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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


D’FIVE BAND / A. K. Raimundi
D’FIVE BAND / A. K. Raimundi

                                                                                                                                                  

 

 

 

 

Biblio VT

 

 

 

 

— E essa é a D’Five Band?
Viramos olhando para o cara de óculos escuros, vestido de terno que nos encarava com um copo de uísque nas mãos.
E isso porque não era nem onze horas da manhã. Uma ligeira coceira em minha nuca de preocupação dá os primeiros sinais, talvez não deveria ter deixado o fato de procurar um produtor nas mãos de Drake, pelo visto, esse cara em nossa frente tem muito haver com ele.
— O que faz vocês serem mais interessantes que as outras bandas que me procuram?
Por um momento vejo todos se entreolhando. — Você pode ter visto muitos de nós por aí. — Digo chamando atenção do produtor para mim. — Pode ter escutados dezenas de boas bandas.
— E aí, cara, tá maluco? — Drake sussurra dando um pisão em meu pé.
— Mas com certeza não o bastante, senão não estaria sentado nessa mesa conosco.
O produtor me encara, um sorrisinho no canto dos lábios.
— O que nos torna diferentes dos outros? Somos uma família, cada um do seu jeito, nunca perfeitos, mas família. — Davi diz.
— Cinco desajustados cantando para pessoas que acima de tudo amam a música. — Dash completou.
— Então acho melhor eu garantir logo esses desajustados para mim, pois quando olho para vocês sinto cheiro de dinheiro. E esse, meus rapazes é o odor que mais gosto. — O produtor faz um pequeno sinal, logo uma mulher linda e vestida de um jeito extremamente sensual entrega uma pequena pasta para ele.
— Espero que estejam com canetas, garotos. E se preparem, agora quem cuida da vida de vocês sou eu. — Disse com um largo sorriso no rosto.
Alguém está tentando arrombar minha porta.
— Puta que pariu, o que foi cara?
Drake me encara com um enorme sorriso no rosto, vejo Dash, Dylan e Davi correndo pela entrada de encontro a nós.
— O DISCO IMPLACOU! O DISCO FOI UM SUCESSO! — Drake grita.
Olho meio aturdido pela surpresa para os outros, com seus enormes sorrisos no rosto.
— É isso mesmo, maninho. Mich nos quer no próximo voo, tem uma turnê para nós!
— Puta que pariu! — Desço os pequenos degraus, pegando todos eles em um abraço de urso.
— SOMOS OS DONOS DO MUNDO! — Drake gritava.
— Nossos sonhos, senhores, acaba de começar. — Davi diz.

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 1

Nicky


N ã o tenho paci ê ncia para joguinhos,

e seus joguinhos me enlouquecem.

Eu preciso de voc ê , é tudo

que voc ê precisa saber.

— D’FIVE

Ficar diante de mulheres seminuas não era algo que eu apreciava. Nem um pouco. Assistir outras pessoas praticamente fazendo sexo também não era minha definição de uma sexta-feira perfeita.

Encosto no canto da parede tomando minha cerveja, dando uma olhada para o espaço fazendo uma pequena nota mental que não seria tão difícil sair dali. Mas Don ficaria chateado.

Don e sua banda se tornaram astros do rock, o céu era pouco para tudo que eles estavam conquistando e ali estava a prova. Seu primeiro disco de platina, o mundo os amava, assim como as mulheres se jogavam em seus braços praticamente nuas.

A D’Five estava liderando a lista de maiores sucessos da Billboard, com uma música nova atrás da outra. Eles realmente eram lindos bad boys com suas jaquetas de couro envelhecidas e seus estilos de homens fatais que a People tanto frisava. E mesmo tendo acompanhado notícias pelas revistas e mídias, a imagem que eu tinha era de cinco amigos felizes, exatamente de quando eu os conheci. Só de olhá-los você percebe até mesmo o modo como interagem, que eles dariam a vida um pelo outro.

Meus olhos capturam Dylan, o baterista, prensar uma loira peituda na parede beijando seu pescoço. Desvio o rosto tomando o resto de minha cerveja.

Aquela festinha particular tinha tudo para sair do controle facilmente, meu coração estava pesado só de olhar a sujeira e bagunça que eles faziam pelo meu bar.

Quando Don me pediu o bar emprestado para sua comemoração eu não acreditava que seria algo civilizado, nunca. Eles eram homens, roqueiros e com uma libido difícil de controlar. Mas, Don me pagaria caro por isso.

Eu estava vendo mais peitos ali do que poderia ter visto se tivesse comprado todas as playboys da vida.

Meus olhos cruzaram com Drake, baixista da banda, sentado em um dos sofás de couro, que por sua vez sorriu erguendo a garrafa de cerveja. Não deixando que a mulher de joelhos em sua frente parasse o serviço prestado ao seu membro ou seja lá o que ela estaria fazendo com a boca perto do umbigo dele.

Reviro os olhos, mas uma vez deixando que meus olhos vagassem pelo bar. Merda! Daria um trabalhão arrumar tudo.

— Ela é tudo que você sempre quis, do tipo que você se vangloria e leva para jantar na luz do luar... — Don cantarola em meu ouvido, fazendo eu me arrepiar.

Tá. Eu tinha uma quedinha por Dominic, mas nossa amizade de anos impedia que ambos déssemos qualquer passo arriscado.

— Que surpresa não o ver com alguma piranha colada em seu saco. — Digo emburrada.

Ele solta aquela gargalhada que tanto amo, rouca e exagerada, como se fosse um velho fumante de setenta anos. Mesmo que eu saiba que Don nunca fumou, é contra cigarros e drogas e qualquer porcaria ilegal, como ele mesmo afirma.

— Está tudo bem? Sabe que não precisa ficar aqui. — Seus olhos se focam nos meus... aquela íris azul...

Sorrio, confirmando com um jeito.

— Não conte para minha melhor amiga, ela vai ficar se achando muito, okay? Eu amo que esteja aqui. — Don brinca, dando um beijo casto em meu rosto.

Oh, santa das fãs de roqueiros sexys, não esqueças de mim. — Clamo.

— Há uma grande quantidade de peitos aqui. — Digo mudando o rumo da conversa.

Ele sorri.

Mentalmente agradeço por seu hálito não feder todos os tipos de álcool igual aos outros integrantes da banda.

Don era lindo, verdade seja dita. Os cabelos pretos como sempre rebeldes, os olhos azuis transmitiam sua rebeldia de astro do rock. Ele vestia a jaqueta de couro que dei em seu vigésimo sexto aniversário, aquela que eu sabia que tinha um furo no bolso direito, mas ele não se desfazia de jeito nenhum.

— Você fez um trabalho excelente aqui.

— Pretendem ficar muito tempo? — pergunto.

— Um bom tempo, quem sabe, isso se nosso produtor deixar.

— Você não parece estar se divertindo. — Comento.

Don olha a orgia maluca que rolava em nossa frente. — Não exatamente, mas aqui com você vejo que posso. — Ele apoia a mão na parede ao meu lado, inclinando o corpo. — Investindo no karaokê? — pergunta apontando para o microfone no pequeno palco no fundo do bar.

Eu rio. — Boas risadas e altas gorjetas.

— Não deixe que Drake o veja.

— Dooonn ... — Geme uma ruiva apenas de fio dental, ela corre até ele colocando a mão em seu peitoral.

— Oi, Emily.

— Vamos, venha participar da festinhaaa .

Seguro a respiração encarando o rosto de Don.

— Estou em ótima companhia.

A tal da Emily me mede da cabeça aos pés, torcendo os lábios.

— Davi ficará feliz em fazer companhia para você. — Don aponta para o amigo.

Davi era o vocalista da banda, e também era o que mais tinha dado problemas para os meninos no início de carreira. Ele estava jogado na poltrona bebendo sua cerveja, o cigarro pendendo dos dedos com o famoso “Fuck” tatuados nos nós de sua mão. E não se surpreendeu em nada quando Emily caminha sedutoramente até ele sentando-se em seu colo, sem o menor pudor.

— Venha, vamos nos sentar em algum lugar tranquilo.

Don me puxa pela mão entrelaçando nossos dedos, o que fez um formigamento subir pelo meu braço. Merda! Ele como sempre, pula o balcão arrancando uma risada minha ao errar o espaço e sair tropeçando.

— Ei, docinho você me trapaceou.

Reviro os olhos. — Docinho é sua mãe!

As batidas altas de “How you remind me” ainda poderiam ser ouvidas dentro do escritório, mesmo com a porta fechada. Assim como o cantarolar de Don.

— Prefiro você a Chad Kroeger 1 cantando essa música.

Ele sorri se jogando no sofá de dois lugares.

— Você fala isso porque é minha amiga e fã.

Dou de ombros. — Até que você tem talento.

Esboço um sorriso sentando ao seu lado no sofá pequeno.

— Se estou aqui, é por você.

Um nó se forma em minha garganta. — Eu?

— Quem foi que gravou o primeiro vídeo da D’Five espalhou pela internet?

Sorrio. — É, fui eu. Talvez mereça um crédito e alguns milhares em minha conta. — Digo piscando.

— O céu para a menina D’Five.

Mordo o lábio inferior por um momento. De uns tempos para cá tinha se tornado difícil ficarmos sozinhos, eu sempre ficava envergonhada e Don sempre me olhava mais do que o necessário. Isso é coisa da tua cabeça! Ralho comigo mesma.

Don passa o dedo indicador pelo meu queixo virando meu rosto para ele. Fazendo-me soltar o lábio que ainda estava preso entre meus dentes. Seus olhos estavam fixos no meu, mas eu sabia que ele girava o anel de caveira no dedo.

Sabia também que não rolaria nada, diversas vezes Dominic Ward fez esse movimento, segundo ele eu ficava “bonitinha” envergonhada.

Dominic quebra nosso contato visual, pegando o violão que sempre ficava em meu escritório apoiando-o na coxa esquerda.

— Estou imaginando, esse sentimento preso dentro de mim. Estou começando a me arrepender, somente por nunca ter te contado. — Cantou.

Encosto mais no sofá admirando Don tocar o violão, eu amava essa música. Além de um excelente guitarrista, a maioria das músicas da banda eram compostas por ele e Davi.

— E agora, jogado nesse bar. Vejo que você é tudo que eu poderia pedir. Você nunca mais ficará sozinha, todos seus sorrisos serão meus e mesmo quando você chorar, eu vou estar ali... Secando suas lágrimas com meus beijos. — Don dedilhava seu violão com extrema paixão. — Então, se eu ainda não te disse nada, por favor, me abrace e me entenda por meio das palavras que canto, como um tolo apaixonado.

— Essa é uma das minhas preferidas.

Don sorri deixando o violão de lado quando termina.

— Nicky, eu preciso...

A porta do escritório se abre com violência, interrompendo o que Don iria falar.

— Sabia que iria encontra-lo aqui.

— E aí. — Don resmunga.

— Pequena Nicky, tá uma gata hoje com esse estilo roqueira.

— Obrigada pelo elogio, Dash. — Digo rindo.

Dash era o mais espirituoso dos cinco, eu ainda ria com suas piadas idiotas e seu comentário de como ele acreditava que os cinco eram anomalias, apenas por terem nomes com a letra “D” ou como ele carinhosamente chamava a banda: “Os Diotas” e pelo cosmo tê-los juntados na mesma cidade.

Dash era o que eu mais tinha contato, além do Don. Não que eu não fosse amiga dos outros, mas eu sentia que tinha mais intimidade e liberdade com eles. Dash era como aquele irmão mais velho que vem nas férias só para encher o saco, mas quando vai embora você sente falta.

— O que você quer, Dash?

— Mich quer falar com a banda.

Don se joga mais no sofá apoiando a cabeça no encosto.

— Vamos logo, ninguém quer Mich bravo por causa de sua preguiça, levanta esse saco gordo daí.

— Você vai ficar bem? — Don questiona olhando para mim.

— Sim, eu vou para casa. Já comemorei bastante com a banda.

Ele concorda, sabia que eu odiava essas orgias que alguns integrantes aprontavam, já tinha visto minha cota nos primeiros anos de turnê. — Manda uma mensagem quando chegar. Eu tomo conta do bar.

— E limpe tudo!

— Pode deixar, colocarei todos para limpar. — Don brinca dando um peteleco na orelha de Dash.

Com isso ele se levanta saindo do escritório, me deixando mais uma vez com os batimentos cardíacos descompassados.


CAPÍTULO 2

Nicky


Seu amor por mim é real?
Uma ú nica chance, um ú nico beijo.

E tudo seria revelado.

— D’FIVE


Largo minha bolsa no balcão da cozinha e tiro os sapatos de salto, antes de me jogar no sofá. O encontro com Ryan até que foi satisfatório, nada de tirar o fôlego, mas foi legal. Ryan era um cliente do bar, sempre nos víamos as sextas-feiras. Ele saia do trabalho e ficava comigo até que eu fechasse o bar e ontem ele finalmente me chamou para sair, rolou até um beijo.

Como disse, nada demais.

Sirvo um copo de suco para mim voltando para sala, na televisão passa um filme repetido, ao dar o primeiro gole em meu suco, meu celular toca.

Olho para o visor abrindo um sorriso enorme. Don.

— Oi!

— Oi, princesa. Tudo bem?

Don sempre me ligava quando estava em turnê, sempre contávamos como estava sendo nossa semana.

— Tudo bem, mas você sabe, dona de bar não tem descanso.

— O melhor bar da cidade, li o artigo que saiu no jornal. Uau! Você conseguiu, princesa.

Sorri me sentindo o máximo. — Sim! Mal acreditei quando vi a matéria. Conta, como está sendo a turnê?

— Movimentada, sabe como é: eu toco, canto e elas gritam, lingeries voam. Tudo na mesma.

Don sempre deixava de fora os detalhes das pequenas festinhas que a banda dava após cada show. Eu sabia que essas mesmas mulheres que gritavam e lançavam suas roupas íntimas para eles. Eram as que compareciam ao hotel que eles estavam hospedados.

— Quando é o último show? — Pergunto soltando um bocejo sem querer.

— Foi hoje. Mas ainda temos alguns shows para fazermos perto de casa. Você está cansada?

— Não, apenas acordei muito cedo. Estou ansiosa pelo fim de semana, Alana vai me cobrir no sábado e eu enfim vou poder ficar o dia todo sem fazer nada.

— O que anda acontecendo com os homens de Eugene, ninguém presta para alguma coisa? — Brincou.

— Eu tive um encontro.

Don fica em silêncio por um momento. — Um encontro?

— É, com Ryan. Ele é cliente do bar.

— E aí?

— Nada demais. — Digo fazendo-o rir, ele notou o tom de decepção em minha voz.

— Ele beijava bem pelo menos?

— Se contar pelo fato de ser beijada por um sapo até que sim, babão e sugador.

Don gargalha do outro lado da linha, me fazendo rir também.

— Espera um minuto, princesa. — Diz, vejo o telefone ficar mudo. Don deve ter bloqueado o som.

A campainha do meu apartamento toca no instante que ele volta rindo. — Ainda está aí?

— Sim, agora você espere na linha.

— Tá bom.

Saio do sofá levando o telefone, destravo a porta e tiro o trinco do ferrolho. Dando de cara com Don, o celular pressionado entre o ombro e o ouvido, duas caixas de pizza na mão livre e debaixo do braço uma Tequila.

— Aí meu Deus!

— Surpresa? — pergunta levantando as pizzas.

Solto uma gargalhada finalizando a ligação e deixando o celular no aparador que tem perto da porta. Deixo Don entrar e deixar as pizzas e a garrafa sobre a mesa de jantar e se virar para mim. Pulo sobre ele enlaçando minhas pernas em sua cintura e os braços em seu pescoço. É bom tê-lo de volta.

— Nossa que recepção. — Murmura em meu ouvido.

— Senti sua falta. — Confesso enrolando algumas mechas do seu cabelo entre meus dedos. — Estão maiores.

— É.

Don me dá um sorriso de lado, examinando meu rosto. Tentei não ficar olhando muito para ele, afinal não queria estragar nossa amizade de anos por minha “paixonite”. E eu precisava controlar os leves tremores que sua presença e sua voz rouca provocavam em mim. O sorriso de Don vacila e suas narinas se alargam, ficamos ali parados por um instante, apenas nos encarando.

— Podemos comer a pizza e tomar algumas doses de tequila? – Perguntou soltando minha cintura para que eu ficasse de pé novamente.

— Claro, espero que tenha trazido minha predileta. — Brinco trazendo o clima confortável de volta.

— Lógico que trouxe.

— Vou apenas trocar de roupa, você arruma as coisas? — Pergunto sumindo pelo corredor.

Assim que entro em meu quarto fecho a porta encostando-me nela, a respiração que tanto controlei saia de forma irregular agora. Tiro a calça jeans pegando meu short do pijama e uma regata, respirando fundo antes de sair do quarto.

Don já tinha arrumado as caixas de pizza sobre a mesinha de centro, assim como os copos para tequila. E estava sentado confortável em meu sofá cinza.

Sento ao seu lado colocando os pés no sofá.

— Então, o que vai ser? Netflix? CSI? Telecine? Você escolhe dessa vez.

— Que tal Shadowhunters?

O sorriso de Don se alarga. — Eu perdi a segunda temporada inteira viajando.

Nós entramos na rotina que sempre fazíamos, ele em uma das pontas do sofá e eu na outra. O notebook transpondo o programa para a televisão e nós nos entupindo de comida gordurosa e muita tequila.

Comemos metade de nossas pizzas e a certa altura a tequila seguiu pelo mesmo caminho que o nosso jantar. Don deixou nossos pratos sobre a mesa de centro puxando minhas pernas para cima de suas coxas enquanto se ajeitava vendo a série.

Controlo o formigamento e o calorzinho gostoso que reverbera pelo meu corpo com seu o toque, fico olhando para a televisão como se não tivesse percebido. Como se a cena de luta entre Valentim e Jace realmente atraíssem minha atenção, ao contrário do fato das mãos de Don estarem sobre minhas pernas.

Ajeito o corpo sobre as almofadas e olhando de relance vejo a curva perfeita do lábio superior de Don faz e me pergunto se ela seria tão macia quanto aparenta ser, se o gosto de pizza com tequila seria tão saboroso misturado com seu cheiro tão de perto.

Volto meus olhos para a TV e tomo mais um gole da tequila, sentindo a bebida descer rasgando por minha garganta. As pontas dos dedos de Dominic brincam em minha panturrilha, seu toque era tão leve que por vezes mal sentia seus dedos tocarem minha pele.

Meu corpo volta a estremecer quando as pontas dos dedos de Don sobem por minhas coxas.

— Diga para eu parar.

Viro o rosto vendo que ele me encara. E mesmo na quase penumbra de minha sala vejo seus olhos azuis sérios, isso faz meu coração bater como um louco.

Mesmo com as dúvidas dentro de mim eu não queria que ele parasse, amava Dominic, desde o momento que o vi tocando na garagem de sua casa.

Mas nossa amizade era preciosa para mim, eu estragaria tudo se confessasse meus sentimentos. Por isso não disse nada.

Minha boca estava seca e não deixava que nem um fio de voz saísse, mas por outro lado também estava totalmente sedenta para sentir os lábios dele nos meus.

Deixo que ele mergulhasse mais em meu corpo, chegando ao limite do meu short. Sua respiração estava rápida, seus olhos focados nos meus.

— Diga para eu parar, Nicky. — Repete.

Eu sabia que se pedisse para que ele afastasse, Don iria se conter e tirar suas mãos de mim. Mas não era isso que meu corpo e meu coração martelando forte em meu peito pediam.

— Eu, não posso. — Sussurro, criando coragem.

— Por quê?

— Eu...

Don subiu a mão para meu quadril, seu corpo já estava sobre mim, minhas pernas afastadas para que ele avançasse mais. Cada vez que ele falava ou me pedia para parar, ele avançava sobre mim me fazendo estremecer e os olhos azuis dele brilharem.

— Eu quero isso.

Pronto. Eu disse, confessei meu sentimento por Dominic Ward.

Don não me deu chance de falar mais nada, suas mãos agarraram com força minha cintura puxando meu corpo para o dele e sua boca tocou a minha. Aqueles lábios pelos quais eu vinha ansiando e o doce sabor de tequila misturado com o de Don, era bem melhor do que o desejo que sempre assombrava meus pensamentos mais secretos.

Agarro seus cabelos, me ancorando em seu pescoço. No mesmo momento que a língua de Don travava uma batalha deliciosa com a minha, me instigando a beijá-lo com mais paixão e desejo. Eu soube no instante que a boca dele tocou a minha que tudo iria mudar. Que seguiria um caminho diferente, onde Don era realmente o dono do meu coração.

O corpo de Don estremece, suas mãos tocavam minhas costas por dentro da regata, fazendo-a ficar enrolada sobre meu peito. Seu beijo era ardente, meu corpo estava quente e desejoso agarrando-se a qualquer parte que minhas mãos alcançassem daquele corpo. Tornando tudo até um pouco desengonçado pela nossa ânsia, pouco me importava na realidade. Seguro o cos de sua calça fazendo seu membro ereto raspar deliciosamente no meio de minhas pernas, fazendo o centro do meu corpo entrar em ebulição. Don não tirava sua boca da minha, a não ser para morder ou beijar meu pescoço, aquilo estava quente, sentia minha pele pegando fogo.

Passo minhas pernas pelas dele, forçando ainda mais seu corpo no meu, minha blusa já estava erguida a muito tempo, assim como a dele, fazendo meu peito, mesmo que por debaixo do sutiã roçar em seu abdômen, um gemido escapa de meus lábios quando Don beija a curva de meus seios e volta a me beijar. Mas então, ao tentar desabotoar sua calça sinto Don enrijecer, seu beijo vai perdendo a potência, até que é interrompido.

Seu hálito batia em meu rosto, aproximo novamente minha boca da sua sugando sua língua, fazendo-o gemer em minha boca.

Quando ele para de me beijar, vejo confusão pintar seus olhos. Don apoia a testa na minha respirando fundo para controlar a respiração.

— Isso foi errado, puta merda! — diz arfando. — Nicky, eu... Puta merda.

— Don?

Meu corpo reclamava frustrado, queria mais dele, minha pele estava a ponto de pegar fogo, eu me sentia febril e não gostei nada de sentir o calor e o formigamento me abandonarem aos poucos, assim como suas mãos.

— Caralho Nicky, isso foi errado! — Resmungou.

Don se levanta com um pulo, ficando de pé, me olhando por um instante, pega o celular e a carteira sobre a mesa de jantar e sai do meu apartamento.

A batida forte da porta vibrou por toda casa. Não me mexi. Meu coração estava se partindo. Eu tinha estragado tudo, devia ter parado quando ele pediu. Eu devia ter negado.

As pontas dos meus dedos tocaram meu lábio ainda inchado pela ferocidade do beijo. Merda!


CAPÍTULO 3

Dominic

 

As luzes giravam por todo o lugar, a fumaça flutuava pelo palco, criando todo efeito junto com os acordes que eu tocava na guitarra, produzindo a melodia que enlouquecia o público.

Dylan jogou as baquetas para o alto, girando-as nos dedos. Davi soltou o cabelo deixando que ele caísse por seu rosto e por suas costas atraindo atenção e mais alguns gritos das garotas.

Dash acrescentava o fundo proporcional para a música, junto com Drake. A luz girou mais uma vez pelo Central Rock parando sobre mim, então realmente comecei a tocar, elevando o som e me preparando para cantar a música que nos tornou quem éramos hoje.

Essa música foi feita para Nicky, mesmo que ela não soubesse. Era como eu me senti quando coloquei os olhos nela. Quando eu tocava e cantava essa música era como se estivesse sozinho, sumiam as pessoas, sumiam meus amigos de banda e imediatamente a figura de Nicky surgia sorrindo em minha frente.

Falava do meu amor, mesmo que seja apenas meu. Nicky era minha amiga. Apenas amiga. Mesmo que por mim poderíamos ser bem mais que isso.

Abro os olhos cantando como se ela pudesse me ouvir, mesmo que tivéssemos a quilômetros de distância, era como se eu não estivesse aqui cantando para uma plateia de mais de mil pessoas, nesse show especial para nossas groupies.

Era como se estivesse com ela, sentado em seu bar, escutando-a cantarolar junto comigo e sua voz me atingindo como mel derretido. Doce e suave.

Estou imaginando,

esse sentimento preso dentro de mim.

Estou começando a me arrepender,

somente por nunca ter contado.


Dash surgiu ao meu lado, encostando suas costas nas minhas, seguindo seu solo. Dando aquele frenesi na multidão. Nossa performance era muito bem ensaiada e executada para levar as fãs a loucura.

Você nunca mais ficará sozinha,

todos seus sorrisos serão meus e

mesmo quando você chorar,

eu vou estar ali...

Secando suas lágrimas com meus beijos.


Os gritos nos rodearam quando eu e Drake tocamos juntos o refrão final, levando todos ao delírio. A D’Five era conhecida nos quatro cantos do país e era isso que comemorávamos essa noite. Era como se um filme passasse por minha mente, os primeiros ensaios, as brincadeiras na garagem da casa de minha mãe ou as noites que íamos apreciar as outras bandas tocando e voltávamos travados de tão bêbados.

O que começou com um vídeo inocente enviado para o YouTube nos rendeu um sucesso imenso e nosso lugar no Billboard .

Nos juntamos no meio do palco quando o show acabou, em meios aos gritos de “Toca mais”.

— Central Rock! – Gritou Davi. — Muito obrigado por essa noite. Amamos vocês!

— D’Five! — Gritamos juntos, quando as luzes se apagaram.


Quando deixo meu camarim indo para o camarim central, já ouvia as risadas de algumas groupies enlouquecidas.

— Meninas, olha quem veio se juntar a nós.

Bato meu punho no de Drake, sendo agarrado pelo pescoço pela ruiva.

— Temos que seguir viagem. — Anuncio.

— Por que tão cedo? — Dylan reclama com duas meninas sentadas, cada uma sobre uma perna.

— Marcamos a comemoração no bar da Nicky.

— Uhul, Nicky! — Dash surge na sala ajeitando a calça com um sorriso sem vergonha, logo sai uma garota arrumando a minissaia de couro. — Alguém quer ir logo para Oregon.

— Cala boca, Dash!

— Eu só saio daqui se puder levar algumas conosco. — Declara Davi.

As meninas soltaram gritinhos animados.

— Eu posso ir Don? — Emily praticamente ronrona em meu pescoço.

— Ajeitem tudo com Mich, eu não tenho nada com isso.

No fim eles acabaram convencendo Mich e nossa produtora, como em todas às vezes que alguma da groupies nos acompanharam nas viagens. Nosso ônibus de turnê era uma zona, mas o que eu poderia esperar de cinco homens viajando juntos? Uma guerra.

— Achei meu astro do rock.

Emily era um verdadeiro pé no meu saco. Desde o show em Chicago que bebi demais na festa de comemoração que sempre fazíamos, ela grudou no meu saco. Tudo bem, ela era gostosa, uma ruiva de arrasar, peitão, bunda legal. Mas foi apenas uma transa e tenho certeza que eu mal dei tudo de mim de tão bêbado que estava.

— Estava procurando por você.

— Estou descansando.

— Pensei que iria gostar da festinha que os meninos estão fazendo lá na frente, mas podemos começar uma aqui mesmo. — Emily tirou a blusa revelando os seios sem sutiã. — Algo mais... particular.

Coço a cabeça bagunçando um pouco o cabelo.

— Emily, para.

Ela abre o botão da calça revelando a calcinha. — Deixe de besteira Don, vamos curtir. Quer que pegue algo para animá-lo?

Desvio o rosto quando ela tenta me beijar, sua boca parando em meu pescoço, me dando uma lambida sensual.

— Emily, chega. Eu disse não!

Ela se afasta olhando para mim, seus olhos se tornando raivosos. — Você é um babaca Dominic. Eu vim de Chicago por você.

Arqueio a sobrancelha, eu juro que não queria ser grosso, porém ela estava pedindo. — Não fode Emily, eu não pedi que viesse. Você sabe que não temos nada um com o outro. Você faz parte de nosso fã-clube, teve uma noite comigo. Nunca te prometi nada, deixei bem claro que estava bêbado aquele dia.

— Você é ridículo!

— Agora sou ridículo por ser sincero? Na mesma noite você fodeu com Davi, isso se não transou com os outros também.

Emily pega a blusa saindo sem coloca-la, batendo a porta com força atrás de si.

Segundos depois, uma batida na porta me faz abrir os olhos.

— Parece que alguém irritou a ruiva. — Dylan diz entrando no quarto.

— Não estou afim, ela veio forçar a barra.

Coloco o braço sobre o rosto ignorando meu amigo.

— Porque você ainda não assumiu o que sente para Nicky, cara?

Retiro o braço encarando meu amigo, ele estava tranquilo, tomava sua cerveja, a calça pendendo na cintura o que indicava que ele já tinha se “aliviado” com alguma das garotas que trouxe para o ônibus.

— Ela é uma boa pessoa. — Continuou.

— Esse é o problema cara, ela é boa demais. Em todos esses anos eu nunca permiti olhar para ela mais do que o limite de nossa amizade. Não sei o porquê eu comecei a fantasiar com ela, não foi assim nem quando vi sorrateiramente ela colocando a roupa.

— Mas as coisas mudaram. Nicky não é mais a menininha que era. Ela tá um mulherão, cara.

— Dylan. — Advirto.

Ele solta uma risada. — Pense nisso, apenas pense, mano. E tome cuidado com Emily, ela está mais para uma cobra peçonhenta.

— Vou tomar. Quem a trouxe para o ônibus?

— Davi.

— Depois vou falar com ele, quero ela longe.

Dylan tomou mais um gole de sua cerveja. — Não acho que ela dará trabalho essa noite. Os meninos estão brincando de “Body Shot”.

Sorrio balançando a cabeça, isso terminaria com metade das pessoas nuas.

— Não quer participar?

— Não, estou bem aqui.

— Beleza, cara. — Dylan diz e sai.


Ela não se afastou, não mexeu um músculo se quer quando minhas mãos começaram pequenos carinhos por sua perna. Eu tinha agido como um leão perseguindo a presa, eu me acerquei dela.

Se ela fizesse uma negativa, um movimento de recuar ao meu toque, eu pararia. Eu havia prometido a mim mesmo, ela era mais importante que o desejo seguindo por minhas veias. O problema é que agora não era apenas a confirmação que meu corpo desejava Nicky, mas meu coração.

Eu me deliciei de cada pequeno tremor que correu por seu corpo. Eu estava sedento pelos seus lábios, me sentia embriagado por sua língua.

Merda! Eu deixei isso ir longe demais, eu não passava de um babaca, mesmo ela não tendo negado, eu era uma babaca.

Tomo o último gole da vodka jogando a garrafa do outro lado, observando a paisagem de Oregon pela janela do quarto.

— O deixe em paz. — Escuto a voz de Dash do outro lado da porta.

— O que aconteceu? — Dylan questiona.

— Ele chegou com uma garrafa de vodka falando algo sobre fazer merda com Nicky. — Dash explica.

Será que eles não perceberam que eu poderia escutar?

— Melhor deixar Don em paz por hoje, amanhã conversamos com ele. E também precisamos descansar, estaremos indo para Nova York no final de semana. — Davi decretou.

Sai da frente da janela me jogando na cama, destravo meu celular vendo duas mensagens de Nicky.

“Desculpe, eu devia ter parado.”

“Don, me perdoa”

Merda, ela achava que a culpa era dela? Merda, Dominic. Você só faz merda!


CAPÍTULO 4

Nicky


É desta vez, eu sei
e n ã o h á d ú vidas em minha mente.
At é que minha vida se acabe
Garota, vou te amar pra sempre

— D’FIVE

Aceno para Alana que limpava o balcão do bar.

Ela se aproxima jogando o pano no ombro. Alana tinha se tornado uma grande amiga, além de tomar conta do bar quando eu precisava sair.

— Bom dia Nicky, você está com uma cara péssima.

— Tem café?

Ela riu indo buscar a garrafa térmica. — Passou do ponto ontem com o cliente bonitão?

Ah, se ela soubesse!

Dou de ombro tomando um longo gole do café. O som estava alto tocando “Moves Like Jagger” e Alana balançava o quadril no ritmo da música.

— Acho que você teve uma excelente noite. — Comento rindo dela dançando em plena oito horas da manhã.

— Adivinha quem está na cidade? Ah, lógico que você já deve saber.

— Não, quem? — Pergunto me fazendo de desentendida.

— D’Five, cara eu sou louca pelo Drake, apesar que o Dylan não é de se jogar fora.

— Eu preferia o Dylan — Comento. — Drake é um canalha.

As imagens da comemoração que a banda fez no bar vieram em minha mente, Drake era como jogar um quilo de milho para o alto, eu tinha certeza que ele tinha um código de barras gravado na pele. Os blogs e revistas de fofoca adoravam falar sobre sua canalhice e mostrar sua bunda ou como a calça de couro que ele usava nos shows deixava suas partes em total evidência.

— Astros do rock, você não esperava que eles fossem santos, isso que os torna ainda mais sexy.

— Mudando de assunto, como foi ontem? Tudo ocorreu bem?

— Não, não! A D’Five irá fazer um show em Nova York, você bem que podia conseguir um convite com seu amigo Don. Eu assumo o bar por três fins de semana. — Barganha.

— Nova York?

— Por favorzinho. Cara, eu daria tudo para visita-los no camarim.

— Eu sei bem o que você pensa em dar. — Comento fazendo Alana rir.

— Bobinha, isso também. A vida é curta e quando eu morrer a terra que vai comer mesmo. — Diz piscando.

— Que horror, Alana.

— Que foi?

— Pelo visto, você e Drake têm muito em comum.

Ela gargalha.

— Vou ver o que consigo fazer.

O sino da porta nos fez interromper as risadas, olhando para o visitante. Ryan.

— Gatinha. — Diz com um amplo sorriso.

— Ry, bom dia. Você não devia estar no trabalho?

— Sim, mas como seu bar fica no caminho decidi dar uma passada.

— Eu vou deixar vocês a sós. Não se esqueça de pedir os convites. — Alana lembrou, sumindo do outro lado do bar.

— Convites?

— Alana quer ir à Nova York, show do D’Five.

— Cara, eu sou muito fã deles.

Eu queria mesmo é revirar os olhos, justo hoje que eu não queria falar sobre eles, todos em minha volta tinham decido que seria o assunto principal.

— Espera aí, você é amiga do D’Five? — Perguntou incrédulo.

— Sim.

— Uau! Quem sabe eu possa acompanhar vocês no show, acho que os ingressos já devem estar esgotados, mas posso tentar conseguir.

— Relaxa, eu vou falar com Dash.

— Dash Tunner? Gata, você está realizando um sonho, quero muito conhecer esses caras.

— Claro. Você pode vir com a gente.

Pronto tudo que eu queria.

Quando Ryan tinha ido embora e Alana foi para sua aula de spinning eu verifiquei meu celular, Don tinha lido as mensagens, mas não respondeu o que fez meu coração pesar no peito.

Procuro nos contatos o telefone do Dash.

— Pequena Nicky!

— Oi, Dash.

Sentia minha garganta se fechando, minha língua coçando para perguntar sobre Dominic, mas fui o mais breve possível.

— Claro que arrumo uns convites, pequena. Quantas amigas gostosas virão com você?

— Apenas três convites.

— Vou enviar por e-mail assim como a autorização para você retirar a credencial da área VIP.

— Obrigada Dash! Nos vemos em breve.

— Com certeza, pequena. Vocês vão precisar das passagens também? Acredito que Don me mataria se eu não ajeitasse isso.

— Não, já temos como ir. Dash?

— Manda!

— Não fala nada para o Don, acho que ele não quer me ver ultimamente.

Dash soltou uma gargalhada do outro lado da linha. — Pequena, acredito que você esteja errada, mas vou guardar seu segredinho.

— Obrigada Dash, até mais.

Respiro fundo olhando para o nada, eu não sabia se ainda estava pronta para dar de cara com Don. O e-mail de Dash chega em poucos minutos, os três convites e mais as credenciais para ficarmos na área VIP.

Alana com certeza surtaria.


Durante três dias encarei o silêncio de Don. As notificações do Google informavam cada passo da banda, eu tinha assistido a entrevista para o The Late Show, assim como suspirei com cada sorriso e passada de mão no cabelo que Dominic fazia. E quando o apresentador perguntou se algum deles estava apaixonado, todos riram e olharam para Don, que ficou vermelho e disse que para cantar um bom rock ele sempre estaria apaixonado pela melodia que saia de sua guitarra.

Foram oito horas aguentando dois fãs neuróticos falando tudo e mais um pouco dos garotos. Ryan tinha sentado ao lado de Alana e ambos entraram numa disputa sobre “quem conhecia melhor a D’FIVE”.

O show estava marcado para às vinte horas no sábado. Iríamos assistir ao show, descansar e voltar no domingo mesmo. Eu não poderia ficar com o bar fechado por muitos dias e tirando Alana e Don, não tinha ninguém de confiança para tomar conta dele.

A entrada do Brooklyn Steel tinha uma fila quilométrica, como Dash me informou no e-mail era só apresentar as credenciais que tínhamos trocado mais cedo para entrarmos.

— Uau! Ainda não acredito que estou aqui.

— Pois pode acreditar. Isso está lotado. — Digo mostrando as credenciais para o segurança do tamanho de um gorila na porta.

— Podem entrar. Bom, show.

Ryan me dá um selinho quando passei a sua credencial, me deixando sem jeito.

— Dash disse que tem uma área VIP reservada para nós.

Os camarotes superiores já estavam cheios assim como a pista estava ficando, Peter o chefe da segurança da banda, assim que me vê passando pelo bar montado na lateral da pista faz sinal para que o seguíssemos.

Ele nos deixa dentro da área VIP, estávamos praticamente colados ao palco. Algumas fãs ao nosso lado já gritavam empolgadas esperando a hora que os garotos entrariam no palco.

O apresentador surge no meio do palco depois de meia hora que estávamos dentro da casa, recebendo gritos e mais gritos da multidão. Fazia muito tempo que não ia em um show da D’Five, com o sucesso que meu bar fazia eu tinha uma vida corrida. Mesmo sabendo do sucesso que eles estavam fazendo eu nunca senti na pele o que era estar ali, com as fãs gritando ensandecidas, a multidão clamando por eles.

Era sensacional.

— Vocês querem a D’Five? — Grita o apresentador fazendo a plateia enlouquecer mais ainda.

— Que tal o Dash? — Pergunta sendo recebido por mais gritos histéricos.

— Dylan ou Drake?

Algumas meninas perto de nós gritando e pulando, assim como Alana.

— Que tal poder tocar com Don?

As fãs enlouqueceram, eu já tinha visto que nos shows os meninos sempre se revezavam com uma fã no palco. O que levava o resto das fãs ao choro e pedidos de “olha para mim” e “casa comigo”. Era engraçado. Menos quando eu estava ali, perto deles e poderia ver Don deixar uma fã maluca ao passar a mão por seu corpo.

— Gatinha, vou pegar uma bebida para nós. Alguma preferência?

— Uma água.

Ryan sorri, beijando brevemente minha boca e sai no meio da multidão em direção ao bar.

— Que foi? Ele é apenas um rostinho bonito? — Alana pergunta gritando perto do meu ouvido.

— Ele é legal.

— Mas não é quem você realmente quer. — Diz olhando em meus olhos.

Abro a boca para responder duas vezes, mas nas duas torno a fechar, preferindo o silêncio.

— Brooklyn Steel, se preparem... Aí vem eles! — Grita o apresentador.

O palco se apaga por completo, um foco de luz ilumina o fundo do palco, a fumaça subia e a plateia gritava.

— D’FIVE! – Gritou o apresentador.

Eu iria sair surda dali. Era unânime, a multidão gritava pelos garotos, chamando e assobiando. Eu podia sentir a energia tocar minha pele. As luzes do palco piscavam todas juntas, um de cada vez eles foram surgindo no palco: Dash ajeitando a guitarra, Dylan tocando a bateria, Davi no vocal com Drake no contrabaixo e então surge Don tocando seu solo na guitarra.

Assim que ele pisou no palco meus olhos colaram nele, nem quando Ryan entregou minha água eu desviei o olhar.

Don estava lindo, a calça preta rasgada abaixo da cintura, a jaqueta de couro surrada aberta deixando o peitoral malhado e definido à mostra.

Eu tenho a sensação que cometi alguns pecados,

cobicei um anjo e isso não é o correto a se fazer.

Vou perguntar educadamente se o diabo

precisa de uma carona, porque o anjo que

seduzi não vai sair comigo está noite.

A plateia cantava “Sin” junto com Davi a plenos pulmões.

Sinto Ryan colocando seu braço em volta de minha cintura e quanto mais eu tentava me desvencilhar, mas ele vinha para cima.

Estou perto de sua casa, eu sinto o cheiro

do meu anjo, você está saindo escondida.

Anjo você é pecado, mas desse pecado eu não

vou me livrar nunca mais.

Don se afasta indo até Dash, sussurrando algo em seu ouvido enquanto eles tocavam juntos. Meu coração para quando Dash sorri indicando onde eu estava para Dominic. Seus olhos seguiram os de Dash e enquanto ele tocava os últimos acordes de maneira frenética eu sabia que eu estava igual à mocinha da música, buscando uma fuga.

Fuja meu anjo, se você sabe o que é bom

para você fuja de minhas garras.

Porque quando eu te pegar você estará

assumindo um risco muito grande.

A plateia pulava eletrizada pela música, eu via raiva nos olhos de Don e não havia como explicar ou dar uma desculpa para o que ele estava vendo: Eu, sendo agarrada por trás por Ryan enquanto ele tomava alguns goles de sua cerveja e em alguns momentos beijava meu ombro.

Você está ao meu lado, você gosta do perigo.

Sua mão entre meus joelhos, anjo controle—se.

Perigo, perigo, pecado.

É difícil me controlar quando você está

respirando no meu ouvido.


Então venha, querida, veja o que você provocou.

Veja os problemas em que nos metemos,

meu anjo perverso.


— Boa noite, Brooklyn Steel! — Davi diz abrindo os braços para a plateia.

Dash sussurra algo para Don, logo Dylan me vê na plateia e também entende porque Dominic tinha ficado tão fora de si.

— Obrigado por estarem essa noite conosco. — Drake veio para frente do palco, evitando que as pessoas percebessem o pequeno descontrole do guitarrista, enquanto Dash e Dylan conversavam com ele no fundo do palco.

— Drake, você reparou na quantidade de mulheres lindas que temos hoje? — Davi diz se abaixando no palco para mexer com uma fã do outro lado.

— É Davi, hoje será difícil escolher apenas uma para o palco.

As fãs gritaram e pularam. A distração foi feita.

Quando Dash, Don e Dylan assumiram seus lugares eles estavam sorrindo. Mas eu via que para Don aquilo era uma máscara, ele me questionava com o olhar. Eu sentia o peso sobre mim.

— Don está estranho, né. — Alana comenta em meu ouvido fazendo com que Ryan se afastasse.

— É. — Digo sentindo um nó em minha garganta.

Don me encarou por mais um segundo, virando-se de costas indo até o canto do palco, trocando algumas palavras com Mitch, tomando um gole longo de água e voltou.

Ryan disse que iria ao bar novamente, mas acabou não retornando. Eu não me surpreenderia se ele tivesse ficado preso no meio da multidão.

O show continuou com perfeição, eles sempre foram incríveis no palco, num determinado momento uma fã subiu correndo no palco agarrando Dash, impedindo que ele continuasse tocando e quando os seguranças foram tirá-la de cima dele. Dash deu um selinho nela o que fez a plateia gritar e a banda rir de sua atitude.

Olho em volta tentando ver se avistada Ryan, mas seria impossível com a quantidade de pessoas presentes ali, estava começando a me preocupar. Pego o telefone vendo que tinha algumas ligações dele e uma mensagem.

“Um imbecil derrubou cerveja em mim e quando o segurança surgiu para ver o que estava acontecendo me viu sem a credencial. Não sei como isso aconteceu. Mas espero vocês no hotel.”

Olho para Don que sorria tocando tranquilamente. Filho da mãe, ele era o culpado.


Após uma hora de show e os meninos estarem sem a camisa, o que deu uma chuva de calcinha e sutiã no palco. Eles encerraram o cover do Bon Jovi “Blaze Of Glory”

Davi se aproximou da frente do palco, com uma calcinha pendurada na cabeça. — Só temos tempo para mais uma música, qual é o pedido de vocês?

Sem demora a maioria das fãs gritaram: — “Love in Dark”.

Dash e Drake estavam sentados no pequeno degrau onde a bateria estava no fundo do palco.

— Vocês querem “Love The Dark” ? — Todas gritam aprovando. — Ah, não sei se elas merecem. O que você acha, Don?

Don sorriu passando a língua nos lábios de forma maliciosa. E a mulherada enlouqueceu novamente. Don dá de ombros, indo para o microfone que o Davi usava. — Então eu preciso achar uma mulher adorável para vir aqui no palco.

Os integrantes da banda deixaram Don dominar o palco, ele foi até o produtor pegando uma banqueta alta colocando-a no centro do palco, ajeitou o microfone na sua altura e trocou a guitarra pelo violão.

Ele olhava para a plateia examinando suas opções e quando as mulheres já estavam no nível máximo, seu olhar parou sobre mim.

— Você morena bonita. Sobe aqui.

Que bela sacanagem, Dominic!

— Puta que pariu, amiga! Você vai ter um momento sexy com o Don. — Alana grita, rindo.

A plateia aplaudia incentivando para que eu subisse no palco, Peter aparece tirando uma das proteções da área VIP para eu saísse.

Don coloca o violão para trás e me puxa para cima pela cintura, colando nosso corpo.

— Don. — Sussurro.

Ele esboça um sorriso satisfeito. Levando-me até o microfone.

— Qual seu nome?

— Nicole. — Gaguejo.

— Você toca violão, Nicole?

Sua voz combinada com os olhares que ele me lançava são capazes de fazerem meu corpo inteiro esquentar e tremer.

— Não.

Mas isso ele sabe, cretino!

— Não tem problema, será ainda mais delicioso.

As mulheres gritaram, todas queriam estar onde eu estava. Aposto todo meu ganho do mês que elas dariam qualquer coisa para estarem ali.

Em vez de Don passar a faixa de couro pelo meu ombro ele me fez ficar entre o violão e ele. Deixando-me arrepiada ao sentir suas mãos percorrerem minha cintura, braços e segurar o violão.

Don retira meu cabelo do pescoço, liberando o acesso para ele, sinto sua respiração perto de meu ouvido e ele inalando meu perfume.

Seus dedos correm pelo instrumento, a multidão acende seus celulares ou isqueiros levantando o braço. Deixando ser a única iluminação do lugar, além da luz roxa que banhava minhas costas.

Don começa a tocar a melodia doce da música, fazendo com que eu sentisse cada acorde.

Por favor, fique onde está.

Você me corroeu com seu sorriso, com sua doçura.

Não posso mais te amar no escuro,

sempre parece que temos oceanos entre nós.

Mas tudo mudou, baby.


Seu peito vibra em meu corpo, sua voz rouca em meu ouvido, ainda mais cantando essa música. Deus!


Você me deu algo que não posso viver sem,

você sempre foi meu mundo,

agora está tão claro.

Preciso te sentir de dentro para fora,

seu nome é minha oração e seu coração meu lar.

Eu não posso, eu não posso

te amar no escuro.


Mas se não sente o mesmo,

Tire os olhos de mim para que eu possa partir.

Tem tanto espaço entre nós.

Mas se você me ama, me deixe quebrá—lo.


Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

não posso nem imagina viver sem um sorriso seu.

Eu não posso, eu não vou...


Me peça para ficar,

porque eu não vou mais amá—la no escuro.

Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

Tudo mudou, baby


Don vai tocando os últimos acordes e finaliza a canção, a plateia demora alguns segundos para explodir novamente. Ele retira o instrumento de nós, passa para Dash que dá uma piscadinha para mim.

Meus olhos colados nos de Don, meu corpo inteiro está arrepiado. Ele crava seus dedos por meu cabelo, firmando minha cabeça enquanto seus lábios descem sobre minha boca. Sua língua pede passagem, que eu permito sem lutar.

Sinto a pulsação do sangue em meus ouvidos, escuto ao fundo a plateia gritando. Agarro seu pescoço trazendo mais para mim, mal me importando que seu corpo está suado. Eu só desejo que aquele beijo se prolongue, que sua língua continue enroscada na minha.

Como se ao nos separarmos tudo voltasse ao estranhamento que sentíamos.

Don deixa uma das mãos em minha cintura, cravando os dedos em meu quadril, sinto sua ereção na calça justa e meu corpo esquenta mais. E antes que eu o impeça descola sua boca da minha.

— Nicky...

Eu estava sem ar.

— Venha comigo.

Don me puxa para fora do palco correndo pelo corredor até os camarins, ao longe eu escuto a banda se despedir do público em meio a toda a euforia anunciando que o próximo show será em Londres.


CAPÍTULO 5

Dominic

 

Por todo o caminho até meu camarim eu tive medo.

Medo que ela percebesse a loucura por trás de tudo e me deixasse, eu nunca havia ultrapassado os limites com Nicky e agora eu tinha jogados todos no lixo.

Para mim esse show seria apenas mais um, passei à tarde com os caras, relaxando, quando Dash veio sorrindo do seu quarto avisando que teria a presença de Nicky no show.

Fazia bons anos que ela não conseguia nos acompanhar em um show, mesmo eu tendo enviado diversos convites a ela. No fundo eu entendia, ela tinha uma vida corrida e seu bar sempre foi sua prioridade.

— Nicky?

— Sim, ela pediu convite para ela e duas amigas.

— Opa! Carne fresca! — Exclama Drake, que logo recebe uma olhada feia. — Que isso Don, eu disse sobre as amigas, todo mundo sabe que a Nicky é sua.

Minha.

Nicky e “minha” não eram tão usuais na mesma frase. Mas será que poderiam ser? Afinal ela estava vindo.

Confesso que estava ansioso, eu queria vê-la, mesmo sendo insano eu caçar os olhos castanhos de Nicky pela multidão que nos aguardava no palco. Porém foi exatamente que eu fiz assim que pisei no palco, enquanto tocava o solo tão conhecido e gravado em minha mente de “Sin”, eu procurava pela multidão os olhos que tanto queria ver.

Aproveitei minha performance com Dash para questioná-lo onde ele tinha colocado Nicky e suas amigas e foi uma surpresa de merda vê-la junto com uma amiga e um cara agarrado em sua cintura no meio de nossas groupies .

O sangue ferveu vendo a ousadia daquele cara.

Termino meu solo comendo Nicky com os olhos, eu sabia que ela estava com vergonha, mesmo não conseguindo ver seu rosto com perfeição por causa das luzes que dançavam pelo Brooklyn Steel. Sabia que suas bochechas estavam mais vermelhas que dois pimentões.

