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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


CRAVING MIDNIGHT / A. M . Hargrove
CRAVING MIDNIGHT / A. M . Hargrove

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

Ela é uma estrela com segredos. Ele faz com que os escândalos desapareçam. Juntos, eles farão faíscas voarem...
Sou Harrison Kirkland, o restaurador de Hollywood... o cara da limpeza de suas bagunças sórdidas.
Quando sou contratado para lidar com uma situação para Midnight Drake, uma atriz em ascensão de cabelo escuro e sensual, achei que seria um trabalho simples.
Eu não poderia estar mais errado.
A bagunça em que ela se meteu foi apenas o começo.
Midnight tem uma teia de segredos e mistérios... e ela não está desistindo deles por nada ou ninguém... incluindo eu.
Se eu não tomar cuidado, a próxima coisa que vai precisar de conserto... será meu coração...
Só isso deveria ter me feito sair do palco pela esquerda... mas não fez.
Isso só me deixou desejando ainda mais a Midnight.
E isso não é como jogar gasolina no fogo?

 

 

 

 

 

 

Capítulo 01

MIDNIGHT

Minha vida finalmente mudou. As coisas estão melhorando. Vir para Nova York sempre foi um sonho para mim, e agora estou aqui, em uma sessão de fotos para o meu próximo filme. E desta vez, não é um papel de merda, ou um filme pornô sendo filmado nos fundos de um armazém úmido, onde eu morreria de frio porque o diretor queria que meus mamilos se destacassem constantemente. Não, estou aqui por causa do grande e novo contrato que recentemente consegui para o filme Turned. Planejo trabalhar duro para provar ao mundo que Midnight Drake tem o que é preciso para ser levada a sério como atriz.

Olhando pela janela do meu quarto de hotel, o horizonte da cidade de Nova York é ainda mais impressionante do que eu imaginava. LA é ótima e eu adoro, mas nada supera o Empire State Building. Não ligo para o que os outros dizem. Meu telefone toca, interrompendo minha reflexão.

— Olá?

— Midnight, é Dex McCloud. Só queria que você soubesse que todos nós, vamos nos encontrar lá embaixo em cinco minutos.

Dex é o fotógrafo.

— Oh, obrigada. Estou a caminho.

Estamos nos reunindo do lobby para tirar algumas fotos promocionais do filme. Será o ator principal, o produtor e eu. Nunca estive tão entusiasmada com alguma coisa, em toda a minha vida.

Agarrando meu casaco, bolsa e um punhado de ursinhos de goma, vou para os elevadores. A última coisa que quero é chegar atrasada. Nós devemos nos encontrar, em um enorme arranjo floral e eu sou a primeira a chegar. Pontos para Midnight. Olhando ao redor, noto muitas pessoas correndo, há muitas pessoas elegantes vestidas andando por aqui. Isso me faz sentir um pouco fora do lugar, mas ainda feliz por usar a roupa que escolhi. A calça preta conservadora e o suéter preto são perfeitos para onde estamos.

A única coisa que se destaca é o meu batom vermelho. É uma espécie de marca registrada. Me sinto nua sem ele. Talvez seja porque me lembro da minha mãe sempre que uso.

Empurrando essas memórias de lado, olho pela sala.

Um homem se aproxima de mim com um sorriso caloroso. Ele tem uma câmera presa ao pescoço, mas ainda sou cautelosa. Você nunca sabe como são os paparazzi hoje em dia.

— Oi, eu sou Dex McCloud, — diz ele, estendendo a mão. Ofereço meu próprio sorriso e pego a mão dele, apertando-a.

— Olá, Midnight Drake.

— Sim, eu te reconheci. — Seu tom amigável me deixa ainda mais à vontade. — Que bom que você está aqui. Geralmente tenho que esperar todo mundo.

— Ah, eu odeio me atrasar. Danny está aqui? — Eu pergunto. Ele é o produtor.

— Ele deveria estar. E Holt também. Ele olha o relógio e depois olha para mim.

— Quanto tempo você espera que isso leve?

— Não por muito tempo. Pensei em ir até o Central Park. Normalmente, consigo o que preciso em cerca de trinta minutos. E a iluminação é perfeita para fotos ao ar livre hoje.

— Parece ótimo, — Digo.

Ele me olha por um momento. — Você é muito menor pessoalmente.

— Oh. — Não sei bem como responder a isso. Ele quer dizer que eu pareço baixa na tela?

Então ele mexe os pés e acrescenta: — O que eu quis dizer é que na tela você parece muito mais alta. Você é realmente muito pequena.

— Sim, eu sempre quis ter no mínimo 1,65, mas só consegui chegar às 1,54. É por isso que costumo usar salto alto, o que não usei hoje, — suspiro. — Tive essas ilusões de me tornar uma modelo famosa quando criança e você pode ver como isso funcionou para mim. — Uma risada estranha borbulha pelos meus lábios. Acabei fazendo filmes de classificação B depois da pornografia, o que não é exatamente o primeiro modelo. Mas deixo de fora esses pequenos detalhes, porque ninguém sabe o que é pornografia. Ter feito uma plástica no nariz, mudar meus cabelos negros, para loiro, ajudou a alterar minha aparência, para que ninguém perceba que eu era a ex-Lusty Rhoades.

— Acho que a indústria da moda é louca. Você é linda e seria uma modelo perfeita. Eles querem que suas modelos pareçam magras. Considere-se sortuda.

Levantando meus olhos para os dele, inspiro seu perfume. — Uau. Você tem opinião única, sabia?

— Passo muito tempo atrás das lentes e reconheço o que é a verdadeira beleza. Esses pobres espantalhos não são bonitos. Elas são lamentáveis. De qualquer forma, parabéns pelo seu próximo filme.

— Sim, obrigada. Estou super empolgada com isso.

Holt e Danny se aproximam e nossa doce conversa para. — Ei, crianças, — diz Danny. — Obrigado por voar até aqui, Midnight. Estávamos com uma agenda tão apertada com o último filme de Holt, que não havia como arranjar um voo de volta para Los Angeles.

— Não tem problema, — digo. Holt mira seu olhar gelado para mim. Ele despreza o fato de eu estar no filme. Ele queria alguém famosa, que pudesse garantir um sucesso nas bilheterias, mas acabou com uma garota quase desconhecida. Seu olhar desdenhoso me faz sentir como se eu fosse um vírus.

Eu meio que não o culpo. Ele é o homem mais sexy e quente do ano. Ele reina como rei quando se trata de se comparar, com outros homens. Quando eu o inspeciono secretamente, é fácil ver o porquê. Cabelos castanhos beijados pelo sol, olhos tão verdes que parecem joias, dentes perfeitos e uma boca carnuda. O homem é puro pecado em duas pernas. E ele acaba com alguém, só com o olhar. Não, é difícil culpá-lo um pouco. Mas vou conquistá-lo, pouco a pouco, mesmo que eu tenha que comprar um maldito filhote para ele.

— Todo mundo pronto para dar um passeio? — Dex pergunta.

— Por que não? — Holt diz amargamente.

Danny lança um olhar para ele, mas não diz nada.

— Claro, — eu gorjeio. — Vamos.

Saímos do hotel pela entrada principal. O Plaza é lindo. Nunca fiquei em qualquer lugar tão chique. Seguimos Dex do outro lado da rua até o parque. Fiel à sua palavra, ele terminou em trinta minutos. Voltamos ao hotel e Dex quer tirar algumas fotos de nós tomando café no restaurante.

Holt resmunga e depois diz: — Oh, pelo amor de Deus. Por que você não pede um chá? Eles não servem chá aqui? Talvez adicione um biscoito ou algo assim.

Dex parece extremamente desconfortável. — Sinto muito, Sr. Ward, mas se eu não conseguir fotos suficientes, todo mundo vai querer trazê-lo de volta. É melhor conseguirmos tudo agora, enquanto estamos aqui.

Um suspiro longo ruge dele. Caramba, você pensaria que estavam puxando as unhas de Dex, uma a uma, com a maneira como ele está agindo.

Sorrindo, digo: — Estou bem com o que você decidir, Dex. — Decido ser a única a tornar seu trabalho menos difícil.

— Vá lá, pequena senhora sexy, marque alguns pontos, enquanto puder.

Que porra é essa! Espero totalmente que Danny dê um passo à frente e diga alguma coisa, mas ele é tão covarde que age como se não tivesse ouvido nada. Bem, não vou aceitar isso. Já tive o suficiente do ato ranzinza de Holt.

— Holt, desculpe-me por não gostar do fato de ter sido escolhida para esse papel, mas isso não lhe dá o direito de me insultar.

Um sorriso desagradável curva seu lábio. Ele abaixa os olhos e eles deslizam sobre o meu corpo. Instantaneamente me sinto suja.

— Isso está certo? — Então ele dá um passo em minha direção e invade meu espaço pessoal. Ele se inclina para perto e sussurra para que somente eu possa ouvi-lo. — O que eu gostaria de saber é como alguém como você foi escalada para um filme comigo. O que você fez, Midnight? Você colocou sua boca quente em torno do pau de Danny e fez alguns favores sujos?

Uma bola vermelha de fúria quase me cega. Não tenho certeza de como responder a esse imbecil sem chegar ao nível dele. Sei uma coisa: não encontro alguém tão cruel há muito tempo. Leva-me de volta a um tempo em que mal posso me forçar a lembrar.

Sacudindo-me dessa memória, resmungo: — Afaste-se de mim, Holt. — Quando ele não o faz, eu me afasto em direção a Dex e pergunto onde ele precisa de mim.

— Por que não conseguimos uma mesa no restaurante, — ele sugere.

No caminho, questiono como vou tolerar trabalhar com a colaboração de Holt durante a duração do filme. O homem é revoltante.

Uma vez sentados, nós três sorrimos como se fossemos as pessoas mais felizes do mundo. Encubro minha antipatia por Holt fingindo que estou em um lugar feliz. Mas noto o brilho de aço em seus olhos verdes, o desdém estampado em sua expressão. A curvatura de seus lábios que eu costumava achar sexy, era agora cruel. Dex é rápido e, em breve, a sessão é encerrada.

Danny, que finalmente tira os olhos do telefone, pergunta: — Então, o que vocês dois vão fazer hoje à noite?

Holt murmura algo sobre encontrar amigos. Eu mal presto atenção. Minha missão é ficar o mais longe possível dele.

— Midnight? E você? Você está interessada em comer algo?

— Claro. Que horas?

— Gostaria que fosse cedo. Seis está bom? — Ele pergunta.

Quando verifico a hora, vejo que já são cinco e meia. — Isso é bom. Encontro você aqui embaixo então. Precisamos de uma reserva?

— Não. Há um ótimo lugar ao virar da esquina.

O jantar com Danny acaba sendo ótimo. Um contra um, ele é muito extrovertido e amigável. Decido arriscar e perguntar sobre Holt.

— Parece que Holt não está muito animado com o meu papel no filme.

Danny assente. — Ele queria ser o ator principal. Holt é assim. Toda vez que ele faz um filme, ele apela para que sua garota do momento seja escolhida como a atriz principal. Continuo dizendo a ele que suas mulheres não têm nenhuma experiência.

— Espero não estar ultrapassando, mas o que fez você me escolher? — Minha curiosidade está me matando.

— Não me importo de contar a você. Sua presença na tela é irreal. Quando analisamos seus testes de tela, ficamos impressionados. E você era o ajuste perfeito para Christine. Seu cabelo, seus olhos, sua estatura. Você nasceu para o papel. Não se preocupe com Holt. Ele faz isso com todos com quem trabalha, tenta intimidá-los. Deixe ele. Ignore-o. Ele superará isso, assim que trabalhar com você alguns dias e captar sua emoção no set.

— Isso é reconfortante, mas ele me faz querer dar um soco no rosto dele.

Danny toma um gole de Bourbon. — Sim, eu entendo isso de todas as mulheres que trabalham com ele de primeira. Ele é um idiota. O que posso dizer? Mas espere até assistir o produto final. Você estará adorando ele. Especialmente quando você vê sua conta bancária.

— Bom saber. — É certo que Danny me acalmou sobre Holt. Terminamos o jantar e ele me convida para tomar uma bebida. Fico um pouco desconfiada, quanto a isso.

— Midnight, não gosto de dormir com meus atores, se é isso que está te impedindo. Não acredito nessa merda. Estraga um bom relacionamento de trabalho.

— Ouvi isso sobre você. — Eu o verifiquei antes de concordar em assumir esse papel. Depois de trabalhar na indústria da pornografia, você acha que todo mundo está interessado em alguma coisa.

— Então?

— Claro, por que não?

Nós pulamos em um táxi e vamos para um clube muito legal. Danny cresceu em Manhattan, então estou confortável com ele liderando o caminho. Dançamos, tomamos mais alguns drinques e peço licença para usar o banheiro.

Quando volto, não encontro Danny. Então eu o espio na pista de dança com alguém. Estou sozinha no bar quando um cara bonito se aproxima e me pede para dançar. Abrimos caminho através da multidão e reivindicamos uma parte do salão. Ele não é ruim, mas eu sei como dançar. Costumava imitar minha mãe, que era stripper, então minhas habilidades de dançarina exóticas, são muito boas.

Não querendo que ele tenha uma impressão errada de mim, eu desço até embaixo e me movo como todo mundo faz, balançando meus quadris ao ritmo.

Algumas músicas depois, voltamos para o bar e ele sai. Danny volta com sua nova amiga e nos apresenta. Ela reconhece meu nome em algum trabalho de TV que fiz. Ela fica animada e conversamos. Então ele se inclina e pergunta se eu me importo de pegar um táxi de volta para o hotel sozinha. Estou bem com isso. Acho que ele conseguiu uma companhia para a noite.

O cara com quem eu dancei, que diz que se chama John, volta.

— Que tal eu comprar uma bebida para você?

Mais uma não pode fazer mal. Estou apenas um pouco alta. — Claro, por que não?

— Então, qual é a sua bebida?

— Vou tomar um tônico de vodka com limão extra. — Acho que depois desse, pedirei um táxi. Enquanto espero minha bebida, aprecio a paisagem. John me entrega o copo e eu saboreio a mistura saborosa. Conversamos um pouco, mas de repente, não estou me sentindo bem. A sala se inclina e fico tonta a cada segundo. Começo a suar e me sinto enjoada.

— Ei, você está bem? — ele pergunta.

— Não. Acho que preciso sair. Mas não tenho certeza se consigo chegar à porta.

Ele pega meu braço e diz: — Não se preocupe, eu estou com você. — Ele rapidamente me leva para fora enquanto eu grito as palavras— The Plaza, — e minha mente fica em branco depois disso.

A próxima coisa que sei é que eu acordo - mais ou menos. Estou em uma cama, e tudo está confuso. Quando tento me levantar, não consigo me mexer. Meus membros estão pesados, como se eu estivesse presa no concreto. Ouço vozes, apenas meu cérebro está tão nebuloso que não sei dizer o que estão dizendo ou quem está falando. O que diabos está acontecendo? Foco, midnight. Foco.

Pisco para clarear, minha visão torna as coisas piores. O quarto gira, então eu mantenho meus olhos fechados. Talvez se eu esperar ajude. O colchão baixa ao meu lado, alguém sobe na cama. Estou de volta a Phoenix? O que está acontecendo?

— Ela está acordando. — É a voz de um homem, mas de quem? É o cara do bar? Engulo e minha garganta queima.

— Bom. Agora podemos passar para o estágio dois. Isso está ficando bom.

O que está ficando bom? Quero conversar, fazer perguntas, mas minha boca não vai funcionar.

— Estou congelando. Posso me vestir? — Uma mulher está falando agora.

— Não, você não pode se vestir. Você ainda tem trabalho a fazer. — Outro homem fala, um diferente desta vez. Sua voz soa mais profunda e mais severa que a outra. Abro os olhos novamente e as imagens desfocadas são um pouco mais distintas. Minha boca e garganta estão secas, muito secas. Lambo meus lábios e eles veem.

Um deles dá um tapa na minha bochecha. — Ei acorde. Você precisa entrar no jogo, garota.

— Pegue um pouco de água, — alguém diz.

A cama se move e então sinto uma garrafa pressionada contra a minha boca. Bebo avidamente.

— Devagar, Nelly, ou ela vai vomitar tudo.

Ele tem razão. De repente, estou com dor de estômago, enquanto ele agita o líquido indesejável. Logo passa e peço mais. Desta vez eu tomo um gole.

Abro os olhos novamente, mas alguém me venda. — O que está acontecendo? Onde estou? — Minha voz está rouca e mal posso falar.

— Sem perguntas. Você só joga.

— John, é você?

Ele não responde. Em vez disso, ele diz: — Ligue a câmera novamente.

Oh, porra. À medida que as bordas nebulosas do meu cérebro desaparecem, as coisas começam a clicar. Alguém enfia algo frio entre as minhas pernas. Tento fechá-las, mas não posso porque meus tornozelos estão presos a algo que não permite. Estou tão exposta e isso traz lembranças terríveis de muito tempo atrás.

— Não, por favor, não, — Imploro.

— Amordace ela.

Algo é empurrado na minha boca e não há como eu gritar por ajuda agora. A cena avança e eu estou perdida em um mar de desesperança e terror. Mas então algo pica no meu braço. Eles acabaram de me drogar? Quando a droga bate, eu tenho minha resposta. O que diabos eles me deram?

Então fico instantaneamente consciente, flutuando em uma almofada de tranquilidade, mas realmente não me importo. Eles removem a mordaça e fazem todo tipo de coisa comigo. É sexo a três ou mais, é mais sexo do que eu já experimentei. Em algum lugar no fundo da minha mente, eu sei que está errado, mas isso parece tão bom. Me ouço dizendo a eles: — Mais, mais. Mais forte, sim. — Mesmo no meu estado drogado, as perguntas estão em negrito e itálico. Quem está fazendo isso? Quem são essas pessoas? E porquê? O que eles querem? E embora seja horrível, eu realmente não dou a mínima. Tudo o que eu quero é que continue.

— Ahhh, sim, não pare, — eu digo. Choro quando termina, mas fico feliz quando eles começam outra coisa. Todas as partes do meu corpo são ligadas e ouço alguém dizer: — Precisamos convencê-la a fazer isso de novo. — Estou no meio de um orgasmo, então não posso responder a ele.

As drogas me fazem perder a noção do tempo. Eu flutuo acima de um abismo, sem emoção e indiferente ao fato de as pessoas estarem me estuprando em vídeo. Minha mente está presente, mas não. Tudo o que sinto é a sensação de estar embalada em um cobertor aconchegante e alguém me embalando. Sem alucinações, sem mágica, eu apenas sou. E é a sensação mais maravilhosa que já tive.

Nem tenho certeza de quando todo o sexo termina, porque eu estou chapada e realmente não dou a mínima. O alto é suave, magnífico. Tudo o que eu quero é que continue e continue. Infelizmente isso não acontece. A coragem da realidade me dá um soco tão forte. Quando percebo que estou livre das amarras, tiro a venda e desmorono em uma pilha amontoada de lágrimas esfarrapadas.

Estou fraca, tremendo e deitada em uma cama ao lado de uma pilha de apetrechos sexuais. Eles não são brinquedos normais do dia a dia. Nunca usei algumas dessas coisas na indústria pornô. Uma barra espaçadora, e foi por isso que não consegui mexer os tornozelos, o plug anal, os grampos de mamilo, a mordaça de bola - tudo que se possa imaginar. Porra há até um açoitamento. Eles me chicotearam? Quando tento me mover, meus membros estão tão doloridos que mal consigo me mexer.

E então, para meu horror absoluto, meu telefone fica ao meu lado. Não pode ser, mas é. Em cima dele, uma nota pegajosa com duas palavras: Divirta-se, seguida de uma carinha sorridente. Agarrando meu telefone, a primeira coisa que noto é uma mensagem de texto.

Não perco tempo lendo, o pânico explode no meu peito. Meus olhos disparam pelo quarto rapidamente, em busca de minhas roupas. Inicialmente, não consigo encontrar minhas calças ou suéter, mas depois os vejo por baixo do edredom amontoado no chão. Sentindo-me como um caranguejo bêbado pela maneira como meus braços e pernas lentos se movem, eu tento sair da cama. Meu lindo suéter preto está rasgado em alguns lugares, mas minhas calças estão boas. Felizmente, meu casaco esconde o suéter danificado.

Eu me visto rapidamente e depois verifico o lugar, para me indicar onde estou. É um hotel em Midtown, não muito longe do clube em que fui com Danny.

Sem olhar para trás, estou fora do quarto em busca da saída mais próxima. Isso leva a uma escada, da qual eu desconfio, mas corro para sair daqui. Estou no segundo andar e desço os degraus e saio do hotel onde pego um táxi de volta ao The Plaza.

Quando estou segura no meu quarto, olho para o meu telefone. Quando abro a mensagem de texto, a bile corre pela minha garganta. Ele contém três anexos de vídeo. Apertei o botão play no primeiro e vomito antes que eu possa terminar de assistir. Eles gravaram tudo. Tremo tanto que meu dedo não pode pressionar o botão play para continuar assistindo. Meu coração se enche de pavor quando percebo que minha carreira está arruinada.

Faço uma ligação para minha agente, Rita Clayton, porque não sei mais o que fazer. Ligar para Danny não é uma opção. O que eu diria a ele? Que eu tenho três bons vídeos para mostrar a ele? Ele me demitiria na hora. Quando a notícia for divulgada, será a carreira mais curta da Alta Pictures da história.

— Ei, Midnight, o que está acontecendo? — minha agente pergunta.

Nem consigo falar porque estou chorando e ofegante.

— O que está acontecendo? Você tem que parar de chorar para que eu possa te entender. — Em vez disso com minhas mãos trêmulas, mando o primeiro vídeo para ela.

— Eu... eu fui drogada e acordei em um quarto de hotel.

Ela fica quieta por um minuto. — O que você quer dizer?

— Eu... acabei de lhe enviar um vídeo. — Tento explicar o resto, porém estou chorando muito para continuar.

— Ah Merda. Espere. — Ela está quieta, mas finalmente diz: — São vinte minutos.

— Rita, há três deles.

— Onde você está agora?

Um soluço gigante sai de mim. — De volta ao Plaza.

— Você ligou para a polícia?

— Não! Eu corri. Tinha medo de que quem fez isso voltasse.

— Espere. Conheço alguém que pode ajudar. Já te ligo de volta.

Estou andando de um lado para outro quando meu telefone toca. Rita diz: — Alguém estará ai para limpar essa bagunça.

— Quem?

— Alguém que vai ajudar a consertar essa merda, Midnight. Apenas aguente firme.


Capítulo 02

HARRISON

Assim que o telefone toca, estou bem acordado.

— Kirkland, — eu respondo, indo em direção ao banheiro. Sempre que recebo uma ligação às três e meia da manhã, isso significa que vou trabalhar.

— Harrison, é Leland. Temos um problema.

— Quem é desta vez?

— Midnigt Drake. Você sabe, a atriz sexy que recentemente assinou um contrato multimilionário com a Alta Pictures.

— Hmm. O que aconteceu?

— Faça uma mala, chefe. Estamos voando para Nova York. Chego em uma hora.

— Porra. Tão ruim assim? — Pergunto em volta da minha escova de dentes.

— Sim. A equipe se juntará a nós. Vou lhe dar todos os detalhes quando estivermos juntos.

Sou o cara da limpeza. Consertar as coisas sempre foi minha paixão. Tudo começou quando eu era criança e meu cachorro de repente ficou doente e morreu. Chegamos em casa do veterinário depois que ele não pôde ser salvo, e assistir meu cachorro morrer em uma idade tão jovem quebrou um pedaço de mim. Ele não era consertável, mas isso não significava que outras coisas não fossem. Foi quando minha necessidade de me tornar um restaurador criou raízes e cresceu. Brinquedos quebrados, coisas em casa, coisas que encontrei na rua, o que você quiser. Os levava para casa e fazia o possível para restaurá-los e, se não conseguisse, recrutaria meu pai para ajudar. Até levava animais feridos para casa, e mamãe os levava ao veterinário - eu ficava agradecido por eles não estarem mais sofrendo.

À medida que envelheci, o restaurador em mim se expandiu para as pessoas. Quando eu ia para a escola, encontrava crianças que estavam com problemas e precisavam de amigos. Na Crestview, conheci Prescott Beckham. Eu nunca conheci alguém tão quebrado quanto ele. Um garoto com uma família disfuncional, ele não sabia para onde ir. Então o que eu fiz? O trouxe para casa, como costumava fazer com aqueles animais feridos. Ele ainda está um pouco fodido. Mas pelo menos ele está de volta aos trilhos.

No ano seguinte, em Crestview, Weston Wyndham apareceu. Liguei para papai e disse para ele comprar alguns frascos de supercola, porque era disso que esse cara precisava. Papai riu. Ele sabia que eu iria aparecer em casa com Prescott e Weston a reboque. Weston tinha um olho roxo porque Prescott e eu tínhamos batido nele para lhe ensinar uma lição. Ele estava brigando e precisava de um bom chute na bunda. Quando ele descobriu que só queríamos ajudar, nós três nos tornamos inseparáveis. Ele definitivamente precisava dessa cola, no entanto. Pensei que a situação de Prescott era ruim, mas o tipo de disfunção de Weston me fez repensar o que a palavra significava.

Ainda estou consertando coisas e pessoas, e foi assim que acabei na minha profissão atual. Desde que eu sou tão bom nisso, por que não fazer algum dinheiro com o que eu faço de melhor?

Em menos de trinta minutos, estou a caminho do aeroporto da minha casa em Malibu. A essa hora, o tráfego não apresenta problemas. Quando chego, dirijo direto à entrada para jatos particulares e sigo a estrada depois de passar pelos pontos de verificação de segurança designados. Estaciono, e Leland está lá, junto com o piloto. A equipe está embarcando no jato.

— Bom dia a todos. Pete. — digo, cumprimentando nosso piloto. — O café está ligado?

Nosso comissário de bordo levanta a cabeça, olha para trás e diz: — Estará pronto em um momento, junto com o café da manhã.

— Oh, oi, Mike. Não vi você aí atrás.

— Bom dia, Sr. Kirkland.

Todo mundo se senta e Leland começa.

— Midnight Drake acordou em um quarto de hotel há algumas horas, nua e sozinha com três vídeos em seu telefone. Aparentemente, enquanto ela estava cheia do que supomos ser heroína, uma porrada de merda excêntrica aconteceu, sem o consentimento dela e os vídeos de Midnight foram espalhados pela Internet. A agente dela ligou... é um show de horrores.

— Ela foi estuprada? — Pergunto.

— Sim. Estou enviando para você os vídeos agora. Esteja preparado. Eles são bem gráficos. Digamos que, infelizmente, Midnight esta em exibição total.

— Porra.

— Exatamente, — diz Leland. — Alta já está afirmando que estão a demitindo porque ela violou seu contrato.

— O que ela diz sobre isso? — Pergunto.

— Ela foi drogada e estuprada.

— Claramente.

— Ela diz que não se lembra de nada.

— Você assistiu os vídeos? — Pergunto.

— Sim, e ela estava totalmente fora de si. Completamente sem resposta no primeiro. Então, no segundo, ela apareceu um pouco. No terceiro, ela estava tão fodida que não se importaria se alguém cortasse sua cabeça.

— Parece que alguém drogou sua bebida. Nossa equipe de Nova York encontrou quem fez isso? E você puxou os vídeos?

— Estamos trabalhando para achar quem fez isso. Tudo foi enviado de um telefone celular.

— Acompanhe os filhos da puta. Você sabe o que fazer. Onde está a Midnight agora?

— No Plaza, esperando por você com um de nossos representantes. Ela está totalmente assustada.

— Certo. Você não estaria?

Leland assente. — Eu estaria saindo da cidade.

Aqueles idiotas se aproveitando de pessoas assim. Eles são como hackers de computadores, para destruir vidas e com que finalidade? Porque eles não têm nada melhor para fazer? — Leland, ela chamou a polícia?

— Não.

— Hmm. Ela disse o porquê?

— Nada além de ela estar esperando por você.

Isso é estranho, mas vou chegar ao fundo disso quando falar com ela. — OK. E o dinheiro? Esses desgraçados fizeram alguma exigência?

— Não que eu esteja ciente.

Bato minha mão sobre a mesa na minha frente. — Vamos nessa, pessoal. Não ligo para o que é preciso. Precisamos limpar essa merda.

Isso chama a atenção de todos que estão sentados perto. Os corpos enrijecem e os olhos se abrem mais. Eles sabem quando eu falo sério, e isso me atingiu do jeito errado.

A voz de Pete chega até nós pelo interfone para nos dizer que estamos prontos para taxiar. Devemos ser liberados para a decolagem em poucos minutos.

— Apertem os botões, temos um trabalho sério pela frente, o que equivale a um longo dia. Sei que pergunto muito e sinto muito pela hora inicial, mas vocês receberão um bônus se acertarmos esses desgraçados.

O jato segue em direção à pista e logo estamos decolando no céu escuro. Não vai demorar muito para voarmos ao sol. A equipe começa a fazer ligações. Tenho um homem em particular que quero entrar em contato, então eu mesmo faço a ligação.

— Senhor Kirkland. Você já está em Nova York?

— Ainda não, Rashid, mas estou a caminho. Preciso que você faça algo por mim. Explico a situação e digo exatamente o que eu preciso.

— Já lidei com os vídeos. Mas pode demorar um dia para eu localizar os telefones. Vai levar algum trabalho extra, você sabe.

Minha tensão diminui um pouco. — Obrigado, Rashid. Fico feliz que Leland tenha entrado em contato com você. Ficaremos no The Plaza se você não conseguir entrar em contato comigo por telefone. Mas quero que essas pessoas sejam encontradas.

— Certamente, Sr. Kirkland.

Rashid se beneficiou da minha limpeza há um tempo atrás. Ele estava na merda com suas habilidades de hackers. Cuidei das coisas para ele. Agora ele me deve e está à minha disposição cem por cento do tempo. Ele fica em Nova York porque, honestamente, ele está conectado a tudo. Ele provavelmente tem todos os números de contas bancárias e de investimentos na ponta dos dedos. Mas o cara sabe que eu tenho ele pelas bolas. Tudo o que preciso é fazer, é algumas ligações para as pessoas certas e ele voltará onde começou.

Assim que Pete diz que limpamos dez mil pés, Mike aparece com café e café da manhã. Emily, outro membro da equipe, sorri agradecida. Eu também. Quando ela está com fome, ela fica de mau humor e seu cérebro não vale nada. Não posso ter isso. Preciso de suas habilidades loucas agora.

Todo mundo tem segredos. Até eu. É verdade que sou baunilha em comparação com a maioria, mas quando vejo um indivíduo quebrado, sou um ímã para eles. Emily ficou arrasada. Seu Dom a jogou nas ruas, a deixou de lado depois de alguns anos, sem explicação. Tropecei com ela uma noite em um bar, bebendo e caindo no esquecimento. Ela me contou todos os seus segredos sujos e disse que queria se matar. Não consegui ouvir e não fazer nada. Ela não queria envolver sua família, e quem poderia culpá-la? Que pessoa quer divulgar esse tipo de estilo de vida para mamãe e papai? Então, eu a trouxe para o meu lar, onde ela poderia ficar sóbria e poderíamos criar um plano.

Emily era uma planejadora de eventos para um dos estúdios de cinema e havia feito uma variedade de coisas, desde lidar com a imprensa até lidar com fornecedores. Ela poderia mobilizar uma equipe de quinhentos e levá-los do ponto A para B em um piscar de olhos. Eu precisava dessas habilidades na minha equipe. Mas ela precisava arrumar suas coisas primeiro, e seus problemas estavam muito além das minhas capacidades de correção.

Ela deu entrada em uma clínica e trinta dias depois estava na minha folha de pagamento. Mais cheia de confiança do que a maioria das mulheres que eu conheço, ela encontrou um novo Dom que a trata melhor do que o antigo, e Emily é agradavelmente açoitada todas as noites.

Leland recusa a oferta de café da manhã. — Mike, você pode voltar com um refil de café? — Leland trabalhava para uma das maiores empresas de relações públicas em Hollywood. Isto é, até que ele foi pego transando com a esposa de seu chefe. Seu chefe, um dos homens mais poderosos do setor, prometeu a Leland que seu nome ficaria sujo. Teria ficado se eu não aparecesse. Procurei um pouco e encontrei alguns petiscos que inclinariam o mundo de seu chefe. Leland se separou da empresa em “bons termos” e eu ofereci um emprego com a condição de que ele deixasse a esposa em paz, o que ele aceitou graciosamente. Ele está comigo desde então.

Peço a Mike um café da manhã extra, enquanto Misha, que parece mansa, agradece pelo café da manhã e pelo café que ele acabou de colocar na mesa diante dela. As aparências muitas vezes enganam, porque todo mundo em LA sabe que ela é uma das advogadas mais cruéis do mundo. É a razão pela qual eu a queria no meu time.

Misha se viu em dificuldades há alguns anos. Ela era casada e feliz, como todo mundo pensava, até que o marido se deparou com alguns vídeos dela, sobre ela se envolvendo com outra mulher. Ela não queria que ele soubesse que era bissexual, então escondeu esse lado da vida. Ele não estava muito satisfeito com isso e ameaçou postar os vídeos no YouTube. Ela enlouqueceu e eles entraram em uma briga enorme, durante a qual ela o socou e quebrou o nariz dele. Mencionei que Misha teve problemas de raiva? A ameaça de postar no YouTube se transformou em um processo de abuso e agressão. Foi assim que Misha chegou ao meu escritório, pedindo minha ajuda.

Após a minha intervenção, Misha acabou com um divórcio amigável, mesmo tendo sofrido financeiramente. O que ela compensou com o salário e bônus que eu pago a ela. No entanto, ela teve que concordar com a terapia de controle da raiva, o que felizmente fez. Vi uma estrela cintilante nela e soube que, assim que seus problemas fossem resolvidos, Misha seria uma colega de trabalho exemplar.

Se este jato caísse, a indústria de entretenimento de Hollywood estaria em uma séria confusão, porque não haveria ninguém que conseguisse corrigir seus problemas.

Meus pensamentos voltam para Midnight Drake. Geralmente não tenho sentimentos tão carregados de emoção, mas a maneira como essa mulher foi explorada, foi algo muito errado. Midnight Drake é uma atriz que conseguiu um bom contrato com Alta Pictures, e esses filhos da puta estão tentando arruinar suas chances de torná-la grande. Eles não vão se eu puder evitar. Essa equipe irá parar quem fez isso e fazê-los pagar.

Meu telefone emite um sinal sonoro com uma mensagem de Leland. Abro para encontrar todos os vídeos carregados. Quase engasgo com o café quando assisto o primeiro. Filhos da puta. Estes são os piores vídeos que algum dia já vi na vida. Sinto-me mal sabendo que acabei de testemunhar minha cliente sendo estuprada.

— Reúna-se, equipe. Nosso status acabou de mudar para DEFCON 1. — Então eu pressiono play. As mulheres estão enojadas e chateadas, mesmo que essas mulheres sejam duras como unhas. Mas eu quero todos zangados e, até o final do último vídeo, meu objetivo foi alcançado.

Misha voa da cadeira. — Harrison, eu quero cortar pessoalmente suas bolas. Olha para ela! Ela está quase inconsciente lá. Isso é nojento. O pior é que não sei como alguém iria querer assistir essaa merdas tão depravadas.

Emily assume o comando de onde Misha sai. — Que idiotas viscosos! E como essa mulher poderia ter participado? Deixe-me colocar minhas mãos neles. Pessoalmente vou arrancar seus paus.

— Ok senhoras, vamos juntar as coisas. Embora eu queira aproveitar a sua raiva, precisamos do nosso melhor e não vamos conseguir se vocês não agir racionalmente. Acalme-se e continue assistindo.

Nós nos concentramos nos vídeos. Um mal necessário, você pode dizer, mas temos que analisá-los se quisermos fazer nosso trabalho.

— Aqui é onde podemos ter um problema, — eu digo. — Nessa parte Midnight está cooperando e até pedindo mais. “Mais forte. Sim, sim” ela diz.

Emily assente com nojo. — É como se ela estivesse atordoada, mas quer.

— São as drogas, — diz Misha. — Olhe para o rosto dela.

Não há duvidas. — Tudo o que eles deram a ela deve ter sido bom, — diz Emily.

Quando os vídeos terminam, explico o que Rashid disse. — Vocês dois sabem que ele é um cão de caça quando eu o coloco em uma tarefa. Também quero descobrir para onde foi a Midnight, para que possamos verificar as fitas de segurança. Elas devem nos mostrar algo. Ajudará, assim, quando Rashid encontrar seus telefones, será mais fácil identificar esses caras. Podemos pedir que alguém os traga. Vamos... cuidar deles adequadamente.

As sobrancelhas de Misha se erguem. — Isso implica estar no fundo do rio East?

— Nosso papel é limpar as coisas para a Midnight e colocar tudo de volta nos trilhos para ela. Descubra o que o contrato da Midnight indica e se Alta pode deixá-la. Ela pode ter uma cláusula de moralidade ou algo assim.

O peito de Misha ainda arde de raiva, mas ela assente.

Emily diz: — Sim, a Midnight é a nossa missão. Não podemos deixar nossa raiva atrapalhar. Podemos nos preocupar com esses caras de pau mais tarde.

Agora que eles foram redirecionados, eu digo: — Certo. Então, é disso que precisamos. Emily, trabalhe para levá-la à reabilitação. As pessoas perdoam alguém com um problema de drogas.

As sobrancelhas de Emily franzem. — Mas é admitir que ela tem um vício, quando não tem.

— Vamos dar um passo para atrás. Lembre-se, temos que manter nossos sentimentos e emoções fora disso. É nosso trabalho consertar essa bagunça, encontrar uma solução. O plano A é levá-la à polícia. Se você foi estuprada, não seria a primeira coisa que você faria? Como ela não fez isso, podemos apenas assumir que há uma razão. Ainda vamos tentar fazê-la ir, mas se ela recusar, não podemos forçá-la. Vamos precisar de um plano B. Então, faço a pergunta: qual é a melhor maneira de limpar isso? Qual é a melhor maneira de recuperar sua carreira? Não é se concordamos ou discordamos, é se isso vai funcionar ou não.

Quando os vejo concordar, continuo.

— Vamos pensar. Temos um grande problema com os vídeos. Apesar de terem sido excluídos, ficaram tempo suficiente para que as pessoas tivessem capturas de tela ou GIFs dessa merda. Suas impressões são sólidas. Vamos com o pior cenário possível. Podemos dizer que ela não tem um problema, mas as pessoas que os viram não acreditaram em nós e Midnight precisa de credibilidade. A melhor maneira de seguir em frente é pedir perdão. Mas, enquanto isso, Misha, precisamos encontrar esses homens, se pudermos. Quero motivo. Quando a Midnight sair em trinta dias, queremos que o público morra para vê-la. Esperançosamente eles vão rastejar sobre ela e a quererão de volta, assim como eles querem cereja no topo do bolo. Se Alta a deixar cair, nosso trabalho é deixá-los de joelhos e implorar para que ela volte. Ah, e Leland, comece a trabalhar em seu discurso. De alguma forma, relacione-a com sua infância trágica. Sabemos alguma coisa sobre isso? Caso contrário, desenterre algo. Não me importo se é sobre ela nunca ter ficado triste com a morte de sua mãe. Faça algo emocional. Queremos que tudo isso funcione como plano B, caso precisemos implementá-lo.

A equipe vai trabalhar, enquanto eu faço uma pequena pesquisa sobre Midnight. Ela começou em filmes B, como a maioria dos atores, tentando ser notada. Ela foi notada, tudo bem. Com longos cabelos negros e olhos de lavanda incomuns, ela não é uma beleza delirante, mas tem um apelo exótico. Sua sedução a torna inesquecível. Há algo nela que grita sexo. Tendo sido escalada para os tipos de papéis que muitos atores não costumam querer, Midnight está disposta a abrir as asas e tentar qualquer coisa.

Então tropeço em algo que me faz pensar duas vezes. Nascida em Phoenix, seu nome de nascimento era Velvet Summers.

— Você só pode estar brincando, — digo em voz alta.

— O que? — Todos os olhos estão em mim.

— Você sabia que o nome de nascimento da Midnight era Velvet Summers?

— Oh, isso, — diz Leland.

— Como eu não sabia disso?

Misha encolhe os ombros. — Não sei. Leland enviou uma fotocópia da certidão de nascimento. Pensei que você tivesse visto.

— Quem diabos nomeia seu filho Velvet Summers? — Mas depois que digo isso, penso em meu melhor amigo, Weston— o nome de sua esposa é Special. Quem nomeia uma criança assim?

Emily encolhe os ombros. — Sim, as pessoas escolhem nomes estranhos.

Continuo lendo e encontro alguns fatos interessantes. A mãe de Midnight era uma dançarina exótica, e alguns relatos a listavam como stripper. Ela também era conhecida por ter um problema com o uso drogas. A Midnight terminou em um orfanato, mas depois saiu aos dezoito anos. Parece que ela nunca terminou o ensino médio. Talvez ela realmente tivesse uma educação trágica. Sua mãe morreu há dez anos, quando Midnight tinha apenas catorze anos - provavelmente foi esse o motivo que ela tenha acabado em um orfanato. Não há menção a um pai na foto. A trama engrossa.

Emily anuncia que conseguiu para Midnight, uma vaga na melhor clínica de reabilitação do país. Localizada no Arizona, ela tem uma atmosfera de spa. Ela ficará isolada das fofocas de Hollywood e do resto do mundo por um período mínimo de trinta dias.

— É caro, mas vale a pena, acredito. As críticas são impressionantes, — diz Emily.

— Bom. Vamos deixá-la no nosso voo de volta para LA. — digo.

Misha anuncia que nossa equipe jurídica em Nova York está pronta para nós, se precisarmos.

— Bom trabalho, — eu digo. — Espero que identifiquemos essas pessoas ou pelo menos as rastreemos com a ajuda de Rashid. Eles não mostraram rostos nos vídeos e também usavam preservativo, o que corta nossas evidências. Talvez ainda restem drogas no sistema da Midnight

Farei o meu melhor para encontrar os filhos da puta que fizeram isso e fazê-los pagar - com ou sem a polícia.


Capítulo 03

HARRISON

Sua forma encolhida na cadeira no canto do quarto de hotel não me surpreende. Estou surpreso que ela não esteja chorando e enlouquecendo.

Estendo minha mão. — Midnigt, sou Harrison Kirkland, da The Solution. Nós vamos cuidar do seu caso aqui.

Uma lufada de ar sai de seu peito. — OK. — Sua mão trêmula e gelada sacode a minha. Ela se sente frágil, como se seus dedos quebrassem se eu apertar. — Você acha que pode ajudar?

— Acho que sim.

Olhos violeta encaram os meus. Me pergunto se ela usa lentes de contatos. Essa cor parece artificial.

— Primeira coisa. Sinto muito que isso tenha acontecido com você. É uma coisa horrível, e não posso fingir entender o que você está passando. Para ajudá-la, faremos algumas perguntas pessoais. Mas primeiro, você tomou banho?

— Não. — Sua voz é tão baixa e trêmula.

Na voz mais gentil possível, digo: — Bom. Isso significa que ainda pode haver evidência presente. Midnight, precisamos ir à polícia para poder denunciar o crime.

Seus olhos percorrem a sala, como se estivesse procurando freneticamente por uma escotilha de fuga.

Ela esfrega os braços como se estivessem congelando. — Não posso fazer isso. Sem polícia.

Puxo uma cadeira e sento ao lado dela. — Se não denunciarmos, esses caras podem ficar livres. Meus contatos aqui os procurarão, mas não há garantias de que possamos encontrá-los.

— Eu... eu simplesmente não posso ir. OK? Sem polícia.

Rapidamente olho para Misha e Emily. As duas encolhem os ombros.

— Tudo bem, mas e se chamarmos um dos especialistas em crimes com que lidamos e vermos se ele pode tirar um pouco de DNA de você? Talvez debaixo das unhas. Pode nos ajudar a pegar esses caras.

Gestos bruscos acompanham seu queixo trêmulo. — N-Não.

Ela precisa entender a importância disso. Inclinando-me para a frente, digo: — Midnight, se não relatarmos isso em breve, podemos perder nossa oportunidade.

Ela morde o lábio. — P-posso falar com você em particular?

— Certo. Todos? — Balanço minha cabeça em direção à porta. Eles limpam a sala, deixando nós dois sozinhos.

Sua voz é hesitante quando ela começa. — Se... se eu for à polícia, isso irá expor algumas coisas. Algo do meu passado, que não quero que seja revelado.

— Compreendo. Mas a polícia será nossa melhor opção para capturar esses caras, se é isso que você quer que aconteça.

Suas pálpebras tremem. — O que eu quero é que isso desapareça... desapareça.

— Certo, e nós vamos ajudar com isso. Mas a polícia...

Sua boca endurece. — Sem polícia. — Ela faz uma pausa. — É difícil dizer... e é algo que ninguém sabe, Sr. Kirkland, mas eu costumava trabalhar na indústria pornô. Se isso vazar, eu estarei acabada. Absolutamente nada polícia. — Ela pula da cadeira e caminha.

Merda. Isso pode mudar completamente o jogo. — OK, eu entendo. Esta é totalmente sua decisão. Só não quero que você se arrependa de não denunciar isso como crime, desde que foi vítima.

Ela apenas assente.

— Há quanto tempo foi isso? — Pergunto.

— Uns anos. — Porra. Não há tempo suficiente para que as pessoas a tenham esquecido.

— Quantos filmes?

— Não me lembro. Usei um nome diferente. Eu tinha cabelos loiros e usava lentes de contato castanho, e mudei de nariz desde então.

— Eu vejo. Então, a meu ver, temos duas opções. Um é a polícia, da qual você não é a favor, e dois é o controle de danos. Esse era o plano B, mas acho que vamos direto ao assunto sem o benefício da polícia. Tem certeza de que é isso que você quer fazer?

— Sim. Sem polícia. — Ela enfatiza as palavras.

Essa terá que ser a melhor opção. Se a polícia investigar seu passado, a parte pornô seria revelada, e então o que faríamos? As pessoas, sendo o que são, diriam que ela merecia o que recebeu.

— Deixe-me trazer a equipe de volta. Eles precisam ser informados disso. Você está bem com isso? — Ela assente.

Quando estamos novamente reunidos, digo: — A Midnight decidiu que não há polícia, então vamos continuar. Midnight, quero saber tudo o que você fez ontem, desde o momento em que acordou até quando isso aconteceu. Não deixe de fora nenhum detalhe, mesmo quando você urinou. Fui claro?

A boca e os olhos dela combinam na forma de enormes círculos. — Tudo?

— Sim. É importante. Emily, você está pronta?

— Pronta.

Emily gravará tudo para não perder nenhum detalhe. Preciso saber se Midnight é viciada em drogas ou se é realmente uma vítima inocente.

— Comece do começo, — eu digo.

Ela começa seu voo de Los Angeles e avança para sua sessão de fotos.

— Então eu fui jantar com Danny. O produtor. Depois fomos a um clube.

— Qual clube? — Ela nomeia o lugar e eu digo ao Leland enviar alguém para verificar suas fitas de segurança.

Voltando à Midnight, pergunto: — Então, você confia neste Danny?

— Sim. Ele foi embora com outra mulher. Eu estava dançando com um cara. Ele parecia bom o suficiente.

— Me fale sobre ele. Quero detalhes.

— Cabelo alto e loiro. Não conseguia ver a cor dos olhos dele porque estava muito escuro no clube. O nome dele era John. Tenho certeza de que era falso. Ele tinha uma voz legal. Ele usava jeans e uma camisa de botão. Azul claro, eu acho.

— Quão alto?

— Não sei. Não sou boa nisso, porque sou muito baixa.

— Você pode tentar? Nós precisamos de um número.

Ela olha para mim e depois faz um gesto com a mão. — Levante-se. — Eu faço, e ela também. — Quão alto é você?

— 1, 75.

— Ele provavelmente tinha 1, 80 então.

— Boa. Seu cabelo era grosso, fino, careca?

— Fino. Não é grosso como o seu.

— Alguma marca na pele dele? Tatuagens, marcas de nascença, cicatrizes?

— Nada que eu pudesse ver. As mangas eram compridas. Houve alguma coisa no vídeo que você notou?

— Infelizmente, o vídeo só o pegou por trás.

Ela se senta e eu noto como ela se contorce e encolhe na cadeira.

Me agacho ao lado dela. — Olha, eu sei o quão desconfortável isso deve ser, mas estamos apenas tentando descobrir quem fez isso e por quê. Midnight, temos um plano, mas se pudermos pegar esses idiotas, conseguir algo que possa nos levar a eles, podemos impedir que isso aconteça novamente.

Sua expressão está horrorizada. — Novamente? Eles fariam isso comigo de novo?

— Eles poderiam fazer isso com outra pessoa, se não você especificamente. É por isso que precisamos detê-los. Pelo que vi, isso não parece ter sido a primeira vez. Eles não deixaram nenhum tipo de trilha. Um novato teria.

Acontece que a Midnight é muito cooperativa. Quando ela decide cooperar, é a minha vez de ir trabalhar.

Vou direto ao ponto quando pergunto: — Você já usou drogas no passado?

— Não, eu não uso drogas.

— Nunca?

— Não! Posso tomar um drinque ocasional e já fumei maconha uma ou duas vezes, mas não uso drogas. — Ela se abaixa, enfia a mão na bolsa e pega um punhado de ursinhos de goma.

— Misha, faça-a fazer xixi em um copo para nós. Precisamos de uma triagem de drogas.

Midnight sai da cadeira, os olhos pegando fogo. — Eu te disse, eu não uso drogas.

— Acalme-se. É uma questão de descobrirmos com o que eles drogaram você. — digo a ela.

— Oh, — diz ela. — Desculpe. — Então ela coloca um ursinho na boca.

Misha a leva ao banheiro para um exame de urina. Quando elas voltam alguns minutos depois, Leland contata um mensageiro para entregar a amostra a um centro de triagem de medicamentos com instruções para resultados rápidos.

— Tenho certeza de que as drogas estão fora do seu sistema, mas se eles a atingiram com heroína, ela ainda deve estar presente, — digo.

Ela se recosta na cadeira, pega mais ursinhos de goma e enfia os pés debaixo dela.

— Como você não tomou banho, vamos dar um tempo para que você possa tomar. Isso parece bom?

— Sim, sim.

— Todo mundo, vamos dar a ela trinta minutos. Nós voltaremos.

Midnight acena com agradecimento.

Nos reunimos em minha suíte, que inclui uma sala com uma mesa grande com capacidade para seis. É hora de reunir meus pensamentos. A Midnight parecia um inferno - áspera e destruída.

— O que você acha? — Pergunto ao Leland e Emily.

— Ela está dizendo a verdade. Lidamos com mentirosos suficientes para encontrar um quando o vejo. Mentirosa, ela não é. Ela tem muito com o que lidar, mas terá que superar isso. — diz Emily.

— Concordo, — diz Leland. — Ela tem fogo e verdade nela.

Vi o mesmo fogo. Além disso, ela está assustada demais para estar mentindo. Os vídeos foram horríveis. Ninguém faria isso e mentiria. Recostando-me, bato os dedos na mesa. — Não sei se ela vai gostar do nosso plano, mas é a única coisa que sei que salvará sua carreira. Farei o meu melhor para convencê-la.

Emily ri. — Você sempre faz.

Meu telefone toca com uma mensagem de texto de Misha, que ficou para trás com Midnight. Ela nos diz que é bom voltar.

Eu atiro de volta. Ela se sentiria mais confortável na suíte?

Alguns segundos depois, a resposta é que elas estão a caminho.

Pego o telefone e peço café da manhã e café para todos. Todos nós poderíamos comer algo.

Misha chega com a Midnight atrás dela. Eu as tenho sentadas à mesa. O cabelo preto da Midnight está molhado e ela não usa maquiagem, mas isso não altera sua aparência. Ela é muito atraente. Somente as olheiras profundas e escuras à espreita sob seus olhos estragam sua pele perfeita e revelam seu desespero.

Ela se enrosca enquanto se senta. Isso não pode acontecer. Preciso de força, não alguém que pareça danificada.

— Pedi comida e café para que chegasse imediatamente. Preciso fazer uma ligação, se você me der licença.

Quando estou no quarto, ligo para Rashid. Com suas habilidades de hackers, não demoraria muito para encontrar o paradeiro dos filhos da puta que fizeram isso. Quando ele me diz o que descobriu, quero esmagar meu punho contra a parede. Eles usaram seu próprio telefone para gravar e enviar os malditos vídeos. Estamos em um beco sem saída aqui.

— Nós sabemos onde ela estava quando aconteceu. Você pode de alguma forma invadir as fitas de segurança do hotel para ver com quem ela estava?

— Se eles são circuito fechado, não serão de muita ajuda além de uma identificação visual, — diz ele.

— Verdade. Talvez eu possa convencer o hotel a nos dar mais informações.

— Se você puder fazer isso, talvez eu possa ajudá-lo a identificá-los.

Todo mundo está tomando café e comendo quando eu me junto a eles. A Midnight bica um pedaço de torrada como um pássaro.

— Você deveria comer mais do que isso. Ajudará as drogas saírem do seu sistema mais rápido. — digo.

— Era heroína. Estou quase certa disso. Foi pura euforia, algo que nunca senti antes. Já vi algumas pessoas nesse estado. Não dava a mínima para nada.

Descansando as palmas das mãos na mesa, eu me inclino para perto dela e suavemente digo: — Aconteça o que acontecer, nunca faça essa merda novamente. Só estou lhe dizendo isso para sua proteção. A taxa de dependência com essa droga é assustadora.

— Eu te disse, eu não uso drogas.

— A tentação pode ser alta, já que você sabe como isso a fez se sentir. Mas a próxima vez não vai fazer você se sentir assim. — digo.

— Você tem algum problema de audição? Eu. Não. Uso. Drogas. — ela cospe.

Sorrio. — Bom. Agora que esclarecemos isso, vamos continuar. — Me sentando digo: — Quero todos os detalhes do que aconteceu depois que você acordou.

Ela fala sobre o sentimento de pânico e como saiu correndo do hotel, preocupada que eles voltassem e a encontrassem novamente. É aqui que ela trava.

Dou-lhe um momento para se recompor, depois começo com mais perguntas. Isso é fundamental, enquanto as coisas ainda estão frescas em sua mente. — Você se lembra de vozes.

— Sim. Uma mulher e dois homens.

— Você tem certeza? — Pergunto.

— Sim. — Ela é inflexível. — Isso eu lembro, mas não muito mais. Não conseguia mover meus tornozelos. Também lembro disso. Quando acordei e vi a... — ela se contorce em seu assento, — aquela barra de separação lembrou-me de não poder e fazia sentido o por que.

— Essas pessoas sabiam exatamente como não ser pegos. Meu palpite é que eles já fizeram isso antes. É por isso que eles usaram seu telefone para enviar os vídeos, — eu digo.

Ela se inclina para frente. — Meu telefone? Eles usaram meu telefone?

— Infelizmente sim. — Odeio aquele olhar de desespero gravado em seus olhos.

Uma mão flutua em direção ao rosto dela, mas depois cai na mesa. — Isso está piorando. Já é ruim o suficiente que Alta queira cancelar meu contrato. Tenho certeza que Holt está feliz.

— Holt Ward? Você quer dizer o seu colega?

— Sim, eu não sou exatamente sua pessoa favorita.

Isso coloca uma nova reviravolta nas coisas. — Você acha que ele possa ter algo a ver com isso?

Sua boca se inclina, então se abre. — Oh, eu não... bem, ele tem sido um pouco desagradável comigo, mas eu duvido que ele se incline para este nível. Além disso, eu estava com Danny, não com Holt.

— É verdade, mas e se ele tivesse seguido você?

— Não posso acreditar que ele poderia me odiar tanto.

Recostando-me na cadeira, aceno para Leland. — Essa é uma vantagem que precisamos seguir. Quero Holt Ward verificado. Quero seus registros telefônicos examinados. — Leland se levanta para ligar para Rashid. — Rashid terá uma resposta em pouco tempo. E isso pode levar a quem fez isso.

— Então, esse é o nosso plano, Midnight. Você vai para reabilitação.

— Reabilitação? Mas eu não uso drogas!

— Não importa. Como você não deseja denunciar isso como crime, não temos outra opção. O mundo viu você com uma agulha e uma seringa no braço, sendo pega por dois rapazes e uma garota com todos os tipos de brinquedos BDSM e gostando. O que parece e o que realmente aconteceu são duas coisas diferentes, mas é a percepção do público que conta. Sei que isso é difícil de ouvir, mas a reabilitação é a única solução plausível que podemos encontrar, já que você não quer ir à polícia. Você anunciará que cometeu erros e agora está pronta para resolver seus problemas. O público realmente vai gostar disso. Eles vão comer na sua mão.

— Mas é uma mentira, — ela insiste, os olhos cheios de lágrimas. Então ela envolve os braços em volta de si mesma.

Me afasto das emoções dela. É um mal necessário. É triste, sim, mas meu trabalho é não sentir pena dela. Meu trabalho é limpar a pilha de merda em que ela caiu.

— Midnight, o público viu esses vídeos horríveis de você sendo estuprada, exceto que aqueles homens fizeram parecer que você estava gostando. Nós os tiramos o mais rápido possível, mas isso não impediu as pessoas de tirar prints e postar memes ou cavar seu passado. Minha pergunta para você é: você quer ficar com a Alta?

— Sim, — ela chora. — Fui a vítima. Não fiz nada errado.

— Você não parece ouvir o que estou dizendo. As pessoas não se importam com a verdade. Eles só se preocupam com o que é a melhor história. Eles não se importam com o fato de você ter sido uma vítima inocente. Eles acreditam que você concordou com tudo isso. Não vamos mudar de ideia, já que a polícia não esta envolvida, a menos que você decida denunciar o crime. E se alguém fizer algum tipo de escavação, poderá descobrir que você fez a distribuição.

— O que? Mas eu não fiz nada disso!

Com uma voz suave, digo: — Sei disso, minha equipe sabe disso, e você também, mas o que sabemos não importa. Você só precisa se preocupar com a percepção do público, porque são eles que podem fazer ou quebrar você. Você deve ouvir o que estou dizendo e ouvir com atenção. Você vai fazer uma declaração. Você vai dizer que a reabilitação é o seu destino. Depois de perceber que precisa de ajuda, acredita que este é o melhor a ser feito.

Depois, explico que mostraremos como viver em um orfanato a afetou, como ela nunca sofreu a morte de sua mãe e por que ela entrou em uma vida de abuso de drogas.

Ela enterra o rosto nas mãos. — Não posso dizer isso.

— Por que não? Fiquei com a impressão de que você queria salvar sua carreira.

— Sim, mas trazer o orfanato... é muito... cru.

É quando percebo as rachaduras no exterior dela. A Midnight não é tão forte e animada como todos imaginávamos. Mas isso não importa. Agora é quando ela precisa cavar fundo e encontrar forças para superar o que aconteceu. — É exatamente por isso que estamos fazendo.

Ela voa da cadeira e o ritmo começa. — Você sabe alguma coisa sobre orfanatos? — ela pergunta.

— Um pouco. — A verdade é que estou tão longe disso. Minha infância foi idílica. Meus pais eram perfeitos e ainda são. Eles devem ser colocados em pedestais. Perante a Deus, eles são os maiores seres humanos que já respiraram ar.

O ceticismo cobre sua voz enquanto ela esfrega os olhos. — Coisas aconteceram lá. Coisas ruins. Não quero que essa lata de vermes seja reaberta.

— Já foi aberto. As pessoas sabem.

Olhos violetas travam nos meus. — O que eles sabem?

Pego meu telefone e pesquiso o nome dela. Um clique e eu estou lá. Sua biografia aparece e na página, fala sobre Phoenix, o orfanato, a morte de sua mãe e assim por diante. Entregando o telefone para ela, eu digo: — Aqui, veja você mesmo.

Também posso ter colocado um punho na cara dela com a maneira como ela reage. O que há com isso? Por que ela está com tanto medo disso?

— O que você não está nos dizendo, Midnight?

— Nada. — Ela olha para mim, mas se encolhe depois de um minuto. Ela está escondendo algo e pretendo descobrir o que é.

— Podemos ter um momento, todo mundo? Emily, pare a câmera, por favor.

Misha diz: — Harrison, eu não aconselho isso.

Ofereço a ela um meio sorriso. — Sabia que você não faria. Mas vai ficar tudo bem.

A equipe sai, deixando Midnight sozinha comigo.

— Este é realmente um momento de merda para você. Entendi. Mas, para ajudar, preciso dos fatos, e você não está dando todos eles para mim. Conte-me sobre o orfanato. O que você está escondendo?

Seu lábio inferior treme levemente. — Simplesmente não era um ótimo lugar para se estar. Isso é tudo.

— Não, isso não é tudo. Você foi para lá depois que sua mãe morreu, certo?

— Antes. Ela era viciada em heroína, e é por isso que nunca vou usar. Lembro dela me deixando e indo trabalhar. Ou é o que ela dizia de qualquer maneira. Mas eu sabia melhor. Ela ia procurar drogas. O Departamento de Segurança Infantil finalmente me tirou de casa. Tenho certeza de que um dos meus professores a entregou, provavelmente porque eu estava chegando atrasada ou perdendo a escola por completo. Lembro de nós duas chorando uma pela outra enquanto eles me arrastavam para longe. Eu só a vi algumas vezes depois disso, e então ela estava morta.

Despejo outra xícara de café e ofereço uma. Ela recusa.

— Você vai odiar ouvir isso, mas essa é uma história que o público iria adorar. Eles cairiam diretamente em suas mãos, pense nisso.

— Não! Não quero que eles gostem de mim por causa disso.

— Pode ser sua única opção. E foi por isso que você se voltou para as drogas.

— Não virei para...

Ela para quando vê minha testa franzida.

— Tudo bem eu já entendi. Eles não querem a verdade. Eles só querem o último pedaço de fofoca em que possam afundar seus dentes estúpidos.

Me inclino nos cotovelos. — Exatamente. Agora você está começando a entender. Então nós agiríamos. E eles vão te amar mais do que nunca. No final, a Alta pode até elevar seu contrato. Quem sabe?

— E se eles me despedirem?

— Eles não vão. — Ela continua torcendo os dedos. — Midnight, o que você não está me dizendo?

Ela morde o lábio já rachado. — Nada. Fui abusada, minha mãe tinha um vício, fiz filmes pornográficos e fui estuprada. Isso não é suficiente?

— É muito mais do que a maioria das pessoas já teve que lidar. Mas ainda quero que você concorde em ir para reabilitação por trinta dias e depois faça a declaração. Eu sei que vai fechar o acordo.

— Eu nem vou saber o que dizer.

— Você não precisa se preocupar com nada. É aí que entra minha equipe. Nós escrevemos e você ensaia, exatamente como um script. Faça como se sua vida dependesse disso. No final, você vai nos agradecer por salvar sua carreira. Quem sabe você pode ganhar um Oscar. — É verdade, mas ela não acredita em mim.

— Ok, eu vou fazer isso. Uma pergunta, estarei realmente em reabilitação por trinta dias?

— Sim, talvez mais, mas você estará nas melhores instalações. Será como um spa.

Ela assente. Ligo para a equipe, entro no computador e faço uma pesquisa em Lusty Rhoades. Ela certamente era ativa, não o nome familiar de algumas das principais estrelas da pornografia, mas fez alguns filmes.

Rashid vai trabalhar, certificando-se de que não há nenhuma conexão entre Lusty e Midnight. Isso vai demorar um pouco.


Capítulo 04

MIDNIGHT

Harrison Kirkland é uma força da natureza. Alto e largo nos ombros, o homem irradia força. O que quer que ele coloque no café deve ser incrível, porque a energia que sai dele é contagiante. Ele é tão confiante e seguro das coisas, para não mencionar dominante e sexy. Nunca encontrei alguém como ele antes. Quero confiar nele, eu quero. Mas depois de tudo o que passei, é difícil acreditar que essa ideia dele funcione. E depois há toda a outra questão do orfanato. Ele não pode cavar isso. Se eles abrirem essa parte da minha vida, não há uma chance no inferno de eu sobreviver.

Além disso, estou preocupada com o que ele pensa de mim. Mesmo que eu não devesse dar a mínima, não quero que ele pense que sou apenas um pedaço de merda. Não posso voltar à indústria pornô ganhando a vida, chupando e fodendo. Mesmo sendo minha escolha, certamente não teria sido a minha primeira. Era uma maneira suja e nojenta de ganhar a vida. Não vou tolerar isso novamente, então o plano dele tem que funcionar. Além disso, se não, não tenho certeza de como poderei pagar sua pesada taxa. Quando Rita me disse quanto ele cobrou, eu quase morri.

Paramos para almoçar e depois nos reunimos na pequena sala de conferências com mais perguntas e respostas. Harrison sai algumas vezes, apenas para retornar com informações sobre quando vou fazer esse anúncio falso. Ele quer que seja feito amanhã. Meu intestino da sinal quando a tontura quase me supera.

— Você está bem? — alguém me pergunta.

— Eu não me sinto bem.

— Você comeu? — Harrison pergunta, enquanto se inclina sobre a mesa, descansando as mãos perto de onde eu me sento.

— Não muito. É um pouco difícil quando meu estômago está com um nó.

— Emily, chame o médico. Ela precisa de algo para acalmá-la.

— Sem médico. — Trago as palavras. É um curativo para uma ferida aberta e não resolve nada.

— Tudo bem, mas você provavelmente deveria ser vista de qualquer maneira. Pelo menos para garantir que está tudo bem, — diz Harrison. A voz dele é gentil e é a primeira vez que presto muita atenção ao rosto dele. Os olhos dele estão quentes. Eles são castanhos escuros, tão escuros que parece que mergulhei em um abismo. Ele veste um terno e tem uma aparência muito profissional. Ele é bonito. Holt, não é tão bonito assim. Mas ele é muito melhor, com certeza. Ele estará ganhando muito dinheiro comigo. Minha conta bancária será esgotada após esta provação. O bom é que não precisarei pagar a ele se o plano falhar. Ele deve estar confiante de que não irá

— OK. Se você pensa assim, — digo. Um deles chama um médico e tudo o que posso dizer é que eles devem ter algumas conexões sérias. Trinta minutos depois, um médico aparece com uma daquelas pequenas maletas preta. Normalmente, leva uma eternidade para ver um médico de onde eu venho.

Ele me leva para o outro quarto, provavelmente o quarto de Harrison, e me examina. Minha pressão arterial está baixa e ele me diz que preciso comer e beber porque provavelmente estou desidratada. Sem o resultado dos exames de sangue, não há muito mais que ele possa fazer.

Quando voltamos, Harrison explica que eu testei positivo para heroína. Isso é novidade para mim, pois ainda não haviam compartilhado isso.

— Legal da sua parte me contar. — Meu tom carrega mais do que uma pitada de ironia.

— Estávamos nos preparando, mas você se sentiu mal, — diz Misha.

— Não é uma surpresa, realmente. Quando senti a picada da agulha na minha veia, não conseguia imaginar o que mais poderia ser. Por causa do abuso de drogas da minha mãe, eu já havia lido o suficiente para saber quais eram os efeitos.

— Havia também vestígios de GHB presentes, e é isso que eles colocaram na sua bebida. É uma droga de estupro. — Harrison me entrega o relatório da minha triagem de urina. Nenhum outro medicamento estava presente.

— Espero que você acredite em mim agora que não uso drogas, — digo.

Ele está sentado à mesa grande, mas se levanta da cadeira e fica diante de mim. — Você precisa esclarecer algo. Não é uma questão de acreditar em você. Não sou seu juiz, júri e carrasco. O público é. E, para sua informação, acreditei em você quando me contou. Por isso pedi que você fosse à polícia.

Isso me faz sentir melhor? Na verdade não.

O médico avança. — Nessas circunstâncias, você provavelmente ainda está sentindo os efeitos secundários de ambas as drogas. Aconselho que você beba bastante líquido e coma, Drake. Você se sentirá melhor amanhã, — diz ele.

Uma risada histérica vaza de mim, mas aperto a mão na boca. Estou soando um pouco louca e me sentindo assim também. É difícil acreditar que, há menos de vinte e quatro horas atrás, eu estava no topo do mundo, pensando que as coisas finalmente haviam mudado a meu favor. Outra risada ameaça irromper pelos meus lábios, mas eu os pressiono e seguro. Este não é o momento de deixar minha loucura solta. Preciso segurar minha merda. As lágrimas podem fluir quando eu voltar para o meu quarto hoje à noite.

— Comer. Beber. Entendi. Obrigado, doutor.

Ele concorda e Harrison o leva até a porta. Tenho certeza que eles estão falando sobre mim, mas quem se importa. Estou fazendo o meu melhor para não deixar todos os meus pedaços desmoronarem.

Meu telefone toca, quase atirando para o teto. Pegando a coisa, verifico o identificador de chamadas. — Desconhecido. Não vou atender isso.

— Atenda, — Harrison diz severamente. — E coloque no viva-voz.

— Não. Não sei quem é.

— É por isso que você vai atender.

Atendo. — Olá. — Toco no botão do viva-voz, como Harrison instruiu.

— Senhora Drake?

— Sim.

— Nós só queríamos ver como você está se sentindo hoje.

— Quem é?

— Um amigo. — Ele ri. A voz soa vagamente familiar.

Harrison, que faz um gesto para todos enquanto andam como pequenos ratos, me distrai. Eu nunca vi pessoas se moverem tão rápido na minha vida. Então a linha fica muda.

— Foda-se, — Harrison explode. — Por que você não disse alguma coisa? Era ele, não era? Você deveria ter continuado falando.

— Não sabia o que dizer. Ele me assustou. — Minha voz soa pequena até para meus ouvidos. Até ele está me assustando agora, gritando comigo assim.

— Se você receber uma ligação assim novamente, tente manter o cara na linha. Apenas continue falando. Fale sobre qualquer coisa, o clima, seu gato, eu não ligo para o quê. Apenas diga algo.

— Não quero falar com ele. Você gostaria de conversar com seu estuprador?

Ele solta um suspiro longo e frustrado. Sei que ele está tentando ajudar a pegar o cara, mas ele não sabe como foi. Ele não pode saber. Fui violada e não sei por quem. É nojento, mas ainda quero ver o rosto deles. Eu quero olhar nos olhos deles e perguntar se eles estão orgulhosos do que fizeram. Também quero voltar para o banho e esfregar cada centímetro da minha pele até ficar crua e sangrando. Talvez então eu sinta algo novamente. Talvez a dor diminua a dormência que invadiu minhas células cerebrais.

— O que você está pensando? — Harrison pergunta.

A veemência que explode em mim me faz recuar, mas digo a ele.

— A raiva é melhor do que sentir pena de si mesmo, — diz Harrison.

Perco a paciência novamente. — Cale a boca por um maldito minuto. Você acha que sabe tudo, mas não sabe. — E eu saio da sala. Preciso de espaço... preciso respirar, fugir por um minuto. Meu quarto não fica longe do dele e não paro até chegar lá.

Meu peito se agita e minhas bochechas estão molhadas com minhas lágrimas. Paro na frente do meu quarto, tento abrir a porta, mas sinto uma presença atrás de mim. Quase grito.

— Sou eu, — diz Harrison.

— Maldito! — Digo, dando um tapa nele como se eu fosse um inseto. Bati em qualquer lugar que posso, só que sou fraca e ineficaz, suas mãos trancam meus pulsos, interrompendo tudo.

Há uma ligeira curva ascendente na boca dele. Ele está rindo de mim? — Você é um idiota, rindo de mim assim.

— Não estou rindo de você. Estou rindo do jeito que você está me golpeando. Eu não sou um mosquito.

— Seu filho da puta. — Tento soltar minhas mãos, mas ele as segura com força.

De repente, estou olhando para o desamparo dessa situação e isso me irrita. Não quero perguntar por que eu, mas por que eu?

Harrison pega a chave de mim e abre a porta, me levando para dentro. Então ele me senta e enfia um maço de papel em minhas mãos em concha. Ele não é exatamente do tipo quente e carinhoso, mas agora, eu não me importo. Tudo o que quero fazer é me enrolar na cama e chorar até dormir.

A próxima coisa que sei é que um copo de água é enfiado na minha mão. — Beba isso.

Não tenho forças para fazer objeção.

— Eu disse beba, não cuidar da maldita coisa.

Levantando os olhos, pergunto: — Você tem que ser um idiota?

— Neste momento, sim. Você foi drogada, provavelmente está desidratada e comeu o suficiente para um filhote de passarinho. Se você não se abastecer, terá mais desses colapsos e amanhã será uma merda.

Ele é de verdade? Fungo e digo: — Já lhe ocorreu que estou lidando com muita coisa agora?

Sua voz suaviza. — Sim, e só vai piorar nas próximas vinte e quatro horas. É por isso que você precisa beber e comer.

Engulo mais líquido, mas minha barriga se rebela. Estou enjoada. É difícil colocar qualquer coisa no estômago quando você sente que vai voltar.

— É assim porque você não comeu.

— Oh, você também é médico agora?

— Não, eu sei que você precisa disso. Agora beba.

Engulo a maldita água só para fazê-lo calar a boca. Talvez eu vomite em todo o seu traje chique. Infelizmente não o fiz.

Atiro a ele um olhar desagradável. — Satisfeito?

— Sim. Agora, conte-me mais sobre o orfanato.

Endureci e olho para o outro lado. Ele não vai tirar essa informação de mim. — Não tenho mais nada a dizer além de eu ter ido para lá e assim que completei dezoito anos, saí do inferno. Fim da história.

— Não, não é. Tem mais.

Eu o perfuro com um olhar. — Me escute. Já mostrei o suficiente para o público, sem trocadilhos. Vou contar a eles um monte de mentiras, porque você acha que é a melhor coisa a fazer. Mas o que não vou fazer é abrir minha vida de adolescente para eles apreciarem. Você pode gritar, você pode implorar. Não dou a mínima para o que você faz, mas esse livro permanece fechado.

Um pequeno músculo se contrai em sua bochecha. Ele está chateado, muito. Minha vida está fodida de qualquer maneira. Se ele salvá-la, vou comer minha própria calcinha. Mas sou inflexível quanto a não compartilhar essa parte da minha vida.

— Você obviamente não se importa com esse contrato, então.

— Sim eu me importo. Mas o que eu mais me importo é que todo mundo ira saber coisas que nunca deveriam ser reveladas. Muito obrigado, mas esse livro permanecerá fechado. E por favor, não traga isso à tona novamente.

Ele esfrega a mandíbula, a barba curta raspando contra os dedos.

— Como você reagiria se estivesse no meu lugar? —Pergunto.

Ele caminha até a cadeira ao lado da minha e se senta. Suas pernas longas se estendem na frente dele, e então ele cruza os tornozelos.

— Odiaria cada segundo, mas ouviria os especialistas. É difícil comer um sanduíche de merda, mas às vezes você faz o que precisa.

Eu não sei disso? Quantas vezes eu comi merda na minha vida? Demais para contar e, pelo que parece, vou estar comendo por quem sabe quanto tempo.


Capítulo 05

HARRISON

Ela não vai recuar. Tudo o que eu quero é que ela nos entregue um petisco, um pedacinho do qual o público possa se agarrar e eles a amarão para sempre. Porque eles sentirão muito por ela, vão querer abraçá-la como um bebê. Mas ela não quer nada com isso.

Verifico a hora e vejo que são quase seis horas. Vou me encontrar com Prescott em uma hora, então é melhor fazer deste o maior show da Terra.

— Você se lembra de Marilyn Monroe?

Ela aperta os olhos. — Serio?

Ignoro a pergunta. — Você se lembra como eles a encontraram?

— Morta? — O sarcasmo não é sua melhor característica. Amo um pouco de atrevimento em uma mulher, mas o sarcasmo me atinge em todos os lugares errados. Mordo minha língua.

— Não apenas morta. Morta por overdose de drogas.

— O que tem isso?

— Você se lembra de todas as teorias da conspiração sobre as quais todos falaram?

Ela franze os lábios carnudos e diz: — Acho que me lembro de algo sobre eles. — Quero dizer a ela para cortar a piada.

— Como se fosse um sucesso da Máfia, porque ela estava muito perto de JFK. Ou alguém do alto escalão do governo a derrubou para impedir que ela fizesse algo.

— Então? O que isso tem a ver comigo? Você acha que alguém está tentando me matar?

— Nem um pouco. Se eles a quisessem morta, você e eu não teríamos essa conversa. O que estou dizendo é que a morte de Marilyn Monroe evocou e ainda evoca tanta simpatia nas pessoas, que ainda penduram pôsteres dela em todos os lugares. Pode ser você, menos a parte moribunda, é claro.

Essas íris intensamente violetas procuram as minhas por respostas, e isso me arrepia. Midnight Drake não é uma mulher superficial. Tenho a sensação de que ela prefere ficar lá e ser açoitada até a morte do que se curvar sob a pressão de alguns insultos. Ela não é um gatinho esperando a primeira pessoa aparecer para acariciá-la e alimentá-la. Em vez disso, aqui está uma tigresa ferida, disposta a lutar por sua vida. Eu só preciso afiar suas garras, porque agora, elas são maçantes e escondidas.

— Não estou à mercê do meu vício em drogas, esperando o primeiro homem aparecer e me resgatar, senhor presidente. — Ela diz isso no tom ofegante que Marilyn usou uma vez em uma festa de aniversário para JFK.

— Nunca indiquei que você estava. Tudo o que eu disse foi que poderia ser uma grande manobra criar uma resposta compreensiva.

— Ugh, — ela bufa, mais para si mesma do que para mim.

— Deixe-me reiterar. Muitas pessoas viram você em uma posição comprometida no YouTube. Foi enviado do seu telefone. Quem sabe quantas pessoas viram antes de ser excluído. Você tinha uma seringa cheia de heroína presa na veia. O que mais você precisa para mostrar ao público que é um acidente? Sei que isso é terrível, pior do que qualquer coisa que você deva passar, e sinto muito por isso. Mas tudo o que estou sugerindo é que você dê ao público o que eles já sabem, exceto que ajuste um pouco. Diga a eles o por trás disso.

Ela se levanta e caminha. Novamente. — Passei os últimos anos fugindo disso. Evitando. Agora você quer que eu passe por isso.

— Então é por isso que você era uma estrela pornô. Faz todo o sentido para mim. E será para eles.

Ela tenta me empurrar, mas eu agarro sua mão. — Não vou dizer isso a eles!

— Não estou pedindo para você dizer, — eu digo.

— Você sabe o quanto é difícil ganhar uma vida honesta?

— E a pureza da indústria de entretenimento tripla classificada como X é o caminho a seguir, não é? — Pergunto. É hora de ser duro com ela. Esta é uma parte do meu trabalho que não me interessa particularmente, mas para que eu realmente salve sua carreira, ela precisa ouvir meus conselhos.

Ela aperta a mandíbula e diz através dos dentes cerrados: — Eu precisava do dinheiro, então respondi a um anúncio para um papel no cinema...

— Eu sei. E um cara disse que ele poderia ajudar... e a próxima coisa que você sabe é que você está nua com um pau e as bolas no fundo da boca.

Ela lambe os lábios e engole em seco... Fico duro. Okaaaay, Harrison, de onde diabos isso veio? Geralmente fico longe dos meus clientes.

— Não foi exatamente assim, — diz ela.

— Mas estou perto, não estou?

Ela encolhe os ombros. — O que isso importa? Você vai acreditar no que quer, de qualquer maneira.

— E você vai fazer o que eu digo amanhã ou todo esse negócio está encerrado, eu a deixo, e você fica para cuidar dos abutres por conta própria. — Nós olhamos um para o outro antes que ela me dê um leve aceno de cabeça.

Eu clico meus dedos. — Eu a vejo desistir.

Depois de um longo suspiro, ela diz: — Fui abusada.

Não estou surpreso. — Foi por isso que você foi embora?

— Fugi alguns meses antes do meu décimo oitavo aniversário. — Ela olha para as mãos, que estão no colo agora que está sentada.

— Então, acrescentamos que você se voltou para as drogas para escapar da dura realidade do abuso de quando estava em um orfanato. É isso aí.

— E se ele ouvir e vier atrás de mim?

— Quem?

Ela solta um suspiro. — O homem que abusou de mim.

— Nós vamos lidar com ele. — O que ela não sabe é que se alguém aparecer para machucá-la, enterraremos o filho da puta. Não literalmente, mas ele nunca mais a tocará.

Seus olhos caem e depois voltam para os meus. O modo como às mãos dela puxam a barra do suéter me diz que ela não acredita em mim. É quando eu reconheço. Medo. Durante tudo isso - acordar em um quarto de hotel depois que ela foi drogada e estuprada, a perda potencial de sua carreira - eu nunca vi o que se esconde lá até agora. Terror cru e arrepiante. O que diabos aconteceu com ela naquela época?

Caio sobre um joelho e pego a mão dela, que é como um bloco de gelo. — Ele não vai chegar perto de você. Prometo. Sem nomes, sem datas, apenas as palavras, fui abusada. É isso, — eu digo.

Sua voz treme quando ela responde: — Eles vão me perseguir para obter mais informações. E eu não quero ser essa garota.

Em um tom suave, eu digo: — Você pode ser a garota que se levantou e se tornou a pessoa que sobreviveu. Não foi o que aconteceu?

Ela assente um pouco.

— Olhe para mim, Midnight.

Olhos grandes e cheios de terror olham de volta para mim. Foi-se aquela mulher de boca atrevida que queria socar meu rosto momentos antes. — Não sei o que aconteceu, e é da sua conta. Tudo que eu preciso é despertar a simpatia de seus fãs e possíveis fãs. Isso fará acontecer. — Pego a outra mão dela e acrescento: — Deixe-me fazer o meu trabalho e tornar seu nome um dos melhores em Hollywood. Então, talvez um dia, você possa ajudar a salvar outras pessoas do mesmo destino. Você decide. Isso lhe dará o poder de fazer o que quiser.

Ela olha de nossas mãos para meu rosto, depois de volta para nossas mãos. Eu a vejo assentir, apenas um pouco a princípio. Mas logo, deve afundar e ela finalmente diz: — Tudo bem. Mas tudo o que estou dizendo é que fui abusada na adolescência. Foi assim que meu uso de drogas começou.

— Perfeito. Quero essas palavras exatas. Nós as incorporaremos em nosso kit de mídia que enviamos a todos, juntamente com sua declaração em vídeo. Depois, levaremos você para o Arizona no caminho de volta para LA.

— Não no Arizona. Tem que haver outro lugar que eu possa ir.

— Tem a melhor reputação do país.

— É muito perto de onde eu fui criada. Preciso de distância.

Quando penso nisso, ela está certa. Talvez seja isso que aumente sua ansiedade.

Ligo para Leland e ele verifica. Quando ele me envia uma mensagem de texto, ele me fala de um lugar em Malibu com excelentes classificações que tem uma vaga. A Midnight parece mais agradável, o que eu gosto porque não vai exigir uma parada extra a caminho de casa.

Mando ele fazer a reserva.

— Você mora em Los Angeles, então Malibu será mais conveniente, pois está bem ali. Especialmente se eles precisarem de acompanhamento, — eu digo.

— Como eu vou conseguir isso? — ela pergunta linhas de preocupação vincando sua testa.

— Você não é atriz?

— Sim, mas eu costumo seguir um roteiro. Não sou uma mentirosa muito boa.

— Você terá que improvisar, então. Isso será ótimo para sua carreira. Mas você terá um roteiro para praticar.

— Improvisar está muito longe de mentir. Me sinto mal por mentir.

Espere até que ela esteja nesse setor por um tempo. Ela mudará de ideia quando a mentira se tornar uma ocorrência diária para salvar sua carreira. — Considere uma hipótese. Os conselheiros também a ajudarão com quaisquer problemas que você possa ter.

— Problemas. Ótimo. Provavelmente vão cavar tão fundo que ficarei presa pelo resto da vida.

Eu rio. — Você parece meus dois melhores amigos.

— Por quê? Elas estão carregadas de problemas?

— Você não tem ideia. — O que me lembra de que eu devo encontrar-me com Prescott em breve. — Odeio ter que deixar você, mas eu tenho um jantar.

— Não vá.

— Vou pedir a Emily para fazer o primeiro rascunho do seu discurso para amanhã.

— OK.

— Outra coisa. Fizemos uma checagem em Holt e ele estava limpo. Todos os registros telefônicos dele saíram. Não foram feitas chamadas para ninguém não identificável. O cara é bom, então você não precisa se preocupar com ele. Vejo você pela manhã.

Volto para o meu quarto e digo a todos o que aconteceu. Então saio para me encontrar com Prescott. Ele já está me esperando. Já faz um tempo desde que eu o vi e ele está um pouco gasto.

— Cara. — Nós abraçamos. — O que está acontecendo?

— Assunto velho. Então, Midnight Drake, hein?

— Sim. O que se passa contigo? — Pergunto.

— O que você quer dizer? — ele pergunta.

— Você não parece estar no seu jogo de Scotty de sempre.

— Besteira.

— Não, cara, estou falando sério.

— Vamos lá, Harry. Você esteve conversando com Weston?

Seguro as duas mãos no ar. — Não. Eu deveria saber disso. Qual é o problema aqui?

— Merda de família. O quê mais? Weston não contou a você?

— Não, você sabe como ele é.

Ele revira os ombros. — Você se lembra do que aconteceu no último Natal, certo?

— Oh, sim, você quer dizer a porra da meia-boceta. — Sua madrasta o acusou no jantar de Natal de bater nela, o que era completamente falso. O contrário aconteceu e, além disso, Prescott odeia a mulher. Seu pai acabou expulsando-o durante o jantar e eles estão em desacordo desde então.

— Tivemos outro desentendimento. Só que desta vez foi em uma reunião da Whitworth. Papai me chamou na frente de um monte de clientes e ficou muito desagradável.

— Você está brincando, — digo, inclinando-me sobre a mesa.

— Pareço que estou?

— Então o que aconteceu?

Ele ri amargamente. — Meu avô entrou em cena e ele tem tanta influência que difundiu a situação. Papai saiu depois. Foi extremamente estranho. O trabalho tem sido uma cadela desde então. Não que tenha sido ótimo desde o Natal, eu admito.

— Seu velho é um idiota. Por que você não corta relações com ele?

— Eu gostaria que ele se divorciasse da vadia com quem se casou, exceto que eles são o casal perfeito.

— Cara, você deveria vir a LA para uma visita. Sair um pouco. Tomar um ar fresco, sabe?

O garçom aparece e nos entrega os menus. Pedimos aperitivos e ele sai. Não consigo decidir o que pedir de entrada. A comida aqui é incrível.

— É uma maldita refeição. Se você não pode decidir, peça dois pratos, — diz Prescott.

— Você sempre faz isso? — Eu pergunto.

— Não, mas você está choramingando como uma menina, então eu pensei que isso te calaria.

Eu ri. — Você é um idiota.

— É o meu nome do meio.

O garçom coloca uma cesta de pão na mesa. Pego uma fatia e passo manteiga.

Conversamos sobre mais coisas e depois eu faço uma pergunta que ele não responde. — Prescott?

— O que? — Ele bebe o resto de sua bebida e sinaliza para o garçom por outro e enquanto ele chega, damos a ele a ordem do jantar.

Depois que o garçom se foi, eu aponto meu dedo para o meu amigo. — Veja? Eu tinha razão. Você não está bem. Algo está fodendo com você. Prescott Beckham tem tudo a ver com dinheiro e finanças, exceto quando ele enfia o pau no fundo da boceta de uma mulher. E agora, tanto quanto eu posso dizer, — ele se abaixa e olha embaixo da mesa, — não há uma mulher lhe dando um boquete, nem você está transando com uma debaixo da mesa. Mas eu pergunto a você sobre a franquia e as finanças de A Special Place, e você fica em branco.

Ele tem a cara de pau de usar uma expressão tímida. — Desculpe. Acho que minha mente vagou.

— Eu percebi. Quem é ela? E a razão pela qual pergunto é que você não está usando um visual irritado que normalmente reservaria para seu pai. Esse é um visual totalmente diferente, mais introspectivo eu devo que dizer.

— É mesmo?

— Sim, é. Desista, Scott.

— Ok, você nunca vai adivinhar quem eu encontrei.

— Jesus, me diga agora. Eu odeio quando as pessoas fazem isso. Só garotas fazem essa merda.

— Vivi Renard. — Ele diz o nome dela como se ela fosse uma deusa.

— Quem diabos é essa?

— Sim, você não se lembraria. Ela foi para Crestview conosco.

— Você transou com ela, como todas as outras garotas de lá? — Eu ri.

— Não, eu não transei com ela. Cristo. Não fodi todas as garotas da escola.

Minha testa praticamente bate no teto. Com quem ele está brincando? — Não estou comprando a ponte do Brooklyn, droga.

— Ela fez minha lição de casa.

— Só me lembro daquela garota gorda que você costumava pagar, mas o nome dela não vem à mente.

— A única, — diz ele.

— Você a encontrou? O brainiac? O que ela é física nuclear ou algo assim agora?

— Nem mesmo perto. Ela trabalha em uma cafeteria.

Me inclino para trás e pisco. — Você está fodendo comigo. Não é essa garota.

Conversamos um pouco sobre as coisas que faziam com ela em Crestview, até que o garçom entrega nossa comida.

— Então, conte-me sobre ela. Além de trabalhar em uma cafeteria.

— Na verdade acho que ela trabalha como TI deles. Mas ela não é mais gorda.

— Não? Como ela se parece? Detesto dizer isso, mas não me lembro do rosto dela.

— Está na média, — diz ele de maneira indiferente. Não compro por um segundo.

— Besteira. É por isso que você está fora do jogo habitual de Scotty. É a Vivi, não é?

— Não sei do que você está falando. A encontrei. Isso é tudo. Mas eu não vim aqui para discutir Vivi. Estou mais interessado em ouvir sobre Midnight Drake e seus vídeos.

Mostro um vídeo para ele e o faço prometer que não falará sobre isso, eu confio no meu amigo.

— Como você vai consertar isso?

— Está consertado. Amanhã, ela fará uma declaração, depois vamos levá-la para a reabilitação. Eles atrasam as filmagens por mais ou menos um mês, mas isso salva sua carreira. Criamos uma história sobre como ela foi abusada na adolescência e nunca contou a ninguém.

— É verdade?

— Sim. Mas ela não esta interessada em falar sobre isso. Aconteceu em um orfanato. Tive que tirar isso dela.

Nossos pratos estão vazios e o garçom entra para limpá-los.

— Harrison, o que vai acontecer com as pessoas com quem ela estava?

— Estamos trabalhando nisso.

— O que você vai fazer?

Minha expressão perde todos os sinais de amizade. — Não tenho liberdade para discutir isso.

— Justo. Não quero saber de qualquer maneira.

— Não, você realmente não quer. — Se eu contar, é mais uma pessoa com a qual tenho que me preocupar.

Prescott diz: — Então, vamos sair este lugar e seguir para o meu apartamento. Eu tenho uma boa maconha em casa.

— Na verdade, eu preciso voltar. Temos uma ligação de manhã cedo para repassar seu anúncio e depois fazer a limpeza. Você sabe como é. Ei, venha para a costa oeste. Seria uma boa viagem para você. Afaste-se disso tudo.

— Sim, eu posso fazer isso.

Ele não vai. Ele está dizendo isso há um tempo. Algo estranho está acontecendo com ele. Mas ele tem que descobrir por si mesmo, e eu tenho um prato cheio, a maioria ocupada por Midnight Drake.


Capítulo 06

Midnight

Quando a porta se fecha, eu corro para o banheiro, tiro a roupa e falo para mim mesma não vomitar. Visões de mãos sujas tocando minha pele continuam voltando para mim. Piora a cada minuto, fazendo-me sentir desagradável e suja, como a criatura vil que sou. Talvez eu deva esquecer isso... voltar ao pornô. Talvez seja a esse lugar que eu pertenço, afinal.

A água escaldante arde minha pele enquanto eu vejo os lembretes do que eles fizeram comigo. Imagens turvas aparecem, mas sem rostos, apenas mãos e dedos cavando minha carne. Não há dor ou prazer, apenas dormência. Eu deveria estar feliz por haver uma ausência de sensação, mas se eu sentisse dor, pelo menos haveria alguma coisa. É a falta de algo que me leva ao limite.

Agarrando pedaços do meu cabelo, eu puxo, tentando me fazer sentir. Só que isso produz memórias de um deles com a mão enrolada no meu cabelo. Sem esperança... é essa a minha situação. Harrison Kirkland está confiante de que tem as respostas, só que não tenho tanta certeza.

Terminando meu banho, limpo as gotas de água com a toalha macia. Estou me enrolando na toalha quando ouço uma batida suave na porta. Olho pelo olho mágico e encontro Misha ali.

— Oi, — eu digo, acenando para ela entrar.

— Eu pedi o seu jantar.

— Não estou com muita fome.

— Tenho ordens estritas para garantir que você coma, — diz ela com um sorriso.

— Tenho certeza que sim.

— Você quer que eu vá embora para que você possa se vestir?

— Não. Você provavelmente acha que eu sou obcecada em tomar banho.

— De modo nenhum. Não vou fingir imaginar como você se sente.

Seu olhar simpático me dá uma pausa. Pressiono meus lábios entre os dentes porque não quero falar sobre isso.

— Midnight, você mal conhece Harrison, mas quando ele se compromete com algo, ele faz o trabalho.

— Não duvido disso. É só que tudo é construído sobre mentiras.

— É isso mesmo?

A pergunta surge diante de mim. A coisa do orfanato não é mentira. Isso é um fato difícil e frio. Um que eu queria enterrado para sempre.

Uma batida nos interrompe. Deve ser serviço de quarto.

— Entre no banheiro. Vou cuidar disso.

Faço o que ela diz, fechando a porta atrás de mim. Coloquei o roupão enorme que está pendurado na porta. Ele me engole, mas é aconchegante e eu amo que isso me envolva em um casulo de conforto - algo que atualmente anseio.

Eu escuto o homem sair e depois me junto a Misha. Tudo está arrumado em cima da mesa.

— Você comeu? — Pergunto.

— Não, mas eu estou me preparando. — De repente, ela ri e vejo que há dois lugares.

— Bom. Não gosto de comer sozinha.

No começo, meu estômago se revolta, então eu vou devagar, forçando cada mordida.

