Capitulo 20

Blizzard

Observo-a sair do quarto como se tivesse fogo nos calcanhares.

Observar sua brincadeira com as meninas, fez algo dentro ligar. E depois, vê-la sendo insolente – me desafiando – de repente lembrou por que eu tinha tanto tesão por essa garota, para começar.

Ela nem sempre foi aquela presa fraca na qual Marco a tinha transformado. Ela tinha coragem, ela era inteligente, e sua inteligência era rápida. Isso me fez querer pegar aquela linda boca e ensinar uma lição.

“Eu não tenho certeza de que realmente gosto que isso está se tornando uma coisa regular,“ ela murmurou enquanto abria a porta.

“Pode ser mais regular.“ Eu sorri, passando por ela e entrando.

Eu praticamente a ouvi rolar os olhos. “Por favor, entre. Sinta-se em casa.”

“Obrigado,“ eu disse-lhe quando me sentei no seu pequeno sofá de dois lugares, ignorando seu tom sarcástico.

Ela entrou na cozinha e começou a se ocupar. “Ao que devo o prazer desta vez?“ Ela pegou uma tigela grande e começou a mexer. Mergulhando o dedo, ela então o trouxe para a boca, deixando a mistura colorida de chocolate manchar seu lábio inferior antes de limpá-lo com a língua.

Meu pau com uma mente própria começou a doer.

Seu nariz enrugou e ela olhou para a tigela com uma careta.

“O que você está fazendo?“ Perguntei com curiosidade, levantando-me e tentando esconder minha ereção crescente, quando me aproximei para investigar.

Ela suspirou. “Tentando esta receita para um bolo de chocolate com grão de cereais livre de glúten e lácteos.”

“Por que diabos você faria isso?“ Eu perguntei, enrugando o nariz como ela tinha feito com apenas o pensamento disso.

Ela colocou a tigela no balcão. “Estou experimentando alimentos de valor nutricional e coisas dietéticas. Estamos investigando intolerâncias alimentares e como as pessoas com isso podem ter comida gostosa.”

“Parece uma merda.”

Ela estreitou os olhos. “A intolerância alimentar é real. Isso afeta muitas pessoas.”

“Não me afeta.”

Antes que eu soubesse o que ela estava fazendo, ela pegou a colher da tigela e passou o conteúdo da ponta do meu nariz. Tentou manter um rosto sério, mas não aguentou e as risadas começaram.”

Eu podia sentir o cheiro do líquido lamacento, não cheirava a chocolate. “Você acha isso engraçado, hein?”

Sua risada parou e seus olhos se arregalaram dramaticamente. Por um segundo, pensei ter visto um brilho de medo em seus olhos. Verdadeiro medo.

Antes que ela pudesse pegar, mergulhei minha mão na tigela e usei meus dedos para fazer uma bagunça na bochecha dela.

Ela ofegou. “Esse é o meu bolo!”

Eu levei meus dedos na minha boca e os lambi. Os olhos dela se dilataram e ela mordeu o lábio.

Não era horrível, mas também não era bom. Segurei minha mão limpa na garganta e fingi tosse. “Oh meu Deus, essa merda é nojenta.”

Ela olhou para mim por um segundo antes que o riso explodisse de sua linda boca e aquele sorriso voltasse. O sorriso que eu ansiava.

“É muito ruim. Huh?“ Ela admitiu, jogando a tigela na pia e abrindo a torneira para lavá-la.

“Eu conheço um lugar onde eles fazem um bom bolo de chocolate.” Eu ofereci, esfregando minhas mãos debaixo da água para tentar limpar a bagunça.

Ela olhou para mim pelo canto do olho, a linguagem do corpo mudando de relaxada para apreensiva.

Ela olhou para o relógio que pendia na parede. “Eu tenho uma aula as duas.”

Ignorei a desculpa flagrante e agarrei sua mão. “Ótimo, vou deixar você lá depois.”

Eu não tinha contado, mas achei que seu tempo tinha acabado.

Não tinha certeza de como ela achou que ia ganhar um jogo de esconde-esconde, em um clube onde ela nunca esteve antes, contra um membro do clube que morou aqui toda a vida. Eu balanço minha cabeça. “Pelo menos, eu vou ter uma moto limpa amanhã, eu acho.”

Caminho pelo corredor até a sala principal onde alguns dos meus irmãos agora estão conversando e bebendo. Chelsea me vê e se afasta de Optimus. “Vou iniciar o cronômetro agora para dez minutos.” Ela pegou seu telefone com um sorriso malicioso.

“Ela parou e te contou?” Eu ri.

“Sim. Não queria arriscar você trapaceando.”

Eu seguro minha mão no meu peito como se ela tivesse me ferido profundamente. “Eu... trapacear?”

Ela riu suavemente, virando-se para o homem dela. “O tempo está passando!” Ela gritou, acenando seu telefone no ar.

Fui à varanda primeiro, Camo e Slider estão ao lado da grelha, assando hambúrgueres. Leo está de pé mais ao lado, foi seu sorriso de merda que o entregou antes de eu notar as pequenas mãos se agarrando aos ombros largos.

“Harlyn, eu posso te ver.” Eu ri.

Leo ri, dobrando os joelhos quando Harlyn desce de suas costas. “Ah, isso é uma droga,” ela diz chateada.

Apenas sorrio enquanto vasculho o quintal do complexo. Eu caminho até os brinquedos, verificando dentro do escorregador e atrás da parede de escalada antes de voltar para dentro. Verifico os banheiros dos homens e das mulheres e o salão do andar de cima que leva aos quartos dos irmãos. Sabendo que não havia como ela ter entrado.

Coçando meu queixo, volto para a sala principal, passando pela multidão e abaixando minha cabeça sob as mesas.

Eu sei que o tempo deve estar acabando agora e eu estou começando a pensar que talvez ela fosse melhor do que eu pensava. Quando entro no corredor que levam escritório de Op, vejo a porta da sala de reuniões onde realizávamos a igreja. Está um pouco aberta.

Eu sorrio, indo naquela direção.

Enquanto ninguém era permitido entrar enquanto realizávamos a igreja, não era completamente fora dos limites. Os irmãos costumavam usá-la para fazer ligações particulares ou para reuniões com advogados quando fosse necessário.

Abro lentamente, observando rapidamente que a cadeira de Op está virada para a parede oposta. Empurro a porta completamente e dou um passo à frente, mas quando não ouço o barulho da porta batendo na parede como deveria, não posso evitar a risada.

Eu viro e puxo a porta de volta.

Rose sorri timidamente para mim.

“Você tem um biquíni?” Ela balançou a cabeça. “Vou pedir que Chelsea te empreste um.”

Meus olhos percorrem seu corpo. Eu já posso imaginá-la nele, longas pernas bronzeadas, abdômen tonificado, seus peitos com seus mamilos mal cobertos pelo tecido.

Lambo meus lábios.

“O tempo acabou!” Eu ouvi Chelsea gritar no corredor.

Colocando minhas mãos na parede de cada lado dela, eu me inclino. “Eu ganhei.”

Eu estava esperando que ela se contorcesse ou protestasse, mas, em vez disso, vejo algo que eu não tinha visto há muito tempo.

Aquele sorriso incrível, bonito e brilhante.

Aquele que eu prometi que faria tudo o que estava ao meu alcance para ver em seu rosto em todas as chances.

Inclino minha cabeça para o lado. Confuso, mas não decepcionado por sua reação.

“Jayla,” disse ela, levantando a mão para apontar atrás de mim.

Eu sigo, olhando por cima do meu ombro. E maldição, ela estava certa. Jayla estava sentada na cadeira de Op, que agora está virada para nós. Seu sorriso brilhante mostra todos os dentes enquanto seus olhos se movem entre nós.

Eu viro e abaixo minha cabeça, minhas mãos ainda pressionadas contra a parede de cada lado dela. Ela se abaixa e sai por baixo do meu braço pulando para a menina. “Você ganhou, Jayla!”

Não posso deixar de sorrir enquanto eu me viro e a vejo pegando a menina e girando-a. Jayla ri e Rose sorri para ela. Elas iluminam a sala.

Quando Rose finalmente a coloca no chão, ela corre em minha direção, erguendo os braços. “Eu ganhei.”

Eu rio, levantando-a e jogando-a nos meus ombros. “Sim, sim, não jogue isso na minha cara.”

“A comida está pronta!” Gritou alguém. Jayla já havia comido. Tecnicamente, ela deveria ir para a cama, mas quando ela chutou as pequenas pernas e saltou nos meus ombros, eu não tinha coragem de fazê-la ir agora quando estava tão feliz.

Eu viro para a porta, mas a voz de Rose me impede de ir mais longe.

“Eu não vou prendê-lo a isso,” ela disse suavemente e instantaneamente meu coração afundou, sabendo que aquela Rose, por quem eu tinha me apaixonado há meses atrás, tinha ido embora, e estava de volta aquela menina insegura, que tinha apanhado até acreditar que era.

“Uma aposta é uma aposta,” eu lhe disse, agachando ligeiramente, de modo que eu não bateria a cabeça de Jayla no batente da porta.

Fazer algo legal para Rose não seria difícil.

A parte difícil seria lembrar que era exatamente isso, uma aposta. E me certificar de que ela também soubesse isso.

Capitulo 21

Blizzard

Eu carrego Jayla até o andar de baixo. Ela está aconchegada no meu lado e está completamente exausta. Eu esperava que ela dormisse cedo ontem à noite, mas ela acabou dormindo mais tarde que o normal.

Depois que eu a peguei da Lucy há alguns dias, Lucy precisou viajar por razões familiares. Seu pai estava realmente doente e eles viviam longe, no Estado de Washington. Mesmo que compartilhássemos o cuidado de Jayla, a casa de Lucy era onde ela passava a maior parte das noites, simplesmente porque não queríamos que ela estivesse constantemente sendo arrastada de um lugar para outro.

A rotina era melhor para ela.

Mas desde que Lucy estava ausente, Chelsea e Op me ajudaram a arrumar um espaço no meu quarto para uma cama e alguns brinquedos. Não era perfeito, mas teria que ser por agora.

E eu tinha que admitir, estava gostando de tê-la por perto. Eu sabia que estava me apegando a ela, e por sinal, ela se agarrou a mim e sempre que me procurou em uma multidão de irmãos, eu sabia que ela estava se apegando a mim também.

Eu adoro crianças. Nós não tínhamos muitas no clube, mas com meus irmãos chegando à idade em que queriam Old Ladies e não as putas do clube, era inevitável.

Eu sabia que as garotas do clube eram parte do que atraía os homens para o clube.

Para mim, eu cresci no lugar, mas para jovens que procuram família e o estilo de vida que a irmandade lhes deu, ter as garotas do clube também era uma grande necessidade.

Era bom, saber que você poderia ter uma mulher à disposição quase todas as noites sem as amarras de um relacionamento. Muitos homens chegaram a nós quebrados também, e encontrar Old Ladies e constituir família não estava no topo da lista de coisas que eles queriam fazer da vida. Às vezes, eles nem sequer queriam isso, mas tinham medo que alguém se aproximasse deles, já tendo perdido demais e não querendo sentir essa dor de novo.

Nós atraímos homens de todos os tipos, mas todos nós tínhamos algo em comum. Todos nós queríamos fazer parte de uma família que nos apoiasse no bom e no mau. Nós não queríamos ter que supor novamente quem estava do nosso lado. Queríamos lealdade, paixão e família.

Todos queriam andar de moto e viver livremente. E era o que eles recebiam aqui.

Quando chegamos à sala de jantar, está razoavelmente cheia para o quão cedo é.

Jayla me acordou às seis da manhã com um cutucão no meu olho e uma risada aguda. Por sorte, eu sou um madrugador, então nos vestimos e saímos para encontrar comida.

Os olhos de Jay se iluminam. “Macy.”

Eu vejo Leo sentado em uma mesa, tentando fazer com que sua menina comesse seu café da manhã. Seus cachos saltam quando ela balança a cabeça de um lado para o outro. Leo esteve quieto nas últimas semanas.

Eu sei porquê.

Alguns meses atrás, tivemos alguns problemas com um cara perseguindo uma de nossas garotas do clube, que agora se tornou a Old Lady de Troy, o presidente da nossa subseção, no sul do Alabama.

Quando entramos na casa deste homem em busca dela, não a encontramos, mas, em vez disso, resgatamos uma jovem chamada Andie.

Leo e ela ficaram próximos enquanto ela viveu no clube e tentava se recuperar. Ela era uma menina doce, jovem, nem tinha saído de sua adolescência. Mas obviamente mais sábia do que sua idade.

Macy se apaixonou por ela e acho que Leo estava no mesmo caminho de ter fortes sentimentos. E então, um dia há cerca de um mês, ela foi embora. Ele escondeu bem seus sentimentos, mas eu sabia que ele devia estar sofrendo.

Leo perdeu sua esposa, a mãe de Macy, Kim, no parto. Ela morreu e não havia nada que pudessem fazer. Kim foi sua namorada no ensino médio. Eles se separaram por um tempo quando ele se juntou às forças armadas, mas algumas coisas estavam destinadas a acontecer e ela apareceu na cidade logo depois que ele se juntou ao clube.

Perdê-la foi um baque para todos nós.

Senti a dor e o tormento do meu irmão naquele tempo, e eu teria dado qualquer coisa para pegar até mesmo um pouco da dor que ele sentia.

No final, foi ter Macy que o ergueu. Ela foi sua luz dentro de um túnel muito escuro. Um que eu espero que ele não volte agora que parece ter perdido outra mulher com quem se importava profundamente.

Coloco Jayla no chão. “Sente-se com Leo e Macy. Volto logo.”

Ela salta. Eu vejo quando Macy a vê e começa a saltar animada na cadeira. Preparo dois pratos para nós e sento.

“Mas eu não quero ir,” ouvi Harlyn gemendo enquanto seguia Optimus e Chelsea na sala de jantar.

“Você vai para a escola. Essa porra terminou, Harlyn,” disse Optimus, virando-se bruscamente para encarar a criança chorona.

“Eles não são como eu, papai. Eu sou diferente.”

Sinto a frustração de Harlyn. Sugar colocou-a em uma das melhores escolas de Athens. Ela queria que Harlyn tivesse a melhor educação que pudesse. Eu não tinha certeza se ela estava com medo de que, ser uma pirralha motociclista a impediria de alguma maneira, as poucas crianças que tínhamos no clube iam para a escola pública local. Eu nunca tinha ouvido falar deles terem problemas, mas acho que Sugar tinha maiores expectativas e Optimus poderia se dar ao luxo de enviá-la onde quisessem.

Eles servem a comida, Harlyn caminhando lentamente atrás deles, de mau humor, e sentam à mesa em que estamos.

Jayla senta no meu colo enquanto come seu cereal e Chelsea tira a colher de Leo e começa a conversar com Macy enquanto leva a colher até sua boca. Macy sorri, um rastro de mingau vazando pelo canto de sua boca e descendo pelo queixo.

Leo recosta-se na cadeira, aliviado.

“Pronta para outro dia na escola?” Perguntei a Harlyn. Ela olha para mim do outro lado da mesa enquanto dava uma mordida irritada na torrada.

“Não comece,” murmurou Op.

“Não sei por que não conversamos com Sugar sobre mudá-la para a escola pública. Fica mais perto e eles têm uma boa reputação.” Chelsea colocou uma colher na boca de Macy enquanto ela falava. “Também seria muito mais barato.”

Seus olhos encontram Optimus antes de descerem sutilmente para sua barriga.

Op revira os olhos. “Você sabe que o dinheiro não é problema.”

“Por favor, papai,” implorou Harlyn, lágrimas enchendo seus olhos.

Eu faço uma careta. Harlyn é uma criança forte, nem sequer chorava quando machucava os joelhos ou quando torceu o tornozelo no mês passado. Havia algo mais acontecendo aqui.

“Vamos conversar com mamãe sobre isso mais tarde,” Op suspirou. Harlyn assente antes de se desculpar e sair da mesa. Ela mal tocou sua comida.

Um grito alto e agudo vem de perto de mim quando Macy jogou as mãos no ar e gritou, “Acabou!”

Chelsea ri e aplaude a garotinha. “Viva, Macy.”

Leo puxa um paninho da bolsa que ele tem a seus pés e limpa o rosto da menina. Macy se contorce, tentando escapar do processo de limpeza. “Jesus garota, eu pensei que você nunca iria comer essa merda.”

Ele coloca o braço em volta dos ombros de Chelsea e a beija na testa. “Obrigado, Chel.”

Ela encolhe os ombros, tirando Macy de sua cadeira alta e colocando em seu colo. “Preciso da prática.”

Ela congela quando percebeu o que havia dito. Olho para Optimus, que balança a cabeça, mas não conseguiu esconder o sorriso em seu rosto.

“Puta merda,” exclamou Leo, olhando entre eles.

“Shhh,” advertiu Chelsea. “Apenas algumas pessoas sabem, e são vocês dois.”

Leo joga o paninho que tinha usado na limpeza do bebê em Op que olha para Leo com desgosto quando pousou em seu colo. “Seu cão velho.”

Jayla começa a se mexer. “Woah, garota.” Eu tentei segurá-la, mas ela continuou tentando sair. A solto, sabendo que não havia perigo para ela. Suas pequenas pernas a levam até à porta onde Rose está de pé, olhando ao redor desconfortavelmente. Ela está usando calças de ginástica e um top apertado com seus fones de ouvido ainda nas orelhas.

O olhar em seu rosto mudou instantaneamente quando Jayla apareceu na frente dela. “Rose!” Ela gritou alegremente.

Ela puxa o fone de seus ouvidos. “Ei, linda.” Ela bagunçou o cabelo de Jay antes de pegar frutas e cereais.

“Rose venha aqui,” gritou Chelsea.

As bochechas de Rose já estavam coradas, sem dúvida de seu exercício, mas quando ela me vê a mesa, ela relutantemente se esquiva de cadeiras e pessoas e pega o assento vazio de Harlyn.

Jay a segue, voltando para mim e subindo no meu colo, satisfeita que sua nova amiga estivesse sentada nas imediações.

“Bom dia,” ela falou calmamente, antes de começar a comer.

“Como foi sua corrida?” Perguntou Chelsea. “Eu gostaria de poder ter ido com você.”

“Pouco provável,” Op resmungou em voz baixa, enquanto mexe em seu telefone.

Chel levanta o braço e bate no peito dele, enquanto mantinha o sorriso no rosto.

Ele engasga com os ovos mexidos que estava mastigando e olha para ela. Rose observa a interação, dando-lhes um momento antes de responder. Seus ombros pareceram ceder um pouco. “Foi bom. Um pouco frio de manhã cedo.”

“Talvez você deva usar mais roupas,” falei. Leo bufa e Chelsea gira a cabeça para mim.

“Talvez você deva tentar correr doze quilômetros e ver quantas camadas você mantém,” ela respondeu rapidamente.

Optimus e Leo riem. Claro que eu estou em forma, eu malho e tonifico meus músculos, mas não estou tão em forma. Eu não respondi, apenas observo quando ela espeta sua fruta com um garfo antes de colocá-la entre seus lábios. O ato foi estranhamente erótico. O desejo de puxá-la da cadeira e levá-la para o meu quarto era forte. Mais forte do que nunca.

Eu estava lutando uma batalha interna.

Não foi difícil estar bravo e irritado com Rose quando ela estava ausente. Eu fui capaz de me convencer a odiá-la pelo que tinha feito e escolher as lembranças que queria reproduzir, para me convencer de que eu estava certo.

Mas então ela volta à minha vida e, de repente, lembro-me da garota que ela era quando estávamos juntos. Sua forma de retrucar qualquer coisa, como ela cuidava dos outros, suas paixões.

Talvez Wrench estivesse certo. Talvez o rótulo de mentirosa e enganadora que eu tinha dado a ela, era na verdade a falsa Rose. Talvez a garota que eu conheci e que estava começando a ver agora, era realmente a verdadeira, e o tempo que passamos juntos realmente afastou a parte escura que ela estava sendo forçada a viver.

Era uma suposição perigosa a fazer. Eu queria muito que isso fosse verdade porque sabia no meu interior que meus sentimentos por ela estavam se tornando mais fortes. Estava chegando ao ponto em que era uma dificuldade contê-los.

Mas havia um grande risco.

Meu coração.

Eu consegui me afastar da última vez apenas um pouco abatido – mesmo com o primo dela tentando me matar.

Se acontecer novamente, acho que prefiro morrer.

Capitulo 22

Rose

“Seu tio não está feliz, Rosalie,” Angelo me repreendeu no telefone.

Passo uma escova no meu cabelo enquanto me observo no espelho do banheiro. “Infelizmente para ele, o objetivo da minha vida não é agradá-lo.”

Enrosco em um nó no meu cabelo e solto uma respiração frustrada. Colocando o meu telefone no alto-falante, deixo-o no balcão enquanto tento tirar os nós dos meus cachos desordenados.

Ouço um riso suave vir da linha. “Passou alguns dias e já consigo ouvir mais força em seu coração. Apesar das circunstâncias, é bom ouvir.”

Eu sorrio, era verdade. Estava me sentindo mais forte. Eu não tinha certeza do porquê. Estava prestes a fazer algo completamente louco e perigoso, me jogar no fundo da piscina e esperar que consiga manter minha cabeça acima da água. A diferença entre agora e alguns meses atrás, quando eu estava na mesma situação, era que eu tinha pessoas dispostas a saltar atrás de mim e me puxar para fora se eu estivesse me afogando.

“Eu sinto isso também,” disse-lhe calmamente, pegando minha base e sacudindo.

“Alguma razão específica para essa mudança?”

Suspiro, colocando um pouco do líquido no meu pincel e aplicando no meu rosto. “Estou fazendo as pazes.”

“Com os motoqueiros?” Ele perguntou com curiosidade.

“Mais ou menos, eu acho.”

Eu passo o pincel sob meus olhos, os círculos escuros que estavam lá começaram lentamente a desaparecer e eu já posso notar que meu rosto está preenchendo. Depois de tudo o que passei com Marco, eu perdi muito peso e minha pele ficou pálida e irregular. Mesmo me mudar para a cidade de Nova York com meu tio e primos não fizeram muito para mudar minha aparência. Perdi meu amor pelo exercício e a saúde, e caí no que eu vejo agora que era uma depressão escura. O buraco lentamente me engoliu e não sabia como escapar disso, deixando-o me arrastar mais fundo. O buraco ainda estava lá, e eu ainda estava lutando para sair. Mas eu senti que alguém finalmente me jogou uma corda.

“Não deixe ninguém fazer você se sentir como se tivesse alguma coisa a provar, tesoro mio,” Angelo me disse com um tom que eu não conseguia identificar.

Era raiva?

“A única coisa que estou tentando provar é que sou eu mesma, Angelo.”

“Nós podemos ser nosso crítico mais difícil.”

Estudo-me no espelho, pegando o meu blush, passo-o levemente nas minhas bochechas. “Quanto eu amo conversar com você, chefe.” Ele riu. “Houve algum motivo especial para esta ligação?”

“Seu tio quer você em casa,” sua voz era dura e pouco convincente.

Eu faço uma careta para o telefone. “Eu pensei que tinha uma escolha? Eu volto, ou eu perco meus direitos ao nome de DePalma.”

“Foi isso que ele lhe disse?” Eu pulei, meus olhos levantando e encontrando o reflexo de Blizzard no espelho. Inclinado contra o batente da porta atrás de mim.

Eu estreito meus olhos. “Eu tranquei a porta. Como é que você entrou?”

“Responda a fodida pergunta,” ele exigiu, não me permitindo distraí-lo.

“Não em tantas palavras, mas foi isso que entendi.”

“Rosalie?” A voz de Angelo ecoou no pequeno espaço.

“Esse não é o seu fodido nome,” Blizzard acrescentou, não tirando os olhos de mim. A atmosfera estava mudando muito rápido. Pego o telefone e desligo o alto-falante, segurando-o no meu ouvido, mas mantendo os olhos em Blizzard.

“Angelo, ambos sabemos que eu não me sentia em minha casa. Eu não estava feliz aí,” suspirei, falando suavemente. Angelo tinha uma grande força. Ele não aceitava nenhuma merda e tinha um milhão de homens à sua disposição, pronto para apoiá-lo com uma única palavra. Ele pode trabalhar para o meu tio, mas seus homens eram leais a ele e somente a ele.

“Você está disposta a se afastar de sua família?” Sua voz era tensa, não mais brincalhona ou profunda.

“O DNA nem sempre é a resposta. E se houver algo melhor para mim? E se houvesse um lugar, onde eu poderia ser feliz e completa que não seja com as pessoas cujo sangue eu compartilho? Devo desistir disso apenas porque não compartilhamos um nome?” Eu me apoiei na pia e me inclinei para frente. Eu queria acreditar que esse lugar poderia ser aqui, mas neste momento, o clube ainda estava muito cauteloso comigo.

Eu só sabia que não nasci para ser uma DePalma. Preferiria me afastar agora com nada, do que viver uma mentira para o resto da minha vida e possivelmente trazer vergonha ao meu tio e meus primos. Eu ainda me importava com eles. Meu coração salta, um golpe instável enchendo o silêncio.

“Eu diria que a felicidade supera tudo,” ele finalmente disse, sua voz suave e calma, mas ainda seguro e confiante. “Anthony tem sido como família para mim há muito tempo. Gio, Rico e Cee também. Ele fez muito mais por mim do que o meu sangue já fez.”

“E estou tão feliz que você o encontrou. Ele realmente é um grande homem,” eu sussurrei. Eu também acreditava nisso. Podíamos não ver as coisas da mesma maneira, ou concordar em outras, mas ele me acolheu quando eu não tinha ninguém e me tratou como um de seus próprios filhos. Ele não precisava, mas sempre o agradeceria por ter feito. “Você encontrou seu lugar. Ainda estou à procura do meu.”

A linha ficou em silêncio, mas eu sei que ele ainda está lá. Ao contrário de Gio, meu primo, Angelo ainda tem um coração no peito. Eu vi isso muitas vezes. Ele era muito mais antigo do que o seu tempo, suas palavras sempre cheias de sabedoria, como se ele já tivesse vivido mil vidas. Eu sabia que se eu pudesse fazê-lo entender, meu tio também entenderia. Angelo tinha esse tipo de presença e poder.

Meus olhos seguem para o espelho novamente, Blizzard está parado, me observando cuidadosamente. Sua mandíbula cerrada.

“Meu lugar não é seu lugar,” ele concordou calmamente. “Eu falarei com Anthony, mas você também precisa encará-lo. Ele respeita as pessoas que dialogam e compartilham seus pensamentos, mesmo que tenham medo das consequências.”

“Eu vou, há apenas algumas coisas que eu preciso resolver primeiro.”

“Não deixe passar tempo demais, tesoro mio.”

Suspiro suavemente antes de tirar o telefone da orelha e desligar.

“Amigo seu?” Blizzard zombou.

Respiro fundo e afasto da pia. “Meu tio me quer em casa.” Apenas dizer a palavra casa me fez sentir mal. Mesmo com todas as más lembranças de ser espancada e abusada, Athens ainda parecia mais como casa do que Nova York jamais seria.

Passo por Blizzard enquanto volto para o pequeno quarto. Ele não se moveu para me deixar passar. Mas ele nunca foi de recuar.

“Ao que devo o prazer desta visita?” Perguntei enquanto me concentrava em colocar as coisas que tirei da minha mala em busca de uma roupa, de volta para dentro.

Ele caminha ao redor da cama, segurando um pequeno biquíni entre os dedos.

Eu ri. “Tendo perda de memória na sua idade? Nós ganhamos, lembra?”

Ele joga para mim e pego contra meu peito. “Não é por isso. Eu estou fazendo minha boa ação e levando você e Jay para dar uma volta,” Ele se vira andando em direção à porta. “Coloque-o sob suas roupas e eu vou pegar a pirralha.”

“E quanto a Harlyn?” Eu falei.

“Ela está na escola, e ela também está de castigo, então Op disse que não.”

Olho para o biquíni em minhas mãos. É fofo, algo que eu teria escolhido para mim. Eu me pergunto de quem era, então rapidamente decidi que não queria saber. Olho pela janela, o verão está terminando, mas ainda era absurdamente quente quando o sol atingia o ponto mais alto.

Tomei fôlego e decidi apenas aproveitar.

Visto meus shorts jeans sobre o biquíni vermelho e uma regata preta antes de pegar uma toalha e jogar minha bolsa sobre meu ombro. Encontro Blizzard sentado na área do bar com um dos irmãos, Wrench. Jayla está pulando em volta da mesa onde eles estão sentados em um lindo vestido de verão roxo e de vez em quando, quando ela passa, Wrench estende a mão e faz cócegas na sua barriga e a faz rir. Ambos os homens sorriem enquanto conversavam.

“Você tem protetor solar?” Perguntei quando cheguei perto deles. Blizzard me olha, seus olhos vagando pelo meu corpo da cabeça aos pés. Ele ergue o queixo e mostra uma grande bolsa que parece estar cheia. Ele levanta da cadeira e dá um tapinha nas costas de Wrench.

Pego Jayla em meus braços e apoio-a no meu quadril. “Você está pronta, senhorita?”

Ela sorri e balança a cabeça para cima e para baixo com entusiasmo.

Nós colocamos Jayla na caminhonete de Blizzard – uma que eu não sabia que ele tinha – e me acomodo no banco da frente.

Verifico seu traje. “Você vai nadar de jeans?”

Ele ergue a camisa enquanto dirige pelos portões do complexo e eu tive que me impedir de lamber meus lábios. Seu short de banho está aparecendo logo acima de seus jeans baixo, uma tatuagem me saudou logo acima do cós. Há espirais e padrões que se destacam contra sua pele surpreendentemente bronzeada. A pele parece suave, além da trilha de cabelo que começa em seu umbigo seguindo para dentro de sua calça.

Eu mexo com meus quadris, apenas essa pequena tentação foi suficiente para a umidade começar a crescer entre minhas pernas. “Oh...” Eu sussurrei baixinho antes de virar a cabeça para olhar para o outro lado.

Percorremos a cidade, virando em uma rua que eu não conhecia e começamos a nos afastar da área urbana para o campo. Eu abaixo o vidro da minha janela, curtindo a brisa que atinge meu rosto e joga meu cabelo ao redor.

Dirigimos por uns bons vinte minutos antes de entrarmos em um caminho de cascalho que está marcado com um sinal de propriedade privada. Descendo uma colina, um penhasco íngreme de um lado, a estrada da largura suficiente para um carro.

É um espaço apertado, mas Blizzard manobra nas curvas com facilidade.

Quando chegamos ao final, a área se abriu para um amplo espaço aberto. Minha boca fica aberta com admiração. À esquerda na base de um penhasco alto, há um tipo de área aberta para um lago. A água é linda e azul, quase translúcida. A área era obviamente, feita especificamente para nadar, com cadeiras de praia espalhadas em torno da beira.

Mas essa não era a parte mais impressionante. Era o prédio em ruínas que ficava ao lado.

“Que lugar é este?” Eu perguntei com admiração quando Blizzard para o carro ao lado da água.

Ele olha para o lugar. “Costumava ser uma velha fábrica de concreto, eu acho. São escombros agora.”

Há um grande edifício de concreto ainda em pé, mas não parece seguro, com chapas de cimento e molduras caídas ao redor. Há árvores e arbustos crescendo por toda a parte e até mesmo alguns espreitando por lugares que eu suspeito que fossem janelas.

Pichações decoram algumas paredes, e em uma grande parede quebrada, eu vejo os emblemas dos Brothers by Blood.

Saio do carro e fico maravilhada com as ruínas enquanto Blizzard ajuda Jayla a sair do seu assento, puxando seu vestido sobre a cabeça para revelar um lindo traje de banho rosa.

“É a terra de Wrench. Ele comprou alguns anos atrás.” Ele aponta sobre o meu ombro e eu me viro para ver uma grande casa de dois andares sobre uma colina com vista para a área. “Ele fez tudo isso. O clube vem aqui muitas vezes durante o verão para reuniões e festas familiares.”

“Nadar?” Jayla sorriu quando Blizzard puxou uma boia da caminhonete. Tem cintas para amarrá-la.

Eu posso sentir uma gota de suor começar a escorrer pelas minhas costas, a água começa a parecer incrível.

Jayla salta para a beira e começa a mergulhar os dedos dos pés, rindo enquanto faz isso.

Começo a desabotoar a frente do meu short, atraindo os olhos de Blizzard para mim. Ele observa meus dedos quando puxo o fecho para baixo e coloco-os na minha cintura baixando sobre meu quadril até caírem aos meus pés. Ele lambe os lábios e coça a barba curta em seu rosto.

“Eu realmente não queria perguntar com quem você conseguiu esse biquíni,” eu disse, enquanto tirava minha regata sobre a cabeça e jogava junto com meus shorts dentro da cabine da caminhonete. “Eu gosto disso, então não vou reclamar.”

“Mm...” ele murmurou.

“Nadar!” Jayla chamou. Eu ri e me viro para correr até ela que pula para cima e para baixo na água rasa.

Eu posso sentir seus olhos em mim. Eles queimam, mas é um sentimento muito bom. Em vez de envolver a minha pele como um fogo feroz, aqueceu-me. Eu deixo ele me olhar, aquecendo meu corpo da maneira mais deliciosa.

Blizzard tendia a ligar e desligar suas emoções tão rapidamente que eu desisti de entender. O que aprendi, entretanto, foi aproveitar os momentos que tinha.

Jayla estende sua mão para mim e eu a pego, levando-nos um pouco mais fundo na água. Está fresco, um choque para minha pele quente. Eu faço uma pequena dança estranha enquanto caminhávamos ainda mais longe. “Meu Deus! Está frio!”

Eu ouço Blizzard rir atrás e levanto minha mão, mostrando-lhe meu dedo do meio sobre meu ombro para Jayla não ver.

Capitulo 23

Blizzard

Não demorou até que Jayla estivesse flutuando por conta própria, chutando as pequenas pernas ao redor do lago. Havia uma pequena plataforma no meio do lago improvisado de onde costumávamos pular na água. Ela se dirigiu até lá. A última vez que a trouxemos aqui, ela passou a maior parte do tempo fazendo isso.

Quando ela pulava, ia para o fundo, mas a boia a fazia voltar à superfície e ela ria como louca. Ela era uma criança da água, não havia dúvida sobre isso.

Rose ainda estava abrindo seu caminho na água, respirando profundamente enquanto ia um pouco mais para o fundo. Não demoraria muito para ela se acostumar com a temperatura da água. Minha teoria era que sempre era melhor mergulhar rapidamente e lidar com o golpe frio de uma só vez. Em vez de atormentar-se fazendo rodeios.

“Meu Deus. Oh meu Deus,” ela gritou, quando afundou de repente até o pescoço.

Eu ri e agarro a gola da minha camiseta, puxando-a pela frente sobre minha cabeça. Tiro minha calça jeans e jogo em uma pilha na grama.

Ela está boiando, me observando caminhar pela areia. Sua boca abriu um pouco e seus olhos brilham. Eu espero muito que ela não pudesse ver o volume no meu short.

Observá-la se despir e vê-la naquele biquíni sexy quase me quebrou. Eu precisava muito disso, como um maldito banho frio. Quando a água está logo acima de meus joelhos, respiro profundamente e mergulho para frente, a água fria picando minha pele nua como agulhas. Abro rapidamente os olhos, observando suas pernas e dirigindo-me para elas.

Ela está de pé agora. Mas eu sou muito mais alto.

Eu chego à frente dela, envolvo meus braços em torno de sua cintura enquanto emergia e encontrava meu ponto de apoio. Ouço seu grito mesmo abaixo da água. Eu explodi na superfície e respirei fundo, usando minha mão livre para limpar a água do meu rosto. Suas pernas se envolvem na minha cintura e seus braços se prendem aos meus ombros, e então ela está colada contra mim.

Sinto um tapa nas minhas costas. “Ow! Por que você está enlouquecendo? Você me viu chegando!”

“Eu não esperava que você me tirasse da água, idiota,” ela rosnou, inclinando-se para que eu pudesse ver seu rosto, que rapidamente mudou quando um pequeno suspiro escapou dela. O ângulo que ela está é perfeito e a água fria não fez nada para acalmar meu pau.

Suas pálpebras caem um pouco e sinto um suave grunhido na parte de trás da minha garganta. Minha mão desce e então eu seguro sua bunda perfeitamente tonificada e a empurro mais forte contra mim. “Blizzard,” meu nome caiu de seus lábios em um sussurro.

“Eu comprei isso.”

Sua testa franze em confusão, mas ela continua a se mexer contra mim. “O quê?” Sua voz estava suave e aérea.

“Isso,” eu esfrego meu polegar na alça que envolve seu pescoço e sobre o material minúsculo que cobre seus seios cheios. Quando toco seu mamilo inchado, circulo meu polegar ao redor da protuberância endurecida. Sua cabeça cai para trás e ela empurra o peito na minha mão, encorajando-me. “Não estava prestes a ver você usando as coisas de outra pessoa.”

Eu inclino minha cabeça e empurro seu peito para cima, lambendo seu mamilo através do material frio e molhado. Um grito alto e respingos chama nossa atenção. Quando Jayla aparece na superfície da água, rindo com os cabelos grudados em seu rosto, meu corpo relaxou. Sinto Rose relaxar também, e depois de nossos olhos se encontrarem por um breve segundo, ela sai dos meus braços e começa a nadar até Jay.

“Isso foi um grande salto para uma pequena menina!” Ela exclamou, levantando a mão para Jayla bater.

Ela bate sua pequena mão contra a de Rose. “Sua vez!”

Rose ri e começa a empurrar Jayla em sua boia na direção da plataforma de salto novamente. Ambas escalam e param na borda.

“Você vai pular comigo? Estou um pouco assustada,” Rose perguntou, pegando a mão de Jayla.

Jayla para e vira-se para Rose com um rosto triste, seus sorrisos e gargalhadas se foram. Chego à plataforma, não gostando do olhar triste que ela tinha agora. Eu me apoio na borda com meus braços. “Você está bem, Jay?” Eu estiquei o braço e toquei sua perna.

Ela continua a olhar para Rose. “Não se assuste. Está tudo bem,” sua pequena voz sussurrou entrecortada. “Eu não estou assustada. Está tudo bem.”

Rose fica de joelhos e pega suas mãos. Podíamos ouvir o desgosto em sua voz. “Obrigada,” disse Rose com um sorriso forçado. Ela ergue a mão e afastou um pouco de cabelo perdido do rosto de Jay. “Eu me sinto melhor agora.”

Jay se lança para Rose, jogando seus braços ao redor do pescoço de Rose e abraçando-a com força. Elas ficam assim por um tempo antes que ambas se separassem sorrindo.

Meu coração estava batendo forte durante esse momento.

Essas duas meninas.

Ambas entraram na minha vida a toda velocidade.

Eu observo enquanto elas ficaram lado a lado na plataforma, ambas com os ombros erguidos, cabeças para cima e sorrisos bonitos iluminando seus rostos. Ambas passaram por uma merda traumática em suas vidas, o pequeno momento de Jayla me dizia que havia mais em sua história do que eu percebi.

No entanto, aqui estavam elas, paradas na borda, prontas para se jogar e ver onde a vida as levaria a seguir. Sem hesitação.

Eu vejo a força de Rose voltando, podia ser um pedaço de cada vez, mas ela estava se encontrando novamente e eu estava começando a pensar que talvez fosse hora de parar de ser tão idiota e perceber o que estava exatamente na minha frente.

Infelizmente, eu estava correndo contra o tempo. Amanhã ela iria embora com Judge e minha mãe para se instalar. Eu não tinha certeza do que aconteceria nessa missão, mas, no entanto, era perigoso.

Como eu me sentiria se ela não saísse disso inteira? Eu me arrependeria de não dizer a ela como me sentia?

Capitulo 24

Rose

Blizzard e eu conseguimos passar o dia inteiro sem mais momentos. Nós dois voltamos nossa atenção para Jayla, certificando-nos de fazê-la rir e sorrir sempre que possível.

Quando ela me disse que estava bem, que eu não precisava ter medo, senti tristeza. Havia mais sobre essa garotinha do que qualquer um de nós havia previsto. Havia algo mais acontecendo em sua cabeça do que apenas perder sua mãe. A necessidade de protegê-la encheu meu instinto. Ela se enterrou dentro do meu coração em tão pouco tempo. Eu sabia que não importava o que acontecesse comigo, ou com o clube – ou se eu fosse arrastada até Nova York – eu faria um acordo com o próprio diabo se isso significasse que ela estaria segura, cuidada e amada.

Eu olho por cima do meu ombro para encontrá-la amarrada em seu assento de carro e dormindo enquanto voltávamos para o complexo.

O relacionamento de Blizzard com ela, apesar de bonito e especial, ainda era um mistério para mim.

“Você teve algo com a mãe de Jay?” Eu perguntei casualmente enquanto olhava pela janela.

Ele ficou em silêncio por um momento. “Por que você pergunta?”

Eu encolho os ombros antes de me virar para olhar nele. Ele manteve os olhos na estrada, mas suas mãos apertavam o volante mais do que o necessário. “Bem, ela não é sua, mas do jeito que você é com ela, e a maneira como ela olha para você como se fosse seu mundo, qualquer pessoa pensaria que era.”

Seus olhos se dirigem para o espelho retrovisor e voltam para a estrada. “Sua mãe, Hayley, não esteve conosco por muito tempo. Alguns meses no máximo. Quando ela foi morta, o clube pegou Jayla sem pensar. Nós protegemos o que é nosso, Rose. Hayley tinha sido uma das nossas meninas e não conseguimos mantê-la segura.”

“Ela te ama,” falei simplesmente com total confiança.

Pego o pequeno vislumbre de um sorriso. “Não sei o que é. Ela se dá bem com todos os irmãos. Mas ela sempre me procura em uma multidão ou me busca quando está chateada.”

“Você é sua chupeta.”

Ele ri. “O quê?”

“Sua chupeta. Aquelas coisas que eles dão aos bebês para acalmá-los ou relaxá-los.” Eu não pude deixar de sorrir. “Ela sabe que ela está segura com você. Então você a deixa respirar tranquilamente.”

Ele verifica o espelho novamente, como se fosse natural que ele se certificasse de que estava bem em todos os minutos. “Hayley entrou no trabalho um dia, ela estava estressada, tentando conseguir o diploma do ensino médio. Mas Jay estava doente e ela não podia estudar. Nós lhe demos algum tempo de folga, dissemos a ela que nós ajudaríamos. Nem meia hora depois, ela estava morta fora do X-Rated.”

Eu nem pensei antes que as palavras saíssem. “Foi Marco, não foi?”

Quando ele não respondeu imediatamente, continuo, “Aconteceu naquela época.”

Seus olhos se dirigem para mim quando ele parou em um semáforo no meio da cidade. “Nós pensamos assim no início. Mas depois do que Jayla disse hoje, estou começando a repensar essa teoria.”

“Porquê?” Perguntei com curiosidade.

“Hayley, aparentemente, foi expulsa de casa quando estava grávida. Pelo que ela disse às garotas, sempre tinha sido ela e Jay.” Ele esfregou uma mão através de seus cabelos curtos. “Mas Jay conhecia o medo. Ela sabia o que era morrer de medo de alguém. E isso é algo que se aprende.”

Minha mão vai ao meu coração e esfrego meu peito com minha palma. Dói, dói por essa pequena menina que possivelmente já havia visto mais em sua vida curta do que qualquer um deveria ver.

“Ela está segura?” Eu sussurrei.

Ele assente. “Este é o lugar mais seguro que ela poderia estar. Meus irmãos e eu não vamos deixar ninguém machucá-la ou tentar levá-la.” Sua mão alcança e aperta minha perna passando tranquilidade. “Parece que não sou o único que a garota dominou,” ele provocou.

Eu rio sem graça. “Como você pode não estar dominado com um rosto como esse?” Eu inclinei minha cabeça para a pequena beleza de cabelos negros.

Ele olha para mim, observando meu rosto por um segundo antes de voltar os olhos para a estrada. “Fato verdadeiro,” ele murmurou.

O resto da viagem foi em silêncio até chegarmos aos portões do complexo.

“O que diabos?” Blizzard resmungou em voz baixa.

Eu vejo Jackie e Judge, ao lado de suas motos conversando com Optimus. Havia alguns outros homens de pé ao lado, todas as motos com sacos pesados empacotados nos lados e uma caminhonete de cabine simples, onde Skins está encostado.

“O que está acontecendo?” Perguntei quando paramos. Optimus se afastou de sua conversa e vem em nossa direção. Blizzard salta para fora e eu desço pelo meu lado, contornando o veículo.

“Eles não deveriam partir até amanhã” Blizzard disparou, quando Optimus chegou a poucos metros.

“A coisa mudou, eles precisam dela no palco esta noite,” Op respondeu, estreitando os olhos para Blizzard.

“Porquê?” Perguntei, nervos de repente me golpeando no estômago.

Blizzard cruza os braços sobre o peito com força, o bíceps saliente e os punhos apertados.

“Um deles entrou no clube e reservou uma cabine privada para esta noite ao lado do palco. Aparentemente, é o aniversário do nosso alvo e eles estão planejando celebrar,” Op explicou, seus olhos movendo-se entre nós dois. “É uma oportunidade melhor. Ele ficará bêbado e feliz, e seus garotos compraram tempo particular com uma das meninas.” Ele me indicou com a cabeça e meu estômago voltou a virar.

“Ela não está lá para fodê-lo,” disse Blizzard severamente.

Optimus revira os olhos. “Nós não estamos pedindo que ela foda com ele, irmão.”

“Op...” Blizzard começou, mas eu o interrompo.

“Quanto tempo eu tenho antes de precisar sair?” Eu perguntei, abrindo a porta traseira. Os olhos cansados de Jayla piscam para mim e eu sorrio, ganhando um sorriso suave dela.

“Assim que possível.”

Eu concordo, puxando Jay de seu assento e erguendo-a no meu quadril. “Vou levá-la para dentro e depois pegar minhas coisas,” falei seguindo para a sede do clube. Vozes tensas me seguem, eu sei que Blizzard não estava feliz, mas ainda estava confusa quanto ao motivo.

Eu sorrio brevemente para Judge e Jackie enquanto eu passo. Light está com eles agora, acendendo o isqueiro na mão com impaciência e ergue o queixo para mim.

Jayla olha em volta, os olhos dela observando todas as pessoas diferentes e a atmosfera. Eu ouço o barulho alto do cascalho vindo rapidamente atrás de mim quando chego ao lado do prédio e passo pelas portas do pátio. Seguindo para a direita, desvio de duas garotas do clube escassamente vestidas se esfregando nos irmãos e subo as escadas em busca do quarto de Blizzard. Eu sei que ele está logo atrás, eu posso praticamente sentir o calor de sua raiva deixando uma trilha atrás de nós. As portas no andar de cima são nomeadas, então eu verifico cada uma até encontrar a dele e fico parada esperando que ele a abrisse.

Ele passa por mim e gira a maçaneta, empurrando-a com força e entrando. Seu humor me confundiu. Ele sabia que isso aconteceria, seja hoje ou amanhã. Foi planejado e ele concordou totalmente com isso, comentários inteligentes incluídos.

Eu entro. O quarto é grande, pelo menos quatro vezes o tamanho do que eu estava dormindo no andar de baixo. Mas eu entendi, garotas do clube não precisavam de luxo.

Sua enorme cama está na frente e no centro, os cobertores ainda jogados e bagunçados da noite anterior. À direita, no entanto, tem uma pequena cama de princesa rosa com um tapete grande no chão, com padrões, números e letras e cores brilhantes. Há brinquedos espalhados por todo o quarto, livros infantis e DVDs cobrem uma pequena mesa.

Ele estende a mão e pega Jayla de meus braços, pegando um pequeno tablet enquanto contorna a cama. Eu assisto ele a deixar escolher um jogo. Seu pequeno rosto sorri brilhantemente quando ele beija sua bochecha e se afasta.

Seus pequenos dedos dançam sobre a superfície do tablet e as risadas suaves preenchem a sala.

Eu sorrio. “Eu preciso ir.” Mas antes que eu pudesse escapar, ele fecha a porta atrás de mim e me puxa pela mão para dentro de seu banheiro. Ele verifica Jayla sobre o ombro uma última vez quando entramos, antes de girar e me pressionar contra a pia.

Minha boca fica aberta. “O que você está fazendo?” Perguntei nervosamente.

“Não permita que ele toque você.” Veio o aviso severo.

Eu estreito meus olhos. “Quem?”

“O cara que você está tentando atrair com esse corpo.” Sua mão vem até minha cintura e escorrega debaixo da minha camisa. Seus quadris me empurram contra a pia, mas isso não é sexual, nem um pouco. Isso parecia mais com desespero.

“Porquê?” Eu perguntei suavemente, estendendo a mão para colocar minha mão em seu peito.

Sua cabeça cai, e de repente este homem que passou os últimos dias me dando o inferno com suas mudanças de humor parecia tão quebrado.

“Porque eu preciso que você saia disso viva.”

Eu balanço minha cabeça. “Blizzard, eu não entendo.”

“Foi fácil me convencer de que eu odiava você quando não estava por perto para me provar que eu estava errado.” Sua cabeça fica abaixada, mas ele ergue seus olhos, encontrando os meus. Meu coração acelera. “Dois dias. Foi só o que precisou para fazer exatamente isso. Eu não sei o que é essa merda, mas preciso de mais tempo para descobrir.”

“Eu...” As palavras se perderam na minha língua. Ele estava me dizendo que eu não tinha fodido tudo completamente?

“A confiança não é conquistada durante a noite. Eu preciso de mais tempo. Então você precisa voltar, ok?” Sua mão apertou minha cintura.

Meu coração continua acelerado e levanto minha mão para acariciar sua bochecha. “Vou tentar.”

“Não tente, apenas faça,” ele disse com severidade como se fosse minha escolha. Mas não era. Se esses homens me descobrissem, eles provavelmente me matariam por tentar enganá-los.

“Rose!” Eu ouvi a voz de Optimus se aproximando pelo corredor.

Blizzard não se move, nossos olhos ficam conectados até que eu me soltei de suas mãos e me afastei. Ele coloca ambas as mãos na pia, sem olhar para mim enquanto eu saio do pequeno espaço.

Corro até à cama e dou um rápido beijo na bochecha de Jay antes de correr pela porta.

Deixando meu coração naquele quarto com eles.

Capitulo 25

Blizzard

Houve uma batida suave na porta. Eu tinha ficado no meu quarto com Jay enquanto ouvia o barulho das motos se afastar da sede do clube. Meu intestino estava contorcendo, então eu concentrei tudo na garotinha ao meu lado, esperando que isso me distraísse da necessidade de subir na minha moto e segui-los.

Eu permito que entre. A porta se abre só um pouco e Harlyn passa pelo espaço, fechando-a atrás dela. Jay senta-se e sorri para ela.

“Ei, garota. Como foi a escola?” Perguntei, sentando também.

Harlyn encolhe os ombros e desvia os olhos. “Tudo bem, acho.” Ela oscila sob seus pés. “Jayla pode brincar?”

Eu faço uma careta. Harlyn geralmente era tão brilhante, um pouco louca às vezes, mas ela era como a vida da festa. Esta nova Harlyn estava diferente. Ela estava reservada e nervosa. Eu não gostei disso.

“Venha aqui.” Eu bato na cama ao meu lado.

Ela suspira dramaticamente, mas lentamente se move e sobe.

“Diga-me o que está acontecendo?”

“Eu já disse a mãe e ao pai e a Chelsea, tio Blizzard.” Ela revirou os olhos. “Eu simplesmente não gosto daquela escola.”

“Sim, e eles podem acreditar nessa desculpa, mas eu não,” eu zombei. “Agora vamos tentar isso de novo.”

Ela baixa a cabeça. Algo estava matando essa garota por dentro. Doía-me saber que ela achava que não poderia trazer seus problemas até nós. Ela tinha apenas seis anos, mas seu coração e sua cabeça eram muito mais velhos.

Quando ela não disse nada, coloquei meu dedo abaixo do seu queixo e levantei seu rosto. Eu vejo as lágrimas, flutuando em seus longos cílios, esperando para cair. “Harlyn, você não pode simplesmente atacar as outras crianças porque elas falam mal da sua família. Não importa o que pensam de nós, você sabe em seu coração...”

“Eu não consigo ler,” ela fungou de repente.

Eu me afasto, franzindo o cenho para ela. “O que você quer dizer?”

As lágrimas começaram a cair agora. Olho para a porta com o canto do olho, mas Harlyn não percebe.

“Todas as crianças, estão progredindo em seus grupos de leitura. Mas cada vez que olho para as palavras ou as letras, elas simplesmente não fazem sentido.” Ela fungou novamente. “A professora me faz sentar na parte de trás e nunca ajuda, então deixei de perguntar. Aquele garoto, ele disse que era porque eu vim do lixo, que os motoqueiros são estúpidos e burros.”

“Que diabos?”

Harlyn assusta-se e sua cabeça vira para a porta onde seu pai está parado, os punhos apertados contra o batente da porta com raiva.

“Papai...” Um soluço escapa quando ela pula da cama e corre para ele. Ele a pega com facilidade, embalando-a em seu peito. Ela chora desoladamente, sua cabeça enfiada sob o seu queixo contra o patch do clube.

Optimus me olha por cima da cabeça dela, seu rosto cheio de fúria. Eu estava com raiva e nós dois sabíamos apenas por um olhar que alguém ia pagar por isso. Optimus entra e senta-se na beira da minha cama com Harlyn no colo.

Jayla puxa minha manga e eu olho para ela. Sua pequena sobrancelha estava cheia de preocupação. “O que está errado?”

Eu afasto seu cabelo do rosto e tento sorrir apesar dos sentimentos que me dominavam enquanto assistia Harlyn chorar. “Ela ficará bem, pirralha. Por que você não vai ver se você pode encontrar Chelsea e pegar um sorvete do freezer para você e Har.”

“Ela está no nosso quarto,” disse Op bruscamente.

Jayla assente com a cabeça e pula da cama como se estivesse em uma missão de extrema importância.

“Harlyn...” Op tenta puxá-la para trás para que pudesse olhar para ela, mas ela está agarrada nele. Ele suspira. “Por que você não nos disse? Você leu para mim antes e foi bem.”

Ela fica em silêncio por um momento antes de sentar-se para trás e olhar para o seu pai – o maldito ídolo dela. “Eu escutei as outras crianças lerem e memorizei as palavras,” ela admitiu suavemente.

Meu coração quebra. Essa garota estava passando pelo inferno na escola. Tanto as crianças quanto a professora – a pessoa que deveria estar fazendo o seu melhor para se certificar de que ela conseguisse – a humilharam.

“O que está acontecendo?” Perguntou Chelsea enquanto Jayla a puxa para dentro do quarto. Os olhos dela arregalam quando vê Harlyn sentada no colo de Op, lágrimas correndo pelo seu rosto. “Harlyn. Oh querida.”

“Precisamos de sorvete, rápido,” eu lhe disse.

Ela olha entre Har e eu, antes de assentir. “Vamos, Jay. Vamos encontrar algo bom. Escondi-o na parte de trás do congelador, então Blizzard não conseguiu encontrá-lo.” Jayla bate as mãos e corre pela porta, Chelsea logo atrás dela. Mesmo Harlyn soltou uma risada suave.

“Precisamos conversar com sua mãe,” Op contou a sua menina, limpando suas lágrimas com o polegar. “Eu não sei como perdemos isso.”

Harlyn encolhe os ombros. “A mãe sempre parece estar ocupada.”

Eu faço uma careta. Sim, e eu sabia quem a estava mantendo assim.

“Mamãe está tentando montar sua loja, Har. Ela está trabalhando muito,” explicou Op. Sugar estava abrindo uma loja de roupas na cidade. Ela queria que fosse acessível, mas elegante, assim ela continua dizendo. Embora, nesta fase, eu não pensava muito em sua classe enquanto ela se esgueirava pelas costas do meu irmão e, como parece, ignorava os pedidos de ajuda de sua filha. “Vamos ver onde Chelsea está com esse sorvete.”

Op dá a Harlyn um último aperto antes de colocá-la no chão. Ela olha para mim e sorri suavemente. “Obrigada, tio Blizzard.”

Aproximando-me, bagunço seus cabelos. “De nada garota.”

Op levanta o queixo em agradecimento enquanto ele a pega pela mão e a conduz pela porta. Suspiro, deitando na cama. Fiquei feliz pelo fato de, pelo menos, estarmos cientes do que estava acontecendo. Ver Harlyn triste ao redor da sede tinha sido uma agonia para todos. E só em saber que havia pessoas tornando um inferno a vida de alguém que amávamos, doía o meu coração. Eu faria qualquer coisa para proteger as pessoas que eu amava, mesmo que isso significasse ir a essa maldita escola e bater em algumas cabeças por fazer isso.

Capitulo 26

Rose

Olho pela janela. A viagem era longa, mas Skins me disse que estávamos chegando perto agora. As borboletas torcem, viram e saltam no meu estômago. Ocasionalmente, eu tinha a sensação de que realmente poderia vomitar. Eu estive me preparando para isso. Eu sabia que estava chegando, mas agora de repente se tornou tão real e eu estava com medo.

“Você está bem, querida?” Perguntou Skins, seus olhos observando meu colo onde minhas mãos esfregavam nervosamente. “Você parece um pouco tensa.”

Eu ri, o som saiu trêmulo e não convincente. “Oh sim. Eu estou bem.”

A vibração das motos que nos rodeiam é um zumbido constante. Suponho que se eu pensasse sobre isso, o som deveria ser reconfortante. Sabendo que eu tinha esse grupo de pessoas do meu lado, prontos para me proteger. Mas quase senti como se estivesse em um carro fúnebre sendo conduzida em procissão para o meu lugar do descanso eterno.

Ham e outro dos irmãos, Kev, estavam vindo conosco na viagem. Eles não estavam usando suas cores, em vez disso, usavam simples coletes pretos. Optimus queria o seu pessoal conosco para que ele pudesse ter certeza de ser informado se algo desse errado, mas não queriam chamar a atenção para o fato de que os clubes estavam ligados.

“Você estará segura,” Skins tentou tranquilizar-me. “Se qualquer coisa der errado, teremos muitas pessoas lá prontas para puxar você para fora.”

Inspiro pelo nariz, tentando ao máximo acalmar minha respiração antes de assentir. Esperando que ele estivesse certo. Eu não tinha qualquer tipo de interação com motoqueiros antes de conhecer Chelsea. Eu não sabia nada sobre eles além do que as pessoas imaginavam que eram perigosos e criminosos. Descobrir que Chelsea era uma garota do clube não me fez pensar muito melhor deles. Não foi até que ela explicou o amor e respeito que vinha em fazer parte de um clube, que percebi que não era o que parecia. Os homens tratavam bem as garotas e elas estavam lá porque queriam estar.

Ver o relacionamento que Blizzard tinha com seus irmãos também abriu meus olhos. Eles estavam dispostos a fazer o que fosse necessário para apoiar uns aos outros quando as coisas eram difíceis. Eles riam e se provocavam e passavam o tempo juntos como uma grande família.

Era o tipo de família que eu imaginei na minha cabeça toda minha vida.

Passei tanto tempo buscando meus parentes de sangue apenas para que caísse em pedaços bem na frente dos meus olhos. Blizzard tinha sido criado por pessoas dentro do clube, pessoas que não tinham DNA conectado a ele, mas ainda o via como um deles.

Isso explodiu minha mente.

“Qual é a sua conexão com o clube?” Eu perguntei a Skins, virando meu corpo para encará-lo.

“Você quer dizer como eu me envolvi com o Satan’s Sanctuary?” Eu assenti com a cabeça mesmo que ele não estivesse olhando para mim.

Ele sorriu. “Judge conhecia meu pai naquela época. Meu pai não era parte do clube, mas eles ainda eram muito próximos e eu cresci vendo Judge como família. Quando Judge foi convidado a sair de onde morávamos na California e começar uma subseção do clube no Arkansas, eu aceitei a chance de me juntar.”

Penso em suas palavras por um minuto. “Qual a atração para você?”

