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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


ELE É TÃO MACHO / Lora Leigh
ELE É TÃO MACHO / Lora Leigh

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

Ela entrou no barzinho, como se fosse a dona. A cabeça erguida, os olhos frios indo ao longo dos ocupantes enquanto procurava por um em particular. Escuros e frios olhos castanhos, Kregar pensou, num rosto tão bonito como um anjo.

Merinus Drako não era apenas bonita, era excepcionalmente bonita. Seu corpo era magro, alto e bem torneado, mas sabia por experiência que havia força nos músculos compactos sob a pele. Seu rosto era pálido e perfeito, a boca docemente curvada num arco feito para um sorriso, mas nunca vira um. Os olhos frios eram de um marrom dourado, inclinando um pouco nos cantos sob o arco ligeiro das sobrancelhas.

Estava vestida com calças negras que abraçavam uma Rastreadora da Liga. Suas longas pernas bem torneadas sob o material, os pés envoltos até os tornozelos em botas altas de couro. Usava uma blusa preta lisa enfiada na calça, em vez da típica blusa branca com uma insígnia da Liga.

Parecia perigosa com seu cabelo preto puxado para trás num rabo longo e reto, e o utilitário de couro e o cinto de armas amarrado ao seu quadril. Era perigosa e ele sabia disso. Ele não a ajudou pelo lucro, porque sabia que havia muito pouco capital nela. Ele a ajudou por medo, porque era a melhor, e com uma palavra ela poderia ter sua vida. Merinus era uma Rastreadora. A melhor que o governo possuía. Sua taxa de sucesso era sem precedentes por nenhum outro rastreador na Liga. Quando aceitava um contrato, ele se tornava o centro de sua atenção, de sua existência. Era implacável, impiedosa numa caçada. Isso era porque era fria. Uma pedra fria até o fundo de sua alma negra, Kreger pensou. Ela não tinha calor, nem vida, nem compaixão fora de seu trabalho. Poderia ser um robô, mas soube por fonte segura que a viram sangrar uma vez, muito tempo atrás.

Sabendo de tudo isso, ainda não podia evitar a sensação de respeito e simpatia que tinha por ela. Era confuso, e causou-lhe várias noites sem dormir, mas lá estava ele, apavorado, mas realmente gostava dela.

 

 

 

 

—Se escondendo novamente, Kregar? — Merinus puxou a cadeira em frente a ele e sentou graciosamente, franzindo a testa para ele. —Perdi um inferno de tempo indo atrás de você nesta semana.

Ele sabia que o som paciente e suave de sua voz significavam problemas. Podia gostar dela, mas com certeza odiava quando tinha que falar com ela.

—Acabei de receber sua mensagem um tempo atrás. — Tomou um gole rápido da cerveja para fortalecer sua coragem. —Estive fora durante a semana passada.

—Fora ou me evitando. — Seus olhos se estreitaram, e ele engoliu com força. —Não gostei de esfriar meus saltos neste planeta miserável esperando por você.

Ela estava com raiva dele. Podia vê-lo no olhar frio, duro que ela lhe deu.

—Fora. — Tentou um encolher de ombros casual, quando ergueu a caneca novamente, mas casual não era fácil com as mãos tremendo tanto.

Porra, desejava estar longe, e talvez pudesse ter escapado desta reunião.

—Apenas longe, hein? — Os lábios se inclinaram, num pequeno sorriso zombeteiro. —Engraçado, ouvi que estava se escondendo naquele apartamento sujo que tenta alugar. Estava indo para lá, quando ouvi que foi visto furtivamente aqui.

Ele tentou entrar furtivamente no bar enquanto recebia a pista de que ela estava indo para seu apartamento.

—Não estou furtivo. — Ele podia sentir o suor se juntado ao longo de suas costas, e acima de sua sobrancelha. —Estava me aprontando para enviar uma mensagem assim que eu terminasse minha bebida. Eu juro.

—Claro que ia. — Ele não gostou da forma como olhou para ele como se pudesse ver suas mentiras.

—Eu ia. — Ele baixou os olhos, esperando que ela estivesse de bom humor hoje e não tentasse rasgar sua garganta por se esconder dela.

Ela encolheu os ombros como se a mentira não importasse. —Tudo bem, tenho você agora. — Ele realmente não gostou da maneira como ela se expressou, ou do choque rápido de medo que o atravessou.

Seus olhos se fixaram nela. —Já me tem? — Ele sussurrou: "O que quer dizer? O que quer comigo?

—Quero uma pequena informação, Kregar. — Ela se recostou na cadeira e cruzou os braços sob seus seios enquanto ela ia direto ao ponto. —Ouviu alguma coisa sobre o líder da Rebelião, Callan? Estou procurando por ele.

Kregar quase gemeu de medo. Se havia uma pessoa na face do universo que temia mais do que temia Merinus, esse era Callan.

—Porra, quer me matar não é, Meri? — Ele se esgueirou para baixo em sua cadeira enquanto o medo ameaçava levar a melhor sobre ele. —Ele não está por aqui. Isso é tudo que sei.

Ele podia sentir o tremor, que começava em seu intestino. Com uma única palavra, ela assinaria sua sentença de morte, se alguém ouvisse falar dela.

—Vamos, Kregar. — Ela se inclinou para a frente, apertando as mãos sobre a mesa. —Tem informação, por isso me dê.

—Eu não sei nada, Meri. — Ele balançou a cabeça, baixando a voz quando olhou em volta com medo, rezando para que ninguém ouvisse o nome. —Eu juro, não sei nada sobre ele.

A fina sobrancelha preta se arqueou conscientemente.

