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Series & Trilogias Literarias
Raccoon Times - 24 de Julho de 1998
"Mansão de Spencer destruída em incêndio explosivo"
RACCOON CITY - Há aproximadamente 2 A.M. de Quinta-feira, os moradores do distrito de Victory Lake foram acordados por uma explosão que trovejou através do noroeste de Raccoon Forest, aparentemente causada por um incêndio que ocorreu na mansão abandonada de Spencer e aprimorada pelos produtos químicos guardados no subsolo. Devido às barricada colocadas no perímetro da floresta (por causa dos recentes assassinatos em Raccoon City), os bombeiros foram incapazes de salvar o que restou dela. Depois de três horas de batalha contra o fogo enfurecido, a mansão de trinta e um anos e a adjacente casa de empregados foram complemente arruinadas. Construída pelo Lorde Oswell Spencer, aristocrata europeu e um dos fundadores da companhia farmacêutica Umbrella Inc, a propriedade foi projetada pelo premiado arquiteto George Trevor como hospedaria para as pessoas importantes da companhia, mas foi fechada logo depois de finalizada por razões desconhecidas.
Segundo Amanda Whitney, porta voz da Umbrella Corporation, partes da mansão estavam sendo usadas para estocar agentes de limpeza industriais e solventes usados pela Umbrella. Whitney disse numa coletiva ontem que a companhia assumiria toda a responsabilidade pelo infeliz acidente, chamando-o de "um sério descuido de nossa parte. Esses produtos químicos deveriam ter sido tirados de lá há muito tempo, e nós estamos gratos por ninguém ter se machucado".Até agora, a causa do incêndio é desconhecida, e Whitney continuou dizendo que a Umbrella estará trazendo seus próprios investigadores para peneirar as ruínas esperando saber o ponto de origem do incêndio...
Raccoon Weekly - 29 de Julho de 1998
"S.T.A.R.S. tirado da investigação dos assassinatos"
RACCOON CITY - Num surpreendente pronunciamento de oficiais numa coletiva ontem, o Esquadrão de Táticas Especiais e Resgate (S.T.A.R.S.) foi oficialmente removido das investigações dos nove assassinatos brutais e cinco desaparecimentos que ocorreram nas últimas dez semanas. O membro do conselho da cidade, Edward Weist, citou incompetência como principal razão para a remoção do S.T.A.R.S.
Os leitores devem se lembrar que a primeira ação do S.T.A.R.S., depois de ser designado para cuidar dos casos na semana passada, foi vasculhar o noroeste da floresta pelos assassinos canibais. Weist declarou que foi a "conduta não profissional" que resultou na destruição de um helicóptero e na perda de seis dos onze membros, incluindo o comandante do S.T.A.R.S., Capitão Albert Wesker.
"Depois da má conduta na floresta", disse Weist "nós decidimos deixar o caso nas mãos do R.P.D.. Nós temos razões para acreditar que o S.T.A.R.S. deve ter ingerido drogas e/ou álcool antes da missão, e suspendido o uso de seus serviços indefinitivamente".
Weist estava acompanhado por Sarah Jacobsen (representando o Prefeito Harris) e o representante da polícia, J.C. Washington, para fazer o pronunciamento e responder perguntas. Nem o chefe da polícia, Brian Irons e nem os sobreviventes do S.T.A.R.S. podem ser alcançados para comentários...
Cityside - 3 de agosto de 1998
"Início do incêndio considerado acidental"
RACCOON CITY - Depois de uma completa investigação por oficiais dos bombeiros trabalhando com a IDS (Industrial Services Division / Divisão de Serviços Industriais) da Umbrella Inc., o incêndio que destruiu a mansão de Spencer foi causado pelo descuido de pessoa ou pessoas desconhecidas, como foi anunciado numa coletiva ontem. O líder da IDS, David Bischoff disse, "parece que alguém tentou começar uma fogueira em um dos quartos da mansão e a situação saiu do controle. Nós não encontramos nada que sugere um incêndio proposital ou uma brincadeira de algum tipo". Ele continuou falando que a destruição foi total, e não há evidências de que alguém foi pego pelo fogo ou pela explosão que se seguiu.
O Chefe Brian Irons do Departamento Policial de Raccoon City estava presente na conferência, e lhe foi perguntado se ele acreditava haver alguma conexão do incêndio com os assassinatos e desaparecimentos, e Irons respondeu que não há como ter certeza. "Até agora, tudo o que eu falar será só especulação - eu diria que o fato de os assassinatos terem parado desde a noite do incêndio, pode significar que os assassinos estavam escondidos lá. Nós só podemos esperar que eles tenham deixado a área para que em breve sejam presos".
Chefe Irons recusou comentar as acusações de má conduta do S.T.A.R.S. em sua breve atuação na investigação dos assassinatos, só dizendo que concordava com a decisão do conselho da cidade e que ações disciplinares estão sendo consideradas...
[1]
Rebecca Chambers estava andando de bicicleta na escuridão das ruas de *Cider District sob a luz da lua brilhando
no céu. Apesar de ainda ser cedo as ruas estavam desertas, obedecendo o horário de recolher da cidade.
Ninguém menor de dezoito anos deveria sair até que os assassinos sejam pegos e presos. Este tem sido um
tenso e quieto verão em Raccoon City...
Ela passou por casas silenciosas onde só a luz da televisão podia ser vista através da janela. As pessoas
aguardavam trancadas em suas casas esperando a notícia de que os assassinos foram presos e a cidade estava
à salvo.
Se eles soubessem...
Estes tem sido treze longos dias desde o pesadelo da mansão de Spencer. Jill, Chris, Barry e ela mesma foram
acusados de estarem drogados. Depois de serem afastados dos casos, até o RPD recusou a acreditar no
S.T.A.R.S.. Agora, com a Umbrella assumindo a investigação sobre o incêndio, provavelmente se livrando das
provas...
- Não seria tão simples. Uma das maiores e mais respeitadas companhias farmacêuticas do mundo fazendo
experiências com armas biológicas num laboratório secreto - Se eu não soubesse de nada, eu provavelmente
acharia isso uma loucura.
Rebecca e os outros devem se cuidar antes que algum agente seja enviado para atacá-los.
Ela estava usando um revólver snub-nosed. 38 da coleção de Barry esperando não precisar mais dela depois
desta noite.
Virando à esquerda na Rua Foster, Rebecca pedalou em direção a casa de Barry pensando que ele convocou a
reunião, provavelmente por que recebeu ordens do escritório principal.
Talvez eles me movam para algum laboratório, e estudar o vírus. Tecnicamente eu ainda sou uma Bravo; não há
motivo de me quererem no campo de batalha...
Sem dúvida esse seria o melhor modo de usar os meus talentos.
Os outros eram soldados experientes e Rebecca só está a cinco semanas no S.T.A.R.S.. Sua primeira missão foi
a de *Raccoon Forest que exterminou todos de seu time incluindo outros no segredo da Umbrella. Ela sabia que
trabalhando no T-virus seria a maior contribuição que ela daria para acabar com a Umbrella.
Rebecca parou no final do quarteirão, em frente a uma enorme casa de dois andares amarelo-claro no estilo
vitoriano, olhando em volta por algo suspeito antes de descer da bicicleta. Os Burton vivem próximo a um parque
cheio de árvores no subúrbio.
Levando a bicicleta até a varanda viu que se passaram vinte minutos desde a ligação de Barry.
Antes de bater na porta, ele a abriu. Vestindo uma camisa e calça jeans, ele a deixou entrar dando uma rápida
olhada antes de fechar a porta.
"Você viu alguém", Barry perguntou com sua Colt Python no coldre parecendo um cowboy.
"Não, ninguém". Ela respondeu.
"Chris e Jill estarão aqui a qualquer momento. Você quer um café?" Barry parecia tenso.
"Não, obrigado. Talvez água..."
"Sim, claro. Vá em frente e se apresente, eu voltarei num minuto".
Antes de perguntar se algo estava errado, ele foi para a cozinha.
"Me apresentar? O que está acontecendo?
Ela foi até a sala e parou assustada ao ver um homem estranho sentado no sofá. Ele se levantou assim que ela
apareceu. Ele usava jeans, camisa, sapatos e uma Beretta 9mm, padrão do S.T.A.R.S.. Era alto, fisicamente
como um nadador, olhos e cabelos escuros.
"Você deve ser Rebecca" ele disse revelando seu sotaque Britânico. "Você é a bioquímica, certo?"
"Trabalhando nisso. E você é..."
"Desculpe os meus modos, por favor. Eu não esperava... isto é, eu...? ele parou em volta da mesinha de centro
de Barry estendendo a mão. "Eu sou David Trapp, do S.T.A.R.S. Exeter em *Maine."
Ela se acalmou.
O S.T.A.R.S. mandou ajuda ao invés de ligar, ótimo.
"Então, você é algum observador ou algo assim?
"Como?"
"Para a investigação - há outras equipes aqui, ou você veio para checar antes..."
"Desculpe ter que que dizer isso Srta. Chambers. Eu tenho razões para acreditar que a Umbrella tem
chantageado ou subornado outros membros do S.T.A.R.S.. Não há investigação e ninguém está vindo".
Barry entrou na sala com o copo d'água e Rebecca o pegou agradecidamente, bebendo metade dele em um
gole.
"Ele te disse, né?" Barry disse.
"Jill e Chris sabem?" ela perguntou.
"Ainda não. Por isso eu liguei. Nós devemos esperá-los para não passar por isso duas vezes".
"Concordo". David disse.
Barry começou a contar como ele e David se conheceram no treinamento do S.T.A.R.S. quando jovens. David
ouvia enquanto Barry falava sobre a noite de graduação envolvendo um sargento mau humorado e várias cobras
de borracha.
- Dezessete anos atrás.
Ela deveria estar comemorando seu primeiro aniversário.
Bateram na porta, provavelmente os dois Alphas. Barry foi atender.
"Jill Valentine, Chris Redfield, este é o Capitão David Trapp, estrategista militar do S.T.A.R.S. Exeter em Maine".
David os cumprimentou e todos se sentaram.
"David é um velho amigo meu. Nós trabalhamos juntos no mesmo time por uns dois anos. Ele apareceu aqui há
uma hora com novidades e não achei que isso poderia esperar. David?".
"Como vocês devem saber, seis dias atrás, Barry ligou para vários departamentos do S.T.A.R.S. para saber se
alguma declaração foi recebida sobre o que aconteceu aqui. Eu recebi uma dessas ligações. Eu descobri que o
escritório de Nova York não contatou ninguém sobre a descoberta. Nenhum aviso ou memorando".
Após alguns minutos de discussão, David se levantou e disse:
"Parece que existe outro laboratório da Umbrella na costa de Maine, conduzindo experimentos com seus vírus - e
como aconteceu aqui, eles perderam o controle".
David virou-se para Rebecca e disse:
"Eu estou levando um time para lá sem autorização do S.T.A.R.S. e eu quero que você venha com a gente".
Chris ainda estava intrigado com a despreocupação do S.T.A.R.S. sobre o acontecido e agora outro laboratório!
E ele quer levar a Rebecca...
"Eu conversei com o pessoal do meu time e todos concordaram que vai ser difícil sem ninguém para nos dar
cobertura. Nós só queremos entrar, coletar algumas evidências sobre o T-virus e voltar antes que alguém saiba
que estamos lá".
"Eu também vou". Chris interrompeu.
"Todos nós vamos". Barry disse.
David balançou a cabeça. "Olha, essa não é uma operação em grande escala; cinco pessoas já estão escaladas.
A Rebecca tem o conhecimento que nós precisamos para achar os dados do vírus sabendo que sintomas
procurar".
Depois de muita conversa David consegue convencer os três Alphas a ficarem. Agora a escolha é de Rebecca.
"Que informações você tem?" Jill perguntou. "Como você descobriu sobre o laboratório?
David abriu sua pasta e tirou o que pareciam ser cópias de jornais e um simples diagrama. "Logo depois de ter
falado com o escritório central, eu recebi a visita de um estranho homem que dizia ser um amigo do S.T.A.R.S....
ele me disse que seu nome era Trent, e me deu tudo isso".
"Trent!". Jill disse.
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*Cider District - Bairro Cider (Cidra).
*Raccoon Forest - Floresta que fica nos limites de Raccoon City.
*Maine - Estado que fica na costa leste dos E.U.A.
-------------------------------------------------------------- David olhou para ela intrigado. "Você o conhece?".
"Um pouco antes de nós decolarmos para resgatar o Bravo Team, Um homem chamado Trent me deu
informações sobre a mansão, e me alertou sobre o Wesker".
Barry continuou. "E Brad disse que Trent lhe deu as coordenadas da mansão logo depois de Wesker ter ativado o
sistema de destruição. Se ele não tivesse dito, nós teríamos explodido com o resto da casa".
Chris sentiu uma dor de cabeça. O S.T.A.R.S. trabalhando para a Umbrella, outro laboratório e agora o Trent de
novo.
David começa a lembrar do seu breve encontro com Trent há cinco dias atrás, tentando ver se esqueceu de
dizer alguma coisa.
Ele tinha chegado do trabalho e estava chovendo, uma tempestade de verão que amenizou a leve batida na
porta. David olhou no relógio e foi até a porta imaginando quem seria àquela hora da noite. Ele vive sozinho e não
tem família; devia ser do trabalho ou alguém com problemas no carro...
Abrindo a porta, ele viu um homem numa capa de chuva preta em sua varanda com água escorrendo pelo rosto.
"David Trapp?". Perguntou um homem alto e magro, alguns anos mais velho que David, quarenta e dois ou três.
"Sim?".
"Meu nome é Trent e tenho algo para você!".
"Eu te conheço?"
"Não, mas eu te conheço, Sr. Trapp. Eu também sei com o que você está lidando. Acredite em mim, você
precisará de toda a ajuda que conseguir".
"Eu não sei do que você está falando. Você deve ter me confundido com outra pessoa".
"Sr. Trapp, está chovendo e isso é para você."
Confuso, David abriu a porta e pegou o envelope. Assim que o fez, Trent se virou e foi embora.
Jill e Rebecca estavam estudando os mapas enquanto Barry e Chris trabalhavam nos artigos de jornal. Os quatro,
concentrados na pequena cidade costal Caliban Cove em Maine. Todos estavam preocupados com
desaparecimentos de pescadores locais, todos considerados mortos.
O mapa era do trecho costeiro da cidade. David pesquisou sobre ele e descobriu que foi comprada por um grupo
anônimo há alguns anos. Tinha um farol abandonado na beira norte da enseada, no alto dos rochedos que era
supostamente cheia de cavernas marítimas. Mostrava também algumas estruturas atrás e embaixo do farol,
descendo para um pequeno cais no sul. Estava escrito CALIBAN COVE em cima do mapa e abaixo, em letras
menores, UMB. PESQUISA E TESTE.
O terceiro papel que Trent deu era o que David não entendia. Havia uma lista de nomes.
LYLE AMMON, ALAN KINNESON, TOM ATHENS, LOUIS THURMAN, NICOLAS GRIFFITH, WILLIAM BIRKIN,
TIFFANY CHIN.
Jill pegou esse papel e leu.
"Alguma idéia do que isso significa?". David perguntou.
Jill falou sobre William Birkin, que constava no material que Trent havia dado a ela.
Rebecca pegou o papel assim que Jill olhou para David.
"Droga".
Todos olharam para ela.
"Nicolas Griffith está na lista". Rebecca disse.
"Você sabe quem é ele?". Perguntou David.
"Conheço, apesar de eu achar que ele estava morto. Ele era um dos maiores, um dos mais brilhantes homens na
biociência.
Se ele está com a Umbrella, nós temos mais com o que se preocupar do que o T-virus escapando. Ele é um
gênio no campo de virologia molecular - e se as histórias são verdadeiras, ele é totalmente louco".
"O que você pode nos dizer sobre ele?". David perguntou.
Ela bebeu o resto da água em seu copo e olhou para David. "O quanto você sabe sobre o estudo dos vírus?".
"Nada, por isso eu estou aqui". Disse David, sorrindo um pouco.
"Bom, os vírus são classificados pela estratégia de reprodução e pelo tipo de ácido nucléico (RNA ou DNA) - este é
o elemento especializado num vírus que autoriza a transferência do genoma para outra célula viva. Um genoma é
um simples grupo de cromossomos.
De acordo com a Classificação de Baltimore, existem sete tipos distintos de vírus, e cada grupo infecta certos
organismos de certo modo.
No começo dos anos sessenta, um jovem cientista de uma universidade particular na Califórnia desafiou a teoria,
dizendo que havia um oitavo grupo - os dsDNA e ssDNA que poderiam infectar qualquer coisa em contato. Ele era
o Dr. Griffith. A comunidade científica não aceitou a teoria".
Rebecca notou as expressões vazias no rosto dos colegas.
"Desculpa... Ele então, parou de tentar prová-la, sendo que muitas pessoas ainda estavam interessadas.
Ninguém mais ouviu falar nele. Meu professor, Dr. Vachss, disse que ele foi demitido da universidade por uso de
drogas, mas rumores diziam que ele estava fazendo experiências em alguns de seus alunos. Nenhum deles
falaria, mas um foi para o hospício e outro se suicidou. Isso nunca foi provado, mas depois disso ninguém o
contrataria".
"Acaba aí?". David perguntou.
"Não. No meio dos anos oitenta, um laboratório particular em Washington foi encontrado por policiais com três
homens mortos por uma infecção viral - foi o Marburg, um dos vírus mais letais que existe. Eles estavam mortos
há semanas; os vizinhos reclamavam do mau cheiro. Papéis encontrados pela polícia mostravam que os mortos
eram assistentes do Dr. Nicolas Dunne. Os três se infectaram por um vírus que eles entendiam ser inofensivo,
para que Dunne tentasse curá-los depois".
Rebecca lembrou das fotos das três vítimas do Marburg.
De uma dor de cabeça inicial para extremas amplificações em questão de dias. Febre, coágulo, estado de
choque, danos cerebrais, hemorragia por todos os orifícios - devem ter morrido em piscinas do próprio sangue...".
"E o professor achou que ele era Griffith?" Jill perguntou.
"O nome de solteira da mãe de Griffith era Dunne". Disse Rebecca.
Depois da história, todos se calaram e Rebecca começou a fazer sua decisão.
Ela sabe que o laboratório em Caliban Cove deve estar cheio de pessoas como Griffith. Sem a ajuda do
S.T.A.R.S. nenhum lugar é seguro, mas seria a chance dela contribuir, de fazer o que ela sabe. Seria uma
oportunidade de ouro estudar um vírus antes de alguém.
Rebecca suspirou fundo e disse com sua decisão feita.
"Eu vou com você. Quando iremos?".
Houve um silêncio na sala. Rebecca reparou as expressões no rosto deles até David falar.
"Certo, então. Tem um avião indo para *Bangor às 23:00. Eu acho que nós todos devemos fazer um plano aqui
e depois ir para casa".
Rebecca escutou Barry abrindo a janela e voltando para junto deles. Eles começaram a discutir sobre o que
fariam depois que Rebecca e David partirem.
Jill escutava a suave voz de David quando seu coração gelou ao ouvir sussurros nos arbustos no lado de fora da
janela que Barry abriu.
Umbrella.
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*Bangor - Cidade do estado de Maine.
-------------------------------------------------------------- "Abaixem-se!". Jill gritou, saindo do sofá com Rebecca, assim que
a janela estilhaçou ao som de um rifle automático.
David foi para o chão enquanto balas atingiam a poltrona a qual estava. Tufos de almofada flutuavam enquanto
buracos enfumaçados apareciam na parede - reboque e madeira voando.
Houve um segundo de silêncio no tiroteio, suficiente para ouvir vidro quebrando nos fundos da casa.
A sala ficou escura assim que Barry atirou nas luzes. A luz do hall brilhava e mais tiros vinham do lado de fora.
Chris engatinhou sobre os cotovelos e joelhos e apagou as luzes adicionais. Agora está tudo escuro e o tiroteio
parou.
David escutou passos sobre o vidro vindos da cozinha que pararam logo depois. Devem haver mais dois cobrindo
as saídas. Mais passos na cozinha, devem estar esperando alguém se mover.
A visão de David se ajustou podendo ver Jill e Rebecca armadas do outro lado da mesinha.
A casa de Barry é a última da quadra e tem um parque logo atrás. Se eles conseguirem fugir, podem se
esconder nas árvores.
David correu para a porta da frente enquanto Chris e Jill atiravam na direção da cozinha. Atrás dele, Barry e
Rebecca corriam para a escada sob tiros. David estava a um passo da porta quando alguém a chutou, abrindo-a.
Ele se jogou na porta fazendo-a se fechar, depois rolou no chão e atirou cinco vezes. Algo pesado caiu na
varanda logo depois.
David viu Jill e Chris subindo - ao por o pé no primeiro degrau, houve uma explosão atrás dele. A porta da frente
foi destruída pelo time da Umbrella que procurava finalizar a batalha.
Dava para ver a luz da lua brilhando através da janela aberta. Jill já saiu e Chris na metade do caminho.
Ouviu-se vozes masculinas entrando pela porta da frente. Rebecca e Barry saíram.
Haviam árvores há uns vinte metros dali.
Um movimento no canto da casa e Rebecca não hesitou, atirando duas vezes - ele nunca mais se levantaria.
Nunca atirei em alguém antes.
Tiros vinham da janela - Rebecca podia senti-los acertando o chão perto de seus pés. Ela ouviu sirenes se
aproximando e segundos depois cantadas de pneu.
Chris chegou num parquinho seguido de Jill, Barry e Rebecca.
"Cadê o David?". Chris perguntou.
Procurando nas sombras, ouviu-se dois tiros. Um terceiro mais alto e mais perto. Exceto pelo barulho das sirenes
o parque estava quieto novamente.
Rebecca olhou sobre o ombro e viu David que ainda apontava sua Beretta para o atirador. Chris e Jill estavam
próximos a ela segurando suas armas - e do outro lado estava Barry espalhado no chão. Ele não estava se
movendo.
Houve escuridão e silêncio por um tempo indeterminado - e haviam vozes que flutuavam e não podiam ser
identificadas. De algum lugar bem longe, ele ouvia sirenes.
ele foi atingido
oh meu Deus
veja se está limpo
espera eu não consigo achar o ferimento me ajuda - Barry? Barry, você...
"Barry você pode me ouvir?
Barry abriu e fechou os olhos imediatamente, reagindo a dor em volta de sua cabeça. Mas havia outra dor em
seu braço esquerdo.
Baleado, deu de cara numa árvore... ou algum idiota com um bastão de baseball.
Ele tentava abrir os olhos enquanto mãos moviam-se sobre seu peito. As sirenes pararam por completo, apesar
de ainda se poder ouvir carros de polícia tomando conta da rua, o som de potentes motores ecoando através do
parque coberto de árvores.
"Braço esquerdo". Disse Barry começando a se levantar.
"Não se mexa". Rebecca disse firmemente. "Espere um segundo, tá bom? Chris, me dê a sua camisa".
"Mas a Umbrella". Barry falou.
"Tá tudo limpo". David disse, ajoelhando-se junto aos outros. "Agüenta firme".
Assim que ela terminou o curativo ele se levantou. Eles devem sair de lá antes que a polícia decida vasculha a
floresta - mas ir para onde? Nenhuma de suas casas eram seguras.
Todos estavam aliviados por não terem sido feridos, exceto David que parecia infeliz como Barry nunca o tinha
visto antes.
"O homem que atirou em você," David disse levantando uma nove milímetros com um supressor preso, sangue
pingando pelo cano da arma. "Eu o matei. Eu... Barry, era o Jay Shannon".
Barry ouviu as palavras não conseguindo aceitá-las. Era impossível. "Não, você não viu bem, está muito
escuro...".
David se virou e caminhou em direção as árvores. Barry o seguiu.
A bala da Beretta de David fez um buraco no coração do homem; foi um tiro de sorte. Olhando para a pálida face
do atirador, Barry sentiu seu coração virar pedra.
"Jesus, Shannon, por que? Porque?". Barry não se conformava.
"Quem é ele?". Jill perguntou suavemente.
Barry olhou para o homem morto incapaz de responder. David respondeu.
"Capitão Jay Shannon do S.T.A.R.S. de Oklahoma City. Barry e eu treinamos com ele."
Barry encontrou sua voz, ainda olhando para o rosto de Jay. "Eu liguei para ele semana passada, quando liguei
para David. Ele estava preocupado conosco, disse que ficaria de olho na Umbrella...".
...e nós conversamos mais alguns minutos, contando velhas histórias. Eu lhe falei que mandaria fotos das
crianças mas e ele disse que tinha que desligar por causa de um encontro...
A Umbrella deve estar por trás do ataque. A casa de Barry foi destruída por pessoas que ele conhecia, e ferido
por uma pessoa que achava ser um amigo.
O silêncio foi quebrado pelo barulho dos cachorros, que pela localização devem ser da unidade K-9 do RPD.
"Onde nós podemos ir?" David perguntou rapidamente. "Existe algum prédio vazio, algum lugar que a Umbrella
não pensaria em procurar... algum lugar que a gente pode ir a pé?".
Brad!
Brad saiu da cidade dois dias depois do incidente na mansão - não agüentou a pressão.
"Vamos lá". Disse David.
Barry conhecia o caminho para sair do parque. Ele costumava andar lá com a esposa ao lado e suas filhas
dançando ao seus pés.
Jill abriu a porta da casa de Brad facilmente. Rebecca examinava Barry enquanto Chris procurava uma camisa.
David e Jill vasculhavam a casa.
Era uma pequena casa de dois dormitórios e um jardim nos fundos. Haviam casas bem próximas a de Brad
evitando a aproximação de alguém. A mobília era simples. Objetos pessoais e livros estavam espalhados pelo
chão. Isso mostrava que o ocupante estava em pânico incapaz de decidir o que fazer para se distrair.
Naquela noite eles discutiram sobre o que o que falariam para a polícia. Rebecca e David se despediram e foram
embora.
No sorriso de Rebecca, David podia ver que ela sabia perfeitamente sobre os riscos da missão. Ele estava
satisfeito por a ter alistado. Ele só podia esperar que as habilidades dela sejam suficientes para colocá-los e tirá-los
inteiros de Caliban Cove.
[2]
Depois de reler as informações sobre Caliban Cove, Rebecca colocou os papéis cuidadosamente na mala debaixo
do assento de David. Ele trouxe três malas para o aeroporto, uma para as armas, já no bagageiro e outras duas
para não chamar a atenção.
Rebecca desejava ter comprado algumas bolachas no aeroporto, ela não comia desde o almoço e as nozes não
estavam matando a fome.
Ela apagou a luz de leitura e sentou novamente, tentando deixar o suave motor do 747 acalmá-la para um
cochilo. A maioria dos passageiros do quase cheio avião haviam adormecido, inclusive David. Rebecca tinha muito
o que pensar. Nos últimos meses ela se formou passando pelo treinamento do S.T.A.R.S. e foi transferida para
seu novo apartamento numa nova cidade. Depois veio a mansão e agora as últimas horas que deram outra
reviravolta em sua vida.
Ela virou a cabeça e viu David no assento da janela - círculos escuros de exaustão em seus olhos. Rebecca
fechou os olhos e respirou profundamente o ar fresco da cabine pressurizada. Ela pode sentir o cheiro de suor na
pele e decidiu que tomar um banho seria prioridade ao chegar no hotel.
Clareando sua mente, ela começou a contar de cem para um. A técnica de meditação nunca tinha falhado nela,
mas pode não funcionar desta vez...
... noventa e nove, noventa e oito, Dr. Griffith, David, S.T.A.R.S., Caliban...
Antes de noventa ela já estava dormindo profundamente, sonhando com sombras se movendo que nenhuma luz
podia iluminar.
Como ele fazia todas as manhãs desde o começo do experimento, Nicolas Griffith sentou na plataforma no topo
do farol e olhou o sol se elevar sobre o mar.
Griffith sempre vê o sol iluminar o horizonte antes de começar o seu dia. Assim que o sol se separou do mar, ele
levantou-se e caminhou para o parapeito com seus pensamentos voltados para o dia a frente. Tendo finalmente
terminado o trabalho sangrento na série Leviathan (Leviathan series), ele estava preparado para trabalhar mais
extensivamente com os doutores. Todos os três responderam bem à mudança, e a taxa de deterioração celular
caiu consideravelmente. Era hora de se concentrar na situação comportamental deles, o estágio final do
experimento. Em semanas, Nicolas estará pronto para expandir para além dos limites do laboratório.
O vento balançava seu cabelo cinza, o choro faminto as gaivotas finalmente o levou a ação. Os Trisquads tem de
ser levados para dentro antes que os pássaros cheguem. Algumas unidades já foram horrivelmente machucadas
e ele não quer pô-las em risco novamente. Uma vez perdido os olhos, eles seriam inúteis na patrulha.
Griffith se virou e com seu cabelo balançando desceu a escada em espiral. Seus sapatos contra o metal criavam
um eco na alta torre. Tendo o estabelecimento para si mesmo fazia tudo mais prazeroso - comer o que quiser na
hora que quiser, trabalhar em seu próprio horário, as manhãs no topo do farol... Ele sofreu por muito tempo
devido aos horários - intermináveis reuniões ouvindo seus "colegas" falarem sobre o T-virus de William Birkin. Eles
se escravizaram para aparecer com os Trisquads para a Umbrella que ficou felicíssima com os resultados,
aparentemente esquecendo o fracasso com os Ma7s. Eles eram incapazes de ver além de sua arrogância por
uma imagem maior...
Como se os Trisquads fossem nada mais do que corpos com armas.
Com as ondas quebrando, ele foi na direção dos dormitórios. Nicolas já sintetizou um aerotransmissível, e tem o
suficiente para contaminar a maior parte da América do Norte. Assim que o vírus fizer seu trabalho o sol nascerá
num mundo muito diferente, inabitado por pessoas de caráter e vontade.
Tire as habilidades do homem, sua mente fica livre. Com treinamento, se torna um animal de estimação; sem,
ele se torna um animal selvagem. Cubra o mundo com tais animais, e só os fortes sobreviverão...
Ele entrou no dormitório, ligou as luzes e viu seus doutores onde os havia deixado - sentados a mesa de olhos
fechados. Eles foram infectados pelo vírus que Nicolas usará, e estão perto do que o mundo se tornará em
alguns dias.
Além do laboratório de pesquisa, o estabelecimento foi projetado para treinar armas biológicas como os Trisquads
e os Ma7s. Há itens que podem ser usados, desde simples testes até complicados quebra cabeças.
Aproximando-se da mesa, Dr. Athens abriu os olhos, provavelmente para ver se havia perigo vindo. Dos três,
Tom Athens era o mais forte; ele foi um dos especialistas em comportamento. De fato, ele surgiu com a idéia de
uma equipe de três unidades, o Trisquad, insistindo que elas fariam um trabalho mais eficiente em pequenos
grupos. Ele estava certo.
Thurman e Kinneson permaneceram quietos. Griffith percebeu um cheiro ruim vindo de um deles. Olhando para
baixo, ele confirmou sua suspeita pelo molhado nas calças de Thurman.
De novo.
Louis Thurman foi um idiota, um biologista decente mas tão ridículo e intolerante como os outros. Ele criou a
maioria dos Ma7s, e quando se tornaram incontroláveis, botou a culpa em todo mundo menos nele. É mau que
um bom doutor não saiba o quanto patético está sendo.
"Bom dia senhores", Nicolas disse se afastando da mesa. Em harmonia, os três viraram a cabeça para vê-lo.
"Parece que o Dr. Thurman evacuou os intestinos. Está sentado na merda. É engraçado".
Os três sorriram largamente. Dr. Alan Kinneson sorriu disfarçadamente. Ele foi o último a ser infectado, sofrendo
menor deterioração do tecido. Alan ainda podia se passar por humano.
Griffith tirou o apito de polícia do bolso e colocou na mesa na frente do Dr. Athens. "Dr. Athens, tire os Trisquads
do dever. Atenda suas necessidades físicas e os envie para a sala fria. Quando terminar, vá para a cafeteria e
espere".
O apito desativaria as equipes e os chamaria para dentro. Tom Athens pegou o apito e saiu da sala pelo hall da
outra entrada do dormitório.
Haviam quatro Trisquads, doze unidades no total. Eles estão vagando pela mata junto a cerca ou se movendo
secretamente em volta do abrigo, tendo sido treinados para ficar fora da área nordeste do composto, farol e
dormitório. Eles eram bem eficientes nisso. A Umbrella queria soldados que matassem sem piedade, e lutassem
até que ,literalmente, explodissem em pedaços. Uma vez treinados com armas, os Trisquads se tornariam
máquinas de matar - com a recente onda de calor, Nicolas não sabe o quanto eles estão viáveis.
Ele voltou sua atenção para Louis Thurman que ainda sorria e fedia como um bebê. Ele nem se parecia com um -
gorducho e calvo, ele sorri como uma inocente e ingênua criança.
"Dr. Thurman, vá ao seu quarto, tire as roupas, tome um banho e ponha roupas limpas. Depois vá para as
cavernas e alimente os Ma7s. Quando terminar vá para a cafeteria e espere".
Depois que ele se levantou, Griffith viu que a cadeira de Louis estava suja. "Leve a cadeira e a deixe no seu
quarto".
Nicolas sentou-se perto de Alan Kinneson, sentindo-se cansado, observando as bonitas característica do doutor -
seus olhos expressivos. Ele olhou para Griffith esperando ordens. Alan já foi um neurologista. Haviam fotos no seu
quarto, da esposa e de seu bebê, um garoto com um brilhante e bonito sorriso.
Por um segundo Nicolas pensou.
Quantos morrerão? Milhões, bilhões?
"E se eu estiver errado?". Disse ele. "Alan, me diga se eu estou errado, que eu estou fazendo isso pelas razões
certas...?
"Você não está errado". Alan respondeu calmamente. "Você está fazendo pelas razões certas".
Griffith olhou para ele. "Me diga que a sua esposa é uma prostituta".
"Minha esposa é uma prostituta". Alan disse. Sem pausa. Sem dúvida.
Griffith sorriu e o medo foi embora.
Amanhã , ao nascer do sol, Nicolas Griffith dará o seu presente para o vento.
Karen Driver é a especialista em ciência forense do S.T.A.R.S.. É alta, de cabelos loiros e curtos, na faixa dos
trinta anos e séria. Sua pequena casa era bem limpa quase antissepticamente. Ela emprestou suas roupas para
Rebecca.
David tinha alugado um carro no aeroporto e eles acharam um hotel barato onde ficaram em seu quartos
separados. Rebecca só acordou depois das dez, tomou banho e esperou por David.
Ela ouviu a porta abrir e fechar, e novas vozes tomaram conta da sala. O time estava reunido.
Daqui algumas horas, tudo estará acabado. O que me preocupa é que David e seu time não viram os cachorros,
as cobras, as criaturas nos túneis... e o Tyrant.
Rebecca tirou as imagens da cabeça enquanto se levantava pondo as roupas sujas numa mala vazia. Não há
razões para ser diferente em Caliban Cove. Ela parou em frente o espelho, estudou a mulher que viu e foi para a
porta.
Chegando na sala viu que Karen trouxe cadeiras extras. Haviam dois homens no sofá do outro lado onde David
estava.
David sorriu enquanto os dois homens se levantavam para serem apresentados.
"Rebecca, este é Steve Lopez. Ele é um gênio em informática e nosso melhor atirador".
Steve tem olhos escuros, cabelos pretos e era uma pouco mais alto que ela. Não muito velho...
"- e este é John Andrews, especialista em comunicação e campo de escuta".
Sua pele era escura e não tinha barba, mas lembrava o Barry.
"Esta é Rebecca Chambers, bioquímica do S.T.A.R.S.". David terminou a apresentação.
John soltou a mão dela ainda sorrindo. "Bioquímica? Caramba, quantos anos você tem?".
Rebecca sorriu, percebendo o tom de humor nos olhos dele. "Dezoito. E três quartos".
John deu risadas enquanto voltava a se sentar. Ele olhou para Steve e depois para ela. "É bom ficar de olho no
Steve, então. Ele fez vinte e dois. E é solteiro".
"Fica quieto". Steve resmungou com suas bochechas coradas olhando para Rebecca e balançando a cabeça.
"Você vai ter que desculpar pelo John. Ele acha que adquiriu um senso de humor e ninguém pode contrariar".
"A sua mãe acha que eu sou engraçado". John retrucou, e antes que Steve pudesse responder David acabou
com o papo.
"Já chega". Disse. "Nós temos algumas horas para nos organizar se pretendemos fazer isso hoje.
A brincadeira dos dois foi bem-vinda por quebrar a tensão de Rebecca, fazendo com que se sinta uma do grupo
quase que instantaneamente. Assim que David começou a por as informações de Trent sobre a mesa, ela
começou a pensar sobre o que virá pela frente. Estando fora de algum organismo vivo, o vírus já pode ter
"morrido". Mas quem sabe se ele já contaminou alguém.
O vírus ainda infecta? Aquele lugar pode estar cheio de Tyrants... ou algo pior.
Rebecca não tem respostas para essas insistentes dúvidas. Ela dizia a si mesma que suas ansiedades não
interferiram em seu trabalho. E que a sua segunda missão não será a última.
"Nosso objetivo é entrar no complexo, coletar provas sobre a Umbrella e sua pesquisa, e sair com o mínimo de
problemas possível. Eu reverei cada passo a fundo e se algum de vocês tiver perguntas ou dúvidas sobre como
proceder, não importa o quanto insignificante, eu quero ouvi-las. Entendido?".
Todos concordaram e David continuou confortavelmente sabendo que chegou onde queria.
"Nós já discutimos algumas das possibilidades sobre o que pode ter acontecido lá, sendo que vocês já leram os
artigos. Eu digo que nós estamos lidando mais uma vez com algum tipo de acidente. A Umbrella se empenhou
bastante para encobrir o problema em Raccoon City".
"Por que a Umbrella ainda não enviou ninguém para Caliban Cove?". John perguntou.
"Quem sabe". Disse David. "Eles podem ter limpado as evidências - de qualquer modo, nós nos juntamos as
pessoas de Raccoon e nossos contatos para começar de novo".
Novamente todos concordaram. David olhou para o mapa.
"Ponto de entrada. Se esse fosse um ataque aberto, nós podíamos ir de helicóptero ou simplesmente pular a
cerca. Mas se ainda tiver gente lá e nós dispararmos o alarme, estará tudo acabado antes de começarmos.
Sendo que nós não queremos ser descobertos, nossa melhor opção é ir pelo mar. Podemos usar um dos barcos
da operação do petroleiro do ano passado".
"Eles não teriam um alarme no cais?". Karen perguntou.
"Eu não recomendaria usar o cais. Podemos ver no mapa que é possível esconder o barco em uma das cavernas
debaixo do farol. De acordo com o que eu li, existe uma entrada que liga a base dos rochedos ao farol. Se ela
estiver bloqueada, tentaremos outra caminho".
"O barco não chamará atenção se alguém estiver vendo?". Perguntou Rebecca.
"Ele é preto e o motor fica sob a água. Se a gente for à noite, devemos ficar invisíveis".
David esperou eles terminarem de pensar, não querendo apressá-los. Eles eram bons soldados - sua equipe. Se
algum deles tiver dúvidas, é bom esclarecê-las agora. Ele reparou na jovem face de Rebecca. Ele estava
começando a gostar dela, mais do que uma ferramenta para a missão...
"David colocou os pensamentos de lado e continuou.
"Vamos para os detalhes. Uma vez dentro, nos moveremos em fila através do complexo pelas sombras. Karen
ficará atrás de John procurando o laboratório e verificando o que pode ter acontecido. Steve e Rebecca os
seguirão. Eu irei logo atrás. Quando acharmos o laboratório, entraremos juntos. Rebecca saberá o que procurar
em termos de material, se tiver um sistema de computador funcionando, Steve pode verificar os arquivos. O
resto de nós dará cobertura. Terminando o serviço, nós voltaremos por onde viemos".
Todos revisaram o material de Trent.
"Nós podemos confiar nele? Karen perguntou.
"Parece que ele está do nosso lado em tudo isso. Sim". David respondeu vagarosamente.
"Quais são as chances de contrairmos o vírus?". Steve perguntou.
Rebecca respondeu. "Eu não posso dizer com certeza. Quando fui tirada do caso, eu perdi acesso às amostras
de tecido e saliva. Pelos efeitos, o T-virus é um mutagene que altera a estrutura do cromossomo do hospedeiro.
Pode contagiar plantas, mamíferos, pássaros, répteis etc. Em algumas criaturas ele pode promover um
crescimento incrível; em todos eles comportamento violento. Posso dizer que ele afeta o cérebro, pelo menos em
humanos - induz algo como uma psicose esquizofrênica. Ele também inibi a dor. As vítimas humanas que
enfrentamos não pareciam sentir ferimentos à bala. Na mansão, o vírus parecia ser aero-transmissível. Os
cientistas estavam, com certeza, usando o vírus em experimentos genéticos. E desde que nenhum de meu time
o contraiu, não precisamos nos preocupar com a respiração.
Nós devemos ficar de olho no contato com um hospedeiro, eu digo qualquer contato - essa coisa é bastante
virulenta ao entrar na corrente sangüínea. Uma gota de sangue pode conter centenas de milhões de partículas.
Qualquer contato com o vírus deve ser evitado a todo custo. Com sorte o vírus já deve estar morto... ou
deteriorando. Os hospedeiros, de qualquer modo".
Depois de um momento de silêncio John falou.
"Bom, parece um trabalho de merda. Se nós quisermos chegar lá a tempo, é bom sairmos logo". Ele disse
sorrindo para David. "Você me conhece, eu amo uma boa luta. Alguém tem que parar esses idiotas de espalhar
aquela coisa por aí, certo?".
Todos concordaram, mesmo sem saber o que viriam pela frente.
Olhando no relógio, David viu que faltavam algumas horas para embarcar. "Certo. É melhor a gente ir para o
depósito e "fazer as malas".
Karen estava na traseira da van carregando clips enquanto as misteriosas palavras da mensagem contida no
material de Trent se repetiam em sua mente.
... Ammon's message received / blue series/ enter answer for key / letters and numbers reverse / time rainbow /
don't count / blue to access.
Ela terminou um clip e colocou junto aos outros - secando suas mãos oleosas na calça ela pegou outro. Uma leve
brisa, cheirando sal e mar morno de verão passou pela quente van.
Eles passaram para o outro lado da estrada encontrando um lugar limpo para acampar a menos de dois
quilômetros da praia. Do outro lado o sol estava se pondo. O não tão distante som das suaves ondas estava
calmo - as baixas vozes dos outros trabalhando.
Steve e David estavam arrumando o barco, enquanto John mexia no motor. Rebecca arrumava um kit médico
que eles "pegaram emprestado" do depósito de equipamentos do S.T.A.R.S..
... as letras e números... um código? Tem a ver com o tempo? Contar? Seria a soma das linhas, ou outra coisa?
Ela não tirava isso da cabeça. As semi automáticas estavam limpas e prontas, e os clips carregados. Ninguém
estaria levando outras armas além das Berettas do S.T.A.R.S.. David insistiu para que viajassem leves. Depois de
ter ouvido mais sobre os zumbis, ela estava feliz por ter um revólver e uma lanterna.
Com um sentimento de culpa, Karen tirou do bolso do colete seu segredo, confortada pelo peso familiar na mão.
Deus, se o pessoal soubesse, eu nunca ouviria o final disso.
Foi dado pelo seu pai, o que sobrou do seu serviço na Segunda Guerra Mundial, um dos poucos itens que a
fazem lembrar dele - uma antiga granada abacaxi; chamada assim por causa do seu exterior feito de linhas
cruzadas. A granada era seu pé de coelho, ela não participou de uma missão sem ela.
"Karen, precisa de ajuda?".
Assustada, Karen olhou para Rebecca, que possuía um brilho de curiosidade nos olhos.
"Eu achava que não estávamos levando explosivos... isto é uma granada abacaxi? Eu nunca vi uma. Ela está
viva?".
Karen olhou em volta com medo de que alguém do time tivesse escutado - depois olhou para a bioquímica,
envergonhada.
"Shh! Eles nos ouvirão. Vem aqui um segundo". Karen disse. Rebecca, obedientemente, engatinhou para dentro
da van.
Karen estava absurdamente agradecida pela descoberta de Rebecca. Em sete anos de S.T.A.R.S., ninguém
havia descoberto.
"É uma abacaxi, e não estamos levando explosivos. Não diga à ninguém, tá? Eu carrego ela para dar boa sorte.
Rebecca arregalou os olhos. "Você carrega uma granada viva para dar sorte?".
"Sim, e se Steve ou John descobrirem, eles irão cair em cima de mim. Eu sei que é bobeira, mas é um tipo de
segredo".
"Eu não acho bobeira. A minha amiga Jill tem um chapéu da sorte...". Rebecca tocou a fita vermelha em sua
testa. "... e eu tenho usado isto por algumas semanas. Estava usando ela quando fui para a mansão".
Sua jovem face se fechou, e depois sorrindo novamente disse direta e sincera.
"Não direi uma palavra".
Karen decidiu que realmente gostava dela. Ela colocou a granada no bolso olhando para Rebecca. "Obrigado.
Bom, estão todos prontos lá?".
"Sim, acho. John quer conferir os fones de novo, fora isso, tudo está feito".
"Vá em frente e entregue as armas, eu pego o resto".
Rebecca ajudou Karen a descarregar assim que o sol sumia no horizonte. O vento ficou mais forte, a água mais
fria e as primeiras estrelas ficaram à vista sobre o Atlântico.
Eles andaram para a água em silêncio carregando suas armas. Assim que a luz do dia desapareceu John e David
deslizaram o barco na água, Karen colocou um gorro preto e deu um tapinha no pesado bolso para sorte, dizendo
a si mesma que não precisará usá-la.
A verdade está esperando. É hora de saber o que realmente está acontecendo.
[3]
Steve e David foram para a frente do barco com capacidade para seis pessoas. Rebecca e Karen foram logo em
seguida. John entrou por último e ao sinal de David, ligou o motor apertando um botão; era silencioso como David
havia falado.
"Vamos". David disse. Rebecca respirou fundo assim que eles rumavam para norte, em direção a ilha. Ela
procurava na escuridão por algum sinal que marcasse o começo do território particular, mas não conseguia
perceber nada. Estava mais escuro e frio o que ela esperava.
Rebecca viu um flash de luz enquanto David erguia o binóculo de visão noturna em busca de movimento na
costa.
"Eu vejo a cerca". David disse suavemente.
Ela voltou sua atenção para a costa, imaginando o quanto estavam perto. Já se podia ouvir a água se chocando
com as rochas.
"Há uma doca". Disse David. "John, vire a estibordo, duas horas".
Houve um som de metal raspando na madeira - não haviam barcos que se pudesse ver.
Rebecca deu uma olhada na escuridão e só viu o contorno de uma estrutura que poderia ser um galpão onde os
barcos ficam. Não era possível ver as outras construções do mapa de Trent. Eram seis estruturas além do farol.
Cinco delas espalhadas ao longo da enseada, dispostas em duas linhas paralelas - três em frente e duas atrás. A
Sexta estrutura estava atrás do farol. Todos esperavam que essa fosse o laboratório; eles conseguiriam o que
precisam sem procurar no complexo inteiro.
"A casa dos barcos é de madeira, as outras parecem ser de concreto. Eu não... esperem". O sussurro de David
se tornou urgente. "Alguém... duas, três pessoas vieram de trás de um dos prédios".
Rebecca sentiu um estranho alívio fluindo através dela - alívio, desapontamento e uma súbita confusão. Se houver
pessoas, o T-virus pode não ter sido solto. Isso significa que o complexo está ocupado e as patrulhas tornarão a
operação impossível.
Por que está tão escuro? E por que tudo parece morto aqui, tão vazio?
"Vamos abortar?". Karen cochichou, e antes que David pudesse responder, Steve respirou forte fazendo o
sangue de Rebecca congelar.
"Três horas, grande, oh Jesus é imenso".
BAM!
O barco foi atingido e mergulhado na turbulenta água do mar.
A água o envolveu, gelada e salgada, queimando os olhos de David que perdido, ofegava.
Onde está... o time, onde está.
David girou em volta, respirando profundamente, e ouviu uma tosse a sua esquerda.
"Vá para a costa", ele disse girando em um círculo, tentando achar suas posições, achar a da criatura.
O barco estava a dez metros atrás dele, de ponta cabeça. A força do ataque os jogou longe, mais perto da ilha.
Viu duas figuras entre ele e a costa. Ele não podia ver a coisa que acertou o barco mas esperava sentir a mordida
a qualquer momento.
"Vão para a costa". Disse de novo.
"David". John aterrorizado gritou de além do barco que boiava.
"Aqui! John, por aqui, siga a minha voz!".
John foi na direção de David que nadava para a praia rochosa. Ele viu o topo da cabeça de John aparecer, viu
seus braços baterem na escura água.
"Siga-me, estou bem aqui".
Uma gigante sombra ergueu-se atrás de John à uns três metros, arredondada e impossível. Os eventos
aconteceram como num sonho em câmera lenta na frente dos olhos de David.
Ele viu grossos e pontiagudos tentáculos de cada lado, perto do topo de sua erguente sombra.
Tentáculos não, antenas.
E percebeu que estava vendo a barriga de um monstruoso animal que não podia existir, tão grande como uma
casa. O corte negro de sua boca abriu, revelando afiados dentes do tamanho de um punho humano.
Quando aquilo vier abaixo, John será engolido pelas fortes garras. Ou esmagado. Ou levado para o fundo - uma
refeição afogada para a criatura.
No instante que ele viu os fatos, já estava gritando.
"Mergulhe! Mergulhe!".
A aberração estava caindo, seu corpo de serpente envolveu o frenético nadador. David reparou nos bulbosos
olhos, cada um do tamanho de uma bola de vôlei... e a criatura caiu, mandando explosivas ondas no ar. Antes
que David pudesse respirar, uma tremenda onda o atingiu, levando-o violentamente para trás.
Houve um momento de pressa assim que ele lutava contra a força exercida em seus membros, tentando achar
ar na envolvente corrente.
Chutando violentamente, ele voltou à tona sentindo o frio ar batendo na sua pele - e as mornas mãos humanas
puxando seus ombros.
Ele respirava convulsivamente enquanto suas botas raspavam nas rochas, e a voz de Karen atrás dele.
"Peguei ele".
David pegou fôlego e se virou. Pessoas molhadas estavam estendendo as mãos, Steve e Rebecca.
Meu Deus, John.
"Eu estou bem". David disse. "John... alguém está vendo ele?".
Ninguém respondeu.
"John!". Ele chamou, tão alto quanto podia, procurando e nada vendo.
"John". Ele chamou de novo - esperança diminuindo.
"O que?". Uma voz estrangulada veio das rochas à esquerda deles.
David respirou aliviado assim que a figura pingando de John saia das sombras.
Steve foi em sua direção, agarrando seu braço e o apoiando nas rochas.
"Eu mergulhei". John disse.
David se virou olhando para cima, para o complexo, além da fatia de praia coberta de pedrinhas. Eles estavam na
base de uma pequena queda angulosa, no local plano. O choque do monstruoso peixe - se puder ser chamado
assim - não era mais importante. Eles estavam fora da água agora.
Eles nos viram? Não podemos ficar aqui...
"A casa dos barcos". David disse virando a sul. "Rápido".
Karen pegou a dianteira, os outros a seguiram de perto. Ninguém parecia seriamente ferido. David correu depois
de John, com suas pernas doendo.
Assim que eles subiram as pedras, David ouviu um ruído abafado de metal, viu Rebecca abraçando o pacote de
munição em seu peito. Ele sentiu novas esperanças; se eles pudessem vê-las em algum lugar seguro...
A construção estava à frente, à direita, quieta e escura, a porta fechada de frente para a doca de madeira. Não
dava para saber se estava vazia à apenas dez metros de distância.
Sem escolha.
"Fiquem abaixados". David disse em voz baixa e todos foram na direção do lugar.
Karen abriu a porta. Nenhum alarme disparou. Steve e Rebecca foram atrás dela, depois John, depois David que
fechou a porta de madeira.
"Fiquem aonde estão". Disse suavemente. Fora a respiração de todos o local estava quieto. Mas havia um cheiro
horrível no ar, um cheiro de algo morto a algum tempo...
O fino raio de luz cortou a escuridão, revelando uma grande e quase vazia sala sem janelas. Cordas e coletes
salva-vidas pendurados por estacas de madeira, uma bancada corria o comprimento de uma parede, alguns
serrotes e prateleiras desorganizadas...
-meu Deus -
A luz congelou na outra porta da sala, diretamente em frente a que eles entraram. O raio de luz iluminou um
corpo nu e um casaco de laboratório esfarrapado com manchas de óleo. Fibras secas de músculo saiam de uma
face não muito sorridente.
O corpo foi pregado na porta, uma mão fixada mostrando um aceno de boas-vindas. Aparentemente, morto a
semanas.
Steve sentiu algo subindo em sua garganta. Ele engoliu, desviando o olhar, mas a grotesca imagem já estava
fixada em sua mente - a face sem olhos e de pele descascada...
Jesus, isso é alguma piada? Steve sentiu-se tonto.
Por alguns segundos ninguém falou, até que David começou a falar baixo com a mão sobre a luz.
"Vejam seus cintos e soltem seus clips. Eu quero status agora, danos depois equipamento. Respirem fundo,
todos. John?".
A voz de John surgiu à esquerda de Steve. Karen e Rebecca estavam à sua direita. David ainda na porta.
"Eu estou com meleca de peixe no corpo, mas estou bem. Estou com a minha arma mas perdi a lanterna. Tal
como os rádios".
"Rebecca?".
"Estou bem... hum, minha arma está aqui, lanterna e kit médico... ah, e munição".
Steve se checou enquanto ela falava, segurando sua Beretta, ejetando o clip molhado e pondo-o em um bolso.
Havia um lugar vazio em seu cinto onde a lanterna deveria estar.
"Steve?".
"É, sem ferimentos. Arma mas sem luz".
"Karen?".
"Também".
Os dedos de David se moveram, permitindo a leve luz se espalhar pelo lugar. "Ninguém está ferido e ainda
estamos armados; podia ter sido pior. Rebecca, passe os clips, por favor. A cerca não deve estar a mais de
cinqüenta metros a sul daqui, e há árvores suficientes para cobrir desde que ninguém nos tenha visto".
Steve pegou três clips de Rebecca, agradecido. Colocou um na arma.
Ótimo, bom, vamos detonar. Primeiro aquela coisa que quase nos comeu, agora Sr. Morte dando um tchauzinho
como se quisesse dizer oi...
Steve não é assustado facilmente, mas sabia do perigo quando a viu.
David se aproximou do corpo decomposto, um olhar de nojo cobriu sua face. "Karen, Rebecca, venham ver isso.
John pegue a luz de Rebecca e veja se consegue achar algo de útil com Steve".
John pegou a lanterna e andou com Steve pela longa bancada.
"O T-virus não fez isso". Rebecca disse. "Padrão de decomposição todo errado...".
Silêncio, então Karen falou. "Vê aquilo? David me dê a lanterna por um segundo".
John direcionou a luz sobre a suja tábua da bancada. Um copo de café quebrado. Uma pilha de nozes
engorduradas e dardos no topo de um alvo. Uma chave de fenda elétrica empoeirada e gumes num pano
manchado.
Nada, não tem nada aqui. Nós devíamos sair desse lugar antes que alguém venha dar uma olhada...
John abriu a gaveta e a revirou enquanto Steve tentava descobrir o que estava numa prateleira. Atrás deles,
Karen falava.
"Ele não estava morto quando foi pregado, eu diria que estava perto. Inconsciente. Não há machucados;
sugerindo que ele não lutou... e tem marcas de raspagem aqui e aqui; eu diria que ele foi baleado pela porta de
trás e arrastado".
John terminou a varredura na gaveta e eles prosseguiram - o som de botas contra o chão de madeira. Um grupo
de soquetes de tomada. Um rádio barato. Um saco de papéis amarrotados perto de um lápis.
Algo esbarrou nos pensamentos de Steve fazendo-o parar, olhando para o saco. O lápis...
Ele pegou o papel amassado. Haviam várias linhas escritas perto do final da folha.
"Ei, achamos alguma coisa". John disse baixo, iluminando o papel enquanto os outros vinham. Steve leu em voz
alta, iluminando as palavras. Não havia pontuação; ele fez de tudo para fazê-las.
"... 20 de Julho. A comida estava drogada, estou enjoado - eu escondi o material para você, dados enviados. Os
barcos estão afundados e ele deixou os..."
Steve franziu as sobrancelhas incapaz de ler a palavra.
Tris... Tris-Squads?
"Os barcos estão afundados e ele deixou os Trisquads fora - escuro agora, eles virão, eu acho que ele matou o
resto - pare-o - Deus sabe o que ele pensa em fazer. Destruir o laboratório - encontrar Krista, diga a ela que sinto
muito, Lyle sente muito. Eu quero - ".
Não havia mais nada.
"A mensagem de Ammon". Karen disse suavemente. "Lyle Ammon".
Não precisava ser detetive para descobrir quem estava pendurado na porta. Ele tem uma identidade agora. E a
mensagem que Trent deu a David estava tão estranha porque o pobre homem estava dopado ao mandá-la.
"Bom em dar um nome a face, hein?" John disse sem nenhum sorriso.
O que é um Trisquad? Quem é "ele"?.
"Talvez a gente deva olhar em volta mais um pouco". Rebecca disse, mas David balançou a cabeça.
"É melhor deixar para lá. Nós vamos...?
Ele parou de falar quando pesados passos soaram no lado de fora da porta a qual vieram. Todos congelaram,
ouvindo. Outros passos, e quem quer que sejam, não estavam tentando esconder sua aproximação.
Eles pararam na porta - e ficaram lá, sem tocar na maçaneta, sem chutar a porta e sem outro som. Esperando.
David circulou o dedo no ar, apontando para Karen e depois para a porta com o corpo de Lyle Ammon. O sinal
para sair, Karen primeiro.
Todos seguiram em direção do corpo, Steve respirava pela boca a cada "creck" que faziam.
Assim que Karen abriu a porta, o silêncio foi quebrado por tiros de uma metralhadora - vindo da direção de sua
rota de fuga.
[4]
Karen pulou assim que balas perfuravam a porta. Pedaços de carne podre voavam do corpo de Ammon; o corpo
dançava num ritmo de ação macabra.
Quem quer que esteja atirando, está se aproximando. Os tiros ficavam mais altos e estilhaços de carne e
madeira os atingia. Estavam encurralados; ambas as saídas bloqueadas.
Rebecca agarrou com força sua Beretta na mão esperando um sinal de David. Ele apontou para noroeste do
complexo gritando para ser ouvido sob os tiros.
"Rebecca, a outra porta! John, Karen, próximo prédio! Steve, nós cobrimos! Vão!".
Steve e David saltaram fora e começaram a atirar. John e Karen saíram correndo, desaparecendo
instantaneamente na escuridão.
Rebecca mirou na porta de trás, seu coração pulando na garganta. As paredes tremiam.
"Morre! Jesus, porque eles não morrem?" Steve gritou atrás dela, fazendo seu sangue gelar com o tom de terror
em sua voz.
Zumbis?
Sem tirar os olhos da porta, Rebecca gritou o mais alto que pode.
"Na cabeça! Mire na cabeça!".
Não havia como saber se eles escutaram.
"Rebecca, vamos!".
Ainda sob o som de tiros de metralhadora, ela olhou para trás e viu Steve atirando em algo e David sinalizando
para ela se mover.
Ela foi na direção da porta com o corpo ainda pendurado. A cabeça parecia uma abóbora podre, dentes
estilhaçados, pegajosos pedaços de pele radiando de trás da cabeça. A mão não estava mais conectada ao
braço, o *Rádio e a *Ulna estouraram. O corpo estava lá como alguma decoração obscena, acenando...
Steve atirou de novo e o som da metralhadora cessou. Ele ergueu a arma, e assim que abriu a boca para dizer
algo -
- a porta de trás estraçalhou - balas voando através do escuro numa chama de fogo laranja. David a puxou para
porta e ela correu, o som de nove milímetros soou atrás dela.
Ela correu a toda velocidade, seus sapatos molhados socando o chão rochoso, procurando o contorno de um
grande bloco de concreto e as finas árvores que circundavam a escuridão à frente.
"Aqui".
Ela desviou em direção ao chamado, viu a silhueta de John no canto de um prédio. Aproximando-se dele, viu a
porta aberta, Karen em pé na entrada com sua arma em direção a casa dos barcos. Balas ainda cantavam no
escuro.
"Entre!". Karen gritou saindo do caminho.
Rebecca correu sem diminuir até estar dentro. Ela colidiu com uma mesa, batendo dolorosamente sua coxa na
quina.
Virando, viu Karen atirando e John berrando. "Vamos, vamos!".
E Steve passou pela porta respirando. Ele parou antes de atingir Rebecca - uma mão agarrando seu colete.
Rebecca foi até a porta de aço assim que David a cruzou dizendo:
"Karen, John!".
Karen recuou para o escuro, arma ainda erguida. Houve mais três disparos de uma Beretta e John entrou.
Rebecca fechou a porta. O leve "click" da tranca foi dificilmente ouvido pelos ouvidos que apitavam. Do lado de
fora os tiros pararam. Não houve vozes entre os agressores, alarme, latidos de cachorro ou gritos de feridos.
O silêncio era total, quebrado apenas pela respiração no úmido e quente escuro.
Um raio de luz revelou as faces chocadas do time assim que David iluminou seu esconderijo.
Uma sala de meio tamanho, cheia de mesas e computadores. Não haviam janelas.
"Você viu aquilo?". Steve disse para ninguém. "Deus, eles não iam cair, você viu aquilo?".
Ninguém respondeu, e apesar de estarem fora de perigo, Rebecca não sentiu sua adrenalina diminuir, não sentiu
seu coração voltar a nada próximo do normal; parece que a Umbrella encontrou uma nova aplicação para o
T-virus.
E gostando ou não, nós teremos que lidar com as conseqüências.
Eles estavam presos em Caliban Cove. E lá, as criaturas tinham armas.
David respirou fundo e exalou pesadamente, iluminando a porta. "Eu diria que fomos descobertos. Poderíamos
ver no que entramos. Rebecca, acenda as luzes".
Ela apertou o botão na parede e a sala se iluminou, acima fluorescentes pulsando para a vida. David avaliou seu
time e viu que Steve tinha uma mão no peito.
"Você está ferido?".
"O colete a segurou". Ele disse parecendo mais sufocado que os outros, sua face mais pálida do que devia.
Rebecca olhou para David que respondeu com um balanço de cabeça.
"Cheque-o. Mais alguém?".
Ninguém respondeu enquanto Rebecca pedia a Steve para tirar o colete. David virou-se e olhou a sala. Haviam
seis mesas de metal, cada uma com um computador. As paredes de cimento eram planas e não tinham
decorações. Tinha outra porta na parede oeste que deve se aprofundar mais no local.
"Karen, proteja aquela". Ele disse. "Não parece que estamos encarando um acidente. O que o bilhete dizia? A
comida estava drogada e alguma coisa sobre um "ele" matando os outros... é possível que nós não estejamos
olhando para uma contaminação do T-virus?".
--------------------------------------------------------------
* Rádio e *Ulna - Ossos que compõem o antebraço.
-------------------------------------------------------------- Rebecca terminou de examinar o peito de Steve, o expert em
informática estava sentado em uma das mesas na frente dela. "Você está bem. Nada quebrado".
Ela voltou para David. "É, se isso tivesse acontecido, aquele cara na porta, Lyle Ammon, teria sido infectado. Mas
os Trisquads - se eles são o resultado de experimentos com o T-virus, eles já estariam podres agora. Já se
passaram três semanas desde que o bilhete foi escrito. Pode ser um vírus diferente ou alguém esteve cuidando
deles. Manutenção de enzimas, talvez algum tipo de refrigeração".
"E se esse "alguém" ficou bravo e matou todo mundo, pra que perder tempo?". David falou.
"Aquele corpo". Karen disse. "E a criatura ou criaturas lá fora. É como se ele esperasse alguém vir..."
"... mas não significa para nós ir muito longe". John terminou.
"Então o que fazemos agora?". Steve perguntou.
David não respondeu, incerto sobre o que dizer. "Eu... nossas opções são ir embora ou ir mais adentro". Disse
calmamente. "Considerando o que aconteceu, eu não me sinto confortável visitando esse lugar. O que vocês
querem fazer?".
David olhou de face em face, esperando ver raiva e desprezo mas ficou surpreso pelo sorriso de Karen.
"Já que você perguntou, eu quero saber o que aconteceu aqui". Karen disse brilhante e ansiosa.
"É, eu também. Eu ainda quero ver o T-virus". Rebecca disse.
"Eu ainda quero destruir mais desses Tri-boys". John disse sorrindo. "Caramba, zumbis com M-16 - noite do
esquadrão dos mortos-vivos".
"Eu também quero". Steve disse. "Voltar não é muito seguro. Não foi do jeito que eu queria, mas pegar provas
sobre a Umbrella era o plano original... sim, eu quero pegar esses desgraçados".
David sorriu. Ele tinha acabado de subestimar a situação, ele gravemente subestimou sua equipe.
"O que você quer fazer?". Rebecca perguntou de repente. "Mesmo".
A pergunta o surpreendeu de novo, não porque ela perguntou, mas sim porque ele não tinha resposta. Ele
pensou no S.T.A.R.S., em sua carreira e tudo o que isso já lhes custou. Estudou o curioso olhar dela e sentiu os
outros o olhando, esperando.
"Eu quero que nós sobrevivamos". Ele finalmente disse, verdadeiramente. "Eu quero que façamos isso fora
daqui".
"Amém". John resmungou.
David lembrou do que disse à Chris para conseguir a aprovação dessa operação, algo sobre cada um deles fazer
o melhor que puder para ter sucesso contra a Umbrella.
Aprenda, Capitão...
"John, você e Karen, dêem uma olhada neste lugar, vejam as portas e estejam de volta em dez minutos. Steve,
ligue um desses computadores e veja se consegue achar um plano detalhado das áreas. Rebecca, nós veremos
as mesas. Nós queremos mapas, dados sobre os Trisquads, T-virus e qualquer coisa pessoal sobre os cientistas
que possa nos dizer quem está por trás disso tudo".
David olhou para eles, percebendo que foi claro. "Vamos lá".
Eles iriam derrubar a Umbrella.
Dr. Griffith pode não ter percebido a falha na segurança se não fosse pelos Ma7s; eles pareciam úteis apesar de
não ser essa sua intenção.
Ele passou a maior parte do dia no laboratório. Uma vez que ele decidiu soltar o vírus, não restava mais nada a
fazer. As horas voaram; cada olhada no relógio era uma surpresa. Ele seria o primeiro a transformar o mundo.
Com aquilo na sua frente, a única tarefa com que se preocupar é levá-lo para o topo do farol. Logo depois do
amanhecer ele dará as instruções finais para os doutores - e assim orgulhosamente guiar a espécie humana para
dentro da luz, para o milagre da paz.
Foi o pensamento dos Ma7s finalmente terem amanhecido dentro das cavernas, que o despreocupou. Ele já
cometeu esse erro com os Leviathans; ao assumir o controle do complexo, ele abaixou os portões da enseada,
esperando que as criaturas sintam-se tão livres quanto ele. Foi no dia seguinte que ele percebeu que a Umbrella
poderia descobrir e vir dar uma olhada, colocando um fim em seus planos. Ele continuaria mandando relatórios
semanais para maquiar a situação, mas não teria como explicar a "fuga" de quatro criaturas. Foi sorte de os
Leviathans terem voltado.
Os Ma7s eram um problema totalmente diferente. Eles eram imprevisíveis e violentos demais para ficarem do lado
de fora. Mas deixá-los morrer de fome nas jaulas não parecia certo; não foi a escolha deles de existir como
armas de destruição.
Ele ficou em frente ao portão externo por um tempo, considerando o problema dos cinco animais se atirarem uns
nos outros. Havia uma tranca manual perto de lá, e outra no laboratório. Não há modo de soltá-los do farol e
certamente não podem sair até Nicolas ficar em segurança. Ele poderia mandar um dos doutores para isso, mas
os Ma7s tem um metabolismo muito mais lento que o dos humanos.
Um mês antes da tomada do complexo, Dr. Chin e dois de seus veterinários cometeram um erro ao tentar
examinar um doente; foi um modo muito ruim de morrer.
Ele sentou em frente do computador olhando para o cursor que piscava indicando "sistema em uso" num dos
abrigos. Não havia chance de ser um erro, exceto pelos terminais do laboratório, o resto foi desativado semanas
atrás. A Umbrella veio.
Eles NÃO vão, NÃO vão me parar.
A primeira emoção foi raiva, uma fúria que o fez perder a razão.
Ainda haviam dois outros terminais no laboratório e ele andou rapidamente para um deles, olhando os doutores
sentados e quietos. Ele sentiu um ódio por eles, por criar os Trisquads; os "invencíveis" guardas que falharam na
hora em que mais precisou.
Ele sentou, ligou o computador e esperou impaciente pela silhueta do guarda-chuva girando acabar. O sistema de
segurança do complexo ficava no laboratório; de lá ele é capaz de ver o que o intruso está procurando sem
alertá-lo de sua presença.
Ele digitou várias senhas, esperou, depois digitou seu número. Após breves pausas, brilhantes linhas verdes de
informações encheram a tela. Ele conseguiu.
Olhando para as informações, ele pensou porque alguém da Umbrella estaria procurando pelo laboratório. Está
procurando no lugar errado. Os projetistas do sistema não eram idiotas, não há mapas deste lugar nos
arquivos...
... e a Umbrella saberia disso. Significa que...
O alívio passou por ele, tão puro que ele riu. Não era a Umbrella e isso muda tudo. Mesmo se eles tentarem
achar o laboratório, nunca entrariam sem um key card (cartão-chave). E Griffith destruiu todos.
Exceto o de Ammon. Nunca foi encontrado.
Ele gelou, depois balançou a cabeça. Ele havia procurado em todo lugar pelo cartão, quais as chances de um
invasor achá-lo.
E quais as chances de passarem pelos Trisquads, hein? E o que Lyle fazia nas horas em que você não o achava?
E se ele mandou alguma mensagem? Você só verificava transmissões para a Umbrella, mas se ele contatou mais
alguém?
O computador começou a mostrar informações sobre os testes de socio-psicologia que Ammon projetou. Griffith
sentiu seu controle diminuir de novo.
Eu sou um cientista, não um soldado. Eu nem sei atirar, lutar! Eu seria inútil em combate...
Imprevisível, incontrolável.
Um sorriso surgiu em seu rosto. Sangue escorria, da palma da mão, de onde suas unhas perfuraram, mas não
sentiu dor.
Seu olhar voltou-se para o aberto e silencioso laboratório. Depois para as vazias e estúpidas faces dos doutores.
Para os cilindros de ar comprimido e para o vírus, seu milagre. E finalmente para os controles que dão para a jaula
dos animais.
Nicolas sorriu largamente. O sangue pingou no chão.
Deixe-os vir.
Steve leu em voz alta. Rebecca viu David olhando para o relógio e para a porta várias vezes. Ela não achava que
se passou dez minutos, mas estava perto. John e Karen ainda não voltaram.
"... onde cada um é projetado para medir a aplicação de lógica, assim que um índice de técnicas de projeção
forem combinadas com precisão...".
Deve ser um relatório sobre a análise de algum teste de Q.I.. Deve ter sido escrito por um cientista. Ainda assim
foi o que apareceu quando Steve perguntou por informações sobre a série azul (blue series).
Alguém esvaziou a sala, e fez um bom trabalho. Ela achou livros, grampeadores, canetas, lápis, elásticos e clips
de papel, mas nenhum pedaço de papel escrito.
A busca no computador de Steve não estava indo bem; nenhum mapa e nada do T-virus. Quem quer que tenha
assumido o controle do lugar, acabou com tudo o que eles poderiam usar.
Exceto aquele teste de psicologia que nem se quer mencionou a palavra azul.
Steve apertou uma tecla e brilhou.
"Aqui vamos nós... a série vermelha (red series), quando vista de uma escala padrão, é mais básica e simples,
com um quociente de inteligência 80. A série verde (green series)...".
Ele parou. "Apagou tudo".
Rebecca desviou o olhar da mesa quase vazia a qual vasculhava quando viu David se juntando a Steve.
"Rebecca". David a chamou.
Ela fechou a gaveta e foi até Steve, curvando-se para ler o que estava escrito na tela.
O homem que o faz não precisa. O homem que o compra não o quer. O homem que o usa não sabe.
"É uma charada". David disse. "Algum de vocês sabe a resposta?".
Antes que algum deles pudesse responder, Karen e John voltaram para a sala, ambos segurando as armas.
Karen segurava um papel rasgado numa mão.
"Tudo checado". John disse. "Seis salas, nenhuma janela e só uma porta externa a norte".
"Haviam porta-arquivos na maioria delas, mas estavam vazios - exceto por este papel que achei preso na fenda
de uma gaveta".
Ela deu o papel a David que o viu, seu olhar tornando-se intenso. "Isso é tudo que havia lá?".
"Sim, mas é suficiente, não acha?".
David começou a ler alto.
"Os times continuam a trabalhar independentemente e tem mostrado um notável melhoramento desde a
modificação na *sinapse auditiva.
Na Ocasião Dois, quando mais de um Trisquad está presente, o segundo time (B) não atacará enquanto o
primeiro (A) estiver concluindo. (quando o alvo parar de se mover ou de emitir som).
Se o alvo continuar fornecendo estimulo e o A tiver suspendido o ataque (falta de munição ou defeito em todas
as unidades), B entrará em ação. Se estiverem por perto, patrulhas adicionais vão ser incluídas no ataque e serão
ativadas em sucessão.
Até agora, nós não temos expandido a habilidade sensorial para atingir o comportamento desejado; o estímulo
visual da Ocasião Quatro e Sete continuam improdutivas, apesar disso nós infectaremos um novo grupo de
unidades amanhã e correlacionar os resultados no final da semana. É nossa recomendação que continuemos a
desenvolver capacidade auditiva antes da implantação do detector de calor".
"Aqui é onde está rasgado". David disse.
"Isso explica muito. Por que o time na porta de trás da casa de barcos não fez nada?; o de fora ainda estava
atirando. Depois que você e Steve os derrubou eles entraram num segundo". Karen disse.
Rebecca não estava gostando; a Umbrella continua fazendo experiências em humanos. Em Raccoon, o T-virus
levou de sete a oito dias para contaminar de vez o hospedeiro, e em um mês já caia aos pedaços.
Ela mordeu o lábio, imaginando o que os cientistas de Caliban Cove fizeram com o vírus. E se eles aceleraram o
processo de infecção...
"O sinal da porta norte dizia que estamos no bloco C". John disse. "Você achou um mapa?".
Steve respondeu. "Não, mas dê uma olhada. Eu perguntei por informações sobre a série azul, e esse relatório de
testes de Q.I. apareceu - depois isso. Não consegui mais nada".
John olhou para a tela. "... homem que o fez não precisa, compra, não quer, usa, não sabe...".
Karen, que relia o papel rasgado, levantou os olhos com extremo interesse. "Espere, eu conheço essa aí. É um
caixão".
Steve digitou caixão. Nada mudou.
"Tente " *esquife". Rebecca sugeriu.
Assim que Steve digitou e apertou "enter", a charada foi substituída por:
SÉRIE AZUL ATIVADA.
Em seguida:
TESTES QUATRO (BLOCO A), SETE (BLOCO D), E NOVE (BLOCO B) / AZUL PARA ACESSAR DADO (BLOCO E).
"Azul para (blue to) - a mensagem de Ammon". Karen disse rapidamente. "É isso - a mensagem recebida falava
sobre a série azul, depois dizia, entrar com a resposta para senha". A resposta era esquife".
"E os números dos testes são a senha". David disse. "Tinham mais três coisas na mensagem antes de "azul para
acessar". Devem ser as respostas dos testes - as "letras e números ao contrário", "tempo arco-íris" e "não
conte".
David pegou uma caneta e virou o papel do relatório. A informação agora faz sentido. Ele desenhou cinco caixas
em duas linhas, igual o mapa de Trent, nomeando-a mais ao sul como C. Depois ele temporariamente nomeou os
outros, começando pelo topo à esquerda como A e indo para a direita e depois para a esquerda, pondo os
números dos testes perto de cada letra.
"Supondo que este seja o lado de cima e que nós precisamos resolver os testes em ordem, nós iremos nos
mover em zig-zag entre os blocos". David explicou.
"E supondo que os Trisquads não tenham problema com isso". John disse suavemente.
Rebecca sentiu sua excitação diminuir - pode ver a mesma expressão em seus colegas. Ela sabia que eles teriam
que partir, mas não queria pensar nisso até estar lá.
Agora está. E os Trisquads estão esperando.
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*Sinapse - Relação de contato entre os detritos das células nervosas.
*Esquife: Sinônimo de "caixão" (fúnebre).
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[5]
Eles pararam na porta norte no escuro e abafado corredor, apertando os cadarços, ajustando os cintos e
recarregando as armas.
"Você, Steve e Rebecca com o da esquerda, noroeste daqui. Daremos um tempo, depois Karen e eu sairemos.
Se você estiver certo, estaremos no bloco D; se estiver de ponta-cabeça, bloco B.
De qualquer modo, nós procuraremos o número do teste, e esperaremos vocês nos darem o "vai em frente".
John explicou.
"E se eu não...".
Karen interrompeu dizendo: "Se a gente não o ver em meia-hora, voltaremos aqui e esperaremos por Steve e
Rebecca. Completaremos os testes se for possível".
"Certo". David disse. "Ótimo".
Eles estavam preparados. Haviam infinitas variáveis da equação que poderiam tornar o simples plano, difícil.
"Alguma pergunta antes de irmos?".
Rebecca começou a falar com preocupação. "Eu quero lembrar a todos para terem bastante cuidado com o que
tocarem, ou o que os tocarem. Os Trisquads são portadores, então tente não se aproximar deles, principalmente
se estiverem feridos".
David pensou nas centenas de milhões de partículas do vírus que poderiam haver numa gota de sangue...
Todos esperaram por seu sinal. Ele deixou os pensamentos de lado e colocou a confiança na sua arma, tocando
a maçaneta da porta.
"Prontos?". Com silêncio, agora, no três - um... dois... três".
Ele abriu a porta e saiu para o quente ar da noite ouvindo o barulho das ondas. Estava mais claro do que antes. A
quase lua-cheia havia se erguido, iluminando o complexo. Nada se moveu.
Bem na frente dele a uns vinte metros estava o destino de Karen e John. Tinha uma porta de frente para o bloco
C; eles não precisarão contornar o prédio para entrar.
David saiu da porta para a sua esquerda, encostado na fina sombra da parede. Ele podia ver a frente do prédio
que esperava ser o A, alto, pinheiros à esquerda e atrás dele. Havia uma porta no meio dele, e nenhuma
proteção ao longo dos trinta e pouco metros que os separavam. Uma vez fora de C, eles estarão totalmente
vulneráveis.
Ele respirou fundo e correu abaixado para a porta do bloco. Seu corpo esperava por uma rajada de balas; a
aguda dor que o levaria para o chão. Mas estava silencioso. Os Segundos demoraram uma eternidade para a
porta ficar mais perto, maior...
Então a maçaneta estava sob seus dedos sendo girada, entrando numa sufocante escuridão - virando, viu
Rebecca e Steve chegando.
David fechou a porta rapidamente e sem fazer barulho, sentindo o vazio da sala, a falta de vida - e então o
cheiro o atingiu.
Era o mesmo cheiro da casa dos barcos só que cem vezes mais forte. David conhecia o cheiro. Se deparou com
ele numa floresta na América do Sul, num acampamento cultista em *Idaho e no porão da casa de um serial
killer. O cheiro de podridão era inesquecível.
Quantos haverão aqui?
O raio de luz rasgou a escuridão e encontrou uma pilha de corpos que tomava conta de um grande depósito, não
havia como ter certeza de quantos corpos estavam lá; eles já estavam derretendo uns nos outros, a carne negra
e enrugada dos corpos empilhados no úmido calor. Talvez quinze, talvez vinte...
Steve se afastou e vomitou - um grosso som na quieta sala.
David procurou no resto da sala, encontrando uma porta com a letra A escrita em preto.
Sem olhar para o monte, ele levou Rebecca para a distante porta agarrando Steve.
Eles saíram num corredor sem janelas, e tinha um interruptor de luz perto da porta. David o ignorou por um
momento, esperando seus jovens colegas se acalmarem.
Parece que os funcionários da Umbrella de Caliban Cove foram encontrados.
Karen e John esperaram um minuto depois que os outros foram. Abriram a porta o suficiente para ouvir. O ar
passou pela abertura. Ao longe o barulho das ondas mas nenhum tiro, nenhum grito.
Karen fechou a porta e olhou para John. "Já devem ter entrado. Quer ir na frente ou prefere que eu vá
primeiro?".
"As minhas mulheres sempre vão primeiro". Ele sussurrou. "Isso quando eu vou junto, se é que você me
entende".
"John, só responda a pergunta".
"Eu vou. Espere até eu atravessar, depois siga".
Ela se afastou para deixá-lo passar.
Assim que ele colocou a mão na maçaneta, respirou fundo e a girou. Nenhum som, nenhum movimento lá fora.
Segurando sua Beretta, ele se afastou do prédio e moveu-se rapidamente para a porta a uns vinte passos à
frente.
Alcançando a porta, tocou a fria tranca de metal - ela não se moveria. Estava trancada.
Sem pânico. Ele fez um sinal para Karen esperar e seguiu para a sua direita. Fez a curva sentindo o duro concreto
contra o seu ombro esquerdo e coxa.
Tinha outra porta de frente para o mar.
Rat - atat - atat - atat!
As balas acertaram o chão. John recuou encostando-se na parede, agarrando a fechadura. Vindo da direção da
casa dos barcos, um fila de três - John abriu a porta e pulou atrás dela, ouvindo o ping-ping-ping delas
esmagando o metal, parando a centímetros de seu corpo.
Ele segurou a porta aberta com os pés, deu uma rápida olhada e mirou no flash de luz, apertando o gatilho
enquanto pedaços de concreto e poeira vinham da parede.
Outra olhada e a fila estava mais perto, as três figuras ganhando forma. John atirou novamente pelo espaço da
porta - e quando olhou de novo, só haviam dois em pé.
John virou e viu mais dois a uns três metros no canto nordeste do prédio, ambos com metralhadoras.
Mas não se mexeram para atirar.
As M-16 ainda estavam se aproximando, mas ele só via as criaturas lá em pé, balançando em instáveis pernas.
O da esquerda tinha só metade da face; do nariz para baixo era uma líquida e polpuda massa de pele, pedaços
escuros pendurados por fibras de carne. O da direita parecia intacto até ele ver sua barriga; a mole e saliente
cobra de intestinos através de sua camisa ensangüentada.
Não vai atacar enquanto A estiver terminando.
Bam! Bam!
Karen.
John recuou para dentro do prédio, segurou a porta aberta contra o par que ainda atirava. Ele mirou
cuidadosamente. Nenhuma das criaturas se mexeu para se proteger, só ficaram lá, o observando.
Dois tiros certeiros na cabeça explodiram sob o som das metralhadoras. Antes deles caírem no chão, John ouviu
outro tiro de nove milímetros.
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*Idaho - Estado dos E.U.A.
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Ele olhou em volta da porta e viu as figuras do time ativo a uns trinta metros, um deles ainda atirava com a arma
apontada para o céu.
Karen surgiu de entre os prédios com a arma ainda apontada para o convulsivo atirador, de costas para John.
"Não atire nele! Aqui, deixa ele!".
Ela virou para John e ambos entraram no bloco. Assim que ela fechou a porta o som da metralhadora cessou.
A respiração irregular de Karen quebrou o silêncio da escura sala.
"Ei John, foi bom para você?".
Ele piscou os olhos registrando as palavras vagarosamente.
"Indo Primeiro". Ela completou. "Foi como você esperava?".
"Não teve graça". Ele disse.
Um pouco depois eles começaram a rir.
Enquanto eles se moviam pelo corredor, Rebecca pensava em Nicolas Griffith, sobre a história das vítimas do
Marburg - e não haviam provas de que ele está por trás do massacre do pessoal da Umbrella, ela não conseguia
abalar o pensamento de que ele é o responsável.
O corredor os levou através de várias salas, tão sem vida quanto as do bloco o qual vieram. Eles passaram pela
saída no lado mais distante do bloco e depois de outra curva no corredor, finalmente chegaram a uma outra porta
marcada com a letra A, e embaixo, 1-4. Haviam três triângulos debaixo dos números, cada um com cores
diferentes - vermelho, verde e azul.
David abriu a porta, revelando um hall. Rebecca viu mais triângulos coloridos na porta 1 à direita. Outra não tinha
nada.
"Eu fico com o teste". David disse. "Steve, você e Rebecca verão a outra porta. Nos encontraremos aqui".
Rebecca balançou a cabeça e viu Steve fazer o mesmo. Ele parecia um pouco pálido, mas forte o suficiente. Ele
soltou o olhar ao perceber que ela o estava observando. Rebecca sentiu uma simpatia por Steve, percebendo que
ele estava envergonhado por ter jogado o almoço fora.
Os dois abriram a porta e saíram numa outra sala sem janelas, abafada e quente como o resto do lugar.
Rebecca acendeu as luzes e um grande escritório cheio de estantes, apareceu. Uma mesa de aço ficava no
canto próxima a um porta - arquivos com as gavetas vazias e abertas.
"Você quer a mesa ou as estantes?". Steve perguntou.
"Acho que as estantes". Rebecca escolheu.
Ele sorriu quase tímido. "Melhor assim. Talvez eu ache algumas balas de hortelã numa das gavetas".
Rebecca sorriu agradecida pela brincadeira. "Guarde uma para mim".
Eles se olharam, ainda sorrindo - e Rebecca sentiu um calafrio de excitação através do corpo.
Steve desviou o olhar primeiro com a cor de suas bochechas mais rosas do que antes. Ele foi para a mesa e
Rebecca para a fileira de livros, sentindo-se um pouco corada. Havia uma definitiva atração lá, e parecia ser
comum.
Os livros eram sobre o que ela esperava. Química, biologia, modificação de comportamento e vários boletins
médicos.
Ela correu a mão, puxando os livros. Talvez haja algo escondido atrás de um deles.
... sociologia, *Pavlov, psicologia, psicologia, patologia -
Ela parou, olhando um fino livro preto entre dois grandes. Sem título. Ela o pegou e sentiu seu coração acelerar ao
abrir o pequeno livro, vendo as rabiscadas letras escritas à mão.
Ela viu "Tom Athens" escrito em letras boas na capa de dentro.
Um dos caras da lista, um dos cientistas!
"Eu achei um diário". Ela disse. "É de uma das pessoas da lista do Trent, Tom Athens".
Steve tirou os olhos da mesa. "Mesmo? Vá para o final, qual é a última data?".
"Diz 18 de julho - mas não parece que ele o mantinha certo. A data antes dessa é 9 de julho...".
"Leia a última inscrição". Talvez nos diga o que está acontecendo". Steve disse.
Ela foi para a mesa e inclinou-se nela, limpando a garganta.
"Sábado, 18 de Julho. Esse foi um longo e ridículo dia, o fim de uma longa e ridícula semana. Eu juro por Deus, eu
vou bater no Louis se ele convocar mais uma reunião. Foi para adicionar ou não outra Ocasião no programa
Trisquad, como se precisássemos de outra. Tudo o que ele queria era tê-la no papel, e o resto foi seu besteirol
de sempre - a importância do trabalho em equipe, a necessidade de compartilhar informações, então nós todos
podemos "ficar no rumo certo". Quer dizer, Jesus, é como se ele não conseguisse viver sem o seu nome no
semanal.
Ele não tem feito nada desde o desastre do Ma7, exceto por tentar e convencer todo mundo de que a culpa foi
de Chin. É o fim da picada...
Alan e eu falamos sobre os implantes ontem, está indo bem. Ele vai descrever a proposta esta semana, e NÃO
deixaremos Louis tocá-lo. Com sorte, conseguiremos a luz verde no fim do mês. Alan acha que os White boys
vão querer fazê-los antes de Birkin, só Deus sabe porque; B. não dá a mínima para o que fazemos aqui, ele está
longe de ser brilhante de novo. Eu tenho que admitir, eu quero saber qual será sua próxima síntese; talvez nós
devemos malhar alguns dos nossos Trisquads.
Houve um pequeno susto no D na Quarta-feira, na 101. Alguém deixou o refrigerador aberto, e Kim jurou que
estavam faltando alguns produtos químicos. Estou começando a achar que ela errou na contagem de novo. É
difícil de acreditar que ela está encarregada do processo de infecção. Ela é negligente para cuidar do equipamento.
Estou surpreso por ela não ter infectado o complexo inteiro. Deus sabe que há o bastante para isso.
Eu mesmo deveria conferir o D, para ter certeza de que está tudo pronto para amanhã. O Griffith tem pedido
para observar o processo; primeira vez que ele se interessou pelo que estamos fazendo. Eu sei que é idiota, mas
eu ainda quero que ele seja impressionado; ele é tão brilhante quanto Birkin, em seu próprio modo pavoroso. Eu
acho que ele até intimida Louis, e Louis é geralmente burro demais para isso.
Mais tarde.".
O resto das páginas estavam em branco. Rebecca olhou para Steve, incerta sobre o que fazer, sua mente
trabalhando para juntar os pedaços de informações relevantes. Havia algo lá que a incomodava.
Elementos químicos faltando. Processo de infecção. O brilhante e pavoroso Dr. Griffith...
Agora ela não tem mis dúvidas de que Griffith matou os outros, mas não foi o que a fez dizer em voz alta. Foi...
"Bloco D". Steve disse. "Se nós estamos em A, Karen e John estão no D".
Onde há T-virus suficiente para infectar o complexo inteiro. Onde o processo de infecção aconteceu.
"Nós devemos contar para o David". Rebecca disse. Steve concordou. Eles foram para a porta. Rebecca
esperando que John e Karen não achassem a sala 101 - e se achassem, que não tocassem em nada.
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*Pavlov - Fisiologista russo, ganhador do prêmio Nobel.
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A sala de teste era grande, três das paredes marcadas com linhas formando três cubículos. Acendendo a luz, ele
viu que os testes estavam claramente numerados e marcados com cores, os símbolos pintados no chão de
cimento em frente de cada um.
Todos os testes da série vermelha estavam à sua esquerda, mais perto da porta. Ele viu blocos brilhantes e
coloridos, simples figuras nas mesas em cada cubículo que passou, indo para o fundo da sala. A série verde
estava demarcada na parede oposta. Ele a ignorou completamente.
A parede de trás era marcada com triângulos azuis. O teste número quatro ficava no distante canto direito.
Aproximando-se do fundo da sala, ele ouviu um fraco ruído de força vindo da área azul. Havia um pequeno
computador na mesa do teste número dois. Um teclado e um fone na do três. Como prometido, as séries
estavam ativadas.
Ele parou em frente do último cubículo, voltando sua atenção para a tarefa. Ele não estava certo sobre o que
veria, mas o tipo do teste o surpreendeu. Uma mesa e uma cadeira de metal cinza. Na mesa havia um bloco de
papel, um lápis e um tabuleiro de xadrez com todas as peças no lugar. Assim que ele entrou no cubículo, viu uma
placa de metal na superfície da mesa com números marcados nela.
David sentou na cadeira olhando para os números.
9-22-3 // 14-26-9-16-8 // 7-19-22 // 8-11-12-7
Olhou para o tabuleiro e então de volta aos números. Nada mais para ver; isso era tudo. Ele ordenou
rapidamente as dicas da mensagem de Ammon, imaginando qual seria a resposta. Era "letras e números ao
contrário" ou "não conte"? não parecia ser nada relacionado com o tempo ou arco-íris, tinha que ser um dos
dois...
Se as linhas estão na mesma ordem que os testes, este é letras e números ao contrário. Mas que letras, não
tem nenhuma.
David sorriu de repente sacudindo a cabeça. Os números na placa não são maiores que 26; era um código, e
bem simples.
Ele pegou o lápis, escreveu o alfabeto e o numerou de trás para a frente; A era 26, B 25 até Z, 1.
David começou a decifrar a mensagem.
R... E... X... M...
A última letra era T. Ele olhou para a frase e depois para o tabuleiro. Parecia que alguém tem senso de humor.
REX MARKS THE SPOT
"Rex" significa "rei" em Latim.
Branco sempre começa, então...
Ele tocou o rei branco. Assim que o dedo dele tocou na peça, ela girou em volta e ficou de frente para as costas
do tabuleiro. Ao mesmo tempo, um suave som musical veio de cima. Ele olhou para o teto e viu um alto falante.
Nada mais aconteceu, nenhuma luz piscando ou passagens secretas atrás da parede. Aparentemente ele
passou.
Parecia ser um complicado teste para alguém supostamente tão burro quanto o zumbi de um Trisquad. Os
cientistas deviam ter planos para algo mais... inteligente...
David levantou e foi para a frente da sala - assim que a porta abriu. Rebecca e Steve entraram com expressões
amedrontadas.
"O que foi?"
Rebecca ergueu o livro falando rápido. "Ele diz que o vírus foi usado para infectar os Trisquads no bloco D, na sala
101. Tudo pode estar bem a não ser que John ou Karen tocaram algo contaminado".
Foi o bastante. "Vamos!".
Eles correram pelo caminho a qual vieram em direção a saída.
Eles estavam no iluminado corredor no centro do bloco D, silenciosamente escutando pelo som que os diria sobre
a chegada de David. De lá eles eram capazes de escutar uma das três portas externas sendo usadas. Depois de
vasculharem o prédio e achado a sala do teste, ela e John liberaram todas as portas de saída.
Karen olhou no relógio e esfregou os olhos, sentindo-se cansada por tudo o que aconteceu naquela noite, e ainda
enjoada pelo que acharam na sala 101.
Até John estava mais quieto do que o normal. Não fez uma piada desde que voltaram para esperar.
Talvez ele esteja pensando nas macas com sangue. Ou nas seringas. Ou no equipamento médico amontoado na
pia...
Eles encontraram a sala do teste primeiro, uma grande sala cheia de pequenas mesas, cada uma marcada com
números entre cinco e oito; Karen ficou desapontada de algum modo por ver que o número sete da série azul era
só um punhado de ladrilhos coloridos com letras neles - metade deles de cabeça para baixo e ilegíveis. As cores
correspondiam às do arco-íris, apesar de ter duas peças violeta a mais no monte.
Desde que eles não podiam bagunçá-lo até David completar o primeiro teste, ela sugeriu voltar e explorar o resto
do bloco.
Eles passaram por alguns escritórios vazios e uma cafeteria bagunçada, onde acharam uma caixa de rosquinhas
incrivelmente mofadas. Foi o laboratório químico que os disse sobre o tipo de lugar que a Umbrella criou. Karen
não acreditava em fantasmas mas a sala deu uma sensação jamais experimentada; era fria, simples e
assombrada pelo medo e pelo o frio; à moda de um cientista nazista cometendo atrocidades contra o
companheiro.
"Você está pensando naquela sala?". John perguntou.
Karen acenou mas não disse nada.
... a porta da sala 101 estava claramente marcada com um símbolo de risco biológico, fazendo eles discutirem
sobre entrar ou não. John dizia que o ambiente poderia estar contaminado.
Karen dizia que nenhum deles tem cortes ou arranhões, e que poderiam achar algo sobre o T-virus. A verdade
era que ela não queria deixar essa oportunidade passar; queria ver o que estava atrás da porta fechada, porque
estava lá.
John tinha finalmente concordado e eles entraram, pisando numa pequena passagem que estava cercada de
folhas de plástico pesado. Haviam chuveiros acima e um ralo no chão; uma área de descontaminação.
Uma segunda porta dava para uma sala que os levou para o sonho de um cientista maluco.
Vidro triturando sob os pés. Um cheiro de suor sob o odor de água sanitária...
John acendeu as luzes e antes da grande sala poder ser vista, Karen sentiu seu coração acelerar. Se parecia com
outros laboratórios a qual ela trabalhou; bancadas e estantes, pias de metal e um grande refrigerador de inox no
canto com uma trava na maçaneta. E de algum modo - o lugar era tão familiar. Um lugar que ela sempre se
sentia em casa.
As pequenas diferenças eram as mais dramáticas. A sala era dominada por uma limpa mesa de autópsia,
adaptada com amarras de velcro. Haviam outras duas macas de hospital, adaptadas do mesmo jeito, junto a
ela.
Ao se aproximar de uma delas, Karen viu uma escura e seca marca na ponta; o fino colchão estava ensopado de
sangue no lugar onde os tornozelos e pulsos de um homem deviam ficar.
No fundo da sala estava uma jaula do tamanho de um closet. Próximo a ela, vários postes finos apoiados na
parede com aproximadamente um metro de comprimento - cheio de agulhas hipodérmicas.
Esses são tipos de instrumentos usados para dopar animais selvagens.
Karen olhou para a maca, tocando levemente a seca mancha, imaginando que tipo de pessoa participou de um
experimento como esse. A mancha seca de sangue era velha e empoeirada fazendo-a pensar sobre como as
vítimas sofreram esperando na jaula, provavelmente observando alguns homens de luvas injetando um vírus
mutante em um ser humano amarrado...
O olho direito de Karen coçou, tirando sua concentração dos terríveis pensamentos, trazendo-a de volta para o
presente. Ela o esfregou, e depois olhou no relógio de novo. Se passaram apenas vinte minutos desde que o time
se separou.
O som de uma das portas foi ouvido, seguido pelo grito de David através do corredor. Ele veio pela entrada
oeste.
"Karen, John!".
John olhou para ela, que sentiu uma onda de alívio. David estava bem.
"Aqui! Continua andando!". John respondeu. "Vire à direita!".
David apareceu dentro de alguns segundos, sua face coberta de preocupação.
"Está tudo...". Karen começou a perguntar mas foi interrompida por David.
"Vocês acharam a sala 101?".
"Sim, no oposto de onde você veio". John disse sorrindo.
"Algum de vocês tocou algo? Vocês tem cortes ou pequenos ferimentos que podem ter entrado em contato com
alguma coisa?". David falou rápido. "Nós achamos um diário dizendo que essa sala era usada para infectar
Trisquads".
John sorriu de novo. "Sério. Nós descobrimos isso em uns dois segundos".
Karen ergueu as mãos para David vê-las. "Nenhum arranhão".
David exalou forte. "Graças à Deus. Eu pensava no pior vindo para cá. Nós achamos os cientistas no bloco A;
Ammon estava certo, ele os matou - e o nosso "ele" agora tem um nome. Rebecca está certa de que é Nicolas
Griffith. Ele foi o cara que ela reconheceu da lista do Trent. Ele tem uma história e tanto, ela te conta quando nos
reagruparmos...".
"Caramba David, eu não sabia que você se preocuparia. Ou que você achasse que nós seríamos burros o
bastante para nos espetarmos com agulhas sujas, num lugar como esse".
David riu. "Por favor, aceitem as minha sinceras desculpas".
"Onde o Steve e a Rebecca estão?". Karen perguntou.
"Provavelmente na próxima área do teste. Eu os vi entrando no bloco B antes de vir aqui... vocês acharam o
teste sete?"
"Por aqui". John disse assim que eles caminhavam pelo corredor. Ele começou a contar a luta que tiveram contra
os Trisquads.
Karen seguiu, esfregando a chata coceira em seu olho direito. Ela deve tê-lo irritado com tantas cutucadas.
Parece estar piorando. E para completar, sentiu uma dor de cabeça chegando.
Ela nunca teve dores de cabeça a não ser que tivesse algo. O mergulho no mar deve ter dado um resfriado a ela
- e a pulsação na sua cabeça não será piedosa.
CONTINUA
Raccoon Times - 24 de Julho de 1998
"Mansão de Spencer destruída em incêndio explosivo"
RACCOON CITY - Há aproximadamente 2 A.M. de Quinta-feira, os moradores do distrito de Victory Lake foram acordados por uma explosão que trovejou através do noroeste de Raccoon Forest, aparentemente causada por um incêndio que ocorreu na mansão abandonada de Spencer e aprimorada pelos produtos químicos guardados no subsolo. Devido às barricada colocadas no perímetro da floresta (por causa dos recentes assassinatos em Raccoon City), os bombeiros foram incapazes de salvar o que restou dela. Depois de três horas de batalha contra o fogo enfurecido, a mansão de trinta e um anos e a adjacente casa de empregados foram complemente arruinadas. Construída pelo Lorde Oswell Spencer, aristocrata europeu e um dos fundadores da companhia farmacêutica Umbrella Inc, a propriedade foi projetada pelo premiado arquiteto George Trevor como hospedaria para as pessoas importantes da companhia, mas foi fechada logo depois de finalizada por razões desconhecidas.
Segundo Amanda Whitney, porta voz da Umbrella Corporation, partes da mansão estavam sendo usadas para estocar agentes de limpeza industriais e solventes usados pela Umbrella. Whitney disse numa coletiva ontem que a companhia assumiria toda a responsabilidade pelo infeliz acidente, chamando-o de "um sério descuido de nossa parte. Esses produtos químicos deveriam ter sido tirados de lá há muito tempo, e nós estamos gratos por ninguém ter se machucado".Até agora, a causa do incêndio é desconhecida, e Whitney continuou dizendo que a Umbrella estará trazendo seus próprios investigadores para peneirar as ruínas esperando saber o ponto de origem do incêndio...
Raccoon Weekly - 29 de Julho de 1998
"S.T.A.R.S. tirado da investigação dos assassinatos"
RACCOON CITY - Num surpreendente pronunciamento de oficiais numa coletiva ontem, o Esquadrão de Táticas Especiais e Resgate (S.T.A.R.S.) foi oficialmente removido das investigações dos nove assassinatos brutais e cinco desaparecimentos que ocorreram nas últimas dez semanas. O membro do conselho da cidade, Edward Weist, citou incompetência como principal razão para a remoção do S.T.A.R.S.
Os leitores devem se lembrar que a primeira ação do S.T.A.R.S., depois de ser designado para cuidar dos casos na semana passada, foi vasculhar o noroeste da floresta pelos assassinos canibais. Weist declarou que foi a "conduta não profissional" que resultou na destruição de um helicóptero e na perda de seis dos onze membros, incluindo o comandante do S.T.A.R.S., Capitão Albert Wesker.
"Depois da má conduta na floresta", disse Weist "nós decidimos deixar o caso nas mãos do R.P.D.. Nós temos razões para acreditar que o S.T.A.R.S. deve ter ingerido drogas e/ou álcool antes da missão, e suspendido o uso de seus serviços indefinitivamente".
Weist estava acompanhado por Sarah Jacobsen (representando o Prefeito Harris) e o representante da polícia, J.C. Washington, para fazer o pronunciamento e responder perguntas. Nem o chefe da polícia, Brian Irons e nem os sobreviventes do S.T.A.R.S. podem ser alcançados para comentários...
Cityside - 3 de agosto de 1998
"Início do incêndio considerado acidental"
RACCOON CITY - Depois de uma completa investigação por oficiais dos bombeiros trabalhando com a IDS (Industrial Services Division / Divisão de Serviços Industriais) da Umbrella Inc., o incêndio que destruiu a mansão de Spencer foi causado pelo descuido de pessoa ou pessoas desconhecidas, como foi anunciado numa coletiva ontem. O líder da IDS, David Bischoff disse, "parece que alguém tentou começar uma fogueira em um dos quartos da mansão e a situação saiu do controle. Nós não encontramos nada que sugere um incêndio proposital ou uma brincadeira de algum tipo". Ele continuou falando que a destruição foi total, e não há evidências de que alguém foi pego pelo fogo ou pela explosão que se seguiu.
O Chefe Brian Irons do Departamento Policial de Raccoon City estava presente na conferência, e lhe foi perguntado se ele acreditava haver alguma conexão do incêndio com os assassinatos e desaparecimentos, e Irons respondeu que não há como ter certeza. "Até agora, tudo o que eu falar será só especulação - eu diria que o fato de os assassinatos terem parado desde a noite do incêndio, pode significar que os assassinos estavam escondidos lá. Nós só podemos esperar que eles tenham deixado a área para que em breve sejam presos".
Chefe Irons recusou comentar as acusações de má conduta do S.T.A.R.S. em sua breve atuação na investigação dos assassinatos, só dizendo que concordava com a decisão do conselho da cidade e que ações disciplinares estão sendo consideradas...
https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/2_CALIBAN_COVE.jpg
[1]
Rebecca Chambers estava andando de bicicleta na escuridão das ruas de *Cider District sob a luz da lua brilhando
no céu. Apesar de ainda ser cedo as ruas estavam desertas, obedecendo o horário de recolher da cidade.
Ninguém menor de dezoito anos deveria sair até que os assassinos sejam pegos e presos. Este tem sido um
tenso e quieto verão em Raccoon City...
Ela passou por casas silenciosas onde só a luz da televisão podia ser vista através da janela. As pessoas
aguardavam trancadas em suas casas esperando a notícia de que os assassinos foram presos e a cidade estava
à salvo.
Se eles soubessem...
Estes tem sido treze longos dias desde o pesadelo da mansão de Spencer. Jill, Chris, Barry e ela mesma foram
acusados de estarem drogados. Depois de serem afastados dos casos, até o RPD recusou a acreditar no
S.T.A.R.S.. Agora, com a Umbrella assumindo a investigação sobre o incêndio, provavelmente se livrando das
provas...
- Não seria tão simples. Uma das maiores e mais respeitadas companhias farmacêuticas do mundo fazendo
experiências com armas biológicas num laboratório secreto - Se eu não soubesse de nada, eu provavelmente
acharia isso uma loucura.
Rebecca e os outros devem se cuidar antes que algum agente seja enviado para atacá-los.
Ela estava usando um revólver snub-nosed. 38 da coleção de Barry esperando não precisar mais dela depois
desta noite.
Virando à esquerda na Rua Foster, Rebecca pedalou em direção a casa de Barry pensando que ele convocou a
reunião, provavelmente por que recebeu ordens do escritório principal.
Talvez eles me movam para algum laboratório, e estudar o vírus. Tecnicamente eu ainda sou uma Bravo; não há
motivo de me quererem no campo de batalha...
Sem dúvida esse seria o melhor modo de usar os meus talentos.
Os outros eram soldados experientes e Rebecca só está a cinco semanas no S.T.A.R.S.. Sua primeira missão foi
a de *Raccoon Forest que exterminou todos de seu time incluindo outros no segredo da Umbrella. Ela sabia que
trabalhando no T-virus seria a maior contribuição que ela daria para acabar com a Umbrella.
Rebecca parou no final do quarteirão, em frente a uma enorme casa de dois andares amarelo-claro no estilo
vitoriano, olhando em volta por algo suspeito antes de descer da bicicleta. Os Burton vivem próximo a um parque
cheio de árvores no subúrbio.
Levando a bicicleta até a varanda viu que se passaram vinte minutos desde a ligação de Barry.
Antes de bater na porta, ele a abriu. Vestindo uma camisa e calça jeans, ele a deixou entrar dando uma rápida
olhada antes de fechar a porta.
"Você viu alguém", Barry perguntou com sua Colt Python no coldre parecendo um cowboy.
"Não, ninguém". Ela respondeu.
"Chris e Jill estarão aqui a qualquer momento. Você quer um café?" Barry parecia tenso.
"Não, obrigado. Talvez água..."
"Sim, claro. Vá em frente e se apresente, eu voltarei num minuto".
Antes de perguntar se algo estava errado, ele foi para a cozinha.
"Me apresentar? O que está acontecendo?
Ela foi até a sala e parou assustada ao ver um homem estranho sentado no sofá. Ele se levantou assim que ela
apareceu. Ele usava jeans, camisa, sapatos e uma Beretta 9mm, padrão do S.T.A.R.S.. Era alto, fisicamente
como um nadador, olhos e cabelos escuros.
"Você deve ser Rebecca" ele disse revelando seu sotaque Britânico. "Você é a bioquímica, certo?"
"Trabalhando nisso. E você é..."
"Desculpe os meus modos, por favor. Eu não esperava... isto é, eu...? ele parou em volta da mesinha de centro
de Barry estendendo a mão. "Eu sou David Trapp, do S.T.A.R.S. Exeter em *Maine."
Ela se acalmou.
O S.T.A.R.S. mandou ajuda ao invés de ligar, ótimo.
"Então, você é algum observador ou algo assim?
"Como?"
"Para a investigação - há outras equipes aqui, ou você veio para checar antes..."
"Desculpe ter que que dizer isso Srta. Chambers. Eu tenho razões para acreditar que a Umbrella tem
chantageado ou subornado outros membros do S.T.A.R.S.. Não há investigação e ninguém está vindo".
Barry entrou na sala com o copo d'água e Rebecca o pegou agradecidamente, bebendo metade dele em um
gole.
"Ele te disse, né?" Barry disse.
"Jill e Chris sabem?" ela perguntou.
"Ainda não. Por isso eu liguei. Nós devemos esperá-los para não passar por isso duas vezes".
"Concordo". David disse.
Barry começou a contar como ele e David se conheceram no treinamento do S.T.A.R.S. quando jovens. David
ouvia enquanto Barry falava sobre a noite de graduação envolvendo um sargento mau humorado e várias cobras
de borracha.
- Dezessete anos atrás.
Ela deveria estar comemorando seu primeiro aniversário.
Bateram na porta, provavelmente os dois Alphas. Barry foi atender.
"Jill Valentine, Chris Redfield, este é o Capitão David Trapp, estrategista militar do S.T.A.R.S. Exeter em Maine".
David os cumprimentou e todos se sentaram.
"David é um velho amigo meu. Nós trabalhamos juntos no mesmo time por uns dois anos. Ele apareceu aqui há
uma hora com novidades e não achei que isso poderia esperar. David?".
"Como vocês devem saber, seis dias atrás, Barry ligou para vários departamentos do S.T.A.R.S. para saber se
alguma declaração foi recebida sobre o que aconteceu aqui. Eu recebi uma dessas ligações. Eu descobri que o
escritório de Nova York não contatou ninguém sobre a descoberta. Nenhum aviso ou memorando".
Após alguns minutos de discussão, David se levantou e disse:
"Parece que existe outro laboratório da Umbrella na costa de Maine, conduzindo experimentos com seus vírus - e
como aconteceu aqui, eles perderam o controle".
David virou-se para Rebecca e disse:
"Eu estou levando um time para lá sem autorização do S.T.A.R.S. e eu quero que você venha com a gente".
Chris ainda estava intrigado com a despreocupação do S.T.A.R.S. sobre o acontecido e agora outro laboratório!
E ele quer levar a Rebecca...
"Eu conversei com o pessoal do meu time e todos concordaram que vai ser difícil sem ninguém para nos dar
cobertura. Nós só queremos entrar, coletar algumas evidências sobre o T-virus e voltar antes que alguém saiba
que estamos lá".
"Eu também vou". Chris interrompeu.
"Todos nós vamos". Barry disse.
David balançou a cabeça. "Olha, essa não é uma operação em grande escala; cinco pessoas já estão escaladas.
A Rebecca tem o conhecimento que nós precisamos para achar os dados do vírus sabendo que sintomas
procurar".
Depois de muita conversa David consegue convencer os três Alphas a ficarem. Agora a escolha é de Rebecca.
"Que informações você tem?" Jill perguntou. "Como você descobriu sobre o laboratório?
David abriu sua pasta e tirou o que pareciam ser cópias de jornais e um simples diagrama. "Logo depois de ter
falado com o escritório central, eu recebi a visita de um estranho homem que dizia ser um amigo do S.T.A.R.S....
ele me disse que seu nome era Trent, e me deu tudo isso".
"Trent!". Jill disse.
--------------------------------------------------------------
*Cider District - Bairro Cider (Cidra).
*Raccoon Forest - Floresta que fica nos limites de Raccoon City.
*Maine - Estado que fica na costa leste dos E.U.A.
-------------------------------------------------------------- David olhou para ela intrigado. "Você o conhece?".
"Um pouco antes de nós decolarmos para resgatar o Bravo Team, Um homem chamado Trent me deu
informações sobre a mansão, e me alertou sobre o Wesker".
Barry continuou. "E Brad disse que Trent lhe deu as coordenadas da mansão logo depois de Wesker ter ativado o
sistema de destruição. Se ele não tivesse dito, nós teríamos explodido com o resto da casa".
Chris sentiu uma dor de cabeça. O S.T.A.R.S. trabalhando para a Umbrella, outro laboratório e agora o Trent de
novo.
David começa a lembrar do seu breve encontro com Trent há cinco dias atrás, tentando ver se esqueceu de
dizer alguma coisa.
Ele tinha chegado do trabalho e estava chovendo, uma tempestade de verão que amenizou a leve batida na
porta. David olhou no relógio e foi até a porta imaginando quem seria àquela hora da noite. Ele vive sozinho e não
tem família; devia ser do trabalho ou alguém com problemas no carro...
Abrindo a porta, ele viu um homem numa capa de chuva preta em sua varanda com água escorrendo pelo rosto.
"David Trapp?". Perguntou um homem alto e magro, alguns anos mais velho que David, quarenta e dois ou três.
"Sim?".
"Meu nome é Trent e tenho algo para você!".
"Eu te conheço?"
"Não, mas eu te conheço, Sr. Trapp. Eu também sei com o que você está lidando. Acredite em mim, você
precisará de toda a ajuda que conseguir".
"Eu não sei do que você está falando. Você deve ter me confundido com outra pessoa".
"Sr. Trapp, está chovendo e isso é para você."
Confuso, David abriu a porta e pegou o envelope. Assim que o fez, Trent se virou e foi embora.
Jill e Rebecca estavam estudando os mapas enquanto Barry e Chris trabalhavam nos artigos de jornal. Os quatro,
concentrados na pequena cidade costal Caliban Cove em Maine. Todos estavam preocupados com
desaparecimentos de pescadores locais, todos considerados mortos.
O mapa era do trecho costeiro da cidade. David pesquisou sobre ele e descobriu que foi comprada por um grupo
anônimo há alguns anos. Tinha um farol abandonado na beira norte da enseada, no alto dos rochedos que era
supostamente cheia de cavernas marítimas. Mostrava também algumas estruturas atrás e embaixo do farol,
descendo para um pequeno cais no sul. Estava escrito CALIBAN COVE em cima do mapa e abaixo, em letras
menores, UMB. PESQUISA E TESTE.
O terceiro papel que Trent deu era o que David não entendia. Havia uma lista de nomes.
LYLE AMMON, ALAN KINNESON, TOM ATHENS, LOUIS THURMAN, NICOLAS GRIFFITH, WILLIAM BIRKIN,
TIFFANY CHIN.
Jill pegou esse papel e leu.
"Alguma idéia do que isso significa?". David perguntou.
Jill falou sobre William Birkin, que constava no material que Trent havia dado a ela.
Rebecca pegou o papel assim que Jill olhou para David.
"Droga".
Todos olharam para ela.
"Nicolas Griffith está na lista". Rebecca disse.
"Você sabe quem é ele?". Perguntou David.
"Conheço, apesar de eu achar que ele estava morto. Ele era um dos maiores, um dos mais brilhantes homens na
biociência.
Se ele está com a Umbrella, nós temos mais com o que se preocupar do que o T-virus escapando. Ele é um
gênio no campo de virologia molecular - e se as histórias são verdadeiras, ele é totalmente louco".
"O que você pode nos dizer sobre ele?". David perguntou.
Ela bebeu o resto da água em seu copo e olhou para David. "O quanto você sabe sobre o estudo dos vírus?".
"Nada, por isso eu estou aqui". Disse David, sorrindo um pouco.
"Bom, os vírus são classificados pela estratégia de reprodução e pelo tipo de ácido nucléico (RNA ou DNA) - este é
o elemento especializado num vírus que autoriza a transferência do genoma para outra célula viva. Um genoma é
um simples grupo de cromossomos.
De acordo com a Classificação de Baltimore, existem sete tipos distintos de vírus, e cada grupo infecta certos
organismos de certo modo.
No começo dos anos sessenta, um jovem cientista de uma universidade particular na Califórnia desafiou a teoria,
dizendo que havia um oitavo grupo - os dsDNA e ssDNA que poderiam infectar qualquer coisa em contato. Ele era
o Dr. Griffith. A comunidade científica não aceitou a teoria".
Rebecca notou as expressões vazias no rosto dos colegas.
"Desculpa... Ele então, parou de tentar prová-la, sendo que muitas pessoas ainda estavam interessadas.
Ninguém mais ouviu falar nele. Meu professor, Dr. Vachss, disse que ele foi demitido da universidade por uso de
drogas, mas rumores diziam que ele estava fazendo experiências em alguns de seus alunos. Nenhum deles
falaria, mas um foi para o hospício e outro se suicidou. Isso nunca foi provado, mas depois disso ninguém o
contrataria".
"Acaba aí?". David perguntou.
"Não. No meio dos anos oitenta, um laboratório particular em Washington foi encontrado por policiais com três
homens mortos por uma infecção viral - foi o Marburg, um dos vírus mais letais que existe. Eles estavam mortos
há semanas; os vizinhos reclamavam do mau cheiro. Papéis encontrados pela polícia mostravam que os mortos
eram assistentes do Dr. Nicolas Dunne. Os três se infectaram por um vírus que eles entendiam ser inofensivo,
para que Dunne tentasse curá-los depois".
Rebecca lembrou das fotos das três vítimas do Marburg.
De uma dor de cabeça inicial para extremas amplificações em questão de dias. Febre, coágulo, estado de
choque, danos cerebrais, hemorragia por todos os orifícios - devem ter morrido em piscinas do próprio sangue...".
"E o professor achou que ele era Griffith?" Jill perguntou.
"O nome de solteira da mãe de Griffith era Dunne". Disse Rebecca.
Depois da história, todos se calaram e Rebecca começou a fazer sua decisão.
Ela sabe que o laboratório em Caliban Cove deve estar cheio de pessoas como Griffith. Sem a ajuda do
S.T.A.R.S. nenhum lugar é seguro, mas seria a chance dela contribuir, de fazer o que ela sabe. Seria uma
oportunidade de ouro estudar um vírus antes de alguém.
Rebecca suspirou fundo e disse com sua decisão feita.
"Eu vou com você. Quando iremos?".
Houve um silêncio na sala. Rebecca reparou as expressões no rosto deles até David falar.
"Certo, então. Tem um avião indo para *Bangor às 23:00. Eu acho que nós todos devemos fazer um plano aqui
e depois ir para casa".
Rebecca escutou Barry abrindo a janela e voltando para junto deles. Eles começaram a discutir sobre o que
fariam depois que Rebecca e David partirem.
Jill escutava a suave voz de David quando seu coração gelou ao ouvir sussurros nos arbustos no lado de fora da
janela que Barry abriu.
Umbrella.
--------------------------------------------------------------
*Bangor - Cidade do estado de Maine.
-------------------------------------------------------------- "Abaixem-se!". Jill gritou, saindo do sofá com Rebecca, assim que
a janela estilhaçou ao som de um rifle automático.
David foi para o chão enquanto balas atingiam a poltrona a qual estava. Tufos de almofada flutuavam enquanto
buracos enfumaçados apareciam na parede - reboque e madeira voando.
Houve um segundo de silêncio no tiroteio, suficiente para ouvir vidro quebrando nos fundos da casa.
A sala ficou escura assim que Barry atirou nas luzes. A luz do hall brilhava e mais tiros vinham do lado de fora.
Chris engatinhou sobre os cotovelos e joelhos e apagou as luzes adicionais. Agora está tudo escuro e o tiroteio
parou.
David escutou passos sobre o vidro vindos da cozinha que pararam logo depois. Devem haver mais dois cobrindo
as saídas. Mais passos na cozinha, devem estar esperando alguém se mover.
A visão de David se ajustou podendo ver Jill e Rebecca armadas do outro lado da mesinha.
A casa de Barry é a última da quadra e tem um parque logo atrás. Se eles conseguirem fugir, podem se
esconder nas árvores.
David correu para a porta da frente enquanto Chris e Jill atiravam na direção da cozinha. Atrás dele, Barry e
Rebecca corriam para a escada sob tiros. David estava a um passo da porta quando alguém a chutou, abrindo-a.
Ele se jogou na porta fazendo-a se fechar, depois rolou no chão e atirou cinco vezes. Algo pesado caiu na
varanda logo depois.
David viu Jill e Chris subindo - ao por o pé no primeiro degrau, houve uma explosão atrás dele. A porta da frente
foi destruída pelo time da Umbrella que procurava finalizar a batalha.
Dava para ver a luz da lua brilhando através da janela aberta. Jill já saiu e Chris na metade do caminho.
Ouviu-se vozes masculinas entrando pela porta da frente. Rebecca e Barry saíram.
Haviam árvores há uns vinte metros dali.
Um movimento no canto da casa e Rebecca não hesitou, atirando duas vezes - ele nunca mais se levantaria.
Nunca atirei em alguém antes.
Tiros vinham da janela - Rebecca podia senti-los acertando o chão perto de seus pés. Ela ouviu sirenes se
aproximando e segundos depois cantadas de pneu.
Chris chegou num parquinho seguido de Jill, Barry e Rebecca.
"Cadê o David?". Chris perguntou.
Procurando nas sombras, ouviu-se dois tiros. Um terceiro mais alto e mais perto. Exceto pelo barulho das sirenes
o parque estava quieto novamente.
Rebecca olhou sobre o ombro e viu David que ainda apontava sua Beretta para o atirador. Chris e Jill estavam
próximos a ela segurando suas armas - e do outro lado estava Barry espalhado no chão. Ele não estava se
movendo.
Houve escuridão e silêncio por um tempo indeterminado - e haviam vozes que flutuavam e não podiam ser
identificadas. De algum lugar bem longe, ele ouvia sirenes.
ele foi atingido
oh meu Deus
veja se está limpo
espera eu não consigo achar o ferimento me ajuda - Barry? Barry, você...
"Barry você pode me ouvir?
Barry abriu e fechou os olhos imediatamente, reagindo a dor em volta de sua cabeça. Mas havia outra dor em
seu braço esquerdo.
Baleado, deu de cara numa árvore... ou algum idiota com um bastão de baseball.
Ele tentava abrir os olhos enquanto mãos moviam-se sobre seu peito. As sirenes pararam por completo, apesar
de ainda se poder ouvir carros de polícia tomando conta da rua, o som de potentes motores ecoando através do
parque coberto de árvores.
"Braço esquerdo". Disse Barry começando a se levantar.
"Não se mexa". Rebecca disse firmemente. "Espere um segundo, tá bom? Chris, me dê a sua camisa".
"Mas a Umbrella". Barry falou.
"Tá tudo limpo". David disse, ajoelhando-se junto aos outros. "Agüenta firme".
Assim que ela terminou o curativo ele se levantou. Eles devem sair de lá antes que a polícia decida vasculha a
floresta - mas ir para onde? Nenhuma de suas casas eram seguras.
Todos estavam aliviados por não terem sido feridos, exceto David que parecia infeliz como Barry nunca o tinha
visto antes.
"O homem que atirou em você," David disse levantando uma nove milímetros com um supressor preso, sangue
pingando pelo cano da arma. "Eu o matei. Eu... Barry, era o Jay Shannon".
Barry ouviu as palavras não conseguindo aceitá-las. Era impossível. "Não, você não viu bem, está muito
escuro...".
David se virou e caminhou em direção as árvores. Barry o seguiu.
A bala da Beretta de David fez um buraco no coração do homem; foi um tiro de sorte. Olhando para a pálida face
do atirador, Barry sentiu seu coração virar pedra.
"Jesus, Shannon, por que? Porque?". Barry não se conformava.
"Quem é ele?". Jill perguntou suavemente.
Barry olhou para o homem morto incapaz de responder. David respondeu.
"Capitão Jay Shannon do S.T.A.R.S. de Oklahoma City. Barry e eu treinamos com ele."
Barry encontrou sua voz, ainda olhando para o rosto de Jay. "Eu liguei para ele semana passada, quando liguei
para David. Ele estava preocupado conosco, disse que ficaria de olho na Umbrella...".
...e nós conversamos mais alguns minutos, contando velhas histórias. Eu lhe falei que mandaria fotos das
crianças mas e ele disse que tinha que desligar por causa de um encontro...
A Umbrella deve estar por trás do ataque. A casa de Barry foi destruída por pessoas que ele conhecia, e ferido
por uma pessoa que achava ser um amigo.
O silêncio foi quebrado pelo barulho dos cachorros, que pela localização devem ser da unidade K-9 do RPD.
"Onde nós podemos ir?" David perguntou rapidamente. "Existe algum prédio vazio, algum lugar que a Umbrella
não pensaria em procurar... algum lugar que a gente pode ir a pé?".
Brad!