— Está tendo dificuldade para comer? — Misha pergunta.

É canja de galinha e bolachas. Há uma batata cozida e pão também. Mal sou capaz de inalar isso desde a última refeição que comi, que foi com Danny na noite anterior.

— Um pouco.

— Você está fazendo a coisa certa. Você sabe, comendo devagar. Mas você precisa da comida. Isso fará você se sentir melhor.

Um bufo frustrado sopra de dentro de mim. — Eu só quero sentir alguma coisa. Tudo o que sinto esta entorpecido.

Misha pousa o garfo e se inclina para trás. — Você parou para pensar que talvez seja o melhor? Talvez seu cérebro não queira que você sinta?

— O que você quer dizer?

— Às vezes o corpo lida apenas com o que pode tolerar e joga fora o resto. Talvez seja isso que o seu está fazendo agora.

Pensando nos outros pontos traumáticos da minha vida - e houve vários - talvez ela esteja certa. Meu cérebro não quer ir para lá.

— Mas eu quero lembrar o rosto deles, — eu digo.

— Por quê?

— Porque eu quero ter alguém para direcionar toda essa raiva. Agora é apenas uma lousa em branco.

— Mas então eles assombram seus sonhos e quem diabos quer isso?

Ela não tem ideia de que meus sonhos foram assombrados desde os quatorze anos. Torturado é mais parecido. Esse é um assunto que não ouso abrir com ela. Prefiro tomar uma dose de assombração. Qualquer coisa é melhor do que aquilo que vivi.

Seu olhar é intenso antes que ela diga: — Talvez depois de uma boa noite de sono, você se sinta diferente.

Misha parece que nunca teve que lidar com nada difícil antes. Suas roupas são caras, suas unhas são perfeitamente cuidadas, e mesmo que ela coma e beba seu batom ainda parece recém-aplicado. Seus longos cabelos loiros brilham na penumbra do meu quarto e ela provavelmente gasta muito dinheiro em produtos para o cabelo. Só de ver me joga de volta para outra época, uma época em que eu mal podia comprar sabão para tomar um banho.

— Vai ficar tudo bem, Midnight.

— Nada disso vai ficar bem. O fato de eu estar cheia de heroína e sentir como se estivesse numa nuvem enorme, torna tudo pior. Não posso nem explicar essa parte. Não espera. Como é isso? Imagine ser estuprada e saber que você está sendo estuprada, mas gostando e se sentindo confortável enquanto isso está acontecendo.

Eu a atingi, porque ela não pode fazer contato visual.

— Agora tenho que inventar uma história sobre ser viciada em drogas, quando não sou, mas fui estuprada. Você não vê como isso está completamente errado no meu cérebro e por que estou tendo um momento difícil com isso?

Ela coça a têmpora e depois limpa a garganta. — Sim. Eu sinto muito. Isso é horrível. Mas você tem que confiar em nós e em Harrison. Ele sabe o que está fazendo. Não está certo. Mas, como você não queria ir à polícia, é a única maneira de salvar sua carreira. Se você não se importa com isso, então é um assunto totalmente diferente.

— Eu simplesmente não entendo por que temos que mentir e fazer essa coisa de reabilitação. — Frustração sangra em minha voz.

Misha se endireita e de repente parece mais alta em sua cadeira. Seu tom suave é substituído por um tom dominante. Há muito mais nessa mulher do que eu pensava inicialmente.

— Sim, Midnight. Percepção é tudo, e você foi vista online sendo fodida, alto como uma pipa. O que as pessoas pensam automaticamente?

Ela fica silenciosa como eu.

Ela estala os dedos. — Vamos lá, eu estou esperando.

A raiva está no meu intestino. — Que eu merecia.

— E?

— E queria mais.

— Não dou a mínima para o que você acha. É o que eles acham que conta. E mesmo que você não tenha feito nada errado, mesmo sendo vítima, eles não vão acreditar. Nenhum relatório policial foi aberto. Essa foi a sua escolha. E não vamos nem falar se eles descobrirem que você era Lusty Rhoades no passado.

— Isso é injusto.

— Nem tudo na vida é justo. Acostume-se a isso.

Ela está certa. Aprendi isso há muito tempo.

— Você terminou de choramingar? — ela pergunta.

— O que? — Pergunto, minha raiva retornando.

— Não estou fazendo pouco caso do que aconteceu com você. Estou simplesmente tentando fazer você entender o que Harrison está fazendo. Você está sendo obstinada e dificultando muito nosso trabalho. Não gostamos de lidar com clientes que temos que implorar. Pare de nos fazer implorar, Midnight.

Ela se recosta e cruza os braços. Misha apenas jogou as luvas no chão.

— OK. Deixa comigo.

— Bom. Agora coma. É a última vez que te digo. Não podemos deixar você desmaiar na frente da câmera amanhã. Precisamos que você pareça forte.

Ela está certa. Depois de algumas mordidas e eu começo a me sentir muito melhor, só que não a deixo saber. Vou me dar mais uma noite de compaixão, e então vou para o próximo estágio da vida da Midnight, reabilitação. Gostaria de saber se vou passar ou falhar.


Capítulo 07

HARRISON

— Então você foi dura com ela?

Misha me conta como foi o jantar.

— Sim, mas eu a convenci. Devo dizer que me senti muito mal por isso.

— Essa é a primeira vez. — Eu ri. Misha geralmente não é um lady quando se trata de clientes.

Ela me olha.

— Lembre-se de que estamos fazendo a coisa certa para ela a longo prazo. Pensei que vindo de outra mulher seria mais fácil, — eu digo.

— Gosto dela, Harrison. Muito. Ela é genuína e não é egoísta, o que é raro no mundo do cinema.

— Concordo. Também penso assim. Talvez ela continue sendo.

Depois que Misha sai, eu sento e penso. É difícil encontrar informações sobre a Midnight. Até seus registros da época do orfanato são um beco sem saída na maior parte, o que é incomum. Me incomoda que ela estivesse tão assustada. O que quer que ela esteja escondendo deve ser uma merda séria.

Tenho tudo sob controle quando se trata de sua privacidade, para que sua localização não seja revelada. A segurança é uma prioridade, e pedirei que alguém fique atento a qualquer coisa incomum. Os nomes não serão mencionados, portanto, isso não deve representar um problema.

Na manhã seguinte, nos reunimos na pequena sala de reuniões. A Midnight parece melhor, embora ela não deva ter dormido muito bem. Crescentes manchas escuras ainda se escondem sob seus olhos, projetando sombras profundas. Ela oferece um sorriso fraco.

— Há café ali, se você quiser, — digo, apontando para o aparador.

— Isso seria bom, obrigada.

Emily pediu o café da manhã, então eu digo para ela se juntar a nós. Observo enquanto ela coloca um croissant em um prato, junto com algumas frutas. Bom. Pelo menos ela está comendo.

Quando todos estão sentados, percorremos a agenda. Misha explica como Emily filmará a declaração de Midnight e a encaminhará para os vários meios de comunicação. Será apenas um testemunho rápido com algumas perguntas ensaiadas.

— É isso? — Midnigth pergunta.

— É isso. Termine seu café da manhã e nós começaremos.

Midnight passa a mão pelos cabelos e pergunto se ela está pronta para começar.

— Sim.

Ficamos situados novamente e Misha analisa o que precisa ser feito.

Emily começa com a maquiagem e esconde o cansaço que reveste o rosto de Midnight.

Misha instala a câmera no tripé e está tudo pronto para começar. Ela tem a Midnight sentada em uma das cadeiras e fazemos um teste.

Quando estamos satisfeitos, com uma voz ofegante, ela começa: — Como muitos de vocês devem saber, ocorreu um incidente na outra noite pela qual estou assumindo a responsabilidade. — Ela para e respira profundamente. — Como resultado disso, vou me internar na reabilitação. Devido a alguns problemas que enfrentei na adolescência envolvendo abuso, procurei ajuda nas drogas. Obviamente, essa não foi a escolha certa. Agora vou enfrentar o problema e corrigi-lo. Obrigada pelo apoio e compreensão nestes tempos difíceis. — Então ela enxuga os olhos. Não tenho certeza se é real, mas ela me tem cem por cento. Aceno com um dedo no meu pescoço para Misha e ela desliga a câmera.

— Isso foi perfeito.

Midnight não se move.

— Misha, puxe isso para mim. Quero assistir, apenas para garantir que tenhamos tudo o que precisamos.

— Oh, nós pegamos. E ela foi perfeição.

Todo mundo na sala sorri, exceto a Midnight. Então ela deixa escapar: — Alguém tem um cigarro?

— Uh, este é um hotel para não fumantes, — responde Emily.

— Posso ir lá fora. Não ligo.

Há uma pequena varanda fora do quarto e eu tenho cigarros. Às vezes eu fumo quando bebo, um mau hábito, confesso.

— Venha comigo.

Ela me segue até o meu quarto e eu alcanço minha bolsa carteiro para pegar um maço de Marlboro. Entrego-lhe um, junto com o isqueiro, e caminhamos para fora da porta de vidro deslizante.

— Depois de tudo o que você disse ontem, eu não a levei como fumante.

— Não fumo, — diz ela.

Minhas sobrancelhas se erguem.

— Meus nervos estão baleados. Precisava de algo.

— Tecnicamente falando, a nicotina aumenta os níveis de ansiedade.

Ela me oferece um olhar vazio.

— Se você não acredita em mim, pesquise no google. É o afastamento que as pessoas sentem e, quando fumam, acalmam os sintomas, automaticamente sentem que isso as acalma. Está apenas tirando os sintomas de abstinência. A nicotina é tão viciante quanto a heroína.

Em uma voz rouca, a que estava tão quente em seus filmes pornográficos - sim, eu assisti alguns deles ontem à noite - ela pergunta: — Então por que você fuma?

O canto da minha boca se levanta. — Fumo quando bebo. Eles meio que andam de mãos dadas para mim.

Ela dá uma longa tragada no cigarro e depois tosse. Não, ela não é fumante.

Rindo, digo: — Sente-se melhor?

— Não.

Sua expressão carrancuda é bem fofa. — Vou pedir que você deixe eu ficar com o seu telefone enquanto estiver na reabilitação.

— Por que você precisa do meu telefone?

Ela não parece interessada nessa ideia, então continuo. — É habitual que as clínicas de reabilitação peçam aos pacientes que abandonem seus telefones e computadores e não se comuniquem com ninguém, exceto por correspondência escrita. Ajuda com sua taxa de sucesso. Estou bastante confiante de que este lugar será o mesmo. Caso contrário, retornarei o telefone em uma semana ou duas. Gostaria que um de nós o tivesse, caso o atacante ligue novamente, para que possamos obter uma pista dele.

— Faz sentido.

Pela sua expressão significa que ela pode estar vendo a luz. Isso tornará nosso trabalho muito mais fácil. Mas, na realidade, nosso trabalho está quase terminando. Quando a deixarmos e nos certificarmos de que o público a vê como vítima, basicamente nos afastamos, a menos que surja outro problema.

— Ótimo. — Ela me entrega seu telefone e eu coloco no meu bolso. — Prometo devolvê-lo com segurança.

Quando ela termina o cigarro, voltamos para o outro quarto. A equipe está encerrando e peço um relatório de progresso.

— Tudo foi enviado. Tenho certeza de que estaremos atendendo chamadas, mas encaminharemos tudo para a agente dela, — diz Leland.

— Bom. Preciso ligar para Rashid para ver se ele encontrou alguma coisa.

— Rashid? — Midnight pergunta.

Com um movimento da minha cabeça em direção a Misha, eu aceno para ela lidar com a Midnight enquanto vou para o meu quarto para fazer a ligação.

Rashid diz que eles têm os vídeos, mas os homens neles não são facilmente identificáveis. Ele está trabalhando com o hotel.

— Você acha que eles sabem alguma coisa? Eles usaram cartão de crédito para pagar?

— Não tenho certeza. O gerente não ajudou muito, — diz Rashid.

— OK. Eu cuido dele. Você continua trabalhando na parte tecnológica.

— Farei isso.

Preciso executar uma tarefa ou duas antes de sairmos. Conheço um cara, Gino, que pode me ajudar, então ligo e peço que ele me encontre no hotel. Ele diz que me encontrará em uma hora.

Puxando Leland para o lado, eu conto para ele onde estou indo. — Irei com você.

— Não, fique aqui. Você precisa garantir que todos embarquem no avião ao meio-dia.

— Entendi.

A equipe vai lidar com mais algumas coisas com a agente da Midnight em uma teleconferência enquanto eu pego um táxi.

Chego ao hotel, seguido de perto por Gino. Ele é um cara corpulento, ainda maior que eu, e eu não sou nada perto dele. Este não é o hotel mais elegante da cidade. Só que estou com uma pequena surpresa. A pessoa da recepção não é homem. É uma mulher que tem uma estranha semelhança com Arlequina, até suas tranças cor de arco-íris e batom vermelho brilhante. Ela está até mascando chiclete como se não houvesse amanhã. A única coisa que falta é a maquiagem dos olhos borrada.

A pergunta vem à minha mente se ela realmente fez uma cirurgia plástica para fazer isso acontecer.

Quando ela pergunta: — Olá, querido, o que posso fazer por você? — meu radar de reparação começa a zumbir. Droga! Porque agora?

Encostado no balcão, pergunto: — O gerente está aqui hoje?

— Sim. Espera um segundo. — Depois que ela pisca e sopra uma bolha enorme, ela se afasta.

Meu associado murmura: — Aceita todos os tipos, hein?

— Eu acho.

Alguns minutos se passam quando um homem que gosta muito de cervejas se aproxima. — Você pediu o gerente?

— Sim. É você?

— Não, eu sou Muhammad Ali. O que você quer?

Lanço um olhar para o meu companheiro e ele encolhe os ombros.

— Precisamos fazer algumas perguntas. Quem estava trabalhando na sua recepção na quarta à noite?

— Eu, por quê?

— Perfeito. Então talvez você possa nos ajudar. Uma amiga nossa foi trazida aqui por dois homens, contra a vontade dela. Ela estava drogada. Lembra-se de algo?

— Não, não que eu me lembre. — Ele me olha bem nos olhos sem vacilar.

— É assim mesmo. Então posso ver suas fitas de segurança?

— Não tem nenhuma.

Gino olha para mim e olho diretamente para o canto da sala para uma câmera montada no alto da parede.

Gesticulando em direção a ela, digo: — Como você chama aquilo?

Arlequina sósia ri. O gerente lança um olhar desagradável para ela e ela rapidamente se cala.

— É falso.

— Eu vejo. — Gino puxa uma cadeira por baixo e sobe.

O gerente grita: — Ei, o que você está fazendo?

— Ele está puxando para baixo. Se é falso, você realmente não precisa, não é?

— Ok, pare. É real.

Isso foi fácil o suficiente. Agora que ele vê que não estamos aqui para um piquenique, as coisas devem progredir um pouco mais rápido.

— Bom. Queremos ver seus vídeos a partir de quarta-feira à noite.

Ele esfrega o nariz e responde: — Sim, bem, acho que não tenho.

— Isso é verdade? O que aconteceu com eles?

— Sim, sobre isso. Alguém veio aqui e os roubou.

— Roubaram?

— Sim. Você pode perguntar a ela. Ele gesticula em direção a Arlequina.

A bolha de chiclete explode no seu rosto e fica todo espalhado pelo seu nariz e bochechas. Ela tira e coloca de volta na boca.

— Não sei do que você está falando, a menos que você queira dizer aquele idiota do Trent. Ele veio aqui com o amigo...

— Cale a boca, idiota.

Pisco para Gino e, em questão de segundos, o Sr. Manager se encontra sendo estrangulado. Então sorrio para Arlequina e digo: — Que tal você e eu darmos um passeio?

Seus olhos se arregalam, mas eu a tranquilizo acrescentando: — Não sou Trent. Não vou te machucar. Trent machucou uma amiga minha e quero encontrá-lo.

— Oh.

Os olhos do Sr. Manager se arregalam. Talvez ele esteja preocupado com o que ela vai me dizer. Ou pode ser que Gino esteja aplicando muita pressão. Realmente não dou a mínima. De qualquer maneira, vou descobrir algumas informações extremamente necessárias.

— Se você me ajudar, posso ajudá-la em troca, — digo a Arlequina.

— Olha, senhor, posso parecer com esse tipo de garota, mas não sou.

Sorrio de novo. — E sabe de uma coisa? Não sou esse tipo de cara. Parece que existe a possibilidade de sermos amigos. Posso perguntar qual é o seu nome?

— Helen. Helen Reddy.

Ela está brincando comigo? — Realmente? Como o cantor dos anos 70?

— Sim. Acho que minha mãe realmente pensou que ele era mulher. — Ela está se referindo à música I Am Woman que tornou Helen Reddy famosa. Então ela joga a cabeça para trás e ri. É contagioso pra caralho.

— Ela rugiu? — Pergunto, ainda rindo, pensando nas letras que eu sou mulher, me ouça rugir. Minha mãe costumava cantar essa música o tempo todo.

— Você pode apostar, ela fez. Especialmente quando ela descobriu que eu descobri seu estoque de maconha e bebidas quando eu tinha treze anos. Então ela me enviou para morar com meu pai.

O rosto dela perde a suavidade e todos os sinais de humor. Não quero seguir esse caminho, mas tenho muitas ideias, é por isso que Helen precisa ser reparada.

Do nada, pergunto: — Helen, você precisa de um emprego?

— Tenho um emprego.

— Você não vai ter, depois de me ajudar e eu vou embora daqui em breve...

Ela puxa uma de suas tranças, depois a gira em volta do dedo. — Então sim, acho que sim.

— Mostre-me as fitas de segurança. Você sabe onde elas estão, não é?

— Sim. Vamos. — Ela faz um gesto com a mão, mas de repente para. — Ei, qual é o seu nome? — Ela estoura outra bolha.

— Você pode me chamar de Harry por enquanto.

Andamos por um corredor e entramos em outra sala. Helen gosta de conversar e, em pouco tempo, tenho o vídeo que preciso, junto com um nome. Então eu pergunto se ela pode recuperar todos os registros da noite de quarta-feira.

— Posso.

Ela entra em um dos computadores e há o nome de Trent junto com as informações do cartão de crédito. Mas ainda não estou claro quanto à conexão que Trent tem com a Midnight. É apenas uma coincidência, ou há mais por trás disso?

Tiro fotos de tudo e faço o download de uma cópia do vídeo em um pen drive, e então terminamos.

— Então, Helen, você tem família aqui, um cachorro, uma tia idosa que você não pode suportar deixar para trás, ou um hamster que morreria de fome sem você?

Ela solta uma risada borbulhante. — Não, por que?

— Não há uma pessoa que sentiria sua falta se você fosse embora? Nem sua mãe ou pai?

— Porra, não.

— Sem namorado?

— Olha, senhor. Posso não ser super inteligente, mas também não sou burra. Não significa não. Não tenho ninguém, a menos que conte o idiota com que trabalho.

Rindo, eu digo: — Ok, você quer trabalhar para mim?

— Certo. Você parece bom o suficiente.

— Em Los Angeles.

— O que? Espere, não posso ir até lá. Isso custa muito.

— Eu cuidaria disso.

Ela aperta o lábio por um segundo e depois estoura outra bolha. — Como eu chegaria até lá? Não tenho carro.

— Você iria embora... — vejo o relógio— Em uma hora.

— Você é um filho da puta louco.

— Poderia mandar alguém mais tarde para arrumar seus pertences. Enquanto isso, eu colocaria você em um lugar para morar. Você teria um emprego trabalhando como administradora. Você tem bons conhecimentos de informática, certo?

— Bem, sim.

— Você está dentro ou não?

Ela está quieta, então acrescento: — Preciso de uma resposta. Estou com um cronograma apertado, Helen. O avião parte logo.

— Estou dentro.

— E se você não se der bem com o resto da equipe, seria algo difícil para todos nós.

— Oh, eu me dou bem com todo mundo. Juro que sim. — Seus olhos são tão claros e azuis como o céu em um dia de primavera.

— Você usa drogas?

— Não.

— Você terá que se submeter a um teste de drogas quando chegarmos a LA. Você esta bem com isso?

— Sim, senhor.

— Pegue suas coisas e vamos embora. — Posso ver Misha e Emily pegando ela debaixo de suas asas.

— Eu não tenho... — Quando ela percebe minha expressão, ela rapidamente diz: — Não tenho nada... nada além da minha bolsa aqui.

— OK.

Voltamos para a recepção, onde Gino ainda tem o Sr. Manager em suas garras. — Bom trabalho, meu amigo, — digo. Então entrego a Gino um enorme rolo de notas. Ele assente enquanto Helen e eu passamos. — Oh, você pode deixá-lo ir. Tenho tudo o que preciso.

— Obrigado, chefe. Vejo você numa próxima vez.

Pego um táxi e o direciono para onde o helicóptero espera para nos levar ao aeroporto de Westchester Country. É onde o jato está esperando para nos levar de volta a LA.

Quando chegamos, todos estão a bordo. Quando entramos, apresento Helen. O olhar no rosto de Midnight não tem preço. Sento-me ao lado dela.

— Quem diabos é ela? — ela pergunta.

— Não se preocupe com ela. Ela precisava de um emprego.

— Que diabos, você se diverte ou algo assim?

— Algo parecido. Está tudo bem. — Eu dou um tapinha no braço dela. — Ela foi muito útil na identificação do homem que a trouxe para o hotel. Quando estivermos no avião, obteremos mais informações.

Assim que chegamos ao aeroporto, um carro nos leva diretamente ao avião em espera. Antes que percebamos, estamos em Los Angeles.


Capítulo 08

MIDNIGHT

Quem é essa pessoa que Harrison arrastou? Helen Reddy? Ela está fantasiada para uma festa do Esquadrão Suicida? Que diabos! Ele vai pegar o Joker e o Deadshot também? Talvez eu precise de uma fantasia. Estou tão fodida quanto qualquer um desses personagens, só que não tenho um super poder para me encaixar. Espere... posso foder como uma campeã. E boquetes... ninguém pode chupar como eu. Provavelmente poderia me encaixar nesse grupo de desajustados.

— O que é isso tudo? — Harrison pergunta, ainda sentado ao meu lado.

— Meu olhar? — Não ouso confessar meus pensamentos a esse homem. Além disso, eu preciso me recompor aqui.

— Não tenho certeza se posso colocar um nome nele.

Mudando de assunto, pergunto: — Conte-me sobre Helen. — Pego na bolsa um punhado de ursinhos de goma e coloco um na minha boca. Ele me olha com curiosidade.

— Ela foi de grande ajuda para obter as fitas de segurança do hotel. O gerente não foi cooperativo. Tive que lhe oferecer um emprego, porque depois que saímos, tenho certeza que ele a teria demitido.

— E uma mudança para Los Angeles, vem no pacote de emprego?

Ele ri da minha pergunta. — Sim, recebemos o nome e as informações do cartão de crédito de um dos caras que a machucou. Antes do final da semana, terei tudo o que preciso sobre por que eles escolheram você.

— Você sabe por que ele está me perseguindo? — Mastigo outro ursinho.

— Posso ter um desses? — Harrison pergunta. Entrego a ele um verde, o meu menos favorito. Ele levanta e diz: — Uau. Você é realmente generosa com essas coisas.

— Não uso drogas. Uso gomas. É por isso que não os compartilho. — Não é uma declaração cômica, mas ele sorri de qualquer maneira.

— Então, continue. — cutuco.

— Sim. Vou informá-la o que encontrarmos e, para a sua pergunta, descobriremos por que ele a atacou. Se houve algum tipo de motivo profundo, vamos descobrir.

— Como?

— Tenho minhas formas.

Ele não é sincero em sua resposta e eu realmente não quero saber. Ele pode vencer essas merdas pelo que eles fizeram. Gostaria, no entanto, de olhar nos olhos e descobrir por mim mesmo. Não parece que eu vou ter a chance.

Ele fica em silêncio por alguns minutos e acrescenta: — Emily disse que as primeiras respostas à sua declaração estão chegando e são favoráveis bem como esperávamos. Você deve verificar sua conta do Twitter. As pessoas estão lhe mostrando todo tipo de amor, Midnight.

— Ótimo. Obrigada. — Sua resposta sem emoção a fez se endireitar em seu assento.

— Você precisa responder a alguns deles, enquanto pode. Talvez você possa dizer, que você está voando para a costa oeste e que fica agradecida com todo o amor. E não esquece do #Reabilitação, para que eles saibam que você está indo.

Olho para ele. — Eu irei. — Uma boa maneira de colocar isso.

— Você deve ter uma atitude melhor.

— Sim, como eu deveria estar feliz que alguém me drogou e me estuprou e agora eu que tenho que ir para a reabilitação.

— Droga, me desculpe. Isso foi insensível da minha parte. O que eu deveria ter dito era que você deveria estar feliz por eles estarem comprando a história.

Bufei: — A história de ser abusada não é uma história. É a verdade. Não quero o amor de alguém pelo que passei. Essa conversa precisa terminar. Minhas paredes de vidro estão prestes a quebrar e eu estou no lugar errado para que isso aconteça.

Ele não responde, pelo qual sou grata. Vários minutos se passam antes que ele se mova para sentar ao lado de Helen. Ela está mastigando chiclete como se fosse ursinho de goma. Sinalizo a aeromoça e peço água. Como muitas dessas coisas, tenho consciência de beber muita água para tirar o açúcar da boca. A última coisa que quero é um monte de cáries. Eu rio. Poderia ser o sonho de qualquer homem - uma fazedora de boquetes desdentada.

Inclinando a cabeça no assento confortável, fecho os olhos e fico surpresa quando Harrison balança meu braço.

— Ei, estamos aqui.

— Onde?

— LA. Onde mais?

— Tão cedo?

— Você roncou o voo inteiro.

Passo a mão na boca e, com certeza, ela esta molhada de baba. Tenho certeza de que foi uma visão bonita.

Todo mundo se move para pegar seus pertences, exceto Arlequina, quero dizer, Helen. Ela dá um pulo da cadeira e praticamente dança em direção à porta, agindo como a pessoa mais feliz do mundo. E por que diabos ela não deveria estar? Harrison acabou de resgatá-la de um emprego de merda, deu-lhe um novo e a está mudando para LA, com todas as despesas pagas. Eu ficaria feliz pra caralho também. E ela não precisa ir para a reabilitação.

Harrison é o último a sair do avião. Ele fica para trás, agradecendo a todos. É fácil ver por que todo mundo gosta de trabalhar para ele, porque ele mostra sua gratidão. Tenho certeza de que eles também são bem recompensados.

Nós nos amontoamos na limusine à espera e todo mundo sai, exceto Harrison e eu. Acho que ele é minha escolta para a clínica de reabilitação. A essa altura, quero sair da minha pele. O medo de ir a este lugar é insuportável.

Quando chegamos, eles estão nos esperando. E este lugar é chique. Não consigo imaginar o quanto estarei endividada depois disso.

Fazemos um breve tour pelo local, por insistência de Harrison. Quando chegamos ao meu quarto, percebo que nunca fui para casa desfazer as malas e reembalar.

— Qual é o problema? — ele pergunta.

— Minhas coisas. Nós nunca paramos na minha casa para eu trocá-las. Não tenho roupas além do que levei para Nova York.

Ele desliza a mão sobre sua mandíbula quadrada, que está coberta de barba. Ignoro o aperto dos músculos do meu estômago porque, pela primeira vez, não estou com raiva ou amarga quando olho para ele. Ele exala uma sexualidade crua à qual eu respondo. Por que agora depois de tanto tempo?

— Posso fazer Emily ou Misha ir até lá e pegar algumas coisas para você.

— Acho que terão que fazer.

A pessoa que me registra diz: — Você só precisará de coisas casuais enquanto estiver aqui. Temos aulas de ioga e outros grupos de exercícios aos quais você pode participar. Você vai precisar desse tipo de roupa também.

— Tênis de corrida, — eu digo. — Não tenho nada parecido com isso. Talvez eu precise correr para casa e fazer isso e depois voltar.

— Hum, me desculpe. Uma vez que você está aqui, você está aqui, — diz o responsável pelo check-in.

— Com licença, qual é o seu nome mesmo? — Pergunto.

— Melody. — Ela sorri.

— Você não pode fazer uma exceção apenas uma vez? — Pergunto docemente.

— Sinto muito, mas nunca fazemos isso aqui.

Meu temperamento queima e eu quero dar um soco nela, mas que bem isso fará? Provavelmente me deixar em um confinamento solitário.

— Midnight, prometo que Misha ou Emily vão cuidar disso, — Harrison diz com uma voz suave. O problema é que não quero duas estranhas vasculhando o conteúdo das minhas gavetas ou meu apartamento. É mais do que um pouco perturbador. Mas que outra opção eu tenho?

— Sim, tudo bem.

Melody fala sobre o quão sortuda eu sou, eles tem um espaço aberto e então ela informa o quarto que me foi designado. É bom, eu concedo isso a ela. Mas pelo preço não revelado, eu provavelmente deveria estar de volta ao The Plaza.

Percorremos o resto das instalações e meus joelhos quase dobram quando chegamos à sala de terapia de grupo. Não tenho ideia de por que isso é tão chocante, mas acontece. Como diabos eu vou passar por isso? O teste mais verdadeiro de quão bom estou. Talvez isso me leve ao topo da lista de candidatos ao Oscar invejado. Duvidoso, mas uma garota pode muito bem sonhar.

Harrison me deixa em minha nova casa pelos próximos trinta dias e eu corro de volta para minha pequena caverna. Amanhã começa uma nova vida para mim, brilhante e cedo às 06: 00. Isso deve ser interessante, para dizer o mínimo.


Capítulo 09

HARRISON

Na semana após a Midnight entrar na reabilitação, estou sentado no meu escritório quando Misha e Leland entram. Posso dizer pelas carrancas deles que não será uma visita de uma dança alegre.

Misha não mede palavras. — Ward está entrando com uma ação contra Alta.

— Quem?

— Holt Ward, co-estrela da Midnight no filme, — explica ela.

— Por quê?

— Ele diz que o atraso lhe custará outro papel em um filme diferente.

— E o que você disse? — Pergunto.

— Acho besteira. Midnight disse que ele não a queria como co-estrela desde o início. Ele está usando isso como uma saída. O ruim é que as mãos de Alta estão atadas.

Faço um gesto para a porta, indicando para Leland fechá-la. Tenho uma política de portas abertas aqui, mas neste caso, precisamos de privacidade. Quando estamos longe de ouvidos curiosos, pergunto: — O que temos dele?

Leland geme. — Ele esta completamente limpo. Tentei desenterrar alguma coisa, mas é uma lousa em branco.

— Ninguém é uma lousa em branco.

Misha ri. — Você é.

Ela está certa. A única coisa que alguém pode encontrar em mim são algumas multas por excesso de velocidade e que alugo um filme pornô ocasional. — OK. Então vamos fabricar alguma coisa.

— O que você quer dizer? — Leland pergunta.

— Algo tão prejudicial que arruinaria qualquer chance de ele agir novamente.

Leland está quieto por tanto tempo, que acho que o perdi. Então ele diz: — Conexões com a máfia russa.

A cabeça de Misha se volta para ele. — De jeito nenhum. Se a máfia souber disso, estamos todos com um metro e oitenta.

— Como eles iriam saber? — Leland pergunta. — Por que diabos ele vazaria isso, porque certamente eu não iria.

— E se ele se apresentar e disser que não é verdade? Então somos forçados a apresentar mais informações. Prefiro fazer algo como se ele fosse gay ou usasse cocaína. Então, se ele nos ligar e dispararmos algumas fotos falsas, não teremos Vladimir Kolikov respirando no nosso pescoço.

— Quem diabos é Vladimir Kolikov? — Leland pergunta.

Misha o prende com um olhar arrepiante. — Você não quer saber.

Levanto minha mão. — Ok, nenhuma máfia russa. Misha está certa. Isso é muito perigoso e alguém pode ser morto. Pessoalmente, acho que ele ser gay só lhe traria mais fãs e isso não é uma coisa desfavorável. Precisamos pensar em outra coisa. Como talvez associar o nome dele ao tráfico de pessoas.

Misha estala os dedos e um brilho demoníaco atinge seus olhos. — É isso aí. Isso o colocaria em um lugar quente. Rashid poderia criar um site falso para ameaçá-lo e, se ele não recuar, seguiremos com as grandes armas. Rashid pode invadir o site que eles têm como alvo e fazer parecer que o nome dele está lá. Isso o colocaria totalmente no centro das atenções.

— Qual é o site? — Pergunto.

Leland diz e eu digo a eles que é uma chance. — Quem quer entrar em contato com o Sr. Ward?

— Acho que você deveria fazer isso, — Misha diz para mim.

— Bem. Vou ligar para Rashid e mandar que ele arrume tudo, e então o Sr. Holt Ward receberá uma pequena ligação minha.

Este caso Midnight Drake está ficando mais complicado a cada dia. Encontramos Trent Dexter. Gino o agarrou e o levou a um lugar não revelado para interrogatório. Ele foi muito cooperativo depois que Gino lhe explicou algumas coisas que envolveram mais do que alguns golpes com os punhos enormes de Gino.

Segundo Trent, ele viu Midnight no clube naquela noite e a reconheceu por seus filmes e papéis na TV. Ele estava com seu amigo e eles estavam procurando alguém para persuadir a passar a noite com eles. A ideia deles de persuasão, comparada à de todos os outros, é muito diferente. Trent drogou a Midnight e a levou para o hotel onde seu amigo os encontrou. Foi quando a diversão deles começou.

A parte ruim é que os vídeos que eles filmaram no telefone da Midnight não são o fim. Eles também filmaram o episódio inteiro na câmera, mas cortaram o rosto dela. Em seguida, eles fizeram mais edições - se livrando deles, injetando nela heroína - e os enviaram para um site pornô onde foi baixado mais de cinquenta mil vezes. Cada vez que alguém assiste, custa US $ 5, 99, então esses filhos da puta ganharam dinheiro com isso.

Estamos presos entre o certo e o difícil. Se denunciarmos isso como um crime, a carreira de Midnight está fodida. Se processarmos, sua carreira está fodida. Puxamos o filme, mas quem sabe quantas pessoas o têm em seus discos rígidos e o enviaram para sites piratas? Pode estar na casa dos milhões. Quero cortar o pau daquele filho da puta. Foi uma coisa boa que Gino foi ao invés de mim. Então, novamente, de acordo com Gino, depois que ele terminou, Trent não fará isso com mais ninguém.

Minha conversa com Rashid é breve. Ele me garante que levará apenas alguns minutos para me dar o que preciso para assustar Holt Ward. Ele entrega cerca de uma hora depois, e isso quase me assusta.

— Você tem certeza que isso é falso? — Pergunto.

Ele ri. Rashid é o melhor. — Sim, chefe. Quando se trata do mundo cibernético, você não pode me derrotar.

Ele está certo sobre isso. Quando tudo estiver dito e feito, Holt Ward estará me contratando para limpar a merda que eu levantei. Uma risada calorosa sai de mim.

Misha está passando pelo meu escritório e vira para dentro para descobrir o que é tão engraçado. Quando eu digo a ela, ela ri junto comigo.

— Servirá o idiota certo. A Midnight já passou o suficiente. Ela não precisa das besteiras dele para acompanhá-la.

— Vamos ver como isso acontece. — Tiro uma captura de tela do site e depois ligo para o agente de Holt, pedindo seu número. Ele tenta me dar uma pista, mas quando explico como é urgente e que, se eu não falar pessoalmente com Holt sobre esse assunto, ele pode ser demitido, ele recita o número imediatamente.

Holt atende o telefone e digo calmamente: — Ward, meu nome é Harrison Kirkland e em cerca de dois segundos você receberá uma foto minha via texto. Espero que isso o convença a desistir de sua ação contra Alta e Midnight Drake em relação ao seu contrato no filme em que vocês dois foram escalados. Se você tiver alguma dúvida, sinta-se à vontade para me ligar. — Termino a ligação e espero que ele me ligue de volta.

Holt Ward não decepciona. Quando eu não respondo, ele tenta me ligar de novo. Recosto na cadeira e ouço pacientemente enquanto ele fala sobre como eu não posso fazer isso e que estou enquadrando-o, blá, blá, blá.

Quando ele finalmente perde o fôlego, eu digo: — Demorou o suficiente para você calar a boca. Um, eu não estou te enquadrando. Não é problema meu que você tenha uma afinidade por comprar e vender mulheres, especialmente aquelas com menos de dezoito anos. Segundo, se você não desistir da ação, essa merda será ampla e, com isso, quero dizer que minha empresa a divulgará em todos os meios de comunicação da indústria do entretenimento. Alguma pergunta?

— Você não pode fazer isso! Nunca estive envolvido em nada disso. Não sei onde você encontrou isso, mas é falso.

— Prove, Sr. Ward. Parece legítimo para mim. Eu até cliquei nos links. É uma pena também. Esperava mais de você.

— Droga, não sou eu! — ele brada. Tenho que segurar o telefone longe do meu ouvido, ele grita bem alto.

— Parece claro para mim. Além disso, esse site de tráfico pode estar no radar dos federais. Seu nome não estaria nele se você estivesse limpo. Abandone o processo e eu posso fazer tudo isso desaparecer. Você pode até me contratar, se quiser. Mas minha primeira prioridade é Midnight Drake. Quero você de volta ao filme com ela e quero Alta feliz novamente. Estou sendo claro?

Ouço sua respiração pesada na linha. Finalmente, ele diz: — Tudo bem. Vou fazer a ligação. Mas limpe essa merda, sim?

— Não é um problema. Espere o contato da minha empresa.

É a minha vez de encerrar a ligação e depois que eu termino, jogo o telefone na mesa e dou uma risadinha. O idiota acabou de perder um maço de dinheiro com minha cliente e ele se tornou meu cliente no processo.

Chamo Helen e peço que ela mande Misha e Leland e digo como foi a ligação. Espero a ligação de Alta, que acontece cerca de uma hora depois, peço para que Rashid retire o site falso. Para começar, nunca foi ativo, portanto não havia preocupação. Se você não tiver o endereço da Web, não havia como encontrá-lo. Quando ele terminou de limpar tudo, tenho Helen para enviar uma conta cara a Holt.

Agora temos Midnight de volta ao jogo. Quando estou no telefone com Alta, eles me dizem que sua legião de fãs está recebendo mais correspondência do que nunca para ela. Todo mundo quer saber como ela está. É ótimo saber que nosso plano está funcionando. O que me lembra, preciso devolver o telefone dela, se for permitido.

Adoraria ter a oportunidade de conversar com ela. Não passa um dia em que eu não penso nela. Ela estava tão preocupada em ficar presa lá por um mês, então eu me pergunto como ela está.

No dia seguinte, verifico a instalação e pergunto sobre a capacidade dela de ter um telefone. Eles dizem que ela pode receber visitantes no fim de semana, mas nenhum telefone é permitido até sua última semana. Decido visitá-la no sábado para informá-la sobre o que está acontecendo.

Mas quando o sábado chega, ela se recusa a me ver. Uma onda esmagadora de decepção toma conta de mim. De onde diabos isso veio? Ela é uma cliente, caramba.

Afasto e escrevo um bilhete para ela, explicando brevemente o que está acontecendo. Quando termino, entrego na recepção e peço que entreguem a ela. Ela completou sua segunda semana e está no meio do programa. Penso no que ela tem que esperar quando for liberada.

Empurrando os sentimentos inesperados e desconhecidos de excitação, me recuso a me permitir questioná-los. Não há como Midnight Drake ficar debaixo da minha pele. De modo nenhum.


Capítulo 10

MIDNIGHT

Harrison chegou às instalações. Ele tem estado na minha mente constantemente. Penso em sua força, em como seus olhos quentes me atraem, e que ele é o único homem que eu já quis tocar, mas ainda assim me recusei a vê-lo. A última pessoa que eu quero que me veja assim - raspada crua e cortada da haste à popa - é ele. Ele é a razão de eu estar aqui... e por causa desse maldito lugar, meu maldito coração e alma foram arrancados do meu corpo. Fiquei uma bagunça sangrenta. Sabia que vir aqui era uma péssima ideia, mas não tinha ideia de quão terrível seria para mim.

Se você é um viciado, eles tiram suas drogas - drogas que eu não uso - mas eles também se aprofundam em sua psique, te destroem pouco a pouco, bisbilhotam coisas que é melhor deixar intocadas. As feridas foram reabertas; cicatrizes que foram curadas agora estão abertas com sangue pulsando nelas. E me resta lidar com as consequências. Minha conselheira é uma filha da puta inteligente. Ela esteve comigo por horas até que eu quebrei e vomitei toda a porra da minha história. Maldito Harrison Kirkland por me enviar aqui. A culpa é dele.

E agora devo me sentir melhor por causa dessa suposta piedade. Bem, eu não. Meu corpo grita de dor. E tudo o que posso ver é o seu rosto e o que ele fez comigo... o que ele me forçou a fazer. Não precisava desse lembrete... não o queria. Mas entendi mesmo assim. E pensar que tenho mais duas semanas agonizantes revivendo aqueles horrores. Minha conselheira diz que, com o tempo, eu vou gostar dessas sessões. A única coisa que vou gostar é quando o dia trinta chegar para poder dizer: — Adios, filho da puta.


DIZEM QUE O tempo voa quando você está se divertindo. Bem, o oposto é verdadeiro quando você não esta. De fato, alguém interrompeu completamente a passagem dela. As últimas quatro semanas levaram cerca de cinco anos. Becky, minha estimada conselheira, acredita que posso ser bipolar. O que ela não percebe é que meu humor está tão ferrado por ter que continuar essa farsa e depois revelar tanto de mim em cima dela, qualquer um iria agir como se fosse bipolar. Em um minuto, estou chorando tanto que praticamente estou tendo uma convulsão, e no próximo estou louca, ziguezagueando pelo consultório dela, incapaz de controlar minhas ações.

Na minha sessão final, um dia antes de eu ser liberada, ela diz com firmeza: — Midnight, sente-se, ou ligarei para alguém para tranquilizá-la.

Isso agarra minha atenção. Não vou estragar meu último dia aqui. Ser injetado uma droga potente a força não é o que eu preciso. Minha bunda bate na cadeira, mas não consigo manter minhas mãos paradas. Eu só preciso dar o fora daqui. Entrei com sanidade, e fiquei louca pra caralho.

— Como você está se sentindo?

Ela está falando sério? — Como você acha que eu estou me sentindo?

Ela não responde. Odeio quando ela faz isso.

— Estou agitada hoje, Becky. — Não posso impedir que meu lado irônico surja.

— E por que isso?

— Eu não sei.

— Sim, você sabe, — diz ela. Seu jeito calmo me irrita.

— Quero ir para casa.

— Não acho que você esteja pronta.

Já passamos por isso antes. Eu vou, ela querendo ou não. — Não importa.

— Midnight, quero que você esteja o mais forte possível. Se você for embora, pode começar a usar novamente.

Não, não vou. Nunca vou usar novamente. Porque eu nunca costumei começar.

— Então explique sua agitação.

— É o meu passado, — digo frustrado. — Você já sabe disso.

— E você sabe como lidar com ele.

— Tenho que confrontá-lo, mas isso só me deixa mais infeliz. — Queria que ele ficasse enterrado. Era muito mais feliz assim, conduzindo meu caminho pela vida. Mas não, Harrison Kirkland apresentou esse plano cerebral e o arruinou.

— Midnight, isso vai fazer você mais forte.

— Não posso. Você quer que eu o visite. Isso... nunca funcionaria. Você tem que confiar em mim ao menos uma vez. A última coisa que farei na minha vida é visitar o homem que me arruinou.

Ela levanta as mãos, espalhando-as no ar. — É a sua vida.

Porra, é. No entanto, como essa é minha sessão final com ela, quero deixá-la com uma impressão duradoura.

— Deixe-me dizer isso, Becky. Não há muito que eu gostaria de dizer ao homem que me forçou a fazer sexo com ele e dar a seus amigos boquetes por quase três anos enquanto eu era menor de idade. É algo com o qual você pode se relacionar pessoalmente?

Há uma mudança sutil na coloração de seu rosto e ela muda de posição.

— Não, acho que não.

— Essa é a razão pela qual nunca terei contato com esse homem enquanto houver respiração no meu corpo. Tenho certeza de que esta sessão acabou.

— Você poderia apresentar queixa contra ele.

Ah? E toda essa atenção se concentrou em mim? Não, eu não penso assim.

Tremo durante a longa caminhada de volta ao meu quarto luxuoso. A conversa lembrou aquela outra peça do quebra-cabeça - aquela que sempre me quebra - a que Becky nem conhece.

Deito-me na cama e cubro meu rosto com um travesseiro para que ninguém ouça os soluços enquanto rasgam meu corpo.


DEZESSEIS HORAS DEPOIS, passo pela recepção, acenando de leve para as alegres pessoas da equipe. Eles são os últimos que eu dou atenção. Aqueles rostos felizes são uma farsa. O mês inteiro que estive aqui, eles nunca foram agradáveis para mim. Toda vez que pedia algo, era negado, mesmo que fosse tão pequeno quanto um copo de gelo. Com o preço gigantesco deste lugar, você pensaria que eles poderiam lhe entregar uma porra de copo de gelo. Quero xinga-los. Mas quem sabe se eles não vão abrir a boca quando eu estiver longe daqui? A última coisa que preciso é de mais inimigos do que já tenho. Holt Ward é o suficiente para lidar.

Não estou surpresa ao ver Harrison caminhando em minha direção. Ele não enviou ninguém para me buscar. E caramba, ele é uma visão para os olhos doloridos. Ele está vestindo uma camisa preta e jeans escuro que se moldam ao seu corpo perfeito. Se ele parecesse melhor, eu provavelmente desmaiaria. Não há um homem vivo que possa segurar uma vela para ele, caramba. Mesmo que eu ainda esteja com raiva dele, é difícil negar a felicidade que sinto, embora não queira mostrar isso.

Ele sorri quando nos encontramos no meio do estacionamento. Quero me lançar para ele e pressionar meus lábios em sua boca perfeita. É isso que acontece quando você pensa em alguém por trinta dias e passa por intensa psicoterapia? Uma sombra gigante se aproxima— Então? Como você está? Vim para uma visita, mas você se recusou a me ver naquele dia.

Engulo o deserto na minha garganta. — A verdade é que não estava com vontade de vê-lo. — Mentirosa!

— Então você perdeu todas as notícias importantes que tinha para você.

Isso desperta meu interesse, mas não quero que ele saiba. Dou de ombros. — Realmente não me importo. — Mentirosa!

A essa altura, já estamos no carro dele, um velho Mustang vermelho conversível. Ele coloca minhas malas no porta malas e depois abre a porta do passageiro para mim. Que cavalheiro.

Quando estou deslizando no assento, ele diz: — Você deve se importar. É a sua carreira. — Ele tem razão. Eu deveria, e me importo.

Quando ele entra no carro, escava dentro do porta-luvas e me entrega um boné de beisebol. — Aqui. Seu cabelo estará em nós se você não colocar isso.

— Obrigada. — Digo como se não fosse sincero. Por que estou sendo tão vil? Enfio meu cabelo debaixo do boné, grata por isso, mas escondendo dele.

Ele não deixa meu humor azedo afetar o dele. — Sou um cara prestativo.

— Vamos largar o Sr. Jolly. Enquanto estou feliz por estar fora desse inferno, só quero ir para casa, ok? — Fecho meus punhos e esfrego meus olhos.

— Jesus, quem roubou sua felicidade?

— Você fez quando me enviou pra cá. Eles dissecaram e me despedaçaram. Satisfeito? — Cruzo os braços e olho para o céu ensolarado.

Devo ter me irritado porque ele coloca o carro em marcha à ré e lá vamos nós. Nenhuma outra palavra é dita até chegarmos à minha casa. Ele me ajuda a chegar à porta e é quando ele diz: — Temos muito o que discutir.

— Isto pode esperar. Preciso de tempo. Sozinha. Na minha própria casa. — Preciso controlar minhas emoções. Ele não merece o meu comportamento desagradável.

Seus olhos encontram os meus e então ele faz aquilo que eu amo. Ele lambe o lábio inferior e passa a mão sobre o queixo desalinhado. Maldito seja é sexy. Preciso me afastar dele antes que eu faça algo estúpido... algo que eu me arrependa, como fazer um algo com ele. Ele é tudo em que eu penso nos últimos trinta dias, e eu não uso meu vibrador por todo esse tempo. Só tinha meu dedo para me fazer companhia à noite, e agora estou diante do incrivelmente quente Harrison Kirkland e tenho um desejo inacreditável de me ajoelhar e me sujar, apenas para ouvi-lo gemer de prazer. Pensando nisso, eu quase gemo. O que diabos está errado comigo?

— Bem. — Então seus dentes raspam sobre o lábio inferior. Sua íris de chocolate vê através de mim e eu não gosto nem um pouco. Ou talvez eu goste demais. — Você mudou. O que aconteceu lá, Midnight? — O tom dele é suave e piora ainda mais.

— Coisas que você não quer saber.

— Alguém te machucou?

Uma risada histérica explode. — Claro que eles me machucaram. Por isso não queria ir. — Me viro e fecho a porta, deixando-o com uma expressão confusa em seu rosto atraente. Preciso me afastar dele. Ele me faz querer coisas que não deveria. Homens e eu não nos misturamos.

Mas Harrison é diferente. Quero odiá-lo, só que não posso. Estou brava com o que aconteceu na reabilitação, e ele é o único que eu posso confiar. Mas ainda quero fazer coisas com ele... coisas sujas e sexy. É melhor que eu mantenha distância dele ou as coisas podem ficar fora de controle.


Capítulo 11

HARRISON

Midnight não é a mesma mulher que deixei trinta dias atrás. O que diabos aconteceu lá? Eles deveriam ajudar, e não destruí-la. A ideia de seu sofrimento é um soco no estômago. Deixá-la é a última coisa que quero, mas ela não me ofereceu nenhum convite para entrar. O que eu faço? Não consigo descobrir nada até falar com ela. Não tenho escolha a não ser sair porque não posso arrombar a porta.

Dirijo para o escritório, minha mente cheia de perguntas. Quando eu volto, Misha pergunta como foi.

— Não tenho certeza.

— Ela ficou satisfeita com tudo o que fizemos?

— Não disse nada a ela. — Depois que eu explico, Misha quer ir até o apartamento de Midnight.

Eu a paro. — Ela quer ficar sozinha.

— Ela é suicida? — ela pergunta.

— Duvido que eles a teriam mandado para casa se ela estivesse tão mal.

Mas então eu faço uma ligação. Tudo o que recebo é que as informações sobre o tratamento dela são confidenciais. Mesmo quando explico que estou preocupado com a condição dela, eles não me dizem nada. Eles dizem que eu receberia a ligação de seu terapeuta. E ela liga.

— Senhor. Kirkland, Midnight é muitas coisas, mas ela nunca mostrou nenhuma tendência suicida enquanto estava aqui. Há outras questões que abordamos e sugeri que ela ficasse mais trinta dias para impedir que ela voltasse a usar, mas ela recusou. — Sei exatamente porque também.

— Eu vejo. Obrigado por retornar minha ligação.

Meus pensamentos estão aliviados, mas ainda estou preocupado com ela. Por que ela pelo menos não fala comigo? Um mês é muito tempo, mas esse comentário sobre como eles a machucaram me perturba. Sobre o que ela estava se referindo? Eles a abusaram fisicamente lá?

Minha mente não descansa até que eu saiba, então eu mando um texto para ela.

Eu preciso saber se você está bem. Acredite ou não, estou preocupado com você. Não era minha intenção que você tivesse uma experiência terrível lá. Por favor me ligue.

Ela é tudo em que eu fico pensando até chegar em casa naquela noite e o telefone tocar.

— O que você quer me dizer? — Midnight pergunta.

— Na verdade, temos muito o que revisar. Podemos nos encontrar? — São apenas seis horas e eu ofereço levá-la para jantar.

— Prefiro em casa.

— Você tem certeza?

— Nunca faço nada de que não tenho certeza. Exceto por uma coisa, e eu estava certa nisso. Caril de Massaman com camarão, arroz integral e pão fresco. — Ela nomeia o lugar e eu desligo para fazer o pedido.

Quando eu apareço no apartamento dela, ela parece um tanto diferente. Ela está vestindo uma camiseta de grandes dimensões e uma calça folgada. Os olhos dela parecem... velhos. Eles envelheceram desde que ela partiu.

Ponho a comida no balcão da cozinha e a encaro enquanto ela puxa os pratos dos armários.

— Trouxe cerveja e vinho também, — acrescento, sem saber se ela tomou alguma bebida desde que esteve no último mês.

— Obrigada. Não pensei sobre isso.

— Então, do que você gosta?

Ela solta uma risadinha. — Ursinhos de goma. — Então ela carrega nossos pratos. Depois que ela me entrega o meu, eu a sigo até a sala de estar onde nos sentamos no sofá. Eu servi duas taças de vinho, depois que ela admitiu que preferia vinho ao invés de cerveja, e nós comemos.

— Amo essa comida, — diz ela em torno de um bocado de curry.

— É bom. Nunca estive lá, mas definitivamente voltarei. — Comemos em silêncio por alguns instantes até eu perguntar: — O que há com os ursinhos de goma?

— Eles são meu crack. Todo mundo tem algum vício, certo?

— Sim, eu acho.

— Oh vamos lá. Nomeie o seu.

— Não, eu estou limpo de vícios.

— Okay, certo. — Seus profundos olhos violeta se fixam nos meus e a intensidade deles me hipnotiza. Nunca vi nada como eles antes. — Desisto.

— Não, eu realmente não tenho nenhum. Álcool apenas ocasionalmente, e um cigarro de vez em quando, quando bebo. Fumo maconha de vez em quando, mas não o suficiente para chegar a qualquer coisa.

— Eu sei. — Ela sorri como se tivesse descoberto algo superimportante. — Você tem um vício secreto em pornografia.

Eu ri. — Não, pornô é bom, que homem não gosta? Mas sem vício. Desculpe, estou limpo.

Ela me estuda por um longo minuto, depois usa o garfo como ponteiro. Com uma voz melodiosa, ela diz: — Talvez o vício seja a palavra errada. A fraqueza é mais parecida. Você deve ter algum tipo de fraqueza. O que é?

Ela tocou um nervo, um que não precisa ser exposto. — Todo mundo tem fraquezas.

— Então? Diga o seu pior.

Aponto meu olhar para ela. — Não. Não até você compartilhar um dos seus.

Ela se endireita e dá uma mordida no jantar. Depois de engolir, ela diz: — Pessoas quebradas é sua fraqueza, não é? Você viu que eu estava quebrada e pensou que poderia me colocar de volta em funcionamento. Foi por isso que você trouxe Arlequina ou Helen. Não é? Esse é o seu vício?

Como ela é tão astuta? Engulo um pouco de vinho e a encaro. Ela não vai largar isso. — Não vejo isso como uma fraqueza, mas gosto de ajudar os outros, então, em certo sentido, acho que você está certa.

Ela empurra uma mecha de longos fios pretos brilhantes dos olhos. — Não. É muito mais profundo que isso. Você é falho, Harrison. Veja bem, durante a minha estadia em reabilitação, eu tive muito tempo livre, mais do que em anos. Pensei em muitas coisas e você era uma delas.

— Fico lisonjeado.

— Você realmente não deveria estar. Houve momentos em que eu quis usar seu rosto como um saco de pancadas.

— Ai, — eu digo, inclinando-me para trás e esfregando minha mandíbula.

— Sim. Não foi legal. Na verdade, era tão ruim que, todas as noites antes de adormecer, amaldiçoava seu nome e dizia a mim mesma que faria você pagar por me enviar para lá.

Isso é realmente chocante. Estou sem palavras.

— Surpreso com isso?

— Tenho que admitir que estou. — Tudo que eu queria fazer era salvar sua carreira. E quanto mais eu penso sobre isso, mais isso me irrita.

— Posso ver aquelas pequenas rodas girando nesse seu cérebro inteligente.

Um homem pode aguentar tanto, e ela apenas me empurrou para a beira do precipício. — Vamos esclarecer uma coisa. Eu estava salvando sua doce bunda, salvando sua carreira, organizando para você ir para lá. Foi isso. Não havia motivo oculto. Não foi por causa de uma fraqueza minha. Se você precisava de conserto, não tinha nada a ver comigo. Meu objetivo era limpar a confusão que sua maldita carreira estava com a Alta, que, a propósito, você nem sequer perguntou. Tive que puxar mais algumas cordas enquanto você não estava disponível. Ah, e enquanto estamos no assunto, seu amiguinho, Trent, usou o vídeo que ele filmou e o enviou para vários sites pornográficos, que teve milhares de downloads no momento em que chegamos. Cuidei disso também, de nada. Holt Ward também não será mais um problema. O processo que ele entrou foi retirado, o que você não sabia, porque minha equipe cuidou dele na sua ausência. A propósito, não mencione isso para ele. Sua carreira vai disparar, graças a esse período de reabilitação. — Me levanto, com toda a intenção de sair.

Suas palavras me impedem. — Nós não terminamos.

— É aí que você está errada. Você pode lidar com suas próprias bagunças a partir de agora. Meu trabalho com você terminou.

— Não estava falando sobre isso.

Não tenho noção do que diabos ela está se referindo.

— Quando eu estava na reabilitação, eles abriram velhas feridas. É por isso que estou culpando você.

Paciência é um dos meus melhores atributos, mas atualmente parece que estou sem estoque. Inclino meu pescoço para olhar em direção ao teto, rezando para uma divindade desconhecida, por mais. Então eu nivelo meu olhar para ela. — Parece que tudo é minha culpa e isso faz muito sentido. Acho que quando você saiu da reabilitação, você deixou seu maldito cérebro lá.

— Seu imbecil.

— Acredito que você é uma idiota. Você precisa mais do que ursinhos de goma, minha amiga. Eles não estão cortando isso para você. Talvez você precise de algumas pílulas felizes ou algo assim. — Meu nível de insulto sobe.

— Oh, essa é boa. Que coisa de homem. Quando uma mulher tem o direito de ficar com raiva de algo legítimo, ele automaticamente diz que ela precisa de pílulas felizes.

— Você digitou uma palavra-chave, e isso é legítimo. O que você está dizendo e insinuando não chega nem perto de ser legítimo. Você parece doida. Olha, o que aconteceu com você no seu passado, sinto muito. Mas não é minha culpa.

Ela entra na minha cara e grita. — Não, não é. Mas abrir essas velhas feridas sim.

— Ótimo, você não teria ferimentos se nada tivesse acontecido, portanto, não é minha culpa.

— Ugh. Você é tão estúpido.

— Você acabou de dizer que eu era inteligente.

— Oh. Meu. Deus. Não posso mais falar com você— ela diz.

— Estava tentando sair, mas você não deixou.

A próxima coisa que sei é que ela voa para mim, mas em vez de me dar um tapa ou me dar um soco como eu espero que ela faça, ela me beija. Beijos com raiva. Não tenho tempo para reagir. De repente, estamos unidos e não consigo determinar onde um de nós termina e o outro começa. Seus dentes afundam no meu lábio inferior e sinto o gosto de sangue. É quente pra caralho, me estimula a entrar em ação. Eu a pego embaixo das coxas, apoiando-a na parede mais próxima e prendendo com o joelho.

Seus dedos rasgam minha camisa como se ela fosse um demônio possuído, rasgando o tecido com as unhas. Não importa, porque minhas mãos estão fazendo o mesmo com as dela. Ela está nua por baixo do moletom folgado e eu sei o que esperar. Por mais doente que possa parecer, eu assisti seus vídeos pornográficos, até assisti mais do que gostaria de admitir.

Seus mamilos apontam diretamente para mim e, quando olho para baixo, uma mão cai no meu peito, me empurrando para longe. Ela não fala, apenas se move para o botão e zíper do meu jeans. Essas ações me congelaram no lugar. Suas mãos experientes têm meu pau exposto em segundos e eu assisto, hipnotizado, enquanto ela cai de joelhos e o leva todo pela escotilha.

A Midnight sabe como chupar um homem. O pensamento invade meu cérebro que há uma boa razão para isso. Ela fez isso para viver na indústria de filmes triplo-X. Devo me importar? Talvez, mas agora, minhas mãos afundam em seus cabelos sedosos e eu a deixo fazer o trabalho. Não tenho certeza se ela está ciente, mas seus gemidos são quase tão quentes quanto o que sua boca e língua estão fazendo comigo. Quando o dedo dela esfrega um pequeno círculo atrás das minhas bolas, não tenho tempo para dizer a ela que meu esperma está prestes a explodir na caverna de sua garganta.

Rosno um orgasmo que dura muito mais tempo do que o habitual. Então olho para baixo para vê-la limpar uma gotn do meu esperma do canto da boca.

Passando as mãos pelos cabelos, me pergunto o que diabos aconteceu. Um minuto estávamos discutindo, e no outro ela estava jantando na videira. Se isso não me deixa com fome de mais, não sei o que poderia. Só que ela tem uma ideia diferente. Quando chego para puxá-la, ela se afasta e diz: — Acho que você deveria ir embora.

— Sair?

— Tenho certeza que você sabe o que a palavra significa.

Meus dedos apertam seu braço e eu praticamente a arrasto de volta para o sofá.

— Sente sua bunda. Agora. — Deslizo minha mão pelo cabelo novamente tentando descobrir o que dizer a ela. Essa cena é como a de um filme, só que eu não sou ator e não tenho certeza de como lidar com ela. Também está começando a me assustar, porque eu me importo com ela. Não sei como ou por que, mas sei.

Seus olhos cor de lavanda escurecem quando ela olha furiosa. Pelo menos eu não a assustei. Por um momento, pensei que talvez tivesse.

— Não irei sentar.

— Sim você vai. Momentos atrás, você me beijou como um animal faminto por sexo, depois me chupou e agora me diz para sair. Quero saber exatamente o que está acontecendo nesse seu cérebro.

— Por quê? Então você pode consertar? Vou deixar você saber algo. Estou quebrada, Harrison, e não corrigível. — Ela gritou comigo, com todos seus pulmões.

Desta vez eu não pergunto, mas a empurro no sofá. Ela não parece responder bem.

— Perguntei, mas aparentemente você não gosta de ser questionada. Agora sente-se e fique ai. Quando duas pessoas fazem sexo, geralmente acaba de forma diferente.

— Em que mundo você esta vivendo? Não é assim que funciona para mim.

— Então, o que vem depois? Devo retirar um punhado de contas e pagar você?

Seu braço sai, muito rápido, e ataca. Só que eu sou mais rápido e pego.

— O que diabos aconteceu com você lá dentro, Midnight? — Pergunto a ela, meu tom suavizando.

Ela puxa o lábio inferior e o morde. Faz com que pareça uma criança.

— Não vou a lugar nenhum até ter algumas respostas.

Um longo suspiro sai dela e ela tenta puxar seu braço do meu aperto. — Não estou ligando para o tempo, — digo a ela.

— Eles me colocaram nessas sessões idiotas de psicologia barata e esse é o resultado final. Feliz agora? — Tenho a sensação de que ela quer mostrar a língua para mim e faço o impensável: eu rio.

— Seu filho da puta.

— Sou muitas coisas, mas nunca isso.

— Atravessei o inferno lá dentro e você tem a coragem, a audácia de rir de mim.

— Sinto muito. Não estava rindo do que você passou. Foi só que sua expressão fez você parecer que estava pronta para mostrar a língua para mim.

Então ela faz e eu perco totalmente o foco.

Seus dedos repentinamente apertam a merda do meu mamilo e minha risada se transforma em um grito de dor.

— Não é tão engraçado agora, é?

— Você é tão maldita. Alguém já te disse isso? — Pergunto.

— Não, mas você também. Parece que estamos em pé de igualdade.

— Você não passa de uma criança mimada. Só tentei te ajudar e aqui está você, agindo como uma merda. Você precisa crescer, porra.

— Você sabe o que? Por que você não sai daqui? Não preciso continuar o inferno que passei. Um mês foi longo o suficiente e eu sou tudo menos mimada.

— Discordo.

Nós nos encaramos em silêncio. E então algo vem sobre mim quando eu a agarro e a beijo. Não tenho ideia do que diabos estou fazendo, além de cair no fosso do trem. Tenho certeza de uma coisa - isso não vai acabar bem.


Capítulo 12

MIDNIGHT

Ele é tão irresistível. Não deveria querer ele, mas quero. Não deveria ter beijado ele, mas o fiz. Mesmo que eu esteja furiosa com ele, seus lábios são inegavelmente viciantes. Por trinta dias, eu fantasiei com esse homem e aqui está ele, me beijando, me tocando, e nada neste universo poderia impedir que isso acontecesse.

A paixão brilha dentro de mim e não é igual a nada que eu já tenha sentido antes. Chamas lambem minha pele, me aquecendo em todos os lugares imagináveis. Oh, eu beijei mais homens do que gostaria de contar. Fodi com muitos, se não mais. Só que eles nunca acenderam o fogo como Harrison. Beijá-lo me capacita, me liberta, devolve esta parte da minha vida que foi tão cruelmente arrancada. Memórias vis são substituídas por um rosto e corpo que eu sonhei e desejei no último mês. Talvez se eu tirá-lo do meu sistema, eu posso continuar com minha vida. Só duvido que isso aconteça. Uma amostra desse homem provavelmente será pior do que qualquer heroína jamais poderia ser.

Afundando meus dedos em seus cabelos grossos, eu o beijo de volta com tudo o que tenho. É sujo, malvado, cru, mas tudo bem. Como posso querer tanto ele, aquele que quero odiar? Isso não é algo que eu costumo fazer. Até o querer, foi uma surpresa para mim. Mas eu tive que prová-lo, tê-lo na minha boca. E o prazer que isso me deu pode ter sido mais do que o que ele teve. Os sons que ele fez quando gozou... oh, eu nunca esquecerei isso.

Seu pau ainda está exposto e eu envolvo minha mão em torno dele, desfrutando de sua espessura aveludada. Se eu pudesse senti-lo bombear profundamente dentro de mim. Mas depois de nossa pequena troca verbal, é provavelmente a última coisa em que ele pensa. Talvez eu possa mudar isso. Fazer os homens me desejarem é minha área de especialização.

Minha mão desliza para suas bolas, onde eu aperto e massageio. Então eu esfrego aquele lugar que ele gostou antes. Mas ele rapidamente interrompe o beijo.

— Pare. Você vai ficar louca comigo de novo?

— Que tipo de pergunta é essa?

— Exatamente como isso soa. Alguns minutos atrás, você me disse para sair quando eu quis comer sua boceta. Como vai ser, Midnight?

— Você queria comer minha boceta?

— Sim, mas eu nunca tentei, porque você estava me empurrando para fora da porta. — Ele esfrega o rosto e ouço o som áspero que sua barba faz. Deus, eu adoraria sentir isso entre minhas coxas.

Minhas mãos deslizam sob a cintura da minha calça e as empurro para baixo. Não estou com disposição para jogos. Tudo que eu quero fazer é foder. Vamos começar a festa.

— Me siga. — Lidero o caminho para o meu quarto, onde também tenho alguns preservativos escondidos para o caso de ele não trazer nenhum. Subo na cama e abro minhas pernas. — Estou pronta.

Sua expressão registra choque. — Jesus. É isso que você costuma fazer?

— Por que perder tempo? É o meu lema...

Ele faz uma careta quando seu pau murcha um pouco. Isso não é muito encorajador. Talvez minha atitude seja casual demais para alguém como ele. — Eu vejo o sexo entre dois parceiros consente como algo muito casual. Você tem que ver da minha perspectiva, e por favor não me dê sermões. Se isso te incomoda, talvez você deva sair.

Ele não fala, apenas me persegue agressivamente em minha direção. É ao mesmo tempo sexy e assustador. Minhas coxas se fecham automaticamente.

— Nuh-uh. Nada disso. Não aja como uma espécie de provocação comigo. Mantenha-as abertas.

Obedeço enquanto o vejo sair da calça jeans e remover a camisa que destruí com as unhas. Harrison tem pelos e é sexy pra caralho. Definitivamente, aumenta o meu tesão. Em um movimento super-rápido, ele agarra meus tornozelos e me arrasta até o final da cama. Entre minhas coxas, porque agora ele está ajoelhado no chão, ele diz: — Gosto muito de sexo casual, mas sua atitude é mais uma prostituta de dois dólares do que a de uma parceira consensual.

Foi assim que eu agi? Ele não me dá tempo para refletir sobre o meu comportamento prostituta antes de mergulhar entre as minhas pernas e atacar minha boceta. Sua língua me faz sentir uma virgem na noite de núpcias, e passei dois anos na indústria pornô, sendo sugada e fodida, muitas vezes por vários parceiros, incluindo mulheres, que deveriam saber o que fazer com uma boceta. Ninguém jamais fez como Harrison está fazendo agora. Tenho medo de perguntar ou olhar.

Pode ser que um alienígena tenha invadido minha boceta e tenha residido lá embaixo, pelo que sei. Uma enorme onda de prazer vibra através de mim. Eu sei disso - estou construindo um orgasmo de proporções massivas. E ninguém, pelo menos não da variedade humana, jamais me dá orgasmos. Eu sou O-negativo. E eu não estou falando sobre tipo sanguíneo.

Usando os dedos e a boca, ele me faz gozar requintadamente, mas faço o possível para fingir que não gostei. Só que eu praticamente mio como uma porra de gato. Não ficaria surpreso ao encontrar um rebanho de fêmeas selvagens no cio do lado de fora da minha janela, esperando o Sr. Felino emergir.

Sinto sopros de ar na minha boceta. Existe a possibilidade de ele estar rindo na minha virilha. Jesus. Isso não foi do jeito que eu pretendia. Deveria estar lhe ensinando uma lição, não o contrário.

Finalmente, eu tomo coragem o suficiente para abrir os olhos e encontrá-lo olhando para mim com o maior sorriso no rosto. Seus lábios sensuais brilham com a minha umidade. Oh. Antes que eu possa me parar, eu o agarro pelas orelhas e o puxo para a minha boca para que eu possa lambê-lo. Sem dúvida, estou perdendo.

Mas não paramos em um beijo. Ah não. Deveria saber melhor. Ele caminha minha perna por cima do ombro e começa a envolver seu pau grosso e duro em um preservativo. O homem tem jogo. Em um movimento rápido, ele está coberto e deslizando profundamente dentro de mim. Depois que bate fundo, ele para e eu recupero o fôlego. Ele é grosso e eu tenho que me acomodar a ele.

Usando o polegar e o indicador, ele pega meu queixo e me obriga a olhá-lo, o que não estou muito disposta a fazer. Normalmente não transo com pessoas que conheço. É desconfortável e o resultado não é algo com o qual eu gostaria de lidar.

— O que você está pensando? — ele pergunta.

Ele está brincando? Devo dizer a verdade? Se não, tenho certeza de que ele encontrará uma maneira de tirar isso de mim.

— Estava pensando em como não gosto de fazer sexo com pessoas que conheço, e é muito cedo para fazermos.

— Devo parar?

Quero dizer que sim, mas não o faço. — Não. Nem pense nisso.

— Acho que nós dois deveríamos ter pensado nisso antes, ursinho. — Então ele aperta meu mamilo enquanto morde meu lábio. Meu corpo aperta em todos os lugares imagináveis. Mas que merda é essa de ursinho?

Antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele puxa e empurra dentro de mim com tanta força que um longo jato de ar sai de mim.

— Só para você saber, eu vou te foder com essa delicadeza. — Então ele me vira como uma boneca de pano. De onde tudo isso vem? Ele desliza atrás de mim, estilo cachorrinho, que nunca foi o meu favorito, mas então ele me surpreende ao me endireitar. Nós dois estamos de joelhos quando a mão dele se move para o meu clitóris e a outra me aperta debaixo dos meus seios.

Bam, bam, bam, seus quadris batem na minha bunda. A mão no meu clitóris me segura contra ele para encontrar seus impulsos. Cada vez, eu estou quase levantando da cama. Não vou durar muito neste ritmo, especialmente se o dedo dele mantiver esse pequeno movimento. Com certeza, mais alguns redemoinhos e estou indo como a profissional que sou. Só que desta vez não estou fingindo meu orgasmo.

Ele me deixa gozar e eu caio de bruços na cama, onde ele entra em mim novamente por trás. Ocorre-me que ele ainda não gozou. Merda. Vou mancar amanhã. Ele enfia travesseiros embaixo dos meus quadris, e eu estou ficando completamente fodida mais uma vez. Até agora, minha boceta está quase crua e dolorida, mas também está doendo por mais do pau de Harrison Kirkland.

Como isso é possível? Que tipo de feitiço ele lançou sobre mim? Eu nunca respondo a homens assim. Sempre pensei que a única maneira que eu poderia ter um orgasmo era com um vibrador. Acho que eu estava errada, porque depois de vários minutos dele entrando e saindo de mim, eu tenho outro grande problema. A senhorita O-negativa saltou para o lado positivo. Uma pequena risadinha me escapa, mas rapidamente cubro minha boca.

Sabendo que não terei tempo para recuperar o fôlego, ainda não estou pronta quando ele me vira de costas e coloca a sola dos meus pés no peito dele. Então ele desliza dentro de mim mais uma vez, continuando, nunca quebrando o passo.

— Quero olhar nos seus olhos quando eu gozar. — Sua voz é rouca e desencadeia uma resposta improvável em mim. Nunca quis olhar nos olhos de ninguém durante o sexo. Nunca. Mas com ele... eu faço. Quero cair nessas cavernas escuras e nunca mais sair.

Não respondo, porque tenho medo do que direi. A outra verdade que eu gostaria de dizer a ele: você me deixa descansar então, porque, caramba, estou exausta. Harrison é uma máquina de foder.

Não demora muito para que ele diminua seus impulsos e empurre meu clitóris para mais um clímax. Enquanto ele faz, suas pálpebras estão quase fechadas e eu assisto, totalmente encantada, esse homem lindo finalmente explodir em seu próprio orgasmo épico.

Quando ele finalmente sai, ele me examina e anuncia: — Droga, sua boceta está inchada.

— Deve estar. Você me fodeu em pedacinhos.

Ele ri e logo se transforma em uma risada estridente. É impossível não rir com ele, porque ele realmente me fodeu em pedaços.

Quando finalmente paramos de rir, ele pergunta: — Você vai me contar o que diabos aconteceu com você na reabilitação?

Por que ele teve que ir e roubar minha diversão?


Capítulo 13

HARRISON

Um véu cai sobre seus olhos e a risada desaparece. O que quer que tenha acontecido na terapia abriu muitas feridas antigas, e ela não vai me mostrar. Nem mesmo agora. Então penso no que aconteceu entre nós e questiono minha própria sanidade. Que merda eu estava pensando? Sexo e negócios nunca devem se misturar. Quebrei uma das minhas regras cardeais. Não apenas quebrei, pulverizei a maldita coisa, e agora está espalhada no pó. Talvez eu deva fingir que não aconteceu.

Mas eu não posso fazer isso. E porquê? Porque foi o sexo mais épico da minha vida. E foi com Midnight, alguém por quem desenvolvi sentimentos. Como diabos isso aconteceu?

Inclinando-me, eu uso minha língua para roubar um último gosto de sua boceta. Então eu levanto e vou ao banheiro para descartar o preservativo. Quando termino, pego minhas roupas descartadas e me visto. Seus olhos praticamente queimam através da pele nas minhas costas, o que não é exatamente a sensação mais confortável.

Antes de sair, ando ao lado da cama. — Volto amanhã na mesma hora. E não me diga que você não gostou do que aconteceu entre nós. Se você fizer isso, eu te chamarei de mentirosa. — digo. Quero beijá-la, mas não quero. Em vez disso, puxo um de seus mamilos e a resposta é imediata. Ela respira fundo e meu pau se contorce nas minhas calças. Tenho que sair daqui antes de tirar minha calça jeans e empurrar o meu maldito pau para dentro de sua boceta inchada. Tenho certeza que ela estaria disposta também.

Quando estou saindo, ela diz: — Amanhã quero italiano. Traga espaguete à bolonhesa. E encontre um lugar que sirva o melhor. Se você vai me foder assim, preciso manter minhas forças.

Os cantos da minha boca se curvam. — Sim, senhora. Algo mais?

— Sim. Uma garrafa de Barolo, uma salada Caesar e um ótimo pão. Você escolhe o pão. E manteiga, nada de azeite. Pão precisa de manteiga.

— Exigente, não é?

— De modo nenhum. Você tem a oportunidade de escolher sua própria entrada, porque eu nunca compartilho.

Eu rio. — Sobremesa?

— Surpreenda-me.

Gostaria de surpreendê-la, mas acho que não tenho um único truque na manga que ela não tenha visto ou experimentado. Isso deve me incomodar, mas não. Pelo menos ainda não.

Na tarde seguinte, estou sentado no meu escritório, meus pensamentos voltando da noite passada para um novo cliente que acabou de nos contratar, quando meu celular toca. É o meu pai.

— Ei, filho. Sua mãe e eu estamos pensando em voar para uma visita. Este é um bom momento?

Pulo da minha cadeira. — Oh, bem, pai, agora não. Você sabe que eu estava pensando em ir para casa no Natal.

— Sim, mas desde que você não vem muito, sua mãe se preocupa com você. Você sabe como ela é.

— Eu sei. Sinto muito, mas agora não é um bom momento. Talvez depois do ano novo vocês dois possam vir.

A decepção agride seu tom. — Está certo. Vou avisar sua mãe. Está tudo bem por aí?

— Sim, está tudo bem. E você está bem, certo?

— Sim, estamos bem, filho. Bem, cuide-se.

Depois que a ligação terminou, soltei um gemido alto. Misha desvia para o meu escritório. — O que há de errado?

— Mamãe e papai querem me visitar e eu continuo adiando. Eles se preocupam comigo. Mas se eles vierem, eu sei que será um pouco doloroso. Mamãe vai tentar enfiar comida na minha garganta o tempo todo. E então ela terá a missão de me casar com alguém da Virgínia. Além disso, eles não têm ideia de que sou dono desta empresa.

Ela gargalha.

Aponto meu dedo para ela. — Isso não é nem remotamente engraçado.

— Não sei qual é o problema.

— Eles acham que eu trabalho com relações públicas. Eles não têm ideia de quão cruel eu posso ser.

Emily traz uma pilha de pastas e as bate na minha mesa. — Ok, é isso que eu tenho...

Minha mão dispara. — Agora não.

— O que você quer dizer com agora não? Temos que fazer isso hoje, — ela argumenta.

Esfregando o rosto, digo: — Me dê um minuto, por favor.

Misha acrescenta: — Ele está se recuperando de uma ligação telefônica dos pais.

— Ahh.

Helen decide se juntar ao nosso pequeno grupo. — Ei, chefe, posso pedir um favor?

Olho para ela enquanto ela brinca com uma de suas tranças. Emily e Misha foram relativamente bem-sucedidas em fazê-la largar o visual da Arlequina no trabalho, mas as tranças e a cor do cabelo permanecem.

— O que você precisa?

— Você pode conseguir ingressos para a Comic-Con? — Seus olhos são enormes círculos - ela parece uma criança de cinco anos.

Quero rir, eu juro que sim. Mas eu digo a ela que vou trabalhar nisso. Ela abre um sorriso e sai valsando.

Depois que Helen sai, Emily diz: — Ei, Harrison, Helen está realmente fazendo um ótimo trabalho para nós. Suas habilidades organizacionais são incríveis. Tenho que dizer, estou impressionada.

— Obrigado por me informar. Vou deixa-la saber o quanto estamos satisfeitos.

Leland aparece logo depois para me informar que precisamos encontrar um cliente em potencial naquela noite.

— Você não pode fazer isso? — Pergunto.

— Ele especificamente solicitou você.

— Quem é ele?

— Vince LaMar. — Leland sorri.

Vince LaMar é um dos maiores atores de Hollywood, e ele esteve envolvido em todo tipo de coisa, com mulheres, álcool e drogas. Desta vez deve estar ruim.

— Inferno. O agente dele vai estar lá? Porque se não, nenhum de nós vai.

— Sim. Acho que o agente quer que ele vá para a reabilitação, — diz Leland.

— Droga. OK. Sem jantar.

— Jantar. Eles insistiram.

É melhor ligar para Midnight para que ela saiba que eu não posso fazer isso hoje à noite. Meu pau apenas derramou algumas lágrimas. Mas então meu coração também aperta um pouco. O que é isso tudo?

Midnight responde imediatamente. — Você já sente minha falta?

Como devo responder isso?

— Na verdade, eu tenho que cancelar esta noite.

— Por que não estou surpresa? — O humor que estava presente em sua voz antes desaparece.

— Não é o que você está pensando. Um cliente ligou e está insistindo em me ver para o jantar. Realmente sinto muito. Prometo compensar você.

— Veremos.

Ela não acredita em mim. Mas vou me certificar de cumprir esta promessa.


Capítulo 14

MIDNIGHT

Minha agente, Rita, liga no final da tarde seguinte. Ela quer se encontrar para me atualizar sobre tudo. Concordo em encontrá-la para almoçar no dia seguinte.

Tomo o cuidado de escolher uma roupa conservadora. Embora, pensando bem, tinha sido exatamente o que fiz da última vez e olhe para onde me levou. Opto por um vestido fofo e florido, juntamente com um suéter. Adiciono sapatilhas e dou uma rápida olhada no espelho quando saio - pareço uma garota rockabilly. Oh bem, talvez Rita goste desse olhar em mim.

Rita já está esperando quando eu chego, mesmo que eu tenha chegado cedo. Ela me cumprimenta com um sorriso enorme. Rezo para que seja um bom sinal, porque preciso de coisas boas agora.

— Midnight você está maravilhosa. — Ela me abraça.

— Obrigada. Também me sinto muito bem. — Espero que ela não saiba que estou mentindo e que estou assustada.

— Primeiro, espero que o novo contrato atenda à sua aprovação.

— Sim, eu já li e parece o mesmo que o antigo.

— E é. Somente as datas foram alteradas. Você pode assinar hoje?

— Claro. Posso fazer depois do almoço. — eu digo.

— Ótimo. Quero que saiba que temos atendido constantemente a pedido desde que você se internou. Essa coisa toda realmente marcou sua carreira.

Bem, me foda de cabeça para baixo. Harrison estava certo, afinal. — Sério?

— Vou mandar alguém te mandar a página de fãs do estúdio para que você possa ver. Alta também tem uma página separado. Não há como responder a todos os e-mails. É ridículo. Mas eu quero que você dê uma olhada. Há uma página de fãs no Facebook, uma conta no Twitter, uma página no Instagram, você escolhe. Eles até criaram um site especial para você. Eles chamavam de asseclas da Midnight. Espere após o início das filmagens, as coisas literalmente explodirão.

— Não sei o que dizer. Minions da Midnight? Isso é louco.

— Isso apenas mostra o quanto as pessoas vão defender você. E tudo que você tem que fazer, é dizer que está pronta para a nova versão do script.

— A nova versão? — Estou familiarizada com o antigo. Um caso de ansiedade corre sobre mim.

— Apenas algumas pequenas mudanças, — diz ela.

— Ah sim. Sim, eu estou mais que preparada. — Meus dedos coçam por um ursinho de goma que está dentro da minha bolsa. Minha boca fica com água por um, mas eu me contenho.

A garçonete aparece e pega nosso pedido. Estou cambaleando com essa coisa de site. Depois que a garçonete se foi, Rita explica onde estamos. O filme, Turned, é sobre um homem que perde o emprego e está desesperado por dinheiro. Ele acaba roubando um banco com um grupo de bandidos para salvar sua família da ruína financeira, mas é claro que as coisas não funcionam como ele planeja. As pessoas com quem ele assalta o banco são verdadeiros criminosos, ao contrário dele, e acabam matando um bando de pessoas inocentes. Ele tem que descobrir uma maneira de sair do país ou se entregar.

Estou interpretando a esposa do cara e, eventualmente, ele acaba se entregando à polícia. Mas ele é morto na cena final, onde a esposa vê tudo se desenrolar. É um filme corajoso, de raiz para o bandido. No final, a esposa deixa a cidade com a filha, fugindo para começar uma nova vida. É emocionante, e comovente, com um final de choro garantido.

— Aparentemente, Holt e o resto da equipe estão morrendo de vontade de começar com você, e assim que você aprender o roteiro, eles estão prontos para partir. Eles já estão filmando.

— Estou pronta, Rita. Só preciso de um tempo para analisar minhas novas falas.

Ela me entrega o roteiro revisado e diz: — Faça isso então. Você verá que não há muitas mudanças. Como estão filmando parte do filme aqui e depois a outra parte em Santa Monica, eles não precisam fazer nenhum tipo de viagem pesada. Quanto tempo você precisa para se familiarizar novamente com o script? Sei que você já tem uma cópia, mas eles realmente fizeram algumas alterações desde que você se foi. Nada importante, no entanto.

Olho para o que ela me entrega e levo algum tempo para folhear. Faço um estudo bastante rápido. — Não deve demorar muito. Se eu começar a ler esta tarde, devo terminar amanhã.

— Excelente. Vou avisar Danny e Greg. Greg é o diretor, pelo qual estou super empolgada porque sua reputação é estelar. Que tal depois de amanhã, então? Isso lhe dará um dia extra por precaução. Não deve ser tão diferente da última vez que você passou por ele.

Concordo com a cabeça, dizendo: — Sim, eu gosto dessa ideia.

— Bom. Acho que todo mundo também vai gostar.

— Até Holt?

Rita ri. — Não acho que Danny se importe com o que ele pensa. Holt fará o que Danny diz.

— Então tudo parece ótimo para mim.

A garçonete entrega nossas saladas. Antes de Rita cavar a dela, ela pergunta: — Quanto tempo depois você acha que precisará, antes de iniciarmos a produção?

— Honestamente, acho que não posso responder a isso. Aprendo rápido e sou rápida em fazer tudo. Você sabe se Greg se importa em improvisar?

As sobrancelhas de Rita franzem. — Não tenho certeza de que eles vão querer que você desvie muito do roteiro.

— Oh, eu não vou. Só não consigo acertar as palavras exatas todas as vezes.

— Minha sugestão seria tentar o seu melhor para não fazer isso. Uma semana é suficiente?

— Acho que sim.

— Vou avisar, — diz Rita. — Lembre-se, já estamos atrasados em trinta dias. Todos os conjuntos foram estabelecidos. Eles já filmaram as cenas de assalto a banco e completaram alguns dos outros que não a envolvem. Claro, eu não sou o tomador de decisão aqui. Tenha isso em mente.

— Obrigada. E Rita, prometo, vou trabalhar mais do que qualquer um nisso.

Depois do almoço, vamos ao escritório dela para assinar o contrato atualizado e nos separarmos depois disso. Pela primeira vez desde que entrei naquela reabilitação esquecida por Deus, sinto-me alegre. Devo a Harrison. Ele estava certo sobre como as pessoas reagiriam.

Não perdendo nem um segundo, eu corro para casa e devoro o roteiro. Estou tão imersa nele que nem sequer faço uma pausa para comer. Só paro quando termino às quatro da manhã. É épico. Lágrimas correm pelo meu rosto, e eu tenho que usar toalhas de papel para secar os olhos, porque estou sem tecido. Cada vez que leio, é mais impactante que a anterior. É melhor que Holt toque isso como está escrito, porque é uma coisa digna de Oscar. Não me lembro quando fiquei tão comovida com alguma coisa.

Minhas emoções são tão cruas e expostas que não há chance de eu conseguir dormir. Parece que a Netflix será o meu bálsamo hoje à noite. Procuro algo que me deixe sonolenta, mas nada me interessa, exceto o Demolidor. Ligo e antes que eu perceba, o sol ilumina meu quarto. Estou exausta, mas me levanto mesmo assim. Esse roteiro é tão dinâmico e cheio de estilo que eu quero tomar banho e correr para o estúdio agora.

Mas não estou exatamente pensando claramente. Indo para a cozinha para ligar o Keurig, seguro o roteiro com força no peito. Estou ali esperando a luz acender quando há uma batida forte na porta. São apenas nove da manhã. Quem poderia ser?

Espiando pelo pequeno buraco, vejo o rosto de Harrison.

— O que você está fazendo aqui? Está tentando ganhar um café? — Pergunto enquanto abro a porta.

— Jesus, você parece um inferno.

— Ótima manhã para você também, — digo.

Me afasto, imaginando que ele vai me seguir até a cozinha. Ele faz. A máquina está pronta, preparo uma xícara e entrego a ele.

— Como está? — diz ele.

Faço outro e ele me pergunta por que eu pareço tão áspera. Seguro o script. — Isso.

Ele olha para o papel. — Ahh. Você ficou acordado a noite toda?

— Sim. Isso é fantástico. Se Holt não estragar tudo, ele deve ganhar um Oscar.

— Que bom, hein?

— Oh meu Deus. É tudo o que eu sempre quis em um filme. Sem brincadeira. Gostaria que você pudesse ler, Harrison.

— Droga, deve ser ótimo. Nunca te vi tão otimista. Você está quase tonta.

— Não adormeci porque fiquei pensando nesse maldito roteiro.

— Sim, eu também não, mas por razões diferentes. — Ele balança as sobrancelhas.

Empurro seu ombro. — Oh, pare.

— Pelo menos cuidamos do novo cliente, mas Harrison foi para casa um homem solitário quando tudo o que ele queria fazer era foder a Midnight.

— Coitado. — Empurro meu dedo indicador em seu peito. — Você sabe o quanto sinto por Harrison? Aposto que ele foi para casa e assistiu a um dos vídeos de Lusty.

— Harrison bastardo.

O jeito que ele diz isso me faz rir.

— Então, como está a sua... — Ele aponta o dedo entre as minhas coxas, fazendo um círculo.

— Hmm, essa não é a pergunta desta manhã?

Ele levanta um ombro grande e musculoso. Tenho um flashback de quando uma das minhas pernas estava sobre ele.

— Pensei que sim, ou não teria perguntado. Achei que o ursinho estava um pouco desgastado. — Seus dentes raspam o lábio inferior. Harrison tem uma boca que faria uma freira ter um orgasmo espontaneamente.

É necessária uma mudança de assunto ou posso me ajoelhar. — Está com fome?

— Claro. — Uma risada rouca sai dele.

— Cale-se. — Dou um tapa no braço dele. — Vou fazer o café da manhã, se quiser. Estou morrendo de fome, esqueci de jantar na noite passada.

— Parece bom. Vou comer ovos. E por que você não comeu?

Aponto para o script que coloquei no balcão. — Fiquei tão envolvida nisso que não parei.

— Droga. Você me faz querer ler.

— Você não pode. E não ouse tocá-lo. — Estalo meus dedos. Ele coloca as mãos no ar, e eu acaricio o roteiro onde ele fica no balcão. — Não posso começar a explicar como isso é ótimo.

— Você pode me dizer do que se trata, pelo menos?

— Não. Estragaria quando você o ver pela primeira vez.

A manteiga na panela chia, então eu coloco os ovos e coloco pão na torradeira. Em pouco tempo, o café da manhã está pronto. Harrison inala; Deu apenas duas mordidas e seu prato está brilhando como se não tivesse sido usado.

— Droga. Você mastigou?

— Estava com fome, eu acho.

— Há mais pão se você quiser torrar. — Ele se levanta e coloca mais duas fatias na torradeira. Ele os devora também.

— Posso cozinhar mais ovos para você, — ofereço.

— Nah, eu estou bem.

Ele faz outra xícara de café e depois anuncia que precisa ir. — Hora de ganhar a vida.

— Tenho que estar no estúdio as sete, amanhã. Vamos repassá-lo outra vez. Desde que saí por um tempo, Danny quer fazer isso de novo.

— Boa ideia, — diz ele.

O observo enquanto ele sai pela porta. Sua calça preta sob medida parece sexy como o inferno enquanto abraçam seus quadris e bunda firme. Lembro-me daquela bunda com minhas mãos em volta, enquanto ele fazia o sujo para mim. Isso vai acontecer de novo? Com certeza espero que sim. Meu pobre vibrador não tem chance, enquanto espero a hora chegar.


Capítulo 15

MIDNIGHT

Esse roteiro atinge todos os pontos que eu amo em um ótimo filme, mas quando nos sentamos para repassá-lo novamente em grupo na mesa, fico impressiona de novo. Até parte da insegurança de Holt desapareceu.

— Leitura fantástica, Midnight. Com um pouco de aprimoramento, você matará esse script, — diz Danny.

Eu sorrio. — Uau, eu não sei o que dizer. Espero deixar você orgulhoso, Danny.

— Apenas agradeça ao homem, pelo amor de Deus. Você não consegue reconhecer um flerte quando vê um? — Holt está atrás do ombro de Danny, com uma expressão azeda. Não sei por que ele tem que agir como um idiota e estragar a diversão.

— Oh, vamos lá, Holt. Não estou flertando. Estava apenas elogiando-a pelo excelente trabalho que ela fez hoje, — diz Danny.

— Tanto faz. — Holt vai embora.

— Ignore sua bunda rude. Eu quis dizer o que disse. Você vai brilhar na tela.

— Obrigada e prometo trabalhar duro.

— Bom, então, nos vemos em duas semanas. Se você precisar de alguma coisa, me ligue.

— Obrigada, Danny.

Estou de pé ao lado da mesa quando Holt passa para pegar suas coisas. — Ei, Holt. Eu ia lhe contar mais cedo, esse roteiro é incrível, e com seu talento você pode acabar com um Oscar no próximo ano.

Em vez de demonstrar gratidão, ele zomba. — Ah? E exatamente o que você saberia sobre isso?

Estou tão chocada que minha língua acaba presa dentro da minha boca.

— Sim, não muito, né? — Ele pega suas coisas e sai andando.

Vai ser um longo período trabalhando com esse idiota ofensivo. Por que alguém tem que ser tão idiota? O que aconteceu com ser gentil um com o outro?

Pego minhas coisas e vou para casa, afastando os pensamentos de Holt Ward.

Meu telefone toca. — Olá.

— Ei, é Harrison. Como foi?

— Ah, além do imbecil Holt, foi incrível. — Explico o que aconteceu. — Estarei estudando o texto, então não pense que estou ignorando você.

— Não é um problema. Ligue se precisar de mim. E Midnight?

— Sim?

— Boa sorte. Estou torcendo por você.

Nas duas semanas seguintes, mergulhei no estudo das minhas falas. Vou memorizar todas as letras dessa história, fazendo Holt parecer amador em comparação. Ok, isso é um exagero, mas é o que estou dizendo a mim mesma.


