, desculpe por incomodar vocês,” eu divagava.

“Você não nos incomodou,” disse Skins, levantando uma sobrancelha. ”Nós não vamos ficar sentados e deixar um idiota tratar uma garota desse jeito. Mas, como eu disse, você pareceu ter dado conta, então meus deveres de super-herói terão que esperar por outro dia.” Ele piscou para mim e não pude deixar de rir. Skins é atraente. Suas tatuagens de cores vivas se destacam como um farol contra sua camisa branca e colete de couro preto. Elas distraem e hipnotizam, completamente diferente do que você esperaria encontrar em um motoqueiro.

“Obrigada por me salvar de machucar minha bunda,” eu disse a ele com um sorriso.

Seu sorriso aumenta. “É muito bonita. Ver isso machucada seria um crime.” Eu balancei a cabeça enquanto me afasto do grupo. “Vejo você por aí?” Ele falou.

“Talvez,” respondi sobre meu ombro enquanto saio dali apressada.

A adrenalina corre por minhas veias enquanto eu subo a escada para meu quarto. Eu estou no quinto andar e mesmo assim ainda estou bombeando com energia.

Eu tenho uma pequena parte de informação agora. Informações que eu poderia ignorar ou usar. Se eu escolhesse ignorar, simplesmente pegaria meus papéis da faculdade amanhã e iria para casa. Casa, nem tenho certeza de que era isso. Athens sempre pareceu mais como estar em casa do que qualquer outro lugar que eu estive desde que minha mãe morreu.

A outra opção é ficar. Ficar e tentar usar o que acabei de saber, fazer algum tipo de diferença. Ouvindo a dor na voz de Jackie, eu sabia que ela precisava de alguém para ajudar. E se os Brothers by Blood entrassem nisso, eles também precisavam de alguém.

Eu entro no banheiro e coloco ambas as mãos na pia. Olhar meu reflexo no espelho tinha sido uma coisa difícil para fazer quando estive aqui na última vez. Porque eu sabia que eu não era a pessoa olhando para mim. Eu tinha virado outra pessoa e me deixei transformar em outra coisa. Só agora estava começando a ver o reflexo do eu real olhando de volta. Não está tudo lá, mas há pequenos pedaços e peças surgindo novamente.

Eu a quero de volta. Quero me ver refletida ao que era novamente.

E se era isso o que eu queria, então precisava lutar por ela e provar que ela ainda estava aqui.


Capitulo 8

Blizzard

“Ei, cara!” Eu olhei para cima para ver Optimus andando até mim. Tinha terminado de limpar minha moto e a cadela está brilhando. Exatamente como eu gosto. “Alguma chance de você rodar e pegar Jayla na casa de Lucy. Uma da garotas ligou para o X-Rated avisando que está doente e Luce tem que cobri-la.”

Ele estende as chaves de sua caminhonete. “Claro, mas onde está Chel? Achei que ela iria fazer isso.”

Ele aproxima-se e larga as chaves na minha mão estendida.

“Nós iríamos, mas ela tem tido alguns problemas com sua coordenação ultimamente, e eu quero levá-la ao hospital para uma avaliação.” Eu podia ver o olhar preocupado no rosto do meu irmão.

“Merda,” eu murmurei. Chelsea estava muito bem atualmente, até mesmo voltando a sua rotina regular.

Ele assente. “Sim. Eu só espero que ela não tenha se esforçado demais.”

Eu tive que sorrir, aquela garota é forte e determinada. Op teve sorte de encontrar uma Old Lady tão perfeita.

“Cuide da sua garota. Vou sair e pegar a pirralha,“ falei por cima do ombro enquanto caminho para a caminhonete que está estacionada no terreno do complexo.

“Obrigado, cara!”

Jayla tem quase cinco anos. Sua mãe, Hayley, tinha sido uma stripper na X-Rated. Infelizmente, ela foi apanhada no fogo cruzado durante nosso breve confronto com a família DePalma, e Marco DePalma, o pai de Rose, a matou na porta do clube de strip.

O pai de Jayla era desconhecido e a família de Hayley chutou seu traseiro porque ela engravidou muito jovem. Apenas esse pensamento me deixou furioso. Ela era apenas uma criança tentando criar uma criança. Ela não mereceu ser deixada por conta própria. Em momentos como este sou grato ao clube. Nós éramos família, mais fortes, porque construímos a nossa família juntos. Sem o clube quem sabe onde eu estaria agora. Depois que minha mãe foi embora, definitivamente não foi meu pai que me criou, ele estava muito ocupado bebendo e lidando com os negócios do clube para se importar onde estava seu filho adolescente. Foram as Old Ladies e os membros do clube que se certificaram que eu tivesse uma casa e pessoas me cuidando. Eles me ensinaram o verdadeiro significado da família.

Até agora, conseguimos manter Jayla fora do sistema, adiando as audiências no tribunal e nos certificando de ter nossas coisas em ordem antes de ir em frente e fazer uma reivindicação sobre ela. Porque aos nossos olhos ela é nossa, ela é uma de nós, e não há nenhuma maneira no inferno que um juiz fosse nos negar o nosso direito.

Corro para o apartamento de Lucy e bato na porta. Ela se abre apenas alguns centímetros e olho para baixo para encontrar dois olhos brilhantes me olhando.

“Ei, pirralha.” Seu nariz enrugou, mas não demorou muito para ver um pequeno sorriso. Jayla não fala muito. Nenhum de nós sabia se é porque tinha perdido a mãe ou se ela sempre foi assim. Hayley esteve conosco pouco tempo antes de ser morta, então ninguém realmente as conhecia muito bem. “Você está pronta para ir?”

Ela abre a porta um pouco mais e estende a pequena mochila de princesa para que eu pegasse. Eu reviro os olhos, mas pego de suas mãos e jogo sobre meu ombro.

“Ei, Blizz. Obrigado por ter vindo tão rápido.” Lucy veio pelo corredor, a bolsa balançando em seu braço enquanto tenta colocar o brinco na orelha. “Eu tenho que estar no palco em meia hora.”

“Sem problema. Estamos aqui pra isso.” Eu bagunço o cabelo de Jayla e ela olha para mim e bufa. Ela obviamente está passando muito tempo com Harlyn porque seu comportamento chegou a mim alto e claro.

Lucy a pega e caminha comigo até o caminhonete, colocando-a no assento infantil no banco de trás e dando-lhe um rápido beijo na bochecha.

“Tchau!” Ela diz com um rápido aceno enquanto corre e entra em seu próprio carro. Como ela conseguia andar naqueles saltos, eu nunca saberia, mas eles são sexy como o inferno.

Enquanto os irmãos tinham regras sobre dormir com as strippers que trabalhavam para nós, eu tinha minha cota justa delas. Lucy não era exceção. Ela é quente, sexy e um bocado pervertida no quarto. Mas ela também nunca foi de se apegar e era assim que eu gostava.

“Tudo bem, para a sede do clube,” eu disse e entro na caminhonete. Olho por cima do ombro e Jayla sorri para mim. Ela pode ter perdido a mãe e não havia nada que pudesse afastar essa dor, mas, pelo menos, sabíamos que ela estava feliz.

O trajeto pela cidade está congestionado com todos voltando para casa do trabalho. Eu gemi enquanto estávamos parados em um semáforo, não nos movíamos. Minhas mãos apertadas no volante. Se eu estivesse na minha moto, isso não seria a merda de um problema.

“Ela é bonita como a mamãe.” Meus olhos se arregalam com as palavras de Jayla. Provavelmente foi o máximo que eu já ouvi sair da boca de uma só vez.

“Quem, Jay?” Perguntei. Seu pequeno dedo bate na janela, então eu giro para ver onde ela está apontando.

Ansiedade me domina.

Ela parece exatamente com eu lembrava dela. Os longos cabelos escuros fluíam livremente por suas costas, shorts jeans apertados que mostram suas pernas atléticas bronzeadas e uma blusa curta que mostra o suficiente para provocar um homem.

Rose.

Ela está na cidade.

Meu coração parou e eu não tinha certeza se era raiva que crescia dentro de mim ou desejo. Talvez uma mistura dos dois. Eu observo enquanto ela caminha pela calçada, com a cabeça baixa, então eu não vi seu rosto. Mas eu sei que é ela. Eu a conheceria em qualquer lugar. Eu tinha memorizado seu corpo.

Buzinas de carro soaram me assustando e eu percebi que não havia mais ninguém na minha frente e a luz estava verde. Eu quero saltar da caminhonete e segui-la. Exigir saber por que ela está aqui, mas não posso. Não há nenhum lugar para estacionar e eu só posso ir em frente.

Eu amaldiçoei e bati com a mão no volante enquanto acelerava e arrancava. Minhas mãos estão tremendo e minha cabeça está gritando para manobrar e voltar. Vá encontrá-la. Vá até ela. Eu queria berrar, eu queria gritar, eu queria dizer a ela o que eu pensava sobre ela. Mas principalmente eu só queria envolvê-la nos meus braços e senti-la.

Rose me deixou louco. Ela me fez sentir tantas emoções diferentes ao mesmo tempo. Eu a tinha visto com fogo em seus olhos uma vez. Durante as últimas semanas que passei com ela, eu lentamente vi o fogo encolher para uma chama que mal cintilava. Na época, tudo o que eu queria fazer era trazê-lo de volta, ver o rosto dela acender novamente. Mas agora que eu sabia o que estava acontecendo às portas fechadas, eu sei que seria quase impossível.

Ela estava sofrendo. Ferida de uma maneira que muitos de nós achariam completamente inconcebível. Eu podia me identificar. O pai dela passou seu tempo fazendo com que ela se sentisse inútil e indigna de seu amor. Ele a quebrou, fez com que ela sentisse que não tinha outras opções exceto a dele.

Aperto o volante em minhas mãos. A lembrança do que ele fez com ela me deixou furioso, isso me fez querer visitar a prisão e garantir que ele nunca tivesse a oportunidade de machucá-la novamente.

Rose sofreu – ela foi manipulada e confundida.

Ele apagou seu fogo e eu me perguntei se ela iria recuperá-lo. Mesmo agora, eu ansiava para ver a luz que vi uma vez nela. Mas a raiva por ser machucado e enganado me inundava toda vez que eu pensava nela. Eu só podia imaginar o que sairia da minha boca se eu a visse cara a cara.

Meu cérebro estava tão confuso, entendendo que havia uma razão para ela mentir e fazer as coisas que ela fez. Mas com raiva por quão perto eu me permiti chegar até ela, incluindo tudo o que eu ofereci para mantê-la segura. Então ela mudou e cravou uma faca nas minhas costas.

Chegando na sede do clube, o lugar parece muito vazio. Eu sei que há um grande jogo de futebol em Huntsville, e com o clube agora trabalhando duro em nossa empresa de segurança, Op conseguiu o contrato. Nós não usávamos nossos coletes do clube quando trabalhávamos para a empresa, mas a maioria de nós tendo mais de um metro e oitenta e cobertos de tatuagens, éramos uma força a ser reconhecida.

Abrindo minha porta, dou a volta para ajudar Jayla a sair da caminhonete. Eu posso sentir meus músculos tensos depois de ver Rose.

“Harlyn?” Jayla perguntou com curiosidade. Olho por cima do meu ombro para ver o carro vermelho esportivo de Sugar estacionado no canto do complexo.

“Acho que sim, garota. Por que você não vai procurá-la?” Eu a levanto do assento e ela envolve seus braços ao redor do meu pescoço. Ela me dá um abraço e isso me surpreendeu por um segundo.

Jayla e eu erámos próximos. Sua natureza tímida manteve-a muito tranquila perto dos meninos. Mas desde que ela me viu interagindo com Harlyn, ela se abriu mais. Meu coração se aqueceu e ela me soltou, se remexendo para que eu a soltasse. Coloco seus pés no cascalho e ela sai correndo, disparando pelo lado da sede até o local onde nós dois sabíamos que Harlyn estaria brincando – o parque infantil dos fundos. Ela amava isso.

Olho para ela por um minuto. Completamente incrédulo. Imagino se talvez ela pudesse sentir minhas emoções e aquela foi sua resposta a elas. O pensamento me chocou quando entrei no clube. A sala está vazia, mas eu posso ouvir vozes baixas conversando nas proximidades. Franzindo o cenho, vou para a sala onde nos reuníamos para a igreja, as portas estão abertas, mas as pessoas que estão lá não perceberam a minha presença.

“Vocês sabem que há crianças do lado de fora,” gritei, cruzando os braços em meu peito.

Sugar e Wrench se afastam. Sugar tenta endireitar a camisa e fechar o botão da frente de seu jeans freneticamente enquanto Wrench ficou parado e franziu o cenho para mim.

“Não me olhe assim, irmão,” eu disse, balançando o dedo e tentando muito não rir. “Você é o único fazendo algo errado.”

Ele ajusta seu boné preto – algo que ele nunca foi visto sem, virando-o para que a aba sombreasse seu rosto novamente. “Não estamos fazendo nada de errado.”

Eu ri e balanço minha cabeça.

“Por favor, não diga a ele, Blizz,” Sugar implorou baixinho.

Não olho para ela, mas olho para o meu irmão, que, em troca, olha diretamente para mim. “Quanto mais você se esgueirar, mais difícil será contar a ele.”

Wrench bufa antes de passar por mim e sair pela porta.

“Ele quer contar a Op. Mas eu simplesmente não posso fazer isso.” Ela se inclina contra a parede, passando os dedos através de seus cabelos emaranhados.

“Fazer com que ele esconda isso, significa mentir para o presidente dele,” eu avisei, esperando que essas palavras fizessem sentido.

Ela aperta os olhos com força e esfrega o rosto, “Eu não quero ser responsável por eles ficarem na garganta um do outro. Nós dois sabemos que Op vai surtar quando contarmos a ele, e ele vai tentar quebrar a cara de Wrench. Eu não quero isso.”

Era verdade. Mesmo que eles não estivessem mais juntos, Op ainda achava que era o protetor de Sugar. Mesmo que isso significasse protegê-la de um de seus próprios irmãos. “Mas você está bem em forçá-lo a mentir e se esgueirar? Ele poderia ser expulso do clube por isso, Sugar.” Eu mantive minha voz profunda e baixa, tentando ao máximo ser severo sem deixar quem estava no clube saber sobre este pequeno... desenvolvimento. “Mentir é uma ofensa gravemente punível, especialmente mentir sobre algo que diz respeito à família de Op.”

“Punível?” Ela questionou, com os olhos arregalados.

“Sim, ele poderia ser banido... expulso... morto. Isto não é apenas um estúpido caso de amor, Sugar. Isso poderia afetar o lugar de Wrench no clube.” Eu balanço a cabeça. “Ame-o ou deixe-o. Se você o ama, levante-se e lute por ele. Se você não o ama, pare de brincar e o deixe ir. Você está brincando com fogo, e ele é quem vai acabar queimado. Não você.”

Ela pressiona suas costas na parede, e por um segundo pensei que ela poderia entrar em colapso. Eu não podia me envolver nessa merda. Op é meu melhor amigo e meu presidente. Tudo dentro de mim grita conte a ele, mas eu sei que é uma bagunça que eles precisavam resolver.

“Eu não queria que isso acontecesse,” ela sussurrou com tristeza. “Nunca pensei em voltar para cá. Eu adoro o clube, sabe? Mas assim que eu tive Harlyn, eu tinha alguém para proteger. E a vida no clube... é perigosa.”

“É também a família mais protetora e leal que você poderia pedir.” Eu apontei para a mesa, para o vívido símbolo do Brothers by Blood que estava esculpido profundamente na madeira. “Essa coisa é mais do que o emblema que usamos em nossas costas. É quem somos. É o que defendemos. É quem está do nosso lado, e é o que nós amamos.”

Ela olha, seus olhos brilham e derivam sobre o símbolo como se fosse a primeira vez que ela realmente estava vendo isso. Como se fosse a primeira vez que acreditava que era mais do que apenas um logotipo ou sinal.

Ela assente. “Entendi.”

Imagino se ela realmente entendia, mas eu já tinha dito o que queria. O resto era responsabilidade dela.

Ela mantém a cabeça baixa quando passa por mim. Era tão diferente dela. Sugar é forte. Mesmo durante a guerra em que perdemos o pai de Op, ela ficou ao lado dele e manteve a cabeça erguida. Imagino o que aconteceu recentemente para que ela se sentisse tão quebrada, tão exausta.

Uma parte de mim esperava não tê-la esmagado completamente, eu não gostava de ver sua dor. Ela se tornou como uma irmã para mim. Ela tecnicamente não era uma Old Lady, mas era bem respeitada dentro do clube. E não só porque ela deu à luz a filha do presidente. Mas porque ela tem o tipo de aura que atrai você. Ela tinha uma força de caráter, mas também era doce e cuidava de todos nós.

Vê-la de cabeça baixa me machucou, mas eu sei que ela precisava ouvir isso. Franco e direto. Se ela ficasse dando voltas nessa merda e ignorasse o quão importante isso era, então, quando a merda batesse no ventilador, todos nós seríamos pulverizados.


Capitulo 9

Blizzard

Eu consegui colocar meu pai em uma clínica de tratamento dentro de Huntsville. É especializada no que o meu pai precisa e tinha exigido muito levá-lo até lá.

Eu tive que arrastar o Optimus. O meu pai não poderia mais andar de moto conosco - ele era o que você poderia chamar de aposentado – mas ele ainda recebia benefícios do clube e de mim, então eu tive que usar a influência do nosso grande presidente. Por sorte, ele respeita Optimus muito mais do que a mim.

Huntsville ainda é perto o suficiente para eu e as Old Ladies visitar, e o bônus era que ele poderia ter o tratamento que precisava. Os médicos me disseram que ele poderia melhorar – não inteiramente, mas melhor do que estava – se ele seguisse o programa que tinham preparado para ele. Mas eu não estava fazendo planos com base em eventos futuros que poderiam não acontecer.

Chego na recepção e eles me apontam a direção de seu quarto. O lugar é como um hospital – tão branco, tão limpo. O cheiro também é forte.

Uma enfermeira vem na minha direção, exatamente quando tento inutilmente ajustar meu pau. Ela notou o movimento e um rubor cobre suas bochechas. Em outro tempo, eu provavelmente estaria tentado a levá-la até a despensa mais próxima e fodê-la, mas ela não é quem eu quero. Eu quero Rose, mas na última vez que eu segui meu pau com ela, pessoas com quem me importo quase morreram. Eu não cometeria o mesmo erro duas vezes.

Encontro o número do quarto de papai e entro, no exato momento em que ele pegou uma garrafa de tequila em miniatura na mão.

Passo a mão pelo meu rosto. “Você está falando sério?” Ele não vacilou nem tentou escondê-la. Ele não se importava se eu visse ou não. Tequila não era sua bebida preferida, era sempre cerveja. Não importava qual marca ou de onde era – cerveja era cerveja. Mas, obviamente, quem contrabandeou, escolheu o que era fácil de esconder, e uma caixa de cerveja não era.

Eu acho que poderia ser pior.

Não poderia?

Ele nem me reconheceu quando sentei na sua poltrona. O quarto é grande o suficiente para uma cama, uma cadeira, uma pequena mesa e algumas outras coisas. Há uma televisão na parede e um banheiro ao lado que tem um chuveiro, um vaso sanitário e uma pia.

Eu sabia que ele ia odiar isso aqui, mas não me importava.

Eu estava cansado de ser o pai nessa relação, arrastando seu traseiro para casa do bar, impedindo-o de ser preso ou morto, e ainda deixá-lo atirar sua raiva constantemente em mim. Aguentei os golpes verbais e os físicos, e ainda voltava na semana seguinte.

“Essa merda colocou você aqui, ainda assim você continua tomando como se fosse água,” eu murmurei, balançando a cabeça. Fiquei desapontado, mas não chocado.

“Errado,” ele rosnou. “Você me colocou aqui seu merdinha.”

Os golpes baixos nem sequer foram registrados. Era como uma conversa normal para nós. Bem, para ele.

“Não vou pedir desculpas por tentar mantê-lo vivo um pouco mais.”

Ele toma outro gole da minúscula garrafa, o conteúdo agora desaparecido. Mas não foi só isso. Ele puxa outro debaixo do colchão e continua.

“Você veio se vangloriar? É isso? Finalmente me colocou de lado? Me trancou como um maldito criminoso.” Suas palavras não eram acusadoras, eram mais como se fosse uma questão de fato. “Optimus, assim como seu fodido pai, dando ordens.”

“Ele é nosso presidente, porra! Se você quiser um teto sobre a sua cabeça, respeite esse fato, “eu falei com firmeza, não estava prestes a ouvi-lo criticar meu irmão.

“Não estaria aqui se...”

“Não diga isso,” eu gritei. Eu ouvia isso todas as vezes que o via. Meu pai nunca reivindicou outra Old Lady depois que minha mãe foi embora. Ela era a única para ele, mesmo depois de descobrir que ela não sentia o mesmo. Tudo se resumia ao fato de que ela tinha partido, e nenhuma vez, em todos esses anos ele assumiu uma única parcela de responsabilidade por ela ter ido embora.

Ele bate a pequena garrafa na mesa ao lado da cama. Com a força que ele usou, fiquei atordoado por não ter quebrado. “Se ela ainda estivesse aqui, eu estaria em casa. Mas, em vez disso, fico preso com um idiota que nem sequer tem bolas para cuidar de seu pai.”

Eu rangi os dentes, nós tínhamos discutido sobre isso mais vezes do que eu poderia lembrar, mas desta vez era diferente. Desta vez, eu sabia mais. “Ela voltou.”

Seu corpo enrijece, mas ele continua olhando para a parede na sua frente. Eu não sou mesmo digno de um simples olhar.

“Sim, ela voltou há alguns dias. E você sabe o quê?” Eu me recostei na cadeira, erguendo meus ombros. “Ela está indo bem sem você.”

“Você pequeno bastardo,“ ele respondeu, jogando a garrafa de tequila vazia na minha direção. Eu me abaixo e ela se quebra contra a parede atrás de mim. “Ela estaria cuidando de mim agora, se não fosse por você!”

“Sim, porque viver com um marido alcoólatra miserável que bate em seu filho é simplesmente o tipo de coisa que todas as mulheres querem, certo?” Eu gritei de volta para ele. Eu sei que agora uma das enfermeiras deve ter chamado a segurança para vir investigar a comoção. “Ela tem uma nova família... uma fodida filha. Você sabia disso? Eu não a culpo por abandonar seu rabo infeliz. Estou apenas desapontado por não ter seguido ela quando tive a chance.”

As palavras chocaram até a mim. Foi a primeira vez que eu admiti que o que ela tinha feito todos aqueles anos atrás foi a coisa certa. Eu acho que sempre soube o que ele era, todos sabiam. Essa foi a razão pela qual as old Ladies me levaram, e os pais de Op ajudaram a me criar.

Ele aponta para mim com raiva. “Eu deveria ter deixado ela te levar.”

Meus olhos arregalam. “O quê?”

Eu observo a tensão deixar seu corpo, e então ele está calmo novamente. Ele sabia que tinha vantagem nesse assunto e se tornou arrogante. “A cadela implorou para levá-lo, mas eu não deixei porque era a única coisa que ela queria. E se eu não pudesse tê-la, ela não poderia ficar com você.”

Assim que eu estava prestes a atravessar o quarto e acertar meu punho no rosto do velho, o segurança e algumas enfermeiras atravessaram a porta, lotando o quarto. Meu peito arfava de raiva.

“Seu filho da puta!” Eu rugi.

A enfermeira que passou por mim no corredor coloca as mãos no meu peito e me empurra para a porta, um segurança logo atrás dela. ”Você precisa ir agora, nós o manteremos atualizado.”

Eu poderia ter lutado mais se não estivesse tão atordoado com o que ele havia dito. Em vez disso, eu a deixei me levar para fora do quarto, me empurrando suavemente para o corredor antes de virar e entrar no quarto novamente.

Eu atravessei o labirinto de corredores atordoado, suas palavras constantemente ressoando.

A cadela implorou para levá-lo...

Se eu não pudesse tê-la, ela não poderia ficar com você.

Eu estava farto, cansado do estúpido bastardo. Este foi o fim.

Consegui chegar ao estacionamento, mas antes de montar minha moto, puxo meu celular do bolso.

“O que há de novo?” Op respondeu casualmente.

“Encontre alguém para me cobrir no X-Rated hoje à noite. Vou estar fora do radar por algumas horas,” eu disse a ele, minha voz soando monótona, sem emoção.

“O que aconteceu?” Ele perguntou, agora em alerta completo.

Eu passo a mão pelo meu cabelo, estava ficando comprido e eu precisava cortá-lo urgentemente.

“Eu vou explicar mais tarde. Só não posso lidar com essa merda agora.”

O silêncio me saudou por um minuto. “Certo, se cuida.”

“Sim.”

Eu monto minha moto e a ligo, o som e as vibrações instantaneamente me acalmaram. Não sabia para onde estava indo. Eu queria estar sozinho, e a melhor maneira de fazer isso era apenas dirigir. Dirigir até que eu não conseguisse me aguentar ou a minha moto por mais tempo.

Era a única maneira.


Capitulo 10

Rose

Após o incidente do bar, mal preguei o olho. Minha mente estava correndo e não havia nem sinal de uma linha de chegada.

Consegui me arrastar para a faculdade e me encontrar com o reitor. Ele me cumprimentou como se eu fosse família, apertando minha mão e sorrindo amplamente. Mas para alguém na folha de pagamento da família DePalma, eu não esperava nada menos.

Quando voltei ao hotel, ainda não tinha decidido o que eu ia fazer. O saguão estava tranquilo agora, há punhado de pessoas no bar comendo, mas, além disso, está um completo contraste com as festividades que tinham acontecido ontem à noite.

Eu acho que todo mundo ainda está dormindo de ressaca e acordando ao lado de pessoas que não conhecem.

Meu quarto estava uma tranquilidade. As portas abertas para uma pequena varanda, com vista para a rua movimentada abaixo. O sol brilha, atingindo totalmente minha cama e não pude resistir me espalhar sobre ela. Os raios de sol queimam minha pele, mas me sinto tão bem, tão aquecida.

Meu avião decola em três horas. É hora de tomar uma decisão. Enterro meu rosto no travesseiro com um profundo suspiro, mas assim que fiz isso, há uma batida brusca na minha porta. Eu rolo, quase caindo na lateral da cama. Ninguém sabe que eu estou aqui. Quem estaria batendo? Eu levanto, e vou na ponta dos pés até à porta.

“Quem é?” Eu perguntei, mas ninguém respondeu. Talvez tenham ido embora? Talvez tivessem errado o quarto?

Respiro fundo e pego a maçaneta, destrancando e puxando lentamente. Quando o vejo de pé, com os braços cruzados em seu peito largo, meu coração acelerou.

“O que... o que você está fazendo aqui?” Eu perguntei sem fôlego através da pequena fresta. Ele coloca a palma da mão na porta e empurra. Aturdida, não tive tempo suficiente para detê-lo enquanto ele passava e a fechou atrás dele, bloqueando a fechadura.

“Estava a ponto de perguntar o mesmo,” disse Blizzard, uma frieza em sua voz que eu ainda não estava acostumada. Seus olhos azuis me encaram, ele permanece alto e intimidante, mas não tenho medo. Eu queria ir até ele, puxá-lo para perto, tocá-lo e lembrar-me de que ele era real e estava bem.

“Eu tive que vir e pegar meu Certificado de Conclusão da faculdade,” eu disse a ele, me afastando para perto da cama. Meu quarto é razoavelmente grande, mas com ele nele, parece muito apertado. Não há nenhum lugar para correr, mesmo que eu quisesse.

Mas não quero.

Eu gesticulei para o monte de papéis que joguei na cama quando entrei. Ele nem sequer olhou. Em vez disso, ele continuou a olhar para mim.

Engolindo minha apreensão pergunto, “Como você sabia que eu estava aqui?”

O canto de sua boca curva para cima. “É nosso trabalho saber tudo o que acontece aqui.”

Não duvidei disso. Eu sabia que só por estar aqui, que havia uma grande possibilidade de um deles me ver. Na verdade, estava surpresa por ter demorado tanto tempo.

Ele finalmente se move, afastando os olhos de mim e observando o quarto. ”Eu pensei que os DePalma poderiam pagar algo melhor do que isso?”

Era para ser um golpe baixo, mas a verdade é que nem sequer o senti. Eu estava hipnotizada demais para sentir algo nesse ponto.

Blizzard é maior do que eu lembrava. Parece ter ganho músculos, mas em todos os lugares certos. Sua cintura ainda é delgada e cônica, mas seus ombros e seu peito estão amplos e largos. Ele se aproxima de mim e luto contra o desejo de recuar, lembrando-me de que eu não tinha medo desse homem. Eu sabia em meu coração que ele não iria me machucar. Eu tinha visto como o tinha esmagado me ver com dor. Ele me viu no meu pior, e eu sabia que ele nunca iria encostar um dedo em mim dessa maneira. Mas eu também sabia que suas palavras poderiam causar tanto dano quanto os punhos de qualquer outro homem. Ele aproximou-se até quase me tocar e tive que erguer meu pescoço para olhar para ele.

“Você não deveria ter voltado,” ele sussurrou suavemente, seus olhos nos meus.

Eu lambo meus lábios nervosamente. ”Porquê?”

Sua mão levanta e segura o lado do meu pescoço, seus dedos enterrando no meu cabelo. Eu recuo, mas ele me segura no lugar. Não foi para me machucar, mas para mostrar o domínio e não pude deixar de me excitar com isso.

Ele inclina minha cabeça para trás ainda mais, me puxando ao mesmo tempo. Minhas mãos inconscientemente sobem e minhas palmas pressionam seu peito. Eu queria que sua camisa não existisse para poder cravar minhas unhas no músculo sólido. Eu quero sentir cada declive e elevação de seus abdominais debaixo das minhas mãos.

“Você é uma tentação que não posso correr o risco,” ele me disse enquanto seus olhos vagavam pelo meu rosto, sua cabeça inclinando de um lado para o outro como se quisesse aproximar seu rosto e me beijar.

Passando a mão pelo seu estômago, eu podia sentir a tensão e eu sabia que ele estava lutando para se controlar. Coloco meus dedos dentro da cintura de seu jeans esperando até ele encontrar meus olhos novamente.

“Corra o risco,” eu sussurrei, minha garganta cheia de emoção.

Ele não esperou outro segundo, esmagando sua boca na minha e mergulhando seu corpo para que pudesse envolver o outro braço debaixo da minha bunda e me levantar do chão. Minhas pernas circulam sua cintura e meus braços seu pescoço, agarrando-me a ele como se fosse meu suporte de vida.

Nossas bocas lutam, recusando-se a parar para respirar. Eu nunca quis que isso acabasse, foi o que sonhei por tanto tempo. Eu balanço meus quadris enquanto ele recua, batendo na minha cama e caindo de costas. O beijo foi interrompido quando saltamos e uma pequena risada escapou de mim. Eu recuo, afastando o cabelo do meu rosto e olhando para ele. O sorriso que ele me deu foi sexy e sedutor, e mais uma vez eu vi o Blizzard do qual lembrava na primeira noite em que nos conhecemos. Ele era impetuoso e divertido, e não importava o quanto eu protestasse, ele de alguma forma conseguia me fazer rir.

Suas mãos acariciam minhas bochechas enquanto ele me pressiona contra ele, solto um pequeno gemido. Meus shorts jeans apertado havia subido, e com a ajuda de seu pau duro, a costura está esfregando o lugar certo.

Coloco ambas as mãos no seu peito e arqueio minhas costas. ”Blizzard.” As palavras saíram dos meus lábios tão facilmente, como se fossem feitas para a minha boca.

“Isto é bom, baby?” Ele perguntou, sua voz rouca enquanto me pressiona novamente, ao mesmo tempo que levanta os quadris da cama.

Ele continua me fazendo montá-lo, mas ergue uma mão e enfia na frente da minha camisa pela gola baixa e dentro do meu sutiã.

“Oh Deus,” gritei, seus dedos apertando meus mamilos.

Minha respiração está ficando pesada. Olho para ele, minha boca aberta, um pequeno suspiro saía toda vez que meu clitóris era pressionado. Seus olhos brilham e desta vez sorri, não um sorriso sexy, mas um sorriso normal. Como se ele estivesse realmente feliz. Como se tivéssemos passado muito tempo afastados e este fosse o nosso destino.

Estávamos fodendo ainda com roupas como adolescentes na parte de trás do carro dos seus pais, mas porra, não importava porque estávamos juntos. Não havia palavras odiosas ou erros passados. Erámos só nós. Em um quarto. Em um momento.

Só nós.

“Goze, baby. Goze pra mim.”

Apenas as palavras foram suficientes para me deixar liberar qualquer sinal de tensão no meu corpo. E com isso, eu gozo. Meu corpo treme e balança quando um milhão de choques de prazer me dominam. Eu grito, agarrando sua camisa nas minhas mãos. Eu tenho outro orgasmo logo em seguida antes de cair no seu peito. Ele estava tão quente, tão gentil, quando suas mãos acariciaram minhas costas e me acalmaram.

Fecho os olhos e permito a mim mesma ser feliz por alguns minutos. Ele está aqui.

“Isso significa que você me perdoa?” Eu perguntei, não querendo arruinar o momento, mas precisando saber exatamente o que isso significava.

Quando ele não responde, eu fico imóvel.

Eu deveria ter mantido minha boca fechada.

“Blizzard?” Eu sussurrei suavemente.

BANG.

Eu pulo, jogando todo o meu corpo para cima e fico de pé em um salto. Olho em volta freneticamente, as portas da varanda que eu tinha aberto, tinham se fechado.

Eu respiro profundamente aliviada, e foi quando percebi que Blizzard não estava aqui. Não havia sinal de que ele esteve aqui.

Eu tinha adormecido.

Eu sinto lágrimas nos meus olhos. Meu cérebro estava tão desesperado, que eu tinha imaginado tudo. Sonhado tudo. Eu me jogo de volta na cama e as lágrimas mancham o lindo lençol branco. Ao verificar o relógio enquanto eu limpo os olhos, percebo que ainda tenho uma hora antes de precisar estar no aeroporto.

Mas eu não iria.

Eu sabia disso com certeza agora.

Meu coração, meu cérebro e meu corpo tinham acabado de me mostrar exatamente o que eu precisava saber.

Eu queria mais do que simplesmente me redimir. Eu o queria. Eu precisava que ele soubesse que eu iria lutar por uma pequena chance dele me ver como mais do que apenas uma mentirosa.

Era possível?

Talvez.

Mas talvez fosse tudo o que eu precisava, porque eu sabia que se não tentasse, me arrependeria para sempre. E eu já tinha passado muito tempo deixando arrependimentos me contaminar.


Capitulo 11

Rose

Era surreal, estar exatamente no mesmo lugar que eu estive quando meu primo atirou em Blizzard. Eu olho para a calçada, inspecionando-a como se esperasse ver algum tipo de mancha ou lembrete do que aconteceu. Mesmo sob a luz da lâmpada de rua, eu posso ver que não há nada. Suspiro, não tenho certeza se é uma coisa boa ou ruim. A memória foi dolorosa, observar o movimento de Blizzard caindo. Lembro de gritar seu nome, mas não consegui chegar até ele. Eu me senti tão perdida, meus primos me afastaram enquanto ele ficou deitado lá impotente.

Por minha causa.

Foi tudo por minha causa.

De repente, eu não estava tão confiante e meu estômago se agitou. Eu tento me lembrar por que eu estou aqui.

Redenção.

Ouvir a conversa no hotel foi exatamente o que eu precisava. Eles precisavam de alguém, eu precisava provar a eles que estava arrependida. Mesmo que arrependimento significasse me colocar no meio de uma tempestade de merda e esperar pelo melhor.

“Cresceu um par de bolas em você enquanto esteve ausente?”

Eu me assustei. A rua está escura, mas claro, alguém está de pé no portão da sede do The Brothers. Quando ele sai do portão e fica sob a luz, eu reconheço seu rosto. Luto para lembrar o nome do prospecto que passava horas sentado do lado de fora do apartamento que Chelsea e eu compartilhamos uma vez, cuidando constantemente dela.

“Ham, certo?”

“O que você está fazendo aqui, Rose?” Ele perguntou cautelosamente, sua mão segurando firmemente a arma ao seu lado. Era isso que eu merecia. Essas pessoas que uma vez chamei de amigos, sentindo que precisavam se proteger de mim.

“Eu não estou aqui para causar problemas,” eu disse a ele, tentando aliviar a tensão.

Ele riu. “Nós dois sabemos que você estar aqui vai causar todos os tipos de problemas. Então não vamos ser hipócritas.”

Suspiro. “Posso ver Optimus?”

Seus olhos se estreitam em mim. “E por que isto?”

“Eu acho que vocês têm um problema e eu poderia ter a solução.” Tentei manter minha cabeça erguida e meus ombros retos, apesar da necessidade dolorosa de me virar e correr. Minha única chance era pedir para ver Optimus, mais ninguém. Eu sabia que Ham, pelo menos, teria que levar isso a seu presidente.

“Phil, chame Op.”

Eu vejo movimento nas sombras atrás dele. Claro. Não havia um, mas dois deles garantindo a segurança do complexo.

Ham continua a olhar para mim enquanto uma voz atrás do grande portão fala rapidamente e baixinho. Não recebi outra palavra. Seu olhar é intimidante, mas eu não me deixaria recuar agora. Eu cheguei tão longe, eu estava mais forte, não era mais aquela garota fraca de antes.

Ouço a trituração no cascalho lentamente ficando mais alto e a agitação no meu estômago piorou. Quando o portão se abre e Optimus sai, eu sabia que era isto. Era minha única chance de falar e rezar para convencê-lo de que eu estava aqui para ajudar, não destruir.

“Nunca pensei em vê-la aqui novamente,” ele disse quando entrou na luz. Seus olhos me estudam antes de examinar a rua à nossa volta.

“Nunca pensei que fosse voltar,” respondi honestamente.

“Essa provavelmente teria sido a opção mais sábia a seguir.” Eu aceitei o golpe, mas não vacilei. Agora não era a hora de discutir meus direitos de estar nesta cidade. Eu precisava fazer isso, e precisava fazer rapidamente antes dele ter tempo para pensar e me despachar.

Engolindo duramente, separo meus pés me posicionando com firmeza. “Ouvi dizer que você precisa de alguém para usar um disfarce?“

Ele ergue uma sobrancelha, mas não demonstra mais nada. “Nós não somos os policiais, Rose.”

“Eu sei o que ouvi.” Coloquei minhas mãos nos meus quadris. “Você precisa de alguém e eu tenho algo a provar.”

Eu vejo o canto de sua boca se contrair. “Não sei de onde você está conseguindo suas informações, ou o que exatamente você acha que pode provar, mas acho melhor você fazer isso em outro lugar.”

Ele se vira para sair, efetivamente me dispensando. Mas eu não iria desistir tão facilmente. Procurei no meu cérebro por algo que lhe mostrasse que eu não estava falando merda.

“Posso trazer Lane de volta.”

Ele para imediatamente, virando a cabeça para o lado então eu posso ver seu perfil. A luz do poste lança uma sombra escura sobre seu rosto, é uma visão que você não gostaria de encontrar caminhando sozinha para casa à noite.

“Onde você ouviu esse nome?”

Eu limpo minha garganta que de repente estava seca. “Eu ouvi uma conversa no hotel onde estou hospedada. Eu sei que você precisa de alguém para entrar disfarçado e recuperá-la.”

Ele lentamente vira o corpo para mim. “Alguém já lhe disse que é grosseiro ouvir as conversas de outras pessoas?”

“Talvez você deva dizer a seus amigos que o bar de um hotel não é lugar para discutir os problemas do clube,” retruquei, lamentando quase que imediatamente quando ele dá um passo à frente. Meu corpo reage instantaneamente. Recuando, a fim de manter uma distância segura entre o grande homem que parece estar pronto para atacar e eu.

“Eu acho melhor você esquecer o que ouviu e ir para casa,” ele resmungou.

Encho meu peito. “Estou tentando fazer as coisas direto, Optimus. Eu fodi tudo. Eu ferrei tanto que nunca vou parar de me arrepender pelo que fiz. Nunca vou seguir em frente. Para o resto da minha vida, serei assombrada por isso. Mas agora, aqui mesmo, eu estou pedindo... implorando... por favor, deixe-me recuperar o pouco de auto respeito que tive uma vez.”

Ele olha para mim em silêncio, e por um minuto, penso ter visto o que poderia ser um brilho de respeito em seus olhos.

“Estou avisando você agora, vindo aqui vai irritar seriamente algumas pessoas.” Ele falou devagar e com cautela, como se ele achasse que eu era completamente estúpida e não tivesse ideia do que estava fazendo. Mas eu tinha e estava pronta para lidar com quaisquer consequências que vinham com isso.

“Eu posso nunca conseguir recuperar sua confiança, eu entendi isso.” Minha garganta apertou. “Mas isso não é apenas por você. Preciso provar a mim mesma que não sou meu pai.”

Ele inclina a cabeça, me estudando como se estivesse tentando descobrir se eu estava mentindo, tentando apenas derrubar as defesas deles.

“Você matou alguém ultimamente?”

Meus olhos arregalam. “O quê? Não!”

Optimus sorri. “Então você não é seu pai.” O tom de sua voz era um pouco reconfortante. Eu quase pude acreditar que ele era uma boa pessoa. “Esteja aqui de manhã, nove horas, Ham estará esperando por você no portão e ele irá levá-la para dentro. Isso é algo que precisa ser discutido primeiro com o clube. Uma decisão será tomada então.”

Optimus é um grande líder. Ele é forte e firme, mas também diplomático. Eu o respeito.

Aceno com a cabeça em concordância, mas antes de me virar e me afastar, não pude deixar de perguntar, “Como está Chelsea?”

Seus olhos voltam para o complexo, sem dúvida, onde ela está esperando por ele. Me pergunto se ele iria lhe contar que eu estive aqui, e também se ela se importaria.

“Ela está bem. Quase de volta ao que era.”

Meu coração aperta e sinto as lágrimas começarem a aquecer meus olhos. “Eu não...”

“Isso é algo que você precisa dizer a ela...” ele interrompeu. “... se você tiver uma chance.”

Eu limpo minha garganta, tentando recuperar minha compostura. ”Certo. Eu vou te ver pela manhã.” Eu me virei e comecei a caminhar de volta pela rua, um vento frio chicoteando meus braços nus.

“Não me faça arrepender, Rosalie,” ele gritou na escuridão. O uso do meu nome completo fez meu corpo estremecer. Foi um golpe sutil, mas ele estava me lembrando que não tinha esquecido quem eu era.

Eu não respondi, continuando a me empurrar para frente. A alguns quarteirões de distância, chamo um táxi para me pegar. Aperto os braços ao redor do meu corpo, uma tentativa triste para me recompor. Eu estou tremendo, esta é a minha chance de me redimir, talvez não a seus olhos, mas aos meus. Eu não posso desistir agora. Eu sei no meu íntimo que para o que quer que eu tenha acabado de me oferecer, poderia ser perigoso.

Eu posso fazer isso.

Eu preciso fazer isso.

Não há como voltar atrás agora.


Capitulo 12

Blizzard

“Você tinha que reunir a igreja tão cedo?” Eu resmunguei, pegando minha xícara de café enquanto esperávamos a sala encher.

Optimus está reclinado na sua cadeira à cabeceira da mesa, eu sentado diretamente à sua esquerda.

“Algo novo chegou tarde na noite passada. Precisamos resolver isso o mais rápido possível, então liguei para a sua mãe e Judge.“ Ele bateu uma caneta com impaciência sobre a mesa.

Eu enrugo o nariz. “É estranho ouvir isso.”

Ele olha para mim com as sobrancelhas erguidas. “Porquê?”

Tomando café, penso na pergunta. Por que era estranho ouvir alguém falando da minha mãe? Eu estava tão acostumado com a ideia de ser só eu e meu pai – talvez fosse isso. “Ela não esteve por perto desde que eu era adolescente. Não existe um ponto em que perdem o direito de serem vistos como pais?”

“Eu não estive perto de Harlyn por cinco anos. Isso significa que eu perdi o direito de ser chamado de pai?” Ele não disse isso como se ele estivesse ofendido com minhas palavras, mas ele atingiu o ponto que eu sabia que ele queria.

“Isso é estúpido.”

“Exatamente meus pensamentos.”

Bastardo.

As portas da sala de reunião abrem e meus irmãos entram, alguns suados da academia com garrafas de água e toalhas, outros usando a mesma roupa de ontem e meio adormecidos.

Leo limpa o suor de sua testa e senta-se em frente a mim, à direita de Op. Leo é nosso Sargento de Armas. Ele controla nossa segurança e, de certa forma, é a voz da razão quando se trata de situações perigosas. É seu trabalho nos manter sensatos e vivos.

Depois que todos os meninos estavam sentados, mais figuras atravessam a porta aberta. Minha mãe e Judge, com Light logo atrás deles. Eu ainda não tinha percebido o quanto doía vê-la, o quanto meu corpo abastecia com veneno e raiva quando ela estava por perto. Eu ainda me sentia como se fosse aquele garoto – o garoto de quem ela tinha se afastado e deixado para trás.

“Entrem.” Optimus acenou, os recebendo.

Tento afastar as más vibrações, segurando minha xícara de café na minha mão e concentrando-me no calor que queima a minha palma.

“Viemos o mais rápido que pudemos,” explicou Judge enquanto Ham e Phil fechavam as portas atrás deles. Era estranho ter gente de fora na igreja conosco. Normalmente, era inédito, mas acho que situações especiais exigiam uma flexão das regras. No entanto, eles não foram convidados a sentarem-se à mesa conosco e teriam que ficar de pé.

Minha mãe agarra o braço de Judge firmemente, mesmo de onde eu estou sentado, posso ver as olheiras sob seus olhos. O sequestro de Lane evidentemente causou um enorme impacto sobre ela, as rachaduras começaram a aparecer em seu exterior resistente.

“Nós temos um pequeno problema...” começou Optimus. “Parece que alguém ouviu vocês falarem sobre assuntos do clube.”

Os olhos de Judge se arregalam e minha mãe olha em direção a Light freneticamente. “Nós... eu não sei como isso pode ter acontecido.”

Estreitando os olhos, Op se levanta. Eu poderia dizer que ele estava frustrado com esse pequeno problema, mas havia algo que ele estava escondendo.

“Na próxima vez que vocês decidirem falar de assuntos importantes, deveriam lembrar que há ouvidos em todos os lugares. Um bar de hotel não é o lugar para compartilhar informações.” Eu quase sorri com o tom dele. Era como se ele estivesse chamando a atenção de uma criança, mas o que eles tinham feito foi estúpido. Os assuntos do clube eram tratados no clube ou em áreas protegidas, não em espaços abertos.

Eu observo Judge. Mesmo que sua barba espessa cobrisse a maior parte do seu rosto, eu poderia dizer que ele estava chateado por ter sua atenção chamada na frente de nosso clube inteiro. Sua mão livre está fechada em um punho apertado e sua mandíbula está firmemente presa. “Obviamente, cometemos um erro.”

Op riu, fazendo-me sentar um pouco mais reto. Como ele achou isso divertido, eu não fazia ideia.

“Esse poderia ter sido o melhor erro que você já cometeu.”

Me inclinando para frente, bato meu dedo na mesa. “Irmão, você bebeu esta manhã?” Os meninos riram levemente. “Porque isso não faz nenhum sentido.”

Ele caminha ao redor da mesa, ignorando-me inteiramente. “Parece que a pessoa que os escutou quer ajudar. E com as informações que reunimos através de Leo, o que nós temos em mente pode funcionar.

Minha mãe fica um pouco mais reta, respirando profundamente como se fosse seu primeiro sopro de ar em semanas. Eles haviam esgotado suas opções, vir até aqui e nos pedir ajuda era o último recurso. Se disséssemos que não, teriam que lutar, e possivelmente perder suas vidas, ou ceder às demandas que estavam sendo feitas.

Optimus pode estar lhes oferecendo uma saída, e neste momento, eu não tinha certeza se estava feliz ou frustrado.

“Então...” Judge começou, seu corpo agora um pouco mais forte, mais confiante.

Light afasta da parede onde ele estava apoiado e se move para frente, ansioso para ouvir o plano que possivelmente conseguiria recuperar sua mulher.

Eles saíram do caminho quando Optimus andou e passou por eles, colocando sua mão na porta. Ele abria-a levemente. “Entre.”

Ele vira-se de frente para mim enquanto segura a porta para a pessoa misteriosa entrar. Eu não consigo ler seu rosto de onde estou sentado, mas eu posso sentir as vibrações que ele está enviando, e eu sei mesmo antes dela passar pela porta o que está prestes a acontecer. Ela atravessa o pequeno espaço, sua cabeça baixa e o rosto escondido por uma cachoeira de cabelo escuro. Houve murmúrios dos meus irmãos enquanto olham entre nós dois, assim como eu, tentando descobrir o que estava acontecendo.

Cerro meus dentes e desvio o olhar.

Leo olha para mim do outro lado da mesa, com os braços cruzados como se estivesse esperando que eu me perdesse a qualquer momento e pronto para assistir ao show. “Você sabia sobre isso?” Acusei calmamente.

Ele levanta o queixo, mas não falou.

Optimus dá a volta na mesa mais uma vez, parando na cabeceira atrás da cadeira do presidente. Rose segue-o como um cordeiro perdido. Ela não se encolheu, como eu esperava, na presença das pessoas que ela tentou destruir. Não. Ela manteve seu corpo reto e rígido, mais como se estivesse se preparando para um ataque. A agitação de suas mãos caídas aos seus lados é a única indicação de que ela está assustada, ou talvez apenas nervosa.

Ela deveria estar.

“Para aqueles de vocês que não sabem, essa é Rose,” Optimus a apresentou formalmente, como se ela tivesse alguma importância. “Nem todos vocês a conheceram, mas não tenho dúvidas de que meus irmãos sabem quem ela é.”

Quando ela ergue a cabeça, eu tenho o primeiro vislumbre dos olhos dela. Ela olha para frente, diretamente para minha mãe e Judge, evitando deliberadamente os olhos dos meus irmãos. Aperto minha mandíbula e meus punhos, tentando me impedir de saltar do meu assento e exigir saber que porra Optimus estava pensando ao trazê-la aqui.

“Rose quer ajudar a recuperar Lane, e Leo e eu discutimos um plano que pode tornar isso possível,“ explicou. “Nós não estamos absolutamente certos de que esses homens desconhecem sua conexão com o nosso clube. Portanto, enviar alguém que é conhecido por pertencer a nós é muito perigoso e não vale o risco.”

Minha mãe e Judge ouvem atentamente enquanto Optimus explica seu plano. Eu não tinha certeza de que ouvi uma maldita coisa que ele disse, meus olhos completamente fixos na garota que uma vez me deixou tão louco de luxúria. Sua língua aparece, molhando os lábios antes de puxar o inferior entre os dentes.

“Esses caras vão ao mesmo clube de strip todas as quintas-feiras à noite. Um dos garotos se chama Edge. Ele nasceu no clube, mas parece ser diferente dos outros. Não tão sombrio. As meninas disseram que ele é um tipo de cara... olha, mas não toca, mas ele convidou uma delas para retornar com ele para a casa onde eles estão hospedados.” Tentei acompanhar as divagações de Leo. “Tudo o que precisamos que Rose faça é chegar até ele e conseguir um convite para ir com ele para casa. A partir daí, espero que ela possa nos dar mais detalhes sobre com o que estamos realmente lidando em relação a números, poder de fogo e a segurança de sua garota.”

Rose observa Leo, prestando atenção em todas as palavras que ele estava dizendo e balançando a cabeça. Ela está assustada. Não havia dúvida em minha mente, ela está completamente aterrorizada. Então, por que ela estava se oferecendo para ser jogada no fundo do poço?

“No mínimo, ela terá que fingir um boquete.” As palavras saíram antes mesmo de ter tido tempo para pensar sobre o que eu estava dizendo. Eu pude ver o momento exato em que elas a atingiram, seu corpo visivelmente estremeceu com o impacto. Mesmo assim, porém, ela continua olhando para frente, recusando-se a olhar para mim.

Isso fez com que a ira só aumentasse.

“Blizzard...”

Levanto as mãos. “Não, eu entendi. É realmente perfeito na verdade. Já vimos suas habilidades de atuação em primeira mão, então todos sabemos exatamente do que ela é capaz.” Eu me inclinei para trás na minha cadeira, esperando para ver o que ela faria em seguida.

Será que ela aceitaria isso como uma boa garotinha? Ou ela...

“Você sabe tudo sobre a experiência em primeira mão, não é?” Eu olhei enquanto suas palavras atravessavam a tensão que havia preenchido a sala. Seus olhos se dirigiram para minha virilha e voltaram para o meu rosto.

Ouço risos e Optimus não consegue esconder o sorriso que se formou em seu rosto. Até eu tive que admirar a forma como ela revidou. Eu poderia dizer que ela estava muito assustada. Não poderia ser fácil, ficar aqui na frente das mesmas pessoas que há apenas alguns meses ela havia tentado destruir. A menina tinha coragem e uma parte de mim inchou. Orgulhoso de vê-la defender-se novamente.

Limpando a garganta, Optimus pergunta, “Vocês dois já terminaram?”

Rose cruza os braços em seu peito e ergue as sobrancelhas como se estivesse me desafiando a continuar. Eu vejo o leve tremor em suas mãos.

Ela coloca um rosto corajoso.

Só mais um dos rostos que ela usa.

Eu levanto minhas mãos para os lados. “Continue, oh, grande senhor.”

Optimus olha para mim, eu sei que ele quer chutar minha bunda. Eu tenho quase certeza que ele havia contado a Chelsea que Rose estaria aqui e que ela tinha dito a ele para pegar leve com ela. Chelsea tinha um coração mole e Optimus era um pau mandado.

Bastardo estúpido.

“Tudo bem, vamos discutir os planos.”


Capitulo 13

Rose

Meu celular vibra no bolso enquanto me sento no pátio do clube, esperando que eles decidem.

Eu sei quem é.

Pressionando o botão de resposta, relutantemente seguro o celular no meu ouvido. ”Tio.”

“Você me disse dois dias. Imagine minha surpresa quando enviei Rico para buscá-la no aeroporto e você não estava lá.” Eu poderia dizer pelo tom de sua voz que este não era um telefonema por estar preocupado com minha segurança. Eu não estava onde disse que estaria e para o meu tio Anthony, isso era um problema.

“Eu só precisava de um pouco mais de tempo para resolver as coisas,” tentei explicar.

“Rosalie...”

“Eu não quero mais ser chamada assim.” Minha voz era firme, mas dentro da minha cabeça eu estou gritando, você é louca?

O silêncio enche o espaço e retiro meu telefone do ouvido apenas para verificar se ele ainda está na linha. Ele está. Eu sei que isso não é bom.

“Estamos fazendo arranjos funerários para o seu pai.”

Meu coração para. De todas as coisas que ele poderia ter me dito, essa era a menos esperada.

“Ele está...”

“Sim. Mesmo que ele tenha sido uma desgraça para a nossa família, por respeito, eu organizei uma pequena cerimônia.” Sua voz era uniforme e indiferente. Isto é o que minha chamada família era. Eles tinham lealdade e respeito, mas se você virasse as costas para eles, era assim. Você fez sua cama, você se deita nela.

Seguro o braço da cadeira em que estou sentada, com medo de que estivesse prestes a cair. “Eu... Eu não quero... Eu não posso fazer isso. Não quero uma cerimônia.”

“Eu não culpo você, mas ainda deveria ter a chance de dizer adeus.”

Fico de pé rapidamente, fazendo minha cabeça girar. ”Adeus? Eu disse adeus quando a equipe da SWAT o prendeu, gritando sobre como eu deveria ter sido abortada! Ele não merece um adeus, e eu me recuso a fingir que me importo por ele estar morto apenas para exibição.”

Os DePalma faziam um excelente trabalho varrendo o que acontecia para baixo do tapete. A última coisa que eles queriam era serem vistos como tendo uma rachadura em sua família e em sua posição. Mostrar fraqueza significava ser um alvo e meu tio – ele nunca foi um alvo. Esta cerimônia era apenas para salvar sua cara, eu não tinha dúvidas sobre isso. E, francamente, eu não estava prestes a fazer parte disso.

“Rosalie...” tio Anthony advertiu, mas já tinha encerrado esse assunto.

“Jogue-o de um penhasco por tudo o que eu me importo, não voltarei para me despedir.” Eu sabia que minhas palavras eram duras, e a possibilidade de causar uma tempestade de proporções épicas era bastante provável, mas eu estava pronta. Cansei de fingir que esse homem, cujo DNA eu compartilhava, era qualquer coisa exceto um doador de esperma. Ele não cuidou de mim. Eu fui o seu bilhete de vingança, um modo de atingir as pessoas que ele achava que o tinham prejudicado. Ele nunca me viu como sua filha.

Eu podia sentir a ira do meu tio mesmo através da linha telefônica. “Onde você está?”

“Estou em Athens tentando corrigir meus erros. E espero que, ao fazê-lo, sinta algum tipo de paz dentro de mim.” Pressionei a palma da mão na minha testa, não conseguia acreditar no que estava falando. De onde vinha essa força, eu não fazia ideia, mas eu iria aproveitar esse momento enquanto ainda tinha meus pés firmes na prancha.

“Você não deve nada a esse clube...“ sua voz estava começando a aumentar, “... eles mataram meu filho.”

“Seu filho os machucou! Eles também são uma família, e assim como você, eles farão o que for necessário para proteger as pessoas com as quais se importam.” Ouvi movimento atrás de mim e o clique de uma porta. Eu giro para encontrar Blizzard, as portas do pátio agora fechadas e ele encostado contra elas com os braços cruzados sobre o peito.

“Você tem quarenta e oito horas, Rosalie. Então vou esperar você no próximo avião de volta para cá. Você não foi criada dentro dessas paredes, por enquanto, eu ignorarei seu desrespeito. Você é uma parte desta família, ou você não é. Faça a sua escolha.”

A linha ficou muda e eu lutei para me manter em pé.

Foi nisso que se resumiu. Aos olhos do meu tio, eu estava com eles ou estava contra eles. Não havia um meio termo nem espaço para manobras.

Eu tinha que escolher.

Eu me sinto doente.

Eu lutei por tanto tempo para pertencer a alguma coisa, e agora eu estava prestes a deixar tudo só para me sentir melhor comigo mesma. Apenas para provar que não era a pessoa que meu pai me obrigou a ser.

Valia a pena?

“Quanto você ouviu?” Perguntei, afastando-me de Blizzard e olhando para o quintal do complexo.

“O idiota está morto, hein?”

Eu solto uma pequena risada. “Aparentemente.”

“Bom.” Sua voz era profunda e rouca e provocou arrepios na minha coluna.

Eu não tinha certeza do que estava esperando. Ele queria falar comigo, para se desculpar? Ouço seus passos se aproximando e meu corpo reage instantaneamente, ficando tenso.

“Eles estão fazendo algum tipo de cerimônia ou o que quer que seja. Ele quer que eu apareça e aja como se me importasse que ele tenha morrido.” Eu me virei, sem esperar que ele estivesse bem atrás de mim. Dou um passo para trás, mas ele estende a mão e agarra meu braço. Seu toque não foi o que eu esperava, foi gentil, suave. As memórias do meu sonho me inundam e eu tenho que manter meu corpo sob controle. O desejo de envolver meus braços ao redor dele e apenas segurá-lo é muito forte.

Eu olho na sua mão. “Eu deveria me importar? Me faz uma pessoa horrível não me importar que ele tenha morrido?”

“Eu ficaria mais preocupado se você se importasse.” Seu polegar esfregou para frente e para trás contra a parte inferior do meu antebraço, a sensação provoca formigamentos em mim. “Marco não era um pai. Ele era um parasita.”

“Ele é a razão pela qual estou viva, e estou aqui na Terra.” Engoli em seco. “Não devo muito a ele, por me dar a vida?”

“Nem sempre é sobre isso. É sobre quem se esforçou, que se preocupou mais em estar lá para você, independentemente do sangue que corre em suas veias.” Eu podia sentir a convicção absoluta em suas palavras. Ele acreditava no que ele estava dizendo com tudo o que ele tinha, e também me fazia acreditar.

“Quem se esforçou por você?” Olhei para cima, encontrando seus profundos olhos azuis me observando, prestando atenção a cada palavra e movimentos que eu fazia.

O calor me enche. Este é o Blizzard que eu conhecia. O homem que podia ver dentro da minha cabeça e sabia exatamente o que eu estava pensando. A escuridão tinha desaparecido de seus olhos, uma escuridão que eu coloquei nele.

Ficamos em silêncio e, por um momento, me perguntei se ele se abriria e compartilharia comigo mais uma vez, ou se eu tinha feito muito dano à sua alma para nunca mais confiar em suas emoções.

“Aquela outra mulher lá dentro. É a minha mãe.” Havia uma pequena oscilação em sua voz na menção dela. “Ela não esteve por perto desde que eu era adolescente. Ela simplesmente foi embora e se juntou a outro clube. Me deixou com meu pai.”

Eu balanço a cabeça. “Eu sei o que é ser criada somente por um dos pais.”

Ele ri, mas não havia nem uma gota de humor nisso. “Ele passou muito tempo bebendo, me batendo e ficando na sede do clube para ser considerado um pai.” Eu dei um pequeno suspiro. Naquele momento, percebi que talvez Blizzard e eu não fossemos tão diferentes. “O clube me criou. Eles me mostraram como era ter uma família.”

Ele me solta e sinto falta do seu toque instantaneamente, minha mão se contrai, querendo levantar e puxá-lo de volta. Sinto o momento se desvanecendo, mas eu estava desesperada para recuperar isso. Estar um pouco mais com ele, sem falar coisas irritantes e palavras venenosas para mim.

“Eu preciso que você entenda...”

“Eu entendo.” Ele interrompeu. “É fácil convencer a nós mesmos de que estamos fazendo o certo quando tudo o que se pode ver é o prêmio no final e quão bom ele poderá ser.”

Eu estou assistindo a barreira voltar. Ele tinha baixado suas defesas, mas agora tinha acabado. Lágrimas brotam em meus olhos, enquanto o observo lentamente recuar como se ele estivesse em transe quando veio até mim e agora tivesse se arrependido.

“Você era o meu prêmio.“ Eu prendi minha respiração e soltei um lamento silencioso. “Eu deixei você entrar dentro de mim, dentro da minha cabeça. Eu deixei você me fazer sentir algo. Agora você tem que viver com as consequências de suas ações.” E lá estava, a parede estava de volta e seus olhos se estreitaram, mais uma vez me vendo como uma ameaça. “E eu tenho que viver com as consequências das minhas.”

Ele se vira e agarra as duas alças da porta puxando-as. As portas batem contra o prédio com tanta força que fico surpresa por não terem quebrado.

E então – ele se foi.

As lágrimas fluíam pelas minhas bochechas e pingavam do meu rosto.

Eu pensei que o dia em que ele foi baleado tinha sido o dia mais doloroso da minha vida.

Eu estava errada, no entanto.

Feriu-me ver Gio atirar em Blizzard – doeu mais do que eu poderia expressar em palavras – mas isso doeu mais porque agora eu sabia com certeza, que ele tinha sentimentos por mim. Eles podem ter sido pequenos, mas eles estavam crescendo lentamente e poderiam ter sido algo.

Poderiam ter sido incríveis.

Seguro a cadeira em que eu estava sentada, tudo dentro de mim querendo gritar e jogá-la pelo pátio.

Eu poderia aguentar os ossos quebrados, as queimaduras, os olhos negros, mas não isso.

Isto estava começando a se tornar mais do que o meu coração poderia aguentar.


Capitulo 14

Rose

“Você não precisa fazer isso.”

Eu giro rapidamente, quase perdendo o equilíbrio. “Oi...” eu murmurei, tentando limpar as lágrimas que manchavam minhas bochechas. Eu sabia que seria difícil ver Blizzard de novo, mas nunca imaginei que uma pessoa pudesse me fazer sentir linda e sem valor ao mesmo tempo.

Eu estava a poucos segundos de chamar um táxi para me levar para o aeroporto, tudo dentro de mim gritando que eu nunca seria boa o suficiente, não importa o que eu fizesse.

Por que estava fazendo isso comigo mesma?

Chelsea dá alguns passos mais perto, seus olhos me observam o tempo todo. Por um momento, penso que ela está sendo cautelosa, com medo de eu tirar minha faca e enfiá-la em suas costas novamente. Mas quanto mais perto ela chegou, mais fácil foi ver as lágrimas no seu rosto.

Eu fungo, incapaz de me segurar. “Deus Chel, sinto muito.” Cobri minha boca, tentando controlar minha respiração tremula.

Ela olha por cima do ombro e eu sigo seu olhar, percebendo que Optimus nos observa a uma distância segura. Seus olhos nunca a deixaram e eu poderia dizer que, o que quer que ela estava prestes a dizer, era ele, dando-lhe forças para fazer isso. Eu me preparei para o ataque quando ela lentamente se virou para mim.

“Eu quero gritar e berrar e te odiar pelo que você fez...”

Lambendo meus lábios, eu posso provar as lágrimas salgadas que haviam se fixado neles. Eu solto uma pequena risada. “Você deveria.”

Ela continua a caminhar ao meu redor, observando-me o tempo todo enquanto circulava.

“Eu te amei. Fiquei ao seu lado e segurei sua mão quando você chorou. Eu estive lá por você.“ Sua voz era suave e baixa, mas cada palavra me fez vacilar.

“Eu sei,” sussurrei, minha voz agitada.

Eu queria baixar minha cabeça de vergonha, mas não o faria. Eu ficaria aqui, e aceitaria o que ela tivesse para jogar. Ela tinha o direito de desabafar, e se isso significasse ser seu saco de pancadas, então era o mínimo que eu podia fazer.

“Eu atravessei o inferno, por causa das escolhas que você fez.”

Aperto minhas mãos em punhos, minhas unhas cortando a pele. As lágrimas borram minha visão e eu pisco furiosamente, tentando removê-las.

“Sinto muito,” eu solucei.

De repente, eu estava envolvida em seus braços, eles me apertaram fortemente. Sua mão pressionada contra a parte de trás do meu pescoço enquanto ela me balançava para trás e para frente.

“Eu também.”

“Não.” Eu me agitei, tentando romper seu abraço apertado.

“Desculpe-me, eu estava tão envolvida em meus próprios problemas que não parei para ver o que você realmente estava passando,” ela sussurrou no meu ouvido.

“Não!” Eu coloquei minhas mãos entre nós e empurrei, interrompendo seu abraço. Ambas tropeçamos para trás. Optimus avança e entra no pátio, segurando o braço de Chelsea para estabilizá-la. “Não fique aqui e peça desculpas! Grite, berre... diga-me que você me odeia,” chorei. Minhas pernas tremem, ameaçando ceder. Eu não podia ficar aqui e deixá-la me consolar enquanto eu desabava. Eu não merecia isso.

“Eu não odeio você!” Ela gritou, segurando seu homem. “Nós fomos vítimas, Rose. Todos nós queremos acreditar que nossas famílias fazem o que fazem porque nos amam. Mas isso não é verdade, algumas pessoas são apenas idiotas e não se importam com quem eles machucam enquanto conseguem o que querem. Seu pai foi um desses idiotas.”

Agarro meu cabelo com as duas mãos. “Eu magoei você. Eu machuquei todos vocês. Eu tomei a decisão de fazer essas coisas e eu as fiz.”

“Você foi iludida e enganada, assim como nós. “Minha mente estava correndo, eu queria sair daqui e rápido. “Não foi sua culpa, Rose.” Ouvi sua voz, mas parecia tão longe.

“Foi. Foi minha culpa, eu o deixei fazer a minha cabeça. Me permiti acreditar em todas as palavras que saíram da sua boca. Eu me permiti ficar tão obcecada pelos sonhos e contos de fadas, que eu teria feito qualquer coisa apenas para ser parte de algo mais.” Eu estava divagando agora, eu sabia, mas eu simplesmente não conseguia parar. Talvez, se ela me ouvisse dizer isso, ela mudasse de ideia. “Eu quase matei você.” As palavras tinham um gosto ruim na minha boca.

“Bem, você não fez um bom trabalho, então, não é?” Ela gritou para mim. “Porque ainda estou aqui. Eu ainda estou respirando. E droga, eu vou continuar respirando. Então você vai parar de sentir tanta pena de si mesma e olhar para mim!”

Olho para ela em completo choque, sem acreditar que ouvi o que tinha saído de sua boca.

“Você gostaria de ter outra chance com isso?”

“Chelsea,” grunhiu Optimus, olhando para ela.

Eu estava começando a perceber o ridículo de toda essa situação. Eu estava gritando com ela, inflexível, que eu queria que ela me odiasse pelo que a fiz passar. Minha mente estava me dizendo que eu não merecia seu perdão ou aceitação. Eu não queria permitir que ela me perdoasse pelo que fiz, porque não deveria ser tão fácil. As pessoas que faziam coisas ruins deveriam sofrer. Mas aqui estava ela, provocando-me porque não consegui matá-la.

“Apenas olhe para mim.”

Eu olho. Ela está tão deslumbrante como sempre e, com a mão de Optimus descansando em sua cintura, é perfeito. Tão perfeito.

“Você parece fantástica!” Eu gritei, jogando minhas mãos no ar.

“Obrigada!” Ela gritou de volta para mim.

Antes de termos um segundo para piscar, estávamos ambas rindo. As lágrimas haviam secado e não havia mais nada a dizer.

Ela não me odiava.

Ela deu a Optimus um aperto rápido antes de correr para mim.

Desta vez, abracei-a com tudo o que tinha. O calor tomou conta de mim, inundando todo o meu corpo. Chelsea e eu não éramos amigas há muito tempo antes da merda bater no ventilador, mas parecia como uma vida inteira.

“Eu senti sua falta,” ela disse sorrindo, quando se afastou. Ela apoia suas mãos nos meus ombros e me olha, exatamente como uma mãe quando seu filho esteve muito tempo longe. “Você perdeu peso?”

Eu ri. “É uma nova dieta que eu gosto de chamar, se estresse e emagreça.”

“A única coisa que ganho quando estou estressada é um pote de sorvete.“ Ela riu.

Ela me empurra em direção da cadeira em que eu estava sentada, se movendo para puxar uma para ela ao meu lado. Optimus se move e fica atrás dela, um sinal ameaçador, talvez até um aviso. Ele a estava protegendo.

“Eu fui sincera quando disse que você não precisa fazer isso,” ela murmurou, estendendo a mão para colocar sobre a minha. “Sempre haverá outra maneira. E nós vamos encontrá-la.”

Eu balanço minha cabeça. “Se eu puder ajudar, eu quero. Passei muito tempo correndo e fingindo que tudo ficaria bem se eu simplesmente seguisse em frente.”

“Tudo ficará bem.” Ela sorriu para mim com tranquilidade. Eu sabia que ela estava tentando ser solidária. Sem dúvida, Optimus havia lhe contado sobre o que estava acontecendo e o quão perigoso era. Mas isso era sobre eu precisando fazer algo altruísta. Eu precisava sentir que não estava apenas definhando no mundo. Eu precisava me encontrar novamente.

“Ei, eu tenho que riscar isso da minha lista de coisas para fazer antes de morrer.” Eu movimentei minhas sobrancelhas, mas ela apenas franziu a testa para mim, me dizendo que era muito cedo para começar a brincar sobre isso. Eu suspiro. “Olha, deixe-me fazer isso? Aquela garota, Lane. Ela pode estar machucada, ela pode estar sofrendo e se eu puder parar isso, então eu vou.”

Chelsea geme, olhando por cima do ombro para o homem atrás dela. “Isso é estúpido, Op.”

“Não fale como se você não tivesse se oferecido para a missão, mulher.” Ele sorriu para ela e ela rapidamente desviou o olhar corando.

“Você é uma hipócrita!” Eu ri. “Você achou que poderia atraí-lo com suas habilidades de dança?”

Até Optimus riu.

“Eu tenho algumas habilidades!” Ela retrucou.

“A onda mexicana3 não é sexy.”

Ela franze a testa para mim, mas rapidamente se transforma em um sorriso, quando ela me dá um leve empurrão no ombro. “Bem. Mas você me promete que vai voltar inteira?” Seu rosto tornou-se solene de novo. Eu quase me senti zonza pelas suas mudanças de humor. “Eu acabei de te recuperar,” ela murmurou.

Pego sua mão e aperto. “Confie em mim, não vou mudar isso muito cedo.”


Capitulo 15

Blizzard

“Blizzard!” Eu me encolhi. A voz de Chelsea soou alta ao redor da sala. Eu podia ouvir seus pés batendo no chão atrás de mim. Tomo outro gole da minha cerveja e coloco-a de volta na mesa, preparando-me para a investida.

“Chelsea,” grunhiu Optimus, sem dúvida, seguindo de perto sua mulher.

Ela aparece na minha frente, afastando as cadeiras que estavam ao redor da mesa onde eu estou sentado fora do caminho para que ela pudesse se aproximar. Ela bate as palmas das mãos na mesa, sacudindo minha cerveja e fazendo-a cair. Eu a pego assim que rolou para a borda antes que pudesse bater no chão e quebrar.

“Você vai de verdade deixá-la fazer isso?” Coloquei a garrafa de volta na mesa e, finalmente, olhei para ela. Seus olhos estão estreitos e seus dentes cerrados.

“Fazer o quê?” Eu zombei, sabendo exatamente do que ela estava falando.

Ela fica irritada, levantando uma de suas mãos e enfiando o dedo na minha cara. “Não brinca comigo, idiota. Que diabos você está pensando? Ela pode se machucar.”

Franzindo o cenho, eu a encaro. “Estou me perguntando por que diabos você se importa se ela se machucar?”

“E eu estou me perguntando por que você não,” ela retrucou.

Fico em silêncio. “Eu pensei que você tinha recuperado sua memória. Ou você precisa que eu te lembre o que ela fez a você, para nós, para todo este fodido clube?”

As costas de Chelsea se endireitam. Op mantem sua posição, observando-nos cuidadosamente, pronto para interromper a qualquer momento se as coisas aquecerem demais. Eu não tinha certeza da razão de ele estar deixando isso prosseguir sem dizer nada. Talvez ele já tivesse tentado falar com ela e achou que eu poderia ser o único a dar-lhe um aviso. Ou talvez fosse o contrário, talvez ele pensasse que era eu que precisava disso.

“Ela é a razão pela qual você quase morreu, princesa.”

Balançando a cabeça, ela engole em seco. “Ela também é a única razão pela qual ainda estou viva. Ela poderia ter se afastado, mas em vez disso, ela arriscou sua própria vida e deu aquele telefonema que salvou Op de ser explodido em pedaços e levou você diretamente para mim.”

Eu zombo. “Sim, depois que ela lhe apontou uma arma em você e jogou você nas mãos de um maldito psicótico.”

Eu vejo lágrimas em seus olhos, mas ela mantém a cabeça erguida como a forte Old Lady que ela era. “Ela não sabia. Ele mentiu para ela, ele falou coisas que não eram verdadeiras. Ela pensou que estava fazendo o que era certo pela família dela.”

Eu jogo minha cabeça para trás e rio. “Não me diga que você vai ficar aqui e defendê-la.”

“As pessoas merecem uma segunda chance.” Ela olhou para Optimus, que apenas olhou diretamente para ela. Op passou tanto tempo afastando Chelsea, porque achava que a estava protegendo. Ele estava errado e acabou machucando os dois. Pensando que a tinha perdido, ele se arrependeu de cada momento que passou a mantendo longe. Agora ele mal a deixava fora de sua vista.

“Eu não posso acreditar que estamos tendo essa conversa,” murmurei, esfregando meu rosto com a mão.

“Não deixe que ela faça isso, Blizzard. Por favor?” Seus olhos me imploraram.

Chelsea estava certa sobre uma coisa. Enfiar Rose no meio do clube rival poderia ser um enorme risco. Estávamos tentando conseguir tantas informações quanto pudéssemos, mas, não encontramos nada de concreto, o que significava enviar Rose completamente às cegas.

“Ela veio até nós oferecendo ajuda. Ela não é estúpida, ela sabe onde está se metendo.” Eu cruzei meus braços sobre o peito, tentando parecer firme em meus pensamentos. Mas na verdade, estou desorientado apenas pensando em deixá-la fazer isso. Eu tinha que continuar me lembrando de que não lhe devia merda nenhuma – minha simpatia, nem a minha gratidão, e definitivamente não meus agradecimentos. “Pelo menos, nós sabemos uma coisa, ela é muito boa em ser falsa.”

As palavras tinham gosto azedo na minha língua, mas eram verdadeiras. Claro que agora pensando nisso, os sinais estavam todos lá. Mas na época, estávamos tão envolvidos na festa de piedade que ela estava jogando, que não os vimos. Eu seria amaldiçoado se eu baixasse minha guarda agora.

“Eu te amo,” Chelsea fungou. “Mas a-agora, você está sendo um idiota de coração frio.”

Eu me sento um pouco mais reto. Chelsea tornou-se minha família. Ela é a Old Lady do meu irmão e sabia que a protegeria com a minha vida. Suas palavras doeram mais do que eu esperava. Meus pelos arrepiaram.

“Ela é a razão pela qual você gagueja e não pode controlar suas palavras quando está chateada. Ela é a razão pela qual você não pode andar direito quando fica estressada,” recordei.

“Blizzard!” Op disparou, dando um passo à frente.

Eu o ignoro, expressando meu ponto de vista. “Ela é a razão pela qual Op te arrastou para o fodido médico...”

Moendo os dentes, ela se move para o meu espaço. “Não, ela não é. Seu maldito irmão ali me engravidou! Por isso, eu precisava ir ao médico!”

Minha respiração fica presa na minha garganta. Nós nos encaramos, sem dizer uma única palavra.

Puta merda.

Uma vez que minha mente processou exatamente o que ela disse, eu não consegui parar o sorriso que crescia. Eu observo enquanto seu corpo relaxa, a atmosfera tensa rapidamente evaporando.

“Você vai ter um filho?” Perguntei, precisando da confirmação do que ela acabara de me dizer.

Sua mão escorrega para sua barriga e seus olhos seguem a mesma direção. “Nós vamos ter um bebê.”

Eu solto uma pequena risada e me jogo para frente, levantando-a e apertando-a com força. Ela ri, me golpeando no braço e exige que eu a solte.

“Irmão, pare de apertar minha mulher. Ela tem que manter essa coisa aí por mais seis meses, não preciso que ela coloque para fora agora mesmo.” Op riu. Coloco Chelsea para baixo e me viro para ele. Op tinha sido meu melhor amigo e meu irmão desde que eu usava fraldas. Meu coração está acelerado, eu estou tão feliz por eles. Depois de toda a merda que passaram, mereciam algo positivo em suas vidas.

“Parabéns cara.” Nós apertamos as mãos e eu o puxei, dando um tapinha em suas costas com a mão livre.

“Obrigado, irmão. Mal posso esperar para dizer a Harlyn que ela vai ser uma irmã mais velha.” Ele se afastou e sorriu para mim.

Esta é a nossa vida. Para pessoas de fora, éramos membros de uma gangue e uma ameaça para a sociedade, mas nós éramos muito mais do que isso. Nós éramos tudo uns para os outros. Estávamos presentes nos momentos felizes e tristes um dos outros. Tínhamos um vínculo que foi forjado através do amor, honra e respeito.

Chelsea e Optimus tendo um bebê é uma nova adição à nossa família. Essa criança fazia parte do futuro do nosso clube e isso era algo para nos animar.

Nem todas as crianças do clube escolheram viver a vida do clube quando cresceram. Nunca foi algo que nos tenha sido forçado quando crianças. Alguns partiram, mas a maioria decidiu ficar e continuar a ser parte do clube. Para mim nunca foi uma questão, mesmo crescendo com meu pai que tomou a decisão de colocar o clube antes de mim e minha mãe. Eu pude ver em primeira mão como cada membro dos Brothers by Blood – irmãos e também Old Ladies – se uniram para apoiar alguém quando estavam em um momento de necessidade. Eu tive esse apoio, e era meu dever garantir que, se a situação surgisse, eu seria capaz de fazer o mesmo.

“Será um menino,” afirmei.

Ambos riram. “Você acha?” Perguntou Chelsea, seu rosto estava radiante.

“Foda-se, Harlyn precisa de um irmão para cuidá-la.”

Chelsea ri. “Ela vai acabar com um dos seus irmãos, então eu não me preocuparia com isso.”

Eu vejo o rosto de Op mudar. “Que porra isso significa?”

Rolando os olhos, ela sorri. “Harlyn vai acabar namorando com um irmão. Eu posso garantir isso.”

“Não se esse irmão quiser perder a mão,” ele grunhiu.

“Oh, acalme-se, homem das cavernas. Ela tem anos pela frente antes disso acontecer.” Chelsea se aproximou e envolveu seus braços em torno de seu homem. Ele franze a testa para ela. Ele acabou de perceber que sua pequena menina algum dia não seria tão pequena.

“Ei, prez!” Leo apareceu na sala segurando seu celular na mão. “Sugar está tentando falar com você. Disse que houve algum drama na escola com Harlyn.”

A testa da Op franze. “Foda-se minha vida.” Ele pegou o telefone e se afastou dos braços de Chelsea, rosnando e resmungando enquanto caminha pelo corredor.

Chelsea balança a cabeça. “No ritmo que essa criança está indo, ela não vai viver tempo suficiente para começar a namorar... porque Op vai estrangulá-la.”

“O que há com Harlyn?” Perguntei com curiosidade. Eles foram chamados na escola várias vezes nas últimas duas semanas.

Suspirando, Chelsea puxa uma cadeira e senta. “As crianças na escola têm incomodado ela sobre o clube. E você conhece aquela garotinha, ela não vai deixar ninguém falar mal sobre sua família.” Eu vi a pequena sombra de um sorriso em seus lábios. “Ela bateu no estômago de um menino mais velho na semana passada por ele dizer que seu pai era um perdedor.”

Tusso, tentando cobrir minhas risadas. “Você pode tirar a garota do clube...”

“Mas não o clube da garota,” Chelsea terminou, sorrindo.

Eu me sento à mesa com ela, e ficamos em silêncio por um minuto. Eu sabia que ela estava ansiosa para dizer algo.

“Apenas fale, princesa.”

“Rose... ela precisa de nós, Blizzard,” sua voz saiu como um sussurro. Eu podia ouvir a emoção nela e agitou meu coração.

Eu limpo minha garganta. “Não posso simplesmente esquecer o que ela fez. Ela machucou minha família.”

“Mas você está disposto a arriscar a vida dela? Se a vingança é realmente tão importante para você, então não tenho certeza de que você é o homem que eu pensei que fosse.” Eu podia ouvir a tristeza e o desapontamento em sua voz quando ela empurrou a cadeira para trás. Ela nem olha para mim enquanto levanta e se afasta.

Era isso o que era para mim? Era vingança?

A dor que senti quando percebi que Rose estava por trás de tudo, foi algo que eu só senti uma vez antes, quando minha mãe escolheu outro clube sobre o que deveria ser nossa família. Eu me importava com Rose, naquela época eu queria salvá-la, tirar toda a dor e sofrimento que ela estava passando, e mostrar-lhe que havia algo melhor lá fora. Que havia um mundo como o nosso, onde você não tinha que lutar pelo amor.

Eu só queria que ela sentisse o que eu sentia. Mas agora ela estava colocando sua vida em risco apenas para que ela pudesse provar que estava arrependida pelo que tinha feito. Realmente valia a pena a possibilidade de perdê-la para que eu pudesse obter algum tipo de satisfação?

Agora eu não tinha certeza.


Capitulo 16

Rose

“Esta é Kat,” disse Slider, gesticulando com a mão para uma bela morena. Ela sorri para mim e estende a mão.

“É um prazer conhecê-la,” ela falou enquanto eu pegava sua mão e nos cumprimentamos.

O rosto amigável me fez sentir aliviada. “O prazer é meu.”

Slider continua depois que as apresentações foram feitas, “Kat vai ajudá-la a preparar sua atuação e ajudá-la com suas habilidades. Você precisa estar no ponto se quiser atrair a atenção que você precisa.”

Concordo com a cabeça e Kat inclina a cabeça para o palco. Eu a sigo, as borboletas enchendo meu estômago, agitando tanto que sinto que poderia vomitar por toda parte. Ela senta-se na beira do palco e dá um tapinha no espaço ao lado dela.

“Não precisamos estar lá em cima?” Perguntei, apontando para onde havia um poste posicionado.

Seu sorriso era suave e amigável, mas eu vi a piedade quase imediatamente. Fiquei relutante, mas ela deu um tapinha no lugar novamente. Suspiro, mas sentei na beira do palco ao lado dela. Ela vira seu corpo para mim.

“Está tudo bem ficar nervosa,” ela explicou. “Nem todas as garotas são feitas para dançar e tirar suas roupas.”

Meus ombros cederam. Ela estava certa. Eu não era uma dessas garotas, mas eu iria jogar um foda-se ao vento de qualquer maneira e fazer isso, porque era o que precisava ser feito.

Eu encolho os ombros, tentando parecer casual e como se não estivesse molhando completamente minhas calças só de pensar nos homens me olhando enquanto eu tirava a roupa. “Eu gosto de dançar, mas não tenho certeza se sou boa.”

“Nós não falamos muito sobre o negócio do clube, mas tenho um palpite que você não está fazendo isso porque está procurando uma nova carreira?”

Eu não sabia o que dizer, não sabia o quanto eu deveria dizer a essas garotas. Eu sabia que elas eram uma parte da vida do clube de uma pequena forma, mas abrir minha boca sobre o que eu estava prestes a fazer me dava à certeza de que eu não iria ganhar pontos com os irmãos.

“Eu... simplesmente não quero parecer estúpida,” eu disse a ela. Até eu achei essa desculpa banal, mas ela simplesmente riu suavemente.

Colocando uma mão no meu ombro, ela se inclina para mim. “Você passou. Agora vamos ver o que você tem.”

Ela sorri para mim quando salta do palco, de alguma maneira conseguindo aterrar graciosamente nos saltos altos que ela está usando.

Isso foi um teste?

Fiquei confusa, mas a sigo cegamente enquanto nos leva pela escada. O clube está vazio, além de uma garota e um cara atrás do bar conversando com Slider, que eu acho que é minha escolta para o dia. Eu sinto quase como se fosse uma prisioneira em vez de alguém que tinha se oferecido para ajudá-los. Mas acho que não posso culpar o clube por suspeitar e querer me vigiar.

Kat me arranca dos meus pensamentos. “Você tem uma música em mente ou devo escolher uma?”

Isso foi algo em que eu pensei, surpreendentemente.

“Você tem 'Chains' de Nick Jonas?” Eu perguntei, movendo-me nervosamente.

Os olhos dela se iluminam. “Vamos com o lento e sexy então? Eu posso trabalhar com isso.” Ela desapareceu atrás de uma pequena cortina, voltando com um controle remoto na mão. “Tire os sapatos, será mais fácil, por enquanto. Eu só quero ver como você se move, e então podemos lidar com os saltos de prostituta mais tarde, se isso for possível.”

Eu aceno, me abaixando e puxando os cadarços dos meus tênis de corrida e tirando-os, seguido por minhas meias.

“Tudo bem, vamos ver seus movimentos!” Ela falou enquanto descia a escada e senta-se bem em frente ao palco.

Respiro fundo, minha mente está me dizendo para correr. Isso é uma estupidez. Por que eu achei que isso fosse uma boa ideia? Mas então me lembro de ter colocado essas pessoas no inferno e um pouco de auto constrangimento nunca compensaria o que fiz com elas, então eu precisava apenas engolir isso.

O som do baixo é profundo e pleno enquanto sai pelos grandes alto-falantes. Eu posso sentir isso no meu peito, quase roubando minha respiração. Meu corpo se moveu lentamente no início, balanço meus quadris de um lado para outro enquanto minha mão suada agarra o poste ao meu lado.

Eu ando ao redor do poste, girando e passando minha mão livre pelo lado do meu corpo até que estivesse sobre minha cabeça. Eu desço na frente do poste, abrindo minhas pernas por um segundo antes de lentamente subir novamente. Sinto a música, sinto as palavras da música. Quanto mais rápida ela fica, mais rápido eu balanço e giro.

Nesta fase, meus olhos estão fechados. Não há mais ninguém além de mim, meu corpo representando a dor e angústia dentro da música. Eu balanço meu cabelo longo, passando meus dedos através dele e mordendo meu lábio.

É uma sensação estranha, quase poderosa, como se eu estivesse contando uma história com meus movimentos.

De repente acabou, a música terminou e houve um completo silêncio. Eu estou respirando com dificuldade, não tinha percebido o quão trabalhoso era o que estas meninas faziam todas as noites. Não era de admirar que strippers como Kat possuíssem corpos poderosos.

“Porcaria.” Meus olhos se abriram ao som da voz de Kat. Encontro-a olhando para mim com o maior sorriso no rosto.

Não pude deixar de corar. Eu tinha dançado em casas noturnas antes, mas havia pessoas ao redor, movendo-se e balançando em um grande grupo suado. Ninguém notava se você não sabia dançar.

Ela começa a aplaudir, o ruído enchendo a sala que estava estranhamente quieta. Eu dou um sorriso tímido e rio enquanto agradeço e caminho até à beira onde ela está agora de pé. Cruzo minhas pernas e me sento na frente dela. “Então?” Eu perguntei, ainda sem fôlego.

“Isso foi muito sexy,” exclamou ela. “Há algumas coisas que podemos ajustar, como você manter seus olhos abertos. Se você está tentando atrair um cara em particular, então ele precisa pensar que você está dançando para ele e só ele. Ele precisa sentir essa conexão com você ou então você é apenas mais uma garota em um palco balançando seu traseiro.”

Concordo com a cabeça, levando em conta tudo o que ela estava dizendo. Meu coração acelerou.

Isso pode realmente funcionar. Eu poderia fazer isso.

“Então você gostou?” Eu não pude evitar o tom animado na minha voz.

Kat sorri de volta para mim. “O mais importante é que ele gostou.” Ela apontou para as portas da frente do clube.

Eu inalo rapidamente, seus olhos grudados em mim. Eles estão cheios de calor. Blizzard nunca deixou de fazer meu corpo aquecer. Apenas seus olhos poderiam me acender em um segundo e transformar meu corpo em uma pilha de cinzas. Ele e outro irmão estão bem em frente às portas, olhando para mim. O outro cara tem um grande sorriso no rosto. Vejo sua boca se mover enquanto fala baixinho com Blizzard, mas nenhum dos olhos me deixaram. Blizzard acena com a cabeça antes de se virar e empurrar a porta, forçando-a a abrir com um estrondo alto que me fez pular. O outro irmão apenas piscou para mim antes de virar e sair um pouco mais sutilmente.