Brad saiu da cidade dois dias depois do incidente na mansão - não agüentou a pressão.
"Vamos lá". Disse David.
Barry conhecia o caminho para sair do parque. Ele costumava andar lá com a esposa ao lado e suas filhas
dançando ao seus pés.
Jill abriu a porta da casa de Brad facilmente. Rebecca examinava Barry enquanto Chris procurava uma camisa.
David e Jill vasculhavam a casa.
Era uma pequena casa de dois dormitórios e um jardim nos fundos. Haviam casas bem próximas a de Brad
evitando a aproximação de alguém. A mobília era simples. Objetos pessoais e livros estavam espalhados pelo
chão. Isso mostrava que o ocupante estava em pânico incapaz de decidir o que fazer para se distrair.
Naquela noite eles discutiram sobre o que o que falariam para a polícia. Rebecca e David se despediram e foram
embora.
No sorriso de Rebecca, David podia ver que ela sabia perfeitamente sobre os riscos da missão. Ele estava
satisfeito por a ter alistado. Ele só podia esperar que as habilidades dela sejam suficientes para colocá-los e tirá-los
inteiros de Caliban Cove.
[2]
Depois de reler as informações sobre Caliban Cove, Rebecca colocou os papéis cuidadosamente na mala debaixo
do assento de David. Ele trouxe três malas para o aeroporto, uma para as armas, já no bagageiro e outras duas
para não chamar a atenção.
Rebecca desejava ter comprado algumas bolachas no aeroporto, ela não comia desde o almoço e as nozes não
estavam matando a fome.
Ela apagou a luz de leitura e sentou novamente, tentando deixar o suave motor do 747 acalmá-la para um
cochilo. A maioria dos passageiros do quase cheio avião haviam adormecido, inclusive David. Rebecca tinha muito
o que pensar. Nos últimos meses ela se formou passando pelo treinamento do S.T.A.R.S. e foi transferida para
seu novo apartamento numa nova cidade. Depois veio a mansão e agora as últimas horas que deram outra
reviravolta em sua vida.
Ela virou a cabeça e viu David no assento da janela - círculos escuros de exaustão em seus olhos. Rebecca
fechou os olhos e respirou profundamente o ar fresco da cabine pressurizada. Ela pode sentir o cheiro de suor na
pele e decidiu que tomar um banho seria prioridade ao chegar no hotel.
Clareando sua mente, ela começou a contar de cem para um. A técnica de meditação nunca tinha falhado nela,
mas pode não funcionar desta vez...
... noventa e nove, noventa e oito, Dr. Griffith, David, S.T.A.R.S., Caliban...
Antes de noventa ela já estava dormindo profundamente, sonhando com sombras se movendo que nenhuma luz
podia iluminar.
Como ele fazia todas as manhãs desde o começo do experimento, Nicolas Griffith sentou na plataforma no topo
do farol e olhou o sol se elevar sobre o mar.
Griffith sempre vê o sol iluminar o horizonte antes de começar o seu dia. Assim que o sol se separou do mar, ele
levantou-se e caminhou para o parapeito com seus pensamentos voltados para o dia a frente. Tendo finalmente
terminado o trabalho sangrento na série Leviathan (Leviathan series), ele estava preparado para trabalhar mais
extensivamente com os doutores. Todos os três responderam bem à mudança, e a taxa de deterioração celular
caiu consideravelmente. Era hora de se concentrar na situação comportamental deles, o estágio final do
experimento. Em semanas, Nicolas estará pronto para expandir para além dos limites do laboratório.
O vento balançava seu cabelo cinza, o choro faminto as gaivotas finalmente o levou a ação. Os Trisquads tem de
ser levados para dentro antes que os pássaros cheguem. Algumas unidades já foram horrivelmente machucadas
e ele não quer pô-las em risco novamente. Uma vez perdido os olhos, eles seriam inúteis na patrulha.
Griffith se virou e com seu cabelo balançando desceu a escada em espiral. Seus sapatos contra o metal criavam
um eco na alta torre. Tendo o estabelecimento para si mesmo fazia tudo mais prazeroso - comer o que quiser na
hora que quiser, trabalhar em seu próprio horário, as manhãs no topo do farol... Ele sofreu por muito tempo
devido aos horários - intermináveis reuniões ouvindo seus "colegas" falarem sobre o T-virus de William Birkin. Eles
se escravizaram para aparecer com os Trisquads para a Umbrella que ficou felicíssima com os resultados,
aparentemente esquecendo o fracasso com os Ma7s. Eles eram incapazes de ver além de sua arrogância por
uma imagem maior...
Como se os Trisquads fossem nada mais do que corpos com armas.
Com as ondas quebrando, ele foi na direção dos dormitórios. Nicolas já sintetizou um aerotransmissível, e tem o
suficiente para contaminar a maior parte da América do Norte. Assim que o vírus fizer seu trabalho o sol nascerá
num mundo muito diferente, inabitado por pessoas de caráter e vontade.
Tire as habilidades do homem, sua mente fica livre. Com treinamento, se torna um animal de estimação; sem,
ele se torna um animal selvagem. Cubra o mundo com tais animais, e só os fortes sobreviverão...
Ele entrou no dormitório, ligou as luzes e viu seus doutores onde os havia deixado - sentados a mesa de olhos
fechados. Eles foram infectados pelo vírus que Nicolas usará, e estão perto do que o mundo se tornará em
alguns dias.
Além do laboratório de pesquisa, o estabelecimento foi projetado para treinar armas biológicas como os Trisquads
e os Ma7s. Há itens que podem ser usados, desde simples testes até complicados quebra cabeças.
Aproximando-se da mesa, Dr. Athens abriu os olhos, provavelmente para ver se havia perigo vindo. Dos três,
Tom Athens era o mais forte; ele foi um dos especialistas em comportamento. De fato, ele surgiu com a idéia de
uma equipe de três unidades, o Trisquad, insistindo que elas fariam um trabalho mais eficiente em pequenos
grupos. Ele estava certo.
Thurman e Kinneson permaneceram quietos. Griffith percebeu um cheiro ruim vindo de um deles. Olhando para
baixo, ele confirmou sua suspeita pelo molhado nas calças de Thurman.
De novo.
Louis Thurman foi um idiota, um biologista decente mas tão ridículo e intolerante como os outros. Ele criou a
maioria dos Ma7s, e quando se tornaram incontroláveis, botou a culpa em todo mundo menos nele. É mau que
um bom doutor não saiba o quanto patético está sendo.
"Bom dia senhores", Nicolas disse se afastando da mesa. Em harmonia, os três viraram a cabeça para vê-lo.
"Parece que o Dr. Thurman evacuou os intestinos. Está sentado na merda. É engraçado".
Os três sorriram largamente. Dr. Alan Kinneson sorriu disfarçadamente. Ele foi o último a ser infectado, sofrendo
menor deterioração do tecido. Alan ainda podia se passar por humano.
Griffith tirou o apito de polícia do bolso e colocou na mesa na frente do Dr. Athens. "Dr. Athens, tire os Trisquads
do dever. Atenda suas necessidades físicas e os envie para a sala fria. Quando terminar, vá para a cafeteria e
espere".
O apito desativaria as equipes e os chamaria para dentro. Tom Athens pegou o apito e saiu da sala pelo hall da
outra entrada do dormitório.
Haviam quatro Trisquads, doze unidades no total. Eles estão vagando pela mata junto a cerca ou se movendo
secretamente em volta do abrigo, tendo sido treinados para ficar fora da área nordeste do composto, farol e
dormitório. Eles eram bem eficientes nisso. A Umbrella queria soldados que matassem sem piedade, e lutassem
até que ,literalmente, explodissem em pedaços. Uma vez treinados com armas, os Trisquads se tornariam
máquinas de matar - com a recente onda de calor, Nicolas não sabe o quanto eles estão viáveis.
Ele voltou sua atenção para Louis Thurman que ainda sorria e fedia como um bebê. Ele nem se parecia com um -
gorducho e calvo, ele sorri como uma inocente e ingênua criança.
"Dr. Thurman, vá ao seu quarto, tire as roupas, tome um banho e ponha roupas limpas. Depois vá para as
cavernas e alimente os Ma7s. Quando terminar vá para a cafeteria e espere".
Depois que ele se levantou, Griffith viu que a cadeira de Louis estava suja. "Leve a cadeira e a deixe no seu
quarto".
Nicolas sentou-se perto de Alan Kinneson, sentindo-se cansado, observando as bonitas característica do doutor -
seus olhos expressivos. Ele olhou para Griffith esperando ordens. Alan já foi um neurologista. Haviam fotos no seu
quarto, da esposa e de seu bebê, um garoto com um brilhante e bonito sorriso.
Por um segundo Nicolas pensou.
Quantos morrerão? Milhões, bilhões?
"E se eu estiver errado?". Disse ele. "Alan, me diga se eu estou errado, que eu estou fazendo isso pelas razões
certas...?
"Você não está errado". Alan respondeu calmamente. "Você está fazendo pelas razões certas".
Griffith olhou para ele. "Me diga que a sua esposa é uma prostituta".
"Minha esposa é uma prostituta". Alan disse. Sem pausa. Sem dúvida.
Griffith sorriu e o medo foi embora.
Amanhã , ao nascer do sol, Nicolas Griffith dará o seu presente para o vento.
Karen Driver é a especialista em ciência forense do S.T.A.R.S.. É alta, de cabelos loiros e curtos, na faixa dos
trinta anos e séria. Sua pequena casa era bem limpa quase antissepticamente. Ela emprestou suas roupas para
Rebecca.
David tinha alugado um carro no aeroporto e eles acharam um hotel barato onde ficaram em seu quartos
separados. Rebecca só acordou depois das dez, tomou banho e esperou por David.
Ela ouviu a porta abrir e fechar, e novas vozes tomaram conta da sala. O time estava reunido.
Daqui algumas horas, tudo estará acabado. O que me preocupa é que David e seu time não viram os cachorros,
as cobras, as criaturas nos túneis... e o Tyrant.
Rebecca tirou as imagens da cabeça enquanto se levantava pondo as roupas sujas numa mala vazia. Não há
razões para ser diferente em Caliban Cove. Ela parou em frente o espelho, estudou a mulher que viu e foi para a
porta.
Chegando na sala viu que Karen trouxe cadeiras extras. Haviam dois homens no sofá do outro lado onde David
estava.
David sorriu enquanto os dois homens se levantavam para serem apresentados.
"Rebecca, este é Steve Lopez. Ele é um gênio em informática e nosso melhor atirador".
Steve tem olhos escuros, cabelos pretos e era uma pouco mais alto que ela. Não muito velho...
"- e este é John Andrews, especialista em comunicação e campo de escuta".
Sua pele era escura e não tinha barba, mas lembrava o Barry.
"Esta é Rebecca Chambers, bioquímica do S.T.A.R.S.". David terminou a apresentação.
John soltou a mão dela ainda sorrindo. "Bioquímica? Caramba, quantos anos você tem?".
Rebecca sorriu, percebendo o tom de humor nos olhos dele. "Dezoito. E três quartos".
John deu risadas enquanto voltava a se sentar. Ele olhou para Steve e depois para ela. "É bom ficar de olho no
Steve, então. Ele fez vinte e dois. E é solteiro".
"Fica quieto". Steve resmungou com suas bochechas coradas olhando para Rebecca e balançando a cabeça.
"Você vai ter que desculpar pelo John. Ele acha que adquiriu um senso de humor e ninguém pode contrariar".
"A sua mãe acha que eu sou engraçado". John retrucou, e antes que Steve pudesse responder David acabou
com o papo.
"Já chega". Disse. "Nós temos algumas horas para nos organizar se pretendemos fazer isso hoje.
A brincadeira dos dois foi bem-vinda por quebrar a tensão de Rebecca, fazendo com que se sinta uma do grupo
quase que instantaneamente. Assim que David começou a por as informações de Trent sobre a mesa, ela
começou a pensar sobre o que virá pela frente. Estando fora de algum organismo vivo, o vírus já pode ter
"morrido". Mas quem sabe se ele já contaminou alguém.
O vírus ainda infecta? Aquele lugar pode estar cheio de Tyrants... ou algo pior.
Rebecca não tem respostas para essas insistentes dúvidas. Ela dizia a si mesma que suas ansiedades não
interferiram em seu trabalho. E que a sua segunda missão não será a última.
"Nosso objetivo é entrar no complexo, coletar provas sobre a Umbrella e sua pesquisa, e sair com o mínimo de
problemas possível. Eu reverei cada passo a fundo e se algum de vocês tiver perguntas ou dúvidas sobre como
proceder, não importa o quanto insignificante, eu quero ouvi-las. Entendido?".
Todos concordaram e David continuou confortavelmente sabendo que chegou onde queria.
"Nós já discutimos algumas das possibilidades sobre o que pode ter acontecido lá, sendo que vocês já leram os
artigos. Eu digo que nós estamos lidando mais uma vez com algum tipo de acidente. A Umbrella se empenhou
bastante para encobrir o problema em Raccoon City".
"Por que a Umbrella ainda não enviou ninguém para Caliban Cove?". John perguntou.
"Quem sabe". Disse David. "Eles podem ter limpado as evidências - de qualquer modo, nós nos juntamos as
pessoas de Raccoon e nossos contatos para começar de novo".
Novamente todos concordaram. David olhou para o mapa.
"Ponto de entrada. Se esse fosse um ataque aberto, nós podíamos ir de helicóptero ou simplesmente pular a
cerca. Mas se ainda tiver gente lá e nós dispararmos o alarme, estará tudo acabado antes de começarmos.
Sendo que nós não queremos ser descobertos, nossa melhor opção é ir pelo mar. Podemos usar um dos barcos
da operação do petroleiro do ano passado".
"Eles não teriam um alarme no cais?". Karen perguntou.
"Eu não recomendaria usar o cais. Podemos ver no mapa que é possível esconder o barco em uma das cavernas
debaixo do farol. De acordo com o que eu li, existe uma entrada que liga a base dos rochedos ao farol. Se ela
estiver bloqueada, tentaremos outra caminho".
"O barco não chamará atenção se alguém estiver vendo?". Perguntou Rebecca.
"Ele é preto e o motor fica sob a água. Se a gente for à noite, devemos ficar invisíveis".
David esperou eles terminarem de pensar, não querendo apressá-los. Eles eram bons soldados - sua equipe. Se
algum deles tiver dúvidas, é bom esclarecê-las agora. Ele reparou na jovem face de Rebecca. Ele estava
começando a gostar dela, mais do que uma ferramenta para a missão...
"David colocou os pensamentos de lado e continuou.
"Vamos para os detalhes. Uma vez dentro, nos moveremos em fila através do complexo pelas sombras. Karen
ficará atrás de John procurando o laboratório e verificando o que pode ter acontecido. Steve e Rebecca os
seguirão. Eu irei logo atrás. Quando acharmos o laboratório, entraremos juntos. Rebecca saberá o que procurar
em termos de material, se tiver um sistema de computador funcionando, Steve pode verificar os arquivos. O
resto de nós dará cobertura. Terminando o serviço, nós voltaremos por onde viemos".
Todos revisaram o material de Trent.
"Nós podemos confiar nele? Karen perguntou.
"Parece que ele está do nosso lado em tudo isso. Sim". David respondeu vagarosamente.
"Quais são as chances de contrairmos o vírus?". Steve perguntou.
Rebecca respondeu. "Eu não posso dizer com certeza. Quando fui tirada do caso, eu perdi acesso às amostras
de tecido e saliva. Pelos efeitos, o T-virus é um mutagene que altera a estrutura do cromossomo do hospedeiro.
Pode contagiar plantas, mamíferos, pássaros, répteis etc. Em algumas criaturas ele pode promover um
crescimento incrível; em todos eles comportamento violento. Posso dizer que ele afeta o cérebro, pelo menos em
humanos - induz algo como uma psicose esquizofrênica. Ele também inibi a dor. As vítimas humanas que
enfrentamos não pareciam sentir ferimentos à bala. Na mansão, o vírus parecia ser aero-transmissível. Os
cientistas estavam, com certeza, usando o vírus em experimentos genéticos. E desde que nenhum de meu time
o contraiu, não precisamos nos preocupar com a respiração.
Nós devemos ficar de olho no contato com um hospedeiro, eu digo qualquer contato - essa coisa é bastante
virulenta ao entrar na corrente sangüínea. Uma gota de sangue pode conter centenas de milhões de partículas.
Qualquer contato com o vírus deve ser evitado a todo custo. Com sorte o vírus já deve estar morto... ou
deteriorando. Os hospedeiros, de qualquer modo".
Depois de um momento de silêncio John falou.
"Bom, parece um trabalho de merda. Se nós quisermos chegar lá a tempo, é bom sairmos logo". Ele disse
sorrindo para David. "Você me conhece, eu amo uma boa luta. Alguém tem que parar esses idiotas de espalhar
aquela coisa por aí, certo?".
Todos concordaram, mesmo sem saber o que viriam pela frente.
Olhando no relógio, David viu que faltavam algumas horas para embarcar. "Certo. É melhor a gente ir para o
depósito e "fazer as malas".
Karen estava na traseira da van carregando clips enquanto as misteriosas palavras da mensagem contida no
material de Trent se repetiam em sua mente.
... Ammon's message received / blue series/ enter answer for key / letters and numbers reverse / time rainbow /
don't count / blue to access.
Ela terminou um clip e colocou junto aos outros - secando suas mãos oleosas na calça ela pegou outro. Uma leve
brisa, cheirando sal e mar morno de verão passou pela quente van.
Eles passaram para o outro lado da estrada encontrando um lugar limpo para acampar a menos de dois
quilômetros da praia. Do outro lado o sol estava se pondo. O não tão distante som das suaves ondas estava
calmo - as baixas vozes dos outros trabalhando.
Steve e David estavam arrumando o barco, enquanto John mexia no motor. Rebecca arrumava um kit médico
que eles "pegaram emprestado" do depósito de equipamentos do S.T.A.R.S..
... as letras e números... um código? Tem a ver com o tempo? Contar? Seria a soma das linhas, ou outra coisa?
Ela não tirava isso da cabeça. As semi automáticas estavam limpas e prontas, e os clips carregados. Ninguém
estaria levando outras armas além das Berettas do S.T.A.R.S.. David insistiu para que viajassem leves. Depois de
ter ouvido mais sobre os zumbis, ela estava feliz por ter um revólver e uma lanterna.
Com um sentimento de culpa, Karen tirou do bolso do colete seu segredo, confortada pelo peso familiar na mão.
Deus, se o pessoal soubesse, eu nunca ouviria o final disso.
Foi dado pelo seu pai, o que sobrou do seu serviço na Segunda Guerra Mundial, um dos poucos itens que a
fazem lembrar dele - uma antiga granada abacaxi; chamada assim por causa do seu exterior feito de linhas
cruzadas. A granada era seu pé de coelho, ela não participou de uma missão sem ela.
"Karen, precisa de ajuda?".
Assustada, Karen olhou para Rebecca, que possuía um brilho de curiosidade nos olhos.
"Eu achava que não estávamos levando explosivos... isto é uma granada abacaxi? Eu nunca vi uma. Ela está
viva?".
Karen olhou em volta com medo de que alguém do time tivesse escutado - depois olhou para a bioquímica,
envergonhada.
"Shh! Eles nos ouvirão. Vem aqui um segundo". Karen disse. Rebecca, obedientemente, engatinhou para dentro
da van.
Karen estava absurdamente agradecida pela descoberta de Rebecca. Em sete anos de S.T.A.R.S., ninguém
havia descoberto.
"É uma abacaxi, e não estamos levando explosivos. Não diga à ninguém, tá? Eu carrego ela para dar boa sorte.
Rebecca arregalou os olhos. "Você carrega uma granada viva para dar sorte?".
"Sim, e se Steve ou John descobrirem, eles irão cair em cima de mim. Eu sei que é bobeira, mas é um tipo de
segredo".
"Eu não acho bobeira. A minha amiga Jill tem um chapéu da sorte...". Rebecca tocou a fita vermelha em sua
testa. "... e eu tenho usado isto por algumas semanas. Estava usando ela quando fui para a mansão".
Sua jovem face se fechou, e depois sorrindo novamente disse direta e sincera.
"Não direi uma palavra".
Karen decidiu que realmente gostava dela. Ela colocou a granada no bolso olhando para Rebecca. "Obrigado.
Bom, estão todos prontos lá?".
"Sim, acho. John quer conferir os fones de novo, fora isso, tudo está feito".
"Vá em frente e entregue as armas, eu pego o resto".
Rebecca ajudou Karen a descarregar assim que o sol sumia no horizonte. O vento ficou mais forte, a água mais
fria e as primeiras estrelas ficaram à vista sobre o Atlântico.
Eles andaram para a água em silêncio carregando suas armas. Assim que a luz do dia desapareceu John e David
deslizaram o barco na água, Karen colocou um gorro preto e deu um tapinha no pesado bolso para sorte, dizendo
a si mesma que não precisará usá-la.
A verdade está esperando. É hora de saber o que realmente está acontecendo.
[3]
Steve e David foram para a frente do barco com capacidade para seis pessoas. Rebecca e Karen foram logo em
seguida. John entrou por último e ao sinal de David, ligou o motor apertando um botão; era silencioso como David
havia falado.
"Vamos". David disse. Rebecca respirou fundo assim que eles rumavam para norte, em direção a ilha. Ela
procurava na escuridão por algum sinal que marcasse o começo do território particular, mas não conseguia
perceber nada. Estava mais escuro e frio o que ela esperava.
Rebecca viu um flash de luz enquanto David erguia o binóculo de visão noturna em busca de movimento na
costa.
"Eu vejo a cerca". David disse suavemente.
Ela voltou sua atenção para a costa, imaginando o quanto estavam perto. Já se podia ouvir a água se chocando
com as rochas.
"Há uma doca". Disse David. "John, vire a estibordo, duas horas".
Houve um som de metal raspando na madeira - não haviam barcos que se pudesse ver.
Rebecca deu uma olhada na escuridão e só viu o contorno de uma estrutura que poderia ser um galpão onde os
barcos ficam. Não era possível ver as outras construções do mapa de Trent. Eram seis estruturas além do farol.
Cinco delas espalhadas ao longo da enseada, dispostas em duas linhas paralelas - três em frente e duas atrás. A
Sexta estrutura estava atrás do farol. Todos esperavam que essa fosse o laboratório; eles conseguiriam o que
precisam sem procurar no complexo inteiro.
"A casa dos barcos é de madeira, as outras parecem ser de concreto. Eu não... esperem". O sussurro de David
se tornou urgente. "Alguém... duas, três pessoas vieram de trás de um dos prédios".
Rebecca sentiu um estranho alívio fluindo através dela - alívio, desapontamento e uma súbita confusão. Se houver
pessoas, o T-virus pode não ter sido solto. Isso significa que o complexo está ocupado e as patrulhas tornarão a
operação impossível.
Por que está tão escuro? E por que tudo parece morto aqui, tão vazio?
"Vamos abortar?". Karen cochichou, e antes que David pudesse responder, Steve respirou forte fazendo o
sangue de Rebecca congelar.
"Três horas, grande, oh Jesus é imenso".
BAM!
O barco foi atingido e mergulhado na turbulenta água do mar.
A água o envolveu, gelada e salgada, queimando os olhos de David que perdido, ofegava.
Onde está... o time, onde está.
David girou em volta, respirando profundamente, e ouviu uma tosse a sua esquerda.
"Vá para a costa", ele disse girando em um círculo, tentando achar suas posições, achar a da criatura.
O barco estava a dez metros atrás dele, de ponta cabeça. A força do ataque os jogou longe, mais perto da ilha.
Viu duas figuras entre ele e a costa. Ele não podia ver a coisa que acertou o barco mas esperava sentir a mordida
a qualquer momento.
"Vão para a costa". Disse de novo.
"David". John aterrorizado gritou de além do barco que boiava.
"Aqui! John, por aqui, siga a minha voz!".
John foi na direção de David que nadava para a praia rochosa. Ele viu o topo da cabeça de John aparecer, viu
seus braços baterem na escura água.
"Siga-me, estou bem aqui".
Uma gigante sombra ergueu-se atrás de John à uns três metros, arredondada e impossível. Os eventos
aconteceram como num sonho em câmera lenta na frente dos olhos de David.
Ele viu grossos e pontiagudos tentáculos de cada lado, perto do topo de sua erguente sombra.
Tentáculos não, antenas.
E percebeu que estava vendo a barriga de um monstruoso animal que não podia existir, tão grande como uma
casa. O corte negro de sua boca abriu, revelando afiados dentes do tamanho de um punho humano.
Quando aquilo vier abaixo, John será engolido pelas fortes garras. Ou esmagado. Ou levado para o fundo - uma
refeição afogada para a criatura.
No instante que ele viu os fatos, já estava gritando.
"Mergulhe! Mergulhe!".
A aberração estava caindo, seu corpo de serpente envolveu o frenético nadador. David reparou nos bulbosos
olhos, cada um do tamanho de uma bola de vôlei... e a criatura caiu, mandando explosivas ondas no ar. Antes
que David pudesse respirar, uma tremenda onda o atingiu, levando-o violentamente para trás.
Houve um momento de pressa assim que ele lutava contra a força exercida em seus membros, tentando achar
ar na envolvente corrente.
Chutando violentamente, ele voltou à tona sentindo o frio ar batendo na sua pele - e as mornas mãos humanas
puxando seus ombros.
Ele respirava convulsivamente enquanto suas botas raspavam nas rochas, e a voz de Karen atrás dele.
"Peguei ele".
David pegou fôlego e se virou. Pessoas molhadas estavam estendendo as mãos, Steve e Rebecca.
Meu Deus, John.
"Eu estou bem". David disse. "John... alguém está vendo ele?".
Ninguém respondeu.
"John!". Ele chamou, tão alto quanto podia, procurando e nada vendo.
"John". Ele chamou de novo - esperança diminuindo.
"O que?". Uma voz estrangulada veio das rochas à esquerda deles.
David respirou aliviado assim que a figura pingando de John saia das sombras.
Steve foi em sua direção, agarrando seu braço e o apoiando nas rochas.
"Eu mergulhei". John disse.
David se virou olhando para cima, para o complexo, além da fatia de praia coberta de pedrinhas. Eles estavam na
base de uma pequena queda angulosa, no local plano. O choque do monstruoso peixe - se puder ser chamado
assim - não era mais importante. Eles estavam fora da água agora.
Eles nos viram? Não podemos ficar aqui...
"A casa dos barcos". David disse virando a sul. "Rápido".
Karen pegou a dianteira, os outros a seguiram de perto. Ninguém parecia seriamente ferido. David correu depois
de John, com suas pernas doendo.
Assim que eles subiram as pedras, David ouviu um ruído abafado de metal, viu Rebecca abraçando o pacote de
munição em seu peito. Ele sentiu novas esperanças; se eles pudessem vê-las em algum lugar seguro...
A construção estava à frente, à direita, quieta e escura, a porta fechada de frente para a doca de madeira. Não
dava para saber se estava vazia à apenas dez metros de distância.
Sem escolha.
"Fiquem abaixados". David disse em voz baixa e todos foram na direção do lugar.
Karen abriu a porta. Nenhum alarme disparou. Steve e Rebecca foram atrás dela, depois John, depois David que
fechou a porta de madeira.
"Fiquem aonde estão". Disse suavemente. Fora a respiração de todos o local estava quieto. Mas havia um cheiro
horrível no ar, um cheiro de algo morto a algum tempo...
O fino raio de luz cortou a escuridão, revelando uma grande e quase vazia sala sem janelas. Cordas e coletes
salva-vidas pendurados por estacas de madeira, uma bancada corria o comprimento de uma parede, alguns
serrotes e prateleiras desorganizadas...
-meu Deus -
A luz congelou na outra porta da sala, diretamente em frente a que eles entraram. O raio de luz iluminou um
corpo nu e um casaco de laboratório esfarrapado com manchas de óleo. Fibras secas de músculo saiam de uma
face não muito sorridente.
O corpo foi pregado na porta, uma mão fixada mostrando um aceno de boas-vindas. Aparentemente, morto a
semanas.
Steve sentiu algo subindo em sua garganta. Ele engoliu, desviando o olhar, mas a grotesca imagem já estava
fixada em sua mente - a face sem olhos e de pele descascada...
Jesus, isso é alguma piada? Steve sentiu-se tonto.
Por alguns segundos ninguém falou, até que David começou a falar baixo com a mão sobre a luz.
"Vejam seus cintos e soltem seus clips. Eu quero status agora, danos depois equipamento. Respirem fundo,
todos. John?".
A voz de John surgiu à esquerda de Steve. Karen e Rebecca estavam à sua direita. David ainda na porta.
"Eu estou com meleca de peixe no corpo, mas estou bem. Estou com a minha arma mas perdi a lanterna. Tal
como os rádios".
"Rebecca?".
"Estou bem... hum, minha arma está aqui, lanterna e kit médico... ah, e munição".
Steve se checou enquanto ela falava, segurando sua Beretta, ejetando o clip molhado e pondo-o em um bolso.
Havia um lugar vazio em seu cinto onde a lanterna deveria estar.
"Steve?".
"É, sem ferimentos. Arma mas sem luz".
"Karen?".
"Também".
Os dedos de David se moveram, permitindo a leve luz se espalhar pelo lugar. "Ninguém está ferido e ainda
estamos armados; podia ter sido pior. Rebecca, passe os clips, por favor. A cerca não deve estar a mais de
cinqüenta metros a sul daqui, e há árvores suficientes para cobrir desde que ninguém nos tenha visto".
Steve pegou três clips de Rebecca, agradecido. Colocou um na arma.
Ótimo, bom, vamos detonar. Primeiro aquela coisa que quase nos comeu, agora Sr. Morte dando um tchauzinho
como se quisesse dizer oi...
Steve não é assustado facilmente, mas sabia do perigo quando a viu.
David se aproximou do corpo decomposto, um olhar de nojo cobriu sua face. "Karen, Rebecca, venham ver isso.
John pegue a luz de Rebecca e veja se consegue achar algo de útil com Steve".
John pegou a lanterna e andou com Steve pela longa bancada.
"O T-virus não fez isso". Rebecca disse. "Padrão de decomposição todo errado...".
Silêncio, então Karen falou. "Vê aquilo? David me dê a lanterna por um segundo".
John direcionou a luz sobre a suja tábua da bancada. Um copo de café quebrado. Uma pilha de nozes
engorduradas e dardos no topo de um alvo. Uma chave de fenda elétrica empoeirada e gumes num pano
manchado.
Nada, não tem nada aqui. Nós devíamos sair desse lugar antes que alguém venha dar uma olhada...
John abriu a gaveta e a revirou enquanto Steve tentava descobrir o que estava numa prateleira. Atrás deles,
Karen falava.
"Ele não estava morto quando foi pregado, eu diria que estava perto. Inconsciente. Não há machucados;
sugerindo que ele não lutou... e tem marcas de raspagem aqui e aqui; eu diria que ele foi baleado pela porta de
trás e arrastado".
John terminou a varredura na gaveta e eles prosseguiram - o som de botas contra o chão de madeira. Um grupo
de soquetes de tomada. Um rádio barato. Um saco de papéis amarrotados perto de um lápis.
Algo esbarrou nos pensamentos de Steve fazendo-o parar, olhando para o saco. O lápis...
Ele pegou o papel amassado. Haviam várias linhas escritas perto do final da folha.
"Ei, achamos alguma coisa". John disse baixo, iluminando o papel enquanto os outros vinham. Steve leu em voz
alta, iluminando as palavras. Não havia pontuação; ele fez de tudo para fazê-las.
"... 20 de Julho. A comida estava drogada, estou enjoado - eu escondi o material para você, dados enviados. Os
barcos estão afundados e ele deixou os..."
Steve franziu as sobrancelhas incapaz de ler a palavra.
Tris... Tris-Squads?
"Os barcos estão afundados e ele deixou os Trisquads fora - escuro agora, eles virão, eu acho que ele matou o
resto - pare-o - Deus sabe o que ele pensa em fazer. Destruir o laboratório - encontrar Krista, diga a ela que sinto
muito, Lyle sente muito. Eu quero - ".
Não havia mais nada.
"A mensagem de Ammon". Karen disse suavemente. "Lyle Ammon".
Não precisava ser detetive para descobrir quem estava pendurado na porta. Ele tem uma identidade agora. E a
mensagem que Trent deu a David estava tão estranha porque o pobre homem estava dopado ao mandá-la.
"Bom em dar um nome a face, hein?" John disse sem nenhum sorriso.
O que é um Trisquad? Quem é "ele"?.
"Talvez a gente deva olhar em volta mais um pouco". Rebecca disse, mas David balançou a cabeça.
"É melhor deixar para lá. Nós vamos...?
Ele parou de falar quando pesados passos soaram no lado de fora da porta a qual vieram. Todos congelaram,
ouvindo. Outros passos, e quem quer que sejam, não estavam tentando esconder sua aproximação.
Eles pararam na porta - e ficaram lá, sem tocar na maçaneta, sem chutar a porta e sem outro som. Esperando.
David circulou o dedo no ar, apontando para Karen e depois para a porta com o corpo de Lyle Ammon. O sinal
para sair, Karen primeiro.
Todos seguiram em direção do corpo, Steve respirava pela boca a cada "creck" que faziam.
Assim que Karen abriu a porta, o silêncio foi quebrado por tiros de uma metralhadora - vindo da direção de sua
rota de fuga.
[4]
Karen pulou assim que balas perfuravam a porta. Pedaços de carne podre voavam do corpo de Ammon; o corpo
dançava num ritmo de ação macabra.
Quem quer que esteja atirando, está se aproximando. Os tiros ficavam mais altos e estilhaços de carne e
madeira os atingia. Estavam encurralados; ambas as saídas bloqueadas.
Rebecca agarrou com força sua Beretta na mão esperando um sinal de David. Ele apontou para noroeste do
complexo gritando para ser ouvido sob os tiros.
"Rebecca, a outra porta! John, Karen, próximo prédio! Steve, nós cobrimos! Vão!".
Steve e David saltaram fora e começaram a atirar. John e Karen saíram correndo, desaparecendo
instantaneamente na escuridão.
Rebecca mirou na porta de trás, seu coração pulando na garganta. As paredes tremiam.
"Morre! Jesus, porque eles não morrem?" Steve gritou atrás dela, fazendo seu sangue gelar com o tom de terror
em sua voz.
Zumbis?
Sem tirar os olhos da porta, Rebecca gritou o mais alto que pode.
"Na cabeça! Mire na cabeça!".
Não havia como saber se eles escutaram.
"Rebecca, vamos!".
Ainda sob o som de tiros de metralhadora, ela olhou para trás e viu Steve atirando em algo e David sinalizando
para ela se mover.
Ela foi na direção da porta com o corpo ainda pendurado. A cabeça parecia uma abóbora podre, dentes
estilhaçados, pegajosos pedaços de pele radiando de trás da cabeça. A mão não estava mais conectada ao
braço, o *Rádio e a *Ulna estouraram. O corpo estava lá como alguma decoração obscena, acenando...
Steve atirou de novo e o som da metralhadora cessou. Ele ergueu a arma, e assim que abriu a boca para dizer
algo -
- a porta de trás estraçalhou - balas voando através do escuro numa chama de fogo laranja. David a puxou para
porta e ela correu, o som de nove milímetros soou atrás dela.
Ela correu a toda velocidade, seus sapatos molhados socando o chão rochoso, procurando o contorno de um
grande bloco de concreto e as finas árvores que circundavam a escuridão à frente.
"Aqui".
Ela desviou em direção ao chamado, viu a silhueta de John no canto de um prédio. Aproximando-se dele, viu a
porta aberta, Karen em pé na entrada com sua arma em direção a casa dos barcos. Balas ainda cantavam no
escuro.
"Entre!". Karen gritou saindo do caminho.
Rebecca correu sem diminuir até estar dentro. Ela colidiu com uma mesa, batendo dolorosamente sua coxa na
quina.
Virando, viu Karen atirando e John berrando. "Vamos, vamos!".
E Steve passou pela porta respirando. Ele parou antes de atingir Rebecca - uma mão agarrando seu colete.
Rebecca foi até a porta de aço assim que David a cruzou dizendo:
"Karen, John!".
Karen recuou para o escuro, arma ainda erguida. Houve mais três disparos de uma Beretta e John entrou.
Rebecca fechou a porta. O leve "click" da tranca foi dificilmente ouvido pelos ouvidos que apitavam. Do lado de
fora os tiros pararam. Não houve vozes entre os agressores, alarme, latidos de cachorro ou gritos de feridos.
O silêncio era total, quebrado apenas pela respiração no úmido e quente escuro.
Um raio de luz revelou as faces chocadas do time assim que David iluminou seu esconderijo.
Uma sala de meio tamanho, cheia de mesas e computadores. Não haviam janelas.
"Você viu aquilo?". Steve disse para ninguém. "Deus, eles não iam cair, você viu aquilo?".
Ninguém respondeu, e apesar de estarem fora de perigo, Rebecca não sentiu sua adrenalina diminuir, não sentiu
seu coração voltar a nada próximo do normal; parece que a Umbrella encontrou uma nova aplicação para o
T-virus.
E gostando ou não, nós teremos que lidar com as conseqüências.
Eles estavam presos em Caliban Cove. E lá, as criaturas tinham armas.
David respirou fundo e exalou pesadamente, iluminando a porta. "Eu diria que fomos descobertos. Poderíamos
ver no que entramos. Rebecca, acenda as luzes".
Ela apertou o botão na parede e a sala se iluminou, acima fluorescentes pulsando para a vida. David avaliou seu
time e viu que Steve tinha uma mão no peito.
"Você está ferido?".
"O colete a segurou". Ele disse parecendo mais sufocado que os outros, sua face mais pálida do que devia.
Rebecca olhou para David que respondeu com um balanço de cabeça.
"Cheque-o. Mais alguém?".
Ninguém respondeu enquanto Rebecca pedia a Steve para tirar o colete. David virou-se e olhou a sala. Haviam
seis mesas de metal, cada uma com um computador. As paredes de cimento eram planas e não tinham
decorações. Tinha outra porta na parede oeste que deve se aprofundar mais no local.
"Karen, proteja aquela". Ele disse. "Não parece que estamos encarando um acidente. O que o bilhete dizia? A
comida estava drogada e alguma coisa sobre um "ele" matando os outros... é possível que nós não estejamos
olhando para uma contaminação do T-virus?".
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* Rádio e *Ulna - Ossos que compõem o antebraço.
-------------------------------------------------------------- Rebecca terminou de examinar o peito de Steve, o expert em
informática estava sentado em uma das mesas na frente dela. "Você está bem. Nada quebrado".
Ela voltou para David. "É, se isso tivesse acontecido, aquele cara na porta, Lyle Ammon, teria sido infectado. Mas
os Trisquads - se eles são o resultado de experimentos com o T-virus, eles já estariam podres agora. Já se
passaram três semanas desde que o bilhete foi escrito. Pode ser um vírus diferente ou alguém esteve cuidando
deles. Manutenção de enzimas, talvez algum tipo de refrigeração".
"E se esse "alguém" ficou bravo e matou todo mundo, pra que perder tempo?". David falou.
"Aquele corpo". Karen disse. "E a criatura ou criaturas lá fora. É como se ele esperasse alguém vir..."
"... mas não significa para nós ir muito longe". John terminou.
"Então o que fazemos agora?". Steve perguntou.
David não respondeu, incerto sobre o que dizer. "Eu... nossas opções são ir embora ou ir mais adentro". Disse
calmamente. "Considerando o que aconteceu, eu não me sinto confortável visitando esse lugar. O que vocês
querem fazer?".
David olhou de face em face, esperando ver raiva e desprezo mas ficou surpreso pelo sorriso de Karen.
"Já que você perguntou, eu quero saber o que aconteceu aqui". Karen disse brilhante e ansiosa.
"É, eu também. Eu ainda quero ver o T-virus". Rebecca disse.
"Eu ainda quero destruir mais desses Tri-boys". John disse sorrindo. "Caramba, zumbis com M-16 - noite do
esquadrão dos mortos-vivos".
"Eu também quero". Steve disse. "Voltar não é muito seguro. Não foi do jeito que eu queria, mas pegar provas
sobre a Umbrella era o plano original... sim, eu quero pegar esses desgraçados".
David sorriu. Ele tinha acabado de subestimar a situação, ele gravemente subestimou sua equipe.
"O que você quer fazer?". Rebecca perguntou de repente. "Mesmo".
A pergunta o surpreendeu de novo, não porque ela perguntou, mas sim porque ele não tinha resposta. Ele
pensou no S.T.A.R.S., em sua carreira e tudo o que isso já lhes custou. Estudou o curioso olhar dela e sentiu os
outros o olhando, esperando.
"Eu quero que nós sobrevivamos". Ele finalmente disse, verdadeiramente. "Eu quero que façamos isso fora
daqui".
"Amém". John resmungou.
David lembrou do que disse à Chris para conseguir a aprovação dessa operação, algo sobre cada um deles fazer
o melhor que puder para ter sucesso contra a Umbrella.
Aprenda, Capitão...
"John, você e Karen, dêem uma olhada neste lugar, vejam as portas e estejam de volta em dez minutos. Steve,
ligue um desses computadores e veja se consegue achar um plano detalhado das áreas. Rebecca, nós veremos
as mesas. Nós queremos mapas, dados sobre os Trisquads, T-virus e qualquer coisa pessoal sobre os cientistas
que possa nos dizer quem está por trás disso tudo".
David olhou para eles, percebendo que foi claro. "Vamos lá".
Eles iriam derrubar a Umbrella.
Dr. Griffith pode não ter percebido a falha na segurança se não fosse pelos Ma7s; eles pareciam úteis apesar de
não ser essa sua intenção.
Ele passou a maior parte do dia no laboratório. Uma vez que ele decidiu soltar o vírus, não restava mais nada a
fazer. As horas voaram; cada olhada no relógio era uma surpresa. Ele seria o primeiro a transformar o mundo.
Com aquilo na sua frente, a única tarefa com que se preocupar é levá-lo para o topo do farol. Logo depois do
amanhecer ele dará as instruções finais para os doutores - e assim orgulhosamente guiar a espécie humana para
dentro da luz, para o milagre da paz.
Foi o pensamento dos Ma7s finalmente terem amanhecido dentro das cavernas, que o despreocupou. Ele já
cometeu esse erro com os Leviathans; ao assumir o controle do complexo, ele abaixou os portões da enseada,
esperando que as criaturas sintam-se tão livres quanto ele. Foi no dia seguinte que ele percebeu que a Umbrella
poderia descobrir e vir dar uma olhada, colocando um fim em seus planos. Ele continuaria mandando relatórios
semanais para maquiar a situação, mas não teria como explicar a "fuga" de quatro criaturas. Foi sorte de os
Leviathans terem voltado.
Os Ma7s eram um problema totalmente diferente. Eles eram imprevisíveis e violentos demais para ficarem do lado
de fora. Mas deixá-los morrer de fome nas jaulas não parecia certo; não foi a escolha deles de existir como
armas de destruição.
Ele ficou em frente ao portão externo por um tempo, considerando o problema dos cinco animais se atirarem uns
nos outros. Havia uma tranca manual perto de lá, e outra no laboratório. Não há modo de soltá-los do farol e
certamente não podem sair até Nicolas ficar em segurança. Ele poderia mandar um dos doutores para isso, mas
os Ma7s tem um metabolismo muito mais lento que o dos humanos.
Um mês antes da tomada do complexo, Dr. Chin e dois de seus veterinários cometeram um erro ao tentar
examinar um doente; foi um modo muito ruim de morrer.
Ele sentou em frente do computador olhando para o cursor que piscava indicando "sistema em uso" num dos
abrigos. Não havia chance de ser um erro, exceto pelos terminais do laboratório, o resto foi desativado semanas
atrás. A Umbrella veio.
Eles NÃO vão, NÃO vão me parar.
A primeira emoção foi raiva, uma fúria que o fez perder a razão.
Ainda haviam dois outros terminais no laboratório e ele andou rapidamente para um deles, olhando os doutores
sentados e quietos. Ele sentiu um ódio por eles, por criar os Trisquads; os "invencíveis" guardas que falharam na
hora em que mais precisou.
Ele sentou, ligou o computador e esperou impaciente pela silhueta do guarda-chuva girando acabar. O sistema de
segurança do complexo ficava no laboratório; de lá ele é capaz de ver o que o intruso está procurando sem
alertá-lo de sua presença.
Ele digitou várias senhas, esperou, depois digitou seu número. Após breves pausas, brilhantes linhas verdes de
informações encheram a tela. Ele conseguiu.
Olhando para as informações, ele pensou porque alguém da Umbrella estaria procurando pelo laboratório. Está
procurando no lugar errado. Os projetistas do sistema não eram idiotas, não há mapas deste lugar nos
arquivos...
... e a Umbrella saberia disso. Significa que...
O alívio passou por ele, tão puro que ele riu. Não era a Umbrella e isso muda tudo. Mesmo se eles tentarem
achar o laboratório, nunca entrariam sem um key card (cartão-chave). E Griffith destruiu todos.
Exceto o de Ammon. Nunca foi encontrado.
Ele gelou, depois balançou a cabeça. Ele havia procurado em todo lugar pelo cartão, quais as chances de um
invasor achá-lo.
E quais as chances de passarem pelos Trisquads, hein? E o que Lyle fazia nas horas em que você não o achava?
E se ele mandou alguma mensagem? Você só verificava transmissões para a Umbrella, mas se ele contatou mais
alguém?
O computador começou a mostrar informações sobre os testes de socio-psicologia que Ammon projetou. Griffith
sentiu seu controle diminuir de novo.
Eu sou um cientista, não um soldado. Eu nem sei atirar, lutar! Eu seria inútil em combate...
Imprevisível, incontrolável.
Um sorriso surgiu em seu rosto. Sangue escorria, da palma da mão, de onde suas unhas perfuraram, mas não
sentiu dor.
Seu olhar voltou-se para o aberto e silencioso laboratório. Depois para as vazias e estúpidas faces dos doutores.
Para os cilindros de ar comprimido e para o vírus, seu milagre. E finalmente para os controles que dão para a jaula
dos animais.
Nicolas sorriu largamente. O sangue pingou no chão.
Deixe-os vir.
Steve leu em voz alta. Rebecca viu David olhando para o relógio e para a porta várias vezes. Ela não achava que
se passou dez minutos, mas estava perto. John e Karen ainda não voltaram.
"... onde cada um é projetado para medir a aplicação de lógica, assim que um índice de técnicas de projeção
forem combinadas com precisão...".
Deve ser um relatório sobre a análise de algum teste de Q.I.. Deve ter sido escrito por um cientista. Ainda assim
foi o que apareceu quando Steve perguntou por informações sobre a série azul (blue series).
Alguém esvaziou a sala, e fez um bom trabalho. Ela achou livros, grampeadores, canetas, lápis, elásticos e clips
de papel, mas nenhum pedaço de papel escrito.
A busca no computador de Steve não estava indo bem; nenhum mapa e nada do T-virus. Quem quer que tenha
assumido o controle do lugar, acabou com tudo o que eles poderiam usar.
Exceto aquele teste de psicologia que nem se quer mencionou a palavra azul.
Steve apertou uma tecla e brilhou.
"Aqui vamos nós... a série vermelha (red series), quando vista de uma escala padrão, é mais básica e simples,
com um quociente de inteligência 80. A série verde (green series)...".
Ele parou. "Apagou tudo".
Rebecca desviou o olhar da mesa quase vazia a qual vasculhava quando viu David se juntando a Steve.
"Rebecca". David a chamou.
Ela fechou a gaveta e foi até Steve, curvando-se para ler o que estava escrito na tela.
O homem que o faz não precisa. O homem que o compra não o quer. O homem que o usa não sabe.
"É uma charada". David disse. "Algum de vocês sabe a resposta?".
Antes que algum deles pudesse responder, Karen e John voltaram para a sala, ambos segurando as armas.
Karen segurava um papel rasgado numa mão.
"Tudo checado". John disse. "Seis salas, nenhuma janela e só uma porta externa a norte".
"Haviam porta-arquivos na maioria delas, mas estavam vazios - exceto por este papel que achei preso na fenda
de uma gaveta".
Ela deu o papel a David que o viu, seu olhar tornando-se intenso. "Isso é tudo que havia lá?".
"Sim, mas é suficiente, não acha?".
David começou a ler alto.
"Os times continuam a trabalhar independentemente e tem mostrado um notável melhoramento desde a
modificação na *sinapse auditiva.
Na Ocasião Dois, quando mais de um Trisquad está presente, o segundo time (B) não atacará enquanto o
primeiro (A) estiver concluindo. (quando o alvo parar de se mover ou de emitir som).
Se o alvo continuar fornecendo estimulo e o A tiver suspendido o ataque (falta de munição ou defeito em todas
as unidades), B entrará em ação. Se estiverem por perto, patrulhas adicionais vão ser incluídas no ataque e serão
ativadas em sucessão.
Até agora, nós não temos expandido a habilidade sensorial para atingir o comportamento desejado; o estímulo
visual da Ocasião Quatro e Sete continuam improdutivas, apesar disso nós infectaremos um novo grupo de
unidades amanhã e correlacionar os resultados no final da semana. É nossa recomendação que continuemos a
desenvolver capacidade auditiva antes da implantação do detector de calor".
"Aqui é onde está rasgado". David disse.
"Isso explica muito. Por que o time na porta de trás da casa de barcos não fez nada?; o de fora ainda estava
atirando. Depois que você e Steve os derrubou eles entraram num segundo". Karen disse.
Rebecca não estava gostando; a Umbrella continua fazendo experiências em humanos. Em Raccoon, o T-virus
levou de sete a oito dias para contaminar de vez o hospedeiro, e em um mês já caia aos pedaços.
Ela mordeu o lábio, imaginando o que os cientistas de Caliban Cove fizeram com o vírus. E se eles aceleraram o
processo de infecção...
"O sinal da porta norte dizia que estamos no bloco C". John disse. "Você achou um mapa?".
Steve respondeu. "Não, mas dê uma olhada. Eu perguntei por informações sobre a série azul, e esse relatório de
testes de Q.I. apareceu - depois isso. Não consegui mais nada".
John olhou para a tela. "... homem que o fez não precisa, compra, não quer, usa, não sabe...".
Karen, que relia o papel rasgado, levantou os olhos com extremo interesse. "Espere, eu conheço essa aí. É um
caixão".
Steve digitou caixão. Nada mudou.
"Tente " *esquife". Rebecca sugeriu.
Assim que Steve digitou e apertou "enter", a charada foi substituída por:
SÉRIE AZUL ATIVADA.
Em seguida:
TESTES QUATRO (BLOCO A), SETE (BLOCO D), E NOVE (BLOCO B) / AZUL PARA ACESSAR DADO (BLOCO E).
"Azul para (blue to) - a mensagem de Ammon". Karen disse rapidamente. "É isso - a mensagem recebida falava
sobre a série azul, depois dizia, entrar com a resposta para senha". A resposta era esquife".
"E os números dos testes são a senha". David disse. "Tinham mais três coisas na mensagem antes de "azul para
acessar". Devem ser as respostas dos testes - as "letras e números ao contrário", "tempo arco-íris" e "não
conte".
David pegou uma caneta e virou o papel do relatório. A informação agora faz sentido. Ele desenhou cinco caixas
em duas linhas, igual o mapa de Trent, nomeando-a mais ao sul como C. Depois ele temporariamente nomeou os
outros, começando pelo topo à esquerda como A e indo para a direita e depois para a esquerda, pondo os
números dos testes perto de cada letra.
"Supondo que este seja o lado de cima e que nós precisamos resolver os testes em ordem, nós iremos nos
mover em zig-zag entre os blocos". David explicou.
"E supondo que os Trisquads não tenham problema com isso". John disse suavemente.
Rebecca sentiu sua excitação diminuir - pode ver a mesma expressão em seus colegas. Ela sabia que eles teriam
que partir, mas não queria pensar nisso até estar lá.
Agora está. E os Trisquads estão esperando.
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*Sinapse - Relação de contato entre os detritos das células nervosas.
*Esquife: Sinônimo de "caixão" (fúnebre).
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[5]
Eles pararam na porta norte no escuro e abafado corredor, apertando os cadarços, ajustando os cintos e
recarregando as armas.
"Você, Steve e Rebecca com o da esquerda, noroeste daqui. Daremos um tempo, depois Karen e eu sairemos.
Se você estiver certo, estaremos no bloco D; se estiver de ponta-cabeça, bloco B.
De qualquer modo, nós procuraremos o número do teste, e esperaremos vocês nos darem o "vai em frente".
John explicou.
"E se eu não...".
Karen interrompeu dizendo: "Se a gente não o ver em meia-hora, voltaremos aqui e esperaremos por Steve e
Rebecca. Completaremos os testes se for possível".
"Certo". David disse. "Ótimo".
Eles estavam preparados. Haviam infinitas variáveis da equação que poderiam tornar o simples plano, difícil.
"Alguma pergunta antes de irmos?".
Rebecca começou a falar com preocupação. "Eu quero lembrar a todos para terem bastante cuidado com o que
tocarem, ou o que os tocarem. Os Trisquads são portadores, então tente não se aproximar deles, principalmente
se estiverem feridos".
David pensou nas centenas de milhões de partículas do vírus que poderiam haver numa gota de sangue...
Todos esperaram por seu sinal. Ele deixou os pensamentos de lado e colocou a confiança na sua arma, tocando
a maçaneta da porta.
"Prontos?". Com silêncio, agora, no três - um... dois... três".
Ele abriu a porta e saiu para o quente ar da noite ouvindo o barulho das ondas. Estava mais claro do que antes. A
quase lua-cheia havia se erguido, iluminando o complexo. Nada se moveu.
Bem na frente dele a uns vinte metros estava o destino de Karen e John. Tinha uma porta de frente para o bloco
C; eles não precisarão contornar o prédio para entrar.
David saiu da porta para a sua esquerda, encostado na fina sombra da parede. Ele podia ver a frente do prédio
que esperava ser o A, alto, pinheiros à esquerda e atrás dele. Havia uma porta no meio dele, e nenhuma
proteção ao longo dos trinta e pouco metros que os separavam. Uma vez fora de C, eles estarão totalmente
vulneráveis.
Ele respirou fundo e correu abaixado para a porta do bloco. Seu corpo esperava por uma rajada de balas; a
aguda dor que o levaria para o chão. Mas estava silencioso. Os Segundos demoraram uma eternidade para a
porta ficar mais perto, maior...
Então a maçaneta estava sob seus dedos sendo girada, entrando numa sufocante escuridão - virando, viu
Rebecca e Steve chegando.
David fechou a porta rapidamente e sem fazer barulho, sentindo o vazio da sala, a falta de vida - e então o
cheiro o atingiu.
Era o mesmo cheiro da casa dos barcos só que cem vezes mais forte. David conhecia o cheiro. Se deparou com
ele numa floresta na América do Sul, num acampamento cultista em *Idaho e no porão da casa de um serial
killer. O cheiro de podridão era inesquecível.
Quantos haverão aqui?
O raio de luz rasgou a escuridão e encontrou uma pilha de corpos que tomava conta de um grande depósito, não
havia como ter certeza de quantos corpos estavam lá; eles já estavam derretendo uns nos outros, a carne negra
e enrugada dos corpos empilhados no úmido calor. Talvez quinze, talvez vinte...
Steve se afastou e vomitou - um grosso som na quieta sala.
David procurou no resto da sala, encontrando uma porta com a letra A escrita em preto.
Sem olhar para o monte, ele levou Rebecca para a distante porta agarrando Steve.
Eles saíram num corredor sem janelas, e tinha um interruptor de luz perto da porta. David o ignorou por um
momento, esperando seus jovens colegas se acalmarem.
Parece que os funcionários da Umbrella de Caliban Cove foram encontrados.
Karen e John esperaram um minuto depois que os outros foram. Abriram a porta o suficiente para ouvir. O ar
passou pela abertura. Ao longe o barulho das ondas mas nenhum tiro, nenhum grito.
Karen fechou a porta e olhou para John. "Já devem ter entrado. Quer ir na frente ou prefere que eu vá
primeiro?".
"As minhas mulheres sempre vão primeiro". Ele sussurrou. "Isso quando eu vou junto, se é que você me
entende".
"John, só responda a pergunta".
"Eu vou. Espere até eu atravessar, depois siga".
Ela se afastou para deixá-lo passar.
Assim que ele colocou a mão na maçaneta, respirou fundo e a girou. Nenhum som, nenhum movimento lá fora.
Segurando sua Beretta, ele se afastou do prédio e moveu-se rapidamente para a porta a uns vinte passos à
frente.
Alcançando a porta, tocou a fria tranca de metal - ela não se moveria. Estava trancada.
Sem pânico. Ele fez um sinal para Karen esperar e seguiu para a sua direita. Fez a curva sentindo o duro concreto
contra o seu ombro esquerdo e coxa.
Tinha outra porta de frente para o mar.
Rat - atat - atat - atat!
As balas acertaram o chão. John recuou encostando-se na parede, agarrando a fechadura. Vindo da direção da
casa dos barcos, um fila de três - John abriu a porta e pulou atrás dela, ouvindo o ping-ping-ping delas
esmagando o metal, parando a centímetros de seu corpo.
Ele segurou a porta aberta com os pés, deu uma rápida olhada e mirou no flash de luz, apertando o gatilho
enquanto pedaços de concreto e poeira vinham da parede.
Outra olhada e a fila estava mais perto, as três figuras ganhando forma. John atirou novamente pelo espaço da
porta - e quando olhou de novo, só haviam dois em pé.
John virou e viu mais dois a uns três metros no canto nordeste do prédio, ambos com metralhadoras.
Mas não se mexeram para atirar.
As M-16 ainda estavam se aproximando, mas ele só via as criaturas lá em pé, balançando em instáveis pernas.
O da esquerda tinha só metade da face; do nariz para baixo era uma líquida e polpuda massa de pele, pedaços
escuros pendurados por fibras de carne. O da direita parecia intacto até ele ver sua barriga; a mole e saliente
cobra de intestinos através de sua camisa ensangüentada.
Não vai atacar enquanto A estiver terminando.
Bam! Bam!
Karen.
John recuou para dentro do prédio, segurou a porta aberta contra o par que ainda atirava. Ele mirou
cuidadosamente. Nenhuma das criaturas se mexeu para se proteger, só ficaram lá, o observando.
Dois tiros certeiros na cabeça explodiram sob o som das metralhadoras. Antes deles caírem no chão, John ouviu
outro tiro de nove milímetros.
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*Idaho - Estado dos E.U.A.
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Ele olhou em volta da porta e viu as figuras do time ativo a uns trinta metros, um deles ainda atirava com a arma
apontada para o céu.
Karen surgiu de entre os prédios com a arma ainda apontada para o convulsivo atirador, de costas para John.
"Não atire nele! Aqui, deixa ele!".
Ela virou para John e ambos entraram no bloco. Assim que ela fechou a porta o som da metralhadora cessou.
A respiração irregular de Karen quebrou o silêncio da escura sala.
"Ei John, foi bom para você?".
Ele piscou os olhos registrando as palavras vagarosamente.
"Indo Primeiro". Ela completou. "Foi como você esperava?".
"Não teve graça". Ele disse.
Um pouco depois eles começaram a rir.
Enquanto eles se moviam pelo corredor, Rebecca pensava em Nicolas Griffith, sobre a história das vítimas do
Marburg - e não haviam provas de que ele está por trás do massacre do pessoal da Umbrella, ela não conseguia
abalar o pensamento de que ele é o responsável.
O corredor os levou através de várias salas, tão sem vida quanto as do bloco o qual vieram. Eles passaram pela
saída no lado mais distante do bloco e depois de outra curva no corredor, finalmente chegaram a uma outra porta
marcada com a letra A, e embaixo, 1-4. Haviam três triângulos debaixo dos números, cada um com cores
diferentes - vermelho, verde e azul.
David abriu a porta, revelando um hall. Rebecca viu mais triângulos coloridos na porta 1 à direita. Outra não tinha
nada.
"Eu fico com o teste". David disse. "Steve, você e Rebecca verão a outra porta. Nos encontraremos aqui".
Rebecca balançou a cabeça e viu Steve fazer o mesmo. Ele parecia um pouco pálido, mas forte o suficiente. Ele
soltou o olhar ao perceber que ela o estava observando. Rebecca sentiu uma simpatia por Steve, percebendo que
ele estava envergonhado por ter jogado o almoço fora.
Os dois abriram a porta e saíram numa outra sala sem janelas, abafada e quente como o resto do lugar.
Rebecca acendeu as luzes e um grande escritório cheio de estantes, apareceu. Uma mesa de aço ficava no
canto próxima a um porta - arquivos com as gavetas vazias e abertas.
"Você quer a mesa ou as estantes?". Steve perguntou.
"Acho que as estantes". Rebecca escolheu.
Ele sorriu quase tímido. "Melhor assim. Talvez eu ache algumas balas de hortelã numa das gavetas".
Rebecca sorriu agradecida pela brincadeira. "Guarde uma para mim".
Eles se olharam, ainda sorrindo - e Rebecca sentiu um calafrio de excitação através do corpo.
Steve desviou o olhar primeiro com a cor de suas bochechas mais rosas do que antes. Ele foi para a mesa e
Rebecca para a fileira de livros, sentindo-se um pouco corada. Havia uma definitiva atração lá, e parecia ser
comum.
Os livros eram sobre o que ela esperava. Química, biologia, modificação de comportamento e vários boletins
médicos.
Ela correu a mão, puxando os livros. Talvez haja algo escondido atrás de um deles.
... sociologia, *Pavlov, psicologia, psicologia, patologia -
Ela parou, olhando um fino livro preto entre dois grandes. Sem título. Ela o pegou e sentiu seu coração acelerar ao
abrir o pequeno livro, vendo as rabiscadas letras escritas à mão.
Ela viu "Tom Athens" escrito em letras boas na capa de dentro.
Um dos caras da lista, um dos cientistas!
"Eu achei um diário". Ela disse. "É de uma das pessoas da lista do Trent, Tom Athens".
Steve tirou os olhos da mesa. "Mesmo? Vá para o final, qual é a última data?".
"Diz 18 de julho - mas não parece que ele o mantinha certo. A data antes dessa é 9 de julho...".
"Leia a última inscrição". Talvez nos diga o que está acontecendo". Steve disse.
Ela foi para a mesa e inclinou-se nela, limpando a garganta.
"Sábado, 18 de Julho. Esse foi um longo e ridículo dia, o fim de uma longa e ridícula semana. Eu juro por Deus, eu
vou bater no Louis se ele convocar mais uma reunião. Foi para adicionar ou não outra Ocasião no programa
Trisquad, como se precisássemos de outra. Tudo o que ele queria era tê-la no papel, e o resto foi seu besteirol
de sempre - a importância do trabalho em equipe, a necessidade de compartilhar informações, então nós todos
podemos "ficar no rumo certo". Quer dizer, Jesus, é como se ele não conseguisse viver sem o seu nome no
semanal.
Ele não tem feito nada desde o desastre do Ma7, exceto por tentar e convencer todo mundo de que a culpa foi
de Chin. É o fim da picada...
Alan e eu falamos sobre os implantes ontem, está indo bem. Ele vai descrever a proposta esta semana, e NÃO
deixaremos Louis tocá-lo. Com sorte, conseguiremos a luz verde no fim do mês. Alan acha que os White boys
vão querer fazê-los antes de Birkin, só Deus sabe porque; B. não dá a mínima para o que fazemos aqui, ele está
longe de ser brilhante de novo. Eu tenho que admitir, eu quero saber qual será sua próxima síntese; talvez nós
devemos malhar alguns dos nossos Trisquads.
Houve um pequeno susto no D na Quarta-feira, na 101. Alguém deixou o refrigerador aberto, e Kim jurou que
estavam faltando alguns produtos químicos. Estou começando a achar que ela errou na contagem de novo. É
difícil de acreditar que ela está encarregada do processo de infecção. Ela é negligente para cuidar do equipamento.
Estou surpreso por ela não ter infectado o complexo inteiro. Deus sabe que há o bastante para isso.
Eu mesmo deveria conferir o D, para ter certeza de que está tudo pronto para amanhã. O Griffith tem pedido
para observar o processo; primeira vez que ele se interessou pelo que estamos fazendo. Eu sei que é idiota, mas
eu ainda quero que ele seja impressionado; ele é tão brilhante quanto Birkin, em seu próprio modo pavoroso. Eu
acho que ele até intimida Louis, e Louis é geralmente burro demais para isso.
Mais tarde.".
O resto das páginas estavam em branco. Rebecca olhou para Steve, incerta sobre o que fazer, sua mente
trabalhando para juntar os pedaços de informações relevantes. Havia algo lá que a incomodava.
Elementos químicos faltando. Processo de infecção. O brilhante e pavoroso Dr. Griffith...
Agora ela não tem mis dúvidas de que Griffith matou os outros, mas não foi o que a fez dizer em voz alta. Foi...
"Bloco D". Steve disse. "Se nós estamos em A, Karen e John estão no D".
Onde há T-virus suficiente para infectar o complexo inteiro. Onde o processo de infecção aconteceu.
"Nós devemos contar para o David". Rebecca disse. Steve concordou. Eles foram para a porta. Rebecca
esperando que John e Karen não achassem a sala 101 - e se achassem, que não tocassem em nada.
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*Pavlov - Fisiologista russo, ganhador do prêmio Nobel.
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A sala de teste era grande, três das paredes marcadas com linhas formando três cubículos. Acendendo a luz, ele
viu que os testes estavam claramente numerados e marcados com cores, os símbolos pintados no chão de
cimento em frente de cada um.
Todos os testes da série vermelha estavam à sua esquerda, mais perto da porta. Ele viu blocos brilhantes e
coloridos, simples figuras nas mesas em cada cubículo que passou, indo para o fundo da sala. A série verde
estava demarcada na parede oposta. Ele a ignorou completamente.
A parede de trás era marcada com triângulos azuis. O teste número quatro ficava no distante canto direito.
Aproximando-se do fundo da sala, ele ouviu um fraco ruído de força vindo da área azul. Havia um pequeno
computador na mesa do teste número dois. Um teclado e um fone na do três. Como prometido, as séries
estavam ativadas.
Ele parou em frente do último cubículo, voltando sua atenção para a tarefa. Ele não estava certo sobre o que
veria, mas o tipo do teste o surpreendeu. Uma mesa e uma cadeira de metal cinza. Na mesa havia um bloco de
papel, um lápis e um tabuleiro de xadrez com todas as peças no lugar. Assim que ele entrou no cubículo, viu uma
placa de metal na superfície da mesa com números marcados nela.
David sentou na cadeira olhando para os números.
9-22-3 // 14-26-9-16-8 // 7-19-22 // 8-11-12-7
Olhou para o tabuleiro e então de volta aos números. Nada mais para ver; isso era tudo. Ele ordenou
rapidamente as dicas da mensagem de Ammon, imaginando qual seria a resposta. Era "letras e números ao
contrário" ou "não conte"? não parecia ser nada relacionado com o tempo ou arco-íris, tinha que ser um dos
dois...
Se as linhas estão na mesma ordem que os testes, este é letras e números ao contrário. Mas que letras, não
tem nenhuma.
David sorriu de repente sacudindo a cabeça. Os números na placa não são maiores que 26; era um código, e
bem simples.
Ele pegou o lápis, escreveu o alfabeto e o numerou de trás para a frente; A era 26, B 25 até Z, 1.
David começou a decifrar a mensagem.
R... E... X... M...
A última letra era T. Ele olhou para a frase e depois para o tabuleiro. Parecia que alguém tem senso de humor.
REX MARKS THE SPOT
"Rex" significa "rei" em Latim.
Branco sempre começa, então...
Ele tocou o rei branco. Assim que o dedo dele tocou na peça, ela girou em volta e ficou de frente para as costas
do tabuleiro. Ao mesmo tempo, um suave som musical veio de cima. Ele olhou para o teto e viu um alto falante.
Nada mais aconteceu, nenhuma luz piscando ou passagens secretas atrás da parede. Aparentemente ele
passou.
Parecia ser um complicado teste para alguém supostamente tão burro quanto o zumbi de um Trisquad. Os
cientistas deviam ter planos para algo mais... inteligente...
David levantou e foi para a frente da sala - assim que a porta abriu. Rebecca e Steve entraram com expressões
amedrontadas.
"O que foi?"
Rebecca ergueu o livro falando rápido. "Ele diz que o vírus foi usado para infectar os Trisquads no bloco D, na sala
101. Tudo pode estar bem a não ser que John ou Karen tocaram algo contaminado".
Foi o bastante. "Vamos!".
Eles correram pelo caminho a qual vieram em direção a saída.
Eles estavam no iluminado corredor no centro do bloco D, silenciosamente escutando pelo som que os diria sobre
a chegada de David. De lá eles eram capazes de escutar uma das três portas externas sendo usadas. Depois de
vasculharem o prédio e achado a sala do teste, ela e John liberaram todas as portas de saída.
Karen olhou no relógio e esfregou os olhos, sentindo-se cansada por tudo o que aconteceu naquela noite, e ainda
enjoada pelo que acharam na sala 101.
Até John estava mais quieto do que o normal. Não fez uma piada desde que voltaram para esperar.
Talvez ele esteja pensando nas macas com sangue. Ou nas seringas. Ou no equipamento médico amontoado na
pia...
Eles encontraram a sala do teste primeiro, uma grande sala cheia de pequenas mesas, cada uma marcada com
números entre cinco e oito; Karen ficou desapontada de algum modo por ver que o número sete da série azul era
só um punhado de ladrilhos coloridos com letras neles - metade deles de cabeça para baixo e ilegíveis. As cores
correspondiam às do arco-íris, apesar de ter duas peças violeta a mais no monte.
Desde que eles não podiam bagunçá-lo até David completar o primeiro teste, ela sugeriu voltar e explorar o resto
do bloco.
Eles passaram por alguns escritórios vazios e uma cafeteria bagunçada, onde acharam uma caixa de rosquinhas
incrivelmente mofadas. Foi o laboratório químico que os disse sobre o tipo de lugar que a Umbrella criou. Karen
não acreditava em fantasmas mas a sala deu uma sensação jamais experimentada; era fria, simples e
assombrada pelo medo e pelo o frio; à moda de um cientista nazista cometendo atrocidades contra o
companheiro.
"Você está pensando naquela sala?". John perguntou.
Karen acenou mas não disse nada.
... a porta da sala 101 estava claramente marcada com um símbolo de risco biológico, fazendo eles discutirem
sobre entrar ou não. John dizia que o ambiente poderia estar contaminado.
Karen dizia que nenhum deles tem cortes ou arranhões, e que poderiam achar algo sobre o T-virus. A verdade
era que ela não queria deixar essa oportunidade passar; queria ver o que estava atrás da porta fechada, porque
estava lá.
John tinha finalmente concordado e eles entraram, pisando numa pequena passagem que estava cercada de
folhas de plástico pesado. Haviam chuveiros acima e um ralo no chão; uma área de descontaminação.
Uma segunda porta dava para uma sala que os levou para o sonho de um cientista maluco.
Vidro triturando sob os pés. Um cheiro de suor sob o odor de água sanitária...
John acendeu as luzes e antes da grande sala poder ser vista, Karen sentiu seu coração acelerar. Se parecia com
outros laboratórios a qual ela trabalhou; bancadas e estantes, pias de metal e um grande refrigerador de inox no
canto com uma trava na maçaneta. E de algum modo - o lugar era tão familiar. Um lugar que ela sempre se
sentia em casa.
As pequenas diferenças eram as mais dramáticas. A sala era dominada por uma limpa mesa de autópsia,
adaptada com amarras de velcro. Haviam outras duas macas de hospital, adaptadas do mesmo jeito, junto a
ela.
Ao se aproximar de uma delas, Karen viu uma escura e seca marca na ponta; o fino colchão estava ensopado de
sangue no lugar onde os tornozelos e pulsos de um homem deviam ficar.
No fundo da sala estava uma jaula do tamanho de um closet. Próximo a ela, vários postes finos apoiados na
parede com aproximadamente um metro de comprimento - cheio de agulhas hipodérmicas.
Esses são tipos de instrumentos usados para dopar animais selvagens.
Karen olhou para a maca, tocando levemente a seca mancha, imaginando que tipo de pessoa participou de um
experimento como esse. A mancha seca de sangue era velha e empoeirada fazendo-a pensar sobre como as
vítimas sofreram esperando na jaula, provavelmente observando alguns homens de luvas injetando um vírus
mutante em um ser humano amarrado...
O olho direito de Karen coçou, tirando sua concentração dos terríveis pensamentos, trazendo-a de volta para o
presente. Ela o esfregou, e depois olhou no relógio de novo. Se passaram apenas vinte minutos desde que o time
se separou.
O som de uma das portas foi ouvido, seguido pelo grito de David através do corredor. Ele veio pela entrada
oeste.
"Karen, John!".
John olhou para ela, que sentiu uma onda de alívio. David estava bem.
"Aqui! Continua andando!". John respondeu. "Vire à direita!".
David apareceu dentro de alguns segundos, sua face coberta de preocupação.
"Está tudo...". Karen começou a perguntar mas foi interrompida por David.
"Vocês acharam a sala 101?".
"Sim, no oposto de onde você veio". John disse sorrindo.
"Algum de vocês tocou algo? Vocês tem cortes ou pequenos ferimentos que podem ter entrado em contato com
alguma coisa?". David falou rápido. "Nós achamos um diário dizendo que essa sala era usada para infectar
Trisquads".
John sorriu de novo. "Sério. Nós descobrimos isso em uns dois segundos".
Karen ergueu as mãos para David vê-las. "Nenhum arranhão".
David exalou forte. "Graças à Deus. Eu pensava no pior vindo para cá. Nós achamos os cientistas no bloco A;
Ammon estava certo, ele os matou - e o nosso "ele" agora tem um nome. Rebecca está certa de que é Nicolas
Griffith. Ele foi o cara que ela reconheceu da lista do Trent. Ele tem uma história e tanto, ela te conta quando nos
reagruparmos...".
"Caramba David, eu não sabia que você se preocuparia. Ou que você achasse que nós seríamos burros o
bastante para nos espetarmos com agulhas sujas, num lugar como esse".
David riu. "Por favor, aceitem as minha sinceras desculpas".
"Onde o Steve e a Rebecca estão?". Karen perguntou.
"Provavelmente na próxima área do teste. Eu os vi entrando no bloco B antes de vir aqui... vocês acharam o
teste sete?"
"Por aqui". John disse assim que eles caminhavam pelo corredor. Ele começou a contar a luta que tiveram contra
os Trisquads.
Karen seguiu, esfregando a chata coceira em seu olho direito. Ela deve tê-lo irritado com tantas cutucadas.
Parece estar piorando. E para completar, sentiu uma dor de cabeça chegando.
Ela nunca teve dores de cabeça a não ser que tivesse algo. O mergulho no mar deve ter dado um resfriado a ela
- e a pulsação na sua cabeça não será piedosa.
CONTINUA
Raccoon Times - 24 de Julho de 1998
"Mansão de Spencer destruída em incêndio explosivo"
RACCOON CITY - Há aproximadamente 2 A.M. de Quinta-feira, os moradores do distrito de Victory Lake foram acordados por uma explosão que trovejou através do noroeste de Raccoon Forest, aparentemente causada por um incêndio que ocorreu na mansão abandonada de Spencer e aprimorada pelos produtos químicos guardados no subsolo. Devido às barricada colocadas no perímetro da floresta (por causa dos recentes assassinatos em Raccoon City), os bombeiros foram incapazes de salvar o que restou dela. Depois de três horas de batalha contra o fogo enfurecido, a mansão de trinta e um anos e a adjacente casa de empregados foram complemente arruinadas. Construída pelo Lorde Oswell Spencer, aristocrata europeu e um dos fundadores da companhia farmacêutica Umbrella Inc, a propriedade foi projetada pelo premiado arquiteto George Trevor como hospedaria para as pessoas importantes da companhia, mas foi fechada logo depois de finalizada por razões desconhecidas.
Segundo Amanda Whitney, porta voz da Umbrella Corporation, partes da mansão estavam sendo usadas para estocar agentes de limpeza industriais e solventes usados pela Umbrella. Whitney disse numa coletiva ontem que a companhia assumiria toda a responsabilidade pelo infeliz acidente, chamando-o de "um sério descuido de nossa parte. Esses produtos químicos deveriam ter sido tirados de lá há muito tempo, e nós estamos gratos por ninguém ter se machucado".Até agora, a causa do incêndio é desconhecida, e Whitney continuou dizendo que a Umbrella estará trazendo seus próprios investigadores para peneirar as ruínas esperando saber o ponto de origem do incêndio...
Raccoon Weekly - 29 de Julho de 1998
"S.T.A.R.S. tirado da investigação dos assassinatos"
RACCOON CITY - Num surpreendente pronunciamento de oficiais numa coletiva ontem, o Esquadrão de Táticas Especiais e Resgate (S.T.A.R.S.) foi oficialmente removido das investigações dos nove assassinatos brutais e cinco desaparecimentos que ocorreram nas últimas dez semanas. O membro do conselho da cidade, Edward Weist, citou incompetência como principal razão para a remoção do S.T.A.R.S.
Os leitores devem se lembrar que a primeira ação do S.T.A.R.S., depois de ser designado para cuidar dos casos na semana passada, foi vasculhar o noroeste da floresta pelos assassinos canibais. Weist declarou que foi a "conduta não profissional" que resultou na destruição de um helicóptero e na perda de seis dos onze membros, incluindo o comandante do S.T.A.R.S., Capitão Albert Wesker.
"Depois da má conduta na floresta", disse Weist "nós decidimos deixar o caso nas mãos do R.P.D.. Nós temos razões para acreditar que o S.T.A.R.S. deve ter ingerido drogas e/ou álcool antes da missão, e suspendido o uso de seus serviços indefinitivamente".
Weist estava acompanhado por Sarah Jacobsen (representando o Prefeito Harris) e o representante da polícia, J.C. Washington, para fazer o pronunciamento e responder perguntas. Nem o chefe da polícia, Brian Irons e nem os sobreviventes do S.T.A.R.S. podem ser alcançados para comentários...
Cityside - 3 de agosto de 1998
"Início do incêndio considerado acidental"
RACCOON CITY - Depois de uma completa investigação por oficiais dos bombeiros trabalhando com a IDS (Industrial Services Division / Divisão de Serviços Industriais) da Umbrella Inc., o incêndio que destruiu a mansão de Spencer foi causado pelo descuido de pessoa ou pessoas desconhecidas, como foi anunciado numa coletiva ontem. O líder da IDS, David Bischoff disse, "parece que alguém tentou começar uma fogueira em um dos quartos da mansão e a situação saiu do controle. Nós não encontramos nada que sugere um incêndio proposital ou uma brincadeira de algum tipo". Ele continuou falando que a destruição foi total, e não há evidências de que alguém foi pego pelo fogo ou pela explosão que se seguiu.
O Chefe Brian Irons do Departamento Policial de Raccoon City estava presente na conferência, e lhe foi perguntado se ele acreditava haver alguma conexão do incêndio com os assassinatos e desaparecimentos, e Irons respondeu que não há como ter certeza. "Até agora, tudo o que eu falar será só especulação - eu diria que o fato de os assassinatos terem parado desde a noite do incêndio, pode significar que os assassinos estavam escondidos lá. Nós só podemos esperar que eles tenham deixado a área para que em breve sejam presos".
Chefe Irons recusou comentar as acusações de má conduta do S.T.A.R.S. em sua breve atuação na investigação dos assassinatos, só dizendo que concordava com a decisão do conselho da cidade e que ações disciplinares estão sendo consideradas...
https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/2_CALIBAN_COVE.jpg
[1]
Rebecca Chambers estava andando de bicicleta na escuridão das ruas de *Cider District sob a luz da lua brilhando
no céu. Apesar de ainda ser cedo as ruas estavam desertas, obedecendo o horário de recolher da cidade.
Ninguém menor de dezoito anos deveria sair até que os assassinos sejam pegos e presos. Este tem sido um
tenso e quieto verão em Raccoon City...
Ela passou por casas silenciosas onde só a luz da televisão podia ser vista através da janela. As pessoas
aguardavam trancadas em suas casas esperando a notícia de que os assassinos foram presos e a cidade estava
à salvo.
Se eles soubessem...
Estes tem sido treze longos dias desde o pesadelo da mansão de Spencer. Jill, Chris, Barry e ela mesma foram
acusados de estarem drogados. Depois de serem afastados dos casos, até o RPD recusou a acreditar no
S.T.A.R.S.. Agora, com a Umbrella assumindo a investigação sobre o incêndio, provavelmente se livrando das
provas...
- Não seria tão simples. Uma das maiores e mais respeitadas companhias farmacêuticas do mundo fazendo
experiências com armas biológicas num laboratório secreto - Se eu não soubesse de nada, eu provavelmente
acharia isso uma loucura.
Rebecca e os outros devem se cuidar antes que algum agente seja enviado para atacá-los.
Ela estava usando um revólver snub-nosed. 38 da coleção de Barry esperando não precisar mais dela depois
desta noite.
Virando à esquerda na Rua Foster, Rebecca pedalou em direção a casa de Barry pensando que ele convocou a
reunião, provavelmente por que recebeu ordens do escritório principal.
Talvez eles me movam para algum laboratório, e estudar o vírus. Tecnicamente eu ainda sou uma Bravo; não há
motivo de me quererem no campo de batalha...
Sem dúvida esse seria o melhor modo de usar os meus talentos.
Os outros eram soldados experientes e Rebecca só está a cinco semanas no S.T.A.R.S.. Sua primeira missão foi
a de *Raccoon Forest que exterminou todos de seu time incluindo outros no segredo da Umbrella. Ela sabia que
trabalhando no T-virus seria a maior contribuição que ela daria para acabar com a Umbrella.
Rebecca parou no final do quarteirão, em frente a uma enorme casa de dois andares amarelo-claro no estilo
vitoriano, olhando em volta por algo suspeito antes de descer da bicicleta. Os Burton vivem próximo a um parque
cheio de árvores no subúrbio.
Levando a bicicleta até a varanda viu que se passaram vinte minutos desde a ligação de Barry.
Antes de bater na porta, ele a abriu. Vestindo uma camisa e calça jeans, ele a deixou entrar dando uma rápida
olhada antes de fechar a porta.
"Você viu alguém", Barry perguntou com sua Colt Python no coldre parecendo um cowboy.
"Não, ninguém". Ela respondeu.
"Chris e Jill estarão aqui a qualquer momento. Você quer um café?" Barry parecia tenso.
"Não, obrigado. Talvez água..."
"Sim, claro. Vá em frente e se apresente, eu voltarei num minuto".
Antes de perguntar se algo estava errado, ele foi para a cozinha.
"Me apresentar? O que está acontecendo?
Ela foi até a sala e parou assustada ao ver um homem estranho sentado no sofá. Ele se levantou assim que ela
apareceu. Ele usava jeans, camisa, sapatos e uma Beretta 9mm, padrão do S.T.A.R.S.. Era alto, fisicamente
como um nadador, olhos e cabelos escuros.
"Você deve ser Rebecca" ele disse revelando seu sotaque Britânico. "Você é a bioquímica, certo?"
"Trabalhando nisso. E você é..."
"Desculpe os meus modos, por favor. Eu não esperava... isto é, eu...? ele parou em volta da mesinha de centro
de Barry estendendo a mão. "Eu sou David Trapp, do S.T.A.R.S. Exeter em *Maine."
Ela se acalmou.
O S.T.A.R.S. mandou ajuda ao invés de ligar, ótimo.
"Então, você é algum observador ou algo assim?
"Como?"
"Para a investigação - há outras equipes aqui, ou você veio para checar antes..."
"Desculpe ter que que dizer isso Srta. Chambers. Eu tenho razões para acreditar que a Umbrella tem
chantageado ou subornado outros membros do S.T.A.R.S.. Não há investigação e ninguém está vindo".
Barry entrou na sala com o copo d'água e Rebecca o pegou agradecidamente, bebendo metade dele em um
gole.
"Ele te disse, né?" Barry disse.
"Jill e Chris sabem?" ela perguntou.
"Ainda não. Por isso eu liguei. Nós devemos esperá-los para não passar por isso duas vezes".
"Concordo". David disse.
Barry começou a contar como ele e David se conheceram no treinamento do S.T.A.R.S. quando jovens. David
ouvia enquanto Barry falava sobre a noite de graduação envolvendo um sargento mau humorado e várias cobras
de borracha.
- Dezessete anos atrás.
Ela deveria estar comemorando seu primeiro aniversário.
Bateram na porta, provavelmente os dois Alphas. Barry foi atender.
"Jill Valentine, Chris Redfield, este é o Capitão David Trapp, estrategista militar do S.T.A.R.S. Exeter em Maine".
David os cumprimentou e todos se sentaram.
"David é um velho amigo meu. Nós trabalhamos juntos no mesmo time por uns dois anos. Ele apareceu aqui há
uma hora com novidades e não achei que isso poderia esperar. David?".
"Como vocês devem saber, seis dias atrás, Barry ligou para vários departamentos do S.T.A.R.S. para saber se
alguma declaração foi recebida sobre o que aconteceu aqui. Eu recebi uma dessas ligações. Eu descobri que o
escritório de Nova York não contatou ninguém sobre a descoberta. Nenhum aviso ou memorando".
Após alguns minutos de discussão, David se levantou e disse:
"Parece que existe outro laboratório da Umbrella na costa de Maine, conduzindo experimentos com seus vírus - e
como aconteceu aqui, eles perderam o controle".
David virou-se para Rebecca e disse:
"Eu estou levando um time para lá sem autorização do S.T.A.R.S. e eu quero que você venha com a gente".
Chris ainda estava intrigado com a despreocupação do S.T.A.R.S. sobre o acontecido e agora outro laboratório!
E ele quer levar a Rebecca...
"Eu conversei com o pessoal do meu time e todos concordaram que vai ser difícil sem ninguém para nos dar
cobertura. Nós só queremos entrar, coletar algumas evidências sobre o T-virus e voltar antes que alguém saiba
que estamos lá".
"Eu também vou". Chris interrompeu.
"Todos nós vamos". Barry disse.
David balançou a cabeça. "Olha, essa não é uma operação em grande escala; cinco pessoas já estão escaladas.
A Rebecca tem o conhecimento que nós precisamos para achar os dados do vírus sabendo que sintomas
procurar".
Depois de muita conversa David consegue convencer os três Alphas a ficarem. Agora a escolha é de Rebecca.
"Que informações você tem?" Jill perguntou. "Como você descobriu sobre o laboratório?
David abriu sua pasta e tirou o que pareciam ser cópias de jornais e um simples diagrama. "Logo depois de ter
falado com o escritório central, eu recebi a visita de um estranho homem que dizia ser um amigo do S.T.A.R.S....
ele me disse que seu nome era Trent, e me deu tudo isso".
"Trent!". Jill disse.
--------------------------------------------------------------
*Cider District - Bairro Cider (Cidra).
*Raccoon Forest - Floresta que fica nos limites de Raccoon City.
*Maine - Estado que fica na costa leste dos E.U.A.
-------------------------------------------------------------- David olhou para ela intrigado. "Você o conhece?".
"Um pouco antes de nós decolarmos para resgatar o Bravo Team, Um homem chamado Trent me deu
informações sobre a mansão, e me alertou sobre o Wesker".
Barry continuou. "E Brad disse que Trent lhe deu as coordenadas da mansão logo depois de Wesker ter ativado o
sistema de destruição. Se ele não tivesse dito, nós teríamos explodido com o resto da casa".
Chris sentiu uma dor de cabeça. O S.T.A.R.S. trabalhando para a Umbrella, outro laboratório e agora o Trent de
novo.
David começa a lembrar do seu breve encontro com Trent há cinco dias atrás, tentando ver se esqueceu de
dizer alguma coisa.
Ele tinha chegado do trabalho e estava chovendo, uma tempestade de verão que amenizou a leve batida na
porta. David olhou no relógio e foi até a porta imaginando quem seria àquela hora da noite. Ele vive sozinho e não
tem família; devia ser do trabalho ou alguém com problemas no carro...
Abrindo a porta, ele viu um homem numa capa de chuva preta em sua varanda com água escorrendo pelo rosto.
"David Trapp?". Perguntou um homem alto e magro, alguns anos mais velho que David, quarenta e dois ou três.
"Sim?".
"Meu nome é Trent e tenho algo para você!".
"Eu te conheço?"
"Não, mas eu te conheço, Sr. Trapp. Eu também sei com o que você está lidando. Acredite em mim, você
precisará de toda a ajuda que conseguir".
"Eu não sei do que você está falando. Você deve ter me confundido com outra pessoa".
"Sr. Trapp, está chovendo e isso é para você."
Confuso, David abriu a porta e pegou o envelope. Assim que o fez, Trent se virou e foi embora.
Jill e Rebecca estavam estudando os mapas enquanto Barry e Chris trabalhavam nos artigos de jornal. Os quatro,
concentrados na pequena cidade costal Caliban Cove em Maine. Todos estavam preocupados com
desaparecimentos de pescadores locais, todos considerados mortos.
O mapa era do trecho costeiro da cidade. David pesquisou sobre ele e descobriu que foi comprada por um grupo
anônimo há alguns anos. Tinha um farol abandonado na beira norte da enseada, no alto dos rochedos que era
supostamente cheia de cavernas marítimas. Mostrava também algumas estruturas atrás e embaixo do farol,
descendo para um pequeno cais no sul. Estava escrito CALIBAN COVE em cima do mapa e abaixo, em letras
menores, UMB. PESQUISA E TESTE.
O terceiro papel que Trent deu era o que David não entendia. Havia uma lista de nomes.
LYLE AMMON, ALAN KINNESON, TOM ATHENS, LOUIS THURMAN, NICOLAS GRIFFITH, WILLIAM BIRKIN,
TIFFANY CHIN.
Jill pegou esse papel e leu.
"Alguma idéia do que isso significa?". David perguntou.
Jill falou sobre William Birkin, que constava no material que Trent havia dado a ela.
Rebecca pegou o papel assim que Jill olhou para David.
"Droga".
Todos olharam para ela.
"Nicolas Griffith está na lista". Rebecca disse.
"Você sabe quem é ele?". Perguntou David.
"Conheço, apesar de eu achar que ele estava morto. Ele era um dos maiores, um dos mais brilhantes homens na
biociência.
Se ele está com a Umbrella, nós temos mais com o que se preocupar do que o T-virus escapando. Ele é um
gênio no campo de virologia molecular - e se as histórias são verdadeiras, ele é totalmente louco".
"O que você pode nos dizer sobre ele?". David perguntou.
Ela bebeu o resto da água em seu copo e olhou para David. "O quanto você sabe sobre o estudo dos vírus?".
"Nada, por isso eu estou aqui". Disse David, sorrindo um pouco.
"Bom, os vírus são classificados pela estratégia de reprodução e pelo tipo de ácido nucléico (RNA ou DNA) - este é
o elemento especializado num vírus que autoriza a transferência do genoma para outra célula viva. Um genoma é
um simples grupo de cromossomos.
De acordo com a Classificação de Baltimore, existem sete tipos distintos de vírus, e cada grupo infecta certos
organismos de certo modo.
No começo dos anos sessenta, um jovem cientista de uma universidade particular na Califórnia desafiou a teoria,
dizendo que havia um oitavo grupo - os dsDNA e ssDNA que poderiam infectar qualquer coisa em contato. Ele era
o Dr. Griffith. A comunidade científica não aceitou a teoria".
Rebecca notou as expressões vazias no rosto dos colegas.
"Desculpa... Ele então, parou de tentar prová-la, sendo que muitas pessoas ainda estavam interessadas.
Ninguém mais ouviu falar nele. Meu professor, Dr. Vachss, disse que ele foi demitido da universidade por uso de
drogas, mas rumores diziam que ele estava fazendo experiências em alguns de seus alunos. Nenhum deles
falaria, mas um foi para o hospício e outro se suicidou. Isso nunca foi provado, mas depois disso ninguém o
contrataria".
"Acaba aí?". David perguntou.
"Não. No meio dos anos oitenta, um laboratório particular em Washington foi encontrado por policiais com três
homens mortos por uma infecção viral - foi o Marburg, um dos vírus mais letais que existe. Eles estavam mortos
há semanas; os vizinhos reclamavam do mau cheiro. Papéis encontrados pela polícia mostravam que os mortos
eram assistentes do Dr. Nicolas Dunne. Os três se infectaram por um vírus que eles entendiam ser inofensivo,
para que Dunne tentasse curá-los depois".
Rebecca lembrou das fotos das três vítimas do Marburg.
De uma dor de cabeça inicial para extremas amplificações em questão de dias. Febre, coágulo, estado de
choque, danos cerebrais, hemorragia por todos os orifícios - devem ter morrido em piscinas do próprio sangue...".
"E o professor achou que ele era Griffith?" Jill perguntou.
"O nome de solteira da mãe de Griffith era Dunne". Disse Rebecca.
Depois da história, todos se calaram e Rebecca começou a fazer sua decisão.
Ela sabe que o laboratório em Caliban Cove deve estar cheio de pessoas como Griffith. Sem a ajuda do
S.T.A.R.S. nenhum lugar é seguro, mas seria a chance dela contribuir, de fazer o que ela sabe. Seria uma
oportunidade de ouro estudar um vírus antes de alguém.
Rebecca suspirou fundo e disse com sua decisão feita.
"Eu vou com você. Quando iremos?".
Houve um silêncio na sala. Rebecca reparou as expressões no rosto deles até David falar.
"Certo, então. Tem um avião indo para *Bangor às 23:00. Eu acho que nós todos devemos fazer um plano aqui
e depois ir para casa".
Rebecca escutou Barry abrindo a janela e voltando para junto deles. Eles começaram a discutir sobre o que
fariam depois que Rebecca e David partirem.
Jill escutava a suave voz de David quando seu coração gelou ao ouvir sussurros nos arbustos no lado de fora da
janela que Barry abriu.
Umbrella.
--------------------------------------------------------------
*Bangor - Cidade do estado de Maine.
-------------------------------------------------------------- "Abaixem-se!". Jill gritou, saindo do sofá com Rebecca, assim que
a janela estilhaçou ao som de um rifle automático.
David foi para o chão enquanto balas atingiam a poltrona a qual estava. Tufos de almofada flutuavam enquanto
buracos enfumaçados apareciam na parede - reboque e madeira voando.
Houve um segundo de silêncio no tiroteio, suficiente para ouvir vidro quebrando nos fundos da casa.
A sala ficou escura assim que Barry atirou nas luzes. A luz do hall brilhava e mais tiros vinham do lado de fora.
Chris engatinhou sobre os cotovelos e joelhos e apagou as luzes adicionais. Agora está tudo escuro e o tiroteio
parou.
David escutou passos sobre o vidro vindos da cozinha que pararam logo depois. Devem haver mais dois cobrindo
as saídas. Mais passos na cozinha, devem estar esperando alguém se mover.
A visão de David se ajustou podendo ver Jill e Rebecca armadas do outro lado da mesinha.
A casa de Barry é a última da quadra e tem um parque logo atrás. Se eles conseguirem fugir, podem se
esconder nas árvores.
David correu para a porta da frente enquanto Chris e Jill atiravam na direção da cozinha. Atrás dele, Barry e
Rebecca corriam para a escada sob tiros. David estava a um passo da porta quando alguém a chutou, abrindo-a.
Ele se jogou na porta fazendo-a se fechar, depois rolou no chão e atirou cinco vezes. Algo pesado caiu na
varanda logo depois.
David viu Jill e Chris subindo - ao por o pé no primeiro degrau, houve uma explosão atrás dele. A porta da frente
foi destruída pelo time da Umbrella que procurava finalizar a batalha.
Dava para ver a luz da lua brilhando através da janela aberta. Jill já saiu e Chris na metade do caminho.
Ouviu-se vozes masculinas entrando pela porta da frente. Rebecca e Barry saíram.
Haviam árvores há uns vinte metros dali.
Um movimento no canto da casa e Rebecca não hesitou, atirando duas vezes - ele nunca mais se levantaria.
Nunca atirei em alguém antes.
Tiros vinham da janela - Rebecca podia senti-los acertando o chão perto de seus pés. Ela ouviu sirenes se
aproximando e segundos depois cantadas de pneu.
Chris chegou num parquinho seguido de Jill, Barry e Rebecca.
"Cadê o David?". Chris perguntou.
Procurando nas sombras, ouviu-se dois tiros. Um terceiro mais alto e mais perto. Exceto pelo barulho das sirenes
o parque estava quieto novamente.
Rebecca olhou sobre o ombro e viu David que ainda apontava sua Beretta para o atirador. Chris e Jill estavam
próximos a ela segurando suas armas - e do outro lado estava Barry espalhado no chão. Ele não estava se
movendo.
Houve escuridão e silêncio por um tempo indeterminado - e haviam vozes que flutuavam e não podiam ser
identificadas. De algum lugar bem longe, ele ouvia sirenes.
ele foi atingido
oh meu Deus
veja se está limpo
espera eu não consigo achar o ferimento me ajuda - Barry? Barry, você...
"Barry você pode me ouvir?
Barry abriu e fechou os olhos imediatamente, reagindo a dor em volta de sua cabeça. Mas havia outra dor em
seu braço esquerdo.
Baleado, deu de cara numa árvore... ou algum idiota com um bastão de baseball.
Ele tentava abrir os olhos enquanto mãos moviam-se sobre seu peito. As sirenes pararam por completo, apesar
de ainda se poder ouvir carros de polícia tomando conta da rua, o som de potentes motores ecoando através do
parque coberto de árvores.
"Braço esquerdo". Disse Barry começando a se levantar.
"Não se mexa". Rebecca disse firmemente. "Espere um segundo, tá bom? Chris, me dê a sua camisa".
"Mas a Umbrella". Barry falou.
"Tá tudo limpo". David disse, ajoelhando-se junto aos outros. "Agüenta firme".
Assim que ela terminou o curativo ele se levantou. Eles devem sair de lá antes que a polícia decida vasculha a
floresta - mas ir para onde? Nenhuma de suas casas eram seguras.
Todos estavam aliviados por não terem sido feridos, exceto David que parecia infeliz como Barry nunca o tinha
visto antes.
"O homem que atirou em você," David disse levantando uma nove milímetros com um supressor preso, sangue
pingando pelo cano da arma. "Eu o matei. Eu... Barry, era o Jay Shannon".
Barry ouviu as palavras não conseguindo aceitá-las. Era impossível. "Não, você não viu bem, está muito
escuro...".
David se virou e caminhou em direção as árvores. Barry o seguiu.
A bala da Beretta de David fez um buraco no coração do homem; foi um tiro de sorte. Olhando para a pálida face
do atirador, Barry sentiu seu coração virar pedra.
"Jesus, Shannon, por que? Porque?". Barry não se conformava.
"Quem é ele?". Jill perguntou suavemente.
Barry olhou para o homem morto incapaz de responder. David respondeu.
"Capitão Jay Shannon do S.T.A.R.S. de Oklahoma City. Barry e eu treinamos com ele."
Barry encontrou sua voz, ainda olhando para o rosto de Jay. "Eu liguei para ele semana passada, quando liguei
para David. Ele estava preocupado conosco, disse que ficaria de olho na Umbrella...".
...e nós conversamos mais alguns minutos, contando velhas histórias. Eu lhe falei que mandaria fotos das
crianças mas e ele disse que tinha que desligar por causa de um encontro...
A Umbrella deve estar por trás do ataque. A casa de Barry foi destruída por pessoas que ele conhecia, e ferido
por uma pessoa que achava ser um amigo.
O silêncio foi quebrado pelo barulho dos cachorros, que pela localização devem ser da unidade K-9 do RPD.
"Onde nós podemos ir?" David perguntou rapidamente. "Existe algum prédio vazio, algum lugar que a Umbrella
não pensaria em procurar... algum lugar que a gente pode ir a pé?".
Brad!
Brad saiu da cidade dois dias depois do incidente na mansão - não agüentou a pressão.
"Vamos lá". Disse David.
Barry conhecia o caminho para sair do parque. Ele costumava andar lá com a esposa ao lado e suas filhas
dançando ao seus pés.
Jill abriu a porta da casa de Brad facilmente. Rebecca examinava Barry enquanto Chris procurava uma camisa.
David e Jill vasculhavam a casa.
Era uma pequena casa de dois dormitórios e um jardim nos fundos. Haviam casas bem próximas a de Brad
evitando a aproximação de alguém. A mobília era simples. Objetos pessoais e livros estavam espalhados pelo
chão. Isso mostrava que o ocupante estava em pânico incapaz de decidir o que fazer para se distrair.
Naquela noite eles discutiram sobre o que o que falariam para a polícia. Rebecca e David se despediram e foram
embora.
No sorriso de Rebecca, David podia ver que ela sabia perfeitamente sobre os riscos da missão. Ele estava
satisfeito por a ter alistado. Ele só podia esperar que as habilidades dela sejam suficientes para colocá-los e tirá-los
inteiros de Caliban Cove.
[2]
Depois de reler as informações sobre Caliban Cove, Rebecca colocou os papéis cuidadosamente na mala debaixo
do assento de David. Ele trouxe três malas para o aeroporto, uma para as armas, já no bagageiro e outras duas
para não chamar a atenção.
Rebecca desejava ter comprado algumas bolachas no aeroporto, ela não comia desde o almoço e as nozes não
estavam matando a fome.
Ela apagou a luz de leitura e sentou novamente, tentando deixar o suave motor do 747 acalmá-la para um
cochilo. A maioria dos passageiros do quase cheio avião haviam adormecido, inclusive David. Rebecca tinha muito
o que pensar. Nos últimos meses ela se formou passando pelo treinamento do S.T.A.R.S. e foi transferida para
seu novo apartamento numa nova cidade. Depois veio a mansão e agora as últimas horas que deram outra
reviravolta em sua vida.
Ela virou a cabeça e viu David no assento da janela - círculos escuros de exaustão em seus olhos. Rebecca
fechou os olhos e respirou profundamente o ar fresco da cabine pressurizada. Ela pode sentir o cheiro de suor na
pele e decidiu que tomar um banho seria prioridade ao chegar no hotel.
Clareando sua mente, ela começou a contar de cem para um. A técnica de meditação nunca tinha falhado nela,
mas pode não funcionar desta vez...
... noventa e nove, noventa e oito, Dr. Griffith, David, S.T.A.R.S., Caliban...
Antes de noventa ela já estava dormindo profundamente, sonhando com sombras se movendo que nenhuma luz
podia iluminar.
Como ele fazia todas as manhãs desde o começo do experimento, Nicolas Griffith sentou na plataforma no topo
do farol e olhou o sol se elevar sobre o mar.
Griffith sempre vê o sol iluminar o horizonte antes de começar o seu dia. Assim que o sol se separou do mar, ele
levantou-se e caminhou para o parapeito com seus pensamentos voltados para o dia a frente. Tendo finalmente
terminado o trabalho sangrento na série Leviathan (Leviathan series), ele estava preparado para trabalhar mais
extensivamente com os doutores. Todos os três responderam bem à mudança, e a taxa de deterioração celular
caiu consideravelmente. Era hora de se concentrar na situação comportamental deles, o estágio final do
experimento. Em semanas, Nicolas estará pronto para expandir para além dos limites do laboratório.
O vento balançava seu cabelo cinza, o choro faminto as gaivotas finalmente o levou a ação. Os Trisquads tem de
ser levados para dentro antes que os pássaros cheguem. Algumas unidades já foram horrivelmente machucadas
e ele não quer pô-las em risco novamente. Uma vez perdido os olhos, eles seriam inúteis na patrulha.
Griffith se virou e com seu cabelo balançando desceu a escada em espiral. Seus sapatos contra o metal criavam
um eco na alta torre. Tendo o estabelecimento para si mesmo fazia tudo mais prazeroso - comer o que quiser na
hora que quiser, trabalhar em seu próprio horário, as manhãs no topo do farol... Ele sofreu por muito tempo
devido aos horários - intermináveis reuniões ouvindo seus "colegas" falarem sobre o T-virus de William Birkin. Eles
se escravizaram para aparecer com os Trisquads para a Umbrella que ficou felicíssima com os resultados,
aparentemente esquecendo o fracasso com os Ma7s. Eles eram incapazes de ver além de sua arrogância por
uma imagem maior...
Como se os Trisquads fossem nada mais do que corpos com armas.
Com as ondas quebrando, ele foi na direção dos dormitórios. Nicolas já sintetizou um aerotransmissível, e tem o
suficiente para contaminar a maior parte da América do Norte. Assim que o vírus fizer seu trabalho o sol nascerá
num mundo muito diferente, inabitado por pessoas de caráter e vontade.
Tire as habilidades do homem, sua mente fica livre. Com treinamento, se torna um animal de estimação; sem,
ele se torna um animal selvagem. Cubra o mundo com tais animais, e só os fortes sobreviverão...
Ele entrou no dormitório, ligou as luzes e viu seus doutores onde os havia deixado - sentados a mesa de olhos
fechados. Eles foram infectados pelo vírus que Nicolas usará, e estão perto do que o mundo se tornará em
alguns dias.
Além do laboratório de pesquisa, o estabelecimento foi projetado para treinar armas biológicas como os Trisquads
e os Ma7s. Há itens que podem ser usados, desde simples testes até complicados quebra cabeças.
Aproximando-se da mesa, Dr. Athens abriu os olhos, provavelmente para ver se havia perigo vindo. Dos três,
Tom Athens era o mais forte; ele foi um dos especialistas em comportamento. De fato, ele surgiu com a idéia de
uma equipe de três unidades, o Trisquad, insistindo que elas fariam um trabalho mais eficiente em pequenos
grupos. Ele estava certo.
Thurman e Kinneson permaneceram quietos. Griffith percebeu um cheiro ruim vindo de um deles. Olhando para
baixo, ele confirmou sua suspeita pelo molhado nas calças de Thurman.
De novo.
Louis Thurman foi um idiota, um biologista decente mas tão ridículo e intolerante como os outros. Ele criou a
maioria dos Ma7s, e quando se tornaram incontroláveis, botou a culpa em todo mundo menos nele. É mau que
um bom doutor não saiba o quanto patético está sendo.
"Bom dia senhores", Nicolas disse se afastando da mesa. Em harmonia, os três viraram a cabeça para vê-lo.
"Parece que o Dr. Thurman evacuou os intestinos. Está sentado na merda. É engraçado".
Os três sorriram largamente. Dr. Alan Kinneson sorriu disfarçadamente. Ele foi o último a ser infectado, sofrendo
menor deterioração do tecido. Alan ainda podia se passar por humano.
Griffith tirou o apito de polícia do bolso e colocou na mesa na frente do Dr. Athens. "Dr. Athens, tire os Trisquads
do dever. Atenda suas necessidades físicas e os envie para a sala fria. Quando terminar, vá para a cafeteria e
espere".
O apito desativaria as equipes e os chamaria para dentro. Tom Athens pegou o apito e saiu da sala pelo hall da
outra entrada do dormitório.
Haviam quatro Trisquads, doze unidades no total. Eles estão vagando pela mata junto a cerca ou se movendo
secretamente em volta do abrigo, tendo sido treinados para ficar fora da área nordeste do composto, farol e
dormitório. Eles eram bem eficientes nisso. A Umbrella queria soldados que matassem sem piedade, e lutassem
até que ,literalmente, explodissem em pedaços. Uma vez treinados com armas, os Trisquads se tornariam
máquinas de matar - com a recente onda de calor, Nicolas não sabe o quanto eles estão viáveis.
Ele voltou sua atenção para Louis Thurman que ainda sorria e fedia como um bebê. Ele nem se parecia com um -
gorducho e calvo, ele sorri como uma inocente e ingênua criança.
"Dr. Thurman, vá ao seu quarto, tire as roupas, tome um banho e ponha roupas limpas. Depois vá para as
cavernas e alimente os Ma7s. Quando terminar vá para a cafeteria e espere".
Depois que ele se levantou, Griffith viu que a cadeira de Louis estava suja. "Leve a cadeira e a deixe no seu
quarto".
Nicolas sentou-se perto de Alan Kinneson, sentindo-se cansado, observando as bonitas característica do doutor -
seus olhos expressivos. Ele olhou para Griffith esperando ordens. Alan já foi um neurologista. Haviam fotos no seu
quarto, da esposa e de seu bebê, um garoto com um brilhante e bonito sorriso.
Por um segundo Nicolas pensou.
Quantos morrerão? Milhões, bilhões?
"E se eu estiver errado?". Disse ele. "Alan, me diga se eu estou errado, que eu estou fazendo isso pelas razões
certas...?
"Você não está errado". Alan respondeu calmamente. "Você está fazendo pelas razões certas".
Griffith olhou para ele. "Me diga que a sua esposa é uma prostituta".
"Minha esposa é uma prostituta". Alan disse. Sem pausa. Sem dúvida.
Griffith sorriu e o medo foi embora.
Amanhã , ao nascer do sol, Nicolas Griffith dará o seu presente para o vento.
Karen Driver é a especialista em ciência forense do S.T.A.R.S.. É alta, de cabelos loiros e curtos, na faixa dos
trinta anos e séria. Sua pequena casa era bem limpa quase antissepticamente. Ela emprestou suas roupas para
Rebecca.
David tinha alugado um carro no aeroporto e eles acharam um hotel barato onde ficaram em seu quartos
separados. Rebecca só acordou depois das dez, tomou banho e esperou por David.
Ela ouviu a porta abrir e fechar, e novas vozes tomaram conta da sala. O time estava reunido.
Daqui algumas horas, tudo estará acabado. O que me preocupa é que David e seu time não viram os cachorros,
as cobras, as criaturas nos túneis... e o Tyrant.
Rebecca tirou as imagens da cabeça enquanto se levantava pondo as roupas sujas numa mala vazia. Não há
razões para ser diferente em Caliban Cove. Ela parou em frente o espelho, estudou a mulher que viu e foi para a
porta.
Chegando na sala viu que Karen trouxe cadeiras extras. Haviam dois homens no sofá do outro lado onde David
estava.
David sorriu enquanto os dois homens se levantavam para serem apresentados.
"Rebecca, este é Steve Lopez. Ele é um gênio em informática e nosso melhor atirador".
Steve tem olhos escuros, cabelos pretos e era uma pouco mais alto que ela. Não muito velho...
"- e este é John Andrews, especialista em comunicação e campo de escuta".
Sua pele era escura e não tinha barba, mas lembrava o Barry.
"Esta é Rebecca Chambers, bioquímica do S.T.A.R.S.". David terminou a apresentação.
John soltou a mão dela ainda sorrindo. "Bioquímica? Caramba, quantos anos você tem?".
Rebecca sorriu, percebendo o tom de humor nos olhos dele. "Dezoito. E três quartos".
John deu risadas enquanto voltava a se sentar. Ele olhou para Steve e depois para ela. "É bom ficar de olho no
Steve, então. Ele fez vinte e dois. E é solteiro".
"Fica quieto". Steve resmungou com suas bochechas coradas olhando para Rebecca e balançando a cabeça.
"Você vai ter que desculpar pelo John. Ele acha que adquiriu um senso de humor e ninguém pode contrariar".
"A sua mãe acha que eu sou engraçado". John retrucou, e antes que Steve pudesse responder David acabou
com o papo.
"Já chega". Disse. "Nós temos algumas horas para nos organizar se pretendemos fazer isso hoje.
A brincadeira dos dois foi bem-vinda por quebrar a tensão de Rebecca, fazendo com que se sinta uma do grupo
quase que instantaneamente. Assim que David começou a por as informações de Trent sobre a mesa, ela
começou a pensar sobre o que virá pela frente. Estando fora de algum organismo vivo, o vírus já pode ter
"morrido". Mas quem sabe se ele já contaminou alguém.
O vírus ainda infecta? Aquele lugar pode estar cheio de Tyrants... ou algo pior.
Rebecca não tem respostas para essas insistentes dúvidas. Ela dizia a si mesma que suas ansiedades não
interferiram em seu trabalho. E que a sua segunda missão não será a última.
"Nosso objetivo é entrar no complexo, coletar provas sobre a Umbrella e sua pesquisa, e sair com o mínimo de
problemas possível. Eu reverei cada passo a fundo e se algum de vocês tiver perguntas ou dúvidas sobre como
proceder, não importa o quanto insignificante, eu quero ouvi-las. Entendido?".
Todos concordaram e David continuou confortavelmente sabendo que chegou onde queria.
"Nós já discutimos algumas das possibilidades sobre o que pode ter acontecido lá, sendo que vocês já leram os
artigos. Eu digo que nós estamos lidando mais uma vez com algum tipo de acidente. A Umbrella se empenhou
bastante para encobrir o problema em Raccoon City".
"Por que a Umbrella ainda não enviou ninguém para Caliban Cove?". John perguntou.
"Quem sabe". Disse David. "Eles podem ter limpado as evidências - de qualquer modo, nós nos juntamos as
pessoas de Raccoon e nossos contatos para começar de novo".
Novamente todos concordaram. David olhou para o mapa.
"Ponto de entrada. Se esse fosse um ataque aberto, nós podíamos ir de helicóptero ou simplesmente pular a
cerca. Mas se ainda tiver gente lá e nós dispararmos o alarme, estará tudo acabado antes de começarmos.
Sendo que nós não queremos ser descobertos, nossa melhor opção é ir pelo mar. Podemos usar um dos barcos
da operação do petroleiro do ano passado".
"Eles não teriam um alarme no cais?". Karen perguntou.
"Eu não recomendaria usar o cais. Podemos ver no mapa que é possível esconder o barco em uma das cavernas
debaixo do farol. De acordo com o que eu li, existe uma entrada que liga a base dos rochedos ao farol. Se ela
estiver bloqueada, tentaremos outra caminho".
"O barco não chamará atenção se alguém estiver vendo?". Perguntou Rebecca.
"Ele é preto e o motor fica sob a água. Se a gente for à noite, devemos ficar invisíveis".
David esperou eles terminarem de pensar, não querendo apressá-los. Eles eram bons soldados - sua equipe. Se
algum deles tiver dúvidas, é bom esclarecê-las agora. Ele reparou na jovem face de Rebecca. Ele estava
começando a gostar dela, mais do que uma ferramenta para a missão...
"David colocou os pensamentos de lado e continuou.
"Vamos para os detalhes. Uma vez dentro, nos moveremos em fila através do complexo pelas sombras. Karen
ficará atrás de John procurando o laboratório e verificando o que pode ter acontecido. Steve e Rebecca os
seguirão. Eu irei logo atrás. Quando acharmos o laboratório, entraremos juntos. Rebecca saberá o que procurar
em termos de material, se tiver um sistema de computador funcionando, Steve pode verificar os arquivos. O
resto de nós dará cobertura. Terminando o serviço, nós voltaremos por onde viemos".
Todos revisaram o material de Trent.
"Nós podemos confiar nele? Karen perguntou.
"Parece que ele está do nosso lado em tudo isso. Sim". David respondeu vagarosamente.
"Quais são as chances de contrairmos o vírus?". Steve perguntou.
Rebecca respondeu. "Eu não posso dizer com certeza. Quando fui tirada do caso, eu perdi acesso às amostras
de tecido e saliva. Pelos efeitos, o T-virus é um mutagene que altera a estrutura do cromossomo do hospedeiro.
Pode contagiar plantas, mamíferos, pássaros, répteis etc. Em algumas criaturas ele pode promover um
crescimento incrível; em todos eles comportamento violento. Posso dizer que ele afeta o cérebro, pelo menos em
humanos - induz algo como uma psicose esquizofrênica. Ele também inibi a dor. As vítimas humanas que
enfrentamos não pareciam sentir ferimentos à bala. Na mansão, o vírus parecia ser aero-transmissível. Os
cientistas estavam, com certeza, usando o vírus em experimentos genéticos. E desde que nenhum de meu time
o contraiu, não precisamos nos preocupar com a respiração.
Nós devemos ficar de olho no contato com um hospedeiro, eu digo qualquer contato - essa coisa é bastante
virulenta ao entrar na corrente sangüínea. Uma gota de sangue pode conter centenas de milhões de partículas.
Qualquer contato com o vírus deve ser evitado a todo custo. Com sorte o vírus já deve estar morto... ou
deteriorando. Os hospedeiros, de qualquer modo".
Depois de um momento de silêncio John falou.
"Bom, parece um trabalho de merda. Se nós quisermos chegar lá a tempo, é bom sairmos logo". Ele disse
sorrindo para David. "Você me conhece, eu amo uma boa luta. Alguém tem que parar esses idiotas de espalhar
aquela coisa por aí, certo?".
Todos concordaram, mesmo sem saber o que viriam pela frente.
Olhando no relógio, David viu que faltavam algumas horas para embarcar. "Certo. É melhor a gente ir para o
depósito e "fazer as malas".
Karen estava na traseira da van carregando clips enquanto as misteriosas palavras da mensagem contida no
material de Trent se repetiam em sua mente.
... Ammon's message received / blue series/ enter answer for key / letters and numbers reverse / time rainbow /
don't count / blue to access.
Ela terminou um clip e colocou junto aos outros - secando suas mãos oleosas na calça ela pegou outro. Uma leve
brisa, cheirando sal e mar morno de verão passou pela quente van.
Eles passaram para o outro lado da estrada encontrando um lugar limpo para acampar a menos de dois
quilômetros da praia. Do outro lado o sol estava se pondo. O não tão distante som das suaves ondas estava
calmo - as baixas vozes dos outros trabalhando.
Steve e David estavam arrumando o barco, enquanto John mexia no motor. Rebecca arrumava um kit médico
que eles "pegaram emprestado" do depósito de equipamentos do S.T.A.R.S..
... as letras e números... um código? Tem a ver com o tempo? Contar? Seria a soma das linhas, ou outra coisa?
Ela não tirava isso da cabeça. As semi automáticas estavam limpas e prontas, e os clips carregados. Ninguém
estaria levando outras armas além das Berettas do S.T.A.R.S.. David insistiu para que viajassem leves. Depois de
ter ouvido mais sobre os zumbis, ela estava feliz por ter um revólver e uma lanterna.
Com um sentimento de culpa, Karen tirou do bolso do colete seu segredo, confortada pelo peso familiar na mão.
Deus, se o pessoal soubesse, eu nunca ouviria o final disso.
Foi dado pelo seu pai, o que sobrou do seu serviço na Segunda Guerra Mundial, um dos poucos itens que a
fazem lembrar dele - uma antiga granada abacaxi; chamada assim por causa do seu exterior feito de linhas
cruzadas. A granada era seu pé de coelho, ela não participou de uma missão sem ela.
"Karen, precisa de ajuda?".
Assustada, Karen olhou para Rebecca, que possuía um brilho de curiosidade nos olhos.
"Eu achava que não estávamos levando explosivos... isto é uma granada abacaxi? Eu nunca vi uma. Ela está
viva?".
Karen olhou em volta com medo de que alguém do time tivesse escutado - depois olhou para a bioquímica,
envergonhada.
"Shh! Eles nos ouvirão. Vem aqui um segundo". Karen disse. Rebecca, obedientemente, engatinhou para dentro
da van.
Karen estava absurdamente agradecida pela descoberta de Rebecca. Em sete anos de S.T.A.R.S., ninguém
havia descoberto.
"É uma abacaxi, e não estamos levando explosivos. Não diga à ninguém, tá? Eu carrego ela para dar boa sorte.
Rebecca arregalou os olhos. "Você carrega uma granada viva para dar sorte?".
"Sim, e se Steve ou John descobrirem, eles irão cair em cima de mim. Eu sei que é bobeira, mas é um tipo de
segredo".
"Eu não acho bobeira. A minha amiga Jill tem um chapéu da sorte...". Rebecca tocou a fita vermelha em sua
testa. "... e eu tenho usado isto por algumas semanas. Estava usando ela quando fui para a mansão".
Sua jovem face se fechou, e depois sorrindo novamente disse direta e sincera.
"Não direi uma palavra".
Karen decidiu que realmente gostava dela. Ela colocou a granada no bolso olhando para Rebecca. "Obrigado.
Bom, estão todos prontos lá?".
"Sim, acho. John quer conferir os fones de novo, fora isso, tudo está feito".
"Vá em frente e entregue as armas, eu pego o resto".
Rebecca ajudou Karen a descarregar assim que o sol sumia no horizonte. O vento ficou mais forte, a água mais
fria e as primeiras estrelas ficaram à vista sobre o Atlântico.
Eles andaram para a água em silêncio carregando suas armas. Assim que a luz do dia desapareceu John e David
deslizaram o barco na água, Karen colocou um gorro preto e deu um tapinha no pesado bolso para sorte, dizendo
a si mesma que não precisará usá-la.
A verdade está esperando. É hora de saber o que realmente está acontecendo.
[3]
Steve e David foram para a frente do barco com capacidade para seis pessoas. Rebecca e Karen foram logo em
seguida. John entrou por último e ao sinal de David, ligou o motor apertando um botão; era silencioso como David
havia falado.
"Vamos". David disse. Rebecca respirou fundo assim que eles rumavam para norte, em direção a ilha. Ela
procurava na escuridão por algum sinal que marcasse o começo do território particular, mas não conseguia
perceber nada. Estava mais escuro e frio o que ela esperava.
Rebecca viu um flash de luz enquanto David erguia o binóculo de visão noturna em busca de movimento na
costa.
"Eu vejo a cerca". David disse suavemente.
Ela voltou sua atenção para a costa, imaginando o quanto estavam perto. Já se podia ouvir a água se chocando
com as rochas.
"Há uma doca". Disse David. "John, vire a estibordo, duas horas".
Houve um som de metal raspando na madeira - não haviam barcos que se pudesse ver.
Rebecca deu uma olhada na escuridão e só viu o contorno de uma estrutura que poderia ser um galpão onde os
barcos ficam. Não era possível ver as outras construções do mapa de Trent. Eram seis estruturas além do farol.
Cinco delas espalhadas ao longo da enseada, dispostas em duas linhas paralelas - três em frente e duas atrás. A
Sexta estrutura estava atrás do farol. Todos esperavam que essa fosse o laboratório; eles conseguiriam o que
precisam sem procurar no complexo inteiro.
"A casa dos barcos é de madeira, as outras parecem ser de concreto. Eu não... esperem". O sussurro de David
se tornou urgente. "Alguém... duas, três pessoas vieram de trás de um dos prédios".
Rebecca sentiu um estranho alívio fluindo através dela - alívio, desapontamento e uma súbita confusão. Se houver
pessoas, o T-virus pode não ter sido solto. Isso significa que o complexo está ocupado e as patrulhas tornarão a
operação impossível.
Por que está tão escuro? E por que tudo parece morto aqui, tão vazio?
"Vamos abortar?". Karen cochichou, e antes que David pudesse responder, Steve respirou forte fazendo o
sangue de Rebecca congelar.
"Três horas, grande, oh Jesus é imenso".
BAM!
O barco foi atingido e mergulhado na turbulenta água do mar.
A água o envolveu, gelada e salgada, queimando os olhos de David que perdido, ofegava.
Onde está... o time, onde está.
David girou em volta, respirando profundamente, e ouviu uma tosse a sua esquerda.
"Vá para a costa", ele disse girando em um círculo, tentando achar suas posições, achar a da criatura.
O barco estava a dez metros atrás dele, de ponta cabeça. A força do ataque os jogou longe, mais perto da ilha.
Viu duas figuras entre ele e a costa. Ele não podia ver a coisa que acertou o barco mas esperava sentir a mordida
a qualquer momento.
"Vão para a costa". Disse de novo.
"David". John aterrorizado gritou de além do barco que boiava.
"Aqui! John, por aqui, siga a minha voz!".
John foi na direção de David que nadava para a praia rochosa. Ele viu o topo da cabeça de John aparecer, viu
seus braços baterem na escura água.
"Siga-me, estou bem aqui".
Uma gigante sombra ergueu-se atrás de John à uns três metros, arredondada e impossível. Os eventos
aconteceram como num sonho em câmera lenta na frente dos olhos de David.
Ele viu grossos e pontiagudos tentáculos de cada lado, perto do topo de sua erguente sombra.
Tentáculos não, antenas.
E percebeu que estava vendo a barriga de um monstruoso animal que não podia existir, tão grande como uma
casa. O corte negro de sua boca abriu, revelando afiados dentes do tamanho de um punho humano.
Quando aquilo vier abaixo, John será engolido pelas fortes garras. Ou esmagado. Ou levado para o fundo - uma
refeição afogada para a criatura.
No instante que ele viu os fatos, já estava gritando.
"Mergulhe! Mergulhe!".
A aberração estava caindo, seu corpo de serpente envolveu o frenético nadador. David reparou nos bulbosos
olhos, cada um do tamanho de uma bola de vôlei... e a criatura caiu, mandando explosivas ondas no ar. Antes
que David pudesse respirar, uma tremenda onda o atingiu, levando-o violentamente para trás.
