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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


BRAWN / Laurann Dohner
BRAWN / Laurann Dohner

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

Um olhar para Brawn e Becca está se perguntando como ele ficaria sem suas roupas. Brawn é imediatamente atraído por Becca, mas jurou nunca tocar uma fêmea humana. Elas apenas não são resistentes o suficiente para o tipo de sexo violento que mais gosta. Quando ficou sabendo que vai morar sob o mesmo teto que ela, simplesmente enxergou isso como uma chance de ampliar seu conhecimento sobre os humanos. Ansiosamente espera fazer isso mantendo suas mãos longe dela...

Suas boas intenções acabam quando são sequestrados e presos juntos dentro de uma cela. Brawn se vê revivendo um pesadelo quando é mais uma vez submetido a experimentos de reprodução nas mãos dos inimigos das Novas Espécies que usam Becca para conseguir o que querem. Brawn vai fazer tudo o que puder para protegê-la, mas dependerão um do outro se quiserem sobreviver.

 

 

 

 

Becca Oberto olhou para o pai dela, resistindo à vontade de gritar.

— Você o quê?

Tim encolheu os ombros.

— Preciso que venha morar comigo agora. Em menos de uma hora alguém vai estar se mudando para sua casa. Coloquei lençóis limpos no seu antigo quarto.

— Não. — Balançou a cabeça com veemência e se encostou no carro. Havia acabado de anunciar que concordou em permitir que algum homem se mudasse para a casa dela, mas a casa era dela. — Você não pode simplesmente me fazer morar com você ou dar permissão a alguém para se mudar para a minha casa. Vovô deixou a casa principal para você e a casa de hóspedes para mim. Você que escolheu isso, então o leve para sua casa.  

— Isso não vai funcionar. Ele é, hum, diferente. Precisa de seu próprio espaço, Rebecca.

— Também não me importo o quão diferente ele é ou o quanto a situação possa ser. Ele não vai ficar na minha casa. Eu te amo pai, mas tenho vinte e nove anos de idade, sou viúva e velha demais para viver com meu pai novamente. — Respirou. — Além disso, você me deixa louca. Trata-me como se eu tivesse dez anos de idade e morei sozinha por muito tempo para reverter isso. De maneira nenhuma. Está claro o suficiente? Dê-lhe o meu antigo quarto.

Seu pai mudou sua postura.

— Ele é um Nova Espécie, Rebecca. Precisa de seu próprio espaço e tem um problema com o quão próximo a casa principal é da rua. Disseram-me que ele precisa de acomodações tranquilas ou o som do tráfego vai mantê-lo acordado. A casa de hóspedes fica voltada para o fundo da propriedade e tem todas aquelas árvores para torná-la isolada. Ele iria gostar. Jurei para a ONE que daria a ele uma vida segura e tranquila, e sua casa é perfeita. Não será por muito tempo. Por favor?

Atordoada, Becca apenas olhava para seu pai. Ele chefiava uma força tarefa secreta que trabalhava diretamente com a Organização das Novas Espécies - ONE. Nunca havia encontrado um Nova Espécie, mas já viu alguns deles na televisão e em manchetes de jornais. Seu pai a manteve ignorante sobre o que fazia no trabalho, mas pensava que provavelmente fosse perigoso. Seu pai trabalhou com os militares por 25 anos, se aposentou há quase dois anos e era um viciado em adrenalina. Vivia para ser baleado ou para atirar em qualquer coisa. Encontrava e salvava Novas Espécies que ainda estavam sendo mantidas em cativeiro. Isso era praticamente tudo o que sabia.

— Por que um deles precisa estar aqui? Todos eles ou vivem aqui na ONE Homeland ou vivem na Reserva da ONE. Não sou estúpida, pai. Leio os jornais e nenhum deles jamais viveu fora daqueles portões. Seria muito perigoso com todos os idiotas que os perseguem.

Tim franziu o cenho. — Não tenho que explicar isso para você, querida.

— Tem sim, se quiser que eu deixe alguém morar na minha casa por algum tempo. — Um xingamento saiu de seus lábios.

— Tudo bem. Você se lembra de Jessie Dupree?

— A ruiva selvagem? Com certeza. Ela é a única mulher em sua equipe e a vi algumas vezes quando oferecia bebidas para a equipe. O que ela tem a ver com um homem querendo morar na minha casa?

— Ela foi ferida no trabalho e teve de ser substituída. A ONE nos ofereceu um dos seus para preencher a sua posição. Jessie fazia o primeiro contato quando recuperávamos um Nova Espécie prisioneiro de guerra vivo. Nós pensamos, eu pensei, que desde que não temos Jessie devemos ter então um Nova Espécie para fazer o primeiro contato. A coisa é que ele vai ter que viver aqui ou teríamos que enviar nosso helicóptero só para buscá-lo a cada missão. Seria um desperdício de dinheiro e recursos, quando temos pouco para gastar. Desta forma ele estará no lugar certo quando precisarmos dele e tivermos que nos mover rápido.  

Becca deixou todas as informações se aprofundarem.

— Prisioneiros de guerra? Você os chama de prisioneiros de guerra?

— Do que você os chamaria? Meu trabalho é encontrar as Novas Espécies presas e libertá-las. Não estão lá para se divertir e jogar. Estão presas e normalmente é uma luta para libertá-las — voltou à carga novamente. — De qualquer forma, agora que você sabe a situação, espero que comece com o programa. Vou trocar de roupa enquanto você pega seus pertences. Estarei lá em cerca de quinze minutos para ajudá-la a se mudar. Ele deve estar chegando dentro de uma hora. — Fez uma pausa e seus olhos se estreitaram. — Quero que você fique longe dele. Isso é uma ordem, Rebecca Marie Oberto.

— É por isso que mamãe deixou você e o motivo de ainda estar sozinho após oito anos de divórcio. — Becca estava chateada. — Não me diga o que fazer. Sou uma mulher adulta. Você começa com o programa. Posso falar com quem eu quiser, até mesmo sair com ele e eu não recebo ordens de você.

— Você não vai. — Sua voz engrossou e assumiu um tom severo. — Sou seu pai e você vai fazer o que eu disse. Está decidido.

Seus olhos se arregalaram de espanto. Suas mãos se fecharam em punho e as empurrou contra seus quadris. — Nossa! Realmente? Você decidiu? Estou tendo flashbacks da minha adolescência e ambos sabemos que não foram tão bons para você. Fugi de casa muitas vezes quando se recusou a me permitir que tivesse uma vida. Não funcionou naquela época, e com certeza não vai funcionar agora. Eu já falei.

— Maldição, Rebecca Marie. Pare de ser infantil.

— Escute, pai. Fui casada e sobrevivi ao enterrar um marido. Cresci. Não sou a garotinha cujas fraldas, às vezes, você trocava quando estava em casa nessas raras ocasiões entre as guerras que não podia esperar para ir lutar. Não me trate como se ainda fosse uma criança. Amo você, mas juro por Deus, vou parar de falar com você, se continuar com esta besteira. Não sou um dos seus soldados que saltam quando você diz bu. Sim, você decidiu, pois eu também, aprenda a lidar com isso!

— Você ainda está com raiva por eu não ter sido muito presente quando você era criança? Estava trabalhando.

— Você sempre foi voluntário! Não pense que eu não sabia que pedia as mais duras tarefas para mantê-lo fora de casa a maior parte do tempo, apenas porque você e minha mãe não se davam bem. Você raramente estava lá. Não estou mais com raiva, porque cresci e superei. O que me deixa furiosa é que dificilmente estava lá para me dizer o que fazer quando criança, e o que o faz pensar que pode falar dessa forma agora? Gostaria de repensar. Pare de me dizer o que fazer, onde posso viver, ou com quem posso falar.

— Ele é um Nova Espécie, Rebecca. Você já aprendeu o suficiente sobre eles para saber por que não quero você perto dele. Eles estiveram presos por toda a vida como cobaias e foram prisioneiros que sofreram abusos físicos e emocionais. Ninguém poderia estar completamente bom da cabeça depois disso. São todos grandes e os encheram de porcarias alteradas. Ele é parte homem e animal. Você é uma mulher de boa aparência e ele vai perceber isso. Não quero você perto dele e isso é uma ordem que você seguirá. Não fale com ele ou passe tempo com ele.

Becca riu.

— Você não me dá ordens. Ainda não disse que poderia ficar em minha casa. Entendo porque ele precisa, mas isso não significa que você tem o direito de emprestar minha casa ou me fazer voltar a morar com você. Isso não vai acontecer.

— Você vai fazer o que eu digo.

Seu bom humor acabou.

— É isso aí. Estou cheia. Aqui está o acordo e é melhor você aceitar. Ele pode ficar no meu quarto de hóspedes. Há dois. Vou dar-lhe o do final do corredor do meu quarto. Odiaria viver em sua casa e nunca faria alguém passar por isso. Enquanto ele estiver aqui, posso falar com ele se quiser. Que se dane, posso sair com ele. Posso fazer o que eu quiser com ele e você não pode fazer nada sobre isso.

— O que você gostaria de fazer comigo? — A voz atrás dela foi um estrondo profundo.

Becca parou e virou-se para o dono daquela voz masculina. Era realmente muito alto e seu cabelo liso preto caia sobre seus amplos ombros até a cintura em uma cortina de seda. Era bem mais alto do que sua altura de um metro e sessenta. Seus olhos azuis de gato encontraram os olhos chocados dela. As maçãs do rosto eram salientes, o nariz mais plano do que o normal e um conjunto de lábios cheios se curvavam para baixo. No geral, era estranhamente bonito e muito grande. O cabelo era apenas sexy como poderia ser, um bônus.

Sua pele era de um tom dourado e podia ver um monte dela pois usava uma camiseta vermelha esticada ao longo do peito largo. Braços grossos, musculosos eram exibidos aos seus olhos agradecidos. O homem foi construído com um corpo de um stripper. Becca instantaneamente o imaginou tirando a roupa junto com a música e seu estômago se apertou. Definitivamente colocaria algumas notas em sua cueca fio-dental.

Seu foco foi para a cintura em boa forma e a calça preta com muitos bolsos que moldavam suas coxas naquelas pernas longas. Era o tipo de calça que muitos dos homens de seu pai usavam e teria achado que era um militar se não fosse pelo fato de que ele era, obviamente, Novas Espécies. Silenciosamente se perguntava se seu pai ou um membro de sua equipe escolheu a dedo as roupas do homem. Ah sim, decidiu. Definitivamente queria vê-lo sair de suas roupas.

— Você já chegou. — Seu pai não tentou esconder seu aborrecimento. — Esta é minha filha, Rebecca. Ela está se mudando da casa de hóspedes na qual você vai ficar enquanto estiver aqui. — Moveu-se para frente e estendeu a mão. — É bom ver você de novo.

— Sou Brawn. — O olhar do homem grande se desviou de Becca, e deixou cair à mochila azul-marinho no chão e apertou as mãos de seu pai.

— Eu me lembro. — O pai admitiu rispidamente. — Você é um dos membros do conselho e fomos apresentados recentemente em uma reunião. Só não queria me adiantar chamando você pelo seu primeiro nome sem permissão. Não fui informado se já possuía um sobrenome.

— Não possuo. É só Brawn.

Rapaz, é ele. Becca engoliu seco e deu um passo adiante, sorrindo para o homem grande e decidiu que era totalmente gostoso. Poderia levar algum tempo para se acostumar com suas feições estranhas, mas sua atratividade a cativou. Estendeu a mão. — Sou Becca Oberto. Prazer em te conhecer.

Brawn voltou sua atenção pra ela novamente e ela olhou para os olhos azuis mais escuros que já viu. Lembravam um céu noturno, tão escuro, mas com apenas um toque de azul suficiente para ser marcante. Seus cílios eram extraordinariamente longos e pretos, combinando com seu cabelo. A forma felina de seus olhos era marcante e bela. Sua íris não era redonda como de um ser humano. Eram ovais, semelhantes às de um gato e eram de tirar o fôlego.

Estava tão envolvida observando suas feições que não percebeu que havia algo errado, até que ele sorriu e seu olhar brilhou divertido, antes de olhar para baixo. Becca seguiu aquele olhar e o calor aqueceu seu rosto. Esqueceu que deveriam apertar as mãos, estava muito embasbacada. Uma risada borbulhou enquanto segurava sua mão grande, notando como sua pele era quente e sentiu a textura áspera dos calos na palma da mão e dedos. Seu olhar se ergueu quando suas mãos se entrelaçaram.

— Desculpe. Seus olhos são surpreendentes.

Seu sorriso se ampliou.

— Acho que sou o primeiro da minha espécie que você conhece? Você parece... fascinada.

— Sim e sim, estou. Você tem os olhos mais bonitos que eu já vi. — Se absteve de continuar, percebeu que, provavelmente, soou idiota e tagarelou sobre seus olhos duas vezes.

O aperto na mão dela com os dedos enrolados envolvendo sua mão inteira fez alguma emoção desconhecida cintilar em seus olhos.

— Obrigado pelo elogio.

— Você pode soltá-lo agora. — Seu pai deu a ordem com os dentes cerrados. — Você deveria apertar, não ficar de mãos dadas. — Becca riu e liberou o rapaz.

— Desculpe. — Deu um passo para trás, ainda olhando em seus olhos, incapaz de parar.

— Está tudo bem. Estou grato que não a assustei. Algumas fêmeas humanas ficam aterrorizadas quando nos conhecem ou congelam e apenas olham.

Ela olhou. Droga. Becca riu levemente. — Admito que sou culpada disso. Desculpe. — Esforçou-se a olhar para seu pai. Parecia pálido quando retribuiu o olhar.

— Vá arrumar suas coisas e se mudar para o seu antigo quarto agora, Rebecca.

O sorriso desapareceu. — Pai, caia fora dessa. Não tenho mais dez anos. Não vamos gritar na frente do Sr. Brawn. Não causaria uma boa primeira impressão de nós, não é? Devemos, pelo menos, permitir ao homem se instalar antes que perceba que somos uma família disfuncional.

— Você tem que se mudar por minha causa? — Choque soou em sua voz.

— Não é um problema. — Garantiu Tim, soando menos irritado. — A casa de hóspedes que minha filha é dona está localizada na parte de trás do terreno e está mais afastada do tráfego da rua. Há um monte de árvores e é mais silenciosa. Estou enviando mantimentos para você e sei que alguém pediu seu tamanho de roupa. Seus novos uniformes serão entregues aqui dentro de algumas horas. Nada está previsto para hoje para dar-lhe tempo de desfazer a mala e se ajustar a sua nova vida antes de começar o trabalho. Você vai trabalhar comigo todos os dias. Vou buscá-lo pela manhã, às oito horas e vou te dar o meu número no caso de alguma dúvida ou se precisar de ajuda.

Brawn concordou. — Tudo bem. Obrigado, mas tenho certeza de que posso me virar.

Tim apontou o polegar na direção da casa maior. — Você pode vir comigo para casa, enquanto minha filha vai para a casa de hóspedes para embalar suas roupas. Não deve demorar muito tempo. —

Becca olhou para o pai enquanto o encarava totalmente. — Eu tenho uma ideia melhor. Vou levar o Sr. Brawn para a casa de hóspedes e mostrar-lhe a casa. Ele pode começar a se mudar imediatamente.

— Agora, Rebecca...

Sua coluna endureceu quando reconheceu seu brilho temperamental e sabia que estavam prestes a discutir novamente, mas o telefone celular dele tocou. Salva pelo gongo. Soltou um suspiro aliviado quando tirou o telefone do bolso, olhou para a tela para ver quem ligava e suavemente xingou.

— É do trabalho.

Becca acenou, toda a tensão a deixando.

— Tchau. Sei que você tem que correr para responder. Merda confidencial e qualquer outra coisa para não te ouvir dizer sim e não a alguém. — Se virou e sorriu para Brawn. — Vamos. Vou fazer uma turnê e mostrar-lhe qual quarto será o seu.

Brawn hesitou antes de se inclinar para levantar sua mochila.

— Obrigado. Agradeço muito. Por favor, só me chame de Brawn. Não sou um senhor.

Becca sorriu sobre a forma como suas maneiras eram educadas enquanto descia o trajeto com Brawn logo atrás. Seu pai queria que ela acreditasse que o homem era perigoso, mas não se sentia ameaçada, no mínimo. O levou para um portão que separava as propriedades e sorriu quando sua casa apareceu. Era seu orgulho e alegria.

— É isso. São dois andares, como você pode ver, um pouco grande para uma casa de hóspedes, mas meu avô tinha muito dinheiro. Construiu há vinte anos depois que seu irmão sofreu um derrame. — Fez uma pausa, sentindo-se um pouco parecida a uma guia de turismo, mas o olhar de Brawn ávido e interessado a incentivavam​​. — Não queria que ele vivesse em uma casa de repouso então tinha homens trabalhando contra o relógio para construí-la em tempo recorde. Foi feita em cinco meses o que é bastante rápido, mas é uma casa grande. Há três quartos, três banheiros e há ainda um elevador.

Sobrancelhas negras se levantaram quando pararam no quintal da frente.

— Nunca usei o elevador, mas meu tio usava uma cadeira de rodas e precisava de cuidados constantes. Duas enfermeiras viviam aqui com ele para cobrir diferentes turnos. É por isso que tem o quarto extra quando a maioria das casas de hóspedes só tem dois. Morou aqui por seis anos antes de sua saúde dar uma guinada para pior e o hospitalizaram. Ele morreu algumas semanas depois e a casa ficou vazia até que meu avô morreu há quatro anos. Deixou essa casa para mim e a casa principal pertence a meu pai.

Começou a andar novamente, pescou as chaves de sua bolsa e destrancou a porta da frente, deixando-a bem aberta e pediu para Brawn entrar primeiro. Ele sacudiu a cabeça e indicou que ela deveria precedê-lo. Isso a fez gostar dele ainda mais e entrou na casa, olhou para trás e notou que mal conseguia vê-lo da porta. Estava grata por toda a casa ter tetos altos e abobadados, assim não se sentiria fechado com sua altura acima da média.

Entrou e fez uma pausa. Seu olhar viajou lentamente ao longo da sala e se perguntou o que pensava de sua casa. Olhou ao redor também, feliz por ter limpado recentemente e que tudo parecia arrumado. Seu olhar finalmente encontrou o dela e ele sorriu.

— Ele fez muito bem. Obrigado. Você tem uma casa linda e tem um cheiro bom. Posso sentir o cheiro de madeira e um desconhecido, mas agradável perfume de limão.

Lembrou-se então que as Espécies tinham sentidos mais aguçados.

— Há um piso de madeira e detalhes esculpidos na casa. Meu avô queria construir rapidamente, mas não estava disposto a cortar custos em artesanato. O limão que cheira é do óleo que uso quando esfrego o chão. Ele mantém limpo e brilhante, sem ser escorregadio. Duas vezes por ano alguém vem aqui polir a escada e as prateleiras embutidas na sala da família. É demais para eu fazer tudo sozinha.

Apenas olhou para ela, sem dizer nada.

Ela balançou a cabeça.

— Deixe-me mostrar-lhe o resto da casa.

Ele a seguiu enquanto andava pela cozinha e sala de jantar. Havia também um lavabo e lavanderia no primeiro andar. A sala de estar era a última. O levou para cima para a primeira porta à direita, o menor quarto com banheiro. Becca abriu a porta para mostrar-lhe o escritório.

— Este é o meu escritório, mas está convidado a usar o computador.

— Quase não uso essas coisas. Ainda estou aprendendo, mas obrigado.

Ela se virou, quase roçou nele e percebeu o quão bem ele cheirava. Carregava um aroma picante, masculino, talvez a sua loção pós-barba. Avançou ao redor de sua grande massa para abrir a porta do outro lado do corredor.

— Este será o seu quarto e tem um banheiro privado também. — Seu foco dirigiu-se para a cama antes de olhar para ele com um olhar franzido enquanto olhava para seu corpo de cima abaixo. — Teremos que provavelmente mudar as camas. Essa é apenas um tamanho grande e acho que você vai ter problemas com ela por ser tão alto. Tenho uma cama do tipo Califórnia King em meu quarto. — Seu olhar vagueou sobre seu corpo mais uma vez. Balançou a cabeça e encontrou seu olhar. — Você definitivamente vai ter que dormir na minha cama.

Seu olhar se estreitou e um pequeno som que saiu de sua garganta a surpreendeu. Se não soubesse, acharia que acabou de rosnar suavemente para ela. É claro que deveria ter ouvido errado, porque ele era tão educado.

— O que foi isso?

— Limpando minha garganta — Explicou em voz baixa. — Desculpe. Por isso, precisamos trocar as camas?

— Definitivamente a menos que você queira que seus pés balancem sobre o colchão.

— Nós podemos mudar as camas.

— Deixe sua mochila e me siga. Vamos ter certeza se você se encaixa nela primeiro. Se não, me desculpe. Talvez meu pai possa encomendar uma cama maior. — Saiu do quarto e o levou para o último quarto, no corredor. Entrou e ficou feliz por ter se lembrado de fazer a cama antes de sair para o trabalho, um hábito que formou por ter um pai militar. — Aqui estamos. Você acha que pode caber na minha cama?

Brawn olhou para o colchão enorme. — Vai ficar bom. Obrigado.

Ela sorriu, divertindo-se com sua postura rígida e era óbvio que não estava confortável dentro de seu quarto feminino. — Você pode querer deitar-se primeiro para ter certeza. Odiaria removê-la e então perceber que não vai funcionar.

Brawn tirou os sapatos e subiu na cama sem protestar. Era baixa. Parecia em desacordo com a forma de se deitar no começo, mas quando se estendeu de costas seus pés não ficaram pendurados —faltou pouco. Se inclinasse um pouco, poderia dormir confortavelmente. Seu olhar encontrou os dela e lhe deu um sorriso sexy.

Droga. Becca engoliu em seco, pensando em como incrivelmente atraente parecia em sua colcha cor de rosa, o tom rosa-avermelhado o fazia parecer ainda mais masculino se isso fosse possível. A visão daquele corpo grande e impressionante estendido a fez desejar que não estivesse usando roupas.

O desejo de subir na cama nua com ele aumentou e cerrou os dentes para evitar suspirar. Realmente precisava transar, uma vez que um estranho fazia seu corpo se contorcer. Tentou ser íntima de uns poucos homens com quem saiu, mas sempre acabava pensando em seu falecido marido, Bradley, e a culpa a consumia. Quando sua atenção voltou para o corpo do homem a única coisa que a consumia era o desejo bde testar seu colchão novo com ele.

— Está ótimo.

Teve que se lembrar de que ele estava falando sobre o tamanho de sua cama, não querendo pular em seus ossos.

— Ótimo. Vamos trocar então.

Rolou graciosamente e se levantou. Entre os dois, não demorou muito para mudar as camas. Becca olhou para a cama king-size no quarto quando a troca foi feita. Estava um pouco grande demais para o espaço, mas havia uma pequena passagem no final do colchão para permitir o acesso ao banheiro.

Inclinou-se para remover a colcha da cama, querendo dar-lhe lençóis frescos e limpos.

— Vai ficar apertado, mas acho que você pode se espremer sem muito esforço.

Brawn rosnou alto, um som animalesco que a surpreendeu.

Becca virou a cabeça para olhar para Brawn, apenas para encontrá-lo a alguns metros atrás dela com as pernas separadas e as mãos fechadas em punho do seu lado. Seus olhos estavam fixos no traseiro dela enquanto se curvava em frente a ele. Sua última frase se repetia em sua cabeça e ela riu, se endireitando.

— Estava falando sobre você ser capaz de andar entre o final da cama e a parede e se espremer através da porta do banheiro. — Ela sorriu.

Brawn encontrou seu olhar.

— O que mais você estava falando? Arqueou uma sobrancelha para ela e escondeu as mãos atrás das costas em uma postura relaxada que parecia forçada.

Ela riu.

— Não sabia que estava bem atrás de mim quando eu disse isso. Você rosnou, o que me fez ter consciência de como isso soava e parecia. Percebi que precisava expandir o que estava falando, pois caso contrário soava como um convite de natureza sexual.

Seu olhar se estreitou.

— Você é muito direta.

— Sou. Compreendo as pessoas. Isso reduz a baboseira.

— Gosto de franqueza também. Entendi errado de primeira e mentalmente concordei que seria um ajuste apertado. Você é pequena. Por um segundo, enquanto admirava a sua forma dobrada, esqueci por que nunca toquei numa mulher humana e rosnei em apreciação. Minha espécie faz isso quando estamos excitados. Você tem uma forma agradável. — Ele olhou para a cômoda no canto. — Posso usar para armazenar as minhas roupas?

— É claro. O armário está vazio. Este é seu quarto enquanto estiver aqui e não duvide em se sentir em casa. — Ela fez uma pausa. — Posso te perguntar uma coisa pessoal? Estou curiosa.

Seu olhar voltou para ela. — Pergunte.

— Por que você nunca tocou uma mulher humana?

— Você quer uma resposta educada ou uma direta?

— Gosto de respostas diretas.

Ele hesitou, parecendo inseguro.

— Não vou ficar ofendida. — Estendeu a mão para atravessar o dedo sobre o coração e sorriu. — Você não pode dizer algo assim, sem querer que eu saiba o porquê. Estou um pouco curiosa e por meu pai ser quem ele é, há segredos demais que não tenho permissão para saber. Você não tem que responder, mas agradeceria se respondesse.

— Sou maior e mais forte do que os machos humanos. Gosto de sexo mais selvagem do que as fêmeas humanas conseguiriam suportar. Iria acabar machucando sem querer.

Deixou isso ser absorvido

— Sei. Bem, é meio confuso, mas acho que tenho uma ideia. Obrigada por responder.

— Que parte é confusa?

— A parte do sexo selvagem. Há um monte de maneiras de fazer isso.

Ele balançou a cabeça.

— Eu não bato, nem estou nessa de escravidão ou brinquedos. Já vi alguns de seus vídeos pornográficos. Gosto de inclinar minhas fêmeas e tomá-las por trás. Não gosto de ser gentil durante o sexo, como os seus machos são, mas não estou nessa de asfixia ou machucá-las do jeito que vi seus machos fazerem nesses filmes.

— Apenas gosto de pegar uma mulher forte, rápido e profundo. Fêmeas das Espécies são maiores e mais resistentes do que a maioria das fêmeas humanas e faria mal a uma humana, uma vez que são frágeis. Não há prazer nisso para mim. Seria inútil fazer sexo com uma mulher como você, porque iria acabar acidentalmente deixando hematomas ou a possuindo muito severamente. Como eu disse, sou maior e mais forte do que o seus machos. Quando digo grande, não estou apenas falando da minha altura e peso. Vi seus homens nus e sou mais grosso e mais longo. — Olhou para baixo em seu corpo antes de encontrar o seu olhar de novo. — Você entendeu ou preciso especificar a parte do corpo a que estou me referindo?

Becca ficou chocada com a forma crua como o homem respondeu, mas ela pediu. Deixou absorver essa informação e escondeu um arrepio de medo. Sim, definitivamente poderia machucar uma mulher, se não se segurar. Toda a atração sexual que sentia por ele morreu rapidamente ao saber disso. Não estava a fim de sentir dor e isso o deixava fora da lista dos gostosos para ela.

— Agora compreendo totalmente. Obrigada pelo esclarecimento.

— De nada. Você precisa de ajuda para tirar a roupa?

Becca riu de repente.

— Pensei que você disse que eu não era seu tipo? — Levantou as sobrancelhas para ele, incapaz de não provocá-lo um pouco. — Decidiu experimentar.

Suspirou.

— Tirar a roupa de cama.

— Somos uma dupla, não somos? Continuamos dizendo coisas que soam errado. — Riu de novo. — Adoraria que você me ajudasse a tirar a roupa.

— Que diabos? — Seu pai gritou, com os passos pesados ​​correndo pelo corredor perto do quarto. — É melhor não.

Becca olhava seu pai pela porta e o viu dar uma parada brusca quando seu ombro bateu na entrada. Sabia que obviamente, entrou na sua casa e ouviu a última parte da conversa. — Oh, então você vai me ajudar a tirar a roupa? Ótimo, pai. Você vai do outro lado da cama e puxa o lençol lá.

— Lençol? Pensei... — Ele franziu a testa.

Becca arqueou as sobrancelhas.

— Você pensou o quê? — Piscou para ele inocentemente.

— Nada. Prossiga. Só vim para checar... quero dizer, ajudá-la a mudar suas coisas. Vou ao seu quarto puxar as malas para fora do armário. — Saiu em seguida.

Becca piscou para Brawn quando estavam sozinhos. — Adoro mexer com ele. É tão fácil.

— Por quê?

— Ele é mandão e sempre me trata como criança. Divirto-me um pouco às custas dele sempre que me é dada a oportunidade. Isso nos deixa quites.

Assentiu, mas não comentou. Ajudou a tirar e mudar a roupa de cama para um tema branco e preto. A única meio masculina que tinha e depois saiu do quarto para deixá-lo desfazer as malas.

Seu pai andava pelo quarto, mas parou quando a viu entrar. Seus olhos verdes se estreitaram e uma careta entortou suas feições, criando linhas ao redor da boca.

— Feche a porta.

Fechou e cruzou os braços sobre o peito.

— Qual é o seu problema agora?

— Você estava flertando com ele?

Levou a mão ao coração.

— Eu? Flertando? Nunca.

— Que droga, Rebecca. Esse não é o homem que você quer provocar. Ele não é parecido com seu marido ou a qualquer homem que você conheça. Bradley era um fraco, te deixava pisar nele e ainda pedia mais. Esse homem no final do corredor pode te comer no café da manhã e falo sério. Ele é metade animal e não se pode confiar nos seus instintos animais. Se parece conosco, mas nunca duvide que tem um lado predador.

A raiva brilhou forte, rápida e quente.

— Você nunca. — Gritou — NUNCA fale de Bradley desse jeito. Só por que ele não te bajulava ou se juntou a força militar logo que saiu do colégio, não significa que era fraco. Ele era gentil, amável e doce. Era inteligente e tinha uma voz suave. Ele...

— Era fraco. — Soltou as palavras. — Te criei para ser uma mulher forte e ele não conseguiu lidar com isso.

— Saia da minha casa agora mesmo. — Abriu a porta escancarando-a.

O pai dela empalideceu.

— Não quis dizer isso. Desculpe. Só estou preocupado querida. Aquele homem no final do corredor não é um gatinho de estimação. Acho que é misturado com leão ou talvez com pantera em seu DNA por causa do cabelo preto. Os conheço mais do que você jamais conhecerá e se o provocar, ele pode não entender o que você quis dizer. Pode atacar você.    

   — Pare! A única pessoa nessa casa que pode ser atacada é você, por mim. Sempre odiou meu marido por que ele não era como você. Costumava ser grata por isso todos os dias que passava com ele. Agora, saia da minha casa e se você simplesmente entrar sem a minha permissão atiro em você. Você me ensinou a atirar e ainda tenho a arma que comprou para mim. Saia agora.

— Volto em quinze minutos para te ajudar a fazer sua mudança para a casa principal. — Parou perto da porta.

— Não se incomode.

Diminuiu seu ritmo quando passou por ela.

— Certo, mas vai te custar algumas viagens para levar toda a porcaria que acha que precisa. Já te vi fazendo as malas e aposto que vai precisar de no mínimo três malas.

— Me recuso a morar com você novamente. Ficarei aqui mesmo com Brawn. Ele é um homem legal, que não está interessado em mim e nunca estará. Ele está bem do jeito que está. Você é o único que quero que saia.

Seu pai franziu a testa.

— Você não pode ficar aqui com ele.

— Observe. — O encarou. — Saia da minha casa. Falo sério. Disse para nunca falar de Bradley, mas você nunca escuta.

— Deixarei você se acalmar. Sabe onde a chave extra está. Terei um encontro hoje à noite e não estarei em casa até tarde. Estarei numa reunião amanhã de manhã quando acordar, mas conversaremos depois que eu chegar. Desculpe Rebecca. Foi apenas um dia estressante e deixei meu temperamento falar mais alto. Quero o melhor para o meu bebê e sabia que tinha problemas com Bradley. Acho que se tortura por causa dele. Todo mundo tem falhas.

Becca fechou a porta do quarto na cara dele e trancou. Ouviu seu pai conversar com Brawn por alguns minutos e depois a casa ficou em silêncio. Estava irritada e pior, estava machucada. Esperou mais cinco minutos e depois abriu a porta.

               Becca parou na porta fechada de Brawn, ouviu o som de água corrente e sabia que estava tomando banho. Tinha se acalmado após a discussão com seu pai e agora queria uma bebida forte. O que sempre a ajudou a superar mágoas depois de terem uma briga verbal e ainda tinha o fato de que um desconhecido sexy estava vivendo em sua casa. 

A sala tinha um bar totalmente abastecido, algo que apreciou quando tomou posse da casa e substituiu cada garrafa de licor, não tinha certeza de quantos anos elas tinham. Serviu-se de vodca pura e bebeu de uma vez. Queimou todo o caminho de sua garganta até o estômago. A respiração sibilou quando colocou o copo no bar e serviu outro. 

Seu pai a deixava louca e viver na mesma propriedade era uma péssima ideia. Embora não fosse como se estivesse presa lá. Tinha dinheiro para se mudar, mas a ideia de desistir de seu oásis na propriedade a deixava com um pouco com medo. Viveu no exterior com Bradley e não acabou bem. Bebeu mais algumas doses quando o som da campainha a tirou de sua depressão. 

Abriu a porta esperando seu pai, mas era outra pessoa. Lançou-lhe um sorriso genuíno. — Bem, se não é Trey Roberts. Você não parece bem!

Ele sorriu. — Trouxe os mantimentos e uniformes para o cara novo. — Carregava duas bolsas grandes e tinha uma grossa sacola de roupas envolta por cima do ombro. — Me mostre onde é a cozinha. Ele já está aqui?

Assentiu e levou Trey para a cozinha. Avaliou o homem que era o favorito de seu pai. Se seu pai tivesse um filho, sabia que desejaria que fosse Trey, e a empurrava para Trey há anos esperando que se casasse com o homem. Flertou com ele, mas não estava interessada. Era muito semelhante a seu pai, exceto que Trey era legal e tinha senso de humor. 

— Ele está, na verdade, tomando banho no andar de cima.

Trey olhou para o teto antes de estudar Becca. — Como ele é?

— Seu nome é Brawn. Ele é enorme, tem olhos lindos e é legal. Parece que vai se dar bem com vocês. Embora não brincaria de braço de ferro com ele. Ele é durão.

Trey acenou com a cabeça e começou a descarregar as bolsas. — Onde o velho foi?

— Ele tem um encontro.

Trey riu. — Uh-oh. Gostaria de saber quanto tempo este vai durar.

— Provavelmente duas semanas. Esse é o limite. Ele começa ladrando ordens e elas correm para as montanhas. Estou esperando para ver o tipo de madrasta idiota que ele finalmente vai encontrar. Vai ter que ser a vencedora do primeiro lugar do campeonato de total idiota se pensa que seu autoritarismo é bonito.

— Agora vejo por que você não namora comigo. Gosto de dar ordens.

— Sou muito inteligente. — Ajudou a descarregar os mantimentos até que tomou conhecimento do que estava acontecendo em sua geladeira e freezer. — Que diabos?            

Ele sorriu.  — Fomos informados pela ONE para nos certificar de que ele seja abastecido com muita carne vermelha.

— Acho que ele vai ficar feliz então. Você deve ter comprado vinte e dois quilos de bifes e carnes assadas.

— Só estou seguindo a lista que nos foi dada. Era para saber se você tem alguma frigideira de ferro fundido. Eles gostam de grelhar a carne nelas. 

Apontou. — Bem aqui.

Abriu o armário da parte de baixo e olhou para o conjunto. — Isso deve servir. — Colocou a maior em cima do fogão assim era impossível não ver. 

— Mais alguma coisa?

 — Não. Se ele precisar de alguma coisa, nos dirá. Deixe-me pegar os refrigerantes na caminhonete.

Becca segurou a porta da frente aberta e sua boca se abriu. Trey trouxe três engradados de refrigerante. 

— Eles vão vender?  

— Novas Espécies têm uma predileção por cafeína. — Trey descarregou tudo e se encostou no balcão. — Então, quem você está namorando agora?

— Não estou.

— Você quer sair para jantar comigo? — Ele sorriu. 

Ela sorriu de volta. — Não, mas obrigada pela oferta.

Ele piscou.  — Você quer pelo menos fazer um sexo incrível e alucinante?

Ela riu. — Vou passar essa.

Seu sorriso desapareceu. — Você já superou? Faz mais de um ano desde sua morte.

Seu sorriso morreu também. — Saí algumas semanas atrás com um homem que conheci através do trabalho e me diverti. Ele me beijou, mas tudo o que eu podia pensar era que esse não era o jeito que Bradley fazia. Isso acabou rompendo o momento e o mandei para casa. Recusei um segundo encontro. Era uma pessoa legal e não queria dar corda.

— Não vou te beijar. — De repente, sorriu de novo. — Eu poderia fazer aqui mesmo. — Apontou para a parede. — Aposto que não vai se lembrar dele. Não consigo vê-lo te levantando e segurando-a no lugar enquanto a tem cegamente.

— Vá para casa. — Balançou a cabeça para ele, rindo. — Com esse tipo de conversa provavelmente é o motivo de você ainda estar solteiro. Isso funciona com as mulheres?

— Às vezes. Só estou tentando ajudá-la.

— Certo. Você quer me ajudar a tirar a roupa.

Todo o humor desapareceu de seus intensos olhos castanhos. — Pode ser o tipo de ajuda que você precisa. Já ouviu aquele ditado que para esquecer alguém, você precisa ficar sob alguém, não é? Realmente funciona. Me preocupo com você, querida. — Estendeu a mão e colocou para trás uma mecha de seus cabelos ruivos. — Estou aqui a qualquer hora que você quiser conversar, se precisar de alguém para te abraçar ou apenas para ter uma ótima foda. — Sorriu. — Meu corpo está à sua disposição.

— Vá para casa. — Deu-lhe um aceno. — Mas agradeço.

— Você quer conversar?

— Não sobre isso.

— Você tem certeza? Pode ajudar.

— Agradeço, mas estou bem. Prometo chamá-lo se isso mudar.

— Você pode me ligar a qualquer momento. — Se inclinou para mais perto para dar um beijo suave em sua testa. — Se mudar de ideia você sabe o meu número. Não me oponho a uma “chamada para sexo casual” [1] às duas da manhã.

Becca riu. — Aposto que não.

— Sou bom nisso. — Sua mão se afastou dela e balançou as sobrancelhas de maneira cômica. — Pelo menos foi isso o que me disseram. Você poderia me levar para um test drive e avaliar o meu desempenho.

— Sem chance! Você não tem outro lugar para ir ou alguém para irritar? Mova-se, soldado. Sua ordem de marcha já foi dada.

Ele se afastou. — Continuo tentando me mover, maldição, mas você não está deixando eu te mostrar o movimento do oceano[2]. — Riu, acenou e fechou a porta atrás de si.  Ligou o carro um pouco depois e foi embora. 

Becca colocou as mãos no balcão e olhou pela janela da cozinha em direção à grande árvore, apreciando a visão de pássaros voando ao redor dos grossos ramos. Agradecia a preocupação de Trey, o conhecia há muitos anos, mas nunca iria aceitar suas ofertas de fazer sexo ou ficar muito perto dela. Tinha stress suficiente em sua vida, sem acrescentar seus fardos sobre os ombros largos. 

— O que é chamada para sexo casual? — Colocou a mão no coração e girou para encontrar o hóspede. 

— Você me assustou. Não o ouvi descer as escadas. Elas rangem um pouco. 

Brawn estava na porta da cozinha. Seu cabelo estava molhado, puxado para trás em um rabo de cavalo, e tinha trocado de roupa. Usava uma calça jeans desbotada e confortável com uma camisa preta de uma banda de heavy metal. Seus pés estavam descalços. 

— O que é chamada para sexo casual? Nunca ouvi isso antes.

Ela sorriu. — É um termo usado para chamar alguém apenas para fazer sexo com você e depois ir embora. Não há apego ou envolvimento emocional.

Balançou a cabeça.  — Vou me lembrar. Isso é um costume humano normal?

— Para alguns, mas não para mim. Estava apenas brincando.

— Aquele homem que estava aqui é seu amante?

Ela balançou a cabeça. — Ele é meu amigo. Vai trabalhar com você na força-tarefa. Vai ser seu chefe de equipe se substituir Jessie Dupree.  Vai gostar dele. Tem senso de humor, por isso espero que aprecie isso em uma pessoa. Sei que aprecio. Sua alimentação e uniformes estão aqui.  Ele também trouxe muita soda.

— Obrigado. É normal os amigos humanos oferecerem essas ligações para o outro? Estou tentando aprender sobre a interação humana. Vou trabalhar com eles e preciso tentar entender seus costumes.

— Não. A maioria dos amigos não oferece ligações desse tipo. Trey me ofereceu, porque está tentando me convencer a dormir com um homem novo e ele está, em parte, provocando, tentando me animar. Pensa que se ele me levar para a cama vou achar mais fácil fazer quando for para um encontro com alguém, que vai resultar em sexo.

— Ele quer compartilhar sexo com você assim você vai fazer sexo com outro macho? Esse macho é um bom amigo dele? Tenho visto esse tipo de situações em filmes pornográficos, mas não acreditava que eram representações reais dos hábitos sexuais humanos. Esta é uma prática comum entre os humanos do sexo masculino? Não quero fazer amigos, se isso significa que vão oferecer suas mulheres. — Fez uma careta. — Não quero te ofender, mas é nojento. Não quero ver outro macho montando alguém. Não me faria desejá-la e a última coisa que eu quero ver ou sentir é o cheiro de outro macho, enquanto compartilho sexo com uma mulher. Seria matar a minha excitação e não quero uma mulher humana.

Becca riu fortemente com sua interpretação. Inclinou-se e abraçou seu estômago. 

— Peço desculpas se insultei suas preferências sexuais, mas sou uma Espécie e não é preciso dois de nossos homens para satisfazer uma fêmea sexualmente. Seus homens não têm a nossa resistência durante o sexo. Temo que uma de suas fêmeas possa ser esmagada por um de nós, se pudesse até mesmo lidar com a violência do sexo compartilhado.

Tais informações mataram seu senso de humor e parou de rir. — É complicado, mas não acredite no que vê nos filmes pornôs. Aqueles são atores com roteiros muito ruins na maior parte, não são situações verdadeiras e esse não é o motivo. Ele não quer me convencer a fazer um trio com ele e um de seus amigos. Fui casada, mas agora sou viúva. Meio que parei de namorar depois disso e Trey pensa que vou parar de pensar no meu marido se me levar pra cama. Acha que se eu apenas fizer sexo com alguém, qualquer um, vou estar mais propensa a seguir com a minha vida. Você pode fazer amigos e eles não vão pedir-lhe para dormir com suas namoradas ou esposas.

— O que é uma viúva?

— Meu marido tinha um coração defeituoso. Viúva é uma mulher cujo marido morreu.

Brawn encostou-se à parede. — Sinto muito. Nosso povo era morto também, se fossem achados defeitos físicos pelas Indústrias Mercile.

Sentiu um soco no estômago. — Eles fizeram isso? Aqueles idiotas matavam alguém com defeitos físicos? Jesus. Não. Meu marido não foi assassinado. Nós não apenas acabamos com a vida de alguém, se não estiverem saudáveis. Ele tinha um defeito no coração e morreu quando um vaso grande dentro de seu coração se rompeu.  Aconteceu muito rapidamente. Simplesmente agarrou seu peito, engasgou e desmaiou. Provavelmente não sabia o que estava acontecendo antes de ter morrido. O médico com quem falei me assegurou que não sofreu e a morte aconteceu em poucos minutos.

— Os médicos não conseguiram consertar o defeito antes de sua morte?

— Não sabíamos disso. Era um defeito raro que só se descobre depois, quando realizam a autópsia. — Respirou fundo para evitar engasgar. Sempre engasgava quando se lembrava de Bradley e evitou discutir os detalhes sombrios. Uma mudança de assunto foi necessária para evitar as lágrimas. — Está com fome?

— Faminto.

— Vou sair da cozinha e deixá-lo fazer a sua refeição. Trey disse que precisava de frigideira de ferro fundido e coloquei uma em cima do fogão para você usar. Há mais sob esse gabinete lá. — Apontou. — Sinta-se em casa.

Ele balançou a cabeça. — Você vai sair agora?

Ela hesitou, percebendo que ele não entendeu a situação. — Na verdade, sobre isso... — Respirou fundo. — Não estou me mudando para a casa principal  com meu pai. Ele me deixa louca e confie em mim quando digo que você está melhor aqui do que vivendo com ele. Ele é um pouco imbecil, às vezes, e tende a controlar tudo. Vou ficar aqui. Dificilmente você vai me ver e eu mantenho uma agenda muito ocupada. — Puxou ar para seus pulmões. — É uma grande casa e vamos fazer isso funcionar. Vai ser quase como se eu não estivesse aqui.

Olhou para ela. — Vou viver com você? — Um franzido apareceu em seus lábios. 

— Realmente sinto muito que isto não seja o que você esperava, mas ninguém me perguntou antes desse acordo ser feito. Meu pai não tinha o direito de oferecer-lhe a minha casa, mas estou disposta a compartilhá-la com você. Há uma cópia da chave pendurada num porta-chaves do lado direito da porta da frente. Fique com ela e use-a.

Seu queixo se empinou e os ombros se ergueram o suficiente para expor seu peito enorme. — Entendo. Estou aqui para aprender sobre os humanos e para me ajustar ao estar ao redor deles. Esta será uma boa experiência, compartilhar uma casa com um. Você me ensinou muito em tão pouco tempo e pretendo aprender mais. Obrigado.

Tinha que dar-lhe crédito por receber a notícia melhor do que esperava.  — Ótimo. Vou deixá-lo com sua refeição agora. Estou retornando para a sala para ficar bêbada. Você vai descobrir que faço isso depois de ter uma discussão com meu pai. Ele me leva a beber.

Virou-se e foi embora antes que ele pudesse questioná-la ainda mais. Toda aquela conversa sobre seu marido a deixou triste e vulnerável. Uma dor intensa apertou seu coração quando entrou na sala, sentou-se no bar e serviu outra bebida. 

A parte ruim era que seu pai estava certo sobre Bradley, mas não poderia jamais admitir isso em voz alta porque ele nunca permitiria que esquecesse. Esfregaria e usaria como um exemplo em todas as discussões que tivessem. Seria tão frequente que não seria engraçado. Tomou outra dose, fechou os olhos e assobiou pela queimação do álcool escorregando em sua garganta. 

Brawn observou Becca sair da cozinha e suspirou. Sabia o que bêbado significava. Ela planejava beber em excesso, ficar completamente embriagada e esperava que sua companheira de casa nova não fosse um daqueles humanos que fazem isso muitas vezes. Odiava o cheiro de álcool e viu nos filmes pessoas bêbadas o suficiente para querer evitá-las. 

Isso não estava acontecendo do jeito que pensou que seria. De jeito nenhum. Prometeram uma casa isolada, privacidade, mas em vez disso vivia com uma mulher humana. Pior, a achava atraente. A lembrança de seu corpo debruçado sobre a cama que ia dormir mais tarde ficaria com ele por um tempo. Tinha um corpo com curvas exuberantes, muito ao contrário das mulheres das Espécies. Parecia flexível, frágil e provavelmente gritaria se ele alguma vez descarregasse o seu desejo por ela. 

Sua mão era pequena e muito macia quando a segurou após a sua chegada. A ideia de tê-la tocando-o fez seu pau se contrair. É claro que o pensamento de prendê-la sob ele só piorava a situação. Provavelmente a esmagaria sob seu peso ou acidentalmente a quebraria de alguma forma. Resmungou baixinho enquanto se movia na cozinha para se familiarizar com ela. Tirou alguns bifes, aqueceu a frigideira e encontrou um prato, em seguida, pegou o garfo para virar seus bifes enquanto os grelhava. 

Sentou-se no balcão para comer enquanto pensamentos de Becca Oberto o atormentavam. Era uma complicação que não tinha certeza se queria lidar. Poderia pedir para seu pai deixá-lo viver na casa maior perto da estrada. Iria simplificar as coisas, mas seria covardia. Ergueu o olhar para a geladeira, estudando as fotos que estavam nela - Becca com diferentes humanos. Sorria em todas elas e parecia feliz. Era uma confusa contradição se estivesse bebendo muito álcool. Não estava muito certo dos fatos humanos, mas isso implicava que ela tinha problemas graves. Seu companheiro morto seria a causa disso. 

Terminou seu jantar, limpou a bagunça e lavou os pratos. Ouviu a música quando desligou a água e secou as mãos. Estava muito cedo para ir para a cama e seu quarto não tinha televisão. Precisaria pedir uma, já sentia falta dos seus canais a cabo e já se arrependeu de ter se voluntariado para ir nessa missão pelo seu povo. Alguém precisaria trabalhar com a força-tarefa humana, de qualquer forma. Uma fêmea das Espécies seria perfeita para o trabalho, mas não queriam expor qualquer uma delas para os machos humanos. Tudo o que aprendeu até agora sobre eles o fazia acreditar que a assediariam. Era um mundo de homens fora dos portões da ONE, ou então foi o que disseram. Mulheres deveriam ser protegidas a todo custo. A ideia de permitir que uma corresse perigo fez com que seu corpo inteiro endurecesse. Iria lutar e lidar com o que viesse no seu caminho. Melhor ele do que uma das fêmeas. 

Preocupava-se por Becca enquanto colocava o pé no degrau para voltar ao seu quarto. Não era uma mulher grande e a lembrança de um filme que assistiu o fez voltar atrás. Ela poderia beber o suficiente para tornar-se violentamente doente e queria ver como estava de saúde. Seguiu a música de rock e fez uma pausa na entrada da sala. Becca estava sentada no bar com uma garrafa e um copo pequeno na frente dela. Parecia senti-lo e virou a cabeça. Deu a ele um sorriso amplo e demasiadamente brilhante, seus olhos azuis asseguraram-lhe que bebeu demais. Acenou para ele, seus movimentos desajeitados. 

— Olá, lindo. Quer beber?

Sua voz estava um pouco arrastada e o chocou por chamá-lo assim. — Meu nome é Brawn. Não sei de nenhuma Espécie que escolheu ser chamado assim.

Uma risada fez tremer os ombros e ela bufou suavemente. — Sei o seu nome. Você tem uma boa aparência, mas você sabe disso, não é?

O achava atraente. Esse fato o deixou sem palavras. 

Deu um tapinha no banco ao lado.  — Quer beber? Não queima mais ao descer.

Ele avançou pela sala. — Não bebo álcool, mas obrigado pela oferta. Quantos você já bebeu?

— Não sei. — Quase caiu da cadeira enquanto se ajustava no assento. — Não foi o suficiente. Ainda estou consciente.

— Beber álcool inebria você, retarda seu tempo de resposta e deixa a lógica difícil de praticar.

Ela riu. — Você é tão fofo.

As sobrancelhas se levantaram. Ninguém nunca o chamou assim antes.  Feroz, bastardo, entre outros, escolhiam nomes desse tipo, mas nunca algo que implicava essa definição. Se preocupou mais com seu estado mental. — Talvez você devesse ir para a cama e dormir. Ouvi dizer que as coisas sempre parecem melhores pela manhã.

— É cedo. — Deu um tapa na banqueta ao lado dela. — Venha até aqui. Não vou morder.

— Você não tem medo que eu a morda? — Não pôde resistir abrir a boca e mostrar-lhe seus caninos, curioso porque não parecia ter medo dele. Mulheres humanas sempre tinham.

— Não. — Deu um tapinha na banqueta novamente. — Chegue mais perto. — Seus olhos se estreitaram. — Você está borrado. — Riu. — Não bebo com frequência, mas, quando bebo, homem, eu bebo direito.

Nunca ouviu falar essa frase antes e se aproximou dela com cautela. Foi uma má ideia, deveria ir para seu quarto, mas a preocupação o mantinha lá. Ela precisava de alguém para cuidar dela. Seu companheiro não estava mais por perto para fazer isso e seu pai não vivia dentro de sua casa. Dependia dele para ter certeza de que ela não teria nenhuma desventura nesse estado indefeso. 

Sentou-se na banqueta, muito próximo a ela em sua estimativa e esperava que não vomitasse da maneira como viu as mulheres fazendo nos filmes. — Não entendo por que você iria fazer isso de propósito a seu corpo.

— Você quer dizer as calorias? — Ela olhou para baixo. — Poderia perder alguns quilos. Fico muito sentada sobre o traseiro no trabalho, mas não é como se eu tivesse que impressionar mais ninguém.

— Calorias?

— Você sabe, porque estou um pouco acima do peso.

Estudou seu corpo. — Você é muito pequena. Não deve pesar muito.

— Peso setenta e três quilos. — Riu, então apertou a mão sobre a boca e riu antes de abaixá-la. — Costumo mentir. — Inclinou-se mais perto dele. — Digo que peso nove quilos a menos do que realmente peso.

— Por que você faria isso?

— Mentir? — Ela se aproximou e pressionou a palma da mão em seu peito. — É o que as mulheres fazem. Mentimos sobre o nosso peso, nossa idade e nossa história sexual.

Confusão apoderou-se dele novamente e tentou ignorar o calor de sua mão através do algodão fino de sua camisa. — Por que você faria isso?

— Você quer saber sobre os humanos? Eles mentem. Somos bastardos sorrateiros ou vadias, às vezes. Se nossas bocas estão se movendo, bem, espere alguma besteira. É apenas a natureza humana. No meu caso, odeio admitir que só dormi com dois homens. Parece patético e minto sobre minha idade, porque estou chegando ao grande três - zero. Trinta. Isso é uma coisa ruim para as mulheres. Quanto ao peso, vestimos coisas, tentando esconder a flacidez.

— Flacidez?

— Você sabe, aquelas protuberâncias extras.

Olhou seu corpo até embaixo, fez uma pausa em seus seios e franziu a testa.  Seu olhar se levantou. — Não há nada desagradável em você.

Sua mão livre pegou a dele e ele permitiu que a movesse para seu lado. Colocou-a em sua cintura.  — Aperte.

Gentilmente fez o que ela pediu, surpreso com o quão suave era através de suas roupas. Sorriu para ele. 

— Sente isso? Pneuzinho sexy. Eu tenho.

Abriu a mão e a soltou. — Você parece tão suave.

— Não é tão sexy. — Ela deu um tapinha no peito dele. — Você é tão legal. Espero que os homens da equipe do meu pai não estraguem você. Homens podem ser realmente uns imbecis mentirosos, mas você é diferente.

— Sou honesto.

Seus olhos se estreitaram e ela lambeu os lábios, a língua cor de rosa saiu para molhar o lábio inferior e sua mão deslizou um pouco mais pousando sobre o seu coração. 

— Continue assim.

— Não gosto de falsidade.

— Também não. — Ela inalou profundamente, recostou-se, tirou a mão e enfrentou o bar. — Mas é necessário.

— Não entendo. Você tem segredos que precisam ser protegidos?

Envolveu a mão no vidro, ergueu-o e tomou um gole. Uma careta torceu suas feições e o deixou. — A queimação já passou, mas tem gosto de merda.

Inalou, o mau cheiro do álcool estava lá, mas nada que indicasse o gosto de excremento. — Não beba isso.

— Isso ajuda. — Ela ficou no bar. — Às vezes quero esquecer as coisas e quando estou machucada e ele me ajuda a adormecer.

Preocupação apoderou-se dele. — Você precisa de cuidados médicos? — Cheirou de novo, se inclinou um pouco mais perto e tentou inalar mais profundo para sentir seu perfume. Cheirava a morangos, sabão em pó, aveia, mas não pegou qualquer traço de doença. 

Ela virou a cabeça e sorriu. — O que você está fazendo?

— Você não tem o cheiro químico dos humanos que tomam medicamentos. São expelidos pelos poros. Você está doente?

— Não. Só tenho um gosto horrível para homens e meu pai me deixa louca. Acho que meu avô me deixou a casa de hóspedes, porque sabia que eu nunca falaria com meu pai de outra forma. Nós não nos damos bem.

— Ter um pai é difícil?

Largou a bebida e se virou para ele. — Você não tem ideia! Ele me deixa louca. — Colocou a mão em sua coxa perto do joelho e ele olhou para baixo para vê-la curvada sobre seu jeans. — Ele é um babaca às vezes, tão controlador e crítico. Sempre tive que ser perfeita ou me dava um sermão sobre isso. Ele não é, mas eu tenho que ser.

Seu olhar se levantou. — Os humanos sempre tocam nas pessoas quando falam?

Ela olhou para baixo, riu e apertou-lhe a perna. — Desculpe. — Levantou a mão e olhou para seu rosto. — Seus olhos são realmente incríveis. Já te disse isso? Acho que são tão bonitos. Você pode ver as cores e tudo mais?

— Sim. Minha visão é perfeita.

— Meu pai acha que você está misturado com um leão ou uma pantera. Você tem um rabo?

O surpreendeu o fato dela ter perguntado isso. Seus lábios se separaram, mas nada saiu.

— Tudo bem se tiver um. Ainda acharia você quente.

— Minha pele é mais quente que a sua naturalmente, mas não tenho um rabo.

Isso a fez começar a rir. Ele gostou do som e das covinhas que apareceram em seu rosto. Ela lambeu os lábios novamente. — Você é tão engraçado. Sabe dançar?

— Sim.

— Aposto que sabe. — Ela abertamente encarou seu peito. O pegou e suspirou. — Fora dos padrões. Imaginava. Tenho uma sorte de merda. Já te contei isso.

— Você gostaria de dançar? — O álcool havia afetado sua lógica uma vez que ela não estava fazendo muito sentido. — Você me perguntou se eu sei e disse que sim.

— Não tenho nenhum dólar. — Teve um ataque de risos e quase escorregou da banqueta.

Ele se aproximou e envolveu suavemente uma mão ao redor de sua cintura para se assegurar de que ela não perdesse o equilíbrio. — Dança comigo? — Ele estava parado e suavemente a deixou em pé. Ela balançou sobre seus instáveis, pés descalços, seus sapatos sob a banqueta, o qual não havia notado até aquele segundo. — A lentidão talvez faça você dormir. Não vou permitir que caia.

— Você quer que eu vá dormir. — Se inclinou sobre ele, seu corpo relaxado contra o dele e se sentiu pequena em seus braços. — Imaginava isso também. A maioria dos homens iria despir uma mulher e fodê-la enquanto estivesse bêbada.

— Você está intoxicada e irracional. Nunca iria fazer sexo com você.

— Que pena. — Sussurrou e virou sua cabeça, descansando em seu peito. — Agarrou seus bíceps. — Me mostre o quanto é bom nisso. Gostoso.

Ignorou a batida forte da música de rock e ajustou seu abraço para ela não cair caso desmaiasse. Movia seu corpo apenas o suficiente para ela se equilibrar em seus próprios pés.

— Seu cheiro é muito bom. — Seus dedos roçaram sua pele. — E você é tão grande.

— Obrigado. Não sou um perigo para você.

Ela se aconchegou mais e ele olhou para baixo, viu seus olhos fechados enquanto dançavam. — Não tenho medo de você.

As unhas dela se arrastaram na parte de fora do seu braço e ele reprimiu um rosnado enquanto seu pau endurecia ainda mais com a leve carícia. Foi uma péssima ideia compartilhar, especialmente com uma mulher que bebia álcool e admitia ser enganosa.

— Você tem namorada, Brawn?

— Não.

— Alguém está perdendo. Você foi um amor por dançar comigo.

— Esse é outro termo que nunca ouvi quando estou conversando. — Ele sorriu. — Você é divertida quando bebe, Becca.

— Obrigada. — Soltou seus braços e se esticou para agarrar o topo dos seus ombros. — Insultei você quando perguntei se tinha um rabo ou se podia ver cores? Não quis perguntar isso. Apenas escapou da minha boca. Essas são perguntas proibidas?

— De jeito nenhum. Você está curiosa sobre mim e eu sobre os humanos.

Ela levantou a cabeça e abriu os olhos. Parou de se mover contra ele, assim ele ficou parado, segurando seu olhar. — Você é uma mistura de leão ou de pantera?

— Não sei. Meus dados não foram recuperados.

— Posso tocar o seu cabelo? É tão longo e bonito que eu queria te perguntar mais cedo. É uma pena que você prenda para trás.

O pedido o surpreendeu. — O mantém fora do caminho. Vá em frente. Cresce muito rápido. Preciso cortá-lo novamente em breve.

Inclinou-se mais para ele e jogou um pouco do cabelo para seu peito. Seus dedos escovaram seu longo rabo de cavalo e sorriu. — Por favor, não faça isso. É tão macio quanto parece ser e seria um crime se você o cortasse.

A urgência de perguntar se podia tocar na sua cintura novamente, sem a blusa, para sentir sua pele macia o golpeou, mas resistiu. Seria inapropriado, sabia disso. Segurou a língua.

— Eu deveria ir para a cama. — Liberou seu cabelo, deslizou sua mão para o peito próximo do cabelo. — É, devo.

— Vou escoltá-la até sua porta, para ter certeza que não vai cair. Você está um pouco desequilibrada.

— Tudo bem. Obrigada.

Se afastou dele e ele soltou seus quadris. Cambaleou um pouco, mas conseguiu ficar em pé e andou para o corredor. A seguiu bem de perto e se preocupou enquanto subia as escadas. Não caiu e conseguiu fazer todo o percurso até seu quarto. Pausou, o espiou sobre seus ombros e olhou em seus olhos.

— Boa noite, Brawn. Belos sonhos.

Assentiu, se recusou a admitir que quando sonhava, eram lembranças desagradáveis do seu passado no cativeiro. Não queria contar sobre os pesadelos que o acordavam no meio da noite. Suando frio e certo de que a liberdade era apenas um desejo.

Fechou a porta, mas continuou lá ouvindo seus movimentos pelo quarto, caso ela desmaiasse. O sussurro de suas roupas sendo removidas reagiu em seus ouvidos aguçados e fechou os olhos, tentando pensar em outra coisa. Estava mais do que curioso em saber como ela seria nua. A cama acomodou seu peso, mas ficou esperando até sua respiração diminuir, para se assegurar de que estava dormindo.

Soltou uma respiração profunda, abriu os olhos e desceu as escadas para desligar o som e verificou se o andar de baixo estava seguro. Sentia-se como um peixe fora d’água na casa de Becca, longe de seu povo, no mundo exterior com os humanos.  

 

Becca acordou com um sobressalto, confusa no início sobre onde estava, antes da lembrança vir à tona. Estremeceu, se lembrou da maior parte da sua conversa de bêbada com seu hóspede e prometeu que pedir desculpas a Brawn seria a primeira coisa que faria pela manhã. Olhou para seu relógio de cabeceira e viu que era quase três da manhã. A razão pela qual acordou aos pulos soou novamente

Franziu a testa, escutando os latidos persistentes de Boomer, o cão amado de seus vizinhos. Não era normal para o pequeno cão ser tão barulhento, especialmente no meio da noite. Empurrou as cobertas para sair da cama. Atravessou o quarto, agarrou a cortina e puxou alguns centímetros para olhar por cima do muro que separava a propriedade da outra por trás da dela. 

Podia ver a casa de Mel e Tina do segundo andar de seu quarto e franziu a testa à visão que seu olhar sonolento encontrou. A casa estava totalmente iluminada, cada cômodo aceso o que não era normal também. Seus vizinhos estavam em seus quarenta e tantos anos, trabalhavam das nove as cinco durante a semana e normalmente só via algumas luzes acessas a qualquer hora. Era altamente duvidoso que estivessem fazendo uma grande festa no meio da semana, pois nunca fizeram.

Boomer latiu rapidamente, um som agudo veio dele e ficou assustadoramente silencioso. O coração de Becca parou e ela se virou, correu para seu armário e o abriu.  Seus dedos traçaram a prateleira superior, encontrou o material de seda e o puxou para baixo. Correu para a janela com o binóculo de Bradley  e o levou aos olhos enquanto puxava a cortina com o cotovelo. A manipulação rápida das lentes colocou a casa do vizinho em foco. 

No início, não viu nada de anormal. Mel e Tina não tinham cortinas ou persianas na parte traseira de sua casa. As casas eram muito distantes para se preocuparem com a necessidade de tê-las. Todos os terrenos das casas eram grandes para que as pessoas que viviam no bairro tivessem, naturalmente, privacidade, a menos que alguém usasse binóculos para espiá-los. 

A sala estava vazia. Moveu os binóculos até a cozinha aparecer, ainda não encontrando qualquer movimento. Moveu-se para a sala, onde Tina estava sentava em uma cadeira. O cabelo loiro platinado da mulher era algo fácil de notar, sua cabeça se agitava freneticamente e teve uma visão de algo prateado sobre a sua face inferior. 

— Que diabos? — Becca estava confusa com o que viu no rosto da outra mulher e depois entendeu. — Oh meu Deus! — Alguém cobriu a boca de sua vizinha com fita adesiva. Precisava ligar para a polícia. Estavam sendo roubados! 

Enquanto começou a se virar para procurar o telefone, alguém grande, vestido de preto, entrou na sala de Tina. Apesar de estar de costas, sabia que era um homem pelo seu tamanho. Sua mão se levantou. Um leve som de estalo chegou ao seu ouvido quando Tina caiu para trás na cadeira. 

— Merda! — Becca sussurrou. O rosto de Tina foi destruído. Sangue, sangue e uma massa disforme com cabelo loiro platinado eram tudo o que restava. O ladrão assassinou sua vizinha, com um tiro no rosto. 

Becca se virou, jogou os binóculos de lado e correu para sua mesa de cabeceira. Sua perna bateu na cama e quase caiu no quarto escuro, mas encontrou o telefone na mesinha. Seu ouvido encontrou silêncio em vez do tom de discagem, quando levantou o receptor. Estava com medo de acender a luz, não queria se arriscar a alertar o assaltante caso se aproximasse para olhar o quintal. Discou o número. A droga do telefone estava mudo.

Não entre em pânico e pense! Meu celular! Deixou a bolsa lá embaixo em algum lugar perto da porta da frente. Abriu a primeira gaveta bem devagar, seus dedos procuraram e encontraram o frio metal e pegou a arma. Pesava em sua mão, mas que se dane se iria deixar aquele idiota também matar Mel e escapar. Poderia ainda estar viva e poderia não ter tanto tempo até a polícia chegar. 

Tropeçou na porta, bateu na parede ao lado dela e deixou-a aberta. Becca ignorou o interruptor da luz no corredor, sabendo que o ladrão iria ver as luzes se acenderem se estivesse olhando em direção ao quintal dela. Um soluço escapou de sua garganta. 

Tentou se manter calma enquanto corria pelo corredor escuro, calculou mal a posição da mesa e bateu nela. Becca xingou baixinho e segurou o joelho. Pulou alguns passos e agarrou a arma mais apertado para evitar que caísse. 

Um movimento a fez ofegar quando uma forma escura se moveu a sua frente. Abriu a boca para gritar, mas se lembrou que Brawn estava em sua casa. A sombra escura ficou na frente de seu quarto. Um grande alívio se apoderou dela enquanto mancava para mais perto. 

— Acabei de ver minha vizinha ser assassinada. — Sussurrou. — Não acenda as luzes.  O homem pode vê-las e ir embora. Estou chamando a polícia.

— Você tem certeza?

— Atirou no rosto dela. — Becca engoliu seco e sentiu as lágrimas quentes escorrendo por seu rosto. — Você não ouviu o som de... — Fez um som chorando — Ela está morta. Seu rosto estava destruído e havia sangue. Meu celular está na minha bolsa lá embaixo. A linha telefônica está muda no meu quarto. Não quero que o homem escape. — Passou por ele até as escadas. 

Um par de mãos, de repente agarrou seu braço. 

— A linha telefônica está muda?

— Sim.

Rosnou. 

— Deixe-me ir. Tenho que pegar meu celular e tenha cuidado, peguei a minha arma. Esse idiota não vai fugir se eu tiver que atirar no desgraçado para mantê-lo ali até a polícia o prender.

— Quantos homens você viu?

— Um. Deixe-me ir. Tenho que chamar a polícia e chegar lá antes do cara fugir.

— Você não acha preocupante o fato de sua linha telefônica estar muda e sua vizinha ter sido assassinada? — Sua voz era suave. — Fique aqui. Tenho um telefone celular no meu quarto. Não se mova.

Becca se encostou na parede, percebendo que suas emoções estavam embaralhadas pelo sono e o choque e que provavelmente não era uma ideia brilhante escalar um muro para enfrentar um assaltante com uma arma. Enquanto não descobrisse que alguém o viu, tomaria seu tempo roubando a casa e ela não viu Mel. Poderia estar com Tina ou já estar morto. 

— Certo.

As mãos a soltaram e ele voltou para o quarto. Ela ficou ali segurando a arma, tentando se recompor. Enxugou as lágrimas, se acalmou o suficiente para perceber que ainda estava um pouco bêbada e Brawn estava certo. Chamar a polícia era fundamental. A voz suave de Brawn acalmou seus nervos em frangalhos quando se aproximou dela. Sua forma escura parou a centímetros dela. 

— Envie a polícia e ajuda. — Ordenou, a luz tênue de seu telefone celular morreu quando fechou. 

— Entrei em contato com meu povo e nos enviarão ajuda em breve.

— Dê-me seu telefone. Precisamos ligar para a polícia.

— Eles estão fazendo isso agora. Estão nos enviando ajuda.

— Nós não precisamos de ajuda. Você precisa me dar o telefone. A polícia precisa chegar à casa de Tina. Mel está lá e ainda pode estar vivo. Me dê o telefone celular. Ele não pode se safar dessa. Precisam pegá-lo e ainda estou um pouco bêbada. Quero ir lá para explodir o desgraçado do jeito que fez com Tina e o enviar para o inferno, mas provavelmente vou ser presa por matá-lo embriagada.  Não posso acreditar que isso está acon...

— Fique quieta. — Brawn de repente sussurrou baixinho. 

— Sei que eu... — Uma mão tampou sua boca e girou ao redor dela, puxando-a com força contra o corpo dele. Um dos braços envolveu sua cintura e sua respiração soprou em seu ouvido. Seus longos cabelos faziam cócegas em seu braço. 

— Alguém está lá embaixo. — Sussurrou. 

Terror a invadiu... mas poderia ser seu pai. Talvez tivesse ouvido Boomer latir ou o som da arma disparando. Boomer nunca latia a noite, o tiro soou fraco, diferente de qualquer som que já ouviu, seu pai era um especialista em armas. Conhecia todas pelo som quando disparadas e teria identificado instantaneamente. 

Iria verificá-la primeiro e viria armado, uma vez que dormia com as armas em sua gaveta de criado-mudo. Inferno, ele colocou uma arma no criado de Becca no caso de alguém invadir a casa. Estava sempre carregada, pronta para disparar. Queria dizer a Brawn quem podia ser, mas a mão dele sobre sua boca a impediu. 

Becca pulou quando um ruído veio de baixo, um som estranho que nunca ouviu antes e não tinha ideia do que o causou. Foi um suave som de motor e logo houve um som brando. Seu pai teria golpeado as escadas, procurando por ela. Estaria tão preocupado e viria atrás dela como um touro para protegê-la. 

Seu coração bateu mais forte e falhou quando percebeu que não era seu pai lá embaixo fazendo os ruídos. Brawn apertou a mão dele sobre sua boca e fez o mesmo com o braço em volta da cintura. Seus dedos deixaram o chão quando a ergueu na altura do seu corpo, os levando para dentro seu quarto. 

— Não faça nenhum barulho. — Sussurrou. 

Becca manteve os lábios bem fechados quando a mão saiu de sua boca. Ele usou a mão livre para muito calmamente fechar a porta do quarto, trancando-a. Moveu-se então, rápido o suficiente para deixá-la tonta e a ergueu ainda mais, pois suas pernas bateram no lado de sua cama quando os manobrou para o pequeno banheiro. 