— Sua água.

Tomo um grande gole d’água que Mich me entrega em meio a elogios de nossa apresentação.

— Peter. Preciso de um favor. — Peço ao chefe da segurança.

— Claro, Don.

— Sabe aquele cara que está com a Nicky?

— Sim.

— Na primeira oportunidade tire-o daqui.

Eu sabia que não estava agindo da maneira racional, mas a essa altura não estava me importando com nada! A não ser em afastar aquele “elemento” da minha garota!

— Quer que façamos isso agora? — Peter já segurava seu ponto de comunicação com os outros seguranças.

— Não, nada na frente da Nicky. Ele vai sair de perto dela em alguma hora. Está bebendo como um gambá.

— Pode deixar, vou cuidar disso pessoalmente.

Como eu disse, eu não estava pensando. Só me aproveitei das oportunidades que sugiram.


— Don.

— Venha. — Respondo fechando a porta do camarim e puxando seu corpo para o meu, eu precisava sentir o gosto de seus lábios nos meus novamente.

Olho para seu corpo cobiçando cada parte dele, ela estava linda, retiro sua jaqueta de couro vendo a regata preta colada aos seus seios e em sua cintura delgada. Eu adorava quando Nicky se vestia como uma garota má, de preto da cabeça aos pés.

A saia de couro dava pouco espaço para minha imaginação devido ao comprimento. Volto meus olhos para cima segurando sua blusa e retiro pela cabeça. Prendo a respiração admirando seu corpo, a curva de seus seios no sutiã.

Cara, ela era perfeita.

— Don...

Meus dedos percorreram sua cintura, subindo pelo umbigo, passando pelo vale entre seus seios.

— Linda. Você é perfeita Nicky.

— Você tem certeza?

Eu sabia que ela não estava questionando sobre o que eu tinha dito e sim sobre o que estávamos prestes a fazer.

Desço a boca por seu pescoço, sugando sua pele, indo com meus lábios para o espaço entre seus seios, sentindo sua respiração irregular, assim como os batimentos de seu coração.

Colo seu corpo no meu nos levando para o sofá, eu queria beijar cada parte daquele corpo, queria venerar a mulher a minha frente. Queria que ela entendesse que eu amava seu sorriso, seu olhar, sua amizade e principalmente a mulher que estava exposta ali em minha frente.

Ouço uma discussão fora do camarim, mas não dou bola. Deviam ser as groupies brigando de novo sobre quem iria fazer um boquete em Dylan.

Continuo beijando Nicky, admirando seus olhos brilhantes, até que a porta se abre com violência.

Deito sobre Nicky para esconder sua nudez.

— Porra, a porta estava fechada. — Reclamo, virando o rosto para a porta.

Meu coração aperta vendo um Dash totalmente sem graça e Emily parada de braços cruzados.

— Desculpe cara, eu não sabia que estava aqui, vim brincar um pouquinho com Emily.

— Não fale merda, Dash! — Ela ruge me fazendo engolir o nó no meio da garganta. — Quem é essa vagabunda, Don?

— Emily.

— Olha querida, eu sei que pode ser emocionante ter em seu currículo uma foda de Don, mas esse daqui já é meu.

— Emily, cala boca! — Dash e eu gritamos.

Vejo o choque que Nicky teve, sinto seu corpo retesando abaixo do meu e suas mãos tentando empurrar meu peito para longe.

— Dash, tire essa maluca daqui.

Dash agarra o braço de Emily, mas ela se desvencilha.

— O que foi, Don? Vai fingir que não me conhece, depois de ontem à noite.

— Não tivemos nada ontem, Emily. Dá o fora daqui.

Nicky me pega desprevenido, jogando-me para fora do sofá, se levantando apressada, pega sua blusa do chão colocando-a novamente.

— Espera aí, eu conheço você!

— Dash!

Dash agarra a cintura de Emily novamente, tentando tirá-la do camarim, mas o estrago já estava feito, sabia só de ver os olhos marejados de Nicky.

— Que porra está acontecendo... — A voz de Dylan morre ao ver o que estava acontecendo, nem ele ou Davi que estava ao seu lado e nem mesmo Alana colada no pescoço de Dylan, precisavam dizer algo. Os caras sabiam a merda que poderia acontecer se Emily cruzasse com Nicky.

— Você é a garota do Bluber. — Emily diz rindo. — Eu sabia que não me era estranha, até deixei que Don tivesse sua cota de diversão com você naquele dia, mas se enxerga garota. Ele só queria te foder, um passatempo.

— Emily! — Meu grito fez todos ficarem em silêncio.

— Quer saber, ela está certa. Curta sua noite, Dominic.

Nicky nunca me chamou de Dominic, nem mesmo quando éramos apenas conhecidos. Vejo a tristeza se misturar com raiva dentro de seus olhos.

— Nicky! Por favor, eu não tenho nada com ela.

Me ajoelho em sua frente, suplicando para que ela me ouvisse, não me importava que mais pessoas estivessem ali, olhando-me ajoelhado e agarrado nas pernas dela.

— Me solte, Dominic.

— Não, você tem que me ouvir.

— Eu não vou ouvir nada. Não preciso de nada depois disso.

Nicky se desvencilha de mim, caminhando decidida para cima de Emily. Dash se coloca no meio do caminho impedindo que as duas se engalfinhassem.

— Faça bom proveito. — Se virou para sua amiga. — Você vem comigo?

Alana concorda soltando o pescoço de Dylan dando um selinho em seus lábios e murmurando algo que não ouvi. Saindo com Nicky.

— Nicky. — Grito para o nada.

Eu não consegui me mexer, a raiva crescia em meu peito cada vez que eu via o sorriso de satisfação de Emily. Levanto como um leão agarrando-a pelos braços, ao mesmo tempo em que Dash e Dylan tentavam me conter.

— Ouh ouh , Don controle-se. — Dash exclamava.

— Ela não vale à pena, cara. — Sentia o aperto que as mãos de Dylan faziam em meu braço esquerdo.

— Você some daqui, porque se eu cruzar com você em qualquer show. Eu juro que ninguém vai conseguir me deter.

Emily me encarava com os olhos arregalados.

— Don...

— Não me venha com essa merda, suma daqui. — Grito.

Davi puxou Emily para si tirando-a do meu camarim e fechando a porta, me fazendo desmoronar.

— Cara, que merda foi isso? — Dylan sussurra passando a mão no cabelo.

— Desculpe Don, eu não consegui deter, quando vi ela já tinha invadido seu camarim, cara.

— Já está feito, eu preciso saber onde Nicky está. Preciso me explicar, eu não posso deixar que ela pense que eu estava mentindo.

— Don, não adianta você ir atrás dela agora.

— Como não, eu preciso...

— Don, se acalme. — Dylan repreende. — Ela está nervosa e não irá escutar nada que você fale. Deixe as coisas esfriarem. A amiga dela disse que elas iriam voltar de qualquer jeito para Oregon assim que o show acabasse.

— Isso, cara. Fica frio. — Dash diz dando apoio.

— Não vou conseguir, sabendo que ela está arrasada.

— Você vai precisar. Ir atrás dela agora é apenas colocar mais lenha na fogueira. Se você quer ter uma chance de verdade para que ela te escute, deixe a poeira abaixar.

Respiro fundo concordando com eles. Eu iria esperar apenas o suficiente para que ela me escutasse e acreditasse em tudo que eu tinha para dizer.


CONTINUA

— E essa é a D’Five Band?
Viramos olhando para o cara de óculos escuros, vestido de terno que nos encarava com um copo de uísque nas mãos.
E isso porque não era nem onze horas da manhã. Uma ligeira coceira em minha nuca de preocupação dá os primeiros sinais, talvez não deveria ter deixado o fato de procurar um produtor nas mãos de Drake, pelo visto, esse cara em nossa frente tem muito haver com ele.
— O que faz vocês serem mais interessantes que as outras bandas que me procuram?
Por um momento vejo todos se entreolhando. — Você pode ter visto muitos de nós por aí. — Digo chamando atenção do produtor para mim. — Pode ter escutados dezenas de boas bandas.
— E aí, cara, tá maluco? — Drake sussurra dando um pisão em meu pé.
— Mas com certeza não o bastante, senão não estaria sentado nessa mesa conosco.
O produtor me encara, um sorrisinho no canto dos lábios.
— O que nos torna diferentes dos outros? Somos uma família, cada um do seu jeito, nunca perfeitos, mas família. — Davi diz.
— Cinco desajustados cantando para pessoas que acima de tudo amam a música. — Dash completou.
— Então acho melhor eu garantir logo esses desajustados para mim, pois quando olho para vocês sinto cheiro de dinheiro. E esse, meus rapazes é o odor que mais gosto. — O produtor faz um pequeno sinal, logo uma mulher linda e vestida de um jeito extremamente sensual entrega uma pequena pasta para ele.
— Espero que estejam com canetas, garotos. E se preparem, agora quem cuida da vida de vocês sou eu. — Disse com um largo sorriso no rosto.
Alguém está tentando arrombar minha porta.
— Puta que pariu, o que foi cara?
Drake me encara com um enorme sorriso no rosto, vejo Dash, Dylan e Davi correndo pela entrada de encontro a nós.
— O DISCO IMPLACOU! O DISCO FOI UM SUCESSO! — Drake grita.
Olho meio aturdido pela surpresa para os outros, com seus enormes sorrisos no rosto.
— É isso mesmo, maninho. Mich nos quer no próximo voo, tem uma turnê para nós!
— Puta que pariu! — Desço os pequenos degraus, pegando todos eles em um abraço de urso.
— SOMOS OS DONOS DO MUNDO! — Drake gritava.
— Nossos sonhos, senhores, acaba de começar. — Davi diz.

 

https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/D_FIVE_BAND.jpg

 

CAPÍTULO 1

Nicky


N ã o tenho paci ê ncia para joguinhos,

e seus joguinhos me enlouquecem.

Eu preciso de voc ê , é tudo

que voc ê precisa saber.

— D’FIVE

Ficar diante de mulheres seminuas não era algo que eu apreciava. Nem um pouco. Assistir outras pessoas praticamente fazendo sexo também não era minha definição de uma sexta-feira perfeita.

Encosto no canto da parede tomando minha cerveja, dando uma olhada para o espaço fazendo uma pequena nota mental que não seria tão difícil sair dali. Mas Don ficaria chateado.

Don e sua banda se tornaram astros do rock, o céu era pouco para tudo que eles estavam conquistando e ali estava a prova. Seu primeiro disco de platina, o mundo os amava, assim como as mulheres se jogavam em seus braços praticamente nuas.

A D’Five estava liderando a lista de maiores sucessos da Billboard, com uma música nova atrás da outra. Eles realmente eram lindos bad boys com suas jaquetas de couro envelhecidas e seus estilos de homens fatais que a People tanto frisava. E mesmo tendo acompanhado notícias pelas revistas e mídias, a imagem que eu tinha era de cinco amigos felizes, exatamente de quando eu os conheci. Só de olhá-los você percebe até mesmo o modo como interagem, que eles dariam a vida um pelo outro.

Meus olhos capturam Dylan, o baterista, prensar uma loira peituda na parede beijando seu pescoço. Desvio o rosto tomando o resto de minha cerveja.

Aquela festinha particular tinha tudo para sair do controle facilmente, meu coração estava pesado só de olhar a sujeira e bagunça que eles faziam pelo meu bar.

Quando Don me pediu o bar emprestado para sua comemoração eu não acreditava que seria algo civilizado, nunca. Eles eram homens, roqueiros e com uma libido difícil de controlar. Mas, Don me pagaria caro por isso.

Eu estava vendo mais peitos ali do que poderia ter visto se tivesse comprado todas as playboys da vida.

Meus olhos cruzaram com Drake, baixista da banda, sentado em um dos sofás de couro, que por sua vez sorriu erguendo a garrafa de cerveja. Não deixando que a mulher de joelhos em sua frente parasse o serviço prestado ao seu membro ou seja lá o que ela estaria fazendo com a boca perto do umbigo dele.

Reviro os olhos, mas uma vez deixando que meus olhos vagassem pelo bar. Merda! Daria um trabalhão arrumar tudo.

— Ela é tudo que você sempre quis, do tipo que você se vangloria e leva para jantar na luz do luar... — Don cantarola em meu ouvido, fazendo eu me arrepiar.

Tá. Eu tinha uma quedinha por Dominic, mas nossa amizade de anos impedia que ambos déssemos qualquer passo arriscado.

— Que surpresa não o ver com alguma piranha colada em seu saco. — Digo emburrada.

Ele solta aquela gargalhada que tanto amo, rouca e exagerada, como se fosse um velho fumante de setenta anos. Mesmo que eu saiba que Don nunca fumou, é contra cigarros e drogas e qualquer porcaria ilegal, como ele mesmo afirma.

— Está tudo bem? Sabe que não precisa ficar aqui. — Seus olhos se focam nos meus... aquela íris azul...

Sorrio, confirmando com um jeito.

— Não conte para minha melhor amiga, ela vai ficar se achando muito, okay? Eu amo que esteja aqui. — Don brinca, dando um beijo casto em meu rosto.

Oh, santa das fãs de roqueiros sexys, não esqueças de mim. — Clamo.

— Há uma grande quantidade de peitos aqui. — Digo mudando o rumo da conversa.

Ele sorri.

Mentalmente agradeço por seu hálito não feder todos os tipos de álcool igual aos outros integrantes da banda.

Don era lindo, verdade seja dita. Os cabelos pretos como sempre rebeldes, os olhos azuis transmitiam sua rebeldia de astro do rock. Ele vestia a jaqueta de couro que dei em seu vigésimo sexto aniversário, aquela que eu sabia que tinha um furo no bolso direito, mas ele não se desfazia de jeito nenhum.

— Você fez um trabalho excelente aqui.

— Pretendem ficar muito tempo? — pergunto.

— Um bom tempo, quem sabe, isso se nosso produtor deixar.

— Você não parece estar se divertindo. — Comento.

Don olha a orgia maluca que rolava em nossa frente. — Não exatamente, mas aqui com você vejo que posso. — Ele apoia a mão na parede ao meu lado, inclinando o corpo. — Investindo no karaokê? — pergunta apontando para o microfone no pequeno palco no fundo do bar.

Eu rio. — Boas risadas e altas gorjetas.

— Não deixe que Drake o veja.

— Dooonn ... — Geme uma ruiva apenas de fio dental, ela corre até ele colocando a mão em seu peitoral.

— Oi, Emily.

— Vamos, venha participar da festinhaaa .

Seguro a respiração encarando o rosto de Don.

— Estou em ótima companhia.

A tal da Emily me mede da cabeça aos pés, torcendo os lábios.

— Davi ficará feliz em fazer companhia para você. — Don aponta para o amigo.

Davi era o vocalista da banda, e também era o que mais tinha dado problemas para os meninos no início de carreira. Ele estava jogado na poltrona bebendo sua cerveja, o cigarro pendendo dos dedos com o famoso “Fuck” tatuados nos nós de sua mão. E não se surpreendeu em nada quando Emily caminha sedutoramente até ele sentando-se em seu colo, sem o menor pudor.

— Venha, vamos nos sentar em algum lugar tranquilo.

Don me puxa pela mão entrelaçando nossos dedos, o que fez um formigamento subir pelo meu braço. Merda! Ele como sempre, pula o balcão arrancando uma risada minha ao errar o espaço e sair tropeçando.

— Ei, docinho você me trapaceou.

Reviro os olhos. — Docinho é sua mãe!

As batidas altas de “How you remind me” ainda poderiam ser ouvidas dentro do escritório, mesmo com a porta fechada. Assim como o cantarolar de Don.

— Prefiro você a Chad Kroeger 1 cantando essa música.

Ele sorri se jogando no sofá de dois lugares.

— Você fala isso porque é minha amiga e fã.

Dou de ombros. — Até que você tem talento.

Esboço um sorriso sentando ao seu lado no sofá pequeno.

— Se estou aqui, é por você.

Um nó se forma em minha garganta. — Eu?

— Quem foi que gravou o primeiro vídeo da D’Five espalhou pela internet?

Sorrio. — É, fui eu. Talvez mereça um crédito e alguns milhares em minha conta. — Digo piscando.

— O céu para a menina D’Five.

Mordo o lábio inferior por um momento. De uns tempos para cá tinha se tornado difícil ficarmos sozinhos, eu sempre ficava envergonhada e Don sempre me olhava mais do que o necessário. Isso é coisa da tua cabeça! Ralho comigo mesma.

Don passa o dedo indicador pelo meu queixo virando meu rosto para ele. Fazendo-me soltar o lábio que ainda estava preso entre meus dentes. Seus olhos estavam fixos no meu, mas eu sabia que ele girava o anel de caveira no dedo.

Sabia também que não rolaria nada, diversas vezes Dominic Ward fez esse movimento, segundo ele eu ficava “bonitinha” envergonhada.

Dominic quebra nosso contato visual, pegando o violão que sempre ficava em meu escritório apoiando-o na coxa esquerda.

— Estou imaginando, esse sentimento preso dentro de mim. Estou começando a me arrepender, somente por nunca ter te contado. — Cantou.

Encosto mais no sofá admirando Don tocar o violão, eu amava essa música. Além de um excelente guitarrista, a maioria das músicas da banda eram compostas por ele e Davi.

— E agora, jogado nesse bar. Vejo que você é tudo que eu poderia pedir. Você nunca mais ficará sozinha, todos seus sorrisos serão meus e mesmo quando você chorar, eu vou estar ali... Secando suas lágrimas com meus beijos. — Don dedilhava seu violão com extrema paixão. — Então, se eu ainda não te disse nada, por favor, me abrace e me entenda por meio das palavras que canto, como um tolo apaixonado.

— Essa é uma das minhas preferidas.

Don sorri deixando o violão de lado quando termina.

— Nicky, eu preciso...

A porta do escritório se abre com violência, interrompendo o que Don iria falar.

— Sabia que iria encontra-lo aqui.

— E aí. — Don resmunga.

— Pequena Nicky, tá uma gata hoje com esse estilo roqueira.

— Obrigada pelo elogio, Dash. — Digo rindo.

Dash era o mais espirituoso dos cinco, eu ainda ria com suas piadas idiotas e seu comentário de como ele acreditava que os cinco eram anomalias, apenas por terem nomes com a letra “D” ou como ele carinhosamente chamava a banda: “Os Diotas” e pelo cosmo tê-los juntados na mesma cidade.

Dash era o que eu mais tinha contato, além do Don. Não que eu não fosse amiga dos outros, mas eu sentia que tinha mais intimidade e liberdade com eles. Dash era como aquele irmão mais velho que vem nas férias só para encher o saco, mas quando vai embora você sente falta.

— O que você quer, Dash?

— Mich quer falar com a banda.

Don se joga mais no sofá apoiando a cabeça no encosto.

— Vamos logo, ninguém quer Mich bravo por causa de sua preguiça, levanta esse saco gordo daí.

— Você vai ficar bem? — Don questiona olhando para mim.

— Sim, eu vou para casa. Já comemorei bastante com a banda.

Ele concorda, sabia que eu odiava essas orgias que alguns integrantes aprontavam, já tinha visto minha cota nos primeiros anos de turnê. — Manda uma mensagem quando chegar. Eu tomo conta do bar.

— E limpe tudo!

— Pode deixar, colocarei todos para limpar. — Don brinca dando um peteleco na orelha de Dash.

Com isso ele se levanta saindo do escritório, me deixando mais uma vez com os batimentos cardíacos descompassados.


CAPÍTULO 2

Nicky


Seu amor por mim é real?
Uma ú nica chance, um ú nico beijo.

E tudo seria revelado.

— D’FIVE


Largo minha bolsa no balcão da cozinha e tiro os sapatos de salto, antes de me jogar no sofá. O encontro com Ryan até que foi satisfatório, nada de tirar o fôlego, mas foi legal. Ryan era um cliente do bar, sempre nos víamos as sextas-feiras. Ele saia do trabalho e ficava comigo até que eu fechasse o bar e ontem ele finalmente me chamou para sair, rolou até um beijo.

Como disse, nada demais.

Sirvo um copo de suco para mim voltando para sala, na televisão passa um filme repetido, ao dar o primeiro gole em meu suco, meu celular toca.

Olho para o visor abrindo um sorriso enorme. Don.

— Oi!

— Oi, princesa. Tudo bem?

Don sempre me ligava quando estava em turnê, sempre contávamos como estava sendo nossa semana.

— Tudo bem, mas você sabe, dona de bar não tem descanso.

— O melhor bar da cidade, li o artigo que saiu no jornal. Uau! Você conseguiu, princesa.

Sorri me sentindo o máximo. — Sim! Mal acreditei quando vi a matéria. Conta, como está sendo a turnê?

— Movimentada, sabe como é: eu toco, canto e elas gritam, lingeries voam. Tudo na mesma.

Don sempre deixava de fora os detalhes das pequenas festinhas que a banda dava após cada show. Eu sabia que essas mesmas mulheres que gritavam e lançavam suas roupas íntimas para eles. Eram as que compareciam ao hotel que eles estavam hospedados.

— Quando é o último show? — Pergunto soltando um bocejo sem querer.

— Foi hoje. Mas ainda temos alguns shows para fazermos perto de casa. Você está cansada?

— Não, apenas acordei muito cedo. Estou ansiosa pelo fim de semana, Alana vai me cobrir no sábado e eu enfim vou poder ficar o dia todo sem fazer nada.

— O que anda acontecendo com os homens de Eugene, ninguém presta para alguma coisa? — Brincou.

— Eu tive um encontro.

Don fica em silêncio por um momento. — Um encontro?

— É, com Ryan. Ele é cliente do bar.

— E aí?

— Nada demais. — Digo fazendo-o rir, ele notou o tom de decepção em minha voz.

— Ele beijava bem pelo menos?

— Se contar pelo fato de ser beijada por um sapo até que sim, babão e sugador.

Don gargalha do outro lado da linha, me fazendo rir também.

— Espera um minuto, princesa. — Diz, vejo o telefone ficar mudo. Don deve ter bloqueado o som.

A campainha do meu apartamento toca no instante que ele volta rindo. — Ainda está aí?

— Sim, agora você espere na linha.

— Tá bom.

Saio do sofá levando o telefone, destravo a porta e tiro o trinco do ferrolho. Dando de cara com Don, o celular pressionado entre o ombro e o ouvido, duas caixas de pizza na mão livre e debaixo do braço uma Tequila.

— Aí meu Deus!

— Surpresa? — pergunta levantando as pizzas.

Solto uma gargalhada finalizando a ligação e deixando o celular no aparador que tem perto da porta. Deixo Don entrar e deixar as pizzas e a garrafa sobre a mesa de jantar e se virar para mim. Pulo sobre ele enlaçando minhas pernas em sua cintura e os braços em seu pescoço. É bom tê-lo de volta.

— Nossa que recepção. — Murmura em meu ouvido.

— Senti sua falta. — Confesso enrolando algumas mechas do seu cabelo entre meus dedos. — Estão maiores.

— É.

Don me dá um sorriso de lado, examinando meu rosto. Tentei não ficar olhando muito para ele, afinal não queria estragar nossa amizade de anos por minha “paixonite”. E eu precisava controlar os leves tremores que sua presença e sua voz rouca provocavam em mim. O sorriso de Don vacila e suas narinas se alargam, ficamos ali parados por um instante, apenas nos encarando.

— Podemos comer a pizza e tomar algumas doses de tequila? – Perguntou soltando minha cintura para que eu ficasse de pé novamente.

— Claro, espero que tenha trazido minha predileta. — Brinco trazendo o clima confortável de volta.

— Lógico que trouxe.

— Vou apenas trocar de roupa, você arruma as coisas? — Pergunto sumindo pelo corredor.

Assim que entro em meu quarto fecho a porta encostando-me nela, a respiração que tanto controlei saia de forma irregular agora. Tiro a calça jeans pegando meu short do pijama e uma regata, respirando fundo antes de sair do quarto.

Don já tinha arrumado as caixas de pizza sobre a mesinha de centro, assim como os copos para tequila. E estava sentado confortável em meu sofá cinza.

Sento ao seu lado colocando os pés no sofá.

— Então, o que vai ser? Netflix? CSI? Telecine? Você escolhe dessa vez.

— Que tal Shadowhunters?

O sorriso de Don se alarga. — Eu perdi a segunda temporada inteira viajando.

Nós entramos na rotina que sempre fazíamos, ele em uma das pontas do sofá e eu na outra. O notebook transpondo o programa para a televisão e nós nos entupindo de comida gordurosa e muita tequila.

Comemos metade de nossas pizzas e a certa altura a tequila seguiu pelo mesmo caminho que o nosso jantar. Don deixou nossos pratos sobre a mesa de centro puxando minhas pernas para cima de suas coxas enquanto se ajeitava vendo a série.

Controlo o formigamento e o calorzinho gostoso que reverbera pelo meu corpo com seu o toque, fico olhando para a televisão como se não tivesse percebido. Como se a cena de luta entre Valentim e Jace realmente atraíssem minha atenção, ao contrário do fato das mãos de Don estarem sobre minhas pernas.

Ajeito o corpo sobre as almofadas e olhando de relance vejo a curva perfeita do lábio superior de Don faz e me pergunto se ela seria tão macia quanto aparenta ser, se o gosto de pizza com tequila seria tão saboroso misturado com seu cheiro tão de perto.

Volto meus olhos para a TV e tomo mais um gole da tequila, sentindo a bebida descer rasgando por minha garganta. As pontas dos dedos de Dominic brincam em minha panturrilha, seu toque era tão leve que por vezes mal sentia seus dedos tocarem minha pele.

Meu corpo volta a estremecer quando as pontas dos dedos de Don sobem por minhas coxas.

— Diga para eu parar.

Viro o rosto vendo que ele me encara. E mesmo na quase penumbra de minha sala vejo seus olhos azuis sérios, isso faz meu coração bater como um louco.

Mesmo com as dúvidas dentro de mim eu não queria que ele parasse, amava Dominic, desde o momento que o vi tocando na garagem de sua casa.

Mas nossa amizade era preciosa para mim, eu estragaria tudo se confessasse meus sentimentos. Por isso não disse nada.

Minha boca estava seca e não deixava que nem um fio de voz saísse, mas por outro lado também estava totalmente sedenta para sentir os lábios dele nos meus.

Deixo que ele mergulhasse mais em meu corpo, chegando ao limite do meu short. Sua respiração estava rápida, seus olhos focados nos meus.

— Diga para eu parar, Nicky. — Repete.

Eu sabia que se pedisse para que ele afastasse, Don iria se conter e tirar suas mãos de mim. Mas não era isso que meu corpo e meu coração martelando forte em meu peito pediam.

— Eu, não posso. — Sussurro, criando coragem.

— Por quê?

— Eu...

Don subiu a mão para meu quadril, seu corpo já estava sobre mim, minhas pernas afastadas para que ele avançasse mais. Cada vez que ele falava ou me pedia para parar, ele avançava sobre mim me fazendo estremecer e os olhos azuis dele brilharem.

— Eu quero isso.

Pronto. Eu disse, confessei meu sentimento por Dominic Ward.

Don não me deu chance de falar mais nada, suas mãos agarraram com força minha cintura puxando meu corpo para o dele e sua boca tocou a minha. Aqueles lábios pelos quais eu vinha ansiando e o doce sabor de tequila misturado com o de Don, era bem melhor do que o desejo que sempre assombrava meus pensamentos mais secretos.

Agarro seus cabelos, me ancorando em seu pescoço. No mesmo momento que a língua de Don travava uma batalha deliciosa com a minha, me instigando a beijá-lo com mais paixão e desejo. Eu soube no instante que a boca dele tocou a minha que tudo iria mudar. Que seguiria um caminho diferente, onde Don era realmente o dono do meu coração.

O corpo de Don estremece, suas mãos tocavam minhas costas por dentro da regata, fazendo-a ficar enrolada sobre meu peito. Seu beijo era ardente, meu corpo estava quente e desejoso agarrando-se a qualquer parte que minhas mãos alcançassem daquele corpo. Tornando tudo até um pouco desengonçado pela nossa ânsia, pouco me importava na realidade. Seguro o cos de sua calça fazendo seu membro ereto raspar deliciosamente no meio de minhas pernas, fazendo o centro do meu corpo entrar em ebulição. Don não tirava sua boca da minha, a não ser para morder ou beijar meu pescoço, aquilo estava quente, sentia minha pele pegando fogo.

Passo minhas pernas pelas dele, forçando ainda mais seu corpo no meu, minha blusa já estava erguida a muito tempo, assim como a dele, fazendo meu peito, mesmo que por debaixo do sutiã roçar em seu abdômen, um gemido escapa de meus lábios quando Don beija a curva de meus seios e volta a me beijar. Mas então, ao tentar desabotoar sua calça sinto Don enrijecer, seu beijo vai perdendo a potência, até que é interrompido.

Seu hálito batia em meu rosto, aproximo novamente minha boca da sua sugando sua língua, fazendo-o gemer em minha boca.

Quando ele para de me beijar, vejo confusão pintar seus olhos. Don apoia a testa na minha respirando fundo para controlar a respiração.

— Isso foi errado, puta merda! — diz arfando. — Nicky, eu... Puta merda.

— Don?

Meu corpo reclamava frustrado, queria mais dele, minha pele estava a ponto de pegar fogo, eu me sentia febril e não gostei nada de sentir o calor e o formigamento me abandonarem aos poucos, assim como suas mãos.

— Caralho Nicky, isso foi errado! — Resmungou.

Don se levanta com um pulo, ficando de pé, me olhando por um instante, pega o celular e a carteira sobre a mesa de jantar e sai do meu apartamento.

A batida forte da porta vibrou por toda casa. Não me mexi. Meu coração estava se partindo. Eu tinha estragado tudo, devia ter parado quando ele pediu. Eu devia ter negado.

As pontas dos meus dedos tocaram meu lábio ainda inchado pela ferocidade do beijo. Merda!


CAPÍTULO 3

Dominic

 

As luzes giravam por todo o lugar, a fumaça flutuava pelo palco, criando todo efeito junto com os acordes que eu tocava na guitarra, produzindo a melodia que enlouquecia o público.

Dylan jogou as baquetas para o alto, girando-as nos dedos. Davi soltou o cabelo deixando que ele caísse por seu rosto e por suas costas atraindo atenção e mais alguns gritos das garotas.

Dash acrescentava o fundo proporcional para a música, junto com Drake. A luz girou mais uma vez pelo Central Rock parando sobre mim, então realmente comecei a tocar, elevando o som e me preparando para cantar a música que nos tornou quem éramos hoje.

Essa música foi feita para Nicky, mesmo que ela não soubesse. Era como eu me senti quando coloquei os olhos nela. Quando eu tocava e cantava essa música era como se estivesse sozinho, sumiam as pessoas, sumiam meus amigos de banda e imediatamente a figura de Nicky surgia sorrindo em minha frente.

Falava do meu amor, mesmo que seja apenas meu. Nicky era minha amiga. Apenas amiga. Mesmo que por mim poderíamos ser bem mais que isso.

Abro os olhos cantando como se ela pudesse me ouvir, mesmo que tivéssemos a quilômetros de distância, era como se eu não estivesse aqui cantando para uma plateia de mais de mil pessoas, nesse show especial para nossas groupies.

Era como se estivesse com ela, sentado em seu bar, escutando-a cantarolar junto comigo e sua voz me atingindo como mel derretido. Doce e suave.

Estou imaginando,

esse sentimento preso dentro de mim.

Estou começando a me arrepender,

somente por nunca ter contado.


Dash surgiu ao meu lado, encostando suas costas nas minhas, seguindo seu solo. Dando aquele frenesi na multidão. Nossa performance era muito bem ensaiada e executada para levar as fãs a loucura.

Você nunca mais ficará sozinha,

todos seus sorrisos serão meus e

mesmo quando você chorar,

eu vou estar ali...

Secando suas lágrimas com meus beijos.


Os gritos nos rodearam quando eu e Drake tocamos juntos o refrão final, levando todos ao delírio. A D’Five era conhecida nos quatro cantos do país e era isso que comemorávamos essa noite. Era como se um filme passasse por minha mente, os primeiros ensaios, as brincadeiras na garagem da casa de minha mãe ou as noites que íamos apreciar as outras bandas tocando e voltávamos travados de tão bêbados.

O que começou com um vídeo inocente enviado para o YouTube nos rendeu um sucesso imenso e nosso lugar no Billboard .

Nos juntamos no meio do palco quando o show acabou, em meios aos gritos de “Toca mais”.

— Central Rock! – Gritou Davi. — Muito obrigado por essa noite. Amamos vocês!

— D’Five! — Gritamos juntos, quando as luzes se apagaram.


Quando deixo meu camarim indo para o camarim central, já ouvia as risadas de algumas groupies enlouquecidas.

— Meninas, olha quem veio se juntar a nós.

Bato meu punho no de Drake, sendo agarrado pelo pescoço pela ruiva.

— Temos que seguir viagem. — Anuncio.

— Por que tão cedo? — Dylan reclama com duas meninas sentadas, cada uma sobre uma perna.

— Marcamos a comemoração no bar da Nicky.

— Uhul, Nicky! — Dash surge na sala ajeitando a calça com um sorriso sem vergonha, logo sai uma garota arrumando a minissaia de couro. — Alguém quer ir logo para Oregon.

— Cala boca, Dash!

— Eu só saio daqui se puder levar algumas conosco. — Declara Davi.

As meninas soltaram gritinhos animados.

— Eu posso ir Don? — Emily praticamente ronrona em meu pescoço.

— Ajeitem tudo com Mich, eu não tenho nada com isso.

No fim eles acabaram convencendo Mich e nossa produtora, como em todas às vezes que alguma da groupies nos acompanharam nas viagens. Nosso ônibus de turnê era uma zona, mas o que eu poderia esperar de cinco homens viajando juntos? Uma guerra.

— Achei meu astro do rock.

Emily era um verdadeiro pé no meu saco. Desde o show em Chicago que bebi demais na festa de comemoração que sempre fazíamos, ela grudou no meu saco. Tudo bem, ela era gostosa, uma ruiva de arrasar, peitão, bunda legal. Mas foi apenas uma transa e tenho certeza que eu mal dei tudo de mim de tão bêbado que estava.

— Estava procurando por você.

— Estou descansando.

— Pensei que iria gostar da festinha que os meninos estão fazendo lá na frente, mas podemos começar uma aqui mesmo. — Emily tirou a blusa revelando os seios sem sutiã. — Algo mais... particular.

Coço a cabeça bagunçando um pouco o cabelo.

— Emily, para.

Ela abre o botão da calça revelando a calcinha. — Deixe de besteira Don, vamos curtir. Quer que pegue algo para animá-lo?

Desvio o rosto quando ela tenta me beijar, sua boca parando em meu pescoço, me dando uma lambida sensual.

— Emily, chega. Eu disse não!

Ela se afasta olhando para mim, seus olhos se tornando raivosos. — Você é um babaca Dominic. Eu vim de Chicago por você.

Arqueio a sobrancelha, eu juro que não queria ser grosso, porém ela estava pedindo. — Não fode Emily, eu não pedi que viesse. Você sabe que não temos nada um com o outro. Você faz parte de nosso fã-clube, teve uma noite comigo. Nunca te prometi nada, deixei bem claro que estava bêbado aquele dia.

— Você é ridículo!

— Agora sou ridículo por ser sincero? Na mesma noite você fodeu com Davi, isso se não transou com os outros também.

Emily pega a blusa saindo sem coloca-la, batendo a porta com força atrás de si.

Segundos depois, uma batida na porta me faz abrir os olhos.

— Parece que alguém irritou a ruiva. — Dylan diz entrando no quarto.

— Não estou afim, ela veio forçar a barra.

Coloco o braço sobre o rosto ignorando meu amigo.

— Porque você ainda não assumiu o que sente para Nicky, cara?

Retiro o braço encarando meu amigo, ele estava tranquilo, tomava sua cerveja, a calça pendendo na cintura o que indicava que ele já tinha se “aliviado” com alguma das garotas que trouxe para o ônibus.

— Ela é uma boa pessoa. — Continuou.

— Esse é o problema cara, ela é boa demais. Em todos esses anos eu nunca permiti olhar para ela mais do que o limite de nossa amizade. Não sei o porquê eu comecei a fantasiar com ela, não foi assim nem quando vi sorrateiramente ela colocando a roupa.

— Mas as coisas mudaram. Nicky não é mais a menininha que era. Ela tá um mulherão, cara.

— Dylan. — Advirto.

Ele solta uma risada. — Pense nisso, apenas pense, mano. E tome cuidado com Emily, ela está mais para uma cobra peçonhenta.

— Vou tomar. Quem a trouxe para o ônibus?

— Davi.

— Depois vou falar com ele, quero ela longe.

Dylan tomou mais um gole de sua cerveja. — Não acho que ela dará trabalho essa noite. Os meninos estão brincando de “Body Shot”.

Sorrio balançando a cabeça, isso terminaria com metade das pessoas nuas.

— Não quer participar?

— Não, estou bem aqui.

— Beleza, cara. — Dylan diz e sai.


Ela não se afastou, não mexeu um músculo se quer quando minhas mãos começaram pequenos carinhos por sua perna. Eu tinha agido como um leão perseguindo a presa, eu me acerquei dela.

Se ela fizesse uma negativa, um movimento de recuar ao meu toque, eu pararia. Eu havia prometido a mim mesmo, ela era mais importante que o desejo seguindo por minhas veias. O problema é que agora não era apenas a confirmação que meu corpo desejava Nicky, mas meu coração.

Eu me deliciei de cada pequeno tremor que correu por seu corpo. Eu estava sedento pelos seus lábios, me sentia embriagado por sua língua.

Merda! Eu deixei isso ir longe demais, eu não passava de um babaca, mesmo ela não tendo negado, eu era uma babaca.

Tomo o último gole da vodka jogando a garrafa do outro lado, observando a paisagem de Oregon pela janela do quarto.

— O deixe em paz. — Escuto a voz de Dash do outro lado da porta.

— O que aconteceu? — Dylan questiona.

— Ele chegou com uma garrafa de vodka falando algo sobre fazer merda com Nicky. — Dash explica.

Será que eles não perceberam que eu poderia escutar?

— Melhor deixar Don em paz por hoje, amanhã conversamos com ele. E também precisamos descansar, estaremos indo para Nova York no final de semana. — Davi decretou.

Sai da frente da janela me jogando na cama, destravo meu celular vendo duas mensagens de Nicky.

“Desculpe, eu devia ter parado.”

“Don, me perdoa”

Merda, ela achava que a culpa era dela? Merda, Dominic. Você só faz merda!


CAPÍTULO 4

Nicky


É desta vez, eu sei
e n ã o h á d ú vidas em minha mente.
At é que minha vida se acabe
Garota, vou te amar pra sempre

— D’FIVE

Aceno para Alana que limpava o balcão do bar.

Ela se aproxima jogando o pano no ombro. Alana tinha se tornado uma grande amiga, além de tomar conta do bar quando eu precisava sair.

— Bom dia Nicky, você está com uma cara péssima.

— Tem café?

Ela riu indo buscar a garrafa térmica. — Passou do ponto ontem com o cliente bonitão?

Ah, se ela soubesse!

Dou de ombro tomando um longo gole do café. O som estava alto tocando “Moves Like Jagger” e Alana balançava o quadril no ritmo da música.

— Acho que você teve uma excelente noite. — Comento rindo dela dançando em plena oito horas da manhã.

— Adivinha quem está na cidade? Ah, lógico que você já deve saber.

— Não, quem? — Pergunto me fazendo de desentendida.

— D’Five, cara eu sou louca pelo Drake, apesar que o Dylan não é de se jogar fora.

— Eu preferia o Dylan — Comento. — Drake é um canalha.

As imagens da comemoração que a banda fez no bar vieram em minha mente, Drake era como jogar um quilo de milho para o alto, eu tinha certeza que ele tinha um código de barras gravado na pele. Os blogs e revistas de fofoca adoravam falar sobre sua canalhice e mostrar sua bunda ou como a calça de couro que ele usava nos shows deixava suas partes em total evidência.

— Astros do rock, você não esperava que eles fossem santos, isso que os torna ainda mais sexy.

— Mudando de assunto, como foi ontem? Tudo ocorreu bem?

— Não, não! A D’Five irá fazer um show em Nova York, você bem que podia conseguir um convite com seu amigo Don. Eu assumo o bar por três fins de semana. — Barganha.

— Nova York?

— Por favorzinho. Cara, eu daria tudo para visita-los no camarim.

— Eu sei bem o que você pensa em dar. — Comento fazendo Alana rir.

— Bobinha, isso também. A vida é curta e quando eu morrer a terra que vai comer mesmo. — Diz piscando.

— Que horror, Alana.

— Que foi?

— Pelo visto, você e Drake têm muito em comum.

Ela gargalha.

— Vou ver o que consigo fazer.

O sino da porta nos fez interromper as risadas, olhando para o visitante. Ryan.

— Gatinha. — Diz com um amplo sorriso.

— Ry, bom dia. Você não devia estar no trabalho?

— Sim, mas como seu bar fica no caminho decidi dar uma passada.

— Eu vou deixar vocês a sós. Não se esqueça de pedir os convites. — Alana lembrou, sumindo do outro lado do bar.

— Convites?

— Alana quer ir à Nova York, show do D’Five.

— Cara, eu sou muito fã deles.

Eu queria mesmo é revirar os olhos, justo hoje que eu não queria falar sobre eles, todos em minha volta tinham decido que seria o assunto principal.

— Espera aí, você é amiga do D’Five? — Perguntou incrédulo.

— Sim.

— Uau! Quem sabe eu possa acompanhar vocês no show, acho que os ingressos já devem estar esgotados, mas posso tentar conseguir.

— Relaxa, eu vou falar com Dash.

— Dash Tunner? Gata, você está realizando um sonho, quero muito conhecer esses caras.

— Claro. Você pode vir com a gente.

Pronto tudo que eu queria.

Quando Ryan tinha ido embora e Alana foi para sua aula de spinning eu verifiquei meu celular, Don tinha lido as mensagens, mas não respondeu o que fez meu coração pesar no peito.

Procuro nos contatos o telefone do Dash.

— Pequena Nicky!

— Oi, Dash.

Sentia minha garganta se fechando, minha língua coçando para perguntar sobre Dominic, mas fui o mais breve possível.

— Claro que arrumo uns convites, pequena. Quantas amigas gostosas virão com você?

— Apenas três convites.

— Vou enviar por e-mail assim como a autorização para você retirar a credencial da área VIP.

— Obrigada Dash! Nos vemos em breve.

— Com certeza, pequena. Vocês vão precisar das passagens também? Acredito que Don me mataria se eu não ajeitasse isso.

— Não, já temos como ir. Dash?

— Manda!

— Não fala nada para o Don, acho que ele não quer me ver ultimamente.

Dash soltou uma gargalhada do outro lado da linha. — Pequena, acredito que você esteja errada, mas vou guardar seu segredinho.

— Obrigada Dash, até mais.

Respiro fundo olhando para o nada, eu não sabia se ainda estava pronta para dar de cara com Don. O e-mail de Dash chega em poucos minutos, os três convites e mais as credenciais para ficarmos na área VIP.

Alana com certeza surtaria.


Durante três dias encarei o silêncio de Don. As notificações do Google informavam cada passo da banda, eu tinha assistido a entrevista para o The Late Show, assim como suspirei com cada sorriso e passada de mão no cabelo que Dominic fazia. E quando o apresentador perguntou se algum deles estava apaixonado, todos riram e olharam para Don, que ficou vermelho e disse que para cantar um bom rock ele sempre estaria apaixonado pela melodia que saia de sua guitarra.

Foram oito horas aguentando dois fãs neuróticos falando tudo e mais um pouco dos garotos. Ryan tinha sentado ao lado de Alana e ambos entraram numa disputa sobre “quem conhecia melhor a D’FIVE”.

O show estava marcado para às vinte horas no sábado. Iríamos assistir ao show, descansar e voltar no domingo mesmo. Eu não poderia ficar com o bar fechado por muitos dias e tirando Alana e Don, não tinha ninguém de confiança para tomar conta dele.

A entrada do Brooklyn Steel tinha uma fila quilométrica, como Dash me informou no e-mail era só apresentar as credenciais que tínhamos trocado mais cedo para entrarmos.

— Uau! Ainda não acredito que estou aqui.

— Pois pode acreditar. Isso está lotado. — Digo mostrando as credenciais para o segurança do tamanho de um gorila na porta.

— Podem entrar. Bom, show.

Ryan me dá um selinho quando passei a sua credencial, me deixando sem jeito.

— Dash disse que tem uma área VIP reservada para nós.

Os camarotes superiores já estavam cheios assim como a pista estava ficando, Peter o chefe da segurança da banda, assim que me vê passando pelo bar montado na lateral da pista faz sinal para que o seguíssemos.

Ele nos deixa dentro da área VIP, estávamos praticamente colados ao palco. Algumas fãs ao nosso lado já gritavam empolgadas esperando a hora que os garotos entrariam no palco.

O apresentador surge no meio do palco depois de meia hora que estávamos dentro da casa, recebendo gritos e mais gritos da multidão. Fazia muito tempo que não ia em um show da D’Five, com o sucesso que meu bar fazia eu tinha uma vida corrida. Mesmo sabendo do sucesso que eles estavam fazendo eu nunca senti na pele o que era estar ali, com as fãs gritando ensandecidas, a multidão clamando por eles.

Era sensacional.

— Vocês querem a D’Five? — Grita o apresentador fazendo a plateia enlouquecer mais ainda.

— Que tal o Dash? — Pergunta sendo recebido por mais gritos histéricos.

— Dylan ou Drake?

Algumas meninas perto de nós gritando e pulando, assim como Alana.

— Que tal poder tocar com Don?

As fãs enlouqueceram, eu já tinha visto que nos shows os meninos sempre se revezavam com uma fã no palco. O que levava o resto das fãs ao choro e pedidos de “olha para mim” e “casa comigo”. Era engraçado. Menos quando eu estava ali, perto deles e poderia ver Don deixar uma fã maluca ao passar a mão por seu corpo.

— Gatinha, vou pegar uma bebida para nós. Alguma preferência?

— Uma água.

Ryan sorri, beijando brevemente minha boca e sai no meio da multidão em direção ao bar.

— Que foi? Ele é apenas um rostinho bonito? — Alana pergunta gritando perto do meu ouvido.

— Ele é legal.

— Mas não é quem você realmente quer. — Diz olhando em meus olhos.

Abro a boca para responder duas vezes, mas nas duas torno a fechar, preferindo o silêncio.

— Brooklyn Steel, se preparem... Aí vem eles! — Grita o apresentador.

O palco se apaga por completo, um foco de luz ilumina o fundo do palco, a fumaça subia e a plateia gritava.

— D’FIVE! – Gritou o apresentador.

Eu iria sair surda dali. Era unânime, a multidão gritava pelos garotos, chamando e assobiando. Eu podia sentir a energia tocar minha pele. As luzes do palco piscavam todas juntas, um de cada vez eles foram surgindo no palco: Dash ajeitando a guitarra, Dylan tocando a bateria, Davi no vocal com Drake no contrabaixo e então surge Don tocando seu solo na guitarra.

Assim que ele pisou no palco meus olhos colaram nele, nem quando Ryan entregou minha água eu desviei o olhar.

Don estava lindo, a calça preta rasgada abaixo da cintura, a jaqueta de couro surrada aberta deixando o peitoral malhado e definido à mostra.

Eu tenho a sensação que cometi alguns pecados,

cobicei um anjo e isso não é o correto a se fazer.

Vou perguntar educadamente se o diabo

precisa de uma carona, porque o anjo que

seduzi não vai sair comigo está noite.

A plateia cantava “Sin” junto com Davi a plenos pulmões.

Sinto Ryan colocando seu braço em volta de minha cintura e quanto mais eu tentava me desvencilhar, mas ele vinha para cima.

Estou perto de sua casa, eu sinto o cheiro

do meu anjo, você está saindo escondida.

Anjo você é pecado, mas desse pecado eu não

vou me livrar nunca mais.

Don se afasta indo até Dash, sussurrando algo em seu ouvido enquanto eles tocavam juntos. Meu coração para quando Dash sorri indicando onde eu estava para Dominic. Seus olhos seguiram os de Dash e enquanto ele tocava os últimos acordes de maneira frenética eu sabia que eu estava igual à mocinha da música, buscando uma fuga.

Fuja meu anjo, se você sabe o que é bom

para você fuja de minhas garras.

Porque quando eu te pegar você estará

assumindo um risco muito grande.

A plateia pulava eletrizada pela música, eu via raiva nos olhos de Don e não havia como explicar ou dar uma desculpa para o que ele estava vendo: Eu, sendo agarrada por trás por Ryan enquanto ele tomava alguns goles de sua cerveja e em alguns momentos beijava meu ombro.

Você está ao meu lado, você gosta do perigo.

Sua mão entre meus joelhos, anjo controle—se.

Perigo, perigo, pecado.

É difícil me controlar quando você está

respirando no meu ouvido.


Então venha, querida, veja o que você provocou.

Veja os problemas em que nos metemos,

meu anjo perverso.


— Boa noite, Brooklyn Steel! — Davi diz abrindo os braços para a plateia.

Dash sussurra algo para Don, logo Dylan me vê na plateia e também entende porque Dominic tinha ficado tão fora de si.

— Obrigado por estarem essa noite conosco. — Drake veio para frente do palco, evitando que as pessoas percebessem o pequeno descontrole do guitarrista, enquanto Dash e Dylan conversavam com ele no fundo do palco.

— Drake, você reparou na quantidade de mulheres lindas que temos hoje? — Davi diz se abaixando no palco para mexer com uma fã do outro lado.

— É Davi, hoje será difícil escolher apenas uma para o palco.

As fãs gritaram e pularam. A distração foi feita.

Quando Dash, Don e Dylan assumiram seus lugares eles estavam sorrindo. Mas eu via que para Don aquilo era uma máscara, ele me questionava com o olhar. Eu sentia o peso sobre mim.

— Don está estranho, né. — Alana comenta em meu ouvido fazendo com que Ryan se afastasse.

— É. — Digo sentindo um nó em minha garganta.

Don me encarou por mais um segundo, virando-se de costas indo até o canto do palco, trocando algumas palavras com Mitch, tomando um gole longo de água e voltou.

Ryan disse que iria ao bar novamente, mas acabou não retornando. Eu não me surpreenderia se ele tivesse ficado preso no meio da multidão.

O show continuou com perfeição, eles sempre foram incríveis no palco, num determinado momento uma fã subiu correndo no palco agarrando Dash, impedindo que ele continuasse tocando e quando os seguranças foram tirá-la de cima dele. Dash deu um selinho nela o que fez a plateia gritar e a banda rir de sua atitude.