Houve um momento de pressa assim que ele lutava contra a força exercida em seus membros, tentando achar
ar na envolvente corrente.
Chutando violentamente, ele voltou à tona sentindo o frio ar batendo na sua pele - e as mornas mãos humanas
puxando seus ombros.
Ele respirava convulsivamente enquanto suas botas raspavam nas rochas, e a voz de Karen atrás dele.
"Peguei ele".
David pegou fôlego e se virou. Pessoas molhadas estavam estendendo as mãos, Steve e Rebecca.
Meu Deus, John.
"Eu estou bem". David disse. "John... alguém está vendo ele?".
Ninguém respondeu.
"John!". Ele chamou, tão alto quanto podia, procurando e nada vendo.
"John". Ele chamou de novo - esperança diminuindo.
"O que?". Uma voz estrangulada veio das rochas à esquerda deles.
David respirou aliviado assim que a figura pingando de John saia das sombras.
Steve foi em sua direção, agarrando seu braço e o apoiando nas rochas.
"Eu mergulhei". John disse.
David se virou olhando para cima, para o complexo, além da fatia de praia coberta de pedrinhas. Eles estavam na
base de uma pequena queda angulosa, no local plano. O choque do monstruoso peixe - se puder ser chamado
assim - não era mais importante. Eles estavam fora da água agora.
Eles nos viram? Não podemos ficar aqui...
"A casa dos barcos". David disse virando a sul. "Rápido".
Karen pegou a dianteira, os outros a seguiram de perto. Ninguém parecia seriamente ferido. David correu depois
de John, com suas pernas doendo.
Assim que eles subiram as pedras, David ouviu um ruído abafado de metal, viu Rebecca abraçando o pacote de
munição em seu peito. Ele sentiu novas esperanças; se eles pudessem vê-las em algum lugar seguro...
A construção estava à frente, à direita, quieta e escura, a porta fechada de frente para a doca de madeira. Não
dava para saber se estava vazia à apenas dez metros de distância.
Sem escolha.
"Fiquem abaixados". David disse em voz baixa e todos foram na direção do lugar.
Karen abriu a porta. Nenhum alarme disparou. Steve e Rebecca foram atrás dela, depois John, depois David que
fechou a porta de madeira.
"Fiquem aonde estão". Disse suavemente. Fora a respiração de todos o local estava quieto. Mas havia um cheiro
horrível no ar, um cheiro de algo morto a algum tempo...
O fino raio de luz cortou a escuridão, revelando uma grande e quase vazia sala sem janelas. Cordas e coletes
salva-vidas pendurados por estacas de madeira, uma bancada corria o comprimento de uma parede, alguns
serrotes e prateleiras desorganizadas...
-meu Deus -
A luz congelou na outra porta da sala, diretamente em frente a que eles entraram. O raio de luz iluminou um
corpo nu e um casaco de laboratório esfarrapado com manchas de óleo. Fibras secas de músculo saiam de uma
face não muito sorridente.
O corpo foi pregado na porta, uma mão fixada mostrando um aceno de boas-vindas. Aparentemente, morto a
semanas.
Steve sentiu algo subindo em sua garganta. Ele engoliu, desviando o olhar, mas a grotesca imagem já estava
fixada em sua mente - a face sem olhos e de pele descascada...
Jesus, isso é alguma piada? Steve sentiu-se tonto.
Por alguns segundos ninguém falou, até que David começou a falar baixo com a mão sobre a luz.
"Vejam seus cintos e soltem seus clips. Eu quero status agora, danos depois equipamento. Respirem fundo,
todos. John?".
A voz de John surgiu à esquerda de Steve. Karen e Rebecca estavam à sua direita. David ainda na porta.
"Eu estou com meleca de peixe no corpo, mas estou bem. Estou com a minha arma mas perdi a lanterna. Tal
como os rádios".
"Rebecca?".
"Estou bem... hum, minha arma está aqui, lanterna e kit médico... ah, e munição".
Steve se checou enquanto ela falava, segurando sua Beretta, ejetando o clip molhado e pondo-o em um bolso.
Havia um lugar vazio em seu cinto onde a lanterna deveria estar.
"Steve?".
"É, sem ferimentos. Arma mas sem luz".
"Karen?".
"Também".
Os dedos de David se moveram, permitindo a leve luz se espalhar pelo lugar. "Ninguém está ferido e ainda
estamos armados; podia ter sido pior. Rebecca, passe os clips, por favor. A cerca não deve estar a mais de
cinqüenta metros a sul daqui, e há árvores suficientes para cobrir desde que ninguém nos tenha visto".
Steve pegou três clips de Rebecca, agradecido. Colocou um na arma.
Ótimo, bom, vamos detonar. Primeiro aquela coisa que quase nos comeu, agora Sr. Morte dando um tchauzinho
como se quisesse dizer oi...
Steve não é assustado facilmente, mas sabia do perigo quando a viu.
David se aproximou do corpo decomposto, um olhar de nojo cobriu sua face. "Karen, Rebecca, venham ver isso.
John pegue a luz de Rebecca e veja se consegue achar algo de útil com Steve".
John pegou a lanterna e andou com Steve pela longa bancada.
"O T-virus não fez isso". Rebecca disse. "Padrão de decomposição todo errado...".
Silêncio, então Karen falou. "Vê aquilo? David me dê a lanterna por um segundo".
John direcionou a luz sobre a suja tábua da bancada. Um copo de café quebrado. Uma pilha de nozes
engorduradas e dardos no topo de um alvo. Uma chave de fenda elétrica empoeirada e gumes num pano
manchado.
Nada, não tem nada aqui. Nós devíamos sair desse lugar antes que alguém venha dar uma olhada...
John abriu a gaveta e a revirou enquanto Steve tentava descobrir o que estava numa prateleira. Atrás deles,
Karen falava.
"Ele não estava morto quando foi pregado, eu diria que estava perto. Inconsciente. Não há machucados;
sugerindo que ele não lutou... e tem marcas de raspagem aqui e aqui; eu diria que ele foi baleado pela porta de
trás e arrastado".
John terminou a varredura na gaveta e eles prosseguiram - o som de botas contra o chão de madeira. Um grupo
de soquetes de tomada. Um rádio barato. Um saco de papéis amarrotados perto de um lápis.
Algo esbarrou nos pensamentos de Steve fazendo-o parar, olhando para o saco. O lápis...
Ele pegou o papel amassado. Haviam várias linhas escritas perto do final da folha.
"Ei, achamos alguma coisa". John disse baixo, iluminando o papel enquanto os outros vinham. Steve leu em voz
alta, iluminando as palavras. Não havia pontuação; ele fez de tudo para fazê-las.
"... 20 de Julho. A comida estava drogada, estou enjoado - eu escondi o material para você, dados enviados. Os
barcos estão afundados e ele deixou os..."
Steve franziu as sobrancelhas incapaz de ler a palavra.
Tris... Tris-Squads?
"Os barcos estão afundados e ele deixou os Trisquads fora - escuro agora, eles virão, eu acho que ele matou o
resto - pare-o - Deus sabe o que ele pensa em fazer. Destruir o laboratório - encontrar Krista, diga a ela que sinto
muito, Lyle sente muito. Eu quero - ".
Não havia mais nada.
"A mensagem de Ammon". Karen disse suavemente. "Lyle Ammon".
Não precisava ser detetive para descobrir quem estava pendurado na porta. Ele tem uma identidade agora. E a
mensagem que Trent deu a David estava tão estranha porque o pobre homem estava dopado ao mandá-la.
"Bom em dar um nome a face, hein?" John disse sem nenhum sorriso.
O que é um Trisquad? Quem é "ele"?.
"Talvez a gente deva olhar em volta mais um pouco". Rebecca disse, mas David balançou a cabeça.
"É melhor deixar para lá. Nós vamos...?
Ele parou de falar quando pesados passos soaram no lado de fora da porta a qual vieram. Todos congelaram,
ouvindo. Outros passos, e quem quer que sejam, não estavam tentando esconder sua aproximação.
Eles pararam na porta - e ficaram lá, sem tocar na maçaneta, sem chutar a porta e sem outro som. Esperando.
David circulou o dedo no ar, apontando para Karen e depois para a porta com o corpo de Lyle Ammon. O sinal
para sair, Karen primeiro.
Todos seguiram em direção do corpo, Steve respirava pela boca a cada "creck" que faziam.
Assim que Karen abriu a porta, o silêncio foi quebrado por tiros de uma metralhadora - vindo da direção de sua
rota de fuga.
[4]
Karen pulou assim que balas perfuravam a porta. Pedaços de carne podre voavam do corpo de Ammon; o corpo
dançava num ritmo de ação macabra.
Quem quer que esteja atirando, está se aproximando. Os tiros ficavam mais altos e estilhaços de carne e
madeira os atingia. Estavam encurralados; ambas as saídas bloqueadas.
Rebecca agarrou com força sua Beretta na mão esperando um sinal de David. Ele apontou para noroeste do
complexo gritando para ser ouvido sob os tiros.
"Rebecca, a outra porta! John, Karen, próximo prédio! Steve, nós cobrimos! Vão!".
Steve e David saltaram fora e começaram a atirar. John e Karen saíram correndo, desaparecendo
instantaneamente na escuridão.
Rebecca mirou na porta de trás, seu coração pulando na garganta. As paredes tremiam.
"Morre! Jesus, porque eles não morrem?" Steve gritou atrás dela, fazendo seu sangue gelar com o tom de terror
em sua voz.
Zumbis?
Sem tirar os olhos da porta, Rebecca gritou o mais alto que pode.
"Na cabeça! Mire na cabeça!".
Não havia como saber se eles escutaram.
"Rebecca, vamos!".
Ainda sob o som de tiros de metralhadora, ela olhou para trás e viu Steve atirando em algo e David sinalizando
para ela se mover.
Ela foi na direção da porta com o corpo ainda pendurado. A cabeça parecia uma abóbora podre, dentes
estilhaçados, pegajosos pedaços de pele radiando de trás da cabeça. A mão não estava mais conectada ao
braço, o *Rádio e a *Ulna estouraram. O corpo estava lá como alguma decoração obscena, acenando...
Steve atirou de novo e o som da metralhadora cessou. Ele ergueu a arma, e assim que abriu a boca para dizer
algo -
- a porta de trás estraçalhou - balas voando através do escuro numa chama de fogo laranja. David a puxou para
porta e ela correu, o som de nove milímetros soou atrás dela.
Ela correu a toda velocidade, seus sapatos molhados socando o chão rochoso, procurando o contorno de um
grande bloco de concreto e as finas árvores que circundavam a escuridão à frente.
"Aqui".
Ela desviou em direção ao chamado, viu a silhueta de John no canto de um prédio. Aproximando-se dele, viu a
porta aberta, Karen em pé na entrada com sua arma em direção a casa dos barcos. Balas ainda cantavam no
escuro.
"Entre!". Karen gritou saindo do caminho.
Rebecca correu sem diminuir até estar dentro. Ela colidiu com uma mesa, batendo dolorosamente sua coxa na
quina.
Virando, viu Karen atirando e John berrando. "Vamos, vamos!".
E Steve passou pela porta respirando. Ele parou antes de atingir Rebecca - uma mão agarrando seu colete.
Rebecca foi até a porta de aço assim que David a cruzou dizendo:
"Karen, John!".
Karen recuou para o escuro, arma ainda erguida. Houve mais três disparos de uma Beretta e John entrou.
Rebecca fechou a porta. O leve "click" da tranca foi dificilmente ouvido pelos ouvidos que apitavam. Do lado de
fora os tiros pararam. Não houve vozes entre os agressores, alarme, latidos de cachorro ou gritos de feridos.
O silêncio era total, quebrado apenas pela respiração no úmido e quente escuro.
Um raio de luz revelou as faces chocadas do time assim que David iluminou seu esconderijo.
Uma sala de meio tamanho, cheia de mesas e computadores. Não haviam janelas.
"Você viu aquilo?". Steve disse para ninguém. "Deus, eles não iam cair, você viu aquilo?".
Ninguém respondeu, e apesar de estarem fora de perigo, Rebecca não sentiu sua adrenalina diminuir, não sentiu
seu coração voltar a nada próximo do normal; parece que a Umbrella encontrou uma nova aplicação para o
T-virus.
E gostando ou não, nós teremos que lidar com as conseqüências.
Eles estavam presos em Caliban Cove. E lá, as criaturas tinham armas.
David respirou fundo e exalou pesadamente, iluminando a porta. "Eu diria que fomos descobertos. Poderíamos
ver no que entramos. Rebecca, acenda as luzes".
Ela apertou o botão na parede e a sala se iluminou, acima fluorescentes pulsando para a vida. David avaliou seu
time e viu que Steve tinha uma mão no peito.
"Você está ferido?".
"O colete a segurou". Ele disse parecendo mais sufocado que os outros, sua face mais pálida do que devia.
Rebecca olhou para David que respondeu com um balanço de cabeça.
"Cheque-o. Mais alguém?".
Ninguém respondeu enquanto Rebecca pedia a Steve para tirar o colete. David virou-se e olhou a sala. Haviam
seis mesas de metal, cada uma com um computador. As paredes de cimento eram planas e não tinham
decorações. Tinha outra porta na parede oeste que deve se aprofundar mais no local.
"Karen, proteja aquela". Ele disse. "Não parece que estamos encarando um acidente. O que o bilhete dizia? A
comida estava drogada e alguma coisa sobre um "ele" matando os outros... é possível que nós não estejamos
olhando para uma contaminação do T-virus?".
--------------------------------------------------------------
* Rádio e *Ulna - Ossos que compõem o antebraço.
-------------------------------------------------------------- Rebecca terminou de examinar o peito de Steve, o expert em
informática estava sentado em uma das mesas na frente dela. "Você está bem. Nada quebrado".
Ela voltou para David. "É, se isso tivesse acontecido, aquele cara na porta, Lyle Ammon, teria sido infectado. Mas
os Trisquads - se eles são o resultado de experimentos com o T-virus, eles já estariam podres agora. Já se
passaram três semanas desde que o bilhete foi escrito. Pode ser um vírus diferente ou alguém esteve cuidando
deles. Manutenção de enzimas, talvez algum tipo de refrigeração".
"E se esse "alguém" ficou bravo e matou todo mundo, pra que perder tempo?". David falou.
"Aquele corpo". Karen disse. "E a criatura ou criaturas lá fora. É como se ele esperasse alguém vir..."
"... mas não significa para nós ir muito longe". John terminou.
"Então o que fazemos agora?". Steve perguntou.
David não respondeu, incerto sobre o que dizer. "Eu... nossas opções são ir embora ou ir mais adentro". Disse
calmamente. "Considerando o que aconteceu, eu não me sinto confortável visitando esse lugar. O que vocês
querem fazer?".
David olhou de face em face, esperando ver raiva e desprezo mas ficou surpreso pelo sorriso de Karen.
"Já que você perguntou, eu quero saber o que aconteceu aqui". Karen disse brilhante e ansiosa.
"É, eu também. Eu ainda quero ver o T-virus". Rebecca disse.
"Eu ainda quero destruir mais desses Tri-boys". John disse sorrindo. "Caramba, zumbis com M-16 - noite do
esquadrão dos mortos-vivos".
"Eu também quero". Steve disse. "Voltar não é muito seguro. Não foi do jeito que eu queria, mas pegar provas
sobre a Umbrella era o plano original... sim, eu quero pegar esses desgraçados".
David sorriu. Ele tinha acabado de subestimar a situação, ele gravemente subestimou sua equipe.
"O que você quer fazer?". Rebecca perguntou de repente. "Mesmo".
A pergunta o surpreendeu de novo, não porque ela perguntou, mas sim porque ele não tinha resposta. Ele
pensou no S.T.A.R.S., em sua carreira e tudo o que isso já lhes custou. Estudou o curioso olhar dela e sentiu os
outros o olhando, esperando.
"Eu quero que nós sobrevivamos". Ele finalmente disse, verdadeiramente. "Eu quero que façamos isso fora
daqui".
"Amém". John resmungou.
David lembrou do que disse à Chris para conseguir a aprovação dessa operação, algo sobre cada um deles fazer
o melhor que puder para ter sucesso contra a Umbrella.
Aprenda, Capitão...
"John, você e Karen, dêem uma olhada neste lugar, vejam as portas e estejam de volta em dez minutos. Steve,
ligue um desses computadores e veja se consegue achar um plano detalhado das áreas. Rebecca, nós veremos
as mesas. Nós queremos mapas, dados sobre os Trisquads, T-virus e qualquer coisa pessoal sobre os cientistas
que possa nos dizer quem está por trás disso tudo".
David olhou para eles, percebendo que foi claro. "Vamos lá".
Eles iriam derrubar a Umbrella.
Dr. Griffith pode não ter percebido a falha na segurança se não fosse pelos Ma7s; eles pareciam úteis apesar de
não ser essa sua intenção.
Ele passou a maior parte do dia no laboratório. Uma vez que ele decidiu soltar o vírus, não restava mais nada a
fazer. As horas voaram; cada olhada no relógio era uma surpresa. Ele seria o primeiro a transformar o mundo.
Com aquilo na sua frente, a única tarefa com que se preocupar é levá-lo para o topo do farol. Logo depois do
amanhecer ele dará as instruções finais para os doutores - e assim orgulhosamente guiar a espécie humana para
dentro da luz, para o milagre da paz.
Foi o pensamento dos Ma7s finalmente terem amanhecido dentro das cavernas, que o despreocupou. Ele já
cometeu esse erro com os Leviathans; ao assumir o controle do complexo, ele abaixou os portões da enseada,
esperando que as criaturas sintam-se tão livres quanto ele. Foi no dia seguinte que ele percebeu que a Umbrella
poderia descobrir e vir dar uma olhada, colocando um fim em seus planos. Ele continuaria mandando relatórios
semanais para maquiar a situação, mas não teria como explicar a "fuga" de quatro criaturas. Foi sorte de os
Leviathans terem voltado.
Os Ma7s eram um problema totalmente diferente. Eles eram imprevisíveis e violentos demais para ficarem do lado
de fora. Mas deixá-los morrer de fome nas jaulas não parecia certo; não foi a escolha deles de existir como
armas de destruição.
Ele ficou em frente ao portão externo por um tempo, considerando o problema dos cinco animais se atirarem uns
nos outros. Havia uma tranca manual perto de lá, e outra no laboratório. Não há modo de soltá-los do farol e
certamente não podem sair até Nicolas ficar em segurança. Ele poderia mandar um dos doutores para isso, mas
os Ma7s tem um metabolismo muito mais lento que o dos humanos.
Um mês antes da tomada do complexo, Dr. Chin e dois de seus veterinários cometeram um erro ao tentar
examinar um doente; foi um modo muito ruim de morrer.
Ele sentou em frente do computador olhando para o cursor que piscava indicando "sistema em uso" num dos
abrigos. Não havia chance de ser um erro, exceto pelos terminais do laboratório, o resto foi desativado semanas
atrás. A Umbrella veio.
Eles NÃO vão, NÃO vão me parar.
A primeira emoção foi raiva, uma fúria que o fez perder a razão.
Ainda haviam dois outros terminais no laboratório e ele andou rapidamente para um deles, olhando os doutores
sentados e quietos. Ele sentiu um ódio por eles, por criar os Trisquads; os "invencíveis" guardas que falharam na
hora em que mais precisou.
Ele sentou, ligou o computador e esperou impaciente pela silhueta do guarda-chuva girando acabar. O sistema de
segurança do complexo ficava no laboratório; de lá ele é capaz de ver o que o intruso está procurando sem
alertá-lo de sua presença.
Ele digitou várias senhas, esperou, depois digitou seu número. Após breves pausas, brilhantes linhas verdes de
informações encheram a tela. Ele conseguiu.
Olhando para as informações, ele pensou porque alguém da Umbrella estaria procurando pelo laboratório. Está
procurando no lugar errado. Os projetistas do sistema não eram idiotas, não há mapas deste lugar nos
arquivos...
... e a Umbrella saberia disso. Significa que...
O alívio passou por ele, tão puro que ele riu. Não era a Umbrella e isso muda tudo. Mesmo se eles tentarem
achar o laboratório, nunca entrariam sem um key card (cartão-chave). E Griffith destruiu todos.
Exceto o de Ammon. Nunca foi encontrado.
Ele gelou, depois balançou a cabeça. Ele havia procurado em todo lugar pelo cartão, quais as chances de um
invasor achá-lo.
E quais as chances de passarem pelos Trisquads, hein? E o que Lyle fazia nas horas em que você não o achava?
E se ele mandou alguma mensagem? Você só verificava transmissões para a Umbrella, mas se ele contatou mais
alguém?
O computador começou a mostrar informações sobre os testes de socio-psicologia que Ammon projetou. Griffith
sentiu seu controle diminuir de novo.
Eu sou um cientista, não um soldado. Eu nem sei atirar, lutar! Eu seria inútil em combate...
Imprevisível, incontrolável.
Um sorriso surgiu em seu rosto. Sangue escorria, da palma da mão, de onde suas unhas perfuraram, mas não
sentiu dor.
Seu olhar voltou-se para o aberto e silencioso laboratório. Depois para as vazias e estúpidas faces dos doutores.
Para os cilindros de ar comprimido e para o vírus, seu milagre. E finalmente para os controles que dão para a jaula
dos animais.
Nicolas sorriu largamente. O sangue pingou no chão.
Deixe-os vir.
Steve leu em voz alta. Rebecca viu David olhando para o relógio e para a porta várias vezes. Ela não achava que
se passou dez minutos, mas estava perto. John e Karen ainda não voltaram.
"... onde cada um é projetado para medir a aplicação de lógica, assim que um índice de técnicas de projeção
forem combinadas com precisão...".
Deve ser um relatório sobre a análise de algum teste de Q.I.. Deve ter sido escrito por um cientista. Ainda assim
foi o que apareceu quando Steve perguntou por informações sobre a série azul (blue series).
Alguém esvaziou a sala, e fez um bom trabalho. Ela achou livros, grampeadores, canetas, lápis, elásticos e clips
de papel, mas nenhum pedaço de papel escrito.
A busca no computador de Steve não estava indo bem; nenhum mapa e nada do T-virus. Quem quer que tenha
assumido o controle do lugar, acabou com tudo o que eles poderiam usar.
Exceto aquele teste de psicologia que nem se quer mencionou a palavra azul.
Steve apertou uma tecla e brilhou.
"Aqui vamos nós... a série vermelha (red series), quando vista de uma escala padrão, é mais básica e simples,
com um quociente de inteligência 80. A série verde (green series)...".
Ele parou. "Apagou tudo".
Rebecca desviou o olhar da mesa quase vazia a qual vasculhava quando viu David se juntando a Steve.
"Rebecca". David a chamou.
Ela fechou a gaveta e foi até Steve, curvando-se para ler o que estava escrito na tela.
O homem que o faz não precisa. O homem que o compra não o quer. O homem que o usa não sabe.
"É uma charada". David disse. "Algum de vocês sabe a resposta?".
Antes que algum deles pudesse responder, Karen e John voltaram para a sala, ambos segurando as armas.
Karen segurava um papel rasgado numa mão.
"Tudo checado". John disse. "Seis salas, nenhuma janela e só uma porta externa a norte".
"Haviam porta-arquivos na maioria delas, mas estavam vazios - exceto por este papel que achei preso na fenda
de uma gaveta".
Ela deu o papel a David que o viu, seu olhar tornando-se intenso. "Isso é tudo que havia lá?".
"Sim, mas é suficiente, não acha?".
David começou a ler alto.
"Os times continuam a trabalhar independentemente e tem mostrado um notável melhoramento desde a
modificação na *sinapse auditiva.
Na Ocasião Dois, quando mais de um Trisquad está presente, o segundo time (B) não atacará enquanto o
primeiro (A) estiver concluindo. (quando o alvo parar de se mover ou de emitir som).
Se o alvo continuar fornecendo estimulo e o A tiver suspendido o ataque (falta de munição ou defeito em todas
as unidades), B entrará em ação. Se estiverem por perto, patrulhas adicionais vão ser incluídas no ataque e serão
ativadas em sucessão.
Até agora, nós não temos expandido a habilidade sensorial para atingir o comportamento desejado; o estímulo
visual da Ocasião Quatro e Sete continuam improdutivas, apesar disso nós infectaremos um novo grupo de
unidades amanhã e correlacionar os resultados no final da semana. É nossa recomendação que continuemos a
desenvolver capacidade auditiva antes da implantação do detector de calor".
"Aqui é onde está rasgado". David disse.
"Isso explica muito. Por que o time na porta de trás da casa de barcos não fez nada?; o de fora ainda estava
atirando. Depois que você e Steve os derrubou eles entraram num segundo". Karen disse.
Rebecca não estava gostando; a Umbrella continua fazendo experiências em humanos. Em Raccoon, o T-virus
levou de sete a oito dias para contaminar de vez o hospedeiro, e em um mês já caia aos pedaços.
Ela mordeu o lábio, imaginando o que os cientistas de Caliban Cove fizeram com o vírus. E se eles aceleraram o
processo de infecção...
"O sinal da porta norte dizia que estamos no bloco C". John disse. "Você achou um mapa?".
Steve respondeu. "Não, mas dê uma olhada. Eu perguntei por informações sobre a série azul, e esse relatório de
testes de Q.I. apareceu - depois isso. Não consegui mais nada".
John olhou para a tela. "... homem que o fez não precisa, compra, não quer, usa, não sabe...".
Karen, que relia o papel rasgado, levantou os olhos com extremo interesse. "Espere, eu conheço essa aí. É um
caixão".
Steve digitou caixão. Nada mudou.
"Tente " *esquife". Rebecca sugeriu.
Assim que Steve digitou e apertou "enter", a charada foi substituída por:
SÉRIE AZUL ATIVADA.
Em seguida:
TESTES QUATRO (BLOCO A), SETE (BLOCO D), E NOVE (BLOCO B) / AZUL PARA ACESSAR DADO (BLOCO E).
"Azul para (blue to) - a mensagem de Ammon". Karen disse rapidamente. "É isso - a mensagem recebida falava
sobre a série azul, depois dizia, entrar com a resposta para senha". A resposta era esquife".
"E os números dos testes são a senha". David disse. "Tinham mais três coisas na mensagem antes de "azul para
acessar". Devem ser as respostas dos testes - as "letras e números ao contrário", "tempo arco-íris" e "não
conte".
David pegou uma caneta e virou o papel do relatório. A informação agora faz sentido. Ele desenhou cinco caixas
em duas linhas, igual o mapa de Trent, nomeando-a mais ao sul como C. Depois ele temporariamente nomeou os
outros, começando pelo topo à esquerda como A e indo para a direita e depois para a esquerda, pondo os
números dos testes perto de cada letra.
"Supondo que este seja o lado de cima e que nós precisamos resolver os testes em ordem, nós iremos nos
mover em zig-zag entre os blocos". David explicou.
"E supondo que os Trisquads não tenham problema com isso". John disse suavemente.
Rebecca sentiu sua excitação diminuir - pode ver a mesma expressão em seus colegas. Ela sabia que eles teriam
que partir, mas não queria pensar nisso até estar lá.
Agora está. E os Trisquads estão esperando.
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*Sinapse - Relação de contato entre os detritos das células nervosas.
*Esquife: Sinônimo de "caixão" (fúnebre).
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[5]
Eles pararam na porta norte no escuro e abafado corredor, apertando os cadarços, ajustando os cintos e
recarregando as armas.
"Você, Steve e Rebecca com o da esquerda, noroeste daqui. Daremos um tempo, depois Karen e eu sairemos.
Se você estiver certo, estaremos no bloco D; se estiver de ponta-cabeça, bloco B.
De qualquer modo, nós procuraremos o número do teste, e esperaremos vocês nos darem o "vai em frente".
John explicou.
"E se eu não...".
Karen interrompeu dizendo: "Se a gente não o ver em meia-hora, voltaremos aqui e esperaremos por Steve e
Rebecca. Completaremos os testes se for possível".
"Certo". David disse. "Ótimo".
Eles estavam preparados. Haviam infinitas variáveis da equação que poderiam tornar o simples plano, difícil.
"Alguma pergunta antes de irmos?".
Rebecca começou a falar com preocupação. "Eu quero lembrar a todos para terem bastante cuidado com o que
tocarem, ou o que os tocarem. Os Trisquads são portadores, então tente não se aproximar deles, principalmente
se estiverem feridos".
David pensou nas centenas de milhões de partículas do vírus que poderiam haver numa gota de sangue...
Todos esperaram por seu sinal. Ele deixou os pensamentos de lado e colocou a confiança na sua arma, tocando
a maçaneta da porta.
"Prontos?". Com silêncio, agora, no três - um... dois... três".
Ele abriu a porta e saiu para o quente ar da noite ouvindo o barulho das ondas. Estava mais claro do que antes. A
quase lua-cheia havia se erguido, iluminando o complexo. Nada se moveu.
Bem na frente dele a uns vinte metros estava o destino de Karen e John. Tinha uma porta de frente para o bloco
C; eles não precisarão contornar o prédio para entrar.
David saiu da porta para a sua esquerda, encostado na fina sombra da parede. Ele podia ver a frente do prédio
que esperava ser o A, alto, pinheiros à esquerda e atrás dele. Havia uma porta no meio dele, e nenhuma
proteção ao longo dos trinta e pouco metros que os separavam. Uma vez fora de C, eles estarão totalmente
vulneráveis.
Ele respirou fundo e correu abaixado para a porta do bloco. Seu corpo esperava por uma rajada de balas; a
aguda dor que o levaria para o chão. Mas estava silencioso. Os Segundos demoraram uma eternidade para a
porta ficar mais perto, maior...
Então a maçaneta estava sob seus dedos sendo girada, entrando numa sufocante escuridão - virando, viu
Rebecca e Steve chegando.
David fechou a porta rapidamente e sem fazer barulho, sentindo o vazio da sala, a falta de vida - e então o
cheiro o atingiu.
Era o mesmo cheiro da casa dos barcos só que cem vezes mais forte. David conhecia o cheiro. Se deparou com
ele numa floresta na América do Sul, num acampamento cultista em *Idaho e no porão da casa de um serial
killer. O cheiro de podridão era inesquecível.
Quantos haverão aqui?
O raio de luz rasgou a escuridão e encontrou uma pilha de corpos que tomava conta de um grande depósito, não
havia como ter certeza de quantos corpos estavam lá; eles já estavam derretendo uns nos outros, a carne negra
e enrugada dos corpos empilhados no úmido calor. Talvez quinze, talvez vinte...
Steve se afastou e vomitou - um grosso som na quieta sala.
David procurou no resto da sala, encontrando uma porta com a letra A escrita em preto.
Sem olhar para o monte, ele levou Rebecca para a distante porta agarrando Steve.
Eles saíram num corredor sem janelas, e tinha um interruptor de luz perto da porta. David o ignorou por um
momento, esperando seus jovens colegas se acalmarem.
Parece que os funcionários da Umbrella de Caliban Cove foram encontrados.
Karen e John esperaram um minuto depois que os outros foram. Abriram a porta o suficiente para ouvir. O ar
passou pela abertura. Ao longe o barulho das ondas mas nenhum tiro, nenhum grito.
Karen fechou a porta e olhou para John. "Já devem ter entrado. Quer ir na frente ou prefere que eu vá
primeiro?".
"As minhas mulheres sempre vão primeiro". Ele sussurrou. "Isso quando eu vou junto, se é que você me
entende".
"John, só responda a pergunta".
"Eu vou. Espere até eu atravessar, depois siga".
Ela se afastou para deixá-lo passar.
Assim que ele colocou a mão na maçaneta, respirou fundo e a girou. Nenhum som, nenhum movimento lá fora.
Segurando sua Beretta, ele se afastou do prédio e moveu-se rapidamente para a porta a uns vinte passos à
frente.
Alcançando a porta, tocou a fria tranca de metal - ela não se moveria. Estava trancada.
Sem pânico. Ele fez um sinal para Karen esperar e seguiu para a sua direita. Fez a curva sentindo o duro concreto
contra o seu ombro esquerdo e coxa.
Tinha outra porta de frente para o mar.
Rat - atat - atat - atat!
As balas acertaram o chão. John recuou encostando-se na parede, agarrando a fechadura. Vindo da direção da
casa dos barcos, um fila de três - John abriu a porta e pulou atrás dela, ouvindo o ping-ping-ping delas
esmagando o metal, parando a centímetros de seu corpo.
Ele segurou a porta aberta com os pés, deu uma rápida olhada e mirou no flash de luz, apertando o gatilho
enquanto pedaços de concreto e poeira vinham da parede.
Outra olhada e a fila estava mais perto, as três figuras ganhando forma. John atirou novamente pelo espaço da
porta - e quando olhou de novo, só haviam dois em pé.
John virou e viu mais dois a uns três metros no canto nordeste do prédio, ambos com metralhadoras.
Mas não se mexeram para atirar.
As M-16 ainda estavam se aproximando, mas ele só via as criaturas lá em pé, balançando em instáveis pernas.
O da esquerda tinha só metade da face; do nariz para baixo era uma líquida e polpuda massa de pele, pedaços
escuros pendurados por fibras de carne. O da direita parecia intacto até ele ver sua barriga; a mole e saliente
cobra de intestinos através de sua camisa ensangüentada.
Não vai atacar enquanto A estiver terminando.
Bam! Bam!
Karen.
John recuou para dentro do prédio, segurou a porta aberta contra o par que ainda atirava. Ele mirou
cuidadosamente. Nenhuma das criaturas se mexeu para se proteger, só ficaram lá, o observando.
Dois tiros certeiros na cabeça explodiram sob o som das metralhadoras. Antes deles caírem no chão, John ouviu
outro tiro de nove milímetros.
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*Idaho - Estado dos E.U.A.
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Ele olhou em volta da porta e viu as figuras do time ativo a uns trinta metros, um deles ainda atirava com a arma
apontada para o céu.
Karen surgiu de entre os prédios com a arma ainda apontada para o convulsivo atirador, de costas para John.
"Não atire nele! Aqui, deixa ele!".
Ela virou para John e ambos entraram no bloco. Assim que ela fechou a porta o som da metralhadora cessou.
A respiração irregular de Karen quebrou o silêncio da escura sala.
"Ei John, foi bom para você?".
Ele piscou os olhos registrando as palavras vagarosamente.
"Indo Primeiro". Ela completou. "Foi como você esperava?".
"Não teve graça". Ele disse.
Um pouco depois eles começaram a rir.
Enquanto eles se moviam pelo corredor, Rebecca pensava em Nicolas Griffith, sobre a história das vítimas do
Marburg - e não haviam provas de que ele está por trás do massacre do pessoal da Umbrella, ela não conseguia
abalar o pensamento de que ele é o responsável.
O corredor os levou através de várias salas, tão sem vida quanto as do bloco o qual vieram. Eles passaram pela
saída no lado mais distante do bloco e depois de outra curva no corredor, finalmente chegaram a uma outra porta
marcada com a letra A, e embaixo, 1-4. Haviam três triângulos debaixo dos números, cada um com cores
diferentes - vermelho, verde e azul.
David abriu a porta, revelando um hall. Rebecca viu mais triângulos coloridos na porta 1 à direita. Outra não tinha
nada.
"Eu fico com o teste". David disse. "Steve, você e Rebecca verão a outra porta. Nos encontraremos aqui".
Rebecca balançou a cabeça e viu Steve fazer o mesmo. Ele parecia um pouco pálido, mas forte o suficiente. Ele
soltou o olhar ao perceber que ela o estava observando. Rebecca sentiu uma simpatia por Steve, percebendo que
ele estava envergonhado por ter jogado o almoço fora.
Os dois abriram a porta e saíram numa outra sala sem janelas, abafada e quente como o resto do lugar.
Rebecca acendeu as luzes e um grande escritório cheio de estantes, apareceu. Uma mesa de aço ficava no
canto próxima a um porta - arquivos com as gavetas vazias e abertas.
"Você quer a mesa ou as estantes?". Steve perguntou.
"Acho que as estantes". Rebecca escolheu.
Ele sorriu quase tímido. "Melhor assim. Talvez eu ache algumas balas de hortelã numa das gavetas".
Rebecca sorriu agradecida pela brincadeira. "Guarde uma para mim".
Eles se olharam, ainda sorrindo - e Rebecca sentiu um calafrio de excitação através do corpo.
Steve desviou o olhar primeiro com a cor de suas bochechas mais rosas do que antes. Ele foi para a mesa e
Rebecca para a fileira de livros, sentindo-se um pouco corada. Havia uma definitiva atração lá, e parecia ser
comum.
Os livros eram sobre o que ela esperava. Química, biologia, modificação de comportamento e vários boletins
médicos.
Ela correu a mão, puxando os livros. Talvez haja algo escondido atrás de um deles.
... sociologia, *Pavlov, psicologia, psicologia, patologia -
Ela parou, olhando um fino livro preto entre dois grandes. Sem título. Ela o pegou e sentiu seu coração acelerar ao
abrir o pequeno livro, vendo as rabiscadas letras escritas à mão.
Ela viu "Tom Athens" escrito em letras boas na capa de dentro.
Um dos caras da lista, um dos cientistas!
"Eu achei um diário". Ela disse. "É de uma das pessoas da lista do Trent, Tom Athens".
Steve tirou os olhos da mesa. "Mesmo? Vá para o final, qual é a última data?".
"Diz 18 de julho - mas não parece que ele o mantinha certo. A data antes dessa é 9 de julho...".
"Leia a última inscrição". Talvez nos diga o que está acontecendo". Steve disse.
Ela foi para a mesa e inclinou-se nela, limpando a garganta.
"Sábado, 18 de Julho. Esse foi um longo e ridículo dia, o fim de uma longa e ridícula semana. Eu juro por Deus, eu
vou bater no Louis se ele convocar mais uma reunião. Foi para adicionar ou não outra Ocasião no programa
Trisquad, como se precisássemos de outra. Tudo o que ele queria era tê-la no papel, e o resto foi seu besteirol
de sempre - a importância do trabalho em equipe, a necessidade de compartilhar informações, então nós todos
podemos "ficar no rumo certo". Quer dizer, Jesus, é como se ele não conseguisse viver sem o seu nome no
semanal.
Ele não tem feito nada desde o desastre do Ma7, exceto por tentar e convencer todo mundo de que a culpa foi
de Chin. É o fim da picada...
Alan e eu falamos sobre os implantes ontem, está indo bem. Ele vai descrever a proposta esta semana, e NÃO
deixaremos Louis tocá-lo. Com sorte, conseguiremos a luz verde no fim do mês. Alan acha que os White boys
vão querer fazê-los antes de Birkin, só Deus sabe porque; B. não dá a mínima para o que fazemos aqui, ele está
longe de ser brilhante de novo. Eu tenho que admitir, eu quero saber qual será sua próxima síntese; talvez nós
devemos malhar alguns dos nossos Trisquads.
Houve um pequeno susto no D na Quarta-feira, na 101. Alguém deixou o refrigerador aberto, e Kim jurou que
estavam faltando alguns produtos químicos. Estou começando a achar que ela errou na contagem de novo. É
difícil de acreditar que ela está encarregada do processo de infecção. Ela é negligente para cuidar do equipamento.
Estou surpreso por ela não ter infectado o complexo inteiro. Deus sabe que há o bastante para isso.
Eu mesmo deveria conferir o D, para ter certeza de que está tudo pronto para amanhã. O Griffith tem pedido
para observar o processo; primeira vez que ele se interessou pelo que estamos fazendo. Eu sei que é idiota, mas
eu ainda quero que ele seja impressionado; ele é tão brilhante quanto Birkin, em seu próprio modo pavoroso. Eu
acho que ele até intimida Louis, e Louis é geralmente burro demais para isso.
Mais tarde.".
O resto das páginas estavam em branco. Rebecca olhou para Steve, incerta sobre o que fazer, sua mente
trabalhando para juntar os pedaços de informações relevantes. Havia algo lá que a incomodava.
Elementos químicos faltando. Processo de infecção. O brilhante e pavoroso Dr. Griffith...
Agora ela não tem mis dúvidas de que Griffith matou os outros, mas não foi o que a fez dizer em voz alta. Foi...
"Bloco D". Steve disse. "Se nós estamos em A, Karen e John estão no D".
Onde há T-virus suficiente para infectar o complexo inteiro. Onde o processo de infecção aconteceu.
"Nós devemos contar para o David". Rebecca disse. Steve concordou. Eles foram para a porta. Rebecca
esperando que John e Karen não achassem a sala 101 - e se achassem, que não tocassem em nada.
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*Pavlov - Fisiologista russo, ganhador do prêmio Nobel.
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A sala de teste era grande, três das paredes marcadas com linhas formando três cubículos. Acendendo a luz, ele
viu que os testes estavam claramente numerados e marcados com cores, os símbolos pintados no chão de
cimento em frente de cada um.
Todos os testes da série vermelha estavam à sua esquerda, mais perto da porta. Ele viu blocos brilhantes e
coloridos, simples figuras nas mesas em cada cubículo que passou, indo para o fundo da sala. A série verde
estava demarcada na parede oposta. Ele a ignorou completamente.
A parede de trás era marcada com triângulos azuis. O teste número quatro ficava no distante canto direito.
Aproximando-se do fundo da sala, ele ouviu um fraco ruído de força vindo da área azul. Havia um pequeno
computador na mesa do teste número dois. Um teclado e um fone na do três. Como prometido, as séries
estavam ativadas.
Ele parou em frente do último cubículo, voltando sua atenção para a tarefa. Ele não estava certo sobre o que
veria, mas o tipo do teste o surpreendeu. Uma mesa e uma cadeira de metal cinza. Na mesa havia um bloco de
papel, um lápis e um tabuleiro de xadrez com todas as peças no lugar. Assim que ele entrou no cubículo, viu uma
placa de metal na superfície da mesa com números marcados nela.
David sentou na cadeira olhando para os números.
9-22-3 // 14-26-9-16-8 // 7-19-22 // 8-11-12-7
Olhou para o tabuleiro e então de volta aos números. Nada mais para ver; isso era tudo. Ele ordenou
rapidamente as dicas da mensagem de Ammon, imaginando qual seria a resposta. Era "letras e números ao
contrário" ou "não conte"? não parecia ser nada relacionado com o tempo ou arco-íris, tinha que ser um dos
dois...
Se as linhas estão na mesma ordem que os testes, este é letras e números ao contrário. Mas que letras, não
tem nenhuma.
David sorriu de repente sacudindo a cabeça. Os números na placa não são maiores que 26; era um código, e
bem simples.
Ele pegou o lápis, escreveu o alfabeto e o numerou de trás para a frente; A era 26, B 25 até Z, 1.
David começou a decifrar a mensagem.
R... E... X... M...
A última letra era T. Ele olhou para a frase e depois para o tabuleiro. Parecia que alguém tem senso de humor.
REX MARKS THE SPOT
"Rex" significa "rei" em Latim.
Branco sempre começa, então...
Ele tocou o rei branco. Assim que o dedo dele tocou na peça, ela girou em volta e ficou de frente para as costas
do tabuleiro. Ao mesmo tempo, um suave som musical veio de cima. Ele olhou para o teto e viu um alto falante.
Nada mais aconteceu, nenhuma luz piscando ou passagens secretas atrás da parede. Aparentemente ele
passou.
Parecia ser um complicado teste para alguém supostamente tão burro quanto o zumbi de um Trisquad. Os
cientistas deviam ter planos para algo mais... inteligente...
David levantou e foi para a frente da sala - assim que a porta abriu. Rebecca e Steve entraram com expressões
amedrontadas.
"O que foi?"
Rebecca ergueu o livro falando rápido. "Ele diz que o vírus foi usado para infectar os Trisquads no bloco D, na sala
101. Tudo pode estar bem a não ser que John ou Karen tocaram algo contaminado".
Foi o bastante. "Vamos!".
Eles correram pelo caminho a qual vieram em direção a saída.
Eles estavam no iluminado corredor no centro do bloco D, silenciosamente escutando pelo som que os diria sobre
a chegada de David. De lá eles eram capazes de escutar uma das três portas externas sendo usadas. Depois de
vasculharem o prédio e achado a sala do teste, ela e John liberaram todas as portas de saída.
Karen olhou no relógio e esfregou os olhos, sentindo-se cansada por tudo o que aconteceu naquela noite, e ainda
enjoada pelo que acharam na sala 101.
Até John estava mais quieto do que o normal. Não fez uma piada desde que voltaram para esperar.
Talvez ele esteja pensando nas macas com sangue. Ou nas seringas. Ou no equipamento médico amontoado na
pia...
Eles encontraram a sala do teste primeiro, uma grande sala cheia de pequenas mesas, cada uma marcada com
números entre cinco e oito; Karen ficou desapontada de algum modo por ver que o número sete da série azul era
só um punhado de ladrilhos coloridos com letras neles - metade deles de cabeça para baixo e ilegíveis. As cores
correspondiam às do arco-íris, apesar de ter duas peças violeta a mais no monte.
Desde que eles não podiam bagunçá-lo até David completar o primeiro teste, ela sugeriu voltar e explorar o resto
do bloco.
Eles passaram por alguns escritórios vazios e uma cafeteria bagunçada, onde acharam uma caixa de rosquinhas
incrivelmente mofadas. Foi o laboratório químico que os disse sobre o tipo de lugar que a Umbrella criou. Karen
não acreditava em fantasmas mas a sala deu uma sensação jamais experimentada; era fria, simples e
assombrada pelo medo e pelo o frio; à moda de um cientista nazista cometendo atrocidades contra o
companheiro.
"Você está pensando naquela sala?". John perguntou.
Karen acenou mas não disse nada.
... a porta da sala 101 estava claramente marcada com um símbolo de risco biológico, fazendo eles discutirem
sobre entrar ou não. John dizia que o ambiente poderia estar contaminado.
Karen dizia que nenhum deles tem cortes ou arranhões, e que poderiam achar algo sobre o T-virus. A verdade
era que ela não queria deixar essa oportunidade passar; queria ver o que estava atrás da porta fechada, porque
estava lá.
John tinha finalmente concordado e eles entraram, pisando numa pequena passagem que estava cercada de
folhas de plástico pesado. Haviam chuveiros acima e um ralo no chão; uma área de descontaminação.
Uma segunda porta dava para uma sala que os levou para o sonho de um cientista maluco.
Vidro triturando sob os pés. Um cheiro de suor sob o odor de água sanitária...
John acendeu as luzes e antes da grande sala poder ser vista, Karen sentiu seu coração acelerar. Se parecia com
outros laboratórios a qual ela trabalhou; bancadas e estantes, pias de metal e um grande refrigerador de inox no
canto com uma trava na maçaneta. E de algum modo - o lugar era tão familiar. Um lugar que ela sempre se
sentia em casa.
As pequenas diferenças eram as mais dramáticas. A sala era dominada por uma limpa mesa de autópsia,
adaptada com amarras de velcro. Haviam outras duas macas de hospital, adaptadas do mesmo jeito, junto a
ela.
Ao se aproximar de uma delas, Karen viu uma escura e seca marca na ponta; o fino colchão estava ensopado de
sangue no lugar onde os tornozelos e pulsos de um homem deviam ficar.
No fundo da sala estava uma jaula do tamanho de um closet. Próximo a ela, vários postes finos apoiados na
parede com aproximadamente um metro de comprimento - cheio de agulhas hipodérmicas.
Esses são tipos de instrumentos usados para dopar animais selvagens.
Karen olhou para a maca, tocando levemente a seca mancha, imaginando que tipo de pessoa participou de um
experimento como esse. A mancha seca de sangue era velha e empoeirada fazendo-a pensar sobre como as
vítimas sofreram esperando na jaula, provavelmente observando alguns homens de luvas injetando um vírus
mutante em um ser humano amarrado...
O olho direito de Karen coçou, tirando sua concentração dos terríveis pensamentos, trazendo-a de volta para o
presente. Ela o esfregou, e depois olhou no relógio de novo. Se passaram apenas vinte minutos desde que o time
se separou.
O som de uma das portas foi ouvido, seguido pelo grito de David através do corredor. Ele veio pela entrada
oeste.
"Karen, John!".
John olhou para ela, que sentiu uma onda de alívio. David estava bem.
"Aqui! Continua andando!". John respondeu. "Vire à direita!".
David apareceu dentro de alguns segundos, sua face coberta de preocupação.
"Está tudo...". Karen começou a perguntar mas foi interrompida por David.
"Vocês acharam a sala 101?".
"Sim, no oposto de onde você veio". John disse sorrindo.
"Algum de vocês tocou algo? Vocês tem cortes ou pequenos ferimentos que podem ter entrado em contato com
alguma coisa?". David falou rápido. "Nós achamos um diário dizendo que essa sala era usada para infectar
Trisquads".
John sorriu de novo. "Sério. Nós descobrimos isso em uns dois segundos".
Karen ergueu as mãos para David vê-las. "Nenhum arranhão".
David exalou forte. "Graças à Deus. Eu pensava no pior vindo para cá. Nós achamos os cientistas no bloco A;
Ammon estava certo, ele os matou - e o nosso "ele" agora tem um nome. Rebecca está certa de que é Nicolas
Griffith. Ele foi o cara que ela reconheceu da lista do Trent. Ele tem uma história e tanto, ela te conta quando nos
reagruparmos...".
"Caramba David, eu não sabia que você se preocuparia. Ou que você achasse que nós seríamos burros o
bastante para nos espetarmos com agulhas sujas, num lugar como esse".
David riu. "Por favor, aceitem as minha sinceras desculpas".
"Onde o Steve e a Rebecca estão?". Karen perguntou.
"Provavelmente na próxima área do teste. Eu os vi entrando no bloco B antes de vir aqui... vocês acharam o
teste sete?"
"Por aqui". John disse assim que eles caminhavam pelo corredor. Ele começou a contar a luta que tiveram contra
os Trisquads.
Karen seguiu, esfregando a chata coceira em seu olho direito. Ela deve tê-lo irritado com tantas cutucadas.
Parece estar piorando. E para completar, sentiu uma dor de cabeça chegando.
Ela nunca teve dores de cabeça a não ser que tivesse algo. O mergulho no mar deve ter dado um resfriado a ela
- e a pulsação na sua cabeça não será piedosa.
CONTINUA
Raccoon Times - 24 de Julho de 1998
"Mansão de Spencer destruída em incêndio explosivo"
RACCOON CITY - Há aproximadamente 2 A.M. de Quinta-feira, os moradores do distrito de Victory Lake foram acordados por uma explosão que trovejou através do noroeste de Raccoon Forest, aparentemente causada por um incêndio que ocorreu na mansão abandonada de Spencer e aprimorada pelos produtos químicos guardados no subsolo. Devido às barricada colocadas no perímetro da floresta (por causa dos recentes assassinatos em Raccoon City), os bombeiros foram incapazes de salvar o que restou dela. Depois de três horas de batalha contra o fogo enfurecido, a mansão de trinta e um anos e a adjacente casa de empregados foram complemente arruinadas. Construída pelo Lorde Oswell Spencer, aristocrata europeu e um dos fundadores da companhia farmacêutica Umbrella Inc, a propriedade foi projetada pelo premiado arquiteto George Trevor como hospedaria para as pessoas importantes da companhia, mas foi fechada logo depois de finalizada por razões desconhecidas.
Segundo Amanda Whitney, porta voz da Umbrella Corporation, partes da mansão estavam sendo usadas para estocar agentes de limpeza industriais e solventes usados pela Umbrella. Whitney disse numa coletiva ontem que a companhia assumiria toda a responsabilidade pelo infeliz acidente, chamando-o de "um sério descuido de nossa parte. Esses produtos químicos deveriam ter sido tirados de lá há muito tempo, e nós estamos gratos por ninguém ter se machucado".Até agora, a causa do incêndio é desconhecida, e Whitney continuou dizendo que a Umbrella estará trazendo seus próprios investigadores para peneirar as ruínas esperando saber o ponto de origem do incêndio...
Raccoon Weekly - 29 de Julho de 1998
"S.T.A.R.S. tirado da investigação dos assassinatos"
RACCOON CITY - Num surpreendente pronunciamento de oficiais numa coletiva ontem, o Esquadrão de Táticas Especiais e Resgate (S.T.A.R.S.) foi oficialmente removido das investigações dos nove assassinatos brutais e cinco desaparecimentos que ocorreram nas últimas dez semanas. O membro do conselho da cidade, Edward Weist, citou incompetência como principal razão para a remoção do S.T.A.R.S.
Os leitores devem se lembrar que a primeira ação do S.T.A.R.S., depois de ser designado para cuidar dos casos na semana passada, foi vasculhar o noroeste da floresta pelos assassinos canibais. Weist declarou que foi a "conduta não profissional" que resultou na destruição de um helicóptero e na perda de seis dos onze membros, incluindo o comandante do S.T.A.R.S., Capitão Albert Wesker.
"Depois da má conduta na floresta", disse Weist "nós decidimos deixar o caso nas mãos do R.P.D.. Nós temos razões para acreditar que o S.T.A.R.S. deve ter ingerido drogas e/ou álcool antes da missão, e suspendido o uso de seus serviços indefinitivamente".
Weist estava acompanhado por Sarah Jacobsen (representando o Prefeito Harris) e o representante da polícia, J.C. Washington, para fazer o pronunciamento e responder perguntas. Nem o chefe da polícia, Brian Irons e nem os sobreviventes do S.T.A.R.S. podem ser alcançados para comentários...
Cityside - 3 de agosto de 1998
"Início do incêndio considerado acidental"
RACCOON CITY - Depois de uma completa investigação por oficiais dos bombeiros trabalhando com a IDS (Industrial Services Division / Divisão de Serviços Industriais) da Umbrella Inc., o incêndio que destruiu a mansão de Spencer foi causado pelo descuido de pessoa ou pessoas desconhecidas, como foi anunciado numa coletiva ontem. O líder da IDS, David Bischoff disse, "parece que alguém tentou começar uma fogueira em um dos quartos da mansão e a situação saiu do controle. Nós não encontramos nada que sugere um incêndio proposital ou uma brincadeira de algum tipo". Ele continuou falando que a destruição foi total, e não há evidências de que alguém foi pego pelo fogo ou pela explosão que se seguiu.
O Chefe Brian Irons do Departamento Policial de Raccoon City estava presente na conferência, e lhe foi perguntado se ele acreditava haver alguma conexão do incêndio com os assassinatos e desaparecimentos, e Irons respondeu que não há como ter certeza. "Até agora, tudo o que eu falar será só especulação - eu diria que o fato de os assassinatos terem parado desde a noite do incêndio, pode significar que os assassinos estavam escondidos lá. Nós só podemos esperar que eles tenham deixado a área para que em breve sejam presos".
Chefe Irons recusou comentar as acusações de má conduta do S.T.A.R.S. em sua breve atuação na investigação dos assassinatos, só dizendo que concordava com a decisão do conselho da cidade e que ações disciplinares estão sendo consideradas...
https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/2_CALIBAN_COVE.jpg
[1]
Rebecca Chambers estava andando de bicicleta na escuridão das ruas de *Cider District sob a luz da lua brilhando
no céu. Apesar de ainda ser cedo as ruas estavam desertas, obedecendo o horário de recolher da cidade.
Ninguém menor de dezoito anos deveria sair até que os assassinos sejam pegos e presos. Este tem sido um
tenso e quieto verão em Raccoon City...
Ela passou por casas silenciosas onde só a luz da televisão podia ser vista através da janela. As pessoas
aguardavam trancadas em suas casas esperando a notícia de que os assassinos foram presos e a cidade estava
à salvo.
Se eles soubessem...
Estes tem sido treze longos dias desde o pesadelo da mansão de Spencer. Jill, Chris, Barry e ela mesma foram
acusados de estarem drogados. Depois de serem afastados dos casos, até o RPD recusou a acreditar no
S.T.A.R.S.. Agora, com a Umbrella assumindo a investigação sobre o incêndio, provavelmente se livrando das
provas...
- Não seria tão simples. Uma das maiores e mais respeitadas companhias farmacêuticas do mundo fazendo
experiências com armas biológicas num laboratório secreto - Se eu não soubesse de nada, eu provavelmente
acharia isso uma loucura.
Rebecca e os outros devem se cuidar antes que algum agente seja enviado para atacá-los.
Ela estava usando um revólver snub-nosed. 38 da coleção de Barry esperando não precisar mais dela depois
desta noite.
Virando à esquerda na Rua Foster, Rebecca pedalou em direção a casa de Barry pensando que ele convocou a
reunião, provavelmente por que recebeu ordens do escritório principal.
Talvez eles me movam para algum laboratório, e estudar o vírus. Tecnicamente eu ainda sou uma Bravo; não há
motivo de me quererem no campo de batalha...
Sem dúvida esse seria o melhor modo de usar os meus talentos.
Os outros eram soldados experientes e Rebecca só está a cinco semanas no S.T.A.R.S.. Sua primeira missão foi
a de *Raccoon Forest que exterminou todos de seu time incluindo outros no segredo da Umbrella. Ela sabia que
trabalhando no T-virus seria a maior contribuição que ela daria para acabar com a Umbrella.
Rebecca parou no final do quarteirão, em frente a uma enorme casa de dois andares amarelo-claro no estilo
vitoriano, olhando em volta por algo suspeito antes de descer da bicicleta. Os Burton vivem próximo a um parque
cheio de árvores no subúrbio.
Levando a bicicleta até a varanda viu que se passaram vinte minutos desde a ligação de Barry.
Antes de bater na porta, ele a abriu. Vestindo uma camisa e calça jeans, ele a deixou entrar dando uma rápida
olhada antes de fechar a porta.
"Você viu alguém", Barry perguntou com sua Colt Python no coldre parecendo um cowboy.
"Não, ninguém". Ela respondeu.
"Chris e Jill estarão aqui a qualquer momento. Você quer um café?" Barry parecia tenso.
"Não, obrigado. Talvez água..."
"Sim, claro. Vá em frente e se apresente, eu voltarei num minuto".
Antes de perguntar se algo estava errado, ele foi para a cozinha.
"Me apresentar? O que está acontecendo?
Ela foi até a sala e parou assustada ao ver um homem estranho sentado no sofá. Ele se levantou assim que ela
apareceu. Ele usava jeans, camisa, sapatos e uma Beretta 9mm, padrão do S.T.A.R.S.. Era alto, fisicamente
como um nadador, olhos e cabelos escuros.
"Você deve ser Rebecca" ele disse revelando seu sotaque Britânico. "Você é a bioquímica, certo?"
"Trabalhando nisso. E você é..."
"Desculpe os meus modos, por favor. Eu não esperava... isto é, eu...? ele parou em volta da mesinha de centro
de Barry estendendo a mão. "Eu sou David Trapp, do S.T.A.R.S. Exeter em *Maine."
Ela se acalmou.
O S.T.A.R.S. mandou ajuda ao invés de ligar, ótimo.
"Então, você é algum observador ou algo assim?
"Como?"
"Para a investigação - há outras equipes aqui, ou você veio para checar antes..."
"Desculpe ter que que dizer isso Srta. Chambers. Eu tenho razões para acreditar que a Umbrella tem
chantageado ou subornado outros membros do S.T.A.R.S.. Não há investigação e ninguém está vindo".
Barry entrou na sala com o copo d'água e Rebecca o pegou agradecidamente, bebendo metade dele em um
gole.
"Ele te disse, né?" Barry disse.
"Jill e Chris sabem?" ela perguntou.
"Ainda não. Por isso eu liguei. Nós devemos esperá-los para não passar por isso duas vezes".
"Concordo". David disse.
Barry começou a contar como ele e David se conheceram no treinamento do S.T.A.R.S. quando jovens. David
ouvia enquanto Barry falava sobre a noite de graduação envolvendo um sargento mau humorado e várias cobras
de borracha.
- Dezessete anos atrás.
Ela deveria estar comemorando seu primeiro aniversário.
Bateram na porta, provavelmente os dois Alphas. Barry foi atender.
"Jill Valentine, Chris Redfield, este é o Capitão David Trapp, estrategista militar do S.T.A.R.S. Exeter em Maine".
David os cumprimentou e todos se sentaram.
"David é um velho amigo meu. Nós trabalhamos juntos no mesmo time por uns dois anos. Ele apareceu aqui há
uma hora com novidades e não achei que isso poderia esperar. David?".
"Como vocês devem saber, seis dias atrás, Barry ligou para vários departamentos do S.T.A.R.S. para saber se
alguma declaração foi recebida sobre o que aconteceu aqui. Eu recebi uma dessas ligações. Eu descobri que o
escritório de Nova York não contatou ninguém sobre a descoberta. Nenhum aviso ou memorando".
Após alguns minutos de discussão, David se levantou e disse:
"Parece que existe outro laboratório da Umbrella na costa de Maine, conduzindo experimentos com seus vírus - e
como aconteceu aqui, eles perderam o controle".
David virou-se para Rebecca e disse:
"Eu estou levando um time para lá sem autorização do S.T.A.R.S. e eu quero que você venha com a gente".
Chris ainda estava intrigado com a despreocupação do S.T.A.R.S. sobre o acontecido e agora outro laboratório!
E ele quer levar a Rebecca...
"Eu conversei com o pessoal do meu time e todos concordaram que vai ser difícil sem ninguém para nos dar
cobertura. Nós só queremos entrar, coletar algumas evidências sobre o T-virus e voltar antes que alguém saiba
que estamos lá".
"Eu também vou". Chris interrompeu.
"Todos nós vamos". Barry disse.
David balançou a cabeça. "Olha, essa não é uma operação em grande escala; cinco pessoas já estão escaladas.
A Rebecca tem o conhecimento que nós precisamos para achar os dados do vírus sabendo que sintomas
procurar".
Depois de muita conversa David consegue convencer os três Alphas a ficarem. Agora a escolha é de Rebecca.
"Que informações você tem?" Jill perguntou. "Como você descobriu sobre o laboratório?
David abriu sua pasta e tirou o que pareciam ser cópias de jornais e um simples diagrama. "Logo depois de ter
falado com o escritório central, eu recebi a visita de um estranho homem que dizia ser um amigo do S.T.A.R.S....
ele me disse que seu nome era Trent, e me deu tudo isso".
"Trent!". Jill disse.
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*Cider District - Bairro Cider (Cidra).
*Raccoon Forest - Floresta que fica nos limites de Raccoon City.
*Maine - Estado que fica na costa leste dos E.U.A.
-------------------------------------------------------------- David olhou para ela intrigado. "Você o conhece?".
"Um pouco antes de nós decolarmos para resgatar o Bravo Team, Um homem chamado Trent me deu
informações sobre a mansão, e me alertou sobre o Wesker".
Barry continuou. "E Brad disse que Trent lhe deu as coordenadas da mansão logo depois de Wesker ter ativado o
sistema de destruição. Se ele não tivesse dito, nós teríamos explodido com o resto da casa".
Chris sentiu uma dor de cabeça. O S.T.A.R.S. trabalhando para a Umbrella, outro laboratório e agora o Trent de
novo.
David começa a lembrar do seu breve encontro com Trent há cinco dias atrás, tentando ver se esqueceu de
dizer alguma coisa.
Ele tinha chegado do trabalho e estava chovendo, uma tempestade de verão que amenizou a leve batida na
porta. David olhou no relógio e foi até a porta imaginando quem seria àquela hora da noite. Ele vive sozinho e não
tem família; devia ser do trabalho ou alguém com problemas no carro...
Abrindo a porta, ele viu um homem numa capa de chuva preta em sua varanda com água escorrendo pelo rosto.
"David Trapp?". Perguntou um homem alto e magro, alguns anos mais velho que David, quarenta e dois ou três.
"Sim?".
"Meu nome é Trent e tenho algo para você!".
"Eu te conheço?"
"Não, mas eu te conheço, Sr. Trapp. Eu também sei com o que você está lidando. Acredite em mim, você
precisará de toda a ajuda que conseguir".
"Eu não sei do que você está falando. Você deve ter me confundido com outra pessoa".
"Sr. Trapp, está chovendo e isso é para você."
Confuso, David abriu a porta e pegou o envelope. Assim que o fez, Trent se virou e foi embora.
Jill e Rebecca estavam estudando os mapas enquanto Barry e Chris trabalhavam nos artigos de jornal. Os quatro,
concentrados na pequena cidade costal Caliban Cove em Maine. Todos estavam preocupados com
desaparecimentos de pescadores locais, todos considerados mortos.
O mapa era do trecho costeiro da cidade. David pesquisou sobre ele e descobriu que foi comprada por um grupo
anônimo há alguns anos. Tinha um farol abandonado na beira norte da enseada, no alto dos rochedos que era
supostamente cheia de cavernas marítimas. Mostrava também algumas estruturas atrás e embaixo do farol,
descendo para um pequeno cais no sul. Estava escrito CALIBAN COVE em cima do mapa e abaixo, em letras
menores, UMB. PESQUISA E TESTE.
O terceiro papel que Trent deu era o que David não entendia. Havia uma lista de nomes.
LYLE AMMON, ALAN KINNESON, TOM ATHENS, LOUIS THURMAN, NICOLAS GRIFFITH, WILLIAM BIRKIN,
TIFFANY CHIN.
Jill pegou esse papel e leu.
"Alguma idéia do que isso significa?". David perguntou.
Jill falou sobre William Birkin, que constava no material que Trent havia dado a ela.
Rebecca pegou o papel assim que Jill olhou para David.
"Droga".
Todos olharam para ela.
"Nicolas Griffith está na lista". Rebecca disse.
"Você sabe quem é ele?". Perguntou David.
"Conheço, apesar de eu achar que ele estava morto. Ele era um dos maiores, um dos mais brilhantes homens na
biociência.
Se ele está com a Umbrella, nós temos mais com o que se preocupar do que o T-virus escapando. Ele é um
gênio no campo de virologia molecular - e se as histórias são verdadeiras, ele é totalmente louco".
"O que você pode nos dizer sobre ele?". David perguntou.
Ela bebeu o resto da água em seu copo e olhou para David. "O quanto você sabe sobre o estudo dos vírus?".
"Nada, por isso eu estou aqui". Disse David, sorrindo um pouco.
"Bom, os vírus são classificados pela estratégia de reprodução e pelo tipo de ácido nucléico (RNA ou DNA) - este é
o elemento especializado num vírus que autoriza a transferência do genoma para outra célula viva. Um genoma é
um simples grupo de cromossomos.
De acordo com a Classificação de Baltimore, existem sete tipos distintos de vírus, e cada grupo infecta certos
organismos de certo modo.
No começo dos anos sessenta, um jovem cientista de uma universidade particular na Califórnia desafiou a teoria,
dizendo que havia um oitavo grupo - os dsDNA e ssDNA que poderiam infectar qualquer coisa em contato. Ele era
o Dr. Griffith. A comunidade científica não aceitou a teoria".
Rebecca notou as expressões vazias no rosto dos colegas.
"Desculpa... Ele então, parou de tentar prová-la, sendo que muitas pessoas ainda estavam interessadas.
Ninguém mais ouviu falar nele. Meu professor, Dr. Vachss, disse que ele foi demitido da universidade por uso de
drogas, mas rumores diziam que ele estava fazendo experiências em alguns de seus alunos. Nenhum deles
falaria, mas um foi para o hospício e outro se suicidou. Isso nunca foi provado, mas depois disso ninguém o
contrataria".
"Acaba aí?". David perguntou.
"Não. No meio dos anos oitenta, um laboratório particular em Washington foi encontrado por policiais com três
homens mortos por uma infecção viral - foi o Marburg, um dos vírus mais letais que existe. Eles estavam mortos
há semanas; os vizinhos reclamavam do mau cheiro. Papéis encontrados pela polícia mostravam que os mortos
eram assistentes do Dr. Nicolas Dunne. Os três se infectaram por um vírus que eles entendiam ser inofensivo,
para que Dunne tentasse curá-los depois".
Rebecca lembrou das fotos das três vítimas do Marburg.
De uma dor de cabeça inicial para extremas amplificações em questão de dias. Febre, coágulo, estado de
choque, danos cerebrais, hemorragia por todos os orifícios - devem ter morrido em piscinas do próprio sangue...".
"E o professor achou que ele era Griffith?" Jill perguntou.
"O nome de solteira da mãe de Griffith era Dunne". Disse Rebecca.
Depois da história, todos se calaram e Rebecca começou a fazer sua decisão.
Ela sabe que o laboratório em Caliban Cove deve estar cheio de pessoas como Griffith. Sem a ajuda do
S.T.A.R.S. nenhum lugar é seguro, mas seria a chance dela contribuir, de fazer o que ela sabe. Seria uma
oportunidade de ouro estudar um vírus antes de alguém.
Rebecca suspirou fundo e disse com sua decisão feita.
"Eu vou com você. Quando iremos?".
Houve um silêncio na sala. Rebecca reparou as expressões no rosto deles até David falar.
"Certo, então. Tem um avião indo para *Bangor às 23:00. Eu acho que nós todos devemos fazer um plano aqui
e depois ir para casa".
Rebecca escutou Barry abrindo a janela e voltando para junto deles. Eles começaram a discutir sobre o que
fariam depois que Rebecca e David partirem.
Jill escutava a suave voz de David quando seu coração gelou ao ouvir sussurros nos arbustos no lado de fora da
janela que Barry abriu.
Umbrella.
--------------------------------------------------------------
*Bangor - Cidade do estado de Maine.
-------------------------------------------------------------- "Abaixem-se!". Jill gritou, saindo do sofá com Rebecca, assim que
a janela estilhaçou ao som de um rifle automático.
David foi para o chão enquanto balas atingiam a poltrona a qual estava. Tufos de almofada flutuavam enquanto
buracos enfumaçados apareciam na parede - reboque e madeira voando.
Houve um segundo de silêncio no tiroteio, suficiente para ouvir vidro quebrando nos fundos da casa.
A sala ficou escura assim que Barry atirou nas luzes. A luz do hall brilhava e mais tiros vinham do lado de fora.
Chris engatinhou sobre os cotovelos e joelhos e apagou as luzes adicionais. Agora está tudo escuro e o tiroteio
parou.
David escutou passos sobre o vidro vindos da cozinha que pararam logo depois. Devem haver mais dois cobrindo
as saídas. Mais passos na cozinha, devem estar esperando alguém se mover.
A visão de David se ajustou podendo ver Jill e Rebecca armadas do outro lado da mesinha.
A casa de Barry é a última da quadra e tem um parque logo atrás. Se eles conseguirem fugir, podem se
esconder nas árvores.
David correu para a porta da frente enquanto Chris e Jill atiravam na direção da cozinha. Atrás dele, Barry e
Rebecca corriam para a escada sob tiros. David estava a um passo da porta quando alguém a chutou, abrindo-a.
Ele se jogou na porta fazendo-a se fechar, depois rolou no chão e atirou cinco vezes. Algo pesado caiu na
varanda logo depois.
David viu Jill e Chris subindo - ao por o pé no primeiro degrau, houve uma explosão atrás dele. A porta da frente
foi destruída pelo time da Umbrella que procurava finalizar a batalha.
Dava para ver a luz da lua brilhando através da janela aberta. Jill já saiu e Chris na metade do caminho.
Ouviu-se vozes masculinas entrando pela porta da frente. Rebecca e Barry saíram.
Haviam árvores há uns vinte metros dali.
Um movimento no canto da casa e Rebecca não hesitou, atirando duas vezes - ele nunca mais se levantaria.
Nunca atirei em alguém antes.
Tiros vinham da janela - Rebecca podia senti-los acertando o chão perto de seus pés. Ela ouviu sirenes se
aproximando e segundos depois cantadas de pneu.
Chris chegou num parquinho seguido de Jill, Barry e Rebecca.
"Cadê o David?". Chris perguntou.
Procurando nas sombras, ouviu-se dois tiros. Um terceiro mais alto e mais perto. Exceto pelo barulho das sirenes
o parque estava quieto novamente.
Rebecca olhou sobre o ombro e viu David que ainda apontava sua Beretta para o atirador. Chris e Jill estavam
próximos a ela segurando suas armas - e do outro lado estava Barry espalhado no chão. Ele não estava se
movendo.
Houve escuridão e silêncio por um tempo indeterminado - e haviam vozes que flutuavam e não podiam ser
identificadas. De algum lugar bem longe, ele ouvia sirenes.
ele foi atingido
oh meu Deus
veja se está limpo
espera eu não consigo achar o ferimento me ajuda - Barry? Barry, você...
"Barry você pode me ouvir?
Barry abriu e fechou os olhos imediatamente, reagindo a dor em volta de sua cabeça. Mas havia outra dor em
seu braço esquerdo.
Baleado, deu de cara numa árvore... ou algum idiota com um bastão de baseball.
Ele tentava abrir os olhos enquanto mãos moviam-se sobre seu peito. As sirenes pararam por completo, apesar
de ainda se poder ouvir carros de polícia tomando conta da rua, o som de potentes motores ecoando através do
parque coberto de árvores.
"Braço esquerdo". Disse Barry começando a se levantar.
"Não se mexa". Rebecca disse firmemente. "Espere um segundo, tá bom? Chris, me dê a sua camisa".
"Mas a Umbrella". Barry falou.
"Tá tudo limpo". David disse, ajoelhando-se junto aos outros. "Agüenta firme".
Assim que ela terminou o curativo ele se levantou. Eles devem sair de lá antes que a polícia decida vasculha a
floresta - mas ir para onde? Nenhuma de suas casas eram seguras.
Todos estavam aliviados por não terem sido feridos, exceto David que parecia infeliz como Barry nunca o tinha
visto antes.
"O homem que atirou em você," David disse levantando uma nove milímetros com um supressor preso, sangue
pingando pelo cano da arma. "Eu o matei. Eu... Barry, era o Jay Shannon".
Barry ouviu as palavras não conseguindo aceitá-las. Era impossível. "Não, você não viu bem, está muito
escuro...".
David se virou e caminhou em direção as árvores. Barry o seguiu.
A bala da Beretta de David fez um buraco no coração do homem; foi um tiro de sorte. Olhando para a pálida face
do atirador, Barry sentiu seu coração virar pedra.
"Jesus, Shannon, por que? Porque?". Barry não se conformava.
"Quem é ele?". Jill perguntou suavemente.
Barry olhou para o homem morto incapaz de responder. David respondeu.
"Capitão Jay Shannon do S.T.A.R.S. de Oklahoma City. Barry e eu treinamos com ele."
Barry encontrou sua voz, ainda olhando para o rosto de Jay. "Eu liguei para ele semana passada, quando liguei
para David. Ele estava preocupado conosco, disse que ficaria de olho na Umbrella...".
...e nós conversamos mais alguns minutos, contando velhas histórias. Eu lhe falei que mandaria fotos das
crianças mas e ele disse que tinha que desligar por causa de um encontro...
A Umbrella deve estar por trás do ataque. A casa de Barry foi destruída por pessoas que ele conhecia, e ferido
por uma pessoa que achava ser um amigo.
O silêncio foi quebrado pelo barulho dos cachorros, que pela localização devem ser da unidade K-9 do RPD.
"Onde nós podemos ir?" David perguntou rapidamente. "Existe algum prédio vazio, algum lugar que a Umbrella
não pensaria em procurar... algum lugar que a gente pode ir a pé?".
Brad!
Brad saiu da cidade dois dias depois do incidente na mansão - não agüentou a pressão.
"Vamos lá". Disse David.
Barry conhecia o caminho para sair do parque. Ele costumava andar lá com a esposa ao lado e suas filhas
dançando ao seus pés.
Jill abriu a porta da casa de Brad facilmente. Rebecca examinava Barry enquanto Chris procurava uma camisa.
David e Jill vasculhavam a casa.
Era uma pequena casa de dois dormitórios e um jardim nos fundos. Haviam casas bem próximas a de Brad
evitando a aproximação de alguém. A mobília era simples. Objetos pessoais e livros estavam espalhados pelo
chão. Isso mostrava que o ocupante estava em pânico incapaz de decidir o que fazer para se distrair.
Naquela noite eles discutiram sobre o que o que falariam para a polícia. Rebecca e David se despediram e foram
embora.
No sorriso de Rebecca, David podia ver que ela sabia perfeitamente sobre os riscos da missão. Ele estava
satisfeito por a ter alistado. Ele só podia esperar que as habilidades dela sejam suficientes para colocá-los e tirá-los
inteiros de Caliban Cove.
[2]
Depois de reler as informações sobre Caliban Cove, Rebecca colocou os papéis cuidadosamente na mala debaixo
do assento de David. Ele trouxe três malas para o aeroporto, uma para as armas, já no bagageiro e outras duas
para não chamar a atenção.
Rebecca desejava ter comprado algumas bolachas no aeroporto, ela não comia desde o almoço e as nozes não
estavam matando a fome.
Ela apagou a luz de leitura e sentou novamente, tentando deixar o suave motor do 747 acalmá-la para um
cochilo. A maioria dos passageiros do quase cheio avião haviam adormecido, inclusive David. Rebecca tinha muito
o que pensar. Nos últimos meses ela se formou passando pelo treinamento do S.T.A.R.S. e foi transferida para
seu novo apartamento numa nova cidade. Depois veio a mansão e agora as últimas horas que deram outra
reviravolta em sua vida.
Ela virou a cabeça e viu David no assento da janela - círculos escuros de exaustão em seus olhos. Rebecca
fechou os olhos e respirou profundamente o ar fresco da cabine pressurizada. Ela pode sentir o cheiro de suor na
pele e decidiu que tomar um banho seria prioridade ao chegar no hotel.
Clareando sua mente, ela começou a contar de cem para um. A técnica de meditação nunca tinha falhado nela,
mas pode não funcionar desta vez...
... noventa e nove, noventa e oito, Dr. Griffith, David, S.T.A.R.S., Caliban...
Antes de noventa ela já estava dormindo profundamente, sonhando com sombras se movendo que nenhuma luz
podia iluminar.
Como ele fazia todas as manhãs desde o começo do experimento, Nicolas Griffith sentou na plataforma no topo
do farol e olhou o sol se elevar sobre o mar.
Griffith sempre vê o sol iluminar o horizonte antes de começar o seu dia. Assim que o sol se separou do mar, ele
levantou-se e caminhou para o parapeito com seus pensamentos voltados para o dia a frente. Tendo finalmente
terminado o trabalho sangrento na série Leviathan (Leviathan series), ele estava preparado para trabalhar mais
extensivamente com os doutores. Todos os três responderam bem à mudança, e a taxa de deterioração celular
caiu consideravelmente. Era hora de se concentrar na situação comportamental deles, o estágio final do
experimento. Em semanas, Nicolas estará pronto para expandir para além dos limites do laboratório.
O vento balançava seu cabelo cinza, o choro faminto as gaivotas finalmente o levou a ação. Os Trisquads tem de
ser levados para dentro antes que os pássaros cheguem. Algumas unidades já foram horrivelmente machucadas
e ele não quer pô-las em risco novamente. Uma vez perdido os olhos, eles seriam inúteis na patrulha.
Griffith se virou e com seu cabelo balançando desceu a escada em espiral. Seus sapatos contra o metal criavam
um eco na alta torre. Tendo o estabelecimento para si mesmo fazia tudo mais prazeroso - comer o que quiser na
hora que quiser, trabalhar em seu próprio horário, as manhãs no topo do farol... Ele sofreu por muito tempo
devido aos horários - intermináveis reuniões ouvindo seus "colegas" falarem sobre o T-virus de William Birkin. Eles
se escravizaram para aparecer com os Trisquads para a Umbrella que ficou felicíssima com os resultados,
aparentemente esquecendo o fracasso com os Ma7s. Eles eram incapazes de ver além de sua arrogância por
uma imagem maior...
Como se os Trisquads fossem nada mais do que corpos com armas.
Com as ondas quebrando, ele foi na direção dos dormitórios. Nicolas já sintetizou um aerotransmissível, e tem o
suficiente para contaminar a maior parte da América do Norte. Assim que o vírus fizer seu trabalho o sol nascerá
num mundo muito diferente, inabitado por pessoas de caráter e vontade.
Tire as habilidades do homem, sua mente fica livre. Com treinamento, se torna um animal de estimação; sem,
ele se torna um animal selvagem. Cubra o mundo com tais animais, e só os fortes sobreviverão...
Ele entrou no dormitório, ligou as luzes e viu seus doutores onde os havia deixado - sentados a mesa de olhos
fechados. Eles foram infectados pelo vírus que Nicolas usará, e estão perto do que o mundo se tornará em
alguns dias.
Além do laboratório de pesquisa, o estabelecimento foi projetado para treinar armas biológicas como os Trisquads
e os Ma7s. Há itens que podem ser usados, desde simples testes até complicados quebra cabeças.
Aproximando-se da mesa, Dr. Athens abriu os olhos, provavelmente para ver se havia perigo vindo. Dos três,
Tom Athens era o mais forte; ele foi um dos especialistas em comportamento. De fato, ele surgiu com a idéia de
uma equipe de três unidades, o Trisquad, insistindo que elas fariam um trabalho mais eficiente em pequenos
grupos. Ele estava certo.
Thurman e Kinneson permaneceram quietos. Griffith percebeu um cheiro ruim vindo de um deles. Olhando para
baixo, ele confirmou sua suspeita pelo molhado nas calças de Thurman.
De novo.
Louis Thurman foi um idiota, um biologista decente mas tão ridículo e intolerante como os outros. Ele criou a
maioria dos Ma7s, e quando se tornaram incontroláveis, botou a culpa em todo mundo menos nele. É mau que
um bom doutor não saiba o quanto patético está sendo.
"Bom dia senhores", Nicolas disse se afastando da mesa. Em harmonia, os três viraram a cabeça para vê-lo.
"Parece que o Dr. Thurman evacuou os intestinos. Está sentado na merda. É engraçado".
Os três sorriram largamente. Dr. Alan Kinneson sorriu disfarçadamente. Ele foi o último a ser infectado, sofrendo
menor deterioração do tecido. Alan ainda podia se passar por humano.
Griffith tirou o apito de polícia do bolso e colocou na mesa na frente do Dr. Athens. "Dr. Athens, tire os Trisquads
do dever. Atenda suas necessidades físicas e os envie para a sala fria. Quando terminar, vá para a cafeteria e
espere".
O apito desativaria as equipes e os chamaria para dentro. Tom Athens pegou o apito e saiu da sala pelo hall da
outra entrada do dormitório.
Haviam quatro Trisquads, doze unidades no total. Eles estão vagando pela mata junto a cerca ou se movendo
secretamente em volta do abrigo, tendo sido treinados para ficar fora da área nordeste do composto, farol e
dormitório. Eles eram bem eficientes nisso. A Umbrella queria soldados que matassem sem piedade, e lutassem
até que ,literalmente, explodissem em pedaços. Uma vez treinados com armas, os Trisquads se tornariam
máquinas de matar - com a recente onda de calor, Nicolas não sabe o quanto eles estão viáveis.
Ele voltou sua atenção para Louis Thurman que ainda sorria e fedia como um bebê. Ele nem se parecia com um -
gorducho e calvo, ele sorri como uma inocente e ingênua criança.
"Dr. Thurman, vá ao seu quarto, tire as roupas, tome um banho e ponha roupas limpas. Depois vá para as
cavernas e alimente os Ma7s. Quando terminar vá para a cafeteria e espere".
Depois que ele se levantou, Griffith viu que a cadeira de Louis estava suja. "Leve a cadeira e a deixe no seu
quarto".
Nicolas sentou-se perto de Alan Kinneson, sentindo-se cansado, observando as bonitas característica do doutor -
seus olhos expressivos. Ele olhou para Griffith esperando ordens. Alan já foi um neurologista. Haviam fotos no seu
quarto, da esposa e de seu bebê, um garoto com um brilhante e bonito sorriso.
Por um segundo Nicolas pensou.
Quantos morrerão? Milhões, bilhões?
"E se eu estiver errado?". Disse ele. "Alan, me diga se eu estou errado, que eu estou fazendo isso pelas razões
certas...?
"Você não está errado". Alan respondeu calmamente. "Você está fazendo pelas razões certas".
Griffith olhou para ele. "Me diga que a sua esposa é uma prostituta".
"Minha esposa é uma prostituta". Alan disse. Sem pausa. Sem dúvida.
Griffith sorriu e o medo foi embora.
Amanhã , ao nascer do sol, Nicolas Griffith dará o seu presente para o vento.
Karen Driver é a especialista em ciência forense do S.T.A.R.S.. É alta, de cabelos loiros e curtos, na faixa dos
trinta anos e séria. Sua pequena casa era bem limpa quase antissepticamente. Ela emprestou suas roupas para
Rebecca.
David tinha alugado um carro no aeroporto e eles acharam um hotel barato onde ficaram em seu quartos
separados. Rebecca só acordou depois das dez, tomou banho e esperou por David.
Ela ouviu a porta abrir e fechar, e novas vozes tomaram conta da sala. O time estava reunido.
Daqui algumas horas, tudo estará acabado. O que me preocupa é que David e seu time não viram os cachorros,
as cobras, as criaturas nos túneis... e o Tyrant.
Rebecca tirou as imagens da cabeça enquanto se levantava pondo as roupas sujas numa mala vazia. Não há
razões para ser diferente em Caliban Cove. Ela parou em frente o espelho, estudou a mulher que viu e foi para a
porta.
Chegando na sala viu que Karen trouxe cadeiras extras. Haviam dois homens no sofá do outro lado onde David
estava.
David sorriu enquanto os dois homens se levantavam para serem apresentados.
"Rebecca, este é Steve Lopez. Ele é um gênio em informática e nosso melhor atirador".
Steve tem olhos escuros, cabelos pretos e era uma pouco mais alto que ela. Não muito velho...
"- e este é John Andrews, especialista em comunicação e campo de escuta".
Sua pele era escura e não tinha barba, mas lembrava o Barry.
"Esta é Rebecca Chambers, bioquímica do S.T.A.R.S.". David terminou a apresentação.
John soltou a mão dela ainda sorrindo. "Bioquímica? Caramba, quantos anos você tem?".
Rebecca sorriu, percebendo o tom de humor nos olhos dele. "Dezoito. E três quartos".
John deu risadas enquanto voltava a se sentar. Ele olhou para Steve e depois para ela. "É bom ficar de olho no
Steve, então. Ele fez vinte e dois. E é solteiro".
"Fica quieto". Steve resmungou com suas bochechas coradas olhando para Rebecca e balançando a cabeça.
"Você vai ter que desculpar pelo John. Ele acha que adquiriu um senso de humor e ninguém pode contrariar".
"A sua mãe acha que eu sou engraçado". John retrucou, e antes que Steve pudesse responder David acabou
com o papo.
"Já chega". Disse. "Nós temos algumas horas para nos organizar se pretendemos fazer isso hoje.
A brincadeira dos dois foi bem-vinda por quebrar a tensão de Rebecca, fazendo com que se sinta uma do grupo
quase que instantaneamente. Assim que David começou a por as informações de Trent sobre a mesa, ela
começou a pensar sobre o que virá pela frente. Estando fora de algum organismo vivo, o vírus já pode ter
"morrido". Mas quem sabe se ele já contaminou alguém.
O vírus ainda infecta? Aquele lugar pode estar cheio de Tyrants... ou algo pior.
Rebecca não tem respostas para essas insistentes dúvidas. Ela dizia a si mesma que suas ansiedades não
interferiram em seu trabalho. E que a sua segunda missão não será a última.
"Nosso objetivo é entrar no complexo, coletar provas sobre a Umbrella e sua pesquisa, e sair com o mínimo de
problemas possível. Eu reverei cada passo a fundo e se algum de vocês tiver perguntas ou dúvidas sobre como
proceder, não importa o quanto insignificante, eu quero ouvi-las. Entendido?".
Todos concordaram e David continuou confortavelmente sabendo que chegou onde queria.
"Nós já discutimos algumas das possibilidades sobre o que pode ter acontecido lá, sendo que vocês já leram os
artigos. Eu digo que nós estamos lidando mais uma vez com algum tipo de acidente. A Umbrella se empenhou
bastante para encobrir o problema em Raccoon City".
"Por que a Umbrella ainda não enviou ninguém para Caliban Cove?". John perguntou.
"Quem sabe". Disse David. "Eles podem ter limpado as evidências - de qualquer modo, nós nos juntamos as
pessoas de Raccoon e nossos contatos para começar de novo".
Novamente todos concordaram. David olhou para o mapa.
"Ponto de entrada. Se esse fosse um ataque aberto, nós podíamos ir de helicóptero ou simplesmente pular a
cerca. Mas se ainda tiver gente lá e nós dispararmos o alarme, estará tudo acabado antes de começarmos.
Sendo que nós não queremos ser descobertos, nossa melhor opção é ir pelo mar. Podemos usar um dos barcos
da operação do petroleiro do ano passado".
"Eles não teriam um alarme no cais?". Karen perguntou.
"Eu não recomendaria usar o cais. Podemos ver no mapa que é possível esconder o barco em uma das cavernas
debaixo do farol. De acordo com o que eu li, existe uma entrada que liga a base dos rochedos ao farol. Se ela
estiver bloqueada, tentaremos outra caminho".
"O barco não chamará atenção se alguém estiver vendo?". Perguntou Rebecca.
"Ele é preto e o motor fica sob a água. Se a gente for à noite, devemos ficar invisíveis".
David esperou eles terminarem de pensar, não querendo apressá-los. Eles eram bons soldados - sua equipe. Se
algum deles tiver dúvidas, é bom esclarecê-las agora. Ele reparou na jovem face de Rebecca. Ele estava
começando a gostar dela, mais do que uma ferramenta para a missão...
"David colocou os pensamentos de lado e continuou.
"Vamos para os detalhes. Uma vez dentro, nos moveremos em fila através do complexo pelas sombras. Karen
ficará atrás de John procurando o laboratório e verificando o que pode ter acontecido. Steve e Rebecca os
seguirão. Eu irei logo atrás. Quando acharmos o laboratório, entraremos juntos. Rebecca saberá o que procurar
em termos de material, se tiver um sistema de computador funcionando, Steve pode verificar os arquivos. O
resto de nós dará cobertura. Terminando o serviço, nós voltaremos por onde viemos".
Todos revisaram o material de Trent.
"Nós podemos confiar nele? Karen perguntou.
"Parece que ele está do nosso lado em tudo isso. Sim". David respondeu vagarosamente.
"Quais são as chances de contrairmos o vírus?". Steve perguntou.
Rebecca respondeu. "Eu não posso dizer com certeza. Quando fui tirada do caso, eu perdi acesso às amostras
de tecido e saliva. Pelos efeitos, o T-virus é um mutagene que altera a estrutura do cromossomo do hospedeiro.
Pode contagiar plantas, mamíferos, pássaros, répteis etc. Em algumas criaturas ele pode promover um
crescimento incrível; em todos eles comportamento violento. Posso dizer que ele afeta o cérebro, pelo menos em
humanos - induz algo como uma psicose esquizofrênica. Ele também inibi a dor. As vítimas humanas que
enfrentamos não pareciam sentir ferimentos à bala. Na mansão, o vírus parecia ser aero-transmissível. Os
cientistas estavam, com certeza, usando o vírus em experimentos genéticos. E desde que nenhum de meu time
o contraiu, não precisamos nos preocupar com a respiração.
Nós devemos ficar de olho no contato com um hospedeiro, eu digo qualquer contato - essa coisa é bastante
virulenta ao entrar na corrente sangüínea. Uma gota de sangue pode conter centenas de milhões de partículas.
Qualquer contato com o vírus deve ser evitado a todo custo. Com sorte o vírus já deve estar morto... ou
deteriorando. Os hospedeiros, de qualquer modo".
Depois de um momento de silêncio John falou.
"Bom, parece um trabalho de merda. Se nós quisermos chegar lá a tempo, é bom sairmos logo". Ele disse
sorrindo para David. "Você me conhece, eu amo uma boa luta. Alguém tem que parar esses idiotas de espalhar
aquela coisa por aí, certo?".
Todos concordaram, mesmo sem saber o que viriam pela frente.
Olhando no relógio, David viu que faltavam algumas horas para embarcar. "Certo. É melhor a gente ir para o
depósito e "fazer as malas".
Karen estava na traseira da van carregando clips enquanto as misteriosas palavras da mensagem contida no
material de Trent se repetiam em sua mente.
... Ammon's message received / blue series/ enter answer for key / letters and numbers reverse / time rainbow /
don't count / blue to access.
Ela terminou um clip e colocou junto aos outros - secando suas mãos oleosas na calça ela pegou outro. Uma leve
brisa, cheirando sal e mar morno de verão passou pela quente van.
Eles passaram para o outro lado da estrada encontrando um lugar limpo para acampar a menos de dois
quilômetros da praia. Do outro lado o sol estava se pondo. O não tão distante som das suaves ondas estava
calmo - as baixas vozes dos outros trabalhando.
Steve e David estavam arrumando o barco, enquanto John mexia no motor. Rebecca arrumava um kit médico
que eles "pegaram emprestado" do depósito de equipamentos do S.T.A.R.S..
... as letras e números... um código? Tem a ver com o tempo? Contar? Seria a soma das linhas, ou outra coisa?
Ela não tirava isso da cabeça. As semi automáticas estavam limpas e prontas, e os clips carregados. Ninguém
estaria levando outras armas além das Berettas do S.T.A.R.S.. David insistiu para que viajassem leves. Depois de
ter ouvido mais sobre os zumbis, ela estava feliz por ter um revólver e uma lanterna.
Com um sentimento de culpa, Karen tirou do bolso do colete seu segredo, confortada pelo peso familiar na mão.
Deus, se o pessoal soubesse, eu nunca ouviria o final disso.
Foi dado pelo seu pai, o que sobrou do seu serviço na Segunda Guerra Mundial, um dos poucos itens que a
fazem lembrar dele - uma antiga granada abacaxi; chamada assim por causa do seu exterior feito de linhas
cruzadas. A granada era seu pé de coelho, ela não participou de uma missão sem ela.
"Karen, precisa de ajuda?".
Assustada, Karen olhou para Rebecca, que possuía um brilho de curiosidade nos olhos.
"Eu achava que não estávamos levando explosivos... isto é uma granada abacaxi? Eu nunca vi uma. Ela está
viva?".
Karen olhou em volta com medo de que alguém do time tivesse escutado - depois olhou para a bioquímica,
envergonhada.
"Shh! Eles nos ouvirão. Vem aqui um segundo". Karen disse. Rebecca, obedientemente, engatinhou para dentro
da van.
Karen estava absurdamente agradecida pela descoberta de Rebecca. Em sete anos de S.T.A.R.S., ninguém
havia descoberto.
"É uma abacaxi, e não estamos levando explosivos. Não diga à ninguém, tá? Eu carrego ela para dar boa sorte.
Rebecca arregalou os olhos. "Você carrega uma granada viva para dar sorte?".
"Sim, e se Steve ou John descobrirem, eles irão cair em cima de mim. Eu sei que é bobeira, mas é um tipo de
segredo".
"Eu não acho bobeira. A minha amiga Jill tem um chapéu da sorte...". Rebecca tocou a fita vermelha em sua
testa. "... e eu tenho usado isto por algumas semanas. Estava usando ela quando fui para a mansão".
Sua jovem face se fechou, e depois sorrindo novamente disse direta e sincera.
"Não direi uma palavra".
Karen decidiu que realmente gostava dela. Ela colocou a granada no bolso olhando para Rebecca. "Obrigado.
Bom, estão todos prontos lá?".
"Sim, acho. John quer conferir os fones de novo, fora isso, tudo está feito".
"Vá em frente e entregue as armas, eu pego o resto".
Rebecca ajudou Karen a descarregar assim que o sol sumia no horizonte. O vento ficou mais forte, a água mais
fria e as primeiras estrelas ficaram à vista sobre o Atlântico.
Eles andaram para a água em silêncio carregando suas armas. Assim que a luz do dia desapareceu John e David
deslizaram o barco na água, Karen colocou um gorro preto e deu um tapinha no pesado bolso para sorte, dizendo
a si mesma que não precisará usá-la.
A verdade está esperando. É hora de saber o que realmente está acontecendo.
[3]
Steve e David foram para a frente do barco com capacidade para seis pessoas. Rebecca e Karen foram logo em
seguida. John entrou por último e ao sinal de David, ligou o motor apertando um botão; era silencioso como David
havia falado.
"Vamos". David disse. Rebecca respirou fundo assim que eles rumavam para norte, em direção a ilha. Ela
procurava na escuridão por algum sinal que marcasse o começo do território particular, mas não conseguia
perceber nada. Estava mais escuro e frio o que ela esperava.
Rebecca viu um flash de luz enquanto David erguia o binóculo de visão noturna em busca de movimento na
costa.
"Eu vejo a cerca". David disse suavemente.
Ela voltou sua atenção para a costa, imaginando o quanto estavam perto. Já se podia ouvir a água se chocando
com as rochas.
"Há uma doca". Disse David. "John, vire a estibordo, duas horas".
Houve um som de metal raspando na madeira - não haviam barcos que se pudesse ver.
Rebecca deu uma olhada na escuridão e só viu o contorno de uma estrutura que poderia ser um galpão onde os
barcos ficam. Não era possível ver as outras construções do mapa de Trent. Eram seis estruturas além do farol.
Cinco delas espalhadas ao longo da enseada, dispostas em duas linhas paralelas - três em frente e duas atrás. A
Sexta estrutura estava atrás do farol. Todos esperavam que essa fosse o laboratório; eles conseguiriam o que
precisam sem procurar no complexo inteiro.
"A casa dos barcos é de madeira, as outras parecem ser de concreto. Eu não... esperem". O sussurro de David
se tornou urgente. "Alguém... duas, três pessoas vieram de trás de um dos prédios".
Rebecca sentiu um estranho alívio fluindo através dela - alívio, desapontamento e uma súbita confusão. Se houver
pessoas, o T-virus pode não ter sido solto. Isso significa que o complexo está ocupado e as patrulhas tornarão a
operação impossível.
Por que está tão escuro? E por que tudo parece morto aqui, tão vazio?
"Vamos abortar?". Karen cochichou, e antes que David pudesse responder, Steve respirou forte fazendo o
sangue de Rebecca congelar.
"Três horas, grande, oh Jesus é imenso".
BAM!
O barco foi atingido e mergulhado na turbulenta água do mar.
A água o envolveu, gelada e salgada, queimando os olhos de David que perdido, ofegava.
Onde está... o time, onde está.
David girou em volta, respirando profundamente, e ouviu uma tosse a sua esquerda.
"Vá para a costa", ele disse girando em um círculo, tentando achar suas posições, achar a da criatura.
O barco estava a dez metros atrás dele, de ponta cabeça. A força do ataque os jogou longe, mais perto da ilha.
Viu duas figuras entre ele e a costa. Ele não podia ver a coisa que acertou o barco mas esperava sentir a mordida
a qualquer momento.
"Vão para a costa". Disse de novo.
"David". John aterrorizado gritou de além do barco que boiava.
"Aqui! John, por aqui, siga a minha voz!".
John foi na direção de David que nadava para a praia rochosa. Ele viu o topo da cabeça de John aparecer, viu
seus braços baterem na escura água.
"Siga-me, estou bem aqui".
Uma gigante sombra ergueu-se atrás de John à uns três metros, arredondada e impossível. Os eventos
aconteceram como num sonho em câmera lenta na frente dos olhos de David.
Ele viu grossos e pontiagudos tentáculos de cada lado, perto do topo de sua erguente sombra.
Tentáculos não, antenas.
E percebeu que estava vendo a barriga de um monstruoso animal que não podia existir, tão grande como uma
casa. O corte negro de sua boca abriu, revelando afiados dentes do tamanho de um punho humano.
Quando aquilo vier abaixo, John será engolido pelas fortes garras. Ou esmagado. Ou levado para o fundo - uma
refeição afogada para a criatura.
No instante que ele viu os fatos, já estava gritando.
"Mergulhe! Mergulhe!".
A aberração estava caindo, seu corpo de serpente envolveu o frenético nadador. David reparou nos bulbosos
olhos, cada um do tamanho de uma bola de vôlei... e a criatura caiu, mandando explosivas ondas no ar. Antes
que David pudesse respirar, uma tremenda onda o atingiu, levando-o violentamente para trás.
Houve um momento de pressa assim que ele lutava contra a força exercida em seus membros, tentando achar
ar na envolvente corrente.
Chutando violentamente, ele voltou à tona sentindo o frio ar batendo na sua pele - e as mornas mãos humanas
puxando seus ombros.
Ele respirava convulsivamente enquanto suas botas raspavam nas rochas, e a voz de Karen atrás dele.
"Peguei ele".
David pegou fôlego e se virou. Pessoas molhadas estavam estendendo as mãos, Steve e Rebecca.
Meu Deus, John.
"Eu estou bem". David disse. "John... alguém está vendo ele?".
Ninguém respondeu.
"John!". Ele chamou, tão alto quanto podia, procurando e nada vendo.
"John". Ele chamou de novo - esperança diminuindo.
"O que?". Uma voz estrangulada veio das rochas à esquerda deles.
David respirou aliviado assim que a figura pingando de John saia das sombras.
Steve foi em sua direção, agarrando seu braço e o apoiando nas rochas.
"Eu mergulhei". John disse.
David se virou olhando para cima, para o complexo, além da fatia de praia coberta de pedrinhas. Eles estavam na
base de uma pequena queda angulosa, no local plano. O choque do monstruoso peixe - se puder ser chamado
assim - não era mais importante. Eles estavam fora da água agora.
Eles nos viram? Não podemos ficar aqui...
"A casa dos barcos". David disse virando a sul. "Rápido".
Karen pegou a dianteira, os outros a seguiram de perto. Ninguém parecia seriamente ferido. David correu depois
de John, com suas pernas doendo.
Assim que eles subiram as pedras, David ouviu um ruído abafado de metal, viu Rebecca abraçando o pacote de
munição em seu peito. Ele sentiu novas esperanças; se eles pudessem vê-las em algum lugar seguro...
A construção estava à frente, à direita, quieta e escura, a porta fechada de frente para a doca de madeira. Não
dava para saber se estava vazia à apenas dez metros de distância.
Sem escolha.
"Fiquem abaixados". David disse em voz baixa e todos foram na direção do lugar.
Karen abriu a porta. Nenhum alarme disparou. Steve e Rebecca foram atrás dela, depois John, depois David que
fechou a porta de madeira.
"Fiquem aonde estão". Disse suavemente. Fora a respiração de todos o local estava quieto. Mas havia um cheiro
horrível no ar, um cheiro de algo morto a algum tempo...
O fino raio de luz cortou a escuridão, revelando uma grande e quase vazia sala sem janelas. Cordas e coletes
salva-vidas pendurados por estacas de madeira, uma bancada corria o comprimento de uma parede, alguns
serrotes e prateleiras desorganizadas...
-meu Deus -
A luz congelou na outra porta da sala, diretamente em frente a que eles entraram. O raio de luz iluminou um
corpo nu e um casaco de laboratório esfarrapado com manchas de óleo. Fibras secas de músculo saiam de uma
face não muito sorridente.
O corpo foi pregado na porta, uma mão fixada mostrando um aceno de boas-vindas. Aparentemente, morto a
semanas.
Steve sentiu algo subindo em sua garganta. Ele engoliu, desviando o olhar, mas a grotesca imagem já estava
fixada em sua mente - a face sem olhos e de pele descascada...
Jesus, isso é alguma piada? Steve sentiu-se tonto.
Por alguns segundos ninguém falou, até que David começou a falar baixo com a mão sobre a luz.
"Vejam seus cintos e soltem seus clips. Eu quero status agora, danos depois equipamento. Respirem fundo,
todos. John?".
A voz de John surgiu à esquerda de Steve. Karen e Rebecca estavam à sua direita. David ainda na porta.
"Eu estou com meleca de peixe no corpo, mas estou bem. Estou com a minha arma mas perdi a lanterna. Tal
como os rádios".
"Rebecca?".
"Estou bem... hum, minha arma está aqui, lanterna e kit médico... ah, e munição".
Steve se checou enquanto ela falava, segurando sua Beretta, ejetando o clip molhado e pondo-o em um bolso.
Havia um lugar vazio em seu cinto onde a lanterna deveria estar.
"Steve?".
"É, sem ferimentos. Arma mas sem luz".
"Karen?".
"Também".
Os dedos de David se moveram, permitindo a leve luz se espalhar pelo lugar. "Ninguém está ferido e ainda
estamos armados; podia ter sido pior. Rebecca, passe os clips, por favor. A cerca não deve estar a mais de
cinqüenta metros a sul daqui, e há árvores suficientes para cobrir desde que ninguém nos tenha visto".
Steve pegou três clips de Rebecca, agradecido. Colocou um na arma.
Ótimo, bom, vamos detonar. Primeiro aquela coisa que quase nos comeu, agora Sr. Morte dando um tchauzinho
como se quisesse dizer oi...
Steve não é assustado facilmente, mas sabia do perigo quando a viu.
David se aproximou do corpo decomposto, um olhar de nojo cobriu sua face. "Karen, Rebecca, venham ver isso.
John pegue a luz de Rebecca e veja se consegue achar algo de útil com Steve".
John pegou a lanterna e andou com Steve pela longa bancada.
"O T-virus não fez isso". Rebecca disse. "Padrão de decomposição todo errado...".
Silêncio, então Karen falou. "Vê aquilo? David me dê a lanterna por um segundo".
John direcionou a luz sobre a suja tábua da bancada. Um copo de café quebrado. Uma pilha de nozes
engorduradas e dardos no topo de um alvo. Uma chave de fenda elétrica empoeirada e gumes num pano
manchado.
Nada, não tem nada aqui. Nós devíamos sair desse lugar antes que alguém venha dar uma olhada...
John abriu a gaveta e a revirou enquanto Steve tentava descobrir o que estava numa prateleira. Atrás deles,
Karen falava.
"Ele não estava morto quando foi pregado, eu diria que estava perto. Inconsciente. Não há machucados;
sugerindo que ele não lutou... e tem marcas de raspagem aqui e aqui; eu diria que ele foi baleado pela porta de
trás e arrastado".
John terminou a varredura na gaveta e eles prosseguiram - o som de botas contra o chão de madeira. Um grupo
de soquetes de tomada. Um rádio barato. Um saco de papéis amarrotados perto de um lápis.
Algo esbarrou nos pensamentos de Steve fazendo-o parar, olhando para o saco. O lápis...
Ele pegou o papel amassado. Haviam várias linhas escritas perto do final da folha.
"Ei, achamos alguma coisa". John disse baixo, iluminando o papel enquanto os outros vinham. Steve leu em voz
alta, iluminando as palavras. Não havia pontuação; ele fez de tudo para fazê-las.
"... 20 de Julho. A comida estava drogada, estou enjoado - eu escondi o material para você, dados enviados. Os
barcos estão afundados e ele deixou os..."
Steve franziu as sobrancelhas incapaz de ler a palavra.
Tris... Tris-Squads?
"Os barcos estão afundados e ele deixou os Trisquads fora - escuro agora, eles virão, eu acho que ele matou o
resto - pare-o - Deus sabe o que ele pensa em fazer. Destruir o laboratório - encontrar Krista, diga a ela que sinto
muito, Lyle sente muito. Eu quero - ".
Não havia mais nada.
"A mensagem de Ammon". Karen disse suavemente. "Lyle Ammon".
Não precisava ser detetive para descobrir quem estava pendurado na porta. Ele tem uma identidade agora. E a
mensagem que Trent deu a David estava tão estranha porque o pobre homem estava dopado ao mandá-la.
"Bom em dar um nome a face, hein?" John disse sem nenhum sorriso.
O que é um Trisquad? Quem é "ele"?.
"Talvez a gente deva olhar em volta mais um pouco". Rebecca disse, mas David balançou a cabeça.
"É melhor deixar para lá. Nós vamos...?
Ele parou de falar quando pesados passos soaram no lado de fora da porta a qual vieram. Todos congelaram,
ouvindo. Outros passos, e quem quer que sejam, não estavam tentando esconder sua aproximação.
Eles pararam na porta - e ficaram lá, sem tocar na maçaneta, sem chutar a porta e sem outro som. Esperando.
David circulou o dedo no ar, apontando para Karen e depois para a porta com o corpo de Lyle Ammon. O sinal
para sair, Karen primeiro.
Todos seguiram em direção do corpo, Steve respirava pela boca a cada "creck" que faziam.
Assim que Karen abriu a porta, o silêncio foi quebrado por tiros de uma metralhadora - vindo da direção de sua
rota de fuga.
[4]
Karen pulou assim que balas perfuravam a porta. Pedaços de carne podre voavam do corpo de Ammon; o corpo
dançava num ritmo de ação macabra.
Quem quer que esteja atirando, está se aproximando. Os tiros ficavam mais altos e estilhaços de carne e
madeira os atingia. Estavam encurralados; ambas as saídas bloqueadas.
Rebecca agarrou com força sua Beretta na mão esperando um sinal de David. Ele apontou para noroeste do
complexo gritando para ser ouvido sob os tiros.
"Rebecca, a outra porta! John, Karen, próximo prédio! Steve, nós cobrimos! Vão!".
Steve e David saltaram fora e começaram a atirar. John e Karen saíram correndo, desaparecendo
instantaneamente na escuridão.
Rebecca mirou na porta de trás, seu coração pulando na garganta. As paredes tremiam.
"Morre! Jesus, porque eles não morrem?" Steve gritou atrás dela, fazendo seu sangue gelar com o tom de terror
em sua voz.
Zumbis?
Sem tirar os olhos da porta, Rebecca gritou o mais alto que pode.
"Na cabeça! Mire na cabeça!".
Não havia como saber se eles escutaram.
"Rebecca, vamos!".
Ainda sob o som de tiros de metralhadora, ela olhou para trás e viu Steve atirando em algo e David sinalizando
para ela se mover.
Ela foi na direção da porta com o corpo ainda pendurado. A cabeça parecia uma abóbora podre, dentes
estilhaçados, pegajosos pedaços de pele radiando de trás da cabeça. A mão não estava mais conectada ao
braço, o *Rádio e a *Ulna estouraram. O corpo estava lá como alguma decoração obscena, acenando...
Steve atirou de novo e o som da metralhadora cessou. Ele ergueu a arma, e assim que abriu a boca para dizer
algo -
- a porta de trás estraçalhou - balas voando através do escuro numa chama de fogo laranja. David a puxou para
porta e ela correu, o som de nove milímetros soou atrás dela.
Ela correu a toda velocidade, seus sapatos molhados socando o chão rochoso, procurando o contorno de um
grande bloco de concreto e as finas árvores que circundavam a escuridão à frente.
"Aqui".
Ela desviou em direção ao chamado, viu a silhueta de John no canto de um prédio. Aproximando-se dele, viu a
porta aberta, Karen em pé na entrada com sua arma em direção a casa dos barcos. Balas ainda cantavam no
escuro.
"Entre!". Karen gritou saindo do caminho.
Rebecca correu sem diminuir até estar dentro. Ela colidiu com uma mesa, batendo dolorosamente sua coxa na
quina.
Virando, viu Karen atirando e John berrando. "Vamos, vamos!".
E Steve passou pela porta respirando. Ele parou antes de atingir Rebecca - uma mão agarrando seu colete.
Rebecca foi até a porta de aço assim que David a cruzou dizendo:
"Karen, John!".
Karen recuou para o escuro, arma ainda erguida. Houve mais três disparos de uma Beretta e John entrou.
Rebecca fechou a porta. O leve "click" da tranca foi dificilmente ouvido pelos ouvidos que apitavam. Do lado de
fora os tiros pararam. Não houve vozes entre os agressores, alarme, latidos de cachorro ou gritos de feridos.
O silêncio era total, quebrado apenas pela respiração no úmido e quente escuro.
Um raio de luz revelou as faces chocadas do time assim que David iluminou seu esconderijo.
Uma sala de meio tamanho, cheia de mesas e computadores. Não haviam janelas.
"Você viu aquilo?". Steve disse para ninguém. "Deus, eles não iam cair, você viu aquilo?".
Ninguém respondeu, e apesar de estarem fora de perigo, Rebecca não sentiu sua adrenalina diminuir, não sentiu
seu coração voltar a nada próximo do normal; parece que a Umbrella encontrou uma nova aplicação para o
T-virus.
E gostando ou não, nós teremos que lidar com as conseqüências.
Eles estavam presos em Caliban Cove. E lá, as criaturas tinham armas.
David respirou fundo e exalou pesadamente, iluminando a porta. "Eu diria que fomos descobertos. Poderíamos
ver no que entramos. Rebecca, acenda as luzes".
Ela apertou o botão na parede e a sala se iluminou, acima fluorescentes pulsando para a vida. David avaliou seu
time e viu que Steve tinha uma mão no peito.
"Você está ferido?".
"O colete a segurou". Ele disse parecendo mais sufocado que os outros, sua face mais pálida do que devia.
Rebecca olhou para David que respondeu com um balanço de cabeça.
"Cheque-o. Mais alguém?".
Ninguém respondeu enquanto Rebecca pedia a Steve para tirar o colete. David virou-se e olhou a sala. Haviam
seis mesas de metal, cada uma com um computador. As paredes de cimento eram planas e não tinham
decorações. Tinha outra porta na parede oeste que deve se aprofundar mais no local.
"Karen, proteja aquela". Ele disse. "Não parece que estamos encarando um acidente. O que o bilhete dizia? A
comida estava drogada e alguma coisa sobre um "ele" matando os outros... é possível que nós não estejamos
olhando para uma contaminação do T-virus?".
--------------------------------------------------------------
* Rádio e *Ulna - Ossos que compõem o antebraço.
-------------------------------------------------------------- Rebecca terminou de examinar o peito de Steve, o expert em
informática estava sentado em uma das mesas na frente dela. "Você está bem. Nada quebrado".
Ela voltou para David. "É, se isso tivesse acontecido, aquele cara na porta, Lyle Ammon, teria sido infectado. Mas
os Trisquads - se eles são o resultado de experimentos com o T-virus, eles já estariam podres agora. Já se
passaram três semanas desde que o bilhete foi escrito. Pode ser um vírus diferente ou alguém esteve cuidando
deles. Manutenção de enzimas, talvez algum tipo de refrigeração".
"E se esse "alguém" ficou bravo e matou todo mundo, pra que perder tempo?". David falou.
"Aquele corpo". Karen disse. "E a criatura ou criaturas lá fora. É como se ele esperasse alguém vir..."
"... mas não significa para nós ir muito longe". John terminou.
"Então o que fazemos agora?". Steve perguntou.
David não respondeu, incerto sobre o que dizer. "Eu... nossas opções são ir embora ou ir mais adentro". Disse
calmamente. "Considerando o que aconteceu, eu não me sinto confortável visitando esse lugar. O que vocês
querem fazer?".
David olhou de face em face, esperando ver raiva e desprezo mas ficou surpreso pelo sorriso de Karen.
"Já que você perguntou, eu quero saber o que aconteceu aqui". Karen disse brilhante e ansiosa.
"É, eu também. Eu ainda quero ver o T-virus". Rebecca disse.
"Eu ainda quero destruir mais desses Tri-boys". John disse sorrindo. "Caramba, zumbis com M-16 - noite do
esquadrão dos mortos-vivos".
"Eu também quero". Steve disse. "Voltar não é muito seguro. Não foi do jeito que eu queria, mas pegar provas
sobre a Umbrella era o plano original... sim, eu quero pegar esses desgraçados".
David sorriu. Ele tinha acabado de subestimar a situação, ele gravemente subestimou sua equipe.
"O que você quer fazer?". Rebecca perguntou de repente. "Mesmo".
A pergunta o surpreendeu de novo, não porque ela perguntou, mas sim porque ele não tinha resposta. Ele
pensou no S.T.A.R.S., em sua carreira e tudo o que isso já lhes custou. Estudou o curioso olhar dela e sentiu os
outros o olhando, esperando.
"Eu quero que nós sobrevivamos". Ele finalmente disse, verdadeiramente. "Eu quero que façamos isso fora
daqui".
"Amém". John resmungou.
David lembrou do que disse à Chris para conseguir a aprovação dessa operação, algo sobre cada um deles fazer
o melhor que puder para ter sucesso contra a Umbrella.
Aprenda, Capitão...
"John, você e Karen, dêem uma olhada neste lugar, vejam as portas e estejam de volta em dez minutos. Steve,
ligue um desses computadores e veja se consegue achar um plano detalhado das áreas. Rebecca, nós veremos
as mesas. Nós queremos mapas, dados sobre os Trisquads, T-virus e qualquer coisa pessoal sobre os cientistas
que possa nos dizer quem está por trás disso tudo".
David olhou para eles, percebendo que foi claro. "Vamos lá".
Eles iriam derrubar a Umbrella.
Dr. Griffith pode não ter percebido a falha na segurança se não fosse pelos Ma7s; eles pareciam úteis apesar de
não ser essa sua intenção.
Ele passou a maior parte do dia no laboratório. Uma vez que ele decidiu soltar o vírus, não restava mais nada a
fazer. As horas voaram; cada olhada no relógio era uma surpresa. Ele seria o primeiro a transformar o mundo.
Com aquilo na sua frente, a única tarefa com que se preocupar é levá-lo para o topo do farol. Logo depois do
amanhecer ele dará as instruções finais para os doutores - e assim orgulhosamente guiar a espécie humana para
dentro da luz, para o milagre da paz.
Foi o pensamento dos Ma7s finalmente terem amanhecido dentro das cavernas, que o despreocupou. Ele já
cometeu esse erro com os Leviathans; ao assumir o controle do complexo, ele abaixou os portões da enseada,
esperando que as criaturas sintam-se tão livres quanto ele. Foi no dia seguinte que ele percebeu que a Umbrella
poderia descobrir e vir dar uma olhada, colocando um fim em seus planos. Ele continuaria mandando relatórios
semanais para maquiar a situação, mas não teria como explicar a "fuga" de quatro criaturas. Foi sorte de os
Leviathans terem voltado.
Os Ma7s eram um problema totalmente diferente. Eles eram imprevisíveis e violentos demais para ficarem do lado
de fora. Mas deixá-los morrer de fome nas jaulas não parecia certo; não foi a escolha deles de existir como
armas de destruição.
Ele ficou em frente ao portão externo por um tempo, considerando o problema dos cinco animais se atirarem uns
nos outros. Havia uma tranca manual perto de lá, e outra no laboratório. Não há modo de soltá-los do farol e
certamente não podem sair até Nicolas ficar em segurança. Ele poderia mandar um dos doutores para isso, mas
os Ma7s tem um metabolismo muito mais lento que o dos humanos.
Um mês antes da tomada do complexo, Dr. Chin e dois de seus veterinários cometeram um erro ao tentar
examinar um doente; foi um modo muito ruim de morrer.
Ele sentou em frente do computador olhando para o cursor que piscava indicando "sistema em uso" num dos
abrigos. Não havia chance de ser um erro, exceto pelos terminais do laboratório, o resto foi desativado semanas
atrás. A Umbrella veio.
Eles NÃO vão, NÃO vão me parar.
A primeira emoção foi raiva, uma fúria que o fez perder a razão.
Ainda haviam dois outros terminais no laboratório e ele andou rapidamente para um deles, olhando os doutores
sentados e quietos. Ele sentiu um ódio por eles, por criar os Trisquads; os "invencíveis" guardas que falharam na
hora em que mais precisou.
Ele sentou, ligou o computador e esperou impaciente pela silhueta do guarda-chuva girando acabar. O sistema de
segurança do complexo ficava no laboratório; de lá ele é capaz de ver o que o intruso está procurando sem
alertá-lo de sua presença.
Ele digitou várias senhas, esperou, depois digitou seu número. Após breves pausas, brilhantes linhas verdes de
informações encheram a tela. Ele conseguiu.
Olhando para as informações, ele pensou porque alguém da Umbrella estaria procurando pelo laboratório. Está
procurando no lugar errado. Os projetistas do sistema não eram idiotas, não há mapas deste lugar nos
arquivos...
... e a Umbrella saberia disso. Significa que...
O alívio passou por ele, tão puro que ele riu. Não era a Umbrella e isso muda tudo. Mesmo se eles tentarem
achar o laboratório, nunca entrariam sem um key card (cartão-chave). E Griffith destruiu todos.
Exceto o de Ammon. Nunca foi encontrado.
Ele gelou, depois balançou a cabeça. Ele havia procurado em todo lugar pelo cartão, quais as chances de um
invasor achá-lo.
E quais as chances de passarem pelos Trisquads, hein? E o que Lyle fazia nas horas em que você não o achava?
E se ele mandou alguma mensagem? Você só verificava transmissões para a Umbrella, mas se ele contatou mais
alguém?
O computador começou a mostrar informações sobre os testes de socio-psicologia que Ammon projetou. Griffith
sentiu seu controle diminuir de novo.
Eu sou um cientista, não um soldado. Eu nem sei atirar, lutar! Eu seria inútil em combate...
Imprevisível, incontrolável.
Um sorriso surgiu em seu rosto. Sangue escorria, da palma da mão, de onde suas unhas perfuraram, mas não
sentiu dor.
Seu olhar voltou-se para o aberto e silencioso laboratório. Depois para as vazias e estúpidas faces dos doutores.
Para os cilindros de ar comprimido e para o vírus, seu milagre. E finalmente para os controles que dão para a jaula
dos animais.
Nicolas sorriu largamente. O sangue pingou no chão.
Deixe-os vir.
Steve leu em voz alta. Rebecca viu David olhando para o relógio e para a porta várias vezes. Ela não achava que
se passou dez minutos, mas estava perto. John e Karen ainda não voltaram.
"... onde cada um é projetado para medir a aplicação de lógica, assim que um índice de técnicas de projeção
forem combinadas com precisão...".
Deve ser um relatório sobre a análise de algum teste de Q.I.. Deve ter sido escrito por um cientista. Ainda assim
foi o que apareceu quando Steve perguntou por informações sobre a série azul (blue series).
Alguém esvaziou a sala, e fez um bom trabalho. Ela achou livros, grampeadores, canetas, lápis, elásticos e clips
de papel, mas nenhum pedaço de papel escrito.
A busca no computador de Steve não estava indo bem; nenhum mapa e nada do T-virus. Quem quer que tenha
assumido o controle do lugar, acabou com tudo o que eles poderiam usar.
Exceto aquele teste de psicologia que nem se quer mencionou a palavra azul.
Steve apertou uma tecla e brilhou.
"Aqui vamos nós... a série vermelha (red series), quando vista de uma escala padrão, é mais básica e simples,
com um quociente de inteligência 80. A série verde (green series)...".
Ele parou. "Apagou tudo".
Rebecca desviou o olhar da mesa quase vazia a qual vasculhava quando viu David se juntando a Steve.
"Rebecca". David a chamou.
Ela fechou a gaveta e foi até Steve, curvando-se para ler o que estava escrito na tela.
O homem que o faz não precisa. O homem que o compra não o quer. O homem que o usa não sabe.
"É uma charada". David disse. "Algum de vocês sabe a resposta?".
Antes que algum deles pudesse responder, Karen e John voltaram para a sala, ambos segurando as armas.
Karen segurava um papel rasgado numa mão.
"Tudo checado". John disse. "Seis salas, nenhuma janela e só uma porta externa a norte".
"Haviam porta-arquivos na maioria delas, mas estavam vazios - exceto por este papel que achei preso na fenda
de uma gaveta".
Ela deu o papel a David que o viu, seu olhar tornando-se intenso. "Isso é tudo que havia lá?".
"Sim, mas é suficiente, não acha?".
David começou a ler alto.
"Os times continuam a trabalhar independentemente e tem mostrado um notável melhoramento desde a
modificação na *sinapse auditiva.
Na Ocasião Dois, quando mais de um Trisquad está presente, o segundo time (B) não atacará enquanto o
primeiro (A) estiver concluindo. (quando o alvo parar de se mover ou de emitir som).
Se o alvo continuar fornecendo estimulo e o A tiver suspendido o ataque (falta de munição ou defeito em todas
as unidades), B entrará em ação. Se estiverem por perto, patrulhas adicionais vão ser incluídas no ataque e serão
ativadas em sucessão.
Até agora, nós não temos expandido a habilidade sensorial para atingir o comportamento desejado; o estímulo
visual da Ocasião Quatro e Sete continuam improdutivas, apesar disso nós infectaremos um novo grupo de
unidades amanhã e correlacionar os resultados no final da semana. É nossa recomendação que continuemos a
desenvolver capacidade auditiva antes da implantação do detector de calor".
"Aqui é onde está rasgado". David disse.
"Isso explica muito. Por que o time na porta de trás da casa de barcos não fez nada?; o de fora ainda estava
atirando. Depois que você e Steve os derrubou eles entraram num segundo". Karen disse.
Rebecca não estava gostando; a Umbrella continua fazendo experiências em humanos. Em Raccoon, o T-virus
levou de sete a oito dias para contaminar de vez o hospedeiro, e em um mês já caia aos pedaços.
Ela mordeu o lábio, imaginando o que os cientistas de Caliban Cove fizeram com o vírus. E se eles aceleraram o
processo de infecção...
"O sinal da porta norte dizia que estamos no bloco C". John disse. "Você achou um mapa?".