— Sinto o cheiro de quatro homens dentro de sua casa. — Manteve sua voz baixa para que só ela pudesse ouvi-lo. — Sinto o cheiro de sangue também, mas acho que é de animal. Quero que você se sente no chão, no canto e fique muito quieta. Não faça nenhum ruído. Você me entendeu? Balance a cabeça se você entendeu. Não fale ou atire em mim por acidente. — Fez uma pausa, colocou uma mão em volta da dela e pegou a arma de seus dedos. — Vou ficar com isso. Você ainda está embriagada.

Balançou a cabeça, não entendia como ele sabia disso, mas não podia protestar. 

Ele a desceu e o metal tilintou quando colocou a arma no chão. Ambas as mãos agarraram-na, a virou de frente para ele, antes de soltá-la e agarrar o topo de sua cabeça. A empurrou, forçando-a a descer. 

As mãos dela esfregaram o peito dele, quente e nu quando usou seu corpo para acalmar seu tremor. A adrenalina e o álcool ainda em seu sistema tornavam seus movimentos instáveis. Ela abaixou, suas mãos deslizando em sua pele até que atingiu o algodão de seu moletom e percebeu que em qualquer outra circunstância isso provavelmente seria indecente enquanto se agachava diante dele até que seu rosto esteve em sua virilha. 

Suas costas roçaram na parede, o que a fez perceber que a encurralou perto da pia e da prateleira das toalhas. Ele soltou sua cabeça e se afastou. Ela levantou o queixo, mal detectando o movimento da sua sombra escura até que ele chegou à porta, onde a luz tênue do lustre da casa principal, que seu pai sempre mantinha acesa, ficava mais fácil de ver, iluminava algo em seu quarto inclusive através das cortinas fechadas da sala. 

Se agachou ali, percebeu que sua camisola estava enrolada na cintura e as pernas nuas estavam expostas. Se a luz estivesse acesa Brawn seria capaz de ver sua calcinha e estava numa posição indigna com as pernas abertas. Não se mexeu, porém, com medo que caísse ou fizesse algum barulho. A ajuda estava chegando e Brawn estava perto. Não estava sozinha. 

Novas Espécies possuíam uma incrível audição e visão noturna. Seu pai lhe disse isso uma vez. A outra coisa que contou era que tinham a capacidade de farejar dos cães de caça. Foi assim como ele chamou. Disse que a maioria deles poderia sentir cheiros que outros não podiam. Brawn disse que cheirou quatro homens dentro de sua casa. 

Como ele sabe que são homens? Mordeu o lábio para se impedir de sussurrar a pergunta para ele. Disse que também sentiu o cheiro de sangue de animal. Boomer. Ele fez aquele som horrível antes do latido ter parado. Será que sentia o cheiro do sangue de Boomer? Esse pensamento deixou-lhe muito sóbria. 

Manteve seu olhar fixo na sombra de Brawn, enquanto se agachou, e pegou algo debaixo de sua cama e voltou para o banheiro. Permaneceu ali, como se a protegesse e isso a fez se sentir melhor até que um rangido chegou aos seus ouvidos. Sabia que era o terceiro degrau no topo da escada. Sempre fazia aquele som quando alguém pisava e isso significava que estavam subindo as escadas. 

Nada fazia sentido. Por que o homem que matou Tina estaria dentro de sua casa? Brawn disse que cheirou quatro. Se disse isso, provavelmente era verdade. O homem que matou Tina não poderia ter invadido sua casa tão rápido, o que significava que havia pelo menos cinco deles. Poderia ser uma quadrilha de arrombadores visando o bairro. Queria avisar Brawn, mas temia fazer barulho. 

A porta do quarto repentinamente abriu com um estrondo e algo bateu nela com força. A madeira se estilhaçou e Becca colocou a mão sobre a boca para abafar o grito. Saltou, pressionando as costas firmemente na parede e continuou com o seu olhar aterrorizado fixo em Brawn. 

Ele não se moveu, o som não pareceu assustá-lo, mas então algo caiu no chão de madeira. O quer que fosse soou como metal e rolou fazendo um som característico. Isso fez o grande Espécie se mover. Se levantou, girou e seus olhos se arregalaram enquanto seu corpo bateu no dela antes que ela percebesse o que estava acontecendo. 

O ar foi empurrado de seus pulmões pela força do corpo pesado dele atingindo o dela. Bateu no chão a seu lado e seu peso a esmagou impiedosamente enquanto a cobria. A explosão de dor, em proporções ensurdecedoras penetrou cabeça dela e uma luz brilhante a cegou, embora estivesse   com as pálpebras fechadas. O chão tremeu sob as costas e coxas com a força da explosão. 

Um rugido saiu de Brawn, ainda mais ensurdecedor desde que sua boca estava a centímetros de seu ouvido, e rolou para longe. O peso foi embora de seu corpo, abriu os olhos e lutou para inspirar o ar de volta para seus pulmões. O viu correndo para fora do banheiro quando as luzes do quarto foram acesas e a fumaça pairava perto do teto. Era branca e subia rapidamente. 

Brawn abriu fogo, o som dos tiros a fez recuar e ficou boquiaberta ao vê-lo em apenas uma calça de moletom cinza-escuro, uma arma do tipo Berretta bem apertada em sua mão. O cano brilhou quando balas foram disparadas. Alguém gritou, mal distinguível na confusão. Brawn rugiu novamente, um som feroz e aterrorizante, e jogou seu corpo para trás, para o banheiro. 

Estranhos artefatos de metal bateram na porta do banheiro a centímetros dele. Pelo menos seis deles, com poucos centímetros de comprimento, cavaram na madeira fina. Brawn pulou para fora do banheiro, lançou seu corpo grande na cama e abriu fogo novamente. Só saiu dois tiros antes da arma travar ou ficar sem  balas. 

Becca estava ofegante, chocada demais para se mover e seus olhos se arregalaram quando três homens todos de preto de repente se jogaram em cima do Nova Espécie. Ele usou as pernas para jogar um deles por cima de seu corpo enquanto ela olhava em choque horrorizada. O homem bateu no teto forte o suficiente para chover gesso antes dele cair na cama, bateu ao lado da cama e saltou para o chão. 

Mexa-se! Sua mente gritou e de alguma forma se esforçou para rolar. Sentia seus membros pesados, desarticulada de seu cérebro e seus ouvidos zumbiam com os ruídos altos. Estava tonta quando se levantou e golpeou a palma da mão dolorosamente na bancada da pia. Metal roçava nas pontas dos dedos e a fez lutar mais para ficar de joelhos. Virou a cabeça para olhar para Brawn. 

Outro atacante foi jogado em direção à porta do quarto no corredor. Brawn torceu o corpo, virou as pernas e saltou para fora da cama em um piscar de olhos, com a cama agora entre ele e a porta do quarto. Recuou, rosnou ferozmente e rugiu. Seus dedos em ambos os lados curvados em garras e os dentes afiados. O homem que bateu no teto sentou-se e lutou para ficar em pé. 

Becca agarrou a arma, oscilado em seus pés e tropeçou perto da porta do banheiro quando colocou o dedo no gatilho. Brawn estava indefeso, sem uma arma, preso entre a cama, as janelas e enfrentando o perigo. Sabia como atirar e era muito boa. Seu pai a criou para nunca disparar uma arma, a menos que estivesse pronta para matar. E estava. 

Quase chegou à porta quando o bastardo estúpido que se levantou do chão tentou atacar Brawn. Congelou enquanto via o Espécie dar um golpe com sua grande mão na garganta do homem de preto, então o empurrou com força com a outra mão. O homem voou em sua direção. 

Algo quente e úmido salpicou seu rosto quando o homem que Brawn golpeou caiu no chão entre a cama e a porta do banheiro. O rosto do atacante virou em seu caminho e não havia como impedir a visão terrível de seu rosto cortado, da orelha até a boca. Os olhos do estranho estavam abertos, apavorados e piscava.  Sangue fluía da ferida horrível, agrupando-se no chão debaixo da sua boca e fez um som sibilante. Olhos sem vida encararam Becca depois que deu seu último suspiro. 

O tempo congelou. Era surreal, muito impactante para sua mente processar os acontecimentos até que o sangue se espalhando lentamente pelo chão quase tocou os dedos dos seus pés. Isso a fez voltar para o presente. Apenas alguns segundos se passaram e percebeu que a umidade em seu rosto era também sangue. 

Algo metálico atingiu o piso de madeira na sala ao lado e rolou. Se desvencilhou, curvou-se, tentando se proteger da granada de atordoamento. Tinha certeza de que foi isso que fez o som. Brawn rugiu novamente, mas não conseguia ouvir nada além da grande explosão que destruiu o quarto e parecia perfurar seu cérebro. Mesmo com os olhos bem fechados e de costas para a luz, ficou cega por um segundo pela luminosidade branca e chamuscada. 

Conseguiu ficar de pé, se recuperou rápido e girou em volta enquanto se endireitava. Ergueu a arma em suas mãos dormentes para apontar para a porta e ficou boquiaberta com a visão de Brawn esparramado imóvel na cama. Tinha acabado de cair de joelhos, a parte superior do corpo descansou no colchão e seu cabelo estava sobre os lençóis. Não se moveu, mas notou seu peito se movendo um pouco e se assegurou que respirava. 

Alguém pisou na frente da porta, impedindo a visão de Brawn e cambaleou para trás. O homem estava todo de preto, com o rosto coberto por uma máscara e óculos de proteção que escondia até mesmo seus olhos. Eram redondos e coloridos, não aqueles de visão noturna, mas menor. Sua mão tremia quando se lembrou de manter a arma apontada para ele. 

— Calma. — Exigiu rispidamente. 

As mãos do homem lentamente se ergueram ao longo do corpo, em linha reta, e Becca viu uma arma estranha em sua mão. Nunca viu qualquer coisa parecida. Era volumosa com um cano largo, uma versão maior de um revólver, com um cilindro redondo na base. Olhou para as coisas de metal na porta antes de sua atenção voltar para o rosto e olhos cobertos. Aquela coisa atirou essas coisas. Sabia disso, embora não soubesse o que era. 

— Não se mexa. — Sua voz tremeu. — Vou atirar.

— Calma. — Repetiu, sem mover um músculo. — Você não tem chance de sobrevivência se me matar. Puxe o gatilho e meus homens te matarão. Você me entende? — Terror tomou conta dela. Sabia que havia mais deles, que não estava blefando, mas mataram Tina. E a matariam também. Não eram assaltantes.  Esse fato foi compreendido rapidamente e fortemente. Se vestiam da forma como os homens de seu pai quando iam para operações secretas. Viu o suficiente das roupas de seu pai para conhecer uma roupa militar quando via uma. Que maldição estava acontecendo? 

— Viemos pelo Nova Espécie. — Manteve sua voz baixa e calma. — Isso é tudo.  Abaixe a arma, moça. Você não é o nosso alvo.

— Você não pode tê-lo.— Sua voz saiu um pouco mais forte. — Não sou estúpida e não vou abaixar essa arma. Não vou errar. — Ajustou a mira para se certificar de que ele soubesse que apontou para o centro de seu crânio. — Diga a seus homens para dar o fora ou vou limpar seu cérebro das paredes por semanas. Chamei a policia. A polícia deve chegar aqui a qualquer segundo.

— Merda. — Sussurrou uma voz masculina do outro lado, dizendo-lhe que outro homem estava a centímetros da porta e dentro do alcance do imbecil que explodiu a porta do banheiro. 

— Diga para seus homens recuarem. — Seu dedo apertou um pouco o gatilho. — Estou assustada, apavorada, e poderia atirar em você, se vir um menor movimento.

— Saia. — O homem que parecia no comando ordenou. — Ela tem uma Berretta apontada diretamente para a minha cabeça.

— E sei como usá-la. — Disse para assustar. Olhou para o espaço entre a cabeça do homem e a porta e viu Brawn ainda imóvel. Sua atenção se voltou para a ameaça. — Mova-se bem devagar e solte sua arma. — As mãos se abriram e a arma estranha pousou no homem morto no chão. 

— Você é uma policial?

— Não, mas não vou errar a mira. — Limpou a garganta. 

— Você é seu segurança?

— Não, mas te matarei para protegê-lo. Você não vai levá-lo. Dê ordens para seus homens deixarem a minha casa, mas você não se mova. Você é minha garantia de que eles não tentarão nada estúpido. E se o fizerem, você está morto.

— Sua casa? Ele vive com você?

— Cale a boca e faça o que eu disse. Mande seus homens para fora. — Hesitou. 

— Certo. — Os dedos de sua mão aberta se sacudiram a seu lado em um movimento de onda. 

Relaxou um pouco, um erro da parte dela, pensando que silenciosamente ordenou aos seus homens saírem com o sinal de mão. Em vez disso balas explodiram através das paredes. Puxou o gatilho e jogou seu corpo no chão. Um peso caiu sobre suas costas. Não conseguia nem gritar com a dor de estar sendo esmagada e a arma foi arrancada de seus dedos. Quem quer que estivesse a esmagando, deslocou seu peso e uma mão se fechou dolorosamente em seu cabelo, forçando sua cabeça para trás. Engasgou ar e gritou. 

Um cotovelo se cravou nas costas dela, cortando o som causado pela dor e o corpo se levantou. Viu a arma perto do banheiro, longe demais para agarrar antes que fosse arrastada pelo aperto violento em seu cabelo na base do pescoço. Balançou em seus pés, agarrou a mão enluvada e percebeu que errou, não matou o filho da puta. 

— Alguns centímetros fora de sua marca, mas você acertou a minha bochecha. — Parecia irritado. — Você vai pagar por isso, vadia.

Empurrou-a com força. Ela bateu na parede e gemeu. Virou-se, sabia que iria morrer e rezou para que seu pai tivesse tido sorte no encontro. Senão teria ouvido as explosões e tiros da casa principal. Os imbecis ou mataram seu pai antes de atacarem sua casa ou passou a noite em outro lugar. Caso contrário já teria ido atrás dela. Olhou para o filho da puta que a prendia. Foi gratificante ver o rasgo no material preto perto de sua orelha, a cor vermelha apareceu da  sangrenta ferida que a bala infligiu e esperava que deixasse uma cicatriz horrorosa. Seu queixo se levantou quando olhou para ele e seus dedos se fecharam em punho de lado. 

— Foda-se — Mais duas figuras vestidas de preto entraram no banheiro, puxaram as armas estranhas e apontaram para ela. Um deles falou. — Você está bem, Randy?

— Tudo bem. — Suspirou seu líder. — Ela acertou minha bochecha, mas me esquivei. — Ela olhou para cima e percebeu que atiraram no alto da parede que separava o quarto e o banheiro, para acertarem onde estava de pé. Era confuso, pois tinha certeza que estavam tentando matá-la. 

— Quem é você? — Randy chegou de repente e agarrou-a pelo pescoço, a puxou para longe da parede pelo cabelo novamente. Puxou forte o suficiene para empurrar sua cabeça para trás enquanto a puxava apertando contra ele. Podia detectar cigarros em sua respiração, que se espalhou através do material sobre sua boca. 

— Ela é um deles? — Um de seus homens foi para o lado dela. 

— Não. Humana. Tenho certeza. Não é um Nova Espécie. Seus olhos são normais. Alguém entrou no banheiro. 

— Estamos conectando uma conversa. Nossa segunda equipe acaba de interceptar a polícia. Estão chegando. Temos quatro minutos.

— Merda. — Randy sussurrou. A soltou e empurrou contra a parede. Agarrou sua orelha ilesa e deu um tapinha. — É o cão alfa. Temos uma mulher dentro do banheiro. Ela está, obviamente, fodendo com ele desde que admitiu que é sua casa e estavam ambos trancados em seu quarto. — Parou por alguns segundos. — Ela está viva. Verifiquei e não é um deles, ela é humana. — Parou de novo. — Entendido. Vou levá-la com ele. — Bateu em seu ouvido para cortar a transmissão. 

Agarrou os cabelos, puxou-a para longe da parede e agarrou sua camisola também enquanto a girava. — É seu dia de sorte. Você vai viver. Mova-se. Se tentar alguma coisa vou machucá-la muito. Recebi ordens de levá-la respirando, mas ninguém disse que não posso fazê-la sofrer. — Parou na porta do banheiro. O homem morto estava a centímetros de seus pés descalços. Sentiu o calor úmido no chão como xarope quente. Não olhou para baixo para verificar se estava pisando em sangue. Não precisava ver para saber. Náuseas surgiram e fez um som de engasgo. 

Uma mão apertou sua blusa e o homem a puxou. — Vomite e vou quebrar a merda de sua mandíbula.

 Becca lutou freneticamente para frustrar a vontade. Observou, impotente, dois homens levantarem Brawn da cama. O agarraram sob as axilas e o arrastaram para a porta. Quem são esses idiotas? Estava apavorada. Qualquer agência de aplicação da lei teria se identificado antes de atacar. Isso era totalmente o oposto da aplicação de lei. Talvez mercenários? Becca tremeu com o pensamento. Seu pai disse que a diferença entre eles e um soldado era de que seus homens só matavam quando emitidas ordens. 

Mais três homens vestidos de preto, seus rostos e cabelos escondidos, entraram no quarto. Um deles puxou outra dessas armas incomuns, mirou Brawn na perna e disparou. O dardo atingiu a coxa de Brawn, mas não se mexeu, ainda inconsciente. 

— Com esse são dois. — O homem que atirou nele suspirou. — Vamos manter o controle. Não queremos matá-lo. Em 15 minutos vamos dosá-lo novamente.

— Maldição. — Outro homem xingou suavemente. — Isso não vai matá-lo? É muito.

— Eles têm tolerância elevada a drogas por causa de todos esses anos de testes e têm um metabolismo rápido. Você não quer que esse filho da puta acorde até colocá-lo numa cela. Seria o último erro que você iria querer cometer.

— Não foi tão difícil pegá-lo.— Randy riu. — Foi mais fácil do que pensava.

O homem que disparou o dardo em Brawn, balançou a cabeça. — Foi a mulher. Não podia fugir então teve que lutar. Se não fosse por ela não o teríamos pego. Teria fugido pela janela e corrido milhas daqui antes de chegarmos ao quarto. Ele trancou a porta e estava esperando por nós quando atacamos, para protegê-la. Nos ouviu chegar.

Becca se sentia mal. Brawn não teria sido capturado se tivesse passado a noite na casa de seu pai. Merda. 

— Vamos sair. A polícia estará aqui em breve. — Randy a empurrou por trás. — Ande.

O atirador mantinha a arma volumosa no coldre em sua coxa, se moveu para frente e agarrou a perna de Brawn. Três deles o carregaram para fora e foi forçada a seguir atrás do trio. Randy a segurava bem apertado e não se incomodou em lutar. Eram muitos para ela vencer. Obviamente foram bem treinados enquanto que o pai dela a obrigou a fazer artes marciais, era realista. Saíram pelo fundo da casa onde a porta de correr foi totalmente removida, deixando um buraco na parede.

Carregaram Brawn pelo muro do fundo da casa de Tina e Mel. Um homem soltou a perna de Brawn e escalou a parede, enquanto os outros dois ergueram os membros para levantar o corpo. O som distante de uma sirene fez Becca lutar contra a urgência de atacar Randy. Poderia o surpreender, talvez, e correr para a escuridão. Não teriam muito tempo para encontrá-la antes da policia chegar, mas também poderiam atirar em suas costas. Matá-la.

Brawn foi capturado por que se recusou a fugir sem ela. Cerrou seus dentes quando o imbecil a empurrou no muro. Não iria deixar Brawn. Estava indefeso, drogado e poderia ter alguma oportunidade de salvá-lo.

Nunca deixe um homem para trás. Esse era um dos lemas preferidos de seu pai. Merda! Não iria abandonar Brawn.

 

Becca sentiu a esperança de que talvez a polícia chegasse e salvasse o dia, até que foi empurrada para dentro de uma van preta estacionada na entrada da casa de Mel e Tina. Viu um adesivo branco do logotipo de segurança em todo o lado dela. Eram inteligentes, os policiais provavelmente não iriam pará-los, imaginando que estavam ali para responder a um alarme silencioso. Seu otimismo morreu. 

Randy a empurrou para dentro da traseira bem iluminado da van e foi direto para uma grande cela. Sentou em algo quente. Brawn estava esparramado sob ela, não se movia, os olhos fechados. Um som alto atrás dela a fez saltar quando a porta da gaiola bateu fechado-a, trancando-os juntos. 

Becca viu homens se agrupando na metade da frente da van de porte comercial. A parte do motorista e do passageiro se abriu para admitir mais dois  homens. Eram sete no total. O rosto do motorista não estava coberto e tinha certeza que, da parte de trás de sua cabeça, era o idiota que baleou Tina. Se virou para olhar para trás. 

— Vamos sair, pessoal. — Riu. — Isso foi dinheiro fácil. — O motor foi ligado e a van seguiu adiante, a levando embora. Risadas soaram na van depois que um dos homens fechou uma cortina da frente para que pudessem manter as luzes acesas sem ninguém vê-los.

 — Bem, não para Smitty. — Mais risadas. — Ele era um idiota de qualquer maneira.

— Talvez devêssemos ter levado o corpo dele conosco.

— Não. Irá confundir a polícia. Ele tem uma lista de roubos.

Becca não podia identificar quem estava falando pois estavam com boca coberta. Moveu seu corpo para aliviar o seu peso de Brawn. A gaiola era grande, projetada para um animal grande, mas não grande o suficiente para mantê-la sem pressionar contra ele um pouco. Se acomodou no chão da gaiola em seu traseiro e inclinou-se contra seu peito. Estudou o rosto com preocupação e colocou dois dedos em seu pescoço para sentir o pulso fraco, mas constante. 

— Vê? Deve ser amor. Ela o está tocando. — Outro riu. 

— Não me importaria se ela me tocasse.

— Eu também não.

Becca ignorou enquanto tirava o cabelo de Brawn de cima da sua testa depois de perceber um arranhão acima de sua sobrancelha. Não era profundo, não sangrou muito e deslizou os dedos pelos seus cabelos para sentir se tinha feridas escondidas. Percebeu a textura sedosa quando o examinou, mas não encontrou quaisquer sinais de traumatismo craniano. 

— Acha que ela vai transar com ele? — Alguns deles riram. 

— Bem, se não for com ele, talvez um deles. — Mais risadas. 

— Acho que vou ser monitor voluntário quando voltarmos. Quero ver se o Doutor vai colocá-los para transarem. — Riram mais. 

Becca rangeu os dentes e olhou para cima. Olhou para as cabeças viradas em seu caminho e encontrou os olhos dos homens a observando, uma vez que removeram seus óculos enquanto cuidava de Brawn. 

— Vocês cometeram o pior erro de suas vidas. Meu pai vai caçar e matar todos os envolvidos, então espero que gastem o seu dinheiro rápido. — Um deles riu.

 — E quem é seu papai, bonitinha?

— Ele mora na maior casa da propriedade que você acabou de invadir e odeia mercenários. — Disse isso para ver se respondiam. Precisava de respostas e cada palavra poderia ser uma pista para o tipo de bagunça que estava lidando. 

— Odeio te desanimar, mas ninguém irá te encontrar no buraco onde vai ficar. Seu pai estava, provavelmente, encolhido embaixo da cama, quando ouviu os tiros. Todos os idiotas conversam com seus filhos. — Mais risadas. 

Becca não sabia por que esses homens queriam Brawn e não tinha certeza por que não a mataram. Obviamente não tinham escrúpulos em matar pessoas inocentes já que Tina estava morta. Alívio a percorreu porque descobriu algo com certeza. Seu pai chegaria na casa às oito da manhã para pegar Brawn. Ele estava vivo. 

Tim Oberto moveria o céu e o inferno para encontrar sua única filha. Poderia levar tempo, mas iria. Rastreava e descobria Novas Espécies que estavam sendo mantidos em cativeiro. Seu olhar desceu para Brawn. Parecia diferente dormindo, vulnerável ​​e menos intimidante. Seu pai e sua equipe viriam para ela e Brawn. Só tinha de mantê-los vivos por algum tempo. Vai demorar horas? Dias? Semanas? Lutou contra as lágrimas, se recusou a dar àqueles imbecis a satisfação de vê-la assim, mas não era fácil. Poderiam sobreviver horas, dias ou semanas? E se meu pai nunca nos encontrar? 

Empurrou o pensamento para longe. Ele era bom no que fazia. Havia um corpo morto em seu quarto e enquanto os homens que os sequestraram pensavam que deixando ele lá iria confundir os políciais, seria uma pista para seu pai.  Faria mais do que uma verificação de antecedentes. Despedaçaria a historia do homem morto até encontrar todos os imbecis dessa van e iria fazê-los falar e revelar o que aconteceu com ela. 

— Alguém ligou para a cadela para deixá-la ciente que temos o macho e pegamos a sua namorada? Talvez recebamos um bônus.

— Eu liguei. — A voz de Randy era reconhecível. — Ela está animada. Realmente queria uma cobaia sem as drogas. Acha que as drogas vai arruinar o  experimento. Acredita que pode ser a chave para o sucesso. Foi o mais feliz que já ouvi.

— Talvez ela devesse subir em uma das jaulas com um dos machos. Ela é uma vadia horrível e estaria apavorado demais para não fazer o que ela quer.

— Ela é muito seca para fazer qualquer coisa molhada. — Um deles riu. — Ou pode ter pensado nisso. Sei que se me olhasse e dissesse para eu abaixar minhas calças preferiria comer a minha arma, mas ficaria apavorado demais para recusar.  Eu ficaria duro de medo. — Risadas surgiram na van. Um deles bateu no painel da van. 

— Imaginem a cadela se curvando. — Caiu na gargalhada. 

— Que tal imaginá-la se inclinando na frente do 358? Quem seria mais aterrorizante de ver? Ele indo para ela ou para seu rosto?

— Esqueçam o rosto da Dra. Elsa. Você gostaria de vê-la nua? Ainda bem que eu pulei o jantar. — Riram. 

— Imaginem ela falando safadeza. Ou pior, tendo um pirralho? Não me importo quem transe com aquela vadia, mas será o bebê mais feio se for parecido com ela.

Estavam todos rindo, mas Becca sentia medo. Quem quer que fosse a Dra. Elsa, não era apreciada pelos homens que controlava. As coisas que diziam dava-lhe informações, embora mantivesse seu olhar em Brawn, esperando que continuassem falando. Quanto mais dissessem, mais aprendia. Número 358 era uma pessoa. A todos os Novas Espécies foram dados números em vez de nomes quando estavam como cobaias nas instalações da Mercile. 

Adivinhou que o número era para ser atribuído a Brawn, o que significava que os idiotas foram atrás dele. Se sabem o seu número de laboratório, então ... merda. Devem trabalhar para as Indústrias Mercile com certeza. Esse tipo de informação era altamente secreta. Seu pai não poderia mesmo obter autorização. Também disse que a equipe do Mercile incendiou os seus registros médicos e destruíram os computadores na invasão, quando obtiveram mandados de busca para encontrar os Novas Espécies.

Por que a Mercile quer Brawn vivo? Fazia mais sentido se só quiserem matá-lo. A ONE quebrou a empresa com processos mensais tentando destruí-los financeiramente. Para cada Nova Espécie encontrada e recuperada, outra ação judicial e acusações criminais eram movidos contra eles e mais prisões eram feitas. 

A Organização dos Novas Espécie foi inteligente. Estavam se certificando que a Mercile nunca se recuperasse o suficiente para reiniciar suas pesquisas. 

— Ei! — Um dos homens gritou. 

Becca saiu de seus pensamentos para olhar para cima. Um deles chegou mais perto, olhando para ela com olhos azuis estreitos. 

— Você vai querer se afastar. Temos que sedá-lo novamente. Dra. Elsa quer você acordada e alerta quando chegarmos lá. Além disso, uma aplicação desta merda e você morre de uma overdose.

O homem apontou a arma e Becca se afastou tão longe de Brawn quanto pode. Arrancou o dardo dele e jogou para trás no segundo em que escondeu a área com seu corpo quando se inclinou contra ele novamente na tentativa de impedir de ter uma dose completa do tranquilizante. 

Atiraram nele mais algumas vezes com o passar do tempo. Os removia tão rapidamente quanto possível, sem despertar suspeita e ficou preocupada. Iriam matá-lo com uma overdose. Tentou convencê-los a parar, mas se recusaram a ouvir. O pulso manteve-se estável e apertou os ouvidos em seu coração, se tranquilizou por continuar a bater com força em seu ouvido. Seu corpo grande a manteve quente enquanto os quilômetros passavam, levando-a longe de casa. 

O medo foi instantâneo quando a van finalmente parou e o motor morreu. Sentou-se e sentiu dor. As barras da gaiola sob a seu traseiro fazia com que doesse e depois de nenhum movimento por um tempo prolongado. A sensação de alfinetes e agulhas espalharam-se por um lado de seu traseiro até o quadril. Os homens saíram da van para deixá-la sozinha com Brawn. 

Estendeu a mão em seu rosto, em concha e o esfregou. — Brawn? Você pode me ouvir? Acorde! — Se certificou de manter a voz baixa. Nem sequer se mexeu e se assustou quando as portas da van foram abertas atrás dela. Sua mão esquerda largou o rosto de Brawn enquanto se virava para olhar os cinco homens que se aproximaram da porta da gaiola. Um destrancou e a escancarou. Retirou uma arma de dardos e apontou para seu peito. 

— Saia. — Ordenou. 

Teve que lutar contra a rigidez de seu corpo para se mover. Ela saiu e seus pés descalços tocaram o concreto, frio e duro. Olhou para a grande sala que lembrava um deposito com teto super alto e vigas metálicas expostas. Havia um pequeno número de grandes janelas perto do teto dos lados. Uma mão agarrou seu braço e a conduziu longe da van. Virou a cabeça para ver os quatro homens levantarem Brawn por cada um dos seus membros. Pendia enquanto o seguravam e seu longo cabelo se arrastava no chão e o levou em direção a uma escada do outro lado da sala. Ver Brawn, um homem de seu tamanho, indefeso desse jeito, fez Becca sentir medo. Engoliu seco e perguntou que tipo de inferno iria enfrentar. 

O homem agarrando seu braço deu um empurrão forte, a forçando seguir Brawn e apressou o passo. Não queria perdê-lo de vista. As escadas eram largas e de metal, os levando para uma quase escuridão abaixo. Seu olhar brilhou quando olhou para cima, para as janelas. A visão do sol lhe assegurou que havia viajado por pelo menos três horas e meia. 

A claustrofobia a atacava enquanto passavam por pelo menos três escadarias escuras, indo mais fundo nas entranhas do deposito. Apenas algumas lâmpadas iluminavam o caminho para poder ver os passos. O ar ficou notavelmente mais frio em cada parada. Odiava isso, aumentava seu medo, mas Brawn mantinha-se à vista. 

O nível mais baixo acabou em duas portas grandes de metal que os homens abriram carregando Brawn entre eles. A visão que encontrou o olhar de Becca a fez tremer subitamente. A sala era grande, mas bem clara, longas luzes pendiam do teto. Mostravam duas gaiolas grandes claramente no centro da sala e três metros separavam uma da outra. As coisas eram enormes, algo que deveria ser encontrado em um zoológico, em vez de no porão de um deposito e o homem agarrando seu braço puxou mais forte. 

— Mova-se. — Teve uma visão melhor da sala quando entrou pela porta dupla. Outras gaiolas foram construídas ao longo das paredes e ficou horrorizada ao ver alguns habitantes dentro delas. Alguém estava deitado em uma cama, enquanto outro homem passeava no comprimento das barras. Sua cabeça se virou e ela engasgou, identificando o rosto de um Nova Espécie. Tinham mais deles. Aquela percepção a deixou fria. Paredes de concreto separavam as celas ao longo das paredes, que eram maiores do que aqueles da sala do meio e muito mais longas. 

O homem que a segurava a levou a uma gaiola, abriu a porta e a jogou para dentro. Deixou a porta bater e a trancou lá. Brawn foi despejado dentro da segunda gaiola à sua direita, seu corpo foi colocado numa cama quando o jogaram na cela e os quatro homens saíram. Não só trancaram a porta, mas usaram correntes para envolver algumas seções com fechaduras robustas por garantia. 

Os sequestradores removeram suas máscaras enquanto caminhavam para fora da vista através de um conjunto de portas duplas perto da que tinha entrado. O silêncio na sala enorme era assustador, absoluto e virou-se para estudar sua prisão. Uma cama estreita havia sido colocada, uma privada removível estava no canto e cobertores dobrados foram deixados sobre a cama longa. Olhou para o chão de metal sob seus pés, levantou o queixo para olhar para as barras de cima e lutou contra as lágrimas. Pense, permaneça calma. Essas ordens silenciosas ajudaram enquanto cuidadosamente observava o ambiente além das grades. 

Não foi difícil detectar as câmeras destinadas em sua direção uma vez que examinou o teto. Eram de modelos maiores, voltadas para a segurança ao ar livre e uma parede de concreto bloqueava sua visão do que quer que estivesse por trás de sua prisão. Não era tão alto, talvez três metros de divisão, mas mais do que suficiente para manter sua curiosidade sobre o que não podia ver. 

Suas mãos agarraram as barras grossas e frias e as estudou. Não mostrava sinais de ferrugem nas juntas e duvidou que já estiveram do lado de fora para serem expostas ao mau tempo. Avançou para a porta, viu que a brecha era quase inexistente e que foi bem construída. A placa de metal cobria a secção longe o suficiente para tornar impossível a aproximação ao redor dela e tentar arrombar a fechadura. A parte interna da fechadura da porta foi totalmente fechada, sem qualquer acesso para chaves. Isso lhe disse uma coisa, com certeza não foram projetadas para animais. Um arrepio cortou sua espinha. 

Becca se aproximou o mais perto que pôde da gaiola de Brawn, olhando para a sua forma de bruços. Seu peito subia e descia, assegurando-lhe que ainda vivia. As drogas que o dosaram a preocupava. Não conseguia entender como alguém não teria uma overdose com aquela quantidade de tranquilizantes. 

— Brawn? — Limpou a garganta. — Por favor, acorde! Você pode me ouvir? — Um rosnado surgiu do outro lado da sala, virou a cabeça naquela direção para ver que um homem se moveu para o canto da cela, agarrou a barras e olhou para ela. Tinha longos cabelos negros até a sua cintura, um volume selvagem de sedosos fios, mas não conseguia distinguir a cor de seus olhos. Apenas a forma deles e os lábios cheios e maçãs do rosto pronunciadas e maças do rosto largas a asseguraram de seu DNA alterado. 

— Sou Becca — Saiu, na esperança de que fale com ela. — Há quanto tempo você está aqui? — Rosnou de novo, um som assustador bem profundo. Não era exatamente o tipo falante, decidiu. E não era nem mesmo amigável. Mas não estava prestes a desistir. Quanto mais informações conseguisse maiores seriam as chances de descobrir uma maneira de sair do pesadelo que estava vivendo. 

— Você pode falar? — Largou as barras e tocou o peito. — Becca. — Apontou para ele. — Qual é seu nome? — Girou se afastando, rosnou e continuou andando. Desistiu de imediato tentar descobrir alguma coisa com ele, mas estudou suas roupas, usava calça branca larga, com costuras grossas dos lados e isso é tudo o que usava. Seu peito era enorme, os braços musculosos e seus dedos mostravam as garras.

 Algo parecia tê-lo agitado do jeito que andava para frente e para trás. Seu foco voltou a Brawn. 

— Brawn! — Sua voz aumentou bastante. — Acorde, maldição! — Seu braço se contraiu, deu-lhe esperança e apertou firmemente às barras. — Brawn? Abra seus olhos agora mesmo! Estou preocupada com você. Você foi muito drogado e precisa combatê-la. Você pode me ouvir? É Becca. Lembra-se de mim?  Nós vivemos juntos. Brawn! 

Estava lento quando rolou, e caiu direto para fora da cama e estremeceu quando seu corpo grande se esparramou no chão de metal. Isso pareceu despertá-lo enquanto rosnava, se empurrou para cima com os braços e os olhos abertos. Fúria torceu traços normalmente bonitos enquanto olhava para as barras e ergueu o queixo para ver o teto da gaiola. Cada músculo pareceu contorcer-se com a tensão. 

— Brawn? — Becca suavizou sua voz. — Você está bem? — Girou a cabeça em sua direção, confusão aparecia em seu rosto. A raiva diminuiu e ele empalideceu. 

— Não.

— Fomos atacados. Você se lembra? — Se levantou devagar, esfregou em algumas das marcas dos dardos que havia levado nas coxas e olhou a seu redor. Seu olhar parou nas gaiolas do outro lado da sala onde os dois outros presos eram mantidos. Moveu-se rápido, atingiu o lado das barras e rosnou para o homem que caminhava. 

O outro homem o ignorou, continuou andando o comprimento de sua gaiola e Brawn fungou bem alto. — Maldição.

— O quê? — Ele virou a cabeça. 

— Estamos com sérios problemas.

— Não brinca! — Mordeu o lábio e olhou para as câmeras. — Eles estão nos observando. — Ele seguiu seu olhar e virou em seu caminho, foi para o canto mais próximo de sua gaiola e estudou seu corpo lentamente. 

— Você está machucada? Eles te drogaram também?

— Não. Acho que são da Mercile. — Sussurrou essa parte. — Ouvi o suficiente para saber que estão trabalhando para alguma médica e sabem seu número. Isso é confidencial, certo?

— Meu número?

— 358.

— Esse não sou eu. — Olhou para o Espécie andante. — Talvez seja ele.

Brawn olhou para o outro homem antes de olhar para Becca. — Posso cheirar drogas pesadas no quarto e suspeito que esteja drogado. Já senti esses cheiros de produtos químicos antes e ele está mentalmente apagado se estiver vindo dele. Ele falou com você, alguma coisa?

— Não. Resmungou um pouco, mas sem palavras. Tentei perguntar-lhe quanto tempo estava aqui, mas só começou a andar novamente. Faz isso desde que chegamos.

— Quanto tempo estive apagado?

— Cerca de quatro horas, meu melhor palpite, mas pode ter sido mais. Vi a luz do sol quando nos trouxeram até aqui. Ficamos na van por pelo menos, três horas e meia, porque é o tempo que levaria até o sol nascer, quando fomos atacados. Nos trouxeram até aqui em uma van comercial  com um logotipo de segurança, mas tenho quase certeza que não trabalham para essa empresa. Dei uma boa olhada e pude ver que era um daqueles adesivos de ímã afixado e uma empresa verdadeira seria pintado.

— Nós estamos em sérios apuros.

— Você acha? — Olhou boquiaberta para ele um pouco. — O que eu não consigo entender é por que nos quer vivos. Os funcionários de Mercile não querem você morto? Vocês enchem a empresa de processos e meu pai disse que estão rastreando todos os que trabalharam na empresa para mostrar as fotos das vítimas para tentarem identificar os que abusaram de seu povo. — Ele cheirou o ar. 

— Espero que minha memória esteja errada.

— O que significa isso? — Hesitou. 

— Sinto o cheiro da droga que usavam para os experimentos de reprodução. — Os joelhos enfraqueceram. 

— O que significa isso?

— Eles desenvolveram uma droga altamente estimulante para nos forçar a ter desejo sexual e nos dosava quando nos recusávamos a montar em nossas mulheres e às vezes quando tentavam descobrir por que não éramos capazes de engravidar nossas fêmeas. O quarto cheira a ela e isso é muito ruim.

Oh merda. 

— Não vejo nenhuma de suas mulheres. Há o homem dormindo na cama e ele. — Olhou para o que andava que não diminuía o ritmo dentro de sua cela. 

— Sinto o cheiro de outro macho dos Espécies, pelo menos doze diferentes machos humanos e duas fêmeas humanas. Você é um delas.

Aquilo era seriamente preocupante. Becca sabia que o médico para quem os mercenários trabalhavam era uma mulher de modo que apenas a deixou no lado errado das barras da jaula. O sangue drenou de seu rosto com os fatos. 

— Você não acha que eles me trouxeram aqui para ... Você sabe. — Lentamente sussurrou as palavras seguintes, esperava que entendesse depois de levantar as mãos para cobrir seu perfil das câmeras. — Eles acham que eu sou sua namorada.

Brawn girou afastando-se com um rosnado, obviamente capaz de ler lábios. Caminhou até a porta da gaiola, estudou-a e deu-lhe um chute com o pé descalço. Becca estremeceu, sabia que tinha doido e o metal não se moveu. Levantou a perna, esfregou os dedos dos pés e rosnou novamente. Largou a perna, girou e  voltou para o canto mais próximo a ela. 

— Farei tudo o que eu puder para protegê-la. — Jurou suavemente. — Você precisa confiar em mim.

— Confio. — Falava sério. Não o conhecia por muito tempo, mas era um homem bom. — Nós vamos ser encontrados. — Não queria contar-lhe sobre o corpo morto ou como seu pai iria utilizá-lo para resgatar o passado do homem, com muito medo que as câmeras pegassem suas palavras. Não queria que esses idiotas fossem alertados. — Nada vai impedi-los.— Ele balançou a cabeça. 

— Cuidado com o que diz. — Aquele conselho foi inútil porque já havia imaginado isso. Brawn olhou para ela e respirou fundo. 

— Não estava drogado com a droga de procriação. Esta é uma boa notícia.

As portas duplas por onde os homens haviam saído de repente foram abertas. O som ecoou na sala grande e Becca ficou boquiaberta com a visão de quatro homens empurrando uma maca através da abertura. Um homem Nova Espécie grande estava amarrado nela. Seus olhos estavam fechados, mas sua herança era aparente em seu tamanho muscular. Tornou-se mais evidente quando os imbecis se aproximaram. As maçãs do rosto e lábios cheios denunciavam seu tamanho e Brawn fungou fortemente quando passavam por suas gaiolas e sumiram de vista por trás do muro de concreto por trás deles. As rodas da maca pararam pouco tempo depois. 

Um bom minuto se passou antes da porta da gaiola bater sendo fechada. O som era distinto o suficiente para Becca ter certeza e correntes se sacudiram. Estavam, obviamente, trancando sua porta da maneira que fizeram com a de Brawn. Os quatro rapazes voltaram, menos o Espécie e a maca. Um deles parou para olhar para Brawn. 

— Você é o próximo, idiota.

Conhecia aquela voz. Era Randy, aquele que feriu em sua casa, o líder dos mercenários. Viu o curativo perto de seu ouvido enquanto voltou sua atenção para ela. 

— Depois você cadela. Vou ter um grande prazer em te ver sofrer.

— Por que estamos aqui? — Brawn manteve a voz baixa. 

Um sorriso curvou os lábios do bastardo, e agarrou seus quadris. 

— A doutora queria carne fresca, mas sua namorada foi um bônus. — Randy deu um passo mais para perto, mas permaneceu uns bons três metros de distância da gaiola de Brawn.

 — Você sabe o que vai acontecer. Não temos nenhuma fêmea, não fomos capazes de pegar nenhuma delas quando fomos invadidos, por isso ela serve. — Seu sorriso aumentou. — Espero que goste de bichanos tanto quanto você. — Ergueu a mão e apontou para o Nova Espécie andante. — Ele vai ser o primeiro e depois você fica com ela.

Brawn rugiu, saltou em direção ao lado da gaiola e agarrou-a. — Ele vai matá-la.

— Ainda melhor. — Randy tocou seu curativo. — Essa vadia tentou explodir meus miolos. Vou gostar de ouvir seus gritos. — Girou, marcharam para longe e seus três capangas seguiram-no. 

Becca tremeu. Não era uma idiota e poderia preencher os espaços em branco. Brawn se recusou a olhar para ela e, em vez disso olhou para as portas duplas que se fecharam atrás dos homens. Se afastou do lado da gaiola para sentar-se pesadamente em sua cama. Suas pernas não queriam mais segurar seu peso. Seu olhar percorreu a sala para o macho do Espécie ainda agitado. Terror tomou conta dela. O homem nem conseguia falar e no mínimo não parecia amigável . Iria matá-la com certeza se fosse jogada em sua gaiola para algum experimento de procriação. 

— Becca? — Virou a cabeça com o tom estridente de Brawn. Olhou para ele, seu olhar lindo sombrio. 

— Eu sei. Drogas de procriação, sou a única mulher aqui e aquele homem ali está fora de controle, certo?

— Ouça-me. — Brawn respirou fundo e agarrou as barras. — Não lute, se colocá-la com o macho. Ele vai ser agressivo no começo, mas se você resistir, ele vai... — Sua voz foi sumindo. 

— Me matar?  

Brawn se recusou a desviar o olhar dela. — Sim.

Lágrimas quentes encheram seus olhos e as piscou de volta. 

— Ele está drogado e é doloroso. Seu corpo está em chamas, a necessidade de montar uma mulher tirou sua sanidade e ele vai se arrepender quando o efeito passar. — A triste nota encheu sua voz. — Eu sei disso.— Becca abraçou o peito.

 — Você já tomou isso antes, não foi?

— Não tive escolha. Me usavam para testes de procriação. Somente duas das cinco instalações descobertas usavam essa droga. — Se agachou. — Não me lembro de nada, mas sei que compartilhei sexo com uma fêmea quando as drogas saíram do meu sistema. Nunca senti o cheiro de sangue em meu corpo e espero nunca ter machucado uma das nossas mulheres. Nenhuma delas me disse nada depois que fomos libertados, mas podiam querer me poupar da culpa.

Lembranças da conversa que tiveram sobre como ele gostava de sexo a fez tremer. Não era uma mulher Nova Espécie ou projetada para ser mais forte do que a média. Era uma simples humana, nem mesmo uma em forma e duvidava que sobrevivesse a uma rodada de sexo com um Nova Espécie drogado mesmo se não lutasse.

— Becca?

Percebeu que estava olhando para baixo quando levantou seu olhar para Brawn.

— Sou durona, sou uma sobrevivente. — Sugou o ar. — E vamos ser encontrados. — A raiva fez sua voz ficar mais forte. — Alguém vai morrer. — Olhou para as portas duplas. — Um monte deles.

— O macho não quer te machucar ou te forçar.

Olhou de volta para ele, evitou olhar para o homem que ainda andava em sua cela e a aterrorizava.

— Ele é uma vitima também. Entendi. Não se preocupe, não é o sangue dele que quero ver derramado.

— Eles vão nos achar. — A voz dele se aprofundou num rosnado. — Confie em mim.

Agradecia seu otimismo. Seu pai era bom no seu trabalho e deixaram um corpo para trás para a investigação. Tinha fé no seu pai e em sua equipe. Gostavam dela e fariam qualquer coisa para resgatá-la.

— Tenho direito sobre o homem com o curativo. Quero eu mesma matar aquele filho de uma puta. — As sobrancelhas de Brawn se arquearam.

— Quando nos encontrarem. — Esclareceu. — Você segura aquele pedaço de merda e bato nele por algum tempo. Tudo bem? Pegarei emprestado uma das armas da equipe e atirarei nele após ouvi-lo gritar o suficiente para me fazer sentir melhor por qualquer coisa que acontecer comigo.

— Você é violenta. — Entortou os lábios. — Gosto disso.

— Circunstancias extremas. Ou darei um chute nos ovos dele, ou entortá-lo num formato de uma bola e chorar. Prefiro a primeira opção.

— Becca?

Olhou em seus olhos.

— Seremos encontrados. — Sinceridade brilhava ali. — Juro.

Assentiu, esperando que fosse antes de começarem os testes de procriação.  

 

— Fique longe dela. — Brawn rosnou. 

Becca pulou da cama acordada, sabia onde estava e sentou-se. De alguma forma adormeceu. Dois homens, nenhum deles era Randy, destrancou a porta da gaiola. Brawn rosnou para eles novamente e ela olhou para ver a maneira que agarrava as barras. Balançava com força, seus bíceps tensos pelo esforço de tentar quebrá-las, mas era um esforço em vão. 

Um dos homens entrou e franziu a testa. — Levante-se e venha conosco. Você vai se machucar se lutar contra nós.

— Deixem-na em paz. Levem-me. — Brawn rugiu. — Não toquem na fêmea. Eu vou te matar, te deixar em pedaços, se machucá-la. — O homem em sua jaula ignorou a ameaça.

 — Levante, Becca. Esse é o seu nome, não é?  Não há motivo para lutar a menos que queira sentir um pouco de dor. — Ela ficou com as pernas trêmulas e olhou para Brawn. Seus olhos estavam apertados de raiva quando seus olhares se encontraram. 

— Eu vou ficar bem. Acalme-se e poupe sua energia. — Brawn balançou as barras novamente. 

— Leve-me. Não a machuque.

O imbecil dentro da gaiola, finalmente, lançou-lhe um olhar irritado. — Não é grande coisa. A médica quer examinar a sua namorada e dar-lhe uma injeção. Pare de fazer esse barulho. Odeio sua mistura de gato enorme. Esqueci o quão chato você pode ser. — O homem fora da gaiola bufou. 

— Os rugidos não são nada fáceis de ouvir.— Olhou para a gaiola mais longe com o macho ainda dormindo na cama. — Estou tão feliz que, finalmente, um caiu. Meus ouvidos estavam sangrando, eu juro.

O guarda agarrou o braço de Becca e a puxou para fora da gaiola fazendo-a tropeçar para frente. Estava com medo enquanto os dois homens a levavam em direção as portas duplas. Temia o que estivesse por trás delas. Um longo corredor se estendia à frente enquanto entravam numa seção desconhecida do porão e parou três portas abaixo à direita, onde uma havia sido deixada aberta. A sala lembrava um consultório médico quando viu a mesa de exame, no centro da sala, uma grande luz ligada a ela, e sua cabeça se virou. Uma mesa estava no canto, coberta de papéis, arquivos e dois computadores. Um dos monitores mostrava a sala com as gaiolas. A médica virou a cadeira para longe dessa visão para abertamente estudar sua vítima. 

— Coloque-a sobre a mesa e a amarrem.

— Quem é você? — Becca não lutou quando os homens a empurraram na mesa. — O que você quer?

— Com certeza, doutora Elsa. — Um dos homens assentiu. 

A mulher se recusou a responder, ao invés disso apenas se levantou e cruzou os braços sobre o peito. Becca começou a memorizar o rosto magro, o cabelo preto puxado em um coque apertado e o nariz da mulher, longo e fino. Olhou para baixo e notou que a médica estava magérrima, talvez um metro e sessenta em seus sapatos baixos e usava um jaleco branco. Sem anéis decorando os dedos, sem cicatrizes ou tatuagens visíveis. Não tinha marcas distinguíveis além de algumas rugas ao redor de sua boca e olhos, que dizia que sua idade era mais ou menos de cinquenta anos. Olhou tempo suficiente para ter certeza que seria capaz de apontar para a cadela numa fila de reconhecimento se fosse necessário após seu resgate. 

Os dois homens de repente ajustaram suas amarras, levantaram-na do chão e bateram suas costas na mesa. Era acolchoado, nenhum papel foi colocado cobrindo a mesa da forma como os médicos de verdade faziam para os exames e o couro barato falso estava rachado de velho. O pânico a golpeou quando começaram a usar tiras de velcro para amarrar os braços para baixo e chutou um dos homens que agarrava seu tornozelo, o atingiu no braço e ele a olhou de volta. 

— Coloque seus pés no final da mesa.

Prendeu-os dobrados para cima. De forma nenhuma iria permitir que estirassem sua perna a deixando totalmente desamparada. O imbecil a encarou. De repente, ele estendeu a mão e agarrou sua coxa para cravar seus dedos profundamente em sua carne o suficiente para que realmente ferisse. Ela gritou. Era como se estivesse rasgando a pele de dentro de sua coxa. Abriu as coxas e sua mão a liberou. Um rugido fraco soou, mas ouviu. Brawn. Ele deve ter ouvido ela gritar. A médica riu. 

— Ele está zangado. A faça gritar de novo para ver se ele reage, Dean. — Dean agarrou sua coxa e enfiou seus dedos novamente. Desta vez, Becca já esperava.  Engasgou e ficou tensa com a dor horrível, mas o desgraçado cravou mais fundo até que não pode mais aguentar a agonia. Largou sua coxa quando ela gritou. Outro rugido fraco soou um segundo mais tarde. Doutora Elsa riu. 

— Nunca esperei que eles se vinculassem tão bem. — Seu olhar frio examinou Becca. — Obrigada. Agora tenho uma maneira de controlar um deles.  Acho que vai fazer qualquer coisa que eu quiser, se usá-la contra ele. — Sorriu amplamente para seus dois capangas.— Olhe para o monitor. Ele deve estar enlouquecendo.

Dean virou a cabeça e Becca olhou para o monitor também. Eram imagens ao vivo das gaiolas de cima, onde viu aquelas câmeras. Brawn andava e atacava as barras, mas não se quebravam. Rugiu novamente, virou e começou a andar furiosamente. A médica foi a um sistema de microfones pelo monitor. 

— Pare com isso ou vou machucar a fêmea. — Alertou. — Sente-se e fique quieto. — Brawn fez uma pausa, levantou a cabeça e olhou para a câmera. Sua raiva era evidente. Recuou, até chegar à cama, sentou-se rígido e as mãos agarraram as bordas. Continuou olhando para a câmera. A doutora afastou-se do microfone e riu.

— Vou ser danada. Aposto que o gato iria latir se lhe dissesse que iria machucá-la se não o fizer. Isso é intrigante. — Acenou com a mão enquanto observava Becca. — Vocês podem nos deixar sozinhas.

— Não acho que seja uma boa ideia. — Dean hesitou. — Devemos ficar no caso de você precisar de nós. Suas pernas não estão amarradas. — A médica encolheu os ombros e andou ao redor da mesa de exame, estudando Becca. 

— Qual é seu nome?

— Rebecca.

— Bem, Rebecca, vou colocar um cotonete em sua boca para testá-lo para drogas e tirar uma amostra de seu DNA. Abra a boca e se você me morder um desses homens vai arrancar seus dentes. Você entendeu? Também vou tirar sangue e dar-lhe uma injeção. Estou tentando descobrir o que tem de diferente em você que o atraiu. Abaixe seus pés e não me chute. Não tenho senso de humor.

Becca não lutou e abriu a boca para deixá-la esfregar sua bochecha com o cotonete. Se encolheu quando a cadela tirou o sangue de seu braço. A injeção no quadril doeu, mas a médica finalmente se afastou. 

— Você está tomando algum tipo de anticoncepcional? DIU? Você tem implantes mamários? Toma alguma medicação? Você tem alguma doença? — Apertou os lábios. 

— Você quer um exame de corpo inteiro? — A mulher enfiou a mão no bolso da frente para retirar as luvas. 

— Não tenho um ultrassom aqui para ver se você têm implantes, mas poderia fazer do meu jeito. Não vai ser confortável, mas os homens podem gostar de te segurar, rasgar suas roupas e apreciar a vista.

— Foda-se. — Becca sussurrou. — Não. Sem implantes mamários ou qualquer outra coisa acrescentada. Não tenho qualquer doença ou tomo remédio. — Fez uma pausa.  — Estou totalmente saudável e não estou sob qualquer medicação.

— E pílulas anticoncepcionais? — Dean se aproximou. — Ou aquelas injeções. Minha namorada toma desses.

— Você está usando qualquer tipo de anticoncepcional? — A médica, de repente agarrou a camisola de Becca e puxou para suas costelas, expondo seu estômago. Becca engasgou, mas as mãos da mulher estavam em sua pele antes que pudesse reagir. Ficou imóvel, com medo dos homens a machucarem, uma vez que pularam para frente, prontos para agarrá-la se lutasse contra o toque da médica. 

— Sem cicatrizes de cirurgias. — As mãos estavam frias quando a mulher abaixou o cós da calcinha em poucos centímetros. — Sem estrias de gestação. — Olhou para Becca. — Acho que você não tem filhos? Você não me respondeu sobre o anticoncepcional.

— Nenhuma criança e não estou tomando nada disso também.

 

Brawn ficou sentado, mas irritado e preocupado com Becca. Imagens horríveis das coisas que podiam estar sendo feitas com ela encheram sua imaginação. Lembranças vieram à tona do quanto às mulheres Espécies sofreram nas mãos do pessoal da Mercile durante os testes de procriação. As examinavam, às vezes, realizavam cirurgias exploratórias nelas e nem sequer tiveram a decência de drogá-las primeiro para aliviar a dor. 

Um rosnado se formou no fundo de sua garganta com a ideia de Becca sofrendo dessa forma. Ela não teve anos para construir uma tolerância à dor. Era gentil, doce e se preocupava com seu estado mental. Ele poderia ser capaz de mantê-la viva se tivesse a chance, mas seus captores poderiam matá-la imediatamente. Definitivamente não poderia proteger a mente dela das atrocidades que poderia ter que suportar. 

Tocou a moeda no bolso e achou que não funcionava, pois a ajuda não havia chegado. No segundo em que fez a ligação com um pedido de socorro para Homeland, deveriam ter ativado o dispositivo de rastreamento escondido dentro do metal. A equipe já deveria ter aparecido e atacado, ou melhor ainda, os resgatados antes que fossem escondidos no interior da prisão subterrânea. Becca tinha certeza que horas se passaram desde que os sequestraram e isso significava que provavelmente a ajuda não viria. 

Os olhos fecharam enquanto pensava nas razões pelas quais sua moeda falhou. Foi testada antes dele ter deixado Homeland por isso não estava com defeito, mas a equipe que os atacou poderiam ter algo para bloquear o sinal. As paredes grossas ao redor dele pareciam ser de concreto e poderiam bloquear o sinal também. Maldição! Abriu os olhos quando os dois homens abriram as portas por onde levaram Becca mas não a estavam escoltando de volta. Se jogou de joelhos. 

— Onde ela está?

— Calma, animal. — Um deles suspirou. — Sua namorada está com a médica. Estamos aqui por ele. — Foram em direção a gaiola com o macho andante que se recusava se acalmar ou falar. O pânico tomou conta de Brawn enquanto se lançava para a parede da gaiola. 

— Leve me no lugar dele. Vou cruzar com a humana. Não permita que ele a toque. Iria acabar matando-a. — Ambos os homens pararam e olharam um para o outro. Quem falou finalmente olhou para Brawn. 

— 919 não vai montar a sua namorada. Ele tem uma para ele. — Seu companheiro riu alto. — Ela é uma otária também. — Brawn não entendeu a piada e os dois homens riram.

— Onde está Becca? Por que ela gritou? O que você fez com ela? Diga ao humano no comando que tenho autoridade para pagar um resgate pelo nosso retorno a Homeland. Todos nós, incluindo Becca.

Pararam de rir e o de cabelos escuros mordeu o lábio. 

— De quanto dinheiro você está falando?

O ruivo deu um tapa no braço do seu companheiro. 

— Cale a boca. — Sussurrou. — Isso não é nem um pouco engraçado. — Seu olhar se ergueu para a câmera. — Ela vai ouvir você, pode levar a sério e você vai acabar com uma bala em seu cérebro burro. — Sua voz se levantou. — Muito engraçado, Greg. Não brinque com o filho da puta. Sei que você está entediado, mas falsas esperanças é a última coisa que ele precisa agora. Vamos fazer o nosso trabalho.

O homem de cabelos escuros abaixou a voz. 

— Ela está ocupada e duvido que esteja assistindo a essas câmeras agora. Poderíamos pelo menos ouvi-lo.

— Randy vai matar nós dois. Não conseguem capturar sussurros no áudio, mas estou te dizendo para não falar com ele agora sobre essa merda. Estamos todos muito envolvidos nessa e a única maneira de sairmos daqui vivos é num avião de carga com destino a algum laboratório do terceiro mundo infernal onde nos farão parecer amadores.

— Diga seu preço. — Brawn sussurrou suavemente. — Poderia ter acesso a milhões.  — O ruivo olhou. 

— Cala a maldita boca. Estamos todos ferrados.

— Ele pode dizer isso. Eles têm dinheiro. — Seu amigo sussurrou novamente. — Eu não confio em nenhum deles, Mike. Você é o único amigo que me resta. Eles não dão a mínima para nós. — Mike se virou para Greg e agarrou sua camisa. Ele falou baixo, mas Brawn entendeu as palavras facilmente. 

— Você quer nos matar? Somos procurados pela polícia, eles vão enfiar uma agulha no nosso braço ou nos prender pelo resto das nossas vidas se formos pegos e a única maneira de sair dessa bagunça é fazer o que Dra Elsa diz. Ela é o cérebro, ela está conseguindo dinheiro para nós e tem as conexões para darmos o fora daqui. Vamos viver na Rússia com novas identidades, achar belas noivas e beber vodka, maldição.

— Dinheiro que nós não vemos. Eles controlam tudo, Mike. Estamos tão fodidos quanto aqueles animais, mas não estamos presos em jaulas. Pelo que sabemos, poderiam colocar uma bala em nossos cérebros quando não formos mais útil ou apenas ir embora sem nós.

— Eles não ousariam. Sabemos muito para nos deixar para trás e Randy não iria matar um de seus homens, a menos que ache que não pode confiar em alguém. Trabalho com ele há muito mais tempo que você. Ele pode ser um sacana, mas é um homem justo com sua equipe. O que importa para ele é lealdade. Estrague tudo e você será morto.

— Merda.— O homem de cabelos escuros passou os dedos pelos cachos compridos.

— Tudo bem. Só estou cansado dessa merda. Só quero chegar à Rússia e começar minha vida do zero.

— Eu também e estamos tão perto. Só precisamos capturar um primata.  Você ouviu a Dra. Elsa. Eles querem um conjunto completo, vão pagar o suficiente por eles e vamos finalmente sair desta merda.

— Certo.— O homem acenou com a cabeça. — Eu costumava limpar o chão, maldição! Como diabos isso aconteceu?

— Nós trabalhamos no lugar errado. — Mike murmurou. — Vamos nos preocupar em levar este bastardo para a outra sala sem ele nos matar e levar um dia de cada vez. Vamos chegar à Rússia e que se dane, vamos comprar algumas daquelas noivas gostosas que vemos na internet o tempo todo.

— É.— Greg chegou por trás do Espécie e puxou uma arma de choque da sua cintura. — Vamos levá-lo.

Brawn não falou enquanto observava os dois humanos se aproximarem da gaiola. Ouviu o suficiente para saber que estavam com muito medo para serem atraídos pela promessa de dinheiro. Queriam capturar um Espécie primata e se preocupou com os oficiais com o DNA misturado que viajavam entre Homeland e a Reserva. Assistiu com raiva quando atiraram no homem drogado, ambos o atingiram com volts suficiente para fazê-lo perder a consciência e entraram na cela do 919. 

Levantaram o macho pelos membros e foram embora. Disseram que não o estavam levando para montar Becca. Podiam ter mentido, mas duvidava disso. Os humanos eram cruéis, gostavam de infligir dor emocional e teriam zombado dele com esse fato se fosse verdade. Um rosnado rompeu sua gargantaquando começou a andar nos confinamentos da gaiola.  Onde ela está? O que estão fazendo com ela? Por que a força tarefa não nos localizou? 

 

— Por que ela não está tomando nada se ela é a namorada dele? — Dean parecia confuso. 

— Porque não podem engravidar uma fêmea, idiota. — A Doutora Elsa olhou para Becca e balançou a cabeça. — Vê com que tipo de idiotas eu tenho que lidar? Levante-a, Dean. — Ele não foi gentil quando ajudou Becca a sentar-se e a puxou para fora da mesa de exame. Ela estremeceu, se afastou do homem e viu a médica caminhar de volta para sua mesa para olhar para o monitor. 

— Você sabe por que ele escolheu você? Alguma vez ele disse por que estava atraído por você, especificamente?

— Não. — Becca abraçou o peito. A vadia se virou e sorriu friamente. 

— Você se importa com ele?

— Sim. — Isso não foi mentira. Não queria que nada acontecesse com Brawn. 

— Ótimo. Siga-me.

A médica saiu da sala e Becca a seguiu, os capangas estavam bem no seu pé. Viraram na direção oposta de onde vieram e andou mais para o final do corredor até uma porta fechada. A médica fez uma pausa e olhou para um de seus homens. 

— Ele está pronto, Ray?

— Sim. Eles acabaram com ele, está todo amarrado e ele está sacudindo por causa do efeito da arma de choque. — Bateu em seu ouvido. — Ele está seguro. Mike disse que está tudo bem.

Becca não gosto do som disso ou da forma como a médica sorriu, parecendo se divertir com a notícia. A porta se abriu e Randy apareceu. Parecia surpreso ao encontrar alguém do outro lado da porta e mais dois homens estavam ao lado dele. 

— Saia do caminho. Vou mostrar para nossos clientes o que fazemos aqui.

Todos os três homens recuaram para permitir o acesso da médica e Becca hesitou tempo suficiente para uma mão empurrar suas costas, impulsionado-a ir para frente. Virou a cabeça o suficiente para ver que foi Ray quem fez aquilo. Voltou e parou novamente, sua boca se abriu e um suspiro horrorizado passou por entre seus lábios. O andador, o Nova Espécie da gaiola, foi removido. Estava totalmente despido, preso na posição vertical, com braços e pernas abertas, perto da parede de trás e rosnou em voz alta ao vê-los. 

Uma luminária estava sobre sua cabeça onde o prenderam. Seus tornozelos estavam presos ao que pareciam ser grandes blocos de concreto com pinos de metal dentro deles. Era muito musculoso, não tinha pelos no corpo e seu membro estava ereto. Becca olhou para seu rosto, recusou-se a olhar mais para baixo e ter aquela visão novamente e queria libertá-lo. Dra. Elsa virou-se, deu um passo para bloquear a visão de Becca e sorriu friamente. 

— É primitivo, mas eficaz.  Tentamos mover o equipamento para suas gaiolas.  Teria sido mais fácil amarrá-los nas barras, mas não há tomadas elétricas perto o suficiente. Seriam necessários centenas de metros de cabos de extensão. Isso compromete o equipamento se houver um curto e não podemos nos arriscar.

— Por que você está os ferindo? — Becca sussurrou. — O que você está fazendo com ele? — Uma mão se levantou e a médica apontou o polegar para seu prisioneiro. 

— A culpa é do povo que interferiu com minha pesquisa e da espécie dele. Não tive escolha, uma vez que foram descobertos. Tivemos sorte de sair com três deles e isso foi só porque fomos avisados um pouco antes. Seu namorado tem DNA de gato. Não fui capaz de conseguir um desses. Não mesmo. Fiquei empacada somente com cães.  

— Dra...— Randy se aproximou. — Por que você está lhe contando essas coisas?

— Cale a boca. — Lançou-lhe um olhar antes de sua mão se abaixar e ela olhou para

Becca. — Preciso de sua ajuda.

— De jeito nenhum.

— Você nem sabe o que eu quero de você.

— Não me importo. A resposta é não. — Becca deu um passo para trás e esbarrou em Ray. Seu corpo avançou para frente para evitar tocá-lo mais uma vez. — Não vou ajudá-la.

— Sou procurada pela polícia e pelo FBI. Perdi tudo. — Raiva se aprofundou na voz da outra mulher. — Eles apreenderam minha casa, meu carro, minha conta bancaria e até mesmo prenderam meu marido, pensando que ele sabia o que estava acontecendo. Ele não foi uma grande perda, mas doeu o fato de terem arrastado meus pais para interrogatório. Não vou passar o resto da minha vida na prisão por tentar fazer do mundo um lugar melhor.

— É isso o que você chama o trabalho da Mercile? — O temperamento de Becca se elevou. — Você torturou e abusou dos Novas Espécies.Você os manteve em cativeiro em prisões por todas as suas vidas. Como se atreve...

— Oh cale a boca. — A médica disse. — Nossa pesquisa ajudou. E esse é o fator importante neste processo. Pessoas se beneficiaram com a pesquisa que fizemos antes de ser terminada. As cobaias não são realmente pessoas, não foram criadas para viverem fora das instalações de teste e não são diferentes de ratos ou camundongos usados em experimentos.

— Você é louca.— Raiva se apoderou de Becca. — E patética.

— Talvez, mas isso não muda o fato de que você vai me ajudar.

— Nunca. — Becca jurou veemente. — Você não vai se safar dessa.

— Quem vai me impedir? Este deposito foi abandonado há três anos e nada vai me ligar a ele. O primo de Randy costumava trabalhar aqui até que o negócio faliu. Encontrei compradores na Europa que têm certeza de que podem encontrar uma maneira de inseminar artificialmente as mulheres com os espermatozoides deles. — Sacudiu seu polegar por cima do ombro na direção do Espécie contido. — Acreditam que seus cientistas são tão inteligentes que podem descobrir o que nós não descobrimos por anos. — Dean bufou.

 — Eles nunca vão reproduzir essas coisas. — A Dra. Elsa o recompensou com um sorriso. 

— Eles são inteligentes o suficiente para saber que o esperma morre rapidamente depois de deixar as cobaias caninas. É algum tipo de efeito colateral estranho com sua genética mutante. Não são viáveis por muito tempo depois de serem liberados. — Apontou para um canto. — Você sabe o que são aquelas coisas? — Becca virou a cabeça para estudar uma máquina grande e estranha com pequenos tanques ligados a ela. 

— Não.

— É um freezer criogênico. Você está familiarizada com isso? — Becca olhou para a mulher. Ela suspirou.

 — Obviamente você não trabalha na área médica. Vou usar palavras simples para você. Os europeus acreditam que se tiverem amostras suficientes, podem encontrar e consertar o que faz com que o esperma morra tão rápido, usariam mães humanas de aluguel para darem a luz a mestiços Novas Espécies e lucrarem com isso. Parece haver um mercado negro lá para as pessoas ricas que querem possuí-los.

— Animais de estimação exóticos. — Ray riu. — Eles não sabem o quão maléfico os filhos da puta ficam quando grandes.

— A questão é. — A médica falou mais alto, lançando um olhar para ele e cruzou os braços sobre o peito novamente. — Conseguimos as amostras, as congelamos imediatamente antes de morrerem e nos pagaram por cada um desses tanques. Eles se ofereceram para nos ajudar a contrabandear as amostras para fora do país, mas não confio neles. Poderiam nos matar, ou simplesmente roubá-los e não posso me dar ao luxo de correr esse risco. Acho que daqui mais três meses terão dinheiro suficiente para nos pagar entre as amostras de esperma e o que me ofereceram para vender as amostras e todos nós poderemos dar o fora daqui para um país sem extradição. Vamos viver bem em outro lugar e nunca nos preocuparemos em sermos trazidos de volta para os Estados Unidos.

— Você é um monstro. — Becca lutou contra o impulso de atacar a cadela só pelo simples prazer de socá-la no rosto. Se alguma vez houve uma mulher que precisasse de um nariz quebrado, a doutora Elsa era ela. — É moralmente errado e você não fez um juramento em algum ponto da sua vida para não fazer nenhum mal? — Aquilo divertiu a médica. 

— Provavelmente, mas a questão é, isso é o que estamos fazendo aqui. Os machos precisam ser estimulados para seus espermas serem ativados, precisamos fazer testes com algumas das amostras, pois tem uma morte rápida, uma vez que são retiradas dos tanques. Não receberemos o pagamento a menos que sejam espermatozoides ativos de um macho alterado. — A bílis subiu na garganta de Becca, mas o engoliu. Essas pessoas eram doentes.

 — Você está vendendo os espermas deles? — Aquela informação finalmente foi absorvida.

— Sim. Os europeus não acham que eu iria vender as cobaias verdadeiras. Estamos discutindo os preços e querem um conjunto completo quando comprarem. Infelizmente não tenho isso ainda, mas terei.

— Um conjunto completo?

— Pelo menos um de cada.

— Você tem quatro, incluindo o meu... Namorado — Becca não quis dizer o nome de Brawn, caso não soubessem ainda. Randy avançou mais perto. 

— Existem três tipos de cobaias. Cães, gatos e macacos.  Nós apenas tínhamos cães até que pegamos o gato. Eles raramente deixam seus zoológicos e nos custou uma fortuna localizar o que estava com você. Tivemos que subornar um guarda no portão para nos avisar quando o bichano estivesse saindo e contratar um piloto para seguir o veículo quando saiu em direção a sua casa. Só precisamos capturar um macaco agora. Então, podemos vendê-los e fazer mais dinheiro.

Foi assim que eles descobriram Brawn. — Qual guarda? — Ela queria um nome. Os Novas Espécies tinham alguém que trabalhava para eles que traiu sua confiança. Precisavam descobrir quem era para proteger outra Espécie de ser sequestrada. 