MINHA HORA DE CHEGADA na segunda-feira de manhã no meu boletim de chamada era 06: 00. Chego na mesma hora em que a equipe de maquiagem aparece. Hoje estamos filmando várias cenas no mesmo set. Depois que minha maquiagem termina, eu chego ao set para encontrar a equipe de iluminação fazendo sua mágica. Eles precisam garantir que os atores sejam iluminados adequadamente em cada cena. O diretor posiciona Holt e eu em locais diferentes onde a cena será realizada para que o operador de câmera possa ajustar suas fotos. Eles filmarão do meu ângulo, depois do de Holt. É muito demorado. Finalmente estamos prontos para começar. Fazemos um ensaio antes de começar e então é hora do show.

Na cena em que estamos trabalhando agora, o personagem de Holt, Finn, e eu estamos tendo problemas conjugais por causa do nosso estado financeiro. Ele perdeu o emprego e não consegue encontrar um novo. Estou trabalhando, mas não é suficiente para nos apoiar.

Finn é arrogante e frustrado, e estou estressada com a quantidade de contas em atraso e uma filha pequena para cuidar. Nós temos uma discussão e ele sai em disparada. Nossa filha acorda e entra no quarto chorando. É um momento muito emocional para mim.

Estou abalada com a cena, mas não porque estou atuando. Isso não está muito longe da vida em que cresci, minha mãe não era casada com os homens com quem às vezes discutia. Envolvo a jovem atriz em meus braços, acalmando-a, dizendo que tudo ficará bem e que papai estará em casa em breve.

O diretor corta e eu me afasto de Sammie, a garotinha que estou abraçando, dando-lhe um grande sorriso. — Você foi uma grande atriz. — Ela é muito fofa. Aos quatro anos, quero roubá-la. Ela é loira, com longas tranças e olhos verdes, muito parecidos com os de Holt.

— Drake. Obrigado. Você também foi grande em cena.

Holt aparece de volta no set e me dá um leve aceno de cabeça. Vou aceitar. Isso é melhor do que algum insulto contundente. O diretor assistente acompanha Sammie do set até sua mãe, que fica perto. Gostaria que minha mãe estivesse por perto assim, em vez de consumir heroína.

Ando até a área onde lanches e bebidas estão e pego algo enquanto a equipe se prepara para a próxima cena. Então me sento na minha cadeira pessoal e examino meus lados - uma pequena versão das cenas que estamos filmando hoje.

O diretor chama os atores, então começamos a próxima cena, onde tento acalmar as coisas com Holt / Finn, seduzindo-o. Coloco uma lingerie sexy, então quando ele chegar em casa, estou pronta para um pouco de diversão no quarto. Nossa filha está dormindo quando ouço a porta se abrir. Entro na sala e ele não faz ideia do que está por baixo do roupão que estou usando. Com todo o estresse em nosso casamento, nossa vida sexual sofreu.

Ando casualmente atrás dele e agarro sua mão. — Ei. Você se foi por um tempo.

Ele não me olha nos olhos. — Sim. Tive que limpar minha cabeça.

— Por que você não vem para a cama?

Ele retira minha mão. — Não estou cansado. — Então ele caminha para a cozinha e volta com uma cerveja (falsa), abre a tampa e dá um longo gole.

Não desisto porque minha personagem, Christine, é uma mulher muito determinada. Viro-o para me encarar e escovo os cabelos da testa, massageio os vincos ali e digo: — Vamos, querido. Posso fazer você se sentir muito melhor do que essa lata de cerveja.

Ele finalmente se conecta e me nota pela primeira vez.

Ele bate na minha mão. — Cristo, Christine. Me deixe em paz. — Ele se dirige para o sofá.

Sua bunda cai sobre ele em seguida abre suas pernas longas e musculosas. Mas ele não conta comigo me ajoelhando entre elas.

— O que diabos está acontecendo com você hoje?

— Eu só quero estar com você, querido. — Esfrego minha bochecha em sua coxa enquanto pego o botão em seu jeans.

Ele coloca minhas mãos de lado. — Não estou no clima. — Sua voz carrega uma ponta dura de frustração.

— Se você me der uma chance, posso deixar você com vontade.

— Oh sim? Como?

Levanto e largo o roupão. Suas pálpebras se abrem levemente, só que ele não está agindo agora. É uma reação visceral.

— Você acha que isso vai funcionar comigo?

Ofereço minha mão e sorrio. — Por que não descobrimos?

Ele pega minha mão e me dá um puxão forte. Caio em cima dele e ele me beija ferozmente. Então me empurra para o lado.

— Você tem escondido isso de mim. Por quê?

— Eu não tenho. As coisas foram...

Ele se levanta e me arrasta em direção ao quarto.

— Corta, — grita Greg. — Mal posso esperar para ver os diários sobre isso.

Admito que estava quente. Mais quente do que eu esperava de Holt.

— Bom trabalho, — diz Holt.

— Obrigada. — É meio estranho. Ele nunca me elogia. Me pergunto como o amanhã será. É quando fazemos a cena do quarto.


07: 00 APAREÇO para maquiagem. Visto a lingerie sexy de novo e estou pronta para a cena do quarto. A iluminação é um problema. Demora uma eternidade para acertar hoje.

— O rosto dele parece muito tenso, — reclama a equipe.

— É suposto. Ele está estressado, — diz Greg.

Eles discutem e acabam levando até o almoço antes de se prepararem para nós. Eles fazem várias fotos de teste e finalmente estamos prontos.

— Ei, vamos fazer uma pequena pausa para o almoço e depois seguir em frente, — diz Greg.

Parece bom para mim porque estou morrendo de fome. Nós saímos para onde a comida está e comemos.

De volta para dentro, tomamos nossas posições e a ação é chamada.

Holt tira a camisa para revelar abdominais esculpidos. Tenho certeza que ele está se preparando para isso passando um tempo na academia. Quem não quer ser visto por milhões de fãs adoradores sem estar na melhor forma possível?

Então ele me levanta e nós estamos na cama, suas mãos vagando por mim, freneticamente, como se ele não pudesse ter o suficiente. A câmera se fecha, embora eu não tenha certeza do que está acontecendo. E então o diretor grita: — Corta. — Quero rir porque estou muito acostumada a pornografia e isso é branco como lírio em comparação.

— Isso foi quente, — diz Greg, o diretor. — Agora preciso de você nua da cintura para cima e em baixo das cobertas, Midnight. Precisamos da cena pós-sexo.

— Certo. — Tiro o sutiã, porque não sou exatamente tímida por ter meus peitos expostos para que todos possam ver. Holt tenta segurar sua camisa para me proteger. Meu contrato declarou que incluiria nudez da cintura para cima, mas acho que Holt não está ciente disso.

— Ei, tudo bem. Todos verão em um segundo, pelo menos. Além disso, está no meu contrato.

Ele solta uma risada estranha. — Certo.

Nós corremos para debaixo das cobertas e ele pergunta se estou confortável. Estou mais do que um pouco surpresa que ele esteja sendo tão atencioso. As filmagens começam novamente e filmamos o brilho do nosso tempo sexy. Ele brinca com meu mamilo, faz cócegas em mim e depois dá um beijo quente, que na verdade é todo roteirizado. No entanto, isso me pega de surpresa, fechando as linhas da minha cabeça. Minhas emoções estão pulando por todo o lugar, em nós.

Não posso estragar tudo, então improviso, mas a paixão e a tensão entre nós produzem uma qualidade que faz a cena ficar melhor do que o que foi originalmente planejado. É corajoso, mas doce, com Finn amolecendo em direção a Christine, e Christine deixando seu amor por ele brilhar através de seus olhos.

Termina com Finn tocando os lábios de Christine com os dele e Greg gritando: — Corta! — Sento-me, segurando o lençol contra mim, para ver um sorriso gigantesco se espalhando pelo rosto de Holt.

— Isso foi incrível, — diz ele.

Não sei bem o que dizer sobre isso, além de— Sim, acho que fomos ótimos.

Quando saio da cama e me afasto da luz, olho através do aparelho para ver Harrison parado lá, com uma expressão séria no rosto. Ele acena com a cabeça uma vez e depois sai pelas portas nos fundos do estúdio.


Capítulo 16

HARRISON

Acontece que Midnight não precisa de mim, afinal. Observá-la nos últimos dois dias foram performances dignas do Oscar. Tem sido tão comovente, tão real que eu senti como se estivesse na cama com os dois. Eles sentiram essa paixão um pelo outro? Porque com certeza parecia o mesmo para mim. Suas habilidades de atuação são melhores do que as que já vi há muito tempo. Vá para Meryl Streep, você tem companhia, querida.

Tenho que admitir, seus beijos e nudez com Holt me incomodaram mais do que um pouco. Mas por que deveria? Faz parte do acordo quando você é ator. A maioria dos papéis exige beijos, cenas de sexo e travessuras no quarto, se houver algum tipo de relacionamento envolvido. No entanto, eu não pude deixar de sentir que eles estavam nisso um pouco mais do que a cena exigia. Talvez eu esteja com ciúmes, não fui eu na cena com ela. Não sei. Midnight e eu somos apenas... o que somos exatamente? Ela era minha cliente, mas depois o sexo...

E agora? Agora, estamos trocando mensagens de texto e ligações de telefone. Mas eu quero algo mais. Ela está na mesma página?

Estou sentado no meu carro, olhando para o espaço, quando uma batida na janela me assusta. Falando no diabo.

— O que você está fazendo aqui? — ela pergunta.

— Não faço a menor ideia.

— Quer jantar? Estou faminta. Nós terminamos o dia, graças a Deus.

— Por que diabos não?

— Me siga.

Acabamos em um lugar italiano e eu rio. Devo-lhe um jantar e ela deve ter pensado em cobra-lo.

Depois que estamos sentados, ela continua a me contar sobre seu dia. Estou envolvido com a emoção dela. Eu precisava disso - esse brilho hoje à noite.

— E é tudo por causa de você. Se você não tivesse me empurrado para a porta do centro de reabilitação, eu não estaria aqui agora.

— Você nunca vai me dizer o que aconteceu lá? — Acho que ela vai desistir um dia desses.

Os lábios dela formam uma linha fina. — Qual é a única coisa que você nunca gostaria de compartilhar com alguém?

— Existem coisas associadas aos meus negócios que eu não gostaria que ninguém soubesse, mas elas não me envolvem pessoalmente, — digo.

— Mas seria pessoal até certo ponto se envolver seus negócios.

— Isso me afetaria, sim, mas não é diretamente sobre mim.

Ela franze os lábios e pergunta: — Então, qual é a pior coisa do seu negócio que você não gostaria de compartilhar comigo?

Minha língua cutuca o interior da minha bochecha. Há coisas sobre clientes, até meus funcionários, que nunca posso compartilhar com ninguém, sem mencionar os contratos que todos assinamos. — Não. Não posso compartilhar nada com você.

— Então, você vê como eu me sinto, então?

— Aqui é principalmente do ponto de vista jurídico. Não é o mesmo.

— Meio que é. Você ainda não pode divulgar.

Inclinando a cabeça, pergunto: — O seu é tão ruim assim?

— Pior.

Nós comemos e ela parece tão... feliz. A mulher melancólica e raivosa que peguei na reabilitação se foi e em seu lugar há uma substituta muito mais alegre. Talvez eu possa encontrar meu feliz novamente também.

Ela está colocando uma garfada de espaguete na boca quando digo: — Sinto falta de vê-la.

O garfo volta e ela engasga: — Você sente?

— Sim. — eu disse.

— Também senti sua falta.

— Sério?

— Sim. E isso não é fácil de admitir. — Seus olhos estão abatidos enquanto ela fala.

— Eu percebi. — digo.

— Isso vem da minha formação. Não gosto de me aproximar de ninguém. Minha mãe me amou. Sei que amou. Mas ela era uma viciada que não conseguia se limpar, sem mencionar que não tinha educação ou habilidades. Ela era uma stripper e vivia um estilo de vida feio. Por fim, ela escolheu as drogas. O resultado final para mim foi catastrófico. Isso me deixou um pouco desconfiada, se assim posso dizer.

A maneira como sua voz treme e abaixa pode ser uma indicação de por que ela não queria ir para a reabilitação. Talvez isso volte para a mãe dela.

— A catástrofe foi seu orfanato?

— Me importo em discutir isso. E eu pediria para você nunca mais falar sobre isso.

— OK. Mas às vezes é melhor falar sobre coisas assim.

— Harrison, nem todos podem ser consertados, como você pensa que pode. Às vezes é melhor deixar as coisas sozinhas. — Ela gira mais espaguete no garfo e enfia furiosamente na boca. Depois que ela mastiga e engole, acrescenta: — Você já parou para pensar que talvez seja você quem precisa de conserto?

— Eu? Como? — Estou perfeitamente bem do jeito que estou.

— Sua necessidade motriz de consertar as pessoas não é normal.

Mas que diabos é isso? — Só quero ajudar.

Ela aperta os olhos. — Não. É mais do que isso. Você mergulha na vida das pessoas e as examina. Isso não está ajudando. Isso é meio doente. Quais são seus gatilhos?

Minhas costas endurecem com a pergunta dela. Não há gatilhos. — Uma pessoa não pode ajudar alguém sem os chamados gatilhos?

Finalmente cavo minha lasanha. Precisa de sal, então pego o saleiro, mas o sal não vai sair livremente. Inspeciono as minúsculas aberturas na tampa e elas parecem bem, mas estou ficando frustrado pelo fato de que o sal não sai. Abro o agitador e viro a tampa para ver qual é o problema. Midnight começa a rir.

Olhando para cima, vejo seus olhos dançando com alegria. — O que?

— Olhe para você tentando consertar o saleiro. Seria mais fácil sinalizar o garçom e pedir outro, mas não. Você tem que consertar este.

Merda, ela está certa.

— Admito isso, mas provavelmente é mais rápido do que esperar por outro.

— Então vamos fazer uma pequena competição.

Ela imediatamente chama a atenção do garçom e pede outro saleiro. Antes que eu possa desobstruir os pequenos orifícios, um novo saleiro está na minha frente. Midnight apresenta um sorriso satisfeito.

— Você tem que admitir, nosso garçom é muito atencioso, — eu digo.

— Oh, vamos lá, Harrison. Você precisa de um terapeuta. Ela coloca os cotovelos na mesa e se inclina para perto de mim. — Você não gosta de ouvir isso, não é? Seu pequeno mundo perfeito não é tão perfeito, afinal? Mas ei, não se preocupe. Olhe a sua volta. Todo mundo está fodido até um certo grau. Junte-se à multidão. Somos um grupo divertido. — Ela levanta seu copo de Barolo para brindar.

Midnight Drake me assusta e não sei exatamente como lidar com isso. Moro em um mundo perfeitamente organizado, onde tudo tem seu lugar. Ela pegou meu mundo, virou de cabeça para baixo e espalhou tudo, interrompendo a ordem das coisas. Como vou reuni-los para que possa funcionar corretamente?

— Você não está comendo. — diz ela.

— Perdi meu apetite.

— Sobre a nossa conversa? Estou chocada.

Dou de ombros. O que posso dizer? Ela está me desmontando e isso pode parecer absurdo para ela, mas essa merda é real para mim.

— Bem, eu terminei. Vamos para minha casa. Talvez eu possa colocar algum sentido em você. — ela diz.

Honestamente, por melhor que pareça, nem tenho certeza de que funcionará, mas não vou recusar. Isso vai me distrair por um tempo, e talvez seja isso que eu preciso.


Capítulo 17

MIDNIGHT

Harrison, o cara controlador que eu conheci em Nova York, está percebendo que sua vida não é a existência perfeita que ele pensava. É quase risível. Uma coisa que ele é, no entanto, é dominante na cama. Assim que entramos no meu quarto, seu comportamento muda.

Estou na frente dele e sua mão torce meu cabelo enquanto ele me gira. Não tenho tempo para piscar ou pensar antes que sua boca esteja na minha em um beijo duro. Esse homem pode ter problemas, mas um problema que ele não tem é capacidade de foder.

Estou usando lingerie sexy da última cena que filmamos hoje. Fiz um acordo com o estúdio nesta cena de antemão. Por causa do meu passado pornô, sou exigente em algumas coisas e lingerie sexy é uma delas. Queria algo de muito bom gosto e consegui o que pedi. Estou usando meias pretas até a coxa e calcinha combinando com o sutiã preto sexy.

Seus olhos percorrem meu corpo de cima para baixo e sinto aquela tensão familiar na parte inferior da barriga, que queima entre as minhas coxas. Seu olhar encapuzado pousa nos meus seios e um dedo se prende na borda do meu sutiã. Ele puxa para baixo, expondo todo o meu peito. Meu mamilo endurece, como se estivesse chegando até ele, praticamente implorando para ele chupar. Ele apenas passa as costas da mão sobre ele, me torturando.

Cruzo as pernas e aperto as coxas. A fraca tentativa de aliviar a dor falha. Minha necessidade por ele é mais forte do que nunca. Ele repete a ação do sutiã do outro lado, provocando meu mamilo direito. Eu olho para o rosto dele enquanto ele morde o lábio inferior. Então meus olhos caem na virilha de seu jeans. Pelo menos eu não sou a única que está carente agora.

Meus dedos alcançam sua calça, mas ele os empurra para o lado.

— Você provocou Holt assim? — ele pergunta seu tom áspero.

Harrison está com ciúmes?

— Não, eu provoquei o Finn. — Esclareço sua confusão. — O personagem que Holt interpreta. Não dou a mínima para Holt.

Um sorriso brinca no canto direito da boca dele. Quero tanto beijar ele, já posso sentir o gosto.

— Bom, depois desta noite, você não se lembrará do nome de Holt. — Ele coloca um dedo no centro do meu sutiã e me puxa contra ele. Agora vou ter a chance de provar sua boca. Minha língua prova o Barolo do jantar quando eu empurro seus lábios. Acariciamos os lábios um do outro; nossos dentes se batendo porque Harrison não beija como um idiota. Ele pega o que quer e não deixa espaço para pensamentos ou necessidades.

E então estou em seus braços enquanto ele me carrega para minha cama. Eu tento me livrar da lingerie.

— Não. Vou te foder assim. A próxima vez que usar, você pensará em mim.

Ele nem tira minha calcinha, apenas a puxa para o lado antes que sua boca me encontre. Já estou molhada para ele. Ele não precisava fazer isso, mas um orgasmo é sempre bem vindo.

Estou deitada de costas por um minuto ou mais antes que ele me vire como uma panqueca. Ele é forte, os tendões do bíceps pontuados por esse movimento. Ele me pega como se eu não fosse nada além de uma pena. O homem tem movimentos. Sua língua entra na minha boceta por trás, enquanto sua mão, que está em volta de mim, procura meu clitóris. Estou corada de desejo e necessidade por ele como nunca experimentei.

Quando eu estava fazendo filmes pornôs, não pensava muito em sexo, porque era apenas um meio para atingir um fim. Não tinha exatamente vergonha disso, porque estava fazendo por uma boa razão. Precisava desesperadamente do dinheiro. A verdade é que pareceu bobagem na maioria das vezes. Vestir-se como uma enfermeira prostituta e dizer sim, sim, sim, repetidas vezes, em uma voz estridente, é suficiente para fazer qualquer pessoa, se sentir idiota.

Mas com Harrison, há essa necessidade ardente, esse fogo em minhas veias que me envolve. Eu só quero mais dele.

Não demora muito para um orgasmo me levar, e logo, o pau de Harrison está empurrando profundamente dentro de mim. Lento a princípio, mas depois mais rápido. Olho por cima do ombro para assistir. Seus olhos estão fechados, a cabeça jogada para trás, enquanto suas mãos agarram meus quadris e ele bate em mim como um animal selvagem. É primordial a maneira como ele me fode, tocando em lugares que desencadeiam reações que eu não conheço. Minhas mãos arranham o edredom, as unhas quase afundando até o chão. Estou no precipício de outro clímax, e quando o ouço gemer baixo e longo, eu o sigo. Ele desliza para o chão e senta, ofegando como o animal que espetacularmente me fodeu.

— Sei de uma coisa que não precisa ser consertada. — digo.

— O que?

Rastejo até o final da cama para poder vê-lo. — O jeito que você fode. — Então eu caio de costas e olho para o teto. Ele está quieto, e me pergunto se ele se arrepende do que aconteceu entre nós. Ele sentiu o que eu fiz ou foi apenas outra mentira para ele? Gostaria de perguntar, mas não faço.

— Não acho que preciso de conserto. — ele diz de repente, olhando para longe. Ele está com raiva? É difícil dizer.

— O que você estudou na faculdade? — Pergunto.

— O negócios. Por quê?

— Você deveria ter sido um engenheiro.

— Por que um engenheiro?

— Você tem TOC. Tudo tem que funcionar perfeitamente, sem problemas. Se as coisas não forem exatamente assim, você as corrige. Você adoraria ser engenheiro. Ou um especialista em ciência da computação. Escrever código e criar programas perfeitos. É assim que você é. De qualquer maneira, você tem TOC. Suas meias e gavetas de roupas íntimas estão perfeitamente arrumadas e o seu armário é codificado por cores?

Suas sobrancelhas quase saltam de seu rosto. Levanto meu braço e digo: — Veja, eu peguei você. Você precisa de um terapeuta. Possivelmente até um psiquiatra. A propósito, como está Helen Reddy?

Agora, minha cabeça está pendurada no final da cama, descansando em seu ombro. Ele pega uma mecha do meu cabelo e o gira.

— Não, não, você não está saindo do assunto aqui. Você não pode mudar para Helen. Não preciso de um terapeuta.

— Continue. Admita. Eu lhe dei algumas coisas muito boas para você rolar nesse seu cérebro, não é? Sem mencionar, que você sempre acha que todo mundo tem que cair nesse molde. Bem, veja o que aconteceu comigo. Esse molde não funcionou tão bem.

Ele se senta um pouco. — Seu molde está bom. Você é apenas uma não-conformista.

Eu rio. — Uh-huh. Certo. Não-conformista. — Sou mais como um não-reformista.

— O que você está escondendo, Midnight?

Meus pensamentos voltam quando eu era adolescente. Não há como parar o tremor que rasga através de mim. É uma história de horror que ninguém quer ouvir, nem eu.

— Deve ser muito ruim. Eu posso ajudar, você sabe.

— Jesus, você não pode me ajudar. Ninguém pode. Além disso, acabou e terminou. Não vou voltar, então não quero falar sobre isso.

Ele gira no chão para me encarar.

— Somos amigos, certo?

Eu concordo. — Sim, você salvou minha carreira.

Sua boca se curva para cima. — Ah! Você admite.

— Sim, apesar de você me colocar na maldita reabilitação para isso.

— Vai valer a pena quando você concorrer a um Oscar.

Dou um soco no ombro dele. — Nunca vai acontecer.

— Nunca diga nunca. De qualquer forma, se nos aproximarmos, não que não estamos agora, você consideraria me contar?

O que ele quer dizer com isso? — Estamos perto disso acontecer?

Ele me olha bem nos olhos. — Não tenho certeza. Eu recebo essa vibe de você.

— Só que vai me levar um tempo.

— Então, com isso, você evitou minha pergunta, — diz ele. — Você vai me contar?

— Eu não sei. É impossível responder a isso.

— Você vai responder uma coisa?

— Talvez.

— Existe alguém que você contou?

— Não. Ninguém conhece a história toda. Apenas uma pessoa conhece parte disso, e não é porque eu tive uma escolha. — Não mencionei que muitos outros sabem e é apenas porque foram eles que me forçaram a fazer essas coisas terríveis. — Escute, a vida nem sempre é corações e flores. Passei por alguns solavancos e havia muitas pedras jogadas no meu caminho, mas você sabe de uma coisa? Descobri uma maneira de contornar esses obstáculos. E graças a você, você me empurrou e me ajudou a navegar naquela tempestade de merda. Então vamos largar isso. Nunca serei consertada permanentemente. Sempre haverá problemas enterrados dentro de mim. E tudo bem. Aprendi a viver com eles. Se eu posso, você também pode.

Ele se levanta e caminha para a cozinha. Talvez ele esteja com sede. Verifico sua bunda. É definitivamente boa. Pensamentos perversos entram em minha mente, mas eu os empurro para o lado e o sigo até a cozinha. Ele me entrega um copo de água gelada.

— Obrigada. — Eu engulo. — É tarde e eu preciso dormir um pouco. Tenho que estar no estúdio às 5: 00 da manhã

— Sim, eu sei. — Ele me agarra e me puxa para a parede sólida de seu peito. Passo a mão sobre a suave pele bronzeada até chegar ao pescoço dele, e depois subo até a barba que cobre seu rosto. Seu cabelo está artisticamente bagunçado, mas é porque minhas mãos estavam nele. Eu as passo através dele novamente, pensando em como ele parece sexy em pé nu na minha cozinha.

— Você sempre pode ficar, apesar de ter que acordar super cedo.

— Cedo nunca me incomodou, mas duvido que você durma muito.

— Sim, e isso não me faria muito bem para amanhã, faria, quando estou tentando impressionar meu diretor e produtor?

— E não Holt?

— Cale a boca sobre ele. Eu não dou a mínima para ele, apesar de ele finalmente parar de me insultar.

Ele apenas assente e caminha em direção ao quarto. Quando ele volta, está pronto para sair.

— Essa tatuagem em seu estômago? Unscarred. Você realmente não tem cicatrizes? — Pergunto, me referindo à grande tatuagem em seus abdominais inferiores.

— Pensei que não deixava. Até eu conhecer você. — Ele se inclina perto, até nossos lábios se tocarem. Então ele sai pela porta, e eu tenho que sorrir com isso. Somos tão diferentes, tanto que estou preocupada. Se alguém pensa diferente, ele não nos viu.


Capítulo 18

HARRISON

— Quem fez cocô na sua omelete hoje?

Olho para cima e vejo Emily em pé na frente da minha mesa.

— Ninguém. Por quê?

— Poderia ter me enganado com essa carranca.

A Midnight está tão ocupada no trabalho que só chega às oito ou mais tarde todas as noites. Então ela praticamente cai na cama. Jantei com ela algumas vezes, mas ela adormeceu no meio. Estou dando espaço a ela. Conversamos muito ao telefone, mas é isso. Nos fins de semana, ela está ocupada revisando todas as alterações de script, isso está no topo das coisas para a próxima semana. Tenho que lhe dar crédito. Ela trabalhou mais do que eu jamais imaginei. Talvez seja por isso que estou carrancudo. Eu não tenho conseguido tempo com ela ultimamente. Agora pareço um garoto de fraternidade egoísta e mimado.

E depois há meus melhores amigos. Prescott e Weston estão me dando um tempo difícil. Eles ligaram algumas vezes, mas eu continuo evitando. É porque eles vão descobrir o que está acontecendo e eu não quero discutir Midnight com eles. Pela primeira vez, hesito em discutir meu interesse amoroso com meus melhores amigos. É estranho, porque eles são as duas pessoas mais próximas do mundo para mim. É porque tenho vergonha que ela era uma ex-estrela pornô? Essa parte da vida dela me incomoda mais do que estou admitindo para mim mesmo? Ou é porque eu realmente sei muito pouco sobre ela? Ela colocou desordem em minha vida organizada e isso definitivamente é perturbador.

— Olá, alguém aí? — Emily pergunta.

Merda, eu esqueci que ela ainda está de pé aqui. — Sim, me desculpe. Meu cérebro foi para o Havaí por um minuto.

Ela clica nos dedos. — Você sabe o que? É disso que você precisa. Umas férias.

— Há muita coisa acontecendo aqui.

— Oh, você não confia que podemos lidar com isso?

Preciso pisar com cuidado ou vou machucar os sentimentos.

— Nem um pouco. Só sei que as coisas são loucas e vocês também precisam de uma folga.

— Vamos tirar uma folga. Por que você não vai visitar seus amigos? Ou fazer algo divertido? Está chegando perto das férias.

— Não, eu estou bem. Talvez na primavera.

— Você deve planejar uma viagem de esqui.

— Talvez. — Me pergunto se Midnight gostaria de tirar férias depois que as filmagens terminarem.

Leland entra e pergunta: — Você vai esquiar? Estava pensando em Tahoe em janeiro. Quer ir?

Porra. — Talvez. Conversaremos.

Então ele diz: — Temos um novo cliente no qual preciso que você faça o check-in. — Leland me diz que é um jogador de futebol profissional que foi pego com uma menor de idade em seu quarto de hotel depois de um jogo.

— Foram apenas os dois?

— Sim.

— Alguma droga envolvida?

— Cocaína e álcool.

— Porra. Como ele foi pego?

— Os pais dela confiscaram o telefone dela e tudo estava lá. Vídeos, fotos, textos.

Esfregando minha têmpora, sinto o início de uma dor de cabeça. — Cristo. Quando eles vão finalmente aprender?

Leland encolhe os ombros. — Nunca. É por isso que você está no negócio, chefe.

— Verdade. Você disse a ele que ele fodeu sua carreira?

— Bastante.

— Para fazer qualquer coisa, precisamos desse telefone, e só Deus sabe quem mais viu o que está nele.

— Verdade. Onde você quer começar?

— Traga-o aqui e vamos ver se podemos colocar as mãos no telefone dela.

Mais tarde naquela tarde, descobrimos que o nosso cara escolheu a garota errada para a festa. Ela tem dezessete anos e ele trinta, um flerte total, mas completamente ilegal para ele aos olhos da lei. E eu mencionei que o pai dela é um dos advogados mais famosos de Los Angeles?

Quando o cliente entra, sento com ele. Uma vez que ele ouve o que temos para lhe dizer, ele enlouquece.

— Você está dizendo que isso poderia terminar minha carreira?

— Sim. Você não acha que deveria ter pensado nisso antes de consumir cocaína com alguém de quem não sabia nada?

— Não fiz nada. Apenas dei a ela o dinheiro para compar. — Ele abaixa a cabeça. Que idiota.

— Então deixe-me esclarecer. Você deu a ela o dinheiro para comprar drogas?

— Sim. Não posso usar drogas. Se eles fizerem um teste aleatório, eu estou ferrado. Só queria transar com ela. Ela era gostosa, cara!

— E você não sabia que ela estava filmando você transando com ela?

— Sim, eu sabia, mas imaginei que ela não se importava, por que eu deveria?

Minha dor de cabeça começa a bater ao som de “Sucker for Pain de Lil Wayne e Wiz Khalifa”. Hora de alguns Advil. Tenho que me lembrar que clientes como esse são o motivo de eu ter ganho tanto dinheiro ao longo dos anos.

— Você notificou seu gerente e treinador?

— Sim. Disse a eles que estava limpo. Eles estão me dando 48 horas para limpar isso, e foi por isso que liguei para vocês. Ouvi dizer que você é o melhor.

Aprecio o grandalhão e depois digo: — Você pode nos dar licença por um minuto?

Leland e eu vamos para o meu escritório. — Qual a chance de conseguir esse telefone?

— Um em cem mil. — Leland ri.

— Quem de nós sabe que pode roubá-lo?

— Primeiro, temos que descobrir onde está.

— Meu palpite é que está na gaveta da mesa do papai ou em um cofre em seu escritório. Se não estiver lá, está em um cofre na casa dele.

— O serviço de limpeza.

— E o cofre?

— Nosso homem, Teddy. Ele pode explorar qualquer coisa.

— Câmeras de segurança?

Leland ri. — Rashid, quem mais?

— Eles são circuito fechado.

— Você sabe muito bem que ele pode invadir esses locais e enviar um vídeo falso para os caras da segurança. Não me pergunte detalhes. Não sou inteligente assim, mas lembra de como ele fez isso quando tivemos que entrar naquele escritório em Beverly Hills? Ele fez alguma coisa mágica que funcionou como um encanto.

— Sim, mas talvez todos eles não funcionem assim.

— Chame-o. Ele pode pelo menos dizer o que precisa.

Ligo para Rashid e ele diz que precisaria invadir o sistema deles e controlá-lo a partir de seu fim. Como ele faria isso, não tenho ideia. Vou deixá-lo se preocupar com isso. Só me preocupo com a possibilidade de funcionar. Dou a ele o nome da advocacia e espero receber notícias.

Acenando para Leland, eu digo: — Vamos contar ao idiota o que está acontecendo. — Quando voltamos para a sala de conferências, nosso cara parece que está pronto para chorar.

— Ok, aqui está o acordo. Não podemos fazer nada por você, a menos que tenhamos o telefone. Então, nos dê alguns dias para trabalhar nisso.

— Como eu te disse, eu só tenho quarenta e oito horas.

— Então trabalharemos nisso por quarenta e oito horas. Se não podemos entregar, não cobramos. Mas se pegarmos o telefone e não nos pergunte como o conseguimos, sua conta será cara.

— Posso lidar com isso.

Eu o encaro. — Mais uma coisa. Chega de ferrar as coisas. Não trabalho com pessoas duas vezes por merdas como essa.

— Entendi.

Ele nos diz tudo o que pode sobre essa garota. Eu não me importo se isso tem a ver com quantas vezes ela peidou, mas precisamos de detalhes. Acredite ou não, a memória dele é incrível, mesmo as partes não nuas. A garota correu a boca. Disse a ele todo tipo de merda. Emily registra tudo. Pelo que reunimos, parece que papai terá tudo o que precisamos em seu escritório.

Agora a diversão começa. Na noite seguinte, nosso cara se junta à equipe de limpeza. Rashid faz as coisas com as câmeras de segurança. Ele fará um loop que irá bloquear o que está acontecendo enquanto nosso cara está no escritório do papai, limpando. Acontece que a sorte está do nosso lado. O telefone está na gaveta e não no cofre, nosso cara encontrou quando abriu a fechadura com facilidade. Ele pega o telefone e certifica-se de que o toque está desligado.

Assim que ele o tem, ele limpa o escritório e sai. Nós sinalizamos para Rashid liberar a câmera e ela está on-line novamente. Confiamos em nosso cara para recuperar o telefone.

Agora vem a diversão. Desativamos o rastreamento colocando-o no modo avião enquanto nosso especialista em vídeo / fotografia trabalha no telefone. Ele altera cada vídeo e foto em que o cliente está, o remove e insere um homem diferente com o rosto cortado ou borrado até o ponto em que ele não pode ser reconhecido. Todo texto também é excluído. A menos que os vídeos tenham sido enviados para outra unidade ou computador, estamos bem. Se foi, nosso cliente ainda está nessa merda.

Levamos o telefone de volta para o cara que está esperando por nós e ligamos para Rashid. Ele gira sua magia novamente com as câmeras de segurança; o telefone é retirado do modo avião e devolvido à gaveta do papai.

Dois dias depois, nosso cliente telefona e diz que as acusações contra ele foram retiradas. Ele está chorando como um bebê. Eu o deixo saber que estamos por perto, porque ele estará chorando novamente quando receber a minha conta.

Esse advogado não deve ter sido muito inteligente. Se fosse minha filha, eu teria feito cópias duplicadas desses vídeos e fotos. Mas, novamente, eu sou um filho da puta suspeito por causa desse negócio em que estou, então vá em frente.

Leland está no meu escritório e eu agarro a parte de trás do meu pescoço por um segundo antes de perguntar: — Você acha que ele a forçou a fazer algo que ela não queria?

— Você está brincando certo?

— Não. — Eu o olho diretamente nos olhos. Ele não se mexe.

— Não foi a primeira vez que a garota fez isso. Meu palpite é que ela já esteve no programa de cachorros e pôneis algumas vezes. Não sei se você prestou atenção, mas me pareceu que ela estava fazendo um teste para um pornô. Ela tinha o telefone no ângulo perfeito, pronto para capturar tudo. Você prestou atenção no que mais havia no telefone dela?

— Não, eu não fiz.

— Digamos que papai precisa controlar melhor o que ela faz. Havia muitas fotos de nudez lá, e elas não eram do nosso cara.

Tenho um flashback dos meus dias em Crestview. Algumas das meninas eram bastante agressivas, particularmente Felicia Cunningham. Ela tinha uma queda por dar boquete. Ela encurralava Prescott ou eu o tempo todo. Acho que metade dos caras da escola foi sugado ou fodido por ela. Mas ela nunca quis ser filmada. Por outro lado, não tínhamos telefones que pudessem gravar vídeos naquela época, não que eu me lembre de qualquer maneira.

— Talvez ela apenas goste de foder. Quem sabe? — Eu pergunto.

— Bem, podemos esperar um pacote pesado por causa desse apetite dela.

Aquela jovem me fez pensar sobre a indústria pornô e minha mente muda para Midnight. Me pergunto o que ela está fazendo. Nós não conversamos desde ontem. Não é que eu não queira vê-la, porque isso não poderia estar mais longe da verdade. Quero vê-la demais. Mas ela está ocupada com o trabalho. É o que meu cérebro está me dizendo.

Mas algo totalmente diferente está no meu coração. E eu estou ignorando isso. Completamente.


Capítulo 19

MIDNIGHT

A exaustão pesa meus membros, fazendo com que se sintam como chumbo. O sono me escapou nas últimas duas semanas. Não vi Harrison. Nós apenas conversamos ou mandamos mensagens. Normalmente, essa falta de comunicação não seria um problema para mim. Nunca dei a mínima para homens antes. O fato é que nunca namorei muito nem tive um namorado. Então, por que ele? Porque agora? Preciso me concentrar. Minha concentração precisa ser nítida.

Tropecei nas minhas falas hoje, mas felizmente Holt estava no ponto e fez parecer que eu era a esposa triste e idiota que foi ignorada enquanto ele planejava seu estúpido assalto a banco. Ele e eu tivemos uma discussão, em caráter, e tivemos que fazer mais do que várias tomadas por causa das minhas falas esquecidas. Eu estava com raiva de mim mesma por ter investido tanto em Harrison. Canalizei essa raiva para Christine e a cena saiu como uma peça emocional de drama.

— Corta, — grita Greg, e eu desmorono na cadeira atrás de mim.

— Ei, você está bem? — Holt pergunta.

— Sim. Apenas exausta.

— Espere aí. Vou pegar um chá para você.

Ele tem sido tão cortês nas últimas semanas, que mal consigo me lembrar do imbecil Holt. Uma caneca de chá é enfiada na minha mão e levanto os olhos para ver seu rosto sorridente. Seus olhos são gentis, verdes hoje.

— Obrigada. — Saboreio a mistura de ervas e escondo minha careta. Odeio chá, mas Holt adora isso. Ele não bebe café, diz que deteriora as células do cérebro e impede que você desperte suas emoções. Acho muita besteira isso, mas tomo chá no set para agradá-lo. Aprendi que um feliz Holt equivale a uma feliz Midnight.

Ele se senta ao meu lado e faz uma longa explicação sobre os benefícios do chá de camomila e da melatonina. Quero dizer a ele que eu só preciso que Harrison lamba meu clitóris até eu gozar e depois me foda como uma pantera selvagem, mas me contenho. Me pergunto se isso o chocaria. Um bocejo gigantesco toma conta de mim e os olhos de Holt se arregalam.

— Caramba, eu nunca vi alguém bocejar assim.

— Desculpe. Estou feliz que hoje é sexta-feira. Pretendo passar o dia na cama amanhã.

Um sorriso torto, aquele que as mulheres amam, tira sua expressão séria. — Você quer uma companhia?

Estou chocada. O chá horrível que acabei de tomar, fica preso nas minhas vias aéreas. Engasgo, então explode da minha boca quando eu tenho um espasmo de tosse.

— Cristo, você está bem?

A fala é impossível. As pessoas olham enquanto eu tusso e engasgo. Holt se levanta e bate nas minhas costas.

— Diga alguma coisa, caramba.

Minha mão sobe no ar, porque não é possível falar enquanto tossi. Finalmente, quando o episódio passa, eu digo: — Droga, isso desceu errado.

— Você me assustou.

— Também me assustou. — Só que não estou me referindo ao chá.

Sua mão ainda está nas minhas costas, massageando-a, isso é totalmente estranho.

— Então, vamos passar um fim de semana juntos entre os lençóis? — Ele balança as sobrancelhas.

— Uh, sim, sobre isso. Estou meio que vendo alguém.

Ele se afasta e me pega com um olhar. — Não, isso definitivamente não vai funcionar.

— O que você quer dizer?

Ele se senta e diz: — Você e eu, temos essa... essa química. — Sua mão acena entre nós. — É hora de se conectar longe dos aparelhos, seríamos ótimos juntos.

Gostaria de informá-lo que sou a garota que costumava dar boquetes no cinema para viver, mas fecho meus lábios. Ele simplesmente morreria.

— Você não está namorando alguém?

Ele bate no ar novamente. — Não mais. Eu disse a ela para fazer uma caminhada depois do primeiro beijo que você e eu compartilhamos. — Ele puxa a cadeira para me encarar. — Eu senti, Midnight. Sei que você também. Foi surreal.

Fazia parte da cena, os personagens. É possível que ele esteja iludido?

— Holt, você está certo. Mas nós estávamos no personagem, lembra? Nós estávamos interpretando.

— Não, isso não é verdade. Era real.

Ele continua olhando, como se o que eu disse fosse completamente irrelevante. Então eu continuo. — E como eu disse, estou com alguém.

— Você terá que dar um fora nele. Somos celebridades, Midnight. Então ele se levanta e vai.

Que diabos isso significa?

O resto de nossas filmagens naquele dia está fodido. Holt é empolgado e forçado com todas as suas falas. Tento compensar demais, mas é uma merda. Até Greg o chama, mas ele tenta me culpar, dizendo que eu não estou indo direto ao ponto. Ele transforma tudo em uma grande cena e Holt acaba saindo do estúdio.

Danny se aproxima de mim. — O que diabos aconteceu entre vocês dois?

— A verdade?

— Sim!

— Ele queria passar o fim de semana na cama comigo e eu disse a ele que estava vendo alguém. Ele mudou completamente depois disso.

Danny joga os braços no ar e solta um suspiro longo e angustiado. — Não, isso de novo não.

— O que você quer dizer?

— Passamos por isso com Jennifer Arlington. Quando ele descobriu que ela estava quase noiva, ele mudou. Não entendia, por que ela não largava o cara por ele.

— Sim, bem, isso está acontecendo no meu caso.

Danny vira a mão. — Não se preocupe com isso. Se ele não acertar as coisas, puxaremos sua cabeça no estúdio. Isso geralmente funciona.

— Acredito que sim. As coisas estavam indo tão bem.

— Vocês funcionam totalmente na câmera.

— Sim, bem, ele confunde isso com a vida real.

Danny bate no meu braço. — Faça-me um favor. Guarde essa informação para você, ok?

— Sim, não se preocupe.

E todo esse tempo eu pensei que ele era apenas um idiota. Quem sabia que ele também era louco?

Felizmente, estávamos programados para filmar uma cena sem Holt hoje. Não é longo e envolve uma ligação. Leva apenas alguns minutos, mas o diretor me fez passar por várias tomadas. Estou de folga por causa do que aconteceu e finalmente entrego o que ele quer. Deveria ter sido fácil, mas quando terminamos, meu corpo está em nós.

Passa das sete quando entro pela porta do meu apartamento. Tudo o que quero é uma taça de vinho e relaxar um pouco no meu pequeno apartamento. Estou na cozinha quando decido ligar para Harrison. Uma sensação de decepção ocorre quando vai direto para o correio de voz.

— Ei, sou eu, Midnight. Só estou ligando para você... — Por que exatamente estou ligando para ele? — Para ver como você está, eu acho. Sim, para ver como você está, o cara que precisa de terapia. Espero que esteja bem. Eu sinto sua falta. Talvez você queira vir aqui um pouco para me consertar. Tudo bem então, cara de mamão, até a próxima. — Desisto da ligação e me sinto a maior idiota. Essa foi a mensagem mais estúpida que já deixei para alguém na minha vida. Que diabos! Eu te vejo por aí. Que vir para um pouco de conserto? Cara de mamão. De onde diabos isso veio?

Derramei uma taça de vinho e engoli. Vou ter que ficar bêbada para superar isso.

Estou indo para sala, com uma garrafa de vinho e uma taça na mão, quando alguém bate na minha porta. Um sorriso se espalha pelo meu rosto. Me pergunto, o que ele vai falar por causa dessa mensagem idiota. Pulo para a porta e todos os sinais de diversão fogem. Holt está parado lá, um braço apoiado no batente da porta, e ele diz: — Precisamos conversar.

Ele não me dá nenhuma oportunidade de responder enquanto passa por mim e explode no meu apartamento, deixando-me ali atordoada. Estou abraçando a garrafa de vinho como um bebê quando recupero meus sentidos e encontro minha voz.

— Holt, o que está acontecendo?

— Como eu disse. Nós precisamos conversar!

— Ok, por que você não senta? — Estendo meu braço, o que segura a taça de vinho vazia, e acrescento: — Volto em um segundo.

Ele me interrompe dizendo: — Não quero me sentar. Você e eu pertencemos um ao outro, Midnight. Você tem que nos dar uma chance.

Merda. Isso não é legal. Meu telefone está na cozinha, onde o coloquei quando fui pegar o vinho.

— Pensei que já tinha me explicado.

Ele acena com a mão. — Esse é um pequeno problema que podemos resolver. Termine com ele. Você não pode me dizer, que não sentiu o que eu senti no set.

Ele não está nem perto de estar brincando. O homem é ilusório. Tenho que lidar com isso de uma maneira que não o desencoraje ou o aliene.

— Bem, sim, eu senti completamente o que Christine sentiria se Finn a beijasse, você sabe, como seus personagens se sentiriam um com o outro.

Ele anda de um lado para o outro. — Não foi o que senti. Não estava agindo para mim. Não estava no personagem quando a beijei, Midnight. Fui eu, Holt Ward, beijando você, Midnight Drake. — Ele bate no peito.

Foda-se, foda-se, inferno, inferno. Por que eu?

— Holt, estou totalmente lisonjeada que você tenha sentido tanta emoção nessa cena em particular.

Ele pega o punho e bate na palma da mão. Acontece tão rápido que eu recuo ao som. Com os dentes cerrados, ele diz: — Você parece estar perdendo o meu argumento. Eu não estava no personagem e não estava nessa cena em particular.

Ele está me assustando. Preciso pensar em algo para fazer, e rápido.

Pego a rota da honestidade. — Estou honrada e não sei o que dizer.

— Diga que você estará comigo. Ou tente pelo menos.

Seus olhos parecem um pouco selvagens. Talvez ele esteja bêbado. Não sei dizer. Meu melhor curso de ação é sair daqui, mas minha bolsa e as chaves do carro estão na cozinha com o meu telefone. Decido contorná-lo e entrar lá. A cozinha é uma passagem, então ele não pode me prender lá. Se eu pegar minha bolsa e correr como o inferno, posso me afastar dele. Não há outra escolha. Recuso-me a lhe dar vantagem. Nenhum homem jamais terá esse tipo de controle sobre mim novamente.

Me movo em direção à cozinha, só que não chego tão longe. Sua mão trava no meu pulso - aquele com a taça de vinho - quando passo e ele me pede para reconsiderar. Não posso deixá-lo saber das minhas intenções de ir embora.

— Você não tem ideia de como podemos ser bons juntos. Nos dê uma chance, Midnight. Poderíamos incendiar o mundo. — Parece que ele realmente acredita nisso.

A única chance que eu quero nos dar, é uma chance de eu me afastar dele.

— Tenho que pensar sobre isso. — Talvez isso o satisfaça para que me solte, e eu possa pegar minha bolsa e correr.

Mas ele tem ideias diferentes. O que quer que eu tenha dito deu a ele o aval de um relacionamento. — Eu sabia que você veria as coisas do meu jeito. — Um sorriso enorme se espalha lentamente por seu rosto.

Antes que eu perceba, ele me tem em seus braços e agarra meu cabelo. Então sua boca bate na minha, machucando meus lábios. Sinto gosto de sangue e isso me deixa em pânico. Não posso permitir que ele veja. Meu coração está batendo tão forte que eu temo que ele ouça. Tudo em que posso me concentrar é me afastar dele. Eu ainda estou segurando a garrafa de vinho, que está esmagada entre nós e esmagando a merda das minhas costelas, e a taça - que é inútil como uma arma porque ele ainda segura meu pulso - então eu estou malditamente impotente para lutar.

Até me lembrar que tenho minhas pernas. Levanto um joelho em um movimento rápido e o pego na virilha. Ele geme quando me solta, permitindo que eu atinja a cozinha.

Ele está no meu encalço, irritado, mas me implorando para parar.

Pego minha bolsa e saio pela porta, cega de medo. Já passei por muita merda com homens loucos e bravos para lidar com outro. Não hesito nem meio segundo, mas quando atravesso minha porta, bato na parede do peito de alguém e é aí que perco totalmente a compostura. Meus punhos voam, e tudo que sei é que tenho que chegar ao meu carro ou a merda estará feita.

Então sua voz rompe minha insanidade e o sangue canta em minhas veias. Tudo relaxa porque reconheço o cone de segurança.


Capítulo 20

HARRISON

Depois da minha corrida, pulo no chuveiro e deixo a água fria escorrer sobre mim. É o paraíso. Quando estou seco, pego meu telefone para ver que perdi uma ligação da Midnight. Sua mensagem peculiar coloca um sorriso necessário no meu rosto. Decido arriscar e fazer uma visita surpresa a ela. Talvez ela queira jantar hoje à noite. Propositalmente dei a ela um amplo espaço, porque ela precisa permanecer centrada em seu filme, e qualquer distração pode ser uma coisa ruim para ela.

Estaciono na frente, mas quando chego à sua porta, ela voa direto para mim, em seus calcanhares está Holt Ward. Ela está um caos. Não sei se ela sabe que sou eu a princípio, mas quando o reconhecimento chega, ela afunda contra mim. Tenho que pegá-la para impedir que ela caia.

— O que está acontecendo? Você está bem? — Pergunto. Meu olhar queima entre os dois.

— Graças a Deus você está aqui, — ela respira, pânico afiando seu tom.

Inclino seu rosto para que eu possa vê-la com firmeza e vejo que seu lábio está inchado. Ela está segurando uma garrafa de vinho e sua bolsa, o que é um pouco estranho. — O que aconteceu com seu lábio?

Ela segura as lágrimas e diz: — Ele cortou quando me beijou.

Olho para ele e pergunto: — Você a beijou?

— Isso não é da sua conta. — O desafio sangra fora de Holt.

— Midnight, você queria que ele te beijasse? — A resposta dela poderia me matar, mas eu preciso saber.

— Não! — Ela começa a soluçar.

A deixo de lado, mesmo que eu não queira, e sem uma palavra, sem pensar nas consequências, eu aperto minha mão em um punho e dou um soco na mandíbula de Holt Ward.

— Você me deu um soco, — ele lamenta.

— Você a agrediu sexualmente.

Ele esfrega a mandíbula. — Você vai ouvir do meu advogado.

— Você vai ouvir do dela. — Nós nos encaramos por um minuto. — Posso te dizer isso. Vocês não vão ganhar. Ninguém vence Harrison Kirkland. Você acabou de foder com a mulher errada, Sr. Ward.

Então me viro para a Midnight, envolvo-a com um braço e a escolto de volta para dentro. Digo a ela: — Estou ligando para a polícia para registrar uma denúncia contra ele. — Digo isso em seu benefício.

— Espere! Não vou apresentar queixa contra você. — ele grita. Eu sabia que o filho da puta viscoso recuaria. Se algo assim saísse, sua carreira estaria no esgoto.

— Você também interromperá qualquer contato com Drake, exceto por seu papel no filme. Está claro? Se você vier a este apartamento novamente ou tentar entrar em contato com ela fora do estúdio, ela entrará com uma ordem de restrição e esse crime será denunciado.

Ele esfrega a mandíbula novamente.

— Sr. Ward, eu vou acabar com sua carreira. Sou totalmente capaz disso.

Nós nos encaramos por um longo minuto, e então ele sai.

Quando chego até Midnight lá dentro, tiro algumas fotos do rosto dela e pergunto se ela foi ferida em outro lugar. Ela explica sobre a garrafa de vinho e levanta a blusa. Ela está machucada, então eu tiro algumas fotos disso também.

— No caso de Holt não fazer o que ele disse que faria.

— Obrigada. — Ela me conta a história de sua paixão por ela e como ele quer um relacionamento. — Tentei ser legal, mas ele não aceitou o não como resposta. Graças a Deus você veio.

Vou à cozinha dela e pego um pouco de gelo em um saco plástico para o lábio. — Aqui.

— Está ruim?

— Não muito, — digo. — Recebi sua mensagem. Aquilo foi fofo.

Ela faz uma cara engraçada e tenta rir.

— Midnight, você está bem?

A cabeça dela balança. — Vou ficar bem. Só um pouco abalada.

Então, na tentativa de animá-la, digo: — Tudo bem, cara de mamão. Até a próxima. — Eu rio. — Eu tenho lhe dado tempo. Você sabe, para não ter distrações.

— Tem certeza?

— Sim.

— Ou você tem medo de mim?

— Por que eu teria medo de você? — Pergunto.

— Oh, porque talvez eu tenha tocado em algumas coisas que o deixam desconfortável.

— Por que você acha que se alguém precisa consertar as coisas, tem um problema?

— Eu não. Mas com você, você tem que consertar tudo e todos.

— Não quero consertar você. Você é perfeita do jeito que é. — A verdade é que ela é mais do que perfeita, e isso me incomoda mais do que eu gostaria de admitir.

As sobrancelhas dela estão enrugadas. — Você não achou a princípio.

— Por que você diz isso?

— Você foi duro.

Outra risada ressoa fora de mim. — Isso foi para chamar sua atenção. Você era uma bagunça total e tinha todo o direito de estar. Precisávamos trabalhar rápido. Mas nosso plano saiu melhor do que eu jamais poderia ter esperado. Seus hits nas mídias sociais estão no topo. Pelo que entendi, as críticas são incríveis, você está brilhando como um diamante, e este filme fará de você uma das mais procuradas de Hollywood. Mal posso esperar para ver seu sucesso disparar. Então, me desculpe, fui duro, mas eu tinha minhas razões para ser.

— Você acha que Holt vai estragar o filme?

— Nem em um milhão de anos. Sua carreira está em jogo e ele entende o que isso significa. Você precisa informar ao seu produtor o que aconteceu aqui.

— Eu sei. Não acredito que ele tenha me assustado totalmente. — Ela envolve os braços em volta de si mesma, então eu a puxo para os meus.

— Por que você o deixou entrar?

Ela olha para mim. — Abri a porta porque pensei que era você. Ele veio logo depois que eu deixei essa mensagem idiota.

— Gostei da mensagem. Quando eu vi aquele filho da puta parado ali, eu queria dar vários socos nele.

— Estou feliz que você não tenha feito, porque isso atrasaria as filmagens. Quero acabar com essa merda agora. Rápido. Hoje cedo ele fez essa porcaria e eu disse a ele que estava vendo alguém.

— Você falou isso? — Pergunto. Estou surpreso, mas tenho que admitir, exaltado.

— Sim. Agora ele sabe a quem eu estava me referindo.

— Estou feliz que você fez.

— Esta?

— Sim.

— Isso significa que estamos namorando ou algo assim? — ela pergunta. Ela parece meio tímida e isso me lembra a Midnight que eu conheci em Nova York.

— Como você se sente sobre isso?

Ela levanta e abaixa um ombro. — É um conceito estranho para mim. Nunca namoro.

— Por que?

Ela abaixa e levanta os olhos. — Por que você acha? — ela pergunta em um tom atrevido.

— Não sei, e é por isso que perguntei.

— Vamos, Harrison. Você é um cara relativamente inteligente.

— Relativamente?

— Eu disse isso porque você fez uma pergunta estúpida.

— Não achei estúpido. Se fosse, não teria perguntado.

— Trabalhei em pornografia. Eu tinha minha quantidade de homens naqueles sets nojentos. No passado, eles geralmente só queriam uma coisa de mim.

— Hmm. Se bem me lembro, você foi quem instigou as coisas com aquele beijo quente.

Um rubor se espalha do pescoço para as bochechas. Ela está envergonhada? Que surpresa agradável. Levanto o queixo dela e dou um beijo forte e estalado na parte de sua boca que não está ferida. Ela ri. Essa é outra surpresa. Midnight não é do tipo que ri.

— Então, eu estava vindo aqui originalmente para surpreendê-la e perguntar se você queria ir jantar.

Ela afunda de volta na curva do meu corpo. — Você ficaria chateado se eu dissesse não? Eu estava tão ansiosa para relaxar em casa. Estou derrotada depois desta semana e principalmente depois de um cara louco.

— Ficarei feliz em relaxar em casa com você. Posso ligar e pedir o jantar? Ou eu posso pegar comida de qualquer lugar que você quiser.

— Ahh, isso parece maravilhoso.

— Ei, você tem certeza que está bem? Depois do que aconteceu?

— Sim. Ele só me beijou. Não vou mentir. Por um minuto, fiquei com muito medo, mas quando percebi que era você, sabia que estava segura.

— Você está sempre segura comigo. — Mas sou eu quem está em perigo. Meu coração aperta quando eu a seguro contra mim. Posso senti-la inspirar profundamente. Isso me faz querer mantê-la segura, e me pergunto como chegou a esse ponto. O que meus pais pensariam? E quanto a Weston e Prescott? Isso importa?

— Você sabe, o Natal é daqui a algumas semanas? O que você está pensando em fazer? — Pergunto.

— Sem planos. Danny disse que estaríamos trabalhando direto, para todo o mundo. Mas o bom é que estamos cumprindo o cronograma. Ele disse que Greg, nosso diretor, estava delirando comigo. Não gosto de me gabar, mas você é a única pessoa com quem posso dizer isso. Depois do Natal, nos mudamos para Santa Mônica e começamos a filmar lá.

— Isso vai ser bem legal para você, certo? Você já foi pra lá antes?

— Só se você contar camas e tal. — Ela ri.

— Ha, ha.

— Isso te incomoda? Que eu fiz filmes pornográficos?

— Eu seria um mentiroso se disser que não.

— Mas você ainda está aqui.

— Sim. Era o seu trabalho. Pelo menos é o que eu digo a mim mesmo. Você já se envolveu com algum deles? Além da câmera?

— Você não ouviu o que eu disse antes?

Quando ela percebe minha testa franzida, ela continua. — Eu não namoro, incluindo os caras da indústria.

— Bom saber.

— Vamos esclarecer isso porque não quero que apareça mais tarde ou crie muros entre nós. Nunca estive com, — e ela cita com os dedos, — qualquer um deles, exceto nos filmes. Sei que isso soa estúpido e clichê, mas nada disso significava nada. Fazia parte da indústria. Agora posso perguntar uma coisa?

— Sim.

— Você já esteve apaixonado ou teve um relacionamento?

— Sim.

— Então você estava muito mais profundo do que nunca, sem trocadilhos. — Ela sorri. Então ela fica séria novamente. — Meu coração só foi afetado por uma coisa. E não era um homem.

— O que?

— Talvez outra hora eu te conte.

— Por que eu sinto que você não vai?

— Não sei. Mas e a comida indiana?

— Você gosta de comida étnica, não é?

— Eu amo a explosão de sabor na minha boca. É cintilante.

— Deixe-me lhe dar algo cintilante. — Dou outro beijo em seus lábios e depois deixo que ela peça a comida. Como o restaurante que ela escolheu não entrega, eu tenho que sair para buscar. — Enquanto eu estiver fora, por que você não liga para Danny?

Quando volto, ela tem a mesinha de bistrô em sua sala, com velas acesas e vinho servido. Parece bastante romântico. Nós comemos, ouvindo música suave, e ela diz que Danny cuidará de Holt. Conversará com ele e envolverá o CEO da Alta. Isso deverá colocar mais pressão nele para deixar Midnight em paz.

Antes de terminarmos de comer, noto suas pálpebras caídas. Levo nossos pratos vazios para a cozinha, limpo e quando volto, ela está dormindo.

A levanto em meus braços e a levo para a cama. Ainda é cedo, muito cedo para eu dormir, então eu decido assistir TV no outro quarto.

Estou assistindo a um filme, mas tenho cochilado, então nem sei o que está acontecendo quando uma série de tiros dispara, entrando pelas janelas da sala. Cai no chão, cobrindo minha cabeça. Termina assim que cai. Ligo para o 911 e me arrasto para o quarto para ver se Midnight está bem. Ela está no chão, remexendo no escuro.

— Você está bem? Você foi atingida? — Pergunto.

— Não. Só ouvi tiros e rolei da cama para o chão.

— Fique abaixada até a polícia chegar. Já liguei para o 911.

Eles levam cerca de oito minutos para chegar aqui, o que parece uma vida inteira. A essa altura, o atirador já se foi há muito tempo e não há chance de encontrá-lo. Mas tenho uma boa ideia de quem fez isso. Há muita coincidência para que haja mais alguém além do louco Holt Ward.

Os policiais me fazem perguntas, mas não há muito o que dizer. Não quero contar a eles sobre Holt. Isso desencadearia uma investigação e poderia impactar a carreira de Midnight. Tenho outras maneiras de lidar com ele. Eles estão do lado desagradável, mas definitivamente mais eficazes do que seguir os canais apropriados da lei.

Os vizinhos saem, acho que depois que consideram seguro, e veem as luzes azuis piscando. A polícia questiona todos que podem. Infelizmente, ninguém viu nada. Os vizinhos estavam assistindo TV, em suas salas, ou dormindo.

Depois que toda a empolgação diminui, e a polícia termina de reunir poucas evidências, todos voltam para suas respectivas casas. Os policiais nos dizem que, se ouvirem alguma coisa, ligarão para a Midnight. As janelas estão uma bagunça - cacos quebrados por toda parte. A polícia encontrou os cartuchos de balas, então estamos liberados para varrer tudo. Mas as janelas precisam ser substituídas. A Midnight já chamou alguém e já estão a caminho.

— Você não pode ficar aqui esta noite. Por que você não faz as malas e fica comigo neste fim de semana?

— Oh, tudo bem. Quando eles colocarem as tábuas...

— Me sentiria melhor com você longe daqui. E se ele voltar?

— Você acha que foi Holt, não é?

— Acho que ele tinha algo a ver com isso. Por isso não mencionei o que aconteceu antes. Bem, por isso e eu não queria que estragasse o filme.

— Sim, é exatamente por isso que eu mantive minha boca fechada também. Por que atraio todos os cavaleiros místicos da unidade psíquica? E acredite, eu estive lá.

— Porque você é linda e os homens querem uma mulher como você.

— Ok, escoteiro, muito obrigada.

— Estou falando sério. Você perguntou, eu disse.

Ela solta um suspiro.

— Vá fazer uma mala. Este fim de semana é por minha conta. Descanse é a palavra para você.

Ela morde o lábio por um segundo e depois concorda. — Ok, mas eu sou gananciosa quando se trata de ser mimada.

— Não é um problema. Gosto de uma mulher gananciosa.

Ela me cutuca nas costelas. — Você pode se arrepender de dizer isso. — Então ela se afasta para fazer as malas enquanto penso em como vou lidar com o Sr. Ward. Ele está em um mundo de surpresa. Não posso danificar sua reputação... ainda. Mas eu posso fazê-lo se contorcer.

E depois que o filme termina, esse bastardo viscoso é história.


CONTINUA

Ela é uma estrela com segredos. Ele faz com que os escândalos desapareçam. Juntos, eles farão faíscas voarem...
Sou Harrison Kirkland, o restaurador de Hollywood... o cara da limpeza de suas bagunças sórdidas.
Quando sou contratado para lidar com uma situação para Midnight Drake, uma atriz em ascensão de cabelo escuro e sensual, achei que seria um trabalho simples.
Eu não poderia estar mais errado.
A bagunça em que ela se meteu foi apenas o começo.
Midnight tem uma teia de segredos e mistérios... e ela não está desistindo deles por nada ou ninguém... incluindo eu.
Se eu não tomar cuidado, a próxima coisa que vai precisar de conserto... será meu coração...
Só isso deveria ter me feito sair do palco pela esquerda... mas não fez.
Isso só me deixou desejando ainda mais a Midnight.
E isso não é como jogar gasolina no fogo?

 

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Capítulo 01

MIDNIGHT

Minha vida finalmente mudou. As coisas estão melhorando. Vir para Nova York sempre foi um sonho para mim, e agora estou aqui, em uma sessão de fotos para o meu próximo filme. E desta vez, não é um papel de merda, ou um filme pornô sendo filmado nos fundos de um armazém úmido, onde eu morreria de frio porque o diretor queria que meus mamilos se destacassem constantemente. Não, estou aqui por causa do grande e novo contrato que recentemente consegui para o filme Turned. Planejo trabalhar duro para provar ao mundo que Midnight Drake tem o que é preciso para ser levada a sério como atriz.

Olhando pela janela do meu quarto de hotel, o horizonte da cidade de Nova York é ainda mais impressionante do que eu imaginava. LA é ótima e eu adoro, mas nada supera o Empire State Building. Não ligo para o que os outros dizem. Meu telefone toca, interrompendo minha reflexão.

— Olá?

— Midnight, é Dex McCloud. Só queria que você soubesse que todos nós, vamos nos encontrar lá embaixo em cinco minutos.

Dex é o fotógrafo.

— Oh, obrigada. Estou a caminho.

Estamos nos reunindo do lobby para tirar algumas fotos promocionais do filme. Será o ator principal, o produtor e eu. Nunca estive tão entusiasmada com alguma coisa, em toda a minha vida.

Agarrando meu casaco, bolsa e um punhado de ursinhos de goma, vou para os elevadores. A última coisa que quero é chegar atrasada. Nós devemos nos encontrar, em um enorme arranjo floral e eu sou a primeira a chegar. Pontos para Midnight. Olhando ao redor, noto muitas pessoas correndo, há muitas pessoas elegantes vestidas andando por aqui. Isso me faz sentir um pouco fora do lugar, mas ainda feliz por usar a roupa que escolhi. A calça preta conservadora e o suéter preto são perfeitos para onde estamos.

A única coisa que se destaca é o meu batom vermelho. É uma espécie de marca registrada. Me sinto nua sem ele. Talvez seja porque me lembro da minha mãe sempre que uso.

Empurrando essas memórias de lado, olho pela sala.

Um homem se aproxima de mim com um sorriso caloroso. Ele tem uma câmera presa ao pescoço, mas ainda sou cautelosa. Você nunca sabe como são os paparazzi hoje em dia.

— Oi, eu sou Dex McCloud, — diz ele, estendendo a mão. Ofereço meu próprio sorriso e pego a mão dele, apertando-a.

— Olá, Midnight Drake.

— Sim, eu te reconheci. — Seu tom amigável me deixa ainda mais à vontade. — Que bom que você está aqui. Geralmente tenho que esperar todo mundo.

— Ah, eu odeio me atrasar. Danny está aqui? — Eu pergunto. Ele é o produtor.

— Ele deveria estar. E Holt também. Ele olha o relógio e depois olha para mim.

— Quanto tempo você espera que isso leve?

— Não por muito tempo. Pensei em ir até o Central Park. Normalmente, consigo o que preciso em cerca de trinta minutos. E a iluminação é perfeita para fotos ao ar livre hoje.

— Parece ótimo, — Digo.

Ele me olha por um momento. — Você é muito menor pessoalmente.

— Oh. — Não sei bem como responder a isso. Ele quer dizer que eu pareço baixa na tela?

Então ele mexe os pés e acrescenta: — O que eu quis dizer é que na tela você parece muito mais alta. Você é realmente muito pequena.

— Sim, eu sempre quis ter no mínimo 1,65, mas só consegui chegar às 1,54. É por isso que costumo usar salto alto, o que não usei hoje, — suspiro. — Tive essas ilusões de me tornar uma modelo famosa quando criança e você pode ver como isso funcionou para mim. — Uma risada estranha borbulha pelos meus lábios. Acabei fazendo filmes de classificação B depois da pornografia, o que não é exatamente o primeiro modelo. Mas deixo de fora esses pequenos detalhes, porque ninguém sabe o que é pornografia. Ter feito uma plástica no nariz, mudar meus cabelos negros, para loiro, ajudou a alterar minha aparência, para que ninguém perceba que eu era a ex-Lusty Rhoades.

— Acho que a indústria da moda é louca. Você é linda e seria uma modelo perfeita. Eles querem que suas modelos pareçam magras. Considere-se sortuda.

Levantando meus olhos para os dele, inspiro seu perfume. — Uau. Você tem opinião única, sabia?

— Passo muito tempo atrás das lentes e reconheço o que é a verdadeira beleza. Esses pobres espantalhos não são bonitos. Elas são lamentáveis. De qualquer forma, parabéns pelo seu próximo filme.

— Sim, obrigada. Estou super empolgada com isso.

Holt e Danny se aproximam e nossa doce conversa para. — Ei, crianças, — diz Danny. — Obrigado por voar até aqui, Midnight. Estávamos com uma agenda tão apertada com o último filme de Holt, que não havia como arranjar um voo de volta para Los Angeles.

— Não tem problema, — digo. Holt mira seu olhar gelado para mim. Ele despreza o fato de eu estar no filme. Ele queria alguém famosa, que pudesse garantir um sucesso nas bilheterias, mas acabou com uma garota quase desconhecida. Seu olhar desdenhoso me faz sentir como se eu fosse um vírus.

Eu meio que não o culpo. Ele é o homem mais sexy e quente do ano. Ele reina como rei quando se trata de se comparar, com outros homens. Quando eu o inspeciono secretamente, é fácil ver o porquê. Cabelos castanhos beijados pelo sol, olhos tão verdes que parecem joias, dentes perfeitos e uma boca carnuda. O homem é puro pecado em duas pernas. E ele acaba com alguém, só com o olhar. Não, é difícil culpá-lo um pouco. Mas vou conquistá-lo, pouco a pouco, mesmo que eu tenha que comprar um maldito filhote para ele.

— Todo mundo pronto para dar um passeio? — Dex pergunta.

— Por que não? — Holt diz amargamente.

Danny lança um olhar para ele, mas não diz nada.

— Claro, — eu gorjeio. — Vamos.

Saímos do hotel pela entrada principal. O Plaza é lindo. Nunca fiquei em qualquer lugar tão chique. Seguimos Dex do outro lado da rua até o parque. Fiel à sua palavra, ele terminou em trinta minutos. Voltamos ao hotel e Dex quer tirar algumas fotos de nós tomando café no restaurante.

Holt resmunga e depois diz: — Oh, pelo amor de Deus. Por que você não pede um chá? Eles não servem chá aqui? Talvez adicione um biscoito ou algo assim.

Dex parece extremamente desconfortável. — Sinto muito, Sr. Ward, mas se eu não conseguir fotos suficientes, todo mundo vai querer trazê-lo de volta. É melhor conseguirmos tudo agora, enquanto estamos aqui.

Um suspiro longo ruge dele. Caramba, você pensaria que estavam puxando as unhas de Dex, uma a uma, com a maneira como ele está agindo.

Sorrindo, digo: — Estou bem com o que você decidir, Dex. — Decido ser a única a tornar seu trabalho menos difícil.

— Vá lá, pequena senhora sexy, marque alguns pontos, enquanto puder.

Que porra é essa! Espero totalmente que Danny dê um passo à frente e diga alguma coisa, mas ele é tão covarde que age como se não tivesse ouvido nada. Bem, não vou aceitar isso. Já tive o suficiente do ato ranzinza de Holt.

— Holt, desculpe-me por não gostar do fato de ter sido escolhida para esse papel, mas isso não lhe dá o direito de me insultar.

Um sorriso desagradável curva seu lábio. Ele abaixa os olhos e eles deslizam sobre o meu corpo. Instantaneamente me sinto suja.

— Isso está certo? — Então ele dá um passo em minha direção e invade meu espaço pessoal. Ele se inclina para perto e sussurra para que somente eu possa ouvi-lo. — O que eu gostaria de saber é como alguém como você foi escalada para um filme comigo. O que você fez, Midnight? Você colocou sua boca quente em torno do pau de Danny e fez alguns favores sujos?

Uma bola vermelha de fúria quase me cega. Não tenho certeza de como responder a esse imbecil sem chegar ao nível dele. Sei uma coisa: não encontro alguém tão cruel há muito tempo. Leva-me de volta a um tempo em que mal posso me forçar a lembrar.

Sacudindo-me dessa memória, resmungo: — Afaste-se de mim, Holt. — Quando ele não o faz, eu me afasto em direção a Dex e pergunto onde ele precisa de mim.

— Por que não conseguimos uma mesa no restaurante, — ele sugere.

No caminho, questiono como vou tolerar trabalhar com a colaboração de Holt durante a duração do filme. O homem é revoltante.

Uma vez sentados, nós três sorrimos como se fossemos as pessoas mais felizes do mundo. Encubro minha antipatia por Holt fingindo que estou em um lugar feliz. Mas noto o brilho de aço em seus olhos verdes, o desdém estampado em sua expressão. A curvatura de seus lábios que eu costumava achar sexy, era agora cruel. Dex é rápido e, em breve, a sessão é encerrada.

Danny, que finalmente tira os olhos do telefone, pergunta: — Então, o que vocês dois vão fazer hoje à noite?

Holt murmura algo sobre encontrar amigos. Eu mal presto atenção. Minha missão é ficar o mais longe possível dele.

— Midnight? E você? Você está interessada em comer algo?

— Claro. Que horas?

— Gostaria que fosse cedo. Seis está bom? — Ele pergunta.

Quando verifico a hora, vejo que já são cinco e meia. — Isso é bom. Encontro você aqui embaixo então. Precisamos de uma reserva?

— Não. Há um ótimo lugar ao virar da esquina.

O jantar com Danny acaba sendo ótimo. Um contra um, ele é muito extrovertido e amigável. Decido arriscar e perguntar sobre Holt.

— Parece que Holt não está muito animado com o meu papel no filme.

Danny assente. — Ele queria ser o ator principal. Holt é assim. Toda vez que ele faz um filme, ele apela para que sua garota do momento seja escolhida como a atriz principal. Continuo dizendo a ele que suas mulheres não têm nenhuma experiência.

— Espero não estar ultrapassando, mas o que fez você me escolher? — Minha curiosidade está me matando.

— Não me importo de contar a você. Sua presença na tela é irreal. Quando analisamos seus testes de tela, ficamos impressionados. E você era o ajuste perfeito para Christine. Seu cabelo, seus olhos, sua estatura. Você nasceu para o papel. Não se preocupe com Holt. Ele faz isso com todos com quem trabalha, tenta intimidá-los. Deixe ele. Ignore-o. Ele superará isso, assim que trabalhar com você alguns dias e captar sua emoção no set.

— Isso é reconfortante, mas ele me faz querer dar um soco no rosto dele.

Danny toma um gole de Bourbon. — Sim, eu entendo isso de todas as mulheres que trabalham com ele de primeira. Ele é um idiota. O que posso dizer? Mas espere até assistir o produto final. Você estará adorando ele. Especialmente quando você vê sua conta bancária.

— Bom saber. — É certo que Danny me acalmou sobre Holt. Terminamos o jantar e ele me convida para tomar uma bebida. Fico um pouco desconfiada, quanto a isso.

— Midnight, não gosto de dormir com meus atores, se é isso que está te impedindo. Não acredito nessa merda. Estraga um bom relacionamento de trabalho.

— Ouvi isso sobre você. — Eu o verifiquei antes de concordar em assumir esse papel. Depois de trabalhar na indústria da pornografia, você acha que todo mundo está interessado em alguma coisa.

— Então?

— Claro, por que não?

Nós pulamos em um táxi e vamos para um clube muito legal. Danny cresceu em Manhattan, então estou confortável com ele liderando o caminho. Dançamos, tomamos mais alguns drinques e peço licença para usar o banheiro.

Quando volto, não encontro Danny. Então eu o espio na pista de dança com alguém. Estou sozinha no bar quando um cara bonito se aproxima e me pede para dançar. Abrimos caminho através da multidão e reivindicamos uma parte do salão. Ele não é ruim, mas eu sei como dançar. Costumava imitar minha mãe, que era stripper, então minhas habilidades de dançarina exóticas, são muito boas.

Não querendo que ele tenha uma impressão errada de mim, eu desço até embaixo e me movo como todo mundo faz, balançando meus quadris ao ritmo.

Algumas músicas depois, voltamos para o bar e ele sai. Danny volta com sua nova amiga e nos apresenta. Ela reconhece meu nome em algum trabalho de TV que fiz. Ela fica animada e conversamos. Então ele se inclina e pergunta se eu me importo de pegar um táxi de volta para o hotel sozinha. Estou bem com isso. Acho que ele conseguiu uma companhia para a noite.

O cara com quem eu dancei, que diz que se chama John, volta.

— Que tal eu comprar uma bebida para você?

Mais uma não pode fazer mal. Estou apenas um pouco alta. — Claro, por que não?

— Então, qual é a sua bebida?

— Vou tomar um tônico de vodka com limão extra. — Acho que depois desse, pedirei um táxi. Enquanto espero minha bebida, aprecio a paisagem. John me entrega o copo e eu saboreio a mistura saborosa. Conversamos um pouco, mas de repente, não estou me sentindo bem. A sala se inclina e fico tonta a cada segundo. Começo a suar e me sinto enjoada.

— Ei, você está bem? — ele pergunta.

— Não. Acho que preciso sair. Mas não tenho certeza se consigo chegar à porta.

Ele pega meu braço e diz: — Não se preocupe, eu estou com você. — Ele rapidamente me leva para fora enquanto eu grito as palavras— The Plaza, — e minha mente fica em branco depois disso.

A próxima coisa que sei é que eu acordo - mais ou menos. Estou em uma cama, e tudo está confuso. Quando tento me levantar, não consigo me mexer. Meus membros estão pesados, como se eu estivesse presa no concreto. Ouço vozes, apenas meu cérebro está tão nebuloso que não sei dizer o que estão dizendo ou quem está falando. O que diabos está acontecendo? Foco, midnight. Foco.

Pisco para clarear, minha visão torna as coisas piores. O quarto gira, então eu mantenho meus olhos fechados. Talvez se eu esperar ajude. O colchão baixa ao meu lado, alguém sobe na cama. Estou de volta a Phoenix? O que está acontecendo?

— Ela está acordando. — É a voz de um homem, mas de quem? É o cara do bar? Engulo e minha garganta queima.

— Bom. Agora podemos passar para o estágio dois. Isso está ficando bom.

O que está ficando bom? Quero conversar, fazer perguntas, mas minha boca não vai funcionar.

— Estou congelando. Posso me vestir? — Uma mulher está falando agora.

— Não, você não pode se vestir. Você ainda tem trabalho a fazer. — Outro homem fala, um diferente desta vez. Sua voz soa mais profunda e mais severa que a outra. Abro os olhos novamente e as imagens desfocadas são um pouco mais distintas. Minha boca e garganta estão secas, muito secas. Lambo meus lábios e eles veem.

Um deles dá um tapa na minha bochecha. — Ei acorde. Você precisa entrar no jogo, garota.

— Pegue um pouco de água, — alguém diz.

A cama se move e então sinto uma garrafa pressionada contra a minha boca. Bebo avidamente.

— Devagar, Nelly, ou ela vai vomitar tudo.

Ele tem razão. De repente, estou com dor de estômago, enquanto ele agita o líquido indesejável. Logo passa e peço mais. Desta vez eu tomo um gole.

Abro os olhos novamente, mas alguém me venda. — O que está acontecendo? Onde estou? — Minha voz está rouca e mal posso falar.

— Sem perguntas. Você só joga.

— John, é você?

Ele não responde. Em vez disso, ele diz: — Ligue a câmera novamente.

Oh, porra. À medida que as bordas nebulosas do meu cérebro desaparecem, as coisas começam a clicar. Alguém enfia algo frio entre as minhas pernas. Tento fechá-las, mas não posso porque meus tornozelos estão presos a algo que não permite. Estou tão exposta e isso traz lembranças terríveis de muito tempo atrás.

— Não, por favor, não, — Imploro.

— Amordace ela.

Algo é empurrado na minha boca e não há como eu gritar por ajuda agora. A cena avança e eu estou perdida em um mar de desesperança e terror. Mas então algo pica no meu braço. Eles acabaram de me drogar? Quando a droga bate, eu tenho minha resposta. O que diabos eles me deram?

Então fico instantaneamente consciente, flutuando em uma almofada de tranquilidade, mas realmente não me importo. Eles removem a mordaça e fazem todo tipo de coisa comigo. É sexo a três ou mais, é mais sexo do que eu já experimentei. Em algum lugar no fundo da minha mente, eu sei que está errado, mas isso parece tão bom. Me ouço dizendo a eles: — Mais, mais. Mais forte, sim. — Mesmo no meu estado drogado, as perguntas estão em negrito e itálico. Quem está fazendo isso? Quem são essas pessoas? E porquê? O que eles querem? E embora seja horrível, eu realmente não dou a mínima. Tudo o que eu quero é que continue.

— Ahhh, sim, não pare, — eu digo. Choro quando termina, mas fico feliz quando eles começam outra coisa. Todas as partes do meu corpo são ligadas e ouço alguém dizer: — Precisamos convencê-la a fazer isso de novo. — Estou no meio de um orgasmo, então não posso responder a ele.

As drogas me fazem perder a noção do tempo. Eu flutuo acima de um abismo, sem emoção e indiferente ao fato de as pessoas estarem me estuprando em vídeo. Minha mente está presente, mas não. Tudo o que sinto é a sensação de estar embalada em um cobertor aconchegante e alguém me embalando. Sem alucinações, sem mágica, eu apenas sou. E é a sensação mais maravilhosa que já tive.

Nem tenho certeza de quando todo o sexo termina, porque eu estou chapada e realmente não dou a mínima. O alto é suave, magnífico. Tudo o que eu quero é que continue e continue. Infelizmente isso não acontece. A coragem da realidade me dá um soco tão forte. Quando percebo que estou livre das amarras, tiro a venda e desmorono em uma pilha amontoada de lágrimas esfarrapadas.

Estou fraca, tremendo e deitada em uma cama ao lado de uma pilha de apetrechos sexuais. Eles não são brinquedos normais do dia a dia. Nunca usei algumas dessas coisas na indústria pornô. Uma barra espaçadora, e foi por isso que não consegui mexer os tornozelos, o plug anal, os grampos de mamilo, a mordaça de bola - tudo que se possa imaginar. Porra há até um açoitamento. Eles me chicotearam? Quando tento me mover, meus membros estão tão doloridos que mal consigo me mexer.

E então, para meu horror absoluto, meu telefone fica ao meu lado. Não pode ser, mas é. Em cima dele, uma nota pegajosa com duas palavras: Divirta-se, seguida de uma carinha sorridente. Agarrando meu telefone, a primeira coisa que noto é uma mensagem de texto.

Não perco tempo lendo, o pânico explode no meu peito. Meus olhos disparam pelo quarto rapidamente, em busca de minhas roupas. Inicialmente, não consigo encontrar minhas calças ou suéter, mas depois os vejo por baixo do edredom amontoado no chão. Sentindo-me como um caranguejo bêbado pela maneira como meus braços e pernas lentos se movem, eu tento sair da cama. Meu lindo suéter preto está rasgado em alguns lugares, mas minhas calças estão boas. Felizmente, meu casaco esconde o suéter danificado.

Eu me visto rapidamente e depois verifico o lugar, para me indicar onde estou. É um hotel em Midtown, não muito longe do clube em que fui com Danny.

Sem olhar para trás, estou fora do quarto em busca da saída mais próxima. Isso leva a uma escada, da qual eu desconfio, mas corro para sair daqui. Estou no segundo andar e desço os degraus e saio do hotel onde pego um táxi de volta ao The Plaza.

Quando estou segura no meu quarto, olho para o meu telefone. Quando abro a mensagem de texto, a bile corre pela minha garganta. Ele contém três anexos de vídeo. Apertei o botão play no primeiro e vomito antes que eu possa terminar de assistir. Eles gravaram tudo. Tremo tanto que meu dedo não pode pressionar o botão play para continuar assistindo. Meu coração se enche de pavor quando percebo que minha carreira está arruinada.

Faço uma ligação para minha agente, Rita Clayton, porque não sei mais o que fazer. Ligar para Danny não é uma opção. O que eu diria a ele? Que eu tenho três bons vídeos para mostrar a ele? Ele me demitiria na hora. Quando a notícia for divulgada, será a carreira mais curta da Alta Pictures da história.

— Ei, Midnight, o que está acontecendo? — minha agente pergunta.

Nem consigo falar porque estou chorando e ofegante.

— O que está acontecendo? Você tem que parar de chorar para que eu possa te entender. — Em vez disso com minhas mãos trêmulas, mando o primeiro vídeo para ela.

— Eu... eu fui drogada e acordei em um quarto de hotel.

Ela fica quieta por um minuto. — O que você quer dizer?

— Eu... acabei de lhe enviar um vídeo. — Tento explicar o resto, porém estou chorando muito para continuar.

— Ah Merda. Espere. — Ela está quieta, mas finalmente diz: — São vinte minutos.

— Rita, há três deles.

— Onde você está agora?

Um soluço gigante sai de mim. — De volta ao Plaza.

— Você ligou para a polícia?

— Não! Eu corri. Tinha medo de que quem fez isso voltasse.

— Espere. Conheço alguém que pode ajudar. Já te ligo de volta.

Estou andando de um lado para outro quando meu telefone toca. Rita diz: — Alguém estará ai para limpar essa bagunça.

— Quem?

— Alguém que vai ajudar a consertar essa merda, Midnight. Apenas aguente firme.


Capítulo 02

HARRISON

Assim que o telefone toca, estou bem acordado.

— Kirkland, — eu respondo, indo em direção ao banheiro. Sempre que recebo uma ligação às três e meia da manhã, isso significa que vou trabalhar.

— Harrison, é Leland. Temos um problema.

— Quem é desta vez?

— Midnigt Drake. Você sabe, a atriz sexy que recentemente assinou um contrato multimilionário com a Alta Pictures.

— Hmm. O que aconteceu?

— Faça uma mala, chefe. Estamos voando para Nova York. Chego em uma hora.

— Porra. Tão ruim assim? — Pergunto em volta da minha escova de dentes.

— Sim. A equipe se juntará a nós. Vou lhe dar todos os detalhes quando estivermos juntos.

Sou o cara da limpeza. Consertar as coisas sempre foi minha paixão. Tudo começou quando eu era criança e meu cachorro de repente ficou doente e morreu. Chegamos em casa do veterinário depois que ele não pôde ser salvo, e assistir meu cachorro morrer em uma idade tão jovem quebrou um pedaço de mim. Ele não era consertável, mas isso não significava que outras coisas não fossem. Foi quando minha necessidade de me tornar um restaurador criou raízes e cresceu. Brinquedos quebrados, coisas em casa, coisas que encontrei na rua, o que você quiser. Os levava para casa e fazia o possível para restaurá-los e, se não conseguisse, recrutaria meu pai para ajudar. Até levava animais feridos para casa, e mamãe os levava ao veterinário - eu ficava agradecido por eles não estarem mais sofrendo.

À medida que envelheci, o restaurador em mim se expandiu para as pessoas. Quando eu ia para a escola, encontrava crianças que estavam com problemas e precisavam de amigos. Na Crestview, conheci Prescott Beckham. Eu nunca conheci alguém tão quebrado quanto ele. Um garoto com uma família disfuncional, ele não sabia para onde ir. Então o que eu fiz? O trouxe para casa, como costumava fazer com aqueles animais feridos. Ele ainda está um pouco fodido. Mas pelo menos ele está de volta aos trilhos.

No ano seguinte, em Crestview, Weston Wyndham apareceu. Liguei para papai e disse para ele comprar alguns frascos de supercola, porque era disso que esse cara precisava. Papai riu. Ele sabia que eu iria aparecer em casa com Prescott e Weston a reboque. Weston tinha um olho roxo porque Prescott e eu tínhamos batido nele para lhe ensinar uma lição. Ele estava brigando e precisava de um bom chute na bunda. Quando ele descobriu que só queríamos ajudar, nós três nos tornamos inseparáveis. Ele definitivamente precisava dessa cola, no entanto. Pensei que a situação de Prescott era ruim, mas o tipo de disfunção de Weston me fez repensar o que a palavra significava.

Ainda estou consertando coisas e pessoas, e foi assim que acabei na minha profissão atual. Desde que eu sou tão bom nisso, por que não fazer algum dinheiro com o que eu faço de melhor?

Em menos de trinta minutos, estou a caminho do aeroporto da minha casa em Malibu. A essa hora, o tráfego não apresenta problemas. Quando chego, dirijo direto à entrada para jatos particulares e sigo a estrada depois de passar pelos pontos de verificação de segurança designados. Estaciono, e Leland está lá, junto com o piloto. A equipe está embarcando no jato.

— Bom dia a todos. Pete. — digo, cumprimentando nosso piloto. — O café está ligado?

Nosso comissário de bordo levanta a cabeça, olha para trás e diz: — Estará pronto em um momento, junto com o café da manhã.

— Oh, oi, Mike. Não vi você aí atrás.

— Bom dia, Sr. Kirkland.

Todo mundo se senta e Leland começa.

— Midnight Drake acordou em um quarto de hotel há algumas horas, nua e sozinha com três vídeos em seu telefone. Aparentemente, enquanto ela estava cheia do que supomos ser heroína, uma porrada de merda excêntrica aconteceu, sem o consentimento dela e os vídeos de Midnight foram espalhados pela Internet. A agente dela ligou... é um show de horrores.

— Ela foi estuprada? — Pergunto.

— Sim. Estou enviando para você os vídeos agora. Esteja preparado. Eles são bem gráficos. Digamos que, infelizmente, Midnight esta em exibição total.

— Porra.

— Exatamente, — diz Leland. — Alta já está afirmando que estão a demitindo porque ela violou seu contrato.

— O que ela diz sobre isso? — Pergunto.

— Ela foi drogada e estuprada.

— Claramente.

— Ela diz que não se lembra de nada.

— Você assistiu os vídeos? — Pergunto.

— Sim, e ela estava totalmente fora de si. Completamente sem resposta no primeiro. Então, no segundo, ela apareceu um pouco. No terceiro, ela estava tão fodida que não se importaria se alguém cortasse sua cabeça.

— Parece que alguém drogou sua bebida. Nossa equipe de Nova York encontrou quem fez isso? E você puxou os vídeos?

— Estamos trabalhando para achar quem fez isso. Tudo foi enviado de um telefone celular.

— Acompanhe os filhos da puta. Você sabe o que fazer. Onde está a Midnight agora?

— No Plaza, esperando por você com um de nossos representantes. Ela está totalmente assustada.

— Certo. Você não estaria?

Leland assente. — Eu estaria saindo da cidade.

Aqueles idiotas se aproveitando de pessoas assim. Eles são como hackers de computadores, para destruir vidas e com que finalidade? Porque eles não têm nada melhor para fazer? — Leland, ela chamou a polícia?

— Não.

— Hmm. Ela disse o porquê?

— Nada além de ela estar esperando por você.

Isso é estranho, mas vou chegar ao fundo disso quando falar com ela. — OK. E o dinheiro? Esses desgraçados fizeram alguma exigência?

— Não que eu esteja ciente.

Bato minha mão sobre a mesa na minha frente. — Vamos nessa, pessoal. Não ligo para o que é preciso. Precisamos limpar essa merda.

Isso chama a atenção de todos que estão sentados perto. Os corpos enrijecem e os olhos se abrem mais. Eles sabem quando eu falo sério, e isso me atingiu do jeito errado.

A voz de Pete chega até nós pelo interfone para nos dizer que estamos prontos para taxiar. Devemos ser liberados para a decolagem em poucos minutos.

— Apertem os botões, temos um trabalho sério pela frente, o que equivale a um longo dia. Sei que pergunto muito e sinto muito pela hora inicial, mas vocês receberão um bônus se acertarmos esses desgraçados.

O jato segue em direção à pista e logo estamos decolando no céu escuro. Não vai demorar muito para voarmos ao sol. A equipe começa a fazer ligações. Tenho um homem em particular que quero entrar em contato, então eu mesmo faço a ligação.

— Senhor Kirkland. Você já está em Nova York?

— Ainda não, Rashid, mas estou a caminho. Preciso que você faça algo por mim. Explico a situação e digo exatamente o que eu preciso.

— Já lidei com os vídeos. Mas pode demorar um dia para eu localizar os telefones. Vai levar algum trabalho extra, você sabe.

Minha tensão diminui um pouco. — Obrigado, Rashid. Fico feliz que Leland tenha entrado em contato com você. Ficaremos no The Plaza se você não conseguir entrar em contato comigo por telefone. Mas quero que essas pessoas sejam encontradas.

— Certamente, Sr. Kirkland.

Rashid se beneficiou da minha limpeza há um tempo atrás. Ele estava na merda com suas habilidades de hackers. Cuidei das coisas para ele. Agora ele me deve e está à minha disposição cem por cento do tempo. Ele fica em Nova York porque, honestamente, ele está conectado a tudo. Ele provavelmente tem todos os números de contas bancárias e de investimentos na ponta dos dedos. Mas o cara sabe que eu tenho ele pelas bolas. Tudo o que preciso é fazer, é algumas ligações para as pessoas certas e ele voltará onde começou.

Assim que Pete diz que limpamos dez mil pés, Mike aparece com café e café da manhã. Emily, outro membro da equipe, sorri agradecida. Eu também. Quando ela está com fome, ela fica de mau humor e seu cérebro não vale nada. Não posso ter isso. Preciso de suas habilidades loucas agora.

Todo mundo tem segredos. Até eu. É verdade que sou baunilha em comparação com a maioria, mas quando vejo um indivíduo quebrado, sou um ímã para eles. Emily ficou arrasada. Seu Dom a jogou nas ruas, a deixou de lado depois de alguns anos, sem explicação. Tropecei com ela uma noite em um bar, bebendo e caindo no esquecimento. Ela me contou todos os seus segredos sujos e disse que queria se matar. Não consegui ouvir e não fazer nada. Ela não queria envolver sua família, e quem poderia culpá-la? Que pessoa quer divulgar esse tipo de estilo de vida para mamãe e papai? Então, eu a trouxe para o meu lar, onde ela poderia ficar sóbria e poderíamos criar um plano.

Emily era uma planejadora de eventos para um dos estúdios de cinema e havia feito uma variedade de coisas, desde lidar com a imprensa até lidar com fornecedores. Ela poderia mobilizar uma equipe de quinhentos e levá-los do ponto A para B em um piscar de olhos. Eu precisava dessas habilidades na minha equipe. Mas ela precisava arrumar suas coisas primeiro, e seus problemas estavam muito além das minhas capacidades de correção.