Steve respondeu. "Não, mas dê uma olhada. Eu perguntei por informações sobre a série azul, e esse relatório de
testes de Q.I. apareceu - depois isso. Não consegui mais nada".
John olhou para a tela. "... homem que o fez não precisa, compra, não quer, usa, não sabe...".
Karen, que relia o papel rasgado, levantou os olhos com extremo interesse. "Espere, eu conheço essa aí. É um
caixão".
Steve digitou caixão. Nada mudou.
"Tente " *esquife". Rebecca sugeriu.
Assim que Steve digitou e apertou "enter", a charada foi substituída por:
SÉRIE AZUL ATIVADA.
Em seguida:
TESTES QUATRO (BLOCO A), SETE (BLOCO D), E NOVE (BLOCO B) / AZUL PARA ACESSAR DADO (BLOCO E).
"Azul para (blue to) - a mensagem de Ammon". Karen disse rapidamente. "É isso - a mensagem recebida falava
sobre a série azul, depois dizia, entrar com a resposta para senha". A resposta era esquife".
"E os números dos testes são a senha". David disse. "Tinham mais três coisas na mensagem antes de "azul para
acessar". Devem ser as respostas dos testes - as "letras e números ao contrário", "tempo arco-íris" e "não
conte".
David pegou uma caneta e virou o papel do relatório. A informação agora faz sentido. Ele desenhou cinco caixas
em duas linhas, igual o mapa de Trent, nomeando-a mais ao sul como C. Depois ele temporariamente nomeou os
outros, começando pelo topo à esquerda como A e indo para a direita e depois para a esquerda, pondo os
números dos testes perto de cada letra.
"Supondo que este seja o lado de cima e que nós precisamos resolver os testes em ordem, nós iremos nos
mover em zig-zag entre os blocos". David explicou.
"E supondo que os Trisquads não tenham problema com isso". John disse suavemente.
Rebecca sentiu sua excitação diminuir - pode ver a mesma expressão em seus colegas. Ela sabia que eles teriam
que partir, mas não queria pensar nisso até estar lá.
Agora está. E os Trisquads estão esperando.
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*Sinapse - Relação de contato entre os detritos das células nervosas.
*Esquife: Sinônimo de "caixão" (fúnebre).
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[5]
Eles pararam na porta norte no escuro e abafado corredor, apertando os cadarços, ajustando os cintos e
recarregando as armas.
"Você, Steve e Rebecca com o da esquerda, noroeste daqui. Daremos um tempo, depois Karen e eu sairemos.
Se você estiver certo, estaremos no bloco D; se estiver de ponta-cabeça, bloco B.
De qualquer modo, nós procuraremos o número do teste, e esperaremos vocês nos darem o "vai em frente".
John explicou.
"E se eu não...".
Karen interrompeu dizendo: "Se a gente não o ver em meia-hora, voltaremos aqui e esperaremos por Steve e
Rebecca. Completaremos os testes se for possível".
"Certo". David disse. "Ótimo".
Eles estavam preparados. Haviam infinitas variáveis da equação que poderiam tornar o simples plano, difícil.
"Alguma pergunta antes de irmos?".
Rebecca começou a falar com preocupação. "Eu quero lembrar a todos para terem bastante cuidado com o que
tocarem, ou o que os tocarem. Os Trisquads são portadores, então tente não se aproximar deles, principalmente
se estiverem feridos".
David pensou nas centenas de milhões de partículas do vírus que poderiam haver numa gota de sangue...
Todos esperaram por seu sinal. Ele deixou os pensamentos de lado e colocou a confiança na sua arma, tocando
a maçaneta da porta.
"Prontos?". Com silêncio, agora, no três - um... dois... três".
Ele abriu a porta e saiu para o quente ar da noite ouvindo o barulho das ondas. Estava mais claro do que antes. A
quase lua-cheia havia se erguido, iluminando o complexo. Nada se moveu.
Bem na frente dele a uns vinte metros estava o destino de Karen e John. Tinha uma porta de frente para o bloco
C; eles não precisarão contornar o prédio para entrar.
David saiu da porta para a sua esquerda, encostado na fina sombra da parede. Ele podia ver a frente do prédio
que esperava ser o A, alto, pinheiros à esquerda e atrás dele. Havia uma porta no meio dele, e nenhuma
proteção ao longo dos trinta e pouco metros que os separavam. Uma vez fora de C, eles estarão totalmente
vulneráveis.
Ele respirou fundo e correu abaixado para a porta do bloco. Seu corpo esperava por uma rajada de balas; a
aguda dor que o levaria para o chão. Mas estava silencioso. Os Segundos demoraram uma eternidade para a
porta ficar mais perto, maior...
Então a maçaneta estava sob seus dedos sendo girada, entrando numa sufocante escuridão - virando, viu
Rebecca e Steve chegando.
David fechou a porta rapidamente e sem fazer barulho, sentindo o vazio da sala, a falta de vida - e então o
cheiro o atingiu.
Era o mesmo cheiro da casa dos barcos só que cem vezes mais forte. David conhecia o cheiro. Se deparou com
ele numa floresta na América do Sul, num acampamento cultista em *Idaho e no porão da casa de um serial
killer. O cheiro de podridão era inesquecível.
Quantos haverão aqui?
O raio de luz rasgou a escuridão e encontrou uma pilha de corpos que tomava conta de um grande depósito, não
havia como ter certeza de quantos corpos estavam lá; eles já estavam derretendo uns nos outros, a carne negra
e enrugada dos corpos empilhados no úmido calor. Talvez quinze, talvez vinte...
Steve se afastou e vomitou - um grosso som na quieta sala.
David procurou no resto da sala, encontrando uma porta com a letra A escrita em preto.
Sem olhar para o monte, ele levou Rebecca para a distante porta agarrando Steve.
Eles saíram num corredor sem janelas, e tinha um interruptor de luz perto da porta. David o ignorou por um
momento, esperando seus jovens colegas se acalmarem.
Parece que os funcionários da Umbrella de Caliban Cove foram encontrados.
Karen e John esperaram um minuto depois que os outros foram. Abriram a porta o suficiente para ouvir. O ar
passou pela abertura. Ao longe o barulho das ondas mas nenhum tiro, nenhum grito.
Karen fechou a porta e olhou para John. "Já devem ter entrado. Quer ir na frente ou prefere que eu vá
primeiro?".
"As minhas mulheres sempre vão primeiro". Ele sussurrou. "Isso quando eu vou junto, se é que você me
entende".
"John, só responda a pergunta".
"Eu vou. Espere até eu atravessar, depois siga".
Ela se afastou para deixá-lo passar.
Assim que ele colocou a mão na maçaneta, respirou fundo e a girou. Nenhum som, nenhum movimento lá fora.
Segurando sua Beretta, ele se afastou do prédio e moveu-se rapidamente para a porta a uns vinte passos à
frente.
Alcançando a porta, tocou a fria tranca de metal - ela não se moveria. Estava trancada.
Sem pânico. Ele fez um sinal para Karen esperar e seguiu para a sua direita. Fez a curva sentindo o duro concreto
contra o seu ombro esquerdo e coxa.
Tinha outra porta de frente para o mar.
Rat - atat - atat - atat!
As balas acertaram o chão. John recuou encostando-se na parede, agarrando a fechadura. Vindo da direção da
casa dos barcos, um fila de três - John abriu a porta e pulou atrás dela, ouvindo o ping-ping-ping delas
esmagando o metal, parando a centímetros de seu corpo.
Ele segurou a porta aberta com os pés, deu uma rápida olhada e mirou no flash de luz, apertando o gatilho
enquanto pedaços de concreto e poeira vinham da parede.
Outra olhada e a fila estava mais perto, as três figuras ganhando forma. John atirou novamente pelo espaço da
porta - e quando olhou de novo, só haviam dois em pé.
John virou e viu mais dois a uns três metros no canto nordeste do prédio, ambos com metralhadoras.
Mas não se mexeram para atirar.
As M-16 ainda estavam se aproximando, mas ele só via as criaturas lá em pé, balançando em instáveis pernas.
O da esquerda tinha só metade da face; do nariz para baixo era uma líquida e polpuda massa de pele, pedaços
escuros pendurados por fibras de carne. O da direita parecia intacto até ele ver sua barriga; a mole e saliente
cobra de intestinos através de sua camisa ensangüentada.
Não vai atacar enquanto A estiver terminando.
Bam! Bam!
Karen.
John recuou para dentro do prédio, segurou a porta aberta contra o par que ainda atirava. Ele mirou
cuidadosamente. Nenhuma das criaturas se mexeu para se proteger, só ficaram lá, o observando.
Dois tiros certeiros na cabeça explodiram sob o som das metralhadoras. Antes deles caírem no chão, John ouviu
outro tiro de nove milímetros.
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*Idaho - Estado dos E.U.A.
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Ele olhou em volta da porta e viu as figuras do time ativo a uns trinta metros, um deles ainda atirava com a arma
apontada para o céu.
Karen surgiu de entre os prédios com a arma ainda apontada para o convulsivo atirador, de costas para John.
"Não atire nele! Aqui, deixa ele!".
Ela virou para John e ambos entraram no bloco. Assim que ela fechou a porta o som da metralhadora cessou.
A respiração irregular de Karen quebrou o silêncio da escura sala.
"Ei John, foi bom para você?".
Ele piscou os olhos registrando as palavras vagarosamente.
"Indo Primeiro". Ela completou. "Foi como você esperava?".
"Não teve graça". Ele disse.
Um pouco depois eles começaram a rir.
Enquanto eles se moviam pelo corredor, Rebecca pensava em Nicolas Griffith, sobre a história das vítimas do
Marburg - e não haviam provas de que ele está por trás do massacre do pessoal da Umbrella, ela não conseguia
abalar o pensamento de que ele é o responsável.
O corredor os levou através de várias salas, tão sem vida quanto as do bloco o qual vieram. Eles passaram pela
saída no lado mais distante do bloco e depois de outra curva no corredor, finalmente chegaram a uma outra porta
marcada com a letra A, e embaixo, 1-4. Haviam três triângulos debaixo dos números, cada um com cores
diferentes - vermelho, verde e azul.
David abriu a porta, revelando um hall. Rebecca viu mais triângulos coloridos na porta 1 à direita. Outra não tinha
nada.
"Eu fico com o teste". David disse. "Steve, você e Rebecca verão a outra porta. Nos encontraremos aqui".
Rebecca balançou a cabeça e viu Steve fazer o mesmo. Ele parecia um pouco pálido, mas forte o suficiente. Ele
soltou o olhar ao perceber que ela o estava observando. Rebecca sentiu uma simpatia por Steve, percebendo que
ele estava envergonhado por ter jogado o almoço fora.
Os dois abriram a porta e saíram numa outra sala sem janelas, abafada e quente como o resto do lugar.
Rebecca acendeu as luzes e um grande escritório cheio de estantes, apareceu. Uma mesa de aço ficava no
canto próxima a um porta - arquivos com as gavetas vazias e abertas.
"Você quer a mesa ou as estantes?". Steve perguntou.
"Acho que as estantes". Rebecca escolheu.
Ele sorriu quase tímido. "Melhor assim. Talvez eu ache algumas balas de hortelã numa das gavetas".
Rebecca sorriu agradecida pela brincadeira. "Guarde uma para mim".
Eles se olharam, ainda sorrindo - e Rebecca sentiu um calafrio de excitação através do corpo.
Steve desviou o olhar primeiro com a cor de suas bochechas mais rosas do que antes. Ele foi para a mesa e
Rebecca para a fileira de livros, sentindo-se um pouco corada. Havia uma definitiva atração lá, e parecia ser
comum.
Os livros eram sobre o que ela esperava. Química, biologia, modificação de comportamento e vários boletins
médicos.
Ela correu a mão, puxando os livros. Talvez haja algo escondido atrás de um deles.
... sociologia, *Pavlov, psicologia, psicologia, patologia -
Ela parou, olhando um fino livro preto entre dois grandes. Sem título. Ela o pegou e sentiu seu coração acelerar ao
abrir o pequeno livro, vendo as rabiscadas letras escritas à mão.
Ela viu "Tom Athens" escrito em letras boas na capa de dentro.
Um dos caras da lista, um dos cientistas!
"Eu achei um diário". Ela disse. "É de uma das pessoas da lista do Trent, Tom Athens".
Steve tirou os olhos da mesa. "Mesmo? Vá para o final, qual é a última data?".
"Diz 18 de julho - mas não parece que ele o mantinha certo. A data antes dessa é 9 de julho...".
"Leia a última inscrição". Talvez nos diga o que está acontecendo". Steve disse.
Ela foi para a mesa e inclinou-se nela, limpando a garganta.
"Sábado, 18 de Julho. Esse foi um longo e ridículo dia, o fim de uma longa e ridícula semana. Eu juro por Deus, eu
vou bater no Louis se ele convocar mais uma reunião. Foi para adicionar ou não outra Ocasião no programa
Trisquad, como se precisássemos de outra. Tudo o que ele queria era tê-la no papel, e o resto foi seu besteirol
de sempre - a importância do trabalho em equipe, a necessidade de compartilhar informações, então nós todos
podemos "ficar no rumo certo". Quer dizer, Jesus, é como se ele não conseguisse viver sem o seu nome no
semanal.
Ele não tem feito nada desde o desastre do Ma7, exceto por tentar e convencer todo mundo de que a culpa foi
de Chin. É o fim da picada...
Alan e eu falamos sobre os implantes ontem, está indo bem. Ele vai descrever a proposta esta semana, e NÃO
deixaremos Louis tocá-lo. Com sorte, conseguiremos a luz verde no fim do mês. Alan acha que os White boys
vão querer fazê-los antes de Birkin, só Deus sabe porque; B. não dá a mínima para o que fazemos aqui, ele está
longe de ser brilhante de novo. Eu tenho que admitir, eu quero saber qual será sua próxima síntese; talvez nós
devemos malhar alguns dos nossos Trisquads.
Houve um pequeno susto no D na Quarta-feira, na 101. Alguém deixou o refrigerador aberto, e Kim jurou que
estavam faltando alguns produtos químicos. Estou começando a achar que ela errou na contagem de novo. É
difícil de acreditar que ela está encarregada do processo de infecção. Ela é negligente para cuidar do equipamento.
Estou surpreso por ela não ter infectado o complexo inteiro. Deus sabe que há o bastante para isso.
Eu mesmo deveria conferir o D, para ter certeza de que está tudo pronto para amanhã. O Griffith tem pedido
para observar o processo; primeira vez que ele se interessou pelo que estamos fazendo. Eu sei que é idiota, mas
eu ainda quero que ele seja impressionado; ele é tão brilhante quanto Birkin, em seu próprio modo pavoroso. Eu
acho que ele até intimida Louis, e Louis é geralmente burro demais para isso.
Mais tarde.".
O resto das páginas estavam em branco. Rebecca olhou para Steve, incerta sobre o que fazer, sua mente
trabalhando para juntar os pedaços de informações relevantes. Havia algo lá que a incomodava.
Elementos químicos faltando. Processo de infecção. O brilhante e pavoroso Dr. Griffith...
Agora ela não tem mis dúvidas de que Griffith matou os outros, mas não foi o que a fez dizer em voz alta. Foi...
"Bloco D". Steve disse. "Se nós estamos em A, Karen e John estão no D".
Onde há T-virus suficiente para infectar o complexo inteiro. Onde o processo de infecção aconteceu.
"Nós devemos contar para o David". Rebecca disse. Steve concordou. Eles foram para a porta. Rebecca
esperando que John e Karen não achassem a sala 101 - e se achassem, que não tocassem em nada.
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*Pavlov - Fisiologista russo, ganhador do prêmio Nobel.
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A sala de teste era grande, três das paredes marcadas com linhas formando três cubículos. Acendendo a luz, ele
viu que os testes estavam claramente numerados e marcados com cores, os símbolos pintados no chão de
cimento em frente de cada um.
Todos os testes da série vermelha estavam à sua esquerda, mais perto da porta. Ele viu blocos brilhantes e
coloridos, simples figuras nas mesas em cada cubículo que passou, indo para o fundo da sala. A série verde
estava demarcada na parede oposta. Ele a ignorou completamente.
A parede de trás era marcada com triângulos azuis. O teste número quatro ficava no distante canto direito.
Aproximando-se do fundo da sala, ele ouviu um fraco ruído de força vindo da área azul. Havia um pequeno
computador na mesa do teste número dois. Um teclado e um fone na do três. Como prometido, as séries
estavam ativadas.
Ele parou em frente do último cubículo, voltando sua atenção para a tarefa. Ele não estava certo sobre o que
veria, mas o tipo do teste o surpreendeu. Uma mesa e uma cadeira de metal cinza. Na mesa havia um bloco de
papel, um lápis e um tabuleiro de xadrez com todas as peças no lugar. Assim que ele entrou no cubículo, viu uma
placa de metal na superfície da mesa com números marcados nela.
David sentou na cadeira olhando para os números.
9-22-3 // 14-26-9-16-8 // 7-19-22 // 8-11-12-7
Olhou para o tabuleiro e então de volta aos números. Nada mais para ver; isso era tudo. Ele ordenou
rapidamente as dicas da mensagem de Ammon, imaginando qual seria a resposta. Era "letras e números ao
contrário" ou "não conte"? não parecia ser nada relacionado com o tempo ou arco-íris, tinha que ser um dos
dois...
Se as linhas estão na mesma ordem que os testes, este é letras e números ao contrário. Mas que letras, não
tem nenhuma.
David sorriu de repente sacudindo a cabeça. Os números na placa não são maiores que 26; era um código, e
bem simples.
Ele pegou o lápis, escreveu o alfabeto e o numerou de trás para a frente; A era 26, B 25 até Z, 1.
David começou a decifrar a mensagem.
R... E... X... M...
A última letra era T. Ele olhou para a frase e depois para o tabuleiro. Parecia que alguém tem senso de humor.
REX MARKS THE SPOT
"Rex" significa "rei" em Latim.
Branco sempre começa, então...
Ele tocou o rei branco. Assim que o dedo dele tocou na peça, ela girou em volta e ficou de frente para as costas
do tabuleiro. Ao mesmo tempo, um suave som musical veio de cima. Ele olhou para o teto e viu um alto falante.
Nada mais aconteceu, nenhuma luz piscando ou passagens secretas atrás da parede. Aparentemente ele
passou.
Parecia ser um complicado teste para alguém supostamente tão burro quanto o zumbi de um Trisquad. Os
cientistas deviam ter planos para algo mais... inteligente...
David levantou e foi para a frente da sala - assim que a porta abriu. Rebecca e Steve entraram com expressões
amedrontadas.
"O que foi?"
Rebecca ergueu o livro falando rápido. "Ele diz que o vírus foi usado para infectar os Trisquads no bloco D, na sala
101. Tudo pode estar bem a não ser que John ou Karen tocaram algo contaminado".
Foi o bastante. "Vamos!".
Eles correram pelo caminho a qual vieram em direção a saída.
Eles estavam no iluminado corredor no centro do bloco D, silenciosamente escutando pelo som que os diria sobre
a chegada de David. De lá eles eram capazes de escutar uma das três portas externas sendo usadas. Depois de
vasculharem o prédio e achado a sala do teste, ela e John liberaram todas as portas de saída.
Karen olhou no relógio e esfregou os olhos, sentindo-se cansada por tudo o que aconteceu naquela noite, e ainda
enjoada pelo que acharam na sala 101.
Até John estava mais quieto do que o normal. Não fez uma piada desde que voltaram para esperar.
Talvez ele esteja pensando nas macas com sangue. Ou nas seringas. Ou no equipamento médico amontoado na
pia...
Eles encontraram a sala do teste primeiro, uma grande sala cheia de pequenas mesas, cada uma marcada com
números entre cinco e oito; Karen ficou desapontada de algum modo por ver que o número sete da série azul era
só um punhado de ladrilhos coloridos com letras neles - metade deles de cabeça para baixo e ilegíveis. As cores
correspondiam às do arco-íris, apesar de ter duas peças violeta a mais no monte.
Desde que eles não podiam bagunçá-lo até David completar o primeiro teste, ela sugeriu voltar e explorar o resto
do bloco.
Eles passaram por alguns escritórios vazios e uma cafeteria bagunçada, onde acharam uma caixa de rosquinhas
incrivelmente mofadas. Foi o laboratório químico que os disse sobre o tipo de lugar que a Umbrella criou. Karen
não acreditava em fantasmas mas a sala deu uma sensação jamais experimentada; era fria, simples e
assombrada pelo medo e pelo o frio; à moda de um cientista nazista cometendo atrocidades contra o
companheiro.
"Você está pensando naquela sala?". John perguntou.
Karen acenou mas não disse nada.
... a porta da sala 101 estava claramente marcada com um símbolo de risco biológico, fazendo eles discutirem
sobre entrar ou não. John dizia que o ambiente poderia estar contaminado.
Karen dizia que nenhum deles tem cortes ou arranhões, e que poderiam achar algo sobre o T-virus. A verdade
era que ela não queria deixar essa oportunidade passar; queria ver o que estava atrás da porta fechada, porque
estava lá.
John tinha finalmente concordado e eles entraram, pisando numa pequena passagem que estava cercada de
folhas de plástico pesado. Haviam chuveiros acima e um ralo no chão; uma área de descontaminação.
Uma segunda porta dava para uma sala que os levou para o sonho de um cientista maluco.
Vidro triturando sob os pés. Um cheiro de suor sob o odor de água sanitária...
John acendeu as luzes e antes da grande sala poder ser vista, Karen sentiu seu coração acelerar. Se parecia com
outros laboratórios a qual ela trabalhou; bancadas e estantes, pias de metal e um grande refrigerador de inox no
canto com uma trava na maçaneta. E de algum modo - o lugar era tão familiar. Um lugar que ela sempre se
sentia em casa.
As pequenas diferenças eram as mais dramáticas. A sala era dominada por uma limpa mesa de autópsia,
adaptada com amarras de velcro. Haviam outras duas macas de hospital, adaptadas do mesmo jeito, junto a
ela.
Ao se aproximar de uma delas, Karen viu uma escura e seca marca na ponta; o fino colchão estava ensopado de
sangue no lugar onde os tornozelos e pulsos de um homem deviam ficar.
No fundo da sala estava uma jaula do tamanho de um closet. Próximo a ela, vários postes finos apoiados na
parede com aproximadamente um metro de comprimento - cheio de agulhas hipodérmicas.
Esses são tipos de instrumentos usados para dopar animais selvagens.
Karen olhou para a maca, tocando levemente a seca mancha, imaginando que tipo de pessoa participou de um
experimento como esse. A mancha seca de sangue era velha e empoeirada fazendo-a pensar sobre como as
vítimas sofreram esperando na jaula, provavelmente observando alguns homens de luvas injetando um vírus
mutante em um ser humano amarrado...
O olho direito de Karen coçou, tirando sua concentração dos terríveis pensamentos, trazendo-a de volta para o
presente. Ela o esfregou, e depois olhou no relógio de novo. Se passaram apenas vinte minutos desde que o time
se separou.
O som de uma das portas foi ouvido, seguido pelo grito de David através do corredor. Ele veio pela entrada
oeste.
"Karen, John!".
John olhou para ela, que sentiu uma onda de alívio. David estava bem.
"Aqui! Continua andando!". John respondeu. "Vire à direita!".
David apareceu dentro de alguns segundos, sua face coberta de preocupação.
"Está tudo...". Karen começou a perguntar mas foi interrompida por David.
"Vocês acharam a sala 101?".
"Sim, no oposto de onde você veio". John disse sorrindo.
"Algum de vocês tocou algo? Vocês tem cortes ou pequenos ferimentos que podem ter entrado em contato com
alguma coisa?". David falou rápido. "Nós achamos um diário dizendo que essa sala era usada para infectar
Trisquads".
John sorriu de novo. "Sério. Nós descobrimos isso em uns dois segundos".
Karen ergueu as mãos para David vê-las. "Nenhum arranhão".
David exalou forte. "Graças à Deus. Eu pensava no pior vindo para cá. Nós achamos os cientistas no bloco A;
Ammon estava certo, ele os matou - e o nosso "ele" agora tem um nome. Rebecca está certa de que é Nicolas
Griffith. Ele foi o cara que ela reconheceu da lista do Trent. Ele tem uma história e tanto, ela te conta quando nos
reagruparmos...".
"Caramba David, eu não sabia que você se preocuparia. Ou que você achasse que nós seríamos burros o
bastante para nos espetarmos com agulhas sujas, num lugar como esse".
David riu. "Por favor, aceitem as minha sinceras desculpas".
"Onde o Steve e a Rebecca estão?". Karen perguntou.
"Provavelmente na próxima área do teste. Eu os vi entrando no bloco B antes de vir aqui... vocês acharam o
teste sete?"
"Por aqui". John disse assim que eles caminhavam pelo corredor. Ele começou a contar a luta que tiveram contra
os Trisquads.
Karen seguiu, esfregando a chata coceira em seu olho direito. Ela deve tê-lo irritado com tantas cutucadas.
Parece estar piorando. E para completar, sentiu uma dor de cabeça chegando.
Ela nunca teve dores de cabeça a não ser que tivesse algo. O mergulho no mar deve ter dado um resfriado a ela
- e a pulsação na sua cabeça não será piedosa.
CONTINUA
Raccoon Times - 24 de Julho de 1998
"Mansão de Spencer destruída em incêndio explosivo"
RACCOON CITY - Há aproximadamente 2 A.M. de Quinta-feira, os moradores do distrito de Victory Lake foram acordados por uma explosão que trovejou através do noroeste de Raccoon Forest, aparentemente causada por um incêndio que ocorreu na mansão abandonada de Spencer e aprimorada pelos produtos químicos guardados no subsolo. Devido às barricada colocadas no perímetro da floresta (por causa dos recentes assassinatos em Raccoon City), os bombeiros foram incapazes de salvar o que restou dela. Depois de três horas de batalha contra o fogo enfurecido, a mansão de trinta e um anos e a adjacente casa de empregados foram complemente arruinadas. Construída pelo Lorde Oswell Spencer, aristocrata europeu e um dos fundadores da companhia farmacêutica Umbrella Inc, a propriedade foi projetada pelo premiado arquiteto George Trevor como hospedaria para as pessoas importantes da companhia, mas foi fechada logo depois de finalizada por razões desconhecidas.
Segundo Amanda Whitney, porta voz da Umbrella Corporation, partes da mansão estavam sendo usadas para estocar agentes de limpeza industriais e solventes usados pela Umbrella. Whitney disse numa coletiva ontem que a companhia assumiria toda a responsabilidade pelo infeliz acidente, chamando-o de "um sério descuido de nossa parte. Esses produtos químicos deveriam ter sido tirados de lá há muito tempo, e nós estamos gratos por ninguém ter se machucado".Até agora, a causa do incêndio é desconhecida, e Whitney continuou dizendo que a Umbrella estará trazendo seus próprios investigadores para peneirar as ruínas esperando saber o ponto de origem do incêndio...
Raccoon Weekly - 29 de Julho de 1998
"S.T.A.R.S. tirado da investigação dos assassinatos"
RACCOON CITY - Num surpreendente pronunciamento de oficiais numa coletiva ontem, o Esquadrão de Táticas Especiais e Resgate (S.T.A.R.S.) foi oficialmente removido das investigações dos nove assassinatos brutais e cinco desaparecimentos que ocorreram nas últimas dez semanas. O membro do conselho da cidade, Edward Weist, citou incompetência como principal razão para a remoção do S.T.A.R.S.
Os leitores devem se lembrar que a primeira ação do S.T.A.R.S., depois de ser designado para cuidar dos casos na semana passada, foi vasculhar o noroeste da floresta pelos assassinos canibais. Weist declarou que foi a "conduta não profissional" que resultou na destruição de um helicóptero e na perda de seis dos onze membros, incluindo o comandante do S.T.A.R.S., Capitão Albert Wesker.
"Depois da má conduta na floresta", disse Weist "nós decidimos deixar o caso nas mãos do R.P.D.. Nós temos razões para acreditar que o S.T.A.R.S. deve ter ingerido drogas e/ou álcool antes da missão, e suspendido o uso de seus serviços indefinitivamente".
Weist estava acompanhado por Sarah Jacobsen (representando o Prefeito Harris) e o representante da polícia, J.C. Washington, para fazer o pronunciamento e responder perguntas. Nem o chefe da polícia, Brian Irons e nem os sobreviventes do S.T.A.R.S. podem ser alcançados para comentários...
Cityside - 3 de agosto de 1998
"Início do incêndio considerado acidental"
RACCOON CITY - Depois de uma completa investigação por oficiais dos bombeiros trabalhando com a IDS (Industrial Services Division / Divisão de Serviços Industriais) da Umbrella Inc., o incêndio que destruiu a mansão de Spencer foi causado pelo descuido de pessoa ou pessoas desconhecidas, como foi anunciado numa coletiva ontem. O líder da IDS, David Bischoff disse, "parece que alguém tentou começar uma fogueira em um dos quartos da mansão e a situação saiu do controle. Nós não encontramos nada que sugere um incêndio proposital ou uma brincadeira de algum tipo". Ele continuou falando que a destruição foi total, e não há evidências de que alguém foi pego pelo fogo ou pela explosão que se seguiu.
O Chefe Brian Irons do Departamento Policial de Raccoon City estava presente na conferência, e lhe foi perguntado se ele acreditava haver alguma conexão do incêndio com os assassinatos e desaparecimentos, e Irons respondeu que não há como ter certeza. "Até agora, tudo o que eu falar será só especulação - eu diria que o fato de os assassinatos terem parado desde a noite do incêndio, pode significar que os assassinos estavam escondidos lá. Nós só podemos esperar que eles tenham deixado a área para que em breve sejam presos".
Chefe Irons recusou comentar as acusações de má conduta do S.T.A.R.S. em sua breve atuação na investigação dos assassinatos, só dizendo que concordava com a decisão do conselho da cidade e que ações disciplinares estão sendo consideradas...
https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/2_CALIBAN_COVE.jpg
[1]
Rebecca Chambers estava andando de bicicleta na escuridão das ruas de *Cider District sob a luz da lua brilhando
no céu. Apesar de ainda ser cedo as ruas estavam desertas, obedecendo o horário de recolher da cidade.
Ninguém menor de dezoito anos deveria sair até que os assassinos sejam pegos e presos. Este tem sido um
tenso e quieto verão em Raccoon City...
Ela passou por casas silenciosas onde só a luz da televisão podia ser vista através da janela. As pessoas
aguardavam trancadas em suas casas esperando a notícia de que os assassinos foram presos e a cidade estava
à salvo.
Se eles soubessem...
Estes tem sido treze longos dias desde o pesadelo da mansão de Spencer. Jill, Chris, Barry e ela mesma foram
acusados de estarem drogados. Depois de serem afastados dos casos, até o RPD recusou a acreditar no
S.T.A.R.S.. Agora, com a Umbrella assumindo a investigação sobre o incêndio, provavelmente se livrando das
provas...
- Não seria tão simples. Uma das maiores e mais respeitadas companhias farmacêuticas do mundo fazendo
experiências com armas biológicas num laboratório secreto - Se eu não soubesse de nada, eu provavelmente
acharia isso uma loucura.
Rebecca e os outros devem se cuidar antes que algum agente seja enviado para atacá-los.
Ela estava usando um revólver snub-nosed. 38 da coleção de Barry esperando não precisar mais dela depois
desta noite.
Virando à esquerda na Rua Foster, Rebecca pedalou em direção a casa de Barry pensando que ele convocou a
reunião, provavelmente por que recebeu ordens do escritório principal.
Talvez eles me movam para algum laboratório, e estudar o vírus. Tecnicamente eu ainda sou uma Bravo; não há
motivo de me quererem no campo de batalha...
Sem dúvida esse seria o melhor modo de usar os meus talentos.
Os outros eram soldados experientes e Rebecca só está a cinco semanas no S.T.A.R.S.. Sua primeira missão foi
a de *Raccoon Forest que exterminou todos de seu time incluindo outros no segredo da Umbrella. Ela sabia que
trabalhando no T-virus seria a maior contribuição que ela daria para acabar com a Umbrella.
Rebecca parou no final do quarteirão, em frente a uma enorme casa de dois andares amarelo-claro no estilo
vitoriano, olhando em volta por algo suspeito antes de descer da bicicleta. Os Burton vivem próximo a um parque
cheio de árvores no subúrbio.
Levando a bicicleta até a varanda viu que se passaram vinte minutos desde a ligação de Barry.
Antes de bater na porta, ele a abriu. Vestindo uma camisa e calça jeans, ele a deixou entrar dando uma rápida
olhada antes de fechar a porta.
"Você viu alguém", Barry perguntou com sua Colt Python no coldre parecendo um cowboy.
"Não, ninguém". Ela respondeu.
"Chris e Jill estarão aqui a qualquer momento. Você quer um café?" Barry parecia tenso.
"Não, obrigado. Talvez água..."
"Sim, claro. Vá em frente e se apresente, eu voltarei num minuto".
Antes de perguntar se algo estava errado, ele foi para a cozinha.
"Me apresentar? O que está acontecendo?
Ela foi até a sala e parou assustada ao ver um homem estranho sentado no sofá. Ele se levantou assim que ela
apareceu. Ele usava jeans, camisa, sapatos e uma Beretta 9mm, padrão do S.T.A.R.S.. Era alto, fisicamente
como um nadador, olhos e cabelos escuros.
"Você deve ser Rebecca" ele disse revelando seu sotaque Britânico. "Você é a bioquímica, certo?"
"Trabalhando nisso. E você é..."
"Desculpe os meus modos, por favor. Eu não esperava... isto é, eu...? ele parou em volta da mesinha de centro
de Barry estendendo a mão. "Eu sou David Trapp, do S.T.A.R.S. Exeter em *Maine."
Ela se acalmou.
O S.T.A.R.S. mandou ajuda ao invés de ligar, ótimo.
"Então, você é algum observador ou algo assim?
"Como?"
"Para a investigação - há outras equipes aqui, ou você veio para checar antes..."
"Desculpe ter que que dizer isso Srta. Chambers. Eu tenho razões para acreditar que a Umbrella tem
chantageado ou subornado outros membros do S.T.A.R.S.. Não há investigação e ninguém está vindo".
Barry entrou na sala com o copo d'água e Rebecca o pegou agradecidamente, bebendo metade dele em um
gole.
"Ele te disse, né?" Barry disse.
"Jill e Chris sabem?" ela perguntou.
"Ainda não. Por isso eu liguei. Nós devemos esperá-los para não passar por isso duas vezes".
"Concordo". David disse.
Barry começou a contar como ele e David se conheceram no treinamento do S.T.A.R.S. quando jovens. David
ouvia enquanto Barry falava sobre a noite de graduação envolvendo um sargento mau humorado e várias cobras
de borracha.
- Dezessete anos atrás.
Ela deveria estar comemorando seu primeiro aniversário.
Bateram na porta, provavelmente os dois Alphas. Barry foi atender.
"Jill Valentine, Chris Redfield, este é o Capitão David Trapp, estrategista militar do S.T.A.R.S. Exeter em Maine".
David os cumprimentou e todos se sentaram.
"David é um velho amigo meu. Nós trabalhamos juntos no mesmo time por uns dois anos. Ele apareceu aqui há
uma hora com novidades e não achei que isso poderia esperar. David?".
"Como vocês devem saber, seis dias atrás, Barry ligou para vários departamentos do S.T.A.R.S. para saber se
alguma declaração foi recebida sobre o que aconteceu aqui. Eu recebi uma dessas ligações. Eu descobri que o
escritório de Nova York não contatou ninguém sobre a descoberta. Nenhum aviso ou memorando".
Após alguns minutos de discussão, David se levantou e disse:
"Parece que existe outro laboratório da Umbrella na costa de Maine, conduzindo experimentos com seus vírus - e
como aconteceu aqui, eles perderam o controle".
David virou-se para Rebecca e disse:
"Eu estou levando um time para lá sem autorização do S.T.A.R.S. e eu quero que você venha com a gente".
Chris ainda estava intrigado com a despreocupação do S.T.A.R.S. sobre o acontecido e agora outro laboratório!
E ele quer levar a Rebecca...
"Eu conversei com o pessoal do meu time e todos concordaram que vai ser difícil sem ninguém para nos dar
cobertura. Nós só queremos entrar, coletar algumas evidências sobre o T-virus e voltar antes que alguém saiba
que estamos lá".
"Eu também vou". Chris interrompeu.
"Todos nós vamos". Barry disse.
David balançou a cabeça. "Olha, essa não é uma operação em grande escala; cinco pessoas já estão escaladas.
A Rebecca tem o conhecimento que nós precisamos para achar os dados do vírus sabendo que sintomas
procurar".
Depois de muita conversa David consegue convencer os três Alphas a ficarem. Agora a escolha é de Rebecca.
"Que informações você tem?" Jill perguntou. "Como você descobriu sobre o laboratório?
David abriu sua pasta e tirou o que pareciam ser cópias de jornais e um simples diagrama. "Logo depois de ter
falado com o escritório central, eu recebi a visita de um estranho homem que dizia ser um amigo do S.T.A.R.S....
ele me disse que seu nome era Trent, e me deu tudo isso".
"Trent!". Jill disse.
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*Cider District - Bairro Cider (Cidra).
*Raccoon Forest - Floresta que fica nos limites de Raccoon City.
*Maine - Estado que fica na costa leste dos E.U.A.
-------------------------------------------------------------- David olhou para ela intrigado. "Você o conhece?".
"Um pouco antes de nós decolarmos para resgatar o Bravo Team, Um homem chamado Trent me deu
informações sobre a mansão, e me alertou sobre o Wesker".
Barry continuou. "E Brad disse que Trent lhe deu as coordenadas da mansão logo depois de Wesker ter ativado o
sistema de destruição. Se ele não tivesse dito, nós teríamos explodido com o resto da casa".
Chris sentiu uma dor de cabeça. O S.T.A.R.S. trabalhando para a Umbrella, outro laboratório e agora o Trent de
novo.
David começa a lembrar do seu breve encontro com Trent há cinco dias atrás, tentando ver se esqueceu de
dizer alguma coisa.
Ele tinha chegado do trabalho e estava chovendo, uma tempestade de verão que amenizou a leve batida na
porta. David olhou no relógio e foi até a porta imaginando quem seria àquela hora da noite. Ele vive sozinho e não
tem família; devia ser do trabalho ou alguém com problemas no carro...
Abrindo a porta, ele viu um homem numa capa de chuva preta em sua varanda com água escorrendo pelo rosto.
"David Trapp?". Perguntou um homem alto e magro, alguns anos mais velho que David, quarenta e dois ou três.
"Sim?".
"Meu nome é Trent e tenho algo para você!".
"Eu te conheço?"
"Não, mas eu te conheço, Sr. Trapp. Eu também sei com o que você está lidando. Acredite em mim, você
precisará de toda a ajuda que conseguir".
"Eu não sei do que você está falando. Você deve ter me confundido com outra pessoa".
"Sr. Trapp, está chovendo e isso é para você."
Confuso, David abriu a porta e pegou o envelope. Assim que o fez, Trent se virou e foi embora.
Jill e Rebecca estavam estudando os mapas enquanto Barry e Chris trabalhavam nos artigos de jornal. Os quatro,
concentrados na pequena cidade costal Caliban Cove em Maine. Todos estavam preocupados com
desaparecimentos de pescadores locais, todos considerados mortos.
O mapa era do trecho costeiro da cidade. David pesquisou sobre ele e descobriu que foi comprada por um grupo
anônimo há alguns anos. Tinha um farol abandonado na beira norte da enseada, no alto dos rochedos que era
supostamente cheia de cavernas marítimas. Mostrava também algumas estruturas atrás e embaixo do farol,
descendo para um pequeno cais no sul. Estava escrito CALIBAN COVE em cima do mapa e abaixo, em letras
menores, UMB. PESQUISA E TESTE.
O terceiro papel que Trent deu era o que David não entendia. Havia uma lista de nomes.
LYLE AMMON, ALAN KINNESON, TOM ATHENS, LOUIS THURMAN, NICOLAS GRIFFITH, WILLIAM BIRKIN,
TIFFANY CHIN.
Jill pegou esse papel e leu.
"Alguma idéia do que isso significa?". David perguntou.
Jill falou sobre William Birkin, que constava no material que Trent havia dado a ela.
Rebecca pegou o papel assim que Jill olhou para David.
"Droga".
Todos olharam para ela.
"Nicolas Griffith está na lista". Rebecca disse.
"Você sabe quem é ele?". Perguntou David.
"Conheço, apesar de eu achar que ele estava morto. Ele era um dos maiores, um dos mais brilhantes homens na
biociência.
Se ele está com a Umbrella, nós temos mais com o que se preocupar do que o T-virus escapando. Ele é um
gênio no campo de virologia molecular - e se as histórias são verdadeiras, ele é totalmente louco".
"O que você pode nos dizer sobre ele?". David perguntou.
Ela bebeu o resto da água em seu copo e olhou para David. "O quanto você sabe sobre o estudo dos vírus?".
"Nada, por isso eu estou aqui". Disse David, sorrindo um pouco.
"Bom, os vírus são classificados pela estratégia de reprodução e pelo tipo de ácido nucléico (RNA ou DNA) - este é
o elemento especializado num vírus que autoriza a transferência do genoma para outra célula viva. Um genoma é
um simples grupo de cromossomos.
De acordo com a Classificação de Baltimore, existem sete tipos distintos de vírus, e cada grupo infecta certos
organismos de certo modo.
No começo dos anos sessenta, um jovem cientista de uma universidade particular na Califórnia desafiou a teoria,
dizendo que havia um oitavo grupo - os dsDNA e ssDNA que poderiam infectar qualquer coisa em contato. Ele era
o Dr. Griffith. A comunidade científica não aceitou a teoria".
Rebecca notou as expressões vazias no rosto dos colegas.
"Desculpa... Ele então, parou de tentar prová-la, sendo que muitas pessoas ainda estavam interessadas.
Ninguém mais ouviu falar nele. Meu professor, Dr. Vachss, disse que ele foi demitido da universidade por uso de
drogas, mas rumores diziam que ele estava fazendo experiências em alguns de seus alunos. Nenhum deles
falaria, mas um foi para o hospício e outro se suicidou. Isso nunca foi provado, mas depois disso ninguém o
contrataria".
"Acaba aí?". David perguntou.
"Não. No meio dos anos oitenta, um laboratório particular em Washington foi encontrado por policiais com três
homens mortos por uma infecção viral - foi o Marburg, um dos vírus mais letais que existe. Eles estavam mortos
há semanas; os vizinhos reclamavam do mau cheiro. Papéis encontrados pela polícia mostravam que os mortos
eram assistentes do Dr. Nicolas Dunne. Os três se infectaram por um vírus que eles entendiam ser inofensivo,
para que Dunne tentasse curá-los depois".
Rebecca lembrou das fotos das três vítimas do Marburg.
De uma dor de cabeça inicial para extremas amplificações em questão de dias. Febre, coágulo, estado de
choque, danos cerebrais, hemorragia por todos os orifícios - devem ter morrido em piscinas do próprio sangue...".
"E o professor achou que ele era Griffith?" Jill perguntou.
"O nome de solteira da mãe de Griffith era Dunne". Disse Rebecca.
Depois da história, todos se calaram e Rebecca começou a fazer sua decisão.
Ela sabe que o laboratório em Caliban Cove deve estar cheio de pessoas como Griffith. Sem a ajuda do
S.T.A.R.S. nenhum lugar é seguro, mas seria a chance dela contribuir, de fazer o que ela sabe. Seria uma
oportunidade de ouro estudar um vírus antes de alguém.
Rebecca suspirou fundo e disse com sua decisão feita.
"Eu vou com você. Quando iremos?".
Houve um silêncio na sala. Rebecca reparou as expressões no rosto deles até David falar.
"Certo, então. Tem um avião indo para *Bangor às 23:00. Eu acho que nós todos devemos fazer um plano aqui
e depois ir para casa".
Rebecca escutou Barry abrindo a janela e voltando para junto deles. Eles começaram a discutir sobre o que
fariam depois que Rebecca e David partirem.
Jill escutava a suave voz de David quando seu coração gelou ao ouvir sussurros nos arbustos no lado de fora da
janela que Barry abriu.
Umbrella.
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*Bangor - Cidade do estado de Maine.
-------------------------------------------------------------- "Abaixem-se!". Jill gritou, saindo do sofá com Rebecca, assim que
a janela estilhaçou ao som de um rifle automático.
David foi para o chão enquanto balas atingiam a poltrona a qual estava. Tufos de almofada flutuavam enquanto
buracos enfumaçados apareciam na parede - reboque e madeira voando.
Houve um segundo de silêncio no tiroteio, suficiente para ouvir vidro quebrando nos fundos da casa.
A sala ficou escura assim que Barry atirou nas luzes. A luz do hall brilhava e mais tiros vinham do lado de fora.
Chris engatinhou sobre os cotovelos e joelhos e apagou as luzes adicionais. Agora está tudo escuro e o tiroteio
parou.
David escutou passos sobre o vidro vindos da cozinha que pararam logo depois. Devem haver mais dois cobrindo
as saídas. Mais passos na cozinha, devem estar esperando alguém se mover.
A visão de David se ajustou podendo ver Jill e Rebecca armadas do outro lado da mesinha.
A casa de Barry é a última da quadra e tem um parque logo atrás. Se eles conseguirem fugir, podem se
esconder nas árvores.
David correu para a porta da frente enquanto Chris e Jill atiravam na direção da cozinha. Atrás dele, Barry e
Rebecca corriam para a escada sob tiros. David estava a um passo da porta quando alguém a chutou, abrindo-a.
Ele se jogou na porta fazendo-a se fechar, depois rolou no chão e atirou cinco vezes. Algo pesado caiu na
varanda logo depois.
David viu Jill e Chris subindo - ao por o pé no primeiro degrau, houve uma explosão atrás dele. A porta da frente
foi destruída pelo time da Umbrella que procurava finalizar a batalha.
Dava para ver a luz da lua brilhando através da janela aberta. Jill já saiu e Chris na metade do caminho.
Ouviu-se vozes masculinas entrando pela porta da frente. Rebecca e Barry saíram.
Haviam árvores há uns vinte metros dali.
Um movimento no canto da casa e Rebecca não hesitou, atirando duas vezes - ele nunca mais se levantaria.
Nunca atirei em alguém antes.
Tiros vinham da janela - Rebecca podia senti-los acertando o chão perto de seus pés. Ela ouviu sirenes se
aproximando e segundos depois cantadas de pneu.
Chris chegou num parquinho seguido de Jill, Barry e Rebecca.
"Cadê o David?". Chris perguntou.
Procurando nas sombras, ouviu-se dois tiros. Um terceiro mais alto e mais perto. Exceto pelo barulho das sirenes
o parque estava quieto novamente.
Rebecca olhou sobre o ombro e viu David que ainda apontava sua Beretta para o atirador. Chris e Jill estavam
próximos a ela segurando suas armas - e do outro lado estava Barry espalhado no chão. Ele não estava se
movendo.
Houve escuridão e silêncio por um tempo indeterminado - e haviam vozes que flutuavam e não podiam ser
identificadas. De algum lugar bem longe, ele ouvia sirenes.
ele foi atingido
oh meu Deus
veja se está limpo
espera eu não consigo achar o ferimento me ajuda - Barry? Barry, você...
"Barry você pode me ouvir?
Barry abriu e fechou os olhos imediatamente, reagindo a dor em volta de sua cabeça. Mas havia outra dor em
seu braço esquerdo.
Baleado, deu de cara numa árvore... ou algum idiota com um bastão de baseball.
Ele tentava abrir os olhos enquanto mãos moviam-se sobre seu peito. As sirenes pararam por completo, apesar
de ainda se poder ouvir carros de polícia tomando conta da rua, o som de potentes motores ecoando através do
parque coberto de árvores.
"Braço esquerdo". Disse Barry começando a se levantar.
"Não se mexa". Rebecca disse firmemente. "Espere um segundo, tá bom? Chris, me dê a sua camisa".
"Mas a Umbrella". Barry falou.
"Tá tudo limpo". David disse, ajoelhando-se junto aos outros. "Agüenta firme".
Assim que ela terminou o curativo ele se levantou. Eles devem sair de lá antes que a polícia decida vasculha a
floresta - mas ir para onde? Nenhuma de suas casas eram seguras.
Todos estavam aliviados por não terem sido feridos, exceto David que parecia infeliz como Barry nunca o tinha
visto antes.
"O homem que atirou em você," David disse levantando uma nove milímetros com um supressor preso, sangue
pingando pelo cano da arma. "Eu o matei. Eu... Barry, era o Jay Shannon".
Barry ouviu as palavras não conseguindo aceitá-las. Era impossível. "Não, você não viu bem, está muito
escuro...".
David se virou e caminhou em direção as árvores. Barry o seguiu.
A bala da Beretta de David fez um buraco no coração do homem; foi um tiro de sorte. Olhando para a pálida face
do atirador, Barry sentiu seu coração virar pedra.
"Jesus, Shannon, por que? Porque?". Barry não se conformava.
"Quem é ele?". Jill perguntou suavemente.
Barry olhou para o homem morto incapaz de responder. David respondeu.
"Capitão Jay Shannon do S.T.A.R.S. de Oklahoma City. Barry e eu treinamos com ele."
Barry encontrou sua voz, ainda olhando para o rosto de Jay. "Eu liguei para ele semana passada, quando liguei
para David. Ele estava preocupado conosco, disse que ficaria de olho na Umbrella...".
...e nós conversamos mais alguns minutos, contando velhas histórias. Eu lhe falei que mandaria fotos das
crianças mas e ele disse que tinha que desligar por causa de um encontro...
A Umbrella deve estar por trás do ataque. A casa de Barry foi destruída por pessoas que ele conhecia, e ferido
por uma pessoa que achava ser um amigo.
O silêncio foi quebrado pelo barulho dos cachorros, que pela localização devem ser da unidade K-9 do RPD.
"Onde nós podemos ir?" David perguntou rapidamente. "Existe algum prédio vazio, algum lugar que a Umbrella
não pensaria em procurar... algum lugar que a gente pode ir a pé?".
Brad!
Brad saiu da cidade dois dias depois do incidente na mansão - não agüentou a pressão.
"Vamos lá". Disse David.
Barry conhecia o caminho para sair do parque. Ele costumava andar lá com a esposa ao lado e suas filhas
dançando ao seus pés.
Jill abriu a porta da casa de Brad facilmente. Rebecca examinava Barry enquanto Chris procurava uma camisa.
David e Jill vasculhavam a casa.
Era uma pequena casa de dois dormitórios e um jardim nos fundos. Haviam casas bem próximas a de Brad
evitando a aproximação de alguém. A mobília era simples. Objetos pessoais e livros estavam espalhados pelo
chão. Isso mostrava que o ocupante estava em pânico incapaz de decidir o que fazer para se distrair.
Naquela noite eles discutiram sobre o que o que falariam para a polícia. Rebecca e David se despediram e foram
embora.
No sorriso de Rebecca, David podia ver que ela sabia perfeitamente sobre os riscos da missão. Ele estava
satisfeito por a ter alistado. Ele só podia esperar que as habilidades dela sejam suficientes para colocá-los e tirá-los
inteiros de Caliban Cove.
[2]
Depois de reler as informações sobre Caliban Cove, Rebecca colocou os papéis cuidadosamente na mala debaixo
do assento de David. Ele trouxe três malas para o aeroporto, uma para as armas, já no bagageiro e outras duas
para não chamar a atenção.
Rebecca desejava ter comprado algumas bolachas no aeroporto, ela não comia desde o almoço e as nozes não
estavam matando a fome.
Ela apagou a luz de leitura e sentou novamente, tentando deixar o suave motor do 747 acalmá-la para um
cochilo. A maioria dos passageiros do quase cheio avião haviam adormecido, inclusive David. Rebecca tinha muito
o que pensar. Nos últimos meses ela se formou passando pelo treinamento do S.T.A.R.S. e foi transferida para
seu novo apartamento numa nova cidade. Depois veio a mansão e agora as últimas horas que deram outra
reviravolta em sua vida.
Ela virou a cabeça e viu David no assento da janela - círculos escuros de exaustão em seus olhos. Rebecca
fechou os olhos e respirou profundamente o ar fresco da cabine pressurizada. Ela pode sentir o cheiro de suor na
pele e decidiu que tomar um banho seria prioridade ao chegar no hotel.
Clareando sua mente, ela começou a contar de cem para um. A técnica de meditação nunca tinha falhado nela,
mas pode não funcionar desta vez...
... noventa e nove, noventa e oito, Dr. Griffith, David, S.T.A.R.S., Caliban...
Antes de noventa ela já estava dormindo profundamente, sonhando com sombras se movendo que nenhuma luz
podia iluminar.
Como ele fazia todas as manhãs desde o começo do experimento, Nicolas Griffith sentou na plataforma no topo
do farol e olhou o sol se elevar sobre o mar.
Griffith sempre vê o sol iluminar o horizonte antes de começar o seu dia. Assim que o sol se separou do mar, ele
levantou-se e caminhou para o parapeito com seus pensamentos voltados para o dia a frente. Tendo finalmente
terminado o trabalho sangrento na série Leviathan (Leviathan series), ele estava preparado para trabalhar mais
extensivamente com os doutores. Todos os três responderam bem à mudança, e a taxa de deterioração celular
caiu consideravelmente. Era hora de se concentrar na situação comportamental deles, o estágio final do
experimento. Em semanas, Nicolas estará pronto para expandir para além dos limites do laboratório.
O vento balançava seu cabelo cinza, o choro faminto as gaivotas finalmente o levou a ação. Os Trisquads tem de
ser levados para dentro antes que os pássaros cheguem. Algumas unidades já foram horrivelmente machucadas
e ele não quer pô-las em risco novamente. Uma vez perdido os olhos, eles seriam inúteis na patrulha.
Griffith se virou e com seu cabelo balançando desceu a escada em espiral. Seus sapatos contra o metal criavam
um eco na alta torre. Tendo o estabelecimento para si mesmo fazia tudo mais prazeroso - comer o que quiser na
hora que quiser, trabalhar em seu próprio horário, as manhãs no topo do farol... Ele sofreu por muito tempo
devido aos horários - intermináveis reuniões ouvindo seus "colegas" falarem sobre o T-virus de William Birkin. Eles
se escravizaram para aparecer com os Trisquads para a Umbrella que ficou felicíssima com os resultados,
aparentemente esquecendo o fracasso com os Ma7s. Eles eram incapazes de ver além de sua arrogância por
uma imagem maior...
Como se os Trisquads fossem nada mais do que corpos com armas.
Com as ondas quebrando, ele foi na direção dos dormitórios. Nicolas já sintetizou um aerotransmissível, e tem o
suficiente para contaminar a maior parte da América do Norte. Assim que o vírus fizer seu trabalho o sol nascerá
num mundo muito diferente, inabitado por pessoas de caráter e vontade.
Tire as habilidades do homem, sua mente fica livre. Com treinamento, se torna um animal de estimação; sem,
ele se torna um animal selvagem. Cubra o mundo com tais animais, e só os fortes sobreviverão...
Ele entrou no dormitório, ligou as luzes e viu seus doutores onde os havia deixado - sentados a mesa de olhos
fechados. Eles foram infectados pelo vírus que Nicolas usará, e estão perto do que o mundo se tornará em
alguns dias.
Além do laboratório de pesquisa, o estabelecimento foi projetado para treinar armas biológicas como os Trisquads
e os Ma7s. Há itens que podem ser usados, desde simples testes até complicados quebra cabeças.
Aproximando-se da mesa, Dr. Athens abriu os olhos, provavelmente para ver se havia perigo vindo. Dos três,
Tom Athens era o mais forte; ele foi um dos especialistas em comportamento. De fato, ele surgiu com a idéia de
uma equipe de três unidades, o Trisquad, insistindo que elas fariam um trabalho mais eficiente em pequenos
grupos. Ele estava certo.
Thurman e Kinneson permaneceram quietos. Griffith percebeu um cheiro ruim vindo de um deles. Olhando para
baixo, ele confirmou sua suspeita pelo molhado nas calças de Thurman.
De novo.
Louis Thurman foi um idiota, um biologista decente mas tão ridículo e intolerante como os outros. Ele criou a
maioria dos Ma7s, e quando se tornaram incontroláveis, botou a culpa em todo mundo menos nele. É mau que
um bom doutor não saiba o quanto patético está sendo.
"Bom dia senhores", Nicolas disse se afastando da mesa. Em harmonia, os três viraram a cabeça para vê-lo.
"Parece que o Dr. Thurman evacuou os intestinos. Está sentado na merda. É engraçado".
Os três sorriram largamente. Dr. Alan Kinneson sorriu disfarçadamente. Ele foi o último a ser infectado, sofrendo
menor deterioração do tecido. Alan ainda podia se passar por humano.
Griffith tirou o apito de polícia do bolso e colocou na mesa na frente do Dr. Athens. "Dr. Athens, tire os Trisquads
do dever. Atenda suas necessidades físicas e os envie para a sala fria. Quando terminar, vá para a cafeteria e
espere".
O apito desativaria as equipes e os chamaria para dentro. Tom Athens pegou o apito e saiu da sala pelo hall da
outra entrada do dormitório.
Haviam quatro Trisquads, doze unidades no total. Eles estão vagando pela mata junto a cerca ou se movendo
secretamente em volta do abrigo, tendo sido treinados para ficar fora da área nordeste do composto, farol e
dormitório. Eles eram bem eficientes nisso. A Umbrella queria soldados que matassem sem piedade, e lutassem
até que ,literalmente, explodissem em pedaços. Uma vez treinados com armas, os Trisquads se tornariam
máquinas de matar - com a recente onda de calor, Nicolas não sabe o quanto eles estão viáveis.
Ele voltou sua atenção para Louis Thurman que ainda sorria e fedia como um bebê. Ele nem se parecia com um -
gorducho e calvo, ele sorri como uma inocente e ingênua criança.
"Dr. Thurman, vá ao seu quarto, tire as roupas, tome um banho e ponha roupas limpas. Depois vá para as
cavernas e alimente os Ma7s. Quando terminar vá para a cafeteria e espere".
Depois que ele se levantou, Griffith viu que a cadeira de Louis estava suja. "Leve a cadeira e a deixe no seu
quarto".
Nicolas sentou-se perto de Alan Kinneson, sentindo-se cansado, observando as bonitas característica do doutor -
seus olhos expressivos. Ele olhou para Griffith esperando ordens. Alan já foi um neurologista. Haviam fotos no seu
quarto, da esposa e de seu bebê, um garoto com um brilhante e bonito sorriso.
Por um segundo Nicolas pensou.
Quantos morrerão? Milhões, bilhões?
"E se eu estiver errado?". Disse ele. "Alan, me diga se eu estou errado, que eu estou fazendo isso pelas razões
certas...?
"Você não está errado". Alan respondeu calmamente. "Você está fazendo pelas razões certas".
Griffith olhou para ele. "Me diga que a sua esposa é uma prostituta".
"Minha esposa é uma prostituta". Alan disse. Sem pausa. Sem dúvida.
Griffith sorriu e o medo foi embora.
Amanhã , ao nascer do sol, Nicolas Griffith dará o seu presente para o vento.
Karen Driver é a especialista em ciência forense do S.T.A.R.S.. É alta, de cabelos loiros e curtos, na faixa dos
trinta anos e séria. Sua pequena casa era bem limpa quase antissepticamente. Ela emprestou suas roupas para
Rebecca.
David tinha alugado um carro no aeroporto e eles acharam um hotel barato onde ficaram em seu quartos
separados. Rebecca só acordou depois das dez, tomou banho e esperou por David.
Ela ouviu a porta abrir e fechar, e novas vozes tomaram conta da sala. O time estava reunido.
Daqui algumas horas, tudo estará acabado. O que me preocupa é que David e seu time não viram os cachorros,
as cobras, as criaturas nos túneis... e o Tyrant.
Rebecca tirou as imagens da cabeça enquanto se levantava pondo as roupas sujas numa mala vazia. Não há
razões para ser diferente em Caliban Cove. Ela parou em frente o espelho, estudou a mulher que viu e foi para a
porta.
Chegando na sala viu que Karen trouxe cadeiras extras. Haviam dois homens no sofá do outro lado onde David
estava.
David sorriu enquanto os dois homens se levantavam para serem apresentados.
"Rebecca, este é Steve Lopez. Ele é um gênio em informática e nosso melhor atirador".
Steve tem olhos escuros, cabelos pretos e era uma pouco mais alto que ela. Não muito velho...
"- e este é John Andrews, especialista em comunicação e campo de escuta".
Sua pele era escura e não tinha barba, mas lembrava o Barry.
"Esta é Rebecca Chambers, bioquímica do S.T.A.R.S.". David terminou a apresentação.
John soltou a mão dela ainda sorrindo. "Bioquímica? Caramba, quantos anos você tem?".
Rebecca sorriu, percebendo o tom de humor nos olhos dele. "Dezoito. E três quartos".
John deu risadas enquanto voltava a se sentar. Ele olhou para Steve e depois para ela. "É bom ficar de olho no
Steve, então. Ele fez vinte e dois. E é solteiro".
"Fica quieto". Steve resmungou com suas bochechas coradas olhando para Rebecca e balançando a cabeça.
"Você vai ter que desculpar pelo John. Ele acha que adquiriu um senso de humor e ninguém pode contrariar".
"A sua mãe acha que eu sou engraçado". John retrucou, e antes que Steve pudesse responder David acabou
com o papo.
"Já chega". Disse. "Nós temos algumas horas para nos organizar se pretendemos fazer isso hoje.
A brincadeira dos dois foi bem-vinda por quebrar a tensão de Rebecca, fazendo com que se sinta uma do grupo
quase que instantaneamente. Assim que David começou a por as informações de Trent sobre a mesa, ela
começou a pensar sobre o que virá pela frente. Estando fora de algum organismo vivo, o vírus já pode ter
"morrido". Mas quem sabe se ele já contaminou alguém.
O vírus ainda infecta? Aquele lugar pode estar cheio de Tyrants... ou algo pior.
Rebecca não tem respostas para essas insistentes dúvidas. Ela dizia a si mesma que suas ansiedades não
interferiram em seu trabalho. E que a sua segunda missão não será a última.
"Nosso objetivo é entrar no complexo, coletar provas sobre a Umbrella e sua pesquisa, e sair com o mínimo de
problemas possível. Eu reverei cada passo a fundo e se algum de vocês tiver perguntas ou dúvidas sobre como
proceder, não importa o quanto insignificante, eu quero ouvi-las. Entendido?".
Todos concordaram e David continuou confortavelmente sabendo que chegou onde queria.
"Nós já discutimos algumas das possibilidades sobre o que pode ter acontecido lá, sendo que vocês já leram os
artigos. Eu digo que nós estamos lidando mais uma vez com algum tipo de acidente. A Umbrella se empenhou
bastante para encobrir o problema em Raccoon City".
"Por que a Umbrella ainda não enviou ninguém para Caliban Cove?". John perguntou.
"Quem sabe". Disse David. "Eles podem ter limpado as evidências - de qualquer modo, nós nos juntamos as
pessoas de Raccoon e nossos contatos para começar de novo".
Novamente todos concordaram. David olhou para o mapa.
"Ponto de entrada. Se esse fosse um ataque aberto, nós podíamos ir de helicóptero ou simplesmente pular a
cerca. Mas se ainda tiver gente lá e nós dispararmos o alarme, estará tudo acabado antes de começarmos.
Sendo que nós não queremos ser descobertos, nossa melhor opção é ir pelo mar. Podemos usar um dos barcos
da operação do petroleiro do ano passado".
"Eles não teriam um alarme no cais?". Karen perguntou.
"Eu não recomendaria usar o cais. Podemos ver no mapa que é possível esconder o barco em uma das cavernas
debaixo do farol. De acordo com o que eu li, existe uma entrada que liga a base dos rochedos ao farol. Se ela
estiver bloqueada, tentaremos outra caminho".
"O barco não chamará atenção se alguém estiver vendo?". Perguntou Rebecca.
"Ele é preto e o motor fica sob a água. Se a gente for à noite, devemos ficar invisíveis".
David esperou eles terminarem de pensar, não querendo apressá-los. Eles eram bons soldados - sua equipe. Se
algum deles tiver dúvidas, é bom esclarecê-las agora. Ele reparou na jovem face de Rebecca. Ele estava
começando a gostar dela, mais do que uma ferramenta para a missão...
"David colocou os pensamentos de lado e continuou.
"Vamos para os detalhes. Uma vez dentro, nos moveremos em fila através do complexo pelas sombras. Karen
ficará atrás de John procurando o laboratório e verificando o que pode ter acontecido. Steve e Rebecca os
seguirão. Eu irei logo atrás. Quando acharmos o laboratório, entraremos juntos. Rebecca saberá o que procurar
em termos de material, se tiver um sistema de computador funcionando, Steve pode verificar os arquivos. O
resto de nós dará cobertura. Terminando o serviço, nós voltaremos por onde viemos".
Todos revisaram o material de Trent.
"Nós podemos confiar nele? Karen perguntou.
"Parece que ele está do nosso lado em tudo isso. Sim". David respondeu vagarosamente.
"Quais são as chances de contrairmos o vírus?". Steve perguntou.
Rebecca respondeu. "Eu não posso dizer com certeza. Quando fui tirada do caso, eu perdi acesso às amostras
de tecido e saliva. Pelos efeitos, o T-virus é um mutagene que altera a estrutura do cromossomo do hospedeiro.
Pode contagiar plantas, mamíferos, pássaros, répteis etc. Em algumas criaturas ele pode promover um
crescimento incrível; em todos eles comportamento violento. Posso dizer que ele afeta o cérebro, pelo menos em
humanos - induz algo como uma psicose esquizofrênica. Ele também inibi a dor. As vítimas humanas que
enfrentamos não pareciam sentir ferimentos à bala. Na mansão, o vírus parecia ser aero-transmissível. Os
cientistas estavam, com certeza, usando o vírus em experimentos genéticos. E desde que nenhum de meu time
o contraiu, não precisamos nos preocupar com a respiração.
Nós devemos ficar de olho no contato com um hospedeiro, eu digo qualquer contato - essa coisa é bastante
virulenta ao entrar na corrente sangüínea. Uma gota de sangue pode conter centenas de milhões de partículas.
Qualquer contato com o vírus deve ser evitado a todo custo. Com sorte o vírus já deve estar morto... ou
deteriorando. Os hospedeiros, de qualquer modo".
Depois de um momento de silêncio John falou.
"Bom, parece um trabalho de merda. Se nós quisermos chegar lá a tempo, é bom sairmos logo". Ele disse
sorrindo para David. "Você me conhece, eu amo uma boa luta. Alguém tem que parar esses idiotas de espalhar
aquela coisa por aí, certo?".
Todos concordaram, mesmo sem saber o que viriam pela frente.
Olhando no relógio, David viu que faltavam algumas horas para embarcar. "Certo. É melhor a gente ir para o
depósito e "fazer as malas".
Karen estava na traseira da van carregando clips enquanto as misteriosas palavras da mensagem contida no
material de Trent se repetiam em sua mente.
... Ammon's message received / blue series/ enter answer for key / letters and numbers reverse / time rainbow /
don't count / blue to access.
Ela terminou um clip e colocou junto aos outros - secando suas mãos oleosas na calça ela pegou outro. Uma leve
brisa, cheirando sal e mar morno de verão passou pela quente van.
Eles passaram para o outro lado da estrada encontrando um lugar limpo para acampar a menos de dois
quilômetros da praia. Do outro lado o sol estava se pondo. O não tão distante som das suaves ondas estava
calmo - as baixas vozes dos outros trabalhando.
Steve e David estavam arrumando o barco, enquanto John mexia no motor. Rebecca arrumava um kit médico
que eles "pegaram emprestado" do depósito de equipamentos do S.T.A.R.S..
... as letras e números... um código? Tem a ver com o tempo? Contar? Seria a soma das linhas, ou outra coisa?
Ela não tirava isso da cabeça. As semi automáticas estavam limpas e prontas, e os clips carregados. Ninguém
estaria levando outras armas além das Berettas do S.T.A.R.S.. David insistiu para que viajassem leves. Depois de
ter ouvido mais sobre os zumbis, ela estava feliz por ter um revólver e uma lanterna.
Com um sentimento de culpa, Karen tirou do bolso do colete seu segredo, confortada pelo peso familiar na mão.
Deus, se o pessoal soubesse, eu nunca ouviria o final disso.
Foi dado pelo seu pai, o que sobrou do seu serviço na Segunda Guerra Mundial, um dos poucos itens que a
fazem lembrar dele - uma antiga granada abacaxi; chamada assim por causa do seu exterior feito de linhas
cruzadas. A granada era seu pé de coelho, ela não participou de uma missão sem ela.
"Karen, precisa de ajuda?".
Assustada, Karen olhou para Rebecca, que possuía um brilho de curiosidade nos olhos.
"Eu achava que não estávamos levando explosivos... isto é uma granada abacaxi? Eu nunca vi uma. Ela está
viva?".
Karen olhou em volta com medo de que alguém do time tivesse escutado - depois olhou para a bioquímica,
envergonhada.
"Shh! Eles nos ouvirão. Vem aqui um segundo". Karen disse. Rebecca, obedientemente, engatinhou para dentro
da van.
Karen estava absurdamente agradecida pela descoberta de Rebecca. Em sete anos de S.T.A.R.S., ninguém
havia descoberto.
"É uma abacaxi, e não estamos levando explosivos. Não diga à ninguém, tá? Eu carrego ela para dar boa sorte.
Rebecca arregalou os olhos. "Você carrega uma granada viva para dar sorte?".
"Sim, e se Steve ou John descobrirem, eles irão cair em cima de mim. Eu sei que é bobeira, mas é um tipo de
segredo".
"Eu não acho bobeira. A minha amiga Jill tem um chapéu da sorte...". Rebecca tocou a fita vermelha em sua
testa. "... e eu tenho usado isto por algumas semanas. Estava usando ela quando fui para a mansão".
Sua jovem face se fechou, e depois sorrindo novamente disse direta e sincera.
"Não direi uma palavra".
Karen decidiu que realmente gostava dela. Ela colocou a granada no bolso olhando para Rebecca. "Obrigado.
Bom, estão todos prontos lá?".
"Sim, acho. John quer conferir os fones de novo, fora isso, tudo está feito".
"Vá em frente e entregue as armas, eu pego o resto".
Rebecca ajudou Karen a descarregar assim que o sol sumia no horizonte. O vento ficou mais forte, a água mais
fria e as primeiras estrelas ficaram à vista sobre o Atlântico.
Eles andaram para a água em silêncio carregando suas armas. Assim que a luz do dia desapareceu John e David
deslizaram o barco na água, Karen colocou um gorro preto e deu um tapinha no pesado bolso para sorte, dizendo
a si mesma que não precisará usá-la.
A verdade está esperando. É hora de saber o que realmente está acontecendo.
[3]
Steve e David foram para a frente do barco com capacidade para seis pessoas. Rebecca e Karen foram logo em
seguida. John entrou por último e ao sinal de David, ligou o motor apertando um botão; era silencioso como David
havia falado.
"Vamos". David disse. Rebecca respirou fundo assim que eles rumavam para norte, em direção a ilha. Ela
procurava na escuridão por algum sinal que marcasse o começo do território particular, mas não conseguia
perceber nada. Estava mais escuro e frio o que ela esperava.
Rebecca viu um flash de luz enquanto David erguia o binóculo de visão noturna em busca de movimento na
costa.
"Eu vejo a cerca". David disse suavemente.
Ela voltou sua atenção para a costa, imaginando o quanto estavam perto. Já se podia ouvir a água se chocando
com as rochas.
"Há uma doca". Disse David. "John, vire a estibordo, duas horas".
Houve um som de metal raspando na madeira - não haviam barcos que se pudesse ver.
Rebecca deu uma olhada na escuridão e só viu o contorno de uma estrutura que poderia ser um galpão onde os
barcos ficam. Não era possível ver as outras construções do mapa de Trent. Eram seis estruturas além do farol.
Cinco delas espalhadas ao longo da enseada, dispostas em duas linhas paralelas - três em frente e duas atrás. A
Sexta estrutura estava atrás do farol. Todos esperavam que essa fosse o laboratório; eles conseguiriam o que
precisam sem procurar no complexo inteiro.
"A casa dos barcos é de madeira, as outras parecem ser de concreto. Eu não... esperem". O sussurro de David
se tornou urgente. "Alguém... duas, três pessoas vieram de trás de um dos prédios".
Rebecca sentiu um estranho alívio fluindo através dela - alívio, desapontamento e uma súbita confusão. Se houver
pessoas, o T-virus pode não ter sido solto. Isso significa que o complexo está ocupado e as patrulhas tornarão a
operação impossível.
Por que está tão escuro? E por que tudo parece morto aqui, tão vazio?
"Vamos abortar?". Karen cochichou, e antes que David pudesse responder, Steve respirou forte fazendo o
sangue de Rebecca congelar.
"Três horas, grande, oh Jesus é imenso".
BAM!
O barco foi atingido e mergulhado na turbulenta água do mar.
A água o envolveu, gelada e salgada, queimando os olhos de David que perdido, ofegava.
Onde está... o time, onde está.
David girou em volta, respirando profundamente, e ouviu uma tosse a sua esquerda.
"Vá para a costa", ele disse girando em um círculo, tentando achar suas posições, achar a da criatura.
O barco estava a dez metros atrás dele, de ponta cabeça. A força do ataque os jogou longe, mais perto da ilha.
Viu duas figuras entre ele e a costa. Ele não podia ver a coisa que acertou o barco mas esperava sentir a mordida
a qualquer momento.
"Vão para a costa". Disse de novo.
"David". John aterrorizado gritou de além do barco que boiava.
"Aqui! John, por aqui, siga a minha voz!".
John foi na direção de David que nadava para a praia rochosa. Ele viu o topo da cabeça de John aparecer, viu
seus braços baterem na escura água.
"Siga-me, estou bem aqui".
Uma gigante sombra ergueu-se atrás de John à uns três metros, arredondada e impossível. Os eventos
aconteceram como num sonho em câmera lenta na frente dos olhos de David.
Ele viu grossos e pontiagudos tentáculos de cada lado, perto do topo de sua erguente sombra.
Tentáculos não, antenas.
E percebeu que estava vendo a barriga de um monstruoso animal que não podia existir, tão grande como uma
casa. O corte negro de sua boca abriu, revelando afiados dentes do tamanho de um punho humano.
Quando aquilo vier abaixo, John será engolido pelas fortes garras. Ou esmagado. Ou levado para o fundo - uma
refeição afogada para a criatura.
No instante que ele viu os fatos, já estava gritando.
"Mergulhe! Mergulhe!".
A aberração estava caindo, seu corpo de serpente envolveu o frenético nadador. David reparou nos bulbosos
olhos, cada um do tamanho de uma bola de vôlei... e a criatura caiu, mandando explosivas ondas no ar. Antes
que David pudesse respirar, uma tremenda onda o atingiu, levando-o violentamente para trás.
Houve um momento de pressa assim que ele lutava contra a força exercida em seus membros, tentando achar
ar na envolvente corrente.
Chutando violentamente, ele voltou à tona sentindo o frio ar batendo na sua pele - e as mornas mãos humanas
puxando seus ombros.
Ele respirava convulsivamente enquanto suas botas raspavam nas rochas, e a voz de Karen atrás dele.
"Peguei ele".
David pegou fôlego e se virou. Pessoas molhadas estavam estendendo as mãos, Steve e Rebecca.
Meu Deus, John.
"Eu estou bem". David disse. "John... alguém está vendo ele?".
Ninguém respondeu.
"John!". Ele chamou, tão alto quanto podia, procurando e nada vendo.
"John". Ele chamou de novo - esperança diminuindo.
"O que?". Uma voz estrangulada veio das rochas à esquerda deles.
David respirou aliviado assim que a figura pingando de John saia das sombras.
Steve foi em sua direção, agarrando seu braço e o apoiando nas rochas.
"Eu mergulhei". John disse.
David se virou olhando para cima, para o complexo, além da fatia de praia coberta de pedrinhas. Eles estavam na
base de uma pequena queda angulosa, no local plano. O choque do monstruoso peixe - se puder ser chamado
assim - não era mais importante. Eles estavam fora da água agora.
Eles nos viram? Não podemos ficar aqui...
"A casa dos barcos". David disse virando a sul. "Rápido".
Karen pegou a dianteira, os outros a seguiram de perto. Ninguém parecia seriamente ferido. David correu depois
de John, com suas pernas doendo.
Assim que eles subiram as pedras, David ouviu um ruído abafado de metal, viu Rebecca abraçando o pacote de
munição em seu peito. Ele sentiu novas esperanças; se eles pudessem vê-las em algum lugar seguro...
A construção estava à frente, à direita, quieta e escura, a porta fechada de frente para a doca de madeira. Não
dava para saber se estava vazia à apenas dez metros de distância.
Sem escolha.
"Fiquem abaixados". David disse em voz baixa e todos foram na direção do lugar.
Karen abriu a porta. Nenhum alarme disparou. Steve e Rebecca foram atrás dela, depois John, depois David que
fechou a porta de madeira.
"Fiquem aonde estão". Disse suavemente. Fora a respiração de todos o local estava quieto. Mas havia um cheiro
horrível no ar, um cheiro de algo morto a algum tempo...
O fino raio de luz cortou a escuridão, revelando uma grande e quase vazia sala sem janelas. Cordas e coletes
salva-vidas pendurados por estacas de madeira, uma bancada corria o comprimento de uma parede, alguns
serrotes e prateleiras desorganizadas...
-meu Deus -
A luz congelou na outra porta da sala, diretamente em frente a que eles entraram. O raio de luz iluminou um
corpo nu e um casaco de laboratório esfarrapado com manchas de óleo. Fibras secas de músculo saiam de uma
face não muito sorridente.
O corpo foi pregado na porta, uma mão fixada mostrando um aceno de boas-vindas. Aparentemente, morto a
semanas.
Steve sentiu algo subindo em sua garganta. Ele engoliu, desviando o olhar, mas a grotesca imagem já estava
fixada em sua mente - a face sem olhos e de pele descascada...
Jesus, isso é alguma piada? Steve sentiu-se tonto.
Por alguns segundos ninguém falou, até que David começou a falar baixo com a mão sobre a luz.
"Vejam seus cintos e soltem seus clips. Eu quero status agora, danos depois equipamento. Respirem fundo,
todos. John?".
A voz de John surgiu à esquerda de Steve. Karen e Rebecca estavam à sua direita. David ainda na porta.
"Eu estou com meleca de peixe no corpo, mas estou bem. Estou com a minha arma mas perdi a lanterna. Tal
como os rádios".
"Rebecca?".
"Estou bem... hum, minha arma está aqui, lanterna e kit médico... ah, e munição".
Steve se checou enquanto ela falava, segurando sua Beretta, ejetando o clip molhado e pondo-o em um bolso.
Havia um lugar vazio em seu cinto onde a lanterna deveria estar.
"Steve?".
"É, sem ferimentos. Arma mas sem luz".
"Karen?".
"Também".
Os dedos de David se moveram, permitindo a leve luz se espalhar pelo lugar. "Ninguém está ferido e ainda
estamos armados; podia ter sido pior. Rebecca, passe os clips, por favor. A cerca não deve estar a mais de
cinqüenta metros a sul daqui, e há árvores suficientes para cobrir desde que ninguém nos tenha visto".
Steve pegou três clips de Rebecca, agradecido. Colocou um na arma.
Ótimo, bom, vamos detonar. Primeiro aquela coisa que quase nos comeu, agora Sr. Morte dando um tchauzinho
como se quisesse dizer oi...
Steve não é assustado facilmente, mas sabia do perigo quando a viu.
David se aproximou do corpo decomposto, um olhar de nojo cobriu sua face. "Karen, Rebecca, venham ver isso.
John pegue a luz de Rebecca e veja se consegue achar algo de útil com Steve".
John pegou a lanterna e andou com Steve pela longa bancada.
"O T-virus não fez isso". Rebecca disse. "Padrão de decomposição todo errado...".
Silêncio, então Karen falou. "Vê aquilo? David me dê a lanterna por um segundo".
John direcionou a luz sobre a suja tábua da bancada. Um copo de café quebrado. Uma pilha de nozes
engorduradas e dardos no topo de um alvo. Uma chave de fenda elétrica empoeirada e gumes num pano
manchado.
Nada, não tem nada aqui. Nós devíamos sair desse lugar antes que alguém venha dar uma olhada...
John abriu a gaveta e a revirou enquanto Steve tentava descobrir o que estava numa prateleira. Atrás deles,
Karen falava.
"Ele não estava morto quando foi pregado, eu diria que estava perto. Inconsciente. Não há machucados;
sugerindo que ele não lutou... e tem marcas de raspagem aqui e aqui; eu diria que ele foi baleado pela porta de
trás e arrastado".
John terminou a varredura na gaveta e eles prosseguiram - o som de botas contra o chão de madeira. Um grupo
de soquetes de tomada. Um rádio barato. Um saco de papéis amarrotados perto de um lápis.
Algo esbarrou nos pensamentos de Steve fazendo-o parar, olhando para o saco. O lápis...
Ele pegou o papel amassado. Haviam várias linhas escritas perto do final da folha.
"Ei, achamos alguma coisa". John disse baixo, iluminando o papel enquanto os outros vinham. Steve leu em voz
alta, iluminando as palavras. Não havia pontuação; ele fez de tudo para fazê-las.
"... 20 de Julho. A comida estava drogada, estou enjoado - eu escondi o material para você, dados enviados. Os
barcos estão afundados e ele deixou os..."
Steve franziu as sobrancelhas incapaz de ler a palavra.
Tris... Tris-Squads?
"Os barcos estão afundados e ele deixou os Trisquads fora - escuro agora, eles virão, eu acho que ele matou o
resto - pare-o - Deus sabe o que ele pensa em fazer. Destruir o laboratório - encontrar Krista, diga a ela que sinto
muito, Lyle sente muito. Eu quero - ".
Não havia mais nada.
"A mensagem de Ammon". Karen disse suavemente. "Lyle Ammon".
Não precisava ser detetive para descobrir quem estava pendurado na porta. Ele tem uma identidade agora. E a
mensagem que Trent deu a David estava tão estranha porque o pobre homem estava dopado ao mandá-la.
"Bom em dar um nome a face, hein?" John disse sem nenhum sorriso.
O que é um Trisquad? Quem é "ele"?.
"Talvez a gente deva olhar em volta mais um pouco". Rebecca disse, mas David balançou a cabeça.
"É melhor deixar para lá. Nós vamos...?
Ele parou de falar quando pesados passos soaram no lado de fora da porta a qual vieram. Todos congelaram,
ouvindo. Outros passos, e quem quer que sejam, não estavam tentando esconder sua aproximação.
Eles pararam na porta - e ficaram lá, sem tocar na maçaneta, sem chutar a porta e sem outro som. Esperando.
David circulou o dedo no ar, apontando para Karen e depois para a porta com o corpo de Lyle Ammon. O sinal
para sair, Karen primeiro.
Todos seguiram em direção do corpo, Steve respirava pela boca a cada "creck" que faziam.
Assim que Karen abriu a porta, o silêncio foi quebrado por tiros de uma metralhadora - vindo da direção de sua
rota de fuga.
[4]
Karen pulou assim que balas perfuravam a porta. Pedaços de carne podre voavam do corpo de Ammon; o corpo
dançava num ritmo de ação macabra.
Quem quer que esteja atirando, está se aproximando. Os tiros ficavam mais altos e estilhaços de carne e
madeira os atingia. Estavam encurralados; ambas as saídas bloqueadas.
Rebecca agarrou com força sua Beretta na mão esperando um sinal de David. Ele apontou para noroeste do
complexo gritando para ser ouvido sob os tiros.
"Rebecca, a outra porta! John, Karen, próximo prédio! Steve, nós cobrimos! Vão!".
Steve e David saltaram fora e começaram a atirar. John e Karen saíram correndo, desaparecendo
instantaneamente na escuridão.
Rebecca mirou na porta de trás, seu coração pulando na garganta. As paredes tremiam.
"Morre! Jesus, porque eles não morrem?" Steve gritou atrás dela, fazendo seu sangue gelar com o tom de terror
em sua voz.
Zumbis?
Sem tirar os olhos da porta, Rebecca gritou o mais alto que pode.
"Na cabeça! Mire na cabeça!".
Não havia como saber se eles escutaram.
"Rebecca, vamos!".
Ainda sob o som de tiros de metralhadora, ela olhou para trás e viu Steve atirando em algo e David sinalizando
para ela se mover.
Ela foi na direção da porta com o corpo ainda pendurado. A cabeça parecia uma abóbora podre, dentes
estilhaçados, pegajosos pedaços de pele radiando de trás da cabeça. A mão não estava mais conectada ao
braço, o *Rádio e a *Ulna estouraram. O corpo estava lá como alguma decoração obscena, acenando...
Steve atirou de novo e o som da metralhadora cessou. Ele ergueu a arma, e assim que abriu a boca para dizer
algo -
- a porta de trás estraçalhou - balas voando através do escuro numa chama de fogo laranja. David a puxou para
porta e ela correu, o som de nove milímetros soou atrás dela.
Ela correu a toda velocidade, seus sapatos molhados socando o chão rochoso, procurando o contorno de um
grande bloco de concreto e as finas árvores que circundavam a escuridão à frente.
"Aqui".
Ela desviou em direção ao chamado, viu a silhueta de John no canto de um prédio. Aproximando-se dele, viu a
porta aberta, Karen em pé na entrada com sua arma em direção a casa dos barcos. Balas ainda cantavam no
escuro.
"Entre!". Karen gritou saindo do caminho.
Rebecca correu sem diminuir até estar dentro. Ela colidiu com uma mesa, batendo dolorosamente sua coxa na
quina.
Virando, viu Karen atirando e John berrando. "Vamos, vamos!".
E Steve passou pela porta respirando. Ele parou antes de atingir Rebecca - uma mão agarrando seu colete.
Rebecca foi até a porta de aço assim que David a cruzou dizendo:
"Karen, John!".
Karen recuou para o escuro, arma ainda erguida. Houve mais três disparos de uma Beretta e John entrou.
Rebecca fechou a porta. O leve "click" da tranca foi dificilmente ouvido pelos ouvidos que apitavam. Do lado de
fora os tiros pararam. Não houve vozes entre os agressores, alarme, latidos de cachorro ou gritos de feridos.
O silêncio era total, quebrado apenas pela respiração no úmido e quente escuro.
Um raio de luz revelou as faces chocadas do time assim que David iluminou seu esconderijo.
Uma sala de meio tamanho, cheia de mesas e computadores. Não haviam janelas.
"Você viu aquilo?". Steve disse para ninguém. "Deus, eles não iam cair, você viu aquilo?".
Ninguém respondeu, e apesar de estarem fora de perigo, Rebecca não sentiu sua adrenalina diminuir, não sentiu
seu coração voltar a nada próximo do normal; parece que a Umbrella encontrou uma nova aplicação para o
T-virus.
E gostando ou não, nós teremos que lidar com as conseqüências.
Eles estavam presos em Caliban Cove. E lá, as criaturas tinham armas.
David respirou fundo e exalou pesadamente, iluminando a porta. "Eu diria que fomos descobertos. Poderíamos
ver no que entramos. Rebecca, acenda as luzes".
Ela apertou o botão na parede e a sala se iluminou, acima fluorescentes pulsando para a vida. David avaliou seu
time e viu que Steve tinha uma mão no peito.
"Você está ferido?".
"O colete a segurou". Ele disse parecendo mais sufocado que os outros, sua face mais pálida do que devia.
Rebecca olhou para David que respondeu com um balanço de cabeça.
"Cheque-o. Mais alguém?".
Ninguém respondeu enquanto Rebecca pedia a Steve para tirar o colete. David virou-se e olhou a sala. Haviam
seis mesas de metal, cada uma com um computador. As paredes de cimento eram planas e não tinham
decorações. Tinha outra porta na parede oeste que deve se aprofundar mais no local.
"Karen, proteja aquela". Ele disse. "Não parece que estamos encarando um acidente. O que o bilhete dizia? A
comida estava drogada e alguma coisa sobre um "ele" matando os outros... é possível que nós não estejamos
olhando para uma contaminação do T-virus?".
--------------------------------------------------------------
* Rádio e *Ulna - Ossos que compõem o antebraço.
-------------------------------------------------------------- Rebecca terminou de examinar o peito de Steve, o expert em
informática estava sentado em uma das mesas na frente dela. "Você está bem. Nada quebrado".
Ela voltou para David. "É, se isso tivesse acontecido, aquele cara na porta, Lyle Ammon, teria sido infectado. Mas
os Trisquads - se eles são o resultado de experimentos com o T-virus, eles já estariam podres agora. Já se
passaram três semanas desde que o bilhete foi escrito. Pode ser um vírus diferente ou alguém esteve cuidando
deles. Manutenção de enzimas, talvez algum tipo de refrigeração".
"E se esse "alguém" ficou bravo e matou todo mundo, pra que perder tempo?". David falou.
"Aquele corpo". Karen disse. "E a criatura ou criaturas lá fora. É como se ele esperasse alguém vir..."
"... mas não significa para nós ir muito longe". John terminou.
"Então o que fazemos agora?". Steve perguntou.
David não respondeu, incerto sobre o que dizer. "Eu... nossas opções são ir embora ou ir mais adentro". Disse
calmamente. "Considerando o que aconteceu, eu não me sinto confortável visitando esse lugar. O que vocês
querem fazer?".
David olhou de face em face, esperando ver raiva e desprezo mas ficou surpreso pelo sorriso de Karen.
"Já que você perguntou, eu quero saber o que aconteceu aqui". Karen disse brilhante e ansiosa.
"É, eu também. Eu ainda quero ver o T-virus". Rebecca disse.
"Eu ainda quero destruir mais desses Tri-boys". John disse sorrindo. "Caramba, zumbis com M-16 - noite do
esquadrão dos mortos-vivos".
"Eu também quero". Steve disse. "Voltar não é muito seguro. Não foi do jeito que eu queria, mas pegar provas
sobre a Umbrella era o plano original... sim, eu quero pegar esses desgraçados".
David sorriu. Ele tinha acabado de subestimar a situação, ele gravemente subestimou sua equipe.
"O que você quer fazer?". Rebecca perguntou de repente. "Mesmo".
A pergunta o surpreendeu de novo, não porque ela perguntou, mas sim porque ele não tinha resposta. Ele
pensou no S.T.A.R.S., em sua carreira e tudo o que isso já lhes custou. Estudou o curioso olhar dela e sentiu os
outros o olhando, esperando.
"Eu quero que nós sobrevivamos". Ele finalmente disse, verdadeiramente. "Eu quero que façamos isso fora
daqui".
"Amém". John resmungou.
David lembrou do que disse à Chris para conseguir a aprovação dessa operação, algo sobre cada um deles fazer
o melhor que puder para ter sucesso contra a Umbrella.
Aprenda, Capitão...
"John, você e Karen, dêem uma olhada neste lugar, vejam as portas e estejam de volta em dez minutos. Steve,
ligue um desses computadores e veja se consegue achar um plano detalhado das áreas. Rebecca, nós veremos
as mesas. Nós queremos mapas, dados sobre os Trisquads, T-virus e qualquer coisa pessoal sobre os cientistas
que possa nos dizer quem está por trás disso tudo".
David olhou para eles, percebendo que foi claro. "Vamos lá".
Eles iriam derrubar a Umbrella.
Dr. Griffith pode não ter percebido a falha na segurança se não fosse pelos Ma7s; eles pareciam úteis apesar de
não ser essa sua intenção.
Ele passou a maior parte do dia no laboratório. Uma vez que ele decidiu soltar o vírus, não restava mais nada a
fazer. As horas voaram; cada olhada no relógio era uma surpresa. Ele seria o primeiro a transformar o mundo.
Com aquilo na sua frente, a única tarefa com que se preocupar é levá-lo para o topo do farol. Logo depois do
amanhecer ele dará as instruções finais para os doutores - e assim orgulhosamente guiar a espécie humana para
dentro da luz, para o milagre da paz.
Foi o pensamento dos Ma7s finalmente terem amanhecido dentro das cavernas, que o despreocupou. Ele já
cometeu esse erro com os Leviathans; ao assumir o controle do complexo, ele abaixou os portões da enseada,
esperando que as criaturas sintam-se tão livres quanto ele. Foi no dia seguinte que ele percebeu que a Umbrella
poderia descobrir e vir dar uma olhada, colocando um fim em seus planos. Ele continuaria mandando relatórios
semanais para maquiar a situação, mas não teria como explicar a "fuga" de quatro criaturas. Foi sorte de os
Leviathans terem voltado.
Os Ma7s eram um problema totalmente diferente. Eles eram imprevisíveis e violentos demais para ficarem do lado
de fora. Mas deixá-los morrer de fome nas jaulas não parecia certo; não foi a escolha deles de existir como
armas de destruição.
Ele ficou em frente ao portão externo por um tempo, considerando o problema dos cinco animais se atirarem uns
nos outros. Havia uma tranca manual perto de lá, e outra no laboratório. Não há modo de soltá-los do farol e
certamente não podem sair até Nicolas ficar em segurança. Ele poderia mandar um dos doutores para isso, mas
os Ma7s tem um metabolismo muito mais lento que o dos humanos.
Um mês antes da tomada do complexo, Dr. Chin e dois de seus veterinários cometeram um erro ao tentar
examinar um doente; foi um modo muito ruim de morrer.
Ele sentou em frente do computador olhando para o cursor que piscava indicando "sistema em uso" num dos
abrigos. Não havia chance de ser um erro, exceto pelos terminais do laboratório, o resto foi desativado semanas
atrás. A Umbrella veio.
Eles NÃO vão, NÃO vão me parar.
A primeira emoção foi raiva, uma fúria que o fez perder a razão.
Ainda haviam dois outros terminais no laboratório e ele andou rapidamente para um deles, olhando os doutores
sentados e quietos. Ele sentiu um ódio por eles, por criar os Trisquads; os "invencíveis" guardas que falharam na
hora em que mais precisou.
Ele sentou, ligou o computador e esperou impaciente pela silhueta do guarda-chuva girando acabar. O sistema de
segurança do complexo ficava no laboratório; de lá ele é capaz de ver o que o intruso está procurando sem
alertá-lo de sua presença.
Ele digitou várias senhas, esperou, depois digitou seu número. Após breves pausas, brilhantes linhas verdes de
informações encheram a tela. Ele conseguiu.
Olhando para as informações, ele pensou porque alguém da Umbrella estaria procurando pelo laboratório. Está
procurando no lugar errado. Os projetistas do sistema não eram idiotas, não há mapas deste lugar nos
arquivos...
... e a Umbrella saberia disso. Significa que...
O alívio passou por ele, tão puro que ele riu. Não era a Umbrella e isso muda tudo. Mesmo se eles tentarem
achar o laboratório, nunca entrariam sem um key card (cartão-chave). E Griffith destruiu todos.
Exceto o de Ammon. Nunca foi encontrado.
Ele gelou, depois balançou a cabeça. Ele havia procurado em todo lugar pelo cartão, quais as chances de um
invasor achá-lo.
E quais as chances de passarem pelos Trisquads, hein? E o que Lyle fazia nas horas em que você não o achava?
E se ele mandou alguma mensagem? Você só verificava transmissões para a Umbrella, mas se ele contatou mais
alguém?
O computador começou a mostrar informações sobre os testes de socio-psicologia que Ammon projetou. Griffith
sentiu seu controle diminuir de novo.
Eu sou um cientista, não um soldado. Eu nem sei atirar, lutar! Eu seria inútil em combate...
Imprevisível, incontrolável.
Um sorriso surgiu em seu rosto. Sangue escorria, da palma da mão, de onde suas unhas perfuraram, mas não
sentiu dor.
Seu olhar voltou-se para o aberto e silencioso laboratório. Depois para as vazias e estúpidas faces dos doutores.
Para os cilindros de ar comprimido e para o vírus, seu milagre. E finalmente para os controles que dão para a jaula
dos animais.
Nicolas sorriu largamente. O sangue pingou no chão.
Deixe-os vir.
Steve leu em voz alta. Rebecca viu David olhando para o relógio e para a porta várias vezes. Ela não achava que
se passou dez minutos, mas estava perto. John e Karen ainda não voltaram.
"... onde cada um é projetado para medir a aplicação de lógica, assim que um índice de técnicas de projeção
forem combinadas com precisão...".
Deve ser um relatório sobre a análise de algum teste de Q.I.. Deve ter sido escrito por um cientista. Ainda assim
foi o que apareceu quando Steve perguntou por informações sobre a série azul (blue series).
Alguém esvaziou a sala, e fez um bom trabalho. Ela achou livros, grampeadores, canetas, lápis, elásticos e clips
de papel, mas nenhum pedaço de papel escrito.
A busca no computador de Steve não estava indo bem; nenhum mapa e nada do T-virus. Quem quer que tenha
assumido o controle do lugar, acabou com tudo o que eles poderiam usar.
Exceto aquele teste de psicologia que nem se quer mencionou a palavra azul.
Steve apertou uma tecla e brilhou.
"Aqui vamos nós... a série vermelha (red series), quando vista de uma escala padrão, é mais básica e simples,
com um quociente de inteligência 80. A série verde (green series)...".
Ele parou. "Apagou tudo".
Rebecca desviou o olhar da mesa quase vazia a qual vasculhava quando viu David se juntando a Steve.
"Rebecca". David a chamou.
Ela fechou a gaveta e foi até Steve, curvando-se para ler o que estava escrito na tela.
O homem que o faz não precisa. O homem que o compra não o quer. O homem que o usa não sabe.
"É uma charada". David disse. "Algum de vocês sabe a resposta?".
Antes que algum deles pudesse responder, Karen e John voltaram para a sala, ambos segurando as armas.
Karen segurava um papel rasgado numa mão.
"Tudo checado". John disse. "Seis salas, nenhuma janela e só uma porta externa a norte".
"Haviam porta-arquivos na maioria delas, mas estavam vazios - exceto por este papel que achei preso na fenda
de uma gaveta".
Ela deu o papel a David que o viu, seu olhar tornando-se intenso. "Isso é tudo que havia lá?".
"Sim, mas é suficiente, não acha?".
David começou a ler alto.
"Os times continuam a trabalhar independentemente e tem mostrado um notável melhoramento desde a
modificação na *sinapse auditiva.
Na Ocasião Dois, quando mais de um Trisquad está presente, o segundo time (B) não atacará enquanto o
primeiro (A) estiver concluindo. (quando o alvo parar de se mover ou de emitir som).
Se o alvo continuar fornecendo estimulo e o A tiver suspendido o ataque (falta de munição ou defeito em todas
as unidades), B entrará em ação. Se estiverem por perto, patrulhas adicionais vão ser incluídas no ataque e serão
ativadas em sucessão.
Até agora, nós não temos expandido a habilidade sensorial para atingir o comportamento desejado; o estímulo
visual da Ocasião Quatro e Sete continuam improdutivas, apesar disso nós infectaremos um novo grupo de
unidades amanhã e correlacionar os resultados no final da semana. É nossa recomendação que continuemos a
desenvolver capacidade auditiva antes da implantação do detector de calor".
"Aqui é onde está rasgado". David disse.
"Isso explica muito. Por que o time na porta de trás da casa de barcos não fez nada?; o de fora ainda estava
atirando. Depois que você e Steve os derrubou eles entraram num segundo". Karen disse.
Rebecca não estava gostando; a Umbrella continua fazendo experiências em humanos. Em Raccoon, o T-virus
levou de sete a oito dias para contaminar de vez o hospedeiro, e em um mês já caia aos pedaços.
Ela mordeu o lábio, imaginando o que os cientistas de Caliban Cove fizeram com o vírus. E se eles aceleraram o
processo de infecção...
"O sinal da porta norte dizia que estamos no bloco C". John disse. "Você achou um mapa?".
Steve respondeu. "Não, mas dê uma olhada. Eu perguntei por informações sobre a série azul, e esse relatório de
testes de Q.I. apareceu - depois isso. Não consegui mais nada".
John olhou para a tela. "... homem que o fez não precisa, compra, não quer, usa, não sabe...".
Karen, que relia o papel rasgado, levantou os olhos com extremo interesse. "Espere, eu conheço essa aí. É um
caixão".
Steve digitou caixão. Nada mudou.
"Tente " *esquife". Rebecca sugeriu.
Assim que Steve digitou e apertou "enter", a charada foi substituída por:
SÉRIE AZUL ATIVADA.
Em seguida:
TESTES QUATRO (BLOCO A), SETE (BLOCO D), E NOVE (BLOCO B) / AZUL PARA ACESSAR DADO (BLOCO E).
"Azul para (blue to) - a mensagem de Ammon". Karen disse rapidamente. "É isso - a mensagem recebida falava
sobre a série azul, depois dizia, entrar com a resposta para senha". A resposta era esquife".
"E os números dos testes são a senha". David disse. "Tinham mais três coisas na mensagem antes de "azul para
acessar". Devem ser as respostas dos testes - as "letras e números ao contrário", "tempo arco-íris" e "não
conte".
David pegou uma caneta e virou o papel do relatório. A informação agora faz sentido. Ele desenhou cinco caixas
em duas linhas, igual o mapa de Trent, nomeando-a mais ao sul como C. Depois ele temporariamente nomeou os
outros, começando pelo topo à esquerda como A e indo para a direita e depois para a esquerda, pondo os
números dos testes perto de cada letra.
"Supondo que este seja o lado de cima e que nós precisamos resolver os testes em ordem, nós iremos nos
mover em zig-zag entre os blocos". David explicou.
"E supondo que os Trisquads não tenham problema com isso". John disse suavemente.
Rebecca sentiu sua excitação diminuir - pode ver a mesma expressão em seus colegas. Ela sabia que eles teriam
que partir, mas não queria pensar nisso até estar lá.
Agora está. E os Trisquads estão esperando.
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*Sinapse - Relação de contato entre os detritos das células nervosas.
*Esquife: Sinônimo de "caixão" (fúnebre).
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[5]
Eles pararam na porta norte no escuro e abafado corredor, apertando os cadarços, ajustando os cintos e
recarregando as armas.
"Você, Steve e Rebecca com o da esquerda, noroeste daqui. Daremos um tempo, depois Karen e eu sairemos.
Se você estiver certo, estaremos no bloco D; se estiver de ponta-cabeça, bloco B.
De qualquer modo, nós procuraremos o número do teste, e esperaremos vocês nos darem o "vai em frente".
John explicou.
"E se eu não...".
Karen interrompeu dizendo: "Se a gente não o ver em meia-hora, voltaremos aqui e esperaremos por Steve e
Rebecca. Completaremos os testes se for possível".
"Certo". David disse. "Ótimo".
Eles estavam preparados. Haviam infinitas variáveis da equação que poderiam tornar o simples plano, difícil.
"Alguma pergunta antes de irmos?".
Rebecca começou a falar com preocupação. "Eu quero lembrar a todos para terem bastante cuidado com o que
tocarem, ou o que os tocarem. Os Trisquads são portadores, então tente não se aproximar deles, principalmente
se estiverem feridos".
David pensou nas centenas de milhões de partículas do vírus que poderiam haver numa gota de sangue...
Todos esperaram por seu sinal. Ele deixou os pensamentos de lado e colocou a confiança na sua arma, tocando
a maçaneta da porta.
"Prontos?". Com silêncio, agora, no três - um... dois... três".
Ele abriu a porta e saiu para o quente ar da noite ouvindo o barulho das ondas. Estava mais claro do que antes. A
quase lua-cheia havia se erguido, iluminando o complexo. Nada se moveu.
Bem na frente dele a uns vinte metros estava o destino de Karen e John. Tinha uma porta de frente para o bloco
C; eles não precisarão contornar o prédio para entrar.
David saiu da porta para a sua esquerda, encostado na fina sombra da parede. Ele podia ver a frente do prédio
que esperava ser o A, alto, pinheiros à esquerda e atrás dele. Havia uma porta no meio dele, e nenhuma
proteção ao longo dos trinta e pouco metros que os separavam. Uma vez fora de C, eles estarão totalmente
vulneráveis.
Ele respirou fundo e correu abaixado para a porta do bloco. Seu corpo esperava por uma rajada de balas; a
aguda dor que o levaria para o chão. Mas estava silencioso. Os Segundos demoraram uma eternidade para a
porta ficar mais perto, maior...
Então a maçaneta estava sob seus dedos sendo girada, entrando numa sufocante escuridão - virando, viu
Rebecca e Steve chegando.
David fechou a porta rapidamente e sem fazer barulho, sentindo o vazio da sala, a falta de vida - e então o
cheiro o atingiu.
Era o mesmo cheiro da casa dos barcos só que cem vezes mais forte. David conhecia o cheiro. Se deparou com
ele numa floresta na América do Sul, num acampamento cultista em *Idaho e no porão da casa de um serial
killer. O cheiro de podridão era inesquecível.
Quantos haverão aqui?
O raio de luz rasgou a escuridão e encontrou uma pilha de corpos que tomava conta de um grande depósito, não
havia como ter certeza de quantos corpos estavam lá; eles já estavam derretendo uns nos outros, a carne negra
e enrugada dos corpos empilhados no úmido calor. Talvez quinze, talvez vinte...
Steve se afastou e vomitou - um grosso som na quieta sala.
David procurou no resto da sala, encontrando uma porta com a letra A escrita em preto.
Sem olhar para o monte, ele levou Rebecca para a distante porta agarrando Steve.
Eles saíram num corredor sem janelas, e tinha um interruptor de luz perto da porta. David o ignorou por um
momento, esperando seus jovens colegas se acalmarem.
Parece que os funcionários da Umbrella de Caliban Cove foram encontrados.
Karen e John esperaram um minuto depois que os outros foram. Abriram a porta o suficiente para ouvir. O ar
passou pela abertura. Ao longe o barulho das ondas mas nenhum tiro, nenhum grito.
Karen fechou a porta e olhou para John. "Já devem ter entrado. Quer ir na frente ou prefere que eu vá
primeiro?".
"As minhas mulheres sempre vão primeiro". Ele sussurrou. "Isso quando eu vou junto, se é que você me
entende".
"John, só responda a pergunta".
"Eu vou. Espere até eu atravessar, depois siga".
Ela se afastou para deixá-lo passar.
Assim que ele colocou a mão na maçaneta, respirou fundo e a girou. Nenhum som, nenhum movimento lá fora.
Segurando sua Beretta, ele se afastou do prédio e moveu-se rapidamente para a porta a uns vinte passos à
frente.
Alcançando a porta, tocou a fria tranca de metal - ela não se moveria. Estava trancada.
Sem pânico. Ele fez um sinal para Karen esperar e seguiu para a sua direita. Fez a curva sentindo o duro concreto
contra o seu ombro esquerdo e coxa.
Tinha outra porta de frente para o mar.
Rat - atat - atat - atat!
As balas acertaram o chão. John recuou encostando-se na parede, agarrando a fechadura. Vindo da direção da
casa dos barcos, um fila de três - John abriu a porta e pulou atrás dela, ouvindo o ping-ping-ping delas
esmagando o metal, parando a centímetros de seu corpo.
Ele segurou a porta aberta com os pés, deu uma rápida olhada e mirou no flash de luz, apertando o gatilho
enquanto pedaços de concreto e poeira vinham da parede.
Outra olhada e a fila estava mais perto, as três figuras ganhando forma. John atirou novamente pelo espaço da
porta - e quando olhou de novo, só haviam dois em pé.
John virou e viu mais dois a uns três metros no canto nordeste do prédio, ambos com metralhadoras.
Mas não se mexeram para atirar.
As M-16 ainda estavam se aproximando, mas ele só via as criaturas lá em pé, balançando em instáveis pernas.
O da esquerda tinha só metade da face; do nariz para baixo era uma líquida e polpuda massa de pele, pedaços
escuros pendurados por fibras de carne. O da direita parecia intacto até ele ver sua barriga; a mole e saliente
cobra de intestinos através de sua camisa ensangüentada.
Não vai atacar enquanto A estiver terminando.
Bam! Bam!
Karen.
John recuou para dentro do prédio, segurou a porta aberta contra o par que ainda atirava. Ele mirou
cuidadosamente. Nenhuma das criaturas se mexeu para se proteger, só ficaram lá, o observando.
Dois tiros certeiros na cabeça explodiram sob o som das metralhadoras. Antes deles caírem no chão, John ouviu
outro tiro de nove milímetros.
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*Idaho - Estado dos E.U.A.
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Ele olhou em volta da porta e viu as figuras do time ativo a uns trinta metros, um deles ainda atirava com a arma
apontada para o céu.
Karen surgiu de entre os prédios com a arma ainda apontada para o convulsivo atirador, de costas para John.
"Não atire nele! Aqui, deixa ele!".
Ela virou para John e ambos entraram no bloco. Assim que ela fechou a porta o som da metralhadora cessou.
A respiração irregular de Karen quebrou o silêncio da escura sala.
"Ei John, foi bom para você?".
Ele piscou os olhos registrando as palavras vagarosamente.
"Indo Primeiro". Ela completou. "Foi como você esperava?".
"Não teve graça". Ele disse.
Um pouco depois eles começaram a rir.
Enquanto eles se moviam pelo corredor, Rebecca pensava em Nicolas Griffith, sobre a história das vítimas do
Marburg - e não haviam provas de que ele está por trás do massacre do pessoal da Umbrella, ela não conseguia
abalar o pensamento de que ele é o responsável.
O corredor os levou através de várias salas, tão sem vida quanto as do bloco o qual vieram. Eles passaram pela
saída no lado mais distante do bloco e depois de outra curva no corredor, finalmente chegaram a uma outra porta
marcada com a letra A, e embaixo, 1-4. Haviam três triângulos debaixo dos números, cada um com cores
diferentes - vermelho, verde e azul.
David abriu a porta, revelando um hall. Rebecca viu mais triângulos coloridos na porta 1 à direita. Outra não tinha
nada.
"Eu fico com o teste". David disse. "Steve, você e Rebecca verão a outra porta. Nos encontraremos aqui".
Rebecca balançou a cabeça e viu Steve fazer o mesmo. Ele parecia um pouco pálido, mas forte o suficiente. Ele
soltou o olhar ao perceber que ela o estava observando. Rebecca sentiu uma simpatia por Steve, percebendo que
ele estava envergonhado por ter jogado o almoço fora.
Os dois abriram a porta e saíram numa outra sala sem janelas, abafada e quente como o resto do lugar.
Rebecca acendeu as luzes e um grande escritório cheio de estantes, apareceu. Uma mesa de aço ficava no
canto próxima a um porta - arquivos com as gavetas vazias e abertas.
"Você quer a mesa ou as estantes?". Steve perguntou.
"Acho que as estantes". Rebecca escolheu.
Ele sorriu quase tímido. "Melhor assim. Talvez eu ache algumas balas de hortelã numa das gavetas".
Rebecca sorriu agradecida pela brincadeira. "Guarde uma para mim".
Eles se olharam, ainda sorrindo - e Rebecca sentiu um calafrio de excitação através do corpo.
Steve desviou o olhar primeiro com a cor de suas bochechas mais rosas do que antes. Ele foi para a mesa e
Rebecca para a fileira de livros, sentindo-se um pouco corada. Havia uma definitiva atração lá, e parecia ser
comum.
Os livros eram sobre o que ela esperava. Química, biologia, modificação de comportamento e vários boletins
médicos.
Ela correu a mão, puxando os livros. Talvez haja algo escondido atrás de um deles.
... sociologia, *Pavlov, psicologia, psicologia, patologia -
Ela parou, olhando um fino livro preto entre dois grandes. Sem título. Ela o pegou e sentiu seu coração acelerar ao
abrir o pequeno livro, vendo as rabiscadas letras escritas à mão.
Ela viu "Tom Athens" escrito em letras boas na capa de dentro.
Um dos caras da lista, um dos cientistas!
"Eu achei um diário". Ela disse. "É de uma das pessoas da lista do Trent, Tom Athens".
Steve tirou os olhos da mesa. "Mesmo? Vá para o final, qual é a última data?".
"Diz 18 de julho - mas não parece que ele o mantinha certo. A data antes dessa é 9 de julho...".
"Leia a última inscrição". Talvez nos diga o que está acontecendo". Steve disse.
Ela foi para a mesa e inclinou-se nela, limpando a garganta.
"Sábado, 18 de Julho. Esse foi um longo e ridículo dia, o fim de uma longa e ridícula semana. Eu juro por Deus, eu
vou bater no Louis se ele convocar mais uma reunião. Foi para adicionar ou não outra Ocasião no programa
Trisquad, como se precisássemos de outra. Tudo o que ele queria era tê-la no papel, e o resto foi seu besteirol
de sempre - a importância do trabalho em equipe, a necessidade de compartilhar informações, então nós todos
podemos "ficar no rumo certo". Quer dizer, Jesus, é como se ele não conseguisse viver sem o seu nome no
semanal.
Ele não tem feito nada desde o desastre do Ma7, exceto por tentar e convencer todo mundo de que a culpa foi
de Chin. É o fim da picada...
Alan e eu falamos sobre os implantes ontem, está indo bem. Ele vai descrever a proposta esta semana, e NÃO
deixaremos Louis tocá-lo. Com sorte, conseguiremos a luz verde no fim do mês. Alan acha que os White boys
vão querer fazê-los antes de Birkin, só Deus sabe porque; B. não dá a mínima para o que fazemos aqui, ele está
longe de ser brilhante de novo. Eu tenho que admitir, eu quero saber qual será sua próxima síntese; talvez nós
devemos malhar alguns dos nossos Trisquads.
Houve um pequeno susto no D na Quarta-feira, na 101. Alguém deixou o refrigerador aberto, e Kim jurou que
estavam faltando alguns produtos químicos. Estou começando a achar que ela errou na contagem de novo. É
difícil de acreditar que ela está encarregada do processo de infecção. Ela é negligente para cuidar do equipamento.
Estou surpreso por ela não ter infectado o complexo inteiro. Deus sabe que há o bastante para isso.
Eu mesmo deveria conferir o D, para ter certeza de que está tudo pronto para amanhã. O Griffith tem pedido
para observar o processo; primeira vez que ele se interessou pelo que estamos fazendo. Eu sei que é idiota, mas
eu ainda quero que ele seja impressionado; ele é tão brilhante quanto Birkin, em seu próprio modo pavoroso. Eu
acho que ele até intimida Louis, e Louis é geralmente burro demais para isso.
Mais tarde.".
O resto das páginas estavam em branco. Rebecca olhou para Steve, incerta sobre o que fazer, sua mente
trabalhando para juntar os pedaços de informações relevantes. Havia algo lá que a incomodava.
Elementos químicos faltando. Processo de infecção. O brilhante e pavoroso Dr. Griffith...
Agora ela não tem mis dúvidas de que Griffith matou os outros, mas não foi o que a fez dizer em voz alta. Foi...
"Bloco D". Steve disse. "Se nós estamos em A, Karen e John estão no D".
Onde há T-virus suficiente para infectar o complexo inteiro. Onde o processo de infecção aconteceu.
"Nós devemos contar para o David". Rebecca disse. Steve concordou. Eles foram para a porta. Rebecca
esperando que John e Karen não achassem a sala 101 - e se achassem, que não tocassem em nada.
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*Pavlov - Fisiologista russo, ganhador do prêmio Nobel.
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A sala de teste era grande, três das paredes marcadas com linhas formando três cubículos. Acendendo a luz, ele
viu que os testes estavam claramente numerados e marcados com cores, os símbolos pintados no chão de
cimento em frente de cada um.
Todos os testes da série vermelha estavam à sua esquerda, mais perto da porta. Ele viu blocos brilhantes e
coloridos, simples figuras nas mesas em cada cubículo que passou, indo para o fundo da sala. A série verde
estava demarcada na parede oposta. Ele a ignorou completamente.
A parede de trás era marcada com triângulos azuis. O teste número quatro ficava no distante canto direito.
Aproximando-se do fundo da sala, ele ouviu um fraco ruído de força vindo da área azul. Havia um pequeno
computador na mesa do teste número dois. Um teclado e um fone na do três. Como prometido, as séries
estavam ativadas.
Ele parou em frente do último cubículo, voltando sua atenção para a tarefa. Ele não estava certo sobre o que
veria, mas o tipo do teste o surpreendeu. Uma mesa e uma cadeira de metal cinza. Na mesa havia um bloco de
papel, um lápis e um tabuleiro de xadrez com todas as peças no lugar. Assim que ele entrou no cubículo, viu uma
placa de metal na superfície da mesa com números marcados nela.
David sentou na cadeira olhando para os números.
9-22-3 // 14-26-9-16-8 // 7-19-22 // 8-11-12-7
Olhou para o tabuleiro e então de volta aos números. Nada mais para ver; isso era tudo. Ele ordenou
rapidamente as dicas da mensagem de Ammon, imaginando qual seria a resposta. Era "letras e números ao
contrário" ou "não conte"? não parecia ser nada relacionado com o tempo ou arco-íris, tinha que ser um dos
dois...
Se as linhas estão na mesma ordem que os testes, este é letras e números ao contrário. Mas que letras, não
tem nenhuma.
David sorriu de repente sacudindo a cabeça. Os números na placa não são maiores que 26; era um código, e
bem simples.
Ele pegou o lápis, escreveu o alfabeto e o numerou de trás para a frente; A era 26, B 25 até Z, 1.
David começou a decifrar a mensagem.
R... E... X... M...
A última letra era T. Ele olhou para a frase e depois para o tabuleiro. Parecia que alguém tem senso de humor.
REX MARKS THE SPOT
"Rex" significa "rei" em Latim.
Branco sempre começa, então...
Ele tocou o rei branco. Assim que o dedo dele tocou na peça, ela girou em volta e ficou de frente para as costas
do tabuleiro. Ao mesmo tempo, um suave som musical veio de cima. Ele olhou para o teto e viu um alto falante.
Nada mais aconteceu, nenhuma luz piscando ou passagens secretas atrás da parede. Aparentemente ele
passou.
Parecia ser um complicado teste para alguém supostamente tão burro quanto o zumbi de um Trisquad. Os
cientistas deviam ter planos para algo mais... inteligente...
David levantou e foi para a frente da sala - assim que a porta abriu. Rebecca e Steve entraram com expressões
amedrontadas.
"O que foi?"
Rebecca ergueu o livro falando rápido. "Ele diz que o vírus foi usado para infectar os Trisquads no bloco D, na sala
101. Tudo pode estar bem a não ser que John ou Karen tocaram algo contaminado".
Foi o bastante. "Vamos!".
Eles correram pelo caminho a qual vieram em direção a saída.
Eles estavam no iluminado corredor no centro do bloco D, silenciosamente escutando pelo som que os diria sobre
a chegada de David. De lá eles eram capazes de escutar uma das três portas externas sendo usadas. Depois de
vasculharem o prédio e achado a sala do teste, ela e John liberaram todas as portas de saída.
Karen olhou no relógio e esfregou os olhos, sentindo-se cansada por tudo o que aconteceu naquela noite, e ainda
enjoada pelo que acharam na sala 101.
Até John estava mais quieto do que o normal. Não fez uma piada desde que voltaram para esperar.
Talvez ele esteja pensando nas macas com sangue. Ou nas seringas. Ou no equipamento médico amontoado na
pia...
Eles encontraram a sala do teste primeiro, uma grande sala cheia de pequenas mesas, cada uma marcada com
números entre cinco e oito; Karen ficou desapontada de algum modo por ver que o número sete da série azul era
só um punhado de ladrilhos coloridos com letras neles - metade deles de cabeça para baixo e ilegíveis. As cores
correspondiam às do arco-íris, apesar de ter duas peças violeta a mais no monte.
Desde que eles não podiam bagunçá-lo até David completar o primeiro teste, ela sugeriu voltar e explorar o resto
do bloco.
Eles passaram por alguns escritórios vazios e uma cafeteria bagunçada, onde acharam uma caixa de rosquinhas
incrivelmente mofadas. Foi o laboratório químico que os disse sobre o tipo de lugar que a Umbrella criou. Karen
não acreditava em fantasmas mas a sala deu uma sensação jamais experimentada; era fria, simples e
assombrada pelo medo e pelo o frio; à moda de um cientista nazista cometendo atrocidades contra o
companheiro.
"Você está pensando naquela sala?". John perguntou.
Karen acenou mas não disse nada.
... a porta da sala 101 estava claramente marcada com um símbolo de risco biológico, fazendo eles discutirem
sobre entrar ou não. John dizia que o ambiente poderia estar contaminado.
Karen dizia que nenhum deles tem cortes ou arranhões, e que poderiam achar algo sobre o T-virus. A verdade
era que ela não queria deixar essa oportunidade passar; queria ver o que estava atrás da porta fechada, porque
estava lá.
John tinha finalmente concordado e eles entraram, pisando numa pequena passagem que estava cercada de
folhas de plástico pesado. Haviam chuveiros acima e um ralo no chão; uma área de descontaminação.
Uma segunda porta dava para uma sala que os levou para o sonho de um cientista maluco.
Vidro triturando sob os pés. Um cheiro de suor sob o odor de água sanitária...
John acendeu as luzes e antes da grande sala poder ser vista, Karen sentiu seu coração acelerar. Se parecia com
outros laboratórios a qual ela trabalhou; bancadas e estantes, pias de metal e um grande refrigerador de inox no
canto com uma trava na maçaneta. E de algum modo - o lugar era tão familiar. Um lugar que ela sempre se
sentia em casa.
As pequenas diferenças eram as mais dramáticas. A sala era dominada por uma limpa mesa de autópsia,
adaptada com amarras de velcro. Haviam outras duas macas de hospital, adaptadas do mesmo jeito, junto a
ela.
Ao se aproximar de uma delas, Karen viu uma escura e seca marca na ponta; o fino colchão estava ensopado de
sangue no lugar onde os tornozelos e pulsos de um homem deviam ficar.
No fundo da sala estava uma jaula do tamanho de um closet. Próximo a ela, vários postes finos apoiados na
parede com aproximadamente um metro de comprimento - cheio de agulhas hipodérmicas.
Esses são tipos de instrumentos usados para dopar animais selvagens.
Karen olhou para a maca, tocando levemente a seca mancha, imaginando que tipo de pessoa participou de um
experimento como esse. A mancha seca de sangue era velha e empoeirada fazendo-a pensar sobre como as
vítimas sofreram esperando na jaula, provavelmente observando alguns homens de luvas injetando um vírus
mutante em um ser humano amarrado...
O olho direito de Karen coçou, tirando sua concentração dos terríveis pensamentos, trazendo-a de volta para o
presente. Ela o esfregou, e depois olhou no relógio de novo. Se passaram apenas vinte minutos desde que o time
se separou.
O som de uma das portas foi ouvido, seguido pelo grito de David através do corredor. Ele veio pela entrada
oeste.
"Karen, John!".
John olhou para ela, que sentiu uma onda de alívio. David estava bem.
"Aqui! Continua andando!". John respondeu. "Vire à direita!".
David apareceu dentro de alguns segundos, sua face coberta de preocupação.
"Está tudo...". Karen começou a perguntar mas foi interrompida por David.
"Vocês acharam a sala 101?".
"Sim, no oposto de onde você veio". John disse sorrindo.
"Algum de vocês tocou algo? Vocês tem cortes ou pequenos ferimentos que podem ter entrado em contato com
alguma coisa?". David falou rápido. "Nós achamos um diário dizendo que essa sala era usada para infectar
Trisquads".
John sorriu de novo. "Sério. Nós descobrimos isso em uns dois segundos".
Karen ergueu as mãos para David vê-las. "Nenhum arranhão".
David exalou forte. "Graças à Deus. Eu pensava no pior vindo para cá. Nós achamos os cientistas no bloco A;
Ammon estava certo, ele os matou - e o nosso "ele" agora tem um nome. Rebecca está certa de que é Nicolas
Griffith. Ele foi o cara que ela reconheceu da lista do Trent. Ele tem uma história e tanto, ela te conta quando nos
reagruparmos...".
"Caramba David, eu não sabia que você se preocuparia. Ou que você achasse que nós seríamos burros o
bastante para nos espetarmos com agulhas sujas, num lugar como esse".
David riu. "Por favor, aceitem as minha sinceras desculpas".
"Onde o Steve e a Rebecca estão?". Karen perguntou.
"Provavelmente na próxima área do teste. Eu os vi entrando no bloco B antes de vir aqui... vocês acharam o
teste sete?"
"Por aqui". John disse assim que eles caminhavam pelo corredor. Ele começou a contar a luta que tiveram contra
os Trisquads.
Karen seguiu, esfregando a chata coceira em seu olho direito. Ela deve tê-lo irritado com tantas cutucadas.
Parece estar piorando. E para completar, sentiu uma dor de cabeça chegando.
Ela nunca teve dores de cabeça a não ser que tivesse algo. O mergulho no mar deve ter dado um resfriado a ela
- e a pulsação na sua cabeça não será piedosa.