— Quem se importa com o nome dele? — Randy olhou para a médica. — Por que você está contando isso pra ela? Apenas a faça fazer o que quer, ou vamos espancá-la até que ela concorde. — A médica lançou-lhe um olhar irritado. 

— Marco está disposto a pagar o triplo, se pudermos dar-lhe amostras sem as drogas presentes nelas. Um dos idiotas que trabalha para ele acredita que a droga é um problema. Disse que não é, mas ele está disposto a gastar mais dinheiro de qualquer maneira. Sua ignorância está nos tornando mais ricos.

— Maldição. — Isso animou Randy e ele sorriu. — Isso é um monte de dinheiro.— Estudou Becca de perto. — Ah. Você quer que ela o excite para obter as suas coisinhas sem ter que drogá-lo.

— Exatamente.— A médica focou em Becca. — É isso que você fará.

— Inferno que não. — Sussurrou.

— Pegue ela. — A médica ordenou, deixou cair os braços para os lados e se virou. As  mãos de Ray fixaram-se ao redor dos cotovelos de Becca dolorosamente e ela não lutou, sabia que era inútil com cinco homens na sala e observou com pavor a médica caminhar para outro canto com um monte de equipamentos médicos estranhos empilhados em carrinhos e mesas. 

Um dos homens seguiu a médica e estendeu os braços. Pegou uma caixa e virou-se para se aproximar do Espécie preso. Becca ficou com medo de ver o que planejavam fazer com ele. Seria horrível, sabia disso e fechou os olhos. Se recusou a assistir sua tortura. 

Minutos se passaram e um ligeiro zumbido encheu a sala. Suas pálpebras se separaram por curiosidade e realmente queria que não tivesse aberto os olhos. Não entendia por que colocaram um capacete estranho com uma viseira preta que escondia tudo, desde os lábios para cima. Uma correia foi presa sob o queixo, provavelmente para evitar que balançasse e caísse e, pior, viu o que a médica estava fazendo. 

A cadela de coração frio puxou alguma máquina que se parecia com um aspirador de pó com anexos na frente do macho contido, entregou o cabo à sua assistente, que imediatamente foi até uma tomada para ligá-lo. Um grosso, volumosos anexo saiu da máquina e para o horror de Becca, a médica o colocou no membro duro do homem. Tiras foram amarradas ao redor de seus quadris para mantê-lo no lugar e o homem rugiu em voz alta em protesto. Seu corpo ficou tenso, os músculos incharam enquanto lutava contra as amarras, mas não podia fugir. 

— Oh meu Deus. — Implorou Becca. — Pare com isso!

O imbecil que a segurava se inclinou para mais perto, abaixou a cabeça e sua respiração soprou sua orelha. — É uma sensação boa. Testei em mim mesmo. É um tipo de maquina de masturbação chique que simula uma vagina e suga literalmente. Assim que ele atira sua carga é enviado para aquele copo na base da máquina. Despejamos em um cilindro e corremos para os tanques para serem congelados. Muito legal, hein?

Virou sua cabeça na direção de Ray e não pode resistir mais. Sua mão socou sua virilha. Ficou horrorizada ao sentir que ele estava com o pau duro mas cravou as unhas violentamente contra sua calça. Ele gritou de dor e ela se contorceu para se livrar do aperto dele. 

Tentou alcançar a pobre vítima, para libertá-lo, mas Randy a alcançou primeiro. Gritou de dor quando agarrou seu cabelo e a puxou de volta, mas se virou e seu punho disparou do jeito que seu pai lhe ensinou, cravando no rosto dele. Recuou, levando-a com ele e sua palma aberta voou nela. Dor explodiu no lado do rosto de Becca. 

Os joelhos dela cederam com o golpe, viu estrelas e mal ouviu o grito da médica para que todos parassem. Alguém a agarrou por trás e abriu os olhos. Uma tontura a atacou quando tudo parecia girar ao redor dela. 

— Não a machuque! — A doutora Elsa gritou a ordem. — Precisamos dela. Eu disse para segurá-la, e não bater nela.

— Ela socou meu pau. — Ray xingou. — Essa vadia.

— Cale a boca! — A médica gritou. — Vá colocar gelo no seu cérebro ou melhor ainda, o enfie em um dos tanques criogênicos de uma vez. Você seria mais inteligente. Não que você o use muito. Randy, bata nela de novo e eu mesma vou atirar em você. Ele não vai ficar excitado se ela estiver toda ensanguentada e machucada. Eu controlo o maldito dinheiro. Lembre-se disso a não ser que ache que pode evitar ser preso sem mim.

Um terceiro homem levantou Becca e puxou suas mãos para trás das costas. A mão dele prendeu seus pulsos como se fossem algemas e se desequilibrava, sentia a dor do golpe que levou. Sua bochecha esquerda latejava e lágrimas a cegaram. 

— Não estamos o machucando. — A médica falou. — Vê o homem? É o melhor sistema de vídeo. Embora não esteja vendo uma partida de jogo. Colocamos filmes obscenos para ele entrar no clima. Estamos mostrando-lhe uma mulher se masturbando. Ele está apenas furioso, porque sabe que estamos tirando uma amostra dele forçadamente.

— É um estupro. — Becca falou asperamente. — Você é doente.

A outra mulher invadiu sua frente e ficou no espaço visual de Becca, olhando para ela. — Isso é o que vamos fazer com o seu precioso namorado se você não tirar as amostras. Vou drogá-lo, o prender do jeito que 919 está e colocar os óculos de visão nele. Vou obter amostras dele de uma forma ou de outra. — Olhou para o homem que segurava Becca. — Leve-a para aquela mistura felina e deixe-a pensar nisso até estarmos prontos para congelar suas amostras, quando acabarmos com o 919. — Sorriu para Becca. — É melhor você fazer o que quero para ele não sofrer o mesmo destino deste.

A médica foi em direção ao Espécies e se curvou, ligou um interruptor da máquina na frente dele e outro rosnado de raiva veio do pobre macho. Seu corpo recuou quando a máquina começou, seus quadris se contorceram para ficar longe dela, mas as tiras na cintura o impediram. O horror do que estavam fazendo era impensável. 

— Vocês todos vão apodrecer no inferno. — Becca jurou, lutando com o bastardo que a segurava, mas se recusou a soltá-la quando a forçou a ir para a porta. — Vocês são uns animais!

 

Becca humildemente caminhou ao lado de Randy. Atravessou com ela pela porta dupla com mais dois capangas a acompanhando, no caso dela começar uma luta novamente. Não lutou, feliz por estar sendo levada para Brawn. No momento em que as portas se abriram para o outro quarto, Brawn parou. O olhar fixo nela. 

— Você está bem? — Parecia e soava furioso. 

— Estou bem. — Emocionalmente não estava, mas sabia que ele perguntava se tinha sido abusada fisicamente.

 Brawn rosnou para Randy quando recuou, dentro de sua cela. 

— Traga-a para mim. Vou me virar e não vou me mover.

— Não, gatinho. Não é a sua vez ainda. A médica me mandou colocá-la com o 880 agora. Ele vai montá-la primeiro. Aposto que isso vai comer o seu juízo, o vendo pegá-la.  

Brawn rugiu e se lançou à frente da gaiola rapidamente. Um rosnado severo saiu de sua garganta. 

— Ele está mentindo. — Gritou Becca. Teve que berrar para ser ouvida sobre a indignação de Brawn. — Ele está zombando de você. A médica disse que era para eu ser colocada com você.

Brawn parou de puxar as barras e as soltou. Respirou profundo e grosseiramente enquanto recuava novamente. Randy riu e bateu dolorosamente no traseiro de Becca. 

— Você arruinou a minha diversão, vadia.— Fez uma pausa na frente da cela de Brawn. — Se eu disser para você pular, é melhor pular, gatinho. Caso contrário, eu mesmo vou me curvar sobre sua vadia na sua frente e fazer você me ver montá-la.  

Fúria brilhos nos olhos felinos que se estreitaram quando Randy riu. Becca podia sentir o olhar intenso de Brawn sobre ela e parou de olhar para o babaca que tinha a intenção de torturá-lo verbalmente. 

Randy virou a cabeça e seu olhar vagueou por seu corpo. — Você o quer, não quer vadia? Você gosta do estilo cachorrinho com o gato?

Becca não disse uma palavra, sabendo que a provocava. Estava do lado de fora de sua cela, impotente com os homens a seu redor, se decidisse atacar. Viu os capangas puxarem as armas de dardos enquanto iam para trás da gaiola de Brawn. Os viu também e virou-se para rastrear seus movimentos com seu olhar quente. Suas mãos subiram para segurar as barras por trás da gaiola, dando as costas para a porta da cela. 

— Não vou lutar ou atacar. Você não precisa me atordoar. Não vou me mover. — Jurou Brawn. 

Os dois homens entreolharam-se e franziram a testa. Randy hesitou. — Atire nele se estiver mentindo e o derrube. Ele vai acordar para encontrar sua namorada fodida e chorando se nos atacar.

Brawn não se moveu quando Randy desacorrentou e abriu a porta da cela. Becca estava tensa, pronta para um ataque, mas isso não aconteceu. Randy abriu a porta poucos metros e a empurrou para dentro. Se virou para ele, viu o filho da puta bater a porta e colocar as correntes novamente. Se afastou. 

— Tudo limpo. Está seguro. — Randy sorriu para ela. — Aproveite o seu tempo com ele.

Becca resistiu para não se lançar nele. — Há um lugar especial no inferno para você. — Ele piscou. 

— Quando eu morrer vou dominar o maldito lugar. Lembre-se quem está aqui fora e quem está aí dentro, vadia. Isso é tudo o que importa.

 Uma grande mão tocou seu ombro, fazendo-a saltar. Girou a cabeça e olhou para Brawn. Um braço envolveu sua cintura, puxou-a contra seu corpo alto e levou-a para longe das grades. 

— Em poucas horas, a sua namorada vai fazer o que queremos.— Randy lambeu os lábios e sua voz abaixou para evitar ser pego pelo equipamento de áudio da câmera. — Lembra como você aprendeu a não confiar nos humanos? Não se esqueça que ela é uma. — Seu olhar caiu para Becca. — Por favor, faça com que ganhe o meu dia e recuse. Quero ver você sofrer. — Passou um dedo sobre o ferimento enfaixado em seu rosto para que ficasse claro que não tinha esquecido quem o colocou ali, então girou se afastando. — Movam-se. Vamos tomar café da manhã.

Os homens desapareceram através das portas duplas. Becca não os viu ir, em vez disso olhou para o rosto bonito de Brawn. A raiva ainda escurecia suas feições, a preocupação curvou sua boca e abaixou o queixo. 

— Pode confiar em mim. Ele só está tentando causar dano entre nós. — Aquelas palavras foram difíceis de sair, preocupada por ele acreditar naquele idiota. Becca  se moveu em seus braços, se estendeu e agarrou seus ombros. Ele abaixou quando ela puxou o suficiente para passar a mensagem que o queria mais perto de sua boca. Se virou, seus lábios quase roçou a concha de sua orelha e sussurrou.

— Você acha que as câmeras podem nos ouvir? — Esfregou o nariz com sua bochecha. 

— Não se falarmos desse jeito.

— A médica que lidera este lugar é louca e quer amostras de esperma.  Estão congelando-as para vender para alguns bastardos pervertidos na Europa. Pegaram o Espécie que andava dentro da cela, o penduraram na vertical por seus membros e colocaram nele umas máquinas fodidas para... — A voz dela falhou e estremeceu contra o corpo grande e morno pressionado bem perto. — Foi horrível o que estavam fazendo, mas não pude detê-los.

O corpo de Brawn estremeceu contra o dela e um baixo e longo rosnado saiu de sua garganta.  Isso fez a cabeça de Becca ir para trás o suficiente para olhar em seus olhos. Evitou o olhar dela e puxou-a firmemente em seus braços novamente. 

— O que mais você ouviu?

— Essa médica é procurada pela polícia, está presa aqui e desesperada por dinheiro. Ofereceram-lhe um lote de dinheiro para, hum, droga, nem sei como dizer isso.

— Basta falar. Diga-me. — Suas mãos levemente esfregaram suas costas. — Preciso saber.

— Eles querem o seu esperma. Não têm nenhum Espécie como você e ofereceram três vezes mais dinheiro se puderem congelar e vender o seu sem nenhuma droga em seu sistema. — Suas bochechas queimaram ao dizer o que esses monstros planejavam. — Querem minha ajuda com isso.

Brawn virou a cabeça e ela também, até que poucos centímetros separassem seus rostos. Não parecia chocado, mas a raiva ainda ardia em seu olhar. — Dar esperma sem a necessidade de drogas?

— Sim. — Sussurrou. — Tenho que ajudá-lo a ficar excitado e dar uma amostra. — Fechou os olhos e inclinou a cabeça para trás. Um suspiro passou pelos seus lábios e ficou ali observando-o sombriamente. Era uma situação ruim, mas precisava deixar claro todos os fatos que sabia. — Alguns cientistas querem descobrir uma maneira de fazer o esperma dos Espécies viverem mais tempo, acho que ele morre rápido pelo que me disseram e usarão mulheres humanas como barriga de aluguel para terem bebes Espécies. Os ricos psicopatas querem comprá-los. Tenho certeza de que um bebê meio Espécie no mercado negro iria levantar um monte de ofertas. — Se sentiu mal, apenas dizendo isso. — Você é exótico e algumas pessoas são totalmente loucas. Também planejam vender todos vocês quando não precisarem mais. Têm um guarda em Homeland trabalhando para eles, foi subornado para dizer quando você estava saindo e te seguiram até minha casa. Precisam sequestrar um Espécie primata para ter todos os tipos de DNA, um kit completo. Planeja vendê-lo para as pessoas que querem comprar as Espécies.

— Colecionadores de animais exóticos. — Sua voz se aprofundou. 

— Sim ou outras pessoas malucas.

— Por que você estava gritando depois que te levaram? — Cheirou-a e abriu os olhos. — Onde está ferida? — A mão dele soltou suas costas gentilmente para segurar seu rosto ferido, evitou tocá-lo, mas o estudou. — Bateram em você. — Sua mão caiu até a cintura. 

— Um dos bastardos machucou minha coxa. Acham que podem me usar para controlá-lo porque isso o deixou furioso o suficiente para rugir da primeira vez que gritei. Me machuquei também por que ataquei um deles, tentando libertar o Espécies então levei um soco no rosto.

Brawn envolveu os braços ao redor dela e a levantou, a surpreendeu com aquele movimento, e levou-a para a cama. Ajustou o abraço, sentou-se e a colocou em seu colo. Um braço permaneceu atrás das costas, mas o seu outro agarrou a barra da camisola dela, puxando-a para expor suas coxas. 

Não protestou, viu que ele tinha a intenção de examinar as marcas vermelhas e depois puxou a camisola para baixo rapidamente. Seu olhar encontrou o dela e o silêncio se estendeu entre eles. 

Finalmente suspirou e desceu para sua boca. — Precisamos conversar. 

Merda. — Eu sei.— Becca sussurrou, esperando que fosse suave o suficiente para não ser ouvida. — Acham que estamos dormindo juntos e não lhes disse o contrário. Apenas os deixei continuarem presumindo. Parecia a coisa mais inteligente a se fazer no momento, mas agora esperam que eu hum, te ajude a doar esperma. — Se apressou antes que perdesse a calma. — Você deveria ter visto o que fizeram com esse Espécie. Prefiro fazer o que for preciso do que deixá-los te machucar dessa maneira.

— O que eles fizeram?

Deixou cair o olhar para seu peito nu, incapaz de olhá-lo nos olhos enquanto murmurou uma descrição das máquinas e como funcionavam. Seu braço apertou em volta da cintura, mas permaneceu em silêncio até que parou de falar. 

— Olhe para mim. — Respirou fundo e olhou nos olhos dela quando ela olhou para ele. 

— O quê?

— Você sabe o que precisa acontecer, se uma equipe de resgate não nos encontrar a tempo deles quererem essas amostras. Não quero que eles façam isso comigo. — Raiva tencionou sua mandíbula. — É pedir muito para você, não é?

Um rubor aqueceu as bochechas dela e foi a vez dela de estudar a boca dele. Era carnuda, cheia e tentadora. — Provavelmente eu estaria feliz em fazer isso em outro momento, mas... É. Isso não é exatamente romântico, não é?

— Becca. 

Ele olhou em seus olhos azuis. — Eu sei. Foi uma triste tentativa de uma piada.

— Não vou forçá-la a concordar com isso. Diga não e vou com eles de boa vontade para evitar colocar você em perigo se eu lutar.

Hesitou, sua mente trabalhou e tomou uma decisão. — Senti-me atraída por você no momento em que nos encontramos e ainda estou, então tocar em você para ajudá-lo a se excitar não seria uma dificuldade. Só queria que não estivéssemos aqui sob estas circunstâncias. Não sou uma exibicionista, então isso só vai piorar.

— O que significa isso? — Ela sorriu, feliz com o humor dele. 

— É alguém que gosta de fazer sexo ou fazer atos sexuais na frente de outras pessoas. Isso os excita. Se excitam mais quando outras pessoas possam ver o que está sendo feito com eles. — Ela olhou para a câmera e toda sua calma desapareceu. — Há provavelmente câmeras na sala também. Esqueci de olhar, muito horrorizada com o que estava acontecendo. Merda. Espero que não estejam mantendo gravações de nenhum dos testes. Meu pai vai ter um ataque cardíaco fulminante, se eu acabar aparecendo em um site pornô com você.

Segurou seu queixo, virou o rosto até que seus olhares se encontrarem e os manteve presos. — Irei te compensar de alguma forma por isso e vamos sobreviver. — A sinceridade na sua voz assegurou-lhe que tudo o que tinham de enfrentar, iriam enfrentar juntos. 

— Pode confiar em mim. Odeio esses bastardos.

Raiva encheu Brawn enquanto tentava consolar Rebecca Oberto. Ela tentava ser corajosa, mas ele não pode deixar de notar o medo à espreita em seus olhos enquanto olhava para eles. Todas as coisas que disse a ela sobre o porquê dele nunca ter tocado uma humana, se repetia em sua mente, interiormente estremeceu e soube que ele só piorou as coisas com a sua franqueza. 

— Não vou machucá-la se houver contato físico envolvido entre nós. — Jurou.

— Confio em você. — Ela relaxou um pouco em seu colo e isso o encorajou a continuar. 

— Eles são o inimigo e nós somos uma equipe.

O pequeno sorriso ela o fez esperar que o temesse menos. O macho humano tentou causar intriga com sua advertência para não confiar em Becca mas recusou-se a cair nessa. Tim Oberto era altamente confiável para Justice, o líder dos Espécies. 

Brawn não tinha certeza de quem em Homeland traiu seu povo, mas apostava sua vida que Becca não fazia parte disso. Tinha olhos expressivos que podia ler com facilidade e isso seria péssimo para se enganar. Ela foi uma vítima neste pesadelo devido a sua exposição aos Espécie através de seu pai. Tim não colocaria em perigo sua única filha. 

Queria matar alguém desesperadamente por causa dos danos em seu corpo frágil e o óbvio constrangimento que ela sofreu em dizer-lhe coisas que não o surpreendeu, no mínimo. Espécies eram objetos para Mercile, produtos a serem utilizados e vendidos quando achassem cabíveis, mas lamentou que ela teve que suportar o pior tão cedo.  Sua tentativa de salvar o macho Espécie poderia tê-la matado, em vez de apenas ter uma bochecha vermelha. Isso também lhe mostrou o quão boa pessoa ela era. 

Hesitou em lhe dizer a verdadeira razão de não querer ser ligado a máquinas que forçavam a saída de sêmen. Ficaria feliz em sofrer qualquer dor para poupá-la de ser uma participante na obtenção das amostras, mas se preocupava por ela ser morta, se não fosse mais útil para seus captores. Os bastardos matavam qualquer coisa que considerasse inútil. Um plano para ajudá-la se formou em sua cabeça. Precisava de esperança e se sentir confortável de que não a machucariam. 

— Tenho um dispositivo de rastreamento em mim e vão nos encontrar. — Respondeu asperamente, sem dizer que suspeitava que seus captores, de alguma forma bloquearam o sinal e a ajuda não seria capaz de encontrá-los. Becca quase bateu o nariz em seu queixo quando ergueu a cabeça e ficou boquiaberta. Seus lábios se separaram, mas nenhuma palavra saiu. 

Ele pegou a mão dela e guiou-a para a lateral do seu corpo, pressionando para baixo até que ela pôde sentir o objeto do tamanho de uma moeda dentro do bolso da calça de moletom e esfregou os seus lábios contra seu ouvido novamente.

 — Nós o mantemos conosco quando deixamos Homeland ou a Reserva em caso de sermos capturados. Vão nos encontrar, Becca. Apenas aguente firme.

Lágrimas encheram os olhos de Becca quando olhou para ele e levantou o braço para envolver o seu pescoço. Se aconchegou contra seu peito, o rosto suavemente pressionando contra a sua pele e enfiou a cabeça sob seu queixo. 

— Você não tem ideia de como estou feliz em ouvir isso. — Respirou. — Estava realmente preocupada e quase surtando. Gostaria de ter conhecimento disso mais cedo. Talvez sejamos encontrados a tempo.

Respirou o cheiro dela, seus braços seguraram seu corpo rendido e o pensamento de contato sexual não seria uma dificuldade. Culpa inchou dentro de seu peito porque quase esperava que o resgate não chegasse antes do prazo. Ela ofereceu-se para tocá-lo e a ideia fez o seu pênis endurecer. Prendeu a ereção entre suas coxas, onde ela não sentiria o quão excitado estava. Vergonha veio em seguida. 

Seu desejo por ela era mais forte que o fato de ser capturado e sequestrado.  Isso deu uma desculpa para mantê-la em seus braços e se a equipe de resgate não aparecesse logo, não teria nenhuma escolha a não ser fazer muito mais com ela. Pensar nela o manteve acordado depois que a acompanhou até o quarto na noite anterior. Segurando-a em seus braços, o fato de que admitiu que o achou atraente, o fez considerar como seria se ainda estivessem livres e ela fosse a ele voluntariamente.

 Uma ideia ruim, um desastre e era errado. Tinha a tarefa de ajudar seu povo, e não prejudicá-los se tornado um inimigo de Tim  Oberto. Ficou claro que Tim não queria que sua filha ficasse muito perto de um Espécie e escutou a conversa no quarto dela no dia anterior com seu pai. Podiam ter fechado a porta, mas não evitaria que sua audição aguçada pegasse a maioria das palavras. Tim acreditava que ele era perigoso para Becca, iria atacá-la se flertasse com ele e iria acabar machucando-a. 

— Vai ficar tudo bem. — Blefou, sem saber das consequências. 

Uma centena de coisas poderia dar errado, mas manteve os pensamentos para si mesmo. Seu olhar percorreu o telhado, procurou qualquer sinal de explosivos e cheirou. Não vislumbrou ou sentiu nada, mas isso não significava que não estavam escondidos em algum lugar. Seus captores poderiam explodir o prédio se a equipe de resgate fosse capaz de localizá-los e passar pela segurança. 

— Sei que meu pai vai nos encontrar. — Becca sussurrou e se agarrou a ele um pouco mais apertado. 

Cada instinto protetor dentro dele ganhou vida. Ela precisava dele para ser forte, solidário e não estava acostumada a estar à mercê dos outros. Faria o que fosse preciso, mas o perigo não poderia ser ignorado. Os guardas humanos possuíam armas de dardos que poderiam deixá-lo inconsciente. Poderiam levar Becca, enquanto estivesse derrubado, fariam qualquer coisa para infligir dor e não seria capaz de protegê-la a menos que fosse necessária para eles. Queriam que o ajudasse a doar esperma, e daria o quanto quisessem para mantê-la segura.

Reprimiu um gemido quando seu pênis endureceu ainda mais. Você está se tornando tão doente quanto aqueles que o escravizaram. A humana em seu colo ficaria horrorizada e enojada se soubesse os seus pensamentos ou o quanto estava excitado naquele momento. Leu um relatório sobre os humanos que pegavam mulheres valentes. Queriam que ela cruzasse com um macho dos Espécie. Será que iriam obrigar Becca a fazer testes de procriação com ele? 

Reprimiu um rosnado de excitação com a ideia de realmente montá-la. A lembrança de seu traseiro inclinado sobre a cama na frente dele no quarto passou pela sua mente e tentou furiosamente controlar seus desejos. O estresse liberou seu lado animal. 

— Você está bem? Suas pernas ainda doem de onde atiraram em você? — o pênis dele machucava, não suas coxas, mas apenas balançou a cabeça. 

— Estou bem. Curo rápido.

— Bom.

Acariciava seu peito nu, seu toque era extremamente leve e fechou os olhos apertando-os, sabendo que não precisaria de muito para liberar sua semente se fosse ajudá-lo. Isso o lembrou que queria que ela se sentisse à vontade com ele. Era um bastardo pervertido, reconheceu, quando decidiu como fazer isso. 

— Becca?

— Sim?

— Olhe para mim. — Se afastou o suficiente para olhar para seu rosto. Era linda, mesmo com os seus cabelos ruivos fluindo em desordem sobre seus ombros. — Provavelmente vão pedir para você me tocar. — Seu rosto ficou rosa e seus olhos azuis se arregalaram. 

— Imaginei isso.

— Quero que você se sinta confortável comigo. Pode ser uma situação estressante. Não sei se eles vão nos tratar da maneira que faziam dentro das instalações de teste. Quando queriam que nós procriássemos nos colocavam em um quarto sozinhos, mas havia uma câmera. Eles nos monitoram.

— Ótimo.

Levantou uma sobrancelha. 

— Sarcasmo. É como as pessoas reagem quando estão tentando ser corajosas sobre alguma coisa. — Sua resposta o fez sorrir.

 — Entendo. Não vou te machucar se não me amarrarem. Não tenho certeza se vão ou não.

— Amarraram o 919.

— Eu sei. Você descreveu em detalhes o que fizeram com ele.

— Certo. É. Descrevi. — Lambeu os lábios. — Confio em você. Realmente confio. Sei que não vai me machucar, não precisa continuar dizendo isso.

— Ótimo. — Fez uma pausa. — Gostaria de ser honesto com você para diminuir o horror do que pode acontecer. — Piscou algumas vezes e apenas esperou ele continuar. 

— Ouvi dizer que uma técnica de um laboratório uma vez foi obrigada a retirar uma amostra de um macho e ela manipulou seu pênis com as mãos para obtê-lo. — Não queria mencionar Fury e Ellie pelo nome. — Pode ser que peçam que faça isso. — Mais calor correu para suas bochechas.

 — Percebi isso sozinha, a não ser que te conecte em máquina sem os óculos e eu deveria fazer o que for preciso para excitá-lo.

A furiosa ereção de Brawn pulsava e fez de tudo para ficar imóvel para impedi-la de deslocar para aliviar a dor de mantê-la preso entre suas coxas. 

— Acreditam que temos um relacionamento que envolve sexo e estou com medo de descobrirem a verdade e que isso vá colocá-la em perigo.

— Certo. Você realmente acha que isso importa?

— Talvez. A trouxeram junto para me controlar. Concordo com sua avaliação sobre essa questão. Enquanto continuarem a acreditar que você é minha fêmea eles não vão prejudicá-la, enquanto eu participar. Só quero que você esteja o mais confortável possível com o meu corpo, mas não quero te aborrecer compartilhando a única forma que pude pensar para fazer isso acontecer.

— O que você está pensando? — Respirou fundo.

 — Você pode me beijar e se acostumar com meu corpo, enquanto estamos sozinhos antes de nos levarem aonde quer que seja.

Becca deixou a sugestão de Brawn ser absorvida e engoliu em seco. Beijá-lo? Oh merda. O olhar dela se arregalou enquanto olhava para ele antes de olhar em sua boca. Parecia razoável e se perguntou como seria. 

— Eu não sou boa nisso. — Seu olhar levantou para o dele. — Beije-me. Não saberia por onde começar. — Isso fez com que arqueasse as sobrancelhas. 

— Você é inexperiente em compartilhar sexo? — Nenhum buraco se abriu embaixo dela para que pudesse desaparecer, mas desejava que um aparecesse. 

— Fiz sexo com alguns homens, mas nunca iniciei um beijo antes. Homens sempre tomam a iniciativa.

— Entendo, mas é surpreendente. Seu machos parecem tão dóceis que assumi que as fêmeas fossem as agressoras durante a relação sexual.

— Vamos apenas nos beijar, certo?

— Sim. — Respirou fundo. — Feche os olhos e se concentre apenas em mim. Finja que estamos sozinhos em seu quarto ou no meu. Posso ver seu nervosismo e precisa relaxar. — Os braços a envolveram e Brawn a puxou contra seu peito mais firmemente, inclinou a cabeça e aninhou o lado do rosto dela com o seu. 

Seu belo olhar encontrou o dela, ela sabia que via sua hesitação, mas depois suas mãos levantaram para cobrir o rosto dela. 

— Esqueça tudo, menos de mim. — Ordenou. — Existe apenas nós. Lembra-se de ontem, quando nos conhecemos? — Assentiu, feliz pela distração. Ele sorriu. — Você gostou dos meus olhos. Você nunca viu nada como eu. — As mãos dele deslizou de seu queixo para seu rosto. — Você é estranhamente atraente mesmo com o rosto delicado.

Ela sorriu de volta. — Eu tenho um rosto engraçado?

— Seu nariz é pequeno e pontudo. — Seu polegar esfregou sobre ele. — Sua boca pequena. — Seu polegar desceu para acariciar o lábio inferior. — As menores orelhas que já vi. — Seus dedos traçaram a concha delas enquanto se inclinava perto o suficiente para que suas respirações se misturassem. — Beije-me.

Relaxou, focada unicamente em Brawn e admitiu que tinha olhos incríveis. Eram tão azuis e a forma oval deles era exótica. Redemoinhos amarelos estavam distribuídos em algumas partes do azul. Seu temor desapareceu e fechou os olhos enquanto avançava mais para perto, certo de que queria que acontecesse. 

Seus lábios mal encostaram no dela, tão suave e quente que se espantou que alguém tão durão pudesse ser tão carinhoso. Abriu sua boca sob a leve pressão e a língua dele mergulhou para dentro. Era quente, brincava com a dela e aprofundou o beijo enquanto as mãos dela seguravam seus ombros para se manter constante, precisava de algo para agarrar. 

Toda a ternura fugiu quando seus lábios e língua transformaram o beijo em algo selvagem e apaixonante. Olhos se fecharam e ela inclinou a cabeça para se abrir mais para ele, desesperada para esquecer de tudo, menos de Brawn. 

Beijá-lo era como colocar o dedo em uma tomada, chocante e poderoso. Consome tudo. Ninguém nunca a fez responder dessa forma. Era extremamente apaixonante e ele colocou tudo o que tinha nisso. Suas mãos desceram para vaguear na frente de seu peito largo, procurou pele e encontrou muita dela.  Um ronronar suave saiu entre eles. 

Becca se afastou com espanto. Brawn soltou seu rosto, deixou cair as mãos para os lados e apenas sorriu. 

— Eu faço barulho. Desculpe. Basta tentar ignorá-los. Realmente não os controlo. — Mãos em concha tomaram seu rosto antes que pudesse virar a cabeça e segurou-a firme enquanto a olhava profundamente. Mais uma vez foi atingida pela beleza de seus olhos atraentes. Avançou o rosto mais para perto. Sabia que iria beijá-la novamente e o recebeu. Fazia coisas maravilhosas a seu corpo, fazia tremer sua barriga e tinha um talento verdadeiro de distraí-la com sua boca. O fato de que estavam trancados dentro de uma gaiola, presos por monstros, foi fácil de ignorar. 

Havia apenas Brawn, sua boca a aquecendo e sua pele maravilhosa sob suas mãos. Soltou seu rosto para agarrar seus quadris, a virou mais para encará-lo e ele se moveu embaixo dela. Era impossível não perceber a rigidez que pressionava contra a parte inferior de sua perna quando suas coxas se separaram ligeiramente. Sabia o que era, ele estava excitado, e ela também. 

Gemeu e agarrou seus músculos abdominais, queria trazê-lo ainda mais para perto. Não funcionou com ela sentada de lado em seu colo então se estendeu, agarrou seus ombros e se moveu o suficiente para pressionar o pé no chão de concreto frio. Saiu um pouco do seu colo e em vez disso montou nele. 

Mãos em concha agarraram seu traseiro, a puxou apertado contra o seu colo e seu pênis preso esfregou contra sua calcinha através das camadas de roupas. Doía dolorosamente, os seios estavam pesados ​​e doloridos e só queria libertá-los, arrancar sua camisola sobre a cabeça e esfregar seus mamilos contra a pele dele. 

Brawn apertava seu traseiro, seus dedos se cravando na carne macia. Ergueu um pouco para ajustar o ângulo de seu pênis para pressionar contra sua vagina. As unhas dela se cravaram em sua pele enquanto tentava puxá-lo ainda mais, o calor dele penetrou sua camisola fina e odiava ter algo entre eles. 

Ela o excitava balançando os quadris, gemia mais alto e os dedos deslizaram para seus cabelos e o segurou trazendo para mais perto aprofundando o beijo ainda mais. Contraiu seus quadris e agarrou o traseiro dela para movê-la e se moveram juntos. O balanço lento um contra o outro fez seu pau ficar incrivelmente duro, aumentou seu prazer e era tão bom que sabia que gozaria. Seu clitóris parecia inchar dolorosamente. Queria que se movesse mais rápido, queria levá-la para além da margem do êxtase. Brawn, de repente virou a cabeça, respirou fundo e empurrou seu rosto contra a sua garganta. 

— Temos que parar. — Rosnou. 

Lentamente percebeu o que fez. Se não estivesse usando calça e ela não estivesse de calcinha, ele estaria dentro dela. Ela sabia disso, assim como ele também. Agiram como se fossem adolescentes com tesão, no pior lugar possível e o momento não poderia ter sido mais errado. 

Virou a cabeça contra a sua bochecha, deslizou as mãos para fora de seu cabelo e o abraçou pelo pescoço. Foi difícil tentar retardar sua respiração irregular. Metade dela queria pedir-lhe para continuar, mas a lembrança das câmeras ao longo do teto a manteve calada. Se agarrar a ele ajudou, mas seu corpo estava em chamas. 

Ele inalou alto e sua língua, quente e úmida lambeu-lhe a garganta. — Seu cheiro é tão bom e o gosto também. Gostaria de poder tirar toda sua roupa e explorar todos os centímetros com minhas mãos, nariz e língua. Lamberia cada pedaço e faria você gemer meu nome.

— Você não está ajudando. — Disse ela em um tom instável. — Quero você também.

— Você quer que eu te ajude a se acalmar ou quer uma lambida?

— Uma lambida. 

Rosnou ferozmente, um som assustador que deveria dar medo, mas sua libido estava no comando. Alcançou o espaço entre eles em vez disso, sua mão se contorceu no espaço apertado entre seu ventre e o dela, até que seus dedos se esfregaram sobre sua calcinha.  

— Segure-se em mim. — Ordenou suavemente. — Volte-se um pouco.  

Tinha que se concentrar para seguir suas ordens, com os braços apertados em volta do pescoço se mexeu o suficiente para dar-lhe mais espaço com a mão. Uma imagem dele afastando sua calcinha para o lado, empurrando para baixo sua calça e a possuindo encheu sua mente. É claro que se lembrou naquele momento do que ele disse sobre ser maior do que os homens humanos. Não importava naquele momento. Ouviu que outra mulher tinha transado com um Espécie. Obviamente, o sexo era possível e estava além do medo, estava mais para o estágio “ me-possua-agora”. 

Seus dedos ágeis empurraram o pedaço do material e rosnou novamente com a sensação do quão molhada ela estava com a necessidade de tê-lo, algo que deveria ser embaraçoso se não estivesse preocupada com nada, além do fato de que a ponta do dedo localizou e pressionou seu clitóris. Seu rosto pressionou contra seu peito, sentiu seu cheiro masculino e abafou seu gemido de prazer. 

— Calma. — Respondeu asperamente. — Tenho você. — Seu braço apertou em volta da sua cintura e a manteve no lugar enquanto seu dedo brincava com o feixe de nervos.  — Sinta-me.

Teria rido se conseguisse. Havia apenas ele, nada mais e não apenas pôde deleitar-se com seu toque, seu cheiro, mas na maneira como ele a prendeu em seu colo, para que não pudesse fazer nada, mas suplicar para gozar. 

Esfregava seu botão em círculos, sua mão se virou um pouco e seu polegar, pelo menos ela achava que era, provocou a abertura de sua vagina. Empurrou o rosto mais fortemente contra o peito, sabia que ela precisava ficar quieta por algum motivo, mas esqueceu-se porquê. A sensação de seu dedo grosso empurrando para dentro da parede vaginal a fez morder o lábio. Rosnou em resposta e seguiu para dentro dela ainda mais profundo. Moveu a mão, a fodendo, enquanto esfregava contra seu clitóris e um ronronar profundo alcançou seu ouvido quando dobrou sua cabeça contra a dela. 

O clímax bateu rápido e forte, atravessou-a em ondas severas e a mão nas costas subitamente desapareceu. Brawn cobriu sua cabeça, apertou o rosto dela contra seu peito e quase a sufocou quando ela gritou seu nome. Ela não dava a mínima se tinha ar, estava muito tomada pelo êxtase. Brawn retirou seu polegar, sua mão se afastou e aliviou a pressão que mantinha seu rosto pressionado contra ele. Becca oscilou um pouco em seu colo, mas ele não a deixou cair para o lado quando seu corpo se virou. Brawn passou um braço em volta da sua cintura novamente e ela levantou o queixo para olhar para ele com admiração. 

A visão dele enfiando o dedo na boca para prová-la atordoou e excitou Becca, ao mesmo tempo. Não desviou o olhar quando rosnou para ela. Desejo fizeram seus olhos irem de uma incrível aparência para uma quase feroz de forma selvagem e apaixonante que prometia que queria comê-la viva da melhor maneira possível. 

Puxou seu polegar lentamente por entre os lábios e mostrou os dentes afiados, sacudiu as mãos para cima sobre a sua cabeça como se alguém estivesse apontando uma arma para ele e rosnou. 

— Fique longe de mim.

O som profundo e brutal fez o terror tomar conta dela enquanto saia do seu colo, quase caiu com a pressa e tropeçou para trás esbarrando nas barras da gaiola. A dor que a percorreu fez a emoção física que sentiu ser sufocada, comparada com um tapa emocional que deu nela ao rejeitá-la. 

Se levantou abruptamente, a cama quase tombou na sua pressa e correu para a extremidade mais afastada da gaiola para colocar espaço entre eles. Suas mãos agarraram as barras, se manteve de costas para ela e sua cabeça foi jogada para trás quando rugiu de pura raiva. 

 

Brawn teve dificuldade para abrandar sua respiração e obter o controle do seu corpo. Os dedos estavam brancos de agarrar fortemente as barras que o mantinha no lugar. O rugido o ajudou a liberar um pouco da frustração, enquanto o cheiro do medo de Becca no ar o perseguia. 

Ele causou aquele medo, mas precisava. Dois segundos a mais com ela em seu colo e teria feito algo horrível. Poderia tê-la machucado e reagiu fazendo com que fosse para longe dele antes da tentação se transformar em um ato físico. 

Seu pau doía muito, mas tentou ignorá-lo. Os olhos se fecharam enquanto se concentrou em respirar pela boca, não que isso ajudasse já que o gosto dela ainda permanecia e queria rugir novamente. 

O desejo de se virar, ir atrás de Becca, arrancar suas roupas e forçá-la a ficar de joelhos sobre a cama era insuportável. Não devia ter feito mais do que beijá-la, mas seus melhores planos foram para o inferno rapidamente e no segundo que sua boca encontrou a dela. Ofegava com dificuldade e lutava contra todos os instintos que gritava pegue-a! 

Achou que o beijo seria doce, carinhoso e que conseguiria lidar com isso. Em vez disso, tinha experimentado a mais forte onda de excitação que jamais experimentou. Mal se lembrou das malditas câmeras, o seu medo delas e o quão o odiaria se a despisse e enterrasse o rosto onde seus dedos tocaram seu mel. A lembrança do quão apertada ela era o deixou com medo de não manter o controle dos seus desejos. A pegaria muito forte, muito rápido e rasgaria a maldita e doce vagina dela. Queria fazê-la gritar seu nome, mas não de dor. 

Seu peito latejava onde ela o mordeu e a dor aguda dos dentes tirando seu sangue quase o fez perder o controle. Ela não era dos Espécies, isso não significava que estivesse pedindo para mordê-la e se acasalar com ela. Provavelmente foi muito severo em sua urgência de fazê-la gozar, mas esperava que esse não fosse o caso. Essa preocupação o ajudou a reprimir algumas de suas paixões. 

Nunca quis fazer mal a Becca. Preferiria sofrer uma agonia torturante antes de tirar sangue dela. Ela confiava nele, precisava de sua proteção, mesmo que fosse mais um perigo para ela quando estava em seu colo do que todos os bastardos que os sequestraram. O pensamento do que poderia ter acontecido resfriou seu sangue ainda mais. 

Pegá-la como se fosse uma Espécie seria imperdoável. Ela não era grande, poderosa ou forte o suficiente para combatê-lo se não quisesse que ele fizesse qualquer coisa com ela. Estaria impotente à sua luxúria e preso em sua neblina, ela poderia não perceber isso até que tudo estivesse acabado. Às vezes, um macho precisava dar um bom soco ou brigar para chamar sua atenção quando a paixão governava. 

Brawn finalmente se sentiu calmo e estável o suficiente para pedir desculpas. Isso prejudicaria seu orgulho um pouco ao admitir que quase se desequilibrou, mas a verdade poderia tirar o medo que causou quando lhe mostrou seu lado não domesticado. Virou-se e a culpa o dominou de novo quando olhou para ela amontoada do outro lado da gaiola. 

Tinha afundado no chão, dobrado os joelhos, os braços abraçando-os livremente, e sua respiração lenta assegurava-lhe que dormia. Não podia ver seu rosto pois estava pressionado contra suas pernas. Como permaneceu de pé foi algo que não conseguiu entender, mas se aproximou lentamente. Mãos macias deslizaram sob suas coxas e costas. Gentilmente a levantou e não acordou enquanto a segurava nos braços. Sua cabeça rolou contra o peito, perto da marca da mordida que deixou nele e virou-se lentamente. Seu passo era leve quando se aproximou da cama, levantou o pé para chutar o cobertor e suavemente a deitou de lado. 

Não queria soltá-la, poderia ter sentado com ela em seus braços, mas pensou melhor. Seu pênis tinha acabado de relaxar o suficiente para descer e não estava prestes a abusar da sorte. Brawn a cobriu com o cobertor, e estudou seu rosto delicado abertamente. 

Ela tinha um nariz engraçado, mas gostava. Sua boca era pequena, mas carnuda e certa para beijar. Paixão começou a incendiar dentro dele de novo e rapidamente se levantou, virou-se e afastou-se dela. 

O chão era duro e frio, onde estava sentado, de costas para Becca, seu olhar preso nas portas duplas, onde esperava que seu inimigo viesse por ele e sua fêmea. 

Minha fêmea? Maldição. Fechou os olhos, respirou fundo e tentou se lembrar que ela não era sua e nunca poderia ser. Tim Oberto nunca permitiria que sua filha ficasse com um Espécie, temia ser perigoso para o seu bem-estar e Brawn não poderia ir de encontro ao raciocínio dele. Fêmeas humanas que se acasalavam com Espécies acabavam em perigo. Não apenas por causa de seus companheiros. 

As portas se abriram do outro lado da sala. Os olhos de Brawn se abriram e viu quatro humanos carregando um macho dos Espécie inconsciente e devolvê-lo à sua jaula. Inalou e fez uma careta. O cheiro da paixão solitária, as drogas de procriação e o mau cheiro de seu inimigo não caíram bem em seu estômago vazio. 

Não haviam alimentado a ele ou Becca. Isso o preocupava muito. Implicava que não queriam mantê-los vivos por muito tempo, mas não fazia sentido se planejavam vendê-los para alguém quando não fossem mais uteis. Lembranças de seus anos nas instalações de teste vieram à tona e relaxou. Esses bastardos trabalharam para Mercile e isso significava que só dariam comida, se conseguissem o que queriam. 

Os homens partiram tão rapidamente quanto vieram e relaxou novamente, virou a cabeça para estudar Becca e esperava que não voltassem por um longo tempo. Provavelmente estava muito cansada, não foi drogada, o que significava que não dormiu da mesma forma que ele. Seu olhar voltou para a porta para manter vigília. Realmente não podia proteger Becca, mas o fez se sentir melhor para protegê-la do mesmo jeito. 

 

Becca pulou acordada quando botas ecoaram na sala. Adormeceu no canto, aninhada como uma bola, observando Brawn tentar se acalmar. Ele manteve-se de costas para ela, se recusou a sequer olhar sua direção e a exaustão finalmente a tomou. Acordou na cama com um cobertor  a cobrindo. 

Brawn estava ao lado da cama, perto o suficiente para tocar a traseira de seu moletom, e viu quem fazia aqueles sons. Virou a cabeça a tempo de ver Randy e alguns de seus capangas virem como um furacão em sua direção. Pavor doeu seu estômago e imaginou que o tempo acabou. Um olhar na direção das outras gaiolas confirmou isso, uma vez que a gaiola do 919 não estava mais vazia. Um corpo do sexo masculino podia ser visto na cama por trás das grades. Ou foi drogado ou estava dormindo pois não se movia até onde poderia dizer. 

— Becca? Temos que sobreviver. — Brawn resumiu a situação em voz baixa. — Faça o que pedirem.

Olhou para ele, mas ainda se recusava a olhar para ela, seu único foco era os quatro capangas, que pararam em frente à porta da gaiola. Todos retiraram suas armas de choque, os examinaram e Randy foi o que falou. 

— Está na hora. — Olhou para Brawn. — Se mova bruscamente e daremos choque em você e em sua namorada. — Bateu em sua arma. — Elas foram alteradas por um dos nossos homens e ele removeu a segurança da tensão. Você sabe o que isso significa? Ele vai matá-la. Você luta e ela morre.

— Não gosto disso. — Dean sibilou. — Vamos derrubá-lo, temos ordens para isso e quando acordar, vai estar acorrentado. É muito perigoso abrir essa maldita porta para movê-lo com ele acordado.

— A doutora Elsa dá as ordens. — Randy, obviamente, não estava animado pois parecia como se tivesse chupado um limão. — Ela não quer ele fodido a menos que tenhamos que fazer isso. Acha que pode diminuir seu humor.

— Merda. — Ray murmurou. — Vamos trazer a doutora até aqui para ela remover esse grande bastardo se tem tanta certeza que vai proteger a cadela que ele está fodendo. Acho que vai tentar nos matar. Não são muito inteligentes. — Randy se aproximou, seu olhar focado em Brawn e suas sobrancelhas se ergueram.  

— Você chateou sua namorada? Parece que ela te mordeu.

— Não. — Brawn foi para trás, agarrou o quadril de Becca e delicadamente a manobrou para trás de seu corpo enquanto ela ficava de pé ao lado dele. — Vou obedecer.  Não a machuque. Entendo que está disposto a matá-la se eu mentir. — Virou a cabeça na direção de Ray.  — Não sou estúpido.

— Isso é uma loucura. — O quarto homem acrescentou. — Vai dar merda, uma vez que a porta se abrir, ele vai tentar matar quanto de nós puder. Perdi três da minha equipe de segurança para bastardos como esse. Ele pode saltar para nós, se mover super rápido e veja aquelas malditas unhas. Elas são mais duras do que a nossa e podem rasgar a pele toda.

— Eu sei. — Admitiu Randy. — Mas recebemos ordens. — Sua voz se elevou. — Sua namorada morre, se você me fizer pensar que vai atacar um de nós.

— Não vou. — Brawn hesitou. — Vou levá-la. Não posso lutar com ela em meus braços. Isso o fará se sentir mais seguro? — Surpresa cintilou nos rostos dos homens e Randy assentiu bruscamente. 

— Sim. Faça isso. Carregue-a com ambos os braços por que se a deixar cair, vai bater forte o suficiente para rachar o maldito crânio no chão duro. — Levantou uma perna e deu um passo. — Iria fodê-la.

Brawn lentamente virou-se para encontrar o olhar preocupado de Becca. Havia o deixado furioso de alguma maneira, mas estava oferecendo uma tentativa de não escapar como garantia por sua segurança. Dobrou os joelhos um pouco e abriu os braços. 

— Coloque seus braços ao redor do meu pescoço. — Mordeu o lábio. 

— Sinto muito.

— Pelo o que? Isso não é culpa sua. Nada disso é. Basta fazer como eles dizem e não vão ter motivo para tentar prejudicá-la. Não vou lutar contra eles. Sua segurança vem em primeiro lugar.

— O que você está dizendo para ela? — Randy parecia irritado. — Vamos e parem de enrolar. — A cabeça da Brawn se virou e rosnou baixo. 

— Ela está assustada. — Olhou para Becca novamente. — Segure-se em mim. Não estava com raiva de você. Aquilo foi dirigido a mim. Agora não é o momento para discutir isso.

Becca estendeu a mão e colocou os braços em volta do pescoço dele. Colocou um braço em volta da cintura dela, levantou o outro e a pegou por trás dos joelhos, prendendo a camisola para manter sua decência enquanto a erguia. Lentamente virou-se para estudar os homens com os olhos apertados. 

— Vou me mover lentamente. Posso sair agora?

Randy balançou a cabeça para um dos rapazes e um Ray muito nervoso se aproximou para desbloquear as correntes e abriu a porta da gaiola. Fez bem para o coração de Becca ver o terror nos rostos daqueles imbecis sobre o que Brawn poderia fazer com eles. Ele era intimidador, um homem grande e poderoso. Sem ela, provavelmente poderia acabar com eles. 

— Saia. — Randy pediu. — Tranquilo e lento, gatinho.— Ergueu a arma, apontou para Becca e franziu a testa. — O primeiro tiro será nela.

— Não vou arriscar a vida dela. — Brawn moveu-se cautelosamente para fora da gaiola, seus passos eram lentos e não ameaçadores. 

Medo e incerteza lutavam dentro de Becca enquanto eram levados para uma sala diferente daquela em que 919 foi acorrentado. Esta tinha uma beliche de metal e uma câmera montada no canto. Uma mesa foi montada em outro canto. A porta se fechou atrás deles e os capangas mantiveram suas armas apontadas para eles. 

— Coloque-a no chão e caminhe até a cama. — Randy orientou. 

Brawn hesitou. — Você não precisa me acorrentar. Eu disse que não iria lutar.

— Faça o que eu digo. Isso não é assunto de debate. Tire a roupa, deite de costas e não lute quando estiver contido. Entendeu?

Brawn a colocou de pé, a soltou e caminhou até a cama longa de metal, com barras na cabeceira e uma pequena barra para sustentar os pés. Uma careta acentuou mais suas belas feições enquanto se aproximava da cama e Becca propositadamente virou as costas para poupar-lhe o olhar também. Ray se apressou e apontou sua arma para o rosto de Becca, enquanto Randy rastreava os movimentos de Brawn com a sua. Os outros dois homens colocaram suas armas para a porta e moveram-se para fora de sua linha de visão para ir atrás de Brawn. 

Ouviu o ruído da calça de moletom ser removida, a cama guinchou com seu peso e correias se agitaram. Randy abaixou a arma e deu um passo mais para perto dela, ganhando sua total atenção. 

— Aqui está o que você vai fazer. Você está ouvindo?

— Sim. — Olhou para ele. 

Ele girou, caminhou até a mesa onde uma bandeja com itens foi colocada e segurava um tubo de algo e um copo de amostras. — Lubrificante e um copo com uma tampa que você vai selar. Preciso soletrar? — Olhou por cima do ombro e sorriu. — Assim que ele gozar, você corre para a porta e ela se abrirá. Ray pegará a amostra de você e Dean atirará em você se tentar qualquer merda. — Seu olhar se ergueu para a câmera antes de lançar-lhe um olhar de advertência. — Vou estar assistindo a cada movimento que fizer. Não brinque com suas correntes ou se arraste a partir do momento que ejacular até você levar até a porta. — Se virou totalmente para ela e se aproximou com os dois itens. — A doutora quer, pelo menos, oito amostras desta vez. — As sobrancelhas de Becca levantaram. 

— Oito? — Randy inclinou a cabeça e franziu a testa. 

— Oito. Você tem um problema com isso?

— Ele pode ter. — Calor aqueceu seu rosto. — Isso é muito.

— Não para eles. — Randy estudou Brawn. — Se segurando para sua namorada, hein? Ela é uma retardada ou o quê?

— Ela é humana. — Brawn respondeu com uma voz profunda e com raiva. — Não é uma fêmea Nova Espécie. — Uma risada escapou de Randy e sua seriedade desapareceu. 

— Oh, não é bonito, gente? — Aproximou-se de Becca. — Seu namorado pode ser um gatinho, mas transam como cães no cio. O perfume de uma mulher disposta ou uma os tocando os deixará duros por horas. Só precisa de cerca de vinte segundos de recuperação e vai estar bom para um acidente vascular cerebral ou para ser sugado novamente. — Estendeu o tubo e o copo. — Não o deixe jogar em sua boca. Saliva misturada com esperma fode a constituição da amostra. Não cuspa no copo.

Becca rigidamente aceitou os itens, odiava Randy e esperava que quando seu pai chegasse lhe desse uma arma. Gostaria de disparar contra Randy novamente e não erraria se fosse dada uma segunda chance. 

— Mais alguma coisa? — Seu olhar a percorreu. 

— Sim. Talvez quando tiver terminado com ele, você poderia me dar uma mãozinha. — Riu enquanto se virava e caminhou para a porta. — Apresse-se, se quiser comer ou não quiser que ele seja conectado a essa máquina. Você tem duas horas.

Os homens saíram do quarto e Becca estava lá de costas para a cama.  Brawn estava acorrentado nu. Olhou para o tubo e para o copo da amostra, olhou para a mesa para ver mais copos e fechou os olhos. Esta seria difícil. 

— Becca? — Brawn falou baixinho. — Está tudo bem. Estou contido e não posso te machucar.

— Não estou preocupada com isso. — Seus olhos permaneceram fechados. — Sinto tanto por isso.

— Não é nenhuma dificuldade. — Rosnou suavemente. — Eu que me sinto culpado. — Isso fez com que quase se voltasse para ele.

— Por quê? Você não nos sequestrou.

Ele hesitou. — Isso vai ser muito mais fácil para mim do que será para você. Vou compensar isso de alguma forma para você. — Ela respirou fundo. 

— Por que você ficou furioso? — Incomodava-lhe como reagiu violentamente dentro da gaiola depois de tê-la beijado... E feito muito mais. — Fiz alguma coisa? Te machuquei? Não queria mordê-lo.

— Eu queria você e estava muito fora de controle para arriscar. — Honestidade soou em sua voz. 

Virou-se, manteve os olhos fechados e sabia que teria que abri-los. — Sinto que estou prestes a te estuprar ou coisa parecida.

— Becca? Olhe para mim. — Obedeceu e aquela era uma visão que nunca iria esquecer. Seu longo corpo estava estendido sobre a cama, cada centímetro dele nu. Estava deitado de costas e seu pênish76 se projetava para cima, grosso e duro. Seu olhar permaneceu lá por segundos antes de mudar seu foco para seu rosto. Calmamente. 

— Quero que você me toque. Não posso perder o controle agora. Me sinto culpado por isso, mas é a verdade. Sou doente por isso? — Deu um passo mais perto dele sem pensar nisso. 

— Não.

— Estou excitado, e você não está. Isso é traumático para você, estou ciente disso, mas ainda assim, desejo sentir suas mãos em mim. — Desviou o olhar, olhou para o teto e sua boca ficou tensa em uma linha, apertada firme.

Becca, de repente não se sentia tão desconfortável quanto antes. A fez chegar ao clímax, foi maravilhoso e queria fazer o mesmo por ele. Não podia deixar de estremecer com a presença da câmera, mas quando lançou um olhar para ela e percebeu que poderia bloquear a maioria das coisas com o seu corpo se ela se sentasse na beirada da cama ao lado do seu quadril. Endireitou os ombros. 

— Somos uma equipe. Vamos passar por isso juntos.

Suas palavras pareceram surpreendê-lo e encontrou o seu olhar firme quando sentou-se no espaço entre o quadril e a borda da cama. Não era muito largo. Colocou o copo ao lado de sua coxa para mantê-lo preso entre eles depois de tirar a tampa, abriu o lubrificante e espalhou um pouco em seus dedos. Embora não conseguisse encontrar o olhar dele. 

— Você está pronto?

— Sim. — Os músculos do seu estômago ficaram tensos. — Sinto muito, Becca. — Sussurrou. 

Finalmente ela olhou para cima. — Não sinta. Apenas me diga antes, hum, você sabe. — Ele assentiu. — O que você prefere? — Se sentiu febril com suas bochechas coradas enquanto sussurrava, lembrando de manter a voz baixa para dar-lhes alguma privacidade. Esse provavelmente foi o encontro sexual mais estranho que já teve. Não estavam se beijando ou envolvidos no momento. O quarto era frio, estéril e o homem estava acorrentado, enquanto um bastardo doente assistia no outro quarto.  — Rápido? Lento? Deveria saber disso já que somos um casal. Sua mão pegou o pau, mas hesitou um centímetro de distância. 

— O que quer que faça vai ser bom. — Sua voz saiu rouca. 

— Você tem certeza que eu posso fazer isso? Quero dizer... Merda.

— Sim. Basta lembrar que faço sons. Alguns podem soar como se eu estivesse com raiva, mas é normal. Você não pode me machucar e desejo o seu toque.

Se concentrou em seu pênis. Era grosso, perfeito e algo que considerava bonito. Um sorriso quase surgiu quando percebeu, sem acreditar que usou esse termo para o pênis de um homem. Seus dedos acariciaram o eixo, explorou a pele macia enrolada numa ereção muito dura. Um ronronar profundo encheu a sala e ergueu o olhar para ver rosto de Brawn. 

Ele fechou os olhos, provavelmente para deixá-la mais confortável e mordeu seu lábio inferior. Parecia tão sexy e ele não era o único que se preocupava em parecer pervertido, porque era uma imagem quente tê-lo acorrentado. Só queria que estivessem em sua casa, na cama dela e sozinhos. 

Ele tremeu um pouco na cama, enquanto ela envolvia sua outra mão ao redor da coroa de seu pênis, acariciou e agarrou firmemente seu eixo. Começou lento, explorando e ao mesmo tempo acariciando-o de cima abaixo e sua respiração aumentou. Fascinou-a, observando seus músculos tensos quando começou a lentamente balançar seus quadris. Um brilho fino de suor irrompeu em seu peito, seu ronronar aumentou em ressonância e foi a coisa mais quente que já viu na vida. 

— Eu vou... — Rosnou, sua voz áspera. 

Ela soltou uma mão, agarrou o copo e se perguntou como diabos iria fazer isso funcionar. Os pés de Brawn se apoiaram contra a barra inferior da cama aonde estava acorrentado, inclinou seus quadris para cima e ela abaixou seu pau até quase tocar a barriga. O copo pegou sua semente quando começou a gozar.

Gemeu alto, balançou com a força de seu clímax, e teve que se lembrar de segurar o copo quando realmente queria apenas vê-lo. Ouvi-lo fez seus mamilos se apertarem. Seu corpo estremeceu um pouco com cada golpe, enchendo o copo um pouco mais enquanto o ordenhava para sair cada gota com os dedos. Largou seu eixo e seus músculos relaxaram, seu corpo grande se esparramou, enquanto ofegava. 

Becca se lembrou da tampa do copo, ficou de pé com as pernas trêmulas e caminhou até a porta. Foi aberta antes que chegasse perto e Ray estendeu uma mão com luva . Sua boca se abriu, mas depois fechou. Pegou o copo sem comentar nada e saiu, fechando a porta atrás dele. Becca correu de volta para o lado de Brawn depois de pegar um novo copo de amostra da mesa. 

Seus olhos estavam fechados enquanto recuperava o fôlego e acariciou o peito depois limpando o lubrificante com a borda do cobertor. 

— Você está bem? — Seus incríveis olhos se abriram para olhar para ela e aquele olhar era algo que nunca esqueceria quando sorriu. O amarelo tinha dominado o azul, parecia quase ouro e tirou seu fôlego. 

— Amo suas mãos macias. — Lágrimas encheram os olhos dela, incapaz de detê-las. 

— Que bom.

Alarme matou seu sorriso. — Desculpe, Becca.

— Pelo quê?

— Te prejudiquei com essa parceria. Você está aqui fazendo isso porque estava vivendo comigo. Não deveria ter saído de Homeland. Você estaria em casa se não tivesse saído.

Se inclinou sobre ele, seu cabelo caindo em seu braço e peito, e chegou perto o suficiente para quase tocar seus lábios com os dele. — Estou feliz por você estar bem. Temos que fazer isso mais sete vezes.

— Você está chorando. Isto fere você.

— É o stress, Brawn. — Sua mão acariciava seu peito. — Não estou ferida. Estou mais preocupada com você do que comigo. É você quem está acorrentado e tem que fazer isso mais sete vezes. Estou com a parte mais fácil, na verdade. — Ele balançou a cabeça rapidamente. 

— Quanto mais rápido isso acabar, mais cedo nos levaram de volta à gaiola para nos alimentar. Vamos fazer isso. — Ficou surpresa.

 — Mais uma vez? Tão cedo?

Lançou-lhe um olhar sombrio de determinação. — Sou um Espécie. Estou pronto.

Brawn se recusou a admitir que seu toque foi uma experiência incrível e já desejava que começasse de novo. Poderia jurar que sentiu o cheiro de sua excitação, mas provavelmente era cedo demais. Suas lágrimas o rasgaram por dentro e sabia que uma vez que isso acabasse, se forem resgatados, este dia lhe assombraria. 

Ela se afastou dele e ele sentiu a falta da sua proximidade instantaneamente. Fechou os olhos, para que ela se sentisse mais confortável não sendo observada, sabia de sua aversão a câmeras e odiava a forma como seu pau endureceu com a necessidade sabendo que suas mãos estariam nele novamente. 

Seu esfregar de leve com as pontas dos dedos o fez morder os lábios para abafar um rosnado. Seu coração disparou, seus braços se tencionaram contra as correntes e queria quebrá-las. Estava agradecido por elas o segurarem. Caso contrário iria agarrá-la, arrancar suas roupas e a prender sob seu corpo. Queria tanto estar dentro dela que o estava matando. 

Apenas a imagem mental dela sob ele, suas coxas afastadas e o seu pau entrando em sua vagina foi o suficiente para deixá-lo pronto para gozar. As mãos dela o estavam alimentando. A sensação era incrível, mas sabia que iria sentir-se melhor com as paredes vaginais o apertando mais que seu toque. 

— Mais apertado. — Sussurrou entre os dentes, odiando-se um pouco mais por pedir. 

Suas mãos o seguraram com mais firmeza, moveu-se mais rápido e conheceu a vergonha quando respondeu asperamente que deveria pegar o copo. O mundo tornou-se um névoa branca de prazer quando gozou fortemente, tentou lembrar de respirar e o prazer não parou até que largou seu sexo. Ofegante, recuperou o fôlego e conheceu o puro inferno. Não só Becca nunca o olharia novamente sem se lembrar do que os malvados empregados da Mercile eram capazes como acreditaria que era um homem patético que não conseguia segurar sua semente tempo suficiente para dar prazer se fossem compartilhar sexo. 

Carícias leves traçaram sua pele e seu cabelo fez cócegas quando encostou-se a seu lado. — Vai ficar tudo bem. — Becca sussurrou. — Somos uma equipe e vamos passar por isso.  Mais seis vezes. Isso é tudo.

Raiva apoderou-se dele. Estava tentando confortá-lo, garantir-lhe que tinham de alguma forma sobreviver e falhou com ela. Assentiu, não querendo olhá-la caso ela o olhasse com piedade. Não poderia aguentar isso. 

— Iremos passar por isso. — Manteve sua voz firme, forte e esperava que ela não perdesse todo o respeito por ele. 

 

Brawn estava tão silencioso que Becca se preocupou profundamente. Terminou sua aveia, uma tigela de mingau, horrível, frio, passada do ponto e quase invejou os bifes sangrentos que deram a ele. Se sentou na cama dentro da gaiola, ele se sentou de pernas cruzadas no canto mais distante com o prato equilibrado sobre seu colo e evitou até mesmo olhar em seu caminho. Foi assim desde que tirou a última amostra de sêmen e o esquadrão dos capangas retornaram para transferi-los de volta para a jaula. 

— Como estão os bifes? — Tentou uma pergunta casual para testar seu humor. 

— Frios. — Deu outra mordida, o sangue escorria para o prato e ele mastigava. — Eles os congelaram, mas foi há algum tempo. Acho que os colocam em uma geladeira.

— Sinto muito. Você quer um pouco de aveia? — Olhou para a porção semi-comida, mais do que disposta a dar-lhe o resto. Apesar de estar tão faminta, era como comer cola, pastosa de gosto horrível. Ele balançou a cabeça. 

— Mantenha a sua força. Coma tudo.

Não ofereceu a ela qualquer um de seus bife e seus ombros cederam. Estava esperançosa que iria partilhar. Aceitaria a carne quase crua e fria do que aquela porcaria sem gosto de qualquer dia. 

— Você está cansado? Poderíamos compartilhar a cama. — Isso lhe rendeu um olhar carrancudo. 

— Vou dormir no chão. Deite-se se quiser descansar. — Raiva e dor a atingiram ao mesmo tempo, quando deixou seu olhar cair.

 — Estou bem. Achei que você poderia estar cansado. Você pode ficar com a cama e eu fico no chão.  Você precisa descansar. — Ele tinha acabado de dar oito amostras, ele podia até não ser humano, mas imaginou que qualquer homem gostaria de dormir após esse tipo de atividade. 

— Estou habituado a dificuldades. A cama é sua. — Os olhos se fecharam e respirou levemente algumas vezes para evitar as lágrimas que ameaçavam cair. Talvez a odiasse um pouco pelo o que tinha suportado. Se ressentiria ser amarrada e obrigada a chegar ao clímax oito vezes porque alguém queria amostras. Claro que não seria tão horrível se fosse Brawn a tocando. Mas ele não era ela. 

— Durma, Becca. — Resmungou um pouco. — A aveia vai mantê-la forte.

É claro que manteria. Não era como se ele pudesse sentir o gosto. Inclinou-se, colocou a tigela no chão e deitou na cama de costas para Brawn. Se enrolou em forma de bola, abraçou o peito e lutou contra as lágrimas. 

Onde diabos estavam seu pai e sua equipe? Por que estavam demorando tanto se podiam rastrear Brawn? Sabia que viajou por horas, mas a ONE foi avisada quando receberam o telefonema de Brawn. A equipe já deveria ser despachada pelo tempo que foram sequestrados na propriedade e ainda não tinham aparecido. 

E se o maldito rastreador estiver com defeito? Empurrou o pensamento para trás, sem vontade de sequer pensar nisso. A esperança de ser resgatada era tudo o que sobrava para manter sua sanidade. Caso contrário, em algum momento a médica cadela teria dinheiro suficiente para fugir do país, venderia Brawn e os outros três Espécies para algum pilantra na Europa depois de terem sequestrado um primata, e isso deixaria Becca com uma sorte de merda. Ou a matariam logo ou a deixariam para morrer dentro da gaiola. 

Se abandonada, seria uma incerteza o que a mataria primeiro. Fome ou a insanidade causada por ser deixada no escuro, trancada, sem esperança. Seria um verdadeiro inferno de qualquer maneira. Teria água, graças à mangueira que arrastaram para o lado da gaiola para deixá-la lavar as mãos e rosto. Claro que poderiam tirar isso também, se decidirem abandoná-la apenas quando saírem. 

Lágrimas quentes rolaram e ela soltou um soluço abafado. Estava com medo e odiava isso. O fato de que Brawn estava agindo tão distante piorou as coisas. Estava sendo um péssimo companheiro de time. 

— Becca? — Uma mão firme segurou seu quadril. 

— Estou bem.

— Você não está. Olhe para mim.

— Não. — fungou. — É só o meu emocional. Estou bem. Vá comer.

Resmungou baixinho e forçou-a rolar de costas. Abriu os olhos, teve de piscar algumas vezes para vê-lo em meio às lágrimas e se debruçou sobre ela até que seu nariz quase roçou o dela. 

— O que está errado? Você está ferida? Ainda com fome? Devia comer mais.

— Estou com medo. — Admitiu, sussurrando. — Deveriam ter nos encontrado até agora e não encontraram. Não acho que vão. — Choque não foi registrado em seu rosto e pensou que poderia já ter considerado essa possibilidade. Isso só fez a horrível possibilidade ficar mais real e lágrimas frescas se derramaram. 

— Vou morrer aqui e você ... — Estendeu a mão em concha o rosto dele. — Você pode lutar. Você poderia fugir se não me usassem para manter você na linha, não pode? — Isso provocou a ira em seus olhos.

 — Não farei nada para colocá-la em perigo. — Ela esfregou seu rosto. 

— Temos de ser realistas. Sou filha de militar. Às vezes você tem que sacrificar uma vida para salvar o resto. Você tem uma real chance de escapar se pegá-los de surpresa. A próxima vez que vierem até nós, aja como se não fosse lutar e acabe com eles. Dê o fora daqui.  Você poderia salvar a si mesmo e talvez esses outros Novas Espécies. Vai levar algum tempo para mover os seus rapazes, precisam mantê-los vivo para o dinheiro que estão fazendo, mas sou apenas uma garantia com uso limitado.

— Becca. — Rosnou. 

— Faz sentido e meu pai iria entender totalmente. Diga a ele o que eu disse assim que sair daqui. Estamos perdidos e nós dois sabemos disso. Você realmente deseja acabar na Europa em algum lugar que poderia ser muito pior do que este inferno?  Querem usar você e aqueles outros Espécies para fazer bebês para vender no mercado negro. Estão planejando o sequestro de um primata e tem alguém que trabalha em Homeland que irá arranjar isso da maneira que aconteceu quando você saiu. Você não pode permitir isso. Estou morta de qualquer forma, Brawn. Eles não vão me enviar com você. Não há nada especial em mim uma vez que meu uso com você acabar. Te drogaram, o levaram embora e eu estou morta. Ponto.

Ele agarrou seus braços, seu aperto quase deixou contusões. — Você é muito especial e não vou permitir que morra apenas para ganhar minha liberdade ou daqueles outros machos.

— Eles são da sua espécie, Brawn. Seus homens. Você tem que salvá-los. Você é o único que pode fazer isso.

— Não me importo. — Baixou seu rosto até que seus narizes pressionaram juntos e raiva despertou em seus olhos. — Não vou deixar você morrer.

Lágrimas frescas a cegaram quando deslizou os dedos em seus cabelos. — Você é um homem de presença e maravilhoso, se alguém não já lhe disse isso, mas você precisa ser inteligente.

Empurrou para trás e a soltou. — Essa conversa acabou.

Cruzou a gaiola e segurou as barras, de costas para ela. Becca sentou-se, com raiva queimando e se levantou. Seu olhar desviou para a câmera, se lembrou que precisava manter a voz muito baixa e caminhou em sua direção. 

— Brawn? — Bateu em seu ombro. Virou a cabeça e olhou para ela. 

— Vá dormir. Você está cansada e não está racional. — Desviou o olhar. 

— Você sabe que estou certa. — Sussurrou. — É uma droga, mas é a verdade. Olha para mim, maldição.

Largou as barras e se virou lentamente. Becca devia ficar com medo ao ver sua raiva, mas sabia que ela fazia sentido. Ele tinha uma real chance de escapar, pegando os capangas de surpresa na próxima vez que tentassem movê-los da cela para obter mais amostras. Chegou tão perto que seus corpos se tocaram. 