Ela deu entrada em uma clínica e trinta dias depois estava na minha folha de pagamento. Mais cheia de confiança do que a maioria das mulheres que eu conheço, ela encontrou um novo Dom que a trata melhor do que o antigo, e Emily é agradavelmente açoitada todas as noites.

Leland recusa a oferta de café da manhã. — Mike, você pode voltar com um refil de café? — Leland trabalhava para uma das maiores empresas de relações públicas em Hollywood. Isto é, até que ele foi pego transando com a esposa de seu chefe. Seu chefe, um dos homens mais poderosos do setor, prometeu a Leland que seu nome ficaria sujo. Teria ficado se eu não aparecesse. Procurei um pouco e encontrei alguns petiscos que inclinariam o mundo de seu chefe. Leland se separou da empresa em “bons termos” e eu ofereci um emprego com a condição de que ele deixasse a esposa em paz, o que ele aceitou graciosamente. Ele está comigo desde então.

Peço a Mike um café da manhã extra, enquanto Misha, que parece mansa, agradece pelo café da manhã e pelo café que ele acabou de colocar na mesa diante dela. As aparências muitas vezes enganam, porque todo mundo em LA sabe que ela é uma das advogadas mais cruéis do mundo. É a razão pela qual eu a queria no meu time.

Misha se viu em dificuldades há alguns anos. Ela era casada e feliz, como todo mundo pensava, até que o marido se deparou com alguns vídeos dela, sobre ela se envolvendo com outra mulher. Ela não queria que ele soubesse que era bissexual, então escondeu esse lado da vida. Ele não estava muito satisfeito com isso e ameaçou postar os vídeos no YouTube. Ela enlouqueceu e eles entraram em uma briga enorme, durante a qual ela o socou e quebrou o nariz dele. Mencionei que Misha teve problemas de raiva? A ameaça de postar no YouTube se transformou em um processo de abuso e agressão. Foi assim que Misha chegou ao meu escritório, pedindo minha ajuda.

Após a minha intervenção, Misha acabou com um divórcio amigável, mesmo tendo sofrido financeiramente. O que ela compensou com o salário e bônus que eu pago a ela. No entanto, ela teve que concordar com a terapia de controle da raiva, o que felizmente fez. Vi uma estrela cintilante nela e soube que, assim que seus problemas fossem resolvidos, Misha seria uma colega de trabalho exemplar.

Se este jato caísse, a indústria de entretenimento de Hollywood estaria em uma séria confusão, porque não haveria ninguém que conseguisse corrigir seus problemas.

Meus pensamentos voltam para Midnight Drake. Geralmente não tenho sentimentos tão carregados de emoção, mas a maneira como essa mulher foi explorada, foi algo muito errado. Midnight Drake é uma atriz que conseguiu um bom contrato com Alta Pictures, e esses filhos da puta estão tentando arruinar suas chances de torná-la grande. Eles não vão se eu puder evitar. Essa equipe irá parar quem fez isso e fazê-los pagar.

Meu telefone emite um sinal sonoro com uma mensagem de Leland. Abro para encontrar todos os vídeos carregados. Quase engasgo com o café quando assisto o primeiro. Filhos da puta. Estes são os piores vídeos que algum dia já vi na vida. Sinto-me mal sabendo que acabei de testemunhar minha cliente sendo estuprada.

— Reúna-se, equipe. Nosso status acabou de mudar para DEFCON 1. — Então eu pressiono play. As mulheres estão enojadas e chateadas, mesmo que essas mulheres sejam duras como unhas. Mas eu quero todos zangados e, até o final do último vídeo, meu objetivo foi alcançado.

Misha voa da cadeira. — Harrison, eu quero cortar pessoalmente suas bolas. Olha para ela! Ela está quase inconsciente lá. Isso é nojento. O pior é que não sei como alguém iria querer assistir essaa merdas tão depravadas.

Emily assume o comando de onde Misha sai. — Que idiotas viscosos! E como essa mulher poderia ter participado? Deixe-me colocar minhas mãos neles. Pessoalmente vou arrancar seus paus.

— Ok senhoras, vamos juntar as coisas. Embora eu queira aproveitar a sua raiva, precisamos do nosso melhor e não vamos conseguir se vocês não agir racionalmente. Acalme-se e continue assistindo.

Nós nos concentramos nos vídeos. Um mal necessário, você pode dizer, mas temos que analisá-los se quisermos fazer nosso trabalho.

— Aqui é onde podemos ter um problema, — eu digo. — Nessa parte Midnight está cooperando e até pedindo mais. “Mais forte. Sim, sim” ela diz.

Emily assente com nojo. — É como se ela estivesse atordoada, mas quer.

— São as drogas, — diz Misha. — Olhe para o rosto dela.

Não há duvidas. — Tudo o que eles deram a ela deve ter sido bom, — diz Emily.

Quando os vídeos terminam, explico o que Rashid disse. — Vocês dois sabem que ele é um cão de caça quando eu o coloco em uma tarefa. Também quero descobrir para onde foi a Midnight, para que possamos verificar as fitas de segurança. Elas devem nos mostrar algo. Ajudará, assim, quando Rashid encontrar seus telefones, será mais fácil identificar esses caras. Podemos pedir que alguém os traga. Vamos... cuidar deles adequadamente.

As sobrancelhas de Misha se erguem. — Isso implica estar no fundo do rio East?

— Nosso papel é limpar as coisas para a Midnight e colocar tudo de volta nos trilhos para ela. Descubra o que o contrato da Midnight indica e se Alta pode deixá-la. Ela pode ter uma cláusula de moralidade ou algo assim.

O peito de Misha ainda arde de raiva, mas ela assente.

Emily diz: — Sim, a Midnight é a nossa missão. Não podemos deixar nossa raiva atrapalhar. Podemos nos preocupar com esses caras de pau mais tarde.

Agora que eles foram redirecionados, eu digo: — Certo. Então, é disso que precisamos. Emily, trabalhe para levá-la à reabilitação. As pessoas perdoam alguém com um problema de drogas.

As sobrancelhas de Emily franzem. — Mas é admitir que ela tem um vício, quando não tem.

— Vamos dar um passo para atrás. Lembre-se, temos que manter nossos sentimentos e emoções fora disso. É nosso trabalho consertar essa bagunça, encontrar uma solução. O plano A é levá-la à polícia. Se você foi estuprada, não seria a primeira coisa que você faria? Como ela não fez isso, podemos apenas assumir que há uma razão. Ainda vamos tentar fazê-la ir, mas se ela recusar, não podemos forçá-la. Vamos precisar de um plano B. Então, faço a pergunta: qual é a melhor maneira de limpar isso? Qual é a melhor maneira de recuperar sua carreira? Não é se concordamos ou discordamos, é se isso vai funcionar ou não.

Quando os vejo concordar, continuo.

— Vamos pensar. Temos um grande problema com os vídeos. Apesar de terem sido excluídos, ficaram tempo suficiente para que as pessoas tivessem capturas de tela ou GIFs dessa merda. Suas impressões são sólidas. Vamos com o pior cenário possível. Podemos dizer que ela não tem um problema, mas as pessoas que os viram não acreditaram em nós e Midnight precisa de credibilidade. A melhor maneira de seguir em frente é pedir perdão. Mas, enquanto isso, Misha, precisamos encontrar esses homens, se pudermos. Quero motivo. Quando a Midnight sair em trinta dias, queremos que o público morra para vê-la. Esperançosamente eles vão rastejar sobre ela e a quererão de volta, assim como eles querem cereja no topo do bolo. Se Alta a deixar cair, nosso trabalho é deixá-los de joelhos e implorar para que ela volte. Ah, e Leland, comece a trabalhar em seu discurso. De alguma forma, relacione-a com sua infância trágica. Sabemos alguma coisa sobre isso? Caso contrário, desenterre algo. Não me importo se é sobre ela nunca ter ficado triste com a morte de sua mãe. Faça algo emocional. Queremos que tudo isso funcione como plano B, caso precisemos implementá-lo.

A equipe vai trabalhar, enquanto eu faço uma pequena pesquisa sobre Midnight. Ela começou em filmes B, como a maioria dos atores, tentando ser notada. Ela foi notada, tudo bem. Com longos cabelos negros e olhos de lavanda incomuns, ela não é uma beleza delirante, mas tem um apelo exótico. Sua sedução a torna inesquecível. Há algo nela que grita sexo. Tendo sido escalada para os tipos de papéis que muitos atores não costumam querer, Midnight está disposta a abrir as asas e tentar qualquer coisa.

Então tropeço em algo que me faz pensar duas vezes. Nascida em Phoenix, seu nome de nascimento era Velvet Summers.

— Você só pode estar brincando, — digo em voz alta.

— O que? — Todos os olhos estão em mim.

— Você sabia que o nome de nascimento da Midnight era Velvet Summers?

— Oh, isso, — diz Leland.

— Como eu não sabia disso?

Misha encolhe os ombros. — Não sei. Leland enviou uma fotocópia da certidão de nascimento. Pensei que você tivesse visto.

— Quem diabos nomeia seu filho Velvet Summers? — Mas depois que digo isso, penso em meu melhor amigo, Weston— o nome de sua esposa é Special. Quem nomeia uma criança assim?

Emily encolhe os ombros. — Sim, as pessoas escolhem nomes estranhos.

Continuo lendo e encontro alguns fatos interessantes. A mãe de Midnight era uma dançarina exótica, e alguns relatos a listavam como stripper. Ela também era conhecida por ter um problema com o uso drogas. A Midnight terminou em um orfanato, mas depois saiu aos dezoito anos. Parece que ela nunca terminou o ensino médio. Talvez ela realmente tivesse uma educação trágica. Sua mãe morreu há dez anos, quando Midnight tinha apenas catorze anos - provavelmente foi esse o motivo que ela tenha acabado em um orfanato. Não há menção a um pai na foto. A trama engrossa.

Emily anuncia que conseguiu para Midnight, uma vaga na melhor clínica de reabilitação do país. Localizada no Arizona, ela tem uma atmosfera de spa. Ela ficará isolada das fofocas de Hollywood e do resto do mundo por um período mínimo de trinta dias.

— É caro, mas vale a pena, acredito. As críticas são impressionantes, — diz Emily.

— Bom. Vamos deixá-la no nosso voo de volta para LA. — digo.

Misha anuncia que nossa equipe jurídica em Nova York está pronta para nós, se precisarmos.

— Bom trabalho, — eu digo. — Espero que identifiquemos essas pessoas ou pelo menos as rastreemos com a ajuda de Rashid. Eles não mostraram rostos nos vídeos e também usavam preservativo, o que corta nossas evidências. Talvez ainda restem drogas no sistema da Midnight

Farei o meu melhor para encontrar os filhos da puta que fizeram isso e fazê-los pagar - com ou sem a polícia.


Capítulo 03

HARRISON

Sua forma encolhida na cadeira no canto do quarto de hotel não me surpreende. Estou surpreso que ela não esteja chorando e enlouquecendo.

Estendo minha mão. — Midnigt, sou Harrison Kirkland, da The Solution. Nós vamos cuidar do seu caso aqui.

Uma lufada de ar sai de seu peito. — OK. — Sua mão trêmula e gelada sacode a minha. Ela se sente frágil, como se seus dedos quebrassem se eu apertar. — Você acha que pode ajudar?

— Acho que sim.

Olhos violeta encaram os meus. Me pergunto se ela usa lentes de contatos. Essa cor parece artificial.

— Primeira coisa. Sinto muito que isso tenha acontecido com você. É uma coisa horrível, e não posso fingir entender o que você está passando. Para ajudá-la, faremos algumas perguntas pessoais. Mas primeiro, você tomou banho?

— Não. — Sua voz é tão baixa e trêmula.

Na voz mais gentil possível, digo: — Bom. Isso significa que ainda pode haver evidência presente. Midnight, precisamos ir à polícia para poder denunciar o crime.

Seus olhos percorrem a sala, como se estivesse procurando freneticamente por uma escotilha de fuga.

Ela esfrega os braços como se estivessem congelando. — Não posso fazer isso. Sem polícia.

Puxo uma cadeira e sento ao lado dela. — Se não denunciarmos, esses caras podem ficar livres. Meus contatos aqui os procurarão, mas não há garantias de que possamos encontrá-los.

— Eu... eu simplesmente não posso ir. OK? Sem polícia.

Rapidamente olho para Misha e Emily. As duas encolhem os ombros.

— Tudo bem, mas e se chamarmos um dos especialistas em crimes com que lidamos e vermos se ele pode tirar um pouco de DNA de você? Talvez debaixo das unhas. Pode nos ajudar a pegar esses caras.

Gestos bruscos acompanham seu queixo trêmulo. — N-Não.

Ela precisa entender a importância disso. Inclinando-me para a frente, digo: — Midnight, se não relatarmos isso em breve, podemos perder nossa oportunidade.

Ela morde o lábio. — P-posso falar com você em particular?

— Certo. Todos? — Balanço minha cabeça em direção à porta. Eles limpam a sala, deixando nós dois sozinhos.

Sua voz é hesitante quando ela começa. — Se... se eu for à polícia, isso irá expor algumas coisas. Algo do meu passado, que não quero que seja revelado.

— Compreendo. Mas a polícia será nossa melhor opção para capturar esses caras, se é isso que você quer que aconteça.

Suas pálpebras tremem. — O que eu quero é que isso desapareça... desapareça.

— Certo, e nós vamos ajudar com isso. Mas a polícia...

Sua boca endurece. — Sem polícia. — Ela faz uma pausa. — É difícil dizer... e é algo que ninguém sabe, Sr. Kirkland, mas eu costumava trabalhar na indústria pornô. Se isso vazar, eu estarei acabada. Absolutamente nada polícia. — Ela pula da cadeira e caminha.

Merda. Isso pode mudar completamente o jogo. — OK, eu entendo. Esta é totalmente sua decisão. Só não quero que você se arrependa de não denunciar isso como crime, desde que foi vítima.

Ela apenas assente.

— Há quanto tempo foi isso? — Pergunto.

— Uns anos. — Porra. Não há tempo suficiente para que as pessoas a tenham esquecido.

— Quantos filmes?

— Não me lembro. Usei um nome diferente. Eu tinha cabelos loiros e usava lentes de contato castanho, e mudei de nariz desde então.

— Eu vejo. Então, a meu ver, temos duas opções. Um é a polícia, da qual você não é a favor, e dois é o controle de danos. Esse era o plano B, mas acho que vamos direto ao assunto sem o benefício da polícia. Tem certeza de que é isso que você quer fazer?

— Sim. Sem polícia. — Ela enfatiza as palavras.

Essa terá que ser a melhor opção. Se a polícia investigar seu passado, a parte pornô seria revelada, e então o que faríamos? As pessoas, sendo o que são, diriam que ela merecia o que recebeu.

— Deixe-me trazer a equipe de volta. Eles precisam ser informados disso. Você está bem com isso? — Ela assente.

Quando estamos novamente reunidos, digo: — A Midnight decidiu que não há polícia, então vamos continuar. Midnight, quero saber tudo o que você fez ontem, desde o momento em que acordou até quando isso aconteceu. Não deixe de fora nenhum detalhe, mesmo quando você urinou. Fui claro?

A boca e os olhos dela combinam na forma de enormes círculos. — Tudo?

— Sim. É importante. Emily, você está pronta?

— Pronta.

Emily gravará tudo para não perder nenhum detalhe. Preciso saber se Midnight é viciada em drogas ou se é realmente uma vítima inocente.

— Comece do começo, — eu digo.

Ela começa seu voo de Los Angeles e avança para sua sessão de fotos.

— Então eu fui jantar com Danny. O produtor. Depois fomos a um clube.

— Qual clube? — Ela nomeia o lugar e eu digo ao Leland enviar alguém para verificar suas fitas de segurança.

Voltando à Midnight, pergunto: — Então, você confia neste Danny?

— Sim. Ele foi embora com outra mulher. Eu estava dançando com um cara. Ele parecia bom o suficiente.

— Me fale sobre ele. Quero detalhes.

— Cabelo alto e loiro. Não conseguia ver a cor dos olhos dele porque estava muito escuro no clube. O nome dele era John. Tenho certeza de que era falso. Ele tinha uma voz legal. Ele usava jeans e uma camisa de botão. Azul claro, eu acho.

— Quão alto?

— Não sei. Não sou boa nisso, porque sou muito baixa.

— Você pode tentar? Nós precisamos de um número.

Ela olha para mim e depois faz um gesto com a mão. — Levante-se. — Eu faço, e ela também. — Quão alto é você?

— 1, 75.

— Ele provavelmente tinha 1, 80 então.

— Boa. Seu cabelo era grosso, fino, careca?

— Fino. Não é grosso como o seu.

— Alguma marca na pele dele? Tatuagens, marcas de nascença, cicatrizes?

— Nada que eu pudesse ver. As mangas eram compridas. Houve alguma coisa no vídeo que você notou?

— Infelizmente, o vídeo só o pegou por trás.

Ela se senta e eu noto como ela se contorce e encolhe na cadeira.

Me agacho ao lado dela. — Olha, eu sei o quão desconfortável isso deve ser, mas estamos apenas tentando descobrir quem fez isso e por quê. Midnight, temos um plano, mas se pudermos pegar esses idiotas, conseguir algo que possa nos levar a eles, podemos impedir que isso aconteça novamente.

Sua expressão está horrorizada. — Novamente? Eles fariam isso comigo de novo?

— Eles poderiam fazer isso com outra pessoa, se não você especificamente. É por isso que precisamos detê-los. Pelo que vi, isso não parece ter sido a primeira vez. Eles não deixaram nenhum tipo de trilha. Um novato teria.

Acontece que a Midnight é muito cooperativa. Quando ela decide cooperar, é a minha vez de ir trabalhar.

Vou direto ao ponto quando pergunto: — Você já usou drogas no passado?

— Não, eu não uso drogas.

— Nunca?

— Não! Posso tomar um drinque ocasional e já fumei maconha uma ou duas vezes, mas não uso drogas. — Ela se abaixa, enfia a mão na bolsa e pega um punhado de ursinhos de goma.

— Misha, faça-a fazer xixi em um copo para nós. Precisamos de uma triagem de drogas.

Midnight sai da cadeira, os olhos pegando fogo. — Eu te disse, eu não uso drogas.

— Acalme-se. É uma questão de descobrirmos com o que eles drogaram você. — digo a ela.

— Oh, — diz ela. — Desculpe. — Então ela coloca um ursinho na boca.

Misha a leva ao banheiro para um exame de urina. Quando elas voltam alguns minutos depois, Leland contata um mensageiro para entregar a amostra a um centro de triagem de medicamentos com instruções para resultados rápidos.

— Tenho certeza de que as drogas estão fora do seu sistema, mas se eles a atingiram com heroína, ela ainda deve estar presente, — digo.

Ela se recosta na cadeira, pega mais ursinhos de goma e enfia os pés debaixo dela.

— Como você não tomou banho, vamos dar um tempo para que você possa tomar. Isso parece bom?

— Sim, sim.

— Todo mundo, vamos dar a ela trinta minutos. Nós voltaremos.

Midnight acena com agradecimento.

Nos reunimos em minha suíte, que inclui uma sala com uma mesa grande com capacidade para seis. É hora de reunir meus pensamentos. A Midnight parecia um inferno - áspera e destruída.

— O que você acha? — Pergunto ao Leland e Emily.

— Ela está dizendo a verdade. Lidamos com mentirosos suficientes para encontrar um quando o vejo. Mentirosa, ela não é. Ela tem muito com o que lidar, mas terá que superar isso. — diz Emily.

— Concordo, — diz Leland. — Ela tem fogo e verdade nela.

Vi o mesmo fogo. Além disso, ela está assustada demais para estar mentindo. Os vídeos foram horríveis. Ninguém faria isso e mentiria. Recostando-me, bato os dedos na mesa. — Não sei se ela vai gostar do nosso plano, mas é a única coisa que sei que salvará sua carreira. Farei o meu melhor para convencê-la.

Emily ri. — Você sempre faz.

Meu telefone toca com uma mensagem de texto de Misha, que ficou para trás com Midnight. Ela nos diz que é bom voltar.

Eu atiro de volta. Ela se sentiria mais confortável na suíte?

Alguns segundos depois, a resposta é que elas estão a caminho.

Pego o telefone e peço café da manhã e café para todos. Todos nós poderíamos comer algo.

Misha chega com a Midnight atrás dela. Eu as tenho sentadas à mesa. O cabelo preto da Midnight está molhado e ela não usa maquiagem, mas isso não altera sua aparência. Ela é muito atraente. Somente as olheiras profundas e escuras à espreita sob seus olhos estragam sua pele perfeita e revelam seu desespero.

Ela se enrosca enquanto se senta. Isso não pode acontecer. Preciso de força, não alguém que pareça danificada.

— Pedi comida e café para que chegasse imediatamente. Preciso fazer uma ligação, se você me der licença.

Quando estou no quarto, ligo para Rashid. Com suas habilidades de hackers, não demoraria muito para encontrar o paradeiro dos filhos da puta que fizeram isso. Quando ele me diz o que descobriu, quero esmagar meu punho contra a parede. Eles usaram seu próprio telefone para gravar e enviar os malditos vídeos. Estamos em um beco sem saída aqui.

— Nós sabemos onde ela estava quando aconteceu. Você pode de alguma forma invadir as fitas de segurança do hotel para ver com quem ela estava?

— Se eles são circuito fechado, não serão de muita ajuda além de uma identificação visual, — diz ele.

— Verdade. Talvez eu possa convencer o hotel a nos dar mais informações.

— Se você puder fazer isso, talvez eu possa ajudá-lo a identificá-los.

Todo mundo está tomando café e comendo quando eu me junto a eles. A Midnight bica um pedaço de torrada como um pássaro.

— Você deveria comer mais do que isso. Ajudará as drogas saírem do seu sistema mais rápido. — digo.

— Era heroína. Estou quase certa disso. Foi pura euforia, algo que nunca senti antes. Já vi algumas pessoas nesse estado. Não dava a mínima para nada.

Descansando as palmas das mãos na mesa, eu me inclino para perto dela e suavemente digo: — Aconteça o que acontecer, nunca faça essa merda novamente. Só estou lhe dizendo isso para sua proteção. A taxa de dependência com essa droga é assustadora.

— Eu te disse, eu não uso drogas.

— A tentação pode ser alta, já que você sabe como isso a fez se sentir. Mas a próxima vez não vai fazer você se sentir assim. — digo.

— Você tem algum problema de audição? Eu. Não. Uso. Drogas. — ela cospe.

Sorrio. — Bom. Agora que esclarecemos isso, vamos continuar. — Me sentando digo: — Quero todos os detalhes do que aconteceu depois que você acordou.

Ela fala sobre o sentimento de pânico e como saiu correndo do hotel, preocupada que eles voltassem e a encontrassem novamente. É aqui que ela trava.

Dou-lhe um momento para se recompor, depois começo com mais perguntas. Isso é fundamental, enquanto as coisas ainda estão frescas em sua mente. — Você se lembra de vozes.

— Sim. Uma mulher e dois homens.

— Você tem certeza? — Pergunto.

— Sim. — Ela é inflexível. — Isso eu lembro, mas não muito mais. Não conseguia mover meus tornozelos. Também lembro disso. Quando acordei e vi a... — ela se contorce em seu assento, — aquela barra de separação lembrou-me de não poder e fazia sentido o por que.

— Essas pessoas sabiam exatamente como não ser pegos. Meu palpite é que eles já fizeram isso antes. É por isso que eles usaram seu telefone para enviar os vídeos, — eu digo.

Ela se inclina para frente. — Meu telefone? Eles usaram meu telefone?

— Infelizmente sim. — Odeio aquele olhar de desespero gravado em seus olhos.

Uma mão flutua em direção ao rosto dela, mas depois cai na mesa. — Isso está piorando. Já é ruim o suficiente que Alta queira cancelar meu contrato. Tenho certeza que Holt está feliz.

— Holt Ward? Você quer dizer o seu colega?

— Sim, eu não sou exatamente sua pessoa favorita.

Isso coloca uma nova reviravolta nas coisas. — Você acha que ele possa ter algo a ver com isso?

Sua boca se inclina, então se abre. — Oh, eu não... bem, ele tem sido um pouco desagradável comigo, mas eu duvido que ele se incline para este nível. Além disso, eu estava com Danny, não com Holt.

— É verdade, mas e se ele tivesse seguido você?

— Não posso acreditar que ele poderia me odiar tanto.

Recostando-me na cadeira, aceno para Leland. — Essa é uma vantagem que precisamos seguir. Quero Holt Ward verificado. Quero seus registros telefônicos examinados. — Leland se levanta para ligar para Rashid. — Rashid terá uma resposta em pouco tempo. E isso pode levar a quem fez isso.

— Então, esse é o nosso plano, Midnight. Você vai para reabilitação.

— Reabilitação? Mas eu não uso drogas!

— Não importa. Como você não deseja denunciar isso como crime, não temos outra opção. O mundo viu você com uma agulha e uma seringa no braço, sendo pega por dois rapazes e uma garota com todos os tipos de brinquedos BDSM e gostando. O que parece e o que realmente aconteceu são duas coisas diferentes, mas é a percepção do público que conta. Sei que isso é difícil de ouvir, mas a reabilitação é a única solução plausível que podemos encontrar, já que você não quer ir à polícia. Você anunciará que cometeu erros e agora está pronta para resolver seus problemas. O público realmente vai gostar disso. Eles vão comer na sua mão.

— Mas é uma mentira, — ela insiste, os olhos cheios de lágrimas. Então ela envolve os braços em volta de si mesma.

Me afasto das emoções dela. É um mal necessário. É triste, sim, mas meu trabalho é não sentir pena dela. Meu trabalho é limpar a pilha de merda em que ela caiu.

— Midnight, o público viu esses vídeos horríveis de você sendo estuprada, exceto que aqueles homens fizeram parecer que você estava gostando. Nós os tiramos o mais rápido possível, mas isso não impediu as pessoas de tirar prints e postar memes ou cavar seu passado. Minha pergunta para você é: você quer ficar com a Alta?

— Sim, — ela chora. — Fui a vítima. Não fiz nada errado.

— Você não parece ouvir o que estou dizendo. As pessoas não se importam com a verdade. Eles só se preocupam com o que é a melhor história. Eles não se importam com o fato de você ter sido uma vítima inocente. Eles acreditam que você concordou com tudo isso. Não vamos mudar de ideia, já que a polícia não esta envolvida, a menos que você decida denunciar o crime. E se alguém fizer algum tipo de escavação, poderá descobrir que você fez a distribuição.

— O que? Mas eu não fiz nada disso!

Com uma voz suave, digo: — Sei disso, minha equipe sabe disso, e você também, mas o que sabemos não importa. Você só precisa se preocupar com a percepção do público, porque são eles que podem fazer ou quebrar você. Você deve ouvir o que estou dizendo e ouvir com atenção. Você vai fazer uma declaração. Você vai dizer que a reabilitação é o seu destino. Depois de perceber que precisa de ajuda, acredita que este é o melhor a ser feito.

Depois, explico que mostraremos como viver em um orfanato a afetou, como ela nunca sofreu a morte de sua mãe e por que ela entrou em uma vida de abuso de drogas.

Ela enterra o rosto nas mãos. — Não posso dizer isso.

— Por que não? Fiquei com a impressão de que você queria salvar sua carreira.

— Sim, mas trazer o orfanato... é muito... cru.

É quando percebo as rachaduras no exterior dela. A Midnight não é tão forte e animada como todos imaginávamos. Mas isso não importa. Agora é quando ela precisa cavar fundo e encontrar forças para superar o que aconteceu. — É exatamente por isso que estamos fazendo.

Ela voa da cadeira e o ritmo começa. — Você sabe alguma coisa sobre orfanatos? — ela pergunta.

— Um pouco. — A verdade é que estou tão longe disso. Minha infância foi idílica. Meus pais eram perfeitos e ainda são. Eles devem ser colocados em pedestais. Perante a Deus, eles são os maiores seres humanos que já respiraram ar.

O ceticismo cobre sua voz enquanto ela esfrega os olhos. — Coisas aconteceram lá. Coisas ruins. Não quero que essa lata de vermes seja reaberta.

— Já foi aberto. As pessoas sabem.

Olhos violetas travam nos meus. — O que eles sabem?

Pego meu telefone e pesquiso o nome dela. Um clique e eu estou lá. Sua biografia aparece e na página, fala sobre Phoenix, o orfanato, a morte de sua mãe e assim por diante. Entregando o telefone para ela, eu digo: — Aqui, veja você mesmo.

Também posso ter colocado um punho na cara dela com a maneira como ela reage. O que há com isso? Por que ela está com tanto medo disso?

— O que você não está nos dizendo, Midnight?

— Nada. — Ela olha para mim, mas se encolhe depois de um minuto. Ela está escondendo algo e pretendo descobrir o que é.

— Podemos ter um momento, todo mundo? Emily, pare a câmera, por favor.

Misha diz: — Harrison, eu não aconselho isso.

Ofereço a ela um meio sorriso. — Sabia que você não faria. Mas vai ficar tudo bem.

A equipe sai, deixando Midnight sozinha comigo.

— Este é realmente um momento de merda para você. Entendi. Mas, para ajudar, preciso dos fatos, e você não está dando todos eles para mim. Conte-me sobre o orfanato. O que você está escondendo?

Seu lábio inferior treme levemente. — Simplesmente não era um ótimo lugar para se estar. Isso é tudo.

— Não, isso não é tudo. Você foi para lá depois que sua mãe morreu, certo?

— Antes. Ela era viciada em heroína, e é por isso que nunca vou usar. Lembro dela me deixando e indo trabalhar. Ou é o que ela dizia de qualquer maneira. Mas eu sabia melhor. Ela ia procurar drogas. O Departamento de Segurança Infantil finalmente me tirou de casa. Tenho certeza de que um dos meus professores a entregou, provavelmente porque eu estava chegando atrasada ou perdendo a escola por completo. Lembro de nós duas chorando uma pela outra enquanto eles me arrastavam para longe. Eu só a vi algumas vezes depois disso, e então ela estava morta.

Despejo outra xícara de café e ofereço uma. Ela recusa.

— Você vai odiar ouvir isso, mas essa é uma história que o público iria adorar. Eles cairiam diretamente em suas mãos, pense nisso.

— Não! Não quero que eles gostem de mim por causa disso.

— Pode ser sua única opção. E foi por isso que você se voltou para as drogas.

— Não virei para...

Ela para quando vê minha testa franzida.

— Tudo bem eu já entendi. Eles não querem a verdade. Eles só querem o último pedaço de fofoca em que possam afundar seus dentes estúpidos.

Me inclino nos cotovelos. — Exatamente. Agora você está começando a entender. Então nós agiríamos. E eles vão te amar mais do que nunca. No final, a Alta pode até elevar seu contrato. Quem sabe?

— E se eles me despedirem?

— Eles não vão. — Ela continua torcendo os dedos. — Midnight, o que você não está me dizendo?

Ela morde o lábio já rachado. — Nada. Fui abusada, minha mãe tinha um vício, fiz filmes pornográficos e fui estuprada. Isso não é suficiente?

— É muito mais do que a maioria das pessoas já teve que lidar. Mas ainda quero que você concorde em ir para reabilitação por trinta dias e depois faça a declaração. Eu sei que vai fechar o acordo.

— Eu nem vou saber o que dizer.

— Você não precisa se preocupar com nada. É aí que entra minha equipe. Nós escrevemos e você ensaia, exatamente como um script. Faça como se sua vida dependesse disso. No final, você vai nos agradecer por salvar sua carreira. Quem sabe você pode ganhar um Oscar. — É verdade, mas ela não acredita em mim.

— Ok, eu vou fazer isso. Uma pergunta, estarei realmente em reabilitação por trinta dias?

— Sim, talvez mais, mas você estará nas melhores instalações. Será como um spa.

Ela assente. Ligo para a equipe, entro no computador e faço uma pesquisa em Lusty Rhoades. Ela certamente era ativa, não o nome familiar de algumas das principais estrelas da pornografia, mas fez alguns filmes.

Rashid vai trabalhar, certificando-se de que não há nenhuma conexão entre Lusty e Midnight. Isso vai demorar um pouco.


Capítulo 04

MIDNIGHT

Harrison Kirkland é uma força da natureza. Alto e largo nos ombros, o homem irradia força. O que quer que ele coloque no café deve ser incrível, porque a energia que sai dele é contagiante. Ele é tão confiante e seguro das coisas, para não mencionar dominante e sexy. Nunca encontrei alguém como ele antes. Quero confiar nele, eu quero. Mas depois de tudo o que passei, é difícil acreditar que essa ideia dele funcione. E depois há toda a outra questão do orfanato. Ele não pode cavar isso. Se eles abrirem essa parte da minha vida, não há uma chance no inferno de eu sobreviver.

Além disso, estou preocupada com o que ele pensa de mim. Mesmo que eu não devesse dar a mínima, não quero que ele pense que sou apenas um pedaço de merda. Não posso voltar à indústria pornô ganhando a vida, chupando e fodendo. Mesmo sendo minha escolha, certamente não teria sido a minha primeira. Era uma maneira suja e nojenta de ganhar a vida. Não vou tolerar isso novamente, então o plano dele tem que funcionar. Além disso, se não, não tenho certeza de como poderei pagar sua pesada taxa. Quando Rita me disse quanto ele cobrou, eu quase morri.

Paramos para almoçar e depois nos reunimos na pequena sala de conferências com mais perguntas e respostas. Harrison sai algumas vezes, apenas para retornar com informações sobre quando vou fazer esse anúncio falso. Ele quer que seja feito amanhã. Meu intestino da sinal quando a tontura quase me supera.

— Você está bem? — alguém me pergunta.

— Eu não me sinto bem.

— Você comeu? — Harrison pergunta, enquanto se inclina sobre a mesa, descansando as mãos perto de onde eu me sento.

— Não muito. É um pouco difícil quando meu estômago está com um nó.

— Emily, chame o médico. Ela precisa de algo para acalmá-la.

— Sem médico. — Trago as palavras. É um curativo para uma ferida aberta e não resolve nada.

— Tudo bem, mas você provavelmente deveria ser vista de qualquer maneira. Pelo menos para garantir que está tudo bem, — diz Harrison. A voz dele é gentil e é a primeira vez que presto muita atenção ao rosto dele. Os olhos dele estão quentes. Eles são castanhos escuros, tão escuros que parece que mergulhei em um abismo. Ele veste um terno e tem uma aparência muito profissional. Ele é bonito. Holt, não é tão bonito assim. Mas ele é muito melhor, com certeza. Ele estará ganhando muito dinheiro comigo. Minha conta bancária será esgotada após esta provação. O bom é que não precisarei pagar a ele se o plano falhar. Ele deve estar confiante de que não irá

— OK. Se você pensa assim, — digo. Um deles chama um médico e tudo o que posso dizer é que eles devem ter algumas conexões sérias. Trinta minutos depois, um médico aparece com uma daquelas pequenas maletas preta. Normalmente, leva uma eternidade para ver um médico de onde eu venho.

Ele me leva para o outro quarto, provavelmente o quarto de Harrison, e me examina. Minha pressão arterial está baixa e ele me diz que preciso comer e beber porque provavelmente estou desidratada. Sem o resultado dos exames de sangue, não há muito mais que ele possa fazer.

Quando voltamos, Harrison explica que eu testei positivo para heroína. Isso é novidade para mim, pois ainda não haviam compartilhado isso.

— Legal da sua parte me contar. — Meu tom carrega mais do que uma pitada de ironia.

— Estávamos nos preparando, mas você se sentiu mal, — diz Misha.

— Não é uma surpresa, realmente. Quando senti a picada da agulha na minha veia, não conseguia imaginar o que mais poderia ser. Por causa do abuso de drogas da minha mãe, eu já havia lido o suficiente para saber quais eram os efeitos.

— Havia também vestígios de GHB presentes, e é isso que eles colocaram na sua bebida. É uma droga de estupro. — Harrison me entrega o relatório da minha triagem de urina. Nenhum outro medicamento estava presente.

— Espero que você acredite em mim agora que não uso drogas, — digo.

Ele está sentado à mesa grande, mas se levanta da cadeira e fica diante de mim. — Você precisa esclarecer algo. Não é uma questão de acreditar em você. Não sou seu juiz, júri e carrasco. O público é. E, para sua informação, acreditei em você quando me contou. Por isso pedi que você fosse à polícia.

Isso me faz sentir melhor? Na verdade não.

O médico avança. — Nessas circunstâncias, você provavelmente ainda está sentindo os efeitos secundários de ambas as drogas. Aconselho que você beba bastante líquido e coma, Drake. Você se sentirá melhor amanhã, — diz ele.

Uma risada histérica vaza de mim, mas aperto a mão na boca. Estou soando um pouco louca e me sentindo assim também. É difícil acreditar que, há menos de vinte e quatro horas atrás, eu estava no topo do mundo, pensando que as coisas finalmente haviam mudado a meu favor. Outra risada ameaça irromper pelos meus lábios, mas eu os pressiono e seguro. Este não é o momento de deixar minha loucura solta. Preciso segurar minha merda. As lágrimas podem fluir quando eu voltar para o meu quarto hoje à noite.

— Comer. Beber. Entendi. Obrigado, doutor.

Ele concorda e Harrison o leva até a porta. Tenho certeza que eles estão falando sobre mim, mas quem se importa. Estou fazendo o meu melhor para não deixar todos os meus pedaços desmoronarem.

Meu telefone toca, quase atirando para o teto. Pegando a coisa, verifico o identificador de chamadas. — Desconhecido. Não vou atender isso.

— Atenda, — Harrison diz severamente. — E coloque no viva-voz.

— Não. Não sei quem é.

— É por isso que você vai atender.

Atendo. — Olá. — Toco no botão do viva-voz, como Harrison instruiu.

— Senhora Drake?

— Sim.

— Nós só queríamos ver como você está se sentindo hoje.

— Quem é?

— Um amigo. — Ele ri. A voz soa vagamente familiar.

Harrison, que faz um gesto para todos enquanto andam como pequenos ratos, me distrai. Eu nunca vi pessoas se moverem tão rápido na minha vida. Então a linha fica muda.

— Foda-se, — Harrison explode. — Por que você não disse alguma coisa? Era ele, não era? Você deveria ter continuado falando.

— Não sabia o que dizer. Ele me assustou. — Minha voz soa pequena até para meus ouvidos. Até ele está me assustando agora, gritando comigo assim.

— Se você receber uma ligação assim novamente, tente manter o cara na linha. Apenas continue falando. Fale sobre qualquer coisa, o clima, seu gato, eu não ligo para o quê. Apenas diga algo.

— Não quero falar com ele. Você gostaria de conversar com seu estuprador?

Ele solta um suspiro longo e frustrado. Sei que ele está tentando ajudar a pegar o cara, mas ele não sabe como foi. Ele não pode saber. Fui violada e não sei por quem. É nojento, mas ainda quero ver o rosto deles. Eu quero olhar nos olhos deles e perguntar se eles estão orgulhosos do que fizeram. Também quero voltar para o banho e esfregar cada centímetro da minha pele até ficar crua e sangrando. Talvez então eu sinta algo novamente. Talvez a dor diminua a dormência que invadiu minhas células cerebrais.

— O que você está pensando? — Harrison pergunta.

A veemência que explode em mim me faz recuar, mas digo a ele.

— A raiva é melhor do que sentir pena de si mesmo, — diz Harrison.

Perco a paciência novamente. — Cale a boca por um maldito minuto. Você acha que sabe tudo, mas não sabe. — E eu saio da sala. Preciso de espaço... preciso respirar, fugir por um minuto. Meu quarto não fica longe do dele e não paro até chegar lá.

Meu peito se agita e minhas bochechas estão molhadas com minhas lágrimas. Paro na frente do meu quarto, tento abrir a porta, mas sinto uma presença atrás de mim. Quase grito.

— Sou eu, — diz Harrison.

— Maldito! — Digo, dando um tapa nele como se eu fosse um inseto. Bati em qualquer lugar que posso, só que sou fraca e ineficaz, suas mãos trancam meus pulsos, interrompendo tudo.

Há uma ligeira curva ascendente na boca dele. Ele está rindo de mim? — Você é um idiota, rindo de mim assim.

— Não estou rindo de você. Estou rindo do jeito que você está me golpeando. Eu não sou um mosquito.

— Seu filho da puta. — Tento soltar minhas mãos, mas ele as segura com força.

De repente, estou olhando para o desamparo dessa situação e isso me irrita. Não quero perguntar por que eu, mas por que eu?

Harrison pega a chave de mim e abre a porta, me levando para dentro. Então ele me senta e enfia um maço de papel em minhas mãos em concha. Ele não é exatamente do tipo quente e carinhoso, mas agora, eu não me importo. Tudo o que quero fazer é me enrolar na cama e chorar até dormir.

A próxima coisa que sei é que um copo de água é enfiado na minha mão. — Beba isso.

Não tenho forças para fazer objeção.

— Eu disse beba, não cuidar da maldita coisa.

Levantando os olhos, pergunto: — Você tem que ser um idiota?

— Neste momento, sim. Você foi drogada, provavelmente está desidratada e comeu o suficiente para um filhote de passarinho. Se você não se abastecer, terá mais desses colapsos e amanhã será uma merda.

Ele é de verdade? Fungo e digo: — Já lhe ocorreu que estou lidando com muita coisa agora?

Sua voz suaviza. — Sim, e só vai piorar nas próximas vinte e quatro horas. É por isso que você precisa beber e comer.

Engulo mais líquido, mas minha barriga se rebela. Estou enjoada. É difícil colocar qualquer coisa no estômago quando você sente que vai voltar.

— É assim porque você não comeu.

— Oh, você também é médico agora?

— Não, eu sei que você precisa disso. Agora beba.

Engulo a maldita água só para fazê-lo calar a boca. Talvez eu vomite em todo o seu traje chique. Infelizmente não o fiz.

Atiro a ele um olhar desagradável. — Satisfeito?

— Sim. Agora, conte-me mais sobre o orfanato.

Endureci e olho para o outro lado. Ele não vai tirar essa informação de mim. — Não tenho mais nada a dizer além de eu ter ido para lá e assim que completei dezoito anos, saí do inferno. Fim da história.

— Não, não é. Tem mais.

Eu o perfuro com um olhar. — Me escute. Já mostrei o suficiente para o público, sem trocadilhos. Vou contar a eles um monte de mentiras, porque você acha que é a melhor coisa a fazer. Mas o que não vou fazer é abrir minha vida de adolescente para eles apreciarem. Você pode gritar, você pode implorar. Não dou a mínima para o que você faz, mas esse livro permanece fechado.

Um pequeno músculo se contrai em sua bochecha. Ele está chateado, muito. Minha vida está fodida de qualquer maneira. Se ele salvá-la, vou comer minha própria calcinha. Mas sou inflexível quanto a não compartilhar essa parte da minha vida.

— Você obviamente não se importa com esse contrato, então.

— Sim eu me importo. Mas o que eu mais me importo é que todo mundo ira saber coisas que nunca deveriam ser reveladas. Muito obrigado, mas esse livro permanecerá fechado. E por favor, não traga isso à tona novamente.

Ele esfrega a mandíbula, a barba curta raspando contra os dedos.

— Como você reagiria se estivesse no meu lugar? —Pergunto.

Ele caminha até a cadeira ao lado da minha e se senta. Suas pernas longas se estendem na frente dele, e então ele cruza os tornozelos.

— Odiaria cada segundo, mas ouviria os especialistas. É difícil comer um sanduíche de merda, mas às vezes você faz o que precisa.

Eu não sei disso? Quantas vezes eu comi merda na minha vida? Demais para contar e, pelo que parece, vou estar comendo por quem sabe quanto tempo.


Capítulo 05

HARRISON

Ela não vai recuar. Tudo o que eu quero é que ela nos entregue um petisco, um pedacinho do qual o público possa se agarrar e eles a amarão para sempre. Porque eles sentirão muito por ela, vão querer abraçá-la como um bebê. Mas ela não quer nada com isso.

Verifico a hora e vejo que são quase seis horas. Vou me encontrar com Prescott em uma hora, então é melhor fazer deste o maior show da Terra.

— Você se lembra de Marilyn Monroe?

Ela aperta os olhos. — Serio?

Ignoro a pergunta. — Você se lembra como eles a encontraram?

— Morta? — O sarcasmo não é sua melhor característica. Amo um pouco de atrevimento em uma mulher, mas o sarcasmo me atinge em todos os lugares errados. Mordo minha língua.

— Não apenas morta. Morta por overdose de drogas.

— O que tem isso?

— Você se lembra de todas as teorias da conspiração sobre as quais todos falaram?

Ela franze os lábios carnudos e diz: — Acho que me lembro de algo sobre eles. — Quero dizer a ela para cortar a piada.

— Como se fosse um sucesso da Máfia, porque ela estava muito perto de JFK. Ou alguém do alto escalão do governo a derrubou para impedir que ela fizesse algo.

— Então? O que isso tem a ver comigo? Você acha que alguém está tentando me matar?

— Nem um pouco. Se eles a quisessem morta, você e eu não teríamos essa conversa. O que estou dizendo é que a morte de Marilyn Monroe evocou e ainda evoca tanta simpatia nas pessoas, que ainda penduram pôsteres dela em todos os lugares. Pode ser você, menos a parte moribunda, é claro.

Essas íris intensamente violetas procuram as minhas por respostas, e isso me arrepia. Midnight Drake não é uma mulher superficial. Tenho a sensação de que ela prefere ficar lá e ser açoitada até a morte do que se curvar sob a pressão de alguns insultos. Ela não é um gatinho esperando a primeira pessoa aparecer para acariciá-la e alimentá-la. Em vez disso, aqui está uma tigresa ferida, disposta a lutar por sua vida. Eu só preciso afiar suas garras, porque agora, elas são maçantes e escondidas.

— Não estou à mercê do meu vício em drogas, esperando o primeiro homem aparecer e me resgatar, senhor presidente. — Ela diz isso no tom ofegante que Marilyn usou uma vez em uma festa de aniversário para JFK.

— Nunca indiquei que você estava. Tudo o que eu disse foi que poderia ser uma grande manobra criar uma resposta compreensiva.

— Ugh, — ela bufa, mais para si mesma do que para mim.

— Deixe-me reiterar. Muitas pessoas viram você em uma posição comprometida no YouTube. Foi enviado do seu telefone. Quem sabe quantas pessoas viram antes de ser excluído. Você tinha uma seringa cheia de heroína presa na veia. O que mais você precisa para mostrar ao público que é um acidente? Sei que isso é terrível, pior do que qualquer coisa que você deva passar, e sinto muito por isso. Mas tudo o que estou sugerindo é que você dê ao público o que eles já sabem, exceto que ajuste um pouco. Diga a eles o por trás disso.

Ela se levanta e caminha. Novamente. — Passei os últimos anos fugindo disso. Evitando. Agora você quer que eu passe por isso.

— Então é por isso que você era uma estrela pornô. Faz todo o sentido para mim. E será para eles.

Ela tenta me empurrar, mas eu agarro sua mão. — Não vou dizer isso a eles!

— Não estou pedindo para você dizer, — eu digo.

— Você sabe o quanto é difícil ganhar uma vida honesta?

— E a pureza da indústria de entretenimento tripla classificada como X é o caminho a seguir, não é? — Pergunto. É hora de ser duro com ela. Esta é uma parte do meu trabalho que não me interessa particularmente, mas para que eu realmente salve sua carreira, ela precisa ouvir meus conselhos.

Ela aperta a mandíbula e diz através dos dentes cerrados: — Eu precisava do dinheiro, então respondi a um anúncio para um papel no cinema...

— Eu sei. E um cara disse que ele poderia ajudar... e a próxima coisa que você sabe é que você está nua com um pau e as bolas no fundo da boca.

Ela lambe os lábios e engole em seco... Fico duro. Okaaaay, Harrison, de onde diabos isso veio? Geralmente fico longe dos meus clientes.

— Não foi exatamente assim, — diz ela.

— Mas estou perto, não estou?

Ela encolhe os ombros. — O que isso importa? Você vai acreditar no que quer, de qualquer maneira.

— E você vai fazer o que eu digo amanhã ou todo esse negócio está encerrado, eu a deixo, e você fica para cuidar dos abutres por conta própria. — Nós olhamos um para o outro antes que ela me dê um leve aceno de cabeça.

Eu clico meus dedos. — Eu a vejo desistir.

Depois de um longo suspiro, ela diz: — Fui abusada.

Não estou surpreso. — Foi por isso que você foi embora?

— Fugi alguns meses antes do meu décimo oitavo aniversário. — Ela olha para as mãos, que estão no colo agora que está sentada.

— Então, acrescentamos que você se voltou para as drogas para escapar da dura realidade do abuso de quando estava em um orfanato. É isso aí.

— E se ele ouvir e vier atrás de mim?

— Quem?

Ela solta um suspiro. — O homem que abusou de mim.

— Nós vamos lidar com ele. — O que ela não sabe é que se alguém aparecer para machucá-la, enterraremos o filho da puta. Não literalmente, mas ele nunca mais a tocará.

Seus olhos caem e depois voltam para os meus. O modo como às mãos dela puxam a barra do suéter me diz que ela não acredita em mim. É quando eu reconheço. Medo. Durante tudo isso - acordar em um quarto de hotel depois que ela foi drogada e estuprada, a perda potencial de sua carreira - eu nunca vi o que se esconde lá até agora. Terror cru e arrepiante. O que diabos aconteceu com ela naquela época?

Caio sobre um joelho e pego a mão dela, que é como um bloco de gelo. — Ele não vai chegar perto de você. Prometo. Sem nomes, sem datas, apenas as palavras, fui abusada. É isso, — eu digo.

Sua voz treme quando ela responde: — Eles vão me perseguir para obter mais informações. E eu não quero ser essa garota.

Em um tom suave, eu digo: — Você pode ser a garota que se levantou e se tornou a pessoa que sobreviveu. Não foi o que aconteceu?

Ela assente um pouco.

— Olhe para mim, Midnight.

Olhos grandes e cheios de terror olham de volta para mim. Foi-se aquela mulher de boca atrevida que queria socar meu rosto momentos antes. — Não sei o que aconteceu, e é da sua conta. Tudo que eu preciso é despertar a simpatia de seus fãs e possíveis fãs. Isso fará acontecer. — Pego a outra mão dela e acrescento: — Deixe-me fazer o meu trabalho e tornar seu nome um dos melhores em Hollywood. Então, talvez um dia, você possa ajudar a salvar outras pessoas do mesmo destino. Você decide. Isso lhe dará o poder de fazer o que quiser.

Ela olha de nossas mãos para meu rosto, depois de volta para nossas mãos. Eu a vejo assentir, apenas um pouco a princípio. Mas logo, deve afundar e ela finalmente diz: — Tudo bem. Mas tudo o que estou dizendo é que fui abusada na adolescência. Foi assim que meu uso de drogas começou.

— Perfeito. Quero essas palavras exatas. Nós as incorporaremos em nosso kit de mídia que enviamos a todos, juntamente com sua declaração em vídeo. Depois, levaremos você para o Arizona no caminho de volta para LA.

— Não no Arizona. Tem que haver outro lugar que eu possa ir.

— Tem a melhor reputação do país.

— É muito perto de onde eu fui criada. Preciso de distância.

Quando penso nisso, ela está certa. Talvez seja isso que aumente sua ansiedade.

Ligo para Leland e ele verifica. Quando ele me envia uma mensagem de texto, ele me fala de um lugar em Malibu com excelentes classificações que tem uma vaga. A Midnight parece mais agradável, o que eu gosto porque não vai exigir uma parada extra a caminho de casa.

Mando ele fazer a reserva.

— Você mora em Los Angeles, então Malibu será mais conveniente, pois está bem ali. Especialmente se eles precisarem de acompanhamento, — eu digo.

— Como eu vou conseguir isso? — ela pergunta linhas de preocupação vincando sua testa.

— Você não é atriz?

— Sim, mas eu costumo seguir um roteiro. Não sou uma mentirosa muito boa.

— Você terá que improvisar, então. Isso será ótimo para sua carreira. Mas você terá um roteiro para praticar.

— Improvisar está muito longe de mentir. Me sinto mal por mentir.

Espere até que ela esteja nesse setor por um tempo. Ela mudará de ideia quando a mentira se tornar uma ocorrência diária para salvar sua carreira. — Considere uma hipótese. Os conselheiros também a ajudarão com quaisquer problemas que você possa ter.

— Problemas. Ótimo. Provavelmente vão cavar tão fundo que ficarei presa pelo resto da vida.

Eu rio. — Você parece meus dois melhores amigos.

— Por quê? Elas estão carregadas de problemas?

— Você não tem ideia. — O que me lembra de que eu devo encontrar-me com Prescott em breve. — Odeio ter que deixar você, mas eu tenho um jantar.

— Não vá.

— Vou pedir a Emily para fazer o primeiro rascunho do seu discurso para amanhã.

— OK.

— Outra coisa. Fizemos uma checagem em Holt e ele estava limpo. Todos os registros telefônicos dele saíram. Não foram feitas chamadas para ninguém não identificável. O cara é bom, então você não precisa se preocupar com ele. Vejo você pela manhã.

Volto para o meu quarto e digo a todos o que aconteceu. Então saio para me encontrar com Prescott. Ele já está me esperando. Já faz um tempo desde que eu o vi e ele está um pouco gasto.

— Cara. — Nós abraçamos. — O que está acontecendo?

— Assunto velho. Então, Midnight Drake, hein?

— Sim. O que se passa contigo? — Pergunto.

— O que você quer dizer? — ele pergunta.

— Você não parece estar no seu jogo de Scotty de sempre.

— Besteira.

— Não, cara, estou falando sério.

— Vamos lá, Harry. Você esteve conversando com Weston?

Seguro as duas mãos no ar. — Não. Eu deveria saber disso. Qual é o problema aqui?

— Merda de família. O quê mais? Weston não contou a você?

— Não, você sabe como ele é.

Ele revira os ombros. — Você se lembra do que aconteceu no último Natal, certo?

— Oh, sim, você quer dizer a porra da meia-boceta. — Sua madrasta o acusou no jantar de Natal de bater nela, o que era completamente falso. O contrário aconteceu e, além disso, Prescott odeia a mulher. Seu pai acabou expulsando-o durante o jantar e eles estão em desacordo desde então.

— Tivemos outro desentendimento. Só que desta vez foi em uma reunião da Whitworth. Papai me chamou na frente de um monte de clientes e ficou muito desagradável.

— Você está brincando, — digo, inclinando-me sobre a mesa.

— Pareço que estou?

— Então o que aconteceu?

Ele ri amargamente. — Meu avô entrou em cena e ele tem tanta influência que difundiu a situação. Papai saiu depois. Foi extremamente estranho. O trabalho tem sido uma cadela desde então. Não que tenha sido ótimo desde o Natal, eu admito.

— Seu velho é um idiota. Por que você não corta relações com ele?

— Eu gostaria que ele se divorciasse da vadia com quem se casou, exceto que eles são o casal perfeito.

— Cara, você deveria vir a LA para uma visita. Sair um pouco. Tomar um ar fresco, sabe?

O garçom aparece e nos entrega os menus. Pedimos aperitivos e ele sai. Não consigo decidir o que pedir de entrada. A comida aqui é incrível.

— É uma maldita refeição. Se você não pode decidir, peça dois pratos, — diz Prescott.

— Você sempre faz isso? — Eu pergunto.

— Não, mas você está choramingando como uma menina, então eu pensei que isso te calaria.

Eu ri. — Você é um idiota.

— É o meu nome do meio.

O garçom coloca uma cesta de pão na mesa. Pego uma fatia e passo manteiga.

Conversamos sobre mais coisas e depois eu faço uma pergunta que ele não responde. — Prescott?

— O que? — Ele bebe o resto de sua bebida e sinaliza para o garçom por outro e enquanto ele chega, damos a ele a ordem do jantar.

Depois que o garçom se foi, eu aponto meu dedo para o meu amigo. — Veja? Eu tinha razão. Você não está bem. Algo está fodendo com você. Prescott Beckham tem tudo a ver com dinheiro e finanças, exceto quando ele enfia o pau no fundo da boceta de uma mulher. E agora, tanto quanto eu posso dizer, — ele se abaixa e olha embaixo da mesa, — não há uma mulher lhe dando um boquete, nem você está transando com uma debaixo da mesa. Mas eu pergunto a você sobre a franquia e as finanças de A Special Place, e você fica em branco.

Ele tem a cara de pau de usar uma expressão tímida. — Desculpe. Acho que minha mente vagou.

— Eu percebi. Quem é ela? E a razão pela qual pergunto é que você não está usando um visual irritado que normalmente reservaria para seu pai. Esse é um visual totalmente diferente, mais introspectivo eu devo que dizer.

— É mesmo?

— Sim, é. Desista, Scott.

— Ok, você nunca vai adivinhar quem eu encontrei.

— Jesus, me diga agora. Eu odeio quando as pessoas fazem isso. Só garotas fazem essa merda.

— Vivi Renard. — Ele diz o nome dela como se ela fosse uma deusa.

— Quem diabos é essa?

— Sim, você não se lembraria. Ela foi para Crestview conosco.

— Você transou com ela, como todas as outras garotas de lá? — Eu ri.

— Não, eu não transei com ela. Cristo. Não fodi todas as garotas da escola.

Minha testa praticamente bate no teto. Com quem ele está brincando? — Não estou comprando a ponte do Brooklyn, droga.

— Ela fez minha lição de casa.

— Só me lembro daquela garota gorda que você costumava pagar, mas o nome dela não vem à mente.

— A única, — diz ele.

— Você a encontrou? O brainiac? O que ela é física nuclear ou algo assim agora?

— Nem mesmo perto. Ela trabalha em uma cafeteria.

Me inclino para trás e pisco. — Você está fodendo comigo. Não é essa garota.

Conversamos um pouco sobre as coisas que faziam com ela em Crestview, até que o garçom entrega nossa comida.

— Então, conte-me sobre ela. Além de trabalhar em uma cafeteria.

— Na verdade acho que ela trabalha como TI deles. Mas ela não é mais gorda.

— Não? Como ela se parece? Detesto dizer isso, mas não me lembro do rosto dela.

— Está na média, — diz ele de maneira indiferente. Não compro por um segundo.

— Besteira. É por isso que você está fora do jogo habitual de Scotty. É a Vivi, não é?

— Não sei do que você está falando. A encontrei. Isso é tudo. Mas eu não vim aqui para discutir Vivi. Estou mais interessado em ouvir sobre Midnight Drake e seus vídeos.

Mostro um vídeo para ele e o faço prometer que não falará sobre isso, eu confio no meu amigo.

— Como você vai consertar isso?

— Está consertado. Amanhã, ela fará uma declaração, depois vamos levá-la para a reabilitação. Eles atrasam as filmagens por mais ou menos um mês, mas isso salva sua carreira. Criamos uma história sobre como ela foi abusada na adolescência e nunca contou a ninguém.

— É verdade?

— Sim. Mas ela não esta interessada em falar sobre isso. Aconteceu em um orfanato. Tive que tirar isso dela.

Nossos pratos estão vazios e o garçom entra para limpá-los.

— Harrison, o que vai acontecer com as pessoas com quem ela estava?

— Estamos trabalhando nisso.

— O que você vai fazer?

Minha expressão perde todos os sinais de amizade. — Não tenho liberdade para discutir isso.

— Justo. Não quero saber de qualquer maneira.

— Não, você realmente não quer. — Se eu contar, é mais uma pessoa com a qual tenho que me preocupar.

Prescott diz: — Então, vamos sair este lugar e seguir para o meu apartamento. Eu tenho uma boa maconha em casa.

— Na verdade, eu preciso voltar. Temos uma ligação de manhã cedo para repassar seu anúncio e depois fazer a limpeza. Você sabe como é. Ei, venha para a costa oeste. Seria uma boa viagem para você. Afaste-se disso tudo.

— Sim, eu posso fazer isso.

Ele não vai. Ele está dizendo isso há um tempo. Algo estranho está acontecendo com ele. Mas ele tem que descobrir por si mesmo, e eu tenho um prato cheio, a maioria ocupada por Midnight Drake.


Capítulo 06

Midnight

Quando a porta se fecha, eu corro para o banheiro, tiro a roupa e falo para mim mesma não vomitar. Visões de mãos sujas tocando minha pele continuam voltando para mim. Piora a cada minuto, fazendo-me sentir desagradável e suja, como a criatura vil que sou. Talvez eu deva esquecer isso... voltar ao pornô. Talvez seja a esse lugar que eu pertenço, afinal.

A água escaldante arde minha pele enquanto eu vejo os lembretes do que eles fizeram comigo. Imagens turvas aparecem, mas sem rostos, apenas mãos e dedos cavando minha carne. Não há dor ou prazer, apenas dormência. Eu deveria estar feliz por haver uma ausência de sensação, mas se eu sentisse dor, pelo menos haveria alguma coisa. É a falta de algo que me leva ao limite.

Agarrando pedaços do meu cabelo, eu puxo, tentando me fazer sentir. Só que isso produz memórias de um deles com a mão enrolada no meu cabelo. Sem esperança... é essa a minha situação. Harrison Kirkland está confiante de que tem as respostas, só que não tenho tanta certeza.

Terminando meu banho, limpo as gotas de água com a toalha macia. Estou me enrolando na toalha quando ouço uma batida suave na porta. Olho pelo olho mágico e encontro Misha ali.

— Oi, — eu digo, acenando para ela entrar.

— Eu pedi o seu jantar.

— Não estou com muita fome.

— Tenho ordens estritas para garantir que você coma, — diz ela com um sorriso.

— Tenho certeza que sim.

— Você quer que eu vá embora para que você possa se vestir?

— Não. Você provavelmente acha que eu sou obcecada em tomar banho.

— De modo nenhum. Não vou fingir imaginar como você se sente.

Seu olhar simpático me dá uma pausa. Pressiono meus lábios entre os dentes porque não quero falar sobre isso.

— Midnight, você mal conhece Harrison, mas quando ele se compromete com algo, ele faz o trabalho.

— Não duvido disso. É só que tudo é construído sobre mentiras.

— É isso mesmo?

A pergunta surge diante de mim. A coisa do orfanato não é mentira. Isso é um fato difícil e frio. Um que eu queria enterrado para sempre.

Uma batida nos interrompe. Deve ser serviço de quarto.

— Entre no banheiro. Vou cuidar disso.

Faço o que ela diz, fechando a porta atrás de mim. Coloquei o roupão enorme que está pendurado na porta. Ele me engole, mas é aconchegante e eu amo que isso me envolva em um casulo de conforto - algo que atualmente anseio.

Eu escuto o homem sair e depois me junto a Misha. Tudo está arrumado em cima da mesa.

— Você comeu? — Pergunto.

— Não, mas eu estou me preparando. — De repente, ela ri e vejo que há dois lugares.

— Bom. Não gosto de comer sozinha.

No começo, meu estômago se revolta, então eu vou devagar, forçando cada mordida.

— Está tendo dificuldade para comer? — Misha pergunta.

É canja de galinha e bolachas. Há uma batata cozida e pão também. Mal sou capaz de inalar isso desde a última refeição que comi, que foi com Danny na noite anterior.

— Um pouco.

— Você está fazendo a coisa certa. Você sabe, comendo devagar. Mas você precisa da comida. Isso fará você se sentir melhor.

Um bufo frustrado sopra de dentro de mim. — Eu só quero sentir alguma coisa. Tudo o que sinto esta entorpecido.

Misha pousa o garfo e se inclina para trás. — Você parou para pensar que talvez seja o melhor? Talvez seu cérebro não queira que você sinta?

— O que você quer dizer?

— Às vezes o corpo lida apenas com o que pode tolerar e joga fora o resto. Talvez seja isso que o seu está fazendo agora.

Pensando nos outros pontos traumáticos da minha vida - e houve vários - talvez ela esteja certa. Meu cérebro não quer ir para lá.

— Mas eu quero lembrar o rosto deles, — eu digo.

— Por quê?

— Porque eu quero ter alguém para direcionar toda essa raiva. Agora é apenas uma lousa em branco.

— Mas então eles assombram seus sonhos e quem diabos quer isso?

Ela não tem ideia de que meus sonhos foram assombrados desde os quatorze anos. Torturado é mais parecido. Esse é um assunto que não ouso abrir com ela. Prefiro tomar uma dose de assombração. Qualquer coisa é melhor do que aquilo que vivi.

Seu olhar é intenso antes que ela diga: — Talvez depois de uma boa noite de sono, você se sinta diferente.

Misha parece que nunca teve que lidar com nada difícil antes. Suas roupas são caras, suas unhas são perfeitamente cuidadas, e mesmo que ela coma e beba seu batom ainda parece recém-aplicado. Seus longos cabelos loiros brilham na penumbra do meu quarto e ela provavelmente gasta muito dinheiro em produtos para o cabelo. Só de ver me joga de volta para outra época, uma época em que eu mal podia comprar sabão para tomar um banho.

— Vai ficar tudo bem, Midnight.

— Nada disso vai ficar bem. O fato de eu estar cheia de heroína e sentir como se estivesse numa nuvem enorme, torna tudo pior. Não posso nem explicar essa parte. Não espera. Como é isso? Imagine ser estuprada e saber que você está sendo estuprada, mas gostando e se sentindo confortável enquanto isso está acontecendo.

Eu a atingi, porque ela não pode fazer contato visual.

— Agora tenho que inventar uma história sobre ser viciada em drogas, quando não sou, mas fui estuprada. Você não vê como isso está completamente errado no meu cérebro e por que estou tendo um momento difícil com isso?

Ela coça a têmpora e depois limpa a garganta. — Sim. Eu sinto muito. Isso é horrível. Mas você tem que confiar em nós e em Harrison. Ele sabe o que está fazendo. Não está certo. Mas, como você não queria ir à polícia, é a única maneira de salvar sua carreira. Se você não se importa com isso, então é um assunto totalmente diferente.

— Eu simplesmente não entendo por que temos que mentir e fazer essa coisa de reabilitação. — Frustração sangra em minha voz.

Misha se endireita e de repente parece mais alta em sua cadeira. Seu tom suave é substituído por um tom dominante. Há muito mais nessa mulher do que eu pensava inicialmente.

— Sim, Midnight. Percepção é tudo, e você foi vista online sendo fodida, alto como uma pipa. O que as pessoas pensam automaticamente?

Ela fica silenciosa como eu.

Ela estala os dedos. — Vamos lá, eu estou esperando.

A raiva está no meu intestino. — Que eu merecia.

— E?

— E queria mais.

— Não dou a mínima para o que você acha. É o que eles acham que conta. E mesmo que você não tenha feito nada errado, mesmo sendo vítima, eles não vão acreditar. Nenhum relatório policial foi aberto. Essa foi a sua escolha. E não vamos nem falar se eles descobrirem que você era Lusty Rhoades no passado.

— Isso é injusto.

— Nem tudo na vida é justo. Acostume-se a isso.

Ela está certa. Aprendi isso há muito tempo.

— Você terminou de choramingar? — ela pergunta.

— O que? — Pergunto, minha raiva retornando.

— Não estou fazendo pouco caso do que aconteceu com você. Estou simplesmente tentando fazer você entender o que Harrison está fazendo. Você está sendo obstinada e dificultando muito nosso trabalho. Não gostamos de lidar com clientes que temos que implorar. Pare de nos fazer implorar, Midnight.

Ela se recosta e cruza os braços. Misha apenas jogou as luvas no chão.

— OK. Deixa comigo.

— Bom. Agora coma. É a última vez que te digo. Não podemos deixar você desmaiar na frente da câmera amanhã. Precisamos que você pareça forte.

Ela está certa. Depois de algumas mordidas e eu começo a me sentir muito melhor, só que não a deixo saber. Vou me dar mais uma noite de compaixão, e então vou para o próximo estágio da vida da Midnight, reabilitação. Gostaria de saber se vou passar ou falhar.


Capítulo 07

HARRISON

— Então você foi dura com ela?

Misha me conta como foi o jantar.

— Sim, mas eu a convenci. Devo dizer que me senti muito mal por isso.

— Essa é a primeira vez. — Eu ri. Misha geralmente não é um lady quando se trata de clientes.

Ela me olha.

— Lembre-se de que estamos fazendo a coisa certa para ela a longo prazo. Pensei que vindo de outra mulher seria mais fácil, — eu digo.

— Gosto dela, Harrison. Muito. Ela é genuína e não é egoísta, o que é raro no mundo do cinema.

— Concordo. Também penso assim. Talvez ela continue sendo.

Depois que Misha sai, eu sento e penso. É difícil encontrar informações sobre a Midnight. Até seus registros da época do orfanato são um beco sem saída na maior parte, o que é incomum. Me incomoda que ela estivesse tão assustada. O que quer que ela esteja escondendo deve ser uma merda séria.

Tenho tudo sob controle quando se trata de sua privacidade, para que sua localização não seja revelada. A segurança é uma prioridade, e pedirei que alguém fique atento a qualquer coisa incomum. Os nomes não serão mencionados, portanto, isso não deve representar um problema.

Na manhã seguinte, nos reunimos na pequena sala de reuniões. A Midnight parece melhor, embora ela não deva ter dormido muito bem. Crescentes manchas escuras ainda se escondem sob seus olhos, projetando sombras profundas. Ela oferece um sorriso fraco.

— Há café ali, se você quiser, — digo, apontando para o aparador.

— Isso seria bom, obrigada.

Emily pediu o café da manhã, então eu digo para ela se juntar a nós. Observo enquanto ela coloca um croissant em um prato, junto com algumas frutas. Bom. Pelo menos ela está comendo.

Quando todos estão sentados, percorremos a agenda. Misha explica como Emily filmará a declaração de Midnight e a encaminhará para os vários meios de comunicação. Será apenas um testemunho rápido com algumas perguntas ensaiadas.

— É isso? — Midnigth pergunta.

— É isso. Termine seu café da manhã e nós começaremos.

Midnight passa a mão pelos cabelos e pergunto se ela está pronta para começar.

— Sim.

Ficamos situados novamente e Misha analisa o que precisa ser feito.

Emily começa com a maquiagem e esconde o cansaço que reveste o rosto de Midnight.

Misha instala a câmera no tripé e está tudo pronto para começar. Ela tem a Midnight sentada em uma das cadeiras e fazemos um teste.

Quando estamos satisfeitos, com uma voz ofegante, ela começa: — Como muitos de vocês devem saber, ocorreu um incidente na outra noite pela qual estou assumindo a responsabilidade. — Ela para e respira profundamente. — Como resultado disso, vou me internar na reabilitação. Devido a alguns problemas que enfrentei na adolescência envolvendo abuso, procurei ajuda nas drogas. Obviamente, essa não foi a escolha certa. Agora vou enfrentar o problema e corrigi-lo. Obrigada pelo apoio e compreensão nestes tempos difíceis. — Então ela enxuga os olhos. Não tenho certeza se é real, mas ela me tem cem por cento. Aceno com um dedo no meu pescoço para Misha e ela desliga a câmera.

— Isso foi perfeito.

Midnight não se move.

— Misha, puxe isso para mim. Quero assistir, apenas para garantir que tenhamos tudo o que precisamos.

— Oh, nós pegamos. E ela foi perfeição.

Todo mundo na sala sorri, exceto a Midnight. Então ela deixa escapar: — Alguém tem um cigarro?

— Uh, este é um hotel para não fumantes, — responde Emily.

— Posso ir lá fora. Não ligo.

Há uma pequena varanda fora do quarto e eu tenho cigarros. Às vezes eu fumo quando bebo, um mau hábito, confesso.

— Venha comigo.

Ela me segue até o meu quarto e eu alcanço minha bolsa carteiro para pegar um maço de Marlboro. Entrego-lhe um, junto com o isqueiro, e caminhamos para fora da porta de vidro deslizante.

— Depois de tudo o que você disse ontem, eu não a levei como fumante.

— Não fumo, — diz ela.

Minhas sobrancelhas se erguem.

— Meus nervos estão baleados. Precisava de algo.

— Tecnicamente falando, a nicotina aumenta os níveis de ansiedade.

Ela me oferece um olhar vazio.

— Se você não acredita em mim, pesquise no google. É o afastamento que as pessoas sentem e, quando fumam, acalmam os sintomas, automaticamente sentem que isso as acalma. Está apenas tirando os sintomas de abstinência. A nicotina é tão viciante quanto a heroína.

Em uma voz rouca, a que estava tão quente em seus filmes pornográficos - sim, eu assisti alguns deles ontem à noite - ela pergunta: — Então por que você fuma?

O canto da minha boca se levanta. — Fumo quando bebo. Eles meio que andam de mãos dadas para mim.

Ela dá uma longa tragada no cigarro e depois tosse. Não, ela não é fumante.

Rindo, digo: — Sente-se melhor?

— Não.

Sua expressão carrancuda é bem fofa. — Vou pedir que você deixe eu ficar com o seu telefone enquanto estiver na reabilitação.

— Por que você precisa do meu telefone?

Ela não parece interessada nessa ideia, então continuo. — É habitual que as clínicas de reabilitação peçam aos pacientes que abandonem seus telefones e computadores e não se comuniquem com ninguém, exceto por correspondência escrita. Ajuda com sua taxa de sucesso. Estou bastante confiante de que este lugar será o mesmo. Caso contrário, retornarei o telefone em uma semana ou duas. Gostaria que um de nós o tivesse, caso o atacante ligue novamente, para que possamos obter uma pista dele.

— Faz sentido.

Pela sua expressão significa que ela pode estar vendo a luz. Isso tornará nosso trabalho muito mais fácil. Mas, na realidade, nosso trabalho está quase terminando. Quando a deixarmos e nos certificarmos de que o público a vê como vítima, basicamente nos afastamos, a menos que surja outro problema.

— Ótimo. — Ela me entrega seu telefone e eu coloco no meu bolso. — Prometo devolvê-lo com segurança.

Quando ela termina o cigarro, voltamos para o outro quarto. A equipe está encerrando e peço um relatório de progresso.

— Tudo foi enviado. Tenho certeza de que estaremos atendendo chamadas, mas encaminharemos tudo para a agente dela, — diz Leland.

— Bom. Preciso ligar para Rashid para ver se ele encontrou alguma coisa.

— Rashid? — Midnight pergunta.

Com um movimento da minha cabeça em direção a Misha, eu aceno para ela lidar com a Midnight enquanto vou para o meu quarto para fazer a ligação.

Rashid diz que eles têm os vídeos, mas os homens neles não são facilmente identificáveis. Ele está trabalhando com o hotel.

— Você acha que eles sabem alguma coisa? Eles usaram cartão de crédito para pagar?

— Não tenho certeza. O gerente não ajudou muito, — diz Rashid.

— OK. Eu cuido dele. Você continua trabalhando na parte tecnológica.

— Farei isso.

Preciso executar uma tarefa ou duas antes de sairmos. Conheço um cara, Gino, que pode me ajudar, então ligo e peço que ele me encontre no hotel. Ele diz que me encontrará em uma hora.

Puxando Leland para o lado, eu conto para ele onde estou indo. — Irei com você.

— Não, fique aqui. Você precisa garantir que todos embarquem no avião ao meio-dia.

— Entendi.

A equipe vai lidar com mais algumas coisas com a agente da Midnight em uma teleconferência enquanto eu pego um táxi.

Chego ao hotel, seguido de perto por Gino. Ele é um cara corpulento, ainda maior que eu, e eu não sou nada perto dele. Este não é o hotel mais elegante da cidade. Só que estou com uma pequena surpresa. A pessoa da recepção não é homem. É uma mulher que tem uma estranha semelhança com Arlequina, até suas tranças cor de arco-íris e batom vermelho brilhante. Ela está até mascando chiclete como se não houvesse amanhã. A única coisa que falta é a maquiagem dos olhos borrada.

A pergunta vem à minha mente se ela realmente fez uma cirurgia plástica para fazer isso acontecer.

Quando ela pergunta: — Olá, querido, o que posso fazer por você? — meu radar de reparação começa a zumbir. Droga! Porque agora?

Encostado no balcão, pergunto: — O gerente está aqui hoje?

— Sim. Espera um segundo. — Depois que ela pisca e sopra uma bolha enorme, ela se afasta.

Meu associado murmura: — Aceita todos os tipos, hein?

— Eu acho.

Alguns minutos se passam quando um homem que gosta muito de cervejas se aproxima. — Você pediu o gerente?

— Sim. É você?

— Não, eu sou Muhammad Ali. O que você quer?

Lanço um olhar para o meu companheiro e ele encolhe os ombros.

— Precisamos fazer algumas perguntas. Quem estava trabalhando na sua recepção na quarta à noite?

— Eu, por quê?

— Perfeito. Então talvez você possa nos ajudar. Uma amiga nossa foi trazida aqui por dois homens, contra a vontade dela. Ela estava drogada. Lembra-se de algo?

— Não, não que eu me lembre. — Ele me olha bem nos olhos sem vacilar.

— É assim mesmo. Então posso ver suas fitas de segurança?

— Não tem nenhuma.

Gino olha para mim e olho diretamente para o canto da sala para uma câmera montada no alto da parede.

Gesticulando em direção a ela, digo: — Como você chama aquilo?

Arlequina sósia ri. O gerente lança um olhar desagradável para ela e ela rapidamente se cala.

— É falso.

— Eu vejo. — Gino puxa uma cadeira por baixo e sobe.

O gerente grita: — Ei, o que você está fazendo?

— Ele está puxando para baixo. Se é falso, você realmente não precisa, não é?

— Ok, pare. É real.

Isso foi fácil o suficiente. Agora que ele vê que não estamos aqui para um piquenique, as coisas devem progredir um pouco mais rápido.

— Bom. Queremos ver seus vídeos a partir de quarta-feira à noite.

Ele esfrega o nariz e responde: — Sim, bem, acho que não tenho.

— Isso é verdade? O que aconteceu com eles?

— Sim, sobre isso. Alguém veio aqui e os roubou.

— Roubaram?

— Sim. Você pode perguntar a ela. Ele gesticula em direção a Arlequina.

A bolha de chiclete explode no seu rosto e fica todo espalhado pelo seu nariz e bochechas. Ela tira e coloca de volta na boca.

— Não sei do que você está falando, a menos que você queira dizer aquele idiota do Trent. Ele veio aqui com o amigo...

— Cale a boca, idiota.

Pisco para Gino e, em questão de segundos, o Sr. Manager se encontra sendo estrangulado. Então sorrio para Arlequina e digo: — Que tal você e eu darmos um passeio?

Seus olhos se arregalam, mas eu a tranquilizo acrescentando: — Não sou Trent. Não vou te machucar. Trent machucou uma amiga minha e quero encontrá-lo.

— Oh.

Os olhos do Sr. Manager se arregalam. Talvez ele esteja preocupado com o que ela vai me dizer. Ou pode ser que Gino esteja aplicando muita pressão. Realmente não dou a mínima. De qualquer maneira, vou descobrir algumas informações extremamente necessárias.

— Se você me ajudar, posso ajudá-la em troca, — digo a Arlequina.

— Olha, senhor, posso parecer com esse tipo de garota, mas não sou.

Sorrio de novo. — E sabe de uma coisa? Não sou esse tipo de cara. Parece que existe a possibilidade de sermos amigos. Posso perguntar qual é o seu nome?

— Helen. Helen Reddy.

Ela está brincando comigo? — Realmente? Como o cantor dos anos 70?

— Sim. Acho que minha mãe realmente pensou que ele era mulher. — Ela está se referindo à música I Am Woman que tornou Helen Reddy famosa. Então ela joga a cabeça para trás e ri. É contagioso pra caralho.

— Ela rugiu? — Pergunto, ainda rindo, pensando nas letras que eu sou mulher, me ouça rugir. Minha mãe costumava cantar essa música o tempo todo.

— Você pode apostar, ela fez. Especialmente quando ela descobriu que eu descobri seu estoque de maconha e bebidas quando eu tinha treze anos. Então ela me enviou para morar com meu pai.

O rosto dela perde a suavidade e todos os sinais de humor. Não quero seguir esse caminho, mas tenho muitas ideias, é por isso que Helen precisa ser reparada.

Do nada, pergunto: — Helen, você precisa de um emprego?

— Tenho um emprego.

— Você não vai ter, depois de me ajudar e eu vou embora daqui em breve...

Ela puxa uma de suas tranças, depois a gira em volta do dedo. — Então sim, acho que sim.

— Mostre-me as fitas de segurança. Você sabe onde elas estão, não é?

— Sim. Vamos. — Ela faz um gesto com a mão, mas de repente para. — Ei, qual é o seu nome? — Ela estoura outra bolha.

— Você pode me chamar de Harry por enquanto.

Andamos por um corredor e entramos em outra sala. Helen gosta de conversar e, em pouco tempo, tenho o vídeo que preciso, junto com um nome. Então eu pergunto se ela pode recuperar todos os registros da noite de quarta-feira.

— Posso.

Ela entra em um dos computadores e há o nome de Trent junto com as informações do cartão de crédito. Mas ainda não estou claro quanto à conexão que Trent tem com a Midnight. É apenas uma coincidência, ou há mais por trás disso?

Tiro fotos de tudo e faço o download de uma cópia do vídeo em um pen drive, e então terminamos.

— Então, Helen, você tem família aqui, um cachorro, uma tia idosa que você não pode suportar deixar para trás, ou um hamster que morreria de fome sem você?

Ela solta uma risada borbulhante. — Não, por que?

— Não há uma pessoa que sentiria sua falta se você fosse embora? Nem sua mãe ou pai?

— Porra, não.

— Sem namorado?

— Olha, senhor. Posso não ser super inteligente, mas também não sou burra. Não significa não. Não tenho ninguém, a menos que conte o idiota com que trabalho.

Rindo, eu digo: — Ok, você quer trabalhar para mim?

— Certo. Você parece bom o suficiente.

— Em Los Angeles.

— O que? Espere, não posso ir até lá. Isso custa muito.

— Eu cuidaria disso.

Ela aperta o lábio por um segundo e depois estoura outra bolha. — Como eu chegaria até lá? Não tenho carro.

— Você iria embora... — vejo o relógio— Em uma hora.

— Você é um filho da puta louco.

— Poderia mandar alguém mais tarde para arrumar seus pertences. Enquanto isso, eu colocaria você em um lugar para morar. Você teria um emprego trabalhando como administradora. Você tem bons conhecimentos de informática, certo?

— Bem, sim.

— Você está dentro ou não?

Ela está quieta, então acrescento: — Preciso de uma resposta. Estou com um cronograma apertado, Helen. O avião parte logo.

— Estou dentro.

— E se você não se der bem com o resto da equipe, seria algo difícil para todos nós.

— Oh, eu me dou bem com todo mundo. Juro que sim. — Seus olhos são tão claros e azuis como o céu em um dia de primavera.

— Você usa drogas?

— Não.

— Você terá que se submeter a um teste de drogas quando chegarmos a LA. Você esta bem com isso?

— Sim, senhor.

— Pegue suas coisas e vamos embora. — Posso ver Misha e Emily pegando ela debaixo de suas asas.

— Eu não tenho... — Quando ela percebe minha expressão, ela rapidamente diz: — Não tenho nada... nada além da minha bolsa aqui.

— OK.

Voltamos para a recepção, onde Gino ainda tem o Sr. Manager em suas garras. — Bom trabalho, meu amigo, — digo. Então entrego a Gino um enorme rolo de notas. Ele assente enquanto Helen e eu passamos. — Oh, você pode deixá-lo ir. Tenho tudo o que preciso.

— Obrigado, chefe. Vejo você numa próxima vez.

Pego um táxi e o direciono para onde o helicóptero espera para nos levar ao aeroporto de Westchester Country. É onde o jato está esperando para nos levar de volta a LA.

Quando chegamos, todos estão a bordo. Quando entramos, apresento Helen. O olhar no rosto de Midnight não tem preço. Sento-me ao lado dela.

— Quem diabos é ela? — ela pergunta.

— Não se preocupe com ela. Ela precisava de um emprego.

— Que diabos, você se diverte ou algo assim?

— Algo parecido. Está tudo bem. — Eu dou um tapinha no braço dela. — Ela foi muito útil na identificação do homem que a trouxe para o hotel. Quando estivermos no avião, obteremos mais informações.

Assim que chegamos ao aeroporto, um carro nos leva diretamente ao avião em espera. Antes que percebamos, estamos em Los Angeles.


Capítulo 08

MIDNIGHT

Quem é essa pessoa que Harrison arrastou? Helen Reddy? Ela está fantasiada para uma festa do Esquadrão Suicida? Que diabos! Ele vai pegar o Joker e o Deadshot também? Talvez eu precise de uma fantasia. Estou tão fodida quanto qualquer um desses personagens, só que não tenho um super poder para me encaixar. Espere... posso foder como uma campeã. E boquetes... ninguém pode chupar como eu. Provavelmente poderia me encaixar nesse grupo de desajustados.

— O que é isso tudo? — Harrison pergunta, ainda sentado ao meu lado.

— Meu olhar? — Não ouso confessar meus pensamentos a esse homem. Além disso, eu preciso me recompor aqui.

— Não tenho certeza se posso colocar um nome nele.

Mudando de assunto, pergunto: — Conte-me sobre Helen. — Pego na bolsa um punhado de ursinhos de goma e coloco um na minha boca. Ele me olha com curiosidade.

— Ela foi de grande ajuda para obter as fitas de segurança do hotel. O gerente não foi cooperativo. Tive que lhe oferecer um emprego, porque depois que saímos, tenho certeza que ele a teria demitido.

— E uma mudança para Los Angeles, vem no pacote de emprego?

Ele ri da minha pergunta. — Sim, recebemos o nome e as informações do cartão de crédito de um dos caras que a machucou. Antes do final da semana, terei tudo o que preciso sobre por que eles escolheram você.

— Você sabe por que ele está me perseguindo? — Mastigo outro ursinho.

— Posso ter um desses? — Harrison pergunta. Entrego a ele um verde, o meu menos favorito. Ele levanta e diz: — Uau. Você é realmente generosa com essas coisas.

— Não uso drogas. Uso gomas. É por isso que não os compartilho. — Não é uma declaração cômica, mas ele sorri de qualquer maneira.

— Então, continue. — cutuco.

— Sim. Vou informá-la o que encontrarmos e, para a sua pergunta, descobriremos por que ele a atacou. Se houve algum tipo de motivo profundo, vamos descobrir.

— Como?

— Tenho minhas formas.

Ele não é sincero em sua resposta e eu realmente não quero saber. Ele pode vencer essas merdas pelo que eles fizeram. Gostaria, no entanto, de olhar nos olhos e descobrir por mim mesmo. Não parece que eu vou ter a chance.

Ele fica em silêncio por alguns minutos e acrescenta: — Emily disse que as primeiras respostas à sua declaração estão chegando e são favoráveis bem como esperávamos. Você deve verificar sua conta do Twitter. As pessoas estão lhe mostrando todo tipo de amor, Midnight.

— Ótimo. Obrigada. — Sua resposta sem emoção a fez se endireitar em seu assento.

— Você precisa responder a alguns deles, enquanto pode. Talvez você possa dizer, que você está voando para a costa oeste e que fica agradecida com todo o amor. E não esquece do #Reabilitação, para que eles saibam que você está indo.

Olho para ele. — Eu irei. — Uma boa maneira de colocar isso.

— Você deve ter uma atitude melhor.

— Sim, como eu deveria estar feliz que alguém me drogou e me estuprou e agora eu que tenho que ir para a reabilitação.

— Droga, me desculpe. Isso foi insensível da minha parte. O que eu deveria ter dito era que você deveria estar feliz por eles estarem comprando a história.

Bufei: — A história de ser abusada não é uma história. É a verdade. Não quero o amor de alguém pelo que passei. Essa conversa precisa terminar. Minhas paredes de vidro estão prestes a quebrar e eu estou no lugar errado para que isso aconteça.

Ele não responde, pelo qual sou grata. Vários minutos se passam antes que ele se mova para sentar ao lado de Helen. Ela está mastigando chiclete como se fosse ursinho de goma. Sinalizo a aeromoça e peço água. Como muitas dessas coisas, tenho consciência de beber muita água para tirar o açúcar da boca. A última coisa que quero é um monte de cáries. Eu rio. Poderia ser o sonho de qualquer homem - uma fazedora de boquetes desdentada.

Inclinando a cabeça no assento confortável, fecho os olhos e fico surpresa quando Harrison balança meu braço.

— Ei, estamos aqui.

— Onde?

— LA. Onde mais?

— Tão cedo?

— Você roncou o voo inteiro.

Passo a mão na boca e, com certeza, ela esta molhada de baba. Tenho certeza de que foi uma visão bonita.

Todo mundo se move para pegar seus pertences, exceto Arlequina, quero dizer, Helen. Ela dá um pulo da cadeira e praticamente dança em direção à porta, agindo como a pessoa mais feliz do mundo. E por que diabos ela não deveria estar? Harrison acabou de resgatá-la de um emprego de merda, deu-lhe um novo e a está mudando para LA, com todas as despesas pagas. Eu ficaria feliz pra caralho também. E ela não precisa ir para a reabilitação.

Harrison é o último a sair do avião. Ele fica para trás, agradecendo a todos. É fácil ver por que todo mundo gosta de trabalhar para ele, porque ele mostra sua gratidão. Tenho certeza de que eles também são bem recompensados.

Nós nos amontoamos na limusine à espera e todo mundo sai, exceto Harrison e eu. Acho que ele é minha escolta para a clínica de reabilitação. A essa altura, quero sair da minha pele. O medo de ir a este lugar é insuportável.

Quando chegamos, eles estão nos esperando. E este lugar é chique. Não consigo imaginar o quanto estarei endividada depois disso.

Fazemos um breve tour pelo local, por insistência de Harrison. Quando chegamos ao meu quarto, percebo que nunca fui para casa desfazer as malas e reembalar.

— Qual é o problema? — ele pergunta.

— Minhas coisas. Nós nunca paramos na minha casa para eu trocá-las. Não tenho roupas além do que levei para Nova York.

Ele desliza a mão sobre sua mandíbula quadrada, que está coberta de barba. Ignoro o aperto dos músculos do meu estômago porque, pela primeira vez, não estou com raiva ou amarga quando olho para ele. Ele exala uma sexualidade crua à qual eu respondo. Por que agora depois de tanto tempo?

— Posso fazer Emily ou Misha ir até lá e pegar algumas coisas para você.

— Acho que terão que fazer.

A pessoa que me registra diz: — Você só precisará de coisas casuais enquanto estiver aqui. Temos aulas de ioga e outros grupos de exercícios aos quais você pode participar. Você vai precisar desse tipo de roupa também.

— Tênis de corrida, — eu digo. — Não tenho nada parecido com isso. Talvez eu precise correr para casa e fazer isso e depois voltar.

— Hum, me desculpe. Uma vez que você está aqui, você está aqui, — diz o responsável pelo check-in.

— Com licença, qual é o seu nome mesmo? — Pergunto.

— Melody. — Ela sorri.

— Você não pode fazer uma exceção apenas uma vez? — Pergunto docemente.

— Sinto muito, mas nunca fazemos isso aqui.

Meu temperamento queima e eu quero dar um soco nela, mas que bem isso fará? Provavelmente me deixar em um confinamento solitário.

— Midnight, prometo que Misha ou Emily vão cuidar disso, — Harrison diz com uma voz suave. O problema é que não quero duas estranhas vasculhando o conteúdo das minhas gavetas ou meu apartamento. É mais do que um pouco perturbador. Mas que outra opção eu tenho?

— Sim, tudo bem.

Melody fala sobre o quão sortuda eu sou, eles tem um espaço aberto e então ela informa o quarto que me foi designado. É bom, eu concedo isso a ela. Mas pelo preço não revelado, eu provavelmente deveria estar de volta ao The Plaza.

Percorremos o resto das instalações e meus joelhos quase dobram quando chegamos à sala de terapia de grupo. Não tenho ideia de por que isso é tão chocante, mas acontece. Como diabos eu vou passar por isso? O teste mais verdadeiro de quão bom estou. Talvez isso me leve ao topo da lista de candidatos ao Oscar invejado. Duvidoso, mas uma garota pode muito bem sonhar.

Harrison me deixa em minha nova casa pelos próximos trinta dias e eu corro de volta para minha pequena caverna. Amanhã começa uma nova vida para mim, brilhante e cedo às 06: 00. Isso deve ser interessante, para dizer o mínimo.


Capítulo 09

HARRISON

Na semana após a Midnight entrar na reabilitação, estou sentado no meu escritório quando Misha e Leland entram. Posso dizer pelas carrancas deles que não será uma visita de uma dança alegre.

Misha não mede palavras. — Ward está entrando com uma ação contra Alta.

— Quem?

— Holt Ward, co-estrela da Midnight no filme, — explica ela.

— Por quê?

— Ele diz que o atraso lhe custará outro papel em um filme diferente.

— E o que você disse? — Pergunto.

— Acho besteira. Midnight disse que ele não a queria como co-estrela desde o início. Ele está usando isso como uma saída. O ruim é que as mãos de Alta estão atadas.

Faço um gesto para a porta, indicando para Leland fechá-la. Tenho uma política de portas abertas aqui, mas neste caso, precisamos de privacidade. Quando estamos longe de ouvidos curiosos, pergunto: — O que temos dele?

Leland geme. — Ele esta completamente limpo. Tentei desenterrar alguma coisa, mas é uma lousa em branco.

— Ninguém é uma lousa em branco.

Misha ri. — Você é.

Ela está certa. A única coisa que alguém pode encontrar em mim são algumas multas por excesso de velocidade e que alugo um filme pornô ocasional. — OK. Então vamos fabricar alguma coisa.

— O que você quer dizer? — Leland pergunta.

— Algo tão prejudicial que arruinaria qualquer chance de ele agir novamente.

Leland está quieto por tanto tempo, que acho que o perdi. Então ele diz: — Conexões com a máfia russa.

A cabeça de Misha se volta para ele. — De jeito nenhum. Se a máfia souber disso, estamos todos com um metro e oitenta.

— Como eles iriam saber? — Leland pergunta. — Por que diabos ele vazaria isso, porque certamente eu não iria.

— E se ele se apresentar e disser que não é verdade? Então somos forçados a apresentar mais informações. Prefiro fazer algo como se ele fosse gay ou usasse cocaína. Então, se ele nos ligar e dispararmos algumas fotos falsas, não teremos Vladimir Kolikov respirando no nosso pescoço.

— Quem diabos é Vladimir Kolikov? — Leland pergunta.