CONTINUA
Raccoon Times - 24 de Julho de 1998
"Mansão de Spencer destruída em incêndio explosivo"
RACCOON CITY - Há aproximadamente 2 A.M. de Quinta-feira, os moradores do distrito de Victory Lake foram acordados por uma explosão que trovejou através do noroeste de Raccoon Forest, aparentemente causada por um incêndio que ocorreu na mansão abandonada de Spencer e aprimorada pelos produtos químicos guardados no subsolo. Devido às barricada colocadas no perímetro da floresta (por causa dos recentes assassinatos em Raccoon City), os bombeiros foram incapazes de salvar o que restou dela. Depois de três horas de batalha contra o fogo enfurecido, a mansão de trinta e um anos e a adjacente casa de empregados foram complemente arruinadas. Construída pelo Lorde Oswell Spencer, aristocrata europeu e um dos fundadores da companhia farmacêutica Umbrella Inc, a propriedade foi projetada pelo premiado arquiteto George Trevor como hospedaria para as pessoas importantes da companhia, mas foi fechada logo depois de finalizada por razões desconhecidas.
Segundo Amanda Whitney, porta voz da Umbrella Corporation, partes da mansão estavam sendo usadas para estocar agentes de limpeza industriais e solventes usados pela Umbrella. Whitney disse numa coletiva ontem que a companhia assumiria toda a responsabilidade pelo infeliz acidente, chamando-o de "um sério descuido de nossa parte. Esses produtos químicos deveriam ter sido tirados de lá há muito tempo, e nós estamos gratos por ninguém ter se machucado".Até agora, a causa do incêndio é desconhecida, e Whitney continuou dizendo que a Umbrella estará trazendo seus próprios investigadores para peneirar as ruínas esperando saber o ponto de origem do incêndio...
Raccoon Weekly - 29 de Julho de 1998
"S.T.A.R.S. tirado da investigação dos assassinatos"
RACCOON CITY - Num surpreendente pronunciamento de oficiais numa coletiva ontem, o Esquadrão de Táticas Especiais e Resgate (S.T.A.R.S.) foi oficialmente removido das investigações dos nove assassinatos brutais e cinco desaparecimentos que ocorreram nas últimas dez semanas. O membro do conselho da cidade, Edward Weist, citou incompetência como principal razão para a remoção do S.T.A.R.S.
Os leitores devem se lembrar que a primeira ação do S.T.A.R.S., depois de ser designado para cuidar dos casos na semana passada, foi vasculhar o noroeste da floresta pelos assassinos canibais. Weist declarou que foi a "conduta não profissional" que resultou na destruição de um helicóptero e na perda de seis dos onze membros, incluindo o comandante do S.T.A.R.S., Capitão Albert Wesker.
"Depois da má conduta na floresta", disse Weist "nós decidimos deixar o caso nas mãos do R.P.D.. Nós temos razões para acreditar que o S.T.A.R.S. deve ter ingerido drogas e/ou álcool antes da missão, e suspendido o uso de seus serviços indefinitivamente".
Weist estava acompanhado por Sarah Jacobsen (representando o Prefeito Harris) e o representante da polícia, J.C. Washington, para fazer o pronunciamento e responder perguntas. Nem o chefe da polícia, Brian Irons e nem os sobreviventes do S.T.A.R.S. podem ser alcançados para comentários...
Cityside - 3 de agosto de 1998
"Início do incêndio considerado acidental"
RACCOON CITY - Depois de uma completa investigação por oficiais dos bombeiros trabalhando com a IDS (Industrial Services Division / Divisão de Serviços Industriais) da Umbrella Inc., o incêndio que destruiu a mansão de Spencer foi causado pelo descuido de pessoa ou pessoas desconhecidas, como foi anunciado numa coletiva ontem. O líder da IDS, David Bischoff disse, "parece que alguém tentou começar uma fogueira em um dos quartos da mansão e a situação saiu do controle. Nós não encontramos nada que sugere um incêndio proposital ou uma brincadeira de algum tipo". Ele continuou falando que a destruição foi total, e não há evidências de que alguém foi pego pelo fogo ou pela explosão que se seguiu.
O Chefe Brian Irons do Departamento Policial de Raccoon City estava presente na conferência, e lhe foi perguntado se ele acreditava haver alguma conexão do incêndio com os assassinatos e desaparecimentos, e Irons respondeu que não há como ter certeza. "Até agora, tudo o que eu falar será só especulação - eu diria que o fato de os assassinatos terem parado desde a noite do incêndio, pode significar que os assassinos estavam escondidos lá. Nós só podemos esperar que eles tenham deixado a área para que em breve sejam presos".
Chefe Irons recusou comentar as acusações de má conduta do S.T.A.R.S. em sua breve atuação na investigação dos assassinatos, só dizendo que concordava com a decisão do conselho da cidade e que ações disciplinares estão sendo consideradas...
https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/2_CALIBAN_COVE.jpg
[1]
Rebecca Chambers estava andando de bicicleta na escuridão das ruas de *Cider District sob a luz da lua brilhando
no céu. Apesar de ainda ser cedo as ruas estavam desertas, obedecendo o horário de recolher da cidade.
Ninguém menor de dezoito anos deveria sair até que os assassinos sejam pegos e presos. Este tem sido um
tenso e quieto verão em Raccoon City...
Ela passou por casas silenciosas onde só a luz da televisão podia ser vista através da janela. As pessoas
aguardavam trancadas em suas casas esperando a notícia de que os assassinos foram presos e a cidade estava
à salvo.
Se eles soubessem...
Estes tem sido treze longos dias desde o pesadelo da mansão de Spencer. Jill, Chris, Barry e ela mesma foram
acusados de estarem drogados. Depois de serem afastados dos casos, até o RPD recusou a acreditar no
S.T.A.R.S.. Agora, com a Umbrella assumindo a investigação sobre o incêndio, provavelmente se livrando das
provas...
- Não seria tão simples. Uma das maiores e mais respeitadas companhias farmacêuticas do mundo fazendo
experiências com armas biológicas num laboratório secreto - Se eu não soubesse de nada, eu provavelmente
acharia isso uma loucura.
Rebecca e os outros devem se cuidar antes que algum agente seja enviado para atacá-los.
Ela estava usando um revólver snub-nosed. 38 da coleção de Barry esperando não precisar mais dela depois
desta noite.
Virando à esquerda na Rua Foster, Rebecca pedalou em direção a casa de Barry pensando que ele convocou a
reunião, provavelmente por que recebeu ordens do escritório principal.
Talvez eles me movam para algum laboratório, e estudar o vírus. Tecnicamente eu ainda sou uma Bravo; não há
motivo de me quererem no campo de batalha...
Sem dúvida esse seria o melhor modo de usar os meus talentos.
Os outros eram soldados experientes e Rebecca só está a cinco semanas no S.T.A.R.S.. Sua primeira missão foi
a de *Raccoon Forest que exterminou todos de seu time incluindo outros no segredo da Umbrella. Ela sabia que
trabalhando no T-virus seria a maior contribuição que ela daria para acabar com a Umbrella.
Rebecca parou no final do quarteirão, em frente a uma enorme casa de dois andares amarelo-claro no estilo
vitoriano, olhando em volta por algo suspeito antes de descer da bicicleta. Os Burton vivem próximo a um parque
cheio de árvores no subúrbio.
Levando a bicicleta até a varanda viu que se passaram vinte minutos desde a ligação de Barry.
Antes de bater na porta, ele a abriu. Vestindo uma camisa e calça jeans, ele a deixou entrar dando uma rápida
olhada antes de fechar a porta.
"Você viu alguém", Barry perguntou com sua Colt Python no coldre parecendo um cowboy.
"Não, ninguém". Ela respondeu.
"Chris e Jill estarão aqui a qualquer momento. Você quer um café?" Barry parecia tenso.
"Não, obrigado. Talvez água..."
"Sim, claro. Vá em frente e se apresente, eu voltarei num minuto".
Antes de perguntar se algo estava errado, ele foi para a cozinha.
"Me apresentar? O que está acontecendo?
Ela foi até a sala e parou assustada ao ver um homem estranho sentado no sofá. Ele se levantou assim que ela
apareceu. Ele usava jeans, camisa, sapatos e uma Beretta 9mm, padrão do S.T.A.R.S.. Era alto, fisicamente
como um nadador, olhos e cabelos escuros.
"Você deve ser Rebecca" ele disse revelando seu sotaque Britânico. "Você é a bioquímica, certo?"
"Trabalhando nisso. E você é..."
"Desculpe os meus modos, por favor. Eu não esperava... isto é, eu...? ele parou em volta da mesinha de centro
de Barry estendendo a mão. "Eu sou David Trapp, do S.T.A.R.S. Exeter em *Maine."
Ela se acalmou.
O S.T.A.R.S. mandou ajuda ao invés de ligar, ótimo.
"Então, você é algum observador ou algo assim?
"Como?"
"Para a investigação - há outras equipes aqui, ou você veio para checar antes..."
"Desculpe ter que que dizer isso Srta. Chambers. Eu tenho razões para acreditar que a Umbrella tem
chantageado ou subornado outros membros do S.T.A.R.S.. Não há investigação e ninguém está vindo".
Barry entrou na sala com o copo d'água e Rebecca o pegou agradecidamente, bebendo metade dele em um
gole.
"Ele te disse, né?" Barry disse.
"Jill e Chris sabem?" ela perguntou.
"Ainda não. Por isso eu liguei. Nós devemos esperá-los para não passar por isso duas vezes".
"Concordo". David disse.
Barry começou a contar como ele e David se conheceram no treinamento do S.T.A.R.S. quando jovens. David
ouvia enquanto Barry falava sobre a noite de graduação envolvendo um sargento mau humorado e várias cobras
de borracha.
- Dezessete anos atrás.
Ela deveria estar comemorando seu primeiro aniversário.
Bateram na porta, provavelmente os dois Alphas. Barry foi atender.
"Jill Valentine, Chris Redfield, este é o Capitão David Trapp, estrategista militar do S.T.A.R.S. Exeter em Maine".
David os cumprimentou e todos se sentaram.
"David é um velho amigo meu. Nós trabalhamos juntos no mesmo time por uns dois anos. Ele apareceu aqui há
uma hora com novidades e não achei que isso poderia esperar. David?".
"Como vocês devem saber, seis dias atrás, Barry ligou para vários departamentos do S.T.A.R.S. para saber se
alguma declaração foi recebida sobre o que aconteceu aqui. Eu recebi uma dessas ligações. Eu descobri que o
escritório de Nova York não contatou ninguém sobre a descoberta. Nenhum aviso ou memorando".
Após alguns minutos de discussão, David se levantou e disse:
"Parece que existe outro laboratório da Umbrella na costa de Maine, conduzindo experimentos com seus vírus - e
como aconteceu aqui, eles perderam o controle".
David virou-se para Rebecca e disse:
"Eu estou levando um time para lá sem autorização do S.T.A.R.S. e eu quero que você venha com a gente".
Chris ainda estava intrigado com a despreocupação do S.T.A.R.S. sobre o acontecido e agora outro laboratório!
E ele quer levar a Rebecca...
"Eu conversei com o pessoal do meu time e todos concordaram que vai ser difícil sem ninguém para nos dar
cobertura. Nós só queremos entrar, coletar algumas evidências sobre o T-virus e voltar antes que alguém saiba
que estamos lá".
"Eu também vou". Chris interrompeu.
"Todos nós vamos". Barry disse.
David balançou a cabeça. "Olha, essa não é uma operação em grande escala; cinco pessoas já estão escaladas.
A Rebecca tem o conhecimento que nós precisamos para achar os dados do vírus sabendo que sintomas
procurar".
Depois de muita conversa David consegue convencer os três Alphas a ficarem. Agora a escolha é de Rebecca.
"Que informações você tem?" Jill perguntou. "Como você descobriu sobre o laboratório?
David abriu sua pasta e tirou o que pareciam ser cópias de jornais e um simples diagrama. "Logo depois de ter
falado com o escritório central, eu recebi a visita de um estranho homem que dizia ser um amigo do S.T.A.R.S....
ele me disse que seu nome era Trent, e me deu tudo isso".
"Trent!". Jill disse.
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*Cider District - Bairro Cider (Cidra).
*Raccoon Forest - Floresta que fica nos limites de Raccoon City.
*Maine - Estado que fica na costa leste dos E.U.A.
-------------------------------------------------------------- David olhou para ela intrigado. "Você o conhece?".
"Um pouco antes de nós decolarmos para resgatar o Bravo Team, Um homem chamado Trent me deu
informações sobre a mansão, e me alertou sobre o Wesker".
Barry continuou. "E Brad disse que Trent lhe deu as coordenadas da mansão logo depois de Wesker ter ativado o
sistema de destruição. Se ele não tivesse dito, nós teríamos explodido com o resto da casa".
Chris sentiu uma dor de cabeça. O S.T.A.R.S. trabalhando para a Umbrella, outro laboratório e agora o Trent de
novo.
David começa a lembrar do seu breve encontro com Trent há cinco dias atrás, tentando ver se esqueceu de
dizer alguma coisa.
Ele tinha chegado do trabalho e estava chovendo, uma tempestade de verão que amenizou a leve batida na
porta. David olhou no relógio e foi até a porta imaginando quem seria àquela hora da noite. Ele vive sozinho e não
tem família; devia ser do trabalho ou alguém com problemas no carro...
Abrindo a porta, ele viu um homem numa capa de chuva preta em sua varanda com água escorrendo pelo rosto.
"David Trapp?". Perguntou um homem alto e magro, alguns anos mais velho que David, quarenta e dois ou três.
"Sim?".
"Meu nome é Trent e tenho algo para você!".
"Eu te conheço?"
"Não, mas eu te conheço, Sr. Trapp. Eu também sei com o que você está lidando. Acredite em mim, você
precisará de toda a ajuda que conseguir".
"Eu não sei do que você está falando. Você deve ter me confundido com outra pessoa".
"Sr. Trapp, está chovendo e isso é para você."
Confuso, David abriu a porta e pegou o envelope. Assim que o fez, Trent se virou e foi embora.
Jill e Rebecca estavam estudando os mapas enquanto Barry e Chris trabalhavam nos artigos de jornal. Os quatro,
concentrados na pequena cidade costal Caliban Cove em Maine. Todos estavam preocupados com
desaparecimentos de pescadores locais, todos considerados mortos.
O mapa era do trecho costeiro da cidade. David pesquisou sobre ele e descobriu que foi comprada por um grupo
anônimo há alguns anos. Tinha um farol abandonado na beira norte da enseada, no alto dos rochedos que era
supostamente cheia de cavernas marítimas. Mostrava também algumas estruturas atrás e embaixo do farol,
descendo para um pequeno cais no sul. Estava escrito CALIBAN COVE em cima do mapa e abaixo, em letras
menores, UMB. PESQUISA E TESTE.
O terceiro papel que Trent deu era o que David não entendia. Havia uma lista de nomes.
LYLE AMMON, ALAN KINNESON, TOM ATHENS, LOUIS THURMAN, NICOLAS GRIFFITH, WILLIAM BIRKIN,
TIFFANY CHIN.
Jill pegou esse papel e leu.
"Alguma idéia do que isso significa?". David perguntou.
Jill falou sobre William Birkin, que constava no material que Trent havia dado a ela.
Rebecca pegou o papel assim que Jill olhou para David.
"Droga".
Todos olharam para ela.
"Nicolas Griffith está na lista". Rebecca disse.
"Você sabe quem é ele?". Perguntou David.
"Conheço, apesar de eu achar que ele estava morto. Ele era um dos maiores, um dos mais brilhantes homens na
biociência.
Se ele está com a Umbrella, nós temos mais com o que se preocupar do que o T-virus escapando. Ele é um
gênio no campo de virologia molecular - e se as histórias são verdadeiras, ele é totalmente louco".
"O que você pode nos dizer sobre ele?". David perguntou.
Ela bebeu o resto da água em seu copo e olhou para David. "O quanto você sabe sobre o estudo dos vírus?".
"Nada, por isso eu estou aqui". Disse David, sorrindo um pouco.
"Bom, os vírus são classificados pela estratégia de reprodução e pelo tipo de ácido nucléico (RNA ou DNA) - este é
o elemento especializado num vírus que autoriza a transferência do genoma para outra célula viva. Um genoma é
um simples grupo de cromossomos.
De acordo com a Classificação de Baltimore, existem sete tipos distintos de vírus, e cada grupo infecta certos
organismos de certo modo.
No começo dos anos sessenta, um jovem cientista de uma universidade particular na Califórnia desafiou a teoria,
dizendo que havia um oitavo grupo - os dsDNA e ssDNA que poderiam infectar qualquer coisa em contato. Ele era
o Dr. Griffith. A comunidade científica não aceitou a teoria".
Rebecca notou as expressões vazias no rosto dos colegas.
"Desculpa... Ele então, parou de tentar prová-la, sendo que muitas pessoas ainda estavam interessadas.
Ninguém mais ouviu falar nele. Meu professor, Dr. Vachss, disse que ele foi demitido da universidade por uso de
drogas, mas rumores diziam que ele estava fazendo experiências em alguns de seus alunos. Nenhum deles
falaria, mas um foi para o hospício e outro se suicidou. Isso nunca foi provado, mas depois disso ninguém o
contrataria".
"Acaba aí?". David perguntou.
"Não. No meio dos anos oitenta, um laboratório particular em Washington foi encontrado por policiais com três
homens mortos por uma infecção viral - foi o Marburg, um dos vírus mais letais que existe. Eles estavam mortos
há semanas; os vizinhos reclamavam do mau cheiro. Papéis encontrados pela polícia mostravam que os mortos
eram assistentes do Dr. Nicolas Dunne. Os três se infectaram por um vírus que eles entendiam ser inofensivo,
para que Dunne tentasse curá-los depois".
Rebecca lembrou das fotos das três vítimas do Marburg.
De uma dor de cabeça inicial para extremas amplificações em questão de dias. Febre, coágulo, estado de
choque, danos cerebrais, hemorragia por todos os orifícios - devem ter morrido em piscinas do próprio sangue...".
"E o professor achou que ele era Griffith?" Jill perguntou.
"O nome de solteira da mãe de Griffith era Dunne". Disse Rebecca.
Depois da história, todos se calaram e Rebecca começou a fazer sua decisão.
Ela sabe que o laboratório em Caliban Cove deve estar cheio de pessoas como Griffith. Sem a ajuda do
S.T.A.R.S. nenhum lugar é seguro, mas seria a chance dela contribuir, de fazer o que ela sabe. Seria uma
oportunidade de ouro estudar um vírus antes de alguém.
Rebecca suspirou fundo e disse com sua decisão feita.
"Eu vou com você. Quando iremos?".
Houve um silêncio na sala. Rebecca reparou as expressões no rosto deles até David falar.
"Certo, então. Tem um avião indo para *Bangor às 23:00. Eu acho que nós todos devemos fazer um plano aqui
e depois ir para casa".
Rebecca escutou Barry abrindo a janela e voltando para junto deles. Eles começaram a discutir sobre o que
fariam depois que Rebecca e David partirem.
Jill escutava a suave voz de David quando seu coração gelou ao ouvir sussurros nos arbustos no lado de fora da
janela que Barry abriu.
Umbrella.
--------------------------------------------------------------
*Bangor - Cidade do estado de Maine.
-------------------------------------------------------------- "Abaixem-se!". Jill gritou, saindo do sofá com Rebecca, assim que
a janela estilhaçou ao som de um rifle automático.
David foi para o chão enquanto balas atingiam a poltrona a qual estava. Tufos de almofada flutuavam enquanto
buracos enfumaçados apareciam na parede - reboque e madeira voando.
Houve um segundo de silêncio no tiroteio, suficiente para ouvir vidro quebrando nos fundos da casa.
A sala ficou escura assim que Barry atirou nas luzes. A luz do hall brilhava e mais tiros vinham do lado de fora.
Chris engatinhou sobre os cotovelos e joelhos e apagou as luzes adicionais. Agora está tudo escuro e o tiroteio
parou.
David escutou passos sobre o vidro vindos da cozinha que pararam logo depois. Devem haver mais dois cobrindo
as saídas. Mais passos na cozinha, devem estar esperando alguém se mover.
A visão de David se ajustou podendo ver Jill e Rebecca armadas do outro lado da mesinha.
A casa de Barry é a última da quadra e tem um parque logo atrás. Se eles conseguirem fugir, podem se
esconder nas árvores.
David correu para a porta da frente enquanto Chris e Jill atiravam na direção da cozinha. Atrás dele, Barry e
Rebecca corriam para a escada sob tiros. David estava a um passo da porta quando alguém a chutou, abrindo-a.
Ele se jogou na porta fazendo-a se fechar, depois rolou no chão e atirou cinco vezes. Algo pesado caiu na
varanda logo depois.
David viu Jill e Chris subindo - ao por o pé no primeiro degrau, houve uma explosão atrás dele. A porta da frente
foi destruída pelo time da Umbrella que procurava finalizar a batalha.
Dava para ver a luz da lua brilhando através da janela aberta. Jill já saiu e Chris na metade do caminho.
Ouviu-se vozes masculinas entrando pela porta da frente. Rebecca e Barry saíram.
Haviam árvores há uns vinte metros dali.
Um movimento no canto da casa e Rebecca não hesitou, atirando duas vezes - ele nunca mais se levantaria.
Nunca atirei em alguém antes.
Tiros vinham da janela - Rebecca podia senti-los acertando o chão perto de seus pés. Ela ouviu sirenes se
aproximando e segundos depois cantadas de pneu.
Chris chegou num parquinho seguido de Jill, Barry e Rebecca.
"Cadê o David?". Chris perguntou.
Procurando nas sombras, ouviu-se dois tiros. Um terceiro mais alto e mais perto. Exceto pelo barulho das sirenes
o parque estava quieto novamente.
Rebecca olhou sobre o ombro e viu David que ainda apontava sua Beretta para o atirador. Chris e Jill estavam
próximos a ela segurando suas armas - e do outro lado estava Barry espalhado no chão. Ele não estava se
movendo.
Houve escuridão e silêncio por um tempo indeterminado - e haviam vozes que flutuavam e não podiam ser
identificadas. De algum lugar bem longe, ele ouvia sirenes.
ele foi atingido
oh meu Deus
veja se está limpo
espera eu não consigo achar o ferimento me ajuda - Barry? Barry, você...
"Barry você pode me ouvir?
Barry abriu e fechou os olhos imediatamente, reagindo a dor em volta de sua cabeça. Mas havia outra dor em
seu braço esquerdo.
Baleado, deu de cara numa árvore... ou algum idiota com um bastão de baseball.
Ele tentava abrir os olhos enquanto mãos moviam-se sobre seu peito. As sirenes pararam por completo, apesar
de ainda se poder ouvir carros de polícia tomando conta da rua, o som de potentes motores ecoando através do
parque coberto de árvores.
"Braço esquerdo". Disse Barry começando a se levantar.
"Não se mexa". Rebecca disse firmemente. "Espere um segundo, tá bom? Chris, me dê a sua camisa".
"Mas a Umbrella". Barry falou.
"Tá tudo limpo". David disse, ajoelhando-se junto aos outros. "Agüenta firme".
Assim que ela terminou o curativo ele se levantou. Eles devem sair de lá antes que a polícia decida vasculha a
floresta - mas ir para onde? Nenhuma de suas casas eram seguras.
Todos estavam aliviados por não terem sido feridos, exceto David que parecia infeliz como Barry nunca o tinha
visto antes.
"O homem que atirou em você," David disse levantando uma nove milímetros com um supressor preso, sangue
pingando pelo cano da arma. "Eu o matei. Eu... Barry, era o Jay Shannon".
Barry ouviu as palavras não conseguindo aceitá-las. Era impossível. "Não, você não viu bem, está muito
escuro...".
David se virou e caminhou em direção as árvores. Barry o seguiu.
A bala da Beretta de David fez um buraco no coração do homem; foi um tiro de sorte. Olhando para a pálida face
do atirador, Barry sentiu seu coração virar pedra.
"Jesus, Shannon, por que? Porque?". Barry não se conformava.
"Quem é ele?". Jill perguntou suavemente.
Barry olhou para o homem morto incapaz de responder. David respondeu.
"Capitão Jay Shannon do S.T.A.R.S. de Oklahoma City. Barry e eu treinamos com ele."
Barry encontrou sua voz, ainda olhando para o rosto de Jay. "Eu liguei para ele semana passada, quando liguei
para David. Ele estava preocupado conosco, disse que ficaria de olho na Umbrella...".
...e nós conversamos mais alguns minutos, contando velhas histórias. Eu lhe falei que mandaria fotos das
crianças mas e ele disse que tinha que desligar por causa de um encontro...
A Umbrella deve estar por trás do ataque. A casa de Barry foi destruída por pessoas que ele conhecia, e ferido
por uma pessoa que achava ser um amigo.
O silêncio foi quebrado pelo barulho dos cachorros, que pela localização devem ser da unidade K-9 do RPD.
"Onde nós podemos ir?" David perguntou rapidamente. "Existe algum prédio vazio, algum lugar que a Umbrella
não pensaria em procurar... algum lugar que a gente pode ir a pé?".
Brad!
Brad saiu da cidade dois dias depois do incidente na mansão - não agüentou a pressão.
"Vamos lá". Disse David.
Barry conhecia o caminho para sair do parque. Ele costumava andar lá com a esposa ao lado e suas filhas
dançando ao seus pés.
Jill abriu a porta da casa de Brad facilmente. Rebecca examinava Barry enquanto Chris procurava uma camisa.
David e Jill vasculhavam a casa.
Era uma pequena casa de dois dormitórios e um jardim nos fundos. Haviam casas bem próximas a de Brad
evitando a aproximação de alguém. A mobília era simples. Objetos pessoais e livros estavam espalhados pelo
chão. Isso mostrava que o ocupante estava em pânico incapaz de decidir o que fazer para se distrair.
Naquela noite eles discutiram sobre o que o que falariam para a polícia. Rebecca e David se despediram e foram
embora.
No sorriso de Rebecca, David podia ver que ela sabia perfeitamente sobre os riscos da missão. Ele estava
satisfeito por a ter alistado. Ele só podia esperar que as habilidades dela sejam suficientes para colocá-los e tirá-los
inteiros de Caliban Cove.
[2]
Depois de reler as informações sobre Caliban Cove, Rebecca colocou os papéis cuidadosamente na mala debaixo
do assento de David. Ele trouxe três malas para o aeroporto, uma para as armas, já no bagageiro e outras duas
para não chamar a atenção.
Rebecca desejava ter comprado algumas bolachas no aeroporto, ela não comia desde o almoço e as nozes não
estavam matando a fome.
Ela apagou a luz de leitura e sentou novamente, tentando deixar o suave motor do 747 acalmá-la para um
cochilo. A maioria dos passageiros do quase cheio avião haviam adormecido, inclusive David. Rebecca tinha muito
o que pensar. Nos últimos meses ela se formou passando pelo treinamento do S.T.A.R.S. e foi transferida para
seu novo apartamento numa nova cidade. Depois veio a mansão e agora as últimas horas que deram outra
reviravolta em sua vida.
Ela virou a cabeça e viu David no assento da janela - círculos escuros de exaustão em seus olhos. Rebecca
fechou os olhos e respirou profundamente o ar fresco da cabine pressurizada. Ela pode sentir o cheiro de suor na
pele e decidiu que tomar um banho seria prioridade ao chegar no hotel.
Clareando sua mente, ela começou a contar de cem para um. A técnica de meditação nunca tinha falhado nela,
mas pode não funcionar desta vez...
... noventa e nove, noventa e oito, Dr. Griffith, David, S.T.A.R.S., Caliban...
Antes de noventa ela já estava dormindo profundamente, sonhando com sombras se movendo que nenhuma luz
podia iluminar.
Como ele fazia todas as manhãs desde o começo do experimento, Nicolas Griffith sentou na plataforma no topo
do farol e olhou o sol se elevar sobre o mar.
Griffith sempre vê o sol iluminar o horizonte antes de começar o seu dia. Assim que o sol se separou do mar, ele
levantou-se e caminhou para o parapeito com seus pensamentos voltados para o dia a frente. Tendo finalmente
terminado o trabalho sangrento na série Leviathan (Leviathan series), ele estava preparado para trabalhar mais
extensivamente com os doutores. Todos os três responderam bem à mudança, e a taxa de deterioração celular
caiu consideravelmente. Era hora de se concentrar na situação comportamental deles, o estágio final do
experimento. Em semanas, Nicolas estará pronto para expandir para além dos limites do laboratório.
O vento balançava seu cabelo cinza, o choro faminto as gaivotas finalmente o levou a ação. Os Trisquads tem de
ser levados para dentro antes que os pássaros cheguem. Algumas unidades já foram horrivelmente machucadas
e ele não quer pô-las em risco novamente. Uma vez perdido os olhos, eles seriam inúteis na patrulha.
Griffith se virou e com seu cabelo balançando desceu a escada em espiral. Seus sapatos contra o metal criavam
um eco na alta torre. Tendo o estabelecimento para si mesmo fazia tudo mais prazeroso - comer o que quiser na
hora que quiser, trabalhar em seu próprio horário, as manhãs no topo do farol... Ele sofreu por muito tempo
devido aos horários - intermináveis reuniões ouvindo seus "colegas" falarem sobre o T-virus de William Birkin. Eles
se escravizaram para aparecer com os Trisquads para a Umbrella que ficou felicíssima com os resultados,
aparentemente esquecendo o fracasso com os Ma7s. Eles eram incapazes de ver além de sua arrogância por
uma imagem maior...
Como se os Trisquads fossem nada mais do que corpos com armas.
Com as ondas quebrando, ele foi na direção dos dormitórios. Nicolas já sintetizou um aerotransmissível, e tem o
suficiente para contaminar a maior parte da América do Norte. Assim que o vírus fizer seu trabalho o sol nascerá
num mundo muito diferente, inabitado por pessoas de caráter e vontade.
Tire as habilidades do homem, sua mente fica livre. Com treinamento, se torna um animal de estimação; sem,
ele se torna um animal selvagem. Cubra o mundo com tais animais, e só os fortes sobreviverão...
Ele entrou no dormitório, ligou as luzes e viu seus doutores onde os havia deixado - sentados a mesa de olhos
fechados. Eles foram infectados pelo vírus que Nicolas usará, e estão perto do que o mundo se tornará em
alguns dias.
Além do laboratório de pesquisa, o estabelecimento foi projetado para treinar armas biológicas como os Trisquads
e os Ma7s. Há itens que podem ser usados, desde simples testes até complicados quebra cabeças.
Aproximando-se da mesa, Dr. Athens abriu os olhos, provavelmente para ver se havia perigo vindo. Dos três,
Tom Athens era o mais forte; ele foi um dos especialistas em comportamento. De fato, ele surgiu com a idéia de
uma equipe de três unidades, o Trisquad, insistindo que elas fariam um trabalho mais eficiente em pequenos
grupos. Ele estava certo.
Thurman e Kinneson permaneceram quietos. Griffith percebeu um cheiro ruim vindo de um deles. Olhando para
baixo, ele confirmou sua suspeita pelo molhado nas calças de Thurman.
De novo.
Louis Thurman foi um idiota, um biologista decente mas tão ridículo e intolerante como os outros. Ele criou a
maioria dos Ma7s, e quando se tornaram incontroláveis, botou a culpa em todo mundo menos nele. É mau que
um bom doutor não saiba o quanto patético está sendo.
"Bom dia senhores", Nicolas disse se afastando da mesa. Em harmonia, os três viraram a cabeça para vê-lo.
"Parece que o Dr. Thurman evacuou os intestinos. Está sentado na merda. É engraçado".
Os três sorriram largamente. Dr. Alan Kinneson sorriu disfarçadamente. Ele foi o último a ser infectado, sofrendo
menor deterioração do tecido. Alan ainda podia se passar por humano.
Griffith tirou o apito de polícia do bolso e colocou na mesa na frente do Dr. Athens. "Dr. Athens, tire os Trisquads
do dever. Atenda suas necessidades físicas e os envie para a sala fria. Quando terminar, vá para a cafeteria e
espere".
O apito desativaria as equipes e os chamaria para dentro. Tom Athens pegou o apito e saiu da sala pelo hall da
outra entrada do dormitório.
Haviam quatro Trisquads, doze unidades no total. Eles estão vagando pela mata junto a cerca ou se movendo
secretamente em volta do abrigo, tendo sido treinados para ficar fora da área nordeste do composto, farol e
dormitório. Eles eram bem eficientes nisso. A Umbrella queria soldados que matassem sem piedade, e lutassem
até que ,literalmente, explodissem em pedaços. Uma vez treinados com armas, os Trisquads se tornariam
máquinas de matar - com a recente onda de calor, Nicolas não sabe o quanto eles estão viáveis.
Ele voltou sua atenção para Louis Thurman que ainda sorria e fedia como um bebê. Ele nem se parecia com um -
gorducho e calvo, ele sorri como uma inocente e ingênua criança.
"Dr. Thurman, vá ao seu quarto, tire as roupas, tome um banho e ponha roupas limpas. Depois vá para as
cavernas e alimente os Ma7s. Quando terminar vá para a cafeteria e espere".
Depois que ele se levantou, Griffith viu que a cadeira de Louis estava suja. "Leve a cadeira e a deixe no seu
quarto".
Nicolas sentou-se perto de Alan Kinneson, sentindo-se cansado, observando as bonitas característica do doutor -
seus olhos expressivos. Ele olhou para Griffith esperando ordens. Alan já foi um neurologista. Haviam fotos no seu
quarto, da esposa e de seu bebê, um garoto com um brilhante e bonito sorriso.
Por um segundo Nicolas pensou.
Quantos morrerão? Milhões, bilhões?
"E se eu estiver errado?". Disse ele. "Alan, me diga se eu estou errado, que eu estou fazendo isso pelas razões
certas...?
"Você não está errado". Alan respondeu calmamente. "Você está fazendo pelas razões certas".
Griffith olhou para ele. "Me diga que a sua esposa é uma prostituta".
"Minha esposa é uma prostituta". Alan disse. Sem pausa. Sem dúvida.
Griffith sorriu e o medo foi embora.
Amanhã , ao nascer do sol, Nicolas Griffith dará o seu presente para o vento.
Karen Driver é a especialista em ciência forense do S.T.A.R.S.. É alta, de cabelos loiros e curtos, na faixa dos
trinta anos e séria. Sua pequena casa era bem limpa quase antissepticamente. Ela emprestou suas roupas para
Rebecca.
David tinha alugado um carro no aeroporto e eles acharam um hotel barato onde ficaram em seu quartos
separados. Rebecca só acordou depois das dez, tomou banho e esperou por David.
Ela ouviu a porta abrir e fechar, e novas vozes tomaram conta da sala. O time estava reunido.
Daqui algumas horas, tudo estará acabado. O que me preocupa é que David e seu time não viram os cachorros,
as cobras, as criaturas nos túneis... e o Tyrant.
Rebecca tirou as imagens da cabeça enquanto se levantava pondo as roupas sujas numa mala vazia. Não há
razões para ser diferente em Caliban Cove. Ela parou em frente o espelho, estudou a mulher que viu e foi para a
porta.
Chegando na sala viu que Karen trouxe cadeiras extras. Haviam dois homens no sofá do outro lado onde David
estava.
David sorriu enquanto os dois homens se levantavam para serem apresentados.
"Rebecca, este é Steve Lopez. Ele é um gênio em informática e nosso melhor atirador".
Steve tem olhos escuros, cabelos pretos e era uma pouco mais alto que ela. Não muito velho...
"- e este é John Andrews, especialista em comunicação e campo de escuta".
Sua pele era escura e não tinha barba, mas lembrava o Barry.
"Esta é Rebecca Chambers, bioquímica do S.T.A.R.S.". David terminou a apresentação.
John soltou a mão dela ainda sorrindo. "Bioquímica? Caramba, quantos anos você tem?".
Rebecca sorriu, percebendo o tom de humor nos olhos dele. "Dezoito. E três quartos".
John deu risadas enquanto voltava a se sentar. Ele olhou para Steve e depois para ela. "É bom ficar de olho no
Steve, então. Ele fez vinte e dois. E é solteiro".
"Fica quieto". Steve resmungou com suas bochechas coradas olhando para Rebecca e balançando a cabeça.
"Você vai ter que desculpar pelo John. Ele acha que adquiriu um senso de humor e ninguém pode contrariar".
"A sua mãe acha que eu sou engraçado". John retrucou, e antes que Steve pudesse responder David acabou
com o papo.
"Já chega". Disse. "Nós temos algumas horas para nos organizar se pretendemos fazer isso hoje.
A brincadeira dos dois foi bem-vinda por quebrar a tensão de Rebecca, fazendo com que se sinta uma do grupo
quase que instantaneamente. Assim que David começou a por as informações de Trent sobre a mesa, ela
começou a pensar sobre o que virá pela frente. Estando fora de algum organismo vivo, o vírus já pode ter
"morrido". Mas quem sabe se ele já contaminou alguém.
O vírus ainda infecta? Aquele lugar pode estar cheio de Tyrants... ou algo pior.
Rebecca não tem respostas para essas insistentes dúvidas. Ela dizia a si mesma que suas ansiedades não
interferiram em seu trabalho. E que a sua segunda missão não será a última.
"Nosso objetivo é entrar no complexo, coletar provas sobre a Umbrella e sua pesquisa, e sair com o mínimo de
problemas possível. Eu reverei cada passo a fundo e se algum de vocês tiver perguntas ou dúvidas sobre como
proceder, não importa o quanto insignificante, eu quero ouvi-las. Entendido?".
Todos concordaram e David continuou confortavelmente sabendo que chegou onde queria.
"Nós já discutimos algumas das possibilidades sobre o que pode ter acontecido lá, sendo que vocês já leram os
artigos. Eu digo que nós estamos lidando mais uma vez com algum tipo de acidente. A Umbrella se empenhou
bastante para encobrir o problema em Raccoon City".
"Por que a Umbrella ainda não enviou ninguém para Caliban Cove?". John perguntou.
"Quem sabe". Disse David. "Eles podem ter limpado as evidências - de qualquer modo, nós nos juntamos as
pessoas de Raccoon e nossos contatos para começar de novo".
Novamente todos concordaram. David olhou para o mapa.
"Ponto de entrada. Se esse fosse um ataque aberto, nós podíamos ir de helicóptero ou simplesmente pular a
cerca. Mas se ainda tiver gente lá e nós dispararmos o alarme, estará tudo acabado antes de começarmos.
Sendo que nós não queremos ser descobertos, nossa melhor opção é ir pelo mar. Podemos usar um dos barcos
da operação do petroleiro do ano passado".
"Eles não teriam um alarme no cais?". Karen perguntou.
"Eu não recomendaria usar o cais. Podemos ver no mapa que é possível esconder o barco em uma das cavernas
debaixo do farol. De acordo com o que eu li, existe uma entrada que liga a base dos rochedos ao farol. Se ela
estiver bloqueada, tentaremos outra caminho".
"O barco não chamará atenção se alguém estiver vendo?". Perguntou Rebecca.
"Ele é preto e o motor fica sob a água. Se a gente for à noite, devemos ficar invisíveis".
David esperou eles terminarem de pensar, não querendo apressá-los. Eles eram bons soldados - sua equipe. Se
algum deles tiver dúvidas, é bom esclarecê-las agora. Ele reparou na jovem face de Rebecca. Ele estava
começando a gostar dela, mais do que uma ferramenta para a missão...
"David colocou os pensamentos de lado e continuou.
"Vamos para os detalhes. Uma vez dentro, nos moveremos em fila através do complexo pelas sombras. Karen
ficará atrás de John procurando o laboratório e verificando o que pode ter acontecido. Steve e Rebecca os
seguirão. Eu irei logo atrás. Quando acharmos o laboratório, entraremos juntos. Rebecca saberá o que procurar
em termos de material, se tiver um sistema de computador funcionando, Steve pode verificar os arquivos. O
resto de nós dará cobertura. Terminando o serviço, nós voltaremos por onde viemos".
Todos revisaram o material de Trent.
"Nós podemos confiar nele? Karen perguntou.
"Parece que ele está do nosso lado em tudo isso. Sim". David respondeu vagarosamente.
"Quais são as chances de contrairmos o vírus?". Steve perguntou.
Rebecca respondeu. "Eu não posso dizer com certeza. Quando fui tirada do caso, eu perdi acesso às amostras
de tecido e saliva. Pelos efeitos, o T-virus é um mutagene que altera a estrutura do cromossomo do hospedeiro.
Pode contagiar plantas, mamíferos, pássaros, répteis etc. Em algumas criaturas ele pode promover um
crescimento incrível; em todos eles comportamento violento. Posso dizer que ele afeta o cérebro, pelo menos em
humanos - induz algo como uma psicose esquizofrênica. Ele também inibi a dor. As vítimas humanas que
enfrentamos não pareciam sentir ferimentos à bala. Na mansão, o vírus parecia ser aero-transmissível. Os
cientistas estavam, com certeza, usando o vírus em experimentos genéticos. E desde que nenhum de meu time
o contraiu, não precisamos nos preocupar com a respiração.
Nós devemos ficar de olho no contato com um hospedeiro, eu digo qualquer contato - essa coisa é bastante
virulenta ao entrar na corrente sangüínea. Uma gota de sangue pode conter centenas de milhões de partículas.
Qualquer contato com o vírus deve ser evitado a todo custo. Com sorte o vírus já deve estar morto... ou
deteriorando. Os hospedeiros, de qualquer modo".
Depois de um momento de silêncio John falou.
"Bom, parece um trabalho de merda. Se nós quisermos chegar lá a tempo, é bom sairmos logo". Ele disse
sorrindo para David. "Você me conhece, eu amo uma boa luta. Alguém tem que parar esses idiotas de espalhar
aquela coisa por aí, certo?".
Todos concordaram, mesmo sem saber o que viriam pela frente.
Olhando no relógio, David viu que faltavam algumas horas para embarcar. "Certo. É melhor a gente ir para o
depósito e "fazer as malas".
Karen estava na traseira da van carregando clips enquanto as misteriosas palavras da mensagem contida no
material de Trent se repetiam em sua mente.
... Ammon's message received / blue series/ enter answer for key / letters and numbers reverse / time rainbow /
don't count / blue to access.
Ela terminou um clip e colocou junto aos outros - secando suas mãos oleosas na calça ela pegou outro. Uma leve
brisa, cheirando sal e mar morno de verão passou pela quente van.
Eles passaram para o outro lado da estrada encontrando um lugar limpo para acampar a menos de dois
quilômetros da praia. Do outro lado o sol estava se pondo. O não tão distante som das suaves ondas estava
calmo - as baixas vozes dos outros trabalhando.
Steve e David estavam arrumando o barco, enquanto John mexia no motor. Rebecca arrumava um kit médico
que eles "pegaram emprestado" do depósito de equipamentos do S.T.A.R.S..
... as letras e números... um código? Tem a ver com o tempo? Contar? Seria a soma das linhas, ou outra coisa?
Ela não tirava isso da cabeça. As semi automáticas estavam limpas e prontas, e os clips carregados. Ninguém
estaria levando outras armas além das Berettas do S.T.A.R.S.. David insistiu para que viajassem leves. Depois de
ter ouvido mais sobre os zumbis, ela estava feliz por ter um revólver e uma lanterna.
Com um sentimento de culpa, Karen tirou do bolso do colete seu segredo, confortada pelo peso familiar na mão.
Deus, se o pessoal soubesse, eu nunca ouviria o final disso.
Foi dado pelo seu pai, o que sobrou do seu serviço na Segunda Guerra Mundial, um dos poucos itens que a
fazem lembrar dele - uma antiga granada abacaxi; chamada assim por causa do seu exterior feito de linhas
cruzadas. A granada era seu pé de coelho, ela não participou de uma missão sem ela.
"Karen, precisa de ajuda?".
Assustada, Karen olhou para Rebecca, que possuía um brilho de curiosidade nos olhos.
"Eu achava que não estávamos levando explosivos... isto é uma granada abacaxi? Eu nunca vi uma. Ela está
viva?".
Karen olhou em volta com medo de que alguém do time tivesse escutado - depois olhou para a bioquímica,
envergonhada.
"Shh! Eles nos ouvirão. Vem aqui um segundo". Karen disse. Rebecca, obedientemente, engatinhou para dentro
da van.
Karen estava absurdamente agradecida pela descoberta de Rebecca. Em sete anos de S.T.A.R.S., ninguém
havia descoberto.
"É uma abacaxi, e não estamos levando explosivos. Não diga à ninguém, tá? Eu carrego ela para dar boa sorte.
Rebecca arregalou os olhos. "Você carrega uma granada viva para dar sorte?".
"Sim, e se Steve ou John descobrirem, eles irão cair em cima de mim. Eu sei que é bobeira, mas é um tipo de
segredo".
"Eu não acho bobeira. A minha amiga Jill tem um chapéu da sorte...". Rebecca tocou a fita vermelha em sua
testa. "... e eu tenho usado isto por algumas semanas. Estava usando ela quando fui para a mansão".
Sua jovem face se fechou, e depois sorrindo novamente disse direta e sincera.
"Não direi uma palavra".
Karen decidiu que realmente gostava dela. Ela colocou a granada no bolso olhando para Rebecca. "Obrigado.
Bom, estão todos prontos lá?".
"Sim, acho. John quer conferir os fones de novo, fora isso, tudo está feito".
"Vá em frente e entregue as armas, eu pego o resto".
Rebecca ajudou Karen a descarregar assim que o sol sumia no horizonte. O vento ficou mais forte, a água mais
fria e as primeiras estrelas ficaram à vista sobre o Atlântico.
Eles andaram para a água em silêncio carregando suas armas. Assim que a luz do dia desapareceu John e David
deslizaram o barco na água, Karen colocou um gorro preto e deu um tapinha no pesado bolso para sorte, dizendo
a si mesma que não precisará usá-la.
A verdade está esperando. É hora de saber o que realmente está acontecendo.
[3]
Steve e David foram para a frente do barco com capacidade para seis pessoas. Rebecca e Karen foram logo em
seguida. John entrou por último e ao sinal de David, ligou o motor apertando um botão; era silencioso como David
havia falado.
"Vamos". David disse. Rebecca respirou fundo assim que eles rumavam para norte, em direção a ilha. Ela
procurava na escuridão por algum sinal que marcasse o começo do território particular, mas não conseguia
perceber nada. Estava mais escuro e frio o que ela esperava.
Rebecca viu um flash de luz enquanto David erguia o binóculo de visão noturna em busca de movimento na
costa.
"Eu vejo a cerca". David disse suavemente.
Ela voltou sua atenção para a costa, imaginando o quanto estavam perto. Já se podia ouvir a água se chocando
com as rochas.
"Há uma doca". Disse David. "John, vire a estibordo, duas horas".
Houve um som de metal raspando na madeira - não haviam barcos que se pudesse ver.
Rebecca deu uma olhada na escuridão e só viu o contorno de uma estrutura que poderia ser um galpão onde os
barcos ficam. Não era possível ver as outras construções do mapa de Trent. Eram seis estruturas além do farol.
Cinco delas espalhadas ao longo da enseada, dispostas em duas linhas paralelas - três em frente e duas atrás. A
Sexta estrutura estava atrás do farol. Todos esperavam que essa fosse o laboratório; eles conseguiriam o que
precisam sem procurar no complexo inteiro.
"A casa dos barcos é de madeira, as outras parecem ser de concreto. Eu não... esperem". O sussurro de David
se tornou urgente. "Alguém... duas, três pessoas vieram de trás de um dos prédios".
Rebecca sentiu um estranho alívio fluindo através dela - alívio, desapontamento e uma súbita confusão. Se houver
pessoas, o T-virus pode não ter sido solto. Isso significa que o complexo está ocupado e as patrulhas tornarão a
operação impossível.
Por que está tão escuro? E por que tudo parece morto aqui, tão vazio?
"Vamos abortar?". Karen cochichou, e antes que David pudesse responder, Steve respirou forte fazendo o
sangue de Rebecca congelar.
"Três horas, grande, oh Jesus é imenso".
BAM!
O barco foi atingido e mergulhado na turbulenta água do mar.
A água o envolveu, gelada e salgada, queimando os olhos de David que perdido, ofegava.
Onde está... o time, onde está.
David girou em volta, respirando profundamente, e ouviu uma tosse a sua esquerda.
"Vá para a costa", ele disse girando em um círculo, tentando achar suas posições, achar a da criatura.
O barco estava a dez metros atrás dele, de ponta cabeça. A força do ataque os jogou longe, mais perto da ilha.
Viu duas figuras entre ele e a costa. Ele não podia ver a coisa que acertou o barco mas esperava sentir a mordida
a qualquer momento.
"Vão para a costa". Disse de novo.
"David". John aterrorizado gritou de além do barco que boiava.
"Aqui! John, por aqui, siga a minha voz!".
John foi na direção de David que nadava para a praia rochosa. Ele viu o topo da cabeça de John aparecer, viu
seus braços baterem na escura água.
"Siga-me, estou bem aqui".
Uma gigante sombra ergueu-se atrás de John à uns três metros, arredondada e impossível. Os eventos
aconteceram como num sonho em câmera lenta na frente dos olhos de David.
Ele viu grossos e pontiagudos tentáculos de cada lado, perto do topo de sua erguente sombra.
Tentáculos não, antenas.
E percebeu que estava vendo a barriga de um monstruoso animal que não podia existir, tão grande como uma
casa. O corte negro de sua boca abriu, revelando afiados dentes do tamanho de um punho humano.
Quando aquilo vier abaixo, John será engolido pelas fortes garras. Ou esmagado. Ou levado para o fundo - uma
refeição afogada para a criatura.
No instante que ele viu os fatos, já estava gritando.
"Mergulhe! Mergulhe!".
A aberração estava caindo, seu corpo de serpente envolveu o frenético nadador. David reparou nos bulbosos
olhos, cada um do tamanho de uma bola de vôlei... e a criatura caiu, mandando explosivas ondas no ar. Antes
que David pudesse respirar, uma tremenda onda o atingiu, levando-o violentamente para trás.
Houve um momento de pressa assim que ele lutava contra a força exercida em seus membros, tentando achar
ar na envolvente corrente.
Chutando violentamente, ele voltou à tona sentindo o frio ar batendo na sua pele - e as mornas mãos humanas
puxando seus ombros.
Ele respirava convulsivamente enquanto suas botas raspavam nas rochas, e a voz de Karen atrás dele.
"Peguei ele".
David pegou fôlego e se virou. Pessoas molhadas estavam estendendo as mãos, Steve e Rebecca.
Meu Deus, John.
"Eu estou bem". David disse. "John... alguém está vendo ele?".
Ninguém respondeu.
"John!". Ele chamou, tão alto quanto podia, procurando e nada vendo.
"John". Ele chamou de novo - esperança diminuindo.
"O que?". Uma voz estrangulada veio das rochas à esquerda deles.
David respirou aliviado assim que a figura pingando de John saia das sombras.
Steve foi em sua direção, agarrando seu braço e o apoiando nas rochas.
"Eu mergulhei". John disse.
David se virou olhando para cima, para o complexo, além da fatia de praia coberta de pedrinhas. Eles estavam na
base de uma pequena queda angulosa, no local plano. O choque do monstruoso peixe - se puder ser chamado
assim - não era mais importante. Eles estavam fora da água agora.
Eles nos viram? Não podemos ficar aqui...
"A casa dos barcos". David disse virando a sul. "Rápido".
Karen pegou a dianteira, os outros a seguiram de perto. Ninguém parecia seriamente ferido. David correu depois
de John, com suas pernas doendo.
Assim que eles subiram as pedras, David ouviu um ruído abafado de metal, viu Rebecca abraçando o pacote de
munição em seu peito. Ele sentiu novas esperanças; se eles pudessem vê-las em algum lugar seguro...
A construção estava à frente, à direita, quieta e escura, a porta fechada de frente para a doca de madeira. Não
dava para saber se estava vazia à apenas dez metros de distância.
Sem escolha.
"Fiquem abaixados". David disse em voz baixa e todos foram na direção do lugar.
Karen abriu a porta. Nenhum alarme disparou. Steve e Rebecca foram atrás dela, depois John, depois David que
fechou a porta de madeira.
"Fiquem aonde estão". Disse suavemente. Fora a respiração de todos o local estava quieto. Mas havia um cheiro
horrível no ar, um cheiro de algo morto a algum tempo...
O fino raio de luz cortou a escuridão, revelando uma grande e quase vazia sala sem janelas. Cordas e coletes
salva-vidas pendurados por estacas de madeira, uma bancada corria o comprimento de uma parede, alguns
serrotes e prateleiras desorganizadas...
-meu Deus -
A luz congelou na outra porta da sala, diretamente em frente a que eles entraram. O raio de luz iluminou um
corpo nu e um casaco de laboratório esfarrapado com manchas de óleo. Fibras secas de músculo saiam de uma
face não muito sorridente.
O corpo foi pregado na porta, uma mão fixada mostrando um aceno de boas-vindas. Aparentemente, morto a
semanas.
Steve sentiu algo subindo em sua garganta. Ele engoliu, desviando o olhar, mas a grotesca imagem já estava
fixada em sua mente - a face sem olhos e de pele descascada...
Jesus, isso é alguma piada? Steve sentiu-se tonto.
Por alguns segundos ninguém falou, até que David começou a falar baixo com a mão sobre a luz.
"Vejam seus cintos e soltem seus clips. Eu quero status agora, danos depois equipamento. Respirem fundo,
todos. John?".
A voz de John surgiu à esquerda de Steve. Karen e Rebecca estavam à sua direita. David ainda na porta.
"Eu estou com meleca de peixe no corpo, mas estou bem. Estou com a minha arma mas perdi a lanterna. Tal
como os rádios".
"Rebecca?".
"Estou bem... hum, minha arma está aqui, lanterna e kit médico... ah, e munição".
Steve se checou enquanto ela falava, segurando sua Beretta, ejetando o clip molhado e pondo-o em um bolso.
Havia um lugar vazio em seu cinto onde a lanterna deveria estar.
"Steve?".
"É, sem ferimentos. Arma mas sem luz".
"Karen?".
"Também".
Os dedos de David se moveram, permitindo a leve luz se espalhar pelo lugar. "Ninguém está ferido e ainda
estamos armados; podia ter sido pior. Rebecca, passe os clips, por favor. A cerca não deve estar a mais de
cinqüenta metros a sul daqui, e há árvores suficientes para cobrir desde que ninguém nos tenha visto".
Steve pegou três clips de Rebecca, agradecido. Colocou um na arma.
Ótimo, bom, vamos detonar. Primeiro aquela coisa que quase nos comeu, agora Sr. Morte dando um tchauzinho
como se quisesse dizer oi...
Steve não é assustado facilmente, mas sabia do perigo quando a viu.
David se aproximou do corpo decomposto, um olhar de nojo cobriu sua face. "Karen, Rebecca, venham ver isso.
John pegue a luz de Rebecca e veja se consegue achar algo de útil com Steve".
John pegou a lanterna e andou com Steve pela longa bancada.
"O T-virus não fez isso". Rebecca disse. "Padrão de decomposição todo errado...".
Silêncio, então Karen falou. "Vê aquilo? David me dê a lanterna por um segundo".
John direcionou a luz sobre a suja tábua da bancada. Um copo de café quebrado. Uma pilha de nozes
engorduradas e dardos no topo de um alvo. Uma chave de fenda elétrica empoeirada e gumes num pano
manchado.
Nada, não tem nada aqui. Nós devíamos sair desse lugar antes que alguém venha dar uma olhada...
John abriu a gaveta e a revirou enquanto Steve tentava descobrir o que estava numa prateleira. Atrás deles,
Karen falava.
"Ele não estava morto quando foi pregado, eu diria que estava perto. Inconsciente. Não há machucados;
sugerindo que ele não lutou... e tem marcas de raspagem aqui e aqui; eu diria que ele foi baleado pela porta de
trás e arrastado".
John terminou a varredura na gaveta e eles prosseguiram - o som de botas contra o chão de madeira. Um grupo
de soquetes de tomada. Um rádio barato. Um saco de papéis amarrotados perto de um lápis.
Algo esbarrou nos pensamentos de Steve fazendo-o parar, olhando para o saco. O lápis...
Ele pegou o papel amassado. Haviam várias linhas escritas perto do final da folha.
"Ei, achamos alguma coisa". John disse baixo, iluminando o papel enquanto os outros vinham. Steve leu em voz
alta, iluminando as palavras. Não havia pontuação; ele fez de tudo para fazê-las.
"... 20 de Julho. A comida estava drogada, estou enjoado - eu escondi o material para você, dados enviados. Os
barcos estão afundados e ele deixou os..."
Steve franziu as sobrancelhas incapaz de ler a palavra.
Tris... Tris-Squads?
"Os barcos estão afundados e ele deixou os Trisquads fora - escuro agora, eles virão, eu acho que ele matou o
resto - pare-o - Deus sabe o que ele pensa em fazer. Destruir o laboratório - encontrar Krista, diga a ela que sinto
muito, Lyle sente muito. Eu quero - ".
Não havia mais nada.
"A mensagem de Ammon". Karen disse suavemente. "Lyle Ammon".
Não precisava ser detetive para descobrir quem estava pendurado na porta. Ele tem uma identidade agora. E a
mensagem que Trent deu a David estava tão estranha porque o pobre homem estava dopado ao mandá-la.
"Bom em dar um nome a face, hein?" John disse sem nenhum sorriso.
O que é um Trisquad? Quem é "ele"?.
"Talvez a gente deva olhar em volta mais um pouco". Rebecca disse, mas David balançou a cabeça.
"É melhor deixar para lá. Nós vamos...?
Ele parou de falar quando pesados passos soaram no lado de fora da porta a qual vieram. Todos congelaram,
ouvindo. Outros passos, e quem quer que sejam, não estavam tentando esconder sua aproximação.
Eles pararam na porta - e ficaram lá, sem tocar na maçaneta, sem chutar a porta e sem outro som. Esperando.
David circulou o dedo no ar, apontando para Karen e depois para a porta com o corpo de Lyle Ammon. O sinal
para sair, Karen primeiro.
Todos seguiram em direção do corpo, Steve respirava pela boca a cada "creck" que faziam.
Assim que Karen abriu a porta, o silêncio foi quebrado por tiros de uma metralhadora - vindo da direção de sua
rota de fuga.
[4]
Karen pulou assim que balas perfuravam a porta. Pedaços de carne podre voavam do corpo de Ammon; o corpo
dançava num ritmo de ação macabra.
Quem quer que esteja atirando, está se aproximando. Os tiros ficavam mais altos e estilhaços de carne e
madeira os atingia. Estavam encurralados; ambas as saídas bloqueadas.
Rebecca agarrou com força sua Beretta na mão esperando um sinal de David. Ele apontou para noroeste do
complexo gritando para ser ouvido sob os tiros.
"Rebecca, a outra porta! John, Karen, próximo prédio! Steve, nós cobrimos! Vão!".
Steve e David saltaram fora e começaram a atirar. John e Karen saíram correndo, desaparecendo
instantaneamente na escuridão.
Rebecca mirou na porta de trás, seu coração pulando na garganta. As paredes tremiam.
"Morre! Jesus, porque eles não morrem?" Steve gritou atrás dela, fazendo seu sangue gelar com o tom de terror
em sua voz.
Zumbis?
Sem tirar os olhos da porta, Rebecca gritou o mais alto que pode.
"Na cabeça! Mire na cabeça!".
Não havia como saber se eles escutaram.
"Rebecca, vamos!".
Ainda sob o som de tiros de metralhadora, ela olhou para trás e viu Steve atirando em algo e David sinalizando
para ela se mover.
Ela foi na direção da porta com o corpo ainda pendurado. A cabeça parecia uma abóbora podre, dentes
estilhaçados, pegajosos pedaços de pele radiando de trás da cabeça. A mão não estava mais conectada ao
braço, o *Rádio e a *Ulna estouraram. O corpo estava lá como alguma decoração obscena, acenando...
Steve atirou de novo e o som da metralhadora cessou. Ele ergueu a arma, e assim que abriu a boca para dizer
algo -
- a porta de trás estraçalhou - balas voando através do escuro numa chama de fogo laranja. David a puxou para
porta e ela correu, o som de nove milímetros soou atrás dela.
Ela correu a toda velocidade, seus sapatos molhados socando o chão rochoso, procurando o contorno de um
grande bloco de concreto e as finas árvores que circundavam a escuridão à frente.
"Aqui".
Ela desviou em direção ao chamado, viu a silhueta de John no canto de um prédio. Aproximando-se dele, viu a
porta aberta, Karen em pé na entrada com sua arma em direção a casa dos barcos. Balas ainda cantavam no
escuro.
"Entre!". Karen gritou saindo do caminho.
Rebecca correu sem diminuir até estar dentro. Ela colidiu com uma mesa, batendo dolorosamente sua coxa na
quina.
Virando, viu Karen atirando e John berrando. "Vamos, vamos!".
E Steve passou pela porta respirando. Ele parou antes de atingir Rebecca - uma mão agarrando seu colete.
Rebecca foi até a porta de aço assim que David a cruzou dizendo:
"Karen, John!".
Karen recuou para o escuro, arma ainda erguida. Houve mais três disparos de uma Beretta e John entrou.
Rebecca fechou a porta. O leve "click" da tranca foi dificilmente ouvido pelos ouvidos que apitavam. Do lado de
fora os tiros pararam. Não houve vozes entre os agressores, alarme, latidos de cachorro ou gritos de feridos.
O silêncio era total, quebrado apenas pela respiração no úmido e quente escuro.
Um raio de luz revelou as faces chocadas do time assim que David iluminou seu esconderijo.
Uma sala de meio tamanho, cheia de mesas e computadores. Não haviam janelas.
"Você viu aquilo?". Steve disse para ninguém. "Deus, eles não iam cair, você viu aquilo?".
Ninguém respondeu, e apesar de estarem fora de perigo, Rebecca não sentiu sua adrenalina diminuir, não sentiu
seu coração voltar a nada próximo do normal; parece que a Umbrella encontrou uma nova aplicação para o
T-virus.
E gostando ou não, nós teremos que lidar com as conseqüências.
Eles estavam presos em Caliban Cove. E lá, as criaturas tinham armas.
David respirou fundo e exalou pesadamente, iluminando a porta. "Eu diria que fomos descobertos. Poderíamos
ver no que entramos. Rebecca, acenda as luzes".
Ela apertou o botão na parede e a sala se iluminou, acima fluorescentes pulsando para a vida. David avaliou seu
time e viu que Steve tinha uma mão no peito.
"Você está ferido?".
"O colete a segurou". Ele disse parecendo mais sufocado que os outros, sua face mais pálida do que devia.
Rebecca olhou para David que respondeu com um balanço de cabeça.
"Cheque-o. Mais alguém?".
Ninguém respondeu enquanto Rebecca pedia a Steve para tirar o colete. David virou-se e olhou a sala. Haviam
seis mesas de metal, cada uma com um computador. As paredes de cimento eram planas e não tinham
decorações. Tinha outra porta na parede oeste que deve se aprofundar mais no local.
"Karen, proteja aquela". Ele disse. "Não parece que estamos encarando um acidente. O que o bilhete dizia? A
comida estava drogada e alguma coisa sobre um "ele" matando os outros... é possível que nós não estejamos
olhando para uma contaminação do T-virus?".
--------------------------------------------------------------
* Rádio e *Ulna - Ossos que compõem o antebraço.
-------------------------------------------------------------- Rebecca terminou de examinar o peito de Steve, o expert em
informática estava sentado em uma das mesas na frente dela. "Você está bem. Nada quebrado".
Ela voltou para David. "É, se isso tivesse acontecido, aquele cara na porta, Lyle Ammon, teria sido infectado. Mas
os Trisquads - se eles são o resultado de experimentos com o T-virus, eles já estariam podres agora. Já se
passaram três semanas desde que o bilhete foi escrito. Pode ser um vírus diferente ou alguém esteve cuidando
deles. Manutenção de enzimas, talvez algum tipo de refrigeração".
"E se esse "alguém" ficou bravo e matou todo mundo, pra que perder tempo?". David falou.
"Aquele corpo". Karen disse. "E a criatura ou criaturas lá fora. É como se ele esperasse alguém vir..."
"... mas não significa para nós ir muito longe". John terminou.
"Então o que fazemos agora?". Steve perguntou.
David não respondeu, incerto sobre o que dizer. "Eu... nossas opções são ir embora ou ir mais adentro". Disse
calmamente. "Considerando o que aconteceu, eu não me sinto confortável visitando esse lugar. O que vocês
querem fazer?".
David olhou de face em face, esperando ver raiva e desprezo mas ficou surpreso pelo sorriso de Karen.
"Já que você perguntou, eu quero saber o que aconteceu aqui". Karen disse brilhante e ansiosa.
"É, eu também. Eu ainda quero ver o T-virus". Rebecca disse.
"Eu ainda quero destruir mais desses Tri-boys". John disse sorrindo. "Caramba, zumbis com M-16 - noite do
esquadrão dos mortos-vivos".
"Eu também quero". Steve disse. "Voltar não é muito seguro. Não foi do jeito que eu queria, mas pegar provas
sobre a Umbrella era o plano original... sim, eu quero pegar esses desgraçados".
David sorriu. Ele tinha acabado de subestimar a situação, ele gravemente subestimou sua equipe.
"O que você quer fazer?". Rebecca perguntou de repente. "Mesmo".
A pergunta o surpreendeu de novo, não porque ela perguntou, mas sim porque ele não tinha resposta. Ele
pensou no S.T.A.R.S., em sua carreira e tudo o que isso já lhes custou. Estudou o curioso olhar dela e sentiu os
outros o olhando, esperando.
"Eu quero que nós sobrevivamos". Ele finalmente disse, verdadeiramente. "Eu quero que façamos isso fora
daqui".
"Amém". John resmungou.
David lembrou do que disse à Chris para conseguir a aprovação dessa operação, algo sobre cada um deles fazer
o melhor que puder para ter sucesso contra a Umbrella.
Aprenda, Capitão...
"John, você e Karen, dêem uma olhada neste lugar, vejam as portas e estejam de volta em dez minutos. Steve,
ligue um desses computadores e veja se consegue achar um plano detalhado das áreas. Rebecca, nós veremos
as mesas. Nós queremos mapas, dados sobre os Trisquads, T-virus e qualquer coisa pessoal sobre os cientistas
que possa nos dizer quem está por trás disso tudo".
David olhou para eles, percebendo que foi claro. "Vamos lá".
Eles iriam derrubar a Umbrella.
Dr. Griffith pode não ter percebido a falha na segurança se não fosse pelos Ma7s; eles pareciam úteis apesar de
não ser essa sua intenção.
Ele passou a maior parte do dia no laboratório. Uma vez que ele decidiu soltar o vírus, não restava mais nada a
fazer. As horas voaram; cada olhada no relógio era uma surpresa. Ele seria o primeiro a transformar o mundo.
Com aquilo na sua frente, a única tarefa com que se preocupar é levá-lo para o topo do farol. Logo depois do
amanhecer ele dará as instruções finais para os doutores - e assim orgulhosamente guiar a espécie humana para
dentro da luz, para o milagre da paz.
Foi o pensamento dos Ma7s finalmente terem amanhecido dentro das cavernas, que o despreocupou. Ele já
cometeu esse erro com os Leviathans; ao assumir o controle do complexo, ele abaixou os portões da enseada,
esperando que as criaturas sintam-se tão livres quanto ele. Foi no dia seguinte que ele percebeu que a Umbrella
poderia descobrir e vir dar uma olhada, colocando um fim em seus planos. Ele continuaria mandando relatórios
semanais para maquiar a situação, mas não teria como explicar a "fuga" de quatro criaturas. Foi sorte de os
Leviathans terem voltado.
Os Ma7s eram um problema totalmente diferente. Eles eram imprevisíveis e violentos demais para ficarem do lado
de fora. Mas deixá-los morrer de fome nas jaulas não parecia certo; não foi a escolha deles de existir como
armas de destruição.
Ele ficou em frente ao portão externo por um tempo, considerando o problema dos cinco animais se atirarem uns
nos outros. Havia uma tranca manual perto de lá, e outra no laboratório. Não há modo de soltá-los do farol e
certamente não podem sair até Nicolas ficar em segurança. Ele poderia mandar um dos doutores para isso, mas
os Ma7s tem um metabolismo muito mais lento que o dos humanos.
Um mês antes da tomada do complexo, Dr. Chin e dois de seus veterinários cometeram um erro ao tentar
examinar um doente; foi um modo muito ruim de morrer.
Ele sentou em frente do computador olhando para o cursor que piscava indicando "sistema em uso" num dos
abrigos. Não havia chance de ser um erro, exceto pelos terminais do laboratório, o resto foi desativado semanas
atrás. A Umbrella veio.
Eles NÃO vão, NÃO vão me parar.
A primeira emoção foi raiva, uma fúria que o fez perder a razão.
Ainda haviam dois outros terminais no laboratório e ele andou rapidamente para um deles, olhando os doutores
sentados e quietos. Ele sentiu um ódio por eles, por criar os Trisquads; os "invencíveis" guardas que falharam na
hora em que mais precisou.
Ele sentou, ligou o computador e esperou impaciente pela silhueta do guarda-chuva girando acabar. O sistema de
segurança do complexo ficava no laboratório; de lá ele é capaz de ver o que o intruso está procurando sem
alertá-lo de sua presença.
Ele digitou várias senhas, esperou, depois digitou seu número. Após breves pausas, brilhantes linhas verdes de
informações encheram a tela. Ele conseguiu.
Olhando para as informações, ele pensou porque alguém da Umbrella estaria procurando pelo laboratório. Está
procurando no lugar errado. Os projetistas do sistema não eram idiotas, não há mapas deste lugar nos
arquivos...
... e a Umbrella saberia disso. Significa que...
O alívio passou por ele, tão puro que ele riu. Não era a Umbrella e isso muda tudo. Mesmo se eles tentarem
achar o laboratório, nunca entrariam sem um key card (cartão-chave). E Griffith destruiu todos.
Exceto o de Ammon. Nunca foi encontrado.
Ele gelou, depois balançou a cabeça. Ele havia procurado em todo lugar pelo cartão, quais as chances de um
invasor achá-lo.
E quais as chances de passarem pelos Trisquads, hein? E o que Lyle fazia nas horas em que você não o achava?
E se ele mandou alguma mensagem? Você só verificava transmissões para a Umbrella, mas se ele contatou mais
alguém?
O computador começou a mostrar informações sobre os testes de socio-psicologia que Ammon projetou. Griffith
sentiu seu controle diminuir de novo.
Eu sou um cientista, não um soldado. Eu nem sei atirar, lutar! Eu seria inútil em combate...
Imprevisível, incontrolável.
Um sorriso surgiu em seu rosto. Sangue escorria, da palma da mão, de onde suas unhas perfuraram, mas não
sentiu dor.
Seu olhar voltou-se para o aberto e silencioso laboratório. Depois para as vazias e estúpidas faces dos doutores.
Para os cilindros de ar comprimido e para o vírus, seu milagre. E finalmente para os controles que dão para a jaula
dos animais.
Nicolas sorriu largamente. O sangue pingou no chão.
Deixe-os vir.
Steve leu em voz alta. Rebecca viu David olhando para o relógio e para a porta várias vezes. Ela não achava que
se passou dez minutos, mas estava perto. John e Karen ainda não voltaram.
"... onde cada um é projetado para medir a aplicação de lógica, assim que um índice de técnicas de projeção
forem combinadas com precisão...".
Deve ser um relatório sobre a análise de algum teste de Q.I.. Deve ter sido escrito por um cientista. Ainda assim
foi o que apareceu quando Steve perguntou por informações sobre a série azul (blue series).
Alguém esvaziou a sala, e fez um bom trabalho. Ela achou livros, grampeadores, canetas, lápis, elásticos e clips
de papel, mas nenhum pedaço de papel escrito.
A busca no computador de Steve não estava indo bem; nenhum mapa e nada do T-virus. Quem quer que tenha
assumido o controle do lugar, acabou com tudo o que eles poderiam usar.
Exceto aquele teste de psicologia que nem se quer mencionou a palavra azul.
Steve apertou uma tecla e brilhou.
"Aqui vamos nós... a série vermelha (red series), quando vista de uma escala padrão, é mais básica e simples,
com um quociente de inteligência 80. A série verde (green series)...".
Ele parou. "Apagou tudo".
Rebecca desviou o olhar da mesa quase vazia a qual vasculhava quando viu David se juntando a Steve.
"Rebecca". David a chamou.
Ela fechou a gaveta e foi até Steve, curvando-se para ler o que estava escrito na tela.
O homem que o faz não precisa. O homem que o compra não o quer. O homem que o usa não sabe.
"É uma charada". David disse. "Algum de vocês sabe a resposta?".
Antes que algum deles pudesse responder, Karen e John voltaram para a sala, ambos segurando as armas.
Karen segurava um papel rasgado numa mão.
"Tudo checado". John disse. "Seis salas, nenhuma janela e só uma porta externa a norte".
"Haviam porta-arquivos na maioria delas, mas estavam vazios - exceto por este papel que achei preso na fenda
de uma gaveta".
Ela deu o papel a David que o viu, seu olhar tornando-se intenso. "Isso é tudo que havia lá?".
"Sim, mas é suficiente, não acha?".
David começou a ler alto.
"Os times continuam a trabalhar independentemente e tem mostrado um notável melhoramento desde a
modificação na *sinapse auditiva.
Na Ocasião Dois, quando mais de um Trisquad está presente, o segundo time (B) não atacará enquanto o
primeiro (A) estiver concluindo. (quando o alvo parar de se mover ou de emitir som).
Se o alvo continuar fornecendo estimulo e o A tiver suspendido o ataque (falta de munição ou defeito em todas
as unidades), B entrará em ação. Se estiverem por perto, patrulhas adicionais vão ser incluídas no ataque e serão
ativadas em sucessão.
Até agora, nós não temos expandido a habilidade sensorial para atingir o comportamento desejado; o estímulo
visual da Ocasião Quatro e Sete continuam improdutivas, apesar disso nós infectaremos um novo grupo de
unidades amanhã e correlacionar os resultados no final da semana. É nossa recomendação que continuemos a
desenvolver capacidade auditiva antes da implantação do detector de calor".
"Aqui é onde está rasgado". David disse.
"Isso explica muito. Por que o time na porta de trás da casa de barcos não fez nada?; o de fora ainda estava
atirando. Depois que você e Steve os derrubou eles entraram num segundo". Karen disse.
Rebecca não estava gostando; a Umbrella continua fazendo experiências em humanos. Em Raccoon, o T-virus
levou de sete a oito dias para contaminar de vez o hospedeiro, e em um mês já caia aos pedaços.
Ela mordeu o lábio, imaginando o que os cientistas de Caliban Cove fizeram com o vírus. E se eles aceleraram o
processo de infecção...
"O sinal da porta norte dizia que estamos no bloco C". John disse. "Você achou um mapa?".
Steve respondeu. "Não, mas dê uma olhada. Eu perguntei por informações sobre a série azul, e esse relatório de
testes de Q.I. apareceu - depois isso. Não consegui mais nada".
John olhou para a tela. "... homem que o fez não precisa, compra, não quer, usa, não sabe...".
Karen, que relia o papel rasgado, levantou os olhos com extremo interesse. "Espere, eu conheço essa aí. É um
caixão".
Steve digitou caixão. Nada mudou.
"Tente " *esquife". Rebecca sugeriu.
Assim que Steve digitou e apertou "enter", a charada foi substituída por:
SÉRIE AZUL ATIVADA.
Em seguida:
TESTES QUATRO (BLOCO A), SETE (BLOCO D), E NOVE (BLOCO B) / AZUL PARA ACESSAR DADO (BLOCO E).
"Azul para (blue to) - a mensagem de Ammon". Karen disse rapidamente. "É isso - a mensagem recebida falava
sobre a série azul, depois dizia, entrar com a resposta para senha". A resposta era esquife".
"E os números dos testes são a senha". David disse. "Tinham mais três coisas na mensagem antes de "azul para
acessar". Devem ser as respostas dos testes - as "letras e números ao contrário", "tempo arco-íris" e "não
conte".
David pegou uma caneta e virou o papel do relatório. A informação agora faz sentido. Ele desenhou cinco caixas
em duas linhas, igual o mapa de Trent, nomeando-a mais ao sul como C. Depois ele temporariamente nomeou os
outros, começando pelo topo à esquerda como A e indo para a direita e depois para a esquerda, pondo os
números dos testes perto de cada letra.
"Supondo que este seja o lado de cima e que nós precisamos resolver os testes em ordem, nós iremos nos
mover em zig-zag entre os blocos". David explicou.
"E supondo que os Trisquads não tenham problema com isso". John disse suavemente.
Rebecca sentiu sua excitação diminuir - pode ver a mesma expressão em seus colegas. Ela sabia que eles teriam
que partir, mas não queria pensar nisso até estar lá.
Agora está. E os Trisquads estão esperando.
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*Sinapse - Relação de contato entre os detritos das células nervosas.
*Esquife: Sinônimo de "caixão" (fúnebre).
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[5]
Eles pararam na porta norte no escuro e abafado corredor, apertando os cadarços, ajustando os cintos e
recarregando as armas.
"Você, Steve e Rebecca com o da esquerda, noroeste daqui. Daremos um tempo, depois Karen e eu sairemos.
Se você estiver certo, estaremos no bloco D; se estiver de ponta-cabeça, bloco B.
De qualquer modo, nós procuraremos o número do teste, e esperaremos vocês nos darem o "vai em frente".
John explicou.
"E se eu não...".
Karen interrompeu dizendo: "Se a gente não o ver em meia-hora, voltaremos aqui e esperaremos por Steve e
Rebecca. Completaremos os testes se for possível".
"Certo". David disse. "Ótimo".
Eles estavam preparados. Haviam infinitas variáveis da equação que poderiam tornar o simples plano, difícil.
"Alguma pergunta antes de irmos?".
Rebecca começou a falar com preocupação. "Eu quero lembrar a todos para terem bastante cuidado com o que
tocarem, ou o que os tocarem. Os Trisquads são portadores, então tente não se aproximar deles, principalmente
se estiverem feridos".
David pensou nas centenas de milhões de partículas do vírus que poderiam haver numa gota de sangue...
Todos esperaram por seu sinal. Ele deixou os pensamentos de lado e colocou a confiança na sua arma, tocando
a maçaneta da porta.
"Prontos?". Com silêncio, agora, no três - um... dois... três".
Ele abriu a porta e saiu para o quente ar da noite ouvindo o barulho das ondas. Estava mais claro do que antes. A
quase lua-cheia havia se erguido, iluminando o complexo. Nada se moveu.
Bem na frente dele a uns vinte metros estava o destino de Karen e John. Tinha uma porta de frente para o bloco
C; eles não precisarão contornar o prédio para entrar.
David saiu da porta para a sua esquerda, encostado na fina sombra da parede. Ele podia ver a frente do prédio
que esperava ser o A, alto, pinheiros à esquerda e atrás dele. Havia uma porta no meio dele, e nenhuma
proteção ao longo dos trinta e pouco metros que os separavam. Uma vez fora de C, eles estarão totalmente
vulneráveis.
Ele respirou fundo e correu abaixado para a porta do bloco. Seu corpo esperava por uma rajada de balas; a
aguda dor que o levaria para o chão. Mas estava silencioso. Os Segundos demoraram uma eternidade para a
porta ficar mais perto, maior...
Então a maçaneta estava sob seus dedos sendo girada, entrando numa sufocante escuridão - virando, viu
Rebecca e Steve chegando.
David fechou a porta rapidamente e sem fazer barulho, sentindo o vazio da sala, a falta de vida - e então o
cheiro o atingiu.
Era o mesmo cheiro da casa dos barcos só que cem vezes mais forte. David conhecia o cheiro. Se deparou com
ele numa floresta na América do Sul, num acampamento cultista em *Idaho e no porão da casa de um serial
killer. O cheiro de podridão era inesquecível.
Quantos haverão aqui?
O raio de luz rasgou a escuridão e encontrou uma pilha de corpos que tomava conta de um grande depósito, não
havia como ter certeza de quantos corpos estavam lá; eles já estavam derretendo uns nos outros, a carne negra
e enrugada dos corpos empilhados no úmido calor. Talvez quinze, talvez vinte...
Steve se afastou e vomitou - um grosso som na quieta sala.
David procurou no resto da sala, encontrando uma porta com a letra A escrita em preto.
Sem olhar para o monte, ele levou Rebecca para a distante porta agarrando Steve.
Eles saíram num corredor sem janelas, e tinha um interruptor de luz perto da porta. David o ignorou por um
momento, esperando seus jovens colegas se acalmarem.
Parece que os funcionários da Umbrella de Caliban Cove foram encontrados.
Karen e John esperaram um minuto depois que os outros foram. Abriram a porta o suficiente para ouvir. O ar
passou pela abertura. Ao longe o barulho das ondas mas nenhum tiro, nenhum grito.
Karen fechou a porta e olhou para John. "Já devem ter entrado. Quer ir na frente ou prefere que eu vá
primeiro?".
"As minhas mulheres sempre vão primeiro". Ele sussurrou. "Isso quando eu vou junto, se é que você me
entende".
"John, só responda a pergunta".
"Eu vou. Espere até eu atravessar, depois siga".
Ela se afastou para deixá-lo passar.
Assim que ele colocou a mão na maçaneta, respirou fundo e a girou. Nenhum som, nenhum movimento lá fora.
Segurando sua Beretta, ele se afastou do prédio e moveu-se rapidamente para a porta a uns vinte passos à
frente.
Alcançando a porta, tocou a fria tranca de metal - ela não se moveria. Estava trancada.
Sem pânico. Ele fez um sinal para Karen esperar e seguiu para a sua direita. Fez a curva sentindo o duro concreto
contra o seu ombro esquerdo e coxa.
Tinha outra porta de frente para o mar.
Rat - atat - atat - atat!
As balas acertaram o chão. John recuou encostando-se na parede, agarrando a fechadura. Vindo da direção da
casa dos barcos, um fila de três - John abriu a porta e pulou atrás dela, ouvindo o ping-ping-ping delas
esmagando o metal, parando a centímetros de seu corpo.
Ele segurou a porta aberta com os pés, deu uma rápida olhada e mirou no flash de luz, apertando o gatilho
enquanto pedaços de concreto e poeira vinham da parede.
Outra olhada e a fila estava mais perto, as três figuras ganhando forma. John atirou novamente pelo espaço da
porta - e quando olhou de novo, só haviam dois em pé.
John virou e viu mais dois a uns três metros no canto nordeste do prédio, ambos com metralhadoras.
Mas não se mexeram para atirar.
As M-16 ainda estavam se aproximando, mas ele só via as criaturas lá em pé, balançando em instáveis pernas.
O da esquerda tinha só metade da face; do nariz para baixo era uma líquida e polpuda massa de pele, pedaços
escuros pendurados por fibras de carne. O da direita parecia intacto até ele ver sua barriga; a mole e saliente
cobra de intestinos através de sua camisa ensangüentada.
Não vai atacar enquanto A estiver terminando.
Bam! Bam!
Karen.
John recuou para dentro do prédio, segurou a porta aberta contra o par que ainda atirava. Ele mirou
cuidadosamente. Nenhuma das criaturas se mexeu para se proteger, só ficaram lá, o observando.
Dois tiros certeiros na cabeça explodiram sob o som das metralhadoras. Antes deles caírem no chão, John ouviu
outro tiro de nove milímetros.
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*Idaho - Estado dos E.U.A.
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Ele olhou em volta da porta e viu as figuras do time ativo a uns trinta metros, um deles ainda atirava com a arma
apontada para o céu.
Karen surgiu de entre os prédios com a arma ainda apontada para o convulsivo atirador, de costas para John.
"Não atire nele! Aqui, deixa ele!".
Ela virou para John e ambos entraram no bloco. Assim que ela fechou a porta o som da metralhadora cessou.
A respiração irregular de Karen quebrou o silêncio da escura sala.
"Ei John, foi bom para você?".
Ele piscou os olhos registrando as palavras vagarosamente.
"Indo Primeiro". Ela completou. "Foi como você esperava?".
"Não teve graça". Ele disse.
Um pouco depois eles começaram a rir.
Enquanto eles se moviam pelo corredor, Rebecca pensava em Nicolas Griffith, sobre a história das vítimas do
Marburg - e não haviam provas de que ele está por trás do massacre do pessoal da Umbrella, ela não conseguia
abalar o pensamento de que ele é o responsável.
O corredor os levou através de várias salas, tão sem vida quanto as do bloco o qual vieram. Eles passaram pela
saída no lado mais distante do bloco e depois de outra curva no corredor, finalmente chegaram a uma outra porta
marcada com a letra A, e embaixo, 1-4. Haviam três triângulos debaixo dos números, cada um com cores
diferentes - vermelho, verde e azul.
David abriu a porta, revelando um hall. Rebecca viu mais triângulos coloridos na porta 1 à direita. Outra não tinha
nada.
"Eu fico com o teste". David disse. "Steve, você e Rebecca verão a outra porta. Nos encontraremos aqui".
Rebecca balançou a cabeça e viu Steve fazer o mesmo. Ele parecia um pouco pálido, mas forte o suficiente. Ele
soltou o olhar ao perceber que ela o estava observando. Rebecca sentiu uma simpatia por Steve, percebendo que
ele estava envergonhado por ter jogado o almoço fora.
Os dois abriram a porta e saíram numa outra sala sem janelas, abafada e quente como o resto do lugar.
Rebecca acendeu as luzes e um grande escritório cheio de estantes, apareceu. Uma mesa de aço ficava no
canto próxima a um porta - arquivos com as gavetas vazias e abertas.
"Você quer a mesa ou as estantes?". Steve perguntou.
"Acho que as estantes". Rebecca escolheu.
Ele sorriu quase tímido. "Melhor assim. Talvez eu ache algumas balas de hortelã numa das gavetas".
Rebecca sorriu agradecida pela brincadeira. "Guarde uma para mim".
Eles se olharam, ainda sorrindo - e Rebecca sentiu um calafrio de excitação através do corpo.
Steve desviou o olhar primeiro com a cor de suas bochechas mais rosas do que antes. Ele foi para a mesa e
Rebecca para a fileira de livros, sentindo-se um pouco corada. Havia uma definitiva atração lá, e parecia ser
comum.
Os livros eram sobre o que ela esperava. Química, biologia, modificação de comportamento e vários boletins
médicos.
Ela correu a mão, puxando os livros. Talvez haja algo escondido atrás de um deles.
... sociologia, *Pavlov, psicologia, psicologia, patologia -
Ela parou, olhando um fino livro preto entre dois grandes. Sem título. Ela o pegou e sentiu seu coração acelerar ao
abrir o pequeno livro, vendo as rabiscadas letras escritas à mão.
Ela viu "Tom Athens" escrito em letras boas na capa de dentro.
Um dos caras da lista, um dos cientistas!
"Eu achei um diário". Ela disse. "É de uma das pessoas da lista do Trent, Tom Athens".
Steve tirou os olhos da mesa. "Mesmo? Vá para o final, qual é a última data?".
"Diz 18 de julho - mas não parece que ele o mantinha certo. A data antes dessa é 9 de julho...".
"Leia a última inscrição". Talvez nos diga o que está acontecendo". Steve disse.
Ela foi para a mesa e inclinou-se nela, limpando a garganta.
"Sábado, 18 de Julho. Esse foi um longo e ridículo dia, o fim de uma longa e ridícula semana. Eu juro por Deus, eu
vou bater no Louis se ele convocar mais uma reunião. Foi para adicionar ou não outra Ocasião no programa
Trisquad, como se precisássemos de outra. Tudo o que ele queria era tê-la no papel, e o resto foi seu besteirol
de sempre - a importância do trabalho em equipe, a necessidade de compartilhar informações, então nós todos
podemos "ficar no rumo certo". Quer dizer, Jesus, é como se ele não conseguisse viver sem o seu nome no
semanal.
Ele não tem feito nada desde o desastre do Ma7, exceto por tentar e convencer todo mundo de que a culpa foi
de Chin. É o fim da picada...
Alan e eu falamos sobre os implantes ontem, está indo bem. Ele vai descrever a proposta esta semana, e NÃO
deixaremos Louis tocá-lo. Com sorte, conseguiremos a luz verde no fim do mês. Alan acha que os White boys
vão querer fazê-los antes de Birkin, só Deus sabe porque; B. não dá a mínima para o que fazemos aqui, ele está
longe de ser brilhante de novo. Eu tenho que admitir, eu quero saber qual será sua próxima síntese; talvez nós
devemos malhar alguns dos nossos Trisquads.
Houve um pequeno susto no D na Quarta-feira, na 101. Alguém deixou o refrigerador aberto, e Kim jurou que
estavam faltando alguns produtos químicos. Estou começando a achar que ela errou na contagem de novo. É
difícil de acreditar que ela está encarregada do processo de infecção. Ela é negligente para cuidar do equipamento.
Estou surpreso por ela não ter infectado o complexo inteiro. Deus sabe que há o bastante para isso.
Eu mesmo deveria conferir o D, para ter certeza de que está tudo pronto para amanhã. O Griffith tem pedido
para observar o processo; primeira vez que ele se interessou pelo que estamos fazendo. Eu sei que é idiota, mas
eu ainda quero que ele seja impressionado; ele é tão brilhante quanto Birkin, em seu próprio modo pavoroso. Eu
acho que ele até intimida Louis, e Louis é geralmente burro demais para isso.
Mais tarde.".
O resto das páginas estavam em branco. Rebecca olhou para Steve, incerta sobre o que fazer, sua mente
trabalhando para juntar os pedaços de informações relevantes. Havia algo lá que a incomodava.
Elementos químicos faltando. Processo de infecção. O brilhante e pavoroso Dr. Griffith...
Agora ela não tem mis dúvidas de que Griffith matou os outros, mas não foi o que a fez dizer em voz alta. Foi...
"Bloco D". Steve disse. "Se nós estamos em A, Karen e John estão no D".
Onde há T-virus suficiente para infectar o complexo inteiro. Onde o processo de infecção aconteceu.
"Nós devemos contar para o David". Rebecca disse. Steve concordou. Eles foram para a porta. Rebecca
esperando que John e Karen não achassem a sala 101 - e se achassem, que não tocassem em nada.
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*Pavlov - Fisiologista russo, ganhador do prêmio Nobel.
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A sala de teste era grande, três das paredes marcadas com linhas formando três cubículos. Acendendo a luz, ele
viu que os testes estavam claramente numerados e marcados com cores, os símbolos pintados no chão de
cimento em frente de cada um.
Todos os testes da série vermelha estavam à sua esquerda, mais perto da porta. Ele viu blocos brilhantes e
coloridos, simples figuras nas mesas em cada cubículo que passou, indo para o fundo da sala. A série verde
estava demarcada na parede oposta. Ele a ignorou completamente.
A parede de trás era marcada com triângulos azuis. O teste número quatro ficava no distante canto direito.
Aproximando-se do fundo da sala, ele ouviu um fraco ruído de força vindo da área azul. Havia um pequeno
computador na mesa do teste número dois. Um teclado e um fone na do três. Como prometido, as séries
estavam ativadas.
Ele parou em frente do último cubículo, voltando sua atenção para a tarefa. Ele não estava certo sobre o que
veria, mas o tipo do teste o surpreendeu. Uma mesa e uma cadeira de metal cinza. Na mesa havia um bloco de
papel, um lápis e um tabuleiro de xadrez com todas as peças no lugar. Assim que ele entrou no cubículo, viu uma
placa de metal na superfície da mesa com números marcados nela.
David sentou na cadeira olhando para os números.
9-22-3 // 14-26-9-16-8 // 7-19-22 // 8-11-12-7
Olhou para o tabuleiro e então de volta aos números. Nada mais para ver; isso era tudo. Ele ordenou
rapidamente as dicas da mensagem de Ammon, imaginando qual seria a resposta. Era "letras e números ao
contrário" ou "não conte"? não parecia ser nada relacionado com o tempo ou arco-íris, tinha que ser um dos
dois...
Se as linhas estão na mesma ordem que os testes, este é letras e números ao contrário. Mas que letras, não
tem nenhuma.
David sorriu de repente sacudindo a cabeça. Os números na placa não são maiores que 26; era um código, e
bem simples.
Ele pegou o lápis, escreveu o alfabeto e o numerou de trás para a frente; A era 26, B 25 até Z, 1.
David começou a decifrar a mensagem.
R... E... X... M...
A última letra era T. Ele olhou para a frase e depois para o tabuleiro. Parecia que alguém tem senso de humor.
REX MARKS THE SPOT
"Rex" significa "rei" em Latim.
Branco sempre começa, então...
Ele tocou o rei branco. Assim que o dedo dele tocou na peça, ela girou em volta e ficou de frente para as costas
do tabuleiro. Ao mesmo tempo, um suave som musical veio de cima. Ele olhou para o teto e viu um alto falante.
Nada mais aconteceu, nenhuma luz piscando ou passagens secretas atrás da parede. Aparentemente ele
passou.
Parecia ser um complicado teste para alguém supostamente tão burro quanto o zumbi de um Trisquad. Os
cientistas deviam ter planos para algo mais... inteligente...
David levantou e foi para a frente da sala - assim que a porta abriu. Rebecca e Steve entraram com expressões
amedrontadas.
"O que foi?"
Rebecca ergueu o livro falando rápido. "Ele diz que o vírus foi usado para infectar os Trisquads no bloco D, na sala
101. Tudo pode estar bem a não ser que John ou Karen tocaram algo contaminado".
Foi o bastante. "Vamos!".
Eles correram pelo caminho a qual vieram em direção a saída.
Eles estavam no iluminado corredor no centro do bloco D, silenciosamente escutando pelo som que os diria sobre
a chegada de David. De lá eles eram capazes de escutar uma das três portas externas sendo usadas. Depois de
vasculharem o prédio e achado a sala do teste, ela e John liberaram todas as portas de saída.
Karen olhou no relógio e esfregou os olhos, sentindo-se cansada por tudo o que aconteceu naquela noite, e ainda
enjoada pelo que acharam na sala 101.
Até John estava mais quieto do que o normal. Não fez uma piada desde que voltaram para esperar.
Talvez ele esteja pensando nas macas com sangue. Ou nas seringas. Ou no equipamento médico amontoado na
pia...
Eles encontraram a sala do teste primeiro, uma grande sala cheia de pequenas mesas, cada uma marcada com
números entre cinco e oito; Karen ficou desapontada de algum modo por ver que o número sete da série azul era
só um punhado de ladrilhos coloridos com letras neles - metade deles de cabeça para baixo e ilegíveis. As cores
correspondiam às do arco-íris, apesar de ter duas peças violeta a mais no monte.
Desde que eles não podiam bagunçá-lo até David completar o primeiro teste, ela sugeriu voltar e explorar o resto
do bloco.
Eles passaram por alguns escritórios vazios e uma cafeteria bagunçada, onde acharam uma caixa de rosquinhas
incrivelmente mofadas. Foi o laboratório químico que os disse sobre o tipo de lugar que a Umbrella criou. Karen
não acreditava em fantasmas mas a sala deu uma sensação jamais experimentada; era fria, simples e
assombrada pelo medo e pelo o frio; à moda de um cientista nazista cometendo atrocidades contra o
companheiro.
"Você está pensando naquela sala?". John perguntou.
Karen acenou mas não disse nada.
... a porta da sala 101 estava claramente marcada com um símbolo de risco biológico, fazendo eles discutirem
sobre entrar ou não. John dizia que o ambiente poderia estar contaminado.
Karen dizia que nenhum deles tem cortes ou arranhões, e que poderiam achar algo sobre o T-virus. A verdade
era que ela não queria deixar essa oportunidade passar; queria ver o que estava atrás da porta fechada, porque
estava lá.
John tinha finalmente concordado e eles entraram, pisando numa pequena passagem que estava cercada de
folhas de plástico pesado. Haviam chuveiros acima e um ralo no chão; uma área de descontaminação.
Uma segunda porta dava para uma sala que os levou para o sonho de um cientista maluco.
Vidro triturando sob os pés. Um cheiro de suor sob o odor de água sanitária...
John acendeu as luzes e antes da grande sala poder ser vista, Karen sentiu seu coração acelerar. Se parecia com
outros laboratórios a qual ela trabalhou; bancadas e estantes, pias de metal e um grande refrigerador de inox no
canto com uma trava na maçaneta. E de algum modo - o lugar era tão familiar. Um lugar que ela sempre se
sentia em casa.
As pequenas diferenças eram as mais dramáticas. A sala era dominada por uma limpa mesa de autópsia,
adaptada com amarras de velcro. Haviam outras duas macas de hospital, adaptadas do mesmo jeito, junto a
ela.
Ao se aproximar de uma delas, Karen viu uma escura e seca marca na ponta; o fino colchão estava ensopado de
sangue no lugar onde os tornozelos e pulsos de um homem deviam ficar.
No fundo da sala estava uma jaula do tamanho de um closet. Próximo a ela, vários postes finos apoiados na
parede com aproximadamente um metro de comprimento - cheio de agulhas hipodérmicas.
Esses são tipos de instrumentos usados para dopar animais selvagens.
Karen olhou para a maca, tocando levemente a seca mancha, imaginando que tipo de pessoa participou de um
experimento como esse. A mancha seca de sangue era velha e empoeirada fazendo-a pensar sobre como as
vítimas sofreram esperando na jaula, provavelmente observando alguns homens de luvas injetando um vírus
mutante em um ser humano amarrado...
O olho direito de Karen coçou, tirando sua concentração dos terríveis pensamentos, trazendo-a de volta para o
presente. Ela o esfregou, e depois olhou no relógio de novo. Se passaram apenas vinte minutos desde que o time
se separou.
O som de uma das portas foi ouvido, seguido pelo grito de David através do corredor. Ele veio pela entrada
oeste.
"Karen, John!".
John olhou para ela, que sentiu uma onda de alívio. David estava bem.
"Aqui! Continua andando!". John respondeu. "Vire à direita!".
David apareceu dentro de alguns segundos, sua face coberta de preocupação.
"Está tudo...". Karen começou a perguntar mas foi interrompida por David.
"Vocês acharam a sala 101?".
"Sim, no oposto de onde você veio". John disse sorrindo.
"Algum de vocês tocou algo? Vocês tem cortes ou pequenos ferimentos que podem ter entrado em contato com
alguma coisa?". David falou rápido. "Nós achamos um diário dizendo que essa sala era usada para infectar
Trisquads".
John sorriu de novo. "Sério. Nós descobrimos isso em uns dois segundos".
Karen ergueu as mãos para David vê-las. "Nenhum arranhão".
David exalou forte. "Graças à Deus. Eu pensava no pior vindo para cá. Nós achamos os cientistas no bloco A;
Ammon estava certo, ele os matou - e o nosso "ele" agora tem um nome. Rebecca está certa de que é Nicolas
Griffith. Ele foi o cara que ela reconheceu da lista do Trent. Ele tem uma história e tanto, ela te conta quando nos
reagruparmos...".
"Caramba David, eu não sabia que você se preocuparia. Ou que você achasse que nós seríamos burros o
bastante para nos espetarmos com agulhas sujas, num lugar como esse".
David riu. "Por favor, aceitem as minha sinceras desculpas".
"Onde o Steve e a Rebecca estão?". Karen perguntou.
"Provavelmente na próxima área do teste. Eu os vi entrando no bloco B antes de vir aqui... vocês acharam o
teste sete?"
"Por aqui". John disse assim que eles caminhavam pelo corredor. Ele começou a contar a luta que tiveram contra
os Trisquads.
Karen seguiu, esfregando a chata coceira em seu olho direito. Ela deve tê-lo irritado com tantas cutucadas.
Parece estar piorando. E para completar, sentiu uma dor de cabeça chegando.
Ela nunca teve dores de cabeça a não ser que tivesse algo. O mergulho no mar deve ter dado um resfriado a ela
- e a pulsação na sua cabeça não será piedosa.
CONTINUA
Raccoon Times - 24 de Julho de 1998
"Mansão de Spencer destruída em incêndio explosivo"
RACCOON CITY - Há aproximadamente 2 A.M. de Quinta-feira, os moradores do distrito de Victory Lake foram acordados por uma explosão que trovejou através do noroeste de Raccoon Forest, aparentemente causada por um incêndio que ocorreu na mansão abandonada de Spencer e aprimorada pelos produtos químicos guardados no subsolo. Devido às barricada colocadas no perímetro da floresta (por causa dos recentes assassinatos em Raccoon City), os bombeiros foram incapazes de salvar o que restou dela. Depois de três horas de batalha contra o fogo enfurecido, a mansão de trinta e um anos e a adjacente casa de empregados foram complemente arruinadas. Construída pelo Lorde Oswell Spencer, aristocrata europeu e um dos fundadores da companhia farmacêutica Umbrella Inc, a propriedade foi projetada pelo premiado arquiteto George Trevor como hospedaria para as pessoas importantes da companhia, mas foi fechada logo depois de finalizada por razões desconhecidas.
Segundo Amanda Whitney, porta voz da Umbrella Corporation, partes da mansão estavam sendo usadas para estocar agentes de limpeza industriais e solventes usados pela Umbrella. Whitney disse numa coletiva ontem que a companhia assumiria toda a responsabilidade pelo infeliz acidente, chamando-o de "um sério descuido de nossa parte. Esses produtos químicos deveriam ter sido tirados de lá há muito tempo, e nós estamos gratos por ninguém ter se machucado".Até agora, a causa do incêndio é desconhecida, e Whitney continuou dizendo que a Umbrella estará trazendo seus próprios investigadores para peneirar as ruínas esperando saber o ponto de origem do incêndio...
Raccoon Weekly - 29 de Julho de 1998
"S.T.A.R.S. tirado da investigação dos assassinatos"
RACCOON CITY - Num surpreendente pronunciamento de oficiais numa coletiva ontem, o Esquadrão de Táticas Especiais e Resgate (S.T.A.R.S.) foi oficialmente removido das investigações dos nove assassinatos brutais e cinco desaparecimentos que ocorreram nas últimas dez semanas. O membro do conselho da cidade, Edward Weist, citou incompetência como principal razão para a remoção do S.T.A.R.S.
Os leitores devem se lembrar que a primeira ação do S.T.A.R.S., depois de ser designado para cuidar dos casos na semana passada, foi vasculhar o noroeste da floresta pelos assassinos canibais. Weist declarou que foi a "conduta não profissional" que resultou na destruição de um helicóptero e na perda de seis dos onze membros, incluindo o comandante do S.T.A.R.S., Capitão Albert Wesker.
"Depois da má conduta na floresta", disse Weist "nós decidimos deixar o caso nas mãos do R.P.D.. Nós temos razões para acreditar que o S.T.A.R.S. deve ter ingerido drogas e/ou álcool antes da missão, e suspendido o uso de seus serviços indefinitivamente".
Weist estava acompanhado por Sarah Jacobsen (representando o Prefeito Harris) e o representante da polícia, J.C. Washington, para fazer o pronunciamento e responder perguntas. Nem o chefe da polícia, Brian Irons e nem os sobreviventes do S.T.A.R.S. podem ser alcançados para comentários...
Cityside - 3 de agosto de 1998
"Início do incêndio considerado acidental"
RACCOON CITY - Depois de uma completa investigação por oficiais dos bombeiros trabalhando com a IDS (Industrial Services Division / Divisão de Serviços Industriais) da Umbrella Inc., o incêndio que destruiu a mansão de Spencer foi causado pelo descuido de pessoa ou pessoas desconhecidas, como foi anunciado numa coletiva ontem. O líder da IDS, David Bischoff disse, "parece que alguém tentou começar uma fogueira em um dos quartos da mansão e a situação saiu do controle. Nós não encontramos nada que sugere um incêndio proposital ou uma brincadeira de algum tipo". Ele continuou falando que a destruição foi total, e não há evidências de que alguém foi pego pelo fogo ou pela explosão que se seguiu.
O Chefe Brian Irons do Departamento Policial de Raccoon City estava presente na conferência, e lhe foi perguntado se ele acreditava haver alguma conexão do incêndio com os assassinatos e desaparecimentos, e Irons respondeu que não há como ter certeza. "Até agora, tudo o que eu falar será só especulação - eu diria que o fato de os assassinatos terem parado desde a noite do incêndio, pode significar que os assassinos estavam escondidos lá. Nós só podemos esperar que eles tenham deixado a área para que em breve sejam presos".
Chefe Irons recusou comentar as acusações de má conduta do S.T.A.R.S. em sua breve atuação na investigação dos assassinatos, só dizendo que concordava com a decisão do conselho da cidade e que ações disciplinares estão sendo consideradas...
https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/2_CALIBAN_COVE.jpg
[1]
Rebecca Chambers estava andando de bicicleta na escuridão das ruas de *Cider District sob a luz da lua brilhando
no céu. Apesar de ainda ser cedo as ruas estavam desertas, obedecendo o horário de recolher da cidade.
Ninguém menor de dezoito anos deveria sair até que os assassinos sejam pegos e presos. Este tem sido um
tenso e quieto verão em Raccoon City...
Ela passou por casas silenciosas onde só a luz da televisão podia ser vista através da janela. As pessoas
aguardavam trancadas em suas casas esperando a notícia de que os assassinos foram presos e a cidade estava
à salvo.
Se eles soubessem...
Estes tem sido treze longos dias desde o pesadelo da mansão de Spencer. Jill, Chris, Barry e ela mesma foram
acusados de estarem drogados. Depois de serem afastados dos casos, até o RPD recusou a acreditar no
S.T.A.R.S.. Agora, com a Umbrella assumindo a investigação sobre o incêndio, provavelmente se livrando das
provas...
- Não seria tão simples. Uma das maiores e mais respeitadas companhias farmacêuticas do mundo fazendo
experiências com armas biológicas num laboratório secreto - Se eu não soubesse de nada, eu provavelmente
acharia isso uma loucura.
Rebecca e os outros devem se cuidar antes que algum agente seja enviado para atacá-los.
Ela estava usando um revólver snub-nosed. 38 da coleção de Barry esperando não precisar mais dela depois
desta noite.
Virando à esquerda na Rua Foster, Rebecca pedalou em direção a casa de Barry pensando que ele convocou a
reunião, provavelmente por que recebeu ordens do escritório principal.
Talvez eles me movam para algum laboratório, e estudar o vírus. Tecnicamente eu ainda sou uma Bravo; não há
motivo de me quererem no campo de batalha...
Sem dúvida esse seria o melhor modo de usar os meus talentos.
Os outros eram soldados experientes e Rebecca só está a cinco semanas no S.T.A.R.S.. Sua primeira missão foi
a de *Raccoon Forest que exterminou todos de seu time incluindo outros no segredo da Umbrella. Ela sabia que
trabalhando no T-virus seria a maior contribuição que ela daria para acabar com a Umbrella.
Rebecca parou no final do quarteirão, em frente a uma enorme casa de dois andares amarelo-claro no estilo
vitoriano, olhando em volta por algo suspeito antes de descer da bicicleta. Os Burton vivem próximo a um parque
cheio de árvores no subúrbio.
Levando a bicicleta até a varanda viu que se passaram vinte minutos desde a ligação de Barry.
Antes de bater na porta, ele a abriu. Vestindo uma camisa e calça jeans, ele a deixou entrar dando uma rápida
olhada antes de fechar a porta.
"Você viu alguém", Barry perguntou com sua Colt Python no coldre parecendo um cowboy.
"Não, ninguém". Ela respondeu.
"Chris e Jill estarão aqui a qualquer momento. Você quer um café?" Barry parecia tenso.
"Não, obrigado. Talvez água..."
"Sim, claro. Vá em frente e se apresente, eu voltarei num minuto".
Antes de perguntar se algo estava errado, ele foi para a cozinha.
"Me apresentar? O que está acontecendo?
Ela foi até a sala e parou assustada ao ver um homem estranho sentado no sofá. Ele se levantou assim que ela
apareceu. Ele usava jeans, camisa, sapatos e uma Beretta 9mm, padrão do S.T.A.R.S.. Era alto, fisicamente
como um nadador, olhos e cabelos escuros.
"Você deve ser Rebecca" ele disse revelando seu sotaque Britânico. "Você é a bioquímica, certo?"
"Trabalhando nisso. E você é..."
"Desculpe os meus modos, por favor. Eu não esperava... isto é, eu...? ele parou em volta da mesinha de centro
de Barry estendendo a mão. "Eu sou David Trapp, do S.T.A.R.S. Exeter em *Maine."
Ela se acalmou.
O S.T.A.R.S. mandou ajuda ao invés de ligar, ótimo.
"Então, você é algum observador ou algo assim?
"Como?"
"Para a investigação - há outras equipes aqui, ou você veio para checar antes..."
"Desculpe ter que que dizer isso Srta. Chambers. Eu tenho razões para acreditar que a Umbrella tem
chantageado ou subornado outros membros do S.T.A.R.S.. Não há investigação e ninguém está vindo".
Barry entrou na sala com o copo d'água e Rebecca o pegou agradecidamente, bebendo metade dele em um
gole.
"Ele te disse, né?" Barry disse.
"Jill e Chris sabem?" ela perguntou.
"Ainda não. Por isso eu liguei. Nós devemos esperá-los para não passar por isso duas vezes".
"Concordo". David disse.
Barry começou a contar como ele e David se conheceram no treinamento do S.T.A.R.S. quando jovens. David
ouvia enquanto Barry falava sobre a noite de graduação envolvendo um sargento mau humorado e várias cobras
de borracha.
- Dezessete anos atrás.
Ela deveria estar comemorando seu primeiro aniversário.
Bateram na porta, provavelmente os dois Alphas. Barry foi atender.
"Jill Valentine, Chris Redfield, este é o Capitão David Trapp, estrategista militar do S.T.A.R.S. Exeter em Maine".
David os cumprimentou e todos se sentaram.
"David é um velho amigo meu. Nós trabalhamos juntos no mesmo time por uns dois anos. Ele apareceu aqui há
uma hora com novidades e não achei que isso poderia esperar. David?".
"Como vocês devem saber, seis dias atrás, Barry ligou para vários departamentos do S.T.A.R.S. para saber se
alguma declaração foi recebida sobre o que aconteceu aqui. Eu recebi uma dessas ligações. Eu descobri que o
escritório de Nova York não contatou ninguém sobre a descoberta. Nenhum aviso ou memorando".
Após alguns minutos de discussão, David se levantou e disse:
"Parece que existe outro laboratório da Umbrella na costa de Maine, conduzindo experimentos com seus vírus - e
como aconteceu aqui, eles perderam o controle".
David virou-se para Rebecca e disse:
"Eu estou levando um time para lá sem autorização do S.T.A.R.S. e eu quero que você venha com a gente".
Chris ainda estava intrigado com a despreocupação do S.T.A.R.S. sobre o acontecido e agora outro laboratório!
E ele quer levar a Rebecca...
"Eu conversei com o pessoal do meu time e todos concordaram que vai ser difícil sem ninguém para nos dar
cobertura. Nós só queremos entrar, coletar algumas evidências sobre o T-virus e voltar antes que alguém saiba
que estamos lá".
"Eu também vou". Chris interrompeu.
"Todos nós vamos". Barry disse.
David balançou a cabeça. "Olha, essa não é uma operação em grande escala; cinco pessoas já estão escaladas.
A Rebecca tem o conhecimento que nós precisamos para achar os dados do vírus sabendo que sintomas
procurar".
Depois de muita conversa David consegue convencer os três Alphas a ficarem. Agora a escolha é de Rebecca.
"Que informações você tem?" Jill perguntou. "Como você descobriu sobre o laboratório?
David abriu sua pasta e tirou o que pareciam ser cópias de jornais e um simples diagrama. "Logo depois de ter
falado com o escritório central, eu recebi a visita de um estranho homem que dizia ser um amigo do S.T.A.R.S....
ele me disse que seu nome era Trent, e me deu tudo isso".
"Trent!". Jill disse.
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*Cider District - Bairro Cider (Cidra).
*Raccoon Forest - Floresta que fica nos limites de Raccoon City.
*Maine - Estado que fica na costa leste dos E.U.A.
-------------------------------------------------------------- David olhou para ela intrigado. "Você o conhece?".
"Um pouco antes de nós decolarmos para resgatar o Bravo Team, Um homem chamado Trent me deu
informações sobre a mansão, e me alertou sobre o Wesker".
Barry continuou. "E Brad disse que Trent lhe deu as coordenadas da mansão logo depois de Wesker ter ativado o
sistema de destruição. Se ele não tivesse dito, nós teríamos explodido com o resto da casa".
Chris sentiu uma dor de cabeça. O S.T.A.R.S. trabalhando para a Umbrella, outro laboratório e agora o Trent de
novo.
David começa a lembrar do seu breve encontro com Trent há cinco dias atrás, tentando ver se esqueceu de
dizer alguma coisa.
Ele tinha chegado do trabalho e estava chovendo, uma tempestade de verão que amenizou a leve batida na
porta. David olhou no relógio e foi até a porta imaginando quem seria àquela hora da noite. Ele vive sozinho e não
tem família; devia ser do trabalho ou alguém com problemas no carro...
Abrindo a porta, ele viu um homem numa capa de chuva preta em sua varanda com água escorrendo pelo rosto.
"David Trapp?". Perguntou um homem alto e magro, alguns anos mais velho que David, quarenta e dois ou três.
"Sim?".
"Meu nome é Trent e tenho algo para você!".
"Eu te conheço?"
"Não, mas eu te conheço, Sr. Trapp. Eu também sei com o que você está lidando. Acredite em mim, você
precisará de toda a ajuda que conseguir".
"Eu não sei do que você está falando. Você deve ter me confundido com outra pessoa".
"Sr. Trapp, está chovendo e isso é para você."
Confuso, David abriu a porta e pegou o envelope. Assim que o fez, Trent se virou e foi embora.
Jill e Rebecca estavam estudando os mapas enquanto Barry e Chris trabalhavam nos artigos de jornal. Os quatro,
concentrados na pequena cidade costal Caliban Cove em Maine. Todos estavam preocupados com
desaparecimentos de pescadores locais, todos considerados mortos.
O mapa era do trecho costeiro da cidade. David pesquisou sobre ele e descobriu que foi comprada por um grupo
anônimo há alguns anos. Tinha um farol abandonado na beira norte da enseada, no alto dos rochedos que era
supostamente cheia de cavernas marítimas. Mostrava também algumas estruturas atrás e embaixo do farol,
descendo para um pequeno cais no sul. Estava escrito CALIBAN COVE em cima do mapa e abaixo, em letras
menores, UMB. PESQUISA E TESTE.
O terceiro papel que Trent deu era o que David não entendia. Havia uma lista de nomes.
LYLE AMMON, ALAN KINNESON, TOM ATHENS, LOUIS THURMAN, NICOLAS GRIFFITH, WILLIAM BIRKIN,
TIFFANY CHIN.
Jill pegou esse papel e leu.
"Alguma idéia do que isso significa?". David perguntou.
Jill falou sobre William Birkin, que constava no material que Trent havia dado a ela.
Rebecca pegou o papel assim que Jill olhou para David.
"Droga".
Todos olharam para ela.
"Nicolas Griffith está na lista". Rebecca disse.
"Você sabe quem é ele?". Perguntou David.
"Conheço, apesar de eu achar que ele estava morto. Ele era um dos maiores, um dos mais brilhantes homens na
biociência.
Se ele está com a Umbrella, nós temos mais com o que se preocupar do que o T-virus escapando. Ele é um
gênio no campo de virologia molecular - e se as histórias são verdadeiras, ele é totalmente louco".
"O que você pode nos dizer sobre ele?". David perguntou.
Ela bebeu o resto da água em seu copo e olhou para David. "O quanto você sabe sobre o estudo dos vírus?".
"Nada, por isso eu estou aqui". Disse David, sorrindo um pouco.
"Bom, os vírus são classificados pela estratégia de reprodução e pelo tipo de ácido nucléico (RNA ou DNA) - este é
o elemento especializado num vírus que autoriza a transferência do genoma para outra célula viva. Um genoma é
um simples grupo de cromossomos.
De acordo com a Classificação de Baltimore, existem sete tipos distintos de vírus, e cada grupo infecta certos
organismos de certo modo.
No começo dos anos sessenta, um jovem cientista de uma universidade particular na Califórnia desafiou a teoria,
dizendo que havia um oitavo grupo - os dsDNA e ssDNA que poderiam infectar qualquer coisa em contato. Ele era
o Dr. Griffith. A comunidade científica não aceitou a teoria".
Rebecca notou as expressões vazias no rosto dos colegas.
"Desculpa... Ele então, parou de tentar prová-la, sendo que muitas pessoas ainda estavam interessadas.
Ninguém mais ouviu falar nele. Meu professor, Dr. Vachss, disse que ele foi demitido da universidade por uso de
drogas, mas rumores diziam que ele estava fazendo experiências em alguns de seus alunos. Nenhum deles
falaria, mas um foi para o hospício e outro se suicidou. Isso nunca foi provado, mas depois disso ninguém o
contrataria".
"Acaba aí?". David perguntou.
"Não. No meio dos anos oitenta, um laboratório particular em Washington foi encontrado por policiais com três
homens mortos por uma infecção viral - foi o Marburg, um dos vírus mais letais que existe. Eles estavam mortos
há semanas; os vizinhos reclamavam do mau cheiro. Papéis encontrados pela polícia mostravam que os mortos
eram assistentes do Dr. Nicolas Dunne. Os três se infectaram por um vírus que eles entendiam ser inofensivo,
para que Dunne tentasse curá-los depois".
Rebecca lembrou das fotos das três vítimas do Marburg.
De uma dor de cabeça inicial para extremas amplificações em questão de dias. Febre, coágulo, estado de
choque, danos cerebrais, hemorragia por todos os orifícios - devem ter morrido em piscinas do próprio sangue...".
"E o professor achou que ele era Griffith?" Jill perguntou.
"O nome de solteira da mãe de Griffith era Dunne". Disse Rebecca.
Depois da história, todos se calaram e Rebecca começou a fazer sua decisão.
Ela sabe que o laboratório em Caliban Cove deve estar cheio de pessoas como Griffith. Sem a ajuda do
S.T.A.R.S. nenhum lugar é seguro, mas seria a chance dela contribuir, de fazer o que ela sabe. Seria uma
oportunidade de ouro estudar um vírus antes de alguém.
Rebecca suspirou fundo e disse com sua decisão feita.
"Eu vou com você. Quando iremos?".
Houve um silêncio na sala. Rebecca reparou as expressões no rosto deles até David falar.
"Certo, então. Tem um avião indo para *Bangor às 23:00. Eu acho que nós todos devemos fazer um plano aqui
e depois ir para casa".
Rebecca escutou Barry abrindo a janela e voltando para junto deles. Eles começaram a discutir sobre o que
fariam depois que Rebecca e David partirem.
Jill escutava a suave voz de David quando seu coração gelou ao ouvir sussurros nos arbustos no lado de fora da
janela que Barry abriu.
Umbrella.
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*Bangor - Cidade do estado de Maine.
-------------------------------------------------------------- "Abaixem-se!". Jill gritou, saindo do sofá com Rebecca, assim que
a janela estilhaçou ao som de um rifle automático.
David foi para o chão enquanto balas atingiam a poltrona a qual estava. Tufos de almofada flutuavam enquanto
buracos enfumaçados apareciam na parede - reboque e madeira voando.
Houve um segundo de silêncio no tiroteio, suficiente para ouvir vidro quebrando nos fundos da casa.
A sala ficou escura assim que Barry atirou nas luzes. A luz do hall brilhava e mais tiros vinham do lado de fora.
Chris engatinhou sobre os cotovelos e joelhos e apagou as luzes adicionais. Agora está tudo escuro e o tiroteio
parou.
David escutou passos sobre o vidro vindos da cozinha que pararam logo depois. Devem haver mais dois cobrindo
as saídas. Mais passos na cozinha, devem estar esperando alguém se mover.
A visão de David se ajustou podendo ver Jill e Rebecca armadas do outro lado da mesinha.
A casa de Barry é a última da quadra e tem um parque logo atrás. Se eles conseguirem fugir, podem se
esconder nas árvores.
David correu para a porta da frente enquanto Chris e Jill atiravam na direção da cozinha. Atrás dele, Barry e
Rebecca corriam para a escada sob tiros. David estava a um passo da porta quando alguém a chutou, abrindo-a.
Ele se jogou na porta fazendo-a se fechar, depois rolou no chão e atirou cinco vezes. Algo pesado caiu na
varanda logo depois.
David viu Jill e Chris subindo - ao por o pé no primeiro degrau, houve uma explosão atrás dele. A porta da frente
foi destruída pelo time da Umbrella que procurava finalizar a batalha.
Dava para ver a luz da lua brilhando através da janela aberta. Jill já saiu e Chris na metade do caminho.
Ouviu-se vozes masculinas entrando pela porta da frente. Rebecca e Barry saíram.
Haviam árvores há uns vinte metros dali.
Um movimento no canto da casa e Rebecca não hesitou, atirando duas vezes - ele nunca mais se levantaria.
Nunca atirei em alguém antes.
Tiros vinham da janela - Rebecca podia senti-los acertando o chão perto de seus pés. Ela ouviu sirenes se
aproximando e segundos depois cantadas de pneu.
Chris chegou num parquinho seguido de Jill, Barry e Rebecca.
"Cadê o David?". Chris perguntou.
Procurando nas sombras, ouviu-se dois tiros. Um terceiro mais alto e mais perto. Exceto pelo barulho das sirenes
o parque estava quieto novamente.
Rebecca olhou sobre o ombro e viu David que ainda apontava sua Beretta para o atirador. Chris e Jill estavam
próximos a ela segurando suas armas - e do outro lado estava Barry espalhado no chão. Ele não estava se
movendo.
Houve escuridão e silêncio por um tempo indeterminado - e haviam vozes que flutuavam e não podiam ser
identificadas. De algum lugar bem longe, ele ouvia sirenes.
ele foi atingido
oh meu Deus
veja se está limpo
espera eu não consigo achar o ferimento me ajuda - Barry? Barry, você...
"Barry você pode me ouvir?
Barry abriu e fechou os olhos imediatamente, reagindo a dor em volta de sua cabeça. Mas havia outra dor em
seu braço esquerdo.
Baleado, deu de cara numa árvore... ou algum idiota com um bastão de baseball.
Ele tentava abrir os olhos enquanto mãos moviam-se sobre seu peito. As sirenes pararam por completo, apesar
de ainda se poder ouvir carros de polícia tomando conta da rua, o som de potentes motores ecoando através do
parque coberto de árvores.
"Braço esquerdo". Disse Barry começando a se levantar.
"Não se mexa". Rebecca disse firmemente. "Espere um segundo, tá bom? Chris, me dê a sua camisa".
"Mas a Umbrella". Barry falou.
"Tá tudo limpo". David disse, ajoelhando-se junto aos outros. "Agüenta firme".
Assim que ela terminou o curativo ele se levantou. Eles devem sair de lá antes que a polícia decida vasculha a
floresta - mas ir para onde? Nenhuma de suas casas eram seguras.
Todos estavam aliviados por não terem sido feridos, exceto David que parecia infeliz como Barry nunca o tinha
visto antes.
"O homem que atirou em você," David disse levantando uma nove milímetros com um supressor preso, sangue
pingando pelo cano da arma. "Eu o matei. Eu... Barry, era o Jay Shannon".
Barry ouviu as palavras não conseguindo aceitá-las. Era impossível. "Não, você não viu bem, está muito
escuro...".
David se virou e caminhou em direção as árvores. Barry o seguiu.
A bala da Beretta de David fez um buraco no coração do homem; foi um tiro de sorte. Olhando para a pálida face
do atirador, Barry sentiu seu coração virar pedra.
"Jesus, Shannon, por que? Porque?". Barry não se conformava.
"Quem é ele?". Jill perguntou suavemente.
Barry olhou para o homem morto incapaz de responder. David respondeu.
"Capitão Jay Shannon do S.T.A.R.S. de Oklahoma City. Barry e eu treinamos com ele."
Barry encontrou sua voz, ainda olhando para o rosto de Jay. "Eu liguei para ele semana passada, quando liguei
para David. Ele estava preocupado conosco, disse que ficaria de olho na Umbrella...".
...e nós conversamos mais alguns minutos, contando velhas histórias. Eu lhe falei que mandaria fotos das
crianças mas e ele disse que tinha que desligar por causa de um encontro...
A Umbrella deve estar por trás do ataque. A casa de Barry foi destruída por pessoas que ele conhecia, e ferido
por uma pessoa que achava ser um amigo.
O silêncio foi quebrado pelo barulho dos cachorros, que pela localização devem ser da unidade K-9 do RPD.
"Onde nós podemos ir?" David perguntou rapidamente. "Existe algum prédio vazio, algum lugar que a Umbrella
não pensaria em procurar... algum lugar que a gente pode ir a pé?".
Brad!