— Esse é o plano. A próxima vez que vierem, ofereça para me segurar novamente. Me segure e no segundo que estiver livre da gaiola, me jogue para eles, ataque e fuja. Estamos pelo menos três andares subterrâneos. — Engoliu em seco. — É a porta dupla, você não os viu atravessar. As da esquerda. Um deposito fica acima de nós e é aí que a escada leva. Há janelas no alto, se as portas que dão para o lado de fora estiverem bloqueadas. Não vi nenhuma barra sobre o vidro. Você pode saltar, certo? Ouvi um deles dizer isso. Quebre uma janela, saia e corra até encontrar ajuda. — Se inclinou para baixo.

 — Esse é o seu plano?

— Sim.

Os olhos dele se estreitaram perigosamente e sua voz saiu suave, mas dura.

 — O que acontece no seu plano quando eu jogá-la?

— Vão atirar em mim, vou derrubar pelo menos um deles quando atingi-los se você me jogar forte o suficiente para o meu peso bater nele e juro que vou tentar cegá-lo ou algo assim antes de morrer. Realmente queria riscar os olhos de alguém, no mínimo.  

Brawn rosnou alto. O som a assustou e suas mãos se agarraram seus quadris antes que pudesse sequer suspirar. Seus pés deixaram o chão quando a levantou, girou e bateu suas costas na porta da gaiola. Fixou-a com o seu corpo pressionado firmemente ao dela, a ergueu ficando ao nível do rosto e mostrou os dentes afiados. 

— Não. — Respondeu asperamente. 

Becca agarrou os ombros dele, tentando ignorar a pressão da barra fria e dura contra suas contas e da forma como seus pés pendiam a um metro do chão. 

— Sim. É um bom plano e um de nós vai sobreviver a isto, homem. Não posso saltar e quebrar uma janela, se essa é a única maneira de sair do deposito mesmo se estivesse disposto a receber balas para me dar tempo de alcançar a porta antes de atirarem em mim. Não tenho a força que você tem e sou uma porcaria correndo. Provavelmente desmaiaria depois de correr três lances de escadas. — Odiava admitir, mas era verdade. — Estou um pouco fora de forma, se você não notou.

— Você é perfeita. — Sussurrou. — Cale a boca e pare de falar.

Por que ele não me escuta? Sua frustração cresceu. Não queria morrer, mas ele tinha uma chance real de escapar. Por que não podia ver que a equipe de resgate teria chegado se tivessem sido capazes de rastrear seu sinal? Estavam olhando para possíveis meses de cativeiro, então seria embarcado para algum outro lugar mais distante da possível ajuda encontrá-lo e estaria morta de qualquer maneira. 

— Você está sendo estúpido e teimoso. Não sou perfeita, mas também não quero morrer de fome ou sendo baleada por esses imbecis como se fosse um cão raivoso. Prefiro morrer lutando com um propósito. Agora, pare de ser tão ingênuo e seja homem. — Isso funcionava com seu pai quando tentava irritar os seus homens em formação. Esperava que fizesse o mesmo efeito com Brawn. — Faça o que é inteligente e pare de ser tão doce. — Sussurrou. 

Brawn jogou a cabeça para trás e rugiu. O terror agarrou Becca num piscar de olhos, o queixo caiu aberto e percebeu que foi longe demais. Sua cabeça se abaixou e sua boca selou sobre a dela. Sua língua impulsionou entre os lábios entreabertos e a beijou. 

O choque desvaneceu-se rapidamente quando percebeu que não iria matá-la. Era pior. Estava fazendo-a o querer e o dom de manipulação em sua boca foi excelente. O beijou de volta, com os braços em volta do seu pescoço mal percebeu quando ele ajustou a mãos dele em seus quadris para segurar suas coxas, as separando. Ela o envolveu os quadris dele com as pernas. 

Estavam em movimento, o gesto quase não se registrou em sua mente, muito envolvida com o duelo de suas línguas. Prometia todos os tipos de coisas quentes com a paixão que compartilhavam enquanto a fodia com a língua, fazendo com que seu corpo respondesse com força total. Seus seios esmagados contra o peito sólido, apenas o fino material de sua camisola como barreira, enquanto ele avançava. Não pode deixar de perceber seu eixo rígido, uma vez que esfregava contra seu clitóris quando se envolveu tão apertada contra dele. 

Suspirou e se afastou quando percebeu que ele tinha acabado de bater os joelhos no chão ou propositadamente caiu sobre eles. Estavam ao lado da cama, ambos sem fôlego e ele soltou uma de suas coxas para segurar seu cabelo na nuca. Seus olhares se encontraram quando ele forçou-a a olhá-lo e tomou posse de sua boca novamente com um beijo ardente. 

O mundo colapsou, as costas dela pressionaram o colchão enquanto ele se inclinava, presa sob sua forma dobrada e o pau dele contra a sua vagina. Gemeu contra sua língua. Queria ele, precisava esquecer onde estavam e suas coxas se apertaram ao redor dos quadris dele para instigá-lo. 

De repente, ele puxou de volta, rompeu o beijo e a soltou enquanto se endireitava.  Suas mãos cobriram seu rosto e um rosnado abafado soou. Becca o observou, com as pernas o segurando contra ela e tentou enfrentar o que acabou de quase acontecer. Queria que ele continuasse, mas ele parou. 

— Sinto muito.

Ela sentou-se, com as mãos espalmadas em seu peito e o corpo dele estremeceu a seu toque. — Brawn? Olhe para mim.

Balançou a cabeça, continuou com as mãos sobre o rosto e virou a cabeça para longe. — Poderia ter te machucado. Sinto muito. — Repetiu ele. 

Seu pênis ainda rígido pressionava contra ela. Era óbvio o quanto a queria e estava com medo de lhe causar dor. Becca lambeu os lábios. Os sentiu um pouco inchados por causa dos beijos ardentes, mas gostou do resultado. O clitóris pulsava e os mamilos estavam duros sob a camisola. Seu olhar desceu para a calça de moletom, a protuberância por baixo, e esfregou-lhe mais. 

— Brawn? Por favor? — Ele abaixou as mãos lentamente, o rosto corado e os olhos cheios de arrependimento. Odiava ver aquele olhar neles.— Você está arrependido de quê? Por ter me beijado até eu não conseguir pensar direito e gostar disso?  Por me querer? Sinto-me da mesma maneira sobre você. Meu único arrependimento é de você ter parado. — Surpresa rapidamente jogou para longe o arrependimento e os lábios dele se separaram. 

— O quê?

Becca deslizou suas mãos até os ombros dele, apertou-lhe e pressionou seu peito contra o dele. 

— A vida é tão curta.

— Muito curta. — completou, sua visão era tão triste, especialmente a dela. — Nós estamos juntos. Vamos fazer o melhor enquanto temos tempo. Beije-me.  

 — Estou receoso que possa machucá-la. Quero muito você.― Ele hesitou.

— Você não vai me machucar. Tenha um pouco de fé. — Sorriu. — Sou mais resistente do que você pensa e não tenho medo. Não consigo nem pensar quando está me beijando. Você é totalmente incrível.

— Você também. Isso me faz esquecer que é apenas uma humana. — Sorriu, provocando. 

Ela massageou os ombros dele e olhou para baixo. Seus braços eram incrivelmente musculosos e tinha o peito muito amplo. Poderia machucá-la se quisesse, mas realmente não tinha medo dele. Seus olhares se encontraram e ele abaixou a cabeça. Becca fechou os olhos, a espera de seu beijo e ele não a decepcionou quando sua boca tomou posse da dela. 

Ficou um pouco tensa quando sentiu a mão de Brawn deslizando até a coxa, a levantou o suficiente para fazê-la libertar seus quadris e puxou a camisola para cima. Seus dedos pareciam ter calos quando empurrou a calcinha para o lado para dar palmadinhas em seu clitóris. Sua boca trabalhava na dela, levando seu foco para lá. 

Prazer rolou através de Becca enquanto brincava com o clitóris dela, desenhou pequenos círculos ao redor do botão. Beijou-o loucamente, gemia contra a sua língua e as unhas cravaram um pouco em sua pele. Lentamente retirou a sua boca, mas seus lábios se esfregavam nos dela enquanto falava. 

— Abra mais suas coxas para mim, o quanto você puder. Meus quadris são grandes.

Brawn gentilmente colocou o braço por trás do traseiro dela, puxando-a mais perto da borda da cama. Se não fosse por seu corpo, sabia que iria deslizar direto para o chão. Ela fez como ele pediu, queria dar-lhe o acesso mais amplo que ele desejava. 

— Eles não podem ver o que estou fazendo com você. — Respondeu asperamente. 

Percebeu que ele falava da estúpida câmera no teto do outro lado da sala. Seu corpo era grande e estava de joelhos entre as pernas dela. Olhou para o lado, viu que os dois Novas Espécies em suas gaiolas ainda estavam em suas camas e, provavelmente dormindo. Este era o máximo de privacidade que conseguiriam ter. Seus olhares se encontraram e ela assentiu. 

— Diga-me se quiser que eu pare.

— Não quero.

Ele gemeu, fechou os olhos e a beijou. Sua boca e língua, fundidas com a dela enquanto ela colocava os braços apertados em volta de seu pescoço e envolvia as pernas ao redor da parte de trás de suas coxas dele para ter algo onde se agarrar. Seus dedos a atormentava, acariciava seu clitóris até que doesse para gozar e parecia sentir o quão perto ela estava. Aliviou o feixe de nervos e um dedo deslizou mais para baixo, testou a fenda de sua vagina e lentamente empurrou para dentro. Ela gemeu ao sentir que ele lentamente a fodia com o dedo, deslizando para dentro, para fora, antes de ir mais fundo. 

Seus quadris balançavam e usou suas pernas para pressionar a pélvis mais para perto para lhe dar um melhor acesso. Ele retirou totalmente o dedo, ela gemeu em protesto, mas respondeu esticando suas paredes vaginais com dois dedos. Que a fez gritar de contentamento e o segurou com mais força. 

Passou o dedo por seu clitóris com a mão e esfregou um ponto dentro de sua vagina que a fez gemer. Percorreu a área, esfregou novamente, a fodia com o dedo um pouco mais forte e foi um pouco a loucura pelo desespero e a necessidade de gozar. Brawn rosnou em resposta a seu apelo vocal e retirou seus dedos. Os olhos de Becca se abriram.

 — Não pare. — Olhou fixamente em seus olhos. — Por favor, não!

O rosto dele ficou um pouco severo quando rosnou, seus belos olhos selvagens se abriram mais e, de repente, se inclinou para trás. 

— Solte-me.

Choque a percorreu, pois estavam terminando o que acontecia entre eles, mas soltou as mãos e as pernas da parte de trás dele. Embora não se moveu mais para longe. Ao contrário, a surpreendeu, agarrando o travesseiro da cama, jogando-o no chão entre seus pés separados e agarrou-a. Seu traseiro deixou a cama e ele usou sua força para virá-la em seus braços. Os joelhos dela atingiram o travesseiro, uma mão pegou as costas da camisola e a pressionou para baixo sobre a cama. 

Aconteceu tão rápido que demorou um segundo para perceber que ele a havia inclinado para frente dele, a prendendo sobre a cama e as mãos dele agarraram suas coxas as separando. Material foi rasgado, sentiu um beliscão na cintura, quando sua calcinha foi arrancada e soltou o aperto da sua camisola. De repente, ele se curvou sobre ela e seu hálito quente aqueceu seu rosto e pescoço. 

— Diga-me 'não' se quiser que isso pare.

Ela não falou. Ele havia dito que gostava de montar uma mulher por trás. Ele avisou. Deveria ter se lembrado disso, mas tinha esquecido. Talvez essa fosse a única posição que ele gostava. Lambeu seu pescoço, beijou-a lá e a fez estremecer enquanto suas mãos acariciavam suas coxas. 

— Vou ser gentil, mesmo que isso me mate. — Sua voz saiu rouca, áspera e respirava rápido. — Você é tão apertada. Temo que irá lhe causar dor.

Agora que já tinha se acostumado de choque de ser virada e presa à cama, estava pronta para terminar o que começou. Suas mãos em punho seguravam o colchão e virou a cabeça o suficiente para olhar para ele enquanto se afastava de onde a beijou no pescoço. Seus olhares se encontraram. 

— Eu quero você, Brawn.

— Você está tão molhada. Vou fazer com que seja bom para você. — Sua cabeça abaixou a seu ouvido. — Feche os olhos, linda. É apenas nós dois. Apenas sinta.

Ele colocou os joelhos do lado dela, suas mãos deslizavam sob sua blusa, que não tentou retirar, e acariciou-lhe os lados até que atingir os seios. Levantou um pouco para dar-lhe espaço e as palmas das mãos os agarraram em concha. O polegar e o dedo indicador reviraram os mamilos e gentilmente os beliscou. Ela gemeu. 

Os olhos dela se fecharam e a boca dele se abriu de modo que sentiu o hálito quente no pescoço, onde sua língua e dentes afiados levemente a arranharam e a beliscaram. Soltou um suspiro trêmulo. Paixão tomou conta dela e agarrou a cama em punho mais apertado já que era tudo o que podia pegar. 

— Relaxe para mim, linda. Vou entrar em você lentamente e fazer com que goze fortemente para mim.

A severa promessa contra sua orelha aumentou seu desejo e pressionou seu traseiro contra a calça de moletom e o comprimento rígido de sua ereção ainda estava preso dentro dela. O dedo polegar deixou um seio e lentamente deslizou para seu lado e ao redor da curva de seu traseiro. Sua mão a deixou e soube que empurrou sua calça quando seus quadris recuaram. A ponta grossa do seu pênis roçou sua vagina escorregadia, brincou com ela enquanto esfregava contra seu clitóris, antes que lentamente pressionava na entrada. 

Becca gemeu baixinho com a sensação de ser tomada, se esticou e se abriu com as estocadas. Brawn rosnou. Poderia ter sido um barulho assustador, mas acabou a excitando mais. Parecia mais animal que homem, lembrando-lhe que não era totalmente humano, mas pediu urgência arrebitando o traseiro. 

— Você não sabe o quanto você é boa, linda. — Rosnou as palavras. — Tão quente, apertada e certa. — Levemente beliscou sua sensível garganta. 

— Brawn. — Becca gemeu. 

— Estou bem aqui.

Sua boca e língua correram ao longo da parte inferior de seu ouvido. Ele empurrou mais profundo em sua vagina, a fez receber mais o seu eixo grosso, mas parecia ter cuidado para não ir muito fundo. Seus quadris balançavam contra a seu traseiro, um movimento constante e lento, que levou o prazer para ambos. 

— Como é a sensação disso?

— Maravilhosa. — Ela gemeu. 

— Rápido ou lento? Você me diz com qual se sente melhor.

— Rápido. — Respondeu ofegante. 

Sua mão deslizou de volta para seu corpo e agarrou os seios. O dedo polegar revirou os mamilos, beliscou e a deixou insana. Seu corpo estremeceu e ela gemeu, empurrando seus quadris de volta para o dele. Ele ronronou suavemente e rosnou quando enfiou seu pau em sua vagina mais rapidamente, indo um pouco mais profundo e atingiu um ponto que a fez gritar de êxtase. 

Becca largou o colchão e suas mãos deslizaram para a borda da cama. Colocou os dedos lá para obter força para empurrar seu traseiro de volta para ele, tentando estimulá-lo a parar de se conter. Podia sentir isso e queria experimentar tudo o que tinha para dar. 

Seus dentes de repente agarraram seu ombro através da camisola. Isso causou um pouco de dor, quando mordeu com força suficiente para machucar, mas não rasgar a pele e os dois congelaram. Seus dentes se abriram e ele soltou. Moveu-se dentro dela novamente, lento no início, aumentando gradualmente a velocidade até que se moveu rapidamente. 

Uma de suas mãos deixou seu peito e puxou o corpo dela poucos centímetros de distância da borda da cama, onde a manteve presa. Sua mão deslizou para seu clitóris e esfregou rápido, cronometrando o ritmo dos empurrões dos seus quadris. 

Becca gemeu alto, torceu a cabeça para pressionar seu rosto contra o seu peito e começou a ficar tensa. Seu botão sensível deslizava entre os dedos dele enquanto o pressionava, o puxava e beliscava um pouco. Nunca experimentou aquela sensação incrível antes e gemeu mais alto. 

— Você é tão boa. — Respondeu asperamente. — Consegue aguentar mais de mim?

Assentiu com a cabeça, gemendo. Brawn empurrou mais profundo, moveu-se lentamente no início, parecendo testar se poderia lidar com ele e ela pode. Seus quadris pegaram o ritmo novamente e apertou mais o clitóris entre os dedos, esfregando mais rápido para combinar com o ritmo de seus quadris. Becca se sentiu praticamente crua mas não queria que Brawn parasse quando o clímax estava chegando. 

Seu corpo explodiu ao redor de Brawn quando puro êxtase a atingiu. Ele manteve-se em movimentopara dentro e fora de sua vagina enquanto seus músculos vaginais convulsionavam, a fodendo com mais força. Abandonou seu clitóris, mas manteve em movimento, enquanto tirava o prazer dela até que tinha certeza que iria morrer. 

— Você está me matando. — Gemeu. Que maneira de morrer. 

— Não. — Rosnou. — Vou fazer você gozar de novo.

Continuou a movimentação para dentro e fora rapidamente, uma sensação que nunca experimentou antes e quase causou dor, mas uma forma boa de dor. Seu dedo voltou para o clitóris e Becca se debateu sob ele, na sobrecarga sexual, impulsionada além do limite do seu limiar de prazer. Ficou tensa ao redor de seu pau novamente, os músculos cerraram com força e gritou contra a cama quando gozou pela segunda vez. 

— Sim. — Brawn rosnou. O corpo dele tremia violentamente e Becca o sentiu dentro dela, tão quente, grosso e duro. Jogou a cabeça para trás e a penetrou profundamente uma última vez. Um rugido rasgou sua garganta. Gozou com tanta força que Becca pôde sentir cada sopro quente de seu sêmen a preenchendo, a cada empurrão de prazer, grudou seus quadris contra seu traseiro até que seu corpo caiu em cima dela, quase a esmagando sob seu peso. 

Brawn se recuperou primeiro e descolou o suficiente para permitir que ela recuperasse o fôlego. Espalhou beijos no pescoço enquanto sua língua lambia a pele entre a orelha e o ombro. 

Os olhos de Becca estavam fechados, recuperando-se do melhor sexo que já teve em sua vida e ignorou o suor que fazia cócegas em seu corpo. Não estava certa de onde terminava e começava seus corpos tão fortemente pressionados.  Se sentia fundida a ele e não se importava que seus ouvidos ainda ressoavam um pouco do som que ele fez quando gozou. Seu peso era sólido e bom sobre ela. 

— Becca? — Respondeu asperamente suave. 

— Hum?

— Machuquei você?

Becca sorriu e balançou a cabeça.

 — Você está um pouco dolorida?

Ela hesitou. Se sentiu um pouco quente e crua, onde estavam conectados. Assentiu. 

 — Tudo bem. ―Brawnb beijou seu ombro.

Becca se encolheu um pouco quando ele retirou seu pau ainda duro da sua vagina lentamente. Xingou baixinho. — Deveria ter sido mais gentil.

— Não foi isso. Nunca gozei duas vezes seguidas e seu tamanho é um pouco impressionante. Você não estava brincando sobre ser maior.

Seu corpo saiu totalmente de cima dela e recuou alguns centímetros de distância. Levantou o suficiente para virar a cabeça e vê-lo puxar para cima o seu moletom. Seus olhares se encontraram e agarrou cegamente sua camisola, que tinha subido até a cintura e puxou-a para baixo para cobrir seu traseiro. Olhou para baixo, inclinou-se para pegar alguma coisa e levantou sua calcinha destruída. Seu rosto ficou vermelho quando olhou para cima. 

— Sinto muito. Eu a destruí.

— Está tudo bem. — Desejava que ainda a tivesse, mas a perda valeu a pena. A camisola caia até os joelhos, então estaria coberta. Usou-a para limpá-la e jogou-a sob a cama. Becca empurrou o colchão para endireitar o corpo e se sentiu um pouco trêmula pelo sexo e a falta de uma refeição decente. Brawn estendeu a mão em concha para seu rosto, olhou profundamente em seus olhos e uma expressão delicada suavizou suas feições. 

— Eu...

— Ela gosta de você, gatinho. Acho que se alguém conhece uma vagina esse alguém seria você. — A voz de Randy assustou os dois. 

Horror encheu Becca quando sua cabeça se voltou para o lado da gaiola para encontrar o homem vil. Ele estava ali sorrindo, os braços cruzados sobre seu peito. Outros dois homens estavam atrás dele. Todos olhavam para ela com expressões que lhe assegurava que estiveram a observando por tempo suficiente para assistirem ao show. 

Brawn se levantou e rosnou ameaçadoramente para eles, se abaixou e pegou o braço dela. Foi puxada um pouco forte demais para ficar de pé, chocada demais para levantar-se por conta própria e foi empurrada para trás de seu corpo grande para bloqueá-la das vista dos homens. 

— Vejo porque gosta dela. — Randy riu. — Apertada, hein? Disse que estava se segurando por você, Becca. Ele gozou oito vezes e ainda pode transar com você.

— Não diga o nome dela. — Brawn ameaçou. — Não fale com ela.

— Bastardo possessivo, não é? Acho que protegeria um belo traseiro como este também. A médica está muito feliz com as amostras que você deu. Durma um pouco, porque em sete horas, ela quer mais.

Becca os ouviu ir embora. Brawn se virou, seus olhares se encontraram e ela se inclinou para ele. Seus braços em volta dela e abaixou o queixo para o topo de sua cabeça enquanto a puxou mais apertado contra o seu corpo. 

— Sinto muito. Não os ouvi.

— Estávamos meio distraídos. — Constrangimento e desânimo ainda a agarrava pelo fato daqueles idiotas terem vistos ela e Brawn juntos. 

— Não os ouvi também.

— Eu deveria ter ouvido. — Sua voz engrossou revelando a extensão da sua raiva. — Eu sinto muito. — O abraçou apertado. 

— Não é culpa sua.

É sim, Brawn discordou silenciosamente. Com seus sentidos aguçados, deveria ter tido conhecimento de todos os sons e cheiros. Inalou, não poderia deixar de notar o mau cheiro do homem-macho e de seus captores e sua luxuria. Seus braços se apertaram. Aqueles homens queriam sua Becca. Virou a cabeça, seu olhar se estreitou enquanto via seu inimigo sair da sala e percebeu o perigo que a expos.

Os machos humanos eram os animais. Não prejudicariam Becca, enquanto pudessem usá-la para mantê-lo na linha, mas uma vez que não precisassem mais disso, temia que os homens conspirassem para tocá-la. Conteve um rosnado de indignação. 

Precisava tirá-la de lá, fugir com ela e ainda estava indignado por ela mesma sugerir que permitisse que morresse para que pudesse se libertar às custas dela. Acreditava que os machos dos Espécies fossem sua prioridade, mas estava errada. Esfregou o topo de sua cabeça, respirou seu aroma e segurou-a com mais força. 

Seu olhar deixou a porta dupla uma vez que a ameaça foi embora, olhou para as duas gaiolas contendo os machos dormindo e ainda podia sentir o cheiro do terceiro. A preocupação por esses três homens o comia e o cheiro de drogas no ar assegurou-lhe que era o que os mantinha tão dóceis e sabia que se tivesse que escolher, a escolha já foi feita. 

Becca era a coisa mais importante para ele. Sem hesitar, daria sua vida e as dos homens e mataria todos os humanos que representavam uma ameaça para ela. Ajustou a seu abraço, levantou-a suavemente em seus braços e viu o quão pálida estava quando olhou nos seus olhos. Lágrimas fizeram o azul dos seus olhos cintilar e se sentiu como um bastardo total. Havia prometido proteger seu corpo e não o fez. Foi egoísta e a fez correr um grande perigo. 

Nunca o perdoaria, independentemente de ser generosa o suficiente para dividir a culpa. Sabia a verdade. Mesmo se sobreviverem de alguma forma, se saíssem desse pesadelo, esse tempo juntos foi contaminado pela feiura de estar trancado dentro de uma gaiola por seus captores. Deitou-a sobre a cama, a aninhou na pequena cama e a encostou firmemente contra seu corpo. 

— Durma. — Insistiu. — Estou aqui e vou te proteger. — Tanto quanto for capaz.  Vergonha queimou profundamente por se sentir tão impotente. Ela merecia um macho melhor. Falhou miseravelmente com ela. 

 

Tim Oberto estava com muita raiva. 

— Por que infernos isto está demorando tanto? — Tiger, o chefe de segurança da ONE, olhou o homem com seriedade. 

— Perdemos o sinal.

— Como diabos isso pode acontecer? — Tim andava de um lado para o outro como um animal enjaulado. — Eles levaram minha filha.

Tiger sabia como era andar daquele jeito. Foi enjaulado. Viu o macho humano e pode entender sua preocupação. Tiger sentiu essa emoção também. Não conhecia a filha do homem, Rebecca Oberto, mas conhecia Brawn. 

— Temos que pesquisar a área e isso está levando tempo. Você tem seus homens aqui fora também, indo para cada edifício. — Tiger respirou fundo. — O sinal estava ativo pela última vez nesta seção e têm de estar dentro do raio de um quilômetro. É uma área industrial perto de centenas de edifícios. — Tim girou. 

— Você conhece esse homem, certo? Este Brawn? Quero que você me conte tudo sobre ele agora. Ele está com minha filha.

— Brawn é um membro do conselho. Ele...

— Explique sobre este conselho para mim. — Tiger respirou fundo novamente. 

— Cada uma das quatro instalações de teste das quais fomos resgatados, um Espécie foi nomeado para representá-los depois que Justiçe foi eleito para liderar. Sabíamos que ele estaria ocupado lidando com o mundo exterior e tentando lidar com o nosso povo também. Alguns humanos sugeriram que cada conjunto de sobreviventes das instalações de teste tivesse um porta-voz para representar as suas necessidades e problemas. Eles mantêm a par todas os Espécies do laboratório e informam à Justiçe se houver algum problema. Brawn foi escolhido por sua capacidade de manter a calma sob pressão, suas habilidades de luta e sua inteligência. Ele é conhecido entre o meu povo por ter senso de humor e ser muito sensato.

— Suas habilidades de combate não salvaram a minha filha. — Tim se enfureceu. — Se ele fosse bom nunca os teriam levado. — Tiger imediatamente tomou a ofensa. 

— Ele nunca teria sido capturado, se não estivesse protegendo sua filha. Poderia ter fugido e a deixado. Ele é felino. Poderia facilmente ter saltado para o telhado pela janela ou para o chão abaixo sem ferimentos. Acreditamos que ele foi misturado com leopardo. Eu mesmo já cacei com ele e é muito rápido. Já lhe disse que havia pelo menos seis homens dentro da casa de sua filha e você viu o corpo. Ele lutou, mas tinham drogas. Não fugiu, porque ficou com sua filha. Não se atreva insultá-lo.

Trey Roberts limpou a garganta. 

— Senhores, acalmem-se todos, por favor. Isto não está ajudando. — O homem sentado na frente de um notebook xingou de repente. Virou o rosto para seu chefe, Tim. — Tenho notícias muito ruins.

— O que foi? — Tim respondeu tenso. 

— Foi difícil, mas consegui rastrear as finanças do homem morto. Estava recebendo depósitos regulares de uma empresa de fachada. Fui capaz de rastrear a verdadeira fonte de dinheiro. — Sustentou o olhar de Tim. — As Industrias Mercile está por trás disso. O dinheiro é proveniente de uma verba para suborno. Todos os depósitos na conta foram feitos por seus investidores. O homem morto estava sendo pago por eles. — Tim fechou sua mão em punho e sacudiu a cabeça para Tiger. 

— Por que eles querem a minha filha quando mataram os meus vizinhos? Por que mantê-la viva?

Tiger ficou tenso enquanto estudava Tim, tentando julgar se o homem poderia lidar com a verdade sem entrar completamente em descontrole. Tiger respirou fundo. 

— É preciso atribuir um de seus homens para lidar com a força-tarefa. Você está muito envolvido emocionalmente.

— Não! — Tim gritou. 

Trey subitamente estendeu a mão e segurou o braço de Tim. — Ele está certo. Você pode ficar, mas você tem que renunciar desta vez. Sei que está perdendo o raciocínio. Estamos falando de Becca, Tim. Entendo, mas você precisa me deixar assumir desta vez. — Tim xingou ferozmente. 

— Por quê? — Tiger hesitou. 

— As Industrias Mercile pegaram outro humano, uma vez que havia uma associação com um macho da Espécie. Tenho medo, se eu te contar e você estiver liderando isso aqui, você vai ficar irracional. Não posso informá-lo sobre fatos com você ser um pai e se tornar instável. — Tim ficou tenso e raiva o consumiu. 

— O que você acha que vão fazer com a minha filha? — Tiger hesitou. 

— Passe a missão para o seu segundo em comando e compartilho as informações que sabemos. — Tim se virou e deu um soco no interior da van. Balançou a cabeça para Trey. 

— Você está no comando. — Trey assentiu com a cabeça e olhou para Tiger. — O que você acha que está acontecendo? — Tiger hesitou. 

— Você é muito próximo da filha dele? — Trey assentiu. 

— Sim, mas sou mais racional e objetivo. Becca e eu somos amigos, mas posso ficar de cabeça fria.

Tiger considerou com cuidado e viu um controle calmo ali. Balançou a cabeça, mas se concentrou no pai da fêmea desaparecida. — Uma fêmea humana foi sequestrada recentemente por um médico da Mercile e sua equipe. Ela estava se relacionando com um do meu tipo. Uma vez que Rebecca estava com Brawn, poderiam ter pensado que ela era sua parceira. Eles não têm o nosso olfato aguçado, o que tornaria óbvio para um de nós que ela dormia em sua cama sozinha. Só acabou no quarto dele por causa do ataque. Ele a colocou dentro de seu banheiro, porque teriam que lutar com ele para chegar até ela lá. — Trey assentiu. 

— Rebecca não é do tipo que salta para a cama com alguém.

— Brawn não tocaria uma humana também. Ele gosta de nossas mulheres e foi muito claro sobre não ter interesse sexual em suas fêmeas.

— Basta nos dizer por que você acha que levaram a minha filha e por que só estou ouvindo sobre essa outra mulher que foi sequestrada agora. Tenho de ser informado de todos os problemas que surgirem e minha equipe deveria ter sido chamada se alguma companheira foi sequestrada. — A voz de Tim tremeu. Tiger hesitou. 

— Lidamos com a situação e não queríamos chamá-lo, a menos que realmente precisássemos. Levaram a outra humana para procriar com um Espécie que roubaram da Mercile antes da instalação de teste que trabalhavam ser invadida por vocês. A queriam porque estava dormindo com um Espécie. O médico presumiu que, já que um Espécie poderia levá-la para a cama, um outro da minha Espécie a pegaria, sem matá-la, talvez acreditando que porque carregava um dos nossos cheiros masculinos no corpo iria deixá-la irresistível. Provavelmente levaram sua filha viva para ela procriar com um macho dos Espécies. Querem ver se uma fêmea humana pode engravidar do meu tipo. — Tim empalideceu e recostou-se no interior da van. Balançou a cabeça. — Não.

Tiger acenou com a cabeça severamente. 

— Eles colocaram a outra fêmea humana em uma cela com um macho da Espécie que nunca foi libertado, mas ele não a tocou. Podia sentir o cheiro do parceiro dela e a protegeu como se ela fosse Espécie. Estamos esperando que Brawn seja o único macho que eles tem e é por isso que vieram atrás dele. Ela deve estar segura se esse for o caso.

— Deve estar?

Tiger hesitou.

 — Nos forçavam a acasalar com nossas fêmeas. Quando nos recusavam machucavam a fêmea até que concordássemos em acasalar ou usavam drogas para levar o macho a um estado sem sentido onde ficaria sem opção. — Tiger hesitou novamente. — Se isso acontecer e usarem as drogas, sua filha não iria resistir bem, se não fosse morta. Nossas fêmeas mal sobreviveram a uma procriação forçada. Os machos perdem a capacidade de controle ou de pensar. Depois o macho não vai nem lembrar o que fez. Não seria responsável por suas ações. Você já ouviu falar de uma droga de estupro? Isto é semelhante só que o macho fica agressivo e seu corpo fica em dor torturante, a menos que acasale com uma fêmea. As drogas fazem seu animal interior sobressair.

— Eu vou matar esses filhos da puta. — Tim cerrou os dentes. — Você está dizendo que acha que levaram os dois para forçá-lo a estuprar minha filha? — Tiger assentiu. 

— Ele não vai machucá-la se não usarem as drogas e vai se recusar a ter relações sexuais, a menos que ameacem matá-la ou torturá-la. Brawn sabe que estamos tentando localizá-lo se não encontraram o dispositivo. Ele conseguiu esconder o dispositivo de rastreamento na moeda, deu tempo suficiente para nos levar a esta área. Fará de tudo para mantê-la viva se puder. — Trey suavemente xingou.

 — Você conhece esse homem bem assim?

Tiger assentiu.

 — Sim.

— Se ele for forçado a, uh, tocá-la, ele não vai machucá-la? — Tiger deu-lhe um olhar sincero. 

— Ele não faria isso. Brawn é muito resistente ao tocar uma fêmea humana. Não tem interesse nelas. Tenho mais medo de que quem os levou usarem drogas. Esse é o meu maior medo.

— Ele a mataria? — Tiger deu de ombros. 

— Vai depender de que drogas usarem. Disse como elas funcionam. Ele não seria responsável pelo o que acontecesse se estiver fora de controle. — Tiger estudou Tim. — Se esse for o caso, seria um acidente, se a matasse ou se machucasse seriamente sua filha. Ele é uma vítima também. É por isso que você tinha que renunciar. — Olhou para Trey. — Se você não puder garantir a segurança dos seus homens se o drogaram e o pior aconteceu, é preciso dizer agora.  Sua força-tarefa será removida desta missão. É por isso que insistimos em vir para cá com a nossa própria equipe. — Trey parecia sombrio. 

— Se tiver drogado ele a estupraria, não é?

— Drogado ele não seria ele mesmo. Estaria fora de seu juízo e em agonia. Seria como se alguém o injetasse drogas que te deixasse tão louco que não teria nenhuma lembrança do que fez. Você ficaria com tanta dor que iria transformá-lo em um animal irracional. Quando acordasse mais tarde, ficaria horrorizado por ter machucado alguém. Entende?

Trey assentiu.

 — Ele não vai ser prejudicado, não importa o que aconteça. Dou a minha palavra.

Tiger assentiu.

 — E quanto a seus homens? Se encontrarmos o pior eles vão reagir e matá-lo? — Trey suspirou.

 — Vou conversar com eles agora. Juro que não vamos matá-lo, independentemente das circunstâncias.

— Há mais uma coisa.— Tiger fez uma pausa. — Você se lembra da batida policial no Colorado nas instalações de teste que derrubamos? Temos conversado com os nossos recuperados. Não resgatamos todos eles. Há cerca de duas dúzias de machos e uma fêmea que ainda estão desaparecidos e podemos encontrá-los lá. Podem ter levado a filha de Tim para outro macho Espécie cruzar. Você também não pode matá-los, mesmo se encontrar o corpo da filha dele dentro de uma de suas celas. Mas, se outro da minha espécie, prejudicou a filha dele ou se foi morta sem o macho estar drogado, eu mesmo acabo com ele. Alguns espécies foram levados à loucura e podem estar além da salvação. — Trey acenou com a cabeça tristemente. 

— Entendido. Vou atualizar meus homens que esta poderá ser uma operação maior do que pensávamos e que não importa o que encontrarmos, você está no comando de seu povo que está lá dentro.

Trey levantou-se calmamente para ir falar com as suas equipes que ainda procuravam nos edifícios com mais vinte homens Espécies que apareceram para ajudá-los a procurar o casal desaparecido. 

Tim saiu da van e começou a bater o exterior do veículo com os punhos. Tiger calmamente observou as marcas aparecerem dentro da van e compreendeu a raiva do pai. Saiu da van e esperou Tim se acalmar. Eventualmente ele se acalmou e Tiger viu a dor nos olhos do humano. 

— Brawn fará qualquer coisa que puder para protegê-la.

— Isso é minha culpa. O levei para sua casa. Eu fiz isso.

— A Indústria Mercile fez isso, contratando pessoas más que não têm respeito pela vida. Eu os odeio, Tim. — Ele balançou a cabeça.

 — Temos que encontrar a minha filha e seu homem.

— Vamos encontrar. O sinal foi perdido nesta área. Só está levando tempo, porque há tantos prédios onde poderiam estar escondidos. Pela manhã terão vasculhado cada um e tenho certeza que estão por aqui. Teriam destruído o dispositivo de rastreamento muito antes de os trazerem para esta área, se estivessem cientes de sua existência.

— Você não pode cheirá-los de jeito nenhum? — Tiger balançou a cabeça. 

— Não sentiria seus cheiros do lado de fora a menos que eu esteja perto de um edifício e uma brisa esteja vindo em minha direção. Nossos machos estão com suas equipes, são alguns dos melhores caçadores que temos e tenho fé que vão localizá-los. A espera é o mais difícil, entendo, mas saberemos pela manhã, com certeza. Você só precisa aguentar até lá.

— Isso é minha culpa.

— Nós já passamos por isso.

— Deveria ter feito ela sair de casa ou ter ido para casa depois do meu encontro. Deveria ter me certificado de que ela estava dormindo em seu quarto antigo. Eu... — Tiger agarrou seu ombro. 

— Você teria morrido também, se estivesse em casa. Eles foram bem treinados para levar um dos nossos machos. Não quero ofendê-lo, mas somos mais fortes e mais rápidos. Se Brawn não teve chance, você não teria também.

A voz de Tim se encheu de emoção. 

— Só quero pegar minha filha de volta viva.

 

Brawn pulou acordado quando ouviu um barulho. Instantaneamente apertou Becca, que estava enrolada em seus braços. Respirava lentamente, dormindo profundamente. Sua mão repousava ao redor de seu braço e estudou seu rosto enquanto cheirava o ar. Sem o cheiro ruim de seu inimigo ofendendo seu nariz. Estavam atualmente seguros de danos. 

Ela era linda. Nunca pensou que iria encontrar uma humana tão atraente, mas ela era. Era tão diferente de sua espécie. Seu nariz não era achatado, apenas uma bonita elevação no rosto. Os ossos de seu rosto eram mais suaves, não eram dominantes. Sentia pequena e frágil em seus braços e poderia quebrá-la facilmente se não tivesse cuidado. 

Seu corpo reagiu de imediato, quando ela se moveu um pouco e esfregou sua coxa contra ele. Não estavam nus, mas só de estar perto era o suficiente para fazer seu pau endurecer e alongar entre seus corpos. Queria montá-la novamente. Fazer sexo com ela era diferente e maravilhoso. Ela era tão suave e firme. Tão molhada, quente e frágil. Reprimiu um gemido. 

As lembranças dos sons feitos por Becca enquanto a montava fez seu desejo de pegá-la novamente crescer mais forte. Fisicamente doía para estar dentro dela novamente, mas ela ficou dolorida e provavelmente ainda estava. Deveria ter sido mais gentil, mas o recebeu tão bem que não conseguia parar com a necessidade de sentir cada centímetro do seu pau se enterrando no calor macio e apertado de seu sexo, que o cobriu perfeitamente. 

Seus ombros queimavam um pouco onde as unhas haviam cravado em sua pele durante o seu encontro apaixonado. Olhou para a mordida que ela deixou no seu peito e lamentou que não tivesse deixado cicatriz. Ela tinha dentes delicados e planos, mas foi uma boa sensação quando os afundou o suficiente para causar uma dor leve.  Nenhuma fêmea o havia marcado e estava feliz por ela tê-lo marcado. Só lamentava que esse lembrete não fosse permanente. 

De repente entendeu como Justice e os outros machos dos Espécie conseguiam ter uma companheira humana. Elas não eram tão fortes quanto as fêmeas dos Espécie, mas sua suavidade e respostas felinas agarravam um homem dentro de seu peito. Seu olhar voltou a estudar seu rosto. Era incapaz de parar de olhar. Duvidava que jamais seria capaz de parar de olhá-la. 

Ergueu a mão para acariciar seu suave cabelo ruivo e alguns deles enrolaram ao redor de seu dedo. Era muito curto, apenas passava dos ombros e queria vê-lo crescer mais, até seu traseiro. Fantasiou enrolando seus dedos através dos fios longos que poderiam se espalhar pelo seu estômago quando sua cabeça repousasse em seu peito enquanto dormia. Seus dedos roçaram seu rosto. 

Ela é toda suave. Seu corpo não era musculoso como suas mulheres eram. Tudo nela era desconhecido e ainda queria abraçá-la para sempre. Protegê-la.  Mantê-la. Sua mão parou de alisar sua pele e fechou os olhos. 

Era um Espécie e não pensava em mulheres humanas, desejando que pudesse estar com ela tempo suficiente para o cabelo crescer para até a cintura. Não haveria futuro com Becca, porque estavam no inferno, capturados e confinados pelos monstros que o atormentaram na maior parte de seu vida. A feiura deles tocou a única coisa bela e perfeita em sua vida e a segurou um pouco mais apertado. 

Sabia que deveria esperar que fossem resgatados, mas a sua esperança tinha morrido. Nunca diria a Becca, esmagar o seu espírito dessa maneira, mas muito tempo tinha se passado. Mesmo que um milagre acontecesse duas vezes em sua vida e alguém viesse libertá-lo da gaiola, provavelmente a perderia para sempre. As lembranças do que fizeram seriam ofuscadas pelo horror. Nunca seria capaz de olhar para ele sem reviver o pesadelo. 

Outro ruído suave chamou sua atenção, seus olhos se abriram e virou a cabeça. O macho dos Espécie na outra gaiola estava fora da cama e ficou observando-o silenciosamente. Brawn cuidadosamente desprendeu seu corpo do de Becca. Usou o cobertor para mantê-la aquecida, a cobriu e se moveu para o canto mais próximo da outra gaiola. 

— Você está bem? Sou Brawn.

O macho inclinou a cabeça, olhou para ele confuso e entendeu. — Quando fiquei livre de Mercile eu escolhi o nome. — Se recusou a dizer o seu número antigo, havia jurado nunca dizer ou ouvi-lo novamente e temia que o macho pudesse tentar tratá-lo como tal.— Você consegue falar? É o 919, correto?

— Sim. — O macho respondeu asperamente. Seu olhar desceu para Becca, um grunhido suave veio de sua garganta e raiva torceu suas feições. Brawn moveu-se, bloqueando sua visão da cama e segurou as barras. — Calma. Ela não é o inimigo.

— Todos eles são.

— Nem todos. Alguns humanos são bons. Eles me libertaram e muitos outros das instalações de teste. — Manteve sua voz baixa. Os machos que trabalhavam para a médica acreditavam que era seguro falar em voz baixa então imaginou que provavelmente era. — Há quanto tempo você está aqui? Você sabe? — O macho encolheu os ombros. 

— Um tempo. — Brawn compreendeu. Era fácil perder a noção do tempo, sem luz para mostrar o passar dos dias. Seu olhar se dirigiu para a outra gaiola para o macho que dormia  que não havia acordado, desde que chegaram. 

— Quem é ele? — 919 olhou para a figura. — 358 está em má condição. Respira, mas está enfraquecido. O testaram por dias seguidos com drogas demais e na insanidade se machucou muito se batendo nas paredes. — Olhou para Brawn. — Ele vai estar fisicamente bem, mas quando o efeito das drogas passarem, temo que sua mente não ficará bem.

— E o que é isso que eu cheiro?

— 880. — Raiva tencionou o corpo do macho. — Eu não o conhecia e havia uma mulher com ele. — Alarme tomou conta de Brawn. 

— Humana?

— Uma de nós. — O homem revelou suas presas quando rosnou, mostrando suas características caninas. — A mataram na frente dele como punição. Estavam aqui antes de nós sermos trazidos. Nunca falei com ela e a mantinham lá atrás. — Apontou para a parede de concreto bloqueando a sua visão do fundo da sala. — Podia ouvi-los conversar suavemente e se importava com ela. Acho que ela estava doente. Quando o homem a matou, ele enlouqueceu.

 Brawn lamentou a perda. Se perguntou se estes eram alguns dos Espécies que faltaram na instalação de testes de Colorado, que estavam desaparecidos. Uma mulher estava na lista. Seus números não eram conhecidos por ele, mas leu os relatórios. 

— Ele não fala?

— Não comigo, mas a mataram logo depois que chegaram. — Rosnou. — Ele uivou por dias, se machucou e o cheiro de sangue era forte. Tiveram que drogá-lo devido a seus ferimentos graves. O vi desmaiar algumas vezes. Tiveram que drogá-lo para movê-lo. Acredito que tentou acabar com a própria vida usando as barras. — O macho as tocou. — Sua mente já era. Isso acontece.

Brawn sabia disso muito bem. — Houve outros? — O macho balançou a cabeça. 

— Não até você e ela.

— Você já ouviu a palavra Colorado?

— Não.

As portas duplas se abriram e dois humanos entraram no recinto. 919 rosnou, se afastou das barras e começou a andar. Brawn se aproximou de Becca, observando o inimigo com pavor. 

Se aproximaram da outra jaula e 919 rosnou mais alto, recuou o máximo que pôde e os humanos riram quando puxaram suas armas. 

— O que há de errado? — O homem loiro riu. — Você tem algum problema em ser sugado por uma máquina? Queria que meu pau tivesse esse tipo de ação tanto quanto o de vocês. — O outro mirou a arma de choque. 

— Eles são uns animais. O que você esperava? Ele é muito estúpido para apreciar seu pau ter tanta ação. Não é como qualquer um de nós que têm que ter permissão para sair daqui e caçar alguma vagina. Pegaria um brinquedo qualquer dia em comparação com a minha mão.

Tinham como alvo o macho que uivou quando os volts atravessaram seu corpo e ele caiu no chão. Brawn rosnou, odiava assistir o macho ser derrubado e uma mão macia agarrou seu braço. Quase bateu em Becca por puro reflexo, mas sua mão parou centímetros do seu rosto. 

Olhos grandes e aterrorizados o olharam e ele xingou. Não sabia que havia acordado. Deixou a sua mão cair e observou quando os humanos atiraram outro dardo de choque no macho já sofrendo. Sacudiu e se contorceu até que desmaiou. Os homens abriram as correntes da porta e entraram na jaula. Pegaram o 919 pelos seus braços, o arrastaram para fora e o levaram embora. Brawn não relaxou até as portas se fecharem. Virou-se para pedir desculpas, olhando para Becca e odiando ter causado medo. 

— Sinto muito. Você me assustou, quando eu estava estressado.

O coração acelerado de Becca diminuiu. 

— Está tudo bem. Deveria saber melhor do que isso. Meu pai é militar e sim, nunca chegue de surpresa em alguém com qualquer tipo de treinamento. — Se aproximou e estremeceu. — Aquele pobre rapaz.

— Você está fria.

Becca sorriu, tocada por ele estar tão preocupado.

 — Estava realmente quente até que você levantou. Você libera uma grande quantidade de calor.

— Deite-se. — Tentou insistir que voltasse para a cama, mas se abaixou a seu redor, caminhou até as barras e olhou para as portas duplas, para onde levaram o outro homem. 

— Precisamos dar o fora daqui. — Sussurrou. — Se você não vai seguir meu plano, vamos pensar em outra coisa. Todos precisamos ser salvos.

— Becca, é muito perigoso.

Becca girou para enfrentá-lo e cruzou os braços sobre o peito. 

— Estar aqui é perigoso. Esses monstros precisam ser impedidos.

Brawn se aproximou dela. 

— Concordo, mas vão te matar e essas barras são grossas. — Segurou as duas mãos e a envolveu com os braços. — Você não vai arriscar sua vida.

Seu olhar se estreitou, mas selou seus lábios. Estava determinado a mantê-la segura, mas era uma ilusão. Embora fosse uma boa ilusão, silenciosamente admitiu, olhando com seu olhar sexy. Becca mordeu o lábio, a lembrança daquilo que fizeram antes, a fez dormir com a mente fresca e decidiu que ser mantida em cativeiro não era totalmente horrível. É claro que descobrir que estrelou um filme pornô ao vivo para o benefício dos guardas, esse não foi o ponto alto. 

Isso a lembrou que isso não poderia acontecer novamente, não importava o quanto o quisesse. Teriam que escapar primeiro e depois ... O quê? Será que veria Brawn de novo? Será que permaneceria em sua casa ou retornaria a Homeland? 

O pensamento de nunca vê-lo novamente foi um péssimo pensamento. De repente, deixou cair os braços e deu um passo contra ele, dobrou a cabeça e descansou sua bochecha contra a sua pele quente. Seu coração batia forte em seu ouvido e o abraçou. 

— Estou congelando. — Mentiu. Sólidos braços musculosos a envolveram mais apertadamente. 

— Vou mantê-la aquecida.

Becca queria que ele a abraçasse enquanto fosse possível. Embora fizesse mais do que manter o frio afastado. Estava se apaixonando por ele. 

 

O celular de Tiger vibrou no bolso e ele o atendeu. — Relatório. — Ouviu e sorriu quando encontrou o olhar curioso de Trey. — Um dos meus homens acharam o cheiro deles dentro de um depósito. Vamos mover nossas equipes para o local. Recuaram para esperar por todas as nossas equipes para invadirem. — Tim ficou de pé em um instante. 

— Vamos. — Tiger franziu o cenho. 

— Você fica aqui no centro de comando. Nós vamos.

Tim quis discutir, mas Trey falou primeiro. 

— É o melhor a fazer.Vou entrar lá e encontrar Becca, Tim. Vamos trazê-la para você.

Tim assentiu com a cabeça, sentou-se rigidamente na cadeira e as mãos fechadas em punho em seu colo. 

— Posso lidar com qualquer coisa que fizerem com ela, mas apenas a tragam de volta para mim viva.

— Vou fazer o meu melhor. — Trey jurou suavemente. Olhou para Tiger. — Vamos.—  Tiger desceu da van de grande porte que usavam como seu centro de comando móvel. Começou a correr com Trey, o humano o acompanhou com facilidade e lembrou-se que a força-tarefa era constituída por homens bons. Eles chegaram ao edifício em poucos quarteirões de distância rapidamente para cumprimentar a equipe de ataque à espera. Vinte homens Espécies e quinze humanos membros da força-tarefa estavam se preparando para o pior. Tiger assumiu a liderança e comandou as equipes. 

— Nós o seguiremos. — Reconheceu Trey. — Seu povo é melhor em rastreamento que o meu. — Olhou para seus homens severamente. — Lembrem-se, ninguém machuca o Nova Espécie, não importa o que vocês encontrem. Estamos entendidos? Podem estar pesadamente drogados. Apenas contenham-se e o segurem até que a equipe ONE chegue se você encontrar um deles. — Tiger olhou para seus homens. 

— Lembrem-se que pode haver drogas de procriação envolvido. Dopem Brawn se não estiver com a cabeça no lugar. Falem com ele primeiro para se certificar que está racional antes de soltá-lo.

As duas equipes se estudaram e a tensão era palpável. Normalmente, nenhuma delas se importavam de trabalhar juntos, mas esta era uma circunstância especial . Todos os humanos da força-tarefa conheciam a filha de Tim e Tiger se preocupava com suas reações se a encontrassem machucada ou pior. Um momento de raiva ou tristeza podia fazer um humano agir e matar Brawn ou outro Espécie. 

Tiger estava tentado a mandá-los recuar e enviar somente a equipe Espécie, mas sabia que iria causar grandes problemas. A equipe de força-tarefa precisava de sua confiança, lhe deram sua palavra que iriam manter a calma e teve de aceitá-la. É claro que não tinha que confiar cegamente em qualquer um. Uma ideia lhe ocorreu. 

— Vamos misturar nossas equipes. — Tiger olhou para Trey. Trey assentiu. 

— Claro. — Abordou seus homens. — ONE dita às ordens. Ouçam bem, rapazes. Se misturem entre as equipes e um deles está no comando.  

Os machos humanos se separaram em pequenos grupos. Tiger rapidamente atribuiu alguns deles para levar, dividindo o restante para que fossem distribuídos para cada equipe. 

— Vamos cercar e entrar .— Propositalmente localizou e olhou para Brass. — Tem certeza que sentiu seus aromas? — Brass verificou sua arma. 

— Positivo. Não segui a trilha no interior, no caso, de haver alarmes ou câmeras, mas Brawn esteve lá. Recuei rápido e tomei cuidado para não chamar a atenção deles. Também não senti o cheiro de explosivos.

— Vamos. — Tiger ordenou, apontando para a equipe de Trey tomar a iniciativa para invadir a entrada com sua própria equipe, enquanto os outros times cercavam o prédio. No momento em que Tiger pisou na porta do depósito, inalou e acenou para Trey. — Estiveram aqui, mas é muito fraco. Se tivessem deixado a porta aberta ou não houvesse nenhuma janela quebrada seu perfume não teria demorado, mas estou captando Brawn e sua fêmea. — Inalou alguns vezes. — Muitos homens humanos. Acho que menos de dez, mas posso estar errado se não estiveram aqui recentemente. Cheiro... — Inalou. — Outra fêmea humana. Mal sinto lá, mas é isso que estou pegando. O cheiro está muito estagnado aqui.  

— Merda. — Um dos humanos suspirou, apontando para a porta da van aberta.  — Veja aquela gaiola grande, alguém deixou isso para trás. — Apontou para um rifle. — Artefato militar, das antigas, então estamos lidando com alguém que foi, provavelmente, do Exército ou da Marinha.

— Esta pode ser uma instalação de procriação. — Lembrou Tiger severamente. — Espere o pior. Estou preocupado, pois estou pegando duas fragrâncias femininas.

— Maldição.— Trey parecia chocado. — Estão realmente colocando muita pressão sobre seu homem para executar essa tarefa se trouxeram duas mulheres. — Tiger lançou-lhe um olhar severo, não se divertiu com o humor sombrio. 

— Não seria agradável para qualquer uma das partes envolvidas. — Trey assentiu bruscamente.

 — Você tem razão.

Tiger assumiu a liderança. Inalou os fracos aromas e seguiu para uma passagem que levava a uma escadaria. Olhou para baixo e segurou um xingamento. Odiava ir para o subsolo e pegou uma lanterna em seu cinto. Seu olhar procurou por câmeras ou sensores, mas não viu nenhum. 

— Foi por isso que perdemos o sinal. Estão no subsolo. Há bastante edifício para mascará-lo. — Seus olhos percorreram os homens reunidos. — Preste atenção nas câmeras de vigilância, sensores e não se esqueçam de inalar a procura de explosivos. Se um dos meus machos levantar a mão, pare! Vamos em silêncio agora para evitar sermos ouvidos. Ande bem divagar. Melhor rastejar do que deixá-los saber que estamos aqui antes de sabermos o que vamos enfrentar.

Trey se virou e fez movimentos com a mão a seus homens para se certificarem de que entenderam as suas ordens. Tiger não fez sinal para sua equipe. O ouvido dos Espécie era  extremamente sensível e teriam ouvido cada palavra falada. 

Tiger puxou sua arma. As odiava, mas ser baleado sem uma seria pior. Esperou por Trey se virar depois de silenciosamente falar com seus homens antes de dar o primeiro passo para baixo. Seu corpo estava tenso, seu olhar constantemente movido e esperava que não estivessem indo para algo horrível. Recuperar cadáveres seria o pior cenário que poderia imaginar, além de estar indo em direção ao inferno. 

 

Brawn sabia que Becca caiu no sono enquanto a segurava. Estava cansado, mas não estava pronto para dormir depois de vê-los trazer o 919 de volta para a cela. O macho não dormiu desta vez, ao invés disso passeava pela sua cela e agia insano. O drogaram mais, pois o cheiro vindo dele era muito forte. 

Outras preocupações encheram sua mente, o mantendo acordado enquanto observava Becca cochilar. Poderia tê-la engravidado quando a montou. Não se atreveu perguntar se estava tomando algum tipo de anticoncepcional, porque era super secreto que os machos dos Espécies podiam engravidar uma fêmea humana saudável que não estava tomando nenhuma medida preventiva. Estava certo de que tudo sairia bem. Os espermatozoides dos Espécies não sobreviviam tanto tempo quanto os dos homens humanos. Seu olhar desceu para sua barriga, onde sua mão descansava. 

Ela o odiaria. Pior, Becca estava ovulando ao longo das últimas horas. Podia sentir o cheiro fraco, mas tinha acabado de começar. Não estava assim quando a conheceu, ou mesmo quando compartilharam sexo. Jurou não tocá-la de novo, não podia arriscar.

Era uma fêmea humana no final dos seus vinte anos, solteira e estaria tomando anticoncepcional. Sabia disso em relação às fêmeas humanas uma vez que gostava de ler. Eram inteligentes e cuidavam de seus corpos, mas não se arriscaria. Não importava o quanto quisesse pegá-la novamente, invadir seu corpo quente e acolhedor, resistiu. 

Só os pensamentos de como era tocar Becca o fez ficar ereto. Cerrou os dentes e forçou o ar através de sua boca para evitar seu cheiro tentador. Uma mulher ovulando afetava fortemente um macho dos Espécies, os faziam fazer coisas selvagens, coisas malucas. Estar ciente do problema era a metade da batalha, pelo menos foi o que ouviu. Tinha certeza que este ditado estava correto. 

O 919 resmungou e gemeu, chamando a atenção para sua situação. Brawn virou a cabeça para o outro lado da sala, viu o macho agachar-se e escavar o chão com as mãos, prova de que não estava são. Provavelmente na tentativa de acalmá-lo, mas não iria funcionar. Tristeza apoderou-se dele enquanto assistia um de sua espécie sofrer. 

Um uivo atravessou a sala e Becca pulou acordada em seus braços. A abraçou, encontrou seu olhar assustado e esfregou suas costas. — O trouxeram de volta e está drogado . 

Becca levantou a cabeça o suficiente para olhar por cima de seu corpo, que bloqueava sua visão. Odiava ver a expressão de dor e lágrimas encheram seus belos olhos quando os levantou para encontrar o olhar dele. 

— Ele vai rasgar as mãos.

— Eu sei, mas ele não vai me ouvir. Está irracional até que a droga deixe o seu sistema.

— Odeio esses bastardos.

Ele concordou silenciosamente. — Durma.

— Não consigo.  

Pôs a mão em seu peito enquanto se virava na cama estreita, esbarrou nele e esfregou a pele perto de seu mamilo. Endureceu instantaneamente e seu pau também. Estava em um mundo de dor, quando se enrolou nele mais apertado, o encarou e a coxa esfregou entre as pernas dele para dar mais espaço. 

— Quero tanto sair daqui.

— Também quero. — Ele concordou. 

— O que você faria primeiro? — Brawn hesitou.

 Levá-la para casa com ele, para sua cama e montá-la até que ambos não pudessem andar foi a primeira coisa que veio em sua lista. Embora não fosse mencionar isso. 

— Faria uma grande refeição.

Ela sorriu.

 — Quero um banho.

A imagem dela nua e submersa em água só fez com que a quisesse mais, a vontade se tornou tão forte que rapidamente a largou, saiu da cama e se levantou. Não deixou de notar sua expressão atordoada quando colocou espaço entre eles.

— Banhos são bons. — Olhou para qualquer lugar menos para ela, em vez disso focou no macho. 

A cama rangeu quando Becca se ajustou e respirou seu perfume. Seu pau pulsava por ela estar no cio e segurou as barras para agarrar algo em vez dela. Piorou quando ela veio por trás dele, estava perto e olhou para o 919 também. 

— Por quanto tempo você acha que ele vai estar drogado? Da ultima vez ele dormiu por muito tempo.

— Deram-lhe muito. Está provavelmente ganhando uma resistência a ela.

— Poderiam tê-lo matado. — Permaneceu em silêncio concordando. 

Ela esfregou o braço, os dedos traçaram seu bíceps e se afastou. Um rosnado rompeu de sua garganta antes que pudesse prendê-lo e ela recuou. 

— Não me toque agora. Estou agitado.

Dor brilhou nos olhos dela e se sentia um bastardo. Abriu a boca para explicar que não queria rejeitá-la dessa maneira, mas não tinha certeza como dizer-lhe como mal conseguia se aguentar e lutou contra o impulso de prendê-la sobre a cama e montá-la novamente. As razões para isso se repetiam. Ela está no cio e os humanos podem aparecer novamente para assistir. Becca o distraía demais para ele ficar em guarda. 

— Becca, eu...  

Um ligeiro ruído o distraiu e virou-se, ouvindo atentamente. O som era fraco, um guincho do outro lado da sala onde as portas estavam e não era algo que tinha ouvido antes. Levantou seu olhar para as aberturas ao longo das paredes. Viu as teias de aranha e percebeu que era apenas o sistema de ar até que inalou profundamente pelo nariz. 

— Temos companhia. — Brawn sussurrou. 

Becca ficou tensa, esperando que os capangas saíssem da porta dupla para arrastarem ela e Brawn de volta para o quarto onde teria que tirar mais amostras de esperma. Se perguntou por que toca-lo o deixou com raiva. Sempre lhe enviava sinais contraditórios e esperava que seu humor não piorasse uma vez que estivesse preso à cama. Excitá-lo seria difícil se não queria que o tocasse. 

Tristeza a invadiu com a possibilidade dele começar a odiá-la por ser humana. Os guardas e a médica louca não eram exatamente os melhores exemplos de humanidade. É claro que se estiver começando a culpá-la, poderia repensar seu plano para pelo menos tentar escapar. Talvez sobrevivesse. Claro, levaria um tiro, mas isso não significa necessariamente a morte. 

Brawn olhou em sua direção com um sorriso no rosto, de repente, surpreendendo-a, mais uma vez com a sua mudança de humor repentina enquanto cheirava o ar. — Você pode receber outra oferta de sexo casual do seu amigo a qualquer momento.

 Levou um segundo para suas palavras terem significado e os joelhos enfraqueceram. Brawn sentia o cheiro de Trey Roberts, conhecia seu perfume de sua visita à sua casa e confiava em seu nariz. Lágrimas de alívio e felicidade a cegaram. A equipe de seu pai estava chegando para eles. 

Brawn moveu-se rápido, agarrou-a pela cintura e a puxou arrastando seus pés. Foi até a cama, utilizou um pé para levantar a cama e a arrancou fortemente. A coisa caiu, e disparou ao redor dele e os levou ao chão. Seu corpo a esmagou contra o concreto frio quando achatou em cima dela. 

— Não se mova. — Ordenou. — Pode haver um tiroteio.

Brawn estava protegendo Becca das balas perdidas com seu corpo e a cama. As mãos abriram em seu peito e seu coração disparava com excitação.

 — Não posso acreditar que nos encontraram.

—É, nos encontraram. — Respondeu asperamente em seu ouvido. — Os ventiladores estão empurrando o ar e seus aromas estão enchendo a sala. Deve vim da outra sala. Basta ficar abaixada e segura. Sinto o cheiro de seu amigo e de outros humanos, juntamente com a minha própria espécie. Muitos deles.

Aliviou um pouco o peso de cima dela. Becca o observou virar a cabeça para espiar ao redor da cama caída e olhar para as portas. Desejava que pudesse ver o que estava acontecendo, mas o grande corpo de Brawn a manteve parada. 

— Alguma coisa? — Sussurrou. 

— Ainda não, mas o cheiro está mais forte.

Segundos se passaram em pelo menos um minuto e de repente ouviu um barulho como um metal atingindo uma parede. Brawn ficou tenso acima dela, sugando o ar e gritou um aviso. 

— Eles estão dentro da porta dupla à sua esquerda. Há uma médica e vários machos humanos armados com pistolas de dardos de choque, e têm armas com drogas.

Moveu-se, rolou de cima dela e levantou-se tão rápido que Becca teve de se esforçar para segui-lo. Sentou-se para assistir por cima da cama quando os homens encheram o quarto. Um homem Novas Espécies sorriu, parecia o líder e correu para o outro conjunto de portas duplas com os homens em seu encalço. Trey era uma visão para os olhos quando ele apareceu por entre outros, correndo na direção da gaiola e sorriu quando seus olhares se encontraram. 

— Abra a porta. — Brawn exigiu. 

Trey estudou as correntes e o cadeado. — Para trás. 

Brawn moveu-se para o lado, quando Trey apontou a arma para as fechaduras, disparou duas vezes e jogou as correntes para longe. Brawn empurrou a porta rapidamente, saiu da jaula e correu em direção de onde os homens haviam desaparecido. 

— É com eles. — Trey gritou quando entrou na jaula. 

Becca se levantou e caminhou até ele. No segundo em que ela estava ao alcance, a agarrou com um braço, a puxou contra seu corpo e guardou sua arma no coldre. Beijou o topo da cabeça, abraçou-a apertado com ambos os braços e riu. 

— Você estava em apuros. Seu velho esta subindo pelas paredes de preocupação. Você está bem, garota? — Diminuiu seu poder o suficiente para olhar para baixo para estudar seu rosto de perto. Um de seus braços a largou e seus dedos traçaram seu rosto. Ela se encolheu, tinha esquecido do tapa e viu a raiva no olhar de Trey. — Acho que há uma contusão aqui? Quem foi o filho da puta que bateu em você? — Sacudiu a cabeça para olhar alguma coisa. 

Becca se inclinou o suficiente para ver que Brawn estava do lado de fora da gaiola os observando. Olhou para cima, seguiu o caminho da raiva de Trey e agarrou sua camisa para ganhar sua atenção. Encontrou o seu olhar. 

— Um dos guardas fez isso. Brawn nunca iria me machucar.

Trey passou os braços em volta dela mais uma vez, puxou-a tirando seus pés do chão e a abraçou com força suficiente para ser considerado um abraço de urso. 

— Você está bem, garota? Me diga a verdade.

— Ponha-me no chão.

Se contorceu para se libertar, mais do que ciente que sua camisola subiu perigosamente e não usava mais calcinha. — Estou ótima além de você tentar quebrar minhas costelas.

Riu quando a colocou de volta ao chão. — Estou tão feliz por você estar viva. Estávamos tão preocupados.

— Pare de apertá-la. — Uma voz profunda e severa rosnou. — Temos machos dos Espécies que necessitam de cuidados médicos, enquanto você está flertando com a fêmea. 

Becca estava atordoada com a raiva de Brawn. Trey a soltou totalmente e se virou para ele. — Você é Brawn?

— Sou. — Seu peito se estufou quando encheu seus pulmões com ar. — Quero uma arma. — Ergueu sua mão. 

Trey marchou até ele, parou alguns centímetros perto dele e levantou o queixo. — Sem querer ofender, senhor, mas não. Como você está? Você está drogado?

— Não.

Tiros soaram e Trey girou, se apressou para Becca e a levou ao chão. Ofegou quando dor explodiu em suas costas ao bater no assoalho e seu peso a esmagou. Um rugido soou e sabia sem ser capaz de ver que veio de Brawn. 

O peso se afastou e olhou para Brawn, agachando ao lado dela. Arreganhou os dentes, rosnou para Trey que estava esparramado a metros de distância, e percebeu o que tinha acontecido. Brawn jogou seu amigo para longe dela e agora parecia prestes a atacá-lo. Sentou-se rapidamente, ignorando sua cabeça latejante, que bateu no concreto quando foi abordada, e colocou seu corpo entre eles. Seu olhar encontrou Brawn. 

— O que há de errado com você?

Raiva brilhou em seus olhos quando olhou de volta, rosnou para ela e se levantou. — Não toque nela. — Alertou, virou-se de costas e ficou ali. 

Trey lançou um olhar de “que-merda-foi-isso” e ela encolheu os ombros, não tinha certeza do por que Brawn o atacou, mas não foram ouvidos mais tiros. Outra equipe correu para a sala de cima e alguns correram através das portas duplas, a primeira equipe desapareceu por enquanto e o resto se aproximou das gaiolas. 

Brawn falou baixinho com alguns dos machos dos Espécie. Becca deixou a gaiola e Trey a seguia de perto, quase como se não quisesse deixá-la mais do que alguns metros de distância. Olhou para o 919 e o encontrou encolhido em um canto da gaiola, observando os estranhos com pavor. Pena brotou. Foi drogado e estava sem o juízo perfeito,e provavelmente, pensava que mais pessoas vieram prejudicá-lo. 

A curiosidade a fez virar em direção ao fundo da sala onde colocaram outro Nova Espécie. Queria ver como ele estava, já que ninguém parecia consciente de sua existência. Passou do muro que dividia o quarto e encontrou outra gaiola. Aquela visão trouxe lágrimas a seus olhos. 

O homem estava amarrado a uma maca, seus cabelos negros tão emaranhados que era chocante e estava ligado a tubos e máquinas. Caminhou até as barras e as agarrou. O macho não se mexia de jeito nenhum. Podia ver um monitor cardíaco e ler os números de onde estava. Trey parou ao lado dela. 

— Puta merda. — Trey sussurrou. 

— Abra a porta.

Ele hesitou. 

— Não. Vamos chamar uma equipe médica aqui.

— Abra a porta. — Exigiu novamente. — Ele não está se movendo e sua frequência cardíaca está muito baixa. Está inconsciente.

— Provavelmente vai ser perigoso se acordá-lo. Sinto muito, mas a porta não vai ser aberta, até termos a certeza que é seguro. — Ela virou-se para encontrar o seu olhar. 

— Chame ajuda.

Balançou a cabeça, pegou o rádio, mas percebeu rapidamente que não poderia ter sinal para a área de cima. 

— Vamos. Vou mandar um dos homens retransmitir que precisamos de médicos rapidamente.

Becca odiava deixar o macho sozinho, então se ofereceu para ficar. Trey empacou de primeira, mas ressaltou que ninguém estava lá para machucá-la e o Espécie estava preso e amarrado. Se afastou e ela voltou sua atenção completa para a pobre vítima. 

Os humanos eram terríveis ás vezes, vendo no que ele foi reduzido quase partiu seu coração. Seu coração batia, mas se perguntou se sobreviveria. Era grande, mas a cor da sua pele estava muito pálida, parecia faminto, a julgar pela maneira como suas costelas apareciam. 

Não demorou muito para Trey retornar com os médicos e a porta da gaiola se abriu. Ficou tempo suficiente para ouvi-los dizer que ele estava em estado crítico. Planejaram chamar ajuda aérea. Depressão bateu e só queria encontrar Brawn. Trey agarrou a mão dela enquanto tentava facilmente passar por ele.

 — Pegamos todos os bastardos e a área está segura. Estão indo transportar os Novas Espécies para Homeland. Você quer que um paramédico te examine?

— Estou bem.

— Seu pai está sendo mantido lá fora. Você realmente deveria ir vê-lo. Está bastante frenético e acho que sua paciência está se esgotando.

— Só quero conversar com Brawn e então vou encontrá-lo.

— Seja rápida. Ele está nervoso.

Becca foi até onde estava enjaulada para ver dois homens Novas Espécies destrancarem o 919 da gaiola. Ainda estava encolhido no canto, rosnando para as equipes de resgate e os membros humanos da equipe no fundo. Brawn ficou assistindo e moveu-se para ficar a seu lado. 

— Acha que ele vai ficar bem?— Não o tocou desta vez, no caso de estar distraído e não tê-la ouvido se aproximar. 

— Espero que sim. É o seu estado mental que me preocupa. — Virou-se para encontrar o olhar dela. — Becca, Eu...

Um uivo soou e alguém gritou. Becca virou a cabeça a tempo de ver o 919 enfrentar um dos Novas Espécies, jogá-lo para fora do caminho e dar um murro no segundo. Correu para fora da gaiola, uma expressão selvagem em seu rosto e seu olhar a localizou. Pura raiva torceu suas feições e correu para a frente. 

— Não! — Brawn gritou e jogou seu corpo entre eles, quase como um chumbo quando 919 atacou. 

Becca se esforçou para sair do caminho, mas foi tarde demais. Um enfurecido, drogado Nova Espécie atingiu Brawn. Brawn cambaleou e o 919 uivou novamente quando veio em seu caminho. Nem sequer conseguiu gritar antes de mãos brutais a agarrarem. Uma mão envolveu sua garganta, cortou-lhe o ar e a outra segurava seu braço com tanta força que tinha certeza que iria quebrá-lo. 

