Biblio VT
CAPÍTULO 6
Nicky
Por favor, me perdoe
Mas eu n ã o posso tirar voc ê
do meu cora çã o.
N ã o me negue.
— D’FIVE
A manhã seguinte foi devastadora. Meu corpo tinha tomado para ele a dor que eu sentia dentro de mim. A crise de choro a qual me apeguei me deixou de olhos vermelhos e inchados, cabelo desgrenhado e nenhuma vontade de sair da cama. A imagem e a voz daquela mulher me invadiam. Como eu pude me deixar levar por Don? Eu realmente não sabia o que pensar.
Nem mesmo o banho foi capaz de injetar algum ânimo em minhas veias, os blogs já estavam explorando todas as pistas e possibilidades sobre o showzinho que Don fez ontem comigo no palco, até suposições de namoro já estavam dando. Afinal eu sempre fui retratada pelos paparazzi como a garota do D’Five, agora estava sendo a garota que roubou o coração de Don. Só não contaram o que o príncipe guitarrista fez quando eu entrei em seu camarim.
Meu celular apitava com mensagens de Alana e Dash, mas não estava tão disposta a escutá-los.
O dia acabou passando como um pequeno borrão. Estava evitando assistir televisão, assim como mexer no computador. Porque sempre passava uma ou outra reportagem sobre a banda, ainda mais a tarde, onde a televisão era regada de programas de fofoca sobre pequenas e grandes celebridades e eu não estava disposta a ver meu rosto estampado em qualquer lugar.
Algumas podiam ser bem maldosas, como a que tinha visto antes de jogar o controle da televisão longe após desliga-la: “A garota do D’Five finalmente subiu alguns degraus na fama, conheça a história de Nicole Carter. Aquela que roubou o coração do nosso príncipe guitarrista.”
E agora no completo silêncio, enquanto eu estava sentada na pequena escada de emergência do lado de fora do meu apartamento olhando a rua embaixo de mim. Eu não conseguia medir o que estava me incomodando mais, se era a ideia que Dominic era um grande mentiroso, mesmo eu conhecendo-o como a palma da minha mão ou se era aquela atrevida se jogando em cima dele e ainda achando que era a dona da razão.
“Eles são astros do rock” — relembro Alana dizer.
Claro que ele assim como os outros meninos aproveitavam a fama e o assédio das fãs malucas para serem uns canalhas, tinha presenciado isso de perto. Mas tinha aquela música, os braços de Don em minha volta na frente de milhares de pessoas e o nosso beijo. Eu senti seu desejo e o carinho que ele depositou em meus lábios durante o beijo.
Outro ponto, eu estava pronta para ser mais do que amiga que um astro do rock? Eu poderia aguentar todas as fãs enlouquecidas se jogando para cima dele enquanto eu ficava em Eugene? Poderia aguentar as dezenas de matérias, muitas vezes mentirosas sobre eles, sem enlouquecer? Don me queria como um passatempo como aquela doida tinha dito ou estava apostando em uma possível relação?
Suspiro frustrada com tudo, por enquanto eu deixaria tudo isso de lado e voltaria para minha vida. Eu tinha que trabalhar.
CAPÍTULO 7
Dominic
Eu estava um merda, essa era a melhor definição.
Nicky tinha voltado para Eugene e se recusava atender qualquer um de nós, até Davi tentou falar com ela. O que foi uma surpresa, já que ele tinha um pensamento contrário a tudo isso. Para ele eu era um babaca por ser e pensar de forma romântica.
Infelizmente pelos compromissos eu não podia me arriscar a fazer uma viagem de oito horas até Nicky, o que me deixava ainda mais irritado dentro desse quarto de hotel.
Uma verdadeira festa acontecia do outro lado da porta de meu quarto, tínhamos acabado de sair do show, a energia do público ainda pulsava por minhas veias. Eu amava tocar, era um refúgio para mim diante de toda essa merda que estava acontecendo.
Abro a porta curioso para ver o que os caras estavam aprontando, deixo meu celular em cima da cama e minha guitarra do lado. Fechando a porta atrás de mim.
Davi estava sentado em uma das banquetas altas do pequeno bar que tinha na cobertura, uma loira se esfregava nele praticamente nua ou totalmente nua se você ligasse para o pequeno fio dental que ela chamava de calcinha.
Meu amigo mal olhava para ela, Davi sempre foi o mais frio de nós cinco. Sua vida não tinha sido fácil. Mas dentro da banda tínhamos um juramento, nunca julgar as merdas cometidas e sim nos apoiarmos.
Drake por outro lado ria alto no sofá enquanto duas groupies disputavam partes do seu corpo, no fim ele levaria as duas para seu quarto. Mas esses joguinhos mentais eram o que o excitava.
Dash tinha deitado duas garotas na mesa de jantar e brincava de “Body Shot”, fazendo-as gargalharem quando ele era atrevido e passava a língua por seus seios ou na bunda no caso da outra garota.
Caminho até o bar pegando uma garrafa d’água, bebendo alguns goles. A música estava alta, e estava surpreso que não tínhamos ganhado nenhuma advertência do hotel pela algazarra.
— E aí, cara?
Viro dando de cara com Dylan, ele estava sozinho, vestindo uma regata preta e cueca boxer.
— Você não está na festa?
— Não.
Arqueio a sobrancelha.
— Ele ficou bravo porque perdeu a foda dele. – Dash surgiu com a morena que estava brincando em suas costas, as pernas enroladas na cintura dele e os braços em seu pescoço.
— Oi meninos. — Ela diz com um amplo sorriso.
— Natasha, nada de gracinhas, eu não divido meu pão. — Dash a repreendeu dando um sorriso malicioso e um tapa em sua bunda. O que a fez rir, nada incomodada com tudo que acontecia ao redor. Eu ainda me surpreendia com o que essas groupies faziam para ter uma noite conosco, só pelo simples prazer de dizer que passaram por nossas camas. Elas sabiam que seria apenas isso, uma foda e nada mais.
— Cala a boca, Dash. — Dylan pegou uma garrafa de cerveja do frigobar, abrindo na beirada do mármore do balcão. — Vá cuidar da sua coelhinha.
Dash gargalhou se afastando.
— Que papo é esse? — Pergunto.
— Dylan queria foder a amiga da Nicky. — Davi diz colocando sua “acompanhante” no meio de suas pernas.
— Porra, vocês surgem como demônios do chão, brotam, não é possível. — Dylan reclamou irritado.
— Alana? — questiono.
— Quer saber, vão à merda vocês dois. — Dylan diz e sai pisando firme para longe de nós, pegando uma loira que estava conversando e bebendo com a amiga e levando-a para seu quarto, batendo a porta com força.
Davi ri abrindo o botão da sua calça e logo a garota se curva empinando a bunda em minha direção, começando seu trabalho.
— Vou voltar para meu quarto, estou com uma música inédita.
— Você devia estar em Eugene.
— Nossa agenda está apertada, não posso deixar vocês na mão.
— Don, você sabe muito bem que Dash daria conta, assim como nenhum de nós iria te criticar por isso.
— Eu sei. — Digo suspirando. — Mas é melhor dar um tempo, eu conheço Nicky. Pressioná-la só iria piorar.
Davi solta um grunhido baixo agarrando um punhado do cabelo da sua companhia.
— Cara, sério? Como você consegue? Vão para um quarto.
Pego minha garrafa d’água saindo de perto dele.
— Você é muito romântico para seu próprio bem. — Davi grita antes que fechasse a porta do quarto.
Nossa primeira parada foi no estúdio, eu tinha mostrado a música que tinha feito durante a festa que eles organizaram em nossa suíte e todos tinham adorado, ia um pouco contra a maré de rock pesado e era interessante para nossa apresentação de amanhã.
Mich já nos aguardava no estúdio quando a van encostou.