Olho em volta tentando ver se avistada Ryan, mas seria impossível com a quantidade de pessoas presentes ali, estava começando a me preocupar. Pego o telefone vendo que tinha algumas ligações dele e uma mensagem.

“Um imbecil derrubou cerveja em mim e quando o segurança surgiu para ver o que estava acontecendo me viu sem a credencial. Não sei como isso aconteceu. Mas espero vocês no hotel.”

Olho para Don que sorria tocando tranquilamente. Filho da mãe, ele era o culpado.


Após uma hora de show e os meninos estarem sem a camisa, o que deu uma chuva de calcinha e sutiã no palco. Eles encerraram o cover do Bon Jovi “Blaze Of Glory”

Davi se aproximou da frente do palco, com uma calcinha pendurada na cabeça. — Só temos tempo para mais uma música, qual é o pedido de vocês?

Sem demora a maioria das fãs gritaram: — “Love in Dark”.

Dash e Drake estavam sentados no pequeno degrau onde a bateria estava no fundo do palco.

— Vocês querem “Love The Dark” ? — Todas gritam aprovando. — Ah, não sei se elas merecem. O que você acha, Don?

Don sorriu passando a língua nos lábios de forma maliciosa. E a mulherada enlouqueceu novamente. Don dá de ombros, indo para o microfone que o Davi usava. — Então eu preciso achar uma mulher adorável para vir aqui no palco.

Os integrantes da banda deixaram Don dominar o palco, ele foi até o produtor pegando uma banqueta alta colocando-a no centro do palco, ajeitou o microfone na sua altura e trocou a guitarra pelo violão.

Ele olhava para a plateia examinando suas opções e quando as mulheres já estavam no nível máximo, seu olhar parou sobre mim.

— Você morena bonita. Sobe aqui.

Que bela sacanagem, Dominic!

— Puta que pariu, amiga! Você vai ter um momento sexy com o Don. — Alana grita, rindo.

A plateia aplaudia incentivando para que eu subisse no palco, Peter aparece tirando uma das proteções da área VIP para eu saísse.

Don coloca o violão para trás e me puxa para cima pela cintura, colando nosso corpo.

— Don. — Sussurro.

Ele esboça um sorriso satisfeito. Levando-me até o microfone.

— Qual seu nome?

— Nicole. — Gaguejo.

— Você toca violão, Nicole?

Sua voz combinada com os olhares que ele me lançava são capazes de fazerem meu corpo inteiro esquentar e tremer.

— Não.

Mas isso ele sabe, cretino!

— Não tem problema, será ainda mais delicioso.

As mulheres gritaram, todas queriam estar onde eu estava. Aposto todo meu ganho do mês que elas dariam qualquer coisa para estarem ali.

Em vez de Don passar a faixa de couro pelo meu ombro ele me fez ficar entre o violão e ele. Deixando-me arrepiada ao sentir suas mãos percorrerem minha cintura, braços e segurar o violão.

Don retira meu cabelo do pescoço, liberando o acesso para ele, sinto sua respiração perto de meu ouvido e ele inalando meu perfume.

Seus dedos correm pelo instrumento, a multidão acende seus celulares ou isqueiros levantando o braço. Deixando ser a única iluminação do lugar, além da luz roxa que banhava minhas costas.

Don começa a tocar a melodia doce da música, fazendo com que eu sentisse cada acorde.

Por favor, fique onde está.

Você me corroeu com seu sorriso, com sua doçura.

Não posso mais te amar no escuro,

sempre parece que temos oceanos entre nós.

Mas tudo mudou, baby.


Seu peito vibra em meu corpo, sua voz rouca em meu ouvido, ainda mais cantando essa música. Deus!


Você me deu algo que não posso viver sem,

você sempre foi meu mundo,

agora está tão claro.

Preciso te sentir de dentro para fora,

seu nome é minha oração e seu coração meu lar.

Eu não posso, eu não posso

te amar no escuro.


Mas se não sente o mesmo,

Tire os olhos de mim para que eu possa partir.

Tem tanto espaço entre nós.

Mas se você me ama, me deixe quebrá—lo.


Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

não posso nem imagina viver sem um sorriso seu.

Eu não posso, eu não vou...


Me peça para ficar,

porque eu não vou mais amá—la no escuro.

Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

Tudo mudou, baby


Don vai tocando os últimos acordes e finaliza a canção, a plateia demora alguns segundos para explodir novamente. Ele retira o instrumento de nós, passa para Dash que dá uma piscadinha para mim.

Meus olhos colados nos de Don, meu corpo inteiro está arrepiado. Ele crava seus dedos por meu cabelo, firmando minha cabeça enquanto seus lábios descem sobre minha boca. Sua língua pede passagem, que eu permito sem lutar.

Sinto a pulsação do sangue em meus ouvidos, escuto ao fundo a plateia gritando. Agarro seu pescoço trazendo mais para mim, mal me importando que seu corpo está suado. Eu só desejo que aquele beijo se prolongue, que sua língua continue enroscada na minha.

Como se ao nos separarmos tudo voltasse ao estranhamento que sentíamos.

Don deixa uma das mãos em minha cintura, cravando os dedos em meu quadril, sinto sua ereção na calça justa e meu corpo esquenta mais. E antes que eu o impeça descola sua boca da minha.

— Nicky...

Eu estava sem ar.

— Venha comigo.

Don me puxa para fora do palco correndo pelo corredor até os camarins, ao longe eu escuto a banda se despedir do público em meio a toda a euforia anunciando que o próximo show será em Londres.


CAPÍTULO 5

Dominic

 

Por todo o caminho até meu camarim eu tive medo.

Medo que ela percebesse a loucura por trás de tudo e me deixasse, eu nunca havia ultrapassado os limites com Nicky e agora eu tinha jogados todos no lixo.

Para mim esse show seria apenas mais um, passei à tarde com os caras, relaxando, quando Dash veio sorrindo do seu quarto avisando que teria a presença de Nicky no show.

Fazia bons anos que ela não conseguia nos acompanhar em um show, mesmo eu tendo enviado diversos convites a ela. No fundo eu entendia, ela tinha uma vida corrida e seu bar sempre foi sua prioridade.

— Nicky?

— Sim, ela pediu convite para ela e duas amigas.

— Opa! Carne fresca! — Exclama Drake, que logo recebe uma olhada feia. — Que isso Don, eu disse sobre as amigas, todo mundo sabe que a Nicky é sua.

Minha.

Nicky e “minha” não eram tão usuais na mesma frase. Mas será que poderiam ser? Afinal ela estava vindo.

Confesso que estava ansioso, eu queria vê-la, mesmo sendo insano eu caçar os olhos castanhos de Nicky pela multidão que nos aguardava no palco. Porém foi exatamente que eu fiz assim que pisei no palco, enquanto tocava o solo tão conhecido e gravado em minha mente de “Sin”, eu procurava pela multidão os olhos que tanto queria ver.

Aproveitei minha performance com Dash para questioná-lo onde ele tinha colocado Nicky e suas amigas e foi uma surpresa de merda vê-la junto com uma amiga e um cara agarrado em sua cintura no meio de nossas groupies .

O sangue ferveu vendo a ousadia daquele cara.

Termino meu solo comendo Nicky com os olhos, eu sabia que ela estava com vergonha, mesmo não conseguindo ver seu rosto com perfeição por causa das luzes que dançavam pelo Brooklyn Steel. Sabia que suas bochechas estavam mais vermelhas que dois pimentões.

— Sua água.

Tomo um grande gole d’água que Mich me entrega em meio a elogios de nossa apresentação.

— Peter. Preciso de um favor. — Peço ao chefe da segurança.

— Claro, Don.

— Sabe aquele cara que está com a Nicky?

— Sim.

— Na primeira oportunidade tire-o daqui.

Eu sabia que não estava agindo da maneira racional, mas a essa altura não estava me importando com nada! A não ser em afastar aquele “elemento” da minha garota!

— Quer que façamos isso agora? — Peter já segurava seu ponto de comunicação com os outros seguranças.

— Não, nada na frente da Nicky. Ele vai sair de perto dela em alguma hora. Está bebendo como um gambá.

— Pode deixar, vou cuidar disso pessoalmente.

Como eu disse, eu não estava pensando. Só me aproveitei das oportunidades que sugiram.


— Don.

— Venha. — Respondo fechando a porta do camarim e puxando seu corpo para o meu, eu precisava sentir o gosto de seus lábios nos meus novamente.

Olho para seu corpo cobiçando cada parte dele, ela estava linda, retiro sua jaqueta de couro vendo a regata preta colada aos seus seios e em sua cintura delgada. Eu adorava quando Nicky se vestia como uma garota má, de preto da cabeça aos pés.

A saia de couro dava pouco espaço para minha imaginação devido ao comprimento. Volto meus olhos para cima segurando sua blusa e retiro pela cabeça. Prendo a respiração admirando seu corpo, a curva de seus seios no sutiã.

Cara, ela era perfeita.

— Don...

Meus dedos percorreram sua cintura, subindo pelo umbigo, passando pelo vale entre seus seios.

— Linda. Você é perfeita Nicky.

— Você tem certeza?

Eu sabia que ela não estava questionando sobre o que eu tinha dito e sim sobre o que estávamos prestes a fazer.

Desço a boca por seu pescoço, sugando sua pele, indo com meus lábios para o espaço entre seus seios, sentindo sua respiração irregular, assim como os batimentos de seu coração.

Colo seu corpo no meu nos levando para o sofá, eu queria beijar cada parte daquele corpo, queria venerar a mulher a minha frente. Queria que ela entendesse que eu amava seu sorriso, seu olhar, sua amizade e principalmente a mulher que estava exposta ali em minha frente.

Ouço uma discussão fora do camarim, mas não dou bola. Deviam ser as groupies brigando de novo sobre quem iria fazer um boquete em Dylan.

Continuo beijando Nicky, admirando seus olhos brilhantes, até que a porta se abre com violência.

Deito sobre Nicky para esconder sua nudez.

— Porra, a porta estava fechada. — Reclamo, virando o rosto para a porta.

Meu coração aperta vendo um Dash totalmente sem graça e Emily parada de braços cruzados.

— Desculpe cara, eu não sabia que estava aqui, vim brincar um pouquinho com Emily.

— Não fale merda, Dash! — Ela ruge me fazendo engolir o nó no meio da garganta. — Quem é essa vagabunda, Don?

— Emily.

— Olha querida, eu sei que pode ser emocionante ter em seu currículo uma foda de Don, mas esse daqui já é meu.

— Emily, cala boca! — Dash e eu gritamos.

Vejo o choque que Nicky teve, sinto seu corpo retesando abaixo do meu e suas mãos tentando empurrar meu peito para longe.

— Dash, tire essa maluca daqui.

Dash agarra o braço de Emily, mas ela se desvencilha.

— O que foi, Don? Vai fingir que não me conhece, depois de ontem à noite.

— Não tivemos nada ontem, Emily. Dá o fora daqui.

Nicky me pega desprevenido, jogando-me para fora do sofá, se levantando apressada, pega sua blusa do chão colocando-a novamente.

— Espera aí, eu conheço você!

— Dash!

Dash agarra a cintura de Emily novamente, tentando tirá-la do camarim, mas o estrago já estava feito, sabia só de ver os olhos marejados de Nicky.

— Que porra está acontecendo... — A voz de Dylan morre ao ver o que estava acontecendo, nem ele ou Davi que estava ao seu lado e nem mesmo Alana colada no pescoço de Dylan, precisavam dizer algo. Os caras sabiam a merda que poderia acontecer se Emily cruzasse com Nicky.

— Você é a garota do Bluber. — Emily diz rindo. — Eu sabia que não me era estranha, até deixei que Don tivesse sua cota de diversão com você naquele dia, mas se enxerga garota. Ele só queria te foder, um passatempo.

— Emily! — Meu grito fez todos ficarem em silêncio.

— Quer saber, ela está certa. Curta sua noite, Dominic.

Nicky nunca me chamou de Dominic, nem mesmo quando éramos apenas conhecidos. Vejo a tristeza se misturar com raiva dentro de seus olhos.

— Nicky! Por favor, eu não tenho nada com ela.

Me ajoelho em sua frente, suplicando para que ela me ouvisse, não me importava que mais pessoas estivessem ali, olhando-me ajoelhado e agarrado nas pernas dela.

— Me solte, Dominic.

— Não, você tem que me ouvir.

— Eu não vou ouvir nada. Não preciso de nada depois disso.

Nicky se desvencilha de mim, caminhando decidida para cima de Emily. Dash se coloca no meio do caminho impedindo que as duas se engalfinhassem.

— Faça bom proveito. — Se virou para sua amiga. — Você vem comigo?

Alana concorda soltando o pescoço de Dylan dando um selinho em seus lábios e murmurando algo que não ouvi. Saindo com Nicky.

— Nicky. — Grito para o nada.

Eu não consegui me mexer, a raiva crescia em meu peito cada vez que eu via o sorriso de satisfação de Emily. Levanto como um leão agarrando-a pelos braços, ao mesmo tempo em que Dash e Dylan tentavam me conter.

— Ouh ouh , Don controle-se. — Dash exclamava.

— Ela não vale à pena, cara. — Sentia o aperto que as mãos de Dylan faziam em meu braço esquerdo.

— Você some daqui, porque se eu cruzar com você em qualquer show. Eu juro que ninguém vai conseguir me deter.

Emily me encarava com os olhos arregalados.

— Don...

— Não me venha com essa merda, suma daqui. — Grito.

Davi puxou Emily para si tirando-a do meu camarim e fechando a porta, me fazendo desmoronar.

— Cara, que merda foi isso? — Dylan sussurra passando a mão no cabelo.

— Desculpe Don, eu não consegui deter, quando vi ela já tinha invadido seu camarim, cara.

— Já está feito, eu preciso saber onde Nicky está. Preciso me explicar, eu não posso deixar que ela pense que eu estava mentindo.

— Don, não adianta você ir atrás dela agora.

— Como não, eu preciso...

— Don, se acalme. — Dylan repreende. — Ela está nervosa e não irá escutar nada que você fale. Deixe as coisas esfriarem. A amiga dela disse que elas iriam voltar de qualquer jeito para Oregon assim que o show acabasse.

— Isso, cara. Fica frio. — Dash diz dando apoio.

— Não vou conseguir, sabendo que ela está arrasada.

— Você vai precisar. Ir atrás dela agora é apenas colocar mais lenha na fogueira. Se você quer ter uma chance de verdade para que ela te escute, deixe a poeira abaixar.

Respiro fundo concordando com eles. Eu iria esperar apenas o suficiente para que ela me escutasse e acreditasse em tudo que eu tinha para dizer.


CONTINUA

— E essa é a D’Five Band?
Viramos olhando para o cara de óculos escuros, vestido de terno que nos encarava com um copo de uísque nas mãos.
E isso porque não era nem onze horas da manhã. Uma ligeira coceira em minha nuca de preocupação dá os primeiros sinais, talvez não deveria ter deixado o fato de procurar um produtor nas mãos de Drake, pelo visto, esse cara em nossa frente tem muito haver com ele.
— O que faz vocês serem mais interessantes que as outras bandas que me procuram?
Por um momento vejo todos se entreolhando. — Você pode ter visto muitos de nós por aí. — Digo chamando atenção do produtor para mim. — Pode ter escutados dezenas de boas bandas.
— E aí, cara, tá maluco? — Drake sussurra dando um pisão em meu pé.
— Mas com certeza não o bastante, senão não estaria sentado nessa mesa conosco.
O produtor me encara, um sorrisinho no canto dos lábios.
— O que nos torna diferentes dos outros? Somos uma família, cada um do seu jeito, nunca perfeitos, mas família. — Davi diz.
— Cinco desajustados cantando para pessoas que acima de tudo amam a música. — Dash completou.
— Então acho melhor eu garantir logo esses desajustados para mim, pois quando olho para vocês sinto cheiro de dinheiro. E esse, meus rapazes é o odor que mais gosto. — O produtor faz um pequeno sinal, logo uma mulher linda e vestida de um jeito extremamente sensual entrega uma pequena pasta para ele.
— Espero que estejam com canetas, garotos. E se preparem, agora quem cuida da vida de vocês sou eu. — Disse com um largo sorriso no rosto.
Alguém está tentando arrombar minha porta.
— Puta que pariu, o que foi cara?
Drake me encara com um enorme sorriso no rosto, vejo Dash, Dylan e Davi correndo pela entrada de encontro a nós.
— O DISCO IMPLACOU! O DISCO FOI UM SUCESSO! — Drake grita.
Olho meio aturdido pela surpresa para os outros, com seus enormes sorrisos no rosto.
— É isso mesmo, maninho. Mich nos quer no próximo voo, tem uma turnê para nós!
— Puta que pariu! — Desço os pequenos degraus, pegando todos eles em um abraço de urso.
— SOMOS OS DONOS DO MUNDO! — Drake gritava.
— Nossos sonhos, senhores, acaba de começar. — Davi diz.

 

https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/D_FIVE_BAND.jpg

 

CAPÍTULO 1

Nicky


N ã o tenho paci ê ncia para joguinhos,

e seus joguinhos me enlouquecem.

Eu preciso de voc ê , é tudo

que voc ê precisa saber.

— D’FIVE

Ficar diante de mulheres seminuas não era algo que eu apreciava. Nem um pouco. Assistir outras pessoas praticamente fazendo sexo também não era minha definição de uma sexta-feira perfeita.

Encosto no canto da parede tomando minha cerveja, dando uma olhada para o espaço fazendo uma pequena nota mental que não seria tão difícil sair dali. Mas Don ficaria chateado.

Don e sua banda se tornaram astros do rock, o céu era pouco para tudo que eles estavam conquistando e ali estava a prova. Seu primeiro disco de platina, o mundo os amava, assim como as mulheres se jogavam em seus braços praticamente nuas.

A D’Five estava liderando a lista de maiores sucessos da Billboard, com uma música nova atrás da outra. Eles realmente eram lindos bad boys com suas jaquetas de couro envelhecidas e seus estilos de homens fatais que a People tanto frisava. E mesmo tendo acompanhado notícias pelas revistas e mídias, a imagem que eu tinha era de cinco amigos felizes, exatamente de quando eu os conheci. Só de olhá-los você percebe até mesmo o modo como interagem, que eles dariam a vida um pelo outro.

Meus olhos capturam Dylan, o baterista, prensar uma loira peituda na parede beijando seu pescoço. Desvio o rosto tomando o resto de minha cerveja.

Aquela festinha particular tinha tudo para sair do controle facilmente, meu coração estava pesado só de olhar a sujeira e bagunça que eles faziam pelo meu bar.

Quando Don me pediu o bar emprestado para sua comemoração eu não acreditava que seria algo civilizado, nunca. Eles eram homens, roqueiros e com uma libido difícil de controlar. Mas, Don me pagaria caro por isso.

Eu estava vendo mais peitos ali do que poderia ter visto se tivesse comprado todas as playboys da vida.

Meus olhos cruzaram com Drake, baixista da banda, sentado em um dos sofás de couro, que por sua vez sorriu erguendo a garrafa de cerveja. Não deixando que a mulher de joelhos em sua frente parasse o serviço prestado ao seu membro ou seja lá o que ela estaria fazendo com a boca perto do umbigo dele.

Reviro os olhos, mas uma vez deixando que meus olhos vagassem pelo bar. Merda! Daria um trabalhão arrumar tudo.

— Ela é tudo que você sempre quis, do tipo que você se vangloria e leva para jantar na luz do luar... — Don cantarola em meu ouvido, fazendo eu me arrepiar.

Tá. Eu tinha uma quedinha por Dominic, mas nossa amizade de anos impedia que ambos déssemos qualquer passo arriscado.

— Que surpresa não o ver com alguma piranha colada em seu saco. — Digo emburrada.

Ele solta aquela gargalhada que tanto amo, rouca e exagerada, como se fosse um velho fumante de setenta anos. Mesmo que eu saiba que Don nunca fumou, é contra cigarros e drogas e qualquer porcaria ilegal, como ele mesmo afirma.

— Está tudo bem? Sabe que não precisa ficar aqui. — Seus olhos se focam nos meus... aquela íris azul...

Sorrio, confirmando com um jeito.

— Não conte para minha melhor amiga, ela vai ficar se achando muito, okay? Eu amo que esteja aqui. — Don brinca, dando um beijo casto em meu rosto.

Oh, santa das fãs de roqueiros sexys, não esqueças de mim. — Clamo.

— Há uma grande quantidade de peitos aqui. — Digo mudando o rumo da conversa.

Ele sorri.

Mentalmente agradeço por seu hálito não feder todos os tipos de álcool igual aos outros integrantes da banda.

Don era lindo, verdade seja dita. Os cabelos pretos como sempre rebeldes, os olhos azuis transmitiam sua rebeldia de astro do rock. Ele vestia a jaqueta de couro que dei em seu vigésimo sexto aniversário, aquela que eu sabia que tinha um furo no bolso direito, mas ele não se desfazia de jeito nenhum.

— Você fez um trabalho excelente aqui.

— Pretendem ficar muito tempo? — pergunto.

— Um bom tempo, quem sabe, isso se nosso produtor deixar.

— Você não parece estar se divertindo. — Comento.

Don olha a orgia maluca que rolava em nossa frente. — Não exatamente, mas aqui com você vejo que posso. — Ele apoia a mão na parede ao meu lado, inclinando o corpo. — Investindo no karaokê? — pergunta apontando para o microfone no pequeno palco no fundo do bar.

Eu rio. — Boas risadas e altas gorjetas.

— Não deixe que Drake o veja.

— Dooonn ... — Geme uma ruiva apenas de fio dental, ela corre até ele colocando a mão em seu peitoral.

— Oi, Emily.

— Vamos, venha participar da festinhaaa .

Seguro a respiração encarando o rosto de Don.

— Estou em ótima companhia.

A tal da Emily me mede da cabeça aos pés, torcendo os lábios.

— Davi ficará feliz em fazer companhia para você. — Don aponta para o amigo.

Davi era o vocalista da banda, e também era o que mais tinha dado problemas para os meninos no início de carreira. Ele estava jogado na poltrona bebendo sua cerveja, o cigarro pendendo dos dedos com o famoso “Fuck” tatuados nos nós de sua mão. E não se surpreendeu em nada quando Emily caminha sedutoramente até ele sentando-se em seu colo, sem o menor pudor.

— Venha, vamos nos sentar em algum lugar tranquilo.

Don me puxa pela mão entrelaçando nossos dedos, o que fez um formigamento subir pelo meu braço. Merda! Ele como sempre, pula o balcão arrancando uma risada minha ao errar o espaço e sair tropeçando.

— Ei, docinho você me trapaceou.

Reviro os olhos. — Docinho é sua mãe!

As batidas altas de “How you remind me” ainda poderiam ser ouvidas dentro do escritório, mesmo com a porta fechada. Assim como o cantarolar de Don.

— Prefiro você a Chad Kroeger 1 cantando essa música.

Ele sorri se jogando no sofá de dois lugares.

— Você fala isso porque é minha amiga e fã.

Dou de ombros. — Até que você tem talento.

Esboço um sorriso sentando ao seu lado no sofá pequeno.

— Se estou aqui, é por você.

Um nó se forma em minha garganta. — Eu?

— Quem foi que gravou o primeiro vídeo da D’Five espalhou pela internet?

Sorrio. — É, fui eu. Talvez mereça um crédito e alguns milhares em minha conta. — Digo piscando.

— O céu para a menina D’Five.

Mordo o lábio inferior por um momento. De uns tempos para cá tinha se tornado difícil ficarmos sozinhos, eu sempre ficava envergonhada e Don sempre me olhava mais do que o necessário. Isso é coisa da tua cabeça! Ralho comigo mesma.

Don passa o dedo indicador pelo meu queixo virando meu rosto para ele. Fazendo-me soltar o lábio que ainda estava preso entre meus dentes. Seus olhos estavam fixos no meu, mas eu sabia que ele girava o anel de caveira no dedo.

Sabia também que não rolaria nada, diversas vezes Dominic Ward fez esse movimento, segundo ele eu ficava “bonitinha” envergonhada.

Dominic quebra nosso contato visual, pegando o violão que sempre ficava em meu escritório apoiando-o na coxa esquerda.

— Estou imaginando, esse sentimento preso dentro de mim. Estou começando a me arrepender, somente por nunca ter te contado. — Cantou.

Encosto mais no sofá admirando Don tocar o violão, eu amava essa música. Além de um excelente guitarrista, a maioria das músicas da banda eram compostas por ele e Davi.

— E agora, jogado nesse bar. Vejo que você é tudo que eu poderia pedir. Você nunca mais ficará sozinha, todos seus sorrisos serão meus e mesmo quando você chorar, eu vou estar ali... Secando suas lágrimas com meus beijos. — Don dedilhava seu violão com extrema paixão. — Então, se eu ainda não te disse nada, por favor, me abrace e me entenda por meio das palavras que canto, como um tolo apaixonado.

— Essa é uma das minhas preferidas.

Don sorri deixando o violão de lado quando termina.

— Nicky, eu preciso...

A porta do escritório se abre com violência, interrompendo o que Don iria falar.

— Sabia que iria encontra-lo aqui.

— E aí. — Don resmunga.

— Pequena Nicky, tá uma gata hoje com esse estilo roqueira.

— Obrigada pelo elogio, Dash. — Digo rindo.

Dash era o mais espirituoso dos cinco, eu ainda ria com suas piadas idiotas e seu comentário de como ele acreditava que os cinco eram anomalias, apenas por terem nomes com a letra “D” ou como ele carinhosamente chamava a banda: “Os Diotas” e pelo cosmo tê-los juntados na mesma cidade.

Dash era o que eu mais tinha contato, além do Don. Não que eu não fosse amiga dos outros, mas eu sentia que tinha mais intimidade e liberdade com eles. Dash era como aquele irmão mais velho que vem nas férias só para encher o saco, mas quando vai embora você sente falta.

— O que você quer, Dash?

— Mich quer falar com a banda.

Don se joga mais no sofá apoiando a cabeça no encosto.

— Vamos logo, ninguém quer Mich bravo por causa de sua preguiça, levanta esse saco gordo daí.

— Você vai ficar bem? — Don questiona olhando para mim.

— Sim, eu vou para casa. Já comemorei bastante com a banda.

Ele concorda, sabia que eu odiava essas orgias que alguns integrantes aprontavam, já tinha visto minha cota nos primeiros anos de turnê. — Manda uma mensagem quando chegar. Eu tomo conta do bar.

— E limpe tudo!

— Pode deixar, colocarei todos para limpar. — Don brinca dando um peteleco na orelha de Dash.

Com isso ele se levanta saindo do escritório, me deixando mais uma vez com os batimentos cardíacos descompassados.


CAPÍTULO 2

Nicky


Seu amor por mim é real?
Uma ú nica chance, um ú nico beijo.

E tudo seria revelado.

— D’FIVE


Largo minha bolsa no balcão da cozinha e tiro os sapatos de salto, antes de me jogar no sofá. O encontro com Ryan até que foi satisfatório, nada de tirar o fôlego, mas foi legal. Ryan era um cliente do bar, sempre nos víamos as sextas-feiras. Ele saia do trabalho e ficava comigo até que eu fechasse o bar e ontem ele finalmente me chamou para sair, rolou até um beijo.

Como disse, nada demais.

Sirvo um copo de suco para mim voltando para sala, na televisão passa um filme repetido, ao dar o primeiro gole em meu suco, meu celular toca.

Olho para o visor abrindo um sorriso enorme. Don.

— Oi!

— Oi, princesa. Tudo bem?

Don sempre me ligava quando estava em turnê, sempre contávamos como estava sendo nossa semana.

— Tudo bem, mas você sabe, dona de bar não tem descanso.

— O melhor bar da cidade, li o artigo que saiu no jornal. Uau! Você conseguiu, princesa.

Sorri me sentindo o máximo. — Sim! Mal acreditei quando vi a matéria. Conta, como está sendo a turnê?

— Movimentada, sabe como é: eu toco, canto e elas gritam, lingeries voam. Tudo na mesma.

Don sempre deixava de fora os detalhes das pequenas festinhas que a banda dava após cada show. Eu sabia que essas mesmas mulheres que gritavam e lançavam suas roupas íntimas para eles. Eram as que compareciam ao hotel que eles estavam hospedados.

— Quando é o último show? — Pergunto soltando um bocejo sem querer.

— Foi hoje. Mas ainda temos alguns shows para fazermos perto de casa. Você está cansada?

— Não, apenas acordei muito cedo. Estou ansiosa pelo fim de semana, Alana vai me cobrir no sábado e eu enfim vou poder ficar o dia todo sem fazer nada.

— O que anda acontecendo com os homens de Eugene, ninguém presta para alguma coisa? — Brincou.

— Eu tive um encontro.

Don fica em silêncio por um momento. — Um encontro?

— É, com Ryan. Ele é cliente do bar.

— E aí?

— Nada demais. — Digo fazendo-o rir, ele notou o tom de decepção em minha voz.

— Ele beijava bem pelo menos?

— Se contar pelo fato de ser beijada por um sapo até que sim, babão e sugador.

Don gargalha do outro lado da linha, me fazendo rir também.

— Espera um minuto, princesa. — Diz, vejo o telefone ficar mudo. Don deve ter bloqueado o som.

A campainha do meu apartamento toca no instante que ele volta rindo. — Ainda está aí?

— Sim, agora você espere na linha.

— Tá bom.

Saio do sofá levando o telefone, destravo a porta e tiro o trinco do ferrolho. Dando de cara com Don, o celular pressionado entre o ombro e o ouvido, duas caixas de pizza na mão livre e debaixo do braço uma Tequila.

— Aí meu Deus!

— Surpresa? — pergunta levantando as pizzas.

Solto uma gargalhada finalizando a ligação e deixando o celular no aparador que tem perto da porta. Deixo Don entrar e deixar as pizzas e a garrafa sobre a mesa de jantar e se virar para mim. Pulo sobre ele enlaçando minhas pernas em sua cintura e os braços em seu pescoço. É bom tê-lo de volta.

— Nossa que recepção. — Murmura em meu ouvido.

— Senti sua falta. — Confesso enrolando algumas mechas do seu cabelo entre meus dedos. — Estão maiores.

— É.

Don me dá um sorriso de lado, examinando meu rosto. Tentei não ficar olhando muito para ele, afinal não queria estragar nossa amizade de anos por minha “paixonite”. E eu precisava controlar os leves tremores que sua presença e sua voz rouca provocavam em mim. O sorriso de Don vacila e suas narinas se alargam, ficamos ali parados por um instante, apenas nos encarando.

— Podemos comer a pizza e tomar algumas doses de tequila? – Perguntou soltando minha cintura para que eu ficasse de pé novamente.

— Claro, espero que tenha trazido minha predileta. — Brinco trazendo o clima confortável de volta.

— Lógico que trouxe.

— Vou apenas trocar de roupa, você arruma as coisas? — Pergunto sumindo pelo corredor.

Assim que entro em meu quarto fecho a porta encostando-me nela, a respiração que tanto controlei saia de forma irregular agora. Tiro a calça jeans pegando meu short do pijama e uma regata, respirando fundo antes de sair do quarto.

Don já tinha arrumado as caixas de pizza sobre a mesinha de centro, assim como os copos para tequila. E estava sentado confortável em meu sofá cinza.

Sento ao seu lado colocando os pés no sofá.

— Então, o que vai ser? Netflix? CSI? Telecine? Você escolhe dessa vez.

— Que tal Shadowhunters?

O sorriso de Don se alarga. — Eu perdi a segunda temporada inteira viajando.

Nós entramos na rotina que sempre fazíamos, ele em uma das pontas do sofá e eu na outra. O notebook transpondo o programa para a televisão e nós nos entupindo de comida gordurosa e muita tequila.

Comemos metade de nossas pizzas e a certa altura a tequila seguiu pelo mesmo caminho que o nosso jantar. Don deixou nossos pratos sobre a mesa de centro puxando minhas pernas para cima de suas coxas enquanto se ajeitava vendo a série.

Controlo o formigamento e o calorzinho gostoso que reverbera pelo meu corpo com seu o toque, fico olhando para a televisão como se não tivesse percebido. Como se a cena de luta entre Valentim e Jace realmente atraíssem minha atenção, ao contrário do fato das mãos de Don estarem sobre minhas pernas.

Ajeito o corpo sobre as almofadas e olhando de relance vejo a curva perfeita do lábio superior de Don faz e me pergunto se ela seria tão macia quanto aparenta ser, se o gosto de pizza com tequila seria tão saboroso misturado com seu cheiro tão de perto.

Volto meus olhos para a TV e tomo mais um gole da tequila, sentindo a bebida descer rasgando por minha garganta. As pontas dos dedos de Dominic brincam em minha panturrilha, seu toque era tão leve que por vezes mal sentia seus dedos tocarem minha pele.

Meu corpo volta a estremecer quando as pontas dos dedos de Don sobem por minhas coxas.

— Diga para eu parar.

Viro o rosto vendo que ele me encara. E mesmo na quase penumbra de minha sala vejo seus olhos azuis sérios, isso faz meu coração bater como um louco.

Mesmo com as dúvidas dentro de mim eu não queria que ele parasse, amava Dominic, desde o momento que o vi tocando na garagem de sua casa.

Mas nossa amizade era preciosa para mim, eu estragaria tudo se confessasse meus sentimentos. Por isso não disse nada.

Minha boca estava seca e não deixava que nem um fio de voz saísse, mas por outro lado também estava totalmente sedenta para sentir os lábios dele nos meus.

Deixo que ele mergulhasse mais em meu corpo, chegando ao limite do meu short. Sua respiração estava rápida, seus olhos focados nos meus.

— Diga para eu parar, Nicky. — Repete.

Eu sabia que se pedisse para que ele afastasse, Don iria se conter e tirar suas mãos de mim. Mas não era isso que meu corpo e meu coração martelando forte em meu peito pediam.

— Eu, não posso. — Sussurro, criando coragem.

— Por quê?

— Eu...

Don subiu a mão para meu quadril, seu corpo já estava sobre mim, minhas pernas afastadas para que ele avançasse mais. Cada vez que ele falava ou me pedia para parar, ele avançava sobre mim me fazendo estremecer e os olhos azuis dele brilharem.

— Eu quero isso.

Pronto. Eu disse, confessei meu sentimento por Dominic Ward.

Don não me deu chance de falar mais nada, suas mãos agarraram com força minha cintura puxando meu corpo para o dele e sua boca tocou a minha. Aqueles lábios pelos quais eu vinha ansiando e o doce sabor de tequila misturado com o de Don, era bem melhor do que o desejo que sempre assombrava meus pensamentos mais secretos.

Agarro seus cabelos, me ancorando em seu pescoço. No mesmo momento que a língua de Don travava uma batalha deliciosa com a minha, me instigando a beijá-lo com mais paixão e desejo. Eu soube no instante que a boca dele tocou a minha que tudo iria mudar. Que seguiria um caminho diferente, onde Don era realmente o dono do meu coração.

O corpo de Don estremece, suas mãos tocavam minhas costas por dentro da regata, fazendo-a ficar enrolada sobre meu peito. Seu beijo era ardente, meu corpo estava quente e desejoso agarrando-se a qualquer parte que minhas mãos alcançassem daquele corpo. Tornando tudo até um pouco desengonçado pela nossa ânsia, pouco me importava na realidade. Seguro o cos de sua calça fazendo seu membro ereto raspar deliciosamente no meio de minhas pernas, fazendo o centro do meu corpo entrar em ebulição. Don não tirava sua boca da minha, a não ser para morder ou beijar meu pescoço, aquilo estava quente, sentia minha pele pegando fogo.

Passo minhas pernas pelas dele, forçando ainda mais seu corpo no meu, minha blusa já estava erguida a muito tempo, assim como a dele, fazendo meu peito, mesmo que por debaixo do sutiã roçar em seu abdômen, um gemido escapa de meus lábios quando Don beija a curva de meus seios e volta a me beijar. Mas então, ao tentar desabotoar sua calça sinto Don enrijecer, seu beijo vai perdendo a potência, até que é interrompido.

Seu hálito batia em meu rosto, aproximo novamente minha boca da sua sugando sua língua, fazendo-o gemer em minha boca.

Quando ele para de me beijar, vejo confusão pintar seus olhos. Don apoia a testa na minha respirando fundo para controlar a respiração.

— Isso foi errado, puta merda! — diz arfando. — Nicky, eu... Puta merda.

— Don?

Meu corpo reclamava frustrado, queria mais dele, minha pele estava a ponto de pegar fogo, eu me sentia febril e não gostei nada de sentir o calor e o formigamento me abandonarem aos poucos, assim como suas mãos.

— Caralho Nicky, isso foi errado! — Resmungou.

Don se levanta com um pulo, ficando de pé, me olhando por um instante, pega o celular e a carteira sobre a mesa de jantar e sai do meu apartamento.

A batida forte da porta vibrou por toda casa. Não me mexi. Meu coração estava se partindo. Eu tinha estragado tudo, devia ter parado quando ele pediu. Eu devia ter negado.

As pontas dos meus dedos tocaram meu lábio ainda inchado pela ferocidade do beijo. Merda!


CAPÍTULO 3

Dominic

 

As luzes giravam por todo o lugar, a fumaça flutuava pelo palco, criando todo efeito junto com os acordes que eu tocava na guitarra, produzindo a melodia que enlouquecia o público.

Dylan jogou as baquetas para o alto, girando-as nos dedos. Davi soltou o cabelo deixando que ele caísse por seu rosto e por suas costas atraindo atenção e mais alguns gritos das garotas.

Dash acrescentava o fundo proporcional para a música, junto com Drake. A luz girou mais uma vez pelo Central Rock parando sobre mim, então realmente comecei a tocar, elevando o som e me preparando para cantar a música que nos tornou quem éramos hoje.

Essa música foi feita para Nicky, mesmo que ela não soubesse. Era como eu me senti quando coloquei os olhos nela. Quando eu tocava e cantava essa música era como se estivesse sozinho, sumiam as pessoas, sumiam meus amigos de banda e imediatamente a figura de Nicky surgia sorrindo em minha frente.

Falava do meu amor, mesmo que seja apenas meu. Nicky era minha amiga. Apenas amiga. Mesmo que por mim poderíamos ser bem mais que isso.

Abro os olhos cantando como se ela pudesse me ouvir, mesmo que tivéssemos a quilômetros de distância, era como se eu não estivesse aqui cantando para uma plateia de mais de mil pessoas, nesse show especial para nossas groupies.

Era como se estivesse com ela, sentado em seu bar, escutando-a cantarolar junto comigo e sua voz me atingindo como mel derretido. Doce e suave.

Estou imaginando,

esse sentimento preso dentro de mim.

Estou começando a me arrepender,

somente por nunca ter contado.


Dash surgiu ao meu lado, encostando suas costas nas minhas, seguindo seu solo. Dando aquele frenesi na multidão. Nossa performance era muito bem ensaiada e executada para levar as fãs a loucura.

Você nunca mais ficará sozinha,

todos seus sorrisos serão meus e

mesmo quando você chorar,

eu vou estar ali...

Secando suas lágrimas com meus beijos.


Os gritos nos rodearam quando eu e Drake tocamos juntos o refrão final, levando todos ao delírio. A D’Five era conhecida nos quatro cantos do país e era isso que comemorávamos essa noite. Era como se um filme passasse por minha mente, os primeiros ensaios, as brincadeiras na garagem da casa de minha mãe ou as noites que íamos apreciar as outras bandas tocando e voltávamos travados de tão bêbados.

O que começou com um vídeo inocente enviado para o YouTube nos rendeu um sucesso imenso e nosso lugar no Billboard .

Nos juntamos no meio do palco quando o show acabou, em meios aos gritos de “Toca mais”.

— Central Rock! – Gritou Davi. — Muito obrigado por essa noite. Amamos vocês!

— D’Five! — Gritamos juntos, quando as luzes se apagaram.


Quando deixo meu camarim indo para o camarim central, já ouvia as risadas de algumas groupies enlouquecidas.

— Meninas, olha quem veio se juntar a nós.

Bato meu punho no de Drake, sendo agarrado pelo pescoço pela ruiva.

— Temos que seguir viagem. — Anuncio.

— Por que tão cedo? — Dylan reclama com duas meninas sentadas, cada uma sobre uma perna.

— Marcamos a comemoração no bar da Nicky.

— Uhul, Nicky! — Dash surge na sala ajeitando a calça com um sorriso sem vergonha, logo sai uma garota arrumando a minissaia de couro. — Alguém quer ir logo para Oregon.

— Cala boca, Dash!

— Eu só saio daqui se puder levar algumas conosco. — Declara Davi.

As meninas soltaram gritinhos animados.

— Eu posso ir Don? — Emily praticamente ronrona em meu pescoço.

— Ajeitem tudo com Mich, eu não tenho nada com isso.

No fim eles acabaram convencendo Mich e nossa produtora, como em todas às vezes que alguma da groupies nos acompanharam nas viagens. Nosso ônibus de turnê era uma zona, mas o que eu poderia esperar de cinco homens viajando juntos? Uma guerra.

— Achei meu astro do rock.

Emily era um verdadeiro pé no meu saco. Desde o show em Chicago que bebi demais na festa de comemoração que sempre fazíamos, ela grudou no meu saco. Tudo bem, ela era gostosa, uma ruiva de arrasar, peitão, bunda legal. Mas foi apenas uma transa e tenho certeza que eu mal dei tudo de mim de tão bêbado que estava.

— Estava procurando por você.

— Estou descansando.

— Pensei que iria gostar da festinha que os meninos estão fazendo lá na frente, mas podemos começar uma aqui mesmo. — Emily tirou a blusa revelando os seios sem sutiã. — Algo mais... particular.

Coço a cabeça bagunçando um pouco o cabelo.

— Emily, para.

Ela abre o botão da calça revelando a calcinha. — Deixe de besteira Don, vamos curtir. Quer que pegue algo para animá-lo?

Desvio o rosto quando ela tenta me beijar, sua boca parando em meu pescoço, me dando uma lambida sensual.

— Emily, chega. Eu disse não!

Ela se afasta olhando para mim, seus olhos se tornando raivosos. — Você é um babaca Dominic. Eu vim de Chicago por você.

Arqueio a sobrancelha, eu juro que não queria ser grosso, porém ela estava pedindo. — Não fode Emily, eu não pedi que viesse. Você sabe que não temos nada um com o outro. Você faz parte de nosso fã-clube, teve uma noite comigo. Nunca te prometi nada, deixei bem claro que estava bêbado aquele dia.

— Você é ridículo!

— Agora sou ridículo por ser sincero? Na mesma noite você fodeu com Davi, isso se não transou com os outros também.

Emily pega a blusa saindo sem coloca-la, batendo a porta com força atrás de si.

Segundos depois, uma batida na porta me faz abrir os olhos.

— Parece que alguém irritou a ruiva. — Dylan diz entrando no quarto.

— Não estou afim, ela veio forçar a barra.

Coloco o braço sobre o rosto ignorando meu amigo.

— Porque você ainda não assumiu o que sente para Nicky, cara?

Retiro o braço encarando meu amigo, ele estava tranquilo, tomava sua cerveja, a calça pendendo na cintura o que indicava que ele já tinha se “aliviado” com alguma das garotas que trouxe para o ônibus.

— Ela é uma boa pessoa. — Continuou.

— Esse é o problema cara, ela é boa demais. Em todos esses anos eu nunca permiti olhar para ela mais do que o limite de nossa amizade. Não sei o porquê eu comecei a fantasiar com ela, não foi assim nem quando vi sorrateiramente ela colocando a roupa.

— Mas as coisas mudaram. Nicky não é mais a menininha que era. Ela tá um mulherão, cara.

— Dylan. — Advirto.

Ele solta uma risada. — Pense nisso, apenas pense, mano. E tome cuidado com Emily, ela está mais para uma cobra peçonhenta.

— Vou tomar. Quem a trouxe para o ônibus?

— Davi.

— Depois vou falar com ele, quero ela longe.

Dylan tomou mais um gole de sua cerveja. — Não acho que ela dará trabalho essa noite. Os meninos estão brincando de “Body Shot”.

Sorrio balançando a cabeça, isso terminaria com metade das pessoas nuas.

— Não quer participar?

— Não, estou bem aqui.

— Beleza, cara. — Dylan diz e sai.


Ela não se afastou, não mexeu um músculo se quer quando minhas mãos começaram pequenos carinhos por sua perna. Eu tinha agido como um leão perseguindo a presa, eu me acerquei dela.

Se ela fizesse uma negativa, um movimento de recuar ao meu toque, eu pararia. Eu havia prometido a mim mesmo, ela era mais importante que o desejo seguindo por minhas veias. O problema é que agora não era apenas a confirmação que meu corpo desejava Nicky, mas meu coração.

Eu me deliciei de cada pequeno tremor que correu por seu corpo. Eu estava sedento pelos seus lábios, me sentia embriagado por sua língua.

Merda! Eu deixei isso ir longe demais, eu não passava de um babaca, mesmo ela não tendo negado, eu era uma babaca.

Tomo o último gole da vodka jogando a garrafa do outro lado, observando a paisagem de Oregon pela janela do quarto.

— O deixe em paz. — Escuto a voz de Dash do outro lado da porta.

— O que aconteceu? — Dylan questiona.

— Ele chegou com uma garrafa de vodka falando algo sobre fazer merda com Nicky. — Dash explica.

Será que eles não perceberam que eu poderia escutar?

— Melhor deixar Don em paz por hoje, amanhã conversamos com ele. E também precisamos descansar, estaremos indo para Nova York no final de semana. — Davi decretou.

Sai da frente da janela me jogando na cama, destravo meu celular vendo duas mensagens de Nicky.

“Desculpe, eu devia ter parado.”

“Don, me perdoa”

Merda, ela achava que a culpa era dela? Merda, Dominic. Você só faz merda!


CAPÍTULO 4

Nicky


É desta vez, eu sei
e n ã o h á d ú vidas em minha mente.
At é que minha vida se acabe
Garota, vou te amar pra sempre

— D’FIVE

Aceno para Alana que limpava o balcão do bar.

Ela se aproxima jogando o pano no ombro. Alana tinha se tornado uma grande amiga, além de tomar conta do bar quando eu precisava sair.

— Bom dia Nicky, você está com uma cara péssima.

— Tem café?

Ela riu indo buscar a garrafa térmica. — Passou do ponto ontem com o cliente bonitão?

Ah, se ela soubesse!

Dou de ombro tomando um longo gole do café. O som estava alto tocando “Moves Like Jagger” e Alana balançava o quadril no ritmo da música.

— Acho que você teve uma excelente noite. — Comento rindo dela dançando em plena oito horas da manhã.

— Adivinha quem está na cidade? Ah, lógico que você já deve saber.

— Não, quem? — Pergunto me fazendo de desentendida.

— D’Five, cara eu sou louca pelo Drake, apesar que o Dylan não é de se jogar fora.

— Eu preferia o Dylan — Comento. — Drake é um canalha.

As imagens da comemoração que a banda fez no bar vieram em minha mente, Drake era como jogar um quilo de milho para o alto, eu tinha certeza que ele tinha um código de barras gravado na pele. Os blogs e revistas de fofoca adoravam falar sobre sua canalhice e mostrar sua bunda ou como a calça de couro que ele usava nos shows deixava suas partes em total evidência.

— Astros do rock, você não esperava que eles fossem santos, isso que os torna ainda mais sexy.

— Mudando de assunto, como foi ontem? Tudo ocorreu bem?

— Não, não! A D’Five irá fazer um show em Nova York, você bem que podia conseguir um convite com seu amigo Don. Eu assumo o bar por três fins de semana. — Barganha.

— Nova York?

— Por favorzinho. Cara, eu daria tudo para visita-los no camarim.

— Eu sei bem o que você pensa em dar. — Comento fazendo Alana rir.

— Bobinha, isso também. A vida é curta e quando eu morrer a terra que vai comer mesmo. — Diz piscando.

— Que horror, Alana.

— Que foi?

— Pelo visto, você e Drake têm muito em comum.

Ela gargalha.

— Vou ver o que consigo fazer.

O sino da porta nos fez interromper as risadas, olhando para o visitante. Ryan.

— Gatinha. — Diz com um amplo sorriso.

— Ry, bom dia. Você não devia estar no trabalho?

— Sim, mas como seu bar fica no caminho decidi dar uma passada.

— Eu vou deixar vocês a sós. Não se esqueça de pedir os convites. — Alana lembrou, sumindo do outro lado do bar.

— Convites?

— Alana quer ir à Nova York, show do D’Five.

— Cara, eu sou muito fã deles.

Eu queria mesmo é revirar os olhos, justo hoje que eu não queria falar sobre eles, todos em minha volta tinham decido que seria o assunto principal.

— Espera aí, você é amiga do D’Five? — Perguntou incrédulo.

— Sim.

— Uau! Quem sabe eu possa acompanhar vocês no show, acho que os ingressos já devem estar esgotados, mas posso tentar conseguir.

— Relaxa, eu vou falar com Dash.

— Dash Tunner? Gata, você está realizando um sonho, quero muito conhecer esses caras.

— Claro. Você pode vir com a gente.

Pronto tudo que eu queria.

Quando Ryan tinha ido embora e Alana foi para sua aula de spinning eu verifiquei meu celular, Don tinha lido as mensagens, mas não respondeu o que fez meu coração pesar no peito.

Procuro nos contatos o telefone do Dash.

— Pequena Nicky!

— Oi, Dash.

Sentia minha garganta se fechando, minha língua coçando para perguntar sobre Dominic, mas fui o mais breve possível.

— Claro que arrumo uns convites, pequena. Quantas amigas gostosas virão com você?

— Apenas três convites.

— Vou enviar por e-mail assim como a autorização para você retirar a credencial da área VIP.

— Obrigada Dash! Nos vemos em breve.

— Com certeza, pequena. Vocês vão precisar das passagens também? Acredito que Don me mataria se eu não ajeitasse isso.

— Não, já temos como ir. Dash?

— Manda!

— Não fala nada para o Don, acho que ele não quer me ver ultimamente.

Dash soltou uma gargalhada do outro lado da linha. — Pequena, acredito que você esteja errada, mas vou guardar seu segredinho.

— Obrigada Dash, até mais.

Respiro fundo olhando para o nada, eu não sabia se ainda estava pronta para dar de cara com Don. O e-mail de Dash chega em poucos minutos, os três convites e mais as credenciais para ficarmos na área VIP.

Alana com certeza surtaria.


Durante três dias encarei o silêncio de Don. As notificações do Google informavam cada passo da banda, eu tinha assistido a entrevista para o The Late Show, assim como suspirei com cada sorriso e passada de mão no cabelo que Dominic fazia. E quando o apresentador perguntou se algum deles estava apaixonado, todos riram e olharam para Don, que ficou vermelho e disse que para cantar um bom rock ele sempre estaria apaixonado pela melodia que saia de sua guitarra.