“Muitas coisas. Você nunca está sozinho quando tem muitas pessoas te apoiando. Eles nunca te julgam, nunca fazem você se sentir como se não pertencesse. Você prova sua lealdade e essas pessoas estarão ao seu lado até o fim dos tempos.” Ele falou como se fosse óbvio.

“E as coisas ruins?” Ele olhou para mim pelo canto do olho. Eu não estava completamente inconsciente do fato de que coisas ruins aconteciam. Eu aprendi exatamente isso, durante o meu tempo com Marco. As ameaças vinham o tempo todo. Inferno, estávamos prestes a mergulhar diretamente em uma situação que qualquer pessoa normal nunca teria que lidar.

A coisa era, essas pessoas, tanto os Brothers quanto o Satan’s Sanctuary estavam dispostas a fazer o que fosse necessário e não pensar duas vezes em tirar a vida de alguém se tivessem que fazê-lo, para manter seu pessoal seguro.

“Essa é uma decisão que você precisa tomar sozinho.” Ele encolheu os ombros. “Se alguém que você amasse estivesse em apuros, até onde você iria para protegê-lo? Não é apenas uma coisa de MC. Se alguém entra em sua casa e ameaça ferir as pessoas que você ama... seus pais, ou seu marido, ou seu filho. Você puxaria o gatilho para mantê-los vivos?”

Ele deixou as palavras estagnar no pequeno espaço.

Meus pensamentos foram instantaneamente para Blizzard e para Jayla, as duas pessoas que, em poucos dias, roubaram meu coração.

Até onde eu iria para evitar que eles fossem feridos? O que eu faria?

Tudo o que fosse necessário.

“Estamos quase lá,” disse ele, quando começamos a ver menos terras agrícolas e mais casas. As motos pegam uma pequena estrada lateral, logo após o limite da cidade. Eu os observo, de repente me sentindo muito exposta. “Está tudo bem. Nós simplesmente não queremos ser vistos juntos. Eles estão indo para a sede do clube e voltam em breve nos veículos. É um pouco mais discreto.”

Eu engulo com força, mas aceno com a cabeça, concordando que era uma boa ideia.

No instante em que esses caras descobrissem que eu estava conectada ao clube, eu estaria acabada.

E, e o mais importante, Lane também.

O oeste de Memphis, onde o Sanctuary está localizado, é um pouco menor do que Athens. A área central da cidade, onde lojas e empresas ficam, ocupam algumas ruas. Pequena o suficiente para ser pitoresca, mas suficientemente grande para que nem todos soubessem da sua vida.

“É isso?” Perguntei quando chegamos à rua. A frente do prédio está um bar ocupado. Já tem um punhado de carros aqui e são apenas quatro horas.

Skins nos conduz pelo lado do prédio, onde penso que os caminhões de entrega descarregavam suprimentos. O edifício é comprido, é surpreendente. Não foi até chegarmos aos fundos que percebi que metade do prédio é o clube de strip, e a outra metade o bar.

Há uma grande placa acima das portas que diz 'The Backroom', o nome falou por si mesmo. Há algum espaço para estacionamento, mas não há carros nem sinal de pessoas.

“O clube possui esse lugar?”

“Somos mais como investidores,” ele disse enigmático. “Eles estão do nosso lado e dispostos a ajudar, no entanto. Não se preocupe.”

Não se preocupe.

Últimas palavras finais.

“A entrada principal é através do bar. Devemos estar seguros entrando pelos fundos e nos prepararmos.” Ele virou para a direita ao lado da única porta e começou a sair. “Espere aqui, deixe-me verificar primeiro.”

Eu observo quando ele bate na porta e espera, seus olhos constantemente examinando a área. A porta se abre e um homem de terno escuro sai. Ele é enorme, seus ombros quase muito largos para caber na porta. Sua barriga é redonda e muito saliente, e suas mãos grandes engole a de Skins enquanto se cumprimentam.

Skins me chama a atenção através do para-brisa e gesticula com um aceno da cabeça para eu sair. Eu me viro e pego minha mochila do banco de trás e sigo para encontrá-los. Ambos me levam para dentro e fecham a porta antes de iniciar as apresentações.

“Rose, este é Dave. Ele é o chefe da segurança do The Backroom.“ Eu dei a Dave um sorriso suave que ele devolveu. “Ele é encarregado de manter as garotas seguras e os clientes na linha.”

“Prazer,” Dave disse com um aceno de cabeça. Sua voz correspondia perfeitamente ao seu corpo, seu tom muito suave e profundo. “Iris quer vê-la assim que estiver pronta.”

“Claro, cara. Sabe onde ela está?”

Dave sorriu. “Em seu escritório.”

Skins ri e pega minha mão. Ele me leva pelo pequeno salão. Há portas de ambos os lados, de algumas eu ouço música, outras mulheres rindo. Paramos na que diz 'Gerência' e Skins abre sem bater.

Eu ofego, minha mão indo direto para a boca e meus olhos olhando para o teto. Skins ri. “Iris, você queria nos ver?”

Tento evitar olhar, mas mesmo com toda a força que tenho, eles continuam voltando para a cena na minha frente. Há uma mulher mais velha – ela deve ter por volta de cinquenta anos, inclinada sobre uma grande mesa enquanto um homem lindo, jovem, totalmente em forma e louro fodendo ela por trás. Ela está agarrada a borda da mesa, seus gemidos enchem o espaço que nos rodeia.

“Ahhh, me foda com força, Liam. Eu preciso gozar para que eu possa ter essa reunião.” O homem loiro, que deve ter a minha idade, sorri e pisca para mim, quando começa a empurrar seus quadris cada vez mais rápido, balançando e tirando a mesa do lugar. “Ah, sim, oh... oh... sim!” Gritou a senhora. Liam dá-lhe mais alguns bons empurrões antes de seus olhos se fecharem e ele soltar seu próprio gemido cheio de êxtase.

Ele puxa para fora, tirando o preservativo e jogando-o na pequena cesta de lixo ao lado antes de colocar o jeans e pegar sua camisa do chão. Ele me dá outra piscadinha quando passa e meu rosto já corado queimou ainda mais.

A mulher, que deduzi ser Iris, endireita o vestido preto e ajusta seus seios. O vestido agora caiu até seus joelhos. É de tirar o fôlego e faz com que ela parecesse um pouco modesta – ao contrário do que eu acabara de testemunhar.

Meu coração está acelerado e eu sei que minha boca ainda está aberta.

Avançando, Skins pega sua mão e beija-a. “É sempre um prazer ver você.”

“Digo o mesmo, querido,” ela disse com um sorriso acolhedor. Ela volta sua atenção para mim. “Você deve ser Rose.”

Estendo a mão, minha cabeça ainda não era capaz de compreender no que eu estava entrando. “Prazer em conhecê-la.”

Ela aperta minha mão, mas seu rosto rapidamente torna-se sério. “Tudo bem, vamos acomodá-la e dar-lhe um resumo sobre o que vai acontecer. Nós só temos algumas horas antes de você estar no palco.” Ela gesticula para o sofá que está encostado contra a parede, enquanto ela caminha e se apoiava no lado de sua mesa. “Você está pronta para isso?”

Eu me sento, olhando para Skins enquanto ele fica de pé com os braços cruzados em seu peito. Ele me olha com atenção, isso são eles me dando uma chance para desistir.

Mas não faria isso.

Estou aqui. Vou fazer o que preciso fazer. Porque é o que a família faria.

Respiro fundo e ergo meus ombros. “Tão pronta quanto poderia estar.”

Capitulo 27

Rose

Olho para mim mesma no grande espelho, ainda incapaz de acreditar no que estou vendo. “Você parece linda, querida.” Olhei por cima do meu ombro para ver Hadley sorrindo para mim da porta. Hadley é uma das strippers aqui no The Backroom. Ela é uma garota doce e tinha feito o meu cabelo e maquiagem.

Depois de conversar com Iris e Skins, eles desapareceram para falar de segurança. Precisávamos ter um segundo plano se, por qualquer motivo, esses homens desconfiassem de quem eu era ou o que estava acontecendo.

Hadley foi a única outra pessoa que recebeu informações sobre o que estava acontecendo, pois ela provavelmente estaria mais próxima de mim em todos os momentos. Skins teria que se esconder nos bastidores, porque no segundo que ele fosse visto, uma tempestade de merda provavelmente começaria. E Iris ainda precisava dirigir o clube como se fosse apenas outra noite comum.

Meus cabelos escuros estão enrolados e cai solto pelos meus ombros e minha maquiagem está carregada. Olhos escuros esfumaçados e lábios vermelhos para combinar com a roupa temática negra e vermelha que eu uso. Se você pudesse chamar disso. Abrange as partes principais, mas o bônus é que, enquanto normalmente espera ver strippers tirar suas roupas e ficar basicamente nua, Iris disse que pela falta de roupas eu poderia fugir sem ter que tirar nada, desde que eu desse um bom show.

Tento lembrar tudo o que Kat e eu praticamos. É vital que essa merda seja perfeita.

“Você está tremendo,” Hadley disse parando atrás de mim. Ela coloca uma mão no meu ombro. “Eu estarei lá para assumir o controle se algo der errado. Skins estará logo atrás da cortina o tempo todo para levá-la embora.”

Concordo com a cabeça, tentando sentir algum tipo de conforto.

“O que você está fazendo é muito corajoso,” ela me disse suavemente, sua mão apertando-me com encorajamento. “Eu conheço Lane. Eu sei que ela ficará eternamente grata por você arriscar-se para trazê-la de volta.”

Meus olhos encontram os dela no espelho. “Como ela é?”

Hadley sorri pensativamente. “Ela é quieta, fala suavemente. Ela tem um coração enorme e se preocupa com todos os que ela conhece. Ela também é forte, mas odeio pensar em como ela está assustada agora.” Eu suspirei. “Light tem sido o seu tudo desde que eram crianças. Não sei o que acontecerá se ela não voltar para casa.”

Meu coração dispara, mas suas palavras apenas confirmaram que eu estava fazendo o certo.

Todos precisavam de alguém que lutasse por eles. Não importava quão grande ou pequena fosse a luta, saber que alguém está lá por você poderia fazer toda a diferença.

Eu só espero que ela não tivesse desistido ainda.

A porta da sala abre-se e salto do meu assento. Skins aparece na entrada, dá alguns passos rapidamente para dentro fechando-a atrás dele. “Você está linda. Eu tirei uma foto do seu alvo para que você saiba quem está procurando.”

Ele me entrega seu celular. A foto deve ter sido tirada das câmeras de segurança quando os homens entraram pela porta. Não está muito clara, mas mostra três homens vestindo coletes de um clube entrando na área do bar pela frente.

Skins se aproxima e aponta para o homem à esquerda. “Esse é Edge. Ele é nossa melhor escolha no momento.”

Hadley olha por cima do meu ombro e assente. “Eu me lembro dele. Os outros homens sempre foram escandalosos e grosseiros com seus comentários, mas ele era mais quieto... educado mesmo.”

“Ok, então eu preciso causar uma impressão,” eu disse, mais para mim do que qualquer coisa.

“Sim, querida, você também terá seu tempo particular com ele. Iris especificou que era apenas uma dança, porém, que não haveria mais nada na sala privada. E teremos olhos em você o tempo todo,” explicou Skins.

Eu memorizo o homem cuidadosamente. Seria fácil reconhecê-lo. Enquanto os outros dois são mais magros, Edge tem ombros largos e braços grossos. Seu cabelo é loiro e curto enquanto os outros tem cabelo mais longos, cheios e indomados.

Uma campainha toca na sala. “Esse é o seu aviso de cinco minutos.” Hadley agarra meus braços e fica de pé comigo. “Você vai ser ótima.”

Respiro fundo, jogando o telefone para Skins e erguendo minha cabeça enquanto sigo para a porta.

A caminhada até o palco acontece com um borrão. A batida da música é alta no ambiente, meninas passam, meio nuas, outras com robes de seda cobrindo seus corpos. Quando chegamos à cortina, tanto Hadley como Skins me dão rápidos abraços antes de desaparecerem.

A voz de Iris soa alta e o zumbido das vozes silenciam enquanto ouvem. “Cavalheiros, eu tenho um presente especial para vocês hoje. O nome dela é Lily, e a garota é atordoante.” Nós decidimos mudar meu nome apenas por razões de segurança, fiquei aliviada, mas também nervosa porque era outra mentira que eu tinha para lembrar. “Ela está aqui há apenas uma semana, vinda das luzes brilhantes da cidade de Nova York. “

As cortinas na minha frente abrem lentamente e a música começa. Respiro profundamente e entro sob a luz, tentando me lembrar do que Kat me falou sobre balançar os quadris toda vez que eu desse um passo.

Sexy, sensual, bonita.

Eu preciso ser todos os três.

Deixo meu corpo sentir a música. Começa lenta e cresce dramaticamente, então eu imito isso com meus movimentos. Nós passamos a minha rotina para essa música tantas vezes que se tornou quase uma segunda natureza. Meus olhos se fecham quando eu deixo as palavras me preencherem. Agarrando o poste, eu giro e desço, usando meu cabelo como acessório jogando-o ao redor.

Abra seus olhos.

As palavras de Kat ressoam na minha cabeça. Se eu quisesse atrair esse cara, precisava fazê-lo sentir que estava dançando para ele. Eu o encontrei rapidamente, ele e seus irmãos sentados na primeira fila. Edge tem seus olhos focados em mim, os outros homens empurrando-o e apontando, um com o telefone na mão, tirando fotos. Eu estou bastante segura de que não era permitido e isso me deixa nervosa. Ele não repara neles enquanto eu caminho para frente, a conexão entre nós é tão forte que está me puxando para ele. Sua língua aparece, molhando os lábios. Deixo meus lábios abertos, minhas mãos correndo por todo meu corpo enquanto balanço com a música. Fico perto o suficiente, apenas fora do alcance, antes de usar o drama da música e cair de joelhos. Eu jogo minha cabeça para trás e agarro meu cabelo com minhas mãos, deixando meu peito subir e descer e rolo meu corpo. Quando a música desacelera, fiquei de pé e começo a caminhar para trás, mantendo-o no foco o tempo todo.

Eu giro no poste mais algumas vezes antes de quatro na última batida da música. Meu cabelo cobre meu rosto, mas a reação na sala me surpreende, estourando em aplausos com assobios e gritos. Levanto ligeiramente a cabeça.

Edge está de pé com seus homens, eles estão me olhando de soslaio, mas ele não está. Ele está me olhando de um jeito que eu só poderia descrever como curiosidade. Sua cabeça está inclinada ligeiramente para a esquerda, mas seu olhar me queimava. É quente e intenso.

As luzes se apagam e sou mergulhada na escuridão. Eu rapidamente me levanto seguindo com calma até à parte de trás do palco, atravessando as cortinas fechadas. Meu corpo relaxa com alívio apesar da adrenalina que ainda enche minhas veias. Arde, mas eu não posso dizer que odeio a sensação. Uma mão me agarra e eu solto um grito.

Hadley ri antes de me puxar para um abraço apertado. “Garota, isso foi fantástico.” Ela recuou, seus olhos estão iluminados e seu sorriso é brilhante.

“Você achou?”

Skins ri à minha direita. “Eu quero saber se eu posso levá-la para um quarto depois que você terminar com ele?”

Eu fico vermelha e empurro seu peito. “Pare com isso.”

Seus olhos perdem toda risada e se estreitam suavemente. “Sem brincadeira.”

Hadley entra entre nós, puxando meu braço e me conduzindo enquanto outra garota se aproxima da cortina. “Deixe ela em paz, Skins. Este não é o momento de retirar o seu pau e balançá-lo.”

“Nunca ninguém reclamou antes,” ele murmurou enquanto nos seguia. Não pude deixar de rir da cara dele.

Hadley revira os olhos. “Tudo bem, você tem cerca de dez minutos antes de executar a fase dois.” Ela me arrastou para o vestiário em que estávamos antes do show. Skins virando em outra direção.

“Como o clube te deixou saber tanto sobre isso?” Perguntei ao fechar a porta. “As garotas do clube com as quais eu praticava não foram autorizadas a saber detalhes.”

Ela congela por um segundo, suas mãos segurando as roupas que ela estava olhando, procurando a minha próxima roupa. Eu a ouço inalar profundamente antes de virar na minha direção. Seus olhos estão tristes e de repente me sinto culpada por ser incisiva.

Eu levanto as mãos, pronta para me desculpar, mas ela balança a cabeça. “Está tudo bem,” ela sussurrou antes de limpar a garganta. “Meu marido fazia parte do clube alguns anos atrás. Ele partiu em uma viagem por alguns meses para fazer um trabalho para o clube, mas quando ele voltou, ele estava diferente.”

Eu me sento na cadeira de maquiagem, escutando tudo o que ela dizia.

Ela começa a peneirar a roupa novamente, puxando outra roupa sexy, completa com ligas e um espartilho. Seus dedos agarram o cabide como se fosse um suporte de vida.

“Ele não era o homem com quem eu casei. Ele estava sombrio, reservado e zangado.” Vi um pequeno tremor passar por seu corpo. “Judge e os meninos tentaram ajudá-lo, mas ele já estava muito longe, então ele foi convidado a deixar o clube.”

Pego a roupa de suas mãos e vou para trás da pequena cortina que estava preparada para poder me trocar. “E eles deixaram você ficar?”

“Eles me convenceram a ficar. Sair com ele teria sido um bilhete de ida para o inferno, e tanto quanto eu queria acreditar que poderia trazer o homem com quem casei de volta, era muito tarde.” Peguei uma falha em sua voz. “Eu já era parte do clube, eles prometeram me proteger e me ajudar. Eles são meus amigos.”

Concordo com a cabeça, vestindo-me rapidamente. “Você sempre foi stripper?”

Ouvindo Hadley rir, enfio a cabeça pela cortina. Ela está sorrindo agora e eu estou extremamente aliviada. “Nunca fui dessas de esconder quem eu sou.”

“E quem você é exatamente?” Perguntei com curiosidade.

“Uma mulher que não tem medo de seu corpo ou sexualidade.” Ela bateu em seu quadril e piscou para mim.

Voltando para trás da cortina, continuo a disputar com minha nova roupa. “Parece que você e Iris têm isso em comum.”

“Eu não acredito que haja algo de errado com o sexo consentido entre dois parceiros. Se isso te faz sentir bem, então, quem se importa com o que alguém pensa.”

“Oh, eu concordo totalmente,” eu disse-lhe, balançando a cabeça, embora eu soubesse que ela não podia ver. Eu não sou uma puritana. Foi uma das razões pelas quais Chelsea e eu nos tornamos amigas. Porque, enquanto as pessoas a julgavam pelo que fazia como garota do clube, eu queria todos os detalhes. “Eu aposto que você e seu marido tiveram uma vida sexual assassina.”

O quarto fica em silêncio e sinto tristeza. Eu sabia instantaneamente que tinha dito algo errado.

“Nós tivemos. Mas parou na noite em que ele tentou retirar a parte do consentimento da equação.”

Saio dali e nossos olhos se encontram. “Eu sinto muito...”

Sorrindo, ela avança e começa a me ajustar. Sua voz baixa para um tom suave, “Eu o chutei com tanta força que ele teria sorte de fazer sexo novamente. Mas aqui estou, ainda de cabeça erguida, sendo sexy como o inferno e sem arrependimentos.”

“O clube ficou do seu lado,” eu disse em voz alta, sem pensar. Seu marido tentou violá-la e o clube a escolheu. Eles a protegeram.

“As pessoas gostam de julgar os MC's por causa dessa pouca percentagem, como esses homens lá fora esta noite, que usam sua posição, força e números para intimidar e causar medo às pessoas. Mas não é disso que se trata. Nem fodendo.”

Sinto suas palavras ressoarem diretamente na minha alma. Havia paixão por trás delas, completa convicção no que estava dizendo.

Não pude deixar de sorrir. “Você me lembra minha amiga Chelsea. Ela costumava ser uma garota do clube Brothers by Blood antes do presidente agarrá-la.”

Os olhos dela se iluminam. “Esse sim é um trabalho em que eu poderia fazer com determinação.”

Ela movimenta as sobrancelhas e nós duas rimos.

“Tudo bem, vamos fazer isso. Você está pronta?”

“Hum...“ Eu esfreguei minhas mãos nervosamente.

“Eu disse, você está pronta!” Ela levanta o punho no ar de forma dramática.

“Não!” Eu respondi, copiando-a e levantando meu punho também.

Ela ri e agarra minha mão, indo para a porta. “Esse é o espírito.”

Capitulo 28

Blizzard

“Você pode parar de andar e sentar” Optimus resmungou, inclinando-se contra o taco de bilhar quando Leo fez sua jogada. Ele se virou, murmurando para si mesmo, “O fodido vai abrir um buraco no meu maldito chão.”

Olho para as costas dele.

“E pare com esse olhar mortal de bichinha,” ele falou, quando se inclinou sobre a mesa e estudou sua próxima tacada.

“Alguém já deveria ter ligado agora.” Eu me apoiei no bar com as duas mãos e Chelsea coloca outra cerveja na minha frente, me dando um olhar simpatizante.

Eu ouço as bolas na mesa bater uma contra a outra e Op grunhir alto, seguido de uma risada triunfante de Leo.

“Foi culpa sua, idiota.” Ele apontou para mim quando ele jogou um punhado de dinheiro na mesa. “Você está enchendo a sala com más vibrações.”

Chelsea ri dele atrás do bar. “Você nunca foi bom no bilhar, não tente culpar outra pessoa pela sua visão ruim.”

Op levanta uma sobrancelha para ela. “Você quer vir aqui e fazer isso, mulher?” Ele manteve os braços abertos, convidando-a a dar outra chance a ele.

Chelsea acena com a mão no ar como se estivesse espantando uma mosca. “Não, não. Esqueça tudo o que acabei de dizer.”

“Isso foi o que eu pensei.”

Pego meu celular do balcão pela décima vez nos últimos dez minutos. Ainda não há chamadas. É uma hora. O clube de strip-tease onde Rose está, The Backroom, estaria fechando às três. Eu sei que se não tivéssemos notícias, então algo ruim tinha acontecido.

“Por que de repente você se importa?” Perguntou Camo curiosamente do canto. Lou-Lou acaricia-o de um lado e Eva beija seu pescoço do outro. “Em menos de dois dias e você passou de odiá-la a ser todo...” Ele fez uma careta como se não pudesse encontrar as palavras.

“Totalmente enfeitiçado?” Interrompeu Optimus.

“Totalmente impressionado?” Declarou Wrench.

“Apaixonado?” Expressou Chelsea.

“Todas as opções acima,” concordou Camo.

Eu faço questão de lançar um olhar mortal a cada um deles enquanto olho ao redor da sala, recebendo apenas rostos divertidos em troca.

Eu bebo a metade da cerveja que Chelsea me entregou. “Bastardos fodidos.”

Eles estavam certos, no entanto. Rose esteve na sede do clube por menos de quarenta e oito horas, e naquele momento eu a chamei de mentirosa e falsa na frente de meus irmãos. Eu a fiz sentir como se fosse uma merda. Eu tinha observado seu vínculo com Harlyn e Jayla, e a levei para algum lugar especial e só aberto ao clube. Eu a provei e senti seu corpo desesperadamente contra o meu em busca de liberação. Não que ela tenha mencionado isso desde então.

Eu não tinha certeza de onde minha mente estava agora.

Ela tinha colidido na minha vida em plena força e meu ódio por ela estava murchando lentamente. Achei que conhecia a verdadeira. Eu pensei ter visto suas verdadeiras cores antes, mas não eram nada comparado ao arco-íris resplandecente que agora brilhava.

Ela me mostrou mais do que jamais pensei haver nela.

Ela era atenciosa e paciente. Seu coração e paixão pelos outros corria em suas veias. Ela também se fortaleceu. Não era mais um capacho que deixava as pessoas ditarem quem ela era ou o que deveria fazer com sua vida. Eu tinha visto isso de primeira mão quando ouvi a conversa com o tio no pátio, dizendo-lhe que não voltaria para casa para que ele pudesse salvar a imagem de sua família.

Ela se jogou em um poço profundo e perigoso, sabendo muito bem que poderíamos deixá-la lá e ir embora.

Às vezes, temos que assumir riscos. Riscos que poderiam resultar em sermos feridos, zombados ou ridicularizados. Cabia a nós pesar se valia a pena. Eu precisava decidir se eu iria correr o risco e deixá-la voltar. A porta já estava ligeiramente entreaberta, neste ponto, tudo podia acontecer. Mas se eu fosse honesto comigo mesmo, queria abri-la e puxá-la para dentro. Fodam-se as consequências que poderiam vir junto com isso. Era um fogo crescendo lentamente que me queima por dentro. Eu ainda não estou pronto para acabar com isso.

Chelsea se aproxima de mim, estendendo a mão para me acariciar.

“Eu tenho certeza que ela está bem, Blizzard. Kev e Ham estão lá com ela. Eles vão cuidar dela, você sabe disso.”

Ela estava certa. Estes são meus irmãos e eu preciso ter fé neles. Eu tenho.

“Blizzard!” Eagle, um dos meus irmãos que havia retornado recentemente vem correndo descendo a escada. Ele estava fora em outra subseção em Dakota do Norte. É um local novo e alguns irmãos de outras subseções ao redor do país tinham sido enviados para ajudá-los a se adaptar e se instalar.

“Sim?”

Ele passa os dedos pelos cabelos desgrenhados. “Sua menina está chorando em seu quarto.”

Eu me sento mais reto. “Jay?” Eu imediatamente vou para a escada, subindo de dois em dois degraus e correndo pelo corredor. Eu posso ouvi-la agora. São soluços demais para uma garotinha tão pequena.

Meu coração aperta quando eu abro a porta e acendo a luz. Ela está sentada em sua cama, lágrimas manchando o rosto e lutando para respirar. Eu corro e pego seu pequeno corpo em meus braços. Ela se agarra a mim como um pequeno macaco, quase me sufocando.

“Jay, está tudo bem. Respire, querida.” Tentei acalmá-la, mas seus pequenos dedos simplesmente afundam mais.

Eu não estou realmente certo do que estou fazendo.

Esta coisa de paternidade era nova para mim.

Paternidade? Eu sou um pai?

“Balance-a.” Olhei para encontrar Eagle de pé na porta, seu rosto preocupado. “Confie em mim, irmão. Eu criei minhas irmãs mais novas.”

Começo a balançar para frente e para trás, fazendo ruídos suaves e baixos. Demorou alguns minutos, mas ela abranda e começa a se acalmar. Seu aperto nunca vacilou, no entanto, ela não ia me soltar. Eu esfrego minha mão para cima e para baixo em suas costas e sento na beira da minha cama, continuando a balançar meu corpo de lado a lado.

“Ela está bem?” Perguntou Chelsea, passando por Eagle, parado contra a porta, observando atentamente.

“Eu não sei. Isso nunca aconteceu antes.” Eu olhei para ela, meus olhos arregalados.

Chelsea cruza os braços. “Jayla, querida.”

Jayla olha para ela, mas balança a cabeça furiosamente e enterra o rosto no meu pescoço.

Chelsea parece surpresa, mas simplesmente coloca a mão suavemente sobre as costas da menina. “Tudo bem, querida. Estamos aqui agora. Não precisa ter medo.”

Outro soluço atravessa seu corpo. “Está tudo bem. Não tenha medo. Está tudo bem. Eu não estou com medo.” Ela repetiu as mesmas palavras que ela havia dito a Rose naquele dia. Meus pelos se levantam e uma centelha de raiva atravessa meu corpo. Eu procuro por Chel, que olha para mim, sua testa franzindo em confusão.

Eu balanço a cabeça e movimento apenas a boca para dizer a ela, ‘Eu vou te contar mais tarde.’

Ela assente. “Venha, Eagle,” ela murmurou enquanto dá um beijo no topo da cabeça de Jayla. “Vou te pegar uma bebida no bar.”

Ela sai pela porta, mas Eagle continua no lugar. “Vai ficar tudo bem?”

Eu não tinha certeza se ele queria dizer com ela ou comigo, mas eu concordo com a cabeça de qualquer maneira. “Sim. Eu vou descer em um minuto.”

Ele hesita antes de puxar a porta atrás dele quando saiu. Eu me sentei lá por Deus sabe quanto tempo, antes de sentir a tensão no corpo de Jayla lentamente começar a suavizar. Isso era tão novo. Jay e eu sempre tivemos um vínculo especial, mas ela também tinha um com Chelsea e outros irmãos ao redor do clube. Mas de repente, já que ela ficara comigo, nosso vínculo se fortaleceu. Era estranho e não consegui explicar exatamente isso. Mas eu sei uma coisa, eu amo essa menina. E não havia nenhuma maneira no inferno, que eu deixaria qualquer coisa machucá-la mais uma vez.

Acabei deitando na minha cama com ela aconchegada ao meu lado, até ela adormecer. Suas palavras ressoaram na minha cabeça o tempo todo, enviando arrepios através de mim.

Eu sabia agora que as coisas durante seu crescimento não tinham sido tão inocentes quanto pensamos. Talvez sua mãe, Hayley, tenha ficado com medo de nos dizer a verdade? Ou talvez ela tivesse algo para esconder? Eu precisava falar com Wrench um pouco mais e ver o que poderíamos descobrir. Eu precisava estar preparado.

Passou-se mais de uma hora antes que eu me desapegasse de Jay e voltasse lá para baixo.

Optimus está no bar conversando baixinho com sua mulher. Ele olha para cima quando nota minha aproximação.

“Judge ligou.”

Capitulo 29

Rose

“O quarto é a prova de som, mas temos escutas dentro,” explicou Hadley calmamente. Skins havia desaparecido, mas ela me assegurou que ele estava por perto. Era muito arriscado vê-lo comigo. Não queríamos provocar qualquer tipo de suspeita. “Eu vou estar aqui. Se você estiver desesperada e precisar de ajuda, bata na porta e virei correndo.”

Eu não tinha certeza do que ela pretendia fazer se eu precisasse de ajuda com urgência. Nós duas éramos muito menores que aquele homem me esperando naquele quarto. Mas ela parecia confiante, então eu respirei um pouco mais calma.

Eu tive que dizer ao meu corpo para não se agitar, e mesmo assim você ainda poderia ver o pequeno tremor em minhas mãos. Eu esperava poder disfarçá-lo enquanto mantivesse meu corpo em movimento. Os quartos eram apenas para danças privadas. Iris explicou anteriormente, durante o nosso passeio pelo espaço, que os homens que os usam devem assinar acordos concordando em não tocar as meninas.

Eu esperava que Edge estivesse de acordo com isso.

Empurro a porta e entro, inclinando-me contra ela até que fechou.

As luzes estão fracas, mas eu posso ver meu alvo sentado em uma grande poltrona no centro de uma das paredes. Os quartos não são grandes e, com seu corpo maciço dentro dele, sinto que não importava onde eu estivesse, ele poderia estender a mão e agarrar-me.

Há outra pequena cadeira de madeira colocada no canto, algo que algumas das meninas usam para suas rotinas. Talvez se ele me atacasse, eu poderia bater nele com isso?

“Você é Lily?” Uma voz profunda grunhiu.

Respiro fundo e levanto meu queixo, dando dois passos, então eu estou de pé na frente dele. Ele é tão alto que nossos olhos estão quase nivelados mesmo que ele esteja sentado na poltrona.

Forçando um sorriso, coloco minhas mãos nos meus quadris. “Sim, é um prazer conhecê-lo, senhor...” Deixo a frase solta no ar. Eu não devia saber quem ele era, então eu me fiz de burra.

Ele resmunga. “Edge, as pessoas me chamam de Edge.”

Concordo com a cabeça e ando para onde há um sistema estéreo pequeno incorporado na parede. Eu aperto o play e a música toca suavemente pela sala. “É um prazer conhecê-lo, Edge.” Eu volto para ele com uma sobrancelha levantada com curiosidade. “Seus pais te deram esse nome, ou é um apelido?”

Meu corpo balança com a música que começou lenta e foi aumentando o ritmo. Edge aponta para o seu colete de couro, seu o dedo parando sobre o patch que diz 'VVMC'. Eu já sei o que representa, mas pergunto de qualquer maneira.

“O que exatamente é VVMC?” Inclinei minha cabeça, tentando parecer inocente. Continuo dançando, tentando manter meus olhos focados nele o máximo possível.

Seus olhos se centraram em mim, eles nunca saíram. A parte estranha é, eles não estavam vagando pelo meu corpo ou me cobiçando. Mesmo quando eu estava dançado no palco, seus amigos olharam para meu corpo me fazendo sentir como um pedaço de carne.

Edge é diferente. Seus olhos ficaram no meu rosto como se ele estivesse mais interessado no que estava acontecendo dentro da minha cabeça, do que estava fazendo com meu corpo.

“Vicious Vulture Motorcycle Club,” As palavras foram lentas e pronunciadas. Ele esfrega uma mão em seus cabelos curtos e solta um longo suspiro. “Olha, você pode parar, por favor?”

Eu congelo, olhando por cima do meu ombro. “Hã?”

Ele solta uma pequena risada e aponta para a pequena cadeira no canto. “Apenas sente-se.”

Eu faço uma careta, minha mente correndo.

Eu tinha ferrado tudo? Ele já sabia quem eu era?

“Hum, você pagou por isso... acho que provavelmente devo continuar...”

Ele ri novamente, desta vez um pouco mais alto. “Meus irmãos pagaram por isso. Eu não me importo se desperdiçarmos o dinheiro deles.”

Eu mordo o meu lábio. Isso não era o que eu esperava. Eu entrei, achando que ia seduzir esse homem. Mas ele só queria que eu me sentasse e o quê? Batesse papo?

Ele parece divertir-se com o estado de indecisão em que eu estou. “Apenas sente-se agora. Você está me fazendo sentir estranho.”

Viro-me e agarro a cadeira, colocando-a a uma distância segura dele – se isso fosse possível neste pequeno espaço – antes de me sentar. Ele se recosta na poltrona, levantando um pé e colocando-o em seu joelho oposto. Era como se fosse uma reunião casual, como se ele estivesse apenas encontrando um velho amigo.

“Eu realmente penso que Rosalie te convém melhor.” Ele assentiu com a cabeça como se estivesse concordando consigo mesmo. Ele deve ter visto meus olhos se arregalarem e um sorriso satisfeito cruzou seu rosto. “Você sabe que podemos buscar uma imagem e combinar essa imagem com outras pessoas que parecem similares na Internet.”

Meu coração estava batendo forte, eu podia sentir cada batida em todo o meu corpo. A pancada é tão forte que meu peito começa a doer. “Eu não gosto de ser chamada assim.” Minha voz era firme. Tentei manter a calma, mas cada parte de mim estava implorando para ver Skins derrubar aquela porta a qualquer momento.

Encolhendo os ombros, ele ergue as mãos. “Não queria ofender. Podemos ficar com Lily se isso te faz sentir melhor.”

Eu cruzo meus braços em meu peito, isso me fez sentir um pouco mais segura, talvez até protegida, tendo algo entre nós. Isso também me fez parecer um pouco mais forte do que eu me sentia. “Onde você está indo com isso?”

“O que um DePalma está fazendo aqui no Arkansas?”

Mil coisas passam pelo meu cérebro. A maneira como ele enfatizou o nome de DePalma me disse que ele estava mais interessado nisso que qualquer outra coisa. Talvez não soubesse tudo, afinal.

“Então você sabe quem é minha família?”

Edge ri. “Todos sabem quem é sua família, querida.”

“Os criminosos sabem quem é minha família,” corrigi.

O sorriso dele cresce. “Touché.”

“Você e seus meninos têm algum tipo de manobra tática agora que fui exposta?” Fiquei impressionada comigo mesma. Eu consegui soar mais forte do que estava sentindo. Até mesmo mostrar-lhe um pouco de atitude. Eu tinha que lembrar, ele me via como uma DePalma, e nenhum DePalma iria se render sem uma briga.

“Não, querida,” ele respondeu com uma pequena sacudida de sua cabeça. “Os meninos nem sabem. Eu fiz com que Rip me enviasse a foto que ele tirou antes que a velha que dirige o lugar viesse e o fizesse excluí-la.”

Graças à porra por isso. Eu podia imaginar o que aconteceria se aquela foto vazasse. E tanto quanto eu queria não gostar de Edge, acho que ele era muito esperto para espalhar qualquer coisa que pudesse irritar uma família mafiosa, não importa o quão grande ou forte fosse o seu clube.

“É estranho, porém, pensei que Anthony só tivesse uma filha.” Eu sabia que ele estava pescando informações. E não me importei. Ele poderia tê-las, se abafasse o que eu realmente estava fazendo aqui.

“Ele é meu tio. Seu irmão Marco era meu pai.”

Suas sobrancelhas se erguem. “Eu preciso me preocupar que você tenha o gene louco então?”

Eu não pude impedir a risada que veio, e, em troca, ele me dá um pequeno sorriso. “Ouviu sobre ele então?” Ele ergue o queixo. “Não o conheci até alguns anos atrás. Minha mãe fugiu antes de eu nascer e se recusou a me dizer quem era meu pai. Quando o encontrei, descobri o motivo.”

O rosto de Edge se suaviza e ele coloca os dois pés no chão. Ele se inclina, apoiando os cotovelos nos joelhos. Agora que ele está mais na luz eu posso ver seu rosto um pouco mais claramente. Ele é bonito. Pelos cobrem seu maxilar quadrado e logo acima do lábio. Elas são escuras, escondendo seu rosto como uma sombra de luz. Seus olhos são castanhos escuros, quase enegrecidos na luz, mas o que não combina é o cabelo mais claro e curto sobre sua cabeça.

“O que ele fez com você?”

Eu quase achei que ele soou preocupado, talvez até um pouco empático. Eu tento encolher os ombros, como se não fosse grande coisa, já não pesava mais. “Como você disse, ele era louco. Tudo o que vou dizer é que eu tive que experimentar essa merda de primeira mão.”

Suas mãos agarram-se fortemente em frente a ele e seu rosto demonstra dor. “Eu entendo você.”

A música tocando no fundo preenche o silêncio.

“Ainda assim, na verdade não responde a minha pergunta sobre por que você está aqui.” Ele me induziu novamente.

Os pensamentos na minha cabeça dispersaram, nada me vinha à mente.

Por que eu estava aqui? Para derrubá-lo.

No final, eu fui com a verdade - bem, a verdade que eu poderia dar sem ele querer me esfaquear. “Eu não me encaixo lá.” Meus ombros caíram e eu mergulhei no meu assento. “É muita pressão ser perfeita, para não manchar o nome da sua família. Eu não sou perfeita. Eu faço merdas estúpidas o tempo todo.” Eu gesticulei para mim mesma, acenando minhas mãos por todo o corpo e indicando minha roupa e onde eu estava.

Edge balança a cabeça. “Sim, querida, entendo.”

Há um som alto no quarto indicando que nosso tempo tinha acabado.

Ele empurra os braços de sua poltrona, forçando seu corpo a levantar. Eu sigo seu exemplo, colocando minha cadeira de volta discretamente para que eu pudesse ter um pouco mais de espaço entre nós.

Ele dá um passo, alcançando a maçaneta da porta.

“Edge?”

Ele olha por cima do ombro para mim.

“Eu apreciaria se você não contasse a ninguém sobre isso.” Eu puxei minha roupa nervosamente. Embora tenhamos formado algum tipo de conexão, eu precisava torná-la mais profunda, mais intensa se eu fosse fazê-lo confiar em mim. E a única maneira de fazer isso era lhe pedindo para guardar um segredo, então ele sentiria como se estivesse no controle. “Eu talvez não combine com minha família, mas eu ainda os amo. Não quero envergonhar meu tio.”

“Você estará aqui amanhã?” Ele perguntou casualmente.

Encolho os ombros. “Eu posso estar.”

“Mesmo horário, mesma sala. Desta vez, você vai pagar.” Um sorriso se espalhou em seu rosto, me mostrando todos os dentes brancos.

Eu rio. “Haverá dança desta vez? Porque se eu soubesse que só conversaríamos, eu teria usado calça de moletom.”

Ele ri quando abra a porta. “Use o que quiser.”

Fico de pé na porta e o vejo caminhar pelo corredor escuro. Muitas emoções correm pelo meu corpo nesse ponto. Alívio. Surpresa. Confusão.

Tudo foi tão completamente diferente do que eu esperava. Entrei pensando que ia provocar e atrair esse homem com meu corpo, mas esse não era o caso. Tivemos uma conversa civilizada. Ele parecia nivelado e razoável, nada como a forma que Judge e o clube descreveram os Vicious Vultures.

“Você está bem!” Hadley apareceu na minha frente, sorrindo de orelha a orelha. “Como foi?”

“Foi diferente... estranho. Mas nos reuniremos de novo amanhã à noite, então é uma vitória, certo?” Eu fingi um sorriso. Edge parecia normal, preocupado mesmo, quando eu falei sobre Marco. De repente, tive um mal pressentimento.

Um sentimento que já tive antes, não há muito tempo atrás. E eu tive que me perguntar se eu poderia passar por tudo isso novamente.

Capitulo 30

Blizzard

“Você precisa tirá-la de lá então,” eu rosnei, jogando minhas mãos no ar.

Optimus me fez esperar até esta manhã antes de me dar qualquer detalhe sobre o que aconteceu ontem à noite com Rose. Tudo o que ele me disse, antes de me ordenar a voltar para a cama, foi que ela estava bem.

Fiquei tentado a ligar para ela, mas Jayla começou a se mexer novamente em seu sono e, como Op confirmou que Rose estava bem, decidi me concentrar na pequena menina que precisava de mim agora.

Agora, depois de uma noite inquieta e de madrugar, eu estou colocando cafeína no meu sistema para me acalmar e não arrancar a cabeça do meu melhor amigo no meu estado de cansaço.

“Você vai me deixar explicar?” Op falou, olhando para mim de seu assento na cabeceira da mesa.

Ele convocou a igreja para contar a todos. Enquanto a situação no Arkansas não afetava diretamente o clube ou a nós, oferecemos nosso apoio, e Rose era tecnicamente uma das nossas.

Minha, se estivesse sendo específico, mas eu deixaria meus irmãos saber disso mais tarde, se eles já não soubessem.

Resumindo, se eles acabassem flutuando em um rio de merda, nós seremos as pás. “Como eu disse. Rose explicou que uma foto dela foi tirada durante sua apresentação. Ela foi jogada no campo de busca, que mostrou outras fotos de Rose. Obviamente, os DePalma são uma das famílias da máfia mais conhecida nos Estados Unidos. Quando Marco foi morto em sua cela na prisão recentemente, a imprensa estava toda em cima desse evento.”

Meu estômago revira. “Como eles conseguiram esse tipo de informação e fotos dela? Não é como se estivesse em todos os lugares. Anthony mantém seus problemas familiares escondidos.”

Ele me entrega um pedaço de papel que tem várias imagens impressas de Rose com o filho mais novo de Anthony – Rico – e também o próprio Anthony. Algumas são nítidas, seu rosto é o foco principal.

Wrench fala, seus olhos estão presos na tela do computador enquanto ele digita. “Estas foram tiradas há vários meses. Pessoas se perguntando quem era a nova mulher. Alguns suspeitavam de uma filha ilegítima, outros que era uma nova namorada. Alguém finalmente confirmou quem era ela na semana passada, depois que Marco morreu. Pode ter sido um vazamento interno, não tenho certeza.”

“Então ele sabe quem ela é, mas não a conexão dela conosco?” A ansiedade me encheu, meu coração pulando no meu peito.

Por que diabos eu a deixei partir?

Recostando-se na cadeira, Leo ergue as mãos atrás da cabeça casualmente. “Mesmo que ele soubesse, o que eles ouviriam é uma história de como ela nos enganou e se juntou a seu pai tentando derrubar o clube. Não há nada que os faça suspeitar que ela estivesse trabalhando conosco ou com outro MC.”

Op concorda com a cabeça. “Apenas como precaução, nós temos Wrench tentando puxar tudo humanamente possível da rede que de alguma forma nos conecta com o Satan’s Sanctuary. Sua certidão de nascimento com o nome de sua mãe, imagens de bebê que poderiam estar de alguma forma por aí, informações sobre seu pai e seu casamento.”

Wrench balança a cabeça, mas seus dedos nunca param. Eu sei que ele está fazendo tudo o que pode para garantir que Rose esteja segura, e agradeço o universo em silêncio que ele é um dos meus irmãos.

Não tínhamos conversado muito desde que eu o peguei com Sugar nesta sala. Eu esperava que eles fizessem o que era certo e contassem a Optimus sobre o que estava acontecendo, mas eu sabia que eles não tinham feito isso ainda. Eu não sou o único que sabe sobre isso, há outros que notaram o zumbido entre os dois. Eu não tinha ideia de por que Op ainda não havia descoberto. Talvez ele simplesmente confiasse que, se houvesse algo, o homem que deveria ser sua família iria confessar sua merda.

Se não fosse pelo fato de toda essa porcaria estar acontecendo com Rose e minha mãe, provavelmente eu mesmo teria dito a ele. Mas agora, meu foco é garantir que todos os meus irmãos tenham calma. Então, se alguma coisa acontecesse, estaríamos preparados.

“Então, qual é o próximo passo?” Minha perna saltou sob a mesa em antecipação.

“Ela se encontrará com Edge novamente esta noite. Isso nos dirá se temos a nossa entrada ou não. Rose precisa ganhar sua confiança, assegurar-lhe que eles são amigos. Quando nós conseguimos um local podemos começar a planejar.” Optimus parecia confiante. Mas esse é o trabalho dele. Um líder tinha que ser forte mesmo no meio do caos. No segundo que o capitão perdesse a cabeça, o navio afundaria, a tripulação e os passageiros com ele.

Eu sei que ele está me observando com cuidado, talvez avaliando minha reação a tudo isso. Era tão clichê dizer isso, mas meu irmão me conhecia melhor do que eu mesmo.

Na minha cabeça, eu já estava na porta, pronto para subir na minha moto e seguir para West Memphis.

“Ela está bem,” Op disse lentamente como se estivesse tentando se comunicar com um estrangeiro. Ou talvez ele simplesmente pensasse que eu era estúpido e ele precisava desenhar para mim. Eu resmungo, fingindo não ficar impressionado com o fato dele saber exatamente o que eu estava pensando. Era quase cômico. Op e eu costumávamos ser uma equipe tão perfeita porque geralmente ele costumava ser aquele que ficava com raiva e eu era o amortecedor que lhe dizia para manter a calma.

Parece que nossos papéis inverteram.

Não podia dizer que era uma coisa ruim.

Eu precisava de alguém agora para ajudar a me concentrar porque, atualmente, tudo o que podia ver era Rose se machucando e eu vivendo no inferno por deixá-la ir embora. Mesmo sabendo agora, que a faísca que existiu entre nós, alguns meses atrás, ainda estava lá, que ainda havia uma chance de eu poder tê-la e que podíamos fazer parte de algo incrível, ainda havia uma parte de mim que queria esperar.

Pergunto-me se eu poderia confiar em alguém que me enganou tão facilmente.

Parte de mim grita que não foi culpa dela, a outra parte está decidida a manter-se firme com o rancor.

Mas isso era tudo? Eu estava apenas sendo teimoso porque não consegui ver que havia mais acontecendo em sua vida do que ela havia deixado transparecer? Se eu fosse tão bom em ler as pessoas quanto pensava, não deveria ter visto os sinais?

Em vez de assumir a responsabilidade pelas minhas próprias ações – ou falta delas – eu estava jogando toda a culpa nela.

Fiquei frustrado, confuso, zangado e ansioso.

Eu precisava de mais tempo. Mais tempo para ver o que poderíamos ser, mais tempo para ver a Rose real de quem eu tinha capturado relances nos últimos dias.

Mas o tempo está acabando.

Há um relógio contando, e logo os ponteiros podem parar de se mover para sempre.

Eu esperava e me arriscava perdê-la – sem saber o que poderia ter sido – ou me jogava, de cabeça em primeiro lugar, e arriscava meu coração ser esmagado em pedaços se tivesse entendido errado.

Tic, tac.

Capitulo 31

Rose

“Golfe, sério?” Eu ri.

Edge olha para mim com um olhar cauteloso. “É um esporte calmante. É sobre precisão e poder, ambos são importantes e encontrar o equilíbrio é a chave.”

Concordo com a cabeça e tomo um gole do copo de vinho. “Parece que você sabe sobre isso. Eu vou ter que acreditar em sua palavra. Eu nunca joguei.”

“Eles têm um curso por aí, poderemos ir algum dia se você ainda estiver por perto.” Ele deixou a oferta de passarmos mais tempo juntos pendurada no ar. Eu tive que me cumprimentar mentalmente por conseguir chegar tão perto disso com apenas duas visitas curtas.

Nós já estávamos sentados neste pequeno quarto há mais de meia hora. Eu fiz Skins trazer outra poltrona confortável, como a que os homens usam para apreciar as garotas. Eu também optei por uma roupa sexy, mas confortável – uma saia jeans curta e um top de alças simples que mostra minha barriga, bem como um decote baixo para acentuar a curva suave dos meus seios.

Nós já tínhamos falado o que ele sabia sobre minha família e eu. Eu queria cobrir isso antes para garantir que todas as ligações entre os Brothers by Blood e eu tivessem sido cortadas completamente.

Fiquei desapontada esta manhã, achando que talvez recebesse uma ligação de Blizzard, mesmo que fosse só para checar e ter certeza de que eu estava bem. Após o jeito que deixamos as coisas ontem, tive certeza de que havia mais em nossa história. Em vez disso, foi Wrench quem ligou e explicou o que ele havia feito. Eles conseguiram localizar quase tudo o que poderia me conectar com os Brothers e remover, porém ele havia deixado qualquer coisa que indicasse meu envolvimento em tentar derrubá-los.

Havia alguns artigos de jornal, incluindo a data da audiência que compareci onde o juiz decidiu que eu não era responsável pelo que aconteceu em relação ao fato do carro de Chelsea ter sido explodido e a academia de Deacon sendo destruída. Eles apuraram que eu não estava agindo em sã consciência e que eu temia pela minha vida, se não seguisse as ordens de Marco.

Tive uma suspeita furtiva de que o tio Anthony e os Brothers by Blood desempenharam um papel para me tirar dessa bagunça.

Mas eu sabia que os DePalma nunca admitiriam fazer acordos com o sistema de justiça, e os Brothers nunca admitiriam ajudar salvar alguém que tentou destruí-los.

“Não tenho certeza de quanto tempo eu vou ficar na cidade,” admiti. “Depende se há uma razão para eu ficar. Eu ganho muito bem aqui, e Iris é ótima... apesar de suas aventuras sexuais... então estou tentado.”

Edge ri levemente. “Ela é decidida para uma velha.”

“E com tesão também.” Eu ri. “Eu a peguei em mais de uma posição comprometedora.” Era verdade. Depois do primeiro dia que eu a conheci com Skins, a peguei duas vezes com outros funcionários. Imaginei se isso era realmente bom para os negócios.

Ele enruga o nariz. “Foda-se isso! Quantos anos ela tem?”

“O bastante para ser sua mãe, pelo menos.”

Ele zomba, colocando a cerveja que ele tinha na mão na mesa lateral.

Parece que eu tinha atingido algo importante pela forma como ele evitou o contato visual e aparentemente se calou.

“Você não sabe quantos anos tem sua mãe?” Eu tentei, começando com algo pequeno.

Ele se recosta na poltrona e cruza os braços sobre o peito. Eu posso ver que ele está se fechando, isso não era algo com o qual ele estava confortável em falar.

“Ela provavelmente teria cerca de cinquenta se estivesse viva.” Sua voz era firme e seus olhos ficaram focados em mim, como se ele estivesse avaliando minha reação.

Limpo a garganta antes de falar. “Idem.” Suas sobrancelhas se levantam como se ele estivesse surpreso, mas depois de me estudar por alguns segundos, ele ergueu o queixo e com isso estávamos conectados. Eu não tinha certeza do que havia sobre essa pequena parte da minha vida que ele sentia que podia confiar em mim, mas era como se fosse a minha abertura para o seu mundo.

“Meu pai é o vice-presidente do Vicious Vultures MC em Utah. Nós temos um punhado de clubes em todos os estados, mas não estamos exatamente no topo do totem. Nós poderíamos ser pegos com bastante facilidade se alguém decidisse vir atrás de nós.” Hoje ele usa um boné de caminhoneiro, cobrindo seus cabelos claros. Está virado para trás e combina com ele. Ele levanta-o e coça sua cabeça antes de colocá-lo no lugar. “Meu pai me enviou e aos meninos para cá. O clube que está na cidade no momento também não é grande, então há uma chance de nós os convencermos a deixar a cidade, ou nos permitir dividi-la.”

Ele falou como se fosse uma transação comercial simples. Que Judge e seu clube iam sentar com eles e discutir coisas como pessoas civilizadas. Mas eu já sabia mais do que ele estava me dizendo. Não se aproximaram em paz. Eles foram direto na jugular.

“Já aceitaram a oferta? Eu não vi nenhum motoqueiro por aí além de você e seus amigos.” Eu tomei outro gole do meu vinho, esperando que isso escondesse quão nervosa eu estou.

Ele faz o mesmo, levando sua cerveja aos seus lábios e engolindo o líquido enquanto me observa. Colocando a garrafa de volta na mesa, ele finalmente responde. “Digamos que estamos lhes dando tempo para pensar sobre isso e considerar suas opções.”

Eu me encolho por dentro, mas me obrigo a assentir, como se eu pensasse que era uma ótima ideia.

O tom de sua voz era um que eu ainda não tinha escutado dele. Era vazio, sem emoção e escuro. Isso enviou um estremecimento na minha coluna, e eu tive que me controlar para não dar uma desculpa e sair, eu estou tão perto agora, que não há volta até conseguir o que preciso, ou morrer tentando. A sensação escura que encheu o ar evaporou tão rapidamente quanto chegou, quando a campainha aguda soou dentro da sala.

Edge abre um sorriso e, por dentro, solto um pequeno suspiro aliviado.

“O que você vai fazer agora?” Ele perguntou quando tomou o último gole da sua cerveja e se levantou.

Era cerca de onze horas. Eu tinha reservado o quarto por uma hora.

Encolho os ombros. “Provavelmente, ir para casa e subir na minha cama.”

Edge revira os olhos. “Que tédio.”

Eu sorrio. “Deixe-me adivinhar, você tem uma ideia muito mais divertida?”

“Bem, agora que você mencionou isso.” Ele sorriu para mim, antes de puxar a porta e parar ao lado, enquanto a segura aberta para mim. “Vamos?”

Ele estava me convidando para dar esse passo com ele. Se não fosse pelo fato de eu saber o que estava acontecendo por trás de tudo isso aqui, eu tinha a sensação de que eu poderia me apaixonar por Edge.

Você poderia dizer que ele passou por alguma merda em sua vida. Mas, na maioria das vezes, parecia que ele tinha uma cabeça boa e compreensível. Ele teve seus momentos onde se podia ver a escuridão cair sobre ele, mas todos nós não temos esses tempos?

A vida não era sol e arco-íris. Todos nós passamos por merda que nos fizeram perguntar o porquê. Por que estávamos aqui na Terra só para sermos torturados? Por que estávamos tão sozinhos em um mundo cheio de pessoas? Por que parecíamos estar destinados a tomar decisões ruins?

Ele deve ter notado que eu estava parada, mas ele não ficou com raiva, ele sorriu. “Se você está com medo que eu esteja levando você para que eu possa me aproveitar longe da segurança deste lugar, você está errada, eu tenho uma Old Lady me esperando em casa.”

Na verdade, eu não estava preocupada, mas agora estava intrigada. “Oh, você tem?”

Ele ri e sai, soltando a porta. Eu passo rapidamente pela fresta antes de se fechar e o sigo enquanto volto para o palco principal.

“Sim, eu tenho, e eu não sou um traidor. Então você não precisa se preocupar.” Seus ombros largos preenchem o pequeno corredor. Minhas pernas precisam trabalhar duplamente para acompanhar seus passos longos. Ele nunca olhou para trás para ver se eu o estava seguindo, assumi que ele sabia que eu estava lá.

Avisto Hadley enquanto manobramos em torno dos clientes que se reuniram no salão principal, assistindo ao show. Ela mantém a cabeça baixa quando ele passa, mas se certifica de encontrar meus olhos com os dela e me dar um sorriso suave.

Kev está de pé na porta, nós conversamos ontem à noite com Judge e Skins, como um esclarecimento sobre o que aconteceu, embora eu soubesse que tinham ouvido tudo. Kev tinha uma fala suave e, pelo que eu poderia dizer, ele não se irritava ou ficava com raiva com muita facilidade. Ele ficou calmo e ouviu tudo.

Ele também é um atirador de elite pelo que escutei.

Kev pega minha mão quando passo, deslizando um celular nela. Eu o coloco rapidamente no bolso de trás e sinalizo um obrigada para ele. Ele me dá uma piscadinha rápida antes de sair dali apressado.

Eu sabia que ele iria se dirigir para o SUV que estava estacionado na parte de trás do prédio, sem dúvida com Skins já esperando nele, pronto para nos seguir. Respiro fundo quando saio para a noite fria. Uma brisa fria gela a minha pele instantaneamente e eu estremeço.

“Coloque isso.” Olhei para a esquerda para ver Edge já montado em sua moto, segurando uma jaqueta para mim. “Você vai congelar se não colocar.”

Passo as mãos de cima a baixo dos meus braços antes de dar dois passos para frente e pegar a jaqueta pesada de suas mãos. Edge usa as cores do seu clube com uma camisa de manga comprida. Ele liga a moto enquanto eu visto sua jaqueta, puxando-a bem perto de mim.

Viro-me para encontrá-lo me olhando, seus olhos estão aquecidos como se ele estivesse me vendo pela primeira vez, como se ele não tivesse me dito que não iria fazer uma jogada. Porque com o olhar que ele estava me dando no momento, eu poderia jurar que era exatamente o que ele estava pensando em fazer.

Eu puxo a jaqueta mais apertada ao meu redor e levanto meu pé, pronta para dar um passo para trás, talvez correr. Edge não me assustou, mas eu conhecia esse olhar. Era o olhar de um homem que queria mais do que eu estava disposta a oferecer.

Eu vi exatamente o mesmo brilho nos olhos de Blizzard, na primeira vez que subi na traseira da sua motocicleta. Sabendo que estava enganando ele, e sabendo exatamente o que ele queria, mas fiz mesmo assim.

Saber que estava prestes a assistir a história se repetir quase me parou. Eu tinha quebrado Blizzard. Fiz com que ele me odiasse, e só agora estava recuperando sua confiança e respeito.

E se essas pessoas estivessem erradas sobre Edge? E se ele não fosse o membro obscuro dos Vicious Vultures que seus irmãos eram? E se ele estiver apenas tentando sobreviver?

E se eu o quebrar também?

“Lily?” Eu giro para ver Hadley de pé na entrada olhando entre nós nervosamente. “Você está bem?”

Meus olhos voltam a Edge quando ele começa a rir. “Ela está bem, vadia de satanás.” Ele estava sorrindo, mas eu podia ver o desprezo que ele tentou habilmente encobrir. “Lily?”

“Se você sair com ele, não se incomode em voltar a trabalhar aqui,” a voz de Hadley era severa, mas instável. Esta era outra parte do jogo, o deixando pensar que minha lealdade estava sendo testada.

Deixa-lo ganhar.

Eu forço um sorriso.

“Sem problema.” Eu dei dois passos rápidos, colocando meu pé no apoio e minha mão no ombro de Edge antes de levantar a perna sobre a moto e me sentar atrás dele. Eu envolvo um braço em volta da sua cintura e estendo o outro para Hadley, erguendo o dedo do meio no ar.

Edge ri enquanto ele acelera o motor e sai do estacionamento comigo, segurando firmemente sua cintura.

Se Hadley não tivesse saído, provavelmente eu teria corrido.

Eu estava cansada de sempre fingir ser algo ou alguém que eu não era. Eu tinha feito isso com Marco, eu tinha feito isso durante o tempo que morei com o tio Anthony e meus primos. Talvez eu tenha me livrado do meu pai, mas eu ainda não poderia ser a pessoa que eu queria ser.