— Meninos, espero que estejam dispostos. Hoje o dia está cheio.
— Nada que um café bem forte não resolva. — Dash reclamou puxando o capuz para cobrir seu rosto.
O frio e a chuva tinham chegado com força em Nova York aquela manhã.
Mich nos levou para a sala de gravação, nossos instrumentos já estavam por lá nos aguardando, nos instalamos em nossos lugares com os fones de ouvido repassando algumas das músicas que iríamos tocar no show da MTV, ele seria transmitido ao vivo para o mundo todo pela LifeTvCafe.
— Acho que “Sin” não pode faltar.
— Eu concordo com Davi, “Sin” agita a galera. — Dylan opinou.
— Então, qual vamos tirar? Será apenas cinquenta minutos de apresentação. Contando com as paradas de cinco minutos a cada três músicas.
— Que tal tirarmos a “Love in dark”? Colocamos sua música nova e mantemos a lista das mais pedidas.
— Concordo. — Digo. — “Love in Dark” é mais popular quando chamamos uma fã para o palco.
Os outros também concordaram, passando a lista finalizada para Mich.
— Diz aí, cara. O que você precisa para a música nova?
— Eu vou tocá-la e cantar, aí vocês vão pegando a entrada de vocês. Pode ser?
— Vamos nessa. — Disseram em uníssono.
Comecei a dedilhar as notas, sentindo a melodia suave que o primeiro verso tinha.
Eles perceberam para quem era aquela música, perceberam pela melodia e logo foram se encontrando dentre os refrãos. Davi acompanha como back vocal , dando ainda mais poder para a canção.
Tocamos as últimas notas da música e o diretor gritou pelos alto-falantes que tocássemos mais uma vez e assim fizemos, até todos terem gravados suas partes e sairmos satisfeitos do estúdio de gravação.
Enquanto seguíamos para nosso segundo compromisso do dia, os caras ainda comentavam sobre a música.
— Cara, vamos subir muitos patamares com a música nova. — Dash diz com um sorriso largo no rosto.
— Gostei do baixo, concordo com Dash, tem tudo para estar na lista da Billboard.
— E pode ter certeza que Nicky vai escutar. — Dylan comenta olhando para o celular.
— Como você pode ter certeza disso? — Retruco.
— Por que eu avisei Alana sobre nosso show e ela vai estar no Bluber com a Nicky.
— Você ficou bem amiguinho da Alana. — Caçoou Drake.
— Vá à merda.
Todos riram da explosão de Dylan.
— Fala logo, Dylan. — Digo me juntando a zoação.
— Não tenho nada para falar, teria mais se eu não tivesse que ter interrompido minha noite para salvar as suas bolas.
Dylan me olhava sério, eu não levei isso como um comentário maldoso. Algo naquela mulher maluca tinha mexido com meu amigo e, quem seria eu para falar alguma coisa do tipo.
— Mich cuidou da Emily, ela não vai mais chegar perto de você. Ela pôde ser maluca de entrar no seu camarim e armar um show, mas não quer problemas.
— Eu sei. — Digo bufando.
— Por isso que eu digo: Peguem e descartem, mas vocês têm mania de repetir. — Drake estica as pernas na poltrona a sua frente sorrindo. — Figurinha repetida não completa álbum.
O resto do trajeto foi regado de boas risadas e implicâncias entre cada um de nós. Um estúdio de gravação da MTV foi separado para nossa sessão de fotos daquela tarde.
O estúdio estava decorado como um pequeno palco, o fundo preto com o emblema de nossa banda e os instrumentos posicionados. As luzes e máquinas de gelo seco nos aguardavam. Incluindo uma equipe nos esperava dentro do enorme camarim, junto com as cinco araras de roupas.
— Oi Don, eu vou cuidar de você. Meu nome é Steph.
— Oi.
— É hoje que nosso menino vira uma mocinha. — Drake grita do outro lado do camarim.
Eu ri não entrando na pilha, eu não estava tão confortável em ter meu rosto besuntado de maquiagem, mas não contive a gargalhada quando vi a cara de espanto do Davi e Drake quando perceberam que eles também passariam por isso.
Steph me entregou uma calça e jaqueta de couro e pediu que eu trocasse pelas minhas roupas, assim como o resto da banda.
O intuito era ter muita pele à mostra nesse ensaio.
Davi usava apenas uma calça de couro com umas correntes de pratas penduradas e as tatuagens aparecendo, Dash também de couro, mas sua regata estava rasgada com um ar de desleixo.
Drake usava com a jaqueta de couro e blusa preta, mas no seu caso era sua calça que parecia que tinha lutado com leões. Dylan sempre era o mais confortável em tudo que fazíamos, sem camisa, exibindo as dezenas de tatuagens que ele tinha já estava sentado atrás da bateria vermelha brilhante.
— OK, garotos. — O fotógrafo se posicionou a nossa frente. — Peguem os instrumentos eu quero que interpretem como se tivessem realmente tocando, quero aquela aura de bad boy que vocês passam em todos os shows fluindo por seus poros.
O flash nos atingia a cada posição que executávamos. — Certo, Davi fique um pouco de lado... Isso, perfeito. Quero aquela cara de mal, você é um menino perigoso.
Seguro o riso trocando uma olhada com Dash. Esse fotógrafo era maluco.
O gelo seco nos cercava fazendo o chão desaparecer e mais flash vieram até nós. Foram duas horas entre retoque na maquiagem e muitas posições, mas finalmente voltávamos para o hotel.
— Cara, só quero tirar essa meleca do meu rosto. — Drake reclamava na van.
— Você fica bem, faltou apenas um batom vermelho, cara. — Brinco.
Drake mostra o dedo do meio fazendo com que ríssemos ainda mais.
— Seja um bom menino, gracinha. — Davi caçoa levando um soco no ombro.
— Cadê sua cara de bad boy , mostre seu lado tigrão. — Dylan vira-se para nós imitando a voz fina e as poses que o fotógrafo fez durante todo o ensaio. Fazendo a gente cair na risada ainda mais.
O nervosismo tomou conta de mim enquanto esperava no camarim a hora de seguir para o palco, estávamos há seis anos nas estradas, mas nesse último ano conquistamos tantas coisas, que era até surreal de ser citado. E estar fazendo nosso primeiro show no Live era incrível.
Dylan batucava suas baquetas nas pernas de forma insistente. Davi escutava suas músicas em total concentração, assim como Dash checava sua guitarra e Drake comia todos os Donut’s do camarim. Cada um com seu ritual, se preparando para o show.
— D’Five, está na hora. — O produtor anuncia entrando na porta do camarim.
Entramos no palco em completa escuridão, ajeitamos os instrumentos e quando eu e Dash tocamos os primeiros acordes às luzes se acenderam fazendo a plateia gritar de forma enlouquecida.
— Boa noite, LifeTv! — Davi grita e as fãs acompanham.
Continuamos tocando os acordes de forma suave.
— Que bom estarmos aqui com vocês.
O grito de “D’FIVE” que percorria a plateia sempre era fantástico, arrepiava todos os pelos do meu corpo. A multidão estava delirando e não tínhamos nem começado a tocar para valer.
— Don, arrebenta!
Aumento o ritmo entrando realmente na música, logo Dylan e Dash se juntaram a mim. Davi começa a cantar o primeiro refrão, as pessoas nos acompanhavam e assim seguimos o show.
Quando fizemos a segunda pausa troco minha guitarra pelo violão, a produção posiciona uma banqueta alta no meio do palco, colocando o microfone de Davi ao meu lado esquerdo e Drake e Dash do direito.
Uma luz azul estava focada na banqueta e todo o palco se mantinha no escuro.
— Temos uma surpresa para vocês. — Digo sentando na banqueta e ajeitando a alça de couro do violão em meu ombro.