Foram oito horas aguentando dois fãs neuróticos falando tudo e mais um pouco dos garotos. Ryan tinha sentado ao lado de Alana e ambos entraram numa disputa sobre “quem conhecia melhor a D’FIVE”.

O show estava marcado para às vinte horas no sábado. Iríamos assistir ao show, descansar e voltar no domingo mesmo. Eu não poderia ficar com o bar fechado por muitos dias e tirando Alana e Don, não tinha ninguém de confiança para tomar conta dele.

A entrada do Brooklyn Steel tinha uma fila quilométrica, como Dash me informou no e-mail era só apresentar as credenciais que tínhamos trocado mais cedo para entrarmos.

— Uau! Ainda não acredito que estou aqui.

— Pois pode acreditar. Isso está lotado. — Digo mostrando as credenciais para o segurança do tamanho de um gorila na porta.

— Podem entrar. Bom, show.

Ryan me dá um selinho quando passei a sua credencial, me deixando sem jeito.

— Dash disse que tem uma área VIP reservada para nós.

Os camarotes superiores já estavam cheios assim como a pista estava ficando, Peter o chefe da segurança da banda, assim que me vê passando pelo bar montado na lateral da pista faz sinal para que o seguíssemos.

Ele nos deixa dentro da área VIP, estávamos praticamente colados ao palco. Algumas fãs ao nosso lado já gritavam empolgadas esperando a hora que os garotos entrariam no palco.

O apresentador surge no meio do palco depois de meia hora que estávamos dentro da casa, recebendo gritos e mais gritos da multidão. Fazia muito tempo que não ia em um show da D’Five, com o sucesso que meu bar fazia eu tinha uma vida corrida. Mesmo sabendo do sucesso que eles estavam fazendo eu nunca senti na pele o que era estar ali, com as fãs gritando ensandecidas, a multidão clamando por eles.

Era sensacional.

— Vocês querem a D’Five? — Grita o apresentador fazendo a plateia enlouquecer mais ainda.

— Que tal o Dash? — Pergunta sendo recebido por mais gritos histéricos.

— Dylan ou Drake?

Algumas meninas perto de nós gritando e pulando, assim como Alana.

— Que tal poder tocar com Don?

As fãs enlouqueceram, eu já tinha visto que nos shows os meninos sempre se revezavam com uma fã no palco. O que levava o resto das fãs ao choro e pedidos de “olha para mim” e “casa comigo”. Era engraçado. Menos quando eu estava ali, perto deles e poderia ver Don deixar uma fã maluca ao passar a mão por seu corpo.

— Gatinha, vou pegar uma bebida para nós. Alguma preferência?

— Uma água.

Ryan sorri, beijando brevemente minha boca e sai no meio da multidão em direção ao bar.

— Que foi? Ele é apenas um rostinho bonito? — Alana pergunta gritando perto do meu ouvido.

— Ele é legal.

— Mas não é quem você realmente quer. — Diz olhando em meus olhos.

Abro a boca para responder duas vezes, mas nas duas torno a fechar, preferindo o silêncio.

— Brooklyn Steel, se preparem... Aí vem eles! — Grita o apresentador.

O palco se apaga por completo, um foco de luz ilumina o fundo do palco, a fumaça subia e a plateia gritava.

— D’FIVE! – Gritou o apresentador.

Eu iria sair surda dali. Era unânime, a multidão gritava pelos garotos, chamando e assobiando. Eu podia sentir a energia tocar minha pele. As luzes do palco piscavam todas juntas, um de cada vez eles foram surgindo no palco: Dash ajeitando a guitarra, Dylan tocando a bateria, Davi no vocal com Drake no contrabaixo e então surge Don tocando seu solo na guitarra.

Assim que ele pisou no palco meus olhos colaram nele, nem quando Ryan entregou minha água eu desviei o olhar.

Don estava lindo, a calça preta rasgada abaixo da cintura, a jaqueta de couro surrada aberta deixando o peitoral malhado e definido à mostra.

Eu tenho a sensação que cometi alguns pecados,

cobicei um anjo e isso não é o correto a se fazer.

Vou perguntar educadamente se o diabo

precisa de uma carona, porque o anjo que

seduzi não vai sair comigo está noite.

A plateia cantava “Sin” junto com Davi a plenos pulmões.

Sinto Ryan colocando seu braço em volta de minha cintura e quanto mais eu tentava me desvencilhar, mas ele vinha para cima.

Estou perto de sua casa, eu sinto o cheiro

do meu anjo, você está saindo escondida.

Anjo você é pecado, mas desse pecado eu não

vou me livrar nunca mais.

Don se afasta indo até Dash, sussurrando algo em seu ouvido enquanto eles tocavam juntos. Meu coração para quando Dash sorri indicando onde eu estava para Dominic. Seus olhos seguiram os de Dash e enquanto ele tocava os últimos acordes de maneira frenética eu sabia que eu estava igual à mocinha da música, buscando uma fuga.

Fuja meu anjo, se você sabe o que é bom

para você fuja de minhas garras.

Porque quando eu te pegar você estará

assumindo um risco muito grande.

A plateia pulava eletrizada pela música, eu via raiva nos olhos de Don e não havia como explicar ou dar uma desculpa para o que ele estava vendo: Eu, sendo agarrada por trás por Ryan enquanto ele tomava alguns goles de sua cerveja e em alguns momentos beijava meu ombro.

Você está ao meu lado, você gosta do perigo.

Sua mão entre meus joelhos, anjo controle—se.

Perigo, perigo, pecado.

É difícil me controlar quando você está

respirando no meu ouvido.


Então venha, querida, veja o que você provocou.

Veja os problemas em que nos metemos,

meu anjo perverso.


— Boa noite, Brooklyn Steel! — Davi diz abrindo os braços para a plateia.

Dash sussurra algo para Don, logo Dylan me vê na plateia e também entende porque Dominic tinha ficado tão fora de si.

— Obrigado por estarem essa noite conosco. — Drake veio para frente do palco, evitando que as pessoas percebessem o pequeno descontrole do guitarrista, enquanto Dash e Dylan conversavam com ele no fundo do palco.

— Drake, você reparou na quantidade de mulheres lindas que temos hoje? — Davi diz se abaixando no palco para mexer com uma fã do outro lado.

— É Davi, hoje será difícil escolher apenas uma para o palco.

As fãs gritaram e pularam. A distração foi feita.

Quando Dash, Don e Dylan assumiram seus lugares eles estavam sorrindo. Mas eu via que para Don aquilo era uma máscara, ele me questionava com o olhar. Eu sentia o peso sobre mim.

— Don está estranho, né. — Alana comenta em meu ouvido fazendo com que Ryan se afastasse.

— É. — Digo sentindo um nó em minha garganta.

Don me encarou por mais um segundo, virando-se de costas indo até o canto do palco, trocando algumas palavras com Mitch, tomando um gole longo de água e voltou.

Ryan disse que iria ao bar novamente, mas acabou não retornando. Eu não me surpreenderia se ele tivesse ficado preso no meio da multidão.

O show continuou com perfeição, eles sempre foram incríveis no palco, num determinado momento uma fã subiu correndo no palco agarrando Dash, impedindo que ele continuasse tocando e quando os seguranças foram tirá-la de cima dele. Dash deu um selinho nela o que fez a plateia gritar e a banda rir de sua atitude.

Olho em volta tentando ver se avistada Ryan, mas seria impossível com a quantidade de pessoas presentes ali, estava começando a me preocupar. Pego o telefone vendo que tinha algumas ligações dele e uma mensagem.

“Um imbecil derrubou cerveja em mim e quando o segurança surgiu para ver o que estava acontecendo me viu sem a credencial. Não sei como isso aconteceu. Mas espero vocês no hotel.”

Olho para Don que sorria tocando tranquilamente. Filho da mãe, ele era o culpado.


Após uma hora de show e os meninos estarem sem a camisa, o que deu uma chuva de calcinha e sutiã no palco. Eles encerraram o cover do Bon Jovi “Blaze Of Glory”

Davi se aproximou da frente do palco, com uma calcinha pendurada na cabeça. — Só temos tempo para mais uma música, qual é o pedido de vocês?

Sem demora a maioria das fãs gritaram: — “Love in Dark”.

Dash e Drake estavam sentados no pequeno degrau onde a bateria estava no fundo do palco.

— Vocês querem “Love The Dark” ? — Todas gritam aprovando. — Ah, não sei se elas merecem. O que você acha, Don?

Don sorriu passando a língua nos lábios de forma maliciosa. E a mulherada enlouqueceu novamente. Don dá de ombros, indo para o microfone que o Davi usava. — Então eu preciso achar uma mulher adorável para vir aqui no palco.

Os integrantes da banda deixaram Don dominar o palco, ele foi até o produtor pegando uma banqueta alta colocando-a no centro do palco, ajeitou o microfone na sua altura e trocou a guitarra pelo violão.

Ele olhava para a plateia examinando suas opções e quando as mulheres já estavam no nível máximo, seu olhar parou sobre mim.

— Você morena bonita. Sobe aqui.

Que bela sacanagem, Dominic!

— Puta que pariu, amiga! Você vai ter um momento sexy com o Don. — Alana grita, rindo.

A plateia aplaudia incentivando para que eu subisse no palco, Peter aparece tirando uma das proteções da área VIP para eu saísse.

Don coloca o violão para trás e me puxa para cima pela cintura, colando nosso corpo.

— Don. — Sussurro.

Ele esboça um sorriso satisfeito. Levando-me até o microfone.

— Qual seu nome?

— Nicole. — Gaguejo.

— Você toca violão, Nicole?

Sua voz combinada com os olhares que ele me lançava são capazes de fazerem meu corpo inteiro esquentar e tremer.

— Não.

Mas isso ele sabe, cretino!

— Não tem problema, será ainda mais delicioso.

As mulheres gritaram, todas queriam estar onde eu estava. Aposto todo meu ganho do mês que elas dariam qualquer coisa para estarem ali.

Em vez de Don passar a faixa de couro pelo meu ombro ele me fez ficar entre o violão e ele. Deixando-me arrepiada ao sentir suas mãos percorrerem minha cintura, braços e segurar o violão.

Don retira meu cabelo do pescoço, liberando o acesso para ele, sinto sua respiração perto de meu ouvido e ele inalando meu perfume.

Seus dedos correm pelo instrumento, a multidão acende seus celulares ou isqueiros levantando o braço. Deixando ser a única iluminação do lugar, além da luz roxa que banhava minhas costas.

Don começa a tocar a melodia doce da música, fazendo com que eu sentisse cada acorde.

Por favor, fique onde está.

Você me corroeu com seu sorriso, com sua doçura.

Não posso mais te amar no escuro,

sempre parece que temos oceanos entre nós.

Mas tudo mudou, baby.


Seu peito vibra em meu corpo, sua voz rouca em meu ouvido, ainda mais cantando essa música. Deus!


Você me deu algo que não posso viver sem,

você sempre foi meu mundo,

agora está tão claro.

Preciso te sentir de dentro para fora,

seu nome é minha oração e seu coração meu lar.

Eu não posso, eu não posso

te amar no escuro.


Mas se não sente o mesmo,

Tire os olhos de mim para que eu possa partir.

Tem tanto espaço entre nós.

Mas se você me ama, me deixe quebrá—lo.


Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

não posso nem imagina viver sem um sorriso seu.

Eu não posso, eu não vou...


Me peça para ficar,

porque eu não vou mais amá—la no escuro.

Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

Tudo mudou, baby


Don vai tocando os últimos acordes e finaliza a canção, a plateia demora alguns segundos para explodir novamente. Ele retira o instrumento de nós, passa para Dash que dá uma piscadinha para mim.

Meus olhos colados nos de Don, meu corpo inteiro está arrepiado. Ele crava seus dedos por meu cabelo, firmando minha cabeça enquanto seus lábios descem sobre minha boca. Sua língua pede passagem, que eu permito sem lutar.

Sinto a pulsação do sangue em meus ouvidos, escuto ao fundo a plateia gritando. Agarro seu pescoço trazendo mais para mim, mal me importando que seu corpo está suado. Eu só desejo que aquele beijo se prolongue, que sua língua continue enroscada na minha.

Como se ao nos separarmos tudo voltasse ao estranhamento que sentíamos.

Don deixa uma das mãos em minha cintura, cravando os dedos em meu quadril, sinto sua ereção na calça justa e meu corpo esquenta mais. E antes que eu o impeça descola sua boca da minha.

— Nicky...

Eu estava sem ar.

— Venha comigo.

Don me puxa para fora do palco correndo pelo corredor até os camarins, ao longe eu escuto a banda se despedir do público em meio a toda a euforia anunciando que o próximo show será em Londres.


CAPÍTULO 5

Dominic

 

Por todo o caminho até meu camarim eu tive medo.

Medo que ela percebesse a loucura por trás de tudo e me deixasse, eu nunca havia ultrapassado os limites com Nicky e agora eu tinha jogados todos no lixo.

Para mim esse show seria apenas mais um, passei à tarde com os caras, relaxando, quando Dash veio sorrindo do seu quarto avisando que teria a presença de Nicky no show.

Fazia bons anos que ela não conseguia nos acompanhar em um show, mesmo eu tendo enviado diversos convites a ela. No fundo eu entendia, ela tinha uma vida corrida e seu bar sempre foi sua prioridade.

— Nicky?

— Sim, ela pediu convite para ela e duas amigas.

— Opa! Carne fresca! — Exclama Drake, que logo recebe uma olhada feia. — Que isso Don, eu disse sobre as amigas, todo mundo sabe que a Nicky é sua.

Minha.

Nicky e “minha” não eram tão usuais na mesma frase. Mas será que poderiam ser? Afinal ela estava vindo.

Confesso que estava ansioso, eu queria vê-la, mesmo sendo insano eu caçar os olhos castanhos de Nicky pela multidão que nos aguardava no palco. Porém foi exatamente que eu fiz assim que pisei no palco, enquanto tocava o solo tão conhecido e gravado em minha mente de “Sin”, eu procurava pela multidão os olhos que tanto queria ver.

Aproveitei minha performance com Dash para questioná-lo onde ele tinha colocado Nicky e suas amigas e foi uma surpresa de merda vê-la junto com uma amiga e um cara agarrado em sua cintura no meio de nossas groupies .

O sangue ferveu vendo a ousadia daquele cara.

Termino meu solo comendo Nicky com os olhos, eu sabia que ela estava com vergonha, mesmo não conseguindo ver seu rosto com perfeição por causa das luzes que dançavam pelo Brooklyn Steel. Sabia que suas bochechas estavam mais vermelhas que dois pimentões.

— Sua água.

Tomo um grande gole d’água que Mich me entrega em meio a elogios de nossa apresentação.

— Peter. Preciso de um favor. — Peço ao chefe da segurança.

— Claro, Don.

— Sabe aquele cara que está com a Nicky?

— Sim.

— Na primeira oportunidade tire-o daqui.

Eu sabia que não estava agindo da maneira racional, mas a essa altura não estava me importando com nada! A não ser em afastar aquele “elemento” da minha garota!

— Quer que façamos isso agora? — Peter já segurava seu ponto de comunicação com os outros seguranças.

— Não, nada na frente da Nicky. Ele vai sair de perto dela em alguma hora. Está bebendo como um gambá.

— Pode deixar, vou cuidar disso pessoalmente.

Como eu disse, eu não estava pensando. Só me aproveitei das oportunidades que sugiram.


— Don.

— Venha. — Respondo fechando a porta do camarim e puxando seu corpo para o meu, eu precisava sentir o gosto de seus lábios nos meus novamente.

Olho para seu corpo cobiçando cada parte dele, ela estava linda, retiro sua jaqueta de couro vendo a regata preta colada aos seus seios e em sua cintura delgada. Eu adorava quando Nicky se vestia como uma garota má, de preto da cabeça aos pés.

A saia de couro dava pouco espaço para minha imaginação devido ao comprimento. Volto meus olhos para cima segurando sua blusa e retiro pela cabeça. Prendo a respiração admirando seu corpo, a curva de seus seios no sutiã.

Cara, ela era perfeita.

— Don...

Meus dedos percorreram sua cintura, subindo pelo umbigo, passando pelo vale entre seus seios.

— Linda. Você é perfeita Nicky.

— Você tem certeza?

Eu sabia que ela não estava questionando sobre o que eu tinha dito e sim sobre o que estávamos prestes a fazer.

Desço a boca por seu pescoço, sugando sua pele, indo com meus lábios para o espaço entre seus seios, sentindo sua respiração irregular, assim como os batimentos de seu coração.

Colo seu corpo no meu nos levando para o sofá, eu queria beijar cada parte daquele corpo, queria venerar a mulher a minha frente. Queria que ela entendesse que eu amava seu sorriso, seu olhar, sua amizade e principalmente a mulher que estava exposta ali em minha frente.

Ouço uma discussão fora do camarim, mas não dou bola. Deviam ser as groupies brigando de novo sobre quem iria fazer um boquete em Dylan.

Continuo beijando Nicky, admirando seus olhos brilhantes, até que a porta se abre com violência.

Deito sobre Nicky para esconder sua nudez.

— Porra, a porta estava fechada. — Reclamo, virando o rosto para a porta.

Meu coração aperta vendo um Dash totalmente sem graça e Emily parada de braços cruzados.

— Desculpe cara, eu não sabia que estava aqui, vim brincar um pouquinho com Emily.

— Não fale merda, Dash! — Ela ruge me fazendo engolir o nó no meio da garganta. — Quem é essa vagabunda, Don?

— Emily.

— Olha querida, eu sei que pode ser emocionante ter em seu currículo uma foda de Don, mas esse daqui já é meu.

— Emily, cala boca! — Dash e eu gritamos.

Vejo o choque que Nicky teve, sinto seu corpo retesando abaixo do meu e suas mãos tentando empurrar meu peito para longe.

— Dash, tire essa maluca daqui.

Dash agarra o braço de Emily, mas ela se desvencilha.

— O que foi, Don? Vai fingir que não me conhece, depois de ontem à noite.

— Não tivemos nada ontem, Emily. Dá o fora daqui.

Nicky me pega desprevenido, jogando-me para fora do sofá, se levantando apressada, pega sua blusa do chão colocando-a novamente.

— Espera aí, eu conheço você!

— Dash!

Dash agarra a cintura de Emily novamente, tentando tirá-la do camarim, mas o estrago já estava feito, sabia só de ver os olhos marejados de Nicky.

— Que porra está acontecendo... — A voz de Dylan morre ao ver o que estava acontecendo, nem ele ou Davi que estava ao seu lado e nem mesmo Alana colada no pescoço de Dylan, precisavam dizer algo. Os caras sabiam a merda que poderia acontecer se Emily cruzasse com Nicky.

— Você é a garota do Bluber. — Emily diz rindo. — Eu sabia que não me era estranha, até deixei que Don tivesse sua cota de diversão com você naquele dia, mas se enxerga garota. Ele só queria te foder, um passatempo.

— Emily! — Meu grito fez todos ficarem em silêncio.

— Quer saber, ela está certa. Curta sua noite, Dominic.

Nicky nunca me chamou de Dominic, nem mesmo quando éramos apenas conhecidos. Vejo a tristeza se misturar com raiva dentro de seus olhos.

— Nicky! Por favor, eu não tenho nada com ela.

Me ajoelho em sua frente, suplicando para que ela me ouvisse, não me importava que mais pessoas estivessem ali, olhando-me ajoelhado e agarrado nas pernas dela.

— Me solte, Dominic.

— Não, você tem que me ouvir.

— Eu não vou ouvir nada. Não preciso de nada depois disso.

Nicky se desvencilha de mim, caminhando decidida para cima de Emily. Dash se coloca no meio do caminho impedindo que as duas se engalfinhassem.

— Faça bom proveito. — Se virou para sua amiga. — Você vem comigo?

Alana concorda soltando o pescoço de Dylan dando um selinho em seus lábios e murmurando algo que não ouvi. Saindo com Nicky.

— Nicky. — Grito para o nada.

Eu não consegui me mexer, a raiva crescia em meu peito cada vez que eu via o sorriso de satisfação de Emily. Levanto como um leão agarrando-a pelos braços, ao mesmo tempo em que Dash e Dylan tentavam me conter.

— Ouh ouh , Don controle-se. — Dash exclamava.

— Ela não vale à pena, cara. — Sentia o aperto que as mãos de Dylan faziam em meu braço esquerdo.

— Você some daqui, porque se eu cruzar com você em qualquer show. Eu juro que ninguém vai conseguir me deter.

Emily me encarava com os olhos arregalados.

— Don...

— Não me venha com essa merda, suma daqui. — Grito.

Davi puxou Emily para si tirando-a do meu camarim e fechando a porta, me fazendo desmoronar.

— Cara, que merda foi isso? — Dylan sussurra passando a mão no cabelo.

— Desculpe Don, eu não consegui deter, quando vi ela já tinha invadido seu camarim, cara.

— Já está feito, eu preciso saber onde Nicky está. Preciso me explicar, eu não posso deixar que ela pense que eu estava mentindo.

— Don, não adianta você ir atrás dela agora.

— Como não, eu preciso...

— Don, se acalme. — Dylan repreende. — Ela está nervosa e não irá escutar nada que você fale. Deixe as coisas esfriarem. A amiga dela disse que elas iriam voltar de qualquer jeito para Oregon assim que o show acabasse.

— Isso, cara. Fica frio. — Dash diz dando apoio.

— Não vou conseguir, sabendo que ela está arrasada.

— Você vai precisar. Ir atrás dela agora é apenas colocar mais lenha na fogueira. Se você quer ter uma chance de verdade para que ela te escute, deixe a poeira abaixar.

Respiro fundo concordando com eles. Eu iria esperar apenas o suficiente para que ela me escutasse e acreditasse em tudo que eu tinha para dizer.


CONTINUA

— E essa é a D’Five Band?
Viramos olhando para o cara de óculos escuros, vestido de terno que nos encarava com um copo de uísque nas mãos.
E isso porque não era nem onze horas da manhã. Uma ligeira coceira em minha nuca de preocupação dá os primeiros sinais, talvez não deveria ter deixado o fato de procurar um produtor nas mãos de Drake, pelo visto, esse cara em nossa frente tem muito haver com ele.
— O que faz vocês serem mais interessantes que as outras bandas que me procuram?
Por um momento vejo todos se entreolhando. — Você pode ter visto muitos de nós por aí. — Digo chamando atenção do produtor para mim. — Pode ter escutados dezenas de boas bandas.
— E aí, cara, tá maluco? — Drake sussurra dando um pisão em meu pé.
— Mas com certeza não o bastante, senão não estaria sentado nessa mesa conosco.
O produtor me encara, um sorrisinho no canto dos lábios.
— O que nos torna diferentes dos outros? Somos uma família, cada um do seu jeito, nunca perfeitos, mas família. — Davi diz.
— Cinco desajustados cantando para pessoas que acima de tudo amam a música. — Dash completou.
— Então acho melhor eu garantir logo esses desajustados para mim, pois quando olho para vocês sinto cheiro de dinheiro. E esse, meus rapazes é o odor que mais gosto. — O produtor faz um pequeno sinal, logo uma mulher linda e vestida de um jeito extremamente sensual entrega uma pequena pasta para ele.
— Espero que estejam com canetas, garotos. E se preparem, agora quem cuida da vida de vocês sou eu. — Disse com um largo sorriso no rosto.
Alguém está tentando arrombar minha porta.
— Puta que pariu, o que foi cara?
Drake me encara com um enorme sorriso no rosto, vejo Dash, Dylan e Davi correndo pela entrada de encontro a nós.
— O DISCO IMPLACOU! O DISCO FOI UM SUCESSO! — Drake grita.
Olho meio aturdido pela surpresa para os outros, com seus enormes sorrisos no rosto.
— É isso mesmo, maninho. Mich nos quer no próximo voo, tem uma turnê para nós!
— Puta que pariu! — Desço os pequenos degraus, pegando todos eles em um abraço de urso.
— SOMOS OS DONOS DO MUNDO! — Drake gritava.
— Nossos sonhos, senhores, acaba de começar. — Davi diz.

 

https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/D_FIVE_BAND.jpg

 

CAPÍTULO 1

Nicky


N ã o tenho paci ê ncia para joguinhos,

e seus joguinhos me enlouquecem.

Eu preciso de voc ê , é tudo

que voc ê precisa saber.

— D’FIVE

Ficar diante de mulheres seminuas não era algo que eu apreciava. Nem um pouco. Assistir outras pessoas praticamente fazendo sexo também não era minha definição de uma sexta-feira perfeita.

Encosto no canto da parede tomando minha cerveja, dando uma olhada para o espaço fazendo uma pequena nota mental que não seria tão difícil sair dali. Mas Don ficaria chateado.

Don e sua banda se tornaram astros do rock, o céu era pouco para tudo que eles estavam conquistando e ali estava a prova. Seu primeiro disco de platina, o mundo os amava, assim como as mulheres se jogavam em seus braços praticamente nuas.

A D’Five estava liderando a lista de maiores sucessos da Billboard, com uma música nova atrás da outra. Eles realmente eram lindos bad boys com suas jaquetas de couro envelhecidas e seus estilos de homens fatais que a People tanto frisava. E mesmo tendo acompanhado notícias pelas revistas e mídias, a imagem que eu tinha era de cinco amigos felizes, exatamente de quando eu os conheci. Só de olhá-los você percebe até mesmo o modo como interagem, que eles dariam a vida um pelo outro.

Meus olhos capturam Dylan, o baterista, prensar uma loira peituda na parede beijando seu pescoço. Desvio o rosto tomando o resto de minha cerveja.

Aquela festinha particular tinha tudo para sair do controle facilmente, meu coração estava pesado só de olhar a sujeira e bagunça que eles faziam pelo meu bar.

Quando Don me pediu o bar emprestado para sua comemoração eu não acreditava que seria algo civilizado, nunca. Eles eram homens, roqueiros e com uma libido difícil de controlar. Mas, Don me pagaria caro por isso.

Eu estava vendo mais peitos ali do que poderia ter visto se tivesse comprado todas as playboys da vida.

Meus olhos cruzaram com Drake, baixista da banda, sentado em um dos sofás de couro, que por sua vez sorriu erguendo a garrafa de cerveja. Não deixando que a mulher de joelhos em sua frente parasse o serviço prestado ao seu membro ou seja lá o que ela estaria fazendo com a boca perto do umbigo dele.

Reviro os olhos, mas uma vez deixando que meus olhos vagassem pelo bar. Merda! Daria um trabalhão arrumar tudo.

— Ela é tudo que você sempre quis, do tipo que você se vangloria e leva para jantar na luz do luar... — Don cantarola em meu ouvido, fazendo eu me arrepiar.

Tá. Eu tinha uma quedinha por Dominic, mas nossa amizade de anos impedia que ambos déssemos qualquer passo arriscado.

— Que surpresa não o ver com alguma piranha colada em seu saco. — Digo emburrada.

Ele solta aquela gargalhada que tanto amo, rouca e exagerada, como se fosse um velho fumante de setenta anos. Mesmo que eu saiba que Don nunca fumou, é contra cigarros e drogas e qualquer porcaria ilegal, como ele mesmo afirma.

— Está tudo bem? Sabe que não precisa ficar aqui. — Seus olhos se focam nos meus... aquela íris azul...

Sorrio, confirmando com um jeito.

— Não conte para minha melhor amiga, ela vai ficar se achando muito, okay? Eu amo que esteja aqui. — Don brinca, dando um beijo casto em meu rosto.

Oh, santa das fãs de roqueiros sexys, não esqueças de mim. — Clamo.

— Há uma grande quantidade de peitos aqui. — Digo mudando o rumo da conversa.

Ele sorri.

Mentalmente agradeço por seu hálito não feder todos os tipos de álcool igual aos outros integrantes da banda.

Don era lindo, verdade seja dita. Os cabelos pretos como sempre rebeldes, os olhos azuis transmitiam sua rebeldia de astro do rock. Ele vestia a jaqueta de couro que dei em seu vigésimo sexto aniversário, aquela que eu sabia que tinha um furo no bolso direito, mas ele não se desfazia de jeito nenhum.

— Você fez um trabalho excelente aqui.

— Pretendem ficar muito tempo? — pergunto.

— Um bom tempo, quem sabe, isso se nosso produtor deixar.

— Você não parece estar se divertindo. — Comento.

Don olha a orgia maluca que rolava em nossa frente. — Não exatamente, mas aqui com você vejo que posso. — Ele apoia a mão na parede ao meu lado, inclinando o corpo. — Investindo no karaokê? — pergunta apontando para o microfone no pequeno palco no fundo do bar.

Eu rio. — Boas risadas e altas gorjetas.

— Não deixe que Drake o veja.

— Dooonn ... — Geme uma ruiva apenas de fio dental, ela corre até ele colocando a mão em seu peitoral.

— Oi, Emily.

— Vamos, venha participar da festinhaaa .

Seguro a respiração encarando o rosto de Don.

— Estou em ótima companhia.

A tal da Emily me mede da cabeça aos pés, torcendo os lábios.

— Davi ficará feliz em fazer companhia para você. — Don aponta para o amigo.

Davi era o vocalista da banda, e também era o que mais tinha dado problemas para os meninos no início de carreira. Ele estava jogado na poltrona bebendo sua cerveja, o cigarro pendendo dos dedos com o famoso “Fuck” tatuados nos nós de sua mão. E não se surpreendeu em nada quando Emily caminha sedutoramente até ele sentando-se em seu colo, sem o menor pudor.

— Venha, vamos nos sentar em algum lugar tranquilo.

Don me puxa pela mão entrelaçando nossos dedos, o que fez um formigamento subir pelo meu braço. Merda! Ele como sempre, pula o balcão arrancando uma risada minha ao errar o espaço e sair tropeçando.

— Ei, docinho você me trapaceou.

Reviro os olhos. — Docinho é sua mãe!

As batidas altas de “How you remind me” ainda poderiam ser ouvidas dentro do escritório, mesmo com a porta fechada. Assim como o cantarolar de Don.

— Prefiro você a Chad Kroeger 1 cantando essa música.

Ele sorri se jogando no sofá de dois lugares.

— Você fala isso porque é minha amiga e fã.

Dou de ombros. — Até que você tem talento.

Esboço um sorriso sentando ao seu lado no sofá pequeno.

— Se estou aqui, é por você.

Um nó se forma em minha garganta. — Eu?

— Quem foi que gravou o primeiro vídeo da D’Five espalhou pela internet?

Sorrio. — É, fui eu. Talvez mereça um crédito e alguns milhares em minha conta. — Digo piscando.

— O céu para a menina D’Five.

Mordo o lábio inferior por um momento. De uns tempos para cá tinha se tornado difícil ficarmos sozinhos, eu sempre ficava envergonhada e Don sempre me olhava mais do que o necessário. Isso é coisa da tua cabeça! Ralho comigo mesma.

Don passa o dedo indicador pelo meu queixo virando meu rosto para ele. Fazendo-me soltar o lábio que ainda estava preso entre meus dentes. Seus olhos estavam fixos no meu, mas eu sabia que ele girava o anel de caveira no dedo.

Sabia também que não rolaria nada, diversas vezes Dominic Ward fez esse movimento, segundo ele eu ficava “bonitinha” envergonhada.

Dominic quebra nosso contato visual, pegando o violão que sempre ficava em meu escritório apoiando-o na coxa esquerda.

— Estou imaginando, esse sentimento preso dentro de mim. Estou começando a me arrepender, somente por nunca ter te contado. — Cantou.

Encosto mais no sofá admirando Don tocar o violão, eu amava essa música. Além de um excelente guitarrista, a maioria das músicas da banda eram compostas por ele e Davi.

— E agora, jogado nesse bar. Vejo que você é tudo que eu poderia pedir. Você nunca mais ficará sozinha, todos seus sorrisos serão meus e mesmo quando você chorar, eu vou estar ali... Secando suas lágrimas com meus beijos. — Don dedilhava seu violão com extrema paixão. — Então, se eu ainda não te disse nada, por favor, me abrace e me entenda por meio das palavras que canto, como um tolo apaixonado.

— Essa é uma das minhas preferidas.

Don sorri deixando o violão de lado quando termina.

— Nicky, eu preciso...

A porta do escritório se abre com violência, interrompendo o que Don iria falar.

— Sabia que iria encontra-lo aqui.

— E aí. — Don resmunga.

— Pequena Nicky, tá uma gata hoje com esse estilo roqueira.

— Obrigada pelo elogio, Dash. — Digo rindo.

Dash era o mais espirituoso dos cinco, eu ainda ria com suas piadas idiotas e seu comentário de como ele acreditava que os cinco eram anomalias, apenas por terem nomes com a letra “D” ou como ele carinhosamente chamava a banda: “Os Diotas” e pelo cosmo tê-los juntados na mesma cidade.

Dash era o que eu mais tinha contato, além do Don. Não que eu não fosse amiga dos outros, mas eu sentia que tinha mais intimidade e liberdade com eles. Dash era como aquele irmão mais velho que vem nas férias só para encher o saco, mas quando vai embora você sente falta.

— O que você quer, Dash?

— Mich quer falar com a banda.

Don se joga mais no sofá apoiando a cabeça no encosto.

— Vamos logo, ninguém quer Mich bravo por causa de sua preguiça, levanta esse saco gordo daí.

— Você vai ficar bem? — Don questiona olhando para mim.

— Sim, eu vou para casa. Já comemorei bastante com a banda.

Ele concorda, sabia que eu odiava essas orgias que alguns integrantes aprontavam, já tinha visto minha cota nos primeiros anos de turnê. — Manda uma mensagem quando chegar. Eu tomo conta do bar.

— E limpe tudo!

— Pode deixar, colocarei todos para limpar. — Don brinca dando um peteleco na orelha de Dash.

Com isso ele se levanta saindo do escritório, me deixando mais uma vez com os batimentos cardíacos descompassados.


CAPÍTULO 2

Nicky


Seu amor por mim é real?
Uma ú nica chance, um ú nico beijo.

E tudo seria revelado.

— D’FIVE


Largo minha bolsa no balcão da cozinha e tiro os sapatos de salto, antes de me jogar no sofá. O encontro com Ryan até que foi satisfatório, nada de tirar o fôlego, mas foi legal. Ryan era um cliente do bar, sempre nos víamos as sextas-feiras. Ele saia do trabalho e ficava comigo até que eu fechasse o bar e ontem ele finalmente me chamou para sair, rolou até um beijo.

Como disse, nada demais.

Sirvo um copo de suco para mim voltando para sala, na televisão passa um filme repetido, ao dar o primeiro gole em meu suco, meu celular toca.

Olho para o visor abrindo um sorriso enorme. Don.

— Oi!

— Oi, princesa. Tudo bem?

Don sempre me ligava quando estava em turnê, sempre contávamos como estava sendo nossa semana.

— Tudo bem, mas você sabe, dona de bar não tem descanso.

— O melhor bar da cidade, li o artigo que saiu no jornal. Uau! Você conseguiu, princesa.

Sorri me sentindo o máximo. — Sim! Mal acreditei quando vi a matéria. Conta, como está sendo a turnê?

— Movimentada, sabe como é: eu toco, canto e elas gritam, lingeries voam. Tudo na mesma.

Don sempre deixava de fora os detalhes das pequenas festinhas que a banda dava após cada show. Eu sabia que essas mesmas mulheres que gritavam e lançavam suas roupas íntimas para eles. Eram as que compareciam ao hotel que eles estavam hospedados.

— Quando é o último show? — Pergunto soltando um bocejo sem querer.

— Foi hoje. Mas ainda temos alguns shows para fazermos perto de casa. Você está cansada?

— Não, apenas acordei muito cedo. Estou ansiosa pelo fim de semana, Alana vai me cobrir no sábado e eu enfim vou poder ficar o dia todo sem fazer nada.

— O que anda acontecendo com os homens de Eugene, ninguém presta para alguma coisa? — Brincou.

— Eu tive um encontro.

Don fica em silêncio por um momento. — Um encontro?

— É, com Ryan. Ele é cliente do bar.

— E aí?

— Nada demais. — Digo fazendo-o rir, ele notou o tom de decepção em minha voz.

— Ele beijava bem pelo menos?

— Se contar pelo fato de ser beijada por um sapo até que sim, babão e sugador.

Don gargalha do outro lado da linha, me fazendo rir também.

— Espera um minuto, princesa. — Diz, vejo o telefone ficar mudo. Don deve ter bloqueado o som.

A campainha do meu apartamento toca no instante que ele volta rindo. — Ainda está aí?

— Sim, agora você espere na linha.

— Tá bom.

Saio do sofá levando o telefone, destravo a porta e tiro o trinco do ferrolho. Dando de cara com Don, o celular pressionado entre o ombro e o ouvido, duas caixas de pizza na mão livre e debaixo do braço uma Tequila.

— Aí meu Deus!

— Surpresa? — pergunta levantando as pizzas.

Solto uma gargalhada finalizando a ligação e deixando o celular no aparador que tem perto da porta. Deixo Don entrar e deixar as pizzas e a garrafa sobre a mesa de jantar e se virar para mim. Pulo sobre ele enlaçando minhas pernas em sua cintura e os braços em seu pescoço. É bom tê-lo de volta.

— Nossa que recepção. — Murmura em meu ouvido.

— Senti sua falta. — Confesso enrolando algumas mechas do seu cabelo entre meus dedos. — Estão maiores.

— É.

Don me dá um sorriso de lado, examinando meu rosto. Tentei não ficar olhando muito para ele, afinal não queria estragar nossa amizade de anos por minha “paixonite”. E eu precisava controlar os leves tremores que sua presença e sua voz rouca provocavam em mim. O sorriso de Don vacila e suas narinas se alargam, ficamos ali parados por um instante, apenas nos encarando.

— Podemos comer a pizza e tomar algumas doses de tequila? – Perguntou soltando minha cintura para que eu ficasse de pé novamente.

— Claro, espero que tenha trazido minha predileta. — Brinco trazendo o clima confortável de volta.

— Lógico que trouxe.

— Vou apenas trocar de roupa, você arruma as coisas? — Pergunto sumindo pelo corredor.

Assim que entro em meu quarto fecho a porta encostando-me nela, a respiração que tanto controlei saia de forma irregular agora. Tiro a calça jeans pegando meu short do pijama e uma regata, respirando fundo antes de sair do quarto.

Don já tinha arrumado as caixas de pizza sobre a mesinha de centro, assim como os copos para tequila. E estava sentado confortável em meu sofá cinza.

Sento ao seu lado colocando os pés no sofá.

— Então, o que vai ser? Netflix? CSI? Telecine? Você escolhe dessa vez.

— Que tal Shadowhunters?

O sorriso de Don se alarga. — Eu perdi a segunda temporada inteira viajando.

Nós entramos na rotina que sempre fazíamos, ele em uma das pontas do sofá e eu na outra. O notebook transpondo o programa para a televisão e nós nos entupindo de comida gordurosa e muita tequila.

Comemos metade de nossas pizzas e a certa altura a tequila seguiu pelo mesmo caminho que o nosso jantar. Don deixou nossos pratos sobre a mesa de centro puxando minhas pernas para cima de suas coxas enquanto se ajeitava vendo a série.

Controlo o formigamento e o calorzinho gostoso que reverbera pelo meu corpo com seu o toque, fico olhando para a televisão como se não tivesse percebido. Como se a cena de luta entre Valentim e Jace realmente atraíssem minha atenção, ao contrário do fato das mãos de Don estarem sobre minhas pernas.

Ajeito o corpo sobre as almofadas e olhando de relance vejo a curva perfeita do lábio superior de Don faz e me pergunto se ela seria tão macia quanto aparenta ser, se o gosto de pizza com tequila seria tão saboroso misturado com seu cheiro tão de perto.

Volto meus olhos para a TV e tomo mais um gole da tequila, sentindo a bebida descer rasgando por minha garganta. As pontas dos dedos de Dominic brincam em minha panturrilha, seu toque era tão leve que por vezes mal sentia seus dedos tocarem minha pele.

Meu corpo volta a estremecer quando as pontas dos dedos de Don sobem por minhas coxas.

— Diga para eu parar.

Viro o rosto vendo que ele me encara. E mesmo na quase penumbra de minha sala vejo seus olhos azuis sérios, isso faz meu coração bater como um louco.

Mesmo com as dúvidas dentro de mim eu não queria que ele parasse, amava Dominic, desde o momento que o vi tocando na garagem de sua casa.

Mas nossa amizade era preciosa para mim, eu estragaria tudo se confessasse meus sentimentos. Por isso não disse nada.

Minha boca estava seca e não deixava que nem um fio de voz saísse, mas por outro lado também estava totalmente sedenta para sentir os lábios dele nos meus.

Deixo que ele mergulhasse mais em meu corpo, chegando ao limite do meu short. Sua respiração estava rápida, seus olhos focados nos meus.

— Diga para eu parar, Nicky. — Repete.

Eu sabia que se pedisse para que ele afastasse, Don iria se conter e tirar suas mãos de mim. Mas não era isso que meu corpo e meu coração martelando forte em meu peito pediam.

— Eu, não posso. — Sussurro, criando coragem.

— Por quê?

— Eu...

Don subiu a mão para meu quadril, seu corpo já estava sobre mim, minhas pernas afastadas para que ele avançasse mais. Cada vez que ele falava ou me pedia para parar, ele avançava sobre mim me fazendo estremecer e os olhos azuis dele brilharem.

— Eu quero isso.

Pronto. Eu disse, confessei meu sentimento por Dominic Ward.

Don não me deu chance de falar mais nada, suas mãos agarraram com força minha cintura puxando meu corpo para o dele e sua boca tocou a minha. Aqueles lábios pelos quais eu vinha ansiando e o doce sabor de tequila misturado com o de Don, era bem melhor do que o desejo que sempre assombrava meus pensamentos mais secretos.

Agarro seus cabelos, me ancorando em seu pescoço. No mesmo momento que a língua de Don travava uma batalha deliciosa com a minha, me instigando a beijá-lo com mais paixão e desejo. Eu soube no instante que a boca dele tocou a minha que tudo iria mudar. Que seguiria um caminho diferente, onde Don era realmente o dono do meu coração.

O corpo de Don estremece, suas mãos tocavam minhas costas por dentro da regata, fazendo-a ficar enrolada sobre meu peito. Seu beijo era ardente, meu corpo estava quente e desejoso agarrando-se a qualquer parte que minhas mãos alcançassem daquele corpo. Tornando tudo até um pouco desengonçado pela nossa ânsia, pouco me importava na realidade. Seguro o cos de sua calça fazendo seu membro ereto raspar deliciosamente no meio de minhas pernas, fazendo o centro do meu corpo entrar em ebulição. Don não tirava sua boca da minha, a não ser para morder ou beijar meu pescoço, aquilo estava quente, sentia minha pele pegando fogo.

Passo minhas pernas pelas dele, forçando ainda mais seu corpo no meu, minha blusa já estava erguida a muito tempo, assim como a dele, fazendo meu peito, mesmo que por debaixo do sutiã roçar em seu abdômen, um gemido escapa de meus lábios quando Don beija a curva de meus seios e volta a me beijar. Mas então, ao tentar desabotoar sua calça sinto Don enrijecer, seu beijo vai perdendo a potência, até que é interrompido.

Seu hálito batia em meu rosto, aproximo novamente minha boca da sua sugando sua língua, fazendo-o gemer em minha boca.

Quando ele para de me beijar, vejo confusão pintar seus olhos. Don apoia a testa na minha respirando fundo para controlar a respiração.

— Isso foi errado, puta merda! — diz arfando. — Nicky, eu... Puta merda.

— Don?

Meu corpo reclamava frustrado, queria mais dele, minha pele estava a ponto de pegar fogo, eu me sentia febril e não gostei nada de sentir o calor e o formigamento me abandonarem aos poucos, assim como suas mãos.

— Caralho Nicky, isso foi errado! — Resmungou.

Don se levanta com um pulo, ficando de pé, me olhando por um instante, pega o celular e a carteira sobre a mesa de jantar e sai do meu apartamento.

A batida forte da porta vibrou por toda casa. Não me mexi. Meu coração estava se partindo. Eu tinha estragado tudo, devia ter parado quando ele pediu. Eu devia ter negado.

As pontas dos meus dedos tocaram meu lábio ainda inchado pela ferocidade do beijo. Merda!


CAPÍTULO 3

Dominic

 

As luzes giravam por todo o lugar, a fumaça flutuava pelo palco, criando todo efeito junto com os acordes que eu tocava na guitarra, produzindo a melodia que enlouquecia o público.

Dylan jogou as baquetas para o alto, girando-as nos dedos. Davi soltou o cabelo deixando que ele caísse por seu rosto e por suas costas atraindo atenção e mais alguns gritos das garotas.

Dash acrescentava o fundo proporcional para a música, junto com Drake. A luz girou mais uma vez pelo Central Rock parando sobre mim, então realmente comecei a tocar, elevando o som e me preparando para cantar a música que nos tornou quem éramos hoje.

Essa música foi feita para Nicky, mesmo que ela não soubesse. Era como eu me senti quando coloquei os olhos nela. Quando eu tocava e cantava essa música era como se estivesse sozinho, sumiam as pessoas, sumiam meus amigos de banda e imediatamente a figura de Nicky surgia sorrindo em minha frente.

Falava do meu amor, mesmo que seja apenas meu. Nicky era minha amiga. Apenas amiga. Mesmo que por mim poderíamos ser bem mais que isso.

Abro os olhos cantando como se ela pudesse me ouvir, mesmo que tivéssemos a quilômetros de distância, era como se eu não estivesse aqui cantando para uma plateia de mais de mil pessoas, nesse show especial para nossas groupies.

Era como se estivesse com ela, sentado em seu bar, escutando-a cantarolar junto comigo e sua voz me atingindo como mel derretido. Doce e suave.

Estou imaginando,

esse sentimento preso dentro de mim.

Estou começando a me arrepender,

somente por nunca ter contado.


Dash surgiu ao meu lado, encostando suas costas nas minhas, seguindo seu solo. Dando aquele frenesi na multidão. Nossa performance era muito bem ensaiada e executada para levar as fãs a loucura.

Você nunca mais ficará sozinha,

todos seus sorrisos serão meus e

mesmo quando você chorar,

eu vou estar ali...

Secando suas lágrimas com meus beijos.


Os gritos nos rodearam quando eu e Drake tocamos juntos o refrão final, levando todos ao delírio. A D’Five era conhecida nos quatro cantos do país e era isso que comemorávamos essa noite. Era como se um filme passasse por minha mente, os primeiros ensaios, as brincadeiras na garagem da casa de minha mãe ou as noites que íamos apreciar as outras bandas tocando e voltávamos travados de tão bêbados.

O que começou com um vídeo inocente enviado para o YouTube nos rendeu um sucesso imenso e nosso lugar no Billboard .

Nos juntamos no meio do palco quando o show acabou, em meios aos gritos de “Toca mais”.

— Central Rock! – Gritou Davi. — Muito obrigado por essa noite. Amamos vocês!

— D’Five! — Gritamos juntos, quando as luzes se apagaram.


Quando deixo meu camarim indo para o camarim central, já ouvia as risadas de algumas groupies enlouquecidas.

— Meninas, olha quem veio se juntar a nós.

Bato meu punho no de Drake, sendo agarrado pelo pescoço pela ruiva.

— Temos que seguir viagem. — Anuncio.

— Por que tão cedo? — Dylan reclama com duas meninas sentadas, cada uma sobre uma perna.

— Marcamos a comemoração no bar da Nicky.

— Uhul, Nicky! — Dash surge na sala ajeitando a calça com um sorriso sem vergonha, logo sai uma garota arrumando a minissaia de couro. — Alguém quer ir logo para Oregon.

— Cala boca, Dash!

— Eu só saio daqui se puder levar algumas conosco. — Declara Davi.

As meninas soltaram gritinhos animados.

— Eu posso ir Don? — Emily praticamente ronrona em meu pescoço.

— Ajeitem tudo com Mich, eu não tenho nada com isso.

No fim eles acabaram convencendo Mich e nossa produtora, como em todas às vezes que alguma da groupies nos acompanharam nas viagens. Nosso ônibus de turnê era uma zona, mas o que eu poderia esperar de cinco homens viajando juntos? Uma guerra.

— Achei meu astro do rock.

Emily era um verdadeiro pé no meu saco. Desde o show em Chicago que bebi demais na festa de comemoração que sempre fazíamos, ela grudou no meu saco. Tudo bem, ela era gostosa, uma ruiva de arrasar, peitão, bunda legal. Mas foi apenas uma transa e tenho certeza que eu mal dei tudo de mim de tão bêbado que estava.

— Estava procurando por você.

— Estou descansando.

— Pensei que iria gostar da festinha que os meninos estão fazendo lá na frente, mas podemos começar uma aqui mesmo. — Emily tirou a blusa revelando os seios sem sutiã. — Algo mais... particular.

Coço a cabeça bagunçando um pouco o cabelo.

— Emily, para.

Ela abre o botão da calça revelando a calcinha. — Deixe de besteira Don, vamos curtir. Quer que pegue algo para animá-lo?

Desvio o rosto quando ela tenta me beijar, sua boca parando em meu pescoço, me dando uma lambida sensual.

— Emily, chega. Eu disse não!

Ela se afasta olhando para mim, seus olhos se tornando raivosos. — Você é um babaca Dominic. Eu vim de Chicago por você.

Arqueio a sobrancelha, eu juro que não queria ser grosso, porém ela estava pedindo. — Não fode Emily, eu não pedi que viesse. Você sabe que não temos nada um com o outro. Você faz parte de nosso fã-clube, teve uma noite comigo. Nunca te prometi nada, deixei bem claro que estava bêbado aquele dia.

— Você é ridículo!

— Agora sou ridículo por ser sincero? Na mesma noite você fodeu com Davi, isso se não transou com os outros também.

Emily pega a blusa saindo sem coloca-la, batendo a porta com força atrás de si.

Segundos depois, uma batida na porta me faz abrir os olhos.

— Parece que alguém irritou a ruiva. — Dylan diz entrando no quarto.

— Não estou afim, ela veio forçar a barra.

Coloco o braço sobre o rosto ignorando meu amigo.

— Porque você ainda não assumiu o que sente para Nicky, cara?

Retiro o braço encarando meu amigo, ele estava tranquilo, tomava sua cerveja, a calça pendendo na cintura o que indicava que ele já tinha se “aliviado” com alguma das garotas que trouxe para o ônibus.

— Ela é uma boa pessoa. — Continuou.

— Esse é o problema cara, ela é boa demais. Em todos esses anos eu nunca permiti olhar para ela mais do que o limite de nossa amizade. Não sei o porquê eu comecei a fantasiar com ela, não foi assim nem quando vi sorrateiramente ela colocando a roupa.