Misha o prende com um olhar arrepiante. — Você não quer saber.

Levanto minha mão. — Ok, nenhuma máfia russa. Misha está certa. Isso é muito perigoso e alguém pode ser morto. Pessoalmente, acho que ele ser gay só lhe traria mais fãs e isso não é uma coisa desfavorável. Precisamos pensar em outra coisa. Como talvez associar o nome dele ao tráfico de pessoas.

Misha estala os dedos e um brilho demoníaco atinge seus olhos. — É isso aí. Isso o colocaria em um lugar quente. Rashid poderia criar um site falso para ameaçá-lo e, se ele não recuar, seguiremos com as grandes armas. Rashid pode invadir o site que eles têm como alvo e fazer parecer que o nome dele está lá. Isso o colocaria totalmente no centro das atenções.

— Qual é o site? — Pergunto.

Leland diz e eu digo a eles que é uma chance. — Quem quer entrar em contato com o Sr. Ward?

— Acho que você deveria fazer isso, — Misha diz para mim.

— Bem. Vou ligar para Rashid e mandar que ele arrume tudo, e então o Sr. Holt Ward receberá uma pequena ligação minha.

Este caso Midnight Drake está ficando mais complicado a cada dia. Encontramos Trent Dexter. Gino o agarrou e o levou a um lugar não revelado para interrogatório. Ele foi muito cooperativo depois que Gino lhe explicou algumas coisas que envolveram mais do que alguns golpes com os punhos enormes de Gino.

Segundo Trent, ele viu Midnight no clube naquela noite e a reconheceu por seus filmes e papéis na TV. Ele estava com seu amigo e eles estavam procurando alguém para persuadir a passar a noite com eles. A ideia deles de persuasão, comparada à de todos os outros, é muito diferente. Trent drogou a Midnight e a levou para o hotel onde seu amigo os encontrou. Foi quando a diversão deles começou.

A parte ruim é que os vídeos que eles filmaram no telefone da Midnight não são o fim. Eles também filmaram o episódio inteiro na câmera, mas cortaram o rosto dela. Em seguida, eles fizeram mais edições - se livrando deles, injetando nela heroína - e os enviaram para um site pornô onde foi baixado mais de cinquenta mil vezes. Cada vez que alguém assiste, custa US $ 5, 99, então esses filhos da puta ganharam dinheiro com isso.

Estamos presos entre o certo e o difícil. Se denunciarmos isso como um crime, a carreira de Midnight está fodida. Se processarmos, sua carreira está fodida. Puxamos o filme, mas quem sabe quantas pessoas o têm em seus discos rígidos e o enviaram para sites piratas? Pode estar na casa dos milhões. Quero cortar o pau daquele filho da puta. Foi uma coisa boa que Gino foi ao invés de mim. Então, novamente, de acordo com Gino, depois que ele terminou, Trent não fará isso com mais ninguém.

Minha conversa com Rashid é breve. Ele me garante que levará apenas alguns minutos para me dar o que preciso para assustar Holt Ward. Ele entrega cerca de uma hora depois, e isso quase me assusta.

— Você tem certeza que isso é falso? — Pergunto.

Ele ri. Rashid é o melhor. — Sim, chefe. Quando se trata do mundo cibernético, você não pode me derrotar.

Ele está certo sobre isso. Quando tudo estiver dito e feito, Holt Ward estará me contratando para limpar a merda que eu levantei. Uma risada calorosa sai de mim.

Misha está passando pelo meu escritório e vira para dentro para descobrir o que é tão engraçado. Quando eu digo a ela, ela ri junto comigo.

— Servirá o idiota certo. A Midnight já passou o suficiente. Ela não precisa das besteiras dele para acompanhá-la.

— Vamos ver como isso acontece. — Tiro uma captura de tela do site e depois ligo para o agente de Holt, pedindo seu número. Ele tenta me dar uma pista, mas quando explico como é urgente e que, se eu não falar pessoalmente com Holt sobre esse assunto, ele pode ser demitido, ele recita o número imediatamente.

Holt atende o telefone e digo calmamente: — Ward, meu nome é Harrison Kirkland e em cerca de dois segundos você receberá uma foto minha via texto. Espero que isso o convença a desistir de sua ação contra Alta e Midnight Drake em relação ao seu contrato no filme em que vocês dois foram escalados. Se você tiver alguma dúvida, sinta-se à vontade para me ligar. — Termino a ligação e espero que ele me ligue de volta.

Holt Ward não decepciona. Quando eu não respondo, ele tenta me ligar de novo. Recosto na cadeira e ouço pacientemente enquanto ele fala sobre como eu não posso fazer isso e que estou enquadrando-o, blá, blá, blá.

Quando ele finalmente perde o fôlego, eu digo: — Demorou o suficiente para você calar a boca. Um, eu não estou te enquadrando. Não é problema meu que você tenha uma afinidade por comprar e vender mulheres, especialmente aquelas com menos de dezoito anos. Segundo, se você não desistir da ação, essa merda será ampla e, com isso, quero dizer que minha empresa a divulgará em todos os meios de comunicação da indústria do entretenimento. Alguma pergunta?

— Você não pode fazer isso! Nunca estive envolvido em nada disso. Não sei onde você encontrou isso, mas é falso.

— Prove, Sr. Ward. Parece legítimo para mim. Eu até cliquei nos links. É uma pena também. Esperava mais de você.

— Droga, não sou eu! — ele brada. Tenho que segurar o telefone longe do meu ouvido, ele grita bem alto.

— Parece claro para mim. Além disso, esse site de tráfico pode estar no radar dos federais. Seu nome não estaria nele se você estivesse limpo. Abandone o processo e eu posso fazer tudo isso desaparecer. Você pode até me contratar, se quiser. Mas minha primeira prioridade é Midnight Drake. Quero você de volta ao filme com ela e quero Alta feliz novamente. Estou sendo claro?

Ouço sua respiração pesada na linha. Finalmente, ele diz: — Tudo bem. Vou fazer a ligação. Mas limpe essa merda, sim?

— Não é um problema. Espere o contato da minha empresa.

É a minha vez de encerrar a ligação e depois que eu termino, jogo o telefone na mesa e dou uma risadinha. O idiota acabou de perder um maço de dinheiro com minha cliente e ele se tornou meu cliente no processo.

Chamo Helen e peço que ela mande Misha e Leland e digo como foi a ligação. Espero a ligação de Alta, que acontece cerca de uma hora depois, peço para que Rashid retire o site falso. Para começar, nunca foi ativo, portanto não havia preocupação. Se você não tiver o endereço da Web, não havia como encontrá-lo. Quando ele terminou de limpar tudo, tenho Helen para enviar uma conta cara a Holt.

Agora temos Midnight de volta ao jogo. Quando estou no telefone com Alta, eles me dizem que sua legião de fãs está recebendo mais correspondência do que nunca para ela. Todo mundo quer saber como ela está. É ótimo saber que nosso plano está funcionando. O que me lembra, preciso devolver o telefone dela, se for permitido.

Adoraria ter a oportunidade de conversar com ela. Não passa um dia em que eu não penso nela. Ela estava tão preocupada em ficar presa lá por um mês, então eu me pergunto como ela está.

No dia seguinte, verifico a instalação e pergunto sobre a capacidade dela de ter um telefone. Eles dizem que ela pode receber visitantes no fim de semana, mas nenhum telefone é permitido até sua última semana. Decido visitá-la no sábado para informá-la sobre o que está acontecendo.

Mas quando o sábado chega, ela se recusa a me ver. Uma onda esmagadora de decepção toma conta de mim. De onde diabos isso veio? Ela é uma cliente, caramba.

Afasto e escrevo um bilhete para ela, explicando brevemente o que está acontecendo. Quando termino, entrego na recepção e peço que entreguem a ela. Ela completou sua segunda semana e está no meio do programa. Penso no que ela tem que esperar quando for liberada.

Empurrando os sentimentos inesperados e desconhecidos de excitação, me recuso a me permitir questioná-los. Não há como Midnight Drake ficar debaixo da minha pele. De modo nenhum.


Capítulo 10

MIDNIGHT

Harrison chegou às instalações. Ele tem estado na minha mente constantemente. Penso em sua força, em como seus olhos quentes me atraem, e que ele é o único homem que eu já quis tocar, mas ainda assim me recusei a vê-lo. A última pessoa que eu quero que me veja assim - raspada crua e cortada da haste à popa - é ele. Ele é a razão de eu estar aqui... e por causa desse maldito lugar, meu maldito coração e alma foram arrancados do meu corpo. Fiquei uma bagunça sangrenta. Sabia que vir aqui era uma péssima ideia, mas não tinha ideia de quão terrível seria para mim.

Se você é um viciado, eles tiram suas drogas - drogas que eu não uso - mas eles também se aprofundam em sua psique, te destroem pouco a pouco, bisbilhotam coisas que é melhor deixar intocadas. As feridas foram reabertas; cicatrizes que foram curadas agora estão abertas com sangue pulsando nelas. E me resta lidar com as consequências. Minha conselheira é uma filha da puta inteligente. Ela esteve comigo por horas até que eu quebrei e vomitei toda a porra da minha história. Maldito Harrison Kirkland por me enviar aqui. A culpa é dele.

E agora devo me sentir melhor por causa dessa suposta piedade. Bem, eu não. Meu corpo grita de dor. E tudo o que posso ver é o seu rosto e o que ele fez comigo... o que ele me forçou a fazer. Não precisava desse lembrete... não o queria. Mas entendi mesmo assim. E pensar que tenho mais duas semanas agonizantes revivendo aqueles horrores. Minha conselheira diz que, com o tempo, eu vou gostar dessas sessões. A única coisa que vou gostar é quando o dia trinta chegar para poder dizer: — Adios, filho da puta.


DIZEM QUE O tempo voa quando você está se divertindo. Bem, o oposto é verdadeiro quando você não esta. De fato, alguém interrompeu completamente a passagem dela. As últimas quatro semanas levaram cerca de cinco anos. Becky, minha estimada conselheira, acredita que posso ser bipolar. O que ela não percebe é que meu humor está tão ferrado por ter que continuar essa farsa e depois revelar tanto de mim em cima dela, qualquer um iria agir como se fosse bipolar. Em um minuto, estou chorando tanto que praticamente estou tendo uma convulsão, e no próximo estou louca, ziguezagueando pelo consultório dela, incapaz de controlar minhas ações.

Na minha sessão final, um dia antes de eu ser liberada, ela diz com firmeza: — Midnight, sente-se, ou ligarei para alguém para tranquilizá-la.

Isso agarra minha atenção. Não vou estragar meu último dia aqui. Ser injetado uma droga potente a força não é o que eu preciso. Minha bunda bate na cadeira, mas não consigo manter minhas mãos paradas. Eu só preciso dar o fora daqui. Entrei com sanidade, e fiquei louca pra caralho.

— Como você está se sentindo?

Ela está falando sério? — Como você acha que eu estou me sentindo?

Ela não responde. Odeio quando ela faz isso.

— Estou agitada hoje, Becky. — Não posso impedir que meu lado irônico surja.

— E por que isso?

— Eu não sei.

— Sim, você sabe, — diz ela. Seu jeito calmo me irrita.

— Quero ir para casa.

— Não acho que você esteja pronta.

Já passamos por isso antes. Eu vou, ela querendo ou não. — Não importa.

— Midnight, quero que você esteja o mais forte possível. Se você for embora, pode começar a usar novamente.

Não, não vou. Nunca vou usar novamente. Porque eu nunca costumei começar.

— Então explique sua agitação.

— É o meu passado, — digo frustrado. — Você já sabe disso.

— E você sabe como lidar com ele.

— Tenho que confrontá-lo, mas isso só me deixa mais infeliz. — Queria que ele ficasse enterrado. Era muito mais feliz assim, conduzindo meu caminho pela vida. Mas não, Harrison Kirkland apresentou esse plano cerebral e o arruinou.

— Midnight, isso vai fazer você mais forte.

— Não posso. Você quer que eu o visite. Isso... nunca funcionaria. Você tem que confiar em mim ao menos uma vez. A última coisa que farei na minha vida é visitar o homem que me arruinou.

Ela levanta as mãos, espalhando-as no ar. — É a sua vida.

Porra, é. No entanto, como essa é minha sessão final com ela, quero deixá-la com uma impressão duradoura.

— Deixe-me dizer isso, Becky. Não há muito que eu gostaria de dizer ao homem que me forçou a fazer sexo com ele e dar a seus amigos boquetes por quase três anos enquanto eu era menor de idade. É algo com o qual você pode se relacionar pessoalmente?

Há uma mudança sutil na coloração de seu rosto e ela muda de posição.

— Não, acho que não.

— Essa é a razão pela qual nunca terei contato com esse homem enquanto houver respiração no meu corpo. Tenho certeza de que esta sessão acabou.

— Você poderia apresentar queixa contra ele.

Ah? E toda essa atenção se concentrou em mim? Não, eu não penso assim.

Tremo durante a longa caminhada de volta ao meu quarto luxuoso. A conversa lembrou aquela outra peça do quebra-cabeça - aquela que sempre me quebra - a que Becky nem conhece.

Deito-me na cama e cubro meu rosto com um travesseiro para que ninguém ouça os soluços enquanto rasgam meu corpo.


DEZESSEIS HORAS DEPOIS, passo pela recepção, acenando de leve para as alegres pessoas da equipe. Eles são os últimos que eu dou atenção. Aqueles rostos felizes são uma farsa. O mês inteiro que estive aqui, eles nunca foram agradáveis para mim. Toda vez que pedia algo, era negado, mesmo que fosse tão pequeno quanto um copo de gelo. Com o preço gigantesco deste lugar, você pensaria que eles poderiam lhe entregar uma porra de copo de gelo. Quero xinga-los. Mas quem sabe se eles não vão abrir a boca quando eu estiver longe daqui? A última coisa que preciso é de mais inimigos do que já tenho. Holt Ward é o suficiente para lidar.

Não estou surpresa ao ver Harrison caminhando em minha direção. Ele não enviou ninguém para me buscar. E caramba, ele é uma visão para os olhos doloridos. Ele está vestindo uma camisa preta e jeans escuro que se moldam ao seu corpo perfeito. Se ele parecesse melhor, eu provavelmente desmaiaria. Não há um homem vivo que possa segurar uma vela para ele, caramba. Mesmo que eu ainda esteja com raiva dele, é difícil negar a felicidade que sinto, embora não queira mostrar isso.

Ele sorri quando nos encontramos no meio do estacionamento. Quero me lançar para ele e pressionar meus lábios em sua boca perfeita. É isso que acontece quando você pensa em alguém por trinta dias e passa por intensa psicoterapia? Uma sombra gigante se aproxima— Então? Como você está? Vim para uma visita, mas você se recusou a me ver naquele dia.

Engulo o deserto na minha garganta. — A verdade é que não estava com vontade de vê-lo. — Mentirosa!

— Então você perdeu todas as notícias importantes que tinha para você.

Isso desperta meu interesse, mas não quero que ele saiba. Dou de ombros. — Realmente não me importo. — Mentirosa!

A essa altura, já estamos no carro dele, um velho Mustang vermelho conversível. Ele coloca minhas malas no porta malas e depois abre a porta do passageiro para mim. Que cavalheiro.

Quando estou deslizando no assento, ele diz: — Você deve se importar. É a sua carreira. — Ele tem razão. Eu deveria, e me importo.

Quando ele entra no carro, escava dentro do porta-luvas e me entrega um boné de beisebol. — Aqui. Seu cabelo estará em nós se você não colocar isso.

— Obrigada. — Digo como se não fosse sincero. Por que estou sendo tão vil? Enfio meu cabelo debaixo do boné, grata por isso, mas escondendo dele.

Ele não deixa meu humor azedo afetar o dele. — Sou um cara prestativo.

— Vamos largar o Sr. Jolly. Enquanto estou feliz por estar fora desse inferno, só quero ir para casa, ok? — Fecho meus punhos e esfrego meus olhos.

— Jesus, quem roubou sua felicidade?

— Você fez quando me enviou pra cá. Eles dissecaram e me despedaçaram. Satisfeito? — Cruzo os braços e olho para o céu ensolarado.

Devo ter me irritado porque ele coloca o carro em marcha à ré e lá vamos nós. Nenhuma outra palavra é dita até chegarmos à minha casa. Ele me ajuda a chegar à porta e é quando ele diz: — Temos muito o que discutir.

— Isto pode esperar. Preciso de tempo. Sozinha. Na minha própria casa. — Preciso controlar minhas emoções. Ele não merece o meu comportamento desagradável.

Seus olhos encontram os meus e então ele faz aquilo que eu amo. Ele lambe o lábio inferior e passa a mão sobre o queixo desalinhado. Maldito seja é sexy. Preciso me afastar dele antes que eu faça algo estúpido... algo que eu me arrependa, como fazer um algo com ele. Ele é tudo em que eu penso nos últimos trinta dias, e eu não uso meu vibrador por todo esse tempo. Só tinha meu dedo para me fazer companhia à noite, e agora estou diante do incrivelmente quente Harrison Kirkland e tenho um desejo inacreditável de me ajoelhar e me sujar, apenas para ouvi-lo gemer de prazer. Pensando nisso, eu quase gemo. O que diabos está errado comigo?

— Bem. — Então seus dentes raspam sobre o lábio inferior. Sua íris de chocolate vê através de mim e eu não gosto nem um pouco. Ou talvez eu goste demais. — Você mudou. O que aconteceu lá, Midnight? — O tom dele é suave e piora ainda mais.

— Coisas que você não quer saber.

— Alguém te machucou?

Uma risada histérica explode. — Claro que eles me machucaram. Por isso não queria ir. — Me viro e fecho a porta, deixando-o com uma expressão confusa em seu rosto atraente. Preciso me afastar dele. Ele me faz querer coisas que não deveria. Homens e eu não nos misturamos.

Mas Harrison é diferente. Quero odiá-lo, só que não posso. Estou brava com o que aconteceu na reabilitação, e ele é o único que eu posso confiar. Mas ainda quero fazer coisas com ele... coisas sujas e sexy. É melhor que eu mantenha distância dele ou as coisas podem ficar fora de controle.


Capítulo 11

HARRISON

Midnight não é a mesma mulher que deixei trinta dias atrás. O que diabos aconteceu lá? Eles deveriam ajudar, e não destruí-la. A ideia de seu sofrimento é um soco no estômago. Deixá-la é a última coisa que quero, mas ela não me ofereceu nenhum convite para entrar. O que eu faço? Não consigo descobrir nada até falar com ela. Não tenho escolha a não ser sair porque não posso arrombar a porta.

Dirijo para o escritório, minha mente cheia de perguntas. Quando eu volto, Misha pergunta como foi.

— Não tenho certeza.

— Ela ficou satisfeita com tudo o que fizemos?

— Não disse nada a ela. — Depois que eu explico, Misha quer ir até o apartamento de Midnight.

Eu a paro. — Ela quer ficar sozinha.

— Ela é suicida? — ela pergunta.

— Duvido que eles a teriam mandado para casa se ela estivesse tão mal.

Mas então eu faço uma ligação. Tudo o que recebo é que as informações sobre o tratamento dela são confidenciais. Mesmo quando explico que estou preocupado com a condição dela, eles não me dizem nada. Eles dizem que eu receberia a ligação de seu terapeuta. E ela liga.

— Senhor. Kirkland, Midnight é muitas coisas, mas ela nunca mostrou nenhuma tendência suicida enquanto estava aqui. Há outras questões que abordamos e sugeri que ela ficasse mais trinta dias para impedir que ela voltasse a usar, mas ela recusou. — Sei exatamente porque também.

— Eu vejo. Obrigado por retornar minha ligação.

Meus pensamentos estão aliviados, mas ainda estou preocupado com ela. Por que ela pelo menos não fala comigo? Um mês é muito tempo, mas esse comentário sobre como eles a machucaram me perturba. Sobre o que ela estava se referindo? Eles a abusaram fisicamente lá?

Minha mente não descansa até que eu saiba, então eu mando um texto para ela.

Eu preciso saber se você está bem. Acredite ou não, estou preocupado com você. Não era minha intenção que você tivesse uma experiência terrível lá. Por favor me ligue.

Ela é tudo em que eu fico pensando até chegar em casa naquela noite e o telefone tocar.

— O que você quer me dizer? — Midnight pergunta.

— Na verdade, temos muito o que revisar. Podemos nos encontrar? — São apenas seis horas e eu ofereço levá-la para jantar.

— Prefiro em casa.

— Você tem certeza?

— Nunca faço nada de que não tenho certeza. Exceto por uma coisa, e eu estava certa nisso. Caril de Massaman com camarão, arroz integral e pão fresco. — Ela nomeia o lugar e eu desligo para fazer o pedido.

Quando eu apareço no apartamento dela, ela parece um tanto diferente. Ela está vestindo uma camiseta de grandes dimensões e uma calça folgada. Os olhos dela parecem... velhos. Eles envelheceram desde que ela partiu.

Ponho a comida no balcão da cozinha e a encaro enquanto ela puxa os pratos dos armários.

— Trouxe cerveja e vinho também, — acrescento, sem saber se ela tomou alguma bebida desde que esteve no último mês.

— Obrigada. Não pensei sobre isso.

— Então, do que você gosta?

Ela solta uma risadinha. — Ursinhos de goma. — Então ela carrega nossos pratos. Depois que ela me entrega o meu, eu a sigo até a sala de estar onde nos sentamos no sofá. Eu servi duas taças de vinho, depois que ela admitiu que preferia vinho ao invés de cerveja, e nós comemos.

— Amo essa comida, — diz ela em torno de um bocado de curry.

— É bom. Nunca estive lá, mas definitivamente voltarei. — Comemos em silêncio por alguns instantes até eu perguntar: — O que há com os ursinhos de goma?

— Eles são meu crack. Todo mundo tem algum vício, certo?

— Sim, eu acho.

— Oh vamos lá. Nomeie o seu.

— Não, eu estou limpo de vícios.

— Okay, certo. — Seus profundos olhos violeta se fixam nos meus e a intensidade deles me hipnotiza. Nunca vi nada como eles antes. — Desisto.

— Não, eu realmente não tenho nenhum. Álcool apenas ocasionalmente, e um cigarro de vez em quando, quando bebo. Fumo maconha de vez em quando, mas não o suficiente para chegar a qualquer coisa.

— Eu sei. — Ela sorri como se tivesse descoberto algo superimportante. — Você tem um vício secreto em pornografia.

Eu ri. — Não, pornô é bom, que homem não gosta? Mas sem vício. Desculpe, estou limpo.

Ela me estuda por um longo minuto, depois usa o garfo como ponteiro. Com uma voz melodiosa, ela diz: — Talvez o vício seja a palavra errada. A fraqueza é mais parecida. Você deve ter algum tipo de fraqueza. O que é?

Ela tocou um nervo, um que não precisa ser exposto. — Todo mundo tem fraquezas.

— Então? Diga o seu pior.

Aponto meu olhar para ela. — Não. Não até você compartilhar um dos seus.

Ela se endireita e dá uma mordida no jantar. Depois de engolir, ela diz: — Pessoas quebradas é sua fraqueza, não é? Você viu que eu estava quebrada e pensou que poderia me colocar de volta em funcionamento. Foi por isso que você trouxe Arlequina ou Helen. Não é? Esse é o seu vício?

Como ela é tão astuta? Engulo um pouco de vinho e a encaro. Ela não vai largar isso. — Não vejo isso como uma fraqueza, mas gosto de ajudar os outros, então, em certo sentido, acho que você está certa.

Ela empurra uma mecha de longos fios pretos brilhantes dos olhos. — Não. É muito mais profundo que isso. Você é falho, Harrison. Veja bem, durante a minha estadia em reabilitação, eu tive muito tempo livre, mais do que em anos. Pensei em muitas coisas e você era uma delas.

— Fico lisonjeado.

— Você realmente não deveria estar. Houve momentos em que eu quis usar seu rosto como um saco de pancadas.

— Ai, — eu digo, inclinando-me para trás e esfregando minha mandíbula.

— Sim. Não foi legal. Na verdade, era tão ruim que, todas as noites antes de adormecer, amaldiçoava seu nome e dizia a mim mesma que faria você pagar por me enviar para lá.

Isso é realmente chocante. Estou sem palavras.

— Surpreso com isso?

— Tenho que admitir que estou. — Tudo que eu queria fazer era salvar sua carreira. E quanto mais eu penso sobre isso, mais isso me irrita.

— Posso ver aquelas pequenas rodas girando nesse seu cérebro inteligente.

Um homem pode aguentar tanto, e ela apenas me empurrou para a beira do precipício. — Vamos esclarecer uma coisa. Eu estava salvando sua doce bunda, salvando sua carreira, organizando para você ir para lá. Foi isso. Não havia motivo oculto. Não foi por causa de uma fraqueza minha. Se você precisava de conserto, não tinha nada a ver comigo. Meu objetivo era limpar a confusão que sua maldita carreira estava com a Alta, que, a propósito, você nem sequer perguntou. Tive que puxar mais algumas cordas enquanto você não estava disponível. Ah, e enquanto estamos no assunto, seu amiguinho, Trent, usou o vídeo que ele filmou e o enviou para vários sites pornográficos, que teve milhares de downloads no momento em que chegamos. Cuidei disso também, de nada. Holt Ward também não será mais um problema. O processo que ele entrou foi retirado, o que você não sabia, porque minha equipe cuidou dele na sua ausência. A propósito, não mencione isso para ele. Sua carreira vai disparar, graças a esse período de reabilitação. — Me levanto, com toda a intenção de sair.

Suas palavras me impedem. — Nós não terminamos.

— É aí que você está errada. Você pode lidar com suas próprias bagunças a partir de agora. Meu trabalho com você terminou.

— Não estava falando sobre isso.

Não tenho noção do que diabos ela está se referindo.

— Quando eu estava na reabilitação, eles abriram velhas feridas. É por isso que estou culpando você.

Paciência é um dos meus melhores atributos, mas atualmente parece que estou sem estoque. Inclino meu pescoço para olhar em direção ao teto, rezando para uma divindade desconhecida, por mais. Então eu nivelo meu olhar para ela. — Parece que tudo é minha culpa e isso faz muito sentido. Acho que quando você saiu da reabilitação, você deixou seu maldito cérebro lá.

— Seu imbecil.

— Acredito que você é uma idiota. Você precisa mais do que ursinhos de goma, minha amiga. Eles não estão cortando isso para você. Talvez você precise de algumas pílulas felizes ou algo assim. — Meu nível de insulto sobe.

— Oh, essa é boa. Que coisa de homem. Quando uma mulher tem o direito de ficar com raiva de algo legítimo, ele automaticamente diz que ela precisa de pílulas felizes.

— Você digitou uma palavra-chave, e isso é legítimo. O que você está dizendo e insinuando não chega nem perto de ser legítimo. Você parece doida. Olha, o que aconteceu com você no seu passado, sinto muito. Mas não é minha culpa.

Ela entra na minha cara e grita. — Não, não é. Mas abrir essas velhas feridas sim.

— Ótimo, você não teria ferimentos se nada tivesse acontecido, portanto, não é minha culpa.

— Ugh. Você é tão estúpido.

— Você acabou de dizer que eu era inteligente.

— Oh. Meu. Deus. Não posso mais falar com você— ela diz.

— Estava tentando sair, mas você não deixou.

A próxima coisa que sei é que ela voa para mim, mas em vez de me dar um tapa ou me dar um soco como eu espero que ela faça, ela me beija. Beijos com raiva. Não tenho tempo para reagir. De repente, estamos unidos e não consigo determinar onde um de nós termina e o outro começa. Seus dentes afundam no meu lábio inferior e sinto o gosto de sangue. É quente pra caralho, me estimula a entrar em ação. Eu a pego embaixo das coxas, apoiando-a na parede mais próxima e prendendo com o joelho.

Seus dedos rasgam minha camisa como se ela fosse um demônio possuído, rasgando o tecido com as unhas. Não importa, porque minhas mãos estão fazendo o mesmo com as dela. Ela está nua por baixo do moletom folgado e eu sei o que esperar. Por mais doente que possa parecer, eu assisti seus vídeos pornográficos, até assisti mais do que gostaria de admitir.

Seus mamilos apontam diretamente para mim e, quando olho para baixo, uma mão cai no meu peito, me empurrando para longe. Ela não fala, apenas se move para o botão e zíper do meu jeans. Essas ações me congelaram no lugar. Suas mãos experientes têm meu pau exposto em segundos e eu assisto, hipnotizado, enquanto ela cai de joelhos e o leva todo pela escotilha.

A Midnight sabe como chupar um homem. O pensamento invade meu cérebro que há uma boa razão para isso. Ela fez isso para viver na indústria de filmes triplo-X. Devo me importar? Talvez, mas agora, minhas mãos afundam em seus cabelos sedosos e eu a deixo fazer o trabalho. Não tenho certeza se ela está ciente, mas seus gemidos são quase tão quentes quanto o que sua boca e língua estão fazendo comigo. Quando o dedo dela esfrega um pequeno círculo atrás das minhas bolas, não tenho tempo para dizer a ela que meu esperma está prestes a explodir na caverna de sua garganta.

Rosno um orgasmo que dura muito mais tempo do que o habitual. Então olho para baixo para vê-la limpar uma gotn do meu esperma do canto da boca.

Passando as mãos pelos cabelos, me pergunto o que diabos aconteceu. Um minuto estávamos discutindo, e no outro ela estava jantando na videira. Se isso não me deixa com fome de mais, não sei o que poderia. Só que ela tem uma ideia diferente. Quando chego para puxá-la, ela se afasta e diz: — Acho que você deveria ir embora.

— Sair?

— Tenho certeza que você sabe o que a palavra significa.

Meus dedos apertam seu braço e eu praticamente a arrasto de volta para o sofá.

— Sente sua bunda. Agora. — Deslizo minha mão pelo cabelo novamente tentando descobrir o que dizer a ela. Essa cena é como a de um filme, só que eu não sou ator e não tenho certeza de como lidar com ela. Também está começando a me assustar, porque eu me importo com ela. Não sei como ou por que, mas sei.

Seus olhos cor de lavanda escurecem quando ela olha furiosa. Pelo menos eu não a assustei. Por um momento, pensei que talvez tivesse.

— Não irei sentar.

— Sim você vai. Momentos atrás, você me beijou como um animal faminto por sexo, depois me chupou e agora me diz para sair. Quero saber exatamente o que está acontecendo nesse seu cérebro.

— Por quê? Então você pode consertar? Vou deixar você saber algo. Estou quebrada, Harrison, e não corrigível. — Ela gritou comigo, com todos seus pulmões.

Desta vez eu não pergunto, mas a empurro no sofá. Ela não parece responder bem.

— Perguntei, mas aparentemente você não gosta de ser questionada. Agora sente-se e fique ai. Quando duas pessoas fazem sexo, geralmente acaba de forma diferente.

— Em que mundo você esta vivendo? Não é assim que funciona para mim.

— Então, o que vem depois? Devo retirar um punhado de contas e pagar você?

Seu braço sai, muito rápido, e ataca. Só que eu sou mais rápido e pego.

— O que diabos aconteceu com você lá dentro, Midnight? — Pergunto a ela, meu tom suavizando.

Ela puxa o lábio inferior e o morde. Faz com que pareça uma criança.

— Não vou a lugar nenhum até ter algumas respostas.

Um longo suspiro sai dela e ela tenta puxar seu braço do meu aperto. — Não estou ligando para o tempo, — digo a ela.

— Eles me colocaram nessas sessões idiotas de psicologia barata e esse é o resultado final. Feliz agora? — Tenho a sensação de que ela quer mostrar a língua para mim e faço o impensável: eu rio.

— Seu filho da puta.

— Sou muitas coisas, mas nunca isso.

— Atravessei o inferno lá dentro e você tem a coragem, a audácia de rir de mim.

— Sinto muito. Não estava rindo do que você passou. Foi só que sua expressão fez você parecer que estava pronta para mostrar a língua para mim.

Então ela faz e eu perco totalmente o foco.

Seus dedos repentinamente apertam a merda do meu mamilo e minha risada se transforma em um grito de dor.

— Não é tão engraçado agora, é?

— Você é tão maldita. Alguém já te disse isso? — Pergunto.

— Não, mas você também. Parece que estamos em pé de igualdade.

— Você não passa de uma criança mimada. Só tentei te ajudar e aqui está você, agindo como uma merda. Você precisa crescer, porra.

— Você sabe o que? Por que você não sai daqui? Não preciso continuar o inferno que passei. Um mês foi longo o suficiente e eu sou tudo menos mimada.

— Discordo.

Nós nos encaramos em silêncio. E então algo vem sobre mim quando eu a agarro e a beijo. Não tenho ideia do que diabos estou fazendo, além de cair no fosso do trem. Tenho certeza de uma coisa - isso não vai acabar bem.


Capítulo 12

MIDNIGHT

Ele é tão irresistível. Não deveria querer ele, mas quero. Não deveria ter beijado ele, mas o fiz. Mesmo que eu esteja furiosa com ele, seus lábios são inegavelmente viciantes. Por trinta dias, eu fantasiei com esse homem e aqui está ele, me beijando, me tocando, e nada neste universo poderia impedir que isso acontecesse.

A paixão brilha dentro de mim e não é igual a nada que eu já tenha sentido antes. Chamas lambem minha pele, me aquecendo em todos os lugares imagináveis. Oh, eu beijei mais homens do que gostaria de contar. Fodi com muitos, se não mais. Só que eles nunca acenderam o fogo como Harrison. Beijá-lo me capacita, me liberta, devolve esta parte da minha vida que foi tão cruelmente arrancada. Memórias vis são substituídas por um rosto e corpo que eu sonhei e desejei no último mês. Talvez se eu tirá-lo do meu sistema, eu posso continuar com minha vida. Só duvido que isso aconteça. Uma amostra desse homem provavelmente será pior do que qualquer heroína jamais poderia ser.

Afundando meus dedos em seus cabelos grossos, eu o beijo de volta com tudo o que tenho. É sujo, malvado, cru, mas tudo bem. Como posso querer tanto ele, aquele que quero odiar? Isso não é algo que eu costumo fazer. Até o querer, foi uma surpresa para mim. Mas eu tive que prová-lo, tê-lo na minha boca. E o prazer que isso me deu pode ter sido mais do que o que ele teve. Os sons que ele fez quando gozou... oh, eu nunca esquecerei isso.

Seu pau ainda está exposto e eu envolvo minha mão em torno dele, desfrutando de sua espessura aveludada. Se eu pudesse senti-lo bombear profundamente dentro de mim. Mas depois de nossa pequena troca verbal, é provavelmente a última coisa em que ele pensa. Talvez eu possa mudar isso. Fazer os homens me desejarem é minha área de especialização.

Minha mão desliza para suas bolas, onde eu aperto e massageio. Então eu esfrego aquele lugar que ele gostou antes. Mas ele rapidamente interrompe o beijo.

— Pare. Você vai ficar louca comigo de novo?

— Que tipo de pergunta é essa?

— Exatamente como isso soa. Alguns minutos atrás, você me disse para sair quando eu quis comer sua boceta. Como vai ser, Midnight?

— Você queria comer minha boceta?

— Sim, mas eu nunca tentei, porque você estava me empurrando para fora da porta. — Ele esfrega o rosto e ouço o som áspero que sua barba faz. Deus, eu adoraria sentir isso entre minhas coxas.

Minhas mãos deslizam sob a cintura da minha calça e as empurro para baixo. Não estou com disposição para jogos. Tudo que eu quero fazer é foder. Vamos começar a festa.

— Me siga. — Lidero o caminho para o meu quarto, onde também tenho alguns preservativos escondidos para o caso de ele não trazer nenhum. Subo na cama e abro minhas pernas. — Estou pronta.

Sua expressão registra choque. — Jesus. É isso que você costuma fazer?

— Por que perder tempo? É o meu lema...

Ele faz uma careta quando seu pau murcha um pouco. Isso não é muito encorajador. Talvez minha atitude seja casual demais para alguém como ele. — Eu vejo o sexo entre dois parceiros consente como algo muito casual. Você tem que ver da minha perspectiva, e por favor não me dê sermões. Se isso te incomoda, talvez você deva sair.

Ele não fala, apenas me persegue agressivamente em minha direção. É ao mesmo tempo sexy e assustador. Minhas coxas se fecham automaticamente.

— Nuh-uh. Nada disso. Não aja como uma espécie de provocação comigo. Mantenha-as abertas.

Obedeço enquanto o vejo sair da calça jeans e remover a camisa que destruí com as unhas. Harrison tem pelos e é sexy pra caralho. Definitivamente, aumenta o meu tesão. Em um movimento super-rápido, ele agarra meus tornozelos e me arrasta até o final da cama. Entre minhas coxas, porque agora ele está ajoelhado no chão, ele diz: — Gosto muito de sexo casual, mas sua atitude é mais uma prostituta de dois dólares do que a de uma parceira consensual.

Foi assim que eu agi? Ele não me dá tempo para refletir sobre o meu comportamento prostituta antes de mergulhar entre as minhas pernas e atacar minha boceta. Sua língua me faz sentir uma virgem na noite de núpcias, e passei dois anos na indústria pornô, sendo sugada e fodida, muitas vezes por vários parceiros, incluindo mulheres, que deveriam saber o que fazer com uma boceta. Ninguém jamais fez como Harrison está fazendo agora. Tenho medo de perguntar ou olhar.

Pode ser que um alienígena tenha invadido minha boceta e tenha residido lá embaixo, pelo que sei. Uma enorme onda de prazer vibra através de mim. Eu sei disso - estou construindo um orgasmo de proporções massivas. E ninguém, pelo menos não da variedade humana, jamais me dá orgasmos. Eu sou O-negativo. E eu não estou falando sobre tipo sanguíneo.

Usando os dedos e a boca, ele me faz gozar requintadamente, mas faço o possível para fingir que não gostei. Só que eu praticamente mio como uma porra de gato. Não ficaria surpreso ao encontrar um rebanho de fêmeas selvagens no cio do lado de fora da minha janela, esperando o Sr. Felino emergir.

Sinto sopros de ar na minha boceta. Existe a possibilidade de ele estar rindo na minha virilha. Jesus. Isso não foi do jeito que eu pretendia. Deveria estar lhe ensinando uma lição, não o contrário.

Finalmente, eu tomo coragem o suficiente para abrir os olhos e encontrá-lo olhando para mim com o maior sorriso no rosto. Seus lábios sensuais brilham com a minha umidade. Oh. Antes que eu possa me parar, eu o agarro pelas orelhas e o puxo para a minha boca para que eu possa lambê-lo. Sem dúvida, estou perdendo.

Mas não paramos em um beijo. Ah não. Deveria saber melhor. Ele caminha minha perna por cima do ombro e começa a envolver seu pau grosso e duro em um preservativo. O homem tem jogo. Em um movimento rápido, ele está coberto e deslizando profundamente dentro de mim. Depois que bate fundo, ele para e eu recupero o fôlego. Ele é grosso e eu tenho que me acomodar a ele.

Usando o polegar e o indicador, ele pega meu queixo e me obriga a olhá-lo, o que não estou muito disposta a fazer. Normalmente não transo com pessoas que conheço. É desconfortável e o resultado não é algo com o qual eu gostaria de lidar.

— O que você está pensando? — ele pergunta.

Ele está brincando? Devo dizer a verdade? Se não, tenho certeza de que ele encontrará uma maneira de tirar isso de mim.

— Estava pensando em como não gosto de fazer sexo com pessoas que conheço, e é muito cedo para fazermos.

— Devo parar?

Quero dizer que sim, mas não o faço. — Não. Nem pense nisso.

— Acho que nós dois deveríamos ter pensado nisso antes, ursinho. — Então ele aperta meu mamilo enquanto morde meu lábio. Meu corpo aperta em todos os lugares imagináveis. Mas que merda é essa de ursinho?

Antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele puxa e empurra dentro de mim com tanta força que um longo jato de ar sai de mim.

— Só para você saber, eu vou te foder com essa delicadeza. — Então ele me vira como uma boneca de pano. De onde tudo isso vem? Ele desliza atrás de mim, estilo cachorrinho, que nunca foi o meu favorito, mas então ele me surpreende ao me endireitar. Nós dois estamos de joelhos quando a mão dele se move para o meu clitóris e a outra me aperta debaixo dos meus seios.

Bam, bam, bam, seus quadris batem na minha bunda. A mão no meu clitóris me segura contra ele para encontrar seus impulsos. Cada vez, eu estou quase levantando da cama. Não vou durar muito neste ritmo, especialmente se o dedo dele mantiver esse pequeno movimento. Com certeza, mais alguns redemoinhos e estou indo como a profissional que sou. Só que desta vez não estou fingindo meu orgasmo.

Ele me deixa gozar e eu caio de bruços na cama, onde ele entra em mim novamente por trás. Ocorre-me que ele ainda não gozou. Merda. Vou mancar amanhã. Ele enfia travesseiros embaixo dos meus quadris, e eu estou ficando completamente fodida mais uma vez. Até agora, minha boceta está quase crua e dolorida, mas também está doendo por mais do pau de Harrison Kirkland.

Como isso é possível? Que tipo de feitiço ele lançou sobre mim? Eu nunca respondo a homens assim. Sempre pensei que a única maneira que eu poderia ter um orgasmo era com um vibrador. Acho que eu estava errada, porque depois de vários minutos dele entrando e saindo de mim, eu tenho outro grande problema. A senhorita O-negativa saltou para o lado positivo. Uma pequena risadinha me escapa, mas rapidamente cubro minha boca.

Sabendo que não terei tempo para recuperar o fôlego, ainda não estou pronta quando ele me vira de costas e coloca a sola dos meus pés no peito dele. Então ele desliza dentro de mim mais uma vez, continuando, nunca quebrando o passo.

— Quero olhar nos seus olhos quando eu gozar. — Sua voz é rouca e desencadeia uma resposta improvável em mim. Nunca quis olhar nos olhos de ninguém durante o sexo. Nunca. Mas com ele... eu faço. Quero cair nessas cavernas escuras e nunca mais sair.

Não respondo, porque tenho medo do que direi. A outra verdade que eu gostaria de dizer a ele: você me deixa descansar então, porque, caramba, estou exausta. Harrison é uma máquina de foder.

Não demora muito para que ele diminua seus impulsos e empurre meu clitóris para mais um clímax. Enquanto ele faz, suas pálpebras estão quase fechadas e eu assisto, totalmente encantada, esse homem lindo finalmente explodir em seu próprio orgasmo épico.

Quando ele finalmente sai, ele me examina e anuncia: — Droga, sua boceta está inchada.

— Deve estar. Você me fodeu em pedacinhos.

Ele ri e logo se transforma em uma risada estridente. É impossível não rir com ele, porque ele realmente me fodeu em pedaços.

Quando finalmente paramos de rir, ele pergunta: — Você vai me contar o que diabos aconteceu com você na reabilitação?

Por que ele teve que ir e roubar minha diversão?


Capítulo 13

HARRISON

Um véu cai sobre seus olhos e a risada desaparece. O que quer que tenha acontecido na terapia abriu muitas feridas antigas, e ela não vai me mostrar. Nem mesmo agora. Então penso no que aconteceu entre nós e questiono minha própria sanidade. Que merda eu estava pensando? Sexo e negócios nunca devem se misturar. Quebrei uma das minhas regras cardeais. Não apenas quebrei, pulverizei a maldita coisa, e agora está espalhada no pó. Talvez eu deva fingir que não aconteceu.

Mas eu não posso fazer isso. E porquê? Porque foi o sexo mais épico da minha vida. E foi com Midnight, alguém por quem desenvolvi sentimentos. Como diabos isso aconteceu?

Inclinando-me, eu uso minha língua para roubar um último gosto de sua boceta. Então eu levanto e vou ao banheiro para descartar o preservativo. Quando termino, pego minhas roupas descartadas e me visto. Seus olhos praticamente queimam através da pele nas minhas costas, o que não é exatamente a sensação mais confortável.

Antes de sair, ando ao lado da cama. — Volto amanhã na mesma hora. E não me diga que você não gostou do que aconteceu entre nós. Se você fizer isso, eu te chamarei de mentirosa. — digo. Quero beijá-la, mas não quero. Em vez disso, puxo um de seus mamilos e a resposta é imediata. Ela respira fundo e meu pau se contorce nas minhas calças. Tenho que sair daqui antes de tirar minha calça jeans e empurrar o meu maldito pau para dentro de sua boceta inchada. Tenho certeza que ela estaria disposta também.

Quando estou saindo, ela diz: — Amanhã quero italiano. Traga espaguete à bolonhesa. E encontre um lugar que sirva o melhor. Se você vai me foder assim, preciso manter minhas forças.

Os cantos da minha boca se curvam. — Sim, senhora. Algo mais?

— Sim. Uma garrafa de Barolo, uma salada Caesar e um ótimo pão. Você escolhe o pão. E manteiga, nada de azeite. Pão precisa de manteiga.

— Exigente, não é?

— De modo nenhum. Você tem a oportunidade de escolher sua própria entrada, porque eu nunca compartilho.

Eu rio. — Sobremesa?

— Surpreenda-me.

Gostaria de surpreendê-la, mas acho que não tenho um único truque na manga que ela não tenha visto ou experimentado. Isso deve me incomodar, mas não. Pelo menos ainda não.

Na tarde seguinte, estou sentado no meu escritório, meus pensamentos voltando da noite passada para um novo cliente que acabou de nos contratar, quando meu celular toca. É o meu pai.

— Ei, filho. Sua mãe e eu estamos pensando em voar para uma visita. Este é um bom momento?

Pulo da minha cadeira. — Oh, bem, pai, agora não. Você sabe que eu estava pensando em ir para casa no Natal.

— Sim, mas desde que você não vem muito, sua mãe se preocupa com você. Você sabe como ela é.

— Eu sei. Sinto muito, mas agora não é um bom momento. Talvez depois do ano novo vocês dois possam vir.

A decepção agride seu tom. — Está certo. Vou avisar sua mãe. Está tudo bem por aí?

— Sim, está tudo bem. E você está bem, certo?

— Sim, estamos bem, filho. Bem, cuide-se.

Depois que a ligação terminou, soltei um gemido alto. Misha desvia para o meu escritório. — O que há de errado?

— Mamãe e papai querem me visitar e eu continuo adiando. Eles se preocupam comigo. Mas se eles vierem, eu sei que será um pouco doloroso. Mamãe vai tentar enfiar comida na minha garganta o tempo todo. E então ela terá a missão de me casar com alguém da Virgínia. Além disso, eles não têm ideia de que sou dono desta empresa.

Ela gargalha.

Aponto meu dedo para ela. — Isso não é nem remotamente engraçado.

— Não sei qual é o problema.

— Eles acham que eu trabalho com relações públicas. Eles não têm ideia de quão cruel eu posso ser.

Emily traz uma pilha de pastas e as bate na minha mesa. — Ok, é isso que eu tenho...

Minha mão dispara. — Agora não.

— O que você quer dizer com agora não? Temos que fazer isso hoje, — ela argumenta.

Esfregando o rosto, digo: — Me dê um minuto, por favor.

Misha acrescenta: — Ele está se recuperando de uma ligação telefônica dos pais.

— Ahh.

Helen decide se juntar ao nosso pequeno grupo. — Ei, chefe, posso pedir um favor?

Olho para ela enquanto ela brinca com uma de suas tranças. Emily e Misha foram relativamente bem-sucedidas em fazê-la largar o visual da Arlequina no trabalho, mas as tranças e a cor do cabelo permanecem.

— O que você precisa?

— Você pode conseguir ingressos para a Comic-Con? — Seus olhos são enormes círculos - ela parece uma criança de cinco anos.

Quero rir, eu juro que sim. Mas eu digo a ela que vou trabalhar nisso. Ela abre um sorriso e sai valsando.

Depois que Helen sai, Emily diz: — Ei, Harrison, Helen está realmente fazendo um ótimo trabalho para nós. Suas habilidades organizacionais são incríveis. Tenho que dizer, estou impressionada.

— Obrigado por me informar. Vou deixa-la saber o quanto estamos satisfeitos.

Leland aparece logo depois para me informar que precisamos encontrar um cliente em potencial naquela noite.

— Você não pode fazer isso? — Pergunto.

— Ele especificamente solicitou você.

— Quem é ele?

— Vince LaMar. — Leland sorri.

Vince LaMar é um dos maiores atores de Hollywood, e ele esteve envolvido em todo tipo de coisa, com mulheres, álcool e drogas. Desta vez deve estar ruim.

— Inferno. O agente dele vai estar lá? Porque se não, nenhum de nós vai.

— Sim. Acho que o agente quer que ele vá para a reabilitação, — diz Leland.

— Droga. OK. Sem jantar.

— Jantar. Eles insistiram.

É melhor ligar para Midnight para que ela saiba que eu não posso fazer isso hoje à noite. Meu pau apenas derramou algumas lágrimas. Mas então meu coração também aperta um pouco. O que é isso tudo?

Midnight responde imediatamente. — Você já sente minha falta?

Como devo responder isso?

— Na verdade, eu tenho que cancelar esta noite.

— Por que não estou surpresa? — O humor que estava presente em sua voz antes desaparece.

— Não é o que você está pensando. Um cliente ligou e está insistindo em me ver para o jantar. Realmente sinto muito. Prometo compensar você.

— Veremos.

Ela não acredita em mim. Mas vou me certificar de cumprir esta promessa.


Capítulo 14

MIDNIGHT

Minha agente, Rita, liga no final da tarde seguinte. Ela quer se encontrar para me atualizar sobre tudo. Concordo em encontrá-la para almoçar no dia seguinte.

Tomo o cuidado de escolher uma roupa conservadora. Embora, pensando bem, tinha sido exatamente o que fiz da última vez e olhe para onde me levou. Opto por um vestido fofo e florido, juntamente com um suéter. Adiciono sapatilhas e dou uma rápida olhada no espelho quando saio - pareço uma garota rockabilly. Oh bem, talvez Rita goste desse olhar em mim.

Rita já está esperando quando eu chego, mesmo que eu tenha chegado cedo. Ela me cumprimenta com um sorriso enorme. Rezo para que seja um bom sinal, porque preciso de coisas boas agora.

— Midnight você está maravilhosa. — Ela me abraça.

— Obrigada. Também me sinto muito bem. — Espero que ela não saiba que estou mentindo e que estou assustada.

— Primeiro, espero que o novo contrato atenda à sua aprovação.

— Sim, eu já li e parece o mesmo que o antigo.

— E é. Somente as datas foram alteradas. Você pode assinar hoje?

— Claro. Posso fazer depois do almoço. — eu digo.

— Ótimo. Quero que saiba que temos atendido constantemente a pedido desde que você se internou. Essa coisa toda realmente marcou sua carreira.

Bem, me foda de cabeça para baixo. Harrison estava certo, afinal. — Sério?

— Vou mandar alguém te mandar a página de fãs do estúdio para que você possa ver. Alta também tem uma página separado. Não há como responder a todos os e-mails. É ridículo. Mas eu quero que você dê uma olhada. Há uma página de fãs no Facebook, uma conta no Twitter, uma página no Instagram, você escolhe. Eles até criaram um site especial para você. Eles chamavam de asseclas da Midnight. Espere após o início das filmagens, as coisas literalmente explodirão.

— Não sei o que dizer. Minions da Midnight? Isso é louco.

— Isso apenas mostra o quanto as pessoas vão defender você. E tudo que você tem que fazer, é dizer que está pronta para a nova versão do script.

— A nova versão? — Estou familiarizada com o antigo. Um caso de ansiedade corre sobre mim.

— Apenas algumas pequenas mudanças, — diz ela.

— Ah sim. Sim, eu estou mais que preparada. — Meus dedos coçam por um ursinho de goma que está dentro da minha bolsa. Minha boca fica com água por um, mas eu me contenho.

A garçonete aparece e pega nosso pedido. Estou cambaleando com essa coisa de site. Depois que a garçonete se foi, Rita explica onde estamos. O filme, Turned, é sobre um homem que perde o emprego e está desesperado por dinheiro. Ele acaba roubando um banco com um grupo de bandidos para salvar sua família da ruína financeira, mas é claro que as coisas não funcionam como ele planeja. As pessoas com quem ele assalta o banco são verdadeiros criminosos, ao contrário dele, e acabam matando um bando de pessoas inocentes. Ele tem que descobrir uma maneira de sair do país ou se entregar.

Estou interpretando a esposa do cara e, eventualmente, ele acaba se entregando à polícia. Mas ele é morto na cena final, onde a esposa vê tudo se desenrolar. É um filme corajoso, de raiz para o bandido. No final, a esposa deixa a cidade com a filha, fugindo para começar uma nova vida. É emocionante, e comovente, com um final de choro garantido.

— Aparentemente, Holt e o resto da equipe estão morrendo de vontade de começar com você, e assim que você aprender o roteiro, eles estão prontos para partir. Eles já estão filmando.

— Estou pronta, Rita. Só preciso de um tempo para analisar minhas novas falas.

Ela me entrega o roteiro revisado e diz: — Faça isso então. Você verá que não há muitas mudanças. Como estão filmando parte do filme aqui e depois a outra parte em Santa Monica, eles não precisam fazer nenhum tipo de viagem pesada. Quanto tempo você precisa para se familiarizar novamente com o script? Sei que você já tem uma cópia, mas eles realmente fizeram algumas alterações desde que você se foi. Nada importante, no entanto.

Olho para o que ela me entrega e levo algum tempo para folhear. Faço um estudo bastante rápido. — Não deve demorar muito. Se eu começar a ler esta tarde, devo terminar amanhã.

— Excelente. Vou avisar Danny e Greg. Greg é o diretor, pelo qual estou super empolgada porque sua reputação é estelar. Que tal depois de amanhã, então? Isso lhe dará um dia extra por precaução. Não deve ser tão diferente da última vez que você passou por ele.

Concordo com a cabeça, dizendo: — Sim, eu gosto dessa ideia.

— Bom. Acho que todo mundo também vai gostar.

— Até Holt?

Rita ri. — Não acho que Danny se importe com o que ele pensa. Holt fará o que Danny diz.

— Então tudo parece ótimo para mim.

A garçonete entrega nossas saladas. Antes de Rita cavar a dela, ela pergunta: — Quanto tempo depois você acha que precisará, antes de iniciarmos a produção?

— Honestamente, acho que não posso responder a isso. Aprendo rápido e sou rápida em fazer tudo. Você sabe se Greg se importa em improvisar?

As sobrancelhas de Rita franzem. — Não tenho certeza de que eles vão querer que você desvie muito do roteiro.

— Oh, eu não vou. Só não consigo acertar as palavras exatas todas as vezes.

— Minha sugestão seria tentar o seu melhor para não fazer isso. Uma semana é suficiente?

— Acho que sim.

— Vou avisar, — diz Rita. — Lembre-se, já estamos atrasados em trinta dias. Todos os conjuntos foram estabelecidos. Eles já filmaram as cenas de assalto a banco e completaram alguns dos outros que não a envolvem. Claro, eu não sou o tomador de decisão aqui. Tenha isso em mente.

— Obrigada. E Rita, prometo, vou trabalhar mais do que qualquer um nisso.

Depois do almoço, vamos ao escritório dela para assinar o contrato atualizado e nos separarmos depois disso. Pela primeira vez desde que entrei naquela reabilitação esquecida por Deus, sinto-me alegre. Devo a Harrison. Ele estava certo sobre como as pessoas reagiriam.

Não perdendo nem um segundo, eu corro para casa e devoro o roteiro. Estou tão imersa nele que nem sequer faço uma pausa para comer. Só paro quando termino às quatro da manhã. É épico. Lágrimas correm pelo meu rosto, e eu tenho que usar toalhas de papel para secar os olhos, porque estou sem tecido. Cada vez que leio, é mais impactante que a anterior. É melhor que Holt toque isso como está escrito, porque é uma coisa digna de Oscar. Não me lembro quando fiquei tão comovida com alguma coisa.

Minhas emoções são tão cruas e expostas que não há chance de eu conseguir dormir. Parece que a Netflix será o meu bálsamo hoje à noite. Procuro algo que me deixe sonolenta, mas nada me interessa, exceto o Demolidor. Ligo e antes que eu perceba, o sol ilumina meu quarto. Estou exausta, mas me levanto mesmo assim. Esse roteiro é tão dinâmico e cheio de estilo que eu quero tomar banho e correr para o estúdio agora.

Mas não estou exatamente pensando claramente. Indo para a cozinha para ligar o Keurig, seguro o roteiro com força no peito. Estou ali esperando a luz acender quando há uma batida forte na porta. São apenas nove da manhã. Quem poderia ser?

Espiando pelo pequeno buraco, vejo o rosto de Harrison.

— O que você está fazendo aqui? Está tentando ganhar um café? — Pergunto enquanto abro a porta.

— Jesus, você parece um inferno.

— Ótima manhã para você também, — digo.

Me afasto, imaginando que ele vai me seguir até a cozinha. Ele faz. A máquina está pronta, preparo uma xícara e entrego a ele.

— Como está? — diz ele.

Faço outro e ele me pergunta por que eu pareço tão áspera. Seguro o script. — Isso.

Ele olha para o papel. — Ahh. Você ficou acordado a noite toda?

— Sim. Isso é fantástico. Se Holt não estragar tudo, ele deve ganhar um Oscar.

— Que bom, hein?

— Oh meu Deus. É tudo o que eu sempre quis em um filme. Sem brincadeira. Gostaria que você pudesse ler, Harrison.

— Droga, deve ser ótimo. Nunca te vi tão otimista. Você está quase tonta.

— Não adormeci porque fiquei pensando nesse maldito roteiro.

— Sim, eu também não, mas por razões diferentes. — Ele balança as sobrancelhas.

Empurro seu ombro. — Oh, pare.

— Pelo menos cuidamos do novo cliente, mas Harrison foi para casa um homem solitário quando tudo o que ele queria fazer era foder a Midnight.

— Coitado. — Empurro meu dedo indicador em seu peito. — Você sabe o quanto sinto por Harrison? Aposto que ele foi para casa e assistiu a um dos vídeos de Lusty.

— Harrison bastardo.

O jeito que ele diz isso me faz rir.

— Então, como está a sua... — Ele aponta o dedo entre as minhas coxas, fazendo um círculo.

— Hmm, essa não é a pergunta desta manhã?

Ele levanta um ombro grande e musculoso. Tenho um flashback de quando uma das minhas pernas estava sobre ele.

— Pensei que sim, ou não teria perguntado. Achei que o ursinho estava um pouco desgastado. — Seus dentes raspam o lábio inferior. Harrison tem uma boca que faria uma freira ter um orgasmo espontaneamente.

É necessária uma mudança de assunto ou posso me ajoelhar. — Está com fome?

— Claro. — Uma risada rouca sai dele.

— Cale-se. — Dou um tapa no braço dele. — Vou fazer o café da manhã, se quiser. Estou morrendo de fome, esqueci de jantar na noite passada.

— Parece bom. Vou comer ovos. E por que você não comeu?

Aponto para o script que coloquei no balcão. — Fiquei tão envolvida nisso que não parei.

— Droga. Você me faz querer ler.

— Você não pode. E não ouse tocá-lo. — Estalo meus dedos. Ele coloca as mãos no ar, e eu acaricio o roteiro onde ele fica no balcão. — Não posso começar a explicar como isso é ótimo.

— Você pode me dizer do que se trata, pelo menos?

— Não. Estragaria quando você o ver pela primeira vez.

A manteiga na panela chia, então eu coloco os ovos e coloco pão na torradeira. Em pouco tempo, o café da manhã está pronto. Harrison inala; Deu apenas duas mordidas e seu prato está brilhando como se não tivesse sido usado.

— Droga. Você mastigou?

— Estava com fome, eu acho.

— Há mais pão se você quiser torrar. — Ele se levanta e coloca mais duas fatias na torradeira. Ele os devora também.

— Posso cozinhar mais ovos para você, — ofereço.

— Nah, eu estou bem.

Ele faz outra xícara de café e depois anuncia que precisa ir. — Hora de ganhar a vida.

— Tenho que estar no estúdio as sete, amanhã. Vamos repassá-lo outra vez. Desde que saí por um tempo, Danny quer fazer isso de novo.

— Boa ideia, — diz ele.

O observo enquanto ele sai pela porta. Sua calça preta sob medida parece sexy como o inferno enquanto abraçam seus quadris e bunda firme. Lembro-me daquela bunda com minhas mãos em volta, enquanto ele fazia o sujo para mim. Isso vai acontecer de novo? Com certeza espero que sim. Meu pobre vibrador não tem chance, enquanto espero a hora chegar.


Capítulo 15

MIDNIGHT

Esse roteiro atinge todos os pontos que eu amo em um ótimo filme, mas quando nos sentamos para repassá-lo novamente em grupo na mesa, fico impressiona de novo. Até parte da insegurança de Holt desapareceu.

— Leitura fantástica, Midnight. Com um pouco de aprimoramento, você matará esse script, — diz Danny.

Eu sorrio. — Uau, eu não sei o que dizer. Espero deixar você orgulhoso, Danny.

— Apenas agradeça ao homem, pelo amor de Deus. Você não consegue reconhecer um flerte quando vê um? — Holt está atrás do ombro de Danny, com uma expressão azeda. Não sei por que ele tem que agir como um idiota e estragar a diversão.

— Oh, vamos lá, Holt. Não estou flertando. Estava apenas elogiando-a pelo excelente trabalho que ela fez hoje, — diz Danny.

— Tanto faz. — Holt vai embora.

— Ignore sua bunda rude. Eu quis dizer o que disse. Você vai brilhar na tela.

— Obrigada e prometo trabalhar duro.

— Bom, então, nos vemos em duas semanas. Se você precisar de alguma coisa, me ligue.

— Obrigada, Danny.

Estou de pé ao lado da mesa quando Holt passa para pegar suas coisas. — Ei, Holt. Eu ia lhe contar mais cedo, esse roteiro é incrível, e com seu talento você pode acabar com um Oscar no próximo ano.

Em vez de demonstrar gratidão, ele zomba. — Ah? E exatamente o que você saberia sobre isso?

Estou tão chocada que minha língua acaba presa dentro da minha boca.

— Sim, não muito, né? — Ele pega suas coisas e sai andando.

Vai ser um longo período trabalhando com esse idiota ofensivo. Por que alguém tem que ser tão idiota? O que aconteceu com ser gentil um com o outro?

Pego minhas coisas e vou para casa, afastando os pensamentos de Holt Ward.

Meu telefone toca. — Olá.

— Ei, é Harrison. Como foi?

— Ah, além do imbecil Holt, foi incrível. — Explico o que aconteceu. — Estarei estudando o texto, então não pense que estou ignorando você.

— Não é um problema. Ligue se precisar de mim. E Midnight?

— Sim?

— Boa sorte. Estou torcendo por você.

Nas duas semanas seguintes, mergulhei no estudo das minhas falas. Vou memorizar todas as letras dessa história, fazendo Holt parecer amador em comparação. Ok, isso é um exagero, mas é o que estou dizendo a mim mesma.


MINHA HORA DE CHEGADA na segunda-feira de manhã no meu boletim de chamada era 06: 00. Chego na mesma hora em que a equipe de maquiagem aparece. Hoje estamos filmando várias cenas no mesmo set. Depois que minha maquiagem termina, eu chego ao set para encontrar a equipe de iluminação fazendo sua mágica. Eles precisam garantir que os atores sejam iluminados adequadamente em cada cena. O diretor posiciona Holt e eu em locais diferentes onde a cena será realizada para que o operador de câmera possa ajustar suas fotos. Eles filmarão do meu ângulo, depois do de Holt. É muito demorado. Finalmente estamos prontos para começar. Fazemos um ensaio antes de começar e então é hora do show.

Na cena em que estamos trabalhando agora, o personagem de Holt, Finn, e eu estamos tendo problemas conjugais por causa do nosso estado financeiro. Ele perdeu o emprego e não consegue encontrar um novo. Estou trabalhando, mas não é suficiente para nos apoiar.

Finn é arrogante e frustrado, e estou estressada com a quantidade de contas em atraso e uma filha pequena para cuidar. Nós temos uma discussão e ele sai em disparada. Nossa filha acorda e entra no quarto chorando. É um momento muito emocional para mim.

Estou abalada com a cena, mas não porque estou atuando. Isso não está muito longe da vida em que cresci, minha mãe não era casada com os homens com quem às vezes discutia. Envolvo a jovem atriz em meus braços, acalmando-a, dizendo que tudo ficará bem e que papai estará em casa em breve.

O diretor corta e eu me afasto de Sammie, a garotinha que estou abraçando, dando-lhe um grande sorriso. — Você foi uma grande atriz. — Ela é muito fofa. Aos quatro anos, quero roubá-la. Ela é loira, com longas tranças e olhos verdes, muito parecidos com os de Holt.

— Drake. Obrigado. Você também foi grande em cena.

Holt aparece de volta no set e me dá um leve aceno de cabeça. Vou aceitar. Isso é melhor do que algum insulto contundente. O diretor assistente acompanha Sammie do set até sua mãe, que fica perto. Gostaria que minha mãe estivesse por perto assim, em vez de consumir heroína.

Ando até a área onde lanches e bebidas estão e pego algo enquanto a equipe se prepara para a próxima cena. Então me sento na minha cadeira pessoal e examino meus lados - uma pequena versão das cenas que estamos filmando hoje.

O diretor chama os atores, então começamos a próxima cena, onde tento acalmar as coisas com Holt / Finn, seduzindo-o. Coloco uma lingerie sexy, então quando ele chegar em casa, estou pronta para um pouco de diversão no quarto. Nossa filha está dormindo quando ouço a porta se abrir. Entro na sala e ele não faz ideia do que está por baixo do roupão que estou usando. Com todo o estresse em nosso casamento, nossa vida sexual sofreu.

Ando casualmente atrás dele e agarro sua mão. — Ei. Você se foi por um tempo.

Ele não me olha nos olhos. — Sim. Tive que limpar minha cabeça.

— Por que você não vem para a cama?

Ele retira minha mão. — Não estou cansado. — Então ele caminha para a cozinha e volta com uma cerveja (falsa), abre a tampa e dá um longo gole.

Não desisto porque minha personagem, Christine, é uma mulher muito determinada. Viro-o para me encarar e escovo os cabelos da testa, massageio os vincos ali e digo: — Vamos, querido. Posso fazer você se sentir muito melhor do que essa lata de cerveja.

Ele finalmente se conecta e me nota pela primeira vez.

Ele bate na minha mão. — Cristo, Christine. Me deixe em paz. — Ele se dirige para o sofá.

Sua bunda cai sobre ele em seguida abre suas pernas longas e musculosas. Mas ele não conta comigo me ajoelhando entre elas.

— O que diabos está acontecendo com você hoje?

— Eu só quero estar com você, querido. — Esfrego minha bochecha em sua coxa enquanto pego o botão em seu jeans.

Ele coloca minhas mãos de lado. — Não estou no clima. — Sua voz carrega uma ponta dura de frustração.

— Se você me der uma chance, posso deixar você com vontade.

— Oh sim? Como?

Levanto e largo o roupão. Suas pálpebras se abrem levemente, só que ele não está agindo agora. É uma reação visceral.

— Você acha que isso vai funcionar comigo?

Ofereço minha mão e sorrio. — Por que não descobrimos?

Ele pega minha mão e me dá um puxão forte. Caio em cima dele e ele me beija ferozmente. Então me empurra para o lado.

— Você tem escondido isso de mim. Por quê?

— Eu não tenho. As coisas foram...

Ele se levanta e me arrasta em direção ao quarto.

— Corta, — grita Greg. — Mal posso esperar para ver os diários sobre isso.

Admito que estava quente. Mais quente do que eu esperava de Holt.

— Bom trabalho, — diz Holt.

— Obrigada. — É meio estranho. Ele nunca me elogia. Me pergunto como o amanhã será. É quando fazemos a cena do quarto.


07: 00 APAREÇO para maquiagem. Visto a lingerie sexy de novo e estou pronta para a cena do quarto. A iluminação é um problema. Demora uma eternidade para acertar hoje.

— O rosto dele parece muito tenso, — reclama a equipe.

— É suposto. Ele está estressado, — diz Greg.

Eles discutem e acabam levando até o almoço antes de se prepararem para nós. Eles fazem várias fotos de teste e finalmente estamos prontos.

— Ei, vamos fazer uma pequena pausa para o almoço e depois seguir em frente, — diz Greg.

Parece bom para mim porque estou morrendo de fome. Nós saímos para onde a comida está e comemos.

De volta para dentro, tomamos nossas posições e a ação é chamada.

Holt tira a camisa para revelar abdominais esculpidos. Tenho certeza que ele está se preparando para isso passando um tempo na academia. Quem não quer ser visto por milhões de fãs adoradores sem estar na melhor forma possível?

Então ele me levanta e nós estamos na cama, suas mãos vagando por mim, freneticamente, como se ele não pudesse ter o suficiente. A câmera se fecha, embora eu não tenha certeza do que está acontecendo. E então o diretor grita: — Corta. — Quero rir porque estou muito acostumada a pornografia e isso é branco como lírio em comparação.

— Isso foi quente, — diz Greg, o diretor. — Agora preciso de você nua da cintura para cima e em baixo das cobertas, Midnight. Precisamos da cena pós-sexo.

— Certo. — Tiro o sutiã, porque não sou exatamente tímida por ter meus peitos expostos para que todos possam ver. Holt tenta segurar sua camisa para me proteger. Meu contrato declarou que incluiria nudez da cintura para cima, mas acho que Holt não está ciente disso.

— Ei, tudo bem. Todos verão em um segundo, pelo menos. Além disso, está no meu contrato.

Ele solta uma risada estranha. — Certo.

Nós corremos para debaixo das cobertas e ele pergunta se estou confortável. Estou mais do que um pouco surpresa que ele esteja sendo tão atencioso. As filmagens começam novamente e filmamos o brilho do nosso tempo sexy. Ele brinca com meu mamilo, faz cócegas em mim e depois dá um beijo quente, que na verdade é todo roteirizado. No entanto, isso me pega de surpresa, fechando as linhas da minha cabeça. Minhas emoções estão pulando por todo o lugar, em nós.

Não posso estragar tudo, então improviso, mas a paixão e a tensão entre nós produzem uma qualidade que faz a cena ficar melhor do que o que foi originalmente planejado. É corajoso, mas doce, com Finn amolecendo em direção a Christine, e Christine deixando seu amor por ele brilhar através de seus olhos.

Termina com Finn tocando os lábios de Christine com os dele e Greg gritando: — Corta! — Sento-me, segurando o lençol contra mim, para ver um sorriso gigantesco se espalhando pelo rosto de Holt.

— Isso foi incrível, — diz ele.

Não sei bem o que dizer sobre isso, além de— Sim, acho que fomos ótimos.

Quando saio da cama e me afasto da luz, olho através do aparelho para ver Harrison parado lá, com uma expressão séria no rosto. Ele acena com a cabeça uma vez e depois sai pelas portas nos fundos do estúdio.


Capítulo 16

HARRISON

Acontece que Midnight não precisa de mim, afinal. Observá-la nos últimos dois dias foram performances dignas do Oscar. Tem sido tão comovente, tão real que eu senti como se estivesse na cama com os dois. Eles sentiram essa paixão um pelo outro? Porque com certeza parecia o mesmo para mim. Suas habilidades de atuação são melhores do que as que já vi há muito tempo. Vá para Meryl Streep, você tem companhia, querida.

Tenho que admitir, seus beijos e nudez com Holt me incomodaram mais do que um pouco. Mas por que deveria? Faz parte do acordo quando você é ator. A maioria dos papéis exige beijos, cenas de sexo e travessuras no quarto, se houver algum tipo de relacionamento envolvido. No entanto, eu não pude deixar de sentir que eles estavam nisso um pouco mais do que a cena exigia. Talvez eu esteja com ciúmes, não fui eu na cena com ela. Não sei. Midnight e eu somos apenas... o que somos exatamente? Ela era minha cliente, mas depois o sexo...

E agora? Agora, estamos trocando mensagens de texto e ligações de telefone. Mas eu quero algo mais. Ela está na mesma página?

Estou sentado no meu carro, olhando para o espaço, quando uma batida na janela me assusta. Falando no diabo.

— O que você está fazendo aqui? — ela pergunta.

— Não faço a menor ideia.

— Quer jantar? Estou faminta. Nós terminamos o dia, graças a Deus.

— Por que diabos não?

— Me siga.

Acabamos em um lugar italiano e eu rio. Devo-lhe um jantar e ela deve ter pensado em cobra-lo.

Depois que estamos sentados, ela continua a me contar sobre seu dia. Estou envolvido com a emoção dela. Eu precisava disso - esse brilho hoje à noite.

— E é tudo por causa de você. Se você não tivesse me empurrado para a porta do centro de reabilitação, eu não estaria aqui agora.

— Você nunca vai me dizer o que aconteceu lá? — Acho que ela vai desistir um dia desses.

Os lábios dela formam uma linha fina. — Qual é a única coisa que você nunca gostaria de compartilhar com alguém?

— Existem coisas associadas aos meus negócios que eu não gostaria que ninguém soubesse, mas elas não me envolvem pessoalmente, — digo.

— Mas seria pessoal até certo ponto se envolver seus negócios.

— Isso me afetaria, sim, mas não é diretamente sobre mim.

Ela franze os lábios e pergunta: — Então, qual é a pior coisa do seu negócio que você não gostaria de compartilhar comigo?

Minha língua cutuca o interior da minha bochecha. Há coisas sobre clientes, até meus funcionários, que nunca posso compartilhar com ninguém, sem mencionar os contratos que todos assinamos. — Não. Não posso compartilhar nada com você.

— Então, você vê como eu me sinto, então?

— Aqui é principalmente do ponto de vista jurídico. Não é o mesmo.

— Meio que é. Você ainda não pode divulgar.

Inclinando a cabeça, pergunto: — O seu é tão ruim assim?

— Pior.

Nós comemos e ela parece tão... feliz. A mulher melancólica e raivosa que peguei na reabilitação se foi e em seu lugar há uma substituta muito mais alegre. Talvez eu possa encontrar meu feliz novamente também.

Ela está colocando uma garfada de espaguete na boca quando digo: — Sinto falta de vê-la.

O garfo volta e ela engasga: — Você sente?

— Sim. — eu disse.

— Também senti sua falta.

— Sério?

— Sim. E isso não é fácil de admitir. — Seus olhos estão abatidos enquanto ela fala.

— Eu percebi. — digo.

— Isso vem da minha formação. Não gosto de me aproximar de ninguém. Minha mãe me amou. Sei que amou. Mas ela era uma viciada que não conseguia se limpar, sem mencionar que não tinha educação ou habilidades. Ela era uma stripper e vivia um estilo de vida feio. Por fim, ela escolheu as drogas. O resultado final para mim foi catastrófico. Isso me deixou um pouco desconfiada, se assim posso dizer.

A maneira como sua voz treme e abaixa pode ser uma indicação de por que ela não queria ir para a reabilitação. Talvez isso volte para a mãe dela.

— A catástrofe foi seu orfanato?

— Me importo em discutir isso. E eu pediria para você nunca mais falar sobre isso.

— OK. Mas às vezes é melhor falar sobre coisas assim.

— Harrison, nem todos podem ser consertados, como você pensa que pode. Às vezes é melhor deixar as coisas sozinhas. — Ela gira mais espaguete no garfo e enfia furiosamente na boca. Depois que ela mastiga e engole, acrescenta: — Você já parou para pensar que talvez seja você quem precisa de conserto?

— Eu? Como? — Estou perfeitamente bem do jeito que estou.

— Sua necessidade motriz de consertar as pessoas não é normal.

Mas que diabos é isso? — Só quero ajudar.

Ela aperta os olhos. — Não. É mais do que isso. Você mergulha na vida das pessoas e as examina. Isso não está ajudando. Isso é meio doente. Quais são seus gatilhos?

Minhas costas endurecem com a pergunta dela. Não há gatilhos. — Uma pessoa não pode ajudar alguém sem os chamados gatilhos?

Finalmente cavo minha lasanha. Precisa de sal, então pego o saleiro, mas o sal não vai sair livremente. Inspeciono as minúsculas aberturas na tampa e elas parecem bem, mas estou ficando frustrado pelo fato de que o sal não sai. Abro o agitador e viro a tampa para ver qual é o problema. Midnight começa a rir.

Olhando para cima, vejo seus olhos dançando com alegria. — O que?

— Olhe para você tentando consertar o saleiro. Seria mais fácil sinalizar o garçom e pedir outro, mas não. Você tem que consertar este.

Merda, ela está certa.

— Admito isso, mas provavelmente é mais rápido do que esperar por outro.

— Então vamos fazer uma pequena competição.

Ela imediatamente chama a atenção do garçom e pede outro saleiro. Antes que eu possa desobstruir os pequenos orifícios, um novo saleiro está na minha frente. Midnight apresenta um sorriso satisfeito.

— Você tem que admitir, nosso garçom é muito atencioso, — eu digo.

— Oh, vamos lá, Harrison. Você precisa de um terapeuta. Ela coloca os cotovelos na mesa e se inclina para perto de mim. — Você não gosta de ouvir isso, não é? Seu pequeno mundo perfeito não é tão perfeito, afinal? Mas ei, não se preocupe. Olhe a sua volta. Todo mundo está fodido até um certo grau. Junte-se à multidão. Somos um grupo divertido. — Ela levanta seu copo de Barolo para brindar.

Midnight Drake me assusta e não sei exatamente como lidar com isso. Moro em um mundo perfeitamente organizado, onde tudo tem seu lugar. Ela pegou meu mundo, virou de cabeça para baixo e espalhou tudo, interrompendo a ordem das coisas. Como vou reuni-los para que possa funcionar corretamente?

— Você não está comendo. — diz ela.

— Perdi meu apetite.

— Sobre a nossa conversa? Estou chocada.

Dou de ombros. O que posso dizer? Ela está me desmontando e isso pode parecer absurdo para ela, mas essa merda é real para mim.

— Bem, eu terminei. Vamos para minha casa. Talvez eu possa colocar algum sentido em você. — ela diz.

Honestamente, por melhor que pareça, nem tenho certeza de que funcionará, mas não vou recusar. Isso vai me distrair por um tempo, e talvez seja isso que eu preciso.


Capítulo 17

MIDNIGHT

Harrison, o cara controlador que eu conheci em Nova York, está percebendo que sua vida não é a existência perfeita que ele pensava. É quase risível. Uma coisa que ele é, no entanto, é dominante na cama. Assim que entramos no meu quarto, seu comportamento muda.

Estou na frente dele e sua mão torce meu cabelo enquanto ele me gira. Não tenho tempo para piscar ou pensar antes que sua boca esteja na minha em um beijo duro. Esse homem pode ter problemas, mas um problema que ele não tem é capacidade de foder.

Estou usando lingerie sexy da última cena que filmamos hoje. Fiz um acordo com o estúdio nesta cena de antemão. Por causa do meu passado pornô, sou exigente em algumas coisas e lingerie sexy é uma delas. Queria algo de muito bom gosto e consegui o que pedi. Estou usando meias pretas até a coxa e calcinha combinando com o sutiã preto sexy.

Seus olhos percorrem meu corpo de cima para baixo e sinto aquela tensão familiar na parte inferior da barriga, que queima entre as minhas coxas. Seu olhar encapuzado pousa nos meus seios e um dedo se prende na borda do meu sutiã. Ele puxa para baixo, expondo todo o meu peito. Meu mamilo endurece, como se estivesse chegando até ele, praticamente implorando para ele chupar. Ele apenas passa as costas da mão sobre ele, me torturando.

Cruzo as pernas e aperto as coxas. A fraca tentativa de aliviar a dor falha. Minha necessidade por ele é mais forte do que nunca. Ele repete a ação do sutiã do outro lado, provocando meu mamilo direito. Eu olho para o rosto dele enquanto ele morde o lábio inferior. Então meus olhos caem na virilha de seu jeans. Pelo menos eu não sou a única que está carente agora.

Meus dedos alcançam sua calça, mas ele os empurra para o lado.

— Você provocou Holt assim? — ele pergunta seu tom áspero.

Harrison está com ciúmes?

— Não, eu provoquei o Finn. — Esclareço sua confusão. — O personagem que Holt interpreta. Não dou a mínima para Holt.

Um sorriso brinca no canto direito da boca dele. Quero tanto beijar ele, já posso sentir o gosto.

— Bom, depois desta noite, você não se lembrará do nome de Holt. — Ele coloca um dedo no centro do meu sutiã e me puxa contra ele. Agora vou ter a chance de provar sua boca. Minha língua prova o Barolo do jantar quando eu empurro seus lábios. Acariciamos os lábios um do outro; nossos dentes se batendo porque Harrison não beija como um idiota. Ele pega o que quer e não deixa espaço para pensamentos ou necessidades.

E então estou em seus braços enquanto ele me carrega para minha cama. Eu tento me livrar da lingerie.

— Não. Vou te foder assim. A próxima vez que usar, você pensará em mim.

Ele nem tira minha calcinha, apenas a puxa para o lado antes que sua boca me encontre. Já estou molhada para ele. Ele não precisava fazer isso, mas um orgasmo é sempre bem vindo.

Estou deitada de costas por um minuto ou mais antes que ele me vire como uma panqueca. Ele é forte, os tendões do bíceps pontuados por esse movimento. Ele me pega como se eu não fosse nada além de uma pena. O homem tem movimentos. Sua língua entra na minha boceta por trás, enquanto sua mão, que está em volta de mim, procura meu clitóris. Estou corada de desejo e necessidade por ele como nunca experimentei.

Quando eu estava fazendo filmes pornôs, não pensava muito em sexo, porque era apenas um meio para atingir um fim. Não tinha exatamente vergonha disso, porque estava fazendo por uma boa razão. Precisava desesperadamente do dinheiro. A verdade é que pareceu bobagem na maioria das vezes. Vestir-se como uma enfermeira prostituta e dizer sim, sim, sim, repetidas vezes, em uma voz estridente, é suficiente para fazer qualquer pessoa, se sentir idiota.

Mas com Harrison, há essa necessidade ardente, esse fogo em minhas veias que me envolve. Eu só quero mais dele.

Não demora muito para um orgasmo me levar, e logo, o pau de Harrison está empurrando profundamente dentro de mim. Lento a princípio, mas depois mais rápido. Olho por cima do ombro para assistir. Seus olhos estão fechados, a cabeça jogada para trás, enquanto suas mãos agarram meus quadris e ele bate em mim como um animal selvagem. É primordial a maneira como ele me fode, tocando em lugares que desencadeiam reações que eu não conheço. Minhas mãos arranham o edredom, as unhas quase afundando até o chão. Estou no precipício de outro clímax, e quando o ouço gemer baixo e longo, eu o sigo. Ele desliza para o chão e senta, ofegando como o animal que espetacularmente me fodeu.

— Sei de uma coisa que não precisa ser consertada. — digo.

— O que?

Rastejo até o final da cama para poder vê-lo. — O jeito que você fode. — Então eu caio de costas e olho para o teto. Ele está quieto, e me pergunto se ele se arrepende do que aconteceu entre nós. Ele sentiu o que eu fiz ou foi apenas outra mentira para ele? Gostaria de perguntar, mas não faço.

— Não acho que preciso de conserto. — ele diz de repente, olhando para longe. Ele está com raiva? É difícil dizer.

— O que você estudou na faculdade? — Pergunto.

— O negócios. Por quê?

— Você deveria ter sido um engenheiro.

— Por que um engenheiro?

— Você tem TOC. Tudo tem que funcionar perfeitamente, sem problemas. Se as coisas não forem exatamente assim, você as corrige. Você adoraria ser engenheiro. Ou um especialista em ciência da computação. Escrever código e criar programas perfeitos. É assim que você é. De qualquer maneira, você tem TOC. Suas meias e gavetas de roupas íntimas estão perfeitamente arrumadas e o seu armário é codificado por cores?

Suas sobrancelhas quase saltam de seu rosto. Levanto meu braço e digo: — Veja, eu peguei você. Você precisa de um terapeuta. Possivelmente até um psiquiatra. A propósito, como está Helen Reddy?

Agora, minha cabeça está pendurada no final da cama, descansando em seu ombro. Ele pega uma mecha do meu cabelo e o gira.

— Não, não, você não está saindo do assunto aqui. Você não pode mudar para Helen. Não preciso de um terapeuta.

— Continue. Admita. Eu lhe dei algumas coisas muito boas para você rolar nesse seu cérebro, não é? Sem mencionar, que você sempre acha que todo mundo tem que cair nesse molde. Bem, veja o que aconteceu comigo. Esse molde não funcionou tão bem.

Ele se senta um pouco. — Seu molde está bom. Você é apenas uma não-conformista.

Eu rio. — Uh-huh. Certo. Não-conformista. — Sou mais como um não-reformista.

— O que você está escondendo, Midnight?

Meus pensamentos voltam quando eu era adolescente. Não há como parar o tremor que rasga através de mim. É uma história de horror que ninguém quer ouvir, nem eu.

— Deve ser muito ruim. Eu posso ajudar, você sabe.

— Jesus, você não pode me ajudar. Ninguém pode. Além disso, acabou e terminou. Não vou voltar, então não quero falar sobre isso.

Ele gira no chão para me encarar.

— Somos amigos, certo?

Eu concordo. — Sim, você salvou minha carreira.

Sua boca se curva para cima. — Ah! Você admite.

— Sim, apesar de você me colocar na maldita reabilitação para isso.

— Vai valer a pena quando você concorrer a um Oscar.

Dou um soco no ombro dele. — Nunca vai acontecer.

— Nunca diga nunca. De qualquer forma, se nos aproximarmos, não que não estamos agora, você consideraria me contar?

O que ele quer dizer com isso? — Estamos perto disso acontecer?

Ele me olha bem nos olhos. — Não tenho certeza. Eu recebo essa vibe de você.

— Só que vai me levar um tempo.

— Então, com isso, você evitou minha pergunta, — diz ele. — Você vai me contar?

— Eu não sei. É impossível responder a isso.

— Você vai responder uma coisa?

— Talvez.

— Existe alguém que você contou?

— Não. Ninguém conhece a história toda. Apenas uma pessoa conhece parte disso, e não é porque eu tive uma escolha. — Não mencionei que muitos outros sabem e é apenas porque foram eles que me forçaram a fazer essas coisas terríveis. — Escute, a vida nem sempre é corações e flores. Passei por alguns solavancos e havia muitas pedras jogadas no meu caminho, mas você sabe de uma coisa? Descobri uma maneira de contornar esses obstáculos. E graças a você, você me empurrou e me ajudou a navegar naquela tempestade de merda. Então vamos largar isso. Nunca serei consertada permanentemente. Sempre haverá problemas enterrados dentro de mim. E tudo bem. Aprendi a viver com eles. Se eu posso, você também pode.

Ele se levanta e caminha para a cozinha. Talvez ele esteja com sede. Verifico sua bunda. É definitivamente boa. Pensamentos perversos entram em minha mente, mas eu os empurro para o lado e o sigo até a cozinha. Ele me entrega um copo de água gelada.

— Obrigada. — Eu engulo. — É tarde e eu preciso dormir um pouco. Tenho que estar no estúdio às 5: 00 da manhã

— Sim, eu sei. — Ele me agarra e me puxa para a parede sólida de seu peito. Passo a mão sobre a suave pele bronzeada até chegar ao pescoço dele, e depois subo até a barba que cobre seu rosto. Seu cabelo está artisticamente bagunçado, mas é porque minhas mãos estavam nele. Eu as passo através dele novamente, pensando em como ele parece sexy em pé nu na minha cozinha.

— Você sempre pode ficar, apesar de ter que acordar super cedo.

— Cedo nunca me incomodou, mas duvido que você durma muito.

— Sim, e isso não me faria muito bem para amanhã, faria, quando estou tentando impressionar meu diretor e produtor?

— E não Holt?

— Cale a boca sobre ele. Eu não dou a mínima para ele, apesar de ele finalmente parar de me insultar.

Ele apenas assente e caminha em direção ao quarto. Quando ele volta, está pronto para sair.

— Essa tatuagem em seu estômago? Unscarred. Você realmente não tem cicatrizes? — Pergunto, me referindo à grande tatuagem em seus abdominais inferiores.

— Pensei que não deixava. Até eu conhecer você. — Ele se inclina perto, até nossos lábios se tocarem. Então ele sai pela porta, e eu tenho que sorrir com isso. Somos tão diferentes, tanto que estou preocupada. Se alguém pensa diferente, ele não nos viu.


Capítulo 18

HARRISON

— Quem fez cocô na sua omelete hoje?

Olho para cima e vejo Emily em pé na frente da minha mesa.

— Ninguém. Por quê?

— Poderia ter me enganado com essa carranca.

A Midnight está tão ocupada no trabalho que só chega às oito ou mais tarde todas as noites. Então ela praticamente cai na cama. Jantei com ela algumas vezes, mas ela adormeceu no meio. Estou dando espaço a ela. Conversamos muito ao telefone, mas é isso. Nos fins de semana, ela está ocupada revisando todas as alterações de script, isso está no topo das coisas para a próxima semana. Tenho que lhe dar crédito. Ela trabalhou mais do que eu jamais imaginei. Talvez seja por isso que estou carrancudo. Eu não tenho conseguido tempo com ela ultimamente. Agora pareço um garoto de fraternidade egoísta e mimado.

E depois há meus melhores amigos. Prescott e Weston estão me dando um tempo difícil. Eles ligaram algumas vezes, mas eu continuo evitando. É porque eles vão descobrir o que está acontecendo e eu não quero discutir Midnight com eles. Pela primeira vez, hesito em discutir meu interesse amoroso com meus melhores amigos. É estranho, porque eles são as duas pessoas mais próximas do mundo para mim. É porque tenho vergonha que ela era uma ex-estrela pornô? Essa parte da vida dela me incomoda mais do que estou admitindo para mim mesmo? Ou é porque eu realmente sei muito pouco sobre ela? Ela colocou desordem em minha vida organizada e isso definitivamente é perturbador.

— Olá, alguém aí? — Emily pergunta.

Merda, eu esqueci que ela ainda está de pé aqui. — Sim, me desculpe. Meu cérebro foi para o Havaí por um minuto.

Ela clica nos dedos. — Você sabe o que? É disso que você precisa. Umas férias.

— Há muita coisa acontecendo aqui.

— Oh, você não confia que podemos lidar com isso?

Preciso pisar com cuidado ou vou machucar os sentimentos.

— Nem um pouco. Só sei que as coisas são loucas e vocês também precisam de uma folga.

— Vamos tirar uma folga. Por que você não vai visitar seus amigos? Ou fazer algo divertido? Está chegando perto das férias.

— Não, eu estou bem. Talvez na primavera.

— Você deve planejar uma viagem de esqui.

— Talvez. — Me pergunto se Midnight gostaria de tirar férias depois que as filmagens terminarem.

Leland entra e pergunta: — Você vai esquiar? Estava pensando em Tahoe em janeiro. Quer ir?

Porra. — Talvez. Conversaremos.

Então ele diz: — Temos um novo cliente no qual preciso que você faça o check-in. — Leland me diz que é um jogador de futebol profissional que foi pego com uma menor de idade em seu quarto de hotel depois de um jogo.

— Foram apenas os dois?

— Sim.

— Alguma droga envolvida?

— Cocaína e álcool.

— Porra. Como ele foi pego?

— Os pais dela confiscaram o telefone dela e tudo estava lá. Vídeos, fotos, textos.

Esfregando minha têmpora, sinto o início de uma dor de cabeça. — Cristo. Quando eles vão finalmente aprender?

Leland encolhe os ombros. — Nunca. É por isso que você está no negócio, chefe.

— Verdade. Você disse a ele que ele fodeu sua carreira?

— Bastante.

— Para fazer qualquer coisa, precisamos desse telefone, e só Deus sabe quem mais viu o que está nele.

— Verdade. Onde você quer começar?

— Traga-o aqui e vamos ver se podemos colocar as mãos no telefone dela.

Mais tarde naquela tarde, descobrimos que o nosso cara escolheu a garota errada para a festa. Ela tem dezessete anos e ele trinta, um flerte total, mas completamente ilegal para ele aos olhos da lei. E eu mencionei que o pai dela é um dos advogados mais famosos de Los Angeles?

Quando o cliente entra, sento com ele. Uma vez que ele ouve o que temos para lhe dizer, ele enlouquece.

— Você está dizendo que isso poderia terminar minha carreira?

— Sim. Você não acha que deveria ter pensado nisso antes de consumir cocaína com alguém de quem não sabia nada?

— Não fiz nada. Apenas dei a ela o dinheiro para compar. — Ele abaixa a cabeça. Que idiota.

— Então deixe-me esclarecer. Você deu a ela o dinheiro para comprar drogas?

— Sim. Não posso usar drogas. Se eles fizerem um teste aleatório, eu estou ferrado. Só queria transar com ela. Ela era gostosa, cara!

— E você não sabia que ela estava filmando você transando com ela?

— Sim, eu sabia, mas imaginei que ela não se importava, por que eu deveria?

Minha dor de cabeça começa a bater ao som de “Sucker for Pain de Lil Wayne e Wiz Khalifa”. Hora de alguns Advil. Tenho que me lembrar que clientes como esse são o motivo de eu ter ganho tanto dinheiro ao longo dos anos.

— Você notificou seu gerente e treinador?

— Sim. Disse a eles que estava limpo. Eles estão me dando 48 horas para limpar isso, e foi por isso que liguei para vocês. Ouvi dizer que você é o melhor.

Aprecio o grandalhão e depois digo: — Você pode nos dar licença por um minuto?

Leland e eu vamos para o meu escritório. — Qual a chance de conseguir esse telefone?

— Um em cem mil. — Leland ri.

— Quem de nós sabe que pode roubá-lo?

— Primeiro, temos que descobrir onde está.

— Meu palpite é que está na gaveta da mesa do papai ou em um cofre em seu escritório. Se não estiver lá, está em um cofre na casa dele.

— O serviço de limpeza.

— E o cofre?

— Nosso homem, Teddy. Ele pode explorar qualquer coisa.

— Câmeras de segurança?

Leland ri. — Rashid, quem mais?

— Eles são circuito fechado.

— Você sabe muito bem que ele pode invadir esses locais e enviar um vídeo falso para os caras da segurança. Não me pergunte detalhes. Não sou inteligente assim, mas lembra de como ele fez isso quando tivemos que entrar naquele escritório em Beverly Hills? Ele fez alguma coisa mágica que funcionou como um encanto.