Sorrio escutando os gritos de “Don casa comigo, eu quero você, príncipe Don”
Esse último era cômico, depois que uma revista de fofoca me deu esse apelido, as fãs tinham realmente levado isso a outro nível. Fotos minhas eram espalhadas por aí com coroas na cabeça, fazendo o tal apelido não só fixar em minha imagem como dar uma ampla margem de brincadeiras e gozação com os caras da banda.
— Essa música é inédita e estará em nosso próximo álbum. Vocês querem escutá-la em primeira mão?
O “sim” ecoa de forma unânime.
— “Stay” , vai para você, Nicky.
A melodia toma o lugar assim que começamos a tocar, enquanto eu dedilhava o violão de olhos fechados só conseguia enxergar Nicky sorrindo, imagens dela me abraçando e várias versões da minha garota tomavam conta de minha mente.
Eu sou um completo idiota,
Como não pude perceber, esse amor dentro de mim?
Vivendo nas sombras.
Eu só quero recuperar você,
no meio do caos que eu criei.
Eu estarei lá, por você.
Não importa quando
Eu estou aqui, por você
Não vou desistir.
Eu estarei aqui.
Por você.
Davi cantava comigo, nossas vozes se misturavam com perfeição, a dele era mais grave e dava ainda mais sentimento para música. Mesmo essa canção sendo meu pedido de desculpas para Nicky toda a banda a sentia correndo dentro de si, como ela fazia comigo.
Você me tocou, me amou
Embora eu estivesse cego,
meu coração encontrou o seu.
Me perdoa por toda a estupidez,
Mas tudo que sai da minha boca
são palavras sobre você,
sobre seu amor.
Diga que perdoa esse tolo apaixonado
Porque eu estarei aqui, por você.
De joelhos no meio da chuva,
no meio do caos.
As câmeras passavam em volta do palco, focando em cada integrante da banda e quando uma chegou bem perto de mim virei o violão para trás cantando com toda a força que tinha dentro de mim, como se Nicky estivesse por detrás daquela lente.
Sempre por você, por seu amor.
Eu iria onde quer que você for,
Então eu rezo que você me ouça.
Fuja com meu coração
Fuja com minha esperança
Mas no final do dia esteja aqui
parada em minha frente.
Se eu pudesse fazer o tempo voltar
eu roubaria você do mundo,
meu amor eu estarei aqui,
pelo tempo que for e aonde quiser.
CAPÍTULO 8
Nicky
Seus olhos s ã o os mais doces que eu j á vi.
Voc ê pode dizer a todos que essa
can çã o é sua.
— D’FIVE
— Essa fica por conta da casa, Ros. — Digo enchendo de novo o copo com uísque. — Mas daqui você irá direto para casa e vai pedir desculpas para sua mulher por ser tão cretino.
— Nicky, você é uma alma bondosa.
— Tá, tá. — Retruco segurando o riso.
Ser dona de um bar tinha disso, às vezes você também servia como terapeuta.
Alana coloca o telefone no bolso traseiro do seu jeans justo quando chego perto, sorrindo de maneira inocente.
— Se eu fosse uma pessoa desconfiada, iria jurar que está escondendo alguma coisa de mim.
— Bobinha, como você está?
— Normal, continuo com duas pernas e dois braços e um negócio para tocar.
— Não falou com ele nenhuma vez, depois daquilo?
Viro um copo colocando uma dose de tequila, tomando no mesmo instante. — Não.
— Você já analisou tudo que aconteceu, tipo, pode não ter sido culpa dele e sim daquela vadia?
Alana tinha levantado sua bandeira a favor de Don desde que chegamos a Eugene.
— Sim, a questão não é mais isso.
— Como assim? Agora quem não está entendendo mais nada sou eu, se a questão não é mais aquela vadia louca. Por que você ainda está resmungando pelos cantos?
Sorrio guardando a garrafa de José Cuervo na prateleira.
— Alana, ele sempre foi meu amigo. Mesmo que eu guardasse essa paixão insana por ele. — Suspiro. — Don sempre foi importante na minha vida, mas eu fico me perguntando se não era apenas fogo de palha dele ou até mesmo vindo de mim.
— Tipo, não estou entendendo, ele puxou você para o palco, cantou para você e tascou um baita de um beijo na frente de uma multidão.
— Exato, tudo porque me viu com Ryan.
— Eu não vejo assim.
— Tudo bem, mas pense comigo. Como faríamos? Ele viaja o mundo todo e eu tenho minha vida aqui em Eugene...
— Agora você está me ofendendo, garota. — Ela me interrompeu. — Eu dou meu sangue também por esse bar.
Rio do seu drama.
— Quer saber, eu sei de uma coisa que irá tirar todas essas minhocas da sua cabeça.
Alana pula o balcão indo até a televisão de tela plana do outro lado do bar ligando-a. Como sempre deixávamos no canal da MTV por causa dos shows que eles transmitiam, ela somente aumentou o volume e gritou para que eu fosse até ela.
Minhas pernas tremeram enquanto eu dava a volta no balcão escutando a voz de Don.
— Essa música é inédita e estará em nosso próximo disco. Vocês querem escutá-la em primeira mão?
— Puta que pariu eles estão no LifeTvCafe ? — pergunto.
Ela concorda sorrindo, animada. — Dylan me mandou mensagem a tarde me avisando.
— Como assim, você e o Dylan?
— Ah, garota. Isso não importa agora. Presta atenção na TV.
— “Stay”, vai para você, Nicky.
Sentia meu coração pulsando na orelha, minha respiração acelerando. Don compôs uma música para mim e estava ao vivo cantando para quem estivesse escutando. A câmera ia de um integrante ao outro, se focando mais vezes em Don.
Eu sou um completo idiota,
Como não pude perceber, esse amor dentro de mim?
Vivendo nas sombras.
Eu só quero recuperar você,
no meio do caos que eu criei.
Eu estarei lá, por você.
Não importa quando
Eu estou aqui, por você
Não vou desistir.
Eu estarei aqui.
Por você.
— Agora você pode ter certeza que ele quer você. — Alana sussurrou em meu ouvido. — Só precisa pensar se isso serve para você encarar a verdade e assumir que ama esse roqueiro o quanto deixa transparece.
Olho para trás vendo que os clientes do bar também estavam curtindo o show. Quando a câmera focou somente em Don e ele olhou diretamente para ela, foi como se ele pudesse me enxergar ali parada no meio do meu bar.
Diga que perdoa esse tolo apaixonado
Porque eu estarei aqui, por você.
De joelhos no meio da chuva,
no meio do caos.
Sempre por você, por seu amor.
Eu iria aonde quer que você for,
então eu rezo que você me ouça.
Fuja com meu coração
Fuja com minha esperança
Mas no final do dia esteja aqui
parada em minha frente.
Se eu pudesse fazer o tempo voltar
eu roubaria você do mundo,
meu amor eu estarei aqui,
pelo tempo que for e aonde quiser.
Alana passa a mão em minha bochecha secando uma lágrima que eu nem sabia que tinha caído, meu peito estava apertado, consumido pelo amor que eu sentia por Don.
— Pegue suas coisas e vá atrás do seu homem. — diz sorrindo.
— Mas...
— Sem, “mas” garota, eles ainda estão no show e Dylan me disse que só viajam no final do dia seguinte. Então, suba, pegue algumas roupas e se mande para Nova York.
Concordo com um aceno, não perdendo mais tempo, saio correndo do bar indo até meu apartamento. Jogo uma mochila pequena na cama enfiando umas peças de roupa aleatórias dentro dela, enquanto fazia a reserva da minha passagem pelo telefone. Os deuses do rock estavam me ajudando, consegui na companhia aérea o último lugar para o próximo voo para Nova York.