Brad saiu da cidade dois dias depois do incidente na mansão - não agüentou a pressão.
"Vamos lá". Disse David.
Barry conhecia o caminho para sair do parque. Ele costumava andar lá com a esposa ao lado e suas filhas
dançando ao seus pés.
Jill abriu a porta da casa de Brad facilmente. Rebecca examinava Barry enquanto Chris procurava uma camisa.
David e Jill vasculhavam a casa.
Era uma pequena casa de dois dormitórios e um jardim nos fundos. Haviam casas bem próximas a de Brad
evitando a aproximação de alguém. A mobília era simples. Objetos pessoais e livros estavam espalhados pelo
chão. Isso mostrava que o ocupante estava em pânico incapaz de decidir o que fazer para se distrair.
Naquela noite eles discutiram sobre o que o que falariam para a polícia. Rebecca e David se despediram e foram
embora.
No sorriso de Rebecca, David podia ver que ela sabia perfeitamente sobre os riscos da missão. Ele estava
satisfeito por a ter alistado. Ele só podia esperar que as habilidades dela sejam suficientes para colocá-los e tirá-los
inteiros de Caliban Cove.
[2]
Depois de reler as informações sobre Caliban Cove, Rebecca colocou os papéis cuidadosamente na mala debaixo
do assento de David. Ele trouxe três malas para o aeroporto, uma para as armas, já no bagageiro e outras duas
para não chamar a atenção.
Rebecca desejava ter comprado algumas bolachas no aeroporto, ela não comia desde o almoço e as nozes não
estavam matando a fome.
Ela apagou a luz de leitura e sentou novamente, tentando deixar o suave motor do 747 acalmá-la para um
cochilo. A maioria dos passageiros do quase cheio avião haviam adormecido, inclusive David. Rebecca tinha muito
o que pensar. Nos últimos meses ela se formou passando pelo treinamento do S.T.A.R.S. e foi transferida para
seu novo apartamento numa nova cidade. Depois veio a mansão e agora as últimas horas que deram outra
reviravolta em sua vida.
Ela virou a cabeça e viu David no assento da janela - círculos escuros de exaustão em seus olhos. Rebecca
fechou os olhos e respirou profundamente o ar fresco da cabine pressurizada. Ela pode sentir o cheiro de suor na
pele e decidiu que tomar um banho seria prioridade ao chegar no hotel.
Clareando sua mente, ela começou a contar de cem para um. A técnica de meditação nunca tinha falhado nela,
mas pode não funcionar desta vez...
... noventa e nove, noventa e oito, Dr. Griffith, David, S.T.A.R.S., Caliban...
Antes de noventa ela já estava dormindo profundamente, sonhando com sombras se movendo que nenhuma luz
podia iluminar.
Como ele fazia todas as manhãs desde o começo do experimento, Nicolas Griffith sentou na plataforma no topo
do farol e olhou o sol se elevar sobre o mar.
Griffith sempre vê o sol iluminar o horizonte antes de começar o seu dia. Assim que o sol se separou do mar, ele
levantou-se e caminhou para o parapeito com seus pensamentos voltados para o dia a frente. Tendo finalmente
terminado o trabalho sangrento na série Leviathan (Leviathan series), ele estava preparado para trabalhar mais
extensivamente com os doutores. Todos os três responderam bem à mudança, e a taxa de deterioração celular
caiu consideravelmente. Era hora de se concentrar na situação comportamental deles, o estágio final do
experimento. Em semanas, Nicolas estará pronto para expandir para além dos limites do laboratório.
O vento balançava seu cabelo cinza, o choro faminto as gaivotas finalmente o levou a ação. Os Trisquads tem de
ser levados para dentro antes que os pássaros cheguem. Algumas unidades já foram horrivelmente machucadas
e ele não quer pô-las em risco novamente. Uma vez perdido os olhos, eles seriam inúteis na patrulha.
Griffith se virou e com seu cabelo balançando desceu a escada em espiral. Seus sapatos contra o metal criavam
um eco na alta torre. Tendo o estabelecimento para si mesmo fazia tudo mais prazeroso - comer o que quiser na
hora que quiser, trabalhar em seu próprio horário, as manhãs no topo do farol... Ele sofreu por muito tempo
devido aos horários - intermináveis reuniões ouvindo seus "colegas" falarem sobre o T-virus de William Birkin. Eles
se escravizaram para aparecer com os Trisquads para a Umbrella que ficou felicíssima com os resultados,
aparentemente esquecendo o fracasso com os Ma7s. Eles eram incapazes de ver além de sua arrogância por
uma imagem maior...
Como se os Trisquads fossem nada mais do que corpos com armas.
Com as ondas quebrando, ele foi na direção dos dormitórios. Nicolas já sintetizou um aerotransmissível, e tem o
suficiente para contaminar a maior parte da América do Norte. Assim que o vírus fizer seu trabalho o sol nascerá
num mundo muito diferente, inabitado por pessoas de caráter e vontade.
Tire as habilidades do homem, sua mente fica livre. Com treinamento, se torna um animal de estimação; sem,
ele se torna um animal selvagem. Cubra o mundo com tais animais, e só os fortes sobreviverão...
Ele entrou no dormitório, ligou as luzes e viu seus doutores onde os havia deixado - sentados a mesa de olhos
fechados. Eles foram infectados pelo vírus que Nicolas usará, e estão perto do que o mundo se tornará em
alguns dias.
Além do laboratório de pesquisa, o estabelecimento foi projetado para treinar armas biológicas como os Trisquads
e os Ma7s. Há itens que podem ser usados, desde simples testes até complicados quebra cabeças.
Aproximando-se da mesa, Dr. Athens abriu os olhos, provavelmente para ver se havia perigo vindo. Dos três,
Tom Athens era o mais forte; ele foi um dos especialistas em comportamento. De fato, ele surgiu com a idéia de
uma equipe de três unidades, o Trisquad, insistindo que elas fariam um trabalho mais eficiente em pequenos
grupos. Ele estava certo.
Thurman e Kinneson permaneceram quietos. Griffith percebeu um cheiro ruim vindo de um deles. Olhando para
baixo, ele confirmou sua suspeita pelo molhado nas calças de Thurman.
De novo.
Louis Thurman foi um idiota, um biologista decente mas tão ridículo e intolerante como os outros. Ele criou a
maioria dos Ma7s, e quando se tornaram incontroláveis, botou a culpa em todo mundo menos nele. É mau que
um bom doutor não saiba o quanto patético está sendo.
"Bom dia senhores", Nicolas disse se afastando da mesa. Em harmonia, os três viraram a cabeça para vê-lo.
"Parece que o Dr. Thurman evacuou os intestinos. Está sentado na merda. É engraçado".
Os três sorriram largamente. Dr. Alan Kinneson sorriu disfarçadamente. Ele foi o último a ser infectado, sofrendo
menor deterioração do tecido. Alan ainda podia se passar por humano.
Griffith tirou o apito de polícia do bolso e colocou na mesa na frente do Dr. Athens. "Dr. Athens, tire os Trisquads
do dever. Atenda suas necessidades físicas e os envie para a sala fria. Quando terminar, vá para a cafeteria e
espere".
O apito desativaria as equipes e os chamaria para dentro. Tom Athens pegou o apito e saiu da sala pelo hall da
outra entrada do dormitório.
Haviam quatro Trisquads, doze unidades no total. Eles estão vagando pela mata junto a cerca ou se movendo
secretamente em volta do abrigo, tendo sido treinados para ficar fora da área nordeste do composto, farol e
dormitório. Eles eram bem eficientes nisso. A Umbrella queria soldados que matassem sem piedade, e lutassem
até que ,literalmente, explodissem em pedaços. Uma vez treinados com armas, os Trisquads se tornariam
máquinas de matar - com a recente onda de calor, Nicolas não sabe o quanto eles estão viáveis.
Ele voltou sua atenção para Louis Thurman que ainda sorria e fedia como um bebê. Ele nem se parecia com um -
gorducho e calvo, ele sorri como uma inocente e ingênua criança.
"Dr. Thurman, vá ao seu quarto, tire as roupas, tome um banho e ponha roupas limpas. Depois vá para as
cavernas e alimente os Ma7s. Quando terminar vá para a cafeteria e espere".
Depois que ele se levantou, Griffith viu que a cadeira de Louis estava suja. "Leve a cadeira e a deixe no seu
quarto".
Nicolas sentou-se perto de Alan Kinneson, sentindo-se cansado, observando as bonitas característica do doutor -
seus olhos expressivos. Ele olhou para Griffith esperando ordens. Alan já foi um neurologista. Haviam fotos no seu
quarto, da esposa e de seu bebê, um garoto com um brilhante e bonito sorriso.
Por um segundo Nicolas pensou.
Quantos morrerão? Milhões, bilhões?
"E se eu estiver errado?". Disse ele. "Alan, me diga se eu estou errado, que eu estou fazendo isso pelas razões
certas...?
"Você não está errado". Alan respondeu calmamente. "Você está fazendo pelas razões certas".
Griffith olhou para ele. "Me diga que a sua esposa é uma prostituta".
"Minha esposa é uma prostituta". Alan disse. Sem pausa. Sem dúvida.
Griffith sorriu e o medo foi embora.
Amanhã , ao nascer do sol, Nicolas Griffith dará o seu presente para o vento.
Karen Driver é a especialista em ciência forense do S.T.A.R.S.. É alta, de cabelos loiros e curtos, na faixa dos
trinta anos e séria. Sua pequena casa era bem limpa quase antissepticamente. Ela emprestou suas roupas para
Rebecca.
David tinha alugado um carro no aeroporto e eles acharam um hotel barato onde ficaram em seu quartos
separados. Rebecca só acordou depois das dez, tomou banho e esperou por David.
Ela ouviu a porta abrir e fechar, e novas vozes tomaram conta da sala. O time estava reunido.
Daqui algumas horas, tudo estará acabado. O que me preocupa é que David e seu time não viram os cachorros,
as cobras, as criaturas nos túneis... e o Tyrant.
Rebecca tirou as imagens da cabeça enquanto se levantava pondo as roupas sujas numa mala vazia. Não há
razões para ser diferente em Caliban Cove. Ela parou em frente o espelho, estudou a mulher que viu e foi para a
porta.
Chegando na sala viu que Karen trouxe cadeiras extras. Haviam dois homens no sofá do outro lado onde David
estava.
David sorriu enquanto os dois homens se levantavam para serem apresentados.
"Rebecca, este é Steve Lopez. Ele é um gênio em informática e nosso melhor atirador".
Steve tem olhos escuros, cabelos pretos e era uma pouco mais alto que ela. Não muito velho...
"- e este é John Andrews, especialista em comunicação e campo de escuta".
Sua pele era escura e não tinha barba, mas lembrava o Barry.
"Esta é Rebecca Chambers, bioquímica do S.T.A.R.S.". David terminou a apresentação.
John soltou a mão dela ainda sorrindo. "Bioquímica? Caramba, quantos anos você tem?".
Rebecca sorriu, percebendo o tom de humor nos olhos dele. "Dezoito. E três quartos".
John deu risadas enquanto voltava a se sentar. Ele olhou para Steve e depois para ela. "É bom ficar de olho no
Steve, então. Ele fez vinte e dois. E é solteiro".
"Fica quieto". Steve resmungou com suas bochechas coradas olhando para Rebecca e balançando a cabeça.
"Você vai ter que desculpar pelo John. Ele acha que adquiriu um senso de humor e ninguém pode contrariar".
"A sua mãe acha que eu sou engraçado". John retrucou, e antes que Steve pudesse responder David acabou
com o papo.
"Já chega". Disse. "Nós temos algumas horas para nos organizar se pretendemos fazer isso hoje.
A brincadeira dos dois foi bem-vinda por quebrar a tensão de Rebecca, fazendo com que se sinta uma do grupo
quase que instantaneamente. Assim que David começou a por as informações de Trent sobre a mesa, ela
começou a pensar sobre o que virá pela frente. Estando fora de algum organismo vivo, o vírus já pode ter
"morrido". Mas quem sabe se ele já contaminou alguém.
O vírus ainda infecta? Aquele lugar pode estar cheio de Tyrants... ou algo pior.
Rebecca não tem respostas para essas insistentes dúvidas. Ela dizia a si mesma que suas ansiedades não
interferiram em seu trabalho. E que a sua segunda missão não será a última.
"Nosso objetivo é entrar no complexo, coletar provas sobre a Umbrella e sua pesquisa, e sair com o mínimo de
problemas possível. Eu reverei cada passo a fundo e se algum de vocês tiver perguntas ou dúvidas sobre como
proceder, não importa o quanto insignificante, eu quero ouvi-las. Entendido?".
Todos concordaram e David continuou confortavelmente sabendo que chegou onde queria.
"Nós já discutimos algumas das possibilidades sobre o que pode ter acontecido lá, sendo que vocês já leram os
artigos. Eu digo que nós estamos lidando mais uma vez com algum tipo de acidente. A Umbrella se empenhou
bastante para encobrir o problema em Raccoon City".
"Por que a Umbrella ainda não enviou ninguém para Caliban Cove?". John perguntou.
"Quem sabe". Disse David. "Eles podem ter limpado as evidências - de qualquer modo, nós nos juntamos as
pessoas de Raccoon e nossos contatos para começar de novo".
Novamente todos concordaram. David olhou para o mapa.
"Ponto de entrada. Se esse fosse um ataque aberto, nós podíamos ir de helicóptero ou simplesmente pular a
cerca. Mas se ainda tiver gente lá e nós dispararmos o alarme, estará tudo acabado antes de começarmos.
Sendo que nós não queremos ser descobertos, nossa melhor opção é ir pelo mar. Podemos usar um dos barcos
da operação do petroleiro do ano passado".
"Eles não teriam um alarme no cais?". Karen perguntou.
"Eu não recomendaria usar o cais. Podemos ver no mapa que é possível esconder o barco em uma das cavernas
debaixo do farol. De acordo com o que eu li, existe uma entrada que liga a base dos rochedos ao farol. Se ela
estiver bloqueada, tentaremos outra caminho".
"O barco não chamará atenção se alguém estiver vendo?". Perguntou Rebecca.
"Ele é preto e o motor fica sob a água. Se a gente for à noite, devemos ficar invisíveis".
David esperou eles terminarem de pensar, não querendo apressá-los. Eles eram bons soldados - sua equipe. Se
algum deles tiver dúvidas, é bom esclarecê-las agora. Ele reparou na jovem face de Rebecca. Ele estava
começando a gostar dela, mais do que uma ferramenta para a missão...
"David colocou os pensamentos de lado e continuou.
"Vamos para os detalhes. Uma vez dentro, nos moveremos em fila através do complexo pelas sombras. Karen
ficará atrás de John procurando o laboratório e verificando o que pode ter acontecido. Steve e Rebecca os
seguirão. Eu irei logo atrás. Quando acharmos o laboratório, entraremos juntos. Rebecca saberá o que procurar
em termos de material, se tiver um sistema de computador funcionando, Steve pode verificar os arquivos. O
resto de nós dará cobertura. Terminando o serviço, nós voltaremos por onde viemos".
Todos revisaram o material de Trent.
"Nós podemos confiar nele? Karen perguntou.
"Parece que ele está do nosso lado em tudo isso. Sim". David respondeu vagarosamente.
"Quais são as chances de contrairmos o vírus?". Steve perguntou.
Rebecca respondeu. "Eu não posso dizer com certeza. Quando fui tirada do caso, eu perdi acesso às amostras
de tecido e saliva. Pelos efeitos, o T-virus é um mutagene que altera a estrutura do cromossomo do hospedeiro.
Pode contagiar plantas, mamíferos, pássaros, répteis etc. Em algumas criaturas ele pode promover um
crescimento incrível; em todos eles comportamento violento. Posso dizer que ele afeta o cérebro, pelo menos em
humanos - induz algo como uma psicose esquizofrênica. Ele também inibi a dor. As vítimas humanas que
enfrentamos não pareciam sentir ferimentos à bala. Na mansão, o vírus parecia ser aero-transmissível. Os
cientistas estavam, com certeza, usando o vírus em experimentos genéticos. E desde que nenhum de meu time
o contraiu, não precisamos nos preocupar com a respiração.
Nós devemos ficar de olho no contato com um hospedeiro, eu digo qualquer contato - essa coisa é bastante
virulenta ao entrar na corrente sangüínea. Uma gota de sangue pode conter centenas de milhões de partículas.
Qualquer contato com o vírus deve ser evitado a todo custo. Com sorte o vírus já deve estar morto... ou
deteriorando. Os hospedeiros, de qualquer modo".
Depois de um momento de silêncio John falou.
"Bom, parece um trabalho de merda. Se nós quisermos chegar lá a tempo, é bom sairmos logo". Ele disse
sorrindo para David. "Você me conhece, eu amo uma boa luta. Alguém tem que parar esses idiotas de espalhar
aquela coisa por aí, certo?".
Todos concordaram, mesmo sem saber o que viriam pela frente.
Olhando no relógio, David viu que faltavam algumas horas para embarcar. "Certo. É melhor a gente ir para o
depósito e "fazer as malas".
Karen estava na traseira da van carregando clips enquanto as misteriosas palavras da mensagem contida no
material de Trent se repetiam em sua mente.
... Ammon's message received / blue series/ enter answer for key / letters and numbers reverse / time rainbow /
don't count / blue to access.
Ela terminou um clip e colocou junto aos outros - secando suas mãos oleosas na calça ela pegou outro. Uma leve
brisa, cheirando sal e mar morno de verão passou pela quente van.
Eles passaram para o outro lado da estrada encontrando um lugar limpo para acampar a menos de dois
quilômetros da praia. Do outro lado o sol estava se pondo. O não tão distante som das suaves ondas estava
calmo - as baixas vozes dos outros trabalhando.
Steve e David estavam arrumando o barco, enquanto John mexia no motor. Rebecca arrumava um kit médico
que eles "pegaram emprestado" do depósito de equipamentos do S.T.A.R.S..
... as letras e números... um código? Tem a ver com o tempo? Contar? Seria a soma das linhas, ou outra coisa?
Ela não tirava isso da cabeça. As semi automáticas estavam limpas e prontas, e os clips carregados. Ninguém
estaria levando outras armas além das Berettas do S.T.A.R.S.. David insistiu para que viajassem leves. Depois de
ter ouvido mais sobre os zumbis, ela estava feliz por ter um revólver e uma lanterna.
Com um sentimento de culpa, Karen tirou do bolso do colete seu segredo, confortada pelo peso familiar na mão.
Deus, se o pessoal soubesse, eu nunca ouviria o final disso.
Foi dado pelo seu pai, o que sobrou do seu serviço na Segunda Guerra Mundial, um dos poucos itens que a
fazem lembrar dele - uma antiga granada abacaxi; chamada assim por causa do seu exterior feito de linhas
cruzadas. A granada era seu pé de coelho, ela não participou de uma missão sem ela.
"Karen, precisa de ajuda?".
Assustada, Karen olhou para Rebecca, que possuía um brilho de curiosidade nos olhos.
"Eu achava que não estávamos levando explosivos... isto é uma granada abacaxi? Eu nunca vi uma. Ela está
viva?".
Karen olhou em volta com medo de que alguém do time tivesse escutado - depois olhou para a bioquímica,
envergonhada.
"Shh! Eles nos ouvirão. Vem aqui um segundo". Karen disse. Rebecca, obedientemente, engatinhou para dentro
da van.
Karen estava absurdamente agradecida pela descoberta de Rebecca. Em sete anos de S.T.A.R.S., ninguém
havia descoberto.
"É uma abacaxi, e não estamos levando explosivos. Não diga à ninguém, tá? Eu carrego ela para dar boa sorte.
Rebecca arregalou os olhos. "Você carrega uma granada viva para dar sorte?".
"Sim, e se Steve ou John descobrirem, eles irão cair em cima de mim. Eu sei que é bobeira, mas é um tipo de
segredo".
"Eu não acho bobeira. A minha amiga Jill tem um chapéu da sorte...". Rebecca tocou a fita vermelha em sua
testa. "... e eu tenho usado isto por algumas semanas. Estava usando ela quando fui para a mansão".
Sua jovem face se fechou, e depois sorrindo novamente disse direta e sincera.
"Não direi uma palavra".
Karen decidiu que realmente gostava dela. Ela colocou a granada no bolso olhando para Rebecca. "Obrigado.
Bom, estão todos prontos lá?".
"Sim, acho. John quer conferir os fones de novo, fora isso, tudo está feito".
"Vá em frente e entregue as armas, eu pego o resto".
Rebecca ajudou Karen a descarregar assim que o sol sumia no horizonte. O vento ficou mais forte, a água mais
fria e as primeiras estrelas ficaram à vista sobre o Atlântico.
Eles andaram para a água em silêncio carregando suas armas. Assim que a luz do dia desapareceu John e David
deslizaram o barco na água, Karen colocou um gorro preto e deu um tapinha no pesado bolso para sorte, dizendo
a si mesma que não precisará usá-la.
A verdade está esperando. É hora de saber o que realmente está acontecendo.
[3]
Steve e David foram para a frente do barco com capacidade para seis pessoas. Rebecca e Karen foram logo em
seguida. John entrou por último e ao sinal de David, ligou o motor apertando um botão; era silencioso como David
havia falado.
"Vamos". David disse. Rebecca respirou fundo assim que eles rumavam para norte, em direção a ilha. Ela
procurava na escuridão por algum sinal que marcasse o começo do território particular, mas não conseguia
perceber nada. Estava mais escuro e frio o que ela esperava.
Rebecca viu um flash de luz enquanto David erguia o binóculo de visão noturna em busca de movimento na
costa.
"Eu vejo a cerca". David disse suavemente.
Ela voltou sua atenção para a costa, imaginando o quanto estavam perto. Já se podia ouvir a água se chocando
com as rochas.
"Há uma doca". Disse David. "John, vire a estibordo, duas horas".
Houve um som de metal raspando na madeira - não haviam barcos que se pudesse ver.
Rebecca deu uma olhada na escuridão e só viu o contorno de uma estrutura que poderia ser um galpão onde os
barcos ficam. Não era possível ver as outras construções do mapa de Trent. Eram seis estruturas além do farol.
Cinco delas espalhadas ao longo da enseada, dispostas em duas linhas paralelas - três em frente e duas atrás. A
Sexta estrutura estava atrás do farol. Todos esperavam que essa fosse o laboratório; eles conseguiriam o que
precisam sem procurar no complexo inteiro.
"A casa dos barcos é de madeira, as outras parecem ser de concreto. Eu não... esperem". O sussurro de David
se tornou urgente. "Alguém... duas, três pessoas vieram de trás de um dos prédios".
Rebecca sentiu um estranho alívio fluindo através dela - alívio, desapontamento e uma súbita confusão. Se houver
pessoas, o T-virus pode não ter sido solto. Isso significa que o complexo está ocupado e as patrulhas tornarão a
operação impossível.
Por que está tão escuro? E por que tudo parece morto aqui, tão vazio?
"Vamos abortar?". Karen cochichou, e antes que David pudesse responder, Steve respirou forte fazendo o
sangue de Rebecca congelar.
"Três horas, grande, oh Jesus é imenso".
BAM!
O barco foi atingido e mergulhado na turbulenta água do mar.
A água o envolveu, gelada e salgada, queimando os olhos de David que perdido, ofegava.
Onde está... o time, onde está.
David girou em volta, respirando profundamente, e ouviu uma tosse a sua esquerda.
"Vá para a costa", ele disse girando em um círculo, tentando achar suas posições, achar a da criatura.
O barco estava a dez metros atrás dele, de ponta cabeça. A força do ataque os jogou longe, mais perto da ilha.
Viu duas figuras entre ele e a costa. Ele não podia ver a coisa que acertou o barco mas esperava sentir a mordida
a qualquer momento.
"Vão para a costa". Disse de novo.
"David". John aterrorizado gritou de além do barco que boiava.
"Aqui! John, por aqui, siga a minha voz!".
John foi na direção de David que nadava para a praia rochosa. Ele viu o topo da cabeça de John aparecer, viu
seus braços baterem na escura água.
"Siga-me, estou bem aqui".
Uma gigante sombra ergueu-se atrás de John à uns três metros, arredondada e impossível. Os eventos
aconteceram como num sonho em câmera lenta na frente dos olhos de David.
Ele viu grossos e pontiagudos tentáculos de cada lado, perto do topo de sua erguente sombra.
Tentáculos não, antenas.
E percebeu que estava vendo a barriga de um monstruoso animal que não podia existir, tão grande como uma
casa. O corte negro de sua boca abriu, revelando afiados dentes do tamanho de um punho humano.
Quando aquilo vier abaixo, John será engolido pelas fortes garras. Ou esmagado. Ou levado para o fundo - uma
refeição afogada para a criatura.
No instante que ele viu os fatos, já estava gritando.
"Mergulhe! Mergulhe!".
A aberração estava caindo, seu corpo de serpente envolveu o frenético nadador. David reparou nos bulbosos
olhos, cada um do tamanho de uma bola de vôlei... e a criatura caiu, mandando explosivas ondas no ar. Antes
que David pudesse respirar, uma tremenda onda o atingiu, levando-o violentamente para trás.
Houve um momento de pressa assim que ele lutava contra a força exercida em seus membros, tentando achar
ar na envolvente corrente.
Chutando violentamente, ele voltou à tona sentindo o frio ar batendo na sua pele - e as mornas mãos humanas
puxando seus ombros.
Ele respirava convulsivamente enquanto suas botas raspavam nas rochas, e a voz de Karen atrás dele.
"Peguei ele".
David pegou fôlego e se virou. Pessoas molhadas estavam estendendo as mãos, Steve e Rebecca.
Meu Deus, John.
"Eu estou bem". David disse. "John... alguém está vendo ele?".
Ninguém respondeu.
"John!". Ele chamou, tão alto quanto podia, procurando e nada vendo.
"John". Ele chamou de novo - esperança diminuindo.
"O que?". Uma voz estrangulada veio das rochas à esquerda deles.
David respirou aliviado assim que a figura pingando de John saia das sombras.
Steve foi em sua direção, agarrando seu braço e o apoiando nas rochas.
"Eu mergulhei". John disse.
David se virou olhando para cima, para o complexo, além da fatia de praia coberta de pedrinhas. Eles estavam na
base de uma pequena queda angulosa, no local plano. O choque do monstruoso peixe - se puder ser chamado
assim - não era mais importante. Eles estavam fora da água agora.
Eles nos viram? Não podemos ficar aqui...
"A casa dos barcos". David disse virando a sul. "Rápido".
Karen pegou a dianteira, os outros a seguiram de perto. Ninguém parecia seriamente ferido. David correu depois
de John, com suas pernas doendo.
Assim que eles subiram as pedras, David ouviu um ruído abafado de metal, viu Rebecca abraçando o pacote de
munição em seu peito. Ele sentiu novas esperanças; se eles pudessem vê-las em algum lugar seguro...
A construção estava à frente, à direita, quieta e escura, a porta fechada de frente para a doca de madeira. Não
dava para saber se estava vazia à apenas dez metros de distância.
Sem escolha.
"Fiquem abaixados". David disse em voz baixa e todos foram na direção do lugar.
Karen abriu a porta. Nenhum alarme disparou. Steve e Rebecca foram atrás dela, depois John, depois David que
fechou a porta de madeira.
"Fiquem aonde estão". Disse suavemente. Fora a respiração de todos o local estava quieto. Mas havia um cheiro
horrível no ar, um cheiro de algo morto a algum tempo...
O fino raio de luz cortou a escuridão, revelando uma grande e quase vazia sala sem janelas. Cordas e coletes
salva-vidas pendurados por estacas de madeira, uma bancada corria o comprimento de uma parede, alguns
serrotes e prateleiras desorganizadas...
-meu Deus -
A luz congelou na outra porta da sala, diretamente em frente a que eles entraram. O raio de luz iluminou um
corpo nu e um casaco de laboratório esfarrapado com manchas de óleo. Fibras secas de músculo saiam de uma
face não muito sorridente.
O corpo foi pregado na porta, uma mão fixada mostrando um aceno de boas-vindas. Aparentemente, morto a
semanas.
Steve sentiu algo subindo em sua garganta. Ele engoliu, desviando o olhar, mas a grotesca imagem já estava
fixada em sua mente - a face sem olhos e de pele descascada...
Jesus, isso é alguma piada? Steve sentiu-se tonto.
Por alguns segundos ninguém falou, até que David começou a falar baixo com a mão sobre a luz.
"Vejam seus cintos e soltem seus clips. Eu quero status agora, danos depois equipamento. Respirem fundo,
todos. John?".
A voz de John surgiu à esquerda de Steve. Karen e Rebecca estavam à sua direita. David ainda na porta.
"Eu estou com meleca de peixe no corpo, mas estou bem. Estou com a minha arma mas perdi a lanterna. Tal
como os rádios".
"Rebecca?".
"Estou bem... hum, minha arma está aqui, lanterna e kit médico... ah, e munição".
Steve se checou enquanto ela falava, segurando sua Beretta, ejetando o clip molhado e pondo-o em um bolso.
Havia um lugar vazio em seu cinto onde a lanterna deveria estar.
"Steve?".
"É, sem ferimentos. Arma mas sem luz".
"Karen?".
"Também".
Os dedos de David se moveram, permitindo a leve luz se espalhar pelo lugar. "Ninguém está ferido e ainda
estamos armados; podia ter sido pior. Rebecca, passe os clips, por favor. A cerca não deve estar a mais de
cinqüenta metros a sul daqui, e há árvores suficientes para cobrir desde que ninguém nos tenha visto".
Steve pegou três clips de Rebecca, agradecido. Colocou um na arma.
Ótimo, bom, vamos detonar. Primeiro aquela coisa que quase nos comeu, agora Sr. Morte dando um tchauzinho
como se quisesse dizer oi...
Steve não é assustado facilmente, mas sabia do perigo quando a viu.
David se aproximou do corpo decomposto, um olhar de nojo cobriu sua face. "Karen, Rebecca, venham ver isso.
John pegue a luz de Rebecca e veja se consegue achar algo de útil com Steve".
John pegou a lanterna e andou com Steve pela longa bancada.
"O T-virus não fez isso". Rebecca disse. "Padrão de decomposição todo errado...".
Silêncio, então Karen falou. "Vê aquilo? David me dê a lanterna por um segundo".
John direcionou a luz sobre a suja tábua da bancada. Um copo de café quebrado. Uma pilha de nozes
engorduradas e dardos no topo de um alvo. Uma chave de fenda elétrica empoeirada e gumes num pano
manchado.
Nada, não tem nada aqui. Nós devíamos sair desse lugar antes que alguém venha dar uma olhada...
John abriu a gaveta e a revirou enquanto Steve tentava descobrir o que estava numa prateleira. Atrás deles,
Karen falava.
"Ele não estava morto quando foi pregado, eu diria que estava perto. Inconsciente. Não há machucados;
sugerindo que ele não lutou... e tem marcas de raspagem aqui e aqui; eu diria que ele foi baleado pela porta de
trás e arrastado".
John terminou a varredura na gaveta e eles prosseguiram - o som de botas contra o chão de madeira. Um grupo
de soquetes de tomada. Um rádio barato. Um saco de papéis amarrotados perto de um lápis.
Algo esbarrou nos pensamentos de Steve fazendo-o parar, olhando para o saco. O lápis...
Ele pegou o papel amassado. Haviam várias linhas escritas perto do final da folha.
"Ei, achamos alguma coisa". John disse baixo, iluminando o papel enquanto os outros vinham. Steve leu em voz
alta, iluminando as palavras. Não havia pontuação; ele fez de tudo para fazê-las.
"... 20 de Julho. A comida estava drogada, estou enjoado - eu escondi o material para você, dados enviados. Os
barcos estão afundados e ele deixou os..."
Steve franziu as sobrancelhas incapaz de ler a palavra.
Tris... Tris-Squads?
"Os barcos estão afundados e ele deixou os Trisquads fora - escuro agora, eles virão, eu acho que ele matou o
resto - pare-o - Deus sabe o que ele pensa em fazer. Destruir o laboratório - encontrar Krista, diga a ela que sinto
muito, Lyle sente muito. Eu quero - ".
Não havia mais nada.
"A mensagem de Ammon". Karen disse suavemente. "Lyle Ammon".
Não precisava ser detetive para descobrir quem estava pendurado na porta. Ele tem uma identidade agora. E a
mensagem que Trent deu a David estava tão estranha porque o pobre homem estava dopado ao mandá-la.
"Bom em dar um nome a face, hein?" John disse sem nenhum sorriso.
O que é um Trisquad? Quem é "ele"?.
"Talvez a gente deva olhar em volta mais um pouco". Rebecca disse, mas David balançou a cabeça.
"É melhor deixar para lá. Nós vamos...?
Ele parou de falar quando pesados passos soaram no lado de fora da porta a qual vieram. Todos congelaram,
ouvindo. Outros passos, e quem quer que sejam, não estavam tentando esconder sua aproximação.
Eles pararam na porta - e ficaram lá, sem tocar na maçaneta, sem chutar a porta e sem outro som. Esperando.
David circulou o dedo no ar, apontando para Karen e depois para a porta com o corpo de Lyle Ammon. O sinal
para sair, Karen primeiro.
Todos seguiram em direção do corpo, Steve respirava pela boca a cada "creck" que faziam.
Assim que Karen abriu a porta, o silêncio foi quebrado por tiros de uma metralhadora - vindo da direção de sua
rota de fuga.
[4]
Karen pulou assim que balas perfuravam a porta. Pedaços de carne podre voavam do corpo de Ammon; o corpo
dançava num ritmo de ação macabra.
Quem quer que esteja atirando, está se aproximando. Os tiros ficavam mais altos e estilhaços de carne e
madeira os atingia. Estavam encurralados; ambas as saídas bloqueadas.
Rebecca agarrou com força sua Beretta na mão esperando um sinal de David. Ele apontou para noroeste do
complexo gritando para ser ouvido sob os tiros.
"Rebecca, a outra porta! John, Karen, próximo prédio! Steve, nós cobrimos! Vão!".
Steve e David saltaram fora e começaram a atirar. John e Karen saíram correndo, desaparecendo
instantaneamente na escuridão.
Rebecca mirou na porta de trás, seu coração pulando na garganta. As paredes tremiam.
"Morre! Jesus, porque eles não morrem?" Steve gritou atrás dela, fazendo seu sangue gelar com o tom de terror
em sua voz.
Zumbis?
Sem tirar os olhos da porta, Rebecca gritou o mais alto que pode.
"Na cabeça! Mire na cabeça!".
Não havia como saber se eles escutaram.
"Rebecca, vamos!".
Ainda sob o som de tiros de metralhadora, ela olhou para trás e viu Steve atirando em algo e David sinalizando
para ela se mover.
Ela foi na direção da porta com o corpo ainda pendurado. A cabeça parecia uma abóbora podre, dentes
estilhaçados, pegajosos pedaços de pele radiando de trás da cabeça. A mão não estava mais conectada ao
braço, o *Rádio e a *Ulna estouraram. O corpo estava lá como alguma decoração obscena, acenando...
Steve atirou de novo e o som da metralhadora cessou. Ele ergueu a arma, e assim que abriu a boca para dizer
algo -
- a porta de trás estraçalhou - balas voando através do escuro numa chama de fogo laranja. David a puxou para
porta e ela correu, o som de nove milímetros soou atrás dela.
Ela correu a toda velocidade, seus sapatos molhados socando o chão rochoso, procurando o contorno de um
grande bloco de concreto e as finas árvores que circundavam a escuridão à frente.
"Aqui".
Ela desviou em direção ao chamado, viu a silhueta de John no canto de um prédio. Aproximando-se dele, viu a
porta aberta, Karen em pé na entrada com sua arma em direção a casa dos barcos. Balas ainda cantavam no
escuro.
"Entre!". Karen gritou saindo do caminho.
Rebecca correu sem diminuir até estar dentro. Ela colidiu com uma mesa, batendo dolorosamente sua coxa na
quina.
Virando, viu Karen atirando e John berrando. "Vamos, vamos!".
E Steve passou pela porta respirando. Ele parou antes de atingir Rebecca - uma mão agarrando seu colete.
Rebecca foi até a porta de aço assim que David a cruzou dizendo:
"Karen, John!".
Karen recuou para o escuro, arma ainda erguida. Houve mais três disparos de uma Beretta e John entrou.
Rebecca fechou a porta. O leve "click" da tranca foi dificilmente ouvido pelos ouvidos que apitavam. Do lado de
fora os tiros pararam. Não houve vozes entre os agressores, alarme, latidos de cachorro ou gritos de feridos.
O silêncio era total, quebrado apenas pela respiração no úmido e quente escuro.
Um raio de luz revelou as faces chocadas do time assim que David iluminou seu esconderijo.
Uma sala de meio tamanho, cheia de mesas e computadores. Não haviam janelas.
"Você viu aquilo?". Steve disse para ninguém. "Deus, eles não iam cair, você viu aquilo?".
Ninguém respondeu, e apesar de estarem fora de perigo, Rebecca não sentiu sua adrenalina diminuir, não sentiu
seu coração voltar a nada próximo do normal; parece que a Umbrella encontrou uma nova aplicação para o
T-virus.
E gostando ou não, nós teremos que lidar com as conseqüências.
Eles estavam presos em Caliban Cove. E lá, as criaturas tinham armas.
David respirou fundo e exalou pesadamente, iluminando a porta. "Eu diria que fomos descobertos. Poderíamos
ver no que entramos. Rebecca, acenda as luzes".
Ela apertou o botão na parede e a sala se iluminou, acima fluorescentes pulsando para a vida. David avaliou seu
time e viu que Steve tinha uma mão no peito.
"Você está ferido?".
"O colete a segurou". Ele disse parecendo mais sufocado que os outros, sua face mais pálida do que devia.
Rebecca olhou para David que respondeu com um balanço de cabeça.
"Cheque-o. Mais alguém?".
Ninguém respondeu enquanto Rebecca pedia a Steve para tirar o colete. David virou-se e olhou a sala. Haviam
seis mesas de metal, cada uma com um computador. As paredes de cimento eram planas e não tinham
decorações. Tinha outra porta na parede oeste que deve se aprofundar mais no local.
"Karen, proteja aquela". Ele disse. "Não parece que estamos encarando um acidente. O que o bilhete dizia? A
comida estava drogada e alguma coisa sobre um "ele" matando os outros... é possível que nós não estejamos
olhando para uma contaminação do T-virus?".
--------------------------------------------------------------
* Rádio e *Ulna - Ossos que compõem o antebraço.
-------------------------------------------------------------- Rebecca terminou de examinar o peito de Steve, o expert em
informática estava sentado em uma das mesas na frente dela. "Você está bem. Nada quebrado".
Ela voltou para David. "É, se isso tivesse acontecido, aquele cara na porta, Lyle Ammon, teria sido infectado. Mas
os Trisquads - se eles são o resultado de experimentos com o T-virus, eles já estariam podres agora. Já se
passaram três semanas desde que o bilhete foi escrito. Pode ser um vírus diferente ou alguém esteve cuidando
deles. Manutenção de enzimas, talvez algum tipo de refrigeração".
"E se esse "alguém" ficou bravo e matou todo mundo, pra que perder tempo?". David falou.
"Aquele corpo". Karen disse. "E a criatura ou criaturas lá fora. É como se ele esperasse alguém vir..."
"... mas não significa para nós ir muito longe". John terminou.
"Então o que fazemos agora?". Steve perguntou.
David não respondeu, incerto sobre o que dizer. "Eu... nossas opções são ir embora ou ir mais adentro". Disse
calmamente. "Considerando o que aconteceu, eu não me sinto confortável visitando esse lugar. O que vocês
querem fazer?".
David olhou de face em face, esperando ver raiva e desprezo mas ficou surpreso pelo sorriso de Karen.
"Já que você perguntou, eu quero saber o que aconteceu aqui". Karen disse brilhante e ansiosa.
"É, eu também. Eu ainda quero ver o T-virus". Rebecca disse.
"Eu ainda quero destruir mais desses Tri-boys". John disse sorrindo. "Caramba, zumbis com M-16 - noite do
esquadrão dos mortos-vivos".
"Eu também quero". Steve disse. "Voltar não é muito seguro. Não foi do jeito que eu queria, mas pegar provas
sobre a Umbrella era o plano original... sim, eu quero pegar esses desgraçados".
David sorriu. Ele tinha acabado de subestimar a situação, ele gravemente subestimou sua equipe.
"O que você quer fazer?". Rebecca perguntou de repente. "Mesmo".
A pergunta o surpreendeu de novo, não porque ela perguntou, mas sim porque ele não tinha resposta. Ele
pensou no S.T.A.R.S., em sua carreira e tudo o que isso já lhes custou. Estudou o curioso olhar dela e sentiu os
outros o olhando, esperando.
"Eu quero que nós sobrevivamos". Ele finalmente disse, verdadeiramente. "Eu quero que façamos isso fora
daqui".
"Amém". John resmungou.
David lembrou do que disse à Chris para conseguir a aprovação dessa operação, algo sobre cada um deles fazer
o melhor que puder para ter sucesso contra a Umbrella.
Aprenda, Capitão...
"John, você e Karen, dêem uma olhada neste lugar, vejam as portas e estejam de volta em dez minutos. Steve,
ligue um desses computadores e veja se consegue achar um plano detalhado das áreas. Rebecca, nós veremos
as mesas. Nós queremos mapas, dados sobre os Trisquads, T-virus e qualquer coisa pessoal sobre os cientistas
que possa nos dizer quem está por trás disso tudo".
David olhou para eles, percebendo que foi claro. "Vamos lá".
Eles iriam derrubar a Umbrella.
Dr. Griffith pode não ter percebido a falha na segurança se não fosse pelos Ma7s; eles pareciam úteis apesar de
não ser essa sua intenção.
Ele passou a maior parte do dia no laboratório. Uma vez que ele decidiu soltar o vírus, não restava mais nada a
fazer. As horas voaram; cada olhada no relógio era uma surpresa. Ele seria o primeiro a transformar o mundo.
Com aquilo na sua frente, a única tarefa com que se preocupar é levá-lo para o topo do farol. Logo depois do
amanhecer ele dará as instruções finais para os doutores - e assim orgulhosamente guiar a espécie humana para
dentro da luz, para o milagre da paz.
Foi o pensamento dos Ma7s finalmente terem amanhecido dentro das cavernas, que o despreocupou. Ele já
cometeu esse erro com os Leviathans; ao assumir o controle do complexo, ele abaixou os portões da enseada,
esperando que as criaturas sintam-se tão livres quanto ele. Foi no dia seguinte que ele percebeu que a Umbrella
poderia descobrir e vir dar uma olhada, colocando um fim em seus planos. Ele continuaria mandando relatórios
semanais para maquiar a situação, mas não teria como explicar a "fuga" de quatro criaturas. Foi sorte de os
Leviathans terem voltado.
Os Ma7s eram um problema totalmente diferente. Eles eram imprevisíveis e violentos demais para ficarem do lado
de fora. Mas deixá-los morrer de fome nas jaulas não parecia certo; não foi a escolha deles de existir como
armas de destruição.
Ele ficou em frente ao portão externo por um tempo, considerando o problema dos cinco animais se atirarem uns
nos outros. Havia uma tranca manual perto de lá, e outra no laboratório. Não há modo de soltá-los do farol e
certamente não podem sair até Nicolas ficar em segurança. Ele poderia mandar um dos doutores para isso, mas
os Ma7s tem um metabolismo muito mais lento que o dos humanos.
Um mês antes da tomada do complexo, Dr. Chin e dois de seus veterinários cometeram um erro ao tentar
examinar um doente; foi um modo muito ruim de morrer.
Ele sentou em frente do computador olhando para o cursor que piscava indicando "sistema em uso" num dos
abrigos. Não havia chance de ser um erro, exceto pelos terminais do laboratório, o resto foi desativado semanas
atrás. A Umbrella veio.
Eles NÃO vão, NÃO vão me parar.
A primeira emoção foi raiva, uma fúria que o fez perder a razão.
Ainda haviam dois outros terminais no laboratório e ele andou rapidamente para um deles, olhando os doutores
sentados e quietos. Ele sentiu um ódio por eles, por criar os Trisquads; os "invencíveis" guardas que falharam na
hora em que mais precisou.
Ele sentou, ligou o computador e esperou impaciente pela silhueta do guarda-chuva girando acabar. O sistema de
segurança do complexo ficava no laboratório; de lá ele é capaz de ver o que o intruso está procurando sem
alertá-lo de sua presença.
Ele digitou várias senhas, esperou, depois digitou seu número. Após breves pausas, brilhantes linhas verdes de
informações encheram a tela. Ele conseguiu.
Olhando para as informações, ele pensou porque alguém da Umbrella estaria procurando pelo laboratório. Está
procurando no lugar errado. Os projetistas do sistema não eram idiotas, não há mapas deste lugar nos
arquivos...
... e a Umbrella saberia disso. Significa que...
O alívio passou por ele, tão puro que ele riu. Não era a Umbrella e isso muda tudo. Mesmo se eles tentarem
achar o laboratório, nunca entrariam sem um key card (cartão-chave). E Griffith destruiu todos.
Exceto o de Ammon. Nunca foi encontrado.
Ele gelou, depois balançou a cabeça. Ele havia procurado em todo lugar pelo cartão, quais as chances de um
invasor achá-lo.
E quais as chances de passarem pelos Trisquads, hein? E o que Lyle fazia nas horas em que você não o achava?
E se ele mandou alguma mensagem? Você só verificava transmissões para a Umbrella, mas se ele contatou mais
alguém?
O computador começou a mostrar informações sobre os testes de socio-psicologia que Ammon projetou. Griffith
sentiu seu controle diminuir de novo.
Eu sou um cientista, não um soldado. Eu nem sei atirar, lutar! Eu seria inútil em combate...
Imprevisível, incontrolável.
Um sorriso surgiu em seu rosto. Sangue escorria, da palma da mão, de onde suas unhas perfuraram, mas não
sentiu dor.
Seu olhar voltou-se para o aberto e silencioso laboratório. Depois para as vazias e estúpidas faces dos doutores.
Para os cilindros de ar comprimido e para o vírus, seu milagre. E finalmente para os controles que dão para a jaula
dos animais.
Nicolas sorriu largamente. O sangue pingou no chão.
Deixe-os vir.
Steve leu em voz alta. Rebecca viu David olhando para o relógio e para a porta várias vezes. Ela não achava que
se passou dez minutos, mas estava perto. John e Karen ainda não voltaram.
"... onde cada um é projetado para medir a aplicação de lógica, assim que um índice de técnicas de projeção
forem combinadas com precisão...".
Deve ser um relatório sobre a análise de algum teste de Q.I.. Deve ter sido escrito por um cientista. Ainda assim
foi o que apareceu quando Steve perguntou por informações sobre a série azul (blue series).
Alguém esvaziou a sala, e fez um bom trabalho. Ela achou livros, grampeadores, canetas, lápis, elásticos e clips
de papel, mas nenhum pedaço de papel escrito.
A busca no computador de Steve não estava indo bem; nenhum mapa e nada do T-virus. Quem quer que tenha
assumido o controle do lugar, acabou com tudo o que eles poderiam usar.
Exceto aquele teste de psicologia que nem se quer mencionou a palavra azul.
Steve apertou uma tecla e brilhou.
"Aqui vamos nós... a série vermelha (red series), quando vista de uma escala padrão, é mais básica e simples,
com um quociente de inteligência 80. A série verde (green series)...".
Ele parou. "Apagou tudo".
Rebecca desviou o olhar da mesa quase vazia a qual vasculhava quando viu David se juntando a Steve.
"Rebecca". David a chamou.
Ela fechou a gaveta e foi até Steve, curvando-se para ler o que estava escrito na tela.
O homem que o faz não precisa. O homem que o compra não o quer. O homem que o usa não sabe.
"É uma charada". David disse. "Algum de vocês sabe a resposta?".
Antes que algum deles pudesse responder, Karen e John voltaram para a sala, ambos segurando as armas.
Karen segurava um papel rasgado numa mão.
"Tudo checado". John disse. "Seis salas, nenhuma janela e só uma porta externa a norte".
"Haviam porta-arquivos na maioria delas, mas estavam vazios - exceto por este papel que achei preso na fenda
de uma gaveta".
Ela deu o papel a David que o viu, seu olhar tornando-se intenso. "Isso é tudo que havia lá?".
"Sim, mas é suficiente, não acha?".
David começou a ler alto.
"Os times continuam a trabalhar independentemente e tem mostrado um notável melhoramento desde a
modificação na *sinapse auditiva.
Na Ocasião Dois, quando mais de um Trisquad está presente, o segundo time (B) não atacará enquanto o
primeiro (A) estiver concluindo. (quando o alvo parar de se mover ou de emitir som).
Se o alvo continuar fornecendo estimulo e o A tiver suspendido o ataque (falta de munição ou defeito em todas
as unidades), B entrará em ação. Se estiverem por perto, patrulhas adicionais vão ser incluídas no ataque e serão
ativadas em sucessão.
Até agora, nós não temos expandido a habilidade sensorial para atingir o comportamento desejado; o estímulo
visual da Ocasião Quatro e Sete continuam improdutivas, apesar disso nós infectaremos um novo grupo de
unidades amanhã e correlacionar os resultados no final da semana. É nossa recomendação que continuemos a
desenvolver capacidade auditiva antes da implantação do detector de calor".
"Aqui é onde está rasgado". David disse.
"Isso explica muito. Por que o time na porta de trás da casa de barcos não fez nada?; o de fora ainda estava
atirando. Depois que você e Steve os derrubou eles entraram num segundo". Karen disse.
Rebecca não estava gostando; a Umbrella continua fazendo experiências em humanos. Em Raccoon, o T-virus
levou de sete a oito dias para contaminar de vez o hospedeiro, e em um mês já caia aos pedaços.
Ela mordeu o lábio, imaginando o que os cientistas de Caliban Cove fizeram com o vírus. E se eles aceleraram o
processo de infecção...
"O sinal da porta norte dizia que estamos no bloco C". John disse. "Você achou um mapa?".
Steve respondeu. "Não, mas dê uma olhada. Eu perguntei por informações sobre a série azul, e esse relatório de
testes de Q.I. apareceu - depois isso. Não consegui mais nada".
John olhou para a tela. "... homem que o fez não precisa, compra, não quer, usa, não sabe...".
Karen, que relia o papel rasgado, levantou os olhos com extremo interesse. "Espere, eu conheço essa aí. É um
caixão".
Steve digitou caixão. Nada mudou.
"Tente " *esquife". Rebecca sugeriu.
Assim que Steve digitou e apertou "enter", a charada foi substituída por:
SÉRIE AZUL ATIVADA.
Em seguida:
TESTES QUATRO (BLOCO A), SETE (BLOCO D), E NOVE (BLOCO B) / AZUL PARA ACESSAR DADO (BLOCO E).
"Azul para (blue to) - a mensagem de Ammon". Karen disse rapidamente. "É isso - a mensagem recebida falava
sobre a série azul, depois dizia, entrar com a resposta para senha". A resposta era esquife".
"E os números dos testes são a senha". David disse. "Tinham mais três coisas na mensagem antes de "azul para
acessar". Devem ser as respostas dos testes - as "letras e números ao contrário", "tempo arco-íris" e "não
conte".
David pegou uma caneta e virou o papel do relatório. A informação agora faz sentido. Ele desenhou cinco caixas
em duas linhas, igual o mapa de Trent, nomeando-a mais ao sul como C. Depois ele temporariamente nomeou os
outros, começando pelo topo à esquerda como A e indo para a direita e depois para a esquerda, pondo os
números dos testes perto de cada letra.
"Supondo que este seja o lado de cima e que nós precisamos resolver os testes em ordem, nós iremos nos
mover em zig-zag entre os blocos". David explicou.
"E supondo que os Trisquads não tenham problema com isso". John disse suavemente.
Rebecca sentiu sua excitação diminuir - pode ver a mesma expressão em seus colegas. Ela sabia que eles teriam
que partir, mas não queria pensar nisso até estar lá.
Agora está. E os Trisquads estão esperando.
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*Sinapse - Relação de contato entre os detritos das células nervosas.
*Esquife: Sinônimo de "caixão" (fúnebre).
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[5]
Eles pararam na porta norte no escuro e abafado corredor, apertando os cadarços, ajustando os cintos e
recarregando as armas.
"Você, Steve e Rebecca com o da esquerda, noroeste daqui. Daremos um tempo, depois Karen e eu sairemos.
Se você estiver certo, estaremos no bloco D; se estiver de ponta-cabeça, bloco B.
De qualquer modo, nós procuraremos o número do teste, e esperaremos vocês nos darem o "vai em frente".
John explicou.
"E se eu não...".
Karen interrompeu dizendo: "Se a gente não o ver em meia-hora, voltaremos aqui e esperaremos por Steve e
Rebecca. Completaremos os testes se for possível".
"Certo". David disse. "Ótimo".
Eles estavam preparados. Haviam infinitas variáveis da equação que poderiam tornar o simples plano, difícil.
"Alguma pergunta antes de irmos?".
Rebecca começou a falar com preocupação. "Eu quero lembrar a todos para terem bastante cuidado com o que
tocarem, ou o que os tocarem. Os Trisquads são portadores, então tente não se aproximar deles, principalmente
se estiverem feridos".
David pensou nas centenas de milhões de partículas do vírus que poderiam haver numa gota de sangue...
Todos esperaram por seu sinal. Ele deixou os pensamentos de lado e colocou a confiança na sua arma, tocando
a maçaneta da porta.
"Prontos?". Com silêncio, agora, no três - um... dois... três".
Ele abriu a porta e saiu para o quente ar da noite ouvindo o barulho das ondas. Estava mais claro do que antes. A
quase lua-cheia havia se erguido, iluminando o complexo. Nada se moveu.
Bem na frente dele a uns vinte metros estava o destino de Karen e John. Tinha uma porta de frente para o bloco
C; eles não precisarão contornar o prédio para entrar.
David saiu da porta para a sua esquerda, encostado na fina sombra da parede. Ele podia ver a frente do prédio
que esperava ser o A, alto, pinheiros à esquerda e atrás dele. Havia uma porta no meio dele, e nenhuma
proteção ao longo dos trinta e pouco metros que os separavam. Uma vez fora de C, eles estarão totalmente
vulneráveis.
Ele respirou fundo e correu abaixado para a porta do bloco. Seu corpo esperava por uma rajada de balas; a
aguda dor que o levaria para o chão. Mas estava silencioso. Os Segundos demoraram uma eternidade para a
porta ficar mais perto, maior...
Então a maçaneta estava sob seus dedos sendo girada, entrando numa sufocante escuridão - virando, viu
Rebecca e Steve chegando.
David fechou a porta rapidamente e sem fazer barulho, sentindo o vazio da sala, a falta de vida - e então o
cheiro o atingiu.
Era o mesmo cheiro da casa dos barcos só que cem vezes mais forte. David conhecia o cheiro. Se deparou com
ele numa floresta na América do Sul, num acampamento cultista em *Idaho e no porão da casa de um serial
killer. O cheiro de podridão era inesquecível.
Quantos haverão aqui?
O raio de luz rasgou a escuridão e encontrou uma pilha de corpos que tomava conta de um grande depósito, não
havia como ter certeza de quantos corpos estavam lá; eles já estavam derretendo uns nos outros, a carne negra
e enrugada dos corpos empilhados no úmido calor. Talvez quinze, talvez vinte...
Steve se afastou e vomitou - um grosso som na quieta sala.
David procurou no resto da sala, encontrando uma porta com a letra A escrita em preto.
Sem olhar para o monte, ele levou Rebecca para a distante porta agarrando Steve.
Eles saíram num corredor sem janelas, e tinha um interruptor de luz perto da porta. David o ignorou por um
momento, esperando seus jovens colegas se acalmarem.
Parece que os funcionários da Umbrella de Caliban Cove foram encontrados.
Karen e John esperaram um minuto depois que os outros foram. Abriram a porta o suficiente para ouvir. O ar
passou pela abertura. Ao longe o barulho das ondas mas nenhum tiro, nenhum grito.
Karen fechou a porta e olhou para John. "Já devem ter entrado. Quer ir na frente ou prefere que eu vá
primeiro?".
"As minhas mulheres sempre vão primeiro". Ele sussurrou. "Isso quando eu vou junto, se é que você me
entende".
"John, só responda a pergunta".
"Eu vou. Espere até eu atravessar, depois siga".
Ela se afastou para deixá-lo passar.
Assim que ele colocou a mão na maçaneta, respirou fundo e a girou. Nenhum som, nenhum movimento lá fora.
Segurando sua Beretta, ele se afastou do prédio e moveu-se rapidamente para a porta a uns vinte passos à
frente.
Alcançando a porta, tocou a fria tranca de metal - ela não se moveria. Estava trancada.
Sem pânico. Ele fez um sinal para Karen esperar e seguiu para a sua direita. Fez a curva sentindo o duro concreto
contra o seu ombro esquerdo e coxa.
Tinha outra porta de frente para o mar.
Rat - atat - atat - atat!
As balas acertaram o chão. John recuou encostando-se na parede, agarrando a fechadura. Vindo da direção da
casa dos barcos, um fila de três - John abriu a porta e pulou atrás dela, ouvindo o ping-ping-ping delas
esmagando o metal, parando a centímetros de seu corpo.
Ele segurou a porta aberta com os pés, deu uma rápida olhada e mirou no flash de luz, apertando o gatilho
enquanto pedaços de concreto e poeira vinham da parede.
Outra olhada e a fila estava mais perto, as três figuras ganhando forma. John atirou novamente pelo espaço da
porta - e quando olhou de novo, só haviam dois em pé.
John virou e viu mais dois a uns três metros no canto nordeste do prédio, ambos com metralhadoras.
Mas não se mexeram para atirar.
As M-16 ainda estavam se aproximando, mas ele só via as criaturas lá em pé, balançando em instáveis pernas.
O da esquerda tinha só metade da face; do nariz para baixo era uma líquida e polpuda massa de pele, pedaços
escuros pendurados por fibras de carne. O da direita parecia intacto até ele ver sua barriga; a mole e saliente
cobra de intestinos através de sua camisa ensangüentada.
Não vai atacar enquanto A estiver terminando.
Bam! Bam!
Karen.
John recuou para dentro do prédio, segurou a porta aberta contra o par que ainda atirava. Ele mirou
cuidadosamente. Nenhuma das criaturas se mexeu para se proteger, só ficaram lá, o observando.
Dois tiros certeiros na cabeça explodiram sob o som das metralhadoras. Antes deles caírem no chão, John ouviu
outro tiro de nove milímetros.
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*Idaho - Estado dos E.U.A.
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Ele olhou em volta da porta e viu as figuras do time ativo a uns trinta metros, um deles ainda atirava com a arma
apontada para o céu.
Karen surgiu de entre os prédios com a arma ainda apontada para o convulsivo atirador, de costas para John.
"Não atire nele! Aqui, deixa ele!".
Ela virou para John e ambos entraram no bloco. Assim que ela fechou a porta o som da metralhadora cessou.
A respiração irregular de Karen quebrou o silêncio da escura sala.
"Ei John, foi bom para você?".
Ele piscou os olhos registrando as palavras vagarosamente.
"Indo Primeiro". Ela completou. "Foi como você esperava?".
"Não teve graça". Ele disse.
Um pouco depois eles começaram a rir.
Enquanto eles se moviam pelo corredor, Rebecca pensava em Nicolas Griffith, sobre a história das vítimas do
Marburg - e não haviam provas de que ele está por trás do massacre do pessoal da Umbrella, ela não conseguia
abalar o pensamento de que ele é o responsável.
O corredor os levou através de várias salas, tão sem vida quanto as do bloco o qual vieram. Eles passaram pela
saída no lado mais distante do bloco e depois de outra curva no corredor, finalmente chegaram a uma outra porta
marcada com a letra A, e embaixo, 1-4. Haviam três triângulos debaixo dos números, cada um com cores
diferentes - vermelho, verde e azul.
David abriu a porta, revelando um hall. Rebecca viu mais triângulos coloridos na porta 1 à direita. Outra não tinha
nada.
"Eu fico com o teste". David disse. "Steve, você e Rebecca verão a outra porta. Nos encontraremos aqui".
Rebecca balançou a cabeça e viu Steve fazer o mesmo. Ele parecia um pouco pálido, mas forte o suficiente. Ele
soltou o olhar ao perceber que ela o estava observando. Rebecca sentiu uma simpatia por Steve, percebendo que
ele estava envergonhado por ter jogado o almoço fora.
Os dois abriram a porta e saíram numa outra sala sem janelas, abafada e quente como o resto do lugar.
Rebecca acendeu as luzes e um grande escritório cheio de estantes, apareceu. Uma mesa de aço ficava no
canto próxima a um porta - arquivos com as gavetas vazias e abertas.
"Você quer a mesa ou as estantes?". Steve perguntou.
"Acho que as estantes". Rebecca escolheu.
Ele sorriu quase tímido. "Melhor assim. Talvez eu ache algumas balas de hortelã numa das gavetas".
Rebecca sorriu agradecida pela brincadeira. "Guarde uma para mim".
Eles se olharam, ainda sorrindo - e Rebecca sentiu um calafrio de excitação através do corpo.
Steve desviou o olhar primeiro com a cor de suas bochechas mais rosas do que antes. Ele foi para a mesa e
Rebecca para a fileira de livros, sentindo-se um pouco corada. Havia uma definitiva atração lá, e parecia ser
comum.
Os livros eram sobre o que ela esperava. Química, biologia, modificação de comportamento e vários boletins
médicos.
Ela correu a mão, puxando os livros. Talvez haja algo escondido atrás de um deles.
... sociologia, *Pavlov, psicologia, psicologia, patologia -
Ela parou, olhando um fino livro preto entre dois grandes. Sem título. Ela o pegou e sentiu seu coração acelerar ao
abrir o pequeno livro, vendo as rabiscadas letras escritas à mão.
Ela viu "Tom Athens" escrito em letras boas na capa de dentro.
Um dos caras da lista, um dos cientistas!
"Eu achei um diário". Ela disse. "É de uma das pessoas da lista do Trent, Tom Athens".
Steve tirou os olhos da mesa. "Mesmo? Vá para o final, qual é a última data?".
"Diz 18 de julho - mas não parece que ele o mantinha certo. A data antes dessa é 9 de julho...".
"Leia a última inscrição". Talvez nos diga o que está acontecendo". Steve disse.
Ela foi para a mesa e inclinou-se nela, limpando a garganta.
"Sábado, 18 de Julho. Esse foi um longo e ridículo dia, o fim de uma longa e ridícula semana. Eu juro por Deus, eu
vou bater no Louis se ele convocar mais uma reunião. Foi para adicionar ou não outra Ocasião no programa
Trisquad, como se precisássemos de outra. Tudo o que ele queria era tê-la no papel, e o resto foi seu besteirol
de sempre - a importância do trabalho em equipe, a necessidade de compartilhar informações, então nós todos
podemos "ficar no rumo certo". Quer dizer, Jesus, é como se ele não conseguisse viver sem o seu nome no
semanal.
Ele não tem feito nada desde o desastre do Ma7, exceto por tentar e convencer todo mundo de que a culpa foi
de Chin. É o fim da picada...
Alan e eu falamos sobre os implantes ontem, está indo bem. Ele vai descrever a proposta esta semana, e NÃO
deixaremos Louis tocá-lo. Com sorte, conseguiremos a luz verde no fim do mês. Alan acha que os White boys
vão querer fazê-los antes de Birkin, só Deus sabe porque; B. não dá a mínima para o que fazemos aqui, ele está
longe de ser brilhante de novo. Eu tenho que admitir, eu quero saber qual será sua próxima síntese; talvez nós
devemos malhar alguns dos nossos Trisquads.
Houve um pequeno susto no D na Quarta-feira, na 101. Alguém deixou o refrigerador aberto, e Kim jurou que
estavam faltando alguns produtos químicos. Estou começando a achar que ela errou na contagem de novo. É
difícil de acreditar que ela está encarregada do processo de infecção. Ela é negligente para cuidar do equipamento.
Estou surpreso por ela não ter infectado o complexo inteiro. Deus sabe que há o bastante para isso.
Eu mesmo deveria conferir o D, para ter certeza de que está tudo pronto para amanhã. O Griffith tem pedido
para observar o processo; primeira vez que ele se interessou pelo que estamos fazendo. Eu sei que é idiota, mas
eu ainda quero que ele seja impressionado; ele é tão brilhante quanto Birkin, em seu próprio modo pavoroso. Eu
acho que ele até intimida Louis, e Louis é geralmente burro demais para isso.
Mais tarde.".
O resto das páginas estavam em branco. Rebecca olhou para Steve, incerta sobre o que fazer, sua mente
trabalhando para juntar os pedaços de informações relevantes. Havia algo lá que a incomodava.
Elementos químicos faltando. Processo de infecção. O brilhante e pavoroso Dr. Griffith...
Agora ela não tem mis dúvidas de que Griffith matou os outros, mas não foi o que a fez dizer em voz alta. Foi...
"Bloco D". Steve disse. "Se nós estamos em A, Karen e John estão no D".
Onde há T-virus suficiente para infectar o complexo inteiro. Onde o processo de infecção aconteceu.
"Nós devemos contar para o David". Rebecca disse. Steve concordou. Eles foram para a porta. Rebecca
esperando que John e Karen não achassem a sala 101 - e se achassem, que não tocassem em nada.
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*Pavlov - Fisiologista russo, ganhador do prêmio Nobel.
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A sala de teste era grande, três das paredes marcadas com linhas formando três cubículos. Acendendo a luz, ele
viu que os testes estavam claramente numerados e marcados com cores, os símbolos pintados no chão de
cimento em frente de cada um.
Todos os testes da série vermelha estavam à sua esquerda, mais perto da porta. Ele viu blocos brilhantes e
coloridos, simples figuras nas mesas em cada cubículo que passou, indo para o fundo da sala. A série verde
estava demarcada na parede oposta. Ele a ignorou completamente.
A parede de trás era marcada com triângulos azuis. O teste número quatro ficava no distante canto direito.
Aproximando-se do fundo da sala, ele ouviu um fraco ruído de força vindo da área azul. Havia um pequeno
computador na mesa do teste número dois. Um teclado e um fone na do três. Como prometido, as séries
estavam ativadas.
Ele parou em frente do último cubículo, voltando sua atenção para a tarefa. Ele não estava certo sobre o que
veria, mas o tipo do teste o surpreendeu. Uma mesa e uma cadeira de metal cinza. Na mesa havia um bloco de
papel, um lápis e um tabuleiro de xadrez com todas as peças no lugar. Assim que ele entrou no cubículo, viu uma
placa de metal na superfície da mesa com números marcados nela.
David sentou na cadeira olhando para os números.
9-22-3 // 14-26-9-16-8 // 7-19-22 // 8-11-12-7
Olhou para o tabuleiro e então de volta aos números. Nada mais para ver; isso era tudo. Ele ordenou
rapidamente as dicas da mensagem de Ammon, imaginando qual seria a resposta. Era "letras e números ao
contrário" ou "não conte"? não parecia ser nada relacionado com o tempo ou arco-íris, tinha que ser um dos
dois...
Se as linhas estão na mesma ordem que os testes, este é letras e números ao contrário. Mas que letras, não
tem nenhuma.
David sorriu de repente sacudindo a cabeça. Os números na placa não são maiores que 26; era um código, e
bem simples.
Ele pegou o lápis, escreveu o alfabeto e o numerou de trás para a frente; A era 26, B 25 até Z, 1.
David começou a decifrar a mensagem.
R... E... X... M...
A última letra era T. Ele olhou para a frase e depois para o tabuleiro. Parecia que alguém tem senso de humor.
REX MARKS THE SPOT
"Rex" significa "rei" em Latim.
Branco sempre começa, então...
Ele tocou o rei branco. Assim que o dedo dele tocou na peça, ela girou em volta e ficou de frente para as costas
do tabuleiro. Ao mesmo tempo, um suave som musical veio de cima. Ele olhou para o teto e viu um alto falante.
Nada mais aconteceu, nenhuma luz piscando ou passagens secretas atrás da parede. Aparentemente ele
passou.
Parecia ser um complicado teste para alguém supostamente tão burro quanto o zumbi de um Trisquad. Os
cientistas deviam ter planos para algo mais... inteligente...
David levantou e foi para a frente da sala - assim que a porta abriu. Rebecca e Steve entraram com expressões
amedrontadas.
"O que foi?"
Rebecca ergueu o livro falando rápido. "Ele diz que o vírus foi usado para infectar os Trisquads no bloco D, na sala
101. Tudo pode estar bem a não ser que John ou Karen tocaram algo contaminado".
Foi o bastante. "Vamos!".
Eles correram pelo caminho a qual vieram em direção a saída.
Eles estavam no iluminado corredor no centro do bloco D, silenciosamente escutando pelo som que os diria sobre
a chegada de David. De lá eles eram capazes de escutar uma das três portas externas sendo usadas. Depois de
vasculharem o prédio e achado a sala do teste, ela e John liberaram todas as portas de saída.
Karen olhou no relógio e esfregou os olhos, sentindo-se cansada por tudo o que aconteceu naquela noite, e ainda
enjoada pelo que acharam na sala 101.
Até John estava mais quieto do que o normal. Não fez uma piada desde que voltaram para esperar.
Talvez ele esteja pensando nas macas com sangue. Ou nas seringas. Ou no equipamento médico amontoado na
pia...
Eles encontraram a sala do teste primeiro, uma grande sala cheia de pequenas mesas, cada uma marcada com
números entre cinco e oito; Karen ficou desapontada de algum modo por ver que o número sete da série azul era
só um punhado de ladrilhos coloridos com letras neles - metade deles de cabeça para baixo e ilegíveis. As cores
correspondiam às do arco-íris, apesar de ter duas peças violeta a mais no monte.
Desde que eles não podiam bagunçá-lo até David completar o primeiro teste, ela sugeriu voltar e explorar o resto
do bloco.
Eles passaram por alguns escritórios vazios e uma cafeteria bagunçada, onde acharam uma caixa de rosquinhas
incrivelmente mofadas. Foi o laboratório químico que os disse sobre o tipo de lugar que a Umbrella criou. Karen
não acreditava em fantasmas mas a sala deu uma sensação jamais experimentada; era fria, simples e
assombrada pelo medo e pelo o frio; à moda de um cientista nazista cometendo atrocidades contra o
companheiro.
"Você está pensando naquela sala?". John perguntou.
Karen acenou mas não disse nada.
... a porta da sala 101 estava claramente marcada com um símbolo de risco biológico, fazendo eles discutirem
sobre entrar ou não. John dizia que o ambiente poderia estar contaminado.
Karen dizia que nenhum deles tem cortes ou arranhões, e que poderiam achar algo sobre o T-virus. A verdade
era que ela não queria deixar essa oportunidade passar; queria ver o que estava atrás da porta fechada, porque
estava lá.
John tinha finalmente concordado e eles entraram, pisando numa pequena passagem que estava cercada de
folhas de plástico pesado. Haviam chuveiros acima e um ralo no chão; uma área de descontaminação.
Uma segunda porta dava para uma sala que os levou para o sonho de um cientista maluco.
Vidro triturando sob os pés. Um cheiro de suor sob o odor de água sanitária...
John acendeu as luzes e antes da grande sala poder ser vista, Karen sentiu seu coração acelerar. Se parecia com
outros laboratórios a qual ela trabalhou; bancadas e estantes, pias de metal e um grande refrigerador de inox no
canto com uma trava na maçaneta. E de algum modo - o lugar era tão familiar. Um lugar que ela sempre se
sentia em casa.
As pequenas diferenças eram as mais dramáticas. A sala era dominada por uma limpa mesa de autópsia,
adaptada com amarras de velcro. Haviam outras duas macas de hospital, adaptadas do mesmo jeito, junto a
ela.
Ao se aproximar de uma delas, Karen viu uma escura e seca marca na ponta; o fino colchão estava ensopado de
sangue no lugar onde os tornozelos e pulsos de um homem deviam ficar.
No fundo da sala estava uma jaula do tamanho de um closet. Próximo a ela, vários postes finos apoiados na
parede com aproximadamente um metro de comprimento - cheio de agulhas hipodérmicas.
Esses são tipos de instrumentos usados para dopar animais selvagens.
Karen olhou para a maca, tocando levemente a seca mancha, imaginando que tipo de pessoa participou de um
experimento como esse. A mancha seca de sangue era velha e empoeirada fazendo-a pensar sobre como as
vítimas sofreram esperando na jaula, provavelmente observando alguns homens de luvas injetando um vírus
mutante em um ser humano amarrado...
O olho direito de Karen coçou, tirando sua concentração dos terríveis pensamentos, trazendo-a de volta para o
presente. Ela o esfregou, e depois olhou no relógio de novo. Se passaram apenas vinte minutos desde que o time
se separou.
O som de uma das portas foi ouvido, seguido pelo grito de David através do corredor. Ele veio pela entrada
oeste.
"Karen, John!".
John olhou para ela, que sentiu uma onda de alívio. David estava bem.
"Aqui! Continua andando!". John respondeu. "Vire à direita!".
David apareceu dentro de alguns segundos, sua face coberta de preocupação.
"Está tudo...". Karen começou a perguntar mas foi interrompida por David.
"Vocês acharam a sala 101?".
"Sim, no oposto de onde você veio". John disse sorrindo.
"Algum de vocês tocou algo? Vocês tem cortes ou pequenos ferimentos que podem ter entrado em contato com
alguma coisa?". David falou rápido. "Nós achamos um diário dizendo que essa sala era usada para infectar
Trisquads".
John sorriu de novo. "Sério. Nós descobrimos isso em uns dois segundos".
Karen ergueu as mãos para David vê-las. "Nenhum arranhão".
David exalou forte. "Graças à Deus. Eu pensava no pior vindo para cá. Nós achamos os cientistas no bloco A;
Ammon estava certo, ele os matou - e o nosso "ele" agora tem um nome. Rebecca está certa de que é Nicolas
Griffith. Ele foi o cara que ela reconheceu da lista do Trent. Ele tem uma história e tanto, ela te conta quando nos
reagruparmos...".
"Caramba David, eu não sabia que você se preocuparia. Ou que você achasse que nós seríamos burros o
bastante para nos espetarmos com agulhas sujas, num lugar como esse".
David riu. "Por favor, aceitem as minha sinceras desculpas".
"Onde o Steve e a Rebecca estão?". Karen perguntou.
"Provavelmente na próxima área do teste. Eu os vi entrando no bloco B antes de vir aqui... vocês acharam o
teste sete?"
"Por aqui". John disse assim que eles caminhavam pelo corredor. Ele começou a contar a luta que tiveram contra
os Trisquads.
Karen seguiu, esfregando a chata coceira em seu olho direito. Ela deve tê-lo irritado com tantas cutucadas.
Parece estar piorando. E para completar, sentiu uma dor de cabeça chegando.
Ela nunca teve dores de cabeça a não ser que tivesse algo. O mergulho no mar deve ter dado um resfriado a ela
- e a pulsação na sua cabeça não será piedosa.
CONTINUA
Raccoon Times - 24 de Julho de 1998
"Mansão de Spencer destruída em incêndio explosivo"
RACCOON CITY - Há aproximadamente 2 A.M. de Quinta-feira, os moradores do distrito de Victory Lake foram acordados por uma explosão que trovejou através do noroeste de Raccoon Forest, aparentemente causada por um incêndio que ocorreu na mansão abandonada de Spencer e aprimorada pelos produtos químicos guardados no subsolo. Devido às barricada colocadas no perímetro da floresta (por causa dos recentes assassinatos em Raccoon City), os bombeiros foram incapazes de salvar o que restou dela. Depois de três horas de batalha contra o fogo enfurecido, a mansão de trinta e um anos e a adjacente casa de empregados foram complemente arruinadas. Construída pelo Lorde Oswell Spencer, aristocrata europeu e um dos fundadores da companhia farmacêutica Umbrella Inc, a propriedade foi projetada pelo premiado arquiteto George Trevor como hospedaria para as pessoas importantes da companhia, mas foi fechada logo depois de finalizada por razões desconhecidas.
Segundo Amanda Whitney, porta voz da Umbrella Corporation, partes da mansão estavam sendo usadas para estocar agentes de limpeza industriais e solventes usados pela Umbrella. Whitney disse numa coletiva ontem que a companhia assumiria toda a responsabilidade pelo infeliz acidente, chamando-o de "um sério descuido de nossa parte. Esses produtos químicos deveriam ter sido tirados de lá há muito tempo, e nós estamos gratos por ninguém ter se machucado".Até agora, a causa do incêndio é desconhecida, e Whitney continuou dizendo que a Umbrella estará trazendo seus próprios investigadores para peneirar as ruínas esperando saber o ponto de origem do incêndio...
Raccoon Weekly - 29 de Julho de 1998
"S.T.A.R.S. tirado da investigação dos assassinatos"
RACCOON CITY - Num surpreendente pronunciamento de oficiais numa coletiva ontem, o Esquadrão de Táticas Especiais e Resgate (S.T.A.R.S.) foi oficialmente removido das investigações dos nove assassinatos brutais e cinco desaparecimentos que ocorreram nas últimas dez semanas. O membro do conselho da cidade, Edward Weist, citou incompetência como principal razão para a remoção do S.T.A.R.S.
Os leitores devem se lembrar que a primeira ação do S.T.A.R.S., depois de ser designado para cuidar dos casos na semana passada, foi vasculhar o noroeste da floresta pelos assassinos canibais. Weist declarou que foi a "conduta não profissional" que resultou na destruição de um helicóptero e na perda de seis dos onze membros, incluindo o comandante do S.T.A.R.S., Capitão Albert Wesker.
"Depois da má conduta na floresta", disse Weist "nós decidimos deixar o caso nas mãos do R.P.D.. Nós temos razões para acreditar que o S.T.A.R.S. deve ter ingerido drogas e/ou álcool antes da missão, e suspendido o uso de seus serviços indefinitivamente".
Weist estava acompanhado por Sarah Jacobsen (representando o Prefeito Harris) e o representante da polícia, J.C. Washington, para fazer o pronunciamento e responder perguntas. Nem o chefe da polícia, Brian Irons e nem os sobreviventes do S.T.A.R.S. podem ser alcançados para comentários...
Cityside - 3 de agosto de 1998
"Início do incêndio considerado acidental"
RACCOON CITY - Depois de uma completa investigação por oficiais dos bombeiros trabalhando com a IDS (Industrial Services Division / Divisão de Serviços Industriais) da Umbrella Inc., o incêndio que destruiu a mansão de Spencer foi causado pelo descuido de pessoa ou pessoas desconhecidas, como foi anunciado numa coletiva ontem. O líder da IDS, David Bischoff disse, "parece que alguém tentou começar uma fogueira em um dos quartos da mansão e a situação saiu do controle. Nós não encontramos nada que sugere um incêndio proposital ou uma brincadeira de algum tipo". Ele continuou falando que a destruição foi total, e não há evidências de que alguém foi pego pelo fogo ou pela explosão que se seguiu.
O Chefe Brian Irons do Departamento Policial de Raccoon City estava presente na conferência, e lhe foi perguntado se ele acreditava haver alguma conexão do incêndio com os assassinatos e desaparecimentos, e Irons respondeu que não há como ter certeza. "Até agora, tudo o que eu falar será só especulação - eu diria que o fato de os assassinatos terem parado desde a noite do incêndio, pode significar que os assassinos estavam escondidos lá. Nós só podemos esperar que eles tenham deixado a área para que em breve sejam presos".
Chefe Irons recusou comentar as acusações de má conduta do S.T.A.R.S. em sua breve atuação na investigação dos assassinatos, só dizendo que concordava com a decisão do conselho da cidade e que ações disciplinares estão sendo consideradas...
https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/2_CALIBAN_COVE.jpg
[1]
Rebecca Chambers estava andando de bicicleta na escuridão das ruas de *Cider District sob a luz da lua brilhando
no céu. Apesar de ainda ser cedo as ruas estavam desertas, obedecendo o horário de recolher da cidade.
Ninguém menor de dezoito anos deveria sair até que os assassinos sejam pegos e presos. Este tem sido um
tenso e quieto verão em Raccoon City...
Ela passou por casas silenciosas onde só a luz da televisão podia ser vista através da janela. As pessoas
aguardavam trancadas em suas casas esperando a notícia de que os assassinos foram presos e a cidade estava
à salvo.
Se eles soubessem...
Estes tem sido treze longos dias desde o pesadelo da mansão de Spencer. Jill, Chris, Barry e ela mesma foram
acusados de estarem drogados. Depois de serem afastados dos casos, até o RPD recusou a acreditar no
S.T.A.R.S.. Agora, com a Umbrella assumindo a investigação sobre o incêndio, provavelmente se livrando das
provas...
- Não seria tão simples. Uma das maiores e mais respeitadas companhias farmacêuticas do mundo fazendo
experiências com armas biológicas num laboratório secreto - Se eu não soubesse de nada, eu provavelmente
acharia isso uma loucura.
Rebecca e os outros devem se cuidar antes que algum agente seja enviado para atacá-los.
Ela estava usando um revólver snub-nosed. 38 da coleção de Barry esperando não precisar mais dela depois
desta noite.
Virando à esquerda na Rua Foster, Rebecca pedalou em direção a casa de Barry pensando que ele convocou a
reunião, provavelmente por que recebeu ordens do escritório principal.
Talvez eles me movam para algum laboratório, e estudar o vírus. Tecnicamente eu ainda sou uma Bravo; não há
motivo de me quererem no campo de batalha...
Sem dúvida esse seria o melhor modo de usar os meus talentos.
Os outros eram soldados experientes e Rebecca só está a cinco semanas no S.T.A.R.S.. Sua primeira missão foi
a de *Raccoon Forest que exterminou todos de seu time incluindo outros no segredo da Umbrella. Ela sabia que
trabalhando no T-virus seria a maior contribuição que ela daria para acabar com a Umbrella.
Rebecca parou no final do quarteirão, em frente a uma enorme casa de dois andares amarelo-claro no estilo
vitoriano, olhando em volta por algo suspeito antes de descer da bicicleta. Os Burton vivem próximo a um parque
cheio de árvores no subúrbio.
Levando a bicicleta até a varanda viu que se passaram vinte minutos desde a ligação de Barry.
Antes de bater na porta, ele a abriu. Vestindo uma camisa e calça jeans, ele a deixou entrar dando uma rápida
olhada antes de fechar a porta.
"Você viu alguém", Barry perguntou com sua Colt Python no coldre parecendo um cowboy.
"Não, ninguém". Ela respondeu.
"Chris e Jill estarão aqui a qualquer momento. Você quer um café?" Barry parecia tenso.
"Não, obrigado. Talvez água..."
"Sim, claro. Vá em frente e se apresente, eu voltarei num minuto".
Antes de perguntar se algo estava errado, ele foi para a cozinha.
"Me apresentar? O que está acontecendo?
Ela foi até a sala e parou assustada ao ver um homem estranho sentado no sofá. Ele se levantou assim que ela
apareceu. Ele usava jeans, camisa, sapatos e uma Beretta 9mm, padrão do S.T.A.R.S.. Era alto, fisicamente
como um nadador, olhos e cabelos escuros.
"Você deve ser Rebecca" ele disse revelando seu sotaque Britânico. "Você é a bioquímica, certo?"
"Trabalhando nisso. E você é..."
"Desculpe os meus modos, por favor. Eu não esperava... isto é, eu...? ele parou em volta da mesinha de centro
de Barry estendendo a mão. "Eu sou David Trapp, do S.T.A.R.S. Exeter em *Maine."
Ela se acalmou.
O S.T.A.R.S. mandou ajuda ao invés de ligar, ótimo.
"Então, você é algum observador ou algo assim?
"Como?"
"Para a investigação - há outras equipes aqui, ou você veio para checar antes..."
"Desculpe ter que que dizer isso Srta. Chambers. Eu tenho razões para acreditar que a Umbrella tem
chantageado ou subornado outros membros do S.T.A.R.S.. Não há investigação e ninguém está vindo".
Barry entrou na sala com o copo d'água e Rebecca o pegou agradecidamente, bebendo metade dele em um
gole.
"Ele te disse, né?" Barry disse.
"Jill e Chris sabem?" ela perguntou.
"Ainda não. Por isso eu liguei. Nós devemos esperá-los para não passar por isso duas vezes".
"Concordo". David disse.
Barry começou a contar como ele e David se conheceram no treinamento do S.T.A.R.S. quando jovens. David
ouvia enquanto Barry falava sobre a noite de graduação envolvendo um sargento mau humorado e várias cobras
de borracha.
- Dezessete anos atrás.
Ela deveria estar comemorando seu primeiro aniversário.
Bateram na porta, provavelmente os dois Alphas. Barry foi atender.
"Jill Valentine, Chris Redfield, este é o Capitão David Trapp, estrategista militar do S.T.A.R.S. Exeter em Maine".
David os cumprimentou e todos se sentaram.
"David é um velho amigo meu. Nós trabalhamos juntos no mesmo time por uns dois anos. Ele apareceu aqui há
uma hora com novidades e não achei que isso poderia esperar. David?".
"Como vocês devem saber, seis dias atrás, Barry ligou para vários departamentos do S.T.A.R.S. para saber se
alguma declaração foi recebida sobre o que aconteceu aqui. Eu recebi uma dessas ligações. Eu descobri que o
escritório de Nova York não contatou ninguém sobre a descoberta. Nenhum aviso ou memorando".
Após alguns minutos de discussão, David se levantou e disse:
"Parece que existe outro laboratório da Umbrella na costa de Maine, conduzindo experimentos com seus vírus - e
como aconteceu aqui, eles perderam o controle".
David virou-se para Rebecca e disse:
"Eu estou levando um time para lá sem autorização do S.T.A.R.S. e eu quero que você venha com a gente".
Chris ainda estava intrigado com a despreocupação do S.T.A.R.S. sobre o acontecido e agora outro laboratório!
E ele quer levar a Rebecca...
"Eu conversei com o pessoal do meu time e todos concordaram que vai ser difícil sem ninguém para nos dar
cobertura. Nós só queremos entrar, coletar algumas evidências sobre o T-virus e voltar antes que alguém saiba
que estamos lá".
"Eu também vou". Chris interrompeu.
"Todos nós vamos". Barry disse.
David balançou a cabeça. "Olha, essa não é uma operação em grande escala; cinco pessoas já estão escaladas.
A Rebecca tem o conhecimento que nós precisamos para achar os dados do vírus sabendo que sintomas
procurar".
Depois de muita conversa David consegue convencer os três Alphas a ficarem. Agora a escolha é de Rebecca.
"Que informações você tem?" Jill perguntou. "Como você descobriu sobre o laboratório?
David abriu sua pasta e tirou o que pareciam ser cópias de jornais e um simples diagrama. "Logo depois de ter
falado com o escritório central, eu recebi a visita de um estranho homem que dizia ser um amigo do S.T.A.R.S....
ele me disse que seu nome era Trent, e me deu tudo isso".
"Trent!". Jill disse.
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*Cider District - Bairro Cider (Cidra).
*Raccoon Forest - Floresta que fica nos limites de Raccoon City.
*Maine - Estado que fica na costa leste dos E.U.A.
-------------------------------------------------------------- David olhou para ela intrigado. "Você o conhece?".
"Um pouco antes de nós decolarmos para resgatar o Bravo Team, Um homem chamado Trent me deu
informações sobre a mansão, e me alertou sobre o Wesker".
Barry continuou. "E Brad disse que Trent lhe deu as coordenadas da mansão logo depois de Wesker ter ativado o
sistema de destruição. Se ele não tivesse dito, nós teríamos explodido com o resto da casa".
Chris sentiu uma dor de cabeça. O S.T.A.R.S. trabalhando para a Umbrella, outro laboratório e agora o Trent de
novo.
David começa a lembrar do seu breve encontro com Trent há cinco dias atrás, tentando ver se esqueceu de
dizer alguma coisa.
Ele tinha chegado do trabalho e estava chovendo, uma tempestade de verão que amenizou a leve batida na
porta. David olhou no relógio e foi até a porta imaginando quem seria àquela hora da noite. Ele vive sozinho e não
tem família; devia ser do trabalho ou alguém com problemas no carro...
Abrindo a porta, ele viu um homem numa capa de chuva preta em sua varanda com água escorrendo pelo rosto.
"David Trapp?". Perguntou um homem alto e magro, alguns anos mais velho que David, quarenta e dois ou três.
"Sim?".
"Meu nome é Trent e tenho algo para você!".
"Eu te conheço?"
"Não, mas eu te conheço, Sr. Trapp. Eu também sei com o que você está lidando. Acredite em mim, você
precisará de toda a ajuda que conseguir".
"Eu não sei do que você está falando. Você deve ter me confundido com outra pessoa".
"Sr. Trapp, está chovendo e isso é para você."
Confuso, David abriu a porta e pegou o envelope. Assim que o fez, Trent se virou e foi embora.
Jill e Rebecca estavam estudando os mapas enquanto Barry e Chris trabalhavam nos artigos de jornal. Os quatro,
concentrados na pequena cidade costal Caliban Cove em Maine. Todos estavam preocupados com
desaparecimentos de pescadores locais, todos considerados mortos.
O mapa era do trecho costeiro da cidade. David pesquisou sobre ele e descobriu que foi comprada por um grupo
anônimo há alguns anos. Tinha um farol abandonado na beira norte da enseada, no alto dos rochedos que era
supostamente cheia de cavernas marítimas. Mostrava também algumas estruturas atrás e embaixo do farol,
descendo para um pequeno cais no sul. Estava escrito CALIBAN COVE em cima do mapa e abaixo, em letras
menores, UMB. PESQUISA E TESTE.
O terceiro papel que Trent deu era o que David não entendia. Havia uma lista de nomes.
LYLE AMMON, ALAN KINNESON, TOM ATHENS, LOUIS THURMAN, NICOLAS GRIFFITH, WILLIAM BIRKIN,
TIFFANY CHIN.
Jill pegou esse papel e leu.
"Alguma idéia do que isso significa?". David perguntou.
Jill falou sobre William Birkin, que constava no material que Trent havia dado a ela.
Rebecca pegou o papel assim que Jill olhou para David.
"Droga".
Todos olharam para ela.
"Nicolas Griffith está na lista". Rebecca disse.
"Você sabe quem é ele?". Perguntou David.
"Conheço, apesar de eu achar que ele estava morto. Ele era um dos maiores, um dos mais brilhantes homens na
biociência.
Se ele está com a Umbrella, nós temos mais com o que se preocupar do que o T-virus escapando. Ele é um
gênio no campo de virologia molecular - e se as histórias são verdadeiras, ele é totalmente louco".
"O que você pode nos dizer sobre ele?". David perguntou.
Ela bebeu o resto da água em seu copo e olhou para David. "O quanto você sabe sobre o estudo dos vírus?".
"Nada, por isso eu estou aqui". Disse David, sorrindo um pouco.
"Bom, os vírus são classificados pela estratégia de reprodução e pelo tipo de ácido nucléico (RNA ou DNA) - este é
o elemento especializado num vírus que autoriza a transferência do genoma para outra célula viva. Um genoma é
um simples grupo de cromossomos.
De acordo com a Classificação de Baltimore, existem sete tipos distintos de vírus, e cada grupo infecta certos
organismos de certo modo.
No começo dos anos sessenta, um jovem cientista de uma universidade particular na Califórnia desafiou a teoria,
dizendo que havia um oitavo grupo - os dsDNA e ssDNA que poderiam infectar qualquer coisa em contato. Ele era
o Dr. Griffith. A comunidade científica não aceitou a teoria".
Rebecca notou as expressões vazias no rosto dos colegas.
"Desculpa... Ele então, parou de tentar prová-la, sendo que muitas pessoas ainda estavam interessadas.
Ninguém mais ouviu falar nele. Meu professor, Dr. Vachss, disse que ele foi demitido da universidade por uso de
drogas, mas rumores diziam que ele estava fazendo experiências em alguns de seus alunos. Nenhum deles
falaria, mas um foi para o hospício e outro se suicidou. Isso nunca foi provado, mas depois disso ninguém o
contrataria".
"Acaba aí?". David perguntou.
"Não. No meio dos anos oitenta, um laboratório particular em Washington foi encontrado por policiais com três
homens mortos por uma infecção viral - foi o Marburg, um dos vírus mais letais que existe. Eles estavam mortos
há semanas; os vizinhos reclamavam do mau cheiro. Papéis encontrados pela polícia mostravam que os mortos
eram assistentes do Dr. Nicolas Dunne. Os três se infectaram por um vírus que eles entendiam ser inofensivo,
para que Dunne tentasse curá-los depois".
Rebecca lembrou das fotos das três vítimas do Marburg.
De uma dor de cabeça inicial para extremas amplificações em questão de dias. Febre, coágulo, estado de
choque, danos cerebrais, hemorragia por todos os orifícios - devem ter morrido em piscinas do próprio sangue...".
"E o professor achou que ele era Griffith?" Jill perguntou.
"O nome de solteira da mãe de Griffith era Dunne". Disse Rebecca.
Depois da história, todos se calaram e Rebecca começou a fazer sua decisão.
Ela sabe que o laboratório em Caliban Cove deve estar cheio de pessoas como Griffith. Sem a ajuda do
S.T.A.R.S. nenhum lugar é seguro, mas seria a chance dela contribuir, de fazer o que ela sabe. Seria uma
oportunidade de ouro estudar um vírus antes de alguém.
Rebecca suspirou fundo e disse com sua decisão feita.
"Eu vou com você. Quando iremos?".
Houve um silêncio na sala. Rebecca reparou as expressões no rosto deles até David falar.
"Certo, então. Tem um avião indo para *Bangor às 23:00. Eu acho que nós todos devemos fazer um plano aqui
e depois ir para casa".
Rebecca escutou Barry abrindo a janela e voltando para junto deles. Eles começaram a discutir sobre o que
fariam depois que Rebecca e David partirem.
Jill escutava a suave voz de David quando seu coração gelou ao ouvir sussurros nos arbustos no lado de fora da
janela que Barry abriu.
Umbrella.
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*Bangor - Cidade do estado de Maine.
-------------------------------------------------------------- "Abaixem-se!". Jill gritou, saindo do sofá com Rebecca, assim que
a janela estilhaçou ao som de um rifle automático.
David foi para o chão enquanto balas atingiam a poltrona a qual estava. Tufos de almofada flutuavam enquanto
buracos enfumaçados apareciam na parede - reboque e madeira voando.
Houve um segundo de silêncio no tiroteio, suficiente para ouvir vidro quebrando nos fundos da casa.
A sala ficou escura assim que Barry atirou nas luzes. A luz do hall brilhava e mais tiros vinham do lado de fora.
Chris engatinhou sobre os cotovelos e joelhos e apagou as luzes adicionais. Agora está tudo escuro e o tiroteio
parou.
David escutou passos sobre o vidro vindos da cozinha que pararam logo depois. Devem haver mais dois cobrindo
as saídas. Mais passos na cozinha, devem estar esperando alguém se mover.
A visão de David se ajustou podendo ver Jill e Rebecca armadas do outro lado da mesinha.
A casa de Barry é a última da quadra e tem um parque logo atrás. Se eles conseguirem fugir, podem se
esconder nas árvores.
David correu para a porta da frente enquanto Chris e Jill atiravam na direção da cozinha. Atrás dele, Barry e
Rebecca corriam para a escada sob tiros. David estava a um passo da porta quando alguém a chutou, abrindo-a.
Ele se jogou na porta fazendo-a se fechar, depois rolou no chão e atirou cinco vezes. Algo pesado caiu na
varanda logo depois.
David viu Jill e Chris subindo - ao por o pé no primeiro degrau, houve uma explosão atrás dele. A porta da frente
foi destruída pelo time da Umbrella que procurava finalizar a batalha.
Dava para ver a luz da lua brilhando através da janela aberta. Jill já saiu e Chris na metade do caminho.
Ouviu-se vozes masculinas entrando pela porta da frente. Rebecca e Barry saíram.
Haviam árvores há uns vinte metros dali.
Um movimento no canto da casa e Rebecca não hesitou, atirando duas vezes - ele nunca mais se levantaria.
Nunca atirei em alguém antes.
Tiros vinham da janela - Rebecca podia senti-los acertando o chão perto de seus pés. Ela ouviu sirenes se
aproximando e segundos depois cantadas de pneu.
Chris chegou num parquinho seguido de Jill, Barry e Rebecca.
"Cadê o David?". Chris perguntou.
Procurando nas sombras, ouviu-se dois tiros. Um terceiro mais alto e mais perto. Exceto pelo barulho das sirenes
o parque estava quieto novamente.
Rebecca olhou sobre o ombro e viu David que ainda apontava sua Beretta para o atirador. Chris e Jill estavam
próximos a ela segurando suas armas - e do outro lado estava Barry espalhado no chão. Ele não estava se
movendo.
Houve escuridão e silêncio por um tempo indeterminado - e haviam vozes que flutuavam e não podiam ser
identificadas. De algum lugar bem longe, ele ouvia sirenes.
ele foi atingido
oh meu Deus
veja se está limpo
espera eu não consigo achar o ferimento me ajuda - Barry? Barry, você...
"Barry você pode me ouvir?
Barry abriu e fechou os olhos imediatamente, reagindo a dor em volta de sua cabeça. Mas havia outra dor em
seu braço esquerdo.
Baleado, deu de cara numa árvore... ou algum idiota com um bastão de baseball.
Ele tentava abrir os olhos enquanto mãos moviam-se sobre seu peito. As sirenes pararam por completo, apesar
de ainda se poder ouvir carros de polícia tomando conta da rua, o som de potentes motores ecoando através do
parque coberto de árvores.
"Braço esquerdo". Disse Barry começando a se levantar.
"Não se mexa". Rebecca disse firmemente. "Espere um segundo, tá bom? Chris, me dê a sua camisa".
"Mas a Umbrella". Barry falou.
"Tá tudo limpo". David disse, ajoelhando-se junto aos outros. "Agüenta firme".
Assim que ela terminou o curativo ele se levantou. Eles devem sair de lá antes que a polícia decida vasculha a
floresta - mas ir para onde? Nenhuma de suas casas eram seguras.
Todos estavam aliviados por não terem sido feridos, exceto David que parecia infeliz como Barry nunca o tinha
visto antes.
"O homem que atirou em você," David disse levantando uma nove milímetros com um supressor preso, sangue
pingando pelo cano da arma. "Eu o matei. Eu... Barry, era o Jay Shannon".
Barry ouviu as palavras não conseguindo aceitá-las. Era impossível. "Não, você não viu bem, está muito
escuro...".
David se virou e caminhou em direção as árvores. Barry o seguiu.
A bala da Beretta de David fez um buraco no coração do homem; foi um tiro de sorte. Olhando para a pálida face
do atirador, Barry sentiu seu coração virar pedra.
"Jesus, Shannon, por que? Porque?". Barry não se conformava.
"Quem é ele?". Jill perguntou suavemente.
Barry olhou para o homem morto incapaz de responder. David respondeu.
"Capitão Jay Shannon do S.T.A.R.S. de Oklahoma City. Barry e eu treinamos com ele."
Barry encontrou sua voz, ainda olhando para o rosto de Jay. "Eu liguei para ele semana passada, quando liguei
para David. Ele estava preocupado conosco, disse que ficaria de olho na Umbrella...".
...e nós conversamos mais alguns minutos, contando velhas histórias. Eu lhe falei que mandaria fotos das
crianças mas e ele disse que tinha que desligar por causa de um encontro...
A Umbrella deve estar por trás do ataque. A casa de Barry foi destruída por pessoas que ele conhecia, e ferido
por uma pessoa que achava ser um amigo.
O silêncio foi quebrado pelo barulho dos cachorros, que pela localização devem ser da unidade K-9 do RPD.
"Onde nós podemos ir?" David perguntou rapidamente. "Existe algum prédio vazio, algum lugar que a Umbrella
não pensaria em procurar... algum lugar que a gente pode ir a pé?".
Brad!
Brad saiu da cidade dois dias depois do incidente na mansão - não agüentou a pressão.
"Vamos lá". Disse David.
Barry conhecia o caminho para sair do parque. Ele costumava andar lá com a esposa ao lado e suas filhas
dançando ao seus pés.
Jill abriu a porta da casa de Brad facilmente. Rebecca examinava Barry enquanto Chris procurava uma camisa.
David e Jill vasculhavam a casa.
Era uma pequena casa de dois dormitórios e um jardim nos fundos. Haviam casas bem próximas a de Brad
evitando a aproximação de alguém. A mobília era simples. Objetos pessoais e livros estavam espalhados pelo
chão. Isso mostrava que o ocupante estava em pânico incapaz de decidir o que fazer para se distrair.
Naquela noite eles discutiram sobre o que o que falariam para a polícia. Rebecca e David se despediram e foram
embora.
No sorriso de Rebecca, David podia ver que ela sabia perfeitamente sobre os riscos da missão. Ele estava
satisfeito por a ter alistado. Ele só podia esperar que as habilidades dela sejam suficientes para colocá-los e tirá-los
inteiros de Caliban Cove.
[2]
Depois de reler as informações sobre Caliban Cove, Rebecca colocou os papéis cuidadosamente na mala debaixo
do assento de David. Ele trouxe três malas para o aeroporto, uma para as armas, já no bagageiro e outras duas
para não chamar a atenção.
Rebecca desejava ter comprado algumas bolachas no aeroporto, ela não comia desde o almoço e as nozes não
estavam matando a fome.
Ela apagou a luz de leitura e sentou novamente, tentando deixar o suave motor do 747 acalmá-la para um
cochilo. A maioria dos passageiros do quase cheio avião haviam adormecido, inclusive David. Rebecca tinha muito
o que pensar. Nos últimos meses ela se formou passando pelo treinamento do S.T.A.R.S. e foi transferida para
seu novo apartamento numa nova cidade. Depois veio a mansão e agora as últimas horas que deram outra
reviravolta em sua vida.
Ela virou a cabeça e viu David no assento da janela - círculos escuros de exaustão em seus olhos. Rebecca
fechou os olhos e respirou profundamente o ar fresco da cabine pressurizada. Ela pode sentir o cheiro de suor na
pele e decidiu que tomar um banho seria prioridade ao chegar no hotel.
Clareando sua mente, ela começou a contar de cem para um. A técnica de meditação nunca tinha falhado nela,
mas pode não funcionar desta vez...
... noventa e nove, noventa e oito, Dr. Griffith, David, S.T.A.R.S., Caliban...
Antes de noventa ela já estava dormindo profundamente, sonhando com sombras se movendo que nenhuma luz
podia iluminar.
Como ele fazia todas as manhãs desde o começo do experimento, Nicolas Griffith sentou na plataforma no topo
do farol e olhou o sol se elevar sobre o mar.
Griffith sempre vê o sol iluminar o horizonte antes de começar o seu dia. Assim que o sol se separou do mar, ele
levantou-se e caminhou para o parapeito com seus pensamentos voltados para o dia a frente. Tendo finalmente
terminado o trabalho sangrento na série Leviathan (Leviathan series), ele estava preparado para trabalhar mais
extensivamente com os doutores. Todos os três responderam bem à mudança, e a taxa de deterioração celular
caiu consideravelmente. Era hora de se concentrar na situação comportamental deles, o estágio final do
experimento. Em semanas, Nicolas estará pronto para expandir para além dos limites do laboratório.
O vento balançava seu cabelo cinza, o choro faminto as gaivotas finalmente o levou a ação. Os Trisquads tem de
ser levados para dentro antes que os pássaros cheguem. Algumas unidades já foram horrivelmente machucadas
e ele não quer pô-las em risco novamente. Uma vez perdido os olhos, eles seriam inúteis na patrulha.
Griffith se virou e com seu cabelo balançando desceu a escada em espiral. Seus sapatos contra o metal criavam
um eco na alta torre. Tendo o estabelecimento para si mesmo fazia tudo mais prazeroso - comer o que quiser na
hora que quiser, trabalhar em seu próprio horário, as manhãs no topo do farol... Ele sofreu por muito tempo
devido aos horários - intermináveis reuniões ouvindo seus "colegas" falarem sobre o T-virus de William Birkin. Eles
se escravizaram para aparecer com os Trisquads para a Umbrella que ficou felicíssima com os resultados,
aparentemente esquecendo o fracasso com os Ma7s. Eles eram incapazes de ver além de sua arrogância por
uma imagem maior...
Como se os Trisquads fossem nada mais do que corpos com armas.
Com as ondas quebrando, ele foi na direção dos dormitórios. Nicolas já sintetizou um aerotransmissível, e tem o
suficiente para contaminar a maior parte da América do Norte. Assim que o vírus fizer seu trabalho o sol nascerá
num mundo muito diferente, inabitado por pessoas de caráter e vontade.
Tire as habilidades do homem, sua mente fica livre. Com treinamento, se torna um animal de estimação; sem,
ele se torna um animal selvagem. Cubra o mundo com tais animais, e só os fortes sobreviverão...
Ele entrou no dormitório, ligou as luzes e viu seus doutores onde os havia deixado - sentados a mesa de olhos
fechados. Eles foram infectados pelo vírus que Nicolas usará, e estão perto do que o mundo se tornará em
alguns dias.
Além do laboratório de pesquisa, o estabelecimento foi projetado para treinar armas biológicas como os Trisquads
e os Ma7s. Há itens que podem ser usados, desde simples testes até complicados quebra cabeças.
Aproximando-se da mesa, Dr. Athens abriu os olhos, provavelmente para ver se havia perigo vindo. Dos três,
Tom Athens era o mais forte; ele foi um dos especialistas em comportamento. De fato, ele surgiu com a idéia de
uma equipe de três unidades, o Trisquad, insistindo que elas fariam um trabalho mais eficiente em pequenos
grupos. Ele estava certo.
Thurman e Kinneson permaneceram quietos. Griffith percebeu um cheiro ruim vindo de um deles. Olhando para
baixo, ele confirmou sua suspeita pelo molhado nas calças de Thurman.
De novo.
Louis Thurman foi um idiota, um biologista decente mas tão ridículo e intolerante como os outros. Ele criou a
maioria dos Ma7s, e quando se tornaram incontroláveis, botou a culpa em todo mundo menos nele. É mau que
um bom doutor não saiba o quanto patético está sendo.
"Bom dia senhores", Nicolas disse se afastando da mesa. Em harmonia, os três viraram a cabeça para vê-lo.
"Parece que o Dr. Thurman evacuou os intestinos. Está sentado na merda. É engraçado".
Os três sorriram largamente. Dr. Alan Kinneson sorriu disfarçadamente. Ele foi o último a ser infectado, sofrendo
menor deterioração do tecido. Alan ainda podia se passar por humano.
Griffith tirou o apito de polícia do bolso e colocou na mesa na frente do Dr. Athens. "Dr. Athens, tire os Trisquads
do dever. Atenda suas necessidades físicas e os envie para a sala fria. Quando terminar, vá para a cafeteria e
espere".
O apito desativaria as equipes e os chamaria para dentro. Tom Athens pegou o apito e saiu da sala pelo hall da
outra entrada do dormitório.
Haviam quatro Trisquads, doze unidades no total. Eles estão vagando pela mata junto a cerca ou se movendo
secretamente em volta do abrigo, tendo sido treinados para ficar fora da área nordeste do composto, farol e
dormitório. Eles eram bem eficientes nisso. A Umbrella queria soldados que matassem sem piedade, e lutassem
até que ,literalmente, explodissem em pedaços. Uma vez treinados com armas, os Trisquads se tornariam
máquinas de matar - com a recente onda de calor, Nicolas não sabe o quanto eles estão viáveis.
Ele voltou sua atenção para Louis Thurman que ainda sorria e fedia como um bebê. Ele nem se parecia com um -
gorducho e calvo, ele sorri como uma inocente e ingênua criança.
"Dr. Thurman, vá ao seu quarto, tire as roupas, tome um banho e ponha roupas limpas. Depois vá para as
cavernas e alimente os Ma7s. Quando terminar vá para a cafeteria e espere".
Depois que ele se levantou, Griffith viu que a cadeira de Louis estava suja. "Leve a cadeira e a deixe no seu
quarto".
Nicolas sentou-se perto de Alan Kinneson, sentindo-se cansado, observando as bonitas característica do doutor -
seus olhos expressivos. Ele olhou para Griffith esperando ordens. Alan já foi um neurologista. Haviam fotos no seu
quarto, da esposa e de seu bebê, um garoto com um brilhante e bonito sorriso.
Por um segundo Nicolas pensou.
Quantos morrerão? Milhões, bilhões?
"E se eu estiver errado?". Disse ele. "Alan, me diga se eu estou errado, que eu estou fazendo isso pelas razões
certas...?
"Você não está errado". Alan respondeu calmamente. "Você está fazendo pelas razões certas".
Griffith olhou para ele. "Me diga que a sua esposa é uma prostituta".
"Minha esposa é uma prostituta". Alan disse. Sem pausa. Sem dúvida.
Griffith sorriu e o medo foi embora.
Amanhã , ao nascer do sol, Nicolas Griffith dará o seu presente para o vento.
Karen Driver é a especialista em ciência forense do S.T.A.R.S.. É alta, de cabelos loiros e curtos, na faixa dos
trinta anos e séria. Sua pequena casa era bem limpa quase antissepticamente. Ela emprestou suas roupas para
Rebecca.
David tinha alugado um carro no aeroporto e eles acharam um hotel barato onde ficaram em seu quartos
separados. Rebecca só acordou depois das dez, tomou banho e esperou por David.
Ela ouviu a porta abrir e fechar, e novas vozes tomaram conta da sala. O time estava reunido.
Daqui algumas horas, tudo estará acabado. O que me preocupa é que David e seu time não viram os cachorros,
as cobras, as criaturas nos túneis... e o Tyrant.
Rebecca tirou as imagens da cabeça enquanto se levantava pondo as roupas sujas numa mala vazia. Não há
razões para ser diferente em Caliban Cove. Ela parou em frente o espelho, estudou a mulher que viu e foi para a
porta.
Chegando na sala viu que Karen trouxe cadeiras extras. Haviam dois homens no sofá do outro lado onde David
estava.
David sorriu enquanto os dois homens se levantavam para serem apresentados.
"Rebecca, este é Steve Lopez. Ele é um gênio em informática e nosso melhor atirador".
Steve tem olhos escuros, cabelos pretos e era uma pouco mais alto que ela. Não muito velho...
"- e este é John Andrews, especialista em comunicação e campo de escuta".
Sua pele era escura e não tinha barba, mas lembrava o Barry.
"Esta é Rebecca Chambers, bioquímica do S.T.A.R.S.". David terminou a apresentação.
John soltou a mão dela ainda sorrindo. "Bioquímica? Caramba, quantos anos você tem?".
Rebecca sorriu, percebendo o tom de humor nos olhos dele. "Dezoito. E três quartos".
John deu risadas enquanto voltava a se sentar. Ele olhou para Steve e depois para ela. "É bom ficar de olho no
Steve, então. Ele fez vinte e dois. E é solteiro".
"Fica quieto". Steve resmungou com suas bochechas coradas olhando para Rebecca e balançando a cabeça.
"Você vai ter que desculpar pelo John. Ele acha que adquiriu um senso de humor e ninguém pode contrariar".
"A sua mãe acha que eu sou engraçado". John retrucou, e antes que Steve pudesse responder David acabou
com o papo.
"Já chega". Disse. "Nós temos algumas horas para nos organizar se pretendemos fazer isso hoje.
A brincadeira dos dois foi bem-vinda por quebrar a tensão de Rebecca, fazendo com que se sinta uma do grupo
quase que instantaneamente. Assim que David começou a por as informações de Trent sobre a mesa, ela
começou a pensar sobre o que virá pela frente. Estando fora de algum organismo vivo, o vírus já pode ter
"morrido". Mas quem sabe se ele já contaminou alguém.
O vírus ainda infecta? Aquele lugar pode estar cheio de Tyrants... ou algo pior.
Rebecca não tem respostas para essas insistentes dúvidas. Ela dizia a si mesma que suas ansiedades não
interferiram em seu trabalho. E que a sua segunda missão não será a última.
"Nosso objetivo é entrar no complexo, coletar provas sobre a Umbrella e sua pesquisa, e sair com o mínimo de
problemas possível. Eu reverei cada passo a fundo e se algum de vocês tiver perguntas ou dúvidas sobre como
proceder, não importa o quanto insignificante, eu quero ouvi-las. Entendido?".
Todos concordaram e David continuou confortavelmente sabendo que chegou onde queria.
"Nós já discutimos algumas das possibilidades sobre o que pode ter acontecido lá, sendo que vocês já leram os
artigos. Eu digo que nós estamos lidando mais uma vez com algum tipo de acidente. A Umbrella se empenhou
bastante para encobrir o problema em Raccoon City".
"Por que a Umbrella ainda não enviou ninguém para Caliban Cove?". John perguntou.
"Quem sabe". Disse David. "Eles podem ter limpado as evidências - de qualquer modo, nós nos juntamos as
pessoas de Raccoon e nossos contatos para começar de novo".
Novamente todos concordaram. David olhou para o mapa.
"Ponto de entrada. Se esse fosse um ataque aberto, nós podíamos ir de helicóptero ou simplesmente pular a
cerca. Mas se ainda tiver gente lá e nós dispararmos o alarme, estará tudo acabado antes de começarmos.
Sendo que nós não queremos ser descobertos, nossa melhor opção é ir pelo mar. Podemos usar um dos barcos
da operação do petroleiro do ano passado".
"Eles não teriam um alarme no cais?". Karen perguntou.
"Eu não recomendaria usar o cais. Podemos ver no mapa que é possível esconder o barco em uma das cavernas
debaixo do farol. De acordo com o que eu li, existe uma entrada que liga a base dos rochedos ao farol. Se ela
estiver bloqueada, tentaremos outra caminho".
"O barco não chamará atenção se alguém estiver vendo?". Perguntou Rebecca.
"Ele é preto e o motor fica sob a água. Se a gente for à noite, devemos ficar invisíveis".
David esperou eles terminarem de pensar, não querendo apressá-los. Eles eram bons soldados - sua equipe. Se
algum deles tiver dúvidas, é bom esclarecê-las agora. Ele reparou na jovem face de Rebecca. Ele estava
começando a gostar dela, mais do que uma ferramenta para a missão...
"David colocou os pensamentos de lado e continuou.
"Vamos para os detalhes. Uma vez dentro, nos moveremos em fila através do complexo pelas sombras. Karen
ficará atrás de John procurando o laboratório e verificando o que pode ter acontecido. Steve e Rebecca os
seguirão. Eu irei logo atrás. Quando acharmos o laboratório, entraremos juntos. Rebecca saberá o que procurar
em termos de material, se tiver um sistema de computador funcionando, Steve pode verificar os arquivos. O
resto de nós dará cobertura. Terminando o serviço, nós voltaremos por onde viemos".
Todos revisaram o material de Trent.
"Nós podemos confiar nele? Karen perguntou.
"Parece que ele está do nosso lado em tudo isso. Sim". David respondeu vagarosamente.
"Quais são as chances de contrairmos o vírus?". Steve perguntou.
Rebecca respondeu. "Eu não posso dizer com certeza. Quando fui tirada do caso, eu perdi acesso às amostras
de tecido e saliva. Pelos efeitos, o T-virus é um mutagene que altera a estrutura do cromossomo do hospedeiro.
Pode contagiar plantas, mamíferos, pássaros, répteis etc. Em algumas criaturas ele pode promover um
crescimento incrível; em todos eles comportamento violento. Posso dizer que ele afeta o cérebro, pelo menos em
humanos - induz algo como uma psicose esquizofrênica. Ele também inibi a dor. As vítimas humanas que
enfrentamos não pareciam sentir ferimentos à bala. Na mansão, o vírus parecia ser aero-transmissível. Os
cientistas estavam, com certeza, usando o vírus em experimentos genéticos. E desde que nenhum de meu time
o contraiu, não precisamos nos preocupar com a respiração.
Nós devemos ficar de olho no contato com um hospedeiro, eu digo qualquer contato - essa coisa é bastante
virulenta ao entrar na corrente sangüínea. Uma gota de sangue pode conter centenas de milhões de partículas.
Qualquer contato com o vírus deve ser evitado a todo custo. Com sorte o vírus já deve estar morto... ou
deteriorando. Os hospedeiros, de qualquer modo".
Depois de um momento de silêncio John falou.
"Bom, parece um trabalho de merda. Se nós quisermos chegar lá a tempo, é bom sairmos logo". Ele disse
sorrindo para David. "Você me conhece, eu amo uma boa luta. Alguém tem que parar esses idiotas de espalhar
aquela coisa por aí, certo?".
Todos concordaram, mesmo sem saber o que viriam pela frente.
Olhando no relógio, David viu que faltavam algumas horas para embarcar. "Certo. É melhor a gente ir para o
depósito e "fazer as malas".
Karen estava na traseira da van carregando clips enquanto as misteriosas palavras da mensagem contida no
material de Trent se repetiam em sua mente.
... Ammon's message received / blue series/ enter answer for key / letters and numbers reverse / time rainbow /
don't count / blue to access.
Ela terminou um clip e colocou junto aos outros - secando suas mãos oleosas na calça ela pegou outro. Uma leve
brisa, cheirando sal e mar morno de verão passou pela quente van.
Eles passaram para o outro lado da estrada encontrando um lugar limpo para acampar a menos de dois
quilômetros da praia. Do outro lado o sol estava se pondo. O não tão distante som das suaves ondas estava
calmo - as baixas vozes dos outros trabalhando.
Steve e David estavam arrumando o barco, enquanto John mexia no motor. Rebecca arrumava um kit médico
que eles "pegaram emprestado" do depósito de equipamentos do S.T.A.R.S..
... as letras e números... um código? Tem a ver com o tempo? Contar? Seria a soma das linhas, ou outra coisa?
Ela não tirava isso da cabeça. As semi automáticas estavam limpas e prontas, e os clips carregados. Ninguém
estaria levando outras armas além das Berettas do S.T.A.R.S.. David insistiu para que viajassem leves. Depois de
ter ouvido mais sobre os zumbis, ela estava feliz por ter um revólver e uma lanterna.
Com um sentimento de culpa, Karen tirou do bolso do colete seu segredo, confortada pelo peso familiar na mão.
Deus, se o pessoal soubesse, eu nunca ouviria o final disso.
Foi dado pelo seu pai, o que sobrou do seu serviço na Segunda Guerra Mundial, um dos poucos itens que a
fazem lembrar dele - uma antiga granada abacaxi; chamada assim por causa do seu exterior feito de linhas
cruzadas. A granada era seu pé de coelho, ela não participou de uma missão sem ela.
"Karen, precisa de ajuda?".
Assustada, Karen olhou para Rebecca, que possuía um brilho de curiosidade nos olhos.
"Eu achava que não estávamos levando explosivos... isto é uma granada abacaxi? Eu nunca vi uma. Ela está
viva?".
Karen olhou em volta com medo de que alguém do time tivesse escutado - depois olhou para a bioquímica,
envergonhada.
"Shh! Eles nos ouvirão. Vem aqui um segundo". Karen disse. Rebecca, obedientemente, engatinhou para dentro
da van.
Karen estava absurdamente agradecida pela descoberta de Rebecca. Em sete anos de S.T.A.R.S., ninguém
havia descoberto.
"É uma abacaxi, e não estamos levando explosivos. Não diga à ninguém, tá? Eu carrego ela para dar boa sorte.
Rebecca arregalou os olhos. "Você carrega uma granada viva para dar sorte?".
"Sim, e se Steve ou John descobrirem, eles irão cair em cima de mim. Eu sei que é bobeira, mas é um tipo de
segredo".
"Eu não acho bobeira. A minha amiga Jill tem um chapéu da sorte...". Rebecca tocou a fita vermelha em sua
testa. "... e eu tenho usado isto por algumas semanas. Estava usando ela quando fui para a mansão".
Sua jovem face se fechou, e depois sorrindo novamente disse direta e sincera.
"Não direi uma palavra".
Karen decidiu que realmente gostava dela. Ela colocou a granada no bolso olhando para Rebecca. "Obrigado.
Bom, estão todos prontos lá?".
"Sim, acho. John quer conferir os fones de novo, fora isso, tudo está feito".
"Vá em frente e entregue as armas, eu pego o resto".
Rebecca ajudou Karen a descarregar assim que o sol sumia no horizonte. O vento ficou mais forte, a água mais
fria e as primeiras estrelas ficaram à vista sobre o Atlântico.
Eles andaram para a água em silêncio carregando suas armas. Assim que a luz do dia desapareceu John e David
deslizaram o barco na água, Karen colocou um gorro preto e deu um tapinha no pesado bolso para sorte, dizendo
a si mesma que não precisará usá-la.
A verdade está esperando. É hora de saber o que realmente está acontecendo.
[3]
Steve e David foram para a frente do barco com capacidade para seis pessoas. Rebecca e Karen foram logo em
seguida. John entrou por último e ao sinal de David, ligou o motor apertando um botão; era silencioso como David
havia falado.
"Vamos". David disse. Rebecca respirou fundo assim que eles rumavam para norte, em direção a ilha. Ela
procurava na escuridão por algum sinal que marcasse o começo do território particular, mas não conseguia
perceber nada. Estava mais escuro e frio o que ela esperava.
Rebecca viu um flash de luz enquanto David erguia o binóculo de visão noturna em busca de movimento na
costa.
"Eu vejo a cerca". David disse suavemente.
Ela voltou sua atenção para a costa, imaginando o quanto estavam perto. Já se podia ouvir a água se chocando
com as rochas.
"Há uma doca". Disse David. "John, vire a estibordo, duas horas".
Houve um som de metal raspando na madeira - não haviam barcos que se pudesse ver.
Rebecca deu uma olhada na escuridão e só viu o contorno de uma estrutura que poderia ser um galpão onde os
barcos ficam. Não era possível ver as outras construções do mapa de Trent. Eram seis estruturas além do farol.
Cinco delas espalhadas ao longo da enseada, dispostas em duas linhas paralelas - três em frente e duas atrás. A
Sexta estrutura estava atrás do farol. Todos esperavam que essa fosse o laboratório; eles conseguiriam o que
precisam sem procurar no complexo inteiro.
"A casa dos barcos é de madeira, as outras parecem ser de concreto. Eu não... esperem". O sussurro de David
se tornou urgente. "Alguém... duas, três pessoas vieram de trás de um dos prédios".
Rebecca sentiu um estranho alívio fluindo através dela - alívio, desapontamento e uma súbita confusão. Se houver
pessoas, o T-virus pode não ter sido solto. Isso significa que o complexo está ocupado e as patrulhas tornarão a
operação impossível.
Por que está tão escuro? E por que tudo parece morto aqui, tão vazio?
"Vamos abortar?". Karen cochichou, e antes que David pudesse responder, Steve respirou forte fazendo o
sangue de Rebecca congelar.
"Três horas, grande, oh Jesus é imenso".
BAM!
O barco foi atingido e mergulhado na turbulenta água do mar.
A água o envolveu, gelada e salgada, queimando os olhos de David que perdido, ofegava.
Onde está... o time, onde está.
David girou em volta, respirando profundamente, e ouviu uma tosse a sua esquerda.
"Vá para a costa", ele disse girando em um círculo, tentando achar suas posições, achar a da criatura.
O barco estava a dez metros atrás dele, de ponta cabeça. A força do ataque os jogou longe, mais perto da ilha.
Viu duas figuras entre ele e a costa. Ele não podia ver a coisa que acertou o barco mas esperava sentir a mordida
a qualquer momento.
"Vão para a costa". Disse de novo.
"David". John aterrorizado gritou de além do barco que boiava.
"Aqui! John, por aqui, siga a minha voz!".
John foi na direção de David que nadava para a praia rochosa. Ele viu o topo da cabeça de John aparecer, viu
seus braços baterem na escura água.
"Siga-me, estou bem aqui".
Uma gigante sombra ergueu-se atrás de John à uns três metros, arredondada e impossível. Os eventos
aconteceram como num sonho em câmera lenta na frente dos olhos de David.
Ele viu grossos e pontiagudos tentáculos de cada lado, perto do topo de sua erguente sombra.
Tentáculos não, antenas.
E percebeu que estava vendo a barriga de um monstruoso animal que não podia existir, tão grande como uma
casa. O corte negro de sua boca abriu, revelando afiados dentes do tamanho de um punho humano.
Quando aquilo vier abaixo, John será engolido pelas fortes garras. Ou esmagado. Ou levado para o fundo - uma
refeição afogada para a criatura.
No instante que ele viu os fatos, já estava gritando.
"Mergulhe! Mergulhe!".
A aberração estava caindo, seu corpo de serpente envolveu o frenético nadador. David reparou nos bulbosos
olhos, cada um do tamanho de uma bola de vôlei... e a criatura caiu, mandando explosivas ondas no ar. Antes
que David pudesse respirar, uma tremenda onda o atingiu, levando-o violentamente para trás.
Houve um momento de pressa assim que ele lutava contra a força exercida em seus membros, tentando achar
ar na envolvente corrente.