—Você ouve tudo. — Sua voz era suave e paciente, um sinal perigoso. —Pare de mentir para mim e me diga a verdade.

—Ninguém me diz nada mais. — Ele balançou a cabeça. —Sabem que me incomoda, Meri.

—Incomodo você? — Ela sorriu docemente, e seu estômago apertou. —Kregar, quando foi que incomodei você?

—Meri, juro que não sei nada sobre ele. — Ele balançou a cabeça desesperado quando sua voz baixou até um sussurro. —Ninguém o vê, ninguém sabe onde está. Se eu tivesse ouvido, já teria dito.

—Você? — A voz dela estava ficando perigosamente macia, e suas mãos balançavam mais duro. —Porque não acredito em você, Kregar?

—Não me olhe Meri, sempre fui honesto. — Ele sussurrou desesperado. —Não minto para você, eu sei o que eu faço. Não sei onde está. Ele fica escondido, cada Rastreador na Liga o quer e ele sabe disso.

—Que tal uma companheira? — Ela perguntou. —Quem é ela? Onde posso encontrá-la? Qualquer filhotinho correndo por aí?

—Sem companheira. — Ele balançou a cabeça. —Todo mundo sabe que jurou não tomar uma quando escapou dos cientistas da Liga. Sem companheira, sem filhotes, sabe disso Meri.

Seus olhos encontraram os dela, sua respiração prendendo em sua garganta enquanto ela continuava a olhar para ele em silêncio.

—Fui contratada para matá-lo, Kregar. — Ela disse friamente. —Eu o quero.

Ele amaldiçoou silenciosamente. Caramba, não queria ser parte disto. Com certeza não queria ser arrastado entre eles. Callan seria selvagem com quem ficasse entre ele e sua busca pela liberdade de seu povo. Kregar não queria ser uma vítima.

—Não quer ficar perto dele, Meri. — Ele se inclinou para frente enquanto lutava para fazê-la entender. —Você é boa. É a melhor, mas ele é melhor, e é selvagem o bastante para arrasá-la. Vai te destruir, entende isso? — Droga, desejava que fosse do tipo insensível. Poderia simplesmente a enviar para ele, e ver seu sangue voando. Era uma cadela para o gosto dele.

—Por que Kregar? Não sabia que você se importava. — A curva doce de seus lábios o fez piscar e voltar rapidamente. Não rápido o suficiente para evitar os dedos longos e graciosos que agarraram firmemente sua traquéia. Quando engasgou por ar, ela o puxou acima da mesa, até que estavam nariz a nariz, os olhos olhando incansavelmente nos dela.

—Não, ouça-me ratinho. — Ela zombou. —Está mentindo e sei. Quero saber onde ele está, e como chegar até ele, e sugiro que comece a falar agora.

Suas mãos agarraram seu braço, seus lamentos meros sons estrangulados, presos em sua garganta.

Tão rapidamente como o agarrou, ela o libertou, soltando-o de volta em sua cadeira com um toque descuidado de seu pulso.

—Juro... — ele ofegou desesperadamente, engolindo doloroso agora e perdendo um pouco desses sentimentos mais ternos que teve momentos atrás.

—Eu não sei. Eu juro que não sei...

—Me poupe disso. — Ela levantou da cadeira e olhou para ele com nojo.

—Vou ter certeza de lhe dar suas lembranças quando encontrá-lo.

—Deus, não Meri. — Ele choramingou fracamente. —Não sei nada. Fui honesto com você, juro.

—Não desta vez, Kregar. — Ela disse suavemente. —E esta era mais importante que as outras.

Ela se virou e caminhou calmamente para fora do bar, com a cabeça erguida, as costas retas. Kregar respirava, lutando contra o pânico crescente dentro dele quando ela deixou o prédio. Quando a viu desaparecer através da porta, começou a repensar sua relutância em vê-la morta.

Porra, pelo som dela, queria muito Callan. Ele a tinha visto intensa ao longo de um contrato mais de uma vez, mas este estava além de sua habitual dedicação ao seu trabalho.

No canto, as sombras se deslocaram, e uma figura se levantou de seu assento e começou a caminhar lentamente pela sala. Estava vestido como qualquer outro mineiro na pequena colônia, com calças de algodão grosso e capa preta longa.

Mas os olhos que o encaravam sob o capuz eram tudo, menos comuns. Kregar balançou a cabeça. Porra, esse simplesmente não era seu dia.

A figura caminhou lentamente por ele, as palavras sussurradas enquanto parava na mesa, era uma ordem direta.

Kregar tremia da cabeça aos pés, e silenciosamente contou os minutos antes de se levantar da cadeira, e se dirigir até as escadas que a figura envolta tomou.

—Meu nome foi mencionado, Kregar. — O tom de áspero ronronar da voz, se encheu de ameaça quando Kregar chegou ao topo das escadas.

Por uma porta aberta, olhou para o quarto, e viu Callan o observando friamente. Kregar entrou no quarto lentamente, fechando a porta atrás dele.

—Ela está procurando por você. — Engoliu com força. —Eu não disse nada, eu juro.

Callan acenou com a cabeça enquanto se levantava da beirada da cama onde estava sentado, foi até a janela, olhando as quebradas ripas de madeira.

—Ela sabe que está mentindo para ela. Deve estar perdendo sua vantagem. — Ele gesticulou para a janela, e Kregar caminhou lentamente.

Pela abertura das ripas, viu Meri dando ordens aos soldados. Ela olhou para o Hotel quando fez isso, um sorriso de satisfação em sua face.

—Ela é boa, Callan. — Ele sussurrou. —Ela é dura demais.