Alana já tinha chamado um táxi para mim, me despachando para dentro dele sem nem permitir despedidas.
O voo foi tranquilo, porém pareceu uma eternidade, minhas mãos suavam devido minha ansiedade, o nervosismo apertava meu estômago. Assim que consegui um táxi, na frente aeroporto em Nova York, passo o endereço do hotel que eles estavam hospedados. Ligo para Dash rezando para que ele atendesse, pois tinha a diferença de horário e ainda o tempo que levei para chegar...
— Quem é viva sempre aparece. — Dash atende no segundo toque.
— Dash, não fale que sou eu.
Ele gargalha do outro lado. — Fala gostosa, o que tem para mim?
— Dash!
— A pessoas que você deseja se manter em segredo não está aqui, pequena Nicky.
Suspiro aliviada. — Eu preciso de um favor seu.
— Você partiu meu coração não atendendo minhas ligações.
— Eu sei.
— Fala gostosa, o que você precisa?
— Ridículo. — Repreendo escutando sua gargalhada.
— Eu estou em Nova York.
— Ouh! Isso sim é surpresa.
— Eu estou indo para o hotel, por favor, fale que Don não está com nenhuma vadia.
— Ele se tornou um monge, fique tranquila.
— Então eu preciso que você saia com os outros e deixe-o aí no hotel.
— Gostosa, nós somos astros do rock, baby. Temos uma noite bem agitada. Don ficará no hotel contemplando sua pequena fossa.
— Você sabe que vai tomar um soco meu por ficar me chamando de gostosa, né?
— Estou correndo o risco. Vou deixar autorizada sua entrada.
— Depravado. — Brinco. — Obrigada Dash.
— De nada. Até mais, gostosa.
O hotel Park Central tinha uma entrada de luxo. Aquelas que você está acostumada a ver nos filmes e nas séries de TV. Coloco a alça da minha mochila surrada no ombro entrando no hotel, passando pela porta giratória. O saguão era enorme, vasos grandes de plantas e algumas esculturas decoravam o local. Encosto na recepção e um atendente rapidamente vem sorrindo até mim.
— Bom dia, em que posso ajuda-la?
— Eu vou para a suíte da D’Five. Dash Tunner deve ter ligado para deixar autorizado.
— Eu preciso dos seus documentos.
Pego minha carteira de motorista entregando para o atendente, ele se afasta conferindo alguma coisa no monitor e volto com um cartão magnético.
— Aqui está, tenha uma ótima hospedagem. Srta. Carter.
A subida até a cobertura foi uma pequena tortura, eu ainda não sabia o que faria, se entraria ou tocaria a campainha até que ele me atendesse. Meu coração estava acelerado, minha respiração pesada no peito. Decido apertar a campainha até que ele me atendesse.
Depois de afundar o dedo, escuto os xingamentos de Don dentro da suíte.
— Porra, vocês perderam o cartão de novo! Que caralho, para de tocar.
Retiro o dedo rápido esperando nervosa, o barulho e a maçaneta da porta abrindo quase me fizeram ter um infarto.
Don me olha, literalmente como se não acreditasse no que estava vendo.
Seus cabelos bagunçados, os pequenos e quase imperceptíveis cachos estavam sobre o rosto, o abdômen amostra, como a calça de pijama estava pendendo na cintura. Era uma visão e tanto.
— Nicky?
— Oi.
Ele olha para o corredor, passa a mão pelo rosto jogando o cabelo para trás. — Você está aqui.
Eu poderia ser sarcástica ou rir se não tivesse tão nervosa.
— Eu vi o show na LifeTV.
Don estava sem reação, foi pego totalmente de surpresa. Mas eu não queria esperar dei um passo acabando com a pequena distância que nos separava, colando minha boca na sua. Don logo se recupera da surpresa, sua mão agarra meu pescoço pressionando mais a boca na minha, sua língua guerreava conquistando mais espaço.
Meu corpo estremece cada vez que suas mãos percorriam meu corpo.
Mal percebo que tínhamos entrado na suíte, apenas escuto a porta se fechar e Don me prensar na parede ao lado dela. Sua boca desce para meu pescoço permitindo que eu respirasse, o corpo quente de Don colado ao meu dava cada vez mais arrepios por minha pele.
— Eu estou sonhando, vou acordar e ver que você ainda não me perdoou. — Sussurra em meu ouvido voltando a me beijar.
Interrompo o beijo. — Não há o que perdoar, Don.
Agarro seu pescoço deixando a mochila cair de minhas mãos, esquecida perto de nós. Don não permitia que eu quebrasse nosso beijo, puxou meu corpo mais para cima, fazendo minhas pernas se enrolarem em sua cintura, me deixando ainda mais quente.
— Eu...Te...Amo — Don sussurra no meio do nosso beijo, nossas bocas ainda conectadas. Abro os olhos encarando os olhos azuis de Don que sempre me fizeram ter calafrios de ansiedade.
Não sei quanto tempo tinha se passado, mas continuávamos nos encarando. Don fazia um pequeno carinho no meu pescoço, me mantendo presa ao seu corpo.
— Tem certeza? — Sussurro.
Tinha um nó imenso em minha garganta.
— Nicky, pode parecer loucura. Eu sempre senti que gostava mais do que amigos, eu ia falar sobre isso quando fomos comemorar o prêmio. Mas aí o Dash chegou e eu acabei deixando como estava. — Ele solta um suspiro e dá um selinho em meus lábios. — Quando estávamos no seu apartamento eu estava quase tendo um derrame por ter você tão perto e não poder tocá-la como eu queria.
— Você praticamente fugiu.
— Eu não sabia se você sentia o mesmo, fiquei maluco tentando entender tudo que estava sentindo e ainda tentando te decifrar. Você me conhece Nicky, eu não sou como os caras, — Don dá de ombro sorrindo. — Fui criado pela minha mãe e minhas irmãs, aprendi a ser delicado com as mulheres e não usá-las como bonecas infláveis.
— Nem durante as turnês?
Merda, porque eu não conseguia controlar minha língua. Mordo o lábio me repreendendo por isso.
— Pode perguntar o que você quiser. — Don diz passando o polegar por minha boca, me fazendo soltar meu lábio. — Lógico que tive algumas noites de farra, mas entre uma noite de sexo e o que o Drake faz é praticamente um relacionamento sério com a garota.
Ri relembrando de Drake na comemoração do disco de platina em meu bar, eu sempre pensei que o Drake era o pior dos cinco. Naquele dia tive minha confirmação.
— Deus, eu amo esse sorriso, amo esse corpo. — Sussurra beijando o decote de minha blusa.
— Eu te amo, Dominic.
Os olhos de Don cravaram nos meus antes dele voltar a me beijar com força total, ele nos tira da parede caminhando pela suíte, minhas pernas ainda presas em volta de sua cintura e meus braços em seu pescoço.
— Faça amor comigo, Nicky. — pediu contra minha boca.
Concordo sem pronunciar nada. Acredito que nem conseguiria. Don dá um passo para trás, deixando que ficasse de pé a centímetros da cama, suas mãos passeavam pelo meu corpo. Logo ergueram minha blusa jogando-a do outro lado do quarto. Ele se ajoelhou em minha frente, dando beijos em minha barriga, abrindo o botão de minha calça e cada pedaço de pele que aparecia ele acrescentava mais beijos.
Don voltou a ficar de pé beijando meu pescoço e o vale por entre meus seios tirando o resto de minhas roupas, fazendo meu corpo tremer por inteiro. Deixou que eu tirasse sua calça do pijama, ele era lindo, perfeito e meu.
Nossos corpos se enrolaram deitando na cama, seus beijos quentes faziam gemidos baixos escapar de minha boca.
— Nicky.
Olho para seu rosto, vendo um misto de preocupação e desejo naquele mar azul que eram seus olhos.