— Sim, mas talvez todos eles não funcionem assim.

— Chame-o. Ele pode pelo menos dizer o que precisa.

Ligo para Rashid e ele diz que precisaria invadir o sistema deles e controlá-lo a partir de seu fim. Como ele faria isso, não tenho ideia. Vou deixá-lo se preocupar com isso. Só me preocupo com a possibilidade de funcionar. Dou a ele o nome da advocacia e espero receber notícias.

Acenando para Leland, eu digo: — Vamos contar ao idiota o que está acontecendo. — Quando voltamos para a sala de conferências, nosso cara parece que está pronto para chorar.

— Ok, aqui está o acordo. Não podemos fazer nada por você, a menos que tenhamos o telefone. Então, nos dê alguns dias para trabalhar nisso.

— Como eu te disse, eu só tenho quarenta e oito horas.

— Então trabalharemos nisso por quarenta e oito horas. Se não podemos entregar, não cobramos. Mas se pegarmos o telefone e não nos pergunte como o conseguimos, sua conta será cara.

— Posso lidar com isso.

Eu o encaro. — Mais uma coisa. Chega de ferrar as coisas. Não trabalho com pessoas duas vezes por merdas como essa.

— Entendi.

Ele nos diz tudo o que pode sobre essa garota. Eu não me importo se isso tem a ver com quantas vezes ela peidou, mas precisamos de detalhes. Acredite ou não, a memória dele é incrível, mesmo as partes não nuas. A garota correu a boca. Disse a ele todo tipo de merda. Emily registra tudo. Pelo que reunimos, parece que papai terá tudo o que precisamos em seu escritório.

Agora a diversão começa. Na noite seguinte, nosso cara se junta à equipe de limpeza. Rashid faz as coisas com as câmeras de segurança. Ele fará um loop que irá bloquear o que está acontecendo enquanto nosso cara está no escritório do papai, limpando. Acontece que a sorte está do nosso lado. O telefone está na gaveta e não no cofre, nosso cara encontrou quando abriu a fechadura com facilidade. Ele pega o telefone e certifica-se de que o toque está desligado.

Assim que ele o tem, ele limpa o escritório e sai. Nós sinalizamos para Rashid liberar a câmera e ela está on-line novamente. Confiamos em nosso cara para recuperar o telefone.

Agora vem a diversão. Desativamos o rastreamento colocando-o no modo avião enquanto nosso especialista em vídeo / fotografia trabalha no telefone. Ele altera cada vídeo e foto em que o cliente está, o remove e insere um homem diferente com o rosto cortado ou borrado até o ponto em que ele não pode ser reconhecido. Todo texto também é excluído. A menos que os vídeos tenham sido enviados para outra unidade ou computador, estamos bem. Se foi, nosso cliente ainda está nessa merda.

Levamos o telefone de volta para o cara que está esperando por nós e ligamos para Rashid. Ele gira sua magia novamente com as câmeras de segurança; o telefone é retirado do modo avião e devolvido à gaveta do papai.

Dois dias depois, nosso cliente telefona e diz que as acusações contra ele foram retiradas. Ele está chorando como um bebê. Eu o deixo saber que estamos por perto, porque ele estará chorando novamente quando receber a minha conta.

Esse advogado não deve ter sido muito inteligente. Se fosse minha filha, eu teria feito cópias duplicadas desses vídeos e fotos. Mas, novamente, eu sou um filho da puta suspeito por causa desse negócio em que estou, então vá em frente.

Leland está no meu escritório e eu agarro a parte de trás do meu pescoço por um segundo antes de perguntar: — Você acha que ele a forçou a fazer algo que ela não queria?

— Você está brincando certo?

— Não. — Eu o olho diretamente nos olhos. Ele não se mexe.

— Não foi a primeira vez que a garota fez isso. Meu palpite é que ela já esteve no programa de cachorros e pôneis algumas vezes. Não sei se você prestou atenção, mas me pareceu que ela estava fazendo um teste para um pornô. Ela tinha o telefone no ângulo perfeito, pronto para capturar tudo. Você prestou atenção no que mais havia no telefone dela?

— Não, eu não fiz.

— Digamos que papai precisa controlar melhor o que ela faz. Havia muitas fotos de nudez lá, e elas não eram do nosso cara.

Tenho um flashback dos meus dias em Crestview. Algumas das meninas eram bastante agressivas, particularmente Felicia Cunningham. Ela tinha uma queda por dar boquete. Ela encurralava Prescott ou eu o tempo todo. Acho que metade dos caras da escola foi sugado ou fodido por ela. Mas ela nunca quis ser filmada. Por outro lado, não tínhamos telefones que pudessem gravar vídeos naquela época, não que eu me lembre de qualquer maneira.

— Talvez ela apenas goste de foder. Quem sabe? — Eu pergunto.

— Bem, podemos esperar um pacote pesado por causa desse apetite dela.

Aquela jovem me fez pensar sobre a indústria pornô e minha mente muda para Midnight. Me pergunto o que ela está fazendo. Nós não conversamos desde ontem. Não é que eu não queira vê-la, porque isso não poderia estar mais longe da verdade. Quero vê-la demais. Mas ela está ocupada com o trabalho. É o que meu cérebro está me dizendo.

Mas algo totalmente diferente está no meu coração. E eu estou ignorando isso. Completamente.


Capítulo 19

MIDNIGHT

A exaustão pesa meus membros, fazendo com que se sintam como chumbo. O sono me escapou nas últimas duas semanas. Não vi Harrison. Nós apenas conversamos ou mandamos mensagens. Normalmente, essa falta de comunicação não seria um problema para mim. Nunca dei a mínima para homens antes. O fato é que nunca namorei muito nem tive um namorado. Então, por que ele? Porque agora? Preciso me concentrar. Minha concentração precisa ser nítida.

Tropecei nas minhas falas hoje, mas felizmente Holt estava no ponto e fez parecer que eu era a esposa triste e idiota que foi ignorada enquanto ele planejava seu estúpido assalto a banco. Ele e eu tivemos uma discussão, em caráter, e tivemos que fazer mais do que várias tomadas por causa das minhas falas esquecidas. Eu estava com raiva de mim mesma por ter investido tanto em Harrison. Canalizei essa raiva para Christine e a cena saiu como uma peça emocional de drama.

— Corta, — grita Greg, e eu desmorono na cadeira atrás de mim.

— Ei, você está bem? — Holt pergunta.

— Sim. Apenas exausta.

— Espere aí. Vou pegar um chá para você.

Ele tem sido tão cortês nas últimas semanas, que mal consigo me lembrar do imbecil Holt. Uma caneca de chá é enfiada na minha mão e levanto os olhos para ver seu rosto sorridente. Seus olhos são gentis, verdes hoje.

— Obrigada. — Saboreio a mistura de ervas e escondo minha careta. Odeio chá, mas Holt adora isso. Ele não bebe café, diz que deteriora as células do cérebro e impede que você desperte suas emoções. Acho muita besteira isso, mas tomo chá no set para agradá-lo. Aprendi que um feliz Holt equivale a uma feliz Midnight.

Ele se senta ao meu lado e faz uma longa explicação sobre os benefícios do chá de camomila e da melatonina. Quero dizer a ele que eu só preciso que Harrison lamba meu clitóris até eu gozar e depois me foda como uma pantera selvagem, mas me contenho. Me pergunto se isso o chocaria. Um bocejo gigantesco toma conta de mim e os olhos de Holt se arregalam.

— Caramba, eu nunca vi alguém bocejar assim.

— Desculpe. Estou feliz que hoje é sexta-feira. Pretendo passar o dia na cama amanhã.

Um sorriso torto, aquele que as mulheres amam, tira sua expressão séria. — Você quer uma companhia?

Estou chocada. O chá horrível que acabei de tomar, fica preso nas minhas vias aéreas. Engasgo, então explode da minha boca quando eu tenho um espasmo de tosse.

— Cristo, você está bem?

A fala é impossível. As pessoas olham enquanto eu tusso e engasgo. Holt se levanta e bate nas minhas costas.

— Diga alguma coisa, caramba.

Minha mão sobe no ar, porque não é possível falar enquanto tossi. Finalmente, quando o episódio passa, eu digo: — Droga, isso desceu errado.

— Você me assustou.

— Também me assustou. — Só que não estou me referindo ao chá.

Sua mão ainda está nas minhas costas, massageando-a, isso é totalmente estranho.

— Então, vamos passar um fim de semana juntos entre os lençóis? — Ele balança as sobrancelhas.

— Uh, sim, sobre isso. Estou meio que vendo alguém.

Ele se afasta e me pega com um olhar. — Não, isso definitivamente não vai funcionar.

— O que você quer dizer?

Ele se senta e diz: — Você e eu, temos essa... essa química. — Sua mão acena entre nós. — É hora de se conectar longe dos aparelhos, seríamos ótimos juntos.

Gostaria de informá-lo que sou a garota que costumava dar boquetes no cinema para viver, mas fecho meus lábios. Ele simplesmente morreria.

— Você não está namorando alguém?

Ele bate no ar novamente. — Não mais. Eu disse a ela para fazer uma caminhada depois do primeiro beijo que você e eu compartilhamos. — Ele puxa a cadeira para me encarar. — Eu senti, Midnight. Sei que você também. Foi surreal.

Fazia parte da cena, os personagens. É possível que ele esteja iludido?

— Holt, você está certo. Mas nós estávamos no personagem, lembra? Nós estávamos interpretando.

— Não, isso não é verdade. Era real.

Ele continua olhando, como se o que eu disse fosse completamente irrelevante. Então eu continuo. — E como eu disse, estou com alguém.

— Você terá que dar um fora nele. Somos celebridades, Midnight. Então ele se levanta e vai.

Que diabos isso significa?

O resto de nossas filmagens naquele dia está fodido. Holt é empolgado e forçado com todas as suas falas. Tento compensar demais, mas é uma merda. Até Greg o chama, mas ele tenta me culpar, dizendo que eu não estou indo direto ao ponto. Ele transforma tudo em uma grande cena e Holt acaba saindo do estúdio.

Danny se aproxima de mim. — O que diabos aconteceu entre vocês dois?

— A verdade?

— Sim!

— Ele queria passar o fim de semana na cama comigo e eu disse a ele que estava vendo alguém. Ele mudou completamente depois disso.

Danny joga os braços no ar e solta um suspiro longo e angustiado. — Não, isso de novo não.

— O que você quer dizer?

— Passamos por isso com Jennifer Arlington. Quando ele descobriu que ela estava quase noiva, ele mudou. Não entendia, por que ela não largava o cara por ele.

— Sim, bem, isso está acontecendo no meu caso.

Danny vira a mão. — Não se preocupe com isso. Se ele não acertar as coisas, puxaremos sua cabeça no estúdio. Isso geralmente funciona.

— Acredito que sim. As coisas estavam indo tão bem.

— Vocês funcionam totalmente na câmera.

— Sim, bem, ele confunde isso com a vida real.

Danny bate no meu braço. — Faça-me um favor. Guarde essa informação para você, ok?

— Sim, não se preocupe.

E todo esse tempo eu pensei que ele era apenas um idiota. Quem sabia que ele também era louco?

Felizmente, estávamos programados para filmar uma cena sem Holt hoje. Não é longo e envolve uma ligação. Leva apenas alguns minutos, mas o diretor me fez passar por várias tomadas. Estou de folga por causa do que aconteceu e finalmente entrego o que ele quer. Deveria ter sido fácil, mas quando terminamos, meu corpo está em nós.

Passa das sete quando entro pela porta do meu apartamento. Tudo o que quero é uma taça de vinho e relaxar um pouco no meu pequeno apartamento. Estou na cozinha quando decido ligar para Harrison. Uma sensação de decepção ocorre quando vai direto para o correio de voz.

— Ei, sou eu, Midnight. Só estou ligando para você... — Por que exatamente estou ligando para ele? — Para ver como você está, eu acho. Sim, para ver como você está, o cara que precisa de terapia. Espero que esteja bem. Eu sinto sua falta. Talvez você queira vir aqui um pouco para me consertar. Tudo bem então, cara de mamão, até a próxima. — Desisto da ligação e me sinto a maior idiota. Essa foi a mensagem mais estúpida que já deixei para alguém na minha vida. Que diabos! Eu te vejo por aí. Que vir para um pouco de conserto? Cara de mamão. De onde diabos isso veio?

Derramei uma taça de vinho e engoli. Vou ter que ficar bêbada para superar isso.

Estou indo para sala, com uma garrafa de vinho e uma taça na mão, quando alguém bate na minha porta. Um sorriso se espalha pelo meu rosto. Me pergunto, o que ele vai falar por causa dessa mensagem idiota. Pulo para a porta e todos os sinais de diversão fogem. Holt está parado lá, um braço apoiado no batente da porta, e ele diz: — Precisamos conversar.

Ele não me dá nenhuma oportunidade de responder enquanto passa por mim e explode no meu apartamento, deixando-me ali atordoada. Estou abraçando a garrafa de vinho como um bebê quando recupero meus sentidos e encontro minha voz.

— Holt, o que está acontecendo?

— Como eu disse. Nós precisamos conversar!

— Ok, por que você não senta? — Estendo meu braço, o que segura a taça de vinho vazia, e acrescento: — Volto em um segundo.

Ele me interrompe dizendo: — Não quero me sentar. Você e eu pertencemos um ao outro, Midnight. Você tem que nos dar uma chance.

Merda. Isso não é legal. Meu telefone está na cozinha, onde o coloquei quando fui pegar o vinho.

— Pensei que já tinha me explicado.

Ele acena com a mão. — Esse é um pequeno problema que podemos resolver. Termine com ele. Você não pode me dizer, que não sentiu o que eu senti no set.

Ele não está nem perto de estar brincando. O homem é ilusório. Tenho que lidar com isso de uma maneira que não o desencoraje ou o aliene.

— Bem, sim, eu senti completamente o que Christine sentiria se Finn a beijasse, você sabe, como seus personagens se sentiriam um com o outro.

Ele anda de um lado para o outro. — Não foi o que senti. Não estava agindo para mim. Não estava no personagem quando a beijei, Midnight. Fui eu, Holt Ward, beijando você, Midnight Drake. — Ele bate no peito.

Foda-se, foda-se, inferno, inferno. Por que eu?

— Holt, estou totalmente lisonjeada que você tenha sentido tanta emoção nessa cena em particular.

Ele pega o punho e bate na palma da mão. Acontece tão rápido que eu recuo ao som. Com os dentes cerrados, ele diz: — Você parece estar perdendo o meu argumento. Eu não estava no personagem e não estava nessa cena em particular.

Ele está me assustando. Preciso pensar em algo para fazer, e rápido.

Pego a rota da honestidade. — Estou honrada e não sei o que dizer.

— Diga que você estará comigo. Ou tente pelo menos.

Seus olhos parecem um pouco selvagens. Talvez ele esteja bêbado. Não sei dizer. Meu melhor curso de ação é sair daqui, mas minha bolsa e as chaves do carro estão na cozinha com o meu telefone. Decido contorná-lo e entrar lá. A cozinha é uma passagem, então ele não pode me prender lá. Se eu pegar minha bolsa e correr como o inferno, posso me afastar dele. Não há outra escolha. Recuso-me a lhe dar vantagem. Nenhum homem jamais terá esse tipo de controle sobre mim novamente.

Me movo em direção à cozinha, só que não chego tão longe. Sua mão trava no meu pulso - aquele com a taça de vinho - quando passo e ele me pede para reconsiderar. Não posso deixá-lo saber das minhas intenções de ir embora.

— Você não tem ideia de como podemos ser bons juntos. Nos dê uma chance, Midnight. Poderíamos incendiar o mundo. — Parece que ele realmente acredita nisso.

A única chance que eu quero nos dar, é uma chance de eu me afastar dele.

— Tenho que pensar sobre isso. — Talvez isso o satisfaça para que me solte, e eu possa pegar minha bolsa e correr.

Mas ele tem ideias diferentes. O que quer que eu tenha dito deu a ele o aval de um relacionamento. — Eu sabia que você veria as coisas do meu jeito. — Um sorriso enorme se espalha lentamente por seu rosto.

Antes que eu perceba, ele me tem em seus braços e agarra meu cabelo. Então sua boca bate na minha, machucando meus lábios. Sinto gosto de sangue e isso me deixa em pânico. Não posso permitir que ele veja. Meu coração está batendo tão forte que eu temo que ele ouça. Tudo em que posso me concentrar é me afastar dele. Eu ainda estou segurando a garrafa de vinho, que está esmagada entre nós e esmagando a merda das minhas costelas, e a taça - que é inútil como uma arma porque ele ainda segura meu pulso - então eu estou malditamente impotente para lutar.

Até me lembrar que tenho minhas pernas. Levanto um joelho em um movimento rápido e o pego na virilha. Ele geme quando me solta, permitindo que eu atinja a cozinha.

Ele está no meu encalço, irritado, mas me implorando para parar.

Pego minha bolsa e saio pela porta, cega de medo. Já passei por muita merda com homens loucos e bravos para lidar com outro. Não hesito nem meio segundo, mas quando atravesso minha porta, bato na parede do peito de alguém e é aí que perco totalmente a compostura. Meus punhos voam, e tudo que sei é que tenho que chegar ao meu carro ou a merda estará feita.

Então sua voz rompe minha insanidade e o sangue canta em minhas veias. Tudo relaxa porque reconheço o cone de segurança.


Capítulo 20

HARRISON

Depois da minha corrida, pulo no chuveiro e deixo a água fria escorrer sobre mim. É o paraíso. Quando estou seco, pego meu telefone para ver que perdi uma ligação da Midnight. Sua mensagem peculiar coloca um sorriso necessário no meu rosto. Decido arriscar e fazer uma visita surpresa a ela. Talvez ela queira jantar hoje à noite. Propositalmente dei a ela um amplo espaço, porque ela precisa permanecer centrada em seu filme, e qualquer distração pode ser uma coisa ruim para ela.

Estaciono na frente, mas quando chego à sua porta, ela voa direto para mim, em seus calcanhares está Holt Ward. Ela está um caos. Não sei se ela sabe que sou eu a princípio, mas quando o reconhecimento chega, ela afunda contra mim. Tenho que pegá-la para impedir que ela caia.

— O que está acontecendo? Você está bem? — Pergunto. Meu olhar queima entre os dois.

— Graças a Deus você está aqui, — ela respira, pânico afiando seu tom.

Inclino seu rosto para que eu possa vê-la com firmeza e vejo que seu lábio está inchado. Ela está segurando uma garrafa de vinho e sua bolsa, o que é um pouco estranho. — O que aconteceu com seu lábio?

Ela segura as lágrimas e diz: — Ele cortou quando me beijou.

Olho para ele e pergunto: — Você a beijou?

— Isso não é da sua conta. — O desafio sangra fora de Holt.

— Midnight, você queria que ele te beijasse? — A resposta dela poderia me matar, mas eu preciso saber.

— Não! — Ela começa a soluçar.

A deixo de lado, mesmo que eu não queira, e sem uma palavra, sem pensar nas consequências, eu aperto minha mão em um punho e dou um soco na mandíbula de Holt Ward.

— Você me deu um soco, — ele lamenta.

— Você a agrediu sexualmente.

Ele esfrega a mandíbula. — Você vai ouvir do meu advogado.

— Você vai ouvir do dela. — Nós nos encaramos por um minuto. — Posso te dizer isso. Vocês não vão ganhar. Ninguém vence Harrison Kirkland. Você acabou de foder com a mulher errada, Sr. Ward.

Então me viro para a Midnight, envolvo-a com um braço e a escolto de volta para dentro. Digo a ela: — Estou ligando para a polícia para registrar uma denúncia contra ele. — Digo isso em seu benefício.

— Espere! Não vou apresentar queixa contra você. — ele grita. Eu sabia que o filho da puta viscoso recuaria. Se algo assim saísse, sua carreira estaria no esgoto.

— Você também interromperá qualquer contato com Drake, exceto por seu papel no filme. Está claro? Se você vier a este apartamento novamente ou tentar entrar em contato com ela fora do estúdio, ela entrará com uma ordem de restrição e esse crime será denunciado.

Ele esfrega a mandíbula novamente.

— Sr. Ward, eu vou acabar com sua carreira. Sou totalmente capaz disso.

Nós nos encaramos por um longo minuto, e então ele sai.

Quando chego até Midnight lá dentro, tiro algumas fotos do rosto dela e pergunto se ela foi ferida em outro lugar. Ela explica sobre a garrafa de vinho e levanta a blusa. Ela está machucada, então eu tiro algumas fotos disso também.

— No caso de Holt não fazer o que ele disse que faria.

— Obrigada. — Ela me conta a história de sua paixão por ela e como ele quer um relacionamento. — Tentei ser legal, mas ele não aceitou o não como resposta. Graças a Deus você veio.

Vou à cozinha dela e pego um pouco de gelo em um saco plástico para o lábio. — Aqui.

— Está ruim?

— Não muito, — digo. — Recebi sua mensagem. Aquilo foi fofo.

Ela faz uma cara engraçada e tenta rir.

— Midnight, você está bem?

A cabeça dela balança. — Vou ficar bem. Só um pouco abalada.

Então, na tentativa de animá-la, digo: — Tudo bem, cara de mamão. Até a próxima. — Eu rio. — Eu tenho lhe dado tempo. Você sabe, para não ter distrações.

— Tem certeza?

— Sim.

— Ou você tem medo de mim?

— Por que eu teria medo de você? — Pergunto.

— Oh, porque talvez eu tenha tocado em algumas coisas que o deixam desconfortável.

— Por que você acha que se alguém precisa consertar as coisas, tem um problema?

— Eu não. Mas com você, você tem que consertar tudo e todos.

— Não quero consertar você. Você é perfeita do jeito que é. — A verdade é que ela é mais do que perfeita, e isso me incomoda mais do que eu gostaria de admitir.

As sobrancelhas dela estão enrugadas. — Você não achou a princípio.

— Por que você diz isso?

— Você foi duro.

Outra risada ressoa fora de mim. — Isso foi para chamar sua atenção. Você era uma bagunça total e tinha todo o direito de estar. Precisávamos trabalhar rápido. Mas nosso plano saiu melhor do que eu jamais poderia ter esperado. Seus hits nas mídias sociais estão no topo. Pelo que entendi, as críticas são incríveis, você está brilhando como um diamante, e este filme fará de você uma das mais procuradas de Hollywood. Mal posso esperar para ver seu sucesso disparar. Então, me desculpe, fui duro, mas eu tinha minhas razões para ser.

— Você acha que Holt vai estragar o filme?

— Nem em um milhão de anos. Sua carreira está em jogo e ele entende o que isso significa. Você precisa informar ao seu produtor o que aconteceu aqui.

— Eu sei. Não acredito que ele tenha me assustado totalmente. — Ela envolve os braços em volta de si mesma, então eu a puxo para os meus.

— Por que você o deixou entrar?

Ela olha para mim. — Abri a porta porque pensei que era você. Ele veio logo depois que eu deixei essa mensagem idiota.

— Gostei da mensagem. Quando eu vi aquele filho da puta parado ali, eu queria dar vários socos nele.

— Estou feliz que você não tenha feito, porque isso atrasaria as filmagens. Quero acabar com essa merda agora. Rápido. Hoje cedo ele fez essa porcaria e eu disse a ele que estava vendo alguém.

— Você falou isso? — Pergunto. Estou surpreso, mas tenho que admitir, exaltado.

— Sim. Agora ele sabe a quem eu estava me referindo.

— Estou feliz que você fez.

— Esta?

— Sim.

— Isso significa que estamos namorando ou algo assim? — ela pergunta. Ela parece meio tímida e isso me lembra a Midnight que eu conheci em Nova York.

— Como você se sente sobre isso?

Ela levanta e abaixa um ombro. — É um conceito estranho para mim. Nunca namoro.

— Por que?

Ela abaixa e levanta os olhos. — Por que você acha? — ela pergunta em um tom atrevido.

— Não sei, e é por isso que perguntei.

— Vamos, Harrison. Você é um cara relativamente inteligente.

— Relativamente?

— Eu disse isso porque você fez uma pergunta estúpida.

— Não achei estúpido. Se fosse, não teria perguntado.

— Trabalhei em pornografia. Eu tinha minha quantidade de homens naqueles sets nojentos. No passado, eles geralmente só queriam uma coisa de mim.

— Hmm. Se bem me lembro, você foi quem instigou as coisas com aquele beijo quente.

Um rubor se espalha do pescoço para as bochechas. Ela está envergonhada? Que surpresa agradável. Levanto o queixo dela e dou um beijo forte e estalado na parte de sua boca que não está ferida. Ela ri. Essa é outra surpresa. Midnight não é do tipo que ri.

— Então, eu estava vindo aqui originalmente para surpreendê-la e perguntar se você queria ir jantar.

Ela afunda de volta na curva do meu corpo. — Você ficaria chateado se eu dissesse não? Eu estava tão ansiosa para relaxar em casa. Estou derrotada depois desta semana e principalmente depois de um cara louco.

— Ficarei feliz em relaxar em casa com você. Posso ligar e pedir o jantar? Ou eu posso pegar comida de qualquer lugar que você quiser.

— Ahh, isso parece maravilhoso.

— Ei, você tem certeza que está bem? Depois do que aconteceu?

— Sim. Ele só me beijou. Não vou mentir. Por um minuto, fiquei com muito medo, mas quando percebi que era você, sabia que estava segura.

— Você está sempre segura comigo. — Mas sou eu quem está em perigo. Meu coração aperta quando eu a seguro contra mim. Posso senti-la inspirar profundamente. Isso me faz querer mantê-la segura, e me pergunto como chegou a esse ponto. O que meus pais pensariam? E quanto a Weston e Prescott? Isso importa?

— Você sabe, o Natal é daqui a algumas semanas? O que você está pensando em fazer? — Pergunto.

— Sem planos. Danny disse que estaríamos trabalhando direto, para todo o mundo. Mas o bom é que estamos cumprindo o cronograma. Ele disse que Greg, nosso diretor, estava delirando comigo. Não gosto de me gabar, mas você é a única pessoa com quem posso dizer isso. Depois do Natal, nos mudamos para Santa Mônica e começamos a filmar lá.

— Isso vai ser bem legal para você, certo? Você já foi pra lá antes?

— Só se você contar camas e tal. — Ela ri.

— Ha, ha.

— Isso te incomoda? Que eu fiz filmes pornográficos?

— Eu seria um mentiroso se disser que não.

— Mas você ainda está aqui.

— Sim. Era o seu trabalho. Pelo menos é o que eu digo a mim mesmo. Você já se envolveu com algum deles? Além da câmera?

— Você não ouviu o que eu disse antes?

Quando ela percebe minha testa franzida, ela continua. — Eu não namoro, incluindo os caras da indústria.

— Bom saber.

— Vamos esclarecer isso porque não quero que apareça mais tarde ou crie muros entre nós. Nunca estive com, — e ela cita com os dedos, — qualquer um deles, exceto nos filmes. Sei que isso soa estúpido e clichê, mas nada disso significava nada. Fazia parte da indústria. Agora posso perguntar uma coisa?

— Sim.

— Você já esteve apaixonado ou teve um relacionamento?

— Sim.

— Então você estava muito mais profundo do que nunca, sem trocadilhos. — Ela sorri. Então ela fica séria novamente. — Meu coração só foi afetado por uma coisa. E não era um homem.

— O que?

— Talvez outra hora eu te conte.

— Por que eu sinto que você não vai?

— Não sei. Mas e a comida indiana?

— Você gosta de comida étnica, não é?

— Eu amo a explosão de sabor na minha boca. É cintilante.

— Deixe-me lhe dar algo cintilante. — Dou outro beijo em seus lábios e depois deixo que ela peça a comida. Como o restaurante que ela escolheu não entrega, eu tenho que sair para buscar. — Enquanto eu estiver fora, por que você não liga para Danny?

Quando volto, ela tem a mesinha de bistrô em sua sala, com velas acesas e vinho servido. Parece bastante romântico. Nós comemos, ouvindo música suave, e ela diz que Danny cuidará de Holt. Conversará com ele e envolverá o CEO da Alta. Isso deverá colocar mais pressão nele para deixar Midnight em paz.

Antes de terminarmos de comer, noto suas pálpebras caídas. Levo nossos pratos vazios para a cozinha, limpo e quando volto, ela está dormindo.

A levanto em meus braços e a levo para a cama. Ainda é cedo, muito cedo para eu dormir, então eu decido assistir TV no outro quarto.

Estou assistindo a um filme, mas tenho cochilado, então nem sei o que está acontecendo quando uma série de tiros dispara, entrando pelas janelas da sala. Cai no chão, cobrindo minha cabeça. Termina assim que cai. Ligo para o 911 e me arrasto para o quarto para ver se Midnight está bem. Ela está no chão, remexendo no escuro.

— Você está bem? Você foi atingida? — Pergunto.

— Não. Só ouvi tiros e rolei da cama para o chão.

— Fique abaixada até a polícia chegar. Já liguei para o 911.

Eles levam cerca de oito minutos para chegar aqui, o que parece uma vida inteira. A essa altura, o atirador já se foi há muito tempo e não há chance de encontrá-lo. Mas tenho uma boa ideia de quem fez isso. Há muita coincidência para que haja mais alguém além do louco Holt Ward.

Os policiais me fazem perguntas, mas não há muito o que dizer. Não quero contar a eles sobre Holt. Isso desencadearia uma investigação e poderia impactar a carreira de Midnight. Tenho outras maneiras de lidar com ele. Eles estão do lado desagradável, mas definitivamente mais eficazes do que seguir os canais apropriados da lei.

Os vizinhos saem, acho que depois que consideram seguro, e veem as luzes azuis piscando. A polícia questiona todos que podem. Infelizmente, ninguém viu nada. Os vizinhos estavam assistindo TV, em suas salas, ou dormindo.

Depois que toda a empolgação diminui, e a polícia termina de reunir poucas evidências, todos voltam para suas respectivas casas. Os policiais nos dizem que, se ouvirem alguma coisa, ligarão para a Midnight. As janelas estão uma bagunça - cacos quebrados por toda parte. A polícia encontrou os cartuchos de balas, então estamos liberados para varrer tudo. Mas as janelas precisam ser substituídas. A Midnight já chamou alguém e já estão a caminho.

— Você não pode ficar aqui esta noite. Por que você não faz as malas e fica comigo neste fim de semana?

— Oh, tudo bem. Quando eles colocarem as tábuas...

— Me sentiria melhor com você longe daqui. E se ele voltar?

— Você acha que foi Holt, não é?

— Acho que ele tinha algo a ver com isso. Por isso não mencionei o que aconteceu antes. Bem, por isso e eu não queria que estragasse o filme.

— Sim, é exatamente por isso que eu mantive minha boca fechada também. Por que atraio todos os cavaleiros místicos da unidade psíquica? E acredite, eu estive lá.

— Porque você é linda e os homens querem uma mulher como você.

— Ok, escoteiro, muito obrigada.

— Estou falando sério. Você perguntou, eu disse.

Ela solta um suspiro.

— Vá fazer uma mala. Este fim de semana é por minha conta. Descanse é a palavra para você.

Ela morde o lábio por um segundo e depois concorda. — Ok, mas eu sou gananciosa quando se trata de ser mimada.

— Não é um problema. Gosto de uma mulher gananciosa.

Ela me cutuca nas costelas. — Você pode se arrepender de dizer isso. — Então ela se afasta para fazer as malas enquanto penso em como vou lidar com o Sr. Ward. Ele está em um mundo de surpresa. Não posso danificar sua reputação... ainda. Mas eu posso fazê-lo se contorcer.

E depois que o filme termina, esse bastardo viscoso é história.


CONTINUA

Ela é uma estrela com segredos. Ele faz com que os escândalos desapareçam. Juntos, eles farão faíscas voarem...
Sou Harrison Kirkland, o restaurador de Hollywood... o cara da limpeza de suas bagunças sórdidas.
Quando sou contratado para lidar com uma situação para Midnight Drake, uma atriz em ascensão de cabelo escuro e sensual, achei que seria um trabalho simples.
Eu não poderia estar mais errado.
A bagunça em que ela se meteu foi apenas o começo.
Midnight tem uma teia de segredos e mistérios... e ela não está desistindo deles por nada ou ninguém... incluindo eu.
Se eu não tomar cuidado, a próxima coisa que vai precisar de conserto... será meu coração...
Só isso deveria ter me feito sair do palco pela esquerda... mas não fez.
Isso só me deixou desejando ainda mais a Midnight.
E isso não é como jogar gasolina no fogo?

 

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Capítulo 01

MIDNIGHT

Minha vida finalmente mudou. As coisas estão melhorando. Vir para Nova York sempre foi um sonho para mim, e agora estou aqui, em uma sessão de fotos para o meu próximo filme. E desta vez, não é um papel de merda, ou um filme pornô sendo filmado nos fundos de um armazém úmido, onde eu morreria de frio porque o diretor queria que meus mamilos se destacassem constantemente. Não, estou aqui por causa do grande e novo contrato que recentemente consegui para o filme Turned. Planejo trabalhar duro para provar ao mundo que Midnight Drake tem o que é preciso para ser levada a sério como atriz.

Olhando pela janela do meu quarto de hotel, o horizonte da cidade de Nova York é ainda mais impressionante do que eu imaginava. LA é ótima e eu adoro, mas nada supera o Empire State Building. Não ligo para o que os outros dizem. Meu telefone toca, interrompendo minha reflexão.

— Olá?

— Midnight, é Dex McCloud. Só queria que você soubesse que todos nós, vamos nos encontrar lá embaixo em cinco minutos.

Dex é o fotógrafo.

— Oh, obrigada. Estou a caminho.

Estamos nos reunindo do lobby para tirar algumas fotos promocionais do filme. Será o ator principal, o produtor e eu. Nunca estive tão entusiasmada com alguma coisa, em toda a minha vida.

Agarrando meu casaco, bolsa e um punhado de ursinhos de goma, vou para os elevadores. A última coisa que quero é chegar atrasada. Nós devemos nos encontrar, em um enorme arranjo floral e eu sou a primeira a chegar. Pontos para Midnight. Olhando ao redor, noto muitas pessoas correndo, há muitas pessoas elegantes vestidas andando por aqui. Isso me faz sentir um pouco fora do lugar, mas ainda feliz por usar a roupa que escolhi. A calça preta conservadora e o suéter preto são perfeitos para onde estamos.

A única coisa que se destaca é o meu batom vermelho. É uma espécie de marca registrada. Me sinto nua sem ele. Talvez seja porque me lembro da minha mãe sempre que uso.

Empurrando essas memórias de lado, olho pela sala.

Um homem se aproxima de mim com um sorriso caloroso. Ele tem uma câmera presa ao pescoço, mas ainda sou cautelosa. Você nunca sabe como são os paparazzi hoje em dia.

— Oi, eu sou Dex McCloud, — diz ele, estendendo a mão. Ofereço meu próprio sorriso e pego a mão dele, apertando-a.

— Olá, Midnight Drake.

— Sim, eu te reconheci. — Seu tom amigável me deixa ainda mais à vontade. — Que bom que você está aqui. Geralmente tenho que esperar todo mundo.

— Ah, eu odeio me atrasar. Danny está aqui? — Eu pergunto. Ele é o produtor.

— Ele deveria estar. E Holt também. Ele olha o relógio e depois olha para mim.

— Quanto tempo você espera que isso leve?

— Não por muito tempo. Pensei em ir até o Central Park. Normalmente, consigo o que preciso em cerca de trinta minutos. E a iluminação é perfeita para fotos ao ar livre hoje.

— Parece ótimo, — Digo.

Ele me olha por um momento. — Você é muito menor pessoalmente.

— Oh. — Não sei bem como responder a isso. Ele quer dizer que eu pareço baixa na tela?

Então ele mexe os pés e acrescenta: — O que eu quis dizer é que na tela você parece muito mais alta. Você é realmente muito pequena.

— Sim, eu sempre quis ter no mínimo 1,65, mas só consegui chegar às 1,54. É por isso que costumo usar salto alto, o que não usei hoje, — suspiro. — Tive essas ilusões de me tornar uma modelo famosa quando criança e você pode ver como isso funcionou para mim. — Uma risada estranha borbulha pelos meus lábios. Acabei fazendo filmes de classificação B depois da pornografia, o que não é exatamente o primeiro modelo. Mas deixo de fora esses pequenos detalhes, porque ninguém sabe o que é pornografia. Ter feito uma plástica no nariz, mudar meus cabelos negros, para loiro, ajudou a alterar minha aparência, para que ninguém perceba que eu era a ex-Lusty Rhoades.

— Acho que a indústria da moda é louca. Você é linda e seria uma modelo perfeita. Eles querem que suas modelos pareçam magras. Considere-se sortuda.

Levantando meus olhos para os dele, inspiro seu perfume. — Uau. Você tem opinião única, sabia?

— Passo muito tempo atrás das lentes e reconheço o que é a verdadeira beleza. Esses pobres espantalhos não são bonitos. Elas são lamentáveis. De qualquer forma, parabéns pelo seu próximo filme.

— Sim, obrigada. Estou super empolgada com isso.

Holt e Danny se aproximam e nossa doce conversa para. — Ei, crianças, — diz Danny. — Obrigado por voar até aqui, Midnight. Estávamos com uma agenda tão apertada com o último filme de Holt, que não havia como arranjar um voo de volta para Los Angeles.

— Não tem problema, — digo. Holt mira seu olhar gelado para mim. Ele despreza o fato de eu estar no filme. Ele queria alguém famosa, que pudesse garantir um sucesso nas bilheterias, mas acabou com uma garota quase desconhecida. Seu olhar desdenhoso me faz sentir como se eu fosse um vírus.

Eu meio que não o culpo. Ele é o homem mais sexy e quente do ano. Ele reina como rei quando se trata de se comparar, com outros homens. Quando eu o inspeciono secretamente, é fácil ver o porquê. Cabelos castanhos beijados pelo sol, olhos tão verdes que parecem joias, dentes perfeitos e uma boca carnuda. O homem é puro pecado em duas pernas. E ele acaba com alguém, só com o olhar. Não, é difícil culpá-lo um pouco. Mas vou conquistá-lo, pouco a pouco, mesmo que eu tenha que comprar um maldito filhote para ele.

— Todo mundo pronto para dar um passeio? — Dex pergunta.

— Por que não? — Holt diz amargamente.

Danny lança um olhar para ele, mas não diz nada.

— Claro, — eu gorjeio. — Vamos.

Saímos do hotel pela entrada principal. O Plaza é lindo. Nunca fiquei em qualquer lugar tão chique. Seguimos Dex do outro lado da rua até o parque. Fiel à sua palavra, ele terminou em trinta minutos. Voltamos ao hotel e Dex quer tirar algumas fotos de nós tomando café no restaurante.

Holt resmunga e depois diz: — Oh, pelo amor de Deus. Por que você não pede um chá? Eles não servem chá aqui? Talvez adicione um biscoito ou algo assim.

Dex parece extremamente desconfortável. — Sinto muito, Sr. Ward, mas se eu não conseguir fotos suficientes, todo mundo vai querer trazê-lo de volta. É melhor conseguirmos tudo agora, enquanto estamos aqui.

Um suspiro longo ruge dele. Caramba, você pensaria que estavam puxando as unhas de Dex, uma a uma, com a maneira como ele está agindo.

Sorrindo, digo: — Estou bem com o que você decidir, Dex. — Decido ser a única a tornar seu trabalho menos difícil.

— Vá lá, pequena senhora sexy, marque alguns pontos, enquanto puder.

Que porra é essa! Espero totalmente que Danny dê um passo à frente e diga alguma coisa, mas ele é tão covarde que age como se não tivesse ouvido nada. Bem, não vou aceitar isso. Já tive o suficiente do ato ranzinza de Holt.

— Holt, desculpe-me por não gostar do fato de ter sido escolhida para esse papel, mas isso não lhe dá o direito de me insultar.

Um sorriso desagradável curva seu lábio. Ele abaixa os olhos e eles deslizam sobre o meu corpo. Instantaneamente me sinto suja.

— Isso está certo? — Então ele dá um passo em minha direção e invade meu espaço pessoal. Ele se inclina para perto e sussurra para que somente eu possa ouvi-lo. — O que eu gostaria de saber é como alguém como você foi escalada para um filme comigo. O que você fez, Midnight? Você colocou sua boca quente em torno do pau de Danny e fez alguns favores sujos?

Uma bola vermelha de fúria quase me cega. Não tenho certeza de como responder a esse imbecil sem chegar ao nível dele. Sei uma coisa: não encontro alguém tão cruel há muito tempo. Leva-me de volta a um tempo em que mal posso me forçar a lembrar.

Sacudindo-me dessa memória, resmungo: — Afaste-se de mim, Holt. — Quando ele não o faz, eu me afasto em direção a Dex e pergunto onde ele precisa de mim.

— Por que não conseguimos uma mesa no restaurante, — ele sugere.

No caminho, questiono como vou tolerar trabalhar com a colaboração de Holt durante a duração do filme. O homem é revoltante.

Uma vez sentados, nós três sorrimos como se fossemos as pessoas mais felizes do mundo. Encubro minha antipatia por Holt fingindo que estou em um lugar feliz. Mas noto o brilho de aço em seus olhos verdes, o desdém estampado em sua expressão. A curvatura de seus lábios que eu costumava achar sexy, era agora cruel. Dex é rápido e, em breve, a sessão é encerrada.

Danny, que finalmente tira os olhos do telefone, pergunta: — Então, o que vocês dois vão fazer hoje à noite?

Holt murmura algo sobre encontrar amigos. Eu mal presto atenção. Minha missão é ficar o mais longe possível dele.

— Midnight? E você? Você está interessada em comer algo?

— Claro. Que horas?

— Gostaria que fosse cedo. Seis está bom? — Ele pergunta.

Quando verifico a hora, vejo que já são cinco e meia. — Isso é bom. Encontro você aqui embaixo então. Precisamos de uma reserva?

— Não. Há um ótimo lugar ao virar da esquina.

O jantar com Danny acaba sendo ótimo. Um contra um, ele é muito extrovertido e amigável. Decido arriscar e perguntar sobre Holt.

— Parece que Holt não está muito animado com o meu papel no filme.

Danny assente. — Ele queria ser o ator principal. Holt é assim. Toda vez que ele faz um filme, ele apela para que sua garota do momento seja escolhida como a atriz principal. Continuo dizendo a ele que suas mulheres não têm nenhuma experiência.

— Espero não estar ultrapassando, mas o que fez você me escolher? — Minha curiosidade está me matando.

— Não me importo de contar a você. Sua presença na tela é irreal. Quando analisamos seus testes de tela, ficamos impressionados. E você era o ajuste perfeito para Christine. Seu cabelo, seus olhos, sua estatura. Você nasceu para o papel. Não se preocupe com Holt. Ele faz isso com todos com quem trabalha, tenta intimidá-los. Deixe ele. Ignore-o. Ele superará isso, assim que trabalhar com você alguns dias e captar sua emoção no set.

— Isso é reconfortante, mas ele me faz querer dar um soco no rosto dele.

Danny toma um gole de Bourbon. — Sim, eu entendo isso de todas as mulheres que trabalham com ele de primeira. Ele é um idiota. O que posso dizer? Mas espere até assistir o produto final. Você estará adorando ele. Especialmente quando você vê sua conta bancária.

— Bom saber. — É certo que Danny me acalmou sobre Holt. Terminamos o jantar e ele me convida para tomar uma bebida. Fico um pouco desconfiada, quanto a isso.

— Midnight, não gosto de dormir com meus atores, se é isso que está te impedindo. Não acredito nessa merda. Estraga um bom relacionamento de trabalho.

— Ouvi isso sobre você. — Eu o verifiquei antes de concordar em assumir esse papel. Depois de trabalhar na indústria da pornografia, você acha que todo mundo está interessado em alguma coisa.

— Então?

— Claro, por que não?

Nós pulamos em um táxi e vamos para um clube muito legal. Danny cresceu em Manhattan, então estou confortável com ele liderando o caminho. Dançamos, tomamos mais alguns drinques e peço licença para usar o banheiro.

Quando volto, não encontro Danny. Então eu o espio na pista de dança com alguém. Estou sozinha no bar quando um cara bonito se aproxima e me pede para dançar. Abrimos caminho através da multidão e reivindicamos uma parte do salão. Ele não é ruim, mas eu sei como dançar. Costumava imitar minha mãe, que era stripper, então minhas habilidades de dançarina exóticas, são muito boas.

Não querendo que ele tenha uma impressão errada de mim, eu desço até embaixo e me movo como todo mundo faz, balançando meus quadris ao ritmo.

Algumas músicas depois, voltamos para o bar e ele sai. Danny volta com sua nova amiga e nos apresenta. Ela reconhece meu nome em algum trabalho de TV que fiz. Ela fica animada e conversamos. Então ele se inclina e pergunta se eu me importo de pegar um táxi de volta para o hotel sozinha. Estou bem com isso. Acho que ele conseguiu uma companhia para a noite.

O cara com quem eu dancei, que diz que se chama John, volta.

— Que tal eu comprar uma bebida para você?

Mais uma não pode fazer mal. Estou apenas um pouco alta. — Claro, por que não?

— Então, qual é a sua bebida?

— Vou tomar um tônico de vodka com limão extra. — Acho que depois desse, pedirei um táxi. Enquanto espero minha bebida, aprecio a paisagem. John me entrega o copo e eu saboreio a mistura saborosa. Conversamos um pouco, mas de repente, não estou me sentindo bem. A sala se inclina e fico tonta a cada segundo. Começo a suar e me sinto enjoada.

— Ei, você está bem? — ele pergunta.

— Não. Acho que preciso sair. Mas não tenho certeza se consigo chegar à porta.

Ele pega meu braço e diz: — Não se preocupe, eu estou com você. — Ele rapidamente me leva para fora enquanto eu grito as palavras— The Plaza, — e minha mente fica em branco depois disso.

A próxima coisa que sei é que eu acordo - mais ou menos. Estou em uma cama, e tudo está confuso. Quando tento me levantar, não consigo me mexer. Meus membros estão pesados, como se eu estivesse presa no concreto. Ouço vozes, apenas meu cérebro está tão nebuloso que não sei dizer o que estão dizendo ou quem está falando. O que diabos está acontecendo? Foco, midnight. Foco.

Pisco para clarear, minha visão torna as coisas piores. O quarto gira, então eu mantenho meus olhos fechados. Talvez se eu esperar ajude. O colchão baixa ao meu lado, alguém sobe na cama. Estou de volta a Phoenix? O que está acontecendo?

— Ela está acordando. — É a voz de um homem, mas de quem? É o cara do bar? Engulo e minha garganta queima.

— Bom. Agora podemos passar para o estágio dois. Isso está ficando bom.

O que está ficando bom? Quero conversar, fazer perguntas, mas minha boca não vai funcionar.

— Estou congelando. Posso me vestir? — Uma mulher está falando agora.

— Não, você não pode se vestir. Você ainda tem trabalho a fazer. — Outro homem fala, um diferente desta vez. Sua voz soa mais profunda e mais severa que a outra. Abro os olhos novamente e as imagens desfocadas são um pouco mais distintas. Minha boca e garganta estão secas, muito secas. Lambo meus lábios e eles veem.

Um deles dá um tapa na minha bochecha. — Ei acorde. Você precisa entrar no jogo, garota.

— Pegue um pouco de água, — alguém diz.

A cama se move e então sinto uma garrafa pressionada contra a minha boca. Bebo avidamente.

— Devagar, Nelly, ou ela vai vomitar tudo.

Ele tem razão. De repente, estou com dor de estômago, enquanto ele agita o líquido indesejável. Logo passa e peço mais. Desta vez eu tomo um gole.

Abro os olhos novamente, mas alguém me venda. — O que está acontecendo? Onde estou? — Minha voz está rouca e mal posso falar.

— Sem perguntas. Você só joga.

— John, é você?

Ele não responde. Em vez disso, ele diz: — Ligue a câmera novamente.

Oh, porra. À medida que as bordas nebulosas do meu cérebro desaparecem, as coisas começam a clicar. Alguém enfia algo frio entre as minhas pernas. Tento fechá-las, mas não posso porque meus tornozelos estão presos a algo que não permite. Estou tão exposta e isso traz lembranças terríveis de muito tempo atrás.

— Não, por favor, não, — Imploro.

— Amordace ela.

Algo é empurrado na minha boca e não há como eu gritar por ajuda agora. A cena avança e eu estou perdida em um mar de desesperança e terror. Mas então algo pica no meu braço. Eles acabaram de me drogar? Quando a droga bate, eu tenho minha resposta. O que diabos eles me deram?

Então fico instantaneamente consciente, flutuando em uma almofada de tranquilidade, mas realmente não me importo. Eles removem a mordaça e fazem todo tipo de coisa comigo. É sexo a três ou mais, é mais sexo do que eu já experimentei. Em algum lugar no fundo da minha mente, eu sei que está errado, mas isso parece tão bom. Me ouço dizendo a eles: — Mais, mais. Mais forte, sim. — Mesmo no meu estado drogado, as perguntas estão em negrito e itálico. Quem está fazendo isso? Quem são essas pessoas? E porquê? O que eles querem? E embora seja horrível, eu realmente não dou a mínima. Tudo o que eu quero é que continue.

— Ahhh, sim, não pare, — eu digo. Choro quando termina, mas fico feliz quando eles começam outra coisa. Todas as partes do meu corpo são ligadas e ouço alguém dizer: — Precisamos convencê-la a fazer isso de novo. — Estou no meio de um orgasmo, então não posso responder a ele.

As drogas me fazem perder a noção do tempo. Eu flutuo acima de um abismo, sem emoção e indiferente ao fato de as pessoas estarem me estuprando em vídeo. Minha mente está presente, mas não. Tudo o que sinto é a sensação de estar embalada em um cobertor aconchegante e alguém me embalando. Sem alucinações, sem mágica, eu apenas sou. E é a sensação mais maravilhosa que já tive.

Nem tenho certeza de quando todo o sexo termina, porque eu estou chapada e realmente não dou a mínima. O alto é suave, magnífico. Tudo o que eu quero é que continue e continue. Infelizmente isso não acontece. A coragem da realidade me dá um soco tão forte. Quando percebo que estou livre das amarras, tiro a venda e desmorono em uma pilha amontoada de lágrimas esfarrapadas.

Estou fraca, tremendo e deitada em uma cama ao lado de uma pilha de apetrechos sexuais. Eles não são brinquedos normais do dia a dia. Nunca usei algumas dessas coisas na indústria pornô. Uma barra espaçadora, e foi por isso que não consegui mexer os tornozelos, o plug anal, os grampos de mamilo, a mordaça de bola - tudo que se possa imaginar. Porra há até um açoitamento. Eles me chicotearam? Quando tento me mover, meus membros estão tão doloridos que mal consigo me mexer.

E então, para meu horror absoluto, meu telefone fica ao meu lado. Não pode ser, mas é. Em cima dele, uma nota pegajosa com duas palavras: Divirta-se, seguida de uma carinha sorridente. Agarrando meu telefone, a primeira coisa que noto é uma mensagem de texto.

Não perco tempo lendo, o pânico explode no meu peito. Meus olhos disparam pelo quarto rapidamente, em busca de minhas roupas. Inicialmente, não consigo encontrar minhas calças ou suéter, mas depois os vejo por baixo do edredom amontoado no chão. Sentindo-me como um caranguejo bêbado pela maneira como meus braços e pernas lentos se movem, eu tento sair da cama. Meu lindo suéter preto está rasgado em alguns lugares, mas minhas calças estão boas. Felizmente, meu casaco esconde o suéter danificado.

Eu me visto rapidamente e depois verifico o lugar, para me indicar onde estou. É um hotel em Midtown, não muito longe do clube em que fui com Danny.

Sem olhar para trás, estou fora do quarto em busca da saída mais próxima. Isso leva a uma escada, da qual eu desconfio, mas corro para sair daqui. Estou no segundo andar e desço os degraus e saio do hotel onde pego um táxi de volta ao The Plaza.

Quando estou segura no meu quarto, olho para o meu telefone. Quando abro a mensagem de texto, a bile corre pela minha garganta. Ele contém três anexos de vídeo. Apertei o botão play no primeiro e vomito antes que eu possa terminar de assistir. Eles gravaram tudo. Tremo tanto que meu dedo não pode pressionar o botão play para continuar assistindo. Meu coração se enche de pavor quando percebo que minha carreira está arruinada.

Faço uma ligação para minha agente, Rita Clayton, porque não sei mais o que fazer. Ligar para Danny não é uma opção. O que eu diria a ele? Que eu tenho três bons vídeos para mostrar a ele? Ele me demitiria na hora. Quando a notícia for divulgada, será a carreira mais curta da Alta Pictures da história.

— Ei, Midnight, o que está acontecendo? — minha agente pergunta.

Nem consigo falar porque estou chorando e ofegante.

— O que está acontecendo? Você tem que parar de chorar para que eu possa te entender. — Em vez disso com minhas mãos trêmulas, mando o primeiro vídeo para ela.

— Eu... eu fui drogada e acordei em um quarto de hotel.

Ela fica quieta por um minuto. — O que você quer dizer?

— Eu... acabei de lhe enviar um vídeo. — Tento explicar o resto, porém estou chorando muito para continuar.

— Ah Merda. Espere. — Ela está quieta, mas finalmente diz: — São vinte minutos.

— Rita, há três deles.

— Onde você está agora?

Um soluço gigante sai de mim. — De volta ao Plaza.

— Você ligou para a polícia?

— Não! Eu corri. Tinha medo de que quem fez isso voltasse.

— Espere. Conheço alguém que pode ajudar. Já te ligo de volta.

Estou andando de um lado para outro quando meu telefone toca. Rita diz: — Alguém estará ai para limpar essa bagunça.

— Quem?

— Alguém que vai ajudar a consertar essa merda, Midnight. Apenas aguente firme.


Capítulo 02

HARRISON

Assim que o telefone toca, estou bem acordado.

— Kirkland, — eu respondo, indo em direção ao banheiro. Sempre que recebo uma ligação às três e meia da manhã, isso significa que vou trabalhar.

— Harrison, é Leland. Temos um problema.

— Quem é desta vez?

— Midnigt Drake. Você sabe, a atriz sexy que recentemente assinou um contrato multimilionário com a Alta Pictures.

— Hmm. O que aconteceu?

— Faça uma mala, chefe. Estamos voando para Nova York. Chego em uma hora.

— Porra. Tão ruim assim? — Pergunto em volta da minha escova de dentes.

— Sim. A equipe se juntará a nós. Vou lhe dar todos os detalhes quando estivermos juntos.

Sou o cara da limpeza. Consertar as coisas sempre foi minha paixão. Tudo começou quando eu era criança e meu cachorro de repente ficou doente e morreu. Chegamos em casa do veterinário depois que ele não pôde ser salvo, e assistir meu cachorro morrer em uma idade tão jovem quebrou um pedaço de mim. Ele não era consertável, mas isso não significava que outras coisas não fossem. Foi quando minha necessidade de me tornar um restaurador criou raízes e cresceu. Brinquedos quebrados, coisas em casa, coisas que encontrei na rua, o que você quiser. Os levava para casa e fazia o possível para restaurá-los e, se não conseguisse, recrutaria meu pai para ajudar. Até levava animais feridos para casa, e mamãe os levava ao veterinário - eu ficava agradecido por eles não estarem mais sofrendo.

À medida que envelheci, o restaurador em mim se expandiu para as pessoas. Quando eu ia para a escola, encontrava crianças que estavam com problemas e precisavam de amigos. Na Crestview, conheci Prescott Beckham. Eu nunca conheci alguém tão quebrado quanto ele. Um garoto com uma família disfuncional, ele não sabia para onde ir. Então o que eu fiz? O trouxe para casa, como costumava fazer com aqueles animais feridos. Ele ainda está um pouco fodido. Mas pelo menos ele está de volta aos trilhos.

No ano seguinte, em Crestview, Weston Wyndham apareceu. Liguei para papai e disse para ele comprar alguns frascos de supercola, porque era disso que esse cara precisava. Papai riu. Ele sabia que eu iria aparecer em casa com Prescott e Weston a reboque. Weston tinha um olho roxo porque Prescott e eu tínhamos batido nele para lhe ensinar uma lição. Ele estava brigando e precisava de um bom chute na bunda. Quando ele descobriu que só queríamos ajudar, nós três nos tornamos inseparáveis. Ele definitivamente precisava dessa cola, no entanto. Pensei que a situação de Prescott era ruim, mas o tipo de disfunção de Weston me fez repensar o que a palavra significava.

Ainda estou consertando coisas e pessoas, e foi assim que acabei na minha profissão atual. Desde que eu sou tão bom nisso, por que não fazer algum dinheiro com o que eu faço de melhor?

Em menos de trinta minutos, estou a caminho do aeroporto da minha casa em Malibu. A essa hora, o tráfego não apresenta problemas. Quando chego, dirijo direto à entrada para jatos particulares e sigo a estrada depois de passar pelos pontos de verificação de segurança designados. Estaciono, e Leland está lá, junto com o piloto. A equipe está embarcando no jato.

— Bom dia a todos. Pete. — digo, cumprimentando nosso piloto. — O café está ligado?

Nosso comissário de bordo levanta a cabeça, olha para trás e diz: — Estará pronto em um momento, junto com o café da manhã.

— Oh, oi, Mike. Não vi você aí atrás.

— Bom dia, Sr. Kirkland.

Todo mundo se senta e Leland começa.

— Midnight Drake acordou em um quarto de hotel há algumas horas, nua e sozinha com três vídeos em seu telefone. Aparentemente, enquanto ela estava cheia do que supomos ser heroína, uma porrada de merda excêntrica aconteceu, sem o consentimento dela e os vídeos de Midnight foram espalhados pela Internet. A agente dela ligou... é um show de horrores.

— Ela foi estuprada? — Pergunto.

— Sim. Estou enviando para você os vídeos agora. Esteja preparado. Eles são bem gráficos. Digamos que, infelizmente, Midnight esta em exibição total.

— Porra.

— Exatamente, — diz Leland. — Alta já está afirmando que estão a demitindo porque ela violou seu contrato.

— O que ela diz sobre isso? — Pergunto.

— Ela foi drogada e estuprada.

— Claramente.

— Ela diz que não se lembra de nada.

— Você assistiu os vídeos? — Pergunto.

— Sim, e ela estava totalmente fora de si. Completamente sem resposta no primeiro. Então, no segundo, ela apareceu um pouco. No terceiro, ela estava tão fodida que não se importaria se alguém cortasse sua cabeça.

— Parece que alguém drogou sua bebida. Nossa equipe de Nova York encontrou quem fez isso? E você puxou os vídeos?

— Estamos trabalhando para achar quem fez isso. Tudo foi enviado de um telefone celular.

— Acompanhe os filhos da puta. Você sabe o que fazer. Onde está a Midnight agora?

— No Plaza, esperando por você com um de nossos representantes. Ela está totalmente assustada.

— Certo. Você não estaria?

Leland assente. — Eu estaria saindo da cidade.

Aqueles idiotas se aproveitando de pessoas assim. Eles são como hackers de computadores, para destruir vidas e com que finalidade? Porque eles não têm nada melhor para fazer? — Leland, ela chamou a polícia?

— Não.

— Hmm. Ela disse o porquê?

— Nada além de ela estar esperando por você.

Isso é estranho, mas vou chegar ao fundo disso quando falar com ela. — OK. E o dinheiro? Esses desgraçados fizeram alguma exigência?

— Não que eu esteja ciente.

Bato minha mão sobre a mesa na minha frente. — Vamos nessa, pessoal. Não ligo para o que é preciso. Precisamos limpar essa merda.

Isso chama a atenção de todos que estão sentados perto. Os corpos enrijecem e os olhos se abrem mais. Eles sabem quando eu falo sério, e isso me atingiu do jeito errado.

A voz de Pete chega até nós pelo interfone para nos dizer que estamos prontos para taxiar. Devemos ser liberados para a decolagem em poucos minutos.

— Apertem os botões, temos um trabalho sério pela frente, o que equivale a um longo dia. Sei que pergunto muito e sinto muito pela hora inicial, mas vocês receberão um bônus se acertarmos esses desgraçados.

O jato segue em direção à pista e logo estamos decolando no céu escuro. Não vai demorar muito para voarmos ao sol. A equipe começa a fazer ligações. Tenho um homem em particular que quero entrar em contato, então eu mesmo faço a ligação.

— Senhor Kirkland. Você já está em Nova York?

— Ainda não, Rashid, mas estou a caminho. Preciso que você faça algo por mim. Explico a situação e digo exatamente o que eu preciso.

— Já lidei com os vídeos. Mas pode demorar um dia para eu localizar os telefones. Vai levar algum trabalho extra, você sabe.

Minha tensão diminui um pouco. — Obrigado, Rashid. Fico feliz que Leland tenha entrado em contato com você. Ficaremos no The Plaza se você não conseguir entrar em contato comigo por telefone. Mas quero que essas pessoas sejam encontradas.

— Certamente, Sr. Kirkland.

Rashid se beneficiou da minha limpeza há um tempo atrás. Ele estava na merda com suas habilidades de hackers. Cuidei das coisas para ele. Agora ele me deve e está à minha disposição cem por cento do tempo. Ele fica em Nova York porque, honestamente, ele está conectado a tudo. Ele provavelmente tem todos os números de contas bancárias e de investimentos na ponta dos dedos. Mas o cara sabe que eu tenho ele pelas bolas. Tudo o que preciso é fazer, é algumas ligações para as pessoas certas e ele voltará onde começou.

Assim que Pete diz que limpamos dez mil pés, Mike aparece com café e café da manhã. Emily, outro membro da equipe, sorri agradecida. Eu também. Quando ela está com fome, ela fica de mau humor e seu cérebro não vale nada. Não posso ter isso. Preciso de suas habilidades loucas agora.

Todo mundo tem segredos. Até eu. É verdade que sou baunilha em comparação com a maioria, mas quando vejo um indivíduo quebrado, sou um ímã para eles. Emily ficou arrasada. Seu Dom a jogou nas ruas, a deixou de lado depois de alguns anos, sem explicação. Tropecei com ela uma noite em um bar, bebendo e caindo no esquecimento. Ela me contou todos os seus segredos sujos e disse que queria se matar. Não consegui ouvir e não fazer nada. Ela não queria envolver sua família, e quem poderia culpá-la? Que pessoa quer divulgar esse tipo de estilo de vida para mamãe e papai? Então, eu a trouxe para o meu lar, onde ela poderia ficar sóbria e poderíamos criar um plano.

Emily era uma planejadora de eventos para um dos estúdios de cinema e havia feito uma variedade de coisas, desde lidar com a imprensa até lidar com fornecedores. Ela poderia mobilizar uma equipe de quinhentos e levá-los do ponto A para B em um piscar de olhos. Eu precisava dessas habilidades na minha equipe. Mas ela precisava arrumar suas coisas primeiro, e seus problemas estavam muito além das minhas capacidades de correção.

Ela deu entrada em uma clínica e trinta dias depois estava na minha folha de pagamento. Mais cheia de confiança do que a maioria das mulheres que eu conheço, ela encontrou um novo Dom que a trata melhor do que o antigo, e Emily é agradavelmente açoitada todas as noites.

Leland recusa a oferta de café da manhã. — Mike, você pode voltar com um refil de café? — Leland trabalhava para uma das maiores empresas de relações públicas em Hollywood. Isto é, até que ele foi pego transando com a esposa de seu chefe. Seu chefe, um dos homens mais poderosos do setor, prometeu a Leland que seu nome ficaria sujo. Teria ficado se eu não aparecesse. Procurei um pouco e encontrei alguns petiscos que inclinariam o mundo de seu chefe. Leland se separou da empresa em “bons termos” e eu ofereci um emprego com a condição de que ele deixasse a esposa em paz, o que ele aceitou graciosamente. Ele está comigo desde então.

Peço a Mike um café da manhã extra, enquanto Misha, que parece mansa, agradece pelo café da manhã e pelo café que ele acabou de colocar na mesa diante dela. As aparências muitas vezes enganam, porque todo mundo em LA sabe que ela é uma das advogadas mais cruéis do mundo. É a razão pela qual eu a queria no meu time.

Misha se viu em dificuldades há alguns anos. Ela era casada e feliz, como todo mundo pensava, até que o marido se deparou com alguns vídeos dela, sobre ela se envolvendo com outra mulher. Ela não queria que ele soubesse que era bissexual, então escondeu esse lado da vida. Ele não estava muito satisfeito com isso e ameaçou postar os vídeos no YouTube. Ela enlouqueceu e eles entraram em uma briga enorme, durante a qual ela o socou e quebrou o nariz dele. Mencionei que Misha teve problemas de raiva? A ameaça de postar no YouTube se transformou em um processo de abuso e agressão. Foi assim que Misha chegou ao meu escritório, pedindo minha ajuda.

Após a minha intervenção, Misha acabou com um divórcio amigável, mesmo tendo sofrido financeiramente. O que ela compensou com o salário e bônus que eu pago a ela. No entanto, ela teve que concordar com a terapia de controle da raiva, o que felizmente fez. Vi uma estrela cintilante nela e soube que, assim que seus problemas fossem resolvidos, Misha seria uma colega de trabalho exemplar.

Se este jato caísse, a indústria de entretenimento de Hollywood estaria em uma séria confusão, porque não haveria ninguém que conseguisse corrigir seus problemas.

Meus pensamentos voltam para Midnight Drake. Geralmente não tenho sentimentos tão carregados de emoção, mas a maneira como essa mulher foi explorada, foi algo muito errado. Midnight Drake é uma atriz que conseguiu um bom contrato com Alta Pictures, e esses filhos da puta estão tentando arruinar suas chances de torná-la grande. Eles não vão se eu puder evitar. Essa equipe irá parar quem fez isso e fazê-los pagar.

Meu telefone emite um sinal sonoro com uma mensagem de Leland. Abro para encontrar todos os vídeos carregados. Quase engasgo com o café quando assisto o primeiro. Filhos da puta. Estes são os piores vídeos que algum dia já vi na vida. Sinto-me mal sabendo que acabei de testemunhar minha cliente sendo estuprada.

— Reúna-se, equipe. Nosso status acabou de mudar para DEFCON 1. — Então eu pressiono play. As mulheres estão enojadas e chateadas, mesmo que essas mulheres sejam duras como unhas. Mas eu quero todos zangados e, até o final do último vídeo, meu objetivo foi alcançado.

Misha voa da cadeira. — Harrison, eu quero cortar pessoalmente suas bolas. Olha para ela! Ela está quase inconsciente lá. Isso é nojento. O pior é que não sei como alguém iria querer assistir essaa merdas tão depravadas.

Emily assume o comando de onde Misha sai. — Que idiotas viscosos! E como essa mulher poderia ter participado? Deixe-me colocar minhas mãos neles. Pessoalmente vou arrancar seus paus.

— Ok senhoras, vamos juntar as coisas. Embora eu queira aproveitar a sua raiva, precisamos do nosso melhor e não vamos conseguir se vocês não agir racionalmente. Acalme-se e continue assistindo.

Nós nos concentramos nos vídeos. Um mal necessário, você pode dizer, mas temos que analisá-los se quisermos fazer nosso trabalho.

— Aqui é onde podemos ter um problema, — eu digo. — Nessa parte Midnight está cooperando e até pedindo mais. “Mais forte. Sim, sim” ela diz.

Emily assente com nojo. — É como se ela estivesse atordoada, mas quer.

— São as drogas, — diz Misha. — Olhe para o rosto dela.

Não há duvidas. — Tudo o que eles deram a ela deve ter sido bom, — diz Emily.

Quando os vídeos terminam, explico o que Rashid disse. — Vocês dois sabem que ele é um cão de caça quando eu o coloco em uma tarefa. Também quero descobrir para onde foi a Midnight, para que possamos verificar as fitas de segurança. Elas devem nos mostrar algo. Ajudará, assim, quando Rashid encontrar seus telefones, será mais fácil identificar esses caras. Podemos pedir que alguém os traga. Vamos... cuidar deles adequadamente.

As sobrancelhas de Misha se erguem. — Isso implica estar no fundo do rio East?

— Nosso papel é limpar as coisas para a Midnight e colocar tudo de volta nos trilhos para ela. Descubra o que o contrato da Midnight indica e se Alta pode deixá-la. Ela pode ter uma cláusula de moralidade ou algo assim.

O peito de Misha ainda arde de raiva, mas ela assente.

Emily diz: — Sim, a Midnight é a nossa missão. Não podemos deixar nossa raiva atrapalhar. Podemos nos preocupar com esses caras de pau mais tarde.

Agora que eles foram redirecionados, eu digo: — Certo. Então, é disso que precisamos. Emily, trabalhe para levá-la à reabilitação. As pessoas perdoam alguém com um problema de drogas.

As sobrancelhas de Emily franzem. — Mas é admitir que ela tem um vício, quando não tem.

— Vamos dar um passo para atrás. Lembre-se, temos que manter nossos sentimentos e emoções fora disso. É nosso trabalho consertar essa bagunça, encontrar uma solução. O plano A é levá-la à polícia. Se você foi estuprada, não seria a primeira coisa que você faria? Como ela não fez isso, podemos apenas assumir que há uma razão. Ainda vamos tentar fazê-la ir, mas se ela recusar, não podemos forçá-la. Vamos precisar de um plano B. Então, faço a pergunta: qual é a melhor maneira de limpar isso? Qual é a melhor maneira de recuperar sua carreira? Não é se concordamos ou discordamos, é se isso vai funcionar ou não.

Quando os vejo concordar, continuo.

— Vamos pensar. Temos um grande problema com os vídeos. Apesar de terem sido excluídos, ficaram tempo suficiente para que as pessoas tivessem capturas de tela ou GIFs dessa merda. Suas impressões são sólidas. Vamos com o pior cenário possível. Podemos dizer que ela não tem um problema, mas as pessoas que os viram não acreditaram em nós e Midnight precisa de credibilidade. A melhor maneira de seguir em frente é pedir perdão. Mas, enquanto isso, Misha, precisamos encontrar esses homens, se pudermos. Quero motivo. Quando a Midnight sair em trinta dias, queremos que o público morra para vê-la. Esperançosamente eles vão rastejar sobre ela e a quererão de volta, assim como eles querem cereja no topo do bolo. Se Alta a deixar cair, nosso trabalho é deixá-los de joelhos e implorar para que ela volte. Ah, e Leland, comece a trabalhar em seu discurso. De alguma forma, relacione-a com sua infância trágica. Sabemos alguma coisa sobre isso? Caso contrário, desenterre algo. Não me importo se é sobre ela nunca ter ficado triste com a morte de sua mãe. Faça algo emocional. Queremos que tudo isso funcione como plano B, caso precisemos implementá-lo.

A equipe vai trabalhar, enquanto eu faço uma pequena pesquisa sobre Midnight. Ela começou em filmes B, como a maioria dos atores, tentando ser notada. Ela foi notada, tudo bem. Com longos cabelos negros e olhos de lavanda incomuns, ela não é uma beleza delirante, mas tem um apelo exótico. Sua sedução a torna inesquecível. Há algo nela que grita sexo. Tendo sido escalada para os tipos de papéis que muitos atores não costumam querer, Midnight está disposta a abrir as asas e tentar qualquer coisa.

Então tropeço em algo que me faz pensar duas vezes. Nascida em Phoenix, seu nome de nascimento era Velvet Summers.

— Você só pode estar brincando, — digo em voz alta.

— O que? — Todos os olhos estão em mim.

— Você sabia que o nome de nascimento da Midnight era Velvet Summers?

— Oh, isso, — diz Leland.

— Como eu não sabia disso?

Misha encolhe os ombros. — Não sei. Leland enviou uma fotocópia da certidão de nascimento. Pensei que você tivesse visto.

— Quem diabos nomeia seu filho Velvet Summers? — Mas depois que digo isso, penso em meu melhor amigo, Weston— o nome de sua esposa é Special. Quem nomeia uma criança assim?

Emily encolhe os ombros. — Sim, as pessoas escolhem nomes estranhos.

Continuo lendo e encontro alguns fatos interessantes. A mãe de Midnight era uma dançarina exótica, e alguns relatos a listavam como stripper. Ela também era conhecida por ter um problema com o uso drogas. A Midnight terminou em um orfanato, mas depois saiu aos dezoito anos. Parece que ela nunca terminou o ensino médio. Talvez ela realmente tivesse uma educação trágica. Sua mãe morreu há dez anos, quando Midnight tinha apenas catorze anos - provavelmente foi esse o motivo que ela tenha acabado em um orfanato. Não há menção a um pai na foto. A trama engrossa.

Emily anuncia que conseguiu para Midnight, uma vaga na melhor clínica de reabilitação do país. Localizada no Arizona, ela tem uma atmosfera de spa. Ela ficará isolada das fofocas de Hollywood e do resto do mundo por um período mínimo de trinta dias.

— É caro, mas vale a pena, acredito. As críticas são impressionantes, — diz Emily.

— Bom. Vamos deixá-la no nosso voo de volta para LA. — digo.

Misha anuncia que nossa equipe jurídica em Nova York está pronta para nós, se precisarmos.

— Bom trabalho, — eu digo. — Espero que identifiquemos essas pessoas ou pelo menos as rastreemos com a ajuda de Rashid. Eles não mostraram rostos nos vídeos e também usavam preservativo, o que corta nossas evidências. Talvez ainda restem drogas no sistema da Midnight

Farei o meu melhor para encontrar os filhos da puta que fizeram isso e fazê-los pagar - com ou sem a polícia.


Capítulo 03

HARRISON

Sua forma encolhida na cadeira no canto do quarto de hotel não me surpreende. Estou surpreso que ela não esteja chorando e enlouquecendo.

Estendo minha mão. — Midnigt, sou Harrison Kirkland, da The Solution. Nós vamos cuidar do seu caso aqui.

Uma lufada de ar sai de seu peito. — OK. — Sua mão trêmula e gelada sacode a minha. Ela se sente frágil, como se seus dedos quebrassem se eu apertar. — Você acha que pode ajudar?

— Acho que sim.

Olhos violeta encaram os meus. Me pergunto se ela usa lentes de contatos. Essa cor parece artificial.

— Primeira coisa. Sinto muito que isso tenha acontecido com você. É uma coisa horrível, e não posso fingir entender o que você está passando. Para ajudá-la, faremos algumas perguntas pessoais. Mas primeiro, você tomou banho?

— Não. — Sua voz é tão baixa e trêmula.

Na voz mais gentil possível, digo: — Bom. Isso significa que ainda pode haver evidência presente. Midnight, precisamos ir à polícia para poder denunciar o crime.

Seus olhos percorrem a sala, como se estivesse procurando freneticamente por uma escotilha de fuga.

Ela esfrega os braços como se estivessem congelando. — Não posso fazer isso. Sem polícia.

Puxo uma cadeira e sento ao lado dela. — Se não denunciarmos, esses caras podem ficar livres. Meus contatos aqui os procurarão, mas não há garantias de que possamos encontrá-los.

— Eu... eu simplesmente não posso ir. OK? Sem polícia.

Rapidamente olho para Misha e Emily. As duas encolhem os ombros.

— Tudo bem, mas e se chamarmos um dos especialistas em crimes com que lidamos e vermos se ele pode tirar um pouco de DNA de você? Talvez debaixo das unhas. Pode nos ajudar a pegar esses caras.

Gestos bruscos acompanham seu queixo trêmulo. — N-Não.

Ela precisa entender a importância disso. Inclinando-me para a frente, digo: — Midnight, se não relatarmos isso em breve, podemos perder nossa oportunidade.

Ela morde o lábio. — P-posso falar com você em particular?

— Certo. Todos? — Balanço minha cabeça em direção à porta. Eles limpam a sala, deixando nós dois sozinhos.

Sua voz é hesitante quando ela começa. — Se... se eu for à polícia, isso irá expor algumas coisas. Algo do meu passado, que não quero que seja revelado.

— Compreendo. Mas a polícia será nossa melhor opção para capturar esses caras, se é isso que você quer que aconteça.

Suas pálpebras tremem. — O que eu quero é que isso desapareça... desapareça.

— Certo, e nós vamos ajudar com isso. Mas a polícia...

Sua boca endurece. — Sem polícia. — Ela faz uma pausa. — É difícil dizer... e é algo que ninguém sabe, Sr. Kirkland, mas eu costumava trabalhar na indústria pornô. Se isso vazar, eu estarei acabada. Absolutamente nada polícia. — Ela pula da cadeira e caminha.

Merda. Isso pode mudar completamente o jogo. — OK, eu entendo. Esta é totalmente sua decisão. Só não quero que você se arrependa de não denunciar isso como crime, desde que foi vítima.

Ela apenas assente.

— Há quanto tempo foi isso? — Pergunto.

— Uns anos. — Porra. Não há tempo suficiente para que as pessoas a tenham esquecido.

— Quantos filmes?

— Não me lembro. Usei um nome diferente. Eu tinha cabelos loiros e usava lentes de contato castanho, e mudei de nariz desde então.

— Eu vejo. Então, a meu ver, temos duas opções. Um é a polícia, da qual você não é a favor, e dois é o controle de danos. Esse era o plano B, mas acho que vamos direto ao assunto sem o benefício da polícia. Tem certeza de que é isso que você quer fazer?

— Sim. Sem polícia. — Ela enfatiza as palavras.

Essa terá que ser a melhor opção. Se a polícia investigar seu passado, a parte pornô seria revelada, e então o que faríamos? As pessoas, sendo o que são, diriam que ela merecia o que recebeu.

— Deixe-me trazer a equipe de volta. Eles precisam ser informados disso. Você está bem com isso? — Ela assente.

Quando estamos novamente reunidos, digo: — A Midnight decidiu que não há polícia, então vamos continuar. Midnight, quero saber tudo o que você fez ontem, desde o momento em que acordou até quando isso aconteceu. Não deixe de fora nenhum detalhe, mesmo quando você urinou. Fui claro?

A boca e os olhos dela combinam na forma de enormes círculos. — Tudo?

— Sim. É importante. Emily, você está pronta?

— Pronta.

Emily gravará tudo para não perder nenhum detalhe. Preciso saber se Midnight é viciada em drogas ou se é realmente uma vítima inocente.

— Comece do começo, — eu digo.

Ela começa seu voo de Los Angeles e avança para sua sessão de fotos.

— Então eu fui jantar com Danny. O produtor. Depois fomos a um clube.

— Qual clube? — Ela nomeia o lugar e eu digo ao Leland enviar alguém para verificar suas fitas de segurança.

Voltando à Midnight, pergunto: — Então, você confia neste Danny?

— Sim. Ele foi embora com outra mulher. Eu estava dançando com um cara. Ele parecia bom o suficiente.

— Me fale sobre ele. Quero detalhes.

— Cabelo alto e loiro. Não conseguia ver a cor dos olhos dele porque estava muito escuro no clube. O nome dele era John. Tenho certeza de que era falso. Ele tinha uma voz legal. Ele usava jeans e uma camisa de botão. Azul claro, eu acho.

— Quão alto?

— Não sei. Não sou boa nisso, porque sou muito baixa.

— Você pode tentar? Nós precisamos de um número.

Ela olha para mim e depois faz um gesto com a mão. — Levante-se. — Eu faço, e ela também. — Quão alto é você?

— 1, 75.

— Ele provavelmente tinha 1, 80 então.

— Boa. Seu cabelo era grosso, fino, careca?

— Fino. Não é grosso como o seu.

— Alguma marca na pele dele? Tatuagens, marcas de nascença, cicatrizes?

— Nada que eu pudesse ver. As mangas eram compridas. Houve alguma coisa no vídeo que você notou?

— Infelizmente, o vídeo só o pegou por trás.

Ela se senta e eu noto como ela se contorce e encolhe na cadeira.

Me agacho ao lado dela. — Olha, eu sei o quão desconfortável isso deve ser, mas estamos apenas tentando descobrir quem fez isso e por quê. Midnight, temos um plano, mas se pudermos pegar esses idiotas, conseguir algo que possa nos levar a eles, podemos impedir que isso aconteça novamente.

Sua expressão está horrorizada. — Novamente? Eles fariam isso comigo de novo?

— Eles poderiam fazer isso com outra pessoa, se não você especificamente. É por isso que precisamos detê-los. Pelo que vi, isso não parece ter sido a primeira vez. Eles não deixaram nenhum tipo de trilha. Um novato teria.

Acontece que a Midnight é muito cooperativa. Quando ela decide cooperar, é a minha vez de ir trabalhar.

Vou direto ao ponto quando pergunto: — Você já usou drogas no passado?

— Não, eu não uso drogas.

— Nunca?

— Não! Posso tomar um drinque ocasional e já fumei maconha uma ou duas vezes, mas não uso drogas. — Ela se abaixa, enfia a mão na bolsa e pega um punhado de ursinhos de goma.

— Misha, faça-a fazer xixi em um copo para nós. Precisamos de uma triagem de drogas.

Midnight sai da cadeira, os olhos pegando fogo. — Eu te disse, eu não uso drogas.

— Acalme-se. É uma questão de descobrirmos com o que eles drogaram você. — digo a ela.

— Oh, — diz ela. — Desculpe. — Então ela coloca um ursinho na boca.

Misha a leva ao banheiro para um exame de urina. Quando elas voltam alguns minutos depois, Leland contata um mensageiro para entregar a amostra a um centro de triagem de medicamentos com instruções para resultados rápidos.

— Tenho certeza de que as drogas estão fora do seu sistema, mas se eles a atingiram com heroína, ela ainda deve estar presente, — digo.

Ela se recosta na cadeira, pega mais ursinhos de goma e enfia os pés debaixo dela.

— Como você não tomou banho, vamos dar um tempo para que você possa tomar. Isso parece bom?

— Sim, sim.

— Todo mundo, vamos dar a ela trinta minutos. Nós voltaremos.

Midnight acena com agradecimento.

Nos reunimos em minha suíte, que inclui uma sala com uma mesa grande com capacidade para seis. É hora de reunir meus pensamentos. A Midnight parecia um inferno - áspera e destruída.

— O que você acha? — Pergunto ao Leland e Emily.

— Ela está dizendo a verdade. Lidamos com mentirosos suficientes para encontrar um quando o vejo. Mentirosa, ela não é. Ela tem muito com o que lidar, mas terá que superar isso. — diz Emily.

— Concordo, — diz Leland. — Ela tem fogo e verdade nela.

Vi o mesmo fogo. Além disso, ela está assustada demais para estar mentindo. Os vídeos foram horríveis. Ninguém faria isso e mentiria. Recostando-me, bato os dedos na mesa. — Não sei se ela vai gostar do nosso plano, mas é a única coisa que sei que salvará sua carreira. Farei o meu melhor para convencê-la.

Emily ri. — Você sempre faz.

Meu telefone toca com uma mensagem de texto de Misha, que ficou para trás com Midnight. Ela nos diz que é bom voltar.

Eu atiro de volta. Ela se sentiria mais confortável na suíte?

Alguns segundos depois, a resposta é que elas estão a caminho.

Pego o telefone e peço café da manhã e café para todos. Todos nós poderíamos comer algo.

Misha chega com a Midnight atrás dela. Eu as tenho sentadas à mesa. O cabelo preto da Midnight está molhado e ela não usa maquiagem, mas isso não altera sua aparência. Ela é muito atraente. Somente as olheiras profundas e escuras à espreita sob seus olhos estragam sua pele perfeita e revelam seu desespero.

Ela se enrosca enquanto se senta. Isso não pode acontecer. Preciso de força, não alguém que pareça danificada.

— Pedi comida e café para que chegasse imediatamente. Preciso fazer uma ligação, se você me der licença.

Quando estou no quarto, ligo para Rashid. Com suas habilidades de hackers, não demoraria muito para encontrar o paradeiro dos filhos da puta que fizeram isso. Quando ele me diz o que descobriu, quero esmagar meu punho contra a parede. Eles usaram seu próprio telefone para gravar e enviar os malditos vídeos. Estamos em um beco sem saída aqui.

— Nós sabemos onde ela estava quando aconteceu. Você pode de alguma forma invadir as fitas de segurança do hotel para ver com quem ela estava?

— Se eles são circuito fechado, não serão de muita ajuda além de uma identificação visual, — diz ele.

— Verdade. Talvez eu possa convencer o hotel a nos dar mais informações.

— Se você puder fazer isso, talvez eu possa ajudá-lo a identificá-los.

Todo mundo está tomando café e comendo quando eu me junto a eles. A Midnight bica um pedaço de torrada como um pássaro.

— Você deveria comer mais do que isso. Ajudará as drogas saírem do seu sistema mais rápido. — digo.

— Era heroína. Estou quase certa disso. Foi pura euforia, algo que nunca senti antes. Já vi algumas pessoas nesse estado. Não dava a mínima para nada.

Descansando as palmas das mãos na mesa, eu me inclino para perto dela e suavemente digo: — Aconteça o que acontecer, nunca faça essa merda novamente. Só estou lhe dizendo isso para sua proteção. A taxa de dependência com essa droga é assustadora.

— Eu te disse, eu não uso drogas.

— A tentação pode ser alta, já que você sabe como isso a fez se sentir. Mas a próxima vez não vai fazer você se sentir assim. — digo.

— Você tem algum problema de audição? Eu. Não. Uso. Drogas. — ela cospe.

Sorrio. — Bom. Agora que esclarecemos isso, vamos continuar. — Me sentando digo: — Quero todos os detalhes do que aconteceu depois que você acordou.

Ela fala sobre o sentimento de pânico e como saiu correndo do hotel, preocupada que eles voltassem e a encontrassem novamente. É aqui que ela trava.

Dou-lhe um momento para se recompor, depois começo com mais perguntas. Isso é fundamental, enquanto as coisas ainda estão frescas em sua mente. — Você se lembra de vozes.

— Sim. Uma mulher e dois homens.

— Você tem certeza? — Pergunto.

— Sim. — Ela é inflexível. — Isso eu lembro, mas não muito mais. Não conseguia mover meus tornozelos. Também lembro disso. Quando acordei e vi a... — ela se contorce em seu assento, — aquela barra de separação lembrou-me de não poder e fazia sentido o por que.

— Essas pessoas sabiam exatamente como não ser pegos. Meu palpite é que eles já fizeram isso antes. É por isso que eles usaram seu telefone para enviar os vídeos, — eu digo.

Ela se inclina para frente. — Meu telefone? Eles usaram meu telefone?

— Infelizmente sim. — Odeio aquele olhar de desespero gravado em seus olhos.

Uma mão flutua em direção ao rosto dela, mas depois cai na mesa. — Isso está piorando. Já é ruim o suficiente que Alta queira cancelar meu contrato. Tenho certeza que Holt está feliz.

— Holt Ward? Você quer dizer o seu colega?

— Sim, eu não sou exatamente sua pessoa favorita.

Isso coloca uma nova reviravolta nas coisas. — Você acha que ele possa ter algo a ver com isso?

Sua boca se inclina, então se abre. — Oh, eu não... bem, ele tem sido um pouco desagradável comigo, mas eu duvido que ele se incline para este nível. Além disso, eu estava com Danny, não com Holt.

— É verdade, mas e se ele tivesse seguido você?

— Não posso acreditar que ele poderia me odiar tanto.

Recostando-me na cadeira, aceno para Leland. — Essa é uma vantagem que precisamos seguir. Quero Holt Ward verificado. Quero seus registros telefônicos examinados. — Leland se levanta para ligar para Rashid. — Rashid terá uma resposta em pouco tempo. E isso pode levar a quem fez isso.

— Então, esse é o nosso plano, Midnight. Você vai para reabilitação.

— Reabilitação? Mas eu não uso drogas!

— Não importa. Como você não deseja denunciar isso como crime, não temos outra opção. O mundo viu você com uma agulha e uma seringa no braço, sendo pega por dois rapazes e uma garota com todos os tipos de brinquedos BDSM e gostando. O que parece e o que realmente aconteceu são duas coisas diferentes, mas é a percepção do público que conta. Sei que isso é difícil de ouvir, mas a reabilitação é a única solução plausível que podemos encontrar, já que você não quer ir à polícia. Você anunciará que cometeu erros e agora está pronta para resolver seus problemas. O público realmente vai gostar disso. Eles vão comer na sua mão.

— Mas é uma mentira, — ela insiste, os olhos cheios de lágrimas. Então ela envolve os braços em volta de si mesma.

Me afasto das emoções dela. É um mal necessário. É triste, sim, mas meu trabalho é não sentir pena dela. Meu trabalho é limpar a pilha de merda em que ela caiu.

— Midnight, o público viu esses vídeos horríveis de você sendo estuprada, exceto que aqueles homens fizeram parecer que você estava gostando. Nós os tiramos o mais rápido possível, mas isso não impediu as pessoas de tirar prints e postar memes ou cavar seu passado. Minha pergunta para você é: você quer ficar com a Alta?

— Sim, — ela chora. — Fui a vítima. Não fiz nada errado.

— Você não parece ouvir o que estou dizendo. As pessoas não se importam com a verdade. Eles só se preocupam com o que é a melhor história. Eles não se importam com o fato de você ter sido uma vítima inocente. Eles acreditam que você concordou com tudo isso. Não vamos mudar de ideia, já que a polícia não esta envolvida, a menos que você decida denunciar o crime. E se alguém fizer algum tipo de escavação, poderá descobrir que você fez a distribuição.

— O que? Mas eu não fiz nada disso!

Com uma voz suave, digo: — Sei disso, minha equipe sabe disso, e você também, mas o que sabemos não importa. Você só precisa se preocupar com a percepção do público, porque são eles que podem fazer ou quebrar você. Você deve ouvir o que estou dizendo e ouvir com atenção. Você vai fazer uma declaração. Você vai dizer que a reabilitação é o seu destino. Depois de perceber que precisa de ajuda, acredita que este é o melhor a ser feito.

Depois, explico que mostraremos como viver em um orfanato a afetou, como ela nunca sofreu a morte de sua mãe e por que ela entrou em uma vida de abuso de drogas.

Ela enterra o rosto nas mãos. — Não posso dizer isso.

— Por que não? Fiquei com a impressão de que você queria salvar sua carreira.

— Sim, mas trazer o orfanato... é muito... cru.

É quando percebo as rachaduras no exterior dela. A Midnight não é tão forte e animada como todos imaginávamos. Mas isso não importa. Agora é quando ela precisa cavar fundo e encontrar forças para superar o que aconteceu. — É exatamente por isso que estamos fazendo.

Ela voa da cadeira e o ritmo começa. — Você sabe alguma coisa sobre orfanatos? — ela pergunta.

— Um pouco. — A verdade é que estou tão longe disso. Minha infância foi idílica. Meus pais eram perfeitos e ainda são. Eles devem ser colocados em pedestais. Perante a Deus, eles são os maiores seres humanos que já respiraram ar.

O ceticismo cobre sua voz enquanto ela esfrega os olhos. — Coisas aconteceram lá. Coisas ruins. Não quero que essa lata de vermes seja reaberta.

— Já foi aberto. As pessoas sabem.

Olhos violetas travam nos meus. — O que eles sabem?

Pego meu telefone e pesquiso o nome dela. Um clique e eu estou lá. Sua biografia aparece e na página, fala sobre Phoenix, o orfanato, a morte de sua mãe e assim por diante. Entregando o telefone para ela, eu digo: — Aqui, veja você mesmo.

Também posso ter colocado um punho na cara dela com a maneira como ela reage. O que há com isso? Por que ela está com tanto medo disso?

— O que você não está nos dizendo, Midnight?

— Nada. — Ela olha para mim, mas se encolhe depois de um minuto. Ela está escondendo algo e pretendo descobrir o que é.

— Podemos ter um momento, todo mundo? Emily, pare a câmera, por favor.

Misha diz: — Harrison, eu não aconselho isso.

Ofereço a ela um meio sorriso. — Sabia que você não faria. Mas vai ficar tudo bem.

A equipe sai, deixando Midnight sozinha comigo.

— Este é realmente um momento de merda para você. Entendi. Mas, para ajudar, preciso dos fatos, e você não está dando todos eles para mim. Conte-me sobre o orfanato. O que você está escondendo?

Seu lábio inferior treme levemente. — Simplesmente não era um ótimo lugar para se estar. Isso é tudo.

— Não, isso não é tudo. Você foi para lá depois que sua mãe morreu, certo?

— Antes. Ela era viciada em heroína, e é por isso que nunca vou usar. Lembro dela me deixando e indo trabalhar. Ou é o que ela dizia de qualquer maneira. Mas eu sabia melhor. Ela ia procurar drogas. O Departamento de Segurança Infantil finalmente me tirou de casa. Tenho certeza de que um dos meus professores a entregou, provavelmente porque eu estava chegando atrasada ou perdendo a escola por completo. Lembro de nós duas chorando uma pela outra enquanto eles me arrastavam para longe. Eu só a vi algumas vezes depois disso, e então ela estava morta.

Despejo outra xícara de café e ofereço uma. Ela recusa.

— Você vai odiar ouvir isso, mas essa é uma história que o público iria adorar. Eles cairiam diretamente em suas mãos, pense nisso.

— Não! Não quero que eles gostem de mim por causa disso.

— Pode ser sua única opção. E foi por isso que você se voltou para as drogas.

— Não virei para...

Ela para quando vê minha testa franzida.

— Tudo bem eu já entendi. Eles não querem a verdade. Eles só querem o último pedaço de fofoca em que possam afundar seus dentes estúpidos.

Me inclino nos cotovelos. — Exatamente. Agora você está começando a entender. Então nós agiríamos. E eles vão te amar mais do que nunca. No final, a Alta pode até elevar seu contrato. Quem sabe?

— E se eles me despedirem?

— Eles não vão. — Ela continua torcendo os dedos. — Midnight, o que você não está me dizendo?

Ela morde o lábio já rachado. — Nada. Fui abusada, minha mãe tinha um vício, fiz filmes pornográficos e fui estuprada. Isso não é suficiente?

— É muito mais do que a maioria das pessoas já teve que lidar. Mas ainda quero que você concorde em ir para reabilitação por trinta dias e depois faça a declaração. Eu sei que vai fechar o acordo.

— Eu nem vou saber o que dizer.

— Você não precisa se preocupar com nada. É aí que entra minha equipe. Nós escrevemos e você ensaia, exatamente como um script. Faça como se sua vida dependesse disso. No final, você vai nos agradecer por salvar sua carreira. Quem sabe você pode ganhar um Oscar. — É verdade, mas ela não acredita em mim.