A única vez que me senti livre foi com Blizzard.

Ele sempre trouxe meu sorriso. Ele brincou, ele dava pequenas alfinetadas que me faziam retrucar ou me faziam rir.

Eu não precisava fingir com ele.

Capitulo 32

Rose

A primeira coisa que me atingiu enquanto passávamos pela porta foi o cheiro de maconha e isso me fez estremecer. Foi algo que eu sempre fiquei longe no ensino médio e na faculdade. Não tinha nada contra as pessoas que usavam. Isso não me interessava. Eu preferia velho álcool padrão se eu estivesse em uma festa ou algo assim.

Ficar alta não era minha coisa.

Enrugando meu nariz, sigo Edge para a sala onde seus homens estavam sentados, uma névoa de fumaça os rodeando.

“Você nos trouxe um show privado para a noite, Edge?” Eu estremeci, enquanto o cara se inclinava para frente em seu assento, seus olhos vagando pelo meu corpo.

“Lily, esse é Sith.” Ele apontou para o homem que estava me olhando. Ele me dá uma pequena piscadela e um sorriso nojento. “Esse cara é Rip.” Ele passou pelo sofá onde Rip está sentado esfrega o topo de sua cabeça grosseiramente.

Eu forço um sorriso. “Prazer em conhecer vocês pessoal.”

“Sente-se, Lil.” Contornando a pequena mesa de centro que está cheia de todo o tipo de parafernália de drogas e cigarros, afundo em uma poltrona. Edge cai no sofá ao lado de Rip, que imediatamente lhe entrega um cigarro. Ele dá uma enorme tragada antes de me alcançar.

Sinto-me ansiosa quase sem reação.

“Hum, eu vou passar.” Eu recostei na poltrona.

“Você não fuma?” Edge franziu a testa para mim. Meus olhos se dirigiram para seus irmãos, que estão me observando com curiosidade.

Limpo a garganta, tentando enrolar enquanto peneirava minha cabeça por uma desculpa.

“Meu tio não permite. Posso não estar vivendo sob o seu telhado, mas às vezes eu sinto que ele é Deus e sempre parece perceber essas coisas.” Meus olhos ficam focados em Edge, na esperança de ele aceitar minha desculpa. Não querendo irritar meu tio rei da máfia foi uma boa, pensei.

“Sim, entendo isso.” Ele se virou e jogou o cigarro do outro lado da sala para Sith, que o pega na mão antes de levar até os lábios, seus olhos ainda me observando.

“Você mora com seu tio?” Perguntou casualmente.

Acenando com a cabeça, afasto meu cabelo do rosto e cruzo minhas pernas, o movimento atraindo todos os olhos. “Não no momento. Eu precisava de uma pausa. Fazer a coisa toda de rebelião. E que melhor maneira de irritar o seu respeito é tudo na família do que ser uma stripper.”

Todos riram.

“Eu acho que strip-tease é respeitoso,” disse Rip enquanto pegava um papelote da mesa e começava a enrolar com maconha. “Quero dizer, essas cadelas podem mover seus corpos de maneira que outras garotas não conseguem sonhar. Você precisa respeitar uma garota que pode se transformar em um pretzel enquanto você tem o seu pau em sua bunda.”

Eu queria vomitar quando ele me deu um sorriso, o dente da frente faltando e os outros um tom glorioso de merda nojenta.

Ele é um viciado. Eu poderia dizer instantaneamente. E maconha não era sua preferência.

Eu engasgo uma risada. “Isso é impressionante. Não posso dizer que já estive nisso suficiente para poder fazer isso.”

Soprando uma nuvem de fumaça no ar, Sith relaxa novamente em sua cadeira. “Isso é uma vergonha. Edge aqui estaria feito com a emoção.”

“Oh, sério?” Eu brinquei.

“Cale a boca, fodido,” Edge curvou-se. “Peach está em casa esperando por mim. Não aja como se tivesse esquecido que eu tenho uma Old Lady.

Sith bufa. “Sim, porque ela tem sido a Old Lady perfeita até agora.”

Eu queria questionar o que ele quis dizer com isso, mas pensei melhor e fui com o óbvio. “O nome dela é Peach?”

Sith e Rip ambos caíram na gargalhada. “Sim, fodida Peach. Seus pais a nomearam em homenagem a uma fruta.”

Edge apenas balança a cabeça, pegando outro cigarro da pilha que estava em cima da mesa e acendendo. “Diz o cara com o nome de um personagem dos Simpsons,” ele murmurou.

Sith fica um pouco mais reto, olhando para o amigo. “Ei, Bart Simpson é um fodão.” Eu não pude deixar de rir, o que me valeu um olhar atravessado. “E você, Lily? Esse é seu nome verdadeiro, ou seu nome artístico?”

Há um ruído alto que me interrompe no momento que abro a boca. Os três se olharam com diferentes expressões.

“Eu irei,” Edge ofereceu, levantando do sofá.

Lane.

Minha mente de repente dispara. “Oh, ei! Posso usar o banheiro?” Edge parou, mas não se virou. “Eu acho que bebi muito vinho...” Eu soltei uma pequena risada, “ ...geralmente não bebo no trabalho.”

Observo Edge virar a cabeça para Sith, que dá um ligeiro aceno.

“Vamos,” disse Edge, pisando no primeiro degrau. “Você pode usar o do meu quarto.”

“Obrigada.” Eu pulei do meu assento e andei através deles, sentindo seus olhos em mim o tempo todo. Seguindo Edge, nos dirigimos pela pequena escadaria. Há um pequeno patamar no topo com algumas portas, mas Edge me leva pelo corredor que fica à esquerda.

Houve uma batida de novo e eu pulei. Edge para e veio por trás de mim agora, me dirigindo com uma mão nas minhas costas. Ele abre uma porta e entro no quarto dele. “Há mais alguém aqui?” Perguntei, olhando para ele.

“Sim, a sobrinha de Sith está conosco. Ela tem uma tendência a ser uma pirralha e fugir, então precisamos manter sua porta trancada.” A explicação era estranha, mas fazer de Lane uma adolescente rebelde não era tão estúpido. A criação nos dias de hoje poderia ser bastante extrema, por isso não era inédito para os pais sentirem que precisavam manter seus filhos cativos, se fossem do tipo que se esgueirava à noite e ia a festas.

Eu concordo com a cabeça. “Mas quando vocês estão em casa, porém, ela não pode ficar onde possam vê-la. Deve ser muito chato estar trancada o tempo todo.”

Edge aponta para o banheiro que é do lado. “Eu vou ver o que ela precisa. Fique aqui e eu voltarei para buscá-la.”

Entro e fecho a porta, certificando-me de levantar o assento do banheiro e me sentar, pelo menos, como se eu tivesse usado caso ele estivesse ouvindo com atenção. O banheiro está razoavelmente limpo, produtos masculinos no chuveiro e a pia. Parece normal.

Mas esta situação era tudo, menos normal.

Eu demoro um pouco antes de me lavar e sair.

Edge ainda não tinha voltado, então eu ando até à porta e coloco a cabeça para fora. Ele está de costas para mim, observando a porta do outro lado do corredor.

“Eu vou te dar um balde em breve, se você continuar fazendo muito xixi, porra,” ele resmungou, jogando a cabeça para trás olhando para o teto com exasperação.

A porta que ele está vigiando abre-se e uma minúscula loira sai. Seu cabelo emoldura seu rosto magro. Seus olhos têm círculos escuros debaixo deles, mas ainda são brilhantes. Ela tem contusões ao redor de seus pulsos, mas de qualquer forma parece bem. Eu relaxo um pouco, sabendo que ela não estava ferida.

Lane vira o lábio para cima sorrindo quando enfrenta Edge. “Estou grávida. É isso que acontece.”

Minha mão voa para minha boca para cobrir o suspiro. O movimento deve ter-lhe alertado porquê de repente seus olhos estavam em mim. Eu balanço a cabeça e coloco um dedo em meus lábios, esperando que ela não dissesse nada.

Ele finalmente baixa o rosto para olhar para ela e ela volta os olhos para ele. “Não é meu bebê. Não é problema meu. Devia ter dito ao seu namoradinho para embrulhar seu minúsculo pau.”

“Vá se foder,” ela cuspiu.

Recuo para dentro do quarto, andando suavemente até à cama e sentando-me na beira com as costas para a porta. Eu preciso que ele pense que eu não poderia ter ouvido sua conversa, então pego meu telefone e rapidamente renomeio o número de telefone de Kev para tio Anthony e ligo.

Toca uma vez antes de ele responder. “Você está bem?”

“Olha, tio, não vou voltar, não importa o que você diga,” gritei no telefone. Ouço uma porta bater e passos no corredor. “É a minha vida.”

“Limpe a garganta se você estiver bem.”

Faço exatamente isso antes de falar novamente. “Você é como ele. Tentando me controlar o tempo todo.”

“Você a viu?” Perguntou Kev rapidamente.

“Sim. Ok,” eu murmurei como se estivesse triste. Eu esperava que Kev entendesse o duplo significado. “Tchau.”

Suspiro, deslizando meus dedos pelo meu cabelo com frustração.

“Ele não está feliz, eu suponho.”

Salto como se eu não soubesse que ele estava lá. Gemendo, viro para ele. “Aparentemente estou arruinando sua reputação.” Isto era verdade. Eu sabia que era exatamente como meu tio se sentia. Em vez de voltar, fui para o clube que havia matado um membro de sua família, seu filho mais velho. Eu estava traindo-os essencialmente. E para uma família que foi construída sobre sigilo e lealdade, era o pior que eu podia fazer.

“Pode ser difícil quando sua família espera muito de você.” Ele entrou no quarto e senta-se no lado oposto da cama. “Meu pai, a única coisa que ele se importa sou eu tendo filhos, criar a próxima geração de Vultures.”

“E isso não é algo que você deseje?”

Ele tira o boné e joga-o na cama. “Eu fui uma criança que cresceu em nosso mundo. Olhe quão fodido eu acabei. Para não mencionar, Peach não é exatamente material materno. Os meninos riem porque acham que ela está me traindo com outros caras. Eu não sei, no entanto.”

Ele parece um pouco quebrado. Como se este não fosse o mundo que ele queria, mas como foi criado nele, estava preso.

“Você não está fodido, Edge,” eu falei suavemente.

Ele riu. “Você sabe por que eles me chamam de Edge?” Eu estava surpresa, mas eu balancei minha cabeça.

“Porque minhas emoções mudam rapidamente. Eu estou sempre no limite. Alguém pode dizer algo que eu não gosto e eu mudo.” Ele sorriu. “A maioria das crianças iria para o controle de raiva ou alguma merda, eu acho. Mas eu não, meu pai incentivou essa merda.”

Um forte sentimento se instalou em mim. Isso não era bom. Até agora, consegui manter-me em sua boa graça, mas o que aconteceria quando eu dissesse algo errado.

“As famílias não são ótimas!” Eu murmurei sarcasticamente, esperando jogar fora a tensão que eu sentia então ele não perceberia.

Ele sorri. “Sim, mas ele é meu pai. Minha família.”

Edge está onde eu estive há alguns meses, preso na ideia de que sangue é mais espesso do que a água. Mas Blizzard e os Brothers me mostraram que nem sempre é o caso. Às vezes, são as pessoas que saíram do seu caminho para estar lá para você e cuidar de você o que mais significa. Às vezes, são as pessoas que saíram dos seus caminhos para apoiar você, embora não sejam relacionadas pelo sangue, que são as mais leais e as mais confiáveis. Elas não se sentem obrigadas. Elas estão fazendo isso porque querem, não porque sentem que precisam.

“Foi exatamente o que eu pensei sobre o meu pai,” disse-lhe calmamente, lutando contra as emoções que surgiram quando pensei no que ele me fez passar. “Ele forçou minha mão em um fogão quente,” eu levantei-a para que ele pudesse ver. A pele ainda é diferente, apesar da queimadura não ser tão ruim quanto parecia.

Edge apenas olha para ela em estado de choque. “Maldito inferno.”

“Vocês são dois estão transando ou o quê?” Eu ouvi Rip gritar lá de baixo. “Essa erva não vai durar para sempre.”

Edge balança a cabeça como se estivesse tentando tirá-la de um nevoeiro. “Vamos.”

Eu o sigo, mas faço uma pausa no alto da escada. “ Você acha que eu poderia roubar um cigarro e um isqueiro de um dos caras?”

“Claro, querida.”

Eu espero que Lane tivesse me ouvido e entendesse. Eu espero que lhe desse algum tipo de alívio.

Nós estávamos aqui e ela iria para casa.

Ela e aquele bebê.

Capitulo 33

Blizzard

Cansei de esperar.

Mandei Optimus se foder enquanto ele ficava parado e ria de mim e saí antes do amanhecer no dia seguinte. A culpa me dominou quando pensei em ter deixado Jayla para trás, mas quando eu lhe expliquei que iria pegar Rose e trazê-la para casa, ela sorriu com entusiasmo.

Eu manteria à minha palavra.

Ela ia voltar para casa comigo. Foda-se todo o resto. Podemos descobrir o resto mais tarde. Mas eu preciso dela agora.

Eu estou cansado de pensar sobre o ‘e se’ porque, se eu continuasse me concentrando nele, logo eu ia perder tudo. Então, o único em que eu pensaria era o 'poderia ser' e essa merda me assustou muito mais.

Pego a caminhonete de Op o que me deixa ainda mais louco. Eu odeio estar trancado em uma gaiola por tanto tempo e, até o Arkansas, era uma longa viagem. Mas não podia arriscar ser visto na minha moto na cidade. Quanto menos atenção for despertada, melhor.

Estaciono na parte de trás do The Backroom e não demorou até que Judge aparecesse na entrada.

“Já era hora de resolver sua merda,” disse ele, caminhando em minha direção.

Levanto meus óculos e coloco-os na minha cabeça. “Apenas me diga onde encontrá-la, velho.”

Ele ri. “Você deve ser mais respeitoso com os idosos.”

Eu estreito meus olhos para ele. “E você deve ter mais cuidado com o que diz às pessoas que estão efetivamente salvando a bunda do seu clube. Não pense que apenas porque está com minha mãe que você é meu pai ou uma merda assim.”

“Sim, ouvi sobre o grande homem que ele é.”

Eu me afasto da caminhonete, minha pele eriçada pelo seu comentário. Sim, meu pai era um idiota, mas foda-se se eu o deixaria falar sobre ele. Tratava-se de princípios.

“Diga-me onde diabos ela está?”

Seu sorriso largo aparece através da barba grossa. “Rose está vindo mais tarde para encontrá-los. Enquanto ela está fora, você pode ir a nossa casa ver sua mãe.”

Ele estava brincando comigo. “Você está realmente fazendo isso? Eu poderia apenas ligar para Kev e perguntar-lhe.”

Ele balança a cabeça, ainda sorrindo. “Ele não sabe. Apenas Skins, Light e eu sabemos onde ela está. Mais seguro dessa maneira.”

“Você não confia em meus homens?”

“Eu confio mais nos meus.”

Era inútil ficar aqui discutindo com ele. Ele não cederia, mesmo que eu o socasse com meu punho. Este bastardo era durão. Eu não estava surpreso.

“Tudo bem.”

“Bom.” Ele puxou um pedaço de papel do bolso traseiro de seu jeans. “Vire à esquerda na saída e siga a estrada alguns quilômetros. É o único bloco de apartamentos no lado direito da estrada. Ela está no 10D. Fica nos fundos.”

Levanto o papel que ele me deu. “Por que eu preciso disso então?”

Ele se vira e se afastou. “Nós jantamos às seis.”

Maldito filho da puta.

Eu entro na caminhonete. Não demorou muito para encontrar o lugar do qual ele estava falando. Os apartamentos são bons, novos. Fico contente por ela não estar presa em algum motel de estrada ou alguma merda. Eles estão cuidando dela.

Estaciono nos fundos, dessa forma minha caminhonete não pode ser visto da estrada e não é óbvio a quem eu estou visitando. As portas estão trancadas. Para entrar, precisa de um cartão-chave ou de ser liberado por alguém que mora lá.

Encontro o 10D e pressiono a campainha.

Demora um minuto, mas finalmente ouço sua voz. “Olá?”

“Ei, querida.” Eu gostei da maneira como isso soou.

“Blizzard?” Eu podia ouvir o sorriso em sua voz e queria poder vê-lo.

“Vai me deixar entrar?”

A porta soa e eu abro, correndo para a escada e pulando os degraus até ao segundo andar.

Ela já está de pé na porta esperando por mim quando chego ao topo. Eu aproximo dela rápido, apenas parando para me curvar e colocar as duas mãos em seu traseiro para que eu pudesse pegá-la. Eu bato a porta com o pé, sabendo que não preciso trancá-la, porque a única maneira que alguém conseguiria entrar é passando um cartão.

Ela ri, me abraçando enquanto eu continuo andando. “O que você está fazendo aqui?”

“Vim foder minha mulher.” Eu viro no corredor. O lugar tem apenas um quarto, então não foi difícil encontrar. Jogo-a na enorme cama, mas ela apenas me olha com a boca bem aberta. “É bom ver esses lábios já abertos para o meu pau.”

Começo a puxar meu cinto, afrouxando-o antes de abrir meu botão e zíper. Eu estava duro desde que ouvi sua voz no interfone. Foda-se isso. Eu estive duro desde que eu deixei a sede do clube esta manhã.

“Estou confusa.”

Eu gemo, olhando para o teto e pedindo paciência. “Baby, sério?”

Ela se afasta da cama. “ Sério,” ela repetiu. “Não tenho certeza do que está acontecendo.”

Pego seu rosto em minhas mãos. “Eu sei que sou um idiota. Eu quero você, porra. Eu não me importo com o que aconteceu. Não estou disposto a arriscar não ter você na minha vida só porque sou um bastardo teimoso que é muito orgulhoso para admitir quando ele está errado.”

Ela passa as mãos pelos meus pulsos. “Eu te machuquei. Eu entendo por que você está apreensivo.”

Balançando a cabeça e puxando-a contra mim, sussurro. “ Não mais.”

“Eu acho que estou sonhando de novo.”

Não consigo esconder meu sorriso satisfeito. “Você está sonhando comigo, amor.”

Suas bochechas coram e ela desvia o olhar. “Eu sonhei que você estava no meu quarto de hotel no dia seguinte que voltei para Athens.”

“Você pensou que era um sonho?” O riso explodiu de mim e ela olha para mim, assustada.

“Não foi?” Perguntou ela.

“Maldição baby, eu não fiz muito bem se você pensou que a merda estava toda na sua cabeça.” Eu baixei minha cabeça e pressionei minha testa contra a dela. “Acho que é melhor compensar isso.”

Eu puxo sua boca para a minha e elas se unem em um frenesi. Suas mãos sobem por meus braços e se enrolam no meu pescoço, enquanto eu a devoro.

Ela usa uma pequena camiseta e um short jeans curto. Pego a barra de sua camiseta e ela ergue os braços com entusiasmo, para que eu pudesse puxá-la por cima da sua cabeça. Seu short foi o próximo e, com um rápido movimento de um botão e um balançar de seus quadris, eles caíram no chão.

Paro, aproveitando o tempo para admirá-la e sentir sua pele. Esfrego as mãos pelo abdômen tonificado, deslizando-as pelos seus lados. Ela é perfeita. Suave. Macia.

Levando as mãos para trás, ela abre o sutiã e desliza-o por seus braços, jogando-o do outro lado do quarto com um movimento de seu pulso.

Eu rio levemente, erguendo a mão para segurar o peito cheio. “Está tudo bem, amor. Acalme-se. Vou levar meu tempo.” Meu polegar percorre seu mamilo, extraindo um leve gemido.

“Que se dane,” ela contestou. Sua mão mergulha dentro das minhas calças e cerrei meus dentes quando ela agarrou meu pau, envolvendo seus dedos em volta dele. “Foda-me, agora.”

Eu queria fazer isso devagar. Explorar seu corpo e ver o que a excitava. Mas com sua mão na minha calça, puxando meu pau, de jeito nenhum isso ia acontecer.

Haveria tempo para explorar mais tarde.

“Seu desejo é uma ordem.” Eu agarrei-a e a girei, pressionando entre suas omoplatas e forçando seu corpo a se inclinar. Ela apoia as mãos contra o colchão enquanto eu arranco sua calcinha, deixando-a ao redor de seus tornozelos. “Maldito inferno.”

Sua pequena bunda perfeita é redonda e macia. Aperto com as minhas mãos as nádegas, massageando profundamente com meus dedos. Ela balança de volta, esfregando contra meu pau que agora está livre de meu jeans. Eu tiro-o, chutando-o para o lado e puxando minha camisa sobre minha cabeça com velocidade recorde.

Não haveria nada entre nós, eu quero sentir cada parte dela.

A ajudo a tirar os pés da calcinha e a espalhar largamente antes de me agachar atrás dela para poder ver a gloriosa vista. Uma buceta nua me saudou, brilhando com umidade.

Eu bato as duas mãos em suas nádegas novamente recebendo um assobio suave. Massageando o local, uso minhas mãos para abri-la.

No instante em que minha língua toca sua doçura, ela se abaixa, empurrando-se contra meu rosto. Eu adorei. Minha língua se moveu lentamente, no início, lambendo os sucos e bebendo tudo, seu gosto e seu cheiro. Foi fantástico.

“Oh Deus, Blizzard.” Ela começou a mover seus quadris comigo, esfregando-se contra minha boca. Eu lhe dou outro tapa rápido com uma das minhas mãos, fazendo com que ela gritasse meu nome.

Eu ataco seu clitóris implacavelmente, mesmo quando suas pernas começam a tremer e sua respiração acelera como se estivesse prestes a explodir. Eu me afasto e ela choraminga, mas quando eu a encho com dois dedos e começo a empurrar, ela começa a combinar meus movimentos novamente.

“Foda-se, baby. Você tem um gosto muito bom. Doce como uma maldita fruta.”

Abaixando a metade superior dela na cama, ela murmura nos cobertores. Eu me alcanço e enfio meus dedos através de seus cabelos, pegando-os em um punhado e puxando sua cabeça para trás.

Ela geme alto, “Deus sim.”

“O que foi que você disse, querida?” Perguntei, abrandando o ritmo.

“Eu disse que você vai me fazer gozar,” ela gritou. “Por favor. Não pare.”

Eu sorrio, puxando os cabelos um pouco mais, agora que eu sei que ela gosta.

Não demorou muito para senti-la apertar em torno de mim e deixar escapar um suspiro aliviado enquanto suas pernas cedem e ela finalmente consegue a liberação que estava procurando.

Eu fico atrás dela com um sorriso largo e os braços cruzados em meu peito, admirando sua bela forma enquanto ela se agarra à cama tentando respirar.

“Aprendi algo novo sobre você,” comentei. Seus olhos brilham para mim. “Você gosta de um pouco áspero.”

Meu pau se contraiu apenas no pensamento de quão forte eu podia entrar nela e sabia que ela iria adorar cada centímetro.

Ela lambe os lábios, o rubor em seu rosto de seu orgasmo dando-lhe um brilho suave. “Você vai usar essa coisa ou é apenas para mostrar?”

“É todo seu, baby.”

Aperto meus dentes juntos quando ela se vira se apoiando em suas mãos e joelhos e começa a rastejar para mim. Maldito inferno. É a coisa mais sexy que eu já vi, observando-a rondar como um tigre procurando sua refeição. Ela se move rapidamente e sensualmente até que ela para aos meus pés.

Sentada sobre suas pernas, ela olha para mim através de seus espessos cílios, um pequeno sorriso sexy crescendo em sua boca. Sua mão rastreia minha perna, um toque leve até alcançar o que ela ansiava. Elevando para que ele ficasse bem em frente ao seu rosto, ela segura-o firmemente em sua mão, passando a língua para provocar a ponta. Eu estremeço, a sensação como uma corrente elétrica disparando pelo meu corpo. Então, sem aviso prévio, ela desliza a coisa toda na boca, mais profundo do que qualquer puta do clube já teve.

“Foda-se!” Eu gritei. Minha mão foi direto para seus cabelos, agarrando um punhado.

Ela se controla por alguns segundos antes de escorregar lentamente, deixando meu pau completamente molhado. Respiro profundamente quando ela volta, desta vez não todo o caminho, mas balançando a cabeça lentamente para cima e para baixo, usando-a para alcançar meu pico.

Sentindo que minhas bolas começam a apertar, eu sabia que se isso continuasse, não iria estar dentro dela antes de liberar minha fodida carga. Eu deixei que ela brincasse alguns minutos, deixando-a ditar o ritmo, mesmo com minha mão puxando as mechas castanhas chocolate, os olhos ocasionalmente se erguendo e se conectando com os meus.

Ela é linda.

Há mil palavras que eu posso usar para descrevê-la, mas é simples – ela é linda.

Capitulo 34

Rose

Blizzard me levanta. Sua mão aperta meu maxilar e seu polegar puxa suavemente meu lábio inferior. “Não posso tirar você da minha cabeça.”

Coloco as duas mãos na sua cintura, seus músculos são firmes e sólidos. Eu quero correr minha língua sobre eles. Ouvir sua voz no interfone do apartamento tinha sido um choque, mas eu soube imediatamente que algo mudou.

Sua cabeça inclina e ele usa a mão para levantar minha cabeça enquanto seus lábios encontram meu pescoço. Eles são macios, mas sua barba cerrada arranha a pele delicada, assim como tinham feito quando ele devorou minha buceta como um homem faminto. A sensação é estranha, mas tão erótica.

Sua masculinidade pressiona contra minha barriga enquanto ele me puxa para perto, beliscando, chupando e trabalhando meu corpo de novo só usando sua boca.

Eu o quero. Muito.

Ele começou a caminhar para trás até meus joelhos baterem na cama. Me afastei relutantemente e subi de volta para a bagunça de lençóis e cobertores que já haviam sido destruídos.

“Você está no controle de natalidade?” Ele perguntou firme, como se ele realmente não quisesse saber a resposta.

Eu concordo.

Ele coloca um joelho sobre a cama, suas mãos indo para os meus joelhos e, lentamente, abrindo minhas pernas enquanto se arrasta para cima.

Eu estou exposta para ele. Ele pode me ver agora. Tudo de mim. Eu não tinha mais nada para esconder tanto fora quanto dentro. Eu não preciso mais mentir ou enganar. Ele sabe tudo, e ele está me vendo por quem eu sou, não por quem eu estava tentando ser.

Eu quero dar-lhe tudo o que tinha para dar, mas nunca pensei que fosse possível. Não com o que eu fizera. Mas ele estava aqui, entregando-se a mim e confiando que eu não ia machucá-lo novamente. E eu nunca faria.

“Eu preciso de você,” eu sussurrei calmamente.

“Estou aqui, baby.” Ele se moveu entre minhas pernas e apoiou seu corpo sobre o meu.

Tomo uma respiração aguda enquanto seu pau desliza pelas minhas dobras e roça meu clitóris. “Tudo de você. “ Eu falei, mordendo meu lábio.

“Tudo?”

Estendo a mão e agarro seu pescoço, meus dedos escovando seus cabelos curtos. “ Sim.”

Ele empurra dentro de mim, no mesmo momento em que o puxei e encontrei seus lábios com os meus. Um suspiro deixou minha boca, mas ele engoliu tudo, não perdeu nada. Ele tomou todas as partes de mim, possuía cada centímetro e eu nunca quis de volta.

Eu queria que ele me reivindicasse, e me fizesse dele. Por que eu aprendi ao longo da semana passada com ele, que não havia como voltar à vida antes de Blizzard. Eu pensei que poderia fazer isso depois que fui salva do louco que era meu pai. Mas eu mal estava seguindo, simplesmente sobrevivendo.

Ele continua empurrando dentro de mim, finalmente me deixando pegar ar. Eu tentei tomar fôlego, mas foi inútil. Toda vez que ele atingiu aquele ponto dentro de mim, eu gritei.

Ele me afasta, sentando-se de joelhos e observando quando seu pau escorrega dentro e fora de mim em um ritmo lento e constante. É como se ele estivesse hipnotizado por isso, de vez em quando, encontrando meus olhos.

“Oh Deus,” gemi, segurando os lençóis nas mãos e jogando a cabeça de um lado para o outro.

“Você vai gozar mais forte dessa vez. E gritar meu maldito nome.” Ele lambe o polegar e leva-o ao meu clitóris, esfregando-o de um lado para o outro enquanto ele aumenta a velocidade. Meu corpo se curva da cama, a sensação quase demais para eu lidar. Mas ele coloca a outra mão no meu abdômen e me empurra de volta. Debatendo-me e me contorcendo contra os lençóis, meu corpo lentamente começou a esquentar.

“Blizzard, oh merda. Sim.”

Há um beliscão intenso no meu clitóris e eu pulo, um tremor percorre meu corpo. Eu gemo profundamente e ele faz isso de novo. Há apenas uma forte picada de dor, antes de se transformar em algo muito mais prazeroso.

Blizzard grunhe em aprovação. “Foda-se, você gosta disso.” Eu não conseguia responder, sentia-me tão bem, meu corpo estava subindo cada vez mais alto em um estado de euforia. “Puxe esses mamilos, você está prestes a gozar. Não se preocupe, você não vai bater no fundo. Você está prestes a voar, baby. “

Pego meus seios, meus olhos se conectando diretamente com os dele quando eu belisquei as pequenas protuberâncias firmes. O som da nossa pele se encontrando era a única coisa que encheu o ar por um momento, mas quando cheguei ao meu pico, assim como ele disse que eu iria, seu nome caiu instantaneamente dos meus lábios. Senti minha buceta apertar e pulsar ao redor dele, e não demorou muito para sentir um último impulso poderoso e ele se desfez comigo. Minha buceta pulsando era uma delícia, ordenhando seu pau dentro de mim.

Um som profundo de êxtase retumba de seu peito, seus dedos afundando nas minhas coxas, enquanto ele se mantinha totalmente dentro de mim. Ambos festejando em êxtase.

“Caramba,” suspirei, jogando minha cabeça para trás.

Sinto suas mãos cobrirem as minhas que ainda beliscavam meus seios. Ele dá um aperto e eu levanto meus quadris da cama, meu corpo ainda muito sensível.

Ele ri suavemente. “Tão receptiva, baby.” Contraí-me, apertando seu pau que ainda está dentro de mim, e um grunhido de advertência veio do fundo da sua garganta. “Brincando com fogo, Rose.”

Eu puxo o lençol ao meu redor enquanto eu o observo colocar o jeans. Ele não estava usando boxer ou cueca, completamente nu. Sua calça jeans pendurada abaixo dos seus quadris, apenas o suficiente para eu ver aquele bonito V que desaparece sob a cintura.

“Você está indo?”

“Não, baby. Mas eu quero conversar. Então se vista e você pode me fazer um café.” Ele caminhou ao redor da cama, agachando ao meu lado. “Preciso que você saiba que esta merda é séria.”

Eu concordo. “Apenas me dê um minuto.”

Ele se inclina e coloca os lábios contra minha testa. Meu corpo formigou com o contato. Ele os manteve por mais de alguns segundos, antes de afastar e me dar o sorriso mais doce e sair do quarto.

Meu corpo relaxa e eu suspiro dramaticamente quando me afundei na cama, olhando para o teto pensando se eu estava em um sonho estranho ou universo alternativo. Blizzard e eu tivemos nossos momentos, mas eu sabia que ele ainda estava confuso e não estava completamente convencido de que ele pudesse confiar em mim ainda. Mas aqui estava ele. O que mudou?

Eu jogo as cobertas e pego meu robe, amarrando-o ao redor do meu corpo e indo ao banheiro, antes de finalmente me aventurar para a sala de estar.

Blizzard está encostado no meu balcão da cozinha, ainda sem camisa e café na mão. “Você demorou muito. Eu me levantei cedo esta manhã, eu precisava de café.”

“Você é tão impaciente.” Eu revirei meus olhos passando por ele para pegar uma xícara para mim mesma. Seu braço circula minha cintura e ele pressiona contra minhas costas. Afastando o cabelo para longe do meu ombro com a mão livre ele arrasta seus lábios pelo meu pescoço. Eu estremeço, arrepios aparecendo na minha pele.

Blizzard ri levemente, soltando-me e deixando-me parada congelada enquanto ele se acomodava no sofá. Ignoro seu olhar quando pego um café.

“Eu não podia esperar mais.”

Seguro minha xicara quente entre as minhas mãos. “Pelo quê?”

“Por você.”

Escondendo um sorriso por trás da xícara, bebo o líquido quente. Eu não pude deixar de sentir uma sensação de excitação fluir através de mim. “Explique?”

Ele soltou um suspiro brusco. “Você realmente vai querer que eu faça isso, hein?”

Encolhendo os ombros, tento acalmar meu coração que está acelerado no meu peito. Blizzard foi uma pessoa que me colocou em primeiro lugar e cuidou de mim quando estava no meu pior. Ele e Chelsea me puxaram para a superfície quando eu estava me afogando lentamente – o peso de meus erros me arrastando para baixo. Blizzard me atingiu com força total com sua sutil, mas dominante, presença. Abrindo o seu caminho para a minha vida e me fazendo rir quando nem queria viver.

“Nós passámos por muita merda.” Seus olhos ficaram conectados com os meus quando ele falou, “Eu não quero me enganar com isso. Eu sei que eu disse que queria mais tempo para ver se eu poderia confiar em você novamente. Mas eu fiquei pensando, e se você se machucasse ou algo pior?”

Ele coloca a xicara na minha mesa lateral e levanta do sofá, perseguindo-me, cada passo completamente cheio de propósito. Sua intensidade queima com tanta força que eu dou um passo para trás, o calor aquecendo minha pele.

“Eu quero nos dar uma chance. “ As minhas costas atingem o balcão e logo depois, Blizzard está tirando a xícara de café das minhas mãos e colocando-a de lado. Seus quadris pressionam contra mim, e aproveito a oportunidade para traçar as tatuagens que atravessam seu peito e descem pelo abdômen. Um belo padrão de redemoinhos e curvas que eu me lembrei dele dizer há muito tempo, que eram marcas culturais que representavam a família do clube. Eu aproveito meu tempo, meus dedos seguindo as marcas escuras. Ele fica em silêncio como eu, até que eu não consigo me controlar mais e me inclino para frente, começando a seguir as linhas com a ponta da minha língua. Sua mão vem para a minha garganta, mas não foi uma manobra agressiva. Foi possessiva.

Minha respiração se espalha pelo seu peito e ele ergue meu queixo com a mão. “Não posso prever o que vai acontecer. O que eu sei é que eu quero você como minha agora. Nós só temos que passar por isso. Então, temos todo o tempo no mundo para descobrir o resto.”

Eu sorrio. “Eu pensei que tivesse fodido tudo.”

“Todos cometemos erros, baby. Eu não estaria onde estou hoje se as pessoas não tivessem me dado uma segunda chance.” Seus lábios tocaram os meus brevemente. “Esta será a nossa segunda chance. Talvez até precisemos de uma terceira ou quarta ou, quem sabe, quantas mais, porra. Mas, enquanto houver essa conexão entre nós, farei o que for preciso para fazer isso funcionar, se você fizer o mesmo.”

“O que for preciso,” eu respondi, sabendo que as palavras eram verdadeiras. Eu faria qualquer coisa para ter certeza de que isso funcionasse. Porque Blizzard era o meu fim de jogo, ele era meu feliz para sempre, meu correr ou morrer.

Era apenas um sonho antes, mas agora era real. Não havia nada que pudesse ficar no caminho.

Capitulo 35

Blizzard

Com Rose enfiada debaixo do meu braço enquanto passo pelos canais da televisão, a merda parecia normal.

Infelizmente, não era.

Estávamos sentados à espera de um telefonema para dizer que Edge estava aqui para buscá-la.

Fiquei agitado depois de ouvir Rose falar sobre o que aconteceu na noite anterior. Esses caras usavam drogas, e enquanto ela foi inflexível que era só maconha que eles estavam usando por lá, eu sabia depois de pesquisar sobre o clube um pouco mais, que eles estavam em uma merda muito mais pesada.

Os rumores era que tinham perdido mais que um punhado de irmãos ao longo dos anos de overdose. Essa era uma estatística que os Brothers by Blood nunca tiveram que lidar, pela forma como nossos clubes eram administrados. Os irmãos não se viciavam nas coisas pesadas. Era uma responsabilidade e um risco para a segurança ter homens que estavam constantemente altos. Isso os tornava perigosos e imprevisíveis, e os Vicious Vultures já eram as duas coisas sem adicionar metanfetamina e cocaína na mistura.

Eu sabia que isso não era seguro desde o início, mas agora estava atingindo o próximo nível e ainda não estávamos preparados para ir resgatar Lane, então isso significava que Rose precisaria passar pelo menos esta noite com esses fodidos.

Ela se aconchega mais perto de mim. “Você está todo tenso.”

“Apenas pensando.”

“Pare de pensar.” Sua mão vagueia pelo meu peito, suas unhas coçando-o levemente. Apenas o suficiente para me excitar, mas não o suficiente para causar dor. Ela puxa o cós do meu jeans e eu não me oponho, levantando meus quadris para ajudá-la enquanto o puxa para baixo.

Eu limpo minha garganta. “Baby...”

“Pare de pensar, Blizzard,” ela sussurrou, envolvendo seus longos dedos em torno da minha masculinidade enquanto ela muda sua posição, até que está de joelhos ao meu lado.

Um grunhido satisfeito escapa da minha garganta quando ela inclina a cabeça e me pega na boca. Ela lambe e chupa a cabeça do meu pau enquanto a mão dela trabalha no eixo. Deixo minha cabeça cair para trás, minha mão deslizando por sua coluna até chegar à curva de seu traseiro. Puxando seu robe para que eu pudesse sentir sua pele lisa, agarro seu cabelo na minha outra mão e guio sua boca pelo meu pau.

“ Jesus,” eu gemi. Ela chupa com força enquanto arrasta a boca para cima. Eu posso sentir a saliva pingando do meu pau. Ela balança a bunda no ar, e eu dou uma bofetada sobre uma de suas nádegas. Ela estremece, mas balança novamente enquanto me leva dentro de sua boca mais uma vez.

“Não sabia que você gostava de um pouco de dor com prazer,” eu disse.

Sua boca me libera com um estalo gentil. “Nem eu.”

Gemo, escorregando meus dedos para baixo da fenda de sua bunda até encontrar sua linda buceta molhada com meus dedos. “Fico feliz por ser o único a ajudá-la a explorar essa pequena perversão.” Coloquei um dedo dentro dela e ela gemeu alto, seus lábios vibrando ao redor do meu pau.

Controlo seu ritmo enquanto sua cabeça sobe e desce, combinando cada movimento com dois dedos dentro dela, a cada pequeno empurrão puxando para fora para beliscar seu clitóris. Seus quadris começam a se mover comigo, empurrando para trás contra minha mão e a mão dela assume o lugar de sua boca, sua respiração tornando-se tão pesada que ela luta para não sufocar.

“Eu quero gozar.”

O pedido sem fôlego me surpreendeu, e eu percebi que minha garota não tinha apenas uma pequena perversidade nela, ela queria que eu assumisse o controle. Eu não estava completamente interessado na coisa de dominador e submissa com sexo. Gostava que a minha mulher fizesse o que a fazia sentir bem. Era sobre fazê-la feliz, tanto quanto me fazer gozar. Mas por Rose, eu daria o que fosse preciso para ter o melhor orgasmo de sua vida.

“Você quer gozar, baby?” Eu puxei minha mão para fora e bati em uma das duas nádegas antes de dirigir meus dedos para dentro dela.

Sua mão puxa meu pau, preciso de tudo o que tenho para me concentrar nela e não explodir por todo o seu rosto.

“Sim, me faça gozar. Por favor.”

“Já que você me pediu direito.” Peguei sua perna e ela gritou enquanto eu a puxava para o meu colo, para cima de mim. Eu não lhe dou nem um segundo para respirar antes de puxar seus quadris para baixo e forçar meu pau dentro dela, completamente.

Ela joga a cabeça para trás e grita, “Blizzard!”

Eu levanto seus quadris, empurrando-os para cima e para baixo enquanto eu a seguro no lugar.

“Goze, Rose!”

Era como se a onda mais intensa de prazer nos atingisse ao mesmo tempo. Abrindo seu caminho até nossos corpos e nossas bocas, quando ambos gememos alto.

“Foda-se!” Eu gritei, puxando-a para o meu pau uma última vez, enquanto minha liberação a preenchia.

Depois de alguns momentos de respiração pesada, inclinei-me, afastando seu robe para o lado, pego seu mamilo na minha boca, sugando com força. Sua buceta se contrai em torno do meu pau, fazendo com que meus dedos afundem em seus quadris e meus olhos quase reviram na minha cabeça. Ela cai no meu peito, com a cabeça inclinada no meu ombro e aproveito para envolver meus braços em torno de sua cintura fina. Ela é tão gostosa. Tão perfeita em meus braços.

“Eu preciso tomar banho e me vestir.” Sua respiração faz cócegas na minha orelha.

Aperto-a um pouco mais forte. “Eu acho que você está bem onde está.”

Ela ri, mas não tenta se mover.

Quando seu telefone celular começa a tocar, eu quase o apanho e jogo na parede mais próxima. Seu corpo fica tenso instantaneamente e ela se mexe para sair de cima de mim, meu esperma deslizando pelo interior de suas pernas enquanto ela pega o telefone da mesa de centro.

Teria sido uma vista sexy, se não fosse pelo fato de eu saber exatamente quem estava no outro lado da linha.

Cerro os dentes.

Ela respira fundo. “Olá?” Seus olhos encontraram os meus e ela me atirou um olhar simpático, se desculpando. Ela afasta o telefone e olha para a tela antes de colocá-lo de volta no ouvido. Ela aperta seu robe em torno dela e se move para ficar de pé junto à pequena janela que dá para o estacionamento. “Parece bom, eu posso me aprontar.”

Eu me sentia mal. Essa foi a única maneira de explicar isso. O ciúme e o medo caíram como uma pedra pesada no meu estômago.

“Eu só vou tomar um banho. Buzine quando você chegar aqui e eu descerei.” Houve mais silêncio antes que ela risse. “Como um encontro?”

Aperto meus punhos.

“Sim, sim. Eu lembro.”

Eu levanto do sofá e puxo meus jeans para cima, sem me importar que meu pau ainda estivesse molhado com a mistura de nosso orgasmo.

“Ok, vejo você em breve.”

Ela virou-se para me encarar com um profundo suspiro, os olhos arregalados quando ela viu o olhar furioso no meu rosto.

“Vocês dois parecem próximos,” eu zombei, cruzando meus braços em meu peito.

“Sério, Blizzard?” Ela perguntou, levantando a sobrancelha e imitando minha posição.

Dou um passo em direção a ela. “Você se esqueceu de mencionar o quão perto vocês estão?”

“O que você está falando? Eu tinha que chegar perto. Eu tinha que fazer que ele se sentisse como se fossemos amigos. Você sabe disso.”

Balanço minha cabeça. Eu sabia que era apenas o ciúme que havia assumido. Que foi para fazer isso que ela veio para cá. O que ela precisava fazer para tirar Lane de lá e derrubar esses caras. Mas atingiu muito perto de casa. “Assim como você fez conosco.”

Ela se encolhe, quase como se eu a atingisse. Eu assisti quando seu corpo se encolheu. “Eu estou fazendo isso por você. Por Judge e o clube. Eu pensei que você soubesse disso. Eu pensei, depois de tudo isso, que você entendesse.”

Foi como um chute nas bolas. Ela estava certa. Eu tinha esquecido isso. Ela não mereceu que eu a acusasse assim, quando simplesmente falei sobre avançar e passar por todas as besteiras que haviam acontecido.

“Baby...”

“Não.” Ela balançou a cabeça e se afastou enquanto eu avançava. “Você tem alguma ideia do quanto me mata fazer isso? Quanto eu odeio que, mais uma vez, tenho que fingir um sorriso e fingir ser outra pessoa? Não podemos fazer isso se, cada vez que algo acontecer, você tem que questionar se estou mentindo ou se pode confiar em mim.”

“Não é isso.”

“Eu te machuquei. E para o resto da minha vida, vou me arrepender disso. É o suficiente que eu me odeio pelo que fiz, mas não preciso de você nem de todos os outros me lembrando disso.” Ela levantou a cabeça, mas eu pude ver as lágrimas se formando em seus olhos.

Eu não tinha palavras. Ela estava certa. Se eu queria que isso entre nós funcionasse, eu precisava esquecer isso. “Me desculpe, baby.”

“Eu preciso me preparar. Ele estará aqui em breve, então é melhor você ir.” Ela virou e caminhou pelo corredor. Ouço quando fechou a porta do banheiro e girou a chave.

Eu queria ir até ela. Mas ela estava certa. Eu precisava sair daqui antes que Edge aparecesse e eu estragasse tudo o que ela tinha feito. Encontrei minha camisa em seu quarto, dando uma última olhada na porta do banheiro, antes de sair e dirigir-me para a caminhonete.

Eu precisava me lembrar de que sempre havia o amanhã. Eu poderia falar com ela, então. Poderíamos resolver essa merda porque, apesar das minhas tendências de idiota, eu queria isso e eu a queria. Isso não era mais uma questão.

Apenas atravessar o hoje.

O pedaço de papel em cima do banco do carona me provocou. “Foda-se,” eu gemi em voz alta, batendo minha mão no volante antes de girar a chave e sentir o motor da caminhonete vir à vida.

Jantar com minha mãe e Judge.

Talvez seja mais difícil atravessar esse dia do que eu pensava.

CONTINUA

Capitulo 20

Blizzard

Observo-a sair do quarto como se tivesse fogo nos calcanhares.

Observar sua brincadeira com as meninas, fez algo dentro ligar. E depois, vê-la sendo insolente – me desafiando – de repente lembrou por que eu tinha tanto tesão por essa garota, para começar.

Ela nem sempre foi aquela presa fraca na qual Marco a tinha transformado. Ela tinha coragem, ela era inteligente, e sua inteligência era rápida. Isso me fez querer pegar aquela linda boca e ensinar uma lição.

“Eu não tenho certeza de que realmente gosto que isso está se tornando uma coisa regular,“ ela murmurou enquanto abria a porta.

“Pode ser mais regular.“ Eu sorri, passando por ela e entrando.

Eu praticamente a ouvi rolar os olhos. “Por favor, entre. Sinta-se em casa.”

“Obrigado,“ eu disse-lhe quando me sentei no seu pequeno sofá de dois lugares, ignorando seu tom sarcástico.

Ela entrou na cozinha e começou a se ocupar. “Ao que devo o prazer desta vez?“ Ela pegou uma tigela grande e começou a mexer. Mergulhando o dedo, ela então o trouxe para a boca, deixando a mistura colorida de chocolate manchar seu lábio inferior antes de limpá-lo com a língua.

Meu pau com uma mente própria começou a doer.

Seu nariz enrugou e ela olhou para a tigela com uma careta.

“O que você está fazendo?“ Perguntei com curiosidade, levantando-me e tentando esconder minha ereção crescente, quando me aproximei para investigar.

Ela suspirou. “Tentando esta receita para um bolo de chocolate com grão de cereais livre de glúten e lácteos.”

“Por que diabos você faria isso?“ Eu perguntei, enrugando o nariz como ela tinha feito com apenas o pensamento disso.

Ela colocou a tigela no balcão. “Estou experimentando alimentos de valor nutricional e coisas dietéticas. Estamos investigando intolerâncias alimentares e como as pessoas com isso podem ter comida gostosa.”

“Parece uma merda.”

Ela estreitou os olhos. “A intolerância alimentar é real. Isso afeta muitas pessoas.”

“Não me afeta.”

Antes que eu soubesse o que ela estava fazendo, ela pegou a colher da tigela e passou o conteúdo da ponta do meu nariz. Tentou manter um rosto sério, mas não aguentou e as risadas começaram.”

Eu podia sentir o cheiro do líquido lamacento, não cheirava a chocolate. “Você acha isso engraçado, hein?”

Sua risada parou e seus olhos se arregalaram dramaticamente. Por um segundo, pensei ter visto um brilho de medo em seus olhos. Verdadeiro medo.

Antes que ela pudesse pegar, mergulhei minha mão na tigela e usei meus dedos para fazer uma bagunça na bochecha dela.

Ela ofegou. “Esse é o meu bolo!”

Eu levei meus dedos na minha boca e os lambi. Os olhos dela se dilataram e ela mordeu o lábio.

Não era horrível, mas também não era bom. Segurei minha mão limpa na garganta e fingi tosse. “Oh meu Deus, essa merda é nojenta.”

Ela olhou para mim por um segundo antes que o riso explodisse de sua linda boca e aquele sorriso voltasse. O sorriso que eu ansiava.

“É muito ruim. Huh?“ Ela admitiu, jogando a tigela na pia e abrindo a torneira para lavá-la.

“Eu conheço um lugar onde eles fazem um bom bolo de chocolate.” Eu ofereci, esfregando minhas mãos debaixo da água para tentar limpar a bagunça.

Ela olhou para mim pelo canto do olho, a linguagem do corpo mudando de relaxada para apreensiva.

Ela olhou para o relógio que pendia na parede. “Eu tenho uma aula as duas.”

Ignorei a desculpa flagrante e agarrei sua mão. “Ótimo, vou deixar você lá depois.”

Eu não tinha contado, mas achei que seu tempo tinha acabado.

Não tinha certeza de como ela achou que ia ganhar um jogo de esconde-esconde, em um clube onde ela nunca esteve antes, contra um membro do clube que morou aqui toda a vida. Eu balanço minha cabeça. “Pelo menos, eu vou ter uma moto limpa amanhã, eu acho.”

Caminho pelo corredor até a sala principal onde alguns dos meus irmãos agora estão conversando e bebendo. Chelsea me vê e se afasta de Optimus. “Vou iniciar o cronômetro agora para dez minutos.” Ela pegou seu telefone com um sorriso malicioso.

“Ela parou e te contou?” Eu ri.

“Sim. Não queria arriscar você trapaceando.”

Eu seguro minha mão no meu peito como se ela tivesse me ferido profundamente. “Eu... trapacear?”

Ela riu suavemente, virando-se para o homem dela. “O tempo está passando!” Ela gritou, acenando seu telefone no ar.

Fui à varanda primeiro, Camo e Slider estão ao lado da grelha, assando hambúrgueres. Leo está de pé mais ao lado, foi seu sorriso de merda que o entregou antes de eu notar as pequenas mãos se agarrando aos ombros largos.

“Harlyn, eu posso te ver.” Eu ri.

Leo ri, dobrando os joelhos quando Harlyn desce de suas costas. “Ah, isso é uma droga,” ela diz chateada.

Apenas sorrio enquanto vasculho o quintal do complexo. Eu caminho até os brinquedos, verificando dentro do escorregador e atrás da parede de escalada antes de voltar para dentro. Verifico os banheiros dos homens e das mulheres e o salão do andar de cima que leva aos quartos dos irmãos. Sabendo que não havia como ela ter entrado.

Coçando meu queixo, volto para a sala principal, passando pela multidão e abaixando minha cabeça sob as mesas.

Eu sei que o tempo deve estar acabando agora e eu estou começando a pensar que talvez ela fosse melhor do que eu pensava. Quando entro no corredor que levam escritório de Op, vejo a porta da sala de reuniões onde realizávamos a igreja. Está um pouco aberta.

Eu sorrio, indo naquela direção.

Enquanto ninguém era permitido entrar enquanto realizávamos a igreja, não era completamente fora dos limites. Os irmãos costumavam usá-la para fazer ligações particulares ou para reuniões com advogados quando fosse necessário.

Abro lentamente, observando rapidamente que a cadeira de Op está virada para a parede oposta. Empurro a porta completamente e dou um passo à frente, mas quando não ouço o barulho da porta batendo na parede como deveria, não posso evitar a risada.

Eu viro e puxo a porta de volta.

Rose sorri timidamente para mim.

“Você tem um biquíni?” Ela balançou a cabeça. “Vou pedir que Chelsea te empreste um.”

Meus olhos percorrem seu corpo. Eu já posso imaginá-la nele, longas pernas bronzeadas, abdômen tonificado, seus peitos com seus mamilos mal cobertos pelo tecido.

Lambo meus lábios.

“O tempo acabou!” Eu ouvi Chelsea gritar no corredor.

Colocando minhas mãos na parede de cada lado dela, eu me inclino. “Eu ganhei.”

Eu estava esperando que ela se contorcesse ou protestasse, mas, em vez disso, vejo algo que eu não tinha visto há muito tempo.

Aquele sorriso incrível, bonito e brilhante.

Aquele que eu prometi que faria tudo o que estava ao meu alcance para ver em seu rosto em todas as chances.

Inclino minha cabeça para o lado. Confuso, mas não decepcionado por sua reação.

“Jayla,” disse ela, levantando a mão para apontar atrás de mim.

Eu sigo, olhando por cima do meu ombro. E maldição, ela estava certa. Jayla estava sentada na cadeira de Op, que agora está virada para nós. Seu sorriso brilhante mostra todos os dentes enquanto seus olhos se movem entre nós.

Eu viro e abaixo minha cabeça, minhas mãos ainda pressionadas contra a parede de cada lado dela. Ela se abaixa e sai por baixo do meu braço pulando para a menina. “Você ganhou, Jayla!”

Não posso deixar de sorrir enquanto eu me viro e a vejo pegando a menina e girando-a. Jayla ri e Rose sorri para ela. Elas iluminam a sala.

Quando Rose finalmente a coloca no chão, ela corre em minha direção, erguendo os braços. “Eu ganhei.”

Eu rio, levantando-a e jogando-a nos meus ombros. “Sim, sim, não jogue isso na minha cara.”

“A comida está pronta!” Gritou alguém. Jayla já havia comido. Tecnicamente, ela deveria ir para a cama, mas quando ela chutou as pequenas pernas e saltou nos meus ombros, eu não tinha coragem de fazê-la ir agora quando estava tão feliz.

Eu viro para a porta, mas a voz de Rose me impede de ir mais longe.

“Eu não vou prendê-lo a isso,” ela disse suavemente e instantaneamente meu coração afundou, sabendo que aquela Rose, por quem eu tinha me apaixonado há meses atrás, tinha ido embora, e estava de volta aquela menina insegura, que tinha apanhado até acreditar que era.

“Uma aposta é uma aposta,” eu lhe disse, agachando ligeiramente, de modo que eu não bateria a cabeça de Jayla no batente da porta.

Fazer algo legal para Rose não seria difícil.

A parte difícil seria lembrar que era exatamente isso, uma aposta. E me certificar de que ela também soubesse isso.

Capitulo 21

Blizzard

Eu carrego Jayla até o andar de baixo. Ela está aconchegada no meu lado e está completamente exausta. Eu esperava que ela dormisse cedo ontem à noite, mas ela acabou dormindo mais tarde que o normal.

Depois que eu a peguei da Lucy há alguns dias, Lucy precisou viajar por razões familiares. Seu pai estava realmente doente e eles viviam longe, no Estado de Washington. Mesmo que compartilhássemos o cuidado de Jayla, a casa de Lucy era onde ela passava a maior parte das noites, simplesmente porque não queríamos que ela estivesse constantemente sendo arrastada de um lugar para outro.

A rotina era melhor para ela.

Mas desde que Lucy estava ausente, Chelsea e Op me ajudaram a arrumar um espaço no meu quarto para uma cama e alguns brinquedos. Não era perfeito, mas teria que ser por agora.

E eu tinha que admitir, estava gostando de tê-la por perto. Eu sabia que estava me apegando a ela, e por sinal, ela se agarrou a mim e sempre que me procurou em uma multidão de irmãos, eu sabia que ela estava se apegando a mim também.

Eu adoro crianças. Nós não tínhamos muitas no clube, mas com meus irmãos chegando à idade em que queriam Old Ladies e não as putas do clube, era inevitável.

Eu sabia que as garotas do clube eram parte do que atraía os homens para o clube.

Para mim, eu cresci no lugar, mas para jovens que procuram família e o estilo de vida que a irmandade lhes deu, ter as garotas do clube também era uma grande necessidade.

Era bom, saber que você poderia ter uma mulher à disposição quase todas as noites sem as amarras de um relacionamento. Muitos homens chegaram a nós quebrados também, e encontrar Old Ladies e constituir família não estava no topo da lista de coisas que eles queriam fazer da vida. Às vezes, eles nem sequer queriam isso, mas tinham medo que alguém se aproximasse deles, já tendo perdido demais e não querendo sentir essa dor de novo.

Nós atraímos homens de todos os tipos, mas todos nós tínhamos algo em comum. Todos nós queríamos fazer parte de uma família que nos apoiasse no bom e no mau. Nós não queríamos ter que supor novamente quem estava do nosso lado. Queríamos lealdade, paixão e família.

Todos queriam andar de moto e viver livremente. E era o que eles recebiam aqui.

Quando chegamos à sala de jantar, está razoavelmente cheia para o quão cedo é.

Jayla me acordou às seis da manhã com um cutucão no meu olho e uma risada aguda. Por sorte, eu sou um madrugador, então nos vestimos e saímos para encontrar comida.

Os olhos de Jay se iluminam. “Macy.”

Eu vejo Leo sentado em uma mesa, tentando fazer com que sua menina comesse seu café da manhã. Seus cachos saltam quando ela balança a cabeça de um lado para o outro. Leo esteve quieto nas últimas semanas.

Eu sei porquê.

Alguns meses atrás, tivemos alguns problemas com um cara perseguindo uma de nossas garotas do clube, que agora se tornou a Old Lady de Troy, o presidente da nossa subseção, no sul do Alabama.

Quando entramos na casa deste homem em busca dela, não a encontramos, mas, em vez disso, resgatamos uma jovem chamada Andie.

Leo e ela ficaram próximos enquanto ela viveu no clube e tentava se recuperar. Ela era uma menina doce, jovem, nem tinha saído de sua adolescência. Mas obviamente mais sábia do que sua idade.

Macy se apaixonou por ela e acho que Leo estava no mesmo caminho de ter fortes sentimentos. E então, um dia há cerca de um mês, ela foi embora. Ele escondeu bem seus sentimentos, mas eu sabia que ele devia estar sofrendo.

Leo perdeu sua esposa, a mãe de Macy, Kim, no parto. Ela morreu e não havia nada que pudessem fazer. Kim foi sua namorada no ensino médio. Eles se separaram por um tempo quando ele se juntou às forças armadas, mas algumas coisas estavam destinadas a acontecer e ela apareceu na cidade logo depois que ele se juntou ao clube.

Perdê-la foi um baque para todos nós.

Senti a dor e o tormento do meu irmão naquele tempo, e eu teria dado qualquer coisa para pegar até mesmo um pouco da dor que ele sentia.

No final, foi ter Macy que o ergueu. Ela foi sua luz dentro de um túnel muito escuro. Um que eu espero que ele não volte agora que parece ter perdido outra mulher com quem se importava profundamente.

Coloco Jayla no chão. “Sente-se com Leo e Macy. Volto logo.”

Ela salta. Eu vejo quando Macy a vê e começa a saltar animada na cadeira. Preparo dois pratos para nós e sento.

“Mas eu não quero ir,” ouvi Harlyn gemendo enquanto seguia Optimus e Chelsea na sala de jantar.

“Você vai para a escola. Essa porra terminou, Harlyn,” disse Optimus, virando-se bruscamente para encarar a criança chorona.

“Eles não são como eu, papai. Eu sou diferente.”

Sinto a frustração de Harlyn. Sugar colocou-a em uma das melhores escolas de Athens. Ela queria que Harlyn tivesse a melhor educação que pudesse. Eu não tinha certeza se ela estava com medo de que, ser uma pirralha motociclista a impediria de alguma maneira, as poucas crianças que tínhamos no clube iam para a escola pública local. Eu nunca tinha ouvido falar deles terem problemas, mas acho que Sugar tinha maiores expectativas e Optimus poderia se dar ao luxo de enviá-la onde quisessem.