— Mas as coisas mudaram. Nicky não é mais a menininha que era. Ela tá um mulherão, cara.

— Dylan. — Advirto.

Ele solta uma risada. — Pense nisso, apenas pense, mano. E tome cuidado com Emily, ela está mais para uma cobra peçonhenta.

— Vou tomar. Quem a trouxe para o ônibus?

— Davi.

— Depois vou falar com ele, quero ela longe.

Dylan tomou mais um gole de sua cerveja. — Não acho que ela dará trabalho essa noite. Os meninos estão brincando de “Body Shot”.

Sorrio balançando a cabeça, isso terminaria com metade das pessoas nuas.

— Não quer participar?

— Não, estou bem aqui.

— Beleza, cara. — Dylan diz e sai.


Ela não se afastou, não mexeu um músculo se quer quando minhas mãos começaram pequenos carinhos por sua perna. Eu tinha agido como um leão perseguindo a presa, eu me acerquei dela.

Se ela fizesse uma negativa, um movimento de recuar ao meu toque, eu pararia. Eu havia prometido a mim mesmo, ela era mais importante que o desejo seguindo por minhas veias. O problema é que agora não era apenas a confirmação que meu corpo desejava Nicky, mas meu coração.

Eu me deliciei de cada pequeno tremor que correu por seu corpo. Eu estava sedento pelos seus lábios, me sentia embriagado por sua língua.

Merda! Eu deixei isso ir longe demais, eu não passava de um babaca, mesmo ela não tendo negado, eu era uma babaca.

Tomo o último gole da vodka jogando a garrafa do outro lado, observando a paisagem de Oregon pela janela do quarto.

— O deixe em paz. — Escuto a voz de Dash do outro lado da porta.

— O que aconteceu? — Dylan questiona.

— Ele chegou com uma garrafa de vodka falando algo sobre fazer merda com Nicky. — Dash explica.

Será que eles não perceberam que eu poderia escutar?

— Melhor deixar Don em paz por hoje, amanhã conversamos com ele. E também precisamos descansar, estaremos indo para Nova York no final de semana. — Davi decretou.

Sai da frente da janela me jogando na cama, destravo meu celular vendo duas mensagens de Nicky.

“Desculpe, eu devia ter parado.”

“Don, me perdoa”

Merda, ela achava que a culpa era dela? Merda, Dominic. Você só faz merda!


CAPÍTULO 4

Nicky


É desta vez, eu sei
e n ã o h á d ú vidas em minha mente.
At é que minha vida se acabe
Garota, vou te amar pra sempre

— D’FIVE

Aceno para Alana que limpava o balcão do bar.

Ela se aproxima jogando o pano no ombro. Alana tinha se tornado uma grande amiga, além de tomar conta do bar quando eu precisava sair.

— Bom dia Nicky, você está com uma cara péssima.

— Tem café?

Ela riu indo buscar a garrafa térmica. — Passou do ponto ontem com o cliente bonitão?

Ah, se ela soubesse!

Dou de ombro tomando um longo gole do café. O som estava alto tocando “Moves Like Jagger” e Alana balançava o quadril no ritmo da música.

— Acho que você teve uma excelente noite. — Comento rindo dela dançando em plena oito horas da manhã.

— Adivinha quem está na cidade? Ah, lógico que você já deve saber.

— Não, quem? — Pergunto me fazendo de desentendida.

— D’Five, cara eu sou louca pelo Drake, apesar que o Dylan não é de se jogar fora.

— Eu preferia o Dylan — Comento. — Drake é um canalha.

As imagens da comemoração que a banda fez no bar vieram em minha mente, Drake era como jogar um quilo de milho para o alto, eu tinha certeza que ele tinha um código de barras gravado na pele. Os blogs e revistas de fofoca adoravam falar sobre sua canalhice e mostrar sua bunda ou como a calça de couro que ele usava nos shows deixava suas partes em total evidência.

— Astros do rock, você não esperava que eles fossem santos, isso que os torna ainda mais sexy.

— Mudando de assunto, como foi ontem? Tudo ocorreu bem?

— Não, não! A D’Five irá fazer um show em Nova York, você bem que podia conseguir um convite com seu amigo Don. Eu assumo o bar por três fins de semana. — Barganha.

— Nova York?

— Por favorzinho. Cara, eu daria tudo para visita-los no camarim.

— Eu sei bem o que você pensa em dar. — Comento fazendo Alana rir.

— Bobinha, isso também. A vida é curta e quando eu morrer a terra que vai comer mesmo. — Diz piscando.

— Que horror, Alana.

— Que foi?

— Pelo visto, você e Drake têm muito em comum.

Ela gargalha.

— Vou ver o que consigo fazer.

O sino da porta nos fez interromper as risadas, olhando para o visitante. Ryan.

— Gatinha. — Diz com um amplo sorriso.

— Ry, bom dia. Você não devia estar no trabalho?

— Sim, mas como seu bar fica no caminho decidi dar uma passada.

— Eu vou deixar vocês a sós. Não se esqueça de pedir os convites. — Alana lembrou, sumindo do outro lado do bar.

— Convites?

— Alana quer ir à Nova York, show do D’Five.

— Cara, eu sou muito fã deles.

Eu queria mesmo é revirar os olhos, justo hoje que eu não queria falar sobre eles, todos em minha volta tinham decido que seria o assunto principal.

— Espera aí, você é amiga do D’Five? — Perguntou incrédulo.

— Sim.

— Uau! Quem sabe eu possa acompanhar vocês no show, acho que os ingressos já devem estar esgotados, mas posso tentar conseguir.

— Relaxa, eu vou falar com Dash.

— Dash Tunner? Gata, você está realizando um sonho, quero muito conhecer esses caras.

— Claro. Você pode vir com a gente.

Pronto tudo que eu queria.

Quando Ryan tinha ido embora e Alana foi para sua aula de spinning eu verifiquei meu celular, Don tinha lido as mensagens, mas não respondeu o que fez meu coração pesar no peito.

Procuro nos contatos o telefone do Dash.

— Pequena Nicky!

— Oi, Dash.

Sentia minha garganta se fechando, minha língua coçando para perguntar sobre Dominic, mas fui o mais breve possível.

— Claro que arrumo uns convites, pequena. Quantas amigas gostosas virão com você?

— Apenas três convites.

— Vou enviar por e-mail assim como a autorização para você retirar a credencial da área VIP.

— Obrigada Dash! Nos vemos em breve.

— Com certeza, pequena. Vocês vão precisar das passagens também? Acredito que Don me mataria se eu não ajeitasse isso.

— Não, já temos como ir. Dash?

— Manda!

— Não fala nada para o Don, acho que ele não quer me ver ultimamente.

Dash soltou uma gargalhada do outro lado da linha. — Pequena, acredito que você esteja errada, mas vou guardar seu segredinho.

— Obrigada Dash, até mais.

Respiro fundo olhando para o nada, eu não sabia se ainda estava pronta para dar de cara com Don. O e-mail de Dash chega em poucos minutos, os três convites e mais as credenciais para ficarmos na área VIP.

Alana com certeza surtaria.


Durante três dias encarei o silêncio de Don. As notificações do Google informavam cada passo da banda, eu tinha assistido a entrevista para o The Late Show, assim como suspirei com cada sorriso e passada de mão no cabelo que Dominic fazia. E quando o apresentador perguntou se algum deles estava apaixonado, todos riram e olharam para Don, que ficou vermelho e disse que para cantar um bom rock ele sempre estaria apaixonado pela melodia que saia de sua guitarra.

Foram oito horas aguentando dois fãs neuróticos falando tudo e mais um pouco dos garotos. Ryan tinha sentado ao lado de Alana e ambos entraram numa disputa sobre “quem conhecia melhor a D’FIVE”.

O show estava marcado para às vinte horas no sábado. Iríamos assistir ao show, descansar e voltar no domingo mesmo. Eu não poderia ficar com o bar fechado por muitos dias e tirando Alana e Don, não tinha ninguém de confiança para tomar conta dele.

A entrada do Brooklyn Steel tinha uma fila quilométrica, como Dash me informou no e-mail era só apresentar as credenciais que tínhamos trocado mais cedo para entrarmos.

— Uau! Ainda não acredito que estou aqui.

— Pois pode acreditar. Isso está lotado. — Digo mostrando as credenciais para o segurança do tamanho de um gorila na porta.

— Podem entrar. Bom, show.

Ryan me dá um selinho quando passei a sua credencial, me deixando sem jeito.

— Dash disse que tem uma área VIP reservada para nós.

Os camarotes superiores já estavam cheios assim como a pista estava ficando, Peter o chefe da segurança da banda, assim que me vê passando pelo bar montado na lateral da pista faz sinal para que o seguíssemos.

Ele nos deixa dentro da área VIP, estávamos praticamente colados ao palco. Algumas fãs ao nosso lado já gritavam empolgadas esperando a hora que os garotos entrariam no palco.

O apresentador surge no meio do palco depois de meia hora que estávamos dentro da casa, recebendo gritos e mais gritos da multidão. Fazia muito tempo que não ia em um show da D’Five, com o sucesso que meu bar fazia eu tinha uma vida corrida. Mesmo sabendo do sucesso que eles estavam fazendo eu nunca senti na pele o que era estar ali, com as fãs gritando ensandecidas, a multidão clamando por eles.

Era sensacional.

— Vocês querem a D’Five? — Grita o apresentador fazendo a plateia enlouquecer mais ainda.

— Que tal o Dash? — Pergunta sendo recebido por mais gritos histéricos.

— Dylan ou Drake?

Algumas meninas perto de nós gritando e pulando, assim como Alana.

— Que tal poder tocar com Don?

As fãs enlouqueceram, eu já tinha visto que nos shows os meninos sempre se revezavam com uma fã no palco. O que levava o resto das fãs ao choro e pedidos de “olha para mim” e “casa comigo”. Era engraçado. Menos quando eu estava ali, perto deles e poderia ver Don deixar uma fã maluca ao passar a mão por seu corpo.

— Gatinha, vou pegar uma bebida para nós. Alguma preferência?

— Uma água.

Ryan sorri, beijando brevemente minha boca e sai no meio da multidão em direção ao bar.

— Que foi? Ele é apenas um rostinho bonito? — Alana pergunta gritando perto do meu ouvido.

— Ele é legal.

— Mas não é quem você realmente quer. — Diz olhando em meus olhos.

Abro a boca para responder duas vezes, mas nas duas torno a fechar, preferindo o silêncio.

— Brooklyn Steel, se preparem... Aí vem eles! — Grita o apresentador.

O palco se apaga por completo, um foco de luz ilumina o fundo do palco, a fumaça subia e a plateia gritava.

— D’FIVE! – Gritou o apresentador.

Eu iria sair surda dali. Era unânime, a multidão gritava pelos garotos, chamando e assobiando. Eu podia sentir a energia tocar minha pele. As luzes do palco piscavam todas juntas, um de cada vez eles foram surgindo no palco: Dash ajeitando a guitarra, Dylan tocando a bateria, Davi no vocal com Drake no contrabaixo e então surge Don tocando seu solo na guitarra.

Assim que ele pisou no palco meus olhos colaram nele, nem quando Ryan entregou minha água eu desviei o olhar.

Don estava lindo, a calça preta rasgada abaixo da cintura, a jaqueta de couro surrada aberta deixando o peitoral malhado e definido à mostra.

Eu tenho a sensação que cometi alguns pecados,

cobicei um anjo e isso não é o correto a se fazer.

Vou perguntar educadamente se o diabo

precisa de uma carona, porque o anjo que

seduzi não vai sair comigo está noite.

A plateia cantava “Sin” junto com Davi a plenos pulmões.

Sinto Ryan colocando seu braço em volta de minha cintura e quanto mais eu tentava me desvencilhar, mas ele vinha para cima.

Estou perto de sua casa, eu sinto o cheiro

do meu anjo, você está saindo escondida.

Anjo você é pecado, mas desse pecado eu não

vou me livrar nunca mais.

Don se afasta indo até Dash, sussurrando algo em seu ouvido enquanto eles tocavam juntos. Meu coração para quando Dash sorri indicando onde eu estava para Dominic. Seus olhos seguiram os de Dash e enquanto ele tocava os últimos acordes de maneira frenética eu sabia que eu estava igual à mocinha da música, buscando uma fuga.

Fuja meu anjo, se você sabe o que é bom

para você fuja de minhas garras.

Porque quando eu te pegar você estará

assumindo um risco muito grande.

A plateia pulava eletrizada pela música, eu via raiva nos olhos de Don e não havia como explicar ou dar uma desculpa para o que ele estava vendo: Eu, sendo agarrada por trás por Ryan enquanto ele tomava alguns goles de sua cerveja e em alguns momentos beijava meu ombro.

Você está ao meu lado, você gosta do perigo.

Sua mão entre meus joelhos, anjo controle—se.

Perigo, perigo, pecado.

É difícil me controlar quando você está

respirando no meu ouvido.


Então venha, querida, veja o que você provocou.

Veja os problemas em que nos metemos,

meu anjo perverso.


— Boa noite, Brooklyn Steel! — Davi diz abrindo os braços para a plateia.

Dash sussurra algo para Don, logo Dylan me vê na plateia e também entende porque Dominic tinha ficado tão fora de si.

— Obrigado por estarem essa noite conosco. — Drake veio para frente do palco, evitando que as pessoas percebessem o pequeno descontrole do guitarrista, enquanto Dash e Dylan conversavam com ele no fundo do palco.

— Drake, você reparou na quantidade de mulheres lindas que temos hoje? — Davi diz se abaixando no palco para mexer com uma fã do outro lado.

— É Davi, hoje será difícil escolher apenas uma para o palco.

As fãs gritaram e pularam. A distração foi feita.

Quando Dash, Don e Dylan assumiram seus lugares eles estavam sorrindo. Mas eu via que para Don aquilo era uma máscara, ele me questionava com o olhar. Eu sentia o peso sobre mim.

— Don está estranho, né. — Alana comenta em meu ouvido fazendo com que Ryan se afastasse.

— É. — Digo sentindo um nó em minha garganta.

Don me encarou por mais um segundo, virando-se de costas indo até o canto do palco, trocando algumas palavras com Mitch, tomando um gole longo de água e voltou.

Ryan disse que iria ao bar novamente, mas acabou não retornando. Eu não me surpreenderia se ele tivesse ficado preso no meio da multidão.

O show continuou com perfeição, eles sempre foram incríveis no palco, num determinado momento uma fã subiu correndo no palco agarrando Dash, impedindo que ele continuasse tocando e quando os seguranças foram tirá-la de cima dele. Dash deu um selinho nela o que fez a plateia gritar e a banda rir de sua atitude.

Olho em volta tentando ver se avistada Ryan, mas seria impossível com a quantidade de pessoas presentes ali, estava começando a me preocupar. Pego o telefone vendo que tinha algumas ligações dele e uma mensagem.

“Um imbecil derrubou cerveja em mim e quando o segurança surgiu para ver o que estava acontecendo me viu sem a credencial. Não sei como isso aconteceu. Mas espero vocês no hotel.”

Olho para Don que sorria tocando tranquilamente. Filho da mãe, ele era o culpado.


Após uma hora de show e os meninos estarem sem a camisa, o que deu uma chuva de calcinha e sutiã no palco. Eles encerraram o cover do Bon Jovi “Blaze Of Glory”

Davi se aproximou da frente do palco, com uma calcinha pendurada na cabeça. — Só temos tempo para mais uma música, qual é o pedido de vocês?

Sem demora a maioria das fãs gritaram: — “Love in Dark”.

Dash e Drake estavam sentados no pequeno degrau onde a bateria estava no fundo do palco.

— Vocês querem “Love The Dark” ? — Todas gritam aprovando. — Ah, não sei se elas merecem. O que você acha, Don?

Don sorriu passando a língua nos lábios de forma maliciosa. E a mulherada enlouqueceu novamente. Don dá de ombros, indo para o microfone que o Davi usava. — Então eu preciso achar uma mulher adorável para vir aqui no palco.

Os integrantes da banda deixaram Don dominar o palco, ele foi até o produtor pegando uma banqueta alta colocando-a no centro do palco, ajeitou o microfone na sua altura e trocou a guitarra pelo violão.

Ele olhava para a plateia examinando suas opções e quando as mulheres já estavam no nível máximo, seu olhar parou sobre mim.

— Você morena bonita. Sobe aqui.

Que bela sacanagem, Dominic!

— Puta que pariu, amiga! Você vai ter um momento sexy com o Don. — Alana grita, rindo.

A plateia aplaudia incentivando para que eu subisse no palco, Peter aparece tirando uma das proteções da área VIP para eu saísse.

Don coloca o violão para trás e me puxa para cima pela cintura, colando nosso corpo.

— Don. — Sussurro.

Ele esboça um sorriso satisfeito. Levando-me até o microfone.

— Qual seu nome?

— Nicole. — Gaguejo.

— Você toca violão, Nicole?

Sua voz combinada com os olhares que ele me lançava são capazes de fazerem meu corpo inteiro esquentar e tremer.

— Não.

Mas isso ele sabe, cretino!

— Não tem problema, será ainda mais delicioso.

As mulheres gritaram, todas queriam estar onde eu estava. Aposto todo meu ganho do mês que elas dariam qualquer coisa para estarem ali.

Em vez de Don passar a faixa de couro pelo meu ombro ele me fez ficar entre o violão e ele. Deixando-me arrepiada ao sentir suas mãos percorrerem minha cintura, braços e segurar o violão.

Don retira meu cabelo do pescoço, liberando o acesso para ele, sinto sua respiração perto de meu ouvido e ele inalando meu perfume.

Seus dedos correm pelo instrumento, a multidão acende seus celulares ou isqueiros levantando o braço. Deixando ser a única iluminação do lugar, além da luz roxa que banhava minhas costas.

Don começa a tocar a melodia doce da música, fazendo com que eu sentisse cada acorde.

Por favor, fique onde está.

Você me corroeu com seu sorriso, com sua doçura.

Não posso mais te amar no escuro,

sempre parece que temos oceanos entre nós.

Mas tudo mudou, baby.


Seu peito vibra em meu corpo, sua voz rouca em meu ouvido, ainda mais cantando essa música. Deus!


Você me deu algo que não posso viver sem,

você sempre foi meu mundo,

agora está tão claro.

Preciso te sentir de dentro para fora,

seu nome é minha oração e seu coração meu lar.

Eu não posso, eu não posso

te amar no escuro.


Mas se não sente o mesmo,

Tire os olhos de mim para que eu possa partir.

Tem tanto espaço entre nós.

Mas se você me ama, me deixe quebrá—lo.


Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

não posso nem imagina viver sem um sorriso seu.

Eu não posso, eu não vou...


Me peça para ficar,

porque eu não vou mais amá—la no escuro.

Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

Tudo mudou, baby


Don vai tocando os últimos acordes e finaliza a canção, a plateia demora alguns segundos para explodir novamente. Ele retira o instrumento de nós, passa para Dash que dá uma piscadinha para mim.

Meus olhos colados nos de Don, meu corpo inteiro está arrepiado. Ele crava seus dedos por meu cabelo, firmando minha cabeça enquanto seus lábios descem sobre minha boca. Sua língua pede passagem, que eu permito sem lutar.

Sinto a pulsação do sangue em meus ouvidos, escuto ao fundo a plateia gritando. Agarro seu pescoço trazendo mais para mim, mal me importando que seu corpo está suado. Eu só desejo que aquele beijo se prolongue, que sua língua continue enroscada na minha.

Como se ao nos separarmos tudo voltasse ao estranhamento que sentíamos.

Don deixa uma das mãos em minha cintura, cravando os dedos em meu quadril, sinto sua ereção na calça justa e meu corpo esquenta mais. E antes que eu o impeça descola sua boca da minha.

— Nicky...

Eu estava sem ar.

— Venha comigo.

Don me puxa para fora do palco correndo pelo corredor até os camarins, ao longe eu escuto a banda se despedir do público em meio a toda a euforia anunciando que o próximo show será em Londres.


CAPÍTULO 5

Dominic

 

Por todo o caminho até meu camarim eu tive medo.

Medo que ela percebesse a loucura por trás de tudo e me deixasse, eu nunca havia ultrapassado os limites com Nicky e agora eu tinha jogados todos no lixo.

Para mim esse show seria apenas mais um, passei à tarde com os caras, relaxando, quando Dash veio sorrindo do seu quarto avisando que teria a presença de Nicky no show.

Fazia bons anos que ela não conseguia nos acompanhar em um show, mesmo eu tendo enviado diversos convites a ela. No fundo eu entendia, ela tinha uma vida corrida e seu bar sempre foi sua prioridade.

— Nicky?

— Sim, ela pediu convite para ela e duas amigas.

— Opa! Carne fresca! — Exclama Drake, que logo recebe uma olhada feia. — Que isso Don, eu disse sobre as amigas, todo mundo sabe que a Nicky é sua.

Minha.

Nicky e “minha” não eram tão usuais na mesma frase. Mas será que poderiam ser? Afinal ela estava vindo.

Confesso que estava ansioso, eu queria vê-la, mesmo sendo insano eu caçar os olhos castanhos de Nicky pela multidão que nos aguardava no palco. Porém foi exatamente que eu fiz assim que pisei no palco, enquanto tocava o solo tão conhecido e gravado em minha mente de “Sin”, eu procurava pela multidão os olhos que tanto queria ver.

Aproveitei minha performance com Dash para questioná-lo onde ele tinha colocado Nicky e suas amigas e foi uma surpresa de merda vê-la junto com uma amiga e um cara agarrado em sua cintura no meio de nossas groupies .

O sangue ferveu vendo a ousadia daquele cara.

Termino meu solo comendo Nicky com os olhos, eu sabia que ela estava com vergonha, mesmo não conseguindo ver seu rosto com perfeição por causa das luzes que dançavam pelo Brooklyn Steel. Sabia que suas bochechas estavam mais vermelhas que dois pimentões.

— Sua água.

Tomo um grande gole d’água que Mich me entrega em meio a elogios de nossa apresentação.

— Peter. Preciso de um favor. — Peço ao chefe da segurança.

— Claro, Don.

— Sabe aquele cara que está com a Nicky?

— Sim.

— Na primeira oportunidade tire-o daqui.

Eu sabia que não estava agindo da maneira racional, mas a essa altura não estava me importando com nada! A não ser em afastar aquele “elemento” da minha garota!

— Quer que façamos isso agora? — Peter já segurava seu ponto de comunicação com os outros seguranças.

— Não, nada na frente da Nicky. Ele vai sair de perto dela em alguma hora. Está bebendo como um gambá.

— Pode deixar, vou cuidar disso pessoalmente.

Como eu disse, eu não estava pensando. Só me aproveitei das oportunidades que sugiram.


— Don.

— Venha. — Respondo fechando a porta do camarim e puxando seu corpo para o meu, eu precisava sentir o gosto de seus lábios nos meus novamente.

Olho para seu corpo cobiçando cada parte dele, ela estava linda, retiro sua jaqueta de couro vendo a regata preta colada aos seus seios e em sua cintura delgada. Eu adorava quando Nicky se vestia como uma garota má, de preto da cabeça aos pés.

A saia de couro dava pouco espaço para minha imaginação devido ao comprimento. Volto meus olhos para cima segurando sua blusa e retiro pela cabeça. Prendo a respiração admirando seu corpo, a curva de seus seios no sutiã.

Cara, ela era perfeita.

— Don...

Meus dedos percorreram sua cintura, subindo pelo umbigo, passando pelo vale entre seus seios.

— Linda. Você é perfeita Nicky.

— Você tem certeza?

Eu sabia que ela não estava questionando sobre o que eu tinha dito e sim sobre o que estávamos prestes a fazer.

Desço a boca por seu pescoço, sugando sua pele, indo com meus lábios para o espaço entre seus seios, sentindo sua respiração irregular, assim como os batimentos de seu coração.

Colo seu corpo no meu nos levando para o sofá, eu queria beijar cada parte daquele corpo, queria venerar a mulher a minha frente. Queria que ela entendesse que eu amava seu sorriso, seu olhar, sua amizade e principalmente a mulher que estava exposta ali em minha frente.

Ouço uma discussão fora do camarim, mas não dou bola. Deviam ser as groupies brigando de novo sobre quem iria fazer um boquete em Dylan.

Continuo beijando Nicky, admirando seus olhos brilhantes, até que a porta se abre com violência.

Deito sobre Nicky para esconder sua nudez.

— Porra, a porta estava fechada. — Reclamo, virando o rosto para a porta.

Meu coração aperta vendo um Dash totalmente sem graça e Emily parada de braços cruzados.

— Desculpe cara, eu não sabia que estava aqui, vim brincar um pouquinho com Emily.

— Não fale merda, Dash! — Ela ruge me fazendo engolir o nó no meio da garganta. — Quem é essa vagabunda, Don?

— Emily.

— Olha querida, eu sei que pode ser emocionante ter em seu currículo uma foda de Don, mas esse daqui já é meu.

— Emily, cala boca! — Dash e eu gritamos.

Vejo o choque que Nicky teve, sinto seu corpo retesando abaixo do meu e suas mãos tentando empurrar meu peito para longe.

— Dash, tire essa maluca daqui.

Dash agarra o braço de Emily, mas ela se desvencilha.

— O que foi, Don? Vai fingir que não me conhece, depois de ontem à noite.

— Não tivemos nada ontem, Emily. Dá o fora daqui.

Nicky me pega desprevenido, jogando-me para fora do sofá, se levantando apressada, pega sua blusa do chão colocando-a novamente.

— Espera aí, eu conheço você!

— Dash!

Dash agarra a cintura de Emily novamente, tentando tirá-la do camarim, mas o estrago já estava feito, sabia só de ver os olhos marejados de Nicky.

— Que porra está acontecendo... — A voz de Dylan morre ao ver o que estava acontecendo, nem ele ou Davi que estava ao seu lado e nem mesmo Alana colada no pescoço de Dylan, precisavam dizer algo. Os caras sabiam a merda que poderia acontecer se Emily cruzasse com Nicky.

— Você é a garota do Bluber. — Emily diz rindo. — Eu sabia que não me era estranha, até deixei que Don tivesse sua cota de diversão com você naquele dia, mas se enxerga garota. Ele só queria te foder, um passatempo.

— Emily! — Meu grito fez todos ficarem em silêncio.

— Quer saber, ela está certa. Curta sua noite, Dominic.

Nicky nunca me chamou de Dominic, nem mesmo quando éramos apenas conhecidos. Vejo a tristeza se misturar com raiva dentro de seus olhos.

— Nicky! Por favor, eu não tenho nada com ela.

Me ajoelho em sua frente, suplicando para que ela me ouvisse, não me importava que mais pessoas estivessem ali, olhando-me ajoelhado e agarrado nas pernas dela.

— Me solte, Dominic.

— Não, você tem que me ouvir.

— Eu não vou ouvir nada. Não preciso de nada depois disso.

Nicky se desvencilha de mim, caminhando decidida para cima de Emily. Dash se coloca no meio do caminho impedindo que as duas se engalfinhassem.

— Faça bom proveito. — Se virou para sua amiga. — Você vem comigo?

Alana concorda soltando o pescoço de Dylan dando um selinho em seus lábios e murmurando algo que não ouvi. Saindo com Nicky.

— Nicky. — Grito para o nada.

Eu não consegui me mexer, a raiva crescia em meu peito cada vez que eu via o sorriso de satisfação de Emily. Levanto como um leão agarrando-a pelos braços, ao mesmo tempo em que Dash e Dylan tentavam me conter.

— Ouh ouh , Don controle-se. — Dash exclamava.

— Ela não vale à pena, cara. — Sentia o aperto que as mãos de Dylan faziam em meu braço esquerdo.

— Você some daqui, porque se eu cruzar com você em qualquer show. Eu juro que ninguém vai conseguir me deter.

Emily me encarava com os olhos arregalados.

— Don...

— Não me venha com essa merda, suma daqui. — Grito.

Davi puxou Emily para si tirando-a do meu camarim e fechando a porta, me fazendo desmoronar.

— Cara, que merda foi isso? — Dylan sussurra passando a mão no cabelo.

— Desculpe Don, eu não consegui deter, quando vi ela já tinha invadido seu camarim, cara.

— Já está feito, eu preciso saber onde Nicky está. Preciso me explicar, eu não posso deixar que ela pense que eu estava mentindo.

— Don, não adianta você ir atrás dela agora.

— Como não, eu preciso...

— Don, se acalme. — Dylan repreende. — Ela está nervosa e não irá escutar nada que você fale. Deixe as coisas esfriarem. A amiga dela disse que elas iriam voltar de qualquer jeito para Oregon assim que o show acabasse.

— Isso, cara. Fica frio. — Dash diz dando apoio.

— Não vou conseguir, sabendo que ela está arrasada.

— Você vai precisar. Ir atrás dela agora é apenas colocar mais lenha na fogueira. Se você quer ter uma chance de verdade para que ela te escute, deixe a poeira abaixar.

Respiro fundo concordando com eles. Eu iria esperar apenas o suficiente para que ela me escutasse e acreditasse em tudo que eu tinha para dizer.


CONTINUA

— E essa é a D’Five Band?
Viramos olhando para o cara de óculos escuros, vestido de terno que nos encarava com um copo de uísque nas mãos.
E isso porque não era nem onze horas da manhã. Uma ligeira coceira em minha nuca de preocupação dá os primeiros sinais, talvez não deveria ter deixado o fato de procurar um produtor nas mãos de Drake, pelo visto, esse cara em nossa frente tem muito haver com ele.
— O que faz vocês serem mais interessantes que as outras bandas que me procuram?
Por um momento vejo todos se entreolhando. — Você pode ter visto muitos de nós por aí. — Digo chamando atenção do produtor para mim. — Pode ter escutados dezenas de boas bandas.
— E aí, cara, tá maluco? — Drake sussurra dando um pisão em meu pé.
— Mas com certeza não o bastante, senão não estaria sentado nessa mesa conosco.
O produtor me encara, um sorrisinho no canto dos lábios.
— O que nos torna diferentes dos outros? Somos uma família, cada um do seu jeito, nunca perfeitos, mas família. — Davi diz.
— Cinco desajustados cantando para pessoas que acima de tudo amam a música. — Dash completou.
— Então acho melhor eu garantir logo esses desajustados para mim, pois quando olho para vocês sinto cheiro de dinheiro. E esse, meus rapazes é o odor que mais gosto. — O produtor faz um pequeno sinal, logo uma mulher linda e vestida de um jeito extremamente sensual entrega uma pequena pasta para ele.
— Espero que estejam com canetas, garotos. E se preparem, agora quem cuida da vida de vocês sou eu. — Disse com um largo sorriso no rosto.
Alguém está tentando arrombar minha porta.
— Puta que pariu, o que foi cara?
Drake me encara com um enorme sorriso no rosto, vejo Dash, Dylan e Davi correndo pela entrada de encontro a nós.
— O DISCO IMPLACOU! O DISCO FOI UM SUCESSO! — Drake grita.
Olho meio aturdido pela surpresa para os outros, com seus enormes sorrisos no rosto.
— É isso mesmo, maninho. Mich nos quer no próximo voo, tem uma turnê para nós!
— Puta que pariu! — Desço os pequenos degraus, pegando todos eles em um abraço de urso.
— SOMOS OS DONOS DO MUNDO! — Drake gritava.
— Nossos sonhos, senhores, acaba de começar. — Davi diz.

 

https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/D_FIVE_BAND.jpg

 

CAPÍTULO 1

Nicky


N ã o tenho paci ê ncia para joguinhos,

e seus joguinhos me enlouquecem.

Eu preciso de voc ê , é tudo

que voc ê precisa saber.

— D’FIVE

Ficar diante de mulheres seminuas não era algo que eu apreciava. Nem um pouco. Assistir outras pessoas praticamente fazendo sexo também não era minha definição de uma sexta-feira perfeita.

Encosto no canto da parede tomando minha cerveja, dando uma olhada para o espaço fazendo uma pequena nota mental que não seria tão difícil sair dali. Mas Don ficaria chateado.

Don e sua banda se tornaram astros do rock, o céu era pouco para tudo que eles estavam conquistando e ali estava a prova. Seu primeiro disco de platina, o mundo os amava, assim como as mulheres se jogavam em seus braços praticamente nuas.

A D’Five estava liderando a lista de maiores sucessos da Billboard, com uma música nova atrás da outra. Eles realmente eram lindos bad boys com suas jaquetas de couro envelhecidas e seus estilos de homens fatais que a People tanto frisava. E mesmo tendo acompanhado notícias pelas revistas e mídias, a imagem que eu tinha era de cinco amigos felizes, exatamente de quando eu os conheci. Só de olhá-los você percebe até mesmo o modo como interagem, que eles dariam a vida um pelo outro.

Meus olhos capturam Dylan, o baterista, prensar uma loira peituda na parede beijando seu pescoço. Desvio o rosto tomando o resto de minha cerveja.

Aquela festinha particular tinha tudo para sair do controle facilmente, meu coração estava pesado só de olhar a sujeira e bagunça que eles faziam pelo meu bar.

Quando Don me pediu o bar emprestado para sua comemoração eu não acreditava que seria algo civilizado, nunca. Eles eram homens, roqueiros e com uma libido difícil de controlar. Mas, Don me pagaria caro por isso.

Eu estava vendo mais peitos ali do que poderia ter visto se tivesse comprado todas as playboys da vida.

Meus olhos cruzaram com Drake, baixista da banda, sentado em um dos sofás de couro, que por sua vez sorriu erguendo a garrafa de cerveja. Não deixando que a mulher de joelhos em sua frente parasse o serviço prestado ao seu membro ou seja lá o que ela estaria fazendo com a boca perto do umbigo dele.

Reviro os olhos, mas uma vez deixando que meus olhos vagassem pelo bar. Merda! Daria um trabalhão arrumar tudo.

— Ela é tudo que você sempre quis, do tipo que você se vangloria e leva para jantar na luz do luar... — Don cantarola em meu ouvido, fazendo eu me arrepiar.

Tá. Eu tinha uma quedinha por Dominic, mas nossa amizade de anos impedia que ambos déssemos qualquer passo arriscado.

— Que surpresa não o ver com alguma piranha colada em seu saco. — Digo emburrada.

Ele solta aquela gargalhada que tanto amo, rouca e exagerada, como se fosse um velho fumante de setenta anos. Mesmo que eu saiba que Don nunca fumou, é contra cigarros e drogas e qualquer porcaria ilegal, como ele mesmo afirma.

— Está tudo bem? Sabe que não precisa ficar aqui. — Seus olhos se focam nos meus... aquela íris azul...

Sorrio, confirmando com um jeito.

— Não conte para minha melhor amiga, ela vai ficar se achando muito, okay? Eu amo que esteja aqui. — Don brinca, dando um beijo casto em meu rosto.

Oh, santa das fãs de roqueiros sexys, não esqueças de mim. — Clamo.

— Há uma grande quantidade de peitos aqui. — Digo mudando o rumo da conversa.

Ele sorri.

Mentalmente agradeço por seu hálito não feder todos os tipos de álcool igual aos outros integrantes da banda.

Don era lindo, verdade seja dita. Os cabelos pretos como sempre rebeldes, os olhos azuis transmitiam sua rebeldia de astro do rock. Ele vestia a jaqueta de couro que dei em seu vigésimo sexto aniversário, aquela que eu sabia que tinha um furo no bolso direito, mas ele não se desfazia de jeito nenhum.

— Você fez um trabalho excelente aqui.

— Pretendem ficar muito tempo? — pergunto.

— Um bom tempo, quem sabe, isso se nosso produtor deixar.

— Você não parece estar se divertindo. — Comento.

Don olha a orgia maluca que rolava em nossa frente. — Não exatamente, mas aqui com você vejo que posso. — Ele apoia a mão na parede ao meu lado, inclinando o corpo. — Investindo no karaokê? — pergunta apontando para o microfone no pequeno palco no fundo do bar.

Eu rio. — Boas risadas e altas gorjetas.

— Não deixe que Drake o veja.

— Dooonn ... — Geme uma ruiva apenas de fio dental, ela corre até ele colocando a mão em seu peitoral.

— Oi, Emily.

— Vamos, venha participar da festinhaaa .

Seguro a respiração encarando o rosto de Don.

— Estou em ótima companhia.

A tal da Emily me mede da cabeça aos pés, torcendo os lábios.

— Davi ficará feliz em fazer companhia para você. — Don aponta para o amigo.

Davi era o vocalista da banda, e também era o que mais tinha dado problemas para os meninos no início de carreira. Ele estava jogado na poltrona bebendo sua cerveja, o cigarro pendendo dos dedos com o famoso “Fuck” tatuados nos nós de sua mão. E não se surpreendeu em nada quando Emily caminha sedutoramente até ele sentando-se em seu colo, sem o menor pudor.

— Venha, vamos nos sentar em algum lugar tranquilo.

Don me puxa pela mão entrelaçando nossos dedos, o que fez um formigamento subir pelo meu braço. Merda! Ele como sempre, pula o balcão arrancando uma risada minha ao errar o espaço e sair tropeçando.

— Ei, docinho você me trapaceou.

Reviro os olhos. — Docinho é sua mãe!

As batidas altas de “How you remind me” ainda poderiam ser ouvidas dentro do escritório, mesmo com a porta fechada. Assim como o cantarolar de Don.

— Prefiro você a Chad Kroeger 1 cantando essa música.

Ele sorri se jogando no sofá de dois lugares.

— Você fala isso porque é minha amiga e fã.

Dou de ombros. — Até que você tem talento.

Esboço um sorriso sentando ao seu lado no sofá pequeno.

— Se estou aqui, é por você.

Um nó se forma em minha garganta. — Eu?

— Quem foi que gravou o primeiro vídeo da D’Five espalhou pela internet?

Sorrio. — É, fui eu. Talvez mereça um crédito e alguns milhares em minha conta. — Digo piscando.

— O céu para a menina D’Five.

Mordo o lábio inferior por um momento. De uns tempos para cá tinha se tornado difícil ficarmos sozinhos, eu sempre ficava envergonhada e Don sempre me olhava mais do que o necessário. Isso é coisa da tua cabeça! Ralho comigo mesma.

Don passa o dedo indicador pelo meu queixo virando meu rosto para ele. Fazendo-me soltar o lábio que ainda estava preso entre meus dentes. Seus olhos estavam fixos no meu, mas eu sabia que ele girava o anel de caveira no dedo.

Sabia também que não rolaria nada, diversas vezes Dominic Ward fez esse movimento, segundo ele eu ficava “bonitinha” envergonhada.

Dominic quebra nosso contato visual, pegando o violão que sempre ficava em meu escritório apoiando-o na coxa esquerda.

— Estou imaginando, esse sentimento preso dentro de mim. Estou começando a me arrepender, somente por nunca ter te contado. — Cantou.

Encosto mais no sofá admirando Don tocar o violão, eu amava essa música. Além de um excelente guitarrista, a maioria das músicas da banda eram compostas por ele e Davi.

— E agora, jogado nesse bar. Vejo que você é tudo que eu poderia pedir. Você nunca mais ficará sozinha, todos seus sorrisos serão meus e mesmo quando você chorar, eu vou estar ali... Secando suas lágrimas com meus beijos. — Don dedilhava seu violão com extrema paixão. — Então, se eu ainda não te disse nada, por favor, me abrace e me entenda por meio das palavras que canto, como um tolo apaixonado.

— Essa é uma das minhas preferidas.

Don sorri deixando o violão de lado quando termina.

— Nicky, eu preciso...

A porta do escritório se abre com violência, interrompendo o que Don iria falar.

— Sabia que iria encontra-lo aqui.

— E aí. — Don resmunga.

— Pequena Nicky, tá uma gata hoje com esse estilo roqueira.

— Obrigada pelo elogio, Dash. — Digo rindo.

Dash era o mais espirituoso dos cinco, eu ainda ria com suas piadas idiotas e seu comentário de como ele acreditava que os cinco eram anomalias, apenas por terem nomes com a letra “D” ou como ele carinhosamente chamava a banda: “Os Diotas” e pelo cosmo tê-los juntados na mesma cidade.

Dash era o que eu mais tinha contato, além do Don. Não que eu não fosse amiga dos outros, mas eu sentia que tinha mais intimidade e liberdade com eles. Dash era como aquele irmão mais velho que vem nas férias só para encher o saco, mas quando vai embora você sente falta.

— O que você quer, Dash?

— Mich quer falar com a banda.

Don se joga mais no sofá apoiando a cabeça no encosto.

— Vamos logo, ninguém quer Mich bravo por causa de sua preguiça, levanta esse saco gordo daí.

— Você vai ficar bem? — Don questiona olhando para mim.

— Sim, eu vou para casa. Já comemorei bastante com a banda.

Ele concorda, sabia que eu odiava essas orgias que alguns integrantes aprontavam, já tinha visto minha cota nos primeiros anos de turnê. — Manda uma mensagem quando chegar. Eu tomo conta do bar.

— E limpe tudo!

— Pode deixar, colocarei todos para limpar. — Don brinca dando um peteleco na orelha de Dash.

Com isso ele se levanta saindo do escritório, me deixando mais uma vez com os batimentos cardíacos descompassados.


CAPÍTULO 2

Nicky


Seu amor por mim é real?
Uma ú nica chance, um ú nico beijo.

E tudo seria revelado.

— D’FIVE


Largo minha bolsa no balcão da cozinha e tiro os sapatos de salto, antes de me jogar no sofá. O encontro com Ryan até que foi satisfatório, nada de tirar o fôlego, mas foi legal. Ryan era um cliente do bar, sempre nos víamos as sextas-feiras. Ele saia do trabalho e ficava comigo até que eu fechasse o bar e ontem ele finalmente me chamou para sair, rolou até um beijo.

Como disse, nada demais.

Sirvo um copo de suco para mim voltando para sala, na televisão passa um filme repetido, ao dar o primeiro gole em meu suco, meu celular toca.

Olho para o visor abrindo um sorriso enorme. Don.

— Oi!

— Oi, princesa. Tudo bem?

Don sempre me ligava quando estava em turnê, sempre contávamos como estava sendo nossa semana.

— Tudo bem, mas você sabe, dona de bar não tem descanso.

— O melhor bar da cidade, li o artigo que saiu no jornal. Uau! Você conseguiu, princesa.

Sorri me sentindo o máximo. — Sim! Mal acreditei quando vi a matéria. Conta, como está sendo a turnê?

— Movimentada, sabe como é: eu toco, canto e elas gritam, lingeries voam. Tudo na mesma.

Don sempre deixava de fora os detalhes das pequenas festinhas que a banda dava após cada show. Eu sabia que essas mesmas mulheres que gritavam e lançavam suas roupas íntimas para eles. Eram as que compareciam ao hotel que eles estavam hospedados.

— Quando é o último show? — Pergunto soltando um bocejo sem querer.

— Foi hoje. Mas ainda temos alguns shows para fazermos perto de casa. Você está cansada?

— Não, apenas acordei muito cedo. Estou ansiosa pelo fim de semana, Alana vai me cobrir no sábado e eu enfim vou poder ficar o dia todo sem fazer nada.

— O que anda acontecendo com os homens de Eugene, ninguém presta para alguma coisa? — Brincou.

— Eu tive um encontro.

Don fica em silêncio por um momento. — Um encontro?

— É, com Ryan. Ele é cliente do bar.

— E aí?

— Nada demais. — Digo fazendo-o rir, ele notou o tom de decepção em minha voz.

— Ele beijava bem pelo menos?

— Se contar pelo fato de ser beijada por um sapo até que sim, babão e sugador.

Don gargalha do outro lado da linha, me fazendo rir também.

— Espera um minuto, princesa. — Diz, vejo o telefone ficar mudo. Don deve ter bloqueado o som.

A campainha do meu apartamento toca no instante que ele volta rindo. — Ainda está aí?

— Sim, agora você espere na linha.

— Tá bom.

Saio do sofá levando o telefone, destravo a porta e tiro o trinco do ferrolho. Dando de cara com Don, o celular pressionado entre o ombro e o ouvido, duas caixas de pizza na mão livre e debaixo do braço uma Tequila.

— Aí meu Deus!

— Surpresa? — pergunta levantando as pizzas.

Solto uma gargalhada finalizando a ligação e deixando o celular no aparador que tem perto da porta. Deixo Don entrar e deixar as pizzas e a garrafa sobre a mesa de jantar e se virar para mim. Pulo sobre ele enlaçando minhas pernas em sua cintura e os braços em seu pescoço. É bom tê-lo de volta.

— Nossa que recepção. — Murmura em meu ouvido.

— Senti sua falta. — Confesso enrolando algumas mechas do seu cabelo entre meus dedos. — Estão maiores.

— É.

Don me dá um sorriso de lado, examinando meu rosto. Tentei não ficar olhando muito para ele, afinal não queria estragar nossa amizade de anos por minha “paixonite”. E eu precisava controlar os leves tremores que sua presença e sua voz rouca provocavam em mim. O sorriso de Don vacila e suas narinas se alargam, ficamos ali parados por um instante, apenas nos encarando.

— Podemos comer a pizza e tomar algumas doses de tequila? – Perguntou soltando minha cintura para que eu ficasse de pé novamente.

— Claro, espero que tenha trazido minha predileta. — Brinco trazendo o clima confortável de volta.

— Lógico que trouxe.

— Vou apenas trocar de roupa, você arruma as coisas? — Pergunto sumindo pelo corredor.

Assim que entro em meu quarto fecho a porta encostando-me nela, a respiração que tanto controlei saia de forma irregular agora. Tiro a calça jeans pegando meu short do pijama e uma regata, respirando fundo antes de sair do quarto.

Don já tinha arrumado as caixas de pizza sobre a mesinha de centro, assim como os copos para tequila. E estava sentado confortável em meu sofá cinza.

Sento ao seu lado colocando os pés no sofá.

— Então, o que vai ser? Netflix? CSI? Telecine? Você escolhe dessa vez.

— Que tal Shadowhunters?

O sorriso de Don se alarga. — Eu perdi a segunda temporada inteira viajando.

Nós entramos na rotina que sempre fazíamos, ele em uma das pontas do sofá e eu na outra. O notebook transpondo o programa para a televisão e nós nos entupindo de comida gordurosa e muita tequila.

Comemos metade de nossas pizzas e a certa altura a tequila seguiu pelo mesmo caminho que o nosso jantar. Don deixou nossos pratos sobre a mesa de centro puxando minhas pernas para cima de suas coxas enquanto se ajeitava vendo a série.

Controlo o formigamento e o calorzinho gostoso que reverbera pelo meu corpo com seu o toque, fico olhando para a televisão como se não tivesse percebido. Como se a cena de luta entre Valentim e Jace realmente atraíssem minha atenção, ao contrário do fato das mãos de Don estarem sobre minhas pernas.

Ajeito o corpo sobre as almofadas e olhando de relance vejo a curva perfeita do lábio superior de Don faz e me pergunto se ela seria tão macia quanto aparenta ser, se o gosto de pizza com tequila seria tão saboroso misturado com seu cheiro tão de perto.

Volto meus olhos para a TV e tomo mais um gole da tequila, sentindo a bebida descer rasgando por minha garganta. As pontas dos dedos de Dominic brincam em minha panturrilha, seu toque era tão leve que por vezes mal sentia seus dedos tocarem minha pele.

Meu corpo volta a estremecer quando as pontas dos dedos de Don sobem por minhas coxas.

— Diga para eu parar.

Viro o rosto vendo que ele me encara. E mesmo na quase penumbra de minha sala vejo seus olhos azuis sérios, isso faz meu coração bater como um louco.

Mesmo com as dúvidas dentro de mim eu não queria que ele parasse, amava Dominic, desde o momento que o vi tocando na garagem de sua casa.

Mas nossa amizade era preciosa para mim, eu estragaria tudo se confessasse meus sentimentos. Por isso não disse nada.

Minha boca estava seca e não deixava que nem um fio de voz saísse, mas por outro lado também estava totalmente sedenta para sentir os lábios dele nos meus.

Deixo que ele mergulhasse mais em meu corpo, chegando ao limite do meu short. Sua respiração estava rápida, seus olhos focados nos meus.

— Diga para eu parar, Nicky. — Repete.

Eu sabia que se pedisse para que ele afastasse, Don iria se conter e tirar suas mãos de mim. Mas não era isso que meu corpo e meu coração martelando forte em meu peito pediam.

— Eu, não posso. — Sussurro, criando coragem.

— Por quê?

— Eu...

Don subiu a mão para meu quadril, seu corpo já estava sobre mim, minhas pernas afastadas para que ele avançasse mais. Cada vez que ele falava ou me pedia para parar, ele avançava sobre mim me fazendo estremecer e os olhos azuis dele brilharem.

— Eu quero isso.

Pronto. Eu disse, confessei meu sentimento por Dominic Ward.

Don não me deu chance de falar mais nada, suas mãos agarraram com força minha cintura puxando meu corpo para o dele e sua boca tocou a minha. Aqueles lábios pelos quais eu vinha ansiando e o doce sabor de tequila misturado com o de Don, era bem melhor do que o desejo que sempre assombrava meus pensamentos mais secretos.

Agarro seus cabelos, me ancorando em seu pescoço. No mesmo momento que a língua de Don travava uma batalha deliciosa com a minha, me instigando a beijá-lo com mais paixão e desejo. Eu soube no instante que a boca dele tocou a minha que tudo iria mudar. Que seguiria um caminho diferente, onde Don era realmente o dono do meu coração.

O corpo de Don estremece, suas mãos tocavam minhas costas por dentro da regata, fazendo-a ficar enrolada sobre meu peito. Seu beijo era ardente, meu corpo estava quente e desejoso agarrando-se a qualquer parte que minhas mãos alcançassem daquele corpo. Tornando tudo até um pouco desengonçado pela nossa ânsia, pouco me importava na realidade. Seguro o cos de sua calça fazendo seu membro ereto raspar deliciosamente no meio de minhas pernas, fazendo o centro do meu corpo entrar em ebulição. Don não tirava sua boca da minha, a não ser para morder ou beijar meu pescoço, aquilo estava quente, sentia minha pele pegando fogo.

Passo minhas pernas pelas dele, forçando ainda mais seu corpo no meu, minha blusa já estava erguida a muito tempo, assim como a dele, fazendo meu peito, mesmo que por debaixo do sutiã roçar em seu abdômen, um gemido escapa de meus lábios quando Don beija a curva de meus seios e volta a me beijar. Mas então, ao tentar desabotoar sua calça sinto Don enrijecer, seu beijo vai perdendo a potência, até que é interrompido.

Seu hálito batia em meu rosto, aproximo novamente minha boca da sua sugando sua língua, fazendo-o gemer em minha boca.

Quando ele para de me beijar, vejo confusão pintar seus olhos. Don apoia a testa na minha respirando fundo para controlar a respiração.