—Na verdade não. — O preguiçoso humor na voz fez o estômago de Kregar lentamente se soltar. Callan não estava zangado com ele, isso era tudo que importava.

Meri explodiria seus miolos na parede, mas seria rápido e indolor.

Callan podia colocar um mundo de dor sobre ele, e fazê-lo implorar pela morte.

—Não deixe isso te enganar, só porque ela é uma mulher...

—As mulheres são, de longe, as superiores na espécie, Kregar, deveria se lembrar. É por isso que é uma excelente caçadora. Seus instintos são excelentes. Sabia que eu estava lá, sabia que estava olhando para ela. Estava no respeito, na curiosidade em sua voz.

Maldita. O estômago de Kregar se contraiu mais uma vez.

—Ela vai me matar. — Ele suspirou.

—Não, não vai, ou faria isso lá embaixo. — Callan o informou pensativo enquanto continuava olhando a rua abaixo.

—Ela está aqui há uma semana, por que não a encontrou? — Kregar o questionou. —Sabia que estava atrás de você, não é?

—Claro. — Callan se voltou para ele com um sorriso. —O contrato está vigente há anos, Kregar, era apenas uma questão de tempo antes que ela decidisse assumir o desafio.

—Então por que ainda está aqui? — A questão foi redirecionada para ele.

Kregar sabia que se vivesse até os cem, nunca entenderia porque alguns homens precisavam saltar na espessura de uma luta. Callan se recusava a fugir, e levar a luta para outro dia.

—Talvez eu goste do desafio. — Encolheu os ombros largos quando se virou para a janela e olhou a rua mais uma vez.

—Assim como ela.

Kregar balançou a cabeça e beliscou a ponta do nariz entre seu polegar e o indicador. Não precisava disso, sua vida estava perturbada o suficiente sem Merinus e Callan tornando as coisas mais difíceis para ele.

—O que vai fazer agora? — Kregar finalmente perguntou. —Eu te conheço, você tem algo planejado.

—Sempre tenho algo planejado. — Disse em voz baixa. —Vou cuidar de Merinus Drako eu mesmo, isto é, se o assassino não resolver primeiro.

—Assassino? — Kregar olhou pela janela, surpreso.

—Quem lançou um contrato para matar Meri?

—Quem não iria querer?. — A boca fina se inclinou num sorriso sarcástico.

—Neste caso, a Liga de repente decidiu que podiam ficar sem a família dela na mesa do conselho. Seu pai está agora fugindo, assim como vários outros membros do Conselho da Liga. Três foram mortos na noite passada.

—Droga. — Kregar murmurou, correndo os dedos pelos curtos cabelos vermelhos.

—Isso é ruim. Meri realmente gosta de seu pai. Realmente é próxima dele.

Lembrou-se anos atrás, quando ouviu o quanto eram próximos. Um de seus contratos já havia tentado levá-lo como refém. Não funcionou, mas Kregar ouviu que ela realmente ficou chateada.

—Ela não deve ser meu problema por muito mais tempo. — Callan se virou da janela e deu de ombros atrás em sua capa. —Se ela sair dessa bagunça, então vou cuidar dela.

Kregar balançou a cabeça. Não estava certo do porque, mas sabia que teria que tentar avisá-la. Gostava de Meri, era honesta, e não matava por esporte como muitos Rastreadores agora faziam. Ele só pensava em como podia fazê-lo, e ainda manter sua própria pele.

 

Ela tinha uma última reunião, então poderia voltar para o cruzador e tirar um cochilo muito necessário. Ela provavelmente devia ter cuidado disso antes de se reunir com Kregar, mas o ratinho a evitou durante toda a semana. Fora um golpe de sorte ela descobrir que ele fora visto se esgueirando pela parte detrás do bar.

Não que a reunião estivesse exatamente planejada. Parecia que havia algo que Kregar temia mais do que ela. Ela se divertiu pela pequena pitada de ciúme que sentiu sobre isso. Virou a esquina numa das poucas ruas sujas da cidade mineradora, e deu uma parada abrupta. Acharia sua surpresa divertida, se não estivesse esperando por isso o tempo todo. A má sensação na boca do estômago nunca estava errada.

—Kyle. — Tentou um sorriso simpático, mas tinha medo que fosse mais um rosnar enquanto enfrentava o assassino da Liga. —O que está fazendo aqui?

Ela olhou em volta, e viu mais da metade de seu esquadrão a apoiando na rua estreita. Se não estava enganada, haveria vários atrás dela também.

As feições de Kyle tinham uma sombra de tristeza enquanto sacudia a negra cabeça para ela. —Isso vai ser mais fácil do que eu pensava que seria.

—O que esperava? — Ela arqueou as sobrancelhas para ele zombeteiramente. —Não sou psíquica.

—Isso é surpreendente. — Ele sorriu levemente. —Sempre imaginei que fosse.

Ela olhou em volta para os soldados que a acompanhavam em sua viagem, supostamente como apoio, e desdenhou silenciosamente.

—Então, é uma batida da Liga, ou algo pessoal? — Ela suspirou. —Sabia que tinha feito um inimigo entre vocês. — Ela sempre o respeitou de uma maneira estranha, mesmo ele sendo um assassino de sangue frio, tinha alguns bons pontos.

—Eu acredito que é negócio da Liga, minha querida. — Levantou a arma, um letal disseminador de nervos preto. Porra, ia doer. Os bebês não foram feitos para matanças rápidas, e sim dolorosas.

—E a Liga escolheu sua arma para você? — Ela perguntou com um suspiro. —Inferno, pensei que éramos amigos. O mínimo que mereço é uma morte rápida.