— Eu não tenho preservativo, na verdade eu estou limpo, não tenho nada. — Ele desvia o olhar, voltando para os meus depois de alguns segundos. — Eu queria sentir você por inteiro.
— Tudo bem, eu tomo remédio.
— Se você não se sentir confortável eu invado o quarto do Dylan ou do Drake, esse com certeza tem uma farmácia do lado da cama.
Rio desse pensamento.
— Don, não tem problema. Eu também quero.
Seus olhos cravaram nos meus, assim como sua boca procura a minha. Suas mãos percorriam com propriedade meu corpo, tocando e massageando meus seios, puxando minha coxa para seu quadril. Encaixando mais seu corpo sobre o meu.
À medida que Don avançava pouco a pouco dentro de mim era como se eu tivesse sendo partida ao meio, como se o que eu sabia sobre sexo fosse reinventado. Seus movimentos foram ganhando ritmo, levando embora a pouca consciência que eu ainda tinha. Por todo momento ele sussurrava palavras doces em meu ouvido, sinto algo crescer dentro de mim fazendo nosso ritmo aumentar.
Don se senta me levando junto com ele, sem quebrar nossa ligação. Sua boca sugou meu lábio inferior. — Eu te amo, Nicole. E eu não vou cansar de te dizer isso.
Eu devia estar com um sorriso besta no rosto, pois era exatamente assim que me sentia.
— Eu te amo, Don.
Ele geme fechando os olhos, suas investidas se tornam mais selvagens me fazendo arquear a cabeça para trás absorvendo tudo que meu corpo estava sentindo. E quando já não aguentávamos mais suportar o que nos consumíamos, caímos num torpor profundo.
CAPÍTULO 9
Dominic
Dormir com Nicky em meus braços era como um sonho.
Acordo diversas vezes apenas para admirar sua beleza enquanto ela dormia tranquilamente enroscada em meu corpo.
Saio da cama indo até o banheiro, a ducha morna não era potente o suficiente para tirar o perfume de Nicky de minha pele e eu gostava dessa sensação.
Sorri ao tirar o shampoo do rosto, sentindo sua presença.
— Eu não gosto de ficar na cama sem você, pude perceber isso hoje.
Nicky entrou no box colando seu corpo em minhas costas, fazendo uma trilha de beijos por minha coluna. Suas mãos percorriam meu abdômen, ficando cada vez mais atrevidas, descendo por minhas coxas.
— Acho que posso conviver com isso. — Brinco virando-me para ela.
— Acredito que será interessante.
Desço minha boca por seu pescoço, sugando aquele pedaço de pele, mordiscando sua orelha e seu ombro. Sentia Nicky tão sedenta de meu toque, quanto eu estava pelo dela.
Devido à água e o sabão nossas mãos deslizavam por nossos corpos deixando a brincadeira ainda mais divertida.
— Don?
— Hum. — Murmuro com minha boca colada em seu seio.
— Estou escorregando. — Diz rindo.
Com sorte o box era enorme e na parede oposta ao chuveiro tinha a espécie de um banquinho. Não sabia dizer o real significado dele estar ali, mas para o que eu estava planejando serviria.
Sento na ponta do banco trazendo Nicky comigo, enganchando seu corpo no meu novamente beijando sua boca com todo desejo que percorria minha veia. Por mim eu passaria o dia todo aqui, colado ao corpo delgado de Nicky, sentindo seu cheiro e escutando sua risada. Não tinha vergonha de admitir eu estava apaixonado pela minha melhor amiga.
Solto uma risada baixa lembrando-me de uma música.
— Por que está rindo? — Ela pergunta curvando-se um pouco para trás.
— Sortudo, estou apaixonado pela minha melhor amiga. Sortudo, por ter estado onde eu estive. Sortudo, nós estamos apaixonados de todas as formas. — Cantarolo “Lucky — Jason Mraz”
Nicky abre um sorriso amplo. — Me sinto sortuda também.
— Os pombinhos decidiram sair do quarto. — Dash caçoa assim que pisamos na sala.
— Obrigado, cara. — Digo para ele.
— Vê se agora não perde mais sua gata.
— Pelo visto vocês já transaram mais que coelhos no cio.
— Caralho, Drake! — Repreendo. — Tente ser decente quando Nicky estiver conosco.
Drake se joga no sofá ao lado do Dash rindo.
— Uma coisa será excelente. — Dylan também tinha entrado na ampla sala de nossa suíte, indo para o bar. — Ele vai parar de parecer a Murta que geme de madrugada.
— Murta que geme? Que porra é essa? — Dash pergunta.
— Porra, vocês não conhecem a Murta que geme?
— Desculpa, cara. Mas que língua você está falando?
Dylan revira os olhos e pega seu celular no bolso da bermuda e logo o som de uma garota gemendo e chorando toma conta da sala.
— Essa é a Murta que geme, nunca assistiram Harry Potter?
— Não. — Dash, Drake e eu dissemos juntos.
A porta da suíte se abre batendo na parede, assim com o som de coisas caindo, interrompem nossa conversa. Todos viraram vendo um Davi cambaleante entrar e ignorar todos, ele vai até o bar tropeçando em seus próprios pés, abre o frigobar pegando uma garrafa d’água e seus olhos acabam recaindo sobre nós encarando seus passos.
— Perdi algo importante?
— Você está bem, cara? — Dash pergunta.
— Normal. — Davi retruca, ele evitava manter contato visual com qualquer um de nós, principalmente comigo. — Nicky, bom te ver.
— É bom te ver também, Davi. –—Nicky diz encostada em meu corpo.
Davi dá um sorriso desajeitado para ela e segue para seu quarto.
— Então... Nicky você vai para Londres com a gente? — Dylan pergunta, dando uma olhada para mim.
Dou um beijo na lateral da testa de Nicky e me levanto.
Não bato na porta pedindo permissão, giro a maçaneta entrando no quarto escuro de Davi.
— Você está chapado. — Acuso.
— Não.
Bato na panturrilha dele, o que faz ele abandonar sua posição e me encarar ou tentar.
— Você está chapado. Mal consegue olhar para mim.
— Vai se foder, Dominic.
Paro respirando fundo. — Eu espero que você não cague nas coisas, David.
— Eu espero que você vá foder sua namoradinha e me deixe em paz.
— Eu deveria socar você, mas você já está sendo tóxico demais para si mesmo.
— Só me deixa em paz caralho!
— Drake, vai lá. — Escuto Dash dizer na sala.
Viro determinado a sair, mas algo me segura. Eu não quero brigar com Davi, ele é como um irmão e é por isso mesmo que eu não posso deixa-lo afundar.
— Deixe que o Davi quebre ele, pelo menos um soco. — Drake diz, o que me faz revirar os olhos. Moleque imbecil!
— Tá maluco? — escuto Dylan argumentar.
Suspiro de forma audível, trazendo a atenção de Davi para mim. — Não destrua as coisas para você, cara.
— Ela morreu tá legal, morreu e eu fiquei chapado. — Davi grita ficando de pé. — Quer mais alguma merda aqui?
Viro encarando seu rosto. — Quando isso aconteceu?
— Mich me contou ontem.
— Porra!
Caminho de volta para cama, sentando na beirada. Davi mantêm a cabeça baixa, mas eu sei que está escondendo o choro ou tentando evitar que ele saia.
— Vamos cancelar o show, voltamos para Eugene.
— Não quero nada disso.
— Davi.
— Davi nada, cara. Ela morreu tá legal! — Davi sai da cama caminhando nervoso pelo quarto. – Me deixe superar essa merda em paz.
— Tudo bem, mas não se esqueça que te amamos, e como eu disse você nunca vai estar sozinho. — Saio batendo a porta fazendo o pessoal olhar para mim.
— Tudo bem, Don?