Um rugido foi o único aviso antes de Brawn atacar. Todos os três caíram em um emaranhado de corpos, a mão foi arrancada de sua garganta e 919 gritou de dor. Becca tentou rolar, mas suas pernas estavam presas sob os seus pesos combinados enquanto trocavam golpes.

 Alguém agarrou seu braço, olhou para cima para ver o rosto pálido de Trey e a puxou com força suficiente para fazê-la gritar quando a arrastou. Continuou arrastando-a pelo chão até que ficou uns bons três metros afastados de Brawn. O olhou para vê-lo lutando com 919. Era brutal e os sons que faziam eram completamente terríveis. 

— Tirem essa humana daqui — Rosnou Brawn. — Ele está fora de controle.

Trey xingou, se curvou e escoltou Becca em seus braços. Ela se torcia quando a levantou e correu para a porta. Assistia com horror Brawn e o macho continuarem a lutar enquanto ninguém parecia ajudá-lo. Sua boca se abriu para gritar que alguém precisava separá-los, mas então Trey a tirou da sala e subiu as escadas. 

— Ponha-me no chão.

Trey ofegava, se manteve em movimento e ignorou a ordem. Diminuiu à medida que se aproximava do topo e estava grata por isso, porque todos aqueles empurrões não foram fáceis para seu estômago ou seus ossos. 

— Rebecca!

Conhecia aquele grito em qualquer lugar, virou a cabeça, procurou pelo depósito lotado cheio de membros de equipes, Novas Espécies e alguns dos médicos das equipes. Trey parou e a colocou no chão suavemente. 

Tim quase se chocou contra ela, mas derrapou até parar antes de colidirem, passou os braços em volta dela e a cobriu com um abraço. 

— Querida. — Sua voz quebrou. — Graças a Deus você está viva. — Balançou em seus braços. — Você está bem?

Lágrimas encheram seus olhos e não tentou detê-las quando seu rosto estava esmagado contra a camisa de seu pai. — Vou ficar bem.  

— Arranje um médico. — Gritou, fazendo-a estremecer.

— Estou bem.

— Senhor — Um homem falou. — Solte-a e deixe-me checar seus ferimentos.

Seu pai enfraqueceu seu abraço e ela olhou para Bucky, um dos médicos da equipe, feliz por ver um outro rosto familiar. O ruivo se aproximou, pegou em sua mandíbula e olhou para seu rosto. — Vamos levá-la para o caminhão.

— Estou bem. — Se afastou do seu toque. 

Seu olhar baixou para baixo seu corpo, parecendo tomar nota de tudo. — Você tem certeza?

Se afastou de seu pai, olhou para ele e sorriu. — Estou muito bem, pai. Alguns empurrões e contusões, mas vou sobreviver. — Seu ombro doía e sua cabeça latejava um pouco por causa da queda, mas não iria reclamar disso. 

— Merda! — Bucky agarrou a parte de trás da cabeça. — Você está sangrando.— Congelou quando as mãos enluvadas do homem roçou em algo que fez a dor atravessar seu couro cabeludo. 

— Ai!

— Temos helicópteros prestes a pousar. — Um homem do Novas Espécies se aproximou de seu pai.

 — Vamos levar a sua filha para Homeland. Nossos médicos estão de prontidão por lá para tratar dos feridos. — Tim balançou a cabeça.

 — Vou levá-la a um hospital, Brass. — O macho alto franziu a testa, olhou para Becca e se dirigiu para seu pai. — Isso vai envolver as suas leis. Preferimos manter este problema entre os Espécies.

— Não dou a mínima ao que você quer. — O temperamento de seu pai apareceu.  Brass se encolheu. 

— Vão querer que a gente entregue esses que prendemos aqui hoje. Você realmente deseja que enfrentem as acusações nos seus tribunais? Não serão tão duros com os infratores, sua filha poderá ir ao tribunal para testemunhar e vamos ter de explicar por que invadimos este edifício sem consultá-los primeiro.

A ideia de qualquer um desses monstros responsáveis por tudo o que passou receberem uma sentença mais leve ou ser retirados de julgamento fez o temperamento de Becca aflorar. Olhou para o homem alto dos Espécies até que encontrou o seu olhar. 

— Seus advogados são mais duros?

— Eles trabalharam para Mercile pelo que entendemos e torturaram Novas Espécies. Não vão se safar dessa. — Isso já era bom o suficiente para ela. 

— Vou com você.

— Não. — Tim agarrou o braço dela. 

— Vou levá-la a um hospital.

Becca estendeu a mão e agarrou os dedos do pai. 

— Não quero que se safem do que fizeram. Vou com eles para ver médicos dele. Os deixem lidar com isso, pai. Por favor?

O som alto de um helicóptero veio de fora e pareceu pousar na rua ou em algum lugar próximo. Puxou os dedos de seu pai o fazendo soltá-la. 

— Vai dar tudo certo. — Abriu a boca mas, Brass estendeu a mão. 

— Eu mesmo irei acompanhá-la e protegê-la. Você estará perfeitamente seguro, Sr. Oberto.

— Vou também. — Tim exigiu. Brass pegou a mão dela. 

— Você não prefere transferir os prisioneiros para Homeland? Sua filha vai estar lá quando você chegar.

A indecisão no seu rosto assegurou Becca que ele estava confuso. 

— Faça isso, pai. Certifique-se que cheguem lá e fiquem presos.

— Vou estar lá dentro de quatro horas.

— Estarei esperando.

Brass a segurava levemente enquanto a levava para fora do deposito. Estava ensolarado lá fora, a cegou um pouco depois de ter sido mantida lá dentro. O vento cortava seu cabelo ao se aproximarem do helicóptero. 

— Você vai ficar bem!

Brass gritou para ser ouvido por causa dos motores do helicóptero. A colocou para dentro e a ajudou a se enfivelar em uma cadeira e sentou-se ao seu lado. Observou colocarem o Nova Espécie ferido que estava ligado a máquinas. Ainda estava inconsciente. Não sabia o nome do médico, era um dos novos membros da equipe de força-tarefa que ainda não havia conhecido. Seu olhar procurou por Brawn, mas não se juntou a eles quando a porta fechou e o helicóptero decolou. 

Onde está ele? Esperava que estivesse bem, ele seria levado para Homeland se precisasse de atendimento médico. O som dentro do helicóptero estava muito alto para tentar interrogar Brass. Teria que esperar até que pousassem. 

O grande Nova Espécie ao seu lado abriu um cobertor e se virou em seu assento, lhe oferecendo. Deu-lhe um sorriso agradecido, envolveu o material macio em seu corpo e recostou-se contra o assento. Foram salvos. Escondeu o rosto nele e deixou as lágrimas caírem. Foi uma experiência infernal. 

 

Pareceu uma longa viagem para Becca, mas o helicóptero finalmente pousou. Nunca foi para ONE Homeland antes. Seu pai disse que era um bom lugar quando perguntou sobre isso por curiosidade. O motor foi desligado e as portas se abriram. Removeram a maca com o macho inconsciente primeiro e choque a atravessou quando duas grandes fêmeas altas apareceram de repente. 

Tinham que ter pelo menos um metro e oitenta de altura e tinha as características alteradas dos Novas Espécies com maçãs do rosto bem definidas. Uma tinha olhos felinos que a  fizeram lembrar de Brawn, mas o cabelo dela era chocante, um mix de cores diferentes. Ambas as mulheres usavam uniformes pretos com ONE impresso em letras brancas acima de seus seios esquerdos. Sorriram timidamente. 

— É seguro. — Brass a garantiu. Inclinou-se para evitar bater a cabeça no teto e ajudou a desatar seu cinto. — Estas são Rusty e Sunshine.

Saiu primeiro e voltou para gentilmente levantá-la. As duas mulheres mantiveram seus sorrisos no lugar. A ruiva tinha olhos amarelados, eram bonitos, mas de uma forma estranha. Acenou para um jipe. 

— Sou Rusty. Sunshine não fala muito. Seja bem vinda a Homeland, prometo-lhe segurança.

A mulher com o cabelo multicolorido assentiu, mas não disse uma palavra. Becca manteve o cobertor enrolado ao seu redor e lhe deram o assento do passageiro. Brass ficou para trás com o macho ferido enquanto o carregavam para a van. O Jipe moveu-se e tentou não olhar para todas as Novas Espécies que passavam.  Rusty dirigia. 

— Estamos a levando para a médica. Temos excelentes médicos. — Disse Rusty. 

— Sou Becca. Sou filha de Tim Oberto.

— Estamos cientes do seu nome e de quem você é. — Rusty lançou-lhe um olhar solidário. 

— Tiger nos ligou para nos dizer o que aconteceu e que você estava vindo. — Sunshine finalmente falou do banco traseiro.

 — Sabemos como é ser trancada à chave e sob o controle dos outros. Vivemos isso. Entendemos, então você não está sozinha. — Becca se virou no banco o suficiente para dar a outra mulher um sorriso agradecido. 

— Obrigada. Não foi tão ruim. Brawn estava lá, então não estava sozinha.

A ida para o Centro Médico não foi longa e estacionaram em frente. Era um edifício de um andar com grandes janelas de vidro ao longo da frente, mas eram coloridos para esconder o interior. Dentro havia cadeiras e uma pequena sala de espera. Um balcão separava a sala e por trás dele havia umas mesas. Havia corredores que levavam à direita e esquerda da área de recepção. Um homem humano esperava na porta e presumiu que fosse o médico. 

— Sou Paul, o enfermeiro. Trisha está esperando por você. Ela é um dos nossos médicos da equipe de funcionários aqui. Dr. Treadmont está tratando dos casos mais grave que chegaram. — Hesitou, olhou para a mulher e apontou. — Por aqui. Sua escolta estará ao seu lado, Srta. Oberto. É procedimento padrão que você não deve ser deixada sozinha comigo. — Sorriu. — Sou um homem temido.

Rusty bufou. 

— Você é bom e duvidamos que iria molestá-la, mas nossas ordens são para permanecermos ao lado dela para darmos apoio.

— Apenas me chame de Becca. — Disse. 

Uma mulher loira, baixinha vestindo um jaleco branco entrou pela porta. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e sorriu também. 

— Olá, Srta. Oberto. Sou Trisha e vou ser seu médica. Por favor, siga-me para a sala de exames.

— É apenas Becca. — Repetiu. 

— Tudo bem. Por favor, venha comigo, Becca.

A sala de exames era semelhante a todos os outros escritórios médicos que já havia visitado, e se sentou na mesa de papel drapeado quando a porta se fechou. Era apenas ela e Trisha no quarto. A médica parecia jovem, talvez trinta anos e seu sorriso desapareceu. — Onde você está ferida?

— Não preciso ser examinada. — Admitiu Becca. — Tenho algumas contusões e acho que pode ter um arranhão na parte de trás da minha cabeça.

A médica veio para frente, teve que inclinar a cabeça e colocar as luvas. Tocou a cabeça, encontrou o local dolorido e recuou.

— Não está ruim. Sente tontura? Visão dupla? Deixe-me ver seu rosto. Falei com Brawn enquanto estava sendo trazida e me disse que você sofreu algumas quedas e que um dos loucos que te sequestrou bateu-lhe.

— Ele está bem?

— Está bem. Ficou para trás para responder algumas perguntas, mas vai estar de volta esta noite. Por favor, responda minhas perguntas. — Levantou dois dedos. — Quantos dedos?

— Não tenho uma concussão. Dois. Não estou tonta e minha visão está bem. Para ser honesta, meio que aceitei vir para cá apenas para fazer o meu pai recuar. Ele teria me levado a um hospital e criaria um inferno para eu ser examinada. Um dos Novas Espécies deixou claro que seria melhor se tratassem dessa situação sem a polícia ser notificada. Agradeço sua preocupação, mas me sentiria pior depois de uma ida para a academia do que vir para cá agora. Realmente estou bem.

— Fui informada que lhe aplicaram uma injeção. Você sabe o que te aplicaram? O que a médica disse? Brawn percebeu a marca de agulha no seu braço. — Isso a surpreendeu. 

— Ela tirou sangue e limpou meu rosto. Queria amostras de mim.

— Odeio aqueles cientistas malucos. — Trisha murmurou enquanto tocava seus braços, examinando-os. Levantou a camisola o suficiente para verificar os seus joelhos e, finalmente, a planta de seus pés antes de se endireitar. Seu olhar parou em Becca. — Gostaria de falar com alguém? Poderíamos arranjar um  terapeuta. Você passou por uma experiência terrível.

— Para ser honesta, só quero um banho, uma refeição quente e minha própria cama. Isso é o que me faria bem.

A médica tirou as luvas, jogou-as no balcão e acenou com a cabeça. — Compreendo totalmente. Tenho algumas pílulas para você tomar, apenas para evitar contrair uma infecção. Não sei se usaram uma agulha estéril quando tiraram seu sangue, mas prefiro não correr o risco. Você é alérgica a qualquer medicação? Você está atualmente tomando alguma?

— Não tenho qualquer alergia e não estou tomando nada. Não uso drogas e só bebo de vez em quando.

— Tudo bem. — Trisha hesitou. — Um, Brawn falou comigo como eu disse. O que você disser é confidencial. Não está ferida, de jeito nenhum? Brawn me disse que vocês dois  fizeram sexo e estava preocupado que talvez tivesse sido muito grosseiro. Você quer um exame pélvico apenas para se certificar de que está bem? Eles não carregam doenças venéreas e posso te garantir que ele é completamente saudável. — Becca corou. 

— Estou bem. Ele não me machucou e realmente gostaria de manter isso em segredo. Você pode assegurar-lhe que estou muito saudável. Faço check-ups regularmente e tenho certeza disso. — Não iria mencionar que não tinha uma vida sexual para expor seu corpo a doenças sexualmente transmissíveis. Os olhos da mulher se estreitaram. 

— Só eu, você e Brawn estamos cientes do que aconteceu, até onde eu sei.

— É meu pai que me preocupa. — Mordeu o lábio inferior. — Você o conheceu?

— Tim? Sim.

— Ele teria um troço.

A médica relaxou. 

— Sei. 

— Ele é muito protetor e queimaria o fusível se descobrisse o quão próximos Brawn e eu ficamos dentro daquela gaiola. Faria uma tempestade num copo d’água. Brawn é um dos novos membros da equipe. Meu pai tem esta regra que nenhum dos homens estão autorizados a me tocar. Ele é... — Suspirou. — Um idiota em relação a isso. Ele me trata como se fosse uma menina e se tornaria um pesadelo para Brawn, uma vez que começaram a trabalhar juntos.

Os lábios de Trisha se curvaram em um sorriso.

— Entendo. Parece bastante rígido.

Becca deslizou para fora da mesa de exame.

 — Você está sendo terrivelmente educada. Meu pai é um tirano, quando está irritado com alguma coisa.

A porta se abriu e Rusty entrou.

 — Não queria escutar, mas minha audição é muito boa. Você gostaria que eu a levasse para uma sala com um chuveiro e pedir para que Sunshine lhe arranje algumas roupas? Já pedi comida do refeitório. Vai chegar em cerca de 15 minutos. — Prendeu o olhar em Becca. — Sou a única no corredor que pode ouvir o que foi dito e não vou repetir que você compartilhou sexo com Brawn. Conheci seu pai e também não gostaria que ele soubesse. Ele grita muito com seus homens quando estão em reuniões.

Trisha riu. 

— Bem-vinda a meu mundo. Sua audição é amplificada cerca de quatro vezes mais do que a nossa e os machos têm sentidos ainda melhores. Sempre sussurre se algum deles estiver ao redor ou coloque água para correr para silenciar o som se você quiser ter uma conversa privada, enquanto estiver em Homeland.

— Desculpe, Dra. Trisha. — Rusty riu. — Não foi de propósito.

— Você não pode evitar. Por favor, a leve para o final do corredor para o banheiro mais próximo. Vou verificar os machos que estão chegando. — Trisha estendeu a mão e esfregou o braço de Becca. — Estou feliz que esteja bem e sinta-se livre para considerar a oferta de falar com alguém se estiver com algum problema. Basta ligar para Homeland e chamar por mim. Seu pai nunca saberá que vamos atribuir-lhe um terapeuta. Temos alguns ótimos que trabalham conosco. Vou pedir para Paul trazer-lhe os comprimidos. Basta tomá-los com água.

— Obrigada. — Becca falou sério. — Mas eu estou bem.

Só queria poder falar com Brawn, mas sabia que ele não estava lá.  Ainda era dia. Não fazia ideia de que horas eram, mas suspeitava que demoraria um pouco para ele chegar. Tomaria um banho, comeria alguma coisa e talvez tiraria uma soneca enquanto esperava por ele. 

 

Exaustão deixou Brawn lento enquanto estava na sala da recepção do Centro Médico esperando por Tiger retornar de verificar todos. O macho saiu de um corredor e se aproximou com um refrigerante na mão, oferecendo a ele. 

— Achei que você iria gostar disso. — A abriu e bebeu metade em um gole só. 

— Obrigado. — Olhou a redor para se certificar de que ninguém estava perto o suficiente para ouvir. — Onde Becca está? — Cheirou. — Sinto o cheiro dela, mas o ar condicionado está me confundindo sobre que direção seguir para encontrar seu quarto.— Tiger franziu a testa. 

— A enviamos para casa.

— O quê? — Raiva aprofundou sua voz. — Queria vê-la.

— Essa não é uma boa ideia. Ela foi sequestrada, mantida prisioneira e já informamos a Tim que ter um Espécies vivendo no mundo lá fora foi um erro. Um dos membros de sua equipe retornará seus pertences pela manhã. Você vai ficar aqui.

— Quero ver Becca. — Esmagou a lata na mão e derramou o conteúdo. Xingou, a colocou no balcão e limpou o refrigerante da mão em seu moletom. 

— Brawn, seja racional, meu amigo. Ela não quer vê-lo.

— Ela disse isso? — Seu coração trovejou e dor apoderou-se dele. — Ela se recusou a esperar aqui por mim? Ela foi informada que eu estava chegando e que eu queria vê-la? — O olhar de Tiger se estreitou. 

— Você sabe que é o melhor. Tim notou a marca da mordida em seu peito e os arranhões. Presumiu que eram de Becca. Ele me disse que não é permitido qualquer contato com ela e que discutiria isso com ela.

— Ela se recusou a me ver? — A pergunta saiu em um rosnado de fúria. A ideia de Becca indo embora já era ruim o suficiente, mas se recusar a falar com ele era impensável. 

— Acalme-se agora. Isso é uma ordem.

— Sou um membro do conselho e você não me diz o que fazer. — Girou e foi para a porta, mas não tinha nenhum plano de como encontrar Becca. Pensaria em um, porém, esperava encontrar um transporte para levá-lo para sua casa, e vê-la. 

— Brawn? Ela não quer vê-lo. — Isso o levou a dar uma parada bruta. Se virou e Tiger acenou .

— Sinto muito, homem. Queria poupá-lo, mas Tim pediu uma consulta com um psiquiatra antes de chegarmos. Só fiquei sabendo que fez isso quando pegou todos os fatos. — Procurou em seu bolso e retirou o papel dobrado.  — Ela ficou traumatizada com o sequestro, você era sua única fonte de conforto e só se preocupava com você como uma maneira de lidar com o stress. — Ele balançou a cabeça. 

— Ela está atraída por mim. Ela admitiu isso.

— Iria apenas prejudicá-la se você forçar esta questão. Você quer fazer com que ela tenha mais estresse?

— Não. — Os joelhos de Brawn enfraqueceram. Estava com fome, cansado e ferido. Seu corpo só funcionava por causa da adrenalina e da necessidade de procurar por Becca. Prendeu as pernas. — Nunca iria machucá-la.

— Eu sei. Você nem gosta de mulheres humanas.

— Gosto dela.

— Você vai causar-lhe dor, meu amigo. Ela precisa de tempo para curar e recuperar.

— Ela está ferida?

— Emocionalmente. O psiquiatra recomendou que você não fizesse nenhum contato com ela de maneira alguma. Deixe-a vir até você quando estiver pronta para discutir o que aconteceu.

— Ela estava bem? A médica a examinou por completo?

— Sim. Trisha cuidou dela pessoalmente. — Tiger hesitou. — Ela lhe deu os comprimidos.

— Que comprimidos? — A hesitação em responder irritou Brawn. — Que comprimidos? Ela estava doente?

— Você fez sexo com ela. Foi decidido dar-lhe a medicação no caso de você tê-la engravidado. Isso vai acabar qualquer gravidez que possa ter ocorrido.

Brawn rosnou, pura raiva apoderou-se dele e andou pesado em direção a Tiger antes mesmo de pretender fazer isso. Tiger cambaleou para trás alguns passos e ergueu seus braços. 

— Pare!

Parou. 

— Ela não estava no cio quando a montei. Te disse isso! Você deu-lhe informações confidenciais? Compreendo agora porque ela está com raiva. Não pude dizer a ela que eu poderia engravidá-la, enquanto estávamos trancados. Era muito arriscado naquele lugar. Ela está com raiva de mim? É por isso que se recusou a esperar? Tenho certeza que ela está tomando algum tipo de droga preventiva para evitar engravidar. A maioria das fêmeas humanas toma.

— Não, de acordo com o que ela disse para Trisha. A médica não disse a Becca o que os comprimidos realmente eram. Ela acha que são antibióticos para prevenir uma infecção da agulha usada para extrair o sangue de seu braço. Ela não está com raiva ou chateada com você por não lhe dizer a verdade antes de vocês compartilharem sexo.

— Compartilhamos mais do que sexo.

A expressão de Tiger mostrou piedade.

 — Tenho certeza de que fez mais do que isso, mas vê-la só vai lembrá-la do trauma que sofreu. Ela estava trancada dentro de uma gaiola com você, foi obrigada a tirar o seu esperma e foi uma situação desagradável. Está segura agora e se quiser falar com você, ela te procurará. Dê-lhe um tempo.

O seu peito doía e isso não tinha nada a ver com suas costelas machucadas, que feriu quando lutou com o 919 para proteger Becca do macho drogado. — Compartilhamos mais do que sexo. — Afirmou com mais firmeza. — Sei que seria difícil, mas quero passar mais tempo com ela. Tenho sentimentos.

— Ela é filha de Tim Oberto. Ele lidera nossa equipe de força tarefa e, enquanto gostar de nós, ele afirmou que não se aborreceria com você dormindo com sua filha.

— Onde você aprendeu a falar dessa maneira?

Tiger suspirou. 

— Estou passando muito tempo com a equipe de força tarefa. Temos treinado juntos e comecei a conhecê-los. Tim é muito protetor com sua filha. Não gostaria ou aceitaria qualquer tipo de relacionamento entre você e sua filha. Deixou isso muito claro.

— Não importa o que ele gosta. Tenho sentimentos por Becca.

— Não é só sobre você. É sobre ela também e ela precisa para chegar até você ou quando quiser falar com você. Respeite isso, Brawn. Você é um membro do conselho, mas isso é sobre o que é melhor para todos nós. Não podemos nos tornar um inimigo do homem que lidera a equipe de força tarefa. Precisamos dele.

— Eu a quero. — Seus punhos cerraram. 

— Ela não é um animal de estimação que você pode colocar uma coleira e levar para casa.

— Eu sei. — Rosnou. 

— Você está cansado e com fome. Você precisa de dez horas de sono e depois vamos discutir isso, certo? Seja racional. — Lutou contra sua raiva e tentou se acalmar. 

— Essa discussão ainda não terminou.

— Entendo. Conversaremos amanhã depois de descansar um pouco e comer uma boa comida.

A porta se abriu na frente do Centro Médico e Flame entrou. 

— Vim para te levar para casa e alguém está te trazendo comida, Brawn. Esperamos que tenha tempo de tomar banho antes que chegue. Você está pronto?

Brawn disparou um olhar para Tiger. 

— Vejo você de manhã.

— Não duvido.  

 

Becca sentou dentro de seu quarto, mas a sensação de estar segura dentro de sua própria casa se foi. Seu pai estava sentado na ponta de sua cama olhando para ela severamente. Tinha se tornado a sombra dela desde que alguns dos seus homens a trouxeram de Homeland para a casa. Esteve esperando em sua sala de estar. 

— Está com fome?

—Eles me alimentaram.  

Seu olhar estudou-a atentamente.

— Você me diria se fizeram um daqueles Novas Espécies te tocarem, não é?

— Juro que nenhum deles me machucou, pai. Quantas vezes tenho que dizer isso?

— Tiger e Trey não me disseram muito, não importa o quanto eu ameace. O que diabos estava acontecendo lá embaixo?

— Havia uma médica que costumava trabalhar para Mercile e tinha um monte de capangas que trabalham para ela. Planejavam vender os Nova Espécie a alguém na Europa para que pudessem ganhar dinheiro suficiente para fugir do país. Sabiam que eram procurados pela polícia. Eles têm alguns compradores por lá que querem um conjunto deles. Acho que existem três tipos de Novas Espécies e a médica só tinha um, então sequestrou Brawn e tinham planos para sequestrar outro.

— Felino, canino e primata. Li o relatório e estamos tentando encontrar o vazamento.

— Bom. Posso perguntar uma coisa?

Ficou tenso, mas deu um empurrão firme de sua cabeça. — Você ganhou algumas respostas depois do que passou. O que você quer saber?

— O que vai acontecer com eles?

— Os machos estão sob os cuidados de um médico. Os Nova Espécie tem alguns especialistas trabalhando para eles e farão o que puderem. Vão chamar médicos de consultoria se acharem que alguém pode ajudar. Esses homens vão ter o melhor cuidado possível, agora que estão em casa.

— Estou contente em ouvir isso, mas quis dizer os que sequestraram Brawn e eu. Eles vão pagar pelo que fizeram? Isso é o que eu quero saber. — Estendeu a mão e esfregou o pé através dos cobertores. 

— A lei dos Nova Espécie é brutal. Você estava certa em sair naquele helicóptero. Não estava pensando direito ou teria eu mesmo te enviado a Homeland. Aqueles filhos da puta nunca vão conhecer a liberdade novamente.

— A ONE pode dar-lhes um julgamento e sentenciá-los a uma vida na prisão?— Ele hesitou. — Diga-me. Por favor? — Lagrimas brilharam em seus olhos. — Vou dormir melhor à noite. Eles mataram Tina e Mel. Eles entraram em minha casa e...

— Temos uma prisão, querida. Não é conhecida, não é para a população geral, mas somente mantém pessoas que cometeram crimes contra os Nova Espécies. Justice North é um homem muito esperto que negociou alguns detalhes impressionantes.

— Não entendo.

— Mercile foi financiado em parte pelos EUA. Não é amplamente conhecido, mas o público ficaria irritado se soubessem onde seus dólares de impostos estavam sendo gastos. Todos os envolvidos querem manter assim. Novas Espécies podem processar os Estados Unidos e ganhar em tribunal da forma como foram atrás da Mercile e serem compensado pelos anos que foram presos. Era mais barato e melhor de resolver relações públicas do que apenas mantê-lo em segredo. Foi lhes dado Homeland, o dinheiro para iniciá-lo, e minha equipe de trabalho para caçar funcionários da Mercile que não foram capturados e para recuperar Novas Espécies que ainda estão lá fora. Encontramos cinco instalações de teste e pode haver mais. Não sabemos, mas alguns Novas Espécies foram dados aos investidores.

— Dados aos investidores? — Ele olhou para baixo.

 — Mulheres, querida. A empresa negociava dinheiro por carne. — Seu olhar se levantou e sua boca fez uma careta. — Escravos sexuais. Tentamos encontrá-las.

Lágrimas caíram. 

— Oh meu Deus.

— Sim. — Esfregou seu pé. — Isso é o que minha equipe faz principalmente. Caçamos esses bastardos doentes que as compraram e tentamos descobrir se as mulheres ainda estão vivas.

— Você já encontrou alguma? — Esperava que sim. 

— Algumas. Normalmente termina mal. Não vou mentir. Justice exigiu ter uma força-tarefa à sua disposição com recursos completos para encontrá-los e fui designado para conduzi-la. Podemos fazer o que a maioria das agências de leis não podem, não temos tantas regras como eles e que incluiu iniciar a nossa própria prisão. Colocamos aqueles que prendemos lá e não vão sair. Não há tal coisa como liberdade condicional ou passar um tempo fora por bom comportamento.

— É Homeland ou Reserva?

Ele balançou a cabeça.

 — Não. É em outro local e não posso te dizer onde. Algumas das pessoas que costumavam liderar Homeland antes dos Novas Espécies assumirem o controle estão agora no comando dessa instalação. Não é um resort, deixe-me assegurá-la. Não são maltratados, mas certamente não estão assistindo TV a cabo ou recebendo visitas.

— Os Novas Espécies agora mantém presos os que um dia os mantiveram presos. Parece justo.

— Não. Justice não quis colocar nenhum do seu povo nessa situação desconfortável. A prisão é totalmente composta por nós.

— Sua equipe?

— Os humanos.

— Eles também são humanos, só não completamente.

— Isso é verdade, mas nos chamam de humanos. Isso está começando a me influenciar. — Sorriu. — Vou dormir lá embaixo no sofá esta noite a menos que queira que eu durma no chão por aqui. Eu poderia.

Estava tocada por ter oferecido. Normalmente, ele a enlouquecia, mas depois do que aconteceu, realmente não queria ficar sozinha. — Você está velho demais para dormir no chão. — Brincou. — Nunca iria se levantar. Meu sofá se transforma numa cama king-size e o colchão é muito confortável. Obrigada, pai. — Tim a deixou e se levantou. 

— Estou lá embaixo. Você quer que eu deixe a luz acesa?

Becca admitiu estar tentada a fazer exatamente isso, mas em vez disso balançou a cabeça. Estava sendo muito doce no momento, mas não queria usasse seu momento de fraqueza contra ela mais tarde. Seu pai tinha jeito para fazer isso. Antes que soubesse estaria tentando convencê-la a se mudar de volta para a casa principal. 

— Quando Brawn vai voltar? — Realmente queria vê-lo. 

— Ele não vai.

Choque a atingiu rapidamente perseguido pela dor. — O quê? Fiquei com a impressão quando cheguei em Homeland que pegariam seu depoimento e depois que estaria voltando para minha casa.

Raiva se aprofundou na voz de Tim.

 — Tiger é o responsável enquanto Justice está de férias e considerou uma falha ter um de seus homens vivendo aqui. Foram bastante úteis hoje resgatando você, mas não é seguro para eles viverem fora daquelas paredes. Ele coloca qualquer um que está com ele em perigo.

— Não foi culpa dele.

— Eu sei, mas estou feliz que ele não vai voltar. Tenho uma reunião pela manhã, para estudar situações diferentes para ter alguns dos seus homens se integrando com a minha equipe. Só tenho que descobrir como fazê-lo em segurança.

— Gostaria de falar com Brawn. — O enfrentou, arriscando o temperamento de seu pai. Ele fez uma pausa na porta. 

— Isso não vai acontecer. Fui assegurado de que ele não quer mais saber dos humanos. Sei que algo aconteceu entre vocês, se recusa a me dizer os detalhes, mas estou certo de que ele não quer ter nada a ver com os humanos nunca mais. — Apagou a luz e fechou a porta. 

Lágrimas caíram. Brawn estava farto dos humanos? Como se nunca quisesse vê-la novamente? Se lembrou de como reagiu quando o tocou em seu braço e gritou com Trey para tirá-la de lá. Talvez ele mentiu e estivesse zangado com ela. 

Doeu. Tinha se apaixonado por ele, mas deveria ter se lembrado de que não queria se envolver com ela. Deixou claro, ainda assim esperava que não. Becca virou o rosto em seu travesseiro e o agarrou. Sentia falta de Brawn e a magoou um pouco por ele ter se cansado sem nem sequer chegar a dizer adeus a ele. 

 

Nove semanas depois

Becca vagou ao redor da cabana, entediada e solitária. Finalmente se sentou no sofá, se enrolou em forma de bola e usou o braço para pegar um travesseiro. Era obrigada a entrar em contato com seu pai em breve e teria de pensar em uma nova mentira. Pensava que estava viajando pela Europa e ficaria chocado se soubesse que nunca saiu da Califórnia. Mantiveram contato através do seu computador. 

Era muito mais fácil mentir dessa maneira do que descobrir como rastrear as chamadas com o identificador de seu pai. Tinha amigos e família que viviam na França e na Alemanha, sabiam que seu pai era um tirano e foram simpáticos o suficiente para o enviarem cartões postais para mantê-lo enganado. Pensavam que só precisava de um descanso. 

Essa parte era verdade até certo ponto. O pai dela a estava enlouquecendo depois que chegou em casa e precisava de uma pausa dele entrando em sua casa tentando fazê-la sair de lá. Estava depressiva após o sequestro, tirou uma folga do trabalho e odiava admitir que queria ficar perto do telefone caso ele ligasse. 

Pensar em Brawn a fez sentar-se e apertar as mãos sobre as coxas. Estava triste no início, quando não tentou entrar em contato com ela mas com o passar das semanas, se transformou em raiva. Como se atrevia nem mesmo a vê-la? Teria sido educado, pelo menos, entrar em contato para ver se havia se recuperado de sua experiência traumática. O fato de que fez sexo com ela só deixava duas vezes mais imperdoável não fazer esse esforço. Ainda mais por sermos uma equipe.

Seus pertences foram levados por um dos homens de seu pai no dia seguinte que retornou a sua casa. Teve de lidar com trabalhadores por duas sólidas semanas, consertando sua pobre casa danificada, e fechou a porta do quarto de hóspedes depois que eles saíram para evitar lembrar dele. Apesar de não ter funcionado. Cada vez que passava pelo corredor para ir para seu quarto, se pegava olhando para lá. 

Quatro semanas mais tarde fez uma descoberta chocante que mudou sua vida. Teve de traçar e planejar, inventar um monte de mentiras e se mudar para uma cabana no norte da Califórnia. Trabalhou rapidamente para fazer ligações para construir uma fraude. Descobriu que era boa nisso e acreditava que tinha coberto todas as suas bases. O pai dela a teria derrubado se começasse a suspeitar. 

Preocupação a atingiu duramente e doeu em seu estômago com o pensamento de cometer algum erro. Mesmo a lembrança do temido telefonema que fez há três semanas no caminho para o chalé a deixou tensa. Comprei um celular descartável, paguei em dinheiro, mantive a ligação razoavelmente curta e estava muito longe de lá. Até lembrei de remover a bateria e jogá-la no lixo, caso alguém tentasse rastrear o telefone. Respirou fundo algumas vezes. Você fez tudo certo e ninguém sabe quem você é. Isso a acalmou um pouco. 

O telefone tocou duas vezes quando ligou. O operador da ONE respondeu e pediu para falar com Doutora Trisha, mentiu e disse que a mulher estava esperando seu telefonema. Becca deu um nome falso e até usou um sotaque texano. Viveu nesse estado por cinco anos quando era criança, enquanto seu pai estava trabalhando lá como um instrutor de combate. Tinha certeza de que podia falar desse jeito e acreditava que não tinha esquecido de manter a voz alterada. 

A médica Trisha atendeu depois de quatro toques. Nunca iria esquecer o jeito que seu estômago saltava ao ouvir cada toque, seu coração acelerou e o medo tomou conta dela. Era perigoso demais fazer o telefonema, mas precisava de algumas respostas para algumas perguntas importantes. 

— É a Doutor Trisha. — A mulher tinha uma voz alegre. Becca sabia que iria mudar. 

— Olá. — Conseguiu sair — Não tenho muito tempo, tenho medo que rastreem a ligação, mas precisamos conversar.

— Hum, tudo bem. — O tom feliz da médica mudou para um tom de hesitação. 

— É verdade que algumas Novas Espécies são alérgicos a chocolate e os deixam muito doente?

O silêncio se estendeu mais do que Becca gostaria, cada minuto era contado e o tempo era limitado. Poderiam tentar rastrear o telefone, mas até alguém chegar lá, teria desativado a bateria, ido embora e planejado despejá-lo em algum outro lugar em uma lixeira. 

— Você precisa direcionar todas as suas perguntas para o departamento de relações públicas da ONE. — Trisha finalmente respondeu. — Tenha um bom dia.

O pânico tomou conta de Becca. A médica planejava desligar. — Espere! Isso é urgente. — Segundos a mais em silêncio, mas a linha continuava aberta.

 — É urgente que você saiba se são alérgicos a chocolate? Que tipo de idiota é você? — Raiva alterou sua voz novamente. 

— Estou grávida. — Becca desabafou, cerrou os dentes com arrependimento, mas sabia que teria que revelar o fato para obter as respostas que tão desesperadamente necessitava. Respirou calmante para se lembrar de falar com o sotaque falso. — Dormi com um Nova espécie e estou grávida. Tenho medo de que se eu comer chocolate vou machucar o bebê. Preciso saber se isso é uma possibilidade.

— Isso não é engraçado.

— Eu não estou rindo. — Becca hesitou. — É verdade e tenho medo de ir a um médico, considerando quem é o pai. Será que um médico seria capaz de descobrir se tem algo errado? Sei que fazem testes e ultrassons. É seguro eu ver alguém ou tenho que evitar para impedir descobrirem?

— Você não tem coisas melhores a fazer do que fazer trotes? Eu tenho. — Trisha suspirou. — Vou desligar agora.

O pânico tomou conta de Becca novamente. Sabia que a médica não acreditava nela, mas precisava. 

— Seu esperma é notavelmente mais quente do que os outros humanos. Também são bem dotados, pelo menos ele era e rosnava muito durante o sexo. Ele tem dentes afiados, gosta de apertar a pele com eles e gosta de sexo de um jeito mais grosseiro. — Hesitou. — Isso não é uma piada e ele era circuncisado.

— Quem está falando? — A voz de Trisha saiu macia. — Isso é real?

— Sim. 

— Você precisa vir a Homeland, diga que você precisa me ver e vão acompanhá-la para dentro, vou examiná-la pessoalmente. Não acredito em você já que Espécies são estéreis, mas vamos acabar com essa bobagem.

— Estou grávida, o pai é um Nova Espécie e de jeito nenhum vou aí. Só por favor responda minhas perguntas. — Becca odiava o desespero, ouvido em sua própria voz. — Pode machucar o bebê se eu comer chocolate? Estou desejando isso, mas tenho evitado comer. Eu estou tomando vitaminas pré-natais sem prescrição médica, mas queria ver um médico. Será que ele vai saber se me examinar que algo está diferente? São duas perguntas, duas respostas e isso é tudo que eu preciso.

O silêncio fez Becca perceber que tinha perdido dinheiro em um telefone descartável e fazer a chamada. Nenhum bebê Novas Espécies já tinha sido concebido antes, todo mundo sabia que era impossível e que a médica não acreditava nela. Ela arriscou ainda uma vez que ela estava sozinha, sem ajuda médica. Sentia-se apavorava sem saber se o bebê estava bem. Trisha finalmente falou de novo.

 — Isso não é possível.

— Bem, é. Definitivamente estou grávida e com muito medo de ir ver um médico. Não quis arriscar um teste para o resultado dar estranho e descobrirem que o meu bebê é mestiço. Por favor, só responda a pergunta. Tenho que desligar o telefone em breve. Não quero que vocês rasteiem a ligação. Sei que podem fazer isso.

— Por que você não vem até aqui? Eu vou pessoalmente examiná-la. É grátis, se você está preocupada com o dinheiro.

— Não posso fazer isso.

Trisha falou rápido. — Isso é uma brincadeira, certo? — Becca lutou contra as lágrimas.

 — Gostaria que fosse, mas não é. Estou com medo. — Admitiu. — Sei sobre os grupos de ódio e sou a primeira mulher a engravidar de um deles, o que seria uma enorme notícia. Não quero que meu bebê seja o centro de um show de horrores ou ser alvo de idiotas. Aluguei uma cabana. Ninguém, a não ser você sabe disso. Não confio em ninguém.

— Você precisa ver um médico. Vir a Homeland. Será seguro. Ninguém vai te machucar. — Trisha respirou fundo. — Ou irei até você, se isso for real. Apenas me diga onde você está. Ninguém tem que saber.

— Isso não vai acontecer. — Becca hesitou. — Não posso deixar minha família descobrir. É difícil explicar e complicado, mas é assim que é. O pai do bebê é Nova Espécie. Existe alguma coisa especial que não posso comer ou beber além do normal? Preciso consumir mais carne? Sei que comem muito.

— Diga-me outra coisa para eu saber que isto é real. — Becca mordeu o lábio. 

— Estou ganhando peso rapidamente e já está dando para cer quando não deveria estar. Tive enjoou pela manhã dentro de poucas semanas que começou a gravidez, mas pensei que estivesse gripada até que comecei a ganhar peso e os meus seios cresceram. Tive amigas que tiveram bebês e lembro delas reclamando quando estavam grávidas.

— Diga-me onde você está e vou até você. Você precisa de supervisão médica imediatamente se estiver grávida e é um Nova Espécie. A que distância você está?

— Prefiro não dizer. Você poderia perguntar quem dormiu com uma mulher humana e reduzir até me encontrar. Não vou correr esse risco.

A médica xingou suavemente. — Você não sabe o quão perigoso isso pode ser se estiver sozinha. Você realmente vai para uma cabana isolada?  Você não pode fazer isso. Você precisa de ajuda médica por perto. Preciso saber de quanto tempo você está.

— Tenho que ir. Preciso comer mais carne ou evitar alguns alimentos? Posso ver um médico com segurança sem acabar no noticiário da noite? Basta responder isso. Não quero prejudicar o bebê por não lhe dar o que precisa ou comer algo que não pode tolerar. — A médica amaldiçoou suavemente. 

— Sim. Coma mais carne vermelha. Alguns Novas Espécies ficam doentes com chocolate. Não sei se isso iria afetar o bebê, mas pode deixar alguns deles realmente doentes. Não arrisque. Um médico poderia obter resultados estranhos de imediato se fosse um bebê Espécie e achar que algo estava errado com a sua gravidez. Iria fazer mais testes e iriam descobrir isso rapidamente. Venha a Homeland. Você...

— Isso nunca vai acontecer. Sinto muito, mas esqueça. Não vou vê-la.

— Você pode pelo menos me ligar todos os dias? Você tem uma caneta? Vou dar o número do meu celular. Vamos conversar e você vai me conhecer e ver que pode confiar em mim. — Becca hesitou.

 — Você não vai tentar rastrear a ligação, ou qualquer outra coisa?

— Juro.

Becca enfiou a mão na bolsa, sabia que era uma má ideia, a médica estava provavelmente mentindo, mas estava desesperada. — Dê-me.— Escreveu o número. — Vou ligar em poucos dias. Esta não é uma brincadeira. Realmente estou grávida e ele realmente é, de um Nova Espécie.

— Por favor, estou implorando. — A doutora Trisha pediu suavemente. — Deixe-me ir até você ou venha até Homeland. Basta ir até o portão e dizer-lhes para me chamar. Ninguém além de mim precisa saber agora. Por favor, apenas...

Becca desligou o telefone celular e deslizou a parte de trás para remover a bateria. Dois quilômetros depois abandonou o telefone em uma lata de lixo e continuou seu caminho para sua cabana alugada. Pensou na conversa e se levantou do sofá. Esticou-se e sabia que precisava deixar recados em breve, mas tinha que fazer mais uma ligação primeiro. No dia anterior aconteceu algo que a deixou sem escolha. Precisava falar com a doutora Trisha novamente. 

O novo celular descartável estava na mesa da sala de jantar. Mordeu o lábio, tendo que fazer uma longa viagem para melhor esconder sua localização, mas seu pai saberia se algo estivesse errado. Nunca disse nada em seus e-mails, sentia-se segura que ninguém suspeitava de alguma coisa e que provavelmente estava a salvo. A doutora Trisha poderia, honestamente, ser confiável, quando disse que nunca iria tentar rastrear as ligações. Algumas pessoas iriam. 

O número que rabiscou estava ao lado do telefone. Suas mãos tremiam um pouco quando pegou

ambos. Preciso fazer esta ligação. Mordeu o lábio. Outra palpitação em sua barriga a fez suspirar. Deixou o papel cair e pousou a mão sobre o monte curvado de sua barriga. Lágrimas quentes vieram à tona, causada pela preocupação e confusão. Podia sentir o bebê se mexer. Como isso é possível? 

Estava lá debatendo sobre o que fazer. A única coisa inteligente seria se apressar e ligar para a doutora Trisha e deixar a mulher cuidar dela e do bebê. Claro que a realidade a impedia. Seu pai mataria Brawn. Iria acabar indo para a prisão em vez de liderar a equipe de força tarefa e teria que explicar a seu filho por que ele não tinha família além dela. Não podia fazer isso, não importava o quão aterrorizada estivesse. Tim Oberto era um monte de coisas, mas racional e controlado não eram duas dessas quando se tratava de sua filha. Nunca acreditaria que Brawn não a tivesse forçado e iria ver sangue. O de Brawn. 

Pensar sobre o grande Nova Espécie a fez se sentir culpada. Tinha o direito de saber que iria ser pai. Sabia o certo do errado, mas esse era um obstáculo que não estava pronta para enfrentar ainda. Depois que o bebê nascesse, iria enfrentar essa questão. Primeiro precisava tê-lo, mantê-lo seguro e descobrir uma maneira de lidar com seu pai. Esperançosamente encontrar seu neto iria a longo prazo abafar sua fúria assassina. 

Culpa se transformou em raiva no momento seguinte. Estava abalada por causa dos hormônios, mas se Brawn tivesse ligado poderia saber que iria ser pai.  Foi preciso os dois para metê-la nessa confusão, mas dependia dela para tentar controlar as consequências. Ficou tentada varias vezes a procurá-lo, mas não tinha ideia de como, sem ter que passar pela barreira da ONE. Perguntaria por que queria falar com ele, talvez a investigariam para ter certeza que não era uma ameaça e significaria ter seu pai e sua equipe vindo atrás dela. Era muito arriscado. Ligar para um humano era uma coisa, poderiam imaginar que era uma amiga da doutora Trisha, mas uma mulher humana ligando para um macho dos Espécie seria estranho. 

A palpitação aconteceu de novo, estava mais para um chute pequeno e fechou os olhos, maravilhada com a sensação e assustada. Brawn era um homem grande e esperava que estivesse ganhando peso tão rápido porque o bebê poderia ser tão grande quanto o pai, mas não podia esquecer que não era totalmente humano. Podia não saber muito sobre gravidez já que nunca experimentou isso antes, mas tinha amigas que tiveram filhos. Só deveria sentir o bebê mexer daqui alguns meses. O bebê poderia estar crescendo mais rápido do que um puramente humano, graças aos genes alterados de Brawn, e querendo ou não, estava apavorada. Precisava ter uma conversa com a médica dos Novas Espécies para tentar descobrir o que fazer. 

Abriu os olhos e pegou novamente o papel. Suas mãos tremiam quando discou o número. Seu coração batia quando o telefone tocou. Uma voz feminina atendeu no segundo toque. 

— Alô?

— Doutora Trisha? — Becca se lembrou de usar o mesmo sotaque texano. — Sou eu novamente. A mulher grávida.

— Você prometeu me ligar e já faz três semanas. — A médica acusou, soando fora do ar ou talvez animada. — Como você está?

— Assustada e alarmada. Estou sentindo o bebê mexer. Como pode ser isso? É muito cedo.

— Quão longe você está?

— Nós já passamos por isso. Não vou te dizer. É possível que o bebê possa estar se desenvolvendo mais rápido do que o normal? Quero dizer, é loucura até mesmo considerar? Novas Espécies são parte animal e estive pesquisando na internet. O período da gestação é menor em animais do que nos humanos. Estou ganhando peso rápido demais e agora consigo sentir movimentos. Não são gases também. — Ela riu com essa, contente por algum humor. — É definitivamente o bebê.

— Você precisa vir a Homeland. Qual é seu nome?

— Mulher grávida.

— Você está realmente vivendo em uma cabana sozinha?

— Sim. — Becca imaginou que era uma informação segura para dar. 

— Você tem um amigo ou alguém que dê uma olhada em você pelo menos? — Hesitou. 

— Qual é a importância em me perguntar isso?

— Você está sozinha, me disse que não confia em ninguém e precisa de ajuda se estiver realmente grávida. Do que você tem medo? Ninguém vai machucar você. Pode caminhar até o portão, diga-lhes que está lá para me ver e juro que vou sair correndo. Se você não quiser que ninguém te veja, posso ir aonde você quiser. Vou levar a minha maleta e alguns equipamentos que são móveis.  Posso até chegar a sua casa.

— Isso não vai acontecer. Me perdi por uma razão. Não quero que ninguém me encontre.

— Posso te dizer se o seu bebê está bem. Você não quer ter a certeza? Tenho um filho e sei que eu estava muito preocupada com sua saúde quando estava grávida. Juro que fazia ultrassom em mim mesma quase que diariamente apenas para vê-lo. Poderia fazer isso com você, se vier aqui. Irei a você se não quiser ser vista. Sei que há manifestantes lá fora. Temos um helicóptero e podia te trazer e impedir que alguém a veja.

— Agradeço, mas como disse, não confio em ninguém. — Trisha hesitou. 

— Você tem medo do pai? É isso? Você acha que se deixá-lo saber ele irá reagir mal?

— Tento não pensar nele. — Becca se inclinou para frente e suspirou. — Sei que tem o direito de saber e pretendo lhe contar um dia, mas não até que seja seguro. Você não sabe o que está em jogo.

— Então me diga. Apenas me diga alguma coisa. — Becca hesitou. 

— Minha família ficaria louca se descobrisse e iriam machucar o pai. Isso é tudo que eu posso lhe dizer.

— Então, você está protegendo o pai de seu bebê? É por isso que não vem aqui? Sua família não tem de saber. Sua família não pode chegar até ele ou se você vier para cá. Juro que você estará segura. Todos vocês estarão.

Aquilo poderia ser o caso para uma pessoa normal, mas não para Becca. Seu pai tinha de saber tudo o que acontecia em Homeland e na Reserva. Ter uma mulher grávida aparecendo seria um risco de segurança. Seria notificado e ainda estremecia com as lembranças dele perguntando-lhe umas cem vezes se alguém a tocou quando estava presa. A raiva que ameaçava em seus olhos lhe assegurou que não pararia por nada até Brawn estar morto. É por isso que nunca lhe contou sobre seu casamento. Teria assassinado Bradley num piscar de olhos. Seu pai era um idiota às vezes, mas se tornava absolutamente insano quando alguém a machucava. 

— Você ainda está aí?

Becca percebeu que viajou em seus pensamentos. — Sim. Você acha que o bebê está crescendo mais rápido do que o normal? É possível? Basta me responder isso porque é tudo que consigo imaginar e estou preocupada.

— Está com mais de quatro meses?

— Não.

— Bom —. Trisha hesitou. — Você não quer saber o sexo do bebê? Se você me deixar vê-la eu poderia levar uma máquina de ultra - som portátil e te dizer qual é o sexo.

— Isso é maldade. Você sabe que eu adoraria saber isso, mas não posso arriscar. Se você não vai me responder, preciso ir.

— Espere! Como está se sentindo? Você está saudável? Qualquer sintoma anormal ou algo assim? Estou supondo que não tenha visto um médico?

— Sabe que eu não posso correr esse risco. Estou muito cansada, mas li que é normal. Meu apetite está ótimo. Não tenho vomitado nas últimas semanas e passei da fase do enjoou matinal. Tenho que ir. Obrigada por falar comigo.

— Você tem que me ligar mais vezes. Pelo menos uma vez a cada poucos dias.  Você está sozinha. Algo poderia dar errado. Por favor? — A médica soou em pânico. 

— Vou ligar uma vez por semana.

— Promete? Estou preocupada com você. Você não sabe de tudo e não posso te dizer mais pelo telefone.

— Me dizer o que? — O coração de Becca bateu com medo. O que a médica sabia que não estava dizendo?

— Apenas me ligue e vamos continuar conversando.

— Tenho que ir. — Becca desligou.

 

Trisha desligou o celular e colocou o telefone da casa no ouvido. Tinha ligado para Justice quando pegou o celular com a mulher e o deixou ouvir a conversa no viva-voz. 

— Você reconhece a voz dela? Você lida com a maioria dos humanos que entram em contato conosco. — Justice suspirou. 

— Não. Não reconheci, mas o sotaque é falso. Ela escorregou algumas vezes. Talvez esteja mentindo sobre a gravidez.

— Não. Ela sabe demais. Disse que sentiu o bebê mexer pela primeira vez. Está entre a oitava e a décima semana. É quando nós sentimos mexer. Isso é bom. Graças a Deus. Estava apavorada, que não teríamos nenhum momento para encontrá-la antes que o bebê nascesse. Ela está a meio caminho da gravidez, Justice. Dei a luz a meu filho em vinte semanas. Não sabe que bebês Novas Espécies crescem e se desenvolvem mais rápido. Temos que encontrá-la rapidamente. Meu marido é canino. Gravidez de felino poderia ser mais rápida e estou supondo que ele é felino, considerando que não mencionou o pênis inchar durante o sexo que é comum em caninos. Esperma quente é mais perceptível com felinos. Não saberemos por quanto tempo uma gravidez dura até que o primeiro bebê felino nasça.

— Deixe-me... Espere. Tiger acabou de entrar na linha.

Tiger riu. 

— Temos um rastro. Sabemos de onde a chamada veio. Tenho boas e más notícias.

— Quais são os relatos? — Justice colocou no viva-voz. — Você pode nos ouvir, Trisha?

— Posso .— Afirmou. — Qual é a má notícia primeiro?

— Parece que esta mulher é, provavelmente, real. A chamada foi feita numa área perto da Reserva. Deve viver lá perto, o que significa que  provavelmente fez contato com o nosso povo.

— Essa é uma boa notícia. — Trisha concordou. 

— Não quando temos uma humana grávida por um de nós e não sabíamos sobre ele. É ruim até tê-la aqui conosco e em segurança. — Tiger respirou. — A boa notícia é que é uma área remota. Vamos enviar equipes e procurar por ela. Não há muitas cabanas por lá, se está realmente vivendo em uma. Pode levar alguns dias para ir em todas elas, mas não deve demorar mais de três dias. Vamos encontrá-la em breve. — Justice parecia aliviado. 

— Isso é ótimo.

— Sim. A barriga vai estar aparecendo, Trisha? — Tiger aproximou-se do telefone. 

— Ela disse que está e que sentiu o bebê mexer, deve estar entre o oitavo e a décima semana. Você verá definitivamente um estômago arredondado pelo bebê. Ela vai cheirar ligeiramente como um Espécie também, de perto. Eu cheirei. O quanto mais adiantada a gravidez mais vai carregar esse aroma e mais forte ficará.

— Justice, se você não se importa, eu gostaria de estar presente. Posso pegar o helicóptero e voar até lá? — Tiger fez uma pausa. — Eu gostaria de manter a equipe forte, só terá que escolher a dedo Espécies que são bons com os seres humanos e nós vamos ter que trazer a força-tarefa para isso. Eles vão em primeiro lugar para evitar a suspeita.

— Sim. — Justice concordou. 

— Eu também. — Disse Trisha. — Eu vou. Vou ligar para Slade e dizer-lhe que estamos todos indo. Vou arrumar as malas e deixar Forest pronto para viajar. Quero estar lá quando encontrá-la, Tiger. Ela vai ficar com muito medo. Você ouviu o que ela disse sobre sua família, Justice? Você acha que fazem parte dos manifestantes que rodeia a ONE? Talvez seja assim que conheceu um dos nossos. Ele pode ser um oficial dos portões da Reserva. Faz sentido se esse for o caso. A família dela fica por ali, estaria com eles e teria passado um tempo com os nossos rapazes.

— Faz sentido. — Justice hesitou. — É. Isso é bom. Encontre esta mulher, Tiger.

— Estou trabalhando nisso. — Tiger resmungou em voz baixa. — Estou mais preocupado se alguém encontrá-la antes de nós ou a família dela descobrir seu segredo se forem fanáticos. Isso não terminaria bem.

— Eu sei. — Raiva tingiu a voz de Justice. — Basta encontrá-la e trazer ela e seu bebê para casa, para nós, para que possam estar seguros. Obrigado por nos permitir rastrear sua ligação, Trisha.

— Não tive escolha. — Murmurou. — Ainda não estou feliz em mentir para ela. Dei minha palavra que não faria isso.

— Você não a rastreou. Eu rastreei. — Justice limpou a garganta. — Perguntei a meus homens se algum deles compartilhou sexo com uma humana e isso não saiu bem. Causou raiva e sentiram que eu estava tentando invadir suas privacidades. Encontrar a fêmea e trazê-la para trás de nossos portões é prioridade. Não posso imaginar o que aconteceria se ela entrar em trabalho de parto e acabar em um hospital. Nosso segredo vazaria. Estaria em cada estação de notícias e quem nos odeia saberia sua localização para atingir o bebê. Pior, poderia entrar em trabalho de parto sozinha e morrer se houver complicações.

— Eu sei. — Trisha empurrou os dedos pelo cabelo e agarrou o telefone com mais força contra seu ouvido. — Tive pesadelos com isso. É por isso que tentei mantê-la no telefone o maior tempo possível para lhe dar uma chance de encontrá-la. Se isso não funcionar, porém, você tem que me deixar dizer a verdade, Justice. Ela está tendo uma gravidez acelerada e vai ser pega de surpresa quando entrar em trabalho de parto prematuro. Vai pensar que está perdendo o bebê. — Emoções sufocaram sua voz. — Não me faça ir até lá. Esse era meu maior medo quando estava grávida de Forest. Não posso fazer isso com ela e talvez se disser a ela, vai fazê-la vir por conta própria.

— Não podemos arriscar. Até que saibamos com certeza que ela não é alguma repórter tentando fisgar alguma noticia e verificar que é um bebê dos Espécies que está carregando, você não pode dizer-lhe nada. Isso é uma ordem. Sinto muito, mas muito está em risco. Seu filho estaria em perigo.

— Eu sei. — Piscou para conter as lágrimas. — Continuo me colocando no lugar dela. Parece genuinamente assustada com alguma coisa. Quem quiser que seja o pai, ele deve ser um babaca assustador por instalar esse tipo de medo.

— Estou zangado com o macho que fez sexo com ela. — Justice rosnou. — Deveria ter tomado precauções ou a acompanhado. Eles, obviamente, não eram suficientemente próximos para ela não sentir que poderia contar com ele para protegê-la. Quando descobrimos quem ele é, ele e eu vamos passar algum tempo na sala de treinamento. Ele colocou todos nós nesta situação.

— Fico com um pedaço dele depois de você. — Tiger bufou. — Digo aos agentes para usarem preservativos se fizerem relações sexuais com humanos, mas isso soa como se fossem um dos homens de Brass que provavelmente tem o prazer de bater nas regras.

— Sim, espanque-o. — Trisha estava desgostosa. — Isso vai ensiná-lo. Estou feliz por Slade não estar liderando a Reserva agora e estamos em casa. Odeio quando eu tenho que obrigá-lo a se controlar. — Justice deu uma risadinha.

 — É uma coisa de homem. 

 

Flame estudou a cabana que parecia sem vida e acenou para a equipe humana na frente. Cuidadosamente aproximou-se da cabana, três deles se mantiveram fora da vista nas árvores. Um dos humanos, Bobby, bateu na porta da frente. Usava calça jeans e tinha manchas de graxa nas mãos. Todos estavam vestidos com roupas casuais para que não parecessem suspeitos e assustarem a mulher se a encontrassem. Tinham uma história para encobrir se alguém abrisse a porta. Bobby iria pedir para usar seu telefone para chamar um reboque para seu suposto carro quebrado. 

Ninguém respondeu. Bobby olhou pela janela e acenou para todo mundo na frente quando caiu de joelhos. Pegou a fechadura e abriu a porta no tempo em que Flame chegou a seu lado. Olhou ao redor da pequena sala de estar e Bobby virou-se para Flame. 

— Alguém está definitivamente morando aqui. — Flame andou mais para o interior da casa e inalou. — É uma mulher que vive sozinha.  Senti o cheiro dela.

Sua frequência cardíaca aumentou com a excitação que este poderia ser o lugar certo quando viu um berço em um dos dois quartos.Tudo para a criança cheirava novo e não usados. O segundo quarto era o da mulher e puxou as cobertas, inclinou-se e pressionou o nariz contra o lençol. Uma boa bufada e sabia que finalmente localizou a mulher certa. Podia sentir o cheiro dela, o cheiro fraco de gravidez, e Espécie. 

Flame puxou o telefone celular enquanto se virava para a equipe humana. — Este é o lugar certo. Ela deve estar voltando em breve, suas coisas estão aqui, então executem o plano. — Bobby pegou seu rádio. 

— Cancelem a busca. Nós a encontramos. Retornem à base e fiquem fora de vista.

Flame discou para a Reserva. — A encontramos, mas ela não está aqui. Acredito que deva voltar em breve. Senti o cheiro do que esperávamos encontrar. Vou esperar escondido até ela voltar. Tenha o helicóptero de prontidão e abastecido. Quero que o enviem no segundo que eu a tiver. — Desligou e olhou para os homens ao redor dele. — Posso lidar com ela. Acho que é melhor se eu fazer contato sozinho. Vá em frente e retorne à base.

Bobby, o líder da equipe da força tarefa olhou para Flame, hesitou. — Você tem certeza? Vou ficar para trás como apoio.

— Não. Esta não é uma situação perigosa. Estamos fazendo um favor para Trisha. Sua prima fugiu de um marido abusivo e estava preocupada. Não iria lutar ou causar danos. Só vou dar-lhe uma mensagem.

— Oh .— Raiva tencionou as feições de Bobby. — Nós fizemos tudo isso para nada? — Girou, afastando-se. 

Flame o deixou ir e odiava o deixar com raiva. Gostava do time, mas não tinham compartilhado por que estavam procurando pela mulher, não queria lhes dizer porque ela era tão importante e não planejava contar. Quanto menos soubessem melhor, mas precisavam deles para fazer contato, bater nas portas. Qualquer pessoa que abrisse a porta para um Espécies teria se alarmado e palavras poderiam ter se espalhado. Não era algo que não fofocariam ou pior, chamariam a polícia. Isso significava que os repórteres iriam receber uma história e tanto. A fêmea poderia ter ouvido falar que estavam na área e fugido. 

Flame viu os homens saírem. A ONE estava apavorada que se vazasse que poderiam ter filhos com humanos, causaria uma série de problemas. Confiavam na força-tarefa, mas os tabloides ofereciam muito dinheiro para alguns resistirem. Somente manter essa informação conhecida aos Espécie e seus companheiros era essencial. Todos que conheciam a verdade estavam pessoalmente envolvidos para proteger esse segredo. Fechou e trancou a porta da frente, encontrou um bom local para esperar e se encostou na parede interior. Tinha paciência. 

 

Becca sorriu e esfregou seu estômago quando o bebê chutou suavemente. Tinha certeza de que era o sentimento de vibração que continuou sentindo. Deixava-a feliz toda vez, assegurando-lhe que tudo estava bem dentro de sua barriga. 

— Eu sei.— Levantou a mão para segurar o volante com as duas. — Esta estrada de terra é um pouco grosseira e é uma merda. Você sente isso, não sente? — Desacelerou o carro um pouco em seu caminho para a cabana. Conversar com o bebê havia se tornado seu passatempo favorito. — Nós estamos quase em casa.

Estacionou em frente à porta, desligou o motor e soltou o seu cinto de segurança. Se levantou, se estendeu um pouco e balançou seu traseiro. O bater em torno de estrada de terra sempre fazia seu traseiro ficar um pouco dormente. Empurrou a porta, abriu-a por trás e inclinou-se para agarrar os dois sacos de compras. 

— Com fome? Estou morrendo de fome! Perdemos o café da manhã quando ficamos sem leite e levou mais tempo do que o normal para chegar a cidade, graças ao caminhão tomando conta da estrada. Não estava pretendendo tentar ultrapassá-lo.

Ergueu os sacos pesados, usou seu quadril para fechar a porta e subiu os degraus da varanda, com cuidado para não tropeçar. A cadeira ao lado da porta sustentou um saco enquanto usava as chaves para entrar, virou-se e pegou a sacola de novo. Seu pé empurrou a porta que se fechou atrás dela. 

— Eu quero um bife grande. Isso não soa gostoso? E leite. — Entrou na cozinha, despejou os sacos em cima do balcão e chegou perto dos pacotes de carne. — Desculpe o roncar da barriga que você está ouvindo. — Riu. — Aposto que é muito alto aí onde você está já que posso ouvi-lo daqui.  

Pegou uma frigideira que havia deixado no fogão, a puxou para a boca da frente e rasgou o plástico. Morrer de fome era um eufemismo. Fome parecia a atormentar constantemente. Deixou o bife na frigideira e jogou a embalagem no lixo ao lado do fogão. 

— Cinco minutos, garotinho. Estaremos devorando leite e comendo carne. 

Virou-se para arrumar o resto dos mantimentos e um movimento a assustou. Um homem alto, vestido de jeans e uma camiseta preta entrou em sua cozinha, tendo passado primeiro pela sala de jantar. Terror consumiu-a instantaneamente. Não havia trancado a porta quando entrou na casa e olhou assustada para o homem. 

— Oh merda. — Murmurou. Não era apenas um estranho normal vindo roubá-la ou matá-la. Era um Nova Espécie. Seu cabelo vermelho claro balançava com o vento e seus olhos felinos piscaram para ela. Suas mãos subiram lentamente, as palmas afastadas de lado. 

— Calma, fêmea. Não estou aqui para machuca-la. Vim para conversar. A doutora Trisha me enviou. Sou Flame. Não se alarme.

Becca recuou. Alarmar? Um Nova Espécie estava dentro de sua cabana. Suas mãos correram protetoramente sobre seu estômago e o olhar dele desceu, observando sua reação. Olhou para ela, segurou o olhar nela e permaneceu onde estava. Ela recuou mais. 

— Cuidado. Há uma panela quente atrás de você. — Ele ficou tenso. — Não se queime.

— Saia. — Sussurrou, o coração batendo forte. 

Parou de se mover, mas entrou em pânico por dentro. Cometeu um grande erro confiando naquela médica e, obviamente, rastrearam sua ligação. Tiveram que fazer isso para encontrá-la. A prova estava em sua cozinha, olhando para ela. 

— A Doutora Trisha está preocupada. Você está a salvo e ninguém vai machuca-la. Só quero ter certeza de que você e o bebê estão bem. Ela voou para a Reserva há dois dias, quando falou com você pela ultima vez. Ela não rastreou sua ligação. Nós rastreamos, pela torre de celular local que retransmitiu a sua ligação. Não fique com raiva dela. Não quebrou sua promessa, mas não tinha controle sobre o que fizemos. — Seu olhar baixou para seu estômago novamente e cheirou. — Seu bebê é Nova Espécie e você precisa de cuidados especiais durante a gravidez.

— Apenas esqueça que você me encontrou e vá embora. — Pediu Becca enquanto piscava para conter as lágrimas. — Apenas me deixe em paz.

Encontrou seu olhar novamente e tristeza encheu seus olhos exóticos. — Não posso fazer isso. Você e seu bebê precisam ver um médico. Você está a meio caminho em sua gravidez. Se deixamos você sozinha, você ficaria em choque quando chegasse o quinto mês. É quando seu bebê ficará completo.

A boca de Becca caiu aberta. Levou um segundo para se recuperar. Imaginou que o bebê se desenvolvia mais rápido, mas nada a preparou para isso. — O quê?

— É um bebê Espécie. Ele vai ser macho, vai se parecer como um Espécie e vai nascer por volta de cinco meses. Nos desenvolvemos mais rápido. Você disse a médica o suficiente para que soubesse que o pai do bebê é como eu. Sou felino. O bebê terá características como o pai. Você não será capaz de dar a luz a essa criança sem ninguém dar uma olhada e saber como ela está. Grupos de ódio virão atrás de você e de seu filho. Vão tentar matar ambos. As Indústrias Mercile pode vir atrás de você e também de seu filho. — Fez uma pausa. — Alguns dos funcionários ainda estão lá fora, evitando ser capturados, sendo caçados, e podem tentar usá-lo tanto como poder contra nós, ou pior. Você está colocando você e seu bebê em perigo grave não vindo conosco. Nunca faríamos mal a você ou a seu filho. Nunca o tiraremos de você. Sua frigideira está queimando. Posso desligar o fogo?

Becca virou a cabeça, viu a fumaça e o cheiro de carne queimando finalmente foi registrado. Estendeu o braço para desligá-lo. Se afastou do fogão, mas manteve a distância dele. Ele continuou parado, não se movendo enquanto a olhava com cautela. 

— Ninguém sabe sobre esse bebê. Tive um monte de trabalho para me esconder. Estou bem onde estou e você pode sair. — O Nova Espécie franziu a testa. 

— A Reserva fica a vinte quatro quilômetros daqui. Deixe-me levá-la para lá para permitir que a Doutora Trisha cheque você e o bebê. Se você se recusar, vamos apenas colocar um detalhe de segurança em sua casa para mantê-los seguros. Isso não está em debate. Você e a criança precisam ser vigiados o tempo todo. É mais perigoso para você aqui, mas nunca a forçaríamos ir. Sabemos disso. — Balançou a cabeça. 

— Não posso ir com você e você não pode enviar as pessoas aqui para me proteger. Você não entende. Não te conheço, o que é bom, mas não vai custar tanto, se alguém me reconhecer. — Terror tomou conta dela.  — Existem humanos ao redor ou é só você?

— É só eu.

— Graças a Deus.— Ela conseguia respirar novamente. — Por favor, esqueça que você me encontrou e vá embora. A pior coisa que poderia fazer é enviar segurança aqui. Jure-me que não vai fazer isso.

— Explique por que isso é perigoso. Iria protegê-la.

O bebê chutou forte. Becca se encolheu e esfregou seu estômago. O macho dos Espécies sorriu repentinamente quando encontrou seu olhar. 

— Eu vi isso. Ele é forte. Trisha disse que pelo tempo em que estava em sua sexta semana sentia como se seu filho pudesse chutar até sair. — Choque rasgou através de Becca. 

— Doutora Trisha? — Flame assentiu. 

— Tenho permissão para te contar. Está confirmado que você está grávida de um dos meus. Ela tem um filho chamado Forest, que é Espécies. Trisha é casada com um dos nossos. Teve o seu bebê em vinte semanas. Gostaria de ver o filho dela? Gostaria de ver como seu bebê vai se parecer? Espécies são fofos quando crianças. Ele é uma mistura canina, então suas características são um pouco diferentes, mas acho que você vai ter menos medo de ter um bebê Espécies se vir Forest. Ele alegra os corações de todos.

— Não posso ir. Você precisa sair e não deixe que enviem qualquer outra pessoa. — Franziu o cenho.

 — Você precisa ver um médico. Você está com medo. Posso cheirar seu medo. Por favor, pare de ter medo. Prefiro me matar do que lhe causar algum dano. Qual é seu nome? Pesquisamos mas não conseguiu encontrar nada com seu nome.

— Nós? — O medo aumentou. Flame franziu o cenho. 

— Vocês está apavorada. — De repente, empalideceu.  — Um de nós a machucou? — Seu foco foi para seu estômago e depois voltou para seu rosto. — O pai te machucou? Te forçou? — Balançou a cabeça. O franzido de Flame se aprofundou —. Mas você tem medo. Por quê? — Encontrou seus olhos. 

— Não quero que o pai do meu bebê saiba. Pelo menos ainda não. Tenho o suficiente para me preocupar sem lidar com a péssima situação com ele. Também não quero que minha família saiba. É ... Complicado.

— Você está apavorada. Diga-me por que. — Becca mordeu o lábio. 

— Não posso. Vamos apenas dizer que minha família está em uma situação de ferir o pai e enquanto eu não seja uma fã dele, não quero que nada aconteça com ele. Também não quero que meu bebê cresça sem qualquer família e a minha presa por homicídio. Você só precisa ir embora.

Flame a observava enquanto suas feições suavizavam. — Você não está me dando nenhuma escolha a não ser fazer isso do jeito que eu não pretendia. Não vou reconsiderar deixar você desta forma, sem um detalhe de segurança. Estava certo de que poderia te convencer em ir comigo, mas agora vejo que está determinada a ficar. — Olhou para a barriga mais uma vez, respirou fundo, e seu olhar endureceu quando se encontrou com seus olhos. — Eu sinto muito. Não tenha medo, mas você vai comigo. Você vai ver a médica, terá segurança por turno e isso não está em debate. Você está em extremo perigo, obviamente, de qualquer maneira e foi uma boa coisa encontrá-la. Por favor, não lute comigo. Pense no seu bebê. — Moveu-se. Becca recuou e seu traseiro bateu no balcão. 