—Isso é verdade. — Ele concordou, —mas como suspeita, a Liga escolheu a arma.

—Quer me dizer por quê? — Ela estava pensando furiosamente, rezando para distraí-lo por tempo suficiente para chegar a pelo menos uma avenida viável de escapar.

—Não sei realmente ao certo o porquê. — Ele encolheu os ombros como se realmente não importasse para ele. —Quem você chateou recentemente?

—Plenty. — Ela suspirou, sabendo que isso não ia ser fácil de conseguir. Se conseguisse um tiro direto com a arma, seus nervos iriam fritar. Não era uma maneira agradável de ir.

E havia os soldados com seus lasers apontados, e estava certa que cada arma estava em sua potência máxima.

—Desculpe, Meri. — Ela estava começando a odiar a versão abreviada do seu nome, que normalmente significava que estava sendo ferrada. —Realmente sinto muito.

Ela não ia fazer isso, mas com certeza ia dar-lhe seu melhor tiro. Como seu braço flexionado, ela pulou, puxou sua arma e rolou quando apontou para o braço. Lasers de incêndio irromperam em torno dela, gritos e maldições ecoando pelo beco quando começou a disparar freneticamente a cada erupção de fogo que vislumbrava.

Para onde inferno Kyle fora, ela não estava certa, mas sentiu um momento de satisfação ao ver o disseminador esfumaçando, no meio da rua. O que não resolvia o problema de mais de meia dúzia de lasers atirando na triste cobertura que encontrou. As portas, como cobertura, não eram das melhores.

Até que foram abertas. Abertas, e então mãos ásperas a puxaram rudemente para dentro, para então começar a apressá-la através da loja deserta.

—Que diabos... — ela tentou voltar atrás, para conseguir um vislumbre de seu súbito salvador.

—Continue se movendo. — A voz áspera ordenou, a empurrando rapidamente para outra porta enquanto as mãos duras envolviam uma longa capa negra sobre ela. —Coloque o capuz e o mantenha.

Ele a puxou ao redor de um canto, em seguida, deu uma parada súbita. A empurrando contra a parede, se inclinou perto o suficiente para sussurrar.

—Se quer viver, mantenha a boca fechada, sua cabeça abaixada, e fique ao meu lado. Posso tirar você disso, mas é melhor cooperar.

Ela balançou a cabeça rapidamente, não propensa a discutir quando ouviu Kyle latindo ordens e maldições aos soldados quando entraram na rua. A mão em seu braço a empurrou para a frente e começou um tranquilo passeio ao longo da passarela lotada.

Quando ela espiou por entre as dobras da capa, percebeu que estava se misturando com as esposas de vários mineiros enquanto iam para seu dia de trabalho. Capuzes estavam puxados sobre seus rostos para protegê-los da luz solar dura, e seus pés usavam botas semelhantes às dela, para subir de volta para as montanhas com seus bens adquiridos.

—Quem diabos é você? — Dirigiu sua pergunta à forma larga e alta ao seu lado. —E por que me ajudar?

—Porque é uma mulher tão doce e gentil. — Respondeu a ela secamente, a mão em seu braço a dirigindo por sua vez por outra rua.

—Por que mais?

—Certo, isso responde minha última pergunta. — pronunciou entre os dentes. — Agora, responda a primeira.

—Tudo a seu tempo. — Informou a ela. —Vamos te tirar dessa bagunça, antes que entre em outra.

Ela franziu a testa, como resposta era menos que satisfatória, mas estava disposta a esperar um pouco. Com Kyle na bunda dela, e uma tropa de soldados da Liga tentando achá-la, não era como se tivesse escolha.

Eles desceram por várias outras ruas, entrando mais fundo no labirinto de barracos e pequenas casas que abrigavam os trabalhadores em colônias na base da montanha, que agora estava sendo usada na mineração. Finalmente, a puxou para uma das casas, fechou a porta atrás deles, e se postou na pequena janela. Lá, observou a rua deserta através de uma pequena rachadura nas placas.

—É questão do tempo. — Virou-se rapidamente, puxando a arma quando Kregar saiu de um dos quartos.

—Pelo amor de Deus Meri. — Levantou as mãos rapidamente, com o rosto pálido quando olhou para o cano da arma laser. —Ponha essa coisa maldita longe, estou apenas tentando ajudá-la.

Ela o agarrou pelo pescoço e o jogou contra a parede, o cano avançando perigosamente.

—O que diabos tem a ver com isso, ratinho? — Ela soltou furiosamente. —Por que não me avisou no bar?

—Não sabia até então. — Clamou com voz rouca: —Juro Meri. Só descobri depois que saiu.

O laser foi tirado rapidamente de sua mão pelo homem às suas costas. Se afastou rapidamente quanto ela se virou para ele.

—Acalmem-se. — Ordenou silenciosamente quando colocou sua arma sob as dobras de sua capa. —E sentem-se. Ficaremos aqui por um tempo, então vamos ficar confortáveis.

Ela o observava em silêncio, enquanto ele se movia para uma geladeira antiga e tirava várias latas de bebidas.

Voltou-se para Kregar, estreitando os olhos e flexionando os dedos quando engoliu com força.

—Vamos, Meri. — Ele sorriu fracamente. —Só queria ajudá-la.

—Por quê? — Ela baixou a voz perigosamente.

—O inferno se sei. — Ele murmurou, deslocando os ombros estreitos abaixo do tecido de sua própria capa. —Me trata como lixo. Deveria apenas me sentar e observar o assassino fritar seus nervos em vez de tentar salvar você.

—Você pode se sentar e relaxar. — A ordem severa quando o estranho colocou as bebidas na mesa que ficava ao longo da parede, a deixou eriçada.