— A mãe adotiva do Davi faleceu.
— Puta que pariu!
— Mano, eu curtia aquela velinha. — Dash diz de modo sentimental.
— Don, não é melhor eu reservar um quarto, vocês precisam estar com Davi nesse momento.
Puxo Nicky para meu colo, apertando meus braços em volta de seu corpo. — Davi tem sua maneira de se curar, princesa.
— Por isso ele está assim, está chapado. — Drake conclui.
— Sim. — Confirmo. — Mas ele sabe o que é realmente importante. Sei que não vai mais fazer as merdas de antes. – Troco uma olhada com os caras, suspirando.
— Todo mundo tem seus demônios debaixo da cama. — Drake suspira.
— Sobre o que vocês estavam falando? — Pergunto tentando amenizar o clima pesado na sala.
— Estávamos tentando convencer sua garota a tirar alguns dias de folga.
— Eu iria adorar leva-la para Londres. — Sussurro no ouvido de Nicky.
— Eu sei que você viaja hoje, mas eu não posso sair assim do nada.
— Não seria do nada, seria como um feriado prolongado. — Dash diz.
— Eu vou pensar. — Diz abrindo aquele sorriso que tanto eu amava.
Nossa turnê se encerrava ali, na terra da Rainha. Basicamente no Fest Rock London. Fiquei feliz quando Nicky aceitou ir comigo e todos pareciam bem satisfeitos também, acredito que eu teria me tornado inútil para a banda se voltasse a ser a “Murta que geme” como Dylan me apelidou.
Davi se mantinha quieto, não falava com ninguém. E entendíamos que essa era sua maneira de se despedir de alguém que sempre o ajudou, mesmo que ele não quisesse. E quando o efeito passou, ele realmente se sentiu um trapo e as dores de cabeça foram o suficiente para ele pensar na besteira que tinha cometido.
Chegamos animados em Londres, apesar do cansaço evidente em nosso rosto. Afinal vínhamos de meses na estrada, sem realmente tirarmos uma folga e com o álbum novo em vista poderíamos até tirar uns quinze dias de folga antes de começarmos a preparar o novo disco e as filmagens dos clipes.
Nosso show no festival foi enlouquecedor, a plateia cantava conosco nossas músicas e quando parávamos de tocar, deixando que eles ganhassem voz era de arrepiar, aquela multidão cantando e gritando nosso nome. O assédio das groupies nos camarins foi bem maior do que realmente enfrentávamos num show comum e a mesma coisa se repetiu quando saímos do estádio onde estava acontecendo o evento. A van nos aguardava com Peter e sua equipe de segurança, mas era inevitável. Tínhamos que parar para dar alguns autógrafos e nesse meio tempo as fãs aproveitavam para tirar as casquinhas.
Eu confesso que estava preocupado, me certificava que Nicky estivesse bem, não queria que ela visse minha carreira como um empecilho para nosso relacionamento. Eu queria que ela fizesse parte disso, que curtisse toda a adrenalina que nos envolvia.
Espreguiço, me esticando na cama. A diferença de horário ainda castigava meu corpo e minha coragem de sair do quarto escuro pelas persianas.
— Bom dia, dorminhoco.
Abri um olho deixando o outro fechado, focando em Nicky. Seus cabelos castanhos esparramados pelo travesseiro, a colcha cinza cobria sua nudez e os vestígios de nossa madrugada fazendo amor.
— Que horas são?
— Quase meio-dia.
Ela esticou o braço enfiando a mão em meu cabelo, e se arrastou pela cama colando seu corpo nu no meu.
Nicky era a mulher que eu amava. Acordar todos esses dias ao seu lado era como receber minha própria luz do sol. Eu sabia que ela estava preocupada com seu bar em Eugene. Por isso, combinei que quando eu voltasse para Los Angeles, Nicky voltaria para Oregon, mesmo que secretamente eu tivesse odiado a minha ideia.
Ela batalhou muito para conquistar seu bar, ele era fruto de seus sonhos. Um bar totalmente despojado na nossa velha Eugene, atraindo tanto uma clientela jovem como os quarentões boêmios.
Eu tinha orgulho de minha garota.
— Acho que precisamos começar a arrumar as malas. — Sussurro na curva de seu pescoço.
— Sim.
— Eu gostei desse hotel. — Comento invertendo nossas posições, ficando em cima dela.
— A vista com certeza é linda.
— Promete que irá arrumar um gerente para o Bluber?
Nicky suspira olhando em meus olhos. — Eu vou tentar. Sabe que não quero largar minhas coisas porque meu namorado é um astro do rock e já conversamos. Sabíamos disso quando decidimos dar esse passo.
— Eu sei, mas não quero ficar longe de você, além do necessário.
— Eu preciso trabalhar, Don.
Bufo encaixando minha cabeça em seu pescoço.
— Vamos fazer assim, eu prometo que vou tentar encontrar alguém que tome conta do bar e que irei sempre aos shows perto de casa.
— Isso não é o suficiente.
— Don, não complique as coisas.
— Você está complicando algo que pode ser facilmente resolvido.
Nicky tenta se afastar, mas firmo o peso sobre seu corpo, não queria que fossemos embora brigados, por isso decido recuar e apelar para algo que sabia que ambos não resistíamos, nosso amor e nosso desejo.
CAPÍTULO 10
Nicky
Cinco minutos atr á s sua exist ê ncia
me corroeu e eu permiti.
Enquanto voc ê sussurrava
em meu ouvido: O amor é para os
tolos idealistas.
— D’FIVE
Me jogo no sofá arrancando o tênis. Estava exausta, o voo tinha sido longo e cansativo. Treze horas dentro de um avião.
— Pizza e cerveja? — Alana pergunta assim que entrou em meu apartamento.
— Por favor.
Alana sorri já pegando o celular da bolsa.
— Tudo certo por aqui enquanto estive fora?
— Como se você não tivesse me ligado dia sim e outro também, né, bobinha?
Sorrio descansando a cabeça no encosto do sofá, enquanto Alana faz o pedido do nosso jantar gorduroso.
— E aí, me conte os detalhes sórdidos. Como foi com seu astro do rock?
— Vai soar meio piegas, mas foi um sonho.
Escuto sua risada na cozinha e o tintilar das garrafas de cerveja.
Alana volta me entregando uma das garrafas e sentando do outro lado do sofá.
— E quanto a você?
— O quê? — questiona arqueando a sobrancelha.
— Dylan.
Ela solta uma gargalhada. — Nos falamos, apenas isso.
— Sei. — Digo de maneira sarcástica.
— Fala sério Nicky, só você teve a sorte de fisgar o mais sensato dos cinco.
— Ainda fico com receio sobre isso. — Confesso.
— Por quê?
— Don quer que eu acompanhe seus shows, que siga com ele nas viagens.
— É óbvio que você disse que sim, né?
— Não.
— Está comprovado, você tem merda na cabeça.
— Alana.
Ela bufa cruzando as pernas e me encarando com cara de mal. — Amiga, sabe o porquê temos apenas uma vida? — Ela fez sinal para que eu não respondesse. — Imagine que a vida é uma grande tela em branco, quanto mais você se priva de momentos, de fazer aquilo que anseia sua tela continuará branca. Vai viajar o mundo sendo a namorada do roqueiro mais requisitado no momento e me leve junto. — Acrescentou rindo.
— Você é a melhor.
Junto-me a ela rindo de sua pequena lição de moral.
— Eu acho que encontramos um gerente perfeito para o Bluber.
— Sério?
— Sim. Ele vem amanhã para conversar com você.
A campainha toca interrompendo nossa conversa, fazendo Alana correr até a porta pegando nosso jantar.
— Uma pizza meia mussarela e meia chocolate.
— Eu vou pegar os pratos. — Digo levantando.
— Traz mais cerveja.