Eles servem a comida, Harlyn caminhando lentamente atrás deles, de mau humor, e sentam à mesa em que estamos.

Jayla senta no meu colo enquanto come seu cereal e Chelsea tira a colher de Leo e começa a conversar com Macy enquanto leva a colher até sua boca. Macy sorri, um rastro de mingau vazando pelo canto de sua boca e descendo pelo queixo.

Leo recosta-se na cadeira, aliviado.

“Pronta para outro dia na escola?” Perguntei a Harlyn. Ela olha para mim do outro lado da mesa enquanto dava uma mordida irritada na torrada.

“Não comece,” murmurou Op.

“Não sei por que não conversamos com Sugar sobre mudá-la para a escola pública. Fica mais perto e eles têm uma boa reputação.” Chelsea colocou uma colher na boca de Macy enquanto ela falava. “Também seria muito mais barato.”

Seus olhos encontram Optimus antes de descerem sutilmente para sua barriga.

Op revira os olhos. “Você sabe que o dinheiro não é problema.”

“Por favor, papai,” implorou Harlyn, lágrimas enchendo seus olhos.

Eu faço uma careta. Harlyn é uma criança forte, nem sequer chorava quando machucava os joelhos ou quando torceu o tornozelo no mês passado. Havia algo mais acontecendo aqui.

“Vamos conversar com mamãe sobre isso mais tarde,” Op suspirou. Harlyn assente antes de se desculpar e sair da mesa. Ela mal tocou sua comida.

Um grito alto e agudo vem de perto de mim quando Macy jogou as mãos no ar e gritou, “Acabou!”

Chelsea ri e aplaude a garotinha. “Viva, Macy.”

Leo puxa um paninho da bolsa que ele tem a seus pés e limpa o rosto da menina. Macy se contorce, tentando escapar do processo de limpeza. “Jesus garota, eu pensei que você nunca iria comer essa merda.”

Ele coloca o braço em volta dos ombros de Chelsea e a beija na testa. “Obrigado, Chel.”

Ela encolhe os ombros, tirando Macy de sua cadeira alta e colocando em seu colo. “Preciso da prática.”

Ela congela quando percebeu o que havia dito. Olho para Optimus, que balança a cabeça, mas não conseguiu esconder o sorriso em seu rosto.

“Puta merda,” exclamou Leo, olhando entre eles.

“Shhh,” advertiu Chelsea. “Apenas algumas pessoas sabem, e são vocês dois.”

Leo joga o paninho que tinha usado na limpeza do bebê em Op que olha para Leo com desgosto quando pousou em seu colo. “Seu cão velho.”

Jayla começa a se mexer. “Woah, garota.” Eu tentei segurá-la, mas ela continuou tentando sair. A solto, sabendo que não havia perigo para ela. Suas pequenas pernas a levam até à porta onde Rose está de pé, olhando ao redor desconfortavelmente. Ela está usando calças de ginástica e um top apertado com seus fones de ouvido ainda nas orelhas.

O olhar em seu rosto mudou instantaneamente quando Jayla apareceu na frente dela. “Rose!” Ela gritou alegremente.

Ela puxa o fone de seus ouvidos. “Ei, linda.” Ela bagunçou o cabelo de Jay antes de pegar frutas e cereais.

“Rose venha aqui,” gritou Chelsea.

As bochechas de Rose já estavam coradas, sem dúvida de seu exercício, mas quando ela me vê a mesa, ela relutantemente se esquiva de cadeiras e pessoas e pega o assento vazio de Harlyn.

Jay a segue, voltando para mim e subindo no meu colo, satisfeita que sua nova amiga estivesse sentada nas imediações.

“Bom dia,” ela falou calmamente, antes de começar a comer.

“Como foi sua corrida?” Perguntou Chelsea. “Eu gostaria de poder ter ido com você.”

“Pouco provável,” Op resmungou em voz baixa, enquanto mexe em seu telefone.

Chel levanta o braço e bate no peito dele, enquanto mantinha o sorriso no rosto.

Ele engasga com os ovos mexidos que estava mastigando e olha para ela. Rose observa a interação, dando-lhes um momento antes de responder. Seus ombros pareceram ceder um pouco. “Foi bom. Um pouco frio de manhã cedo.”

“Talvez você deva usar mais roupas,” falei. Leo bufa e Chelsea gira a cabeça para mim.

“Talvez você deva tentar correr doze quilômetros e ver quantas camadas você mantém,” ela respondeu rapidamente.

Optimus e Leo riem. Claro que eu estou em forma, eu malho e tonifico meus músculos, mas não estou tão em forma. Eu não respondi, apenas observo quando ela espeta sua fruta com um garfo antes de colocá-la entre seus lábios. O ato foi estranhamente erótico. O desejo de puxá-la da cadeira e levá-la para o meu quarto era forte. Mais forte do que nunca.

Eu estava lutando uma batalha interna.

Não foi difícil estar bravo e irritado com Rose quando ela estava ausente. Eu fui capaz de me convencer a odiá-la pelo que tinha feito e escolher as lembranças que queria reproduzir, para me convencer de que eu estava certo.

Mas então ela volta à minha vida e, de repente, lembro-me da garota que ela era quando estávamos juntos. Sua forma de retrucar qualquer coisa, como ela cuidava dos outros, suas paixões.

Talvez Wrench estivesse certo. Talvez o rótulo de mentirosa e enganadora que eu tinha dado a ela, era na verdade a falsa Rose. Talvez a garota que eu conheci e que estava começando a ver agora, era realmente a verdadeira, e o tempo que passamos juntos realmente afastou a parte escura que ela estava sendo forçada a viver.

Era uma suposição perigosa a fazer. Eu queria muito que isso fosse verdade porque sabia no meu interior que meus sentimentos por ela estavam se tornando mais fortes. Estava chegando ao ponto em que era uma dificuldade contê-los.

Mas havia um grande risco.

Meu coração.

Eu consegui me afastar da última vez apenas um pouco abatido – mesmo com o primo dela tentando me matar.

Se acontecer novamente, acho que prefiro morrer.

Capitulo 22

Rose

“Seu tio não está feliz, Rosalie,” Angelo me repreendeu no telefone.

Passo uma escova no meu cabelo enquanto me observo no espelho do banheiro. “Infelizmente para ele, o objetivo da minha vida não é agradá-lo.”

Enrosco em um nó no meu cabelo e solto uma respiração frustrada. Colocando o meu telefone no alto-falante, deixo-o no balcão enquanto tento tirar os nós dos meus cachos desordenados.

Ouço um riso suave vir da linha. “Passou alguns dias e já consigo ouvir mais força em seu coração. Apesar das circunstâncias, é bom ouvir.”

Eu sorrio, era verdade. Estava me sentindo mais forte. Eu não tinha certeza do porquê. Estava prestes a fazer algo completamente louco e perigoso, me jogar no fundo da piscina e esperar que consiga manter minha cabeça acima da água. A diferença entre agora e alguns meses atrás, quando eu estava na mesma situação, era que eu tinha pessoas dispostas a saltar atrás de mim e me puxar para fora se eu estivesse me afogando.

“Eu sinto isso também,” disse-lhe calmamente, pegando minha base e sacudindo.

“Alguma razão específica para essa mudança?”

Suspiro, colocando um pouco do líquido no meu pincel e aplicando no meu rosto. “Estou fazendo as pazes.”

“Com os motoqueiros?” Ele perguntou com curiosidade.

“Mais ou menos, eu acho.”

Eu passo o pincel sob meus olhos, os círculos escuros que estavam lá começaram lentamente a desaparecer e eu já posso notar que meu rosto está preenchendo. Depois de tudo o que passei com Marco, eu perdi muito peso e minha pele ficou pálida e irregular. Mesmo me mudar para a cidade de Nova York com meu tio e primos não fizeram muito para mudar minha aparência. Perdi meu amor pelo exercício e a saúde, e caí no que eu vejo agora que era uma depressão escura. O buraco lentamente me engoliu e não sabia como escapar disso, deixando-o me arrastar mais fundo. O buraco ainda estava lá, e eu ainda estava lutando para sair. Mas eu senti que alguém finalmente me jogou uma corda.

“Não deixe ninguém fazer você se sentir como se tivesse alguma coisa a provar, tesoro mio,” Angelo me disse com um tom que eu não conseguia identificar.

Era raiva?

“A única coisa que estou tentando provar é que sou eu mesma, Angelo.”

“Nós podemos ser nosso crítico mais difícil.”

Estudo-me no espelho, pegando o meu blush, passo-o levemente nas minhas bochechas. “Quanto eu amo conversar com você, chefe.” Ele riu. “Houve algum motivo especial para esta ligação?”

“Seu tio quer você em casa,” sua voz era dura e pouco convincente.

Eu faço uma careta para o telefone. “Eu pensei que tinha uma escolha? Eu volto, ou eu perco meus direitos ao nome de DePalma.”

“Foi isso que ele lhe disse?” Eu pulei, meus olhos levantando e encontrando o reflexo de Blizzard no espelho. Inclinado contra o batente da porta atrás de mim.

Eu estreito meus olhos. “Eu tranquei a porta. Como é que você entrou?”

“Responda a fodida pergunta,” ele exigiu, não me permitindo distraí-lo.

“Não em tantas palavras, mas foi isso que entendi.”

“Rosalie?” A voz de Angelo ecoou no pequeno espaço.

“Esse não é o seu fodido nome,” Blizzard acrescentou, não tirando os olhos de mim. A atmosfera estava mudando muito rápido. Pego o telefone e desligo o alto-falante, segurando-o no meu ouvido, mas mantendo os olhos em Blizzard.

“Angelo, ambos sabemos que eu não me sentia em minha casa. Eu não estava feliz aí,” suspirei, falando suavemente. Angelo tinha uma grande força. Ele não aceitava nenhuma merda e tinha um milhão de homens à sua disposição, pronto para apoiá-lo com uma única palavra. Ele pode trabalhar para o meu tio, mas seus homens eram leais a ele e somente a ele.

“Você está disposta a se afastar de sua família?” Sua voz era tensa, não mais brincalhona ou profunda.

“O DNA nem sempre é a resposta. E se houver algo melhor para mim? E se houvesse um lugar, onde eu poderia ser feliz e completa que não seja com as pessoas cujo sangue eu compartilho? Devo desistir disso apenas porque não compartilhamos um nome?” Eu me apoiei na pia e me inclinei para frente. Eu queria acreditar que esse lugar poderia ser aqui, mas neste momento, o clube ainda estava muito cauteloso comigo.

Eu só sabia que não nasci para ser uma DePalma. Preferiria me afastar agora com nada, do que viver uma mentira para o resto da minha vida e possivelmente trazer vergonha ao meu tio e meus primos. Eu ainda me importava com eles. Meu coração salta, um golpe instável enchendo o silêncio.

“Eu diria que a felicidade supera tudo,” ele finalmente disse, sua voz suave e calma, mas ainda seguro e confiante. “Anthony tem sido como família para mim há muito tempo. Gio, Rico e Cee também. Ele fez muito mais por mim do que o meu sangue já fez.”

“E estou tão feliz que você o encontrou. Ele realmente é um grande homem,” eu sussurrei. Eu também acreditava nisso. Podíamos não ver as coisas da mesma maneira, ou concordar em outras, mas ele me acolheu quando eu não tinha ninguém e me tratou como um de seus próprios filhos. Ele não precisava, mas sempre o agradeceria por ter feito. “Você encontrou seu lugar. Ainda estou à procura do meu.”

A linha ficou em silêncio, mas eu sei que ele ainda está lá. Ao contrário de Gio, meu primo, Angelo ainda tem um coração no peito. Eu vi isso muitas vezes. Ele era muito mais antigo do que o seu tempo, suas palavras sempre cheias de sabedoria, como se ele já tivesse vivido mil vidas. Eu sabia que se eu pudesse fazê-lo entender, meu tio também entenderia. Angelo tinha esse tipo de presença e poder.

Meus olhos seguem para o espelho novamente, Blizzard está parado, me observando cuidadosamente. Sua mandíbula cerrada.

“Meu lugar não é seu lugar,” ele concordou calmamente. “Eu falarei com Anthony, mas você também precisa encará-lo. Ele respeita as pessoas que dialogam e compartilham seus pensamentos, mesmo que tenham medo das consequências.”

“Eu vou, há apenas algumas coisas que eu preciso resolver primeiro.”

“Não deixe passar tempo demais, tesoro mio.”

Suspiro suavemente antes de tirar o telefone da orelha e desligar.

“Amigo seu?” Blizzard zombou.

Respiro fundo e afasto da pia. “Meu tio me quer em casa.” Apenas dizer a palavra casa me fez sentir mal. Mesmo com todas as más lembranças de ser espancada e abusada, Athens ainda parecia mais como casa do que Nova York jamais seria.

Passo por Blizzard enquanto volto para o pequeno quarto. Ele não se moveu para me deixar passar. Mas ele nunca foi de recuar.

“Ao que devo o prazer desta visita?” Perguntei enquanto me concentrava em colocar as coisas que tirei da minha mala em busca de uma roupa, de volta para dentro.

Ele caminha ao redor da cama, segurando um pequeno biquíni entre os dedos.

Eu ri. “Tendo perda de memória na sua idade? Nós ganhamos, lembra?”

Ele joga para mim e pego contra meu peito. “Não é por isso. Eu estou fazendo minha boa ação e levando você e Jay para dar uma volta,” Ele se vira andando em direção à porta. “Coloque-o sob suas roupas e eu vou pegar a pirralha.”

“E quanto a Harlyn?” Eu falei.

“Ela está na escola, e ela também está de castigo, então Op disse que não.”

Olho para o biquíni em minhas mãos. É fofo, algo que eu teria escolhido para mim. Eu me pergunto de quem era, então rapidamente decidi que não queria saber. Olho pela janela, o verão está terminando, mas ainda era absurdamente quente quando o sol atingia o ponto mais alto.

Tomei fôlego e decidi apenas aproveitar.

Visto meus shorts jeans sobre o biquíni vermelho e uma regata preta antes de pegar uma toalha e jogar minha bolsa sobre meu ombro. Encontro Blizzard sentado na área do bar com um dos irmãos, Wrench. Jayla está pulando em volta da mesa onde eles estão sentados em um lindo vestido de verão roxo e de vez em quando, quando ela passa, Wrench estende a mão e faz cócegas na sua barriga e a faz rir. Ambos os homens sorriem enquanto conversavam.

“Você tem protetor solar?” Perguntei quando cheguei perto deles. Blizzard me olha, seus olhos vagando pelo meu corpo da cabeça aos pés. Ele ergue o queixo e mostra uma grande bolsa que parece estar cheia. Ele levanta da cadeira e dá um tapinha nas costas de Wrench.

Pego Jayla em meus braços e apoio-a no meu quadril. “Você está pronta, senhorita?”

Ela sorri e balança a cabeça para cima e para baixo com entusiasmo.

Nós colocamos Jayla na caminhonete de Blizzard – uma que eu não sabia que ele tinha – e me acomodo no banco da frente.

Verifico seu traje. “Você vai nadar de jeans?”

Ele ergue a camisa enquanto dirige pelos portões do complexo e eu tive que me impedir de lamber meus lábios. Seu short de banho está aparecendo logo acima de seus jeans baixo, uma tatuagem me saudou logo acima do cós. Há espirais e padrões que se destacam contra sua pele surpreendentemente bronzeada. A pele parece suave, além da trilha de cabelo que começa em seu umbigo seguindo para dentro de sua calça.

Eu mexo com meus quadris, apenas essa pequena tentação foi suficiente para a umidade começar a crescer entre minhas pernas. “Oh...” Eu sussurrei baixinho antes de virar a cabeça para olhar para o outro lado.

Percorremos a cidade, virando em uma rua que eu não conhecia e começamos a nos afastar da área urbana para o campo. Eu abaixo o vidro da minha janela, curtindo a brisa que atinge meu rosto e joga meu cabelo ao redor.

Dirigimos por uns bons vinte minutos antes de entrarmos em um caminho de cascalho que está marcado com um sinal de propriedade privada. Descendo uma colina, um penhasco íngreme de um lado, a estrada da largura suficiente para um carro.

É um espaço apertado, mas Blizzard manobra nas curvas com facilidade.

Quando chegamos ao final, a área se abriu para um amplo espaço aberto. Minha boca fica aberta com admiração. À esquerda na base de um penhasco alto, há um tipo de área aberta para um lago. A água é linda e azul, quase translúcida. A área era obviamente, feita especificamente para nadar, com cadeiras de praia espalhadas em torno da beira.

Mas essa não era a parte mais impressionante. Era o prédio em ruínas que ficava ao lado.

“Que lugar é este?” Eu perguntei com admiração quando Blizzard para o carro ao lado da água.

Ele olha para o lugar. “Costumava ser uma velha fábrica de concreto, eu acho. São escombros agora.”

Há um grande edifício de concreto ainda em pé, mas não parece seguro, com chapas de cimento e molduras caídas ao redor. Há árvores e arbustos crescendo por toda a parte e até mesmo alguns espreitando por lugares que eu suspeito que fossem janelas.

Pichações decoram algumas paredes, e em uma grande parede quebrada, eu vejo os emblemas dos Brothers by Blood.

Saio do carro e fico maravilhada com as ruínas enquanto Blizzard ajuda Jayla a sair do seu assento, puxando seu vestido sobre a cabeça para revelar um lindo traje de banho rosa.

“É a terra de Wrench. Ele comprou alguns anos atrás.” Ele aponta sobre o meu ombro e eu me viro para ver uma grande casa de dois andares sobre uma colina com vista para a área. “Ele fez tudo isso. O clube vem aqui muitas vezes durante o verão para reuniões e festas familiares.”

“Nadar?” Jayla sorriu quando Blizzard puxou uma boia da caminhonete. Tem cintas para amarrá-la.

Eu posso sentir uma gota de suor começar a escorrer pelas minhas costas, a água começa a parecer incrível.

Jayla salta para a beira e começa a mergulhar os dedos dos pés, rindo enquanto faz isso.

Começo a desabotoar a frente do meu short, atraindo os olhos de Blizzard para mim. Ele observa meus dedos quando puxo o fecho para baixo e coloco-os na minha cintura baixando sobre meu quadril até caírem aos meus pés. Ele lambe os lábios e coça a barba curta em seu rosto.

“Eu realmente não queria perguntar com quem você conseguiu esse biquíni,” eu disse, enquanto tirava minha regata sobre a cabeça e jogava junto com meus shorts dentro da cabine da caminhonete. “Eu gosto disso, então não vou reclamar.”

“Mm...” ele murmurou.

“Nadar!” Jayla chamou. Eu ri e me viro para correr até ela que pula para cima e para baixo na água rasa.

Eu posso sentir seus olhos em mim. Eles queimam, mas é um sentimento muito bom. Em vez de envolver a minha pele como um fogo feroz, aqueceu-me. Eu deixo ele me olhar, aquecendo meu corpo da maneira mais deliciosa.

Blizzard tendia a ligar e desligar suas emoções tão rapidamente que eu desisti de entender. O que aprendi, entretanto, foi aproveitar os momentos que tinha.

Jayla estende sua mão para mim e eu a pego, levando-nos um pouco mais fundo na água. Está fresco, um choque para minha pele quente. Eu faço uma pequena dança estranha enquanto caminhávamos ainda mais longe. “Meu Deus! Está frio!”

Eu ouço Blizzard rir atrás e levanto minha mão, mostrando-lhe meu dedo do meio sobre meu ombro para Jayla não ver.

Capitulo 23

Blizzard

Não demorou até que Jayla estivesse flutuando por conta própria, chutando as pequenas pernas ao redor do lago. Havia uma pequena plataforma no meio do lago improvisado de onde costumávamos pular na água. Ela se dirigiu até lá. A última vez que a trouxemos aqui, ela passou a maior parte do tempo fazendo isso.

Quando ela pulava, ia para o fundo, mas a boia a fazia voltar à superfície e ela ria como louca. Ela era uma criança da água, não havia dúvida sobre isso.

Rose ainda estava abrindo seu caminho na água, respirando profundamente enquanto ia um pouco mais para o fundo. Não demoraria muito para ela se acostumar com a temperatura da água. Minha teoria era que sempre era melhor mergulhar rapidamente e lidar com o golpe frio de uma só vez. Em vez de atormentar-se fazendo rodeios.

“Meu Deus. Oh meu Deus,” ela gritou, quando afundou de repente até o pescoço.

Eu ri e agarro a gola da minha camiseta, puxando-a pela frente sobre minha cabeça. Tiro minha calça jeans e jogo em uma pilha na grama.

Ela está boiando, me observando caminhar pela areia. Sua boca abriu um pouco e seus olhos brilham. Eu espero muito que ela não pudesse ver o volume no meu short.

Observá-la se despir e vê-la naquele biquíni sexy quase me quebrou. Eu precisava muito disso, como um maldito banho frio. Quando a água está logo acima de meus joelhos, respiro profundamente e mergulho para frente, a água fria picando minha pele nua como agulhas. Abro rapidamente os olhos, observando suas pernas e dirigindo-me para elas.

Ela está de pé agora. Mas eu sou muito mais alto.

Eu chego à frente dela, envolvo meus braços em torno de sua cintura enquanto emergia e encontrava meu ponto de apoio. Ouço seu grito mesmo abaixo da água. Eu explodi na superfície e respirei fundo, usando minha mão livre para limpar a água do meu rosto. Suas pernas se envolvem na minha cintura e seus braços se prendem aos meus ombros, e então ela está colada contra mim.

Sinto um tapa nas minhas costas. “Ow! Por que você está enlouquecendo? Você me viu chegando!”

“Eu não esperava que você me tirasse da água, idiota,” ela rosnou, inclinando-se para que eu pudesse ver seu rosto, que rapidamente mudou quando um pequeno suspiro escapou dela. O ângulo que ela está é perfeito e a água fria não fez nada para acalmar meu pau.

Suas pálpebras caem um pouco e sinto um suave grunhido na parte de trás da minha garganta. Minha mão desce e então eu seguro sua bunda perfeitamente tonificada e a empurro mais forte contra mim. “Blizzard,” meu nome caiu de seus lábios em um sussurro.

“Eu comprei isso.”

Sua testa franze em confusão, mas ela continua a se mexer contra mim. “O quê?” Sua voz estava suave e aérea.

“Isso,” eu esfrego meu polegar na alça que envolve seu pescoço e sobre o material minúsculo que cobre seus seios cheios. Quando toco seu mamilo inchado, circulo meu polegar ao redor da protuberância endurecida. Sua cabeça cai para trás e ela empurra o peito na minha mão, encorajando-me. “Não estava prestes a ver você usando as coisas de outra pessoa.”

Eu inclino minha cabeça e empurro seu peito para cima, lambendo seu mamilo através do material frio e molhado. Um grito alto e respingos chama nossa atenção. Quando Jayla aparece na superfície da água, rindo com os cabelos grudados em seu rosto, meu corpo relaxou. Sinto Rose relaxar também, e depois de nossos olhos se encontrarem por um breve segundo, ela sai dos meus braços e começa a nadar até Jay.

“Isso foi um grande salto para uma pequena menina!” Ela exclamou, levantando a mão para Jayla bater.

Ela bate sua pequena mão contra a de Rose. “Sua vez!”

Rose ri e começa a empurrar Jayla em sua boia na direção da plataforma de salto novamente. Ambas escalam e param na borda.

“Você vai pular comigo? Estou um pouco assustada,” Rose perguntou, pegando a mão de Jayla.

Jayla para e vira-se para Rose com um rosto triste, seus sorrisos e gargalhadas se foram. Chego à plataforma, não gostando do olhar triste que ela tinha agora. Eu me apoio na borda com meus braços. “Você está bem, Jay?” Eu estiquei o braço e toquei sua perna.

Ela continua a olhar para Rose. “Não se assuste. Está tudo bem,” sua pequena voz sussurrou entrecortada. “Eu não estou assustada. Está tudo bem.”

Rose fica de joelhos e pega suas mãos. Podíamos ouvir o desgosto em sua voz. “Obrigada,” disse Rose com um sorriso forçado. Ela ergue a mão e afastou um pouco de cabelo perdido do rosto de Jay. “Eu me sinto melhor agora.”

Jay se lança para Rose, jogando seus braços ao redor do pescoço de Rose e abraçando-a com força. Elas ficam assim por um tempo antes que ambas se separassem sorrindo.

Meu coração estava batendo forte durante esse momento.

Essas duas meninas.

Ambas entraram na minha vida a toda velocidade.

Eu observo enquanto elas ficaram lado a lado na plataforma, ambas com os ombros erguidos, cabeças para cima e sorrisos bonitos iluminando seus rostos. Ambas passaram por uma merda traumática em suas vidas, o pequeno momento de Jayla me dizia que havia mais em sua história do que eu percebi.

No entanto, aqui estavam elas, paradas na borda, prontas para se jogar e ver onde a vida as levaria a seguir. Sem hesitação.

Eu vejo a força de Rose voltando, podia ser um pedaço de cada vez, mas ela estava se encontrando novamente e eu estava começando a pensar que talvez fosse hora de parar de ser tão idiota e perceber o que estava exatamente na minha frente.

Infelizmente, eu estava correndo contra o tempo. Amanhã ela iria embora com Judge e minha mãe para se instalar. Eu não tinha certeza do que aconteceria nessa missão, mas, no entanto, era perigoso.

Como eu me sentiria se ela não saísse disso inteira? Eu me arrependeria de não dizer a ela como me sentia?

Capitulo 24

Rose

Blizzard e eu conseguimos passar o dia inteiro sem mais momentos. Nós dois voltamos nossa atenção para Jayla, certificando-nos de fazê-la rir e sorrir sempre que possível.

Quando ela me disse que estava bem, que eu não precisava ter medo, senti tristeza. Havia mais sobre essa garotinha do que qualquer um de nós havia previsto. Havia algo mais acontecendo em sua cabeça do que apenas perder sua mãe. A necessidade de protegê-la encheu meu instinto. Ela se enterrou dentro do meu coração em tão pouco tempo. Eu sabia que não importava o que acontecesse comigo, ou com o clube – ou se eu fosse arrastada até Nova York – eu faria um acordo com o próprio diabo se isso significasse que ela estaria segura, cuidada e amada.

Eu olho por cima do meu ombro para encontrá-la amarrada em seu assento de carro e dormindo enquanto voltávamos para o complexo.

O relacionamento de Blizzard com ela, apesar de bonito e especial, ainda era um mistério para mim.

“Você teve algo com a mãe de Jay?” Eu perguntei casualmente enquanto olhava pela janela.

Ele ficou em silêncio por um momento. “Por que você pergunta?”

Eu encolho os ombros antes de me virar para olhar nele. Ele manteve os olhos na estrada, mas suas mãos apertavam o volante mais do que o necessário. “Bem, ela não é sua, mas do jeito que você é com ela, e a maneira como ela olha para você como se fosse seu mundo, qualquer pessoa pensaria que era.”

Seus olhos se dirigem para o espelho retrovisor e voltam para a estrada. “Sua mãe, Hayley, não esteve conosco por muito tempo. Alguns meses no máximo. Quando ela foi morta, o clube pegou Jayla sem pensar. Nós protegemos o que é nosso, Rose. Hayley tinha sido uma das nossas meninas e não conseguimos mantê-la segura.”

“Ela te ama,” falei simplesmente com total confiança.

Pego o pequeno vislumbre de um sorriso. “Não sei o que é. Ela se dá bem com todos os irmãos. Mas ela sempre me procura em uma multidão ou me busca quando está chateada.”

“Você é sua chupeta.”

Ele ri. “O quê?”

“Sua chupeta. Aquelas coisas que eles dão aos bebês para acalmá-los ou relaxá-los.” Eu não pude deixar de sorrir. “Ela sabe que ela está segura com você. Então você a deixa respirar tranquilamente.”

Ele verifica o espelho novamente, como se fosse natural que ele se certificasse de que estava bem em todos os minutos. “Hayley entrou no trabalho um dia, ela estava estressada, tentando conseguir o diploma do ensino médio. Mas Jay estava doente e ela não podia estudar. Nós lhe demos algum tempo de folga, dissemos a ela que nós ajudaríamos. Nem meia hora depois, ela estava morta fora do X-Rated.”

Eu nem pensei antes que as palavras saíssem. “Foi Marco, não foi?”

Quando ele não respondeu imediatamente, continuo, “Aconteceu naquela época.”

Seus olhos se dirigem para mim quando ele parou em um semáforo no meio da cidade. “Nós pensamos assim no início. Mas depois do que Jayla disse hoje, estou começando a repensar essa teoria.”

“Porquê?” Perguntei com curiosidade.

“Hayley, aparentemente, foi expulsa de casa quando estava grávida. Pelo que ela disse às garotas, sempre tinha sido ela e Jay.” Ele esfregou uma mão através de seus cabelos curtos. “Mas Jay conhecia o medo. Ela sabia o que era morrer de medo de alguém. E isso é algo que se aprende.”

Minha mão vai ao meu coração e esfrego meu peito com minha palma. Dói, dói por essa pequena menina que possivelmente já havia visto mais em sua vida curta do que qualquer um deveria ver.

“Ela está segura?” Eu sussurrei.

Ele assente. “Este é o lugar mais seguro que ela poderia estar. Meus irmãos e eu não vamos deixar ninguém machucá-la ou tentar levá-la.” Sua mão alcança e aperta minha perna passando tranquilidade. “Parece que não sou o único que a garota dominou,” ele provocou.

Eu rio sem graça. “Como você pode não estar dominado com um rosto como esse?” Eu inclinei minha cabeça para a pequena beleza de cabelos negros.

Ele olha para mim, observando meu rosto por um segundo antes de voltar os olhos para a estrada. “Fato verdadeiro,” ele murmurou.

O resto da viagem foi em silêncio até chegarmos aos portões do complexo.

“O que diabos?” Blizzard resmungou em voz baixa.

Eu vejo Jackie e Judge, ao lado de suas motos conversando com Optimus. Havia alguns outros homens de pé ao lado, todas as motos com sacos pesados empacotados nos lados e uma caminhonete de cabine simples, onde Skins está encostado.

“O que está acontecendo?” Perguntei quando paramos. Optimus se afastou de sua conversa e vem em nossa direção. Blizzard salta para fora e eu desço pelo meu lado, contornando o veículo.

“Eles não deveriam partir até amanhã” Blizzard disparou, quando Optimus chegou a poucos metros.

“A coisa mudou, eles precisam dela no palco esta noite,” Op respondeu, estreitando os olhos para Blizzard.

“Porquê?” Perguntei, nervos de repente me golpeando no estômago.

Blizzard cruza os braços sobre o peito com força, o bíceps saliente e os punhos apertados.

“Um deles entrou no clube e reservou uma cabine privada para esta noite ao lado do palco. Aparentemente, é o aniversário do nosso alvo e eles estão planejando celebrar,” Op explicou, seus olhos movendo-se entre nós dois. “É uma oportunidade melhor. Ele ficará bêbado e feliz, e seus garotos compraram tempo particular com uma das meninas.” Ele me indicou com a cabeça e meu estômago voltou a virar.

“Ela não está lá para fodê-lo,” disse Blizzard severamente.

Optimus revira os olhos. “Nós não estamos pedindo que ela foda com ele, irmão.”

“Op...” Blizzard começou, mas eu o interrompo.

“Quanto tempo eu tenho antes de precisar sair?” Eu perguntei, abrindo a porta traseira. Os olhos cansados de Jayla piscam para mim e eu sorrio, ganhando um sorriso suave dela.

“Assim que possível.”

Eu concordo, puxando Jay de seu assento e erguendo-a no meu quadril. “Vou levá-la para dentro e depois pegar minhas coisas,” falei seguindo para a sede do clube. Vozes tensas me seguem, eu sei que Blizzard não estava feliz, mas ainda estava confusa quanto ao motivo.

Eu sorrio brevemente para Judge e Jackie enquanto eu passo. Light está com eles agora, acendendo o isqueiro na mão com impaciência e ergue o queixo para mim.

Jayla olha em volta, os olhos dela observando todas as pessoas diferentes e a atmosfera. Eu ouço o barulho alto do cascalho vindo rapidamente atrás de mim quando chego ao lado do prédio e passo pelas portas do pátio. Seguindo para a direita, desvio de duas garotas do clube escassamente vestidas se esfregando nos irmãos e subo as escadas em busca do quarto de Blizzard. Eu sei que ele está logo atrás, eu posso praticamente sentir o calor de sua raiva deixando uma trilha atrás de nós. As portas no andar de cima são nomeadas, então eu verifico cada uma até encontrar a dele e fico parada esperando que ele a abrisse.

Ele passa por mim e gira a maçaneta, empurrando-a com força e entrando. Seu humor me confundiu. Ele sabia que isso aconteceria, seja hoje ou amanhã. Foi planejado e ele concordou totalmente com isso, comentários inteligentes incluídos.

Eu entro. O quarto é grande, pelo menos quatro vezes o tamanho do que eu estava dormindo no andar de baixo. Mas eu entendi, garotas do clube não precisavam de luxo.

Sua enorme cama está na frente e no centro, os cobertores ainda jogados e bagunçados da noite anterior. À direita, no entanto, tem uma pequena cama de princesa rosa com um tapete grande no chão, com padrões, números e letras e cores brilhantes. Há brinquedos espalhados por todo o quarto, livros infantis e DVDs cobrem uma pequena mesa.

Ele estende a mão e pega Jayla de meus braços, pegando um pequeno tablet enquanto contorna a cama. Eu assisto ele a deixar escolher um jogo. Seu pequeno rosto sorri brilhantemente quando ele beija sua bochecha e se afasta.

Seus pequenos dedos dançam sobre a superfície do tablet e as risadas suaves preenchem a sala.

Eu sorrio. “Eu preciso ir.” Mas antes que eu pudesse escapar, ele fecha a porta atrás de mim e me puxa pela mão para dentro de seu banheiro. Ele verifica Jayla sobre o ombro uma última vez quando entramos, antes de girar e me pressionar contra a pia.

Minha boca fica aberta. “O que você está fazendo?” Perguntei nervosamente.

“Não permita que ele toque você.” Veio o aviso severo.

Eu estreito meus olhos. “Quem?”

“O cara que você está tentando atrair com esse corpo.” Sua mão vem até minha cintura e escorrega debaixo da minha camisa. Seus quadris me empurram contra a pia, mas isso não é sexual, nem um pouco. Isso parecia mais com desespero.

“Porquê?” Eu perguntei suavemente, estendendo a mão para colocar minha mão em seu peito.

Sua cabeça cai, e de repente este homem que passou os últimos dias me dando o inferno com suas mudanças de humor parecia tão quebrado.

“Porque eu preciso que você saia disso viva.”

Eu balanço minha cabeça. “Blizzard, eu não entendo.”

“Foi fácil me convencer de que eu odiava você quando não estava por perto para me provar que eu estava errado.” Sua cabeça fica abaixada, mas ele ergue seus olhos, encontrando os meus. Meu coração acelera. “Dois dias. Foi só o que precisou para fazer exatamente isso. Eu não sei o que é essa merda, mas preciso de mais tempo para descobrir.”

“Eu...” As palavras se perderam na minha língua. Ele estava me dizendo que eu não tinha fodido tudo completamente?

“A confiança não é conquistada durante a noite. Eu preciso de mais tempo. Então você precisa voltar, ok?” Sua mão apertou minha cintura.

Meu coração continua acelerado e levanto minha mão para acariciar sua bochecha. “Vou tentar.”

“Não tente, apenas faça,” ele disse com severidade como se fosse minha escolha. Mas não era. Se esses homens me descobrissem, eles provavelmente me matariam por tentar enganá-los.

“Rose!” Eu ouvi a voz de Optimus se aproximando pelo corredor.

Blizzard não se move, nossos olhos ficam conectados até que eu me soltei de suas mãos e me afastei. Ele coloca ambas as mãos na pia, sem olhar para mim enquanto eu saio do pequeno espaço.

Corro até à cama e dou um rápido beijo na bochecha de Jay antes de correr pela porta.

Deixando meu coração naquele quarto com eles.

Capitulo 25

Blizzard

Houve uma batida suave na porta. Eu tinha ficado no meu quarto com Jay enquanto ouvia o barulho das motos se afastar da sede do clube. Meu intestino estava contorcendo, então eu concentrei tudo na garotinha ao meu lado, esperando que isso me distraísse da necessidade de subir na minha moto e segui-los.

Eu permito que entre. A porta se abre só um pouco e Harlyn passa pelo espaço, fechando-a atrás dela. Jay senta-se e sorri para ela.

“Ei, garota. Como foi a escola?” Perguntei, sentando também.

Harlyn encolhe os ombros e desvia os olhos. “Tudo bem, acho.” Ela oscila sob seus pés. “Jayla pode brincar?”

Eu faço uma careta. Harlyn geralmente era tão brilhante, um pouco louca às vezes, mas ela era como a vida da festa. Esta nova Harlyn estava diferente. Ela estava reservada e nervosa. Eu não gostei disso.

“Venha aqui.” Eu bato na cama ao meu lado.

Ela suspira dramaticamente, mas lentamente se move e sobe.

“Diga-me o que está acontecendo?”

“Eu já disse a mãe e ao pai e a Chelsea, tio Blizzard.” Ela revirou os olhos. “Eu simplesmente não gosto daquela escola.”

“Sim, e eles podem acreditar nessa desculpa, mas eu não,” eu zombei. “Agora vamos tentar isso de novo.”

Ela baixa a cabeça. Algo estava matando essa garota por dentro. Doía-me saber que ela achava que não poderia trazer seus problemas até nós. Ela tinha apenas seis anos, mas seu coração e sua cabeça eram muito mais velhos.

Quando ela não disse nada, coloquei meu dedo abaixo do seu queixo e levantei seu rosto. Eu vejo as lágrimas, flutuando em seus longos cílios, esperando para cair. “Harlyn, você não pode simplesmente atacar as outras crianças porque elas falam mal da sua família. Não importa o que pensam de nós, você sabe em seu coração...”

“Eu não consigo ler,” ela fungou de repente.

Eu me afasto, franzindo o cenho para ela. “O que você quer dizer?”

As lágrimas começaram a cair agora. Olho para a porta com o canto do olho, mas Harlyn não percebe.

“Todas as crianças, estão progredindo em seus grupos de leitura. Mas cada vez que olho para as palavras ou as letras, elas simplesmente não fazem sentido.” Ela fungou novamente. “A professora me faz sentar na parte de trás e nunca ajuda, então deixei de perguntar. Aquele garoto, ele disse que era porque eu vim do lixo, que os motoqueiros são estúpidos e burros.”

“Que diabos?”

Harlyn assusta-se e sua cabeça vira para a porta onde seu pai está parado, os punhos apertados contra o batente da porta com raiva.

“Papai...” Um soluço escapa quando ela pula da cama e corre para ele. Ele a pega com facilidade, embalando-a em seu peito. Ela chora desoladamente, sua cabeça enfiada sob o seu queixo contra o patch do clube.

Optimus me olha por cima da cabeça dela, seu rosto cheio de fúria. Eu estava com raiva e nós dois sabíamos apenas por um olhar que alguém ia pagar por isso. Optimus entra e senta-se na beira da minha cama com Harlyn no colo.

Jayla puxa minha manga e eu olho para ela. Sua pequena sobrancelha estava cheia de preocupação. “O que está errado?”

Eu afasto seu cabelo do rosto e tento sorrir apesar dos sentimentos que me dominavam enquanto assistia Harlyn chorar. “Ela ficará bem, pirralha. Por que você não vai ver se você pode encontrar Chelsea e pegar um sorvete do freezer para você e Har.”

“Ela está no nosso quarto,” disse Op bruscamente.

Jayla assente com a cabeça e pula da cama como se estivesse em uma missão de extrema importância.

“Harlyn...” Op tenta puxá-la para trás para que pudesse olhar para ela, mas ela está agarrada nele. Ele suspira. “Por que você não nos disse? Você leu para mim antes e foi bem.”

Ela fica em silêncio por um momento antes de sentar-se para trás e olhar para o seu pai – o maldito ídolo dela. “Eu escutei as outras crianças lerem e memorizei as palavras,” ela admitiu suavemente.

Meu coração quebra. Essa garota estava passando pelo inferno na escola. Tanto as crianças quanto a professora – a pessoa que deveria estar fazendo o seu melhor para se certificar de que ela conseguisse – a humilharam.

“O que está acontecendo?” Perguntou Chelsea enquanto Jayla a puxa para dentro do quarto. Os olhos dela arregalam quando vê Harlyn sentada no colo de Op, lágrimas correndo pelo seu rosto. “Harlyn. Oh querida.”

“Precisamos de sorvete, rápido,” eu lhe disse.

Ela olha entre Har e eu, antes de assentir. “Vamos, Jay. Vamos encontrar algo bom. Escondi-o na parte de trás do congelador, então Blizzard não conseguiu encontrá-lo.” Jayla bate as mãos e corre pela porta, Chelsea logo atrás dela. Mesmo Harlyn soltou uma risada suave.

“Precisamos conversar com sua mãe,” Op contou a sua menina, limpando suas lágrimas com o polegar. “Eu não sei como perdemos isso.”

Harlyn encolhe os ombros. “A mãe sempre parece estar ocupada.”

Eu faço uma careta. Sim, e eu sabia quem a estava mantendo assim.

“Mamãe está tentando montar sua loja, Har. Ela está trabalhando muito,” explicou Op. Sugar estava abrindo uma loja de roupas na cidade. Ela queria que fosse acessível, mas elegante, assim ela continua dizendo. Embora, nesta fase, eu não pensava muito em sua classe enquanto ela se esgueirava pelas costas do meu irmão e, como parece, ignorava os pedidos de ajuda de sua filha. “Vamos ver onde Chelsea está com esse sorvete.”

Op dá a Harlyn um último aperto antes de colocá-la no chão. Ela olha para mim e sorri suavemente. “Obrigada, tio Blizzard.”

Aproximando-me, bagunço seus cabelos. “De nada garota.”

Op levanta o queixo em agradecimento enquanto ele a pega pela mão e a conduz pela porta. Suspiro, deitando na cama. Fiquei feliz pelo fato de, pelo menos, estarmos cientes do que estava acontecendo. Ver Harlyn triste ao redor da sede tinha sido uma agonia para todos. E só em saber que havia pessoas tornando um inferno a vida de alguém que amávamos, doía o meu coração. Eu faria qualquer coisa para proteger as pessoas que eu amava, mesmo que isso significasse ir a essa maldita escola e bater em algumas cabeças por fazer isso.

Capitulo 26

Rose

Olho pela janela. A viagem era longa, mas Skins me disse que estávamos chegando perto agora. As borboletas torcem, viram e saltam no meu estômago. Ocasionalmente, eu tinha a sensação de que realmente poderia vomitar. Eu estive me preparando para isso. Eu sabia que estava chegando, mas agora de repente se tornou tão real e eu estava com medo.

“Você está bem, querida?” Perguntou Skins, seus olhos observando meu colo onde minhas mãos esfregavam nervosamente. “Você parece um pouco tensa.”

Eu ri, o som saiu trêmulo e não convincente. “Oh sim. Eu estou bem.”

A vibração das motos que nos rodeiam é um zumbido constante. Suponho que se eu pensasse sobre isso, o som deveria ser reconfortante. Sabendo que eu tinha esse grupo de pessoas do meu lado, prontos para me proteger. Mas quase senti como se estivesse em um carro fúnebre sendo conduzida em procissão para o meu lugar do descanso eterno.

Ham e outro dos irmãos, Kev, estavam vindo conosco na viagem. Eles não estavam usando suas cores, em vez disso, usavam simples coletes pretos. Optimus queria o seu pessoal conosco para que ele pudesse ter certeza de ser informado se algo desse errado, mas não queriam chamar a atenção para o fato de que os clubes estavam ligados.

“Você estará segura,” Skins tentou tranquilizar-me. “Se qualquer coisa der errado, teremos muitas pessoas lá prontas para puxar você para fora.”

Inspiro pelo nariz, tentando ao máximo acalmar minha respiração antes de assentir. Esperando que ele estivesse certo. Eu não tinha qualquer tipo de interação com motoqueiros antes de conhecer Chelsea. Eu não sabia nada sobre eles além do que as pessoas imaginavam que eram perigosos e criminosos. Descobrir que Chelsea era uma garota do clube não me fez pensar muito melhor deles. Não foi até que ela explicou o amor e respeito que vinha em fazer parte de um clube, que percebi que não era o que parecia. Os homens tratavam bem as garotas e elas estavam lá porque queriam estar.

Ver o relacionamento que Blizzard tinha com seus irmãos também abriu meus olhos. Eles estavam dispostos a fazer o que fosse necessário para apoiar uns aos outros quando as coisas eram difíceis. Eles riam e se provocavam e passavam o tempo juntos como uma grande família.

Era o tipo de família que eu imaginei na minha cabeça toda minha vida.

Passei tanto tempo buscando meus parentes de sangue apenas para que caísse em pedaços bem na frente dos meus olhos. Blizzard tinha sido criado por pessoas dentro do clube, pessoas que não tinham DNA conectado a ele, mas ainda o via como um deles.

Isso explodiu minha mente.

“Qual é a sua conexão com o clube?” Eu perguntei a Skins, virando meu corpo para encará-lo.

“Você quer dizer como eu me envolvi com o Satan’s Sanctuary?” Eu assenti com a cabeça mesmo que ele não estivesse olhando para mim.

Ele sorriu. “Judge conhecia meu pai naquela época. Meu pai não era parte do clube, mas eles ainda eram muito próximos e eu cresci vendo Judge como família. Quando Judge foi convidado a sair de onde morávamos na California e começar uma subseção do clube no Arkansas, eu aceitei a chance de me juntar.”

Penso em suas palavras por um minuto. “Qual a atração para você?”

“Muitas coisas. Você nunca está sozinho quando tem muitas pessoas te apoiando. Eles nunca te julgam, nunca fazem você se sentir como se não pertencesse. Você prova sua lealdade e essas pessoas estarão ao seu lado até o fim dos tempos.” Ele falou como se fosse óbvio.

“E as coisas ruins?” Ele olhou para mim pelo canto do olho. Eu não estava completamente inconsciente do fato de que coisas ruins aconteciam. Eu aprendi exatamente isso, durante o meu tempo com Marco. As ameaças vinham o tempo todo. Inferno, estávamos prestes a mergulhar diretamente em uma situação que qualquer pessoa normal nunca teria que lidar.

A coisa era, essas pessoas, tanto os Brothers quanto o Satan’s Sanctuary estavam dispostas a fazer o que fosse necessário e não pensar duas vezes em tirar a vida de alguém se tivessem que fazê-lo, para manter seu pessoal seguro.

“Essa é uma decisão que você precisa tomar sozinho.” Ele encolheu os ombros. “Se alguém que você amasse estivesse em apuros, até onde você iria para protegê-lo? Não é apenas uma coisa de MC. Se alguém entra em sua casa e ameaça ferir as pessoas que você ama... seus pais, ou seu marido, ou seu filho. Você puxaria o gatilho para mantê-los vivos?”

Ele deixou as palavras estagnar no pequeno espaço.

Meus pensamentos foram instantaneamente para Blizzard e para Jayla, as duas pessoas que, em poucos dias, roubaram meu coração.

Até onde eu iria para evitar que eles fossem feridos? O que eu faria?

Tudo o que fosse necessário.

“Estamos quase lá,” disse ele, quando começamos a ver menos terras agrícolas e mais casas. As motos pegam uma pequena estrada lateral, logo após o limite da cidade. Eu os observo, de repente me sentindo muito exposta. “Está tudo bem. Nós simplesmente não queremos ser vistos juntos. Eles estão indo para a sede do clube e voltam em breve nos veículos. É um pouco mais discreto.”

Eu engulo com força, mas aceno com a cabeça, concordando que era uma boa ideia.

No instante em que esses caras descobrissem que eu estava conectada ao clube, eu estaria acabada.

E, e o mais importante, Lane também.

O oeste de Memphis, onde o Sanctuary está localizado, é um pouco menor do que Athens. A área central da cidade, onde lojas e empresas ficam, ocupam algumas ruas. Pequena o suficiente para ser pitoresca, mas suficientemente grande para que nem todos soubessem da sua vida.

“É isso?” Perguntei quando chegamos à rua. A frente do prédio está um bar ocupado. Já tem um punhado de carros aqui e são apenas quatro horas.

Skins nos conduz pelo lado do prédio, onde penso que os caminhões de entrega descarregavam suprimentos. O edifício é comprido, é surpreendente. Não foi até chegarmos aos fundos que percebi que metade do prédio é o clube de strip, e a outra metade o bar.

Há uma grande placa acima das portas que diz 'The Backroom', o nome falou por si mesmo. Há algum espaço para estacionamento, mas não há carros nem sinal de pessoas.

“O clube possui esse lugar?”

“Somos mais como investidores,” ele disse enigmático. “Eles estão do nosso lado e dispostos a ajudar, no entanto. Não se preocupe.”

Não se preocupe.

Últimas palavras finais.

“A entrada principal é através do bar. Devemos estar seguros entrando pelos fundos e nos prepararmos.” Ele virou para a direita ao lado da única porta e começou a sair. “Espere aqui, deixe-me verificar primeiro.”

Eu observo quando ele bate na porta e espera, seus olhos constantemente examinando a área. A porta se abre e um homem de terno escuro sai. Ele é enorme, seus ombros quase muito largos para caber na porta. Sua barriga é redonda e muito saliente, e suas mãos grandes engole a de Skins enquanto se cumprimentam.

Skins me chama a atenção através do para-brisa e gesticula com um aceno da cabeça para eu sair. Eu me viro e pego minha mochila do banco de trás e sigo para encontrá-los. Ambos me levam para dentro e fecham a porta antes de iniciar as apresentações.

“Rose, este é Dave. Ele é o chefe da segurança do The Backroom.“ Eu dei a Dave um sorriso suave que ele devolveu. “Ele é encarregado de manter as garotas seguras e os clientes na linha.”

“Prazer,” Dave disse com um aceno de cabeça. Sua voz correspondia perfeitamente ao seu corpo, seu tom muito suave e profundo. “Iris quer vê-la assim que estiver pronta.”

“Claro, cara. Sabe onde ela está?”

Dave sorriu. “Em seu escritório.”

Skins ri e pega minha mão. Ele me leva pelo pequeno salão. Há portas de ambos os lados, de algumas eu ouço música, outras mulheres rindo. Paramos na que diz 'Gerência' e Skins abre sem bater.

Eu ofego, minha mão indo direto para a boca e meus olhos olhando para o teto. Skins ri. “Iris, você queria nos ver?”

Tento evitar olhar, mas mesmo com toda a força que tenho, eles continuam voltando para a cena na minha frente. Há uma mulher mais velha – ela deve ter por volta de cinquenta anos, inclinada sobre uma grande mesa enquanto um homem lindo, jovem, totalmente em forma e louro fodendo ela por trás. Ela está agarrada a borda da mesa, seus gemidos enchem o espaço que nos rodeia.

“Ahhh, me foda com força, Liam. Eu preciso gozar para que eu possa ter essa reunião.” O homem loiro, que deve ter a minha idade, sorri e pisca para mim, quando começa a empurrar seus quadris cada vez mais rápido, balançando e tirando a mesa do lugar. “Ah, sim, oh... oh... sim!” Gritou a senhora. Liam dá-lhe mais alguns bons empurrões antes de seus olhos se fecharem e ele soltar seu próprio gemido cheio de êxtase.

Ele puxa para fora, tirando o preservativo e jogando-o na pequena cesta de lixo ao lado antes de colocar o jeans e pegar sua camisa do chão. Ele me dá outra piscadinha quando passa e meu rosto já corado queimou ainda mais.

A mulher, que deduzi ser Iris, endireita o vestido preto e ajusta seus seios. O vestido agora caiu até seus joelhos. É de tirar o fôlego e faz com que ela parecesse um pouco modesta – ao contrário do que eu acabara de testemunhar.

Meu coração está acelerado e eu sei que minha boca ainda está aberta.

Avançando, Skins pega sua mão e beija-a. “É sempre um prazer ver você.”

“Digo o mesmo, querido,” ela disse com um sorriso acolhedor. Ela volta sua atenção para mim. “Você deve ser Rose.”

Estendo a mão, minha cabeça ainda não era capaz de compreender no que eu estava entrando. “Prazer em conhecê-la.”

Ela aperta minha mão, mas seu rosto rapidamente torna-se sério. “Tudo bem, vamos acomodá-la e dar-lhe um resumo sobre o que vai acontecer. Nós só temos algumas horas antes de você estar no palco.” Ela gesticula para o sofá que está encostado contra a parede, enquanto ela caminha e se apoiava no lado de sua mesa. “Você está pronta para isso?”

Eu me sento, olhando para Skins enquanto ele fica de pé com os braços cruzados em seu peito. Ele me olha com atenção, isso são eles me dando uma chance para desistir.

Mas não faria isso.

Estou aqui. Vou fazer o que preciso fazer. Porque é o que a família faria.

Respiro fundo e ergo meus ombros. “Tão pronta quanto poderia estar.”

Capitulo 27

Rose

Olho para mim mesma no grande espelho, ainda incapaz de acreditar no que estou vendo. “Você parece linda, querida.” Olhei por cima do meu ombro para ver Hadley sorrindo para mim da porta. Hadley é uma das strippers aqui no The Backroom. Ela é uma garota doce e tinha feito o meu cabelo e maquiagem.

Depois de conversar com Iris e Skins, eles desapareceram para falar de segurança. Precisávamos ter um segundo plano se, por qualquer motivo, esses homens desconfiassem de quem eu era ou o que estava acontecendo.

Hadley foi a única outra pessoa que recebeu informações sobre o que estava acontecendo, pois ela provavelmente estaria mais próxima de mim em todos os momentos. Skins teria que se esconder nos bastidores, porque no segundo que ele fosse visto, uma tempestade de merda provavelmente começaria. E Iris ainda precisava dirigir o clube como se fosse apenas outra noite comum.

Meus cabelos escuros estão enrolados e cai solto pelos meus ombros e minha maquiagem está carregada. Olhos escuros esfumaçados e lábios vermelhos para combinar com a roupa temática negra e vermelha que eu uso. Se você pudesse chamar disso. Abrange as partes principais, mas o bônus é que, enquanto normalmente espera ver strippers tirar suas roupas e ficar basicamente nua, Iris disse que pela falta de roupas eu poderia fugir sem ter que tirar nada, desde que eu desse um bom show.

Tento lembrar tudo o que Kat e eu praticamos. É vital que essa merda seja perfeita.

“Você está tremendo,” Hadley disse parando atrás de mim. Ela coloca uma mão no meu ombro. “Eu estarei lá para assumir o controle se algo der errado. Skins estará logo atrás da cortina o tempo todo para levá-la embora.”

Concordo com a cabeça, tentando sentir algum tipo de conforto.

“O que você está fazendo é muito corajoso,” ela me disse suavemente, sua mão apertando-me com encorajamento. “Eu conheço Lane. Eu sei que ela ficará eternamente grata por você arriscar-se para trazê-la de volta.”

Meus olhos encontram os dela no espelho. “Como ela é?”

Hadley sorri pensativamente. “Ela é quieta, fala suavemente. Ela tem um coração enorme e se preocupa com todos os que ela conhece. Ela também é forte, mas odeio pensar em como ela está assustada agora.” Eu suspirei. “Light tem sido o seu tudo desde que eram crianças. Não sei o que acontecerá se ela não voltar para casa.”

Meu coração dispara, mas suas palavras apenas confirmaram que eu estava fazendo o certo.

Todos precisavam de alguém que lutasse por eles. Não importava quão grande ou pequena fosse a luta, saber que alguém está lá por você poderia fazer toda a diferença.

Eu só espero que ela não tivesse desistido ainda.

A porta da sala abre-se e salto do meu assento. Skins aparece na entrada, dá alguns passos rapidamente para dentro fechando-a atrás dele. “Você está linda. Eu tirei uma foto do seu alvo para que você saiba quem está procurando.”

Ele me entrega seu celular. A foto deve ter sido tirada das câmeras de segurança quando os homens entraram pela porta. Não está muito clara, mas mostra três homens vestindo coletes de um clube entrando na área do bar pela frente.

Skins se aproxima e aponta para o homem à esquerda. “Esse é Edge. Ele é nossa melhor escolha no momento.”

Hadley olha por cima do meu ombro e assente. “Eu me lembro dele. Os outros homens sempre foram escandalosos e grosseiros com seus comentários, mas ele era mais quieto... educado mesmo.”

“Ok, então eu preciso causar uma impressão,” eu disse, mais para mim do que qualquer coisa.

“Sim, querida, você também terá seu tempo particular com ele. Iris especificou que era apenas uma dança, porém, que não haveria mais nada na sala privada. E teremos olhos em você o tempo todo,” explicou Skins.

Eu memorizo o homem cuidadosamente. Seria fácil reconhecê-lo. Enquanto os outros dois são mais magros, Edge tem ombros largos e braços grossos. Seu cabelo é loiro e curto enquanto os outros tem cabelo mais longos, cheios e indomados.

Uma campainha toca na sala. “Esse é o seu aviso de cinco minutos.” Hadley agarra meus braços e fica de pé comigo. “Você vai ser ótima.”

Respiro fundo, jogando o telefone para Skins e erguendo minha cabeça enquanto sigo para a porta.

A caminhada até o palco acontece com um borrão. A batida da música é alta no ambiente, meninas passam, meio nuas, outras com robes de seda cobrindo seus corpos. Quando chegamos à cortina, tanto Hadley como Skins me dão rápidos abraços antes de desaparecerem.

A voz de Iris soa alta e o zumbido das vozes silenciam enquanto ouvem. “Cavalheiros, eu tenho um presente especial para vocês hoje. O nome dela é Lily, e a garota é atordoante.” Nós decidimos mudar meu nome apenas por razões de segurança, fiquei aliviada, mas também nervosa porque era outra mentira que eu tinha para lembrar. “Ela está aqui há apenas uma semana, vinda das luzes brilhantes da cidade de Nova York. “

As cortinas na minha frente abrem lentamente e a música começa. Respiro profundamente e entro sob a luz, tentando me lembrar do que Kat me falou sobre balançar os quadris toda vez que eu desse um passo.

Sexy, sensual, bonita.

Eu preciso ser todos os três.

Deixo meu corpo sentir a música. Começa lenta e cresce dramaticamente, então eu imito isso com meus movimentos. Nós passamos a minha rotina para essa música tantas vezes que se tornou quase uma segunda natureza. Meus olhos se fecham quando eu deixo as palavras me preencherem. Agarrando o poste, eu giro e desço, usando meu cabelo como acessório jogando-o ao redor.

Abra seus olhos.

As palavras de Kat ressoam na minha cabeça. Se eu quisesse atrair esse cara, precisava fazê-lo sentir que estava dançando para ele. Eu o encontrei rapidamente, ele e seus irmãos sentados na primeira fila. Edge tem seus olhos focados em mim, os outros homens empurrando-o e apontando, um com o telefone na mão, tirando fotos. Eu estou bastante segura de que não era permitido e isso me deixa nervosa. Ele não repara neles enquanto eu caminho para frente, a conexão entre nós é tão forte que está me puxando para ele. Sua língua aparece, molhando os lábios. Deixo meus lábios abertos, minhas mãos correndo por todo meu corpo enquanto balanço com a música. Fico perto o suficiente, apenas fora do alcance, antes de usar o drama da música e cair de joelhos. Eu jogo minha cabeça para trás e agarro meu cabelo com minhas mãos, deixando meu peito subir e descer e rolo meu corpo. Quando a música desacelera, fiquei de pé e começo a caminhar para trás, mantendo-o no foco o tempo todo.

Eu giro no poste mais algumas vezes antes de quatro na última batida da música. Meu cabelo cobre meu rosto, mas a reação na sala me surpreende, estourando em aplausos com assobios e gritos. Levanto ligeiramente a cabeça.

Edge está de pé com seus homens, eles estão me olhando de soslaio, mas ele não está. Ele está me olhando de um jeito que eu só poderia descrever como curiosidade. Sua cabeça está inclinada ligeiramente para a esquerda, mas seu olhar me queimava. É quente e intenso.