Merinus se voltou contra ele, um rosnado no rosto.

—Por que você não para de me dar ordens e me diz quem diabos é.

Estava quase louca o suficiente para combater de mãos nuas a forma ampla.

Em vez disso, ela ficou imóvel de espanto quando ele arrancou a capa de seu corpo e olhou para ela com zombeteira diversão.

—Filho da puta. — Ela sussurrou: —Sabia que isso não seria um bom dia. Sabia disso.

Diante dela, o cabelo fluindo abaixo de seus ombros e em torno de seu rosto como uma juba de leão, seus olhos âmbar zombando, suas feições felinas sensuais e muito bronzeadas, estava o Rei de uma raça que nunca deveria ter existido.

Merinus baixou a cabeça, e a balançou lentamente. Foi salva pelo homem que fora enviada para matar. Callan, conhecido como o mais forte, mais inteligente da raça estranha que escapou dos laboratórios da Liga quase um século atrás. Era neto do primeiro Lion, e por todas as contas, os Castas se tornavam mais perigosos, e friamente inteligentes a cada geração.

—Desculpe Meri. — Kregar sentou-se na frente dela, apertando suas mãos em torno da bebida que Callan colocou na mesa. —Não sabia sobre o contrato até que me falou de Callan. Nós a salvamos, contudo.

—Sim, fez isso, Kregar. — Ela sussurrou, balançando a cabeça novamente. —Me salvou.

Ela olhou para o homem leão, franzindo a testa enquanto ele a olhava com um leve sorriso. Ela não gostou nenhum pouco da expressão em seus olhos. O âmbar pareceu brilhar, e aprofundar, quando seus olhos se encontraram.

—Parece que estamos presos nas coincidências. — Ele disse para ela suavemente enquanto sentava-se no banco restante. —Nós dois temos contratos sobre nós. Onde estará sua lealdade agora, Merinus?

Onde se encontravam. Ela deu sua vida à Liga, jurou a defender, e se voltaram contra ela sem razão aparente. Aconteceu muito rápido, sem aviso prévio.

—Tenho que descobrir o que está acontecendo. — Ela se virou e libertou seus cabelos da touca que o segurava, então massageou seu couro cabeludo cansada. —Isso aconteceu muito rápido.

—O que está acontecendo é que você agora é uma deficiência para a Liga. — Ela levantou a cabeça quando a voz suave de Callan a envolveu em torno dela. —Há três dias, seu pai caiu numa rede que o definiu como alvo também. Acredito que agora está a caminho para a Centauro Três, se o cruzador da Liga não o pegar primeiro.

—Isso não faz sentido. — Ela sussurrou, tentando captar as informações que ele fornecia. —Meu pai é um membro do conselho da Liga. Nunca eliminariam um deles.

—Seu Pai, e aqueles que se opõem aos seus novos mandatos serão sistematicamente proibidos ou mortos. — disse a ela. —Os novos mandatos estão sendo elaborados enquanto falamos. A prisão imediata de todas as formas de vida geneticamente alteradas. Serão colocadas em escravidão ou sumariamente executados. A Liga favorece a pureza da forma humana.

Ela sabia que aconteceria, simplesmente não pensou que seria em sua vida. Desde a fuga dos Castas Leão quase dois séculos antes, os cientistas da Liga experimentaram com outras combinações genéticas, procurando traços de humanoides específicos que serviriam como soldados. Obedientes, ainda que viciosos na guerra. Não conseguiram dar vida a qualquer uma dessas alterações, exceto os castas Leão.

O tratamento que os Castas tiveram, estava em questão por quase uma década. Foram caçados, usados como escravos, e abusados, até que se revoltaram dez anos antes. A Liga esteve em várias escaramuças com bandos organizados de guerreiros, tanto no espaço, na Terra como nas colônias. Os Castas Leão se recusavam a se render e aceitar a posição da Liga que eram seres humanos inferiores, e, portanto, não merecedores de tratamento justo.

—Se moveram rapidamente. — Ela sussurrou. —Meu pai só me contou sobre os rumores no mês passado. Nunca pensamos que isso aconteceria neste século.

—Está acontecendo. — Callan rosnou. —Meu povo está sendo retirado secretamente de suas casas no meio da noite, e sendo preso. Vários membros importantes da comunidade Casta Leão já foram assassinados, bem como aqueles dentro da Liga que se opõem aos mandatos. Estamos em guerra, Merinus, e agora está sentada bem no meio dela.

Ela baixou a cabeça e cobriu o rosto com as mãos. Tinha amigos dentro da comunidade Casta Leão, amigos na Liga que sabiam que se opunham a esses mandatos. Era loucura. Parecia que a história estava condenada a se repetir mais uma vez. A remoção sistemática e o assassinato de uma raça que a Liga considerava indigna. Como se fossem deuses com direito de dar vida ou tomá-la como quisessem.

—Escolha seu lado agora, Merinus. — Callan disse baixinho, fazendo com que ela levantasse a cabeça e olhasse dentro daqueles olhos hipnotizantes, mais uma vez.

—Porque não há escapatória para nenhum de nós agora.

 

Marinus Fortuna estudou o espécime macho diante dela. O olhos castanhos estavam perto do ouro, seu grosso cabelo caia até abaixo dos ombros numa juba luxuosa de cores que sol transformava em listras.

Era alto e musculoso, o rosto largo, a testa alta. Era um produto excepcional de uma espécie que começou pela ciência, então fora posta de lado quando os experimentos deram errado. A espécie se recusou a morrer.