— Não.

Em quatro longos passos já a alcançou e as mãos cuidadosamente seguraram seus braços suavemente. 

— O helicóptero vem. Você iria ouvi-lo em algum momento e saberia que planejava levá-la você concordando ou não. Não quero causar-lhe medo e lembre-se ninguém vai te machucar.Vamos para a Reserva onde Trisha vai olhar você e o bebê. Você não tem escolha. Mantenha a calma para o bebê.

— Deixe-me ir, maldição! — Becca gritou e tentou se contorcer. De repente, a largou e facilmente a colocou em seus braços. Becca gritou e agarrou sua camisa. — Ponha-me no chão. — Não lutou, com muito medo que a deixasse cair e ele era alto. Seria uma longa queda ao chão. 

— Pense no seu bebê. — Rosnou alto. — Relaxe e diminua a respiração. Calma.

Terror atingiu Becca, mas acabou rasgando sua camisa. Seus dedos agarravam o material, se agarrou a ele e tentou encontrar palavras que fariam o grande Nova Espécies colocá-la no chão. 

— Isso é sequestro! Sim. É ilegal e você não está na propriedade ONE. Sou uma cidadã americana e me recuso a ir com você. Você não pode fazer isso. É contra lei. — Olhou para ela e arqueou uma sobrancelha, enquanto a carregava pela casa.

 — Estou ciente de algumas de suas leis. — Segurou-a mais apertado contra seu peito volumoso. — Você está segura.

Sabia que não conseguiria se livrar dele e ele não iria mudar de ideia. Estudou o rosto bonito, não viu a raiva lá, mas pura determinação era fácil de ler. Flame a estava levando para a Reserva não importasse o que acontecesse. Ouviu o helicóptero se aproximando enquanto chegava à porta da frente. Foi aberta, algo que ele deveria ter feito antes a assustou na cozinha, fazendo-a desconfiar de que planejava levá-la em primeiro lugar. 

Por favor, não seja o piloto do meu pai, orou em silêncio, vendo o helicóptero pousar entre a as árvores e sua cabana. Conheceu o piloto do seu pai, mas não conseguia lembrar seu nome. Embora se lembraria dela, com certeza. Seu pai ostentava fotos dela em seu escritório no trabalho. O piloto poderia ter esquecido dela por causa da breve reunião que tiveram na casa de seu pai, mas olhando para as fotos dela em um escritório quase todos os dia podia fazer alguém gravar um rosto. 

Alívio a varreu quando viu o piloto do helicóptero. Era muito mais velho do que o piloto do seu pai, e não era ninguém que já havia visto antes. A porta traseira se abriu. Ficou tensa novamente, rezando para nenhum membro da equipe da força-tarefa estar lá dentro. Dois machos dos Espécies saltaram para fora. Ninguém mais estava dentro do helicóptero e relaxou. Ainda estava segura e desconhecida até o momento. Seu pai não estava recebendo nenhuma ligação que provocaria um tumulto. 

Flame levou-a para baixo dos degraus da varanda e dirigiu-se aos dois oficiais ONE que estavam ao lado do helicóptero a espera. — Peguem suas coisas e tranquem a cabana. Tem comida no balcão que precisa ser jogada fora. O helicóptero voltará para vocês em meia hora. — Gritou. 

Os homens concordaram. Becca olhou para os rostos novos, nenhum familiar, e engasgou quando de repente a agarraram dos braços de Flame. A levantaram, com ela ainda descansando em seus braços fortes, para o helicóptero. Flame abaixou a cabeça, levou-a para um banco e se sentou. As portas se fecharam. 

Ajeitou-a para colocar o cinto, mas teve cuidado de manter um braço ao redor de suas costelas todas às vezes no caso dela fugir. Considerou, mas o helicóptero decolou. Era tarde demais e desejava que não estivesse tão alto lá dentro. Adoraria tentar convencê-lo a levá-la de volta, mesmo que fosse sem sentido. O homem era teimoso e conhecia bem o tipo. A imagem de seu pai passou pela sua mente. Assassinaria Brawn, enlouqueceria e talvez até mesmo atiraria em outro Espécie. De jeito nenhum iria acreditar que não foi forçada a ter relações sexuais com Brawn. Mesmo que aceitasse que sentiu-se atraída por ele, aos olhos de seu pai, as circunstâncias teriam feito o seu consentimento inválido. 

Lembranças de dois dias após ter sido resgatada emergiram. Seu pai repentinamente entrou na casa dela, abraçou-a e a puxou de voltar para estudar seu rosto. Suas palavras ainda a assombravam. 

— Fiquei em uma situação infernal quando você foi sequestrada, querida. Jurei protegê-los, mas merda, teria matado um Nova Espécie se tivesse sido algum tipo de pesquisa de procriação para onde a levaram. Não teria me importado se estivessem drogados ou fossem vítimas. Você é minha menina e cada um que tivesse tocado em você teria que morrer. Não conseguia dormir à noite sabendo que estava indefesa lá, com medo. Não podia suportar o pensamento de alguém ter tocado em você.

Mentiu e assegurou-lhe que nada aconteceu, mas ele se recusou a parar de falar sobre o que teria feito. Ficou lá e o deixou abraçá-la outra vez, sabia que iria para a prisão para mostrar sua versão de amor e ficou aterrorizada com o que ele faria se descobrisse que teve relações sexuais com Brawn. 

O helicóptero sacudiu um pouco com a turbulência, puxando-a de seus pensamentos e pânico a golpeou. A doutora Trisha iria reconhecê-la no segundo que se encontrassem. Foi a médica que a examinou depois que foi resgatada do deposito. Virou a cabeça para olhar para Flame. 

— Você não pode fazer isso comigo. Deixe-me ir, maldição. Você não entende. — Gritou para ser ouvida, sabia que ele entendeu suas palavra e isso a encorajou. — Por favor?

Parecia um olhar de desculpas, mas balançou a cabeça. Seu poder sobre ela apertou como se temesse que tentasse se levantar e correr para a porta. Não era estúpida ou suicida. Mais turbulência os sacudiu e Becca sentiu-se de repente enjoada. Colocou a mão na boca para cobri-la. 

Flame xingou e a levantou de seu colo, a segurando centímetros acima para diminuir o movimento do voou. — Feche os olhos e respire pelo nariz. — Ordenou em voz alta. Ajustou o seu domínio suficiente para envolver seu pulso com o polegar. 

Isso distraiu Becca o suficiente para diminuir a náusea, mas não aliviou muito. Seu abraço sobre ela era muito gentil, quase a fez lembrar de Brawn. Fechou os olhos e escondeu o rosto contra seu pescoço. Sua pele era quente, os braços fortes e o corpo grande pareciam assustadoramente semelhantes aos de Brawn também. 

— Estamos quase lá. — Disse Flame alto o suficiente para ser ouvido. — Estou com você e está quase acabando.

Os pensamentos de Becca correram desenfreados. Brawn estava prestes a descobrir sobre o bebê. Seu pai lhe disse que ele era um membro do conselho. Seria informado que ela estava na Reserva, assim que a doutora Trisha a reconhecesse.  Lágrimas encheram os olhos e odiou quando algumas delas se derramaram contra o pescoço de Flame. Ele acariciou-a com a cabeça, provavelmente tentando confortá-la o que piorou a situação. 

Não queria ver Brawn. Não tinha ligado e ainda estava magoada e com raiva por ter significado tão pouco para ele quando acreditavam que tinham compartilhado algo especial. Ficaria chocado ao saber que estava grávida, provavelmente tão surpreso quanto ela ficou, mas estava com medo que estivesse furioso também. 

Na pior das hipóteses, Brawn talvez quisesse tirar o bebê dela. Flame disse que não fariam isso, mas sabia o suficiente sobre os Novas Espécies para saber que a maioria das leis não se aplicavam a eles. Poderiam simplesmente jogá-la para fora dos muros da ONE depois que desse à luz e mantê-la longe para nunca ver seu filho de novo? Quem poderia impedi-los? Sua propriedade era considerada território soberano. Não respondiam a ninguém, tinham suas próprias leis. 

Obviamente Brawn não dava a mínima para ela, mas poderia querer o bebê. Mais lágrimas se derramaram e a ideia de seu pai o matando já não parecia tão horrível. Forçou sua mente a parar com essa linha de pensamentos. Não confiava nos homens, mentiam e fingiam ser o que não eram. Aprendeu essa lição dolorosa, horrível com seu primeiro casamento. 

Ela nunca havia tomado o grande e destemido Espécie por um babaca, mas estava errada. Ele teve um motivo para voltar a sua casa, coletar seus pertences, para que pudessem conversar pessoalmente depois que foram libertados, mas evitou todo o assunto tendo seu pai arrumando suas coisas. Queria esquecer tudo sobre Becca e o que aconteceu entre eles. A mensagem foi alta e clara, e bem dolorosa para ela. 

O helicóptero pousou, bateu no chão duro e sacudiu a tirando de seus pensamentos sobre Brawn. Flame levantou-se, inclinou a cabeça e caminhou até a porta que se abriu do lado de fora antes de chegar lá. Becca levantou a cabeça, olhou em seus olhos e jurou que viu pena lá. 

Virou a cabeça para olhar para o lado de fora, preocupada que alguém que a conhecia estivesse esperando. Uma mulher Nova Espécie estava parada ali, e sorriu. Era alta, musculosa e usava um uniforme ONE. Seu olhar fixo na barriga de Becca e não teve dúvida que a Nova Espécie sabia ela estava grávida. Preocupou-se que essa palavra poderia estar se espalhando para longe o suficiente para chegar a seu pai, mas até agora não achava que sabiam seu nome. Era só uma questão de tempo.

Dois homens Novas Espécies a assustaram quando saíram um de cada lado das portas abertas e se aproximaram. Becca não sabia que estavam ali. Mais uma vez Flame foi levantado e os machos o colocaram suavemente no chão. O Espécie uivou deu-lhes  um olhar agradecido. 

Seu captor caminhou em direção a um SUV preto que os esperava e olhou por cima do ombro para ver a mulher segui-los. Quando estavam seguros, o helicóptero decolou novamente. Becca sacudiu a cabeça ao redor para evitar a corrente de ar das lâminas grandes. 

— Prazer conhecer você. — A mulher Espécie gritou, correndo para alcançá-los. — Me chamo Pink.

Becca encontrou os olhos da mulher. Tinha visto apenas algumas das mulheres Novas Espécies, eram muito atraentes , pelo menos todas que viu até agora. Os machos já foram fotografados algumas vezes, mas nunca as fêmeas. Havia rumores de que pareciam muito feias para serem  escondidas das câmeras. Isso só provou o quão errado rumores podiam estar.

— Qual é seu nome? — Becca abriu a boca, mas depois fechou. 

— Apenas me chame de Ferrada. — A mulher piscou, seu sorriso desapareceu e seu olhar abaixou para o estômago redondo de Becca.

 — O que certamente você está, já que está nessa condição.

Becca riu de repente, incapaz de evitar e gostou da mulher instantaneamente.  

— É. De tantas maneiras diferentes. Sinto muito. Isso foi rude da minha parte. Estou apenas em um mundo de problemas e venho tendo um dia realmente ruim. — Você está segura aqui. — Pink sorriu novamente. — Ninguém vai te machucar. Você e seu bebê são bem-vindos a ONE e são considerados da família. Seu bebê é Nova Espécie e você é considerada como tal, já que é a mãe.

— Obrigada. De verdade. — Emocionou-se com o fato de estranhos estarem tentando ser tão gentis. Realmente desejava que a deixassem ir. Isso seria o melhor de tudo, mas não iria acontecer. — Para onde vamos?

— Para o Centro Médico. — Flame respondeu enquanto esperava Pink abrir a porta traseira para que pudesse colocar Becca no banco. — A Doutora Trisha está esperando por você.

Becca virou a cabeça para olhar para o terreno aberto com toneladas de grama e um monte de árvores à distância. Nunca foi à Reserva. Fotos dela nunca foram liberadas e todos os helicópteros e aviões foram proibidos de voar sobre ela. A ONE guardava seus territórios com cuidado. 

Pink andou ao redor da SUV para dirigir enquanto Flame subiu no banco de trás com Becca, como se estivesse preocupado que tentasse fugir. Não teria feito qualquer bem. Sabia que as paredes de segurança totalmente fechavam a vasta propriedade da Reserva e que nunca fugiria. Dirigiram lentamente, em direção aos edifícios que estavam à vista. 

Becca estudou o prédio de dois andares que Pink estacionou em frente. Não tinha uma parede de vidro na frente como a do Centro Medico de Homeland. Este edifício tinha pequenas, janelas escurecidas que foram elevadas acima do solo. Flame abriu a porta do carro e deslizou para fora, segurando a mão para ajudá-la. Seus olhos de gato olhou para ela com seriedade. 

— Devo carregá-la ou vai caminhar por conta própria? — Hesitou. 

— Você tem uma arma? — Ele piscou. 

— Está no coldre no meu tornozelo, mas você não será capaz de pegá-la de mim.

— Você poderia simplesmente atirar em mim? Confie em mim. Todos nós estaríamos numa situação melhor.

Pink riu quando se virou para a frente da SUV. 

— Ela está Ferrada.

— Isso é exatamente o que eu estou. ― Becca concordou

Flame não se divertiu quando suspirou e estendeu a mão para Becca. Deu um tapa em suas mãos. — Eu vou. Posso andar por conta própria.

Flame se manteve perto de Becca quando deslizou para fora do assento e se levantou. Pink se manteve a poucos metros de distância, mas os Novas Espécies permaneceram em cada lado, provavelmente preocupados dela fugir. Tinham razão para se preocupar, Becca admitia, e estava tentada a experimentar, embora a realidade a impedisse e ergueu o queixo. Não havia outra maneira de evitar enfrentar o que a esperava lá dentro. Deu um passo hesitante e depois outro, sentindo-se como uma pessoa condenada. 

Flame abriu a porta e a conduziu para dentro. Becca saiu do sol para o ar condicionado, a sala de espera era grande. Estava totalmente em silêncio, o vazio a cumprimentou e parecia um pouco assustador. 

— Trisha tirou todos daqui. — Pink informou-lhe em voz baixa. — Tirou os funcionários dos Novas Espécies e humanos. Queria que se sentisse segura. Estamos levando-a para uma sala de exames, onde ela pode ter certeza que você está bem e tem planos de olhar o bebê com suas máquinas. Disse que isso será bom você ver seu filho no monitor.

As pernas de Becca pareciam como se estivessem cheias de areia enquanto dava cada passo através da recepção e por um corredor. Teve um vislumbre da médica. Trisha estava de costas para Becca, seu cabelo loiro em um rabo de cavalo e falava com um homem Nova Espécie alto com cabelo listrado. Estava sorrindo para Trisha e se inclinou para dar um beijo na médica que foi muito mais do que amigável. 

Flame limpou a garganta. — Desculpe interromper os pombinhos, mas aqui está ela.  Se recusou dar o nome e resistiu a vir. — O macho dos Nova Espécie deixou Trisha e se virou lentamente. Becca encontrou seu olhar e a viu registrar o reconhecimento quando os olhos da médica se arregalaram. Imediatamente se virou para o macho que a beijou. 

— É melhor chamar Justice e diga a para vir até aqui agora. Tranque o Centro Médico e diga-lhe que a merda atingiu o ventilador. Ninguém entra ou sai, Slade.  Nenhum humano perto dela e ponto final. Nenhum. E especialmente a equipe de força-tarefa.

Ele franziu a testa e olhou para Becca. — Por quê?

Trisha olhou para Becca. 

— Este é meu marido, Slade. Slade, conheça Rebecca Oberto. Ela é filha única de Tim Oberto, a de quem ele se gaba. Aquela que está na Europa. Ele me mostrou o cartão postal que recebeu a duas semanas atrás. Chame Justice, maldição. Temos um problema maior do que nós pensamos.

 

Becca conseguiu ficar em pé, mas seus joelhos estavam trêmulos. Seu segredo foi revelado, pelo menos para as pessoas na sala e piscou para segurar as lágrimas. Estava sem palavras. Só ficou ali tentando não ficar enjoada. Seu estômago se revirava de nervosismo e medo. Slade franziu a testa enquanto estudava Becca severamente. 

— Ela não parece estar na Europa.

— Não. — Trisha concordou. — Você deveria ter nos dito imediatamente, Rebecca. Como enviou postais para seu pai?

— Meu falecido marido tem família lá e pedi alguns favores.— Becca piscou para conter as lágrimas. — Apenas me deixe sair. Tenho dinheiro e posso desaparecer novamente.  Meu pai ... — Fez uma pausa, suplicando para Trisha com os olhos. — Ele não pode descobrir sobre isso. Irá a loucura e não vai deixar isso pra lá. Ele vai estar atrás de sangue e sabemos de quem ele vai querer. Vai culpá-lo por ter me tocado, independentemente de ter sido consensual. Nunca é razoável quando se trata de mim. Apenas deixe-me ir e vamos acabar com isso agora, antes que seja um pesadelo completo.

— Não podemos, Rebecca. Esse bebê vai precisar estar aqui onde você está segura. Flame te disse algo sobre o que esperar da gravidez? Um bebê Novas Espécies se desenvolve por completo em cerca de 20 semanas. Você está o que? Ao longo da oitava semana? — Trisha deu um passo mais perto. 

— Nona. 

— Você está quase na metade da sua gravidez. É por isso que já está aparecendo e pode sentir o bebê se mexer. Tenho um filho com Slade. A genética alterada dos Novas Espécies é forte e passa por cima de tudo, então o bebê será do sexo masculino e terá traços Novas Espécies. Você não pode só ter este bebê e escondê-lo. Seu pai vai descobrir em algum momento a menos que você minta e diga que vai ficar na Europa para sempre.

— Eu, às vezes, fantasiava sobre como inventar algo sobre um acidente de carro e, possivelmente, fingir minha morte.— A sobrancelhas de Trisha se arquearam e Becca encolheu os ombros. 

— Eu não tinha tudo planejado. Fui meio que tentando viver dia após dia para evitar o stress. — Sua mão esfregou a barriga inchada. — Penso nisso e sinto stress. Sei que não é bom para o bebê.

— Temos que informar o pai do bebê, Rebecca.

— Não. — Becca balançou a cabeça. — É o meu bebê.

— Temos que contar. Seu pai vai descobrir em algum momento e você sabe disso. Ele vai atrás dele. Você mesmo disse. Ele precisa ser avisado no mínimo. Gostaria de trazê-lo aqui para lhe dar a oportunidade de dizer a ele pessoalmente? — Becca balançou a cabeça com firmeza novamente. 

— Não temos nada a dizer um ao outro. Não posso impedi-la de lhe dizer, mas se o fizer, não quero nada dele a não ser que fique longe de mim.

 — Você o culpa pelo o que aconteceu? — O rosto de Trisha empalideceu. — Era uma vítima também.

— Eu sei que isso não é o por que não quero vê-lo. Basta dizer-lhe que não quero nada dele, a não ser para ele ficar longe. Não tive escolha de vir aqui ou eu não viria. Por favor, não me force a vê-lo também. Por favor? — Becca odiava as lágrimas que encheram seus olhos. Hormônios e o medo do que aconteceria a deixaram altamente emocional. — Já não tenho o suficiente para lidar? — Trisha hesitou, olhou incerta, mas, em seguida, soltou um suspiro.

 — Vamos verificar o bebê e te examinar. Vamos nos preocupar com isso primeiro e o resto mais tarde. Por que você não entra e tira toda a roupa? Estarei lá em um minuto.

 Becca acenou com a cabeça tristemente e entrou na sala de exame. Fechou a porta no segundo que ficou sozinha, encostou-se e fechou os olhos. Iam dizer a Brawn e seu pai a verdade. A única coisa que ela tinha trabalhado tão duro para evitar foi um fracasso total. Fui pega. Droga. Droga. Droga. Colocou as mãos sobre sua barriga e esfregou. O bebê se mexeu e sabia, pelo menos, que uma coisa estava certa em seu mundo. 

Flame franziu a testa. 

— Você sabe quem é o pai do filho dela? — Olhou para Trisha, à espera de uma resposta. Ela balançou a cabeça. 

— Não diga a ninguém quem é o pai até que seja informado primeiro. Merda, esta informação é considerada completamente secreta, então ele será o único que você contará. Você a ouviu falar. Ela não vai dizer a ele. Preciso de você para fazer isso, Flame. — Olhou para Pink. — Nem uma palavra com ninguém sobre isso. Somos os únicos que sabem além de Justice, quando Slade o chamar. — Pink assentiu. 

Flame hesitou, olhando severo. 

— Para quem vou dar a notícia feliz e chocante? — Trisha olhou para o marido antes de abordar o macho Espécie. 

— Encontre Brawn. Ele foi forçado a dividir uma gaiola com ela quando foram sequestrados e fizeram sexo. Isto vai ser... — Trisha suspirou e perdeu as palavras. Slade colocou seu braço ao redor dela. 

— Difícil para todos.

— Filho da mãe. — Flame xingou. — Acho que sei onde ele está. Ouvi algumas das mulheres conversando algo esta manhã no café da manhã, antes de eu sair para o meu turno. Vou agora. — Girou, notou a expressão chocada de Pink e totalmente entendeu a emoção. Correu em direção às portas. 

 

Brawn dançava perto de uma das fêmeas, feliz por estar distraído. Passou outra noite sem dormir, um dia com muita papelada e esperava usar seu corpo o suficiente para descansar. Breeze sorriu para ele, bateu seu quadril contra o dele e sua mão enrolou ao redor de seu braço. 

— Obrigada.

— Pelo quê? — A girou, mergulhou seu corpo até que seu cabelo quase atingiu o chão e a puxou na vertical. 

— Por aceitar vir comigo. Isso não é divertido? — Tinha de admitir, dançava olhando para as paredes. — Sim.

— Você vai me levar para jantar mais tarde.

Ele hesitou. 

— Você vai. Aprendi um ditado novo. Sempre trabalhar sem diversão deixa um homem chato. — Ela riu. — Ou maçante. De qualquer maneira você precisa se divertir.  Você está mal-humorado e rosna para todos. — Inclinou-se em seu peito e olhou em seus olhos. Todo o humor desapareceu. — Me preocupo com você. Somos amigos.  Você faria o mesmo por mim.

Não pode refutar suas palavras. Balançou a cabeça. 

— Estou ciente disso .

— Você tem pesadelos? — Forçou o seu olhar com o dela. 

Sonhava mas não queria admitir sobre o que. Recuou para surgir espaço entre seus corpos. 

— Você não está dormindo bem. — Deu um tapinha no peito através da camisa. — Vou ajudá-lo esta noite. — Ficou tenso. 

— Eu não acho que isso seja uma boa ideia.

— Você tem evitado todos desde que foi resgatado.— Seu queixo levantou e seus olhos escuros estreitaram com determinação. — Eu lhe devo.

— Não isso.

Ela inclinou a cabeça.

 — Apenas me leve para jantar fora e me permita cuidar de você. Você precisa de um amigo e eu sou uma boa amiga.

— Você é.

— Pare de falar e dance.

Empurrou seus pensamentos para trás e agarrou a mão dela, virou-a e sorriu com o jeito que ela riu. Ver a sua alegria por tão pouco iluminou seu dia. Era um dos seus, de seu local de teste, e era seu trabalho mantê-la feliz. 

Um movimento chamou sua atenção quando Flame acenou com os braços do outro lado da sala. Estava junto ao bar, olhando diretamente para Brawn. O macho tinha um olhar severo no rosto e soube imediatamente que algo estava errado. Parou de dançar e liberou Breeze. Flame caminhou em sua direção, parou a três metros e deixou todas as dúvidas que o homem tinha algo a dizer a ele. Brawn olhou para Breeze. 

— Estarei de volta.

— Duvido. — Flame murmurou. Brawn o ouviu e lançou-lhe um olhar confuso. 

— Algo de ruim aconteceu? Tem alguma reunião do conselho?

— Não. — Flame recuou para o bar e acenou para Hound. — Dê-me mais dois por favor. — Breeze segurou sua camisa. 

— Você vai me pegar às seis, Brawn. Não me faça caçar você.

Forçou um sorriso e concordou. O soltou e andava em volta dos dançarinos para alcançar o macho. Flame levantou duas taças pequenas que continha um líquido escuro do bar onde Hound as deixou. Encontrou o olhar de Brawn e sacudiu a cabeça em direção à porta. 

O que quer que aconteceu foi ruim o suficiente para necessitar privacidade. Os ombros de Brawn se endireitaram e esperava que nenhum Espécie tenha ficado ferido. Seguiu Flame para fora do bar. O macho continuou, levou-o através do lobby do hotel e ficou muito à frente dele até chegarem ao exterior. Confusão no comportamento estranho de Flame o manteve à direita atrás dele até andarem uns bons metros do hotel até a área gramada na frente. Flame girou e estendeu um dos copos. 

— Beba isso. — Brawn tentou cheirar para determinar o que era, mas estava contra o vento. Olhou para a bebida escura, levantou o olhar e franziu a testa. 

— O que é isso?

— Whisky. Já tomei dois goles grandes antes de você me ver tentando chamar sua atenção.

— Não bebo essas coisas.

— Normalmente também não, mas hoje é uma exceção. Confie em mim. Engula. Você vai precisar disso. — Flame bebeu rápido, rosnou baixinho e agarrou o vidro vazio. 

— Apenas me diga a má notícia. Suponho que algo horrível aconteceu.

— Você quer as notícias? — Flame empurrou a bebida para ele novamente. — Beba primeiro e depois lhe direi.

Irritação durou um segundo antes de pavor total. Alguém tinha morrido. Devia ser alguém que ele conhecia. Aceitou a bebida. Deu-lhe um olhar feio, mas levantou-o a seus lábios entreabertos, forçou a mão levantar e o gosto horrível passou pela boca quando engoliu em seco.

— Eca. Isso é terrível. — Limpou a boca para olhar para Flame. — Diga-me.— O macho hesitou. — Desembuche. Não me torture com o desconhecido.

— Você deveria sentar-se naquele banco à sua direita. — Brawn rosnou para ele.

 — Não me dê ordens e pare de enrolar.

— Por favor, sente-se. Temos uma situação séria acontecendo no Centro Médico. — Brawn sentou-se, apenas para evitar que o macho o enrolasse mais e não queria tirar as informações dele a força. Embora estivesse tentado. 

— O que está acontecendo?

Flame avançou para trás para colocar mais alguns metros entre eles. — Temos uma fêmea humana no médico que está grávida de um bebê Espécie. Tive de persegui-la e trazê-la contra sua vontade. Se recusou a vir por conta própria.

— Ouvi algo sobre isso. Me foi dito que alguma fêmea humana tinha conectado com Homeland dizendo que tinha engravidado por um dos nossos homens mas recusou a nossa proteção. Estou feliz que foi localizada. Encontrou o pai?

— Esse é o problema. — Flame olhou para Brawn. — A mulher se recusou a contar e droga, disse que não quer vê-lo. — Brawn não gostou da notícia.

 — Você quer que o conselho realize uma reunião e tente determinar quem é o pai, perguntando a nosso povo? Você tem uma foto dela?  Iria ajudar. Vamos mostrar aos machos e encontrar o pai se ela não revelar o seu nome.

— Trisha reconheceu a mulher e sabe quem é o pai. A fêmea grávida solicitou que seja mantido longe dela.

— Qual é o problema? O mantenha longe. O bem-estar dela e do bebê vem em primeiro lugar. Você me incomodou por isso? Soa como se tudo já estivesse sob controle.

— Estou feliz que você disse isso. Fará com que as coisas fiquem mais fáceis. — Brawn inclinou a cabeça, mais do que um pouco confuso e irritado. Flame estava falando em enigmas, não fazendo sentido. 

— Não entendo.

— A mulher é Rebecca Oberto. — Flame olhou para ele com simpatia. — Toque os sinos, papai?

O copo nos dedos de Brawn escorregou para o chão. Estava feliz por ter se sentado quando choque atravessou o seu corpo. Olhou para Flame, incapaz até mesmo de formar palavras, quando seu cérebro tentou assimilar a informação. Becca era a fêmea? Grávida? Seu coração explodiu em um estrondoso batimento e sangue correu para seus ouvidos. 

Flame assentiu. — Ela tentou correr e se esconder. Contou a seu pai que estava na Europa. Está definitivamente grávida e é Espécie. Eu mesmo senti o cheiro dela.

Brawn de repente inalou. Fechou os olhos e um rugido feroz saiu de sua garganta. Pulou e agarrou Flame. 

Não podia acreditar. Tinha que ser uma mentira. Becca não poderia estar grávida. A médica havia lhe dado comprimidos. Certamente tinha de estar tomando anticoncepcional. Teria dito a ele se tivessem criado uma vida. O macho tropeçou ao sair do seu caminho, mas foi mais rápido. Punhos agarraram os ombros de Flame, com o rosto abaixado e respirou fundo. Os aromas agrediram seus sentidos enquanto tentava inalar tudo 

— Você a tocou! O cheiro dela está em você e eu cheiro seu medo. — Brawn rosnou, totalmente perdendo todo o controle. 

O corpo de Flame voou no ar antes que ele pudesse liberar sua raiva. O macho gritou quando bateu a grama de costas uns bons um metro de distância, rolou um pouco quando foi golpeado e subiu de quatro, quando parou. O corpo de Brawn ficou tenso, pronto para atacar e se agachou. Outro rugido rasgou de seu garganta. 

— Calma, maldição! — Flame ofegou. — Não a machuquei, Brawn. Ela se recusou a vir. Estava vivendo em uma cabana a vinte quatro quilômetros daqui e tive que levá-la para o helicóptero. Deveria tê-la deixado lá sozinha e desprotegida? Ela está com a médica e está segura! — As palavras penetraram sua névoa de raiva, mas fracamente. Rosnou. 

— O que está errado? — Dois oficiais correram para a área, colocando-se entre os machos. Quem falou se dirigia a Brawn. Flame lentamente se pôs de pé. 

— Nada. Estamos bem. Este é um assunto privado. Tive que dar a Brawn algumas notícias perturbadoras. Por favor, deixe-nos. Não vamos lutar.

Brawn moveu a cabeça bruscamente, endireitou-se da posição de combate e cerrou os dentes. Os oficiais olharam para eles antes de partirem. Brawn viu o outro macho tirar a grama de sua roupa e finalmente encontrou o olhar de Flame. 

— Como você está agora? Mais calmo? Sei que deve ter sido um choque. Droga, especialmente para você. Sei como se sente em relação as fêmeas humanas. A boa notícia, acho, que ela não quer nada com você. Não está exigindo que você se acasale e se case com ela. Realmente solicitou que fique longe. Vai ter que morar com a gente assim você será capaz de ver seu filho quando quiser. Tenho certeza que vai permitir isso.

Brawn teve que forçar a sua respiração ficar lenta e ter o controle de suas emoções instáveis. Becca está grávida. Becca está aqui. Lentamente foi em direção a Flame. — Não vou atacá-lo. Quero um cheiro mais profundo. — Flame não parecia feliz, mas manteve sua posição. 

— Por quê?

Brawn se aproximou mais dele e inalou. Não foi suficiente, até que abaixou a cabeça e fechou os olhos. Seu nariz esfregou a camisa de Flame e cheirou. Becca.  O cheiro dela era algo que nunca esqueceria e traçou mais dela, odiava o cheiro doce de seu medo que sentiu. 

— Homem —, Flame sussurrou suavemente. — Você vai parar com isso? Alguém vai ver e ficar com a ideia errada de nós. Estamos trazendo uma multidão de  espectadores depois de ter me jogado no chão. — Brawn rosnou e levantou a cabeça quando recuou.

 — Ela está no médico?

— Sim. Não se esqueça da parte que ela não quer vê-lo. Disse que não queria nada de você, a não ser ficar longe.

Brawn rosnou, sua raiva voltou e assim a confusão. Por que se recusar a vê-lo? Não fazia sentido. Eles haviam criado uma vida juntos. — Estou indo vê-la ela querendo ou não.— Flame suavemente amaldiçoado.

 — Estava com medo que dissesse isso. Bloquearam o Centro Medico.

— Por quê?

— O pai dela. Você. Ela acha que seu pai vai tentar matá-lo, Brawn. Você se encontrou com o homem. Será que ele vai tentar? — Brawn deu de ombros.

 — Provavelmente. — Virou-se. — Vou até ela.

— Ela não quer vê-lo.

— Não me importo. Quero vê-la. — Brawn partiu. 

Seus ouvidos pegaram o feroz xingamento de Flame e então sua voz quando avisou alguém que Brawn estava indo para lá. Pegou o ritmo e suas longas pernas começaram a correr. Becca estava carregando seu filho, estava perto, e iria obter respostas. 

Correu, permitindo que suas perguntas não respondidas o empurrassem para uma explosão de velocidade e atingiu o Centro Medico rapidamente. Teve que diminuir quando Tiger e Slade pararam na frente da porta e bloqueando sua entrada. Parou, sem fôlego, e olhou para ambos os machos. 

— Movam-se.

Slade olhou Brawn cautelosamente. 

— Ela não quer vê-lo, Brawn. Dê-lhe algum tempo. Já está chateada porque a obrigamos a vir. Trisha está com ela tentando fazê-la ver a razão. Minha companheira irá acalmá-la.

— Movam-se. — Brawn ordenou novamente. Seu corpo ficou tenso quando uma explosão rosnou de sua garganta sobre sua interferência. 

Tiger suavemente xingou. 

— Não vamos lutar, rapazes. Brawn, você está chateado agora e com razão. Você precisa ter controle sobre suas emoções. Você parece selvagem, meu homem. A fêmea está grávida. Você não acha que quando finalmente chegar a vê-la você deveria estar calmo? Acho que essa é uma boa ideia. Vamos votar. Quem é a favor de que? — Levantou a mão. Slade lançou a seu amigo um olhar feio, mas levantou a mão. 

— Isso não está em debate.

— Humor. — Tiger murmurou. — Você se lembra disso, não é? Estou esperando que sim. Vamos lá, Brawn. Você parece assustador.

— Não estou rindo —. As mãos de Brawn se fecharam em punho e olhou para Slade. — O que você faria se alguém lhe dissesse que não poderia ver Trisha? Afaste-se da porta e deixe-me passar.

— Isso é diferente. Estou apaixonado por Trisha e ela é minha companheira. Você e Rebecca não tem essa ligação. — Slade não se moveu. — Vamos caminhar e falar sobre isso.  

 

Becca vestiu-se e sorriu para Trisha. — Ele parece perfeito, não parece? — Trisha sorriu de volta.

 — Sim. Seu bebê está saudável e bem. Disse-lhe que seria um menino. Parece ótimo, Rebecca.

— Por favor, me chame de Becca. Ninguém, a não ser meu pai me chama assim.

— Estamos arranjando um quarto para você. Você precisa ficar aqui por causa do seu filho. Há muitos ex-funcionários da Mercile lá fora, tentando evitar serem presos. A maioria das instalações de teste foram pegas durante a noite, pois estávamos com medo do pessoal tentar matar Espécies, uma vez que tentaram isso na primeiro vez. Posso compartilhar essas informações com você, porque você precisa saber. Essas malditas notícias foram estampadas em cada estação, e tivemos que assistir seus locais de trabalho serem invadidas ao vivo na TV. Apenas cerca de vinte por cento do pessoal foram presos e, talvez, mais trinta por cento se entregaram ou foram capturados. Isso deixa um monte de desesperados, loucos idiotas lá fora como o grupo que sequestrou você. Alguns deles podem pensar que se tiverem reféns, poderiam forçar a ONE dar-lhes imunidade. Essa é a versão legal. Você sabia que o grupo que pegou você planejava vender os Espécies que tinham quando não o precisassem mais. Você vai ter um bebê. Você pode imaginar isso?

— Chi-ching. — Becca estremeceu. — Muito dinheiro dos imbecis. Entendo. — Horror correu através dela. — Você acha que não tive pesadelos sobre isso? Eu tive.

— Eu sei —. Trisha parecia sombria. — Há também os imbecis que odeiam os Espécies e acreditam que são nada mais do que animais raivosos e tem de serem abatidos. É por isso que não contei ao mundo que podem ter filhos. É uma situação horrível. Meu filho é a segunda geração dos bebê Espécies nascida até agora, mas temos mais duas mulheres que estão grávidas. Talvez em um futuro próximo será mais seguro para que o mundo saiba, mas agora temos de protegê-los. Esse bebê se parecerá como Espécie e não haverá dúvida quando alguém vê-lo. A única coisa que você pode fazer é ficar aqui ou em Homeland, onde estará a salvo de descoberta. Vamos restringir quaisquer humanos, além de mim e os outros companheiros. Você não estará sozinha. Você vai ter nós quatro para apoiá-la emocionalmente.

— Quatro?

— Eu, Ellie, Tammy e acredito que saiba quem é Jessie Dupree. Ela trabalhou com seu pai. — Choque atravessou o corpo de Becca. 

— Ela está grávida? Ela é uh, companheira, de um Novas Espécies?

— Casou-se secretamente com Justice North, mas decidiram esperar um pouco antes de tentarem ter um bebê. Ninguém sabe sobre o seu casamento e não vazou para a imprensa ainda, mas isso pode mudar a qualquer momento. Tammy vive na Reserva por tempo integral e Ellie se mudou para cá uma vez que temos a melhor instalação médica e estão mais seguras de olhos curiosos. Preferimos prevenir do que remediar. Até agora todas as gestações estão saudáveis ​​e estamos esperando que continue dessa maneira. Ellie está para ter seu bebê em breve e Tammy está apenas um pouco mais adiante do que você.

— Isso é muito bom saber, pensei que estivesse sozinha.

— Você não está. Você e seu bebê tem uma família muito grande, Becca. Novas Espécies irá considerar isso.

— Mas não sou um deles.

— Seu bebê é e você é sua mãe. Tratam companheiras como se fosse um deles.

— Não sou uma companheira.

— Você aindaassim é da família. — Fez uma pausa. — Por que você não quer ver Brawn?

Becca hesitou, não tinha certeza se sua dor no abdômen era o suficiente para justificar, mas tinha uma lista de motivos que iam além disso. — Ele foi claro desde o momento que o conheci que não queria nada a ver com mulheres como nós. Nunca teria me tocado se não tivéssemos sido sequestrados. Fomos forçados a ficar juntos e pensamos que não iríamos ser resgatados. Ele seria vendido em algum momento e provavelmente teriam me deixado lá para morrer quando abandonassem o deposito ou colocariam uma bala na minha cabeça.

— Deveria ter sido muito estressante.

— Foi e foi por isso que Brawn e eu acabamos ficando próximos. — Trisha hesitou.

 — Estou curiosa. Dei-lhe antibióticos. Você os tomou?

— Não. Eram comprimidos para cavalo e os joguei fora. Por que você quer saber? — Estendeu a mão e tocou-lhe a testa. — Não estou com febre, estou? Teria notado se tivesse algum tipo de infecção no sangue pelas agulhas que usaram. — A médica hesitou.

 — Não eram para combater uma infecção. Os comprimidos eram para impedi-la de engravidar. — Seu olhar caiu para a barriga de Becca arredondada. — Me perguntei se você não os tinha tomado ou simplesmente não foram eficazes. Tenho a resposta agora. — A raiva subiu instantaneamente dentro de Becca.

 — O quê?

— Eu sei. Foi muito errado não dar-lhe uma escolha, mas deve perceber o quanto precisávamos proteger esse segredo. Como você disse, você não é uma companheira e não poderíamos deixá-la sair se houvesse uma chance de você estar grávida. — Trisha encontrou seu olhar. — Tente entender a nossa posição. Você preferiria que mantivéssemos você aqui contra a sua vontade até descobrirmos com certeza se você estava grávida ou não? Essa era a única outra opção. Não é apenas sobre você e seu bebê. É sobre meu filho, o de Ellie e o de Tammy. Todos os futuros bebês Espécies.

Demorou muito para Becca lutar contra sua raiva e o sentimento de traição. Tentaram abortar a gravidez dela. Cerrou os dentes. — Sinto muito. Honestamente. Você estava traumatizada o suficiente e estávamos tentando protegê-la contra danos adicionais. Diga-me honestamente que esta gravidez não dificultou sua vida.

— Eu quero este bebê.

— Eu sei. — As características de Trisha se suavizaram. — Acredite em mim, posso adivinhar o quanto você já passou para tentar esconder e proteger seu filho. Teria feito o mesmo. — Mordeu o lábio inferior. — Por que você não nos disse? Você é uma mulher inteligente e não consigo imaginar como você pensou que poderia fazer isso sozinha. — Becca calçou os sapatos. 

— Teria que admitir que estava trancada dentro de uma gaiola com Brawn e contado a meu pai o que aconteceu entre nós. Você não viu como ele agiu por semanas depois disso. Ele ... — Suspirou. — Estava realmente irritado e irracional. Quase louco, para ser honesta. Tive que jurar que ninguém me tocou. Teria matado Brawn e ainda matará quando descobrir. — Lágrimas encheram seus olhos. — Ponha-se no meu lugar agora. Meu pai ama seu trabalho, ama os Novas Espécies, mas jurou matar qualquer um deles se tivesse me tocado. Está disposto a ir para a prisão e Brawn é o pai do meu bebê.  Só queria proteger ambos.

Um rugido atravessou o edifício. Becca e a médica se assustaram. Becca agarrou Trisha. — O que foi isso?

— Meu melhor palpite? Brawn está lá fora. Ele está vivendo na Reserva. Ele e outro membro do conselho foram designados para cá e foi informado sobre o bebê.

— Não quero vê-lo.

Algo caiu no corredor, vidro se quebrou e alguém reclamou. Trisha xingou, uma expressão de pânico em seu rosto. — Parece que você não vai ter uma escolha.  Oh merda. Preciso chegar até lá. — Soltou-se de Becca. Um rugido encheu o ar e outra coisa caiu.

— Slade! — Trisha gritou seu nome enquanto empurrava a porta e corria para o corredor. 

Becca olhou pela porta. Trisha correu e quase colidiu com um corpo grande que, de repente encheu o final do corredor. Duas mãos fortes agarraram a médica, a impediu de cair e Brawn a colocou de lado para tirá-la de seu caminho. 

— O que você fez com meu marido? — Trisha gritou para Brawn. 

Ele rosnou alto o suficiente para Becca ouvir, levantou o olhar até que não tinha dúvida de que focou nela e deu um passo mais para perto, depois outro e continuava a se aproximar. A expressão furiosa mascarava seu rosto bonito e normalmente não podia deixar de ver um monte de pele desde que a sua camisa havia sido rasgada revelando um lado inteiro do seu peito.

 Terror a agarrou enquanto cambaleava para trás e disparou um olhar para longe da ameaça à procura de uma fuga, mas não havia nenhuma. A pequena sala tinha uma janela, mas não viu um puxador nela para abri-la e tudo o que podia fazer era colocar a mesa de exames entre eles. 

 

Brawn entrou na sala, o olhar focado sobre ela e sua mão disparou para trás para agarrar a porta. Fechou-a com eles dentro. Seus lábios se separaram, estava um pouco sem fôlego e um grunhido suave saiu dele. 

— Becca.

— Fique longe. — Sua voz tremeu e sentiu terror. 

Seu olhar desceu para seu corpo para sua barriga saliente. Era óbvio que estava grávida. Rosnou alto, um som feroz. Recuou novamente e o som da fechadura sendo torcida era inegável. Deu um passo mais perto, ameaçador. 

Agarrou a mesa para impedir cair. — Por favor não machuque a mim ou ao bebê, Brawn. Sei que você está furioso, que não quer ter este bebê, mas é meu. Eu o amo.

Os olhos dele se arregalaram, empalideceu e outro rosnado rasgou de seus lábios separados.

 — Você acha que eu iria machucar você ou meu filho? — As palavras saíram duras, em tom áspero. 

— Você está irritado. — Largou a mesa e com uma mão protetora se curvou sobre a barriga. — Não quero nada de você, certo? Nem sequer queria estar aqui, se alguns de seus homens não tivessem me trazido para cá contra minha vontade. —

Respirou fundo, seus olhos se estreitaram e deu mais um passo. 

— Nunca machucaria você ou a criança. Por que você se recusou a me ver? — Engoliu em seco. 

— Não há nenhuma razão para termos que passar um tempo juntos. — Seus olhos abaixaram para seu estômago. 

— Nenhuma razão? — Respirou calmante. 

— Não tenho nada a dizer. Por que ver um ao outro? Isso aconteceu e só temos de lidar. Vou ter meu bebê. Me desculpe se isso te perturba, mas sinto muito. —

Os punhos dele se fecharam.

 — Seu bebê? Tente nosso bebê.

Becca estava com medo, vendo como estava furioso naquele momento. 

— Você pode ver o bebê a qualquer momento que desejar. Fui informada de que preciso ficar aqui, mas vamos evitar um ao outro. Depois que o bebê nascer, vamos trabalhar os direitos de visita compartilhada. Alguém pode pegar e deixar o bebê assim não teremos que nos ver outra vez. — Outro rosnado saiu de Brawn e suas narinas se abriram. Seus olhos de repente pareceram mudar de cor, escureceram e ficaram quase preto.

— Você vai me deixar ver a criança?  Que generosa.

— Estou tentando descobrir uma maneira disto funcionar, certo? Você não tem que vê-lo se não quiser. Sei como... — Estava sem palavras. — Isso não deveria ter acontecido, mas aconteceu. Vamos ser adultos sobre isso e descobrir uma maneira de conviver pacificamente para o bem do bebê.

Alguém tentou entrar no quarto, mas a porta estava trancada. Brawn olhou para a porta.  — Fique fora. Estamos conversando.

— Vamos, Brawn. — Trisha chamou. — Deixe-me entrar, você tem sorte de apenas ter jogado meu marido e Tiger. Você poderia ter realmente os ferido.

— Vá embora. — Rosnou. — Isso é entre mim e Becca. Não vou machucá-la. Deixem-nos em paz.

— Becca? — Era Trisha. — Você está bem?

— Estou bem. Está tudo bem. — Becca franziu a testa para Brawn, não tendo certeza de que era verdade. 

— Vou estar no corredor colocando gelo nos homens. — Trisha não parecia feliz. — Grite se precisar de ajuda. — Brawn rosnou e voltou com a cabeça para olhar para Becca. 

— Venha aqui. — Balançou a cabeça. 

— Você está com muita raiva e estou realmente feliz por estar deste lado da mesa. Não se atreva a me tocar, Brawn. Sei que você está chateado, mas isso não é mais culpa minha do que sua.

— Venha aqui. — Se recusou a ceder. 

— Você está com raiva.

— Sim. — Rosnou. — Você deveria ter me contado.— Sua raiva queimou. 

— Quando? Quando você viesse pegar as suas coisas na minha casa? Talvez quando você me ligasse? — Cruzou os braços sobre o peito. — É isso mesmo. Você não fez nenhuma dessas coisas. Você pediu para meu pai arrumar suas coisas e enviar para você. Você nunca ligou nem mesmo para ver como eu estava. Por que deveria ter ligado para você?

— Você não vai vir até mim?

— Não. Gosto dessa distância entre nós. Gostaria mais que você saísse.

Ele foi até ela, seus movimentos graciosos a lembraram de um animal lentamente perseguindo sua presa, e Becca recuou até que a parede a deteve. Sua respiração aumentou até um arfar de medo quando suas mãos se levantaram para achatar a parede de cada lado dela. 

Viu quando seus olhos se fecharam, suas feições se suavizaram e para sua atordoada surpresa, se abaixou até ficar de joelhos. Seu rosto avançou mais perto até que apertou seu nariz contra sua camisa, com as mãos liberando as paredes para gentilmente pegar seus quadris e esfregou a barriga. 

— O que você está fazendo? — Estava congelada. 

Ele cheirou, suavemente ronronou e virou a cabeça para aninhar sua bochecha sobre sua barriga. Suas mãos deslizavam em sua calça, levantou a camisa dela o suficiente para revelar o monte arredondado. Pressionou sua bochecha quente contra sua pele, outro ronronar suave saiu dele e apenas ficou lá. 

— Brawn?— Sua voz tremia. — O que você está fazendo?

— Posso sentir o cheiro dele.

— O quê?

Ergueu o queixo e abriu os olhos. O azul estava de volta em sua íris, a escuridão desapareceu e grudou em seu olhar. — Sinto o cheiro do meu filho.

Não tinha certeza do que aquilo significava, mas sua raiva parecia ter totalmente se dissipado. Respirava um pouco mais devagar e tentou se acalmar. Relaxou mais contra a parede e tentou acalmar seu coração acelerado. O perigo dele explodir de raiva parecia ter passado. 

— Você acha que eu não iria querê-lo? — Odiava ver as lágrimas encherem os olhos de Brawn, mas não podia não notá-las. Arrependimento bateu nela. 

— Eu não sabia. — Emoções sufocaram sua voz e engoliu em seco. — Estava com medo.

— Você acreditou que te machucaria? — Um pouco da raiva voltou para seu olhar firme. 

— Não sei. Estou muito emotiva, com medo de tudo e tentei fazer o melhor que pude por conta própria.

— Você não está mais sozinha.

Empurrou a blusa um pouco mais sobre suas costelas, gentilmente a soltou, e deixou cair a sua atenção para a barriga nua.

— Estou aqui.

Mas por quanto tempo? Aquele pensamento a deixou tensa. Se dissesse que eram uma equipe, teria que dar um tapa nele. Já ouviu isso antes. Embora olhar para ele fez seu coração amolecer. Iam ter um bebê juntos, criaram uma vida. Lágrimas quentes encheram seus olhos. 

As pontas dos dedos calejados de Brawn acariciaram a pele sobre a barriga dela, tão quente e suave que fechou os olhos para esconder como reagia. Esfregou seu rosto contra o seu estômago novamente, ronronou e suavemente o bebê chutou em resposta. Seus dedos levemente se abaixaram e agarrou seus quadris e engasgou. 

— Sim. — Disse-lhe em voz baixa. — Ele chutou.

— Meu filho. — Retumbou Brawn, com a voz muito rouca para soar totalmente humana. 

Becca virou a cabeça e permaneceu imóvel, permitindo-lhe desfrutar da admiração de sua barriga de grávida. Ela teve inúmeros daqueles momentos mágicos depois o conhecimento de sua gravidez. Seus dedos se moveram, segurando o topo de sua calça. Becca permitiu, percebeu que queria ver o ventre, mas engasgou quando arrastou-a para os joelhos, expondo a calcinha. Seus olhos se abriram e engasgou. 

Brawn olhou em seus olhos, não olhando para a pele que havia revelado ou o pedaço de cetim cobrindo seu monte quando tentou se contorcer. Fortes mãos agarraram seus quadris de forma rápida e a segurou no lugar contra a parede. 

— O que você está fazendo?— Seu olhar correu para a porta fechada e voltou para Brawn. — Mova-se.— Tentou sair de seu domínio novamente, sabendo que não poderia levantar sua calça com o seu corpo no caminho. — Cubra-me.

Ele soltou o quadril, agarrou e puxou seu sapato. 

— Brawn! Que diabos você está fazendo?

— Quero te ver. — Lutou para tirar os sapatos dela de seus pés, jogando-os de lado. 

— Você está me vendo. — Seu olhar correu de volta para a porta, mais que um pouco alarmada que alguém pudesse destrancar e encontrá-la com a calça em volta dos joelhos. Pegou seus ombros largos, grossos e o empurrou. — Você está vendo mais do que minha barriga. Deixe-me ir ou recue.

Endireitou-se, ergueu-se sobre ela e suavemente rosnou. — Becca. — ela empurrou seu peito, mas não deveria ter se incomodado desde que era como tentar mover uma parede sólida. Engasgou quando o pé pisou no material entre as pernas. Sua calça foi empurrada mais para baixo, emaranhando-se em seus tornozelos. Brawn a chocou de novo quando a puxou alguns centímetros da parede, um braço envolveu-a e seu pé saiu do chão quando a ergueu. 

— Ponha-me no chão! — Não gritou, com medo de alguém aparecer, mas Brawn apenas se virou e a colocou de costas sobre a mesa de exame. Olhou para ele em choque enquanto estendia a mão, segurou sua calça ao redor dos tornozelos e levantou as pernas dela. 

— O que você está fazendo? — Tentou rolar, mas suas pernas estavam em linha reta acima, paradas lá, e a manteve em suas costas. 

— Explorando. Não vou te machucar.

— Isso é totalmente rude, inadequado e errado!

Segurou a blusa, tentou empurrá-la para baixo para cobrir algo, qualquer coisa, mas Brawn tinha outras ideias. Abaixou-a na mesa. Becca esqueceu de pegar nas laterais da camisa para não cair no chão, mas parou quando seu traseiro alcançou a borda. Para sua surpresa, ele caiu de joelhos, largou sua calça e agarrou a parte interna de suas coxas. Não esperava que ele fizesse isso ou mergulhar a cabeça para chegar entre elas. 

— Relaxe. — Pediu, sua voz profunda. 

— O que você está fazendo?

Estava exposta com as coxas afastadas. Olhou em seus olhos incríveis, lembrando por que tinha se sentido atraída por ele. Um ronronar sexy encheu a sala. Lembranças vierem instantaneamente de seu tempo juntos dentro daquela jaula, todas as noites se lembrava de cada detalhe vívido, de suas mãos e a boca na dela. Sua libido ganhou vida. Foram nove semanas solitárias, emocionais cheias de desejos negados. 

Mexeu forçando as coxas mais distantes para que pudesse se encaixar entre elas. Não podia ir longe com sua calça nos tornozelos e não tinha certeza se queria realmente tentar. Curiosidade superou qualquer receio em suas ações agressivas. Estendeu-se mais, seus tornozelos um pouco espremidos pela calça. Seu olhar desceu. 

— Isso não é o meu estômago! — Olhou para cima. 

— Sonhei com isso.

— Prender uma mulher grávida sobre uma mesa e segurar seus tornozelos com sua própria calça? Saia e pare com o que está fazendo.

Não estava certa de que gostaria de dizer essas palavras, mas estava orgulhosa por ter conseguido soltá-las.

 Brawn levantou o olhar e as bochechas dela queimaram, sabendo que ele olhava para a sua calcinha de cetim azul. Engasgou quando a palma da mão a cobriu e sentiu o calor da sua mão em sua pele. Seus dedos engancharam na borda quando puxou o material frágil para o lado para expor sua vagina. Resmungou baixinho, lentamente inalou e lambeu os lábios. 

Becca sentiu-se atordoada quando ele pareceu que a estava cheirando, não era algo que esperava e só conseguia pensar em uma coisa. — Isso também não é meu estômago. — Não vai fazer oral em mim, não é? Essa pergunta a fez aumentar a frequência cardíaca. 

Segurou seu olhar e repetiu. — Sonhei com isso.

Brawn, de repente abriu a boca e abaixou a cabeça. Enterrou seu rosto contra a parte interna das coxas e engasgou quando sua língua quente roçou o clitóris. Estremeceu, seus dedos liberaram os lados da mesa para pegar em seu cabelo preto e segurou seus longos fios. O empurrou, mas só o fez pressionar mais sua face, apertando. Rosnou, causando vibrações de sua língua contra o botão sensível e seu corpo inteiro ficou tenso. A lambeu novamente, rosnou mais profundo, mais parecido como um ronco e aplicou mais pressão. Sensações de prazer a sacudiram. 

— Oh Deus. Isso não é justo.

O gosto de Becca era tão bom. Seu perfume feminino misturado com o do Espécie vindo dela, porque carregava seu filho era intoxicante para Brawn e o deixava tonto. Tudo dentro dele gritava que ela era sua, marcada por ele de todas as formas possíveis e queria reivindicá-la para sempre. 

O empurrão afiado em seu cabelo só o deixou mais determinado a mostrar que ele era seu macho. Rosnou mais alto, mais profundo, e seu corpo inteiro estremeceu com a força de suas emoções. Seus dedos ficaram mais fracos e, em vez de massagear o couro cabeludo, unhas levemente o marcaram ali como se tivesse dando muito prazer a ela. 

O aroma inebriante de sua excitação o acelerou quando ficou mais forte e rasgou o objeto em seu caminho. O delicado tecido facilmente cedeu e jogou a calcinha destruída no chão. Queria rasgar a calça também, mas precisava dela para manter as pernas em volta dele. Exigia alguma adulação para aceitá-lo e usou a boca para domá-la. 

— Brawn. — Gemeu.

Suas pernas apertaram ao redor dele e seus quadris se arquearam contra sua língua. Atingiu o triunfo. Ela era dele, sabia disso, e seu lado selvagem empurrou para frente para tomá-la. Se forçou a voltar, queria levá-la ao clímax primeiro e ter certeza de que estava preparada para aceitá-lo. Nunca esqueceria o quão apertado ela revestiu seu pau e queria ter certeza de que podia entrar facilmente. Um pouco de medo o deteve também. Carregava seu filho e teria que ter extremo cuidado. 

Sua língua deixou seu clitóris, lambeu mais embaixo e gemeu. Estava tão molhada, seu creme tão doce e não conseguia se cansar disso quando mergulhou a ponta do sua língua dentro dela. Suas paredes vaginais o espremeram, teve que lutar para penetrar uns poucos centímetros e ela apertou seus quadris contra sua boca. 

Sua respiração aumentou, gemeu, era música para seus ouvidos. Becca era dele. Esse pensamento continuou se repetindo mais e mais, deixando um pouco de seu desespero de fodê-la em submissão. Retirou a língua, odiava deixar o paraíso que encontrou ali, mas focou no clitóris novamente. Freneticamente acariciou o feixe de nervos, decidido a fazê-la gritar seu nome. Seu pau doía tanto que ameaçou quebrar o zíper de seu jeans. 

Sabia que estava perto pela forma como os dedos agarravam seu cabelo novamente. Não o empurrou para deixar sua vagina desta vez, ao invés disso o manteve ali e as suas coxas o agarraram com força. Suas pernas tremiam enquanto inalava o ar e testou a fenda de sua vagina com a ponta dos dedos. Um dedo afundou no calor escorregadio, explorando o quanto era macia por dentro e acariciava a fodendo com a grossa digital. 

Becca era sua companheira. Carregava seu filho. Era apenas dele. 

Ela se debatia na mesa de exame, mordeu o lábio fortemente e tentou freneticamente lembrar que pessoas estavam nas proximidades. Brawn a chocou por fazer oral nela, mas doía para gozar. Estava tão perto e então ele invadiu sua vagina com um dedo, empurrou profundamente e ela jogou a cabeça para trás, virou para o lado e apertou o seu ombro sobre a boca. O dedo dele entrava e saia dela enquanto selava os lábios sobre seu clitóris e sugava. Uma explosão de êxtase abalou seu corpo enquanto gritava. O som foi abafado contra a parte superior do algodão. 

Brawn largou seu clitóris e, lentamente, retirou o dedo. Espasmos de prazer ainda vazavam através de sua barriga, a fez tremer e mal percebeu que revirou os ombros e fez algo para libertar suas pernas quando um tornozelo escorregou da calça que o segurava. Isso não havia acontecido até que os dedos fortes a agarrarem sob os joelhos a forçando a abrir os olhos. 

Brawn ficou de pé e encontrou seu olhar. O azul de seus olhos mostrava sua paixão e colocou seus tornozelos sobre o topo dos seus ombros. Ele abaixou a mão e o som de seu zíper sendo aberto a fez perceber o que iria acontecer. Não protestou. Sentiu falta de Brawn, fantasiou com ele fazendo amor com ela, mas o cenário não era ideal. Estavam em uma sala de exames. A porta estava trancada , apesar de ninguém ter tentado entrar, pelo menos não que tivesse notado, mas estava distraída. 

Inclinou-se um pouco, uma mão segurou a coxa e a outra permaneceu entre elas. Sua barriga arredondada escondia a visão de seu pênis, mas sentiu a cabeça grossa deslizar por suas dobras, hesitou na abertura da sua vagina antes de empurrar um pouco contra ela. 

— Você é minha, Becca. — Resmungou suavemente para ela. — Te quero como minha companheira.

— O quê? — Uma de suas pernas pulou e seu tornozelo escorregou de seu ombro. Seu pé descalço achatou o peito e o empurrou um pouco. Olhos exóticos se estreitaram. 

— Você é minha companheira. Meu filho. Minha mulher.  Minha.

Uma sensação gelada de medo a atravessou com força brutal que esfriou a neblina sexual que estava experimentando. Puxou seus quadris, mexeu o traseiro com força e sua vagina estava escorregadia o suficiente para fazer a coroa do seu pênis deslizar até roçar o clitóris. 

— Não. — Olhar de confusão instantâneo tocou as feições dele.

— Não. — Repetiu com mais firmeza. Ele rosnou. 

— Você nega minha entrada? — Olhou para baixo. — Você me quer. Você não pode negar isso. Não vou te machucar.

Empurrou o peito de novo com o pé nu. Seu calcanhar esfregou em sua camisa e empurrou-o alguns centímetros. — Não! Não sou sua companheira. Me reivindica como sua? Não!

Raiva passou por seu rosto e jogou a cabeça para trás. Um rugido saiu dele e Becca gritou, de imediato, aterrorizada. A soltou e pulou para trás. Rolou e quase caiu da mesa, mas conseguiu deslizar sem bater a barriga. Um tornozelo ainda segurava sua calça e recuou, quase tropeçando no maldito tecido, e colocou a mesa entre eles. 

— Você é minha companheira. — Rosnou Brawn. — Minha. 

Becca se dobrou, tentou pegar sua calça emaranhada e entrou em pânico quando não conseguiu. 

— Abra a porta! — Trisha gritou. — O que está acontecendo aí dentro?

— Mova-se. — Uma voz masculina exigia. 

Algo bateu na porta e ela caiu. Tudo o que Becca pôde fazer foi se abaixar um pouco para esconder sua parte de baixo nua por trás da mesa e esfregou sua camisa sobre sua barriga exposta. 

Slade tropeçou para dentro do quarto. O Nova Espécie olhou para ela, seu olhar parecia entender tudo em um olhar abrangente e girou quando a médica tentou aparecer atrás dele. A agarrou pela cintura, levantou e empurrou para outro o macho Nova Espécies que tentava entrar no quarto. 

— Leve-a para o final do corredor. — Slade mandou. 

— O que está acontecendo? — Trisha chutou o outro homem, torceu a cabeça e teve uma visão de Brawn. 

Becca seguido o olhar amplo da mulher e viu que a calça de Brawn ainda estava aberta, o pau dele estava tão duro quanto uma rocha. O Nova Espécies segurando-a suavemente xingou. 

— Homem, levante o zíper. Isso é mais de você que eu quero ver. — Virou-se, ainda segurando a médica e se manteve de costas para a sala. 

— Ponha-me no chão, Tiger. O que está acontecendo? — Trisha lutou para se soltar. 

— Acho que é óbvio. — Slade bufou. — Feche o zíper, Brawn. Minha companheira não pode ver pau de ninguém, a não ser o meu.

— Saiam. — Brawn exigiu. Empurrou seu pau duro em sua calça, mas não fechou a frente dela. — Isso é entre Becca e eu.

 — Não vou ser sua companheira. Não me importo se estou grávida e você ser o pai. Isso não é motivo para arremessar palavras como estas e que inferno você está reivindicando? Simplesmente nem tente.

— Merda. — Tiger murmurou, virou-se e colocou Trisha no chão. — Você também, homem? Tinha certeza de que você nunca iria ceder.

O rosto de Becca aqueceu rápido de vergonha. Como se soubessem o que Brawn acabou de fazer com ela. Foi provavelmente os seus sentidos de cheiro, o que só piorou a situação. Respirou pelo nariz, não conseguiu captar nada, a não ser o cheiro estéril da sala de exames, mas não tinha seu olfato reforçados. 

— Esse é o meu bebê o que faz você ser minha também. — O olhar zangado de Brawn estava fixo sobre ela e mostrou suas presas em sua direção quando rosnou. 

— Vá se ferrar. — Esqueceu-se que estava envergonhada com a situação de ter pessoas na sala que acabavam de pegá-los depois de um momento íntimo. — Não vou me casar com você, me acasalar com você, ou lhe permitir me reivindicar.

— É a mesma coisa. — Tiger falou. 

Becca lançou-lhe um olhar. 

— Obrigada. — Seu foco voltou para Brawn. 

— Vou te ferrar. — Avançou um passo na direção dela, mas Slade agarrou seu braço. A cabeça de Brawn balançou em sua direção, olhou para a mão em seu bíceps e rosnou. — Solte. Não interfira.

— Acalme-se. — Ordenou Slade, sua voz profunda. — Ela é humana, com uma criança, e você está mostrando seus dentes. Respire fundo através de sua boca e controle suas emoções.

— Não lute. — Tiger empurrou Trisha contra a parede perto da porta. — A sala é muito pequena e as fêmeas vão se machucar. — Brawn se soltou da pressão de Slade e tentou se afastar, mas o macho do Espécie agarrou novamente.

— Calma!

— Saiam e nos deixe sozinhos.

— Não se atreva. — Becca engasgou. — Você disse que eu estaria segura aqui. Prove.  Leve-o para longe de mim.

— Esse é o meu filho.

— Não estou negando, mas não lhe dá o direito de fazer fortes declarações como se estivéssemos juntos. Não estamos.

— Estamos.

Becca abriu a boca, mas uma tontura a golpeou, manchas apareceram diante de seus olhos e quase caiu sobre a mesa. Suas mãos seguraram seu peso, mas não deixou de ouvir o som de um grunhido áspero. Dois braços fortes envolveram seu corpo, um ao redor das costelas e o outro ao redor dos quadris, sob sua barriga. 

— Peguei você. O que há de errado? — Brawn estava alarmado. 

— Todos saiam da frente. — Trisha ordenou para os homens. — Brawn, a coloque sobre a mesa. Ela está grávida e este foi um dia estressante. A última coisa que precisa é de homens a intimidando enquanto esta seminua.

— Estou bem. — Becca suspirou. — Perdi o café da manhã e o almoço. — A tontura passou e ela se mexeu, tentando se livrar dos braços fortes a segurando. — Solte-me.

— Espere. — Trisha murmurou, apressando-se para um gabinete. O abriu, pegou alguma coisa e se virou. — Aqui. Mantemos calças de moletom aqui, são peças de reposição em caso de emergências. Você não tem ideia de quantos homens eu trato com ferimentos nas pernas quando estão treinando. Deixe-me ajudá-la.

— Vou fazer isso sozinha.— Becca virou a cabeça e olhou para Brawn. — Solte-me. Posso me vestir. — Ele quis argumentar, podia ver isso em seus olhos, mas Trisha de repente estava ali. Ajoelhou-se.

 — Levante uma perna. — A médica sacudiu a calça para cima enquanto Brawn continuou a segurá-la. Estava agradecida por tê-la segurado, mas não disse em voz alta. Sentia-se fraca e sabia que Trisha estava certa. Foi um dia muito estressante. — Tiger? Leve-a para o hotel e vou pedir comida. Ela precisa comer e descansar. — Trisha olhou para Slade. — Ninguém sabe que ela está aqui. Espalhe para todos os Espécies. Queria levá-la a uma das cabanas, mas quero ela por perto. Isso significa o hotel. Nenhum ser humano está lá e Espécies não vão mencionar que está lá.

— Você que manda, Doutora. — Sorriu. 

— Obrigada pirulito. — Resmungou baixinho para ela. 

— Provocação. — Saiu da sala. Tiger virou-se para o quarto. 

— Eu tenho um SUV lá fora. Vamos embora. — Brawn a soltou e tentou levantar Becca. Ela tropeçou e bateu em sua mão. — Não. Você já me tocou bastante, muito obrigada.

— Vou levar você.

— Você não vai. Estou bem agora. Só preciso comer.

— Discutam depois. — Tiger avançou mais perto. — Ela está pálida e carregando uma criança. Precisa ser cuidada e mantê-la aqui já é prejudicial. — Becca se virou de costas para Brawn, e encontrou os olhos da médica e assentiu.

 — Obrigada por me fazer uma ultrassom.

— Coma e descanse bastante. Estarei por lá mais tarde. Me chame se não se sentir bem ou precisar de alguma coisa. Basta contatar a secretaria e vão transferir a ligação para o meu telefone celular.

— Eu agradeço.

Tiger abriu caminho e Becca seguiu para fora da sala, no corredor e no exterior. Um SUV esperava exatamente onde disse e Pink estava atrás do volante. 

— Entre.

Tiger disse ao abrir a porta dos fundos. Permitiu que tocasse seu braço para ajudar, mas um rosnado suave a assustou e encontrou a fonte. Brawn encarou o Espécie que tocava como se quisesse arrancar a cabeça do homem. Moveu-se no banco e Tiger a soltou. Brawn de repente adiantou-se e arqueou uma sobrancelha. 

— Vá mais para lá e me dê espaço, Becca.

Ela se recusou e estendeu a mão para agarrar a maçaneta da porta, mas o corpo dele bloqueava o caminho. 

— Vou falar com você mais tarde, quando nós dois estivermos um pouco mais calmos. Se a faste. Estou com fome e quero me deitar agora. — O olhar de Brawn se suavizou. 

— Não quis assustá-la, Becca. Sinto muito.

De repente, segurou a mão dela com a sua, retirou-a da porta e curvou os dedos quentes ao redor. Caiu de joelhos e escondeu o rosto contra a sua coxa. A surpreendeu que o grande macho se ajoelhasse no chão e estava agindo de modo estranho. Sua cabeça ficou lá e agarrou a mão dela com força suficiente para mantê-la presa, mas não o suficiente para causar dor. Mordeu o lábio, percebeu que ele deveria estar emocionalmente abalado também e a outra mão se levantou. Hesitou antes que seus dedos passassem pelos fios de seda de seu cabelo para tentar dar-lhe conforto. 

— Brawn?

— Não me mande embora.

As palavras foram abafadas contra sua perna, mas o ouviu. Levantou seu olhar para encontrar Tiger ali com a boca aberta. Parecia absolutamente atordoado, encontrou o olhar dela, fechou a boca e encolheu os ombros. 

— Pelo menos ele não quer mais lutar. Dê ao homem um tempo.

Não sabia o que estava acontecendo dentro da mente de Brawn, mas sabia o quão forte foi receber a notícia quando descobriu que estava  grávida. Foi do choque ao medo, depois preocupação até se sentir feliz. Sua vida nunca mais seria a mesma. Dias se passaram para superar essas emoções, mas Brawn teve menos de uma hora para passar por esse tumulto. Esfregou sua cabeça, tentando confortá-lo. 

— Foi um dia infernal para nós dois. — Admitiu. Ele acenou com a cabeça contra a sua coxa. 

— Sim.

Becca lutou contra a vontade de chorar. Malditos hormônios. 

— Você está bem? — Ele não se moveu. 

— Não me mande embora. Preciso estar perto de você. — Olhou para Tiger e ele encolheu os ombros outra vez, obviamente, não sabia porquê Brawn estava agindo dessa forma também. 

— Não entendo. — Brawn lentamente levantou a cabeça e encontrou o olhar dela. Seus olhos azuis pareciam torturados.

 — Preciso estar perto de você como preciso de ar para respirar. Não consigo explicar. Só tenho que estar perto de você. Se me mandar embora vou perder o controle. Não quero assustá-la novamente.

O que estava acontecendo? Becca sentiu medo novamente. Por que ele precisa estar perto dela? O que estava acontecendo dentro do homem? Seus olhares se cruzaram e permaneceram assim por um tempo. Becca finalmente desviou o olhar. 

— Tudo bem. Você pode ir para o hotel.

Ele imediatamente se levantou e puxou a mão livre quando se sentou do outro lado do assento. Subiu ao lado dela e Tiger fechou a porta, sentou no banco do passageiro e Pink se afastou do meio-fio. Ninguém falou durante a curta distância do hotel. 

 

O hotel tinha quatro andares e não havia ninguém à vista, enquanto desciam do SUV. Brawn imediatamente tentou levantar Becca que golpeou suas mãos que a aguardavam. 