Um arrepio me atravessou. O que eu daria para estar dentro da cabeça da Blizzard naquele momento, para saber o que ele estava pensando. Eu imagino que estava cheia de ressentimento e pensamentos escuros, mas apenas vendo seus olhos em mim por um momento eu senti outra coisa. Necessidade.

Kat limpa a garganta, tirando minha mente da neblina. “Ele tem sido um bastardo mal humorado nos últimos meses. Do jeito que ele te olhou... vou supor com segurança que você teve um papel nisso.” Ela não disse isso com veneno ou nojo como eu teria pensado.

“Você está certa.” Eu suspirei tristemente.

Acariciando meu braço, ela me dá um sorriso suave. “Eu acho que temos mais de uma pessoa que precisamos atrair a atenção a partir de agora. Eu sei exatamente o que precisamos.” Fiquei surpresa. Pensei que machucar um de seus preciosos homens faria com que todos me odiassem. Ela riu, obviamente percebendo o espanto no meu rosto. “Querida, todos nós cometemos erros. Cabe a nós apenas aceitar o que aconteceu e seguir em frente, ou lutar pelo que queremos.”

Eu posso dizer pelo tom em sua voz que ela estava falando por experiência. Foi bom por uma vez não sentir desgosto ou piedade, mas empatia.

Eu ergo meus ombros e respiro fundo. “Tudo bem, o que eu preciso fazer?”

Ela sorri, mostrando-me todos os dentes perfeitos e estendeu a mão. “Vamos trabalhar na sua atuação, então podemos escolher uma roupa que vai impressionar todos os homens.”

Pego sua mão e ela me puxa para cima.

“Estou pronta.”


Capitulo 17

Blizzard

Observá-la naquele palco era o suficiente para deixar um homem com os joelhos fracos.

Eu pensei que este era um bom plano, ela dança, atrai nosso cara, nós conseguimos a informação que precisamos e negócio feito.

Mas agora eu estava com dúvidas.

A maneira como ela movia seu corpo era sexy, atrairia qualquer homem e não apenas para um olhar. Ele desejaria tocá-la, tê-la, assim como eu fiz. E o pensamento disso me fez querer socar alguém.

“Não sabia que a garota tinha isso nela,” comentou Wrench, casualmente, enquanto me seguia para fora. Ele acendeu um cigarro e se inclinou contra a parede de tijolos.

Eu sabia.

Eu tinha ido ao quarto dela outro dia, por qual razão, não fazia a mínima ideia. Mas no momento em que a vi, todo o resto saiu pela maldita janela e a necessidade de ter seu corpo pressionado contra o meu, assumiu.

Seu cheiro, a sensação de sua pele – lembrei-me de tudo. Eu sonhei com isso antes e a realidade não decepcionou. Mas quando acabou e ela adormeceu, eu a soltei e saí. Como um covarde. Eu fugi, sabendo que ela iria querer conversar, resolver as coisas e discutir nossos sentimentos. Eu não estava pronto pra essa porra.

Eu estava com raiva, sim, era uma desculpa patética, mas era a melhor que eu tinha. Meu pai passou a vida toda me culpando por minha mãe ter ido embora, quando na verdade ela poderia ter feito patê da minha vida esse tempo todo. Isso me machucou mais do que eu poderia ter imaginado. Ele tinha feito isso, ele tirou anos, ele roubou a oportunidade de eu conhecer minha irmã. E mesmo que eu tenha tido algumas pessoas incríveis na minha vida – pessoas que me tornaram o homem que sou hoje – eu senti falta de ter uma mãe.

“Você acha que ela vai conseguir essa merda?” A pergunta limpou minha névoa e eu olho para o meu irmão.

Encolho os ombros. “Ela já fez pior.”

Soprando uma nuvem de fumaça, ele revira os olhos. “Quando você vai superar essa merda? O pai dela passou meses torturando-a, batendo nela, chantageando-a. Ela foi uma vítima, assim como nós fomos.”

“Mas eu não percebi,” gritei alto, jogando minha cabeça para trás. Eu tomei algumas respirações profundas. “O tempo que passamos juntos, eu nunca percebi, porque ela parecia bem. Ela era forte e lutadora e feliz.” Eu pisei de um lado para outro na frente dele. “No entanto, foi tudo falso.”

“Talvez não fosse falso,” ele ofereceu. “Talvez quando ela estivesse com você era sua chance de ser real. Talvez você fosse sua fuga do inferno que ela estava suportando.”

Wrench olha para o estacionamento, aparentemente perdido em suas palavras.

O que ele disse fazia sentido. Quando Rose estava comigo, ela sempre parecia sorrir. Ela era uma pessoa diferente, uma garota que eu só tive pequenos vislumbres agora.

Eu bati na porta, mexendo meu pé com impaciência.

Com Sugar e Harlyn chegando na sede do clube esta manhã, eu sabia que a merda estava prestes a ficar um pouco louca. Chelsea iria perder a cabeça, então eu optei por me manter fora dessa bagunça.

Quando ninguém me respondeu, bati novamente.

Eu sabia que ela estava lá. Eu tinha visto movimento nas cortinas quando parei minha moto.

“Eu sei que você está aí, Rose,” eu gritei.

“Vá embora, Blizzard.” A voz veio do outro lado da porta.

“Você tem duas opções,” eu disse a ela. “Abra e me deixe entrar, ou eu coloco uma bala na fechadura.”

Fui recebido pelo silêncio por um minuto, antes da porta se abrir apenas alguns centímetros. “O que você quer, Blizzard?” Apesar de ser de manhã, seu apartamento ainda estava escuro. Todas as cortinas estavam fechadas e não havia luzes acesas.

“Bem, uma vez que eu lhe dei uma carona pra casa ontem à noite, pensei que você poderia me fazer um café como agradecimento.” Pressionei minha mão contra a porta e empurrei, houve uma pequena resistência dela, mas não o suficiente para me deixar de fora. Ela recuou enquanto eu passava pela porta. Eu percebi então, que tudo o que ela estava vestindo era um short curto de algodão e uma camiseta larga. Ela cruzou os braços sobre seu peito e seus cabelos caíram sobre o rosto, enquanto ela olhava para o chão.

“Eu vou me vestir,” ela disse bruscamente, virando e andando pelo corredor. Eu sorri quando meus olhos seguiram seu traseiro. Ele se movia perfeitamente de um lado para outro, fazendo-me sentir como se estivesse sendo submetido a algum tipo de feitiço hipnótico.

Assim que ela sumiu da vista com um golpe na porta, eu virei e fechei a porta da frente atrás de mim, tirando minhas pesadas botas na porta.

Eu franzi o nariz para a escuridão e comecei a abrir as cortinas. O lugar estava arrumado, nem uma só coisa parecia fora de lugar, quase como se ela nunca estivesse aqui para fazer bagunça. Havia algumas fotos na parede e andei até elas.

Eu pude reconhecê-la instantaneamente, apesar de parecer muito mais nova. Seu sorriso era brilhante enquanto ela envolvia os braços em torno de uma mulher mais velha, que pela semelhança, eu deduzi que seria sua mãe.

Ouvi passos atrás de mim. “Por que não há fotos suas com seu pai?” Perguntei sem me virar.

Ouvi um suspiro com desdém. “Ele não é exatamente o tipo de cara que fique parado e sorria para uma foto.”

“O meu também.”

Eu me virei e a observei enquanto ela entrava na cozinha, seu corpo agora coberto por um vestido de verão azul escuro que batia logo acima do joelho. Eu apenas olhei quando ela abriu um armário alto, mexendo e tirando copos de café. Seu vestido se ergueu e lambi meus lábios. Sua pele era uma cor de caramelo suave que você poderia ver que era natural e não o resultado de um bronzeado, e achei que ela tinha sangue estrangeiro nela.

“Como você quer o seu café?”

“Escuro, suave e doce,” eu disse, minha voz baixa enquanto me aproximava da cozinha. Notei o pequeno estremecimento que atravessou seu corpo, antes dela endireitar os ombros novamente e continuar.

Ela se manteve ocupada, enquanto eu contornava a pequena mesa da cozinha para ficar quase diretamente atrás dela. Eu não tinha certeza se ela simplesmente tinha sua mente em outro lugar e não me notou, ou se ela estava propositadamente tentando ignorar meus avanços.

Tudo bem, querida. Mais divertido para mim.

Pressionei meu peito contra suas costas e coloquei minha mão na cintura dela. Ela se assustou e tentou girar, mas eu a segurei no lugar, empurrando meus quadris contra ela e pressionando-a contra o balcão da cozinha.

“Blizzard,” ela sussurrou calmamente.

“Baby?” Eu respondi inclinando minha cabeça para que minha boca estivesse escovando sua delicada orelha. “Você não está bem com isso?”

Ela sabia que eu a queria, eu tinha falado com todas as letras na noite passada. “Você vai ter que fazer mais do que pressionar seu pau contra a minha bunda, se você quiser entrar nas minhas calças.” Sua voz estava rouca e cheia de antecipação apesar de suas palavras.

Eu ri suavemente em seu ouvido. “Você não está usando calças, baby.”

“Não, mas eu uso um cinto de castidade e essa merda é mais trancada do que o Fort Knox, “ ela retrucou.

Não pude evitar o riso que saiu. Eu amava essa merda. As garotas do clube eram ótimas, estavam lá para aliviar a coceira de um irmão, mas não havia nada como perseguir algo novo e diferente.

Dei um passo para trás, dando-lhe um pequeno espaço para se mover. “Você é diferente, sabe disso?” Eu puxei uma cadeira da mesa e me sentei.

Quando ela se virou, o sorriso que iluminou seu rosto quase me derrubou. Era fantástico. Como observar uma flor, pela primeira vez. Eu soube naquele momento que eu faria o que pudesse para ver esse sorriso no seu rosto a partir de agora. Eu ia fazer minha missão tornar essa mulher feliz, porque se eu nunca voltasse a ver esse sorriso, minha vida não valeria a pena ser vivida.

“Irmão!” O empurrão nas minhas costelas fez-me querer acertar meu punho no rosto de Wrench.

“O quê?” Eu gritei, empurrando-o para longe.

Ele ri. “Desculpe perturbar o seu pequeno sonho, seu viado de merda. Mas parece que a tripulação da sua mãe está vindo pra cá.”

O ruído das motos enche o ar. Não havia outros clubes na cidade ou pela vizinhança e você reconhecia rapidamente o barulho das motos dos seus próprios homens. Dirigíamos diferentes tipos de motos, todas tinham um tom diferente, um estrondo distinto.

Eu observo enquanto eles entram no pequeno estacionamento. Precisamos usar um pequeno beco para chegar ao X-Rated. Isso fazia parte da atração, saber que, se você viesse aqui, seus veículos ficavam escondidos da visão das pessoas que passavam. Homens vinham aqui sabendo que era seguro e discreto.

As motos param do lado do prédio, apoiadas em seus estandes. Há apenas três motoqueiros, minha mãe não está com eles, o que me fez soltar um suspiro aliviado.

Judge, Light e outro cara que eu reconheci, mas não sabia o nome, descem e caminham até nós. O cara que eu não conheço tem tatuagens cobrindo seus braços inteiros, do topo de suas mãos até desaparecerem sob as mangas de sua camisa e reaparecer escalando seu pescoço.

Judge acena com a cabeça em saudação.

“O que há de novo?” Perguntei, casualmente.

“Queria conversar com Rose. Não consegui agradecê-la esta manhã depois da igreja,” ele explicou, olhando-me cautelosamente.

Eu encolho os ombros como se não me incomodasse o que ele fazia, mas isso era falso. Incomodou-me ter esses caras ao redor dela. Uma parte de mim se perguntou se, uma vez que ela visse que essas pessoas a tratariam como uma princesa, arriscando-se por elas, veria que existia algo melhor lá fora.

“Eu acho que ela está trabalhando com uma das nossas meninas agora, mas vá em frente.” Wrench abriu a porta para eles entrarem. Ele sorri com tanta satisfação para mim quando fecha a porta atrás deles. “Aposto que um desses caras a verá no palco e se apaixonará por ela.”

Eu o empurro contra a parede. “Cale a porra da boca. Ela está aqui para fazer um trabalho, não escolher um Old Man.”

Wrench só ri, mas assim que as palavras saíram, eu sabia que só as estava dizendo para me fazer sentir melhor.

Esta merda estava ficando mais fodida a cada minuto.


Capitulo 18

Rose

Estou curvada e respirando pesadamente quando Kat decide fazer uma pausa.

“Normalmente, eu não a pressionaria tanto no primeiro dia. Mas Slider mencionou que essa era praticamente a única chance que teríamos, então precisamos ter certeza de que tudo seja perfeito,” Kat explicou, enquanto me entregava uma garrafa de água que eu drenei em questão de minutos.

“Como você acha que eu estou indo?” Perguntei, deixando-me cair no palco e recostando-me, tentando obter mais ar em meus pulmões.

“Garota, você está indo muito bem. Seu corpo se move fantasticamente e acertou todas as batidas.” Ela sentou-se na minha frente e acariciou minha perna. Fico grata pelo apoio. Eu estou melhor agora que não senti que estava fazendo isso sozinha. Eu tenho alguém do meu lado e isso me dá o impulso que eu preciso para superar a ansiedade que está me atingindo.

“A próxima coisa que precisamos nos concentrar é fazer com que seu homem a note e queira você mais do que sua própria respiração.” Ela balançou as sobrancelhas.

Sinto minhas bochechas quentes. “Blizzard não é meu homem,” esclareci, apesar de ter ficado desapontada por ter que admitir isso.

Ela riu. “Bem, eu estava realmente falando sobre o cara que vai estar na plateia. Slider disse que haveria uma pessoa específica que você precisaria atrair. Mas isso é bom, podemos trabalhar com a Blizzard!”

Eu espalmo minha testa. “Desculpa.”

“Não, não. Isso é bom. Faça uma pausa, tenho algumas coisas para planejar,” ela riu, ficando de pé e desaparecendo. Eu quero me dar uma bofetada sabendo que, o que ela estava planejando naquela linda e pequena cabeça dela, provavelmente iria me matar.

“Rose?” Minha cabeça levanta rapidamente e eu vejo três homens de pé na beira do palco. Eu os reconheci instantaneamente, e meu corpo queria rastejar dentro de si mesmo e se esconder. Mas, em vez disso, respiro profundamente e vou em direção a eles, deixando minhas pernas penduradas para fora do palco.

“Você parece bem aí em cima,” disse Skins, piscando para mim. Não podia dizer que sua atenção não era boa. Por que era, me senti realmente bem. Eu apenas queria que viesse de outra pessoa.

“Olha, sinto muito. Eu não queria ouvir a conversa de vocês na outra noite,” eu disse, virando e olhando para o homem mais velho, o nome que eu agora sabia ser Judge.

Ele sorri através da barba grossa. Foi suave e carinhoso, quase paternal. “Querida, você precisa esquecer isso. O que você está fazendo por nós...” ele fez uma pausa, quase como se estivesse engasgado, “... nós sempre ficaremos em dívida com você.”

Eu balanço minha cabeça. “Eu posso não conseguir fazer isso.”

Ele encolhe os ombros. “Não importa. Você está se colocando como alvo, arriscando sua vida para recuperar minha filha. Mesmo que não funcione, eu sempre vou dever a você meus agradecimentos.”

“Eu espero que ela esteja bem,” eu falei com tristeza. Durante a reunião com os irmãos esta manhã, foi discutido quais as condições em que ela poderia estar. Me deixou nervosa pensar que eu poderia estar me jogando em outra situação, onde a possibilidade de ser espancada e abusada era provável. Eu não queria voltar para isso, nunca mais queria sentir esse tipo de dor. Mas desta vez, era mais do que apenas minha vida em risco se eu não o fizesse. Estava na hora de superar isso.

“Você tem uma foto dela? Só para saber quem eu estou procurando.”

O homem mais novo atrás de Judge dá um passo à frente com seu celular na mão. Ele levanta a tela para que eu veja. A imagem é dele e uma jovem. Ela estava segurando o telefone na frente deles e ele tinha o braço sobre seus ombros. Seu cabelo é loiro acinzentado, com uma franja larga dividida na testa. Seus olhos azuis me atingem. Eles são exatamente a cor dos olhos de Blizzard, azul como um oceano calmo.

Ela estava sorrindo e ele também. Eles pareciam tão felizes, tão apaixonados. “Ela é minha Old Lady. Fomos inseparáveis desde que começamos a andar.” Ele voltou a colocar o telefone no bolso e seus olhos nublaram. “Preciso dela de volta.”

“Light,” disse Judge com firmeza, quase o repreendendo por seu comentário.

“É verdade. Você sabe disso,” ele disse através dos dentes cerrados. “Eu vou enlouquecer se eu não a tiver.”

Minha mão coça para esticar e tocá-lo. Eu queria confortá-lo e prometer trazê-la para casa. Mas eu não podia mentir. Eu não sabia se eu ia trazê-la de volta para ele, nem tínhamos certeza de que ela ainda estava viva.

“Eu juro que vou fazer o que for preciso,” falei com honestidade. Seus olhos encontram os meus e a emoção que vejo dentro deles é mais do que eu jamais poderia imaginar. Isso é amor. O epítome absoluto do amor.

“Você é família agora. Não importa o que aconteça,” disse Skins, e pela primeira vez eu vejo uma expressão séria cruzar seu rosto.

Meu coração acelera – eu era família. Essas pessoas não conheciam meu passado, mas não se importavam. Eles estavam me acolhendo por quem eu era, e eu estava disposta a dar tudo para trazer sua garota para casa.

“Oh, e se Blizzard lhe der mais problemas, me avise,” acrescentou Skins com um sorriso malicioso.

Sua personalidade é contagiante e não posso deixar de sorrir. “Claro que sim.”

“Desculpem, meninos! Eu preciso dela de volta agora!“ Kat falou, entrando no nosso pequeno grupo. Judge e Light baixam suas cabeças e Skins agarra minha mão, beijando o topo e fazendo uma pequena reverencia. Ambos rimos enquanto ele acena e segue até o bar para conversar com Slider.

“Bem, ele é um charme,” Kat disse, olhando-o enquanto ele se afasta.

“Conhece todos os movimentos certos e sabe o que dizer,” concordei.

Ela parece perdida em seus pensamentos por um tempo antes de, de repente se iluminar e virar para mim com um enorme sorriso no rosto. “Vamos fazer isso garota. Nós só temos algumas horas antes de eu precisar estar nesse palco.”

Eu salto, uma nova força dentro de mim enquanto eu observo Light sentado no bar, bebendo uma atrás da outra.

Eu vou trazer Lane de volta.

Eu vou fazer isso, é uma questão de vida ou morte.


Capitulo 19

Rose

Eu tentei fazer com que Slider me deixasse no meu hotel, mas, de acordo com ele, todas as minhas coisas já tinham sido transferidas para o clube.

Irmãos se misturavam ao redor da área do bar enquanto Slider me conduzia por um pequeno corredor. “Você ficará no antigo quarto de Chelsea,” ele me disse, enquanto abriu a porta e segurou-a para eu passar.

Há uma cama de casal com minha mala sobre ela, uma pequena mesa e uma porta que eu posso ver que leva a um banheiro.

“Estes são os quartos das garotas do clube. Os garotos foram informados de que você está aqui, mas eu manteria a porta trancada no caso de você ter um visitante bêbado durante a noite.” Ele tinha um sorriso malicioso, mas eu não sabia se ele estava falando sério ou não.

Eu a manteria trancada.

Encolho os ombros, no entanto. “Eu já risquei stripper na minha lista. Por que não adicionar puta de clube enquanto estou aqui?”

“Eu não diria isso muito alto,” ele disse com uma piscadela. “Os meninos têm procurado sangue novo.”

Ele fecha a porta atrás dele e eu suspiro. Parecia estranho. Estar aqui neste lugar com essas pessoas que, há apenas alguns meses, eu estava em uma missão para destruir. Vivendo na sede do seu clube e fazendo piadas com seus membros. Senti como se estivesse quase em uma condição indefinida.

Sento na cama e começo a mexer na minha mala, procurando por algumas roupas íntimas e roupas limpas.

Kat tinha me feito trabalhar duro hoje. E enquanto eu parecia bem, meu corpo dói em lugares que eu nunca senti antes. É uma dor boa, no entanto. Do tipo que diz que você se esforçou aos seus limites.

Pego calça de moletom e uma camisa e vou para o banheiro. Girando a torneira quente do chuveiro, na esperança de aliviar a tensão nos meus músculos. Apenas duas noites a partir de agora eu devo estar no palco, fazendo a rotina que Kat e eu tínhamos quase aperfeiçoado nas últimas duas horas. Eu precisava dar o meu melhor e a dor nos músculos só me desiludia.

Coloco minha roupa, enrolo meus cabelos molhados em uma toalha e saio do banheiro.

“Rápido, aqui!” Ouvi uma pequena voz sussurrando alto.

A porta se abre e duas pequenas figuras entram, correndo para a cama. Elas pulam sobre ela, entrando debaixo das cobertas.

“Ele não nos encontrará aqui,” a voz sussurrou novamente. Seguida de uma risada suave.

“De quem estamos nos escondendo?” Perguntei com um grande sorriso.

As cobertas ondulantes de repente se acalmaram. Duas pequenas cabeças aparecem no topo e me encaram, os olhos arregalados. “Ah merda.”

Eu rio alto do palavrão vindo da garotinha. As cobertas saíram rapidamente e a menina menor com cabelo quase preto levantou correndo. Ela se arrasta pela cama, aproximando-se, mas com muita cautela.

“Olá, qual é o seu nome?” Perguntei suavemente. Ela deve estar na idade pré-escolar. Ela puxa seu lábio minúsculo entre os dentes enquanto me estuda.

“O nome dela é Jayla. Ela não fala muito,” a outra menina esclareceu, escalando as cobertas e seguindo Jayla para perto de mim. “Este costumava ser o quarto da minha madrasta. Por que você está nele?”

Ah, então esta é Harlyn.

“Você deve ser a filha de Optimus,” eu sorri para ela.

“Sim,” ela disse com orgulho, levantando o queixo um pouco com a menção do nome de seu pai.

Jayla continua sentada ao lado dela na beira da cama, aparentemente hipnotizada por mim. Seus olhos observam todos os meus movimentos e, sempre que eu falo, seus olhos seguem para minha boca.

“Então, de quem estamos nos escondendo?” Eu perguntei com um sussurro simulado, agachando ao lado da cama como se quisesse entrar na brincadeira. As duas se deslocam, grandes sorrisos nos rostos.

Harlyn coloca a mão em torno de sua boca, seus olhos procurando o quarto como se alguém pudesse saltar a qualquer momento. “Tio Blizzard. Ele disse que é a hora de Jayla dormir, mas ainda não terminamos de brincar.” O pequeno beicinho que ela fez foi adorável e hilário. Eu me pergunto se isso já funcionou com seus pais.

“Ah não. Não podemos deixar isso acontecer. A hora da brincadeira é a melhor.” Eu conspirei com elas. Jayla salta na cama, sua pequena cabeça subindo e descendo tão rápido que pensei que poderia cair.

“Harlyn!” Eu ouvi a voz de Blizzard chamando do corredor. “Você sabe que não é permitida vir aqui embaixo. Saia agora.”

As garotas congelam.

“Rápido, vá para baixo,” eu sussurrei, erguendo as cobertas. Elas se movem freneticamente para debaixo delas. Ouço Jayla rir. Ela adorava esse jogo, mas Harlyn está muito mais séria. Ela não estava prestes a deixar sua amiga ser levada sem lutar.

A porta ainda estava aberta de onde as garotas tinham entrado correndo. Olho para cima quando Blizzard a abre mais um pouco e se inclina contra o batente.

Levanto da minha posição agachada.

Toda vez que o vejo, instantaneamente qualquer tipo de pensamento desaparece da minha cabeça. Era como se fosse demais eu pensar quando ele estava ali, ele era meu foco principal e nada mais importava.

“Oi,” minha voz estava quase acima de um sussurro. Era difícil avaliar qual o tipo de humor em que ele estava, já que as últimas interações que tivemos, foram muito confusas.

Ele olha para minha cama, o contorno de dois corpos minúsculos escondidos nela é óbvio. Quando volta sua atenção para mim, não posso deixar de sorrir.

“Estou à procura de duas pequenas pirralhas, você as viu?” Ele perguntou, o canto de sua boca se contorcendo como se estivesse tentando disfarçar um sorriso.

Passo a mão pelo queixo como se estivesse pensando. “Você pode descrevê-las?”

Eu observo quando ele fica na ponta dos pés com suas pesadas botas e caminha silenciosamente na minha direção. Seus passos são lentos e deliberados. Toda vez que ele se aproxima meu corpo formiga. “Uma é desta altura...” ele segura sua mão logo abaixo do quadril “...tem uma boca esperta e cabelo avermelhado.”

“Hmm,” murmurei pensativa.

Ele se aproxima mais. “A outra é menor, facilmente influenciada pela espertinha. O cabelo é preto, não fala muito.”

Eu cruzo meus braços em meu peito e levanto minhas sobrancelhas. “Elas parecem ser problemas.”

Com mais um passo, ele está de repente no meu espaço. “Elas são,” ele sussurrou baixinho, sua voz profunda enviando vibrações através de mim.

Ele inclina, sua mão vem até minha cintura e eu pulo, quase como se ele tivesse me eletrocutado. Seu polegar entra por baixo da minha camisa e esfrega minha pele quente enquanto sua cabeça abaixa, sua boca se movendo ao lado da minha orelha. Sua respiração bate na minha pele e eu estremeço. “Eu acho que você está escondendo alguma coisa.” Seu aperto no meu quadril aumentou e ele me puxou para frente, então minha barriga está pressionada contra a fivela de seu cinto. Reparo sua mão pelo canto do meu olho, ele pega as cobertas da cama e puxa. As duas meninas gritam, mas foi rapidamente seguido por uma deliciosa risada.

Blizzard empurra seus quadris contra mim uma vez, roubando meu fôlego antes de se afastar completamente de mim. Tento controlar minha respiração, voltando-me para as garotas que rolam sobre a cama loucamente.

“Eu tentei! Me desculpe,“ eu ri com elas.

Blizzard está aos pés da cama, as mãos nos quadris, mas um sorriso no rosto enquanto observa com carinho as duas garotas.

“Tudo bem,” Harlyn me disse, rastejando para dar um tapinha no meu braço. “Tio Blizzard é o melhor caçador. Mesmo meu pai diz que ninguém pode se esconder dele.” Jayla segue Harlyn como uma pequena sombra, vindo bater no meu braço também. Ela é tão bonita, seu rosto me encarando.

“Oh, ele acha que é o melhor, não é?” Desafiei, piscando para as duas garotas.

Blizzard bufa. “Eu não acho, eu sei.”

“Tudo bem, Senhor Eu Sou Tão Incrível...” Eu girei o dedo no ar, “...uma rodada de esconde-esconde antes que a pequena vá para a cama.” Gesticulei para Jayla, que ainda está me olhando atentamente, mas eu posso ver seus olhos começando a mostrar sono.

“Sim!” Harlyn jogou o punho no ar antes de se levantar e pular em Blizzard. Ele a pega com facilidade, não conseguindo conter seu sorriso enquanto olha para ela. “Por favor, tio Blizzard.”

Sinto um puxão na minha mão e olho para trás para encontrar Jayla de pé na cama, levantando os braços para mim. Eu sorrio suavemente para ela, enfiando as mãos sob seus braços e levando-a para o meu quadril. Ela se aconchega no meu lado, seu polegar encontrando sua boca.

“Bem, tio Blizzard?” Eu pressionei.

Ele olha para mim e depois para Jayla antes de suspirar. “Ok. Mas vamos fazer isso rápido porque essa garota precisa dormir.”

“Certo, dois minutos para se esconder, então você tem dez minutos para nos encontrar,” eu negociei.

Ele pensa nisso por um segundo. “As crianças precisam de um minuto extra para se esconder,” disse ele, colocando Harlyn no chão. Ela não esperou que fosse dito duas vezes, disparando pela porta com uma risada maníaca. Jayla balança, tentando escapar. Coloco-a no chão e suas pernas se moveram o mais rápido possível atrás da amiga.

“Nós vamos fazer uma aposta,” ele me disse. “Se eu achar vocês todas dentro de dez minutos... você vai lavar minha moto amanhã...” ele fez uma pausa “...em um biquíni.”

Minha boca cai aberta.

Tudo bem, dois poderiam jogar aquele jogo.

“Tudo bem, espertinho.” Eu tirei a toalha do meu cabelo e joguei-a sobre a cadeira. “Se ganharmos, você tem que fazer algo legal para nós.”

Ele franze a testa. “Como o quê.”

Encolho os ombros. “Eu não sei, use esse seu grande cérebro.”

Ele olha para mim silenciosamente por um momento, antes de assentir. “Dois minutos começam agora. É melhor você correr.”


CONTINUA

PARA BLIZZARD, o sentimento de traição era um que ele conhecia bem.
Seu pai era um membro antigo dos Brothers by Blood MC. Ele acreditava que a irmandade vinha primeiro, mesmo antes de sua esposa e filho. No início, Blizzard não culpou sua mãe por ir embora. Isso foi até ele descobrir que ela havia se juntado com um membro de outro MC, deixando-o para trás para lidar com as consequências. Ele nunca pensou que ele sentiria esse tipo de dor novamente, jurando que suas costas nunca mais veriam a lâmina de outra faca. Até que Rose apareceu, tentando-o, atraindo-o e depois deixando-o na calçada, lutando por sua vida enquanto se afastava com o inimigo.
Rose passou sua vida inteira se perguntando de onde ela havia vindo.
Sua mãe sempre manteve essa informação para si mesma, levando-a com ela para o túmulo. Ela estava determinada a conhecer sua história e seu pai, mas logo descobriu que não era o encontro que esperava. Ela pode ter escapado das mãos de um louco, mas a família com a qual ela tinha sido deixada ainda não preenchia o vazio que ela sentia por dentro.
Rose cometeu muitos erros, prejudicando as pessoas que se preocupavam com ela e se destruindo no processo. Ela estava caminhando por uma estrada escura e voltar para a cidade onde ela se perdeu — e a seu coração — nunca foi parte do plano. Quando lhe foi dada uma oportunidade de redenção e com nada a perder, ela estava prestes a se lançar de volta ao inferno. Mas o destino estava contra ela, desta vez, talvez não houvesse alguém para ir em seu resgate.
Dizem que o tempo cura todas as feridas, mas o tempo está acabando. Você poderia perdoar e esquecer se significasse a diferença entre a vida e a morte?

 


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PRÓLOGO

BLIZZARD

Jogo o resto da minha cerveja fora. Tinha esquentado e a sensação disso descendo pela garganta era menos do que agradável.

Faço uma careta e sinalizo para Ham - um dos prospectos do clube - me trazer outra. Ele me olha com atenção, mas eu atiro-lhe um olhar que fecha sua boca bem rápido e agarro a nova garrafa de sua mão.

Eu estava anestesiando meu corpo.

Parecia ser um tema comum para mim no momento. Eu não estava completamente inconsciente dos olhares preocupados de meus irmãos. Eu costumava ser a vida das festas – fazendo piadas e provocando a agitação.

Isto é o que acontece quando você faz escolhas de merda e não segue seus instintos. Você fica na merda.

Eu observo enquanto meu presidente abraça sua Old Lady, Chelsea, a beijando apaixonadamente e sem se importar com quem visse. Era bom para todos nós podermos relaxar e não nos preocuparmos se alguém estava vindo nos atacar ou nos destruir.

Tivemos a máfia italiana nos assediando nos últimos meses. Não sabendo onde ou quando eles iriam atacar nos deixava tensos.

Chelsea esteve na mira deles e tanto quanto tentamos duramente protegê-la, no final, o diabo estava mais perto do que qualquer um de nós havia previsto. Uma das melhores amigas e companheiras de quarto de Chelsea, Rose, nos enganou o tempo todo.

Sinto uma dor no meu peito ao pensar nela.

Rose não só havia se infiltrado na vida de Chelsea, mas também na minha.

Eu sabia que a atração estava lá desde o início, mas ela sempre lutou contra isto.

O ato de se fazer de difícil sempre excitava caras como eu, que geralmente conseguiam qualquer garota, em qualquer lugar, abrisse as pernas com facilidade. Acontece que eu estava interessado em uma distração indesejada com a missão de ferir a Old Lady do meu presidente.

Uma missão que ela conseguiu.

Chelsea ficou ligada a aparelhos durante dias antes de finalmente conseguir respirar sozinha. E mesmo assim foi arriscado.

O pai de Rose, Marco DePalma, tinha perfurado o pulmão de Chelsea e nós conseguimos chegar a tempo de levá-la para o hospital. Mas nessa altura, seu cérebro foi privado de oxigênio, e afetou severamente a habilidade de falar e usar seu corpo.

Rose desapareceu e Chelsea foi deixada com semanas de fisioterapia, lutando para voltar a ser a garota viciada em exercícios que era antes.

Toda a sua vida foi virada de cabeça para baixo porque escolhemos confiar em alguém que, no final, nos apunhalou pelas costas.

Não foi a minha primeira batalha com a traição e eu estava começando a questionar minha capacidade de distinguir amigo de inimigo. Com Rose, minha mente estava tão turva de desejo que eu não podia ver todos os sinais que agora eram como faróis gigantes.

Meu telefone vibra no bolso e o nome de Kev aparece na tela. Eu franzo a testa e vou para a porta lateral da sede do clube enquanto aperto o botão de resposta.

“Sim?”

“Venha até o portão. Você vai querer ver isso,” ele diz enigmático, desligando antes mesmo de conseguir processar o que ele havia dito.

Jogo minha garrafa de cerveja vazia mais uma vez na lixeira enquanto eu passo por ela. O portão da frente está a menos de cem metros da sede do clube, então eu simplesmente caminho até lá.

O cascalho faz barulho sob minhas botas pesadas e meu corpo parece estar flutuando devido à quantidade de álcool que eu já havia consumido desde que me sentei no bar, há pouco mais de uma hora.

Tinha uma sensação boa quando comecei a pensar em arrastar uma das garotas do clube depois disso, tentando aliviar algumas das tensões sexuais do meu corpo. A parte de merda era que toda vez que eu tentava, imaginava o rosto dela, Rose, olhando pra mim. Mesmo com minha fúria, eu a queria mais do que queria admitir.

Eu atravesso os portões e, logo que a vejo, balanço a cabeça, pensando que era apenas um outro truque que a bebida estava fazendo comigo. Mas quando ela se vira para olhar em mim, eu sei que ela é real e está bem na minha frente.

Meu coração acelera e eu preciso impedir meu corpo de correr até ela e envolvê-la firmemente. Ela parecia derrotada, seus olhos fundos como se ela não tivesse dormido em semanas e seu corpo já magro muito menor do que eu lembrava.

Endireito meus ombros. Nós nos observamos por um momento, ela puxa seus longos cabelos escuros, mostrando seu nervosismo. Foi uma das coisas que me atraiu nela. Rose sempre foi forte, pude sentir e ver quando nos conhecemos, mas quando ela estava perto de mim, ela derretia. O exterior duro desaparecia. Era como se estar na minha presença, a acalmasse. Gostei que eu tinha um efeito tão grande em seu corpo e mente.

Aperto meus dentes, lutando contra todas as minhas outras emoções e uso uma que esconderia todas as outras - raiva.

“Você já não causou danos suficientes? Voltou para mais?’ Eu falo com desdém.

Eu vejo quando ela sentiu minhas palavras, seu corpo se curvou protetoramente.

“Sinto muito,” ela sussurrou tão baixo que quase não consegui entender. “Eu-eu só vim me desculpar.”

Seu braço esquerdo está coberto por gesso azul escuro que ela esfrega enquanto falava. Como se lhe desse algum tipo de confiança para dizer o que precisava.

Tento lembrar de que não fomos os únicos que nos ferimos durante a guerra com seu pai. Marco DePalma é um indivíduo seriamente fodido. Seu irmão mais novo Anthony dirigia o negócio da família DePalma. Eles são uma das famílias italianas mais poderosas da costa leste e tem as mãos em todos os tipos de atividades ilegais. Marco ficou bravo pelo fato do negócio familiar ter sido passado para seu irmão mais novo e tinha enlouquecido, matando seu pai e acusado nosso clube por isso.

O plano de Marco para nos derrubar e matar Chelsea tinha caído quando informamos seu irmãozinho do que ele tinha feito.

Rose foi duramente punida por Marco. Ele a manipulou a fazendo pensar que precisava mostrar seu valor para ser considerada parte de sua família. E com a morte de sua mãe, ela sentiu que eram tudo o que lhe restava. Ele lhe bateu, a torturou e, a seus olhos, lhe deixou sem outra opção.

O que ela não viu foi o que Chelsea e eu estávamos oferecendo a ela. Mais do que apenas amizade, mas uma família aqui no clube.

O pensamento me deixou furioso. Família era mais do que o sangue que corria em suas veias. É quem te apoia em tempos de crise. É quem está disposto a ficar ao seu lado quando você estiver enfrentando o pelotão de fuzilamento. É encontrar um grupo de pessoas que vão te amar e te apoiar incondicionalmente. Era algo que estávamos dispostos a oferecer a ela, mas que ela se recusou a aceitar.

“Porque isso deixa as coisas bem, certo?” Eu rosnei, frustração crescendo dentro de mim. “Chelsea acabou de sair da porra do hospital. Nós quase a perdemos. Ela não pode andar ou falar direito. Pode levar meses para ela voltar ao que era.”

A mão dela vai ao seu peito e eu observo quando ela engole as lágrimas que estão enchendo seus olhos. “Eu não deveria ter vindo,”, ela sussurrou, afastando-se parecendo estar prestes a fugir.

Mas o idiota em mim não permitiria que ela tivesse a satisfação de fugir do que tinha feito. Eu queria que ela sentisse a dor que eu estava sentindo. Eu queria que o coração dela doesse do jeito que o meu doía quando eu pensava nela. Eu queria que ela se magoasse assim como eu.

Eu sou egoísta.

“Você age bem como vítima. Todos nós acreditamos nisso. Chelsea estava pronta para lutar por você. Assim como eu, mas era tudo uma mentira.” Eu dou um passo à frente.

Ela gira e eu então vejo. O fogo em seus olhos que eu pensei ter desaparecido. O fogo ainda está lá dentro dela, e não posso deixar de sentir a emoção em mim. Eu queria que ela me desafiasse. Eu queria ver aquele fogo queimando, porque então eu saberia que não foi tudo fingimento. Havia algo real sobre ela.

“Eu fui uma vítima! Não fique aí e pense que por causa disso tudo você sabe o que eu passei, a merda pela qual lutei.” Sua respiração está pesada e as lágrimas começam a rolar por suas bochechas. “Você tem sua família, Blizzard! Você tem uma casa – um clube cheio de irmãos e pessoas que ficariam ao seu lado em um piscar de olhos. Eu não tinha ninguém...

“Você tinha a mim,” eu afirmo, aproximando-me dela. Eu queria pegá-la e sacudi-la. Eu bato no meu peito, bem no meu coração. “Eu estava lá... Chelsea estava lá, porra. Nós te apoiamos, e mesmo assim você virou as costas e nos enganou.”

Ela puxa seus cabelos enquanto grita, “Eu não tive escolha!”

Ela está caindo aos pedaços na minha frente e preciso de toda a minha força para não pega-la e envolve-la em meus braços. Eu entendi que ela se sentia pressionada, que seu pai a tinha forçado. Mas eu lhe dera muitas oportunidades para se livrar – Chelsea cuidou dela e levou-a ao hospital quando seu pai tinha ido longe demais – mas ela não as aproveitou e agora ela tinha feito sua cama e teria que deitar nela.

“Todos nós temos uma escolha. Você fez a sua.” Eu cuspo no chão pronto para terminar essa conversa e ir embora.

Ambos olhamos um para o outro, ela com lágrimas cobrindo suas bochechas e eu com uma quantidade forçada de veneno e nojo nos meus olhos.

Não demorou muito para que um carro se aproximasse da calçada atrás dela. Ela sabia que estava lá, e eu soube instantaneamente quem era.

Meu corpo entra no modo de autoproteção. Eu sei que há alguns dos meus irmãos no portão atrás de mim, mas eu me afasto, perseguindo-a quanto ela tinha recuado.

Ela olha por cima do ombro quando as portas do carro se abriram, o vento sopra ao redor dela, jogando o cabelo em seu rosto. Meus dedos se contraem, formigando para puxá-lo e colocá-lo atrás de sua orelha, para que eu pudesse ver seus belos olhos novamente.

“Rosalie, entre no carro.” Eu reconheço os meninos quando eles pisam na calçada e começam a caminhar na sua direção. Giovanni e Ricardo são os dois filhos sobreviventes de Anthony DePalma.

Seu filho mais velho, Kenneth foi uma vez um homem que chamei de irmão.

Quando Anthony pensou que tínhamos matado seu pai, ele enviou seu filho mais velho para se infiltrar no nosso grupo, na tentativa de destruir o clube de dentro para fora. Depois de quase matar a Old Lady de um irmão, descobrimos quem ele era e acabamos com ele.

Estávamos esperando a vingança.

E meu instinto estava me dizendo que este era o momento.

Gio e Rico posicionam em ambos os lados de Rose. Eu posso sentir o nervosismo de Rico enquanto seus olhos se movem sutilmente entre seu irmão e eu. Mas Giovanni fica firme, inabalável em sua raiva, enquanto ele me encara. Uma arma pendurada ao seu lado, seus dedos cerrados firmemente em torno dela.

“Entre no carro, Rosalie.”

Seus olhos estão brilhantes e largos, o que me diz que ela não havia planejado que isso acontecesse e ela está começando a entrar em pânico.

Ela coloca uma mão no peito de Gio em uma fraca tentativa de afasta-lo, mas o garoto está furioso e procurando vingança. Isso era tudo o que ele podia ver neste momento, e nem ela nem qualquer outra coisa iria detê-lo.

Eu levanto meus ombros, sabendo que isso ia acontecer, mas não estou disposto a mostrar qualquer tipo de medo. Eu enfrentei coisa pior e eu não ia deixar esse garoto pensar que ele estava prestes a me derrubar. “Apenas mais um truque, hein? Quando vocês vão parar de usar as mulheres para fazer o trabalho sujo?” Eu o provoquei, abrindo meus braços e o convidando a atirar.

“Não,” Rose resmunga, estreitando os olhos para mim com desprezo. Ela se move, colocando seu corpo na frente de seu primo. “Nós vamos embora.”

Gio ignora-a, continuando a olhar para mim sobre sua cabeça. “Você matou o nosso irmão.”

Aperto meus punhos. Kenneth, ou Target, como era conhecido pelo clube, era um idiota. Ele tratava as mulheres muito mal, degradando e machucando elas a cada chance que ele tivesse. Me deixou com raiva pensar que alguém poderia lutar e falar por ele, considerando o que ele fez para minha família.

“Ele era um idiota. Você deveria me agradecer. Agora ele está fora do caminho, você é o próximo na fila para assumir o trono,” eu zombei sarcasticamente.

“Ele era meu irmão,” Gio grita, levantando a arma e apontando-a diretamente para mim.

Eu posso ver o cano escuro da arma, sua profundidade parecia sem fim. “Ele combinou com um traficante de escravos conhecido de pegar uma das nossas mulheres e vendê-la pela melhor oferta,” recordei.

Rose ofega.

Bom. Espero que agora ela tenha percebido o tipo de pessoas pelas quais ela estava lutando. O tipo de família que escolheu. Os Brothers by Blood não eram perfeitos de jeito algum, mas nós tínhamos respeito e dignidade.

“Seu clube levou um da minha família,” Gio baixou a voz. Sua raiva tinha desaparecido. Agora ele era o soldado calmo e calculista perfeito que seu pai criara. Suas emoções já não o impediam. “Agora vou levar um de vocês. Sangue por sangue.”

Meu corpo fica tenso, preparando-se para o impacto.

“Não!“ Rose gritou e se atirou contra seu primo. Meu corpo reage imediatamente. Ela não vê, mas eu a pego. Tudo dentro de mim, meus instintos me diziam que eu precisava protegê-la.

Esse movimento simples salvou minha vida.


CAPÍTULO 1

ROSE

“Tio, estou bem.”

“Pessoas que estão bem não saem sem uma explicação, Rosalie.” Suspirei ao ouvir meu tio Anthony usar meu nome completo, ele se recusava a me chamar de outro jeito. Anthony e meus primos estavam tentando muito me acolher na família e me fazer sentir bem-vinda.

Às vezes, era reconfortante. Desde que me lembro, sempre rezei por uma grande família e então fui jogada em uma das maiores e mais poderosas famílias italianas nos Estados Unidos.

Mas foi diferente.

Não era o que eu imaginava. “Eu só-”

“Rosalie. Nós somos família. Nós resolvemos juntos os nossos problemas.” O tom de sua voz era quase repreensivo.

Eu baixo minha cabeça, eu sabia, se eu não me virasse e voltasse para casa, ele enviaria alguém para me procurar.

“Ok...” Eu suspirei, “...vou para casa agora.”

Olho para o céu. Você mal pode vê-lo entre os edifícios que se estendem até as nuvens. Começava a escurecer e as nuvens, uma vez brancas, agora estão sombreadas de cinza escuro e ameaçando-me com uma tempestade.

As pessoas se movem pela calçada a caminho do trabalho ou apenas tentam escapar antes de ficarem encharcadas. Sigo o exemplo e desço a escada que leva ao metrô.

Eu tinha ficado muito boa em andar pela cidade nos últimos meses. Eu só tive que ligar para o meu primo Rico me resgatar três ou quatro vezes. Ele achou hilário a cada vez. Eu aprendi rapidamente que ele era o melhor para chamar. Minha outra prima Celia não ajudava em nada. Ela não saía da casa, a menos que fosse para a escola ou uma maratona de compras. Ela era mimada e todos sabiam disso, incluindo ela.

Giovanni, o mais velho de todos, eu não tinha falado desde que ele atirou em Blizzard. Ele tentou uma vez, mas eu não consegui lidar com isso. Toda vez que eu olhava para ele tudo o que podia ver era o sangue de Blizzard se espalhando pelo concreto quebrado.

Gio é um soldado no exército da máfia de seu pai. Ele cortava os sentimentos e emoções e tinha sido ensinado a simplesmente fazer o que precisava ser feito para proteger sua família e seus negócios. Ele estava perto de não ter emoção nenhuma, e mesmo que não fossemos próximos, meu coração doía em pensar na pessoa que ele estava se tornando.

Eu sigo o fluxo no metro movimentado.

Uma garota com cabelos loiros longos tocando seu violão está sentada no chão contra uma parede de concreto. Ela é linda e jovem, possivelmente ainda adolescente, mas sua música é fascinante. Eu a observo por alguns minutos. Assim que eu estou prestes a aproximar e jogar algumas moedas na caixa do seu violão que está aos seus pés, alguns arruaceiros com as calças caídas se aproximam dela. Franzo o cenho quando eles param na frente dela, provocando-a enquanto pegam a pequena quantia de dinheiro que ela havia acumulado.

Ela se levanta e os empurra, gritando para eles irem embora. Um dos meninos a empurra contra a parede sólida e o ar deixou seus pulmões.

“Ei!” Eu gritei, meus pés me levando até eles antes mesmo de perceber o que estava fazendo. Levanto o pé e chuto o garoto que está agachado em frente ao estojo do violão. Ele cai de lado e as moedas espalham pelo chão. “Deixe-a em paz.” Minha voz não vacilou, a adrenalina nas minhas veias mantendo-a estável.

Eu achei que alguém fosse parar para ajudar, mas as pessoas simplesmente desviavam da briga, olhando para o outro lado, como se elas simplesmente não quisessem saber.

Eu sinto a raiva crescer dentro de mim. Eu sei como era não ter ninguém te defendendo. As pessoas olham, mas não tentam ajudar. Elas são egoístas. Elas sempre simplesmente assumem que outra pessoa lidaria com isso. Deixam para outra pessoa ajudar.

“Foda-se, cadela.” De repente, o segundo menino avança na minha direção zombando.

“Deixe-a em paz,” respondo, erguendo os ombros e me recusando a ser intimidada.

“Olhe para você, uma pequena garota branca tentando ser uma heroína.” Ele sorriu, um dente lascado me encarando.

Eu sinto isso crescendo dentro de mim. Eu estou enojada – enojada e cansada pra caralho – das pessoas me desprezando, assumindo que eu não poderia me proteger. Eu estava cansada de pessoas me olhando e assumindo que poderiam se aproveitar.

Eu não permitiria que alguém se aproveitasse novamente. Eu não iria me deixar ser pisada e destruída.

Meu pai me esmagou, e pensei que era o que eu merecia, que eu tinha que lutar pelo seu amor. Mas você sabe o que, eu não tinha que lutar porque agora eu sei que merecia mais do que isso.

Levanto meu punho, sabendo que iria pegar o idiota desprevenido, mas antes que ele pudesse encontrar sua mandíbula, uma mão grande prende meu pulso, segurando-o no lugar.

Os ladrões idiotas tropeçam com o confronto, seus olhos bem abertos, mas eles não recuam. Eu sei exatamente quem está de pé ao meu lado sem ter que virar minha cabeça. Meu tio era bem conhecido na cidade, especialmente pelas gangues locais. Obviamente, esses idiotas não haviam visto a lista de Nova York das pessoas com as quais não se deve brincar.

“Problemas, Rosalie?” A voz de Angelo causou arrepios na minha espinha.

Angelo cuidava dos negócios do meu tio nesse lado da cidade. Ele é alto, robusto e sexy como o inferno. Ele também é solteiro e procura uma esposa para se casar e ter filhos – alguém para passar seu legado.

O problema?

Ele não é o homem que eu quero.

A jovem loira está grudada na parede, seus olhos se movem de um lado a outro entre nós e os dois idiotas.

“Devolva o dinheiro da garota,” disse Angelo de forma clara e enfática, o sotaque italiano proeminente em sua voz tornando suas palavras muito mais ferozes.

O mais jovem e, obviamente, mais estúpido dos meninos se mantem firme, cruzando os braços sobre o peito com um olhar de desafio. “O que você vai fazer sobre isso, homem de negócios?” Ele levantou a bainha de sua camisa, revelando uma arma encaixada na cintura de sua cueca.

O ruído de um trem enche a estação, a brisa soprando contra minha pele quando ele começa a parar. As pessoas correm ao nosso redor, inconscientes do confronto insignificante. Angelo rapidamente me coloca de lado, próxima à garota loira. Ele estende o braço e sua mão enorme agarra o bandido pela garganta. Ele o puxa para perto, e sua boca se move, mas eu não consigo ouvir o que ele está dizendo por causa do barulho do trem e da multidão.

Ele joga o garoto para trás, que consegue se firmar. Ele olha para mim com os olhos arregalados antes de pegar seu amigo pela camisa e arrastá-lo correndo pela plataforma.

Angelo observa-os partir antes de se virar para mim. “Vamos, Rosalie.”

Respiro fundo e enfio a mão no meu bolso. Eu puxo o dinheiro que estava lá e entrego à jovem que ainda está olhando para nós em estado de choque. Pego sua mão e coloco o dinheiro nela.

Sem parar para conversar, corro atrás de Angelo, que já tinha começado a andar na direção da saída. Eu o sigo para a rua, onde, como eu havia suspeitado, começara a chover.

Havia um carro escuro e matizado estacionado na calçada e Angelo abre a porta e espera que eu entre antes de seguir o exemplo. Olho pela janela, esperando a palestra que eu sabia que viria.

“Por que você faria algo tão estúpido?” Angelo perguntou casualmente, mas eu podia ouvir a rispidez em seu tom. “Membros de gangues são perigosos. Eles são jovens e estúpidos e isso os torna extremamente imprevisíveis.”

“Você estava lá. Está tudo bem,“ eu disse a ele, me sentindo uma garotinha que acabara de ser pega fugindo à noite.

“E se eu não estivesse?”

Eu resmungo. “Não tem que pensar no que poderia ter sido. Não faz sentido.”

Ficamos em silêncio por alguns minutos, balançando de um lado para outro enquanto o motorista atravessa o trânsito da cidade de Nova York como se estivesse treinando para a NASCAR1.

“Como você cresce se não considera os erros cometidos no passado?” Sua pergunta me deixou tensa.

Eu me viro para poder ver seus olhos. Ele me observa com cuidado, e com diversão como se estivesse gostando da reação que eu tenho a ele. “Como você segue em frente se ficar constantemente pensando em toda a merda que você fodeu?” Eu jogo nele com um pouco menos de classe.

“Parece que você fala por experiência,” ele observa, seus olhos fixos em mim.

“Não venha com besteiras, Angelo.” Eu franzi o nariz. “Não aja como se meu tio não tivesse te informado sobre o que aconteceu.”

“Touché, toroso mio2,“ ele disse com um leve sorriso.

A verdade era que eu pensava. As escolhas que eu fiz durante o último ano pairavam pesadamente em minha mente e constantemente me faziam sentir mal do estômago. Desejei desesperadamente que houvesse uma maneira de fazer as coisas corretas. Eu me permiti ser manipulada e usada.

Em algum lugar ao longo do caminho, eu me perdi.

Perdi a capacidade de distinguir o certo do errado – e o amor do ódio. Perdi amigos, família e todo o meu orgulho e auto respeito.

Mas de tudo, saber que eu o perdi, foi o que quase me destruiu.

Quase.

Eu ainda não tinha desistido.

Se houvesse uma maneira de corrigir as coisas que fiz, eu faria isso em um piscar de olhos, independentemente das consequências.


CAPÍTULO 2

BLIZZARD

“Irmão, acorde, cara.”

Eu podia ouvir a voz através da névoa na minha cabeça, mas eu estava tão exausto. Meus olhos lutaram para ficar fechados. Alguém sacudiu meu ombro e me assustei. O meu pescoço doía, minha cabeça doía, e todo o meu corpo me pedia para descansar adequadamente.

“Blizz...” Eu esfreguei meus olhos, o borrão começando a diminuir e Optimus, meu melhor amigo e presidente, está ao meu lado. “Como ele está?”

A realidade começou a surgir e fiquei mais do que sóbrio.

Ele tinha exagerado na dose. E com a quantidade de álcool que estava em seu sistema e sua natureza agressiva, eles foram inteligentes o suficiente para mantê-lo dormindo enquanto descobriam o que estava acontecendo.

“Quando eles me disseram que ele tinha ingerido muitas pílulas, eu pensei foda-se. Este bastardo teimoso nunca deixaria esta terra voluntariamente. Ele é muito idiota para isso.” Eu disse a Op enquanto observo o rosto do meu pai. Era a primeira vez em anos que eu o via sem uma carranca. Ele nunca ficou feliz em me ver. Sempre que eu o visitava, ele vinha com um ‘O que você quer?’ mesmo que ele estivesse esperando por mim.

Nunca fui bem-vindo.

Hands era um idiota difícil.

“Eles sabem o que há de errado então?” Op pergunta, recostando-se contra a parede oposta a mim.

Encolhendo os ombros, empurro minha cadeira para trás e me estico, relaxando meus músculos tensos. Eu nem tinha certeza de quanto tempo eu estava aqui. Um dos veteranos do clube tinha visitado ontem e encontrou-o desmaiado no chão. Eu não saí do seu lado desde que o trouxeram.

“A enfermeira ficou um pouco nervosa quando explicou que o médico precisava falar comigo. Mas isso pode ter sido pela minha boa aparência.” Eu movimento as sobrancelhas e Op dá um pequeno sorriso. “Chel não veio com você?”

“Seu pai assusta ela pra caramba.” Franco como sempre.

“Me assusta também,” eu disse, pegando o copo de água na mesinha ao lado da cama e bebendo tudo.

Há uma leve batida na porta.

Op levanta uma sobrancelha. “Você quer que eu saia enquanto conversa com o médico?” Eu balancei minha cabeça quando pedi para o médico entrar. Eu não admitiria isso, mas eu precisava de todo o apoio que conseguisse agora. Este era um novo território para mim. Meu pai era o maior idiota do planeta, mas nunca o vi enfraquecido – nunca.

O médico – um homem baixo e calvo – e uma enfermeira que poderia estar na capa da Playboy entram em silêncio.

A enfermeira me olha de cima a baixo, e eu sei que, depois que tudo isso terminasse, eu precisaria de uma boa foda. E ela ia servir.

“O que está acontecendo, doc?”

Ele não riu da minha piada, mas sorri para mim de qualquer maneira.

“Isso é um pouco mais grave do que pensamos no início, senhor...”

“Blizzard.“ O médico franziu a testa com o meu nome de clube e fez uma nota rápida em sua planilha antes de continuar. “Senhor Blizzard. Seu pai aqui tem a síndrome de Korsakoff. Esta síndrome faz parte da família da demência em estágio inicial e geralmente está associada ao consumo intenso de álcool durante um longo período de tempo.”

E esse era o meu pai em poucas palavras. Ele era um bêbado – ele era o bêbado. E, aparentemente, agora o consumo de bebidas alcoólicas havia cobrado seu preço.

Passo a mão pelo meu rosto, não está barbeado e mais cheio do que costumo por causa do tempo que estive trancado neste maldito hospital.

“Você pode explicar?” Eu pergunto lentamente, tentando não deixar meu mau humor ou frustração assumir.

Assentindo com a cabeça, o médico vira algumas páginas na prancheta. “A razão pela qual seu pai superdosou sua medicação foi porque ele não lembrou de tomá-la. Sua memória de curto prazo está gravemente afetada, então ele continuou tomando até desmaiar, sem saber que tinha acabado de tomar sua pílula uma e outra vez.” Seus olhos continuaram a escanear a página. Eles nunca se fixaram em mim. Eu não sabia se isso era porque ele estava muito assustado ou porque estava entediado por ter que explicar tudo isso para mim.

“Então ele tem demência?” Perguntei cautelosamente, olhando para Optimus verificando se eu não tinha sido o único a ouvir isso. Os olhos de Op estão arregalados enquanto olha para o médico em estado de choque.

O médico franze a testa, quase como se ele tivesse me explicado tudo e ainda assim lhe fiz perguntas estúpidas. “É uma parte da família da demência. Seu pai tem apenas sessenta anos. Não é uma idade comum para pacientes com demência, mas isso acontece. Há uma chance de suas circunstâncias melhorarem com muito trabalho duro.”

“Você está dizendo que ele precisa ficar sóbrio, não é?” Eu perguntei.

“Isso, entre outras coisas. Ele precisará de injeções de tiamina e apoio contínuo.”

Eu sufoco uma risada e ele me olha em completo choque. “Ele vai mandar você se foder. Ele vai gritar, urrar e falar merda.”

Ele parece considerar isso por um momento. “Talvez devêssemos sugerir um centro de atendimento se você não acha que é capaz de lhe dar o apoio que ele precisa.”

“Você vai ter que trancá-lo e jogar a chave fora, se pensa que tem algum tipo de chance de fazê-lo largar o álcool,” eu falei sem rodeios, ignorando a indireta suja de que eu não me importava o suficiente com o meu pai. O bastardo me tratou como merda e ainda me esforcei para visitá-lo uma vez por semana e arriscar um soco na minha cara.

Os médicos poderiam lidar com essa merda – como se ele precisasse de outro motivo para me odiar.

“Eu vou fazer os arranjos. Pode levar um mês ou mais para encontrar um lugar e não posso garantir que será próximo daqui.”

Olho para o meu pai, o homem que passava mais tempo bêbado do que sóbrio e sempre gostava de me chutar enquanto eu estava para baixo.

Eu me preocuparia se ele não estivesse na mesma cidade?

Tudo dentro de mim dizia que não, não me importaria. Não depois do que ele me fez enquanto eu crescia. Mas então penso em como a minha mãe nos deixou e uma onda de lealdade me domina. A necessidade de não ser como ela é muito forte.

“Nós atravessaremos essa ponte quando chegarmos nela,” falei ao médico que assente com a cabeça, satisfeito com a minha resposta e prontamente caminha diretamente até a porta.

A enfermeira, por outro lado, leva seu tempo balançando os quadris e jogando seus cabelos. Ela se vira para me dar uma rápida piscadinha por cima do ombro quando saiu do quarto. Ela é quente, mas meu pau nem se contraiu com a demonstração de interesse.

“A cadela quer.” Op riu de seu lugar do outro lado do quarto.

“Eu vou dar a ela mais tarde,” eu murmurei, levantando-me e caminhando até a pia para pegar outro copo de água.

“Você não toca as putas do clube, mas a equipe de enfermagem tudo bem?” Sua pergunta foi séria, eu poderia dizer, mesmo que ele tentasse encobri-la com um tom divertido.

Depois de beber ruidosamente coloco o copo na mesinha. “Faz tempo que não temos novas garotas no clube. Fiquei enjoado das mesmas de sempre, sempre as mesmas.”

“Você quer dizer que teve um pequeno vislumbre de algo melhor e não há retorno agora?” Eu queria bater nele, acertar meu punho em seu rosto estupidamente presunçoso.

Mas ele estava certo.

Rose me mostrou outra coisa, outro mundo, eu acho que você poderia dizer. Ela era linda e engraçada e ela mostrou respeito próprio, o que significa que ela não o deixaria de lado por qualquer irmão que pedisse.

Eu não condeno as garotas do clube. Elas fazem o que fazem, elas são pagas para fazê-lo, e a maioria delas é gentil. Mas eu queria alguém que pudesse chamar de minha. Alguém que fosse sexy e inteligente e que eu não tivesse que compartilhar com meus irmãos. Eu queria possuí-la, mente, corpo e alma.

Infelizmente para mim, o diabo já a havia reivindicado, e me perguntei como algo tão sombrio e enganador poderia se esconder dentro de tamanha beleza.

Meu nariz contrai, o cheiro do quarto do hospital fazendo meu estômago se contorcer. Tive a sorte de passar apenas alguns dias no hospital depois do dia que Rose apareceu na sede do clube. A bala atingiu apenas o meu braço. O que me fez vir para cá foi quando eu caí. Eu bati minha cabeça na calçada de concreto e desmaiei. E deixe-me dizer que as feridas da cabeça sangram como um filho da puta.

Os meninos acharam que eu tinha sido baleado na cabeça quando vieram correndo, nenhum deles conseguia entender como eu ainda estava vivo.

Eu tive uma concussão e levei alguns pontos, mas melhor do que uma bala no peito.

Eu sempre odiei hospitais, mas agora o cheiro e a sensação do lugar me atingiram por outro motivo.

Isso me lembrou daquele dia.


CAPÍTULO 3

ROSE

Olho para a carta em minhas mãos.

Mesmo com tudo que sofri durante o último ano, eu ainda consegui terminar a faculdade. Embora eu suspeitasse que meu tio teve seu dedo nisso para o tornar possível. Ele tinha um talão de cheques gordo e muita influência. A faculdade me deu dois meses para completar as últimas tarefas que eu tinha perdido.

Eu sabia que não era normal, mas não estava em condições de me opor. Poderia também aproveitar ao máximo o poder da minha nova família.

A única falha, eu tinha que voltar para Athens e pegar meu diploma em pessoa assinado pelo Reitor.

Eu jogo o pedaço de papel na cama ao meu lado e ele flutua no ar, desliza sobre o colchão e vai para o chão.

Eu gemo.

Eu estou pronta para voltar à cena do crime?

“Uau, não gostaria que o vento soprasse agora e seu rosto ficasse assim.” Rico inclina-se contra o batente da porta. “Porque a careta?”

Entrando no quarto, ele vê o papel no chão e abaixa para pegá-lo. Eu assisto enquanto ele lê. Sua sobrancelha se ergue enquanto ele franze o cenho com as palavras. “Isso é uma besteira, eles não podem fazer você voltar lá apenas para buscar isso.”

“Eu preciso. A única condição é que eu pegue pessoalmente.”

Ele balança sua cabeça. “Eu vou falar com papai. Tem que haver algo que ele possa fazer sobre isso.”

Eu o alcanço antes que saísse pela porta. “Rico, por favor, ele já fez o suficiente por mim com isso. Se é isso que eu preciso fazer, então eu vou fazê-lo.”

Rico era protetor. Nós formamos um relacionamento realmente excelente, mas tanto quanto eu amava que ele assumiu o papel de irmão mais velho, não podia deixar que eles me protegessem de tudo. Entre Rico e Angelo, ambos me ensinaram maneiras de ser mais forte e senti como se eu tivesse crescido tanto no corpo quanto na mente.

Estava pronta para isso.

Eu estava pronta para voltar.

“Eu poderia ir...”

Eu sorrio. “Rico, tudo bem. Eu vou ficar bem.”

Ele faz uma careta. “Bem, que tal irmos até a academia e treinar no ringue de boxe. Assim eu saberei que se você encontrar alguém, você estará preparada.”

Eu rio e salto para fora da cama. Angelo tinha sido inflexível que eu precisava aprender a me proteger. Eu lamentei e resmunguei sobre isso, mas secretamente eu adorei. Isso me deu a sensação de que eu não estava indefesa – um sentimento que meu pai Marco se certificou que eu sentisse todos os dias.

“Boa ideia.” Eu dou nele um rápido empurrão, então ele tropeça e passo por ele indo para o porão, onde fica a academia.

“Pirralha!” Ele gritou atrás de mim. Eu ri, pulando três degraus de cada vez e esperando que eu não perdesse um e caísse desajeitadamente pela escada. Eu podia ouvir os passos de Rico atrás de mim, se aproximando rapidamente.

“Rosalie!” Meu corpo parou instantaneamente ao ouvir a voz do meu tio. Rico parou ao meu lado. Tio Anthony está no final da escada. “Rosalie, eu preciso falar com você. E eu preciso lembrá-los que esta casa não é um pátio de recreio.”

“Sim, pai.” Rico baixou a cabeça, dando à minha mão um aperto rápido enquanto passava por mim.

Tio Anthony estende a mão, gesticulando em direção ao escritório.

Concordo com a cabeça e forço um pequeno sorriso enquanto o sigo pelo corredor. Ele senta-se no grande sofá de couro, uma peça lindamente trabalhada que se encaixava perfeitamente ao tema do escritório. Havia estantes cheias de livros e uma escrivaninha impressionante que era maior que a maioria das mesas de uma sala de jantar de seis lugares. Meu tio era discretamente extravagante. Ele nunca expôs isso ao mundo exterior, mas em sua própria casa ele amava o melhor de tudo, e quanto maior, melhor.

Enfio minhas pernas debaixo de mim enquanto me sento em uma poltrona grande em frente a ele. Ele se inclina para frente, descansando os antebraços sobre os joelhos e juntando as mãos.

“Isso não é bom, é?” Perguntei, me mexendo nervosamente.

Ele suspira. “Marco está pedindo para vê-la.”

Meu coração acelera. “Porquê?”

Meu tio bufa e eu olho para ele em estado de choque. Tio Anthony não bufava. Uma coisa que eu aprendi estando aqui com os DePalma, é que existe uma imagem que a família precisa projetar. É por isso que meu tio mantém uma ótima postura e por que meus primos são tão diferentes a portas fechadas. “Eu diria que ele está desesperado. Ele foi cortado da família. Ele não tem dinheiro e, mais importante, nenhum aliado.”

“Eu não quero falar com ele ou vê-lo,” eu disse, meu estômago agitando. Talvez eu tenha aprendido a ser forte e a manter a cabeça erguida, mas mesmo a menção do nome do meu pai fez tudo o que eu tinha construído desmoronar novamente.

“Eu recomendaria que não o fizesse. Você se tornou uma mulher bonita e forte nos últimos meses.” Eu sorrio suavemente como se ele estivesse lendo os pensamentos na minha cabeça. “Eu odiaria que isso mudasse.”

Eu engulo com dificuldade, mordendo a língua na tentativa de encontrar as palavras certas. “Ele... ele vai sair?”

Seu rosto endurece. “Você tem certeza de que está pronta para essa resposta?”

Sentando um pouco mais reta, concordo com a cabeça. “Por favor... eu preciso saber. Eu perdi tanto tempo me perguntando quem era meu pai. Saber que ele é um ser humano tão sombrio e raivoso, faz-me questionar quem eu sou. Eu sou o sangue dele. Eu sou parte dele-“

“Você é meu sangue. Eu não vou deixar você continuar pensando que só porque ele é seu pai que você foi envenenada com seus problemas.” Sua voz era severa e ele me olhou diretamente nos olhos. Foi intimidante, mas ao mesmo tempo, não ousei desviar o olhar. “Nossa família é forte, somos resistentes e somos humildes. Nunca se deixe pensar de outra forma.”

Um tremor atravessa meu corpo. Suas palavras estavam cheias de paixão.

“Marco não vai mais contaminar essa família com sua presença.”

Demoro alguns minutos para processar isso. Claro, ele nunca iria ser direto e dizer o que ia acontecer com ele. Meu tio era muito inteligente para professar essas palavras, sem saber quem poderia estar ouvindo, mas o que ele havia feito me acalmou.

Marco, quase matou a única pessoa que eu poderia chamar de amiga e tinha me marcado para sempre. Olho para a minha mão que ainda carrega as marcas de seu castigo pouco ortodoxo. A queimadura tinha descolorido minha palma e a deixou com uma textura estranha. Um lembrete permanente da dor que sofri e da minha estupidez por estar tão desesperada por fazer parte de algo mais.

Concordo com a cabeça, aceitando sua explicação. Parecia estranho estar tão entorpecida com algo que qualquer pessoa normal acharia chocante. Eu pensei que ouvir essas palavras doeria mais, que eu sentiria algum tipo de dor no meu peito como foi quando perdi minha mãe. Talvez eu me encaixasse aqui mais do que pensava? Ou talvez eu simplesmente não me importasse? Talvez eu só quisesse que ele se machucasse?

Só esses pensamentos agitaram meu estômago.

“Eu tenho que voltar para Athens para pegar meu diploma,” afirmei, mudando a direção da conversa antes de começar a exigir detalhes.

Tio Anthony inclina a cabeça para o lado. “Você está preocupada com isso?”

Minhas mãos apertam os braços da cadeira. “Não muito preocupada, mas... são eles.”

Eu luto contra as lágrimas quando ameaçam cair. Eu não as deixaria aparecer.

Meu tio respira fundo, mas acena com a cabeça. “Nunca sinta que está abaixo de alguém porque cometeu erros, amore.” Vi a fachada forte escorregar de seu rosto e, pela primeira vez desde que cheguei, senti mais nele do que apenas uma necessidade de proteger o nome de sua família, senti um tio que compartilhava seu coração com sua sobrinha.

Meu corpo se aqueceu.

Eu queria tanto sentir como se pertencesse aqui. Eu tentei, mas eu fui criada de forma tão diferente e eu continuava a me sentir como um pária.

Eu queria aquela grande família que era gentil e atenciosa e passava tempo juntos. Eu queria grandes natais e feriados em família. Eu queria tios que ficassem muito bêbados e contassem histórias divertidas durante encontros familiares e avós que comprassem meias a cada aniversário. Queria uma família que fofocasse e se vangloriasse. Eu queria todas aquelas coisas estranhas que cada família faz, que para elas é normal.

Esta não era a família DePalma.

Os DePalma eram fortes, mas de um modo diferente. Seus laços familiares eram inquebráveis, mas por diferentes motivos. A lealdade ao nome da família foi impregnado neles, tudo permanente e havia certas expectativas para cada membro. Eu aposto que Celia nunca se queixou a seus amigos sobre o poder de seu pai, e eu aposto que Rico nunca sonhou em fugir à noite para ir a uma festa do colégio. Simplesmente porque eles tinham muito a perder. O nome de família DePalma não era algo que você ousaria arriscar.

Era muita pressão e eu já podia sentir isso me sufocando.

“Você gostaria que eu enviasse alguém com você?” A pergunta do tio Anthony me fez sentar um pouco mais ereta.

Eu balanço minha cabeça. “Não. Não, eu preciso fazer isso sozinha.”

Ele franze a testa. “Não há vergonha em pedir ajuda, Rosalie. Somos família.”

Forçando um sorriso, eu balanço minha cabeça. “Obrigada tio. Mas eu nunca vou ser independente se continuar me escondendo atrás de você.”

Sorrindo, ele acaricia minha perna e levanta. “Você é sábia.”

Esta era a coisa boa sobre o meu tio, ele pode criar seus filhos de um certo modo, mas ele definitivamente não os criou para serem covardes e recuar. Isso era algo que eu estava aprendendo rápido, algo que eu precisava.

Respiro fundo quando ele se desculpa e sai do escritório. O pensamento de voltar para Athens me assustou muito. Eu queria acreditar que poderia entrar e sair sem ser notada, mas eu não sou burra. Aquela área é propriedade dos Brothers by Blood MC e não existe nenhuma maneira de voar sob o radar deles.

Ter um dos homens do tio Anthony comigo seria reconfortante, mas eu estaria escondendo minha cabeça na areia.

Eu preciso enfrentar meus demônios e lidar com as consequências das minhas ações.

Talvez essa viagem ajudasse a acalmar minha mente?

Talvez eu voltasse e encontrasse tudo bem e ninguém mais se importava com o que aconteceu?

Talvez eu estivesse apenas sonhando?


Capitulo 4

Blizzard

“Blizz?”

Viro a cabeça para olhar em Ham. Ele está na porta do escritório do Op desajeitadamente.

“Sim?”

“Você tem visitantes, cara.” Eu vejo seus olhos se moverem sobre meu ombro para onde Optimus está sentado com Chelsea em seu colo. Só isso me disse que não é o tipo de visitante que eu iria gostar.

Viro meu corpo em sua direção. “Quem é?”

Seus olhos se estreitam ligeiramente quando ele responde, “Alguns motoqueiros com uma mulher que diz ser sua mãe.”

Eu preciso me conter para não estremecer com suas palavras. Minha mãe foi embora quando eu tinha apenas doze anos, abandonando meu pai e eu por um membro de outro clube. Não soube muito dela desde então. Ela ligava quando eu era mais jovem, mas quando comecei a perceber a profundidade do que ela tinha feito, deixei de atender.

Ham cruza os braços em seu peito largo. O garoto cresceu nos últimos meses.

Fechando as mãos em punhos, sigo para a porta, Ham saltando para o lado antes que eu o atropelasse.

Ouço Optimus gemer. “Oh, merda.” Mas continuo andando pelo corredor e saio pelas portas do pátio. O cascalho faz barulho sob meus pés pesados, passos atrás de mim se movendo rapidamente para me alcançar.

“Blizzard,” Op resmungou, alcançando-me logo antes de chegar aos portões da frente. Eu posso ver os motociclistas parados do outro lado. “Você precisa manter a calma.”

Eu zombo, passando pelo portão e encontro cara a cara a mulher que tinha me virado as costas há tantos anos atrás.

Seus olhos se arregalam e ela se afasta da moto em que estava apoiada. Ela está mais velha, mas ela parece exatamente como eu lembrava dela. Ela envelheceu bem. O pensamento acabou me deixando ainda mais furioso.

“O que você quer?” Eu pergunto irritado, parando ali.

Eu assisto ela se encolher, mas quando uma mão enrugada envolve sua cintura e um grande idiota, vestindo jeans escuro e um colete de couro, levantou-se ao lado dela, ela pareceu recuperar a confiança.

Ela endireita os ombros e me olha nos olhos. “Matthew.” Eu estremeço. Ouvindo meu nome, um nome que eu não tinha escutado sair da boca de ninguém em muito tempo. Quatro outros homens de diferentes idades e físico descem de suas motos e se aproximam.

“Você tem muita coragem de aparecer aqui,” eu zombei.

Sinto Optimus se mover para o meu lado esquerdo, parando na minha frente e dando a atenção, mas os olhos da minha mãe nunca deixaram os meus.

“Eu preciso falar com você.”

Minhas narinas dilatam. “Parece que é algo que você deveria ter feito há vinte anos.”

Ela assente, aceitando o veneno em minhas palavras sem negação. “Eu sei, mas estou fazendo isso agora.”

“Já ouviu o ditado muito pouco, muito tarde?”

O silêncio paira no ar por um tempo antes de Optimus pigarrear. “Espero que você tenha uma boa razão para vir até a sede do nosso clube sem aviso prévio.”

O homem mais velho com o braço em volta da minha mãe lhe dá um aperto antes de dar um passo à frente. Eu sei quem ele é. O homem pelo qual ela tinha deixado meu pai, com o qual tinha iniciado uma nova família em uma nova cidade, em um novo clube.

“Meu nome é Judge,” ele se apresentou, sua voz baixa. “Presidente do Satan’s Sanctuary MC.”

“Optimus,” respondeu meu presidente.

Judge assente. “Eu acredito que há alguma história aqui que obviamente precisa ser esclarecida, mas vou direto ao assunto. Precisamos de ajuda.”

“Não,” respondo secamente. “De jeito nenhum.”

“Blizzard,” Op grunhiu em desaprovação.

Aponto para minha mãe. “Você não pode voltar aqui, pedindo alguma merda depois do que você fez.”

Ela não baixa a cabeça com vergonha ou recua. A cadela é forte, eu preciso admitir isso. Ela levanta a cabeça e me olha diretamente nos olhos. Vejo tristeza refletida ali, mas força também.

“Ela não está pedindo,” disse Judge, pisando na frente dela de forma protetora. Ele bate no peito. “Eu estou pedindo.”

Eu franzo a testa. Não era frequente ver o presidente de outro clube vindo até você pedir ajuda. Nós preferimos manter nossos assuntos ou problemas dentro do clube, nunca mostrávamos nossas fraquezas lá fora.

O Satan’s Sanctuary é um clube muito menor, mas eles tinham um punhado de outras subseções espalhadas por aí. Eu ainda estava surpreso por eles terem vindo aqui.

“Isso é um grande pedido,” disse Optimus.

Eu quero rir, a situação era tão ridícula. Não tenho notícias da minha mãe há anos, e agora ela aparece aqui sem aviso prévio e desesperada.

Judge baixa a cabeça. “Você sabe que não estaríamos pedindo se essa merda não fosse importante e isso diz respeito ao seu garoto aqui.” Ele fez um gesto na minha direção.

Olho de lado para Op e ele franze a testa interessado. Todo o meu corpo gritou para mandar-lhes se foder e rir enquanto eles se afastavam.

Desejo desesperadamente ver a dor nos olhos da minha mãe com a esperança de que isso me fizesse sentir como se estivesse ganhando algo do que ela tirou de mim.

Mas não posso.

Eu encolho meus ombros.

Op me observa por um minuto antes de gritar por cima do ombro dele, “Ham, abra os portões e deixe-os entrar.”

Eu observo enquanto os ombros da minha mãe caem com alívio, e ela recua para a moto onde estava apoiada anteriormente. Op, meus irmãos e eu, voltamos para a sede do clube enquanto eles começam a se dirigir para dentro do complexo.

“O que você acha?” Ele perguntou.

“Nenhuma ideia maldita. Eles devem estar desesperados,” eu disse, chutando o cascalho e observando as cinco motos estacionarem em frente à sede do clube.

“Eles estão desesperados ou sabem que você não será capaz de dizer não?” Eu estreito meus olhos. O desdém que eu tinha pela mulher que me deu à luz queimou dentro de mim. Mas se teve algo que eu aprendi crescendo dentro do clube, foi que você não virava as costas para a família.

Ela me deixou com um pai alcoólatra abusivo que me culpou por todos os seus problemas. Eu o odiava por isso, mas eu o tinha cortado da minha vida? Não.

“Você não sabe se não vamos dizer não.”

Op ri. “Você pode odiá-la o quanto quiser, mas eu te conheço. Você não poderá dizer não.”

Eu resmungo baixo.

Nos reunimos na sala principal. Meus irmãos tomaram seus lugares encostados no bar quando os forasteiros entraram e sentaram em uma mesa comigo e Op.

“Você tem dez minutos para convencer a mim e ao meu vice-presidente cabeça dura de porque nós temos que ajudá-los.” Op colocou as cartas na mesa.

Judge observa sua parceira – sua esposa talvez. Eu nem sabia o que eles eram. Eu sabia que ela e meu pai eram divorciados. O dia em que ele recebeu esses papéis pelo correio tinha sido ruim.

Ele agarrou a gola da minha camisa e me jogou contra a parede mais próxima. Eu não chorei, nem mesmo quando caí sobre a pequena mesa lateral e uma parte da madeira quebrada cortou minha pele. Eu rangi os dentes, triturando-os e escondi a dor enquanto me movia.

Ele empurrou um pedaço de papel na minha cara, nem me deu tempo para entender o borrão de palavras antes de começar a gritar, “Um divórcio! A cadela da sua mãe quer o maldito divórcio!”

Eu queria perguntar por que, para tentar descobrir o que estava acontecendo, mas eu sabia que isso só aumentaria sua raiva.

“Isso é por sua causa! Ela nunca quis crianças,“ ele resmungou enquanto andava de um lado a outro na minha frente. “Ela sempre disse que era muito jovem, queria se divertir e viver sua vida.”.

Eu balancei a cabeça, sem entender o que ele estava dizendo. Ela talvez nunca tenha sido a melhor mãe, eu sabia disso, apenas observando como as outras Old Ladies do clube tratavam seus filhos. Mas ela ainda me abraçava quando eu me machucava e tentava me fazer rir. Ela ia às reuniões escolares e me mandava fazer minha lição de casa.

“Se você não tivesse nascido, então nós ainda estaríamos aproveitando as noites, festejando e fumando sempre que quiséssemos, não envolvidos em trocar fraldas sujas e cuidar de sua bunda.” Ele parou e me encarou com uma escuridão em seus olhos que eu raramente vi. Ele me odiava, eu podia dizer. Eu podia sentir isso.

Se lançando para a frente, ele envolveu suas mãos em torno da minha garganta e começou a me levantar do chão. Eu engasguei e sufoquei, cuspindo em seus braços tatuados.

“Ela mudou! Você fez ela mudar!“ Ele me sacudiu, batendo minha cabeça na parede e me deixando atordoado. Eu tinha quinze anos e era grande para minha idade, mas nada contra a força brutal do meu pai.

“Solta ele, Hands!” Ouvi outra voz rouca gritar. Ele continuou a me sacudir mesmo quando o homem que consegui reconhecer como o presidente do clube e melhor amigo do meu pai, Dealer, entrou e tirou suas mãos do meu pescoço.

Eu caí no chão, tossindo e ofegando.

“A culpa é dele!” Escutei meu pai gritar enquanto eu rastejava cegamente ao longo do piso de madeira em direção ao meu quarto. A voz alta do meu pai cheia de acusações me seguindo. “Sua maldita culpa!”

Dealer me salvou da ira do meu pai em mais de uma ocasião.

Eu sinto como se ele soubesse quando as coisas iriam ficar ruins e apareceria do nada. Eles costumavam ser próximos, Dealer e Hands escolheram seus nomes juntos. Como prospectos, eles costumavam sair e enganar homens no pôquer. Eles eram uma equipe improvável, mas juntos eram imparáveis – imbatíveis.

Meu amigo Op teve os melhores pais. Seu pai era forte e poderoso, mas humilde sobre quem ele era e o mundo que ele controlava. Dealer atendeu a todos em sua família, até mesmo os pequeninos, como eu. Ele acreditava em lealdade e força como um, que nossa cadeia é tão forte quanto o seu elo mais fraco.

Sua esposa, Daisy-Mae, era uma garota do interior que não sabia como lidar com o clube no início, mas ela aprendeu porque era sobre o que seu homem gostava, então era o que ela gostava. Ela era uma senhora influente, mas uma alma reconfortante e pacífica.

O amor deles foi combinado pelo maldito universo. Eu pensei uma vez que o dos meus pais também era.

Quão errado eu estava.


Capitulo 5

Blizzard

Um pigarro chamou minha atenção e eu escutei quando Judge começou a falar. Ele manteve a cabeça erguida apesar da situação em que ele estava. Que não me mostrava o quanto eles precisavam de nós. Ele não iria entrar aqui e implorar e pedir ajuda. Isso não é o que um presidente forte faz.

Ele iria colocar tudo na mesa e, independentemente da nossa resposta, ele manteria seus ombros erguidos e sairia daqui jogando um foda-se por cima do seu ombro.

Eu tinha que respeitá-lo por isso.

“Descobri um clube ocupando no nosso território, Vicious Vultures MC.” Ele fechou as mãos enquanto as colocou no topo da mesa. Minha mãe, Jackie, envolveu sua mão sobre a dele e deu um leve aperto. “Eles estiveram nos irritando por um mês ou mais. Tentando tudo o que eles têm. Matando alguns dos meus meninos, roubando lojas na cidade, aterrorizando as pessoas e dizendo a todos que se nós não desistirmos, eles irão queimar tudo até que não haja mais nada.”

“Você veio até aqui por causa de uma guerra por território?” Eu zombei. “Isto é para o que as suas subseções servem.”

Judge reconhece minhas palavras, mas continua conversando com Op. “Uma subseção veio ajudar, expulsou-os, mas a merda ficou séria... e pessoal, duas noites atrás.” Ele limpou a garganta e olhou para a minha mãe que acenou com a cabeça para ele. “Eles levaram nossa menina.”

Eu olho para eles em estado de choque. Nunca soube nada sobre eles terem um filho. Perguntei-me se o meu pai sabia, com certeza ele teria adorado ter jogado isso na minha cara. Afasto da mesa e me obrigo a levantar.

Eu vejo minha mãe tentar levantar pelo canto do meu olho, mas Op levanta uma mão, impedindo-a de sair da cadeira.

“Quantos anos estamos falando aqui?” Perguntou Op.

“Ela tem dezenove anos,” ela respondeu suavemente.

Os números começam a correr pela minha cabeça. Quantos anos eu tinha quando ela foi embora? Quantos anos tenho agora?

Eu giro bruscamente e olho para ela. “Uma mentirosa e uma fodida traidora.” Eu lambi meus lábios e olhei para ela.

“Matty...”

“Esse não é o meu nome porra!” Gritei. Sinto uma mão no meu ombro, uma mão leve.

“Blizzard, está tudo bem,” disse Chelsea suavemente.

“Não está...” Eu tentei respirar, mas foi estranho e trêmulo, a adrenalina e a raiva enchem minhas veias. “Não está tudo bem! Enquanto você estava brincando e destruindo meu mundo, eu estava lidando com as consequências. Eu estava levando surras por você!”

Minha mãe ofega e uma mão cobre sua boca.

“Eu estava apanhando então você poderia sair e ser uma puta de merda.”

“Basta!” Gritou Judge, batendo as palmas das mãos sobre a mesa e olhando para mim. “Mostre a sua mãe um pouco de respeito. Você precisa saber a verdade antes de começar a lançar acusações infundadas.”

Eu dou um passo à frente, Chelsea ainda agarrando meu ombro em uma patética tentativa de me segurar. “Infundadas? Eu tenho as malditas cicatrizes para provar isso.”

“Blizzard, isso é o suficiente,” Op grunhiu, de pé também e girando o corpo para mim. “Sente-se porra, não terminamos.”

Chelsea pisa na minha frente agora e a deixo me empurrar para trás até eu sentir minhas costas baterem no bar e eu caio em um banquinho agora desocupado. Ela agarra minha mão, meus dedos brancos pela maneira dura que eu os estava apertando-os. Ela abre minha mão e força uma garrafa de cerveja gelada.

Inclinando-se para mim, ela sussurra com dureza, “Beba antes que Op venha aqui e nocauteie você.”

Olho por cima da sua cabeça para o meu presidente. Ele pode ser meu melhor amigo, mas ele tinha a ameaça de violência em seus olhos enquanto ele me encarava. Eu bebo na garrafa, o líquido amargo e fresco escorregando pela minha garganta. A sala está silenciosa. Chelsea observa-me cautelosamente até ficar satisfeita, então ela se afasta, deslizando atrás de Op.

Com as coisas calmas, Op começa de novo. “Como eles a pegaram?”

Minha mãe limpa a garganta. “A pegaram na saída do seu trabalho. Mataram um dos meninos no processo.”

“E desde então?” Leo perguntou, tomando meu lugar ao lado de Op na mesa.

“Exigiram que abandonemos a cidade em troca dela.” Eu olho quando outra voz se juntou à conversa. Ele é jovem, mas alto e robusto. Ele segura um isqueiro nas mãos, acendendo-o com os dedos.

“Suponho que isso não é uma opção,” respondeu Leo.

O garoto estreita os olhos. “Eu quero a porra da minha mulher de volta! E, infelizmente, para nós, vocês podem ser a única opção que temos de fazer isso, sem perder nosso clube ou nossas vidas no processo.”

Ah, então o garoto estava com a minha chamada irmãzinha. Meus instintos gritaram para socá-lo só por esse fato. Foi um sentimento estranho.

“Vocês tem um plano para isto?” Op perguntou, jogando o braço em torno de Chelsea que está ao seu lado.

“Espero que possamos descobrir uma maneira se você concordar em nos ajudar,” disse Judge, batendo os dedos sobre a mesa.

Op responde com diplomacia, “Isso é algo que eu precisarei discutir à mesa com meus irmãos.”

Judge pega a mão da minha mãe. “Claro. Nós ficaremos na cidade. Você pode nos informar quando tomar uma decisão.”

Observo enquanto Optimus aperta as mãos dele e os acompanha até às motos. Meus irmãos se espalharam, mas Chelsea caminha direto para mim.

“Você precisa de outra cerveja?” Perguntou ela.

Olho para a minha garrafa que se tornou vazia mais rápido do que o habitual. “Sim, princesa.”

Ela contorna o bar e noto o pequeno coxear em seu passo. Chelsea tinha sido gravemente ferida, precisando de uma extensa terapia física antes de poder caminhar corretamente de novo. Mas todos notamos que quando ela estava cansada ou estressada, ela tinha um pouco de dificuldade.

“Princesa, você precisa se sentar antes que seu homem te veja andando como um pato manco,” eu a repreendi, enquanto ela colocava outra cerveja gelada no balcão.

“Você acabou de me chamar de pato manco?” Ela bateu suas unhas bem feitas no balcão do bar, me desafiando a repetir.

Eu sorrio. “Sim, mas um daqueles bonitinhos fofinhos e amarelos.”

Ela bufa. “Você é um idiota.”

Meu sorriso lentamente se transforma em um sorriso malicioso quando ouço o estrondo profundo das motos e a batida de pesadas botas chegando à porta. “Ei, Op! Sua garota está oscilando enquanto caminha.”

Chelsea se debruça sobre o bar como se fosse me agarrar, mas eu me afasto de seu alcance.

“Mulher, você pode simplesmente se sentar,” Optimus grunhiu passando pela porta.

Ela cruza os braços em seu peito. “Estou bem. Seu irmão aqui está apenas tentando me irritar.”

“Chelsea...” advertiu Op.

“Ele me chamou de pato manco!” Ela protestou, apontando para mim como uma criança acusadora.

Eu rio, mas antes que pudesse retrucar, um pequeno corpo passou pela porta ao lado de Optimus e se atirou em mim. Consegui colocar minha bebida no bar antes de pegar Harlyn no ar e levantá-la.

“Ei, garota.” Eu sorri para a garotinha.