Ela examinou suas mãos. Grandes, palmas ásperas, unhas cuidadosamente cortadas e lixadas para facilitar o aparecimento das garras —naturalmente assumidas. Seu grande corpo estava coberto por uma camada quase invisível de ultra-suaves pelos que pareciam especialmente bem contra a pele. Como o Rei Leão, a arrogância de Callan estava mais que ofendida pelo processo de inspeção, ela sabia.

Realeza, ela pensou com um suspiro. Não importa a espécie, eram todos uma dor na bunda.

—Ele é um macho, portanto, pode ser difícil de controlar. — O Mestre Controlador Leiloeiro no Delta 2 bufou grotescamente, como um porco — recurso que usava para zombar quando o homem Leão era discutido. —A fêmea da espécie parece muito mais dócil, e mais fácil de conter. Não recomendaria comprar este espécime em particular, em qualquer caso. Ele é mais indisciplinado que os outros, e muitas vezes instigou tentativas de fuga.

—Qual a data de extermínio desse espécime em particular? Marinus perguntou quando passou a mão sobre seu traseiro bem musculoso. Ela quase sorriu pela tensão muscular indignada, e o rosnado baixo de advertência que ressoou de sua garganta.

Ela levantou a mão para parar o Mestre Controlador quando ele ia chocar o Homem Leão com a varinha longa ao seu lado. Então Marinus levantou a sobrancelha enquanto aguardava a resposta para sua pergunta.

—A data de extermínio é meia-noite, — ele respondeu com um ar de alegria. —Está aqui há várias semanas, e não fez nada, exceto problemas.

—Onde foi capturado? — Ela se virou para enfrentar Callan, olhando para os traços arrogantes, que olhavam para ela com fúria crescente.

Seus lábios estavam puxados atrás para mostrar os incisivos excessivamente afiados que poderiam rasgar a carne dos ossos dentro de um moinho de segunda. Os contornos amplos e planos de seu nariz queimavam com raiva, seus olhos oblíquos se estreitando para ela quando piscou-lhe um olhar deliberadamente sensual.

—Ele foi capturado fora dos parâmetros da Vinci. — O Controlador rosnou quando Marinus continuou seu exame — Vários de sua manada foram capturados naquela semana, e estava obviamente tentando encontrar uma maneira de libertá-los.

—E onde está a manada agora? — A mão alisou distraidamente o traseiro duro e musculoso que estava inspecionando quando questionou o Controlador Mestre.

—A manada ainda está em Vinci, — o Controlador encolheu os ombros. —Quatro adultas fêmeas e várias crianças, juntamente com oito adultos machos. Este hábito dos homens se unindo dentro da manada está se tornando extremamente preocupante para a Coalizão, — ela foi informada. —Essa evolução será bastante prejudicial para manter a ordem natural mantida.

Marinus acenou com a cabeça quando recebeu a confirmação de que a manada para a qual ela enviara vários de seus agentes atrás, estava onde esperava que estivessem. Ela não comentou sobre a crescente inquietação no seio do Conselho de decisão dos planetas. A Coalizão parecia estar nervosa sobre muitas coisas nestes dias.

—Ele é macho, portanto, atenderá minhas necessidades. É muito arrogante, sem dúvida, mas poderá ser controlado com os incentivos adequados. Tenha-o limpo e vestido e pronto para a partida em uma hora.

—Partida! — O Controlador explodiu. —Mas, a data de extermínio foi definida. É tarde demais para vendê-lo, senhora.

—Então, falsifique os registros. É muito bom nisso, não é?

Ela se virou, seus olhos escuros piscando em irritação. —Esta é a amostra de controle que exijo. Disse que estava procurando por um determinado tipo de macho. Se não quer me vender este, então não deveria me mostrar. O apronte antes que eu chame seu superior e faça minha reclamação.

Ela ignorou o mau humor do pequeno suíno, a maneira como seu focinho parecia tremer de raiva. Os suínos raramente eram agradáveis, mas este parecia se considerar muito acima de seus superiores. Se não estava equivocada, juraria que a raça começava a desenvolver um maior avanço da inteligência. Agora, não se preocupe com a Coligação, ela pensou enquanto fazia o suína o tirar da lista de extermínio completamente.

—Não quero ver mais nenhuma marca de punição, também, — ela ordenou a ele enquanto se virava e ia embora. —Contei as que ele carrega agora. Para cada nova adicionada, você receberá três.

Sabendo que suas ordens seriam agora cumpridas, passeou até a porta da casa de leilões e à luz do sol brilhante do deserto. Ela respirou fundo, agradecida por estar livre do mau cheiro dos espécimes.

—Estava lá? — Ansell Cordman, um tenente dentro da Rebelião se moveu ao seu lado, sua voz quase inaudível quando se dirigiu para a entrada do parque de alojamento para se juntar a ela.

—Está lá, — respondeu ela. —Estará sendo entregue dentro de uma hora. E quanto ao resto, foram comprados?

—A manada está agora sendo carregada no navio Demalina. Recebi uma transmissão deles antes de vir aqui. Vamos ao seu encontro no Quadrante Três em poucos dias. Tudo está indo bem.

—Continue assim. — Marinus assentiu. —Esta é uma séria tarefa meu amigo, e poderia ser ainda mais difícil pelo fato que fui forçada a comprá-lo tão descaradamente. Não acho que se importou muito com o processo de inspeção. — Ela teria sorrido se não estivesse tão preocupada sobre como ele reagiria quando fosse libertado das correntes que o prendiam.

—O conhece bem? — Ansell perguntou quando alcançou a aparente segurança do seu navio.