— Estou aqui e você deveria ir.

Seu olhar era de pura miséria, o suficiente para fazê-la se sentir culpada. Não estava zangado e não rosnava mais. Se fosse parte canina o compararia com um filhote de cachorro, mas era felino, de acordo com seu pai. Gatinho perdido, decidiu que combinaria melhor. 

— Tudo bem. Venha conosco e você pode ver-me comer antes de eu tirar um cochilo.

Brawn ofereceu seu braço, mas o ignorou, em vez disso caminhou para o lado de Tiger. Olhou para ela e estendeu o braço. 

— Você está pálida. Deixe um de nós ajudá-la.

Ela pegou o braço dele e esperou um outro rosnado, mas Brawn se manteve calmo, mesmo se isso o irritou. Pink foi embora no SUV e os três entraram em um grande lobby. Surpreendeu Becca o quão normal o lugar parecia, como se fosse um hotel comum com um conjunto de sofás e cadeiras montadas. Ninguém estava na recepção, mas um homem Espécie saiu correndo de uma das portas traseiras e ofereceu um cartão-chave. Girou sobre os calcanhares, não se incomodou nem em olhar de relance para Becca e desapareceu. 

— É normalmente tão morto por aqui? — Tiger gentilmente conduziu-a em direção aos elevadores. 

— Não. Slade ligou para cá mais cedo e limpou o lugar. Não queria que você se sentisse desconfortável sendo encarada. — Apertou o botão e esperou o elevador chegar. 

Olhou para Brawn e percebeu que em silêncio pairava centímetros atrás, seu olhar estava nela. Virou a cabeça quando a porta fez um barulho e se abriu. Uma mulher Espécie alta estava dentro e usava jeans e uma blusa azul. Seu cabelo preto escorria sobre os ombros e abertamente olhou para Becca. 

— Olá, humana.— Um sorriso curvou seus lábios e riu quando sua atenção focou na barriga de Becca. — Oh! Você é a mulher grávida. Trisha me falou sobre você. É tão bom que esteja aqui. Sou Breeze e gosto dos humanos. Alguns dos meus melhores amigos são humanos.

— Oi, Breeze. — Tiger riu. — Ela está morrendo de fome e precisamos levá-la lá para cima. Você pode falar com ela mais tarde.

— Claro. — A mulher saiu do elevador e de repente deu um soco levemente no braço de Tiger. — Bom trabalho, Tiger. Ela é muito atraente.

— Espere um minuto. — Tiger protestou. — Não é...

— Você vai ser um bom pai. — A mulher cortou suas palavras e sorriu para Becca. — Você deve ser uma mulher muito boa para dominá-lo. Bom para você. — Breeze riu. Seu olhar de repente pousou em Brawn e seu rosto se iluminou de pura alegria. 

— Não se esqueça que você tem que me pegar às seis horas. Vou vestir algo sexy e fácil para você remover quando formos para a minha casa depois de jantar e dançar. Breeze piscou para ele antes de caminhar para longe. 

Becca sentiu o coração partir. Sabendo que Brawn tinha um encontro com uma mulher Espécie alta, atraente a magoou. Disse que não se envolvia com humanos  e que eram frágeis demais para ele. Lembrou-se da viva conversa mais uma vez. Gostava de suas mulheres Novas Espécies e Becca podia entender o por que depois de ver algumas delas. 

A mulher com quem tinha um encontro parecia ter mais de um metro e oitenta de altura, era linda com suas fortes características faciais e corpo musculoso. Breeze também não tinha problema em deixar claro que pretendia fazer sexo com Brawn mais tarde. E tinha muito em comum com ele. Brawn não teria que se manter em controle durante o sexo também. Doeu ao perceber todas essas coisas e odiava sentir a dor aguda do ciúme. Naquele segundo realmente odiou Brawn também. 

Entrou freneticamente no elevador e se recusou a olhar para qualquer lugar, a não ser para o chão. Brawn entrou. 

— Becca? — Cerrou os dentes.

 — Cale-se, não diga uma palavra, ou você pode dar o fora daqui.

A portas se fecharam com ela, Tiger e Brawn lá dentro, um deles deve ter apertado o botão e começou a subir. Seu estômago se agitou, mas não era mais de fome. A mão de Tiger espremeu seu braço delicadamente para chamar a atenção dela e cometeu um erro ao olhar para seu rosto. Viu pena refletido nos lindos olhos dele e deixou cair a cabeça. Tornou a situação ainda pior. 

— Estamos aqui.— Tiger parecia aliviado quando o elevador parou e a porta se abriu. Usou o cartão-chave para um dos quartos e permitiu que ela entrasse primeiro. — O alimento foi entregue e pelo cheiro, enviaram um monte de escolhas.

Becca ignorou Brawn, mas estava ciente dele atrás dela. Olhou ao redor da sala agradável, avistou o carrinho com pratos e a fome apertou com força. Caminhou até os três pratos cobertos e notou que, a segunda prateleira continha sucos, refrigerantes e leite, dando-lhe uma boa seleção de bebidas. Sua mão tremia quando levantou as tampas dos pratos e seu estômago roncou quando o cheiro bateu nela. 

Quase deixou cair a tampa no chão, mal conseguiu colocá-la na mesa e agarrou um prato com o bife grande. Gemeu, o ergueu e voltou-se para a mesa de café a poucos metros de distância. 

Tiger entregou-lhe talheres quando ela simplesmente se abaixou de joelhos e colocou a comida na mesa. Suas mãos tremiam mais quando desembrulhou o guardanapo para chegar ao garfo e faca. Não olhou para seus convidados, não importava o que pensavam, pois precisava comer. 

Serrou freneticamente a carne, deu uma mordida. O sabor explodiu na sua língua e gemeu. Bateu a sede depois de engolir e se virou, pegou uma das caixas mini de leite e a abriu. Bebeu, mal evitou derramar pelos lados de sua boca e pousou com força para agarrar os talheres novamente. Seu estômago roncou e a fome apertou como se não tivesse comido por um semana. 

— Rebecca?

A voz de Trisha a assustou o suficiente para fazer com que parasse de empurrar alimentos em sua boca e virou a cabeça. — É Becca, e pensei que você fosse permanecer no Centro Médico. — A mulher segurava um frasco de comprimidos.

 — Esqueci de lhe dar vitaminas pré-natais. — Trisha franziu a testa, aproximando-se e Slade seguiu atrás dela. 

— Quando foi a última vez que você comeu? Você está tremendo.

— Estou sempre com fome. Fiz um lanche de manhã cedo, fiquei sem leite e corri para a loja antes do café da manhã. Me atrasei no caminho para a cidade e então o homem estava esperando na minha cabana. — Terminou o leite e foi para o suco, abriu a parte superior e bebeu profundamente. 

— Você não estava tão pálida ou instável. — Slade rosnou. — Ela não parece bem.

— Eu tinha você tomando conta de mim. — Trisha respondeu suavemente. — Becca?  Você precisa comer a cada poucas horas. Seu corpo está exausto por causa da gravidez e você precisa consumir mais alimentos do que o normal. Você tem de comer carne vermelha. Você precisa de um monte delas.

— Sim. — Becca esfaqueou outro pedaço de bife, mastigou e o engoliu e um pouco da dor em seu estômago diminuiu. Podia desfrutar mais da comida agora em vez de apenas empurrá-las para baixo. Pegou um refrigerante e o abriu. Levantou e bebeu metade dele antes de o pousar na mesa. — E a sede é normal também? Estou sempre com sede. — Ninguém disse uma palavra. Becca olhou para cima para encontrar Trisha séria.

 — Não.

— Não é normal? Apenas pensei que era parte da gravidez.

— Provavelmente é, mas vou precisar fazer alguns testes em você, Becca.

Alarme atingiu Becca.

 — O que poderia ser?

— Não sei, mas o bebê está bem. Você mesma viu e ouviu os fortes batimentos cardíacos. Você só pode estar trabalhando muito. Não somos projetadas para ter uma gravidez de vinte semanas e é realmente uma pressão sobre nossos corpos. Você tem que descansar e comer mais.

 — Tudo bem. ― Becca assentiu.

Terminou o bife e ignorou a batata cozida. Se levantou e pegou o prato da costela em seguida. Afundou-se no chão e cravou g um corte na carne e comeu-a lentamente. 

— Você costuma comer tanto assim de uma vez? — Trisha se aproximou. Becca engoliu e olhou para Trisha. 

— Isso não é normal? As grávidas comem muito. Comprei um livro sobre bebês. Costumo comer cerca de nove vezes por dia.

— Isso tudo em cada refeição?

— Não. Perdi o café da manha e o almoço.

— O que está errado? — A voz de Brawn era suave.

— Talvez nada. — Trisha encolheu os ombros. — Vamos observá-la e ver como ela se sai.

Becca terminou o refrigerante enquanto comia. Abriu um segundo, desejava que tivesse mais leite, mas não ia pedir a alguém para pegá-lo. A sala ficou em silêncio. Becca finalmente parou de se concentrar em seu alimento para virar a cabeça. Quatro pessoas assistiam a cada movimento e isso o deixou zangada.

— Vocês podem ir todos, não vão ficar aí olhando para mim. Desculpe-me se minhas maneiras na mesa não são as melhores, mas vocês estão me deixando desconfortável. — Olhou ao redor da sala. — Não há mesa de jantar e não vou sentar no sofá e me dobrar para alcançar a comida.

— Estamos apenas preocupados. — Trisha explicou. — Isso é tudo. Você estava sem cuidados médicos.

— Talvez ela tenha uma doença. — Slade disse.

— Estou tão saudável quanto um cavalo. — Becca sabia que ele estava somente preocupado, mas não gostou da implicação. — Sempre fui a médicos regularmente e saberia se estou doente. Geralmente estou bem quando como regularmente e bebo bastante líquido.

— Há uma grande diferença entre você e ela, Trisha. — Disse Tiger. — Slade cuidou de você. Garantiu que você descansasse e comesse regularmente. Devemos atribuir uma fêmea a fazer o mesmo. — Trisha assentiu. 

— Concordo. Vamos ver se isso ajuda. Ainda assim vou executar testes para se certificar que tudo está bem. Chequei o bebê, mas vou fazer um hemograma dela. — Caminhou até o telefone. — Vou chamar o doutor Harris para me trazer uma maleta e vou tirar um pouco de sangue imediatamente. Precisaremos de teste para diabetes gestacional amanhã de manhã. Não temos ideia de como isso afetaria o corpo de uma mulher com um bebê Espécies .

— Acho que você está exagerando. — Becca esperava que estivesse certa. — Sinto-me bem quando como e tiro um cochilo. Só muita coisa aconteceu entre as refeições.

— Não atribua a ela uma mulher para cuidar dela. Vou fazer isso sozinho. — A coluna de Becca se enrijeceu ao ouvir aquela voz familiar. Se recusou a olhar para Brawn.

— Uma ova você vai. Você não tem um encontro quente para mais tarde? — O quarto ficou estranhamente silencioso. Trisha o quebrou finalmente.

— Encontro? — Sussurrou, mas Becca ouviu. Perdeu o apetite, segurou o refrigerante e se esforçou para ficar de pé. 

— Vou me deitar. Sinta-se livre para tirar sangue, Trisha. — Caminhou em direção ao corredor e estava orgulhosa por ter se recusado a sequer olhar para Brawn. 

— Becca. — Ele rosnou.

Becca congelou. 

— Apenas vá embora e fique por lá.

Becca estava orgulhosa de si mesma por não deixar sua raiva transparecer em sua voz. Estava quase na porta do quarto quando ouviu Tiger falar.

— Você devia sair, Brawn. A fêmea não quer você aqui.

Becca fechou o quarto e olhou para seu novo lar. A cama era grande, a sala era grande também, mas não podia mais ver os detalhes quando as lágrimas a cegaram. Maldição. Brawn tinha um encontro e isso a machucava tanto que ela queria gritar. Em vez disso, tirou os sapatos e mergulhou no grande e macio colchão. Seus dedos agarraram um travesseiro e enfiou-o sob sua cabeça. Ele amaparou suas lágrimas. 

Brawn tentou seguir Becca, mas Tiger pulou na sua frente e abriu os braços. — Não. Seja inteligente.

— Mova-se.

— Ela quer que você vá embora. — Raiva brilhou nos olhos de Tiger. — E concordo. Aquilo foi terrível.

— O que aconteceu? — Trisha se colocou entre eles, na esperança de evitar uma briga e olhou para cada um deles. — Que encontro?

— O amante aí tem um encontro com Breeze. Nos encontramos com ela no elevador e ela mencionou que usaria algo sexy que pudesse remover facilmente de seu corpo para compartilhar sexo. — Tiger rosnou. — Pude sentir o cheiro da dor da humana.

— Não ia fazer sexo com Breeze. Concordei em levá-la para dançar e compartilhar uma refeição. — O corpo de Brawn ficou tenso. — Mova-se ou vou jogá-lo. Vou dizer a Becca a verdade.

— Trisha o encarou. — Com quantas mulheres você já ficou desde Becca?

— Abaixou o olhar. — Nenhuma. — Relaxou. 

— Bom. Isso vai ajudar quando você dizer a ela, mas agora você não pode voltar para lá. Viu como ela estava pálida? Como estava instável? Precisa de descanso e não de uma discussão com você.

— Preciso lhe dizer que não há nada entre mim e Breeze além de amizade.

Trisha colocou as mãos na cintura, se recusou a ceder e levantou as sobrancelhas. — Deixe-me bancar a advogada do diabo aqui. Ela vai perguntar-lhe se você já teve relações sexuais com Breeze. Você já teve?

— Sim.

Estremeceu.

 — Não. Você não vai lá agora. Deixe-a dormir um pouco. Agora ela está frágil e doente. Vai ficar mais chateada quando descobrir que houve algo entre você e Breeze. — Olhou para Slade. — Diga a ele.

— As fêmeas humanas ficam com ciúmes. — Slade sorriu. — É bonito.  Trisha levantou a mão e estendeu o dedo médio. 

— Não é. — Olhou para Brawn. — Você quer fazer o que é melhor para ela e o bebê, certo?

— Quero ir com ela.

— Ela precisa de descanso agora mais do que qualquer outra coisa. Precisa de tempo para se ajustar a estar aqui. A forçamos a vir e você estragou tudo quando tentou reivindicá-la. Às vezes, vocês são tão estúpidos. Você não chega numa mulher como um touro, apenas cobrando do seu jeito e procurando tomar conta de sua vida. Não seja tão agressivo. Isso se chama ser gentil. Você deveria sair, pesquisar essa palavra se não souber a definição. Procure ter paciência também. — O olhar de Brawn diminuiu, e olhou em direção ao corredor.

 — Ela estava machucada. Preciso acalmá-la e garantir-lhe que não vou levar Breeze ou qualquer outra fêmea a lugar nenhum.

Trisha deu um tapinha no seu peito. 

— Ei, vou lidar com isso, tudo bem? Vou ficar aqui um pouco e não vou mais rosnar ou rugir nem perder a cabeça.

— Não. Você apenas grita.

Trisha lançou a Slade um sorriso. 

— Fique fora disso.

 — Calma, doutora. Só estou dizendo. — Ele levantou as mãos.

Brawn ergueu a mão e correu os dedos pelo cabelo. — O que eu faço para fazê-la me aceitar?

— Dê-lhe um tempo. — Tiger suspirou. — Até eu sei a resposta para isso. O que aconteceu com nunca tocar uma humana? — Brawn deu um olhar severo para ele.

— Desculpe. — Tiger encolheu os ombros. — Ainda estou em choque. É por isso que nunca vou me envolver com uma. Elas são muito emocionais e reagem de forma estranha. As nossas fêmeas teriam te dado um soco se você a machucasse. Entendo a abordagem direta e aprecio.

— Ela está emocional e provavelmente se sentindo insegura. — Trisha olhou para Slade. — Eu ficaria arrasada se você tivesse arranjado um encontro com uma mulher depois de estarmos juntos. Estar grávida só piora as coisas. Você se lembra do quão grande me sentia e horrível. Estava uma bola com tornozelos inchados. — Diminuiu a distância entre eles. 

— Você está e sempre será sexy e quando estava inchada com o nosso bebê, isso me fez te querer ainda mais. — Agarrou seus quadris e puxou-a contra ele. — Estou viciado em você. — Rosnou. Sorriu. 

— Não faça isso. Já tem algumas horas desde que amamentei Forest e meus seios já doem. Você vai me fazer vazar. — Ele olhou para seus seios e seu peito rugiu. 

— Se ele não estiver com fome, vou aproveitá-lo. — Sua língua correu para fora e lambeu o lábio inferior. — Amo seu leite.

— Muita informação. — Disse Tiger e riu. — Mas gosto de leite também. — Slade olhou para ele. — Em um copo. — Tiger se alterou rapidamente, seu sorriso desaparecendo. — Não estava tentando conseguir um pouco do leite materno dela.

Slade, de repente sorriu. 

— Seu leite é muito melhor do que qualquer coisa em um copo.

Tiger abaixou o olhar. 

— Aposto que é. Cheira bem. Toda vez que estou perto de sua companheira desejo leite e bolachas.

— É melhor isso ser tudo o que você deseja. — Slade rosnou. Trisha afastou-se de Slade. 

— Estou começando a corar. Deixe-me ligar para Harris e pedir para enviar um kit para mim. — Olhou para Brawn. — Dê-lhe tempo. Vocês dois precisam de algum espaço agora para deixar absorverem as coisas.

— Quero estar com ela. Preciso estar aqui.

— Não é apenas sobre você agora. — Segurou seu olhar. — Seja homem. Faça o que é certo para ela e vou falar com ela sobre Breeze, tudo bem? Vou ter certeza que ela saiba que você não vai sair num encontro e que você não está dormido por aí com outras. Isso vai ajudar muito. Essa é a verdade, não é? Diga-me agora, se não for.

— Não toquei uma fêmea desde Becca, exceto para dançar com Breeze. Estava preocupada comigo e apareceu para me levar ao bar. Concordei em ir outra vez com ela mais tarde.

— Ela espera compartilhar sexo. — Tiger encolheu os ombros. — Só para deixar claro.

— Ela vai ficar desapontada. — Brawn fechou suas mãos em punho. — Vou ficar na sala de estar. — Olhou para o sofá e fez uma careta. — Vou dormir lá ou no segundo quarto.

— Não, você não vai. Maldição, Brawn. Seja racional. — Trisha sustentou o olhar novamente. — Vá para casa, bata em algo, faça o que for preciso para lidar com isso, mas não pode nunca agir da maneira que fez hoje. O que foi aquele barulho para ela? Foi porque ela não quis ser sua companheira?

— Sim. Ela é minha.

— Esse é o tipo de pensamento que você precisa controlar. Nunca diga isso novamente até que vocês resolvam as coisas. Ela está assustada, grávida e estamos a prendendo aqui contra sua vontade. Morre de medo que seu pai descubra e te machuque. Ou pior, que você o machuque. Ele é seu pai. Você é o pai de seu bebê. Ela está em uma situação ruim.

— Nós todos estamos considerando quem é o pai dela. — Slade tirou seu telefone celular.  — Preciso ligar para Justice. Todos os membros da força-tarefa estão proibidos de vir a Reserva, enquanto ela estiver aqui, até encontrarmos uma maneira de deixar Tim saber a verdade de forma segura.

— Concordo. — Tiger suspirou. — Vou atribuir proteção e precisamos de uma mulher para cuidar de Becca.

— Eu vou fazer isso. — Brawn sibilou entre dentes.

— Você já a magoou. — Trisha se aproximou. — Ela poderia perder o bebê se ficar muito estressada. É isso o que você quer? — Horror o percorreu 

— Não.

— Você quer ganhar a confiança dela e quer que ela fale com você? Essa é a maneira de fazer isso. Sou humana, se você esqueceu. Sei do que estou falando.

Brawn girou e saiu da sala. Não se incomodou com o elevador, em vez disso tomou as escadas e as desceu rapidamente. Saiu do hotel e continuou correndo até chegar a sua casa. 

No segundo que a porta se fechou, jogou a cabeça para trás e rugiu. A sensação de liberação era boa. Becca estava carregando seu filho, estava machucada e com raiva. Ficou ali até recuperar o fôlego. Alguém bateu na porta e se afastou para abri-la, esperando que Becca o tivesse chamado. Brass estava ali. 

— Eu ouvi.

— Desculpe. Estou frustrado e precisava estravasar.

— Você está soltando vapor. Ouvi sobre a mulher e o bebê. — Os olhos escuros de Brass se estreitaram e franziu a testa. — O que posso fazer?

— Não sei. Ela não vai falar comigo. Não me quer perto dela.

— Vamos.

— Não posso voltar. Trisha pensa que Becca pode perder o bebê.

— Tenho uma sessão de treinamento com alguns dos mais novos. Nada vai fazer você se sentir melhor do que lutar. Só não os machuque muito. — Brawn mordeu o lábio e assentiu. 

— Certo.

— Vamos. — Brass afagou-lhe o braço. — Vai dar tudo certo.  

 

Trisha estava triste quando observou Becca. 

— Nós pensávamos que sabíamos qual é o problema.

— Sinto-me bem agora. Tenho me sentindo assim por dias. Estava apenas cansada, realmente estressada e perdi algumas refeições.

— Você não está bem. — Trisha olhou para o tapete e passou a mão sobre sua calça. — Você precisa de um cuidado especial porque a gravidez é muita pressão sobre seu corpo. Não fomos construídas para gravidezes aceleradas. Sei que você se recusa ter alguém aqui para cuidar de você, mas isso é o que você precisa. As outras mulheres grávidas, inclusive eu, estávamos todos os dias sendo cuidadas pelos nossos companheiros.

— Eu não tenho um e se você está aqui para tentar me convencer a falar com Brawn novamente, esqueça. Ele está apenas interessado em mim por causa do bebê. Mereço mais do que isso. Não quero discutir com você de novo, mas é para onde está nos levando. Ele nem sequer me ligou, maldição. Agora sabe que estou grávida e de repente quer grudar a meu lado? — Zombou. — De jeito nenhum.

— Tudo bem, mas você precisa de alguém. — Trisha hesitou. — É como vai ser. Isso não está em debate.

— Estou bem. — Becca repetiu. — Eles me trazem refeições e nem sequer tenho que cozinhar. Na verdade estou entediada.

— Isso é outra coisa. Você deve pegar um pouco de sol. Você precisa de um guarda.

— Pensei que era seguro aqui.

— Há alguns Novas Espécies que não são muito amigáveis com os humanos e aqui é a Reserva.  Você sabia que alguns espécies têm mais traços agressivos de animais? É por isso que precisávamos deste lugar, para mantê-los aqui, onde há espaço aberto em abundância para viverem. Às vezes, se sentem mais sociáveis e aparecem no hotel procurando companhia de alguma fêmea disposta.

Brawn brilhou na mente de Becca e dor a cortou. Ele tinha encontrado uma mulher para transar. Trisha pareceu ler os pensamentos dela, ou talvez viu seu o olhar. 

— Ele disse que era apenas um jantar e eles não estão atualmente em um relacionamento. Ele jura que não tocou ninguém desde você e não tem quaisquer planos para fazer isso.

— Não me importo. — Becca mentiu.

— Certo. A questão é que precisa de alguém para estar com você em tempo integral. E se você desmaiar ou algo assim? E se não conseguir chegar a um telefone?

— Você colocou alguém me vigiando do lado de fora da minha porta.

— Eles têm sentidos aguçados, mas não estão no mesmo espaço e as paredes são à prova de som até certo ponto. Este é um hotel e foi construído dessa forma para que as pessoas não perturbem aqueles que estão nos quartos. Achei que não iria concordar com Brawn então falei com Tiger. Ele vai se mudar para seu quarto de hospedes.

— Não. — A ideia a chocou. — Mal o conheço.

— Ele é um homem ótimo e não tem nenhum interesse em você. Ele é resistente a mulheres humanas então não se preocupe em ser cortejada. Sei que isso pode ser uma preocupação.

Ele a lembrava de Brawn, que também era contra as mulheres humanas e Espécies transando. Eles tinham isso em comum. 

— Estou grávida. O homem não se interessaria ​​por mim de qualquer maneira. — Acenou para sua barriga. — Simplesmente não quero viver com um estranho.

— É uma pena. É uma decisão que já foi tomada.

— Não tenho direito a dizer nada? — O temperamento de Becca queimou. — Você não pode me fazer viver com um estranho. Eu com certeza não iria viver com um homem. Por que você não atribuiu uma mulher para tomar conta de mim ao invés disso?

— Existem poucas fêmeas na Reserva e elas já têm deveres. Não poderíamos usar uma delas agora e poderia levar uma semana até que uma esteja disponível para viajar de Homeland. Tiger não será um estranho quando você começar a conhecê-lo. Também podemos dispensar o guarda à sua porta se alguém estiver aqui com você. Tiger pode levá-la para fora. Não sente vontade de sair deste quarto?

Trisha olhou ao seu redor. 

— Estou enlouquecendo.

Aquilo era tentador.

 — Estou cansada de assistir filmes.

— Exatamente. Ele é divertido e tem um ótimo senso de humor. Ele vai te fazer companhia e vou até pedir alguns jogos de tabuleiro. Ele sabe jogar poker. Eu mesma o ensinei, mas você pode ensiná-lo outros. Você estará fazendo um favor a ele e ele pode ensinar aos outros.

— Ótimo. — Becca não escondeu seu sarcasmo. — Isso é o que eu sempre quis fazer. Vou ensiná-lo a jogar dama.

— Não seja assim. — Trisha olhou para ela e franziu a testa. — Eles morreriam para proteger você e seu bebê. Usariam seus corpos para protegê-la se algum lunático passar pela segurança e tentar atirar em você. Não pense que isso não aconteceu. Pergunte a Ellie. Fury levou duas balas destinadas a ela.

— Ele é seu companheiro.

— Você está carregando um bebê Espécie, o futuro deles, e os bebês são um milagre para eles. Cada uma de suas mulheres dariam qualquer coisa para estar no seu lugar. Isso representa os seus sonhos se tornando realidade e aspiram por uma vida normal. O que é mais especial do que ter uma família?

Becca se encheu de culpa.

 — Sinto muito. Sou grata.

— Eu sei. Sinto muito também. Foi um dia difícil para mim.

— Está tudo bem? — Becca perguntou.

Trisha hesitou. 

— Sim. Há apenas uma grande entrada de feridos recentemente lá no Centro Médico e estou cansada de tentar remendar os homens depois das sessões de treino.

— Não sabia que o treinamento era tão perigoso. Para que estão se preparando?

— Normalmente não é tão perigoso, mas um dos novos instrutores está obcecado em ensiná-los a lutar melhor e isso significa que estão acabando com eles uma vez que estão tentando deixa-los melhores.

— Talvez ele devesse ser demitido.

— Também achamos que sim e estamos trabalhando duro agora para fazer isso. — Becca não sabia o que dizer. 

Trisha parou. 

— Tiger vai estar aqui depois do turno dele. Não o culpe se você ficar com raiva de ter um hóspede. Ele foi convidado a fazer isso e está sendo bom em concordar. Esta foi minha decisão. Você devia ter alguém aqui cuidando de você.

— Sou adulta. Não preciso de uma babá.

— Eu sei, mas você está grávida e é estressante para o corpo. Isso vai aliviar o estresse. — Andou até a porta. — Espero. — Murmurou a última palavra, mas foi o suficiente para ouvir. — Vejo você mais tarde.

Becca esperou até que a porta se fechasse antes de se levantar e esfregou a parte inferior das costas. Sempre doía. Ganhando peso tão rápido fazia seu corpo doer todo o tempo. Se virou e caminhou até seu quarto. Um banho morno soava tranquilizante e tinha uma jacuzzi no banheiro. A água da hidromassagem sempre era boa. 

— Uma babá. Ótimo. Talvez ele seja uma boa companhia. — Murmurou. A ideia de ter alguém para conversar não soava tão ruim, quando considerou. 

 

Brawn se levantou, espreguiçou-se e olhou para o macho na outra mesa. — Você está pronto para encerrar o dia?

— Sim. — Bestial rosnou. — Odeio falar ao telefone com os humanos, mas responder e-mails é pior. Por que aceitamos fazer parte do conselho dos grupos de instalação de testes mesmo? — Brawn sorriu. 

— Para impressionar as nossas fêmeas e para termos casas particulares, em vez de nos alojarmos com muitos machos no dormitório? É o preço por ser um homem de alto nível em nossa sociedade.

— Ah. — Bestial riu. — É isso mesmo. As fêmeas foram à única razão. — O sorriso de Bestial desapareceu. — Como você está se segurando?

Brawn odiava o fato de Bestial saber tudo sobre Becca e se preocupava com ele. Nenhum segredo era mantido longe dos membros do conselho. Encolheu os ombros. — Ela não quer nada comigo. Reagi mal quando a vi e estraguei tudo. Não pediu para falar comigo e estou sob ordens de ficar longe. Você sabe disso.

— Como você vai lidar com essa coisa com o Tiger? — Brawn franziu o cenho. 

— O que tem o Tiger? — Os olhos de Bestial se arregalaram. 

— Não te disseram?

— Dizer o quê? — Seu intestino torceu. — Ele está passando algum tempo com ela? — Ciúme bateu forte e rápido. Bestial suavemente xingou. 

— Droga. Posso ver por que não te informaram sobre o que Trisha decidiu, mas ela é nossa médica. — Bestial recostou-se na cadeira e apontou. — Você vai querer sentar-se. —  Brawn se abaixou em sua cadeira. 

— O que está acontecendo? O que não me foi dito?

— Trisha está preocupada com Becca não ter um companheiro para cuidar dela. Atribuiu alguém para viver com ela e estar com ela o tempo todo. Flame admitiu que sentiu-se atraído pela mulher então ele foi desclassificado. Tiger foi escolhido porque se dá bem com os humanos. — Raiva queimou quente através de Brawn. 

— O quê? — Levantou-se.

— Sente-se se quiser ouvir o resto.

Brawn sentou-se forte, sua cadeira rangeu e não ajudou quando suas mãos seguraram os braços dela com força suficiente para quebrá-las.— Flame está interessado na minha mulher? — Iria dar uma surra nele. Iria fazê-lo sofrer. Iria...

— Tiger que vai viver com sua mulher e cuidar dela. Vai levá-la para passear, se certificar que ela coma e durma. Slade disse que sua mulher sempre teve dores musculares, então disseram a Tiger para esfregar seus ombros, sua parte inferior das costas e as pernas se tiver inchaço no tornozelo.

Um rosnado saiu de Brawn com o pensamento de outro macho colocando as mãos em Becca. Iria arrancar as mãos de Tiger. Iria...

— Ele não estava feliz por ter sido escolhido, mas concordou por causa do bebê e porque sabia que a mulher não teria medo dele desde que a checasse muitas vezes.

Brawn viu vermelho a sua frente ou veria, decidiu, quando fizesse Tiger sangrar. 

— O quê? Ele a visita? Ela permite suas visitas? Quantas vezes? — Bestial avaliou Brawn. 

— Muitas vezes. Ela está sozinha e isso preocupa a todos. Deveriam ter te dito que um macho foi atribuído para sua fêmea, mas talvez não quisessem assustá-lo. Acredito que é errado esconder isso de você, mas agora você sabe.

As palavras fizeram Brawn estreitar seus olhos. 

— Você admite que planejavam esconder isso de mim? Propositalmente você me contou agora, mas agiu como se eu já soubesse. Que tipo de situação você está tentando criar?

— Você me pegou. — Bestial sorriu. — Não concordei com a votação e gostaria de saber antes se outro macho fosse morar com a minha mulher. Ela é atraente, solitária e vulnerável. Tiger é bom com os humanos, os conhece melhor do que nós e não seria a primeira vez que um homem que jurou nunca se interessar por fêmeas humanas acabar se acasalando com uma. Ele vai colocar as mãos nela. Você consegue imaginar isso? Outro homem tocando a mulher na qual você plantou sua semente.

 Brawn disparou ficando em pé. 

— Isso não vai acontecer.

— Não achei que iria permitir isso. Sou seu amigo e não quero que a perca para outro homem, mesmo que seja para um homem bom.

— Sou melhor e ela é minha. — As mãos de Brawn se fecharam em punho. — Ligue para Tiger e diga que se ele a tocou é melhor correr rápido e para longe. Muito longe. — Saiu pela porta, mas ouviu Bestial rir. 

— Vá buscá-la. Mostre-lhe a quem ela pertence. Estou contente por nunca me envolver com uma humana. Elas simplesmente não fazem sentido. Deveria ter escolhido você para cuidar dela em vez de outro macho.

— Cale a boca. — Rosnou, abrindo a porta. 

— Talvez você precise de instruções sobre sexo? Já faz muito tempo que você se esqueceu como agradar uma mulher?

Brawn rugiu, furioso com seu amigo, mesmo em sugerir tal coisa e saiu correndo. O hotel não era muito longe e queria chegar a Becca rápido. Se Tiger já se mudou, iria jogar o macho e seus pertences pela janela. Gostava de Tiger mas o macho morreria antes de deixá-lo tomar sua fêmea ou tentar reivindicar o que era dele. 

Já tinha ido um tempo quando Bestial procurou pelo telefone e discou. — Ele está a caminho, indo rápido e espero que isso funcione, Trisha. Ele está furioso.  

 

Becca estava nervosa quando se sentou no sofá à espera de Tiger chegar. Não tinha um horário específico e a experiência passada com um Espécie se mudando para seu quarto de hospedes foi um desastre, considerando que foi sequestrada. 

Considerou o acordo. Quão ruim poderia ser? Claro, seria constrangedor viver com um estranho. Talvez esquisito. Seu bebê chutou, esfregou a barriga e soube que poderia se sentir melhor tendo alguém por perto. A ideia de desmaiar ou precisar de ajuda a assustava. Com alguém em seu espaço, estaria perto o suficiente para saber se estava em apuros. 

Uma batida a assustou. Se encheu de pavor enquanto se aproximava da porta. Faria o melhor possível, independente de se darem bem ou não. Estava meio tentada a ir se esconder em seu quarto e não atender a porta. Tiger estava disposto a fazer isso e sabia que provavelmente também não estava feliz com a situação. Forçou a ficar de pé para ir até a porta e abriu-a.

 Brawn estava ali ao invés de Tiger parecendo realmente irritado. Estava sem fôlego e o suor fazia sua pele bronzeada brilhar um pouco. Seu nariz queimava antes de estender a mão para ela. Engasgou quando as mãos dele agarraram seus braços e seus pés deixaram o chão. Deu grandes passos para a sala e chutou a porta se fechando atrás dele. Continuou em movimento até atingir o sofá, onde se inclinou e gentilmente depositou-a. 

— Saia daqui. — Becca engasgou. — Você...

— Cale a boca. — Rosnou. — Você permitiu Tiger viver com você, mas não eu? — Rosnou ferozmente. — Você precisa de um homem para cuidar de você? E esse serei eu! — Olhou para ele.

 — Não pedi um companheiro de quarto, mas me disseram que tinha que ter um. Saia, Brawn.

Um de seus braços envolveu sua cintura e o outro a agarrou por trás de seus cabelos. Virou seus quadris e empurrou entre as coxas dela. A puxou para a beirada do sofá, caiu de joelhos e colocou seus quadris entre suas coxas cobertas de algodão. Seus olhos se estreitaram na boca. Rosnou do fundo de sua garganta. 

— Abra sua boca para mim.

— Vá para o inferno.

Seu olhar intenso se segurou no dela. — Já morei no inferno e estou experimentando um agora. Vou matá-lo se você permitir que o macho viva com você. Você carrega o meu filho. Se precisa de algo de um homem você vai buscar em mim. Agora abra.

— Você está com raiva e por que quer minha boca aberta? Você está levando ES sa coisa de ser babá longe demais.

— Estou furioso. — Rosnou. — Deveria ter sido convidado a cuidar de você em vez de Tiger. Ele não é o pai. Ele não montou em você e procriou com você. Fui eu. Você não gosta de mim agora e entendo isso. Isto não é sobre você ou eu. Trata-se de nosso filho. Você precisa de cuidados constantes e vou ser o único a cuidar de você. Abra a boca.

— Você é um babaca e qual é a sua obsessão com a minha boca? — Empurrou o peito, mas ele a segurou contra seu corpo, não se moveu pois não era forte o suficiente para forçá-lo a soltá-la. Seus olhos felinos brilhavam perigosamente. 

— Abra sua boca.

— Por quê?

— Você quer que eu te solte?

— Sim.

— Abra sua boca.

Becca fechou os olhos e ficou tensa, não sabendo o que diabos ele planejava fazer. Abriu a boca e teve um flashback com a sensação de sentar em uma cadeira de dentista, prestes a fazer um exame. Esperava em suspense para ver o que Brawn faria. O morderia se a machucasse de alguma forma. 

Ele a apertou mais até que seu peito achatou os seios e o estômago dela. Becca sentiu sua respiração em seu rosto e seus lábios cobriram os dela. Sua língua bateu com força no lábio inferior antes de invadir sua boca. 

Não deveria estar surpresa. Lutou, mas ele a abraçou, cercando seu corpo e a mãe dele volta do cabelo dela manteve a cabeça dela no lugar. Sua língua manipulou a dela e seu corpo traidor respondeu quando lembranças dele a beijando passaram pela sua mente quando estavam dentro da gaiola. 

Relaxou quando a paixão assumiu e agarrou a camisa dele, beijando-o de volta.  Um ronronar soou e Brawn largou seu cabelo para descer com a mão pelas costas. Os braços dela enrolaram ao redor de seu pescoço enquanto suas mãos se cravaram entre ela e as almofadas do sofá. Colocou a mão em seu traseiro e ergueu o corpo. 

Sentou-se sobre seus calcanhares e colocou-a sobre seu colo. Ela montou nele e até mesmo através das camadas de roupa não deixou de perceber a sensação de seu pênis rígido pressionando enquanto balançava os quadris contra ela, esfregando seu clitóris. Gemeu de imediato, excitada e o beijou freneticamente. 

Empurrou seus quadris contra o dele quando suas fortes mãos amassaram seu traseiro e facilmente moveu o corpo contra o dele em um movimento erótico que imitava sexo. As unhas remexeram a camisa dele e queria senti-lo dentro dela novamente. A necessidade desesperada de estar pele com pele tornou-se quase tão insuportável quanto querê-lo dentro dela. 

Os rosnados e ronronar fazia algo a seu corpo, a excitou mais do que podia se lembrar, e agarrou sua camisa, tentou rasgá-la para chegar a sua pele. Brawn parecia entender quando separou sua boca para longe e olharam um para o outro, ofegante. 

— Ninguém toca em você, somente eu. — Resmungou em voz baixa. — Ninguém. 

Becca olhou em seus olhos, absorveu o que ele disse e procurou por palavras. Nem sabia como reagir. De repente, ele largou seu traseiro e tirou camisa, arqueou as costas para fazer isso e Becca olhou para seu peito nu, seu torso musculoso. Poderia ficar olhando por um tempo, mas ele jogou a camisa para longe e segurou seu rosto com as duas mãos para tomar posse de sua boca novamente. 

Becca gemeu quando ele a beijou com uma necessidade nascida do desespero. Conheceu a paixão. Muito tempo se passou com o desejo de estar em seus braços, seus hormônios estavam fora de controle e sua conduta sexual irregular. Os braços estavam em volta de seu pescoço, as mãos freneticamente exploravam sua pele quente e as unhas arranhavam mais abaixo de suas costas para instigá-lo mais. Achatou seus seios contra o muro do seu peito, sua inchada barriga se encostou contra ele também, mas arqueou um pouco para dar espaço para ela sem esmagar o bebê. Ela mal notou, mas estava feliz por um deles ter se lembrado de ter cuidado. 

Ele mostrou sua força poderosa ao se levantar do chão e ela se agarrou firmemente quando ele ficou de pé. Não se importava onde ia. Existia apenas a sua boca e a necessidade dele continuar beijando-a. Mudou sua posição, agarrou suas coxas e levantou-as o suficiente para ela facilmente colocar as pernas ao redor de seus quadris.

Afastou sua boca da dela, fazendo com que Becca fizesse um pequeno som de protesto quando parou de se mover. Ela abriu os olhos, olhou profundamente em seus olhos incríveis e ronronou suavemente. 

— Espere.

Não conseguia envolver suas pernas ao redor dele por mais que tentasse. Seus braços estavam em volta do pescoço, as pernas ao redor de seus quadris, mas então ele se inclinou e a gravidade quase a arrancou da frente dele quando seu peso tencionou os músculos de seus membros. Um colchão macio estava em suas costas e sabia que a tinha levado para a cama. 

— Solte-me.

Hesitou, mas soltou. Sentia a falta de segurá-lo no segundo que ficou livre. Recuou, tirou os sapatos e as duas mãos abaixaram seu jeans. O barulho do zíper foi alto no quarto e Becca sabia que iria transar com ela. Seu coração batia forte de emoção e mordeu o lábio. 

Poderia recusar, mas não queria. Brawn era o homem mais sexy que já tinha visto em sua vida. As lembranças dele transando com ela a assombrava quase todas as noites e ele estrelava cada fantasia que tinha. Maldição, tinha até se masturbado fingindo que era ele a tocando em vez de seus próprios dedos. 

Sentia-se grande e desajeitada com o seu corpo de grávida, mas empurrou as inseguranças para longe. Ele tinha ajudado seu corpo entrar em seu estado atual, era metade responsável e se tivesse de ver as estrias no espelho, ele poderia sofrer em vê-las também. Ela doía, querendo ser tocada e satisfeita. Brawn parecia mais do que disposto a atender ambas as necessidades.

— Serei cuidadoso. — Disse, empurrando a calça para baixo. Não estava usando cueca. —   Não vou machucá-lo.

— Não comece com essa merda. — Alertou. — Pare de falar e me ajude antes que eu recupere a minha sanidade e perceba o grande erro.

Raiva brilhou nos olhos dele, mas não se importou se ele não gostou de ouvir a verdade. Se contorceu, tentou escapar de sua blusa, mas sabia que teria que se sentar para tirá-la. Brawn tinha outras ideias quando se inclinou para frente e apenas agarrou a blusa. Rasgou-a e afastou as tiras de seus braços facilmente. 

Não gostava da camisa de qualquer maneira. Apoiou os pés descalços sobre o colchão e se levantou. Brawn enfiou os dedos na cintura do elástico da calça e a retirou. Tirou a calcinha junto, as removeu até o fim e as deixou cair no chão. Seu olhar a percorreu enquanto tirava o sutiã e o jogou de lado. 

Corou um pouco, sabendo que não parecia tão sexy como costumava. Será que ele achou que as marcas vermelhas onde sua barriga havia crescido eram feias? Estavam fracas, mas perceptíveis. Sua barriga estava arredondada agora. Estava no meio da gravidez e realmente esperava que tivesse raspado direito lá também. Não podia mais ver a sua vagina, mas se depilou. Brawn ronronou novamente. 

— Você é linda, inchada com minha semente.

Isso fez as sobrancelhas dela subirem um pouco. Sua boca se abriu, mas fechou. Não iria atrapalhar essa. Preferia que a tocasse. 

— Brawn? Você vai olhar para mim por muito mais tempo?

Seu olhar levantou e ele caiu de joelhos. Suas mãos agarraram suas pernas, puxou-a para baixo e abriu as coxas dela. Fechou as pernas ao redor da cintura dele e tentou puxá-lo para perto, o queria tanto dentro dela, doía por isso. 

Soltou-a e uma palma achatou sobre a curva inferior da barriga. Frustração a golpeou. Agora não é hora de explorar a forma da minha barriga. Embora não o fez, quando seu polegar abaixou, roçou o clitóris, e gemeu.

— Sim.

Ele a massageava e ela engasgou quando os dedos da outra mão testaram a fenda de sua vagina, brincava na umidade e polegar grosso lentamente a penetrou. O torcia quando lentamente a fodia com o dedo. Seus quadris remexeram quando tentou pressioná-lo a ir mais fundo e as pernas apertaram seus quadris. 

— Brawn. — Ofegou. 

— Diga que você é minha. — Respondeu asperamente. 

Seus olhos encontraram os dele e mordeu o lábio. Por mais que quisesse que ele a fizesse gozar, não iria ceder facilmente. As mãos dela deslizaram por seu corpo e tentou colocar as mãos dele de lado. Ela mesma a faria gozar se quisesse jogar esse jogo. 

Rosnou para ela, retirou seu dedo de sua vagina e agarrou seu pulso. Puxou-o e segurou-a perto o suficiente para que pudesse esfregar seu baixo ventre. Olhou para baixo, ajustando seus quadris enquanto seu polegar ainda massageava o clitóris, a deixando mais perto do clímax. A cabeça grossa de seu pau cutucou sua vagina. Encontrou seu olhar enquanto empurrou para frente. 

— Você é minha. — Rosnou as palavras. A cor dos olhos pareceu escurecer. — Minha, Becca. Nunca se esqueça disso.

O seu pau entrou profundamente em sua profundeza apertada. Pegou o ritmo, o mantendo constante com o polegar fazendo círculos sobre o feixe de nervos. Becca jogou a cabeça para trás e largou seu pulso para agarrar seu traseiro quando ele entrou mais forte. Seus dedos se cravaram na colcha quando as costas começaram a deslizar. Ele ajustou seus quadris, levando-a para um ângulo novo e descobriu o local que fazia Becca suspirar e chamar seu nome em voz alta.

— Minha. — Rosnou. Seu pau entrava e saía dela, esfregando-a. — Diga. 

Becca balançou a cabeça. Ela não era dele. Não lhe daria a satisfação. Rosnou e parou. Seus quadris e polegar se acalmaram, deixando-a pendurada à beira do céu e do inferno. O clitóris pulsava, sua vagina doía e apenas doía, tão perto de gozar. 

— Brawn. — Ofegou. — Não pare.

— Você é minha. — Rosnou. — Minha, Becca. Quero que você saiba quem está te fodendo e fazendo você se sentir bem. — Impulsionou dentro dela e seu polegar pressionou em seu clitóris. 

Becca jogou a cabeça para trás quando Brawn abriu caminho mais profundo dentro dela. Não doeu. Foi a melhor sensação do mundo. Estava tão duro, a preenchia até que não tinha certeza se poderia aguentar mais, mas retirou-se, apenas para entrar novamente. Becca agarrou a colcha e se debateu embaixo dele em êxtase, movendo seus quadris contra Brawn. 

— Tão linda. — Rosnou. Impulsionou nela mais rápido.

Becca choramingou e gemeu quando seus músculos tencionaram em antecipação. Gritou enquanto sentia um prazer intenso a percorrer. Foi tão forte que não conseguiu impedir seu nome de escapulir. 

Brawn rugiu. O som se espalhou pelo quarto e a penetrou em um impulso final e profundo. Encheu-a com seu sêmen quente, seus quadris tremeram contra seu traseiro para se derramar dentro de sua vagina tão profundamente quanto possível. Ficou mole. Estava respirando com dificuldade. 

As mãos de Brawn deslizaram sob suas costas e a puxou para cima. Ainda estava enterrado dentro dela. Abriu os olhos quando foi obrigada a sentar-se na beira da cama. 

— Beije-me. — Brawn exigiu. 

Becca passou a língua sobre seu lábio inferior. Brawn gemeu enquanto observava antes de sua boca se inclinar sobre a dela. Abriu-se para ele, saudou o beijo carinhoso e se agarrou a ele quando a abraçou com força contra seu corpo com ambos os braços. Finalmente terminou o beijo levantando sua cabeça. Seus olhares se encontraram e um estudou o outro. Brawn falou primeiro. 

— Eu sou seu homem. — Resmungou em voz baixa. — Ninguém mais se importa com você, do que eu. Vou derrotar qualquer macho que tentar. Você não pode querer que eu a reivindique como minha e você pode se recusar ser minha companheira, mas não vai recusar isso, Becca. Estarei aqui para você em todos os momentos. Serei apenas eu dentro de você. Apenas eu tocarei em você. Somente meus lábios te beijarão.

— Brawn .— Disse ela suavemente. — Você sabe que nós...

— Agora não. Não discuta comigo depois do que compartilhamos.

A boca se fechou, concordando que seria um mau momento para brigar enquanto ainda estava se sentindo toda quente e satisfeita. 

Lentamente saiu de seu corpo, um olhar de arrependimento claramente em sua expressão e ajudou Becca a se levantar. Não resistiu quando puxou de volta o cobertor, deitou-a e a cobriu. Seu traseiro descansava na borda da cama enquanto estava ali sentado olhando para ela. Uma de suas mãos esfregou sua barriga sobre o lençol. 

— Durma. — Ordenou em voz baixa. Balançou a cabeça. — Descanse. Cochilos são bons para as mulheres grávidas. Tenho algo para resolver, mas vou estar de volta em poucas horas.

Queria saber o que iria fazer e por que pensou que poderia ordenar que ela fosse para a cama, mas de repente ele se inclinou para dar um beijo sobre a testa. 

— Deixe-me cuidar de você, linda. Eu preciso. Vou voltar e trazer-lhe mais comida. Senti o cheiro quando entrei então sei se comeu recentemente. Feche os olhos e descanse.

Becca fechou os olhos até seu peso se levantar da cama e o ouviu se vestir. Espiou através das aberturas dos cílios quando Brawn fechou o zíper da calça jeans. Caminhou lentamente para fora do quarto. Momentos depois, ouviu a porta se fechar atrás dele. Becca sentiu as lágrimas encherem os olhos, mas as limpou. 

Que diabos estou fazendo? Não tinha resposta.

Brawn abriu a porta para o corredor, estudou os três oficiais Espécies em frente a seu amigo. Fechou a porta atrás de si e estudou a situação. Bestial estava de costas para a suíte de Becca, braços no peito, uma expressão ameaçadora em seu rosto, bloqueando a entrada dos três policiais. Brawn arqueou as sobrancelhas quando Bestial piscou para ele. 

— Queriam correr até lá quando souberam que você e a fêmea estavam fazendo as pazes. Fiz com que isso não acontecesse. Você a reivindicou? — Brawn suspirou.

 — Ela aceitou meu corpo, mas não concordou em ser minha companheira ainda. — Bestial balançou a cabeça. 

— Estranhas essas fêmeas humanas. Bem, esse é um primeiro passo. Você só precisa convencê-la. Parecia que estava indo bem.

Brawn sorriu. 

— Não preciso de instruções.

Bestial sorriu de volta. 

— Bom saber.

— Vou para minha casa fazer uma mala. Vou morar com ela. — Brawn riu. — Logo vai entrar em choque e vai ficar muito chateada, mas ela é bonita quando está com raiva.

— Você é teimoso. — Bestial deixou cair às mãos para os lados. — Você vai ganhar.

— Espero que sim. Caso contrário, talvez meu filho possa convencê-la a ser minha companheira quando tiver idade suficiente para compreender. — Rindo, Bestial enxotou os oficiais. 

— Viram? As coisas estão bem. Vão embora. — Olhou para Brawn. — Estou certo de que haverá muitos filhos entre vocês dois.

Brawn respirou fundo. 

— Posso apenas esperar.

 

Becca acordou sozinha, atordoada por realmente ter adormecido e olhou ao redor do quarto. Brawn não estava lá. Saiu das cobertas e foi para o banheiro. Um olhar no espelho a fez balançar a cabeça para seu reflexo. 

— O homem a beija e você cai na cama com ele. — Seu olhar foi para baixo do seu corpo nu, para a barriga e se virou.— Não foi um dos momentos de maior orgulho da mamãe. Seu pai é quente, porém, em minha defesa, beija muito bem.

Ajustou a temperatura da água no chuveiro, entrou e fechou a porta de vidro. Ali lavou os traços do sexo, mas não as lembranças. Esfregou sabonete em sua palma e esfregou por todo o corpo e suspirou alto. 

— Simples. Foram os hormônios. É. Foi totalmente isso. — Seus olhos rolaram e se inclinou para lavar o sabão. — Estamos na merda, criança. — Lavou sua barriga. — E tenho que enviar a seu avô um e-mail com alguma nova mentira para explicar por que estou atrasada em falar com ele.

A porta do chuveiro foi de repente aberta. Becca engasgou e girou. Seus pés escorregaram no chão da banheira e gritou quando freneticamente tentou segurar em algo para amortecer a queda, mas dois braços fortes a agarraram antes que batesse no azulejo. Olhou em choque para Brawn, inclinando-se dentro de seu chuveiro. 

— Desculpe. — Brawn ajustou seu abraço sobre ela. — Você está bem? Esqueço que você não tem a nossa audição ou olfato. Achei que tivesse me ouvido entrar. Não quis assustá-la. Você está bem? O bebê? — A levantou para fora do chuveiro e a abraçou.

 O choque a manteve em silêncio, mas estava grata por seus reflexos rápidos a salvarem de uma queda. Suas mãos agarraram os bíceps dele e ele lentamente a abaixou. 

— Você poderia ter batido na porta. Você não deve apenas entrar no banheiro de alguém. — Sua voz finalmente funcionou. 

Soltou-a uma vez que estava certo de que estava firme sobre os pés e pegou uma toalha para enrolá-la. Grandes mãos a secaram com cuidados. — Ouvi você falar com alguém e achei que tivesse companhia aqui. — Raiva apareceu em seus olhos quando olhou ao redor.  — Com quem você estava falando?

— Com o bebê.

Suas mãos congelaram e ele olhou para a barriga. — Ele pode ouvir você? Nós? — Sorriu. — Não sabia disso. — Se inclinou um pouco, colocou o seu rosto mais perto da barriga. — Olá, pequeno. Sou seu pai. Anseio por segurar você em meus braços.

Definitivamente os hormônios, Becca decidiu quando lágrimas encheram seus olhos. Aquilo foi doce e a tocou o que disse para a criança. — Li livros de bebês. Eles pensam que, enquanto um bebê não consegue entender as palavras, podem ouvir vozes e aprender a reconhecê-las. Falo com ele constantemente, provavelmente, até demais, pois estive sozinha por um longo tempo. — Brawn se endireitou e segurou seu olhar.

— Você nunca estará sozinha novamente. Eu me mudei para cá.

— Você o quê? — Choque bateu nela novamente. 

— Disse que vou cuidar de você e fui empacotar meus pertences. Moro aqui agora com você. Passei meus deveres do conselho para outros. Eles ficaram felizes por mim, então você me tem em tempo integral. — Ele sorriu, fazendo-a se lembrar de como era bonito quando fazia isso. — Sou todo seu.

A guerra foi travada dentro de Becca repente. Desejava que fosse verdade. Olhando em seus olhos sexy a fez querer nunca deixá-lo ir, mas só estava lá porque ela tinha engravidado. Ele era um homem de presença, tinha que admitir isso, mas não o queria desse jeito. 

— Você não pode se mudar para cá.

— Já mudei. — Músculos ao longo de sua mandíbula cerraram. — Não vamos discutir. — Seu olhar caiu para a barriga. — Nosso filho vai ouvir.

Pânico bateu forte e rápido em Becca. 

— Não use minhas próprias palavras contra mim.

— Abra sua boca. — Levantou a mão e agarrou seu queixo. 

— Não. Você não vai me beijar de novo e me fazer esquecer que estou zangada.

— Por que não? Funcionou. Não podemos brigar enquanto estamos compartilhando sexo.

— Você admite, então! Você só faz sexo comigo para obter o que quer.

Ele encolheu os ombros largos.

 — O que há do que reclamar? Nós dois gostamos. — Suas mãos deslizaram para os quadris. — Sinto sua falta, Becca. Temos tempo para fazer as pazes e precisamos conhecer um ao outro antes do nosso filho nascer. Eu quero você. Não podermos brigar durante o sexo é apenas um efeito colateral. Não duvide que eu realmente queira você.

Becca soltou seu maxilar e pressionou as palmas das mãos contra sua camisa, dando-lhe um pequeno empurrão. 

— Converse em vez de seduzir-me.

Um grunhido macio retumbou dele. 

— Quero fazer as duas coisas. Deixe-me levá-la para a cama agora.

— Não. É uma má ideia. — Não queria que o seu coração partisse mais ainda quando a novidade viesse à tona e ele decidisse que estar com ela era sacrifício muito grande. — Você pode ver seu filho sempre que quiser, Brawn. Não temos que ficar juntos para que você seja parte de sua vida.

Os belos olhos azuis, amarelo rajado se apertaram de repente e ajustou seu abraço, agarrou-a e pegou seus braços. Levou-a para fora do banheiro, caminhou para o quarto e a deitou delicadamente sobre a cama. Uma mão agarrou a toalha e puxou forte, arrancando-a dela. 

Becca agarrou os seios para cobri-los, dobrado as pernas para cima e olhou para ele.  

— Dê-me isso.

 Brawn estendeu a mão para sua cintura em vez disso, agarrou sua camisa e retirou-a sobre sua cabeça. — Vou fazer amor com você.

— Não, você não vai. Sexo não é a resposta toda vez que não concordamos com alguma coisa.

Inclinou a cabeça, deixou cair a camisa e dobrou um pouco uma perna para alcançar seus sapatos. — Falaremos depois. Eu quero você.

Becca agarrou o cobertor e puxou-o sobre seu corpo, sentou-se e apontou para ele.  

— Pare!

Ele sorriu, se livrou do outro sapato e abriu o zíper da calça jeans. O olhar de Becca desceu e viu quando ele se balançou para sair delas. Jurava que estava brincando com ela da maneira como avançou lentamente para baixo. Seu impressionante pênis rígido saltou livre, apontando para ela e ele se inclinou para empurrá-la todo o caminho para baixo. Quando se levantou, Becca não pôde deixar de admirar a imagem que ele formava. Só para ser realmente mal, Brawn sacudiu os longos cabelos que caíram sobre seus ombros e costas, ao longo de sua pele bronzeada. 

Becca teve que se lembrar de respirar. Havia algo tão essencial sobre Brawn quando ele estava nu, seu cabelo livre e seus lábios se separavam o suficiente para mostrar seus caninos. Um rosnado saiu dele quando se inclinou para frente, as palmas das mãos achataram a cama e seus olhos felinos olharam para ela. 

— Você é minha, Becca. Você pode negar, mas seu corpo sabe a verdade.

Becca inclinou-se para trás e balançou lentamente em direção à cabeceira da cama. O peso dele a impediu de levas as cobertas com ela. Ele engatinhou mais para perto, em suas mãos e joelhos. Becca não deixou de notar o peso de seu pênis saliente, pois seu estômago era sólido e plano. Outro grunhido suave veio dele e fez uma pausa. 

— Não tenha medo de mim, linda.

Uma das suas mãos levantou e envolveu ao redor de seu tornozelo. Empurrou as cobertas e puxou-a com cuidado, até que se deitou. Arrastou-a até seu rosto pairar centímetros acima dela e seu pau roçava suas coxas, que Becca juntou. 

— Abra-se para mim. Vou ensinar sua boca à verdade também.

Seu coração bateu forte. Queria-o, mas não iria ceder tão facilmente de novo. Uma mulher tinha orgulho, maldição. Seu cérebro congelou um pouco ao ver toda aquela testosterona do corpo de Brawn se curvado sobre ela, mas o obrigou a funcionar. Ele gostava de usar suas palavras contra ela, então uma reviravolta seria um jogo justo. 

Ela olhou para baixo. Brawn manteve seus braços e pernas apoiados para manter seu peso longe dela. As coxas dele estavam afastadas com o corpo dela entre elas e tinha espaço para se mexer. Seu olhar encontrou o dele e levantou as mãos para agarrar seus quadris. — Você acha que pode ganhar de mim com seus beijos?

Brawn olhou para ela sem dizer uma palavra, mas a diversão brilhou em seus olhos, dizendo-lhe que a ganharia. 

— Endireite-se.

— Eu tenho você onde eu quero.

— Endireite-se e vou abrir minha boca.

Ele hesitou, mas ergueu a parte superior do corpo para ficar de joelhos afastados. Franziu a testa quando ela se sentou e, de repente envolveu a mão firmemente ao redor de seu membro, dando um bom aperto para ele não poder saltar para longe. Ele sibilou o ar e alarme tencionou suas feições. 

— Não se preocupe. — Ela sorriu. — Não vou te machucar. Não tenha medo de mim, sexy. Você queria a minha boca aberta, acreditando que você poderia me seduzir para eu fazer o que quiser, mas reviravolta é um jogo justo. Aprenda isso, querido.

Ela lambeu os lábios, manteve contato visual com ele e com a mão em seu quadril o agarrou quando levou seus lábios para a coroa de seu pênis. Sua língua lambeu a ponta, testando a textura e quase riu quando os olhos de Brawn se arregalaram com espanto e ele rosnou. 

Seu olhar caiu para o seu membro rígido e o levou para dentro de sua boca, sugava e virava a cabeça em diferentes ângulos enquanto trabalhava nele lentamente. Sugando-o, facilitando-lhe os lábios, o provocando com a língua. O corpo dele tremia e ele rosnou, um som animalesco se revelou. Pensou que poderia controlá-la, mas ela estava no comando agora. 

Becca ergueu o olhar, viu que ele jogou a cabeça para trás e suas mãos apertavam suas coxas, provavelmente para não agarrá-la. O levou mais profundo, até que soube que tinha atingido o seu limite na parte de trás de sua garganta, apertou a sucção e se moveu um pouco mais rápido.

— Becca. — Respondeu asperamente. 

Ignorou sua tentativa de distraí-la. Continuou, moveu-se mais rápido e brincava. A mão em seu quadril deslizou para seu abdômen, adorava a textura de cada músculo e explorou mais até que esfregou os dedos sobre um mamilo ereto. Beliscou-lhe levemente ali entre o polegar e a ponta do dedo. 

Brawn rugiu quando sua semente começou a inundar a boca de Becca e a chocou quando de repente agarrou a cabeça dela e puxou o pau. Seu sêmen atingiu seu pescoço e seus seios, ele prendeu as costelas dela com os quadris s e esfregou seu membro entre seus seios. 

Ele balançou com a força de sua libertação e Becca ficou ali atordoada. Não a tinha machucado, mas poderia. Seu traseiro descansava um pouco acima de sua barriga estendida e se colocasse seu peso para baixo, poderia tê-la esmagado sob ele. Balançou mais uma vez, seus olhos se abriram e olhou para ela. 

— Não me ignore quando eu avisá-la. Quase derramei a minha semente em sua garganta.

— Era para isso acontecer.

Conseguiu finalmente sair. 

— Eu teria engasgado você. Gozamos forte. Não me sente dentro de você quando gozo? Poderia ter te machucado.

Engoliu em seco, não sabia o que dizer e de repente Brawn se levantou para longe dela, desceu da cama e invadiu o banheiro. Viu seu firme traseiro nu e lutou para se sentar. Seu coração ainda estava batendo forte com o medo que percorreu seu corpo ao ser subitamente presa na cama, mesmo ele não a tendo machucado. 

Água corria no banheiro, parou e Brawn veio de volta para o quarto com uma toalha de mão molhada. Estendeu a mão, sabia que levou para ela, mas a surpreendeu quando ele se sentou, agarrou seu ombro e a pressionou novamente. 

— Não queria assustá-la. — Começou a limpar delicadamente a garganta e o peito com a toalha quente. — Não quero te machucar. — Se inclinou mais para perto. — Amei o que você fez, mas você tem que tirar a boca no final quando eu avisar.

 Becca não tinha certeza do que dizer, algo que acontecia muito com Brawn. 

— Abra sua boca.

— Mal senti seu gosto antes de você se afastar. Você não vai usar isso para limpar a minha boca.

Seus lábios esmagaram os dela, sua língua varreu dentro de sua boca e jogou a toalha molhada a distância. Choque bateu com a paixão daquele beijou. Moveu seu corpo para se agachar sobre ela novamente. Deitou sobre ela sem colocar peso sobre sua barriga e, finalmente, rompeu o beijo. Seu olhar vagou seu corpo. 

— Adoro ver você sem roupa. Você é tão pálida e macia. Tão linda e macia. — Ela franziu o cenho. 

— Você disse macia duas vezes. É a sua maneira de me dizer que eu tenho um monte de pneuzinhos? — Ele rosnou. 

— Não. Gosto de você do jeito que é. — Os olhos de Becca se estreitaram. 

— Você gosta de mulheres Novas Espécies. Elas são altas e malhadas e tão diferentes de mim. Sou macia, como você diz. Pálida. Por que você está aqui, Brawn? Como se eu já não soubesse. — Ele franziu o cenho.

 — Eu quero estar com você.

— Mentira. Você quer ser uma pessoa decente e eu engravidei. É por isso que você está aqui, mas você pode ser um pai para o bebê sem estar em um relacionamento comigo. Você...

Sua boca cobriu a dela. O domínio de Brawn com seus beijos logo a fez perder a vontade de brigar. Depositou mais de seu peso sobre ela embora tivesse cuidado de ver quanto peso ela aguentava e usou uma mão para cobrir o seio. Ela gemeu na textura áspera de sua palma quando brincou com o mamilo excitado. Becca envolveu os braços ao redor do pescoç odele, agarrando-se a ele. Brawn finalmente tirou sua boca da dela. Ambos estavam respirando forte. 

— Preciso de você. — Ronronou. 

Becca engoliu em seco e assentiu. Precisava dele também, da pior maneira. O homem era um vicio, era como beijar um raio de eletricidade que a excitava. Brawn se levantou, foi para a ponta da cama e ficou lá . Mãos fortes seguraram os tornozelos de Becca e ele a puxou para perto de si. 

— O que você está fazendo?

— Não quero colocar peso sobre o nosso bebê. Posso pegá-la de joelhos aqui com você na beirada da cama do jeito que fizemos antes. Funcionou.

Sim, funcionou. Manteve isso para si mesma. 

— Adoro a maneira como você olha. Você me excita.

Seu olhar abaixou até a cintura e a maneira que seu pau apontava para ela, a fez lembrar que ele podia se recuperar rapidamente. 

— Estou vendo.

— Prefiro que sinta, linda.

Seu estômago se apertou e sentiu o calor se espalhando entre as coxas. Ele a colocou de joelhos enquanto seu olhar aquecido percorria seu corpo, se afastou diante dele mais uma vez. — Abra suas coxas para mim. Quero ver você, quero ficar a vontade e provar você de novo.

— Não estou realmente, uh, confortável com você me olhando de tão perto. Quer dizer, estou grávida, Brawn. A última vez você me pegou de surpresa, mas eu tenho estrias.

Ele franziu o cenho. 

— E daí?

— Realmente nunca estive confortável exibindo minhas partes femininas. No calor do momento é uma coisa, mas ainda não estou lá.

Ele mordeu o lábio.

 — Você deixa outros homens verem suas partes femininas, mas está me negando agora? — De repente, resmungou baixinho e uma pitada de raiva ardeu dentro de seus olhos azuis escuros. Becca mordeu o lábio. 

— Meu ... Maldição, não estou confortável com isso, certo?  Meu marido não estava interessado em ver e agora sou consciente. Da outra vez você não pediu a minha permissão e naquela hora não conseguia pensar direito, bem, isso foi depois. Vamos apenas fazer sexo. Amo quando você brinca com meu clitóris, enquanto está dentro de mim.

Brawn franziu a testa. 

— Você foi casada e ele não fez você deixar de se sentir tímida ao ser observada e lambida? — Ela balançou a cabeça. 

— Ele gostava das luzes apagadas. Isto é o mais descarada que eu conseguir ser, Brawn. Estou aqui deitada nua em plena luz do dia.

— Não quero apenas olhar para você. Quero provar você e aprender cada parte de você.

Becca corou.

 — Ele nunca fez isso também.

Brawn rosnou. Estendeu a mão para seus joelhos e empurrou gentilmente para abri-los. 

— Eu faço. Abra-se para mim.

— Brawn...

— Agora. — Exigiu duramente. — Feche os olhos, se você estiver tímida. Quero que você se abra. Quero memorizar cada centímetro e gosto seu. Abra-se para mim, Becca. Agora.

Maldição.Mordeu o lábio mais forte e deixou a cabeça cair sobre a cama. Abriu as coxas. Sabia que seu rosto estava vermelho brilhante pois o calor irradiou em seu rosto. As mãos de Brawn esfregaram o interior de suas coxas e levemente tremeu. Seus polegares deslizaram mais para baixo, tão perto de sua vagina que teve de resistir arqueando seus quadris para ajudá-lo chegar lá, mas em vez disso se forçou a respirar. 

— Você vai aprender a gostar disso, Becca. — Sua voz era asperamente macia. — Você vai se abrir para mim toda vez que eu quiser, sabendo o quanto prazer que vou te dar. Você vai ficar quente para mim somente com um olhar, porque sabe o que eu quero fazer e como vai se sentir.

O corpo dela respondeu às suas palavras suavemente faladas. Estremeceu um pouco quando Brawn abriu as pernas separando-as mais e as empurrou elevando-as. Seus polegares espalharam suas dobras abertas para expor seu sexo e sentiu sua respiração através de seu clitóris. Seu coração batia forte, sabendo que ele estava tão perto de suas partes femininas como uma pessoa poderia estar. 

— Você é tão bonita aqui também.— Sussurrou. — Mantenha suas coxas bem abertas para mim, Becca. Não se assuste.

Assustar? Engasgou um segundo depois que percebeu o que tentou avisá-la. Sentiu sua língua rastreando sua fenda. Podia lidar com isso, mas estremeceu quando sua língua invadiu sua vagina, entrando e se retirando. Gemeu baixinho, arrastou a ponta de sua língua para cima e de repente, seu dente suavemente raspou em seu clitóris. Gemeu quando os lábios dele se fecharam e ele o chupou.

O estômago de Becca tremeu e os mamilos se esticaram. Agarrou a cama apenas para segurar alguma coisa. Ele lambeu o feixe de nervos, sugou fazendo se debater na cama. O prazer tornou-se tão cru que tentou bater as pernas juntas, não podia aguentar mais, mas mãos fortes as deixavam abertas e para baixo. Ele rosnou, sua boca vibrou fortemente e continuou fazendo isso. 

— Oh Deus. — Gemeu. — Isso é demais, querido. Pare. Isso quase dói. Eu não posso!

 Ele resmungou mais alto, fez as vibrações ficarem ainda mais forte e sons que nunca fez antes saiu dela. 

Becca sentiu como se seu corpo pudesse se quebrar. Gritou, jogou a cabeça para trás e sentiu o prazer bater com tanta força que perdeu a total capacidade de pensar. Ondas de prazer esmagou todo seu corpo, a fez tremer e gritar novamente. A soltou. 

Becca ofegava enquanto seus músculos vaginais se contraiam e tremiam. Brawn se levantou e se agachou sobre ela. Seus olhos se abriram para olhar para o dele. Sua intensa expressão era quase assustadora. Nenhum homem jamais olhou para ela com tanta paixão. 

— Você é minha, Becca. Diga.

Ela queria. Sua boca se abriu, mas percebeu o que estava prestes a fazer. Ela apertou os lábios firmemente e respirou pelo nariz. Ele fechou os olhos e parecia lutar com o seu temperamento. Finalmente se acalmou, abriu os olhos e agarrou seus quadris para arrastá-la totalmente para fora da cama. Ela acabou colocando uma perna de cada lado de suas coxas onde se sentou no chão. Seu pênis rígido estava preso entre suas barrigas. 

— Coloque seus braços ao redor do meu pescoço e se segure em mim.  

Ela estendeu a mão para fazer o que lhe foi dito e as mãos dele agarraram o traseiro dela, ergueu e se ajustou até que sentiu a cabeça larga de seu pau cutucando sua vagina. Estava tão molhada de seu clímax que deslizou um pouco, teve que ajustá-la e então a satisfez. Becca pressionou sua boca contra seu peito e gemeu quando a abaixou e a torturou lentamente, até que se enterrou profundamente dentro dela.

Seus músculos ainda se contraiam e apertavam o pênis, ainda não recuperados do gozo e quase doía. Ele era tão grosso e grande que não tinha certeza se seu corpo podia lidar com ele transando com ela de novo tão cedo. As unhas se cravaram em sua pele. 

— Calma. — Respondeu asperamente. — Dê-me um minuto para me ajustar.

— Queria que você não fosse tão frágil. — Rosnou. — Quero pegá-la forte, rápido e profundo. — Rosnou novamente. — Quero me enterrar em você tão profundamente que não haveria nada do meu pau que não estivesse dentro de você e te foderia até que não pudéssemos nos mover. Mas isso iria te machucar.