Harlyn é a garotinha de Op. Ela e sua mãe estavam vivendo em outro estado. Isso até que a merda bateu no ventilador alguns meses atrás, e Optimus finalmente as trouxe de volta para cá na tentativa de mantê-las seguras enquanto lidamos com a mesma família mafiosa que atirou em mim na rua há alguns meses.

Quando as coisas finalmente se acalmaram, Sugar, a mãe de Harlyn decidiu voltar e ficar com a nossa família. Optimus e Chelsea estavam animados por tê-las aqui. Outro de meus irmãos ficou particularmente feliz por ter Sugar tão perto, mas Op ainda não tinha consciência do relacionamento que estava crescendo dentro dessas paredes.

“Por que você não está na escola?” Perguntou Chelsea com desconfiança, inclinando-se no bar para dar um beijo na bochecha da menina.

Harlyn cobre a boca e tosse um pouco. “Eu estou doente.”

Levanto minha sobrancelha para Optimus e ele esfrega a mão pelo rosto.

“Como o inferno que você está,” Optimus grunhiu aproximando, tira-a de mim e a coloca no chão. Ele se agacha na frente dela. “Você perdeu dois dias na semana passada, Harlyn. O que está acontecendo?”

Ela arrasta seus pequenos tênis no chão.

“Isso é o que eu gostaria de saber.” Sugar apareceu na porta de onde Optimus tinha acabado de sair. “Nós vamos ver o professor depois da escola.”

Harlyn geme, “Estou doente.”

“Besteira,” Op disse a pegando no colo. “Que horas? Chelsea e eu iremos.”

“Três e meia. Mas por enquanto, você tem lição de casa para fazer, senhorita.” Ela jogou a mochila de Harlyn na mesa mais próxima.

Harlyn olha para Chelsea como se estivesse procurando algum apoio. Chelsea balança a cabeça. “Vá fazer.”

Optimus a libera e ela pisoteia, resmungando sobre como era tão injusto. A garota pode ter apenas seis anos, mas é como ter uma maldita pré-adolescente.

“A vida de uma criança de seis anos... tão difícil,” zombei.

Ela me lança um olhar sobre o ombro e não posso deixar de rir.

Tal pai, tal filha.

“Igreja em meia hora,” ordenou Optimus antes de seguir pelo corredor até o escritório.

Suas palavras ficaram de repente sérias. Havia coisas maiores para se preocupar. Se Harlyn soubesse o quanto ela tinha sorte.

Minha vida estava prestes a ficar muito mais complicada.

Eu podia sentir isso.


Capitulo 6

Rose

A viagem de avião não tinha sido longa, mas na minha cabeça, pareceu uma eternidade. Sentada lá, esperando enquanto me aproximava cada vez mais do lugar onde eu me perdi.

Athens guardava as piores lembranças da minha vida. Foi onde meu pai me espancou, onde ele me fez sentir como se fosse a escória mais baixa da Terra. Ele me contou histórias sobre quão poderosa era a família DePalma, como eles possuíam os Estados Unidos e como eles eram tão dominantes e influentes. Marco me fez sentir como se fosse um privilégio ser considerada parte de sua família, não simplesmente um direito, porque eu tinha o sangue deles correndo nas minhas veias.

Quando eu encontrei meu pai, ele me enviou para a faculdade do outro lado do país. Doeu saber que o homem que eu procurei, por tanto tempo, era tão frio e indiferente. Enquanto eu estive longe, pesquisei a história das famílias italianas – seus costumes, seus valores. Era tudo o que eu queria, tudo o que eu tinha sonhado quando garotinha. Primos, tias e tios, avós – o tipo de família que se unia para comemorar.

Então, quando Marco me chamou dizendo que era hora de eu aparecer e provar o quão dedicada eu estava em fazer parte de sua família, me juntei a ele em um instante. Sem saber que estava prestes a entrar em algo que me destruiria completamente.

Inspiro profundamente enquanto saio pelas portas do aeroporto. O ar aqui é diferente do ar de Nova York. Mais fresco, talvez. Mas mesmo a suavidade do ar e os espaços abertos não fizeram nada para me acalmar.

Eu parei alguns minutos, esperando acalmar minhas mãos trêmulas antes de jogar minha bolsa sobre meu ombro e caminhar até o táxi mais próximo.

Eu tinha reservado um quarto de hotel perto da universidade e da cidade, então não precisaria arranjar um carro. O plano era uma noite e depois eu daria o fora daqui amanhã à tarde.

Entrar e sair – eu poderia fazer isso.

Meu corpo estava começando a relaxar sentada no táxi e assistindo o mundo passar. Eu me apaixonei por essa cidade. Era bonita e tradicional. Um nó se formou na minha garganta. O cenário era familiar e, enquanto olhava pela janela e observava, comecei a me sentir quase confortada.

Tanto quanto eu amei e detestei as memórias que vieram com este lugar, no final, ainda tinha um sentimento de casa.

Me acomodo no meu quarto de hotel e peço comida. Eu escolhi fazer um voo à tarde amanhã, então eu poderia caminhar até a universidade e pegar um táxi de lá direto para o aeroporto. Não haveria muita coisa a ser feita e, portanto, poucas chances de ver... alguém. Eu verifico o relógio. São quase dezenove horas e está começando a escurecer lá fora.

Fico de pé na varanda e olho para a rua. Eu cheguei a conhecer Athens como a palma da minha mão, e meu antigo apartamento era a apenas duas ruas de onde eu estou. Eu quase posso ver seu telhado.

O desejo de dar uma olhada é atraente. Eu adorava aquele pequeno lugar. Antes que Chelsea fosse morar comigo, era onde eu tinha encontrado meu santuário.

Lembrava-me de casa.

Lembrava-me da minha mãe.

Meu peito doeu quando pensei na mulher que me criou. Eu tentei ignorar meus pensamentos sobre ela durante o ano que passou, simplesmente porque eu sabia que ela ficaria tão decepcionada pela pessoa que eu havia me tornado.

Eu visto um casaco com um capuz e coloco meus tênis. Descendo as escadas correndo, chego a uma das últimas voltas e quase colidi com uma mulher que estava lentamente subindo. Saio do caminho, me desculpo profusamente, enquanto ela pressiona a mão em seu coração, como se eu a tivesse assustado.

“Tudo bem, querida,” ela disse, finalmente olhando para mim. “Eu deveria ter ouvido você vindo, mas eu estava em outro mundo.”

Os olhos dela são lindos, brilhantes e azuis e cheios de familiaridade. Nesse instante, achei que ela poderia saber quem eu era, então me desculpei novamente. “Não há problema, tchau!” Eu desço os degraus dois de cada vez, querendo fugir o mais rápido que posso. A última coisa que eu queria era que alguém me reconhecesse enquanto estivesse aqui e os Brothers viessem bater na porta do meu quarto de hotel.

Prendo meu cabelo e puxo o capuz sobre minha cabeça. Eu mantenho o rosto abaixado enquanto caminho, começo a ficar nervosa e isso me fez saltar a cada pequeno ruído ou movimento.

Não era que eu tivesse medo.

Eu sabia que os Brothers nunca me machucariam – não fisicamente. Mas eu sabia que, tendo a chance, Blizzard iria usar a oportunidade para me rasgar em pedaços. Eu estava cada vez mais forte todos os dias, aceitando que cometi erros e tentando me erguer como uma pessoa melhor. Agora, não era o momento de ser cortada e destruída por alguém com quem uma vez eu realmente me importei – com quem eu ainda me importava. Eu estava com medo de que cada passo que eu dei até agora teria sido por nada e que voltaria a ser aquele pequeno rato assustado quando deixei Athens, há tantos meses atrás.

O vento arranca o capuz do meu rosto e eu me encontro em frente ao apartamento que amei.

O piso inferior é uma garagem antiga onde os proprietários do edifício armazenam todas as suas coisas enquanto vagam pelo exterior em cruzeiros e festas. Eles nunca ficaram em um lugar e, portanto, decidiram alugar seus pequenos apartamentos para ajudar a financiar suas despesas – não que precisassem, eram ricos e horrivelmente gananciosos.

Não posso deixar de sorrir para a escada lateral frágil que conduz ao apartamento. Minha mãe e eu moramos no mesmo tipo de apartamento na Califórnia por doze anos. A única diferença era que havia um apartamento abaixo do nosso e a senhorita Betham, a idosa que vivia ali e cuidava de mim, todos os dias depois da escola.

Estudo o lugar cuidadosamente, me perguntando por que não tinha percebido as semelhanças até agora.

Minha mãe trabalhava em dois empregos e, quando completei quatorze anos, fui trabalhar também. E mesmo assim, ainda lutávamos para ganhar dinheiro apenas para as despesas no melhor dos tempos.

O vento leve esfria as lágrimas que começaram a escorrer lentamente pelo meu rosto.

Eu sinto muita falta dela.

Minha mãe era uma mulher que eu olhava e admirava. Ela era tão forte e nunca deixou nossas circunstâncias ditar nossa felicidade. Ela sempre encontrou tempo, e ela me fez lembrar que não era sobre a quantidade de dinheiro que tínhamos ou onde vivíamos, mas quem nós éramos como pessoas.

Uma lição que obviamente esqueci.

Senti como se eu tivesse arruinado tudo e destruído a pessoa que ela me criou para ser. As coisas nunca foram destinadas a ser dessa forma, nunca foram feitas para acabar assim tão mal. E eu só tinha a mim mesma para culpar.

“Sinto muito, mamãe,” eu sussurrei no vento enquanto olho para o pequeno apartamento. “Eu sinto muito. Odeio viver assim, mas não sei como melhorar. Por favor, se você estiver ouvindo, preciso que você me dê uma chance de melhorar tudo.” Olhei para o céu, as nuvens bloqueiam as estrelas. Eu queria poder vê-las, talvez apenas por um pequeno sinal de que ela poderia me ouvir.

Eu fungo e volto para as sombras quando um carro entra na rua. Eu fiquei lá tempo suficiente. Arrasto meus pés quando volto para o hotel, meu coração pesado e angustiado. Perder a minha mãe provocou a busca do meu verdadeiro pai, um pai que minha mãe passou a vida toda me escondendo.

Infelizmente, eu era muito curiosa e o buraco em que me encontrei era mais como um túmulo.

Quando você fez o pior. Quando você machucou pessoas por causa das escolhas que você fez. Quando você está caindo e caindo, e achar o seu equilíbrio parece impossível, para onde você vai?

A quem você recorre?

Pela primeira vez na minha vida, eu me perguntei se era isso. Era assim que eu deveria viver? Lamentando minhas escolhas de vida e nunca avançar? Nunca ter uma família me apoiando?

Se fosse, talvez tivesse que considerar se era assim que eu queria viver o resto da minha vida.

Porque não acho que eu poderia.


Capitulo 7

Rose

A caminhada de volta para o hotel foi lenta e refrescante. O tempo estava bastante quente, mas a brisa que me atingia provocava um pequeno calafrio.

Ou talvez fosse apenas minha imaginação.

Talvez eu estivesse esperando uma tempestade de neve de algum tipo.

O bar ao lado do saguão do hotel está cheio. Havia um aviso lá fora dizendo que acontecia uma conferência nesse dia e a sala estava cheia de empresários de aparência rica com suas gravatas afrouxadas.

Parei por um segundo para observá-los. Eles riam e brincavam, indo de um grupo para outro – misturando-se.

Parecia que o único cuidado que eles tinham no mundo era onde ir em suas próximas férias ou para alguns, qual das mulheres respeitáveis, mas altamente sexy, no bar, eles iriam levar para o seu quarto.

O punhado de senhoras que se juntaram a eles usam vestidos longos bonitos que caíram e abraçaram os lugares certos. São lindas e requintadas. Alguns dos homens as olhavam como abutres enquanto bebiam uísque caro.

Apenas alguns anos atrás, eu teria invejado todos eles. Eu teria sonhado em ter seu dinheiro e ser parte de sua pequena reunião. Mas, depois de ir morar com os DePalma, descobri rapidamente que essas pessoas não eram sempre o que pareciam. Qual deles tinha vínculos com o tráfico de drogas, qual deles se casou pela riqueza da família apenas para que pudesse ter tudo, qual deles estava sendo pago para ignorar as coisas escuras e nocivas que estavam acontecendo dentro de seus negócios?

Você não poderia saber.

As pessoas nunca são o que parecem, eu sabia muito bem. Eu vivi isso.

Encontrei meus pés me levando para o bar, mas não foram os vestidos fabulosos que atraíam minha atenção. Foi a senhora que eu encontrei rapidamente nas escadas no início dessa noite. Ela está sentada com um grupo de homens. Eles usam coletes de um MC e, mesmo que eu devesse fugir de qualquer pessoa nesta cidade que usasse algo parecido com isso, a necessidade de saber quem eram foi tão forte que não consegui evitar.

Eles estavam sentados em uma cabine lotada, recostados e falando calmamente enquanto bebiam cerveja. Este não era o lugar de costume que pessoas como eles gostavam de frequentar, eu sabia disso com certeza. Um dos homens levanta e eu observo o emblema que cobre suas costas.

Satan’s Sanctuary.

Eles não são Brothers by Blood.

Há uma pequena mesa que fica atrás da cabine deles. É mais baixa e eles não podem me ver por cima.

A adrenalina me domina enquanto eu deslizo para o assento vazio e sinalizo para uma garçonete.

“O que você gostaria, querida?” Ela me cumprimentou com um sorriso. Ela odiava estar lá. Eu podia dizer isso apenas pelo entusiasmo forçado em sua voz.

“Vodka e laranja,” respondi calmamente, me ajeitando na cadeira, fazendo parecer que eu estava me virando para ela, mas, na verdade, eu estava me posicionando para que minha orelha ficasse virada na direção da outra cabine. Ela assente rapidamente e desaparece na multidão de homens.

“Eu preciso dela de volta.” Ouvi a voz da senhora. Parecia triste e abatida. Meu coração queria estender a mão para ela, a dor era tão real que eu podia sentir apenas por essas cinco palavras.

“Nós vamos pegar Lane de volta, Jackie,” uma voz suave retumbou. Fiz uma nota mental dos nomes dos quais estavam falando.

“E se Blizzard disser que não? E se a ponte estiver muito desgastada para ele atravessar?” Meus ouvidos se animaram e por um segundo meu coração parou. Blizzard.

“Ele não vai. Ele pode ser um idiota, mas ele não vai se afastar disso,” disse uma outra voz profunda. “Precisamos de alguém lá dentro. Conseguir alguém para ver se ela está bem. Se ela ainda está viva.” O homem murmurou as últimas palavras. Quem quer que eles estivessem falando, posso dizer apenas pela emoção em sua voz que isso o tinha atingido com força. Demorava muito para um homem mostrar esse tipo de cuidado por uma mulher, e eu instantaneamente o admirei por ser capaz de ser tão transparente.

“Você acha que eles arriscariam um deles por nós?” Alguém zombou.

Ouço uma leve fungada e com isso meu coração quase quebrou. “Eu simplesmente não sei, não mais.”

“Ei, linda.” Eu me assustei, olhando para cima para encontrar um dos homens de negócios olhando em mim com um sorriso bêbado em seu rosto. Eu queria rolar os olhos, claramente ele tinha bebido demais, e mais do que provavelmente arruinado com as mulheres mais elegantes que estavam aqui. Então, aqui estava ele, tentando sua cantada barata em mim, a garota escondida no canto vestindo um moletom e jeans.

Afastando meu corpo dele, respondo educadamente, “Não estou interessada. Mas obrigada.”

Claramente não entendendo a dica, ele se aproxima ainda mais, o cheiro de álcool e más escolhas de vida irradiando dele. “Eu tenho um quarto no andar de cima.”

Fraco. “Eu também. É o que geralmente acontece em um hotel.”

Ouço uma pequena risada vir da cabine atrás de mim, e percebo que preciso sair daqui e rápido antes de chamar muita atenção.

Eu me levanto, usando a mesa como barreira colocando-a entre nós. “Eu estava indo embora,” eu disse a ele. Seu rosto se ilumina, então eu acrescento rapidamente. “Sozinha.”

O sorriso transformou-se instantaneamente e eu sabia que não estava saindo daqui sem chamar a atenção. Eu respondi à sua atitude agora irritada com uma carranca. Era como se estivéssemos em algum impasse mexicano. Um de nós tinha que se mover e tive a sensação que seria eu, que ele não ia me deixar passar de forma pacífica.

“Todas as mulheres aqui são iguais, fodidas. Acho que você é melhor do que toda elas, mesmo na sua...” ele acenou sua mão na minha direção como se estivesse dissecando minha roupa “...roupa de rato de rua.”

Eu não me ofendi, inferno, eu quase ri. Se isso era o melhor que ele tinha, eu ia ganhar essa batalha intelectual por uma milha. Mas não era isso que estava me preocupando. Ele é um cara grande e eu sou alta, mas mesmo eu sei que a força muscular, às vezes, vence o cérebro.

“Você precisa ir procurar outro rato de rua,” falei seriamente. Esperando que ele achasse o nosso pequeno encontro problemático demais e saísse para perseguir a próxima mulher.

Aparentemente, eu estava esperando por muito e esse cara tinha uma faixa realmente estúpida ou muito teimosa. Nenhuma das quais seria bom para mim se eu não saísse dessa situação rapidamente.

As pessoas se movem a nossa volta, ignorando o que estava acontecendo como se não pudessem fazer nada para detê-lo. Então, por que se incomodar. Assim como na estação de trem. Se não era sua luta, por que se envolver?

Egoísta. As pessoas são egoístas.

Eu decido ir em frente. Esperando que ele estivesse muito bêbado e lento para tentar fazer um movimento enquanto eu passava por ele. Eu me espremi entre a cabine e a mesa em que eu estava sentada, torcendo meu corpo ao redor dele e tentando manter o espaço entre nós. Subestimei o seu alcance e vi meu braço envolto em sua mão quente e suada. Suas unhas bem feitas afundam na minha pele.

“Ei!” Eu gritei, puxando seu pulso com a outra mão. “Solte-me.”

Inclinando-se mais perto, ele grunhe na minha cara. “Pare de ser tão arisca, cadela.”

“Deixe-me ir,” gritei, desistindo de sua mão e empurrando seu peito. Meu braço arde onde seus dedos estão apertando. É o tipo de dor que eu não sentia há muito tempo. O tipo de dor que você sente apenas quando é infligido a você por outro ser humano. Eu o empurro novamente, mas ele não se move. Em vez disso, ele começa a me puxar. Eu firmo meus calcanhares, mas ele é forte.

“Ei!” Gritou uma voz. O homem de terno ergue os olhos bruscamente. Seus olhos se estreitando. “Solte-a.” A voz era severa e implacável.

“Cuide do seu próprio negócio,” gritou o meu atacante. Sua mão aperta meu braço e com o choque de dor que me atravessou, eu decido que não me importaria em causar uma cena um pouco mais. Eu levanto meu pé para trás e alinhei, usando toda a minha força nele quando chuto diretamente nas suas bolas.

Ou, pelo menos, onde deveriam estar, porque estava se tornando bastante evidente que esse idiota não tinha nenhuma, se gostasse de caçar mulheres assim.

A força do meu chute fez ele se afastar instantaneamente, mas, com isso, ele me jogou para trás. Eu me preparei, esperando cair no chão de costas, mas em vez disso, dois braços envolvem meu corpo me pegando enquanto eu tropeçava.

Eles estão cobertos de tatuagens. Tatuagens coloridas, sem espaço livre para ser visto.

“Bem, acho que não consegui salvá-la daquele feio bastardo, mas eu te salvei de cair no chão. Isso me dá alguns bônus?” Sua boca está bem ao lado da minha orelha e enquanto ele falava sua respiração fazia cócegas no meu pescoço. Eu estremeço e rapidamente afasto me equilibrando. “Não é exatamente a reação que eu estava esperando.” Ele riu.

Eu giro, meus pés quase se enroscando. Ele se aproxima uma vez mais para me estabilizar e consigo dar uma boa olhada no rosto dele. Ele tem uma barba cobrindo sua mandíbula, estranho ver em alguém que parecia tão jovem, mas sexy, no entanto. Um gorro preto em sua cabeça, mas é o colete que ele usa que mais se destacou.

Balançando a cabeça enquanto tento limpar meus pensamentos, peço desculpas, “Desculpe. Isso foi intenso.” Eu olho para o homem que tinha me agarrado. Ele está abrindo caminho entre as pessoas, indo na direção do banheiro dos homens.

“Odeio idiotas como ele.” O cara com as tatuagens bufou. ”Maldito bastardo.”

Eu esfrego meu braço, está dolorido e eu sei que haveria contusões depois.

“Obrigada...” eu disse a ele, deixando a frase no ar.

“Skins,” ele ofereceu, e eu soube de imediato que esse é seu nome de estrada.

“Você está bem, querida?” Eu percebi de repente que eu estava de pé bem em frente à cabine onde os membros do clube estavam sentados. Jackie – eu lembro que eles se referiam a ela assim – está olhando para mim com preocupação.

Eu preciso sair rápido daqui. “Sim, desculpe por incomodar vocês,” eu divagava.

“Você não nos incomodou,” disse Skins, levantando uma sobrancelha. ”Nós não vamos ficar sentados e deixar um idiota tratar uma garota desse jeito. Mas, como eu disse, você pareceu ter dado conta, então meus deveres de super-herói terão que esperar por outro dia.” Ele piscou para mim e não pude deixar de rir. Skins é atraente. Suas tatuagens de cores vivas se destacam como um farol contra sua camisa branca e colete de couro preto. Elas distraem e hipnotizam, completamente diferente do que você esperaria encontrar em um motoqueiro.

“Obrigada por me salvar de machucar minha bunda,” eu disse a ele com um sorriso.

Seu sorriso aumenta. “É muito bonita. Ver isso machucada seria um crime.” Eu balancei a cabeça enquanto me afasto do grupo. “Vejo você por aí?” Ele falou.

“Talvez,” respondi sobre meu ombro enquanto saio dali apressada.

A adrenalina corre por minhas veias enquanto eu subo a escada para meu quarto. Eu estou no quinto andar e mesmo assim ainda estou bombeando com energia.

Eu tenho uma pequena parte de informação agora. Informações que eu poderia ignorar ou usar. Se eu escolhesse ignorar, simplesmente pegaria meus papéis da faculdade amanhã e iria para casa. Casa, nem tenho certeza de que era isso. Athens sempre pareceu mais como estar em casa do que qualquer outro lugar que eu estive desde que minha mãe morreu.

A outra opção é ficar. Ficar e tentar usar o que acabei de saber, fazer algum tipo de diferença. Ouvindo a dor na voz de Jackie, eu sabia que ela precisava de alguém para ajudar. E se os Brothers by Blood entrassem nisso, eles também precisavam de alguém.

Eu entro no banheiro e coloco ambas as mãos na pia. Olhar meu reflexo no espelho tinha sido uma coisa difícil para fazer quando estive aqui na última vez. Porque eu sabia que eu não era a pessoa olhando para mim. Eu tinha virado outra pessoa e me deixei transformar em outra coisa. Só agora estava começando a ver o reflexo do eu real olhando de volta. Não está tudo lá, mas há pequenos pedaços e peças surgindo novamente.

Eu a quero de volta. Quero me ver refletida ao que era novamente.

E se era isso o que eu queria, então precisava lutar por ela e provar que ela ainda estava aqui.


Capitulo 8

Blizzard

“Ei, cara!” Eu olhei para cima para ver Optimus andando até mim. Tinha terminado de limpar minha moto e a cadela está brilhando. Exatamente como eu gosto. “Alguma chance de você rodar e pegar Jayla na casa de Lucy. Uma da garotas ligou para o X-Rated avisando que está doente e Luce tem que cobri-la.”

Ele estende as chaves de sua caminhonete. “Claro, mas onde está Chel? Achei que ela iria fazer isso.”

Ele aproxima-se e larga as chaves na minha mão estendida.

“Nós iríamos, mas ela tem tido alguns problemas com sua coordenação ultimamente, e eu quero levá-la ao hospital para uma avaliação.” Eu podia ver o olhar preocupado no rosto do meu irmão.

“Merda,” eu murmurei. Chelsea estava muito bem atualmente, até mesmo voltando a sua rotina regular.

Ele assente. “Sim. Eu só espero que ela não tenha se esforçado demais.”

Eu tive que sorrir, aquela garota é forte e determinada. Op teve sorte de encontrar uma Old Lady tão perfeita.

“Cuide da sua garota. Vou sair e pegar a pirralha,“ falei por cima do ombro enquanto caminho para a caminhonete que está estacionada no terreno do complexo.

“Obrigado, cara!”

Jayla tem quase cinco anos. Sua mãe, Hayley, tinha sido uma stripper na X-Rated. Infelizmente, ela foi apanhada no fogo cruzado durante nosso breve confronto com a família DePalma, e Marco DePalma, o pai de Rose, a matou na porta do clube de strip.

O pai de Jayla era desconhecido e a família de Hayley chutou seu traseiro porque ela engravidou muito jovem. Apenas esse pensamento me deixou furioso. Ela era apenas uma criança tentando criar uma criança. Ela não mereceu ser deixada por conta própria. Em momentos como este sou grato ao clube. Nós éramos família, mais fortes, porque construímos a nossa família juntos. Sem o clube quem sabe onde eu estaria agora. Depois que minha mãe foi embora, definitivamente não foi meu pai que me criou, ele estava muito ocupado bebendo e lidando com os negócios do clube para se importar onde estava seu filho adolescente. Foram as Old Ladies e os membros do clube que se certificaram que eu tivesse uma casa e pessoas me cuidando. Eles me ensinaram o verdadeiro significado da família.

Até agora, conseguimos manter Jayla fora do sistema, adiando as audiências no tribunal e nos certificando de ter nossas coisas em ordem antes de ir em frente e fazer uma reivindicação sobre ela. Porque aos nossos olhos ela é nossa, ela é uma de nós, e não há nenhuma maneira no inferno que um juiz fosse nos negar o nosso direito.

Corro para o apartamento de Lucy e bato na porta. Ela se abre apenas alguns centímetros e olho para baixo para encontrar dois olhos brilhantes me olhando.

“Ei, pirralha.” Seu nariz enrugou, mas não demorou muito para ver um pequeno sorriso. Jayla não fala muito. Nenhum de nós sabia se é porque tinha perdido a mãe ou se ela sempre foi assim. Hayley esteve conosco pouco tempo antes de ser morta, então ninguém realmente as conhecia muito bem. “Você está pronta para ir?”

Ela abre a porta um pouco mais e estende a pequena mochila de princesa para que eu pegasse. Eu reviro os olhos, mas pego de suas mãos e jogo sobre meu ombro.

“Ei, Blizz. Obrigado por ter vindo tão rápido.” Lucy veio pelo corredor, a bolsa balançando em seu braço enquanto tenta colocar o brinco na orelha. “Eu tenho que estar no palco em meia hora.”

“Sem problema. Estamos aqui pra isso.” Eu bagunço o cabelo de Jayla e ela olha para mim e bufa. Ela obviamente está passando muito tempo com Harlyn porque seu comportamento chegou a mim alto e claro.

Lucy a pega e caminha comigo até o caminhonete, colocando-a no assento infantil no banco de trás e dando-lhe um rápido beijo na bochecha.

“Tchau!” Ela diz com um rápido aceno enquanto corre e entra em seu próprio carro. Como ela conseguia andar naqueles saltos, eu nunca saberia, mas eles são sexy como o inferno.

Enquanto os irmãos tinham regras sobre dormir com as strippers que trabalhavam para nós, eu tinha minha cota justa delas. Lucy não era exceção. Ela é quente, sexy e um bocado pervertida no quarto. Mas ela também nunca foi de se apegar e era assim que eu gostava.

“Tudo bem, para a sede do clube,” eu disse e entro na caminhonete. Olho por cima do ombro e Jayla sorri para mim. Ela pode ter perdido a mãe e não havia nada que pudesse afastar essa dor, mas, pelo menos, sabíamos que ela estava feliz.

O trajeto pela cidade está congestionado com todos voltando para casa do trabalho. Eu gemi enquanto estávamos parados em um semáforo, não nos movíamos. Minhas mãos apertadas no volante. Se eu estivesse na minha moto, isso não seria a merda de um problema.

“Ela é bonita como a mamãe.” Meus olhos se arregalam com as palavras de Jayla. Provavelmente foi o máximo que eu já ouvi sair da boca de uma só vez.

“Quem, Jay?” Perguntei. Seu pequeno dedo bate na janela, então eu giro para ver onde ela está apontando.

Ansiedade me domina.

Ela parece exatamente com eu lembrava dela. Os longos cabelos escuros fluíam livremente por suas costas, shorts jeans apertados que mostram suas pernas atléticas bronzeadas e uma blusa curta que mostra o suficiente para provocar um homem.

Rose.

Ela está na cidade.

Meu coração parou e eu não tinha certeza se era raiva que crescia dentro de mim ou desejo. Talvez uma mistura dos dois. Eu observo enquanto ela caminha pela calçada, com a cabeça baixa, então eu não vi seu rosto. Mas eu sei que é ela. Eu a conheceria em qualquer lugar. Eu tinha memorizado seu corpo.

Buzinas de carro soaram me assustando e eu percebi que não havia mais ninguém na minha frente e a luz estava verde. Eu quero saltar da caminhonete e segui-la. Exigir saber por que ela está aqui, mas não posso. Não há nenhum lugar para estacionar e eu só posso ir em frente.

Eu amaldiçoei e bati com a mão no volante enquanto acelerava e arrancava. Minhas mãos estão tremendo e minha cabeça está gritando para manobrar e voltar. Vá encontrá-la. Vá até ela. Eu queria berrar, eu queria gritar, eu queria dizer a ela o que eu pensava sobre ela. Mas principalmente eu só queria envolvê-la nos meus braços e senti-la.

Rose me deixou louco. Ela me fez sentir tantas emoções diferentes ao mesmo tempo. Eu a tinha visto com fogo em seus olhos uma vez. Durante as últimas semanas que passei com ela, eu lentamente vi o fogo encolher para uma chama que mal cintilava. Na época, tudo o que eu queria fazer era trazê-lo de volta, ver o rosto dela acender novamente. Mas agora que eu sabia o que estava acontecendo às portas fechadas, eu sei que seria quase impossível.

Ela estava sofrendo. Ferida de uma maneira que muitos de nós achariam completamente inconcebível. Eu podia me identificar. O pai dela passou seu tempo fazendo com que ela se sentisse inútil e indigna de seu amor. Ele a quebrou, fez com que ela sentisse que não tinha outras opções exceto a dele.

Aperto o volante em minhas mãos. A lembrança do que ele fez com ela me deixou furioso, isso me fez querer visitar a prisão e garantir que ele nunca tivesse a oportunidade de machucá-la novamente.

Rose sofreu – ela foi manipulada e confundida.

Ele apagou seu fogo e eu me perguntei se ela iria recuperá-lo. Mesmo agora, eu ansiava para ver a luz que vi uma vez nela. Mas a raiva por ser machucado e enganado me inundava toda vez que eu pensava nela. Eu só podia imaginar o que sairia da minha boca se eu a visse cara a cara.

Meu cérebro estava tão confuso, entendendo que havia uma razão para ela mentir e fazer as coisas que ela fez. Mas com raiva por quão perto eu me permiti chegar até ela, incluindo tudo o que eu ofereci para mantê-la segura. Então ela mudou e cravou uma faca nas minhas costas.

Chegando na sede do clube, o lugar parece muito vazio. Eu sei que há um grande jogo de futebol em Huntsville, e com o clube agora trabalhando duro em nossa empresa de segurança, Op conseguiu o contrato. Nós não usávamos nossos coletes do clube quando trabalhávamos para a empresa, mas a maioria de nós tendo mais de um metro e oitenta e cobertos de tatuagens, éramos uma força a ser reconhecida.

Abrindo minha porta, dou a volta para ajudar Jayla a sair da caminhonete. Eu posso sentir meus músculos tensos depois de ver Rose.

“Harlyn?” Jayla perguntou com curiosidade. Olho por cima do meu ombro para ver o carro vermelho esportivo de Sugar estacionado no canto do complexo.

“Acho que sim, garota. Por que você não vai procurá-la?” Eu a levanto do assento e ela envolve seus braços ao redor do meu pescoço. Ela me dá um abraço e isso me surpreendeu por um segundo.

Jayla e eu erámos próximos. Sua natureza tímida manteve-a muito tranquila perto dos meninos. Mas desde que ela me viu interagindo com Harlyn, ela se abriu mais. Meu coração se aqueceu e ela me soltou, se remexendo para que eu a soltasse. Coloco seus pés no cascalho e ela sai correndo, disparando pelo lado da sede até o local onde nós dois sabíamos que Harlyn estaria brincando – o parque infantil dos fundos. Ela amava isso.

Olho para ela por um minuto. Completamente incrédulo. Imagino se talvez ela pudesse sentir minhas emoções e aquela foi sua resposta a elas. O pensamento me chocou quando entrei no clube. A sala está vazia, mas eu posso ouvir vozes baixas conversando nas proximidades. Franzindo o cenho, vou para a sala onde nos reuníamos para a igreja, as portas estão abertas, mas as pessoas que estão lá não perceberam a minha presença.

“Vocês sabem que há crianças do lado de fora,” gritei, cruzando os braços em meu peito.

Sugar e Wrench se afastam. Sugar tenta endireitar a camisa e fechar o botão da frente de seu jeans freneticamente enquanto Wrench ficou parado e franziu o cenho para mim.

“Não me olhe assim, irmão,” eu disse, balançando o dedo e tentando muito não rir. “Você é o único fazendo algo errado.”

Ele ajusta seu boné preto – algo que ele nunca foi visto sem, virando-o para que a aba sombreasse seu rosto novamente. “Não estamos fazendo nada de errado.”

Eu ri e balanço minha cabeça.

“Por favor, não diga a ele, Blizz,” Sugar implorou baixinho.

Não olho para ela, mas olho para o meu irmão, que, em troca, olha diretamente para mim. “Quanto mais você se esgueirar, mais difícil será contar a ele.”

Wrench bufa antes de passar por mim e sair pela porta.

“Ele quer contar a Op. Mas eu simplesmente não posso fazer isso.” Ela se inclina contra a parede, passando os dedos através de seus cabelos emaranhados.

“Fazer com que ele esconda isso, significa mentir para o presidente dele,” eu avisei, esperando que essas palavras fizessem sentido.

Ela aperta os olhos com força e esfrega o rosto, “Eu não quero ser responsável por eles ficarem na garganta um do outro. Nós dois sabemos que Op vai surtar quando contarmos a ele, e ele vai tentar quebrar a cara de Wrench. Eu não quero isso.”

Era verdade. Mesmo que eles não estivessem mais juntos, Op ainda achava que era o protetor de Sugar. Mesmo que isso significasse protegê-la de um de seus próprios irmãos. “Mas você está bem em forçá-lo a mentir e se esgueirar? Ele poderia ser expulso do clube por isso, Sugar.” Eu mantive minha voz profunda e baixa, tentando ao máximo ser severo sem deixar quem estava no clube saber sobre este pequeno... desenvolvimento. “Mentir é uma ofensa gravemente punível, especialmente mentir sobre algo que diz respeito à família de Op.”

“Punível?” Ela questionou, com os olhos arregalados.

“Sim, ele poderia ser banido... expulso... morto. Isto não é apenas um estúpido caso de amor, Sugar. Isso poderia afetar o lugar de Wrench no clube.” Eu balanço a cabeça. “Ame-o ou deixe-o. Se você o ama, levante-se e lute por ele. Se você não o ama, pare de brincar e o deixe ir. Você está brincando com fogo, e ele é quem vai acabar queimado. Não você.”

Ela pressiona suas costas na parede, e por um segundo pensei que ela poderia entrar em colapso. Eu não podia me envolver nessa merda. Op é meu melhor amigo e meu presidente. Tudo dentro de mim grita conte a ele, mas eu sei que é uma bagunça que eles precisavam resolver.

“Eu não queria que isso acontecesse,” ela sussurrou com tristeza. “Nunca pensei em voltar para cá. Eu adoro o clube, sabe? Mas assim que eu tive Harlyn, eu tinha alguém para proteger. E a vida no clube... é perigosa.”

“É também a família mais protetora e leal que você poderia pedir.” Eu apontei para a mesa, para o vívido símbolo do Brothers by Blood que estava esculpido profundamente na madeira. “Essa coisa é mais do que o emblema que usamos em nossas costas. É quem somos. É o que defendemos. É quem está do nosso lado, e é o que nós amamos.”

Ela olha, seus olhos brilham e derivam sobre o símbolo como se fosse a primeira vez que ela realmente estava vendo isso. Como se fosse a primeira vez que acreditava que era mais do que apenas um logotipo ou sinal.

Ela assente. “Entendi.”

Imagino se ela realmente entendia, mas eu já tinha dito o que queria. O resto era responsabilidade dela.

Ela mantém a cabeça baixa quando passa por mim. Era tão diferente dela. Sugar é forte. Mesmo durante a guerra em que perdemos o pai de Op, ela ficou ao lado dele e manteve a cabeça erguida. Imagino o que aconteceu recentemente para que ela se sentisse tão quebrada, tão exausta.

Uma parte de mim esperava não tê-la esmagado completamente, eu não gostava de ver sua dor. Ela se tornou como uma irmã para mim. Ela tecnicamente não era uma Old Lady, mas era bem respeitada dentro do clube. E não só porque ela deu à luz a filha do presidente. Mas porque ela tem o tipo de aura que atrai você. Ela tinha uma força de caráter, mas também era doce e cuidava de todos nós.

Vê-la de cabeça baixa me machucou, mas eu sei que ela precisava ouvir isso. Franco e direto. Se ela ficasse dando voltas nessa merda e ignorasse o quão importante isso era, então, quando a merda batesse no ventilador, todos nós seríamos pulverizados.


Capitulo 9

Blizzard

Eu consegui colocar meu pai em uma clínica de tratamento dentro de Huntsville. É especializada no que o meu pai precisa e tinha exigido muito levá-lo até lá.

Eu tive que arrastar o Optimus. O meu pai não poderia mais andar de moto conosco - ele era o que você poderia chamar de aposentado – mas ele ainda recebia benefícios do clube e de mim, então eu tive que usar a influência do nosso grande presidente. Por sorte, ele respeita Optimus muito mais do que a mim.

Huntsville ainda é perto o suficiente para eu e as Old Ladies visitar, e o bônus era que ele poderia ter o tratamento que precisava. Os médicos me disseram que ele poderia melhorar – não inteiramente, mas melhor do que estava – se ele seguisse o programa que tinham preparado para ele. Mas eu não estava fazendo planos com base em eventos futuros que poderiam não acontecer.

Chego na recepção e eles me apontam a direção de seu quarto. O lugar é como um hospital – tão branco, tão limpo. O cheiro também é forte.

Uma enfermeira vem na minha direção, exatamente quando tento inutilmente ajustar meu pau. Ela notou o movimento e um rubor cobre suas bochechas. Em outro tempo, eu provavelmente estaria tentado a levá-la até a despensa mais próxima e fodê-la, mas ela não é quem eu quero. Eu quero Rose, mas na última vez que eu segui meu pau com ela, pessoas com quem me importo quase morreram. Eu não cometeria o mesmo erro duas vezes.

Encontro o número do quarto de papai e entro, no exato momento em que ele pegou uma garrafa de tequila em miniatura na mão.

Passo a mão pelo meu rosto. “Você está falando sério?” Ele não vacilou nem tentou escondê-la. Ele não se importava se eu visse ou não. Tequila não era sua bebida preferida, era sempre cerveja. Não importava qual marca ou de onde era – cerveja era cerveja. Mas, obviamente, quem contrabandeou, escolheu o que era fácil de esconder, e uma caixa de cerveja não era.

Eu acho que poderia ser pior.

Não poderia?

Ele nem me reconheceu quando sentei na sua poltrona. O quarto é grande o suficiente para uma cama, uma cadeira, uma pequena mesa e algumas outras coisas. Há uma televisão na parede e um banheiro ao lado que tem um chuveiro, um vaso sanitário e uma pia.

Eu sabia que ele ia odiar isso aqui, mas não me importava.

Eu estava cansado de ser o pai nessa relação, arrastando seu traseiro para casa do bar, impedindo-o de ser preso ou morto, e ainda deixá-lo atirar sua raiva constantemente em mim. Aguentei os golpes verbais e os físicos, e ainda voltava na semana seguinte.

“Essa merda colocou você aqui, ainda assim você continua tomando como se fosse água,” eu murmurei, balançando a cabeça. Fiquei desapontado, mas não chocado.

“Errado,” ele rosnou. “Você me colocou aqui seu merdinha.”

Os golpes baixos nem sequer foram registrados. Era como uma conversa normal para nós. Bem, para ele.

“Não vou pedir desculpas por tentar mantê-lo vivo um pouco mais.”

Ele toma outro gole da minúscula garrafa, o conteúdo agora desaparecido. Mas não foi só isso. Ele puxa outro debaixo do colchão e continua.

“Você veio se vangloriar? É isso? Finalmente me colocou de lado? Me trancou como um maldito criminoso.” Suas palavras não eram acusadoras, eram mais como se fosse uma questão de fato. “Optimus, assim como seu fodido pai, dando ordens.”

“Ele é nosso presidente, porra! Se você quiser um teto sobre a sua cabeça, respeite esse fato, “eu falei com firmeza, não estava prestes a ouvi-lo criticar meu irmão.

“Não estaria aqui se...”

“Não diga isso,” eu gritei. Eu ouvia isso todas as vezes que o via. Meu pai nunca reivindicou outra Old Lady depois que minha mãe foi embora. Ela era a única para ele, mesmo depois de descobrir que ela não sentia o mesmo. Tudo se resumia ao fato de que ela tinha partido, e nenhuma vez, em todos esses anos ele assumiu uma única parcela de responsabilidade por ela ter ido embora.

Ele bate a pequena garrafa na mesa ao lado da cama. Com a força que ele usou, fiquei atordoado por não ter quebrado. “Se ela ainda estivesse aqui, eu estaria em casa. Mas, em vez disso, fico preso com um idiota que nem sequer tem bolas para cuidar de seu pai.”

Eu rangi os dentes, nós tínhamos discutido sobre isso mais vezes do que eu poderia lembrar, mas desta vez era diferente. Desta vez, eu sabia mais. “Ela voltou.”

Seu corpo enrijece, mas ele continua olhando para a parede na sua frente. Eu não sou mesmo digno de um simples olhar.

“Sim, ela voltou há alguns dias. E você sabe o quê?” Eu me recostei na cadeira, erguendo meus ombros. “Ela está indo bem sem você.”

“Você pequeno bastardo,“ ele respondeu, jogando a garrafa de tequila vazia na minha direção. Eu me abaixo e ela se quebra contra a parede atrás de mim. “Ela estaria cuidando de mim agora, se não fosse por você!”

“Sim, porque viver com um marido alcoólatra miserável que bate em seu filho é simplesmente o tipo de coisa que todas as mulheres querem, certo?” Eu gritei de volta para ele. Eu sei que agora uma das enfermeiras deve ter chamado a segurança para vir investigar a comoção. “Ela tem uma nova família... uma fodida filha. Você sabia disso? Eu não a culpo por abandonar seu rabo infeliz. Estou apenas desapontado por não ter seguido ela quando tive a chance.”

As palavras chocaram até a mim. Foi a primeira vez que eu admiti que o que ela tinha feito todos aqueles anos atrás foi a coisa certa. Eu acho que sempre soube o que ele era, todos sabiam. Essa foi a razão pela qual as old Ladies me levaram, e os pais de Op ajudaram a me criar.

Ele aponta para mim com raiva. “Eu deveria ter deixado ela te levar.”

Meus olhos arregalam. “O quê?”

Eu observo a tensão deixar seu corpo, e então ele está calmo novamente. Ele sabia que tinha vantagem nesse assunto e se tornou arrogante. “A cadela implorou para levá-lo, mas eu não deixei porque era a única coisa que ela queria. E se eu não pudesse tê-la, ela não poderia ficar com você.”

Assim que eu estava prestes a atravessar o quarto e acertar meu punho no rosto do velho, o segurança e algumas enfermeiras atravessaram a porta, lotando o quarto. Meu peito arfava de raiva.

“Seu filho da puta!” Eu rugi.

A enfermeira que passou por mim no corredor coloca as mãos no meu peito e me empurra para a porta, um segurança logo atrás dela. ”Você precisa ir agora, nós o manteremos atualizado.”

Eu poderia ter lutado mais se não estivesse tão atordoado com o que ele havia dito. Em vez disso, eu a deixei me levar para fora do quarto, me empurrando suavemente para o corredor antes de virar e entrar no quarto novamente.

Eu atravessei o labirinto de corredores atordoado, suas palavras constantemente ressoando.

A cadela implorou para levá-lo...

Se eu não pudesse tê-la, ela não poderia ficar com você.

Eu estava farto, cansado do estúpido bastardo. Este foi o fim.

Consegui chegar ao estacionamento, mas antes de montar minha moto, puxo meu celular do bolso.

“O que há de novo?” Op respondeu casualmente.

“Encontre alguém para me cobrir no X-Rated hoje à noite. Vou estar fora do radar por algumas horas,” eu disse a ele, minha voz soando monótona, sem emoção.

“O que aconteceu?” Ele perguntou, agora em alerta completo.

Eu passo a mão pelo meu cabelo, estava ficando comprido e eu precisava cortá-lo urgentemente.

“Eu vou explicar mais tarde. Só não posso lidar com essa merda agora.”

O silêncio me saudou por um minuto. “Certo, se cuida.”

“Sim.”

Eu monto minha moto e a ligo, o som e as vibrações instantaneamente me acalmaram. Não sabia para onde estava indo. Eu queria estar sozinho, e a melhor maneira de fazer isso era apenas dirigir. Dirigir até que eu não conseguisse me aguentar ou a minha moto por mais tempo.

Era a única maneira.


Capitulo 10

Rose

Após o incidente do bar, mal preguei o olho. Minha mente estava correndo e não havia nem sinal de uma linha de chegada.

Consegui me arrastar para a faculdade e me encontrar com o reitor. Ele me cumprimentou como se eu fosse família, apertando minha mão e sorrindo amplamente. Mas para alguém na folha de pagamento da família DePalma, eu não esperava nada menos.

Quando voltei ao hotel, ainda não tinha decidido o que eu ia fazer. O saguão estava tranquilo agora, há punhado de pessoas no bar comendo, mas, além disso, está um completo contraste com as festividades que tinham acontecido ontem à noite.

Eu acho que todo mundo ainda está dormindo de ressaca e acordando ao lado de pessoas que não conhecem.

Meu quarto estava uma tranquilidade. As portas abertas para uma pequena varanda, com vista para a rua movimentada abaixo. O sol brilha, atingindo totalmente minha cama e não pude resistir me espalhar sobre ela. Os raios de sol queimam minha pele, mas me sinto tão bem, tão aquecida.

Meu avião decola em três horas. É hora de tomar uma decisão. Enterro meu rosto no travesseiro com um profundo suspiro, mas assim que fiz isso, há uma batida brusca na minha porta. Eu rolo, quase caindo na lateral da cama. Ninguém sabe que eu estou aqui. Quem estaria batendo? Eu levanto, e vou na ponta dos pés até à porta.

“Quem é?” Eu perguntei, mas ninguém respondeu. Talvez tenham ido embora? Talvez tivessem errado o quarto?

Respiro fundo e pego a maçaneta, destrancando e puxando lentamente. Quando o vejo de pé, com os braços cruzados em seu peito largo, meu coração acelerou.

“O que... o que você está fazendo aqui?” Eu perguntei sem fôlego através da pequena fresta. Ele coloca a palma da mão na porta e empurra. Aturdida, não tive tempo suficiente para detê-lo enquanto ele passava e a fechou atrás dele, bloqueando a fechadura.

“Estava a ponto de perguntar o mesmo,” disse Blizzard, uma frieza em sua voz que eu ainda não estava acostumada. Seus olhos azuis me encaram, ele permanece alto e intimidante, mas não tenho medo. Eu queria ir até ele, puxá-lo para perto, tocá-lo e lembrar-me de que ele era real e estava bem.

“Eu tive que vir e pegar meu Certificado de Conclusão da faculdade,” eu disse a ele, me afastando para perto da cama. Meu quarto é razoavelmente grande, mas com ele nele, parece muito apertado. Não há nenhum lugar para correr, mesmo que eu quisesse.

Mas não quero.

Eu gesticulei para o monte de papéis que joguei na cama quando entrei. Ele nem sequer olhou. Em vez disso, ele continuou a olhar para mim.

Engolindo minha apreensão pergunto, “Como você sabia que eu estava aqui?”

O canto de sua boca curva para cima. “É nosso trabalho saber tudo o que acontece aqui.”

Não duvidei disso. Eu sabia que só por estar aqui, que havia uma grande possibilidade de um deles me ver. Na verdade, estava surpresa por ter demorado tanto tempo.

Ele finalmente se move, afastando os olhos de mim e observando o quarto. ”Eu pensei que os DePalma poderiam pagar algo melhor do que isso?”

Era para ser um golpe baixo, mas a verdade é que nem sequer o senti. Eu estava hipnotizada demais para sentir algo nesse ponto.

Blizzard é maior do que eu lembrava. Parece ter ganho músculos, mas em todos os lugares certos. Sua cintura ainda é delgada e cônica, mas seus ombros e seu peito estão amplos e largos. Ele se aproxima de mim e luto contra o desejo de recuar, lembrando-me de que eu não tinha medo desse homem. Eu sabia em meu coração que ele não iria me machucar. Eu tinha visto como o tinha esmagado me ver com dor. Ele me viu no meu pior, e eu sabia que ele nunca iria encostar um dedo em mim dessa maneira. Mas eu também sabia que suas palavras poderiam causar tanto dano quanto os punhos de qualquer outro homem. Ele aproximou-se até quase me tocar e tive que erguer meu pescoço para olhar para ele.

“Você não deveria ter voltado,” ele sussurrou suavemente, seus olhos nos meus.

Eu lambo meus lábios nervosamente. ”Porquê?”

Sua mão levanta e segura o lado do meu pescoço, seus dedos enterrando no meu cabelo. Eu recuo, mas ele me segura no lugar. Não foi para me machucar, mas para mostrar o domínio e não pude deixar de me excitar com isso.

Ele inclina minha cabeça para trás ainda mais, me puxando ao mesmo tempo. Minhas mãos inconscientemente sobem e minhas palmas pressionam seu peito. Eu queria que sua camisa não existisse para poder cravar minhas unhas no músculo sólido. Eu quero sentir cada declive e elevação de seus abdominais debaixo das minhas mãos.

“Você é uma tentação que não posso correr o risco,” ele me disse enquanto seus olhos vagavam pelo meu rosto, sua cabeça inclinando de um lado para o outro como se quisesse aproximar seu rosto e me beijar.

Passando a mão pelo seu estômago, eu podia sentir a tensão e eu sabia que ele estava lutando para se controlar. Coloco meus dedos dentro da cintura de seu jeans esperando até ele encontrar meus olhos novamente.

“Corra o risco,” eu sussurrei, minha garganta cheia de emoção.

Ele não esperou outro segundo, esmagando sua boca na minha e mergulhando seu corpo para que pudesse envolver o outro braço debaixo da minha bunda e me levantar do chão. Minhas pernas circulam sua cintura e meus braços seu pescoço, agarrando-me a ele como se fosse meu suporte de vida.

Nossas bocas lutam, recusando-se a parar para respirar. Eu nunca quis que isso acabasse, foi o que sonhei por tanto tempo. Eu balanço meus quadris enquanto ele recua, batendo na minha cama e caindo de costas. O beijo foi interrompido quando saltamos e uma pequena risada escapou de mim. Eu recuo, afastando o cabelo do meu rosto e olhando para ele. O sorriso que ele me deu foi sexy e sedutor, e mais uma vez eu vi o Blizzard do qual lembrava na primeira noite em que nos conhecemos. Ele era impetuoso e divertido, e não importava o quanto eu protestasse, ele de alguma forma conseguia me fazer rir.

Suas mãos acariciam minhas bochechas enquanto ele me pressiona contra ele, solto um pequeno gemido. Meus shorts jeans apertado havia subido, e com a ajuda de seu pau duro, a costura está esfregando o lugar certo.

Coloco ambas as mãos no seu peito e arqueio minhas costas. ”Blizzard.” As palavras saíram dos meus lábios tão facilmente, como se fossem feitas para a minha boca.

“Isto é bom, baby?” Ele perguntou, sua voz rouca enquanto me pressiona novamente, ao mesmo tempo que levanta os quadris da cama.

Ele continua me fazendo montá-lo, mas ergue uma mão e enfia na frente da minha camisa pela gola baixa e dentro do meu sutiã.

“Oh Deus,” gritei, seus dedos apertando meus mamilos.

Minha respiração está ficando pesada. Olho para ele, minha boca aberta, um pequeno suspiro saía toda vez que meu clitóris era pressionado. Seus olhos brilham e desta vez sorri, não um sorriso sexy, mas um sorriso normal. Como se ele estivesse realmente feliz. Como se tivéssemos passado muito tempo afastados e este fosse o nosso destino.

Estávamos fodendo ainda com roupas como adolescentes na parte de trás do carro dos seus pais, mas porra, não importava porque estávamos juntos. Não havia palavras odiosas ou erros passados. Erámos só nós. Em um quarto. Em um momento.

Só nós.

“Goze, baby. Goze pra mim.”

Apenas as palavras foram suficientes para me deixar liberar qualquer sinal de tensão no meu corpo. E com isso, eu gozo. Meu corpo treme e balança quando um milhão de choques de prazer me dominam. Eu grito, agarrando sua camisa nas minhas mãos. Eu tenho outro orgasmo logo em seguida antes de cair no seu peito. Ele estava tão quente, tão gentil, quando suas mãos acariciaram minhas costas e me acalmaram.

Fecho os olhos e permito a mim mesma ser feliz por alguns minutos. Ele está aqui.

“Isso significa que você me perdoa?” Eu perguntei, não querendo arruinar o momento, mas precisando saber exatamente o que isso significava.

Quando ele não responde, eu fico imóvel.

Eu deveria ter mantido minha boca fechada.

“Blizzard?” Eu sussurrei suavemente.

BANG.

Eu pulo, jogando todo o meu corpo para cima e fico de pé em um salto. Olho em volta freneticamente, as portas da varanda que eu tinha aberto, tinham se fechado.

Eu respiro profundamente aliviada, e foi quando percebi que Blizzard não estava aqui. Não havia sinal de que ele esteve aqui.

Eu tinha adormecido.

Eu sinto lágrimas nos meus olhos. Meu cérebro estava tão desesperado, que eu tinha imaginado tudo. Sonhado tudo. Eu me jogo de volta na cama e as lágrimas mancham o lindo lençol branco. Ao verificar o relógio enquanto eu limpo os olhos, percebo que ainda tenho uma hora antes de precisar estar no aeroporto.

Mas eu não iria.

Eu sabia disso com certeza agora.

Meu coração, meu cérebro e meu corpo tinham acabado de me mostrar exatamente o que eu precisava saber.

Eu queria mais do que simplesmente me redimir. Eu o queria. Eu precisava que ele soubesse que eu iria lutar por uma pequena chance dele me ver como mais do que apenas uma mentirosa.

Era possível?

Talvez.

Mas talvez fosse tudo o que eu precisava, porque eu sabia que se não tentasse, me arrependeria para sempre. E eu já tinha passado muito tempo deixando arrependimentos me contaminar.


Capitulo 11

Rose

Era surreal, estar exatamente no mesmo lugar que eu estive quando meu primo atirou em Blizzard. Eu olho para a calçada, inspecionando-a como se esperasse ver algum tipo de mancha ou lembrete do que aconteceu. Mesmo sob a luz da lâmpada de rua, eu posso ver que não há nada. Suspiro, não tenho certeza se é uma coisa boa ou ruim. A memória foi dolorosa, observar o movimento de Blizzard caindo. Lembro de gritar seu nome, mas não consegui chegar até ele. Eu me senti tão perdida, meus primos me afastaram enquanto ele ficou deitado lá impotente.

Por minha causa.

Foi tudo por minha causa.

De repente, eu não estava tão confiante e meu estômago se agitou. Eu tento me lembrar por que eu estou aqui.

Redenção.

Ouvir a conversa no hotel foi exatamente o que eu precisava. Eles precisavam de alguém, eu precisava provar a eles que estava arrependida. Mesmo que arrependimento significasse me colocar no meio de uma tempestade de merda e esperar pelo melhor.

“Cresceu um par de bolas em você enquanto esteve ausente?”

Eu me assustei. A rua está escura, mas claro, alguém está de pé no portão da sede do The Brothers. Quando ele sai do portão e fica sob a luz, eu reconheço seu rosto. Luto para lembrar o nome do prospecto que passava horas sentado do lado de fora do apartamento que Chelsea e eu compartilhamos uma vez, cuidando constantemente dela.

“Ham, certo?”

“O que você está fazendo aqui, Rose?” Ele perguntou cautelosamente, sua mão segurando firmemente a arma ao seu lado. Era isso que eu merecia. Essas pessoas que uma vez chamei de amigos, sentindo que precisavam se proteger de mim.

“Eu não estou aqui para causar problemas,” eu disse a ele, tentando aliviar a tensão.

Ele riu. “Nós dois sabemos que você estar aqui vai causar todos os tipos de problemas. Então não vamos ser hipócritas.”

Suspiro. “Posso ver Optimus?”

Seus olhos se estreitam em mim. “E por que isto?”

“Eu acho que vocês têm um problema e eu poderia ter a solução.” Tentei manter minha cabeça erguida e meus ombros retos, apesar da necessidade dolorosa de me virar e correr. Minha única chance era pedir para ver Optimus, mais ninguém. Eu sabia que Ham, pelo menos, teria que levar isso a seu presidente.

“Phil, chame Op.”

Eu vejo movimento nas sombras atrás dele. Claro. Não havia um, mas dois deles garantindo a segurança do complexo.

Ham continua a olhar para mim enquanto uma voz atrás do grande portão fala rapidamente e baixinho. Não recebi outra palavra. Seu olhar é intimidante, mas eu não me deixaria recuar agora. Eu cheguei tão longe, eu estava mais forte, não era mais aquela garota fraca de antes.

Ouço a trituração no cascalho lentamente ficando mais alto e a agitação no meu estômago piorou. Quando o portão se abre e Optimus sai, eu sabia que era isto. Era minha única chance de falar e rezar para convencê-lo de que eu estava aqui para ajudar, não destruir.

“Nunca pensei em vê-la aqui novamente,” ele disse quando entrou na luz. Seus olhos me estudam antes de examinar a rua à nossa volta.

“Nunca pensei que fosse voltar,” respondi honestamente.

“Essa provavelmente teria sido a opção mais sábia a seguir.” Eu aceitei o golpe, mas não vacilei. Agora não era a hora de discutir meus direitos de estar nesta cidade. Eu precisava fazer isso, e precisava fazer rapidamente antes dele ter tempo para pensar e me despachar.

Engolindo duramente, separo meus pés me posicionando com firmeza. “Ouvi dizer que você precisa de alguém para usar um disfarce?“

Ele ergue uma sobrancelha, mas não demonstra mais nada. “Nós não somos os policiais, Rose.”

“Eu sei o que ouvi.” Coloquei minhas mãos nos meus quadris. “Você precisa de alguém e eu tenho algo a provar.”

Eu vejo o canto de sua boca se contrair. “Não sei de onde você está conseguindo suas informações, ou o que exatamente você acha que pode provar, mas acho melhor você fazer isso em outro lugar.”

Ele se vira para sair, efetivamente me dispensando. Mas eu não iria desistir tão facilmente. Procurei no meu cérebro por algo que lhe mostrasse que eu não estava falando merda.

“Posso trazer Lane de volta.”

Ele para imediatamente, virando a cabeça para o lado então eu posso ver seu perfil. A luz do poste lança uma sombra escura sobre seu rosto, é uma visão que você não gostaria de encontrar caminhando sozinha para casa à noite.

“Onde você ouviu esse nome?”

Eu limpo minha garganta que de repente estava seca. “Eu ouvi uma conversa no hotel onde estou hospedada. Eu sei que você precisa de alguém para entrar disfarçado e recuperá-la.”

Ele lentamente vira o corpo para mim. “Alguém já lhe disse que é grosseiro ouvir as conversas de outras pessoas?”

“Talvez você deva dizer a seus amigos que o bar de um hotel não é lugar para discutir os problemas do clube,” retruquei, lamentando quase que imediatamente quando ele dá um passo à frente. Meu corpo reage instantaneamente. Recuando, a fim de manter uma distância segura entre o grande homem que parece estar pronto para atacar e eu.

“Eu acho melhor você esquecer o que ouviu e ir para casa,” ele resmungou.

Encho meu peito. “Estou tentando fazer as coisas direto, Optimus. Eu fodi tudo. Eu ferrei tanto que nunca vou parar de me arrepender pelo que fiz. Nunca vou seguir em frente. Para o resto da minha vida, serei assombrada por isso. Mas agora, aqui mesmo, eu estou pedindo... implorando... por favor, deixe-me recuperar o pouco de auto respeito que tive uma vez.”

Ele olha para mim em silêncio, e por um minuto, penso ter visto o que poderia ser um brilho de respeito em seus olhos.

“Estou avisando você agora, vindo aqui vai irritar seriamente algumas pessoas.” Ele falou devagar e com cautela, como se ele achasse que eu era completamente estúpida e não tivesse ideia do que estava fazendo. Mas eu tinha e estava pronta para lidar com quaisquer consequências que vinham com isso.

“Eu posso nunca conseguir recuperar sua confiança, eu entendi isso.” Minha garganta apertou. “Mas isso não é apenas por você. Preciso provar a mim mesma que não sou meu pai.”

Ele inclina a cabeça, me estudando como se estivesse tentando descobrir se eu estava mentindo, tentando apenas derrubar as defesas deles.

“Você matou alguém ultimamente?”

Meus olhos arregalam. “O quê? Não!”

Optimus sorri. “Então você não é seu pai.” O tom de sua voz era um pouco reconfortante. Eu quase pude acreditar que ele era uma boa pessoa. “Esteja aqui de manhã, nove horas, Ham estará esperando por você no portão e ele irá levá-la para dentro. Isso é algo que precisa ser discutido primeiro com o clube. Uma decisão será tomada então.”

Optimus é um grande líder. Ele é forte e firme, mas também diplomático. Eu o respeito.

Aceno com a cabeça em concordância, mas antes de me virar e me afastar, não pude deixar de perguntar, “Como está Chelsea?”

Seus olhos voltam para o complexo, sem dúvida, onde ela está esperando por ele. Me pergunto se ele iria lhe contar que eu estive aqui, e também se ela se importaria.

“Ela está bem. Quase de volta ao que era.”

Meu coração aperta e sinto as lágrimas começarem a aquecer meus olhos. “Eu não...”

“Isso é algo que você precisa dizer a ela...” ele interrompeu. “... se você tiver uma chance.”

Eu limpo minha garganta, tentando recuperar minha compostura. ”Certo. Eu vou te ver pela manhã.” Eu me virei e comecei a caminhar de volta pela rua, um vento frio chicoteando meus braços nus.

“Não me faça arrepender, Rosalie,” ele gritou na escuridão. O uso do meu nome completo fez meu corpo estremecer. Foi um golpe sutil, mas ele estava me lembrando que não tinha esquecido quem eu era.

Eu não respondi, continuando a me empurrar para frente. A alguns quarteirões de distância, chamo um táxi para me pegar. Aperto os braços ao redor do meu corpo, uma tentativa triste para me recompor. Eu estou tremendo, esta é a minha chance de me redimir, talvez não a seus olhos, mas aos meus. Eu não posso desistir agora. Eu sei no meu íntimo que para o que quer que eu tenha acabado de me oferecer, poderia ser perigoso.

Eu posso fazer isso.

Eu preciso fazer isso.

Não há como voltar atrás agora.


Capitulo 12

Blizzard

“Você tinha que reunir a igreja tão cedo?” Eu resmunguei, pegando minha xícara de café enquanto esperávamos a sala encher.

Optimus está reclinado na sua cadeira à cabeceira da mesa, eu sentado diretamente à sua esquerda.

“Algo novo chegou tarde na noite passada. Precisamos resolver isso o mais rápido possível, então liguei para a sua mãe e Judge.“ Ele bateu uma caneta com impaciência sobre a mesa.

Eu enrugo o nariz. “É estranho ouvir isso.”

Ele olha para mim com as sobrancelhas erguidas. “Porquê?”

Tomando café, penso na pergunta. Por que era estranho ouvir alguém falando da minha mãe? Eu estava tão acostumado com a ideia de ser só eu e meu pai – talvez fosse isso. “Ela não esteve por perto desde que eu era adolescente. Não existe um ponto em que perdem o direito de serem vistos como pais?”

“Eu não estive perto de Harlyn por cinco anos. Isso significa que eu perdi o direito de ser chamado de pai?” Ele não disse isso como se ele estivesse ofendido com minhas palavras, mas ele atingiu o ponto que eu sabia que ele queria.

“Isso é estúpido.”

“Exatamente meus pensamentos.”

Bastardo.

As portas da sala de reunião abrem e meus irmãos entram, alguns suados da academia com garrafas de água e toalhas, outros usando a mesma roupa de ontem e meio adormecidos.

Leo limpa o suor de sua testa e senta-se em frente a mim, à direita de Op. Leo é nosso Sargento de Armas. Ele controla nossa segurança e, de certa forma, é a voz da razão quando se trata de situações perigosas. É seu trabalho nos manter sensatos e vivos.

Depois que todos os meninos estavam sentados, mais figuras atravessam a porta aberta. Minha mãe e Judge, com Light logo atrás deles. Eu ainda não tinha percebido o quanto doía vê-la, o quanto meu corpo abastecia com veneno e raiva quando ela estava por perto. Eu ainda me sentia como se fosse aquele garoto – o garoto de quem ela tinha se afastado e deixado para trás.

“Entrem.” Optimus acenou, os recebendo.

Tento afastar as más vibrações, segurando minha xícara de café na minha mão e concentrando-me no calor que queima a minha palma.

“Viemos o mais rápido que pudemos,” explicou Judge enquanto Ham e Phil fechavam as portas atrás deles. Era estranho ter gente de fora na igreja conosco. Normalmente, era inédito, mas acho que situações especiais exigiam uma flexão das regras. No entanto, eles não foram convidados a sentarem-se à mesa conosco e teriam que ficar de pé.

Minha mãe agarra o braço de Judge firmemente, mesmo de onde eu estou sentado, posso ver as olheiras sob seus olhos. O sequestro de Lane evidentemente causou um enorme impacto sobre ela, as rachaduras começaram a aparecer em seu exterior resistente.

“Nós temos um pequeno problema...” começou Optimus. “Parece que alguém ouviu vocês falarem sobre assuntos do clube.”

Os olhos de Judge se arregalam e minha mãe olha em direção a Light freneticamente. “Nós... eu não sei como isso pode ter acontecido.”

Estreitando os olhos, Op se levanta. Eu poderia dizer que ele estava frustrado com esse pequeno problema, mas havia algo que ele estava escondendo.

“Na próxima vez que vocês decidirem falar de assuntos importantes, deveriam lembrar que há ouvidos em todos os lugares. Um bar de hotel não é o lugar para compartilhar informações.” Eu quase sorri com o tom dele. Era como se ele estivesse chamando a atenção de uma criança, mas o que eles tinham feito foi estúpido. Os assuntos do clube eram tratados no clube ou em áreas protegidas, não em espaços abertos.

Eu observo Judge. Mesmo que sua barba espessa cobrisse a maior parte do seu rosto, eu poderia dizer que ele estava chateado por ter sua atenção chamada na frente de nosso clube inteiro. Sua mão livre está fechada em um punho apertado e sua mandíbula está firmemente presa. “Obviamente, cometemos um erro.”

Op riu, fazendo-me sentar um pouco mais reto. Como ele achou isso divertido, eu não fazia ideia.

“Esse poderia ter sido o melhor erro que você já cometeu.”

Me inclinando para frente, bato meu dedo na mesa. “Irmão, você bebeu esta manhã?” Os meninos riram levemente. “Porque isso não faz nenhum sentido.”

Ele caminha ao redor da mesa, ignorando-me inteiramente. “Parece que a pessoa que os escutou quer ajudar. E com as informações que reunimos através de Leo, o que nós temos em mente pode funcionar.

Minha mãe fica um pouco mais reta, respirando profundamente como se fosse seu primeiro sopro de ar em semanas. Eles haviam esgotado suas opções, vir até aqui e nos pedir ajuda era o último recurso. Se disséssemos que não, teriam que lutar, e possivelmente perder suas vidas, ou ceder às demandas que estavam sendo feitas.

Optimus pode estar lhes oferecendo uma saída, e neste momento, eu não tinha certeza se estava feliz ou frustrado.

“Então...” Judge começou, seu corpo agora um pouco mais forte, mais confiante.

Light afasta da parede onde ele estava apoiado e se move para frente, ansioso para ouvir o plano que possivelmente conseguiria recuperar sua mulher.

Eles saíram do caminho quando Optimus andou e passou por eles, colocando sua mão na porta. Ele abria-a levemente. “Entre.”

Ele vira-se de frente para mim enquanto segura a porta para a pessoa misteriosa entrar. Eu não consigo ler seu rosto de onde estou sentado, mas eu posso sentir as vibrações que ele está enviando, e eu sei mesmo antes dela passar pela porta o que está prestes a acontecer. Ela atravessa o pequeno espaço, sua cabeça baixa e o rosto escondido por uma cachoeira de cabelo escuro. Houve murmúrios dos meus irmãos enquanto olham entre nós dois, assim como eu, tentando descobrir o que estava acontecendo.

Cerro meus dentes e desvio o olhar.

Leo olha para mim do outro lado da mesa, com os braços cruzados como se estivesse esperando que eu me perdesse a qualquer momento e pronto para assistir ao show. “Você sabia sobre isso?” Acusei calmamente.

Ele levanta o queixo, mas não falou.

Optimus dá a volta na mesa mais uma vez, parando na cabeceira atrás da cadeira do presidente. Rose segue-o como um cordeiro perdido. Ela não se encolheu, como eu esperava, na presença das pessoas que ela tentou destruir. Não. Ela manteve seu corpo reto e rígido, mais como se estivesse se preparando para um ataque. A agitação de suas mãos caídas aos seus lados é a única indicação de que ela está assustada, ou talvez apenas nervosa.

Ela deveria estar.

“Para aqueles de vocês que não sabem, essa é Rose,” Optimus a apresentou formalmente, como se ela tivesse alguma importância. “Nem todos vocês a conheceram, mas não tenho dúvidas de que meus irmãos sabem quem ela é.”

Quando ela ergue a cabeça, eu tenho o primeiro vislumbre dos olhos dela. Ela olha para frente, diretamente para minha mãe e Judge, evitando deliberadamente os olhos dos meus irmãos. Aperto minha mandíbula e meus punhos, tentando me impedir de saltar do meu assento e exigir saber que porra Optimus estava pensando ao trazê-la aqui.

“Rose quer ajudar a recuperar Lane, e Leo e eu discutimos um plano que pode tornar isso possível,“ explicou. “Nós não estamos absolutamente certos de que esses homens desconhecem sua conexão com o nosso clube. Portanto, enviar alguém que é conhecido por pertencer a nós é muito perigoso e não vale o risco.”

Minha mãe e Judge ouvem atentamente enquanto Optimus explica seu plano. Eu não tinha certeza de que ouvi uma maldita coisa que ele disse, meus olhos completamente fixos na garota que uma vez me deixou tão louco de luxúria. Sua língua aparece, molhando os lábios antes de puxar o inferior entre os dentes.

“Esses caras vão ao mesmo clube de strip todas as quintas-feiras à noite. Um dos garotos se chama Edge. Ele nasceu no clube, mas parece ser diferente dos outros. Não tão sombrio. As meninas disseram que ele é um tipo de cara... olha, mas não toca, mas ele convidou uma delas para retornar com ele para a casa onde eles estão hospedados.” Tentei acompanhar as divagações de Leo. “Tudo o que precisamos que Rose faça é chegar até ele e conseguir um convite para ir com ele para casa. A partir daí, espero que ela possa nos dar mais detalhes sobre com o que estamos realmente lidando em relação a números, poder de fogo e a segurança de sua garota.”

Rose observa Leo, prestando atenção em todas as palavras que ele estava dizendo e balançando a cabeça. Ela está assustada. Não havia dúvida em minha mente, ela está completamente aterrorizada. Então, por que ela estava se oferecendo para ser jogada no fundo do poço?

“No mínimo, ela terá que fingir um boquete.” As palavras saíram antes mesmo de ter tido tempo para pensar sobre o que eu estava dizendo. Eu pude ver o momento exato em que elas a atingiram, seu corpo visivelmente estremeceu com o impacto. Mesmo assim, porém, ela continua olhando para frente, recusando-se a olhar para mim.

Isso fez com que a ira só aumentasse.

“Blizzard...”

Levanto as mãos. “Não, eu entendi. É realmente perfeito na verdade. Já vimos suas habilidades de atuação em primeira mão, então todos sabemos exatamente do que ela é capaz.” Eu me inclinei para trás na minha cadeira, esperando para ver o que ela faria em seguida.

Será que ela aceitaria isso como uma boa garotinha? Ou ela...

“Você sabe tudo sobre a experiência em primeira mão, não é?” Eu olhei enquanto suas palavras atravessavam a tensão que havia preenchido a sala. Seus olhos se dirigiram para minha virilha e voltaram para o meu rosto.

Ouço risos e Optimus não consegue esconder o sorriso que se formou em seu rosto. Até eu tive que admirar a forma como ela revidou. Eu poderia dizer que ela estava muito assustada. Não poderia ser fácil, ficar aqui na frente das mesmas pessoas que há apenas alguns meses ela havia tentado destruir. A menina tinha coragem e uma parte de mim inchou. Orgulhoso de vê-la defender-se novamente.

Limpando a garganta, Optimus pergunta, “Vocês dois já terminaram?”

Rose cruza os braços em seu peito e ergue as sobrancelhas como se estivesse me desafiando a continuar. Eu vejo o leve tremor em suas mãos.

Ela coloca um rosto corajoso.

Só mais um dos rostos que ela usa.

Eu levanto minhas mãos para os lados. “Continue, oh, grande senhor.”

Optimus olha para mim, eu sei que ele quer chutar minha bunda. Eu tenho quase certeza que ele havia contado a Chelsea que Rose estaria aqui e que ela tinha dito a ele para pegar leve com ela. Chelsea tinha um coração mole e Optimus era um pau mandado.

Bastardo estúpido.

“Tudo bem, vamos discutir os planos.”


Capitulo 13

Rose

Meu celular vibra no bolso enquanto me sento no pátio do clube, esperando que eles decidem.

Eu sei quem é.

Pressionando o botão de resposta, relutantemente seguro o celular no meu ouvido. ”Tio.”

“Você me disse dois dias. Imagine minha surpresa quando enviei Rico para buscá-la no aeroporto e você não estava lá.” Eu poderia dizer pelo tom de sua voz que este não era um telefonema por estar preocupado com minha segurança. Eu não estava onde disse que estaria e para o meu tio Anthony, isso era um problema.

“Eu só precisava de um pouco mais de tempo para resolver as coisas,” tentei explicar.

“Rosalie...”

“Eu não quero mais ser chamada assim.” Minha voz era firme, mas dentro da minha cabeça eu estou gritando, você é louca?

O silêncio enche o espaço e retiro meu telefone do ouvido apenas para verificar se ele ainda está na linha. Ele está. Eu sei que isso não é bom.

“Estamos fazendo arranjos funerários para o seu pai.”

Meu coração para. De todas as coisas que ele poderia ter me dito, essa era a menos esperada.

“Ele está...”

“Sim. Mesmo que ele tenha sido uma desgraça para a nossa família, por respeito, eu organizei uma pequena cerimônia.” Sua voz era uniforme e indiferente. Isto é o que minha chamada família era. Eles tinham lealdade e respeito, mas se você virasse as costas para eles, era assim. Você fez sua cama, você se deita nela.

Seguro o braço da cadeira em que estou sentada, com medo de que estivesse prestes a cair. “Eu... Eu não quero... Eu não posso fazer isso. Não quero uma cerimônia.”

“Eu não culpo você, mas ainda deveria ter a chance de dizer adeus.”

Fico de pé rapidamente, fazendo minha cabeça girar. ”Adeus? Eu disse adeus quando a equipe da SWAT o prendeu, gritando sobre como eu deveria ter sido abortada! Ele não merece um adeus, e eu me recuso a fingir que me importo por ele estar morto apenas para exibição.”

Os DePalma faziam um excelente trabalho varrendo o que acontecia para baixo do tapete. A última coisa que eles queriam era serem vistos como tendo uma rachadura em sua família e em sua posição. Mostrar fraqueza significava ser um alvo e meu tio – ele nunca foi um alvo. Esta cerimônia era apenas para salvar sua cara, eu não tinha dúvidas sobre isso. E, francamente, eu não estava prestes a fazer parte disso.

“Rosalie...” tio Anthony advertiu, mas já tinha encerrado esse assunto.

“Jogue-o de um penhasco por tudo o que eu me importo, não voltarei para me despedir.” Eu sabia que minhas palavras eram duras, e a possibilidade de causar uma tempestade de proporções épicas era bastante provável, mas eu estava pronta. Cansei de fingir que esse homem, cujo DNA eu compartilhava, era qualquer coisa exceto um doador de esperma. Ele não cuidou de mim. Eu fui o seu bilhete de vingança, um modo de atingir as pessoas que ele achava que o tinham prejudicado. Ele nunca me viu como sua filha.

Eu podia sentir a ira do meu tio mesmo através da linha telefônica. “Onde você está?”

“Estou em Athens tentando corrigir meus erros. E espero que, ao fazê-lo, sinta algum tipo de paz dentro de mim.” Pressionei a palma da mão na minha testa, não conseguia acreditar no que estava falando. De onde vinha essa força, eu não fazia ideia, mas eu iria aproveitar esse momento enquanto ainda tinha meus pés firmes na prancha.

“Você não deve nada a esse clube...“ sua voz estava começando a aumentar, “... eles mataram meu filho.”

“Seu filho os machucou! Eles também são uma família, e assim como você, eles farão o que for necessário para proteger as pessoas com as quais se importam.” Ouvi movimento atrás de mim e o clique de uma porta. Eu giro para encontrar Blizzard, as portas do pátio agora fechadas e ele encostado contra elas com os braços cruzados sobre o peito.

“Você tem quarenta e oito horas, Rosalie. Então vou esperar você no próximo avião de volta para cá. Você não foi criada dentro dessas paredes, por enquanto, eu ignorarei seu desrespeito. Você é uma parte desta família, ou você não é. Faça a sua escolha.”

A linha ficou muda e eu lutei para me manter em pé.

Foi nisso que se resumiu. Aos olhos do meu tio, eu estava com eles ou estava contra eles. Não havia um meio termo nem espaço para manobras.

Eu tinha que escolher.

Eu me sinto doente.

Eu lutei por tanto tempo para pertencer a alguma coisa, e agora eu estava prestes a deixar tudo só para me sentir melhor comigo mesma. Apenas para provar que não era a pessoa que meu pai me obrigou a ser.

Valia a pena?

“Quanto você ouviu?” Perguntei, afastando-me de Blizzard e olhando para o quintal do complexo.

“O idiota está morto, hein?”

Eu solto uma pequena risada. “Aparentemente.”

“Bom.” Sua voz era profunda e rouca e provocou arrepios na minha coluna.

Eu não tinha certeza do que estava esperando. Ele queria falar comigo, para se desculpar? Ouço seus passos se aproximando e meu corpo reage instantaneamente, ficando tenso.

“Eles estão fazendo algum tipo de cerimônia ou o que quer que seja. Ele quer que eu apareça e aja como se me importasse que ele tenha morrido.” Eu me virei, sem esperar que ele estivesse bem atrás de mim. Dou um passo para trás, mas ele estende a mão e agarra meu braço. Seu toque não foi o que eu esperava, foi gentil, suave. As memórias do meu sonho me inundam e eu tenho que manter meu corpo sob controle. O desejo de envolver meus braços ao redor dele e apenas segurá-lo é muito forte.

Eu olho na sua mão. “Eu deveria me importar? Me faz uma pessoa horrível não me importar que ele tenha morrido?”

“Eu ficaria mais preocupado se você se importasse.” Seu polegar esfregou para frente e para trás contra a parte inferior do meu antebraço, a sensação provoca formigamentos em mim. “Marco não era um pai. Ele era um parasita.”

“Ele é a razão pela qual estou viva, e estou aqui na Terra.” Engoli em seco. “Não devo muito a ele, por me dar a vida?”

“Nem sempre é sobre isso. É sobre quem se esforçou, que se preocupou mais em estar lá para você, independentemente do sangue que corre em suas veias.” Eu podia sentir a convicção absoluta em suas palavras. Ele acreditava no que ele estava dizendo com tudo o que ele tinha, e também me fazia acreditar.

“Quem se esforçou por você?” Olhei para cima, encontrando seus profundos olhos azuis me observando, prestando atenção a cada palavra e movimentos que eu fazia.

O calor me enche. Este é o Blizzard que eu conhecia. O homem que podia ver dentro da minha cabeça e sabia exatamente o que eu estava pensando. A escuridão tinha desaparecido de seus olhos, uma escuridão que eu coloquei nele.

Ficamos em silêncio e, por um momento, me perguntei se ele se abriria e compartilharia comigo mais uma vez, ou se eu tinha feito muito dano à sua alma para nunca mais confiar em suas emoções.

“Aquela outra mulher lá dentro. É a minha mãe.” Havia uma pequena oscilação em sua voz na menção dela. “Ela não esteve por perto desde que eu era adolescente. Ela simplesmente foi embora e se juntou a outro clube. Me deixou com meu pai.”

Eu balanço a cabeça. “Eu sei o que é ser criada somente por um dos pais.”

Ele ri, mas não havia nem uma gota de humor nisso. “Ele passou muito tempo bebendo, me batendo e ficando na sede do clube para ser considerado um pai.” Eu dei um pequeno suspiro. Naquele momento, percebi que talvez Blizzard e eu não fossemos tão diferentes. “O clube me criou. Eles me mostraram como era ter uma família.”

Ele me solta e sinto falta do seu toque instantaneamente, minha mão se contrai, querendo levantar e puxá-lo de volta. Sinto o momento se desvanecendo, mas eu estava desesperada para recuperar isso. Estar um pouco mais com ele, sem falar coisas irritantes e palavras venenosas para mim.

“Eu preciso que você entenda...”

“Eu entendo.” Ele interrompeu. “É fácil convencer a nós mesmos de que estamos fazendo o certo quando tudo o que se pode ver é o prêmio no final e quão bom ele poderá ser.”

Eu estou assistindo a barreira voltar. Ele tinha baixado suas defesas, mas agora tinha acabado. Lágrimas brotam em meus olhos, enquanto o observo lentamente recuar como se ele estivesse em transe quando veio até mim e agora tivesse se arrependido.

“Você era o meu prêmio.“ Eu prendi minha respiração e soltei um lamento silencioso. “Eu deixei você entrar dentro de mim, dentro da minha cabeça. Eu deixei você me fazer sentir algo. Agora você tem que viver com as consequências de suas ações.” E lá estava, a parede estava de volta e seus olhos se estreitaram, mais uma vez me vendo como uma ameaça. “E eu tenho que viver com as consequências das minhas.”

Ele se vira e agarra as duas alças da porta puxando-as. As portas batem contra o prédio com tanta força que fico surpresa por não terem quebrado.

E então – ele se foi.

As lágrimas fluíam pelas minhas bochechas e pingavam do meu rosto.

Eu pensei que o dia em que ele foi baleado tinha sido o dia mais doloroso da minha vida.

Eu estava errada, no entanto.

Feriu-me ver Gio atirar em Blizzard – doeu mais do que eu poderia expressar em palavras – mas isso doeu mais porque agora eu sabia com certeza, que ele tinha sentimentos por mim. Eles podem ter sido pequenos, mas eles estavam crescendo lentamente e poderiam ter sido algo.

Poderiam ter sido incríveis.

Seguro a cadeira em que eu estava sentada, tudo dentro de mim querendo gritar e jogá-la pelo pátio.

Eu poderia aguentar os ossos quebrados, as queimaduras, os olhos negros, mas não isso.

Isto estava começando a se tornar mais do que o meu coração poderia aguentar.


Capitulo 14

Rose

“Você não precisa fazer isso.”

Eu giro rapidamente, quase perdendo o equilíbrio. “Oi...” eu murmurei, tentando limpar as lágrimas que manchavam minhas bochechas. Eu sabia que seria difícil ver Blizzard de novo, mas nunca imaginei que uma pessoa pudesse me fazer sentir linda e sem valor ao mesmo tempo.

Eu estava a poucos segundos de chamar um táxi para me levar para o aeroporto, tudo dentro de mim gritando que eu nunca seria boa o suficiente, não importa o que eu fizesse.

Por que estava fazendo isso comigo mesma?

Chelsea dá alguns passos mais perto, seus olhos me observam o tempo todo. Por um momento, penso que ela está sendo cautelosa, com medo de eu tirar minha faca e enfiá-la em suas costas novamente. Mas quanto mais perto ela chegou, mais fácil foi ver as lágrimas no seu rosto.

Eu fungo, incapaz de me segurar. “Deus Chel, sinto muito.” Cobri minha boca, tentando controlar minha respiração tremula.

Ela olha por cima do ombro e eu sigo seu olhar, percebendo que Optimus nos observa a uma distância segura. Seus olhos nunca a deixaram e eu poderia dizer que, o que quer que ela estava prestes a dizer, era ele, dando-lhe forças para fazer isso. Eu me preparei para o ataque quando ela lentamente se virou para mim.

“Eu quero gritar e berrar e te odiar pelo que você fez...”

Lambendo meus lábios, eu posso provar as lágrimas salgadas que haviam se fixado neles. Eu solto uma pequena risada. “Você deveria.”

Ela continua a caminhar ao meu redor, observando-me o tempo todo enquanto circulava.

“Eu te amei. Fiquei ao seu lado e segurei sua mão quando você chorou. Eu estive lá por você.“ Sua voz era suave e baixa, mas cada palavra me fez vacilar.

“Eu sei,” sussurrei, minha voz agitada.

Eu queria baixar minha cabeça de vergonha, mas não o faria. Eu ficaria aqui, e aceitaria o que ela tivesse para jogar. Ela tinha o direito de desabafar, e se isso significasse ser seu saco de pancadas, então era o mínimo que eu podia fazer.

“Eu atravessei o inferno, por causa das escolhas que você fez.”

Aperto minhas mãos em punhos, minhas unhas cortando a pele. As lágrimas borram minha visão e eu pisco furiosamente, tentando removê-las.

“Sinto muito,” eu solucei.

De repente, eu estava envolvida em seus braços, eles me apertaram fortemente. Sua mão pressionada contra a parte de trás do meu pescoço enquanto ela me balançava para trás e para frente.

“Eu também.”

“Não.” Eu me agitei, tentando romper seu abraço apertado.

“Desculpe-me, eu estava tão envolvida em meus próprios problemas que não parei para ver o que você realmente estava passando,” ela sussurrou no meu ouvido.

“Não!” Eu coloquei minhas mãos entre nós e empurrei, interrompendo seu abraço. Ambas tropeçamos para trás. Optimus avança e entra no pátio, segurando o braço de Chelsea para estabilizá-la. “Não fique aqui e peça desculpas! Grite, berre... diga-me que você me odeia,” chorei. Minhas pernas tremem, ameaçando ceder. Eu não podia ficar aqui e deixá-la me consolar enquanto eu desabava. Eu não merecia isso.

“Eu não odeio você!” Ela gritou, segurando seu homem. “Nós fomos vítimas, Rose. Todos nós queremos acreditar que nossas famílias fazem o que fazem porque nos amam. Mas isso não é verdade, algumas pessoas são apenas idiotas e não se importam com quem eles machucam enquanto conseguem o que querem. Seu pai foi um desses idiotas.”

Agarro meu cabelo com as duas mãos. “Eu magoei você. Eu machuquei todos vocês. Eu tomei a decisão de fazer essas coisas e eu as fiz.”

“Você foi iludida e enganada, assim como nós. “Minha mente estava correndo, eu queria sair daqui e rápido. “Não foi sua culpa, Rose.” Ouvi sua voz, mas parecia tão longe.

“Foi. Foi minha culpa, eu o deixei fazer a minha cabeça. Me permiti acreditar em todas as palavras que saíram da sua boca. Eu me permiti ficar tão obcecada pelos sonhos e contos de fadas, que eu teria feito qualquer coisa apenas para ser parte de algo mais.” Eu estava divagando agora, eu sabia, mas eu simplesmente não conseguia parar. Talvez, se ela me ouvisse dizer isso, ela mudasse de ideia. “Eu quase matei você.” As palavras tinham um gosto ruim na minha boca.

“Bem, você não fez um bom trabalho, então, não é?” Ela gritou para mim. “Porque ainda estou aqui. Eu ainda estou respirando. E droga, eu vou continuar respirando. Então você vai parar de sentir tanta pena de si mesma e olhar para mim!”

Olho para ela em completo choque, sem acreditar que ouvi o que tinha saído de sua boca.

“Você gostaria de ter outra chance com isso?”

“Chelsea,” grunhiu Optimus, olhando para ela.

Eu estava começando a perceber o ridículo de toda essa situação. Eu estava gritando com ela, inflexível, que eu queria que ela me odiasse pelo que a fiz passar. Minha mente estava me dizendo que eu não merecia seu perdão ou aceitação. Eu não queria permitir que ela me perdoasse pelo que fiz, porque não deveria ser tão fácil. As pessoas que faziam coisas ruins deveriam sofrer. Mas aqui estava ela, provocando-me porque não consegui matá-la.

“Apenas olhe para mim.”

Eu olho. Ela está tão deslumbrante como sempre e, com a mão de Optimus descansando em sua cintura, é perfeito. Tão perfeito.

“Você parece fantástica!” Eu gritei, jogando minhas mãos no ar.

“Obrigada!” Ela gritou de volta para mim.

Antes de termos um segundo para piscar, estávamos ambas rindo. As lágrimas haviam secado e não havia mais nada a dizer.

Ela não me odiava.

Ela deu a Optimus um aperto rápido antes de correr para mim.

Desta vez, abracei-a com tudo o que tinha. O calor tomou conta de mim, inundando todo o meu corpo. Chelsea e eu não éramos amigas há muito tempo antes da merda bater no ventilador, mas parecia como uma vida inteira.

“Eu senti sua falta,” ela disse sorrindo, quando se afastou. Ela apoia suas mãos nos meus ombros e me olha, exatamente como uma mãe quando seu filho esteve muito tempo longe. “Você perdeu peso?”

Eu ri. “É uma nova dieta que eu gosto de chamar, se estresse e emagreça.”