— Ok, eu vou fazer isso. Uma pergunta, estarei realmente em reabilitação por trinta dias?

— Sim, talvez mais, mas você estará nas melhores instalações. Será como um spa.

Ela assente. Ligo para a equipe, entro no computador e faço uma pesquisa em Lusty Rhoades. Ela certamente era ativa, não o nome familiar de algumas das principais estrelas da pornografia, mas fez alguns filmes.

Rashid vai trabalhar, certificando-se de que não há nenhuma conexão entre Lusty e Midnight. Isso vai demorar um pouco.


Capítulo 04

MIDNIGHT

Harrison Kirkland é uma força da natureza. Alto e largo nos ombros, o homem irradia força. O que quer que ele coloque no café deve ser incrível, porque a energia que sai dele é contagiante. Ele é tão confiante e seguro das coisas, para não mencionar dominante e sexy. Nunca encontrei alguém como ele antes. Quero confiar nele, eu quero. Mas depois de tudo o que passei, é difícil acreditar que essa ideia dele funcione. E depois há toda a outra questão do orfanato. Ele não pode cavar isso. Se eles abrirem essa parte da minha vida, não há uma chance no inferno de eu sobreviver.

Além disso, estou preocupada com o que ele pensa de mim. Mesmo que eu não devesse dar a mínima, não quero que ele pense que sou apenas um pedaço de merda. Não posso voltar à indústria pornô ganhando a vida, chupando e fodendo. Mesmo sendo minha escolha, certamente não teria sido a minha primeira. Era uma maneira suja e nojenta de ganhar a vida. Não vou tolerar isso novamente, então o plano dele tem que funcionar. Além disso, se não, não tenho certeza de como poderei pagar sua pesada taxa. Quando Rita me disse quanto ele cobrou, eu quase morri.

Paramos para almoçar e depois nos reunimos na pequena sala de conferências com mais perguntas e respostas. Harrison sai algumas vezes, apenas para retornar com informações sobre quando vou fazer esse anúncio falso. Ele quer que seja feito amanhã. Meu intestino da sinal quando a tontura quase me supera.

— Você está bem? — alguém me pergunta.

— Eu não me sinto bem.

— Você comeu? — Harrison pergunta, enquanto se inclina sobre a mesa, descansando as mãos perto de onde eu me sento.

— Não muito. É um pouco difícil quando meu estômago está com um nó.

— Emily, chame o médico. Ela precisa de algo para acalmá-la.

— Sem médico. — Trago as palavras. É um curativo para uma ferida aberta e não resolve nada.

— Tudo bem, mas você provavelmente deveria ser vista de qualquer maneira. Pelo menos para garantir que está tudo bem, — diz Harrison. A voz dele é gentil e é a primeira vez que presto muita atenção ao rosto dele. Os olhos dele estão quentes. Eles são castanhos escuros, tão escuros que parece que mergulhei em um abismo. Ele veste um terno e tem uma aparência muito profissional. Ele é bonito. Holt, não é tão bonito assim. Mas ele é muito melhor, com certeza. Ele estará ganhando muito dinheiro comigo. Minha conta bancária será esgotada após esta provação. O bom é que não precisarei pagar a ele se o plano falhar. Ele deve estar confiante de que não irá

— OK. Se você pensa assim, — digo. Um deles chama um médico e tudo o que posso dizer é que eles devem ter algumas conexões sérias. Trinta minutos depois, um médico aparece com uma daquelas pequenas maletas preta. Normalmente, leva uma eternidade para ver um médico de onde eu venho.

Ele me leva para o outro quarto, provavelmente o quarto de Harrison, e me examina. Minha pressão arterial está baixa e ele me diz que preciso comer e beber porque provavelmente estou desidratada. Sem o resultado dos exames de sangue, não há muito mais que ele possa fazer.

Quando voltamos, Harrison explica que eu testei positivo para heroína. Isso é novidade para mim, pois ainda não haviam compartilhado isso.

— Legal da sua parte me contar. — Meu tom carrega mais do que uma pitada de ironia.

— Estávamos nos preparando, mas você se sentiu mal, — diz Misha.

— Não é uma surpresa, realmente. Quando senti a picada da agulha na minha veia, não conseguia imaginar o que mais poderia ser. Por causa do abuso de drogas da minha mãe, eu já havia lido o suficiente para saber quais eram os efeitos.

— Havia também vestígios de GHB presentes, e é isso que eles colocaram na sua bebida. É uma droga de estupro. — Harrison me entrega o relatório da minha triagem de urina. Nenhum outro medicamento estava presente.

— Espero que você acredite em mim agora que não uso drogas, — digo.

Ele está sentado à mesa grande, mas se levanta da cadeira e fica diante de mim. — Você precisa esclarecer algo. Não é uma questão de acreditar em você. Não sou seu juiz, júri e carrasco. O público é. E, para sua informação, acreditei em você quando me contou. Por isso pedi que você fosse à polícia.

Isso me faz sentir melhor? Na verdade não.

O médico avança. — Nessas circunstâncias, você provavelmente ainda está sentindo os efeitos secundários de ambas as drogas. Aconselho que você beba bastante líquido e coma, Drake. Você se sentirá melhor amanhã, — diz ele.

Uma risada histérica vaza de mim, mas aperto a mão na boca. Estou soando um pouco louca e me sentindo assim também. É difícil acreditar que, há menos de vinte e quatro horas atrás, eu estava no topo do mundo, pensando que as coisas finalmente haviam mudado a meu favor. Outra risada ameaça irromper pelos meus lábios, mas eu os pressiono e seguro. Este não é o momento de deixar minha loucura solta. Preciso segurar minha merda. As lágrimas podem fluir quando eu voltar para o meu quarto hoje à noite.

— Comer. Beber. Entendi. Obrigado, doutor.

Ele concorda e Harrison o leva até a porta. Tenho certeza que eles estão falando sobre mim, mas quem se importa. Estou fazendo o meu melhor para não deixar todos os meus pedaços desmoronarem.

Meu telefone toca, quase atirando para o teto. Pegando a coisa, verifico o identificador de chamadas. — Desconhecido. Não vou atender isso.

— Atenda, — Harrison diz severamente. — E coloque no viva-voz.

— Não. Não sei quem é.

— É por isso que você vai atender.

Atendo. — Olá. — Toco no botão do viva-voz, como Harrison instruiu.

— Senhora Drake?

— Sim.

— Nós só queríamos ver como você está se sentindo hoje.

— Quem é?

— Um amigo. — Ele ri. A voz soa vagamente familiar.

Harrison, que faz um gesto para todos enquanto andam como pequenos ratos, me distrai. Eu nunca vi pessoas se moverem tão rápido na minha vida. Então a linha fica muda.

— Foda-se, — Harrison explode. — Por que você não disse alguma coisa? Era ele, não era? Você deveria ter continuado falando.

— Não sabia o que dizer. Ele me assustou. — Minha voz soa pequena até para meus ouvidos. Até ele está me assustando agora, gritando comigo assim.

— Se você receber uma ligação assim novamente, tente manter o cara na linha. Apenas continue falando. Fale sobre qualquer coisa, o clima, seu gato, eu não ligo para o quê. Apenas diga algo.

— Não quero falar com ele. Você gostaria de conversar com seu estuprador?

Ele solta um suspiro longo e frustrado. Sei que ele está tentando ajudar a pegar o cara, mas ele não sabe como foi. Ele não pode saber. Fui violada e não sei por quem. É nojento, mas ainda quero ver o rosto deles. Eu quero olhar nos olhos deles e perguntar se eles estão orgulhosos do que fizeram. Também quero voltar para o banho e esfregar cada centímetro da minha pele até ficar crua e sangrando. Talvez então eu sinta algo novamente. Talvez a dor diminua a dormência que invadiu minhas células cerebrais.

— O que você está pensando? — Harrison pergunta.

A veemência que explode em mim me faz recuar, mas digo a ele.

— A raiva é melhor do que sentir pena de si mesmo, — diz Harrison.

Perco a paciência novamente. — Cale a boca por um maldito minuto. Você acha que sabe tudo, mas não sabe. — E eu saio da sala. Preciso de espaço... preciso respirar, fugir por um minuto. Meu quarto não fica longe do dele e não paro até chegar lá.

Meu peito se agita e minhas bochechas estão molhadas com minhas lágrimas. Paro na frente do meu quarto, tento abrir a porta, mas sinto uma presença atrás de mim. Quase grito.

— Sou eu, — diz Harrison.

— Maldito! — Digo, dando um tapa nele como se eu fosse um inseto. Bati em qualquer lugar que posso, só que sou fraca e ineficaz, suas mãos trancam meus pulsos, interrompendo tudo.

Há uma ligeira curva ascendente na boca dele. Ele está rindo de mim? — Você é um idiota, rindo de mim assim.

— Não estou rindo de você. Estou rindo do jeito que você está me golpeando. Eu não sou um mosquito.

— Seu filho da puta. — Tento soltar minhas mãos, mas ele as segura com força.

De repente, estou olhando para o desamparo dessa situação e isso me irrita. Não quero perguntar por que eu, mas por que eu?

Harrison pega a chave de mim e abre a porta, me levando para dentro. Então ele me senta e enfia um maço de papel em minhas mãos em concha. Ele não é exatamente do tipo quente e carinhoso, mas agora, eu não me importo. Tudo o que quero fazer é me enrolar na cama e chorar até dormir.

A próxima coisa que sei é que um copo de água é enfiado na minha mão. — Beba isso.

Não tenho forças para fazer objeção.

— Eu disse beba, não cuidar da maldita coisa.

Levantando os olhos, pergunto: — Você tem que ser um idiota?

— Neste momento, sim. Você foi drogada, provavelmente está desidratada e comeu o suficiente para um filhote de passarinho. Se você não se abastecer, terá mais desses colapsos e amanhã será uma merda.

Ele é de verdade? Fungo e digo: — Já lhe ocorreu que estou lidando com muita coisa agora?

Sua voz suaviza. — Sim, e só vai piorar nas próximas vinte e quatro horas. É por isso que você precisa beber e comer.

Engulo mais líquido, mas minha barriga se rebela. Estou enjoada. É difícil colocar qualquer coisa no estômago quando você sente que vai voltar.

— É assim porque você não comeu.

— Oh, você também é médico agora?

— Não, eu sei que você precisa disso. Agora beba.

Engulo a maldita água só para fazê-lo calar a boca. Talvez eu vomite em todo o seu traje chique. Infelizmente não o fiz.

Atiro a ele um olhar desagradável. — Satisfeito?

— Sim. Agora, conte-me mais sobre o orfanato.

Endureci e olho para o outro lado. Ele não vai tirar essa informação de mim. — Não tenho mais nada a dizer além de eu ter ido para lá e assim que completei dezoito anos, saí do inferno. Fim da história.

— Não, não é. Tem mais.

Eu o perfuro com um olhar. — Me escute. Já mostrei o suficiente para o público, sem trocadilhos. Vou contar a eles um monte de mentiras, porque você acha que é a melhor coisa a fazer. Mas o que não vou fazer é abrir minha vida de adolescente para eles apreciarem. Você pode gritar, você pode implorar. Não dou a mínima para o que você faz, mas esse livro permanece fechado.

Um pequeno músculo se contrai em sua bochecha. Ele está chateado, muito. Minha vida está fodida de qualquer maneira. Se ele salvá-la, vou comer minha própria calcinha. Mas sou inflexível quanto a não compartilhar essa parte da minha vida.

— Você obviamente não se importa com esse contrato, então.

— Sim eu me importo. Mas o que eu mais me importo é que todo mundo ira saber coisas que nunca deveriam ser reveladas. Muito obrigado, mas esse livro permanecerá fechado. E por favor, não traga isso à tona novamente.

Ele esfrega a mandíbula, a barba curta raspando contra os dedos.

— Como você reagiria se estivesse no meu lugar? —Pergunto.

Ele caminha até a cadeira ao lado da minha e se senta. Suas pernas longas se estendem na frente dele, e então ele cruza os tornozelos.

— Odiaria cada segundo, mas ouviria os especialistas. É difícil comer um sanduíche de merda, mas às vezes você faz o que precisa.

Eu não sei disso? Quantas vezes eu comi merda na minha vida? Demais para contar e, pelo que parece, vou estar comendo por quem sabe quanto tempo.


Capítulo 05

HARRISON

Ela não vai recuar. Tudo o que eu quero é que ela nos entregue um petisco, um pedacinho do qual o público possa se agarrar e eles a amarão para sempre. Porque eles sentirão muito por ela, vão querer abraçá-la como um bebê. Mas ela não quer nada com isso.

Verifico a hora e vejo que são quase seis horas. Vou me encontrar com Prescott em uma hora, então é melhor fazer deste o maior show da Terra.

— Você se lembra de Marilyn Monroe?

Ela aperta os olhos. — Serio?

Ignoro a pergunta. — Você se lembra como eles a encontraram?

— Morta? — O sarcasmo não é sua melhor característica. Amo um pouco de atrevimento em uma mulher, mas o sarcasmo me atinge em todos os lugares errados. Mordo minha língua.

— Não apenas morta. Morta por overdose de drogas.

— O que tem isso?

— Você se lembra de todas as teorias da conspiração sobre as quais todos falaram?

Ela franze os lábios carnudos e diz: — Acho que me lembro de algo sobre eles. — Quero dizer a ela para cortar a piada.

— Como se fosse um sucesso da Máfia, porque ela estava muito perto de JFK. Ou alguém do alto escalão do governo a derrubou para impedir que ela fizesse algo.

— Então? O que isso tem a ver comigo? Você acha que alguém está tentando me matar?

— Nem um pouco. Se eles a quisessem morta, você e eu não teríamos essa conversa. O que estou dizendo é que a morte de Marilyn Monroe evocou e ainda evoca tanta simpatia nas pessoas, que ainda penduram pôsteres dela em todos os lugares. Pode ser você, menos a parte moribunda, é claro.

Essas íris intensamente violetas procuram as minhas por respostas, e isso me arrepia. Midnight Drake não é uma mulher superficial. Tenho a sensação de que ela prefere ficar lá e ser açoitada até a morte do que se curvar sob a pressão de alguns insultos. Ela não é um gatinho esperando a primeira pessoa aparecer para acariciá-la e alimentá-la. Em vez disso, aqui está uma tigresa ferida, disposta a lutar por sua vida. Eu só preciso afiar suas garras, porque agora, elas são maçantes e escondidas.

— Não estou à mercê do meu vício em drogas, esperando o primeiro homem aparecer e me resgatar, senhor presidente. — Ela diz isso no tom ofegante que Marilyn usou uma vez em uma festa de aniversário para JFK.

— Nunca indiquei que você estava. Tudo o que eu disse foi que poderia ser uma grande manobra criar uma resposta compreensiva.

— Ugh, — ela bufa, mais para si mesma do que para mim.

— Deixe-me reiterar. Muitas pessoas viram você em uma posição comprometida no YouTube. Foi enviado do seu telefone. Quem sabe quantas pessoas viram antes de ser excluído. Você tinha uma seringa cheia de heroína presa na veia. O que mais você precisa para mostrar ao público que é um acidente? Sei que isso é terrível, pior do que qualquer coisa que você deva passar, e sinto muito por isso. Mas tudo o que estou sugerindo é que você dê ao público o que eles já sabem, exceto que ajuste um pouco. Diga a eles o por trás disso.

Ela se levanta e caminha. Novamente. — Passei os últimos anos fugindo disso. Evitando. Agora você quer que eu passe por isso.

— Então é por isso que você era uma estrela pornô. Faz todo o sentido para mim. E será para eles.

Ela tenta me empurrar, mas eu agarro sua mão. — Não vou dizer isso a eles!

— Não estou pedindo para você dizer, — eu digo.

— Você sabe o quanto é difícil ganhar uma vida honesta?

— E a pureza da indústria de entretenimento tripla classificada como X é o caminho a seguir, não é? — Pergunto. É hora de ser duro com ela. Esta é uma parte do meu trabalho que não me interessa particularmente, mas para que eu realmente salve sua carreira, ela precisa ouvir meus conselhos.

Ela aperta a mandíbula e diz através dos dentes cerrados: — Eu precisava do dinheiro, então respondi a um anúncio para um papel no cinema...

— Eu sei. E um cara disse que ele poderia ajudar... e a próxima coisa que você sabe é que você está nua com um pau e as bolas no fundo da boca.

Ela lambe os lábios e engole em seco... Fico duro. Okaaaay, Harrison, de onde diabos isso veio? Geralmente fico longe dos meus clientes.

— Não foi exatamente assim, — diz ela.

— Mas estou perto, não estou?

Ela encolhe os ombros. — O que isso importa? Você vai acreditar no que quer, de qualquer maneira.

— E você vai fazer o que eu digo amanhã ou todo esse negócio está encerrado, eu a deixo, e você fica para cuidar dos abutres por conta própria. — Nós olhamos um para o outro antes que ela me dê um leve aceno de cabeça.

Eu clico meus dedos. — Eu a vejo desistir.

Depois de um longo suspiro, ela diz: — Fui abusada.

Não estou surpreso. — Foi por isso que você foi embora?

— Fugi alguns meses antes do meu décimo oitavo aniversário. — Ela olha para as mãos, que estão no colo agora que está sentada.

— Então, acrescentamos que você se voltou para as drogas para escapar da dura realidade do abuso de quando estava em um orfanato. É isso aí.

— E se ele ouvir e vier atrás de mim?

— Quem?

Ela solta um suspiro. — O homem que abusou de mim.

— Nós vamos lidar com ele. — O que ela não sabe é que se alguém aparecer para machucá-la, enterraremos o filho da puta. Não literalmente, mas ele nunca mais a tocará.

Seus olhos caem e depois voltam para os meus. O modo como às mãos dela puxam a barra do suéter me diz que ela não acredita em mim. É quando eu reconheço. Medo. Durante tudo isso - acordar em um quarto de hotel depois que ela foi drogada e estuprada, a perda potencial de sua carreira - eu nunca vi o que se esconde lá até agora. Terror cru e arrepiante. O que diabos aconteceu com ela naquela época?

Caio sobre um joelho e pego a mão dela, que é como um bloco de gelo. — Ele não vai chegar perto de você. Prometo. Sem nomes, sem datas, apenas as palavras, fui abusada. É isso, — eu digo.

Sua voz treme quando ela responde: — Eles vão me perseguir para obter mais informações. E eu não quero ser essa garota.

Em um tom suave, eu digo: — Você pode ser a garota que se levantou e se tornou a pessoa que sobreviveu. Não foi o que aconteceu?

Ela assente um pouco.

— Olhe para mim, Midnight.

Olhos grandes e cheios de terror olham de volta para mim. Foi-se aquela mulher de boca atrevida que queria socar meu rosto momentos antes. — Não sei o que aconteceu, e é da sua conta. Tudo que eu preciso é despertar a simpatia de seus fãs e possíveis fãs. Isso fará acontecer. — Pego a outra mão dela e acrescento: — Deixe-me fazer o meu trabalho e tornar seu nome um dos melhores em Hollywood. Então, talvez um dia, você possa ajudar a salvar outras pessoas do mesmo destino. Você decide. Isso lhe dará o poder de fazer o que quiser.

Ela olha de nossas mãos para meu rosto, depois de volta para nossas mãos. Eu a vejo assentir, apenas um pouco a princípio. Mas logo, deve afundar e ela finalmente diz: — Tudo bem. Mas tudo o que estou dizendo é que fui abusada na adolescência. Foi assim que meu uso de drogas começou.

— Perfeito. Quero essas palavras exatas. Nós as incorporaremos em nosso kit de mídia que enviamos a todos, juntamente com sua declaração em vídeo. Depois, levaremos você para o Arizona no caminho de volta para LA.

— Não no Arizona. Tem que haver outro lugar que eu possa ir.

— Tem a melhor reputação do país.

— É muito perto de onde eu fui criada. Preciso de distância.

Quando penso nisso, ela está certa. Talvez seja isso que aumente sua ansiedade.

Ligo para Leland e ele verifica. Quando ele me envia uma mensagem de texto, ele me fala de um lugar em Malibu com excelentes classificações que tem uma vaga. A Midnight parece mais agradável, o que eu gosto porque não vai exigir uma parada extra a caminho de casa.

Mando ele fazer a reserva.

— Você mora em Los Angeles, então Malibu será mais conveniente, pois está bem ali. Especialmente se eles precisarem de acompanhamento, — eu digo.

— Como eu vou conseguir isso? — ela pergunta linhas de preocupação vincando sua testa.

— Você não é atriz?

— Sim, mas eu costumo seguir um roteiro. Não sou uma mentirosa muito boa.

— Você terá que improvisar, então. Isso será ótimo para sua carreira. Mas você terá um roteiro para praticar.

— Improvisar está muito longe de mentir. Me sinto mal por mentir.

Espere até que ela esteja nesse setor por um tempo. Ela mudará de ideia quando a mentira se tornar uma ocorrência diária para salvar sua carreira. — Considere uma hipótese. Os conselheiros também a ajudarão com quaisquer problemas que você possa ter.

— Problemas. Ótimo. Provavelmente vão cavar tão fundo que ficarei presa pelo resto da vida.

Eu rio. — Você parece meus dois melhores amigos.

— Por quê? Elas estão carregadas de problemas?

— Você não tem ideia. — O que me lembra de que eu devo encontrar-me com Prescott em breve. — Odeio ter que deixar você, mas eu tenho um jantar.

— Não vá.

— Vou pedir a Emily para fazer o primeiro rascunho do seu discurso para amanhã.

— OK.

— Outra coisa. Fizemos uma checagem em Holt e ele estava limpo. Todos os registros telefônicos dele saíram. Não foram feitas chamadas para ninguém não identificável. O cara é bom, então você não precisa se preocupar com ele. Vejo você pela manhã.

Volto para o meu quarto e digo a todos o que aconteceu. Então saio para me encontrar com Prescott. Ele já está me esperando. Já faz um tempo desde que eu o vi e ele está um pouco gasto.

— Cara. — Nós abraçamos. — O que está acontecendo?

— Assunto velho. Então, Midnight Drake, hein?

— Sim. O que se passa contigo? — Pergunto.

— O que você quer dizer? — ele pergunta.

— Você não parece estar no seu jogo de Scotty de sempre.

— Besteira.

— Não, cara, estou falando sério.

— Vamos lá, Harry. Você esteve conversando com Weston?

Seguro as duas mãos no ar. — Não. Eu deveria saber disso. Qual é o problema aqui?

— Merda de família. O quê mais? Weston não contou a você?

— Não, você sabe como ele é.

Ele revira os ombros. — Você se lembra do que aconteceu no último Natal, certo?

— Oh, sim, você quer dizer a porra da meia-boceta. — Sua madrasta o acusou no jantar de Natal de bater nela, o que era completamente falso. O contrário aconteceu e, além disso, Prescott odeia a mulher. Seu pai acabou expulsando-o durante o jantar e eles estão em desacordo desde então.

— Tivemos outro desentendimento. Só que desta vez foi em uma reunião da Whitworth. Papai me chamou na frente de um monte de clientes e ficou muito desagradável.

— Você está brincando, — digo, inclinando-me sobre a mesa.

— Pareço que estou?

— Então o que aconteceu?

Ele ri amargamente. — Meu avô entrou em cena e ele tem tanta influência que difundiu a situação. Papai saiu depois. Foi extremamente estranho. O trabalho tem sido uma cadela desde então. Não que tenha sido ótimo desde o Natal, eu admito.

— Seu velho é um idiota. Por que você não corta relações com ele?

— Eu gostaria que ele se divorciasse da vadia com quem se casou, exceto que eles são o casal perfeito.

— Cara, você deveria vir a LA para uma visita. Sair um pouco. Tomar um ar fresco, sabe?

O garçom aparece e nos entrega os menus. Pedimos aperitivos e ele sai. Não consigo decidir o que pedir de entrada. A comida aqui é incrível.

— É uma maldita refeição. Se você não pode decidir, peça dois pratos, — diz Prescott.

— Você sempre faz isso? — Eu pergunto.

— Não, mas você está choramingando como uma menina, então eu pensei que isso te calaria.

Eu ri. — Você é um idiota.

— É o meu nome do meio.

O garçom coloca uma cesta de pão na mesa. Pego uma fatia e passo manteiga.

Conversamos sobre mais coisas e depois eu faço uma pergunta que ele não responde. — Prescott?

— O que? — Ele bebe o resto de sua bebida e sinaliza para o garçom por outro e enquanto ele chega, damos a ele a ordem do jantar.

Depois que o garçom se foi, eu aponto meu dedo para o meu amigo. — Veja? Eu tinha razão. Você não está bem. Algo está fodendo com você. Prescott Beckham tem tudo a ver com dinheiro e finanças, exceto quando ele enfia o pau no fundo da boceta de uma mulher. E agora, tanto quanto eu posso dizer, — ele se abaixa e olha embaixo da mesa, — não há uma mulher lhe dando um boquete, nem você está transando com uma debaixo da mesa. Mas eu pergunto a você sobre a franquia e as finanças de A Special Place, e você fica em branco.

Ele tem a cara de pau de usar uma expressão tímida. — Desculpe. Acho que minha mente vagou.

— Eu percebi. Quem é ela? E a razão pela qual pergunto é que você não está usando um visual irritado que normalmente reservaria para seu pai. Esse é um visual totalmente diferente, mais introspectivo eu devo que dizer.

— É mesmo?

— Sim, é. Desista, Scott.

— Ok, você nunca vai adivinhar quem eu encontrei.

— Jesus, me diga agora. Eu odeio quando as pessoas fazem isso. Só garotas fazem essa merda.

— Vivi Renard. — Ele diz o nome dela como se ela fosse uma deusa.

— Quem diabos é essa?

— Sim, você não se lembraria. Ela foi para Crestview conosco.

— Você transou com ela, como todas as outras garotas de lá? — Eu ri.

— Não, eu não transei com ela. Cristo. Não fodi todas as garotas da escola.

Minha testa praticamente bate no teto. Com quem ele está brincando? — Não estou comprando a ponte do Brooklyn, droga.

— Ela fez minha lição de casa.

— Só me lembro daquela garota gorda que você costumava pagar, mas o nome dela não vem à mente.

— A única, — diz ele.

— Você a encontrou? O brainiac? O que ela é física nuclear ou algo assim agora?

— Nem mesmo perto. Ela trabalha em uma cafeteria.

Me inclino para trás e pisco. — Você está fodendo comigo. Não é essa garota.

Conversamos um pouco sobre as coisas que faziam com ela em Crestview, até que o garçom entrega nossa comida.

— Então, conte-me sobre ela. Além de trabalhar em uma cafeteria.

— Na verdade acho que ela trabalha como TI deles. Mas ela não é mais gorda.

— Não? Como ela se parece? Detesto dizer isso, mas não me lembro do rosto dela.

— Está na média, — diz ele de maneira indiferente. Não compro por um segundo.

— Besteira. É por isso que você está fora do jogo habitual de Scotty. É a Vivi, não é?

— Não sei do que você está falando. A encontrei. Isso é tudo. Mas eu não vim aqui para discutir Vivi. Estou mais interessado em ouvir sobre Midnight Drake e seus vídeos.

Mostro um vídeo para ele e o faço prometer que não falará sobre isso, eu confio no meu amigo.

— Como você vai consertar isso?

— Está consertado. Amanhã, ela fará uma declaração, depois vamos levá-la para a reabilitação. Eles atrasam as filmagens por mais ou menos um mês, mas isso salva sua carreira. Criamos uma história sobre como ela foi abusada na adolescência e nunca contou a ninguém.

— É verdade?

— Sim. Mas ela não esta interessada em falar sobre isso. Aconteceu em um orfanato. Tive que tirar isso dela.

Nossos pratos estão vazios e o garçom entra para limpá-los.

— Harrison, o que vai acontecer com as pessoas com quem ela estava?

— Estamos trabalhando nisso.

— O que você vai fazer?

Minha expressão perde todos os sinais de amizade. — Não tenho liberdade para discutir isso.

— Justo. Não quero saber de qualquer maneira.

— Não, você realmente não quer. — Se eu contar, é mais uma pessoa com a qual tenho que me preocupar.

Prescott diz: — Então, vamos sair este lugar e seguir para o meu apartamento. Eu tenho uma boa maconha em casa.

— Na verdade, eu preciso voltar. Temos uma ligação de manhã cedo para repassar seu anúncio e depois fazer a limpeza. Você sabe como é. Ei, venha para a costa oeste. Seria uma boa viagem para você. Afaste-se disso tudo.

— Sim, eu posso fazer isso.

Ele não vai. Ele está dizendo isso há um tempo. Algo estranho está acontecendo com ele. Mas ele tem que descobrir por si mesmo, e eu tenho um prato cheio, a maioria ocupada por Midnight Drake.


Capítulo 06

Midnight

Quando a porta se fecha, eu corro para o banheiro, tiro a roupa e falo para mim mesma não vomitar. Visões de mãos sujas tocando minha pele continuam voltando para mim. Piora a cada minuto, fazendo-me sentir desagradável e suja, como a criatura vil que sou. Talvez eu deva esquecer isso... voltar ao pornô. Talvez seja a esse lugar que eu pertenço, afinal.

A água escaldante arde minha pele enquanto eu vejo os lembretes do que eles fizeram comigo. Imagens turvas aparecem, mas sem rostos, apenas mãos e dedos cavando minha carne. Não há dor ou prazer, apenas dormência. Eu deveria estar feliz por haver uma ausência de sensação, mas se eu sentisse dor, pelo menos haveria alguma coisa. É a falta de algo que me leva ao limite.

Agarrando pedaços do meu cabelo, eu puxo, tentando me fazer sentir. Só que isso produz memórias de um deles com a mão enrolada no meu cabelo. Sem esperança... é essa a minha situação. Harrison Kirkland está confiante de que tem as respostas, só que não tenho tanta certeza.

Terminando meu banho, limpo as gotas de água com a toalha macia. Estou me enrolando na toalha quando ouço uma batida suave na porta. Olho pelo olho mágico e encontro Misha ali.

— Oi, — eu digo, acenando para ela entrar.

— Eu pedi o seu jantar.

— Não estou com muita fome.

— Tenho ordens estritas para garantir que você coma, — diz ela com um sorriso.

— Tenho certeza que sim.

— Você quer que eu vá embora para que você possa se vestir?

— Não. Você provavelmente acha que eu sou obcecada em tomar banho.

— De modo nenhum. Não vou fingir imaginar como você se sente.

Seu olhar simpático me dá uma pausa. Pressiono meus lábios entre os dentes porque não quero falar sobre isso.

— Midnight, você mal conhece Harrison, mas quando ele se compromete com algo, ele faz o trabalho.

— Não duvido disso. É só que tudo é construído sobre mentiras.

— É isso mesmo?

A pergunta surge diante de mim. A coisa do orfanato não é mentira. Isso é um fato difícil e frio. Um que eu queria enterrado para sempre.

Uma batida nos interrompe. Deve ser serviço de quarto.

— Entre no banheiro. Vou cuidar disso.

Faço o que ela diz, fechando a porta atrás de mim. Coloquei o roupão enorme que está pendurado na porta. Ele me engole, mas é aconchegante e eu amo que isso me envolva em um casulo de conforto - algo que atualmente anseio.

Eu escuto o homem sair e depois me junto a Misha. Tudo está arrumado em cima da mesa.

— Você comeu? — Pergunto.

— Não, mas eu estou me preparando. — De repente, ela ri e vejo que há dois lugares.

— Bom. Não gosto de comer sozinha.

No começo, meu estômago se revolta, então eu vou devagar, forçando cada mordida.

— Está tendo dificuldade para comer? — Misha pergunta.

É canja de galinha e bolachas. Há uma batata cozida e pão também. Mal sou capaz de inalar isso desde a última refeição que comi, que foi com Danny na noite anterior.

— Um pouco.

— Você está fazendo a coisa certa. Você sabe, comendo devagar. Mas você precisa da comida. Isso fará você se sentir melhor.

Um bufo frustrado sopra de dentro de mim. — Eu só quero sentir alguma coisa. Tudo o que sinto esta entorpecido.

Misha pousa o garfo e se inclina para trás. — Você parou para pensar que talvez seja o melhor? Talvez seu cérebro não queira que você sinta?

— O que você quer dizer?

— Às vezes o corpo lida apenas com o que pode tolerar e joga fora o resto. Talvez seja isso que o seu está fazendo agora.

Pensando nos outros pontos traumáticos da minha vida - e houve vários - talvez ela esteja certa. Meu cérebro não quer ir para lá.

— Mas eu quero lembrar o rosto deles, — eu digo.

— Por quê?

— Porque eu quero ter alguém para direcionar toda essa raiva. Agora é apenas uma lousa em branco.

— Mas então eles assombram seus sonhos e quem diabos quer isso?

Ela não tem ideia de que meus sonhos foram assombrados desde os quatorze anos. Torturado é mais parecido. Esse é um assunto que não ouso abrir com ela. Prefiro tomar uma dose de assombração. Qualquer coisa é melhor do que aquilo que vivi.

Seu olhar é intenso antes que ela diga: — Talvez depois de uma boa noite de sono, você se sinta diferente.

Misha parece que nunca teve que lidar com nada difícil antes. Suas roupas são caras, suas unhas são perfeitamente cuidadas, e mesmo que ela coma e beba seu batom ainda parece recém-aplicado. Seus longos cabelos loiros brilham na penumbra do meu quarto e ela provavelmente gasta muito dinheiro em produtos para o cabelo. Só de ver me joga de volta para outra época, uma época em que eu mal podia comprar sabão para tomar um banho.

— Vai ficar tudo bem, Midnight.

— Nada disso vai ficar bem. O fato de eu estar cheia de heroína e sentir como se estivesse numa nuvem enorme, torna tudo pior. Não posso nem explicar essa parte. Não espera. Como é isso? Imagine ser estuprada e saber que você está sendo estuprada, mas gostando e se sentindo confortável enquanto isso está acontecendo.

Eu a atingi, porque ela não pode fazer contato visual.

— Agora tenho que inventar uma história sobre ser viciada em drogas, quando não sou, mas fui estuprada. Você não vê como isso está completamente errado no meu cérebro e por que estou tendo um momento difícil com isso?

Ela coça a têmpora e depois limpa a garganta. — Sim. Eu sinto muito. Isso é horrível. Mas você tem que confiar em nós e em Harrison. Ele sabe o que está fazendo. Não está certo. Mas, como você não queria ir à polícia, é a única maneira de salvar sua carreira. Se você não se importa com isso, então é um assunto totalmente diferente.

— Eu simplesmente não entendo por que temos que mentir e fazer essa coisa de reabilitação. — Frustração sangra em minha voz.

Misha se endireita e de repente parece mais alta em sua cadeira. Seu tom suave é substituído por um tom dominante. Há muito mais nessa mulher do que eu pensava inicialmente.

— Sim, Midnight. Percepção é tudo, e você foi vista online sendo fodida, alto como uma pipa. O que as pessoas pensam automaticamente?

Ela fica silenciosa como eu.

Ela estala os dedos. — Vamos lá, eu estou esperando.

A raiva está no meu intestino. — Que eu merecia.

— E?

— E queria mais.

— Não dou a mínima para o que você acha. É o que eles acham que conta. E mesmo que você não tenha feito nada errado, mesmo sendo vítima, eles não vão acreditar. Nenhum relatório policial foi aberto. Essa foi a sua escolha. E não vamos nem falar se eles descobrirem que você era Lusty Rhoades no passado.

— Isso é injusto.

— Nem tudo na vida é justo. Acostume-se a isso.

Ela está certa. Aprendi isso há muito tempo.

— Você terminou de choramingar? — ela pergunta.

— O que? — Pergunto, minha raiva retornando.

— Não estou fazendo pouco caso do que aconteceu com você. Estou simplesmente tentando fazer você entender o que Harrison está fazendo. Você está sendo obstinada e dificultando muito nosso trabalho. Não gostamos de lidar com clientes que temos que implorar. Pare de nos fazer implorar, Midnight.

Ela se recosta e cruza os braços. Misha apenas jogou as luvas no chão.

— OK. Deixa comigo.

— Bom. Agora coma. É a última vez que te digo. Não podemos deixar você desmaiar na frente da câmera amanhã. Precisamos que você pareça forte.

Ela está certa. Depois de algumas mordidas e eu começo a me sentir muito melhor, só que não a deixo saber. Vou me dar mais uma noite de compaixão, e então vou para o próximo estágio da vida da Midnight, reabilitação. Gostaria de saber se vou passar ou falhar.


Capítulo 07

HARRISON

— Então você foi dura com ela?

Misha me conta como foi o jantar.

— Sim, mas eu a convenci. Devo dizer que me senti muito mal por isso.

— Essa é a primeira vez. — Eu ri. Misha geralmente não é um lady quando se trata de clientes.

Ela me olha.

— Lembre-se de que estamos fazendo a coisa certa para ela a longo prazo. Pensei que vindo de outra mulher seria mais fácil, — eu digo.

— Gosto dela, Harrison. Muito. Ela é genuína e não é egoísta, o que é raro no mundo do cinema.

— Concordo. Também penso assim. Talvez ela continue sendo.

Depois que Misha sai, eu sento e penso. É difícil encontrar informações sobre a Midnight. Até seus registros da época do orfanato são um beco sem saída na maior parte, o que é incomum. Me incomoda que ela estivesse tão assustada. O que quer que ela esteja escondendo deve ser uma merda séria.

Tenho tudo sob controle quando se trata de sua privacidade, para que sua localização não seja revelada. A segurança é uma prioridade, e pedirei que alguém fique atento a qualquer coisa incomum. Os nomes não serão mencionados, portanto, isso não deve representar um problema.

Na manhã seguinte, nos reunimos na pequena sala de reuniões. A Midnight parece melhor, embora ela não deva ter dormido muito bem. Crescentes manchas escuras ainda se escondem sob seus olhos, projetando sombras profundas. Ela oferece um sorriso fraco.

— Há café ali, se você quiser, — digo, apontando para o aparador.

— Isso seria bom, obrigada.

Emily pediu o café da manhã, então eu digo para ela se juntar a nós. Observo enquanto ela coloca um croissant em um prato, junto com algumas frutas. Bom. Pelo menos ela está comendo.

Quando todos estão sentados, percorremos a agenda. Misha explica como Emily filmará a declaração de Midnight e a encaminhará para os vários meios de comunicação. Será apenas um testemunho rápido com algumas perguntas ensaiadas.

— É isso? — Midnigth pergunta.

— É isso. Termine seu café da manhã e nós começaremos.

Midnight passa a mão pelos cabelos e pergunto se ela está pronta para começar.

— Sim.

Ficamos situados novamente e Misha analisa o que precisa ser feito.

Emily começa com a maquiagem e esconde o cansaço que reveste o rosto de Midnight.

Misha instala a câmera no tripé e está tudo pronto para começar. Ela tem a Midnight sentada em uma das cadeiras e fazemos um teste.

Quando estamos satisfeitos, com uma voz ofegante, ela começa: — Como muitos de vocês devem saber, ocorreu um incidente na outra noite pela qual estou assumindo a responsabilidade. — Ela para e respira profundamente. — Como resultado disso, vou me internar na reabilitação. Devido a alguns problemas que enfrentei na adolescência envolvendo abuso, procurei ajuda nas drogas. Obviamente, essa não foi a escolha certa. Agora vou enfrentar o problema e corrigi-lo. Obrigada pelo apoio e compreensão nestes tempos difíceis. — Então ela enxuga os olhos. Não tenho certeza se é real, mas ela me tem cem por cento. Aceno com um dedo no meu pescoço para Misha e ela desliga a câmera.

— Isso foi perfeito.

Midnight não se move.

— Misha, puxe isso para mim. Quero assistir, apenas para garantir que tenhamos tudo o que precisamos.

— Oh, nós pegamos. E ela foi perfeição.

Todo mundo na sala sorri, exceto a Midnight. Então ela deixa escapar: — Alguém tem um cigarro?

— Uh, este é um hotel para não fumantes, — responde Emily.

— Posso ir lá fora. Não ligo.

Há uma pequena varanda fora do quarto e eu tenho cigarros. Às vezes eu fumo quando bebo, um mau hábito, confesso.

— Venha comigo.

Ela me segue até o meu quarto e eu alcanço minha bolsa carteiro para pegar um maço de Marlboro. Entrego-lhe um, junto com o isqueiro, e caminhamos para fora da porta de vidro deslizante.

— Depois de tudo o que você disse ontem, eu não a levei como fumante.

— Não fumo, — diz ela.

Minhas sobrancelhas se erguem.

— Meus nervos estão baleados. Precisava de algo.

— Tecnicamente falando, a nicotina aumenta os níveis de ansiedade.

Ela me oferece um olhar vazio.

— Se você não acredita em mim, pesquise no google. É o afastamento que as pessoas sentem e, quando fumam, acalmam os sintomas, automaticamente sentem que isso as acalma. Está apenas tirando os sintomas de abstinência. A nicotina é tão viciante quanto a heroína.

Em uma voz rouca, a que estava tão quente em seus filmes pornográficos - sim, eu assisti alguns deles ontem à noite - ela pergunta: — Então por que você fuma?

O canto da minha boca se levanta. — Fumo quando bebo. Eles meio que andam de mãos dadas para mim.

Ela dá uma longa tragada no cigarro e depois tosse. Não, ela não é fumante.

Rindo, digo: — Sente-se melhor?

— Não.

Sua expressão carrancuda é bem fofa. — Vou pedir que você deixe eu ficar com o seu telefone enquanto estiver na reabilitação.

— Por que você precisa do meu telefone?

Ela não parece interessada nessa ideia, então continuo. — É habitual que as clínicas de reabilitação peçam aos pacientes que abandonem seus telefones e computadores e não se comuniquem com ninguém, exceto por correspondência escrita. Ajuda com sua taxa de sucesso. Estou bastante confiante de que este lugar será o mesmo. Caso contrário, retornarei o telefone em uma semana ou duas. Gostaria que um de nós o tivesse, caso o atacante ligue novamente, para que possamos obter uma pista dele.

— Faz sentido.

Pela sua expressão significa que ela pode estar vendo a luz. Isso tornará nosso trabalho muito mais fácil. Mas, na realidade, nosso trabalho está quase terminando. Quando a deixarmos e nos certificarmos de que o público a vê como vítima, basicamente nos afastamos, a menos que surja outro problema.

— Ótimo. — Ela me entrega seu telefone e eu coloco no meu bolso. — Prometo devolvê-lo com segurança.

Quando ela termina o cigarro, voltamos para o outro quarto. A equipe está encerrando e peço um relatório de progresso.

— Tudo foi enviado. Tenho certeza de que estaremos atendendo chamadas, mas encaminharemos tudo para a agente dela, — diz Leland.

— Bom. Preciso ligar para Rashid para ver se ele encontrou alguma coisa.

— Rashid? — Midnight pergunta.

Com um movimento da minha cabeça em direção a Misha, eu aceno para ela lidar com a Midnight enquanto vou para o meu quarto para fazer a ligação.

Rashid diz que eles têm os vídeos, mas os homens neles não são facilmente identificáveis. Ele está trabalhando com o hotel.

— Você acha que eles sabem alguma coisa? Eles usaram cartão de crédito para pagar?

— Não tenho certeza. O gerente não ajudou muito, — diz Rashid.

— OK. Eu cuido dele. Você continua trabalhando na parte tecnológica.

— Farei isso.

Preciso executar uma tarefa ou duas antes de sairmos. Conheço um cara, Gino, que pode me ajudar, então ligo e peço que ele me encontre no hotel. Ele diz que me encontrará em uma hora.

Puxando Leland para o lado, eu conto para ele onde estou indo. — Irei com você.

— Não, fique aqui. Você precisa garantir que todos embarquem no avião ao meio-dia.

— Entendi.

A equipe vai lidar com mais algumas coisas com a agente da Midnight em uma teleconferência enquanto eu pego um táxi.

Chego ao hotel, seguido de perto por Gino. Ele é um cara corpulento, ainda maior que eu, e eu não sou nada perto dele. Este não é o hotel mais elegante da cidade. Só que estou com uma pequena surpresa. A pessoa da recepção não é homem. É uma mulher que tem uma estranha semelhança com Arlequina, até suas tranças cor de arco-íris e batom vermelho brilhante. Ela está até mascando chiclete como se não houvesse amanhã. A única coisa que falta é a maquiagem dos olhos borrada.

A pergunta vem à minha mente se ela realmente fez uma cirurgia plástica para fazer isso acontecer.

Quando ela pergunta: — Olá, querido, o que posso fazer por você? — meu radar de reparação começa a zumbir. Droga! Porque agora?

Encostado no balcão, pergunto: — O gerente está aqui hoje?

— Sim. Espera um segundo. — Depois que ela pisca e sopra uma bolha enorme, ela se afasta.

Meu associado murmura: — Aceita todos os tipos, hein?

— Eu acho.

Alguns minutos se passam quando um homem que gosta muito de cervejas se aproxima. — Você pediu o gerente?

— Sim. É você?

— Não, eu sou Muhammad Ali. O que você quer?

Lanço um olhar para o meu companheiro e ele encolhe os ombros.

— Precisamos fazer algumas perguntas. Quem estava trabalhando na sua recepção na quarta à noite?

— Eu, por quê?

— Perfeito. Então talvez você possa nos ajudar. Uma amiga nossa foi trazida aqui por dois homens, contra a vontade dela. Ela estava drogada. Lembra-se de algo?

— Não, não que eu me lembre. — Ele me olha bem nos olhos sem vacilar.

— É assim mesmo. Então posso ver suas fitas de segurança?

— Não tem nenhuma.

Gino olha para mim e olho diretamente para o canto da sala para uma câmera montada no alto da parede.

Gesticulando em direção a ela, digo: — Como você chama aquilo?

Arlequina sósia ri. O gerente lança um olhar desagradável para ela e ela rapidamente se cala.

— É falso.

— Eu vejo. — Gino puxa uma cadeira por baixo e sobe.

O gerente grita: — Ei, o que você está fazendo?

— Ele está puxando para baixo. Se é falso, você realmente não precisa, não é?

— Ok, pare. É real.

Isso foi fácil o suficiente. Agora que ele vê que não estamos aqui para um piquenique, as coisas devem progredir um pouco mais rápido.

— Bom. Queremos ver seus vídeos a partir de quarta-feira à noite.

Ele esfrega o nariz e responde: — Sim, bem, acho que não tenho.

— Isso é verdade? O que aconteceu com eles?

— Sim, sobre isso. Alguém veio aqui e os roubou.

— Roubaram?

— Sim. Você pode perguntar a ela. Ele gesticula em direção a Arlequina.

A bolha de chiclete explode no seu rosto e fica todo espalhado pelo seu nariz e bochechas. Ela tira e coloca de volta na boca.

— Não sei do que você está falando, a menos que você queira dizer aquele idiota do Trent. Ele veio aqui com o amigo...

— Cale a boca, idiota.

Pisco para Gino e, em questão de segundos, o Sr. Manager se encontra sendo estrangulado. Então sorrio para Arlequina e digo: — Que tal você e eu darmos um passeio?

Seus olhos se arregalam, mas eu a tranquilizo acrescentando: — Não sou Trent. Não vou te machucar. Trent machucou uma amiga minha e quero encontrá-lo.

— Oh.

Os olhos do Sr. Manager se arregalam. Talvez ele esteja preocupado com o que ela vai me dizer. Ou pode ser que Gino esteja aplicando muita pressão. Realmente não dou a mínima. De qualquer maneira, vou descobrir algumas informações extremamente necessárias.

— Se você me ajudar, posso ajudá-la em troca, — digo a Arlequina.

— Olha, senhor, posso parecer com esse tipo de garota, mas não sou.

Sorrio de novo. — E sabe de uma coisa? Não sou esse tipo de cara. Parece que existe a possibilidade de sermos amigos. Posso perguntar qual é o seu nome?

— Helen. Helen Reddy.

Ela está brincando comigo? — Realmente? Como o cantor dos anos 70?

— Sim. Acho que minha mãe realmente pensou que ele era mulher. — Ela está se referindo à música I Am Woman que tornou Helen Reddy famosa. Então ela joga a cabeça para trás e ri. É contagioso pra caralho.

— Ela rugiu? — Pergunto, ainda rindo, pensando nas letras que eu sou mulher, me ouça rugir. Minha mãe costumava cantar essa música o tempo todo.

— Você pode apostar, ela fez. Especialmente quando ela descobriu que eu descobri seu estoque de maconha e bebidas quando eu tinha treze anos. Então ela me enviou para morar com meu pai.

O rosto dela perde a suavidade e todos os sinais de humor. Não quero seguir esse caminho, mas tenho muitas ideias, é por isso que Helen precisa ser reparada.

Do nada, pergunto: — Helen, você precisa de um emprego?

— Tenho um emprego.

— Você não vai ter, depois de me ajudar e eu vou embora daqui em breve...

Ela puxa uma de suas tranças, depois a gira em volta do dedo. — Então sim, acho que sim.

— Mostre-me as fitas de segurança. Você sabe onde elas estão, não é?

— Sim. Vamos. — Ela faz um gesto com a mão, mas de repente para. — Ei, qual é o seu nome? — Ela estoura outra bolha.

— Você pode me chamar de Harry por enquanto.

Andamos por um corredor e entramos em outra sala. Helen gosta de conversar e, em pouco tempo, tenho o vídeo que preciso, junto com um nome. Então eu pergunto se ela pode recuperar todos os registros da noite de quarta-feira.

— Posso.

Ela entra em um dos computadores e há o nome de Trent junto com as informações do cartão de crédito. Mas ainda não estou claro quanto à conexão que Trent tem com a Midnight. É apenas uma coincidência, ou há mais por trás disso?

Tiro fotos de tudo e faço o download de uma cópia do vídeo em um pen drive, e então terminamos.

— Então, Helen, você tem família aqui, um cachorro, uma tia idosa que você não pode suportar deixar para trás, ou um hamster que morreria de fome sem você?

Ela solta uma risada borbulhante. — Não, por que?

— Não há uma pessoa que sentiria sua falta se você fosse embora? Nem sua mãe ou pai?

— Porra, não.

— Sem namorado?

— Olha, senhor. Posso não ser super inteligente, mas também não sou burra. Não significa não. Não tenho ninguém, a menos que conte o idiota com que trabalho.

Rindo, eu digo: — Ok, você quer trabalhar para mim?

— Certo. Você parece bom o suficiente.

— Em Los Angeles.

— O que? Espere, não posso ir até lá. Isso custa muito.

— Eu cuidaria disso.

Ela aperta o lábio por um segundo e depois estoura outra bolha. — Como eu chegaria até lá? Não tenho carro.

— Você iria embora... — vejo o relógio— Em uma hora.

— Você é um filho da puta louco.

— Poderia mandar alguém mais tarde para arrumar seus pertences. Enquanto isso, eu colocaria você em um lugar para morar. Você teria um emprego trabalhando como administradora. Você tem bons conhecimentos de informática, certo?

— Bem, sim.

— Você está dentro ou não?

Ela está quieta, então acrescento: — Preciso de uma resposta. Estou com um cronograma apertado, Helen. O avião parte logo.

— Estou dentro.

— E se você não se der bem com o resto da equipe, seria algo difícil para todos nós.

— Oh, eu me dou bem com todo mundo. Juro que sim. — Seus olhos são tão claros e azuis como o céu em um dia de primavera.

— Você usa drogas?

— Não.

— Você terá que se submeter a um teste de drogas quando chegarmos a LA. Você esta bem com isso?

— Sim, senhor.

— Pegue suas coisas e vamos embora. — Posso ver Misha e Emily pegando ela debaixo de suas asas.

— Eu não tenho... — Quando ela percebe minha expressão, ela rapidamente diz: — Não tenho nada... nada além da minha bolsa aqui.

— OK.

Voltamos para a recepção, onde Gino ainda tem o Sr. Manager em suas garras. — Bom trabalho, meu amigo, — digo. Então entrego a Gino um enorme rolo de notas. Ele assente enquanto Helen e eu passamos. — Oh, você pode deixá-lo ir. Tenho tudo o que preciso.

— Obrigado, chefe. Vejo você numa próxima vez.

Pego um táxi e o direciono para onde o helicóptero espera para nos levar ao aeroporto de Westchester Country. É onde o jato está esperando para nos levar de volta a LA.

Quando chegamos, todos estão a bordo. Quando entramos, apresento Helen. O olhar no rosto de Midnight não tem preço. Sento-me ao lado dela.

— Quem diabos é ela? — ela pergunta.

— Não se preocupe com ela. Ela precisava de um emprego.

— Que diabos, você se diverte ou algo assim?

— Algo parecido. Está tudo bem. — Eu dou um tapinha no braço dela. — Ela foi muito útil na identificação do homem que a trouxe para o hotel. Quando estivermos no avião, obteremos mais informações.

Assim que chegamos ao aeroporto, um carro nos leva diretamente ao avião em espera. Antes que percebamos, estamos em Los Angeles.


Capítulo 08

MIDNIGHT

Quem é essa pessoa que Harrison arrastou? Helen Reddy? Ela está fantasiada para uma festa do Esquadrão Suicida? Que diabos! Ele vai pegar o Joker e o Deadshot também? Talvez eu precise de uma fantasia. Estou tão fodida quanto qualquer um desses personagens, só que não tenho um super poder para me encaixar. Espere... posso foder como uma campeã. E boquetes... ninguém pode chupar como eu. Provavelmente poderia me encaixar nesse grupo de desajustados.

— O que é isso tudo? — Harrison pergunta, ainda sentado ao meu lado.

— Meu olhar? — Não ouso confessar meus pensamentos a esse homem. Além disso, eu preciso me recompor aqui.

— Não tenho certeza se posso colocar um nome nele.

Mudando de assunto, pergunto: — Conte-me sobre Helen. — Pego na bolsa um punhado de ursinhos de goma e coloco um na minha boca. Ele me olha com curiosidade.

— Ela foi de grande ajuda para obter as fitas de segurança do hotel. O gerente não foi cooperativo. Tive que lhe oferecer um emprego, porque depois que saímos, tenho certeza que ele a teria demitido.

— E uma mudança para Los Angeles, vem no pacote de emprego?

Ele ri da minha pergunta. — Sim, recebemos o nome e as informações do cartão de crédito de um dos caras que a machucou. Antes do final da semana, terei tudo o que preciso sobre por que eles escolheram você.

— Você sabe por que ele está me perseguindo? — Mastigo outro ursinho.

— Posso ter um desses? — Harrison pergunta. Entrego a ele um verde, o meu menos favorito. Ele levanta e diz: — Uau. Você é realmente generosa com essas coisas.

— Não uso drogas. Uso gomas. É por isso que não os compartilho. — Não é uma declaração cômica, mas ele sorri de qualquer maneira.

— Então, continue. — cutuco.

— Sim. Vou informá-la o que encontrarmos e, para a sua pergunta, descobriremos por que ele a atacou. Se houve algum tipo de motivo profundo, vamos descobrir.

— Como?

— Tenho minhas formas.

Ele não é sincero em sua resposta e eu realmente não quero saber. Ele pode vencer essas merdas pelo que eles fizeram. Gostaria, no entanto, de olhar nos olhos e descobrir por mim mesmo. Não parece que eu vou ter a chance.

Ele fica em silêncio por alguns minutos e acrescenta: — Emily disse que as primeiras respostas à sua declaração estão chegando e são favoráveis bem como esperávamos. Você deve verificar sua conta do Twitter. As pessoas estão lhe mostrando todo tipo de amor, Midnight.

— Ótimo. Obrigada. — Sua resposta sem emoção a fez se endireitar em seu assento.

— Você precisa responder a alguns deles, enquanto pode. Talvez você possa dizer, que você está voando para a costa oeste e que fica agradecida com todo o amor. E não esquece do #Reabilitação, para que eles saibam que você está indo.

Olho para ele. — Eu irei. — Uma boa maneira de colocar isso.

— Você deve ter uma atitude melhor.

— Sim, como eu deveria estar feliz que alguém me drogou e me estuprou e agora eu que tenho que ir para a reabilitação.

— Droga, me desculpe. Isso foi insensível da minha parte. O que eu deveria ter dito era que você deveria estar feliz por eles estarem comprando a história.

Bufei: — A história de ser abusada não é uma história. É a verdade. Não quero o amor de alguém pelo que passei. Essa conversa precisa terminar. Minhas paredes de vidro estão prestes a quebrar e eu estou no lugar errado para que isso aconteça.

Ele não responde, pelo qual sou grata. Vários minutos se passam antes que ele se mova para sentar ao lado de Helen. Ela está mastigando chiclete como se fosse ursinho de goma. Sinalizo a aeromoça e peço água. Como muitas dessas coisas, tenho consciência de beber muita água para tirar o açúcar da boca. A última coisa que quero é um monte de cáries. Eu rio. Poderia ser o sonho de qualquer homem - uma fazedora de boquetes desdentada.

Inclinando a cabeça no assento confortável, fecho os olhos e fico surpresa quando Harrison balança meu braço.

— Ei, estamos aqui.

— Onde?

— LA. Onde mais?

— Tão cedo?

— Você roncou o voo inteiro.

Passo a mão na boca e, com certeza, ela esta molhada de baba. Tenho certeza de que foi uma visão bonita.

Todo mundo se move para pegar seus pertences, exceto Arlequina, quero dizer, Helen. Ela dá um pulo da cadeira e praticamente dança em direção à porta, agindo como a pessoa mais feliz do mundo. E por que diabos ela não deveria estar? Harrison acabou de resgatá-la de um emprego de merda, deu-lhe um novo e a está mudando para LA, com todas as despesas pagas. Eu ficaria feliz pra caralho também. E ela não precisa ir para a reabilitação.

Harrison é o último a sair do avião. Ele fica para trás, agradecendo a todos. É fácil ver por que todo mundo gosta de trabalhar para ele, porque ele mostra sua gratidão. Tenho certeza de que eles também são bem recompensados.

Nós nos amontoamos na limusine à espera e todo mundo sai, exceto Harrison e eu. Acho que ele é minha escolta para a clínica de reabilitação. A essa altura, quero sair da minha pele. O medo de ir a este lugar é insuportável.

Quando chegamos, eles estão nos esperando. E este lugar é chique. Não consigo imaginar o quanto estarei endividada depois disso.

Fazemos um breve tour pelo local, por insistência de Harrison. Quando chegamos ao meu quarto, percebo que nunca fui para casa desfazer as malas e reembalar.

— Qual é o problema? — ele pergunta.

— Minhas coisas. Nós nunca paramos na minha casa para eu trocá-las. Não tenho roupas além do que levei para Nova York.

Ele desliza a mão sobre sua mandíbula quadrada, que está coberta de barba. Ignoro o aperto dos músculos do meu estômago porque, pela primeira vez, não estou com raiva ou amarga quando olho para ele. Ele exala uma sexualidade crua à qual eu respondo. Por que agora depois de tanto tempo?

— Posso fazer Emily ou Misha ir até lá e pegar algumas coisas para você.

— Acho que terão que fazer.

A pessoa que me registra diz: — Você só precisará de coisas casuais enquanto estiver aqui. Temos aulas de ioga e outros grupos de exercícios aos quais você pode participar. Você vai precisar desse tipo de roupa também.

— Tênis de corrida, — eu digo. — Não tenho nada parecido com isso. Talvez eu precise correr para casa e fazer isso e depois voltar.

— Hum, me desculpe. Uma vez que você está aqui, você está aqui, — diz o responsável pelo check-in.

— Com licença, qual é o seu nome mesmo? — Pergunto.

— Melody. — Ela sorri.

— Você não pode fazer uma exceção apenas uma vez? — Pergunto docemente.

— Sinto muito, mas nunca fazemos isso aqui.

Meu temperamento queima e eu quero dar um soco nela, mas que bem isso fará? Provavelmente me deixar em um confinamento solitário.

— Midnight, prometo que Misha ou Emily vão cuidar disso, — Harrison diz com uma voz suave. O problema é que não quero duas estranhas vasculhando o conteúdo das minhas gavetas ou meu apartamento. É mais do que um pouco perturbador. Mas que outra opção eu tenho?

— Sim, tudo bem.

Melody fala sobre o quão sortuda eu sou, eles tem um espaço aberto e então ela informa o quarto que me foi designado. É bom, eu concedo isso a ela. Mas pelo preço não revelado, eu provavelmente deveria estar de volta ao The Plaza.

Percorremos o resto das instalações e meus joelhos quase dobram quando chegamos à sala de terapia de grupo. Não tenho ideia de por que isso é tão chocante, mas acontece. Como diabos eu vou passar por isso? O teste mais verdadeiro de quão bom estou. Talvez isso me leve ao topo da lista de candidatos ao Oscar invejado. Duvidoso, mas uma garota pode muito bem sonhar.

Harrison me deixa em minha nova casa pelos próximos trinta dias e eu corro de volta para minha pequena caverna. Amanhã começa uma nova vida para mim, brilhante e cedo às 06: 00. Isso deve ser interessante, para dizer o mínimo.


Capítulo 09

HARRISON

Na semana após a Midnight entrar na reabilitação, estou sentado no meu escritório quando Misha e Leland entram. Posso dizer pelas carrancas deles que não será uma visita de uma dança alegre.

Misha não mede palavras. — Ward está entrando com uma ação contra Alta.

— Quem?

— Holt Ward, co-estrela da Midnight no filme, — explica ela.

— Por quê?

— Ele diz que o atraso lhe custará outro papel em um filme diferente.

— E o que você disse? — Pergunto.

— Acho besteira. Midnight disse que ele não a queria como co-estrela desde o início. Ele está usando isso como uma saída. O ruim é que as mãos de Alta estão atadas.

Faço um gesto para a porta, indicando para Leland fechá-la. Tenho uma política de portas abertas aqui, mas neste caso, precisamos de privacidade. Quando estamos longe de ouvidos curiosos, pergunto: — O que temos dele?

Leland geme. — Ele esta completamente limpo. Tentei desenterrar alguma coisa, mas é uma lousa em branco.

— Ninguém é uma lousa em branco.

Misha ri. — Você é.

Ela está certa. A única coisa que alguém pode encontrar em mim são algumas multas por excesso de velocidade e que alugo um filme pornô ocasional. — OK. Então vamos fabricar alguma coisa.

— O que você quer dizer? — Leland pergunta.

— Algo tão prejudicial que arruinaria qualquer chance de ele agir novamente.

Leland está quieto por tanto tempo, que acho que o perdi. Então ele diz: — Conexões com a máfia russa.

A cabeça de Misha se volta para ele. — De jeito nenhum. Se a máfia souber disso, estamos todos com um metro e oitenta.

— Como eles iriam saber? — Leland pergunta. — Por que diabos ele vazaria isso, porque certamente eu não iria.

— E se ele se apresentar e disser que não é verdade? Então somos forçados a apresentar mais informações. Prefiro fazer algo como se ele fosse gay ou usasse cocaína. Então, se ele nos ligar e dispararmos algumas fotos falsas, não teremos Vladimir Kolikov respirando no nosso pescoço.

— Quem diabos é Vladimir Kolikov? — Leland pergunta.

Misha o prende com um olhar arrepiante. — Você não quer saber.

Levanto minha mão. — Ok, nenhuma máfia russa. Misha está certa. Isso é muito perigoso e alguém pode ser morto. Pessoalmente, acho que ele ser gay só lhe traria mais fãs e isso não é uma coisa desfavorável. Precisamos pensar em outra coisa. Como talvez associar o nome dele ao tráfico de pessoas.

Misha estala os dedos e um brilho demoníaco atinge seus olhos. — É isso aí. Isso o colocaria em um lugar quente. Rashid poderia criar um site falso para ameaçá-lo e, se ele não recuar, seguiremos com as grandes armas. Rashid pode invadir o site que eles têm como alvo e fazer parecer que o nome dele está lá. Isso o colocaria totalmente no centro das atenções.

— Qual é o site? — Pergunto.

Leland diz e eu digo a eles que é uma chance. — Quem quer entrar em contato com o Sr. Ward?

— Acho que você deveria fazer isso, — Misha diz para mim.

— Bem. Vou ligar para Rashid e mandar que ele arrume tudo, e então o Sr. Holt Ward receberá uma pequena ligação minha.

Este caso Midnight Drake está ficando mais complicado a cada dia. Encontramos Trent Dexter. Gino o agarrou e o levou a um lugar não revelado para interrogatório. Ele foi muito cooperativo depois que Gino lhe explicou algumas coisas que envolveram mais do que alguns golpes com os punhos enormes de Gino.

Segundo Trent, ele viu Midnight no clube naquela noite e a reconheceu por seus filmes e papéis na TV. Ele estava com seu amigo e eles estavam procurando alguém para persuadir a passar a noite com eles. A ideia deles de persuasão, comparada à de todos os outros, é muito diferente. Trent drogou a Midnight e a levou para o hotel onde seu amigo os encontrou. Foi quando a diversão deles começou.

A parte ruim é que os vídeos que eles filmaram no telefone da Midnight não são o fim. Eles também filmaram o episódio inteiro na câmera, mas cortaram o rosto dela. Em seguida, eles fizeram mais edições - se livrando deles, injetando nela heroína - e os enviaram para um site pornô onde foi baixado mais de cinquenta mil vezes. Cada vez que alguém assiste, custa US $ 5, 99, então esses filhos da puta ganharam dinheiro com isso.

Estamos presos entre o certo e o difícil. Se denunciarmos isso como um crime, a carreira de Midnight está fodida. Se processarmos, sua carreira está fodida. Puxamos o filme, mas quem sabe quantas pessoas o têm em seus discos rígidos e o enviaram para sites piratas? Pode estar na casa dos milhões. Quero cortar o pau daquele filho da puta. Foi uma coisa boa que Gino foi ao invés de mim. Então, novamente, de acordo com Gino, depois que ele terminou, Trent não fará isso com mais ninguém.

Minha conversa com Rashid é breve. Ele me garante que levará apenas alguns minutos para me dar o que preciso para assustar Holt Ward. Ele entrega cerca de uma hora depois, e isso quase me assusta.

— Você tem certeza que isso é falso? — Pergunto.

Ele ri. Rashid é o melhor. — Sim, chefe. Quando se trata do mundo cibernético, você não pode me derrotar.

Ele está certo sobre isso. Quando tudo estiver dito e feito, Holt Ward estará me contratando para limpar a merda que eu levantei. Uma risada calorosa sai de mim.

Misha está passando pelo meu escritório e vira para dentro para descobrir o que é tão engraçado. Quando eu digo a ela, ela ri junto comigo.

— Servirá o idiota certo. A Midnight já passou o suficiente. Ela não precisa das besteiras dele para acompanhá-la.

— Vamos ver como isso acontece. — Tiro uma captura de tela do site e depois ligo para o agente de Holt, pedindo seu número. Ele tenta me dar uma pista, mas quando explico como é urgente e que, se eu não falar pessoalmente com Holt sobre esse assunto, ele pode ser demitido, ele recita o número imediatamente.

Holt atende o telefone e digo calmamente: — Ward, meu nome é Harrison Kirkland e em cerca de dois segundos você receberá uma foto minha via texto. Espero que isso o convença a desistir de sua ação contra Alta e Midnight Drake em relação ao seu contrato no filme em que vocês dois foram escalados. Se você tiver alguma dúvida, sinta-se à vontade para me ligar. — Termino a ligação e espero que ele me ligue de volta.

Holt Ward não decepciona. Quando eu não respondo, ele tenta me ligar de novo. Recosto na cadeira e ouço pacientemente enquanto ele fala sobre como eu não posso fazer isso e que estou enquadrando-o, blá, blá, blá.

Quando ele finalmente perde o fôlego, eu digo: — Demorou o suficiente para você calar a boca. Um, eu não estou te enquadrando. Não é problema meu que você tenha uma afinidade por comprar e vender mulheres, especialmente aquelas com menos de dezoito anos. Segundo, se você não desistir da ação, essa merda será ampla e, com isso, quero dizer que minha empresa a divulgará em todos os meios de comunicação da indústria do entretenimento. Alguma pergunta?

— Você não pode fazer isso! Nunca estive envolvido em nada disso. Não sei onde você encontrou isso, mas é falso.

— Prove, Sr. Ward. Parece legítimo para mim. Eu até cliquei nos links. É uma pena também. Esperava mais de você.

— Droga, não sou eu! — ele brada. Tenho que segurar o telefone longe do meu ouvido, ele grita bem alto.

— Parece claro para mim. Além disso, esse site de tráfico pode estar no radar dos federais. Seu nome não estaria nele se você estivesse limpo. Abandone o processo e eu posso fazer tudo isso desaparecer. Você pode até me contratar, se quiser. Mas minha primeira prioridade é Midnight Drake. Quero você de volta ao filme com ela e quero Alta feliz novamente. Estou sendo claro?

Ouço sua respiração pesada na linha. Finalmente, ele diz: — Tudo bem. Vou fazer a ligação. Mas limpe essa merda, sim?

— Não é um problema. Espere o contato da minha empresa.

É a minha vez de encerrar a ligação e depois que eu termino, jogo o telefone na mesa e dou uma risadinha. O idiota acabou de perder um maço de dinheiro com minha cliente e ele se tornou meu cliente no processo.

Chamo Helen e peço que ela mande Misha e Leland e digo como foi a ligação. Espero a ligação de Alta, que acontece cerca de uma hora depois, peço para que Rashid retire o site falso. Para começar, nunca foi ativo, portanto não havia preocupação. Se você não tiver o endereço da Web, não havia como encontrá-lo. Quando ele terminou de limpar tudo, tenho Helen para enviar uma conta cara a Holt.

Agora temos Midnight de volta ao jogo. Quando estou no telefone com Alta, eles me dizem que sua legião de fãs está recebendo mais correspondência do que nunca para ela. Todo mundo quer saber como ela está. É ótimo saber que nosso plano está funcionando. O que me lembra, preciso devolver o telefone dela, se for permitido.

Adoraria ter a oportunidade de conversar com ela. Não passa um dia em que eu não penso nela. Ela estava tão preocupada em ficar presa lá por um mês, então eu me pergunto como ela está.

No dia seguinte, verifico a instalação e pergunto sobre a capacidade dela de ter um telefone. Eles dizem que ela pode receber visitantes no fim de semana, mas nenhum telefone é permitido até sua última semana. Decido visitá-la no sábado para informá-la sobre o que está acontecendo.

Mas quando o sábado chega, ela se recusa a me ver. Uma onda esmagadora de decepção toma conta de mim. De onde diabos isso veio? Ela é uma cliente, caramba.

Afasto e escrevo um bilhete para ela, explicando brevemente o que está acontecendo. Quando termino, entrego na recepção e peço que entreguem a ela. Ela completou sua segunda semana e está no meio do programa. Penso no que ela tem que esperar quando for liberada.

Empurrando os sentimentos inesperados e desconhecidos de excitação, me recuso a me permitir questioná-los. Não há como Midnight Drake ficar debaixo da minha pele. De modo nenhum.


Capítulo 10

MIDNIGHT

Harrison chegou às instalações. Ele tem estado na minha mente constantemente. Penso em sua força, em como seus olhos quentes me atraem, e que ele é o único homem que eu já quis tocar, mas ainda assim me recusei a vê-lo. A última pessoa que eu quero que me veja assim - raspada crua e cortada da haste à popa - é ele. Ele é a razão de eu estar aqui... e por causa desse maldito lugar, meu maldito coração e alma foram arrancados do meu corpo. Fiquei uma bagunça sangrenta. Sabia que vir aqui era uma péssima ideia, mas não tinha ideia de quão terrível seria para mim.

Se você é um viciado, eles tiram suas drogas - drogas que eu não uso - mas eles também se aprofundam em sua psique, te destroem pouco a pouco, bisbilhotam coisas que é melhor deixar intocadas. As feridas foram reabertas; cicatrizes que foram curadas agora estão abertas com sangue pulsando nelas. E me resta lidar com as consequências. Minha conselheira é uma filha da puta inteligente. Ela esteve comigo por horas até que eu quebrei e vomitei toda a porra da minha história. Maldito Harrison Kirkland por me enviar aqui. A culpa é dele.

E agora devo me sentir melhor por causa dessa suposta piedade. Bem, eu não. Meu corpo grita de dor. E tudo o que posso ver é o seu rosto e o que ele fez comigo... o que ele me forçou a fazer. Não precisava desse lembrete... não o queria. Mas entendi mesmo assim. E pensar que tenho mais duas semanas agonizantes revivendo aqueles horrores. Minha conselheira diz que, com o tempo, eu vou gostar dessas sessões. A única coisa que vou gostar é quando o dia trinta chegar para poder dizer: — Adios, filho da puta.


DIZEM QUE O tempo voa quando você está se divertindo. Bem, o oposto é verdadeiro quando você não esta. De fato, alguém interrompeu completamente a passagem dela. As últimas quatro semanas levaram cerca de cinco anos. Becky, minha estimada conselheira, acredita que posso ser bipolar. O que ela não percebe é que meu humor está tão ferrado por ter que continuar essa farsa e depois revelar tanto de mim em cima dela, qualquer um iria agir como se fosse bipolar. Em um minuto, estou chorando tanto que praticamente estou tendo uma convulsão, e no próximo estou louca, ziguezagueando pelo consultório dela, incapaz de controlar minhas ações.

Na minha sessão final, um dia antes de eu ser liberada, ela diz com firmeza: — Midnight, sente-se, ou ligarei para alguém para tranquilizá-la.

Isso agarra minha atenção. Não vou estragar meu último dia aqui. Ser injetado uma droga potente a força não é o que eu preciso. Minha bunda bate na cadeira, mas não consigo manter minhas mãos paradas. Eu só preciso dar o fora daqui. Entrei com sanidade, e fiquei louca pra caralho.

— Como você está se sentindo?

Ela está falando sério? — Como você acha que eu estou me sentindo?

Ela não responde. Odeio quando ela faz isso.

— Estou agitada hoje, Becky. — Não posso impedir que meu lado irônico surja.

— E por que isso?

— Eu não sei.

— Sim, você sabe, — diz ela. Seu jeito calmo me irrita.

— Quero ir para casa.

— Não acho que você esteja pronta.

Já passamos por isso antes. Eu vou, ela querendo ou não. — Não importa.

— Midnight, quero que você esteja o mais forte possível. Se você for embora, pode começar a usar novamente.

Não, não vou. Nunca vou usar novamente. Porque eu nunca costumei começar.

— Então explique sua agitação.

— É o meu passado, — digo frustrado. — Você já sabe disso.

— E você sabe como lidar com ele.

— Tenho que confrontá-lo, mas isso só me deixa mais infeliz. — Queria que ele ficasse enterrado. Era muito mais feliz assim, conduzindo meu caminho pela vida. Mas não, Harrison Kirkland apresentou esse plano cerebral e o arruinou.

— Midnight, isso vai fazer você mais forte.

— Não posso. Você quer que eu o visite. Isso... nunca funcionaria. Você tem que confiar em mim ao menos uma vez. A última coisa que farei na minha vida é visitar o homem que me arruinou.

Ela levanta as mãos, espalhando-as no ar. — É a sua vida.

Porra, é. No entanto, como essa é minha sessão final com ela, quero deixá-la com uma impressão duradoura.

— Deixe-me dizer isso, Becky. Não há muito que eu gostaria de dizer ao homem que me forçou a fazer sexo com ele e dar a seus amigos boquetes por quase três anos enquanto eu era menor de idade. É algo com o qual você pode se relacionar pessoalmente?

Há uma mudança sutil na coloração de seu rosto e ela muda de posição.

— Não, acho que não.

— Essa é a razão pela qual nunca terei contato com esse homem enquanto houver respiração no meu corpo. Tenho certeza de que esta sessão acabou.

— Você poderia apresentar queixa contra ele.

Ah? E toda essa atenção se concentrou em mim? Não, eu não penso assim.

Tremo durante a longa caminhada de volta ao meu quarto luxuoso. A conversa lembrou aquela outra peça do quebra-cabeça - aquela que sempre me quebra - a que Becky nem conhece.

Deito-me na cama e cubro meu rosto com um travesseiro para que ninguém ouça os soluços enquanto rasgam meu corpo.


DEZESSEIS HORAS DEPOIS, passo pela recepção, acenando de leve para as alegres pessoas da equipe. Eles são os últimos que eu dou atenção. Aqueles rostos felizes são uma farsa. O mês inteiro que estive aqui, eles nunca foram agradáveis para mim. Toda vez que pedia algo, era negado, mesmo que fosse tão pequeno quanto um copo de gelo. Com o preço gigantesco deste lugar, você pensaria que eles poderiam lhe entregar uma porra de copo de gelo. Quero xinga-los. Mas quem sabe se eles não vão abrir a boca quando eu estiver longe daqui? A última coisa que preciso é de mais inimigos do que já tenho. Holt Ward é o suficiente para lidar.

Não estou surpresa ao ver Harrison caminhando em minha direção. Ele não enviou ninguém para me buscar. E caramba, ele é uma visão para os olhos doloridos. Ele está vestindo uma camisa preta e jeans escuro que se moldam ao seu corpo perfeito. Se ele parecesse melhor, eu provavelmente desmaiaria. Não há um homem vivo que possa segurar uma vela para ele, caramba. Mesmo que eu ainda esteja com raiva dele, é difícil negar a felicidade que sinto, embora não queira mostrar isso.

Ele sorri quando nos encontramos no meio do estacionamento. Quero me lançar para ele e pressionar meus lábios em sua boca perfeita. É isso que acontece quando você pensa em alguém por trinta dias e passa por intensa psicoterapia? Uma sombra gigante se aproxima— Então? Como você está? Vim para uma visita, mas você se recusou a me ver naquele dia.

Engulo o deserto na minha garganta. — A verdade é que não estava com vontade de vê-lo. — Mentirosa!

— Então você perdeu todas as notícias importantes que tinha para você.

Isso desperta meu interesse, mas não quero que ele saiba. Dou de ombros. — Realmente não me importo. — Mentirosa!

A essa altura, já estamos no carro dele, um velho Mustang vermelho conversível. Ele coloca minhas malas no porta malas e depois abre a porta do passageiro para mim. Que cavalheiro.

Quando estou deslizando no assento, ele diz: — Você deve se importar. É a sua carreira. — Ele tem razão. Eu deveria, e me importo.

Quando ele entra no carro, escava dentro do porta-luvas e me entrega um boné de beisebol. — Aqui. Seu cabelo estará em nós se você não colocar isso.

— Obrigada. — Digo como se não fosse sincero. Por que estou sendo tão vil? Enfio meu cabelo debaixo do boné, grata por isso, mas escondendo dele.

Ele não deixa meu humor azedo afetar o dele. — Sou um cara prestativo.

— Vamos largar o Sr. Jolly. Enquanto estou feliz por estar fora desse inferno, só quero ir para casa, ok? — Fecho meus punhos e esfrego meus olhos.

— Jesus, quem roubou sua felicidade?

— Você fez quando me enviou pra cá. Eles dissecaram e me despedaçaram. Satisfeito? — Cruzo os braços e olho para o céu ensolarado.

Devo ter me irritado porque ele coloca o carro em marcha à ré e lá vamos nós. Nenhuma outra palavra é dita até chegarmos à minha casa. Ele me ajuda a chegar à porta e é quando ele diz: — Temos muito o que discutir.

— Isto pode esperar. Preciso de tempo. Sozinha. Na minha própria casa. — Preciso controlar minhas emoções. Ele não merece o meu comportamento desagradável.

Seus olhos encontram os meus e então ele faz aquilo que eu amo. Ele lambe o lábio inferior e passa a mão sobre o queixo desalinhado. Maldito seja é sexy. Preciso me afastar dele antes que eu faça algo estúpido... algo que eu me arrependa, como fazer um algo com ele. Ele é tudo em que eu penso nos últimos trinta dias, e eu não uso meu vibrador por todo esse tempo. Só tinha meu dedo para me fazer companhia à noite, e agora estou diante do incrivelmente quente Harrison Kirkland e tenho um desejo inacreditável de me ajoelhar e me sujar, apenas para ouvi-lo gemer de prazer. Pensando nisso, eu quase gemo. O que diabos está errado comigo?

— Bem. — Então seus dentes raspam sobre o lábio inferior. Sua íris de chocolate vê através de mim e eu não gosto nem um pouco. Ou talvez eu goste demais. — Você mudou. O que aconteceu lá, Midnight? — O tom dele é suave e piora ainda mais.

— Coisas que você não quer saber.

— Alguém te machucou?

Uma risada histérica explode. — Claro que eles me machucaram. Por isso não queria ir. — Me viro e fecho a porta, deixando-o com uma expressão confusa em seu rosto atraente. Preciso me afastar dele. Ele me faz querer coisas que não deveria. Homens e eu não nos misturamos.

Mas Harrison é diferente. Quero odiá-lo, só que não posso. Estou brava com o que aconteceu na reabilitação, e ele é o único que eu posso confiar. Mas ainda quero fazer coisas com ele... coisas sujas e sexy. É melhor que eu mantenha distância dele ou as coisas podem ficar fora de controle.


Capítulo 11

HARRISON

Midnight não é a mesma mulher que deixei trinta dias atrás. O que diabos aconteceu lá? Eles deveriam ajudar, e não destruí-la. A ideia de seu sofrimento é um soco no estômago. Deixá-la é a última coisa que quero, mas ela não me ofereceu nenhum convite para entrar. O que eu faço? Não consigo descobrir nada até falar com ela. Não tenho escolha a não ser sair porque não posso arrombar a porta.

Dirijo para o escritório, minha mente cheia de perguntas. Quando eu volto, Misha pergunta como foi.

— Não tenho certeza.

— Ela ficou satisfeita com tudo o que fizemos?

— Não disse nada a ela. — Depois que eu explico, Misha quer ir até o apartamento de Midnight.

Eu a paro. — Ela quer ficar sozinha.

— Ela é suicida? — ela pergunta.

— Duvido que eles a teriam mandado para casa se ela estivesse tão mal.

Mas então eu faço uma ligação. Tudo o que recebo é que as informações sobre o tratamento dela são confidenciais. Mesmo quando explico que estou preocupado com a condição dela, eles não me dizem nada. Eles dizem que eu receberia a ligação de seu terapeuta. E ela liga.

— Senhor. Kirkland, Midnight é muitas coisas, mas ela nunca mostrou nenhuma tendência suicida enquanto estava aqui. Há outras questões que abordamos e sugeri que ela ficasse mais trinta dias para impedir que ela voltasse a usar, mas ela recusou. — Sei exatamente porque também.

— Eu vejo. Obrigado por retornar minha ligação.

Meus pensamentos estão aliviados, mas ainda estou preocupado com ela. Por que ela pelo menos não fala comigo? Um mês é muito tempo, mas esse comentário sobre como eles a machucaram me perturba. Sobre o que ela estava se referindo? Eles a abusaram fisicamente lá?

Minha mente não descansa até que eu saiba, então eu mando um texto para ela.

Eu preciso saber se você está bem. Acredite ou não, estou preocupado com você. Não era minha intenção que você tivesse uma experiência terrível lá. Por favor me ligue.

Ela é tudo em que eu fico pensando até chegar em casa naquela noite e o telefone tocar.

— O que você quer me dizer? — Midnight pergunta.

— Na verdade, temos muito o que revisar. Podemos nos encontrar? — São apenas seis horas e eu ofereço levá-la para jantar.

— Prefiro em casa.

— Você tem certeza?

— Nunca faço nada de que não tenho certeza. Exceto por uma coisa, e eu estava certa nisso. Caril de Massaman com camarão, arroz integral e pão fresco. — Ela nomeia o lugar e eu desligo para fazer o pedido.

Quando eu apareço no apartamento dela, ela parece um tanto diferente. Ela está vestindo uma camiseta de grandes dimensões e uma calça folgada. Os olhos dela parecem... velhos. Eles envelheceram desde que ela partiu.

Ponho a comida no balcão da cozinha e a encaro enquanto ela puxa os pratos dos armários.

— Trouxe cerveja e vinho também, — acrescento, sem saber se ela tomou alguma bebida desde que esteve no último mês.

— Obrigada. Não pensei sobre isso.

— Então, do que você gosta?

Ela solta uma risadinha. — Ursinhos de goma. — Então ela carrega nossos pratos. Depois que ela me entrega o meu, eu a sigo até a sala de estar onde nos sentamos no sofá. Eu servi duas taças de vinho, depois que ela admitiu que preferia vinho ao invés de cerveja, e nós comemos.

— Amo essa comida, — diz ela em torno de um bocado de curry.

— É bom. Nunca estive lá, mas definitivamente voltarei. — Comemos em silêncio por alguns instantes até eu perguntar: — O que há com os ursinhos de goma?

— Eles são meu crack. Todo mundo tem algum vício, certo?

— Sim, eu acho.

— Oh vamos lá. Nomeie o seu.

— Não, eu estou limpo de vícios.

— Okay, certo. — Seus profundos olhos violeta se fixam nos meus e a intensidade deles me hipnotiza. Nunca vi nada como eles antes. — Desisto.

— Não, eu realmente não tenho nenhum. Álcool apenas ocasionalmente, e um cigarro de vez em quando, quando bebo. Fumo maconha de vez em quando, mas não o suficiente para chegar a qualquer coisa.

— Eu sei. — Ela sorri como se tivesse descoberto algo superimportante. — Você tem um vício secreto em pornografia.

Eu ri. — Não, pornô é bom, que homem não gosta? Mas sem vício. Desculpe, estou limpo.

Ela me estuda por um longo minuto, depois usa o garfo como ponteiro. Com uma voz melodiosa, ela diz: — Talvez o vício seja a palavra errada. A fraqueza é mais parecida. Você deve ter algum tipo de fraqueza. O que é?

Ela tocou um nervo, um que não precisa ser exposto. — Todo mundo tem fraquezas.

— Então? Diga o seu pior.

Aponto meu olhar para ela. — Não. Não até você compartilhar um dos seus.

Ela se endireita e dá uma mordida no jantar. Depois de engolir, ela diz: — Pessoas quebradas é sua fraqueza, não é? Você viu que eu estava quebrada e pensou que poderia me colocar de volta em funcionamento. Foi por isso que você trouxe Arlequina ou Helen. Não é? Esse é o seu vício?

Como ela é tão astuta? Engulo um pouco de vinho e a encaro. Ela não vai largar isso. — Não vejo isso como uma fraqueza, mas gosto de ajudar os outros, então, em certo sentido, acho que você está certa.

Ela empurra uma mecha de longos fios pretos brilhantes dos olhos. — Não. É muito mais profundo que isso. Você é falho, Harrison. Veja bem, durante a minha estadia em reabilitação, eu tive muito tempo livre, mais do que em anos. Pensei em muitas coisas e você era uma delas.

— Fico lisonjeado.

— Você realmente não deveria estar. Houve momentos em que eu quis usar seu rosto como um saco de pancadas.

— Ai, — eu digo, inclinando-me para trás e esfregando minha mandíbula.

— Sim. Não foi legal. Na verdade, era tão ruim que, todas as noites antes de adormecer, amaldiçoava seu nome e dizia a mim mesma que faria você pagar por me enviar para lá.

Isso é realmente chocante. Estou sem palavras.

— Surpreso com isso?

— Tenho que admitir que estou. — Tudo que eu queria fazer era salvar sua carreira. E quanto mais eu penso sobre isso, mais isso me irrita.

— Posso ver aquelas pequenas rodas girando nesse seu cérebro inteligente.

Um homem pode aguentar tanto, e ela apenas me empurrou para a beira do precipício. — Vamos esclarecer uma coisa. Eu estava salvando sua doce bunda, salvando sua carreira, organizando para você ir para lá. Foi isso. Não havia motivo oculto. Não foi por causa de uma fraqueza minha. Se você precisava de conserto, não tinha nada a ver comigo. Meu objetivo era limpar a confusão que sua maldita carreira estava com a Alta, que, a propósito, você nem sequer perguntou. Tive que puxar mais algumas cordas enquanto você não estava disponível. Ah, e enquanto estamos no assunto, seu amiguinho, Trent, usou o vídeo que ele filmou e o enviou para vários sites pornográficos, que teve milhares de downloads no momento em que chegamos. Cuidei disso também, de nada. Holt Ward também não será mais um problema. O processo que ele entrou foi retirado, o que você não sabia, porque minha equipe cuidou dele na sua ausência. A propósito, não mencione isso para ele. Sua carreira vai disparar, graças a esse período de reabilitação. — Me levanto, com toda a intenção de sair.

Suas palavras me impedem. — Nós não terminamos.

— É aí que você está errada. Você pode lidar com suas próprias bagunças a partir de agora. Meu trabalho com você terminou.

— Não estava falando sobre isso.

Não tenho noção do que diabos ela está se referindo.

— Quando eu estava na reabilitação, eles abriram velhas feridas. É por isso que estou culpando você.

Paciência é um dos meus melhores atributos, mas atualmente parece que estou sem estoque. Inclino meu pescoço para olhar em direção ao teto, rezando para uma divindade desconhecida, por mais. Então eu nivelo meu olhar para ela. — Parece que tudo é minha culpa e isso faz muito sentido. Acho que quando você saiu da reabilitação, você deixou seu maldito cérebro lá.

— Seu imbecil.

— Acredito que você é uma idiota. Você precisa mais do que ursinhos de goma, minha amiga. Eles não estão cortando isso para você. Talvez você precise de algumas pílulas felizes ou algo assim. — Meu nível de insulto sobe.

— Oh, essa é boa. Que coisa de homem. Quando uma mulher tem o direito de ficar com raiva de algo legítimo, ele automaticamente diz que ela precisa de pílulas felizes.

— Você digitou uma palavra-chave, e isso é legítimo. O que você está dizendo e insinuando não chega nem perto de ser legítimo. Você parece doida. Olha, o que aconteceu com você no seu passado, sinto muito. Mas não é minha culpa.

Ela entra na minha cara e grita. — Não, não é. Mas abrir essas velhas feridas sim.

— Ótimo, você não teria ferimentos se nada tivesse acontecido, portanto, não é minha culpa.

— Ugh. Você é tão estúpido.

— Você acabou de dizer que eu era inteligente.

— Oh. Meu. Deus. Não posso mais falar com você— ela diz.

— Estava tentando sair, mas você não deixou.

A próxima coisa que sei é que ela voa para mim, mas em vez de me dar um tapa ou me dar um soco como eu espero que ela faça, ela me beija. Beijos com raiva. Não tenho tempo para reagir. De repente, estamos unidos e não consigo determinar onde um de nós termina e o outro começa. Seus dentes afundam no meu lábio inferior e sinto o gosto de sangue. É quente pra caralho, me estimula a entrar em ação. Eu a pego embaixo das coxas, apoiando-a na parede mais próxima e prendendo com o joelho.

Seus dedos rasgam minha camisa como se ela fosse um demônio possuído, rasgando o tecido com as unhas. Não importa, porque minhas mãos estão fazendo o mesmo com as dela. Ela está nua por baixo do moletom folgado e eu sei o que esperar. Por mais doente que possa parecer, eu assisti seus vídeos pornográficos, até assisti mais do que gostaria de admitir.

Seus mamilos apontam diretamente para mim e, quando olho para baixo, uma mão cai no meu peito, me empurrando para longe. Ela não fala, apenas se move para o botão e zíper do meu jeans. Essas ações me congelaram no lugar. Suas mãos experientes têm meu pau exposto em segundos e eu assisto, hipnotizado, enquanto ela cai de joelhos e o leva todo pela escotilha.

A Midnight sabe como chupar um homem. O pensamento invade meu cérebro que há uma boa razão para isso. Ela fez isso para viver na indústria de filmes triplo-X. Devo me importar? Talvez, mas agora, minhas mãos afundam em seus cabelos sedosos e eu a deixo fazer o trabalho. Não tenho certeza se ela está ciente, mas seus gemidos são quase tão quentes quanto o que sua boca e língua estão fazendo comigo. Quando o dedo dela esfrega um pequeno círculo atrás das minhas bolas, não tenho tempo para dizer a ela que meu esperma está prestes a explodir na caverna de sua garganta.

Rosno um orgasmo que dura muito mais tempo do que o habitual. Então olho para baixo para vê-la limpar uma gotn do meu esperma do canto da boca.

Passando as mãos pelos cabelos, me pergunto o que diabos aconteceu. Um minuto estávamos discutindo, e no outro ela estava jantando na videira. Se isso não me deixa com fome de mais, não sei o que poderia. Só que ela tem uma ideia diferente. Quando chego para puxá-la, ela se afasta e diz: — Acho que você deveria ir embora.

— Sair?

— Tenho certeza que você sabe o que a palavra significa.

Meus dedos apertam seu braço e eu praticamente a arrasto de volta para o sofá.

— Sente sua bunda. Agora. — Deslizo minha mão pelo cabelo novamente tentando descobrir o que dizer a ela. Essa cena é como a de um filme, só que eu não sou ator e não tenho certeza de como lidar com ela. Também está começando a me assustar, porque eu me importo com ela. Não sei como ou por que, mas sei.

Seus olhos cor de lavanda escurecem quando ela olha furiosa. Pelo menos eu não a assustei. Por um momento, pensei que talvez tivesse.

— Não irei sentar.

— Sim você vai. Momentos atrás, você me beijou como um animal faminto por sexo, depois me chupou e agora me diz para sair. Quero saber exatamente o que está acontecendo nesse seu cérebro.

— Por quê? Então você pode consertar? Vou deixar você saber algo. Estou quebrada, Harrison, e não corrigível. — Ela gritou comigo, com todos seus pulmões.

Desta vez eu não pergunto, mas a empurro no sofá. Ela não parece responder bem.

— Perguntei, mas aparentemente você não gosta de ser questionada. Agora sente-se e fique ai. Quando duas pessoas fazem sexo, geralmente acaba de forma diferente.

— Em que mundo você esta vivendo? Não é assim que funciona para mim.

— Então, o que vem depois? Devo retirar um punhado de contas e pagar você?

Seu braço sai, muito rápido, e ataca. Só que eu sou mais rápido e pego.

— O que diabos aconteceu com você lá dentro, Midnight? — Pergunto a ela, meu tom suavizando.

Ela puxa o lábio inferior e o morde. Faz com que pareça uma criança.

— Não vou a lugar nenhum até ter algumas respostas.

Um longo suspiro sai dela e ela tenta puxar seu braço do meu aperto. — Não estou ligando para o tempo, — digo a ela.

— Eles me colocaram nessas sessões idiotas de psicologia barata e esse é o resultado final. Feliz agora? — Tenho a sensação de que ela quer mostrar a língua para mim e faço o impensável: eu rio.

— Seu filho da puta.