— Isso foi errado, puta merda! — diz arfando. — Nicky, eu... Puta merda.

— Don?

Meu corpo reclamava frustrado, queria mais dele, minha pele estava a ponto de pegar fogo, eu me sentia febril e não gostei nada de sentir o calor e o formigamento me abandonarem aos poucos, assim como suas mãos.

— Caralho Nicky, isso foi errado! — Resmungou.

Don se levanta com um pulo, ficando de pé, me olhando por um instante, pega o celular e a carteira sobre a mesa de jantar e sai do meu apartamento.

A batida forte da porta vibrou por toda casa. Não me mexi. Meu coração estava se partindo. Eu tinha estragado tudo, devia ter parado quando ele pediu. Eu devia ter negado.

As pontas dos meus dedos tocaram meu lábio ainda inchado pela ferocidade do beijo. Merda!


CAPÍTULO 3

Dominic

 

As luzes giravam por todo o lugar, a fumaça flutuava pelo palco, criando todo efeito junto com os acordes que eu tocava na guitarra, produzindo a melodia que enlouquecia o público.

Dylan jogou as baquetas para o alto, girando-as nos dedos. Davi soltou o cabelo deixando que ele caísse por seu rosto e por suas costas atraindo atenção e mais alguns gritos das garotas.

Dash acrescentava o fundo proporcional para a música, junto com Drake. A luz girou mais uma vez pelo Central Rock parando sobre mim, então realmente comecei a tocar, elevando o som e me preparando para cantar a música que nos tornou quem éramos hoje.

Essa música foi feita para Nicky, mesmo que ela não soubesse. Era como eu me senti quando coloquei os olhos nela. Quando eu tocava e cantava essa música era como se estivesse sozinho, sumiam as pessoas, sumiam meus amigos de banda e imediatamente a figura de Nicky surgia sorrindo em minha frente.

Falava do meu amor, mesmo que seja apenas meu. Nicky era minha amiga. Apenas amiga. Mesmo que por mim poderíamos ser bem mais que isso.

Abro os olhos cantando como se ela pudesse me ouvir, mesmo que tivéssemos a quilômetros de distância, era como se eu não estivesse aqui cantando para uma plateia de mais de mil pessoas, nesse show especial para nossas groupies.

Era como se estivesse com ela, sentado em seu bar, escutando-a cantarolar junto comigo e sua voz me atingindo como mel derretido. Doce e suave.

Estou imaginando,

esse sentimento preso dentro de mim.

Estou começando a me arrepender,

somente por nunca ter contado.


Dash surgiu ao meu lado, encostando suas costas nas minhas, seguindo seu solo. Dando aquele frenesi na multidão. Nossa performance era muito bem ensaiada e executada para levar as fãs a loucura.

Você nunca mais ficará sozinha,

todos seus sorrisos serão meus e

mesmo quando você chorar,

eu vou estar ali...

Secando suas lágrimas com meus beijos.


Os gritos nos rodearam quando eu e Drake tocamos juntos o refrão final, levando todos ao delírio. A D’Five era conhecida nos quatro cantos do país e era isso que comemorávamos essa noite. Era como se um filme passasse por minha mente, os primeiros ensaios, as brincadeiras na garagem da casa de minha mãe ou as noites que íamos apreciar as outras bandas tocando e voltávamos travados de tão bêbados.

O que começou com um vídeo inocente enviado para o YouTube nos rendeu um sucesso imenso e nosso lugar no Billboard .

Nos juntamos no meio do palco quando o show acabou, em meios aos gritos de “Toca mais”.

— Central Rock! – Gritou Davi. — Muito obrigado por essa noite. Amamos vocês!

— D’Five! — Gritamos juntos, quando as luzes se apagaram.


Quando deixo meu camarim indo para o camarim central, já ouvia as risadas de algumas groupies enlouquecidas.

— Meninas, olha quem veio se juntar a nós.

Bato meu punho no de Drake, sendo agarrado pelo pescoço pela ruiva.

— Temos que seguir viagem. — Anuncio.

— Por que tão cedo? — Dylan reclama com duas meninas sentadas, cada uma sobre uma perna.

— Marcamos a comemoração no bar da Nicky.

— Uhul, Nicky! — Dash surge na sala ajeitando a calça com um sorriso sem vergonha, logo sai uma garota arrumando a minissaia de couro. — Alguém quer ir logo para Oregon.

— Cala boca, Dash!

— Eu só saio daqui se puder levar algumas conosco. — Declara Davi.

As meninas soltaram gritinhos animados.

— Eu posso ir Don? — Emily praticamente ronrona em meu pescoço.

— Ajeitem tudo com Mich, eu não tenho nada com isso.

No fim eles acabaram convencendo Mich e nossa produtora, como em todas às vezes que alguma da groupies nos acompanharam nas viagens. Nosso ônibus de turnê era uma zona, mas o que eu poderia esperar de cinco homens viajando juntos? Uma guerra.

— Achei meu astro do rock.

Emily era um verdadeiro pé no meu saco. Desde o show em Chicago que bebi demais na festa de comemoração que sempre fazíamos, ela grudou no meu saco. Tudo bem, ela era gostosa, uma ruiva de arrasar, peitão, bunda legal. Mas foi apenas uma transa e tenho certeza que eu mal dei tudo de mim de tão bêbado que estava.

— Estava procurando por você.

— Estou descansando.

— Pensei que iria gostar da festinha que os meninos estão fazendo lá na frente, mas podemos começar uma aqui mesmo. — Emily tirou a blusa revelando os seios sem sutiã. — Algo mais... particular.

Coço a cabeça bagunçando um pouco o cabelo.

— Emily, para.

Ela abre o botão da calça revelando a calcinha. — Deixe de besteira Don, vamos curtir. Quer que pegue algo para animá-lo?

Desvio o rosto quando ela tenta me beijar, sua boca parando em meu pescoço, me dando uma lambida sensual.

— Emily, chega. Eu disse não!

Ela se afasta olhando para mim, seus olhos se tornando raivosos. — Você é um babaca Dominic. Eu vim de Chicago por você.

Arqueio a sobrancelha, eu juro que não queria ser grosso, porém ela estava pedindo. — Não fode Emily, eu não pedi que viesse. Você sabe que não temos nada um com o outro. Você faz parte de nosso fã-clube, teve uma noite comigo. Nunca te prometi nada, deixei bem claro que estava bêbado aquele dia.

— Você é ridículo!

— Agora sou ridículo por ser sincero? Na mesma noite você fodeu com Davi, isso se não transou com os outros também.

Emily pega a blusa saindo sem coloca-la, batendo a porta com força atrás de si.

Segundos depois, uma batida na porta me faz abrir os olhos.

— Parece que alguém irritou a ruiva. — Dylan diz entrando no quarto.

— Não estou afim, ela veio forçar a barra.

Coloco o braço sobre o rosto ignorando meu amigo.

— Porque você ainda não assumiu o que sente para Nicky, cara?

Retiro o braço encarando meu amigo, ele estava tranquilo, tomava sua cerveja, a calça pendendo na cintura o que indicava que ele já tinha se “aliviado” com alguma das garotas que trouxe para o ônibus.

— Ela é uma boa pessoa. — Continuou.

— Esse é o problema cara, ela é boa demais. Em todos esses anos eu nunca permiti olhar para ela mais do que o limite de nossa amizade. Não sei o porquê eu comecei a fantasiar com ela, não foi assim nem quando vi sorrateiramente ela colocando a roupa.

— Mas as coisas mudaram. Nicky não é mais a menininha que era. Ela tá um mulherão, cara.

— Dylan. — Advirto.

Ele solta uma risada. — Pense nisso, apenas pense, mano. E tome cuidado com Emily, ela está mais para uma cobra peçonhenta.

— Vou tomar. Quem a trouxe para o ônibus?

— Davi.

— Depois vou falar com ele, quero ela longe.

Dylan tomou mais um gole de sua cerveja. — Não acho que ela dará trabalho essa noite. Os meninos estão brincando de “Body Shot”.

Sorrio balançando a cabeça, isso terminaria com metade das pessoas nuas.

— Não quer participar?

— Não, estou bem aqui.

— Beleza, cara. — Dylan diz e sai.


Ela não se afastou, não mexeu um músculo se quer quando minhas mãos começaram pequenos carinhos por sua perna. Eu tinha agido como um leão perseguindo a presa, eu me acerquei dela.

Se ela fizesse uma negativa, um movimento de recuar ao meu toque, eu pararia. Eu havia prometido a mim mesmo, ela era mais importante que o desejo seguindo por minhas veias. O problema é que agora não era apenas a confirmação que meu corpo desejava Nicky, mas meu coração.

Eu me deliciei de cada pequeno tremor que correu por seu corpo. Eu estava sedento pelos seus lábios, me sentia embriagado por sua língua.

Merda! Eu deixei isso ir longe demais, eu não passava de um babaca, mesmo ela não tendo negado, eu era uma babaca.

Tomo o último gole da vodka jogando a garrafa do outro lado, observando a paisagem de Oregon pela janela do quarto.

— O deixe em paz. — Escuto a voz de Dash do outro lado da porta.

— O que aconteceu? — Dylan questiona.

— Ele chegou com uma garrafa de vodka falando algo sobre fazer merda com Nicky. — Dash explica.

Será que eles não perceberam que eu poderia escutar?

— Melhor deixar Don em paz por hoje, amanhã conversamos com ele. E também precisamos descansar, estaremos indo para Nova York no final de semana. — Davi decretou.

Sai da frente da janela me jogando na cama, destravo meu celular vendo duas mensagens de Nicky.

“Desculpe, eu devia ter parado.”

“Don, me perdoa”

Merda, ela achava que a culpa era dela? Merda, Dominic. Você só faz merda!


CAPÍTULO 4

Nicky


É desta vez, eu sei
e n ã o h á d ú vidas em minha mente.
At é que minha vida se acabe
Garota, vou te amar pra sempre

— D’FIVE

Aceno para Alana que limpava o balcão do bar.

Ela se aproxima jogando o pano no ombro. Alana tinha se tornado uma grande amiga, além de tomar conta do bar quando eu precisava sair.

— Bom dia Nicky, você está com uma cara péssima.

— Tem café?

Ela riu indo buscar a garrafa térmica. — Passou do ponto ontem com o cliente bonitão?

Ah, se ela soubesse!

Dou de ombro tomando um longo gole do café. O som estava alto tocando “Moves Like Jagger” e Alana balançava o quadril no ritmo da música.

— Acho que você teve uma excelente noite. — Comento rindo dela dançando em plena oito horas da manhã.

— Adivinha quem está na cidade? Ah, lógico que você já deve saber.

— Não, quem? — Pergunto me fazendo de desentendida.

— D’Five, cara eu sou louca pelo Drake, apesar que o Dylan não é de se jogar fora.

— Eu preferia o Dylan — Comento. — Drake é um canalha.

As imagens da comemoração que a banda fez no bar vieram em minha mente, Drake era como jogar um quilo de milho para o alto, eu tinha certeza que ele tinha um código de barras gravado na pele. Os blogs e revistas de fofoca adoravam falar sobre sua canalhice e mostrar sua bunda ou como a calça de couro que ele usava nos shows deixava suas partes em total evidência.

— Astros do rock, você não esperava que eles fossem santos, isso que os torna ainda mais sexy.

— Mudando de assunto, como foi ontem? Tudo ocorreu bem?

— Não, não! A D’Five irá fazer um show em Nova York, você bem que podia conseguir um convite com seu amigo Don. Eu assumo o bar por três fins de semana. — Barganha.

— Nova York?

— Por favorzinho. Cara, eu daria tudo para visita-los no camarim.

— Eu sei bem o que você pensa em dar. — Comento fazendo Alana rir.

— Bobinha, isso também. A vida é curta e quando eu morrer a terra que vai comer mesmo. — Diz piscando.

— Que horror, Alana.

— Que foi?

— Pelo visto, você e Drake têm muito em comum.

Ela gargalha.

— Vou ver o que consigo fazer.

O sino da porta nos fez interromper as risadas, olhando para o visitante. Ryan.

— Gatinha. — Diz com um amplo sorriso.

— Ry, bom dia. Você não devia estar no trabalho?

— Sim, mas como seu bar fica no caminho decidi dar uma passada.

— Eu vou deixar vocês a sós. Não se esqueça de pedir os convites. — Alana lembrou, sumindo do outro lado do bar.

— Convites?

— Alana quer ir à Nova York, show do D’Five.

— Cara, eu sou muito fã deles.

Eu queria mesmo é revirar os olhos, justo hoje que eu não queria falar sobre eles, todos em minha volta tinham decido que seria o assunto principal.

— Espera aí, você é amiga do D’Five? — Perguntou incrédulo.

— Sim.

— Uau! Quem sabe eu possa acompanhar vocês no show, acho que os ingressos já devem estar esgotados, mas posso tentar conseguir.

— Relaxa, eu vou falar com Dash.

— Dash Tunner? Gata, você está realizando um sonho, quero muito conhecer esses caras.

— Claro. Você pode vir com a gente.

Pronto tudo que eu queria.

Quando Ryan tinha ido embora e Alana foi para sua aula de spinning eu verifiquei meu celular, Don tinha lido as mensagens, mas não respondeu o que fez meu coração pesar no peito.

Procuro nos contatos o telefone do Dash.

— Pequena Nicky!

— Oi, Dash.

Sentia minha garganta se fechando, minha língua coçando para perguntar sobre Dominic, mas fui o mais breve possível.

— Claro que arrumo uns convites, pequena. Quantas amigas gostosas virão com você?

— Apenas três convites.

— Vou enviar por e-mail assim como a autorização para você retirar a credencial da área VIP.

— Obrigada Dash! Nos vemos em breve.

— Com certeza, pequena. Vocês vão precisar das passagens também? Acredito que Don me mataria se eu não ajeitasse isso.

— Não, já temos como ir. Dash?

— Manda!

— Não fala nada para o Don, acho que ele não quer me ver ultimamente.

Dash soltou uma gargalhada do outro lado da linha. — Pequena, acredito que você esteja errada, mas vou guardar seu segredinho.

— Obrigada Dash, até mais.

Respiro fundo olhando para o nada, eu não sabia se ainda estava pronta para dar de cara com Don. O e-mail de Dash chega em poucos minutos, os três convites e mais as credenciais para ficarmos na área VIP.

Alana com certeza surtaria.


Durante três dias encarei o silêncio de Don. As notificações do Google informavam cada passo da banda, eu tinha assistido a entrevista para o The Late Show, assim como suspirei com cada sorriso e passada de mão no cabelo que Dominic fazia. E quando o apresentador perguntou se algum deles estava apaixonado, todos riram e olharam para Don, que ficou vermelho e disse que para cantar um bom rock ele sempre estaria apaixonado pela melodia que saia de sua guitarra.

Foram oito horas aguentando dois fãs neuróticos falando tudo e mais um pouco dos garotos. Ryan tinha sentado ao lado de Alana e ambos entraram numa disputa sobre “quem conhecia melhor a D’FIVE”.

O show estava marcado para às vinte horas no sábado. Iríamos assistir ao show, descansar e voltar no domingo mesmo. Eu não poderia ficar com o bar fechado por muitos dias e tirando Alana e Don, não tinha ninguém de confiança para tomar conta dele.

A entrada do Brooklyn Steel tinha uma fila quilométrica, como Dash me informou no e-mail era só apresentar as credenciais que tínhamos trocado mais cedo para entrarmos.

— Uau! Ainda não acredito que estou aqui.

— Pois pode acreditar. Isso está lotado. — Digo mostrando as credenciais para o segurança do tamanho de um gorila na porta.

— Podem entrar. Bom, show.

Ryan me dá um selinho quando passei a sua credencial, me deixando sem jeito.

— Dash disse que tem uma área VIP reservada para nós.

Os camarotes superiores já estavam cheios assim como a pista estava ficando, Peter o chefe da segurança da banda, assim que me vê passando pelo bar montado na lateral da pista faz sinal para que o seguíssemos.

Ele nos deixa dentro da área VIP, estávamos praticamente colados ao palco. Algumas fãs ao nosso lado já gritavam empolgadas esperando a hora que os garotos entrariam no palco.

O apresentador surge no meio do palco depois de meia hora que estávamos dentro da casa, recebendo gritos e mais gritos da multidão. Fazia muito tempo que não ia em um show da D’Five, com o sucesso que meu bar fazia eu tinha uma vida corrida. Mesmo sabendo do sucesso que eles estavam fazendo eu nunca senti na pele o que era estar ali, com as fãs gritando ensandecidas, a multidão clamando por eles.

Era sensacional.

— Vocês querem a D’Five? — Grita o apresentador fazendo a plateia enlouquecer mais ainda.

— Que tal o Dash? — Pergunta sendo recebido por mais gritos histéricos.

— Dylan ou Drake?

Algumas meninas perto de nós gritando e pulando, assim como Alana.

— Que tal poder tocar com Don?

As fãs enlouqueceram, eu já tinha visto que nos shows os meninos sempre se revezavam com uma fã no palco. O que levava o resto das fãs ao choro e pedidos de “olha para mim” e “casa comigo”. Era engraçado. Menos quando eu estava ali, perto deles e poderia ver Don deixar uma fã maluca ao passar a mão por seu corpo.

— Gatinha, vou pegar uma bebida para nós. Alguma preferência?

— Uma água.

Ryan sorri, beijando brevemente minha boca e sai no meio da multidão em direção ao bar.

— Que foi? Ele é apenas um rostinho bonito? — Alana pergunta gritando perto do meu ouvido.

— Ele é legal.

— Mas não é quem você realmente quer. — Diz olhando em meus olhos.

Abro a boca para responder duas vezes, mas nas duas torno a fechar, preferindo o silêncio.

— Brooklyn Steel, se preparem... Aí vem eles! — Grita o apresentador.

O palco se apaga por completo, um foco de luz ilumina o fundo do palco, a fumaça subia e a plateia gritava.

— D’FIVE! – Gritou o apresentador.

Eu iria sair surda dali. Era unânime, a multidão gritava pelos garotos, chamando e assobiando. Eu podia sentir a energia tocar minha pele. As luzes do palco piscavam todas juntas, um de cada vez eles foram surgindo no palco: Dash ajeitando a guitarra, Dylan tocando a bateria, Davi no vocal com Drake no contrabaixo e então surge Don tocando seu solo na guitarra.

Assim que ele pisou no palco meus olhos colaram nele, nem quando Ryan entregou minha água eu desviei o olhar.

Don estava lindo, a calça preta rasgada abaixo da cintura, a jaqueta de couro surrada aberta deixando o peitoral malhado e definido à mostra.

Eu tenho a sensação que cometi alguns pecados,

cobicei um anjo e isso não é o correto a se fazer.

Vou perguntar educadamente se o diabo

precisa de uma carona, porque o anjo que

seduzi não vai sair comigo está noite.

A plateia cantava “Sin” junto com Davi a plenos pulmões.

Sinto Ryan colocando seu braço em volta de minha cintura e quanto mais eu tentava me desvencilhar, mas ele vinha para cima.

Estou perto de sua casa, eu sinto o cheiro

do meu anjo, você está saindo escondida.

Anjo você é pecado, mas desse pecado eu não

vou me livrar nunca mais.

Don se afasta indo até Dash, sussurrando algo em seu ouvido enquanto eles tocavam juntos. Meu coração para quando Dash sorri indicando onde eu estava para Dominic. Seus olhos seguiram os de Dash e enquanto ele tocava os últimos acordes de maneira frenética eu sabia que eu estava igual à mocinha da música, buscando uma fuga.

Fuja meu anjo, se você sabe o que é bom

para você fuja de minhas garras.

Porque quando eu te pegar você estará

assumindo um risco muito grande.

A plateia pulava eletrizada pela música, eu via raiva nos olhos de Don e não havia como explicar ou dar uma desculpa para o que ele estava vendo: Eu, sendo agarrada por trás por Ryan enquanto ele tomava alguns goles de sua cerveja e em alguns momentos beijava meu ombro.

Você está ao meu lado, você gosta do perigo.

Sua mão entre meus joelhos, anjo controle—se.

Perigo, perigo, pecado.

É difícil me controlar quando você está

respirando no meu ouvido.


Então venha, querida, veja o que você provocou.

Veja os problemas em que nos metemos,

meu anjo perverso.


— Boa noite, Brooklyn Steel! — Davi diz abrindo os braços para a plateia.

Dash sussurra algo para Don, logo Dylan me vê na plateia e também entende porque Dominic tinha ficado tão fora de si.

— Obrigado por estarem essa noite conosco. — Drake veio para frente do palco, evitando que as pessoas percebessem o pequeno descontrole do guitarrista, enquanto Dash e Dylan conversavam com ele no fundo do palco.

— Drake, você reparou na quantidade de mulheres lindas que temos hoje? — Davi diz se abaixando no palco para mexer com uma fã do outro lado.

— É Davi, hoje será difícil escolher apenas uma para o palco.

As fãs gritaram e pularam. A distração foi feita.

Quando Dash, Don e Dylan assumiram seus lugares eles estavam sorrindo. Mas eu via que para Don aquilo era uma máscara, ele me questionava com o olhar. Eu sentia o peso sobre mim.

— Don está estranho, né. — Alana comenta em meu ouvido fazendo com que Ryan se afastasse.

— É. — Digo sentindo um nó em minha garganta.

Don me encarou por mais um segundo, virando-se de costas indo até o canto do palco, trocando algumas palavras com Mitch, tomando um gole longo de água e voltou.

Ryan disse que iria ao bar novamente, mas acabou não retornando. Eu não me surpreenderia se ele tivesse ficado preso no meio da multidão.

O show continuou com perfeição, eles sempre foram incríveis no palco, num determinado momento uma fã subiu correndo no palco agarrando Dash, impedindo que ele continuasse tocando e quando os seguranças foram tirá-la de cima dele. Dash deu um selinho nela o que fez a plateia gritar e a banda rir de sua atitude.

Olho em volta tentando ver se avistada Ryan, mas seria impossível com a quantidade de pessoas presentes ali, estava começando a me preocupar. Pego o telefone vendo que tinha algumas ligações dele e uma mensagem.

“Um imbecil derrubou cerveja em mim e quando o segurança surgiu para ver o que estava acontecendo me viu sem a credencial. Não sei como isso aconteceu. Mas espero vocês no hotel.”

Olho para Don que sorria tocando tranquilamente. Filho da mãe, ele era o culpado.


Após uma hora de show e os meninos estarem sem a camisa, o que deu uma chuva de calcinha e sutiã no palco. Eles encerraram o cover do Bon Jovi “Blaze Of Glory”

Davi se aproximou da frente do palco, com uma calcinha pendurada na cabeça. — Só temos tempo para mais uma música, qual é o pedido de vocês?

Sem demora a maioria das fãs gritaram: — “Love in Dark”.

Dash e Drake estavam sentados no pequeno degrau onde a bateria estava no fundo do palco.

— Vocês querem “Love The Dark” ? — Todas gritam aprovando. — Ah, não sei se elas merecem. O que você acha, Don?

Don sorriu passando a língua nos lábios de forma maliciosa. E a mulherada enlouqueceu novamente. Don dá de ombros, indo para o microfone que o Davi usava. — Então eu preciso achar uma mulher adorável para vir aqui no palco.

Os integrantes da banda deixaram Don dominar o palco, ele foi até o produtor pegando uma banqueta alta colocando-a no centro do palco, ajeitou o microfone na sua altura e trocou a guitarra pelo violão.

Ele olhava para a plateia examinando suas opções e quando as mulheres já estavam no nível máximo, seu olhar parou sobre mim.

— Você morena bonita. Sobe aqui.

Que bela sacanagem, Dominic!

— Puta que pariu, amiga! Você vai ter um momento sexy com o Don. — Alana grita, rindo.

A plateia aplaudia incentivando para que eu subisse no palco, Peter aparece tirando uma das proteções da área VIP para eu saísse.

Don coloca o violão para trás e me puxa para cima pela cintura, colando nosso corpo.

— Don. — Sussurro.

Ele esboça um sorriso satisfeito. Levando-me até o microfone.

— Qual seu nome?

— Nicole. — Gaguejo.

— Você toca violão, Nicole?

Sua voz combinada com os olhares que ele me lançava são capazes de fazerem meu corpo inteiro esquentar e tremer.

— Não.

Mas isso ele sabe, cretino!

— Não tem problema, será ainda mais delicioso.

As mulheres gritaram, todas queriam estar onde eu estava. Aposto todo meu ganho do mês que elas dariam qualquer coisa para estarem ali.

Em vez de Don passar a faixa de couro pelo meu ombro ele me fez ficar entre o violão e ele. Deixando-me arrepiada ao sentir suas mãos percorrerem minha cintura, braços e segurar o violão.

Don retira meu cabelo do pescoço, liberando o acesso para ele, sinto sua respiração perto de meu ouvido e ele inalando meu perfume.

Seus dedos correm pelo instrumento, a multidão acende seus celulares ou isqueiros levantando o braço. Deixando ser a única iluminação do lugar, além da luz roxa que banhava minhas costas.

Don começa a tocar a melodia doce da música, fazendo com que eu sentisse cada acorde.

Por favor, fique onde está.

Você me corroeu com seu sorriso, com sua doçura.

Não posso mais te amar no escuro,

sempre parece que temos oceanos entre nós.

Mas tudo mudou, baby.


Seu peito vibra em meu corpo, sua voz rouca em meu ouvido, ainda mais cantando essa música. Deus!


Você me deu algo que não posso viver sem,

você sempre foi meu mundo,

agora está tão claro.

Preciso te sentir de dentro para fora,

seu nome é minha oração e seu coração meu lar.

Eu não posso, eu não posso

te amar no escuro.


Mas se não sente o mesmo,

Tire os olhos de mim para que eu possa partir.

Tem tanto espaço entre nós.

Mas se você me ama, me deixe quebrá—lo.


Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

não posso nem imagina viver sem um sorriso seu.

Eu não posso, eu não vou...


Me peça para ficar,

porque eu não vou mais amá—la no escuro.

Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

Tudo mudou, baby


Don vai tocando os últimos acordes e finaliza a canção, a plateia demora alguns segundos para explodir novamente. Ele retira o instrumento de nós, passa para Dash que dá uma piscadinha para mim.

Meus olhos colados nos de Don, meu corpo inteiro está arrepiado. Ele crava seus dedos por meu cabelo, firmando minha cabeça enquanto seus lábios descem sobre minha boca. Sua língua pede passagem, que eu permito sem lutar.

Sinto a pulsação do sangue em meus ouvidos, escuto ao fundo a plateia gritando. Agarro seu pescoço trazendo mais para mim, mal me importando que seu corpo está suado. Eu só desejo que aquele beijo se prolongue, que sua língua continue enroscada na minha.

Como se ao nos separarmos tudo voltasse ao estranhamento que sentíamos.

Don deixa uma das mãos em minha cintura, cravando os dedos em meu quadril, sinto sua ereção na calça justa e meu corpo esquenta mais. E antes que eu o impeça descola sua boca da minha.

— Nicky...

Eu estava sem ar.

— Venha comigo.

Don me puxa para fora do palco correndo pelo corredor até os camarins, ao longe eu escuto a banda se despedir do público em meio a toda a euforia anunciando que o próximo show será em Londres.


CAPÍTULO 5

Dominic

 

Por todo o caminho até meu camarim eu tive medo.

Medo que ela percebesse a loucura por trás de tudo e me deixasse, eu nunca havia ultrapassado os limites com Nicky e agora eu tinha jogados todos no lixo.

Para mim esse show seria apenas mais um, passei à tarde com os caras, relaxando, quando Dash veio sorrindo do seu quarto avisando que teria a presença de Nicky no show.

Fazia bons anos que ela não conseguia nos acompanhar em um show, mesmo eu tendo enviado diversos convites a ela. No fundo eu entendia, ela tinha uma vida corrida e seu bar sempre foi sua prioridade.

— Nicky?

— Sim, ela pediu convite para ela e duas amigas.

— Opa! Carne fresca! — Exclama Drake, que logo recebe uma olhada feia. — Que isso Don, eu disse sobre as amigas, todo mundo sabe que a Nicky é sua.

Minha.

Nicky e “minha” não eram tão usuais na mesma frase. Mas será que poderiam ser? Afinal ela estava vindo.

Confesso que estava ansioso, eu queria vê-la, mesmo sendo insano eu caçar os olhos castanhos de Nicky pela multidão que nos aguardava no palco. Porém foi exatamente que eu fiz assim que pisei no palco, enquanto tocava o solo tão conhecido e gravado em minha mente de “Sin”, eu procurava pela multidão os olhos que tanto queria ver.

Aproveitei minha performance com Dash para questioná-lo onde ele tinha colocado Nicky e suas amigas e foi uma surpresa de merda vê-la junto com uma amiga e um cara agarrado em sua cintura no meio de nossas groupies .

O sangue ferveu vendo a ousadia daquele cara.

Termino meu solo comendo Nicky com os olhos, eu sabia que ela estava com vergonha, mesmo não conseguindo ver seu rosto com perfeição por causa das luzes que dançavam pelo Brooklyn Steel. Sabia que suas bochechas estavam mais vermelhas que dois pimentões.

— Sua água.

Tomo um grande gole d’água que Mich me entrega em meio a elogios de nossa apresentação.

— Peter. Preciso de um favor. — Peço ao chefe da segurança.

— Claro, Don.

— Sabe aquele cara que está com a Nicky?

— Sim.

— Na primeira oportunidade tire-o daqui.

Eu sabia que não estava agindo da maneira racional, mas a essa altura não estava me importando com nada! A não ser em afastar aquele “elemento” da minha garota!

— Quer que façamos isso agora? — Peter já segurava seu ponto de comunicação com os outros seguranças.

— Não, nada na frente da Nicky. Ele vai sair de perto dela em alguma hora. Está bebendo como um gambá.

— Pode deixar, vou cuidar disso pessoalmente.

Como eu disse, eu não estava pensando. Só me aproveitei das oportunidades que sugiram.


— Don.

— Venha. — Respondo fechando a porta do camarim e puxando seu corpo para o meu, eu precisava sentir o gosto de seus lábios nos meus novamente.

Olho para seu corpo cobiçando cada parte dele, ela estava linda, retiro sua jaqueta de couro vendo a regata preta colada aos seus seios e em sua cintura delgada. Eu adorava quando Nicky se vestia como uma garota má, de preto da cabeça aos pés.

A saia de couro dava pouco espaço para minha imaginação devido ao comprimento. Volto meus olhos para cima segurando sua blusa e retiro pela cabeça. Prendo a respiração admirando seu corpo, a curva de seus seios no sutiã.

Cara, ela era perfeita.

— Don...

Meus dedos percorreram sua cintura, subindo pelo umbigo, passando pelo vale entre seus seios.

— Linda. Você é perfeita Nicky.

— Você tem certeza?

Eu sabia que ela não estava questionando sobre o que eu tinha dito e sim sobre o que estávamos prestes a fazer.

Desço a boca por seu pescoço, sugando sua pele, indo com meus lábios para o espaço entre seus seios, sentindo sua respiração irregular, assim como os batimentos de seu coração.

Colo seu corpo no meu nos levando para o sofá, eu queria beijar cada parte daquele corpo, queria venerar a mulher a minha frente. Queria que ela entendesse que eu amava seu sorriso, seu olhar, sua amizade e principalmente a mulher que estava exposta ali em minha frente.

Ouço uma discussão fora do camarim, mas não dou bola. Deviam ser as groupies brigando de novo sobre quem iria fazer um boquete em Dylan.

Continuo beijando Nicky, admirando seus olhos brilhantes, até que a porta se abre com violência.

Deito sobre Nicky para esconder sua nudez.

— Porra, a porta estava fechada. — Reclamo, virando o rosto para a porta.

Meu coração aperta vendo um Dash totalmente sem graça e Emily parada de braços cruzados.

— Desculpe cara, eu não sabia que estava aqui, vim brincar um pouquinho com Emily.

— Não fale merda, Dash! — Ela ruge me fazendo engolir o nó no meio da garganta. — Quem é essa vagabunda, Don?

— Emily.

— Olha querida, eu sei que pode ser emocionante ter em seu currículo uma foda de Don, mas esse daqui já é meu.

— Emily, cala boca! — Dash e eu gritamos.

Vejo o choque que Nicky teve, sinto seu corpo retesando abaixo do meu e suas mãos tentando empurrar meu peito para longe.

— Dash, tire essa maluca daqui.

Dash agarra o braço de Emily, mas ela se desvencilha.

— O que foi, Don? Vai fingir que não me conhece, depois de ontem à noite.

— Não tivemos nada ontem, Emily. Dá o fora daqui.

Nicky me pega desprevenido, jogando-me para fora do sofá, se levantando apressada, pega sua blusa do chão colocando-a novamente.

— Espera aí, eu conheço você!

— Dash!

Dash agarra a cintura de Emily novamente, tentando tirá-la do camarim, mas o estrago já estava feito, sabia só de ver os olhos marejados de Nicky.

— Que porra está acontecendo... — A voz de Dylan morre ao ver o que estava acontecendo, nem ele ou Davi que estava ao seu lado e nem mesmo Alana colada no pescoço de Dylan, precisavam dizer algo. Os caras sabiam a merda que poderia acontecer se Emily cruzasse com Nicky.

— Você é a garota do Bluber. — Emily diz rindo. — Eu sabia que não me era estranha, até deixei que Don tivesse sua cota de diversão com você naquele dia, mas se enxerga garota. Ele só queria te foder, um passatempo.

— Emily! — Meu grito fez todos ficarem em silêncio.

— Quer saber, ela está certa. Curta sua noite, Dominic.

Nicky nunca me chamou de Dominic, nem mesmo quando éramos apenas conhecidos. Vejo a tristeza se misturar com raiva dentro de seus olhos.

— Nicky! Por favor, eu não tenho nada com ela.

Me ajoelho em sua frente, suplicando para que ela me ouvisse, não me importava que mais pessoas estivessem ali, olhando-me ajoelhado e agarrado nas pernas dela.

— Me solte, Dominic.

— Não, você tem que me ouvir.

— Eu não vou ouvir nada. Não preciso de nada depois disso.

Nicky se desvencilha de mim, caminhando decidida para cima de Emily. Dash se coloca no meio do caminho impedindo que as duas se engalfinhassem.

— Faça bom proveito. — Se virou para sua amiga. — Você vem comigo?

Alana concorda soltando o pescoço de Dylan dando um selinho em seus lábios e murmurando algo que não ouvi. Saindo com Nicky.

— Nicky. — Grito para o nada.

Eu não consegui me mexer, a raiva crescia em meu peito cada vez que eu via o sorriso de satisfação de Emily. Levanto como um leão agarrando-a pelos braços, ao mesmo tempo em que Dash e Dylan tentavam me conter.

— Ouh ouh , Don controle-se. — Dash exclamava.

— Ela não vale à pena, cara. — Sentia o aperto que as mãos de Dylan faziam em meu braço esquerdo.

— Você some daqui, porque se eu cruzar com você em qualquer show. Eu juro que ninguém vai conseguir me deter.

Emily me encarava com os olhos arregalados.

— Don...

— Não me venha com essa merda, suma daqui. — Grito.

Davi puxou Emily para si tirando-a do meu camarim e fechando a porta, me fazendo desmoronar.

— Cara, que merda foi isso? — Dylan sussurra passando a mão no cabelo.

— Desculpe Don, eu não consegui deter, quando vi ela já tinha invadido seu camarim, cara.

— Já está feito, eu preciso saber onde Nicky está. Preciso me explicar, eu não posso deixar que ela pense que eu estava mentindo.

— Don, não adianta você ir atrás dela agora.

— Como não, eu preciso...

— Don, se acalme. — Dylan repreende. — Ela está nervosa e não irá escutar nada que você fale. Deixe as coisas esfriarem. A amiga dela disse que elas iriam voltar de qualquer jeito para Oregon assim que o show acabasse.

— Isso, cara. Fica frio. — Dash diz dando apoio.

— Não vou conseguir, sabendo que ela está arrasada.

— Você vai precisar. Ir atrás dela agora é apenas colocar mais lenha na fogueira. Se você quer ter uma chance de verdade para que ela te escute, deixe a poeira abaixar.

Respiro fundo concordando com eles. Eu iria esperar apenas o suficiente para que ela me escutasse e acreditasse em tudo que eu tinha para dizer.


CONTINUA

— E essa é a D’Five Band?
Viramos olhando para o cara de óculos escuros, vestido de terno que nos encarava com um copo de uísque nas mãos.
E isso porque não era nem onze horas da manhã. Uma ligeira coceira em minha nuca de preocupação dá os primeiros sinais, talvez não deveria ter deixado o fato de procurar um produtor nas mãos de Drake, pelo visto, esse cara em nossa frente tem muito haver com ele.
— O que faz vocês serem mais interessantes que as outras bandas que me procuram?
Por um momento vejo todos se entreolhando. — Você pode ter visto muitos de nós por aí. — Digo chamando atenção do produtor para mim. — Pode ter escutados dezenas de boas bandas.
— E aí, cara, tá maluco? — Drake sussurra dando um pisão em meu pé.
— Mas com certeza não o bastante, senão não estaria sentado nessa mesa conosco.
O produtor me encara, um sorrisinho no canto dos lábios.
— O que nos torna diferentes dos outros? Somos uma família, cada um do seu jeito, nunca perfeitos, mas família. — Davi diz.
— Cinco desajustados cantando para pessoas que acima de tudo amam a música. — Dash completou.
— Então acho melhor eu garantir logo esses desajustados para mim, pois quando olho para vocês sinto cheiro de dinheiro. E esse, meus rapazes é o odor que mais gosto. — O produtor faz um pequeno sinal, logo uma mulher linda e vestida de um jeito extremamente sensual entrega uma pequena pasta para ele.
— Espero que estejam com canetas, garotos. E se preparem, agora quem cuida da vida de vocês sou eu. — Disse com um largo sorriso no rosto.
Alguém está tentando arrombar minha porta.
— Puta que pariu, o que foi cara?
Drake me encara com um enorme sorriso no rosto, vejo Dash, Dylan e Davi correndo pela entrada de encontro a nós.
— O DISCO IMPLACOU! O DISCO FOI UM SUCESSO! — Drake grita.
Olho meio aturdido pela surpresa para os outros, com seus enormes sorrisos no rosto.
— É isso mesmo, maninho. Mich nos quer no próximo voo, tem uma turnê para nós!
— Puta que pariu! — Desço os pequenos degraus, pegando todos eles em um abraço de urso.
— SOMOS OS DONOS DO MUNDO! — Drake gritava.
— Nossos sonhos, senhores, acaba de começar. — Davi diz.

 

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CAPÍTULO 1

Nicky


N ã o tenho paci ê ncia para joguinhos,

e seus joguinhos me enlouquecem.

Eu preciso de voc ê , é tudo

que voc ê precisa saber.

— D’FIVE

Ficar diante de mulheres seminuas não era algo que eu apreciava. Nem um pouco. Assistir outras pessoas praticamente fazendo sexo também não era minha definição de uma sexta-feira perfeita.

Encosto no canto da parede tomando minha cerveja, dando uma olhada para o espaço fazendo uma pequena nota mental que não seria tão difícil sair dali. Mas Don ficaria chateado.

Don e sua banda se tornaram astros do rock, o céu era pouco para tudo que eles estavam conquistando e ali estava a prova. Seu primeiro disco de platina, o mundo os amava, assim como as mulheres se jogavam em seus braços praticamente nuas.

A D’Five estava liderando a lista de maiores sucessos da Billboard, com uma música nova atrás da outra. Eles realmente eram lindos bad boys com suas jaquetas de couro envelhecidas e seus estilos de homens fatais que a People tanto frisava. E mesmo tendo acompanhado notícias pelas revistas e mídias, a imagem que eu tinha era de cinco amigos felizes, exatamente de quando eu os conheci. Só de olhá-los você percebe até mesmo o modo como interagem, que eles dariam a vida um pelo outro.

Meus olhos capturam Dylan, o baterista, prensar uma loira peituda na parede beijando seu pescoço. Desvio o rosto tomando o resto de minha cerveja.

Aquela festinha particular tinha tudo para sair do controle facilmente, meu coração estava pesado só de olhar a sujeira e bagunça que eles faziam pelo meu bar.

Quando Don me pediu o bar emprestado para sua comemoração eu não acreditava que seria algo civilizado, nunca. Eles eram homens, roqueiros e com uma libido difícil de controlar. Mas, Don me pagaria caro por isso.

Eu estava vendo mais peitos ali do que poderia ter visto se tivesse comprado todas as playboys da vida.

Meus olhos cruzaram com Drake, baixista da banda, sentado em um dos sofás de couro, que por sua vez sorriu erguendo a garrafa de cerveja. Não deixando que a mulher de joelhos em sua frente parasse o serviço prestado ao seu membro ou seja lá o que ela estaria fazendo com a boca perto do umbigo dele.

Reviro os olhos, mas uma vez deixando que meus olhos vagassem pelo bar. Merda! Daria um trabalhão arrumar tudo.

— Ela é tudo que você sempre quis, do tipo que você se vangloria e leva para jantar na luz do luar... — Don cantarola em meu ouvido, fazendo eu me arrepiar.

Tá. Eu tinha uma quedinha por Dominic, mas nossa amizade de anos impedia que ambos déssemos qualquer passo arriscado.

— Que surpresa não o ver com alguma piranha colada em seu saco. — Digo emburrada.

Ele solta aquela gargalhada que tanto amo, rouca e exagerada, como se fosse um velho fumante de setenta anos. Mesmo que eu saiba que Don nunca fumou, é contra cigarros e drogas e qualquer porcaria ilegal, como ele mesmo afirma.

— Está tudo bem? Sabe que não precisa ficar aqui. — Seus olhos se focam nos meus... aquela íris azul...

Sorrio, confirmando com um jeito.

— Não conte para minha melhor amiga, ela vai ficar se achando muito, okay? Eu amo que esteja aqui. — Don brinca, dando um beijo casto em meu rosto.

Oh, santa das fãs de roqueiros sexys, não esqueças de mim. — Clamo.

— Há uma grande quantidade de peitos aqui. — Digo mudando o rumo da conversa.

Ele sorri.

Mentalmente agradeço por seu hálito não feder todos os tipos de álcool igual aos outros integrantes da banda.

Don era lindo, verdade seja dita. Os cabelos pretos como sempre rebeldes, os olhos azuis transmitiam sua rebeldia de astro do rock. Ele vestia a jaqueta de couro que dei em seu vigésimo sexto aniversário, aquela que eu sabia que tinha um furo no bolso direito, mas ele não se desfazia de jeito nenhum.

— Você fez um trabalho excelente aqui.

— Pretendem ficar muito tempo? — pergunto.

— Um bom tempo, quem sabe, isso se nosso produtor deixar.

— Você não parece estar se divertindo. — Comento.

Don olha a orgia maluca que rolava em nossa frente. — Não exatamente, mas aqui com você vejo que posso. — Ele apoia a mão na parede ao meu lado, inclinando o corpo. — Investindo no karaokê? — pergunta apontando para o microfone no pequeno palco no fundo do bar.

Eu rio. — Boas risadas e altas gorjetas.

— Não deixe que Drake o veja.

— Dooonn ... — Geme uma ruiva apenas de fio dental, ela corre até ele colocando a mão em seu peitoral.

— Oi, Emily.

— Vamos, venha participar da festinhaaa .

Seguro a respiração encarando o rosto de Don.

— Estou em ótima companhia.

A tal da Emily me mede da cabeça aos pés, torcendo os lábios.

— Davi ficará feliz em fazer companhia para você. — Don aponta para o amigo.

Davi era o vocalista da banda, e também era o que mais tinha dado problemas para os meninos no início de carreira. Ele estava jogado na poltrona bebendo sua cerveja, o cigarro pendendo dos dedos com o famoso “Fuck” tatuados nos nós de sua mão. E não se surpreendeu em nada quando Emily caminha sedutoramente até ele sentando-se em seu colo, sem o menor pudor.

— Venha, vamos nos sentar em algum lugar tranquilo.

Don me puxa pela mão entrelaçando nossos dedos, o que fez um formigamento subir pelo meu braço. Merda! Ele como sempre, pula o balcão arrancando uma risada minha ao errar o espaço e sair tropeçando.

— Ei, docinho você me trapaceou.

Reviro os olhos. — Docinho é sua mãe!

As batidas altas de “How you remind me” ainda poderiam ser ouvidas dentro do escritório, mesmo com a porta fechada. Assim como o cantarolar de Don.

— Prefiro você a Chad Kroeger 1 cantando essa música.

Ele sorri se jogando no sofá de dois lugares.

— Você fala isso porque é minha amiga e fã.

Dou de ombros. — Até que você tem talento.

Esboço um sorriso sentando ao seu lado no sofá pequeno.

— Se estou aqui, é por você.

Um nó se forma em minha garganta. — Eu?

— Quem foi que gravou o primeiro vídeo da D’Five espalhou pela internet?

Sorrio. — É, fui eu. Talvez mereça um crédito e alguns milhares em minha conta. — Digo piscando.

— O céu para a menina D’Five.

Mordo o lábio inferior por um momento. De uns tempos para cá tinha se tornado difícil ficarmos sozinhos, eu sempre ficava envergonhada e Don sempre me olhava mais do que o necessário. Isso é coisa da tua cabeça! Ralho comigo mesma.

Don passa o dedo indicador pelo meu queixo virando meu rosto para ele. Fazendo-me soltar o lábio que ainda estava preso entre meus dentes. Seus olhos estavam fixos no meu, mas eu sabia que ele girava o anel de caveira no dedo.

Sabia também que não rolaria nada, diversas vezes Dominic Ward fez esse movimento, segundo ele eu ficava “bonitinha” envergonhada.

Dominic quebra nosso contato visual, pegando o violão que sempre ficava em meu escritório apoiando-o na coxa esquerda.

— Estou imaginando, esse sentimento preso dentro de mim. Estou começando a me arrepender, somente por nunca ter te contado. — Cantou.

Encosto mais no sofá admirando Don tocar o violão, eu amava essa música. Além de um excelente guitarrista, a maioria das músicas da banda eram compostas por ele e Davi.

— E agora, jogado nesse bar. Vejo que você é tudo que eu poderia pedir. Você nunca mais ficará sozinha, todos seus sorrisos serão meus e mesmo quando você chorar, eu vou estar ali... Secando suas lágrimas com meus beijos. — Don dedilhava seu violão com extrema paixão. — Então, se eu ainda não te disse nada, por favor, me abrace e me entenda por meio das palavras que canto, como um tolo apaixonado.

— Essa é uma das minhas preferidas.

Don sorri deixando o violão de lado quando termina.

— Nicky, eu preciso...

A porta do escritório se abre com violência, interrompendo o que Don iria falar.

— Sabia que iria encontra-lo aqui.

— E aí. — Don resmunga.

— Pequena Nicky, tá uma gata hoje com esse estilo roqueira.

— Obrigada pelo elogio, Dash. — Digo rindo.

Dash era o mais espirituoso dos cinco, eu ainda ria com suas piadas idiotas e seu comentário de como ele acreditava que os cinco eram anomalias, apenas por terem nomes com a letra “D” ou como ele carinhosamente chamava a banda: “Os Diotas” e pelo cosmo tê-los juntados na mesma cidade.

Dash era o que eu mais tinha contato, além do Don. Não que eu não fosse amiga dos outros, mas eu sentia que tinha mais intimidade e liberdade com eles. Dash era como aquele irmão mais velho que vem nas férias só para encher o saco, mas quando vai embora você sente falta.

— O que você quer, Dash?

— Mich quer falar com a banda.

Don se joga mais no sofá apoiando a cabeça no encosto.

— Vamos logo, ninguém quer Mich bravo por causa de sua preguiça, levanta esse saco gordo daí.

— Você vai ficar bem? — Don questiona olhando para mim.

— Sim, eu vou para casa. Já comemorei bastante com a banda.

Ele concorda, sabia que eu odiava essas orgias que alguns integrantes aprontavam, já tinha visto minha cota nos primeiros anos de turnê. — Manda uma mensagem quando chegar. Eu tomo conta do bar.

— E limpe tudo!

— Pode deixar, colocarei todos para limpar. — Don brinca dando um peteleco na orelha de Dash.

Com isso ele se levanta saindo do escritório, me deixando mais uma vez com os batimentos cardíacos descompassados.


CAPÍTULO 2

Nicky


Seu amor por mim é real?
Uma ú nica chance, um ú nico beijo.

E tudo seria revelado.

— D’FIVE


Largo minha bolsa no balcão da cozinha e tiro os sapatos de salto, antes de me jogar no sofá. O encontro com Ryan até que foi satisfatório, nada de tirar o fôlego, mas foi legal. Ryan era um cliente do bar, sempre nos víamos as sextas-feiras. Ele saia do trabalho e ficava comigo até que eu fechasse o bar e ontem ele finalmente me chamou para sair, rolou até um beijo.

Como disse, nada demais.

Sirvo um copo de suco para mim voltando para sala, na televisão passa um filme repetido, ao dar o primeiro gole em meu suco, meu celular toca.

Olho para o visor abrindo um sorriso enorme. Don.

— Oi!

— Oi, princesa. Tudo bem?

Don sempre me ligava quando estava em turnê, sempre contávamos como estava sendo nossa semana.

— Tudo bem, mas você sabe, dona de bar não tem descanso.

— O melhor bar da cidade, li o artigo que saiu no jornal. Uau! Você conseguiu, princesa.

Sorri me sentindo o máximo. — Sim! Mal acreditei quando vi a matéria. Conta, como está sendo a turnê?

— Movimentada, sabe como é: eu toco, canto e elas gritam, lingeries voam. Tudo na mesma.

Don sempre deixava de fora os detalhes das pequenas festinhas que a banda dava após cada show. Eu sabia que essas mesmas mulheres que gritavam e lançavam suas roupas íntimas para eles. Eram as que compareciam ao hotel que eles estavam hospedados.

— Quando é o último show? — Pergunto soltando um bocejo sem querer.

— Foi hoje. Mas ainda temos alguns shows para fazermos perto de casa. Você está cansada?

— Não, apenas acordei muito cedo. Estou ansiosa pelo fim de semana, Alana vai me cobrir no sábado e eu enfim vou poder ficar o dia todo sem fazer nada.

— O que anda acontecendo com os homens de Eugene, ninguém presta para alguma coisa? — Brincou.

— Eu tive um encontro.

Don fica em silêncio por um momento. — Um encontro?

— É, com Ryan. Ele é cliente do bar.

— E aí?

— Nada demais. — Digo fazendo-o rir, ele notou o tom de decepção em minha voz.

— Ele beijava bem pelo menos?

— Se contar pelo fato de ser beijada por um sapo até que sim, babão e sugador.

Don gargalha do outro lado da linha, me fazendo rir também.