“A única coisa que ganho quando estou estressada é um pote de sorvete.“ Ela riu.

Ela me empurra em direção da cadeira em que eu estava sentada, se movendo para puxar uma para ela ao meu lado. Optimus se move e fica atrás dela, um sinal ameaçador, talvez até um aviso. Ele a estava protegendo.

“Eu fui sincera quando disse que você não precisa fazer isso,” ela murmurou, estendendo a mão para colocar sobre a minha. “Sempre haverá outra maneira. E nós vamos encontrá-la.”

Eu balanço minha cabeça. “Se eu puder ajudar, eu quero. Passei muito tempo correndo e fingindo que tudo ficaria bem se eu simplesmente seguisse em frente.”

“Tudo ficará bem.” Ela sorriu para mim com tranquilidade. Eu sabia que ela estava tentando ser solidária. Sem dúvida, Optimus havia lhe contado sobre o que estava acontecendo e o quão perigoso era. Mas isso era sobre eu precisando fazer algo altruísta. Eu precisava sentir que não estava apenas definhando no mundo. Eu precisava me encontrar novamente.

“Ei, eu tenho que riscar isso da minha lista de coisas para fazer antes de morrer.” Eu movimentei minhas sobrancelhas, mas ela apenas franziu a testa para mim, me dizendo que era muito cedo para começar a brincar sobre isso. Eu suspiro. “Olha, deixe-me fazer isso? Aquela garota, Lane. Ela pode estar machucada, ela pode estar sofrendo e se eu puder parar isso, então eu vou.”

Chelsea geme, olhando por cima do ombro para o homem atrás dela. “Isso é estúpido, Op.”

“Não fale como se você não tivesse se oferecido para a missão, mulher.” Ele sorriu para ela e ela rapidamente desviou o olhar corando.

“Você é uma hipócrita!” Eu ri. “Você achou que poderia atraí-lo com suas habilidades de dança?”

Até Optimus riu.

“Eu tenho algumas habilidades!” Ela retrucou.

“A onda mexicana3 não é sexy.”

Ela franze a testa para mim, mas rapidamente se transforma em um sorriso, quando ela me dá um leve empurrão no ombro. “Bem. Mas você me promete que vai voltar inteira?” Seu rosto tornou-se solene de novo. Eu quase me senti zonza pelas suas mudanças de humor. “Eu acabei de te recuperar,” ela murmurou.

Pego sua mão e aperto. “Confie em mim, não vou mudar isso muito cedo.”


Capitulo 15

Blizzard

“Blizzard!” Eu me encolhi. A voz de Chelsea soou alta ao redor da sala. Eu podia ouvir seus pés batendo no chão atrás de mim. Tomo outro gole da minha cerveja e coloco-a de volta na mesa, preparando-me para a investida.

“Chelsea,” grunhiu Optimus, sem dúvida, seguindo de perto sua mulher.

Ela aparece na minha frente, afastando as cadeiras que estavam ao redor da mesa onde eu estou sentado fora do caminho para que ela pudesse se aproximar. Ela bate as palmas das mãos na mesa, sacudindo minha cerveja e fazendo-a cair. Eu a pego assim que rolou para a borda antes que pudesse bater no chão e quebrar.

“Você vai de verdade deixá-la fazer isso?” Coloquei a garrafa de volta na mesa e, finalmente, olhei para ela. Seus olhos estão estreitos e seus dentes cerrados.

“Fazer o quê?” Eu zombei, sabendo exatamente do que ela estava falando.

Ela fica irritada, levantando uma de suas mãos e enfiando o dedo na minha cara. “Não brinca comigo, idiota. Que diabos você está pensando? Ela pode se machucar.”

Franzindo o cenho, eu a encaro. “Estou me perguntando por que diabos você se importa se ela se machucar?”

“E eu estou me perguntando por que você não,” ela retrucou.

Fico em silêncio. “Eu pensei que você tinha recuperado sua memória. Ou você precisa que eu te lembre o que ela fez a você, para nós, para todo este fodido clube?”

As costas de Chelsea se endireitam. Op mantem sua posição, observando-nos cuidadosamente, pronto para interromper a qualquer momento se as coisas aquecerem demais. Eu não tinha certeza da razão de ele estar deixando isso prosseguir sem dizer nada. Talvez ele já tivesse tentado falar com ela e achou que eu poderia ser o único a dar-lhe um aviso. Ou talvez fosse o contrário, talvez ele pensasse que era eu que precisava disso.

“Ela é a razão pela qual você quase morreu, princesa.”

Balançando a cabeça, ela engole em seco. “Ela também é a única razão pela qual ainda estou viva. Ela poderia ter se afastado, mas em vez disso, ela arriscou sua própria vida e deu aquele telefonema que salvou Op de ser explodido em pedaços e levou você diretamente para mim.”

Eu zombo. “Sim, depois que ela lhe apontou uma arma em você e jogou você nas mãos de um maldito psicótico.”

Eu vejo lágrimas em seus olhos, mas ela mantém a cabeça erguida como a forte Old Lady que ela era. “Ela não sabia. Ele mentiu para ela, ele falou coisas que não eram verdadeiras. Ela pensou que estava fazendo o que era certo pela família dela.”

Eu jogo minha cabeça para trás e rio. “Não me diga que você vai ficar aqui e defendê-la.”

“As pessoas merecem uma segunda chance.” Ela olhou para Optimus, que apenas olhou diretamente para ela. Op passou tanto tempo afastando Chelsea, porque achava que a estava protegendo. Ele estava errado e acabou machucando os dois. Pensando que a tinha perdido, ele se arrependeu de cada momento que passou a mantendo longe. Agora ele mal a deixava fora de sua vista.

“Eu não posso acreditar que estamos tendo essa conversa,” murmurei, esfregando meu rosto com a mão.

“Não deixe que ela faça isso, Blizzard. Por favor?” Seus olhos me imploraram.

Chelsea estava certa sobre uma coisa. Enfiar Rose no meio do clube rival poderia ser um enorme risco. Estávamos tentando conseguir tantas informações quanto pudéssemos, mas, não encontramos nada de concreto, o que significava enviar Rose completamente às cegas.

“Ela veio até nós oferecendo ajuda. Ela não é estúpida, ela sabe onde está se metendo.” Eu cruzei meus braços sobre o peito, tentando parecer firme em meus pensamentos. Mas na verdade, estou desorientado apenas pensando em deixá-la fazer isso. Eu tinha que continuar me lembrando de que não lhe devia merda nenhuma – minha simpatia, nem a minha gratidão, e definitivamente não meus agradecimentos. “Pelo menos, nós sabemos uma coisa, ela é muito boa em ser falsa.”

As palavras tinham gosto azedo na minha língua, mas eram verdadeiras. Claro que agora pensando nisso, os sinais estavam todos lá. Mas na época, estávamos tão envolvidos na festa de piedade que ela estava jogando, que não os vimos. Eu seria amaldiçoado se eu baixasse minha guarda agora.

“Eu te amo,” Chelsea fungou. “Mas a-agora, você está sendo um idiota de coração frio.”

Eu me sento um pouco mais reto. Chelsea tornou-se minha família. Ela é a Old Lady do meu irmão e sabia que a protegeria com a minha vida. Suas palavras doeram mais do que eu esperava. Meus pelos arrepiaram.

“Ela é a razão pela qual você gagueja e não pode controlar suas palavras quando está chateada. Ela é a razão pela qual você não pode andar direito quando fica estressada,” recordei.

“Blizzard!” Op disparou, dando um passo à frente.

Eu o ignoro, expressando meu ponto de vista. “Ela é a razão pela qual Op te arrastou para o fodido médico...”

Moendo os dentes, ela se move para o meu espaço. “Não, ela não é. Seu maldito irmão ali me engravidou! Por isso, eu precisava ir ao médico!”

Minha respiração fica presa na minha garganta. Nós nos encaramos, sem dizer uma única palavra.

Puta merda.

Uma vez que minha mente processou exatamente o que ela disse, eu não consegui parar o sorriso que crescia. Eu observo enquanto seu corpo relaxa, a atmosfera tensa rapidamente evaporando.

“Você vai ter um filho?” Perguntei, precisando da confirmação do que ela acabara de me dizer.

Sua mão escorrega para sua barriga e seus olhos seguem a mesma direção. “Nós vamos ter um bebê.”

Eu solto uma pequena risada e me jogo para frente, levantando-a e apertando-a com força. Ela ri, me golpeando no braço e exige que eu a solte.

“Irmão, pare de apertar minha mulher. Ela tem que manter essa coisa aí por mais seis meses, não preciso que ela coloque para fora agora mesmo.” Op riu. Coloco Chelsea para baixo e me viro para ele. Op tinha sido meu melhor amigo e meu irmão desde que eu usava fraldas. Meu coração está acelerado, eu estou tão feliz por eles. Depois de toda a merda que passaram, mereciam algo positivo em suas vidas.

“Parabéns cara.” Nós apertamos as mãos e eu o puxei, dando um tapinha em suas costas com a mão livre.

“Obrigado, irmão. Mal posso esperar para dizer a Harlyn que ela vai ser uma irmã mais velha.” Ele se afastou e sorriu para mim.

Esta é a nossa vida. Para pessoas de fora, éramos membros de uma gangue e uma ameaça para a sociedade, mas nós éramos muito mais do que isso. Nós éramos tudo uns para os outros. Estávamos presentes nos momentos felizes e tristes um dos outros. Tínhamos um vínculo que foi forjado através do amor, honra e respeito.

Chelsea e Optimus tendo um bebê é uma nova adição à nossa família. Essa criança fazia parte do futuro do nosso clube e isso era algo para nos animar.

Nem todas as crianças do clube escolheram viver a vida do clube quando cresceram. Nunca foi algo que nos tenha sido forçado quando crianças. Alguns partiram, mas a maioria decidiu ficar e continuar a ser parte do clube. Para mim nunca foi uma questão, mesmo crescendo com meu pai que tomou a decisão de colocar o clube antes de mim e minha mãe. Eu pude ver em primeira mão como cada membro dos Brothers by Blood – irmãos e também Old Ladies – se uniram para apoiar alguém quando estavam em um momento de necessidade. Eu tive esse apoio, e era meu dever garantir que, se a situação surgisse, eu seria capaz de fazer o mesmo.

“Será um menino,” afirmei.

Ambos riram. “Você acha?” Perguntou Chelsea, seu rosto estava radiante.

“Foda-se, Harlyn precisa de um irmão para cuidá-la.”

Chelsea ri. “Ela vai acabar com um dos seus irmãos, então eu não me preocuparia com isso.”

Eu vejo o rosto de Op mudar. “Que porra isso significa?”

Rolando os olhos, ela sorri. “Harlyn vai acabar namorando com um irmão. Eu posso garantir isso.”

“Não se esse irmão quiser perder a mão,” ele grunhiu.

“Oh, acalme-se, homem das cavernas. Ela tem anos pela frente antes disso acontecer.” Chelsea se aproximou e envolveu seus braços em torno de seu homem. Ele franze a testa para ela. Ele acabou de perceber que sua pequena menina algum dia não seria tão pequena.

“Ei, prez!” Leo apareceu na sala segurando seu celular na mão. “Sugar está tentando falar com você. Disse que houve algum drama na escola com Harlyn.”

A testa da Op franze. “Foda-se minha vida.” Ele pegou o telefone e se afastou dos braços de Chelsea, rosnando e resmungando enquanto caminha pelo corredor.

Chelsea balança a cabeça. “No ritmo que essa criança está indo, ela não vai viver tempo suficiente para começar a namorar... porque Op vai estrangulá-la.”

“O que há com Harlyn?” Perguntei com curiosidade. Eles foram chamados na escola várias vezes nas últimas duas semanas.

Suspirando, Chelsea puxa uma cadeira e senta. “As crianças na escola têm incomodado ela sobre o clube. E você conhece aquela garotinha, ela não vai deixar ninguém falar mal sobre sua família.” Eu vi a pequena sombra de um sorriso em seus lábios. “Ela bateu no estômago de um menino mais velho na semana passada por ele dizer que seu pai era um perdedor.”

Tusso, tentando cobrir minhas risadas. “Você pode tirar a garota do clube...”

“Mas não o clube da garota,” Chelsea terminou, sorrindo.

Eu me sento à mesa com ela, e ficamos em silêncio por um minuto. Eu sabia que ela estava ansiosa para dizer algo.

“Apenas fale, princesa.”

“Rose... ela precisa de nós, Blizzard,” sua voz saiu como um sussurro. Eu podia ouvir a emoção nela e agitou meu coração.

Eu limpo minha garganta. “Não posso simplesmente esquecer o que ela fez. Ela machucou minha família.”

“Mas você está disposto a arriscar a vida dela? Se a vingança é realmente tão importante para você, então não tenho certeza de que você é o homem que eu pensei que fosse.” Eu podia ouvir a tristeza e o desapontamento em sua voz quando ela empurrou a cadeira para trás. Ela nem olha para mim enquanto levanta e se afasta.

Era isso o que era para mim? Era vingança?

A dor que senti quando percebi que Rose estava por trás de tudo, foi algo que eu só senti uma vez antes, quando minha mãe escolheu outro clube sobre o que deveria ser nossa família. Eu me importava com Rose, naquela época eu queria salvá-la, tirar toda a dor e sofrimento que ela estava passando, e mostrar-lhe que havia algo melhor lá fora. Que havia um mundo como o nosso, onde você não tinha que lutar pelo amor.

Eu só queria que ela sentisse o que eu sentia. Mas agora ela estava colocando sua vida em risco apenas para que ela pudesse provar que estava arrependida pelo que tinha feito. Realmente valia a pena a possibilidade de perdê-la para que eu pudesse obter algum tipo de satisfação?

Agora eu não tinha certeza.


Capitulo 16

Rose

“Esta é Kat,” disse Slider, gesticulando com a mão para uma bela morena. Ela sorri para mim e estende a mão.

“É um prazer conhecê-la,” ela falou enquanto eu pegava sua mão e nos cumprimentamos.

O rosto amigável me fez sentir aliviada. “O prazer é meu.”

Slider continua depois que as apresentações foram feitas, “Kat vai ajudá-la a preparar sua atuação e ajudá-la com suas habilidades. Você precisa estar no ponto se quiser atrair a atenção que você precisa.”

Concordo com a cabeça e Kat inclina a cabeça para o palco. Eu a sigo, as borboletas enchendo meu estômago, agitando tanto que sinto que poderia vomitar por toda parte. Ela senta-se na beira do palco e dá um tapinha no espaço ao lado dela.

“Não precisamos estar lá em cima?” Perguntei, apontando para onde havia um poste posicionado.

Seu sorriso era suave e amigável, mas eu vi a piedade quase imediatamente. Fiquei relutante, mas ela deu um tapinha no lugar novamente. Suspiro, mas sentei na beira do palco ao lado dela. Ela vira seu corpo para mim.

“Está tudo bem ficar nervosa,” ela explicou. “Nem todas as garotas são feitas para dançar e tirar suas roupas.”

Meus ombros cederam. Ela estava certa. Eu não era uma dessas garotas, mas eu iria jogar um foda-se ao vento de qualquer maneira e fazer isso, porque era o que precisava ser feito.

Eu encolho os ombros, tentando parecer casual e como se não estivesse molhando completamente minhas calças só de pensar nos homens me olhando enquanto eu tirava a roupa. “Eu gosto de dançar, mas não tenho certeza se sou boa.”

“Nós não falamos muito sobre o negócio do clube, mas tenho um palpite que você não está fazendo isso porque está procurando uma nova carreira?”

Eu não sabia o que dizer, não sabia o quanto eu deveria dizer a essas garotas. Eu sabia que elas eram uma parte da vida do clube de uma pequena forma, mas abrir minha boca sobre o que eu estava prestes a fazer me dava à certeza de que eu não iria ganhar pontos com os irmãos.

“Eu... simplesmente não quero parecer estúpida,” eu disse a ela. Até eu achei essa desculpa banal, mas ela simplesmente riu suavemente.

Colocando uma mão no meu ombro, ela se inclina para mim. “Você passou. Agora vamos ver o que você tem.”

Ela sorri para mim quando salta do palco, de alguma maneira conseguindo aterrar graciosamente nos saltos altos que ela está usando.

Isso foi um teste?

Fiquei confusa, mas a sigo cegamente enquanto nos leva pela escada. O clube está vazio, além de uma garota e um cara atrás do bar conversando com Slider, que eu acho que é minha escolta para o dia. Eu sinto quase como se fosse uma prisioneira em vez de alguém que tinha se oferecido para ajudá-los. Mas acho que não posso culpar o clube por suspeitar e querer me vigiar.

Kat me arranca dos meus pensamentos. “Você tem uma música em mente ou devo escolher uma?”

Isso foi algo em que eu pensei, surpreendentemente.

“Você tem 'Chains' de Nick Jonas?” Eu perguntei, movendo-me nervosamente.

Os olhos dela se iluminam. “Vamos com o lento e sexy então? Eu posso trabalhar com isso.” Ela desapareceu atrás de uma pequena cortina, voltando com um controle remoto na mão. “Tire os sapatos, será mais fácil, por enquanto. Eu só quero ver como você se move, e então podemos lidar com os saltos de prostituta mais tarde, se isso for possível.”

Eu aceno, me abaixando e puxando os cadarços dos meus tênis de corrida e tirando-os, seguido por minhas meias.

“Tudo bem, vamos ver seus movimentos!” Ela falou enquanto descia a escada e senta-se bem em frente ao palco.

Respiro fundo, minha mente está me dizendo para correr. Isso é uma estupidez. Por que eu achei que isso fosse uma boa ideia? Mas então me lembro de ter colocado essas pessoas no inferno e um pouco de auto constrangimento nunca compensaria o que fiz com elas, então eu precisava apenas engolir isso.

O som do baixo é profundo e pleno enquanto sai pelos grandes alto-falantes. Eu posso sentir isso no meu peito, quase roubando minha respiração. Meu corpo se moveu lentamente no início, balanço meus quadris de um lado para outro enquanto minha mão suada agarra o poste ao meu lado.

Eu ando ao redor do poste, girando e passando minha mão livre pelo lado do meu corpo até que estivesse sobre minha cabeça. Eu desço na frente do poste, abrindo minhas pernas por um segundo antes de lentamente subir novamente. Sinto a música, sinto as palavras da música. Quanto mais rápida ela fica, mais rápido eu balanço e giro.

Nesta fase, meus olhos estão fechados. Não há mais ninguém além de mim, meu corpo representando a dor e angústia dentro da música. Eu balanço meu cabelo longo, passando meus dedos através dele e mordendo meu lábio.

É uma sensação estranha, quase poderosa, como se eu estivesse contando uma história com meus movimentos.

De repente acabou, a música terminou e houve um completo silêncio. Eu estou respirando com dificuldade, não tinha percebido o quão trabalhoso era o que estas meninas faziam todas as noites. Não era de admirar que strippers como Kat possuíssem corpos poderosos.

“Porcaria.” Meus olhos se abriram ao som da voz de Kat. Encontro-a olhando para mim com o maior sorriso no rosto.

Não pude deixar de corar. Eu tinha dançado em casas noturnas antes, mas havia pessoas ao redor, movendo-se e balançando em um grande grupo suado. Ninguém notava se você não sabia dançar.

Ela começa a aplaudir, o ruído enchendo a sala que estava estranhamente quieta. Eu dou um sorriso tímido e rio enquanto agradeço e caminho até à beira onde ela está agora de pé. Cruzo minhas pernas e me sento na frente dela. “Então?” Eu perguntei, ainda sem fôlego.

“Isso foi muito sexy,” exclamou ela. “Há algumas coisas que podemos ajustar, como você manter seus olhos abertos. Se você está tentando atrair um cara em particular, então ele precisa pensar que você está dançando para ele e só ele. Ele precisa sentir essa conexão com você ou então você é apenas mais uma garota em um palco balançando seu traseiro.”

Concordo com a cabeça, levando em conta tudo o que ela estava dizendo. Meu coração acelerou.

Isso pode realmente funcionar. Eu poderia fazer isso.

“Então você gostou?” Eu não pude evitar o tom animado na minha voz.

Kat sorri de volta para mim. “O mais importante é que ele gostou.” Ela apontou para as portas da frente do clube.

Eu inalo rapidamente, seus olhos grudados em mim. Eles estão cheios de calor. Blizzard nunca deixou de fazer meu corpo aquecer. Apenas seus olhos poderiam me acender em um segundo e transformar meu corpo em uma pilha de cinzas. Ele e outro irmão estão bem em frente às portas, olhando para mim. O outro cara tem um grande sorriso no rosto. Vejo sua boca se mover enquanto fala baixinho com Blizzard, mas nenhum dos olhos me deixaram. Blizzard acena com a cabeça antes de se virar e empurrar a porta, forçando-a a abrir com um estrondo alto que me fez pular. O outro irmão apenas piscou para mim antes de virar e sair um pouco mais sutilmente.

Um arrepio me atravessou. O que eu daria para estar dentro da cabeça da Blizzard naquele momento, para saber o que ele estava pensando. Eu imagino que estava cheia de ressentimento e pensamentos escuros, mas apenas vendo seus olhos em mim por um momento eu senti outra coisa. Necessidade.

Kat limpa a garganta, tirando minha mente da neblina. “Ele tem sido um bastardo mal humorado nos últimos meses. Do jeito que ele te olhou... vou supor com segurança que você teve um papel nisso.” Ela não disse isso com veneno ou nojo como eu teria pensado.

“Você está certa.” Eu suspirei tristemente.

Acariciando meu braço, ela me dá um sorriso suave. “Eu acho que temos mais de uma pessoa que precisamos atrair a atenção a partir de agora. Eu sei exatamente o que precisamos.” Fiquei surpresa. Pensei que machucar um de seus preciosos homens faria com que todos me odiassem. Ela riu, obviamente percebendo o espanto no meu rosto. “Querida, todos nós cometemos erros. Cabe a nós apenas aceitar o que aconteceu e seguir em frente, ou lutar pelo que queremos.”

Eu posso dizer pelo tom em sua voz que ela estava falando por experiência. Foi bom por uma vez não sentir desgosto ou piedade, mas empatia.

Eu ergo meus ombros e respiro fundo. “Tudo bem, o que eu preciso fazer?”

Ela sorri, mostrando-me todos os dentes perfeitos e estendeu a mão. “Vamos trabalhar na sua atuação, então podemos escolher uma roupa que vai impressionar todos os homens.”

Pego sua mão e ela me puxa para cima.

“Estou pronta.”


Capitulo 17

Blizzard

Observá-la naquele palco era o suficiente para deixar um homem com os joelhos fracos.

Eu pensei que este era um bom plano, ela dança, atrai nosso cara, nós conseguimos a informação que precisamos e negócio feito.

Mas agora eu estava com dúvidas.

A maneira como ela movia seu corpo era sexy, atrairia qualquer homem e não apenas para um olhar. Ele desejaria tocá-la, tê-la, assim como eu fiz. E o pensamento disso me fez querer socar alguém.

“Não sabia que a garota tinha isso nela,” comentou Wrench, casualmente, enquanto me seguia para fora. Ele acendeu um cigarro e se inclinou contra a parede de tijolos.

Eu sabia.

Eu tinha ido ao quarto dela outro dia, por qual razão, não fazia a mínima ideia. Mas no momento em que a vi, todo o resto saiu pela maldita janela e a necessidade de ter seu corpo pressionado contra o meu, assumiu.

Seu cheiro, a sensação de sua pele – lembrei-me de tudo. Eu sonhei com isso antes e a realidade não decepcionou. Mas quando acabou e ela adormeceu, eu a soltei e saí. Como um covarde. Eu fugi, sabendo que ela iria querer conversar, resolver as coisas e discutir nossos sentimentos. Eu não estava pronto pra essa porra.

Eu estava com raiva, sim, era uma desculpa patética, mas era a melhor que eu tinha. Meu pai passou a vida toda me culpando por minha mãe ter ido embora, quando na verdade ela poderia ter feito patê da minha vida esse tempo todo. Isso me machucou mais do que eu poderia ter imaginado. Ele tinha feito isso, ele tirou anos, ele roubou a oportunidade de eu conhecer minha irmã. E mesmo que eu tenha tido algumas pessoas incríveis na minha vida – pessoas que me tornaram o homem que sou hoje – eu senti falta de ter uma mãe.

“Você acha que ela vai conseguir essa merda?” A pergunta limpou minha névoa e eu olho para o meu irmão.

Encolho os ombros. “Ela já fez pior.”

Soprando uma nuvem de fumaça, ele revira os olhos. “Quando você vai superar essa merda? O pai dela passou meses torturando-a, batendo nela, chantageando-a. Ela foi uma vítima, assim como nós fomos.”

“Mas eu não percebi,” gritei alto, jogando minha cabeça para trás. Eu tomei algumas respirações profundas. “O tempo que passamos juntos, eu nunca percebi, porque ela parecia bem. Ela era forte e lutadora e feliz.” Eu pisei de um lado para outro na frente dele. “No entanto, foi tudo falso.”

“Talvez não fosse falso,” ele ofereceu. “Talvez quando ela estivesse com você era sua chance de ser real. Talvez você fosse sua fuga do inferno que ela estava suportando.”

Wrench olha para o estacionamento, aparentemente perdido em suas palavras.

O que ele disse fazia sentido. Quando Rose estava comigo, ela sempre parecia sorrir. Ela era uma pessoa diferente, uma garota que eu só tive pequenos vislumbres agora.

Eu bati na porta, mexendo meu pé com impaciência.

Com Sugar e Harlyn chegando na sede do clube esta manhã, eu sabia que a merda estava prestes a ficar um pouco louca. Chelsea iria perder a cabeça, então eu optei por me manter fora dessa bagunça.

Quando ninguém me respondeu, bati novamente.

Eu sabia que ela estava lá. Eu tinha visto movimento nas cortinas quando parei minha moto.

“Eu sei que você está aí, Rose,” eu gritei.

“Vá embora, Blizzard.” A voz veio do outro lado da porta.

“Você tem duas opções,” eu disse a ela. “Abra e me deixe entrar, ou eu coloco uma bala na fechadura.”

Fui recebido pelo silêncio por um minuto, antes da porta se abrir apenas alguns centímetros. “O que você quer, Blizzard?” Apesar de ser de manhã, seu apartamento ainda estava escuro. Todas as cortinas estavam fechadas e não havia luzes acesas.

“Bem, uma vez que eu lhe dei uma carona pra casa ontem à noite, pensei que você poderia me fazer um café como agradecimento.” Pressionei minha mão contra a porta e empurrei, houve uma pequena resistência dela, mas não o suficiente para me deixar de fora. Ela recuou enquanto eu passava pela porta. Eu percebi então, que tudo o que ela estava vestindo era um short curto de algodão e uma camiseta larga. Ela cruzou os braços sobre seu peito e seus cabelos caíram sobre o rosto, enquanto ela olhava para o chão.

“Eu vou me vestir,” ela disse bruscamente, virando e andando pelo corredor. Eu sorri quando meus olhos seguiram seu traseiro. Ele se movia perfeitamente de um lado para outro, fazendo-me sentir como se estivesse sendo submetido a algum tipo de feitiço hipnótico.

Assim que ela sumiu da vista com um golpe na porta, eu virei e fechei a porta da frente atrás de mim, tirando minhas pesadas botas na porta.

Eu franzi o nariz para a escuridão e comecei a abrir as cortinas. O lugar estava arrumado, nem uma só coisa parecia fora de lugar, quase como se ela nunca estivesse aqui para fazer bagunça. Havia algumas fotos na parede e andei até elas.

Eu pude reconhecê-la instantaneamente, apesar de parecer muito mais nova. Seu sorriso era brilhante enquanto ela envolvia os braços em torno de uma mulher mais velha, que pela semelhança, eu deduzi que seria sua mãe.

Ouvi passos atrás de mim. “Por que não há fotos suas com seu pai?” Perguntei sem me virar.

Ouvi um suspiro com desdém. “Ele não é exatamente o tipo de cara que fique parado e sorria para uma foto.”

“O meu também.”

Eu me virei e a observei enquanto ela entrava na cozinha, seu corpo agora coberto por um vestido de verão azul escuro que batia logo acima do joelho. Eu apenas olhei quando ela abriu um armário alto, mexendo e tirando copos de café. Seu vestido se ergueu e lambi meus lábios. Sua pele era uma cor de caramelo suave que você poderia ver que era natural e não o resultado de um bronzeado, e achei que ela tinha sangue estrangeiro nela.

“Como você quer o seu café?”

“Escuro, suave e doce,” eu disse, minha voz baixa enquanto me aproximava da cozinha. Notei o pequeno estremecimento que atravessou seu corpo, antes dela endireitar os ombros novamente e continuar.

Ela se manteve ocupada, enquanto eu contornava a pequena mesa da cozinha para ficar quase diretamente atrás dela. Eu não tinha certeza se ela simplesmente tinha sua mente em outro lugar e não me notou, ou se ela estava propositadamente tentando ignorar meus avanços.

Tudo bem, querida. Mais divertido para mim.

Pressionei meu peito contra suas costas e coloquei minha mão na cintura dela. Ela se assustou e tentou girar, mas eu a segurei no lugar, empurrando meus quadris contra ela e pressionando-a contra o balcão da cozinha.

“Blizzard,” ela sussurrou calmamente.

“Baby?” Eu respondi inclinando minha cabeça para que minha boca estivesse escovando sua delicada orelha. “Você não está bem com isso?”

Ela sabia que eu a queria, eu tinha falado com todas as letras na noite passada. “Você vai ter que fazer mais do que pressionar seu pau contra a minha bunda, se você quiser entrar nas minhas calças.” Sua voz estava rouca e cheia de antecipação apesar de suas palavras.

Eu ri suavemente em seu ouvido. “Você não está usando calças, baby.”

“Não, mas eu uso um cinto de castidade e essa merda é mais trancada do que o Fort Knox, “ ela retrucou.

Não pude evitar o riso que saiu. Eu amava essa merda. As garotas do clube eram ótimas, estavam lá para aliviar a coceira de um irmão, mas não havia nada como perseguir algo novo e diferente.

Dei um passo para trás, dando-lhe um pequeno espaço para se mover. “Você é diferente, sabe disso?” Eu puxei uma cadeira da mesa e me sentei.

Quando ela se virou, o sorriso que iluminou seu rosto quase me derrubou. Era fantástico. Como observar uma flor, pela primeira vez. Eu soube naquele momento que eu faria o que pudesse para ver esse sorriso no seu rosto a partir de agora. Eu ia fazer minha missão tornar essa mulher feliz, porque se eu nunca voltasse a ver esse sorriso, minha vida não valeria a pena ser vivida.

“Irmão!” O empurrão nas minhas costelas fez-me querer acertar meu punho no rosto de Wrench.

“O quê?” Eu gritei, empurrando-o para longe.

Ele ri. “Desculpe perturbar o seu pequeno sonho, seu viado de merda. Mas parece que a tripulação da sua mãe está vindo pra cá.”

O ruído das motos enche o ar. Não havia outros clubes na cidade ou pela vizinhança e você reconhecia rapidamente o barulho das motos dos seus próprios homens. Dirigíamos diferentes tipos de motos, todas tinham um tom diferente, um estrondo distinto.

Eu observo enquanto eles entram no pequeno estacionamento. Precisamos usar um pequeno beco para chegar ao X-Rated. Isso fazia parte da atração, saber que, se você viesse aqui, seus veículos ficavam escondidos da visão das pessoas que passavam. Homens vinham aqui sabendo que era seguro e discreto.

As motos param do lado do prédio, apoiadas em seus estandes. Há apenas três motoqueiros, minha mãe não está com eles, o que me fez soltar um suspiro aliviado.

Judge, Light e outro cara que eu reconheci, mas não sabia o nome, descem e caminham até nós. O cara que eu não conheço tem tatuagens cobrindo seus braços inteiros, do topo de suas mãos até desaparecerem sob as mangas de sua camisa e reaparecer escalando seu pescoço.

Judge acena com a cabeça em saudação.

“O que há de novo?” Perguntei, casualmente.

“Queria conversar com Rose. Não consegui agradecê-la esta manhã depois da igreja,” ele explicou, olhando-me cautelosamente.

Eu encolho os ombros como se não me incomodasse o que ele fazia, mas isso era falso. Incomodou-me ter esses caras ao redor dela. Uma parte de mim se perguntou se, uma vez que ela visse que essas pessoas a tratariam como uma princesa, arriscando-se por elas, veria que existia algo melhor lá fora.

“Eu acho que ela está trabalhando com uma das nossas meninas agora, mas vá em frente.” Wrench abriu a porta para eles entrarem. Ele sorri com tanta satisfação para mim quando fecha a porta atrás deles. “Aposto que um desses caras a verá no palco e se apaixonará por ela.”

Eu o empurro contra a parede. “Cale a porra da boca. Ela está aqui para fazer um trabalho, não escolher um Old Man.”

Wrench só ri, mas assim que as palavras saíram, eu sabia que só as estava dizendo para me fazer sentir melhor.

Esta merda estava ficando mais fodida a cada minuto.


Capitulo 18

Rose

Estou curvada e respirando pesadamente quando Kat decide fazer uma pausa.

“Normalmente, eu não a pressionaria tanto no primeiro dia. Mas Slider mencionou que essa era praticamente a única chance que teríamos, então precisamos ter certeza de que tudo seja perfeito,” Kat explicou, enquanto me entregava uma garrafa de água que eu drenei em questão de minutos.

“Como você acha que eu estou indo?” Perguntei, deixando-me cair no palco e recostando-me, tentando obter mais ar em meus pulmões.

“Garota, você está indo muito bem. Seu corpo se move fantasticamente e acertou todas as batidas.” Ela sentou-se na minha frente e acariciou minha perna. Fico grata pelo apoio. Eu estou melhor agora que não senti que estava fazendo isso sozinha. Eu tenho alguém do meu lado e isso me dá o impulso que eu preciso para superar a ansiedade que está me atingindo.

“A próxima coisa que precisamos nos concentrar é fazer com que seu homem a note e queira você mais do que sua própria respiração.” Ela balançou as sobrancelhas.

Sinto minhas bochechas quentes. “Blizzard não é meu homem,” esclareci, apesar de ter ficado desapontada por ter que admitir isso.

Ela riu. “Bem, eu estava realmente falando sobre o cara que vai estar na plateia. Slider disse que haveria uma pessoa específica que você precisaria atrair. Mas isso é bom, podemos trabalhar com a Blizzard!”

Eu espalmo minha testa. “Desculpa.”

“Não, não. Isso é bom. Faça uma pausa, tenho algumas coisas para planejar,” ela riu, ficando de pé e desaparecendo. Eu quero me dar uma bofetada sabendo que, o que ela estava planejando naquela linda e pequena cabeça dela, provavelmente iria me matar.

“Rose?” Minha cabeça levanta rapidamente e eu vejo três homens de pé na beira do palco. Eu os reconheci instantaneamente, e meu corpo queria rastejar dentro de si mesmo e se esconder. Mas, em vez disso, respiro profundamente e vou em direção a eles, deixando minhas pernas penduradas para fora do palco.

“Você parece bem aí em cima,” disse Skins, piscando para mim. Não podia dizer que sua atenção não era boa. Por que era, me senti realmente bem. Eu apenas queria que viesse de outra pessoa.

“Olha, sinto muito. Eu não queria ouvir a conversa de vocês na outra noite,” eu disse, virando e olhando para o homem mais velho, o nome que eu agora sabia ser Judge.

Ele sorri através da barba grossa. Foi suave e carinhoso, quase paternal. “Querida, você precisa esquecer isso. O que você está fazendo por nós...” ele fez uma pausa, quase como se estivesse engasgado, “... nós sempre ficaremos em dívida com você.”

Eu balanço minha cabeça. “Eu posso não conseguir fazer isso.”

Ele encolhe os ombros. “Não importa. Você está se colocando como alvo, arriscando sua vida para recuperar minha filha. Mesmo que não funcione, eu sempre vou dever a você meus agradecimentos.”

“Eu espero que ela esteja bem,” eu falei com tristeza. Durante a reunião com os irmãos esta manhã, foi discutido quais as condições em que ela poderia estar. Me deixou nervosa pensar que eu poderia estar me jogando em outra situação, onde a possibilidade de ser espancada e abusada era provável. Eu não queria voltar para isso, nunca mais queria sentir esse tipo de dor. Mas desta vez, era mais do que apenas minha vida em risco se eu não o fizesse. Estava na hora de superar isso.

“Você tem uma foto dela? Só para saber quem eu estou procurando.”

O homem mais novo atrás de Judge dá um passo à frente com seu celular na mão. Ele levanta a tela para que eu veja. A imagem é dele e uma jovem. Ela estava segurando o telefone na frente deles e ele tinha o braço sobre seus ombros. Seu cabelo é loiro acinzentado, com uma franja larga dividida na testa. Seus olhos azuis me atingem. Eles são exatamente a cor dos olhos de Blizzard, azul como um oceano calmo.

Ela estava sorrindo e ele também. Eles pareciam tão felizes, tão apaixonados. “Ela é minha Old Lady. Fomos inseparáveis desde que começamos a andar.” Ele voltou a colocar o telefone no bolso e seus olhos nublaram. “Preciso dela de volta.”

“Light,” disse Judge com firmeza, quase o repreendendo por seu comentário.

“É verdade. Você sabe disso,” ele disse através dos dentes cerrados. “Eu vou enlouquecer se eu não a tiver.”

Minha mão coça para esticar e tocá-lo. Eu queria confortá-lo e prometer trazê-la para casa. Mas eu não podia mentir. Eu não sabia se eu ia trazê-la de volta para ele, nem tínhamos certeza de que ela ainda estava viva.

“Eu juro que vou fazer o que for preciso,” falei com honestidade. Seus olhos encontram os meus e a emoção que vejo dentro deles é mais do que eu jamais poderia imaginar. Isso é amor. O epítome absoluto do amor.

“Você é família agora. Não importa o que aconteça,” disse Skins, e pela primeira vez eu vejo uma expressão séria cruzar seu rosto.

Meu coração acelera – eu era família. Essas pessoas não conheciam meu passado, mas não se importavam. Eles estavam me acolhendo por quem eu era, e eu estava disposta a dar tudo para trazer sua garota para casa.

“Oh, e se Blizzard lhe der mais problemas, me avise,” acrescentou Skins com um sorriso malicioso.

Sua personalidade é contagiante e não posso deixar de sorrir. “Claro que sim.”

“Desculpem, meninos! Eu preciso dela de volta agora!“ Kat falou, entrando no nosso pequeno grupo. Judge e Light baixam suas cabeças e Skins agarra minha mão, beijando o topo e fazendo uma pequena reverencia. Ambos rimos enquanto ele acena e segue até o bar para conversar com Slider.

“Bem, ele é um charme,” Kat disse, olhando-o enquanto ele se afasta.

“Conhece todos os movimentos certos e sabe o que dizer,” concordei.

Ela parece perdida em seus pensamentos por um tempo antes de, de repente se iluminar e virar para mim com um enorme sorriso no rosto. “Vamos fazer isso garota. Nós só temos algumas horas antes de eu precisar estar nesse palco.”

Eu salto, uma nova força dentro de mim enquanto eu observo Light sentado no bar, bebendo uma atrás da outra.

Eu vou trazer Lane de volta.

Eu vou fazer isso, é uma questão de vida ou morte.


Capitulo 19

Rose

Eu tentei fazer com que Slider me deixasse no meu hotel, mas, de acordo com ele, todas as minhas coisas já tinham sido transferidas para o clube.

Irmãos se misturavam ao redor da área do bar enquanto Slider me conduzia por um pequeno corredor. “Você ficará no antigo quarto de Chelsea,” ele me disse, enquanto abriu a porta e segurou-a para eu passar.

Há uma cama de casal com minha mala sobre ela, uma pequena mesa e uma porta que eu posso ver que leva a um banheiro.

“Estes são os quartos das garotas do clube. Os garotos foram informados de que você está aqui, mas eu manteria a porta trancada no caso de você ter um visitante bêbado durante a noite.” Ele tinha um sorriso malicioso, mas eu não sabia se ele estava falando sério ou não.

Eu a manteria trancada.

Encolho os ombros, no entanto. “Eu já risquei stripper na minha lista. Por que não adicionar puta de clube enquanto estou aqui?”

“Eu não diria isso muito alto,” ele disse com uma piscadela. “Os meninos têm procurado sangue novo.”

Ele fecha a porta atrás dele e eu suspiro. Parecia estranho. Estar aqui neste lugar com essas pessoas que, há apenas alguns meses, eu estava em uma missão para destruir. Vivendo na sede do seu clube e fazendo piadas com seus membros. Senti como se estivesse quase em uma condição indefinida.

Sento na cama e começo a mexer na minha mala, procurando por algumas roupas íntimas e roupas limpas.

Kat tinha me feito trabalhar duro hoje. E enquanto eu parecia bem, meu corpo dói em lugares que eu nunca senti antes. É uma dor boa, no entanto. Do tipo que diz que você se esforçou aos seus limites.

Pego calça de moletom e uma camisa e vou para o banheiro. Girando a torneira quente do chuveiro, na esperança de aliviar a tensão nos meus músculos. Apenas duas noites a partir de agora eu devo estar no palco, fazendo a rotina que Kat e eu tínhamos quase aperfeiçoado nas últimas duas horas. Eu precisava dar o meu melhor e a dor nos músculos só me desiludia.

Coloco minha roupa, enrolo meus cabelos molhados em uma toalha e saio do banheiro.

“Rápido, aqui!” Ouvi uma pequena voz sussurrando alto.

A porta se abre e duas pequenas figuras entram, correndo para a cama. Elas pulam sobre ela, entrando debaixo das cobertas.

“Ele não nos encontrará aqui,” a voz sussurrou novamente. Seguida de uma risada suave.

“De quem estamos nos escondendo?” Perguntei com um grande sorriso.

As cobertas ondulantes de repente se acalmaram. Duas pequenas cabeças aparecem no topo e me encaram, os olhos arregalados. “Ah merda.”

Eu rio alto do palavrão vindo da garotinha. As cobertas saíram rapidamente e a menina menor com cabelo quase preto levantou correndo. Ela se arrasta pela cama, aproximando-se, mas com muita cautela.

“Olá, qual é o seu nome?” Perguntei suavemente. Ela deve estar na idade pré-escolar. Ela puxa seu lábio minúsculo entre os dentes enquanto me estuda.

“O nome dela é Jayla. Ela não fala muito,” a outra menina esclareceu, escalando as cobertas e seguindo Jayla para perto de mim. “Este costumava ser o quarto da minha madrasta. Por que você está nele?”

Ah, então esta é Harlyn.

“Você deve ser a filha de Optimus,” eu sorri para ela.

“Sim,” ela disse com orgulho, levantando o queixo um pouco com a menção do nome de seu pai.

Jayla continua sentada ao lado dela na beira da cama, aparentemente hipnotizada por mim. Seus olhos observam todos os meus movimentos e, sempre que eu falo, seus olhos seguem para minha boca.

“Então, de quem estamos nos escondendo?” Eu perguntei com um sussurro simulado, agachando ao lado da cama como se quisesse entrar na brincadeira. As duas se deslocam, grandes sorrisos nos rostos.

Harlyn coloca a mão em torno de sua boca, seus olhos procurando o quarto como se alguém pudesse saltar a qualquer momento. “Tio Blizzard. Ele disse que é a hora de Jayla dormir, mas ainda não terminamos de brincar.” O pequeno beicinho que ela fez foi adorável e hilário. Eu me pergunto se isso já funcionou com seus pais.

“Ah não. Não podemos deixar isso acontecer. A hora da brincadeira é a melhor.” Eu conspirei com elas. Jayla salta na cama, sua pequena cabeça subindo e descendo tão rápido que pensei que poderia cair.

“Harlyn!” Eu ouvi a voz de Blizzard chamando do corredor. “Você sabe que não é permitida vir aqui embaixo. Saia agora.”

As garotas congelam.

“Rápido, vá para baixo,” eu sussurrei, erguendo as cobertas. Elas se movem freneticamente para debaixo delas. Ouço Jayla rir. Ela adorava esse jogo, mas Harlyn está muito mais séria. Ela não estava prestes a deixar sua amiga ser levada sem lutar.

A porta ainda estava aberta de onde as garotas tinham entrado correndo. Olho para cima quando Blizzard a abre mais um pouco e se inclina contra o batente.

Levanto da minha posição agachada.

Toda vez que o vejo, instantaneamente qualquer tipo de pensamento desaparece da minha cabeça. Era como se fosse demais eu pensar quando ele estava ali, ele era meu foco principal e nada mais importava.

“Oi,” minha voz estava quase acima de um sussurro. Era difícil avaliar qual o tipo de humor em que ele estava, já que as últimas interações que tivemos, foram muito confusas.

Ele olha para minha cama, o contorno de dois corpos minúsculos escondidos nela é óbvio. Quando volta sua atenção para mim, não posso deixar de sorrir.

“Estou à procura de duas pequenas pirralhas, você as viu?” Ele perguntou, o canto de sua boca se contorcendo como se estivesse tentando disfarçar um sorriso.

Passo a mão pelo queixo como se estivesse pensando. “Você pode descrevê-las?”

Eu observo quando ele fica na ponta dos pés com suas pesadas botas e caminha silenciosamente na minha direção. Seus passos são lentos e deliberados. Toda vez que ele se aproxima meu corpo formiga. “Uma é desta altura...” ele segura sua mão logo abaixo do quadril “...tem uma boca esperta e cabelo avermelhado.”

“Hmm,” murmurei pensativa.

Ele se aproxima mais. “A outra é menor, facilmente influenciada pela espertinha. O cabelo é preto, não fala muito.”

Eu cruzo meus braços em meu peito e levanto minhas sobrancelhas. “Elas parecem ser problemas.”

Com mais um passo, ele está de repente no meu espaço. “Elas são,” ele sussurrou baixinho, sua voz profunda enviando vibrações através de mim.

Ele inclina, sua mão vem até minha cintura e eu pulo, quase como se ele tivesse me eletrocutado. Seu polegar entra por baixo da minha camisa e esfrega minha pele quente enquanto sua cabeça abaixa, sua boca se movendo ao lado da minha orelha. Sua respiração bate na minha pele e eu estremeço. “Eu acho que você está escondendo alguma coisa.” Seu aperto no meu quadril aumentou e ele me puxou para frente, então minha barriga está pressionada contra a fivela de seu cinto. Reparo sua mão pelo canto do meu olho, ele pega as cobertas da cama e puxa. As duas meninas gritam, mas foi rapidamente seguido por uma deliciosa risada.

Blizzard empurra seus quadris contra mim uma vez, roubando meu fôlego antes de se afastar completamente de mim. Tento controlar minha respiração, voltando-me para as garotas que rolam sobre a cama loucamente.

“Eu tentei! Me desculpe,“ eu ri com elas.

Blizzard está aos pés da cama, as mãos nos quadris, mas um sorriso no rosto enquanto observa com carinho as duas garotas.

“Tudo bem,” Harlyn me disse, rastejando para dar um tapinha no meu braço. “Tio Blizzard é o melhor caçador. Mesmo meu pai diz que ninguém pode se esconder dele.” Jayla segue Harlyn como uma pequena sombra, vindo bater no meu braço também. Ela é tão bonita, seu rosto me encarando.

“Oh, ele acha que é o melhor, não é?” Desafiei, piscando para as duas garotas.

Blizzard bufa. “Eu não acho, eu sei.”

“Tudo bem, Senhor Eu Sou Tão Incrível...” Eu girei o dedo no ar, “...uma rodada de esconde-esconde antes que a pequena vá para a cama.” Gesticulei para Jayla, que ainda está me olhando atentamente, mas eu posso ver seus olhos começando a mostrar sono.

“Sim!” Harlyn jogou o punho no ar antes de se levantar e pular em Blizzard. Ele a pega com facilidade, não conseguindo conter seu sorriso enquanto olha para ela. “Por favor, tio Blizzard.”

Sinto um puxão na minha mão e olho para trás para encontrar Jayla de pé na cama, levantando os braços para mim. Eu sorrio suavemente para ela, enfiando as mãos sob seus braços e levando-a para o meu quadril. Ela se aconchega no meu lado, seu polegar encontrando sua boca.

“Bem, tio Blizzard?” Eu pressionei.

Ele olha para mim e depois para Jayla antes de suspirar. “Ok. Mas vamos fazer isso rápido porque essa garota precisa dormir.”

“Certo, dois minutos para se esconder, então você tem dez minutos para nos encontrar,” eu negociei.

Ele pensa nisso por um segundo. “As crianças precisam de um minuto extra para se esconder,” disse ele, colocando Harlyn no chão. Ela não esperou que fosse dito duas vezes, disparando pela porta com uma risada maníaca. Jayla balança, tentando escapar. Coloco-a no chão e suas pernas se moveram o mais rápido possível atrás da amiga.

“Nós vamos fazer uma aposta,” ele me disse. “Se eu achar vocês todas dentro de dez minutos... você vai lavar minha moto amanhã...” ele fez uma pausa “...em um biquíni.”

Minha boca cai aberta.

Tudo bem, dois poderiam jogar aquele jogo.

“Tudo bem, espertinho.” Eu tirei a toalha do meu cabelo e joguei-a sobre a cadeira. “Se ganharmos, você tem que fazer algo legal para nós.”

Ele franze a testa. “Como o quê.”

Encolho os ombros. “Eu não sei, use esse seu grande cérebro.”

Ele olha para mim silenciosamente por um momento, antes de assentir. “Dois minutos começam agora. É melhor você correr.”


CONTINUA

PARA BLIZZARD, o sentimento de traição era um que ele conhecia bem.
Seu pai era um membro antigo dos Brothers by Blood MC. Ele acreditava que a irmandade vinha primeiro, mesmo antes de sua esposa e filho. No início, Blizzard não culpou sua mãe por ir embora. Isso foi até ele descobrir que ela havia se juntado com um membro de outro MC, deixando-o para trás para lidar com as consequências. Ele nunca pensou que ele sentiria esse tipo de dor novamente, jurando que suas costas nunca mais veriam a lâmina de outra faca. Até que Rose apareceu, tentando-o, atraindo-o e depois deixando-o na calçada, lutando por sua vida enquanto se afastava com o inimigo.
Rose passou sua vida inteira se perguntando de onde ela havia vindo.
Sua mãe sempre manteve essa informação para si mesma, levando-a com ela para o túmulo. Ela estava determinada a conhecer sua história e seu pai, mas logo descobriu que não era o encontro que esperava. Ela pode ter escapado das mãos de um louco, mas a família com a qual ela tinha sido deixada ainda não preenchia o vazio que ela sentia por dentro.
Rose cometeu muitos erros, prejudicando as pessoas que se preocupavam com ela e se destruindo no processo. Ela estava caminhando por uma estrada escura e voltar para a cidade onde ela se perdeu — e a seu coração — nunca foi parte do plano. Quando lhe foi dada uma oportunidade de redenção e com nada a perder, ela estava prestes a se lançar de volta ao inferno. Mas o destino estava contra ela, desta vez, talvez não houvesse alguém para ir em seu resgate.
Dizem que o tempo cura todas as feridas, mas o tempo está acabando. Você poderia perdoar e esquecer se significasse a diferença entre a vida e a morte?

 


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PRÓLOGO

BLIZZARD

Jogo o resto da minha cerveja fora. Tinha esquentado e a sensação disso descendo pela garganta era menos do que agradável.

Faço uma careta e sinalizo para Ham - um dos prospectos do clube - me trazer outra. Ele me olha com atenção, mas eu atiro-lhe um olhar que fecha sua boca bem rápido e agarro a nova garrafa de sua mão.

Eu estava anestesiando meu corpo.

Parecia ser um tema comum para mim no momento. Eu não estava completamente inconsciente dos olhares preocupados de meus irmãos. Eu costumava ser a vida das festas – fazendo piadas e provocando a agitação.

Isto é o que acontece quando você faz escolhas de merda e não segue seus instintos. Você fica na merda.

Eu observo enquanto meu presidente abraça sua Old Lady, Chelsea, a beijando apaixonadamente e sem se importar com quem visse. Era bom para todos nós podermos relaxar e não nos preocuparmos se alguém estava vindo nos atacar ou nos destruir.

Tivemos a máfia italiana nos assediando nos últimos meses. Não sabendo onde ou quando eles iriam atacar nos deixava tensos.

Chelsea esteve na mira deles e tanto quanto tentamos duramente protegê-la, no final, o diabo estava mais perto do que qualquer um de nós havia previsto. Uma das melhores amigas e companheiras de quarto de Chelsea, Rose, nos enganou o tempo todo.

Sinto uma dor no meu peito ao pensar nela.

Rose não só havia se infiltrado na vida de Chelsea, mas também na minha.

Eu sabia que a atração estava lá desde o início, mas ela sempre lutou contra isto.

O ato de se fazer de difícil sempre excitava caras como eu, que geralmente conseguiam qualquer garota, em qualquer lugar, abrisse as pernas com facilidade. Acontece que eu estava interessado em uma distração indesejada com a missão de ferir a Old Lady do meu presidente.

Uma missão que ela conseguiu.

Chelsea ficou ligada a aparelhos durante dias antes de finalmente conseguir respirar sozinha. E mesmo assim foi arriscado.

O pai de Rose, Marco DePalma, tinha perfurado o pulmão de Chelsea e nós conseguimos chegar a tempo de levá-la para o hospital. Mas nessa altura, seu cérebro foi privado de oxigênio, e afetou severamente a habilidade de falar e usar seu corpo.

Rose desapareceu e Chelsea foi deixada com semanas de fisioterapia, lutando para voltar a ser a garota viciada em exercícios que era antes.

Toda a sua vida foi virada de cabeça para baixo porque escolhemos confiar em alguém que, no final, nos apunhalou pelas costas.

Não foi a minha primeira batalha com a traição e eu estava começando a questionar minha capacidade de distinguir amigo de inimigo. Com Rose, minha mente estava tão turva de desejo que eu não podia ver todos os sinais que agora eram como faróis gigantes.

Meu telefone vibra no bolso e o nome de Kev aparece na tela. Eu franzo a testa e vou para a porta lateral da sede do clube enquanto aperto o botão de resposta.

“Sim?”

“Venha até o portão. Você vai querer ver isso,” ele diz enigmático, desligando antes mesmo de conseguir processar o que ele havia dito.

Jogo minha garrafa de cerveja vazia mais uma vez na lixeira enquanto eu passo por ela. O portão da frente está a menos de cem metros da sede do clube, então eu simplesmente caminho até lá.

O cascalho faz barulho sob minhas botas pesadas e meu corpo parece estar flutuando devido à quantidade de álcool que eu já havia consumido desde que me sentei no bar, há pouco mais de uma hora.

Tinha uma sensação boa quando comecei a pensar em arrastar uma das garotas do clube depois disso, tentando aliviar algumas das tensões sexuais do meu corpo. A parte de merda era que toda vez que eu tentava, imaginava o rosto dela, Rose, olhando pra mim. Mesmo com minha fúria, eu a queria mais do que queria admitir.

Eu atravesso os portões e, logo que a vejo, balanço a cabeça, pensando que era apenas um outro truque que a bebida estava fazendo comigo. Mas quando ela se vira para olhar em mim, eu sei que ela é real e está bem na minha frente.

Meu coração acelera e eu preciso impedir meu corpo de correr até ela e envolvê-la firmemente. Ela parecia derrotada, seus olhos fundos como se ela não tivesse dormido em semanas e seu corpo já magro muito menor do que eu lembrava.

Endireito meus ombros. Nós nos observamos por um momento, ela puxa seus longos cabelos escuros, mostrando seu nervosismo. Foi uma das coisas que me atraiu nela. Rose sempre foi forte, pude sentir e ver quando nos conhecemos, mas quando ela estava perto de mim, ela derretia. O exterior duro desaparecia. Era como se estar na minha presença, a acalmasse. Gostei que eu tinha um efeito tão grande em seu corpo e mente.

Aperto meus dentes, lutando contra todas as minhas outras emoções e uso uma que esconderia todas as outras - raiva.

“Você já não causou danos suficientes? Voltou para mais?’ Eu falo com desdém.

Eu vejo quando ela sentiu minhas palavras, seu corpo se curvou protetoramente.

“Sinto muito,” ela sussurrou tão baixo que quase não consegui entender. “Eu-eu só vim me desculpar.”

Seu braço esquerdo está coberto por gesso azul escuro que ela esfrega enquanto falava. Como se lhe desse algum tipo de confiança para dizer o que precisava.

Tento lembrar de que não fomos os únicos que nos ferimos durante a guerra com seu pai. Marco DePalma é um indivíduo seriamente fodido. Seu irmão mais novo Anthony dirigia o negócio da família DePalma. Eles são uma das famílias italianas mais poderosas da costa leste e tem as mãos em todos os tipos de atividades ilegais. Marco ficou bravo pelo fato do negócio familiar ter sido passado para seu irmão mais novo e tinha enlouquecido, matando seu pai e acusado nosso clube por isso.

O plano de Marco para nos derrubar e matar Chelsea tinha caído quando informamos seu irmãozinho do que ele tinha feito.

Rose foi duramente punida por Marco. Ele a manipulou a fazendo pensar que precisava mostrar seu valor para ser considerada parte de sua família. E com a morte de sua mãe, ela sentiu que eram tudo o que lhe restava. Ele lhe bateu, a torturou e, a seus olhos, lhe deixou sem outra opção.

O que ela não viu foi o que Chelsea e eu estávamos oferecendo a ela. Mais do que apenas amizade, mas uma família aqui no clube.

O pensamento me deixou furioso. Família era mais do que o sangue que corria em suas veias. É quem te apoia em tempos de crise. É quem está disposto a ficar ao seu lado quando você estiver enfrentando o pelotão de fuzilamento. É encontrar um grupo de pessoas que vão te amar e te apoiar incondicionalmente. Era algo que estávamos dispostos a oferecer a ela, mas que ela se recusou a aceitar.

“Porque isso deixa as coisas bem, certo?” Eu rosnei, frustração crescendo dentro de mim. “Chelsea acabou de sair da porra do hospital. Nós quase a perdemos. Ela não pode andar ou falar direito. Pode levar meses para ela voltar ao que era.”

A mão dela vai ao seu peito e eu observo quando ela engole as lágrimas que estão enchendo seus olhos. “Eu não deveria ter vindo,”, ela sussurrou, afastando-se parecendo estar prestes a fugir.

Mas o idiota em mim não permitiria que ela tivesse a satisfação de fugir do que tinha feito. Eu queria que ela sentisse a dor que eu estava sentindo. Eu queria que o coração dela doesse do jeito que o meu doía quando eu pensava nela. Eu queria que ela se magoasse assim como eu.

Eu sou egoísta.

“Você age bem como vítima. Todos nós acreditamos nisso. Chelsea estava pronta para lutar por você. Assim como eu, mas era tudo uma mentira.” Eu dou um passo à frente.

Ela gira e eu então vejo. O fogo em seus olhos que eu pensei ter desaparecido. O fogo ainda está lá dentro dela, e não posso deixar de sentir a emoção em mim. Eu queria que ela me desafiasse. Eu queria ver aquele fogo queimando, porque então eu saberia que não foi tudo fingimento. Havia algo real sobre ela.

“Eu fui uma vítima! Não fique aí e pense que por causa disso tudo você sabe o que eu passei, a merda pela qual lutei.” Sua respiração está pesada e as lágrimas começam a rolar por suas bochechas. “Você tem sua família, Blizzard! Você tem uma casa – um clube cheio de irmãos e pessoas que ficariam ao seu lado em um piscar de olhos. Eu não tinha ninguém...

“Você tinha a mim,” eu afirmo, aproximando-me dela. Eu queria pegá-la e sacudi-la. Eu bato no meu peito, bem no meu coração. “Eu estava lá... Chelsea estava lá, porra. Nós te apoiamos, e mesmo assim você virou as costas e nos enganou.”

Ela puxa seus cabelos enquanto grita, “Eu não tive escolha!”

Ela está caindo aos pedaços na minha frente e preciso de toda a minha força para não pega-la e envolve-la em meus braços. Eu entendi que ela se sentia pressionada, que seu pai a tinha forçado. Mas eu lhe dera muitas oportunidades para se livrar – Chelsea cuidou dela e levou-a ao hospital quando seu pai tinha ido longe demais – mas ela não as aproveitou e agora ela tinha feito sua cama e teria que deitar nela.

“Todos nós temos uma escolha. Você fez a sua.” Eu cuspo no chão pronto para terminar essa conversa e ir embora.

Ambos olhamos um para o outro, ela com lágrimas cobrindo suas bochechas e eu com uma quantidade forçada de veneno e nojo nos meus olhos.

Não demorou muito para que um carro se aproximasse da calçada atrás dela. Ela sabia que estava lá, e eu soube instantaneamente quem era.

Meu corpo entra no modo de autoproteção. Eu sei que há alguns dos meus irmãos no portão atrás de mim, mas eu me afasto, perseguindo-a quanto ela tinha recuado.

Ela olha por cima do ombro quando as portas do carro se abriram, o vento sopra ao redor dela, jogando o cabelo em seu rosto. Meus dedos se contraem, formigando para puxá-lo e colocá-lo atrás de sua orelha, para que eu pudesse ver seus belos olhos novamente.

“Rosalie, entre no carro.” Eu reconheço os meninos quando eles pisam na calçada e começam a caminhar na sua direção. Giovanni e Ricardo são os dois filhos sobreviventes de Anthony DePalma.

Seu filho mais velho, Kenneth foi uma vez um homem que chamei de irmão.

Quando Anthony pensou que tínhamos matado seu pai, ele enviou seu filho mais velho para se infiltrar no nosso grupo, na tentativa de destruir o clube de dentro para fora. Depois de quase matar a Old Lady de um irmão, descobrimos quem ele era e acabamos com ele.

Estávamos esperando a vingança.

E meu instinto estava me dizendo que este era o momento.

Gio e Rico posicionam em ambos os lados de Rose. Eu posso sentir o nervosismo de Rico enquanto seus olhos se movem sutilmente entre seu irmão e eu. Mas Giovanni fica firme, inabalável em sua raiva, enquanto ele me encara. Uma arma pendurada ao seu lado, seus dedos cerrados firmemente em torno dela.

“Entre no carro, Rosalie.”

Seus olhos estão brilhantes e largos, o que me diz que ela não havia planejado que isso acontecesse e ela está começando a entrar em pânico.

Ela coloca uma mão no peito de Gio em uma fraca tentativa de afasta-lo, mas o garoto está furioso e procurando vingança. Isso era tudo o que ele podia ver neste momento, e nem ela nem qualquer outra coisa iria detê-lo.

Eu levanto meus ombros, sabendo que isso ia acontecer, mas não estou disposto a mostrar qualquer tipo de medo. Eu enfrentei coisa pior e eu não ia deixar esse garoto pensar que ele estava prestes a me derrubar. “Apenas mais um truque, hein? Quando vocês vão parar de usar as mulheres para fazer o trabalho sujo?” Eu o provoquei, abrindo meus braços e o convidando a atirar.

“Não,” Rose resmunga, estreitando os olhos para mim com desprezo. Ela se move, colocando seu corpo na frente de seu primo. “Nós vamos embora.”

Gio ignora-a, continuando a olhar para mim sobre sua cabeça. “Você matou o nosso irmão.”

Aperto meus punhos. Kenneth, ou Target, como era conhecido pelo clube, era um idiota. Ele tratava as mulheres muito mal, degradando e machucando elas a cada chance que ele tivesse. Me deixou com raiva pensar que alguém poderia lutar e falar por ele, considerando o que ele fez para minha família.

“Ele era um idiota. Você deveria me agradecer. Agora ele está fora do caminho, você é o próximo na fila para assumir o trono,” eu zombei sarcasticamente.

“Ele era meu irmão,” Gio grita, levantando a arma e apontando-a diretamente para mim.

Eu posso ver o cano escuro da arma, sua profundidade parecia sem fim. “Ele combinou com um traficante de escravos conhecido de pegar uma das nossas mulheres e vendê-la pela melhor oferta,” recordei.

Rose ofega.

Bom. Espero que agora ela tenha percebido o tipo de pessoas pelas quais ela estava lutando. O tipo de família que escolheu. Os Brothers by Blood não eram perfeitos de jeito algum, mas nós tínhamos respeito e dignidade.

“Seu clube levou um da minha família,” Gio baixou a voz. Sua raiva tinha desaparecido. Agora ele era o soldado calmo e calculista perfeito que seu pai criara. Suas emoções já não o impediam. “Agora vou levar um de vocês. Sangue por sangue.”

Meu corpo fica tenso, preparando-se para o impacto.

“Não!“ Rose gritou e se atirou contra seu primo. Meu corpo reage imediatamente. Ela não vê, mas eu a pego. Tudo dentro de mim, meus instintos me diziam que eu precisava protegê-la.

Esse movimento simples salvou minha vida.


CAPÍTULO 1

ROSE

“Tio, estou bem.”

“Pessoas que estão bem não saem sem uma explicação, Rosalie.” Suspirei ao ouvir meu tio Anthony usar meu nome completo, ele se recusava a me chamar de outro jeito. Anthony e meus primos estavam tentando muito me acolher na família e me fazer sentir bem-vinda.

Às vezes, era reconfortante. Desde que me lembro, sempre rezei por uma grande família e então fui jogada em uma das maiores e mais poderosas famílias italianas nos Estados Unidos.

Mas foi diferente.

Não era o que eu imaginava. “Eu só-”

“Rosalie. Nós somos família. Nós resolvemos juntos os nossos problemas.” O tom de sua voz era quase repreensivo.

Eu baixo minha cabeça, eu sabia, se eu não me virasse e voltasse para casa, ele enviaria alguém para me procurar.

“Ok...” Eu suspirei, “...vou para casa agora.”

Olho para o céu. Você mal pode vê-lo entre os edifícios que se estendem até as nuvens. Começava a escurecer e as nuvens, uma vez brancas, agora estão sombreadas de cinza escuro e ameaçando-me com uma tempestade.

As pessoas se movem pela calçada a caminho do trabalho ou apenas tentam escapar antes de ficarem encharcadas. Sigo o exemplo e desço a escada que leva ao metrô.

Eu tinha ficado muito boa em andar pela cidade nos últimos meses. Eu só tive que ligar para o meu primo Rico me resgatar três ou quatro vezes. Ele achou hilário a cada vez. Eu aprendi rapidamente que ele era o melhor para chamar. Minha outra prima Celia não ajudava em nada. Ela não saía da casa, a menos que fosse para a escola ou uma maratona de compras. Ela era mimada e todos sabiam disso, incluindo ela.

Giovanni, o mais velho de todos, eu não tinha falado desde que ele atirou em Blizzard. Ele tentou uma vez, mas eu não consegui lidar com isso. Toda vez que eu olhava para ele tudo o que podia ver era o sangue de Blizzard se espalhando pelo concreto quebrado.

Gio é um soldado no exército da máfia de seu pai. Ele cortava os sentimentos e emoções e tinha sido ensinado a simplesmente fazer o que precisava ser feito para proteger sua família e seus negócios. Ele estava perto de não ter emoção nenhuma, e mesmo que não fossemos próximos, meu coração doía em pensar na pessoa que ele estava se tornando.

Eu sigo o fluxo no metro movimentado.

Uma garota com cabelos loiros longos tocando seu violão está sentada no chão contra uma parede de concreto. Ela é linda e jovem, possivelmente ainda adolescente, mas sua música é fascinante. Eu a observo por alguns minutos. Assim que eu estou prestes a aproximar e jogar algumas moedas na caixa do seu violão que está aos seus pés, alguns arruaceiros com as calças caídas se aproximam dela. Franzo o cenho quando eles param na frente dela, provocando-a enquanto pegam a pequena quantia de dinheiro que ela havia acumulado.

Ela se levanta e os empurra, gritando para eles irem embora. Um dos meninos a empurra contra a parede sólida e o ar deixou seus pulmões.

“Ei!” Eu gritei, meus pés me levando até eles antes mesmo de perceber o que estava fazendo. Levanto o pé e chuto o garoto que está agachado em frente ao estojo do violão. Ele cai de lado e as moedas espalham pelo chão. “Deixe-a em paz.” Minha voz não vacilou, a adrenalina nas minhas veias mantendo-a estável.

Eu achei que alguém fosse parar para ajudar, mas as pessoas simplesmente desviavam da briga, olhando para o outro lado, como se elas simplesmente não quisessem saber.

Eu sinto a raiva crescer dentro de mim. Eu sei como era não ter ninguém te defendendo. As pessoas olham, mas não tentam ajudar. Elas são egoístas. Elas sempre simplesmente assumem que outra pessoa lidaria com isso. Deixam para outra pessoa ajudar.

“Foda-se, cadela.” De repente, o segundo menino avança na minha direção zombando.

“Deixe-a em paz,” respondo, erguendo os ombros e me recusando a ser intimidada.

“Olhe para você, uma pequena garota branca tentando ser uma heroína.” Ele sorriu, um dente lascado me encarando.

Eu sinto isso crescendo dentro de mim. Eu estou enojada – enojada e cansada pra caralho – das pessoas me desprezando, assumindo que eu não poderia me proteger. Eu estava cansada de pessoas me olhando e assumindo que poderiam se aproveitar.

Eu não permitiria que alguém se aproveitasse novamente. Eu não iria me deixar ser pisada e destruída.

Meu pai me esmagou, e pensei que era o que eu merecia, que eu tinha que lutar pelo seu amor. Mas você sabe o que, eu não tinha que lutar porque agora eu sei que merecia mais do que isso.

Levanto meu punho, sabendo que iria pegar o idiota desprevenido, mas antes que ele pudesse encontrar sua mandíbula, uma mão grande prende meu pulso, segurando-o no lugar.

Os ladrões idiotas tropeçam com o confronto, seus olhos bem abertos, mas eles não recuam. Eu sei exatamente quem está de pé ao meu lado sem ter que virar minha cabeça. Meu tio era bem conhecido na cidade, especialmente pelas gangues locais. Obviamente, esses idiotas não haviam visto a lista de Nova York das pessoas com as quais não se deve brincar.

“Problemas, Rosalie?” A voz de Angelo causou arrepios na minha espinha.

Angelo cuidava dos negócios do meu tio nesse lado da cidade. Ele é alto, robusto e sexy como o inferno. Ele também é solteiro e procura uma esposa para se casar e ter filhos – alguém para passar seu legado.

O problema?

Ele não é o homem que eu quero.

A jovem loira está grudada na parede, seus olhos se movem de um lado a outro entre nós e os dois idiotas.

“Devolva o dinheiro da garota,” disse Angelo de forma clara e enfática, o sotaque italiano proeminente em sua voz tornando suas palavras muito mais ferozes.

O mais jovem e, obviamente, mais estúpido dos meninos se mantem firme, cruzando os braços sobre o peito com um olhar de desafio. “O que você vai fazer sobre isso, homem de negócios?” Ele levantou a bainha de sua camisa, revelando uma arma encaixada na cintura de sua cueca.

O ruído de um trem enche a estação, a brisa soprando contra minha pele quando ele começa a parar. As pessoas correm ao nosso redor, inconscientes do confronto insignificante. Angelo rapidamente me coloca de lado, próxima à garota loira. Ele estende o braço e sua mão enorme agarra o bandido pela garganta. Ele o puxa para perto, e sua boca se move, mas eu não consigo ouvir o que ele está dizendo por causa do barulho do trem e da multidão.

Ele joga o garoto para trás, que consegue se firmar. Ele olha para mim com os olhos arregalados antes de pegar seu amigo pela camisa e arrastá-lo correndo pela plataforma.

Angelo observa-os partir antes de se virar para mim. “Vamos, Rosalie.”

Respiro fundo e enfio a mão no meu bolso. Eu puxo o dinheiro que estava lá e entrego à jovem que ainda está olhando para nós em estado de choque. Pego sua mão e coloco o dinheiro nela.

Sem parar para conversar, corro atrás de Angelo, que já tinha começado a andar na direção da saída. Eu o sigo para a rua, onde, como eu havia suspeitado, começara a chover.

Havia um carro escuro e matizado estacionado na calçada e Angelo abre a porta e espera que eu entre antes de seguir o exemplo. Olho pela janela, esperando a palestra que eu sabia que viria.

“Por que você faria algo tão estúpido?” Angelo perguntou casualmente, mas eu podia ouvir a rispidez em seu tom. “Membros de gangues são perigosos. Eles são jovens e estúpidos e isso os torna extremamente imprevisíveis.”

“Você estava lá. Está tudo bem,“ eu disse a ele, me sentindo uma garotinha que acabara de ser pega fugindo à noite.

“E se eu não estivesse?”

Eu resmungo. “Não tem que pensar no que poderia ter sido. Não faz sentido.”

Ficamos em silêncio por alguns minutos, balançando de um lado para outro enquanto o motorista atravessa o trânsito da cidade de Nova York como se estivesse treinando para a NASCAR1.

“Como você cresce se não considera os erros cometidos no passado?” Sua pergunta me deixou tensa.

Eu me viro para poder ver seus olhos. Ele me observa com cuidado, e com diversão como se estivesse gostando da reação que eu tenho a ele. “Como você segue em frente se ficar constantemente pensando em toda a merda que você fodeu?” Eu jogo nele com um pouco menos de classe.

“Parece que você fala por experiência,” ele observa, seus olhos fixos em mim.

“Não venha com besteiras, Angelo.” Eu franzi o nariz. “Não aja como se meu tio não tivesse te informado sobre o que aconteceu.”

“Touché, toroso mio2,“ ele disse com um leve sorriso.

A verdade era que eu pensava. As escolhas que eu fiz durante o último ano pairavam pesadamente em minha mente e constantemente me faziam sentir mal do estômago. Desejei desesperadamente que houvesse uma maneira de fazer as coisas corretas. Eu me permiti ser manipulada e usada.

Em algum lugar ao longo do caminho, eu me perdi.

Perdi a capacidade de distinguir o certo do errado – e o amor do ódio. Perdi amigos, família e todo o meu orgulho e auto respeito.

Mas de tudo, saber que eu o perdi, foi o que quase me destruiu.

Quase.

Eu ainda não tinha desistido.

Se houvesse uma maneira de corrigir as coisas que fiz, eu faria isso em um piscar de olhos, independentemente das consequências.


CAPÍTULO 2

BLIZZARD

“Irmão, acorde, cara.”

Eu podia ouvir a voz através da névoa na minha cabeça, mas eu estava tão exausto. Meus olhos lutaram para ficar fechados. Alguém sacudiu meu ombro e me assustei. O meu pescoço doía, minha cabeça doía, e todo o meu corpo me pedia para descansar adequadamente.

“Blizz...” Eu esfreguei meus olhos, o borrão começando a diminuir e Optimus, meu melhor amigo e presidente, está ao meu lado. “Como ele está?”

A realidade começou a surgir e fiquei mais do que sóbrio.

Ele tinha exagerado na dose. E com a quantidade de álcool que estava em seu sistema e sua natureza agressiva, eles foram inteligentes o suficiente para mantê-lo dormindo enquanto descobriam o que estava acontecendo.

“Quando eles me disseram que ele tinha ingerido muitas pílulas, eu pensei foda-se. Este bastardo teimoso nunca deixaria esta terra voluntariamente. Ele é muito idiota para isso.” Eu disse a Op enquanto observo o rosto do meu pai. Era a primeira vez em anos que eu o via sem uma carranca. Ele nunca ficou feliz em me ver. Sempre que eu o visitava, ele vinha com um ‘O que você quer?’ mesmo que ele estivesse esperando por mim.

Nunca fui bem-vindo.

Hands era um idiota difícil.

“Eles sabem o que há de errado então?” Op pergunta, recostando-se contra a parede oposta a mim.

Encolhendo os ombros, empurro minha cadeira para trás e me estico, relaxando meus músculos tensos. Eu nem tinha certeza de quanto tempo eu estava aqui. Um dos veteranos do clube tinha visitado ontem e encontrou-o desmaiado no chão. Eu não saí do seu lado desde que o trouxeram.

“A enfermeira ficou um pouco nervosa quando explicou que o médico precisava falar comigo. Mas isso pode ter sido pela minha boa aparência.” Eu movimento as sobrancelhas e Op dá um pequeno sorriso. “Chel não veio com você?”

“Seu pai assusta ela pra caramba.” Franco como sempre.

“Me assusta também,” eu disse, pegando o copo de água na mesinha ao lado da cama e bebendo tudo.

Há uma leve batida na porta.

Op levanta uma sobrancelha. “Você quer que eu saia enquanto conversa com o médico?” Eu balancei minha cabeça quando pedi para o médico entrar. Eu não admitiria isso, mas eu precisava de todo o apoio que conseguisse agora. Este era um novo território para mim. Meu pai era o maior idiota do planeta, mas nunca o vi enfraquecido – nunca.

O médico – um homem baixo e calvo – e uma enfermeira que poderia estar na capa da Playboy entram em silêncio.

A enfermeira me olha de cima a baixo, e eu sei que, depois que tudo isso terminasse, eu precisaria de uma boa foda. E ela ia servir.

“O que está acontecendo, doc?”

Ele não riu da minha piada, mas sorri para mim de qualquer maneira.

“Isso é um pouco mais grave do que pensamos no início, senhor...”

“Blizzard.“ O médico franziu a testa com o meu nome de clube e fez uma nota rápida em sua planilha antes de continuar. “Senhor Blizzard. Seu pai aqui tem a síndrome de Korsakoff. Esta síndrome faz parte da família da demência em estágio inicial e geralmente está associada ao consumo intenso de álcool durante um longo período de tempo.”

E esse era o meu pai em poucas palavras. Ele era um bêbado – ele era o bêbado. E, aparentemente, agora o consumo de bebidas alcoólicas havia cobrado seu preço.

Passo a mão pelo meu rosto, não está barbeado e mais cheio do que costumo por causa do tempo que estive trancado neste maldito hospital.

“Você pode explicar?” Eu pergunto lentamente, tentando não deixar meu mau humor ou frustração assumir.

Assentindo com a cabeça, o médico vira algumas páginas na prancheta. “A razão pela qual seu pai superdosou sua medicação foi porque ele não lembrou de tomá-la. Sua memória de curto prazo está gravemente afetada, então ele continuou tomando até desmaiar, sem saber que tinha acabado de tomar sua pílula uma e outra vez.” Seus olhos continuaram a escanear a página. Eles nunca se fixaram em mim. Eu não sabia se isso era porque ele estava muito assustado ou porque estava entediado por ter que explicar tudo isso para mim.

“Então ele tem demência?” Perguntei cautelosamente, olhando para Optimus verificando se eu não tinha sido o único a ouvir isso. Os olhos de Op estão arregalados enquanto olha para o médico em estado de choque.

O médico franze a testa, quase como se ele tivesse me explicado tudo e ainda assim lhe fiz perguntas estúpidas. “É uma parte da família da demência. Seu pai tem apenas sessenta anos. Não é uma idade comum para pacientes com demência, mas isso acontece. Há uma chance de suas circunstâncias melhorarem com muito trabalho duro.”

“Você está dizendo que ele precisa ficar sóbrio, não é?” Eu perguntei.

“Isso, entre outras coisas. Ele precisará de injeções de tiamina e apoio contínuo.”

Eu sufoco uma risada e ele me olha em completo choque. “Ele vai mandar você se foder. Ele vai gritar, urrar e falar merda.”

Ele parece considerar isso por um momento. “Talvez devêssemos sugerir um centro de atendimento se você não acha que é capaz de lhe dar o apoio que ele precisa.”

“Você vai ter que trancá-lo e jogar a chave fora, se pensa que tem algum tipo de chance de fazê-lo largar o álcool,” eu falei sem rodeios, ignorando a indireta suja de que eu não me importava o suficiente com o meu pai. O bastardo me tratou como merda e ainda me esforcei para visitá-lo uma vez por semana e arriscar um soco na minha cara.

Os médicos poderiam lidar com essa merda – como se ele precisasse de outro motivo para me odiar.

“Eu vou fazer os arranjos. Pode levar um mês ou mais para encontrar um lugar e não posso garantir que será próximo daqui.”

Olho para o meu pai, o homem que passava mais tempo bêbado do que sóbrio e sempre gostava de me chutar enquanto eu estava para baixo.

Eu me preocuparia se ele não estivesse na mesma cidade?

Tudo dentro de mim dizia que não, não me importaria. Não depois do que ele me fez enquanto eu crescia. Mas então penso em como a minha mãe nos deixou e uma onda de lealdade me domina. A necessidade de não ser como ela é muito forte.

“Nós atravessaremos essa ponte quando chegarmos nela,” falei ao médico que assente com a cabeça, satisfeito com a minha resposta e prontamente caminha diretamente até a porta.

A enfermeira, por outro lado, leva seu tempo balançando os quadris e jogando seus cabelos. Ela se vira para me dar uma rápida piscadinha por cima do ombro quando saiu do quarto. Ela é quente, mas meu pau nem se contraiu com a demonstração de interesse.

“A cadela quer.” Op riu de seu lugar do outro lado do quarto.

“Eu vou dar a ela mais tarde,” eu murmurei, levantando-me e caminhando até a pia para pegar outro copo de água.

“Você não toca as putas do clube, mas a equipe de enfermagem tudo bem?” Sua pergunta foi séria, eu poderia dizer, mesmo que ele tentasse encobri-la com um tom divertido.

Depois de beber ruidosamente coloco o copo na mesinha. “Faz tempo que não temos novas garotas no clube. Fiquei enjoado das mesmas de sempre, sempre as mesmas.”

“Você quer dizer que teve um pequeno vislumbre de algo melhor e não há retorno agora?” Eu queria bater nele, acertar meu punho em seu rosto estupidamente presunçoso.

Mas ele estava certo.

Rose me mostrou outra coisa, outro mundo, eu acho que você poderia dizer. Ela era linda e engraçada e ela mostrou respeito próprio, o que significa que ela não o deixaria de lado por qualquer irmão que pedisse.

Eu não condeno as garotas do clube. Elas fazem o que fazem, elas são pagas para fazê-lo, e a maioria delas é gentil. Mas eu queria alguém que pudesse chamar de minha. Alguém que fosse sexy e inteligente e que eu não tivesse que compartilhar com meus irmãos. Eu queria possuí-la, mente, corpo e alma.

Infelizmente para mim, o diabo já a havia reivindicado, e me perguntei como algo tão sombrio e enganador poderia se esconder dentro de tamanha beleza.

Meu nariz contrai, o cheiro do quarto do hospital fazendo meu estômago se contorcer. Tive a sorte de passar apenas alguns dias no hospital depois do dia que Rose apareceu na sede do clube. A bala atingiu apenas o meu braço. O que me fez vir para cá foi quando eu caí. Eu bati minha cabeça na calçada de concreto e desmaiei. E deixe-me dizer que as feridas da cabeça sangram como um filho da puta.

Os meninos acharam que eu tinha sido baleado na cabeça quando vieram correndo, nenhum deles conseguia entender como eu ainda estava vivo.

Eu tive uma concussão e levei alguns pontos, mas melhor do que uma bala no peito.

Eu sempre odiei hospitais, mas agora o cheiro e a sensação do lugar me atingiram por outro motivo.

Isso me lembrou daquele dia.


CAPÍTULO 3

ROSE

Olho para a carta em minhas mãos.

Mesmo com tudo que sofri durante o último ano, eu ainda consegui terminar a faculdade. Embora eu suspeitasse que meu tio teve seu dedo nisso para o tornar possível. Ele tinha um talão de cheques gordo e muita influência. A faculdade me deu dois meses para completar as últimas tarefas que eu tinha perdido.

Eu sabia que não era normal, mas não estava em condições de me opor. Poderia também aproveitar ao máximo o poder da minha nova família.

A única falha, eu tinha que voltar para Athens e pegar meu diploma em pessoa assinado pelo Reitor.

Eu jogo o pedaço de papel na cama ao meu lado e ele flutua no ar, desliza sobre o colchão e vai para o chão.

Eu gemo.

Eu estou pronta para voltar à cena do crime?

“Uau, não gostaria que o vento soprasse agora e seu rosto ficasse assim.” Rico inclina-se contra o batente da porta. “Porque a careta?”

Entrando no quarto, ele vê o papel no chão e abaixa para pegá-lo. Eu assisto enquanto ele lê. Sua sobrancelha se ergue enquanto ele franze o cenho com as palavras. “Isso é uma besteira, eles não podem fazer você voltar lá apenas para buscar isso.”

“Eu preciso. A única condição é que eu pegue pessoalmente.”

Ele balança sua cabeça. “Eu vou falar com papai. Tem que haver algo que ele possa fazer sobre isso.”

Eu o alcanço antes que saísse pela porta. “Rico, por favor, ele já fez o suficiente por mim com isso. Se é isso que eu preciso fazer, então eu vou fazê-lo.”

Rico era protetor. Nós formamos um relacionamento realmente excelente, mas tanto quanto eu amava que ele assumiu o papel de irmão mais velho, não podia deixar que eles me protegessem de tudo. Entre Rico e Angelo, ambos me ensinaram maneiras de ser mais forte e senti como se eu tivesse crescido tanto no corpo quanto na mente.

Estava pronta para isso.

Eu estava pronta para voltar.

“Eu poderia ir...”

Eu sorrio. “Rico, tudo bem. Eu vou ficar bem.”

Ele faz uma careta. “Bem, que tal irmos até a academia e treinar no ringue de boxe. Assim eu saberei que se você encontrar alguém, você estará preparada.”

Eu rio e salto para fora da cama. Angelo tinha sido inflexível que eu precisava aprender a me proteger. Eu lamentei e resmunguei sobre isso, mas secretamente eu adorei. Isso me deu a sensação de que eu não estava indefesa – um sentimento que meu pai Marco se certificou que eu sentisse todos os dias.

“Boa ideia.” Eu dou nele um rápido empurrão, então ele tropeça e passo por ele indo para o porão, onde fica a academia.

“Pirralha!” Ele gritou atrás de mim. Eu ri, pulando três degraus de cada vez e esperando que eu não perdesse um e caísse desajeitadamente pela escada. Eu podia ouvir os passos de Rico atrás de mim, se aproximando rapidamente.

“Rosalie!” Meu corpo parou instantaneamente ao ouvir a voz do meu tio. Rico parou ao meu lado. Tio Anthony está no final da escada. “Rosalie, eu preciso falar com você. E eu preciso lembrá-los que esta casa não é um pátio de recreio.”

“Sim, pai.” Rico baixou a cabeça, dando à minha mão um aperto rápido enquanto passava por mim.

Tio Anthony estende a mão, gesticulando em direção ao escritório.

Concordo com a cabeça e forço um pequeno sorriso enquanto o sigo pelo corredor. Ele senta-se no grande sofá de couro, uma peça lindamente trabalhada que se encaixava perfeitamente ao tema do escritório. Havia estantes cheias de livros e uma escrivaninha impressionante que era maior que a maioria das mesas de uma sala de jantar de seis lugares. Meu tio era discretamente extravagante. Ele nunca expôs isso ao mundo exterior, mas em sua própria casa ele amava o melhor de tudo, e quanto maior, melhor.

Enfio minhas pernas debaixo de mim enquanto me sento em uma poltrona grande em frente a ele. Ele se inclina para frente, descansando os antebraços sobre os joelhos e juntando as mãos.

“Isso não é bom, é?” Perguntei, me mexendo nervosamente.

Ele suspira. “Marco está pedindo para vê-la.”

Meu coração acelera. “Porquê?”

Meu tio bufa e eu olho para ele em estado de choque. Tio Anthony não bufava. Uma coisa que eu aprendi estando aqui com os DePalma, é que existe uma imagem que a família precisa projetar. É por isso que meu tio mantém uma ótima postura e por que meus primos são tão diferentes a portas fechadas. “Eu diria que ele está desesperado. Ele foi cortado da família. Ele não tem dinheiro e, mais importante, nenhum aliado.”

“Eu não quero falar com ele ou vê-lo,” eu disse, meu estômago agitando. Talvez eu tenha aprendido a ser forte e a manter a cabeça erguida, mas mesmo a menção do nome do meu pai fez tudo o que eu tinha construído desmoronar novamente.

“Eu recomendaria que não o fizesse. Você se tornou uma mulher bonita e forte nos últimos meses.” Eu sorrio suavemente como se ele estivesse lendo os pensamentos na minha cabeça. “Eu odiaria que isso mudasse.”

Eu engulo com dificuldade, mordendo a língua na tentativa de encontrar as palavras certas. “Ele... ele vai sair?”

Seu rosto endurece. “Você tem certeza de que está pronta para essa resposta?”

Sentando um pouco mais reta, concordo com a cabeça. “Por favor... eu preciso saber. Eu perdi tanto tempo me perguntando quem era meu pai. Saber que ele é um ser humano tão sombrio e raivoso, faz-me questionar quem eu sou. Eu sou o sangue dele. Eu sou parte dele-“

“Você é meu sangue. Eu não vou deixar você continuar pensando que só porque ele é seu pai que você foi envenenada com seus problemas.” Sua voz era severa e ele me olhou diretamente nos olhos. Foi intimidante, mas ao mesmo tempo, não ousei desviar o olhar. “Nossa família é forte, somos resistentes e somos humildes. Nunca se deixe pensar de outra forma.”

Um tremor atravessa meu corpo. Suas palavras estavam cheias de paixão.

“Marco não vai mais contaminar essa família com sua presença.”

Demoro alguns minutos para processar isso. Claro, ele nunca iria ser direto e dizer o que ia acontecer com ele. Meu tio era muito inteligente para professar essas palavras, sem saber quem poderia estar ouvindo, mas o que ele havia feito me acalmou.

Marco, quase matou a única pessoa que eu poderia chamar de amiga e tinha me marcado para sempre. Olho para a minha mão que ainda carrega as marcas de seu castigo pouco ortodoxo. A queimadura tinha descolorido minha palma e a deixou com uma textura estranha. Um lembrete permanente da dor que sofri e da minha estupidez por estar tão desesperada por fazer parte de algo mais.

Concordo com a cabeça, aceitando sua explicação. Parecia estranho estar tão entorpecida com algo que qualquer pessoa normal acharia chocante. Eu pensei que ouvir essas palavras doeria mais, que eu sentiria algum tipo de dor no meu peito como foi quando perdi minha mãe. Talvez eu me encaixasse aqui mais do que pensava? Ou talvez eu simplesmente não me importasse? Talvez eu só quisesse que ele se machucasse?

Só esses pensamentos agitaram meu estômago.

“Eu tenho que voltar para Athens para pegar meu diploma,” afirmei, mudando a direção da conversa antes de começar a exigir detalhes.

Tio Anthony inclina a cabeça para o lado. “Você está preocupada com isso?”

Minhas mãos apertam os braços da cadeira. “Não muito preocupada, mas... são eles.”

Eu luto contra as lágrimas quando ameaçam cair. Eu não as deixaria aparecer.

Meu tio respira fundo, mas acena com a cabeça. “Nunca sinta que está abaixo de alguém porque cometeu erros, amore.” Vi a fachada forte escorregar de seu rosto e, pela primeira vez desde que cheguei, senti mais nele do que apenas uma necessidade de proteger o nome de sua família, senti um tio que compartilhava seu coração com sua sobrinha.