As luzes se apagam e sou mergulhada na escuridão. Eu rapidamente me levanto seguindo com calma até à parte de trás do palco, atravessando as cortinas fechadas. Meu corpo relaxa com alívio apesar da adrenalina que ainda enche minhas veias. Arde, mas eu não posso dizer que odeio a sensação. Uma mão me agarra e eu solto um grito.

Hadley ri antes de me puxar para um abraço apertado. “Garota, isso foi fantástico.” Ela recuou, seus olhos estão iluminados e seu sorriso é brilhante.

“Você achou?”

Skins ri à minha direita. “Eu quero saber se eu posso levá-la para um quarto depois que você terminar com ele?”

Eu fico vermelha e empurro seu peito. “Pare com isso.”

Seus olhos perdem toda risada e se estreitam suavemente. “Sem brincadeira.”

Hadley entra entre nós, puxando meu braço e me conduzindo enquanto outra garota se aproxima da cortina. “Deixe ela em paz, Skins. Este não é o momento de retirar o seu pau e balançá-lo.”

“Nunca ninguém reclamou antes,” ele murmurou enquanto nos seguia. Não pude deixar de rir da cara dele.

Hadley revira os olhos. “Tudo bem, você tem cerca de dez minutos antes de executar a fase dois.” Ela me arrastou para o vestiário em que estávamos antes do show. Skins virando em outra direção.

“Como o clube te deixou saber tanto sobre isso?” Perguntei ao fechar a porta. “As garotas do clube com as quais eu praticava não foram autorizadas a saber detalhes.”

Ela congela por um segundo, suas mãos segurando as roupas que ela estava olhando, procurando a minha próxima roupa. Eu a ouço inalar profundamente antes de virar na minha direção. Seus olhos estão tristes e de repente me sinto culpada por ser incisiva.

Eu levanto as mãos, pronta para me desculpar, mas ela balança a cabeça. “Está tudo bem,” ela sussurrou antes de limpar a garganta. “Meu marido fazia parte do clube alguns anos atrás. Ele partiu em uma viagem por alguns meses para fazer um trabalho para o clube, mas quando ele voltou, ele estava diferente.”

Eu me sento na cadeira de maquiagem, escutando tudo o que ela dizia.

Ela começa a peneirar a roupa novamente, puxando outra roupa sexy, completa com ligas e um espartilho. Seus dedos agarram o cabide como se fosse um suporte de vida.

“Ele não era o homem com quem eu casei. Ele estava sombrio, reservado e zangado.” Vi um pequeno tremor passar por seu corpo. “Judge e os meninos tentaram ajudá-lo, mas ele já estava muito longe, então ele foi convidado a deixar o clube.”

Pego a roupa de suas mãos e vou para trás da pequena cortina que estava preparada para poder me trocar. “E eles deixaram você ficar?”

“Eles me convenceram a ficar. Sair com ele teria sido um bilhete de ida para o inferno, e tanto quanto eu queria acreditar que poderia trazer o homem com quem casei de volta, era muito tarde.” Peguei uma falha em sua voz. “Eu já era parte do clube, eles prometeram me proteger e me ajudar. Eles são meus amigos.”

Concordo com a cabeça, vestindo-me rapidamente. “Você sempre foi stripper?”

Ouvindo Hadley rir, enfio a cabeça pela cortina. Ela está sorrindo agora e eu estou extremamente aliviada. “Nunca fui dessas de esconder quem eu sou.”

“E quem você é exatamente?” Perguntei com curiosidade.

“Uma mulher que não tem medo de seu corpo ou sexualidade.” Ela bateu em seu quadril e piscou para mim.

Voltando para trás da cortina, continuo a disputar com minha nova roupa. “Parece que você e Iris têm isso em comum.”

“Eu não acredito que haja algo de errado com o sexo consentido entre dois parceiros. Se isso te faz sentir bem, então, quem se importa com o que alguém pensa.”

“Oh, eu concordo totalmente,” eu disse-lhe, balançando a cabeça, embora eu soubesse que ela não podia ver. Eu não sou uma puritana. Foi uma das razões pelas quais Chelsea e eu nos tornamos amigas. Porque, enquanto as pessoas a julgavam pelo que fazia como garota do clube, eu queria todos os detalhes. “Eu aposto que você e seu marido tiveram uma vida sexual assassina.”

O quarto fica em silêncio e sinto tristeza. Eu sabia instantaneamente que tinha dito algo errado.

“Nós tivemos. Mas parou na noite em que ele tentou retirar a parte do consentimento da equação.”

Saio dali e nossos olhos se encontram. “Eu sinto muito...”

Sorrindo, ela avança e começa a me ajustar. Sua voz baixa para um tom suave, “Eu o chutei com tanta força que ele teria sorte de fazer sexo novamente. Mas aqui estou, ainda de cabeça erguida, sendo sexy como o inferno e sem arrependimentos.”

“O clube ficou do seu lado,” eu disse em voz alta, sem pensar. Seu marido tentou violá-la e o clube a escolheu. Eles a protegeram.

“As pessoas gostam de julgar os MC's por causa dessa pouca percentagem, como esses homens lá fora esta noite, que usam sua posição, força e números para intimidar e causar medo às pessoas. Mas não é disso que se trata. Nem fodendo.”

Sinto suas palavras ressoarem diretamente na minha alma. Havia paixão por trás delas, completa convicção no que estava dizendo.

Não pude deixar de sorrir. “Você me lembra minha amiga Chelsea. Ela costumava ser uma garota do clube Brothers by Blood antes do presidente agarrá-la.”

Os olhos dela se iluminam. “Esse sim é um trabalho em que eu poderia fazer com determinação.”

Ela movimenta as sobrancelhas e nós duas rimos.

“Tudo bem, vamos fazer isso. Você está pronta?”

“Hum...“ Eu esfreguei minhas mãos nervosamente.

“Eu disse, você está pronta!” Ela levanta o punho no ar de forma dramática.

“Não!” Eu respondi, copiando-a e levantando meu punho também.

Ela ri e agarra minha mão, indo para a porta. “Esse é o espírito.”

Capitulo 28

Blizzard

“Você pode parar de andar e sentar” Optimus resmungou, inclinando-se contra o taco de bilhar quando Leo fez sua jogada. Ele se virou, murmurando para si mesmo, “O fodido vai abrir um buraco no meu maldito chão.”

Olho para as costas dele.

“E pare com esse olhar mortal de bichinha,” ele falou, quando se inclinou sobre a mesa e estudou sua próxima tacada.

“Alguém já deveria ter ligado agora.” Eu me apoiei no bar com as duas mãos e Chelsea coloca outra cerveja na minha frente, me dando um olhar simpatizante.

Eu ouço as bolas na mesa bater uma contra a outra e Op grunhir alto, seguido de uma risada triunfante de Leo.

“Foi culpa sua, idiota.” Ele apontou para mim quando ele jogou um punhado de dinheiro na mesa. “Você está enchendo a sala com más vibrações.”

Chelsea ri dele atrás do bar. “Você nunca foi bom no bilhar, não tente culpar outra pessoa pela sua visão ruim.”

Op levanta uma sobrancelha para ela. “Você quer vir aqui e fazer isso, mulher?” Ele manteve os braços abertos, convidando-a a dar outra chance a ele.

Chelsea acena com a mão no ar como se estivesse espantando uma mosca. “Não, não. Esqueça tudo o que acabei de dizer.”

“Isso foi o que eu pensei.”

Pego meu celular do balcão pela décima vez nos últimos dez minutos. Ainda não há chamadas. É uma hora. O clube de strip-tease onde Rose está, The Backroom, estaria fechando às três. Eu sei que se não tivéssemos notícias, então algo ruim tinha acontecido.

“Por que de repente você se importa?” Perguntou Camo curiosamente do canto. Lou-Lou acaricia-o de um lado e Eva beija seu pescoço do outro. “Em menos de dois dias e você passou de odiá-la a ser todo...” Ele fez uma careta como se não pudesse encontrar as palavras.

“Totalmente enfeitiçado?” Interrompeu Optimus.

“Totalmente impressionado?” Declarou Wrench.

“Apaixonado?” Expressou Chelsea.

“Todas as opções acima,” concordou Camo.

Eu faço questão de lançar um olhar mortal a cada um deles enquanto olho ao redor da sala, recebendo apenas rostos divertidos em troca.

Eu bebo a metade da cerveja que Chelsea me entregou. “Bastardos fodidos.”

Eles estavam certos, no entanto. Rose esteve na sede do clube por menos de quarenta e oito horas, e naquele momento eu a chamei de mentirosa e falsa na frente de meus irmãos. Eu a fiz sentir como se fosse uma merda. Eu tinha observado seu vínculo com Harlyn e Jayla, e a levei para algum lugar especial e só aberto ao clube. Eu a provei e senti seu corpo desesperadamente contra o meu em busca de liberação. Não que ela tenha mencionado isso desde então.

Eu não tinha certeza de onde minha mente estava agora.

Ela tinha colidido na minha vida em plena força e meu ódio por ela estava murchando lentamente. Achei que conhecia a verdadeira. Eu pensei ter visto suas verdadeiras cores antes, mas não eram nada comparado ao arco-íris resplandecente que agora brilhava.

Ela me mostrou mais do que jamais pensei haver nela.

Ela era atenciosa e paciente. Seu coração e paixão pelos outros corria em suas veias. Ela também se fortaleceu. Não era mais um capacho que deixava as pessoas ditarem quem ela era ou o que deveria fazer com sua vida. Eu tinha visto isso de primeira mão quando ouvi a conversa com o tio no pátio, dizendo-lhe que não voltaria para casa para que ele pudesse salvar a imagem de sua família.

Ela se jogou em um poço profundo e perigoso, sabendo muito bem que poderíamos deixá-la lá e ir embora.

Às vezes, temos que assumir riscos. Riscos que poderiam resultar em sermos feridos, zombados ou ridicularizados. Cabia a nós pesar se valia a pena. Eu precisava decidir se eu iria correr o risco e deixá-la voltar. A porta já estava ligeiramente entreaberta, neste ponto, tudo podia acontecer. Mas se eu fosse honesto comigo mesmo, queria abri-la e puxá-la para dentro. Fodam-se as consequências que poderiam vir junto com isso. Era um fogo crescendo lentamente que me queima por dentro. Eu ainda não estou pronto para acabar com isso.

Chelsea se aproxima de mim, estendendo a mão para me acariciar.

“Eu tenho certeza que ela está bem, Blizzard. Kev e Ham estão lá com ela. Eles vão cuidar dela, você sabe disso.”

Ela estava certa. Estes são meus irmãos e eu preciso ter fé neles. Eu tenho.

“Blizzard!” Eagle, um dos meus irmãos que havia retornado recentemente vem correndo descendo a escada. Ele estava fora em outra subseção em Dakota do Norte. É um local novo e alguns irmãos de outras subseções ao redor do país tinham sido enviados para ajudá-los a se adaptar e se instalar.

“Sim?”

Ele passa os dedos pelos cabelos desgrenhados. “Sua menina está chorando em seu quarto.”

Eu me sento mais reto. “Jay?” Eu imediatamente vou para a escada, subindo de dois em dois degraus e correndo pelo corredor. Eu posso ouvi-la agora. São soluços demais para uma garotinha tão pequena.

Meu coração aperta quando eu abro a porta e acendo a luz. Ela está sentada em sua cama, lágrimas manchando o rosto e lutando para respirar. Eu corro e pego seu pequeno corpo em meus braços. Ela se agarra a mim como um pequeno macaco, quase me sufocando.

“Jay, está tudo bem. Respire, querida.” Tentei acalmá-la, mas seus pequenos dedos simplesmente afundam mais.

Eu não estou realmente certo do que estou fazendo.

Esta coisa de paternidade era nova para mim.

Paternidade? Eu sou um pai?

“Balance-a.” Olhei para encontrar Eagle de pé na porta, seu rosto preocupado. “Confie em mim, irmão. Eu criei minhas irmãs mais novas.”

Começo a balançar para frente e para trás, fazendo ruídos suaves e baixos. Demorou alguns minutos, mas ela abranda e começa a se acalmar. Seu aperto nunca vacilou, no entanto, ela não ia me soltar. Eu esfrego minha mão para cima e para baixo em suas costas e sento na beira da minha cama, continuando a balançar meu corpo de lado a lado.

“Ela está bem?” Perguntou Chelsea, passando por Eagle, parado contra a porta, observando atentamente.

“Eu não sei. Isso nunca aconteceu antes.” Eu olhei para ela, meus olhos arregalados.

Chelsea cruza os braços. “Jayla, querida.”

Jayla olha para ela, mas balança a cabeça furiosamente e enterra o rosto no meu pescoço.

Chelsea parece surpresa, mas simplesmente coloca a mão suavemente sobre as costas da menina. “Tudo bem, querida. Estamos aqui agora. Não precisa ter medo.”

Outro soluço atravessa seu corpo. “Está tudo bem. Não tenha medo. Está tudo bem. Eu não estou com medo.” Ela repetiu as mesmas palavras que ela havia dito a Rose naquele dia. Meus pelos se levantam e uma centelha de raiva atravessa meu corpo. Eu procuro por Chel, que olha para mim, sua testa franzindo em confusão.

Eu balanço a cabeça e movimento apenas a boca para dizer a ela, ‘Eu vou te contar mais tarde.’

Ela assente. “Venha, Eagle,” ela murmurou enquanto dá um beijo no topo da cabeça de Jayla. “Vou te pegar uma bebida no bar.”

Ela sai pela porta, mas Eagle continua no lugar. “Vai ficar tudo bem?”

Eu não tinha certeza se ele queria dizer com ela ou comigo, mas eu concordo com a cabeça de qualquer maneira. “Sim. Eu vou descer em um minuto.”

Ele hesita antes de puxar a porta atrás dele quando saiu. Eu me sentei lá por Deus sabe quanto tempo, antes de sentir a tensão no corpo de Jayla lentamente começar a suavizar. Isso era tão novo. Jay e eu sempre tivemos um vínculo especial, mas ela também tinha um com Chelsea e outros irmãos ao redor do clube. Mas de repente, já que ela ficara comigo, nosso vínculo se fortaleceu. Era estranho e não consegui explicar exatamente isso. Mas eu sei uma coisa, eu amo essa menina. E não havia nenhuma maneira no inferno, que eu deixaria qualquer coisa machucá-la mais uma vez.

Acabei deitando na minha cama com ela aconchegada ao meu lado, até ela adormecer. Suas palavras ressoaram na minha cabeça o tempo todo, enviando arrepios através de mim.

Eu sabia agora que as coisas durante seu crescimento não tinham sido tão inocentes quanto pensamos. Talvez sua mãe, Hayley, tenha ficado com medo de nos dizer a verdade? Ou talvez ela tivesse algo para esconder? Eu precisava falar com Wrench um pouco mais e ver o que poderíamos descobrir. Eu precisava estar preparado.

Passou-se mais de uma hora antes que eu me desapegasse de Jay e voltasse lá para baixo.

Optimus está no bar conversando baixinho com sua mulher. Ele olha para cima quando nota minha aproximação.

“Judge ligou.”

Capitulo 29

Rose

“O quarto é a prova de som, mas temos escutas dentro,” explicou Hadley calmamente. Skins havia desaparecido, mas ela me assegurou que ele estava por perto. Era muito arriscado vê-lo comigo. Não queríamos provocar qualquer tipo de suspeita. “Eu vou estar aqui. Se você estiver desesperada e precisar de ajuda, bata na porta e virei correndo.”

Eu não tinha certeza do que ela pretendia fazer se eu precisasse de ajuda com urgência. Nós duas éramos muito menores que aquele homem me esperando naquele quarto. Mas ela parecia confiante, então eu respirei um pouco mais calma.

Eu tive que dizer ao meu corpo para não se agitar, e mesmo assim você ainda poderia ver o pequeno tremor em minhas mãos. Eu esperava poder disfarçá-lo enquanto mantivesse meu corpo em movimento. Os quartos eram apenas para danças privadas. Iris explicou anteriormente, durante o nosso passeio pelo espaço, que os homens que os usam devem assinar acordos concordando em não tocar as meninas.

Eu esperava que Edge estivesse de acordo com isso.

Empurro a porta e entro, inclinando-me contra ela até que fechou.

As luzes estão fracas, mas eu posso ver meu alvo sentado em uma grande poltrona no centro de uma das paredes. Os quartos não são grandes e, com seu corpo maciço dentro dele, sinto que não importava onde eu estivesse, ele poderia estender a mão e agarrar-me.

Há outra pequena cadeira de madeira colocada no canto, algo que algumas das meninas usam para suas rotinas. Talvez se ele me atacasse, eu poderia bater nele com isso?

“Você é Lily?” Uma voz profunda grunhiu.

Respiro fundo e levanto meu queixo, dando dois passos, então eu estou de pé na frente dele. Ele é tão alto que nossos olhos estão quase nivelados mesmo que ele esteja sentado na poltrona.

Forçando um sorriso, coloco minhas mãos nos meus quadris. “Sim, é um prazer conhecê-lo, senhor...” Deixo a frase solta no ar. Eu não devia saber quem ele era, então eu me fiz de burra.

Ele resmunga. “Edge, as pessoas me chamam de Edge.”

Concordo com a cabeça e ando para onde há um sistema estéreo pequeno incorporado na parede. Eu aperto o play e a música toca suavemente pela sala. “É um prazer conhecê-lo, Edge.” Eu volto para ele com uma sobrancelha levantada com curiosidade. “Seus pais te deram esse nome, ou é um apelido?”

Meu corpo balança com a música que começou lenta e foi aumentando o ritmo. Edge aponta para o seu colete de couro, seu o dedo parando sobre o patch que diz 'VVMC'. Eu já sei o que representa, mas pergunto de qualquer maneira.

“O que exatamente é VVMC?” Inclinei minha cabeça, tentando parecer inocente. Continuo dançando, tentando manter meus olhos focados nele o máximo possível.

Seus olhos se centraram em mim, eles nunca saíram. A parte estranha é, eles não estavam vagando pelo meu corpo ou me cobiçando. Mesmo quando eu estava dançado no palco, seus amigos olharam para meu corpo me fazendo sentir como um pedaço de carne.

Edge é diferente. Seus olhos ficaram no meu rosto como se ele estivesse mais interessado no que estava acontecendo dentro da minha cabeça, do que estava fazendo com meu corpo.

“Vicious Vulture Motorcycle Club,” As palavras foram lentas e pronunciadas. Ele esfrega uma mão em seus cabelos curtos e solta um longo suspiro. “Olha, você pode parar, por favor?”

Eu congelo, olhando por cima do meu ombro. “Hã?”

Ele solta uma pequena risada e aponta para a pequena cadeira no canto. “Apenas sente-se.”

Eu faço uma careta, minha mente correndo.

Eu tinha ferrado tudo? Ele já sabia quem eu era?

“Hum, você pagou por isso... acho que provavelmente devo continuar...”

Ele ri novamente, desta vez um pouco mais alto. “Meus irmãos pagaram por isso. Eu não me importo se desperdiçarmos o dinheiro deles.”

Eu mordo o meu lábio. Isso não era o que eu esperava. Eu entrei, achando que ia seduzir esse homem. Mas ele só queria que eu me sentasse e o quê? Batesse papo?

Ele parece divertir-se com o estado de indecisão em que eu estou. “Apenas sente-se agora. Você está me fazendo sentir estranho.”

Viro-me e agarro a cadeira, colocando-a a uma distância segura dele – se isso fosse possível neste pequeno espaço – antes de me sentar. Ele se recosta na poltrona, levantando um pé e colocando-o em seu joelho oposto. Era como se fosse uma reunião casual, como se ele estivesse apenas encontrando um velho amigo.

“Eu realmente penso que Rosalie te convém melhor.” Ele assentiu com a cabeça como se estivesse concordando consigo mesmo. Ele deve ter visto meus olhos se arregalarem e um sorriso satisfeito cruzou seu rosto. “Você sabe que podemos buscar uma imagem e combinar essa imagem com outras pessoas que parecem similares na Internet.”

Meu coração estava batendo forte, eu podia sentir cada batida em todo o meu corpo. A pancada é tão forte que meu peito começa a doer. “Eu não gosto de ser chamada assim.” Minha voz era firme. Tentei manter a calma, mas cada parte de mim estava implorando para ver Skins derrubar aquela porta a qualquer momento.

Encolhendo os ombros, ele ergue as mãos. “Não queria ofender. Podemos ficar com Lily se isso te faz sentir melhor.”

Eu cruzo meus braços em meu peito, isso me fez sentir um pouco mais segura, talvez até protegida, tendo algo entre nós. Isso também me fez parecer um pouco mais forte do que eu me sentia. “Onde você está indo com isso?”

“O que um DePalma está fazendo aqui no Arkansas?”

Mil coisas passam pelo meu cérebro. A maneira como ele enfatizou o nome de DePalma me disse que ele estava mais interessado nisso que qualquer outra coisa. Talvez não soubesse tudo, afinal.

“Então você sabe quem é minha família?”

Edge ri. “Todos sabem quem é sua família, querida.”

“Os criminosos sabem quem é minha família,” corrigi.

O sorriso dele cresce. “Touché.”

“Você e seus meninos têm algum tipo de manobra tática agora que fui exposta?” Fiquei impressionada comigo mesma. Eu consegui soar mais forte do que estava sentindo. Até mesmo mostrar-lhe um pouco de atitude. Eu tinha que lembrar, ele me via como uma DePalma, e nenhum DePalma iria se render sem uma briga.

“Não, querida,” ele respondeu com uma pequena sacudida de sua cabeça. “Os meninos nem sabem. Eu fiz com que Rip me enviasse a foto que ele tirou antes que a velha que dirige o lugar viesse e o fizesse excluí-la.”

Graças à porra por isso. Eu podia imaginar o que aconteceria se aquela foto vazasse. E tanto quanto eu queria não gostar de Edge, acho que ele era muito esperto para espalhar qualquer coisa que pudesse irritar uma família mafiosa, não importa o quão grande ou forte fosse o seu clube.

“É estranho, porém, pensei que Anthony só tivesse uma filha.” Eu sabia que ele estava pescando informações. E não me importei. Ele poderia tê-las, se abafasse o que eu realmente estava fazendo aqui.

“Ele é meu tio. Seu irmão Marco era meu pai.”

Suas sobrancelhas se erguem. “Eu preciso me preocupar que você tenha o gene louco então?”

Eu não pude impedir a risada que veio, e, em troca, ele me dá um pequeno sorriso. “Ouviu sobre ele então?” Ele ergue o queixo. “Não o conheci até alguns anos atrás. Minha mãe fugiu antes de eu nascer e se recusou a me dizer quem era meu pai. Quando o encontrei, descobri o motivo.”

O rosto de Edge se suaviza e ele coloca os dois pés no chão. Ele se inclina, apoiando os cotovelos nos joelhos. Agora que ele está mais na luz eu posso ver seu rosto um pouco mais claramente. Ele é bonito. Pelos cobrem seu maxilar quadrado e logo acima do lábio. Elas são escuras, escondendo seu rosto como uma sombra de luz. Seus olhos são castanhos escuros, quase enegrecidos na luz, mas o que não combina é o cabelo mais claro e curto sobre sua cabeça.

“O que ele fez com você?”

Eu quase achei que ele soou preocupado, talvez até um pouco empático. Eu tento encolher os ombros, como se não fosse grande coisa, já não pesava mais. “Como você disse, ele era louco. Tudo o que vou dizer é que eu tive que experimentar essa merda de primeira mão.”

Suas mãos agarram-se fortemente em frente a ele e seu rosto demonstra dor. “Eu entendo você.”

A música tocando no fundo preenche o silêncio.

“Ainda assim, na verdade não responde a minha pergunta sobre por que você está aqui.” Ele me induziu novamente.

Os pensamentos na minha cabeça dispersaram, nada me vinha à mente.

Por que eu estava aqui? Para derrubá-lo.

No final, eu fui com a verdade - bem, a verdade que eu poderia dar sem ele querer me esfaquear. “Eu não me encaixo lá.” Meus ombros caíram e eu mergulhei no meu assento. “É muita pressão ser perfeita, para não manchar o nome da sua família. Eu não sou perfeita. Eu faço merdas estúpidas o tempo todo.” Eu gesticulei para mim mesma, acenando minhas mãos por todo o corpo e indicando minha roupa e onde eu estava.

Edge balança a cabeça. “Sim, querida, entendo.”

Há um som alto no quarto indicando que nosso tempo tinha acabado.

Ele empurra os braços de sua poltrona, forçando seu corpo a levantar. Eu sigo seu exemplo, colocando minha cadeira de volta discretamente para que eu pudesse ter um pouco mais de espaço entre nós.

Ele dá um passo, alcançando a maçaneta da porta.

“Edge?”

Ele olha por cima do ombro para mim.

“Eu apreciaria se você não contasse a ninguém sobre isso.” Eu puxei minha roupa nervosamente. Embora tenhamos formado algum tipo de conexão, eu precisava torná-la mais profunda, mais intensa se eu fosse fazê-lo confiar em mim. E a única maneira de fazer isso era lhe pedindo para guardar um segredo, então ele sentiria como se estivesse no controle. “Eu talvez não combine com minha família, mas eu ainda os amo. Não quero envergonhar meu tio.”

“Você estará aqui amanhã?” Ele perguntou casualmente.

Encolho os ombros. “Eu posso estar.”

“Mesmo horário, mesma sala. Desta vez, você vai pagar.” Um sorriso se espalhou em seu rosto, me mostrando todos os dentes brancos.

Eu rio. “Haverá dança desta vez? Porque se eu soubesse que só conversaríamos, eu teria usado calça de moletom.”

Ele ri quando abra a porta. “Use o que quiser.”

Fico de pé na porta e o vejo caminhar pelo corredor escuro. Muitas emoções correm pelo meu corpo nesse ponto. Alívio. Surpresa. Confusão.

Tudo foi tão completamente diferente do que eu esperava. Entrei pensando que ia provocar e atrair esse homem com meu corpo, mas esse não era o caso. Tivemos uma conversa civilizada. Ele parecia nivelado e razoável, nada como a forma que Judge e o clube descreveram os Vicious Vultures.

“Você está bem!” Hadley apareceu na minha frente, sorrindo de orelha a orelha. “Como foi?”

“Foi diferente... estranho. Mas nos reuniremos de novo amanhã à noite, então é uma vitória, certo?” Eu fingi um sorriso. Edge parecia normal, preocupado mesmo, quando eu falei sobre Marco. De repente, tive um mal pressentimento.

Um sentimento que já tive antes, não há muito tempo atrás. E eu tive que me perguntar se eu poderia passar por tudo isso novamente.

Capitulo 30

Blizzard

“Você precisa tirá-la de lá então,” eu rosnei, jogando minhas mãos no ar.

Optimus me fez esperar até esta manhã antes de me dar qualquer detalhe sobre o que aconteceu ontem à noite com Rose. Tudo o que ele me disse, antes de me ordenar a voltar para a cama, foi que ela estava bem.

Fiquei tentado a ligar para ela, mas Jayla começou a se mexer novamente em seu sono e, como Op confirmou que Rose estava bem, decidi me concentrar na pequena menina que precisava de mim agora.

Agora, depois de uma noite inquieta e de madrugar, eu estou colocando cafeína no meu sistema para me acalmar e não arrancar a cabeça do meu melhor amigo no meu estado de cansaço.

“Você vai me deixar explicar?” Op falou, olhando para mim de seu assento na cabeceira da mesa.

Ele convocou a igreja para contar a todos. Enquanto a situação no Arkansas não afetava diretamente o clube ou a nós, oferecemos nosso apoio, e Rose era tecnicamente uma das nossas.

Minha, se estivesse sendo específico, mas eu deixaria meus irmãos saber disso mais tarde, se eles já não soubessem.

Resumindo, se eles acabassem flutuando em um rio de merda, nós seremos as pás. “Como eu disse. Rose explicou que uma foto dela foi tirada durante sua apresentação. Ela foi jogada no campo de busca, que mostrou outras fotos de Rose. Obviamente, os DePalma são uma das famílias da máfia mais conhecida nos Estados Unidos. Quando Marco foi morto em sua cela na prisão recentemente, a imprensa estava toda em cima desse evento.”

Meu estômago revira. “Como eles conseguiram esse tipo de informação e fotos dela? Não é como se estivesse em todos os lugares. Anthony mantém seus problemas familiares escondidos.”

Ele me entrega um pedaço de papel que tem várias imagens impressas de Rose com o filho mais novo de Anthony – Rico – e também o próprio Anthony. Algumas são nítidas, seu rosto é o foco principal.

Wrench fala, seus olhos estão presos na tela do computador enquanto ele digita. “Estas foram tiradas há vários meses. Pessoas se perguntando quem era a nova mulher. Alguns suspeitavam de uma filha ilegítima, outros que era uma nova namorada. Alguém finalmente confirmou quem era ela na semana passada, depois que Marco morreu. Pode ter sido um vazamento interno, não tenho certeza.”

“Então ele sabe quem ela é, mas não a conexão dela conosco?” A ansiedade me encheu, meu coração pulando no meu peito.

Por que diabos eu a deixei partir?

Recostando-se na cadeira, Leo ergue as mãos atrás da cabeça casualmente. “Mesmo que ele soubesse, o que eles ouviriam é uma história de como ela nos enganou e se juntou a seu pai tentando derrubar o clube. Não há nada que os faça suspeitar que ela estivesse trabalhando conosco ou com outro MC.”

Op concorda com a cabeça. “Apenas como precaução, nós temos Wrench tentando puxar tudo humanamente possível da rede que de alguma forma nos conecta com o Satan’s Sanctuary. Sua certidão de nascimento com o nome de sua mãe, imagens de bebê que poderiam estar de alguma forma por aí, informações sobre seu pai e seu casamento.”

Wrench balança a cabeça, mas seus dedos nunca param. Eu sei que ele está fazendo tudo o que pode para garantir que Rose esteja segura, e agradeço o universo em silêncio que ele é um dos meus irmãos.

Não tínhamos conversado muito desde que eu o peguei com Sugar nesta sala. Eu esperava que eles fizessem o que era certo e contassem a Optimus sobre o que estava acontecendo, mas eu sabia que eles não tinham feito isso ainda. Eu não sou o único que sabe sobre isso, há outros que notaram o zumbido entre os dois. Eu não tinha ideia de por que Op ainda não havia descoberto. Talvez ele simplesmente confiasse que, se houvesse algo, o homem que deveria ser sua família iria confessar sua merda.

Se não fosse pelo fato de toda essa porcaria estar acontecendo com Rose e minha mãe, provavelmente eu mesmo teria dito a ele. Mas agora, meu foco é garantir que todos os meus irmãos tenham calma. Então, se alguma coisa acontecesse, estaríamos preparados.

“Então, qual é o próximo passo?” Minha perna saltou sob a mesa em antecipação.

“Ela se encontrará com Edge novamente esta noite. Isso nos dirá se temos a nossa entrada ou não. Rose precisa ganhar sua confiança, assegurar-lhe que eles são amigos. Quando nós conseguimos um local podemos começar a planejar.” Optimus parecia confiante. Mas esse é o trabalho dele. Um líder tinha que ser forte mesmo no meio do caos. No segundo que o capitão perdesse a cabeça, o navio afundaria, a tripulação e os passageiros com ele.

Eu sei que ele está me observando com cuidado, talvez avaliando minha reação a tudo isso. Era tão clichê dizer isso, mas meu irmão me conhecia melhor do que eu mesmo.

Na minha cabeça, eu já estava na porta, pronto para subir na minha moto e seguir para West Memphis.

“Ela está bem,” Op disse lentamente como se estivesse tentando se comunicar com um estrangeiro. Ou talvez ele simplesmente pensasse que eu era estúpido e ele precisava desenhar para mim. Eu resmungo, fingindo não ficar impressionado com o fato dele saber exatamente o que eu estava pensando. Era quase cômico. Op e eu costumávamos ser uma equipe tão perfeita porque geralmente ele costumava ser aquele que ficava com raiva e eu era o amortecedor que lhe dizia para manter a calma.

Parece que nossos papéis inverteram.

Não podia dizer que era uma coisa ruim.

Eu precisava de alguém agora para ajudar a me concentrar porque, atualmente, tudo o que podia ver era Rose se machucando e eu vivendo no inferno por deixá-la ir embora. Mesmo sabendo agora, que a faísca que existiu entre nós, alguns meses atrás, ainda estava lá, que ainda havia uma chance de eu poder tê-la e que podíamos fazer parte de algo incrível, ainda havia uma parte de mim que queria esperar.

Pergunto-me se eu poderia confiar em alguém que me enganou tão facilmente.

Parte de mim grita que não foi culpa dela, a outra parte está decidida a manter-se firme com o rancor.

Mas isso era tudo? Eu estava apenas sendo teimoso porque não consegui ver que havia mais acontecendo em sua vida do que ela havia deixado transparecer? Se eu fosse tão bom em ler as pessoas quanto pensava, não deveria ter visto os sinais?

Em vez de assumir a responsabilidade pelas minhas próprias ações – ou falta delas – eu estava jogando toda a culpa nela.

Fiquei frustrado, confuso, zangado e ansioso.

Eu precisava de mais tempo. Mais tempo para ver o que poderíamos ser, mais tempo para ver a Rose real de quem eu tinha capturado relances nos últimos dias.

Mas o tempo está acabando.

Há um relógio contando, e logo os ponteiros podem parar de se mover para sempre.

Eu esperava e me arriscava perdê-la – sem saber o que poderia ter sido – ou me jogava, de cabeça em primeiro lugar, e arriscava meu coração ser esmagado em pedaços se tivesse entendido errado.

Tic, tac.

Capitulo 31

Rose

“Golfe, sério?” Eu ri.

Edge olha para mim com um olhar cauteloso. “É um esporte calmante. É sobre precisão e poder, ambos são importantes e encontrar o equilíbrio é a chave.”

Concordo com a cabeça e tomo um gole do copo de vinho. “Parece que você sabe sobre isso. Eu vou ter que acreditar em sua palavra. Eu nunca joguei.”

“Eles têm um curso por aí, poderemos ir algum dia se você ainda estiver por perto.” Ele deixou a oferta de passarmos mais tempo juntos pendurada no ar. Eu tive que me cumprimentar mentalmente por conseguir chegar tão perto disso com apenas duas visitas curtas.

Nós já estávamos sentados neste pequeno quarto há mais de meia hora. Eu fiz Skins trazer outra poltrona confortável, como a que os homens usam para apreciar as garotas. Eu também optei por uma roupa sexy, mas confortável – uma saia jeans curta e um top de alças simples que mostra minha barriga, bem como um decote baixo para acentuar a curva suave dos meus seios.

Nós já tínhamos falado o que ele sabia sobre minha família e eu. Eu queria cobrir isso antes para garantir que todas as ligações entre os Brothers by Blood e eu tivessem sido cortadas completamente.

Fiquei desapontada esta manhã, achando que talvez recebesse uma ligação de Blizzard, mesmo que fosse só para checar e ter certeza de que eu estava bem. Após o jeito que deixamos as coisas ontem, tive certeza de que havia mais em nossa história. Em vez disso, foi Wrench quem ligou e explicou o que ele havia feito. Eles conseguiram localizar quase tudo o que poderia me conectar com os Brothers e remover, porém ele havia deixado qualquer coisa que indicasse meu envolvimento em tentar derrubá-los.

Havia alguns artigos de jornal, incluindo a data da audiência que compareci onde o juiz decidiu que eu não era responsável pelo que aconteceu em relação ao fato do carro de Chelsea ter sido explodido e a academia de Deacon sendo destruída. Eles apuraram que eu não estava agindo em sã consciência e que eu temia pela minha vida, se não seguisse as ordens de Marco.

Tive uma suspeita furtiva de que o tio Anthony e os Brothers by Blood desempenharam um papel para me tirar dessa bagunça.

Mas eu sabia que os DePalma nunca admitiriam fazer acordos com o sistema de justiça, e os Brothers nunca admitiriam ajudar salvar alguém que tentou destruí-los.

“Não tenho certeza de quanto tempo eu vou ficar na cidade,” admiti. “Depende se há uma razão para eu ficar. Eu ganho muito bem aqui, e Iris é ótima... apesar de suas aventuras sexuais... então estou tentado.”

Edge ri levemente. “Ela é decidida para uma velha.”

“E com tesão também.” Eu ri. “Eu a peguei em mais de uma posição comprometedora.” Era verdade. Depois do primeiro dia que eu a conheci com Skins, a peguei duas vezes com outros funcionários. Imaginei se isso era realmente bom para os negócios.

Ele enruga o nariz. “Foda-se isso! Quantos anos ela tem?”

“O bastante para ser sua mãe, pelo menos.”

Ele zomba, colocando a cerveja que ele tinha na mão na mesa lateral.

Parece que eu tinha atingido algo importante pela forma como ele evitou o contato visual e aparentemente se calou.

“Você não sabe quantos anos tem sua mãe?” Eu tentei, começando com algo pequeno.

Ele se recosta na poltrona e cruza os braços sobre o peito. Eu posso ver que ele está se fechando, isso não era algo com o qual ele estava confortável em falar.

“Ela provavelmente teria cerca de cinquenta se estivesse viva.” Sua voz era firme e seus olhos ficaram focados em mim, como se ele estivesse avaliando minha reação.

Limpo a garganta antes de falar. “Idem.” Suas sobrancelhas se levantam como se ele estivesse surpreso, mas depois de me estudar por alguns segundos, ele ergueu o queixo e com isso estávamos conectados. Eu não tinha certeza do que havia sobre essa pequena parte da minha vida que ele sentia que podia confiar em mim, mas era como se fosse a minha abertura para o seu mundo.

“Meu pai é o vice-presidente do Vicious Vultures MC em Utah. Nós temos um punhado de clubes em todos os estados, mas não estamos exatamente no topo do totem. Nós poderíamos ser pegos com bastante facilidade se alguém decidisse vir atrás de nós.” Hoje ele usa um boné de caminhoneiro, cobrindo seus cabelos claros. Está virado para trás e combina com ele. Ele levanta-o e coça sua cabeça antes de colocá-lo no lugar. “Meu pai me enviou e aos meninos para cá. O clube que está na cidade no momento também não é grande, então há uma chance de nós os convencermos a deixar a cidade, ou nos permitir dividi-la.”

Ele falou como se fosse uma transação comercial simples. Que Judge e seu clube iam sentar com eles e discutir coisas como pessoas civilizadas. Mas eu já sabia mais do que ele estava me dizendo. Não se aproximaram em paz. Eles foram direto na jugular.

“Já aceitaram a oferta? Eu não vi nenhum motoqueiro por aí além de você e seus amigos.” Eu tomei outro gole do meu vinho, esperando que isso escondesse quão nervosa eu estou.

Ele faz o mesmo, levando sua cerveja aos seus lábios e engolindo o líquido enquanto me observa. Colocando a garrafa de volta na mesa, ele finalmente responde. “Digamos que estamos lhes dando tempo para pensar sobre isso e considerar suas opções.”

Eu me encolho por dentro, mas me obrigo a assentir, como se eu pensasse que era uma ótima ideia.

O tom de sua voz era um que eu ainda não tinha escutado dele. Era vazio, sem emoção e escuro. Isso enviou um estremecimento na minha coluna, e eu tive que me controlar para não dar uma desculpa e sair, eu estou tão perto agora, que não há volta até conseguir o que preciso, ou morrer tentando. A sensação escura que encheu o ar evaporou tão rapidamente quanto chegou, quando a campainha aguda soou dentro da sala.

Edge abre um sorriso e, por dentro, solto um pequeno suspiro aliviado.

“O que você vai fazer agora?” Ele perguntou quando tomou o último gole da sua cerveja e se levantou.

Era cerca de onze horas. Eu tinha reservado o quarto por uma hora.

Encolho os ombros. “Provavelmente, ir para casa e subir na minha cama.”

Edge revira os olhos. “Que tédio.”

Eu sorrio. “Deixe-me adivinhar, você tem uma ideia muito mais divertida?”

“Bem, agora que você mencionou isso.” Ele sorriu para mim, antes de puxar a porta e parar ao lado, enquanto a segura aberta para mim. “Vamos?”

Ele estava me convidando para dar esse passo com ele. Se não fosse pelo fato de eu saber o que estava acontecendo por trás de tudo isso aqui, eu tinha a sensação de que eu poderia me apaixonar por Edge.

Você poderia dizer que ele passou por alguma merda em sua vida. Mas, na maioria das vezes, parecia que ele tinha uma cabeça boa e compreensível. Ele teve seus momentos onde se podia ver a escuridão cair sobre ele, mas todos nós não temos esses tempos?

A vida não era sol e arco-íris. Todos nós passamos por merda que nos fizeram perguntar o porquê. Por que estávamos aqui na Terra só para sermos torturados? Por que estávamos tão sozinhos em um mundo cheio de pessoas? Por que parecíamos estar destinados a tomar decisões ruins?

Ele deve ter notado que eu estava parada, mas ele não ficou com raiva, ele sorriu. “Se você está com medo que eu esteja levando você para que eu possa me aproveitar longe da segurança deste lugar, você está errada, eu tenho uma Old Lady me esperando em casa.”

Na verdade, eu não estava preocupada, mas agora estava intrigada. “Oh, você tem?”

Ele ri e sai, soltando a porta. Eu passo rapidamente pela fresta antes de se fechar e o sigo enquanto volto para o palco principal.

“Sim, eu tenho, e eu não sou um traidor. Então você não precisa se preocupar.” Seus ombros largos preenchem o pequeno corredor. Minhas pernas precisam trabalhar duplamente para acompanhar seus passos longos. Ele nunca olhou para trás para ver se eu o estava seguindo, assumi que ele sabia que eu estava lá.

Avisto Hadley enquanto manobramos em torno dos clientes que se reuniram no salão principal, assistindo ao show. Ela mantém a cabeça baixa quando ele passa, mas se certifica de encontrar meus olhos com os dela e me dar um sorriso suave.

Kev está de pé na porta, nós conversamos ontem à noite com Judge e Skins, como um esclarecimento sobre o que aconteceu, embora eu soubesse que tinham ouvido tudo. Kev tinha uma fala suave e, pelo que eu poderia dizer, ele não se irritava ou ficava com raiva com muita facilidade. Ele ficou calmo e ouviu tudo.

Ele também é um atirador de elite pelo que escutei.

Kev pega minha mão quando passo, deslizando um celular nela. Eu o coloco rapidamente no bolso de trás e sinalizo um obrigada para ele. Ele me dá uma piscadinha rápida antes de sair dali apressado.

Eu sabia que ele iria se dirigir para o SUV que estava estacionado na parte de trás do prédio, sem dúvida com Skins já esperando nele, pronto para nos seguir. Respiro fundo quando saio para a noite fria. Uma brisa fria gela a minha pele instantaneamente e eu estremeço.

“Coloque isso.” Olhei para a esquerda para ver Edge já montado em sua moto, segurando uma jaqueta para mim. “Você vai congelar se não colocar.”

Passo as mãos de cima a baixo dos meus braços antes de dar dois passos para frente e pegar a jaqueta pesada de suas mãos. Edge usa as cores do seu clube com uma camisa de manga comprida. Ele liga a moto enquanto eu visto sua jaqueta, puxando-a bem perto de mim.

Viro-me para encontrá-lo me olhando, seus olhos estão aquecidos como se ele estivesse me vendo pela primeira vez, como se ele não tivesse me dito que não iria fazer uma jogada. Porque com o olhar que ele estava me dando no momento, eu poderia jurar que era exatamente o que ele estava pensando em fazer.

Eu puxo a jaqueta mais apertada ao meu redor e levanto meu pé, pronta para dar um passo para trás, talvez correr. Edge não me assustou, mas eu conhecia esse olhar. Era o olhar de um homem que queria mais do que eu estava disposta a oferecer.

Eu vi exatamente o mesmo brilho nos olhos de Blizzard, na primeira vez que subi na traseira da sua motocicleta. Sabendo que estava enganando ele, e sabendo exatamente o que ele queria, mas fiz mesmo assim.

Saber que estava prestes a assistir a história se repetir quase me parou. Eu tinha quebrado Blizzard. Fiz com que ele me odiasse, e só agora estava recuperando sua confiança e respeito.

E se essas pessoas estivessem erradas sobre Edge? E se ele não fosse o membro obscuro dos Vicious Vultures que seus irmãos eram? E se ele estiver apenas tentando sobreviver?

E se eu o quebrar também?

“Lily?” Eu giro para ver Hadley de pé na entrada olhando entre nós nervosamente. “Você está bem?”

Meus olhos voltam a Edge quando ele começa a rir. “Ela está bem, vadia de satanás.” Ele estava sorrindo, mas eu podia ver o desprezo que ele tentou habilmente encobrir. “Lily?”

“Se você sair com ele, não se incomode em voltar a trabalhar aqui,” a voz de Hadley era severa, mas instável. Esta era outra parte do jogo, o deixando pensar que minha lealdade estava sendo testada.

Deixa-lo ganhar.

Eu forço um sorriso.

“Sem problema.” Eu dei dois passos rápidos, colocando meu pé no apoio e minha mão no ombro de Edge antes de levantar a perna sobre a moto e me sentar atrás dele. Eu envolvo um braço em volta da sua cintura e estendo o outro para Hadley, erguendo o dedo do meio no ar.

Edge ri enquanto ele acelera o motor e sai do estacionamento comigo, segurando firmemente sua cintura.

Se Hadley não tivesse saído, provavelmente eu teria corrido.

Eu estava cansada de sempre fingir ser algo ou alguém que eu não era. Eu tinha feito isso com Marco, eu tinha feito isso durante o tempo que morei com o tio Anthony e meus primos. Talvez eu tenha me livrado do meu pai, mas eu ainda não poderia ser a pessoa que eu queria ser.

A única vez que me senti livre foi com Blizzard.

Ele sempre trouxe meu sorriso. Ele brincou, ele dava pequenas alfinetadas que me faziam retrucar ou me faziam rir.

Eu não precisava fingir com ele.

Capitulo 32

Rose

A primeira coisa que me atingiu enquanto passávamos pela porta foi o cheiro de maconha e isso me fez estremecer. Foi algo que eu sempre fiquei longe no ensino médio e na faculdade. Não tinha nada contra as pessoas que usavam. Isso não me interessava. Eu preferia velho álcool padrão se eu estivesse em uma festa ou algo assim.

Ficar alta não era minha coisa.

Enrugando meu nariz, sigo Edge para a sala onde seus homens estavam sentados, uma névoa de fumaça os rodeando.

“Você nos trouxe um show privado para a noite, Edge?” Eu estremeci, enquanto o cara se inclinava para frente em seu assento, seus olhos vagando pelo meu corpo.

“Lily, esse é Sith.” Ele apontou para o homem que estava me olhando. Ele me dá uma pequena piscadela e um sorriso nojento. “Esse cara é Rip.” Ele passou pelo sofá onde Rip está sentado esfrega o topo de sua cabeça grosseiramente.

Eu forço um sorriso. “Prazer em conhecer vocês pessoal.”

“Sente-se, Lil.” Contornando a pequena mesa de centro que está cheia de todo o tipo de parafernália de drogas e cigarros, afundo em uma poltrona. Edge cai no sofá ao lado de Rip, que imediatamente lhe entrega um cigarro. Ele dá uma enorme tragada antes de me alcançar.

Sinto-me ansiosa quase sem reação.

“Hum, eu vou passar.” Eu recostei na poltrona.

“Você não fuma?” Edge franziu a testa para mim. Meus olhos se dirigiram para seus irmãos, que estão me observando com curiosidade.

Limpo a garganta, tentando enrolar enquanto peneirava minha cabeça por uma desculpa.

“Meu tio não permite. Posso não estar vivendo sob o seu telhado, mas às vezes eu sinto que ele é Deus e sempre parece perceber essas coisas.” Meus olhos ficam focados em Edge, na esperança de ele aceitar minha desculpa. Não querendo irritar meu tio rei da máfia foi uma boa, pensei.

“Sim, entendo isso.” Ele se virou e jogou o cigarro do outro lado da sala para Sith, que o pega na mão antes de levar até os lábios, seus olhos ainda me observando.

“Você mora com seu tio?” Perguntou casualmente.

Acenando com a cabeça, afasto meu cabelo do rosto e cruzo minhas pernas, o movimento atraindo todos os olhos. “Não no momento. Eu precisava de uma pausa. Fazer a coisa toda de rebelião. E que melhor maneira de irritar o seu respeito é tudo na família do que ser uma stripper.”

Todos riram.

“Eu acho que strip-tease é respeitoso,” disse Rip enquanto pegava um papelote da mesa e começava a enrolar com maconha. “Quero dizer, essas cadelas podem mover seus corpos de maneira que outras garotas não conseguem sonhar. Você precisa respeitar uma garota que pode se transformar em um pretzel enquanto você tem o seu pau em sua bunda.”

Eu queria vomitar quando ele me deu um sorriso, o dente da frente faltando e os outros um tom glorioso de merda nojenta.

Ele é um viciado. Eu poderia dizer instantaneamente. E maconha não era sua preferência.

Eu engasgo uma risada. “Isso é impressionante. Não posso dizer que já estive nisso suficiente para poder fazer isso.”

Soprando uma nuvem de fumaça no ar, Sith relaxa novamente em sua cadeira. “Isso é uma vergonha. Edge aqui estaria feito com a emoção.”

“Oh, sério?” Eu brinquei.

“Cale a boca, fodido,” Edge curvou-se. “Peach está em casa esperando por mim. Não aja como se tivesse esquecido que eu tenho uma Old Lady.

Sith bufa. “Sim, porque ela tem sido a Old Lady perfeita até agora.”

Eu queria questionar o que ele quis dizer com isso, mas pensei melhor e fui com o óbvio. “O nome dela é Peach?”

Sith e Rip ambos caíram na gargalhada. “Sim, fodida Peach. Seus pais a nomearam em homenagem a uma fruta.”

Edge apenas balança a cabeça, pegando outro cigarro da pilha que estava em cima da mesa e acendendo. “Diz o cara com o nome de um personagem dos Simpsons,” ele murmurou.

Sith fica um pouco mais reto, olhando para o amigo. “Ei, Bart Simpson é um fodão.” Eu não pude deixar de rir, o que me valeu um olhar atravessado. “E você, Lily? Esse é seu nome verdadeiro, ou seu nome artístico?”

Há um ruído alto que me interrompe no momento que abro a boca. Os três se olharam com diferentes expressões.

“Eu irei,” Edge ofereceu, levantando do sofá.

Lane.

Minha mente de repente dispara. “Oh, ei! Posso usar o banheiro?” Edge parou, mas não se virou. “Eu acho que bebi muito vinho...” Eu soltei uma pequena risada, “ ...geralmente não bebo no trabalho.”

Observo Edge virar a cabeça para Sith, que dá um ligeiro aceno.

“Vamos,” disse Edge, pisando no primeiro degrau. “Você pode usar o do meu quarto.”

“Obrigada.” Eu pulei do meu assento e andei através deles, sentindo seus olhos em mim o tempo todo. Seguindo Edge, nos dirigimos pela pequena escadaria. Há um pequeno patamar no topo com algumas portas, mas Edge me leva pelo corredor que fica à esquerda.

Houve uma batida de novo e eu pulei. Edge para e veio por trás de mim agora, me dirigindo com uma mão nas minhas costas. Ele abre uma porta e entro no quarto dele. “Há mais alguém aqui?” Perguntei, olhando para ele.

“Sim, a sobrinha de Sith está conosco. Ela tem uma tendência a ser uma pirralha e fugir, então precisamos manter sua porta trancada.” A explicação era estranha, mas fazer de Lane uma adolescente rebelde não era tão estúpido. A criação nos dias de hoje poderia ser bastante extrema, por isso não era inédito para os pais sentirem que precisavam manter seus filhos cativos, se fossem do tipo que se esgueirava à noite e ia a festas.

Eu concordo com a cabeça. “Mas quando vocês estão em casa, porém, ela não pode ficar onde possam vê-la. Deve ser muito chato estar trancada o tempo todo.”

Edge aponta para o banheiro que é do lado. “Eu vou ver o que ela precisa. Fique aqui e eu voltarei para buscá-la.”

Entro e fecho a porta, certificando-me de levantar o assento do banheiro e me sentar, pelo menos, como se eu tivesse usado caso ele estivesse ouvindo com atenção. O banheiro está razoavelmente limpo, produtos masculinos no chuveiro e a pia. Parece normal.

Mas esta situação era tudo, menos normal.

Eu demoro um pouco antes de me lavar e sair.

Edge ainda não tinha voltado, então eu ando até à porta e coloco a cabeça para fora. Ele está de costas para mim, observando a porta do outro lado do corredor.

“Eu vou te dar um balde em breve, se você continuar fazendo muito xixi, porra,” ele resmungou, jogando a cabeça para trás olhando para o teto com exasperação.

A porta que ele está vigiando abre-se e uma minúscula loira sai. Seu cabelo emoldura seu rosto magro. Seus olhos têm círculos escuros debaixo deles, mas ainda são brilhantes. Ela tem contusões ao redor de seus pulsos, mas de qualquer forma parece bem. Eu relaxo um pouco, sabendo que ela não estava ferida.

Lane vira o lábio para cima sorrindo quando enfrenta Edge. “Estou grávida. É isso que acontece.”

Minha mão voa para minha boca para cobrir o suspiro. O movimento deve ter-lhe alertado porquê de repente seus olhos estavam em mim. Eu balanço a cabeça e coloco um dedo em meus lábios, esperando que ela não dissesse nada.

Ele finalmente baixa o rosto para olhar para ela e ela volta os olhos para ele. “Não é meu bebê. Não é problema meu. Devia ter dito ao seu namoradinho para embrulhar seu minúsculo pau.”

“Vá se foder,” ela cuspiu.

Recuo para dentro do quarto, andando suavemente até à cama e sentando-me na beira com as costas para a porta. Eu preciso que ele pense que eu não poderia ter ouvido sua conversa, então pego meu telefone e rapidamente renomeio o número de telefone de Kev para tio Anthony e ligo.

Toca uma vez antes de ele responder. “Você está bem?”

“Olha, tio, não vou voltar, não importa o que você diga,” gritei no telefone. Ouço uma porta bater e passos no corredor. “É a minha vida.”

“Limpe a garganta se você estiver bem.”

Faço exatamente isso antes de falar novamente. “Você é como ele. Tentando me controlar o tempo todo.”

“Você a viu?” Perguntou Kev rapidamente.

“Sim. Ok,” eu murmurei como se estivesse triste. Eu esperava que Kev entendesse o duplo significado. “Tchau.”

Suspiro, deslizando meus dedos pelo meu cabelo com frustração.

“Ele não está feliz, eu suponho.”

Salto como se eu não soubesse que ele estava lá. Gemendo, viro para ele. “Aparentemente estou arruinando sua reputação.” Isto era verdade. Eu sabia que era exatamente como meu tio se sentia. Em vez de voltar, fui para o clube que havia matado um membro de sua família, seu filho mais velho. Eu estava traindo-os essencialmente. E para uma família que foi construída sobre sigilo e lealdade, era o pior que eu podia fazer.

“Pode ser difícil quando sua família espera muito de você.” Ele entrou no quarto e senta-se no lado oposto da cama. “Meu pai, a única coisa que ele se importa sou eu tendo filhos, criar a próxima geração de Vultures.”

“E isso não é algo que você deseje?”

Ele tira o boné e joga-o na cama. “Eu fui uma criança que cresceu em nosso mundo. Olhe quão fodido eu acabei. Para não mencionar, Peach não é exatamente material materno. Os meninos riem porque acham que ela está me traindo com outros caras. Eu não sei, no entanto.”

Ele parece um pouco quebrado. Como se este não fosse o mundo que ele queria, mas como foi criado nele, estava preso.

“Você não está fodido, Edge,” eu falei suavemente.

Ele riu. “Você sabe por que eles me chamam de Edge?” Eu estava surpresa, mas eu balancei minha cabeça.

“Porque minhas emoções mudam rapidamente. Eu estou sempre no limite. Alguém pode dizer algo que eu não gosto e eu mudo.” Ele sorriu. “A maioria das crianças iria para o controle de raiva ou alguma merda, eu acho. Mas eu não, meu pai incentivou essa merda.”

Um forte sentimento se instalou em mim. Isso não era bom. Até agora, consegui manter-me em sua boa graça, mas o que aconteceria quando eu dissesse algo errado.

“As famílias não são ótimas!” Eu murmurei sarcasticamente, esperando jogar fora a tensão que eu sentia então ele não perceberia.

Ele sorri. “Sim, mas ele é meu pai. Minha família.”

Edge está onde eu estive há alguns meses, preso na ideia de que sangue é mais espesso do que a água. Mas Blizzard e os Brothers me mostraram que nem sempre é o caso. Às vezes, são as pessoas que saíram do seu caminho para estar lá para você e cuidar de você o que mais significa. Às vezes, são as pessoas que saíram dos seus caminhos para apoiar você, embora não sejam relacionadas pelo sangue, que são as mais leais e as mais confiáveis. Elas não se sentem obrigadas. Elas estão fazendo isso porque querem, não porque sentem que precisam.

“Foi exatamente o que eu pensei sobre o meu pai,” disse-lhe calmamente, lutando contra as emoções que surgiram quando pensei no que ele me fez passar. “Ele forçou minha mão em um fogão quente,” eu levantei-a para que ele pudesse ver. A pele ainda é diferente, apesar da queimadura não ser tão ruim quanto parecia.

Edge apenas olha para ela em estado de choque. “Maldito inferno.”

“Vocês são dois estão transando ou o quê?” Eu ouvi Rip gritar lá de baixo. “Essa erva não vai durar para sempre.”

Edge balança a cabeça como se estivesse tentando tirá-la de um nevoeiro. “Vamos.”

Eu o sigo, mas faço uma pausa no alto da escada. “ Você acha que eu poderia roubar um cigarro e um isqueiro de um dos caras?”

“Claro, querida.”

Eu espero que Lane tivesse me ouvido e entendesse. Eu espero que lhe desse algum tipo de alívio.

Nós estávamos aqui e ela iria para casa.

Ela e aquele bebê.

Capitulo 33

Blizzard

Cansei de esperar.

Mandei Optimus se foder enquanto ele ficava parado e ria de mim e saí antes do amanhecer no dia seguinte. A culpa me dominou quando pensei em ter deixado Jayla para trás, mas quando eu lhe expliquei que iria pegar Rose e trazê-la para casa, ela sorriu com entusiasmo.

Eu manteria à minha palavra.

Ela ia voltar para casa comigo. Foda-se todo o resto. Podemos descobrir o resto mais tarde. Mas eu preciso dela agora.

Eu estou cansado de pensar sobre o ‘e se’ porque, se eu continuasse me concentrando nele, logo eu ia perder tudo. Então, o único em que eu pensaria era o 'poderia ser' e essa merda me assustou muito mais.

Pego a caminhonete de Op o que me deixa ainda mais louco. Eu odeio estar trancado em uma gaiola por tanto tempo e, até o Arkansas, era uma longa viagem. Mas não podia arriscar ser visto na minha moto na cidade. Quanto menos atenção for despertada, melhor.

Estaciono na parte de trás do The Backroom e não demorou até que Judge aparecesse na entrada.

“Já era hora de resolver sua merda,” disse ele, caminhando em minha direção.

Levanto meus óculos e coloco-os na minha cabeça. “Apenas me diga onde encontrá-la, velho.”

Ele ri. “Você deve ser mais respeitoso com os idosos.”

Eu estreito meus olhos para ele. “E você deve ter mais cuidado com o que diz às pessoas que estão efetivamente salvando a bunda do seu clube. Não pense que apenas porque está com minha mãe que você é meu pai ou uma merda assim.”

“Sim, ouvi sobre o grande homem que ele é.”

Eu me afasto da caminhonete, minha pele eriçada pelo seu comentário. Sim, meu pai era um idiota, mas foda-se se eu o deixaria falar sobre ele. Tratava-se de princípios.

“Diga-me onde diabos ela está?”