A tela exibia a mensagem de chamada de vídeo de Don, deito na cama aceitando.
— Oi!
— Oi, amor. Como foi sua semana?
Ele estava ainda mais lindo, o cabelo molhado e aqueles pequenos cachinhos na ponta que eu tanto era fascinada. Sem contar aqueles olhos azuis.
Don me ligava duas vezes por semana e quando tinha alguma folga dos compromissos. Hoje fazia quatro semanas que não nos víamos e a saudade apertava meu peito.
— Está sendo tranquila, Jorge está tomando conta do bar, então eu vim descansar. Você acredita que ontem eu flagrei um paparazzi tirando fotos minhas do outro lado da rua? — Pergunto rindo.
— Acredito, um blog soltou uma nota sobre não estarem me vendo com você por perto. Óbvio que eles começaram a alegar que estamos separados.
— Como estão indo as gravações?
— Ótimas, princesa . — Don se ajeita no sofá e de longe eu escuto a risada escandalosa de Dash. — Acredito que mais dois dias terminamos.
— Que máximo. Estou com saudades.
— Também, amor. Sem chances de vir para Los Angeles esse final de semana?
— Desculpe, Don. — Observei-o disfarçar a decepção que passa por seus olhos. — Amanhã o bar foi fechado para uma despedida de solteira e Alana tem as provas finais na faculdade.
— Tudo bem, eu entendo. Decidimos finalmente montar uma sede, sabe algo para quando tivermos esses descansos e não quisermos sair por aí.
— Isso é ótimo, amor!
— Faz um bom tempo que não ficamos parados em um lugar por mais de dois dias.
— Espero que nosso quarto seja bastante confortável e quem sabe o banheiro tenha uma banheira. — Digo rindo vendo a surpresa nos olhos de Don.
— Posso dar um jeito nisso, mas só se for minha prisioneira por dez dias.
— Vai ter bastante atividade ilícita?
Ele sorri cheio de malícia. — Baby, eu levarei o céu até você.
— Acho que é injusto você cantarolar as músicas da minha banda preferida, isso é apelação.
— “Então venha querida, veja o que você provocou. Veja os problemas em que nos metemos, meu anjo perverso.”
— Don?
— Fala, princesa.
— Te amo.
— Eu com certeza amo mais.
CAPÍTULO 11
Dominic
— Mais uma vez. Do refrão. — Mich grita do outro lado do vidro.
Davi concordou com um aceno ajeitando o headfone, espero o sinal do nosso produtor para tocar a introdução em meu novo bebê: Strato Fender ‘64. As guitarras Fender eram as melhores e eu não resisti quando vi esse bebezinho exposto em uma loja.
Meu amor está sendo reprimido, mas,
baby, quando eu te tenho em minhas mãos
você não sente que meu corpo estremece em expectativa?
Nada é para sempre.
Mas deixe-me te amar no para sempre de hoje.
Nós dois sabemos que corações podem mudar,
amores vem e vão.
Eu podia sentir o suor escorrer pelas minhas costas, hoje era nosso último dia de gravações para o CD novo, a sensação de êxtase estava presente em toda a banda. Estávamos empolgados para finalmente tirarmos uma folga de verdade e muito mais por termos fechado um contrato com a banda The Cast, daqui três meses eles iriam abrir um show nosso, assim como gravaríamos uma música inédita. Os ingressos estavam esgotados e nossos fãs enlouquecidos por este show.
As principais rádios tocavam nossas músicas, assim como recebemos uma nova indicação para a Billboard . Era realmente nosso sonho realizando, não pela questão da fama, mas por ser nossa voz sendo ouvida. Todas as nossas canções eram fundamentadas em sentimento e não tinha coisa melhor do que estar de frente para um público imenso e ver os fãs cantando e sentindo nossa música.
A fama era uma loucura e, muitos se perdiam quando ela passava do limite. Tudo andava junto, com uma pequena linha dividindo todo o sucesso, a histeria, o sexo e toda sujeira que alguns famosos se afundavam. Eu não queria isso para banda e agradecia por caminharmos com cautela e sempre sendo como seis anos atrás, os moleques que tocavam na garagem de minha casa e ficavam todos animados por termos três garotas do colégio acompanhando nossos ensaios.
Tiro a alça de couro do ombro guardando a guitarra na case. Os caras conversavam sobre as novas músicas e Dash comentava algumas performances que poderíamos fazer nos shows.
— Dylan.
— Fala, cara.
— Nicky está chegando, quer ir comigo até o aeroporto?
— Ah, nem vem, mano. Não vou ser vela para ninguém.
— Alana está vindo também. — Digo analisando seu rosto.
Eu vinha notando seu interesse na amiga de Nicky, desde o show em Nova York. Eles mantinham contato, trocando mensagens e por vezes ligações sussurradas no meio da madrugada. Seria interessante ver Dylan tentando disfarçar seu interesse na minha frente.
— Tá bom, vamos lá.
O final de tarde em Los Angeles estava quente, mal saímos do estúdio e eu já sentia as primeiras gotas do suor. Dylan puxou o boné para baixo escondendo seu rosto e acendeu um cigarro.
— Venham, vou levar vocês. Tenho certeza que vai ser uma loucura quando chegarem ao aeroporto. — Peter diz destravando a porta do carro e indo para o banco do motorista.
Cruzamos a cidade chegando ao aeroporto, Nicky tinha mandado uma mensagem que estavam retirando as malas e nos esperariam no desembarque.
Dylan cutuca minha costela apontando com o queixo um grupo de garotas nos encarando e conversavam entre si animadas. Fãs. Ele faz um sinal para a que nos encarava, elas rapidamente atravessaram a distância entre nós, suas bochechas estavam coradas.
— Meu Deus! Dylan! — Diz uma pulando em cima do meu amigo.
Controlo o riso.
— Calma, gatinhas. — Dylan ri e ao mesmo tempo recebendo o abraço de duas fãs.
— Don, meu Deus! São eles mesmo. — Uma fã pula em cima de mim, enrolando as pernas em minha cintura.
— Controlem-se, garotas. — Peter retruca tentando tirá-las de cima de nós. Sem nenhum sucesso.
A euforia delas acabou chamando atenção para outras pessoas que estavam por perto e perceberam quem nós éramos e uma coisa levou a outra. Quando notei tinha uma pequena multidão em volta de mim e de Dylan com flash de câmeras nos cegando e muita histeria.
— Por favor, deixa eu tirar mais uma. Nossa ninguém vai acreditar que eu estive com vocês.
Eu assenti, sorrindo para a câmera, a fã agarrou meu pescoço e o de Dylan. Pisquei para ele e ao mesmo tempo demos um beijo na bochecha da garota que só faltou desmaiar.
— Vocês são demais! — Diz a outra.
— Olha eu tatuei o nome de vocês! — Grita uma fã sendo contida por Peter.
— Pronto, pronto. Agora vamos garotas. — Peter tentava terminar com o tumulto. Por cima do ombro dele eu vi Nicky e Alana rindo e o sorriso foi instantâneo assim que meus olhos cruzaram com os de Nicky.
— Desculpem meninas. Mas esse daqui já tem dona. — Nicky brinca passando pelas fãs dando um beijo em minha boca.
— Que bom que está aqui. — Sussurro em seu ouvido.
— Gatinhas, nós precisamos ir. Mas... — Dylan caça no bolso de sua calça tirando alguns convites VIPs de nosso próximo show. — Espero ver vocês lá, quem sabe até não dão uma passadinha no camarim. — Dylan acrescenta piscando, passando os convites para as fãs que ficaram ainda mais animadas e histéricas.
— É, você conseguiu fazer os seguranças do aeroporto nos colocar para fora. — Alana brinca quando saiamos do aeroporto.
— Sou irresistível, boneca. — Dylan diz encarando Alana com malícia.