Meu corpo se aqueceu.

Eu queria tanto sentir como se pertencesse aqui. Eu tentei, mas eu fui criada de forma tão diferente e eu continuava a me sentir como um pária.

Eu queria aquela grande família que era gentil e atenciosa e passava tempo juntos. Eu queria grandes natais e feriados em família. Eu queria tios que ficassem muito bêbados e contassem histórias divertidas durante encontros familiares e avós que comprassem meias a cada aniversário. Queria uma família que fofocasse e se vangloriasse. Eu queria todas aquelas coisas estranhas que cada família faz, que para elas é normal.

Esta não era a família DePalma.

Os DePalma eram fortes, mas de um modo diferente. Seus laços familiares eram inquebráveis, mas por diferentes motivos. A lealdade ao nome da família foi impregnado neles, tudo permanente e havia certas expectativas para cada membro. Eu aposto que Celia nunca se queixou a seus amigos sobre o poder de seu pai, e eu aposto que Rico nunca sonhou em fugir à noite para ir a uma festa do colégio. Simplesmente porque eles tinham muito a perder. O nome de família DePalma não era algo que você ousaria arriscar.

Era muita pressão e eu já podia sentir isso me sufocando.

“Você gostaria que eu enviasse alguém com você?” A pergunta do tio Anthony me fez sentar um pouco mais ereta.

Eu balanço minha cabeça. “Não. Não, eu preciso fazer isso sozinha.”

Ele franze a testa. “Não há vergonha em pedir ajuda, Rosalie. Somos família.”

Forçando um sorriso, eu balanço minha cabeça. “Obrigada tio. Mas eu nunca vou ser independente se continuar me escondendo atrás de você.”

Sorrindo, ele acaricia minha perna e levanta. “Você é sábia.”

Esta era a coisa boa sobre o meu tio, ele pode criar seus filhos de um certo modo, mas ele definitivamente não os criou para serem covardes e recuar. Isso era algo que eu estava aprendendo rápido, algo que eu precisava.

Respiro fundo quando ele se desculpa e sai do escritório. O pensamento de voltar para Athens me assustou muito. Eu queria acreditar que poderia entrar e sair sem ser notada, mas eu não sou burra. Aquela área é propriedade dos Brothers by Blood MC e não existe nenhuma maneira de voar sob o radar deles.

Ter um dos homens do tio Anthony comigo seria reconfortante, mas eu estaria escondendo minha cabeça na areia.

Eu preciso enfrentar meus demônios e lidar com as consequências das minhas ações.

Talvez essa viagem ajudasse a acalmar minha mente?

Talvez eu voltasse e encontrasse tudo bem e ninguém mais se importava com o que aconteceu?

Talvez eu estivesse apenas sonhando?


Capitulo 4

Blizzard

“Blizz?”

Viro a cabeça para olhar em Ham. Ele está na porta do escritório do Op desajeitadamente.

“Sim?”

“Você tem visitantes, cara.” Eu vejo seus olhos se moverem sobre meu ombro para onde Optimus está sentado com Chelsea em seu colo. Só isso me disse que não é o tipo de visitante que eu iria gostar.

Viro meu corpo em sua direção. “Quem é?”

Seus olhos se estreitam ligeiramente quando ele responde, “Alguns motoqueiros com uma mulher que diz ser sua mãe.”

Eu preciso me conter para não estremecer com suas palavras. Minha mãe foi embora quando eu tinha apenas doze anos, abandonando meu pai e eu por um membro de outro clube. Não soube muito dela desde então. Ela ligava quando eu era mais jovem, mas quando comecei a perceber a profundidade do que ela tinha feito, deixei de atender.

Ham cruza os braços em seu peito largo. O garoto cresceu nos últimos meses.

Fechando as mãos em punhos, sigo para a porta, Ham saltando para o lado antes que eu o atropelasse.

Ouço Optimus gemer. “Oh, merda.” Mas continuo andando pelo corredor e saio pelas portas do pátio. O cascalho faz barulho sob meus pés pesados, passos atrás de mim se movendo rapidamente para me alcançar.

“Blizzard,” Op resmungou, alcançando-me logo antes de chegar aos portões da frente. Eu posso ver os motociclistas parados do outro lado. “Você precisa manter a calma.”

Eu zombo, passando pelo portão e encontro cara a cara a mulher que tinha me virado as costas há tantos anos atrás.

Seus olhos se arregalam e ela se afasta da moto em que estava apoiada. Ela está mais velha, mas ela parece exatamente como eu lembrava dela. Ela envelheceu bem. O pensamento acabou me deixando ainda mais furioso.

“O que você quer?” Eu pergunto irritado, parando ali.

Eu assisto ela se encolher, mas quando uma mão enrugada envolve sua cintura e um grande idiota, vestindo jeans escuro e um colete de couro, levantou-se ao lado dela, ela pareceu recuperar a confiança.

Ela endireita os ombros e me olha nos olhos. “Matthew.” Eu estremeço. Ouvindo meu nome, um nome que eu não tinha escutado sair da boca de ninguém em muito tempo. Quatro outros homens de diferentes idades e físico descem de suas motos e se aproximam.

“Você tem muita coragem de aparecer aqui,” eu zombei.

Sinto Optimus se mover para o meu lado esquerdo, parando na minha frente e dando a atenção, mas os olhos da minha mãe nunca deixaram os meus.

“Eu preciso falar com você.”

Minhas narinas dilatam. “Parece que é algo que você deveria ter feito há vinte anos.”

Ela assente, aceitando o veneno em minhas palavras sem negação. “Eu sei, mas estou fazendo isso agora.”

“Já ouviu o ditado muito pouco, muito tarde?”

O silêncio paira no ar por um tempo antes de Optimus pigarrear. “Espero que você tenha uma boa razão para vir até a sede do nosso clube sem aviso prévio.”

O homem mais velho com o braço em volta da minha mãe lhe dá um aperto antes de dar um passo à frente. Eu sei quem ele é. O homem pelo qual ela tinha deixado meu pai, com o qual tinha iniciado uma nova família em uma nova cidade, em um novo clube.

“Meu nome é Judge,” ele se apresentou, sua voz baixa. “Presidente do Satan’s Sanctuary MC.”

“Optimus,” respondeu meu presidente.

Judge assente. “Eu acredito que há alguma história aqui que obviamente precisa ser esclarecida, mas vou direto ao assunto. Precisamos de ajuda.”

“Não,” respondo secamente. “De jeito nenhum.”

“Blizzard,” Op grunhiu em desaprovação.

Aponto para minha mãe. “Você não pode voltar aqui, pedindo alguma merda depois do que você fez.”

Ela não baixa a cabeça com vergonha ou recua. A cadela é forte, eu preciso admitir isso. Ela levanta a cabeça e me olha diretamente nos olhos. Vejo tristeza refletida ali, mas força também.

“Ela não está pedindo,” disse Judge, pisando na frente dela de forma protetora. Ele bate no peito. “Eu estou pedindo.”

Eu franzo a testa. Não era frequente ver o presidente de outro clube vindo até você pedir ajuda. Nós preferimos manter nossos assuntos ou problemas dentro do clube, nunca mostrávamos nossas fraquezas lá fora.

O Satan’s Sanctuary é um clube muito menor, mas eles tinham um punhado de outras subseções espalhadas por aí. Eu ainda estava surpreso por eles terem vindo aqui.

“Isso é um grande pedido,” disse Optimus.

Eu quero rir, a situação era tão ridícula. Não tenho notícias da minha mãe há anos, e agora ela aparece aqui sem aviso prévio e desesperada.

Judge baixa a cabeça. “Você sabe que não estaríamos pedindo se essa merda não fosse importante e isso diz respeito ao seu garoto aqui.” Ele fez um gesto na minha direção.

Olho de lado para Op e ele franze a testa interessado. Todo o meu corpo gritou para mandar-lhes se foder e rir enquanto eles se afastavam.

Desejo desesperadamente ver a dor nos olhos da minha mãe com a esperança de que isso me fizesse sentir como se estivesse ganhando algo do que ela tirou de mim.

Mas não posso.

Eu encolho meus ombros.

Op me observa por um minuto antes de gritar por cima do ombro dele, “Ham, abra os portões e deixe-os entrar.”

Eu observo enquanto os ombros da minha mãe caem com alívio, e ela recua para a moto onde estava apoiada anteriormente. Op, meus irmãos e eu, voltamos para a sede do clube enquanto eles começam a se dirigir para dentro do complexo.

“O que você acha?” Ele perguntou.

“Nenhuma ideia maldita. Eles devem estar desesperados,” eu disse, chutando o cascalho e observando as cinco motos estacionarem em frente à sede do clube.

“Eles estão desesperados ou sabem que você não será capaz de dizer não?” Eu estreito meus olhos. O desdém que eu tinha pela mulher que me deu à luz queimou dentro de mim. Mas se teve algo que eu aprendi crescendo dentro do clube, foi que você não virava as costas para a família.

Ela me deixou com um pai alcoólatra abusivo que me culpou por todos os seus problemas. Eu o odiava por isso, mas eu o tinha cortado da minha vida? Não.

“Você não sabe se não vamos dizer não.”

Op ri. “Você pode odiá-la o quanto quiser, mas eu te conheço. Você não poderá dizer não.”

Eu resmungo baixo.

Nos reunimos na sala principal. Meus irmãos tomaram seus lugares encostados no bar quando os forasteiros entraram e sentaram em uma mesa comigo e Op.

“Você tem dez minutos para convencer a mim e ao meu vice-presidente cabeça dura de porque nós temos que ajudá-los.” Op colocou as cartas na mesa.

Judge observa sua parceira – sua esposa talvez. Eu nem sabia o que eles eram. Eu sabia que ela e meu pai eram divorciados. O dia em que ele recebeu esses papéis pelo correio tinha sido ruim.

Ele agarrou a gola da minha camisa e me jogou contra a parede mais próxima. Eu não chorei, nem mesmo quando caí sobre a pequena mesa lateral e uma parte da madeira quebrada cortou minha pele. Eu rangi os dentes, triturando-os e escondi a dor enquanto me movia.

Ele empurrou um pedaço de papel na minha cara, nem me deu tempo para entender o borrão de palavras antes de começar a gritar, “Um divórcio! A cadela da sua mãe quer o maldito divórcio!”

Eu queria perguntar por que, para tentar descobrir o que estava acontecendo, mas eu sabia que isso só aumentaria sua raiva.

“Isso é por sua causa! Ela nunca quis crianças,“ ele resmungou enquanto andava de um lado a outro na minha frente. “Ela sempre disse que era muito jovem, queria se divertir e viver sua vida.”.

Eu balancei a cabeça, sem entender o que ele estava dizendo. Ela talvez nunca tenha sido a melhor mãe, eu sabia disso, apenas observando como as outras Old Ladies do clube tratavam seus filhos. Mas ela ainda me abraçava quando eu me machucava e tentava me fazer rir. Ela ia às reuniões escolares e me mandava fazer minha lição de casa.

“Se você não tivesse nascido, então nós ainda estaríamos aproveitando as noites, festejando e fumando sempre que quiséssemos, não envolvidos em trocar fraldas sujas e cuidar de sua bunda.” Ele parou e me encarou com uma escuridão em seus olhos que eu raramente vi. Ele me odiava, eu podia dizer. Eu podia sentir isso.

Se lançando para a frente, ele envolveu suas mãos em torno da minha garganta e começou a me levantar do chão. Eu engasguei e sufoquei, cuspindo em seus braços tatuados.

“Ela mudou! Você fez ela mudar!“ Ele me sacudiu, batendo minha cabeça na parede e me deixando atordoado. Eu tinha quinze anos e era grande para minha idade, mas nada contra a força brutal do meu pai.

“Solta ele, Hands!” Ouvi outra voz rouca gritar. Ele continuou a me sacudir mesmo quando o homem que consegui reconhecer como o presidente do clube e melhor amigo do meu pai, Dealer, entrou e tirou suas mãos do meu pescoço.

Eu caí no chão, tossindo e ofegando.

“A culpa é dele!” Escutei meu pai gritar enquanto eu rastejava cegamente ao longo do piso de madeira em direção ao meu quarto. A voz alta do meu pai cheia de acusações me seguindo. “Sua maldita culpa!”

Dealer me salvou da ira do meu pai em mais de uma ocasião.

Eu sinto como se ele soubesse quando as coisas iriam ficar ruins e apareceria do nada. Eles costumavam ser próximos, Dealer e Hands escolheram seus nomes juntos. Como prospectos, eles costumavam sair e enganar homens no pôquer. Eles eram uma equipe improvável, mas juntos eram imparáveis – imbatíveis.

Meu amigo Op teve os melhores pais. Seu pai era forte e poderoso, mas humilde sobre quem ele era e o mundo que ele controlava. Dealer atendeu a todos em sua família, até mesmo os pequeninos, como eu. Ele acreditava em lealdade e força como um, que nossa cadeia é tão forte quanto o seu elo mais fraco.

Sua esposa, Daisy-Mae, era uma garota do interior que não sabia como lidar com o clube no início, mas ela aprendeu porque era sobre o que seu homem gostava, então era o que ela gostava. Ela era uma senhora influente, mas uma alma reconfortante e pacífica.

O amor deles foi combinado pelo maldito universo. Eu pensei uma vez que o dos meus pais também era.

Quão errado eu estava.


Capitulo 5

Blizzard

Um pigarro chamou minha atenção e eu escutei quando Judge começou a falar. Ele manteve a cabeça erguida apesar da situação em que ele estava. Que não me mostrava o quanto eles precisavam de nós. Ele não iria entrar aqui e implorar e pedir ajuda. Isso não é o que um presidente forte faz.

Ele iria colocar tudo na mesa e, independentemente da nossa resposta, ele manteria seus ombros erguidos e sairia daqui jogando um foda-se por cima do seu ombro.

Eu tinha que respeitá-lo por isso.

“Descobri um clube ocupando no nosso território, Vicious Vultures MC.” Ele fechou as mãos enquanto as colocou no topo da mesa. Minha mãe, Jackie, envolveu sua mão sobre a dele e deu um leve aperto. “Eles estiveram nos irritando por um mês ou mais. Tentando tudo o que eles têm. Matando alguns dos meus meninos, roubando lojas na cidade, aterrorizando as pessoas e dizendo a todos que se nós não desistirmos, eles irão queimar tudo até que não haja mais nada.”

“Você veio até aqui por causa de uma guerra por território?” Eu zombei. “Isto é para o que as suas subseções servem.”

Judge reconhece minhas palavras, mas continua conversando com Op. “Uma subseção veio ajudar, expulsou-os, mas a merda ficou séria... e pessoal, duas noites atrás.” Ele limpou a garganta e olhou para a minha mãe que acenou com a cabeça para ele. “Eles levaram nossa menina.”

Eu olho para eles em estado de choque. Nunca soube nada sobre eles terem um filho. Perguntei-me se o meu pai sabia, com certeza ele teria adorado ter jogado isso na minha cara. Afasto da mesa e me obrigo a levantar.

Eu vejo minha mãe tentar levantar pelo canto do meu olho, mas Op levanta uma mão, impedindo-a de sair da cadeira.

“Quantos anos estamos falando aqui?” Perguntou Op.

“Ela tem dezenove anos,” ela respondeu suavemente.

Os números começam a correr pela minha cabeça. Quantos anos eu tinha quando ela foi embora? Quantos anos tenho agora?

Eu giro bruscamente e olho para ela. “Uma mentirosa e uma fodida traidora.” Eu lambi meus lábios e olhei para ela.

“Matty...”

“Esse não é o meu nome porra!” Gritei. Sinto uma mão no meu ombro, uma mão leve.

“Blizzard, está tudo bem,” disse Chelsea suavemente.

“Não está...” Eu tentei respirar, mas foi estranho e trêmulo, a adrenalina e a raiva enchem minhas veias. “Não está tudo bem! Enquanto você estava brincando e destruindo meu mundo, eu estava lidando com as consequências. Eu estava levando surras por você!”

Minha mãe ofega e uma mão cobre sua boca.

“Eu estava apanhando então você poderia sair e ser uma puta de merda.”

“Basta!” Gritou Judge, batendo as palmas das mãos sobre a mesa e olhando para mim. “Mostre a sua mãe um pouco de respeito. Você precisa saber a verdade antes de começar a lançar acusações infundadas.”

Eu dou um passo à frente, Chelsea ainda agarrando meu ombro em uma patética tentativa de me segurar. “Infundadas? Eu tenho as malditas cicatrizes para provar isso.”

“Blizzard, isso é o suficiente,” Op grunhiu, de pé também e girando o corpo para mim. “Sente-se porra, não terminamos.”

Chelsea pisa na minha frente agora e a deixo me empurrar para trás até eu sentir minhas costas baterem no bar e eu caio em um banquinho agora desocupado. Ela agarra minha mão, meus dedos brancos pela maneira dura que eu os estava apertando-os. Ela abre minha mão e força uma garrafa de cerveja gelada.

Inclinando-se para mim, ela sussurra com dureza, “Beba antes que Op venha aqui e nocauteie você.”

Olho por cima da sua cabeça para o meu presidente. Ele pode ser meu melhor amigo, mas ele tinha a ameaça de violência em seus olhos enquanto ele me encarava. Eu bebo na garrafa, o líquido amargo e fresco escorregando pela minha garganta. A sala está silenciosa. Chelsea observa-me cautelosamente até ficar satisfeita, então ela se afasta, deslizando atrás de Op.

Com as coisas calmas, Op começa de novo. “Como eles a pegaram?”

Minha mãe limpa a garganta. “A pegaram na saída do seu trabalho. Mataram um dos meninos no processo.”

“E desde então?” Leo perguntou, tomando meu lugar ao lado de Op na mesa.

“Exigiram que abandonemos a cidade em troca dela.” Eu olho quando outra voz se juntou à conversa. Ele é jovem, mas alto e robusto. Ele segura um isqueiro nas mãos, acendendo-o com os dedos.

“Suponho que isso não é uma opção,” respondeu Leo.

O garoto estreita os olhos. “Eu quero a porra da minha mulher de volta! E, infelizmente, para nós, vocês podem ser a única opção que temos de fazer isso, sem perder nosso clube ou nossas vidas no processo.”

Ah, então o garoto estava com a minha chamada irmãzinha. Meus instintos gritaram para socá-lo só por esse fato. Foi um sentimento estranho.

“Vocês tem um plano para isto?” Op perguntou, jogando o braço em torno de Chelsea que está ao seu lado.

“Espero que possamos descobrir uma maneira se você concordar em nos ajudar,” disse Judge, batendo os dedos sobre a mesa.

Op responde com diplomacia, “Isso é algo que eu precisarei discutir à mesa com meus irmãos.”

Judge pega a mão da minha mãe. “Claro. Nós ficaremos na cidade. Você pode nos informar quando tomar uma decisão.”

Observo enquanto Optimus aperta as mãos dele e os acompanha até às motos. Meus irmãos se espalharam, mas Chelsea caminha direto para mim.

“Você precisa de outra cerveja?” Perguntou ela.

Olho para a minha garrafa que se tornou vazia mais rápido do que o habitual. “Sim, princesa.”

Ela contorna o bar e noto o pequeno coxear em seu passo. Chelsea tinha sido gravemente ferida, precisando de uma extensa terapia física antes de poder caminhar corretamente de novo. Mas todos notamos que quando ela estava cansada ou estressada, ela tinha um pouco de dificuldade.

“Princesa, você precisa se sentar antes que seu homem te veja andando como um pato manco,” eu a repreendi, enquanto ela colocava outra cerveja gelada no balcão.

“Você acabou de me chamar de pato manco?” Ela bateu suas unhas bem feitas no balcão do bar, me desafiando a repetir.

Eu sorrio. “Sim, mas um daqueles bonitinhos fofinhos e amarelos.”

Ela bufa. “Você é um idiota.”

Meu sorriso lentamente se transforma em um sorriso malicioso quando ouço o estrondo profundo das motos e a batida de pesadas botas chegando à porta. “Ei, Op! Sua garota está oscilando enquanto caminha.”

Chelsea se debruça sobre o bar como se fosse me agarrar, mas eu me afasto de seu alcance.

“Mulher, você pode simplesmente se sentar,” Optimus grunhiu passando pela porta.

Ela cruza os braços em seu peito. “Estou bem. Seu irmão aqui está apenas tentando me irritar.”

“Chelsea...” advertiu Op.

“Ele me chamou de pato manco!” Ela protestou, apontando para mim como uma criança acusadora.

Eu rio, mas antes que pudesse retrucar, um pequeno corpo passou pela porta ao lado de Optimus e se atirou em mim. Consegui colocar minha bebida no bar antes de pegar Harlyn no ar e levantá-la.

“Ei, garota.” Eu sorri para a garotinha.

Harlyn é a garotinha de Op. Ela e sua mãe estavam vivendo em outro estado. Isso até que a merda bateu no ventilador alguns meses atrás, e Optimus finalmente as trouxe de volta para cá na tentativa de mantê-las seguras enquanto lidamos com a mesma família mafiosa que atirou em mim na rua há alguns meses.

Quando as coisas finalmente se acalmaram, Sugar, a mãe de Harlyn decidiu voltar e ficar com a nossa família. Optimus e Chelsea estavam animados por tê-las aqui. Outro de meus irmãos ficou particularmente feliz por ter Sugar tão perto, mas Op ainda não tinha consciência do relacionamento que estava crescendo dentro dessas paredes.

“Por que você não está na escola?” Perguntou Chelsea com desconfiança, inclinando-se no bar para dar um beijo na bochecha da menina.

Harlyn cobre a boca e tosse um pouco. “Eu estou doente.”

Levanto minha sobrancelha para Optimus e ele esfrega a mão pelo rosto.

“Como o inferno que você está,” Optimus grunhiu aproximando, tira-a de mim e a coloca no chão. Ele se agacha na frente dela. “Você perdeu dois dias na semana passada, Harlyn. O que está acontecendo?”

Ela arrasta seus pequenos tênis no chão.

“Isso é o que eu gostaria de saber.” Sugar apareceu na porta de onde Optimus tinha acabado de sair. “Nós vamos ver o professor depois da escola.”

Harlyn geme, “Estou doente.”

“Besteira,” Op disse a pegando no colo. “Que horas? Chelsea e eu iremos.”

“Três e meia. Mas por enquanto, você tem lição de casa para fazer, senhorita.” Ela jogou a mochila de Harlyn na mesa mais próxima.

Harlyn olha para Chelsea como se estivesse procurando algum apoio. Chelsea balança a cabeça. “Vá fazer.”

Optimus a libera e ela pisoteia, resmungando sobre como era tão injusto. A garota pode ter apenas seis anos, mas é como ter uma maldita pré-adolescente.

“A vida de uma criança de seis anos... tão difícil,” zombei.

Ela me lança um olhar sobre o ombro e não posso deixar de rir.

Tal pai, tal filha.

“Igreja em meia hora,” ordenou Optimus antes de seguir pelo corredor até o escritório.

Suas palavras ficaram de repente sérias. Havia coisas maiores para se preocupar. Se Harlyn soubesse o quanto ela tinha sorte.

Minha vida estava prestes a ficar muito mais complicada.

Eu podia sentir isso.


Capitulo 6

Rose

A viagem de avião não tinha sido longa, mas na minha cabeça, pareceu uma eternidade. Sentada lá, esperando enquanto me aproximava cada vez mais do lugar onde eu me perdi.

Athens guardava as piores lembranças da minha vida. Foi onde meu pai me espancou, onde ele me fez sentir como se fosse a escória mais baixa da Terra. Ele me contou histórias sobre quão poderosa era a família DePalma, como eles possuíam os Estados Unidos e como eles eram tão dominantes e influentes. Marco me fez sentir como se fosse um privilégio ser considerada parte de sua família, não simplesmente um direito, porque eu tinha o sangue deles correndo nas minhas veias.

Quando eu encontrei meu pai, ele me enviou para a faculdade do outro lado do país. Doeu saber que o homem que eu procurei, por tanto tempo, era tão frio e indiferente. Enquanto eu estive longe, pesquisei a história das famílias italianas – seus costumes, seus valores. Era tudo o que eu queria, tudo o que eu tinha sonhado quando garotinha. Primos, tias e tios, avós – o tipo de família que se unia para comemorar.

Então, quando Marco me chamou dizendo que era hora de eu aparecer e provar o quão dedicada eu estava em fazer parte de sua família, me juntei a ele em um instante. Sem saber que estava prestes a entrar em algo que me destruiria completamente.

Inspiro profundamente enquanto saio pelas portas do aeroporto. O ar aqui é diferente do ar de Nova York. Mais fresco, talvez. Mas mesmo a suavidade do ar e os espaços abertos não fizeram nada para me acalmar.

Eu parei alguns minutos, esperando acalmar minhas mãos trêmulas antes de jogar minha bolsa sobre meu ombro e caminhar até o táxi mais próximo.

Eu tinha reservado um quarto de hotel perto da universidade e da cidade, então não precisaria arranjar um carro. O plano era uma noite e depois eu daria o fora daqui amanhã à tarde.

Entrar e sair – eu poderia fazer isso.

Meu corpo estava começando a relaxar sentada no táxi e assistindo o mundo passar. Eu me apaixonei por essa cidade. Era bonita e tradicional. Um nó se formou na minha garganta. O cenário era familiar e, enquanto olhava pela janela e observava, comecei a me sentir quase confortada.

Tanto quanto eu amei e detestei as memórias que vieram com este lugar, no final, ainda tinha um sentimento de casa.

Me acomodo no meu quarto de hotel e peço comida. Eu escolhi fazer um voo à tarde amanhã, então eu poderia caminhar até a universidade e pegar um táxi de lá direto para o aeroporto. Não haveria muita coisa a ser feita e, portanto, poucas chances de ver... alguém. Eu verifico o relógio. São quase dezenove horas e está começando a escurecer lá fora.

Fico de pé na varanda e olho para a rua. Eu cheguei a conhecer Athens como a palma da minha mão, e meu antigo apartamento era a apenas duas ruas de onde eu estou. Eu quase posso ver seu telhado.

O desejo de dar uma olhada é atraente. Eu adorava aquele pequeno lugar. Antes que Chelsea fosse morar comigo, era onde eu tinha encontrado meu santuário.

Lembrava-me de casa.

Lembrava-me da minha mãe.

Meu peito doeu quando pensei na mulher que me criou. Eu tentei ignorar meus pensamentos sobre ela durante o ano que passou, simplesmente porque eu sabia que ela ficaria tão decepcionada pela pessoa que eu havia me tornado.

Eu visto um casaco com um capuz e coloco meus tênis. Descendo as escadas correndo, chego a uma das últimas voltas e quase colidi com uma mulher que estava lentamente subindo. Saio do caminho, me desculpo profusamente, enquanto ela pressiona a mão em seu coração, como se eu a tivesse assustado.

“Tudo bem, querida,” ela disse, finalmente olhando para mim. “Eu deveria ter ouvido você vindo, mas eu estava em outro mundo.”

Os olhos dela são lindos, brilhantes e azuis e cheios de familiaridade. Nesse instante, achei que ela poderia saber quem eu era, então me desculpei novamente. “Não há problema, tchau!” Eu desço os degraus dois de cada vez, querendo fugir o mais rápido que posso. A última coisa que eu queria era que alguém me reconhecesse enquanto estivesse aqui e os Brothers viessem bater na porta do meu quarto de hotel.

Prendo meu cabelo e puxo o capuz sobre minha cabeça. Eu mantenho o rosto abaixado enquanto caminho, começo a ficar nervosa e isso me fez saltar a cada pequeno ruído ou movimento.

Não era que eu tivesse medo.

Eu sabia que os Brothers nunca me machucariam – não fisicamente. Mas eu sabia que, tendo a chance, Blizzard iria usar a oportunidade para me rasgar em pedaços. Eu estava cada vez mais forte todos os dias, aceitando que cometi erros e tentando me erguer como uma pessoa melhor. Agora, não era o momento de ser cortada e destruída por alguém com quem uma vez eu realmente me importei – com quem eu ainda me importava. Eu estava com medo de que cada passo que eu dei até agora teria sido por nada e que voltaria a ser aquele pequeno rato assustado quando deixei Athens, há tantos meses atrás.

O vento arranca o capuz do meu rosto e eu me encontro em frente ao apartamento que amei.

O piso inferior é uma garagem antiga onde os proprietários do edifício armazenam todas as suas coisas enquanto vagam pelo exterior em cruzeiros e festas. Eles nunca ficaram em um lugar e, portanto, decidiram alugar seus pequenos apartamentos para ajudar a financiar suas despesas – não que precisassem, eram ricos e horrivelmente gananciosos.

Não posso deixar de sorrir para a escada lateral frágil que conduz ao apartamento. Minha mãe e eu moramos no mesmo tipo de apartamento na Califórnia por doze anos. A única diferença era que havia um apartamento abaixo do nosso e a senhorita Betham, a idosa que vivia ali e cuidava de mim, todos os dias depois da escola.

Estudo o lugar cuidadosamente, me perguntando por que não tinha percebido as semelhanças até agora.

Minha mãe trabalhava em dois empregos e, quando completei quatorze anos, fui trabalhar também. E mesmo assim, ainda lutávamos para ganhar dinheiro apenas para as despesas no melhor dos tempos.

O vento leve esfria as lágrimas que começaram a escorrer lentamente pelo meu rosto.

Eu sinto muita falta dela.

Minha mãe era uma mulher que eu olhava e admirava. Ela era tão forte e nunca deixou nossas circunstâncias ditar nossa felicidade. Ela sempre encontrou tempo, e ela me fez lembrar que não era sobre a quantidade de dinheiro que tínhamos ou onde vivíamos, mas quem nós éramos como pessoas.

Uma lição que obviamente esqueci.

Senti como se eu tivesse arruinado tudo e destruído a pessoa que ela me criou para ser. As coisas nunca foram destinadas a ser dessa forma, nunca foram feitas para acabar assim tão mal. E eu só tinha a mim mesma para culpar.

“Sinto muito, mamãe,” eu sussurrei no vento enquanto olho para o pequeno apartamento. “Eu sinto muito. Odeio viver assim, mas não sei como melhorar. Por favor, se você estiver ouvindo, preciso que você me dê uma chance de melhorar tudo.” Olhei para o céu, as nuvens bloqueiam as estrelas. Eu queria poder vê-las, talvez apenas por um pequeno sinal de que ela poderia me ouvir.

Eu fungo e volto para as sombras quando um carro entra na rua. Eu fiquei lá tempo suficiente. Arrasto meus pés quando volto para o hotel, meu coração pesado e angustiado. Perder a minha mãe provocou a busca do meu verdadeiro pai, um pai que minha mãe passou a vida toda me escondendo.

Infelizmente, eu era muito curiosa e o buraco em que me encontrei era mais como um túmulo.

Quando você fez o pior. Quando você machucou pessoas por causa das escolhas que você fez. Quando você está caindo e caindo, e achar o seu equilíbrio parece impossível, para onde você vai?

A quem você recorre?

Pela primeira vez na minha vida, eu me perguntei se era isso. Era assim que eu deveria viver? Lamentando minhas escolhas de vida e nunca avançar? Nunca ter uma família me apoiando?

Se fosse, talvez tivesse que considerar se era assim que eu queria viver o resto da minha vida.

Porque não acho que eu poderia.


Capitulo 7

Rose

A caminhada de volta para o hotel foi lenta e refrescante. O tempo estava bastante quente, mas a brisa que me atingia provocava um pequeno calafrio.

Ou talvez fosse apenas minha imaginação.

Talvez eu estivesse esperando uma tempestade de neve de algum tipo.

O bar ao lado do saguão do hotel está cheio. Havia um aviso lá fora dizendo que acontecia uma conferência nesse dia e a sala estava cheia de empresários de aparência rica com suas gravatas afrouxadas.

Parei por um segundo para observá-los. Eles riam e brincavam, indo de um grupo para outro – misturando-se.

Parecia que o único cuidado que eles tinham no mundo era onde ir em suas próximas férias ou para alguns, qual das mulheres respeitáveis, mas altamente sexy, no bar, eles iriam levar para o seu quarto.

O punhado de senhoras que se juntaram a eles usam vestidos longos bonitos que caíram e abraçaram os lugares certos. São lindas e requintadas. Alguns dos homens as olhavam como abutres enquanto bebiam uísque caro.

Apenas alguns anos atrás, eu teria invejado todos eles. Eu teria sonhado em ter seu dinheiro e ser parte de sua pequena reunião. Mas, depois de ir morar com os DePalma, descobri rapidamente que essas pessoas não eram sempre o que pareciam. Qual deles tinha vínculos com o tráfico de drogas, qual deles se casou pela riqueza da família apenas para que pudesse ter tudo, qual deles estava sendo pago para ignorar as coisas escuras e nocivas que estavam acontecendo dentro de seus negócios?

Você não poderia saber.

As pessoas nunca são o que parecem, eu sabia muito bem. Eu vivi isso.

Encontrei meus pés me levando para o bar, mas não foram os vestidos fabulosos que atraíam minha atenção. Foi a senhora que eu encontrei rapidamente nas escadas no início dessa noite. Ela está sentada com um grupo de homens. Eles usam coletes de um MC e, mesmo que eu devesse fugir de qualquer pessoa nesta cidade que usasse algo parecido com isso, a necessidade de saber quem eram foi tão forte que não consegui evitar.

Eles estavam sentados em uma cabine lotada, recostados e falando calmamente enquanto bebiam cerveja. Este não era o lugar de costume que pessoas como eles gostavam de frequentar, eu sabia disso com certeza. Um dos homens levanta e eu observo o emblema que cobre suas costas.

Satan’s Sanctuary.

Eles não são Brothers by Blood.

Há uma pequena mesa que fica atrás da cabine deles. É mais baixa e eles não podem me ver por cima.

A adrenalina me domina enquanto eu deslizo para o assento vazio e sinalizo para uma garçonete.

“O que você gostaria, querida?” Ela me cumprimentou com um sorriso. Ela odiava estar lá. Eu podia dizer isso apenas pelo entusiasmo forçado em sua voz.

“Vodka e laranja,” respondi calmamente, me ajeitando na cadeira, fazendo parecer que eu estava me virando para ela, mas, na verdade, eu estava me posicionando para que minha orelha ficasse virada na direção da outra cabine. Ela assente rapidamente e desaparece na multidão de homens.

“Eu preciso dela de volta.” Ouvi a voz da senhora. Parecia triste e abatida. Meu coração queria estender a mão para ela, a dor era tão real que eu podia sentir apenas por essas cinco palavras.

“Nós vamos pegar Lane de volta, Jackie,” uma voz suave retumbou. Fiz uma nota mental dos nomes dos quais estavam falando.

“E se Blizzard disser que não? E se a ponte estiver muito desgastada para ele atravessar?” Meus ouvidos se animaram e por um segundo meu coração parou. Blizzard.

“Ele não vai. Ele pode ser um idiota, mas ele não vai se afastar disso,” disse uma outra voz profunda. “Precisamos de alguém lá dentro. Conseguir alguém para ver se ela está bem. Se ela ainda está viva.” O homem murmurou as últimas palavras. Quem quer que eles estivessem falando, posso dizer apenas pela emoção em sua voz que isso o tinha atingido com força. Demorava muito para um homem mostrar esse tipo de cuidado por uma mulher, e eu instantaneamente o admirei por ser capaz de ser tão transparente.

“Você acha que eles arriscariam um deles por nós?” Alguém zombou.

Ouço uma leve fungada e com isso meu coração quase quebrou. “Eu simplesmente não sei, não mais.”

“Ei, linda.” Eu me assustei, olhando para cima para encontrar um dos homens de negócios olhando em mim com um sorriso bêbado em seu rosto. Eu queria rolar os olhos, claramente ele tinha bebido demais, e mais do que provavelmente arruinado com as mulheres mais elegantes que estavam aqui. Então, aqui estava ele, tentando sua cantada barata em mim, a garota escondida no canto vestindo um moletom e jeans.

Afastando meu corpo dele, respondo educadamente, “Não estou interessada. Mas obrigada.”

Claramente não entendendo a dica, ele se aproxima ainda mais, o cheiro de álcool e más escolhas de vida irradiando dele. “Eu tenho um quarto no andar de cima.”

Fraco. “Eu também. É o que geralmente acontece em um hotel.”

Ouço uma pequena risada vir da cabine atrás de mim, e percebo que preciso sair daqui e rápido antes de chamar muita atenção.

Eu me levanto, usando a mesa como barreira colocando-a entre nós. “Eu estava indo embora,” eu disse a ele. Seu rosto se ilumina, então eu acrescento rapidamente. “Sozinha.”

O sorriso transformou-se instantaneamente e eu sabia que não estava saindo daqui sem chamar a atenção. Eu respondi à sua atitude agora irritada com uma carranca. Era como se estivéssemos em algum impasse mexicano. Um de nós tinha que se mover e tive a sensação que seria eu, que ele não ia me deixar passar de forma pacífica.

“Todas as mulheres aqui são iguais, fodidas. Acho que você é melhor do que toda elas, mesmo na sua...” ele acenou sua mão na minha direção como se estivesse dissecando minha roupa “...roupa de rato de rua.”

Eu não me ofendi, inferno, eu quase ri. Se isso era o melhor que ele tinha, eu ia ganhar essa batalha intelectual por uma milha. Mas não era isso que estava me preocupando. Ele é um cara grande e eu sou alta, mas mesmo eu sei que a força muscular, às vezes, vence o cérebro.

“Você precisa ir procurar outro rato de rua,” falei seriamente. Esperando que ele achasse o nosso pequeno encontro problemático demais e saísse para perseguir a próxima mulher.

Aparentemente, eu estava esperando por muito e esse cara tinha uma faixa realmente estúpida ou muito teimosa. Nenhuma das quais seria bom para mim se eu não saísse dessa situação rapidamente.

As pessoas se movem a nossa volta, ignorando o que estava acontecendo como se não pudessem fazer nada para detê-lo. Então, por que se incomodar. Assim como na estação de trem. Se não era sua luta, por que se envolver?

Egoísta. As pessoas são egoístas.

Eu decido ir em frente. Esperando que ele estivesse muito bêbado e lento para tentar fazer um movimento enquanto eu passava por ele. Eu me espremi entre a cabine e a mesa em que eu estava sentada, torcendo meu corpo ao redor dele e tentando manter o espaço entre nós. Subestimei o seu alcance e vi meu braço envolto em sua mão quente e suada. Suas unhas bem feitas afundam na minha pele.

“Ei!” Eu gritei, puxando seu pulso com a outra mão. “Solte-me.”

Inclinando-se mais perto, ele grunhe na minha cara. “Pare de ser tão arisca, cadela.”

“Deixe-me ir,” gritei, desistindo de sua mão e empurrando seu peito. Meu braço arde onde seus dedos estão apertando. É o tipo de dor que eu não sentia há muito tempo. O tipo de dor que você sente apenas quando é infligido a você por outro ser humano. Eu o empurro novamente, mas ele não se move. Em vez disso, ele começa a me puxar. Eu firmo meus calcanhares, mas ele é forte.

“Ei!” Gritou uma voz. O homem de terno ergue os olhos bruscamente. Seus olhos se estreitando. “Solte-a.” A voz era severa e implacável.

“Cuide do seu próprio negócio,” gritou o meu atacante. Sua mão aperta meu braço e com o choque de dor que me atravessou, eu decido que não me importaria em causar uma cena um pouco mais. Eu levanto meu pé para trás e alinhei, usando toda a minha força nele quando chuto diretamente nas suas bolas.

Ou, pelo menos, onde deveriam estar, porque estava se tornando bastante evidente que esse idiota não tinha nenhuma, se gostasse de caçar mulheres assim.

A força do meu chute fez ele se afastar instantaneamente, mas, com isso, ele me jogou para trás. Eu me preparei, esperando cair no chão de costas, mas em vez disso, dois braços envolvem meu corpo me pegando enquanto eu tropeçava.

Eles estão cobertos de tatuagens. Tatuagens coloridas, sem espaço livre para ser visto.

“Bem, acho que não consegui salvá-la daquele feio bastardo, mas eu te salvei de cair no chão. Isso me dá alguns bônus?” Sua boca está bem ao lado da minha orelha e enquanto ele falava sua respiração fazia cócegas no meu pescoço. Eu estremeço e rapidamente afasto me equilibrando. “Não é exatamente a reação que eu estava esperando.” Ele riu.

Eu giro, meus pés quase se enroscando. Ele se aproxima uma vez mais para me estabilizar e consigo dar uma boa olhada no rosto dele. Ele tem uma barba cobrindo sua mandíbula, estranho ver em alguém que parecia tão jovem, mas sexy, no entanto. Um gorro preto em sua cabeça, mas é o colete que ele usa que mais se destacou.

Balançando a cabeça enquanto tento limpar meus pensamentos, peço desculpas, “Desculpe. Isso foi intenso.” Eu olho para o homem que tinha me agarrado. Ele está abrindo caminho entre as pessoas, indo na direção do banheiro dos homens.

“Odeio idiotas como ele.” O cara com as tatuagens bufou. ”Maldito bastardo.”

Eu esfrego meu braço, está dolorido e eu sei que haveria contusões depois.

“Obrigada...” eu disse a ele, deixando a frase no ar.

“Skins,” ele ofereceu, e eu soube de imediato que esse é seu nome de estrada.

“Você está bem, querida?” Eu percebi de repente que eu estava de pé bem em frente à cabine onde os membros do clube estavam sentados. Jackie – eu lembro que eles se referiam a ela assim – está olhando para mim com preocupação.

Eu preciso sair rápido daqui. “Sim, desculpe por incomodar vocês,” eu divagava.

“Você não nos incomodou,” disse Skins, levantando uma sobrancelha. ”Nós não vamos ficar sentados e deixar um idiota tratar uma garota desse jeito. Mas, como eu disse, você pareceu ter dado conta, então meus deveres de super-herói terão que esperar por outro dia.” Ele piscou para mim e não pude deixar de rir. Skins é atraente. Suas tatuagens de cores vivas se destacam como um farol contra sua camisa branca e colete de couro preto. Elas distraem e hipnotizam, completamente diferente do que você esperaria encontrar em um motoqueiro.

“Obrigada por me salvar de machucar minha bunda,” eu disse a ele com um sorriso.

Seu sorriso aumenta. “É muito bonita. Ver isso machucada seria um crime.” Eu balancei a cabeça enquanto me afasto do grupo. “Vejo você por aí?” Ele falou.

“Talvez,” respondi sobre meu ombro enquanto saio dali apressada.

A adrenalina corre por minhas veias enquanto eu subo a escada para meu quarto. Eu estou no quinto andar e mesmo assim ainda estou bombeando com energia.

Eu tenho uma pequena parte de informação agora. Informações que eu poderia ignorar ou usar. Se eu escolhesse ignorar, simplesmente pegaria meus papéis da faculdade amanhã e iria para casa. Casa, nem tenho certeza de que era isso. Athens sempre pareceu mais como estar em casa do que qualquer outro lugar que eu estive desde que minha mãe morreu.

A outra opção é ficar. Ficar e tentar usar o que acabei de saber, fazer algum tipo de diferença. Ouvindo a dor na voz de Jackie, eu sabia que ela precisava de alguém para ajudar. E se os Brothers by Blood entrassem nisso, eles também precisavam de alguém.

Eu entro no banheiro e coloco ambas as mãos na pia. Olhar meu reflexo no espelho tinha sido uma coisa difícil para fazer quando estive aqui na última vez. Porque eu sabia que eu não era a pessoa olhando para mim. Eu tinha virado outra pessoa e me deixei transformar em outra coisa. Só agora estava começando a ver o reflexo do eu real olhando de volta. Não está tudo lá, mas há pequenos pedaços e peças surgindo novamente.

Eu a quero de volta. Quero me ver refletida ao que era novamente.

E se era isso o que eu queria, então precisava lutar por ela e provar que ela ainda estava aqui.


Capitulo 8

Blizzard

“Ei, cara!” Eu olhei para cima para ver Optimus andando até mim. Tinha terminado de limpar minha moto e a cadela está brilhando. Exatamente como eu gosto. “Alguma chance de você rodar e pegar Jayla na casa de Lucy. Uma da garotas ligou para o X-Rated avisando que está doente e Luce tem que cobri-la.”

Ele estende as chaves de sua caminhonete. “Claro, mas onde está Chel? Achei que ela iria fazer isso.”

Ele aproxima-se e larga as chaves na minha mão estendida.

“Nós iríamos, mas ela tem tido alguns problemas com sua coordenação ultimamente, e eu quero levá-la ao hospital para uma avaliação.” Eu podia ver o olhar preocupado no rosto do meu irmão.

“Merda,” eu murmurei. Chelsea estava muito bem atualmente, até mesmo voltando a sua rotina regular.

Ele assente. “Sim. Eu só espero que ela não tenha se esforçado demais.”

Eu tive que sorrir, aquela garota é forte e determinada. Op teve sorte de encontrar uma Old Lady tão perfeita.

“Cuide da sua garota. Vou sair e pegar a pirralha,“ falei por cima do ombro enquanto caminho para a caminhonete que está estacionada no terreno do complexo.

“Obrigado, cara!”

Jayla tem quase cinco anos. Sua mãe, Hayley, tinha sido uma stripper na X-Rated. Infelizmente, ela foi apanhada no fogo cruzado durante nosso breve confronto com a família DePalma, e Marco DePalma, o pai de Rose, a matou na porta do clube de strip.

O pai de Jayla era desconhecido e a família de Hayley chutou seu traseiro porque ela engravidou muito jovem. Apenas esse pensamento me deixou furioso. Ela era apenas uma criança tentando criar uma criança. Ela não mereceu ser deixada por conta própria. Em momentos como este sou grato ao clube. Nós éramos família, mais fortes, porque construímos a nossa família juntos. Sem o clube quem sabe onde eu estaria agora. Depois que minha mãe foi embora, definitivamente não foi meu pai que me criou, ele estava muito ocupado bebendo e lidando com os negócios do clube para se importar onde estava seu filho adolescente. Foram as Old Ladies e os membros do clube que se certificaram que eu tivesse uma casa e pessoas me cuidando. Eles me ensinaram o verdadeiro significado da família.

Até agora, conseguimos manter Jayla fora do sistema, adiando as audiências no tribunal e nos certificando de ter nossas coisas em ordem antes de ir em frente e fazer uma reivindicação sobre ela. Porque aos nossos olhos ela é nossa, ela é uma de nós, e não há nenhuma maneira no inferno que um juiz fosse nos negar o nosso direito.

Corro para o apartamento de Lucy e bato na porta. Ela se abre apenas alguns centímetros e olho para baixo para encontrar dois olhos brilhantes me olhando.

“Ei, pirralha.” Seu nariz enrugou, mas não demorou muito para ver um pequeno sorriso. Jayla não fala muito. Nenhum de nós sabia se é porque tinha perdido a mãe ou se ela sempre foi assim. Hayley esteve conosco pouco tempo antes de ser morta, então ninguém realmente as conhecia muito bem. “Você está pronta para ir?”

Ela abre a porta um pouco mais e estende a pequena mochila de princesa para que eu pegasse. Eu reviro os olhos, mas pego de suas mãos e jogo sobre meu ombro.

“Ei, Blizz. Obrigado por ter vindo tão rápido.” Lucy veio pelo corredor, a bolsa balançando em seu braço enquanto tenta colocar o brinco na orelha. “Eu tenho que estar no palco em meia hora.”

“Sem problema. Estamos aqui pra isso.” Eu bagunço o cabelo de Jayla e ela olha para mim e bufa. Ela obviamente está passando muito tempo com Harlyn porque seu comportamento chegou a mim alto e claro.

Lucy a pega e caminha comigo até o caminhonete, colocando-a no assento infantil no banco de trás e dando-lhe um rápido beijo na bochecha.

“Tchau!” Ela diz com um rápido aceno enquanto corre e entra em seu próprio carro. Como ela conseguia andar naqueles saltos, eu nunca saberia, mas eles são sexy como o inferno.

Enquanto os irmãos tinham regras sobre dormir com as strippers que trabalhavam para nós, eu tinha minha cota justa delas. Lucy não era exceção. Ela é quente, sexy e um bocado pervertida no quarto. Mas ela também nunca foi de se apegar e era assim que eu gostava.

“Tudo bem, para a sede do clube,” eu disse e entro na caminhonete. Olho por cima do ombro e Jayla sorri para mim. Ela pode ter perdido a mãe e não havia nada que pudesse afastar essa dor, mas, pelo menos, sabíamos que ela estava feliz.

O trajeto pela cidade está congestionado com todos voltando para casa do trabalho. Eu gemi enquanto estávamos parados em um semáforo, não nos movíamos. Minhas mãos apertadas no volante. Se eu estivesse na minha moto, isso não seria a merda de um problema.

“Ela é bonita como a mamãe.” Meus olhos se arregalam com as palavras de Jayla. Provavelmente foi o máximo que eu já ouvi sair da boca de uma só vez.

“Quem, Jay?” Perguntei. Seu pequeno dedo bate na janela, então eu giro para ver onde ela está apontando.

Ansiedade me domina.

Ela parece exatamente com eu lembrava dela. Os longos cabelos escuros fluíam livremente por suas costas, shorts jeans apertados que mostram suas pernas atléticas bronzeadas e uma blusa curta que mostra o suficiente para provocar um homem.

Rose.

Ela está na cidade.

Meu coração parou e eu não tinha certeza se era raiva que crescia dentro de mim ou desejo. Talvez uma mistura dos dois. Eu observo enquanto ela caminha pela calçada, com a cabeça baixa, então eu não vi seu rosto. Mas eu sei que é ela. Eu a conheceria em qualquer lugar. Eu tinha memorizado seu corpo.

Buzinas de carro soaram me assustando e eu percebi que não havia mais ninguém na minha frente e a luz estava verde. Eu quero saltar da caminhonete e segui-la. Exigir saber por que ela está aqui, mas não posso. Não há nenhum lugar para estacionar e eu só posso ir em frente.

Eu amaldiçoei e bati com a mão no volante enquanto acelerava e arrancava. Minhas mãos estão tremendo e minha cabeça está gritando para manobrar e voltar. Vá encontrá-la. Vá até ela. Eu queria berrar, eu queria gritar, eu queria dizer a ela o que eu pensava sobre ela. Mas principalmente eu só queria envolvê-la nos meus braços e senti-la.

Rose me deixou louco. Ela me fez sentir tantas emoções diferentes ao mesmo tempo. Eu a tinha visto com fogo em seus olhos uma vez. Durante as últimas semanas que passei com ela, eu lentamente vi o fogo encolher para uma chama que mal cintilava. Na época, tudo o que eu queria fazer era trazê-lo de volta, ver o rosto dela acender novamente. Mas agora que eu sabia o que estava acontecendo às portas fechadas, eu sei que seria quase impossível.

Ela estava sofrendo. Ferida de uma maneira que muitos de nós achariam completamente inconcebível. Eu podia me identificar. O pai dela passou seu tempo fazendo com que ela se sentisse inútil e indigna de seu amor. Ele a quebrou, fez com que ela sentisse que não tinha outras opções exceto a dele.

Aperto o volante em minhas mãos. A lembrança do que ele fez com ela me deixou furioso, isso me fez querer visitar a prisão e garantir que ele nunca tivesse a oportunidade de machucá-la novamente.

Rose sofreu – ela foi manipulada e confundida.

Ele apagou seu fogo e eu me perguntei se ela iria recuperá-lo. Mesmo agora, eu ansiava para ver a luz que vi uma vez nela. Mas a raiva por ser machucado e enganado me inundava toda vez que eu pensava nela. Eu só podia imaginar o que sairia da minha boca se eu a visse cara a cara.

Meu cérebro estava tão confuso, entendendo que havia uma razão para ela mentir e fazer as coisas que ela fez. Mas com raiva por quão perto eu me permiti chegar até ela, incluindo tudo o que eu ofereci para mantê-la segura. Então ela mudou e cravou uma faca nas minhas costas.

Chegando na sede do clube, o lugar parece muito vazio. Eu sei que há um grande jogo de futebol em Huntsville, e com o clube agora trabalhando duro em nossa empresa de segurança, Op conseguiu o contrato. Nós não usávamos nossos coletes do clube quando trabalhávamos para a empresa, mas a maioria de nós tendo mais de um metro e oitenta e cobertos de tatuagens, éramos uma força a ser reconhecida.

Abrindo minha porta, dou a volta para ajudar Jayla a sair da caminhonete. Eu posso sentir meus músculos tensos depois de ver Rose.

“Harlyn?” Jayla perguntou com curiosidade. Olho por cima do meu ombro para ver o carro vermelho esportivo de Sugar estacionado no canto do complexo.

“Acho que sim, garota. Por que você não vai procurá-la?” Eu a levanto do assento e ela envolve seus braços ao redor do meu pescoço. Ela me dá um abraço e isso me surpreendeu por um segundo.

Jayla e eu erámos próximos. Sua natureza tímida manteve-a muito tranquila perto dos meninos. Mas desde que ela me viu interagindo com Harlyn, ela se abriu mais. Meu coração se aqueceu e ela me soltou, se remexendo para que eu a soltasse. Coloco seus pés no cascalho e ela sai correndo, disparando pelo lado da sede até o local onde nós dois sabíamos que Harlyn estaria brincando – o parque infantil dos fundos. Ela amava isso.

Olho para ela por um minuto. Completamente incrédulo. Imagino se talvez ela pudesse sentir minhas emoções e aquela foi sua resposta a elas. O pensamento me chocou quando entrei no clube. A sala está vazia, mas eu posso ouvir vozes baixas conversando nas proximidades. Franzindo o cenho, vou para a sala onde nos reuníamos para a igreja, as portas estão abertas, mas as pessoas que estão lá não perceberam a minha presença.

“Vocês sabem que há crianças do lado de fora,” gritei, cruzando os braços em meu peito.

Sugar e Wrench se afastam. Sugar tenta endireitar a camisa e fechar o botão da frente de seu jeans freneticamente enquanto Wrench ficou parado e franziu o cenho para mim.

“Não me olhe assim, irmão,” eu disse, balançando o dedo e tentando muito não rir. “Você é o único fazendo algo errado.”

Ele ajusta seu boné preto – algo que ele nunca foi visto sem, virando-o para que a aba sombreasse seu rosto novamente. “Não estamos fazendo nada de errado.”

Eu ri e balanço minha cabeça.

“Por favor, não diga a ele, Blizz,” Sugar implorou baixinho.

Não olho para ela, mas olho para o meu irmão, que, em troca, olha diretamente para mim. “Quanto mais você se esgueirar, mais difícil será contar a ele.”

Wrench bufa antes de passar por mim e sair pela porta.

“Ele quer contar a Op. Mas eu simplesmente não posso fazer isso.” Ela se inclina contra a parede, passando os dedos através de seus cabelos emaranhados.

“Fazer com que ele esconda isso, significa mentir para o presidente dele,” eu avisei, esperando que essas palavras fizessem sentido.

Ela aperta os olhos com força e esfrega o rosto, “Eu não quero ser responsável por eles ficarem na garganta um do outro. Nós dois sabemos que Op vai surtar quando contarmos a ele, e ele vai tentar quebrar a cara de Wrench. Eu não quero isso.”

Era verdade. Mesmo que eles não estivessem mais juntos, Op ainda achava que era o protetor de Sugar. Mesmo que isso significasse protegê-la de um de seus próprios irmãos. “Mas você está bem em forçá-lo a mentir e se esgueirar? Ele poderia ser expulso do clube por isso, Sugar.” Eu mantive minha voz profunda e baixa, tentando ao máximo ser severo sem deixar quem estava no clube saber sobre este pequeno... desenvolvimento. “Mentir é uma ofensa gravemente punível, especialmente mentir sobre algo que diz respeito à família de Op.”

“Punível?” Ela questionou, com os olhos arregalados.

“Sim, ele poderia ser banido... expulso... morto. Isto não é apenas um estúpido caso de amor, Sugar. Isso poderia afetar o lugar de Wrench no clube.” Eu balanço a cabeça. “Ame-o ou deixe-o. Se você o ama, levante-se e lute por ele. Se você não o ama, pare de brincar e o deixe ir. Você está brincando com fogo, e ele é quem vai acabar queimado. Não você.”

Ela pressiona suas costas na parede, e por um segundo pensei que ela poderia entrar em colapso. Eu não podia me envolver nessa merda. Op é meu melhor amigo e meu presidente. Tudo dentro de mim grita conte a ele, mas eu sei que é uma bagunça que eles precisavam resolver.

“Eu não queria que isso acontecesse,” ela sussurrou com tristeza. “Nunca pensei em voltar para cá. Eu adoro o clube, sabe? Mas assim que eu tive Harlyn, eu tinha alguém para proteger. E a vida no clube... é perigosa.”

“É também a família mais protetora e leal que você poderia pedir.” Eu apontei para a mesa, para o vívido símbolo do Brothers by Blood que estava esculpido profundamente na madeira. “Essa coisa é mais do que o emblema que usamos em nossas costas. É quem somos. É o que defendemos. É quem está do nosso lado, e é o que nós amamos.”

Ela olha, seus olhos brilham e derivam sobre o símbolo como se fosse a primeira vez que ela realmente estava vendo isso. Como se fosse a primeira vez que acreditava que era mais do que apenas um logotipo ou sinal.

Ela assente. “Entendi.”

Imagino se ela realmente entendia, mas eu já tinha dito o que queria. O resto era responsabilidade dela.

Ela mantém a cabeça baixa quando passa por mim. Era tão diferente dela. Sugar é forte. Mesmo durante a guerra em que perdemos o pai de Op, ela ficou ao lado dele e manteve a cabeça erguida. Imagino o que aconteceu recentemente para que ela se sentisse tão quebrada, tão exausta.

Uma parte de mim esperava não tê-la esmagado completamente, eu não gostava de ver sua dor. Ela se tornou como uma irmã para mim. Ela tecnicamente não era uma Old Lady, mas era bem respeitada dentro do clube. E não só porque ela deu à luz a filha do presidente. Mas porque ela tem o tipo de aura que atrai você. Ela tinha uma força de caráter, mas também era doce e cuidava de todos nós.

Vê-la de cabeça baixa me machucou, mas eu sei que ela precisava ouvir isso. Franco e direto. Se ela ficasse dando voltas nessa merda e ignorasse o quão importante isso era, então, quando a merda batesse no ventilador, todos nós seríamos pulverizados.


Capitulo 9

Blizzard

Eu consegui colocar meu pai em uma clínica de tratamento dentro de Huntsville. É especializada no que o meu pai precisa e tinha exigido muito levá-lo até lá.

Eu tive que arrastar o Optimus. O meu pai não poderia mais andar de moto conosco - ele era o que você poderia chamar de aposentado – mas ele ainda recebia benefícios do clube e de mim, então eu tive que usar a influência do nosso grande presidente. Por sorte, ele respeita Optimus muito mais do que a mim.

Huntsville ainda é perto o suficiente para eu e as Old Ladies visitar, e o bônus era que ele poderia ter o tratamento que precisava. Os médicos me disseram que ele poderia melhorar – não inteiramente, mas melhor do que estava – se ele seguisse o programa que tinham preparado para ele. Mas eu não estava fazendo planos com base em eventos futuros que poderiam não acontecer.

Chego na recepção e eles me apontam a direção de seu quarto. O lugar é como um hospital – tão branco, tão limpo. O cheiro também é forte.

Uma enfermeira vem na minha direção, exatamente quando tento inutilmente ajustar meu pau. Ela notou o movimento e um rubor cobre suas bochechas. Em outro tempo, eu provavelmente estaria tentado a levá-la até a despensa mais próxima e fodê-la, mas ela não é quem eu quero. Eu quero Rose, mas na última vez que eu segui meu pau com ela, pessoas com quem me importo quase morreram. Eu não cometeria o mesmo erro duas vezes.

Encontro o número do quarto de papai e entro, no exato momento em que ele pegou uma garrafa de tequila em miniatura na mão.

Passo a mão pelo meu rosto. “Você está falando sério?” Ele não vacilou nem tentou escondê-la. Ele não se importava se eu visse ou não. Tequila não era sua bebida preferida, era sempre cerveja. Não importava qual marca ou de onde era – cerveja era cerveja. Mas, obviamente, quem contrabandeou, escolheu o que era fácil de esconder, e uma caixa de cerveja não era.

Eu acho que poderia ser pior.

Não poderia?

Ele nem me reconheceu quando sentei na sua poltrona. O quarto é grande o suficiente para uma cama, uma cadeira, uma pequena mesa e algumas outras coisas. Há uma televisão na parede e um banheiro ao lado que tem um chuveiro, um vaso sanitário e uma pia.

Eu sabia que ele ia odiar isso aqui, mas não me importava.

Eu estava cansado de ser o pai nessa relação, arrastando seu traseiro para casa do bar, impedindo-o de ser preso ou morto, e ainda deixá-lo atirar sua raiva constantemente em mim. Aguentei os golpes verbais e os físicos, e ainda voltava na semana seguinte.

“Essa merda colocou você aqui, ainda assim você continua tomando como se fosse água,” eu murmurei, balançando a cabeça. Fiquei desapontado, mas não chocado.

“Errado,” ele rosnou. “Você me colocou aqui seu merdinha.”

Os golpes baixos nem sequer foram registrados. Era como uma conversa normal para nós. Bem, para ele.

“Não vou pedir desculpas por tentar mantê-lo vivo um pouco mais.”

Ele toma outro gole da minúscula garrafa, o conteúdo agora desaparecido. Mas não foi só isso. Ele puxa outro debaixo do colchão e continua.

“Você veio se vangloriar? É isso? Finalmente me colocou de lado? Me trancou como um maldito criminoso.” Suas palavras não eram acusadoras, eram mais como se fosse uma questão de fato. “Optimus, assim como seu fodido pai, dando ordens.”

“Ele é nosso presidente, porra! Se você quiser um teto sobre a sua cabeça, respeite esse fato, “eu falei com firmeza, não estava prestes a ouvi-lo criticar meu irmão.

“Não estaria aqui se...”

“Não diga isso,” eu gritei. Eu ouvia isso todas as vezes que o via. Meu pai nunca reivindicou outra Old Lady depois que minha mãe foi embora. Ela era a única para ele, mesmo depois de descobrir que ela não sentia o mesmo. Tudo se resumia ao fato de que ela tinha partido, e nenhuma vez, em todos esses anos ele assumiu uma única parcela de responsabilidade por ela ter ido embora.

Ele bate a pequena garrafa na mesa ao lado da cama. Com a força que ele usou, fiquei atordoado por não ter quebrado. “Se ela ainda estivesse aqui, eu estaria em casa. Mas, em vez disso, fico preso com um idiota que nem sequer tem bolas para cuidar de seu pai.”

Eu rangi os dentes, nós tínhamos discutido sobre isso mais vezes do que eu poderia lembrar, mas desta vez era diferente. Desta vez, eu sabia mais. “Ela voltou.”

Seu corpo enrijece, mas ele continua olhando para a parede na sua frente. Eu não sou mesmo digno de um simples olhar.

“Sim, ela voltou há alguns dias. E você sabe o quê?” Eu me recostei na cadeira, erguendo meus ombros. “Ela está indo bem sem você.”

“Você pequeno bastardo,“ ele respondeu, jogando a garrafa de tequila vazia na minha direção. Eu me abaixo e ela se quebra contra a parede atrás de mim. “Ela estaria cuidando de mim agora, se não fosse por você!”

“Sim, porque viver com um marido alcoólatra miserável que bate em seu filho é simplesmente o tipo de coisa que todas as mulheres querem, certo?” Eu gritei de volta para ele. Eu sei que agora uma das enfermeiras deve ter chamado a segurança para vir investigar a comoção. “Ela tem uma nova família... uma fodida filha. Você sabia disso? Eu não a culpo por abandonar seu rabo infeliz. Estou apenas desapontado por não ter seguido ela quando tive a chance.”

As palavras chocaram até a mim. Foi a primeira vez que eu admiti que o que ela tinha feito todos aqueles anos atrás foi a coisa certa. Eu acho que sempre soube o que ele era, todos sabiam. Essa foi a razão pela qual as old Ladies me levaram, e os pais de Op ajudaram a me criar.

Ele aponta para mim com raiva. “Eu deveria ter deixado ela te levar.”

Meus olhos arregalam. “O quê?”

Eu observo a tensão deixar seu corpo, e então ele está calmo novamente. Ele sabia que tinha vantagem nesse assunto e se tornou arrogante. “A cadela implorou para levá-lo, mas eu não deixei porque era a única coisa que ela queria. E se eu não pudesse tê-la, ela não poderia ficar com você.”

Assim que eu estava prestes a atravessar o quarto e acertar meu punho no rosto do velho, o segurança e algumas enfermeiras atravessaram a porta, lotando o quarto. Meu peito arfava de raiva.

“Seu filho da puta!” Eu rugi.

A enfermeira que passou por mim no corredor coloca as mãos no meu peito e me empurra para a porta, um segurança logo atrás dela. ”Você precisa ir agora, nós o manteremos atualizado.”

Eu poderia ter lutado mais se não estivesse tão atordoado com o que ele havia dito. Em vez disso, eu a deixei me levar para fora do quarto, me empurrando suavemente para o corredor antes de virar e entrar no quarto novamente.

Eu atravessei o labirinto de corredores atordoado, suas palavras constantemente ressoando.

A cadela implorou para levá-lo...

Se eu não pudesse tê-la, ela não poderia ficar com você.

Eu estava farto, cansado do estúpido bastardo. Este foi o fim.

Consegui chegar ao estacionamento, mas antes de montar minha moto, puxo meu celular do bolso.

“O que há de novo?” Op respondeu casualmente.

“Encontre alguém para me cobrir no X-Rated hoje à noite. Vou estar fora do radar por algumas horas,” eu disse a ele, minha voz soando monótona, sem emoção.

“O que aconteceu?” Ele perguntou, agora em alerta completo.

Eu passo a mão pelo meu cabelo, estava ficando comprido e eu precisava cortá-lo urgentemente.

“Eu vou explicar mais tarde. Só não posso lidar com essa merda agora.”

O silêncio me saudou por um minuto. “Certo, se cuida.”

“Sim.”

Eu monto minha moto e a ligo, o som e as vibrações instantaneamente me acalmaram. Não sabia para onde estava indo. Eu queria estar sozinho, e a melhor maneira de fazer isso era apenas dirigir. Dirigir até que eu não conseguisse me aguentar ou a minha moto por mais tempo.

Era a única maneira.


Capitulo 10

Rose

Após o incidente do bar, mal preguei o olho. Minha mente estava correndo e não havia nem sinal de uma linha de chegada.

Consegui me arrastar para a faculdade e me encontrar com o reitor. Ele me cumprimentou como se eu fosse família, apertando minha mão e sorrindo amplamente. Mas para alguém na folha de pagamento da família DePalma, eu não esperava nada menos.

Quando voltei ao hotel, ainda não tinha decidido o que eu ia fazer. O saguão estava tranquilo agora, há punhado de pessoas no bar comendo, mas, além disso, está um completo contraste com as festividades que tinham acontecido ontem à noite.

Eu acho que todo mundo ainda está dormindo de ressaca e acordando ao lado de pessoas que não conhecem.

Meu quarto estava uma tranquilidade. As portas abertas para uma pequena varanda, com vista para a rua movimentada abaixo. O sol brilha, atingindo totalmente minha cama e não pude resistir me espalhar sobre ela. Os raios de sol queimam minha pele, mas me sinto tão bem, tão aquecida.

Meu avião decola em três horas. É hora de tomar uma decisão. Enterro meu rosto no travesseiro com um profundo suspiro, mas assim que fiz isso, há uma batida brusca na minha porta. Eu rolo, quase caindo na lateral da cama. Ninguém sabe que eu estou aqui. Quem estaria batendo? Eu levanto, e vou na ponta dos pés até à porta.

“Quem é?” Eu perguntei, mas ninguém respondeu. Talvez tenham ido embora? Talvez tivessem errado o quarto?

Respiro fundo e pego a maçaneta, destrancando e puxando lentamente. Quando o vejo de pé, com os braços cruzados em seu peito largo, meu coração acelerou.

“O que... o que você está fazendo aqui?” Eu perguntei sem fôlego através da pequena fresta. Ele coloca a palma da mão na porta e empurra. Aturdida, não tive tempo suficiente para detê-lo enquanto ele passava e a fechou atrás dele, bloqueando a fechadura.

“Estava a ponto de perguntar o mesmo,” disse Blizzard, uma frieza em sua voz que eu ainda não estava acostumada. Seus olhos azuis me encaram, ele permanece alto e intimidante, mas não tenho medo. Eu queria ir até ele, puxá-lo para perto, tocá-lo e lembrar-me de que ele era real e estava bem.

“Eu tive que vir e pegar meu Certificado de Conclusão da faculdade,” eu disse a ele, me afastando para perto da cama. Meu quarto é razoavelmente grande, mas com ele nele, parece muito apertado. Não há nenhum lugar para correr, mesmo que eu quisesse.

Mas não quero.

Eu gesticulei para o monte de papéis que joguei na cama quando entrei. Ele nem sequer olhou. Em vez disso, ele continuou a olhar para mim.

Engolindo minha apreensão pergunto, “Como você sabia que eu estava aqui?”

O canto de sua boca curva para cima. “É nosso trabalho saber tudo o que acontece aqui.”

Não duvidei disso. Eu sabia que só por estar aqui, que havia uma grande possibilidade de um deles me ver. Na verdade, estava surpresa por ter demorado tanto tempo.

Ele finalmente se move, afastando os olhos de mim e observando o quarto. ”Eu pensei que os DePalma poderiam pagar algo melhor do que isso?”

Era para ser um golpe baixo, mas a verdade é que nem sequer o senti. Eu estava hipnotizada demais para sentir algo nesse ponto.

Blizzard é maior do que eu lembrava. Parece ter ganho músculos, mas em todos os lugares certos. Sua cintura ainda é delgada e cônica, mas seus ombros e seu peito estão amplos e largos. Ele se aproxima de mim e luto contra o desejo de recuar, lembrando-me de que eu não tinha medo desse homem. Eu sabia em meu coração que ele não iria me machucar. Eu tinha visto como o tinha esmagado me ver com dor. Ele me viu no meu pior, e eu sabia que ele nunca iria encostar um dedo em mim dessa maneira. Mas eu também sabia que suas palavras poderiam causar tanto dano quanto os punhos de qualquer outro homem. Ele aproximou-se até quase me tocar e tive que erguer meu pescoço para olhar para ele.

“Você não deveria ter voltado,” ele sussurrou suavemente, seus olhos nos meus.

Eu lambo meus lábios nervosamente. ”Porquê?”

Sua mão levanta e segura o lado do meu pescoço, seus dedos enterrando no meu cabelo. Eu recuo, mas ele me segura no lugar. Não foi para me machucar, mas para mostrar o domínio e não pude deixar de me excitar com isso.

Ele inclina minha cabeça para trás ainda mais, me puxando ao mesmo tempo. Minhas mãos inconscientemente sobem e minhas palmas pressionam seu peito. Eu queria que sua camisa não existisse para poder cravar minhas unhas no músculo sólido. Eu quero sentir cada declive e elevação de seus abdominais debaixo das minhas mãos.

“Você é uma tentação que não posso correr o risco,” ele me disse enquanto seus olhos vagavam pelo meu rosto, sua cabeça inclinando de um lado para o outro como se quisesse aproximar seu rosto e me beijar.

Passando a mão pelo seu estômago, eu podia sentir a tensão e eu sabia que ele estava lutando para se controlar. Coloco meus dedos dentro da cintura de seu jeans esperando até ele encontrar meus olhos novamente.

“Corra o risco,” eu sussurrei, minha garganta cheia de emoção.

Ele não esperou outro segundo, esmagando sua boca na minha e mergulhando seu corpo para que pudesse envolver o outro braço debaixo da minha bunda e me levantar do chão. Minhas pernas circulam sua cintura e meus braços seu pescoço, agarrando-me a ele como se fosse meu suporte de vida.

Nossas bocas lutam, recusando-se a parar para respirar. Eu nunca quis que isso acabasse, foi o que sonhei por tanto tempo. Eu balanço meus quadris enquanto ele recua, batendo na minha cama e caindo de costas. O beijo foi interrompido quando saltamos e uma pequena risada escapou de mim. Eu recuo, afastando o cabelo do meu rosto e olhando para ele. O sorriso que ele me deu foi sexy e sedutor, e mais uma vez eu vi o Blizzard do qual lembrava na primeira noite em que nos conhecemos. Ele era impetuoso e divertido, e não importava o quanto eu protestasse, ele de alguma forma conseguia me fazer rir.

Suas mãos acariciam minhas bochechas enquanto ele me pressiona contra ele, solto um pequeno gemido. Meus shorts jeans apertado havia subido, e com a ajuda de seu pau duro, a costura está esfregando o lugar certo.

Coloco ambas as mãos no seu peito e arqueio minhas costas. ”Blizzard.” As palavras saíram dos meus lábios tão facilmente, como se fossem feitas para a minha boca.

“Isto é bom, baby?” Ele perguntou, sua voz rouca enquanto me pressiona novamente, ao mesmo tempo que levanta os quadris da cama.

Ele continua me fazendo montá-lo, mas ergue uma mão e enfia na frente da minha camisa pela gola baixa e dentro do meu sutiã.

“Oh Deus,” gritei, seus dedos apertando meus mamilos.

Minha respiração está ficando pesada. Olho para ele, minha boca aberta, um pequeno suspiro saía toda vez que meu clitóris era pressionado. Seus olhos brilham e desta vez sorri, não um sorriso sexy, mas um sorriso normal. Como se ele estivesse realmente feliz. Como se tivéssemos passado muito tempo afastados e este fosse o nosso destino.

Estávamos fodendo ainda com roupas como adolescentes na parte de trás do carro dos seus pais, mas porra, não importava porque estávamos juntos. Não havia palavras odiosas ou erros passados. Erámos só nós. Em um quarto. Em um momento.

Só nós.

“Goze, baby. Goze pra mim.”

Apenas as palavras foram suficientes para me deixar liberar qualquer sinal de tensão no meu corpo. E com isso, eu gozo. Meu corpo treme e balança quando um milhão de choques de prazer me dominam. Eu grito, agarrando sua camisa nas minhas mãos. Eu tenho outro orgasmo logo em seguida antes de cair no seu peito. Ele estava tão quente, tão gentil, quando suas mãos acariciaram minhas costas e me acalmaram.

Fecho os olhos e permito a mim mesma ser feliz por alguns minutos. Ele está aqui.

“Isso significa que você me perdoa?” Eu perguntei, não querendo arruinar o momento, mas precisando saber exatamente o que isso significava.

Quando ele não responde, eu fico imóvel.

Eu deveria ter mantido minha boca fechada.

“Blizzard?” Eu sussurrei suavemente.

BANG.

Eu pulo, jogando todo o meu corpo para cima e fico de pé em um salto. Olho em volta freneticamente, as portas da varanda que eu tinha aberto, tinham se fechado.

Eu respiro profundamente aliviada, e foi quando percebi que Blizzard não estava aqui. Não havia sinal de que ele esteve aqui.

Eu tinha adormecido.

Eu sinto lágrimas nos meus olhos. Meu cérebro estava tão desesperado, que eu tinha imaginado tudo. Sonhado tudo. Eu me jogo de volta na cama e as lágrimas mancham o lindo lençol branco. Ao verificar o relógio enquanto eu limpo os olhos, percebo que ainda tenho uma hora antes de precisar estar no aeroporto.

Mas eu não iria.

Eu sabia disso com certeza agora.

Meu coração, meu cérebro e meu corpo tinham acabado de me mostrar exatamente o que eu precisava saber.

Eu queria mais do que simplesmente me redimir. Eu o queria. Eu precisava que ele soubesse que eu iria lutar por uma pequena chance dele me ver como mais do que apenas uma mentirosa.

Era possível?

Talvez.

Mas talvez fosse tudo o que eu precisava, porque eu sabia que se não tentasse, me arrependeria para sempre. E eu já tinha passado muito tempo deixando arrependimentos me contaminar.


Capitulo 11

Rose

Era surreal, estar exatamente no mesmo lugar que eu estive quando meu primo atirou em Blizzard. Eu olho para a calçada, inspecionando-a como se esperasse ver algum tipo de mancha ou lembrete do que aconteceu. Mesmo sob a luz da lâmpada de rua, eu posso ver que não há nada. Suspiro, não tenho certeza se é uma coisa boa ou ruim. A memória foi dolorosa, observar o movimento de Blizzard caindo. Lembro de gritar seu nome, mas não consegui chegar até ele. Eu me senti tão perdida, meus primos me afastaram enquanto ele ficou deitado lá impotente.

Por minha causa.

Foi tudo por minha causa.

De repente, eu não estava tão confiante e meu estômago se agitou. Eu tento me lembrar por que eu estou aqui.

Redenção.

Ouvir a conversa no hotel foi exatamente o que eu precisava. Eles precisavam de alguém, eu precisava provar a eles que estava arrependida. Mesmo que arrependimento significasse me colocar no meio de uma tempestade de merda e esperar pelo melhor.

“Cresceu um par de bolas em você enquanto esteve ausente?”

Eu me assustei. A rua está escura, mas claro, alguém está de pé no portão da sede do The Brothers. Quando ele sai do portão e fica sob a luz, eu reconheço seu rosto. Luto para lembrar o nome do prospecto que passava horas sentado do lado de fora do apartamento que Chelsea e eu compartilhamos uma vez, cuidando constantemente dela.

“Ham, certo?”

“O que você está fazendo aqui, Rose?” Ele perguntou cautelosamente, sua mão segurando firmemente a arma ao seu lado. Era isso que eu merecia. Essas pessoas que uma vez chamei de amigos, sentindo que precisavam se proteger de mim.

“Eu não estou aqui para causar problemas,” eu disse a ele, tentando aliviar a tensão.

Ele riu. “Nós dois sabemos que você estar aqui vai causar todos os tipos de problemas. Então não vamos ser hipócritas.”

Suspiro. “Posso ver Optimus?”

Seus olhos se estreitam em mim. “E por que isto?”

“Eu acho que vocês têm um problema e eu poderia ter a solução.” Tentei manter minha cabeça erguida e meus ombros retos, apesar da necessidade dolorosa de me virar e correr. Minha única chance era pedir para ver Optimus, mais ninguém. Eu sabia que Ham, pelo menos, teria que levar isso a seu presidente.

“Phil, chame Op.”

Eu vejo movimento nas sombras atrás dele. Claro. Não havia um, mas dois deles garantindo a segurança do complexo.

Ham continua a olhar para mim enquanto uma voz atrás do grande portão fala rapidamente e baixinho. Não recebi outra palavra. Seu olhar é intimidante, mas eu não me deixaria recuar agora. Eu cheguei tão longe, eu estava mais forte, não era mais aquela garota fraca de antes.

Ouço a trituração no cascalho lentamente ficando mais alto e a agitação no meu estômago piorou. Quando o portão se abre e Optimus sai, eu sabia que era isto. Era minha única chance de falar e rezar para convencê-lo de que eu estava aqui para ajudar, não destruir.

“Nunca pensei em vê-la aqui novamente,” ele disse quando entrou na luz. Seus olhos me estudam antes de examinar a rua à nossa volta.

“Nunca pensei que fosse voltar,” respondi honestamente.

“Essa provavelmente teria sido a opção mais sábia a seguir.” Eu aceitei o golpe, mas não vacilei. Agora não era a hora de discutir meus direitos de estar nesta cidade. Eu precisava fazer isso, e precisava fazer rapidamente antes dele ter tempo para pensar e me despachar.

Engolindo duramente, separo meus pés me posicionando com firmeza. “Ouvi dizer que você precisa de alguém para usar um disfarce?“

Ele ergue uma sobrancelha, mas não demonstra mais nada. “Nós não somos os policiais, Rose.”

“Eu sei o que ouvi.” Coloquei minhas mãos nos meus quadris. “Você precisa de alguém e eu tenho algo a provar.”

Eu vejo o canto de sua boca se contrair. “Não sei de onde você está conseguindo suas informações, ou o que exatamente você acha que pode provar, mas acho melhor você fazer isso em outro lugar.”

Ele se vira para sair, efetivamente me dispensando. Mas eu não iria desistir tão facilmente. Procurei no meu cérebro por algo que lhe mostrasse que eu não estava falando merda.

“Posso trazer Lane de volta.”

Ele para imediatamente, virando a cabeça para o lado então eu posso ver seu perfil. A luz do poste lança uma sombra escura sobre seu rosto, é uma visão que você não gostaria de encontrar caminhando sozinha para casa à noite.

“Onde você ouviu esse nome?”

Eu limpo minha garganta que de repente estava seca. “Eu ouvi uma conversa no hotel onde estou hospedada. Eu sei que você precisa de alguém para entrar disfarçado e recuperá-la.”

Ele lentamente vira o corpo para mim. “Alguém já lhe disse que é grosseiro ouvir as conversas de outras pessoas?”

“Talvez você deva dizer a seus amigos que o bar de um hotel não é lugar para discutir os problemas do clube,” retruquei, lamentando quase que imediatamente quando ele dá um passo à frente. Meu corpo reage instantaneamente. Recuando, a fim de manter uma distância segura entre o grande homem que parece estar pronto para atacar e eu.

“Eu acho melhor você esquecer o que ouviu e ir para casa,” ele resmungou.

Encho meu peito. “Estou tentando fazer as coisas direto, Optimus. Eu fodi tudo. Eu ferrei tanto que nunca vou parar de me arrepender pelo que fiz. Nunca vou seguir em frente. Para o resto da minha vida, serei assombrada por isso. Mas agora, aqui mesmo, eu estou pedindo... implorando... por favor, deixe-me recuperar o pouco de auto respeito que tive uma vez.”

Ele olha para mim em silêncio, e por um minuto, penso ter visto o que poderia ser um brilho de respeito em seus olhos.

“Estou avisando você agora, vindo aqui vai irritar seriamente algumas pessoas.” Ele falou devagar e com cautela, como se ele achasse que eu era completamente estúpida e não tivesse ideia do que estava fazendo. Mas eu tinha e estava pronta para lidar com quaisquer consequências que vinham com isso.

“Eu posso nunca conseguir recuperar sua confiança, eu entendi isso.” Minha garganta apertou. “Mas isso não é apenas por você. Preciso provar a mim mesma que não sou meu pai.”

Ele inclina a cabeça, me estudando como se estivesse tentando descobrir se eu estava mentindo, tentando apenas derrubar as defesas deles.

“Você matou alguém ultimamente?”

Meus olhos arregalam. “O quê? Não!”

Optimus sorri. “Então você não é seu pai.” O tom de sua voz era um pouco reconfortante. Eu quase pude acreditar que ele era uma boa pessoa. “Esteja aqui de manhã, nove horas, Ham estará esperando por você no portão e ele irá levá-la para dentro. Isso é algo que precisa ser discutido primeiro com o clube. Uma decisão será tomada então.”

Optimus é um grande líder. Ele é forte e firme, mas também diplomático. Eu o respeito.

Aceno com a cabeça em concordância, mas antes de me virar e me afastar, não pude deixar de perguntar, “Como está Chelsea?”

Seus olhos voltam para o complexo, sem dúvida, onde ela está esperando por ele. Me pergunto se ele iria lhe contar que eu estive aqui, e também se ela se importaria.

“Ela está bem. Quase de volta ao que era.”

Meu coração aperta e sinto as lágrimas começarem a aquecer meus olhos. “Eu não...”

“Isso é algo que você precisa dizer a ela...” ele interrompeu. “... se você tiver uma chance.”

Eu limpo minha garganta, tentando recuperar minha compostura. ”Certo. Eu vou te ver pela manhã.” Eu me virei e comecei a caminhar de volta pela rua, um vento frio chicoteando meus braços nus.

“Não me faça arrepender, Rosalie,” ele gritou na escuridão. O uso do meu nome completo fez meu corpo estremecer. Foi um golpe sutil, mas ele estava me lembrando que não tinha esquecido quem eu era.

Eu não respondi, continuando a me empurrar para frente. A alguns quarteirões de distância, chamo um táxi para me pegar. Aperto os braços ao redor do meu corpo, uma tentativa triste para me recompor. Eu estou tremendo, esta é a minha chance de me redimir, talvez não a seus olhos, mas aos meus. Eu não posso desistir agora. Eu sei no meu íntimo que para o que quer que eu tenha acabado de me oferecer, poderia ser perigoso.

Eu posso fazer isso.

Eu preciso fazer isso.

Não há como voltar atrás agora.


Capitulo 12

Blizzard

“Você tinha que reunir a igreja tão cedo?” Eu resmunguei, pegando minha xícara de café enquanto esperávamos a sala encher.

Optimus está reclinado na sua cadeira à cabeceira da mesa, eu sentado diretamente à sua esquerda.

“Algo novo chegou tarde na noite passada. Precisamos resolver isso o mais rápido possível, então liguei para a sua mãe e Judge.“ Ele bateu uma caneta com impaciência sobre a mesa.

Eu enrugo o nariz. “É estranho ouvir isso.”

Ele olha para mim com as sobrancelhas erguidas. “Porquê?”

Tomando café, penso na pergunta. Por que era estranho ouvir alguém falando da minha mãe? Eu estava tão acostumado com a ideia de ser só eu e meu pai – talvez fosse isso. “Ela não esteve por perto desde que eu era adolescente. Não existe um ponto em que perdem o direito de serem vistos como pais?”

“Eu não estive perto de Harlyn por cinco anos. Isso significa que eu perdi o direito de ser chamado de pai?” Ele não disse isso como se ele estivesse ofendido com minhas palavras, mas ele atingiu o ponto que eu sabia que ele queria.

“Isso é estúpido.”

“Exatamente meus pensamentos.”

Bastardo.

As portas da sala de reunião abrem e meus irmãos entram, alguns suados da academia com garrafas de água e toalhas, outros usando a mesma roupa de ontem e meio adormecidos.

Leo limpa o suor de sua testa e senta-se em frente a mim, à direita de Op. Leo é nosso Sargento de Armas. Ele controla nossa segurança e, de certa forma, é a voz da razão quando se trata de situações perigosas. É seu trabalho nos manter sensatos e vivos.

Depois que todos os meninos estavam sentados, mais figuras atravessam a porta aberta. Minha mãe e Judge, com Light logo atrás deles. Eu ainda não tinha percebido o quanto doía vê-la, o quanto meu corpo abastecia com veneno e raiva quando ela estava por perto. Eu ainda me sentia como se fosse aquele garoto – o garoto de quem ela tinha se afastado e deixado para trás.

“Entrem.” Optimus acenou, os recebendo.

Tento afastar as más vibrações, segurando minha xícara de café na minha mão e concentrando-me no calor que queima a minha palma.

“Viemos o mais rápido que pudemos,” explicou Judge enquanto Ham e Phil fechavam as portas atrás deles. Era estranho ter gente de fora na igreja conosco. Normalmente, era inédito, mas acho que situações especiais exigiam uma flexão das regras. No entanto, eles não foram convidados a sentarem-se à mesa conosco e teriam que ficar de pé.

Minha mãe agarra o braço de Judge firmemente, mesmo de onde eu estou sentado, posso ver as olheiras sob seus olhos. O sequestro de Lane evidentemente causou um enorme impacto sobre ela, as rachaduras começaram a aparecer em seu exterior resistente.

“Nós temos um pequeno problema...” começou Optimus. “Parece que alguém ouviu vocês falarem sobre assuntos do clube.”

Os olhos de Judge se arregalam e minha mãe olha em direção a Light freneticamente. “Nós... eu não sei como isso pode ter acontecido.”

Estreitando os olhos, Op se levanta. Eu poderia dizer que ele estava frustrado com esse pequeno problema, mas havia algo que ele estava escondendo.

“Na próxima vez que vocês decidirem falar de assuntos importantes, deveriam lembrar que há ouvidos em todos os lugares. Um bar de hotel não é o lugar para compartilhar informações.” Eu quase sorri com o tom dele. Era como se ele estivesse chamando a atenção de uma criança, mas o que eles tinham feito foi estúpido. Os assuntos do clube eram tratados no clube ou em áreas protegidas, não em espaços abertos.

Eu observo Judge. Mesmo que sua barba espessa cobrisse a maior parte do seu rosto, eu poderia dizer que ele estava chateado por ter sua atenção chamada na frente de nosso clube inteiro. Sua mão livre está fechada em um punho apertado e sua mandíbula está firmemente presa. “Obviamente, cometemos um erro.”

Op riu, fazendo-me sentar um pouco mais reto. Como ele achou isso divertido, eu não fazia ideia.

“Esse poderia ter sido o melhor erro que você já cometeu.”

Me inclinando para frente, bato meu dedo na mesa. “Irmão, você bebeu esta manhã?” Os meninos riram levemente. “Porque isso não faz nenhum sentido.”

Ele caminha ao redor da mesa, ignorando-me inteiramente. “Parece que a pessoa que os escutou quer ajudar. E com as informações que reunimos através de Leo, o que nós temos em mente pode funcionar.

Minha mãe fica um pouco mais reta, respirando profundamente como se fosse seu primeiro sopro de ar em semanas. Eles haviam esgotado suas opções, vir até aqui e nos pedir ajuda era o último recurso. Se disséssemos que não, teriam que lutar, e possivelmente perder suas vidas, ou ceder às demandas que estavam sendo feitas.

Optimus pode estar lhes oferecendo uma saída, e neste momento, eu não tinha certeza se estava feliz ou frustrado.

“Então...” Judge começou, seu corpo agora um pouco mais forte, mais confiante.

Light afasta da parede onde ele estava apoiado e se move para frente, ansioso para ouvir o plano que possivelmente conseguiria recuperar sua mulher.

Eles saíram do caminho quando Optimus andou e passou por eles, colocando sua mão na porta. Ele abria-a levemente. “Entre.”

Ele vira-se de frente para mim enquanto segura a porta para a pessoa misteriosa entrar. Eu não consigo ler seu rosto de onde estou sentado, mas eu posso sentir as vibrações que ele está enviando, e eu sei mesmo antes dela passar pela porta o que está prestes a acontecer. Ela atravessa o pequeno espaço, sua cabeça baixa e o rosto escondido por uma cachoeira de cabelo escuro. Houve murmúrios dos meus irmãos enquanto olham entre nós dois, assim como eu, tentando descobrir o que estava acontecendo.

Cerro meus dentes e desvio o olhar.

Leo olha para mim do outro lado da mesa, com os braços cruzados como se estivesse esperando que eu me perdesse a qualquer momento e pronto para assistir ao show. “Você sabia sobre isso?” Acusei calmamente.

Ele levanta o queixo, mas não falou.

Optimus dá a volta na mesa mais uma vez, parando na cabeceira atrás da cadeira do presidente. Rose segue-o como um cordeiro perdido. Ela não se encolheu, como eu esperava, na presença das pessoas que ela tentou destruir. Não. Ela manteve seu corpo reto e rígido, mais como se estivesse se preparando para um ataque. A agitação de suas mãos caídas aos seus lados é a única indicação de que ela está assustada, ou talvez apenas nervosa.