Seu sorriso largo aparece através da barba grossa. “Rose está vindo mais tarde para encontrá-los. Enquanto ela está fora, você pode ir a nossa casa ver sua mãe.”

Ele estava brincando comigo. “Você está realmente fazendo isso? Eu poderia apenas ligar para Kev e perguntar-lhe.”

Ele balança a cabeça, ainda sorrindo. “Ele não sabe. Apenas Skins, Light e eu sabemos onde ela está. Mais seguro dessa maneira.”

“Você não confia em meus homens?”

“Eu confio mais nos meus.”

Era inútil ficar aqui discutindo com ele. Ele não cederia, mesmo que eu o socasse com meu punho. Este bastardo era durão. Eu não estava surpreso.

“Tudo bem.”

“Bom.” Ele puxou um pedaço de papel do bolso traseiro de seu jeans. “Vire à esquerda na saída e siga a estrada alguns quilômetros. É o único bloco de apartamentos no lado direito da estrada. Ela está no 10D. Fica nos fundos.”

Levanto o papel que ele me deu. “Por que eu preciso disso então?”

Ele se vira e se afastou. “Nós jantamos às seis.”

Maldito filho da puta.

Eu entro na caminhonete. Não demorou muito para encontrar o lugar do qual ele estava falando. Os apartamentos são bons, novos. Fico contente por ela não estar presa em algum motel de estrada ou alguma merda. Eles estão cuidando dela.

Estaciono nos fundos, dessa forma minha caminhonete não pode ser visto da estrada e não é óbvio a quem eu estou visitando. As portas estão trancadas. Para entrar, precisa de um cartão-chave ou de ser liberado por alguém que mora lá.

Encontro o 10D e pressiono a campainha.

Demora um minuto, mas finalmente ouço sua voz. “Olá?”

“Ei, querida.” Eu gostei da maneira como isso soou.

“Blizzard?” Eu podia ouvir o sorriso em sua voz e queria poder vê-lo.

“Vai me deixar entrar?”

A porta soa e eu abro, correndo para a escada e pulando os degraus até ao segundo andar.

Ela já está de pé na porta esperando por mim quando chego ao topo. Eu aproximo dela rápido, apenas parando para me curvar e colocar as duas mãos em seu traseiro para que eu pudesse pegá-la. Eu bato a porta com o pé, sabendo que não preciso trancá-la, porque a única maneira que alguém conseguiria entrar é passando um cartão.

Ela ri, me abraçando enquanto eu continuo andando. “O que você está fazendo aqui?”

“Vim foder minha mulher.” Eu viro no corredor. O lugar tem apenas um quarto, então não foi difícil encontrar. Jogo-a na enorme cama, mas ela apenas me olha com a boca bem aberta. “É bom ver esses lábios já abertos para o meu pau.”

Começo a puxar meu cinto, afrouxando-o antes de abrir meu botão e zíper. Eu estava duro desde que ouvi sua voz no interfone. Foda-se isso. Eu estive duro desde que eu deixei a sede do clube esta manhã.

“Estou confusa.”

Eu gemo, olhando para o teto e pedindo paciência. “Baby, sério?”

Ela se afasta da cama. “ Sério,” ela repetiu. “Não tenho certeza do que está acontecendo.”

Pego seu rosto em minhas mãos. “Eu sei que sou um idiota. Eu quero você, porra. Eu não me importo com o que aconteceu. Não estou disposto a arriscar não ter você na minha vida só porque sou um bastardo teimoso que é muito orgulhoso para admitir quando ele está errado.”

Ela passa as mãos pelos meus pulsos. “Eu te machuquei. Eu entendo por que você está apreensivo.”

Balançando a cabeça e puxando-a contra mim, sussurro. “ Não mais.”

“Eu acho que estou sonhando de novo.”

Não consigo esconder meu sorriso satisfeito. “Você está sonhando comigo, amor.”

Suas bochechas coram e ela desvia o olhar. “Eu sonhei que você estava no meu quarto de hotel no dia seguinte que voltei para Athens.”

“Você pensou que era um sonho?” O riso explodiu de mim e ela olha para mim, assustada.

“Não foi?” Perguntou ela.

“Maldição baby, eu não fiz muito bem se você pensou que a merda estava toda na sua cabeça.” Eu baixei minha cabeça e pressionei minha testa contra a dela. “Acho que é melhor compensar isso.”

Eu puxo sua boca para a minha e elas se unem em um frenesi. Suas mãos sobem por meus braços e se enrolam no meu pescoço, enquanto eu a devoro.

Ela usa uma pequena camiseta e um short jeans curto. Pego a barra de sua camiseta e ela ergue os braços com entusiasmo, para que eu pudesse puxá-la por cima da sua cabeça. Seu short foi o próximo e, com um rápido movimento de um botão e um balançar de seus quadris, eles caíram no chão.

Paro, aproveitando o tempo para admirá-la e sentir sua pele. Esfrego as mãos pelo abdômen tonificado, deslizando-as pelos seus lados. Ela é perfeita. Suave. Macia.

Levando as mãos para trás, ela abre o sutiã e desliza-o por seus braços, jogando-o do outro lado do quarto com um movimento de seu pulso.

Eu rio levemente, erguendo a mão para segurar o peito cheio. “Está tudo bem, amor. Acalme-se. Vou levar meu tempo.” Meu polegar percorre seu mamilo, extraindo um leve gemido.

“Que se dane,” ela contestou. Sua mão mergulha dentro das minhas calças e cerrei meus dentes quando ela agarrou meu pau, envolvendo seus dedos em volta dele. “Foda-me, agora.”

Eu queria fazer isso devagar. Explorar seu corpo e ver o que a excitava. Mas com sua mão na minha calça, puxando meu pau, de jeito nenhum isso ia acontecer.

Haveria tempo para explorar mais tarde.

“Seu desejo é uma ordem.” Eu agarrei-a e a girei, pressionando entre suas omoplatas e forçando seu corpo a se inclinar. Ela apoia as mãos contra o colchão enquanto eu arranco sua calcinha, deixando-a ao redor de seus tornozelos. “Maldito inferno.”

Sua pequena bunda perfeita é redonda e macia. Aperto com as minhas mãos as nádegas, massageando profundamente com meus dedos. Ela balança de volta, esfregando contra meu pau que agora está livre de meu jeans. Eu tiro-o, chutando-o para o lado e puxando minha camisa sobre minha cabeça com velocidade recorde.

Não haveria nada entre nós, eu quero sentir cada parte dela.

A ajudo a tirar os pés da calcinha e a espalhar largamente antes de me agachar atrás dela para poder ver a gloriosa vista. Uma buceta nua me saudou, brilhando com umidade.

Eu bato as duas mãos em suas nádegas novamente recebendo um assobio suave. Massageando o local, uso minhas mãos para abri-la.

No instante em que minha língua toca sua doçura, ela se abaixa, empurrando-se contra meu rosto. Eu adorei. Minha língua se moveu lentamente, no início, lambendo os sucos e bebendo tudo, seu gosto e seu cheiro. Foi fantástico.

“Oh Deus, Blizzard.” Ela começou a mover seus quadris comigo, esfregando-se contra minha boca. Eu lhe dou outro tapa rápido com uma das minhas mãos, fazendo com que ela gritasse meu nome.

Eu ataco seu clitóris implacavelmente, mesmo quando suas pernas começam a tremer e sua respiração acelera como se estivesse prestes a explodir. Eu me afasto e ela choraminga, mas quando eu a encho com dois dedos e começo a empurrar, ela começa a combinar meus movimentos novamente.

“Foda-se, baby. Você tem um gosto muito bom. Doce como uma maldita fruta.”

Abaixando a metade superior dela na cama, ela murmura nos cobertores. Eu me alcanço e enfio meus dedos através de seus cabelos, pegando-os em um punhado e puxando sua cabeça para trás.

Ela geme alto, “Deus sim.”

“O que foi que você disse, querida?” Perguntei, abrandando o ritmo.

“Eu disse que você vai me fazer gozar,” ela gritou. “Por favor. Não pare.”

Eu sorrio, puxando os cabelos um pouco mais, agora que eu sei que ela gosta.

Não demorou muito para senti-la apertar em torno de mim e deixar escapar um suspiro aliviado enquanto suas pernas cedem e ela finalmente consegue a liberação que estava procurando.

Eu fico atrás dela com um sorriso largo e os braços cruzados em meu peito, admirando sua bela forma enquanto ela se agarra à cama tentando respirar.

“Aprendi algo novo sobre você,” comentei. Seus olhos brilham para mim. “Você gosta de um pouco áspero.”

Meu pau se contraiu apenas no pensamento de quão forte eu podia entrar nela e sabia que ela iria adorar cada centímetro.

Ela lambe os lábios, o rubor em seu rosto de seu orgasmo dando-lhe um brilho suave. “Você vai usar essa coisa ou é apenas para mostrar?”

“É todo seu, baby.”

Aperto meus dentes juntos quando ela se vira se apoiando em suas mãos e joelhos e começa a rastejar para mim. Maldito inferno. É a coisa mais sexy que eu já vi, observando-a rondar como um tigre procurando sua refeição. Ela se move rapidamente e sensualmente até que ela para aos meus pés.

Sentada sobre suas pernas, ela olha para mim através de seus espessos cílios, um pequeno sorriso sexy crescendo em sua boca. Sua mão rastreia minha perna, um toque leve até alcançar o que ela ansiava. Elevando para que ele ficasse bem em frente ao seu rosto, ela segura-o firmemente em sua mão, passando a língua para provocar a ponta. Eu estremeço, a sensação como uma corrente elétrica disparando pelo meu corpo. Então, sem aviso prévio, ela desliza a coisa toda na boca, mais profundo do que qualquer puta do clube já teve.

“Foda-se!” Eu gritei. Minha mão foi direto para seus cabelos, agarrando um punhado.

Ela se controla por alguns segundos antes de escorregar lentamente, deixando meu pau completamente molhado. Respiro profundamente quando ela volta, desta vez não todo o caminho, mas balançando a cabeça lentamente para cima e para baixo, usando-a para alcançar meu pico.

Sentindo que minhas bolas começam a apertar, eu sabia que se isso continuasse, não iria estar dentro dela antes de liberar minha fodida carga. Eu deixei que ela brincasse alguns minutos, deixando-a ditar o ritmo, mesmo com minha mão puxando as mechas castanhas chocolate, os olhos ocasionalmente se erguendo e se conectando com os meus.

Ela é linda.

Há mil palavras que eu posso usar para descrevê-la, mas é simples – ela é linda.

Capitulo 34

Rose

Blizzard me levanta. Sua mão aperta meu maxilar e seu polegar puxa suavemente meu lábio inferior. “Não posso tirar você da minha cabeça.”

Coloco as duas mãos na sua cintura, seus músculos são firmes e sólidos. Eu quero correr minha língua sobre eles. Ouvir sua voz no interfone do apartamento tinha sido um choque, mas eu soube imediatamente que algo mudou.

Sua cabeça inclina e ele usa a mão para levantar minha cabeça enquanto seus lábios encontram meu pescoço. Eles são macios, mas sua barba cerrada arranha a pele delicada, assim como tinham feito quando ele devorou minha buceta como um homem faminto. A sensação é estranha, mas tão erótica.

Sua masculinidade pressiona contra minha barriga enquanto ele me puxa para perto, beliscando, chupando e trabalhando meu corpo de novo só usando sua boca.

Eu o quero. Muito.

Ele começou a caminhar para trás até meus joelhos baterem na cama. Me afastei relutantemente e subi de volta para a bagunça de lençóis e cobertores que já haviam sido destruídos.

“Você está no controle de natalidade?” Ele perguntou firme, como se ele realmente não quisesse saber a resposta.

Eu concordo.

Ele coloca um joelho sobre a cama, suas mãos indo para os meus joelhos e, lentamente, abrindo minhas pernas enquanto se arrasta para cima.

Eu estou exposta para ele. Ele pode me ver agora. Tudo de mim. Eu não tinha mais nada para esconder tanto fora quanto dentro. Eu não preciso mais mentir ou enganar. Ele sabe tudo, e ele está me vendo por quem eu sou, não por quem eu estava tentando ser.

Eu quero dar-lhe tudo o que tinha para dar, mas nunca pensei que fosse possível. Não com o que eu fizera. Mas ele estava aqui, entregando-se a mim e confiando que eu não ia machucá-lo novamente. E eu nunca faria.

“Eu preciso de você,” eu sussurrei calmamente.

“Estou aqui, baby.” Ele se moveu entre minhas pernas e apoiou seu corpo sobre o meu.

Tomo uma respiração aguda enquanto seu pau desliza pelas minhas dobras e roça meu clitóris. “Tudo de você. “ Eu falei, mordendo meu lábio.

“Tudo?”

Estendo a mão e agarro seu pescoço, meus dedos escovando seus cabelos curtos. “ Sim.”

Ele empurra dentro de mim, no mesmo momento em que o puxei e encontrei seus lábios com os meus. Um suspiro deixou minha boca, mas ele engoliu tudo, não perdeu nada. Ele tomou todas as partes de mim, possuía cada centímetro e eu nunca quis de volta.

Eu queria que ele me reivindicasse, e me fizesse dele. Por que eu aprendi ao longo da semana passada com ele, que não havia como voltar à vida antes de Blizzard. Eu pensei que poderia fazer isso depois que fui salva do louco que era meu pai. Mas eu mal estava seguindo, simplesmente sobrevivendo.

Ele continua empurrando dentro de mim, finalmente me deixando pegar ar. Eu tentei tomar fôlego, mas foi inútil. Toda vez que ele atingiu aquele ponto dentro de mim, eu gritei.

Ele me afasta, sentando-se de joelhos e observando quando seu pau escorrega dentro e fora de mim em um ritmo lento e constante. É como se ele estivesse hipnotizado por isso, de vez em quando, encontrando meus olhos.

“Oh Deus,” gemi, segurando os lençóis nas mãos e jogando a cabeça de um lado para o outro.

“Você vai gozar mais forte dessa vez. E gritar meu maldito nome.” Ele lambe o polegar e leva-o ao meu clitóris, esfregando-o de um lado para o outro enquanto ele aumenta a velocidade. Meu corpo se curva da cama, a sensação quase demais para eu lidar. Mas ele coloca a outra mão no meu abdômen e me empurra de volta. Debatendo-me e me contorcendo contra os lençóis, meu corpo lentamente começou a esquentar.

“Blizzard, oh merda. Sim.”

Há um beliscão intenso no meu clitóris e eu pulo, um tremor percorre meu corpo. Eu gemo profundamente e ele faz isso de novo. Há apenas uma forte picada de dor, antes de se transformar em algo muito mais prazeroso.

Blizzard grunhe em aprovação. “Foda-se, você gosta disso.” Eu não conseguia responder, sentia-me tão bem, meu corpo estava subindo cada vez mais alto em um estado de euforia. “Puxe esses mamilos, você está prestes a gozar. Não se preocupe, você não vai bater no fundo. Você está prestes a voar, baby. “

Pego meus seios, meus olhos se conectando diretamente com os dele quando eu belisquei as pequenas protuberâncias firmes. O som da nossa pele se encontrando era a única coisa que encheu o ar por um momento, mas quando cheguei ao meu pico, assim como ele disse que eu iria, seu nome caiu instantaneamente dos meus lábios. Senti minha buceta apertar e pulsar ao redor dele, e não demorou muito para sentir um último impulso poderoso e ele se desfez comigo. Minha buceta pulsando era uma delícia, ordenhando seu pau dentro de mim.

Um som profundo de êxtase retumba de seu peito, seus dedos afundando nas minhas coxas, enquanto ele se mantinha totalmente dentro de mim. Ambos festejando em êxtase.

“Caramba,” suspirei, jogando minha cabeça para trás.

Sinto suas mãos cobrirem as minhas que ainda beliscavam meus seios. Ele dá um aperto e eu levanto meus quadris da cama, meu corpo ainda muito sensível.

Ele ri suavemente. “Tão receptiva, baby.” Contraí-me, apertando seu pau que ainda está dentro de mim, e um grunhido de advertência veio do fundo da sua garganta. “Brincando com fogo, Rose.”

Eu puxo o lençol ao meu redor enquanto eu o observo colocar o jeans. Ele não estava usando boxer ou cueca, completamente nu. Sua calça jeans pendurada abaixo dos seus quadris, apenas o suficiente para eu ver aquele bonito V que desaparece sob a cintura.

“Você está indo?”

“Não, baby. Mas eu quero conversar. Então se vista e você pode me fazer um café.” Ele caminhou ao redor da cama, agachando ao meu lado. “Preciso que você saiba que esta merda é séria.”

Eu concordo. “Apenas me dê um minuto.”

Ele se inclina e coloca os lábios contra minha testa. Meu corpo formigou com o contato. Ele os manteve por mais de alguns segundos, antes de afastar e me dar o sorriso mais doce e sair do quarto.

Meu corpo relaxa e eu suspiro dramaticamente quando me afundei na cama, olhando para o teto pensando se eu estava em um sonho estranho ou universo alternativo. Blizzard e eu tivemos nossos momentos, mas eu sabia que ele ainda estava confuso e não estava completamente convencido de que ele pudesse confiar em mim ainda. Mas aqui estava ele. O que mudou?

Eu jogo as cobertas e pego meu robe, amarrando-o ao redor do meu corpo e indo ao banheiro, antes de finalmente me aventurar para a sala de estar.

Blizzard está encostado no meu balcão da cozinha, ainda sem camisa e café na mão. “Você demorou muito. Eu me levantei cedo esta manhã, eu precisava de café.”

“Você é tão impaciente.” Eu revirei meus olhos passando por ele para pegar uma xícara para mim mesma. Seu braço circula minha cintura e ele pressiona contra minhas costas. Afastando o cabelo para longe do meu ombro com a mão livre ele arrasta seus lábios pelo meu pescoço. Eu estremeço, arrepios aparecendo na minha pele.

Blizzard ri levemente, soltando-me e deixando-me parada congelada enquanto ele se acomodava no sofá. Ignoro seu olhar quando pego um café.

“Eu não podia esperar mais.”

Seguro minha xicara quente entre as minhas mãos. “Pelo quê?”

“Por você.”

Escondendo um sorriso por trás da xícara, bebo o líquido quente. Eu não pude deixar de sentir uma sensação de excitação fluir através de mim. “Explique?”

Ele soltou um suspiro brusco. “Você realmente vai querer que eu faça isso, hein?”

Encolhendo os ombros, tento acalmar meu coração que está acelerado no meu peito. Blizzard foi uma pessoa que me colocou em primeiro lugar e cuidou de mim quando estava no meu pior. Ele e Chelsea me puxaram para a superfície quando eu estava me afogando lentamente – o peso de meus erros me arrastando para baixo. Blizzard me atingiu com força total com sua sutil, mas dominante, presença. Abrindo o seu caminho para a minha vida e me fazendo rir quando nem queria viver.

“Nós passámos por muita merda.” Seus olhos ficaram conectados com os meus quando ele falou, “Eu não quero me enganar com isso. Eu sei que eu disse que queria mais tempo para ver se eu poderia confiar em você novamente. Mas eu fiquei pensando, e se você se machucasse ou algo pior?”

Ele coloca a xicara na minha mesa lateral e levanta do sofá, perseguindo-me, cada passo completamente cheio de propósito. Sua intensidade queima com tanta força que eu dou um passo para trás, o calor aquecendo minha pele.

“Eu quero nos dar uma chance. “ As minhas costas atingem o balcão e logo depois, Blizzard está tirando a xícara de café das minhas mãos e colocando-a de lado. Seus quadris pressionam contra mim, e aproveito a oportunidade para traçar as tatuagens que atravessam seu peito e descem pelo abdômen. Um belo padrão de redemoinhos e curvas que eu me lembrei dele dizer há muito tempo, que eram marcas culturais que representavam a família do clube. Eu aproveito meu tempo, meus dedos seguindo as marcas escuras. Ele fica em silêncio como eu, até que eu não consigo me controlar mais e me inclino para frente, começando a seguir as linhas com a ponta da minha língua. Sua mão vem para a minha garganta, mas não foi uma manobra agressiva. Foi possessiva.

Minha respiração se espalha pelo seu peito e ele ergue meu queixo com a mão. “Não posso prever o que vai acontecer. O que eu sei é que eu quero você como minha agora. Nós só temos que passar por isso. Então, temos todo o tempo no mundo para descobrir o resto.”

Eu sorrio. “Eu pensei que tivesse fodido tudo.”

“Todos cometemos erros, baby. Eu não estaria onde estou hoje se as pessoas não tivessem me dado uma segunda chance.” Seus lábios tocaram os meus brevemente. “Esta será a nossa segunda chance. Talvez até precisemos de uma terceira ou quarta ou, quem sabe, quantas mais, porra. Mas, enquanto houver essa conexão entre nós, farei o que for preciso para fazer isso funcionar, se você fizer o mesmo.”

“O que for preciso,” eu respondi, sabendo que as palavras eram verdadeiras. Eu faria qualquer coisa para ter certeza de que isso funcionasse. Porque Blizzard era o meu fim de jogo, ele era meu feliz para sempre, meu correr ou morrer.

Era apenas um sonho antes, mas agora era real. Não havia nada que pudesse ficar no caminho.

Capitulo 35

Blizzard

Com Rose enfiada debaixo do meu braço enquanto passo pelos canais da televisão, a merda parecia normal.

Infelizmente, não era.

Estávamos sentados à espera de um telefonema para dizer que Edge estava aqui para buscá-la.

Fiquei agitado depois de ouvir Rose falar sobre o que aconteceu na noite anterior. Esses caras usavam drogas, e enquanto ela foi inflexível que era só maconha que eles estavam usando por lá, eu sabia depois de pesquisar sobre o clube um pouco mais, que eles estavam em uma merda muito mais pesada.

Os rumores era que tinham perdido mais que um punhado de irmãos ao longo dos anos de overdose. Essa era uma estatística que os Brothers by Blood nunca tiveram que lidar, pela forma como nossos clubes eram administrados. Os irmãos não se viciavam nas coisas pesadas. Era uma responsabilidade e um risco para a segurança ter homens que estavam constantemente altos. Isso os tornava perigosos e imprevisíveis, e os Vicious Vultures já eram as duas coisas sem adicionar metanfetamina e cocaína na mistura.

Eu sabia que isso não era seguro desde o início, mas agora estava atingindo o próximo nível e ainda não estávamos preparados para ir resgatar Lane, então isso significava que Rose precisaria passar pelo menos esta noite com esses fodidos.

Ela se aconchega mais perto de mim. “Você está todo tenso.”

“Apenas pensando.”

“Pare de pensar.” Sua mão vagueia pelo meu peito, suas unhas coçando-o levemente. Apenas o suficiente para me excitar, mas não o suficiente para causar dor. Ela puxa o cós do meu jeans e eu não me oponho, levantando meus quadris para ajudá-la enquanto o puxa para baixo.

Eu limpo minha garganta. “Baby...”

“Pare de pensar, Blizzard,” ela sussurrou, envolvendo seus longos dedos em torno da minha masculinidade enquanto ela muda sua posição, até que está de joelhos ao meu lado.

Um grunhido satisfeito escapa da minha garganta quando ela inclina a cabeça e me pega na boca. Ela lambe e chupa a cabeça do meu pau enquanto a mão dela trabalha no eixo. Deixo minha cabeça cair para trás, minha mão deslizando por sua coluna até chegar à curva de seu traseiro. Puxando seu robe para que eu pudesse sentir sua pele lisa, agarro seu cabelo na minha outra mão e guio sua boca pelo meu pau.

“ Jesus,” eu gemi. Ela chupa com força enquanto arrasta a boca para cima. Eu posso sentir a saliva pingando do meu pau. Ela balança a bunda no ar, e eu dou uma bofetada sobre uma de suas nádegas. Ela estremece, mas balança novamente enquanto me leva dentro de sua boca mais uma vez.

“Não sabia que você gostava de um pouco de dor com prazer,” eu disse.

Sua boca me libera com um estalo gentil. “Nem eu.”

Gemo, escorregando meus dedos para baixo da fenda de sua bunda até encontrar sua linda buceta molhada com meus dedos. “Fico feliz por ser o único a ajudá-la a explorar essa pequena perversão.” Coloquei um dedo dentro dela e ela gemeu alto, seus lábios vibrando ao redor do meu pau.

Controlo seu ritmo enquanto sua cabeça sobe e desce, combinando cada movimento com dois dedos dentro dela, a cada pequeno empurrão puxando para fora para beliscar seu clitóris. Seus quadris começam a se mover comigo, empurrando para trás contra minha mão e a mão dela assume o lugar de sua boca, sua respiração tornando-se tão pesada que ela luta para não sufocar.

“Eu quero gozar.”

O pedido sem fôlego me surpreendeu, e eu percebi que minha garota não tinha apenas uma pequena perversidade nela, ela queria que eu assumisse o controle. Eu não estava completamente interessado na coisa de dominador e submissa com sexo. Gostava que a minha mulher fizesse o que a fazia sentir bem. Era sobre fazê-la feliz, tanto quanto me fazer gozar. Mas por Rose, eu daria o que fosse preciso para ter o melhor orgasmo de sua vida.

“Você quer gozar, baby?” Eu puxei minha mão para fora e bati em uma das duas nádegas antes de dirigir meus dedos para dentro dela.

Sua mão puxa meu pau, preciso de tudo o que tenho para me concentrar nela e não explodir por todo o seu rosto.

“Sim, me faça gozar. Por favor.”

“Já que você me pediu direito.” Peguei sua perna e ela gritou enquanto eu a puxava para o meu colo, para cima de mim. Eu não lhe dou nem um segundo para respirar antes de puxar seus quadris para baixo e forçar meu pau dentro dela, completamente.

Ela joga a cabeça para trás e grita, “Blizzard!”

Eu levanto seus quadris, empurrando-os para cima e para baixo enquanto eu a seguro no lugar.

“Goze, Rose!”

Era como se a onda mais intensa de prazer nos atingisse ao mesmo tempo. Abrindo seu caminho até nossos corpos e nossas bocas, quando ambos gememos alto.

“Foda-se!” Eu gritei, puxando-a para o meu pau uma última vez, enquanto minha liberação a preenchia.

Depois de alguns momentos de respiração pesada, inclinei-me, afastando seu robe para o lado, pego seu mamilo na minha boca, sugando com força. Sua buceta se contrai em torno do meu pau, fazendo com que meus dedos afundem em seus quadris e meus olhos quase reviram na minha cabeça. Ela cai no meu peito, com a cabeça inclinada no meu ombro e aproveito para envolver meus braços em torno de sua cintura fina. Ela é tão gostosa. Tão perfeita em meus braços.

“Eu preciso tomar banho e me vestir.” Sua respiração faz cócegas na minha orelha.

Aperto-a um pouco mais forte. “Eu acho que você está bem onde está.”

Ela ri, mas não tenta se mover.

Quando seu telefone celular começa a tocar, eu quase o apanho e jogo na parede mais próxima. Seu corpo fica tenso instantaneamente e ela se mexe para sair de cima de mim, meu esperma deslizando pelo interior de suas pernas enquanto ela pega o telefone da mesa de centro.

Teria sido uma vista sexy, se não fosse pelo fato de eu saber exatamente quem estava no outro lado da linha.

Cerro os dentes.

Ela respira fundo. “Olá?” Seus olhos encontraram os meus e ela me atirou um olhar simpático, se desculpando. Ela afasta o telefone e olha para a tela antes de colocá-lo de volta no ouvido. Ela aperta seu robe em torno dela e se move para ficar de pé junto à pequena janela que dá para o estacionamento. “Parece bom, eu posso me aprontar.”

Eu me sentia mal. Essa foi a única maneira de explicar isso. O ciúme e o medo caíram como uma pedra pesada no meu estômago.

“Eu só vou tomar um banho. Buzine quando você chegar aqui e eu descerei.” Houve mais silêncio antes que ela risse. “Como um encontro?”

Aperto meus punhos.

“Sim, sim. Eu lembro.”

Eu levanto do sofá e puxo meus jeans para cima, sem me importar que meu pau ainda estivesse molhado com a mistura de nosso orgasmo.

“Ok, vejo você em breve.”

Ela virou-se para me encarar com um profundo suspiro, os olhos arregalados quando ela viu o olhar furioso no meu rosto.

“Vocês dois parecem próximos,” eu zombei, cruzando meus braços em meu peito.

“Sério, Blizzard?” Ela perguntou, levantando a sobrancelha e imitando minha posição.

Dou um passo em direção a ela. “Você se esqueceu de mencionar o quão perto vocês estão?”

“O que você está falando? Eu tinha que chegar perto. Eu tinha que fazer que ele se sentisse como se fossemos amigos. Você sabe disso.”

Balanço minha cabeça. Eu sabia que era apenas o ciúme que havia assumido. Que foi para fazer isso que ela veio para cá. O que ela precisava fazer para tirar Lane de lá e derrubar esses caras. Mas atingiu muito perto de casa. “Assim como você fez conosco.”

Ela se encolhe, quase como se eu a atingisse. Eu assisti quando seu corpo se encolheu. “Eu estou fazendo isso por você. Por Judge e o clube. Eu pensei que você soubesse disso. Eu pensei, depois de tudo isso, que você entendesse.”

Foi como um chute nas bolas. Ela estava certa. Eu tinha esquecido isso. Ela não mereceu que eu a acusasse assim, quando simplesmente falei sobre avançar e passar por todas as besteiras que haviam acontecido.

“Baby...”

“Não.” Ela balançou a cabeça e se afastou enquanto eu avançava. “Você tem alguma ideia do quanto me mata fazer isso? Quanto eu odeio que, mais uma vez, tenho que fingir um sorriso e fingir ser outra pessoa? Não podemos fazer isso se, cada vez que algo acontecer, você tem que questionar se estou mentindo ou se pode confiar em mim.”

“Não é isso.”

“Eu te machuquei. E para o resto da minha vida, vou me arrepender disso. É o suficiente que eu me odeio pelo que fiz, mas não preciso de você nem de todos os outros me lembrando disso.” Ela levantou a cabeça, mas eu pude ver as lágrimas se formando em seus olhos.

Eu não tinha palavras. Ela estava certa. Se eu queria que isso entre nós funcionasse, eu precisava esquecer isso. “Me desculpe, baby.”

“Eu preciso me preparar. Ele estará aqui em breve, então é melhor você ir.” Ela virou e caminhou pelo corredor. Ouço quando fechou a porta do banheiro e girou a chave.

Eu queria ir até ela. Mas ela estava certa. Eu precisava sair daqui antes que Edge aparecesse e eu estragasse tudo o que ela tinha feito. Encontrei minha camisa em seu quarto, dando uma última olhada na porta do banheiro, antes de sair e dirigir-me para a caminhonete.

Eu precisava me lembrar de que sempre havia o amanhã. Eu poderia falar com ela, então. Poderíamos resolver essa merda porque, apesar das minhas tendências de idiota, eu queria isso e eu a queria. Isso não era mais uma questão.

Apenas atravessar o hoje.

O pedaço de papel em cima do banco do carona me provocou. “Foda-se,” eu gemi em voz alta, batendo minha mão no volante antes de girar a chave e sentir o motor da caminhonete vir à vida.

Jantar com minha mãe e Judge.

Talvez seja mais difícil atravessar esse dia do que eu pensava.

CONTINUA

Capitulo 20

Blizzard

Observo-a sair do quarto como se tivesse fogo nos calcanhares.

Observar sua brincadeira com as meninas, fez algo dentro ligar. E depois, vê-la sendo insolente – me desafiando – de repente lembrou por que eu tinha tanto tesão por essa garota, para começar.

Ela nem sempre foi aquela presa fraca na qual Marco a tinha transformado. Ela tinha coragem, ela era inteligente, e sua inteligência era rápida. Isso me fez querer pegar aquela linda boca e ensinar uma lição.

“Eu não tenho certeza de que realmente gosto que isso está se tornando uma coisa regular,“ ela murmurou enquanto abria a porta.

“Pode ser mais regular.“ Eu sorri, passando por ela e entrando.

Eu praticamente a ouvi rolar os olhos. “Por favor, entre. Sinta-se em casa.”

“Obrigado,“ eu disse-lhe quando me sentei no seu pequeno sofá de dois lugares, ignorando seu tom sarcástico.

Ela entrou na cozinha e começou a se ocupar. “Ao que devo o prazer desta vez?“ Ela pegou uma tigela grande e começou a mexer. Mergulhando o dedo, ela então o trouxe para a boca, deixando a mistura colorida de chocolate manchar seu lábio inferior antes de limpá-lo com a língua.

Meu pau com uma mente própria começou a doer.

Seu nariz enrugou e ela olhou para a tigela com uma careta.

“O que você está fazendo?“ Perguntei com curiosidade, levantando-me e tentando esconder minha ereção crescente, quando me aproximei para investigar.

Ela suspirou. “Tentando esta receita para um bolo de chocolate com grão de cereais livre de glúten e lácteos.”

“Por que diabos você faria isso?“ Eu perguntei, enrugando o nariz como ela tinha feito com apenas o pensamento disso.

Ela colocou a tigela no balcão. “Estou experimentando alimentos de valor nutricional e coisas dietéticas. Estamos investigando intolerâncias alimentares e como as pessoas com isso podem ter comida gostosa.”

“Parece uma merda.”

Ela estreitou os olhos. “A intolerância alimentar é real. Isso afeta muitas pessoas.”

“Não me afeta.”

Antes que eu soubesse o que ela estava fazendo, ela pegou a colher da tigela e passou o conteúdo da ponta do meu nariz. Tentou manter um rosto sério, mas não aguentou e as risadas começaram.”

Eu podia sentir o cheiro do líquido lamacento, não cheirava a chocolate. “Você acha isso engraçado, hein?”

Sua risada parou e seus olhos se arregalaram dramaticamente. Por um segundo, pensei ter visto um brilho de medo em seus olhos. Verdadeiro medo.

Antes que ela pudesse pegar, mergulhei minha mão na tigela e usei meus dedos para fazer uma bagunça na bochecha dela.

Ela ofegou. “Esse é o meu bolo!”

Eu levei meus dedos na minha boca e os lambi. Os olhos dela se dilataram e ela mordeu o lábio.

Não era horrível, mas também não era bom. Segurei minha mão limpa na garganta e fingi tosse. “Oh meu Deus, essa merda é nojenta.”

Ela olhou para mim por um segundo antes que o riso explodisse de sua linda boca e aquele sorriso voltasse. O sorriso que eu ansiava.

“É muito ruim. Huh?“ Ela admitiu, jogando a tigela na pia e abrindo a torneira para lavá-la.

“Eu conheço um lugar onde eles fazem um bom bolo de chocolate.” Eu ofereci, esfregando minhas mãos debaixo da água para tentar limpar a bagunça.

Ela olhou para mim pelo canto do olho, a linguagem do corpo mudando de relaxada para apreensiva.

Ela olhou para o relógio que pendia na parede. “Eu tenho uma aula as duas.”

Ignorei a desculpa flagrante e agarrei sua mão. “Ótimo, vou deixar você lá depois.”

Eu não tinha contado, mas achei que seu tempo tinha acabado.

Não tinha certeza de como ela achou que ia ganhar um jogo de esconde-esconde, em um clube onde ela nunca esteve antes, contra um membro do clube que morou aqui toda a vida. Eu balanço minha cabeça. “Pelo menos, eu vou ter uma moto limpa amanhã, eu acho.”

Caminho pelo corredor até a sala principal onde alguns dos meus irmãos agora estão conversando e bebendo. Chelsea me vê e se afasta de Optimus. “Vou iniciar o cronômetro agora para dez minutos.” Ela pegou seu telefone com um sorriso malicioso.

“Ela parou e te contou?” Eu ri.

“Sim. Não queria arriscar você trapaceando.”

Eu seguro minha mão no meu peito como se ela tivesse me ferido profundamente. “Eu... trapacear?”

Ela riu suavemente, virando-se para o homem dela. “O tempo está passando!” Ela gritou, acenando seu telefone no ar.

Fui à varanda primeiro, Camo e Slider estão ao lado da grelha, assando hambúrgueres. Leo está de pé mais ao lado, foi seu sorriso de merda que o entregou antes de eu notar as pequenas mãos se agarrando aos ombros largos.

“Harlyn, eu posso te ver.” Eu ri.

Leo ri, dobrando os joelhos quando Harlyn desce de suas costas. “Ah, isso é uma droga,” ela diz chateada.

Apenas sorrio enquanto vasculho o quintal do complexo. Eu caminho até os brinquedos, verificando dentro do escorregador e atrás da parede de escalada antes de voltar para dentro. Verifico os banheiros dos homens e das mulheres e o salão do andar de cima que leva aos quartos dos irmãos. Sabendo que não havia como ela ter entrado.

Coçando meu queixo, volto para a sala principal, passando pela multidão e abaixando minha cabeça sob as mesas.

Eu sei que o tempo deve estar acabando agora e eu estou começando a pensar que talvez ela fosse melhor do que eu pensava. Quando entro no corredor que levam escritório de Op, vejo a porta da sala de reuniões onde realizávamos a igreja. Está um pouco aberta.

Eu sorrio, indo naquela direção.

Enquanto ninguém era permitido entrar enquanto realizávamos a igreja, não era completamente fora dos limites. Os irmãos costumavam usá-la para fazer ligações particulares ou para reuniões com advogados quando fosse necessário.

Abro lentamente, observando rapidamente que a cadeira de Op está virada para a parede oposta. Empurro a porta completamente e dou um passo à frente, mas quando não ouço o barulho da porta batendo na parede como deveria, não posso evitar a risada.

Eu viro e puxo a porta de volta.

Rose sorri timidamente para mim.

“Você tem um biquíni?” Ela balançou a cabeça. “Vou pedir que Chelsea te empreste um.”

Meus olhos percorrem seu corpo. Eu já posso imaginá-la nele, longas pernas bronzeadas, abdômen tonificado, seus peitos com seus mamilos mal cobertos pelo tecido.

Lambo meus lábios.

“O tempo acabou!” Eu ouvi Chelsea gritar no corredor.

Colocando minhas mãos na parede de cada lado dela, eu me inclino. “Eu ganhei.”

Eu estava esperando que ela se contorcesse ou protestasse, mas, em vez disso, vejo algo que eu não tinha visto há muito tempo.

Aquele sorriso incrível, bonito e brilhante.

Aquele que eu prometi que faria tudo o que estava ao meu alcance para ver em seu rosto em todas as chances.

Inclino minha cabeça para o lado. Confuso, mas não decepcionado por sua reação.

“Jayla,” disse ela, levantando a mão para apontar atrás de mim.

Eu sigo, olhando por cima do meu ombro. E maldição, ela estava certa. Jayla estava sentada na cadeira de Op, que agora está virada para nós. Seu sorriso brilhante mostra todos os dentes enquanto seus olhos se movem entre nós.

Eu viro e abaixo minha cabeça, minhas mãos ainda pressionadas contra a parede de cada lado dela. Ela se abaixa e sai por baixo do meu braço pulando para a menina. “Você ganhou, Jayla!”

Não posso deixar de sorrir enquanto eu me viro e a vejo pegando a menina e girando-a. Jayla ri e Rose sorri para ela. Elas iluminam a sala.

Quando Rose finalmente a coloca no chão, ela corre em minha direção, erguendo os braços. “Eu ganhei.”

Eu rio, levantando-a e jogando-a nos meus ombros. “Sim, sim, não jogue isso na minha cara.”

“A comida está pronta!” Gritou alguém. Jayla já havia comido. Tecnicamente, ela deveria ir para a cama, mas quando ela chutou as pequenas pernas e saltou nos meus ombros, eu não tinha coragem de fazê-la ir agora quando estava tão feliz.

Eu viro para a porta, mas a voz de Rose me impede de ir mais longe.

“Eu não vou prendê-lo a isso,” ela disse suavemente e instantaneamente meu coração afundou, sabendo que aquela Rose, por quem eu tinha me apaixonado há meses atrás, tinha ido embora, e estava de volta aquela menina insegura, que tinha apanhado até acreditar que era.

“Uma aposta é uma aposta,” eu lhe disse, agachando ligeiramente, de modo que eu não bateria a cabeça de Jayla no batente da porta.

Fazer algo legal para Rose não seria difícil.

A parte difícil seria lembrar que era exatamente isso, uma aposta. E me certificar de que ela também soubesse isso.

Capitulo 21

Blizzard

Eu carrego Jayla até o andar de baixo. Ela está aconchegada no meu lado e está completamente exausta. Eu esperava que ela dormisse cedo ontem à noite, mas ela acabou dormindo mais tarde que o normal.

Depois que eu a peguei da Lucy há alguns dias, Lucy precisou viajar por razões familiares. Seu pai estava realmente doente e eles viviam longe, no Estado de Washington. Mesmo que compartilhássemos o cuidado de Jayla, a casa de Lucy era onde ela passava a maior parte das noites, simplesmente porque não queríamos que ela estivesse constantemente sendo arrastada de um lugar para outro.

A rotina era melhor para ela.

Mas desde que Lucy estava ausente, Chelsea e Op me ajudaram a arrumar um espaço no meu quarto para uma cama e alguns brinquedos. Não era perfeito, mas teria que ser por agora.

E eu tinha que admitir, estava gostando de tê-la por perto. Eu sabia que estava me apegando a ela, e por sinal, ela se agarrou a mim e sempre que me procurou em uma multidão de irmãos, eu sabia que ela estava se apegando a mim também.

Eu adoro crianças. Nós não tínhamos muitas no clube, mas com meus irmãos chegando à idade em que queriam Old Ladies e não as putas do clube, era inevitável.

Eu sabia que as garotas do clube eram parte do que atraía os homens para o clube.

Para mim, eu cresci no lugar, mas para jovens que procuram família e o estilo de vida que a irmandade lhes deu, ter as garotas do clube também era uma grande necessidade.

Era bom, saber que você poderia ter uma mulher à disposição quase todas as noites sem as amarras de um relacionamento. Muitos homens chegaram a nós quebrados também, e encontrar Old Ladies e constituir família não estava no topo da lista de coisas que eles queriam fazer da vida. Às vezes, eles nem sequer queriam isso, mas tinham medo que alguém se aproximasse deles, já tendo perdido demais e não querendo sentir essa dor de novo.

Nós atraímos homens de todos os tipos, mas todos nós tínhamos algo em comum. Todos nós queríamos fazer parte de uma família que nos apoiasse no bom e no mau. Nós não queríamos ter que supor novamente quem estava do nosso lado. Queríamos lealdade, paixão e família.

Todos queriam andar de moto e viver livremente. E era o que eles recebiam aqui.

Quando chegamos à sala de jantar, está razoavelmente cheia para o quão cedo é.

Jayla me acordou às seis da manhã com um cutucão no meu olho e uma risada aguda. Por sorte, eu sou um madrugador, então nos vestimos e saímos para encontrar comida.

Os olhos de Jay se iluminam. “Macy.”

Eu vejo Leo sentado em uma mesa, tentando fazer com que sua menina comesse seu café da manhã. Seus cachos saltam quando ela balança a cabeça de um lado para o outro. Leo esteve quieto nas últimas semanas.

Eu sei porquê.

Alguns meses atrás, tivemos alguns problemas com um cara perseguindo uma de nossas garotas do clube, que agora se tornou a Old Lady de Troy, o presidente da nossa subseção, no sul do Alabama.

Quando entramos na casa deste homem em busca dela, não a encontramos, mas, em vez disso, resgatamos uma jovem chamada Andie.

Leo e ela ficaram próximos enquanto ela viveu no clube e tentava se recuperar. Ela era uma menina doce, jovem, nem tinha saído de sua adolescência. Mas obviamente mais sábia do que sua idade.

Macy se apaixonou por ela e acho que Leo estava no mesmo caminho de ter fortes sentimentos. E então, um dia há cerca de um mês, ela foi embora. Ele escondeu bem seus sentimentos, mas eu sabia que ele devia estar sofrendo.

Leo perdeu sua esposa, a mãe de Macy, Kim, no parto. Ela morreu e não havia nada que pudessem fazer. Kim foi sua namorada no ensino médio. Eles se separaram por um tempo quando ele se juntou às forças armadas, mas algumas coisas estavam destinadas a acontecer e ela apareceu na cidade logo depois que ele se juntou ao clube.

Perdê-la foi um baque para todos nós.

Senti a dor e o tormento do meu irmão naquele tempo, e eu teria dado qualquer coisa para pegar até mesmo um pouco da dor que ele sentia.

No final, foi ter Macy que o ergueu. Ela foi sua luz dentro de um túnel muito escuro. Um que eu espero que ele não volte agora que parece ter perdido outra mulher com quem se importava profundamente.

Coloco Jayla no chão. “Sente-se com Leo e Macy. Volto logo.”

Ela salta. Eu vejo quando Macy a vê e começa a saltar animada na cadeira. Preparo dois pratos para nós e sento.

“Mas eu não quero ir,” ouvi Harlyn gemendo enquanto seguia Optimus e Chelsea na sala de jantar.

“Você vai para a escola. Essa porra terminou, Harlyn,” disse Optimus, virando-se bruscamente para encarar a criança chorona.

“Eles não são como eu, papai. Eu sou diferente.”

Sinto a frustração de Harlyn. Sugar colocou-a em uma das melhores escolas de Athens. Ela queria que Harlyn tivesse a melhor educação que pudesse. Eu não tinha certeza se ela estava com medo de que, ser uma pirralha motociclista a impediria de alguma maneira, as poucas crianças que tínhamos no clube iam para a escola pública local. Eu nunca tinha ouvido falar deles terem problemas, mas acho que Sugar tinha maiores expectativas e Optimus poderia se dar ao luxo de enviá-la onde quisessem.

Eles servem a comida, Harlyn caminhando lentamente atrás deles, de mau humor, e sentam à mesa em que estamos.

Jayla senta no meu colo enquanto come seu cereal e Chelsea tira a colher de Leo e começa a conversar com Macy enquanto leva a colher até sua boca. Macy sorri, um rastro de mingau vazando pelo canto de sua boca e descendo pelo queixo.

Leo recosta-se na cadeira, aliviado.

“Pronta para outro dia na escola?” Perguntei a Harlyn. Ela olha para mim do outro lado da mesa enquanto dava uma mordida irritada na torrada.

“Não comece,” murmurou Op.

“Não sei por que não conversamos com Sugar sobre mudá-la para a escola pública. Fica mais perto e eles têm uma boa reputação.” Chelsea colocou uma colher na boca de Macy enquanto ela falava. “Também seria muito mais barato.”

Seus olhos encontram Optimus antes de descerem sutilmente para sua barriga.

Op revira os olhos. “Você sabe que o dinheiro não é problema.”

“Por favor, papai,” implorou Harlyn, lágrimas enchendo seus olhos.

Eu faço uma careta. Harlyn é uma criança forte, nem sequer chorava quando machucava os joelhos ou quando torceu o tornozelo no mês passado. Havia algo mais acontecendo aqui.

“Vamos conversar com mamãe sobre isso mais tarde,” Op suspirou. Harlyn assente antes de se desculpar e sair da mesa. Ela mal tocou sua comida.

Um grito alto e agudo vem de perto de mim quando Macy jogou as mãos no ar e gritou, “Acabou!”

Chelsea ri e aplaude a garotinha. “Viva, Macy.”

Leo puxa um paninho da bolsa que ele tem a seus pés e limpa o rosto da menina. Macy se contorce, tentando escapar do processo de limpeza. “Jesus garota, eu pensei que você nunca iria comer essa merda.”

Ele coloca o braço em volta dos ombros de Chelsea e a beija na testa. “Obrigado, Chel.”

Ela encolhe os ombros, tirando Macy de sua cadeira alta e colocando em seu colo. “Preciso da prática.”

Ela congela quando percebeu o que havia dito. Olho para Optimus, que balança a cabeça, mas não conseguiu esconder o sorriso em seu rosto.

“Puta merda,” exclamou Leo, olhando entre eles.

“Shhh,” advertiu Chelsea. “Apenas algumas pessoas sabem, e são vocês dois.”

Leo joga o paninho que tinha usado na limpeza do bebê em Op que olha para Leo com desgosto quando pousou em seu colo. “Seu cão velho.”

Jayla começa a se mexer. “Woah, garota.” Eu tentei segurá-la, mas ela continuou tentando sair. A solto, sabendo que não havia perigo para ela. Suas pequenas pernas a levam até à porta onde Rose está de pé, olhando ao redor desconfortavelmente. Ela está usando calças de ginástica e um top apertado com seus fones de ouvido ainda nas orelhas.

O olhar em seu rosto mudou instantaneamente quando Jayla apareceu na frente dela. “Rose!” Ela gritou alegremente.

Ela puxa o fone de seus ouvidos. “Ei, linda.” Ela bagunçou o cabelo de Jay antes de pegar frutas e cereais.

“Rose venha aqui,” gritou Chelsea.

As bochechas de Rose já estavam coradas, sem dúvida de seu exercício, mas quando ela me vê a mesa, ela relutantemente se esquiva de cadeiras e pessoas e pega o assento vazio de Harlyn.

Jay a segue, voltando para mim e subindo no meu colo, satisfeita que sua nova amiga estivesse sentada nas imediações.

“Bom dia,” ela falou calmamente, antes de começar a comer.

“Como foi sua corrida?” Perguntou Chelsea. “Eu gostaria de poder ter ido com você.”

“Pouco provável,” Op resmungou em voz baixa, enquanto mexe em seu telefone.

Chel levanta o braço e bate no peito dele, enquanto mantinha o sorriso no rosto.

Ele engasga com os ovos mexidos que estava mastigando e olha para ela. Rose observa a interação, dando-lhes um momento antes de responder. Seus ombros pareceram ceder um pouco. “Foi bom. Um pouco frio de manhã cedo.”

“Talvez você deva usar mais roupas,” falei. Leo bufa e Chelsea gira a cabeça para mim.

“Talvez você deva tentar correr doze quilômetros e ver quantas camadas você mantém,” ela respondeu rapidamente.

Optimus e Leo riem. Claro que eu estou em forma, eu malho e tonifico meus músculos, mas não estou tão em forma. Eu não respondi, apenas observo quando ela espeta sua fruta com um garfo antes de colocá-la entre seus lábios. O ato foi estranhamente erótico. O desejo de puxá-la da cadeira e levá-la para o meu quarto era forte. Mais forte do que nunca.

Eu estava lutando uma batalha interna.

Não foi difícil estar bravo e irritado com Rose quando ela estava ausente. Eu fui capaz de me convencer a odiá-la pelo que tinha feito e escolher as lembranças que queria reproduzir, para me convencer de que eu estava certo.

Mas então ela volta à minha vida e, de repente, lembro-me da garota que ela era quando estávamos juntos. Sua forma de retrucar qualquer coisa, como ela cuidava dos outros, suas paixões.

Talvez Wrench estivesse certo. Talvez o rótulo de mentirosa e enganadora que eu tinha dado a ela, era na verdade a falsa Rose. Talvez a garota que eu conheci e que estava começando a ver agora, era realmente a verdadeira, e o tempo que passamos juntos realmente afastou a parte escura que ela estava sendo forçada a viver.

Era uma suposição perigosa a fazer. Eu queria muito que isso fosse verdade porque sabia no meu interior que meus sentimentos por ela estavam se tornando mais fortes. Estava chegando ao ponto em que era uma dificuldade contê-los.

Mas havia um grande risco.

Meu coração.

Eu consegui me afastar da última vez apenas um pouco abatido – mesmo com o primo dela tentando me matar.

Se acontecer novamente, acho que prefiro morrer.

Capitulo 22

Rose

“Seu tio não está feliz, Rosalie,” Angelo me repreendeu no telefone.

Passo uma escova no meu cabelo enquanto me observo no espelho do banheiro. “Infelizmente para ele, o objetivo da minha vida não é agradá-lo.”

Enrosco em um nó no meu cabelo e solto uma respiração frustrada. Colocando o meu telefone no alto-falante, deixo-o no balcão enquanto tento tirar os nós dos meus cachos desordenados.

Ouço um riso suave vir da linha. “Passou alguns dias e já consigo ouvir mais força em seu coração. Apesar das circunstâncias, é bom ouvir.”

Eu sorrio, era verdade. Estava me sentindo mais forte. Eu não tinha certeza do porquê. Estava prestes a fazer algo completamente louco e perigoso, me jogar no fundo da piscina e esperar que consiga manter minha cabeça acima da água. A diferença entre agora e alguns meses atrás, quando eu estava na mesma situação, era que eu tinha pessoas dispostas a saltar atrás de mim e me puxar para fora se eu estivesse me afogando.

“Eu sinto isso também,” disse-lhe calmamente, pegando minha base e sacudindo.

“Alguma razão específica para essa mudança?”

Suspiro, colocando um pouco do líquido no meu pincel e aplicando no meu rosto. “Estou fazendo as pazes.”

“Com os motoqueiros?” Ele perguntou com curiosidade.

“Mais ou menos, eu acho.”

Eu passo o pincel sob meus olhos, os círculos escuros que estavam lá começaram lentamente a desaparecer e eu já posso notar que meu rosto está preenchendo. Depois de tudo o que passei com Marco, eu perdi muito peso e minha pele ficou pálida e irregular. Mesmo me mudar para a cidade de Nova York com meu tio e primos não fizeram muito para mudar minha aparência. Perdi meu amor pelo exercício e a saúde, e caí no que eu vejo agora que era uma depressão escura. O buraco lentamente me engoliu e não sabia como escapar disso, deixando-o me arrastar mais fundo. O buraco ainda estava lá, e eu ainda estava lutando para sair. Mas eu senti que alguém finalmente me jogou uma corda.

“Não deixe ninguém fazer você se sentir como se tivesse alguma coisa a provar, tesoro mio,” Angelo me disse com um tom que eu não conseguia identificar.

Era raiva?

“A única coisa que estou tentando provar é que sou eu mesma, Angelo.”

“Nós podemos ser nosso crítico mais difícil.”

Estudo-me no espelho, pegando o meu blush, passo-o levemente nas minhas bochechas. “Quanto eu amo conversar com você, chefe.” Ele riu. “Houve algum motivo especial para esta ligação?”

“Seu tio quer você em casa,” sua voz era dura e pouco convincente.

Eu faço uma careta para o telefone. “Eu pensei que tinha uma escolha? Eu volto, ou eu perco meus direitos ao nome de DePalma.”

“Foi isso que ele lhe disse?” Eu pulei, meus olhos levantando e encontrando o reflexo de Blizzard no espelho. Inclinado contra o batente da porta atrás de mim.

Eu estreito meus olhos. “Eu tranquei a porta. Como é que você entrou?”

“Responda a fodida pergunta,” ele exigiu, não me permitindo distraí-lo.

“Não em tantas palavras, mas foi isso que entendi.”

“Rosalie?” A voz de Angelo ecoou no pequeno espaço.

“Esse não é o seu fodido nome,” Blizzard acrescentou, não tirando os olhos de mim. A atmosfera estava mudando muito rápido. Pego o telefone e desligo o alto-falante, segurando-o no meu ouvido, mas mantendo os olhos em Blizzard.

“Angelo, ambos sabemos que eu não me sentia em minha casa. Eu não estava feliz aí,” suspirei, falando suavemente. Angelo tinha uma grande força. Ele não aceitava nenhuma merda e tinha um milhão de homens à sua disposição, pronto para apoiá-lo com uma única palavra. Ele pode trabalhar para o meu tio, mas seus homens eram leais a ele e somente a ele.

“Você está disposta a se afastar de sua família?” Sua voz era tensa, não mais brincalhona ou profunda.

“O DNA nem sempre é a resposta. E se houver algo melhor para mim? E se houvesse um lugar, onde eu poderia ser feliz e completa que não seja com as pessoas cujo sangue eu compartilho? Devo desistir disso apenas porque não compartilhamos um nome?” Eu me apoiei na pia e me inclinei para frente. Eu queria acreditar que esse lugar poderia ser aqui, mas neste momento, o clube ainda estava muito cauteloso comigo.

Eu só sabia que não nasci para ser uma DePalma. Preferiria me afastar agora com nada, do que viver uma mentira para o resto da minha vida e possivelmente trazer vergonha ao meu tio e meus primos. Eu ainda me importava com eles. Meu coração salta, um golpe instável enchendo o silêncio.

“Eu diria que a felicidade supera tudo,” ele finalmente disse, sua voz suave e calma, mas ainda seguro e confiante. “Anthony tem sido como família para mim há muito tempo. Gio, Rico e Cee também. Ele fez muito mais por mim do que o meu sangue já fez.”

“E estou tão feliz que você o encontrou. Ele realmente é um grande homem,” eu sussurrei. Eu também acreditava nisso. Podíamos não ver as coisas da mesma maneira, ou concordar em outras, mas ele me acolheu quando eu não tinha ninguém e me tratou como um de seus próprios filhos. Ele não precisava, mas sempre o agradeceria por ter feito. “Você encontrou seu lugar. Ainda estou à procura do meu.”

A linha ficou em silêncio, mas eu sei que ele ainda está lá. Ao contrário de Gio, meu primo, Angelo ainda tem um coração no peito. Eu vi isso muitas vezes. Ele era muito mais antigo do que o seu tempo, suas palavras sempre cheias de sabedoria, como se ele já tivesse vivido mil vidas. Eu sabia que se eu pudesse fazê-lo entender, meu tio também entenderia. Angelo tinha esse tipo de presença e poder.

Meus olhos seguem para o espelho novamente, Blizzard está parado, me observando cuidadosamente. Sua mandíbula cerrada.

“Meu lugar não é seu lugar,” ele concordou calmamente. “Eu falarei com Anthony, mas você também precisa encará-lo. Ele respeita as pessoas que dialogam e compartilham seus pensamentos, mesmo que tenham medo das consequências.”

“Eu vou, há apenas algumas coisas que eu preciso resolver primeiro.”

“Não deixe passar tempo demais, tesoro mio.”

Suspiro suavemente antes de tirar o telefone da orelha e desligar.

“Amigo seu?” Blizzard zombou.

Respiro fundo e afasto da pia. “Meu tio me quer em casa.” Apenas dizer a palavra casa me fez sentir mal. Mesmo com todas as más lembranças de ser espancada e abusada, Athens ainda parecia mais como casa do que Nova York jamais seria.

Passo por Blizzard enquanto volto para o pequeno quarto. Ele não se moveu para me deixar passar. Mas ele nunca foi de recuar.

“Ao que devo o prazer desta visita?” Perguntei enquanto me concentrava em colocar as coisas que tirei da minha mala em busca de uma roupa, de volta para dentro.

Ele caminha ao redor da cama, segurando um pequeno biquíni entre os dedos.

Eu ri. “Tendo perda de memória na sua idade? Nós ganhamos, lembra?”

Ele joga para mim e pego contra meu peito. “Não é por isso. Eu estou fazendo minha boa ação e levando você e Jay para dar uma volta,” Ele se vira andando em direção à porta. “Coloque-o sob suas roupas e eu vou pegar a pirralha.”

“E quanto a Harlyn?” Eu falei.

“Ela está na escola, e ela também está de castigo, então Op disse que não.”

Olho para o biquíni em minhas mãos. É fofo, algo que eu teria escolhido para mim. Eu me pergunto de quem era, então rapidamente decidi que não queria saber. Olho pela janela, o verão está terminando, mas ainda era absurdamente quente quando o sol atingia o ponto mais alto.

Tomei fôlego e decidi apenas aproveitar.

Visto meus shorts jeans sobre o biquíni vermelho e uma regata preta antes de pegar uma toalha e jogar minha bolsa sobre meu ombro. Encontro Blizzard sentado na área do bar com um dos irmãos, Wrench. Jayla está pulando em volta da mesa onde eles estão sentados em um lindo vestido de verão roxo e de vez em quando, quando ela passa, Wrench estende a mão e faz cócegas na sua barriga e a faz rir. Ambos os homens sorriem enquanto conversavam.

“Você tem protetor solar?” Perguntei quando cheguei perto deles. Blizzard me olha, seus olhos vagando pelo meu corpo da cabeça aos pés. Ele ergue o queixo e mostra uma grande bolsa que parece estar cheia. Ele levanta da cadeira e dá um tapinha nas costas de Wrench.