Becca sentiu um segundo de medo. Ele era muito grande, muito forte, para fazer isso e sabia disso. Estar grávida não ajudava. Mexeu os quadris, tentando fugir dele, mas ele gemeu. As mãos apertaram o traseiro dela em vez de liberar e começou lentamente a mexer seus quadris, movendo-se suavemente e o prazer superou o medo. Aquilo era bom, as estocadas dele massageavam todas as maravilhosas terminações nervosas e seus músculos se ajustaram até que pudesse se mover um pouco mais rápido. Becca gemeu. Brawn se conteve e continuou transando com ela.

Brawn lutou pelo controle e ganhou. Becca estava tão apertada ao redor de seu pau que quase machucava, seus músculos o agarraram fortemente e ao ouvi-la  gemer julgou que ela gostava. Suas bolas se apertaram e queria gozar, mas conseguiu se segurar. Ronronou, não conseguiu conter as vibrações que vieram de sua garganta e revirou os quadris sob sua fêmea. Ela gritou, então ele rosnou suavemente e fez novamente. 

Aquele era o local que ela mais gostava. Repetiu, torturando ambos e ela escondeu o rosto contra seu ombro. Calma, ordenou a seu corpo. Seja gentil. 

Ele não iria durar, sabia que ela estava muito quente, muito apertada e se encaixava em seu pau com muita força para segurar o clímax por muito mais tempo. Tentou  pensar em qualquer outra coisa que pudesse acalmá-lo, mas os gemidos, a sensação dela e o cheiro de sua excitação o afogou. 

Largou seu traseiro, deslizou os dedos entre eles e esfregou freneticamente seu clitóris. Seu dedo se moveu em sintonia com seus impulsos para dentro dela. Becca gritou seu nome, gozando novamente e ele jogou a cabeça para trás, rugindo enquanto seus músculos molhavam seu pênis, o sugava e gozou tão forte que viu estrelas. Mal se lembrou de remover a sua mão para envolvê-la em seus braços, enquanto tentava recuperar o fôlego e jatos de seu sêmen marcavam seu interior. 

Abriu os olhos, olhou para baixo e estudou seu bonito rosto descansando contra seu peito. Ela era a visão mais sexy que existia.

— Machuquei você? — Ela balançou a cabeça contra a sua pele. 

— Bom. Você me testa até o meu limite, Becca.

Mordeu o lábio e as lágrimas encheram seus olhos. O chocou quando de repente ela usou seus ombros como apoio e se levantou, saiu de seu domínio e saiu de seu colo. Ela perambulou em direção ao banheiro e ele ficou de pé.

— Becca? Para onde você vai? — Brawn moveu-se atrás dela, pronto para pegá-la, mas ela se estabilizou. Confusão apoderou-se dele. Por que ela ficou em lágrimas e por que rompeu o contato entre seus corpos? — Quero te abraçar.

— Preciso de um banho.

— Vou com você.

— Não. — Sussurrou e se recusou a virar a cabeça para sequer olhar para ele. — Preciso de algum tempo sozinha.

— Becca.— Rosnou, assustado. O que ele fez? Ela gostou do sexo. Ele foi cuidadoso. 

Becca andou para dentro do banheiro e fechou a porta quase na cara dele. Estendeu a mão para a maçaneta, mas o som da tranca sendo usada clicou em seu ouvido. Ficou surpreso. Ela o trancou do lado de fora! A raiva veio em seguida.

— Becca? Abra a porta!

Ela o ignorou e ligou o chuveiro. Por que ela não respondia? Por que queria lavar seu cheiro e sua semente? Respirava rápido, a dor o rasgou e sentiu a rejeição direto em sua alma. Ela foi às pressas tomar banho para remover todos os vestígios de seu sexo compartilhado. 

Seus dedos seguraram o batente da porta e o agarrou. Queria rugir, chutar a maldita porta, mas tinha medo de assustá-la. Ela poderia escorregar na banheira de novo e não estaria lá para pegá-la.

Ela se recusou a vê-lo depois que perdeu a cabeça antes. A última coisa que queria era ela estar aterrorizada com ele. Inspirou e expirou, tentou obter o controle, mas a dor continuou. Só queria que ela fosse sua, queria que se sentisse do mesmo jeito que ele se sentia e queria que o aceitasse. Em vez disso, ela não podia tolerar seu perfume em seu corpo. 

Sua cabeça se abaixou e lágrimas encheram seus olhos. Ele fez a maior confusão, não sabia como resolvê-la e podia sentir sua felicidade escorregar afastando-se cada vez que Becca o afastava. 

Brawn caminhava pelo quarto, mas manteve a sua atenção na porta do banheiro. Deveria quebrar a tranca e ir buscá-la. Parou de andar, rosnou e sabia que tinha de resistir a seus impulsos de ir buscar sua fêmea. O que tinha acontecido? 

Fechou os olhos, lembrou-se olhando para ela depois que fizeram sexo e viu lágrimas em seus olhos. Um pensamento horrível o atingiu e correu para o telefone. Ela parecia com dor. Será que a machucou? Será que foi grosseiro com ela? Ela disse que não, mas talvez mentiu. Droga. 

A ligação foi rápida e colocou seu jeans. Andava até que um som suave chegou a seus ouvidos. Seu corpo ficou rígido, todos os pensamentos fugiram e atacou em direção a porta do banheiro. Seu controle se foi quando ouviu a respiração descompassada e o som suave de choro. Seu ombro bateu na porta, a madeira explodiu para dentro e foi com toda a velocidade para sua fêmea. 

 

Becca tentou lutar contra a vontade de chorar, enquanto estava na banheira com a água morna do chuveiro caindo sobre ela. Brawn deu mancada com suas explicações. Disse a ela como queria ter sexo violento e tinha que se conter. Isso somente colocou tudo em foco e sabia que tinha que terminar com ele.

Doía. Tinha se apaixonado por Brawn muito rápido, sabia o melhor a se fazer, mas seu coração não tinha escutado. Foi honesto desde o início, quando afirmou que nunca iria querer uma humana. Ele gostava de suas fortes, resistentes mulheres Espécies. Poderia transar com elas do jeito que quisesse.

Suas mãos seguraram sua barriga. O bebê era a única razão por Brawn estar tentando tanto fazer isso dar certo com ela, mas havia cometido este erro antes. Casou-se com um homem que amava, que a quis pelas razões erradas. Pensou que tudo com seu marido iria dar certo, que ele a amava, mas não amava.

Sacudiu os ombros mais forte à medida que lutava contra a vontade de chorar. A dor de seu casamento quase a matou de dentro para fora dia após dia, mas continuou esperando que pudesse salvá-lo, que Bradley a amaria se tentasse mais. Era jovem, estúpida e ingênua. Ela não era mais assim. 

Ela talvez amasse Brawn, mas ele só queria o bebê. Tinha certeza que ele iria tentar mais do que Bradley para fazer tudo dar certo entre eles, mas sabia disso melhor do que ninguém. Ela já esteve nessa situação antes e fez isso também. A dor seria muito maior no momento em que terminasse. Uma vida sem Brawn... Teria que enfrentar o dia em que ele estaria na cama de alguma outra pessoa, tocando outra mulher ... Soluços se acumularam em seu corpo. 

Lembranças de algumas das tentativas que fez para salvar seu casamento vieram à tona.  Não importava o que fizesse, sempre se sentia como se decepcionasse Bradley. Para o aniversário do primeiro ano, fez de tudo para animar a sua triste vida sexual. Fez um jantar e velas acesas ao redor seu quarto. O encontrou na porta de salto alto, cinta-liga e de seda preta.

Bradley deu um olhar para ela, franziu a testa e disse que parecia uma prostituta. Estava chateado e tinha passado a noite no sofá. Ele olhou para ela como se fosse uma estranha e percebeu que realmente eram apenas duas pessoas que tinham acabado juntos, mas não deveriam estar. Foi patética e nunca seria aquela mulher novamente. NUNCA! 

Foi um ciclo interminável e vicioso de Becca se sentindo como uma decepção para Bradley, até o dia que ele morreu. Agora havia Brawn. Ela não era o que ele queria ou precisava. Não tinham nada em comum, eram provenientes de dois mundos diferentes e a única coisa que a prendia a Brawn era o bebê crescendo dentro de seu ventre. Não poderia sobreviver a esse tipo de desgosto novamente, estar em um relacionamento condenado ao fracasso desde o início. 

Não conseguia impedir as lágrimas de caírem. Perdeu todo o controle quando os soluços começaram. Apertou sua boca contra o braço para abafar os sons enquanto deixou toda a dor se derramar. 

O som da porta se quebrando foi tão alto que a fez arquejar. Brawn rasgou a cortina do chuveiro abrindo-a. Choque acalmou as lágrimas quando ele caiu de joelhos ao lado da banheira. 

Dois braços fortes a agarraram pelas costas e debaixo dos joelhos, a ergueu e a prendeu com força contra seu peito. 

— Eu sinto muito, linda. — Respondeu asperamente. — Não queria te machucar. Não sinto cheiro de sangue. Diga-me onde dói.

Levou segundos para se recuperar. Brawn segurou-a e a puxou para fora do chuveiro e sentou no chão do banheiro com ela. Aninhou a cabeça, segurou-a ainda mais apertado e balançou-a um pouco em seu colo como se fosse confortá-la. Pensava que estava ferida. Isso ela entendeu. 

— Eu... Eu não estou ferida. Coloque-me no chão. — Fungou, libertou um braço do aperto dos braços de Brawn para limpar as lágrimas e desejava uma toalha. Levantou a cabeça e viu o medo em seu olhar. Preocupação. Estava certo de que lhe causou danos físicos. — Brawn, não estou machucada dessa forma. Estou muito bem. Estou te encharcado. Solte-me.

— Não. — Conseguiu se endireitar com ela em seus braços, algo que só alguém muito forte poderia fazer, e a levou para fora do banheiro. — Sinto muito, Becca. Tentei ser gentil. — Pensou que a machucou sexualmente e parecia culpado e chateado com isso. 

— Você não me machucou. Estou bem.

— Becca. — Respondeu asperamente — Você está chorando. Eu te machuquei.

Deitou-a delicadamente na cama, pegou o cobertor um pouco para cobri-la e se deitou ao lado dela. Seus braços a envolveram para gentilmente ficar a seu lado e a aninhou firmemente ao redor dela como se seu corpo pudesse protegê-la. 

Isso foi doce, isso a fez amá-lo mais e desistiu de tentar permanecer no controle. Por que não podia amá-la? As coisas seriam tão perfeita se pudesse. Lágrimas quentes se derramaram e escondeu o rosto na roupa de cama, chorando de novo. Malditos hormônios! 

— Estou aqui, linda. Estou com você. — Cantarolou. — Vai ficar tudo bem.  

 

— Desculpe, linda. Prefiro me machucar do que machucar você.

Becca podia ouvir o sofrimento honesto na voz de Brawn. Isso a forçou a controlar suas emoções.

 — Não é você. Juro que não me machucou durante o sexo. É... Apenas eu. Sou uma bagunça por dentro. Por favor, Brawn. Você não me machucou.

— Então por que você está chorando? Olhe-me nos olhos enquanto conversamos. — Ela fungou.

 — Não temos nada em comum. Não sou o que você quer. Você... — Fungou de novo. — Você e eu não podemos dar certo. Precisamos parar de nos ver. Só vai ser mais difícil quando o bebê nascer, se não acabar com isso agora. — Seu corpo ficou tenso por trás dela. 

— Não vou terminar com você, Becca.  Nunca.  Você é minha.

Becca começou a chorar novamente. Ouviu uma porta bater e pensou que era de outra suíte. Brawn segurou-a firmemente e seu corpo formou um casulo ao redor dela por trás.

— Estou aqui. — Trisha estava ofegante. — Qual é a emergência? — Becca ficou tensa e levantou a cabeça para olhar para Trisha. A médica usava uma roupa de ginástica rosa e carregava uma sacola. Seus olhos se encontraram e Trisha se moveu para a cama. — Brawn disse que talvez tivesse te ferido durante o sexo, Becca. Onde você está machucada? Há algum sangramento? Cólicas?

— Ela disse que não a machuquei durante o sexo. — Brawn suspirou. — Não sei por que ela chora, mas vejo a dor em seus olhos, Trisha. Como posso ajudá-la?

Trisha deixou cair a maleta e se sentou na beirada da cama. Encontrou os olhos de Becca cheios de lágrimas. 

— O que aconteceu, Becca? Fale comigo. Você deixou Brawn realmente preocupado. Confie em mim. Para um macho Espécie me ligar pedindo ajuda desta forma, é por que está realmente preocupado. Ele acidentalmente te machucou durante o sexo? Fale comigo.

Becca mordeu o lábio. 

— Já fui casada. — Trisha piscou.

— Lembro-me. Fiquei surpresa quando descobri porque seu sobrenome é o mesmo do seu pai.

— Peguei meu nome de solteira de volta depois que meu marido morreu. 

— Você se sente culpada por ter um bebê quando ele está morto? — As feições de Trisha se suavizaram. — Isso é normal, mas você sabe que não deve.

Becca enxugou as lágrimas. 

— Meu casamento era infeliz. — Trisha lanço-lhe um olhar compassivo. 

— Você está com medo de cometer os mesmos erros. Isso é compreensível. — Becca balançou a cabeça. 

— Bradley era um corretor de investimentos. Queria uma mulher que viesse com dinheiro e meu avô era rico. Pensou que teria uma chance com meu avô e começaria a trabalhar lidando com o dinheiro dele se casasse comigo. Pensei que me amava, mas não era eu que ele queria.

— Merda. — Trisha entregou-lhe um lenço de papel que puxou da bolsa. — Eu sinto muito.

— O que é um corretor de investimento? Por que ele queria uma chance com o seu avô? Onde? — Brawn apoiou a cabeça em seu braço. Trisha respondeu. 

— Ele pensou que se casar com Becca o deixaria rico através de sua família. Essa é a linha de pensamento, não é? — Trisha olhou para ela. 

Becca assuou o nariz. 

— Ele não sabia que meu avô planejou deixar tudo para a caridade, que não seria rica quando ele morresse e só deixou parte de sua propriedade. Bradley ficou furioso quando descobriu que não estava autorizada a vender a minha casa. Meu avô tem uma cláusula que meu pai tem que concordar em vender também desde que possua a outra metade e meu pai nunca vai fazer isso. Nunca. Em outras palavras, ele não poderia tocar na casa.

— Bom para o seu avô. — Trisha murmurou. 

— Para piorar as coisas, o envergonhava com seus amigos, porque não entendia muito sobre seu trabalho ou o que ele fazia. Não tínhamos nada em comum. Tentei ser o que pensei que ele queria, mas nunca conseguia deixá-lo feliz. Nós dois estávamos extremamente infelizes. A única razão pela qual não nos divorciamos era porque não queria admitir a todos que cometeu um erro. Teria o envergonhado mais do que a mim e seria ruim para os negócios. As pessoas confiavam seu dinheiro nele, mas gostava de homens de família para fazer isso. Não somente homens divorciados que bebem, festejam e poderiam ser do tipo playboy. Não me divorciei porque meu pai me disse que estava cometendo o maior erro da minha vida em me casar. Sou teimosa e fiquei pensando que se eu tentasse mais poderia dar a volta por cima e salvar nosso casamento.

O quarto ficou em silêncio. Becca estava feliz por não conseguir ver Brawn, com ele atrás dela. Não achou que podia continuar falando se tivesse que olhá-lo nos olhos. Era importante fazê-lo entender por que estava chorando e porque nunca poderiam dar certo. 

— Meu marido tinha um defeito cardíaco raro que não sabia. Só descobriram durante a sua autópsia. Ele não estava comigo quando morreu. Menti e disse que estava afastada para uma viagem de negócios, mas não era a verdade. Nossa vida sexual era quase inexistente. Raramente me tocava. Pensei... — Fungou. — Pensei que tinha algo errado comigo. Tentei tanto descobrir o que eu estava fazendo de errado e ser o que ele queria sexualmente, mas ele só ficava com raiva quando eu tentava. Gritava comigo e ia dormir no sofá.

Brawn rosnou baixinho e apertou seu braço ao redor dela. Becca não se virou para olhar para ele, em vez disso manteve seu olhar travado em Trisha. 

— A polícia foi ao condomínio e me informou que Bradley morreu no apartamento de outra mulher. Estavam tendo um caso há meses e a manteve a poucos quarteirões de distância, alugou o lugar como sendo seu ninho de amor. Ele era afim de umas coisas, gostava de usar couro e gostava que sua amante o chicoteasse. Ele gostava de dor. Quando peguei seus itens pessoais no médico legista era o que tinha no saco. Estava vestindo uma roupa de couro quando sofreu a ruptura em seu coração. Ela estava batendo nele quando morreu. Consultei um psiquiatra depois. Estava muito confusa e emocionalmente bagunçada. Ela me disse que alguns homens precisam ser dominados do jeito que Bradley obviamente gostava, alguns homens gostam desse tipo de dor para gozar e ele sabia que eu nunca faria isso. É por isso que raramente me tocava. É por isso que... — Becca enxugou os olhos. — Não importava o que eu fizesse, nunca poderia deixá-lo feliz.

— Sinto muito. — Trisha disse suavemente. — A psiquiatra estava certa. Já ouvi isso antes. Alguns homens se casam com um tipo de mulher, mas tem um lado sombrio que escondem. É o engano e as mentiras que viram a sua chave. — Becca encolheu os ombros. 

— Isso não importa mais. Só não quero cometer o mesmo erro duas vezes e acabar sendo infeliz novamente. Simplesmente não conseguiria suportar. — Trisha franziu o cenho.

 — Não tenho certeza se entendi. — Becca limpou a garganta. 

— Posso falar com Trisha sozinha, Brawn?

— Não. — Seu controle sobre ela apertou. — Diga-me porque você está chorando e porque você está chorando por causa do seu marido morto. Você ainda o ama?

— Deus não! — Becca imediatamente lamentou sua explosão. Moveu seu olhar sobre Trisha. 

— Basta falar comigo e tente esquecer que ele está aqui. Ele está preocupado e precisa saber por que você está tão chateada. — A voz de Trisha se suavizou quando olhou para Brawn. — Você fique quieto e deixe ela falar.

Becca respirou. 

— A primeira vez que vi Brawn eu pensei ...— Fungou. — Pensei que ele tinha os olhos mais bonitos que eu já vi. Era tão gostoso. Fiquei atraída por ele instantaneamente. Eu... — De repente, riu. — Pensei que ele daria um ótimo stripper com esse corpo e desejei que pudesse vê-lo sem roupas. — Trisha sorriu. 

— Eles gostam de dançar. Você devia pedir a Brawn para levá-la ao bar do hotel.

— Então me disse por que nunca iria tocar alguém como eu. — Brawn ficou tenso. 

— Becca.

Trisha lançou um olhar para Brawn. 

― Cale-se. Nenhuma palavra. Deixe-a falar. Se você não vai sair, fique quieto e pare de interromper.

Rosnou baixinho, mas não falou. Brawn se mexeu na cama, ficando mais confortável. Becca percebeu que não iria sair.

— Continue. Fale comigo. — Insistiu Trisha. — Quero ouvir isso. Por que ele não queria estar com você?

— Ele acha que somos muito frágeis. Ele gosta de não se conter, de ter sexo mais selvagem do que o nosso corpo pode suportar.

Trisha não parecia surpresa. 

— Poderiam facilmente nos ferir. Às vezes usam seus dentes e são muito agressivos. É um medo válido, eles têm medo de ... nos quebrar de alguma forma, de nos rasgar por dentro. Quebrar um osso por acidente. Alguns deles gostam de lutar um pouco com uma mulher antes do sexo. Se meu marido lutasse comigo da forma como alguns deles fazem, provavelmente estaria numa cadeira de rodas. — Trisha sorriu para suavizar suas palavras. — Mas Slade não me machucaria. Se você tem medo que Brawn vai machucá-la, posso entender isso, mas vocês aprenderiam a equilibrar isso para que ninguém se machuque.

— Não tenho medo dele me machucar. — Becca balançou a cabeça. — É Bradley de novo. Você não vê isso? Brawn precisa de coisas que não posso nunca dar a ele. Ele não pode ser tão violento como ele quer e sempre vai ter que se preocupar em não me machucar. Sempre terá que ficar no controle enquanto ele não quer. Ele precisa de coisas que, sexualmente, nunca vai ser capaz de obter de mim.

Brawn suavemente xingou. 

— Becca, está tudo bem. Não preciso disso. Não quero ser violento com você. Me preocupo em machucá-la porque preferiria me machucar primeiro.

— A questão é. — Becca continuou — Não sou o que você realmente quer. Não posso dar-lhe as coisas que você precisa. Não posso me apaixonar por você, quando já passei por isso e sei como termina. — Becca virou a cabeça para olhar fixamente nos olhos de Brawn. 

— Eu...

Becca o cortou. 

— Você vai se ressentir. Isso ficou bastante claro, que você nunca entraria em contato comigo, Brawn. Entendi. Você fez sexo comigo porque estávamos presos e só tínhamos um ao outro para nos apoiar. Você foi honesto da primeira vez que nos encontramos sobre seus sentimentos sobre as mulheres humanas. Nós não temos nada em comum, viemos de dois mundos diferentes e você só está aqui por causa do bebê. Se eu não tivesse engravidado nunca teria visto você novamente. Não vou fazer isso, Brawn. Não vou tentar um relacionamento que está condenado ao fracasso. Você vai me excluir e me trair. Vou ficar dependente de você, te amar e você vai partir meu coração. Você precisa sair. É por isso que estou chorando. É assim que você está me machucando. Não posso sobreviver a isso novamente.

Brawn enxugou as lágrimas frescas de Becca com o polegar. 

— Becca ...

— Não. — Fungou. — Nem mesmo negue. Você não pode. Você nunca ligou e nunca veio me ver para pegar suas coisas. Não há como se safar disso. Esperei seis semanas, esperando que você ligasse e dissesse que o que aconteceu entre nós significou algo para você. Tenho a minha resposta e não há nada que possa dizer ou fazer que vai me dizer o contrário. Você será um mentiroso se tentar. Agora me deixe ir. Estou com fome. — Tentou se mexer para longe dele. — Não me toque novamente, Brawn. Vamos nos tornar amigos por causa do bebê, mas não venha com essa merda de me reivindicar, porque me recuso a deixar você arrancar meu coração. Agora se mova.

— Não. Eu quis você. Fui proibido de entrar em contato com você. Preocupava-me que se você estivesse comigo isso te causaria dor. Você passou por um trauma e humanas envolvidas com Espécies só parecem entrar em perigo. Pensei em você o tempo todo.

— Deixe-a ir. — Trisha ordenou. — Nós precisamos conversar, Brawn. Ela precisa se acalmar um pouco antes de dizer-lhe algo. Confie em mim.

Brawn moveu-se, libertando Becca. Era óbvio pela sua expressão que ele não queria. Becca saiu da cama, envolveu um cobertor ao redor de seu corpo, e caminhou até a cômoda para pegar uma camisola. Não olhou para trás quando deixou o quarto. 

Usou o quarto de hospedes para vestir a camisola, dobrou o cobertor, e entrou na sala de estar e pediu um jantar para ser levado até ela. Sabia que iriam se apressar. Moveu-se para o sofá e desabou. Trisha e Brawn continuaram no quarto. 

— Como posso fazê-la parar de chorar? — Brawn estava frustrado. — Nunca quis machucá-la. Eu a queria, mas todos me garantiram que seria errado. Fui proibido de entrar em contato com ela. Esperava que ela entrasse em contato comigo, mas não entrou. Como faço para corrigir isso?

Trisha olhou para o alto Espécie que saiu da cama e caminhava. 

— Você feriu seus sentimentos, Brawn. Quando o conheceu, ela estava interessada em você e você deixou bem claro que nunca iria querer uma humana. Vocês foram sequestrados, ficaram muito próximo durante essa experiência e ela tinha esperanças de que você mudasse de ideia sobre a querer. Quando você não ligou ou foi vê-la novamente, obviamente ficou triste por isso, porque sentia algo por você. Sei que você foi obrigado a ficar longe e por quê. Ela ainda assim se machucou e essa é a questão. Está certa de que você não sente nada por ela até que descobriu sobre o bebê.

— Senti coisas. — Ele estava triste. — Queria ligar, queria ir com ela, mas não queria causar-lhe dor. Todo mundo disse que eu faria exatamente isso. Estava pensando em seus sentimentos. Ela viu coisas horríveis quando fomos levados e sentiu um pouco o gosto do que tínhamos de lidar em nosso passado. Vi o horror em seus olhos, às vezes medo. Pensei que ela poderia reviver aquilo se me visse. Deixei-a entrar em contato comigo. Esperei cada dia por ela, mas ela nunca ligou. Por que ela não veio a mim se tinha sentimentos? Por quê? — Ele parou de andar e olhou para Trisha. — Estou feliz por esse bebê. Cuido dela. Ele faz com que ela seja minha e isso é o que eu queria. Por que ela não pode ver isso? — Trisha mordeu o lábio.

 — Nós não somos Espécies, Brawn. Em nosso mundo, os homens geralmente vêm atrás das mulheres.

— Eu li livros sobre mulheres modernas quererem ser agressivas nos relacionamentos.

A médica sorriu. 

— Sim, bem, a maioria desses artigos não fala por todas as mulheres. Gosto que um homem me chame para sair, abra a porta e esteja no comando. Sou companheira de um macho Espécie, lembra-se? Slade às vezes é meio bárbaro e amo isso nele. Não ir atrás dela a insultou, pois ela acha que levou os sentimentos dela em consideração, mas as mulheres querem um homem que as bajulem. Ela esperou por você para invadir seu castelo.

— Que castelo? — Ela sorriu. 

— É um ditado. Ela queria que você fosse atrás dela e lhe dizer que tinha mudado de ideia sobre os humanos. — Esclareceu. — Você não foi até ela e agora ela acredita que você só quer o bebê. Ela carrega seu filho e se sente como se você estivesse apenas tentando ficar com ela pelo bem da criança. Nenhuma mulher quer ficar com um homem que só a quer porque ficou grávida.

Brawn franziu o cenho.

 — Becca me fez mudar de ideia sobre os humanos e eu a quero. A criança é um bônus, mas a quero mesmo se não houvesse uma.

— Você precisa falar com ela, Brawn. Ela pensa que você vai se sentir preso a ela por causa do bebê. Acha que nunca vai poder agradá-lo sexualmente e que você vai procurar outras mulheres para preencher essa necessidade. Ela tem medo que por causa de suas diferenças você nunca poderá amá-la e ser feliz com ela. Seu marido nunca a amou ou a fez feliz. Ela foi muito machucada por dentro.

— Eu não sou ele. — Brawn rosnou. — Nunca iria odiá-la e nunca iria procurar outra mulher. Ela me agrada.

— O marido dela se casou com ela pelas razões erradas, Brawn. Você está tentando reivindicá-la pelos motivos errados. Ela não deve ser sua companheira porque está grávida de seu filho. Ela deve ser sua companheira, porque você a ama e quer passar o resto de suas vidas juntos. O bebê deve ser apenas o resultado do amor.

— Vou falar com ela.

Trisha assentiu.

 — Continue falando com ela, porque ela foi machucada por outro homem. Você vai ter que encontrar paciência e manter seu temperamento controlado.

— Não tenho paciência.

Trisha se levantou e ergueu a maleta do chão. 

— É um bom momento para aprender.

Brawn viu Trisha deixar o quarto e esperou até que ouviu a porta do quarto do hotel fechar. Respirou fundo algumas vezes e tentou colocar seus pensamentos em ordem antes de sair para a sala. Becca estava sentada no sofá. Seus olhares se encontraram. 

Brawn lentamente foi em direção ao sofá, caiu de joelhos no chão diante dela e procurou seus olhos. Não chorava mais, mas o olhar de tristeza que encontrou lá quase rasgou o seu coração no peito. 

— Entendo porque você chora, Becca.

— Você não me machucou na cama. Não queria que pensasse que tinha me machucado. Desculpe-me, descarreguei meu passado em você, mas parece não entender por que não podemos ficar juntos.

— Quando eu te conheci, fiquei muito atraído por você.

Esta declaração a surpreendeu e seus olhos se arregalaram.

 — Admiti isso quando você inclinou o traseiro para mim no quarto enquanto removia os lençóis da cama. Você quer sabe o que queria fazer? — Não esperou a resposta dela. — Quis cair de joelhos atrás de você e te tocar, Becca. Queria sentir seu cheiro, o seu gosto e enterrar meu pau dentro de você. Queria ouvir você fazer ruídos de prazer até gritar meu nome.

— Mas eu sou humana.

— Nunca quis uma humana antes, mas queria você, Becca. Isso me chocou e me deixou com raiva.

Ela mordeu o lábio. 

— Por quê?

— Nunca entendi por que alguns da minha espécie sentiam-se atraídos pela sua espécie e tomavam humanas como companheiras. Tudo o que eu conhecia eram as nossas fêmeas, Becca. Não foi um pouco assustador para você se sentir atraída por mim?

— Fiquei um pouco surpresa, mas você é muito bonito. Não me importava que fossemos diferentes.

— Quando fomos sequestrados você sentiu o gosto do que fui submetido no passado. Preso, forçado a passar por testes e estar sob o controle dos outros e o medo constante de nossa utilidade acabar. Nos matavam, às vezes. Você foi forçada a me tocar para obter aquelas amostras de sêmen. Me senti culpado por apreciar aquilo, mas apreciei. Minha mente se tornou tão retorcida quanto a dos meus captores a esse respeito. Pensei que você estaria melhor sem mim, ainda assim queria você, Becca. Senti sua falta quando fomos libertados e queria você de volta em minha vida. Temia que você pudesse me odiar pelo que sofreu.

Becca olhou nos olhos dele e esperava que a sinceridade que viu fosse real e não apenas um desejo da parte dela. 

— Nunca poderia te odiar pelo o que aconteceu com a gente. Você me protegeu, me confortou, mas tem que admitir que não teria chegado a esta situação se tivesse sido dada uma escolha. — Olhou para sua barriga arredondada antes de prender o seu olhar no dele. — Era sexo de conforto.

— Amei te tocar. Por isso me senti culpado. Você é tão macia e tão bonita, Becca. Queria você da pior maneira e estava feliz por estar preso dentro de uma jaula com você. Quase agradeci poder tocá-la. Nunca pensei que estar com uma fêmea humana seria bom e não foi,  Becca, foi muito melhor do que bom, é um insulto usar uma palavra tão fraca. Você parecia certa para mim, linda. O seu toque e o seu cheiro. Seu corpo ao redor do meu. Você era perfeita para mim. Entende? O olhar em seus olhos, o sabor da sua boca e a sensação de você dentro de onde eu não queria sair tem me deixado louco diariamente desde que fomos libertados.

— Isso não é verdade. Você teria me ligado, se quisesse me ver novamente. Você não ligou.

— Recebi ordens para não ligar e tive que concordar que só poderia causar-lhe dor. Acreditei que você viria atrás de mim, se quisesse me ver. Penso como um  Espécie, porque sou um. Nossas mulheres são muito francas, agressivas e nos dizem o que querem. Cometi um erro e deveria ter ido atrás de você.

Ficou sem palavras, queria acreditar nele e, finalmente, encontrou sua voz. 

— Se não fosse por esse bebê nunca teríamos nos visto outra vez. Você teria seguido com a sua vida e esquecido tudo sobre mim. Um bebê não é um motivo para iniciar um relacionamento, Brawn. Não vou ficar com você apenas porque engravidei.

— Fiquei feliz quando soube da criança.— Respirou fundo e se acalmou. — Isso me faz ser um idiota, não é? Estou contente que a minha semente te pegou por dentro. Quando me disseram que os médicos tinham certeza que não conseguiria engravidar com os medicamentos, queria rugir de raiva porque se minha semente te pegou sabia que poderia ter você de novo e de novo, porque teria o direito sobre você. — Seus olhos se estreitaram e seu nariz queimou. — Sou um bastardo e um idiota, mas maldição, Becca nunca pense que vou te odiar ou me sentir preso a você por causa do bebê. Você devia se sentir presa porque não estou deixando você ir. Você podia estar cheia de horror por ter o meu bebê, mas estou muito satisfeito por ele. Trisha me disse que preciso ter paciência, mas o que eu preciso é que você perceba que é minha companheira e que pertence a mim. Você precisa parar de lutar, porque isso me deixa louco.

— Não sou o tipo de companheira que vai fazer você feliz.

Ele rosnou para ela. 

— Por que você acha isso?

— Sempre estou te irritando. Você está rosnando para mim novamente e mostrando os dentes, em primeiro lugar. Em segundo lugar, no quarto, enquanto estávamos fazendo sexo, você teve de se segurar e, obviamente, não queria.  Admita, Brawn. Você não teria amado não ter que ter cuidado? Não teria sido melhor para você se pudesse ter feito todas as coisas que sabia que iria me machucar? — Seus olhos se encontraram com os dela. 

— Você não era virgem. Você esteve com outro homem, Becca. Você era casada. Seu marido lhe tocou. O meu toque em você é o mesmo dele?

— Não. — Balançou a cabeça, seus olhos se encontraram com os dele. — Não há comparação. É completamente diferente.

Ele assentiu.

 — Então você deve compreender que o que eu sinto por você não tem comparação com o que eu conhecia antes. É mais com você. Mais forte. O melhor, Becca. Nunca senti o que sinto com você. Você mexe tanto comigo e está muito errada se acha que não me satisfaz quando estamos nos tocando. Você me satisfaz mais do que já me satisfiz. — Agarrou o rosto dela, segurando seu olhar no dela. — Você me faz rugir, linda. Não faço isso com qualquer mulher, exceto você. Todo o controle que eu tenho que encontrar para não te ferir realmente deixa o nosso sexo ser muito melhor no final, quando libero o controle antes de gozar em você.

— Quero acreditar em você.

— Eu não iria mentir. Depois que fomos encontrados e libertados da gaiola, queria bater naquele Trey por abraçar você. Não gosto de nenhum homem te tocando. Queria buscá-la, tirá-la dali e levá-la para casa comigo para que pudesse ficar com você. Sabia que não podia. Você não gosta de homens mandões. Ouvi isso enquanto conversava com Trey em sua cozinha. Sou dominador, Becca.

De repente, ela riu. 

— Sério? Estou chocada!

Ele sorriu. 

— Sarcasmo. Eu sei o que é isso. — A campainha tocou e Brawn se moveu. — Vou pegar sua comida.

Ele abriu a porta e Breeze ficou ali com o carrinho. Olhou para ele com uma expressão sombria. — Brawn. Estava de plantão na cozinha. Aqui está sua comida.

Becca queria correr. Esta era a mulher com quem ele tinha um encontro no dia em que Becca chegou a Reserva. Brawn pegou o carrinho e puxou-o para o quarto. A mulher olhou para Becca da porta, respirou fundo e entrou na sala. Fechou a porta atrás de si.  Um rosnado saiu dos lábios de Brawn. A mulher se apoiou contra a porta e os olhos dela voaram para Becca. 

— Queria falar com você. Poderia dizer a Brawn permitir antes que ele arranque minha garganta por me atrever a falar com você? É importante.

Brawn deu um passo ameaçador em direção à mulher, mas Becca reagiu.  

— Brawn! Pare. — Ele congelou e virou a cabeça para Becca, um olhar furioso em seu rosto. 

— Disse a ela para não vir aqui ou nunca falar com você. Você ficou chateada comigo por que tinha um encontro com ela quando chegou. Eu era inocente, mas você acreditou que eu planejei fazer sexo com ela. Não fiz.

Becca estudou Breeze. 

— Oi, Breeze. O que você quer me dizer? — Breeze parecia sombria. 

— Você se lembra do meu nome.

— Esse dia inteiro meio que ficou preso em minha mente.

— Não sabia que você estava carregando o filho de Brawn, ou saberia que não tínhamos mais um encontro. Sinto muito pelo que disse. Tiger estava tocando você e nenhum deles permitiria que outro macho tocasse sua companheira, então confundi Tiger como o pai do bebê. Brawn não saiu comigo ou com qualquer outra fêmea desde que voltou do cativeiro. Queria dizer-lhe isso.

Alívio percorreu Becca. Brawn tinha cancelado seu encontro com Breeze e não tinha nenhuma razão para mentir. Estava disposta a confiar na outra mulher.  

— Obrigada por me dizer isso. Agradeço. De verdade.

Breeze balançou a cabeça. 

— Ele te explicou sobre as relações entre os nossos homens e mulheres?

— Um pouco.

Breeze olhou com cautela para Brawn antes de se aproximar de Becca. — Posso falar com você enquanto você come? Prometo não incomodá-la ou dizer coisas que te magoarão. Acho que vai fazer você se sentir muito melhor e feliz.

Becca hesitou, mas acenou com a cabeça. 

— Quer se sentar?

Brawn rosnou. 

— Não acho que isso seja uma boa ideia. Não quero que você chore novamente. Estávamos rindo quando ela chegou.

— Tenho amigos humanos. — Afirmou Breeze. — Eu disse algo doloroso para ela sobre o nosso encontro. Vou fazê-la se sentir melhor, juro, Brawn. Gostaria de ser sua amiga.

Ele franziu o cenho. 

— Pegue uma cadeira. —Becca pediu suavemente. 

Brawn não parecia feliz, mas levou para Becca sua comida e um copo grande de leite. Colocou na frente dela. Se virou para o carrinho e depois colocou talheres para ela. — Coma, por favor. — Sentou-se ao lado dela. 

Breeze sentou-se em uma cadeira. 

— Mulheres Espécies não querem relacionamentos da maneira como as fêmeas humanas querem. — Explicou Breeze. — Você sabe alguma coisa sobre nossas vidas antes de sermos libertados?

— Um pouco. — Becca começou a cortar seu bife. 

— Nós éramos passadas ​​entre os nossos machos destinados à testes de procriação frequentemente. Todas as nossas vidas no disseram o que fazer e com quem fazer. Uma vez que fomos libertadas nos tornamos muito resistentes a receber ordens. Não queremos um macho para nos dizer o que fazer. Temos homens dominantes. É como eles são. Dominam tão facilmente como comem e respiram. Por esta razão, só concordamos em ter contato sexual temporário com nossos homens se quisermos liberação sexual. Não namoramos o mesmo macho mais de uma vez por muito tempo. Não queremos que suspeitem que podemos querer mais deles do que sexo. Estou explicando isso bem? — Becca estava um pouco chocada, mas entendeu. Assentiu. 

— Brawn e eu não temos sentimentos amorosos um pelo outro. Não há nenhuma necessidade de você sentir ciúmes, tristeza, ou ameaçada por mim, porque tínhamos marcado um encontro. Viemos da mesma instalação de teste. Nos colocaram para procriar muitas vezes ao longo dos anos. Ainda assim não temos sentimentos de amor um pelo outro do jeito que humanos sentem nos relacionamentos. Eu o respeito, somos amigos e me importo com o que acontece com ele. Só isso. Ele estava deprimido depois de ter voltado para nós e eu o forcei a concordar em passar um tempo comigo, pensando que iria animá-lo porque, como meu amigo, me preocupava com ele. Uma vez que nossos homens decidem se acasalar com uma fêmea é diferente de apenas fazer sexo. O acasalamento é um compromisso de ficar com uma fêmea e as emoções estão envolvidas. Ele não vai tocar em ninguém nunca mais , somente em você. São muito leais a sua companheira. Ele te explicou alguma dessas coisas para você?

— Não.

— Pensei que não. — Breeze deu-lhe um sorriso. — Ele me contou sobre você. Ele te falou isso? Depois que foi capturado e devolvido, ele rosnava para todo mundo. Sentia sua falta. Pensava em você o tempo todo. Você deixou-o em um estado muito desagradável. Muitos temiam que ele fosse machucá-los e Brawn é normalmente muito feliz e jovial. Não estava quando voltou, porque ele queria você. Ele te disse isso?

Becca se esqueceu de comer. Sua atenção focou em Brawn. O viu em silêncio e ele encolheu os ombros. 

— Eu te disse que eu não queria deixá-la ir e que quis ir te buscar. Pensei que iria machucá-la mais se você me visse.

— Isso é verdade. — Afirmou Breeze suavemente. — Ele até me disse que queria ir para sua casa, jogá-la por cima do ombro e levá-la embora. Queria trancá-la lá dentro com ele até que sua semente se plantasse dentro de você. — A Espécie olhou para sua barriga. — Seu desejo se realizou.

Becca sabia que sua boca estava aberta. Seu olhar voltou-se para Brawn, percebendo que ele olhava para Breeze. 

— Pensei que você disse que iria fazê-la feliz e não perturbá-la. — Resmungou em voz baixa. — Agora você está fazendo ela ter medo de mim.

Breeze balançou a cabeça.

 — Não. Ela vai saber que você tem sentimentos por ela.  Você sentiu o suficiente para querer fazer tudo isso para mantê-la com você e tê-la de volta em seus braços. Você queria colocar o seu bebê dentro da barriga dela então seria forçada a ser sua companheira, só assim você poderia ficar com ela. Não acho que isso vai assustá-la, uma vez que isso aconteceu. Ela vai saber agora que você queria um filho com ela antes dela realmente saber que tinha acontecido. — Breeze sorriu para Becca. — Ele disse que gostaria de continuar colocando bebês em sua barriga varias vezes de modo que nunca pudesse deixá-lo, porque ele teme divórcios humanos e não podia suportar te perder.

Becca olhou para Brawn, atordoada. Esperança a agarrou forte quando Breeze começou a declarar os fatos reais. Isso mudou tudo, significou que ele realmente a queria antes de haver um bebê.

Sua testa se enrugou. 

— Não tenha medo de mim.

— Concluímos que depois de oito ou nove bebezinhos Brawn, você estaria cansada demais para sequer pensar em querer sair. Esse é um bom número de crianças para deixá-la exausta demais para nunca deixá-lo? — Breeze sorriu para ela. 

Becca, de repente riu com seu olhar fixo em Brawn. O olhar confuso em seu rosto a fez rir mais. Agarrou seu estômago e gostou do humor. 

— Becca? — Brawn estava preocupado que até tocou seu braço. Se controlou e enxugou os olhos.

 — Você queria que eu tivesse o seu próprio pequeno exército de mini Brawns para me manter com você, hein?

— Foi apenas um pensamento. — Um rubor escureceu seu rosto. Becca sorriu e virou-se para Breeze. 

— Muito obrigada por falar comigo, Breeze. Você realmente deixou as coisas muito mais claras e agradeço por isso. — Breeze sorriu enquanto se levantava. 

— Que bom. Vou deixá-los sozinhos agora para conversarem.

Becca viu Breeze deixar a suíte e Brawn suspirou a seu lado. Becca se virou para ele, vendo um olhar desconfiado, olhou para ele. 

— Você tem medo de mim agora?

Becca não hesitou em subir em seu colo, levantando-se e jogando a perna por cima dele para pousar seu traseiro sobre suas coxas. E viu seu choque quando montou nele e colocou os braços em volta do pescoço. Sua expressão era adoravelmente perplexa. 

— Não. Não tenho medo de você. Acho que você realmente me quer e não é só por causa do bebê. — Riu. — E por mais estranho que pareça, acho o seu plano sobre os oito ou nove filhos realmente muito romântico e doce.

— Nunca vou entender as fêmeas humanas, mas certamente vou tentar por você, linda.

— Você realmente queria me buscar e me levar pra casa com você, hein? — Suas mãos seguraram seus quadris e esfregou com os dedos levemente. 

— Disseram-me que eu não podia fazer isso e que iria fazer você me odiar mais.—   Becca se inclinou para frente. 

— Abra sua boca.

Ele o fez sem hesitação. Becca se agarrou a ele quando suas bocas se moldaram e as suas línguas se encontraram. Dentro de minutos Brawn carregou Becca para o quarto. A despiu e a colocou gentilmente na cama. 

— Adoro ver você se despir. — Sorriu enquanto se despia no final da cama. 

— Amo te ver não usar nenhuma roupa. — Becca tocou seu estômago.

 — Eu tenho estrias. — Seu olhar foi para elas

— Acho que elas são lindas e são causadas ​​por meu filho dentro de você. — Tirou a calça jeans por último. — Agora vou viver aqui e não te deixarei. — Olhou em seus olhos. — Preciso estar com você, Becca. Quero estar onde quer que esteja e nunca mais quero sair. Vamos ficar juntos.

— Não vou pedir-lhe para sair. — Ele sorriu. 

— Você quer ser minha companheira?

— Isso é para sempre, não é? Como um casamento?

— Não. Não como seu casamento. Não existe ir embora e divórcio. Você vai me pertencer e eu pertencer a você para sempre. Não vou deixar você ir e vou fazer de tudo para ter certeza que você nunca irá me deixar.

Becca olhou em seus olhos incríveis. 

— Serei sua companheira.

— Ele sorriu.

 — Abra suas coxas para mim, Becca.

Ela abriu as pernas, sorrindo para ele. Brawn subiu na cama e um ronronar saiu de sua garganta. Grandes mãos acariciavam sua pele enquanto se abaixou até o corpo dela, colocando beijos de leve em sua barriga, coxas e se aproximando de sua vagina. Becca fechou os olhos.

 — Deus, que sensação incrível.

Ele riu. 

— Amo o seu gosto e os sons que você faz. Eu amo você, Becca.

Levantou a cabeça e olhou para ele, seu coração disparou por uma razão completamente nova. — Você me ama?

Ele manteve contato visual com ela quando traçou seu clitóris com a língua.  — Mmm. Sim, linda. Amo tudo em você.

Acreditou nele.

 — Também te amo.

Ele gemeu, quase a atacou com a boca quente e impiedosamente manipulando sua vagina. Seu dedo escorregou para dentro, descobriu o ponto que a deixava selvagem e a levou ao clímax rápido. Ela ofegou e abriu os olhos enquanto Brawn se arrastava para baixo da cama. Colocou as coxas em volta de seu quadril enquanto lentamente esticava as paredes vaginais quando seu membro grosso a preencheu. 

— Você é minha companheira, Becca. — Brawn falou se aproximando. — Sou seu. Diga, linda.

Quando olhou para a paixão nos olhos de gato incríveis, sentiu a verdadeira felicidade, pela primeira vez. 

— Sou sua companheira. — Confirmou. — Você é meu.

Inclinou-se sobre ela, hesitou com os seus lábios a menos de um centímetro de distância dela e suavemente rosnou. — Eu te amo. Nunca duvide disso. Você é tudo para mim. Quero e preciso de você.

Entrou nela enquanto seus lábios esmagavam sua boca, beijando-a e usando sua língua para imitar o que seu pênis estava fazendo. Sensações inundaram Becca, êxtase maravilhoso e selvagem. Este foi mais do que sexo quente, seu companheiro fazia amor com ela e estava sendo reivindicada com cada impulso poderoso de seus quadris e sua língua. Seu corpo ficou tenso e afastou a boca da dele para gritar seu nome quando gozou fortemente. 

Brawn a seguiu, rugindo o nome dela. Eles se abraçaram fortemente, pegando as suas respirações e Becca sorriu. 

— Sou sua companheira.

— Sim. — Sussurrou, beijando-lhe a garganta. — Nós pertencemos um ao outro e seremos felizes.

 

Justice North, líder da ONE, observou Tim Oberto de sua mesa. Tim o estudava também, com uma expressão preocupada no rosto. Justice sentia receio em contar a Tim as notícias, sem ter certeza de como o homem reagiria. Jessie, sua companheira, entrou no escritório. Justice franziu a testa para sua chegada surpresa. 

Jessie olhou para seu companheiro, encolheu os ombros e piscou. 

— Ele é o meu antigo chefe. O conheço melhor e acho que deveria ser a única a lidar com isso. — Justice hesitou. Uma parte dele estava aliviada, mas a outra parte preocupada com a possibilidade do macho perder seu temperamento. Embora percebesse o olhar determinado no rosto de sua bela companheira acenou com a cabeça dando seu consentimento. De jeito nenhum diria não para ela, para acusá-lo de não confiar nela. Confiava, com sua própria vida. 

Jessie lambeu seus lábios e seu olhar desceu para a boca dele. Prometeu silenciosamente que iria mostrar como apreciava sua confiança mais tarde. Justice relaxou na cadeira. Sua companheira podia lidar com o humano líder da força-tarefa nessa situação difícil. Sua companheira era feroz. 

— Oi, Tim. Como você está? — Jessie sentou-se na beirada da mesa.

— Jessie! — Tim sorriu e seu corpo relaxou. — O que você está fazendo aqui? Quero dizer, sei que você está trabalhando para a ONE e Justice namora você agora, mas por que você está nesta reunião?

— Queria estar aqui. Justice e eu nos casamos.

Tim engasgou. Seu olhar correu entre eles, mas finalmente sorriu. — Bem, caramba! Parabéns.

Jessie sorriu. 

— Obrigada — Olhou para seu companheiro. — Nunca estive mais feliz.

Justice deu uma risada. 

— Também não. Jessie completa a minha vida. Quando a reivindiquei no bar, era para sempre, Tim. O casamento esta prestes a acontecer. Respeito as suas tradições humanas.

— Isso é ótimo. — Tim assentiu. — Estou feliz por vocês dois. É por isso que você me chamou numa reunião privada, Justice? Você disse que tinha algo a ver com um humano e um Nova Espécie. Precisa de ajuda com mais segurança? Tenho certeza que quando a imprensa descobrir vai ser um grande estardalhaço sobre o assunto e seus portões vão ser inundados com jornalistas e manifestantes. Vamos lidar com isso.

— Não. Não é sobre isso. Conseguimos manter uma tampa sobre o segredo. Esta é realmente uma questão pessoal envolvendo você.

Tim franziu a testa.

 — A mim?

Justice concordou. Jessie, de repente se levantou e moveu-se para a cadeira ao lado de seu antigo patrão. Seu olhar foi para seu marido antes de se voltar para Tim. 

— Preciso que você mantenha a calma e seja profissional. Você precisa me ouvir antes de bater no telhado. Você pode fazer isso por mim, Tim?

Ele parecia confuso. 

— Tudo bem. — Jessie respirou fundo. 

— Trata-se de quando Rebecca e Brawn foram sequestrados e levados pelos funcionários das Industrias Mercile.

Raiva instantaneamente tencionou suas feições. 

— Há outra ameaça à minha menina?

— É preciso manter a calma, tudo bem? — Jessie o considerou. — Preciso de você no modo profissional. Deixe seus sentimentos de lado por alguns minutos até eu terminar de explicar. Isso envolve Rebecca, mas ela está absolutamente bem, feliz e segura.  Não pense que existe algum tipo de ameaça contra ela. Não há. Você pode apenas manter a calma e me ouvir?

Tim não parecia relaxado, mas balançou a cabeça. 

— A situação era muito estressante e Rebecca não lhe disse tudo o que aconteceu. Tinha medo que você ficasse maluco.

Tim de repente agarrou sua cadeira. 

— Maldição, Jessie. Ela foi estuprada, não foi? Ela mentiu para mim e é por isso que foi para a Europa. Eu sabia disso! Até acho que sei quem fez isso. Vi que ele estava arranhado e tinha uma marca de mordida nele. Aquele desgraçado estuprou meu bebê, não foi?

— Ela não foi estuprada. — Jessie assegurou-lhe. — Acalme-se e deixe-me terminar?

Rangeu os dentes e abalançou a cabeça em um aceno.

— A médica do laboratório que os levaram, vendia amostras de sêmen de homens Espécies. Você foi poupado dos detalhes porque estávamos com medo que você pensasse o pior. Estavam vendendo as amostras a alguma pessoa ou empresa estrangeira que ainda estamos rastreando. Eles tinham três Espécies machos caninos, mas precisavam de um felino e planejavam sequestrar um primata em seguida. Seu contato na Europa queria comprar um conjunto de machos Espécie. Primatas, caninos e felinos. Acho que há um mercado negro lá e sua lista de favoritos inclui bebês Novas Espécies. Estão tentando descobrir uma maneira de abrir algum tipo de operação de reprodução usando o esperma dos Espécies em mães de aluguel humanas para procriar um bando de crianças para vender.

— A colocaram com os homens, não foi? — Os olhos de Tim se encheram de lágrimas. — Foi apenas um ou foram todos eles?

Jessie balançou a cabeça. 

— Estou dizendo isso porque era uma situação estressante e queriam amostras de Brawn que não eram, hum... — Olhou para seu companheiro para ajudar. 

— Eles os ligavam a brinquedos sexuais que os faziam ejacular para obter as suas amostras. — Justice suspirou. — Pediram a Becca para pegar as amostras de Brawn diretamente, pois acreditavam que ela era sua namorada, portanto, o excitaram sem o uso de drogas e ela teve que pegar as amostras manipulando seu pênis.

— Filho da puta! — Tim disparou para fora de sua cadeira. 

— Suspeitava que foi ela quem o mordeu e o arranhou. Queria falar com ele, provavelmente enfrentar aquele bastardo, mas fiz com que isso não acontecesse. Eu os mantive afastados.

 Jessie ficou parada. 

— Sente-se agora. — Ela franziu o cenho. — Como você os manteve separados? Do que você está falando?

Tim se sentou, mas estava pálido e furioso. 

— Ela queria falar com ele e me disseram que ele queria falar com ela. Não me importo se ele está arrependido, ou qualquer que seja o que ele queria dizer. Ele machucou o meu bebê e eu não iria permitir que ele fizesse isso novamente. Eu fiz o terapeuta que usamos dizer que ela estava muito traumatizada. — Olhou para Justice. — Sabia que você iria impedir esse filho da puta de falar com minha menina, se o terapeuta sugerisse que eles não se falassem e eu disse a meu bebê que ele não falaria com ela. Ele não vai chegar perto dela. Se ele quer se desculpar, problema dele. Ela está obviamente perturbada e fugiu para evitar a dor das lembranças. Eu sabia que alguma coisa aconteceu, maldição. Sabia que ela estava mentindo e ele estava envolvido.

— Que escolha ela teve, senão mentir para você, Tim? Não é tão ruim quanto você está imaginando. Apenas ouça. Eu conversei com Rebecca e ela estava bem em tocar Brawn. As circunstâncias eram horríveis, mas ele também teve que ser conectado às máquinas. Ela viu isso acontecer com um deles e foi muito horrível, certo? Ela gostava de Brawn, eles compartilharam uma gaiola e ficaram muito próximos. — Jessie inalou o ar. — Realmente próximos, Tim. — Ela se inclinou para olhar para ele. — Eles se apaixonaram um pelo outro. Você está me compreendendo? Eles começaram a ter sentimentos profundos um pelo outro.

Tim parecia irritado. 

— Então você está me dizendo que ele dormiu com minha filha, mas garantiu que ela gostasse? Ela o mordeu e ele estava arranhado. Obviamente a machucou.

 Justice rosnou, seu próprio temperamento queimando. 

— Jessie está dizendo que eles se apaixonaram. Ele nunca forçou sua filha a tocá-lo, na verdade, pediu a ela para que não o tocasse e estava disposto a submeter-se a drogas e se conectar em máquinas para forçar suas amostras. Ela se recusou a permitir.

Jessie suspirou. 

— Ele não a machucou, Tim. Se apaixonaram, mas ela tinha medo que você o matasse se descobrisse que alguma coisa tinha acontecido entre eles. Pensou que você pudesse se demitir do seu trabalho com a ONE. Brawn pensava que vê-la depois que foram liberados só causaria dor por causa do que ela sofreu nas mãos daqueles imbecis. Não posso acreditar que você fez a terapeuta mentir sobre isso. — Franziu o cenho. — Vamos discutir isso mais tarde, embora, vamos definitivamente contratar uma nova para que você não possa intimidar. Brawn queria protegê-la e ela queria protegê-lo. Eles se amam. Acho que você interpretou mal a mordida de amor e hã, os arranhões, ela poderia tê-lo marcado durante o sexo. Ele não a machucou.

Tim ficou mudo por um bom momento. 

— É por isso que ela foi para a Europa? — Ele olhou para Jessie severamente. — Ela se apaixonou por esse homem e está com muito medo de dizer a mim, porque acha que eu vou matá-lo?

— Ela não está na Europa. Ela mentiu para você sobre isso também. — Jessie suspirou. — Ela está no norte da Reserva.

Tim ficou chocado. 

— Por quê?

— Ela está grávida. Ela e Brawn vão ter um bebê. — Jessie sustentou o olhar de Tim. — Ninguém sabe que um humano e um Nova Espécie podem conceber um bebê juntos, por isso que você não pode dizer a ninguém que vai ser avô. Isso vai colocar Rebecca e seu bebê em perigo por causa dos grupos de ódio, da mídia e de quem odeia os Espécies. Não é apenas sobre ela. É sobre todas os Novas Espécies e as fêmeas humanas. Os grupos de ódio enlouqueceriam. Bem, mais do que já são. Os imbecis diabólicos que querem fazer dinheiro iriam sequestrar mais mulheres da forma como fizeram com sua filha e tentariam capturar mais de nossos homens, Tim. Você entende? Você vai ser avô e nós queríamos que você soubesse. Rebecca e Brawn estão apaixonados e vivendo juntos.

Tim estava atordoado. 

— Ela poderia ter dito a mim.

— Ela estava com medo que você tentasse matar Brawn e o estava protegendo de você, Tim. Ela o ama. Você a proibiu de ter algo com ele, e sem ofensas, já trabalhei para você. Já tive o mesmo tratamento que você dispensa a sua filha. Você pode ser um idiota às vezes. Quando você coloca algo na mente não há como mudá-la.

Justice falou baixinho. 

— Ela tinha medo que você odiasse todos nós e não queria que isso acontecesse.

A expressão de Tim refletia muitas emoções, mas finalmente olhou para Jessie.

 — Você é casada com um deles. Será que ele vai tratá-la bem?

Jessie sorriu. 

— Justice faria qualquer coisa por mim, Tim. Qualquer coisa. Ele é muito superprotetor o que não é engraçado. Não são como os homens comuns. Ele nunca vai bater em sua filha ou a trair. Ele vai morrer para fazê-la feliz se isso for preciso. Temos outras duas grávidas de casais mistos. Os machos dificilmente deixam o lado das mulheres. Eles a mimam muito. Uma criança nasceu e o pai do bebê age da mesma forma com sua companheira e bebê. Eles nunca tiveram nada, nunca lhes foram permitidos o amor e agora que eles podem, é incrível, Tim. Posso honestamente dizer que se eu tivesse uma filha, esperaria que se apaixonasse por um deles. Dormiria melhor à noite com a certeza de que ela ficaria feliz. Brawn vai fazer de Rebecca seu mundo e quando a criança nascer, ela será uma parte desse mundo. Eles vão ser tudo para ele.

— Eu quero ver minha filha e Brawn.

Jessie o estudou. 

— Você está com raiva de Brawn? Você vai tentar prejudicá-lo, Tim? Rebecca iria odiá-lo para sempre se você fizer isso. Ela concordou em ser sua companheira, o que significa mais do que o casamento para os Novas Espécies. É a promessa de estar apenas um com o outro até que um deles morra. É um compromisso sério e mais profundo do que o nosso casamento.

— Só quero vê-los. — Afirmou Tim suavemente. — Quero ter certeza que ela está feliz e que ele realmente se preocupa com ela.

Justice estendeu a mão para seu telefone. 

— Vou pedir para o helicóptero se preparar para nos levar a Reserva. Vamos todos vê-los juntos.

— Eu tenho um pedido quando chegarmos lá. — Tim exigiu. Olhou para Justice.  — Minha filha foi casada antes com um pedaço de merda. Ele foi sempre muito bom em atuar, mas não me enganou. Tenho uma ideia e gostaria de sua permissão para fazê-lo. Vai totalmente facilitar as coisas se você concordar.

ustice hesitou.

 — O que você quer?  

 

Becca estava nervosa. 

— E se ele tentar matá-lo?

Brawn deu uma risadinha. 

— Tenho certeza que Justice removeu suas armas e ele não pode me atingir fisicamente.

— Não o machuque. Ele é meu pai.

— Não faria isso. — Seus olhos azuis-escuros brilharam de diversão. — Vai ficar tudo bem, Becca. Ele vai ver o quão felizes nós dois estamos e vai se sentir menos preocupado.

— Espero que você esteja certo.

Brawn moveu-se, passou o braço ao redor dela e colocou a mão em sua face. 

— Ele vai ver o quanto eu te amo, linda. Também vai ver o quanto você me ama e que nós queremos este bebê. — Sua mão saiu do rosto e esfregou a barriga arredondada. — Ele vai amar o nosso filho tanto quanto nós amamos uma vez que ele nascer.

Becca assentiu. 

— Também te amo e tenho certeza que você está certo. Só estou preocupada. Conheço meu pai e ele é um controlador e muito superprotetor. Ele se decide por algo e não há como mudá-lo.

— Então ele terá que decidir que vamos ser felizes juntos e que ele está feliz por nós.

Ela sorriu bravamente. 

— Você faz isso parecer tão fácil. Sinto-me um pouco melhor.

— Ele vai ficar bem. Está com sede?

Balançou a cabeça, sorrindo. 

— Estou bem. Você se preocupa muito comigo.

Ele sorriu. 

— Não há tal coisa de se preocupar muito. Beije-me.

Becca subiu na ponta dos pés e colocou os braços em volta de seu pescoço. Brawn ronronava quando suas bocas selaram e a puxou com força contra ele. Suas mãos seguraram seu traseiro, apertou e ela riu, rompendo o beijo e abaixou os calcanhares no chão. 

— Nós estamos em público. Meu pai poderia aparecer aqui a qualquer momento. Mantenha as mãos em lugares bons, Brawn.

— Esse era um bom lugar. — Seus olhos brilhavam com diversão. 

— Sim, era, mas mais tarde. Estou com um pouco de fome.

Brawn delicadamente a manobrou em uma cadeira em uma mesa próxima. Esperavam na cafeteria do hotel.

 — Sente-se. Qual comida você deseja?

— Eu não sei.

— Sente-se e volto daqui a pouco.

Becca viu Brawn caminhar em direção à mesa do buffet. Ele olhou para ela quando encheu um prato. Ele gostava de observa-la, enquanto dormia, no chuveiro e até mesmo quando faziam amor. Sorriu. Especialmente quando faziam amor. Brawn voltou para ela, poucos minutos depois e seus olhos cresceram quando ele colocou o prato sobre a mesa. 

— Isso é um monte de comida. Não consigo comer tudo isso, Brawn. — Ele pegou um garfo e estudou o prato, antes pegar um camarão. O levou até a boca dela. 

— Peguei um pouco de tudo que tinham. Você pode dar uma mordida e ver o que gosta mais.

Becca abriu a boca e foi alimentada por Brawn aos poucos. Mastigou, sorrindo para ele, enquanto olhavam um para o outro. Ele parou, esperando para erguer um canudo na boca para fazê-la tomar um gole de leite e continuou a alimentá-la.

— Você sabe que eu posso fazer isto sozinha, certo?

— Sei. Gosto de alimentar você, linda.

— Odeio comer sozinha. — Olhou para o prato e pegou um bolinho de caranguejo. — Abra.

Brawn abriu a boca. Quando Becca levou o pedaço até boca de Brawn, ele se moveu de repente, pegando a comida e os dedos em sua boca. Chupou seus dedos antes de engolir. 

— Ummm. Delicioso.

 

Tim recostou-se na cadeira. 

— Já vi o suficiente. — Olhou para Justice e Jessie. — Ela está feliz. Ele é ótimo com ela e posso ver o quanto ele a ama.

Justice concordou. 

— Não direi a eles que você colocou escutas nas mesas a seu redor e câmeras escondidas para que pudesse vê-los e ouvir o que estava sendo dito entre eles. Isso poderia lembraria a Brawn do nosso trabalho no interior das instalações de teste.

— Obrigado por me permitir fazer isso. Só queria vê-los juntos, sabendo que não tem ninguém os vendo. É assim que você realmente consegue a verdade das pessoas às vezes. Nada é mais honesto do que ver como as pessoas agem com a guarda baixa.

Justice concordou. 

— Entendo. É por isso que concordei em deixar fazer isso.

Jessie, de repente deu uma risada. 

— Devemos ir para lá logo antes que eles saiam.

 Rebecca acabou de usar seu dedo para limpar comida na garganta e está lambendo.

Justice ficou parado. 

— Vamos.

Tim franziu o cenho. 

Jessie piscou. 

— Recém-casados. Se os deixarmos sozinhos por muito tempo isso poderia ficar constrangedor para todos nós. A cafeteria está vazia e eles sabem disso.

Tim de repente riu. 

— Vamos antes que eu veja mais do que eu quero. Gastei uma fortuna em serviços de quarto, quando me casei com a mãe de Rebeca, porque eu tinha três semanas de licença. Nós nos enfurnamos no nosso quarto e eu nunca a deixei se vestir.  

 

Becca ouviu passos e se virou. Seu pai entrou na cafeteria com Justice e Jessie North. Brawn ficou de pé mais rápido do que Becca poderia e seu corpo ficou tenso. Moveu-se ligeiramente na frente dela, assumindo uma posição de proteção. Becca sabia que seu pai não iria notar o que Brawn havia feito quando lentamente levantou-se e pairou ao lado de seu companheiro. 

— Sr. Oberto. — Afirmou Brawn casualmente. — É muito bom vê-lo novamente. —

Tim parou a um metro de Brawn com uma expressão sombria.

 — Fui informado de tudo.

Brawn ficou tenso. 

— Eu sei.

— Pai... — Becca tentou chamar a sua atenção. 

Tim a ignorou para manter seu olhar em seu companheiro. 

— Não gostei de você desde o momento em que te conheci e vou dizer por quê. Você deu uma olhada na minha filha, ela deu uma olhada em você, e vi a faísca da atração entre vocês dois. Estava preocupado com meu bebê se machucar. Ela é tudo que tenho.

Brawn concordou. 

— Entendo.

— Também sei o quão durões todos vocês são, o quão protetores vocês são um com o outro e o quão fortemente ligados os Novas Espécies são. Me preocupava que se você se juntasse com o meu bebê, ela seria uma estranha.

— Ela é uma de nós. — O tom de Brawn se aprofundou. — Ela não é uma estranha. Ela é da família para todo o meu povo agora. Ela não é tudo o que você tem, Sr. Oberto. Não mais. Agora você tem um neto prestes a nascer e os Novas espécies são a sua família também.

Os olhos de Tim tornaram-se um pouco aguados de repente.

 — Prefiro pensar desse jeito a perder meu único bebê. E me chame de pai ou Tim. Sua escolha. Só tenho um pedido já que está tendo um bebê com a minha filha.

Brawn o estudou. 

— E o que seria?

— Quero que você se case com ela legalmente. Sou das antigas e gostaria que você fizesse isso antes que o bebê nasça.

Brawn relaxou. 

— Nós já obtivemos a licença.

Becca olhou para Brawn. 

— Obtivemos? — Ele se virou, sorrindo para ela. 

— Você disse que concordaria em ser minha companheira. O que é o seu casamento comparado a isso? Você pode se divorciar do casamento, mas você está presa a mim para sempre como minha companheira, Becca. Quero dar tudo para você.

Becca encostou a seu lado. 

— Bem pensado. — Olhou para seu pai. — Como você está, papai? Quero dizer, com tudo isso?

Ele olhou para seu rosto antes de estudar a sua barriga. 

— Vou ser um vovô.

— Sim. Gostaria de senti-lo chutar? Ele sempre se move muito depois que eu como.

Chocado, Tim olhou para ela. 

— Você pode sentir o bebê se mexendo já?

Jessie se aproximou. 

— Bebês Novas Espécies se desenvolvem mais rápido, Tim. Becca vai ter o bebê com 20 semanas. É metade do tempo de uma gravidez normal.

Becca sorriu. 

— Legal, huh? — Tim observou sua filha. 

— Sua mãe odiava estar grávida por nove meses. — De repente, ele sorriu. — Isso é muito legal. Adoraria sentir o chute do bebê. Você já escolheu um nome para ele?

Becca se aproximou para seu pai poder colocar as mãos sobre sua barriga. Ajeitou as mãos com as suas até que o bebê se moveu. Tim riu, uma expressão de pura alegria no rosto. 

— Estamos pensando em nomeá-lo Gaiola — Becca riu. 

Brawn rosnou. 

— Nós não estamos.

Becca riu mais. 

— Estou brincando. Relaxe, Brawn.

Tim franziu o cenho. 

— O que eu estou perdendo?

Jessie riu. 

— O único bebê Nova Espécies foi nomeado com o nome de onde ele foi concebido. Seu nome é Forest. Sua filha fica provocando Brawn dizendo que ela vai dar esse nome para seu filho por que ele foi concebido numa gaiola.

Becca riu. 

— Entendeu?

Tim não riu quando olhou para Brawn. 

— Viu com o que tive que lidar? Ela sempre foi uma espertinha.

Brawn concordou. 

— Você tem alguma dica para mim?

Tim assentiu. 

— Quando ela não estiver grávida apenas a coloque sobre o seu joelho e dê-lhe um tapa bem dado por trás.

— Papai!

Brawn riu. 

— Sério? Isso funciona?

— Às vezes.

Tim piscou.

— Nem pense nisso, Brawn. — Becca franziu as sobrancelhas para ele.

— Nunca iria bater em você, Becca. Você sabe isso.

Abraçou sua cintura. 

— Eu sei disto.

— Mas isso me dá ideias. — Brawn derrepente riu. — Você disse que não consegue pensar quando eu te beijo então quando você disser algo espertinho, vou beijar você.

Becca sorriu.

 — Isso funciona para mim.

Tim riu.

 — Você tem que puni-la, Brawn. Isso não parece que vai funcionar. — Brawn deu uma risadinha.

 — Só vou beijá-la.

— Brawn! — Becca sorriu para ele. 

Tim riu. 

— Isso iria funcionar. — Brawn concordou. 

Becca olhou para os dois.

 — Estou tão feliz que vocês se deram bem, agora eu acho que poderia ter gostado mais quando eu tinha medo de um matar o outro.

Brawn passou os braços ao redor de Becca quando desceu a boca para beijá-la. Becca esqueceu o que estava dizendo ou pensando. Os braços envolveram ao redor de seu pescoço até que terminou o beijo e ele sorriu para ela. 

— O que era que você estava dizendo, bonita? — Ela riu. 

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

— Estou impressionado. — Tim riu. 

— Essa é a primeira vez que vi alguém lidar com minha filha tão bem.

Becca voltou aos braços de Brawn, sorrindo para o pai dela. 

— Você não tem ideia do quão bem ele pode lidar comigo. — Tim riu.

 — Na mesma nota, vou almoçar. — Olhou para Justice e Jessie. — Vocês vão ficar aqui para almoçar? Ainda precisamos discutir aquele novo projeto em conjunto com alguns dos seus homens e os meus. Estou um pouco preocupado com quem você vai escolher.

— Sim, vou ficar e sei que você tem preocupações. Eles são homens bons e são perfeitos para essa tarefa. Irá ajudá-los a se curar a ser parte da força-tarefa.

Justice sorriu enquanto pegou a mão de Jessie. 

— Trabalho? — Becca fez uma careta para Brawn e abaixou a voz. — Ótimo. Esta será uma refeição divertida.

Brawn mudou o abraço e a tirou do chão. Piscou quando a levou para fora da sala. Becca riu. 

— Não dissemos tchau.

— Não tenho a intenção de apenas beijar você. — Brawn respirou. — Quero fazer muito mais. Você comeu, viu seu pai e ninguém quer me matar. Justice vai distraí-lo por horas e duvido que vão notar que saimos. — Sorriu. — Agora vou fazer amor com minha companheira. — Caminhou em direção ao elevador. 

Becca colocou os braços em volta do pescoço. 

— Então... Você sabe dançar, certo?  Você acha que pode tirar a roupa com música? Eu tenho uma fantasia. — Ele ronronou. 

— Amo dançar e vivo para cumprir todas as suas fantasias.

Becca deu um beijo em seu pescoço. 

— Tenho um monte delas.

— Bom.

 

 

[1] Booty call.

[2] É uma gíria para quando as pessoas têm relações sexuais.

 

 

                                                                                                    Laurann Dohner

 

 

 

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