Ela deveria estar.

“Para aqueles de vocês que não sabem, essa é Rose,” Optimus a apresentou formalmente, como se ela tivesse alguma importância. “Nem todos vocês a conheceram, mas não tenho dúvidas de que meus irmãos sabem quem ela é.”

Quando ela ergue a cabeça, eu tenho o primeiro vislumbre dos olhos dela. Ela olha para frente, diretamente para minha mãe e Judge, evitando deliberadamente os olhos dos meus irmãos. Aperto minha mandíbula e meus punhos, tentando me impedir de saltar do meu assento e exigir saber que porra Optimus estava pensando ao trazê-la aqui.

“Rose quer ajudar a recuperar Lane, e Leo e eu discutimos um plano que pode tornar isso possível,“ explicou. “Nós não estamos absolutamente certos de que esses homens desconhecem sua conexão com o nosso clube. Portanto, enviar alguém que é conhecido por pertencer a nós é muito perigoso e não vale o risco.”

Minha mãe e Judge ouvem atentamente enquanto Optimus explica seu plano. Eu não tinha certeza de que ouvi uma maldita coisa que ele disse, meus olhos completamente fixos na garota que uma vez me deixou tão louco de luxúria. Sua língua aparece, molhando os lábios antes de puxar o inferior entre os dentes.

“Esses caras vão ao mesmo clube de strip todas as quintas-feiras à noite. Um dos garotos se chama Edge. Ele nasceu no clube, mas parece ser diferente dos outros. Não tão sombrio. As meninas disseram que ele é um tipo de cara... olha, mas não toca, mas ele convidou uma delas para retornar com ele para a casa onde eles estão hospedados.” Tentei acompanhar as divagações de Leo. “Tudo o que precisamos que Rose faça é chegar até ele e conseguir um convite para ir com ele para casa. A partir daí, espero que ela possa nos dar mais detalhes sobre com o que estamos realmente lidando em relação a números, poder de fogo e a segurança de sua garota.”

Rose observa Leo, prestando atenção em todas as palavras que ele estava dizendo e balançando a cabeça. Ela está assustada. Não havia dúvida em minha mente, ela está completamente aterrorizada. Então, por que ela estava se oferecendo para ser jogada no fundo do poço?

“No mínimo, ela terá que fingir um boquete.” As palavras saíram antes mesmo de ter tido tempo para pensar sobre o que eu estava dizendo. Eu pude ver o momento exato em que elas a atingiram, seu corpo visivelmente estremeceu com o impacto. Mesmo assim, porém, ela continua olhando para frente, recusando-se a olhar para mim.

Isso fez com que a ira só aumentasse.

“Blizzard...”

Levanto as mãos. “Não, eu entendi. É realmente perfeito na verdade. Já vimos suas habilidades de atuação em primeira mão, então todos sabemos exatamente do que ela é capaz.” Eu me inclinei para trás na minha cadeira, esperando para ver o que ela faria em seguida.

Será que ela aceitaria isso como uma boa garotinha? Ou ela...

“Você sabe tudo sobre a experiência em primeira mão, não é?” Eu olhei enquanto suas palavras atravessavam a tensão que havia preenchido a sala. Seus olhos se dirigiram para minha virilha e voltaram para o meu rosto.

Ouço risos e Optimus não consegue esconder o sorriso que se formou em seu rosto. Até eu tive que admirar a forma como ela revidou. Eu poderia dizer que ela estava muito assustada. Não poderia ser fácil, ficar aqui na frente das mesmas pessoas que há apenas alguns meses ela havia tentado destruir. A menina tinha coragem e uma parte de mim inchou. Orgulhoso de vê-la defender-se novamente.

Limpando a garganta, Optimus pergunta, “Vocês dois já terminaram?”

Rose cruza os braços em seu peito e ergue as sobrancelhas como se estivesse me desafiando a continuar. Eu vejo o leve tremor em suas mãos.

Ela coloca um rosto corajoso.

Só mais um dos rostos que ela usa.

Eu levanto minhas mãos para os lados. “Continue, oh, grande senhor.”

Optimus olha para mim, eu sei que ele quer chutar minha bunda. Eu tenho quase certeza que ele havia contado a Chelsea que Rose estaria aqui e que ela tinha dito a ele para pegar leve com ela. Chelsea tinha um coração mole e Optimus era um pau mandado.

Bastardo estúpido.

“Tudo bem, vamos discutir os planos.”


Capitulo 13

Rose

Meu celular vibra no bolso enquanto me sento no pátio do clube, esperando que eles decidem.

Eu sei quem é.

Pressionando o botão de resposta, relutantemente seguro o celular no meu ouvido. ”Tio.”

“Você me disse dois dias. Imagine minha surpresa quando enviei Rico para buscá-la no aeroporto e você não estava lá.” Eu poderia dizer pelo tom de sua voz que este não era um telefonema por estar preocupado com minha segurança. Eu não estava onde disse que estaria e para o meu tio Anthony, isso era um problema.

“Eu só precisava de um pouco mais de tempo para resolver as coisas,” tentei explicar.

“Rosalie...”

“Eu não quero mais ser chamada assim.” Minha voz era firme, mas dentro da minha cabeça eu estou gritando, você é louca?

O silêncio enche o espaço e retiro meu telefone do ouvido apenas para verificar se ele ainda está na linha. Ele está. Eu sei que isso não é bom.

“Estamos fazendo arranjos funerários para o seu pai.”

Meu coração para. De todas as coisas que ele poderia ter me dito, essa era a menos esperada.

“Ele está...”

“Sim. Mesmo que ele tenha sido uma desgraça para a nossa família, por respeito, eu organizei uma pequena cerimônia.” Sua voz era uniforme e indiferente. Isto é o que minha chamada família era. Eles tinham lealdade e respeito, mas se você virasse as costas para eles, era assim. Você fez sua cama, você se deita nela.

Seguro o braço da cadeira em que estou sentada, com medo de que estivesse prestes a cair. “Eu... Eu não quero... Eu não posso fazer isso. Não quero uma cerimônia.”

“Eu não culpo você, mas ainda deveria ter a chance de dizer adeus.”

Fico de pé rapidamente, fazendo minha cabeça girar. ”Adeus? Eu disse adeus quando a equipe da SWAT o prendeu, gritando sobre como eu deveria ter sido abortada! Ele não merece um adeus, e eu me recuso a fingir que me importo por ele estar morto apenas para exibição.”

Os DePalma faziam um excelente trabalho varrendo o que acontecia para baixo do tapete. A última coisa que eles queriam era serem vistos como tendo uma rachadura em sua família e em sua posição. Mostrar fraqueza significava ser um alvo e meu tio – ele nunca foi um alvo. Esta cerimônia era apenas para salvar sua cara, eu não tinha dúvidas sobre isso. E, francamente, eu não estava prestes a fazer parte disso.

“Rosalie...” tio Anthony advertiu, mas já tinha encerrado esse assunto.

“Jogue-o de um penhasco por tudo o que eu me importo, não voltarei para me despedir.” Eu sabia que minhas palavras eram duras, e a possibilidade de causar uma tempestade de proporções épicas era bastante provável, mas eu estava pronta. Cansei de fingir que esse homem, cujo DNA eu compartilhava, era qualquer coisa exceto um doador de esperma. Ele não cuidou de mim. Eu fui o seu bilhete de vingança, um modo de atingir as pessoas que ele achava que o tinham prejudicado. Ele nunca me viu como sua filha.

Eu podia sentir a ira do meu tio mesmo através da linha telefônica. “Onde você está?”

“Estou em Athens tentando corrigir meus erros. E espero que, ao fazê-lo, sinta algum tipo de paz dentro de mim.” Pressionei a palma da mão na minha testa, não conseguia acreditar no que estava falando. De onde vinha essa força, eu não fazia ideia, mas eu iria aproveitar esse momento enquanto ainda tinha meus pés firmes na prancha.

“Você não deve nada a esse clube...“ sua voz estava começando a aumentar, “... eles mataram meu filho.”

“Seu filho os machucou! Eles também são uma família, e assim como você, eles farão o que for necessário para proteger as pessoas com as quais se importam.” Ouvi movimento atrás de mim e o clique de uma porta. Eu giro para encontrar Blizzard, as portas do pátio agora fechadas e ele encostado contra elas com os braços cruzados sobre o peito.

“Você tem quarenta e oito horas, Rosalie. Então vou esperar você no próximo avião de volta para cá. Você não foi criada dentro dessas paredes, por enquanto, eu ignorarei seu desrespeito. Você é uma parte desta família, ou você não é. Faça a sua escolha.”

A linha ficou muda e eu lutei para me manter em pé.

Foi nisso que se resumiu. Aos olhos do meu tio, eu estava com eles ou estava contra eles. Não havia um meio termo nem espaço para manobras.

Eu tinha que escolher.

Eu me sinto doente.

Eu lutei por tanto tempo para pertencer a alguma coisa, e agora eu estava prestes a deixar tudo só para me sentir melhor comigo mesma. Apenas para provar que não era a pessoa que meu pai me obrigou a ser.

Valia a pena?

“Quanto você ouviu?” Perguntei, afastando-me de Blizzard e olhando para o quintal do complexo.

“O idiota está morto, hein?”

Eu solto uma pequena risada. “Aparentemente.”

“Bom.” Sua voz era profunda e rouca e provocou arrepios na minha coluna.

Eu não tinha certeza do que estava esperando. Ele queria falar comigo, para se desculpar? Ouço seus passos se aproximando e meu corpo reage instantaneamente, ficando tenso.

“Eles estão fazendo algum tipo de cerimônia ou o que quer que seja. Ele quer que eu apareça e aja como se me importasse que ele tenha morrido.” Eu me virei, sem esperar que ele estivesse bem atrás de mim. Dou um passo para trás, mas ele estende a mão e agarra meu braço. Seu toque não foi o que eu esperava, foi gentil, suave. As memórias do meu sonho me inundam e eu tenho que manter meu corpo sob controle. O desejo de envolver meus braços ao redor dele e apenas segurá-lo é muito forte.

Eu olho na sua mão. “Eu deveria me importar? Me faz uma pessoa horrível não me importar que ele tenha morrido?”

“Eu ficaria mais preocupado se você se importasse.” Seu polegar esfregou para frente e para trás contra a parte inferior do meu antebraço, a sensação provoca formigamentos em mim. “Marco não era um pai. Ele era um parasita.”

“Ele é a razão pela qual estou viva, e estou aqui na Terra.” Engoli em seco. “Não devo muito a ele, por me dar a vida?”

“Nem sempre é sobre isso. É sobre quem se esforçou, que se preocupou mais em estar lá para você, independentemente do sangue que corre em suas veias.” Eu podia sentir a convicção absoluta em suas palavras. Ele acreditava no que ele estava dizendo com tudo o que ele tinha, e também me fazia acreditar.

“Quem se esforçou por você?” Olhei para cima, encontrando seus profundos olhos azuis me observando, prestando atenção a cada palavra e movimentos que eu fazia.

O calor me enche. Este é o Blizzard que eu conhecia. O homem que podia ver dentro da minha cabeça e sabia exatamente o que eu estava pensando. A escuridão tinha desaparecido de seus olhos, uma escuridão que eu coloquei nele.

Ficamos em silêncio e, por um momento, me perguntei se ele se abriria e compartilharia comigo mais uma vez, ou se eu tinha feito muito dano à sua alma para nunca mais confiar em suas emoções.

“Aquela outra mulher lá dentro. É a minha mãe.” Havia uma pequena oscilação em sua voz na menção dela. “Ela não esteve por perto desde que eu era adolescente. Ela simplesmente foi embora e se juntou a outro clube. Me deixou com meu pai.”

Eu balanço a cabeça. “Eu sei o que é ser criada somente por um dos pais.”

Ele ri, mas não havia nem uma gota de humor nisso. “Ele passou muito tempo bebendo, me batendo e ficando na sede do clube para ser considerado um pai.” Eu dei um pequeno suspiro. Naquele momento, percebi que talvez Blizzard e eu não fossemos tão diferentes. “O clube me criou. Eles me mostraram como era ter uma família.”

Ele me solta e sinto falta do seu toque instantaneamente, minha mão se contrai, querendo levantar e puxá-lo de volta. Sinto o momento se desvanecendo, mas eu estava desesperada para recuperar isso. Estar um pouco mais com ele, sem falar coisas irritantes e palavras venenosas para mim.

“Eu preciso que você entenda...”

“Eu entendo.” Ele interrompeu. “É fácil convencer a nós mesmos de que estamos fazendo o certo quando tudo o que se pode ver é o prêmio no final e quão bom ele poderá ser.”

Eu estou assistindo a barreira voltar. Ele tinha baixado suas defesas, mas agora tinha acabado. Lágrimas brotam em meus olhos, enquanto o observo lentamente recuar como se ele estivesse em transe quando veio até mim e agora tivesse se arrependido.

“Você era o meu prêmio.“ Eu prendi minha respiração e soltei um lamento silencioso. “Eu deixei você entrar dentro de mim, dentro da minha cabeça. Eu deixei você me fazer sentir algo. Agora você tem que viver com as consequências de suas ações.” E lá estava, a parede estava de volta e seus olhos se estreitaram, mais uma vez me vendo como uma ameaça. “E eu tenho que viver com as consequências das minhas.”

Ele se vira e agarra as duas alças da porta puxando-as. As portas batem contra o prédio com tanta força que fico surpresa por não terem quebrado.

E então – ele se foi.

As lágrimas fluíam pelas minhas bochechas e pingavam do meu rosto.

Eu pensei que o dia em que ele foi baleado tinha sido o dia mais doloroso da minha vida.

Eu estava errada, no entanto.

Feriu-me ver Gio atirar em Blizzard – doeu mais do que eu poderia expressar em palavras – mas isso doeu mais porque agora eu sabia com certeza, que ele tinha sentimentos por mim. Eles podem ter sido pequenos, mas eles estavam crescendo lentamente e poderiam ter sido algo.

Poderiam ter sido incríveis.

Seguro a cadeira em que eu estava sentada, tudo dentro de mim querendo gritar e jogá-la pelo pátio.

Eu poderia aguentar os ossos quebrados, as queimaduras, os olhos negros, mas não isso.

Isto estava começando a se tornar mais do que o meu coração poderia aguentar.


Capitulo 14

Rose

“Você não precisa fazer isso.”

Eu giro rapidamente, quase perdendo o equilíbrio. “Oi...” eu murmurei, tentando limpar as lágrimas que manchavam minhas bochechas. Eu sabia que seria difícil ver Blizzard de novo, mas nunca imaginei que uma pessoa pudesse me fazer sentir linda e sem valor ao mesmo tempo.

Eu estava a poucos segundos de chamar um táxi para me levar para o aeroporto, tudo dentro de mim gritando que eu nunca seria boa o suficiente, não importa o que eu fizesse.

Por que estava fazendo isso comigo mesma?

Chelsea dá alguns passos mais perto, seus olhos me observam o tempo todo. Por um momento, penso que ela está sendo cautelosa, com medo de eu tirar minha faca e enfiá-la em suas costas novamente. Mas quanto mais perto ela chegou, mais fácil foi ver as lágrimas no seu rosto.

Eu fungo, incapaz de me segurar. “Deus Chel, sinto muito.” Cobri minha boca, tentando controlar minha respiração tremula.

Ela olha por cima do ombro e eu sigo seu olhar, percebendo que Optimus nos observa a uma distância segura. Seus olhos nunca a deixaram e eu poderia dizer que, o que quer que ela estava prestes a dizer, era ele, dando-lhe forças para fazer isso. Eu me preparei para o ataque quando ela lentamente se virou para mim.

“Eu quero gritar e berrar e te odiar pelo que você fez...”

Lambendo meus lábios, eu posso provar as lágrimas salgadas que haviam se fixado neles. Eu solto uma pequena risada. “Você deveria.”

Ela continua a caminhar ao meu redor, observando-me o tempo todo enquanto circulava.

“Eu te amei. Fiquei ao seu lado e segurei sua mão quando você chorou. Eu estive lá por você.“ Sua voz era suave e baixa, mas cada palavra me fez vacilar.

“Eu sei,” sussurrei, minha voz agitada.

Eu queria baixar minha cabeça de vergonha, mas não o faria. Eu ficaria aqui, e aceitaria o que ela tivesse para jogar. Ela tinha o direito de desabafar, e se isso significasse ser seu saco de pancadas, então era o mínimo que eu podia fazer.

“Eu atravessei o inferno, por causa das escolhas que você fez.”

Aperto minhas mãos em punhos, minhas unhas cortando a pele. As lágrimas borram minha visão e eu pisco furiosamente, tentando removê-las.

“Sinto muito,” eu solucei.

De repente, eu estava envolvida em seus braços, eles me apertaram fortemente. Sua mão pressionada contra a parte de trás do meu pescoço enquanto ela me balançava para trás e para frente.

“Eu também.”

“Não.” Eu me agitei, tentando romper seu abraço apertado.

“Desculpe-me, eu estava tão envolvida em meus próprios problemas que não parei para ver o que você realmente estava passando,” ela sussurrou no meu ouvido.

“Não!” Eu coloquei minhas mãos entre nós e empurrei, interrompendo seu abraço. Ambas tropeçamos para trás. Optimus avança e entra no pátio, segurando o braço de Chelsea para estabilizá-la. “Não fique aqui e peça desculpas! Grite, berre... diga-me que você me odeia,” chorei. Minhas pernas tremem, ameaçando ceder. Eu não podia ficar aqui e deixá-la me consolar enquanto eu desabava. Eu não merecia isso.

“Eu não odeio você!” Ela gritou, segurando seu homem. “Nós fomos vítimas, Rose. Todos nós queremos acreditar que nossas famílias fazem o que fazem porque nos amam. Mas isso não é verdade, algumas pessoas são apenas idiotas e não se importam com quem eles machucam enquanto conseguem o que querem. Seu pai foi um desses idiotas.”

Agarro meu cabelo com as duas mãos. “Eu magoei você. Eu machuquei todos vocês. Eu tomei a decisão de fazer essas coisas e eu as fiz.”

“Você foi iludida e enganada, assim como nós. “Minha mente estava correndo, eu queria sair daqui e rápido. “Não foi sua culpa, Rose.” Ouvi sua voz, mas parecia tão longe.

“Foi. Foi minha culpa, eu o deixei fazer a minha cabeça. Me permiti acreditar em todas as palavras que saíram da sua boca. Eu me permiti ficar tão obcecada pelos sonhos e contos de fadas, que eu teria feito qualquer coisa apenas para ser parte de algo mais.” Eu estava divagando agora, eu sabia, mas eu simplesmente não conseguia parar. Talvez, se ela me ouvisse dizer isso, ela mudasse de ideia. “Eu quase matei você.” As palavras tinham um gosto ruim na minha boca.

“Bem, você não fez um bom trabalho, então, não é?” Ela gritou para mim. “Porque ainda estou aqui. Eu ainda estou respirando. E droga, eu vou continuar respirando. Então você vai parar de sentir tanta pena de si mesma e olhar para mim!”

Olho para ela em completo choque, sem acreditar que ouvi o que tinha saído de sua boca.

“Você gostaria de ter outra chance com isso?”

“Chelsea,” grunhiu Optimus, olhando para ela.

Eu estava começando a perceber o ridículo de toda essa situação. Eu estava gritando com ela, inflexível, que eu queria que ela me odiasse pelo que a fiz passar. Minha mente estava me dizendo que eu não merecia seu perdão ou aceitação. Eu não queria permitir que ela me perdoasse pelo que fiz, porque não deveria ser tão fácil. As pessoas que faziam coisas ruins deveriam sofrer. Mas aqui estava ela, provocando-me porque não consegui matá-la.

“Apenas olhe para mim.”

Eu olho. Ela está tão deslumbrante como sempre e, com a mão de Optimus descansando em sua cintura, é perfeito. Tão perfeito.

“Você parece fantástica!” Eu gritei, jogando minhas mãos no ar.

“Obrigada!” Ela gritou de volta para mim.

Antes de termos um segundo para piscar, estávamos ambas rindo. As lágrimas haviam secado e não havia mais nada a dizer.

Ela não me odiava.

Ela deu a Optimus um aperto rápido antes de correr para mim.

Desta vez, abracei-a com tudo o que tinha. O calor tomou conta de mim, inundando todo o meu corpo. Chelsea e eu não éramos amigas há muito tempo antes da merda bater no ventilador, mas parecia como uma vida inteira.

“Eu senti sua falta,” ela disse sorrindo, quando se afastou. Ela apoia suas mãos nos meus ombros e me olha, exatamente como uma mãe quando seu filho esteve muito tempo longe. “Você perdeu peso?”

Eu ri. “É uma nova dieta que eu gosto de chamar, se estresse e emagreça.”

“A única coisa que ganho quando estou estressada é um pote de sorvete.“ Ela riu.

Ela me empurra em direção da cadeira em que eu estava sentada, se movendo para puxar uma para ela ao meu lado. Optimus se move e fica atrás dela, um sinal ameaçador, talvez até um aviso. Ele a estava protegendo.

“Eu fui sincera quando disse que você não precisa fazer isso,” ela murmurou, estendendo a mão para colocar sobre a minha. “Sempre haverá outra maneira. E nós vamos encontrá-la.”

Eu balanço minha cabeça. “Se eu puder ajudar, eu quero. Passei muito tempo correndo e fingindo que tudo ficaria bem se eu simplesmente seguisse em frente.”

“Tudo ficará bem.” Ela sorriu para mim com tranquilidade. Eu sabia que ela estava tentando ser solidária. Sem dúvida, Optimus havia lhe contado sobre o que estava acontecendo e o quão perigoso era. Mas isso era sobre eu precisando fazer algo altruísta. Eu precisava sentir que não estava apenas definhando no mundo. Eu precisava me encontrar novamente.

“Ei, eu tenho que riscar isso da minha lista de coisas para fazer antes de morrer.” Eu movimentei minhas sobrancelhas, mas ela apenas franziu a testa para mim, me dizendo que era muito cedo para começar a brincar sobre isso. Eu suspiro. “Olha, deixe-me fazer isso? Aquela garota, Lane. Ela pode estar machucada, ela pode estar sofrendo e se eu puder parar isso, então eu vou.”

Chelsea geme, olhando por cima do ombro para o homem atrás dela. “Isso é estúpido, Op.”

“Não fale como se você não tivesse se oferecido para a missão, mulher.” Ele sorriu para ela e ela rapidamente desviou o olhar corando.

“Você é uma hipócrita!” Eu ri. “Você achou que poderia atraí-lo com suas habilidades de dança?”

Até Optimus riu.

“Eu tenho algumas habilidades!” Ela retrucou.

“A onda mexicana3 não é sexy.”

Ela franze a testa para mim, mas rapidamente se transforma em um sorriso, quando ela me dá um leve empurrão no ombro. “Bem. Mas você me promete que vai voltar inteira?” Seu rosto tornou-se solene de novo. Eu quase me senti zonza pelas suas mudanças de humor. “Eu acabei de te recuperar,” ela murmurou.

Pego sua mão e aperto. “Confie em mim, não vou mudar isso muito cedo.”


Capitulo 15

Blizzard

“Blizzard!” Eu me encolhi. A voz de Chelsea soou alta ao redor da sala. Eu podia ouvir seus pés batendo no chão atrás de mim. Tomo outro gole da minha cerveja e coloco-a de volta na mesa, preparando-me para a investida.

“Chelsea,” grunhiu Optimus, sem dúvida, seguindo de perto sua mulher.

Ela aparece na minha frente, afastando as cadeiras que estavam ao redor da mesa onde eu estou sentado fora do caminho para que ela pudesse se aproximar. Ela bate as palmas das mãos na mesa, sacudindo minha cerveja e fazendo-a cair. Eu a pego assim que rolou para a borda antes que pudesse bater no chão e quebrar.

“Você vai de verdade deixá-la fazer isso?” Coloquei a garrafa de volta na mesa e, finalmente, olhei para ela. Seus olhos estão estreitos e seus dentes cerrados.

“Fazer o quê?” Eu zombei, sabendo exatamente do que ela estava falando.

Ela fica irritada, levantando uma de suas mãos e enfiando o dedo na minha cara. “Não brinca comigo, idiota. Que diabos você está pensando? Ela pode se machucar.”

Franzindo o cenho, eu a encaro. “Estou me perguntando por que diabos você se importa se ela se machucar?”

“E eu estou me perguntando por que você não,” ela retrucou.

Fico em silêncio. “Eu pensei que você tinha recuperado sua memória. Ou você precisa que eu te lembre o que ela fez a você, para nós, para todo este fodido clube?”

As costas de Chelsea se endireitam. Op mantem sua posição, observando-nos cuidadosamente, pronto para interromper a qualquer momento se as coisas aquecerem demais. Eu não tinha certeza da razão de ele estar deixando isso prosseguir sem dizer nada. Talvez ele já tivesse tentado falar com ela e achou que eu poderia ser o único a dar-lhe um aviso. Ou talvez fosse o contrário, talvez ele pensasse que era eu que precisava disso.

“Ela é a razão pela qual você quase morreu, princesa.”

Balançando a cabeça, ela engole em seco. “Ela também é a única razão pela qual ainda estou viva. Ela poderia ter se afastado, mas em vez disso, ela arriscou sua própria vida e deu aquele telefonema que salvou Op de ser explodido em pedaços e levou você diretamente para mim.”

Eu zombo. “Sim, depois que ela lhe apontou uma arma em você e jogou você nas mãos de um maldito psicótico.”

Eu vejo lágrimas em seus olhos, mas ela mantém a cabeça erguida como a forte Old Lady que ela era. “Ela não sabia. Ele mentiu para ela, ele falou coisas que não eram verdadeiras. Ela pensou que estava fazendo o que era certo pela família dela.”

Eu jogo minha cabeça para trás e rio. “Não me diga que você vai ficar aqui e defendê-la.”

“As pessoas merecem uma segunda chance.” Ela olhou para Optimus, que apenas olhou diretamente para ela. Op passou tanto tempo afastando Chelsea, porque achava que a estava protegendo. Ele estava errado e acabou machucando os dois. Pensando que a tinha perdido, ele se arrependeu de cada momento que passou a mantendo longe. Agora ele mal a deixava fora de sua vista.

“Eu não posso acreditar que estamos tendo essa conversa,” murmurei, esfregando meu rosto com a mão.

“Não deixe que ela faça isso, Blizzard. Por favor?” Seus olhos me imploraram.

Chelsea estava certa sobre uma coisa. Enfiar Rose no meio do clube rival poderia ser um enorme risco. Estávamos tentando conseguir tantas informações quanto pudéssemos, mas, não encontramos nada de concreto, o que significava enviar Rose completamente às cegas.

“Ela veio até nós oferecendo ajuda. Ela não é estúpida, ela sabe onde está se metendo.” Eu cruzei meus braços sobre o peito, tentando parecer firme em meus pensamentos. Mas na verdade, estou desorientado apenas pensando em deixá-la fazer isso. Eu tinha que continuar me lembrando de que não lhe devia merda nenhuma – minha simpatia, nem a minha gratidão, e definitivamente não meus agradecimentos. “Pelo menos, nós sabemos uma coisa, ela é muito boa em ser falsa.”

As palavras tinham gosto azedo na minha língua, mas eram verdadeiras. Claro que agora pensando nisso, os sinais estavam todos lá. Mas na época, estávamos tão envolvidos na festa de piedade que ela estava jogando, que não os vimos. Eu seria amaldiçoado se eu baixasse minha guarda agora.

“Eu te amo,” Chelsea fungou. “Mas a-agora, você está sendo um idiota de coração frio.”

Eu me sento um pouco mais reto. Chelsea tornou-se minha família. Ela é a Old Lady do meu irmão e sabia que a protegeria com a minha vida. Suas palavras doeram mais do que eu esperava. Meus pelos arrepiaram.

“Ela é a razão pela qual você gagueja e não pode controlar suas palavras quando está chateada. Ela é a razão pela qual você não pode andar direito quando fica estressada,” recordei.

“Blizzard!” Op disparou, dando um passo à frente.

Eu o ignoro, expressando meu ponto de vista. “Ela é a razão pela qual Op te arrastou para o fodido médico...”

Moendo os dentes, ela se move para o meu espaço. “Não, ela não é. Seu maldito irmão ali me engravidou! Por isso, eu precisava ir ao médico!”

Minha respiração fica presa na minha garganta. Nós nos encaramos, sem dizer uma única palavra.

Puta merda.

Uma vez que minha mente processou exatamente o que ela disse, eu não consegui parar o sorriso que crescia. Eu observo enquanto seu corpo relaxa, a atmosfera tensa rapidamente evaporando.

“Você vai ter um filho?” Perguntei, precisando da confirmação do que ela acabara de me dizer.

Sua mão escorrega para sua barriga e seus olhos seguem a mesma direção. “Nós vamos ter um bebê.”

Eu solto uma pequena risada e me jogo para frente, levantando-a e apertando-a com força. Ela ri, me golpeando no braço e exige que eu a solte.

“Irmão, pare de apertar minha mulher. Ela tem que manter essa coisa aí por mais seis meses, não preciso que ela coloque para fora agora mesmo.” Op riu. Coloco Chelsea para baixo e me viro para ele. Op tinha sido meu melhor amigo e meu irmão desde que eu usava fraldas. Meu coração está acelerado, eu estou tão feliz por eles. Depois de toda a merda que passaram, mereciam algo positivo em suas vidas.

“Parabéns cara.” Nós apertamos as mãos e eu o puxei, dando um tapinha em suas costas com a mão livre.

“Obrigado, irmão. Mal posso esperar para dizer a Harlyn que ela vai ser uma irmã mais velha.” Ele se afastou e sorriu para mim.

Esta é a nossa vida. Para pessoas de fora, éramos membros de uma gangue e uma ameaça para a sociedade, mas nós éramos muito mais do que isso. Nós éramos tudo uns para os outros. Estávamos presentes nos momentos felizes e tristes um dos outros. Tínhamos um vínculo que foi forjado através do amor, honra e respeito.

Chelsea e Optimus tendo um bebê é uma nova adição à nossa família. Essa criança fazia parte do futuro do nosso clube e isso era algo para nos animar.

Nem todas as crianças do clube escolheram viver a vida do clube quando cresceram. Nunca foi algo que nos tenha sido forçado quando crianças. Alguns partiram, mas a maioria decidiu ficar e continuar a ser parte do clube. Para mim nunca foi uma questão, mesmo crescendo com meu pai que tomou a decisão de colocar o clube antes de mim e minha mãe. Eu pude ver em primeira mão como cada membro dos Brothers by Blood – irmãos e também Old Ladies – se uniram para apoiar alguém quando estavam em um momento de necessidade. Eu tive esse apoio, e era meu dever garantir que, se a situação surgisse, eu seria capaz de fazer o mesmo.

“Será um menino,” afirmei.

Ambos riram. “Você acha?” Perguntou Chelsea, seu rosto estava radiante.

“Foda-se, Harlyn precisa de um irmão para cuidá-la.”

Chelsea ri. “Ela vai acabar com um dos seus irmãos, então eu não me preocuparia com isso.”

Eu vejo o rosto de Op mudar. “Que porra isso significa?”

Rolando os olhos, ela sorri. “Harlyn vai acabar namorando com um irmão. Eu posso garantir isso.”

“Não se esse irmão quiser perder a mão,” ele grunhiu.

“Oh, acalme-se, homem das cavernas. Ela tem anos pela frente antes disso acontecer.” Chelsea se aproximou e envolveu seus braços em torno de seu homem. Ele franze a testa para ela. Ele acabou de perceber que sua pequena menina algum dia não seria tão pequena.

“Ei, prez!” Leo apareceu na sala segurando seu celular na mão. “Sugar está tentando falar com você. Disse que houve algum drama na escola com Harlyn.”

A testa da Op franze. “Foda-se minha vida.” Ele pegou o telefone e se afastou dos braços de Chelsea, rosnando e resmungando enquanto caminha pelo corredor.

Chelsea balança a cabeça. “No ritmo que essa criança está indo, ela não vai viver tempo suficiente para começar a namorar... porque Op vai estrangulá-la.”

“O que há com Harlyn?” Perguntei com curiosidade. Eles foram chamados na escola várias vezes nas últimas duas semanas.

Suspirando, Chelsea puxa uma cadeira e senta. “As crianças na escola têm incomodado ela sobre o clube. E você conhece aquela garotinha, ela não vai deixar ninguém falar mal sobre sua família.” Eu vi a pequena sombra de um sorriso em seus lábios. “Ela bateu no estômago de um menino mais velho na semana passada por ele dizer que seu pai era um perdedor.”

Tusso, tentando cobrir minhas risadas. “Você pode tirar a garota do clube...”

“Mas não o clube da garota,” Chelsea terminou, sorrindo.

Eu me sento à mesa com ela, e ficamos em silêncio por um minuto. Eu sabia que ela estava ansiosa para dizer algo.

“Apenas fale, princesa.”

“Rose... ela precisa de nós, Blizzard,” sua voz saiu como um sussurro. Eu podia ouvir a emoção nela e agitou meu coração.

Eu limpo minha garganta. “Não posso simplesmente esquecer o que ela fez. Ela machucou minha família.”

“Mas você está disposto a arriscar a vida dela? Se a vingança é realmente tão importante para você, então não tenho certeza de que você é o homem que eu pensei que fosse.” Eu podia ouvir a tristeza e o desapontamento em sua voz quando ela empurrou a cadeira para trás. Ela nem olha para mim enquanto levanta e se afasta.

Era isso o que era para mim? Era vingança?

A dor que senti quando percebi que Rose estava por trás de tudo, foi algo que eu só senti uma vez antes, quando minha mãe escolheu outro clube sobre o que deveria ser nossa família. Eu me importava com Rose, naquela época eu queria salvá-la, tirar toda a dor e sofrimento que ela estava passando, e mostrar-lhe que havia algo melhor lá fora. Que havia um mundo como o nosso, onde você não tinha que lutar pelo amor.

Eu só queria que ela sentisse o que eu sentia. Mas agora ela estava colocando sua vida em risco apenas para que ela pudesse provar que estava arrependida pelo que tinha feito. Realmente valia a pena a possibilidade de perdê-la para que eu pudesse obter algum tipo de satisfação?

Agora eu não tinha certeza.


Capitulo 16

Rose

“Esta é Kat,” disse Slider, gesticulando com a mão para uma bela morena. Ela sorri para mim e estende a mão.

“É um prazer conhecê-la,” ela falou enquanto eu pegava sua mão e nos cumprimentamos.

O rosto amigável me fez sentir aliviada. “O prazer é meu.”

Slider continua depois que as apresentações foram feitas, “Kat vai ajudá-la a preparar sua atuação e ajudá-la com suas habilidades. Você precisa estar no ponto se quiser atrair a atenção que você precisa.”

Concordo com a cabeça e Kat inclina a cabeça para o palco. Eu a sigo, as borboletas enchendo meu estômago, agitando tanto que sinto que poderia vomitar por toda parte. Ela senta-se na beira do palco e dá um tapinha no espaço ao lado dela.

“Não precisamos estar lá em cima?” Perguntei, apontando para onde havia um poste posicionado.

Seu sorriso era suave e amigável, mas eu vi a piedade quase imediatamente. Fiquei relutante, mas ela deu um tapinha no lugar novamente. Suspiro, mas sentei na beira do palco ao lado dela. Ela vira seu corpo para mim.

“Está tudo bem ficar nervosa,” ela explicou. “Nem todas as garotas são feitas para dançar e tirar suas roupas.”

Meus ombros cederam. Ela estava certa. Eu não era uma dessas garotas, mas eu iria jogar um foda-se ao vento de qualquer maneira e fazer isso, porque era o que precisava ser feito.

Eu encolho os ombros, tentando parecer casual e como se não estivesse molhando completamente minhas calças só de pensar nos homens me olhando enquanto eu tirava a roupa. “Eu gosto de dançar, mas não tenho certeza se sou boa.”

“Nós não falamos muito sobre o negócio do clube, mas tenho um palpite que você não está fazendo isso porque está procurando uma nova carreira?”

Eu não sabia o que dizer, não sabia o quanto eu deveria dizer a essas garotas. Eu sabia que elas eram uma parte da vida do clube de uma pequena forma, mas abrir minha boca sobre o que eu estava prestes a fazer me dava à certeza de que eu não iria ganhar pontos com os irmãos.

“Eu... simplesmente não quero parecer estúpida,” eu disse a ela. Até eu achei essa desculpa banal, mas ela simplesmente riu suavemente.

Colocando uma mão no meu ombro, ela se inclina para mim. “Você passou. Agora vamos ver o que você tem.”

Ela sorri para mim quando salta do palco, de alguma maneira conseguindo aterrar graciosamente nos saltos altos que ela está usando.

Isso foi um teste?

Fiquei confusa, mas a sigo cegamente enquanto nos leva pela escada. O clube está vazio, além de uma garota e um cara atrás do bar conversando com Slider, que eu acho que é minha escolta para o dia. Eu sinto quase como se fosse uma prisioneira em vez de alguém que tinha se oferecido para ajudá-los. Mas acho que não posso culpar o clube por suspeitar e querer me vigiar.

Kat me arranca dos meus pensamentos. “Você tem uma música em mente ou devo escolher uma?”

Isso foi algo em que eu pensei, surpreendentemente.

“Você tem 'Chains' de Nick Jonas?” Eu perguntei, movendo-me nervosamente.

Os olhos dela se iluminam. “Vamos com o lento e sexy então? Eu posso trabalhar com isso.” Ela desapareceu atrás de uma pequena cortina, voltando com um controle remoto na mão. “Tire os sapatos, será mais fácil, por enquanto. Eu só quero ver como você se move, e então podemos lidar com os saltos de prostituta mais tarde, se isso for possível.”

Eu aceno, me abaixando e puxando os cadarços dos meus tênis de corrida e tirando-os, seguido por minhas meias.

“Tudo bem, vamos ver seus movimentos!” Ela falou enquanto descia a escada e senta-se bem em frente ao palco.

Respiro fundo, minha mente está me dizendo para correr. Isso é uma estupidez. Por que eu achei que isso fosse uma boa ideia? Mas então me lembro de ter colocado essas pessoas no inferno e um pouco de auto constrangimento nunca compensaria o que fiz com elas, então eu precisava apenas engolir isso.

O som do baixo é profundo e pleno enquanto sai pelos grandes alto-falantes. Eu posso sentir isso no meu peito, quase roubando minha respiração. Meu corpo se moveu lentamente no início, balanço meus quadris de um lado para outro enquanto minha mão suada agarra o poste ao meu lado.

Eu ando ao redor do poste, girando e passando minha mão livre pelo lado do meu corpo até que estivesse sobre minha cabeça. Eu desço na frente do poste, abrindo minhas pernas por um segundo antes de lentamente subir novamente. Sinto a música, sinto as palavras da música. Quanto mais rápida ela fica, mais rápido eu balanço e giro.

Nesta fase, meus olhos estão fechados. Não há mais ninguém além de mim, meu corpo representando a dor e angústia dentro da música. Eu balanço meu cabelo longo, passando meus dedos através dele e mordendo meu lábio.

É uma sensação estranha, quase poderosa, como se eu estivesse contando uma história com meus movimentos.

De repente acabou, a música terminou e houve um completo silêncio. Eu estou respirando com dificuldade, não tinha percebido o quão trabalhoso era o que estas meninas faziam todas as noites. Não era de admirar que strippers como Kat possuíssem corpos poderosos.

“Porcaria.” Meus olhos se abriram ao som da voz de Kat. Encontro-a olhando para mim com o maior sorriso no rosto.

Não pude deixar de corar. Eu tinha dançado em casas noturnas antes, mas havia pessoas ao redor, movendo-se e balançando em um grande grupo suado. Ninguém notava se você não sabia dançar.

Ela começa a aplaudir, o ruído enchendo a sala que estava estranhamente quieta. Eu dou um sorriso tímido e rio enquanto agradeço e caminho até à beira onde ela está agora de pé. Cruzo minhas pernas e me sento na frente dela. “Então?” Eu perguntei, ainda sem fôlego.

“Isso foi muito sexy,” exclamou ela. “Há algumas coisas que podemos ajustar, como você manter seus olhos abertos. Se você está tentando atrair um cara em particular, então ele precisa pensar que você está dançando para ele e só ele. Ele precisa sentir essa conexão com você ou então você é apenas mais uma garota em um palco balançando seu traseiro.”

Concordo com a cabeça, levando em conta tudo o que ela estava dizendo. Meu coração acelerou.

Isso pode realmente funcionar. Eu poderia fazer isso.

“Então você gostou?” Eu não pude evitar o tom animado na minha voz.

Kat sorri de volta para mim. “O mais importante é que ele gostou.” Ela apontou para as portas da frente do clube.

Eu inalo rapidamente, seus olhos grudados em mim. Eles estão cheios de calor. Blizzard nunca deixou de fazer meu corpo aquecer. Apenas seus olhos poderiam me acender em um segundo e transformar meu corpo em uma pilha de cinzas. Ele e outro irmão estão bem em frente às portas, olhando para mim. O outro cara tem um grande sorriso no rosto. Vejo sua boca se mover enquanto fala baixinho com Blizzard, mas nenhum dos olhos me deixaram. Blizzard acena com a cabeça antes de se virar e empurrar a porta, forçando-a a abrir com um estrondo alto que me fez pular. O outro irmão apenas piscou para mim antes de virar e sair um pouco mais sutilmente.

Um arrepio me atravessou. O que eu daria para estar dentro da cabeça da Blizzard naquele momento, para saber o que ele estava pensando. Eu imagino que estava cheia de ressentimento e pensamentos escuros, mas apenas vendo seus olhos em mim por um momento eu senti outra coisa. Necessidade.

Kat limpa a garganta, tirando minha mente da neblina. “Ele tem sido um bastardo mal humorado nos últimos meses. Do jeito que ele te olhou... vou supor com segurança que você teve um papel nisso.” Ela não disse isso com veneno ou nojo como eu teria pensado.

“Você está certa.” Eu suspirei tristemente.

Acariciando meu braço, ela me dá um sorriso suave. “Eu acho que temos mais de uma pessoa que precisamos atrair a atenção a partir de agora. Eu sei exatamente o que precisamos.” Fiquei surpresa. Pensei que machucar um de seus preciosos homens faria com que todos me odiassem. Ela riu, obviamente percebendo o espanto no meu rosto. “Querida, todos nós cometemos erros. Cabe a nós apenas aceitar o que aconteceu e seguir em frente, ou lutar pelo que queremos.”

Eu posso dizer pelo tom em sua voz que ela estava falando por experiência. Foi bom por uma vez não sentir desgosto ou piedade, mas empatia.

Eu ergo meus ombros e respiro fundo. “Tudo bem, o que eu preciso fazer?”

Ela sorri, mostrando-me todos os dentes perfeitos e estendeu a mão. “Vamos trabalhar na sua atuação, então podemos escolher uma roupa que vai impressionar todos os homens.”

Pego sua mão e ela me puxa para cima.

“Estou pronta.”


Capitulo 17

Blizzard

Observá-la naquele palco era o suficiente para deixar um homem com os joelhos fracos.

Eu pensei que este era um bom plano, ela dança, atrai nosso cara, nós conseguimos a informação que precisamos e negócio feito.

Mas agora eu estava com dúvidas.

A maneira como ela movia seu corpo era sexy, atrairia qualquer homem e não apenas para um olhar. Ele desejaria tocá-la, tê-la, assim como eu fiz. E o pensamento disso me fez querer socar alguém.

“Não sabia que a garota tinha isso nela,” comentou Wrench, casualmente, enquanto me seguia para fora. Ele acendeu um cigarro e se inclinou contra a parede de tijolos.

Eu sabia.

Eu tinha ido ao quarto dela outro dia, por qual razão, não fazia a mínima ideia. Mas no momento em que a vi, todo o resto saiu pela maldita janela e a necessidade de ter seu corpo pressionado contra o meu, assumiu.

Seu cheiro, a sensação de sua pele – lembrei-me de tudo. Eu sonhei com isso antes e a realidade não decepcionou. Mas quando acabou e ela adormeceu, eu a soltei e saí. Como um covarde. Eu fugi, sabendo que ela iria querer conversar, resolver as coisas e discutir nossos sentimentos. Eu não estava pronto pra essa porra.

Eu estava com raiva, sim, era uma desculpa patética, mas era a melhor que eu tinha. Meu pai passou a vida toda me culpando por minha mãe ter ido embora, quando na verdade ela poderia ter feito patê da minha vida esse tempo todo. Isso me machucou mais do que eu poderia ter imaginado. Ele tinha feito isso, ele tirou anos, ele roubou a oportunidade de eu conhecer minha irmã. E mesmo que eu tenha tido algumas pessoas incríveis na minha vida – pessoas que me tornaram o homem que sou hoje – eu senti falta de ter uma mãe.

“Você acha que ela vai conseguir essa merda?” A pergunta limpou minha névoa e eu olho para o meu irmão.

Encolho os ombros. “Ela já fez pior.”

Soprando uma nuvem de fumaça, ele revira os olhos. “Quando você vai superar essa merda? O pai dela passou meses torturando-a, batendo nela, chantageando-a. Ela foi uma vítima, assim como nós fomos.”

“Mas eu não percebi,” gritei alto, jogando minha cabeça para trás. Eu tomei algumas respirações profundas. “O tempo que passamos juntos, eu nunca percebi, porque ela parecia bem. Ela era forte e lutadora e feliz.” Eu pisei de um lado para outro na frente dele. “No entanto, foi tudo falso.”

“Talvez não fosse falso,” ele ofereceu. “Talvez quando ela estivesse com você era sua chance de ser real. Talvez você fosse sua fuga do inferno que ela estava suportando.”

Wrench olha para o estacionamento, aparentemente perdido em suas palavras.

O que ele disse fazia sentido. Quando Rose estava comigo, ela sempre parecia sorrir. Ela era uma pessoa diferente, uma garota que eu só tive pequenos vislumbres agora.

Eu bati na porta, mexendo meu pé com impaciência.

Com Sugar e Harlyn chegando na sede do clube esta manhã, eu sabia que a merda estava prestes a ficar um pouco louca. Chelsea iria perder a cabeça, então eu optei por me manter fora dessa bagunça.

Quando ninguém me respondeu, bati novamente.

Eu sabia que ela estava lá. Eu tinha visto movimento nas cortinas quando parei minha moto.

“Eu sei que você está aí, Rose,” eu gritei.

“Vá embora, Blizzard.” A voz veio do outro lado da porta.

“Você tem duas opções,” eu disse a ela. “Abra e me deixe entrar, ou eu coloco uma bala na fechadura.”

Fui recebido pelo silêncio por um minuto, antes da porta se abrir apenas alguns centímetros. “O que você quer, Blizzard?” Apesar de ser de manhã, seu apartamento ainda estava escuro. Todas as cortinas estavam fechadas e não havia luzes acesas.

“Bem, uma vez que eu lhe dei uma carona pra casa ontem à noite, pensei que você poderia me fazer um café como agradecimento.” Pressionei minha mão contra a porta e empurrei, houve uma pequena resistência dela, mas não o suficiente para me deixar de fora. Ela recuou enquanto eu passava pela porta. Eu percebi então, que tudo o que ela estava vestindo era um short curto de algodão e uma camiseta larga. Ela cruzou os braços sobre seu peito e seus cabelos caíram sobre o rosto, enquanto ela olhava para o chão.

“Eu vou me vestir,” ela disse bruscamente, virando e andando pelo corredor. Eu sorri quando meus olhos seguiram seu traseiro. Ele se movia perfeitamente de um lado para outro, fazendo-me sentir como se estivesse sendo submetido a algum tipo de feitiço hipnótico.

Assim que ela sumiu da vista com um golpe na porta, eu virei e fechei a porta da frente atrás de mim, tirando minhas pesadas botas na porta.

Eu franzi o nariz para a escuridão e comecei a abrir as cortinas. O lugar estava arrumado, nem uma só coisa parecia fora de lugar, quase como se ela nunca estivesse aqui para fazer bagunça. Havia algumas fotos na parede e andei até elas.

Eu pude reconhecê-la instantaneamente, apesar de parecer muito mais nova. Seu sorriso era brilhante enquanto ela envolvia os braços em torno de uma mulher mais velha, que pela semelhança, eu deduzi que seria sua mãe.

Ouvi passos atrás de mim. “Por que não há fotos suas com seu pai?” Perguntei sem me virar.

Ouvi um suspiro com desdém. “Ele não é exatamente o tipo de cara que fique parado e sorria para uma foto.”

“O meu também.”

Eu me virei e a observei enquanto ela entrava na cozinha, seu corpo agora coberto por um vestido de verão azul escuro que batia logo acima do joelho. Eu apenas olhei quando ela abriu um armário alto, mexendo e tirando copos de café. Seu vestido se ergueu e lambi meus lábios. Sua pele era uma cor de caramelo suave que você poderia ver que era natural e não o resultado de um bronzeado, e achei que ela tinha sangue estrangeiro nela.

“Como você quer o seu café?”

“Escuro, suave e doce,” eu disse, minha voz baixa enquanto me aproximava da cozinha. Notei o pequeno estremecimento que atravessou seu corpo, antes dela endireitar os ombros novamente e continuar.

Ela se manteve ocupada, enquanto eu contornava a pequena mesa da cozinha para ficar quase diretamente atrás dela. Eu não tinha certeza se ela simplesmente tinha sua mente em outro lugar e não me notou, ou se ela estava propositadamente tentando ignorar meus avanços.

Tudo bem, querida. Mais divertido para mim.

Pressionei meu peito contra suas costas e coloquei minha mão na cintura dela. Ela se assustou e tentou girar, mas eu a segurei no lugar, empurrando meus quadris contra ela e pressionando-a contra o balcão da cozinha.

“Blizzard,” ela sussurrou calmamente.

“Baby?” Eu respondi inclinando minha cabeça para que minha boca estivesse escovando sua delicada orelha. “Você não está bem com isso?”

Ela sabia que eu a queria, eu tinha falado com todas as letras na noite passada. “Você vai ter que fazer mais do que pressionar seu pau contra a minha bunda, se você quiser entrar nas minhas calças.” Sua voz estava rouca e cheia de antecipação apesar de suas palavras.

Eu ri suavemente em seu ouvido. “Você não está usando calças, baby.”

“Não, mas eu uso um cinto de castidade e essa merda é mais trancada do que o Fort Knox, “ ela retrucou.

Não pude evitar o riso que saiu. Eu amava essa merda. As garotas do clube eram ótimas, estavam lá para aliviar a coceira de um irmão, mas não havia nada como perseguir algo novo e diferente.

Dei um passo para trás, dando-lhe um pequeno espaço para se mover. “Você é diferente, sabe disso?” Eu puxei uma cadeira da mesa e me sentei.

Quando ela se virou, o sorriso que iluminou seu rosto quase me derrubou. Era fantástico. Como observar uma flor, pela primeira vez. Eu soube naquele momento que eu faria o que pudesse para ver esse sorriso no seu rosto a partir de agora. Eu ia fazer minha missão tornar essa mulher feliz, porque se eu nunca voltasse a ver esse sorriso, minha vida não valeria a pena ser vivida.

“Irmão!” O empurrão nas minhas costelas fez-me querer acertar meu punho no rosto de Wrench.

“O quê?” Eu gritei, empurrando-o para longe.

Ele ri. “Desculpe perturbar o seu pequeno sonho, seu viado de merda. Mas parece que a tripulação da sua mãe está vindo pra cá.”

O ruído das motos enche o ar. Não havia outros clubes na cidade ou pela vizinhança e você reconhecia rapidamente o barulho das motos dos seus próprios homens. Dirigíamos diferentes tipos de motos, todas tinham um tom diferente, um estrondo distinto.

Eu observo enquanto eles entram no pequeno estacionamento. Precisamos usar um pequeno beco para chegar ao X-Rated. Isso fazia parte da atração, saber que, se você viesse aqui, seus veículos ficavam escondidos da visão das pessoas que passavam. Homens vinham aqui sabendo que era seguro e discreto.

As motos param do lado do prédio, apoiadas em seus estandes. Há apenas três motoqueiros, minha mãe não está com eles, o que me fez soltar um suspiro aliviado.

Judge, Light e outro cara que eu reconheci, mas não sabia o nome, descem e caminham até nós. O cara que eu não conheço tem tatuagens cobrindo seus braços inteiros, do topo de suas mãos até desaparecerem sob as mangas de sua camisa e reaparecer escalando seu pescoço.

Judge acena com a cabeça em saudação.

“O que há de novo?” Perguntei, casualmente.

“Queria conversar com Rose. Não consegui agradecê-la esta manhã depois da igreja,” ele explicou, olhando-me cautelosamente.

Eu encolho os ombros como se não me incomodasse o que ele fazia, mas isso era falso. Incomodou-me ter esses caras ao redor dela. Uma parte de mim se perguntou se, uma vez que ela visse que essas pessoas a tratariam como uma princesa, arriscando-se por elas, veria que existia algo melhor lá fora.

“Eu acho que ela está trabalhando com uma das nossas meninas agora, mas vá em frente.” Wrench abriu a porta para eles entrarem. Ele sorri com tanta satisfação para mim quando fecha a porta atrás deles. “Aposto que um desses caras a verá no palco e se apaixonará por ela.”

Eu o empurro contra a parede. “Cale a porra da boca. Ela está aqui para fazer um trabalho, não escolher um Old Man.”

Wrench só ri, mas assim que as palavras saíram, eu sabia que só as estava dizendo para me fazer sentir melhor.

Esta merda estava ficando mais fodida a cada minuto.


Capitulo 18

Rose

Estou curvada e respirando pesadamente quando Kat decide fazer uma pausa.

“Normalmente, eu não a pressionaria tanto no primeiro dia. Mas Slider mencionou que essa era praticamente a única chance que teríamos, então precisamos ter certeza de que tudo seja perfeito,” Kat explicou, enquanto me entregava uma garrafa de água que eu drenei em questão de minutos.

“Como você acha que eu estou indo?” Perguntei, deixando-me cair no palco e recostando-me, tentando obter mais ar em meus pulmões.

“Garota, você está indo muito bem. Seu corpo se move fantasticamente e acertou todas as batidas.” Ela sentou-se na minha frente e acariciou minha perna. Fico grata pelo apoio. Eu estou melhor agora que não senti que estava fazendo isso sozinha. Eu tenho alguém do meu lado e isso me dá o impulso que eu preciso para superar a ansiedade que está me atingindo.

“A próxima coisa que precisamos nos concentrar é fazer com que seu homem a note e queira você mais do que sua própria respiração.” Ela balançou as sobrancelhas.

Sinto minhas bochechas quentes. “Blizzard não é meu homem,” esclareci, apesar de ter ficado desapontada por ter que admitir isso.

Ela riu. “Bem, eu estava realmente falando sobre o cara que vai estar na plateia. Slider disse que haveria uma pessoa específica que você precisaria atrair. Mas isso é bom, podemos trabalhar com a Blizzard!”

Eu espalmo minha testa. “Desculpa.”

“Não, não. Isso é bom. Faça uma pausa, tenho algumas coisas para planejar,” ela riu, ficando de pé e desaparecendo. Eu quero me dar uma bofetada sabendo que, o que ela estava planejando naquela linda e pequena cabeça dela, provavelmente iria me matar.

“Rose?” Minha cabeça levanta rapidamente e eu vejo três homens de pé na beira do palco. Eu os reconheci instantaneamente, e meu corpo queria rastejar dentro de si mesmo e se esconder. Mas, em vez disso, respiro profundamente e vou em direção a eles, deixando minhas pernas penduradas para fora do palco.

“Você parece bem aí em cima,” disse Skins, piscando para mim. Não podia dizer que sua atenção não era boa. Por que era, me senti realmente bem. Eu apenas queria que viesse de outra pessoa.

“Olha, sinto muito. Eu não queria ouvir a conversa de vocês na outra noite,” eu disse, virando e olhando para o homem mais velho, o nome que eu agora sabia ser Judge.

Ele sorri através da barba grossa. Foi suave e carinhoso, quase paternal. “Querida, você precisa esquecer isso. O que você está fazendo por nós...” ele fez uma pausa, quase como se estivesse engasgado, “... nós sempre ficaremos em dívida com você.”

Eu balanço minha cabeça. “Eu posso não conseguir fazer isso.”

Ele encolhe os ombros. “Não importa. Você está se colocando como alvo, arriscando sua vida para recuperar minha filha. Mesmo que não funcione, eu sempre vou dever a você meus agradecimentos.”

“Eu espero que ela esteja bem,” eu falei com tristeza. Durante a reunião com os irmãos esta manhã, foi discutido quais as condições em que ela poderia estar. Me deixou nervosa pensar que eu poderia estar me jogando em outra situação, onde a possibilidade de ser espancada e abusada era provável. Eu não queria voltar para isso, nunca mais queria sentir esse tipo de dor. Mas desta vez, era mais do que apenas minha vida em risco se eu não o fizesse. Estava na hora de superar isso.

“Você tem uma foto dela? Só para saber quem eu estou procurando.”

O homem mais novo atrás de Judge dá um passo à frente com seu celular na mão. Ele levanta a tela para que eu veja. A imagem é dele e uma jovem. Ela estava segurando o telefone na frente deles e ele tinha o braço sobre seus ombros. Seu cabelo é loiro acinzentado, com uma franja larga dividida na testa. Seus olhos azuis me atingem. Eles são exatamente a cor dos olhos de Blizzard, azul como um oceano calmo.

Ela estava sorrindo e ele também. Eles pareciam tão felizes, tão apaixonados. “Ela é minha Old Lady. Fomos inseparáveis desde que começamos a andar.” Ele voltou a colocar o telefone no bolso e seus olhos nublaram. “Preciso dela de volta.”

“Light,” disse Judge com firmeza, quase o repreendendo por seu comentário.

“É verdade. Você sabe disso,” ele disse através dos dentes cerrados. “Eu vou enlouquecer se eu não a tiver.”

Minha mão coça para esticar e tocá-lo. Eu queria confortá-lo e prometer trazê-la para casa. Mas eu não podia mentir. Eu não sabia se eu ia trazê-la de volta para ele, nem tínhamos certeza de que ela ainda estava viva.

“Eu juro que vou fazer o que for preciso,” falei com honestidade. Seus olhos encontram os meus e a emoção que vejo dentro deles é mais do que eu jamais poderia imaginar. Isso é amor. O epítome absoluto do amor.

“Você é família agora. Não importa o que aconteça,” disse Skins, e pela primeira vez eu vejo uma expressão séria cruzar seu rosto.

Meu coração acelera – eu era família. Essas pessoas não conheciam meu passado, mas não se importavam. Eles estavam me acolhendo por quem eu era, e eu estava disposta a dar tudo para trazer sua garota para casa.

“Oh, e se Blizzard lhe der mais problemas, me avise,” acrescentou Skins com um sorriso malicioso.

Sua personalidade é contagiante e não posso deixar de sorrir. “Claro que sim.”

“Desculpem, meninos! Eu preciso dela de volta agora!“ Kat falou, entrando no nosso pequeno grupo. Judge e Light baixam suas cabeças e Skins agarra minha mão, beijando o topo e fazendo uma pequena reverencia. Ambos rimos enquanto ele acena e segue até o bar para conversar com Slider.

“Bem, ele é um charme,” Kat disse, olhando-o enquanto ele se afasta.

“Conhece todos os movimentos certos e sabe o que dizer,” concordei.

Ela parece perdida em seus pensamentos por um tempo antes de, de repente se iluminar e virar para mim com um enorme sorriso no rosto. “Vamos fazer isso garota. Nós só temos algumas horas antes de eu precisar estar nesse palco.”

Eu salto, uma nova força dentro de mim enquanto eu observo Light sentado no bar, bebendo uma atrás da outra.

Eu vou trazer Lane de volta.

Eu vou fazer isso, é uma questão de vida ou morte.


Capitulo 19

Rose

Eu tentei fazer com que Slider me deixasse no meu hotel, mas, de acordo com ele, todas as minhas coisas já tinham sido transferidas para o clube.

Irmãos se misturavam ao redor da área do bar enquanto Slider me conduzia por um pequeno corredor. “Você ficará no antigo quarto de Chelsea,” ele me disse, enquanto abriu a porta e segurou-a para eu passar.

Há uma cama de casal com minha mala sobre ela, uma pequena mesa e uma porta que eu posso ver que leva a um banheiro.

“Estes são os quartos das garotas do clube. Os garotos foram informados de que você está aqui, mas eu manteria a porta trancada no caso de você ter um visitante bêbado durante a noite.” Ele tinha um sorriso malicioso, mas eu não sabia se ele estava falando sério ou não.

Eu a manteria trancada.

Encolho os ombros, no entanto. “Eu já risquei stripper na minha lista. Por que não adicionar puta de clube enquanto estou aqui?”

“Eu não diria isso muito alto,” ele disse com uma piscadela. “Os meninos têm procurado sangue novo.”

Ele fecha a porta atrás dele e eu suspiro. Parecia estranho. Estar aqui neste lugar com essas pessoas que, há apenas alguns meses, eu estava em uma missão para destruir. Vivendo na sede do seu clube e fazendo piadas com seus membros. Senti como se estivesse quase em uma condição indefinida.

Sento na cama e começo a mexer na minha mala, procurando por algumas roupas íntimas e roupas limpas.

Kat tinha me feito trabalhar duro hoje. E enquanto eu parecia bem, meu corpo dói em lugares que eu nunca senti antes. É uma dor boa, no entanto. Do tipo que diz que você se esforçou aos seus limites.

Pego calça de moletom e uma camisa e vou para o banheiro. Girando a torneira quente do chuveiro, na esperança de aliviar a tensão nos meus músculos. Apenas duas noites a partir de agora eu devo estar no palco, fazendo a rotina que Kat e eu tínhamos quase aperfeiçoado nas últimas duas horas. Eu precisava dar o meu melhor e a dor nos músculos só me desiludia.

Coloco minha roupa, enrolo meus cabelos molhados em uma toalha e saio do banheiro.

“Rápido, aqui!” Ouvi uma pequena voz sussurrando alto.

A porta se abre e duas pequenas figuras entram, correndo para a cama. Elas pulam sobre ela, entrando debaixo das cobertas.

“Ele não nos encontrará aqui,” a voz sussurrou novamente. Seguida de uma risada suave.

“De quem estamos nos escondendo?” Perguntei com um grande sorriso.

As cobertas ondulantes de repente se acalmaram. Duas pequenas cabeças aparecem no topo e me encaram, os olhos arregalados. “Ah merda.”

Eu rio alto do palavrão vindo da garotinha. As cobertas saíram rapidamente e a menina menor com cabelo quase preto levantou correndo. Ela se arrasta pela cama, aproximando-se, mas com muita cautela.

“Olá, qual é o seu nome?” Perguntei suavemente. Ela deve estar na idade pré-escolar. Ela puxa seu lábio minúsculo entre os dentes enquanto me estuda.

“O nome dela é Jayla. Ela não fala muito,” a outra menina esclareceu, escalando as cobertas e seguindo Jayla para perto de mim. “Este costumava ser o quarto da minha madrasta. Por que você está nele?”

Ah, então esta é Harlyn.

“Você deve ser a filha de Optimus,” eu sorri para ela.

“Sim,” ela disse com orgulho, levantando o queixo um pouco com a menção do nome de seu pai.

Jayla continua sentada ao lado dela na beira da cama, aparentemente hipnotizada por mim. Seus olhos observam todos os meus movimentos e, sempre que eu falo, seus olhos seguem para minha boca.

“Então, de quem estamos nos escondendo?” Eu perguntei com um sussurro simulado, agachando ao lado da cama como se quisesse entrar na brincadeira. As duas se deslocam, grandes sorrisos nos rostos.

Harlyn coloca a mão em torno de sua boca, seus olhos procurando o quarto como se alguém pudesse saltar a qualquer momento. “Tio Blizzard. Ele disse que é a hora de Jayla dormir, mas ainda não terminamos de brincar.” O pequeno beicinho que ela fez foi adorável e hilário. Eu me pergunto se isso já funcionou com seus pais.

“Ah não. Não podemos deixar isso acontecer. A hora da brincadeira é a melhor.” Eu conspirei com elas. Jayla salta na cama, sua pequena cabeça subindo e descendo tão rápido que pensei que poderia cair.

“Harlyn!” Eu ouvi a voz de Blizzard chamando do corredor. “Você sabe que não é permitida vir aqui embaixo. Saia agora.”

As garotas congelam.

“Rápido, vá para baixo,” eu sussurrei, erguendo as cobertas. Elas se movem freneticamente para debaixo delas. Ouço Jayla rir. Ela adorava esse jogo, mas Harlyn está muito mais séria. Ela não estava prestes a deixar sua amiga ser levada sem lutar.

A porta ainda estava aberta de onde as garotas tinham entrado correndo. Olho para cima quando Blizzard a abre mais um pouco e se inclina contra o batente.

Levanto da minha posição agachada.

Toda vez que o vejo, instantaneamente qualquer tipo de pensamento desaparece da minha cabeça. Era como se fosse demais eu pensar quando ele estava ali, ele era meu foco principal e nada mais importava.

“Oi,” minha voz estava quase acima de um sussurro. Era difícil avaliar qual o tipo de humor em que ele estava, já que as últimas interações que tivemos, foram muito confusas.

Ele olha para minha cama, o contorno de dois corpos minúsculos escondidos nela é óbvio. Quando volta sua atenção para mim, não posso deixar de sorrir.

“Estou à procura de duas pequenas pirralhas, você as viu?” Ele perguntou, o canto de sua boca se contorcendo como se estivesse tentando disfarçar um sorriso.

Passo a mão pelo queixo como se estivesse pensando. “Você pode descrevê-las?”

Eu observo quando ele fica na ponta dos pés com suas pesadas botas e caminha silenciosamente na minha direção. Seus passos são lentos e deliberados. Toda vez que ele se aproxima meu corpo formiga. “Uma é desta altura...” ele segura sua mão logo abaixo do quadril “...tem uma boca esperta e cabelo avermelhado.”

“Hmm,” murmurei pensativa.

Ele se aproxima mais. “A outra é menor, facilmente influenciada pela espertinha. O cabelo é preto, não fala muito.”

Eu cruzo meus braços em meu peito e levanto minhas sobrancelhas. “Elas parecem ser problemas.”

Com mais um passo, ele está de repente no meu espaço. “Elas são,” ele sussurrou baixinho, sua voz profunda enviando vibrações através de mim.

Ele inclina, sua mão vem até minha cintura e eu pulo, quase como se ele tivesse me eletrocutado. Seu polegar entra por baixo da minha camisa e esfrega minha pele quente enquanto sua cabeça abaixa, sua boca se movendo ao lado da minha orelha. Sua respiração bate na minha pele e eu estremeço. “Eu acho que você está escondendo alguma coisa.” Seu aperto no meu quadril aumentou e ele me puxou para frente, então minha barriga está pressionada contra a fivela de seu cinto. Reparo sua mão pelo canto do meu olho, ele pega as cobertas da cama e puxa. As duas meninas gritam, mas foi rapidamente seguido por uma deliciosa risada.

Blizzard empurra seus quadris contra mim uma vez, roubando meu fôlego antes de se afastar completamente de mim. Tento controlar minha respiração, voltando-me para as garotas que rolam sobre a cama loucamente.

“Eu tentei! Me desculpe,“ eu ri com elas.

Blizzard está aos pés da cama, as mãos nos quadris, mas um sorriso no rosto enquanto observa com carinho as duas garotas.

“Tudo bem,” Harlyn me disse, rastejando para dar um tapinha no meu braço. “Tio Blizzard é o melhor caçador. Mesmo meu pai diz que ninguém pode se esconder dele.” Jayla segue Harlyn como uma pequena sombra, vindo bater no meu braço também. Ela é tão bonita, seu rosto me encarando.

“Oh, ele acha que é o melhor, não é?” Desafiei, piscando para as duas garotas.

Blizzard bufa. “Eu não acho, eu sei.”

“Tudo bem, Senhor Eu Sou Tão Incrível...” Eu girei o dedo no ar, “...uma rodada de esconde-esconde antes que a pequena vá para a cama.” Gesticulei para Jayla, que ainda está me olhando atentamente, mas eu posso ver seus olhos começando a mostrar sono.

“Sim!” Harlyn jogou o punho no ar antes de se levantar e pular em Blizzard. Ele a pega com facilidade, não conseguindo conter seu sorriso enquanto olha para ela. “Por favor, tio Blizzard.”

Sinto um puxão na minha mão e olho para trás para encontrar Jayla de pé na cama, levantando os braços para mim. Eu sorrio suavemente para ela, enfiando as mãos sob seus braços e levando-a para o meu quadril. Ela se aconchega no meu lado, seu polegar encontrando sua boca.

“Bem, tio Blizzard?” Eu pressionei.

Ele olha para mim e depois para Jayla antes de suspirar. “Ok. Mas vamos fazer isso rápido porque essa garota precisa dormir.”

“Certo, dois minutos para se esconder, então você tem dez minutos para nos encontrar,” eu negociei.

Ele pensa nisso por um segundo. “As crianças precisam de um minuto extra para se esconder,” disse ele, colocando Harlyn no chão. Ela não esperou que fosse dito duas vezes, disparando pela porta com uma risada maníaca. Jayla balança, tentando escapar. Coloco-a no chão e suas pernas se moveram o mais rápido possível atrás da amiga.

“Nós vamos fazer uma aposta,” ele me disse. “Se eu achar vocês todas dentro de dez minutos... você vai lavar minha moto amanhã...” ele fez uma pausa “...em um biquíni.”

Minha boca cai aberta.

Tudo bem, dois poderiam jogar aquele jogo.

“Tudo bem, espertinho.” Eu tirei a toalha do meu cabelo e joguei-a sobre a cadeira. “Se ganharmos, você tem que fazer algo legal para nós.”

Ele franze a testa. “Como o quê.”

Encolho os ombros. “Eu não sei, use esse seu grande cérebro.”

Ele olha para mim silenciosamente por um momento, antes de assentir. “Dois minutos começam agora. É melhor você correr.”


CONTINUA

PARA BLIZZARD, o sentimento de traição era um que ele conhecia bem.
Seu pai era um membro antigo dos Brothers by Blood MC. Ele acreditava que a irmandade vinha primeiro, mesmo antes de sua esposa e filho. No início, Blizzard não culpou sua mãe por ir embora. Isso foi até ele descobrir que ela havia se juntado com um membro de outro MC, deixando-o para trás para lidar com as consequências. Ele nunca pensou que ele sentiria esse tipo de dor novamente, jurando que suas costas nunca mais veriam a lâmina de outra faca. Até que Rose apareceu, tentando-o, atraindo-o e depois deixando-o na calçada, lutando por sua vida enquanto se afastava com o inimigo.
Rose passou sua vida inteira se perguntando de onde ela havia vindo.
Sua mãe sempre manteve essa informação para si mesma, levando-a com ela para o túmulo. Ela estava determinada a conhecer sua história e seu pai, mas logo descobriu que não era o encontro que esperava. Ela pode ter escapado das mãos de um louco, mas a família com a qual ela tinha sido deixada ainda não preenchia o vazio que ela sentia por dentro.
Rose cometeu muitos erros, prejudicando as pessoas que se preocupavam com ela e se destruindo no processo. Ela estava caminhando por uma estrada escura e voltar para a cidade onde ela se perdeu — e a seu coração — nunca foi parte do plano. Quando lhe foi dada uma oportunidade de redenção e com nada a perder, ela estava prestes a se lançar de volta ao inferno. Mas o destino estava contra ela, desta vez, talvez não houvesse alguém para ir em seu resgate.
Dizem que o tempo cura todas as feridas, mas o tempo está acabando. Você poderia perdoar e esquecer se significasse a diferença entre a vida e a morte?

 


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PRÓLOGO

BLIZZARD

Jogo o resto da minha cerveja fora. Tinha esquentado e a sensação disso descendo pela garganta era menos do que agradável.

Faço uma careta e sinalizo para Ham - um dos prospectos do clube - me trazer outra. Ele me olha com atenção, mas eu atiro-lhe um olhar que fecha sua boca bem rápido e agarro a nova garrafa de sua mão.

Eu estava anestesiando meu corpo.

Parecia ser um tema comum para mim no momento. Eu não estava completamente inconsciente dos olhares preocupados de meus irmãos. Eu costumava ser a vida das festas – fazendo piadas e provocando a agitação.

Isto é o que acontece quando você faz escolhas de merda e não segue seus instintos. Você fica na merda.

Eu observo enquanto meu presidente abraça sua Old Lady, Chelsea, a beijando apaixonadamente e sem se importar com quem visse. Era bom para todos nós podermos relaxar e não nos preocuparmos se alguém estava vindo nos atacar ou nos destruir.

Tivemos a máfia italiana nos assediando nos últimos meses. Não sabendo onde ou quando eles iriam atacar nos deixava tensos.

Chelsea esteve na mira deles e tanto quanto tentamos duramente protegê-la, no final, o diabo estava mais perto do que qualquer um de nós havia previsto. Uma das melhores amigas e companheiras de quarto de Chelsea, Rose, nos enganou o tempo todo.

Sinto uma dor no meu peito ao pensar nela.

Rose não só havia se infiltrado na vida de Chelsea, mas também na minha.

Eu sabia que a atração estava lá desde o início, mas ela sempre lutou contra isto.

O ato de se fazer de difícil sempre excitava caras como eu, que geralmente conseguiam qualquer garota, em qualquer lugar, abrisse as pernas com facilidade. Acontece que eu estava interessado em uma distração indesejada com a missão de ferir a Old Lady do meu presidente.

Uma missão que ela conseguiu.

Chelsea ficou ligada a aparelhos durante dias antes de finalmente conseguir respirar sozinha. E mesmo assim foi arriscado.

O pai de Rose, Marco DePalma, tinha perfurado o pulmão de Chelsea e nós conseguimos chegar a tempo de levá-la para o hospital. Mas nessa altura, seu cérebro foi privado de oxigênio, e afetou severamente a habilidade de falar e usar seu corpo.

Rose desapareceu e Chelsea foi deixada com semanas de fisioterapia, lutando para voltar a ser a garota viciada em exercícios que era antes.

Toda a sua vida foi virada de cabeça para baixo porque escolhemos confiar em alguém que, no final, nos apunhalou pelas costas.

Não foi a minha primeira batalha com a traição e eu estava começando a questionar minha capacidade de distinguir amigo de inimigo. Com Rose, minha mente estava tão turva de desejo que eu não podia ver todos os sinais que agora eram como faróis gigantes.

Meu telefone vibra no bolso e o nome de Kev aparece na tela. Eu franzo a testa e vou para a porta lateral da sede do clube enquanto aperto o botão de resposta.

“Sim?”

“Venha até o portão. Você vai querer ver isso,” ele diz enigmático, desligando antes mesmo de conseguir processar o que ele havia dito.

Jogo minha garrafa de cerveja vazia mais uma vez na lixeira enquanto eu passo por ela. O portão da frente está a menos de cem metros da sede do clube, então eu simplesmente caminho até lá.

O cascalho faz barulho sob minhas botas pesadas e meu corpo parece estar flutuando devido à quantidade de álcool que eu já havia consumido desde que me sentei no bar, há pouco mais de uma hora.

Tinha uma sensação boa quando comecei a pensar em arrastar uma das garotas do clube depois disso, tentando aliviar algumas das tensões sexuais do meu corpo. A parte de merda era que toda vez que eu tentava, imaginava o rosto dela, Rose, olhando pra mim. Mesmo com minha fúria, eu a queria mais do que queria admitir.

Eu atravesso os portões e, logo que a vejo, balanço a cabeça, pensando que era apenas um outro truque que a bebida estava fazendo comigo. Mas quando ela se vira para olhar em mim, eu sei que ela é real e está bem na minha frente.

Meu coração acelera e eu preciso impedir meu corpo de correr até ela e envolvê-la firmemente. Ela parecia derrotada, seus olhos fundos como se ela não tivesse dormido em semanas e seu corpo já magro muito menor do que eu lembrava.

Endireito meus ombros. Nós nos observamos por um momento, ela puxa seus longos cabelos escuros, mostrando seu nervosismo. Foi uma das coisas que me atraiu nela. Rose sempre foi forte, pude sentir e ver quando nos conhecemos, mas quando ela estava perto de mim, ela derretia. O exterior duro desaparecia. Era como se estar na minha presença, a acalmasse. Gostei que eu tinha um efeito tão grande em seu corpo e mente.

Aperto meus dentes, lutando contra todas as minhas outras emoções e uso uma que esconderia todas as outras - raiva.

“Você já não causou danos suficientes? Voltou para mais?’ Eu falo com desdém.

Eu vejo quando ela sentiu minhas palavras, seu corpo se curvou protetoramente.

“Sinto muito,” ela sussurrou tão baixo que quase não consegui entender. “Eu-eu só vim me desculpar.”

Seu braço esquerdo está coberto por gesso azul escuro que ela esfrega enquanto falava. Como se lhe desse algum tipo de confiança para dizer o que precisava.

Tento lembrar de que não fomos os únicos que nos ferimos durante a guerra com seu pai. Marco DePalma é um indivíduo seriamente fodido. Seu irmão mais novo Anthony dirigia o negócio da família DePalma. Eles são uma das famílias italianas mais poderosas da costa leste e tem as mãos em todos os tipos de atividades ilegais. Marco ficou bravo pelo fato do negócio familiar ter sido passado para seu irmão mais novo e tinha enlouquecido, matando seu pai e acusado nosso clube por isso.

O plano de Marco para nos derrubar e matar Chelsea tinha caído quando informamos seu irmãozinho do que ele tinha feito.

Rose foi duramente punida por Marco. Ele a manipulou a fazendo pensar que precisava mostrar seu valor para ser considerada parte de sua família. E com a morte de sua mãe, ela sentiu que eram tudo o que lhe restava. Ele lhe bateu, a torturou e, a seus olhos, lhe deixou sem outra opção.

O que ela não viu foi o que Chelsea e eu estávamos oferecendo a ela. Mais do que apenas amizade, mas uma família aqui no clube.

O pensamento me deixou furioso. Família era mais do que o sangue que corria em suas veias. É quem te apoia em tempos de crise. É quem está disposto a ficar ao seu lado quando você estiver enfrentando o pelotão de fuzilamento. É encontrar um grupo de pessoas que vão te amar e te apoiar incondicionalmente. Era algo que estávamos dispostos a oferecer a ela, mas que ela se recusou a aceitar.

“Porque isso deixa as coisas bem, certo?” Eu rosnei, frustração crescendo dentro de mim. “Chelsea acabou de sair da porra do hospital. Nós quase a perdemos. Ela não pode andar ou falar direito. Pode levar meses para ela voltar ao que era.”

A mão dela vai ao seu peito e eu observo quando ela engole as lágrimas que estão enchendo seus olhos. “Eu não deveria ter vindo,”, ela sussurrou, afastando-se parecendo estar prestes a fugir.

Mas o idiota em mim não permitiria que ela tivesse a satisfação de fugir do que tinha feito. Eu queria que ela sentisse a dor que eu estava sentindo. Eu queria que o coração dela doesse do jeito que o meu doía quando eu pensava nela. Eu queria que ela se magoasse assim como eu.

Eu sou egoísta.

“Você age bem como vítima. Todos nós acreditamos nisso. Chelsea estava pronta para lutar por você. Assim como eu, mas era tudo uma mentira.” Eu dou um passo à frente.

Ela gira e eu então vejo. O fogo em seus olhos que eu pensei ter desaparecido. O fogo ainda está lá dentro dela, e não posso deixar de sentir a emoção em mim. Eu queria que ela me desafiasse. Eu queria ver aquele fogo queimando, porque então eu saberia que não foi tudo fingimento. Havia algo real sobre ela.

“Eu fui uma vítima! Não fique aí e pense que por causa disso tudo você sabe o que eu passei, a merda pela qual lutei.” Sua respiração está pesada e as lágrimas começam a rolar por suas bochechas. “Você tem sua família, Blizzard! Você tem uma casa – um clube cheio de irmãos e pessoas que ficariam ao seu lado em um piscar de olhos. Eu não tinha ninguém...

“Você tinha a mim,” eu afirmo, aproximando-me dela. Eu queria pegá-la e sacudi-la. Eu bato no meu peito, bem no meu coração. “Eu estava lá... Chelsea estava lá, porra. Nós te apoiamos, e mesmo assim você virou as costas e nos enganou.”

Ela puxa seus cabelos enquanto grita, “Eu não tive escolha!”

Ela está caindo aos pedaços na minha frente e preciso de toda a minha força para não pega-la e envolve-la em meus braços. Eu entendi que ela se sentia pressionada, que seu pai a tinha forçado. Mas eu lhe dera muitas oportunidades para se livrar – Chelsea cuidou dela e levou-a ao hospital quando seu pai tinha ido longe demais – mas ela não as aproveitou e agora ela tinha feito sua cama e teria que deitar nela.

“Todos nós temos uma escolha. Você fez a sua.” Eu cuspo no chão pronto para terminar essa conversa e ir embora.

Ambos olhamos um para o outro, ela com lágrimas cobrindo suas bochechas e eu com uma quantidade forçada de veneno e nojo nos meus olhos.

Não demorou muito para que um carro se aproximasse da calçada atrás dela. Ela sabia que estava lá, e eu soube instantaneamente quem era.

Meu corpo entra no modo de autoproteção. Eu sei que há alguns dos meus irmãos no portão atrás de mim, mas eu me afasto, perseguindo-a quanto ela tinha recuado.

Ela olha por cima do ombro quando as portas do carro se abriram, o vento sopra ao redor dela, jogando o cabelo em seu rosto. Meus dedos se contraem, formigando para puxá-lo e colocá-lo atrás de sua orelha, para que eu pudesse ver seus belos olhos novamente.

“Rosalie, entre no carro.” Eu reconheço os meninos quando eles pisam na calçada e começam a caminhar na sua direção. Giovanni e Ricardo são os dois filhos sobreviventes de Anthony DePalma.

Seu filho mais velho, Kenneth foi uma vez um homem que chamei de irmão.

Quando Anthony pensou que tínhamos matado seu pai, ele enviou seu filho mais velho para se infiltrar no nosso grupo, na tentativa de destruir o clube de dentro para fora. Depois de quase matar a Old Lady de um irmão, descobrimos quem ele era e acabamos com ele.

Estávamos esperando a vingança.

E meu instinto estava me dizendo que este era o momento.

Gio e Rico posicionam em ambos os lados de Rose. Eu posso sentir o nervosismo de Rico enquanto seus olhos se movem sutilmente entre seu irmão e eu. Mas Giovanni fica firme, inabalável em sua raiva, enquanto ele me encara. Uma arma pendurada ao seu lado, seus dedos cerrados firmemente em torno dela.

“Entre no carro, Rosalie.”

Seus olhos estão brilhantes e largos, o que me diz que ela não havia planejado que isso acontecesse e ela está começando a entrar em pânico.

Ela coloca uma mão no peito de Gio em uma fraca tentativa de afasta-lo, mas o garoto está furioso e procurando vingança. Isso era tudo o que ele podia ver neste momento, e nem ela nem qualquer outra coisa iria detê-lo.

Eu levanto meus ombros, sabendo que isso ia acontecer, mas não estou disposto a mostrar qualquer tipo de medo. Eu enfrentei coisa pior e eu não ia deixar esse garoto pensar que ele estava prestes a me derrubar. “Apenas mais um truque, hein? Quando vocês vão parar de usar as mulheres para fazer o trabalho sujo?” Eu o provoquei, abrindo meus braços e o convidando a atirar.

“Não,” Rose resmunga, estreitando os olhos para mim com desprezo. Ela se move, colocando seu corpo na frente de seu primo. “Nós vamos embora.”

Gio ignora-a, continuando a olhar para mim sobre sua cabeça. “Você matou o nosso irmão.”

Aperto meus punhos. Kenneth, ou Target, como era conhecido pelo clube, era um idiota. Ele tratava as mulheres muito mal, degradando e machucando elas a cada chance que ele tivesse. Me deixou com raiva pensar que alguém poderia lutar e falar por ele, considerando o que ele fez para minha família.

“Ele era um idiota. Você deveria me agradecer. Agora ele está fora do caminho, você é o próximo na fila para assumir o trono,” eu zombei sarcasticamente.

“Ele era meu irmão,” Gio grita, levantando a arma e apontando-a diretamente para mim.

Eu posso ver o cano escuro da arma, sua profundidade parecia sem fim. “Ele combinou com um traficante de escravos conhecido de pegar uma das nossas mulheres e vendê-la pela melhor oferta,” recordei.

Rose ofega.

Bom. Espero que agora ela tenha percebido o tipo de pessoas pelas quais ela estava lutando. O tipo de família que escolheu. Os Brothers by Blood não eram perfeitos de jeito algum, mas nós tínhamos respeito e dignidade.

“Seu clube levou um da minha família,” Gio baixou a voz. Sua raiva tinha desaparecido. Agora ele era o soldado calmo e calculista perfeito que seu pai criara. Suas emoções já não o impediam. “Agora vou levar um de vocês. Sangue por sangue.”

Meu corpo fica tenso, preparando-se para o impacto.

“Não!“ Rose gritou e se atirou contra seu primo. Meu corpo reage imediatamente. Ela não vê, mas eu a pego. Tudo dentro de mim, meus instintos me diziam que eu precisava protegê-la.

Esse movimento simples salvou minha vida.


CAPÍTULO 1

ROSE

“Tio, estou bem.”

“Pessoas que estão bem não saem sem uma explicação, Rosalie.” Suspirei ao ouvir meu tio Anthony usar meu nome completo, ele se recusava a me chamar de outro jeito. Anthony e meus primos estavam tentando muito me acolher na família e me fazer sentir bem-vinda.

Às vezes, era reconfortante. Desde que me lembro, sempre rezei por uma grande família e então fui jogada em uma das maiores e mais poderosas famílias italianas nos Estados Unidos.

Mas foi diferente.

Não era o que eu imaginava. “Eu só-”

“Rosalie. Nós somos família. Nós resolvemos juntos os nossos problemas.” O tom de sua voz era quase repreensivo.

Eu baixo minha cabeça, eu sabia, se eu não me virasse e voltasse para casa, ele enviaria alguém para me procurar.

“Ok...” Eu suspirei, “...vou para casa agora.”

Olho para o céu. Você mal pode vê-lo entre os edifícios que se estendem até as nuvens. Começava a escurecer e as nuvens, uma vez brancas, agora estão sombreadas de cinza escuro e ameaçando-me com uma tempestade.

As pessoas se movem pela calçada a caminho do trabalho ou apenas tentam escapar antes de ficarem encharcadas. Sigo o exemplo e desço a escada que leva ao metrô.

Eu tinha ficado muito boa em andar pela cidade nos últimos meses. Eu só tive que ligar para o meu primo Rico me resgatar três ou quatro vezes. Ele achou hilário a cada vez. Eu aprendi rapidamente que ele era o melhor para chamar. Minha outra prima Celia não ajudava em nada. Ela não saía da casa, a menos que fosse para a escola ou uma maratona de compras. Ela era mimada e todos sabiam disso, incluindo ela.

Giovanni, o mais velho de todos, eu não tinha falado desde que ele atirou em Blizzard. Ele tentou uma vez, mas eu não consegui lidar com isso. Toda vez que eu olhava para ele tudo o que podia ver era o sangue de Blizzard se espalhando pelo concreto quebrado.

Gio é um soldado no exército da máfia de seu pai. Ele cortava os sentimentos e emoções e tinha sido ensinado a simplesmente fazer o que precisava ser feito para proteger sua família e seus negócios. Ele estava perto de não ter emoção nenhuma, e mesmo que não fossemos próximos, meu coração doía em pensar na pessoa que ele estava se tornando.

Eu sigo o fluxo no metro movimentado.

Uma garota com cabelos loiros longos tocando seu violão está sentada no chão contra uma parede de concreto. Ela é linda e jovem, possivelmente ainda adolescente, mas sua música é fascinante. Eu a observo por alguns minutos. Assim que eu estou prestes a aproximar e jogar algumas moedas na caixa do seu violão que está aos seus pés, alguns arruaceiros com as calças caídas se aproximam dela. Franzo o cenho quando eles param na frente dela, provocando-a enquanto pegam a pequena quantia de dinheiro que ela havia acumulado.

Ela se levanta e os empurra, gritando para eles irem embora. Um dos meninos a empurra contra a parede sólida e o ar deixou seus pulmões.

“Ei!” Eu gritei, meus pés me levando até eles antes mesmo de perceber o que estava fazendo. Levanto o pé e chuto o garoto que está agachado em frente ao estojo do violão. Ele cai de lado e as moedas espalham pelo chão. “Deixe-a em paz.” Minha voz não vacilou, a adrenalina nas minhas veias mantendo-a estável.

Eu achei que alguém fosse parar para ajudar, mas as pessoas simplesmente desviavam da briga, olhando para o outro lado, como se elas simplesmente não quisessem saber.

Eu sinto a raiva crescer dentro de mim. Eu sei como era não ter ninguém te defendendo. As pessoas olham, mas não tentam ajudar. Elas são egoístas. Elas sempre simplesmente assumem que outra pessoa lidaria com isso. Deixam para outra pessoa ajudar.

“Foda-se, cadela.” De repente, o segundo menino avança na minha direção zombando.

“Deixe-a em paz,” respondo, erguendo os ombros e me recusando a ser intimidada.

“Olhe para você, uma pequena garota branca tentando ser uma heroína.” Ele sorriu, um dente lascado me encarando.

Eu sinto isso crescendo dentro de mim. Eu estou enojada – enojada e cansada pra caralho – das pessoas me desprezando, assumindo que eu não poderia me proteger. Eu estava cansada de pessoas me olhando e assumindo que poderiam se aproveitar.

Eu não permitiria que alguém se aproveitasse novamente. Eu não iria me deixar ser pisada e destruída.

Meu pai me esmagou, e pensei que era o que eu merecia, que eu tinha que lutar pelo seu amor. Mas você sabe o que, eu não tinha que lutar porque agora eu sei que merecia mais do que isso.

Levanto meu punho, sabendo que iria pegar o idiota desprevenido, mas antes que ele pudesse encontrar sua mandíbula, uma mão grande prende meu pulso, segurando-o no lugar.

Os ladrões idiotas tropeçam com o confronto, seus olhos bem abertos, mas eles não recuam. Eu sei exatamente quem está de pé ao meu lado sem ter que virar minha cabeça. Meu tio era bem conhecido na cidade, especialmente pelas gangues locais. Obviamente, esses idiotas não haviam visto a lista de Nova York das pessoas com as quais não se deve brincar.

“Problemas, Rosalie?” A voz de Angelo causou arrepios na minha espinha.

Angelo cuidava dos negócios do meu tio nesse lado da cidade. Ele é alto, robusto e sexy como o inferno. Ele também é solteiro e procura uma esposa para se casar e ter filhos – alguém para passar seu legado.