Pego Jayla em meus braços e apoio-a no meu quadril. “Você está pronta, senhorita?”

Ela sorri e balança a cabeça para cima e para baixo com entusiasmo.

Nós colocamos Jayla na caminhonete de Blizzard – uma que eu não sabia que ele tinha – e me acomodo no banco da frente.

Verifico seu traje. “Você vai nadar de jeans?”

Ele ergue a camisa enquanto dirige pelos portões do complexo e eu tive que me impedir de lamber meus lábios. Seu short de banho está aparecendo logo acima de seus jeans baixo, uma tatuagem me saudou logo acima do cós. Há espirais e padrões que se destacam contra sua pele surpreendentemente bronzeada. A pele parece suave, além da trilha de cabelo que começa em seu umbigo seguindo para dentro de sua calça.

Eu mexo com meus quadris, apenas essa pequena tentação foi suficiente para a umidade começar a crescer entre minhas pernas. “Oh...” Eu sussurrei baixinho antes de virar a cabeça para olhar para o outro lado.

Percorremos a cidade, virando em uma rua que eu não conhecia e começamos a nos afastar da área urbana para o campo. Eu abaixo o vidro da minha janela, curtindo a brisa que atinge meu rosto e joga meu cabelo ao redor.

Dirigimos por uns bons vinte minutos antes de entrarmos em um caminho de cascalho que está marcado com um sinal de propriedade privada. Descendo uma colina, um penhasco íngreme de um lado, a estrada da largura suficiente para um carro.

É um espaço apertado, mas Blizzard manobra nas curvas com facilidade.

Quando chegamos ao final, a área se abriu para um amplo espaço aberto. Minha boca fica aberta com admiração. À esquerda na base de um penhasco alto, há um tipo de área aberta para um lago. A água é linda e azul, quase translúcida. A área era obviamente, feita especificamente para nadar, com cadeiras de praia espalhadas em torno da beira.

Mas essa não era a parte mais impressionante. Era o prédio em ruínas que ficava ao lado.

“Que lugar é este?” Eu perguntei com admiração quando Blizzard para o carro ao lado da água.

Ele olha para o lugar. “Costumava ser uma velha fábrica de concreto, eu acho. São escombros agora.”

Há um grande edifício de concreto ainda em pé, mas não parece seguro, com chapas de cimento e molduras caídas ao redor. Há árvores e arbustos crescendo por toda a parte e até mesmo alguns espreitando por lugares que eu suspeito que fossem janelas.

Pichações decoram algumas paredes, e em uma grande parede quebrada, eu vejo os emblemas dos Brothers by Blood.

Saio do carro e fico maravilhada com as ruínas enquanto Blizzard ajuda Jayla a sair do seu assento, puxando seu vestido sobre a cabeça para revelar um lindo traje de banho rosa.

“É a terra de Wrench. Ele comprou alguns anos atrás.” Ele aponta sobre o meu ombro e eu me viro para ver uma grande casa de dois andares sobre uma colina com vista para a área. “Ele fez tudo isso. O clube vem aqui muitas vezes durante o verão para reuniões e festas familiares.”

“Nadar?” Jayla sorriu quando Blizzard puxou uma boia da caminhonete. Tem cintas para amarrá-la.

Eu posso sentir uma gota de suor começar a escorrer pelas minhas costas, a água começa a parecer incrível.

Jayla salta para a beira e começa a mergulhar os dedos dos pés, rindo enquanto faz isso.

Começo a desabotoar a frente do meu short, atraindo os olhos de Blizzard para mim. Ele observa meus dedos quando puxo o fecho para baixo e coloco-os na minha cintura baixando sobre meu quadril até caírem aos meus pés. Ele lambe os lábios e coça a barba curta em seu rosto.

“Eu realmente não queria perguntar com quem você conseguiu esse biquíni,” eu disse, enquanto tirava minha regata sobre a cabeça e jogava junto com meus shorts dentro da cabine da caminhonete. “Eu gosto disso, então não vou reclamar.”

“Mm...” ele murmurou.

“Nadar!” Jayla chamou. Eu ri e me viro para correr até ela que pula para cima e para baixo na água rasa.

Eu posso sentir seus olhos em mim. Eles queimam, mas é um sentimento muito bom. Em vez de envolver a minha pele como um fogo feroz, aqueceu-me. Eu deixo ele me olhar, aquecendo meu corpo da maneira mais deliciosa.

Blizzard tendia a ligar e desligar suas emoções tão rapidamente que eu desisti de entender. O que aprendi, entretanto, foi aproveitar os momentos que tinha.

Jayla estende sua mão para mim e eu a pego, levando-nos um pouco mais fundo na água. Está fresco, um choque para minha pele quente. Eu faço uma pequena dança estranha enquanto caminhávamos ainda mais longe. “Meu Deus! Está frio!”

Eu ouço Blizzard rir atrás e levanto minha mão, mostrando-lhe meu dedo do meio sobre meu ombro para Jayla não ver.

Capitulo 23

Blizzard

Não demorou até que Jayla estivesse flutuando por conta própria, chutando as pequenas pernas ao redor do lago. Havia uma pequena plataforma no meio do lago improvisado de onde costumávamos pular na água. Ela se dirigiu até lá. A última vez que a trouxemos aqui, ela passou a maior parte do tempo fazendo isso.

Quando ela pulava, ia para o fundo, mas a boia a fazia voltar à superfície e ela ria como louca. Ela era uma criança da água, não havia dúvida sobre isso.

Rose ainda estava abrindo seu caminho na água, respirando profundamente enquanto ia um pouco mais para o fundo. Não demoraria muito para ela se acostumar com a temperatura da água. Minha teoria era que sempre era melhor mergulhar rapidamente e lidar com o golpe frio de uma só vez. Em vez de atormentar-se fazendo rodeios.

“Meu Deus. Oh meu Deus,” ela gritou, quando afundou de repente até o pescoço.

Eu ri e agarro a gola da minha camiseta, puxando-a pela frente sobre minha cabeça. Tiro minha calça jeans e jogo em uma pilha na grama.

Ela está boiando, me observando caminhar pela areia. Sua boca abriu um pouco e seus olhos brilham. Eu espero muito que ela não pudesse ver o volume no meu short.

Observá-la se despir e vê-la naquele biquíni sexy quase me quebrou. Eu precisava muito disso, como um maldito banho frio. Quando a água está logo acima de meus joelhos, respiro profundamente e mergulho para frente, a água fria picando minha pele nua como agulhas. Abro rapidamente os olhos, observando suas pernas e dirigindo-me para elas.

Ela está de pé agora. Mas eu sou muito mais alto.

Eu chego à frente dela, envolvo meus braços em torno de sua cintura enquanto emergia e encontrava meu ponto de apoio. Ouço seu grito mesmo abaixo da água. Eu explodi na superfície e respirei fundo, usando minha mão livre para limpar a água do meu rosto. Suas pernas se envolvem na minha cintura e seus braços se prendem aos meus ombros, e então ela está colada contra mim.

Sinto um tapa nas minhas costas. “Ow! Por que você está enlouquecendo? Você me viu chegando!”

“Eu não esperava que você me tirasse da água, idiota,” ela rosnou, inclinando-se para que eu pudesse ver seu rosto, que rapidamente mudou quando um pequeno suspiro escapou dela. O ângulo que ela está é perfeito e a água fria não fez nada para acalmar meu pau.

Suas pálpebras caem um pouco e sinto um suave grunhido na parte de trás da minha garganta. Minha mão desce e então eu seguro sua bunda perfeitamente tonificada e a empurro mais forte contra mim. “Blizzard,” meu nome caiu de seus lábios em um sussurro.

“Eu comprei isso.”

Sua testa franze em confusão, mas ela continua a se mexer contra mim. “O quê?” Sua voz estava suave e aérea.

“Isso,” eu esfrego meu polegar na alça que envolve seu pescoço e sobre o material minúsculo que cobre seus seios cheios. Quando toco seu mamilo inchado, circulo meu polegar ao redor da protuberância endurecida. Sua cabeça cai para trás e ela empurra o peito na minha mão, encorajando-me. “Não estava prestes a ver você usando as coisas de outra pessoa.”

Eu inclino minha cabeça e empurro seu peito para cima, lambendo seu mamilo através do material frio e molhado. Um grito alto e respingos chama nossa atenção. Quando Jayla aparece na superfície da água, rindo com os cabelos grudados em seu rosto, meu corpo relaxou. Sinto Rose relaxar também, e depois de nossos olhos se encontrarem por um breve segundo, ela sai dos meus braços e começa a nadar até Jay.

“Isso foi um grande salto para uma pequena menina!” Ela exclamou, levantando a mão para Jayla bater.

Ela bate sua pequena mão contra a de Rose. “Sua vez!”

Rose ri e começa a empurrar Jayla em sua boia na direção da plataforma de salto novamente. Ambas escalam e param na borda.

“Você vai pular comigo? Estou um pouco assustada,” Rose perguntou, pegando a mão de Jayla.

Jayla para e vira-se para Rose com um rosto triste, seus sorrisos e gargalhadas se foram. Chego à plataforma, não gostando do olhar triste que ela tinha agora. Eu me apoio na borda com meus braços. “Você está bem, Jay?” Eu estiquei o braço e toquei sua perna.

Ela continua a olhar para Rose. “Não se assuste. Está tudo bem,” sua pequena voz sussurrou entrecortada. “Eu não estou assustada. Está tudo bem.”

Rose fica de joelhos e pega suas mãos. Podíamos ouvir o desgosto em sua voz. “Obrigada,” disse Rose com um sorriso forçado. Ela ergue a mão e afastou um pouco de cabelo perdido do rosto de Jay. “Eu me sinto melhor agora.”

Jay se lança para Rose, jogando seus braços ao redor do pescoço de Rose e abraçando-a com força. Elas ficam assim por um tempo antes que ambas se separassem sorrindo.

Meu coração estava batendo forte durante esse momento.

Essas duas meninas.

Ambas entraram na minha vida a toda velocidade.

Eu observo enquanto elas ficaram lado a lado na plataforma, ambas com os ombros erguidos, cabeças para cima e sorrisos bonitos iluminando seus rostos. Ambas passaram por uma merda traumática em suas vidas, o pequeno momento de Jayla me dizia que havia mais em sua história do que eu percebi.

No entanto, aqui estavam elas, paradas na borda, prontas para se jogar e ver onde a vida as levaria a seguir. Sem hesitação.

Eu vejo a força de Rose voltando, podia ser um pedaço de cada vez, mas ela estava se encontrando novamente e eu estava começando a pensar que talvez fosse hora de parar de ser tão idiota e perceber o que estava exatamente na minha frente.

Infelizmente, eu estava correndo contra o tempo. Amanhã ela iria embora com Judge e minha mãe para se instalar. Eu não tinha certeza do que aconteceria nessa missão, mas, no entanto, era perigoso.

Como eu me sentiria se ela não saísse disso inteira? Eu me arrependeria de não dizer a ela como me sentia?

Capitulo 24

Rose

Blizzard e eu conseguimos passar o dia inteiro sem mais momentos. Nós dois voltamos nossa atenção para Jayla, certificando-nos de fazê-la rir e sorrir sempre que possível.

Quando ela me disse que estava bem, que eu não precisava ter medo, senti tristeza. Havia mais sobre essa garotinha do que qualquer um de nós havia previsto. Havia algo mais acontecendo em sua cabeça do que apenas perder sua mãe. A necessidade de protegê-la encheu meu instinto. Ela se enterrou dentro do meu coração em tão pouco tempo. Eu sabia que não importava o que acontecesse comigo, ou com o clube – ou se eu fosse arrastada até Nova York – eu faria um acordo com o próprio diabo se isso significasse que ela estaria segura, cuidada e amada.

Eu olho por cima do meu ombro para encontrá-la amarrada em seu assento de carro e dormindo enquanto voltávamos para o complexo.

O relacionamento de Blizzard com ela, apesar de bonito e especial, ainda era um mistério para mim.

“Você teve algo com a mãe de Jay?” Eu perguntei casualmente enquanto olhava pela janela.

Ele ficou em silêncio por um momento. “Por que você pergunta?”

Eu encolho os ombros antes de me virar para olhar nele. Ele manteve os olhos na estrada, mas suas mãos apertavam o volante mais do que o necessário. “Bem, ela não é sua, mas do jeito que você é com ela, e a maneira como ela olha para você como se fosse seu mundo, qualquer pessoa pensaria que era.”

Seus olhos se dirigem para o espelho retrovisor e voltam para a estrada. “Sua mãe, Hayley, não esteve conosco por muito tempo. Alguns meses no máximo. Quando ela foi morta, o clube pegou Jayla sem pensar. Nós protegemos o que é nosso, Rose. Hayley tinha sido uma das nossas meninas e não conseguimos mantê-la segura.”

“Ela te ama,” falei simplesmente com total confiança.

Pego o pequeno vislumbre de um sorriso. “Não sei o que é. Ela se dá bem com todos os irmãos. Mas ela sempre me procura em uma multidão ou me busca quando está chateada.”

“Você é sua chupeta.”

Ele ri. “O quê?”

“Sua chupeta. Aquelas coisas que eles dão aos bebês para acalmá-los ou relaxá-los.” Eu não pude deixar de sorrir. “Ela sabe que ela está segura com você. Então você a deixa respirar tranquilamente.”

Ele verifica o espelho novamente, como se fosse natural que ele se certificasse de que estava bem em todos os minutos. “Hayley entrou no trabalho um dia, ela estava estressada, tentando conseguir o diploma do ensino médio. Mas Jay estava doente e ela não podia estudar. Nós lhe demos algum tempo de folga, dissemos a ela que nós ajudaríamos. Nem meia hora depois, ela estava morta fora do X-Rated.”

Eu nem pensei antes que as palavras saíssem. “Foi Marco, não foi?”

Quando ele não respondeu imediatamente, continuo, “Aconteceu naquela época.”

Seus olhos se dirigem para mim quando ele parou em um semáforo no meio da cidade. “Nós pensamos assim no início. Mas depois do que Jayla disse hoje, estou começando a repensar essa teoria.”

“Porquê?” Perguntei com curiosidade.

“Hayley, aparentemente, foi expulsa de casa quando estava grávida. Pelo que ela disse às garotas, sempre tinha sido ela e Jay.” Ele esfregou uma mão através de seus cabelos curtos. “Mas Jay conhecia o medo. Ela sabia o que era morrer de medo de alguém. E isso é algo que se aprende.”

Minha mão vai ao meu coração e esfrego meu peito com minha palma. Dói, dói por essa pequena menina que possivelmente já havia visto mais em sua vida curta do que qualquer um deveria ver.

“Ela está segura?” Eu sussurrei.

Ele assente. “Este é o lugar mais seguro que ela poderia estar. Meus irmãos e eu não vamos deixar ninguém machucá-la ou tentar levá-la.” Sua mão alcança e aperta minha perna passando tranquilidade. “Parece que não sou o único que a garota dominou,” ele provocou.

Eu rio sem graça. “Como você pode não estar dominado com um rosto como esse?” Eu inclinei minha cabeça para a pequena beleza de cabelos negros.

Ele olha para mim, observando meu rosto por um segundo antes de voltar os olhos para a estrada. “Fato verdadeiro,” ele murmurou.

O resto da viagem foi em silêncio até chegarmos aos portões do complexo.

“O que diabos?” Blizzard resmungou em voz baixa.

Eu vejo Jackie e Judge, ao lado de suas motos conversando com Optimus. Havia alguns outros homens de pé ao lado, todas as motos com sacos pesados empacotados nos lados e uma caminhonete de cabine simples, onde Skins está encostado.

“O que está acontecendo?” Perguntei quando paramos. Optimus se afastou de sua conversa e vem em nossa direção. Blizzard salta para fora e eu desço pelo meu lado, contornando o veículo.

“Eles não deveriam partir até amanhã” Blizzard disparou, quando Optimus chegou a poucos metros.

“A coisa mudou, eles precisam dela no palco esta noite,” Op respondeu, estreitando os olhos para Blizzard.

“Porquê?” Perguntei, nervos de repente me golpeando no estômago.

Blizzard cruza os braços sobre o peito com força, o bíceps saliente e os punhos apertados.

“Um deles entrou no clube e reservou uma cabine privada para esta noite ao lado do palco. Aparentemente, é o aniversário do nosso alvo e eles estão planejando celebrar,” Op explicou, seus olhos movendo-se entre nós dois. “É uma oportunidade melhor. Ele ficará bêbado e feliz, e seus garotos compraram tempo particular com uma das meninas.” Ele me indicou com a cabeça e meu estômago voltou a virar.

“Ela não está lá para fodê-lo,” disse Blizzard severamente.

Optimus revira os olhos. “Nós não estamos pedindo que ela foda com ele, irmão.”

“Op...” Blizzard começou, mas eu o interrompo.

“Quanto tempo eu tenho antes de precisar sair?” Eu perguntei, abrindo a porta traseira. Os olhos cansados de Jayla piscam para mim e eu sorrio, ganhando um sorriso suave dela.

“Assim que possível.”

Eu concordo, puxando Jay de seu assento e erguendo-a no meu quadril. “Vou levá-la para dentro e depois pegar minhas coisas,” falei seguindo para a sede do clube. Vozes tensas me seguem, eu sei que Blizzard não estava feliz, mas ainda estava confusa quanto ao motivo.

Eu sorrio brevemente para Judge e Jackie enquanto eu passo. Light está com eles agora, acendendo o isqueiro na mão com impaciência e ergue o queixo para mim.

Jayla olha em volta, os olhos dela observando todas as pessoas diferentes e a atmosfera. Eu ouço o barulho alto do cascalho vindo rapidamente atrás de mim quando chego ao lado do prédio e passo pelas portas do pátio. Seguindo para a direita, desvio de duas garotas do clube escassamente vestidas se esfregando nos irmãos e subo as escadas em busca do quarto de Blizzard. Eu sei que ele está logo atrás, eu posso praticamente sentir o calor de sua raiva deixando uma trilha atrás de nós. As portas no andar de cima são nomeadas, então eu verifico cada uma até encontrar a dele e fico parada esperando que ele a abrisse.

Ele passa por mim e gira a maçaneta, empurrando-a com força e entrando. Seu humor me confundiu. Ele sabia que isso aconteceria, seja hoje ou amanhã. Foi planejado e ele concordou totalmente com isso, comentários inteligentes incluídos.

Eu entro. O quarto é grande, pelo menos quatro vezes o tamanho do que eu estava dormindo no andar de baixo. Mas eu entendi, garotas do clube não precisavam de luxo.

Sua enorme cama está na frente e no centro, os cobertores ainda jogados e bagunçados da noite anterior. À direita, no entanto, tem uma pequena cama de princesa rosa com um tapete grande no chão, com padrões, números e letras e cores brilhantes. Há brinquedos espalhados por todo o quarto, livros infantis e DVDs cobrem uma pequena mesa.

Ele estende a mão e pega Jayla de meus braços, pegando um pequeno tablet enquanto contorna a cama. Eu assisto ele a deixar escolher um jogo. Seu pequeno rosto sorri brilhantemente quando ele beija sua bochecha e se afasta.

Seus pequenos dedos dançam sobre a superfície do tablet e as risadas suaves preenchem a sala.

Eu sorrio. “Eu preciso ir.” Mas antes que eu pudesse escapar, ele fecha a porta atrás de mim e me puxa pela mão para dentro de seu banheiro. Ele verifica Jayla sobre o ombro uma última vez quando entramos, antes de girar e me pressionar contra a pia.

Minha boca fica aberta. “O que você está fazendo?” Perguntei nervosamente.

“Não permita que ele toque você.” Veio o aviso severo.

Eu estreito meus olhos. “Quem?”

“O cara que você está tentando atrair com esse corpo.” Sua mão vem até minha cintura e escorrega debaixo da minha camisa. Seus quadris me empurram contra a pia, mas isso não é sexual, nem um pouco. Isso parecia mais com desespero.

“Porquê?” Eu perguntei suavemente, estendendo a mão para colocar minha mão em seu peito.

Sua cabeça cai, e de repente este homem que passou os últimos dias me dando o inferno com suas mudanças de humor parecia tão quebrado.

“Porque eu preciso que você saia disso viva.”

Eu balanço minha cabeça. “Blizzard, eu não entendo.”

“Foi fácil me convencer de que eu odiava você quando não estava por perto para me provar que eu estava errado.” Sua cabeça fica abaixada, mas ele ergue seus olhos, encontrando os meus. Meu coração acelera. “Dois dias. Foi só o que precisou para fazer exatamente isso. Eu não sei o que é essa merda, mas preciso de mais tempo para descobrir.”

“Eu...” As palavras se perderam na minha língua. Ele estava me dizendo que eu não tinha fodido tudo completamente?

“A confiança não é conquistada durante a noite. Eu preciso de mais tempo. Então você precisa voltar, ok?” Sua mão apertou minha cintura.

Meu coração continua acelerado e levanto minha mão para acariciar sua bochecha. “Vou tentar.”

“Não tente, apenas faça,” ele disse com severidade como se fosse minha escolha. Mas não era. Se esses homens me descobrissem, eles provavelmente me matariam por tentar enganá-los.

“Rose!” Eu ouvi a voz de Optimus se aproximando pelo corredor.

Blizzard não se move, nossos olhos ficam conectados até que eu me soltei de suas mãos e me afastei. Ele coloca ambas as mãos na pia, sem olhar para mim enquanto eu saio do pequeno espaço.

Corro até à cama e dou um rápido beijo na bochecha de Jay antes de correr pela porta.

Deixando meu coração naquele quarto com eles.

Capitulo 25

Blizzard

Houve uma batida suave na porta. Eu tinha ficado no meu quarto com Jay enquanto ouvia o barulho das motos se afastar da sede do clube. Meu intestino estava contorcendo, então eu concentrei tudo na garotinha ao meu lado, esperando que isso me distraísse da necessidade de subir na minha moto e segui-los.

Eu permito que entre. A porta se abre só um pouco e Harlyn passa pelo espaço, fechando-a atrás dela. Jay senta-se e sorri para ela.

“Ei, garota. Como foi a escola?” Perguntei, sentando também.

Harlyn encolhe os ombros e desvia os olhos. “Tudo bem, acho.” Ela oscila sob seus pés. “Jayla pode brincar?”

Eu faço uma careta. Harlyn geralmente era tão brilhante, um pouco louca às vezes, mas ela era como a vida da festa. Esta nova Harlyn estava diferente. Ela estava reservada e nervosa. Eu não gostei disso.

“Venha aqui.” Eu bato na cama ao meu lado.

Ela suspira dramaticamente, mas lentamente se move e sobe.

“Diga-me o que está acontecendo?”

“Eu já disse a mãe e ao pai e a Chelsea, tio Blizzard.” Ela revirou os olhos. “Eu simplesmente não gosto daquela escola.”

“Sim, e eles podem acreditar nessa desculpa, mas eu não,” eu zombei. “Agora vamos tentar isso de novo.”

Ela baixa a cabeça. Algo estava matando essa garota por dentro. Doía-me saber que ela achava que não poderia trazer seus problemas até nós. Ela tinha apenas seis anos, mas seu coração e sua cabeça eram muito mais velhos.

Quando ela não disse nada, coloquei meu dedo abaixo do seu queixo e levantei seu rosto. Eu vejo as lágrimas, flutuando em seus longos cílios, esperando para cair. “Harlyn, você não pode simplesmente atacar as outras crianças porque elas falam mal da sua família. Não importa o que pensam de nós, você sabe em seu coração...”

“Eu não consigo ler,” ela fungou de repente.

Eu me afasto, franzindo o cenho para ela. “O que você quer dizer?”

As lágrimas começaram a cair agora. Olho para a porta com o canto do olho, mas Harlyn não percebe.

“Todas as crianças, estão progredindo em seus grupos de leitura. Mas cada vez que olho para as palavras ou as letras, elas simplesmente não fazem sentido.” Ela fungou novamente. “A professora me faz sentar na parte de trás e nunca ajuda, então deixei de perguntar. Aquele garoto, ele disse que era porque eu vim do lixo, que os motoqueiros são estúpidos e burros.”

“Que diabos?”

Harlyn assusta-se e sua cabeça vira para a porta onde seu pai está parado, os punhos apertados contra o batente da porta com raiva.

“Papai...” Um soluço escapa quando ela pula da cama e corre para ele. Ele a pega com facilidade, embalando-a em seu peito. Ela chora desoladamente, sua cabeça enfiada sob o seu queixo contra o patch do clube.

Optimus me olha por cima da cabeça dela, seu rosto cheio de fúria. Eu estava com raiva e nós dois sabíamos apenas por um olhar que alguém ia pagar por isso. Optimus entra e senta-se na beira da minha cama com Harlyn no colo.

Jayla puxa minha manga e eu olho para ela. Sua pequena sobrancelha estava cheia de preocupação. “O que está errado?”

Eu afasto seu cabelo do rosto e tento sorrir apesar dos sentimentos que me dominavam enquanto assistia Harlyn chorar. “Ela ficará bem, pirralha. Por que você não vai ver se você pode encontrar Chelsea e pegar um sorvete do freezer para você e Har.”

“Ela está no nosso quarto,” disse Op bruscamente.

Jayla assente com a cabeça e pula da cama como se estivesse em uma missão de extrema importância.

“Harlyn...” Op tenta puxá-la para trás para que pudesse olhar para ela, mas ela está agarrada nele. Ele suspira. “Por que você não nos disse? Você leu para mim antes e foi bem.”

Ela fica em silêncio por um momento antes de sentar-se para trás e olhar para o seu pai – o maldito ídolo dela. “Eu escutei as outras crianças lerem e memorizei as palavras,” ela admitiu suavemente.

Meu coração quebra. Essa garota estava passando pelo inferno na escola. Tanto as crianças quanto a professora – a pessoa que deveria estar fazendo o seu melhor para se certificar de que ela conseguisse – a humilharam.

“O que está acontecendo?” Perguntou Chelsea enquanto Jayla a puxa para dentro do quarto. Os olhos dela arregalam quando vê Harlyn sentada no colo de Op, lágrimas correndo pelo seu rosto. “Harlyn. Oh querida.”

“Precisamos de sorvete, rápido,” eu lhe disse.

Ela olha entre Har e eu, antes de assentir. “Vamos, Jay. Vamos encontrar algo bom. Escondi-o na parte de trás do congelador, então Blizzard não conseguiu encontrá-lo.” Jayla bate as mãos e corre pela porta, Chelsea logo atrás dela. Mesmo Harlyn soltou uma risada suave.

“Precisamos conversar com sua mãe,” Op contou a sua menina, limpando suas lágrimas com o polegar. “Eu não sei como perdemos isso.”

Harlyn encolhe os ombros. “A mãe sempre parece estar ocupada.”

Eu faço uma careta. Sim, e eu sabia quem a estava mantendo assim.

“Mamãe está tentando montar sua loja, Har. Ela está trabalhando muito,” explicou Op. Sugar estava abrindo uma loja de roupas na cidade. Ela queria que fosse acessível, mas elegante, assim ela continua dizendo. Embora, nesta fase, eu não pensava muito em sua classe enquanto ela se esgueirava pelas costas do meu irmão e, como parece, ignorava os pedidos de ajuda de sua filha. “Vamos ver onde Chelsea está com esse sorvete.”

Op dá a Harlyn um último aperto antes de colocá-la no chão. Ela olha para mim e sorri suavemente. “Obrigada, tio Blizzard.”

Aproximando-me, bagunço seus cabelos. “De nada garota.”

Op levanta o queixo em agradecimento enquanto ele a pega pela mão e a conduz pela porta. Suspiro, deitando na cama. Fiquei feliz pelo fato de, pelo menos, estarmos cientes do que estava acontecendo. Ver Harlyn triste ao redor da sede tinha sido uma agonia para todos. E só em saber que havia pessoas tornando um inferno a vida de alguém que amávamos, doía o meu coração. Eu faria qualquer coisa para proteger as pessoas que eu amava, mesmo que isso significasse ir a essa maldita escola e bater em algumas cabeças por fazer isso.

Capitulo 26

Rose

Olho pela janela. A viagem era longa, mas Skins me disse que estávamos chegando perto agora. As borboletas torcem, viram e saltam no meu estômago. Ocasionalmente, eu tinha a sensação de que realmente poderia vomitar. Eu estive me preparando para isso. Eu sabia que estava chegando, mas agora de repente se tornou tão real e eu estava com medo.

“Você está bem, querida?” Perguntou Skins, seus olhos observando meu colo onde minhas mãos esfregavam nervosamente. “Você parece um pouco tensa.”

Eu ri, o som saiu trêmulo e não convincente. “Oh sim. Eu estou bem.”

A vibração das motos que nos rodeiam é um zumbido constante. Suponho que se eu pensasse sobre isso, o som deveria ser reconfortante. Sabendo que eu tinha esse grupo de pessoas do meu lado, prontos para me proteger. Mas quase senti como se estivesse em um carro fúnebre sendo conduzida em procissão para o meu lugar do descanso eterno.

Ham e outro dos irmãos, Kev, estavam vindo conosco na viagem. Eles não estavam usando suas cores, em vez disso, usavam simples coletes pretos. Optimus queria o seu pessoal conosco para que ele pudesse ter certeza de ser informado se algo desse errado, mas não queriam chamar a atenção para o fato de que os clubes estavam ligados.

“Você estará segura,” Skins tentou tranquilizar-me. “Se qualquer coisa der errado, teremos muitas pessoas lá prontas para puxar você para fora.”

Inspiro pelo nariz, tentando ao máximo acalmar minha respiração antes de assentir. Esperando que ele estivesse certo. Eu não tinha qualquer tipo de interação com motoqueiros antes de conhecer Chelsea. Eu não sabia nada sobre eles além do que as pessoas imaginavam que eram perigosos e criminosos. Descobrir que Chelsea era uma garota do clube não me fez pensar muito melhor deles. Não foi até que ela explicou o amor e respeito que vinha em fazer parte de um clube, que percebi que não era o que parecia. Os homens tratavam bem as garotas e elas estavam lá porque queriam estar.

Ver o relacionamento que Blizzard tinha com seus irmãos também abriu meus olhos. Eles estavam dispostos a fazer o que fosse necessário para apoiar uns aos outros quando as coisas eram difíceis. Eles riam e se provocavam e passavam o tempo juntos como uma grande família.

Era o tipo de família que eu imaginei na minha cabeça toda minha vida.

Passei tanto tempo buscando meus parentes de sangue apenas para que caísse em pedaços bem na frente dos meus olhos. Blizzard tinha sido criado por pessoas dentro do clube, pessoas que não tinham DNA conectado a ele, mas ainda o via como um deles.

Isso explodiu minha mente.

“Qual é a sua conexão com o clube?” Eu perguntei a Skins, virando meu corpo para encará-lo.

“Você quer dizer como eu me envolvi com o Satan’s Sanctuary?” Eu assenti com a cabeça mesmo que ele não estivesse olhando para mim.

Ele sorriu. “Judge conhecia meu pai naquela época. Meu pai não era parte do clube, mas eles ainda eram muito próximos e eu cresci vendo Judge como família. Quando Judge foi convidado a sair de onde morávamos na California e começar uma subseção do clube no Arkansas, eu aceitei a chance de me juntar.”

Penso em suas palavras por um minuto. “Qual a atração para você?”

“Muitas coisas. Você nunca está sozinho quando tem muitas pessoas te apoiando. Eles nunca te julgam, nunca fazem você se sentir como se não pertencesse. Você prova sua lealdade e essas pessoas estarão ao seu lado até o fim dos tempos.” Ele falou como se fosse óbvio.

“E as coisas ruins?” Ele olhou para mim pelo canto do olho. Eu não estava completamente inconsciente do fato de que coisas ruins aconteciam. Eu aprendi exatamente isso, durante o meu tempo com Marco. As ameaças vinham o tempo todo. Inferno, estávamos prestes a mergulhar diretamente em uma situação que qualquer pessoa normal nunca teria que lidar.

A coisa era, essas pessoas, tanto os Brothers quanto o Satan’s Sanctuary estavam dispostas a fazer o que fosse necessário e não pensar duas vezes em tirar a vida de alguém se tivessem que fazê-lo, para manter seu pessoal seguro.

“Essa é uma decisão que você precisa tomar sozinho.” Ele encolheu os ombros. “Se alguém que você amasse estivesse em apuros, até onde você iria para protegê-lo? Não é apenas uma coisa de MC. Se alguém entra em sua casa e ameaça ferir as pessoas que você ama... seus pais, ou seu marido, ou seu filho. Você puxaria o gatilho para mantê-los vivos?”

Ele deixou as palavras estagnar no pequeno espaço.

Meus pensamentos foram instantaneamente para Blizzard e para Jayla, as duas pessoas que, em poucos dias, roubaram meu coração.

Até onde eu iria para evitar que eles fossem feridos? O que eu faria?

Tudo o que fosse necessário.

“Estamos quase lá,” disse ele, quando começamos a ver menos terras agrícolas e mais casas. As motos pegam uma pequena estrada lateral, logo após o limite da cidade. Eu os observo, de repente me sentindo muito exposta. “Está tudo bem. Nós simplesmente não queremos ser vistos juntos. Eles estão indo para a sede do clube e voltam em breve nos veículos. É um pouco mais discreto.”

Eu engulo com força, mas aceno com a cabeça, concordando que era uma boa ideia.

No instante em que esses caras descobrissem que eu estava conectada ao clube, eu estaria acabada.

E, e o mais importante, Lane também.

O oeste de Memphis, onde o Sanctuary está localizado, é um pouco menor do que Athens. A área central da cidade, onde lojas e empresas ficam, ocupam algumas ruas. Pequena o suficiente para ser pitoresca, mas suficientemente grande para que nem todos soubessem da sua vida.

“É isso?” Perguntei quando chegamos à rua. A frente do prédio está um bar ocupado. Já tem um punhado de carros aqui e são apenas quatro horas.

Skins nos conduz pelo lado do prédio, onde penso que os caminhões de entrega descarregavam suprimentos. O edifício é comprido, é surpreendente. Não foi até chegarmos aos fundos que percebi que metade do prédio é o clube de strip, e a outra metade o bar.

Há uma grande placa acima das portas que diz 'The Backroom', o nome falou por si mesmo. Há algum espaço para estacionamento, mas não há carros nem sinal de pessoas.

“O clube possui esse lugar?”

“Somos mais como investidores,” ele disse enigmático. “Eles estão do nosso lado e dispostos a ajudar, no entanto. Não se preocupe.”

Não se preocupe.

Últimas palavras finais.

“A entrada principal é através do bar. Devemos estar seguros entrando pelos fundos e nos prepararmos.” Ele virou para a direita ao lado da única porta e começou a sair. “Espere aqui, deixe-me verificar primeiro.”

Eu observo quando ele bate na porta e espera, seus olhos constantemente examinando a área. A porta se abre e um homem de terno escuro sai. Ele é enorme, seus ombros quase muito largos para caber na porta. Sua barriga é redonda e muito saliente, e suas mãos grandes engole a de Skins enquanto se cumprimentam.

Skins me chama a atenção através do para-brisa e gesticula com um aceno da cabeça para eu sair. Eu me viro e pego minha mochila do banco de trás e sigo para encontrá-los. Ambos me levam para dentro e fecham a porta antes de iniciar as apresentações.

“Rose, este é Dave. Ele é o chefe da segurança do The Backroom.“ Eu dei a Dave um sorriso suave que ele devolveu. “Ele é encarregado de manter as garotas seguras e os clientes na linha.”

“Prazer,” Dave disse com um aceno de cabeça. Sua voz correspondia perfeitamente ao seu corpo, seu tom muito suave e profundo. “Iris quer vê-la assim que estiver pronta.”

“Claro, cara. Sabe onde ela está?”

Dave sorriu. “Em seu escritório.”

Skins ri e pega minha mão. Ele me leva pelo pequeno salão. Há portas de ambos os lados, de algumas eu ouço música, outras mulheres rindo. Paramos na que diz 'Gerência' e Skins abre sem bater.

Eu ofego, minha mão indo direto para a boca e meus olhos olhando para o teto. Skins ri. “Iris, você queria nos ver?”

Tento evitar olhar, mas mesmo com toda a força que tenho, eles continuam voltando para a cena na minha frente. Há uma mulher mais velha – ela deve ter por volta de cinquenta anos, inclinada sobre uma grande mesa enquanto um homem lindo, jovem, totalmente em forma e louro fodendo ela por trás. Ela está agarrada a borda da mesa, seus gemidos enchem o espaço que nos rodeia.

“Ahhh, me foda com força, Liam. Eu preciso gozar para que eu possa ter essa reunião.” O homem loiro, que deve ter a minha idade, sorri e pisca para mim, quando começa a empurrar seus quadris cada vez mais rápido, balançando e tirando a mesa do lugar. “Ah, sim, oh... oh... sim!” Gritou a senhora. Liam dá-lhe mais alguns bons empurrões antes de seus olhos se fecharem e ele soltar seu próprio gemido cheio de êxtase.

Ele puxa para fora, tirando o preservativo e jogando-o na pequena cesta de lixo ao lado antes de colocar o jeans e pegar sua camisa do chão. Ele me dá outra piscadinha quando passa e meu rosto já corado queimou ainda mais.

A mulher, que deduzi ser Iris, endireita o vestido preto e ajusta seus seios. O vestido agora caiu até seus joelhos. É de tirar o fôlego e faz com que ela parecesse um pouco modesta – ao contrário do que eu acabara de testemunhar.

Meu coração está acelerado e eu sei que minha boca ainda está aberta.

Avançando, Skins pega sua mão e beija-a. “É sempre um prazer ver você.”

“Digo o mesmo, querido,” ela disse com um sorriso acolhedor. Ela volta sua atenção para mim. “Você deve ser Rose.”

Estendo a mão, minha cabeça ainda não era capaz de compreender no que eu estava entrando. “Prazer em conhecê-la.”

Ela aperta minha mão, mas seu rosto rapidamente torna-se sério. “Tudo bem, vamos acomodá-la e dar-lhe um resumo sobre o que vai acontecer. Nós só temos algumas horas antes de você estar no palco.” Ela gesticula para o sofá que está encostado contra a parede, enquanto ela caminha e se apoiava no lado de sua mesa. “Você está pronta para isso?”

Eu me sento, olhando para Skins enquanto ele fica de pé com os braços cruzados em seu peito. Ele me olha com atenção, isso são eles me dando uma chance para desistir.

Mas não faria isso.

Estou aqui. Vou fazer o que preciso fazer. Porque é o que a família faria.

Respiro fundo e ergo meus ombros. “Tão pronta quanto poderia estar.”

Capitulo 27

Rose

Olho para mim mesma no grande espelho, ainda incapaz de acreditar no que estou vendo. “Você parece linda, querida.” Olhei por cima do meu ombro para ver Hadley sorrindo para mim da porta. Hadley é uma das strippers aqui no The Backroom. Ela é uma garota doce e tinha feito o meu cabelo e maquiagem.

Depois de conversar com Iris e Skins, eles desapareceram para falar de segurança. Precisávamos ter um segundo plano se, por qualquer motivo, esses homens desconfiassem de quem eu era ou o que estava acontecendo.

Hadley foi a única outra pessoa que recebeu informações sobre o que estava acontecendo, pois ela provavelmente estaria mais próxima de mim em todos os momentos. Skins teria que se esconder nos bastidores, porque no segundo que ele fosse visto, uma tempestade de merda provavelmente começaria. E Iris ainda precisava dirigir o clube como se fosse apenas outra noite comum.

Meus cabelos escuros estão enrolados e cai solto pelos meus ombros e minha maquiagem está carregada. Olhos escuros esfumaçados e lábios vermelhos para combinar com a roupa temática negra e vermelha que eu uso. Se você pudesse chamar disso. Abrange as partes principais, mas o bônus é que, enquanto normalmente espera ver strippers tirar suas roupas e ficar basicamente nua, Iris disse que pela falta de roupas eu poderia fugir sem ter que tirar nada, desde que eu desse um bom show.

Tento lembrar tudo o que Kat e eu praticamos. É vital que essa merda seja perfeita.

“Você está tremendo,” Hadley disse parando atrás de mim. Ela coloca uma mão no meu ombro. “Eu estarei lá para assumir o controle se algo der errado. Skins estará logo atrás da cortina o tempo todo para levá-la embora.”

Concordo com a cabeça, tentando sentir algum tipo de conforto.

“O que você está fazendo é muito corajoso,” ela me disse suavemente, sua mão apertando-me com encorajamento. “Eu conheço Lane. Eu sei que ela ficará eternamente grata por você arriscar-se para trazê-la de volta.”

Meus olhos encontram os dela no espelho. “Como ela é?”

Hadley sorri pensativamente. “Ela é quieta, fala suavemente. Ela tem um coração enorme e se preocupa com todos os que ela conhece. Ela também é forte, mas odeio pensar em como ela está assustada agora.” Eu suspirei. “Light tem sido o seu tudo desde que eram crianças. Não sei o que acontecerá se ela não voltar para casa.”

Meu coração dispara, mas suas palavras apenas confirmaram que eu estava fazendo o certo.

Todos precisavam de alguém que lutasse por eles. Não importava quão grande ou pequena fosse a luta, saber que alguém está lá por você poderia fazer toda a diferença.

Eu só espero que ela não tivesse desistido ainda.

A porta da sala abre-se e salto do meu assento. Skins aparece na entrada, dá alguns passos rapidamente para dentro fechando-a atrás dele. “Você está linda. Eu tirei uma foto do seu alvo para que você saiba quem está procurando.”

Ele me entrega seu celular. A foto deve ter sido tirada das câmeras de segurança quando os homens entraram pela porta. Não está muito clara, mas mostra três homens vestindo coletes de um clube entrando na área do bar pela frente.

Skins se aproxima e aponta para o homem à esquerda. “Esse é Edge. Ele é nossa melhor escolha no momento.”

Hadley olha por cima do meu ombro e assente. “Eu me lembro dele. Os outros homens sempre foram escandalosos e grosseiros com seus comentários, mas ele era mais quieto... educado mesmo.”

“Ok, então eu preciso causar uma impressão,” eu disse, mais para mim do que qualquer coisa.

“Sim, querida, você também terá seu tempo particular com ele. Iris especificou que era apenas uma dança, porém, que não haveria mais nada na sala privada. E teremos olhos em você o tempo todo,” explicou Skins.

Eu memorizo o homem cuidadosamente. Seria fácil reconhecê-lo. Enquanto os outros dois são mais magros, Edge tem ombros largos e braços grossos. Seu cabelo é loiro e curto enquanto os outros tem cabelo mais longos, cheios e indomados.

Uma campainha toca na sala. “Esse é o seu aviso de cinco minutos.” Hadley agarra meus braços e fica de pé comigo. “Você vai ser ótima.”

Respiro fundo, jogando o telefone para Skins e erguendo minha cabeça enquanto sigo para a porta.

A caminhada até o palco acontece com um borrão. A batida da música é alta no ambiente, meninas passam, meio nuas, outras com robes de seda cobrindo seus corpos. Quando chegamos à cortina, tanto Hadley como Skins me dão rápidos abraços antes de desaparecerem.

A voz de Iris soa alta e o zumbido das vozes silenciam enquanto ouvem. “Cavalheiros, eu tenho um presente especial para vocês hoje. O nome dela é Lily, e a garota é atordoante.” Nós decidimos mudar meu nome apenas por razões de segurança, fiquei aliviada, mas também nervosa porque era outra mentira que eu tinha para lembrar. “Ela está aqui há apenas uma semana, vinda das luzes brilhantes da cidade de Nova York. “

As cortinas na minha frente abrem lentamente e a música começa. Respiro profundamente e entro sob a luz, tentando me lembrar do que Kat me falou sobre balançar os quadris toda vez que eu desse um passo.

Sexy, sensual, bonita.

Eu preciso ser todos os três.

Deixo meu corpo sentir a música. Começa lenta e cresce dramaticamente, então eu imito isso com meus movimentos. Nós passamos a minha rotina para essa música tantas vezes que se tornou quase uma segunda natureza. Meus olhos se fecham quando eu deixo as palavras me preencherem. Agarrando o poste, eu giro e desço, usando meu cabelo como acessório jogando-o ao redor.

Abra seus olhos.

As palavras de Kat ressoam na minha cabeça. Se eu quisesse atrair esse cara, precisava fazê-lo sentir que estava dançando para ele. Eu o encontrei rapidamente, ele e seus irmãos sentados na primeira fila. Edge tem seus olhos focados em mim, os outros homens empurrando-o e apontando, um com o telefone na mão, tirando fotos. Eu estou bastante segura de que não era permitido e isso me deixa nervosa. Ele não repara neles enquanto eu caminho para frente, a conexão entre nós é tão forte que está me puxando para ele. Sua língua aparece, molhando os lábios. Deixo meus lábios abertos, minhas mãos correndo por todo meu corpo enquanto balanço com a música. Fico perto o suficiente, apenas fora do alcance, antes de usar o drama da música e cair de joelhos. Eu jogo minha cabeça para trás e agarro meu cabelo com minhas mãos, deixando meu peito subir e descer e rolo meu corpo. Quando a música desacelera, fiquei de pé e começo a caminhar para trás, mantendo-o no foco o tempo todo.

Eu giro no poste mais algumas vezes antes de quatro na última batida da música. Meu cabelo cobre meu rosto, mas a reação na sala me surpreende, estourando em aplausos com assobios e gritos. Levanto ligeiramente a cabeça.

Edge está de pé com seus homens, eles estão me olhando de soslaio, mas ele não está. Ele está me olhando de um jeito que eu só poderia descrever como curiosidade. Sua cabeça está inclinada ligeiramente para a esquerda, mas seu olhar me queimava. É quente e intenso.

As luzes se apagam e sou mergulhada na escuridão. Eu rapidamente me levanto seguindo com calma até à parte de trás do palco, atravessando as cortinas fechadas. Meu corpo relaxa com alívio apesar da adrenalina que ainda enche minhas veias. Arde, mas eu não posso dizer que odeio a sensação. Uma mão me agarra e eu solto um grito.

Hadley ri antes de me puxar para um abraço apertado. “Garota, isso foi fantástico.” Ela recuou, seus olhos estão iluminados e seu sorriso é brilhante.

“Você achou?”

Skins ri à minha direita. “Eu quero saber se eu posso levá-la para um quarto depois que você terminar com ele?”

Eu fico vermelha e empurro seu peito. “Pare com isso.”

Seus olhos perdem toda risada e se estreitam suavemente. “Sem brincadeira.”

Hadley entra entre nós, puxando meu braço e me conduzindo enquanto outra garota se aproxima da cortina. “Deixe ela em paz, Skins. Este não é o momento de retirar o seu pau e balançá-lo.”

“Nunca ninguém reclamou antes,” ele murmurou enquanto nos seguia. Não pude deixar de rir da cara dele.

Hadley revira os olhos. “Tudo bem, você tem cerca de dez minutos antes de executar a fase dois.” Ela me arrastou para o vestiário em que estávamos antes do show. Skins virando em outra direção.

“Como o clube te deixou saber tanto sobre isso?” Perguntei ao fechar a porta. “As garotas do clube com as quais eu praticava não foram autorizadas a saber detalhes.”

Ela congela por um segundo, suas mãos segurando as roupas que ela estava olhando, procurando a minha próxima roupa. Eu a ouço inalar profundamente antes de virar na minha direção. Seus olhos estão tristes e de repente me sinto culpada por ser incisiva.

Eu levanto as mãos, pronta para me desculpar, mas ela balança a cabeça. “Está tudo bem,” ela sussurrou antes de limpar a garganta. “Meu marido fazia parte do clube alguns anos atrás. Ele partiu em uma viagem por alguns meses para fazer um trabalho para o clube, mas quando ele voltou, ele estava diferente.”

Eu me sento na cadeira de maquiagem, escutando tudo o que ela dizia.

Ela começa a peneirar a roupa novamente, puxando outra roupa sexy, completa com ligas e um espartilho. Seus dedos agarram o cabide como se fosse um suporte de vida.

“Ele não era o homem com quem eu casei. Ele estava sombrio, reservado e zangado.” Vi um pequeno tremor passar por seu corpo. “Judge e os meninos tentaram ajudá-lo, mas ele já estava muito longe, então ele foi convidado a deixar o clube.”

Pego a roupa de suas mãos e vou para trás da pequena cortina que estava preparada para poder me trocar. “E eles deixaram você ficar?”

“Eles me convenceram a ficar. Sair com ele teria sido um bilhete de ida para o inferno, e tanto quanto eu queria acreditar que poderia trazer o homem com quem casei de volta, era muito tarde.” Peguei uma falha em sua voz. “Eu já era parte do clube, eles prometeram me proteger e me ajudar. Eles são meus amigos.”

Concordo com a cabeça, vestindo-me rapidamente. “Você sempre foi stripper?”

Ouvindo Hadley rir, enfio a cabeça pela cortina. Ela está sorrindo agora e eu estou extremamente aliviada. “Nunca fui dessas de esconder quem eu sou.”

“E quem você é exatamente?” Perguntei com curiosidade.

“Uma mulher que não tem medo de seu corpo ou sexualidade.” Ela bateu em seu quadril e piscou para mim.

Voltando para trás da cortina, continuo a disputar com minha nova roupa. “Parece que você e Iris têm isso em comum.”

“Eu não acredito que haja algo de errado com o sexo consentido entre dois parceiros. Se isso te faz sentir bem, então, quem se importa com o que alguém pensa.”

“Oh, eu concordo totalmente,” eu disse-lhe, balançando a cabeça, embora eu soubesse que ela não podia ver. Eu não sou uma puritana. Foi uma das razões pelas quais Chelsea e eu nos tornamos amigas. Porque, enquanto as pessoas a julgavam pelo que fazia como garota do clube, eu queria todos os detalhes. “Eu aposto que você e seu marido tiveram uma vida sexual assassina.”

O quarto fica em silêncio e sinto tristeza. Eu sabia instantaneamente que tinha dito algo errado.

“Nós tivemos. Mas parou na noite em que ele tentou retirar a parte do consentimento da equação.”

Saio dali e nossos olhos se encontram. “Eu sinto muito...”

Sorrindo, ela avança e começa a me ajustar. Sua voz baixa para um tom suave, “Eu o chutei com tanta força que ele teria sorte de fazer sexo novamente. Mas aqui estou, ainda de cabeça erguida, sendo sexy como o inferno e sem arrependimentos.”

“O clube ficou do seu lado,” eu disse em voz alta, sem pensar. Seu marido tentou violá-la e o clube a escolheu. Eles a protegeram.

“As pessoas gostam de julgar os MC's por causa dessa pouca percentagem, como esses homens lá fora esta noite, que usam sua posição, força e números para intimidar e causar medo às pessoas. Mas não é disso que se trata. Nem fodendo.”

Sinto suas palavras ressoarem diretamente na minha alma. Havia paixão por trás delas, completa convicção no que estava dizendo.

Não pude deixar de sorrir. “Você me lembra minha amiga Chelsea. Ela costumava ser uma garota do clube Brothers by Blood antes do presidente agarrá-la.”

Os olhos dela se iluminam. “Esse sim é um trabalho em que eu poderia fazer com determinação.”

Ela movimenta as sobrancelhas e nós duas rimos.

“Tudo bem, vamos fazer isso. Você está pronta?”

“Hum...“ Eu esfreguei minhas mãos nervosamente.

“Eu disse, você está pronta!” Ela levanta o punho no ar de forma dramática.

“Não!” Eu respondi, copiando-a e levantando meu punho também.

Ela ri e agarra minha mão, indo para a porta. “Esse é o espírito.”

Capitulo 28

Blizzard

“Você pode parar de andar e sentar” Optimus resmungou, inclinando-se contra o taco de bilhar quando Leo fez sua jogada. Ele se virou, murmurando para si mesmo, “O fodido vai abrir um buraco no meu maldito chão.”

Olho para as costas dele.

“E pare com esse olhar mortal de bichinha,” ele falou, quando se inclinou sobre a mesa e estudou sua próxima tacada.

“Alguém já deveria ter ligado agora.” Eu me apoiei no bar com as duas mãos e Chelsea coloca outra cerveja na minha frente, me dando um olhar simpatizante.

Eu ouço as bolas na mesa bater uma contra a outra e Op grunhir alto, seguido de uma risada triunfante de Leo.

“Foi culpa sua, idiota.” Ele apontou para mim quando ele jogou um punhado de dinheiro na mesa. “Você está enchendo a sala com más vibrações.”

Chelsea ri dele atrás do bar. “Você nunca foi bom no bilhar, não tente culpar outra pessoa pela sua visão ruim.”

Op levanta uma sobrancelha para ela. “Você quer vir aqui e fazer isso, mulher?” Ele manteve os braços abertos, convidando-a a dar outra chance a ele.

Chelsea acena com a mão no ar como se estivesse espantando uma mosca. “Não, não. Esqueça tudo o que acabei de dizer.”

“Isso foi o que eu pensei.”

Pego meu celular do balcão pela décima vez nos últimos dez minutos. Ainda não há chamadas. É uma hora. O clube de strip-tease onde Rose está, The Backroom, estaria fechando às três. Eu sei que se não tivéssemos notícias, então algo ruim tinha acontecido.

“Por que de repente você se importa?” Perguntou Camo curiosamente do canto. Lou-Lou acaricia-o de um lado e Eva beija seu pescoço do outro. “Em menos de dois dias e você passou de odiá-la a ser todo...” Ele fez uma careta como se não pudesse encontrar as palavras.

“Totalmente enfeitiçado?” Interrompeu Optimus.

“Totalmente impressionado?” Declarou Wrench.

“Apaixonado?” Expressou Chelsea.

“Todas as opções acima,” concordou Camo.

Eu faço questão de lançar um olhar mortal a cada um deles enquanto olho ao redor da sala, recebendo apenas rostos divertidos em troca.

Eu bebo a metade da cerveja que Chelsea me entregou. “Bastardos fodidos.”

Eles estavam certos, no entanto. Rose esteve na sede do clube por menos de quarenta e oito horas, e naquele momento eu a chamei de mentirosa e falsa na frente de meus irmãos. Eu a fiz sentir como se fosse uma merda. Eu tinha observado seu vínculo com Harlyn e Jayla, e a levei para algum lugar especial e só aberto ao clube. Eu a provei e senti seu corpo desesperadamente contra o meu em busca de liberação. Não que ela tenha mencionado isso desde então.

Eu não tinha certeza de onde minha mente estava agora.

Ela tinha colidido na minha vida em plena força e meu ódio por ela estava murchando lentamente. Achei que conhecia a verdadeira. Eu pensei ter visto suas verdadeiras cores antes, mas não eram nada comparado ao arco-íris resplandecente que agora brilhava.

Ela me mostrou mais do que jamais pensei haver nela.

Ela era atenciosa e paciente. Seu coração e paixão pelos outros corria em suas veias. Ela também se fortaleceu. Não era mais um capacho que deixava as pessoas ditarem quem ela era ou o que deveria fazer com sua vida. Eu tinha visto isso de primeira mão quando ouvi a conversa com o tio no pátio, dizendo-lhe que não voltaria para casa para que ele pudesse salvar a imagem de sua família.

Ela se jogou em um poço profundo e perigoso, sabendo muito bem que poderíamos deixá-la lá e ir embora.

Às vezes, temos que assumir riscos. Riscos que poderiam resultar em sermos feridos, zombados ou ridicularizados. Cabia a nós pesar se valia a pena. Eu precisava decidir se eu iria correr o risco e deixá-la voltar. A porta já estava ligeiramente entreaberta, neste ponto, tudo podia acontecer. Mas se eu fosse honesto comigo mesmo, queria abri-la e puxá-la para dentro. Fodam-se as consequências que poderiam vir junto com isso. Era um fogo crescendo lentamente que me queima por dentro. Eu ainda não estou pronto para acabar com isso.

Chelsea se aproxima de mim, estendendo a mão para me acariciar.

“Eu tenho certeza que ela está bem, Blizzard. Kev e Ham estão lá com ela. Eles vão cuidar dela, você sabe disso.”

Ela estava certa. Estes são meus irmãos e eu preciso ter fé neles. Eu tenho.

“Blizzard!” Eagle, um dos meus irmãos que havia retornado recentemente vem correndo descendo a escada. Ele estava fora em outra subseção em Dakota do Norte. É um local novo e alguns irmãos de outras subseções ao redor do país tinham sido enviados para ajudá-los a se adaptar e se instalar.

“Sim?”

Ele passa os dedos pelos cabelos desgrenhados. “Sua menina está chorando em seu quarto.”

Eu me sento mais reto. “Jay?” Eu imediatamente vou para a escada, subindo de dois em dois degraus e correndo pelo corredor. Eu posso ouvi-la agora. São soluços demais para uma garotinha tão pequena.

Meu coração aperta quando eu abro a porta e acendo a luz. Ela está sentada em sua cama, lágrimas manchando o rosto e lutando para respirar. Eu corro e pego seu pequeno corpo em meus braços. Ela se agarra a mim como um pequeno macaco, quase me sufocando.

“Jay, está tudo bem. Respire, querida.” Tentei acalmá-la, mas seus pequenos dedos simplesmente afundam mais.

Eu não estou realmente certo do que estou fazendo.

Esta coisa de paternidade era nova para mim.

Paternidade? Eu sou um pai?

“Balance-a.” Olhei para encontrar Eagle de pé na porta, seu rosto preocupado. “Confie em mim, irmão. Eu criei minhas irmãs mais novas.”

Começo a balançar para frente e para trás, fazendo ruídos suaves e baixos. Demorou alguns minutos, mas ela abranda e começa a se acalmar. Seu aperto nunca vacilou, no entanto, ela não ia me soltar. Eu esfrego minha mão para cima e para baixo em suas costas e sento na beira da minha cama, continuando a balançar meu corpo de lado a lado.

“Ela está bem?” Perguntou Chelsea, passando por Eagle, parado contra a porta, observando atentamente.

“Eu não sei. Isso nunca aconteceu antes.” Eu olhei para ela, meus olhos arregalados.

Chelsea cruza os braços. “Jayla, querida.”

Jayla olha para ela, mas balança a cabeça furiosamente e enterra o rosto no meu pescoço.

Chelsea parece surpresa, mas simplesmente coloca a mão suavemente sobre as costas da menina. “Tudo bem, querida. Estamos aqui agora. Não precisa ter medo.”

Outro soluço atravessa seu corpo. “Está tudo bem. Não tenha medo. Está tudo bem. Eu não estou com medo.” Ela repetiu as mesmas palavras que ela havia dito a Rose naquele dia. Meus pelos se levantam e uma centelha de raiva atravessa meu corpo. Eu procuro por Chel, que olha para mim, sua testa franzindo em confusão.

Eu balanço a cabeça e movimento apenas a boca para dizer a ela, ‘Eu vou te contar mais tarde.’

Ela assente. “Venha, Eagle,” ela murmurou enquanto dá um beijo no topo da cabeça de Jayla. “Vou te pegar uma bebida no bar.”

Ela sai pela porta, mas Eagle continua no lugar. “Vai ficar tudo bem?”

Eu não tinha certeza se ele queria dizer com ela ou comigo, mas eu concordo com a cabeça de qualquer maneira. “Sim. Eu vou descer em um minuto.”

Ele hesita antes de puxar a porta atrás dele quando saiu. Eu me sentei lá por Deus sabe quanto tempo, antes de sentir a tensão no corpo de Jayla lentamente começar a suavizar. Isso era tão novo. Jay e eu sempre tivemos um vínculo especial, mas ela também tinha um com Chelsea e outros irmãos ao redor do clube. Mas de repente, já que ela ficara comigo, nosso vínculo se fortaleceu. Era estranho e não consegui explicar exatamente isso. Mas eu sei uma coisa, eu amo essa menina. E não havia nenhuma maneira no inferno, que eu deixaria qualquer coisa machucá-la mais uma vez.

Acabei deitando na minha cama com ela aconchegada ao meu lado, até ela adormecer. Suas palavras ressoaram na minha cabeça o tempo todo, enviando arrepios através de mim.