—Eu o conheço. — Ela se perguntou o quanto Ansell ouviu falar de seu relacionamento com o Rei Leão. —Ele é um dos poucos Homem Leão da cepa original. Isso é o que precisamos, a inteligência, resistência e força que possui. As mulheres da Manada são tão excepcionais. Realeza numa espécie que nunca deveria existir, e ainda menos prosperar contra todas as probabilidades.

—Parece muito apaixonada por ele, Meri, — Ansell a olhou de perto.—Só para saber, o quanto o conhece bem?

—Bem o suficiente para ser cautelosa depois da maneira como o comprei. — Se a situação não fosse tão séria, teria achada divertida a raiva que Callan exibiu.

—Ouvi dizer que é bárbaro, — avisou Ansell quando entraram no deck de controle principal do navio e ele tomou seu lugar. —Isso é verdade?

—Ele pode ser bárbaro. — Marinus começou uma verificação cuidadosa das armas no navio, as células de energia e estoque de alimentos. — Ele é civilizado à sua maneira. Não se preocupe, não estará em perigo.

Marinus fingiu interesse na mostra chegando em sua placa. Seu coração estava trovejando, as palmas das mãos ainda úmidas pelo contato com a carne do animal que comprou. Ela o deixou com raiva, o isso a deixava nervosa.

—Quando a Liga descobrir que escapou tão facilmente, pode perder seu lugar no âmbito da coligação, a alertou. —Eles vão puni-la, mas vamos fazer parecer que não teve culpa.

—Não vou retornar para a Coalizão, — disse ela suavemente quando pensou no conselho dirigente que controlava os planetas.

A Coalizão virou bárbara, sentenciando a morte milhões das espécies não-humanas que foram criados muito tempo atrás. Mesmo as crianças nascidas da espécie humana e sub-humanas deveriam ser condenadas à morte, ou usadas apenas para o trabalho escravo nas colônias de mineração duras das luas.

As desculpas da Coalizão eram inúmeras. O sub-trabalho humano da população não tinha voz dentro dos membros do conselho dos planetas. Eles eram considerados como os animais que foram originalmente criados. Eram usados, brutalizados, caçados e mortos muitas vezes só para o esporte. Mesmo os leilões nas luas periféricas não eram diferentes quando eram uma sentença de morte em si.

As luas de leilão eram dirigidas pelos suínos, que eram muito gananciosos, covardes demais para jamais se voltar contra a coalizão. Os suínos eram uma das poucas espécies poupadas, mas apenas porque sua covardia era bem conhecida, e nenhum ser humano queria os baixos salários e o trabalho sujo que faziam.

—Marinus, tem uma ligação vital entre a rebelião e a Coalizão, — Ansell a lembrou. —Tem certeza que é sábio?

—Talvez não seja sábio, mas é meu único caminho agora, — Marinus encolheu os ombros. —Não posso fazer mais no âmbito da coligação. A corrupção tem crescido muito. Os fracassos de nossas classes dirigentes são muito graves. A desobediência civil está apenas a questão de meses de distância. Os planetas se tornarão zonas de guerra dentro de um ano.

Ela suspirou quando previu o futuro de todos que amava. —Nós salvamos quantos podemos, Ansell. Estou ficando sem fundos, apoio e desculpas. Já estou sob suspeita sobre minha falta de lucro, e agora minhas listas de extermínio estão sendo examinadas. Tenho pouco tempo restando, antes que a extensão da minha fraude seja encontrada. Melhor abertamente aderir à Rebelião agora.

—Talvez a desobediência interplanetária não seja tão ruim à longo prazo, Marinus. — Ele sabia o quanto ela temia um evento como esse. — A Coligação vem fazendo ruídos para segregar raças humanas desde o ano passado. Isso me lembra da nossa lição de história do primário, sobre os primeiros anos que foram marcados pelas guerras raciais, e os medos dentro da raça humana. Voltar à Idade das Trevas seria um passo terrível para a Coalizão tomar.

—Mas vão dar esse passo, — o alertou, os olhos presos nos dele quando ela expressou seus temores. —Não há mais conversa. Os conselhos de decisão são agora compostos da mais pura raça Pale. É como se fosse destinado a chegar aqui. Totalmente pelas regras daqueles cujos valores e crenças são colocadas dentro da cor de pele que querem, e o peso de DNA que possuem. Quando esse passo final for tomado, haverá uma guerra diferente de qualquer uma que os planetas já conheceram. Não vou ser pego do lado da Coligação na época. Meu nome não será colocado no livro de recordações como fazendo parte do que estão tentando construir.

Ela olhou para os monitores que mostravam a atividade externa.

A forma se aproximando não poderia ser esquecida ou enganada. Sua cabeça alta erguida, apesar das correntes que o prendiam, o olhar fixo sem piscar no navio para o qual a estava sendo levado.

Ela respirou lenta e profundamente e disse a si mesma que realmente não estava preocupada com sua reação à forma que comprou. Ele saberia que fora necessário, disse a si mesma quando se levantou de seu assento.

Ao seu redor estavam meia dúzia de Suínos, suas varinhas prontas se ele tentasse qualquer fuga ou ataque. Não tinham como saber como ansiosamente ele viria para o navio, mesmo se soubesse que certamente a morte o esperava. Não adianta se enganar, estava bem e chateado, e não haveria retorno.

—Ele está aqui, — ela anunciou suavemente, passando as palmas abaixo por suas pernas revestidas de couro, então foi para as portas. —Prepare-se para o caso de algum problema. Decolamos assim que os Suínos forem apagados.

Ansell acenou com a cabeça quando se moveu para os controles e começou os preparativos do pré-voo.