O problema?

Ele não é o homem que eu quero.

A jovem loira está grudada na parede, seus olhos se movem de um lado a outro entre nós e os dois idiotas.

“Devolva o dinheiro da garota,” disse Angelo de forma clara e enfática, o sotaque italiano proeminente em sua voz tornando suas palavras muito mais ferozes.

O mais jovem e, obviamente, mais estúpido dos meninos se mantem firme, cruzando os braços sobre o peito com um olhar de desafio. “O que você vai fazer sobre isso, homem de negócios?” Ele levantou a bainha de sua camisa, revelando uma arma encaixada na cintura de sua cueca.

O ruído de um trem enche a estação, a brisa soprando contra minha pele quando ele começa a parar. As pessoas correm ao nosso redor, inconscientes do confronto insignificante. Angelo rapidamente me coloca de lado, próxima à garota loira. Ele estende o braço e sua mão enorme agarra o bandido pela garganta. Ele o puxa para perto, e sua boca se move, mas eu não consigo ouvir o que ele está dizendo por causa do barulho do trem e da multidão.

Ele joga o garoto para trás, que consegue se firmar. Ele olha para mim com os olhos arregalados antes de pegar seu amigo pela camisa e arrastá-lo correndo pela plataforma.

Angelo observa-os partir antes de se virar para mim. “Vamos, Rosalie.”

Respiro fundo e enfio a mão no meu bolso. Eu puxo o dinheiro que estava lá e entrego à jovem que ainda está olhando para nós em estado de choque. Pego sua mão e coloco o dinheiro nela.

Sem parar para conversar, corro atrás de Angelo, que já tinha começado a andar na direção da saída. Eu o sigo para a rua, onde, como eu havia suspeitado, começara a chover.

Havia um carro escuro e matizado estacionado na calçada e Angelo abre a porta e espera que eu entre antes de seguir o exemplo. Olho pela janela, esperando a palestra que eu sabia que viria.

“Por que você faria algo tão estúpido?” Angelo perguntou casualmente, mas eu podia ouvir a rispidez em seu tom. “Membros de gangues são perigosos. Eles são jovens e estúpidos e isso os torna extremamente imprevisíveis.”

“Você estava lá. Está tudo bem,“ eu disse a ele, me sentindo uma garotinha que acabara de ser pega fugindo à noite.

“E se eu não estivesse?”

Eu resmungo. “Não tem que pensar no que poderia ter sido. Não faz sentido.”

Ficamos em silêncio por alguns minutos, balançando de um lado para outro enquanto o motorista atravessa o trânsito da cidade de Nova York como se estivesse treinando para a NASCAR1.

“Como você cresce se não considera os erros cometidos no passado?” Sua pergunta me deixou tensa.

Eu me viro para poder ver seus olhos. Ele me observa com cuidado, e com diversão como se estivesse gostando da reação que eu tenho a ele. “Como você segue em frente se ficar constantemente pensando em toda a merda que você fodeu?” Eu jogo nele com um pouco menos de classe.

“Parece que você fala por experiência,” ele observa, seus olhos fixos em mim.

“Não venha com besteiras, Angelo.” Eu franzi o nariz. “Não aja como se meu tio não tivesse te informado sobre o que aconteceu.”

“Touché, toroso mio2,“ ele disse com um leve sorriso.

A verdade era que eu pensava. As escolhas que eu fiz durante o último ano pairavam pesadamente em minha mente e constantemente me faziam sentir mal do estômago. Desejei desesperadamente que houvesse uma maneira de fazer as coisas corretas. Eu me permiti ser manipulada e usada.

Em algum lugar ao longo do caminho, eu me perdi.

Perdi a capacidade de distinguir o certo do errado – e o amor do ódio. Perdi amigos, família e todo o meu orgulho e auto respeito.

Mas de tudo, saber que eu o perdi, foi o que quase me destruiu.

Quase.

Eu ainda não tinha desistido.

Se houvesse uma maneira de corrigir as coisas que fiz, eu faria isso em um piscar de olhos, independentemente das consequências.


CAPÍTULO 2

BLIZZARD

“Irmão, acorde, cara.”

Eu podia ouvir a voz através da névoa na minha cabeça, mas eu estava tão exausto. Meus olhos lutaram para ficar fechados. Alguém sacudiu meu ombro e me assustei. O meu pescoço doía, minha cabeça doía, e todo o meu corpo me pedia para descansar adequadamente.

“Blizz...” Eu esfreguei meus olhos, o borrão começando a diminuir e Optimus, meu melhor amigo e presidente, está ao meu lado. “Como ele está?”

A realidade começou a surgir e fiquei mais do que sóbrio.

Ele tinha exagerado na dose. E com a quantidade de álcool que estava em seu sistema e sua natureza agressiva, eles foram inteligentes o suficiente para mantê-lo dormindo enquanto descobriam o que estava acontecendo.

“Quando eles me disseram que ele tinha ingerido muitas pílulas, eu pensei foda-se. Este bastardo teimoso nunca deixaria esta terra voluntariamente. Ele é muito idiota para isso.” Eu disse a Op enquanto observo o rosto do meu pai. Era a primeira vez em anos que eu o via sem uma carranca. Ele nunca ficou feliz em me ver. Sempre que eu o visitava, ele vinha com um ‘O que você quer?’ mesmo que ele estivesse esperando por mim.

Nunca fui bem-vindo.

Hands era um idiota difícil.

“Eles sabem o que há de errado então?” Op pergunta, recostando-se contra a parede oposta a mim.

Encolhendo os ombros, empurro minha cadeira para trás e me estico, relaxando meus músculos tensos. Eu nem tinha certeza de quanto tempo eu estava aqui. Um dos veteranos do clube tinha visitado ontem e encontrou-o desmaiado no chão. Eu não saí do seu lado desde que o trouxeram.

“A enfermeira ficou um pouco nervosa quando explicou que o médico precisava falar comigo. Mas isso pode ter sido pela minha boa aparência.” Eu movimento as sobrancelhas e Op dá um pequeno sorriso. “Chel não veio com você?”

“Seu pai assusta ela pra caramba.” Franco como sempre.

“Me assusta também,” eu disse, pegando o copo de água na mesinha ao lado da cama e bebendo tudo.

Há uma leve batida na porta.

Op levanta uma sobrancelha. “Você quer que eu saia enquanto conversa com o médico?” Eu balancei minha cabeça quando pedi para o médico entrar. Eu não admitiria isso, mas eu precisava de todo o apoio que conseguisse agora. Este era um novo território para mim. Meu pai era o maior idiota do planeta, mas nunca o vi enfraquecido – nunca.

O médico – um homem baixo e calvo – e uma enfermeira que poderia estar na capa da Playboy entram em silêncio.

A enfermeira me olha de cima a baixo, e eu sei que, depois que tudo isso terminasse, eu precisaria de uma boa foda. E ela ia servir.

“O que está acontecendo, doc?”

Ele não riu da minha piada, mas sorri para mim de qualquer maneira.

“Isso é um pouco mais grave do que pensamos no início, senhor...”

“Blizzard.“ O médico franziu a testa com o meu nome de clube e fez uma nota rápida em sua planilha antes de continuar. “Senhor Blizzard. Seu pai aqui tem a síndrome de Korsakoff. Esta síndrome faz parte da família da demência em estágio inicial e geralmente está associada ao consumo intenso de álcool durante um longo período de tempo.”

E esse era o meu pai em poucas palavras. Ele era um bêbado – ele era o bêbado. E, aparentemente, agora o consumo de bebidas alcoólicas havia cobrado seu preço.

Passo a mão pelo meu rosto, não está barbeado e mais cheio do que costumo por causa do tempo que estive trancado neste maldito hospital.

“Você pode explicar?” Eu pergunto lentamente, tentando não deixar meu mau humor ou frustração assumir.

Assentindo com a cabeça, o médico vira algumas páginas na prancheta. “A razão pela qual seu pai superdosou sua medicação foi porque ele não lembrou de tomá-la. Sua memória de curto prazo está gravemente afetada, então ele continuou tomando até desmaiar, sem saber que tinha acabado de tomar sua pílula uma e outra vez.” Seus olhos continuaram a escanear a página. Eles nunca se fixaram em mim. Eu não sabia se isso era porque ele estava muito assustado ou porque estava entediado por ter que explicar tudo isso para mim.

“Então ele tem demência?” Perguntei cautelosamente, olhando para Optimus verificando se eu não tinha sido o único a ouvir isso. Os olhos de Op estão arregalados enquanto olha para o médico em estado de choque.

O médico franze a testa, quase como se ele tivesse me explicado tudo e ainda assim lhe fiz perguntas estúpidas. “É uma parte da família da demência. Seu pai tem apenas sessenta anos. Não é uma idade comum para pacientes com demência, mas isso acontece. Há uma chance de suas circunstâncias melhorarem com muito trabalho duro.”

“Você está dizendo que ele precisa ficar sóbrio, não é?” Eu perguntei.

“Isso, entre outras coisas. Ele precisará de injeções de tiamina e apoio contínuo.”

Eu sufoco uma risada e ele me olha em completo choque. “Ele vai mandar você se foder. Ele vai gritar, urrar e falar merda.”

Ele parece considerar isso por um momento. “Talvez devêssemos sugerir um centro de atendimento se você não acha que é capaz de lhe dar o apoio que ele precisa.”

“Você vai ter que trancá-lo e jogar a chave fora, se pensa que tem algum tipo de chance de fazê-lo largar o álcool,” eu falei sem rodeios, ignorando a indireta suja de que eu não me importava o suficiente com o meu pai. O bastardo me tratou como merda e ainda me esforcei para visitá-lo uma vez por semana e arriscar um soco na minha cara.

Os médicos poderiam lidar com essa merda – como se ele precisasse de outro motivo para me odiar.

“Eu vou fazer os arranjos. Pode levar um mês ou mais para encontrar um lugar e não posso garantir que será próximo daqui.”

Olho para o meu pai, o homem que passava mais tempo bêbado do que sóbrio e sempre gostava de me chutar enquanto eu estava para baixo.

Eu me preocuparia se ele não estivesse na mesma cidade?

Tudo dentro de mim dizia que não, não me importaria. Não depois do que ele me fez enquanto eu crescia. Mas então penso em como a minha mãe nos deixou e uma onda de lealdade me domina. A necessidade de não ser como ela é muito forte.

“Nós atravessaremos essa ponte quando chegarmos nela,” falei ao médico que assente com a cabeça, satisfeito com a minha resposta e prontamente caminha diretamente até a porta.

A enfermeira, por outro lado, leva seu tempo balançando os quadris e jogando seus cabelos. Ela se vira para me dar uma rápida piscadinha por cima do ombro quando saiu do quarto. Ela é quente, mas meu pau nem se contraiu com a demonstração de interesse.

“A cadela quer.” Op riu de seu lugar do outro lado do quarto.

“Eu vou dar a ela mais tarde,” eu murmurei, levantando-me e caminhando até a pia para pegar outro copo de água.

“Você não toca as putas do clube, mas a equipe de enfermagem tudo bem?” Sua pergunta foi séria, eu poderia dizer, mesmo que ele tentasse encobri-la com um tom divertido.

Depois de beber ruidosamente coloco o copo na mesinha. “Faz tempo que não temos novas garotas no clube. Fiquei enjoado das mesmas de sempre, sempre as mesmas.”

“Você quer dizer que teve um pequeno vislumbre de algo melhor e não há retorno agora?” Eu queria bater nele, acertar meu punho em seu rosto estupidamente presunçoso.

Mas ele estava certo.

Rose me mostrou outra coisa, outro mundo, eu acho que você poderia dizer. Ela era linda e engraçada e ela mostrou respeito próprio, o que significa que ela não o deixaria de lado por qualquer irmão que pedisse.

Eu não condeno as garotas do clube. Elas fazem o que fazem, elas são pagas para fazê-lo, e a maioria delas é gentil. Mas eu queria alguém que pudesse chamar de minha. Alguém que fosse sexy e inteligente e que eu não tivesse que compartilhar com meus irmãos. Eu queria possuí-la, mente, corpo e alma.

Infelizmente para mim, o diabo já a havia reivindicado, e me perguntei como algo tão sombrio e enganador poderia se esconder dentro de tamanha beleza.

Meu nariz contrai, o cheiro do quarto do hospital fazendo meu estômago se contorcer. Tive a sorte de passar apenas alguns dias no hospital depois do dia que Rose apareceu na sede do clube. A bala atingiu apenas o meu braço. O que me fez vir para cá foi quando eu caí. Eu bati minha cabeça na calçada de concreto e desmaiei. E deixe-me dizer que as feridas da cabeça sangram como um filho da puta.

Os meninos acharam que eu tinha sido baleado na cabeça quando vieram correndo, nenhum deles conseguia entender como eu ainda estava vivo.

Eu tive uma concussão e levei alguns pontos, mas melhor do que uma bala no peito.

Eu sempre odiei hospitais, mas agora o cheiro e a sensação do lugar me atingiram por outro motivo.

Isso me lembrou daquele dia.


CAPÍTULO 3

ROSE

Olho para a carta em minhas mãos.

Mesmo com tudo que sofri durante o último ano, eu ainda consegui terminar a faculdade. Embora eu suspeitasse que meu tio teve seu dedo nisso para o tornar possível. Ele tinha um talão de cheques gordo e muita influência. A faculdade me deu dois meses para completar as últimas tarefas que eu tinha perdido.

Eu sabia que não era normal, mas não estava em condições de me opor. Poderia também aproveitar ao máximo o poder da minha nova família.

A única falha, eu tinha que voltar para Athens e pegar meu diploma em pessoa assinado pelo Reitor.

Eu jogo o pedaço de papel na cama ao meu lado e ele flutua no ar, desliza sobre o colchão e vai para o chão.

Eu gemo.

Eu estou pronta para voltar à cena do crime?

“Uau, não gostaria que o vento soprasse agora e seu rosto ficasse assim.” Rico inclina-se contra o batente da porta. “Porque a careta?”

Entrando no quarto, ele vê o papel no chão e abaixa para pegá-lo. Eu assisto enquanto ele lê. Sua sobrancelha se ergue enquanto ele franze o cenho com as palavras. “Isso é uma besteira, eles não podem fazer você voltar lá apenas para buscar isso.”

“Eu preciso. A única condição é que eu pegue pessoalmente.”

Ele balança sua cabeça. “Eu vou falar com papai. Tem que haver algo que ele possa fazer sobre isso.”

Eu o alcanço antes que saísse pela porta. “Rico, por favor, ele já fez o suficiente por mim com isso. Se é isso que eu preciso fazer, então eu vou fazê-lo.”

Rico era protetor. Nós formamos um relacionamento realmente excelente, mas tanto quanto eu amava que ele assumiu o papel de irmão mais velho, não podia deixar que eles me protegessem de tudo. Entre Rico e Angelo, ambos me ensinaram maneiras de ser mais forte e senti como se eu tivesse crescido tanto no corpo quanto na mente.

Estava pronta para isso.

Eu estava pronta para voltar.

“Eu poderia ir...”

Eu sorrio. “Rico, tudo bem. Eu vou ficar bem.”

Ele faz uma careta. “Bem, que tal irmos até a academia e treinar no ringue de boxe. Assim eu saberei que se você encontrar alguém, você estará preparada.”

Eu rio e salto para fora da cama. Angelo tinha sido inflexível que eu precisava aprender a me proteger. Eu lamentei e resmunguei sobre isso, mas secretamente eu adorei. Isso me deu a sensação de que eu não estava indefesa – um sentimento que meu pai Marco se certificou que eu sentisse todos os dias.

“Boa ideia.” Eu dou nele um rápido empurrão, então ele tropeça e passo por ele indo para o porão, onde fica a academia.

“Pirralha!” Ele gritou atrás de mim. Eu ri, pulando três degraus de cada vez e esperando que eu não perdesse um e caísse desajeitadamente pela escada. Eu podia ouvir os passos de Rico atrás de mim, se aproximando rapidamente.

“Rosalie!” Meu corpo parou instantaneamente ao ouvir a voz do meu tio. Rico parou ao meu lado. Tio Anthony está no final da escada. “Rosalie, eu preciso falar com você. E eu preciso lembrá-los que esta casa não é um pátio de recreio.”

“Sim, pai.” Rico baixou a cabeça, dando à minha mão um aperto rápido enquanto passava por mim.

Tio Anthony estende a mão, gesticulando em direção ao escritório.

Concordo com a cabeça e forço um pequeno sorriso enquanto o sigo pelo corredor. Ele senta-se no grande sofá de couro, uma peça lindamente trabalhada que se encaixava perfeitamente ao tema do escritório. Havia estantes cheias de livros e uma escrivaninha impressionante que era maior que a maioria das mesas de uma sala de jantar de seis lugares. Meu tio era discretamente extravagante. Ele nunca expôs isso ao mundo exterior, mas em sua própria casa ele amava o melhor de tudo, e quanto maior, melhor.

Enfio minhas pernas debaixo de mim enquanto me sento em uma poltrona grande em frente a ele. Ele se inclina para frente, descansando os antebraços sobre os joelhos e juntando as mãos.

“Isso não é bom, é?” Perguntei, me mexendo nervosamente.

Ele suspira. “Marco está pedindo para vê-la.”

Meu coração acelera. “Porquê?”

Meu tio bufa e eu olho para ele em estado de choque. Tio Anthony não bufava. Uma coisa que eu aprendi estando aqui com os DePalma, é que existe uma imagem que a família precisa projetar. É por isso que meu tio mantém uma ótima postura e por que meus primos são tão diferentes a portas fechadas. “Eu diria que ele está desesperado. Ele foi cortado da família. Ele não tem dinheiro e, mais importante, nenhum aliado.”

“Eu não quero falar com ele ou vê-lo,” eu disse, meu estômago agitando. Talvez eu tenha aprendido a ser forte e a manter a cabeça erguida, mas mesmo a menção do nome do meu pai fez tudo o que eu tinha construído desmoronar novamente.

“Eu recomendaria que não o fizesse. Você se tornou uma mulher bonita e forte nos últimos meses.” Eu sorrio suavemente como se ele estivesse lendo os pensamentos na minha cabeça. “Eu odiaria que isso mudasse.”

Eu engulo com dificuldade, mordendo a língua na tentativa de encontrar as palavras certas. “Ele... ele vai sair?”

Seu rosto endurece. “Você tem certeza de que está pronta para essa resposta?”

Sentando um pouco mais reta, concordo com a cabeça. “Por favor... eu preciso saber. Eu perdi tanto tempo me perguntando quem era meu pai. Saber que ele é um ser humano tão sombrio e raivoso, faz-me questionar quem eu sou. Eu sou o sangue dele. Eu sou parte dele-“

“Você é meu sangue. Eu não vou deixar você continuar pensando que só porque ele é seu pai que você foi envenenada com seus problemas.” Sua voz era severa e ele me olhou diretamente nos olhos. Foi intimidante, mas ao mesmo tempo, não ousei desviar o olhar. “Nossa família é forte, somos resistentes e somos humildes. Nunca se deixe pensar de outra forma.”

Um tremor atravessa meu corpo. Suas palavras estavam cheias de paixão.

“Marco não vai mais contaminar essa família com sua presença.”

Demoro alguns minutos para processar isso. Claro, ele nunca iria ser direto e dizer o que ia acontecer com ele. Meu tio era muito inteligente para professar essas palavras, sem saber quem poderia estar ouvindo, mas o que ele havia feito me acalmou.

Marco, quase matou a única pessoa que eu poderia chamar de amiga e tinha me marcado para sempre. Olho para a minha mão que ainda carrega as marcas de seu castigo pouco ortodoxo. A queimadura tinha descolorido minha palma e a deixou com uma textura estranha. Um lembrete permanente da dor que sofri e da minha estupidez por estar tão desesperada por fazer parte de algo mais.

Concordo com a cabeça, aceitando sua explicação. Parecia estranho estar tão entorpecida com algo que qualquer pessoa normal acharia chocante. Eu pensei que ouvir essas palavras doeria mais, que eu sentiria algum tipo de dor no meu peito como foi quando perdi minha mãe. Talvez eu me encaixasse aqui mais do que pensava? Ou talvez eu simplesmente não me importasse? Talvez eu só quisesse que ele se machucasse?

Só esses pensamentos agitaram meu estômago.

“Eu tenho que voltar para Athens para pegar meu diploma,” afirmei, mudando a direção da conversa antes de começar a exigir detalhes.

Tio Anthony inclina a cabeça para o lado. “Você está preocupada com isso?”

Minhas mãos apertam os braços da cadeira. “Não muito preocupada, mas... são eles.”

Eu luto contra as lágrimas quando ameaçam cair. Eu não as deixaria aparecer.

Meu tio respira fundo, mas acena com a cabeça. “Nunca sinta que está abaixo de alguém porque cometeu erros, amore.” Vi a fachada forte escorregar de seu rosto e, pela primeira vez desde que cheguei, senti mais nele do que apenas uma necessidade de proteger o nome de sua família, senti um tio que compartilhava seu coração com sua sobrinha.

Meu corpo se aqueceu.

Eu queria tanto sentir como se pertencesse aqui. Eu tentei, mas eu fui criada de forma tão diferente e eu continuava a me sentir como um pária.

Eu queria aquela grande família que era gentil e atenciosa e passava tempo juntos. Eu queria grandes natais e feriados em família. Eu queria tios que ficassem muito bêbados e contassem histórias divertidas durante encontros familiares e avós que comprassem meias a cada aniversário. Queria uma família que fofocasse e se vangloriasse. Eu queria todas aquelas coisas estranhas que cada família faz, que para elas é normal.

Esta não era a família DePalma.

Os DePalma eram fortes, mas de um modo diferente. Seus laços familiares eram inquebráveis, mas por diferentes motivos. A lealdade ao nome da família foi impregnado neles, tudo permanente e havia certas expectativas para cada membro. Eu aposto que Celia nunca se queixou a seus amigos sobre o poder de seu pai, e eu aposto que Rico nunca sonhou em fugir à noite para ir a uma festa do colégio. Simplesmente porque eles tinham muito a perder. O nome de família DePalma não era algo que você ousaria arriscar.

Era muita pressão e eu já podia sentir isso me sufocando.

“Você gostaria que eu enviasse alguém com você?” A pergunta do tio Anthony me fez sentar um pouco mais ereta.

Eu balanço minha cabeça. “Não. Não, eu preciso fazer isso sozinha.”

Ele franze a testa. “Não há vergonha em pedir ajuda, Rosalie. Somos família.”

Forçando um sorriso, eu balanço minha cabeça. “Obrigada tio. Mas eu nunca vou ser independente se continuar me escondendo atrás de você.”

Sorrindo, ele acaricia minha perna e levanta. “Você é sábia.”

Esta era a coisa boa sobre o meu tio, ele pode criar seus filhos de um certo modo, mas ele definitivamente não os criou para serem covardes e recuar. Isso era algo que eu estava aprendendo rápido, algo que eu precisava.

Respiro fundo quando ele se desculpa e sai do escritório. O pensamento de voltar para Athens me assustou muito. Eu queria acreditar que poderia entrar e sair sem ser notada, mas eu não sou burra. Aquela área é propriedade dos Brothers by Blood MC e não existe nenhuma maneira de voar sob o radar deles.

Ter um dos homens do tio Anthony comigo seria reconfortante, mas eu estaria escondendo minha cabeça na areia.

Eu preciso enfrentar meus demônios e lidar com as consequências das minhas ações.

Talvez essa viagem ajudasse a acalmar minha mente?

Talvez eu voltasse e encontrasse tudo bem e ninguém mais se importava com o que aconteceu?

Talvez eu estivesse apenas sonhando?


Capitulo 4

Blizzard

“Blizz?”

Viro a cabeça para olhar em Ham. Ele está na porta do escritório do Op desajeitadamente.

“Sim?”

“Você tem visitantes, cara.” Eu vejo seus olhos se moverem sobre meu ombro para onde Optimus está sentado com Chelsea em seu colo. Só isso me disse que não é o tipo de visitante que eu iria gostar.

Viro meu corpo em sua direção. “Quem é?”

Seus olhos se estreitam ligeiramente quando ele responde, “Alguns motoqueiros com uma mulher que diz ser sua mãe.”

Eu preciso me conter para não estremecer com suas palavras. Minha mãe foi embora quando eu tinha apenas doze anos, abandonando meu pai e eu por um membro de outro clube. Não soube muito dela desde então. Ela ligava quando eu era mais jovem, mas quando comecei a perceber a profundidade do que ela tinha feito, deixei de atender.

Ham cruza os braços em seu peito largo. O garoto cresceu nos últimos meses.

Fechando as mãos em punhos, sigo para a porta, Ham saltando para o lado antes que eu o atropelasse.

Ouço Optimus gemer. “Oh, merda.” Mas continuo andando pelo corredor e saio pelas portas do pátio. O cascalho faz barulho sob meus pés pesados, passos atrás de mim se movendo rapidamente para me alcançar.

“Blizzard,” Op resmungou, alcançando-me logo antes de chegar aos portões da frente. Eu posso ver os motociclistas parados do outro lado. “Você precisa manter a calma.”

Eu zombo, passando pelo portão e encontro cara a cara a mulher que tinha me virado as costas há tantos anos atrás.

Seus olhos se arregalam e ela se afasta da moto em que estava apoiada. Ela está mais velha, mas ela parece exatamente como eu lembrava dela. Ela envelheceu bem. O pensamento acabou me deixando ainda mais furioso.

“O que você quer?” Eu pergunto irritado, parando ali.

Eu assisto ela se encolher, mas quando uma mão enrugada envolve sua cintura e um grande idiota, vestindo jeans escuro e um colete de couro, levantou-se ao lado dela, ela pareceu recuperar a confiança.

Ela endireita os ombros e me olha nos olhos. “Matthew.” Eu estremeço. Ouvindo meu nome, um nome que eu não tinha escutado sair da boca de ninguém em muito tempo. Quatro outros homens de diferentes idades e físico descem de suas motos e se aproximam.

“Você tem muita coragem de aparecer aqui,” eu zombei.

Sinto Optimus se mover para o meu lado esquerdo, parando na minha frente e dando a atenção, mas os olhos da minha mãe nunca deixaram os meus.

“Eu preciso falar com você.”

Minhas narinas dilatam. “Parece que é algo que você deveria ter feito há vinte anos.”

Ela assente, aceitando o veneno em minhas palavras sem negação. “Eu sei, mas estou fazendo isso agora.”

“Já ouviu o ditado muito pouco, muito tarde?”

O silêncio paira no ar por um tempo antes de Optimus pigarrear. “Espero que você tenha uma boa razão para vir até a sede do nosso clube sem aviso prévio.”

O homem mais velho com o braço em volta da minha mãe lhe dá um aperto antes de dar um passo à frente. Eu sei quem ele é. O homem pelo qual ela tinha deixado meu pai, com o qual tinha iniciado uma nova família em uma nova cidade, em um novo clube.

“Meu nome é Judge,” ele se apresentou, sua voz baixa. “Presidente do Satan’s Sanctuary MC.”

“Optimus,” respondeu meu presidente.

Judge assente. “Eu acredito que há alguma história aqui que obviamente precisa ser esclarecida, mas vou direto ao assunto. Precisamos de ajuda.”

“Não,” respondo secamente. “De jeito nenhum.”

“Blizzard,” Op grunhiu em desaprovação.

Aponto para minha mãe. “Você não pode voltar aqui, pedindo alguma merda depois do que você fez.”

Ela não baixa a cabeça com vergonha ou recua. A cadela é forte, eu preciso admitir isso. Ela levanta a cabeça e me olha diretamente nos olhos. Vejo tristeza refletida ali, mas força também.

“Ela não está pedindo,” disse Judge, pisando na frente dela de forma protetora. Ele bate no peito. “Eu estou pedindo.”

Eu franzo a testa. Não era frequente ver o presidente de outro clube vindo até você pedir ajuda. Nós preferimos manter nossos assuntos ou problemas dentro do clube, nunca mostrávamos nossas fraquezas lá fora.

O Satan’s Sanctuary é um clube muito menor, mas eles tinham um punhado de outras subseções espalhadas por aí. Eu ainda estava surpreso por eles terem vindo aqui.

“Isso é um grande pedido,” disse Optimus.

Eu quero rir, a situação era tão ridícula. Não tenho notícias da minha mãe há anos, e agora ela aparece aqui sem aviso prévio e desesperada.

Judge baixa a cabeça. “Você sabe que não estaríamos pedindo se essa merda não fosse importante e isso diz respeito ao seu garoto aqui.” Ele fez um gesto na minha direção.

Olho de lado para Op e ele franze a testa interessado. Todo o meu corpo gritou para mandar-lhes se foder e rir enquanto eles se afastavam.

Desejo desesperadamente ver a dor nos olhos da minha mãe com a esperança de que isso me fizesse sentir como se estivesse ganhando algo do que ela tirou de mim.

Mas não posso.

Eu encolho meus ombros.

Op me observa por um minuto antes de gritar por cima do ombro dele, “Ham, abra os portões e deixe-os entrar.”

Eu observo enquanto os ombros da minha mãe caem com alívio, e ela recua para a moto onde estava apoiada anteriormente. Op, meus irmãos e eu, voltamos para a sede do clube enquanto eles começam a se dirigir para dentro do complexo.

“O que você acha?” Ele perguntou.

“Nenhuma ideia maldita. Eles devem estar desesperados,” eu disse, chutando o cascalho e observando as cinco motos estacionarem em frente à sede do clube.

“Eles estão desesperados ou sabem que você não será capaz de dizer não?” Eu estreito meus olhos. O desdém que eu tinha pela mulher que me deu à luz queimou dentro de mim. Mas se teve algo que eu aprendi crescendo dentro do clube, foi que você não virava as costas para a família.

Ela me deixou com um pai alcoólatra abusivo que me culpou por todos os seus problemas. Eu o odiava por isso, mas eu o tinha cortado da minha vida? Não.

“Você não sabe se não vamos dizer não.”

Op ri. “Você pode odiá-la o quanto quiser, mas eu te conheço. Você não poderá dizer não.”

Eu resmungo baixo.

Nos reunimos na sala principal. Meus irmãos tomaram seus lugares encostados no bar quando os forasteiros entraram e sentaram em uma mesa comigo e Op.

“Você tem dez minutos para convencer a mim e ao meu vice-presidente cabeça dura de porque nós temos que ajudá-los.” Op colocou as cartas na mesa.

Judge observa sua parceira – sua esposa talvez. Eu nem sabia o que eles eram. Eu sabia que ela e meu pai eram divorciados. O dia em que ele recebeu esses papéis pelo correio tinha sido ruim.

Ele agarrou a gola da minha camisa e me jogou contra a parede mais próxima. Eu não chorei, nem mesmo quando caí sobre a pequena mesa lateral e uma parte da madeira quebrada cortou minha pele. Eu rangi os dentes, triturando-os e escondi a dor enquanto me movia.

Ele empurrou um pedaço de papel na minha cara, nem me deu tempo para entender o borrão de palavras antes de começar a gritar, “Um divórcio! A cadela da sua mãe quer o maldito divórcio!”

Eu queria perguntar por que, para tentar descobrir o que estava acontecendo, mas eu sabia que isso só aumentaria sua raiva.

“Isso é por sua causa! Ela nunca quis crianças,“ ele resmungou enquanto andava de um lado a outro na minha frente. “Ela sempre disse que era muito jovem, queria se divertir e viver sua vida.”.

Eu balancei a cabeça, sem entender o que ele estava dizendo. Ela talvez nunca tenha sido a melhor mãe, eu sabia disso, apenas observando como as outras Old Ladies do clube tratavam seus filhos. Mas ela ainda me abraçava quando eu me machucava e tentava me fazer rir. Ela ia às reuniões escolares e me mandava fazer minha lição de casa.

“Se você não tivesse nascido, então nós ainda estaríamos aproveitando as noites, festejando e fumando sempre que quiséssemos, não envolvidos em trocar fraldas sujas e cuidar de sua bunda.” Ele parou e me encarou com uma escuridão em seus olhos que eu raramente vi. Ele me odiava, eu podia dizer. Eu podia sentir isso.

Se lançando para a frente, ele envolveu suas mãos em torno da minha garganta e começou a me levantar do chão. Eu engasguei e sufoquei, cuspindo em seus braços tatuados.

“Ela mudou! Você fez ela mudar!“ Ele me sacudiu, batendo minha cabeça na parede e me deixando atordoado. Eu tinha quinze anos e era grande para minha idade, mas nada contra a força brutal do meu pai.

“Solta ele, Hands!” Ouvi outra voz rouca gritar. Ele continuou a me sacudir mesmo quando o homem que consegui reconhecer como o presidente do clube e melhor amigo do meu pai, Dealer, entrou e tirou suas mãos do meu pescoço.

Eu caí no chão, tossindo e ofegando.

“A culpa é dele!” Escutei meu pai gritar enquanto eu rastejava cegamente ao longo do piso de madeira em direção ao meu quarto. A voz alta do meu pai cheia de acusações me seguindo. “Sua maldita culpa!”

Dealer me salvou da ira do meu pai em mais de uma ocasião.

Eu sinto como se ele soubesse quando as coisas iriam ficar ruins e apareceria do nada. Eles costumavam ser próximos, Dealer e Hands escolheram seus nomes juntos. Como prospectos, eles costumavam sair e enganar homens no pôquer. Eles eram uma equipe improvável, mas juntos eram imparáveis – imbatíveis.

Meu amigo Op teve os melhores pais. Seu pai era forte e poderoso, mas humilde sobre quem ele era e o mundo que ele controlava. Dealer atendeu a todos em sua família, até mesmo os pequeninos, como eu. Ele acreditava em lealdade e força como um, que nossa cadeia é tão forte quanto o seu elo mais fraco.

Sua esposa, Daisy-Mae, era uma garota do interior que não sabia como lidar com o clube no início, mas ela aprendeu porque era sobre o que seu homem gostava, então era o que ela gostava. Ela era uma senhora influente, mas uma alma reconfortante e pacífica.

O amor deles foi combinado pelo maldito universo. Eu pensei uma vez que o dos meus pais também era.

Quão errado eu estava.


Capitulo 5

Blizzard

Um pigarro chamou minha atenção e eu escutei quando Judge começou a falar. Ele manteve a cabeça erguida apesar da situação em que ele estava. Que não me mostrava o quanto eles precisavam de nós. Ele não iria entrar aqui e implorar e pedir ajuda. Isso não é o que um presidente forte faz.

Ele iria colocar tudo na mesa e, independentemente da nossa resposta, ele manteria seus ombros erguidos e sairia daqui jogando um foda-se por cima do seu ombro.

Eu tinha que respeitá-lo por isso.

“Descobri um clube ocupando no nosso território, Vicious Vultures MC.” Ele fechou as mãos enquanto as colocou no topo da mesa. Minha mãe, Jackie, envolveu sua mão sobre a dele e deu um leve aperto. “Eles estiveram nos irritando por um mês ou mais. Tentando tudo o que eles têm. Matando alguns dos meus meninos, roubando lojas na cidade, aterrorizando as pessoas e dizendo a todos que se nós não desistirmos, eles irão queimar tudo até que não haja mais nada.”

“Você veio até aqui por causa de uma guerra por território?” Eu zombei. “Isto é para o que as suas subseções servem.”

Judge reconhece minhas palavras, mas continua conversando com Op. “Uma subseção veio ajudar, expulsou-os, mas a merda ficou séria... e pessoal, duas noites atrás.” Ele limpou a garganta e olhou para a minha mãe que acenou com a cabeça para ele. “Eles levaram nossa menina.”

Eu olho para eles em estado de choque. Nunca soube nada sobre eles terem um filho. Perguntei-me se o meu pai sabia, com certeza ele teria adorado ter jogado isso na minha cara. Afasto da mesa e me obrigo a levantar.

Eu vejo minha mãe tentar levantar pelo canto do meu olho, mas Op levanta uma mão, impedindo-a de sair da cadeira.

“Quantos anos estamos falando aqui?” Perguntou Op.

“Ela tem dezenove anos,” ela respondeu suavemente.

Os números começam a correr pela minha cabeça. Quantos anos eu tinha quando ela foi embora? Quantos anos tenho agora?

Eu giro bruscamente e olho para ela. “Uma mentirosa e uma fodida traidora.” Eu lambi meus lábios e olhei para ela.

“Matty...”

“Esse não é o meu nome porra!” Gritei. Sinto uma mão no meu ombro, uma mão leve.

“Blizzard, está tudo bem,” disse Chelsea suavemente.

“Não está...” Eu tentei respirar, mas foi estranho e trêmulo, a adrenalina e a raiva enchem minhas veias. “Não está tudo bem! Enquanto você estava brincando e destruindo meu mundo, eu estava lidando com as consequências. Eu estava levando surras por você!”

Minha mãe ofega e uma mão cobre sua boca.

“Eu estava apanhando então você poderia sair e ser uma puta de merda.”

“Basta!” Gritou Judge, batendo as palmas das mãos sobre a mesa e olhando para mim. “Mostre a sua mãe um pouco de respeito. Você precisa saber a verdade antes de começar a lançar acusações infundadas.”

Eu dou um passo à frente, Chelsea ainda agarrando meu ombro em uma patética tentativa de me segurar. “Infundadas? Eu tenho as malditas cicatrizes para provar isso.”

“Blizzard, isso é o suficiente,” Op grunhiu, de pé também e girando o corpo para mim. “Sente-se porra, não terminamos.”

Chelsea pisa na minha frente agora e a deixo me empurrar para trás até eu sentir minhas costas baterem no bar e eu caio em um banquinho agora desocupado. Ela agarra minha mão, meus dedos brancos pela maneira dura que eu os estava apertando-os. Ela abre minha mão e força uma garrafa de cerveja gelada.

Inclinando-se para mim, ela sussurra com dureza, “Beba antes que Op venha aqui e nocauteie você.”

Olho por cima da sua cabeça para o meu presidente. Ele pode ser meu melhor amigo, mas ele tinha a ameaça de violência em seus olhos enquanto ele me encarava. Eu bebo na garrafa, o líquido amargo e fresco escorregando pela minha garganta. A sala está silenciosa. Chelsea observa-me cautelosamente até ficar satisfeita, então ela se afasta, deslizando atrás de Op.

Com as coisas calmas, Op começa de novo. “Como eles a pegaram?”

Minha mãe limpa a garganta. “A pegaram na saída do seu trabalho. Mataram um dos meninos no processo.”

“E desde então?” Leo perguntou, tomando meu lugar ao lado de Op na mesa.

“Exigiram que abandonemos a cidade em troca dela.” Eu olho quando outra voz se juntou à conversa. Ele é jovem, mas alto e robusto. Ele segura um isqueiro nas mãos, acendendo-o com os dedos.

“Suponho que isso não é uma opção,” respondeu Leo.

O garoto estreita os olhos. “Eu quero a porra da minha mulher de volta! E, infelizmente, para nós, vocês podem ser a única opção que temos de fazer isso, sem perder nosso clube ou nossas vidas no processo.”

Ah, então o garoto estava com a minha chamada irmãzinha. Meus instintos gritaram para socá-lo só por esse fato. Foi um sentimento estranho.

“Vocês tem um plano para isto?” Op perguntou, jogando o braço em torno de Chelsea que está ao seu lado.

“Espero que possamos descobrir uma maneira se você concordar em nos ajudar,” disse Judge, batendo os dedos sobre a mesa.

Op responde com diplomacia, “Isso é algo que eu precisarei discutir à mesa com meus irmãos.”

Judge pega a mão da minha mãe. “Claro. Nós ficaremos na cidade. Você pode nos informar quando tomar uma decisão.”

Observo enquanto Optimus aperta as mãos dele e os acompanha até às motos. Meus irmãos se espalharam, mas Chelsea caminha direto para mim.

“Você precisa de outra cerveja?” Perguntou ela.

Olho para a minha garrafa que se tornou vazia mais rápido do que o habitual. “Sim, princesa.”

Ela contorna o bar e noto o pequeno coxear em seu passo. Chelsea tinha sido gravemente ferida, precisando de uma extensa terapia física antes de poder caminhar corretamente de novo. Mas todos notamos que quando ela estava cansada ou estressada, ela tinha um pouco de dificuldade.

“Princesa, você precisa se sentar antes que seu homem te veja andando como um pato manco,” eu a repreendi, enquanto ela colocava outra cerveja gelada no balcão.

“Você acabou de me chamar de pato manco?” Ela bateu suas unhas bem feitas no balcão do bar, me desafiando a repetir.

Eu sorrio. “Sim, mas um daqueles bonitinhos fofinhos e amarelos.”

Ela bufa. “Você é um idiota.”

Meu sorriso lentamente se transforma em um sorriso malicioso quando ouço o estrondo profundo das motos e a batida de pesadas botas chegando à porta. “Ei, Op! Sua garota está oscilando enquanto caminha.”

Chelsea se debruça sobre o bar como se fosse me agarrar, mas eu me afasto de seu alcance.

“Mulher, você pode simplesmente se sentar,” Optimus grunhiu passando pela porta.

Ela cruza os braços em seu peito. “Estou bem. Seu irmão aqui está apenas tentando me irritar.”

“Chelsea...” advertiu Op.

“Ele me chamou de pato manco!” Ela protestou, apontando para mim como uma criança acusadora.

Eu rio, mas antes que pudesse retrucar, um pequeno corpo passou pela porta ao lado de Optimus e se atirou em mim. Consegui colocar minha bebida no bar antes de pegar Harlyn no ar e levantá-la.

“Ei, garota.” Eu sorri para a garotinha.

Harlyn é a garotinha de Op. Ela e sua mãe estavam vivendo em outro estado. Isso até que a merda bateu no ventilador alguns meses atrás, e Optimus finalmente as trouxe de volta para cá na tentativa de mantê-las seguras enquanto lidamos com a mesma família mafiosa que atirou em mim na rua há alguns meses.

Quando as coisas finalmente se acalmaram, Sugar, a mãe de Harlyn decidiu voltar e ficar com a nossa família. Optimus e Chelsea estavam animados por tê-las aqui. Outro de meus irmãos ficou particularmente feliz por ter Sugar tão perto, mas Op ainda não tinha consciência do relacionamento que estava crescendo dentro dessas paredes.

“Por que você não está na escola?” Perguntou Chelsea com desconfiança, inclinando-se no bar para dar um beijo na bochecha da menina.

Harlyn cobre a boca e tosse um pouco. “Eu estou doente.”

Levanto minha sobrancelha para Optimus e ele esfrega a mão pelo rosto.

“Como o inferno que você está,” Optimus grunhiu aproximando, tira-a de mim e a coloca no chão. Ele se agacha na frente dela. “Você perdeu dois dias na semana passada, Harlyn. O que está acontecendo?”

Ela arrasta seus pequenos tênis no chão.

“Isso é o que eu gostaria de saber.” Sugar apareceu na porta de onde Optimus tinha acabado de sair. “Nós vamos ver o professor depois da escola.”

Harlyn geme, “Estou doente.”

“Besteira,” Op disse a pegando no colo. “Que horas? Chelsea e eu iremos.”

“Três e meia. Mas por enquanto, você tem lição de casa para fazer, senhorita.” Ela jogou a mochila de Harlyn na mesa mais próxima.

Harlyn olha para Chelsea como se estivesse procurando algum apoio. Chelsea balança a cabeça. “Vá fazer.”

Optimus a libera e ela pisoteia, resmungando sobre como era tão injusto. A garota pode ter apenas seis anos, mas é como ter uma maldita pré-adolescente.

“A vida de uma criança de seis anos... tão difícil,” zombei.

Ela me lança um olhar sobre o ombro e não posso deixar de rir.

Tal pai, tal filha.

“Igreja em meia hora,” ordenou Optimus antes de seguir pelo corredor até o escritório.

Suas palavras ficaram de repente sérias. Havia coisas maiores para se preocupar. Se Harlyn soubesse o quanto ela tinha sorte.

Minha vida estava prestes a ficar muito mais complicada.

Eu podia sentir isso.


Capitulo 6

Rose

A viagem de avião não tinha sido longa, mas na minha cabeça, pareceu uma eternidade. Sentada lá, esperando enquanto me aproximava cada vez mais do lugar onde eu me perdi.

Athens guardava as piores lembranças da minha vida. Foi onde meu pai me espancou, onde ele me fez sentir como se fosse a escória mais baixa da Terra. Ele me contou histórias sobre quão poderosa era a família DePalma, como eles possuíam os Estados Unidos e como eles eram tão dominantes e influentes. Marco me fez sentir como se fosse um privilégio ser considerada parte de sua família, não simplesmente um direito, porque eu tinha o sangue deles correndo nas minhas veias.

Quando eu encontrei meu pai, ele me enviou para a faculdade do outro lado do país. Doeu saber que o homem que eu procurei, por tanto tempo, era tão frio e indiferente. Enquanto eu estive longe, pesquisei a história das famílias italianas – seus costumes, seus valores. Era tudo o que eu queria, tudo o que eu tinha sonhado quando garotinha. Primos, tias e tios, avós – o tipo de família que se unia para comemorar.

Então, quando Marco me chamou dizendo que era hora de eu aparecer e provar o quão dedicada eu estava em fazer parte de sua família, me juntei a ele em um instante. Sem saber que estava prestes a entrar em algo que me destruiria completamente.

Inspiro profundamente enquanto saio pelas portas do aeroporto. O ar aqui é diferente do ar de Nova York. Mais fresco, talvez. Mas mesmo a suavidade do ar e os espaços abertos não fizeram nada para me acalmar.

Eu parei alguns minutos, esperando acalmar minhas mãos trêmulas antes de jogar minha bolsa sobre meu ombro e caminhar até o táxi mais próximo.

Eu tinha reservado um quarto de hotel perto da universidade e da cidade, então não precisaria arranjar um carro. O plano era uma noite e depois eu daria o fora daqui amanhã à tarde.

Entrar e sair – eu poderia fazer isso.

Meu corpo estava começando a relaxar sentada no táxi e assistindo o mundo passar. Eu me apaixonei por essa cidade. Era bonita e tradicional. Um nó se formou na minha garganta. O cenário era familiar e, enquanto olhava pela janela e observava, comecei a me sentir quase confortada.

Tanto quanto eu amei e detestei as memórias que vieram com este lugar, no final, ainda tinha um sentimento de casa.

Me acomodo no meu quarto de hotel e peço comida. Eu escolhi fazer um voo à tarde amanhã, então eu poderia caminhar até a universidade e pegar um táxi de lá direto para o aeroporto. Não haveria muita coisa a ser feita e, portanto, poucas chances de ver... alguém. Eu verifico o relógio. São quase dezenove horas e está começando a escurecer lá fora.

Fico de pé na varanda e olho para a rua. Eu cheguei a conhecer Athens como a palma da minha mão, e meu antigo apartamento era a apenas duas ruas de onde eu estou. Eu quase posso ver seu telhado.

O desejo de dar uma olhada é atraente. Eu adorava aquele pequeno lugar. Antes que Chelsea fosse morar comigo, era onde eu tinha encontrado meu santuário.

Lembrava-me de casa.

Lembrava-me da minha mãe.

Meu peito doeu quando pensei na mulher que me criou. Eu tentei ignorar meus pensamentos sobre ela durante o ano que passou, simplesmente porque eu sabia que ela ficaria tão decepcionada pela pessoa que eu havia me tornado.

Eu visto um casaco com um capuz e coloco meus tênis. Descendo as escadas correndo, chego a uma das últimas voltas e quase colidi com uma mulher que estava lentamente subindo. Saio do caminho, me desculpo profusamente, enquanto ela pressiona a mão em seu coração, como se eu a tivesse assustado.

“Tudo bem, querida,” ela disse, finalmente olhando para mim. “Eu deveria ter ouvido você vindo, mas eu estava em outro mundo.”

Os olhos dela são lindos, brilhantes e azuis e cheios de familiaridade. Nesse instante, achei que ela poderia saber quem eu era, então me desculpei novamente. “Não há problema, tchau!” Eu desço os degraus dois de cada vez, querendo fugir o mais rápido que posso. A última coisa que eu queria era que alguém me reconhecesse enquanto estivesse aqui e os Brothers viessem bater na porta do meu quarto de hotel.

Prendo meu cabelo e puxo o capuz sobre minha cabeça. Eu mantenho o rosto abaixado enquanto caminho, começo a ficar nervosa e isso me fez saltar a cada pequeno ruído ou movimento.

Não era que eu tivesse medo.

Eu sabia que os Brothers nunca me machucariam – não fisicamente. Mas eu sabia que, tendo a chance, Blizzard iria usar a oportunidade para me rasgar em pedaços. Eu estava cada vez mais forte todos os dias, aceitando que cometi erros e tentando me erguer como uma pessoa melhor. Agora, não era o momento de ser cortada e destruída por alguém com quem uma vez eu realmente me importei – com quem eu ainda me importava. Eu estava com medo de que cada passo que eu dei até agora teria sido por nada e que voltaria a ser aquele pequeno rato assustado quando deixei Athens, há tantos meses atrás.

O vento arranca o capuz do meu rosto e eu me encontro em frente ao apartamento que amei.

O piso inferior é uma garagem antiga onde os proprietários do edifício armazenam todas as suas coisas enquanto vagam pelo exterior em cruzeiros e festas. Eles nunca ficaram em um lugar e, portanto, decidiram alugar seus pequenos apartamentos para ajudar a financiar suas despesas – não que precisassem, eram ricos e horrivelmente gananciosos.

Não posso deixar de sorrir para a escada lateral frágil que conduz ao apartamento. Minha mãe e eu moramos no mesmo tipo de apartamento na Califórnia por doze anos. A única diferença era que havia um apartamento abaixo do nosso e a senhorita Betham, a idosa que vivia ali e cuidava de mim, todos os dias depois da escola.

Estudo o lugar cuidadosamente, me perguntando por que não tinha percebido as semelhanças até agora.

Minha mãe trabalhava em dois empregos e, quando completei quatorze anos, fui trabalhar também. E mesmo assim, ainda lutávamos para ganhar dinheiro apenas para as despesas no melhor dos tempos.

O vento leve esfria as lágrimas que começaram a escorrer lentamente pelo meu rosto.

Eu sinto muita falta dela.

Minha mãe era uma mulher que eu olhava e admirava. Ela era tão forte e nunca deixou nossas circunstâncias ditar nossa felicidade. Ela sempre encontrou tempo, e ela me fez lembrar que não era sobre a quantidade de dinheiro que tínhamos ou onde vivíamos, mas quem nós éramos como pessoas.

Uma lição que obviamente esqueci.

Senti como se eu tivesse arruinado tudo e destruído a pessoa que ela me criou para ser. As coisas nunca foram destinadas a ser dessa forma, nunca foram feitas para acabar assim tão mal. E eu só tinha a mim mesma para culpar.

“Sinto muito, mamãe,” eu sussurrei no vento enquanto olho para o pequeno apartamento. “Eu sinto muito. Odeio viver assim, mas não sei como melhorar. Por favor, se você estiver ouvindo, preciso que você me dê uma chance de melhorar tudo.” Olhei para o céu, as nuvens bloqueiam as estrelas. Eu queria poder vê-las, talvez apenas por um pequeno sinal de que ela poderia me ouvir.

Eu fungo e volto para as sombras quando um carro entra na rua. Eu fiquei lá tempo suficiente. Arrasto meus pés quando volto para o hotel, meu coração pesado e angustiado. Perder a minha mãe provocou a busca do meu verdadeiro pai, um pai que minha mãe passou a vida toda me escondendo.

Infelizmente, eu era muito curiosa e o buraco em que me encontrei era mais como um túmulo.

Quando você fez o pior. Quando você machucou pessoas por causa das escolhas que você fez. Quando você está caindo e caindo, e achar o seu equilíbrio parece impossível, para onde você vai?

A quem você recorre?

Pela primeira vez na minha vida, eu me perguntei se era isso. Era assim que eu deveria viver? Lamentando minhas escolhas de vida e nunca avançar? Nunca ter uma família me apoiando?

Se fosse, talvez tivesse que considerar se era assim que eu queria viver o resto da minha vida.

Porque não acho que eu poderia.


Capitulo 7

Rose

A caminhada de volta para o hotel foi lenta e refrescante. O tempo estava bastante quente, mas a brisa que me atingia provocava um pequeno calafrio.

Ou talvez fosse apenas minha imaginação.

Talvez eu estivesse esperando uma tempestade de neve de algum tipo.

O bar ao lado do saguão do hotel está cheio. Havia um aviso lá fora dizendo que acontecia uma conferência nesse dia e a sala estava cheia de empresários de aparência rica com suas gravatas afrouxadas.

Parei por um segundo para observá-los. Eles riam e brincavam, indo de um grupo para outro – misturando-se.

Parecia que o único cuidado que eles tinham no mundo era onde ir em suas próximas férias ou para alguns, qual das mulheres respeitáveis, mas altamente sexy, no bar, eles iriam levar para o seu quarto.

O punhado de senhoras que se juntaram a eles usam vestidos longos bonitos que caíram e abraçaram os lugares certos. São lindas e requintadas. Alguns dos homens as olhavam como abutres enquanto bebiam uísque caro.

Apenas alguns anos atrás, eu teria invejado todos eles. Eu teria sonhado em ter seu dinheiro e ser parte de sua pequena reunião. Mas, depois de ir morar com os DePalma, descobri rapidamente que essas pessoas não eram sempre o que pareciam. Qual deles tinha vínculos com o tráfico de drogas, qual deles se casou pela riqueza da família apenas para que pudesse ter tudo, qual deles estava sendo pago para ignorar as coisas escuras e nocivas que estavam acontecendo dentro de seus negócios?

Você não poderia saber.

As pessoas nunca são o que parecem, eu sabia muito bem. Eu vivi isso.

Encontrei meus pés me levando para o bar, mas não foram os vestidos fabulosos que atraíam minha atenção. Foi a senhora que eu encontrei rapidamente nas escadas no início dessa noite. Ela está sentada com um grupo de homens. Eles usam coletes de um MC e, mesmo que eu devesse fugir de qualquer pessoa nesta cidade que usasse algo parecido com isso, a necessidade de saber quem eram foi tão forte que não consegui evitar.

Eles estavam sentados em uma cabine lotada, recostados e falando calmamente enquanto bebiam cerveja. Este não era o lugar de costume que pessoas como eles gostavam de frequentar, eu sabia disso com certeza. Um dos homens levanta e eu observo o emblema que cobre suas costas.

Satan’s Sanctuary.

Eles não são Brothers by Blood.

Há uma pequena mesa que fica atrás da cabine deles. É mais baixa e eles não podem me ver por cima.

A adrenalina me domina enquanto eu deslizo para o assento vazio e sinalizo para uma garçonete.

“O que você gostaria, querida?” Ela me cumprimentou com um sorriso. Ela odiava estar lá. Eu podia dizer isso apenas pelo entusiasmo forçado em sua voz.

“Vodka e laranja,” respondi calmamente, me ajeitando na cadeira, fazendo parecer que eu estava me virando para ela, mas, na verdade, eu estava me posicionando para que minha orelha ficasse virada na direção da outra cabine. Ela assente rapidamente e desaparece na multidão de homens.

“Eu preciso dela de volta.” Ouvi a voz da senhora. Parecia triste e abatida. Meu coração queria estender a mão para ela, a dor era tão real que eu podia sentir apenas por essas cinco palavras.

“Nós vamos pegar Lane de volta, Jackie,” uma voz suave retumbou. Fiz uma nota mental dos nomes dos quais estavam falando.

“E se Blizzard disser que não? E se a ponte estiver muito desgastada para ele atravessar?” Meus ouvidos se animaram e por um segundo meu coração parou. Blizzard.

“Ele não vai. Ele pode ser um idiota, mas ele não vai se afastar disso,” disse uma outra voz profunda. “Precisamos de alguém lá dentro. Conseguir alguém para ver se ela está bem. Se ela ainda está viva.” O homem murmurou as últimas palavras. Quem quer que eles estivessem falando, posso dizer apenas pela emoção em sua voz que isso o tinha atingido com força. Demorava muito para um homem mostrar esse tipo de cuidado por uma mulher, e eu instantaneamente o admirei por ser capaz de ser tão transparente.

“Você acha que eles arriscariam um deles por nós?” Alguém zombou.

Ouço uma leve fungada e com isso meu coração quase quebrou. “Eu simplesmente não sei, não mais.”

“Ei, linda.” Eu me assustei, olhando para cima para encontrar um dos homens de negócios olhando em mim com um sorriso bêbado em seu rosto. Eu queria rolar os olhos, claramente ele tinha bebido demais, e mais do que provavelmente arruinado com as mulheres mais elegantes que estavam aqui. Então, aqui estava ele, tentando sua cantada barata em mim, a garota escondida no canto vestindo um moletom e jeans.

Afastando meu corpo dele, respondo educadamente, “Não estou interessada. Mas obrigada.”

Claramente não entendendo a dica, ele se aproxima ainda mais, o cheiro de álcool e más escolhas de vida irradiando dele. “Eu tenho um quarto no andar de cima.”

Fraco. “Eu também. É o que geralmente acontece em um hotel.”

Ouço uma pequena risada vir da cabine atrás de mim, e percebo que preciso sair daqui e rápido antes de chamar muita atenção.

Eu me levanto, usando a mesa como barreira colocando-a entre nós. “Eu estava indo embora,” eu disse a ele. Seu rosto se ilumina, então eu acrescento rapidamente. “Sozinha.”

O sorriso transformou-se instantaneamente e eu sabia que não estava saindo daqui sem chamar a atenção. Eu respondi à sua atitude agora irritada com uma carranca. Era como se estivéssemos em algum impasse mexicano. Um de nós tinha que se mover e tive a sensação que seria eu, que ele não ia me deixar passar de forma pacífica.

“Todas as mulheres aqui são iguais, fodidas. Acho que você é melhor do que toda elas, mesmo na sua...” ele acenou sua mão na minha direção como se estivesse dissecando minha roupa “...roupa de rato de rua.”

Eu não me ofendi, inferno, eu quase ri. Se isso era o melhor que ele tinha, eu ia ganhar essa batalha intelectual por uma milha. Mas não era isso que estava me preocupando. Ele é um cara grande e eu sou alta, mas mesmo eu sei que a força muscular, às vezes, vence o cérebro.

“Você precisa ir procurar outro rato de rua,” falei seriamente. Esperando que ele achasse o nosso pequeno encontro problemático demais e saísse para perseguir a próxima mulher.

Aparentemente, eu estava esperando por muito e esse cara tinha uma faixa realmente estúpida ou muito teimosa. Nenhuma das quais seria bom para mim se eu não saísse dessa situação rapidamente.

As pessoas se movem a nossa volta, ignorando o que estava acontecendo como se não pudessem fazer nada para detê-lo. Então, por que se incomodar. Assim como na estação de trem. Se não era sua luta, por que se envolver?

Egoísta. As pessoas são egoístas.

Eu decido ir em frente. Esperando que ele estivesse muito bêbado e lento para tentar fazer um movimento enquanto eu passava por ele. Eu me espremi entre a cabine e a mesa em que eu estava sentada, torcendo meu corpo ao redor dele e tentando manter o espaço entre nós. Subestimei o seu alcance e vi meu braço envolto em sua mão quente e suada. Suas unhas bem feitas afundam na minha pele.

“Ei!” Eu gritei, puxando seu pulso com a outra mão. “Solte-me.”

Inclinando-se mais perto, ele grunhe na minha cara. “Pare de ser tão arisca, cadela.”

“Deixe-me ir,” gritei, desistindo de sua mão e empurrando seu peito. Meu braço arde onde seus dedos estão apertando. É o tipo de dor que eu não sentia há muito tempo. O tipo de dor que você sente apenas quando é infligido a você por outro ser humano. Eu o empurro novamente, mas ele não se move. Em vez disso, ele começa a me puxar. Eu firmo meus calcanhares, mas ele é forte.

“Ei!” Gritou uma voz. O homem de terno ergue os olhos bruscamente. Seus olhos se estreitando. “Solte-a.” A voz era severa e implacável.

“Cuide do seu próprio negócio,” gritou o meu atacante. Sua mão aperta meu braço e com o choque de dor que me atravessou, eu decido que não me importaria em causar uma cena um pouco mais. Eu levanto meu pé para trás e alinhei, usando toda a minha força nele quando chuto diretamente nas suas bolas.

Ou, pelo menos, onde deveriam estar, porque estava se tornando bastante evidente que esse idiota não tinha nenhuma, se gostasse de caçar mulheres assim.

A força do meu chute fez ele se afastar instantaneamente, mas, com isso, ele me jogou para trás. Eu me preparei, esperando cair no chão de costas, mas em vez disso, dois braços envolvem meu corpo me pegando enquanto eu tropeçava.

Eles estão cobertos de tatuagens. Tatuagens coloridas, sem espaço livre para ser visto.

“Bem, acho que não consegui salvá-la daquele feio bastardo, mas eu te salvei de cair no chão. Isso me dá alguns bônus?” Sua boca está bem ao lado da minha orelha e enquanto ele falava sua respiração fazia cócegas no meu pescoço. Eu estremeço e rapidamente afasto me equilibrando. “Não é exatamente a reação que eu estava esperando.” Ele riu.

Eu giro, meus pés quase se enroscando. Ele se aproxima uma vez mais para me estabilizar e consigo dar uma boa olhada no rosto dele. Ele tem uma barba cobrindo sua mandíbula, estranho ver em alguém que parecia tão jovem, mas sexy, no entanto. Um gorro preto em sua cabeça, mas é o colete que ele usa que mais se destacou.

Balançando a cabeça enquanto tento limpar meus pensamentos, peço desculpas, “Desculpe. Isso foi intenso.” Eu olho para o homem que tinha me agarrado. Ele está abrindo caminho entre as pessoas, indo na direção do banheiro dos homens.

“Odeio idiotas como ele.” O cara com as tatuagens bufou. ”Maldito bastardo.”

Eu esfrego meu braço, está dolorido e eu sei que haveria contusões depois.

“Obrigada...” eu disse a ele, deixando a frase no ar.

“Skins,” ele ofereceu, e eu soube de imediato que esse é seu nome de estrada.

“Você está bem, querida?” Eu percebi de repente que eu estava de pé bem em frente à cabine onde os membros do clube estavam sentados. Jackie – eu lembro que eles se referiam a ela assim – está olhando para mim com preocupação.

Eu preciso sair rápido daqui. “Sim, desculpe por incomodar vocês,” eu divagava.

“Você não nos incomodou,” disse Skins, levantando uma sobrancelha. ”Nós não vamos ficar sentados e deixar um idiota tratar uma garota desse jeito. Mas, como eu disse, você pareceu ter dado conta, então meus deveres de super-herói terão que esperar por outro dia.” Ele piscou para mim e não pude deixar de rir. Skins é atraente. Suas tatuagens de cores vivas se destacam como um farol contra sua camisa branca e colete de couro preto. Elas distraem e hipnotizam, completamente diferente do que você esperaria encontrar em um motoqueiro.

“Obrigada por me salvar de machucar minha bunda,” eu disse a ele com um sorriso.

Seu sorriso aumenta. “É muito bonita. Ver isso machucada seria um crime.” Eu balancei a cabeça enquanto me afasto do grupo. “Vejo você por aí?” Ele falou.

“Talvez,” respondi sobre meu ombro enquanto saio dali apressada.

A adrenalina corre por minhas veias enquanto eu subo a escada para meu quarto. Eu estou no quinto andar e mesmo assim ainda estou bombeando com energia.

Eu tenho uma pequena parte de informação agora. Informações que eu poderia ignorar ou usar. Se eu escolhesse ignorar, simplesmente pegaria meus papéis da faculdade amanhã e iria para casa. Casa, nem tenho certeza de que era isso. Athens sempre pareceu mais como estar em casa do que qualquer outro lugar que eu estive desde que minha mãe morreu.

A outra opção é ficar. Ficar e tentar usar o que acabei de saber, fazer algum tipo de diferença. Ouvindo a dor na voz de Jackie, eu sabia que ela precisava de alguém para ajudar. E se os Brothers by Blood entrassem nisso, eles também precisavam de alguém.

Eu entro no banheiro e coloco ambas as mãos na pia. Olhar meu reflexo no espelho tinha sido uma coisa difícil para fazer quando estive aqui na última vez. Porque eu sabia que eu não era a pessoa olhando para mim. Eu tinha virado outra pessoa e me deixei transformar em outra coisa. Só agora estava começando a ver o reflexo do eu real olhando de volta. Não está tudo lá, mas há pequenos pedaços e peças surgindo novamente.

Eu a quero de volta. Quero me ver refletida ao que era novamente.

E se era isso o que eu queria, então precisava lutar por ela e provar que ela ainda estava aqui.


Capitulo 8

Blizzard

“Ei, cara!” Eu olhei para cima para ver Optimus andando até mim. Tinha terminado de limpar minha moto e a cadela está brilhando. Exatamente como eu gosto. “Alguma chance de você rodar e pegar Jayla na casa de Lucy. Uma da garotas ligou para o X-Rated avisando que está doente e Luce tem que cobri-la.”

Ele estende as chaves de sua caminhonete. “Claro, mas onde está Chel? Achei que ela iria fazer isso.”

Ele aproxima-se e larga as chaves na minha mão estendida.

“Nós iríamos, mas ela tem tido alguns problemas com sua coordenação ultimamente, e eu quero levá-la ao hospital para uma avaliação.” Eu podia ver o olhar preocupado no rosto do meu irmão.

“Merda,” eu murmurei. Chelsea estava muito bem atualmente, até mesmo voltando a sua rotina regular.

Ele assente. “Sim. Eu só espero que ela não tenha se esforçado demais.”

Eu tive que sorrir, aquela garota é forte e determinada. Op teve sorte de encontrar uma Old Lady tão perfeita.

“Cuide da sua garota. Vou sair e pegar a pirralha,“ falei por cima do ombro enquanto caminho para a caminhonete que está estacionada no terreno do complexo.

“Obrigado, cara!”

Jayla tem quase cinco anos. Sua mãe, Hayley, tinha sido uma stripper na X-Rated. Infelizmente, ela foi apanhada no fogo cruzado durante nosso breve confronto com a família DePalma, e Marco DePalma, o pai de Rose, a matou na porta do clube de strip.

O pai de Jayla era desconhecido e a família de Hayley chutou seu traseiro porque ela engravidou muito jovem. Apenas esse pensamento me deixou furioso. Ela era apenas uma criança tentando criar uma criança. Ela não mereceu ser deixada por conta própria. Em momentos como este sou grato ao clube. Nós éramos família, mais fortes, porque construímos a nossa família juntos. Sem o clube quem sabe onde eu estaria agora. Depois que minha mãe foi embora, definitivamente não foi meu pai que me criou, ele estava muito ocupado bebendo e lidando com os negócios do clube para se importar onde estava seu filho adolescente. Foram as Old Ladies e os membros do clube que se certificaram que eu tivesse uma casa e pessoas me cuidando. Eles me ensinaram o verdadeiro significado da família.

Até agora, conseguimos manter Jayla fora do sistema, adiando as audiências no tribunal e nos certificando de ter nossas coisas em ordem antes de ir em frente e fazer uma reivindicação sobre ela. Porque aos nossos olhos ela é nossa, ela é uma de nós, e não há nenhuma maneira no inferno que um juiz fosse nos negar o nosso direito.

Corro para o apartamento de Lucy e bato na porta. Ela se abre apenas alguns centímetros e olho para baixo para encontrar dois olhos brilhantes me olhando.

“Ei, pirralha.” Seu nariz enrugou, mas não demorou muito para ver um pequeno sorriso. Jayla não fala muito. Nenhum de nós sabia se é porque tinha perdido a mãe ou se ela sempre foi assim. Hayley esteve conosco pouco tempo antes de ser morta, então ninguém realmente as conhecia muito bem. “Você está pronta para ir?”

Ela abre a porta um pouco mais e estende a pequena mochila de princesa para que eu pegasse. Eu reviro os olhos, mas pego de suas mãos e jogo sobre meu ombro.

“Ei, Blizz. Obrigado por ter vindo tão rápido.” Lucy veio pelo corredor, a bolsa balançando em seu braço enquanto tenta colocar o brinco na orelha. “Eu tenho que estar no palco em meia hora.”

“Sem problema. Estamos aqui pra isso.” Eu bagunço o cabelo de Jayla e ela olha para mim e bufa. Ela obviamente está passando muito tempo com Harlyn porque seu comportamento chegou a mim alto e claro.

Lucy a pega e caminha comigo até o caminhonete, colocando-a no assento infantil no banco de trás e dando-lhe um rápido beijo na bochecha.

“Tchau!” Ela diz com um rápido aceno enquanto corre e entra em seu próprio carro. Como ela conseguia andar naqueles saltos, eu nunca saberia, mas eles são sexy como o inferno.

Enquanto os irmãos tinham regras sobre dormir com as strippers que trabalhavam para nós, eu tinha minha cota justa delas. Lucy não era exceção. Ela é quente, sexy e um bocado pervertida no quarto. Mas ela também nunca foi de se apegar e era assim que eu gostava.

“Tudo bem, para a sede do clube,” eu disse e entro na caminhonete. Olho por cima do ombro e Jayla sorri para mim. Ela pode ter perdido a mãe e não havia nada que pudesse afastar essa dor, mas, pelo menos, sabíamos que ela estava feliz.

O trajeto pela cidade está congestionado com todos voltando para casa do trabalho. Eu gemi enquanto estávamos parados em um semáforo, não nos movíamos. Minhas mãos apertadas no volante. Se eu estivesse na minha moto, isso não seria a merda de um problema.

“Ela é bonita como a mamãe.” Meus olhos se arregalam com as palavras de Jayla. Provavelmente foi o máximo que eu já ouvi sair da boca de uma só vez.

“Quem, Jay?” Perguntei. Seu pequeno dedo bate na janela, então eu giro para ver onde ela está apontando.

Ansiedade me domina.

Ela parece exatamente com eu lembrava dela. Os longos cabelos escuros fluíam livremente por suas costas, shorts jeans apertados que mostram suas pernas atléticas bronzeadas e uma blusa curta que mostra o suficiente para provocar um homem.

Rose.

Ela está na cidade.

Meu coração parou e eu não tinha certeza se era raiva que crescia dentro de mim ou desejo. Talvez uma mistura dos dois. Eu observo enquanto ela caminha pela calçada, com a cabeça baixa, então eu não vi seu rosto. Mas eu sei que é ela. Eu a conheceria em qualquer lugar. Eu tinha memorizado seu corpo.

Buzinas de carro soaram me assustando e eu percebi que não havia mais ninguém na minha frente e a luz estava verde. Eu quero saltar da caminhonete e segui-la. Exigir saber por que ela está aqui, mas não posso. Não há nenhum lugar para estacionar e eu só posso ir em frente.

Eu amaldiçoei e bati com a mão no volante enquanto acelerava e arrancava. Minhas mãos estão tremendo e minha cabeça está gritando para manobrar e voltar. Vá encontrá-la. Vá até ela. Eu queria berrar, eu queria gritar, eu queria dizer a ela o que eu pensava sobre ela. Mas principalmente eu só queria envolvê-la nos meus braços e senti-la.

Rose me deixou louco. Ela me fez sentir tantas emoções diferentes ao mesmo tempo. Eu a tinha visto com fogo em seus olhos uma vez. Durante as últimas semanas que passei com ela, eu lentamente vi o fogo encolher para uma chama que mal cintilava. Na época, tudo o que eu queria fazer era trazê-lo de volta, ver o rosto dela acender novamente. Mas agora que eu sabia o que estava acontecendo às portas fechadas, eu sei que seria quase impossível.

Ela estava sofrendo. Ferida de uma maneira que muitos de nós achariam completamente inconcebível. Eu podia me identificar. O pai dela passou seu tempo fazendo com que ela se sentisse inútil e indigna de seu amor. Ele a quebrou, fez com que ela sentisse que não tinha outras opções exceto a dele.

Aperto o volante em minhas mãos. A lembrança do que ele fez com ela me deixou furioso, isso me fez querer visitar a prisão e garantir que ele nunca tivesse a oportunidade de machucá-la novamente.

Rose sofreu – ela foi manipulada e confundida.

Ele apagou seu fogo e eu me perguntei se ela iria recuperá-lo. Mesmo agora, eu ansiava para ver a luz que vi uma vez nela. Mas a raiva por ser machucado e enganado me inundava toda vez que eu pensava nela. Eu só podia imaginar o que sairia da minha boca se eu a visse cara a cara.

Meu cérebro estava tão confuso, entendendo que havia uma razão para ela mentir e fazer as coisas que ela fez. Mas com raiva por quão perto eu me permiti chegar até ela, incluindo tudo o que eu ofereci para mantê-la segura. Então ela mudou e cravou uma faca nas minhas costas.

Chegando na sede do clube, o lugar parece muito vazio. Eu sei que há um grande jogo de futebol em Huntsville, e com o clube agora trabalhando duro em nossa empresa de segurança, Op conseguiu o contrato. Nós não usávamos nossos coletes do clube quando trabalhávamos para a empresa, mas a maioria de nós tendo mais de um metro e oitenta e cobertos de tatuagens, éramos uma força a ser reconhecida.

Abrindo minha porta, dou a volta para ajudar Jayla a sair da caminhonete. Eu posso sentir meus músculos tensos depois de ver Rose.

“Harlyn?” Jayla perguntou com curiosidade. Olho por cima do meu ombro para ver o carro vermelho esportivo de Sugar estacionado no canto do complexo.

“Acho que sim, garota. Por que você não vai procurá-la?” Eu a levanto do assento e ela envolve seus braços ao redor do meu pescoço. Ela me dá um abraço e isso me surpreendeu por um segundo.

Jayla e eu erámos próximos. Sua natureza tímida manteve-a muito tranquila perto dos meninos. Mas desde que ela me viu interagindo com Harlyn, ela se abriu mais. Meu coração se aqueceu e ela me soltou, se remexendo para que eu a soltasse. Coloco seus pés no cascalho e ela sai correndo, disparando pelo lado da sede até o local onde nós dois sabíamos que Harlyn estaria brincando – o parque infantil dos fundos. Ela amava isso.

Olho para ela por um minuto. Completamente incrédulo. Imagino se talvez ela pudesse sentir minhas emoções e aquela foi sua resposta a elas. O pensamento me chocou quando entrei no clube. A sala está vazia, mas eu posso ouvir vozes baixas conversando nas proximidades. Franzindo o cenho, vou para a sala onde nos reuníamos para a igreja, as portas estão abertas, mas as pessoas que estão lá não perceberam a minha presença.

“Vocês sabem que há crianças do lado de fora,” gritei, cruzando os braços em meu peito.

Sugar e Wrench se afastam. Sugar tenta endireitar a camisa e fechar o botão da frente de seu jeans freneticamente enquanto Wrench ficou parado e franziu o cenho para mim.

“Não me olhe assim, irmão,” eu disse, balançando o dedo e tentando muito não rir. “Você é o único fazendo algo errado.”

Ele ajusta seu boné preto – algo que ele nunca foi visto sem, virando-o para que a aba sombreasse seu rosto novamente. “Não estamos fazendo nada de errado.”

Eu ri e balanço minha cabeça.

“Por favor, não diga a ele, Blizz,” Sugar implorou baixinho.

Não olho para ela, mas olho para o meu irmão, que, em troca, olha diretamente para mim. “Quanto mais você se esgueirar, mais difícil será contar a ele.”

Wrench bufa antes de passar por mim e sair pela porta.

“Ele quer contar a Op. Mas eu simplesmente não posso fazer isso.” Ela se inclina contra a parede, passando os dedos através de seus cabelos emaranhados.

“Fazer com que ele esconda isso, significa mentir para o presidente dele,” eu avisei, esperando que essas palavras fizessem sentido.

Ela aperta os olhos com força e esfrega o rosto, “Eu não quero ser responsável por eles ficarem na garganta um do outro. Nós dois sabemos que Op vai surtar quando contarmos a ele, e ele vai tentar quebrar a cara de Wrench. Eu não quero isso.”

Era verdade. Mesmo que eles não estivessem mais juntos, Op ainda achava que era o protetor de Sugar. Mesmo que isso significasse protegê-la de um de seus próprios irmãos. “Mas você está bem em forçá-lo a mentir e se esgueirar? Ele poderia ser expulso do clube por isso, Sugar.” Eu mantive minha voz profunda e baixa, tentando ao máximo ser severo sem deixar quem estava no clube saber sobre este pequeno... desenvolvimento. “Mentir é uma ofensa gravemente punível, especialmente mentir sobre algo que diz respeito à família de Op.”

“Punível?” Ela questionou, com os olhos arregalados.

“Sim, ele poderia ser banido... expulso... morto. Isto não é apenas um estúpido caso de amor, Sugar. Isso poderia afetar o lugar de Wrench no clube.” Eu balanço a cabeça. “Ame-o ou deixe-o. Se você o ama, levante-se e lute por ele. Se você não o ama, pare de brincar e o deixe ir. Você está brincando com fogo, e ele é quem vai acabar queimado. Não você.”

Ela pressiona suas costas na parede, e por um segundo pensei que ela poderia entrar em colapso. Eu não podia me envolver nessa merda. Op é meu melhor amigo e meu presidente. Tudo dentro de mim grita conte a ele, mas eu sei que é uma bagunça que eles precisavam resolver.

“Eu não queria que isso acontecesse,” ela sussurrou com tristeza. “Nunca pensei em voltar para cá. Eu adoro o clube, sabe? Mas assim que eu tive Harlyn, eu tinha alguém para proteger. E a vida no clube... é perigosa.”

“É também a família mais protetora e leal que você poderia pedir.” Eu apontei para a mesa, para o vívido símbolo do Brothers by Blood que estava esculpido profundamente na madeira. “Essa coisa é mais do que o emblema que usamos em nossas costas. É quem somos. É o que defendemos. É quem está do nosso lado, e é o que nós amamos.”

Ela olha, seus olhos brilham e derivam sobre o símbolo como se fosse a primeira vez que ela realmente estava vendo isso. Como se fosse a primeira vez que acreditava que era mais do que apenas um logotipo ou sinal.

Ela assente. “Entendi.”

Imagino se ela realmente entendia, mas eu já tinha dito o que queria. O resto era responsabilidade dela.

Ela mantém a cabeça baixa quando passa por mim. Era tão diferente dela. Sugar é forte. Mesmo durante a guerra em que perdemos o pai de Op, ela ficou ao lado dele e manteve a cabeça erguida. Imagino o que aconteceu recentemente para que ela se sentisse tão quebrada, tão exausta.

Uma parte de mim esperava não tê-la esmagado completamente, eu não gostava de ver sua dor. Ela se tornou como uma irmã para mim. Ela tecnicamente não era uma Old Lady, mas era bem respeitada dentro do clube. E não só porque ela deu à luz a filha do presidente. Mas porque ela tem o tipo de aura que atrai você. Ela tinha uma força de caráter, mas também era doce e cuidava de todos nós.

Vê-la de cabeça baixa me machucou, mas eu sei que ela precisava ouvir isso. Franco e direto. Se ela ficasse dando voltas nessa merda e ignorasse o quão importante isso era, então, quando a merda batesse no ventilador, todos nós seríamos pulverizados.


Capitulo 9

Blizzard

Eu consegui colocar meu pai em uma clínica de tratamento dentro de Huntsville. É especializada no que o meu pai precisa e tinha exigido muito levá-lo até lá.

Eu tive que arrastar o Optimus. O meu pai não poderia mais andar de moto conosco - ele era o que você poderia chamar de aposentado – mas ele ainda recebia benefícios do clube e de mim, então eu tive que usar a influência do nosso grande presidente. Por sorte, ele respeita Optimus muito mais do que a mim.

Huntsville ainda é perto o suficiente para eu e as Old Ladies visitar, e o bônus era que ele poderia ter o tratamento que precisava. Os médicos me disseram que ele poderia melhorar – não inteiramente, mas melhor do que estava – se ele seguisse o programa que tinham preparado para ele. Mas eu não estava fazendo planos com base em eventos futuros que poderiam não acontecer.

Chego na recepção e eles me apontam a direção de seu quarto. O lugar é como um hospital – tão branco, tão limpo. O cheiro também é forte.

Uma enfermeira vem na minha direção, exatamente quando tento inutilmente ajustar meu pau. Ela notou o movimento e um rubor cobre suas bochechas. Em outro tempo, eu provavelmente estaria tentado a levá-la até a despensa mais próxima e fodê-la, mas ela não é quem eu quero. Eu quero Rose, mas na última vez que eu segui meu pau com ela, pessoas com quem me importo quase morreram. Eu não cometeria o mesmo erro duas vezes.

Encontro o número do quarto de papai e entro, no exato momento em que ele pegou uma garrafa de tequila em miniatura na mão.

Passo a mão pelo meu rosto. “Você está falando sério?” Ele não vacilou nem tentou escondê-la. Ele não se importava se eu visse ou não. Tequila não era sua bebida preferida, era sempre cerveja. Não importava qual marca ou de onde era – cerveja era cerveja. Mas, obviamente, quem contrabandeou, escolheu o que era fácil de esconder, e uma caixa de cerveja não era.

Eu acho que poderia ser pior.

Não poderia?

Ele nem me reconheceu quando sentei na sua poltrona. O quarto é grande o suficiente para uma cama, uma cadeira, uma pequena mesa e algumas outras coisas. Há uma televisão na parede e um banheiro ao lado que tem um chuveiro, um vaso sanitário e uma pia.

Eu sabia que ele ia odiar isso aqui, mas não me importava.

Eu estava cansado de ser o pai nessa relação, arrastando seu traseiro para casa do bar, impedindo-o de ser preso ou morto, e ainda deixá-lo atirar sua raiva constantemente em mim. Aguentei os golpes verbais e os físicos, e ainda voltava na semana seguinte.

“Essa merda colocou você aqui, ainda assim você continua tomando como se fosse água,” eu murmurei, balançando a cabeça. Fiquei desapontado, mas não chocado.

“Errado,” ele rosnou. “Você me colocou aqui seu merdinha.”

Os golpes baixos nem sequer foram registrados. Era como uma conversa normal para nós. Bem, para ele.

“Não vou pedir desculpas por tentar mantê-lo vivo um pouco mais.”

Ele toma outro gole da minúscula garrafa, o conteúdo agora desaparecido. Mas não foi só isso. Ele puxa outro debaixo do colchão e continua.

“Você veio se vangloriar? É isso? Finalmente me colocou de lado? Me trancou como um maldito criminoso.” Suas palavras não eram acusadoras, eram mais como se fosse uma questão de fato. “Optimus, assim como seu fodido pai, dando ordens.”

“Ele é nosso presidente, porra! Se você quiser um teto sobre a sua cabeça, respeite esse fato, “eu falei com firmeza, não estava prestes a ouvi-lo criticar meu irmão.

“Não estaria aqui se...”

“Não diga isso,” eu gritei. Eu ouvia isso todas as vezes que o via. Meu pai nunca reivindicou outra Old Lady depois que minha mãe foi embora. Ela era a única para ele, mesmo depois de descobrir que ela não sentia o mesmo. Tudo se resumia ao fato de que ela tinha partido, e nenhuma vez, em todos esses anos ele assumiu uma única parcela de responsabilidade por ela ter ido embora.

Ele bate a pequena garrafa na mesa ao lado da cama. Com a força que ele usou, fiquei atordoado por não ter quebrado. “Se ela ainda estivesse aqui, eu estaria em casa. Mas, em vez disso, fico preso com um idiota que nem sequer tem bolas para cuidar de seu pai.”

Eu rangi os dentes, nós tínhamos discutido sobre isso mais vezes do que eu poderia lembrar, mas desta vez era diferente. Desta vez, eu sabia mais. “Ela voltou.”

Seu corpo enrijece, mas ele continua olhando para a parede na sua frente. Eu não sou mesmo digno de um simples olhar.

“Sim, ela voltou há alguns dias. E você sabe o quê?” Eu me recostei na cadeira, erguendo meus ombros. “Ela está indo bem sem você.”

“Você pequeno bastardo,“ ele respondeu, jogando a garrafa de tequila vazia na minha direção. Eu me abaixo e ela se quebra contra a parede atrás de mim. “Ela estaria cuidando de mim agora, se não fosse por você!”

“Sim, porque viver com um marido alcoólatra miserável que bate em seu filho é simplesmente o tipo de coisa que todas as mulheres querem, certo?” Eu gritei de volta para ele. Eu sei que agora uma das enfermeiras deve ter chamado a segurança para vir investigar a comoção. “Ela tem uma nova família... uma fodida filha. Você sabia disso? Eu não a culpo por abandonar seu rabo infeliz. Estou apenas desapontado por não ter seguido ela quando tive a chance.”

As palavras chocaram até a mim. Foi a primeira vez que eu admiti que o que ela tinha feito todos aqueles anos atrás foi a coisa certa. Eu acho que sempre soube o que ele era, todos sabiam. Essa foi a razão pela qual as old Ladies me levaram, e os pais de Op ajudaram a me criar.

Ele aponta para mim com raiva. “Eu deveria ter deixado ela te levar.”

Meus olhos arregalam. “O quê?”

Eu observo a tensão deixar seu corpo, e então ele está calmo novamente. Ele sabia que tinha vantagem nesse assunto e se tornou arrogante. “A cadela implorou para levá-lo, mas eu não deixei porque era a única coisa que ela queria. E se eu não pudesse tê-la, ela não poderia ficar com você.”

Assim que eu estava prestes a atravessar o quarto e acertar meu punho no rosto do velho, o segurança e algumas enfermeiras atravessaram a porta, lotando o quarto. Meu peito arfava de raiva.

“Seu filho da puta!” Eu rugi.

A enfermeira que passou por mim no corredor coloca as mãos no meu peito e me empurra para a porta, um segurança logo atrás dela. ”Você precisa ir agora, nós o manteremos atualizado.”

Eu poderia ter lutado mais se não estivesse tão atordoado com o que ele havia dito. Em vez disso, eu a deixei me levar para fora do quarto, me empurrando suavemente para o corredor antes de virar e entrar no quarto novamente.

Eu atravessei o labirinto de corredores atordoado, suas palavras constantemente ressoando.

A cadela implorou para levá-lo...

Se eu não pudesse tê-la, ela não poderia ficar com você.

Eu estava farto, cansado do estúpido bastardo. Este foi o fim.

Consegui chegar ao estacionamento, mas antes de montar minha moto, puxo meu celular do bolso.

“O que há de novo?” Op respondeu casualmente.

“Encontre alguém para me cobrir no X-Rated hoje à noite. Vou estar fora do radar por algumas horas,” eu disse a ele, minha voz soando monótona, sem emoção.

“O que aconteceu?” Ele perguntou, agora em alerta completo.

Eu passo a mão pelo meu cabelo, estava ficando comprido e eu precisava cortá-lo urgentemente.

“Eu vou explicar mais tarde. Só não posso lidar com essa merda agora.”

O silêncio me saudou por um minuto. “Certo, se cuida.”

“Sim.”

Eu monto minha moto e a ligo, o som e as vibrações instantaneamente me acalmaram. Não sabia para onde estava indo. Eu queria estar sozinho, e a melhor maneira de fazer isso era apenas dirigir. Dirigir até que eu não conseguisse me aguentar ou a minha moto por mais tempo.

Era a única maneira.


Capitulo 10

Rose

Após o incidente do bar, mal preguei o olho. Minha mente estava correndo e não havia nem sinal de uma linha de chegada.

Consegui me arrastar para a faculdade e me encontrar com o reitor. Ele me cumprimentou como se eu fosse família, apertando minha mão e sorrindo amplamente. Mas para alguém na folha de pagamento da família DePalma, eu não esperava nada menos.

Quando voltei ao hotel, ainda não tinha decidido o que eu ia fazer. O saguão estava tranquilo agora, há punhado de pessoas no bar comendo, mas, além disso, está um completo contraste com as festividades que tinham acontecido ontem à noite.

Eu acho que todo mundo ainda está dormindo de ressaca e acordando ao lado de pessoas que não conhecem.

Meu quarto estava uma tranquilidade. As portas abertas para uma pequena varanda, com vista para a rua movimentada abaixo. O sol brilha, atingindo totalmente minha cama e não pude resistir me espalhar sobre ela. Os raios de sol queimam minha pele, mas me sinto tão bem, tão aquecida.

Meu avião decola em três horas. É hora de tomar uma decisão. Enterro meu rosto no travesseiro com um profundo suspiro, mas assim que fiz isso, há uma batida brusca na minha porta. Eu rolo, quase caindo na lateral da cama. Ninguém sabe que eu estou aqui. Quem estaria batendo? Eu levanto, e vou na ponta dos pés até à porta.

“Quem é?” Eu perguntei, mas ninguém respondeu. Talvez tenham ido embora? Talvez tivessem errado o quarto?

Respiro fundo e pego a maçaneta, destrancando e puxando lentamente. Quando o vejo de pé, com os braços cruzados em seu peito largo, meu coração acelerou.

“O que... o que você está fazendo aqui?” Eu perguntei sem fôlego através da pequena fresta. Ele coloca a palma da mão na porta e empurra. Aturdida, não tive tempo suficiente para detê-lo enquanto ele passava e a fechou atrás dele, bloqueando a fechadura.

“Estava a ponto de perguntar o mesmo,” disse Blizzard, uma frieza em sua voz que eu ainda não estava acostumada. Seus olhos azuis me encaram, ele permanece alto e intimidante, mas não tenho medo. Eu queria ir até ele, puxá-lo para perto, tocá-lo e lembrar-me de que ele era real e estava bem.

“Eu tive que vir e pegar meu Certificado de Conclusão da faculdade,” eu disse a ele, me afastando para perto da cama. Meu quarto é razoavelmente grande, mas com ele nele, parece muito apertado. Não há nenhum lugar para correr, mesmo que eu quisesse.

Mas não quero.

Eu gesticulei para o monte de papéis que joguei na cama quando entrei. Ele nem sequer olhou. Em vez disso, ele continuou a olhar para mim.

Engolindo minha apreensão pergunto, “Como você sabia que eu estava aqui?”

O canto de sua boca curva para cima. “É nosso trabalho saber tudo o que acontece aqui.”

Não duvidei disso. Eu sabia que só por estar aqui, que havia uma grande possibilidade de um deles me ver. Na verdade, estava surpresa por ter demorado tanto tempo.

Ele finalmente se move, afastando os olhos de mim e observando o quarto. ”Eu pensei que os DePalma poderiam pagar algo melhor do que isso?”

Era para ser um golpe baixo, mas a verdade é que nem sequer o senti. Eu estava hipnotizada demais para sentir algo nesse ponto.

Blizzard é maior do que eu lembrava. Parece ter ganho músculos, mas em todos os lugares certos. Sua cintura ainda é delgada e cônica, mas seus ombros e seu peito estão amplos e largos. Ele se aproxima de mim e luto contra o desejo de recuar, lembrando-me de que eu não tinha medo desse homem. Eu sabia em meu coração que ele não iria me machucar. Eu tinha visto como o tinha esmagado me ver com dor. Ele me viu no meu pior, e eu sabia que ele nunca iria encostar um dedo em mim dessa maneira. Mas eu também sabia que suas palavras poderiam causar tanto dano quanto os punhos de qualquer outro homem. Ele aproximou-se até quase me tocar e tive que erguer meu pescoço para olhar para ele.