— Espera um minuto, princesa. — Diz, vejo o telefone ficar mudo. Don deve ter bloqueado o som.

A campainha do meu apartamento toca no instante que ele volta rindo. — Ainda está aí?

— Sim, agora você espere na linha.

— Tá bom.

Saio do sofá levando o telefone, destravo a porta e tiro o trinco do ferrolho. Dando de cara com Don, o celular pressionado entre o ombro e o ouvido, duas caixas de pizza na mão livre e debaixo do braço uma Tequila.

— Aí meu Deus!

— Surpresa? — pergunta levantando as pizzas.

Solto uma gargalhada finalizando a ligação e deixando o celular no aparador que tem perto da porta. Deixo Don entrar e deixar as pizzas e a garrafa sobre a mesa de jantar e se virar para mim. Pulo sobre ele enlaçando minhas pernas em sua cintura e os braços em seu pescoço. É bom tê-lo de volta.

— Nossa que recepção. — Murmura em meu ouvido.

— Senti sua falta. — Confesso enrolando algumas mechas do seu cabelo entre meus dedos. — Estão maiores.

— É.

Don me dá um sorriso de lado, examinando meu rosto. Tentei não ficar olhando muito para ele, afinal não queria estragar nossa amizade de anos por minha “paixonite”. E eu precisava controlar os leves tremores que sua presença e sua voz rouca provocavam em mim. O sorriso de Don vacila e suas narinas se alargam, ficamos ali parados por um instante, apenas nos encarando.

— Podemos comer a pizza e tomar algumas doses de tequila? – Perguntou soltando minha cintura para que eu ficasse de pé novamente.

— Claro, espero que tenha trazido minha predileta. — Brinco trazendo o clima confortável de volta.

— Lógico que trouxe.

— Vou apenas trocar de roupa, você arruma as coisas? — Pergunto sumindo pelo corredor.

Assim que entro em meu quarto fecho a porta encostando-me nela, a respiração que tanto controlei saia de forma irregular agora. Tiro a calça jeans pegando meu short do pijama e uma regata, respirando fundo antes de sair do quarto.

Don já tinha arrumado as caixas de pizza sobre a mesinha de centro, assim como os copos para tequila. E estava sentado confortável em meu sofá cinza.

Sento ao seu lado colocando os pés no sofá.

— Então, o que vai ser? Netflix? CSI? Telecine? Você escolhe dessa vez.

— Que tal Shadowhunters?

O sorriso de Don se alarga. — Eu perdi a segunda temporada inteira viajando.

Nós entramos na rotina que sempre fazíamos, ele em uma das pontas do sofá e eu na outra. O notebook transpondo o programa para a televisão e nós nos entupindo de comida gordurosa e muita tequila.

Comemos metade de nossas pizzas e a certa altura a tequila seguiu pelo mesmo caminho que o nosso jantar. Don deixou nossos pratos sobre a mesa de centro puxando minhas pernas para cima de suas coxas enquanto se ajeitava vendo a série.

Controlo o formigamento e o calorzinho gostoso que reverbera pelo meu corpo com seu o toque, fico olhando para a televisão como se não tivesse percebido. Como se a cena de luta entre Valentim e Jace realmente atraíssem minha atenção, ao contrário do fato das mãos de Don estarem sobre minhas pernas.

Ajeito o corpo sobre as almofadas e olhando de relance vejo a curva perfeita do lábio superior de Don faz e me pergunto se ela seria tão macia quanto aparenta ser, se o gosto de pizza com tequila seria tão saboroso misturado com seu cheiro tão de perto.

Volto meus olhos para a TV e tomo mais um gole da tequila, sentindo a bebida descer rasgando por minha garganta. As pontas dos dedos de Dominic brincam em minha panturrilha, seu toque era tão leve que por vezes mal sentia seus dedos tocarem minha pele.

Meu corpo volta a estremecer quando as pontas dos dedos de Don sobem por minhas coxas.

— Diga para eu parar.

Viro o rosto vendo que ele me encara. E mesmo na quase penumbra de minha sala vejo seus olhos azuis sérios, isso faz meu coração bater como um louco.

Mesmo com as dúvidas dentro de mim eu não queria que ele parasse, amava Dominic, desde o momento que o vi tocando na garagem de sua casa.

Mas nossa amizade era preciosa para mim, eu estragaria tudo se confessasse meus sentimentos. Por isso não disse nada.

Minha boca estava seca e não deixava que nem um fio de voz saísse, mas por outro lado também estava totalmente sedenta para sentir os lábios dele nos meus.

Deixo que ele mergulhasse mais em meu corpo, chegando ao limite do meu short. Sua respiração estava rápida, seus olhos focados nos meus.

— Diga para eu parar, Nicky. — Repete.

Eu sabia que se pedisse para que ele afastasse, Don iria se conter e tirar suas mãos de mim. Mas não era isso que meu corpo e meu coração martelando forte em meu peito pediam.

— Eu, não posso. — Sussurro, criando coragem.

— Por quê?

— Eu...

Don subiu a mão para meu quadril, seu corpo já estava sobre mim, minhas pernas afastadas para que ele avançasse mais. Cada vez que ele falava ou me pedia para parar, ele avançava sobre mim me fazendo estremecer e os olhos azuis dele brilharem.

— Eu quero isso.

Pronto. Eu disse, confessei meu sentimento por Dominic Ward.

Don não me deu chance de falar mais nada, suas mãos agarraram com força minha cintura puxando meu corpo para o dele e sua boca tocou a minha. Aqueles lábios pelos quais eu vinha ansiando e o doce sabor de tequila misturado com o de Don, era bem melhor do que o desejo que sempre assombrava meus pensamentos mais secretos.

Agarro seus cabelos, me ancorando em seu pescoço. No mesmo momento que a língua de Don travava uma batalha deliciosa com a minha, me instigando a beijá-lo com mais paixão e desejo. Eu soube no instante que a boca dele tocou a minha que tudo iria mudar. Que seguiria um caminho diferente, onde Don era realmente o dono do meu coração.

O corpo de Don estremece, suas mãos tocavam minhas costas por dentro da regata, fazendo-a ficar enrolada sobre meu peito. Seu beijo era ardente, meu corpo estava quente e desejoso agarrando-se a qualquer parte que minhas mãos alcançassem daquele corpo. Tornando tudo até um pouco desengonçado pela nossa ânsia, pouco me importava na realidade. Seguro o cos de sua calça fazendo seu membro ereto raspar deliciosamente no meio de minhas pernas, fazendo o centro do meu corpo entrar em ebulição. Don não tirava sua boca da minha, a não ser para morder ou beijar meu pescoço, aquilo estava quente, sentia minha pele pegando fogo.

Passo minhas pernas pelas dele, forçando ainda mais seu corpo no meu, minha blusa já estava erguida a muito tempo, assim como a dele, fazendo meu peito, mesmo que por debaixo do sutiã roçar em seu abdômen, um gemido escapa de meus lábios quando Don beija a curva de meus seios e volta a me beijar. Mas então, ao tentar desabotoar sua calça sinto Don enrijecer, seu beijo vai perdendo a potência, até que é interrompido.

Seu hálito batia em meu rosto, aproximo novamente minha boca da sua sugando sua língua, fazendo-o gemer em minha boca.

Quando ele para de me beijar, vejo confusão pintar seus olhos. Don apoia a testa na minha respirando fundo para controlar a respiração.

— Isso foi errado, puta merda! — diz arfando. — Nicky, eu... Puta merda.

— Don?

Meu corpo reclamava frustrado, queria mais dele, minha pele estava a ponto de pegar fogo, eu me sentia febril e não gostei nada de sentir o calor e o formigamento me abandonarem aos poucos, assim como suas mãos.

— Caralho Nicky, isso foi errado! — Resmungou.

Don se levanta com um pulo, ficando de pé, me olhando por um instante, pega o celular e a carteira sobre a mesa de jantar e sai do meu apartamento.

A batida forte da porta vibrou por toda casa. Não me mexi. Meu coração estava se partindo. Eu tinha estragado tudo, devia ter parado quando ele pediu. Eu devia ter negado.

As pontas dos meus dedos tocaram meu lábio ainda inchado pela ferocidade do beijo. Merda!


CAPÍTULO 3

Dominic

 

As luzes giravam por todo o lugar, a fumaça flutuava pelo palco, criando todo efeito junto com os acordes que eu tocava na guitarra, produzindo a melodia que enlouquecia o público.

Dylan jogou as baquetas para o alto, girando-as nos dedos. Davi soltou o cabelo deixando que ele caísse por seu rosto e por suas costas atraindo atenção e mais alguns gritos das garotas.

Dash acrescentava o fundo proporcional para a música, junto com Drake. A luz girou mais uma vez pelo Central Rock parando sobre mim, então realmente comecei a tocar, elevando o som e me preparando para cantar a música que nos tornou quem éramos hoje.

Essa música foi feita para Nicky, mesmo que ela não soubesse. Era como eu me senti quando coloquei os olhos nela. Quando eu tocava e cantava essa música era como se estivesse sozinho, sumiam as pessoas, sumiam meus amigos de banda e imediatamente a figura de Nicky surgia sorrindo em minha frente.

Falava do meu amor, mesmo que seja apenas meu. Nicky era minha amiga. Apenas amiga. Mesmo que por mim poderíamos ser bem mais que isso.

Abro os olhos cantando como se ela pudesse me ouvir, mesmo que tivéssemos a quilômetros de distância, era como se eu não estivesse aqui cantando para uma plateia de mais de mil pessoas, nesse show especial para nossas groupies.

Era como se estivesse com ela, sentado em seu bar, escutando-a cantarolar junto comigo e sua voz me atingindo como mel derretido. Doce e suave.

Estou imaginando,

esse sentimento preso dentro de mim.

Estou começando a me arrepender,

somente por nunca ter contado.


Dash surgiu ao meu lado, encostando suas costas nas minhas, seguindo seu solo. Dando aquele frenesi na multidão. Nossa performance era muito bem ensaiada e executada para levar as fãs a loucura.

Você nunca mais ficará sozinha,

todos seus sorrisos serão meus e

mesmo quando você chorar,

eu vou estar ali...

Secando suas lágrimas com meus beijos.


Os gritos nos rodearam quando eu e Drake tocamos juntos o refrão final, levando todos ao delírio. A D’Five era conhecida nos quatro cantos do país e era isso que comemorávamos essa noite. Era como se um filme passasse por minha mente, os primeiros ensaios, as brincadeiras na garagem da casa de minha mãe ou as noites que íamos apreciar as outras bandas tocando e voltávamos travados de tão bêbados.

O que começou com um vídeo inocente enviado para o YouTube nos rendeu um sucesso imenso e nosso lugar no Billboard .

Nos juntamos no meio do palco quando o show acabou, em meios aos gritos de “Toca mais”.

— Central Rock! – Gritou Davi. — Muito obrigado por essa noite. Amamos vocês!

— D’Five! — Gritamos juntos, quando as luzes se apagaram.


Quando deixo meu camarim indo para o camarim central, já ouvia as risadas de algumas groupies enlouquecidas.

— Meninas, olha quem veio se juntar a nós.

Bato meu punho no de Drake, sendo agarrado pelo pescoço pela ruiva.

— Temos que seguir viagem. — Anuncio.

— Por que tão cedo? — Dylan reclama com duas meninas sentadas, cada uma sobre uma perna.

— Marcamos a comemoração no bar da Nicky.

— Uhul, Nicky! — Dash surge na sala ajeitando a calça com um sorriso sem vergonha, logo sai uma garota arrumando a minissaia de couro. — Alguém quer ir logo para Oregon.

— Cala boca, Dash!

— Eu só saio daqui se puder levar algumas conosco. — Declara Davi.

As meninas soltaram gritinhos animados.

— Eu posso ir Don? — Emily praticamente ronrona em meu pescoço.

— Ajeitem tudo com Mich, eu não tenho nada com isso.

No fim eles acabaram convencendo Mich e nossa produtora, como em todas às vezes que alguma da groupies nos acompanharam nas viagens. Nosso ônibus de turnê era uma zona, mas o que eu poderia esperar de cinco homens viajando juntos? Uma guerra.

— Achei meu astro do rock.

Emily era um verdadeiro pé no meu saco. Desde o show em Chicago que bebi demais na festa de comemoração que sempre fazíamos, ela grudou no meu saco. Tudo bem, ela era gostosa, uma ruiva de arrasar, peitão, bunda legal. Mas foi apenas uma transa e tenho certeza que eu mal dei tudo de mim de tão bêbado que estava.

— Estava procurando por você.

— Estou descansando.

— Pensei que iria gostar da festinha que os meninos estão fazendo lá na frente, mas podemos começar uma aqui mesmo. — Emily tirou a blusa revelando os seios sem sutiã. — Algo mais... particular.

Coço a cabeça bagunçando um pouco o cabelo.

— Emily, para.

Ela abre o botão da calça revelando a calcinha. — Deixe de besteira Don, vamos curtir. Quer que pegue algo para animá-lo?

Desvio o rosto quando ela tenta me beijar, sua boca parando em meu pescoço, me dando uma lambida sensual.

— Emily, chega. Eu disse não!

Ela se afasta olhando para mim, seus olhos se tornando raivosos. — Você é um babaca Dominic. Eu vim de Chicago por você.

Arqueio a sobrancelha, eu juro que não queria ser grosso, porém ela estava pedindo. — Não fode Emily, eu não pedi que viesse. Você sabe que não temos nada um com o outro. Você faz parte de nosso fã-clube, teve uma noite comigo. Nunca te prometi nada, deixei bem claro que estava bêbado aquele dia.

— Você é ridículo!

— Agora sou ridículo por ser sincero? Na mesma noite você fodeu com Davi, isso se não transou com os outros também.

Emily pega a blusa saindo sem coloca-la, batendo a porta com força atrás de si.

Segundos depois, uma batida na porta me faz abrir os olhos.

— Parece que alguém irritou a ruiva. — Dylan diz entrando no quarto.

— Não estou afim, ela veio forçar a barra.

Coloco o braço sobre o rosto ignorando meu amigo.

— Porque você ainda não assumiu o que sente para Nicky, cara?

Retiro o braço encarando meu amigo, ele estava tranquilo, tomava sua cerveja, a calça pendendo na cintura o que indicava que ele já tinha se “aliviado” com alguma das garotas que trouxe para o ônibus.

— Ela é uma boa pessoa. — Continuou.

— Esse é o problema cara, ela é boa demais. Em todos esses anos eu nunca permiti olhar para ela mais do que o limite de nossa amizade. Não sei o porquê eu comecei a fantasiar com ela, não foi assim nem quando vi sorrateiramente ela colocando a roupa.

— Mas as coisas mudaram. Nicky não é mais a menininha que era. Ela tá um mulherão, cara.

— Dylan. — Advirto.

Ele solta uma risada. — Pense nisso, apenas pense, mano. E tome cuidado com Emily, ela está mais para uma cobra peçonhenta.

— Vou tomar. Quem a trouxe para o ônibus?

— Davi.

— Depois vou falar com ele, quero ela longe.

Dylan tomou mais um gole de sua cerveja. — Não acho que ela dará trabalho essa noite. Os meninos estão brincando de “Body Shot”.

Sorrio balançando a cabeça, isso terminaria com metade das pessoas nuas.

— Não quer participar?

— Não, estou bem aqui.

— Beleza, cara. — Dylan diz e sai.


Ela não se afastou, não mexeu um músculo se quer quando minhas mãos começaram pequenos carinhos por sua perna. Eu tinha agido como um leão perseguindo a presa, eu me acerquei dela.

Se ela fizesse uma negativa, um movimento de recuar ao meu toque, eu pararia. Eu havia prometido a mim mesmo, ela era mais importante que o desejo seguindo por minhas veias. O problema é que agora não era apenas a confirmação que meu corpo desejava Nicky, mas meu coração.

Eu me deliciei de cada pequeno tremor que correu por seu corpo. Eu estava sedento pelos seus lábios, me sentia embriagado por sua língua.

Merda! Eu deixei isso ir longe demais, eu não passava de um babaca, mesmo ela não tendo negado, eu era uma babaca.

Tomo o último gole da vodka jogando a garrafa do outro lado, observando a paisagem de Oregon pela janela do quarto.

— O deixe em paz. — Escuto a voz de Dash do outro lado da porta.

— O que aconteceu? — Dylan questiona.

— Ele chegou com uma garrafa de vodka falando algo sobre fazer merda com Nicky. — Dash explica.

Será que eles não perceberam que eu poderia escutar?

— Melhor deixar Don em paz por hoje, amanhã conversamos com ele. E também precisamos descansar, estaremos indo para Nova York no final de semana. — Davi decretou.

Sai da frente da janela me jogando na cama, destravo meu celular vendo duas mensagens de Nicky.

“Desculpe, eu devia ter parado.”

“Don, me perdoa”

Merda, ela achava que a culpa era dela? Merda, Dominic. Você só faz merda!


CAPÍTULO 4

Nicky


É desta vez, eu sei
e n ã o h á d ú vidas em minha mente.
At é que minha vida se acabe
Garota, vou te amar pra sempre

— D’FIVE

Aceno para Alana que limpava o balcão do bar.

Ela se aproxima jogando o pano no ombro. Alana tinha se tornado uma grande amiga, além de tomar conta do bar quando eu precisava sair.

— Bom dia Nicky, você está com uma cara péssima.

— Tem café?

Ela riu indo buscar a garrafa térmica. — Passou do ponto ontem com o cliente bonitão?

Ah, se ela soubesse!

Dou de ombro tomando um longo gole do café. O som estava alto tocando “Moves Like Jagger” e Alana balançava o quadril no ritmo da música.

— Acho que você teve uma excelente noite. — Comento rindo dela dançando em plena oito horas da manhã.

— Adivinha quem está na cidade? Ah, lógico que você já deve saber.

— Não, quem? — Pergunto me fazendo de desentendida.

— D’Five, cara eu sou louca pelo Drake, apesar que o Dylan não é de se jogar fora.

— Eu preferia o Dylan — Comento. — Drake é um canalha.

As imagens da comemoração que a banda fez no bar vieram em minha mente, Drake era como jogar um quilo de milho para o alto, eu tinha certeza que ele tinha um código de barras gravado na pele. Os blogs e revistas de fofoca adoravam falar sobre sua canalhice e mostrar sua bunda ou como a calça de couro que ele usava nos shows deixava suas partes em total evidência.

— Astros do rock, você não esperava que eles fossem santos, isso que os torna ainda mais sexy.

— Mudando de assunto, como foi ontem? Tudo ocorreu bem?

— Não, não! A D’Five irá fazer um show em Nova York, você bem que podia conseguir um convite com seu amigo Don. Eu assumo o bar por três fins de semana. — Barganha.

— Nova York?

— Por favorzinho. Cara, eu daria tudo para visita-los no camarim.

— Eu sei bem o que você pensa em dar. — Comento fazendo Alana rir.

— Bobinha, isso também. A vida é curta e quando eu morrer a terra que vai comer mesmo. — Diz piscando.

— Que horror, Alana.

— Que foi?

— Pelo visto, você e Drake têm muito em comum.

Ela gargalha.

— Vou ver o que consigo fazer.

O sino da porta nos fez interromper as risadas, olhando para o visitante. Ryan.

— Gatinha. — Diz com um amplo sorriso.

— Ry, bom dia. Você não devia estar no trabalho?

— Sim, mas como seu bar fica no caminho decidi dar uma passada.

— Eu vou deixar vocês a sós. Não se esqueça de pedir os convites. — Alana lembrou, sumindo do outro lado do bar.

— Convites?

— Alana quer ir à Nova York, show do D’Five.

— Cara, eu sou muito fã deles.

Eu queria mesmo é revirar os olhos, justo hoje que eu não queria falar sobre eles, todos em minha volta tinham decido que seria o assunto principal.

— Espera aí, você é amiga do D’Five? — Perguntou incrédulo.

— Sim.

— Uau! Quem sabe eu possa acompanhar vocês no show, acho que os ingressos já devem estar esgotados, mas posso tentar conseguir.

— Relaxa, eu vou falar com Dash.

— Dash Tunner? Gata, você está realizando um sonho, quero muito conhecer esses caras.

— Claro. Você pode vir com a gente.

Pronto tudo que eu queria.

Quando Ryan tinha ido embora e Alana foi para sua aula de spinning eu verifiquei meu celular, Don tinha lido as mensagens, mas não respondeu o que fez meu coração pesar no peito.

Procuro nos contatos o telefone do Dash.

— Pequena Nicky!

— Oi, Dash.

Sentia minha garganta se fechando, minha língua coçando para perguntar sobre Dominic, mas fui o mais breve possível.

— Claro que arrumo uns convites, pequena. Quantas amigas gostosas virão com você?

— Apenas três convites.

— Vou enviar por e-mail assim como a autorização para você retirar a credencial da área VIP.

— Obrigada Dash! Nos vemos em breve.

— Com certeza, pequena. Vocês vão precisar das passagens também? Acredito que Don me mataria se eu não ajeitasse isso.

— Não, já temos como ir. Dash?

— Manda!

— Não fala nada para o Don, acho que ele não quer me ver ultimamente.

Dash soltou uma gargalhada do outro lado da linha. — Pequena, acredito que você esteja errada, mas vou guardar seu segredinho.

— Obrigada Dash, até mais.

Respiro fundo olhando para o nada, eu não sabia se ainda estava pronta para dar de cara com Don. O e-mail de Dash chega em poucos minutos, os três convites e mais as credenciais para ficarmos na área VIP.

Alana com certeza surtaria.


Durante três dias encarei o silêncio de Don. As notificações do Google informavam cada passo da banda, eu tinha assistido a entrevista para o The Late Show, assim como suspirei com cada sorriso e passada de mão no cabelo que Dominic fazia. E quando o apresentador perguntou se algum deles estava apaixonado, todos riram e olharam para Don, que ficou vermelho e disse que para cantar um bom rock ele sempre estaria apaixonado pela melodia que saia de sua guitarra.

Foram oito horas aguentando dois fãs neuróticos falando tudo e mais um pouco dos garotos. Ryan tinha sentado ao lado de Alana e ambos entraram numa disputa sobre “quem conhecia melhor a D’FIVE”.

O show estava marcado para às vinte horas no sábado. Iríamos assistir ao show, descansar e voltar no domingo mesmo. Eu não poderia ficar com o bar fechado por muitos dias e tirando Alana e Don, não tinha ninguém de confiança para tomar conta dele.

A entrada do Brooklyn Steel tinha uma fila quilométrica, como Dash me informou no e-mail era só apresentar as credenciais que tínhamos trocado mais cedo para entrarmos.

— Uau! Ainda não acredito que estou aqui.

— Pois pode acreditar. Isso está lotado. — Digo mostrando as credenciais para o segurança do tamanho de um gorila na porta.

— Podem entrar. Bom, show.

Ryan me dá um selinho quando passei a sua credencial, me deixando sem jeito.

— Dash disse que tem uma área VIP reservada para nós.

Os camarotes superiores já estavam cheios assim como a pista estava ficando, Peter o chefe da segurança da banda, assim que me vê passando pelo bar montado na lateral da pista faz sinal para que o seguíssemos.

Ele nos deixa dentro da área VIP, estávamos praticamente colados ao palco. Algumas fãs ao nosso lado já gritavam empolgadas esperando a hora que os garotos entrariam no palco.

O apresentador surge no meio do palco depois de meia hora que estávamos dentro da casa, recebendo gritos e mais gritos da multidão. Fazia muito tempo que não ia em um show da D’Five, com o sucesso que meu bar fazia eu tinha uma vida corrida. Mesmo sabendo do sucesso que eles estavam fazendo eu nunca senti na pele o que era estar ali, com as fãs gritando ensandecidas, a multidão clamando por eles.

Era sensacional.

— Vocês querem a D’Five? — Grita o apresentador fazendo a plateia enlouquecer mais ainda.

— Que tal o Dash? — Pergunta sendo recebido por mais gritos histéricos.

— Dylan ou Drake?

Algumas meninas perto de nós gritando e pulando, assim como Alana.

— Que tal poder tocar com Don?

As fãs enlouqueceram, eu já tinha visto que nos shows os meninos sempre se revezavam com uma fã no palco. O que levava o resto das fãs ao choro e pedidos de “olha para mim” e “casa comigo”. Era engraçado. Menos quando eu estava ali, perto deles e poderia ver Don deixar uma fã maluca ao passar a mão por seu corpo.

— Gatinha, vou pegar uma bebida para nós. Alguma preferência?

— Uma água.

Ryan sorri, beijando brevemente minha boca e sai no meio da multidão em direção ao bar.

— Que foi? Ele é apenas um rostinho bonito? — Alana pergunta gritando perto do meu ouvido.

— Ele é legal.

— Mas não é quem você realmente quer. — Diz olhando em meus olhos.

Abro a boca para responder duas vezes, mas nas duas torno a fechar, preferindo o silêncio.

— Brooklyn Steel, se preparem... Aí vem eles! — Grita o apresentador.

O palco se apaga por completo, um foco de luz ilumina o fundo do palco, a fumaça subia e a plateia gritava.

— D’FIVE! – Gritou o apresentador.

Eu iria sair surda dali. Era unânime, a multidão gritava pelos garotos, chamando e assobiando. Eu podia sentir a energia tocar minha pele. As luzes do palco piscavam todas juntas, um de cada vez eles foram surgindo no palco: Dash ajeitando a guitarra, Dylan tocando a bateria, Davi no vocal com Drake no contrabaixo e então surge Don tocando seu solo na guitarra.

Assim que ele pisou no palco meus olhos colaram nele, nem quando Ryan entregou minha água eu desviei o olhar.

Don estava lindo, a calça preta rasgada abaixo da cintura, a jaqueta de couro surrada aberta deixando o peitoral malhado e definido à mostra.

Eu tenho a sensação que cometi alguns pecados,

cobicei um anjo e isso não é o correto a se fazer.

Vou perguntar educadamente se o diabo

precisa de uma carona, porque o anjo que

seduzi não vai sair comigo está noite.

A plateia cantava “Sin” junto com Davi a plenos pulmões.

Sinto Ryan colocando seu braço em volta de minha cintura e quanto mais eu tentava me desvencilhar, mas ele vinha para cima.

Estou perto de sua casa, eu sinto o cheiro

do meu anjo, você está saindo escondida.

Anjo você é pecado, mas desse pecado eu não

vou me livrar nunca mais.

Don se afasta indo até Dash, sussurrando algo em seu ouvido enquanto eles tocavam juntos. Meu coração para quando Dash sorri indicando onde eu estava para Dominic. Seus olhos seguiram os de Dash e enquanto ele tocava os últimos acordes de maneira frenética eu sabia que eu estava igual à mocinha da música, buscando uma fuga.

Fuja meu anjo, se você sabe o que é bom

para você fuja de minhas garras.

Porque quando eu te pegar você estará

assumindo um risco muito grande.

A plateia pulava eletrizada pela música, eu via raiva nos olhos de Don e não havia como explicar ou dar uma desculpa para o que ele estava vendo: Eu, sendo agarrada por trás por Ryan enquanto ele tomava alguns goles de sua cerveja e em alguns momentos beijava meu ombro.

Você está ao meu lado, você gosta do perigo.

Sua mão entre meus joelhos, anjo controle—se.

Perigo, perigo, pecado.

É difícil me controlar quando você está

respirando no meu ouvido.


Então venha, querida, veja o que você provocou.

Veja os problemas em que nos metemos,

meu anjo perverso.


— Boa noite, Brooklyn Steel! — Davi diz abrindo os braços para a plateia.

Dash sussurra algo para Don, logo Dylan me vê na plateia e também entende porque Dominic tinha ficado tão fora de si.

— Obrigado por estarem essa noite conosco. — Drake veio para frente do palco, evitando que as pessoas percebessem o pequeno descontrole do guitarrista, enquanto Dash e Dylan conversavam com ele no fundo do palco.

— Drake, você reparou na quantidade de mulheres lindas que temos hoje? — Davi diz se abaixando no palco para mexer com uma fã do outro lado.

— É Davi, hoje será difícil escolher apenas uma para o palco.

As fãs gritaram e pularam. A distração foi feita.

Quando Dash, Don e Dylan assumiram seus lugares eles estavam sorrindo. Mas eu via que para Don aquilo era uma máscara, ele me questionava com o olhar. Eu sentia o peso sobre mim.

— Don está estranho, né. — Alana comenta em meu ouvido fazendo com que Ryan se afastasse.

— É. — Digo sentindo um nó em minha garganta.

Don me encarou por mais um segundo, virando-se de costas indo até o canto do palco, trocando algumas palavras com Mitch, tomando um gole longo de água e voltou.

Ryan disse que iria ao bar novamente, mas acabou não retornando. Eu não me surpreenderia se ele tivesse ficado preso no meio da multidão.

O show continuou com perfeição, eles sempre foram incríveis no palco, num determinado momento uma fã subiu correndo no palco agarrando Dash, impedindo que ele continuasse tocando e quando os seguranças foram tirá-la de cima dele. Dash deu um selinho nela o que fez a plateia gritar e a banda rir de sua atitude.

Olho em volta tentando ver se avistada Ryan, mas seria impossível com a quantidade de pessoas presentes ali, estava começando a me preocupar. Pego o telefone vendo que tinha algumas ligações dele e uma mensagem.

“Um imbecil derrubou cerveja em mim e quando o segurança surgiu para ver o que estava acontecendo me viu sem a credencial. Não sei como isso aconteceu. Mas espero vocês no hotel.”

Olho para Don que sorria tocando tranquilamente. Filho da mãe, ele era o culpado.


Após uma hora de show e os meninos estarem sem a camisa, o que deu uma chuva de calcinha e sutiã no palco. Eles encerraram o cover do Bon Jovi “Blaze Of Glory”

Davi se aproximou da frente do palco, com uma calcinha pendurada na cabeça. — Só temos tempo para mais uma música, qual é o pedido de vocês?

Sem demora a maioria das fãs gritaram: — “Love in Dark”.

Dash e Drake estavam sentados no pequeno degrau onde a bateria estava no fundo do palco.

— Vocês querem “Love The Dark” ? — Todas gritam aprovando. — Ah, não sei se elas merecem. O que você acha, Don?

Don sorriu passando a língua nos lábios de forma maliciosa. E a mulherada enlouqueceu novamente. Don dá de ombros, indo para o microfone que o Davi usava. — Então eu preciso achar uma mulher adorável para vir aqui no palco.

Os integrantes da banda deixaram Don dominar o palco, ele foi até o produtor pegando uma banqueta alta colocando-a no centro do palco, ajeitou o microfone na sua altura e trocou a guitarra pelo violão.

Ele olhava para a plateia examinando suas opções e quando as mulheres já estavam no nível máximo, seu olhar parou sobre mim.

— Você morena bonita. Sobe aqui.

Que bela sacanagem, Dominic!

— Puta que pariu, amiga! Você vai ter um momento sexy com o Don. — Alana grita, rindo.

A plateia aplaudia incentivando para que eu subisse no palco, Peter aparece tirando uma das proteções da área VIP para eu saísse.

Don coloca o violão para trás e me puxa para cima pela cintura, colando nosso corpo.

— Don. — Sussurro.

Ele esboça um sorriso satisfeito. Levando-me até o microfone.

— Qual seu nome?

— Nicole. — Gaguejo.

— Você toca violão, Nicole?

Sua voz combinada com os olhares que ele me lançava são capazes de fazerem meu corpo inteiro esquentar e tremer.

— Não.

Mas isso ele sabe, cretino!

— Não tem problema, será ainda mais delicioso.

As mulheres gritaram, todas queriam estar onde eu estava. Aposto todo meu ganho do mês que elas dariam qualquer coisa para estarem ali.

Em vez de Don passar a faixa de couro pelo meu ombro ele me fez ficar entre o violão e ele. Deixando-me arrepiada ao sentir suas mãos percorrerem minha cintura, braços e segurar o violão.

Don retira meu cabelo do pescoço, liberando o acesso para ele, sinto sua respiração perto de meu ouvido e ele inalando meu perfume.

Seus dedos correm pelo instrumento, a multidão acende seus celulares ou isqueiros levantando o braço. Deixando ser a única iluminação do lugar, além da luz roxa que banhava minhas costas.

Don começa a tocar a melodia doce da música, fazendo com que eu sentisse cada acorde.

Por favor, fique onde está.

Você me corroeu com seu sorriso, com sua doçura.

Não posso mais te amar no escuro,

sempre parece que temos oceanos entre nós.

Mas tudo mudou, baby.


Seu peito vibra em meu corpo, sua voz rouca em meu ouvido, ainda mais cantando essa música. Deus!


Você me deu algo que não posso viver sem,

você sempre foi meu mundo,

agora está tão claro.

Preciso te sentir de dentro para fora,

seu nome é minha oração e seu coração meu lar.

Eu não posso, eu não posso

te amar no escuro.


Mas se não sente o mesmo,

Tire os olhos de mim para que eu possa partir.

Tem tanto espaço entre nós.

Mas se você me ama, me deixe quebrá—lo.


Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

não posso nem imagina viver sem um sorriso seu.

Eu não posso, eu não vou...


Me peça para ficar,

porque eu não vou mais amá—la no escuro.

Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

Tudo mudou, baby


Don vai tocando os últimos acordes e finaliza a canção, a plateia demora alguns segundos para explodir novamente. Ele retira o instrumento de nós, passa para Dash que dá uma piscadinha para mim.

Meus olhos colados nos de Don, meu corpo inteiro está arrepiado. Ele crava seus dedos por meu cabelo, firmando minha cabeça enquanto seus lábios descem sobre minha boca. Sua língua pede passagem, que eu permito sem lutar.

Sinto a pulsação do sangue em meus ouvidos, escuto ao fundo a plateia gritando. Agarro seu pescoço trazendo mais para mim, mal me importando que seu corpo está suado. Eu só desejo que aquele beijo se prolongue, que sua língua continue enroscada na minha.

Como se ao nos separarmos tudo voltasse ao estranhamento que sentíamos.

Don deixa uma das mãos em minha cintura, cravando os dedos em meu quadril, sinto sua ereção na calça justa e meu corpo esquenta mais. E antes que eu o impeça descola sua boca da minha.

— Nicky...

Eu estava sem ar.

— Venha comigo.

Don me puxa para fora do palco correndo pelo corredor até os camarins, ao longe eu escuto a banda se despedir do público em meio a toda a euforia anunciando que o próximo show será em Londres.


CAPÍTULO 5

Dominic

 

Por todo o caminho até meu camarim eu tive medo.

Medo que ela percebesse a loucura por trás de tudo e me deixasse, eu nunca havia ultrapassado os limites com Nicky e agora eu tinha jogados todos no lixo.

Para mim esse show seria apenas mais um, passei à tarde com os caras, relaxando, quando Dash veio sorrindo do seu quarto avisando que teria a presença de Nicky no show.

Fazia bons anos que ela não conseguia nos acompanhar em um show, mesmo eu tendo enviado diversos convites a ela. No fundo eu entendia, ela tinha uma vida corrida e seu bar sempre foi sua prioridade.

— Nicky?

— Sim, ela pediu convite para ela e duas amigas.

— Opa! Carne fresca! — Exclama Drake, que logo recebe uma olhada feia. — Que isso Don, eu disse sobre as amigas, todo mundo sabe que a Nicky é sua.

Minha.

Nicky e “minha” não eram tão usuais na mesma frase. Mas será que poderiam ser? Afinal ela estava vindo.

Confesso que estava ansioso, eu queria vê-la, mesmo sendo insano eu caçar os olhos castanhos de Nicky pela multidão que nos aguardava no palco. Porém foi exatamente que eu fiz assim que pisei no palco, enquanto tocava o solo tão conhecido e gravado em minha mente de “Sin”, eu procurava pela multidão os olhos que tanto queria ver.

Aproveitei minha performance com Dash para questioná-lo onde ele tinha colocado Nicky e suas amigas e foi uma surpresa de merda vê-la junto com uma amiga e um cara agarrado em sua cintura no meio de nossas groupies .

O sangue ferveu vendo a ousadia daquele cara.

Termino meu solo comendo Nicky com os olhos, eu sabia que ela estava com vergonha, mesmo não conseguindo ver seu rosto com perfeição por causa das luzes que dançavam pelo Brooklyn Steel. Sabia que suas bochechas estavam mais vermelhas que dois pimentões.

— Sua água.

Tomo um grande gole d’água que Mich me entrega em meio a elogios de nossa apresentação.

— Peter. Preciso de um favor. — Peço ao chefe da segurança.

— Claro, Don.

— Sabe aquele cara que está com a Nicky?

— Sim.

— Na primeira oportunidade tire-o daqui.

Eu sabia que não estava agindo da maneira racional, mas a essa altura não estava me importando com nada! A não ser em afastar aquele “elemento” da minha garota!

— Quer que façamos isso agora? — Peter já segurava seu ponto de comunicação com os outros seguranças.

— Não, nada na frente da Nicky. Ele vai sair de perto dela em alguma hora. Está bebendo como um gambá.

— Pode deixar, vou cuidar disso pessoalmente.

Como eu disse, eu não estava pensando. Só me aproveitei das oportunidades que sugiram.


— Don.

— Venha. — Respondo fechando a porta do camarim e puxando seu corpo para o meu, eu precisava sentir o gosto de seus lábios nos meus novamente.

Olho para seu corpo cobiçando cada parte dele, ela estava linda, retiro sua jaqueta de couro vendo a regata preta colada aos seus seios e em sua cintura delgada. Eu adorava quando Nicky se vestia como uma garota má, de preto da cabeça aos pés.

A saia de couro dava pouco espaço para minha imaginação devido ao comprimento. Volto meus olhos para cima segurando sua blusa e retiro pela cabeça. Prendo a respiração admirando seu corpo, a curva de seus seios no sutiã.

Cara, ela era perfeita.

— Don...

Meus dedos percorreram sua cintura, subindo pelo umbigo, passando pelo vale entre seus seios.

— Linda. Você é perfeita Nicky.

— Você tem certeza?

Eu sabia que ela não estava questionando sobre o que eu tinha dito e sim sobre o que estávamos prestes a fazer.

Desço a boca por seu pescoço, sugando sua pele, indo com meus lábios para o espaço entre seus seios, sentindo sua respiração irregular, assim como os batimentos de seu coração.

Colo seu corpo no meu nos levando para o sofá, eu queria beijar cada parte daquele corpo, queria venerar a mulher a minha frente. Queria que ela entendesse que eu amava seu sorriso, seu olhar, sua amizade e principalmente a mulher que estava exposta ali em minha frente.

Ouço uma discussão fora do camarim, mas não dou bola. Deviam ser as groupies brigando de novo sobre quem iria fazer um boquete em Dylan.

Continuo beijando Nicky, admirando seus olhos brilhantes, até que a porta se abre com violência.

Deito sobre Nicky para esconder sua nudez.

— Porra, a porta estava fechada. — Reclamo, virando o rosto para a porta.

Meu coração aperta vendo um Dash totalmente sem graça e Emily parada de braços cruzados.

— Desculpe cara, eu não sabia que estava aqui, vim brincar um pouquinho com Emily.

— Não fale merda, Dash! — Ela ruge me fazendo engolir o nó no meio da garganta. — Quem é essa vagabunda, Don?

— Emily.

— Olha querida, eu sei que pode ser emocionante ter em seu currículo uma foda de Don, mas esse daqui já é meu.

— Emily, cala boca! — Dash e eu gritamos.

Vejo o choque que Nicky teve, sinto seu corpo retesando abaixo do meu e suas mãos tentando empurrar meu peito para longe.

— Dash, tire essa maluca daqui.

Dash agarra o braço de Emily, mas ela se desvencilha.

— O que foi, Don? Vai fingir que não me conhece, depois de ontem à noite.

— Não tivemos nada ontem, Emily. Dá o fora daqui.

Nicky me pega desprevenido, jogando-me para fora do sofá, se levantando apressada, pega sua blusa do chão colocando-a novamente.

— Espera aí, eu conheço você!

— Dash!

Dash agarra a cintura de Emily novamente, tentando tirá-la do camarim, mas o estrago já estava feito, sabia só de ver os olhos marejados de Nicky.

— Que porra está acontecendo... — A voz de Dylan morre ao ver o que estava acontecendo, nem ele ou Davi que estava ao seu lado e nem mesmo Alana colada no pescoço de Dylan, precisavam dizer algo. Os caras sabiam a merda que poderia acontecer se Emily cruzasse com Nicky.

— Você é a garota do Bluber. — Emily diz rindo. — Eu sabia que não me era estranha, até deixei que Don tivesse sua cota de diversão com você naquele dia, mas se enxerga garota. Ele só queria te foder, um passatempo.

— Emily! — Meu grito fez todos ficarem em silêncio.

— Quer saber, ela está certa. Curta sua noite, Dominic.

Nicky nunca me chamou de Dominic, nem mesmo quando éramos apenas conhecidos. Vejo a tristeza se misturar com raiva dentro de seus olhos.

— Nicky! Por favor, eu não tenho nada com ela.

Me ajoelho em sua frente, suplicando para que ela me ouvisse, não me importava que mais pessoas estivessem ali, olhando-me ajoelhado e agarrado nas pernas dela.

— Me solte, Dominic.

— Não, você tem que me ouvir.

— Eu não vou ouvir nada. Não preciso de nada depois disso.

Nicky se desvencilha de mim, caminhando decidida para cima de Emily. Dash se coloca no meio do caminho impedindo que as duas se engalfinhassem.

— Faça bom proveito. — Se virou para sua amiga. — Você vem comigo?

Alana concorda soltando o pescoço de Dylan dando um selinho em seus lábios e murmurando algo que não ouvi. Saindo com Nicky.

— Nicky. — Grito para o nada.

Eu não consegui me mexer, a raiva crescia em meu peito cada vez que eu via o sorriso de satisfação de Emily. Levanto como um leão agarrando-a pelos braços, ao mesmo tempo em que Dash e Dylan tentavam me conter.

— Ouh ouh , Don controle-se. — Dash exclamava.

— Ela não vale à pena, cara. — Sentia o aperto que as mãos de Dylan faziam em meu braço esquerdo.

— Você some daqui, porque se eu cruzar com você em qualquer show. Eu juro que ninguém vai conseguir me deter.

Emily me encarava com os olhos arregalados.

— Don...

— Não me venha com essa merda, suma daqui. — Grito.

Davi puxou Emily para si tirando-a do meu camarim e fechando a porta, me fazendo desmoronar.

— Cara, que merda foi isso? — Dylan sussurra passando a mão no cabelo.

— Desculpe Don, eu não consegui deter, quando vi ela já tinha invadido seu camarim, cara.

— Já está feito, eu preciso saber onde Nicky está. Preciso me explicar, eu não posso deixar que ela pense que eu estava mentindo.

— Don, não adianta você ir atrás dela agora.

— Como não, eu preciso...

— Don, se acalme. — Dylan repreende. — Ela está nervosa e não irá escutar nada que você fale. Deixe as coisas esfriarem. A amiga dela disse que elas iriam voltar de qualquer jeito para Oregon assim que o show acabasse.

— Isso, cara. Fica frio. — Dash diz dando apoio.

— Não vou conseguir, sabendo que ela está arrasada.

— Você vai precisar. Ir atrás dela agora é apenas colocar mais lenha na fogueira. Se você quer ter uma chance de verdade para que ela te escute, deixe a poeira abaixar.

Respiro fundo concordando com eles. Eu iria esperar apenas o suficiente para que ela me escutasse e acreditasse em tudo que eu tinha para dizer.


CONTINUA

— E essa é a D’Five Band?
Viramos olhando para o cara de óculos escuros, vestido de terno que nos encarava com um copo de uísque nas mãos.
E isso porque não era nem onze horas da manhã. Uma ligeira coceira em minha nuca de preocupação dá os primeiros sinais, talvez não deveria ter deixado o fato de procurar um produtor nas mãos de Drake, pelo visto, esse cara em nossa frente tem muito haver com ele.
— O que faz vocês serem mais interessantes que as outras bandas que me procuram?
Por um momento vejo todos se entreolhando. — Você pode ter visto muitos de nós por aí. — Digo chamando atenção do produtor para mim. — Pode ter escutados dezenas de boas bandas.
— E aí, cara, tá maluco? — Drake sussurra dando um pisão em meu pé.
— Mas com certeza não o bastante, senão não estaria sentado nessa mesa conosco.
O produtor me encara, um sorrisinho no canto dos lábios.
— O que nos torna diferentes dos outros? Somos uma família, cada um do seu jeito, nunca perfeitos, mas família. — Davi diz.
— Cinco desajustados cantando para pessoas que acima de tudo amam a música. — Dash completou.
— Então acho melhor eu garantir logo esses desajustados para mim, pois quando olho para vocês sinto cheiro de dinheiro. E esse, meus rapazes é o odor que mais gosto. — O produtor faz um pequeno sinal, logo uma mulher linda e vestida de um jeito extremamente sensual entrega uma pequena pasta para ele.
— Espero que estejam com canetas, garotos. E se preparem, agora quem cuida da vida de vocês sou eu. — Disse com um largo sorriso no rosto.
Alguém está tentando arrombar minha porta.
— Puta que pariu, o que foi cara?
Drake me encara com um enorme sorriso no rosto, vejo Dash, Dylan e Davi correndo pela entrada de encontro a nós.
— O DISCO IMPLACOU! O DISCO FOI UM SUCESSO! — Drake grita.
Olho meio aturdido pela surpresa para os outros, com seus enormes sorrisos no rosto.
— É isso mesmo, maninho. Mich nos quer no próximo voo, tem uma turnê para nós!
— Puta que pariu! — Desço os pequenos degraus, pegando todos eles em um abraço de urso.
— SOMOS OS DONOS DO MUNDO! — Drake gritava.
— Nossos sonhos, senhores, acaba de começar. — Davi diz.

 

https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/D_FIVE_BAND.jpg

 

CAPÍTULO 1

Nicky


N ã o tenho paci ê ncia para joguinhos,

e seus joguinhos me enlouquecem.

Eu preciso de voc ê , é tudo

que voc ê precisa saber.

— D’FIVE

Ficar diante de mulheres seminuas não era algo que eu apreciava. Nem um pouco. Assistir outras pessoas praticamente fazendo sexo também não era minha definição de uma sexta-feira perfeita.

Encosto no canto da parede tomando minha cerveja, dando uma olhada para o espaço fazendo uma pequena nota mental que não seria tão difícil sair dali. Mas Don ficaria chateado.

Don e sua banda se tornaram astros do rock, o céu era pouco para tudo que eles estavam conquistando e ali estava a prova. Seu primeiro disco de platina, o mundo os amava, assim como as mulheres se jogavam em seus braços praticamente nuas.

A D’Five estava liderando a lista de maiores sucessos da Billboard, com uma música nova atrás da outra. Eles realmente eram lindos bad boys com suas jaquetas de couro envelhecidas e seus estilos de homens fatais que a People tanto frisava. E mesmo tendo acompanhado notícias pelas revistas e mídias, a imagem que eu tinha era de cinco amigos felizes, exatamente de quando eu os conheci. Só de olhá-los você percebe até mesmo o modo como interagem, que eles dariam a vida um pelo outro.

Meus olhos capturam Dylan, o baterista, prensar uma loira peituda na parede beijando seu pescoço. Desvio o rosto tomando o resto de minha cerveja.

Aquela festinha particular tinha tudo para sair do controle facilmente, meu coração estava pesado só de olhar a sujeira e bagunça que eles faziam pelo meu bar.

Quando Don me pediu o bar emprestado para sua comemoração eu não acreditava que seria algo civilizado, nunca. Eles eram homens, roqueiros e com uma libido difícil de controlar. Mas, Don me pagaria caro por isso.

Eu estava vendo mais peitos ali do que poderia ter visto se tivesse comprado todas as playboys da vida.

Meus olhos cruzaram com Drake, baixista da banda, sentado em um dos sofás de couro, que por sua vez sorriu erguendo a garrafa de cerveja. Não deixando que a mulher de joelhos em sua frente parasse o serviço prestado ao seu membro ou seja lá o que ela estaria fazendo com a boca perto do umbigo dele.

Reviro os olhos, mas uma vez deixando que meus olhos vagassem pelo bar. Merda! Daria um trabalhão arrumar tudo.

— Ela é tudo que você sempre quis, do tipo que você se vangloria e leva para jantar na luz do luar... — Don cantarola em meu ouvido, fazendo eu me arrepiar.

Tá. Eu tinha uma quedinha por Dominic, mas nossa amizade de anos impedia que ambos déssemos qualquer passo arriscado.

— Que surpresa não o ver com alguma piranha colada em seu saco. — Digo emburrada.

Ele solta aquela gargalhada que tanto amo, rouca e exagerada, como se fosse um velho fumante de setenta anos. Mesmo que eu saiba que Don nunca fumou, é contra cigarros e drogas e qualquer porcaria ilegal, como ele mesmo afirma.

— Está tudo bem? Sabe que não precisa ficar aqui. — Seus olhos se focam nos meus... aquela íris azul...

Sorrio, confirmando com um jeito.

— Não conte para minha melhor amiga, ela vai ficar se achando muito, okay? Eu amo que esteja aqui. — Don brinca, dando um beijo casto em meu rosto.

Oh, santa das fãs de roqueiros sexys, não esqueças de mim. — Clamo.

— Há uma grande quantidade de peitos aqui. — Digo mudando o rumo da conversa.

Ele sorri.

Mentalmente agradeço por seu hálito não feder todos os tipos de álcool igual aos outros integrantes da banda.

Don era lindo, verdade seja dita. Os cabelos pretos como sempre rebeldes, os olhos azuis transmitiam sua rebeldia de astro do rock. Ele vestia a jaqueta de couro que dei em seu vigésimo sexto aniversário, aquela que eu sabia que tinha um furo no bolso direito, mas ele não se desfazia de jeito nenhum.

— Você fez um trabalho excelente aqui.

— Pretendem ficar muito tempo? — pergunto.

— Um bom tempo, quem sabe, isso se nosso produtor deixar.

— Você não parece estar se divertindo. — Comento.

Don olha a orgia maluca que rolava em nossa frente. — Não exatamente, mas aqui com você vejo que posso. — Ele apoia a mão na parede ao meu lado, inclinando o corpo. — Investindo no karaokê? — pergunta apontando para o microfone no pequeno palco no fundo do bar.

Eu rio. — Boas risadas e altas gorjetas.

— Não deixe que Drake o veja.

— Dooonn ... — Geme uma ruiva apenas de fio dental, ela corre até ele colocando a mão em seu peitoral.

— Oi, Emily.

— Vamos, venha participar da festinhaaa .

Seguro a respiração encarando o rosto de Don.

— Estou em ótima companhia.

A tal da Emily me mede da cabeça aos pés, torcendo os lábios.