— Sou muitas coisas, mas nunca isso.

— Atravessei o inferno lá dentro e você tem a coragem, a audácia de rir de mim.

— Sinto muito. Não estava rindo do que você passou. Foi só que sua expressão fez você parecer que estava pronta para mostrar a língua para mim.

Então ela faz e eu perco totalmente o foco.

Seus dedos repentinamente apertam a merda do meu mamilo e minha risada se transforma em um grito de dor.

— Não é tão engraçado agora, é?

— Você é tão maldita. Alguém já te disse isso? — Pergunto.

— Não, mas você também. Parece que estamos em pé de igualdade.

— Você não passa de uma criança mimada. Só tentei te ajudar e aqui está você, agindo como uma merda. Você precisa crescer, porra.

— Você sabe o que? Por que você não sai daqui? Não preciso continuar o inferno que passei. Um mês foi longo o suficiente e eu sou tudo menos mimada.

— Discordo.

Nós nos encaramos em silêncio. E então algo vem sobre mim quando eu a agarro e a beijo. Não tenho ideia do que diabos estou fazendo, além de cair no fosso do trem. Tenho certeza de uma coisa - isso não vai acabar bem.


Capítulo 12

MIDNIGHT

Ele é tão irresistível. Não deveria querer ele, mas quero. Não deveria ter beijado ele, mas o fiz. Mesmo que eu esteja furiosa com ele, seus lábios são inegavelmente viciantes. Por trinta dias, eu fantasiei com esse homem e aqui está ele, me beijando, me tocando, e nada neste universo poderia impedir que isso acontecesse.

A paixão brilha dentro de mim e não é igual a nada que eu já tenha sentido antes. Chamas lambem minha pele, me aquecendo em todos os lugares imagináveis. Oh, eu beijei mais homens do que gostaria de contar. Fodi com muitos, se não mais. Só que eles nunca acenderam o fogo como Harrison. Beijá-lo me capacita, me liberta, devolve esta parte da minha vida que foi tão cruelmente arrancada. Memórias vis são substituídas por um rosto e corpo que eu sonhei e desejei no último mês. Talvez se eu tirá-lo do meu sistema, eu posso continuar com minha vida. Só duvido que isso aconteça. Uma amostra desse homem provavelmente será pior do que qualquer heroína jamais poderia ser.

Afundando meus dedos em seus cabelos grossos, eu o beijo de volta com tudo o que tenho. É sujo, malvado, cru, mas tudo bem. Como posso querer tanto ele, aquele que quero odiar? Isso não é algo que eu costumo fazer. Até o querer, foi uma surpresa para mim. Mas eu tive que prová-lo, tê-lo na minha boca. E o prazer que isso me deu pode ter sido mais do que o que ele teve. Os sons que ele fez quando gozou... oh, eu nunca esquecerei isso.

Seu pau ainda está exposto e eu envolvo minha mão em torno dele, desfrutando de sua espessura aveludada. Se eu pudesse senti-lo bombear profundamente dentro de mim. Mas depois de nossa pequena troca verbal, é provavelmente a última coisa em que ele pensa. Talvez eu possa mudar isso. Fazer os homens me desejarem é minha área de especialização.

Minha mão desliza para suas bolas, onde eu aperto e massageio. Então eu esfrego aquele lugar que ele gostou antes. Mas ele rapidamente interrompe o beijo.

— Pare. Você vai ficar louca comigo de novo?

— Que tipo de pergunta é essa?

— Exatamente como isso soa. Alguns minutos atrás, você me disse para sair quando eu quis comer sua boceta. Como vai ser, Midnight?

— Você queria comer minha boceta?

— Sim, mas eu nunca tentei, porque você estava me empurrando para fora da porta. — Ele esfrega o rosto e ouço o som áspero que sua barba faz. Deus, eu adoraria sentir isso entre minhas coxas.

Minhas mãos deslizam sob a cintura da minha calça e as empurro para baixo. Não estou com disposição para jogos. Tudo que eu quero fazer é foder. Vamos começar a festa.

— Me siga. — Lidero o caminho para o meu quarto, onde também tenho alguns preservativos escondidos para o caso de ele não trazer nenhum. Subo na cama e abro minhas pernas. — Estou pronta.

Sua expressão registra choque. — Jesus. É isso que você costuma fazer?

— Por que perder tempo? É o meu lema...

Ele faz uma careta quando seu pau murcha um pouco. Isso não é muito encorajador. Talvez minha atitude seja casual demais para alguém como ele. — Eu vejo o sexo entre dois parceiros consente como algo muito casual. Você tem que ver da minha perspectiva, e por favor não me dê sermões. Se isso te incomoda, talvez você deva sair.

Ele não fala, apenas me persegue agressivamente em minha direção. É ao mesmo tempo sexy e assustador. Minhas coxas se fecham automaticamente.

— Nuh-uh. Nada disso. Não aja como uma espécie de provocação comigo. Mantenha-as abertas.

Obedeço enquanto o vejo sair da calça jeans e remover a camisa que destruí com as unhas. Harrison tem pelos e é sexy pra caralho. Definitivamente, aumenta o meu tesão. Em um movimento super-rápido, ele agarra meus tornozelos e me arrasta até o final da cama. Entre minhas coxas, porque agora ele está ajoelhado no chão, ele diz: — Gosto muito de sexo casual, mas sua atitude é mais uma prostituta de dois dólares do que a de uma parceira consensual.

Foi assim que eu agi? Ele não me dá tempo para refletir sobre o meu comportamento prostituta antes de mergulhar entre as minhas pernas e atacar minha boceta. Sua língua me faz sentir uma virgem na noite de núpcias, e passei dois anos na indústria pornô, sendo sugada e fodida, muitas vezes por vários parceiros, incluindo mulheres, que deveriam saber o que fazer com uma boceta. Ninguém jamais fez como Harrison está fazendo agora. Tenho medo de perguntar ou olhar.

Pode ser que um alienígena tenha invadido minha boceta e tenha residido lá embaixo, pelo que sei. Uma enorme onda de prazer vibra através de mim. Eu sei disso - estou construindo um orgasmo de proporções massivas. E ninguém, pelo menos não da variedade humana, jamais me dá orgasmos. Eu sou O-negativo. E eu não estou falando sobre tipo sanguíneo.

Usando os dedos e a boca, ele me faz gozar requintadamente, mas faço o possível para fingir que não gostei. Só que eu praticamente mio como uma porra de gato. Não ficaria surpreso ao encontrar um rebanho de fêmeas selvagens no cio do lado de fora da minha janela, esperando o Sr. Felino emergir.

Sinto sopros de ar na minha boceta. Existe a possibilidade de ele estar rindo na minha virilha. Jesus. Isso não foi do jeito que eu pretendia. Deveria estar lhe ensinando uma lição, não o contrário.

Finalmente, eu tomo coragem o suficiente para abrir os olhos e encontrá-lo olhando para mim com o maior sorriso no rosto. Seus lábios sensuais brilham com a minha umidade. Oh. Antes que eu possa me parar, eu o agarro pelas orelhas e o puxo para a minha boca para que eu possa lambê-lo. Sem dúvida, estou perdendo.

Mas não paramos em um beijo. Ah não. Deveria saber melhor. Ele caminha minha perna por cima do ombro e começa a envolver seu pau grosso e duro em um preservativo. O homem tem jogo. Em um movimento rápido, ele está coberto e deslizando profundamente dentro de mim. Depois que bate fundo, ele para e eu recupero o fôlego. Ele é grosso e eu tenho que me acomodar a ele.

Usando o polegar e o indicador, ele pega meu queixo e me obriga a olhá-lo, o que não estou muito disposta a fazer. Normalmente não transo com pessoas que conheço. É desconfortável e o resultado não é algo com o qual eu gostaria de lidar.

— O que você está pensando? — ele pergunta.

Ele está brincando? Devo dizer a verdade? Se não, tenho certeza de que ele encontrará uma maneira de tirar isso de mim.

— Estava pensando em como não gosto de fazer sexo com pessoas que conheço, e é muito cedo para fazermos.

— Devo parar?

Quero dizer que sim, mas não o faço. — Não. Nem pense nisso.

— Acho que nós dois deveríamos ter pensado nisso antes, ursinho. — Então ele aperta meu mamilo enquanto morde meu lábio. Meu corpo aperta em todos os lugares imagináveis. Mas que merda é essa de ursinho?

Antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele puxa e empurra dentro de mim com tanta força que um longo jato de ar sai de mim.

— Só para você saber, eu vou te foder com essa delicadeza. — Então ele me vira como uma boneca de pano. De onde tudo isso vem? Ele desliza atrás de mim, estilo cachorrinho, que nunca foi o meu favorito, mas então ele me surpreende ao me endireitar. Nós dois estamos de joelhos quando a mão dele se move para o meu clitóris e a outra me aperta debaixo dos meus seios.

Bam, bam, bam, seus quadris batem na minha bunda. A mão no meu clitóris me segura contra ele para encontrar seus impulsos. Cada vez, eu estou quase levantando da cama. Não vou durar muito neste ritmo, especialmente se o dedo dele mantiver esse pequeno movimento. Com certeza, mais alguns redemoinhos e estou indo como a profissional que sou. Só que desta vez não estou fingindo meu orgasmo.

Ele me deixa gozar e eu caio de bruços na cama, onde ele entra em mim novamente por trás. Ocorre-me que ele ainda não gozou. Merda. Vou mancar amanhã. Ele enfia travesseiros embaixo dos meus quadris, e eu estou ficando completamente fodida mais uma vez. Até agora, minha boceta está quase crua e dolorida, mas também está doendo por mais do pau de Harrison Kirkland.

Como isso é possível? Que tipo de feitiço ele lançou sobre mim? Eu nunca respondo a homens assim. Sempre pensei que a única maneira que eu poderia ter um orgasmo era com um vibrador. Acho que eu estava errada, porque depois de vários minutos dele entrando e saindo de mim, eu tenho outro grande problema. A senhorita O-negativa saltou para o lado positivo. Uma pequena risadinha me escapa, mas rapidamente cubro minha boca.

Sabendo que não terei tempo para recuperar o fôlego, ainda não estou pronta quando ele me vira de costas e coloca a sola dos meus pés no peito dele. Então ele desliza dentro de mim mais uma vez, continuando, nunca quebrando o passo.

— Quero olhar nos seus olhos quando eu gozar. — Sua voz é rouca e desencadeia uma resposta improvável em mim. Nunca quis olhar nos olhos de ninguém durante o sexo. Nunca. Mas com ele... eu faço. Quero cair nessas cavernas escuras e nunca mais sair.

Não respondo, porque tenho medo do que direi. A outra verdade que eu gostaria de dizer a ele: você me deixa descansar então, porque, caramba, estou exausta. Harrison é uma máquina de foder.

Não demora muito para que ele diminua seus impulsos e empurre meu clitóris para mais um clímax. Enquanto ele faz, suas pálpebras estão quase fechadas e eu assisto, totalmente encantada, esse homem lindo finalmente explodir em seu próprio orgasmo épico.

Quando ele finalmente sai, ele me examina e anuncia: — Droga, sua boceta está inchada.

— Deve estar. Você me fodeu em pedacinhos.

Ele ri e logo se transforma em uma risada estridente. É impossível não rir com ele, porque ele realmente me fodeu em pedaços.

Quando finalmente paramos de rir, ele pergunta: — Você vai me contar o que diabos aconteceu com você na reabilitação?

Por que ele teve que ir e roubar minha diversão?


Capítulo 13

HARRISON

Um véu cai sobre seus olhos e a risada desaparece. O que quer que tenha acontecido na terapia abriu muitas feridas antigas, e ela não vai me mostrar. Nem mesmo agora. Então penso no que aconteceu entre nós e questiono minha própria sanidade. Que merda eu estava pensando? Sexo e negócios nunca devem se misturar. Quebrei uma das minhas regras cardeais. Não apenas quebrei, pulverizei a maldita coisa, e agora está espalhada no pó. Talvez eu deva fingir que não aconteceu.

Mas eu não posso fazer isso. E porquê? Porque foi o sexo mais épico da minha vida. E foi com Midnight, alguém por quem desenvolvi sentimentos. Como diabos isso aconteceu?

Inclinando-me, eu uso minha língua para roubar um último gosto de sua boceta. Então eu levanto e vou ao banheiro para descartar o preservativo. Quando termino, pego minhas roupas descartadas e me visto. Seus olhos praticamente queimam através da pele nas minhas costas, o que não é exatamente a sensação mais confortável.

Antes de sair, ando ao lado da cama. — Volto amanhã na mesma hora. E não me diga que você não gostou do que aconteceu entre nós. Se você fizer isso, eu te chamarei de mentirosa. — digo. Quero beijá-la, mas não quero. Em vez disso, puxo um de seus mamilos e a resposta é imediata. Ela respira fundo e meu pau se contorce nas minhas calças. Tenho que sair daqui antes de tirar minha calça jeans e empurrar o meu maldito pau para dentro de sua boceta inchada. Tenho certeza que ela estaria disposta também.

Quando estou saindo, ela diz: — Amanhã quero italiano. Traga espaguete à bolonhesa. E encontre um lugar que sirva o melhor. Se você vai me foder assim, preciso manter minhas forças.

Os cantos da minha boca se curvam. — Sim, senhora. Algo mais?

— Sim. Uma garrafa de Barolo, uma salada Caesar e um ótimo pão. Você escolhe o pão. E manteiga, nada de azeite. Pão precisa de manteiga.

— Exigente, não é?

— De modo nenhum. Você tem a oportunidade de escolher sua própria entrada, porque eu nunca compartilho.

Eu rio. — Sobremesa?

— Surpreenda-me.

Gostaria de surpreendê-la, mas acho que não tenho um único truque na manga que ela não tenha visto ou experimentado. Isso deve me incomodar, mas não. Pelo menos ainda não.

Na tarde seguinte, estou sentado no meu escritório, meus pensamentos voltando da noite passada para um novo cliente que acabou de nos contratar, quando meu celular toca. É o meu pai.

— Ei, filho. Sua mãe e eu estamos pensando em voar para uma visita. Este é um bom momento?

Pulo da minha cadeira. — Oh, bem, pai, agora não. Você sabe que eu estava pensando em ir para casa no Natal.

— Sim, mas desde que você não vem muito, sua mãe se preocupa com você. Você sabe como ela é.

— Eu sei. Sinto muito, mas agora não é um bom momento. Talvez depois do ano novo vocês dois possam vir.

A decepção agride seu tom. — Está certo. Vou avisar sua mãe. Está tudo bem por aí?

— Sim, está tudo bem. E você está bem, certo?

— Sim, estamos bem, filho. Bem, cuide-se.

Depois que a ligação terminou, soltei um gemido alto. Misha desvia para o meu escritório. — O que há de errado?

— Mamãe e papai querem me visitar e eu continuo adiando. Eles se preocupam comigo. Mas se eles vierem, eu sei que será um pouco doloroso. Mamãe vai tentar enfiar comida na minha garganta o tempo todo. E então ela terá a missão de me casar com alguém da Virgínia. Além disso, eles não têm ideia de que sou dono desta empresa.

Ela gargalha.

Aponto meu dedo para ela. — Isso não é nem remotamente engraçado.

— Não sei qual é o problema.

— Eles acham que eu trabalho com relações públicas. Eles não têm ideia de quão cruel eu posso ser.

Emily traz uma pilha de pastas e as bate na minha mesa. — Ok, é isso que eu tenho...

Minha mão dispara. — Agora não.

— O que você quer dizer com agora não? Temos que fazer isso hoje, — ela argumenta.

Esfregando o rosto, digo: — Me dê um minuto, por favor.

Misha acrescenta: — Ele está se recuperando de uma ligação telefônica dos pais.

— Ahh.

Helen decide se juntar ao nosso pequeno grupo. — Ei, chefe, posso pedir um favor?

Olho para ela enquanto ela brinca com uma de suas tranças. Emily e Misha foram relativamente bem-sucedidas em fazê-la largar o visual da Arlequina no trabalho, mas as tranças e a cor do cabelo permanecem.

— O que você precisa?

— Você pode conseguir ingressos para a Comic-Con? — Seus olhos são enormes círculos - ela parece uma criança de cinco anos.

Quero rir, eu juro que sim. Mas eu digo a ela que vou trabalhar nisso. Ela abre um sorriso e sai valsando.

Depois que Helen sai, Emily diz: — Ei, Harrison, Helen está realmente fazendo um ótimo trabalho para nós. Suas habilidades organizacionais são incríveis. Tenho que dizer, estou impressionada.

— Obrigado por me informar. Vou deixa-la saber o quanto estamos satisfeitos.

Leland aparece logo depois para me informar que precisamos encontrar um cliente em potencial naquela noite.

— Você não pode fazer isso? — Pergunto.

— Ele especificamente solicitou você.

— Quem é ele?

— Vince LaMar. — Leland sorri.

Vince LaMar é um dos maiores atores de Hollywood, e ele esteve envolvido em todo tipo de coisa, com mulheres, álcool e drogas. Desta vez deve estar ruim.

— Inferno. O agente dele vai estar lá? Porque se não, nenhum de nós vai.

— Sim. Acho que o agente quer que ele vá para a reabilitação, — diz Leland.

— Droga. OK. Sem jantar.

— Jantar. Eles insistiram.

É melhor ligar para Midnight para que ela saiba que eu não posso fazer isso hoje à noite. Meu pau apenas derramou algumas lágrimas. Mas então meu coração também aperta um pouco. O que é isso tudo?

Midnight responde imediatamente. — Você já sente minha falta?

Como devo responder isso?

— Na verdade, eu tenho que cancelar esta noite.

— Por que não estou surpresa? — O humor que estava presente em sua voz antes desaparece.

— Não é o que você está pensando. Um cliente ligou e está insistindo em me ver para o jantar. Realmente sinto muito. Prometo compensar você.

— Veremos.

Ela não acredita em mim. Mas vou me certificar de cumprir esta promessa.


Capítulo 14

MIDNIGHT

Minha agente, Rita, liga no final da tarde seguinte. Ela quer se encontrar para me atualizar sobre tudo. Concordo em encontrá-la para almoçar no dia seguinte.

Tomo o cuidado de escolher uma roupa conservadora. Embora, pensando bem, tinha sido exatamente o que fiz da última vez e olhe para onde me levou. Opto por um vestido fofo e florido, juntamente com um suéter. Adiciono sapatilhas e dou uma rápida olhada no espelho quando saio - pareço uma garota rockabilly. Oh bem, talvez Rita goste desse olhar em mim.

Rita já está esperando quando eu chego, mesmo que eu tenha chegado cedo. Ela me cumprimenta com um sorriso enorme. Rezo para que seja um bom sinal, porque preciso de coisas boas agora.

— Midnight você está maravilhosa. — Ela me abraça.

— Obrigada. Também me sinto muito bem. — Espero que ela não saiba que estou mentindo e que estou assustada.

— Primeiro, espero que o novo contrato atenda à sua aprovação.

— Sim, eu já li e parece o mesmo que o antigo.

— E é. Somente as datas foram alteradas. Você pode assinar hoje?

— Claro. Posso fazer depois do almoço. — eu digo.

— Ótimo. Quero que saiba que temos atendido constantemente a pedido desde que você se internou. Essa coisa toda realmente marcou sua carreira.

Bem, me foda de cabeça para baixo. Harrison estava certo, afinal. — Sério?

— Vou mandar alguém te mandar a página de fãs do estúdio para que você possa ver. Alta também tem uma página separado. Não há como responder a todos os e-mails. É ridículo. Mas eu quero que você dê uma olhada. Há uma página de fãs no Facebook, uma conta no Twitter, uma página no Instagram, você escolhe. Eles até criaram um site especial para você. Eles chamavam de asseclas da Midnight. Espere após o início das filmagens, as coisas literalmente explodirão.

— Não sei o que dizer. Minions da Midnight? Isso é louco.

— Isso apenas mostra o quanto as pessoas vão defender você. E tudo que você tem que fazer, é dizer que está pronta para a nova versão do script.

— A nova versão? — Estou familiarizada com o antigo. Um caso de ansiedade corre sobre mim.

— Apenas algumas pequenas mudanças, — diz ela.

— Ah sim. Sim, eu estou mais que preparada. — Meus dedos coçam por um ursinho de goma que está dentro da minha bolsa. Minha boca fica com água por um, mas eu me contenho.

A garçonete aparece e pega nosso pedido. Estou cambaleando com essa coisa de site. Depois que a garçonete se foi, Rita explica onde estamos. O filme, Turned, é sobre um homem que perde o emprego e está desesperado por dinheiro. Ele acaba roubando um banco com um grupo de bandidos para salvar sua família da ruína financeira, mas é claro que as coisas não funcionam como ele planeja. As pessoas com quem ele assalta o banco são verdadeiros criminosos, ao contrário dele, e acabam matando um bando de pessoas inocentes. Ele tem que descobrir uma maneira de sair do país ou se entregar.

Estou interpretando a esposa do cara e, eventualmente, ele acaba se entregando à polícia. Mas ele é morto na cena final, onde a esposa vê tudo se desenrolar. É um filme corajoso, de raiz para o bandido. No final, a esposa deixa a cidade com a filha, fugindo para começar uma nova vida. É emocionante, e comovente, com um final de choro garantido.

— Aparentemente, Holt e o resto da equipe estão morrendo de vontade de começar com você, e assim que você aprender o roteiro, eles estão prontos para partir. Eles já estão filmando.

— Estou pronta, Rita. Só preciso de um tempo para analisar minhas novas falas.

Ela me entrega o roteiro revisado e diz: — Faça isso então. Você verá que não há muitas mudanças. Como estão filmando parte do filme aqui e depois a outra parte em Santa Monica, eles não precisam fazer nenhum tipo de viagem pesada. Quanto tempo você precisa para se familiarizar novamente com o script? Sei que você já tem uma cópia, mas eles realmente fizeram algumas alterações desde que você se foi. Nada importante, no entanto.

Olho para o que ela me entrega e levo algum tempo para folhear. Faço um estudo bastante rápido. — Não deve demorar muito. Se eu começar a ler esta tarde, devo terminar amanhã.

— Excelente. Vou avisar Danny e Greg. Greg é o diretor, pelo qual estou super empolgada porque sua reputação é estelar. Que tal depois de amanhã, então? Isso lhe dará um dia extra por precaução. Não deve ser tão diferente da última vez que você passou por ele.

Concordo com a cabeça, dizendo: — Sim, eu gosto dessa ideia.

— Bom. Acho que todo mundo também vai gostar.

— Até Holt?

Rita ri. — Não acho que Danny se importe com o que ele pensa. Holt fará o que Danny diz.

— Então tudo parece ótimo para mim.

A garçonete entrega nossas saladas. Antes de Rita cavar a dela, ela pergunta: — Quanto tempo depois você acha que precisará, antes de iniciarmos a produção?

— Honestamente, acho que não posso responder a isso. Aprendo rápido e sou rápida em fazer tudo. Você sabe se Greg se importa em improvisar?

As sobrancelhas de Rita franzem. — Não tenho certeza de que eles vão querer que você desvie muito do roteiro.

— Oh, eu não vou. Só não consigo acertar as palavras exatas todas as vezes.

— Minha sugestão seria tentar o seu melhor para não fazer isso. Uma semana é suficiente?

— Acho que sim.

— Vou avisar, — diz Rita. — Lembre-se, já estamos atrasados em trinta dias. Todos os conjuntos foram estabelecidos. Eles já filmaram as cenas de assalto a banco e completaram alguns dos outros que não a envolvem. Claro, eu não sou o tomador de decisão aqui. Tenha isso em mente.

— Obrigada. E Rita, prometo, vou trabalhar mais do que qualquer um nisso.

Depois do almoço, vamos ao escritório dela para assinar o contrato atualizado e nos separarmos depois disso. Pela primeira vez desde que entrei naquela reabilitação esquecida por Deus, sinto-me alegre. Devo a Harrison. Ele estava certo sobre como as pessoas reagiriam.

Não perdendo nem um segundo, eu corro para casa e devoro o roteiro. Estou tão imersa nele que nem sequer faço uma pausa para comer. Só paro quando termino às quatro da manhã. É épico. Lágrimas correm pelo meu rosto, e eu tenho que usar toalhas de papel para secar os olhos, porque estou sem tecido. Cada vez que leio, é mais impactante que a anterior. É melhor que Holt toque isso como está escrito, porque é uma coisa digna de Oscar. Não me lembro quando fiquei tão comovida com alguma coisa.

Minhas emoções são tão cruas e expostas que não há chance de eu conseguir dormir. Parece que a Netflix será o meu bálsamo hoje à noite. Procuro algo que me deixe sonolenta, mas nada me interessa, exceto o Demolidor. Ligo e antes que eu perceba, o sol ilumina meu quarto. Estou exausta, mas me levanto mesmo assim. Esse roteiro é tão dinâmico e cheio de estilo que eu quero tomar banho e correr para o estúdio agora.

Mas não estou exatamente pensando claramente. Indo para a cozinha para ligar o Keurig, seguro o roteiro com força no peito. Estou ali esperando a luz acender quando há uma batida forte na porta. São apenas nove da manhã. Quem poderia ser?

Espiando pelo pequeno buraco, vejo o rosto de Harrison.

— O que você está fazendo aqui? Está tentando ganhar um café? — Pergunto enquanto abro a porta.

— Jesus, você parece um inferno.

— Ótima manhã para você também, — digo.

Me afasto, imaginando que ele vai me seguir até a cozinha. Ele faz. A máquina está pronta, preparo uma xícara e entrego a ele.

— Como está? — diz ele.

Faço outro e ele me pergunta por que eu pareço tão áspera. Seguro o script. — Isso.

Ele olha para o papel. — Ahh. Você ficou acordado a noite toda?

— Sim. Isso é fantástico. Se Holt não estragar tudo, ele deve ganhar um Oscar.

— Que bom, hein?

— Oh meu Deus. É tudo o que eu sempre quis em um filme. Sem brincadeira. Gostaria que você pudesse ler, Harrison.

— Droga, deve ser ótimo. Nunca te vi tão otimista. Você está quase tonta.

— Não adormeci porque fiquei pensando nesse maldito roteiro.

— Sim, eu também não, mas por razões diferentes. — Ele balança as sobrancelhas.

Empurro seu ombro. — Oh, pare.

— Pelo menos cuidamos do novo cliente, mas Harrison foi para casa um homem solitário quando tudo o que ele queria fazer era foder a Midnight.

— Coitado. — Empurro meu dedo indicador em seu peito. — Você sabe o quanto sinto por Harrison? Aposto que ele foi para casa e assistiu a um dos vídeos de Lusty.

— Harrison bastardo.

O jeito que ele diz isso me faz rir.

— Então, como está a sua... — Ele aponta o dedo entre as minhas coxas, fazendo um círculo.

— Hmm, essa não é a pergunta desta manhã?

Ele levanta um ombro grande e musculoso. Tenho um flashback de quando uma das minhas pernas estava sobre ele.

— Pensei que sim, ou não teria perguntado. Achei que o ursinho estava um pouco desgastado. — Seus dentes raspam o lábio inferior. Harrison tem uma boca que faria uma freira ter um orgasmo espontaneamente.

É necessária uma mudança de assunto ou posso me ajoelhar. — Está com fome?

— Claro. — Uma risada rouca sai dele.

— Cale-se. — Dou um tapa no braço dele. — Vou fazer o café da manhã, se quiser. Estou morrendo de fome, esqueci de jantar na noite passada.

— Parece bom. Vou comer ovos. E por que você não comeu?

Aponto para o script que coloquei no balcão. — Fiquei tão envolvida nisso que não parei.

— Droga. Você me faz querer ler.

— Você não pode. E não ouse tocá-lo. — Estalo meus dedos. Ele coloca as mãos no ar, e eu acaricio o roteiro onde ele fica no balcão. — Não posso começar a explicar como isso é ótimo.

— Você pode me dizer do que se trata, pelo menos?

— Não. Estragaria quando você o ver pela primeira vez.

A manteiga na panela chia, então eu coloco os ovos e coloco pão na torradeira. Em pouco tempo, o café da manhã está pronto. Harrison inala; Deu apenas duas mordidas e seu prato está brilhando como se não tivesse sido usado.

— Droga. Você mastigou?

— Estava com fome, eu acho.

— Há mais pão se você quiser torrar. — Ele se levanta e coloca mais duas fatias na torradeira. Ele os devora também.

— Posso cozinhar mais ovos para você, — ofereço.

— Nah, eu estou bem.

Ele faz outra xícara de café e depois anuncia que precisa ir. — Hora de ganhar a vida.

— Tenho que estar no estúdio as sete, amanhã. Vamos repassá-lo outra vez. Desde que saí por um tempo, Danny quer fazer isso de novo.

— Boa ideia, — diz ele.

O observo enquanto ele sai pela porta. Sua calça preta sob medida parece sexy como o inferno enquanto abraçam seus quadris e bunda firme. Lembro-me daquela bunda com minhas mãos em volta, enquanto ele fazia o sujo para mim. Isso vai acontecer de novo? Com certeza espero que sim. Meu pobre vibrador não tem chance, enquanto espero a hora chegar.


Capítulo 15

MIDNIGHT

Esse roteiro atinge todos os pontos que eu amo em um ótimo filme, mas quando nos sentamos para repassá-lo novamente em grupo na mesa, fico impressiona de novo. Até parte da insegurança de Holt desapareceu.

— Leitura fantástica, Midnight. Com um pouco de aprimoramento, você matará esse script, — diz Danny.

Eu sorrio. — Uau, eu não sei o que dizer. Espero deixar você orgulhoso, Danny.

— Apenas agradeça ao homem, pelo amor de Deus. Você não consegue reconhecer um flerte quando vê um? — Holt está atrás do ombro de Danny, com uma expressão azeda. Não sei por que ele tem que agir como um idiota e estragar a diversão.

— Oh, vamos lá, Holt. Não estou flertando. Estava apenas elogiando-a pelo excelente trabalho que ela fez hoje, — diz Danny.

— Tanto faz. — Holt vai embora.

— Ignore sua bunda rude. Eu quis dizer o que disse. Você vai brilhar na tela.

— Obrigada e prometo trabalhar duro.

— Bom, então, nos vemos em duas semanas. Se você precisar de alguma coisa, me ligue.

— Obrigada, Danny.

Estou de pé ao lado da mesa quando Holt passa para pegar suas coisas. — Ei, Holt. Eu ia lhe contar mais cedo, esse roteiro é incrível, e com seu talento você pode acabar com um Oscar no próximo ano.

Em vez de demonstrar gratidão, ele zomba. — Ah? E exatamente o que você saberia sobre isso?

Estou tão chocada que minha língua acaba presa dentro da minha boca.

— Sim, não muito, né? — Ele pega suas coisas e sai andando.

Vai ser um longo período trabalhando com esse idiota ofensivo. Por que alguém tem que ser tão idiota? O que aconteceu com ser gentil um com o outro?

Pego minhas coisas e vou para casa, afastando os pensamentos de Holt Ward.

Meu telefone toca. — Olá.

— Ei, é Harrison. Como foi?

— Ah, além do imbecil Holt, foi incrível. — Explico o que aconteceu. — Estarei estudando o texto, então não pense que estou ignorando você.

— Não é um problema. Ligue se precisar de mim. E Midnight?

— Sim?

— Boa sorte. Estou torcendo por você.

Nas duas semanas seguintes, mergulhei no estudo das minhas falas. Vou memorizar todas as letras dessa história, fazendo Holt parecer amador em comparação. Ok, isso é um exagero, mas é o que estou dizendo a mim mesma.


MINHA HORA DE CHEGADA na segunda-feira de manhã no meu boletim de chamada era 06: 00. Chego na mesma hora em que a equipe de maquiagem aparece. Hoje estamos filmando várias cenas no mesmo set. Depois que minha maquiagem termina, eu chego ao set para encontrar a equipe de iluminação fazendo sua mágica. Eles precisam garantir que os atores sejam iluminados adequadamente em cada cena. O diretor posiciona Holt e eu em locais diferentes onde a cena será realizada para que o operador de câmera possa ajustar suas fotos. Eles filmarão do meu ângulo, depois do de Holt. É muito demorado. Finalmente estamos prontos para começar. Fazemos um ensaio antes de começar e então é hora do show.

Na cena em que estamos trabalhando agora, o personagem de Holt, Finn, e eu estamos tendo problemas conjugais por causa do nosso estado financeiro. Ele perdeu o emprego e não consegue encontrar um novo. Estou trabalhando, mas não é suficiente para nos apoiar.

Finn é arrogante e frustrado, e estou estressada com a quantidade de contas em atraso e uma filha pequena para cuidar. Nós temos uma discussão e ele sai em disparada. Nossa filha acorda e entra no quarto chorando. É um momento muito emocional para mim.

Estou abalada com a cena, mas não porque estou atuando. Isso não está muito longe da vida em que cresci, minha mãe não era casada com os homens com quem às vezes discutia. Envolvo a jovem atriz em meus braços, acalmando-a, dizendo que tudo ficará bem e que papai estará em casa em breve.

O diretor corta e eu me afasto de Sammie, a garotinha que estou abraçando, dando-lhe um grande sorriso. — Você foi uma grande atriz. — Ela é muito fofa. Aos quatro anos, quero roubá-la. Ela é loira, com longas tranças e olhos verdes, muito parecidos com os de Holt.

— Drake. Obrigado. Você também foi grande em cena.

Holt aparece de volta no set e me dá um leve aceno de cabeça. Vou aceitar. Isso é melhor do que algum insulto contundente. O diretor assistente acompanha Sammie do set até sua mãe, que fica perto. Gostaria que minha mãe estivesse por perto assim, em vez de consumir heroína.

Ando até a área onde lanches e bebidas estão e pego algo enquanto a equipe se prepara para a próxima cena. Então me sento na minha cadeira pessoal e examino meus lados - uma pequena versão das cenas que estamos filmando hoje.

O diretor chama os atores, então começamos a próxima cena, onde tento acalmar as coisas com Holt / Finn, seduzindo-o. Coloco uma lingerie sexy, então quando ele chegar em casa, estou pronta para um pouco de diversão no quarto. Nossa filha está dormindo quando ouço a porta se abrir. Entro na sala e ele não faz ideia do que está por baixo do roupão que estou usando. Com todo o estresse em nosso casamento, nossa vida sexual sofreu.

Ando casualmente atrás dele e agarro sua mão. — Ei. Você se foi por um tempo.

Ele não me olha nos olhos. — Sim. Tive que limpar minha cabeça.

— Por que você não vem para a cama?

Ele retira minha mão. — Não estou cansado. — Então ele caminha para a cozinha e volta com uma cerveja (falsa), abre a tampa e dá um longo gole.

Não desisto porque minha personagem, Christine, é uma mulher muito determinada. Viro-o para me encarar e escovo os cabelos da testa, massageio os vincos ali e digo: — Vamos, querido. Posso fazer você se sentir muito melhor do que essa lata de cerveja.

Ele finalmente se conecta e me nota pela primeira vez.

Ele bate na minha mão. — Cristo, Christine. Me deixe em paz. — Ele se dirige para o sofá.

Sua bunda cai sobre ele em seguida abre suas pernas longas e musculosas. Mas ele não conta comigo me ajoelhando entre elas.

— O que diabos está acontecendo com você hoje?

— Eu só quero estar com você, querido. — Esfrego minha bochecha em sua coxa enquanto pego o botão em seu jeans.

Ele coloca minhas mãos de lado. — Não estou no clima. — Sua voz carrega uma ponta dura de frustração.

— Se você me der uma chance, posso deixar você com vontade.

— Oh sim? Como?

Levanto e largo o roupão. Suas pálpebras se abrem levemente, só que ele não está agindo agora. É uma reação visceral.

— Você acha que isso vai funcionar comigo?

Ofereço minha mão e sorrio. — Por que não descobrimos?

Ele pega minha mão e me dá um puxão forte. Caio em cima dele e ele me beija ferozmente. Então me empurra para o lado.

— Você tem escondido isso de mim. Por quê?

— Eu não tenho. As coisas foram...

Ele se levanta e me arrasta em direção ao quarto.

— Corta, — grita Greg. — Mal posso esperar para ver os diários sobre isso.

Admito que estava quente. Mais quente do que eu esperava de Holt.

— Bom trabalho, — diz Holt.

— Obrigada. — É meio estranho. Ele nunca me elogia. Me pergunto como o amanhã será. É quando fazemos a cena do quarto.


07: 00 APAREÇO para maquiagem. Visto a lingerie sexy de novo e estou pronta para a cena do quarto. A iluminação é um problema. Demora uma eternidade para acertar hoje.

— O rosto dele parece muito tenso, — reclama a equipe.

— É suposto. Ele está estressado, — diz Greg.

Eles discutem e acabam levando até o almoço antes de se prepararem para nós. Eles fazem várias fotos de teste e finalmente estamos prontos.

— Ei, vamos fazer uma pequena pausa para o almoço e depois seguir em frente, — diz Greg.

Parece bom para mim porque estou morrendo de fome. Nós saímos para onde a comida está e comemos.

De volta para dentro, tomamos nossas posições e a ação é chamada.

Holt tira a camisa para revelar abdominais esculpidos. Tenho certeza que ele está se preparando para isso passando um tempo na academia. Quem não quer ser visto por milhões de fãs adoradores sem estar na melhor forma possível?

Então ele me levanta e nós estamos na cama, suas mãos vagando por mim, freneticamente, como se ele não pudesse ter o suficiente. A câmera se fecha, embora eu não tenha certeza do que está acontecendo. E então o diretor grita: — Corta. — Quero rir porque estou muito acostumada a pornografia e isso é branco como lírio em comparação.

— Isso foi quente, — diz Greg, o diretor. — Agora preciso de você nua da cintura para cima e em baixo das cobertas, Midnight. Precisamos da cena pós-sexo.

— Certo. — Tiro o sutiã, porque não sou exatamente tímida por ter meus peitos expostos para que todos possam ver. Holt tenta segurar sua camisa para me proteger. Meu contrato declarou que incluiria nudez da cintura para cima, mas acho que Holt não está ciente disso.

— Ei, tudo bem. Todos verão em um segundo, pelo menos. Além disso, está no meu contrato.

Ele solta uma risada estranha. — Certo.

Nós corremos para debaixo das cobertas e ele pergunta se estou confortável. Estou mais do que um pouco surpresa que ele esteja sendo tão atencioso. As filmagens começam novamente e filmamos o brilho do nosso tempo sexy. Ele brinca com meu mamilo, faz cócegas em mim e depois dá um beijo quente, que na verdade é todo roteirizado. No entanto, isso me pega de surpresa, fechando as linhas da minha cabeça. Minhas emoções estão pulando por todo o lugar, em nós.

Não posso estragar tudo, então improviso, mas a paixão e a tensão entre nós produzem uma qualidade que faz a cena ficar melhor do que o que foi originalmente planejado. É corajoso, mas doce, com Finn amolecendo em direção a Christine, e Christine deixando seu amor por ele brilhar através de seus olhos.

Termina com Finn tocando os lábios de Christine com os dele e Greg gritando: — Corta! — Sento-me, segurando o lençol contra mim, para ver um sorriso gigantesco se espalhando pelo rosto de Holt.

— Isso foi incrível, — diz ele.

Não sei bem o que dizer sobre isso, além de— Sim, acho que fomos ótimos.

Quando saio da cama e me afasto da luz, olho através do aparelho para ver Harrison parado lá, com uma expressão séria no rosto. Ele acena com a cabeça uma vez e depois sai pelas portas nos fundos do estúdio.


Capítulo 16

HARRISON

Acontece que Midnight não precisa de mim, afinal. Observá-la nos últimos dois dias foram performances dignas do Oscar. Tem sido tão comovente, tão real que eu senti como se estivesse na cama com os dois. Eles sentiram essa paixão um pelo outro? Porque com certeza parecia o mesmo para mim. Suas habilidades de atuação são melhores do que as que já vi há muito tempo. Vá para Meryl Streep, você tem companhia, querida.

Tenho que admitir, seus beijos e nudez com Holt me incomodaram mais do que um pouco. Mas por que deveria? Faz parte do acordo quando você é ator. A maioria dos papéis exige beijos, cenas de sexo e travessuras no quarto, se houver algum tipo de relacionamento envolvido. No entanto, eu não pude deixar de sentir que eles estavam nisso um pouco mais do que a cena exigia. Talvez eu esteja com ciúmes, não fui eu na cena com ela. Não sei. Midnight e eu somos apenas... o que somos exatamente? Ela era minha cliente, mas depois o sexo...

E agora? Agora, estamos trocando mensagens de texto e ligações de telefone. Mas eu quero algo mais. Ela está na mesma página?

Estou sentado no meu carro, olhando para o espaço, quando uma batida na janela me assusta. Falando no diabo.

— O que você está fazendo aqui? — ela pergunta.

— Não faço a menor ideia.

— Quer jantar? Estou faminta. Nós terminamos o dia, graças a Deus.

— Por que diabos não?

— Me siga.

Acabamos em um lugar italiano e eu rio. Devo-lhe um jantar e ela deve ter pensado em cobra-lo.

Depois que estamos sentados, ela continua a me contar sobre seu dia. Estou envolvido com a emoção dela. Eu precisava disso - esse brilho hoje à noite.

— E é tudo por causa de você. Se você não tivesse me empurrado para a porta do centro de reabilitação, eu não estaria aqui agora.

— Você nunca vai me dizer o que aconteceu lá? — Acho que ela vai desistir um dia desses.

Os lábios dela formam uma linha fina. — Qual é a única coisa que você nunca gostaria de compartilhar com alguém?

— Existem coisas associadas aos meus negócios que eu não gostaria que ninguém soubesse, mas elas não me envolvem pessoalmente, — digo.

— Mas seria pessoal até certo ponto se envolver seus negócios.

— Isso me afetaria, sim, mas não é diretamente sobre mim.

Ela franze os lábios e pergunta: — Então, qual é a pior coisa do seu negócio que você não gostaria de compartilhar comigo?

Minha língua cutuca o interior da minha bochecha. Há coisas sobre clientes, até meus funcionários, que nunca posso compartilhar com ninguém, sem mencionar os contratos que todos assinamos. — Não. Não posso compartilhar nada com você.

— Então, você vê como eu me sinto, então?

— Aqui é principalmente do ponto de vista jurídico. Não é o mesmo.

— Meio que é. Você ainda não pode divulgar.

Inclinando a cabeça, pergunto: — O seu é tão ruim assim?

— Pior.

Nós comemos e ela parece tão... feliz. A mulher melancólica e raivosa que peguei na reabilitação se foi e em seu lugar há uma substituta muito mais alegre. Talvez eu possa encontrar meu feliz novamente também.

Ela está colocando uma garfada de espaguete na boca quando digo: — Sinto falta de vê-la.

O garfo volta e ela engasga: — Você sente?

— Sim. — eu disse.

— Também senti sua falta.

— Sério?

— Sim. E isso não é fácil de admitir. — Seus olhos estão abatidos enquanto ela fala.

— Eu percebi. — digo.

— Isso vem da minha formação. Não gosto de me aproximar de ninguém. Minha mãe me amou. Sei que amou. Mas ela era uma viciada que não conseguia se limpar, sem mencionar que não tinha educação ou habilidades. Ela era uma stripper e vivia um estilo de vida feio. Por fim, ela escolheu as drogas. O resultado final para mim foi catastrófico. Isso me deixou um pouco desconfiada, se assim posso dizer.

A maneira como sua voz treme e abaixa pode ser uma indicação de por que ela não queria ir para a reabilitação. Talvez isso volte para a mãe dela.

— A catástrofe foi seu orfanato?

— Me importo em discutir isso. E eu pediria para você nunca mais falar sobre isso.

— OK. Mas às vezes é melhor falar sobre coisas assim.

— Harrison, nem todos podem ser consertados, como você pensa que pode. Às vezes é melhor deixar as coisas sozinhas. — Ela gira mais espaguete no garfo e enfia furiosamente na boca. Depois que ela mastiga e engole, acrescenta: — Você já parou para pensar que talvez seja você quem precisa de conserto?

— Eu? Como? — Estou perfeitamente bem do jeito que estou.

— Sua necessidade motriz de consertar as pessoas não é normal.

Mas que diabos é isso? — Só quero ajudar.

Ela aperta os olhos. — Não. É mais do que isso. Você mergulha na vida das pessoas e as examina. Isso não está ajudando. Isso é meio doente. Quais são seus gatilhos?

Minhas costas endurecem com a pergunta dela. Não há gatilhos. — Uma pessoa não pode ajudar alguém sem os chamados gatilhos?

Finalmente cavo minha lasanha. Precisa de sal, então pego o saleiro, mas o sal não vai sair livremente. Inspeciono as minúsculas aberturas na tampa e elas parecem bem, mas estou ficando frustrado pelo fato de que o sal não sai. Abro o agitador e viro a tampa para ver qual é o problema. Midnight começa a rir.

Olhando para cima, vejo seus olhos dançando com alegria. — O que?

— Olhe para você tentando consertar o saleiro. Seria mais fácil sinalizar o garçom e pedir outro, mas não. Você tem que consertar este.

Merda, ela está certa.

— Admito isso, mas provavelmente é mais rápido do que esperar por outro.

— Então vamos fazer uma pequena competição.

Ela imediatamente chama a atenção do garçom e pede outro saleiro. Antes que eu possa desobstruir os pequenos orifícios, um novo saleiro está na minha frente. Midnight apresenta um sorriso satisfeito.

— Você tem que admitir, nosso garçom é muito atencioso, — eu digo.

— Oh, vamos lá, Harrison. Você precisa de um terapeuta. Ela coloca os cotovelos na mesa e se inclina para perto de mim. — Você não gosta de ouvir isso, não é? Seu pequeno mundo perfeito não é tão perfeito, afinal? Mas ei, não se preocupe. Olhe a sua volta. Todo mundo está fodido até um certo grau. Junte-se à multidão. Somos um grupo divertido. — Ela levanta seu copo de Barolo para brindar.

Midnight Drake me assusta e não sei exatamente como lidar com isso. Moro em um mundo perfeitamente organizado, onde tudo tem seu lugar. Ela pegou meu mundo, virou de cabeça para baixo e espalhou tudo, interrompendo a ordem das coisas. Como vou reuni-los para que possa funcionar corretamente?

— Você não está comendo. — diz ela.

— Perdi meu apetite.

— Sobre a nossa conversa? Estou chocada.

Dou de ombros. O que posso dizer? Ela está me desmontando e isso pode parecer absurdo para ela, mas essa merda é real para mim.

— Bem, eu terminei. Vamos para minha casa. Talvez eu possa colocar algum sentido em você. — ela diz.

Honestamente, por melhor que pareça, nem tenho certeza de que funcionará, mas não vou recusar. Isso vai me distrair por um tempo, e talvez seja isso que eu preciso.


Capítulo 17

MIDNIGHT

Harrison, o cara controlador que eu conheci em Nova York, está percebendo que sua vida não é a existência perfeita que ele pensava. É quase risível. Uma coisa que ele é, no entanto, é dominante na cama. Assim que entramos no meu quarto, seu comportamento muda.

Estou na frente dele e sua mão torce meu cabelo enquanto ele me gira. Não tenho tempo para piscar ou pensar antes que sua boca esteja na minha em um beijo duro. Esse homem pode ter problemas, mas um problema que ele não tem é capacidade de foder.

Estou usando lingerie sexy da última cena que filmamos hoje. Fiz um acordo com o estúdio nesta cena de antemão. Por causa do meu passado pornô, sou exigente em algumas coisas e lingerie sexy é uma delas. Queria algo de muito bom gosto e consegui o que pedi. Estou usando meias pretas até a coxa e calcinha combinando com o sutiã preto sexy.

Seus olhos percorrem meu corpo de cima para baixo e sinto aquela tensão familiar na parte inferior da barriga, que queima entre as minhas coxas. Seu olhar encapuzado pousa nos meus seios e um dedo se prende na borda do meu sutiã. Ele puxa para baixo, expondo todo o meu peito. Meu mamilo endurece, como se estivesse chegando até ele, praticamente implorando para ele chupar. Ele apenas passa as costas da mão sobre ele, me torturando.

Cruzo as pernas e aperto as coxas. A fraca tentativa de aliviar a dor falha. Minha necessidade por ele é mais forte do que nunca. Ele repete a ação do sutiã do outro lado, provocando meu mamilo direito. Eu olho para o rosto dele enquanto ele morde o lábio inferior. Então meus olhos caem na virilha de seu jeans. Pelo menos eu não sou a única que está carente agora.

Meus dedos alcançam sua calça, mas ele os empurra para o lado.

— Você provocou Holt assim? — ele pergunta seu tom áspero.

Harrison está com ciúmes?

— Não, eu provoquei o Finn. — Esclareço sua confusão. — O personagem que Holt interpreta. Não dou a mínima para Holt.

Um sorriso brinca no canto direito da boca dele. Quero tanto beijar ele, já posso sentir o gosto.

— Bom, depois desta noite, você não se lembrará do nome de Holt. — Ele coloca um dedo no centro do meu sutiã e me puxa contra ele. Agora vou ter a chance de provar sua boca. Minha língua prova o Barolo do jantar quando eu empurro seus lábios. Acariciamos os lábios um do outro; nossos dentes se batendo porque Harrison não beija como um idiota. Ele pega o que quer e não deixa espaço para pensamentos ou necessidades.

E então estou em seus braços enquanto ele me carrega para minha cama. Eu tento me livrar da lingerie.

— Não. Vou te foder assim. A próxima vez que usar, você pensará em mim.

Ele nem tira minha calcinha, apenas a puxa para o lado antes que sua boca me encontre. Já estou molhada para ele. Ele não precisava fazer isso, mas um orgasmo é sempre bem vindo.

Estou deitada de costas por um minuto ou mais antes que ele me vire como uma panqueca. Ele é forte, os tendões do bíceps pontuados por esse movimento. Ele me pega como se eu não fosse nada além de uma pena. O homem tem movimentos. Sua língua entra na minha boceta por trás, enquanto sua mão, que está em volta de mim, procura meu clitóris. Estou corada de desejo e necessidade por ele como nunca experimentei.

Quando eu estava fazendo filmes pornôs, não pensava muito em sexo, porque era apenas um meio para atingir um fim. Não tinha exatamente vergonha disso, porque estava fazendo por uma boa razão. Precisava desesperadamente do dinheiro. A verdade é que pareceu bobagem na maioria das vezes. Vestir-se como uma enfermeira prostituta e dizer sim, sim, sim, repetidas vezes, em uma voz estridente, é suficiente para fazer qualquer pessoa, se sentir idiota.

Mas com Harrison, há essa necessidade ardente, esse fogo em minhas veias que me envolve. Eu só quero mais dele.

Não demora muito para um orgasmo me levar, e logo, o pau de Harrison está empurrando profundamente dentro de mim. Lento a princípio, mas depois mais rápido. Olho por cima do ombro para assistir. Seus olhos estão fechados, a cabeça jogada para trás, enquanto suas mãos agarram meus quadris e ele bate em mim como um animal selvagem. É primordial a maneira como ele me fode, tocando em lugares que desencadeiam reações que eu não conheço. Minhas mãos arranham o edredom, as unhas quase afundando até o chão. Estou no precipício de outro clímax, e quando o ouço gemer baixo e longo, eu o sigo. Ele desliza para o chão e senta, ofegando como o animal que espetacularmente me fodeu.

— Sei de uma coisa que não precisa ser consertada. — digo.

— O que?

Rastejo até o final da cama para poder vê-lo. — O jeito que você fode. — Então eu caio de costas e olho para o teto. Ele está quieto, e me pergunto se ele se arrepende do que aconteceu entre nós. Ele sentiu o que eu fiz ou foi apenas outra mentira para ele? Gostaria de perguntar, mas não faço.

— Não acho que preciso de conserto. — ele diz de repente, olhando para longe. Ele está com raiva? É difícil dizer.

— O que você estudou na faculdade? — Pergunto.

— O negócios. Por quê?

— Você deveria ter sido um engenheiro.

— Por que um engenheiro?

— Você tem TOC. Tudo tem que funcionar perfeitamente, sem problemas. Se as coisas não forem exatamente assim, você as corrige. Você adoraria ser engenheiro. Ou um especialista em ciência da computação. Escrever código e criar programas perfeitos. É assim que você é. De qualquer maneira, você tem TOC. Suas meias e gavetas de roupas íntimas estão perfeitamente arrumadas e o seu armário é codificado por cores?

Suas sobrancelhas quase saltam de seu rosto. Levanto meu braço e digo: — Veja, eu peguei você. Você precisa de um terapeuta. Possivelmente até um psiquiatra. A propósito, como está Helen Reddy?

Agora, minha cabeça está pendurada no final da cama, descansando em seu ombro. Ele pega uma mecha do meu cabelo e o gira.

— Não, não, você não está saindo do assunto aqui. Você não pode mudar para Helen. Não preciso de um terapeuta.

— Continue. Admita. Eu lhe dei algumas coisas muito boas para você rolar nesse seu cérebro, não é? Sem mencionar, que você sempre acha que todo mundo tem que cair nesse molde. Bem, veja o que aconteceu comigo. Esse molde não funcionou tão bem.

Ele se senta um pouco. — Seu molde está bom. Você é apenas uma não-conformista.

Eu rio. — Uh-huh. Certo. Não-conformista. — Sou mais como um não-reformista.

— O que você está escondendo, Midnight?

Meus pensamentos voltam quando eu era adolescente. Não há como parar o tremor que rasga através de mim. É uma história de horror que ninguém quer ouvir, nem eu.

— Deve ser muito ruim. Eu posso ajudar, você sabe.

— Jesus, você não pode me ajudar. Ninguém pode. Além disso, acabou e terminou. Não vou voltar, então não quero falar sobre isso.

Ele gira no chão para me encarar.

— Somos amigos, certo?

Eu concordo. — Sim, você salvou minha carreira.

Sua boca se curva para cima. — Ah! Você admite.

— Sim, apesar de você me colocar na maldita reabilitação para isso.

— Vai valer a pena quando você concorrer a um Oscar.

Dou um soco no ombro dele. — Nunca vai acontecer.

— Nunca diga nunca. De qualquer forma, se nos aproximarmos, não que não estamos agora, você consideraria me contar?

O que ele quer dizer com isso? — Estamos perto disso acontecer?

Ele me olha bem nos olhos. — Não tenho certeza. Eu recebo essa vibe de você.

— Só que vai me levar um tempo.

— Então, com isso, você evitou minha pergunta, — diz ele. — Você vai me contar?

— Eu não sei. É impossível responder a isso.

— Você vai responder uma coisa?

— Talvez.

— Existe alguém que você contou?

— Não. Ninguém conhece a história toda. Apenas uma pessoa conhece parte disso, e não é porque eu tive uma escolha. — Não mencionei que muitos outros sabem e é apenas porque foram eles que me forçaram a fazer essas coisas terríveis. — Escute, a vida nem sempre é corações e flores. Passei por alguns solavancos e havia muitas pedras jogadas no meu caminho, mas você sabe de uma coisa? Descobri uma maneira de contornar esses obstáculos. E graças a você, você me empurrou e me ajudou a navegar naquela tempestade de merda. Então vamos largar isso. Nunca serei consertada permanentemente. Sempre haverá problemas enterrados dentro de mim. E tudo bem. Aprendi a viver com eles. Se eu posso, você também pode.

Ele se levanta e caminha para a cozinha. Talvez ele esteja com sede. Verifico sua bunda. É definitivamente boa. Pensamentos perversos entram em minha mente, mas eu os empurro para o lado e o sigo até a cozinha. Ele me entrega um copo de água gelada.

— Obrigada. — Eu engulo. — É tarde e eu preciso dormir um pouco. Tenho que estar no estúdio às 5: 00 da manhã

— Sim, eu sei. — Ele me agarra e me puxa para a parede sólida de seu peito. Passo a mão sobre a suave pele bronzeada até chegar ao pescoço dele, e depois subo até a barba que cobre seu rosto. Seu cabelo está artisticamente bagunçado, mas é porque minhas mãos estavam nele. Eu as passo através dele novamente, pensando em como ele parece sexy em pé nu na minha cozinha.

— Você sempre pode ficar, apesar de ter que acordar super cedo.

— Cedo nunca me incomodou, mas duvido que você durma muito.

— Sim, e isso não me faria muito bem para amanhã, faria, quando estou tentando impressionar meu diretor e produtor?

— E não Holt?

— Cale a boca sobre ele. Eu não dou a mínima para ele, apesar de ele finalmente parar de me insultar.

Ele apenas assente e caminha em direção ao quarto. Quando ele volta, está pronto para sair.

— Essa tatuagem em seu estômago? Unscarred. Você realmente não tem cicatrizes? — Pergunto, me referindo à grande tatuagem em seus abdominais inferiores.

— Pensei que não deixava. Até eu conhecer você. — Ele se inclina perto, até nossos lábios se tocarem. Então ele sai pela porta, e eu tenho que sorrir com isso. Somos tão diferentes, tanto que estou preocupada. Se alguém pensa diferente, ele não nos viu.


Capítulo 18

HARRISON

— Quem fez cocô na sua omelete hoje?

Olho para cima e vejo Emily em pé na frente da minha mesa.

— Ninguém. Por quê?

— Poderia ter me enganado com essa carranca.

A Midnight está tão ocupada no trabalho que só chega às oito ou mais tarde todas as noites. Então ela praticamente cai na cama. Jantei com ela algumas vezes, mas ela adormeceu no meio. Estou dando espaço a ela. Conversamos muito ao telefone, mas é isso. Nos fins de semana, ela está ocupada revisando todas as alterações de script, isso está no topo das coisas para a próxima semana. Tenho que lhe dar crédito. Ela trabalhou mais do que eu jamais imaginei. Talvez seja por isso que estou carrancudo. Eu não tenho conseguido tempo com ela ultimamente. Agora pareço um garoto de fraternidade egoísta e mimado.

E depois há meus melhores amigos. Prescott e Weston estão me dando um tempo difícil. Eles ligaram algumas vezes, mas eu continuo evitando. É porque eles vão descobrir o que está acontecendo e eu não quero discutir Midnight com eles. Pela primeira vez, hesito em discutir meu interesse amoroso com meus melhores amigos. É estranho, porque eles são as duas pessoas mais próximas do mundo para mim. É porque tenho vergonha que ela era uma ex-estrela pornô? Essa parte da vida dela me incomoda mais do que estou admitindo para mim mesmo? Ou é porque eu realmente sei muito pouco sobre ela? Ela colocou desordem em minha vida organizada e isso definitivamente é perturbador.

— Olá, alguém aí? — Emily pergunta.

Merda, eu esqueci que ela ainda está de pé aqui. — Sim, me desculpe. Meu cérebro foi para o Havaí por um minuto.

Ela clica nos dedos. — Você sabe o que? É disso que você precisa. Umas férias.

— Há muita coisa acontecendo aqui.

— Oh, você não confia que podemos lidar com isso?

Preciso pisar com cuidado ou vou machucar os sentimentos.

— Nem um pouco. Só sei que as coisas são loucas e vocês também precisam de uma folga.

— Vamos tirar uma folga. Por que você não vai visitar seus amigos? Ou fazer algo divertido? Está chegando perto das férias.

— Não, eu estou bem. Talvez na primavera.

— Você deve planejar uma viagem de esqui.

— Talvez. — Me pergunto se Midnight gostaria de tirar férias depois que as filmagens terminarem.

Leland entra e pergunta: — Você vai esquiar? Estava pensando em Tahoe em janeiro. Quer ir?

Porra. — Talvez. Conversaremos.

Então ele diz: — Temos um novo cliente no qual preciso que você faça o check-in. — Leland me diz que é um jogador de futebol profissional que foi pego com uma menor de idade em seu quarto de hotel depois de um jogo.

— Foram apenas os dois?

— Sim.

— Alguma droga envolvida?

— Cocaína e álcool.

— Porra. Como ele foi pego?

— Os pais dela confiscaram o telefone dela e tudo estava lá. Vídeos, fotos, textos.

Esfregando minha têmpora, sinto o início de uma dor de cabeça. — Cristo. Quando eles vão finalmente aprender?

Leland encolhe os ombros. — Nunca. É por isso que você está no negócio, chefe.

— Verdade. Você disse a ele que ele fodeu sua carreira?

— Bastante.

— Para fazer qualquer coisa, precisamos desse telefone, e só Deus sabe quem mais viu o que está nele.

— Verdade. Onde você quer começar?

— Traga-o aqui e vamos ver se podemos colocar as mãos no telefone dela.

Mais tarde naquela tarde, descobrimos que o nosso cara escolheu a garota errada para a festa. Ela tem dezessete anos e ele trinta, um flerte total, mas completamente ilegal para ele aos olhos da lei. E eu mencionei que o pai dela é um dos advogados mais famosos de Los Angeles?

Quando o cliente entra, sento com ele. Uma vez que ele ouve o que temos para lhe dizer, ele enlouquece.

— Você está dizendo que isso poderia terminar minha carreira?

— Sim. Você não acha que deveria ter pensado nisso antes de consumir cocaína com alguém de quem não sabia nada?

— Não fiz nada. Apenas dei a ela o dinheiro para compar. — Ele abaixa a cabeça. Que idiota.

— Então deixe-me esclarecer. Você deu a ela o dinheiro para comprar drogas?

— Sim. Não posso usar drogas. Se eles fizerem um teste aleatório, eu estou ferrado. Só queria transar com ela. Ela era gostosa, cara!

— E você não sabia que ela estava filmando você transando com ela?

— Sim, eu sabia, mas imaginei que ela não se importava, por que eu deveria?

Minha dor de cabeça começa a bater ao som de “Sucker for Pain de Lil Wayne e Wiz Khalifa”. Hora de alguns Advil. Tenho que me lembrar que clientes como esse são o motivo de eu ter ganho tanto dinheiro ao longo dos anos.

— Você notificou seu gerente e treinador?

— Sim. Disse a eles que estava limpo. Eles estão me dando 48 horas para limpar isso, e foi por isso que liguei para vocês. Ouvi dizer que você é o melhor.

Aprecio o grandalhão e depois digo: — Você pode nos dar licença por um minuto?

Leland e eu vamos para o meu escritório. — Qual a chance de conseguir esse telefone?

— Um em cem mil. — Leland ri.

— Quem de nós sabe que pode roubá-lo?

— Primeiro, temos que descobrir onde está.

— Meu palpite é que está na gaveta da mesa do papai ou em um cofre em seu escritório. Se não estiver lá, está em um cofre na casa dele.

— O serviço de limpeza.

— E o cofre?

— Nosso homem, Teddy. Ele pode explorar qualquer coisa.

— Câmeras de segurança?

Leland ri. — Rashid, quem mais?

— Eles são circuito fechado.

— Você sabe muito bem que ele pode invadir esses locais e enviar um vídeo falso para os caras da segurança. Não me pergunte detalhes. Não sou inteligente assim, mas lembra de como ele fez isso quando tivemos que entrar naquele escritório em Beverly Hills? Ele fez alguma coisa mágica que funcionou como um encanto.

— Sim, mas talvez todos eles não funcionem assim.

— Chame-o. Ele pode pelo menos dizer o que precisa.

Ligo para Rashid e ele diz que precisaria invadir o sistema deles e controlá-lo a partir de seu fim. Como ele faria isso, não tenho ideia. Vou deixá-lo se preocupar com isso. Só me preocupo com a possibilidade de funcionar. Dou a ele o nome da advocacia e espero receber notícias.

Acenando para Leland, eu digo: — Vamos contar ao idiota o que está acontecendo. — Quando voltamos para a sala de conferências, nosso cara parece que está pronto para chorar.

— Ok, aqui está o acordo. Não podemos fazer nada por você, a menos que tenhamos o telefone. Então, nos dê alguns dias para trabalhar nisso.

— Como eu te disse, eu só tenho quarenta e oito horas.

— Então trabalharemos nisso por quarenta e oito horas. Se não podemos entregar, não cobramos. Mas se pegarmos o telefone e não nos pergunte como o conseguimos, sua conta será cara.

— Posso lidar com isso.

Eu o encaro. — Mais uma coisa. Chega de ferrar as coisas. Não trabalho com pessoas duas vezes por merdas como essa.

— Entendi.

Ele nos diz tudo o que pode sobre essa garota. Eu não me importo se isso tem a ver com quantas vezes ela peidou, mas precisamos de detalhes. Acredite ou não, a memória dele é incrível, mesmo as partes não nuas. A garota correu a boca. Disse a ele todo tipo de merda. Emily registra tudo. Pelo que reunimos, parece que papai terá tudo o que precisamos em seu escritório.

Agora a diversão começa. Na noite seguinte, nosso cara se junta à equipe de limpeza. Rashid faz as coisas com as câmeras de segurança. Ele fará um loop que irá bloquear o que está acontecendo enquanto nosso cara está no escritório do papai, limpando. Acontece que a sorte está do nosso lado. O telefone está na gaveta e não no cofre, nosso cara encontrou quando abriu a fechadura com facilidade. Ele pega o telefone e certifica-se de que o toque está desligado.

Assim que ele o tem, ele limpa o escritório e sai. Nós sinalizamos para Rashid liberar a câmera e ela está on-line novamente. Confiamos em nosso cara para recuperar o telefone.

Agora vem a diversão. Desativamos o rastreamento colocando-o no modo avião enquanto nosso especialista em vídeo / fotografia trabalha no telefone. Ele altera cada vídeo e foto em que o cliente está, o remove e insere um homem diferente com o rosto cortado ou borrado até o ponto em que ele não pode ser reconhecido. Todo texto também é excluído. A menos que os vídeos tenham sido enviados para outra unidade ou computador, estamos bem. Se foi, nosso cliente ainda está nessa merda.

Levamos o telefone de volta para o cara que está esperando por nós e ligamos para Rashid. Ele gira sua magia novamente com as câmeras de segurança; o telefone é retirado do modo avião e devolvido à gaveta do papai.

Dois dias depois, nosso cliente telefona e diz que as acusações contra ele foram retiradas. Ele está chorando como um bebê. Eu o deixo saber que estamos por perto, porque ele estará chorando novamente quando receber a minha conta.

Esse advogado não deve ter sido muito inteligente. Se fosse minha filha, eu teria feito cópias duplicadas desses vídeos e fotos. Mas, novamente, eu sou um filho da puta suspeito por causa desse negócio em que estou, então vá em frente.

Leland está no meu escritório e eu agarro a parte de trás do meu pescoço por um segundo antes de perguntar: — Você acha que ele a forçou a fazer algo que ela não queria?

— Você está brincando certo?

— Não. — Eu o olho diretamente nos olhos. Ele não se mexe.

— Não foi a primeira vez que a garota fez isso. Meu palpite é que ela já esteve no programa de cachorros e pôneis algumas vezes. Não sei se você prestou atenção, mas me pareceu que ela estava fazendo um teste para um pornô. Ela tinha o telefone no ângulo perfeito, pronto para capturar tudo. Você prestou atenção no que mais havia no telefone dela?

— Não, eu não fiz.

— Digamos que papai precisa controlar melhor o que ela faz. Havia muitas fotos de nudez lá, e elas não eram do nosso cara.

Tenho um flashback dos meus dias em Crestview. Algumas das meninas eram bastante agressivas, particularmente Felicia Cunningham. Ela tinha uma queda por dar boquete. Ela encurralava Prescott ou eu o tempo todo. Acho que metade dos caras da escola foi sugado ou fodido por ela. Mas ela nunca quis ser filmada. Por outro lado, não tínhamos telefones que pudessem gravar vídeos naquela época, não que eu me lembre de qualquer maneira.

— Talvez ela apenas goste de foder. Quem sabe? — Eu pergunto.

— Bem, podemos esperar um pacote pesado por causa desse apetite dela.

Aquela jovem me fez pensar sobre a indústria pornô e minha mente muda para Midnight. Me pergunto o que ela está fazendo. Nós não conversamos desde ontem. Não é que eu não queira vê-la, porque isso não poderia estar mais longe da verdade. Quero vê-la demais. Mas ela está ocupada com o trabalho. É o que meu cérebro está me dizendo.

Mas algo totalmente diferente está no meu coração. E eu estou ignorando isso. Completamente.


Capítulo 19

MIDNIGHT

A exaustão pesa meus membros, fazendo com que se sintam como chumbo. O sono me escapou nas últimas duas semanas. Não vi Harrison. Nós apenas conversamos ou mandamos mensagens. Normalmente, essa falta de comunicação não seria um problema para mim. Nunca dei a mínima para homens antes. O fato é que nunca namorei muito nem tive um namorado. Então, por que ele? Porque agora? Preciso me concentrar. Minha concentração precisa ser nítida.

Tropecei nas minhas falas hoje, mas felizmente Holt estava no ponto e fez parecer que eu era a esposa triste e idiota que foi ignorada enquanto ele planejava seu estúpido assalto a banco. Ele e eu tivemos uma discussão, em caráter, e tivemos que fazer mais do que várias tomadas por causa das minhas falas esquecidas. Eu estava com raiva de mim mesma por ter investido tanto em Harrison. Canalizei essa raiva para Christine e a cena saiu como uma peça emocional de drama.

— Corta, — grita Greg, e eu desmorono na cadeira atrás de mim.

— Ei, você está bem? — Holt pergunta.

— Sim. Apenas exausta.

— Espere aí. Vou pegar um chá para você.

Ele tem sido tão cortês nas últimas semanas, que mal consigo me lembrar do imbecil Holt. Uma caneca de chá é enfiada na minha mão e levanto os olhos para ver seu rosto sorridente. Seus olhos são gentis, verdes hoje.

— Obrigada. — Saboreio a mistura de ervas e escondo minha careta. Odeio chá, mas Holt adora isso. Ele não bebe café, diz que deteriora as células do cérebro e impede que você desperte suas emoções. Acho muita besteira isso, mas tomo chá no set para agradá-lo. Aprendi que um feliz Holt equivale a uma feliz Midnight.

Ele se senta ao meu lado e faz uma longa explicação sobre os benefícios do chá de camomila e da melatonina. Quero dizer a ele que eu só preciso que Harrison lamba meu clitóris até eu gozar e depois me foda como uma pantera selvagem, mas me contenho. Me pergunto se isso o chocaria. Um bocejo gigantesco toma conta de mim e os olhos de Holt se arregalam.

— Caramba, eu nunca vi alguém bocejar assim.

— Desculpe. Estou feliz que hoje é sexta-feira. Pretendo passar o dia na cama amanhã.

Um sorriso torto, aquele que as mulheres amam, tira sua expressão séria. — Você quer uma companhia?

Estou chocada. O chá horrível que acabei de tomar, fica preso nas minhas vias aéreas. Engasgo, então explode da minha boca quando eu tenho um espasmo de tosse.

— Cristo, você está bem?

A fala é impossível. As pessoas olham enquanto eu tusso e engasgo. Holt se levanta e bate nas minhas costas.

— Diga alguma coisa, caramba.

Minha mão sobe no ar, porque não é possível falar enquanto tossi. Finalmente, quando o episódio passa, eu digo: — Droga, isso desceu errado.

— Você me assustou.

— Também me assustou. — Só que não estou me referindo ao chá.

Sua mão ainda está nas minhas costas, massageando-a, isso é totalmente estranho.

— Então, vamos passar um fim de semana juntos entre os lençóis? — Ele balança as sobrancelhas.

— Uh, sim, sobre isso. Estou meio que vendo alguém.

Ele se afasta e me pega com um olhar. — Não, isso definitivamente não vai funcionar.

— O que você quer dizer?

Ele se senta e diz: — Você e eu, temos essa... essa química. — Sua mão acena entre nós. — É hora de se conectar longe dos aparelhos, seríamos ótimos juntos.

Gostaria de informá-lo que sou a garota que costumava dar boquetes no cinema para viver, mas fecho meus lábios. Ele simplesmente morreria.

— Você não está namorando alguém?

Ele bate no ar novamente. — Não mais. Eu disse a ela para fazer uma caminhada depois do primeiro beijo que você e eu compartilhamos. — Ele puxa a cadeira para me encarar. — Eu senti, Midnight. Sei que você também. Foi surreal.

Fazia parte da cena, os personagens. É possível que ele esteja iludido?

— Holt, você está certo. Mas nós estávamos no personagem, lembra? Nós estávamos interpretando.

— Não, isso não é verdade. Era real.

Ele continua olhando, como se o que eu disse fosse completamente irrelevante. Então eu continuo. — E como eu disse, estou com alguém.

— Você terá que dar um fora nele. Somos celebridades, Midnight. Então ele se levanta e vai.

Que diabos isso significa?

O resto de nossas filmagens naquele dia está fodido. Holt é empolgado e forçado com todas as suas falas. Tento compensar demais, mas é uma merda. Até Greg o chama, mas ele tenta me culpar, dizendo que eu não estou indo direto ao ponto. Ele transforma tudo em uma grande cena e Holt acaba saindo do estúdio.

Danny se aproxima de mim. — O que diabos aconteceu entre vocês dois?

— A verdade?

— Sim!

— Ele queria passar o fim de semana na cama comigo e eu disse a ele que estava vendo alguém. Ele mudou completamente depois disso.

Danny joga os braços no ar e solta um suspiro longo e angustiado. — Não, isso de novo não.

— O que você quer dizer?

— Passamos por isso com Jennifer Arlington. Quando ele descobriu que ela estava quase noiva, ele mudou. Não entendia, por que ela não largava o cara por ele.

— Sim, bem, isso está acontecendo no meu caso.

Danny vira a mão. — Não se preocupe com isso. Se ele não acertar as coisas, puxaremos sua cabeça no estúdio. Isso geralmente funciona.

— Acredito que sim. As coisas estavam indo tão bem.

— Vocês funcionam totalmente na câmera.

— Sim, bem, ele confunde isso com a vida real.

Danny bate no meu braço. — Faça-me um favor. Guarde essa informação para você, ok?

— Sim, não se preocupe.

E todo esse tempo eu pensei que ele era apenas um idiota. Quem sabia que ele também era louco?

Felizmente, estávamos programados para filmar uma cena sem Holt hoje. Não é longo e envolve uma ligação. Leva apenas alguns minutos, mas o diretor me fez passar por várias tomadas. Estou de folga por causa do que aconteceu e finalmente entrego o que ele quer. Deveria ter sido fácil, mas quando terminamos, meu corpo está em nós.

Passa das sete quando entro pela porta do meu apartamento. Tudo o que quero é uma taça de vinho e relaxar um pouco no meu pequeno apartamento. Estou na cozinha quando decido ligar para Harrison. Uma sensação de decepção ocorre quando vai direto para o correio de voz.

— Ei, sou eu, Midnight. Só estou ligando para você... — Por que exatamente estou ligando para ele? — Para ver como você está, eu acho. Sim, para ver como você está, o cara que precisa de terapia. Espero que esteja bem. Eu sinto sua falta. Talvez você queira vir aqui um pouco para me consertar. Tudo bem então, cara de mamão, até a próxima. — Desisto da ligação e me sinto a maior idiota. Essa foi a mensagem mais estúpida que já deixei para alguém na minha vida. Que diabos! Eu te vejo por aí. Que vir para um pouco de conserto? Cara de mamão. De onde diabos isso veio?

Derramei uma taça de vinho e engoli. Vou ter que ficar bêbada para superar isso.

Estou indo para sala, com uma garrafa de vinho e uma taça na mão, quando alguém bate na minha porta. Um sorriso se espalha pelo meu rosto. Me pergunto, o que ele vai falar por causa dessa mensagem idiota. Pulo para a porta e todos os sinais de diversão fogem. Holt está parado lá, um braço apoiado no batente da porta, e ele diz: — Precisamos conversar.

Ele não me dá nenhuma oportunidade de responder enquanto passa por mim e explode no meu apartamento, deixando-me ali atordoada. Estou abraçando a garrafa de vinho como um bebê quando recupero meus sentidos e encontro minha voz.

— Holt, o que está acontecendo?

— Como eu disse. Nós precisamos conversar!

— Ok, por que você não senta? — Estendo meu braço, o que segura a taça de vinho vazia, e acrescento: — Volto em um segundo.

Ele me interrompe dizendo: — Não quero me sentar. Você e eu pertencemos um ao outro, Midnight. Você tem que nos dar uma chance.

Merda. Isso não é legal. Meu telefone está na cozinha, onde o coloquei quando fui pegar o vinho.

— Pensei que já tinha me explicado.

Ele acena com a mão. — Esse é um pequeno problema que podemos resolver. Termine com ele. Você não pode me dizer, que não sentiu o que eu senti no set.

Ele não está nem perto de estar brincando. O homem é ilusório. Tenho que lidar com isso de uma maneira que não o desencoraje ou o aliene.

— Bem, sim, eu senti completamente o que Christine sentiria se Finn a beijasse, você sabe, como seus personagens se sentiriam um com o outro.

Ele anda de um lado para o outro. — Não foi o que senti. Não estava agindo para mim. Não estava no personagem quando a beijei, Midnight. Fui eu, Holt Ward, beijando você, Midnight Drake. — Ele bate no peito.

Foda-se, foda-se, inferno, inferno. Por que eu?

— Holt, estou totalmente lisonjeada que você tenha sentido tanta emoção nessa cena em particular.

Ele pega o punho e bate na palma da mão. Acontece tão rápido que eu recuo ao som. Com os dentes cerrados, ele diz: — Você parece estar perdendo o meu argumento. Eu não estava no personagem e não estava nessa cena em particular.

Ele está me assustando. Preciso pensar em algo para fazer, e rápido.

Pego a rota da honestidade. — Estou honrada e não sei o que dizer.

— Diga que você estará comigo. Ou tente pelo menos.

Seus olhos parecem um pouco selvagens. Talvez ele esteja bêbado. Não sei dizer. Meu melhor curso de ação é sair daqui, mas minha bolsa e as chaves do carro estão na cozinha com o meu telefone. Decido contorná-lo e entrar lá. A cozinha é uma passagem, então ele não pode me prender lá. Se eu pegar minha bolsa e correr como o inferno, posso me afastar dele. Não há outra escolha. Recuso-me a lhe dar vantagem. Nenhum homem jamais terá esse tipo de controle sobre mim novamente.

Me movo em direção à cozinha, só que não chego tão longe. Sua mão trava no meu pulso - aquele com a taça de vinho - quando passo e ele me pede para reconsiderar. Não posso deixá-lo saber das minhas intenções de ir embora.

— Você não tem ideia de como podemos ser bons juntos. Nos dê uma chance, Midnight. Poderíamos incendiar o mundo. — Parece que ele realmente acredita nisso.

A única chance que eu quero nos dar, é uma chance de eu me afastar dele.

— Tenho que pensar sobre isso. — Talvez isso o satisfaça para que me solte, e eu possa pegar minha bolsa e correr.

Mas ele tem ideias diferentes. O que quer que eu tenha dito deu a ele o aval de um relacionamento. — Eu sabia que você veria as coisas do meu jeito. — Um sorriso enorme se espalha lentamente por seu rosto.

Antes que eu perceba, ele me tem em seus braços e agarra meu cabelo. Então sua boca bate na minha, machucando meus lábios. Sinto gosto de sangue e isso me deixa em pânico. Não posso permitir que ele veja. Meu coração está batendo tão forte que eu temo que ele ouça. Tudo em que posso me concentrar é me afastar dele. Eu ainda estou segurando a garrafa de vinho, que está esmagada entre nós e esmagando a merda das minhas costelas, e a taça - que é inútil como uma arma porque ele ainda segura meu pulso - então eu estou malditamente impotente para lutar.

Até me lembrar que tenho minhas pernas. Levanto um joelho em um movimento rápido e o pego na virilha. Ele geme quando me solta, permitindo que eu atinja a cozinha.

Ele está no meu encalço, irritado, mas me implorando para parar.

Pego minha bolsa e saio pela porta, cega de medo. Já passei por muita merda com homens loucos e bravos para lidar com outro. Não hesito nem meio segundo, mas quando atravesso minha porta, bato na parede do peito de alguém e é aí que perco totalmente a compostura. Meus punhos voam, e tudo que sei é que tenho que chegar ao meu carro ou a merda estará feita.

Então sua voz rompe minha insanidade e o sangue canta em minhas veias. Tudo relaxa porque reconheço o cone de segurança.


Capítulo 20

HARRISON

Depois da minha corrida, pulo no chuveiro e deixo a água fria escorrer sobre mim. É o paraíso. Quando estou seco, pego meu telefone para ver que perdi uma ligação da Midnight. Sua mensagem peculiar coloca um sorriso necessário no meu rosto. Decido arriscar e fazer uma visita surpresa a ela. Talvez ela queira jantar hoje à noite. Propositalmente dei a ela um amplo espaço, porque ela precisa permanecer centrada em seu filme, e qualquer distração pode ser uma coisa ruim para ela.

Estaciono na frente, mas quando chego à sua porta, ela voa direto para mim, em seus calcanhares está Holt Ward. Ela está um caos. Não sei se ela sabe que sou eu a princípio, mas quando o reconhecimento chega, ela afunda contra mim. Tenho que pegá-la para impedir que ela caia.

— O que está acontecendo? Você está bem? — Pergunto. Meu olhar queima entre os dois.

— Graças a Deus você está aqui, — ela respira, pânico afiando seu tom.

Inclino seu rosto para que eu possa vê-la com firmeza e vejo que seu lábio está inchado. Ela está segurando uma garrafa de vinho e sua bolsa, o que é um pouco estranho. — O que aconteceu com seu lábio?

Ela segura as lágrimas e diz: — Ele cortou quando me beijou.

Olho para ele e pergunto: — Você a beijou?

— Isso não é da sua conta. — O desafio sangra fora de Holt.

— Midnight, você queria que ele te beijasse? — A resposta dela poderia me matar, mas eu preciso saber.

— Não! — Ela começa a soluçar.

A deixo de lado, mesmo que eu não queira, e sem uma palavra, sem pensar nas consequências, eu aperto minha mão em um punho e dou um soco na mandíbula de Holt Ward.

— Você me deu um soco, — ele lamenta.

— Você a agrediu sexualmente.

Ele esfrega a mandíbula. — Você vai ouvir do meu advogado.

— Você vai ouvir do dela. — Nós nos encaramos por um minuto. — Posso te dizer isso. Vocês não vão ganhar. Ninguém vence Harrison Kirkland. Você acabou de foder com a mulher errada, Sr. Ward.

Então me viro para a Midnight, envolvo-a com um braço e a escolto de volta para dentro. Digo a ela: — Estou ligando para a polícia para registrar uma denúncia contra ele. — Digo isso em seu benefício.

— Espere! Não vou apresentar queixa contra você. — ele grita. Eu sabia que o filho da puta viscoso recuaria. Se algo assim saísse, sua carreira estaria no esgoto.

— Você também interromperá qualquer contato com Drake, exceto por seu papel no filme. Está claro? Se você vier a este apartamento novamente ou tentar entrar em contato com ela fora do estúdio, ela entrará com uma ordem de restrição e esse crime será denunciado.

Ele esfrega a mandíbula novamente.

— Sr. Ward, eu vou acabar com sua carreira. Sou totalmente capaz disso.

Nós nos encaramos por um longo minuto, e então ele sai.

Quando chego até Midnight lá dentro, tiro algumas fotos do rosto dela e pergunto se ela foi ferida em outro lugar. Ela explica sobre a garrafa de vinho e levanta a blusa. Ela está machucada, então eu tiro algumas fotos disso também.

— No caso de Holt não fazer o que ele disse que faria.

— Obrigada. — Ela me conta a história de sua paixão por ela e como ele quer um relacionamento. — Tentei ser legal, mas ele não aceitou o não como resposta. Graças a Deus você veio.

Vou à cozinha dela e pego um pouco de gelo em um saco plástico para o lábio. — Aqui.

— Está ruim?

— Não muito, — digo. — Recebi sua mensagem. Aquilo foi fofo.

Ela faz uma cara engraçada e tenta rir.

— Midnight, você está bem?

A cabeça dela balança. — Vou ficar bem. Só um pouco abalada.

Então, na tentativa de animá-la, digo: — Tudo bem, cara de mamão. Até a próxima. — Eu rio. — Eu tenho lhe dado tempo. Você sabe, para não ter distrações.

— Tem certeza?

— Sim.

— Ou você tem medo de mim?

— Por que eu teria medo de você? — Pergunto.

— Oh, porque talvez eu tenha tocado em algumas coisas que o deixam desconfortável.

— Por que você acha que se alguém precisa consertar as coisas, tem um problema?

— Eu não. Mas com você, você tem que consertar tudo e todos.

— Não quero consertar você. Você é perfeita do jeito que é. — A verdade é que ela é mais do que perfeita, e isso me incomoda mais do que eu gostaria de admitir.

As sobrancelhas dela estão enrugadas. — Você não achou a princípio.

— Por que você diz isso?

— Você foi duro.

Outra risada ressoa fora de mim. — Isso foi para chamar sua atenção. Você era uma bagunça total e tinha todo o direito de estar. Precisávamos trabalhar rápido. Mas nosso plano saiu melhor do que eu jamais poderia ter esperado. Seus hits nas mídias sociais estão no topo. Pelo que entendi, as críticas são incríveis, você está brilhando como um diamante, e este filme fará de você uma das mais procuradas de Hollywood. Mal posso esperar para ver seu sucesso disparar. Então, me desculpe, fui duro, mas eu tinha minhas razões para ser.

— Você acha que Holt vai estragar o filme?

— Nem em um milhão de anos. Sua carreira está em jogo e ele entende o que isso significa. Você precisa informar ao seu produtor o que aconteceu aqui.

— Eu sei. Não acredito que ele tenha me assustado totalmente. — Ela envolve os braços em volta de si mesma, então eu a puxo para os meus.

— Por que você o deixou entrar?

Ela olha para mim. — Abri a porta porque pensei que era você. Ele veio logo depois que eu deixei essa mensagem idiota.

— Gostei da mensagem. Quando eu vi aquele filho da puta parado ali, eu queria dar vários socos nele.

— Estou feliz que você não tenha feito, porque isso atrasaria as filmagens. Quero acabar com essa merda agora. Rápido. Hoje cedo ele fez essa porcaria e eu disse a ele que estava vendo alguém.

— Você falou isso? — Pergunto. Estou surpreso, mas tenho que admitir, exaltado.

— Sim. Agora ele sabe a quem eu estava me referindo.

— Estou feliz que você fez.

— Esta?

— Sim.

— Isso significa que estamos namorando ou algo assim? — ela pergunta. Ela parece meio tímida e isso me lembra a Midnight que eu conheci em Nova York.

— Como você se sente sobre isso?

Ela levanta e abaixa um ombro. — É um conceito estranho para mim. Nunca namoro.

— Por que?

Ela abaixa e levanta os olhos. — Por que você acha? — ela pergunta em um tom atrevido.

— Não sei, e é por isso que perguntei.

— Vamos, Harrison. Você é um cara relativamente inteligente.

— Relativamente?

— Eu disse isso porque você fez uma pergunta estúpida.

— Não achei estúpido. Se fosse, não teria perguntado.

— Trabalhei em pornografia. Eu tinha minha quantidade de homens naqueles sets nojentos. No passado, eles geralmente só queriam uma coisa de mim.

— Hmm. Se bem me lembro, você foi quem instigou as coisas com aquele beijo quente.

Um rubor se espalha do pescoço para as bochechas. Ela está envergonhada? Que surpresa agradável. Levanto o queixo dela e dou um beijo forte e estalado na parte de sua boca que não está ferida. Ela ri. Essa é outra surpresa. Midnight não é do tipo que ri.

— Então, eu estava vindo aqui originalmente para surpreendê-la e perguntar se você queria ir jantar.

Ela afunda de volta na curva do meu corpo. — Você ficaria chateado se eu dissesse não? Eu estava tão ansiosa para relaxar em casa. Estou derrotada depois desta semana e principalmente depois de um cara louco.

— Ficarei feliz em relaxar em casa com você. Posso ligar e pedir o jantar? Ou eu posso pegar comida de qualquer lugar que você quiser.

— Ahh, isso parece maravilhoso.

— Ei, você tem certeza que está bem? Depois do que aconteceu?

— Sim. Ele só me beijou. Não vou mentir. Por um minuto, fiquei com muito medo, mas quando percebi que era você, sabia que estava segura.

— Você está sempre segura comigo. — Mas sou eu quem está em perigo. Meu coração aperta quando eu a seguro contra mim. Posso senti-la inspirar profundamente. Isso me faz querer mantê-la segura, e me pergunto como chegou a esse ponto. O que meus pais pensariam? E quanto a Weston e Prescott? Isso importa?

— Você sabe, o Natal é daqui a algumas semanas? O que você está pensando em fazer? — Pergunto.

— Sem planos. Danny disse que estaríamos trabalhando direto, para todo o mundo. Mas o bom é que estamos cumprindo o cronograma. Ele disse que Greg, nosso diretor, estava delirando comigo. Não gosto de me gabar, mas você é a única pessoa com quem posso dizer isso. Depois do Natal, nos mudamos para Santa Mônica e começamos a filmar lá.

— Isso vai ser bem legal para você, certo? Você já foi pra lá antes?

— Só se você contar camas e tal. — Ela ri.

— Ha, ha.

— Isso te incomoda? Que eu fiz filmes pornográficos?

— Eu seria um mentiroso se disser que não.

— Mas você ainda está aqui.

— Sim. Era o seu trabalho. Pelo menos é o que eu digo a mim mesmo. Você já se envolveu com algum deles? Além da câmera?

— Você não ouviu o que eu disse antes?

Quando ela percebe minha testa franzida, ela continua. — Eu não namoro, incluindo os caras da indústria.

— Bom saber.

— Vamos esclarecer isso porque não quero que apareça mais tarde ou crie muros entre nós. Nunca estive com, — e ela cita com os dedos, — qualquer um deles, exceto nos filmes. Sei que isso soa estúpido e clichê, mas nada disso significava nada. Fazia parte da indústria. Agora posso perguntar uma coisa?

— Sim.

— Você já esteve apaixonado ou teve um relacionamento?

— Sim.

— Então você estava muito mais profundo do que nunca, sem trocadilhos. — Ela sorri. Então ela fica séria novamente. — Meu coração só foi afetado por uma coisa. E não era um homem.

— O que?

— Talvez outra hora eu te conte.

— Por que eu sinto que você não vai?

— Não sei. Mas e a comida indiana?

— Você gosta de comida étnica, não é?

— Eu amo a explosão de sabor na minha boca. É cintilante.

— Deixe-me lhe dar algo cintilante. — Dou outro beijo em seus lábios e depois deixo que ela peça a comida. Como o restaurante que ela escolheu não entrega, eu tenho que sair para buscar. — Enquanto eu estiver fora, por que você não liga para Danny?

Quando volto, ela tem a mesinha de bistrô em sua sala, com velas acesas e vinho servido. Parece bastante romântico. Nós comemos, ouvindo música suave, e ela diz que Danny cuidará de Holt. Conversará com ele e envolverá o CEO da Alta. Isso deverá colocar mais pressão nele para deixar Midnight em paz.

Antes de terminarmos de comer, noto suas pálpebras caídas. Levo nossos pratos vazios para a cozinha, limpo e quando volto, ela está dormindo.

A levanto em meus braços e a levo para a cama. Ainda é cedo, muito cedo para eu dormir, então eu decido assistir TV no outro quarto.

Estou assistindo a um filme, mas tenho cochilado, então nem sei o que está acontecendo quando uma série de tiros dispara, entrando pelas janelas da sala. Cai no chão, cobrindo minha cabeça. Termina assim que cai. Ligo para o 911 e me arrasto para o quarto para ver se Midnight está bem. Ela está no chão, remexendo no escuro.

— Você está bem? Você foi atingida? — Pergunto.

— Não. Só ouvi tiros e rolei da cama para o chão.

— Fique abaixada até a polícia chegar. Já liguei para o 911.

Eles levam cerca de oito minutos para chegar aqui, o que parece uma vida inteira. A essa altura, o atirador já se foi há muito tempo e não há chance de encontrá-lo. Mas tenho uma boa ideia de quem fez isso. Há muita coincidência para que haja mais alguém além do louco Holt Ward.

Os policiais me fazem perguntas, mas não há muito o que dizer. Não quero contar a eles sobre Holt. Isso desencadearia uma investigação e poderia impactar a carreira de Midnight. Tenho outras maneiras de lidar com ele. Eles estão do lado desagradável, mas definitivamente mais eficazes do que seguir os canais apropriados da lei.

Os vizinhos saem, acho que depois que consideram seguro, e veem as luzes azuis piscando. A polícia questiona todos que podem. Infelizmente, ninguém viu nada. Os vizinhos estavam assistindo TV, em suas salas, ou dormindo.

Depois que toda a empolgação diminui, e a polícia termina de reunir poucas evidências, todos voltam para suas respectivas casas. Os policiais nos dizem que, se ouvirem alguma coisa, ligarão para a Midnight. As janelas estão uma bagunça - cacos quebrados por toda parte. A polícia encontrou os cartuchos de balas, então estamos liberados para varrer tudo. Mas as janelas precisam ser substituídas. A Midnight já chamou alguém e já estão a caminho.

— Você não pode ficar aqui esta noite. Por que você não faz as malas e fica comigo neste fim de semana?

— Oh, tudo bem. Quando eles colocarem as tábuas...

— Me sentiria melhor com você longe daqui. E se ele voltar?

— Você acha que foi Holt, não é?

— Acho que ele tinha algo a ver com isso. Por isso não mencionei o que aconteceu antes. Bem, por isso e eu não queria que estragasse o filme.

— Sim, é exatamente por isso que eu mantive minha boca fechada também. Por que atraio todos os cavaleiros místicos da unidade psíquica? E acredite, eu estive lá.

— Porque você é linda e os homens querem uma mulher como você.

— Ok, escoteiro, muito obrigada.

— Estou falando sério. Você perguntou, eu disse.

Ela solta um suspiro.

— Vá fazer uma mala. Este fim de semana é por minha conta. Descanse é a palavra para você.

Ela morde o lábio por um segundo e depois concorda. — Ok, mas eu sou gananciosa quando se trata de ser mimada.

— Não é um problema. Gosto de uma mulher gananciosa.

Ela me cutuca nas costelas. — Você pode se arrepender de dizer isso. — Então ela se afasta para fazer as malas enquanto penso em como vou lidar com o Sr. Ward. Ele está em um mundo de surpresa. Não posso danificar sua reputação... ainda. Mas eu posso fazê-lo se contorcer.

E depois que o filme termina, esse bastardo viscoso é história.

 

 


CONTINUA