Estava claro, ali tinha coisa.
CAPÍTULO 12
Dominic
Abaixo um pouco os óculos de sol, colocando os braços para atrás da cabeça admirando Nicky conversando com Alana na beira da piscina. Dylan estava ao meu lado tirando fotos para seu Instagram e verificando o da banda.
— Mano, quando essa foto foi tirada? — Perguntou virando o celular para mim. A foto era dele dormindo no sofá do nosso ônibus, Dash e Davi tinham roubado a maquiagem de nossa produtora e sacanearam Dylan.
Gargalho relembrando do dia. — Você apagou depois daquela bebedeira, os caras aproveitaram.
— Porra! Tá no Instagram. Sabe quantas curtidas tem?
— Não.
— Porra, noventa mil curtidas, cara.
O pessoal nos encara devido minhas risadas e a explosão de Dylan. Nicky sai da beira da piscina vindo até mim, sentando em meu colo. Seu corpo estava bronzeado devido as nossas manhãs no deck e na piscina. E aquele biquíni azul turquesa deixava suas curvas ainda mais sensuais e deliciosas, se eu não confiasse plenamente em meus amigos eu teria mandado Nicky usar uma burca. Não queria ninguém admirando seu corpo, queria ele somente para mim.
— Tudo bem com ele? — Pergunta dando um beijo casto em minha boca.
— Tudo. — Digo rindo. — Ele ficou bravo com uma foto que viu no Instagram.
— Dash, Drake vocês me pagam. — Dylan grita.
Os caras riram levantando suas cervejas em cumprimento deixando Dylan ainda mais bravo.
— Está gostando de nossas pequenas férias?
— Sim, está tudo perfeito.
Puxo seu corpo mais para o meu, trazendo sua boca para mim, mordo seu lábio superior aproveitando seus lábios entreabertos para aprofundar nosso beijo, os dedos de Nicky se enrolam por meu cabelo causando arrepios por todo meu corpo.
Era difícil me controlar quando Nicky estava ali tão receptiva ao meu toque, sua pele em contato direto com o meu corpo. Minhas mãos ficaram mais ousadas passeando pelo quadril dela.
— Don... — Murmura contra minha boca.
— Poderíamos experimentar aquela sua ideia da banheira, o que você acha?
Ela arregala os olhos, olhando para Dylan entretido no celular.
— Não ligue para ele, eu tive que aturar todos eles se esfregando com mulheres todo esse tempo. — Digo vendo pelo canto do olho o sorrisinho de Dylan.
Enfio meu rosto no pescoço de Nicky, beijando e mordendo aquele pedaço de pele delicioso. — Eu te amo.
— Eu já desconfiava. — diz se afastando. — Mas agora vou voltar para meu sol.
Prendo seu corpo no meu firmando meus braços em volta de sua cintura. — Não vai, não.
— Don, eu vou ficar com duas cores. — Reclama.
— Eu adoro um Kinder ovo.
— Seu ridículo, me solta.
Rio permitindo que ela saísse.
Ela foi para o outro lado se juntando com Alana, ambas arrumaram as espreguiçadeiras, passaram bronzeador e deitaram de barriga para baixo. A visão de sua bunda lindamente redonda já me deixava ansioso para que um raio caísse junto com uma chuva torrencial. E eu pudesse arrastá-la para nosso quarto, estando totalmente bronzeado ou apenas de um lado.
Olho para Dylan vendo que ele tinha abandonado o celular e encarava a bunda de Alana.
— Alana, hein. — Comento.
— O que tem? — Questiona ainda olhando para o corpo dela.
— Você está gamado nela.
— E o amor anda te deixando cego. — Ele desvia o olhar para mim.
— Será mesmo ou é você que não quer enxergar o que está na sua frente?
Dylan bufa saindo em direção a casa, me fazendo rir de sua negativa para algo que estava bem a sua frente.
Aproveito que Nicky tinha corrido escada acima para se arrumar e fui atrás, ela estava no banheiro conferindo sua aparência quando entrei em nosso quarto e tranquei a porta atrás de mim.
— Don, não... Não, eu conheço esse olhar. — Diz rindo enquanto eu diminuía a distância entre nós. — Eles estão esperando.
— Shhh... E continuarão esperando.
Puxo seu corpo para o meu, entrelaçando as pernas de Nicky em minha cintura. Voltando para o quarto, nos derrubando na cama. Nicky sorria, seus olhos brilhando com a malícia que eu adorava. Passo minha língua por seus lábios, sentindo sua maciez. Sua boca encontra a minha novamente, com mais vontade dessa vez, sua língua brincando com a minha, tomava sua boca assim como seu corpo com propriedade. Pressionando meu corpo mais contra o seu no colchão.
Agradeço mentalmente por ela ter escolhido um vestido de verão o que tornou as coisas mais fáceis. Retiro minha camisa e minha calça, logo arrancando a cueca boxer jogando tudo longe. E Nicky faz o mesmo jogando sua lingerie do outro lado da cama.
Enquanto beijava todo seu corpo, me posiciono no meio de suas pernas, minha língua brincava entre seu pescoço e seus seios fazendo-a arquear as costas gemendo. Seus olhos praticamente se revirando de prazer.
Meu próprio corpo estremeceu me fazendo sentir totalmente envolvido pelo o de Nicky, nossa respiração irregular, nossos gemidos ecoando juntos pelo quarto enquanto traçávamos aquele ritmo febril e delicioso, rápido e lento, num eterno provocar.
Nicky fincava as unhas em minhas costas, sua boca entreaberta buscando ar. E quando o tremor percorre seu corpo acaba me levando junto, sinto meu corpo retesar e explodir num orgasmo delicioso.
CAPÍTULO 13
Dominic
“D’FIVE. D’FIVE. D’FIVE”
Ajeito a alça de couro da guitarra em meu pescoço, o suor já escorria em minhas costas pela ansiedade. Os gritos da multidão chegavam até nosso camarim deixando os outros e eu ainda mais ansiosos.
— Arrebenta, meu amor.
Viro tomando a boca de Nicky para mim.
— Você vai assistir aqui do camarim? — Pergunto encaixando seu corpo entre minhas pernas.
— Não, estarei na lateral do palco com a Brenda e a Alana.
— Meninos. Está na hora. — O produtor anuncia.
Dou um último beijo em Nicky ficando de pé.
Na lateral do palco a gritaria estava ainda pior do que no camarim. Dash nos puxou para um abraço em grupo, fazendo nossa oração de sempre antes de entrarmos no show.
— Vamos mostrar quem é o D’Five. — Drake diz.
— Vamos arrebentar.
Com o palco ainda escuro nos posicionamos em nossas marcas, Dylan começa a tocar a bateria, assim como as luzes em cima dele piscaram fazendo o público gritar ainda mais. Quando Dash, Drake e eu tocamos foi a mesma coisa, a plateia foi ao auge quando Davi entrou cantando o primeiro verso da canção.
Tocamos com toda a intensidade e amor que tínhamos por cada fã ali presente, por estarmos juntos e por simplesmente realizarmos nosso sonho. Viver da música. Troco alguns olhares com Nicky por todo o show, vendo que cantava animada as músicas ou somente quando me mandava um beijo.
E percebo como eu estava completamente feliz, com a banda e Nicky ao meu lado. E meu único pedido era que eu sempre pudesse me sentir assim e quando o dia acabasse e eu adormecesse com minha melhor amiga e minha garota em meus braços eu tivesse apenas um milésimo da felicidade que tive hoje, no dia de amanhã.
Por que a vida é repleta de sons e de amor,
E para senti-los basta fechar os olhos
e se deixar levar.
É como eu sentar num bar legal,
sorrir para uma pessoa qualquer
e tocar em meu velho violão uma nova canção.
— D’FIVE