“Você não deveria ter voltado,” ele sussurrou suavemente, seus olhos nos meus.

Eu lambo meus lábios nervosamente. ”Porquê?”

Sua mão levanta e segura o lado do meu pescoço, seus dedos enterrando no meu cabelo. Eu recuo, mas ele me segura no lugar. Não foi para me machucar, mas para mostrar o domínio e não pude deixar de me excitar com isso.

Ele inclina minha cabeça para trás ainda mais, me puxando ao mesmo tempo. Minhas mãos inconscientemente sobem e minhas palmas pressionam seu peito. Eu queria que sua camisa não existisse para poder cravar minhas unhas no músculo sólido. Eu quero sentir cada declive e elevação de seus abdominais debaixo das minhas mãos.

“Você é uma tentação que não posso correr o risco,” ele me disse enquanto seus olhos vagavam pelo meu rosto, sua cabeça inclinando de um lado para o outro como se quisesse aproximar seu rosto e me beijar.

Passando a mão pelo seu estômago, eu podia sentir a tensão e eu sabia que ele estava lutando para se controlar. Coloco meus dedos dentro da cintura de seu jeans esperando até ele encontrar meus olhos novamente.

“Corra o risco,” eu sussurrei, minha garganta cheia de emoção.

Ele não esperou outro segundo, esmagando sua boca na minha e mergulhando seu corpo para que pudesse envolver o outro braço debaixo da minha bunda e me levantar do chão. Minhas pernas circulam sua cintura e meus braços seu pescoço, agarrando-me a ele como se fosse meu suporte de vida.

Nossas bocas lutam, recusando-se a parar para respirar. Eu nunca quis que isso acabasse, foi o que sonhei por tanto tempo. Eu balanço meus quadris enquanto ele recua, batendo na minha cama e caindo de costas. O beijo foi interrompido quando saltamos e uma pequena risada escapou de mim. Eu recuo, afastando o cabelo do meu rosto e olhando para ele. O sorriso que ele me deu foi sexy e sedutor, e mais uma vez eu vi o Blizzard do qual lembrava na primeira noite em que nos conhecemos. Ele era impetuoso e divertido, e não importava o quanto eu protestasse, ele de alguma forma conseguia me fazer rir.

Suas mãos acariciam minhas bochechas enquanto ele me pressiona contra ele, solto um pequeno gemido. Meus shorts jeans apertado havia subido, e com a ajuda de seu pau duro, a costura está esfregando o lugar certo.

Coloco ambas as mãos no seu peito e arqueio minhas costas. ”Blizzard.” As palavras saíram dos meus lábios tão facilmente, como se fossem feitas para a minha boca.

“Isto é bom, baby?” Ele perguntou, sua voz rouca enquanto me pressiona novamente, ao mesmo tempo que levanta os quadris da cama.

Ele continua me fazendo montá-lo, mas ergue uma mão e enfia na frente da minha camisa pela gola baixa e dentro do meu sutiã.

“Oh Deus,” gritei, seus dedos apertando meus mamilos.

Minha respiração está ficando pesada. Olho para ele, minha boca aberta, um pequeno suspiro saía toda vez que meu clitóris era pressionado. Seus olhos brilham e desta vez sorri, não um sorriso sexy, mas um sorriso normal. Como se ele estivesse realmente feliz. Como se tivéssemos passado muito tempo afastados e este fosse o nosso destino.

Estávamos fodendo ainda com roupas como adolescentes na parte de trás do carro dos seus pais, mas porra, não importava porque estávamos juntos. Não havia palavras odiosas ou erros passados. Erámos só nós. Em um quarto. Em um momento.

Só nós.

“Goze, baby. Goze pra mim.”

Apenas as palavras foram suficientes para me deixar liberar qualquer sinal de tensão no meu corpo. E com isso, eu gozo. Meu corpo treme e balança quando um milhão de choques de prazer me dominam. Eu grito, agarrando sua camisa nas minhas mãos. Eu tenho outro orgasmo logo em seguida antes de cair no seu peito. Ele estava tão quente, tão gentil, quando suas mãos acariciaram minhas costas e me acalmaram.

Fecho os olhos e permito a mim mesma ser feliz por alguns minutos. Ele está aqui.

“Isso significa que você me perdoa?” Eu perguntei, não querendo arruinar o momento, mas precisando saber exatamente o que isso significava.

Quando ele não responde, eu fico imóvel.

Eu deveria ter mantido minha boca fechada.

“Blizzard?” Eu sussurrei suavemente.

BANG.

Eu pulo, jogando todo o meu corpo para cima e fico de pé em um salto. Olho em volta freneticamente, as portas da varanda que eu tinha aberto, tinham se fechado.

Eu respiro profundamente aliviada, e foi quando percebi que Blizzard não estava aqui. Não havia sinal de que ele esteve aqui.

Eu tinha adormecido.

Eu sinto lágrimas nos meus olhos. Meu cérebro estava tão desesperado, que eu tinha imaginado tudo. Sonhado tudo. Eu me jogo de volta na cama e as lágrimas mancham o lindo lençol branco. Ao verificar o relógio enquanto eu limpo os olhos, percebo que ainda tenho uma hora antes de precisar estar no aeroporto.

Mas eu não iria.

Eu sabia disso com certeza agora.

Meu coração, meu cérebro e meu corpo tinham acabado de me mostrar exatamente o que eu precisava saber.

Eu queria mais do que simplesmente me redimir. Eu o queria. Eu precisava que ele soubesse que eu iria lutar por uma pequena chance dele me ver como mais do que apenas uma mentirosa.

Era possível?

Talvez.

Mas talvez fosse tudo o que eu precisava, porque eu sabia que se não tentasse, me arrependeria para sempre. E eu já tinha passado muito tempo deixando arrependimentos me contaminar.


Capitulo 11

Rose

Era surreal, estar exatamente no mesmo lugar que eu estive quando meu primo atirou em Blizzard. Eu olho para a calçada, inspecionando-a como se esperasse ver algum tipo de mancha ou lembrete do que aconteceu. Mesmo sob a luz da lâmpada de rua, eu posso ver que não há nada. Suspiro, não tenho certeza se é uma coisa boa ou ruim. A memória foi dolorosa, observar o movimento de Blizzard caindo. Lembro de gritar seu nome, mas não consegui chegar até ele. Eu me senti tão perdida, meus primos me afastaram enquanto ele ficou deitado lá impotente.

Por minha causa.

Foi tudo por minha causa.

De repente, eu não estava tão confiante e meu estômago se agitou. Eu tento me lembrar por que eu estou aqui.

Redenção.

Ouvir a conversa no hotel foi exatamente o que eu precisava. Eles precisavam de alguém, eu precisava provar a eles que estava arrependida. Mesmo que arrependimento significasse me colocar no meio de uma tempestade de merda e esperar pelo melhor.

“Cresceu um par de bolas em você enquanto esteve ausente?”

Eu me assustei. A rua está escura, mas claro, alguém está de pé no portão da sede do The Brothers. Quando ele sai do portão e fica sob a luz, eu reconheço seu rosto. Luto para lembrar o nome do prospecto que passava horas sentado do lado de fora do apartamento que Chelsea e eu compartilhamos uma vez, cuidando constantemente dela.

“Ham, certo?”

“O que você está fazendo aqui, Rose?” Ele perguntou cautelosamente, sua mão segurando firmemente a arma ao seu lado. Era isso que eu merecia. Essas pessoas que uma vez chamei de amigos, sentindo que precisavam se proteger de mim.

“Eu não estou aqui para causar problemas,” eu disse a ele, tentando aliviar a tensão.

Ele riu. “Nós dois sabemos que você estar aqui vai causar todos os tipos de problemas. Então não vamos ser hipócritas.”

Suspiro. “Posso ver Optimus?”

Seus olhos se estreitam em mim. “E por que isto?”

“Eu acho que vocês têm um problema e eu poderia ter a solução.” Tentei manter minha cabeça erguida e meus ombros retos, apesar da necessidade dolorosa de me virar e correr. Minha única chance era pedir para ver Optimus, mais ninguém. Eu sabia que Ham, pelo menos, teria que levar isso a seu presidente.

“Phil, chame Op.”

Eu vejo movimento nas sombras atrás dele. Claro. Não havia um, mas dois deles garantindo a segurança do complexo.

Ham continua a olhar para mim enquanto uma voz atrás do grande portão fala rapidamente e baixinho. Não recebi outra palavra. Seu olhar é intimidante, mas eu não me deixaria recuar agora. Eu cheguei tão longe, eu estava mais forte, não era mais aquela garota fraca de antes.

Ouço a trituração no cascalho lentamente ficando mais alto e a agitação no meu estômago piorou. Quando o portão se abre e Optimus sai, eu sabia que era isto. Era minha única chance de falar e rezar para convencê-lo de que eu estava aqui para ajudar, não destruir.

“Nunca pensei em vê-la aqui novamente,” ele disse quando entrou na luz. Seus olhos me estudam antes de examinar a rua à nossa volta.

“Nunca pensei que fosse voltar,” respondi honestamente.

“Essa provavelmente teria sido a opção mais sábia a seguir.” Eu aceitei o golpe, mas não vacilei. Agora não era a hora de discutir meus direitos de estar nesta cidade. Eu precisava fazer isso, e precisava fazer rapidamente antes dele ter tempo para pensar e me despachar.

Engolindo duramente, separo meus pés me posicionando com firmeza. “Ouvi dizer que você precisa de alguém para usar um disfarce?“

Ele ergue uma sobrancelha, mas não demonstra mais nada. “Nós não somos os policiais, Rose.”

“Eu sei o que ouvi.” Coloquei minhas mãos nos meus quadris. “Você precisa de alguém e eu tenho algo a provar.”

Eu vejo o canto de sua boca se contrair. “Não sei de onde você está conseguindo suas informações, ou o que exatamente você acha que pode provar, mas acho melhor você fazer isso em outro lugar.”

Ele se vira para sair, efetivamente me dispensando. Mas eu não iria desistir tão facilmente. Procurei no meu cérebro por algo que lhe mostrasse que eu não estava falando merda.

“Posso trazer Lane de volta.”

Ele para imediatamente, virando a cabeça para o lado então eu posso ver seu perfil. A luz do poste lança uma sombra escura sobre seu rosto, é uma visão que você não gostaria de encontrar caminhando sozinha para casa à noite.

“Onde você ouviu esse nome?”

Eu limpo minha garganta que de repente estava seca. “Eu ouvi uma conversa no hotel onde estou hospedada. Eu sei que você precisa de alguém para entrar disfarçado e recuperá-la.”

Ele lentamente vira o corpo para mim. “Alguém já lhe disse que é grosseiro ouvir as conversas de outras pessoas?”

“Talvez você deva dizer a seus amigos que o bar de um hotel não é lugar para discutir os problemas do clube,” retruquei, lamentando quase que imediatamente quando ele dá um passo à frente. Meu corpo reage instantaneamente. Recuando, a fim de manter uma distância segura entre o grande homem que parece estar pronto para atacar e eu.

“Eu acho melhor você esquecer o que ouviu e ir para casa,” ele resmungou.

Encho meu peito. “Estou tentando fazer as coisas direto, Optimus. Eu fodi tudo. Eu ferrei tanto que nunca vou parar de me arrepender pelo que fiz. Nunca vou seguir em frente. Para o resto da minha vida, serei assombrada por isso. Mas agora, aqui mesmo, eu estou pedindo... implorando... por favor, deixe-me recuperar o pouco de auto respeito que tive uma vez.”

Ele olha para mim em silêncio, e por um minuto, penso ter visto o que poderia ser um brilho de respeito em seus olhos.

“Estou avisando você agora, vindo aqui vai irritar seriamente algumas pessoas.” Ele falou devagar e com cautela, como se ele achasse que eu era completamente estúpida e não tivesse ideia do que estava fazendo. Mas eu tinha e estava pronta para lidar com quaisquer consequências que vinham com isso.

“Eu posso nunca conseguir recuperar sua confiança, eu entendi isso.” Minha garganta apertou. “Mas isso não é apenas por você. Preciso provar a mim mesma que não sou meu pai.”

Ele inclina a cabeça, me estudando como se estivesse tentando descobrir se eu estava mentindo, tentando apenas derrubar as defesas deles.

“Você matou alguém ultimamente?”

Meus olhos arregalam. “O quê? Não!”

Optimus sorri. “Então você não é seu pai.” O tom de sua voz era um pouco reconfortante. Eu quase pude acreditar que ele era uma boa pessoa. “Esteja aqui de manhã, nove horas, Ham estará esperando por você no portão e ele irá levá-la para dentro. Isso é algo que precisa ser discutido primeiro com o clube. Uma decisão será tomada então.”

Optimus é um grande líder. Ele é forte e firme, mas também diplomático. Eu o respeito.

Aceno com a cabeça em concordância, mas antes de me virar e me afastar, não pude deixar de perguntar, “Como está Chelsea?”

Seus olhos voltam para o complexo, sem dúvida, onde ela está esperando por ele. Me pergunto se ele iria lhe contar que eu estive aqui, e também se ela se importaria.

“Ela está bem. Quase de volta ao que era.”

Meu coração aperta e sinto as lágrimas começarem a aquecer meus olhos. “Eu não...”

“Isso é algo que você precisa dizer a ela...” ele interrompeu. “... se você tiver uma chance.”

Eu limpo minha garganta, tentando recuperar minha compostura. ”Certo. Eu vou te ver pela manhã.” Eu me virei e comecei a caminhar de volta pela rua, um vento frio chicoteando meus braços nus.

“Não me faça arrepender, Rosalie,” ele gritou na escuridão. O uso do meu nome completo fez meu corpo estremecer. Foi um golpe sutil, mas ele estava me lembrando que não tinha esquecido quem eu era.

Eu não respondi, continuando a me empurrar para frente. A alguns quarteirões de distância, chamo um táxi para me pegar. Aperto os braços ao redor do meu corpo, uma tentativa triste para me recompor. Eu estou tremendo, esta é a minha chance de me redimir, talvez não a seus olhos, mas aos meus. Eu não posso desistir agora. Eu sei no meu íntimo que para o que quer que eu tenha acabado de me oferecer, poderia ser perigoso.

Eu posso fazer isso.

Eu preciso fazer isso.

Não há como voltar atrás agora.


Capitulo 12

Blizzard

“Você tinha que reunir a igreja tão cedo?” Eu resmunguei, pegando minha xícara de café enquanto esperávamos a sala encher.

Optimus está reclinado na sua cadeira à cabeceira da mesa, eu sentado diretamente à sua esquerda.

“Algo novo chegou tarde na noite passada. Precisamos resolver isso o mais rápido possível, então liguei para a sua mãe e Judge.“ Ele bateu uma caneta com impaciência sobre a mesa.

Eu enrugo o nariz. “É estranho ouvir isso.”

Ele olha para mim com as sobrancelhas erguidas. “Porquê?”

Tomando café, penso na pergunta. Por que era estranho ouvir alguém falando da minha mãe? Eu estava tão acostumado com a ideia de ser só eu e meu pai – talvez fosse isso. “Ela não esteve por perto desde que eu era adolescente. Não existe um ponto em que perdem o direito de serem vistos como pais?”

“Eu não estive perto de Harlyn por cinco anos. Isso significa que eu perdi o direito de ser chamado de pai?” Ele não disse isso como se ele estivesse ofendido com minhas palavras, mas ele atingiu o ponto que eu sabia que ele queria.

“Isso é estúpido.”

“Exatamente meus pensamentos.”

Bastardo.

As portas da sala de reunião abrem e meus irmãos entram, alguns suados da academia com garrafas de água e toalhas, outros usando a mesma roupa de ontem e meio adormecidos.

Leo limpa o suor de sua testa e senta-se em frente a mim, à direita de Op. Leo é nosso Sargento de Armas. Ele controla nossa segurança e, de certa forma, é a voz da razão quando se trata de situações perigosas. É seu trabalho nos manter sensatos e vivos.

Depois que todos os meninos estavam sentados, mais figuras atravessam a porta aberta. Minha mãe e Judge, com Light logo atrás deles. Eu ainda não tinha percebido o quanto doía vê-la, o quanto meu corpo abastecia com veneno e raiva quando ela estava por perto. Eu ainda me sentia como se fosse aquele garoto – o garoto de quem ela tinha se afastado e deixado para trás.

“Entrem.” Optimus acenou, os recebendo.

Tento afastar as más vibrações, segurando minha xícara de café na minha mão e concentrando-me no calor que queima a minha palma.

“Viemos o mais rápido que pudemos,” explicou Judge enquanto Ham e Phil fechavam as portas atrás deles. Era estranho ter gente de fora na igreja conosco. Normalmente, era inédito, mas acho que situações especiais exigiam uma flexão das regras. No entanto, eles não foram convidados a sentarem-se à mesa conosco e teriam que ficar de pé.

Minha mãe agarra o braço de Judge firmemente, mesmo de onde eu estou sentado, posso ver as olheiras sob seus olhos. O sequestro de Lane evidentemente causou um enorme impacto sobre ela, as rachaduras começaram a aparecer em seu exterior resistente.

“Nós temos um pequeno problema...” começou Optimus. “Parece que alguém ouviu vocês falarem sobre assuntos do clube.”

Os olhos de Judge se arregalam e minha mãe olha em direção a Light freneticamente. “Nós... eu não sei como isso pode ter acontecido.”

Estreitando os olhos, Op se levanta. Eu poderia dizer que ele estava frustrado com esse pequeno problema, mas havia algo que ele estava escondendo.

“Na próxima vez que vocês decidirem falar de assuntos importantes, deveriam lembrar que há ouvidos em todos os lugares. Um bar de hotel não é o lugar para compartilhar informações.” Eu quase sorri com o tom dele. Era como se ele estivesse chamando a atenção de uma criança, mas o que eles tinham feito foi estúpido. Os assuntos do clube eram tratados no clube ou em áreas protegidas, não em espaços abertos.

Eu observo Judge. Mesmo que sua barba espessa cobrisse a maior parte do seu rosto, eu poderia dizer que ele estava chateado por ter sua atenção chamada na frente de nosso clube inteiro. Sua mão livre está fechada em um punho apertado e sua mandíbula está firmemente presa. “Obviamente, cometemos um erro.”

Op riu, fazendo-me sentar um pouco mais reto. Como ele achou isso divertido, eu não fazia ideia.

“Esse poderia ter sido o melhor erro que você já cometeu.”

Me inclinando para frente, bato meu dedo na mesa. “Irmão, você bebeu esta manhã?” Os meninos riram levemente. “Porque isso não faz nenhum sentido.”

Ele caminha ao redor da mesa, ignorando-me inteiramente. “Parece que a pessoa que os escutou quer ajudar. E com as informações que reunimos através de Leo, o que nós temos em mente pode funcionar.

Minha mãe fica um pouco mais reta, respirando profundamente como se fosse seu primeiro sopro de ar em semanas. Eles haviam esgotado suas opções, vir até aqui e nos pedir ajuda era o último recurso. Se disséssemos que não, teriam que lutar, e possivelmente perder suas vidas, ou ceder às demandas que estavam sendo feitas.

Optimus pode estar lhes oferecendo uma saída, e neste momento, eu não tinha certeza se estava feliz ou frustrado.

“Então...” Judge começou, seu corpo agora um pouco mais forte, mais confiante.

Light afasta da parede onde ele estava apoiado e se move para frente, ansioso para ouvir o plano que possivelmente conseguiria recuperar sua mulher.

Eles saíram do caminho quando Optimus andou e passou por eles, colocando sua mão na porta. Ele abria-a levemente. “Entre.”

Ele vira-se de frente para mim enquanto segura a porta para a pessoa misteriosa entrar. Eu não consigo ler seu rosto de onde estou sentado, mas eu posso sentir as vibrações que ele está enviando, e eu sei mesmo antes dela passar pela porta o que está prestes a acontecer. Ela atravessa o pequeno espaço, sua cabeça baixa e o rosto escondido por uma cachoeira de cabelo escuro. Houve murmúrios dos meus irmãos enquanto olham entre nós dois, assim como eu, tentando descobrir o que estava acontecendo.

Cerro meus dentes e desvio o olhar.

Leo olha para mim do outro lado da mesa, com os braços cruzados como se estivesse esperando que eu me perdesse a qualquer momento e pronto para assistir ao show. “Você sabia sobre isso?” Acusei calmamente.

Ele levanta o queixo, mas não falou.

Optimus dá a volta na mesa mais uma vez, parando na cabeceira atrás da cadeira do presidente. Rose segue-o como um cordeiro perdido. Ela não se encolheu, como eu esperava, na presença das pessoas que ela tentou destruir. Não. Ela manteve seu corpo reto e rígido, mais como se estivesse se preparando para um ataque. A agitação de suas mãos caídas aos seus lados é a única indicação de que ela está assustada, ou talvez apenas nervosa.

Ela deveria estar.

“Para aqueles de vocês que não sabem, essa é Rose,” Optimus a apresentou formalmente, como se ela tivesse alguma importância. “Nem todos vocês a conheceram, mas não tenho dúvidas de que meus irmãos sabem quem ela é.”

Quando ela ergue a cabeça, eu tenho o primeiro vislumbre dos olhos dela. Ela olha para frente, diretamente para minha mãe e Judge, evitando deliberadamente os olhos dos meus irmãos. Aperto minha mandíbula e meus punhos, tentando me impedir de saltar do meu assento e exigir saber que porra Optimus estava pensando ao trazê-la aqui.

“Rose quer ajudar a recuperar Lane, e Leo e eu discutimos um plano que pode tornar isso possível,“ explicou. “Nós não estamos absolutamente certos de que esses homens desconhecem sua conexão com o nosso clube. Portanto, enviar alguém que é conhecido por pertencer a nós é muito perigoso e não vale o risco.”

Minha mãe e Judge ouvem atentamente enquanto Optimus explica seu plano. Eu não tinha certeza de que ouvi uma maldita coisa que ele disse, meus olhos completamente fixos na garota que uma vez me deixou tão louco de luxúria. Sua língua aparece, molhando os lábios antes de puxar o inferior entre os dentes.

“Esses caras vão ao mesmo clube de strip todas as quintas-feiras à noite. Um dos garotos se chama Edge. Ele nasceu no clube, mas parece ser diferente dos outros. Não tão sombrio. As meninas disseram que ele é um tipo de cara... olha, mas não toca, mas ele convidou uma delas para retornar com ele para a casa onde eles estão hospedados.” Tentei acompanhar as divagações de Leo. “Tudo o que precisamos que Rose faça é chegar até ele e conseguir um convite para ir com ele para casa. A partir daí, espero que ela possa nos dar mais detalhes sobre com o que estamos realmente lidando em relação a números, poder de fogo e a segurança de sua garota.”

Rose observa Leo, prestando atenção em todas as palavras que ele estava dizendo e balançando a cabeça. Ela está assustada. Não havia dúvida em minha mente, ela está completamente aterrorizada. Então, por que ela estava se oferecendo para ser jogada no fundo do poço?

“No mínimo, ela terá que fingir um boquete.” As palavras saíram antes mesmo de ter tido tempo para pensar sobre o que eu estava dizendo. Eu pude ver o momento exato em que elas a atingiram, seu corpo visivelmente estremeceu com o impacto. Mesmo assim, porém, ela continua olhando para frente, recusando-se a olhar para mim.

Isso fez com que a ira só aumentasse.

“Blizzard...”

Levanto as mãos. “Não, eu entendi. É realmente perfeito na verdade. Já vimos suas habilidades de atuação em primeira mão, então todos sabemos exatamente do que ela é capaz.” Eu me inclinei para trás na minha cadeira, esperando para ver o que ela faria em seguida.

Será que ela aceitaria isso como uma boa garotinha? Ou ela...

“Você sabe tudo sobre a experiência em primeira mão, não é?” Eu olhei enquanto suas palavras atravessavam a tensão que havia preenchido a sala. Seus olhos se dirigiram para minha virilha e voltaram para o meu rosto.

Ouço risos e Optimus não consegue esconder o sorriso que se formou em seu rosto. Até eu tive que admirar a forma como ela revidou. Eu poderia dizer que ela estava muito assustada. Não poderia ser fácil, ficar aqui na frente das mesmas pessoas que há apenas alguns meses ela havia tentado destruir. A menina tinha coragem e uma parte de mim inchou. Orgulhoso de vê-la defender-se novamente.

Limpando a garganta, Optimus pergunta, “Vocês dois já terminaram?”

Rose cruza os braços em seu peito e ergue as sobrancelhas como se estivesse me desafiando a continuar. Eu vejo o leve tremor em suas mãos.

Ela coloca um rosto corajoso.

Só mais um dos rostos que ela usa.

Eu levanto minhas mãos para os lados. “Continue, oh, grande senhor.”

Optimus olha para mim, eu sei que ele quer chutar minha bunda. Eu tenho quase certeza que ele havia contado a Chelsea que Rose estaria aqui e que ela tinha dito a ele para pegar leve com ela. Chelsea tinha um coração mole e Optimus era um pau mandado.

Bastardo estúpido.

“Tudo bem, vamos discutir os planos.”


Capitulo 13

Rose

Meu celular vibra no bolso enquanto me sento no pátio do clube, esperando que eles decidem.

Eu sei quem é.

Pressionando o botão de resposta, relutantemente seguro o celular no meu ouvido. ”Tio.”

“Você me disse dois dias. Imagine minha surpresa quando enviei Rico para buscá-la no aeroporto e você não estava lá.” Eu poderia dizer pelo tom de sua voz que este não era um telefonema por estar preocupado com minha segurança. Eu não estava onde disse que estaria e para o meu tio Anthony, isso era um problema.

“Eu só precisava de um pouco mais de tempo para resolver as coisas,” tentei explicar.

“Rosalie...”

“Eu não quero mais ser chamada assim.” Minha voz era firme, mas dentro da minha cabeça eu estou gritando, você é louca?

O silêncio enche o espaço e retiro meu telefone do ouvido apenas para verificar se ele ainda está na linha. Ele está. Eu sei que isso não é bom.

“Estamos fazendo arranjos funerários para o seu pai.”

Meu coração para. De todas as coisas que ele poderia ter me dito, essa era a menos esperada.

“Ele está...”

“Sim. Mesmo que ele tenha sido uma desgraça para a nossa família, por respeito, eu organizei uma pequena cerimônia.” Sua voz era uniforme e indiferente. Isto é o que minha chamada família era. Eles tinham lealdade e respeito, mas se você virasse as costas para eles, era assim. Você fez sua cama, você se deita nela.

Seguro o braço da cadeira em que estou sentada, com medo de que estivesse prestes a cair. “Eu... Eu não quero... Eu não posso fazer isso. Não quero uma cerimônia.”

“Eu não culpo você, mas ainda deveria ter a chance de dizer adeus.”

Fico de pé rapidamente, fazendo minha cabeça girar. ”Adeus? Eu disse adeus quando a equipe da SWAT o prendeu, gritando sobre como eu deveria ter sido abortada! Ele não merece um adeus, e eu me recuso a fingir que me importo por ele estar morto apenas para exibição.”

Os DePalma faziam um excelente trabalho varrendo o que acontecia para baixo do tapete. A última coisa que eles queriam era serem vistos como tendo uma rachadura em sua família e em sua posição. Mostrar fraqueza significava ser um alvo e meu tio – ele nunca foi um alvo. Esta cerimônia era apenas para salvar sua cara, eu não tinha dúvidas sobre isso. E, francamente, eu não estava prestes a fazer parte disso.

“Rosalie...” tio Anthony advertiu, mas já tinha encerrado esse assunto.

“Jogue-o de um penhasco por tudo o que eu me importo, não voltarei para me despedir.” Eu sabia que minhas palavras eram duras, e a possibilidade de causar uma tempestade de proporções épicas era bastante provável, mas eu estava pronta. Cansei de fingir que esse homem, cujo DNA eu compartilhava, era qualquer coisa exceto um doador de esperma. Ele não cuidou de mim. Eu fui o seu bilhete de vingança, um modo de atingir as pessoas que ele achava que o tinham prejudicado. Ele nunca me viu como sua filha.

Eu podia sentir a ira do meu tio mesmo através da linha telefônica. “Onde você está?”

“Estou em Athens tentando corrigir meus erros. E espero que, ao fazê-lo, sinta algum tipo de paz dentro de mim.” Pressionei a palma da mão na minha testa, não conseguia acreditar no que estava falando. De onde vinha essa força, eu não fazia ideia, mas eu iria aproveitar esse momento enquanto ainda tinha meus pés firmes na prancha.

“Você não deve nada a esse clube...“ sua voz estava começando a aumentar, “... eles mataram meu filho.”

“Seu filho os machucou! Eles também são uma família, e assim como você, eles farão o que for necessário para proteger as pessoas com as quais se importam.” Ouvi movimento atrás de mim e o clique de uma porta. Eu giro para encontrar Blizzard, as portas do pátio agora fechadas e ele encostado contra elas com os braços cruzados sobre o peito.

“Você tem quarenta e oito horas, Rosalie. Então vou esperar você no próximo avião de volta para cá. Você não foi criada dentro dessas paredes, por enquanto, eu ignorarei seu desrespeito. Você é uma parte desta família, ou você não é. Faça a sua escolha.”

A linha ficou muda e eu lutei para me manter em pé.

Foi nisso que se resumiu. Aos olhos do meu tio, eu estava com eles ou estava contra eles. Não havia um meio termo nem espaço para manobras.

Eu tinha que escolher.

Eu me sinto doente.

Eu lutei por tanto tempo para pertencer a alguma coisa, e agora eu estava prestes a deixar tudo só para me sentir melhor comigo mesma. Apenas para provar que não era a pessoa que meu pai me obrigou a ser.

Valia a pena?

“Quanto você ouviu?” Perguntei, afastando-me de Blizzard e olhando para o quintal do complexo.

“O idiota está morto, hein?”

Eu solto uma pequena risada. “Aparentemente.”

“Bom.” Sua voz era profunda e rouca e provocou arrepios na minha coluna.

Eu não tinha certeza do que estava esperando. Ele queria falar comigo, para se desculpar? Ouço seus passos se aproximando e meu corpo reage instantaneamente, ficando tenso.

“Eles estão fazendo algum tipo de cerimônia ou o que quer que seja. Ele quer que eu apareça e aja como se me importasse que ele tenha morrido.” Eu me virei, sem esperar que ele estivesse bem atrás de mim. Dou um passo para trás, mas ele estende a mão e agarra meu braço. Seu toque não foi o que eu esperava, foi gentil, suave. As memórias do meu sonho me inundam e eu tenho que manter meu corpo sob controle. O desejo de envolver meus braços ao redor dele e apenas segurá-lo é muito forte.

Eu olho na sua mão. “Eu deveria me importar? Me faz uma pessoa horrível não me importar que ele tenha morrido?”

“Eu ficaria mais preocupado se você se importasse.” Seu polegar esfregou para frente e para trás contra a parte inferior do meu antebraço, a sensação provoca formigamentos em mim. “Marco não era um pai. Ele era um parasita.”

“Ele é a razão pela qual estou viva, e estou aqui na Terra.” Engoli em seco. “Não devo muito a ele, por me dar a vida?”

“Nem sempre é sobre isso. É sobre quem se esforçou, que se preocupou mais em estar lá para você, independentemente do sangue que corre em suas veias.” Eu podia sentir a convicção absoluta em suas palavras. Ele acreditava no que ele estava dizendo com tudo o que ele tinha, e também me fazia acreditar.

“Quem se esforçou por você?” Olhei para cima, encontrando seus profundos olhos azuis me observando, prestando atenção a cada palavra e movimentos que eu fazia.

O calor me enche. Este é o Blizzard que eu conhecia. O homem que podia ver dentro da minha cabeça e sabia exatamente o que eu estava pensando. A escuridão tinha desaparecido de seus olhos, uma escuridão que eu coloquei nele.

Ficamos em silêncio e, por um momento, me perguntei se ele se abriria e compartilharia comigo mais uma vez, ou se eu tinha feito muito dano à sua alma para nunca mais confiar em suas emoções.

“Aquela outra mulher lá dentro. É a minha mãe.” Havia uma pequena oscilação em sua voz na menção dela. “Ela não esteve por perto desde que eu era adolescente. Ela simplesmente foi embora e se juntou a outro clube. Me deixou com meu pai.”

Eu balanço a cabeça. “Eu sei o que é ser criada somente por um dos pais.”

Ele ri, mas não havia nem uma gota de humor nisso. “Ele passou muito tempo bebendo, me batendo e ficando na sede do clube para ser considerado um pai.” Eu dei um pequeno suspiro. Naquele momento, percebi que talvez Blizzard e eu não fossemos tão diferentes. “O clube me criou. Eles me mostraram como era ter uma família.”

Ele me solta e sinto falta do seu toque instantaneamente, minha mão se contrai, querendo levantar e puxá-lo de volta. Sinto o momento se desvanecendo, mas eu estava desesperada para recuperar isso. Estar um pouco mais com ele, sem falar coisas irritantes e palavras venenosas para mim.

“Eu preciso que você entenda...”

“Eu entendo.” Ele interrompeu. “É fácil convencer a nós mesmos de que estamos fazendo o certo quando tudo o que se pode ver é o prêmio no final e quão bom ele poderá ser.”

Eu estou assistindo a barreira voltar. Ele tinha baixado suas defesas, mas agora tinha acabado. Lágrimas brotam em meus olhos, enquanto o observo lentamente recuar como se ele estivesse em transe quando veio até mim e agora tivesse se arrependido.

“Você era o meu prêmio.“ Eu prendi minha respiração e soltei um lamento silencioso. “Eu deixei você entrar dentro de mim, dentro da minha cabeça. Eu deixei você me fazer sentir algo. Agora você tem que viver com as consequências de suas ações.” E lá estava, a parede estava de volta e seus olhos se estreitaram, mais uma vez me vendo como uma ameaça. “E eu tenho que viver com as consequências das minhas.”

Ele se vira e agarra as duas alças da porta puxando-as. As portas batem contra o prédio com tanta força que fico surpresa por não terem quebrado.

E então – ele se foi.

As lágrimas fluíam pelas minhas bochechas e pingavam do meu rosto.

Eu pensei que o dia em que ele foi baleado tinha sido o dia mais doloroso da minha vida.

Eu estava errada, no entanto.

Feriu-me ver Gio atirar em Blizzard – doeu mais do que eu poderia expressar em palavras – mas isso doeu mais porque agora eu sabia com certeza, que ele tinha sentimentos por mim. Eles podem ter sido pequenos, mas eles estavam crescendo lentamente e poderiam ter sido algo.

Poderiam ter sido incríveis.

Seguro a cadeira em que eu estava sentada, tudo dentro de mim querendo gritar e jogá-la pelo pátio.

Eu poderia aguentar os ossos quebrados, as queimaduras, os olhos negros, mas não isso.

Isto estava começando a se tornar mais do que o meu coração poderia aguentar.


Capitulo 14

Rose

“Você não precisa fazer isso.”

Eu giro rapidamente, quase perdendo o equilíbrio. “Oi...” eu murmurei, tentando limpar as lágrimas que manchavam minhas bochechas. Eu sabia que seria difícil ver Blizzard de novo, mas nunca imaginei que uma pessoa pudesse me fazer sentir linda e sem valor ao mesmo tempo.

Eu estava a poucos segundos de chamar um táxi para me levar para o aeroporto, tudo dentro de mim gritando que eu nunca seria boa o suficiente, não importa o que eu fizesse.

Por que estava fazendo isso comigo mesma?

Chelsea dá alguns passos mais perto, seus olhos me observam o tempo todo. Por um momento, penso que ela está sendo cautelosa, com medo de eu tirar minha faca e enfiá-la em suas costas novamente. Mas quanto mais perto ela chegou, mais fácil foi ver as lágrimas no seu rosto.

Eu fungo, incapaz de me segurar. “Deus Chel, sinto muito.” Cobri minha boca, tentando controlar minha respiração tremula.

Ela olha por cima do ombro e eu sigo seu olhar, percebendo que Optimus nos observa a uma distância segura. Seus olhos nunca a deixaram e eu poderia dizer que, o que quer que ela estava prestes a dizer, era ele, dando-lhe forças para fazer isso. Eu me preparei para o ataque quando ela lentamente se virou para mim.

“Eu quero gritar e berrar e te odiar pelo que você fez...”

Lambendo meus lábios, eu posso provar as lágrimas salgadas que haviam se fixado neles. Eu solto uma pequena risada. “Você deveria.”

Ela continua a caminhar ao meu redor, observando-me o tempo todo enquanto circulava.

“Eu te amei. Fiquei ao seu lado e segurei sua mão quando você chorou. Eu estive lá por você.“ Sua voz era suave e baixa, mas cada palavra me fez vacilar.

“Eu sei,” sussurrei, minha voz agitada.

Eu queria baixar minha cabeça de vergonha, mas não o faria. Eu ficaria aqui, e aceitaria o que ela tivesse para jogar. Ela tinha o direito de desabafar, e se isso significasse ser seu saco de pancadas, então era o mínimo que eu podia fazer.

“Eu atravessei o inferno, por causa das escolhas que você fez.”

Aperto minhas mãos em punhos, minhas unhas cortando a pele. As lágrimas borram minha visão e eu pisco furiosamente, tentando removê-las.

“Sinto muito,” eu solucei.

De repente, eu estava envolvida em seus braços, eles me apertaram fortemente. Sua mão pressionada contra a parte de trás do meu pescoço enquanto ela me balançava para trás e para frente.

“Eu também.”

“Não.” Eu me agitei, tentando romper seu abraço apertado.

“Desculpe-me, eu estava tão envolvida em meus próprios problemas que não parei para ver o que você realmente estava passando,” ela sussurrou no meu ouvido.

“Não!” Eu coloquei minhas mãos entre nós e empurrei, interrompendo seu abraço. Ambas tropeçamos para trás. Optimus avança e entra no pátio, segurando o braço de Chelsea para estabilizá-la. “Não fique aqui e peça desculpas! Grite, berre... diga-me que você me odeia,” chorei. Minhas pernas tremem, ameaçando ceder. Eu não podia ficar aqui e deixá-la me consolar enquanto eu desabava. Eu não merecia isso.

“Eu não odeio você!” Ela gritou, segurando seu homem. “Nós fomos vítimas, Rose. Todos nós queremos acreditar que nossas famílias fazem o que fazem porque nos amam. Mas isso não é verdade, algumas pessoas são apenas idiotas e não se importam com quem eles machucam enquanto conseguem o que querem. Seu pai foi um desses idiotas.”

Agarro meu cabelo com as duas mãos. “Eu magoei você. Eu machuquei todos vocês. Eu tomei a decisão de fazer essas coisas e eu as fiz.”

“Você foi iludida e enganada, assim como nós. “Minha mente estava correndo, eu queria sair daqui e rápido. “Não foi sua culpa, Rose.” Ouvi sua voz, mas parecia tão longe.

“Foi. Foi minha culpa, eu o deixei fazer a minha cabeça. Me permiti acreditar em todas as palavras que saíram da sua boca. Eu me permiti ficar tão obcecada pelos sonhos e contos de fadas, que eu teria feito qualquer coisa apenas para ser parte de algo mais.” Eu estava divagando agora, eu sabia, mas eu simplesmente não conseguia parar. Talvez, se ela me ouvisse dizer isso, ela mudasse de ideia. “Eu quase matei você.” As palavras tinham um gosto ruim na minha boca.

“Bem, você não fez um bom trabalho, então, não é?” Ela gritou para mim. “Porque ainda estou aqui. Eu ainda estou respirando. E droga, eu vou continuar respirando. Então você vai parar de sentir tanta pena de si mesma e olhar para mim!”

Olho para ela em completo choque, sem acreditar que ouvi o que tinha saído de sua boca.

“Você gostaria de ter outra chance com isso?”

“Chelsea,” grunhiu Optimus, olhando para ela.

Eu estava começando a perceber o ridículo de toda essa situação. Eu estava gritando com ela, inflexível, que eu queria que ela me odiasse pelo que a fiz passar. Minha mente estava me dizendo que eu não merecia seu perdão ou aceitação. Eu não queria permitir que ela me perdoasse pelo que fiz, porque não deveria ser tão fácil. As pessoas que faziam coisas ruins deveriam sofrer. Mas aqui estava ela, provocando-me porque não consegui matá-la.

“Apenas olhe para mim.”

Eu olho. Ela está tão deslumbrante como sempre e, com a mão de Optimus descansando em sua cintura, é perfeito. Tão perfeito.

“Você parece fantástica!” Eu gritei, jogando minhas mãos no ar.

“Obrigada!” Ela gritou de volta para mim.

Antes de termos um segundo para piscar, estávamos ambas rindo. As lágrimas haviam secado e não havia mais nada a dizer.

Ela não me odiava.

Ela deu a Optimus um aperto rápido antes de correr para mim.

Desta vez, abracei-a com tudo o que tinha. O calor tomou conta de mim, inundando todo o meu corpo. Chelsea e eu não éramos amigas há muito tempo antes da merda bater no ventilador, mas parecia como uma vida inteira.

“Eu senti sua falta,” ela disse sorrindo, quando se afastou. Ela apoia suas mãos nos meus ombros e me olha, exatamente como uma mãe quando seu filho esteve muito tempo longe. “Você perdeu peso?”

Eu ri. “É uma nova dieta que eu gosto de chamar, se estresse e emagreça.”

“A única coisa que ganho quando estou estressada é um pote de sorvete.“ Ela riu.

Ela me empurra em direção da cadeira em que eu estava sentada, se movendo para puxar uma para ela ao meu lado. Optimus se move e fica atrás dela, um sinal ameaçador, talvez até um aviso. Ele a estava protegendo.

“Eu fui sincera quando disse que você não precisa fazer isso,” ela murmurou, estendendo a mão para colocar sobre a minha. “Sempre haverá outra maneira. E nós vamos encontrá-la.”

Eu balanço minha cabeça. “Se eu puder ajudar, eu quero. Passei muito tempo correndo e fingindo que tudo ficaria bem se eu simplesmente seguisse em frente.”

“Tudo ficará bem.” Ela sorriu para mim com tranquilidade. Eu sabia que ela estava tentando ser solidária. Sem dúvida, Optimus havia lhe contado sobre o que estava acontecendo e o quão perigoso era. Mas isso era sobre eu precisando fazer algo altruísta. Eu precisava sentir que não estava apenas definhando no mundo. Eu precisava me encontrar novamente.

“Ei, eu tenho que riscar isso da minha lista de coisas para fazer antes de morrer.” Eu movimentei minhas sobrancelhas, mas ela apenas franziu a testa para mim, me dizendo que era muito cedo para começar a brincar sobre isso. Eu suspiro. “Olha, deixe-me fazer isso? Aquela garota, Lane. Ela pode estar machucada, ela pode estar sofrendo e se eu puder parar isso, então eu vou.”

Chelsea geme, olhando por cima do ombro para o homem atrás dela. “Isso é estúpido, Op.”

“Não fale como se você não tivesse se oferecido para a missão, mulher.” Ele sorriu para ela e ela rapidamente desviou o olhar corando.

“Você é uma hipócrita!” Eu ri. “Você achou que poderia atraí-lo com suas habilidades de dança?”

Até Optimus riu.

“Eu tenho algumas habilidades!” Ela retrucou.

“A onda mexicana3 não é sexy.”

Ela franze a testa para mim, mas rapidamente se transforma em um sorriso, quando ela me dá um leve empurrão no ombro. “Bem. Mas você me promete que vai voltar inteira?” Seu rosto tornou-se solene de novo. Eu quase me senti zonza pelas suas mudanças de humor. “Eu acabei de te recuperar,” ela murmurou.

Pego sua mão e aperto. “Confie em mim, não vou mudar isso muito cedo.”


Capitulo 15

Blizzard

“Blizzard!” Eu me encolhi. A voz de Chelsea soou alta ao redor da sala. Eu podia ouvir seus pés batendo no chão atrás de mim. Tomo outro gole da minha cerveja e coloco-a de volta na mesa, preparando-me para a investida.

“Chelsea,” grunhiu Optimus, sem dúvida, seguindo de perto sua mulher.

Ela aparece na minha frente, afastando as cadeiras que estavam ao redor da mesa onde eu estou sentado fora do caminho para que ela pudesse se aproximar. Ela bate as palmas das mãos na mesa, sacudindo minha cerveja e fazendo-a cair. Eu a pego assim que rolou para a borda antes que pudesse bater no chão e quebrar.

“Você vai de verdade deixá-la fazer isso?” Coloquei a garrafa de volta na mesa e, finalmente, olhei para ela. Seus olhos estão estreitos e seus dentes cerrados.

“Fazer o quê?” Eu zombei, sabendo exatamente do que ela estava falando.

Ela fica irritada, levantando uma de suas mãos e enfiando o dedo na minha cara. “Não brinca comigo, idiota. Que diabos você está pensando? Ela pode se machucar.”

Franzindo o cenho, eu a encaro. “Estou me perguntando por que diabos você se importa se ela se machucar?”

“E eu estou me perguntando por que você não,” ela retrucou.

Fico em silêncio. “Eu pensei que você tinha recuperado sua memória. Ou você precisa que eu te lembre o que ela fez a você, para nós, para todo este fodido clube?”

As costas de Chelsea se endireitam. Op mantem sua posição, observando-nos cuidadosamente, pronto para interromper a qualquer momento se as coisas aquecerem demais. Eu não tinha certeza da razão de ele estar deixando isso prosseguir sem dizer nada. Talvez ele já tivesse tentado falar com ela e achou que eu poderia ser o único a dar-lhe um aviso. Ou talvez fosse o contrário, talvez ele pensasse que era eu que precisava disso.

“Ela é a razão pela qual você quase morreu, princesa.”

Balançando a cabeça, ela engole em seco. “Ela também é a única razão pela qual ainda estou viva. Ela poderia ter se afastado, mas em vez disso, ela arriscou sua própria vida e deu aquele telefonema que salvou Op de ser explodido em pedaços e levou você diretamente para mim.”

Eu zombo. “Sim, depois que ela lhe apontou uma arma em você e jogou você nas mãos de um maldito psicótico.”

Eu vejo lágrimas em seus olhos, mas ela mantém a cabeça erguida como a forte Old Lady que ela era. “Ela não sabia. Ele mentiu para ela, ele falou coisas que não eram verdadeiras. Ela pensou que estava fazendo o que era certo pela família dela.”

Eu jogo minha cabeça para trás e rio. “Não me diga que você vai ficar aqui e defendê-la.”

“As pessoas merecem uma segunda chance.” Ela olhou para Optimus, que apenas olhou diretamente para ela. Op passou tanto tempo afastando Chelsea, porque achava que a estava protegendo. Ele estava errado e acabou machucando os dois. Pensando que a tinha perdido, ele se arrependeu de cada momento que passou a mantendo longe. Agora ele mal a deixava fora de sua vista.

“Eu não posso acreditar que estamos tendo essa conversa,” murmurei, esfregando meu rosto com a mão.

“Não deixe que ela faça isso, Blizzard. Por favor?” Seus olhos me imploraram.

Chelsea estava certa sobre uma coisa. Enfiar Rose no meio do clube rival poderia ser um enorme risco. Estávamos tentando conseguir tantas informações quanto pudéssemos, mas, não encontramos nada de concreto, o que significava enviar Rose completamente às cegas.

“Ela veio até nós oferecendo ajuda. Ela não é estúpida, ela sabe onde está se metendo.” Eu cruzei meus braços sobre o peito, tentando parecer firme em meus pensamentos. Mas na verdade, estou desorientado apenas pensando em deixá-la fazer isso. Eu tinha que continuar me lembrando de que não lhe devia merda nenhuma – minha simpatia, nem a minha gratidão, e definitivamente não meus agradecimentos. “Pelo menos, nós sabemos uma coisa, ela é muito boa em ser falsa.”

As palavras tinham gosto azedo na minha língua, mas eram verdadeiras. Claro que agora pensando nisso, os sinais estavam todos lá. Mas na época, estávamos tão envolvidos na festa de piedade que ela estava jogando, que não os vimos. Eu seria amaldiçoado se eu baixasse minha guarda agora.

“Eu te amo,” Chelsea fungou. “Mas a-agora, você está sendo um idiota de coração frio.”

Eu me sento um pouco mais reto. Chelsea tornou-se minha família. Ela é a Old Lady do meu irmão e sabia que a protegeria com a minha vida. Suas palavras doeram mais do que eu esperava. Meus pelos arrepiaram.

“Ela é a razão pela qual você gagueja e não pode controlar suas palavras quando está chateada. Ela é a razão pela qual você não pode andar direito quando fica estressada,” recordei.

“Blizzard!” Op disparou, dando um passo à frente.

Eu o ignoro, expressando meu ponto de vista. “Ela é a razão pela qual Op te arrastou para o fodido médico...”

Moendo os dentes, ela se move para o meu espaço. “Não, ela não é. Seu maldito irmão ali me engravidou! Por isso, eu precisava ir ao médico!”

Minha respiração fica presa na minha garganta. Nós nos encaramos, sem dizer uma única palavra.

Puta merda.

Uma vez que minha mente processou exatamente o que ela disse, eu não consegui parar o sorriso que crescia. Eu observo enquanto seu corpo relaxa, a atmosfera tensa rapidamente evaporando.

“Você vai ter um filho?” Perguntei, precisando da confirmação do que ela acabara de me dizer.

Sua mão escorrega para sua barriga e seus olhos seguem a mesma direção. “Nós vamos ter um bebê.”

Eu solto uma pequena risada e me jogo para frente, levantando-a e apertando-a com força. Ela ri, me golpeando no braço e exige que eu a solte.

“Irmão, pare de apertar minha mulher. Ela tem que manter essa coisa aí por mais seis meses, não preciso que ela coloque para fora agora mesmo.” Op riu. Coloco Chelsea para baixo e me viro para ele. Op tinha sido meu melhor amigo e meu irmão desde que eu usava fraldas. Meu coração está acelerado, eu estou tão feliz por eles. Depois de toda a merda que passaram, mereciam algo positivo em suas vidas.

“Parabéns cara.” Nós apertamos as mãos e eu o puxei, dando um tapinha em suas costas com a mão livre.

“Obrigado, irmão. Mal posso esperar para dizer a Harlyn que ela vai ser uma irmã mais velha.” Ele se afastou e sorriu para mim.

Esta é a nossa vida. Para pessoas de fora, éramos membros de uma gangue e uma ameaça para a sociedade, mas nós éramos muito mais do que isso. Nós éramos tudo uns para os outros. Estávamos presentes nos momentos felizes e tristes um dos outros. Tínhamos um vínculo que foi forjado através do amor, honra e respeito.

Chelsea e Optimus tendo um bebê é uma nova adição à nossa família. Essa criança fazia parte do futuro do nosso clube e isso era algo para nos animar.

Nem todas as crianças do clube escolheram viver a vida do clube quando cresceram. Nunca foi algo que nos tenha sido forçado quando crianças. Alguns partiram, mas a maioria decidiu ficar e continuar a ser parte do clube. Para mim nunca foi uma questão, mesmo crescendo com meu pai que tomou a decisão de colocar o clube antes de mim e minha mãe. Eu pude ver em primeira mão como cada membro dos Brothers by Blood – irmãos e também Old Ladies – se uniram para apoiar alguém quando estavam em um momento de necessidade. Eu tive esse apoio, e era meu dever garantir que, se a situação surgisse, eu seria capaz de fazer o mesmo.

“Será um menino,” afirmei.

Ambos riram. “Você acha?” Perguntou Chelsea, seu rosto estava radiante.

“Foda-se, Harlyn precisa de um irmão para cuidá-la.”

Chelsea ri. “Ela vai acabar com um dos seus irmãos, então eu não me preocuparia com isso.”

Eu vejo o rosto de Op mudar. “Que porra isso significa?”

Rolando os olhos, ela sorri. “Harlyn vai acabar namorando com um irmão. Eu posso garantir isso.”

“Não se esse irmão quiser perder a mão,” ele grunhiu.

“Oh, acalme-se, homem das cavernas. Ela tem anos pela frente antes disso acontecer.” Chelsea se aproximou e envolveu seus braços em torno de seu homem. Ele franze a testa para ela. Ele acabou de perceber que sua pequena menina algum dia não seria tão pequena.

“Ei, prez!” Leo apareceu na sala segurando seu celular na mão. “Sugar está tentando falar com você. Disse que houve algum drama na escola com Harlyn.”

A testa da Op franze. “Foda-se minha vida.” Ele pegou o telefone e se afastou dos braços de Chelsea, rosnando e resmungando enquanto caminha pelo corredor.

Chelsea balança a cabeça. “No ritmo que essa criança está indo, ela não vai viver tempo suficiente para começar a namorar... porque Op vai estrangulá-la.”

“O que há com Harlyn?” Perguntei com curiosidade. Eles foram chamados na escola várias vezes nas últimas duas semanas.

Suspirando, Chelsea puxa uma cadeira e senta. “As crianças na escola têm incomodado ela sobre o clube. E você conhece aquela garotinha, ela não vai deixar ninguém falar mal sobre sua família.” Eu vi a pequena sombra de um sorriso em seus lábios. “Ela bateu no estômago de um menino mais velho na semana passada por ele dizer que seu pai era um perdedor.”

Tusso, tentando cobrir minhas risadas. “Você pode tirar a garota do clube...”

“Mas não o clube da garota,” Chelsea terminou, sorrindo.

Eu me sento à mesa com ela, e ficamos em silêncio por um minuto. Eu sabia que ela estava ansiosa para dizer algo.

“Apenas fale, princesa.”

“Rose... ela precisa de nós, Blizzard,” sua voz saiu como um sussurro. Eu podia ouvir a emoção nela e agitou meu coração.

Eu limpo minha garganta. “Não posso simplesmente esquecer o que ela fez. Ela machucou minha família.”

“Mas você está disposto a arriscar a vida dela? Se a vingança é realmente tão importante para você, então não tenho certeza de que você é o homem que eu pensei que fosse.” Eu podia ouvir a tristeza e o desapontamento em sua voz quando ela empurrou a cadeira para trás. Ela nem olha para mim enquanto levanta e se afasta.

Era isso o que era para mim? Era vingança?

A dor que senti quando percebi que Rose estava por trás de tudo, foi algo que eu só senti uma vez antes, quando minha mãe escolheu outro clube sobre o que deveria ser nossa família. Eu me importava com Rose, naquela época eu queria salvá-la, tirar toda a dor e sofrimento que ela estava passando, e mostrar-lhe que havia algo melhor lá fora. Que havia um mundo como o nosso, onde você não tinha que lutar pelo amor.

Eu só queria que ela sentisse o que eu sentia. Mas agora ela estava colocando sua vida em risco apenas para que ela pudesse provar que estava arrependida pelo que tinha feito. Realmente valia a pena a possibilidade de perdê-la para que eu pudesse obter algum tipo de satisfação?

Agora eu não tinha certeza.


Capitulo 16

Rose

“Esta é Kat,” disse Slider, gesticulando com a mão para uma bela morena. Ela sorri para mim e estende a mão.

“É um prazer conhecê-la,” ela falou enquanto eu pegava sua mão e nos cumprimentamos.

O rosto amigável me fez sentir aliviada. “O prazer é meu.”

Slider continua depois que as apresentações foram feitas, “Kat vai ajudá-la a preparar sua atuação e ajudá-la com suas habilidades. Você precisa estar no ponto se quiser atrair a atenção que você precisa.”

Concordo com a cabeça e Kat inclina a cabeça para o palco. Eu a sigo, as borboletas enchendo meu estômago, agitando tanto que sinto que poderia vomitar por toda parte. Ela senta-se na beira do palco e dá um tapinha no espaço ao lado dela.

“Não precisamos estar lá em cima?” Perguntei, apontando para onde havia um poste posicionado.

Seu sorriso era suave e amigável, mas eu vi a piedade quase imediatamente. Fiquei relutante, mas ela deu um tapinha no lugar novamente. Suspiro, mas sentei na beira do palco ao lado dela. Ela vira seu corpo para mim.

“Está tudo bem ficar nervosa,” ela explicou. “Nem todas as garotas são feitas para dançar e tirar suas roupas.”

Meus ombros cederam. Ela estava certa. Eu não era uma dessas garotas, mas eu iria jogar um foda-se ao vento de qualquer maneira e fazer isso, porque era o que precisava ser feito.

Eu encolho os ombros, tentando parecer casual e como se não estivesse molhando completamente minhas calças só de pensar nos homens me olhando enquanto eu tirava a roupa. “Eu gosto de dançar, mas não tenho certeza se sou boa.”

“Nós não falamos muito sobre o negócio do clube, mas tenho um palpite que você não está fazendo isso porque está procurando uma nova carreira?”

Eu não sabia o que dizer, não sabia o quanto eu deveria dizer a essas garotas. Eu sabia que elas eram uma parte da vida do clube de uma pequena forma, mas abrir minha boca sobre o que eu estava prestes a fazer me dava à certeza de que eu não iria ganhar pontos com os irmãos.

“Eu... simplesmente não quero parecer estúpida,” eu disse a ela. Até eu achei essa desculpa banal, mas ela simplesmente riu suavemente.

Colocando uma mão no meu ombro, ela se inclina para mim. “Você passou. Agora vamos ver o que você tem.”

Ela sorri para mim quando salta do palco, de alguma maneira conseguindo aterrar graciosamente nos saltos altos que ela está usando.

Isso foi um teste?

Fiquei confusa, mas a sigo cegamente enquanto nos leva pela escada. O clube está vazio, além de uma garota e um cara atrás do bar conversando com Slider, que eu acho que é minha escolta para o dia. Eu sinto quase como se fosse uma prisioneira em vez de alguém que tinha se oferecido para ajudá-los. Mas acho que não posso culpar o clube por suspeitar e querer me vigiar.

Kat me arranca dos meus pensamentos. “Você tem uma música em mente ou devo escolher uma?”

Isso foi algo em que eu pensei, surpreendentemente.

“Você tem 'Chains' de Nick Jonas?” Eu perguntei, movendo-me nervosamente.

Os olhos dela se iluminam. “Vamos com o lento e sexy então? Eu posso trabalhar com isso.” Ela desapareceu atrás de uma pequena cortina, voltando com um controle remoto na mão. “Tire os sapatos, será mais fácil, por enquanto. Eu só quero ver como você se move, e então podemos lidar com os saltos de prostituta mais tarde, se isso for possível.”

Eu aceno, me abaixando e puxando os cadarços dos meus tênis de corrida e tirando-os, seguido por minhas meias.

“Tudo bem, vamos ver seus movimentos!” Ela falou enquanto descia a escada e senta-se bem em frente ao palco.

Respiro fundo, minha mente está me dizendo para correr. Isso é uma estupidez. Por que eu achei que isso fosse uma boa ideia? Mas então me lembro de ter colocado essas pessoas no inferno e um pouco de auto constrangimento nunca compensaria o que fiz com elas, então eu precisava apenas engolir isso.

O som do baixo é profundo e pleno enquanto sai pelos grandes alto-falantes. Eu posso sentir isso no meu peito, quase roubando minha respiração. Meu corpo se moveu lentamente no início, balanço meus quadris de um lado para outro enquanto minha mão suada agarra o poste ao meu lado.

Eu ando ao redor do poste, girando e passando minha mão livre pelo lado do meu corpo até que estivesse sobre minha cabeça. Eu desço na frente do poste, abrindo minhas pernas por um segundo antes de lentamente subir novamente. Sinto a música, sinto as palavras da música. Quanto mais rápida ela fica, mais rápido eu balanço e giro.

Nesta fase, meus olhos estão fechados. Não há mais ninguém além de mim, meu corpo representando a dor e angústia dentro da música. Eu balanço meu cabelo longo, passando meus dedos através dele e mordendo meu lábio.

É uma sensação estranha, quase poderosa, como se eu estivesse contando uma história com meus movimentos.

De repente acabou, a música terminou e houve um completo silêncio. Eu estou respirando com dificuldade, não tinha percebido o quão trabalhoso era o que estas meninas faziam todas as noites. Não era de admirar que strippers como Kat possuíssem corpos poderosos.

“Porcaria.” Meus olhos se abriram ao som da voz de Kat. Encontro-a olhando para mim com o maior sorriso no rosto.

Não pude deixar de corar. Eu tinha dançado em casas noturnas antes, mas havia pessoas ao redor, movendo-se e balançando em um grande grupo suado. Ninguém notava se você não sabia dançar.

Ela começa a aplaudir, o ruído enchendo a sala que estava estranhamente quieta. Eu dou um sorriso tímido e rio enquanto agradeço e caminho até à beira onde ela está agora de pé. Cruzo minhas pernas e me sento na frente dela. “Então?” Eu perguntei, ainda sem fôlego.

“Isso foi muito sexy,” exclamou ela. “Há algumas coisas que podemos ajustar, como você manter seus olhos abertos. Se você está tentando atrair um cara em particular, então ele precisa pensar que você está dançando para ele e só ele. Ele precisa sentir essa conexão com você ou então você é apenas mais uma garota em um palco balançando seu traseiro.”

Concordo com a cabeça, levando em conta tudo o que ela estava dizendo. Meu coração acelerou.

Isso pode realmente funcionar. Eu poderia fazer isso.

“Então você gostou?” Eu não pude evitar o tom animado na minha voz.

Kat sorri de volta para mim. “O mais importante é que ele gostou.” Ela apontou para as portas da frente do clube.

Eu inalo rapidamente, seus olhos grudados em mim. Eles estão cheios de calor. Blizzard nunca deixou de fazer meu corpo aquecer. Apenas seus olhos poderiam me acender em um segundo e transformar meu corpo em uma pilha de cinzas. Ele e outro irmão estão bem em frente às portas, olhando para mim. O outro cara tem um grande sorriso no rosto. Vejo sua boca se mover enquanto fala baixinho com Blizzard, mas nenhum dos olhos me deixaram. Blizzard acena com a cabeça antes de se virar e empurrar a porta, forçando-a a abrir com um estrondo alto que me fez pular. O outro irmão apenas piscou para mim antes de virar e sair um pouco mais sutilmente.

Um arrepio me atravessou. O que eu daria para estar dentro da cabeça da Blizzard naquele momento, para saber o que ele estava pensando. Eu imagino que estava cheia de ressentimento e pensamentos escuros, mas apenas vendo seus olhos em mim por um momento eu senti outra coisa. Necessidade.

Kat limpa a garganta, tirando minha mente da neblina. “Ele tem sido um bastardo mal humorado nos últimos meses. Do jeito que ele te olhou... vou supor com segurança que você teve um papel nisso.” Ela não disse isso com veneno ou nojo como eu teria pensado.

“Você está certa.” Eu suspirei tristemente.

Acariciando meu braço, ela me dá um sorriso suave. “Eu acho que temos mais de uma pessoa que precisamos atrair a atenção a partir de agora. Eu sei exatamente o que precisamos.” Fiquei surpresa. Pensei que machucar um de seus preciosos homens faria com que todos me odiassem. Ela riu, obviamente percebendo o espanto no meu rosto. “Querida, todos nós cometemos erros. Cabe a nós apenas aceitar o que aconteceu e seguir em frente, ou lutar pelo que queremos.”

Eu posso dizer pelo tom em sua voz que ela estava falando por experiência. Foi bom por uma vez não sentir desgosto ou piedade, mas empatia.

Eu ergo meus ombros e respiro fundo. “Tudo bem, o que eu preciso fazer?”

Ela sorri, mostrando-me todos os dentes perfeitos e estendeu a mão. “Vamos trabalhar na sua atuação, então podemos escolher uma roupa que vai impressionar todos os homens.”

Pego sua mão e ela me puxa para cima.

“Estou pronta.”


Capitulo 17

Blizzard

Observá-la naquele palco era o suficiente para deixar um homem com os joelhos fracos.

Eu pensei que este era um bom plano, ela dança, atrai nosso cara, nós conseguimos a informação que precisamos e negócio feito.

Mas agora eu estava com dúvidas.

A maneira como ela movia seu corpo era sexy, atrairia qualquer homem e não apenas para um olhar. Ele desejaria tocá-la, tê-la, assim como eu fiz. E o pensamento disso me fez querer socar alguém.

“Não sabia que a garota tinha isso nela,” comentou Wrench, casualmente, enquanto me seguia para fora. Ele acendeu um cigarro e se inclinou contra a parede de tijolos.

Eu sabia.

Eu tinha ido ao quarto dela outro dia, por qual razão, não fazia a mínima ideia. Mas no momento em que a vi, todo o resto saiu pela maldita janela e a necessidade de ter seu corpo pressionado contra o meu, assumiu.

Seu cheiro, a sensação de sua pele – lembrei-me de tudo. Eu sonhei com isso antes e a realidade não decepcionou. Mas quando acabou e ela adormeceu, eu a soltei e saí. Como um covarde. Eu fugi, sabendo que ela iria querer conversar, resolver as coisas e discutir nossos sentimentos. Eu não estava pronto pra essa porra.

Eu estava com raiva, sim, era uma desculpa patética, mas era a melhor que eu tinha. Meu pai passou a vida toda me culpando por minha mãe ter ido embora, quando na verdade ela poderia ter feito patê da minha vida esse tempo todo. Isso me machucou mais do que eu poderia ter imaginado. Ele tinha feito isso, ele tirou anos, ele roubou a oportunidade de eu conhecer minha irmã. E mesmo que eu tenha tido algumas pessoas incríveis na minha vida – pessoas que me tornaram o homem que sou hoje – eu senti falta de ter uma mãe.

“Você acha que ela vai conseguir essa merda?” A pergunta limpou minha névoa e eu olho para o meu irmão.

Encolho os ombros. “Ela já fez pior.”

Soprando uma nuvem de fumaça, ele revira os olhos. “Quando você vai superar essa merda? O pai dela passou meses torturando-a, batendo nela, chantageando-a. Ela foi uma vítima, assim como nós fomos.”

“Mas eu não percebi,” gritei alto, jogando minha cabeça para trás. Eu tomei algumas respirações profundas. “O tempo que passamos juntos, eu nunca percebi, porque ela parecia bem. Ela era forte e lutadora e feliz.” Eu pisei de um lado para outro na frente dele. “No entanto, foi tudo falso.”

“Talvez não fosse falso,” ele ofereceu. “Talvez quando ela estivesse com você era sua chance de ser real. Talvez você fosse sua fuga do inferno que ela estava suportando.”

Wrench olha para o estacionamento, aparentemente perdido em suas palavras.

O que ele disse fazia sentido. Quando Rose estava comigo, ela sempre parecia sorrir. Ela era uma pessoa diferente, uma garota que eu só tive pequenos vislumbres agora.

Eu bati na porta, mexendo meu pé com impaciência.

Com Sugar e Harlyn chegando na sede do clube esta manhã, eu sabia que a merda estava prestes a ficar um pouco louca. Chelsea iria perder a cabeça, então eu optei por me manter fora dessa bagunça.

Quando ninguém me respondeu, bati novamente.

Eu sabia que ela estava lá. Eu tinha visto movimento nas cortinas quando parei minha moto.

“Eu sei que você está aí, Rose,” eu gritei.

“Vá embora, Blizzard.” A voz veio do outro lado da porta.

“Você tem duas opções,” eu disse a ela. “Abra e me deixe entrar, ou eu coloco uma bala na fechadura.”

Fui recebido pelo silêncio por um minuto, antes da porta se abrir apenas alguns centímetros. “O que você quer, Blizzard?” Apesar de ser de manhã, seu apartamento ainda estava escuro. Todas as cortinas estavam fechadas e não havia luzes acesas.

“Bem, uma vez que eu lhe dei uma carona pra casa ontem à noite, pensei que você poderia me fazer um café como agradecimento.” Pressionei minha mão contra a porta e empurrei, houve uma pequena resistência dela, mas não o suficiente para me deixar de fora. Ela recuou enquanto eu passava pela porta. Eu percebi então, que tudo o que ela estava vestindo era um short curto de algodão e uma camiseta larga. Ela cruzou os braços sobre seu peito e seus cabelos caíram sobre o rosto, enquanto ela olhava para o chão.

“Eu vou me vestir,” ela disse bruscamente, virando e andando pelo corredor. Eu sorri quando meus olhos seguiram seu traseiro. Ele se movia perfeitamente de um lado para outro, fazendo-me sentir como se estivesse sendo submetido a algum tipo de feitiço hipnótico.

Assim que ela sumiu da vista com um golpe na porta, eu virei e fechei a porta da frente atrás de mim, tirando minhas pesadas botas na porta.

Eu franzi o nariz para a escuridão e comecei a abrir as cortinas. O lugar estava arrumado, nem uma só coisa parecia fora de lugar, quase como se ela nunca estivesse aqui para fazer bagunça. Havia algumas fotos na parede e andei até elas.

Eu pude reconhecê-la instantaneamente, apesar de parecer muito mais nova. Seu sorriso era brilhante enquanto ela envolvia os braços em torno de uma mulher mais velha, que pela semelhança, eu deduzi que seria sua mãe.

Ouvi passos atrás de mim. “Por que não há fotos suas com seu pai?” Perguntei sem me virar.

Ouvi um suspiro com desdém. “Ele não é exatamente o tipo de cara que fique parado e sorria para uma foto.”

“O meu também.”

Eu me virei e a observei enquanto ela entrava na cozinha, seu corpo agora coberto por um vestido de verão azul escuro que batia logo acima do joelho. Eu apenas olhei quando ela abriu um armário alto, mexendo e tirando copos de café. Seu vestido se ergueu e lambi meus lábios. Sua pele era uma cor de caramelo suave que você poderia ver que era natural e não o resultado de um bronzeado, e achei que ela tinha sangue estrangeiro nela.

“Como você quer o seu café?”

“Escuro, suave e doce,” eu disse, minha voz baixa enquanto me aproximava da cozinha. Notei o pequeno estremecimento que atravessou seu corpo, antes dela endireitar os ombros novamente e continuar.

Ela se manteve ocupada, enquanto eu contornava a pequena mesa da cozinha para ficar quase diretamente atrás dela. Eu não tinha certeza se ela simplesmente tinha sua mente em outro lugar e não me notou, ou se ela estava propositadamente tentando ignorar meus avanços.

Tudo bem, querida. Mais divertido para mim.

Pressionei meu peito contra suas costas e coloquei minha mão na cintura dela. Ela se assustou e tentou girar, mas eu a segurei no lugar, empurrando meus quadris contra ela e pressionando-a contra o balcão da cozinha.

“Blizzard,” ela sussurrou calmamente.

“Baby?” Eu respondi inclinando minha cabeça para que minha boca estivesse escovando sua delicada orelha. “Você não está bem com isso?”

Ela sabia que eu a queria, eu tinha falado com todas as letras na noite passada. “Você vai ter que fazer mais do que pressionar seu pau contra a minha bunda, se você quiser entrar nas minhas calças.” Sua voz estava rouca e cheia de antecipação apesar de suas palavras.

Eu ri suavemente em seu ouvido. “Você não está usando calças, baby.”

“Não, mas eu uso um cinto de castidade e essa merda é mais trancada do que o Fort Knox, “ ela retrucou.

Não pude evitar o riso que saiu. Eu amava essa merda. As garotas do clube eram ótimas, estavam lá para aliviar a coceira de um irmão, mas não havia nada como perseguir algo novo e diferente.

Dei um passo para trás, dando-lhe um pequeno espaço para se mover. “Você é diferente, sabe disso?” Eu puxei uma cadeira da mesa e me sentei.

Quando ela se virou, o sorriso que iluminou seu rosto quase me derrubou. Era fantástico. Como observar uma flor, pela primeira vez. Eu soube naquele momento que eu faria o que pudesse para ver esse sorriso no seu rosto a partir de agora. Eu ia fazer minha missão tornar essa mulher feliz, porque se eu nunca voltasse a ver esse sorriso, minha vida não valeria a pena ser vivida.

“Irmão!” O empurrão nas minhas costelas fez-me querer acertar meu punho no rosto de Wrench.

“O quê?” Eu gritei, empurrando-o para longe.

Ele ri. “Desculpe perturbar o seu pequeno sonho, seu viado de merda. Mas parece que a tripulação da sua mãe está vindo pra cá.”

O ruído das motos enche o ar. Não havia outros clubes na cidade ou pela vizinhança e você reconhecia rapidamente o barulho das motos dos seus próprios homens. Dirigíamos diferentes tipos de motos, todas tinham um tom diferente, um estrondo distinto.

Eu observo enquanto eles entram no pequeno estacionamento. Precisamos usar um pequeno beco para chegar ao X-Rated. Isso fazia parte da atração, saber que, se você viesse aqui, seus veículos ficavam escondidos da visão das pessoas que passavam. Homens vinham aqui sabendo que era seguro e discreto.

As motos param do lado do prédio, apoiadas em seus estandes. Há apenas três motoqueiros, minha mãe não está com eles, o que me fez soltar um suspiro aliviado.

Judge, Light e outro cara que eu reconheci, mas não sabia o nome, descem e caminham até nós. O cara que eu não conheço tem tatuagens cobrindo seus braços inteiros, do topo de suas mãos até desaparecerem sob as mangas de sua camisa e reaparecer escalando seu pescoço.

Judge acena com a cabeça em saudação.

“O que há de novo?” Perguntei, casualmente.

“Queria conversar com Rose. Não consegui agradecê-la esta manhã depois da igreja,” ele explicou, olhando-me cautelosamente.

Eu encolho os ombros como se não me incomodasse o que ele fazia, mas isso era falso. Incomodou-me ter esses caras ao redor dela. Uma parte de mim se perguntou se, uma vez que ela visse que essas pessoas a tratariam como uma princesa, arriscando-se por elas, veria que existia algo melhor lá fora.

“Eu acho que ela está trabalhando com uma das nossas meninas agora, mas vá em frente.” Wrench abriu a porta para eles entrarem. Ele sorri com tanta satisfação para mim quando fecha a porta atrás deles. “Aposto que um desses caras a verá no palco e se apaixonará por ela.”

Eu o empurro contra a parede. “Cale a porra da boca. Ela está aqui para fazer um trabalho, não escolher um Old Man.”

Wrench só ri, mas assim que as palavras saíram, eu sabia que só as estava dizendo para me fazer sentir melhor.

Esta merda estava ficando mais fodida a cada minuto.


Capitulo 18

Rose

Estou curvada e respirando pesadamente quando Kat decide fazer uma pausa.

“Normalmente, eu não a pressionaria tanto no primeiro dia. Mas Slider mencionou que essa era praticamente a única chance que teríamos, então precisamos ter certeza de que tudo seja perfeito,” Kat explicou, enquanto me entregava uma garrafa de água que eu drenei em questão de minutos.

“Como você acha que eu estou indo?” Perguntei, deixando-me cair no palco e recostando-me, tentando obter mais ar em meus pulmões.

“Garota, você está indo muito bem. Seu corpo se move fantasticamente e acertou todas as batidas.” Ela sentou-se na minha frente e acariciou minha perna. Fico grata pelo apoio. Eu estou melhor agora que não senti que estava fazendo isso sozinha. Eu tenho alguém do meu lado e isso me dá o impulso que eu preciso para superar a ansiedade que está me atingindo.

“A próxima coisa que precisamos nos concentrar é fazer com que seu homem a note e queira você mais do que sua própria respiração.” Ela balançou as sobrancelhas.

Sinto minhas bochechas quentes. “Blizzard não é meu homem,” esclareci, apesar de ter ficado desapontada por ter que admitir isso.

Ela riu. “Bem, eu estava realmente falando sobre o cara que vai estar na plateia. Slider disse que haveria uma pessoa específica que você precisaria atrair. Mas isso é bom, podemos trabalhar com a Blizzard!”

Eu espalmo minha testa. “Desculpa.”

“Não, não. Isso é bom. Faça uma pausa, tenho algumas coisas para planejar,” ela riu, ficando de pé e desaparecendo. Eu quero me dar uma bofetada sabendo que, o que ela estava planejando naquela linda e pequena cabeça dela, provavelmente iria me matar.

“Rose?” Minha cabeça levanta rapidamente e eu vejo três homens de pé na beira do palco. Eu os reconheci instantaneamente, e meu corpo queria rastejar dentro de si mesmo e se esconder. Mas, em vez disso, respiro profundamente e vou em direção a eles, deixando minhas pernas penduradas para fora do palco.

“Você parece bem aí em cima,” disse Skins, piscando para mim. Não podia dizer que sua atenção não era boa. Por que era, me senti realmente bem. Eu apenas queria que viesse de outra pessoa.

“Olha, sinto muito. Eu não queria ouvir a conversa de vocês na outra noite,” eu disse, virando e olhando para o homem mais velho, o nome que eu agora sabia ser Judge.

Ele sorri através da barba grossa. Foi suave e carinhoso, quase paternal. “Querida, você precisa esquecer isso. O que você está fazendo por nós...” ele fez uma pausa, quase como se estivesse engasgado, “... nós sempre ficaremos em dívida com você.”

Eu balanço minha cabeça. “Eu posso não conseguir fazer isso.”

Ele encolhe os ombros. “Não importa. Você está se colocando como alvo, arriscando sua vida para recuperar minha filha. Mesmo que não funcione, eu sempre vou dever a você meus agradecimentos.”

“Eu espero que ela esteja bem,” eu falei com tristeza. Durante a reunião com os irmãos esta manhã, foi discutido quais as condições em que ela poderia estar. Me deixou nervosa pensar que eu poderia estar me jogando em outra situação, onde a possibilidade de ser espancada e abusada era provável. Eu não queria voltar para isso, nunca mais queria sentir esse tipo de dor. Mas desta vez, era mais do que apenas minha vida em risco se eu não o fizesse. Estava na hora de superar isso.

“Você tem uma foto dela? Só para saber quem eu estou procurando.”

O homem mais novo atrás de Judge dá um passo à frente com seu celular na mão. Ele levanta a tela para que eu veja. A imagem é dele e uma jovem. Ela estava segurando o telefone na frente deles e ele tinha o braço sobre seus ombros. Seu cabelo é loiro acinzentado, com uma franja larga dividida na testa. Seus olhos azuis me atingem. Eles são exatamente a cor dos olhos de Blizzard, azul como um oceano calmo.

Ela estava sorrindo e ele também. Eles pareciam tão felizes, tão apaixonados. “Ela é minha Old Lady. Fomos inseparáveis desde que começamos a andar.” Ele voltou a colocar o telefone no bolso e seus olhos nublaram. “Preciso dela de volta.”

“Light,” disse Judge com firmeza, quase o repreendendo por seu comentário.

“É verdade. Você sabe disso,” ele disse através dos dentes cerrados. “Eu vou enlouquecer se eu não a tiver.”

Minha mão coça para esticar e tocá-lo. Eu queria confortá-lo e prometer trazê-la para casa. Mas eu não podia mentir. Eu não sabia se eu ia trazê-la de volta para ele, nem tínhamos certeza de que ela ainda estava viva.

“Eu juro que vou fazer o que for preciso,” falei com honestidade. Seus olhos encontram os meus e a emoção que vejo dentro deles é mais do que eu jamais poderia imaginar. Isso é amor. O epítome absoluto do amor.

“Você é família agora. Não importa o que aconteça,” disse Skins, e pela primeira vez eu vejo uma expressão séria cruzar seu rosto.

Meu coração acelera – eu era família. Essas pessoas não conheciam meu passado, mas não se importavam. Eles estavam me acolhendo por quem eu era, e eu estava disposta a dar tudo para trazer sua garota para casa.

“Oh, e se Blizzard lhe der mais problemas, me avise,” acrescentou Skins com um sorriso malicioso.

Sua personalidade é contagiante e não posso deixar de sorrir. “Claro que sim.”

“Desculpem, meninos! Eu preciso dela de volta agora!“ Kat falou, entrando no nosso pequeno grupo. Judge e Light baixam suas cabeças e Skins agarra minha mão, beijando o topo e fazendo uma pequena reverencia. Ambos rimos enquanto ele acena e segue até o bar para conversar com Slider.

“Bem, ele é um charme,” Kat disse, olhando-o enquanto ele se afasta.

“Conhece todos os movimentos certos e sabe o que dizer,” concordei.

Ela parece perdida em seus pensamentos por um tempo antes de, de repente se iluminar e virar para mim com um enorme sorriso no rosto. “Vamos fazer isso garota. Nós só temos algumas horas antes de eu precisar estar nesse palco.”

Eu salto, uma nova força dentro de mim enquanto eu observo Light sentado no bar, bebendo uma atrás da outra.

Eu vou trazer Lane de volta.

Eu vou fazer isso, é uma questão de vida ou morte.


Capitulo 19

Rose

Eu tentei fazer com que Slider me deixasse no meu hotel, mas, de acordo com ele, todas as minhas coisas já tinham sido transferidas para o clube.

Irmãos se misturavam ao redor da área do bar enquanto Slider me conduzia por um pequeno corredor. “Você ficará no antigo quarto de Chelsea,” ele me disse, enquanto abriu a porta e segurou-a para eu passar.

Há uma cama de casal com minha mala sobre ela, uma pequena mesa e uma porta que eu posso ver que leva a um banheiro.

“Estes são os quartos das garotas do clube. Os garotos foram informados de que você está aqui, mas eu manteria a porta trancada no caso de você ter um visitante bêbado durante a noite.” Ele tinha um sorriso malicioso, mas eu não sabia se ele estava falando sério ou não.

Eu a manteria trancada.

Encolho os ombros, no entanto. “Eu já risquei stripper na minha lista. Por que não adicionar puta de clube enquanto estou aqui?”

“Eu não diria isso muito alto,” ele disse com uma piscadela. “Os meninos têm procurado sangue novo.”

Ele fecha a porta atrás dele e eu suspiro. Parecia estranho. Estar aqui neste lugar com essas pessoas que, há apenas alguns meses, eu estava em uma missão para destruir. Vivendo na sede do seu clube e fazendo piadas com seus membros. Senti como se estivesse quase em uma condição indefinida.

Sento na cama e começo a mexer na minha mala, procurando por algumas roupas íntimas e roupas limpas.

Kat tinha me feito trabalhar duro hoje. E enquanto eu parecia bem, meu corpo dói em lugares que eu nunca senti antes. É uma dor boa, no entanto. Do tipo que diz que você se esforçou aos seus limites.

Pego calça de moletom e uma camisa e vou para o banheiro. Girando a torneira quente do chuveiro, na esperança de aliviar a tensão nos meus músculos. Apenas duas noites a partir de agora eu devo estar no palco, fazendo a rotina que Kat e eu tínhamos quase aperfeiçoado nas últimas duas horas. Eu precisava dar o meu melhor e a dor nos músculos só me desiludia.

Coloco minha roupa, enrolo meus cabelos molhados em uma toalha e saio do banheiro.

“Rápido, aqui!” Ouvi uma pequena voz sussurrando alto.

A porta se abre e duas pequenas figuras entram, correndo para a cama. Elas pulam sobre ela, entrando debaixo das cobertas.

“Ele não nos encontrará aqui,” a voz sussurrou novamente. Seguida de uma risada suave.

“De quem estamos nos escondendo?” Perguntei com um grande sorriso.

As cobertas ondulantes de repente se acalmaram. Duas pequenas cabeças aparecem no topo e me encaram, os olhos arregalados. “Ah merda.”

Eu rio alto do palavrão vindo da garotinha. As cobertas saíram rapidamente e a menina menor com cabelo quase preto levantou correndo. Ela se arrasta pela cama, aproximando-se, mas com muita cautela.

“Olá, qual é o seu nome?” Perguntei suavemente. Ela deve estar na idade pré-escolar. Ela puxa seu lábio minúsculo entre os dentes enquanto me estuda.

“O nome dela é Jayla. Ela não fala muito,” a outra menina esclareceu, escalando as cobertas e seguindo Jayla para perto de mim. “Este costumava ser o quarto da minha madrasta. Por que você está nele?”

Ah, então esta é Harlyn.

“Você deve ser a filha de Optimus,” eu sorri para ela.

“Sim,” ela disse com orgulho, levantando o queixo um pouco com a menção do nome de seu pai.

Jayla continua sentada ao lado dela na beira da cama, aparentemente hipnotizada por mim. Seus olhos observam todos os meus movimentos e, sempre que eu falo, seus olhos seguem para minha boca.

“Então, de quem estamos nos escondendo?” Eu perguntei com um sussurro simulado, agachando ao lado da cama como se quisesse entrar na brincadeira. As duas se deslocam, grandes sorrisos nos rostos.

Harlyn coloca a mão em torno de sua boca, seus olhos procurando o quarto como se alguém pudesse saltar a qualquer momento. “Tio Blizzard. Ele disse que é a hora de Jayla dormir, mas ainda não terminamos de brincar.” O pequeno beicinho que ela fez foi adorável e hilário. Eu me pergunto se isso já funcionou com seus pais.

“Ah não. Não podemos deixar isso acontecer. A hora da brincadeira é a melhor.” Eu conspirei com elas. Jayla salta na cama, sua pequena cabeça subindo e descendo tão rápido que pensei que poderia cair.

“Harlyn!” Eu ouvi a voz de Blizzard chamando do corredor. “Você sabe que não é permitida vir aqui embaixo. Saia agora.”

As garotas congelam.

“Rápido, vá para baixo,” eu sussurrei, erguendo as cobertas. Elas se movem freneticamente para debaixo delas. Ouço Jayla rir. Ela adorava esse jogo, mas Harlyn está muito mais séria. Ela não estava prestes a deixar sua amiga ser levada sem lutar.

A porta ainda estava aberta de onde as garotas tinham entrado correndo. Olho para cima quando Blizzard a abre mais um pouco e se inclina contra o batente.

Levanto da minha posição agachada.

Toda vez que o vejo, instantaneamente qualquer tipo de pensamento desaparece da minha cabeça. Era como se fosse demais eu pensar quando ele estava ali, ele era meu foco principal e nada mais importava.

“Oi,” minha voz estava quase acima de um sussurro. Era difícil avaliar qual o tipo de humor em que ele estava, já que as últimas interações que tivemos, foram muito confusas.

Ele olha para minha cama, o contorno de dois corpos minúsculos escondidos nela é óbvio. Quando volta sua atenção para mim, não posso deixar de sorrir.

“Estou à procura de duas pequenas pirralhas, você as viu?” Ele perguntou, o canto de sua boca se contorcendo como se estivesse tentando disfarçar um sorriso.

Passo a mão pelo queixo como se estivesse pensando. “Você pode descrevê-las?”

Eu observo quando ele fica na ponta dos pés com suas pesadas botas e caminha silenciosamente na minha direção. Seus passos são lentos e deliberados. Toda vez que ele se aproxima meu corpo formiga. “Uma é desta altura...” ele segura sua mão logo abaixo do quadril “...tem uma boca esperta e cabelo avermelhado.”

“Hmm,” murmurei pensativa.

Ele se aproxima mais. “A outra é menor, facilmente influenciada pela espertinha. O cabelo é preto, não fala muito.”

Eu cruzo meus braços em meu peito e levanto minhas sobrancelhas. “Elas parecem ser problemas.”

Com mais um passo, ele está de repente no meu espaço. “Elas são,” ele sussurrou baixinho, sua voz profunda enviando vibrações através de mim.

Ele inclina, sua mão vem até minha cintura e eu pulo, quase como se ele tivesse me eletrocutado. Seu polegar entra por baixo da minha camisa e esfrega minha pele quente enquanto sua cabeça abaixa, sua boca se movendo ao lado da minha orelha. Sua respiração bate na minha pele e eu estremeço. “Eu acho que você está escondendo alguma coisa.” Seu aperto no meu quadril aumentou e ele me puxou para frente, então minha barriga está pressionada contra a fivela de seu cinto. Reparo sua mão pelo canto do meu olho, ele pega as cobertas da cama e puxa. As duas meninas gritam, mas foi rapidamente seguido por uma deliciosa risada.

Blizzard empurra seus quadris contra mim uma vez, roubando meu fôlego antes de se afastar completamente de mim. Tento controlar minha respiração, voltando-me para as garotas que rolam sobre a cama loucamente.

“Eu tentei! Me desculpe,“ eu ri com elas.

Blizzard está aos pés da cama, as mãos nos quadris, mas um sorriso no rosto enquanto observa com carinho as duas garotas.

“Tudo bem,” Harlyn me disse, rastejando para dar um tapinha no meu braço. “Tio Blizzard é o melhor caçador. Mesmo meu pai diz que ninguém pode se esconder dele.” Jayla segue Harlyn como uma pequena sombra, vindo bater no meu braço também. Ela é tão bonita, seu rosto me encarando.

“Oh, ele acha que é o melhor, não é?” Desafiei, piscando para as duas garotas.

Blizzard bufa. “Eu não acho, eu sei.”

“Tudo bem, Senhor Eu Sou Tão Incrível...” Eu girei o dedo no ar, “...uma rodada de esconde-esconde antes que a pequena vá para a cama.” Gesticulei para Jayla, que ainda está me olhando atentamente, mas eu posso ver seus olhos começando a mostrar sono.

“Sim!” Harlyn jogou o punho no ar antes de se levantar e pular em Blizzard. Ele a pega com facilidade, não conseguindo conter seu sorriso enquanto olha para ela. “Por favor, tio Blizzard.”

Sinto um puxão na minha mão e olho para trás para encontrar Jayla de pé na cama, levantando os braços para mim. Eu sorrio suavemente para ela, enfiando as mãos sob seus braços e levando-a para o meu quadril. Ela se aconchega no meu lado, seu polegar encontrando sua boca.

“Bem, tio Blizzard?” Eu pressionei.

Ele olha para mim e depois para Jayla antes de suspirar. “Ok. Mas vamos fazer isso rápido porque essa garota precisa dormir.”

“Certo, dois minutos para se esconder, então você tem dez minutos para nos encontrar,” eu negociei.

Ele pensa nisso por um segundo. “As crianças precisam de um minuto extra para se esconder,” disse ele, colocando Harlyn no chão. Ela não esperou que fosse dito duas vezes, disparando pela porta com uma risada maníaca. Jayla balança, tentando escapar. Coloco-a no chão e suas pernas se moveram o mais rápido possível atrás da amiga.

“Nós vamos fazer uma aposta,” ele me disse. “Se eu achar vocês todas dentro de dez minutos... você vai lavar minha moto amanhã...” ele fez uma pausa “...em um biquíni.”

Minha boca cai aberta.

Tudo bem, dois poderiam jogar aquele jogo.

“Tudo bem, espertinho.” Eu tirei a toalha do meu cabelo e joguei-a sobre a cadeira. “Se ganharmos, você tem que fazer algo legal para nós.”

Ele franze a testa. “Como o quê.”

Encolho os ombros. “Eu não sei, use esse seu grande cérebro.”

Ele olha para mim silenciosamente por um momento, antes de assentir. “Dois minutos começam agora. É melhor você correr.”

 

 


CONTINUA