Eu sabia agora que as coisas durante seu crescimento não tinham sido tão inocentes quanto pensamos. Talvez sua mãe, Hayley, tenha ficado com medo de nos dizer a verdade? Ou talvez ela tivesse algo para esconder? Eu precisava falar com Wrench um pouco mais e ver o que poderíamos descobrir. Eu precisava estar preparado.

Passou-se mais de uma hora antes que eu me desapegasse de Jay e voltasse lá para baixo.

Optimus está no bar conversando baixinho com sua mulher. Ele olha para cima quando nota minha aproximação.

“Judge ligou.”

Capitulo 29

Rose

“O quarto é a prova de som, mas temos escutas dentro,” explicou Hadley calmamente. Skins havia desaparecido, mas ela me assegurou que ele estava por perto. Era muito arriscado vê-lo comigo. Não queríamos provocar qualquer tipo de suspeita. “Eu vou estar aqui. Se você estiver desesperada e precisar de ajuda, bata na porta e virei correndo.”

Eu não tinha certeza do que ela pretendia fazer se eu precisasse de ajuda com urgência. Nós duas éramos muito menores que aquele homem me esperando naquele quarto. Mas ela parecia confiante, então eu respirei um pouco mais calma.

Eu tive que dizer ao meu corpo para não se agitar, e mesmo assim você ainda poderia ver o pequeno tremor em minhas mãos. Eu esperava poder disfarçá-lo enquanto mantivesse meu corpo em movimento. Os quartos eram apenas para danças privadas. Iris explicou anteriormente, durante o nosso passeio pelo espaço, que os homens que os usam devem assinar acordos concordando em não tocar as meninas.

Eu esperava que Edge estivesse de acordo com isso.

Empurro a porta e entro, inclinando-me contra ela até que fechou.

As luzes estão fracas, mas eu posso ver meu alvo sentado em uma grande poltrona no centro de uma das paredes. Os quartos não são grandes e, com seu corpo maciço dentro dele, sinto que não importava onde eu estivesse, ele poderia estender a mão e agarrar-me.

Há outra pequena cadeira de madeira colocada no canto, algo que algumas das meninas usam para suas rotinas. Talvez se ele me atacasse, eu poderia bater nele com isso?

“Você é Lily?” Uma voz profunda grunhiu.

Respiro fundo e levanto meu queixo, dando dois passos, então eu estou de pé na frente dele. Ele é tão alto que nossos olhos estão quase nivelados mesmo que ele esteja sentado na poltrona.

Forçando um sorriso, coloco minhas mãos nos meus quadris. “Sim, é um prazer conhecê-lo, senhor...” Deixo a frase solta no ar. Eu não devia saber quem ele era, então eu me fiz de burra.

Ele resmunga. “Edge, as pessoas me chamam de Edge.”

Concordo com a cabeça e ando para onde há um sistema estéreo pequeno incorporado na parede. Eu aperto o play e a música toca suavemente pela sala. “É um prazer conhecê-lo, Edge.” Eu volto para ele com uma sobrancelha levantada com curiosidade. “Seus pais te deram esse nome, ou é um apelido?”

Meu corpo balança com a música que começou lenta e foi aumentando o ritmo. Edge aponta para o seu colete de couro, seu o dedo parando sobre o patch que diz 'VVMC'. Eu já sei o que representa, mas pergunto de qualquer maneira.

“O que exatamente é VVMC?” Inclinei minha cabeça, tentando parecer inocente. Continuo dançando, tentando manter meus olhos focados nele o máximo possível.

Seus olhos se centraram em mim, eles nunca saíram. A parte estranha é, eles não estavam vagando pelo meu corpo ou me cobiçando. Mesmo quando eu estava dançado no palco, seus amigos olharam para meu corpo me fazendo sentir como um pedaço de carne.

Edge é diferente. Seus olhos ficaram no meu rosto como se ele estivesse mais interessado no que estava acontecendo dentro da minha cabeça, do que estava fazendo com meu corpo.

“Vicious Vulture Motorcycle Club,” As palavras foram lentas e pronunciadas. Ele esfrega uma mão em seus cabelos curtos e solta um longo suspiro. “Olha, você pode parar, por favor?”

Eu congelo, olhando por cima do meu ombro. “Hã?”

Ele solta uma pequena risada e aponta para a pequena cadeira no canto. “Apenas sente-se.”

Eu faço uma careta, minha mente correndo.

Eu tinha ferrado tudo? Ele já sabia quem eu era?

“Hum, você pagou por isso... acho que provavelmente devo continuar...”

Ele ri novamente, desta vez um pouco mais alto. “Meus irmãos pagaram por isso. Eu não me importo se desperdiçarmos o dinheiro deles.”

Eu mordo o meu lábio. Isso não era o que eu esperava. Eu entrei, achando que ia seduzir esse homem. Mas ele só queria que eu me sentasse e o quê? Batesse papo?

Ele parece divertir-se com o estado de indecisão em que eu estou. “Apenas sente-se agora. Você está me fazendo sentir estranho.”

Viro-me e agarro a cadeira, colocando-a a uma distância segura dele – se isso fosse possível neste pequeno espaço – antes de me sentar. Ele se recosta na poltrona, levantando um pé e colocando-o em seu joelho oposto. Era como se fosse uma reunião casual, como se ele estivesse apenas encontrando um velho amigo.

“Eu realmente penso que Rosalie te convém melhor.” Ele assentiu com a cabeça como se estivesse concordando consigo mesmo. Ele deve ter visto meus olhos se arregalarem e um sorriso satisfeito cruzou seu rosto. “Você sabe que podemos buscar uma imagem e combinar essa imagem com outras pessoas que parecem similares na Internet.”

Meu coração estava batendo forte, eu podia sentir cada batida em todo o meu corpo. A pancada é tão forte que meu peito começa a doer. “Eu não gosto de ser chamada assim.” Minha voz era firme. Tentei manter a calma, mas cada parte de mim estava implorando para ver Skins derrubar aquela porta a qualquer momento.

Encolhendo os ombros, ele ergue as mãos. “Não queria ofender. Podemos ficar com Lily se isso te faz sentir melhor.”

Eu cruzo meus braços em meu peito, isso me fez sentir um pouco mais segura, talvez até protegida, tendo algo entre nós. Isso também me fez parecer um pouco mais forte do que eu me sentia. “Onde você está indo com isso?”

“O que um DePalma está fazendo aqui no Arkansas?”

Mil coisas passam pelo meu cérebro. A maneira como ele enfatizou o nome de DePalma me disse que ele estava mais interessado nisso que qualquer outra coisa. Talvez não soubesse tudo, afinal.

“Então você sabe quem é minha família?”

Edge ri. “Todos sabem quem é sua família, querida.”

“Os criminosos sabem quem é minha família,” corrigi.

O sorriso dele cresce. “Touché.”

“Você e seus meninos têm algum tipo de manobra tática agora que fui exposta?” Fiquei impressionada comigo mesma. Eu consegui soar mais forte do que estava sentindo. Até mesmo mostrar-lhe um pouco de atitude. Eu tinha que lembrar, ele me via como uma DePalma, e nenhum DePalma iria se render sem uma briga.

“Não, querida,” ele respondeu com uma pequena sacudida de sua cabeça. “Os meninos nem sabem. Eu fiz com que Rip me enviasse a foto que ele tirou antes que a velha que dirige o lugar viesse e o fizesse excluí-la.”

Graças à porra por isso. Eu podia imaginar o que aconteceria se aquela foto vazasse. E tanto quanto eu queria não gostar de Edge, acho que ele era muito esperto para espalhar qualquer coisa que pudesse irritar uma família mafiosa, não importa o quão grande ou forte fosse o seu clube.

“É estranho, porém, pensei que Anthony só tivesse uma filha.” Eu sabia que ele estava pescando informações. E não me importei. Ele poderia tê-las, se abafasse o que eu realmente estava fazendo aqui.

“Ele é meu tio. Seu irmão Marco era meu pai.”

Suas sobrancelhas se erguem. “Eu preciso me preocupar que você tenha o gene louco então?”

Eu não pude impedir a risada que veio, e, em troca, ele me dá um pequeno sorriso. “Ouviu sobre ele então?” Ele ergue o queixo. “Não o conheci até alguns anos atrás. Minha mãe fugiu antes de eu nascer e se recusou a me dizer quem era meu pai. Quando o encontrei, descobri o motivo.”

O rosto de Edge se suaviza e ele coloca os dois pés no chão. Ele se inclina, apoiando os cotovelos nos joelhos. Agora que ele está mais na luz eu posso ver seu rosto um pouco mais claramente. Ele é bonito. Pelos cobrem seu maxilar quadrado e logo acima do lábio. Elas são escuras, escondendo seu rosto como uma sombra de luz. Seus olhos são castanhos escuros, quase enegrecidos na luz, mas o que não combina é o cabelo mais claro e curto sobre sua cabeça.

“O que ele fez com você?”

Eu quase achei que ele soou preocupado, talvez até um pouco empático. Eu tento encolher os ombros, como se não fosse grande coisa, já não pesava mais. “Como você disse, ele era louco. Tudo o que vou dizer é que eu tive que experimentar essa merda de primeira mão.”

Suas mãos agarram-se fortemente em frente a ele e seu rosto demonstra dor. “Eu entendo você.”

A música tocando no fundo preenche o silêncio.

“Ainda assim, na verdade não responde a minha pergunta sobre por que você está aqui.” Ele me induziu novamente.

Os pensamentos na minha cabeça dispersaram, nada me vinha à mente.

Por que eu estava aqui? Para derrubá-lo.

No final, eu fui com a verdade - bem, a verdade que eu poderia dar sem ele querer me esfaquear. “Eu não me encaixo lá.” Meus ombros caíram e eu mergulhei no meu assento. “É muita pressão ser perfeita, para não manchar o nome da sua família. Eu não sou perfeita. Eu faço merdas estúpidas o tempo todo.” Eu gesticulei para mim mesma, acenando minhas mãos por todo o corpo e indicando minha roupa e onde eu estava.

Edge balança a cabeça. “Sim, querida, entendo.”

Há um som alto no quarto indicando que nosso tempo tinha acabado.

Ele empurra os braços de sua poltrona, forçando seu corpo a levantar. Eu sigo seu exemplo, colocando minha cadeira de volta discretamente para que eu pudesse ter um pouco mais de espaço entre nós.

Ele dá um passo, alcançando a maçaneta da porta.

“Edge?”

Ele olha por cima do ombro para mim.

“Eu apreciaria se você não contasse a ninguém sobre isso.” Eu puxei minha roupa nervosamente. Embora tenhamos formado algum tipo de conexão, eu precisava torná-la mais profunda, mais intensa se eu fosse fazê-lo confiar em mim. E a única maneira de fazer isso era lhe pedindo para guardar um segredo, então ele sentiria como se estivesse no controle. “Eu talvez não combine com minha família, mas eu ainda os amo. Não quero envergonhar meu tio.”

“Você estará aqui amanhã?” Ele perguntou casualmente.

Encolho os ombros. “Eu posso estar.”

“Mesmo horário, mesma sala. Desta vez, você vai pagar.” Um sorriso se espalhou em seu rosto, me mostrando todos os dentes brancos.

Eu rio. “Haverá dança desta vez? Porque se eu soubesse que só conversaríamos, eu teria usado calça de moletom.”

Ele ri quando abra a porta. “Use o que quiser.”

Fico de pé na porta e o vejo caminhar pelo corredor escuro. Muitas emoções correm pelo meu corpo nesse ponto. Alívio. Surpresa. Confusão.

Tudo foi tão completamente diferente do que eu esperava. Entrei pensando que ia provocar e atrair esse homem com meu corpo, mas esse não era o caso. Tivemos uma conversa civilizada. Ele parecia nivelado e razoável, nada como a forma que Judge e o clube descreveram os Vicious Vultures.

“Você está bem!” Hadley apareceu na minha frente, sorrindo de orelha a orelha. “Como foi?”

“Foi diferente... estranho. Mas nos reuniremos de novo amanhã à noite, então é uma vitória, certo?” Eu fingi um sorriso. Edge parecia normal, preocupado mesmo, quando eu falei sobre Marco. De repente, tive um mal pressentimento.

Um sentimento que já tive antes, não há muito tempo atrás. E eu tive que me perguntar se eu poderia passar por tudo isso novamente.

Capitulo 30

Blizzard

“Você precisa tirá-la de lá então,” eu rosnei, jogando minhas mãos no ar.

Optimus me fez esperar até esta manhã antes de me dar qualquer detalhe sobre o que aconteceu ontem à noite com Rose. Tudo o que ele me disse, antes de me ordenar a voltar para a cama, foi que ela estava bem.

Fiquei tentado a ligar para ela, mas Jayla começou a se mexer novamente em seu sono e, como Op confirmou que Rose estava bem, decidi me concentrar na pequena menina que precisava de mim agora.

Agora, depois de uma noite inquieta e de madrugar, eu estou colocando cafeína no meu sistema para me acalmar e não arrancar a cabeça do meu melhor amigo no meu estado de cansaço.

“Você vai me deixar explicar?” Op falou, olhando para mim de seu assento na cabeceira da mesa.

Ele convocou a igreja para contar a todos. Enquanto a situação no Arkansas não afetava diretamente o clube ou a nós, oferecemos nosso apoio, e Rose era tecnicamente uma das nossas.

Minha, se estivesse sendo específico, mas eu deixaria meus irmãos saber disso mais tarde, se eles já não soubessem.

Resumindo, se eles acabassem flutuando em um rio de merda, nós seremos as pás. “Como eu disse. Rose explicou que uma foto dela foi tirada durante sua apresentação. Ela foi jogada no campo de busca, que mostrou outras fotos de Rose. Obviamente, os DePalma são uma das famílias da máfia mais conhecida nos Estados Unidos. Quando Marco foi morto em sua cela na prisão recentemente, a imprensa estava toda em cima desse evento.”

Meu estômago revira. “Como eles conseguiram esse tipo de informação e fotos dela? Não é como se estivesse em todos os lugares. Anthony mantém seus problemas familiares escondidos.”

Ele me entrega um pedaço de papel que tem várias imagens impressas de Rose com o filho mais novo de Anthony – Rico – e também o próprio Anthony. Algumas são nítidas, seu rosto é o foco principal.

Wrench fala, seus olhos estão presos na tela do computador enquanto ele digita. “Estas foram tiradas há vários meses. Pessoas se perguntando quem era a nova mulher. Alguns suspeitavam de uma filha ilegítima, outros que era uma nova namorada. Alguém finalmente confirmou quem era ela na semana passada, depois que Marco morreu. Pode ter sido um vazamento interno, não tenho certeza.”

“Então ele sabe quem ela é, mas não a conexão dela conosco?” A ansiedade me encheu, meu coração pulando no meu peito.

Por que diabos eu a deixei partir?

Recostando-se na cadeira, Leo ergue as mãos atrás da cabeça casualmente. “Mesmo que ele soubesse, o que eles ouviriam é uma história de como ela nos enganou e se juntou a seu pai tentando derrubar o clube. Não há nada que os faça suspeitar que ela estivesse trabalhando conosco ou com outro MC.”

Op concorda com a cabeça. “Apenas como precaução, nós temos Wrench tentando puxar tudo humanamente possível da rede que de alguma forma nos conecta com o Satan’s Sanctuary. Sua certidão de nascimento com o nome de sua mãe, imagens de bebê que poderiam estar de alguma forma por aí, informações sobre seu pai e seu casamento.”

Wrench balança a cabeça, mas seus dedos nunca param. Eu sei que ele está fazendo tudo o que pode para garantir que Rose esteja segura, e agradeço o universo em silêncio que ele é um dos meus irmãos.

Não tínhamos conversado muito desde que eu o peguei com Sugar nesta sala. Eu esperava que eles fizessem o que era certo e contassem a Optimus sobre o que estava acontecendo, mas eu sabia que eles não tinham feito isso ainda. Eu não sou o único que sabe sobre isso, há outros que notaram o zumbido entre os dois. Eu não tinha ideia de por que Op ainda não havia descoberto. Talvez ele simplesmente confiasse que, se houvesse algo, o homem que deveria ser sua família iria confessar sua merda.

Se não fosse pelo fato de toda essa porcaria estar acontecendo com Rose e minha mãe, provavelmente eu mesmo teria dito a ele. Mas agora, meu foco é garantir que todos os meus irmãos tenham calma. Então, se alguma coisa acontecesse, estaríamos preparados.

“Então, qual é o próximo passo?” Minha perna saltou sob a mesa em antecipação.

“Ela se encontrará com Edge novamente esta noite. Isso nos dirá se temos a nossa entrada ou não. Rose precisa ganhar sua confiança, assegurar-lhe que eles são amigos. Quando nós conseguimos um local podemos começar a planejar.” Optimus parecia confiante. Mas esse é o trabalho dele. Um líder tinha que ser forte mesmo no meio do caos. No segundo que o capitão perdesse a cabeça, o navio afundaria, a tripulação e os passageiros com ele.

Eu sei que ele está me observando com cuidado, talvez avaliando minha reação a tudo isso. Era tão clichê dizer isso, mas meu irmão me conhecia melhor do que eu mesmo.

Na minha cabeça, eu já estava na porta, pronto para subir na minha moto e seguir para West Memphis.

“Ela está bem,” Op disse lentamente como se estivesse tentando se comunicar com um estrangeiro. Ou talvez ele simplesmente pensasse que eu era estúpido e ele precisava desenhar para mim. Eu resmungo, fingindo não ficar impressionado com o fato dele saber exatamente o que eu estava pensando. Era quase cômico. Op e eu costumávamos ser uma equipe tão perfeita porque geralmente ele costumava ser aquele que ficava com raiva e eu era o amortecedor que lhe dizia para manter a calma.

Parece que nossos papéis inverteram.

Não podia dizer que era uma coisa ruim.

Eu precisava de alguém agora para ajudar a me concentrar porque, atualmente, tudo o que podia ver era Rose se machucando e eu vivendo no inferno por deixá-la ir embora. Mesmo sabendo agora, que a faísca que existiu entre nós, alguns meses atrás, ainda estava lá, que ainda havia uma chance de eu poder tê-la e que podíamos fazer parte de algo incrível, ainda havia uma parte de mim que queria esperar.

Pergunto-me se eu poderia confiar em alguém que me enganou tão facilmente.

Parte de mim grita que não foi culpa dela, a outra parte está decidida a manter-se firme com o rancor.

Mas isso era tudo? Eu estava apenas sendo teimoso porque não consegui ver que havia mais acontecendo em sua vida do que ela havia deixado transparecer? Se eu fosse tão bom em ler as pessoas quanto pensava, não deveria ter visto os sinais?

Em vez de assumir a responsabilidade pelas minhas próprias ações – ou falta delas – eu estava jogando toda a culpa nela.

Fiquei frustrado, confuso, zangado e ansioso.

Eu precisava de mais tempo. Mais tempo para ver o que poderíamos ser, mais tempo para ver a Rose real de quem eu tinha capturado relances nos últimos dias.

Mas o tempo está acabando.

Há um relógio contando, e logo os ponteiros podem parar de se mover para sempre.

Eu esperava e me arriscava perdê-la – sem saber o que poderia ter sido – ou me jogava, de cabeça em primeiro lugar, e arriscava meu coração ser esmagado em pedaços se tivesse entendido errado.

Tic, tac.

Capitulo 31

Rose

“Golfe, sério?” Eu ri.

Edge olha para mim com um olhar cauteloso. “É um esporte calmante. É sobre precisão e poder, ambos são importantes e encontrar o equilíbrio é a chave.”

Concordo com a cabeça e tomo um gole do copo de vinho. “Parece que você sabe sobre isso. Eu vou ter que acreditar em sua palavra. Eu nunca joguei.”

“Eles têm um curso por aí, poderemos ir algum dia se você ainda estiver por perto.” Ele deixou a oferta de passarmos mais tempo juntos pendurada no ar. Eu tive que me cumprimentar mentalmente por conseguir chegar tão perto disso com apenas duas visitas curtas.

Nós já estávamos sentados neste pequeno quarto há mais de meia hora. Eu fiz Skins trazer outra poltrona confortável, como a que os homens usam para apreciar as garotas. Eu também optei por uma roupa sexy, mas confortável – uma saia jeans curta e um top de alças simples que mostra minha barriga, bem como um decote baixo para acentuar a curva suave dos meus seios.

Nós já tínhamos falado o que ele sabia sobre minha família e eu. Eu queria cobrir isso antes para garantir que todas as ligações entre os Brothers by Blood e eu tivessem sido cortadas completamente.

Fiquei desapontada esta manhã, achando que talvez recebesse uma ligação de Blizzard, mesmo que fosse só para checar e ter certeza de que eu estava bem. Após o jeito que deixamos as coisas ontem, tive certeza de que havia mais em nossa história. Em vez disso, foi Wrench quem ligou e explicou o que ele havia feito. Eles conseguiram localizar quase tudo o que poderia me conectar com os Brothers e remover, porém ele havia deixado qualquer coisa que indicasse meu envolvimento em tentar derrubá-los.

Havia alguns artigos de jornal, incluindo a data da audiência que compareci onde o juiz decidiu que eu não era responsável pelo que aconteceu em relação ao fato do carro de Chelsea ter sido explodido e a academia de Deacon sendo destruída. Eles apuraram que eu não estava agindo em sã consciência e que eu temia pela minha vida, se não seguisse as ordens de Marco.

Tive uma suspeita furtiva de que o tio Anthony e os Brothers by Blood desempenharam um papel para me tirar dessa bagunça.

Mas eu sabia que os DePalma nunca admitiriam fazer acordos com o sistema de justiça, e os Brothers nunca admitiriam ajudar salvar alguém que tentou destruí-los.

“Não tenho certeza de quanto tempo eu vou ficar na cidade,” admiti. “Depende se há uma razão para eu ficar. Eu ganho muito bem aqui, e Iris é ótima... apesar de suas aventuras sexuais... então estou tentado.”

Edge ri levemente. “Ela é decidida para uma velha.”

“E com tesão também.” Eu ri. “Eu a peguei em mais de uma posição comprometedora.” Era verdade. Depois do primeiro dia que eu a conheci com Skins, a peguei duas vezes com outros funcionários. Imaginei se isso era realmente bom para os negócios.

Ele enruga o nariz. “Foda-se isso! Quantos anos ela tem?”

“O bastante para ser sua mãe, pelo menos.”

Ele zomba, colocando a cerveja que ele tinha na mão na mesa lateral.

Parece que eu tinha atingido algo importante pela forma como ele evitou o contato visual e aparentemente se calou.

“Você não sabe quantos anos tem sua mãe?” Eu tentei, começando com algo pequeno.

Ele se recosta na poltrona e cruza os braços sobre o peito. Eu posso ver que ele está se fechando, isso não era algo com o qual ele estava confortável em falar.

“Ela provavelmente teria cerca de cinquenta se estivesse viva.” Sua voz era firme e seus olhos ficaram focados em mim, como se ele estivesse avaliando minha reação.

Limpo a garganta antes de falar. “Idem.” Suas sobrancelhas se levantam como se ele estivesse surpreso, mas depois de me estudar por alguns segundos, ele ergueu o queixo e com isso estávamos conectados. Eu não tinha certeza do que havia sobre essa pequena parte da minha vida que ele sentia que podia confiar em mim, mas era como se fosse a minha abertura para o seu mundo.

“Meu pai é o vice-presidente do Vicious Vultures MC em Utah. Nós temos um punhado de clubes em todos os estados, mas não estamos exatamente no topo do totem. Nós poderíamos ser pegos com bastante facilidade se alguém decidisse vir atrás de nós.” Hoje ele usa um boné de caminhoneiro, cobrindo seus cabelos claros. Está virado para trás e combina com ele. Ele levanta-o e coça sua cabeça antes de colocá-lo no lugar. “Meu pai me enviou e aos meninos para cá. O clube que está na cidade no momento também não é grande, então há uma chance de nós os convencermos a deixar a cidade, ou nos permitir dividi-la.”

Ele falou como se fosse uma transação comercial simples. Que Judge e seu clube iam sentar com eles e discutir coisas como pessoas civilizadas. Mas eu já sabia mais do que ele estava me dizendo. Não se aproximaram em paz. Eles foram direto na jugular.

“Já aceitaram a oferta? Eu não vi nenhum motoqueiro por aí além de você e seus amigos.” Eu tomei outro gole do meu vinho, esperando que isso escondesse quão nervosa eu estou.

Ele faz o mesmo, levando sua cerveja aos seus lábios e engolindo o líquido enquanto me observa. Colocando a garrafa de volta na mesa, ele finalmente responde. “Digamos que estamos lhes dando tempo para pensar sobre isso e considerar suas opções.”

Eu me encolho por dentro, mas me obrigo a assentir, como se eu pensasse que era uma ótima ideia.

O tom de sua voz era um que eu ainda não tinha escutado dele. Era vazio, sem emoção e escuro. Isso enviou um estremecimento na minha coluna, e eu tive que me controlar para não dar uma desculpa e sair, eu estou tão perto agora, que não há volta até conseguir o que preciso, ou morrer tentando. A sensação escura que encheu o ar evaporou tão rapidamente quanto chegou, quando a campainha aguda soou dentro da sala.

Edge abre um sorriso e, por dentro, solto um pequeno suspiro aliviado.

“O que você vai fazer agora?” Ele perguntou quando tomou o último gole da sua cerveja e se levantou.

Era cerca de onze horas. Eu tinha reservado o quarto por uma hora.

Encolho os ombros. “Provavelmente, ir para casa e subir na minha cama.”

Edge revira os olhos. “Que tédio.”

Eu sorrio. “Deixe-me adivinhar, você tem uma ideia muito mais divertida?”

“Bem, agora que você mencionou isso.” Ele sorriu para mim, antes de puxar a porta e parar ao lado, enquanto a segura aberta para mim. “Vamos?”

Ele estava me convidando para dar esse passo com ele. Se não fosse pelo fato de eu saber o que estava acontecendo por trás de tudo isso aqui, eu tinha a sensação de que eu poderia me apaixonar por Edge.

Você poderia dizer que ele passou por alguma merda em sua vida. Mas, na maioria das vezes, parecia que ele tinha uma cabeça boa e compreensível. Ele teve seus momentos onde se podia ver a escuridão cair sobre ele, mas todos nós não temos esses tempos?

A vida não era sol e arco-íris. Todos nós passamos por merda que nos fizeram perguntar o porquê. Por que estávamos aqui na Terra só para sermos torturados? Por que estávamos tão sozinhos em um mundo cheio de pessoas? Por que parecíamos estar destinados a tomar decisões ruins?

Ele deve ter notado que eu estava parada, mas ele não ficou com raiva, ele sorriu. “Se você está com medo que eu esteja levando você para que eu possa me aproveitar longe da segurança deste lugar, você está errada, eu tenho uma Old Lady me esperando em casa.”

Na verdade, eu não estava preocupada, mas agora estava intrigada. “Oh, você tem?”

Ele ri e sai, soltando a porta. Eu passo rapidamente pela fresta antes de se fechar e o sigo enquanto volto para o palco principal.

“Sim, eu tenho, e eu não sou um traidor. Então você não precisa se preocupar.” Seus ombros largos preenchem o pequeno corredor. Minhas pernas precisam trabalhar duplamente para acompanhar seus passos longos. Ele nunca olhou para trás para ver se eu o estava seguindo, assumi que ele sabia que eu estava lá.

Avisto Hadley enquanto manobramos em torno dos clientes que se reuniram no salão principal, assistindo ao show. Ela mantém a cabeça baixa quando ele passa, mas se certifica de encontrar meus olhos com os dela e me dar um sorriso suave.

Kev está de pé na porta, nós conversamos ontem à noite com Judge e Skins, como um esclarecimento sobre o que aconteceu, embora eu soubesse que tinham ouvido tudo. Kev tinha uma fala suave e, pelo que eu poderia dizer, ele não se irritava ou ficava com raiva com muita facilidade. Ele ficou calmo e ouviu tudo.

Ele também é um atirador de elite pelo que escutei.

Kev pega minha mão quando passo, deslizando um celular nela. Eu o coloco rapidamente no bolso de trás e sinalizo um obrigada para ele. Ele me dá uma piscadinha rápida antes de sair dali apressado.

Eu sabia que ele iria se dirigir para o SUV que estava estacionado na parte de trás do prédio, sem dúvida com Skins já esperando nele, pronto para nos seguir. Respiro fundo quando saio para a noite fria. Uma brisa fria gela a minha pele instantaneamente e eu estremeço.

“Coloque isso.” Olhei para a esquerda para ver Edge já montado em sua moto, segurando uma jaqueta para mim. “Você vai congelar se não colocar.”

Passo as mãos de cima a baixo dos meus braços antes de dar dois passos para frente e pegar a jaqueta pesada de suas mãos. Edge usa as cores do seu clube com uma camisa de manga comprida. Ele liga a moto enquanto eu visto sua jaqueta, puxando-a bem perto de mim.

Viro-me para encontrá-lo me olhando, seus olhos estão aquecidos como se ele estivesse me vendo pela primeira vez, como se ele não tivesse me dito que não iria fazer uma jogada. Porque com o olhar que ele estava me dando no momento, eu poderia jurar que era exatamente o que ele estava pensando em fazer.

Eu puxo a jaqueta mais apertada ao meu redor e levanto meu pé, pronta para dar um passo para trás, talvez correr. Edge não me assustou, mas eu conhecia esse olhar. Era o olhar de um homem que queria mais do que eu estava disposta a oferecer.

Eu vi exatamente o mesmo brilho nos olhos de Blizzard, na primeira vez que subi na traseira da sua motocicleta. Sabendo que estava enganando ele, e sabendo exatamente o que ele queria, mas fiz mesmo assim.

Saber que estava prestes a assistir a história se repetir quase me parou. Eu tinha quebrado Blizzard. Fiz com que ele me odiasse, e só agora estava recuperando sua confiança e respeito.

E se essas pessoas estivessem erradas sobre Edge? E se ele não fosse o membro obscuro dos Vicious Vultures que seus irmãos eram? E se ele estiver apenas tentando sobreviver?

E se eu o quebrar também?

“Lily?” Eu giro para ver Hadley de pé na entrada olhando entre nós nervosamente. “Você está bem?”

Meus olhos voltam a Edge quando ele começa a rir. “Ela está bem, vadia de satanás.” Ele estava sorrindo, mas eu podia ver o desprezo que ele tentou habilmente encobrir. “Lily?”

“Se você sair com ele, não se incomode em voltar a trabalhar aqui,” a voz de Hadley era severa, mas instável. Esta era outra parte do jogo, o deixando pensar que minha lealdade estava sendo testada.

Deixa-lo ganhar.

Eu forço um sorriso.

“Sem problema.” Eu dei dois passos rápidos, colocando meu pé no apoio e minha mão no ombro de Edge antes de levantar a perna sobre a moto e me sentar atrás dele. Eu envolvo um braço em volta da sua cintura e estendo o outro para Hadley, erguendo o dedo do meio no ar.

Edge ri enquanto ele acelera o motor e sai do estacionamento comigo, segurando firmemente sua cintura.

Se Hadley não tivesse saído, provavelmente eu teria corrido.

Eu estava cansada de sempre fingir ser algo ou alguém que eu não era. Eu tinha feito isso com Marco, eu tinha feito isso durante o tempo que morei com o tio Anthony e meus primos. Talvez eu tenha me livrado do meu pai, mas eu ainda não poderia ser a pessoa que eu queria ser.

A única vez que me senti livre foi com Blizzard.

Ele sempre trouxe meu sorriso. Ele brincou, ele dava pequenas alfinetadas que me faziam retrucar ou me faziam rir.

Eu não precisava fingir com ele.

Capitulo 32

Rose

A primeira coisa que me atingiu enquanto passávamos pela porta foi o cheiro de maconha e isso me fez estremecer. Foi algo que eu sempre fiquei longe no ensino médio e na faculdade. Não tinha nada contra as pessoas que usavam. Isso não me interessava. Eu preferia velho álcool padrão se eu estivesse em uma festa ou algo assim.

Ficar alta não era minha coisa.

Enrugando meu nariz, sigo Edge para a sala onde seus homens estavam sentados, uma névoa de fumaça os rodeando.

“Você nos trouxe um show privado para a noite, Edge?” Eu estremeci, enquanto o cara se inclinava para frente em seu assento, seus olhos vagando pelo meu corpo.

“Lily, esse é Sith.” Ele apontou para o homem que estava me olhando. Ele me dá uma pequena piscadela e um sorriso nojento. “Esse cara é Rip.” Ele passou pelo sofá onde Rip está sentado esfrega o topo de sua cabeça grosseiramente.

Eu forço um sorriso. “Prazer em conhecer vocês pessoal.”

“Sente-se, Lil.” Contornando a pequena mesa de centro que está cheia de todo o tipo de parafernália de drogas e cigarros, afundo em uma poltrona. Edge cai no sofá ao lado de Rip, que imediatamente lhe entrega um cigarro. Ele dá uma enorme tragada antes de me alcançar.

Sinto-me ansiosa quase sem reação.

“Hum, eu vou passar.” Eu recostei na poltrona.

“Você não fuma?” Edge franziu a testa para mim. Meus olhos se dirigiram para seus irmãos, que estão me observando com curiosidade.

Limpo a garganta, tentando enrolar enquanto peneirava minha cabeça por uma desculpa.

“Meu tio não permite. Posso não estar vivendo sob o seu telhado, mas às vezes eu sinto que ele é Deus e sempre parece perceber essas coisas.” Meus olhos ficam focados em Edge, na esperança de ele aceitar minha desculpa. Não querendo irritar meu tio rei da máfia foi uma boa, pensei.

“Sim, entendo isso.” Ele se virou e jogou o cigarro do outro lado da sala para Sith, que o pega na mão antes de levar até os lábios, seus olhos ainda me observando.

“Você mora com seu tio?” Perguntou casualmente.

Acenando com a cabeça, afasto meu cabelo do rosto e cruzo minhas pernas, o movimento atraindo todos os olhos. “Não no momento. Eu precisava de uma pausa. Fazer a coisa toda de rebelião. E que melhor maneira de irritar o seu respeito é tudo na família do que ser uma stripper.”

Todos riram.

“Eu acho que strip-tease é respeitoso,” disse Rip enquanto pegava um papelote da mesa e começava a enrolar com maconha. “Quero dizer, essas cadelas podem mover seus corpos de maneira que outras garotas não conseguem sonhar. Você precisa respeitar uma garota que pode se transformar em um pretzel enquanto você tem o seu pau em sua bunda.”

Eu queria vomitar quando ele me deu um sorriso, o dente da frente faltando e os outros um tom glorioso de merda nojenta.

Ele é um viciado. Eu poderia dizer instantaneamente. E maconha não era sua preferência.

Eu engasgo uma risada. “Isso é impressionante. Não posso dizer que já estive nisso suficiente para poder fazer isso.”

Soprando uma nuvem de fumaça no ar, Sith relaxa novamente em sua cadeira. “Isso é uma vergonha. Edge aqui estaria feito com a emoção.”

“Oh, sério?” Eu brinquei.

“Cale a boca, fodido,” Edge curvou-se. “Peach está em casa esperando por mim. Não aja como se tivesse esquecido que eu tenho uma Old Lady.

Sith bufa. “Sim, porque ela tem sido a Old Lady perfeita até agora.”

Eu queria questionar o que ele quis dizer com isso, mas pensei melhor e fui com o óbvio. “O nome dela é Peach?”

Sith e Rip ambos caíram na gargalhada. “Sim, fodida Peach. Seus pais a nomearam em homenagem a uma fruta.”

Edge apenas balança a cabeça, pegando outro cigarro da pilha que estava em cima da mesa e acendendo. “Diz o cara com o nome de um personagem dos Simpsons,” ele murmurou.

Sith fica um pouco mais reto, olhando para o amigo. “Ei, Bart Simpson é um fodão.” Eu não pude deixar de rir, o que me valeu um olhar atravessado. “E você, Lily? Esse é seu nome verdadeiro, ou seu nome artístico?”

Há um ruído alto que me interrompe no momento que abro a boca. Os três se olharam com diferentes expressões.

“Eu irei,” Edge ofereceu, levantando do sofá.

Lane.

Minha mente de repente dispara. “Oh, ei! Posso usar o banheiro?” Edge parou, mas não se virou. “Eu acho que bebi muito vinho...” Eu soltei uma pequena risada, “ ...geralmente não bebo no trabalho.”

Observo Edge virar a cabeça para Sith, que dá um ligeiro aceno.

“Vamos,” disse Edge, pisando no primeiro degrau. “Você pode usar o do meu quarto.”

“Obrigada.” Eu pulei do meu assento e andei através deles, sentindo seus olhos em mim o tempo todo. Seguindo Edge, nos dirigimos pela pequena escadaria. Há um pequeno patamar no topo com algumas portas, mas Edge me leva pelo corredor que fica à esquerda.

Houve uma batida de novo e eu pulei. Edge para e veio por trás de mim agora, me dirigindo com uma mão nas minhas costas. Ele abre uma porta e entro no quarto dele. “Há mais alguém aqui?” Perguntei, olhando para ele.

“Sim, a sobrinha de Sith está conosco. Ela tem uma tendência a ser uma pirralha e fugir, então precisamos manter sua porta trancada.” A explicação era estranha, mas fazer de Lane uma adolescente rebelde não era tão estúpido. A criação nos dias de hoje poderia ser bastante extrema, por isso não era inédito para os pais sentirem que precisavam manter seus filhos cativos, se fossem do tipo que se esgueirava à noite e ia a festas.

Eu concordo com a cabeça. “Mas quando vocês estão em casa, porém, ela não pode ficar onde possam vê-la. Deve ser muito chato estar trancada o tempo todo.”

Edge aponta para o banheiro que é do lado. “Eu vou ver o que ela precisa. Fique aqui e eu voltarei para buscá-la.”

Entro e fecho a porta, certificando-me de levantar o assento do banheiro e me sentar, pelo menos, como se eu tivesse usado caso ele estivesse ouvindo com atenção. O banheiro está razoavelmente limpo, produtos masculinos no chuveiro e a pia. Parece normal.

Mas esta situação era tudo, menos normal.

Eu demoro um pouco antes de me lavar e sair.

Edge ainda não tinha voltado, então eu ando até à porta e coloco a cabeça para fora. Ele está de costas para mim, observando a porta do outro lado do corredor.

“Eu vou te dar um balde em breve, se você continuar fazendo muito xixi, porra,” ele resmungou, jogando a cabeça para trás olhando para o teto com exasperação.

A porta que ele está vigiando abre-se e uma minúscula loira sai. Seu cabelo emoldura seu rosto magro. Seus olhos têm círculos escuros debaixo deles, mas ainda são brilhantes. Ela tem contusões ao redor de seus pulsos, mas de qualquer forma parece bem. Eu relaxo um pouco, sabendo que ela não estava ferida.

Lane vira o lábio para cima sorrindo quando enfrenta Edge. “Estou grávida. É isso que acontece.”

Minha mão voa para minha boca para cobrir o suspiro. O movimento deve ter-lhe alertado porquê de repente seus olhos estavam em mim. Eu balanço a cabeça e coloco um dedo em meus lábios, esperando que ela não dissesse nada.

Ele finalmente baixa o rosto para olhar para ela e ela volta os olhos para ele. “Não é meu bebê. Não é problema meu. Devia ter dito ao seu namoradinho para embrulhar seu minúsculo pau.”

“Vá se foder,” ela cuspiu.

Recuo para dentro do quarto, andando suavemente até à cama e sentando-me na beira com as costas para a porta. Eu preciso que ele pense que eu não poderia ter ouvido sua conversa, então pego meu telefone e rapidamente renomeio o número de telefone de Kev para tio Anthony e ligo.

Toca uma vez antes de ele responder. “Você está bem?”

“Olha, tio, não vou voltar, não importa o que você diga,” gritei no telefone. Ouço uma porta bater e passos no corredor. “É a minha vida.”

“Limpe a garganta se você estiver bem.”

Faço exatamente isso antes de falar novamente. “Você é como ele. Tentando me controlar o tempo todo.”

“Você a viu?” Perguntou Kev rapidamente.

“Sim. Ok,” eu murmurei como se estivesse triste. Eu esperava que Kev entendesse o duplo significado. “Tchau.”

Suspiro, deslizando meus dedos pelo meu cabelo com frustração.

“Ele não está feliz, eu suponho.”

Salto como se eu não soubesse que ele estava lá. Gemendo, viro para ele. “Aparentemente estou arruinando sua reputação.” Isto era verdade. Eu sabia que era exatamente como meu tio se sentia. Em vez de voltar, fui para o clube que havia matado um membro de sua família, seu filho mais velho. Eu estava traindo-os essencialmente. E para uma família que foi construída sobre sigilo e lealdade, era o pior que eu podia fazer.

“Pode ser difícil quando sua família espera muito de você.” Ele entrou no quarto e senta-se no lado oposto da cama. “Meu pai, a única coisa que ele se importa sou eu tendo filhos, criar a próxima geração de Vultures.”

“E isso não é algo que você deseje?”

Ele tira o boné e joga-o na cama. “Eu fui uma criança que cresceu em nosso mundo. Olhe quão fodido eu acabei. Para não mencionar, Peach não é exatamente material materno. Os meninos riem porque acham que ela está me traindo com outros caras. Eu não sei, no entanto.”

Ele parece um pouco quebrado. Como se este não fosse o mundo que ele queria, mas como foi criado nele, estava preso.

“Você não está fodido, Edge,” eu falei suavemente.

Ele riu. “Você sabe por que eles me chamam de Edge?” Eu estava surpresa, mas eu balancei minha cabeça.

“Porque minhas emoções mudam rapidamente. Eu estou sempre no limite. Alguém pode dizer algo que eu não gosto e eu mudo.” Ele sorriu. “A maioria das crianças iria para o controle de raiva ou alguma merda, eu acho. Mas eu não, meu pai incentivou essa merda.”

Um forte sentimento se instalou em mim. Isso não era bom. Até agora, consegui manter-me em sua boa graça, mas o que aconteceria quando eu dissesse algo errado.

“As famílias não são ótimas!” Eu murmurei sarcasticamente, esperando jogar fora a tensão que eu sentia então ele não perceberia.

Ele sorri. “Sim, mas ele é meu pai. Minha família.”

Edge está onde eu estive há alguns meses, preso na ideia de que sangue é mais espesso do que a água. Mas Blizzard e os Brothers me mostraram que nem sempre é o caso. Às vezes, são as pessoas que saíram do seu caminho para estar lá para você e cuidar de você o que mais significa. Às vezes, são as pessoas que saíram dos seus caminhos para apoiar você, embora não sejam relacionadas pelo sangue, que são as mais leais e as mais confiáveis. Elas não se sentem obrigadas. Elas estão fazendo isso porque querem, não porque sentem que precisam.

“Foi exatamente o que eu pensei sobre o meu pai,” disse-lhe calmamente, lutando contra as emoções que surgiram quando pensei no que ele me fez passar. “Ele forçou minha mão em um fogão quente,” eu levantei-a para que ele pudesse ver. A pele ainda é diferente, apesar da queimadura não ser tão ruim quanto parecia.

Edge apenas olha para ela em estado de choque. “Maldito inferno.”

“Vocês são dois estão transando ou o quê?” Eu ouvi Rip gritar lá de baixo. “Essa erva não vai durar para sempre.”

Edge balança a cabeça como se estivesse tentando tirá-la de um nevoeiro. “Vamos.”

Eu o sigo, mas faço uma pausa no alto da escada. “ Você acha que eu poderia roubar um cigarro e um isqueiro de um dos caras?”

“Claro, querida.”

Eu espero que Lane tivesse me ouvido e entendesse. Eu espero que lhe desse algum tipo de alívio.

Nós estávamos aqui e ela iria para casa.

Ela e aquele bebê.

Capitulo 33

Blizzard

Cansei de esperar.

Mandei Optimus se foder enquanto ele ficava parado e ria de mim e saí antes do amanhecer no dia seguinte. A culpa me dominou quando pensei em ter deixado Jayla para trás, mas quando eu lhe expliquei que iria pegar Rose e trazê-la para casa, ela sorriu com entusiasmo.

Eu manteria à minha palavra.

Ela ia voltar para casa comigo. Foda-se todo o resto. Podemos descobrir o resto mais tarde. Mas eu preciso dela agora.

Eu estou cansado de pensar sobre o ‘e se’ porque, se eu continuasse me concentrando nele, logo eu ia perder tudo. Então, o único em que eu pensaria era o 'poderia ser' e essa merda me assustou muito mais.

Pego a caminhonete de Op o que me deixa ainda mais louco. Eu odeio estar trancado em uma gaiola por tanto tempo e, até o Arkansas, era uma longa viagem. Mas não podia arriscar ser visto na minha moto na cidade. Quanto menos atenção for despertada, melhor.

Estaciono na parte de trás do The Backroom e não demorou até que Judge aparecesse na entrada.

“Já era hora de resolver sua merda,” disse ele, caminhando em minha direção.

Levanto meus óculos e coloco-os na minha cabeça. “Apenas me diga onde encontrá-la, velho.”

Ele ri. “Você deve ser mais respeitoso com os idosos.”

Eu estreito meus olhos para ele. “E você deve ter mais cuidado com o que diz às pessoas que estão efetivamente salvando a bunda do seu clube. Não pense que apenas porque está com minha mãe que você é meu pai ou uma merda assim.”

“Sim, ouvi sobre o grande homem que ele é.”

Eu me afasto da caminhonete, minha pele eriçada pelo seu comentário. Sim, meu pai era um idiota, mas foda-se se eu o deixaria falar sobre ele. Tratava-se de princípios.

“Diga-me onde diabos ela está?”

Seu sorriso largo aparece através da barba grossa. “Rose está vindo mais tarde para encontrá-los. Enquanto ela está fora, você pode ir a nossa casa ver sua mãe.”

Ele estava brincando comigo. “Você está realmente fazendo isso? Eu poderia apenas ligar para Kev e perguntar-lhe.”

Ele balança a cabeça, ainda sorrindo. “Ele não sabe. Apenas Skins, Light e eu sabemos onde ela está. Mais seguro dessa maneira.”

“Você não confia em meus homens?”

“Eu confio mais nos meus.”

Era inútil ficar aqui discutindo com ele. Ele não cederia, mesmo que eu o socasse com meu punho. Este bastardo era durão. Eu não estava surpreso.

“Tudo bem.”

“Bom.” Ele puxou um pedaço de papel do bolso traseiro de seu jeans. “Vire à esquerda na saída e siga a estrada alguns quilômetros. É o único bloco de apartamentos no lado direito da estrada. Ela está no 10D. Fica nos fundos.”

Levanto o papel que ele me deu. “Por que eu preciso disso então?”

Ele se vira e se afastou. “Nós jantamos às seis.”

Maldito filho da puta.

Eu entro na caminhonete. Não demorou muito para encontrar o lugar do qual ele estava falando. Os apartamentos são bons, novos. Fico contente por ela não estar presa em algum motel de estrada ou alguma merda. Eles estão cuidando dela.

Estaciono nos fundos, dessa forma minha caminhonete não pode ser visto da estrada e não é óbvio a quem eu estou visitando. As portas estão trancadas. Para entrar, precisa de um cartão-chave ou de ser liberado por alguém que mora lá.

Encontro o 10D e pressiono a campainha.

Demora um minuto, mas finalmente ouço sua voz. “Olá?”

“Ei, querida.” Eu gostei da maneira como isso soou.

“Blizzard?” Eu podia ouvir o sorriso em sua voz e queria poder vê-lo.

“Vai me deixar entrar?”

A porta soa e eu abro, correndo para a escada e pulando os degraus até ao segundo andar.

Ela já está de pé na porta esperando por mim quando chego ao topo. Eu aproximo dela rápido, apenas parando para me curvar e colocar as duas mãos em seu traseiro para que eu pudesse pegá-la. Eu bato a porta com o pé, sabendo que não preciso trancá-la, porque a única maneira que alguém conseguiria entrar é passando um cartão.

Ela ri, me abraçando enquanto eu continuo andando. “O que você está fazendo aqui?”

“Vim foder minha mulher.” Eu viro no corredor. O lugar tem apenas um quarto, então não foi difícil encontrar. Jogo-a na enorme cama, mas ela apenas me olha com a boca bem aberta. “É bom ver esses lábios já abertos para o meu pau.”

Começo a puxar meu cinto, afrouxando-o antes de abrir meu botão e zíper. Eu estava duro desde que ouvi sua voz no interfone. Foda-se isso. Eu estive duro desde que eu deixei a sede do clube esta manhã.

“Estou confusa.”

Eu gemo, olhando para o teto e pedindo paciência. “Baby, sério?”

Ela se afasta da cama. “ Sério,” ela repetiu. “Não tenho certeza do que está acontecendo.”

Pego seu rosto em minhas mãos. “Eu sei que sou um idiota. Eu quero você, porra. Eu não me importo com o que aconteceu. Não estou disposto a arriscar não ter você na minha vida só porque sou um bastardo teimoso que é muito orgulhoso para admitir quando ele está errado.”

Ela passa as mãos pelos meus pulsos. “Eu te machuquei. Eu entendo por que você está apreensivo.”

Balançando a cabeça e puxando-a contra mim, sussurro. “ Não mais.”

“Eu acho que estou sonhando de novo.”

Não consigo esconder meu sorriso satisfeito. “Você está sonhando comigo, amor.”

Suas bochechas coram e ela desvia o olhar. “Eu sonhei que você estava no meu quarto de hotel no dia seguinte que voltei para Athens.”

“Você pensou que era um sonho?” O riso explodiu de mim e ela olha para mim, assustada.

“Não foi?” Perguntou ela.

“Maldição baby, eu não fiz muito bem se você pensou que a merda estava toda na sua cabeça.” Eu baixei minha cabeça e pressionei minha testa contra a dela. “Acho que é melhor compensar isso.”

Eu puxo sua boca para a minha e elas se unem em um frenesi. Suas mãos sobem por meus braços e se enrolam no meu pescoço, enquanto eu a devoro.

Ela usa uma pequena camiseta e um short jeans curto. Pego a barra de sua camiseta e ela ergue os braços com entusiasmo, para que eu pudesse puxá-la por cima da sua cabeça. Seu short foi o próximo e, com um rápido movimento de um botão e um balançar de seus quadris, eles caíram no chão.

Paro, aproveitando o tempo para admirá-la e sentir sua pele. Esfrego as mãos pelo abdômen tonificado, deslizando-as pelos seus lados. Ela é perfeita. Suave. Macia.

Levando as mãos para trás, ela abre o sutiã e desliza-o por seus braços, jogando-o do outro lado do quarto com um movimento de seu pulso.

Eu rio levemente, erguendo a mão para segurar o peito cheio. “Está tudo bem, amor. Acalme-se. Vou levar meu tempo.” Meu polegar percorre seu mamilo, extraindo um leve gemido.

“Que se dane,” ela contestou. Sua mão mergulha dentro das minhas calças e cerrei meus dentes quando ela agarrou meu pau, envolvendo seus dedos em volta dele. “Foda-me, agora.”

Eu queria fazer isso devagar. Explorar seu corpo e ver o que a excitava. Mas com sua mão na minha calça, puxando meu pau, de jeito nenhum isso ia acontecer.

Haveria tempo para explorar mais tarde.

“Seu desejo é uma ordem.” Eu agarrei-a e a girei, pressionando entre suas omoplatas e forçando seu corpo a se inclinar. Ela apoia as mãos contra o colchão enquanto eu arranco sua calcinha, deixando-a ao redor de seus tornozelos. “Maldito inferno.”

Sua pequena bunda perfeita é redonda e macia. Aperto com as minhas mãos as nádegas, massageando profundamente com meus dedos. Ela balança de volta, esfregando contra meu pau que agora está livre de meu jeans. Eu tiro-o, chutando-o para o lado e puxando minha camisa sobre minha cabeça com velocidade recorde.

Não haveria nada entre nós, eu quero sentir cada parte dela.

A ajudo a tirar os pés da calcinha e a espalhar largamente antes de me agachar atrás dela para poder ver a gloriosa vista. Uma buceta nua me saudou, brilhando com umidade.

Eu bato as duas mãos em suas nádegas novamente recebendo um assobio suave. Massageando o local, uso minhas mãos para abri-la.

No instante em que minha língua toca sua doçura, ela se abaixa, empurrando-se contra meu rosto. Eu adorei. Minha língua se moveu lentamente, no início, lambendo os sucos e bebendo tudo, seu gosto e seu cheiro. Foi fantástico.

“Oh Deus, Blizzard.” Ela começou a mover seus quadris comigo, esfregando-se contra minha boca. Eu lhe dou outro tapa rápido com uma das minhas mãos, fazendo com que ela gritasse meu nome.

Eu ataco seu clitóris implacavelmente, mesmo quando suas pernas começam a tremer e sua respiração acelera como se estivesse prestes a explodir. Eu me afasto e ela choraminga, mas quando eu a encho com dois dedos e começo a empurrar, ela começa a combinar meus movimentos novamente.

“Foda-se, baby. Você tem um gosto muito bom. Doce como uma maldita fruta.”

Abaixando a metade superior dela na cama, ela murmura nos cobertores. Eu me alcanço e enfio meus dedos através de seus cabelos, pegando-os em um punhado e puxando sua cabeça para trás.

Ela geme alto, “Deus sim.”

“O que foi que você disse, querida?” Perguntei, abrandando o ritmo.

“Eu disse que você vai me fazer gozar,” ela gritou. “Por favor. Não pare.”

Eu sorrio, puxando os cabelos um pouco mais, agora que eu sei que ela gosta.

Não demorou muito para senti-la apertar em torno de mim e deixar escapar um suspiro aliviado enquanto suas pernas cedem e ela finalmente consegue a liberação que estava procurando.

Eu fico atrás dela com um sorriso largo e os braços cruzados em meu peito, admirando sua bela forma enquanto ela se agarra à cama tentando respirar.

“Aprendi algo novo sobre você,” comentei. Seus olhos brilham para mim. “Você gosta de um pouco áspero.”

Meu pau se contraiu apenas no pensamento de quão forte eu podia entrar nela e sabia que ela iria adorar cada centímetro.

Ela lambe os lábios, o rubor em seu rosto de seu orgasmo dando-lhe um brilho suave. “Você vai usar essa coisa ou é apenas para mostrar?”

“É todo seu, baby.”

Aperto meus dentes juntos quando ela se vira se apoiando em suas mãos e joelhos e começa a rastejar para mim. Maldito inferno. É a coisa mais sexy que eu já vi, observando-a rondar como um tigre procurando sua refeição. Ela se move rapidamente e sensualmente até que ela para aos meus pés.

Sentada sobre suas pernas, ela olha para mim através de seus espessos cílios, um pequeno sorriso sexy crescendo em sua boca. Sua mão rastreia minha perna, um toque leve até alcançar o que ela ansiava. Elevando para que ele ficasse bem em frente ao seu rosto, ela segura-o firmemente em sua mão, passando a língua para provocar a ponta. Eu estremeço, a sensação como uma corrente elétrica disparando pelo meu corpo. Então, sem aviso prévio, ela desliza a coisa toda na boca, mais profundo do que qualquer puta do clube já teve.

“Foda-se!” Eu gritei. Minha mão foi direto para seus cabelos, agarrando um punhado.

Ela se controla por alguns segundos antes de escorregar lentamente, deixando meu pau completamente molhado. Respiro profundamente quando ela volta, desta vez não todo o caminho, mas balançando a cabeça lentamente para cima e para baixo, usando-a para alcançar meu pico.

Sentindo que minhas bolas começam a apertar, eu sabia que se isso continuasse, não iria estar dentro dela antes de liberar minha fodida carga. Eu deixei que ela brincasse alguns minutos, deixando-a ditar o ritmo, mesmo com minha mão puxando as mechas castanhas chocolate, os olhos ocasionalmente se erguendo e se conectando com os meus.

Ela é linda.

Há mil palavras que eu posso usar para descrevê-la, mas é simples – ela é linda.

Capitulo 34

Rose

Blizzard me levanta. Sua mão aperta meu maxilar e seu polegar puxa suavemente meu lábio inferior. “Não posso tirar você da minha cabeça.”

Coloco as duas mãos na sua cintura, seus músculos são firmes e sólidos. Eu quero correr minha língua sobre eles. Ouvir sua voz no interfone do apartamento tinha sido um choque, mas eu soube imediatamente que algo mudou.

Sua cabeça inclina e ele usa a mão para levantar minha cabeça enquanto seus lábios encontram meu pescoço. Eles são macios, mas sua barba cerrada arranha a pele delicada, assim como tinham feito quando ele devorou minha buceta como um homem faminto. A sensação é estranha, mas tão erótica.

Sua masculinidade pressiona contra minha barriga enquanto ele me puxa para perto, beliscando, chupando e trabalhando meu corpo de novo só usando sua boca.

Eu o quero. Muito.

Ele começou a caminhar para trás até meus joelhos baterem na cama. Me afastei relutantemente e subi de volta para a bagunça de lençóis e cobertores que já haviam sido destruídos.

“Você está no controle de natalidade?” Ele perguntou firme, como se ele realmente não quisesse saber a resposta.

Eu concordo.

Ele coloca um joelho sobre a cama, suas mãos indo para os meus joelhos e, lentamente, abrindo minhas pernas enquanto se arrasta para cima.

Eu estou exposta para ele. Ele pode me ver agora. Tudo de mim. Eu não tinha mais nada para esconder tanto fora quanto dentro. Eu não preciso mais mentir ou enganar. Ele sabe tudo, e ele está me vendo por quem eu sou, não por quem eu estava tentando ser.

Eu quero dar-lhe tudo o que tinha para dar, mas nunca pensei que fosse possível. Não com o que eu fizera. Mas ele estava aqui, entregando-se a mim e confiando que eu não ia machucá-lo novamente. E eu nunca faria.

“Eu preciso de você,” eu sussurrei calmamente.

“Estou aqui, baby.” Ele se moveu entre minhas pernas e apoiou seu corpo sobre o meu.

Tomo uma respiração aguda enquanto seu pau desliza pelas minhas dobras e roça meu clitóris. “Tudo de você. “ Eu falei, mordendo meu lábio.

“Tudo?”

Estendo a mão e agarro seu pescoço, meus dedos escovando seus cabelos curtos. “ Sim.”

Ele empurra dentro de mim, no mesmo momento em que o puxei e encontrei seus lábios com os meus. Um suspiro deixou minha boca, mas ele engoliu tudo, não perdeu nada. Ele tomou todas as partes de mim, possuía cada centímetro e eu nunca quis de volta.

Eu queria que ele me reivindicasse, e me fizesse dele. Por que eu aprendi ao longo da semana passada com ele, que não havia como voltar à vida antes de Blizzard. Eu pensei que poderia fazer isso depois que fui salva do louco que era meu pai. Mas eu mal estava seguindo, simplesmente sobrevivendo.

Ele continua empurrando dentro de mim, finalmente me deixando pegar ar. Eu tentei tomar fôlego, mas foi inútil. Toda vez que ele atingiu aquele ponto dentro de mim, eu gritei.

Ele me afasta, sentando-se de joelhos e observando quando seu pau escorrega dentro e fora de mim em um ritmo lento e constante. É como se ele estivesse hipnotizado por isso, de vez em quando, encontrando meus olhos.

“Oh Deus,” gemi, segurando os lençóis nas mãos e jogando a cabeça de um lado para o outro.

“Você vai gozar mais forte dessa vez. E gritar meu maldito nome.” Ele lambe o polegar e leva-o ao meu clitóris, esfregando-o de um lado para o outro enquanto ele aumenta a velocidade. Meu corpo se curva da cama, a sensação quase demais para eu lidar. Mas ele coloca a outra mão no meu abdômen e me empurra de volta. Debatendo-me e me contorcendo contra os lençóis, meu corpo lentamente começou a esquentar.

“Blizzard, oh merda. Sim.”

Há um beliscão intenso no meu clitóris e eu pulo, um tremor percorre meu corpo. Eu gemo profundamente e ele faz isso de novo. Há apenas uma forte picada de dor, antes de se transformar em algo muito mais prazeroso.