Chutando violentamente, ele voltou à tona sentindo o frio ar batendo na sua pele - e as mornas mãos humanas
puxando seus ombros.
Ele respirava convulsivamente enquanto suas botas raspavam nas rochas, e a voz de Karen atrás dele.
"Peguei ele".
David pegou fôlego e se virou. Pessoas molhadas estavam estendendo as mãos, Steve e Rebecca.
Meu Deus, John.
"Eu estou bem". David disse. "John... alguém está vendo ele?".
Ninguém respondeu.
"John!". Ele chamou, tão alto quanto podia, procurando e nada vendo.
"John". Ele chamou de novo - esperança diminuindo.
"O que?". Uma voz estrangulada veio das rochas à esquerda deles.
David respirou aliviado assim que a figura pingando de John saia das sombras.
Steve foi em sua direção, agarrando seu braço e o apoiando nas rochas.
"Eu mergulhei". John disse.
David se virou olhando para cima, para o complexo, além da fatia de praia coberta de pedrinhas. Eles estavam na
base de uma pequena queda angulosa, no local plano. O choque do monstruoso peixe - se puder ser chamado
assim - não era mais importante. Eles estavam fora da água agora.
Eles nos viram? Não podemos ficar aqui...
"A casa dos barcos". David disse virando a sul. "Rápido".
Karen pegou a dianteira, os outros a seguiram de perto. Ninguém parecia seriamente ferido. David correu depois
de John, com suas pernas doendo.
Assim que eles subiram as pedras, David ouviu um ruído abafado de metal, viu Rebecca abraçando o pacote de
munição em seu peito. Ele sentiu novas esperanças; se eles pudessem vê-las em algum lugar seguro...
A construção estava à frente, à direita, quieta e escura, a porta fechada de frente para a doca de madeira. Não
dava para saber se estava vazia à apenas dez metros de distância.
Sem escolha.
"Fiquem abaixados". David disse em voz baixa e todos foram na direção do lugar.
Karen abriu a porta. Nenhum alarme disparou. Steve e Rebecca foram atrás dela, depois John, depois David que
fechou a porta de madeira.
"Fiquem aonde estão". Disse suavemente. Fora a respiração de todos o local estava quieto. Mas havia um cheiro
horrível no ar, um cheiro de algo morto a algum tempo...
O fino raio de luz cortou a escuridão, revelando uma grande e quase vazia sala sem janelas. Cordas e coletes
salva-vidas pendurados por estacas de madeira, uma bancada corria o comprimento de uma parede, alguns
serrotes e prateleiras desorganizadas...
-meu Deus -
A luz congelou na outra porta da sala, diretamente em frente a que eles entraram. O raio de luz iluminou um
corpo nu e um casaco de laboratório esfarrapado com manchas de óleo. Fibras secas de músculo saiam de uma
face não muito sorridente.
O corpo foi pregado na porta, uma mão fixada mostrando um aceno de boas-vindas. Aparentemente, morto a
semanas.
Steve sentiu algo subindo em sua garganta. Ele engoliu, desviando o olhar, mas a grotesca imagem já estava
fixada em sua mente - a face sem olhos e de pele descascada...
Jesus, isso é alguma piada? Steve sentiu-se tonto.
Por alguns segundos ninguém falou, até que David começou a falar baixo com a mão sobre a luz.
"Vejam seus cintos e soltem seus clips. Eu quero status agora, danos depois equipamento. Respirem fundo,
todos. John?".
A voz de John surgiu à esquerda de Steve. Karen e Rebecca estavam à sua direita. David ainda na porta.
"Eu estou com meleca de peixe no corpo, mas estou bem. Estou com a minha arma mas perdi a lanterna. Tal
como os rádios".
"Rebecca?".
"Estou bem... hum, minha arma está aqui, lanterna e kit médico... ah, e munição".
Steve se checou enquanto ela falava, segurando sua Beretta, ejetando o clip molhado e pondo-o em um bolso.
Havia um lugar vazio em seu cinto onde a lanterna deveria estar.
"Steve?".
"É, sem ferimentos. Arma mas sem luz".
"Karen?".
"Também".
Os dedos de David se moveram, permitindo a leve luz se espalhar pelo lugar. "Ninguém está ferido e ainda
estamos armados; podia ter sido pior. Rebecca, passe os clips, por favor. A cerca não deve estar a mais de
cinqüenta metros a sul daqui, e há árvores suficientes para cobrir desde que ninguém nos tenha visto".
Steve pegou três clips de Rebecca, agradecido. Colocou um na arma.
Ótimo, bom, vamos detonar. Primeiro aquela coisa que quase nos comeu, agora Sr. Morte dando um tchauzinho
como se quisesse dizer oi...
Steve não é assustado facilmente, mas sabia do perigo quando a viu.
David se aproximou do corpo decomposto, um olhar de nojo cobriu sua face. "Karen, Rebecca, venham ver isso.
John pegue a luz de Rebecca e veja se consegue achar algo de útil com Steve".
John pegou a lanterna e andou com Steve pela longa bancada.
"O T-virus não fez isso". Rebecca disse. "Padrão de decomposição todo errado...".
Silêncio, então Karen falou. "Vê aquilo? David me dê a lanterna por um segundo".
John direcionou a luz sobre a suja tábua da bancada. Um copo de café quebrado. Uma pilha de nozes
engorduradas e dardos no topo de um alvo. Uma chave de fenda elétrica empoeirada e gumes num pano
manchado.
Nada, não tem nada aqui. Nós devíamos sair desse lugar antes que alguém venha dar uma olhada...
John abriu a gaveta e a revirou enquanto Steve tentava descobrir o que estava numa prateleira. Atrás deles,
Karen falava.
"Ele não estava morto quando foi pregado, eu diria que estava perto. Inconsciente. Não há machucados;
sugerindo que ele não lutou... e tem marcas de raspagem aqui e aqui; eu diria que ele foi baleado pela porta de
trás e arrastado".
John terminou a varredura na gaveta e eles prosseguiram - o som de botas contra o chão de madeira. Um grupo
de soquetes de tomada. Um rádio barato. Um saco de papéis amarrotados perto de um lápis.
Algo esbarrou nos pensamentos de Steve fazendo-o parar, olhando para o saco. O lápis...
Ele pegou o papel amassado. Haviam várias linhas escritas perto do final da folha.
"Ei, achamos alguma coisa". John disse baixo, iluminando o papel enquanto os outros vinham. Steve leu em voz
alta, iluminando as palavras. Não havia pontuação; ele fez de tudo para fazê-las.
"... 20 de Julho. A comida estava drogada, estou enjoado - eu escondi o material para você, dados enviados. Os
barcos estão afundados e ele deixou os..."
Steve franziu as sobrancelhas incapaz de ler a palavra.
Tris... Tris-Squads?
"Os barcos estão afundados e ele deixou os Trisquads fora - escuro agora, eles virão, eu acho que ele matou o
resto - pare-o - Deus sabe o que ele pensa em fazer. Destruir o laboratório - encontrar Krista, diga a ela que sinto
muito, Lyle sente muito. Eu quero - ".
Não havia mais nada.
"A mensagem de Ammon". Karen disse suavemente. "Lyle Ammon".
Não precisava ser detetive para descobrir quem estava pendurado na porta. Ele tem uma identidade agora. E a
mensagem que Trent deu a David estava tão estranha porque o pobre homem estava dopado ao mandá-la.
"Bom em dar um nome a face, hein?" John disse sem nenhum sorriso.
O que é um Trisquad? Quem é "ele"?.
"Talvez a gente deva olhar em volta mais um pouco". Rebecca disse, mas David balançou a cabeça.
"É melhor deixar para lá. Nós vamos...?
Ele parou de falar quando pesados passos soaram no lado de fora da porta a qual vieram. Todos congelaram,
ouvindo. Outros passos, e quem quer que sejam, não estavam tentando esconder sua aproximação.
Eles pararam na porta - e ficaram lá, sem tocar na maçaneta, sem chutar a porta e sem outro som. Esperando.
David circulou o dedo no ar, apontando para Karen e depois para a porta com o corpo de Lyle Ammon. O sinal
para sair, Karen primeiro.
Todos seguiram em direção do corpo, Steve respirava pela boca a cada "creck" que faziam.
Assim que Karen abriu a porta, o silêncio foi quebrado por tiros de uma metralhadora - vindo da direção de sua
rota de fuga.
[4]
Karen pulou assim que balas perfuravam a porta. Pedaços de carne podre voavam do corpo de Ammon; o corpo
dançava num ritmo de ação macabra.
Quem quer que esteja atirando, está se aproximando. Os tiros ficavam mais altos e estilhaços de carne e
madeira os atingia. Estavam encurralados; ambas as saídas bloqueadas.
Rebecca agarrou com força sua Beretta na mão esperando um sinal de David. Ele apontou para noroeste do
complexo gritando para ser ouvido sob os tiros.
"Rebecca, a outra porta! John, Karen, próximo prédio! Steve, nós cobrimos! Vão!".
Steve e David saltaram fora e começaram a atirar. John e Karen saíram correndo, desaparecendo
instantaneamente na escuridão.
Rebecca mirou na porta de trás, seu coração pulando na garganta. As paredes tremiam.
"Morre! Jesus, porque eles não morrem?" Steve gritou atrás dela, fazendo seu sangue gelar com o tom de terror
em sua voz.
Zumbis?
Sem tirar os olhos da porta, Rebecca gritou o mais alto que pode.
"Na cabeça! Mire na cabeça!".
Não havia como saber se eles escutaram.
"Rebecca, vamos!".
Ainda sob o som de tiros de metralhadora, ela olhou para trás e viu Steve atirando em algo e David sinalizando
para ela se mover.
Ela foi na direção da porta com o corpo ainda pendurado. A cabeça parecia uma abóbora podre, dentes
estilhaçados, pegajosos pedaços de pele radiando de trás da cabeça. A mão não estava mais conectada ao
braço, o *Rádio e a *Ulna estouraram. O corpo estava lá como alguma decoração obscena, acenando...
Steve atirou de novo e o som da metralhadora cessou. Ele ergueu a arma, e assim que abriu a boca para dizer
algo -
- a porta de trás estraçalhou - balas voando através do escuro numa chama de fogo laranja. David a puxou para
porta e ela correu, o som de nove milímetros soou atrás dela.
Ela correu a toda velocidade, seus sapatos molhados socando o chão rochoso, procurando o contorno de um
grande bloco de concreto e as finas árvores que circundavam a escuridão à frente.
"Aqui".
Ela desviou em direção ao chamado, viu a silhueta de John no canto de um prédio. Aproximando-se dele, viu a
porta aberta, Karen em pé na entrada com sua arma em direção a casa dos barcos. Balas ainda cantavam no
escuro.
"Entre!". Karen gritou saindo do caminho.
Rebecca correu sem diminuir até estar dentro. Ela colidiu com uma mesa, batendo dolorosamente sua coxa na
quina.
Virando, viu Karen atirando e John berrando. "Vamos, vamos!".
E Steve passou pela porta respirando. Ele parou antes de atingir Rebecca - uma mão agarrando seu colete.
Rebecca foi até a porta de aço assim que David a cruzou dizendo:
"Karen, John!".
Karen recuou para o escuro, arma ainda erguida. Houve mais três disparos de uma Beretta e John entrou.
Rebecca fechou a porta. O leve "click" da tranca foi dificilmente ouvido pelos ouvidos que apitavam. Do lado de
fora os tiros pararam. Não houve vozes entre os agressores, alarme, latidos de cachorro ou gritos de feridos.
O silêncio era total, quebrado apenas pela respiração no úmido e quente escuro.
Um raio de luz revelou as faces chocadas do time assim que David iluminou seu esconderijo.
Uma sala de meio tamanho, cheia de mesas e computadores. Não haviam janelas.
"Você viu aquilo?". Steve disse para ninguém. "Deus, eles não iam cair, você viu aquilo?".
Ninguém respondeu, e apesar de estarem fora de perigo, Rebecca não sentiu sua adrenalina diminuir, não sentiu
seu coração voltar a nada próximo do normal; parece que a Umbrella encontrou uma nova aplicação para o
T-virus.
E gostando ou não, nós teremos que lidar com as conseqüências.
Eles estavam presos em Caliban Cove. E lá, as criaturas tinham armas.
David respirou fundo e exalou pesadamente, iluminando a porta. "Eu diria que fomos descobertos. Poderíamos
ver no que entramos. Rebecca, acenda as luzes".
Ela apertou o botão na parede e a sala se iluminou, acima fluorescentes pulsando para a vida. David avaliou seu
time e viu que Steve tinha uma mão no peito.
"Você está ferido?".
"O colete a segurou". Ele disse parecendo mais sufocado que os outros, sua face mais pálida do que devia.
Rebecca olhou para David que respondeu com um balanço de cabeça.
"Cheque-o. Mais alguém?".
Ninguém respondeu enquanto Rebecca pedia a Steve para tirar o colete. David virou-se e olhou a sala. Haviam
seis mesas de metal, cada uma com um computador. As paredes de cimento eram planas e não tinham
decorações. Tinha outra porta na parede oeste que deve se aprofundar mais no local.
"Karen, proteja aquela". Ele disse. "Não parece que estamos encarando um acidente. O que o bilhete dizia? A
comida estava drogada e alguma coisa sobre um "ele" matando os outros... é possível que nós não estejamos
olhando para uma contaminação do T-virus?".
--------------------------------------------------------------
* Rádio e *Ulna - Ossos que compõem o antebraço.
-------------------------------------------------------------- Rebecca terminou de examinar o peito de Steve, o expert em
informática estava sentado em uma das mesas na frente dela. "Você está bem. Nada quebrado".
Ela voltou para David. "É, se isso tivesse acontecido, aquele cara na porta, Lyle Ammon, teria sido infectado. Mas
os Trisquads - se eles são o resultado de experimentos com o T-virus, eles já estariam podres agora. Já se
passaram três semanas desde que o bilhete foi escrito. Pode ser um vírus diferente ou alguém esteve cuidando
deles. Manutenção de enzimas, talvez algum tipo de refrigeração".
"E se esse "alguém" ficou bravo e matou todo mundo, pra que perder tempo?". David falou.
"Aquele corpo". Karen disse. "E a criatura ou criaturas lá fora. É como se ele esperasse alguém vir..."
"... mas não significa para nós ir muito longe". John terminou.
"Então o que fazemos agora?". Steve perguntou.
David não respondeu, incerto sobre o que dizer. "Eu... nossas opções são ir embora ou ir mais adentro". Disse
calmamente. "Considerando o que aconteceu, eu não me sinto confortável visitando esse lugar. O que vocês
querem fazer?".
David olhou de face em face, esperando ver raiva e desprezo mas ficou surpreso pelo sorriso de Karen.
"Já que você perguntou, eu quero saber o que aconteceu aqui". Karen disse brilhante e ansiosa.
"É, eu também. Eu ainda quero ver o T-virus". Rebecca disse.
"Eu ainda quero destruir mais desses Tri-boys". John disse sorrindo. "Caramba, zumbis com M-16 - noite do
esquadrão dos mortos-vivos".
"Eu também quero". Steve disse. "Voltar não é muito seguro. Não foi do jeito que eu queria, mas pegar provas
sobre a Umbrella era o plano original... sim, eu quero pegar esses desgraçados".
David sorriu. Ele tinha acabado de subestimar a situação, ele gravemente subestimou sua equipe.
"O que você quer fazer?". Rebecca perguntou de repente. "Mesmo".
A pergunta o surpreendeu de novo, não porque ela perguntou, mas sim porque ele não tinha resposta. Ele
pensou no S.T.A.R.S., em sua carreira e tudo o que isso já lhes custou. Estudou o curioso olhar dela e sentiu os
outros o olhando, esperando.
"Eu quero que nós sobrevivamos". Ele finalmente disse, verdadeiramente. "Eu quero que façamos isso fora
daqui".
"Amém". John resmungou.
David lembrou do que disse à Chris para conseguir a aprovação dessa operação, algo sobre cada um deles fazer
o melhor que puder para ter sucesso contra a Umbrella.
Aprenda, Capitão...
"John, você e Karen, dêem uma olhada neste lugar, vejam as portas e estejam de volta em dez minutos. Steve,
ligue um desses computadores e veja se consegue achar um plano detalhado das áreas. Rebecca, nós veremos
as mesas. Nós queremos mapas, dados sobre os Trisquads, T-virus e qualquer coisa pessoal sobre os cientistas
que possa nos dizer quem está por trás disso tudo".
David olhou para eles, percebendo que foi claro. "Vamos lá".
Eles iriam derrubar a Umbrella.
Dr. Griffith pode não ter percebido a falha na segurança se não fosse pelos Ma7s; eles pareciam úteis apesar de
não ser essa sua intenção.
Ele passou a maior parte do dia no laboratório. Uma vez que ele decidiu soltar o vírus, não restava mais nada a
fazer. As horas voaram; cada olhada no relógio era uma surpresa. Ele seria o primeiro a transformar o mundo.
Com aquilo na sua frente, a única tarefa com que se preocupar é levá-lo para o topo do farol. Logo depois do
amanhecer ele dará as instruções finais para os doutores - e assim orgulhosamente guiar a espécie humana para
dentro da luz, para o milagre da paz.
Foi o pensamento dos Ma7s finalmente terem amanhecido dentro das cavernas, que o despreocupou. Ele já
cometeu esse erro com os Leviathans; ao assumir o controle do complexo, ele abaixou os portões da enseada,
esperando que as criaturas sintam-se tão livres quanto ele. Foi no dia seguinte que ele percebeu que a Umbrella
poderia descobrir e vir dar uma olhada, colocando um fim em seus planos. Ele continuaria mandando relatórios
semanais para maquiar a situação, mas não teria como explicar a "fuga" de quatro criaturas. Foi sorte de os
Leviathans terem voltado.
Os Ma7s eram um problema totalmente diferente. Eles eram imprevisíveis e violentos demais para ficarem do lado
de fora. Mas deixá-los morrer de fome nas jaulas não parecia certo; não foi a escolha deles de existir como
armas de destruição.
Ele ficou em frente ao portão externo por um tempo, considerando o problema dos cinco animais se atirarem uns
nos outros. Havia uma tranca manual perto de lá, e outra no laboratório. Não há modo de soltá-los do farol e
certamente não podem sair até Nicolas ficar em segurança. Ele poderia mandar um dos doutores para isso, mas
os Ma7s tem um metabolismo muito mais lento que o dos humanos.
Um mês antes da tomada do complexo, Dr. Chin e dois de seus veterinários cometeram um erro ao tentar
examinar um doente; foi um modo muito ruim de morrer.
Ele sentou em frente do computador olhando para o cursor que piscava indicando "sistema em uso" num dos
abrigos. Não havia chance de ser um erro, exceto pelos terminais do laboratório, o resto foi desativado semanas
atrás. A Umbrella veio.
Eles NÃO vão, NÃO vão me parar.
A primeira emoção foi raiva, uma fúria que o fez perder a razão.
Ainda haviam dois outros terminais no laboratório e ele andou rapidamente para um deles, olhando os doutores
sentados e quietos. Ele sentiu um ódio por eles, por criar os Trisquads; os "invencíveis" guardas que falharam na
hora em que mais precisou.
Ele sentou, ligou o computador e esperou impaciente pela silhueta do guarda-chuva girando acabar. O sistema de
segurança do complexo ficava no laboratório; de lá ele é capaz de ver o que o intruso está procurando sem
alertá-lo de sua presença.
Ele digitou várias senhas, esperou, depois digitou seu número. Após breves pausas, brilhantes linhas verdes de
informações encheram a tela. Ele conseguiu.
Olhando para as informações, ele pensou porque alguém da Umbrella estaria procurando pelo laboratório. Está
procurando no lugar errado. Os projetistas do sistema não eram idiotas, não há mapas deste lugar nos
arquivos...
... e a Umbrella saberia disso. Significa que...
O alívio passou por ele, tão puro que ele riu. Não era a Umbrella e isso muda tudo. Mesmo se eles tentarem
achar o laboratório, nunca entrariam sem um key card (cartão-chave). E Griffith destruiu todos.
Exceto o de Ammon. Nunca foi encontrado.
Ele gelou, depois balançou a cabeça. Ele havia procurado em todo lugar pelo cartão, quais as chances de um
invasor achá-lo.
E quais as chances de passarem pelos Trisquads, hein? E o que Lyle fazia nas horas em que você não o achava?
E se ele mandou alguma mensagem? Você só verificava transmissões para a Umbrella, mas se ele contatou mais
alguém?
O computador começou a mostrar informações sobre os testes de socio-psicologia que Ammon projetou. Griffith
sentiu seu controle diminuir de novo.
Eu sou um cientista, não um soldado. Eu nem sei atirar, lutar! Eu seria inútil em combate...
Imprevisível, incontrolável.
Um sorriso surgiu em seu rosto. Sangue escorria, da palma da mão, de onde suas unhas perfuraram, mas não
sentiu dor.
Seu olhar voltou-se para o aberto e silencioso laboratório. Depois para as vazias e estúpidas faces dos doutores.
Para os cilindros de ar comprimido e para o vírus, seu milagre. E finalmente para os controles que dão para a jaula
dos animais.
Nicolas sorriu largamente. O sangue pingou no chão.
Deixe-os vir.
Steve leu em voz alta. Rebecca viu David olhando para o relógio e para a porta várias vezes. Ela não achava que
se passou dez minutos, mas estava perto. John e Karen ainda não voltaram.
"... onde cada um é projetado para medir a aplicação de lógica, assim que um índice de técnicas de projeção
forem combinadas com precisão...".
Deve ser um relatório sobre a análise de algum teste de Q.I.. Deve ter sido escrito por um cientista. Ainda assim
foi o que apareceu quando Steve perguntou por informações sobre a série azul (blue series).
Alguém esvaziou a sala, e fez um bom trabalho. Ela achou livros, grampeadores, canetas, lápis, elásticos e clips
de papel, mas nenhum pedaço de papel escrito.
A busca no computador de Steve não estava indo bem; nenhum mapa e nada do T-virus. Quem quer que tenha
assumido o controle do lugar, acabou com tudo o que eles poderiam usar.
Exceto aquele teste de psicologia que nem se quer mencionou a palavra azul.
Steve apertou uma tecla e brilhou.
"Aqui vamos nós... a série vermelha (red series), quando vista de uma escala padrão, é mais básica e simples,
com um quociente de inteligência 80. A série verde (green series)...".
Ele parou. "Apagou tudo".
Rebecca desviou o olhar da mesa quase vazia a qual vasculhava quando viu David se juntando a Steve.
"Rebecca". David a chamou.
Ela fechou a gaveta e foi até Steve, curvando-se para ler o que estava escrito na tela.
O homem que o faz não precisa. O homem que o compra não o quer. O homem que o usa não sabe.
"É uma charada". David disse. "Algum de vocês sabe a resposta?".
Antes que algum deles pudesse responder, Karen e John voltaram para a sala, ambos segurando as armas.
Karen segurava um papel rasgado numa mão.
"Tudo checado". John disse. "Seis salas, nenhuma janela e só uma porta externa a norte".
"Haviam porta-arquivos na maioria delas, mas estavam vazios - exceto por este papel que achei preso na fenda
de uma gaveta".
Ela deu o papel a David que o viu, seu olhar tornando-se intenso. "Isso é tudo que havia lá?".
"Sim, mas é suficiente, não acha?".
David começou a ler alto.
"Os times continuam a trabalhar independentemente e tem mostrado um notável melhoramento desde a
modificação na *sinapse auditiva.
Na Ocasião Dois, quando mais de um Trisquad está presente, o segundo time (B) não atacará enquanto o
primeiro (A) estiver concluindo. (quando o alvo parar de se mover ou de emitir som).
Se o alvo continuar fornecendo estimulo e o A tiver suspendido o ataque (falta de munição ou defeito em todas
as unidades), B entrará em ação. Se estiverem por perto, patrulhas adicionais vão ser incluídas no ataque e serão
ativadas em sucessão.
Até agora, nós não temos expandido a habilidade sensorial para atingir o comportamento desejado; o estímulo
visual da Ocasião Quatro e Sete continuam improdutivas, apesar disso nós infectaremos um novo grupo de
unidades amanhã e correlacionar os resultados no final da semana. É nossa recomendação que continuemos a
desenvolver capacidade auditiva antes da implantação do detector de calor".
"Aqui é onde está rasgado". David disse.
"Isso explica muito. Por que o time na porta de trás da casa de barcos não fez nada?; o de fora ainda estava
atirando. Depois que você e Steve os derrubou eles entraram num segundo". Karen disse.
Rebecca não estava gostando; a Umbrella continua fazendo experiências em humanos. Em Raccoon, o T-virus
levou de sete a oito dias para contaminar de vez o hospedeiro, e em um mês já caia aos pedaços.
Ela mordeu o lábio, imaginando o que os cientistas de Caliban Cove fizeram com o vírus. E se eles aceleraram o
processo de infecção...
"O sinal da porta norte dizia que estamos no bloco C". John disse. "Você achou um mapa?".
Steve respondeu. "Não, mas dê uma olhada. Eu perguntei por informações sobre a série azul, e esse relatório de
testes de Q.I. apareceu - depois isso. Não consegui mais nada".
John olhou para a tela. "... homem que o fez não precisa, compra, não quer, usa, não sabe...".
Karen, que relia o papel rasgado, levantou os olhos com extremo interesse. "Espere, eu conheço essa aí. É um
caixão".
Steve digitou caixão. Nada mudou.
"Tente " *esquife". Rebecca sugeriu.
Assim que Steve digitou e apertou "enter", a charada foi substituída por:
SÉRIE AZUL ATIVADA.
Em seguida:
TESTES QUATRO (BLOCO A), SETE (BLOCO D), E NOVE (BLOCO B) / AZUL PARA ACESSAR DADO (BLOCO E).
"Azul para (blue to) - a mensagem de Ammon". Karen disse rapidamente. "É isso - a mensagem recebida falava
sobre a série azul, depois dizia, entrar com a resposta para senha". A resposta era esquife".
"E os números dos testes são a senha". David disse. "Tinham mais três coisas na mensagem antes de "azul para
acessar". Devem ser as respostas dos testes - as "letras e números ao contrário", "tempo arco-íris" e "não
conte".
David pegou uma caneta e virou o papel do relatório. A informação agora faz sentido. Ele desenhou cinco caixas
em duas linhas, igual o mapa de Trent, nomeando-a mais ao sul como C. Depois ele temporariamente nomeou os
outros, começando pelo topo à esquerda como A e indo para a direita e depois para a esquerda, pondo os
números dos testes perto de cada letra.
"Supondo que este seja o lado de cima e que nós precisamos resolver os testes em ordem, nós iremos nos
mover em zig-zag entre os blocos". David explicou.
"E supondo que os Trisquads não tenham problema com isso". John disse suavemente.
Rebecca sentiu sua excitação diminuir - pode ver a mesma expressão em seus colegas. Ela sabia que eles teriam
que partir, mas não queria pensar nisso até estar lá.
Agora está. E os Trisquads estão esperando.
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*Sinapse - Relação de contato entre os detritos das células nervosas.
*Esquife: Sinônimo de "caixão" (fúnebre).
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[5]
Eles pararam na porta norte no escuro e abafado corredor, apertando os cadarços, ajustando os cintos e
recarregando as armas.
"Você, Steve e Rebecca com o da esquerda, noroeste daqui. Daremos um tempo, depois Karen e eu sairemos.
Se você estiver certo, estaremos no bloco D; se estiver de ponta-cabeça, bloco B.
De qualquer modo, nós procuraremos o número do teste, e esperaremos vocês nos darem o "vai em frente".
John explicou.
"E se eu não...".
Karen interrompeu dizendo: "Se a gente não o ver em meia-hora, voltaremos aqui e esperaremos por Steve e
Rebecca. Completaremos os testes se for possível".
"Certo". David disse. "Ótimo".
Eles estavam preparados. Haviam infinitas variáveis da equação que poderiam tornar o simples plano, difícil.
"Alguma pergunta antes de irmos?".
Rebecca começou a falar com preocupação. "Eu quero lembrar a todos para terem bastante cuidado com o que
tocarem, ou o que os tocarem. Os Trisquads são portadores, então tente não se aproximar deles, principalmente
se estiverem feridos".
David pensou nas centenas de milhões de partículas do vírus que poderiam haver numa gota de sangue...
Todos esperaram por seu sinal. Ele deixou os pensamentos de lado e colocou a confiança na sua arma, tocando
a maçaneta da porta.
"Prontos?". Com silêncio, agora, no três - um... dois... três".
Ele abriu a porta e saiu para o quente ar da noite ouvindo o barulho das ondas. Estava mais claro do que antes. A
quase lua-cheia havia se erguido, iluminando o complexo. Nada se moveu.
Bem na frente dele a uns vinte metros estava o destino de Karen e John. Tinha uma porta de frente para o bloco
C; eles não precisarão contornar o prédio para entrar.
David saiu da porta para a sua esquerda, encostado na fina sombra da parede. Ele podia ver a frente do prédio
que esperava ser o A, alto, pinheiros à esquerda e atrás dele. Havia uma porta no meio dele, e nenhuma
proteção ao longo dos trinta e pouco metros que os separavam. Uma vez fora de C, eles estarão totalmente
vulneráveis.
Ele respirou fundo e correu abaixado para a porta do bloco. Seu corpo esperava por uma rajada de balas; a
aguda dor que o levaria para o chão. Mas estava silencioso. Os Segundos demoraram uma eternidade para a
porta ficar mais perto, maior...
Então a maçaneta estava sob seus dedos sendo girada, entrando numa sufocante escuridão - virando, viu
Rebecca e Steve chegando.
David fechou a porta rapidamente e sem fazer barulho, sentindo o vazio da sala, a falta de vida - e então o
cheiro o atingiu.
Era o mesmo cheiro da casa dos barcos só que cem vezes mais forte. David conhecia o cheiro. Se deparou com
ele numa floresta na América do Sul, num acampamento cultista em *Idaho e no porão da casa de um serial
killer. O cheiro de podridão era inesquecível.
Quantos haverão aqui?
O raio de luz rasgou a escuridão e encontrou uma pilha de corpos que tomava conta de um grande depósito, não
havia como ter certeza de quantos corpos estavam lá; eles já estavam derretendo uns nos outros, a carne negra
e enrugada dos corpos empilhados no úmido calor. Talvez quinze, talvez vinte...
Steve se afastou e vomitou - um grosso som na quieta sala.
David procurou no resto da sala, encontrando uma porta com a letra A escrita em preto.
Sem olhar para o monte, ele levou Rebecca para a distante porta agarrando Steve.
Eles saíram num corredor sem janelas, e tinha um interruptor de luz perto da porta. David o ignorou por um
momento, esperando seus jovens colegas se acalmarem.
Parece que os funcionários da Umbrella de Caliban Cove foram encontrados.
Karen e John esperaram um minuto depois que os outros foram. Abriram a porta o suficiente para ouvir. O ar
passou pela abertura. Ao longe o barulho das ondas mas nenhum tiro, nenhum grito.
Karen fechou a porta e olhou para John. "Já devem ter entrado. Quer ir na frente ou prefere que eu vá
primeiro?".
"As minhas mulheres sempre vão primeiro". Ele sussurrou. "Isso quando eu vou junto, se é que você me
entende".
"John, só responda a pergunta".
"Eu vou. Espere até eu atravessar, depois siga".
Ela se afastou para deixá-lo passar.
Assim que ele colocou a mão na maçaneta, respirou fundo e a girou. Nenhum som, nenhum movimento lá fora.
Segurando sua Beretta, ele se afastou do prédio e moveu-se rapidamente para a porta a uns vinte passos à
frente.
Alcançando a porta, tocou a fria tranca de metal - ela não se moveria. Estava trancada.
Sem pânico. Ele fez um sinal para Karen esperar e seguiu para a sua direita. Fez a curva sentindo o duro concreto
contra o seu ombro esquerdo e coxa.
Tinha outra porta de frente para o mar.
Rat - atat - atat - atat!
As balas acertaram o chão. John recuou encostando-se na parede, agarrando a fechadura. Vindo da direção da
casa dos barcos, um fila de três - John abriu a porta e pulou atrás dela, ouvindo o ping-ping-ping delas
esmagando o metal, parando a centímetros de seu corpo.
Ele segurou a porta aberta com os pés, deu uma rápida olhada e mirou no flash de luz, apertando o gatilho
enquanto pedaços de concreto e poeira vinham da parede.
Outra olhada e a fila estava mais perto, as três figuras ganhando forma. John atirou novamente pelo espaço da
porta - e quando olhou de novo, só haviam dois em pé.
John virou e viu mais dois a uns três metros no canto nordeste do prédio, ambos com metralhadoras.
Mas não se mexeram para atirar.
As M-16 ainda estavam se aproximando, mas ele só via as criaturas lá em pé, balançando em instáveis pernas.
O da esquerda tinha só metade da face; do nariz para baixo era uma líquida e polpuda massa de pele, pedaços
escuros pendurados por fibras de carne. O da direita parecia intacto até ele ver sua barriga; a mole e saliente
cobra de intestinos através de sua camisa ensangüentada.
Não vai atacar enquanto A estiver terminando.
Bam! Bam!
Karen.
John recuou para dentro do prédio, segurou a porta aberta contra o par que ainda atirava. Ele mirou
cuidadosamente. Nenhuma das criaturas se mexeu para se proteger, só ficaram lá, o observando.
Dois tiros certeiros na cabeça explodiram sob o som das metralhadoras. Antes deles caírem no chão, John ouviu
outro tiro de nove milímetros.
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*Idaho - Estado dos E.U.A.
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Ele olhou em volta da porta e viu as figuras do time ativo a uns trinta metros, um deles ainda atirava com a arma
apontada para o céu.
Karen surgiu de entre os prédios com a arma ainda apontada para o convulsivo atirador, de costas para John.
"Não atire nele! Aqui, deixa ele!".
Ela virou para John e ambos entraram no bloco. Assim que ela fechou a porta o som da metralhadora cessou.
A respiração irregular de Karen quebrou o silêncio da escura sala.
"Ei John, foi bom para você?".
Ele piscou os olhos registrando as palavras vagarosamente.
"Indo Primeiro". Ela completou. "Foi como você esperava?".
"Não teve graça". Ele disse.
Um pouco depois eles começaram a rir.
Enquanto eles se moviam pelo corredor, Rebecca pensava em Nicolas Griffith, sobre a história das vítimas do
Marburg - e não haviam provas de que ele está por trás do massacre do pessoal da Umbrella, ela não conseguia
abalar o pensamento de que ele é o responsável.
O corredor os levou através de várias salas, tão sem vida quanto as do bloco o qual vieram. Eles passaram pela
saída no lado mais distante do bloco e depois de outra curva no corredor, finalmente chegaram a uma outra porta
marcada com a letra A, e embaixo, 1-4. Haviam três triângulos debaixo dos números, cada um com cores
diferentes - vermelho, verde e azul.
David abriu a porta, revelando um hall. Rebecca viu mais triângulos coloridos na porta 1 à direita. Outra não tinha
nada.
"Eu fico com o teste". David disse. "Steve, você e Rebecca verão a outra porta. Nos encontraremos aqui".
Rebecca balançou a cabeça e viu Steve fazer o mesmo. Ele parecia um pouco pálido, mas forte o suficiente. Ele
soltou o olhar ao perceber que ela o estava observando. Rebecca sentiu uma simpatia por Steve, percebendo que
ele estava envergonhado por ter jogado o almoço fora.
Os dois abriram a porta e saíram numa outra sala sem janelas, abafada e quente como o resto do lugar.
Rebecca acendeu as luzes e um grande escritório cheio de estantes, apareceu. Uma mesa de aço ficava no
canto próxima a um porta - arquivos com as gavetas vazias e abertas.
"Você quer a mesa ou as estantes?". Steve perguntou.
"Acho que as estantes". Rebecca escolheu.
Ele sorriu quase tímido. "Melhor assim. Talvez eu ache algumas balas de hortelã numa das gavetas".
Rebecca sorriu agradecida pela brincadeira. "Guarde uma para mim".
Eles se olharam, ainda sorrindo - e Rebecca sentiu um calafrio de excitação através do corpo.
Steve desviou o olhar primeiro com a cor de suas bochechas mais rosas do que antes. Ele foi para a mesa e
Rebecca para a fileira de livros, sentindo-se um pouco corada. Havia uma definitiva atração lá, e parecia ser
comum.
Os livros eram sobre o que ela esperava. Química, biologia, modificação de comportamento e vários boletins
médicos.
Ela correu a mão, puxando os livros. Talvez haja algo escondido atrás de um deles.
... sociologia, *Pavlov, psicologia, psicologia, patologia -
Ela parou, olhando um fino livro preto entre dois grandes. Sem título. Ela o pegou e sentiu seu coração acelerar ao
abrir o pequeno livro, vendo as rabiscadas letras escritas à mão.
Ela viu "Tom Athens" escrito em letras boas na capa de dentro.
Um dos caras da lista, um dos cientistas!
"Eu achei um diário". Ela disse. "É de uma das pessoas da lista do Trent, Tom Athens".
Steve tirou os olhos da mesa. "Mesmo? Vá para o final, qual é a última data?".
"Diz 18 de julho - mas não parece que ele o mantinha certo. A data antes dessa é 9 de julho...".
"Leia a última inscrição". Talvez nos diga o que está acontecendo". Steve disse.
Ela foi para a mesa e inclinou-se nela, limpando a garganta.
"Sábado, 18 de Julho. Esse foi um longo e ridículo dia, o fim de uma longa e ridícula semana. Eu juro por Deus, eu
vou bater no Louis se ele convocar mais uma reunião. Foi para adicionar ou não outra Ocasião no programa
Trisquad, como se precisássemos de outra. Tudo o que ele queria era tê-la no papel, e o resto foi seu besteirol
de sempre - a importância do trabalho em equipe, a necessidade de compartilhar informações, então nós todos
podemos "ficar no rumo certo". Quer dizer, Jesus, é como se ele não conseguisse viver sem o seu nome no
semanal.
Ele não tem feito nada desde o desastre do Ma7, exceto por tentar e convencer todo mundo de que a culpa foi
de Chin. É o fim da picada...
Alan e eu falamos sobre os implantes ontem, está indo bem. Ele vai descrever a proposta esta semana, e NÃO
deixaremos Louis tocá-lo. Com sorte, conseguiremos a luz verde no fim do mês. Alan acha que os White boys
vão querer fazê-los antes de Birkin, só Deus sabe porque; B. não dá a mínima para o que fazemos aqui, ele está
longe de ser brilhante de novo. Eu tenho que admitir, eu quero saber qual será sua próxima síntese; talvez nós
devemos malhar alguns dos nossos Trisquads.
Houve um pequeno susto no D na Quarta-feira, na 101. Alguém deixou o refrigerador aberto, e Kim jurou que
estavam faltando alguns produtos químicos. Estou começando a achar que ela errou na contagem de novo. É
difícil de acreditar que ela está encarregada do processo de infecção. Ela é negligente para cuidar do equipamento.
Estou surpreso por ela não ter infectado o complexo inteiro. Deus sabe que há o bastante para isso.
Eu mesmo deveria conferir o D, para ter certeza de que está tudo pronto para amanhã. O Griffith tem pedido
para observar o processo; primeira vez que ele se interessou pelo que estamos fazendo. Eu sei que é idiota, mas
eu ainda quero que ele seja impressionado; ele é tão brilhante quanto Birkin, em seu próprio modo pavoroso. Eu
acho que ele até intimida Louis, e Louis é geralmente burro demais para isso.
Mais tarde.".
O resto das páginas estavam em branco. Rebecca olhou para Steve, incerta sobre o que fazer, sua mente
trabalhando para juntar os pedaços de informações relevantes. Havia algo lá que a incomodava.
Elementos químicos faltando. Processo de infecção. O brilhante e pavoroso Dr. Griffith...
Agora ela não tem mis dúvidas de que Griffith matou os outros, mas não foi o que a fez dizer em voz alta. Foi...
"Bloco D". Steve disse. "Se nós estamos em A, Karen e John estão no D".
Onde há T-virus suficiente para infectar o complexo inteiro. Onde o processo de infecção aconteceu.
"Nós devemos contar para o David". Rebecca disse. Steve concordou. Eles foram para a porta. Rebecca
esperando que John e Karen não achassem a sala 101 - e se achassem, que não tocassem em nada.
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*Pavlov - Fisiologista russo, ganhador do prêmio Nobel.
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A sala de teste era grande, três das paredes marcadas com linhas formando três cubículos. Acendendo a luz, ele
viu que os testes estavam claramente numerados e marcados com cores, os símbolos pintados no chão de
cimento em frente de cada um.
Todos os testes da série vermelha estavam à sua esquerda, mais perto da porta. Ele viu blocos brilhantes e
coloridos, simples figuras nas mesas em cada cubículo que passou, indo para o fundo da sala. A série verde
estava demarcada na parede oposta. Ele a ignorou completamente.
A parede de trás era marcada com triângulos azuis. O teste número quatro ficava no distante canto direito.
Aproximando-se do fundo da sala, ele ouviu um fraco ruído de força vindo da área azul. Havia um pequeno
computador na mesa do teste número dois. Um teclado e um fone na do três. Como prometido, as séries
estavam ativadas.
Ele parou em frente do último cubículo, voltando sua atenção para a tarefa. Ele não estava certo sobre o que
veria, mas o tipo do teste o surpreendeu. Uma mesa e uma cadeira de metal cinza. Na mesa havia um bloco de
papel, um lápis e um tabuleiro de xadrez com todas as peças no lugar. Assim que ele entrou no cubículo, viu uma
placa de metal na superfície da mesa com números marcados nela.
David sentou na cadeira olhando para os números.
9-22-3 // 14-26-9-16-8 // 7-19-22 // 8-11-12-7
Olhou para o tabuleiro e então de volta aos números. Nada mais para ver; isso era tudo. Ele ordenou
rapidamente as dicas da mensagem de Ammon, imaginando qual seria a resposta. Era "letras e números ao
contrário" ou "não conte"? não parecia ser nada relacionado com o tempo ou arco-íris, tinha que ser um dos
dois...
Se as linhas estão na mesma ordem que os testes, este é letras e números ao contrário. Mas que letras, não
tem nenhuma.
David sorriu de repente sacudindo a cabeça. Os números na placa não são maiores que 26; era um código, e
bem simples.
Ele pegou o lápis, escreveu o alfabeto e o numerou de trás para a frente; A era 26, B 25 até Z, 1.
David começou a decifrar a mensagem.
R... E... X... M...
A última letra era T. Ele olhou para a frase e depois para o tabuleiro. Parecia que alguém tem senso de humor.
REX MARKS THE SPOT
"Rex" significa "rei" em Latim.
Branco sempre começa, então...
Ele tocou o rei branco. Assim que o dedo dele tocou na peça, ela girou em volta e ficou de frente para as costas
do tabuleiro. Ao mesmo tempo, um suave som musical veio de cima. Ele olhou para o teto e viu um alto falante.
Nada mais aconteceu, nenhuma luz piscando ou passagens secretas atrás da parede. Aparentemente ele
passou.
Parecia ser um complicado teste para alguém supostamente tão burro quanto o zumbi de um Trisquad. Os
cientistas deviam ter planos para algo mais... inteligente...
David levantou e foi para a frente da sala - assim que a porta abriu. Rebecca e Steve entraram com expressões
amedrontadas.
"O que foi?"
Rebecca ergueu o livro falando rápido. "Ele diz que o vírus foi usado para infectar os Trisquads no bloco D, na sala
101. Tudo pode estar bem a não ser que John ou Karen tocaram algo contaminado".
Foi o bastante. "Vamos!".
Eles correram pelo caminho a qual vieram em direção a saída.
Eles estavam no iluminado corredor no centro do bloco D, silenciosamente escutando pelo som que os diria sobre
a chegada de David. De lá eles eram capazes de escutar uma das três portas externas sendo usadas. Depois de
vasculharem o prédio e achado a sala do teste, ela e John liberaram todas as portas de saída.
Karen olhou no relógio e esfregou os olhos, sentindo-se cansada por tudo o que aconteceu naquela noite, e ainda
enjoada pelo que acharam na sala 101.
Até John estava mais quieto do que o normal. Não fez uma piada desde que voltaram para esperar.
Talvez ele esteja pensando nas macas com sangue. Ou nas seringas. Ou no equipamento médico amontoado na
pia...
Eles encontraram a sala do teste primeiro, uma grande sala cheia de pequenas mesas, cada uma marcada com
números entre cinco e oito; Karen ficou desapontada de algum modo por ver que o número sete da série azul era
só um punhado de ladrilhos coloridos com letras neles - metade deles de cabeça para baixo e ilegíveis. As cores
correspondiam às do arco-íris, apesar de ter duas peças violeta a mais no monte.
Desde que eles não podiam bagunçá-lo até David completar o primeiro teste, ela sugeriu voltar e explorar o resto
do bloco.
Eles passaram por alguns escritórios vazios e uma cafeteria bagunçada, onde acharam uma caixa de rosquinhas
incrivelmente mofadas. Foi o laboratório químico que os disse sobre o tipo de lugar que a Umbrella criou. Karen
não acreditava em fantasmas mas a sala deu uma sensação jamais experimentada; era fria, simples e
assombrada pelo medo e pelo o frio; à moda de um cientista nazista cometendo atrocidades contra o
companheiro.
"Você está pensando naquela sala?". John perguntou.
Karen acenou mas não disse nada.
... a porta da sala 101 estava claramente marcada com um símbolo de risco biológico, fazendo eles discutirem
sobre entrar ou não. John dizia que o ambiente poderia estar contaminado.
Karen dizia que nenhum deles tem cortes ou arranhões, e que poderiam achar algo sobre o T-virus. A verdade
era que ela não queria deixar essa oportunidade passar; queria ver o que estava atrás da porta fechada, porque
estava lá.
John tinha finalmente concordado e eles entraram, pisando numa pequena passagem que estava cercada de
folhas de plástico pesado. Haviam chuveiros acima e um ralo no chão; uma área de descontaminação.
Uma segunda porta dava para uma sala que os levou para o sonho de um cientista maluco.
Vidro triturando sob os pés. Um cheiro de suor sob o odor de água sanitária...
John acendeu as luzes e antes da grande sala poder ser vista, Karen sentiu seu coração acelerar. Se parecia com
outros laboratórios a qual ela trabalhou; bancadas e estantes, pias de metal e um grande refrigerador de inox no
canto com uma trava na maçaneta. E de algum modo - o lugar era tão familiar. Um lugar que ela sempre se
sentia em casa.
As pequenas diferenças eram as mais dramáticas. A sala era dominada por uma limpa mesa de autópsia,
adaptada com amarras de velcro. Haviam outras duas macas de hospital, adaptadas do mesmo jeito, junto a
ela.
Ao se aproximar de uma delas, Karen viu uma escura e seca marca na ponta; o fino colchão estava ensopado de
sangue no lugar onde os tornozelos e pulsos de um homem deviam ficar.
No fundo da sala estava uma jaula do tamanho de um closet. Próximo a ela, vários postes finos apoiados na
parede com aproximadamente um metro de comprimento - cheio de agulhas hipodérmicas.
Esses são tipos de instrumentos usados para dopar animais selvagens.
Karen olhou para a maca, tocando levemente a seca mancha, imaginando que tipo de pessoa participou de um
experimento como esse. A mancha seca de sangue era velha e empoeirada fazendo-a pensar sobre como as
vítimas sofreram esperando na jaula, provavelmente observando alguns homens de luvas injetando um vírus
mutante em um ser humano amarrado...
O olho direito de Karen coçou, tirando sua concentração dos terríveis pensamentos, trazendo-a de volta para o
presente. Ela o esfregou, e depois olhou no relógio de novo. Se passaram apenas vinte minutos desde que o time
se separou.
O som de uma das portas foi ouvido, seguido pelo grito de David através do corredor. Ele veio pela entrada
oeste.
"Karen, John!".
John olhou para ela, que sentiu uma onda de alívio. David estava bem.
"Aqui! Continua andando!". John respondeu. "Vire à direita!".
David apareceu dentro de alguns segundos, sua face coberta de preocupação.
"Está tudo...". Karen começou a perguntar mas foi interrompida por David.
"Vocês acharam a sala 101?".
"Sim, no oposto de onde você veio". John disse sorrindo.
"Algum de vocês tocou algo? Vocês tem cortes ou pequenos ferimentos que podem ter entrado em contato com
alguma coisa?". David falou rápido. "Nós achamos um diário dizendo que essa sala era usada para infectar
Trisquads".
John sorriu de novo. "Sério. Nós descobrimos isso em uns dois segundos".
Karen ergueu as mãos para David vê-las. "Nenhum arranhão".
David exalou forte. "Graças à Deus. Eu pensava no pior vindo para cá. Nós achamos os cientistas no bloco A;
Ammon estava certo, ele os matou - e o nosso "ele" agora tem um nome. Rebecca está certa de que é Nicolas
Griffith. Ele foi o cara que ela reconheceu da lista do Trent. Ele tem uma história e tanto, ela te conta quando nos
reagruparmos...".
"Caramba David, eu não sabia que você se preocuparia. Ou que você achasse que nós seríamos burros o
bastante para nos espetarmos com agulhas sujas, num lugar como esse".
David riu. "Por favor, aceitem as minha sinceras desculpas".
"Onde o Steve e a Rebecca estão?". Karen perguntou.
"Provavelmente na próxima área do teste. Eu os vi entrando no bloco B antes de vir aqui... vocês acharam o
teste sete?"
"Por aqui". John disse assim que eles caminhavam pelo corredor. Ele começou a contar a luta que tiveram contra
os Trisquads.
Karen seguiu, esfregando a chata coceira em seu olho direito. Ela deve tê-lo irritado com tantas cutucadas.
Parece estar piorando. E para completar, sentiu uma dor de cabeça chegando.
Ela nunca teve dores de cabeça a não ser que tivesse algo. O mergulho no mar deve ter dado um resfriado a ela
- e a pulsação na sua cabeça não será piedosa.
CONTINUA
Raccoon Times - 24 de Julho de 1998
"Mansão de Spencer destruída em incêndio explosivo"
RACCOON CITY - Há aproximadamente 2 A.M. de Quinta-feira, os moradores do distrito de Victory Lake foram acordados por uma explosão que trovejou através do noroeste de Raccoon Forest, aparentemente causada por um incêndio que ocorreu na mansão abandonada de Spencer e aprimorada pelos produtos químicos guardados no subsolo. Devido às barricada colocadas no perímetro da floresta (por causa dos recentes assassinatos em Raccoon City), os bombeiros foram incapazes de salvar o que restou dela. Depois de três horas de batalha contra o fogo enfurecido, a mansão de trinta e um anos e a adjacente casa de empregados foram complemente arruinadas. Construída pelo Lorde Oswell Spencer, aristocrata europeu e um dos fundadores da companhia farmacêutica Umbrella Inc, a propriedade foi projetada pelo premiado arquiteto George Trevor como hospedaria para as pessoas importantes da companhia, mas foi fechada logo depois de finalizada por razões desconhecidas.
Segundo Amanda Whitney, porta voz da Umbrella Corporation, partes da mansão estavam sendo usadas para estocar agentes de limpeza industriais e solventes usados pela Umbrella. Whitney disse numa coletiva ontem que a companhia assumiria toda a responsabilidade pelo infeliz acidente, chamando-o de "um sério descuido de nossa parte. Esses produtos químicos deveriam ter sido tirados de lá há muito tempo, e nós estamos gratos por ninguém ter se machucado".Até agora, a causa do incêndio é desconhecida, e Whitney continuou dizendo que a Umbrella estará trazendo seus próprios investigadores para peneirar as ruínas esperando saber o ponto de origem do incêndio...
Raccoon Weekly - 29 de Julho de 1998
"S.T.A.R.S. tirado da investigação dos assassinatos"
RACCOON CITY - Num surpreendente pronunciamento de oficiais numa coletiva ontem, o Esquadrão de Táticas Especiais e Resgate (S.T.A.R.S.) foi oficialmente removido das investigações dos nove assassinatos brutais e cinco desaparecimentos que ocorreram nas últimas dez semanas. O membro do conselho da cidade, Edward Weist, citou incompetência como principal razão para a remoção do S.T.A.R.S.
Os leitores devem se lembrar que a primeira ação do S.T.A.R.S., depois de ser designado para cuidar dos casos na semana passada, foi vasculhar o noroeste da floresta pelos assassinos canibais. Weist declarou que foi a "conduta não profissional" que resultou na destruição de um helicóptero e na perda de seis dos onze membros, incluindo o comandante do S.T.A.R.S., Capitão Albert Wesker.
"Depois da má conduta na floresta", disse Weist "nós decidimos deixar o caso nas mãos do R.P.D.. Nós temos razões para acreditar que o S.T.A.R.S. deve ter ingerido drogas e/ou álcool antes da missão, e suspendido o uso de seus serviços indefinitivamente".
Weist estava acompanhado por Sarah Jacobsen (representando o Prefeito Harris) e o representante da polícia, J.C. Washington, para fazer o pronunciamento e responder perguntas. Nem o chefe da polícia, Brian Irons e nem os sobreviventes do S.T.A.R.S. podem ser alcançados para comentários...
Cityside - 3 de agosto de 1998
"Início do incêndio considerado acidental"
RACCOON CITY - Depois de uma completa investigação por oficiais dos bombeiros trabalhando com a IDS (Industrial Services Division / Divisão de Serviços Industriais) da Umbrella Inc., o incêndio que destruiu a mansão de Spencer foi causado pelo descuido de pessoa ou pessoas desconhecidas, como foi anunciado numa coletiva ontem. O líder da IDS, David Bischoff disse, "parece que alguém tentou começar uma fogueira em um dos quartos da mansão e a situação saiu do controle. Nós não encontramos nada que sugere um incêndio proposital ou uma brincadeira de algum tipo". Ele continuou falando que a destruição foi total, e não há evidências de que alguém foi pego pelo fogo ou pela explosão que se seguiu.
O Chefe Brian Irons do Departamento Policial de Raccoon City estava presente na conferência, e lhe foi perguntado se ele acreditava haver alguma conexão do incêndio com os assassinatos e desaparecimentos, e Irons respondeu que não há como ter certeza. "Até agora, tudo o que eu falar será só especulação - eu diria que o fato de os assassinatos terem parado desde a noite do incêndio, pode significar que os assassinos estavam escondidos lá. Nós só podemos esperar que eles tenham deixado a área para que em breve sejam presos".
Chefe Irons recusou comentar as acusações de má conduta do S.T.A.R.S. em sua breve atuação na investigação dos assassinatos, só dizendo que concordava com a decisão do conselho da cidade e que ações disciplinares estão sendo consideradas...
https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/2_CALIBAN_COVE.jpg
[1]
Rebecca Chambers estava andando de bicicleta na escuridão das ruas de *Cider District sob a luz da lua brilhando
no céu. Apesar de ainda ser cedo as ruas estavam desertas, obedecendo o horário de recolher da cidade.
Ninguém menor de dezoito anos deveria sair até que os assassinos sejam pegos e presos. Este tem sido um
tenso e quieto verão em Raccoon City...
Ela passou por casas silenciosas onde só a luz da televisão podia ser vista através da janela. As pessoas
aguardavam trancadas em suas casas esperando a notícia de que os assassinos foram presos e a cidade estava
à salvo.
Se eles soubessem...
Estes tem sido treze longos dias desde o pesadelo da mansão de Spencer. Jill, Chris, Barry e ela mesma foram
acusados de estarem drogados. Depois de serem afastados dos casos, até o RPD recusou a acreditar no
S.T.A.R.S.. Agora, com a Umbrella assumindo a investigação sobre o incêndio, provavelmente se livrando das
provas...
- Não seria tão simples. Uma das maiores e mais respeitadas companhias farmacêuticas do mundo fazendo
experiências com armas biológicas num laboratório secreto - Se eu não soubesse de nada, eu provavelmente
acharia isso uma loucura.
Rebecca e os outros devem se cuidar antes que algum agente seja enviado para atacá-los.
Ela estava usando um revólver snub-nosed. 38 da coleção de Barry esperando não precisar mais dela depois
desta noite.
Virando à esquerda na Rua Foster, Rebecca pedalou em direção a casa de Barry pensando que ele convocou a
reunião, provavelmente por que recebeu ordens do escritório principal.
Talvez eles me movam para algum laboratório, e estudar o vírus. Tecnicamente eu ainda sou uma Bravo; não há
motivo de me quererem no campo de batalha...
Sem dúvida esse seria o melhor modo de usar os meus talentos.
Os outros eram soldados experientes e Rebecca só está a cinco semanas no S.T.A.R.S.. Sua primeira missão foi
a de *Raccoon Forest que exterminou todos de seu time incluindo outros no segredo da Umbrella. Ela sabia que
trabalhando no T-virus seria a maior contribuição que ela daria para acabar com a Umbrella.
Rebecca parou no final do quarteirão, em frente a uma enorme casa de dois andares amarelo-claro no estilo
vitoriano, olhando em volta por algo suspeito antes de descer da bicicleta. Os Burton vivem próximo a um parque
cheio de árvores no subúrbio.
Levando a bicicleta até a varanda viu que se passaram vinte minutos desde a ligação de Barry.
Antes de bater na porta, ele a abriu. Vestindo uma camisa e calça jeans, ele a deixou entrar dando uma rápida
olhada antes de fechar a porta.
"Você viu alguém", Barry perguntou com sua Colt Python no coldre parecendo um cowboy.
"Não, ninguém". Ela respondeu.
"Chris e Jill estarão aqui a qualquer momento. Você quer um café?" Barry parecia tenso.
"Não, obrigado. Talvez água..."
"Sim, claro. Vá em frente e se apresente, eu voltarei num minuto".
Antes de perguntar se algo estava errado, ele foi para a cozinha.
"Me apresentar? O que está acontecendo?
Ela foi até a sala e parou assustada ao ver um homem estranho sentado no sofá. Ele se levantou assim que ela
apareceu. Ele usava jeans, camisa, sapatos e uma Beretta 9mm, padrão do S.T.A.R.S.. Era alto, fisicamente
como um nadador, olhos e cabelos escuros.
"Você deve ser Rebecca" ele disse revelando seu sotaque Britânico. "Você é a bioquímica, certo?"
"Trabalhando nisso. E você é..."
"Desculpe os meus modos, por favor. Eu não esperava... isto é, eu...? ele parou em volta da mesinha de centro
de Barry estendendo a mão. "Eu sou David Trapp, do S.T.A.R.S. Exeter em *Maine."
Ela se acalmou.
O S.T.A.R.S. mandou ajuda ao invés de ligar, ótimo.
"Então, você é algum observador ou algo assim?
"Como?"
"Para a investigação - há outras equipes aqui, ou você veio para checar antes..."
"Desculpe ter que que dizer isso Srta. Chambers. Eu tenho razões para acreditar que a Umbrella tem
chantageado ou subornado outros membros do S.T.A.R.S.. Não há investigação e ninguém está vindo".
Barry entrou na sala com o copo d'água e Rebecca o pegou agradecidamente, bebendo metade dele em um
gole.
"Ele te disse, né?" Barry disse.
"Jill e Chris sabem?" ela perguntou.
"Ainda não. Por isso eu liguei. Nós devemos esperá-los para não passar por isso duas vezes".
"Concordo". David disse.
Barry começou a contar como ele e David se conheceram no treinamento do S.T.A.R.S. quando jovens. David
ouvia enquanto Barry falava sobre a noite de graduação envolvendo um sargento mau humorado e várias cobras
de borracha.
- Dezessete anos atrás.
Ela deveria estar comemorando seu primeiro aniversário.
Bateram na porta, provavelmente os dois Alphas. Barry foi atender.
"Jill Valentine, Chris Redfield, este é o Capitão David Trapp, estrategista militar do S.T.A.R.S. Exeter em Maine".
David os cumprimentou e todos se sentaram.
"David é um velho amigo meu. Nós trabalhamos juntos no mesmo time por uns dois anos. Ele apareceu aqui há
uma hora com novidades e não achei que isso poderia esperar. David?".
"Como vocês devem saber, seis dias atrás, Barry ligou para vários departamentos do S.T.A.R.S. para saber se
alguma declaração foi recebida sobre o que aconteceu aqui. Eu recebi uma dessas ligações. Eu descobri que o
escritório de Nova York não contatou ninguém sobre a descoberta. Nenhum aviso ou memorando".
Após alguns minutos de discussão, David se levantou e disse:
"Parece que existe outro laboratório da Umbrella na costa de Maine, conduzindo experimentos com seus vírus - e
como aconteceu aqui, eles perderam o controle".
David virou-se para Rebecca e disse:
"Eu estou levando um time para lá sem autorização do S.T.A.R.S. e eu quero que você venha com a gente".
Chris ainda estava intrigado com a despreocupação do S.T.A.R.S. sobre o acontecido e agora outro laboratório!
E ele quer levar a Rebecca...
"Eu conversei com o pessoal do meu time e todos concordaram que vai ser difícil sem ninguém para nos dar
cobertura. Nós só queremos entrar, coletar algumas evidências sobre o T-virus e voltar antes que alguém saiba
que estamos lá".
"Eu também vou". Chris interrompeu.
"Todos nós vamos". Barry disse.
David balançou a cabeça. "Olha, essa não é uma operação em grande escala; cinco pessoas já estão escaladas.
A Rebecca tem o conhecimento que nós precisamos para achar os dados do vírus sabendo que sintomas
procurar".
Depois de muita conversa David consegue convencer os três Alphas a ficarem. Agora a escolha é de Rebecca.
"Que informações você tem?" Jill perguntou. "Como você descobriu sobre o laboratório?
David abriu sua pasta e tirou o que pareciam ser cópias de jornais e um simples diagrama. "Logo depois de ter
falado com o escritório central, eu recebi a visita de um estranho homem que dizia ser um amigo do S.T.A.R.S....
ele me disse que seu nome era Trent, e me deu tudo isso".
"Trent!". Jill disse.
--------------------------------------------------------------
*Cider District - Bairro Cider (Cidra).
*Raccoon Forest - Floresta que fica nos limites de Raccoon City.
*Maine - Estado que fica na costa leste dos E.U.A.
-------------------------------------------------------------- David olhou para ela intrigado. "Você o conhece?".
"Um pouco antes de nós decolarmos para resgatar o Bravo Team, Um homem chamado Trent me deu
informações sobre a mansão, e me alertou sobre o Wesker".
Barry continuou. "E Brad disse que Trent lhe deu as coordenadas da mansão logo depois de Wesker ter ativado o
sistema de destruição. Se ele não tivesse dito, nós teríamos explodido com o resto da casa".
Chris sentiu uma dor de cabeça. O S.T.A.R.S. trabalhando para a Umbrella, outro laboratório e agora o Trent de
novo.
David começa a lembrar do seu breve encontro com Trent há cinco dias atrás, tentando ver se esqueceu de
dizer alguma coisa.
Ele tinha chegado do trabalho e estava chovendo, uma tempestade de verão que amenizou a leve batida na
porta. David olhou no relógio e foi até a porta imaginando quem seria àquela hora da noite. Ele vive sozinho e não
tem família; devia ser do trabalho ou alguém com problemas no carro...
Abrindo a porta, ele viu um homem numa capa de chuva preta em sua varanda com água escorrendo pelo rosto.
"David Trapp?". Perguntou um homem alto e magro, alguns anos mais velho que David, quarenta e dois ou três.
"Sim?".
"Meu nome é Trent e tenho algo para você!".
"Eu te conheço?"
"Não, mas eu te conheço, Sr. Trapp. Eu também sei com o que você está lidando. Acredite em mim, você
precisará de toda a ajuda que conseguir".
"Eu não sei do que você está falando. Você deve ter me confundido com outra pessoa".
"Sr. Trapp, está chovendo e isso é para você."
Confuso, David abriu a porta e pegou o envelope. Assim que o fez, Trent se virou e foi embora.
Jill e Rebecca estavam estudando os mapas enquanto Barry e Chris trabalhavam nos artigos de jornal. Os quatro,
concentrados na pequena cidade costal Caliban Cove em Maine. Todos estavam preocupados com
desaparecimentos de pescadores locais, todos considerados mortos.
O mapa era do trecho costeiro da cidade. David pesquisou sobre ele e descobriu que foi comprada por um grupo
anônimo há alguns anos. Tinha um farol abandonado na beira norte da enseada, no alto dos rochedos que era
supostamente cheia de cavernas marítimas. Mostrava também algumas estruturas atrás e embaixo do farol,
descendo para um pequeno cais no sul. Estava escrito CALIBAN COVE em cima do mapa e abaixo, em letras
menores, UMB. PESQUISA E TESTE.
O terceiro papel que Trent deu era o que David não entendia. Havia uma lista de nomes.
LYLE AMMON, ALAN KINNESON, TOM ATHENS, LOUIS THURMAN, NICOLAS GRIFFITH, WILLIAM BIRKIN,
TIFFANY CHIN.
Jill pegou esse papel e leu.
"Alguma idéia do que isso significa?". David perguntou.
Jill falou sobre William Birkin, que constava no material que Trent havia dado a ela.
Rebecca pegou o papel assim que Jill olhou para David.
"Droga".
Todos olharam para ela.
"Nicolas Griffith está na lista". Rebecca disse.
"Você sabe quem é ele?". Perguntou David.
"Conheço, apesar de eu achar que ele estava morto. Ele era um dos maiores, um dos mais brilhantes homens na
biociência.
Se ele está com a Umbrella, nós temos mais com o que se preocupar do que o T-virus escapando. Ele é um
gênio no campo de virologia molecular - e se as histórias são verdadeiras, ele é totalmente louco".
"O que você pode nos dizer sobre ele?". David perguntou.
Ela bebeu o resto da água em seu copo e olhou para David. "O quanto você sabe sobre o estudo dos vírus?".
"Nada, por isso eu estou aqui". Disse David, sorrindo um pouco.
"Bom, os vírus são classificados pela estratégia de reprodução e pelo tipo de ácido nucléico (RNA ou DNA) - este é
o elemento especializado num vírus que autoriza a transferência do genoma para outra célula viva. Um genoma é
um simples grupo de cromossomos.
De acordo com a Classificação de Baltimore, existem sete tipos distintos de vírus, e cada grupo infecta certos
organismos de certo modo.
No começo dos anos sessenta, um jovem cientista de uma universidade particular na Califórnia desafiou a teoria,
dizendo que havia um oitavo grupo - os dsDNA e ssDNA que poderiam infectar qualquer coisa em contato. Ele era
o Dr. Griffith. A comunidade científica não aceitou a teoria".
Rebecca notou as expressões vazias no rosto dos colegas.
"Desculpa... Ele então, parou de tentar prová-la, sendo que muitas pessoas ainda estavam interessadas.
Ninguém mais ouviu falar nele. Meu professor, Dr. Vachss, disse que ele foi demitido da universidade por uso de
drogas, mas rumores diziam que ele estava fazendo experiências em alguns de seus alunos. Nenhum deles
falaria, mas um foi para o hospício e outro se suicidou. Isso nunca foi provado, mas depois disso ninguém o
contrataria".
"Acaba aí?". David perguntou.
"Não. No meio dos anos oitenta, um laboratório particular em Washington foi encontrado por policiais com três
homens mortos por uma infecção viral - foi o Marburg, um dos vírus mais letais que existe. Eles estavam mortos
há semanas; os vizinhos reclamavam do mau cheiro. Papéis encontrados pela polícia mostravam que os mortos
eram assistentes do Dr. Nicolas Dunne. Os três se infectaram por um vírus que eles entendiam ser inofensivo,
para que Dunne tentasse curá-los depois".
Rebecca lembrou das fotos das três vítimas do Marburg.
De uma dor de cabeça inicial para extremas amplificações em questão de dias. Febre, coágulo, estado de
choque, danos cerebrais, hemorragia por todos os orifícios - devem ter morrido em piscinas do próprio sangue...".
"E o professor achou que ele era Griffith?" Jill perguntou.
"O nome de solteira da mãe de Griffith era Dunne". Disse Rebecca.
Depois da história, todos se calaram e Rebecca começou a fazer sua decisão.
Ela sabe que o laboratório em Caliban Cove deve estar cheio de pessoas como Griffith. Sem a ajuda do
S.T.A.R.S. nenhum lugar é seguro, mas seria a chance dela contribuir, de fazer o que ela sabe. Seria uma
oportunidade de ouro estudar um vírus antes de alguém.
Rebecca suspirou fundo e disse com sua decisão feita.
"Eu vou com você. Quando iremos?".
Houve um silêncio na sala. Rebecca reparou as expressões no rosto deles até David falar.
"Certo, então. Tem um avião indo para *Bangor às 23:00. Eu acho que nós todos devemos fazer um plano aqui
e depois ir para casa".
Rebecca escutou Barry abrindo a janela e voltando para junto deles. Eles começaram a discutir sobre o que
fariam depois que Rebecca e David partirem.
Jill escutava a suave voz de David quando seu coração gelou ao ouvir sussurros nos arbustos no lado de fora da
janela que Barry abriu.
Umbrella.
--------------------------------------------------------------
*Bangor - Cidade do estado de Maine.
-------------------------------------------------------------- "Abaixem-se!". Jill gritou, saindo do sofá com Rebecca, assim que
a janela estilhaçou ao som de um rifle automático.
David foi para o chão enquanto balas atingiam a poltrona a qual estava. Tufos de almofada flutuavam enquanto
buracos enfumaçados apareciam na parede - reboque e madeira voando.
Houve um segundo de silêncio no tiroteio, suficiente para ouvir vidro quebrando nos fundos da casa.
A sala ficou escura assim que Barry atirou nas luzes. A luz do hall brilhava e mais tiros vinham do lado de fora.
Chris engatinhou sobre os cotovelos e joelhos e apagou as luzes adicionais. Agora está tudo escuro e o tiroteio
parou.
David escutou passos sobre o vidro vindos da cozinha que pararam logo depois. Devem haver mais dois cobrindo
as saídas. Mais passos na cozinha, devem estar esperando alguém se mover.
A visão de David se ajustou podendo ver Jill e Rebecca armadas do outro lado da mesinha.
A casa de Barry é a última da quadra e tem um parque logo atrás. Se eles conseguirem fugir, podem se
esconder nas árvores.
David correu para a porta da frente enquanto Chris e Jill atiravam na direção da cozinha. Atrás dele, Barry e
Rebecca corriam para a escada sob tiros. David estava a um passo da porta quando alguém a chutou, abrindo-a.
Ele se jogou na porta fazendo-a se fechar, depois rolou no chão e atirou cinco vezes. Algo pesado caiu na
varanda logo depois.
David viu Jill e Chris subindo - ao por o pé no primeiro degrau, houve uma explosão atrás dele. A porta da frente
foi destruída pelo time da Umbrella que procurava finalizar a batalha.
Dava para ver a luz da lua brilhando através da janela aberta. Jill já saiu e Chris na metade do caminho.
Ouviu-se vozes masculinas entrando pela porta da frente. Rebecca e Barry saíram.
Haviam árvores há uns vinte metros dali.
Um movimento no canto da casa e Rebecca não hesitou, atirando duas vezes - ele nunca mais se levantaria.
Nunca atirei em alguém antes.
Tiros vinham da janela - Rebecca podia senti-los acertando o chão perto de seus pés. Ela ouviu sirenes se
aproximando e segundos depois cantadas de pneu.
Chris chegou num parquinho seguido de Jill, Barry e Rebecca.
"Cadê o David?". Chris perguntou.
Procurando nas sombras, ouviu-se dois tiros. Um terceiro mais alto e mais perto. Exceto pelo barulho das sirenes
o parque estava quieto novamente.
Rebecca olhou sobre o ombro e viu David que ainda apontava sua Beretta para o atirador. Chris e Jill estavam
próximos a ela segurando suas armas - e do outro lado estava Barry espalhado no chão. Ele não estava se
movendo.
Houve escuridão e silêncio por um tempo indeterminado - e haviam vozes que flutuavam e não podiam ser
identificadas. De algum lugar bem longe, ele ouvia sirenes.
ele foi atingido
oh meu Deus
veja se está limpo
espera eu não consigo achar o ferimento me ajuda - Barry? Barry, você...
"Barry você pode me ouvir?
Barry abriu e fechou os olhos imediatamente, reagindo a dor em volta de sua cabeça. Mas havia outra dor em
seu braço esquerdo.
Baleado, deu de cara numa árvore... ou algum idiota com um bastão de baseball.
Ele tentava abrir os olhos enquanto mãos moviam-se sobre seu peito. As sirenes pararam por completo, apesar
de ainda se poder ouvir carros de polícia tomando conta da rua, o som de potentes motores ecoando através do
parque coberto de árvores.
"Braço esquerdo". Disse Barry começando a se levantar.
"Não se mexa". Rebecca disse firmemente. "Espere um segundo, tá bom? Chris, me dê a sua camisa".
"Mas a Umbrella". Barry falou.
"Tá tudo limpo". David disse, ajoelhando-se junto aos outros. "Agüenta firme".
Assim que ela terminou o curativo ele se levantou. Eles devem sair de lá antes que a polícia decida vasculha a
floresta - mas ir para onde? Nenhuma de suas casas eram seguras.
Todos estavam aliviados por não terem sido feridos, exceto David que parecia infeliz como Barry nunca o tinha
visto antes.
"O homem que atirou em você," David disse levantando uma nove milímetros com um supressor preso, sangue
pingando pelo cano da arma. "Eu o matei. Eu... Barry, era o Jay Shannon".
Barry ouviu as palavras não conseguindo aceitá-las. Era impossível. "Não, você não viu bem, está muito
escuro...".
David se virou e caminhou em direção as árvores. Barry o seguiu.
A bala da Beretta de David fez um buraco no coração do homem; foi um tiro de sorte. Olhando para a pálida face
do atirador, Barry sentiu seu coração virar pedra.
"Jesus, Shannon, por que? Porque?". Barry não se conformava.
"Quem é ele?". Jill perguntou suavemente.
Barry olhou para o homem morto incapaz de responder. David respondeu.
"Capitão Jay Shannon do S.T.A.R.S. de Oklahoma City. Barry e eu treinamos com ele."
Barry encontrou sua voz, ainda olhando para o rosto de Jay. "Eu liguei para ele semana passada, quando liguei
para David. Ele estava preocupado conosco, disse que ficaria de olho na Umbrella...".
...e nós conversamos mais alguns minutos, contando velhas histórias. Eu lhe falei que mandaria fotos das
crianças mas e ele disse que tinha que desligar por causa de um encontro...
A Umbrella deve estar por trás do ataque. A casa de Barry foi destruída por pessoas que ele conhecia, e ferido
por uma pessoa que achava ser um amigo.
O silêncio foi quebrado pelo barulho dos cachorros, que pela localização devem ser da unidade K-9 do RPD.
"Onde nós podemos ir?" David perguntou rapidamente. "Existe algum prédio vazio, algum lugar que a Umbrella
não pensaria em procurar... algum lugar que a gente pode ir a pé?".
Brad!
Brad saiu da cidade dois dias depois do incidente na mansão - não agüentou a pressão.
"Vamos lá". Disse David.
Barry conhecia o caminho para sair do parque. Ele costumava andar lá com a esposa ao lado e suas filhas
dançando ao seus pés.
Jill abriu a porta da casa de Brad facilmente. Rebecca examinava Barry enquanto Chris procurava uma camisa.
David e Jill vasculhavam a casa.
Era uma pequena casa de dois dormitórios e um jardim nos fundos. Haviam casas bem próximas a de Brad
evitando a aproximação de alguém. A mobília era simples. Objetos pessoais e livros estavam espalhados pelo
chão. Isso mostrava que o ocupante estava em pânico incapaz de decidir o que fazer para se distrair.
Naquela noite eles discutiram sobre o que o que falariam para a polícia. Rebecca e David se despediram e foram
embora.
No sorriso de Rebecca, David podia ver que ela sabia perfeitamente sobre os riscos da missão. Ele estava
satisfeito por a ter alistado. Ele só podia esperar que as habilidades dela sejam suficientes para colocá-los e tirá-los
inteiros de Caliban Cove.
[2]
Depois de reler as informações sobre Caliban Cove, Rebecca colocou os papéis cuidadosamente na mala debaixo
do assento de David. Ele trouxe três malas para o aeroporto, uma para as armas, já no bagageiro e outras duas
para não chamar a atenção.
Rebecca desejava ter comprado algumas bolachas no aeroporto, ela não comia desde o almoço e as nozes não
estavam matando a fome.
Ela apagou a luz de leitura e sentou novamente, tentando deixar o suave motor do 747 acalmá-la para um
cochilo. A maioria dos passageiros do quase cheio avião haviam adormecido, inclusive David. Rebecca tinha muito
o que pensar. Nos últimos meses ela se formou passando pelo treinamento do S.T.A.R.S. e foi transferida para
seu novo apartamento numa nova cidade. Depois veio a mansão e agora as últimas horas que deram outra
reviravolta em sua vida.
Ela virou a cabeça e viu David no assento da janela - círculos escuros de exaustão em seus olhos. Rebecca
fechou os olhos e respirou profundamente o ar fresco da cabine pressurizada. Ela pode sentir o cheiro de suor na
pele e decidiu que tomar um banho seria prioridade ao chegar no hotel.
Clareando sua mente, ela começou a contar de cem para um. A técnica de meditação nunca tinha falhado nela,
mas pode não funcionar desta vez...
... noventa e nove, noventa e oito, Dr. Griffith, David, S.T.A.R.S., Caliban...
Antes de noventa ela já estava dormindo profundamente, sonhando com sombras se movendo que nenhuma luz
podia iluminar.
Como ele fazia todas as manhãs desde o começo do experimento, Nicolas Griffith sentou na plataforma no topo
do farol e olhou o sol se elevar sobre o mar.
Griffith sempre vê o sol iluminar o horizonte antes de começar o seu dia. Assim que o sol se separou do mar, ele
levantou-se e caminhou para o parapeito com seus pensamentos voltados para o dia a frente. Tendo finalmente
terminado o trabalho sangrento na série Leviathan (Leviathan series), ele estava preparado para trabalhar mais
extensivamente com os doutores. Todos os três responderam bem à mudança, e a taxa de deterioração celular
caiu consideravelmente. Era hora de se concentrar na situação comportamental deles, o estágio final do
experimento. Em semanas, Nicolas estará pronto para expandir para além dos limites do laboratório.
O vento balançava seu cabelo cinza, o choro faminto as gaivotas finalmente o levou a ação. Os Trisquads tem de
ser levados para dentro antes que os pássaros cheguem. Algumas unidades já foram horrivelmente machucadas
e ele não quer pô-las em risco novamente. Uma vez perdido os olhos, eles seriam inúteis na patrulha.
Griffith se virou e com seu cabelo balançando desceu a escada em espiral. Seus sapatos contra o metal criavam
um eco na alta torre. Tendo o estabelecimento para si mesmo fazia tudo mais prazeroso - comer o que quiser na
hora que quiser, trabalhar em seu próprio horário, as manhãs no topo do farol... Ele sofreu por muito tempo
devido aos horários - intermináveis reuniões ouvindo seus "colegas" falarem sobre o T-virus de William Birkin. Eles
se escravizaram para aparecer com os Trisquads para a Umbrella que ficou felicíssima com os resultados,
aparentemente esquecendo o fracasso com os Ma7s. Eles eram incapazes de ver além de sua arrogância por
uma imagem maior...
Como se os Trisquads fossem nada mais do que corpos com armas.
Com as ondas quebrando, ele foi na direção dos dormitórios. Nicolas já sintetizou um aerotransmissível, e tem o
suficiente para contaminar a maior parte da América do Norte. Assim que o vírus fizer seu trabalho o sol nascerá
num mundo muito diferente, inabitado por pessoas de caráter e vontade.
Tire as habilidades do homem, sua mente fica livre. Com treinamento, se torna um animal de estimação; sem,
ele se torna um animal selvagem. Cubra o mundo com tais animais, e só os fortes sobreviverão...
Ele entrou no dormitório, ligou as luzes e viu seus doutores onde os havia deixado - sentados a mesa de olhos
fechados. Eles foram infectados pelo vírus que Nicolas usará, e estão perto do que o mundo se tornará em
alguns dias.
Além do laboratório de pesquisa, o estabelecimento foi projetado para treinar armas biológicas como os Trisquads
e os Ma7s. Há itens que podem ser usados, desde simples testes até complicados quebra cabeças.
Aproximando-se da mesa, Dr. Athens abriu os olhos, provavelmente para ver se havia perigo vindo. Dos três,
Tom Athens era o mais forte; ele foi um dos especialistas em comportamento. De fato, ele surgiu com a idéia de
uma equipe de três unidades, o Trisquad, insistindo que elas fariam um trabalho mais eficiente em pequenos
grupos. Ele estava certo.
Thurman e Kinneson permaneceram quietos. Griffith percebeu um cheiro ruim vindo de um deles. Olhando para
baixo, ele confirmou sua suspeita pelo molhado nas calças de Thurman.
De novo.
Louis Thurman foi um idiota, um biologista decente mas tão ridículo e intolerante como os outros. Ele criou a
maioria dos Ma7s, e quando se tornaram incontroláveis, botou a culpa em todo mundo menos nele. É mau que
um bom doutor não saiba o quanto patético está sendo.
"Bom dia senhores", Nicolas disse se afastando da mesa. Em harmonia, os três viraram a cabeça para vê-lo.
"Parece que o Dr. Thurman evacuou os intestinos. Está sentado na merda. É engraçado".
Os três sorriram largamente. Dr. Alan Kinneson sorriu disfarçadamente. Ele foi o último a ser infectado, sofrendo
menor deterioração do tecido. Alan ainda podia se passar por humano.
Griffith tirou o apito de polícia do bolso e colocou na mesa na frente do Dr. Athens. "Dr. Athens, tire os Trisquads
do dever. Atenda suas necessidades físicas e os envie para a sala fria. Quando terminar, vá para a cafeteria e
espere".
O apito desativaria as equipes e os chamaria para dentro. Tom Athens pegou o apito e saiu da sala pelo hall da
outra entrada do dormitório.
Haviam quatro Trisquads, doze unidades no total. Eles estão vagando pela mata junto a cerca ou se movendo
secretamente em volta do abrigo, tendo sido treinados para ficar fora da área nordeste do composto, farol e
dormitório. Eles eram bem eficientes nisso. A Umbrella queria soldados que matassem sem piedade, e lutassem
até que ,literalmente, explodissem em pedaços. Uma vez treinados com armas, os Trisquads se tornariam
máquinas de matar - com a recente onda de calor, Nicolas não sabe o quanto eles estão viáveis.
Ele voltou sua atenção para Louis Thurman que ainda sorria e fedia como um bebê. Ele nem se parecia com um -
gorducho e calvo, ele sorri como uma inocente e ingênua criança.
"Dr. Thurman, vá ao seu quarto, tire as roupas, tome um banho e ponha roupas limpas. Depois vá para as
cavernas e alimente os Ma7s. Quando terminar vá para a cafeteria e espere".
Depois que ele se levantou, Griffith viu que a cadeira de Louis estava suja. "Leve a cadeira e a deixe no seu
quarto".
Nicolas sentou-se perto de Alan Kinneson, sentindo-se cansado, observando as bonitas característica do doutor -
seus olhos expressivos. Ele olhou para Griffith esperando ordens. Alan já foi um neurologista. Haviam fotos no seu
quarto, da esposa e de seu bebê, um garoto com um brilhante e bonito sorriso.
Por um segundo Nicolas pensou.
Quantos morrerão? Milhões, bilhões?
"E se eu estiver errado?". Disse ele. "Alan, me diga se eu estou errado, que eu estou fazendo isso pelas razões
certas...?
"Você não está errado". Alan respondeu calmamente. "Você está fazendo pelas razões certas".
Griffith olhou para ele. "Me diga que a sua esposa é uma prostituta".
"Minha esposa é uma prostituta". Alan disse. Sem pausa. Sem dúvida.
Griffith sorriu e o medo foi embora.
Amanhã , ao nascer do sol, Nicolas Griffith dará o seu presente para o vento.
Karen Driver é a especialista em ciência forense do S.T.A.R.S.. É alta, de cabelos loiros e curtos, na faixa dos
trinta anos e séria. Sua pequena casa era bem limpa quase antissepticamente. Ela emprestou suas roupas para
Rebecca.
David tinha alugado um carro no aeroporto e eles acharam um hotel barato onde ficaram em seu quartos
separados. Rebecca só acordou depois das dez, tomou banho e esperou por David.
Ela ouviu a porta abrir e fechar, e novas vozes tomaram conta da sala. O time estava reunido.
Daqui algumas horas, tudo estará acabado. O que me preocupa é que David e seu time não viram os cachorros,
as cobras, as criaturas nos túneis... e o Tyrant.
Rebecca tirou as imagens da cabeça enquanto se levantava pondo as roupas sujas numa mala vazia. Não há
razões para ser diferente em Caliban Cove. Ela parou em frente o espelho, estudou a mulher que viu e foi para a
porta.
Chegando na sala viu que Karen trouxe cadeiras extras. Haviam dois homens no sofá do outro lado onde David
estava.
David sorriu enquanto os dois homens se levantavam para serem apresentados.
"Rebecca, este é Steve Lopez. Ele é um gênio em informática e nosso melhor atirador".
Steve tem olhos escuros, cabelos pretos e era uma pouco mais alto que ela. Não muito velho...
"- e este é John Andrews, especialista em comunicação e campo de escuta".
Sua pele era escura e não tinha barba, mas lembrava o Barry.
"Esta é Rebecca Chambers, bioquímica do S.T.A.R.S.". David terminou a apresentação.
John soltou a mão dela ainda sorrindo. "Bioquímica? Caramba, quantos anos você tem?".
Rebecca sorriu, percebendo o tom de humor nos olhos dele. "Dezoito. E três quartos".
John deu risadas enquanto voltava a se sentar. Ele olhou para Steve e depois para ela. "É bom ficar de olho no
Steve, então. Ele fez vinte e dois. E é solteiro".
"Fica quieto". Steve resmungou com suas bochechas coradas olhando para Rebecca e balançando a cabeça.
"Você vai ter que desculpar pelo John. Ele acha que adquiriu um senso de humor e ninguém pode contrariar".
"A sua mãe acha que eu sou engraçado". John retrucou, e antes que Steve pudesse responder David acabou
com o papo.
"Já chega". Disse. "Nós temos algumas horas para nos organizar se pretendemos fazer isso hoje.
A brincadeira dos dois foi bem-vinda por quebrar a tensão de Rebecca, fazendo com que se sinta uma do grupo
quase que instantaneamente. Assim que David começou a por as informações de Trent sobre a mesa, ela
começou a pensar sobre o que virá pela frente. Estando fora de algum organismo vivo, o vírus já pode ter
"morrido". Mas quem sabe se ele já contaminou alguém.
O vírus ainda infecta? Aquele lugar pode estar cheio de Tyrants... ou algo pior.
Rebecca não tem respostas para essas insistentes dúvidas. Ela dizia a si mesma que suas ansiedades não
interferiram em seu trabalho. E que a sua segunda missão não será a última.
"Nosso objetivo é entrar no complexo, coletar provas sobre a Umbrella e sua pesquisa, e sair com o mínimo de
problemas possível. Eu reverei cada passo a fundo e se algum de vocês tiver perguntas ou dúvidas sobre como
proceder, não importa o quanto insignificante, eu quero ouvi-las. Entendido?".
Todos concordaram e David continuou confortavelmente sabendo que chegou onde queria.
"Nós já discutimos algumas das possibilidades sobre o que pode ter acontecido lá, sendo que vocês já leram os
artigos. Eu digo que nós estamos lidando mais uma vez com algum tipo de acidente. A Umbrella se empenhou
bastante para encobrir o problema em Raccoon City".
"Por que a Umbrella ainda não enviou ninguém para Caliban Cove?". John perguntou.
"Quem sabe". Disse David. "Eles podem ter limpado as evidências - de qualquer modo, nós nos juntamos as
pessoas de Raccoon e nossos contatos para começar de novo".
Novamente todos concordaram. David olhou para o mapa.
"Ponto de entrada. Se esse fosse um ataque aberto, nós podíamos ir de helicóptero ou simplesmente pular a
cerca. Mas se ainda tiver gente lá e nós dispararmos o alarme, estará tudo acabado antes de começarmos.
Sendo que nós não queremos ser descobertos, nossa melhor opção é ir pelo mar. Podemos usar um dos barcos
da operação do petroleiro do ano passado".
"Eles não teriam um alarme no cais?". Karen perguntou.
"Eu não recomendaria usar o cais. Podemos ver no mapa que é possível esconder o barco em uma das cavernas
debaixo do farol. De acordo com o que eu li, existe uma entrada que liga a base dos rochedos ao farol. Se ela
estiver bloqueada, tentaremos outra caminho".
"O barco não chamará atenção se alguém estiver vendo?". Perguntou Rebecca.
"Ele é preto e o motor fica sob a água. Se a gente for à noite, devemos ficar invisíveis".
David esperou eles terminarem de pensar, não querendo apressá-los. Eles eram bons soldados - sua equipe. Se
algum deles tiver dúvidas, é bom esclarecê-las agora. Ele reparou na jovem face de Rebecca. Ele estava
começando a gostar dela, mais do que uma ferramenta para a missão...
"David colocou os pensamentos de lado e continuou.
"Vamos para os detalhes. Uma vez dentro, nos moveremos em fila através do complexo pelas sombras. Karen
ficará atrás de John procurando o laboratório e verificando o que pode ter acontecido. Steve e Rebecca os
seguirão. Eu irei logo atrás. Quando acharmos o laboratório, entraremos juntos. Rebecca saberá o que procurar
em termos de material, se tiver um sistema de computador funcionando, Steve pode verificar os arquivos. O
resto de nós dará cobertura. Terminando o serviço, nós voltaremos por onde viemos".
Todos revisaram o material de Trent.
"Nós podemos confiar nele? Karen perguntou.
"Parece que ele está do nosso lado em tudo isso. Sim". David respondeu vagarosamente.
"Quais são as chances de contrairmos o vírus?". Steve perguntou.
Rebecca respondeu. "Eu não posso dizer com certeza. Quando fui tirada do caso, eu perdi acesso às amostras
de tecido e saliva. Pelos efeitos, o T-virus é um mutagene que altera a estrutura do cromossomo do hospedeiro.
Pode contagiar plantas, mamíferos, pássaros, répteis etc. Em algumas criaturas ele pode promover um
crescimento incrível; em todos eles comportamento violento. Posso dizer que ele afeta o cérebro, pelo menos em
humanos - induz algo como uma psicose esquizofrênica. Ele também inibi a dor. As vítimas humanas que
enfrentamos não pareciam sentir ferimentos à bala. Na mansão, o vírus parecia ser aero-transmissível. Os
cientistas estavam, com certeza, usando o vírus em experimentos genéticos. E desde que nenhum de meu time
o contraiu, não precisamos nos preocupar com a respiração.
Nós devemos ficar de olho no contato com um hospedeiro, eu digo qualquer contato - essa coisa é bastante
virulenta ao entrar na corrente sangüínea. Uma gota de sangue pode conter centenas de milhões de partículas.
Qualquer contato com o vírus deve ser evitado a todo custo. Com sorte o vírus já deve estar morto... ou
deteriorando. Os hospedeiros, de qualquer modo".
Depois de um momento de silêncio John falou.
"Bom, parece um trabalho de merda. Se nós quisermos chegar lá a tempo, é bom sairmos logo". Ele disse
sorrindo para David. "Você me conhece, eu amo uma boa luta. Alguém tem que parar esses idiotas de espalhar
aquela coisa por aí, certo?".
Todos concordaram, mesmo sem saber o que viriam pela frente.
Olhando no relógio, David viu que faltavam algumas horas para embarcar. "Certo. É melhor a gente ir para o
depósito e "fazer as malas".
Karen estava na traseira da van carregando clips enquanto as misteriosas palavras da mensagem contida no
material de Trent se repetiam em sua mente.
... Ammon's message received / blue series/ enter answer for key / letters and numbers reverse / time rainbow /
don't count / blue to access.
Ela terminou um clip e colocou junto aos outros - secando suas mãos oleosas na calça ela pegou outro. Uma leve
brisa, cheirando sal e mar morno de verão passou pela quente van.
Eles passaram para o outro lado da estrada encontrando um lugar limpo para acampar a menos de dois
quilômetros da praia. Do outro lado o sol estava se pondo. O não tão distante som das suaves ondas estava
calmo - as baixas vozes dos outros trabalhando.
Steve e David estavam arrumando o barco, enquanto John mexia no motor. Rebecca arrumava um kit médico
que eles "pegaram emprestado" do depósito de equipamentos do S.T.A.R.S..
... as letras e números... um código? Tem a ver com o tempo? Contar? Seria a soma das linhas, ou outra coisa?
Ela não tirava isso da cabeça. As semi automáticas estavam limpas e prontas, e os clips carregados. Ninguém
estaria levando outras armas além das Berettas do S.T.A.R.S.. David insistiu para que viajassem leves. Depois de
ter ouvido mais sobre os zumbis, ela estava feliz por ter um revólver e uma lanterna.
Com um sentimento de culpa, Karen tirou do bolso do colete seu segredo, confortada pelo peso familiar na mão.
Deus, se o pessoal soubesse, eu nunca ouviria o final disso.
Foi dado pelo seu pai, o que sobrou do seu serviço na Segunda Guerra Mundial, um dos poucos itens que a
fazem lembrar dele - uma antiga granada abacaxi; chamada assim por causa do seu exterior feito de linhas
cruzadas. A granada era seu pé de coelho, ela não participou de uma missão sem ela.
"Karen, precisa de ajuda?".
Assustada, Karen olhou para Rebecca, que possuía um brilho de curiosidade nos olhos.
"Eu achava que não estávamos levando explosivos... isto é uma granada abacaxi? Eu nunca vi uma. Ela está
viva?".
Karen olhou em volta com medo de que alguém do time tivesse escutado - depois olhou para a bioquímica,
envergonhada.
"Shh! Eles nos ouvirão. Vem aqui um segundo". Karen disse. Rebecca, obedientemente, engatinhou para dentro
da van.
Karen estava absurdamente agradecida pela descoberta de Rebecca. Em sete anos de S.T.A.R.S., ninguém
havia descoberto.
"É uma abacaxi, e não estamos levando explosivos. Não diga à ninguém, tá? Eu carrego ela para dar boa sorte.
Rebecca arregalou os olhos. "Você carrega uma granada viva para dar sorte?".
"Sim, e se Steve ou John descobrirem, eles irão cair em cima de mim. Eu sei que é bobeira, mas é um tipo de
segredo".
"Eu não acho bobeira. A minha amiga Jill tem um chapéu da sorte...". Rebecca tocou a fita vermelha em sua
testa. "... e eu tenho usado isto por algumas semanas. Estava usando ela quando fui para a mansão".
Sua jovem face se fechou, e depois sorrindo novamente disse direta e sincera.
"Não direi uma palavra".
Karen decidiu que realmente gostava dela. Ela colocou a granada no bolso olhando para Rebecca. "Obrigado.
Bom, estão todos prontos lá?".
"Sim, acho. John quer conferir os fones de novo, fora isso, tudo está feito".
"Vá em frente e entregue as armas, eu pego o resto".
Rebecca ajudou Karen a descarregar assim que o sol sumia no horizonte. O vento ficou mais forte, a água mais
fria e as primeiras estrelas ficaram à vista sobre o Atlântico.
Eles andaram para a água em silêncio carregando suas armas. Assim que a luz do dia desapareceu John e David
deslizaram o barco na água, Karen colocou um gorro preto e deu um tapinha no pesado bolso para sorte, dizendo
a si mesma que não precisará usá-la.
A verdade está esperando. É hora de saber o que realmente está acontecendo.
[3]
Steve e David foram para a frente do barco com capacidade para seis pessoas. Rebecca e Karen foram logo em
seguida. John entrou por último e ao sinal de David, ligou o motor apertando um botão; era silencioso como David
havia falado.
"Vamos". David disse. Rebecca respirou fundo assim que eles rumavam para norte, em direção a ilha. Ela
procurava na escuridão por algum sinal que marcasse o começo do território particular, mas não conseguia
perceber nada. Estava mais escuro e frio o que ela esperava.
Rebecca viu um flash de luz enquanto David erguia o binóculo de visão noturna em busca de movimento na
costa.
"Eu vejo a cerca". David disse suavemente.
Ela voltou sua atenção para a costa, imaginando o quanto estavam perto. Já se podia ouvir a água se chocando
com as rochas.
"Há uma doca". Disse David. "John, vire a estibordo, duas horas".
Houve um som de metal raspando na madeira - não haviam barcos que se pudesse ver.
Rebecca deu uma olhada na escuridão e só viu o contorno de uma estrutura que poderia ser um galpão onde os
barcos ficam. Não era possível ver as outras construções do mapa de Trent. Eram seis estruturas além do farol.
Cinco delas espalhadas ao longo da enseada, dispostas em duas linhas paralelas - três em frente e duas atrás. A
Sexta estrutura estava atrás do farol. Todos esperavam que essa fosse o laboratório; eles conseguiriam o que
precisam sem procurar no complexo inteiro.
"A casa dos barcos é de madeira, as outras parecem ser de concreto. Eu não... esperem". O sussurro de David
se tornou urgente. "Alguém... duas, três pessoas vieram de trás de um dos prédios".
Rebecca sentiu um estranho alívio fluindo através dela - alívio, desapontamento e uma súbita confusão. Se houver
pessoas, o T-virus pode não ter sido solto. Isso significa que o complexo está ocupado e as patrulhas tornarão a
operação impossível.
Por que está tão escuro? E por que tudo parece morto aqui, tão vazio?
"Vamos abortar?". Karen cochichou, e antes que David pudesse responder, Steve respirou forte fazendo o
sangue de Rebecca congelar.
"Três horas, grande, oh Jesus é imenso".
BAM!
O barco foi atingido e mergulhado na turbulenta água do mar.
A água o envolveu, gelada e salgada, queimando os olhos de David que perdido, ofegava.
Onde está... o time, onde está.
David girou em volta, respirando profundamente, e ouviu uma tosse a sua esquerda.
"Vá para a costa", ele disse girando em um círculo, tentando achar suas posições, achar a da criatura.
O barco estava a dez metros atrás dele, de ponta cabeça. A força do ataque os jogou longe, mais perto da ilha.
Viu duas figuras entre ele e a costa. Ele não podia ver a coisa que acertou o barco mas esperava sentir a mordida
a qualquer momento.
"Vão para a costa". Disse de novo.
"David". John aterrorizado gritou de além do barco que boiava.
"Aqui! John, por aqui, siga a minha voz!".
John foi na direção de David que nadava para a praia rochosa. Ele viu o topo da cabeça de John aparecer, viu
seus braços baterem na escura água.
"Siga-me, estou bem aqui".
Uma gigante sombra ergueu-se atrás de John à uns três metros, arredondada e impossível. Os eventos
aconteceram como num sonho em câmera lenta na frente dos olhos de David.
Ele viu grossos e pontiagudos tentáculos de cada lado, perto do topo de sua erguente sombra.
Tentáculos não, antenas.
E percebeu que estava vendo a barriga de um monstruoso animal que não podia existir, tão grande como uma
casa. O corte negro de sua boca abriu, revelando afiados dentes do tamanho de um punho humano.
Quando aquilo vier abaixo, John será engolido pelas fortes garras. Ou esmagado. Ou levado para o fundo - uma
refeição afogada para a criatura.
No instante que ele viu os fatos, já estava gritando.
"Mergulhe! Mergulhe!".
A aberração estava caindo, seu corpo de serpente envolveu o frenético nadador. David reparou nos bulbosos
olhos, cada um do tamanho de uma bola de vôlei... e a criatura caiu, mandando explosivas ondas no ar. Antes
que David pudesse respirar, uma tremenda onda o atingiu, levando-o violentamente para trás.
Houve um momento de pressa assim que ele lutava contra a força exercida em seus membros, tentando achar
ar na envolvente corrente.
Chutando violentamente, ele voltou à tona sentindo o frio ar batendo na sua pele - e as mornas mãos humanas
puxando seus ombros.
Ele respirava convulsivamente enquanto suas botas raspavam nas rochas, e a voz de Karen atrás dele.
"Peguei ele".
David pegou fôlego e se virou. Pessoas molhadas estavam estendendo as mãos, Steve e Rebecca.
Meu Deus, John.
"Eu estou bem". David disse. "John... alguém está vendo ele?".
Ninguém respondeu.
"John!". Ele chamou, tão alto quanto podia, procurando e nada vendo.
"John". Ele chamou de novo - esperança diminuindo.
"O que?". Uma voz estrangulada veio das rochas à esquerda deles.
David respirou aliviado assim que a figura pingando de John saia das sombras.
Steve foi em sua direção, agarrando seu braço e o apoiando nas rochas.
"Eu mergulhei". John disse.
David se virou olhando para cima, para o complexo, além da fatia de praia coberta de pedrinhas. Eles estavam na
base de uma pequena queda angulosa, no local plano. O choque do monstruoso peixe - se puder ser chamado
assim - não era mais importante. Eles estavam fora da água agora.
Eles nos viram? Não podemos ficar aqui...
"A casa dos barcos". David disse virando a sul. "Rápido".
Karen pegou a dianteira, os outros a seguiram de perto. Ninguém parecia seriamente ferido. David correu depois
de John, com suas pernas doendo.
Assim que eles subiram as pedras, David ouviu um ruído abafado de metal, viu Rebecca abraçando o pacote de
munição em seu peito. Ele sentiu novas esperanças; se eles pudessem vê-las em algum lugar seguro...
A construção estava à frente, à direita, quieta e escura, a porta fechada de frente para a doca de madeira. Não
dava para saber se estava vazia à apenas dez metros de distância.
Sem escolha.
"Fiquem abaixados". David disse em voz baixa e todos foram na direção do lugar.
Karen abriu a porta. Nenhum alarme disparou. Steve e Rebecca foram atrás dela, depois John, depois David que
fechou a porta de madeira.
"Fiquem aonde estão". Disse suavemente. Fora a respiração de todos o local estava quieto. Mas havia um cheiro
horrível no ar, um cheiro de algo morto a algum tempo...
O fino raio de luz cortou a escuridão, revelando uma grande e quase vazia sala sem janelas. Cordas e coletes
salva-vidas pendurados por estacas de madeira, uma bancada corria o comprimento de uma parede, alguns
serrotes e prateleiras desorganizadas...
-meu Deus -
A luz congelou na outra porta da sala, diretamente em frente a que eles entraram. O raio de luz iluminou um
corpo nu e um casaco de laboratório esfarrapado com manchas de óleo. Fibras secas de músculo saiam de uma
face não muito sorridente.
O corpo foi pregado na porta, uma mão fixada mostrando um aceno de boas-vindas. Aparentemente, morto a
semanas.
Steve sentiu algo subindo em sua garganta. Ele engoliu, desviando o olhar, mas a grotesca imagem já estava
fixada em sua mente - a face sem olhos e de pele descascada...
Jesus, isso é alguma piada? Steve sentiu-se tonto.
Por alguns segundos ninguém falou, até que David começou a falar baixo com a mão sobre a luz.
"Vejam seus cintos e soltem seus clips. Eu quero status agora, danos depois equipamento. Respirem fundo,
todos. John?".
A voz de John surgiu à esquerda de Steve. Karen e Rebecca estavam à sua direita. David ainda na porta.
"Eu estou com meleca de peixe no corpo, mas estou bem. Estou com a minha arma mas perdi a lanterna. Tal
como os rádios".
"Rebecca?".
"Estou bem... hum, minha arma está aqui, lanterna e kit médico... ah, e munição".
Steve se checou enquanto ela falava, segurando sua Beretta, ejetando o clip molhado e pondo-o em um bolso.
Havia um lugar vazio em seu cinto onde a lanterna deveria estar.
"Steve?".
"É, sem ferimentos. Arma mas sem luz".
"Karen?".
"Também".
Os dedos de David se moveram, permitindo a leve luz se espalhar pelo lugar. "Ninguém está ferido e ainda
estamos armados; podia ter sido pior. Rebecca, passe os clips, por favor. A cerca não deve estar a mais de
cinqüenta metros a sul daqui, e há árvores suficientes para cobrir desde que ninguém nos tenha visto".
Steve pegou três clips de Rebecca, agradecido. Colocou um na arma.
Ótimo, bom, vamos detonar. Primeiro aquela coisa que quase nos comeu, agora Sr. Morte dando um tchauzinho
como se quisesse dizer oi...
Steve não é assustado facilmente, mas sabia do perigo quando a viu.
David se aproximou do corpo decomposto, um olhar de nojo cobriu sua face. "Karen, Rebecca, venham ver isso.
John pegue a luz de Rebecca e veja se consegue achar algo de útil com Steve".
John pegou a lanterna e andou com Steve pela longa bancada.
"O T-virus não fez isso". Rebecca disse. "Padrão de decomposição todo errado...".
Silêncio, então Karen falou. "Vê aquilo? David me dê a lanterna por um segundo".
John direcionou a luz sobre a suja tábua da bancada. Um copo de café quebrado. Uma pilha de nozes
engorduradas e dardos no topo de um alvo. Uma chave de fenda elétrica empoeirada e gumes num pano
manchado.
Nada, não tem nada aqui. Nós devíamos sair desse lugar antes que alguém venha dar uma olhada...
John abriu a gaveta e a revirou enquanto Steve tentava descobrir o que estava numa prateleira. Atrás deles,
Karen falava.
"Ele não estava morto quando foi pregado, eu diria que estava perto. Inconsciente. Não há machucados;
sugerindo que ele não lutou... e tem marcas de raspagem aqui e aqui; eu diria que ele foi baleado pela porta de
trás e arrastado".
John terminou a varredura na gaveta e eles prosseguiram - o som de botas contra o chão de madeira. Um grupo
de soquetes de tomada. Um rádio barato. Um saco de papéis amarrotados perto de um lápis.
Algo esbarrou nos pensamentos de Steve fazendo-o parar, olhando para o saco. O lápis...
Ele pegou o papel amassado. Haviam várias linhas escritas perto do final da folha.
"Ei, achamos alguma coisa". John disse baixo, iluminando o papel enquanto os outros vinham. Steve leu em voz
alta, iluminando as palavras. Não havia pontuação; ele fez de tudo para fazê-las.
"... 20 de Julho. A comida estava drogada, estou enjoado - eu escondi o material para você, dados enviados. Os
barcos estão afundados e ele deixou os..."
Steve franziu as sobrancelhas incapaz de ler a palavra.
Tris... Tris-Squads?
"Os barcos estão afundados e ele deixou os Trisquads fora - escuro agora, eles virão, eu acho que ele matou o
resto - pare-o - Deus sabe o que ele pensa em fazer. Destruir o laboratório - encontrar Krista, diga a ela que sinto
muito, Lyle sente muito. Eu quero - ".
Não havia mais nada.
"A mensagem de Ammon". Karen disse suavemente. "Lyle Ammon".
Não precisava ser detetive para descobrir quem estava pendurado na porta. Ele tem uma identidade agora. E a
mensagem que Trent deu a David estava tão estranha porque o pobre homem estava dopado ao mandá-la.
"Bom em dar um nome a face, hein?" John disse sem nenhum sorriso.
O que é um Trisquad? Quem é "ele"?.
"Talvez a gente deva olhar em volta mais um pouco". Rebecca disse, mas David balançou a cabeça.
"É melhor deixar para lá. Nós vamos...?
Ele parou de falar quando pesados passos soaram no lado de fora da porta a qual vieram. Todos congelaram,
ouvindo. Outros passos, e quem quer que sejam, não estavam tentando esconder sua aproximação.
Eles pararam na porta - e ficaram lá, sem tocar na maçaneta, sem chutar a porta e sem outro som. Esperando.
David circulou o dedo no ar, apontando para Karen e depois para a porta com o corpo de Lyle Ammon. O sinal
para sair, Karen primeiro.
Todos seguiram em direção do corpo, Steve respirava pela boca a cada "creck" que faziam.
Assim que Karen abriu a porta, o silêncio foi quebrado por tiros de uma metralhadora - vindo da direção de sua
rota de fuga.
[4]
Karen pulou assim que balas perfuravam a porta. Pedaços de carne podre voavam do corpo de Ammon; o corpo
dançava num ritmo de ação macabra.
Quem quer que esteja atirando, está se aproximando. Os tiros ficavam mais altos e estilhaços de carne e
madeira os atingia. Estavam encurralados; ambas as saídas bloqueadas.
Rebecca agarrou com força sua Beretta na mão esperando um sinal de David. Ele apontou para noroeste do
complexo gritando para ser ouvido sob os tiros.
"Rebecca, a outra porta! John, Karen, próximo prédio! Steve, nós cobrimos! Vão!".
Steve e David saltaram fora e começaram a atirar. John e Karen saíram correndo, desaparecendo
instantaneamente na escuridão.
Rebecca mirou na porta de trás, seu coração pulando na garganta. As paredes tremiam.
"Morre! Jesus, porque eles não morrem?" Steve gritou atrás dela, fazendo seu sangue gelar com o tom de terror
em sua voz.
Zumbis?
Sem tirar os olhos da porta, Rebecca gritou o mais alto que pode.
"Na cabeça! Mire na cabeça!".
Não havia como saber se eles escutaram.
"Rebecca, vamos!".
Ainda sob o som de tiros de metralhadora, ela olhou para trás e viu Steve atirando em algo e David sinalizando
para ela se mover.
Ela foi na direção da porta com o corpo ainda pendurado. A cabeça parecia uma abóbora podre, dentes
estilhaçados, pegajosos pedaços de pele radiando de trás da cabeça. A mão não estava mais conectada ao
braço, o *Rádio e a *Ulna estouraram. O corpo estava lá como alguma decoração obscena, acenando...
Steve atirou de novo e o som da metralhadora cessou. Ele ergueu a arma, e assim que abriu a boca para dizer
algo -
- a porta de trás estraçalhou - balas voando através do escuro numa chama de fogo laranja. David a puxou para
porta e ela correu, o som de nove milímetros soou atrás dela.
Ela correu a toda velocidade, seus sapatos molhados socando o chão rochoso, procurando o contorno de um
grande bloco de concreto e as finas árvores que circundavam a escuridão à frente.
"Aqui".
Ela desviou em direção ao chamado, viu a silhueta de John no canto de um prédio. Aproximando-se dele, viu a
porta aberta, Karen em pé na entrada com sua arma em direção a casa dos barcos. Balas ainda cantavam no
escuro.
"Entre!". Karen gritou saindo do caminho.
Rebecca correu sem diminuir até estar dentro. Ela colidiu com uma mesa, batendo dolorosamente sua coxa na
quina.
Virando, viu Karen atirando e John berrando. "Vamos, vamos!".
E Steve passou pela porta respirando. Ele parou antes de atingir Rebecca - uma mão agarrando seu colete.
Rebecca foi até a porta de aço assim que David a cruzou dizendo:
"Karen, John!".
Karen recuou para o escuro, arma ainda erguida. Houve mais três disparos de uma Beretta e John entrou.
Rebecca fechou a porta. O leve "click" da tranca foi dificilmente ouvido pelos ouvidos que apitavam. Do lado de
fora os tiros pararam. Não houve vozes entre os agressores, alarme, latidos de cachorro ou gritos de feridos.
O silêncio era total, quebrado apenas pela respiração no úmido e quente escuro.
Um raio de luz revelou as faces chocadas do time assim que David iluminou seu esconderijo.
Uma sala de meio tamanho, cheia de mesas e computadores. Não haviam janelas.
"Você viu aquilo?". Steve disse para ninguém. "Deus, eles não iam cair, você viu aquilo?".
Ninguém respondeu, e apesar de estarem fora de perigo, Rebecca não sentiu sua adrenalina diminuir, não sentiu
seu coração voltar a nada próximo do normal; parece que a Umbrella encontrou uma nova aplicação para o
T-virus.
E gostando ou não, nós teremos que lidar com as conseqüências.
Eles estavam presos em Caliban Cove. E lá, as criaturas tinham armas.
David respirou fundo e exalou pesadamente, iluminando a porta. "Eu diria que fomos descobertos. Poderíamos
ver no que entramos. Rebecca, acenda as luzes".
Ela apertou o botão na parede e a sala se iluminou, acima fluorescentes pulsando para a vida. David avaliou seu
time e viu que Steve tinha uma mão no peito.
"Você está ferido?".
"O colete a segurou". Ele disse parecendo mais sufocado que os outros, sua face mais pálida do que devia.
Rebecca olhou para David que respondeu com um balanço de cabeça.
"Cheque-o. Mais alguém?".
Ninguém respondeu enquanto Rebecca pedia a Steve para tirar o colete. David virou-se e olhou a sala. Haviam
seis mesas de metal, cada uma com um computador. As paredes de cimento eram planas e não tinham
decorações. Tinha outra porta na parede oeste que deve se aprofundar mais no local.
"Karen, proteja aquela". Ele disse. "Não parece que estamos encarando um acidente. O que o bilhete dizia? A
comida estava drogada e alguma coisa sobre um "ele" matando os outros... é possível que nós não estejamos
olhando para uma contaminação do T-virus?".
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* Rádio e *Ulna - Ossos que compõem o antebraço.
-------------------------------------------------------------- Rebecca terminou de examinar o peito de Steve, o expert em
informática estava sentado em uma das mesas na frente dela. "Você está bem. Nada quebrado".
Ela voltou para David. "É, se isso tivesse acontecido, aquele cara na porta, Lyle Ammon, teria sido infectado. Mas
os Trisquads - se eles são o resultado de experimentos com o T-virus, eles já estariam podres agora. Já se
passaram três semanas desde que o bilhete foi escrito. Pode ser um vírus diferente ou alguém esteve cuidando
deles. Manutenção de enzimas, talvez algum tipo de refrigeração".
"E se esse "alguém" ficou bravo e matou todo mundo, pra que perder tempo?". David falou.
"Aquele corpo". Karen disse. "E a criatura ou criaturas lá fora. É como se ele esperasse alguém vir..."
"... mas não significa para nós ir muito longe". John terminou.
"Então o que fazemos agora?". Steve perguntou.
David não respondeu, incerto sobre o que dizer. "Eu... nossas opções são ir embora ou ir mais adentro". Disse
calmamente. "Considerando o que aconteceu, eu não me sinto confortável visitando esse lugar. O que vocês
querem fazer?".
David olhou de face em face, esperando ver raiva e desprezo mas ficou surpreso pelo sorriso de Karen.
"Já que você perguntou, eu quero saber o que aconteceu aqui". Karen disse brilhante e ansiosa.
"É, eu também. Eu ainda quero ver o T-virus". Rebecca disse.
"Eu ainda quero destruir mais desses Tri-boys". John disse sorrindo. "Caramba, zumbis com M-16 - noite do
esquadrão dos mortos-vivos".
"Eu também quero". Steve disse. "Voltar não é muito seguro. Não foi do jeito que eu queria, mas pegar provas
sobre a Umbrella era o plano original... sim, eu quero pegar esses desgraçados".
David sorriu. Ele tinha acabado de subestimar a situação, ele gravemente subestimou sua equipe.
"O que você quer fazer?". Rebecca perguntou de repente. "Mesmo".
A pergunta o surpreendeu de novo, não porque ela perguntou, mas sim porque ele não tinha resposta. Ele
pensou no S.T.A.R.S., em sua carreira e tudo o que isso já lhes custou. Estudou o curioso olhar dela e sentiu os
outros o olhando, esperando.
"Eu quero que nós sobrevivamos". Ele finalmente disse, verdadeiramente. "Eu quero que façamos isso fora
daqui".
"Amém". John resmungou.
David lembrou do que disse à Chris para conseguir a aprovação dessa operação, algo sobre cada um deles fazer
o melhor que puder para ter sucesso contra a Umbrella.
Aprenda, Capitão...
"John, você e Karen, dêem uma olhada neste lugar, vejam as portas e estejam de volta em dez minutos. Steve,
ligue um desses computadores e veja se consegue achar um plano detalhado das áreas. Rebecca, nós veremos
as mesas. Nós queremos mapas, dados sobre os Trisquads, T-virus e qualquer coisa pessoal sobre os cientistas
que possa nos dizer quem está por trás disso tudo".
David olhou para eles, percebendo que foi claro. "Vamos lá".
Eles iriam derrubar a Umbrella.
Dr. Griffith pode não ter percebido a falha na segurança se não fosse pelos Ma7s; eles pareciam úteis apesar de
não ser essa sua intenção.
Ele passou a maior parte do dia no laboratório. Uma vez que ele decidiu soltar o vírus, não restava mais nada a
fazer. As horas voaram; cada olhada no relógio era uma surpresa. Ele seria o primeiro a transformar o mundo.
Com aquilo na sua frente, a única tarefa com que se preocupar é levá-lo para o topo do farol. Logo depois do
amanhecer ele dará as instruções finais para os doutores - e assim orgulhosamente guiar a espécie humana para
dentro da luz, para o milagre da paz.
Foi o pensamento dos Ma7s finalmente terem amanhecido dentro das cavernas, que o despreocupou. Ele já
cometeu esse erro com os Leviathans; ao assumir o controle do complexo, ele abaixou os portões da enseada,
esperando que as criaturas sintam-se tão livres quanto ele. Foi no dia seguinte que ele percebeu que a Umbrella
poderia descobrir e vir dar uma olhada, colocando um fim em seus planos. Ele continuaria mandando relatórios
semanais para maquiar a situação, mas não teria como explicar a "fuga" de quatro criaturas. Foi sorte de os
Leviathans terem voltado.
Os Ma7s eram um problema totalmente diferente. Eles eram imprevisíveis e violentos demais para ficarem do lado
de fora. Mas deixá-los morrer de fome nas jaulas não parecia certo; não foi a escolha deles de existir como
armas de destruição.
Ele ficou em frente ao portão externo por um tempo, considerando o problema dos cinco animais se atirarem uns
nos outros. Havia uma tranca manual perto de lá, e outra no laboratório. Não há modo de soltá-los do farol e
certamente não podem sair até Nicolas ficar em segurança. Ele poderia mandar um dos doutores para isso, mas
os Ma7s tem um metabolismo muito mais lento que o dos humanos.
Um mês antes da tomada do complexo, Dr. Chin e dois de seus veterinários cometeram um erro ao tentar
examinar um doente; foi um modo muito ruim de morrer.
Ele sentou em frente do computador olhando para o cursor que piscava indicando "sistema em uso" num dos
abrigos. Não havia chance de ser um erro, exceto pelos terminais do laboratório, o resto foi desativado semanas
atrás. A Umbrella veio.
Eles NÃO vão, NÃO vão me parar.
A primeira emoção foi raiva, uma fúria que o fez perder a razão.
Ainda haviam dois outros terminais no laboratório e ele andou rapidamente para um deles, olhando os doutores
sentados e quietos. Ele sentiu um ódio por eles, por criar os Trisquads; os "invencíveis" guardas que falharam na
hora em que mais precisou.
Ele sentou, ligou o computador e esperou impaciente pela silhueta do guarda-chuva girando acabar. O sistema de
segurança do complexo ficava no laboratório; de lá ele é capaz de ver o que o intruso está procurando sem
alertá-lo de sua presença.
Ele digitou várias senhas, esperou, depois digitou seu número. Após breves pausas, brilhantes linhas verdes de
informações encheram a tela. Ele conseguiu.
Olhando para as informações, ele pensou porque alguém da Umbrella estaria procurando pelo laboratório. Está
procurando no lugar errado. Os projetistas do sistema não eram idiotas, não há mapas deste lugar nos
arquivos...
... e a Umbrella saberia disso. Significa que...
O alívio passou por ele, tão puro que ele riu. Não era a Umbrella e isso muda tudo. Mesmo se eles tentarem
achar o laboratório, nunca entrariam sem um key card (cartão-chave). E Griffith destruiu todos.
Exceto o de Ammon. Nunca foi encontrado.
Ele gelou, depois balançou a cabeça. Ele havia procurado em todo lugar pelo cartão, quais as chances de um
invasor achá-lo.
E quais as chances de passarem pelos Trisquads, hein? E o que Lyle fazia nas horas em que você não o achava?
E se ele mandou alguma mensagem? Você só verificava transmissões para a Umbrella, mas se ele contatou mais
alguém?
O computador começou a mostrar informações sobre os testes de socio-psicologia que Ammon projetou. Griffith
sentiu seu controle diminuir de novo.
Eu sou um cientista, não um soldado. Eu nem sei atirar, lutar! Eu seria inútil em combate...
Imprevisível, incontrolável.
Um sorriso surgiu em seu rosto. Sangue escorria, da palma da mão, de onde suas unhas perfuraram, mas não
sentiu dor.
Seu olhar voltou-se para o aberto e silencioso laboratório. Depois para as vazias e estúpidas faces dos doutores.
Para os cilindros de ar comprimido e para o vírus, seu milagre. E finalmente para os controles que dão para a jaula
dos animais.
Nicolas sorriu largamente. O sangue pingou no chão.
Deixe-os vir.
Steve leu em voz alta. Rebecca viu David olhando para o relógio e para a porta várias vezes. Ela não achava que
se passou dez minutos, mas estava perto. John e Karen ainda não voltaram.
"... onde cada um é projetado para medir a aplicação de lógica, assim que um índice de técnicas de projeção
forem combinadas com precisão...".
Deve ser um relatório sobre a análise de algum teste de Q.I.. Deve ter sido escrito por um cientista. Ainda assim
foi o que apareceu quando Steve perguntou por informações sobre a série azul (blue series).
Alguém esvaziou a sala, e fez um bom trabalho. Ela achou livros, grampeadores, canetas, lápis, elásticos e clips
de papel, mas nenhum pedaço de papel escrito.
A busca no computador de Steve não estava indo bem; nenhum mapa e nada do T-virus. Quem quer que tenha
assumido o controle do lugar, acabou com tudo o que eles poderiam usar.
Exceto aquele teste de psicologia que nem se quer mencionou a palavra azul.
Steve apertou uma tecla e brilhou.
"Aqui vamos nós... a série vermelha (red series), quando vista de uma escala padrão, é mais básica e simples,
com um quociente de inteligência 80. A série verde (green series)...".
Ele parou. "Apagou tudo".
Rebecca desviou o olhar da mesa quase vazia a qual vasculhava quando viu David se juntando a Steve.
"Rebecca". David a chamou.
Ela fechou a gaveta e foi até Steve, curvando-se para ler o que estava escrito na tela.
O homem que o faz não precisa. O homem que o compra não o quer. O homem que o usa não sabe.
"É uma charada". David disse. "Algum de vocês sabe a resposta?".
Antes que algum deles pudesse responder, Karen e John voltaram para a sala, ambos segurando as armas.
Karen segurava um papel rasgado numa mão.
"Tudo checado". John disse. "Seis salas, nenhuma janela e só uma porta externa a norte".
"Haviam porta-arquivos na maioria delas, mas estavam vazios - exceto por este papel que achei preso na fenda
de uma gaveta".
Ela deu o papel a David que o viu, seu olhar tornando-se intenso. "Isso é tudo que havia lá?".
"Sim, mas é suficiente, não acha?".
David começou a ler alto.
"Os times continuam a trabalhar independentemente e tem mostrado um notável melhoramento desde a
modificação na *sinapse auditiva.
Na Ocasião Dois, quando mais de um Trisquad está presente, o segundo time (B) não atacará enquanto o
primeiro (A) estiver concluindo. (quando o alvo parar de se mover ou de emitir som).
Se o alvo continuar fornecendo estimulo e o A tiver suspendido o ataque (falta de munição ou defeito em todas
as unidades), B entrará em ação. Se estiverem por perto, patrulhas adicionais vão ser incluídas no ataque e serão
ativadas em sucessão.
Até agora, nós não temos expandido a habilidade sensorial para atingir o comportamento desejado; o estímulo
visual da Ocasião Quatro e Sete continuam improdutivas, apesar disso nós infectaremos um novo grupo de
unidades amanhã e correlacionar os resultados no final da semana. É nossa recomendação que continuemos a
desenvolver capacidade auditiva antes da implantação do detector de calor".
"Aqui é onde está rasgado". David disse.
"Isso explica muito. Por que o time na porta de trás da casa de barcos não fez nada?; o de fora ainda estava
atirando. Depois que você e Steve os derrubou eles entraram num segundo". Karen disse.
Rebecca não estava gostando; a Umbrella continua fazendo experiências em humanos. Em Raccoon, o T-virus
levou de sete a oito dias para contaminar de vez o hospedeiro, e em um mês já caia aos pedaços.
Ela mordeu o lábio, imaginando o que os cientistas de Caliban Cove fizeram com o vírus. E se eles aceleraram o
processo de infecção...
"O sinal da porta norte dizia que estamos no bloco C". John disse. "Você achou um mapa?".
Steve respondeu. "Não, mas dê uma olhada. Eu perguntei por informações sobre a série azul, e esse relatório de
testes de Q.I. apareceu - depois isso. Não consegui mais nada".