— Davi ficará feliz em fazer companhia para você. — Don aponta para o amigo.

Davi era o vocalista da banda, e também era o que mais tinha dado problemas para os meninos no início de carreira. Ele estava jogado na poltrona bebendo sua cerveja, o cigarro pendendo dos dedos com o famoso “Fuck” tatuados nos nós de sua mão. E não se surpreendeu em nada quando Emily caminha sedutoramente até ele sentando-se em seu colo, sem o menor pudor.

— Venha, vamos nos sentar em algum lugar tranquilo.

Don me puxa pela mão entrelaçando nossos dedos, o que fez um formigamento subir pelo meu braço. Merda! Ele como sempre, pula o balcão arrancando uma risada minha ao errar o espaço e sair tropeçando.

— Ei, docinho você me trapaceou.

Reviro os olhos. — Docinho é sua mãe!

As batidas altas de “How you remind me” ainda poderiam ser ouvidas dentro do escritório, mesmo com a porta fechada. Assim como o cantarolar de Don.

— Prefiro você a Chad Kroeger 1 cantando essa música.

Ele sorri se jogando no sofá de dois lugares.

— Você fala isso porque é minha amiga e fã.

Dou de ombros. — Até que você tem talento.

Esboço um sorriso sentando ao seu lado no sofá pequeno.

— Se estou aqui, é por você.

Um nó se forma em minha garganta. — Eu?

— Quem foi que gravou o primeiro vídeo da D’Five espalhou pela internet?

Sorrio. — É, fui eu. Talvez mereça um crédito e alguns milhares em minha conta. — Digo piscando.

— O céu para a menina D’Five.

Mordo o lábio inferior por um momento. De uns tempos para cá tinha se tornado difícil ficarmos sozinhos, eu sempre ficava envergonhada e Don sempre me olhava mais do que o necessário. Isso é coisa da tua cabeça! Ralho comigo mesma.

Don passa o dedo indicador pelo meu queixo virando meu rosto para ele. Fazendo-me soltar o lábio que ainda estava preso entre meus dentes. Seus olhos estavam fixos no meu, mas eu sabia que ele girava o anel de caveira no dedo.

Sabia também que não rolaria nada, diversas vezes Dominic Ward fez esse movimento, segundo ele eu ficava “bonitinha” envergonhada.

Dominic quebra nosso contato visual, pegando o violão que sempre ficava em meu escritório apoiando-o na coxa esquerda.

— Estou imaginando, esse sentimento preso dentro de mim. Estou começando a me arrepender, somente por nunca ter te contado. — Cantou.

Encosto mais no sofá admirando Don tocar o violão, eu amava essa música. Além de um excelente guitarrista, a maioria das músicas da banda eram compostas por ele e Davi.

— E agora, jogado nesse bar. Vejo que você é tudo que eu poderia pedir. Você nunca mais ficará sozinha, todos seus sorrisos serão meus e mesmo quando você chorar, eu vou estar ali... Secando suas lágrimas com meus beijos. — Don dedilhava seu violão com extrema paixão. — Então, se eu ainda não te disse nada, por favor, me abrace e me entenda por meio das palavras que canto, como um tolo apaixonado.

— Essa é uma das minhas preferidas.

Don sorri deixando o violão de lado quando termina.

— Nicky, eu preciso...

A porta do escritório se abre com violência, interrompendo o que Don iria falar.

— Sabia que iria encontra-lo aqui.

— E aí. — Don resmunga.

— Pequena Nicky, tá uma gata hoje com esse estilo roqueira.

— Obrigada pelo elogio, Dash. — Digo rindo.

Dash era o mais espirituoso dos cinco, eu ainda ria com suas piadas idiotas e seu comentário de como ele acreditava que os cinco eram anomalias, apenas por terem nomes com a letra “D” ou como ele carinhosamente chamava a banda: “Os Diotas” e pelo cosmo tê-los juntados na mesma cidade.

Dash era o que eu mais tinha contato, além do Don. Não que eu não fosse amiga dos outros, mas eu sentia que tinha mais intimidade e liberdade com eles. Dash era como aquele irmão mais velho que vem nas férias só para encher o saco, mas quando vai embora você sente falta.

— O que você quer, Dash?

— Mich quer falar com a banda.

Don se joga mais no sofá apoiando a cabeça no encosto.

— Vamos logo, ninguém quer Mich bravo por causa de sua preguiça, levanta esse saco gordo daí.

— Você vai ficar bem? — Don questiona olhando para mim.

— Sim, eu vou para casa. Já comemorei bastante com a banda.

Ele concorda, sabia que eu odiava essas orgias que alguns integrantes aprontavam, já tinha visto minha cota nos primeiros anos de turnê. — Manda uma mensagem quando chegar. Eu tomo conta do bar.

— E limpe tudo!

— Pode deixar, colocarei todos para limpar. — Don brinca dando um peteleco na orelha de Dash.

Com isso ele se levanta saindo do escritório, me deixando mais uma vez com os batimentos cardíacos descompassados.


CAPÍTULO 2

Nicky


Seu amor por mim é real?
Uma ú nica chance, um ú nico beijo.

E tudo seria revelado.

— D’FIVE


Largo minha bolsa no balcão da cozinha e tiro os sapatos de salto, antes de me jogar no sofá. O encontro com Ryan até que foi satisfatório, nada de tirar o fôlego, mas foi legal. Ryan era um cliente do bar, sempre nos víamos as sextas-feiras. Ele saia do trabalho e ficava comigo até que eu fechasse o bar e ontem ele finalmente me chamou para sair, rolou até um beijo.

Como disse, nada demais.

Sirvo um copo de suco para mim voltando para sala, na televisão passa um filme repetido, ao dar o primeiro gole em meu suco, meu celular toca.

Olho para o visor abrindo um sorriso enorme. Don.

— Oi!

— Oi, princesa. Tudo bem?

Don sempre me ligava quando estava em turnê, sempre contávamos como estava sendo nossa semana.

— Tudo bem, mas você sabe, dona de bar não tem descanso.

— O melhor bar da cidade, li o artigo que saiu no jornal. Uau! Você conseguiu, princesa.

Sorri me sentindo o máximo. — Sim! Mal acreditei quando vi a matéria. Conta, como está sendo a turnê?

— Movimentada, sabe como é: eu toco, canto e elas gritam, lingeries voam. Tudo na mesma.

Don sempre deixava de fora os detalhes das pequenas festinhas que a banda dava após cada show. Eu sabia que essas mesmas mulheres que gritavam e lançavam suas roupas íntimas para eles. Eram as que compareciam ao hotel que eles estavam hospedados.

— Quando é o último show? — Pergunto soltando um bocejo sem querer.

— Foi hoje. Mas ainda temos alguns shows para fazermos perto de casa. Você está cansada?

— Não, apenas acordei muito cedo. Estou ansiosa pelo fim de semana, Alana vai me cobrir no sábado e eu enfim vou poder ficar o dia todo sem fazer nada.

— O que anda acontecendo com os homens de Eugene, ninguém presta para alguma coisa? — Brincou.

— Eu tive um encontro.

Don fica em silêncio por um momento. — Um encontro?

— É, com Ryan. Ele é cliente do bar.

— E aí?

— Nada demais. — Digo fazendo-o rir, ele notou o tom de decepção em minha voz.

— Ele beijava bem pelo menos?

— Se contar pelo fato de ser beijada por um sapo até que sim, babão e sugador.

Don gargalha do outro lado da linha, me fazendo rir também.

— Espera um minuto, princesa. — Diz, vejo o telefone ficar mudo. Don deve ter bloqueado o som.

A campainha do meu apartamento toca no instante que ele volta rindo. — Ainda está aí?

— Sim, agora você espere na linha.

— Tá bom.

Saio do sofá levando o telefone, destravo a porta e tiro o trinco do ferrolho. Dando de cara com Don, o celular pressionado entre o ombro e o ouvido, duas caixas de pizza na mão livre e debaixo do braço uma Tequila.

— Aí meu Deus!

— Surpresa? — pergunta levantando as pizzas.

Solto uma gargalhada finalizando a ligação e deixando o celular no aparador que tem perto da porta. Deixo Don entrar e deixar as pizzas e a garrafa sobre a mesa de jantar e se virar para mim. Pulo sobre ele enlaçando minhas pernas em sua cintura e os braços em seu pescoço. É bom tê-lo de volta.

— Nossa que recepção. — Murmura em meu ouvido.

— Senti sua falta. — Confesso enrolando algumas mechas do seu cabelo entre meus dedos. — Estão maiores.

— É.

Don me dá um sorriso de lado, examinando meu rosto. Tentei não ficar olhando muito para ele, afinal não queria estragar nossa amizade de anos por minha “paixonite”. E eu precisava controlar os leves tremores que sua presença e sua voz rouca provocavam em mim. O sorriso de Don vacila e suas narinas se alargam, ficamos ali parados por um instante, apenas nos encarando.

— Podemos comer a pizza e tomar algumas doses de tequila? – Perguntou soltando minha cintura para que eu ficasse de pé novamente.

— Claro, espero que tenha trazido minha predileta. — Brinco trazendo o clima confortável de volta.

— Lógico que trouxe.

— Vou apenas trocar de roupa, você arruma as coisas? — Pergunto sumindo pelo corredor.

Assim que entro em meu quarto fecho a porta encostando-me nela, a respiração que tanto controlei saia de forma irregular agora. Tiro a calça jeans pegando meu short do pijama e uma regata, respirando fundo antes de sair do quarto.

Don já tinha arrumado as caixas de pizza sobre a mesinha de centro, assim como os copos para tequila. E estava sentado confortável em meu sofá cinza.

Sento ao seu lado colocando os pés no sofá.

— Então, o que vai ser? Netflix? CSI? Telecine? Você escolhe dessa vez.

— Que tal Shadowhunters?

O sorriso de Don se alarga. — Eu perdi a segunda temporada inteira viajando.

Nós entramos na rotina que sempre fazíamos, ele em uma das pontas do sofá e eu na outra. O notebook transpondo o programa para a televisão e nós nos entupindo de comida gordurosa e muita tequila.

Comemos metade de nossas pizzas e a certa altura a tequila seguiu pelo mesmo caminho que o nosso jantar. Don deixou nossos pratos sobre a mesa de centro puxando minhas pernas para cima de suas coxas enquanto se ajeitava vendo a série.

Controlo o formigamento e o calorzinho gostoso que reverbera pelo meu corpo com seu o toque, fico olhando para a televisão como se não tivesse percebido. Como se a cena de luta entre Valentim e Jace realmente atraíssem minha atenção, ao contrário do fato das mãos de Don estarem sobre minhas pernas.

Ajeito o corpo sobre as almofadas e olhando de relance vejo a curva perfeita do lábio superior de Don faz e me pergunto se ela seria tão macia quanto aparenta ser, se o gosto de pizza com tequila seria tão saboroso misturado com seu cheiro tão de perto.

Volto meus olhos para a TV e tomo mais um gole da tequila, sentindo a bebida descer rasgando por minha garganta. As pontas dos dedos de Dominic brincam em minha panturrilha, seu toque era tão leve que por vezes mal sentia seus dedos tocarem minha pele.

Meu corpo volta a estremecer quando as pontas dos dedos de Don sobem por minhas coxas.

— Diga para eu parar.

Viro o rosto vendo que ele me encara. E mesmo na quase penumbra de minha sala vejo seus olhos azuis sérios, isso faz meu coração bater como um louco.

Mesmo com as dúvidas dentro de mim eu não queria que ele parasse, amava Dominic, desde o momento que o vi tocando na garagem de sua casa.

Mas nossa amizade era preciosa para mim, eu estragaria tudo se confessasse meus sentimentos. Por isso não disse nada.

Minha boca estava seca e não deixava que nem um fio de voz saísse, mas por outro lado também estava totalmente sedenta para sentir os lábios dele nos meus.

Deixo que ele mergulhasse mais em meu corpo, chegando ao limite do meu short. Sua respiração estava rápida, seus olhos focados nos meus.

— Diga para eu parar, Nicky. — Repete.

Eu sabia que se pedisse para que ele afastasse, Don iria se conter e tirar suas mãos de mim. Mas não era isso que meu corpo e meu coração martelando forte em meu peito pediam.

— Eu, não posso. — Sussurro, criando coragem.

— Por quê?

— Eu...

Don subiu a mão para meu quadril, seu corpo já estava sobre mim, minhas pernas afastadas para que ele avançasse mais. Cada vez que ele falava ou me pedia para parar, ele avançava sobre mim me fazendo estremecer e os olhos azuis dele brilharem.

— Eu quero isso.

Pronto. Eu disse, confessei meu sentimento por Dominic Ward.

Don não me deu chance de falar mais nada, suas mãos agarraram com força minha cintura puxando meu corpo para o dele e sua boca tocou a minha. Aqueles lábios pelos quais eu vinha ansiando e o doce sabor de tequila misturado com o de Don, era bem melhor do que o desejo que sempre assombrava meus pensamentos mais secretos.

Agarro seus cabelos, me ancorando em seu pescoço. No mesmo momento que a língua de Don travava uma batalha deliciosa com a minha, me instigando a beijá-lo com mais paixão e desejo. Eu soube no instante que a boca dele tocou a minha que tudo iria mudar. Que seguiria um caminho diferente, onde Don era realmente o dono do meu coração.

O corpo de Don estremece, suas mãos tocavam minhas costas por dentro da regata, fazendo-a ficar enrolada sobre meu peito. Seu beijo era ardente, meu corpo estava quente e desejoso agarrando-se a qualquer parte que minhas mãos alcançassem daquele corpo. Tornando tudo até um pouco desengonçado pela nossa ânsia, pouco me importava na realidade. Seguro o cos de sua calça fazendo seu membro ereto raspar deliciosamente no meio de minhas pernas, fazendo o centro do meu corpo entrar em ebulição. Don não tirava sua boca da minha, a não ser para morder ou beijar meu pescoço, aquilo estava quente, sentia minha pele pegando fogo.

Passo minhas pernas pelas dele, forçando ainda mais seu corpo no meu, minha blusa já estava erguida a muito tempo, assim como a dele, fazendo meu peito, mesmo que por debaixo do sutiã roçar em seu abdômen, um gemido escapa de meus lábios quando Don beija a curva de meus seios e volta a me beijar. Mas então, ao tentar desabotoar sua calça sinto Don enrijecer, seu beijo vai perdendo a potência, até que é interrompido.

Seu hálito batia em meu rosto, aproximo novamente minha boca da sua sugando sua língua, fazendo-o gemer em minha boca.

Quando ele para de me beijar, vejo confusão pintar seus olhos. Don apoia a testa na minha respirando fundo para controlar a respiração.

— Isso foi errado, puta merda! — diz arfando. — Nicky, eu... Puta merda.

— Don?

Meu corpo reclamava frustrado, queria mais dele, minha pele estava a ponto de pegar fogo, eu me sentia febril e não gostei nada de sentir o calor e o formigamento me abandonarem aos poucos, assim como suas mãos.

— Caralho Nicky, isso foi errado! — Resmungou.

Don se levanta com um pulo, ficando de pé, me olhando por um instante, pega o celular e a carteira sobre a mesa de jantar e sai do meu apartamento.

A batida forte da porta vibrou por toda casa. Não me mexi. Meu coração estava se partindo. Eu tinha estragado tudo, devia ter parado quando ele pediu. Eu devia ter negado.

As pontas dos meus dedos tocaram meu lábio ainda inchado pela ferocidade do beijo. Merda!


CAPÍTULO 3

Dominic

 

As luzes giravam por todo o lugar, a fumaça flutuava pelo palco, criando todo efeito junto com os acordes que eu tocava na guitarra, produzindo a melodia que enlouquecia o público.

Dylan jogou as baquetas para o alto, girando-as nos dedos. Davi soltou o cabelo deixando que ele caísse por seu rosto e por suas costas atraindo atenção e mais alguns gritos das garotas.

Dash acrescentava o fundo proporcional para a música, junto com Drake. A luz girou mais uma vez pelo Central Rock parando sobre mim, então realmente comecei a tocar, elevando o som e me preparando para cantar a música que nos tornou quem éramos hoje.

Essa música foi feita para Nicky, mesmo que ela não soubesse. Era como eu me senti quando coloquei os olhos nela. Quando eu tocava e cantava essa música era como se estivesse sozinho, sumiam as pessoas, sumiam meus amigos de banda e imediatamente a figura de Nicky surgia sorrindo em minha frente.

Falava do meu amor, mesmo que seja apenas meu. Nicky era minha amiga. Apenas amiga. Mesmo que por mim poderíamos ser bem mais que isso.

Abro os olhos cantando como se ela pudesse me ouvir, mesmo que tivéssemos a quilômetros de distância, era como se eu não estivesse aqui cantando para uma plateia de mais de mil pessoas, nesse show especial para nossas groupies.

Era como se estivesse com ela, sentado em seu bar, escutando-a cantarolar junto comigo e sua voz me atingindo como mel derretido. Doce e suave.

Estou imaginando,

esse sentimento preso dentro de mim.

Estou começando a me arrepender,

somente por nunca ter contado.


Dash surgiu ao meu lado, encostando suas costas nas minhas, seguindo seu solo. Dando aquele frenesi na multidão. Nossa performance era muito bem ensaiada e executada para levar as fãs a loucura.

Você nunca mais ficará sozinha,

todos seus sorrisos serão meus e

mesmo quando você chorar,

eu vou estar ali...

Secando suas lágrimas com meus beijos.


Os gritos nos rodearam quando eu e Drake tocamos juntos o refrão final, levando todos ao delírio. A D’Five era conhecida nos quatro cantos do país e era isso que comemorávamos essa noite. Era como se um filme passasse por minha mente, os primeiros ensaios, as brincadeiras na garagem da casa de minha mãe ou as noites que íamos apreciar as outras bandas tocando e voltávamos travados de tão bêbados.

O que começou com um vídeo inocente enviado para o YouTube nos rendeu um sucesso imenso e nosso lugar no Billboard .

Nos juntamos no meio do palco quando o show acabou, em meios aos gritos de “Toca mais”.

— Central Rock! – Gritou Davi. — Muito obrigado por essa noite. Amamos vocês!

— D’Five! — Gritamos juntos, quando as luzes se apagaram.


Quando deixo meu camarim indo para o camarim central, já ouvia as risadas de algumas groupies enlouquecidas.

— Meninas, olha quem veio se juntar a nós.

Bato meu punho no de Drake, sendo agarrado pelo pescoço pela ruiva.

— Temos que seguir viagem. — Anuncio.

— Por que tão cedo? — Dylan reclama com duas meninas sentadas, cada uma sobre uma perna.

— Marcamos a comemoração no bar da Nicky.

— Uhul, Nicky! — Dash surge na sala ajeitando a calça com um sorriso sem vergonha, logo sai uma garota arrumando a minissaia de couro. — Alguém quer ir logo para Oregon.

— Cala boca, Dash!

— Eu só saio daqui se puder levar algumas conosco. — Declara Davi.

As meninas soltaram gritinhos animados.

— Eu posso ir Don? — Emily praticamente ronrona em meu pescoço.

— Ajeitem tudo com Mich, eu não tenho nada com isso.

No fim eles acabaram convencendo Mich e nossa produtora, como em todas às vezes que alguma da groupies nos acompanharam nas viagens. Nosso ônibus de turnê era uma zona, mas o que eu poderia esperar de cinco homens viajando juntos? Uma guerra.

— Achei meu astro do rock.

Emily era um verdadeiro pé no meu saco. Desde o show em Chicago que bebi demais na festa de comemoração que sempre fazíamos, ela grudou no meu saco. Tudo bem, ela era gostosa, uma ruiva de arrasar, peitão, bunda legal. Mas foi apenas uma transa e tenho certeza que eu mal dei tudo de mim de tão bêbado que estava.

— Estava procurando por você.

— Estou descansando.

— Pensei que iria gostar da festinha que os meninos estão fazendo lá na frente, mas podemos começar uma aqui mesmo. — Emily tirou a blusa revelando os seios sem sutiã. — Algo mais... particular.

Coço a cabeça bagunçando um pouco o cabelo.

— Emily, para.

Ela abre o botão da calça revelando a calcinha. — Deixe de besteira Don, vamos curtir. Quer que pegue algo para animá-lo?

Desvio o rosto quando ela tenta me beijar, sua boca parando em meu pescoço, me dando uma lambida sensual.

— Emily, chega. Eu disse não!

Ela se afasta olhando para mim, seus olhos se tornando raivosos. — Você é um babaca Dominic. Eu vim de Chicago por você.

Arqueio a sobrancelha, eu juro que não queria ser grosso, porém ela estava pedindo. — Não fode Emily, eu não pedi que viesse. Você sabe que não temos nada um com o outro. Você faz parte de nosso fã-clube, teve uma noite comigo. Nunca te prometi nada, deixei bem claro que estava bêbado aquele dia.

— Você é ridículo!

— Agora sou ridículo por ser sincero? Na mesma noite você fodeu com Davi, isso se não transou com os outros também.

Emily pega a blusa saindo sem coloca-la, batendo a porta com força atrás de si.

Segundos depois, uma batida na porta me faz abrir os olhos.

— Parece que alguém irritou a ruiva. — Dylan diz entrando no quarto.

— Não estou afim, ela veio forçar a barra.

Coloco o braço sobre o rosto ignorando meu amigo.

— Porque você ainda não assumiu o que sente para Nicky, cara?

Retiro o braço encarando meu amigo, ele estava tranquilo, tomava sua cerveja, a calça pendendo na cintura o que indicava que ele já tinha se “aliviado” com alguma das garotas que trouxe para o ônibus.

— Ela é uma boa pessoa. — Continuou.

— Esse é o problema cara, ela é boa demais. Em todos esses anos eu nunca permiti olhar para ela mais do que o limite de nossa amizade. Não sei o porquê eu comecei a fantasiar com ela, não foi assim nem quando vi sorrateiramente ela colocando a roupa.

— Mas as coisas mudaram. Nicky não é mais a menininha que era. Ela tá um mulherão, cara.

— Dylan. — Advirto.

Ele solta uma risada. — Pense nisso, apenas pense, mano. E tome cuidado com Emily, ela está mais para uma cobra peçonhenta.

— Vou tomar. Quem a trouxe para o ônibus?

— Davi.

— Depois vou falar com ele, quero ela longe.

Dylan tomou mais um gole de sua cerveja. — Não acho que ela dará trabalho essa noite. Os meninos estão brincando de “Body Shot”.

Sorrio balançando a cabeça, isso terminaria com metade das pessoas nuas.

— Não quer participar?

— Não, estou bem aqui.

— Beleza, cara. — Dylan diz e sai.


Ela não se afastou, não mexeu um músculo se quer quando minhas mãos começaram pequenos carinhos por sua perna. Eu tinha agido como um leão perseguindo a presa, eu me acerquei dela.

Se ela fizesse uma negativa, um movimento de recuar ao meu toque, eu pararia. Eu havia prometido a mim mesmo, ela era mais importante que o desejo seguindo por minhas veias. O problema é que agora não era apenas a confirmação que meu corpo desejava Nicky, mas meu coração.

Eu me deliciei de cada pequeno tremor que correu por seu corpo. Eu estava sedento pelos seus lábios, me sentia embriagado por sua língua.

Merda! Eu deixei isso ir longe demais, eu não passava de um babaca, mesmo ela não tendo negado, eu era uma babaca.

Tomo o último gole da vodka jogando a garrafa do outro lado, observando a paisagem de Oregon pela janela do quarto.

— O deixe em paz. — Escuto a voz de Dash do outro lado da porta.

— O que aconteceu? — Dylan questiona.

— Ele chegou com uma garrafa de vodka falando algo sobre fazer merda com Nicky. — Dash explica.

Será que eles não perceberam que eu poderia escutar?

— Melhor deixar Don em paz por hoje, amanhã conversamos com ele. E também precisamos descansar, estaremos indo para Nova York no final de semana. — Davi decretou.

Sai da frente da janela me jogando na cama, destravo meu celular vendo duas mensagens de Nicky.

“Desculpe, eu devia ter parado.”

“Don, me perdoa”

Merda, ela achava que a culpa era dela? Merda, Dominic. Você só faz merda!


CAPÍTULO 4

Nicky


É desta vez, eu sei
e n ã o h á d ú vidas em minha mente.
At é que minha vida se acabe
Garota, vou te amar pra sempre

— D’FIVE

Aceno para Alana que limpava o balcão do bar.

Ela se aproxima jogando o pano no ombro. Alana tinha se tornado uma grande amiga, além de tomar conta do bar quando eu precisava sair.

— Bom dia Nicky, você está com uma cara péssima.

— Tem café?

Ela riu indo buscar a garrafa térmica. — Passou do ponto ontem com o cliente bonitão?

Ah, se ela soubesse!

Dou de ombro tomando um longo gole do café. O som estava alto tocando “Moves Like Jagger” e Alana balançava o quadril no ritmo da música.

— Acho que você teve uma excelente noite. — Comento rindo dela dançando em plena oito horas da manhã.

— Adivinha quem está na cidade? Ah, lógico que você já deve saber.

— Não, quem? — Pergunto me fazendo de desentendida.

— D’Five, cara eu sou louca pelo Drake, apesar que o Dylan não é de se jogar fora.

— Eu preferia o Dylan — Comento. — Drake é um canalha.

As imagens da comemoração que a banda fez no bar vieram em minha mente, Drake era como jogar um quilo de milho para o alto, eu tinha certeza que ele tinha um código de barras gravado na pele. Os blogs e revistas de fofoca adoravam falar sobre sua canalhice e mostrar sua bunda ou como a calça de couro que ele usava nos shows deixava suas partes em total evidência.

— Astros do rock, você não esperava que eles fossem santos, isso que os torna ainda mais sexy.

— Mudando de assunto, como foi ontem? Tudo ocorreu bem?

— Não, não! A D’Five irá fazer um show em Nova York, você bem que podia conseguir um convite com seu amigo Don. Eu assumo o bar por três fins de semana. — Barganha.

— Nova York?

— Por favorzinho. Cara, eu daria tudo para visita-los no camarim.

— Eu sei bem o que você pensa em dar. — Comento fazendo Alana rir.

— Bobinha, isso também. A vida é curta e quando eu morrer a terra que vai comer mesmo. — Diz piscando.

— Que horror, Alana.

— Que foi?

— Pelo visto, você e Drake têm muito em comum.

Ela gargalha.

— Vou ver o que consigo fazer.

O sino da porta nos fez interromper as risadas, olhando para o visitante. Ryan.

— Gatinha. — Diz com um amplo sorriso.

— Ry, bom dia. Você não devia estar no trabalho?

— Sim, mas como seu bar fica no caminho decidi dar uma passada.

— Eu vou deixar vocês a sós. Não se esqueça de pedir os convites. — Alana lembrou, sumindo do outro lado do bar.

— Convites?

— Alana quer ir à Nova York, show do D’Five.

— Cara, eu sou muito fã deles.

Eu queria mesmo é revirar os olhos, justo hoje que eu não queria falar sobre eles, todos em minha volta tinham decido que seria o assunto principal.

— Espera aí, você é amiga do D’Five? — Perguntou incrédulo.

— Sim.

— Uau! Quem sabe eu possa acompanhar vocês no show, acho que os ingressos já devem estar esgotados, mas posso tentar conseguir.

— Relaxa, eu vou falar com Dash.

— Dash Tunner? Gata, você está realizando um sonho, quero muito conhecer esses caras.

— Claro. Você pode vir com a gente.

Pronto tudo que eu queria.

Quando Ryan tinha ido embora e Alana foi para sua aula de spinning eu verifiquei meu celular, Don tinha lido as mensagens, mas não respondeu o que fez meu coração pesar no peito.

Procuro nos contatos o telefone do Dash.

— Pequena Nicky!

— Oi, Dash.

Sentia minha garganta se fechando, minha língua coçando para perguntar sobre Dominic, mas fui o mais breve possível.

— Claro que arrumo uns convites, pequena. Quantas amigas gostosas virão com você?

— Apenas três convites.

— Vou enviar por e-mail assim como a autorização para você retirar a credencial da área VIP.

— Obrigada Dash! Nos vemos em breve.

— Com certeza, pequena. Vocês vão precisar das passagens também? Acredito que Don me mataria se eu não ajeitasse isso.

— Não, já temos como ir. Dash?

— Manda!

— Não fala nada para o Don, acho que ele não quer me ver ultimamente.

Dash soltou uma gargalhada do outro lado da linha. — Pequena, acredito que você esteja errada, mas vou guardar seu segredinho.

— Obrigada Dash, até mais.

Respiro fundo olhando para o nada, eu não sabia se ainda estava pronta para dar de cara com Don. O e-mail de Dash chega em poucos minutos, os três convites e mais as credenciais para ficarmos na área VIP.

Alana com certeza surtaria.


Durante três dias encarei o silêncio de Don. As notificações do Google informavam cada passo da banda, eu tinha assistido a entrevista para o The Late Show, assim como suspirei com cada sorriso e passada de mão no cabelo que Dominic fazia. E quando o apresentador perguntou se algum deles estava apaixonado, todos riram e olharam para Don, que ficou vermelho e disse que para cantar um bom rock ele sempre estaria apaixonado pela melodia que saia de sua guitarra.

Foram oito horas aguentando dois fãs neuróticos falando tudo e mais um pouco dos garotos. Ryan tinha sentado ao lado de Alana e ambos entraram numa disputa sobre “quem conhecia melhor a D’FIVE”.

O show estava marcado para às vinte horas no sábado. Iríamos assistir ao show, descansar e voltar no domingo mesmo. Eu não poderia ficar com o bar fechado por muitos dias e tirando Alana e Don, não tinha ninguém de confiança para tomar conta dele.

A entrada do Brooklyn Steel tinha uma fila quilométrica, como Dash me informou no e-mail era só apresentar as credenciais que tínhamos trocado mais cedo para entrarmos.

— Uau! Ainda não acredito que estou aqui.

— Pois pode acreditar. Isso está lotado. — Digo mostrando as credenciais para o segurança do tamanho de um gorila na porta.

— Podem entrar. Bom, show.

Ryan me dá um selinho quando passei a sua credencial, me deixando sem jeito.

— Dash disse que tem uma área VIP reservada para nós.

Os camarotes superiores já estavam cheios assim como a pista estava ficando, Peter o chefe da segurança da banda, assim que me vê passando pelo bar montado na lateral da pista faz sinal para que o seguíssemos.

Ele nos deixa dentro da área VIP, estávamos praticamente colados ao palco. Algumas fãs ao nosso lado já gritavam empolgadas esperando a hora que os garotos entrariam no palco.

O apresentador surge no meio do palco depois de meia hora que estávamos dentro da casa, recebendo gritos e mais gritos da multidão. Fazia muito tempo que não ia em um show da D’Five, com o sucesso que meu bar fazia eu tinha uma vida corrida. Mesmo sabendo do sucesso que eles estavam fazendo eu nunca senti na pele o que era estar ali, com as fãs gritando ensandecidas, a multidão clamando por eles.

Era sensacional.

— Vocês querem a D’Five? — Grita o apresentador fazendo a plateia enlouquecer mais ainda.

— Que tal o Dash? — Pergunta sendo recebido por mais gritos histéricos.

— Dylan ou Drake?

Algumas meninas perto de nós gritando e pulando, assim como Alana.

— Que tal poder tocar com Don?

As fãs enlouqueceram, eu já tinha visto que nos shows os meninos sempre se revezavam com uma fã no palco. O que levava o resto das fãs ao choro e pedidos de “olha para mim” e “casa comigo”. Era engraçado. Menos quando eu estava ali, perto deles e poderia ver Don deixar uma fã maluca ao passar a mão por seu corpo.

— Gatinha, vou pegar uma bebida para nós. Alguma preferência?

— Uma água.

Ryan sorri, beijando brevemente minha boca e sai no meio da multidão em direção ao bar.

— Que foi? Ele é apenas um rostinho bonito? — Alana pergunta gritando perto do meu ouvido.

— Ele é legal.

— Mas não é quem você realmente quer. — Diz olhando em meus olhos.

Abro a boca para responder duas vezes, mas nas duas torno a fechar, preferindo o silêncio.

— Brooklyn Steel, se preparem... Aí vem eles! — Grita o apresentador.

O palco se apaga por completo, um foco de luz ilumina o fundo do palco, a fumaça subia e a plateia gritava.

— D’FIVE! – Gritou o apresentador.

Eu iria sair surda dali. Era unânime, a multidão gritava pelos garotos, chamando e assobiando. Eu podia sentir a energia tocar minha pele. As luzes do palco piscavam todas juntas, um de cada vez eles foram surgindo no palco: Dash ajeitando a guitarra, Dylan tocando a bateria, Davi no vocal com Drake no contrabaixo e então surge Don tocando seu solo na guitarra.

Assim que ele pisou no palco meus olhos colaram nele, nem quando Ryan entregou minha água eu desviei o olhar.

Don estava lindo, a calça preta rasgada abaixo da cintura, a jaqueta de couro surrada aberta deixando o peitoral malhado e definido à mostra.

Eu tenho a sensação que cometi alguns pecados,

cobicei um anjo e isso não é o correto a se fazer.

Vou perguntar educadamente se o diabo

precisa de uma carona, porque o anjo que

seduzi não vai sair comigo está noite.

A plateia cantava “Sin” junto com Davi a plenos pulmões.

Sinto Ryan colocando seu braço em volta de minha cintura e quanto mais eu tentava me desvencilhar, mas ele vinha para cima.

Estou perto de sua casa, eu sinto o cheiro

do meu anjo, você está saindo escondida.

Anjo você é pecado, mas desse pecado eu não

vou me livrar nunca mais.

Don se afasta indo até Dash, sussurrando algo em seu ouvido enquanto eles tocavam juntos. Meu coração para quando Dash sorri indicando onde eu estava para Dominic. Seus olhos seguiram os de Dash e enquanto ele tocava os últimos acordes de maneira frenética eu sabia que eu estava igual à mocinha da música, buscando uma fuga.

Fuja meu anjo, se você sabe o que é bom

para você fuja de minhas garras.

Porque quando eu te pegar você estará

assumindo um risco muito grande.

A plateia pulava eletrizada pela música, eu via raiva nos olhos de Don e não havia como explicar ou dar uma desculpa para o que ele estava vendo: Eu, sendo agarrada por trás por Ryan enquanto ele tomava alguns goles de sua cerveja e em alguns momentos beijava meu ombro.

Você está ao meu lado, você gosta do perigo.

Sua mão entre meus joelhos, anjo controle—se.

Perigo, perigo, pecado.

É difícil me controlar quando você está

respirando no meu ouvido.


Então venha, querida, veja o que você provocou.

Veja os problemas em que nos metemos,

meu anjo perverso.


— Boa noite, Brooklyn Steel! — Davi diz abrindo os braços para a plateia.

Dash sussurra algo para Don, logo Dylan me vê na plateia e também entende porque Dominic tinha ficado tão fora de si.

— Obrigado por estarem essa noite conosco. — Drake veio para frente do palco, evitando que as pessoas percebessem o pequeno descontrole do guitarrista, enquanto Dash e Dylan conversavam com ele no fundo do palco.

— Drake, você reparou na quantidade de mulheres lindas que temos hoje? — Davi diz se abaixando no palco para mexer com uma fã do outro lado.

— É Davi, hoje será difícil escolher apenas uma para o palco.

As fãs gritaram e pularam. A distração foi feita.

Quando Dash, Don e Dylan assumiram seus lugares eles estavam sorrindo. Mas eu via que para Don aquilo era uma máscara, ele me questionava com o olhar. Eu sentia o peso sobre mim.

— Don está estranho, né. — Alana comenta em meu ouvido fazendo com que Ryan se afastasse.

— É. — Digo sentindo um nó em minha garganta.

Don me encarou por mais um segundo, virando-se de costas indo até o canto do palco, trocando algumas palavras com Mitch, tomando um gole longo de água e voltou.

Ryan disse que iria ao bar novamente, mas acabou não retornando. Eu não me surpreenderia se ele tivesse ficado preso no meio da multidão.

O show continuou com perfeição, eles sempre foram incríveis no palco, num determinado momento uma fã subiu correndo no palco agarrando Dash, impedindo que ele continuasse tocando e quando os seguranças foram tirá-la de cima dele. Dash deu um selinho nela o que fez a plateia gritar e a banda rir de sua atitude.

Olho em volta tentando ver se avistada Ryan, mas seria impossível com a quantidade de pessoas presentes ali, estava começando a me preocupar. Pego o telefone vendo que tinha algumas ligações dele e uma mensagem.

“Um imbecil derrubou cerveja em mim e quando o segurança surgiu para ver o que estava acontecendo me viu sem a credencial. Não sei como isso aconteceu. Mas espero vocês no hotel.”

Olho para Don que sorria tocando tranquilamente. Filho da mãe, ele era o culpado.


Após uma hora de show e os meninos estarem sem a camisa, o que deu uma chuva de calcinha e sutiã no palco. Eles encerraram o cover do Bon Jovi “Blaze Of Glory”

Davi se aproximou da frente do palco, com uma calcinha pendurada na cabeça. — Só temos tempo para mais uma música, qual é o pedido de vocês?

Sem demora a maioria das fãs gritaram: — “Love in Dark”.

Dash e Drake estavam sentados no pequeno degrau onde a bateria estava no fundo do palco.

— Vocês querem “Love The Dark” ? — Todas gritam aprovando. — Ah, não sei se elas merecem. O que você acha, Don?

Don sorriu passando a língua nos lábios de forma maliciosa. E a mulherada enlouqueceu novamente. Don dá de ombros, indo para o microfone que o Davi usava. — Então eu preciso achar uma mulher adorável para vir aqui no palco.

Os integrantes da banda deixaram Don dominar o palco, ele foi até o produtor pegando uma banqueta alta colocando-a no centro do palco, ajeitou o microfone na sua altura e trocou a guitarra pelo violão.

Ele olhava para a plateia examinando suas opções e quando as mulheres já estavam no nível máximo, seu olhar parou sobre mim.

— Você morena bonita. Sobe aqui.

Que bela sacanagem, Dominic!

— Puta que pariu, amiga! Você vai ter um momento sexy com o Don. — Alana grita, rindo.

A plateia aplaudia incentivando para que eu subisse no palco, Peter aparece tirando uma das proteções da área VIP para eu saísse.

Don coloca o violão para trás e me puxa para cima pela cintura, colando nosso corpo.

— Don. — Sussurro.

Ele esboça um sorriso satisfeito. Levando-me até o microfone.

— Qual seu nome?

— Nicole. — Gaguejo.

— Você toca violão, Nicole?

Sua voz combinada com os olhares que ele me lançava são capazes de fazerem meu corpo inteiro esquentar e tremer.

— Não.

Mas isso ele sabe, cretino!

— Não tem problema, será ainda mais delicioso.

As mulheres gritaram, todas queriam estar onde eu estava. Aposto todo meu ganho do mês que elas dariam qualquer coisa para estarem ali.

Em vez de Don passar a faixa de couro pelo meu ombro ele me fez ficar entre o violão e ele. Deixando-me arrepiada ao sentir suas mãos percorrerem minha cintura, braços e segurar o violão.

Don retira meu cabelo do pescoço, liberando o acesso para ele, sinto sua respiração perto de meu ouvido e ele inalando meu perfume.

Seus dedos correm pelo instrumento, a multidão acende seus celulares ou isqueiros levantando o braço. Deixando ser a única iluminação do lugar, além da luz roxa que banhava minhas costas.

Don começa a tocar a melodia doce da música, fazendo com que eu sentisse cada acorde.

Por favor, fique onde está.

Você me corroeu com seu sorriso, com sua doçura.

Não posso mais te amar no escuro,

sempre parece que temos oceanos entre nós.

Mas tudo mudou, baby.


Seu peito vibra em meu corpo, sua voz rouca em meu ouvido, ainda mais cantando essa música. Deus!


Você me deu algo que não posso viver sem,

você sempre foi meu mundo,

agora está tão claro.

Preciso te sentir de dentro para fora,

seu nome é minha oração e seu coração meu lar.

Eu não posso, eu não posso

te amar no escuro.


Mas se não sente o mesmo,

Tire os olhos de mim para que eu possa partir.

Tem tanto espaço entre nós.

Mas se você me ama, me deixe quebrá—lo.


Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

não posso nem imagina viver sem um sorriso seu.

Eu não posso, eu não vou...


Me peça para ficar,

porque eu não vou mais amá—la no escuro.

Você me deu algo que eu não consigo viver sem,

Tudo mudou, baby


Don vai tocando os últimos acordes e finaliza a canção, a plateia demora alguns segundos para explodir novamente. Ele retira o instrumento de nós, passa para Dash que dá uma piscadinha para mim.

Meus olhos colados nos de Don, meu corpo inteiro está arrepiado. Ele crava seus dedos por meu cabelo, firmando minha cabeça enquanto seus lábios descem sobre minha boca. Sua língua pede passagem, que eu permito sem lutar.

Sinto a pulsação do sangue em meus ouvidos, escuto ao fundo a plateia gritando. Agarro seu pescoço trazendo mais para mim, mal me importando que seu corpo está suado. Eu só desejo que aquele beijo se prolongue, que sua língua continue enroscada na minha.

Como se ao nos separarmos tudo voltasse ao estranhamento que sentíamos.

Don deixa uma das mãos em minha cintura, cravando os dedos em meu quadril, sinto sua ereção na calça justa e meu corpo esquenta mais. E antes que eu o impeça descola sua boca da minha.

— Nicky...

Eu estava sem ar.

— Venha comigo.

Don me puxa para fora do palco correndo pelo corredor até os camarins, ao longe eu escuto a banda se despedir do público em meio a toda a euforia anunciando que o próximo show será em Londres.


CAPÍTULO 5

Dominic

 

Por todo o caminho até meu camarim eu tive medo.

Medo que ela percebesse a loucura por trás de tudo e me deixasse, eu nunca havia ultrapassado os limites com Nicky e agora eu tinha jogados todos no lixo.

Para mim esse show seria apenas mais um, passei à tarde com os caras, relaxando, quando Dash veio sorrindo do seu quarto avisando que teria a presença de Nicky no show.

Fazia bons anos que ela não conseguia nos acompanhar em um show, mesmo eu tendo enviado diversos convites a ela. No fundo eu entendia, ela tinha uma vida corrida e seu bar sempre foi sua prioridade.

— Nicky?

— Sim, ela pediu convite para ela e duas amigas.

— Opa! Carne fresca! — Exclama Drake, que logo recebe uma olhada feia. — Que isso Don, eu disse sobre as amigas, todo mundo sabe que a Nicky é sua.

Minha.

Nicky e “minha” não eram tão usuais na mesma frase. Mas será que poderiam ser? Afinal ela estava vindo.

Confesso que estava ansioso, eu queria vê-la, mesmo sendo insano eu caçar os olhos castanhos de Nicky pela multidão que nos aguardava no palco. Porém foi exatamente que eu fiz assim que pisei no palco, enquanto tocava o solo tão conhecido e gravado em minha mente de “Sin”, eu procurava pela multidão os olhos que tanto queria ver.

Aproveitei minha performance com Dash para questioná-lo onde ele tinha colocado Nicky e suas amigas e foi uma surpresa de merda vê-la junto com uma amiga e um cara agarrado em sua cintura no meio de nossas groupies .

O sangue ferveu vendo a ousadia daquele cara.

Termino meu solo comendo Nicky com os olhos, eu sabia que ela estava com vergonha, mesmo não conseguindo ver seu rosto com perfeição por causa das luzes que dançavam pelo Brooklyn Steel. Sabia que suas bochechas estavam mais vermelhas que dois pimentões.

— Sua água.

Tomo um grande gole d’água que Mich me entrega em meio a elogios de nossa apresentação.

— Peter. Preciso de um favor. — Peço ao chefe da segurança.

— Claro, Don.

— Sabe aquele cara que está com a Nicky?

— Sim.

— Na primeira oportunidade tire-o daqui.

Eu sabia que não estava agindo da maneira racional, mas a essa altura não estava me importando com nada! A não ser em afastar aquele “elemento” da minha garota!

— Quer que façamos isso agora? — Peter já segurava seu ponto de comunicação com os outros seguranças.

— Não, nada na frente da Nicky. Ele vai sair de perto dela em alguma hora. Está bebendo como um gambá.

— Pode deixar, vou cuidar disso pessoalmente.

Como eu disse, eu não estava pensando. Só me aproveitei das oportunidades que sugiram.


— Don.

— Venha. — Respondo fechando a porta do camarim e puxando seu corpo para o meu, eu precisava sentir o gosto de seus lábios nos meus novamente.

Olho para seu corpo cobiçando cada parte dele, ela estava linda, retiro sua jaqueta de couro vendo a regata preta colada aos seus seios e em sua cintura delgada. Eu adorava quando Nicky se vestia como uma garota má, de preto da cabeça aos pés.

A saia de couro dava pouco espaço para minha imaginação devido ao comprimento. Volto meus olhos para cima segurando sua blusa e retiro pela cabeça. Prendo a respiração admirando seu corpo, a curva de seus seios no sutiã.

Cara, ela era perfeita.

— Don...

Meus dedos percorreram sua cintura, subindo pelo umbigo, passando pelo vale entre seus seios.

— Linda. Você é perfeita Nicky.

— Você tem certeza?

Eu sabia que ela não estava questionando sobre o que eu tinha dito e sim sobre o que estávamos prestes a fazer.

Desço a boca por seu pescoço, sugando sua pele, indo com meus lábios para o espaço entre seus seios, sentindo sua respiração irregular, assim como os batimentos de seu coração.

Colo seu corpo no meu nos levando para o sofá, eu queria beijar cada parte daquele corpo, queria venerar a mulher a minha frente. Queria que ela entendesse que eu amava seu sorriso, seu olhar, sua amizade e principalmente a mulher que estava exposta ali em minha frente.

Ouço uma discussão fora do camarim, mas não dou bola. Deviam ser as groupies brigando de novo sobre quem iria fazer um boquete em Dylan.

Continuo beijando Nicky, admirando seus olhos brilhantes, até que a porta se abre com violência.

Deito sobre Nicky para esconder sua nudez.

— Porra, a porta estava fechada. — Reclamo, virando o rosto para a porta.

Meu coração aperta vendo um Dash totalmente sem graça e Emily parada de braços cruzados.

— Desculpe cara, eu não sabia que estava aqui, vim brincar um pouquinho com Emily.

— Não fale merda, Dash! — Ela ruge me fazendo engolir o nó no meio da garganta. — Quem é essa vagabunda, Don?

— Emily.

— Olha querida, eu sei que pode ser emocionante ter em seu currículo uma foda de Don, mas esse daqui já é meu.

— Emily, cala boca! — Dash e eu gritamos.

Vejo o choque que Nicky teve, sinto seu corpo retesando abaixo do meu e suas mãos tentando empurrar meu peito para longe.

— Dash, tire essa maluca daqui.

Dash agarra o braço de Emily, mas ela se desvencilha.

— O que foi, Don? Vai fingir que não me conhece, depois de ontem à noite.

— Não tivemos nada ontem, Emily. Dá o fora daqui.

Nicky me pega desprevenido, jogando-me para fora do sofá, se levantando apressada, pega sua blusa do chão colocando-a novamente.

— Espera aí, eu conheço você!

— Dash!

Dash agarra a cintura de Emily novamente, tentando tirá-la do camarim, mas o estrago já estava feito, sabia só de ver os olhos marejados de Nicky.

— Que porra está acontecendo... — A voz de Dylan morre ao ver o que estava acontecendo, nem ele ou Davi que estava ao seu lado e nem mesmo Alana colada no pescoço de Dylan, precisavam dizer algo. Os caras sabiam a merda que poderia acontecer se Emily cruzasse com Nicky.

— Você é a garota do Bluber. — Emily diz rindo. — Eu sabia que não me era estranha, até deixei que Don tivesse sua cota de diversão com você naquele dia, mas se enxerga garota. Ele só queria te foder, um passatempo.

— Emily! — Meu grito fez todos ficarem em silêncio.

— Quer saber, ela está certa. Curta sua noite, Dominic.

Nicky nunca me chamou de Dominic, nem mesmo quando éramos apenas conhecidos. Vejo a tristeza se misturar com raiva dentro de seus olhos.

— Nicky! Por favor, eu não tenho nada com ela.

Me ajoelho em sua frente, suplicando para que ela me ouvisse, não me importava que mais pessoas estivessem ali, olhando-me ajoelhado e agarrado nas pernas dela.

— Me solte, Dominic.

— Não, você tem que me ouvir.

— Eu não vou ouvir nada. Não preciso de nada depois disso.

Nicky se desvencilha de mim, caminhando decidida para cima de Emily. Dash se coloca no meio do caminho impedindo que as duas se engalfinhassem.

— Faça bom proveito. — Se virou para sua amiga. — Você vem comigo?

Alana concorda soltando o pescoço de Dylan dando um selinho em seus lábios e murmurando algo que não ouvi. Saindo com Nicky.

— Nicky. — Grito para o nada.

Eu não consegui me mexer, a raiva crescia em meu peito cada vez que eu via o sorriso de satisfação de Emily. Levanto como um leão agarrando-a pelos braços, ao mesmo tempo em que Dash e Dylan tentavam me conter.

— Ouh ouh , Don controle-se. — Dash exclamava.

— Ela não vale à pena, cara. — Sentia o aperto que as mãos de Dylan faziam em meu braço esquerdo.

— Você some daqui, porque se eu cruzar com você em qualquer show. Eu juro que ninguém vai conseguir me deter.

Emily me encarava com os olhos arregalados.

— Don...

— Não me venha com essa merda, suma daqui. — Grito.

Davi puxou Emily para si tirando-a do meu camarim e fechando a porta, me fazendo desmoronar.

— Cara, que merda foi isso? — Dylan sussurra passando a mão no cabelo.

— Desculpe Don, eu não consegui deter, quando vi ela já tinha invadido seu camarim, cara.

— Já está feito, eu preciso saber onde Nicky está. Preciso me explicar, eu não posso deixar que ela pense que eu estava mentindo.

— Don, não adianta você ir atrás dela agora.

— Como não, eu preciso...

— Don, se acalme. — Dylan repreende. — Ela está nervosa e não irá escutar nada que você fale. Deixe as coisas esfriarem. A amiga dela disse que elas iriam voltar de qualquer jeito para Oregon assim que o show acabasse.

— Isso, cara. Fica frio. — Dash diz dando apoio.

— Não vou conseguir, sabendo que ela está arrasada.

— Você vai precisar. Ir atrás dela agora é apenas colocar mais lenha na fogueira. Se você quer ter uma chance de verdade para que ela te escute, deixe a poeira abaixar.

Respiro fundo concordando com eles. Eu iria esperar apenas o suficiente para que ela me escutasse e acreditasse em tudo que eu tinha para dizer.

 

 


CONTINUA