John olhou para a tela. "... homem que o fez não precisa, compra, não quer, usa, não sabe...".
Karen, que relia o papel rasgado, levantou os olhos com extremo interesse. "Espere, eu conheço essa aí. É um
caixão".
Steve digitou caixão. Nada mudou.
"Tente " *esquife". Rebecca sugeriu.
Assim que Steve digitou e apertou "enter", a charada foi substituída por:
SÉRIE AZUL ATIVADA.
Em seguida:
TESTES QUATRO (BLOCO A), SETE (BLOCO D), E NOVE (BLOCO B) / AZUL PARA ACESSAR DADO (BLOCO E).
"Azul para (blue to) - a mensagem de Ammon". Karen disse rapidamente. "É isso - a mensagem recebida falava
sobre a série azul, depois dizia, entrar com a resposta para senha". A resposta era esquife".
"E os números dos testes são a senha". David disse. "Tinham mais três coisas na mensagem antes de "azul para
acessar". Devem ser as respostas dos testes - as "letras e números ao contrário", "tempo arco-íris" e "não
conte".
David pegou uma caneta e virou o papel do relatório. A informação agora faz sentido. Ele desenhou cinco caixas
em duas linhas, igual o mapa de Trent, nomeando-a mais ao sul como C. Depois ele temporariamente nomeou os
outros, começando pelo topo à esquerda como A e indo para a direita e depois para a esquerda, pondo os
números dos testes perto de cada letra.
"Supondo que este seja o lado de cima e que nós precisamos resolver os testes em ordem, nós iremos nos
mover em zig-zag entre os blocos". David explicou.
"E supondo que os Trisquads não tenham problema com isso". John disse suavemente.
Rebecca sentiu sua excitação diminuir - pode ver a mesma expressão em seus colegas. Ela sabia que eles teriam
que partir, mas não queria pensar nisso até estar lá.
Agora está. E os Trisquads estão esperando.
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*Sinapse - Relação de contato entre os detritos das células nervosas.
*Esquife: Sinônimo de "caixão" (fúnebre).
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[5]
Eles pararam na porta norte no escuro e abafado corredor, apertando os cadarços, ajustando os cintos e
recarregando as armas.
"Você, Steve e Rebecca com o da esquerda, noroeste daqui. Daremos um tempo, depois Karen e eu sairemos.
Se você estiver certo, estaremos no bloco D; se estiver de ponta-cabeça, bloco B.
De qualquer modo, nós procuraremos o número do teste, e esperaremos vocês nos darem o "vai em frente".
John explicou.
"E se eu não...".
Karen interrompeu dizendo: "Se a gente não o ver em meia-hora, voltaremos aqui e esperaremos por Steve e
Rebecca. Completaremos os testes se for possível".
"Certo". David disse. "Ótimo".
Eles estavam preparados. Haviam infinitas variáveis da equação que poderiam tornar o simples plano, difícil.
"Alguma pergunta antes de irmos?".
Rebecca começou a falar com preocupação. "Eu quero lembrar a todos para terem bastante cuidado com o que
tocarem, ou o que os tocarem. Os Trisquads são portadores, então tente não se aproximar deles, principalmente
se estiverem feridos".
David pensou nas centenas de milhões de partículas do vírus que poderiam haver numa gota de sangue...
Todos esperaram por seu sinal. Ele deixou os pensamentos de lado e colocou a confiança na sua arma, tocando
a maçaneta da porta.
"Prontos?". Com silêncio, agora, no três - um... dois... três".
Ele abriu a porta e saiu para o quente ar da noite ouvindo o barulho das ondas. Estava mais claro do que antes. A
quase lua-cheia havia se erguido, iluminando o complexo. Nada se moveu.
Bem na frente dele a uns vinte metros estava o destino de Karen e John. Tinha uma porta de frente para o bloco
C; eles não precisarão contornar o prédio para entrar.
David saiu da porta para a sua esquerda, encostado na fina sombra da parede. Ele podia ver a frente do prédio
que esperava ser o A, alto, pinheiros à esquerda e atrás dele. Havia uma porta no meio dele, e nenhuma
proteção ao longo dos trinta e pouco metros que os separavam. Uma vez fora de C, eles estarão totalmente
vulneráveis.
Ele respirou fundo e correu abaixado para a porta do bloco. Seu corpo esperava por uma rajada de balas; a
aguda dor que o levaria para o chão. Mas estava silencioso. Os Segundos demoraram uma eternidade para a
porta ficar mais perto, maior...
Então a maçaneta estava sob seus dedos sendo girada, entrando numa sufocante escuridão - virando, viu
Rebecca e Steve chegando.
David fechou a porta rapidamente e sem fazer barulho, sentindo o vazio da sala, a falta de vida - e então o
cheiro o atingiu.
Era o mesmo cheiro da casa dos barcos só que cem vezes mais forte. David conhecia o cheiro. Se deparou com
ele numa floresta na América do Sul, num acampamento cultista em *Idaho e no porão da casa de um serial
killer. O cheiro de podridão era inesquecível.
Quantos haverão aqui?
O raio de luz rasgou a escuridão e encontrou uma pilha de corpos que tomava conta de um grande depósito, não
havia como ter certeza de quantos corpos estavam lá; eles já estavam derretendo uns nos outros, a carne negra
e enrugada dos corpos empilhados no úmido calor. Talvez quinze, talvez vinte...
Steve se afastou e vomitou - um grosso som na quieta sala.
David procurou no resto da sala, encontrando uma porta com a letra A escrita em preto.
Sem olhar para o monte, ele levou Rebecca para a distante porta agarrando Steve.
Eles saíram num corredor sem janelas, e tinha um interruptor de luz perto da porta. David o ignorou por um
momento, esperando seus jovens colegas se acalmarem.
Parece que os funcionários da Umbrella de Caliban Cove foram encontrados.
Karen e John esperaram um minuto depois que os outros foram. Abriram a porta o suficiente para ouvir. O ar
passou pela abertura. Ao longe o barulho das ondas mas nenhum tiro, nenhum grito.
Karen fechou a porta e olhou para John. "Já devem ter entrado. Quer ir na frente ou prefere que eu vá
primeiro?".
"As minhas mulheres sempre vão primeiro". Ele sussurrou. "Isso quando eu vou junto, se é que você me
entende".
"John, só responda a pergunta".
"Eu vou. Espere até eu atravessar, depois siga".
Ela se afastou para deixá-lo passar.
Assim que ele colocou a mão na maçaneta, respirou fundo e a girou. Nenhum som, nenhum movimento lá fora.
Segurando sua Beretta, ele se afastou do prédio e moveu-se rapidamente para a porta a uns vinte passos à
frente.
Alcançando a porta, tocou a fria tranca de metal - ela não se moveria. Estava trancada.
Sem pânico. Ele fez um sinal para Karen esperar e seguiu para a sua direita. Fez a curva sentindo o duro concreto
contra o seu ombro esquerdo e coxa.
Tinha outra porta de frente para o mar.
Rat - atat - atat - atat!
As balas acertaram o chão. John recuou encostando-se na parede, agarrando a fechadura. Vindo da direção da
casa dos barcos, um fila de três - John abriu a porta e pulou atrás dela, ouvindo o ping-ping-ping delas
esmagando o metal, parando a centímetros de seu corpo.
Ele segurou a porta aberta com os pés, deu uma rápida olhada e mirou no flash de luz, apertando o gatilho
enquanto pedaços de concreto e poeira vinham da parede.
Outra olhada e a fila estava mais perto, as três figuras ganhando forma. John atirou novamente pelo espaço da
porta - e quando olhou de novo, só haviam dois em pé.
John virou e viu mais dois a uns três metros no canto nordeste do prédio, ambos com metralhadoras.
Mas não se mexeram para atirar.
As M-16 ainda estavam se aproximando, mas ele só via as criaturas lá em pé, balançando em instáveis pernas.
O da esquerda tinha só metade da face; do nariz para baixo era uma líquida e polpuda massa de pele, pedaços
escuros pendurados por fibras de carne. O da direita parecia intacto até ele ver sua barriga; a mole e saliente
cobra de intestinos através de sua camisa ensangüentada.
Não vai atacar enquanto A estiver terminando.
Bam! Bam!
Karen.
John recuou para dentro do prédio, segurou a porta aberta contra o par que ainda atirava. Ele mirou
cuidadosamente. Nenhuma das criaturas se mexeu para se proteger, só ficaram lá, o observando.
Dois tiros certeiros na cabeça explodiram sob o som das metralhadoras. Antes deles caírem no chão, John ouviu
outro tiro de nove milímetros.
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*Idaho - Estado dos E.U.A.
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Ele olhou em volta da porta e viu as figuras do time ativo a uns trinta metros, um deles ainda atirava com a arma
apontada para o céu.
Karen surgiu de entre os prédios com a arma ainda apontada para o convulsivo atirador, de costas para John.
"Não atire nele! Aqui, deixa ele!".
Ela virou para John e ambos entraram no bloco. Assim que ela fechou a porta o som da metralhadora cessou.
A respiração irregular de Karen quebrou o silêncio da escura sala.
"Ei John, foi bom para você?".
Ele piscou os olhos registrando as palavras vagarosamente.
"Indo Primeiro". Ela completou. "Foi como você esperava?".
"Não teve graça". Ele disse.
Um pouco depois eles começaram a rir.
Enquanto eles se moviam pelo corredor, Rebecca pensava em Nicolas Griffith, sobre a história das vítimas do
Marburg - e não haviam provas de que ele está por trás do massacre do pessoal da Umbrella, ela não conseguia
abalar o pensamento de que ele é o responsável.
O corredor os levou através de várias salas, tão sem vida quanto as do bloco o qual vieram. Eles passaram pela
saída no lado mais distante do bloco e depois de outra curva no corredor, finalmente chegaram a uma outra porta
marcada com a letra A, e embaixo, 1-4. Haviam três triângulos debaixo dos números, cada um com cores
diferentes - vermelho, verde e azul.
David abriu a porta, revelando um hall. Rebecca viu mais triângulos coloridos na porta 1 à direita. Outra não tinha
nada.
"Eu fico com o teste". David disse. "Steve, você e Rebecca verão a outra porta. Nos encontraremos aqui".
Rebecca balançou a cabeça e viu Steve fazer o mesmo. Ele parecia um pouco pálido, mas forte o suficiente. Ele
soltou o olhar ao perceber que ela o estava observando. Rebecca sentiu uma simpatia por Steve, percebendo que
ele estava envergonhado por ter jogado o almoço fora.
Os dois abriram a porta e saíram numa outra sala sem janelas, abafada e quente como o resto do lugar.
Rebecca acendeu as luzes e um grande escritório cheio de estantes, apareceu. Uma mesa de aço ficava no
canto próxima a um porta - arquivos com as gavetas vazias e abertas.
"Você quer a mesa ou as estantes?". Steve perguntou.
"Acho que as estantes". Rebecca escolheu.
Ele sorriu quase tímido. "Melhor assim. Talvez eu ache algumas balas de hortelã numa das gavetas".
Rebecca sorriu agradecida pela brincadeira. "Guarde uma para mim".
Eles se olharam, ainda sorrindo - e Rebecca sentiu um calafrio de excitação através do corpo.
Steve desviou o olhar primeiro com a cor de suas bochechas mais rosas do que antes. Ele foi para a mesa e
Rebecca para a fileira de livros, sentindo-se um pouco corada. Havia uma definitiva atração lá, e parecia ser
comum.
Os livros eram sobre o que ela esperava. Química, biologia, modificação de comportamento e vários boletins
médicos.
Ela correu a mão, puxando os livros. Talvez haja algo escondido atrás de um deles.
... sociologia, *Pavlov, psicologia, psicologia, patologia -
Ela parou, olhando um fino livro preto entre dois grandes. Sem título. Ela o pegou e sentiu seu coração acelerar ao
abrir o pequeno livro, vendo as rabiscadas letras escritas à mão.
Ela viu "Tom Athens" escrito em letras boas na capa de dentro.
Um dos caras da lista, um dos cientistas!
"Eu achei um diário". Ela disse. "É de uma das pessoas da lista do Trent, Tom Athens".
Steve tirou os olhos da mesa. "Mesmo? Vá para o final, qual é a última data?".
"Diz 18 de julho - mas não parece que ele o mantinha certo. A data antes dessa é 9 de julho...".
"Leia a última inscrição". Talvez nos diga o que está acontecendo". Steve disse.
Ela foi para a mesa e inclinou-se nela, limpando a garganta.
"Sábado, 18 de Julho. Esse foi um longo e ridículo dia, o fim de uma longa e ridícula semana. Eu juro por Deus, eu
vou bater no Louis se ele convocar mais uma reunião. Foi para adicionar ou não outra Ocasião no programa
Trisquad, como se precisássemos de outra. Tudo o que ele queria era tê-la no papel, e o resto foi seu besteirol
de sempre - a importância do trabalho em equipe, a necessidade de compartilhar informações, então nós todos
podemos "ficar no rumo certo". Quer dizer, Jesus, é como se ele não conseguisse viver sem o seu nome no
semanal.
Ele não tem feito nada desde o desastre do Ma7, exceto por tentar e convencer todo mundo de que a culpa foi
de Chin. É o fim da picada...
Alan e eu falamos sobre os implantes ontem, está indo bem. Ele vai descrever a proposta esta semana, e NÃO
deixaremos Louis tocá-lo. Com sorte, conseguiremos a luz verde no fim do mês. Alan acha que os White boys
vão querer fazê-los antes de Birkin, só Deus sabe porque; B. não dá a mínima para o que fazemos aqui, ele está
longe de ser brilhante de novo. Eu tenho que admitir, eu quero saber qual será sua próxima síntese; talvez nós
devemos malhar alguns dos nossos Trisquads.
Houve um pequeno susto no D na Quarta-feira, na 101. Alguém deixou o refrigerador aberto, e Kim jurou que
estavam faltando alguns produtos químicos. Estou começando a achar que ela errou na contagem de novo. É
difícil de acreditar que ela está encarregada do processo de infecção. Ela é negligente para cuidar do equipamento.
Estou surpreso por ela não ter infectado o complexo inteiro. Deus sabe que há o bastante para isso.
Eu mesmo deveria conferir o D, para ter certeza de que está tudo pronto para amanhã. O Griffith tem pedido
para observar o processo; primeira vez que ele se interessou pelo que estamos fazendo. Eu sei que é idiota, mas
eu ainda quero que ele seja impressionado; ele é tão brilhante quanto Birkin, em seu próprio modo pavoroso. Eu
acho que ele até intimida Louis, e Louis é geralmente burro demais para isso.
Mais tarde.".
O resto das páginas estavam em branco. Rebecca olhou para Steve, incerta sobre o que fazer, sua mente
trabalhando para juntar os pedaços de informações relevantes. Havia algo lá que a incomodava.
Elementos químicos faltando. Processo de infecção. O brilhante e pavoroso Dr. Griffith...
Agora ela não tem mis dúvidas de que Griffith matou os outros, mas não foi o que a fez dizer em voz alta. Foi...
"Bloco D". Steve disse. "Se nós estamos em A, Karen e John estão no D".
Onde há T-virus suficiente para infectar o complexo inteiro. Onde o processo de infecção aconteceu.
"Nós devemos contar para o David". Rebecca disse. Steve concordou. Eles foram para a porta. Rebecca
esperando que John e Karen não achassem a sala 101 - e se achassem, que não tocassem em nada.
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*Pavlov - Fisiologista russo, ganhador do prêmio Nobel.
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A sala de teste era grande, três das paredes marcadas com linhas formando três cubículos. Acendendo a luz, ele
viu que os testes estavam claramente numerados e marcados com cores, os símbolos pintados no chão de
cimento em frente de cada um.
Todos os testes da série vermelha estavam à sua esquerda, mais perto da porta. Ele viu blocos brilhantes e
coloridos, simples figuras nas mesas em cada cubículo que passou, indo para o fundo da sala. A série verde
estava demarcada na parede oposta. Ele a ignorou completamente.
A parede de trás era marcada com triângulos azuis. O teste número quatro ficava no distante canto direito.
Aproximando-se do fundo da sala, ele ouviu um fraco ruído de força vindo da área azul. Havia um pequeno
computador na mesa do teste número dois. Um teclado e um fone na do três. Como prometido, as séries
estavam ativadas.
Ele parou em frente do último cubículo, voltando sua atenção para a tarefa. Ele não estava certo sobre o que
veria, mas o tipo do teste o surpreendeu. Uma mesa e uma cadeira de metal cinza. Na mesa havia um bloco de
papel, um lápis e um tabuleiro de xadrez com todas as peças no lugar. Assim que ele entrou no cubículo, viu uma
placa de metal na superfície da mesa com números marcados nela.
David sentou na cadeira olhando para os números.
9-22-3 // 14-26-9-16-8 // 7-19-22 // 8-11-12-7
Olhou para o tabuleiro e então de volta aos números. Nada mais para ver; isso era tudo. Ele ordenou
rapidamente as dicas da mensagem de Ammon, imaginando qual seria a resposta. Era "letras e números ao
contrário" ou "não conte"? não parecia ser nada relacionado com o tempo ou arco-íris, tinha que ser um dos
dois...
Se as linhas estão na mesma ordem que os testes, este é letras e números ao contrário. Mas que letras, não
tem nenhuma.
David sorriu de repente sacudindo a cabeça. Os números na placa não são maiores que 26; era um código, e
bem simples.
Ele pegou o lápis, escreveu o alfabeto e o numerou de trás para a frente; A era 26, B 25 até Z, 1.
David começou a decifrar a mensagem.
R... E... X... M...
A última letra era T. Ele olhou para a frase e depois para o tabuleiro. Parecia que alguém tem senso de humor.
REX MARKS THE SPOT
"Rex" significa "rei" em Latim.
Branco sempre começa, então...
Ele tocou o rei branco. Assim que o dedo dele tocou na peça, ela girou em volta e ficou de frente para as costas
do tabuleiro. Ao mesmo tempo, um suave som musical veio de cima. Ele olhou para o teto e viu um alto falante.
Nada mais aconteceu, nenhuma luz piscando ou passagens secretas atrás da parede. Aparentemente ele
passou.
Parecia ser um complicado teste para alguém supostamente tão burro quanto o zumbi de um Trisquad. Os
cientistas deviam ter planos para algo mais... inteligente...
David levantou e foi para a frente da sala - assim que a porta abriu. Rebecca e Steve entraram com expressões
amedrontadas.
"O que foi?"
Rebecca ergueu o livro falando rápido. "Ele diz que o vírus foi usado para infectar os Trisquads no bloco D, na sala
101. Tudo pode estar bem a não ser que John ou Karen tocaram algo contaminado".
Foi o bastante. "Vamos!".
Eles correram pelo caminho a qual vieram em direção a saída.
Eles estavam no iluminado corredor no centro do bloco D, silenciosamente escutando pelo som que os diria sobre
a chegada de David. De lá eles eram capazes de escutar uma das três portas externas sendo usadas. Depois de
vasculharem o prédio e achado a sala do teste, ela e John liberaram todas as portas de saída.
Karen olhou no relógio e esfregou os olhos, sentindo-se cansada por tudo o que aconteceu naquela noite, e ainda
enjoada pelo que acharam na sala 101.
Até John estava mais quieto do que o normal. Não fez uma piada desde que voltaram para esperar.
Talvez ele esteja pensando nas macas com sangue. Ou nas seringas. Ou no equipamento médico amontoado na
pia...
Eles encontraram a sala do teste primeiro, uma grande sala cheia de pequenas mesas, cada uma marcada com
números entre cinco e oito; Karen ficou desapontada de algum modo por ver que o número sete da série azul era
só um punhado de ladrilhos coloridos com letras neles - metade deles de cabeça para baixo e ilegíveis. As cores
correspondiam às do arco-íris, apesar de ter duas peças violeta a mais no monte.
Desde que eles não podiam bagunçá-lo até David completar o primeiro teste, ela sugeriu voltar e explorar o resto
do bloco.
Eles passaram por alguns escritórios vazios e uma cafeteria bagunçada, onde acharam uma caixa de rosquinhas
incrivelmente mofadas. Foi o laboratório químico que os disse sobre o tipo de lugar que a Umbrella criou. Karen
não acreditava em fantasmas mas a sala deu uma sensação jamais experimentada; era fria, simples e
assombrada pelo medo e pelo o frio; à moda de um cientista nazista cometendo atrocidades contra o
companheiro.
"Você está pensando naquela sala?". John perguntou.
Karen acenou mas não disse nada.
... a porta da sala 101 estava claramente marcada com um símbolo de risco biológico, fazendo eles discutirem
sobre entrar ou não. John dizia que o ambiente poderia estar contaminado.
Karen dizia que nenhum deles tem cortes ou arranhões, e que poderiam achar algo sobre o T-virus. A verdade
era que ela não queria deixar essa oportunidade passar; queria ver o que estava atrás da porta fechada, porque
estava lá.
John tinha finalmente concordado e eles entraram, pisando numa pequena passagem que estava cercada de
folhas de plástico pesado. Haviam chuveiros acima e um ralo no chão; uma área de descontaminação.
Uma segunda porta dava para uma sala que os levou para o sonho de um cientista maluco.
Vidro triturando sob os pés. Um cheiro de suor sob o odor de água sanitária...
John acendeu as luzes e antes da grande sala poder ser vista, Karen sentiu seu coração acelerar. Se parecia com
outros laboratórios a qual ela trabalhou; bancadas e estantes, pias de metal e um grande refrigerador de inox no
canto com uma trava na maçaneta. E de algum modo - o lugar era tão familiar. Um lugar que ela sempre se
sentia em casa.
As pequenas diferenças eram as mais dramáticas. A sala era dominada por uma limpa mesa de autópsia,
adaptada com amarras de velcro. Haviam outras duas macas de hospital, adaptadas do mesmo jeito, junto a
ela.
Ao se aproximar de uma delas, Karen viu uma escura e seca marca na ponta; o fino colchão estava ensopado de
sangue no lugar onde os tornozelos e pulsos de um homem deviam ficar.
No fundo da sala estava uma jaula do tamanho de um closet. Próximo a ela, vários postes finos apoiados na
parede com aproximadamente um metro de comprimento - cheio de agulhas hipodérmicas.
Esses são tipos de instrumentos usados para dopar animais selvagens.
Karen olhou para a maca, tocando levemente a seca mancha, imaginando que tipo de pessoa participou de um
experimento como esse. A mancha seca de sangue era velha e empoeirada fazendo-a pensar sobre como as
vítimas sofreram esperando na jaula, provavelmente observando alguns homens de luvas injetando um vírus
mutante em um ser humano amarrado...
O olho direito de Karen coçou, tirando sua concentração dos terríveis pensamentos, trazendo-a de volta para o
presente. Ela o esfregou, e depois olhou no relógio de novo. Se passaram apenas vinte minutos desde que o time
se separou.
O som de uma das portas foi ouvido, seguido pelo grito de David através do corredor. Ele veio pela entrada
oeste.
"Karen, John!".
John olhou para ela, que sentiu uma onda de alívio. David estava bem.
"Aqui! Continua andando!". John respondeu. "Vire à direita!".
David apareceu dentro de alguns segundos, sua face coberta de preocupação.
"Está tudo...". Karen começou a perguntar mas foi interrompida por David.
"Vocês acharam a sala 101?".
"Sim, no oposto de onde você veio". John disse sorrindo.
"Algum de vocês tocou algo? Vocês tem cortes ou pequenos ferimentos que podem ter entrado em contato com
alguma coisa?". David falou rápido. "Nós achamos um diário dizendo que essa sala era usada para infectar
Trisquads".
John sorriu de novo. "Sério. Nós descobrimos isso em uns dois segundos".
Karen ergueu as mãos para David vê-las. "Nenhum arranhão".
David exalou forte. "Graças à Deus. Eu pensava no pior vindo para cá. Nós achamos os cientistas no bloco A;
Ammon estava certo, ele os matou - e o nosso "ele" agora tem um nome. Rebecca está certa de que é Nicolas
Griffith. Ele foi o cara que ela reconheceu da lista do Trent. Ele tem uma história e tanto, ela te conta quando nos
reagruparmos...".
"Caramba David, eu não sabia que você se preocuparia. Ou que você achasse que nós seríamos burros o
bastante para nos espetarmos com agulhas sujas, num lugar como esse".
David riu. "Por favor, aceitem as minha sinceras desculpas".
"Onde o Steve e a Rebecca estão?". Karen perguntou.
"Provavelmente na próxima área do teste. Eu os vi entrando no bloco B antes de vir aqui... vocês acharam o
teste sete?"
"Por aqui". John disse assim que eles caminhavam pelo corredor. Ele começou a contar a luta que tiveram contra
os Trisquads.
Karen seguiu, esfregando a chata coceira em seu olho direito. Ela deve tê-lo irritado com tantas cutucadas.
Parece estar piorando. E para completar, sentiu uma dor de cabeça chegando.
Ela nunca teve dores de cabeça a não ser que tivesse algo. O mergulho no mar deve ter dado um resfriado a ela
- e a pulsação na sua cabeça não será piedosa.
CONTINUA
Raccoon Times - 24 de Julho de 1998
"Mansão de Spencer destruída em incêndio explosivo"
RACCOON CITY - Há aproximadamente 2 A.M. de Quinta-feira, os moradores do distrito de Victory Lake foram acordados por uma explosão que trovejou através do noroeste de Raccoon Forest, aparentemente causada por um incêndio que ocorreu na mansão abandonada de Spencer e aprimorada pelos produtos químicos guardados no subsolo. Devido às barricada colocadas no perímetro da floresta (por causa dos recentes assassinatos em Raccoon City), os bombeiros foram incapazes de salvar o que restou dela. Depois de três horas de batalha contra o fogo enfurecido, a mansão de trinta e um anos e a adjacente casa de empregados foram complemente arruinadas. Construída pelo Lorde Oswell Spencer, aristocrata europeu e um dos fundadores da companhia farmacêutica Umbrella Inc, a propriedade foi projetada pelo premiado arquiteto George Trevor como hospedaria para as pessoas importantes da companhia, mas foi fechada logo depois de finalizada por razões desconhecidas.
Segundo Amanda Whitney, porta voz da Umbrella Corporation, partes da mansão estavam sendo usadas para estocar agentes de limpeza industriais e solventes usados pela Umbrella. Whitney disse numa coletiva ontem que a companhia assumiria toda a responsabilidade pelo infeliz acidente, chamando-o de "um sério descuido de nossa parte. Esses produtos químicos deveriam ter sido tirados de lá há muito tempo, e nós estamos gratos por ninguém ter se machucado".Até agora, a causa do incêndio é desconhecida, e Whitney continuou dizendo que a Umbrella estará trazendo seus próprios investigadores para peneirar as ruínas esperando saber o ponto de origem do incêndio...
Raccoon Weekly - 29 de Julho de 1998
"S.T.A.R.S. tirado da investigação dos assassinatos"
RACCOON CITY - Num surpreendente pronunciamento de oficiais numa coletiva ontem, o Esquadrão de Táticas Especiais e Resgate (S.T.A.R.S.) foi oficialmente removido das investigações dos nove assassinatos brutais e cinco desaparecimentos que ocorreram nas últimas dez semanas. O membro do conselho da cidade, Edward Weist, citou incompetência como principal razão para a remoção do S.T.A.R.S.
Os leitores devem se lembrar que a primeira ação do S.T.A.R.S., depois de ser designado para cuidar dos casos na semana passada, foi vasculhar o noroeste da floresta pelos assassinos canibais. Weist declarou que foi a "conduta não profissional" que resultou na destruição de um helicóptero e na perda de seis dos onze membros, incluindo o comandante do S.T.A.R.S., Capitão Albert Wesker.
"Depois da má conduta na floresta", disse Weist "nós decidimos deixar o caso nas mãos do R.P.D.. Nós temos razões para acreditar que o S.T.A.R.S. deve ter ingerido drogas e/ou álcool antes da missão, e suspendido o uso de seus serviços indefinitivamente".
Weist estava acompanhado por Sarah Jacobsen (representando o Prefeito Harris) e o representante da polícia, J.C. Washington, para fazer o pronunciamento e responder perguntas. Nem o chefe da polícia, Brian Irons e nem os sobreviventes do S.T.A.R.S. podem ser alcançados para comentários...
Cityside - 3 de agosto de 1998
"Início do incêndio considerado acidental"
RACCOON CITY - Depois de uma completa investigação por oficiais dos bombeiros trabalhando com a IDS (Industrial Services Division / Divisão de Serviços Industriais) da Umbrella Inc., o incêndio que destruiu a mansão de Spencer foi causado pelo descuido de pessoa ou pessoas desconhecidas, como foi anunciado numa coletiva ontem. O líder da IDS, David Bischoff disse, "parece que alguém tentou começar uma fogueira em um dos quartos da mansão e a situação saiu do controle. Nós não encontramos nada que sugere um incêndio proposital ou uma brincadeira de algum tipo". Ele continuou falando que a destruição foi total, e não há evidências de que alguém foi pego pelo fogo ou pela explosão que se seguiu.
O Chefe Brian Irons do Departamento Policial de Raccoon City estava presente na conferência, e lhe foi perguntado se ele acreditava haver alguma conexão do incêndio com os assassinatos e desaparecimentos, e Irons respondeu que não há como ter certeza. "Até agora, tudo o que eu falar será só especulação - eu diria que o fato de os assassinatos terem parado desde a noite do incêndio, pode significar que os assassinos estavam escondidos lá. Nós só podemos esperar que eles tenham deixado a área para que em breve sejam presos".
Chefe Irons recusou comentar as acusações de má conduta do S.T.A.R.S. em sua breve atuação na investigação dos assassinatos, só dizendo que concordava com a decisão do conselho da cidade e que ações disciplinares estão sendo consideradas...
https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/2_CALIBAN_COVE.jpg
[1]
Rebecca Chambers estava andando de bicicleta na escuridão das ruas de *Cider District sob a luz da lua brilhando
no céu. Apesar de ainda ser cedo as ruas estavam desertas, obedecendo o horário de recolher da cidade.
Ninguém menor de dezoito anos deveria sair até que os assassinos sejam pegos e presos. Este tem sido um
tenso e quieto verão em Raccoon City...
Ela passou por casas silenciosas onde só a luz da televisão podia ser vista através da janela. As pessoas
aguardavam trancadas em suas casas esperando a notícia de que os assassinos foram presos e a cidade estava
à salvo.
Se eles soubessem...
Estes tem sido treze longos dias desde o pesadelo da mansão de Spencer. Jill, Chris, Barry e ela mesma foram
acusados de estarem drogados. Depois de serem afastados dos casos, até o RPD recusou a acreditar no
S.T.A.R.S.. Agora, com a Umbrella assumindo a investigação sobre o incêndio, provavelmente se livrando das
provas...
- Não seria tão simples. Uma das maiores e mais respeitadas companhias farmacêuticas do mundo fazendo
experiências com armas biológicas num laboratório secreto - Se eu não soubesse de nada, eu provavelmente
acharia isso uma loucura.
Rebecca e os outros devem se cuidar antes que algum agente seja enviado para atacá-los.
Ela estava usando um revólver snub-nosed. 38 da coleção de Barry esperando não precisar mais dela depois
desta noite.
Virando à esquerda na Rua Foster, Rebecca pedalou em direção a casa de Barry pensando que ele convocou a
reunião, provavelmente por que recebeu ordens do escritório principal.
Talvez eles me movam para algum laboratório, e estudar o vírus. Tecnicamente eu ainda sou uma Bravo; não há
motivo de me quererem no campo de batalha...
Sem dúvida esse seria o melhor modo de usar os meus talentos.
Os outros eram soldados experientes e Rebecca só está a cinco semanas no S.T.A.R.S.. Sua primeira missão foi
a de *Raccoon Forest que exterminou todos de seu time incluindo outros no segredo da Umbrella. Ela sabia que
trabalhando no T-virus seria a maior contribuição que ela daria para acabar com a Umbrella.
Rebecca parou no final do quarteirão, em frente a uma enorme casa de dois andares amarelo-claro no estilo
vitoriano, olhando em volta por algo suspeito antes de descer da bicicleta. Os Burton vivem próximo a um parque
cheio de árvores no subúrbio.
Levando a bicicleta até a varanda viu que se passaram vinte minutos desde a ligação de Barry.
Antes de bater na porta, ele a abriu. Vestindo uma camisa e calça jeans, ele a deixou entrar dando uma rápida
olhada antes de fechar a porta.
"Você viu alguém", Barry perguntou com sua Colt Python no coldre parecendo um cowboy.
"Não, ninguém". Ela respondeu.
"Chris e Jill estarão aqui a qualquer momento. Você quer um café?" Barry parecia tenso.
"Não, obrigado. Talvez água..."
"Sim, claro. Vá em frente e se apresente, eu voltarei num minuto".
Antes de perguntar se algo estava errado, ele foi para a cozinha.
"Me apresentar? O que está acontecendo?
Ela foi até a sala e parou assustada ao ver um homem estranho sentado no sofá. Ele se levantou assim que ela
apareceu. Ele usava jeans, camisa, sapatos e uma Beretta 9mm, padrão do S.T.A.R.S.. Era alto, fisicamente
como um nadador, olhos e cabelos escuros.
"Você deve ser Rebecca" ele disse revelando seu sotaque Britânico. "Você é a bioquímica, certo?"
"Trabalhando nisso. E você é..."
"Desculpe os meus modos, por favor. Eu não esperava... isto é, eu...? ele parou em volta da mesinha de centro
de Barry estendendo a mão. "Eu sou David Trapp, do S.T.A.R.S. Exeter em *Maine."
Ela se acalmou.
O S.T.A.R.S. mandou ajuda ao invés de ligar, ótimo.
"Então, você é algum observador ou algo assim?
"Como?"
"Para a investigação - há outras equipes aqui, ou você veio para checar antes..."
"Desculpe ter que que dizer isso Srta. Chambers. Eu tenho razões para acreditar que a Umbrella tem
chantageado ou subornado outros membros do S.T.A.R.S.. Não há investigação e ninguém está vindo".
Barry entrou na sala com o copo d'água e Rebecca o pegou agradecidamente, bebendo metade dele em um
gole.
"Ele te disse, né?" Barry disse.
"Jill e Chris sabem?" ela perguntou.
"Ainda não. Por isso eu liguei. Nós devemos esperá-los para não passar por isso duas vezes".
"Concordo". David disse.
Barry começou a contar como ele e David se conheceram no treinamento do S.T.A.R.S. quando jovens. David
ouvia enquanto Barry falava sobre a noite de graduação envolvendo um sargento mau humorado e várias cobras
de borracha.
- Dezessete anos atrás.
Ela deveria estar comemorando seu primeiro aniversário.
Bateram na porta, provavelmente os dois Alphas. Barry foi atender.
"Jill Valentine, Chris Redfield, este é o Capitão David Trapp, estrategista militar do S.T.A.R.S. Exeter em Maine".
David os cumprimentou e todos se sentaram.
"David é um velho amigo meu. Nós trabalhamos juntos no mesmo time por uns dois anos. Ele apareceu aqui há
uma hora com novidades e não achei que isso poderia esperar. David?".
"Como vocês devem saber, seis dias atrás, Barry ligou para vários departamentos do S.T.A.R.S. para saber se
alguma declaração foi recebida sobre o que aconteceu aqui. Eu recebi uma dessas ligações. Eu descobri que o
escritório de Nova York não contatou ninguém sobre a descoberta. Nenhum aviso ou memorando".
Após alguns minutos de discussão, David se levantou e disse:
"Parece que existe outro laboratório da Umbrella na costa de Maine, conduzindo experimentos com seus vírus - e
como aconteceu aqui, eles perderam o controle".
David virou-se para Rebecca e disse:
"Eu estou levando um time para lá sem autorização do S.T.A.R.S. e eu quero que você venha com a gente".
Chris ainda estava intrigado com a despreocupação do S.T.A.R.S. sobre o acontecido e agora outro laboratório!
E ele quer levar a Rebecca...
"Eu conversei com o pessoal do meu time e todos concordaram que vai ser difícil sem ninguém para nos dar
cobertura. Nós só queremos entrar, coletar algumas evidências sobre o T-virus e voltar antes que alguém saiba
que estamos lá".
"Eu também vou". Chris interrompeu.
"Todos nós vamos". Barry disse.
David balançou a cabeça. "Olha, essa não é uma operação em grande escala; cinco pessoas já estão escaladas.
A Rebecca tem o conhecimento que nós precisamos para achar os dados do vírus sabendo que sintomas
procurar".
Depois de muita conversa David consegue convencer os três Alphas a ficarem. Agora a escolha é de Rebecca.
"Que informações você tem?" Jill perguntou. "Como você descobriu sobre o laboratório?
David abriu sua pasta e tirou o que pareciam ser cópias de jornais e um simples diagrama. "Logo depois de ter
falado com o escritório central, eu recebi a visita de um estranho homem que dizia ser um amigo do S.T.A.R.S....
ele me disse que seu nome era Trent, e me deu tudo isso".
"Trent!". Jill disse.
--------------------------------------------------------------
*Cider District - Bairro Cider (Cidra).
*Raccoon Forest - Floresta que fica nos limites de Raccoon City.
*Maine - Estado que fica na costa leste dos E.U.A.
-------------------------------------------------------------- David olhou para ela intrigado. "Você o conhece?".
"Um pouco antes de nós decolarmos para resgatar o Bravo Team, Um homem chamado Trent me deu
informações sobre a mansão, e me alertou sobre o Wesker".
Barry continuou. "E Brad disse que Trent lhe deu as coordenadas da mansão logo depois de Wesker ter ativado o
sistema de destruição. Se ele não tivesse dito, nós teríamos explodido com o resto da casa".
Chris sentiu uma dor de cabeça. O S.T.A.R.S. trabalhando para a Umbrella, outro laboratório e agora o Trent de
novo.
David começa a lembrar do seu breve encontro com Trent há cinco dias atrás, tentando ver se esqueceu de
dizer alguma coisa.
Ele tinha chegado do trabalho e estava chovendo, uma tempestade de verão que amenizou a leve batida na
porta. David olhou no relógio e foi até a porta imaginando quem seria àquela hora da noite. Ele vive sozinho e não
tem família; devia ser do trabalho ou alguém com problemas no carro...
Abrindo a porta, ele viu um homem numa capa de chuva preta em sua varanda com água escorrendo pelo rosto.
"David Trapp?". Perguntou um homem alto e magro, alguns anos mais velho que David, quarenta e dois ou três.
"Sim?".
"Meu nome é Trent e tenho algo para você!".
"Eu te conheço?"
"Não, mas eu te conheço, Sr. Trapp. Eu também sei com o que você está lidando. Acredite em mim, você
precisará de toda a ajuda que conseguir".
"Eu não sei do que você está falando. Você deve ter me confundido com outra pessoa".
"Sr. Trapp, está chovendo e isso é para você."
Confuso, David abriu a porta e pegou o envelope. Assim que o fez, Trent se virou e foi embora.
Jill e Rebecca estavam estudando os mapas enquanto Barry e Chris trabalhavam nos artigos de jornal. Os quatro,
concentrados na pequena cidade costal Caliban Cove em Maine. Todos estavam preocupados com
desaparecimentos de pescadores locais, todos considerados mortos.
O mapa era do trecho costeiro da cidade. David pesquisou sobre ele e descobriu que foi comprada por um grupo
anônimo há alguns anos. Tinha um farol abandonado na beira norte da enseada, no alto dos rochedos que era
supostamente cheia de cavernas marítimas. Mostrava também algumas estruturas atrás e embaixo do farol,
descendo para um pequeno cais no sul. Estava escrito CALIBAN COVE em cima do mapa e abaixo, em letras
menores, UMB. PESQUISA E TESTE.
O terceiro papel que Trent deu era o que David não entendia. Havia uma lista de nomes.
LYLE AMMON, ALAN KINNESON, TOM ATHENS, LOUIS THURMAN, NICOLAS GRIFFITH, WILLIAM BIRKIN,
TIFFANY CHIN.
Jill pegou esse papel e leu.
"Alguma idéia do que isso significa?". David perguntou.
Jill falou sobre William Birkin, que constava no material que Trent havia dado a ela.
Rebecca pegou o papel assim que Jill olhou para David.
"Droga".
Todos olharam para ela.
"Nicolas Griffith está na lista". Rebecca disse.
"Você sabe quem é ele?". Perguntou David.
"Conheço, apesar de eu achar que ele estava morto. Ele era um dos maiores, um dos mais brilhantes homens na
biociência.
Se ele está com a Umbrella, nós temos mais com o que se preocupar do que o T-virus escapando. Ele é um
gênio no campo de virologia molecular - e se as histórias são verdadeiras, ele é totalmente louco".
"O que você pode nos dizer sobre ele?". David perguntou.
Ela bebeu o resto da água em seu copo e olhou para David. "O quanto você sabe sobre o estudo dos vírus?".
"Nada, por isso eu estou aqui". Disse David, sorrindo um pouco.
"Bom, os vírus são classificados pela estratégia de reprodução e pelo tipo de ácido nucléico (RNA ou DNA) - este é
o elemento especializado num vírus que autoriza a transferência do genoma para outra célula viva. Um genoma é
um simples grupo de cromossomos.
De acordo com a Classificação de Baltimore, existem sete tipos distintos de vírus, e cada grupo infecta certos
organismos de certo modo.
No começo dos anos sessenta, um jovem cientista de uma universidade particular na Califórnia desafiou a teoria,
dizendo que havia um oitavo grupo - os dsDNA e ssDNA que poderiam infectar qualquer coisa em contato. Ele era
o Dr. Griffith. A comunidade científica não aceitou a teoria".
Rebecca notou as expressões vazias no rosto dos colegas.
"Desculpa... Ele então, parou de tentar prová-la, sendo que muitas pessoas ainda estavam interessadas.
Ninguém mais ouviu falar nele. Meu professor, Dr. Vachss, disse que ele foi demitido da universidade por uso de
drogas, mas rumores diziam que ele estava fazendo experiências em alguns de seus alunos. Nenhum deles
falaria, mas um foi para o hospício e outro se suicidou. Isso nunca foi provado, mas depois disso ninguém o
contrataria".
"Acaba aí?". David perguntou.
"Não. No meio dos anos oitenta, um laboratório particular em Washington foi encontrado por policiais com três
homens mortos por uma infecção viral - foi o Marburg, um dos vírus mais letais que existe. Eles estavam mortos
há semanas; os vizinhos reclamavam do mau cheiro. Papéis encontrados pela polícia mostravam que os mortos
eram assistentes do Dr. Nicolas Dunne. Os três se infectaram por um vírus que eles entendiam ser inofensivo,
para que Dunne tentasse curá-los depois".
Rebecca lembrou das fotos das três vítimas do Marburg.
De uma dor de cabeça inicial para extremas amplificações em questão de dias. Febre, coágulo, estado de
choque, danos cerebrais, hemorragia por todos os orifícios - devem ter morrido em piscinas do próprio sangue...".
"E o professor achou que ele era Griffith?" Jill perguntou.
"O nome de solteira da mãe de Griffith era Dunne". Disse Rebecca.
Depois da história, todos se calaram e Rebecca começou a fazer sua decisão.
Ela sabe que o laboratório em Caliban Cove deve estar cheio de pessoas como Griffith. Sem a ajuda do
S.T.A.R.S. nenhum lugar é seguro, mas seria a chance dela contribuir, de fazer o que ela sabe. Seria uma
oportunidade de ouro estudar um vírus antes de alguém.
Rebecca suspirou fundo e disse com sua decisão feita.
"Eu vou com você. Quando iremos?".
Houve um silêncio na sala. Rebecca reparou as expressões no rosto deles até David falar.
"Certo, então. Tem um avião indo para *Bangor às 23:00. Eu acho que nós todos devemos fazer um plano aqui
e depois ir para casa".
Rebecca escutou Barry abrindo a janela e voltando para junto deles. Eles começaram a discutir sobre o que
fariam depois que Rebecca e David partirem.
Jill escutava a suave voz de David quando seu coração gelou ao ouvir sussurros nos arbustos no lado de fora da
janela que Barry abriu.
Umbrella.
--------------------------------------------------------------
*Bangor - Cidade do estado de Maine.
-------------------------------------------------------------- "Abaixem-se!". Jill gritou, saindo do sofá com Rebecca, assim que
a janela estilhaçou ao som de um rifle automático.
David foi para o chão enquanto balas atingiam a poltrona a qual estava. Tufos de almofada flutuavam enquanto
buracos enfumaçados apareciam na parede - reboque e madeira voando.
Houve um segundo de silêncio no tiroteio, suficiente para ouvir vidro quebrando nos fundos da casa.
A sala ficou escura assim que Barry atirou nas luzes. A luz do hall brilhava e mais tiros vinham do lado de fora.
Chris engatinhou sobre os cotovelos e joelhos e apagou as luzes adicionais. Agora está tudo escuro e o tiroteio
parou.
David escutou passos sobre o vidro vindos da cozinha que pararam logo depois. Devem haver mais dois cobrindo
as saídas. Mais passos na cozinha, devem estar esperando alguém se mover.
A visão de David se ajustou podendo ver Jill e Rebecca armadas do outro lado da mesinha.
A casa de Barry é a última da quadra e tem um parque logo atrás. Se eles conseguirem fugir, podem se
esconder nas árvores.
David correu para a porta da frente enquanto Chris e Jill atiravam na direção da cozinha. Atrás dele, Barry e
Rebecca corriam para a escada sob tiros. David estava a um passo da porta quando alguém a chutou, abrindo-a.
Ele se jogou na porta fazendo-a se fechar, depois rolou no chão e atirou cinco vezes. Algo pesado caiu na
varanda logo depois.
David viu Jill e Chris subindo - ao por o pé no primeiro degrau, houve uma explosão atrás dele. A porta da frente
foi destruída pelo time da Umbrella que procurava finalizar a batalha.
Dava para ver a luz da lua brilhando através da janela aberta. Jill já saiu e Chris na metade do caminho.
Ouviu-se vozes masculinas entrando pela porta da frente. Rebecca e Barry saíram.
Haviam árvores há uns vinte metros dali.
Um movimento no canto da casa e Rebecca não hesitou, atirando duas vezes - ele nunca mais se levantaria.
Nunca atirei em alguém antes.
Tiros vinham da janela - Rebecca podia senti-los acertando o chão perto de seus pés. Ela ouviu sirenes se
aproximando e segundos depois cantadas de pneu.
Chris chegou num parquinho seguido de Jill, Barry e Rebecca.
"Cadê o David?". Chris perguntou.
Procurando nas sombras, ouviu-se dois tiros. Um terceiro mais alto e mais perto. Exceto pelo barulho das sirenes
o parque estava quieto novamente.
Rebecca olhou sobre o ombro e viu David que ainda apontava sua Beretta para o atirador. Chris e Jill estavam
próximos a ela segurando suas armas - e do outro lado estava Barry espalhado no chão. Ele não estava se
movendo.
Houve escuridão e silêncio por um tempo indeterminado - e haviam vozes que flutuavam e não podiam ser
identificadas. De algum lugar bem longe, ele ouvia sirenes.
ele foi atingido
oh meu Deus
veja se está limpo
espera eu não consigo achar o ferimento me ajuda - Barry? Barry, você...
"Barry você pode me ouvir?
Barry abriu e fechou os olhos imediatamente, reagindo a dor em volta de sua cabeça. Mas havia outra dor em
seu braço esquerdo.
Baleado, deu de cara numa árvore... ou algum idiota com um bastão de baseball.
Ele tentava abrir os olhos enquanto mãos moviam-se sobre seu peito. As sirenes pararam por completo, apesar
de ainda se poder ouvir carros de polícia tomando conta da rua, o som de potentes motores ecoando através do
parque coberto de árvores.
"Braço esquerdo". Disse Barry começando a se levantar.
"Não se mexa". Rebecca disse firmemente. "Espere um segundo, tá bom? Chris, me dê a sua camisa".
"Mas a Umbrella". Barry falou.
"Tá tudo limpo". David disse, ajoelhando-se junto aos outros. "Agüenta firme".
Assim que ela terminou o curativo ele se levantou. Eles devem sair de lá antes que a polícia decida vasculha a
floresta - mas ir para onde? Nenhuma de suas casas eram seguras.
Todos estavam aliviados por não terem sido feridos, exceto David que parecia infeliz como Barry nunca o tinha
visto antes.
"O homem que atirou em você," David disse levantando uma nove milímetros com um supressor preso, sangue
pingando pelo cano da arma. "Eu o matei. Eu... Barry, era o Jay Shannon".
Barry ouviu as palavras não conseguindo aceitá-las. Era impossível. "Não, você não viu bem, está muito
escuro...".
David se virou e caminhou em direção as árvores. Barry o seguiu.
A bala da Beretta de David fez um buraco no coração do homem; foi um tiro de sorte. Olhando para a pálida face
do atirador, Barry sentiu seu coração virar pedra.
"Jesus, Shannon, por que? Porque?". Barry não se conformava.
"Quem é ele?". Jill perguntou suavemente.
Barry olhou para o homem morto incapaz de responder. David respondeu.
"Capitão Jay Shannon do S.T.A.R.S. de Oklahoma City. Barry e eu treinamos com ele."
Barry encontrou sua voz, ainda olhando para o rosto de Jay. "Eu liguei para ele semana passada, quando liguei
para David. Ele estava preocupado conosco, disse que ficaria de olho na Umbrella...".
...e nós conversamos mais alguns minutos, contando velhas histórias. Eu lhe falei que mandaria fotos das
crianças mas e ele disse que tinha que desligar por causa de um encontro...
A Umbrella deve estar por trás do ataque. A casa de Barry foi destruída por pessoas que ele conhecia, e ferido
por uma pessoa que achava ser um amigo.
O silêncio foi quebrado pelo barulho dos cachorros, que pela localização devem ser da unidade K-9 do RPD.
"Onde nós podemos ir?" David perguntou rapidamente. "Existe algum prédio vazio, algum lugar que a Umbrella
não pensaria em procurar... algum lugar que a gente pode ir a pé?".
Brad!
Brad saiu da cidade dois dias depois do incidente na mansão - não agüentou a pressão.
"Vamos lá". Disse David.
Barry conhecia o caminho para sair do parque. Ele costumava andar lá com a esposa ao lado e suas filhas
dançando ao seus pés.
Jill abriu a porta da casa de Brad facilmente. Rebecca examinava Barry enquanto Chris procurava uma camisa.
David e Jill vasculhavam a casa.
Era uma pequena casa de dois dormitórios e um jardim nos fundos. Haviam casas bem próximas a de Brad
evitando a aproximação de alguém. A mobília era simples. Objetos pessoais e livros estavam espalhados pelo
chão. Isso mostrava que o ocupante estava em pânico incapaz de decidir o que fazer para se distrair.
Naquela noite eles discutiram sobre o que o que falariam para a polícia. Rebecca e David se despediram e foram
embora.
No sorriso de Rebecca, David podia ver que ela sabia perfeitamente sobre os riscos da missão. Ele estava
satisfeito por a ter alistado. Ele só podia esperar que as habilidades dela sejam suficientes para colocá-los e tirá-los
inteiros de Caliban Cove.
[2]
Depois de reler as informações sobre Caliban Cove, Rebecca colocou os papéis cuidadosamente na mala debaixo
do assento de David. Ele trouxe três malas para o aeroporto, uma para as armas, já no bagageiro e outras duas
para não chamar a atenção.
Rebecca desejava ter comprado algumas bolachas no aeroporto, ela não comia desde o almoço e as nozes não
estavam matando a fome.
Ela apagou a luz de leitura e sentou novamente, tentando deixar o suave motor do 747 acalmá-la para um
cochilo. A maioria dos passageiros do quase cheio avião haviam adormecido, inclusive David. Rebecca tinha muito
o que pensar. Nos últimos meses ela se formou passando pelo treinamento do S.T.A.R.S. e foi transferida para
seu novo apartamento numa nova cidade. Depois veio a mansão e agora as últimas horas que deram outra
reviravolta em sua vida.
Ela virou a cabeça e viu David no assento da janela - círculos escuros de exaustão em seus olhos. Rebecca
fechou os olhos e respirou profundamente o ar fresco da cabine pressurizada. Ela pode sentir o cheiro de suor na
pele e decidiu que tomar um banho seria prioridade ao chegar no hotel.
Clareando sua mente, ela começou a contar de cem para um. A técnica de meditação nunca tinha falhado nela,
mas pode não funcionar desta vez...
... noventa e nove, noventa e oito, Dr. Griffith, David, S.T.A.R.S., Caliban...
Antes de noventa ela já estava dormindo profundamente, sonhando com sombras se movendo que nenhuma luz
podia iluminar.
Como ele fazia todas as manhãs desde o começo do experimento, Nicolas Griffith sentou na plataforma no topo
do farol e olhou o sol se elevar sobre o mar.
Griffith sempre vê o sol iluminar o horizonte antes de começar o seu dia. Assim que o sol se separou do mar, ele
levantou-se e caminhou para o parapeito com seus pensamentos voltados para o dia a frente. Tendo finalmente
terminado o trabalho sangrento na série Leviathan (Leviathan series), ele estava preparado para trabalhar mais
extensivamente com os doutores. Todos os três responderam bem à mudança, e a taxa de deterioração celular
caiu consideravelmente. Era hora de se concentrar na situação comportamental deles, o estágio final do
experimento. Em semanas, Nicolas estará pronto para expandir para além dos limites do laboratório.
O vento balançava seu cabelo cinza, o choro faminto as gaivotas finalmente o levou a ação. Os Trisquads tem de
ser levados para dentro antes que os pássaros cheguem. Algumas unidades já foram horrivelmente machucadas
e ele não quer pô-las em risco novamente. Uma vez perdido os olhos, eles seriam inúteis na patrulha.
Griffith se virou e com seu cabelo balançando desceu a escada em espiral. Seus sapatos contra o metal criavam
um eco na alta torre. Tendo o estabelecimento para si mesmo fazia tudo mais prazeroso - comer o que quiser na
hora que quiser, trabalhar em seu próprio horário, as manhãs no topo do farol... Ele sofreu por muito tempo
devido aos horários - intermináveis reuniões ouvindo seus "colegas" falarem sobre o T-virus de William Birkin. Eles
se escravizaram para aparecer com os Trisquads para a Umbrella que ficou felicíssima com os resultados,
aparentemente esquecendo o fracasso com os Ma7s. Eles eram incapazes de ver além de sua arrogância por
uma imagem maior...
Como se os Trisquads fossem nada mais do que corpos com armas.
Com as ondas quebrando, ele foi na direção dos dormitórios. Nicolas já sintetizou um aerotransmissível, e tem o
suficiente para contaminar a maior parte da América do Norte. Assim que o vírus fizer seu trabalho o sol nascerá
num mundo muito diferente, inabitado por pessoas de caráter e vontade.
Tire as habilidades do homem, sua mente fica livre. Com treinamento, se torna um animal de estimação; sem,
ele se torna um animal selvagem. Cubra o mundo com tais animais, e só os fortes sobreviverão...
Ele entrou no dormitório, ligou as luzes e viu seus doutores onde os havia deixado - sentados a mesa de olhos
fechados. Eles foram infectados pelo vírus que Nicolas usará, e estão perto do que o mundo se tornará em
alguns dias.
Além do laboratório de pesquisa, o estabelecimento foi projetado para treinar armas biológicas como os Trisquads
e os Ma7s. Há itens que podem ser usados, desde simples testes até complicados quebra cabeças.
Aproximando-se da mesa, Dr. Athens abriu os olhos, provavelmente para ver se havia perigo vindo. Dos três,
Tom Athens era o mais forte; ele foi um dos especialistas em comportamento. De fato, ele surgiu com a idéia de
uma equipe de três unidades, o Trisquad, insistindo que elas fariam um trabalho mais eficiente em pequenos
grupos. Ele estava certo.
Thurman e Kinneson permaneceram quietos. Griffith percebeu um cheiro ruim vindo de um deles. Olhando para
baixo, ele confirmou sua suspeita pelo molhado nas calças de Thurman.
De novo.
Louis Thurman foi um idiota, um biologista decente mas tão ridículo e intolerante como os outros. Ele criou a
maioria dos Ma7s, e quando se tornaram incontroláveis, botou a culpa em todo mundo menos nele. É mau que
um bom doutor não saiba o quanto patético está sendo.
"Bom dia senhores", Nicolas disse se afastando da mesa. Em harmonia, os três viraram a cabeça para vê-lo.
"Parece que o Dr. Thurman evacuou os intestinos. Está sentado na merda. É engraçado".
Os três sorriram largamente. Dr. Alan Kinneson sorriu disfarçadamente. Ele foi o último a ser infectado, sofrendo
menor deterioração do tecido. Alan ainda podia se passar por humano.
Griffith tirou o apito de polícia do bolso e colocou na mesa na frente do Dr. Athens. "Dr. Athens, tire os Trisquads
do dever. Atenda suas necessidades físicas e os envie para a sala fria. Quando terminar, vá para a cafeteria e
espere".
O apito desativaria as equipes e os chamaria para dentro. Tom Athens pegou o apito e saiu da sala pelo hall da
outra entrada do dormitório.
Haviam quatro Trisquads, doze unidades no total. Eles estão vagando pela mata junto a cerca ou se movendo
secretamente em volta do abrigo, tendo sido treinados para ficar fora da área nordeste do composto, farol e
dormitório. Eles eram bem eficientes nisso. A Umbrella queria soldados que matassem sem piedade, e lutassem
até que ,literalmente, explodissem em pedaços. Uma vez treinados com armas, os Trisquads se tornariam
máquinas de matar - com a recente onda de calor, Nicolas não sabe o quanto eles estão viáveis.
Ele voltou sua atenção para Louis Thurman que ainda sorria e fedia como um bebê. Ele nem se parecia com um -
gorducho e calvo, ele sorri como uma inocente e ingênua criança.
"Dr. Thurman, vá ao seu quarto, tire as roupas, tome um banho e ponha roupas limpas. Depois vá para as
cavernas e alimente os Ma7s. Quando terminar vá para a cafeteria e espere".
Depois que ele se levantou, Griffith viu que a cadeira de Louis estava suja. "Leve a cadeira e a deixe no seu
quarto".
Nicolas sentou-se perto de Alan Kinneson, sentindo-se cansado, observando as bonitas característica do doutor -
seus olhos expressivos. Ele olhou para Griffith esperando ordens. Alan já foi um neurologista. Haviam fotos no seu
quarto, da esposa e de seu bebê, um garoto com um brilhante e bonito sorriso.
Por um segundo Nicolas pensou.
Quantos morrerão? Milhões, bilhões?
"E se eu estiver errado?". Disse ele. "Alan, me diga se eu estou errado, que eu estou fazendo isso pelas razões
certas...?
"Você não está errado". Alan respondeu calmamente. "Você está fazendo pelas razões certas".
Griffith olhou para ele. "Me diga que a sua esposa é uma prostituta".
"Minha esposa é uma prostituta". Alan disse. Sem pausa. Sem dúvida.
Griffith sorriu e o medo foi embora.
Amanhã , ao nascer do sol, Nicolas Griffith dará o seu presente para o vento.
Karen Driver é a especialista em ciência forense do S.T.A.R.S.. É alta, de cabelos loiros e curtos, na faixa dos
trinta anos e séria. Sua pequena casa era bem limpa quase antissepticamente. Ela emprestou suas roupas para
Rebecca.
David tinha alugado um carro no aeroporto e eles acharam um hotel barato onde ficaram em seu quartos
separados. Rebecca só acordou depois das dez, tomou banho e esperou por David.
Ela ouviu a porta abrir e fechar, e novas vozes tomaram conta da sala. O time estava reunido.
Daqui algumas horas, tudo estará acabado. O que me preocupa é que David e seu time não viram os cachorros,
as cobras, as criaturas nos túneis... e o Tyrant.
Rebecca tirou as imagens da cabeça enquanto se levantava pondo as roupas sujas numa mala vazia. Não há
razões para ser diferente em Caliban Cove. Ela parou em frente o espelho, estudou a mulher que viu e foi para a
porta.
Chegando na sala viu que Karen trouxe cadeiras extras. Haviam dois homens no sofá do outro lado onde David
estava.
David sorriu enquanto os dois homens se levantavam para serem apresentados.
"Rebecca, este é Steve Lopez. Ele é um gênio em informática e nosso melhor atirador".
Steve tem olhos escuros, cabelos pretos e era uma pouco mais alto que ela. Não muito velho...
"- e este é John Andrews, especialista em comunicação e campo de escuta".
Sua pele era escura e não tinha barba, mas lembrava o Barry.
"Esta é Rebecca Chambers, bioquímica do S.T.A.R.S.". David terminou a apresentação.
John soltou a mão dela ainda sorrindo. "Bioquímica? Caramba, quantos anos você tem?".
Rebecca sorriu, percebendo o tom de humor nos olhos dele. "Dezoito. E três quartos".
John deu risadas enquanto voltava a se sentar. Ele olhou para Steve e depois para ela. "É bom ficar de olho no
Steve, então. Ele fez vinte e dois. E é solteiro".
"Fica quieto". Steve resmungou com suas bochechas coradas olhando para Rebecca e balançando a cabeça.
"Você vai ter que desculpar pelo John. Ele acha que adquiriu um senso de humor e ninguém pode contrariar".
"A sua mãe acha que eu sou engraçado". John retrucou, e antes que Steve pudesse responder David acabou
com o papo.
"Já chega". Disse. "Nós temos algumas horas para nos organizar se pretendemos fazer isso hoje.
A brincadeira dos dois foi bem-vinda por quebrar a tensão de Rebecca, fazendo com que se sinta uma do grupo
quase que instantaneamente. Assim que David começou a por as informações de Trent sobre a mesa, ela
começou a pensar sobre o que virá pela frente. Estando fora de algum organismo vivo, o vírus já pode ter
"morrido". Mas quem sabe se ele já contaminou alguém.
O vírus ainda infecta? Aquele lugar pode estar cheio de Tyrants... ou algo pior.
Rebecca não tem respostas para essas insistentes dúvidas. Ela dizia a si mesma que suas ansiedades não
interferiram em seu trabalho. E que a sua segunda missão não será a última.
"Nosso objetivo é entrar no complexo, coletar provas sobre a Umbrella e sua pesquisa, e sair com o mínimo de
problemas possível. Eu reverei cada passo a fundo e se algum de vocês tiver perguntas ou dúvidas sobre como
proceder, não importa o quanto insignificante, eu quero ouvi-las. Entendido?".
Todos concordaram e David continuou confortavelmente sabendo que chegou onde queria.
"Nós já discutimos algumas das possibilidades sobre o que pode ter acontecido lá, sendo que vocês já leram os
artigos. Eu digo que nós estamos lidando mais uma vez com algum tipo de acidente. A Umbrella se empenhou
bastante para encobrir o problema em Raccoon City".
"Por que a Umbrella ainda não enviou ninguém para Caliban Cove?". John perguntou.
"Quem sabe". Disse David. "Eles podem ter limpado as evidências - de qualquer modo, nós nos juntamos as
pessoas de Raccoon e nossos contatos para começar de novo".
Novamente todos concordaram. David olhou para o mapa.
"Ponto de entrada. Se esse fosse um ataque aberto, nós podíamos ir de helicóptero ou simplesmente pular a
cerca. Mas se ainda tiver gente lá e nós dispararmos o alarme, estará tudo acabado antes de começarmos.
Sendo que nós não queremos ser descobertos, nossa melhor opção é ir pelo mar. Podemos usar um dos barcos
da operação do petroleiro do ano passado".
"Eles não teriam um alarme no cais?". Karen perguntou.
"Eu não recomendaria usar o cais. Podemos ver no mapa que é possível esconder o barco em uma das cavernas
debaixo do farol. De acordo com o que eu li, existe uma entrada que liga a base dos rochedos ao farol. Se ela
estiver bloqueada, tentaremos outra caminho".
"O barco não chamará atenção se alguém estiver vendo?". Perguntou Rebecca.
"Ele é preto e o motor fica sob a água. Se a gente for à noite, devemos ficar invisíveis".
David esperou eles terminarem de pensar, não querendo apressá-los. Eles eram bons soldados - sua equipe. Se
algum deles tiver dúvidas, é bom esclarecê-las agora. Ele reparou na jovem face de Rebecca. Ele estava
começando a gostar dela, mais do que uma ferramenta para a missão...
"David colocou os pensamentos de lado e continuou.
"Vamos para os detalhes. Uma vez dentro, nos moveremos em fila através do complexo pelas sombras. Karen
ficará atrás de John procurando o laboratório e verificando o que pode ter acontecido. Steve e Rebecca os
seguirão. Eu irei logo atrás. Quando acharmos o laboratório, entraremos juntos. Rebecca saberá o que procurar
em termos de material, se tiver um sistema de computador funcionando, Steve pode verificar os arquivos. O
resto de nós dará cobertura. Terminando o serviço, nós voltaremos por onde viemos".
Todos revisaram o material de Trent.
"Nós podemos confiar nele? Karen perguntou.
"Parece que ele está do nosso lado em tudo isso. Sim". David respondeu vagarosamente.
"Quais são as chances de contrairmos o vírus?". Steve perguntou.
Rebecca respondeu. "Eu não posso dizer com certeza. Quando fui tirada do caso, eu perdi acesso às amostras
de tecido e saliva. Pelos efeitos, o T-virus é um mutagene que altera a estrutura do cromossomo do hospedeiro.
Pode contagiar plantas, mamíferos, pássaros, répteis etc. Em algumas criaturas ele pode promover um
crescimento incrível; em todos eles comportamento violento. Posso dizer que ele afeta o cérebro, pelo menos em
humanos - induz algo como uma psicose esquizofrênica. Ele também inibi a dor. As vítimas humanas que
enfrentamos não pareciam sentir ferimentos à bala. Na mansão, o vírus parecia ser aero-transmissível. Os
cientistas estavam, com certeza, usando o vírus em experimentos genéticos. E desde que nenhum de meu time
o contraiu, não precisamos nos preocupar com a respiração.
Nós devemos ficar de olho no contato com um hospedeiro, eu digo qualquer contato - essa coisa é bastante
virulenta ao entrar na corrente sangüínea. Uma gota de sangue pode conter centenas de milhões de partículas.
Qualquer contato com o vírus deve ser evitado a todo custo. Com sorte o vírus já deve estar morto... ou
deteriorando. Os hospedeiros, de qualquer modo".
Depois de um momento de silêncio John falou.
"Bom, parece um trabalho de merda. Se nós quisermos chegar lá a tempo, é bom sairmos logo". Ele disse
sorrindo para David. "Você me conhece, eu amo uma boa luta. Alguém tem que parar esses idiotas de espalhar
aquela coisa por aí, certo?".
Todos concordaram, mesmo sem saber o que viriam pela frente.
Olhando no relógio, David viu que faltavam algumas horas para embarcar. "Certo. É melhor a gente ir para o
depósito e "fazer as malas".
Karen estava na traseira da van carregando clips enquanto as misteriosas palavras da mensagem contida no
material de Trent se repetiam em sua mente.
... Ammon's message received / blue series/ enter answer for key / letters and numbers reverse / time rainbow /
don't count / blue to access.
Ela terminou um clip e colocou junto aos outros - secando suas mãos oleosas na calça ela pegou outro. Uma leve
brisa, cheirando sal e mar morno de verão passou pela quente van.
Eles passaram para o outro lado da estrada encontrando um lugar limpo para acampar a menos de dois
quilômetros da praia. Do outro lado o sol estava se pondo. O não tão distante som das suaves ondas estava
calmo - as baixas vozes dos outros trabalhando.
Steve e David estavam arrumando o barco, enquanto John mexia no motor. Rebecca arrumava um kit médico
que eles "pegaram emprestado" do depósito de equipamentos do S.T.A.R.S..
... as letras e números... um código? Tem a ver com o tempo? Contar? Seria a soma das linhas, ou outra coisa?
Ela não tirava isso da cabeça. As semi automáticas estavam limpas e prontas, e os clips carregados. Ninguém
estaria levando outras armas além das Berettas do S.T.A.R.S.. David insistiu para que viajassem leves. Depois de
ter ouvido mais sobre os zumbis, ela estava feliz por ter um revólver e uma lanterna.
Com um sentimento de culpa, Karen tirou do bolso do colete seu segredo, confortada pelo peso familiar na mão.
Deus, se o pessoal soubesse, eu nunca ouviria o final disso.
Foi dado pelo seu pai, o que sobrou do seu serviço na Segunda Guerra Mundial, um dos poucos itens que a
fazem lembrar dele - uma antiga granada abacaxi; chamada assim por causa do seu exterior feito de linhas
cruzadas. A granada era seu pé de coelho, ela não participou de uma missão sem ela.
"Karen, precisa de ajuda?".
Assustada, Karen olhou para Rebecca, que possuía um brilho de curiosidade nos olhos.
"Eu achava que não estávamos levando explosivos... isto é uma granada abacaxi? Eu nunca vi uma. Ela está
viva?".
Karen olhou em volta com medo de que alguém do time tivesse escutado - depois olhou para a bioquímica,
envergonhada.
"Shh! Eles nos ouvirão. Vem aqui um segundo". Karen disse. Rebecca, obedientemente, engatinhou para dentro
da van.
Karen estava absurdamente agradecida pela descoberta de Rebecca. Em sete anos de S.T.A.R.S., ninguém
havia descoberto.
"É uma abacaxi, e não estamos levando explosivos. Não diga à ninguém, tá? Eu carrego ela para dar boa sorte.
Rebecca arregalou os olhos. "Você carrega uma granada viva para dar sorte?".
"Sim, e se Steve ou John descobrirem, eles irão cair em cima de mim. Eu sei que é bobeira, mas é um tipo de
segredo".
"Eu não acho bobeira. A minha amiga Jill tem um chapéu da sorte...". Rebecca tocou a fita vermelha em sua
testa. "... e eu tenho usado isto por algumas semanas. Estava usando ela quando fui para a mansão".
Sua jovem face se fechou, e depois sorrindo novamente disse direta e sincera.
"Não direi uma palavra".
Karen decidiu que realmente gostava dela. Ela colocou a granada no bolso olhando para Rebecca. "Obrigado.
Bom, estão todos prontos lá?".
"Sim, acho. John quer conferir os fones de novo, fora isso, tudo está feito".
"Vá em frente e entregue as armas, eu pego o resto".
Rebecca ajudou Karen a descarregar assim que o sol sumia no horizonte. O vento ficou mais forte, a água mais
fria e as primeiras estrelas ficaram à vista sobre o Atlântico.
Eles andaram para a água em silêncio carregando suas armas. Assim que a luz do dia desapareceu John e David
deslizaram o barco na água, Karen colocou um gorro preto e deu um tapinha no pesado bolso para sorte, dizendo
a si mesma que não precisará usá-la.
A verdade está esperando. É hora de saber o que realmente está acontecendo.
[3]
Steve e David foram para a frente do barco com capacidade para seis pessoas. Rebecca e Karen foram logo em
seguida. John entrou por último e ao sinal de David, ligou o motor apertando um botão; era silencioso como David
havia falado.
"Vamos". David disse. Rebecca respirou fundo assim que eles rumavam para norte, em direção a ilha. Ela
procurava na escuridão por algum sinal que marcasse o começo do território particular, mas não conseguia
perceber nada. Estava mais escuro e frio o que ela esperava.
Rebecca viu um flash de luz enquanto David erguia o binóculo de visão noturna em busca de movimento na
costa.
"Eu vejo a cerca". David disse suavemente.
Ela voltou sua atenção para a costa, imaginando o quanto estavam perto. Já se podia ouvir a água se chocando
com as rochas.
"Há uma doca". Disse David. "John, vire a estibordo, duas horas".
Houve um som de metal raspando na madeira - não haviam barcos que se pudesse ver.
Rebecca deu uma olhada na escuridão e só viu o contorno de uma estrutura que poderia ser um galpão onde os
barcos ficam. Não era possível ver as outras construções do mapa de Trent. Eram seis estruturas além do farol.
Cinco delas espalhadas ao longo da enseada, dispostas em duas linhas paralelas - três em frente e duas atrás. A
Sexta estrutura estava atrás do farol. Todos esperavam que essa fosse o laboratório; eles conseguiriam o que
precisam sem procurar no complexo inteiro.
"A casa dos barcos é de madeira, as outras parecem ser de concreto. Eu não... esperem". O sussurro de David
se tornou urgente. "Alguém... duas, três pessoas vieram de trás de um dos prédios".
Rebecca sentiu um estranho alívio fluindo através dela - alívio, desapontamento e uma súbita confusão. Se houver
pessoas, o T-virus pode não ter sido solto. Isso significa que o complexo está ocupado e as patrulhas tornarão a
operação impossível.
Por que está tão escuro? E por que tudo parece morto aqui, tão vazio?
"Vamos abortar?". Karen cochichou, e antes que David pudesse responder, Steve respirou forte fazendo o
sangue de Rebecca congelar.
"Três horas, grande, oh Jesus é imenso".
BAM!
O barco foi atingido e mergulhado na turbulenta água do mar.
A água o envolveu, gelada e salgada, queimando os olhos de David que perdido, ofegava.
Onde está... o time, onde está.
David girou em volta, respirando profundamente, e ouviu uma tosse a sua esquerda.
"Vá para a costa", ele disse girando em um círculo, tentando achar suas posições, achar a da criatura.
O barco estava a dez metros atrás dele, de ponta cabeça. A força do ataque os jogou longe, mais perto da ilha.
Viu duas figuras entre ele e a costa. Ele não podia ver a coisa que acertou o barco mas esperava sentir a mordida
a qualquer momento.
"Vão para a costa". Disse de novo.
"David". John aterrorizado gritou de além do barco que boiava.
"Aqui! John, por aqui, siga a minha voz!".
John foi na direção de David que nadava para a praia rochosa. Ele viu o topo da cabeça de John aparecer, viu
seus braços baterem na escura água.
"Siga-me, estou bem aqui".
Uma gigante sombra ergueu-se atrás de John à uns três metros, arredondada e impossível. Os eventos
aconteceram como num sonho em câmera lenta na frente dos olhos de David.
Ele viu grossos e pontiagudos tentáculos de cada lado, perto do topo de sua erguente sombra.
Tentáculos não, antenas.
E percebeu que estava vendo a barriga de um monstruoso animal que não podia existir, tão grande como uma
casa. O corte negro de sua boca abriu, revelando afiados dentes do tamanho de um punho humano.
Quando aquilo vier abaixo, John será engolido pelas fortes garras. Ou esmagado. Ou levado para o fundo - uma
refeição afogada para a criatura.
No instante que ele viu os fatos, já estava gritando.
"Mergulhe! Mergulhe!".
A aberração estava caindo, seu corpo de serpente envolveu o frenético nadador. David reparou nos bulbosos
olhos, cada um do tamanho de uma bola de vôlei... e a criatura caiu, mandando explosivas ondas no ar. Antes
que David pudesse respirar, uma tremenda onda o atingiu, levando-o violentamente para trás.
Houve um momento de pressa assim que ele lutava contra a força exercida em seus membros, tentando achar
ar na envolvente corrente.
Chutando violentamente, ele voltou à tona sentindo o frio ar batendo na sua pele - e as mornas mãos humanas
puxando seus ombros.
Ele respirava convulsivamente enquanto suas botas raspavam nas rochas, e a voz de Karen atrás dele.
"Peguei ele".
David pegou fôlego e se virou. Pessoas molhadas estavam estendendo as mãos, Steve e Rebecca.
Meu Deus, John.
"Eu estou bem". David disse. "John... alguém está vendo ele?".
Ninguém respondeu.
"John!". Ele chamou, tão alto quanto podia, procurando e nada vendo.
"John". Ele chamou de novo - esperança diminuindo.
"O que?". Uma voz estrangulada veio das rochas à esquerda deles.
David respirou aliviado assim que a figura pingando de John saia das sombras.
Steve foi em sua direção, agarrando seu braço e o apoiando nas rochas.
"Eu mergulhei". John disse.
David se virou olhando para cima, para o complexo, além da fatia de praia coberta de pedrinhas. Eles estavam na
base de uma pequena queda angulosa, no local plano. O choque do monstruoso peixe - se puder ser chamado
assim - não era mais importante. Eles estavam fora da água agora.
Eles nos viram? Não podemos ficar aqui...
"A casa dos barcos". David disse virando a sul. "Rápido".
Karen pegou a dianteira, os outros a seguiram de perto. Ninguém parecia seriamente ferido. David correu depois
de John, com suas pernas doendo.
Assim que eles subiram as pedras, David ouviu um ruído abafado de metal, viu Rebecca abraçando o pacote de
munição em seu peito. Ele sentiu novas esperanças; se eles pudessem vê-las em algum lugar seguro...
A construção estava à frente, à direita, quieta e escura, a porta fechada de frente para a doca de madeira. Não
dava para saber se estava vazia à apenas dez metros de distância.
Sem escolha.
"Fiquem abaixados". David disse em voz baixa e todos foram na direção do lugar.
Karen abriu a porta. Nenhum alarme disparou. Steve e Rebecca foram atrás dela, depois John, depois David que
fechou a porta de madeira.
"Fiquem aonde estão". Disse suavemente. Fora a respiração de todos o local estava quieto. Mas havia um cheiro
horrível no ar, um cheiro de algo morto a algum tempo...
O fino raio de luz cortou a escuridão, revelando uma grande e quase vazia sala sem janelas. Cordas e coletes
salva-vidas pendurados por estacas de madeira, uma bancada corria o comprimento de uma parede, alguns
serrotes e prateleiras desorganizadas...
-meu Deus -
A luz congelou na outra porta da sala, diretamente em frente a que eles entraram. O raio de luz iluminou um
corpo nu e um casaco de laboratório esfarrapado com manchas de óleo. Fibras secas de músculo saiam de uma
face não muito sorridente.
O corpo foi pregado na porta, uma mão fixada mostrando um aceno de boas-vindas. Aparentemente, morto a
semanas.
Steve sentiu algo subindo em sua garganta. Ele engoliu, desviando o olhar, mas a grotesca imagem já estava
fixada em sua mente - a face sem olhos e de pele descascada...
Jesus, isso é alguma piada? Steve sentiu-se tonto.
Por alguns segundos ninguém falou, até que David começou a falar baixo com a mão sobre a luz.
"Vejam seus cintos e soltem seus clips. Eu quero status agora, danos depois equipamento. Respirem fundo,
todos. John?".
A voz de John surgiu à esquerda de Steve. Karen e Rebecca estavam à sua direita. David ainda na porta.
"Eu estou com meleca de peixe no corpo, mas estou bem. Estou com a minha arma mas perdi a lanterna. Tal
como os rádios".
"Rebecca?".
"Estou bem... hum, minha arma está aqui, lanterna e kit médico... ah, e munição".
Steve se checou enquanto ela falava, segurando sua Beretta, ejetando o clip molhado e pondo-o em um bolso.
Havia um lugar vazio em seu cinto onde a lanterna deveria estar.
"Steve?".
"É, sem ferimentos. Arma mas sem luz".
"Karen?".
"Também".
Os dedos de David se moveram, permitindo a leve luz se espalhar pelo lugar. "Ninguém está ferido e ainda
estamos armados; podia ter sido pior. Rebecca, passe os clips, por favor. A cerca não deve estar a mais de
cinqüenta metros a sul daqui, e há árvores suficientes para cobrir desde que ninguém nos tenha visto".
Steve pegou três clips de Rebecca, agradecido. Colocou um na arma.
Ótimo, bom, vamos detonar. Primeiro aquela coisa que quase nos comeu, agora Sr. Morte dando um tchauzinho
como se quisesse dizer oi...
Steve não é assustado facilmente, mas sabia do perigo quando a viu.
David se aproximou do corpo decomposto, um olhar de nojo cobriu sua face. "Karen, Rebecca, venham ver isso.
John pegue a luz de Rebecca e veja se consegue achar algo de útil com Steve".
John pegou a lanterna e andou com Steve pela longa bancada.
"O T-virus não fez isso". Rebecca disse. "Padrão de decomposição todo errado...".
Silêncio, então Karen falou. "Vê aquilo? David me dê a lanterna por um segundo".
John direcionou a luz sobre a suja tábua da bancada. Um copo de café quebrado. Uma pilha de nozes
engorduradas e dardos no topo de um alvo. Uma chave de fenda elétrica empoeirada e gumes num pano
manchado.
Nada, não tem nada aqui. Nós devíamos sair desse lugar antes que alguém venha dar uma olhada...
John abriu a gaveta e a revirou enquanto Steve tentava descobrir o que estava numa prateleira. Atrás deles,
Karen falava.
"Ele não estava morto quando foi pregado, eu diria que estava perto. Inconsciente. Não há machucados;
sugerindo que ele não lutou... e tem marcas de raspagem aqui e aqui; eu diria que ele foi baleado pela porta de
trás e arrastado".
John terminou a varredura na gaveta e eles prosseguiram - o som de botas contra o chão de madeira. Um grupo
de soquetes de tomada. Um rádio barato. Um saco de papéis amarrotados perto de um lápis.
Algo esbarrou nos pensamentos de Steve fazendo-o parar, olhando para o saco. O lápis...
Ele pegou o papel amassado. Haviam várias linhas escritas perto do final da folha.
"Ei, achamos alguma coisa". John disse baixo, iluminando o papel enquanto os outros vinham. Steve leu em voz
alta, iluminando as palavras. Não havia pontuação; ele fez de tudo para fazê-las.
"... 20 de Julho. A comida estava drogada, estou enjoado - eu escondi o material para você, dados enviados. Os
barcos estão afundados e ele deixou os..."
Steve franziu as sobrancelhas incapaz de ler a palavra.
Tris... Tris-Squads?
"Os barcos estão afundados e ele deixou os Trisquads fora - escuro agora, eles virão, eu acho que ele matou o
resto - pare-o - Deus sabe o que ele pensa em fazer. Destruir o laboratório - encontrar Krista, diga a ela que sinto
muito, Lyle sente muito. Eu quero - ".
Não havia mais nada.
"A mensagem de Ammon". Karen disse suavemente. "Lyle Ammon".
Não precisava ser detetive para descobrir quem estava pendurado na porta. Ele tem uma identidade agora. E a
mensagem que Trent deu a David estava tão estranha porque o pobre homem estava dopado ao mandá-la.
"Bom em dar um nome a face, hein?" John disse sem nenhum sorriso.
O que é um Trisquad? Quem é "ele"?.
"Talvez a gente deva olhar em volta mais um pouco". Rebecca disse, mas David balançou a cabeça.
"É melhor deixar para lá. Nós vamos...?
Ele parou de falar quando pesados passos soaram no lado de fora da porta a qual vieram. Todos congelaram,
ouvindo. Outros passos, e quem quer que sejam, não estavam tentando esconder sua aproximação.
Eles pararam na porta - e ficaram lá, sem tocar na maçaneta, sem chutar a porta e sem outro som. Esperando.
David circulou o dedo no ar, apontando para Karen e depois para a porta com o corpo de Lyle Ammon. O sinal
para sair, Karen primeiro.
Todos seguiram em direção do corpo, Steve respirava pela boca a cada "creck" que faziam.
Assim que Karen abriu a porta, o silêncio foi quebrado por tiros de uma metralhadora - vindo da direção de sua
rota de fuga.
[4]
Karen pulou assim que balas perfuravam a porta. Pedaços de carne podre voavam do corpo de Ammon; o corpo
dançava num ritmo de ação macabra.
Quem quer que esteja atirando, está se aproximando. Os tiros ficavam mais altos e estilhaços de carne e
madeira os atingia. Estavam encurralados; ambas as saídas bloqueadas.
Rebecca agarrou com força sua Beretta na mão esperando um sinal de David. Ele apontou para noroeste do
complexo gritando para ser ouvido sob os tiros.
"Rebecca, a outra porta! John, Karen, próximo prédio! Steve, nós cobrimos! Vão!".
Steve e David saltaram fora e começaram a atirar. John e Karen saíram correndo, desaparecendo
instantaneamente na escuridão.
Rebecca mirou na porta de trás, seu coração pulando na garganta. As paredes tremiam.
"Morre! Jesus, porque eles não morrem?" Steve gritou atrás dela, fazendo seu sangue gelar com o tom de terror
em sua voz.
Zumbis?
Sem tirar os olhos da porta, Rebecca gritou o mais alto que pode.
"Na cabeça! Mire na cabeça!".
Não havia como saber se eles escutaram.
"Rebecca, vamos!".
Ainda sob o som de tiros de metralhadora, ela olhou para trás e viu Steve atirando em algo e David sinalizando
para ela se mover.
Ela foi na direção da porta com o corpo ainda pendurado. A cabeça parecia uma abóbora podre, dentes
estilhaçados, pegajosos pedaços de pele radiando de trás da cabeça. A mão não estava mais conectada ao
braço, o *Rádio e a *Ulna estouraram. O corpo estava lá como alguma decoração obscena, acenando...
Steve atirou de novo e o som da metralhadora cessou. Ele ergueu a arma, e assim que abriu a boca para dizer
algo -
- a porta de trás estraçalhou - balas voando através do escuro numa chama de fogo laranja. David a puxou para
porta e ela correu, o som de nove milímetros soou atrás dela.
Ela correu a toda velocidade, seus sapatos molhados socando o chão rochoso, procurando o contorno de um
grande bloco de concreto e as finas árvores que circundavam a escuridão à frente.
"Aqui".
Ela desviou em direção ao chamado, viu a silhueta de John no canto de um prédio. Aproximando-se dele, viu a
porta aberta, Karen em pé na entrada com sua arma em direção a casa dos barcos. Balas ainda cantavam no
escuro.
"Entre!". Karen gritou saindo do caminho.
Rebecca correu sem diminuir até estar dentro. Ela colidiu com uma mesa, batendo dolorosamente sua coxa na
quina.
Virando, viu Karen atirando e John berrando. "Vamos, vamos!".
E Steve passou pela porta respirando. Ele parou antes de atingir Rebecca - uma mão agarrando seu colete.
Rebecca foi até a porta de aço assim que David a cruzou dizendo:
"Karen, John!".
Karen recuou para o escuro, arma ainda erguida. Houve mais três disparos de uma Beretta e John entrou.
Rebecca fechou a porta. O leve "click" da tranca foi dificilmente ouvido pelos ouvidos que apitavam. Do lado de
fora os tiros pararam. Não houve vozes entre os agressores, alarme, latidos de cachorro ou gritos de feridos.
O silêncio era total, quebrado apenas pela respiração no úmido e quente escuro.
Um raio de luz revelou as faces chocadas do time assim que David iluminou seu esconderijo.
Uma sala de meio tamanho, cheia de mesas e computadores. Não haviam janelas.
"Você viu aquilo?". Steve disse para ninguém. "Deus, eles não iam cair, você viu aquilo?".
Ninguém respondeu, e apesar de estarem fora de perigo, Rebecca não sentiu sua adrenalina diminuir, não sentiu
seu coração voltar a nada próximo do normal; parece que a Umbrella encontrou uma nova aplicação para o
T-virus.
E gostando ou não, nós teremos que lidar com as conseqüências.
Eles estavam presos em Caliban Cove. E lá, as criaturas tinham armas.
David respirou fundo e exalou pesadamente, iluminando a porta. "Eu diria que fomos descobertos. Poderíamos
ver no que entramos. Rebecca, acenda as luzes".
Ela apertou o botão na parede e a sala se iluminou, acima fluorescentes pulsando para a vida. David avaliou seu
time e viu que Steve tinha uma mão no peito.
"Você está ferido?".
"O colete a segurou". Ele disse parecendo mais sufocado que os outros, sua face mais pálida do que devia.
Rebecca olhou para David que respondeu com um balanço de cabeça.
"Cheque-o. Mais alguém?".
Ninguém respondeu enquanto Rebecca pedia a Steve para tirar o colete. David virou-se e olhou a sala. Haviam
seis mesas de metal, cada uma com um computador. As paredes de cimento eram planas e não tinham
decorações. Tinha outra porta na parede oeste que deve se aprofundar mais no local.
"Karen, proteja aquela". Ele disse. "Não parece que estamos encarando um acidente. O que o bilhete dizia? A
comida estava drogada e alguma coisa sobre um "ele" matando os outros... é possível que nós não estejamos
olhando para uma contaminação do T-virus?".
--------------------------------------------------------------
* Rádio e *Ulna - Ossos que compõem o antebraço.
-------------------------------------------------------------- Rebecca terminou de examinar o peito de Steve, o expert em
informática estava sentado em uma das mesas na frente dela. "Você está bem. Nada quebrado".
Ela voltou para David. "É, se isso tivesse acontecido, aquele cara na porta, Lyle Ammon, teria sido infectado. Mas
os Trisquads - se eles são o resultado de experimentos com o T-virus, eles já estariam podres agora. Já se
passaram três semanas desde que o bilhete foi escrito. Pode ser um vírus diferente ou alguém esteve cuidando
deles. Manutenção de enzimas, talvez algum tipo de refrigeração".
"E se esse "alguém" ficou bravo e matou todo mundo, pra que perder tempo?". David falou.
"Aquele corpo". Karen disse. "E a criatura ou criaturas lá fora. É como se ele esperasse alguém vir..."
"... mas não significa para nós ir muito longe". John terminou.
"Então o que fazemos agora?". Steve perguntou.
David não respondeu, incerto sobre o que dizer. "Eu... nossas opções são ir embora ou ir mais adentro". Disse
calmamente. "Considerando o que aconteceu, eu não me sinto confortável visitando esse lugar. O que vocês
querem fazer?".
David olhou de face em face, esperando ver raiva e desprezo mas ficou surpreso pelo sorriso de Karen.
"Já que você perguntou, eu quero saber o que aconteceu aqui". Karen disse brilhante e ansiosa.
"É, eu também. Eu ainda quero ver o T-virus". Rebecca disse.
"Eu ainda quero destruir mais desses Tri-boys". John disse sorrindo. "Caramba, zumbis com M-16 - noite do
esquadrão dos mortos-vivos".
"Eu também quero". Steve disse. "Voltar não é muito seguro. Não foi do jeito que eu queria, mas pegar provas
sobre a Umbrella era o plano original... sim, eu quero pegar esses desgraçados".
David sorriu. Ele tinha acabado de subestimar a situação, ele gravemente subestimou sua equipe.
"O que você quer fazer?". Rebecca perguntou de repente. "Mesmo".
A pergunta o surpreendeu de novo, não porque ela perguntou, mas sim porque ele não tinha resposta. Ele
pensou no S.T.A.R.S., em sua carreira e tudo o que isso já lhes custou. Estudou o curioso olhar dela e sentiu os
outros o olhando, esperando.
"Eu quero que nós sobrevivamos". Ele finalmente disse, verdadeiramente. "Eu quero que façamos isso fora
daqui".
"Amém". John resmungou.
David lembrou do que disse à Chris para conseguir a aprovação dessa operação, algo sobre cada um deles fazer
o melhor que puder para ter sucesso contra a Umbrella.
Aprenda, Capitão...
"John, você e Karen, dêem uma olhada neste lugar, vejam as portas e estejam de volta em dez minutos. Steve,
ligue um desses computadores e veja se consegue achar um plano detalhado das áreas. Rebecca, nós veremos
as mesas. Nós queremos mapas, dados sobre os Trisquads, T-virus e qualquer coisa pessoal sobre os cientistas
que possa nos dizer quem está por trás disso tudo".
David olhou para eles, percebendo que foi claro. "Vamos lá".
Eles iriam derrubar a Umbrella.
Dr. Griffith pode não ter percebido a falha na segurança se não fosse pelos Ma7s; eles pareciam úteis apesar de
não ser essa sua intenção.
Ele passou a maior parte do dia no laboratório. Uma vez que ele decidiu soltar o vírus, não restava mais nada a
fazer. As horas voaram; cada olhada no relógio era uma surpresa. Ele seria o primeiro a transformar o mundo.
Com aquilo na sua frente, a única tarefa com que se preocupar é levá-lo para o topo do farol. Logo depois do
amanhecer ele dará as instruções finais para os doutores - e assim orgulhosamente guiar a espécie humana para
dentro da luz, para o milagre da paz.
Foi o pensamento dos Ma7s finalmente terem amanhecido dentro das cavernas, que o despreocupou. Ele já
cometeu esse erro com os Leviathans; ao assumir o controle do complexo, ele abaixou os portões da enseada,
esperando que as criaturas sintam-se tão livres quanto ele. Foi no dia seguinte que ele percebeu que a Umbrella
poderia descobrir e vir dar uma olhada, colocando um fim em seus planos. Ele continuaria mandando relatórios
semanais para maquiar a situação, mas não teria como explicar a "fuga" de quatro criaturas. Foi sorte de os
Leviathans terem voltado.
Os Ma7s eram um problema totalmente diferente. Eles eram imprevisíveis e violentos demais para ficarem do lado
de fora. Mas deixá-los morrer de fome nas jaulas não parecia certo; não foi a escolha deles de existir como
armas de destruição.
Ele ficou em frente ao portão externo por um tempo, considerando o problema dos cinco animais se atirarem uns
nos outros. Havia uma tranca manual perto de lá, e outra no laboratório. Não há modo de soltá-los do farol e
certamente não podem sair até Nicolas ficar em segurança. Ele poderia mandar um dos doutores para isso, mas
os Ma7s tem um metabolismo muito mais lento que o dos humanos.
Um mês antes da tomada do complexo, Dr. Chin e dois de seus veterinários cometeram um erro ao tentar
examinar um doente; foi um modo muito ruim de morrer.
Ele sentou em frente do computador olhando para o cursor que piscava indicando "sistema em uso" num dos
abrigos. Não havia chance de ser um erro, exceto pelos terminais do laboratório, o resto foi desativado semanas
atrás. A Umbrella veio.
Eles NÃO vão, NÃO vão me parar.
A primeira emoção foi raiva, uma fúria que o fez perder a razão.
Ainda haviam dois outros terminais no laboratório e ele andou rapidamente para um deles, olhando os doutores
sentados e quietos. Ele sentiu um ódio por eles, por criar os Trisquads; os "invencíveis" guardas que falharam na
hora em que mais precisou.
Ele sentou, ligou o computador e esperou impaciente pela silhueta do guarda-chuva girando acabar. O sistema de
segurança do complexo ficava no laboratório; de lá ele é capaz de ver o que o intruso está procurando sem
alertá-lo de sua presença.
Ele digitou várias senhas, esperou, depois digitou seu número. Após breves pausas, brilhantes linhas verdes de
informações encheram a tela. Ele conseguiu.
Olhando para as informações, ele pensou porque alguém da Umbrella estaria procurando pelo laboratório. Está
procurando no lugar errado. Os projetistas do sistema não eram idiotas, não há mapas deste lugar nos
arquivos...
... e a Umbrella saberia disso. Significa que...
O alívio passou por ele, tão puro que ele riu. Não era a Umbrella e isso muda tudo. Mesmo se eles tentarem
achar o laboratório, nunca entrariam sem um key card (cartão-chave). E Griffith destruiu todos.
Exceto o de Ammon. Nunca foi encontrado.
Ele gelou, depois balançou a cabeça. Ele havia procurado em todo lugar pelo cartão, quais as chances de um
invasor achá-lo.
E quais as chances de passarem pelos Trisquads, hein? E o que Lyle fazia nas horas em que você não o achava?
E se ele mandou alguma mensagem? Você só verificava transmissões para a Umbrella, mas se ele contatou mais
alguém?
O computador começou a mostrar informações sobre os testes de socio-psicologia que Ammon projetou. Griffith
sentiu seu controle diminuir de novo.
Eu sou um cientista, não um soldado. Eu nem sei atirar, lutar! Eu seria inútil em combate...
Imprevisível, incontrolável.
Um sorriso surgiu em seu rosto. Sangue escorria, da palma da mão, de onde suas unhas perfuraram, mas não
sentiu dor.
Seu olhar voltou-se para o aberto e silencioso laboratório. Depois para as vazias e estúpidas faces dos doutores.
Para os cilindros de ar comprimido e para o vírus, seu milagre. E finalmente para os controles que dão para a jaula
dos animais.
Nicolas sorriu largamente. O sangue pingou no chão.
Deixe-os vir.
Steve leu em voz alta. Rebecca viu David olhando para o relógio e para a porta várias vezes. Ela não achava que
se passou dez minutos, mas estava perto. John e Karen ainda não voltaram.
"... onde cada um é projetado para medir a aplicação de lógica, assim que um índice de técnicas de projeção
forem combinadas com precisão...".
Deve ser um relatório sobre a análise de algum teste de Q.I.. Deve ter sido escrito por um cientista. Ainda assim
foi o que apareceu quando Steve perguntou por informações sobre a série azul (blue series).
Alguém esvaziou a sala, e fez um bom trabalho. Ela achou livros, grampeadores, canetas, lápis, elásticos e clips
de papel, mas nenhum pedaço de papel escrito.
A busca no computador de Steve não estava indo bem; nenhum mapa e nada do T-virus. Quem quer que tenha
assumido o controle do lugar, acabou com tudo o que eles poderiam usar.
Exceto aquele teste de psicologia que nem se quer mencionou a palavra azul.
Steve apertou uma tecla e brilhou.
"Aqui vamos nós... a série vermelha (red series), quando vista de uma escala padrão, é mais básica e simples,
com um quociente de inteligência 80. A série verde (green series)...".
Ele parou. "Apagou tudo".
Rebecca desviou o olhar da mesa quase vazia a qual vasculhava quando viu David se juntando a Steve.
"Rebecca". David a chamou.
Ela fechou a gaveta e foi até Steve, curvando-se para ler o que estava escrito na tela.
O homem que o faz não precisa. O homem que o compra não o quer. O homem que o usa não sabe.
"É uma charada". David disse. "Algum de vocês sabe a resposta?".
Antes que algum deles pudesse responder, Karen e John voltaram para a sala, ambos segurando as armas.
Karen segurava um papel rasgado numa mão.
"Tudo checado". John disse. "Seis salas, nenhuma janela e só uma porta externa a norte".
"Haviam porta-arquivos na maioria delas, mas estavam vazios - exceto por este papel que achei preso na fenda
de uma gaveta".
Ela deu o papel a David que o viu, seu olhar tornando-se intenso. "Isso é tudo que havia lá?".
"Sim, mas é suficiente, não acha?".
David começou a ler alto.
"Os times continuam a trabalhar independentemente e tem mostrado um notável melhoramento desde a
modificação na *sinapse auditiva.
Na Ocasião Dois, quando mais de um Trisquad está presente, o segundo time (B) não atacará enquanto o
primeiro (A) estiver concluindo. (quando o alvo parar de se mover ou de emitir som).
Se o alvo continuar fornecendo estimulo e o A tiver suspendido o ataque (falta de munição ou defeito em todas
as unidades), B entrará em ação. Se estiverem por perto, patrulhas adicionais vão ser incluídas no ataque e serão
ativadas em sucessão.
Até agora, nós não temos expandido a habilidade sensorial para atingir o comportamento desejado; o estímulo
visual da Ocasião Quatro e Sete continuam improdutivas, apesar disso nós infectaremos um novo grupo de
unidades amanhã e correlacionar os resultados no final da semana. É nossa recomendação que continuemos a
desenvolver capacidade auditiva antes da implantação do detector de calor".
"Aqui é onde está rasgado". David disse.
"Isso explica muito. Por que o time na porta de trás da casa de barcos não fez nada?; o de fora ainda estava
atirando. Depois que você e Steve os derrubou eles entraram num segundo". Karen disse.
Rebecca não estava gostando; a Umbrella continua fazendo experiências em humanos. Em Raccoon, o T-virus
levou de sete a oito dias para contaminar de vez o hospedeiro, e em um mês já caia aos pedaços.
Ela mordeu o lábio, imaginando o que os cientistas de Caliban Cove fizeram com o vírus. E se eles aceleraram o
processo de infecção...
"O sinal da porta norte dizia que estamos no bloco C". John disse. "Você achou um mapa?".
Steve respondeu. "Não, mas dê uma olhada. Eu perguntei por informações sobre a série azul, e esse relatório de
testes de Q.I. apareceu - depois isso. Não consegui mais nada".
John olhou para a tela. "... homem que o fez não precisa, compra, não quer, usa, não sabe...".
Karen, que relia o papel rasgado, levantou os olhos com extremo interesse. "Espere, eu conheço essa aí. É um
caixão".
Steve digitou caixão. Nada mudou.
"Tente " *esquife". Rebecca sugeriu.
Assim que Steve digitou e apertou "enter", a charada foi substituída por:
SÉRIE AZUL ATIVADA.
Em seguida:
TESTES QUATRO (BLOCO A), SETE (BLOCO D), E NOVE (BLOCO B) / AZUL PARA ACESSAR DADO (BLOCO E).
"Azul para (blue to) - a mensagem de Ammon". Karen disse rapidamente. "É isso - a mensagem recebida falava
sobre a série azul, depois dizia, entrar com a resposta para senha". A resposta era esquife".
"E os números dos testes são a senha". David disse. "Tinham mais três coisas na mensagem antes de "azul para
acessar". Devem ser as respostas dos testes - as "letras e números ao contrário", "tempo arco-íris" e "não
conte".
David pegou uma caneta e virou o papel do relatório. A informação agora faz sentido. Ele desenhou cinco caixas
em duas linhas, igual o mapa de Trent, nomeando-a mais ao sul como C. Depois ele temporariamente nomeou os
outros, começando pelo topo à esquerda como A e indo para a direita e depois para a esquerda, pondo os
números dos testes perto de cada letra.
"Supondo que este seja o lado de cima e que nós precisamos resolver os testes em ordem, nós iremos nos
mover em zig-zag entre os blocos". David explicou.
"E supondo que os Trisquads não tenham problema com isso". John disse suavemente.
Rebecca sentiu sua excitação diminuir - pode ver a mesma expressão em seus colegas. Ela sabia que eles teriam
que partir, mas não queria pensar nisso até estar lá.
Agora está. E os Trisquads estão esperando.
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*Sinapse - Relação de contato entre os detritos das células nervosas.
*Esquife: Sinônimo de "caixão" (fúnebre).
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[5]
Eles pararam na porta norte no escuro e abafado corredor, apertando os cadarços, ajustando os cintos e
recarregando as armas.
"Você, Steve e Rebecca com o da esquerda, noroeste daqui. Daremos um tempo, depois Karen e eu sairemos.
Se você estiver certo, estaremos no bloco D; se estiver de ponta-cabeça, bloco B.
De qualquer modo, nós procuraremos o número do teste, e esperaremos vocês nos darem o "vai em frente".
John explicou.
"E se eu não...".
Karen interrompeu dizendo: "Se a gente não o ver em meia-hora, voltaremos aqui e esperaremos por Steve e
Rebecca. Completaremos os testes se for possível".
"Certo". David disse. "Ótimo".
Eles estavam preparados. Haviam infinitas variáveis da equação que poderiam tornar o simples plano, difícil.
"Alguma pergunta antes de irmos?".
Rebecca começou a falar com preocupação. "Eu quero lembrar a todos para terem bastante cuidado com o que
tocarem, ou o que os tocarem. Os Trisquads são portadores, então tente não se aproximar deles, principalmente
se estiverem feridos".
David pensou nas centenas de milhões de partículas do vírus que poderiam haver numa gota de sangue...
Todos esperaram por seu sinal. Ele deixou os pensamentos de lado e colocou a confiança na sua arma, tocando
a maçaneta da porta.
"Prontos?". Com silêncio, agora, no três - um... dois... três".
Ele abriu a porta e saiu para o quente ar da noite ouvindo o barulho das ondas. Estava mais claro do que antes. A
quase lua-cheia havia se erguido, iluminando o complexo. Nada se moveu.
Bem na frente dele a uns vinte metros estava o destino de Karen e John. Tinha uma porta de frente para o bloco
C; eles não precisarão contornar o prédio para entrar.
David saiu da porta para a sua esquerda, encostado na fina sombra da parede. Ele podia ver a frente do prédio
que esperava ser o A, alto, pinheiros à esquerda e atrás dele. Havia uma porta no meio dele, e nenhuma
proteção ao longo dos trinta e pouco metros que os separavam. Uma vez fora de C, eles estarão totalmente
vulneráveis.
Ele respirou fundo e correu abaixado para a porta do bloco. Seu corpo esperava por uma rajada de balas; a
aguda dor que o levaria para o chão. Mas estava silencioso. Os Segundos demoraram uma eternidade para a
porta ficar mais perto, maior...
Então a maçaneta estava sob seus dedos sendo girada, entrando numa sufocante escuridão - virando, viu
Rebecca e Steve chegando.
David fechou a porta rapidamente e sem fazer barulho, sentindo o vazio da sala, a falta de vida - e então o
cheiro o atingiu.
Era o mesmo cheiro da casa dos barcos só que cem vezes mais forte. David conhecia o cheiro. Se deparou com
ele numa floresta na América do Sul, num acampamento cultista em *Idaho e no porão da casa de um serial
killer. O cheiro de podridão era inesquecível.
Quantos haverão aqui?
O raio de luz rasgou a escuridão e encontrou uma pilha de corpos que tomava conta de um grande depósito, não
havia como ter certeza de quantos corpos estavam lá; eles já estavam derretendo uns nos outros, a carne negra
e enrugada dos corpos empilhados no úmido calor. Talvez quinze, talvez vinte...
Steve se afastou e vomitou - um grosso som na quieta sala.
David procurou no resto da sala, encontrando uma porta com a letra A escrita em preto.
Sem olhar para o monte, ele levou Rebecca para a distante porta agarrando Steve.
Eles saíram num corredor sem janelas, e tinha um interruptor de luz perto da porta. David o ignorou por um
momento, esperando seus jovens colegas se acalmarem.
Parece que os funcionários da Umbrella de Caliban Cove foram encontrados.
Karen e John esperaram um minuto depois que os outros foram. Abriram a porta o suficiente para ouvir. O ar
passou pela abertura. Ao longe o barulho das ondas mas nenhum tiro, nenhum grito.
Karen fechou a porta e olhou para John. "Já devem ter entrado. Quer ir na frente ou prefere que eu vá
primeiro?".
"As minhas mulheres sempre vão primeiro". Ele sussurrou. "Isso quando eu vou junto, se é que você me
entende".
"John, só responda a pergunta".
"Eu vou. Espere até eu atravessar, depois siga".
Ela se afastou para deixá-lo passar.
Assim que ele colocou a mão na maçaneta, respirou fundo e a girou. Nenhum som, nenhum movimento lá fora.
Segurando sua Beretta, ele se afastou do prédio e moveu-se rapidamente para a porta a uns vinte passos à
frente.
Alcançando a porta, tocou a fria tranca de metal - ela não se moveria. Estava trancada.
Sem pânico. Ele fez um sinal para Karen esperar e seguiu para a sua direita. Fez a curva sentindo o duro concreto
contra o seu ombro esquerdo e coxa.
Tinha outra porta de frente para o mar.
Rat - atat - atat - atat!
As balas acertaram o chão. John recuou encostando-se na parede, agarrando a fechadura. Vindo da direção da
casa dos barcos, um fila de três - John abriu a porta e pulou atrás dela, ouvindo o ping-ping-ping delas
esmagando o metal, parando a centímetros de seu corpo.
Ele segurou a porta aberta com os pés, deu uma rápida olhada e mirou no flash de luz, apertando o gatilho
enquanto pedaços de concreto e poeira vinham da parede.
Outra olhada e a fila estava mais perto, as três figuras ganhando forma. John atirou novamente pelo espaço da
porta - e quando olhou de novo, só haviam dois em pé.
John virou e viu mais dois a uns três metros no canto nordeste do prédio, ambos com metralhadoras.
Mas não se mexeram para atirar.
As M-16 ainda estavam se aproximando, mas ele só via as criaturas lá em pé, balançando em instáveis pernas.
O da esquerda tinha só metade da face; do nariz para baixo era uma líquida e polpuda massa de pele, pedaços
escuros pendurados por fibras de carne. O da direita parecia intacto até ele ver sua barriga; a mole e saliente
cobra de intestinos através de sua camisa ensangüentada.
Não vai atacar enquanto A estiver terminando.
Bam! Bam!
Karen.
John recuou para dentro do prédio, segurou a porta aberta contra o par que ainda atirava. Ele mirou
cuidadosamente. Nenhuma das criaturas se mexeu para se proteger, só ficaram lá, o observando.
Dois tiros certeiros na cabeça explodiram sob o som das metralhadoras. Antes deles caírem no chão, John ouviu
outro tiro de nove milímetros.
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*Idaho - Estado dos E.U.A.
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Ele olhou em volta da porta e viu as figuras do time ativo a uns trinta metros, um deles ainda atirava com a arma
apontada para o céu.
Karen surgiu de entre os prédios com a arma ainda apontada para o convulsivo atirador, de costas para John.
"Não atire nele! Aqui, deixa ele!".
Ela virou para John e ambos entraram no bloco. Assim que ela fechou a porta o som da metralhadora cessou.
A respiração irregular de Karen quebrou o silêncio da escura sala.
"Ei John, foi bom para você?".
Ele piscou os olhos registrando as palavras vagarosamente.
"Indo Primeiro". Ela completou. "Foi como você esperava?".
"Não teve graça". Ele disse.
Um pouco depois eles começaram a rir.
Enquanto eles se moviam pelo corredor, Rebecca pensava em Nicolas Griffith, sobre a história das vítimas do
Marburg - e não haviam provas de que ele está por trás do massacre do pessoal da Umbrella, ela não conseguia
abalar o pensamento de que ele é o responsável.
O corredor os levou através de várias salas, tão sem vida quanto as do bloco o qual vieram. Eles passaram pela
saída no lado mais distante do bloco e depois de outra curva no corredor, finalmente chegaram a uma outra porta
marcada com a letra A, e embaixo, 1-4. Haviam três triângulos debaixo dos números, cada um com cores
diferentes - vermelho, verde e azul.
David abriu a porta, revelando um hall. Rebecca viu mais triângulos coloridos na porta 1 à direita. Outra não tinha
nada.
"Eu fico com o teste". David disse. "Steve, você e Rebecca verão a outra porta. Nos encontraremos aqui".
Rebecca balançou a cabeça e viu Steve fazer o mesmo. Ele parecia um pouco pálido, mas forte o suficiente. Ele
soltou o olhar ao perceber que ela o estava observando. Rebecca sentiu uma simpatia por Steve, percebendo que
ele estava envergonhado por ter jogado o almoço fora.
Os dois abriram a porta e saíram numa outra sala sem janelas, abafada e quente como o resto do lugar.
Rebecca acendeu as luzes e um grande escritório cheio de estantes, apareceu. Uma mesa de aço ficava no
canto próxima a um porta - arquivos com as gavetas vazias e abertas.
"Você quer a mesa ou as estantes?". Steve perguntou.
"Acho que as estantes". Rebecca escolheu.
Ele sorriu quase tímido. "Melhor assim. Talvez eu ache algumas balas de hortelã numa das gavetas".
Rebecca sorriu agradecida pela brincadeira. "Guarde uma para mim".
Eles se olharam, ainda sorrindo - e Rebecca sentiu um calafrio de excitação através do corpo.
Steve desviou o olhar primeiro com a cor de suas bochechas mais rosas do que antes. Ele foi para a mesa e
Rebecca para a fileira de livros, sentindo-se um pouco corada. Havia uma definitiva atração lá, e parecia ser
comum.
Os livros eram sobre o que ela esperava. Química, biologia, modificação de comportamento e vários boletins
médicos.
Ela correu a mão, puxando os livros. Talvez haja algo escondido atrás de um deles.
... sociologia, *Pavlov, psicologia, psicologia, patologia -
Ela parou, olhando um fino livro preto entre dois grandes. Sem título. Ela o pegou e sentiu seu coração acelerar ao
abrir o pequeno livro, vendo as rabiscadas letras escritas à mão.
Ela viu "Tom Athens" escrito em letras boas na capa de dentro.
Um dos caras da lista, um dos cientistas!
"Eu achei um diário". Ela disse. "É de uma das pessoas da lista do Trent, Tom Athens".
Steve tirou os olhos da mesa. "Mesmo? Vá para o final, qual é a última data?".
"Diz 18 de julho - mas não parece que ele o mantinha certo. A data antes dessa é 9 de julho...".
"Leia a última inscrição". Talvez nos diga o que está acontecendo". Steve disse.
Ela foi para a mesa e inclinou-se nela, limpando a garganta.
"Sábado, 18 de Julho. Esse foi um longo e ridículo dia, o fim de uma longa e ridícula semana. Eu juro por Deus, eu
vou bater no Louis se ele convocar mais uma reunião. Foi para adicionar ou não outra Ocasião no programa
Trisquad, como se precisássemos de outra. Tudo o que ele queria era tê-la no papel, e o resto foi seu besteirol
de sempre - a importância do trabalho em equipe, a necessidade de compartilhar informações, então nós todos
podemos "ficar no rumo certo". Quer dizer, Jesus, é como se ele não conseguisse viver sem o seu nome no
semanal.
Ele não tem feito nada desde o desastre do Ma7, exceto por tentar e convencer todo mundo de que a culpa foi
de Chin. É o fim da picada...
Alan e eu falamos sobre os implantes ontem, está indo bem. Ele vai descrever a proposta esta semana, e NÃO
deixaremos Louis tocá-lo. Com sorte, conseguiremos a luz verde no fim do mês. Alan acha que os White boys
vão querer fazê-los antes de Birkin, só Deus sabe porque; B. não dá a mínima para o que fazemos aqui, ele está
longe de ser brilhante de novo. Eu tenho que admitir, eu quero saber qual será sua próxima síntese; talvez nós
devemos malhar alguns dos nossos Trisquads.
Houve um pequeno susto no D na Quarta-feira, na 101. Alguém deixou o refrigerador aberto, e Kim jurou que
estavam faltando alguns produtos químicos. Estou começando a achar que ela errou na contagem de novo. É
difícil de acreditar que ela está encarregada do processo de infecção. Ela é negligente para cuidar do equipamento.
Estou surpreso por ela não ter infectado o complexo inteiro. Deus sabe que há o bastante para isso.
Eu mesmo deveria conferir o D, para ter certeza de que está tudo pronto para amanhã. O Griffith tem pedido
para observar o processo; primeira vez que ele se interessou pelo que estamos fazendo. Eu sei que é idiota, mas
eu ainda quero que ele seja impressionado; ele é tão brilhante quanto Birkin, em seu próprio modo pavoroso. Eu
acho que ele até intimida Louis, e Louis é geralmente burro demais para isso.
Mais tarde.".
O resto das páginas estavam em branco. Rebecca olhou para Steve, incerta sobre o que fazer, sua mente
trabalhando para juntar os pedaços de informações relevantes. Havia algo lá que a incomodava.
Elementos químicos faltando. Processo de infecção. O brilhante e pavoroso Dr. Griffith...
Agora ela não tem mis dúvidas de que Griffith matou os outros, mas não foi o que a fez dizer em voz alta. Foi...
"Bloco D". Steve disse. "Se nós estamos em A, Karen e John estão no D".
Onde há T-virus suficiente para infectar o complexo inteiro. Onde o processo de infecção aconteceu.
"Nós devemos contar para o David". Rebecca disse. Steve concordou. Eles foram para a porta. Rebecca
esperando que John e Karen não achassem a sala 101 - e se achassem, que não tocassem em nada.
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*Pavlov - Fisiologista russo, ganhador do prêmio Nobel.
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A sala de teste era grande, três das paredes marcadas com linhas formando três cubículos. Acendendo a luz, ele
viu que os testes estavam claramente numerados e marcados com cores, os símbolos pintados no chão de
cimento em frente de cada um.
Todos os testes da série vermelha estavam à sua esquerda, mais perto da porta. Ele viu blocos brilhantes e
coloridos, simples figuras nas mesas em cada cubículo que passou, indo para o fundo da sala. A série verde
estava demarcada na parede oposta. Ele a ignorou completamente.
A parede de trás era marcada com triângulos azuis. O teste número quatro ficava no distante canto direito.
Aproximando-se do fundo da sala, ele ouviu um fraco ruído de força vindo da área azul. Havia um pequeno
computador na mesa do teste número dois. Um teclado e um fone na do três. Como prometido, as séries
estavam ativadas.
Ele parou em frente do último cubículo, voltando sua atenção para a tarefa. Ele não estava certo sobre o que
veria, mas o tipo do teste o surpreendeu. Uma mesa e uma cadeira de metal cinza. Na mesa havia um bloco de
papel, um lápis e um tabuleiro de xadrez com todas as peças no lugar. Assim que ele entrou no cubículo, viu uma
placa de metal na superfície da mesa com números marcados nela.
David sentou na cadeira olhando para os números.
9-22-3 // 14-26-9-16-8 // 7-19-22 // 8-11-12-7
Olhou para o tabuleiro e então de volta aos números. Nada mais para ver; isso era tudo. Ele ordenou
rapidamente as dicas da mensagem de Ammon, imaginando qual seria a resposta. Era "letras e números ao
contrário" ou "não conte"? não parecia ser nada relacionado com o tempo ou arco-íris, tinha que ser um dos
dois...
Se as linhas estão na mesma ordem que os testes, este é letras e números ao contrário. Mas que letras, não
tem nenhuma.
David sorriu de repente sacudindo a cabeça. Os números na placa não são maiores que 26; era um código, e
bem simples.
Ele pegou o lápis, escreveu o alfabeto e o numerou de trás para a frente; A era 26, B 25 até Z, 1.
David começou a decifrar a mensagem.
R... E... X... M...
A última letra era T. Ele olhou para a frase e depois para o tabuleiro. Parecia que alguém tem senso de humor.
REX MARKS THE SPOT
"Rex" significa "rei" em Latim.
Branco sempre começa, então...
Ele tocou o rei branco. Assim que o dedo dele tocou na peça, ela girou em volta e ficou de frente para as costas
do tabuleiro. Ao mesmo tempo, um suave som musical veio de cima. Ele olhou para o teto e viu um alto falante.
Nada mais aconteceu, nenhuma luz piscando ou passagens secretas atrás da parede. Aparentemente ele
passou.
Parecia ser um complicado teste para alguém supostamente tão burro quanto o zumbi de um Trisquad. Os
cientistas deviam ter planos para algo mais... inteligente...
David levantou e foi para a frente da sala - assim que a porta abriu. Rebecca e Steve entraram com expressões
amedrontadas.
"O que foi?"
Rebecca ergueu o livro falando rápido. "Ele diz que o vírus foi usado para infectar os Trisquads no bloco D, na sala
101. Tudo pode estar bem a não ser que John ou Karen tocaram algo contaminado".
Foi o bastante. "Vamos!".
Eles correram pelo caminho a qual vieram em direção a saída.
Eles estavam no iluminado corredor no centro do bloco D, silenciosamente escutando pelo som que os diria sobre
a chegada de David. De lá eles eram capazes de escutar uma das três portas externas sendo usadas. Depois de
vasculharem o prédio e achado a sala do teste, ela e John liberaram todas as portas de saída.
Karen olhou no relógio e esfregou os olhos, sentindo-se cansada por tudo o que aconteceu naquela noite, e ainda
enjoada pelo que acharam na sala 101.
Até John estava mais quieto do que o normal. Não fez uma piada desde que voltaram para esperar.
Talvez ele esteja pensando nas macas com sangue. Ou nas seringas. Ou no equipamento médico amontoado na
pia...
Eles encontraram a sala do teste primeiro, uma grande sala cheia de pequenas mesas, cada uma marcada com
números entre cinco e oito; Karen ficou desapontada de algum modo por ver que o número sete da série azul era
só um punhado de ladrilhos coloridos com letras neles - metade deles de cabeça para baixo e ilegíveis. As cores
correspondiam às do arco-íris, apesar de ter duas peças violeta a mais no monte.
Desde que eles não podiam bagunçá-lo até David completar o primeiro teste, ela sugeriu voltar e explorar o resto
do bloco.
Eles passaram por alguns escritórios vazios e uma cafeteria bagunçada, onde acharam uma caixa de rosquinhas
incrivelmente mofadas. Foi o laboratório químico que os disse sobre o tipo de lugar que a Umbrella criou. Karen
não acreditava em fantasmas mas a sala deu uma sensação jamais experimentada; era fria, simples e
assombrada pelo medo e pelo o frio; à moda de um cientista nazista cometendo atrocidades contra o
companheiro.
"Você está pensando naquela sala?". John perguntou.
Karen acenou mas não disse nada.
... a porta da sala 101 estava claramente marcada com um símbolo de risco biológico, fazendo eles discutirem
sobre entrar ou não. John dizia que o ambiente poderia estar contaminado.
Karen dizia que nenhum deles tem cortes ou arranhões, e que poderiam achar algo sobre o T-virus. A verdade
era que ela não queria deixar essa oportunidade passar; queria ver o que estava atrás da porta fechada, porque
estava lá.
John tinha finalmente concordado e eles entraram, pisando numa pequena passagem que estava cercada de
folhas de plástico pesado. Haviam chuveiros acima e um ralo no chão; uma área de descontaminação.
Uma segunda porta dava para uma sala que os levou para o sonho de um cientista maluco.
Vidro triturando sob os pés. Um cheiro de suor sob o odor de água sanitária...
John acendeu as luzes e antes da grande sala poder ser vista, Karen sentiu seu coração acelerar. Se parecia com
outros laboratórios a qual ela trabalhou; bancadas e estantes, pias de metal e um grande refrigerador de inox no
canto com uma trava na maçaneta. E de algum modo - o lugar era tão familiar. Um lugar que ela sempre se
sentia em casa.
As pequenas diferenças eram as mais dramáticas. A sala era dominada por uma limpa mesa de autópsia,
adaptada com amarras de velcro. Haviam outras duas macas de hospital, adaptadas do mesmo jeito, junto a
ela.
Ao se aproximar de uma delas, Karen viu uma escura e seca marca na ponta; o fino colchão estava ensopado de
sangue no lugar onde os tornozelos e pulsos de um homem deviam ficar.
No fundo da sala estava uma jaula do tamanho de um closet. Próximo a ela, vários postes finos apoiados na
parede com aproximadamente um metro de comprimento - cheio de agulhas hipodérmicas.
Esses são tipos de instrumentos usados para dopar animais selvagens.
Karen olhou para a maca, tocando levemente a seca mancha, imaginando que tipo de pessoa participou de um
experimento como esse. A mancha seca de sangue era velha e empoeirada fazendo-a pensar sobre como as
vítimas sofreram esperando na jaula, provavelmente observando alguns homens de luvas injetando um vírus
mutante em um ser humano amarrado...
O olho direito de Karen coçou, tirando sua concentração dos terríveis pensamentos, trazendo-a de volta para o
presente. Ela o esfregou, e depois olhou no relógio de novo. Se passaram apenas vinte minutos desde que o time
se separou.
O som de uma das portas foi ouvido, seguido pelo grito de David através do corredor. Ele veio pela entrada
oeste.
"Karen, John!".
John olhou para ela, que sentiu uma onda de alívio. David estava bem.
"Aqui! Continua andando!". John respondeu. "Vire à direita!".
David apareceu dentro de alguns segundos, sua face coberta de preocupação.
"Está tudo...". Karen começou a perguntar mas foi interrompida por David.
"Vocês acharam a sala 101?".
"Sim, no oposto de onde você veio". John disse sorrindo.
"Algum de vocês tocou algo? Vocês tem cortes ou pequenos ferimentos que podem ter entrado em contato com
alguma coisa?". David falou rápido. "Nós achamos um diário dizendo que essa sala era usada para infectar
Trisquads".
John sorriu de novo. "Sério. Nós descobrimos isso em uns dois segundos".
Karen ergueu as mãos para David vê-las. "Nenhum arranhão".
David exalou forte. "Graças à Deus. Eu pensava no pior vindo para cá. Nós achamos os cientistas no bloco A;
Ammon estava certo, ele os matou - e o nosso "ele" agora tem um nome. Rebecca está certa de que é Nicolas
Griffith. Ele foi o cara que ela reconheceu da lista do Trent. Ele tem uma história e tanto, ela te conta quando nos
reagruparmos...".
"Caramba David, eu não sabia que você se preocuparia. Ou que você achasse que nós seríamos burros o
bastante para nos espetarmos com agulhas sujas, num lugar como esse".
David riu. "Por favor, aceitem as minha sinceras desculpas".
"Onde o Steve e a Rebecca estão?". Karen perguntou.
"Provavelmente na próxima área do teste. Eu os vi entrando no bloco B antes de vir aqui... vocês acharam o
teste sete?"
"Por aqui". John disse assim que eles caminhavam pelo corredor. Ele começou a contar a luta que tiveram contra
os Trisquads.
Karen seguiu, esfregando a chata coceira em seu olho direito. Ela deve tê-lo irritado com tantas cutucadas.
Parece estar piorando. E para completar, sentiu uma dor de cabeça chegando.
Ela nunca teve dores de cabeça a não ser que tivesse algo. O mergulho no mar deve ter dado um resfriado a ela - e a pulsação na sua cabeça não será piedosa.