Marinus se moveu rapidamente através do navio até que chegou nas portas principais. Lá, pressionou a palma da mão no painel de controle e assumiu uma postura arrogante quando as portas deslizaram suavemente abertas. Levantou sua própria varinha de controle de seu cinto, tocando a alavanca que ampliava seu comprimento em três metros no máximo.

—Vou levá-lo daqui. — Ela balançou a cabeça ao suíno quando ativou as portas à espera, e indicou ao cativo que deveria continuar lá.

A raiva tremeu ao longo dos músculos tensos de seus braços, mas ele fez como ordenado. Ela então fechou as portas, se voltando ao Suíno que a olhava com seus olhos redondos.

Ela levantou a bolsa de diamantes de seu cinto, e a jogou para o Controlador. Marinus ficou impassível enquanto ele abria a bolsa de veludo forrado, e derramou o conteúdo em suas gananciosas pequenas mãos. Se virou para enfrentar o sol implacável, que lhe permitia atacar as pedras e revelar a qualidade e profundidade do pagamento que estava recebendo.

-Muito bem Senhora. — Ele acenou com satisfação, em seguida, fez um gesto aos outros para irem enquanto se virava para ela.

Marinus ficou impaciente enquanto a inspecionava, examinando suas calças, botas e o tecido áspero escarlate que cobria apenas a quantidade necessária de pele. Luxúria brilhou em seus olhos, mas era mais esperto do que parecia, porque não tentou tocar.

—Espero que esteja satisfeita com sua compra Senhora, — ele falou, sua voz baixou quando seus olhos se estreitaram sobre ela. —O pagamento é mais digno, mas não procuraria uma viagem de volta dentro deste quadrante se fosse você.

—E por que seria? — Ela perguntou com um sentimento crescente de trepidação.

—Porque a não menos de 20 minutos atrás, uma mensagem veio pela frequência da coalizão. Seu crédito para compras de subespécie humana foi revogado, e está sendo procurada para interrogatório de suas práticas de revenda e possível não-extermínio.

—E ainda assim o vendeu para mim, controlador? — Ela perguntou em voz baixa. —Também me venderá?

Por um breve momento o Suíno a considerou com uma expressão próxima da inteligência.

—Ninguém saberá que esteve aqui, mas devo retransmitir as informações em breve. Tenha cuidado, senhora — a alertou. —Aqueles com a rebelião serão eventualmente encontrados e exterminados junto conosco, os sub-humanos. Valentia e honra são tão raras nos dias de hoje. Seria muito ruim se fosse vítima das punições infligidas por ele.

Por um momento ele pareceu triste, então seus olhos esmaeceram, um fungado nojento soou de seu nariz, então se virou e saiu do navio. Batendo sua mão na placa de segurança, ela rapidamente fechou as portas, então contactou Ansell.

—Nos tire daqui, Ansell, — ela ordenou. —A Coalizão já está me procurando. Vão receber um aviso em breve de que estávamos aqui.

Ela ficou em silêncio, sentindo a aceleração dos motores do navio quando ligaram, e depois a elevação firme e o estômago sacudindo — a aceleração que os jogou da atmosfera. Ela se segurou contra as paredes de aço frio, e fechou os olhos contra a realidade do que estava por vir.

Longos momentos depois, desengatou as travas de segurança e pisou com cuidado dentro.

A respiração zuniu de seu corpo quando foi atirada contra a parede, então, presa lá pelo quente, musculoso contorno do homem que ela comprou.

—Você brinca com fogo, talvez com muita frequência, Marinus, — ele rosnou contra sua bochecha, arreganhando os dentes e permitindo-lhe sentir o raspar dos temidos incisivos.

Ela gritou quando sentiu os dentes em sua garganta num sensual raspar. Sua cabeça caiu de lado, quando sua língua provou sua pele nua, e as mãos cruzaram seus quadris, puxando-a firmemente contra ele.

—Talvez tenha perdido o calor, — ela gemeu quando os dedos alcançaram o fecho ao seu lado, e seu cinto de utilidades caiu no chão.

Ela gemeu quando sentiu as mãos indo para suas costas, e sabia pelo afrouxamento repentino do cós de sua calça que ele a abriu.

—Se atreve a me tratar como se fosse um pedaço de carne à venda, — ele rosnou baixo em sua garganta enquanto suas unhas riscavam sua carne nua.

Não pediu nenhuma desculpa, embora sentisse uma pequena faísca de ansiedade se lançando através de seu estômago. Ela nunca o vira assim, furioso e ainda a desejando também. A mudança nele era assustadora, mas terrivelmente erótica.

Suas mãos apertaram os músculos duros dos braços, sentindo sob a seda que os cobria, o calor dele.

Seus dedos flexionaram enquanto ela se deliciava pela sensação.

—Não tem nada para me dizer? — Ele perguntou quando arrancou o top que cobria seu peito de seu corpo.

Ela gemeu baixo em sua garganta enquanto suas mãos cobriam e descobriam a carne, e se perguntava quanto tempo mais seria capaz de ficar em si mesma.

—Sabe que era necessário, — ela ofegou quando ela raspou os dentes na clavícula e se moveu abaixo.

—Não sou um pedaço de carne para ser trocado, companheira.— Ele a puxou contra o seu corpo nu, enquanto suas mãos empurravam as calças mais abaixo.

Ela sentiu o inchaço de sua masculinidade imediatamente, e clamou pela sensação, a plenitude de tudo que faltou nas semanas em que procurou por ele.

—Nunca, — ela gritou, a sensação erótica a levando de tal forma que era quase mais do que podia suportar. —Deixe-me despir...

—Acho que não, sedutora. — Ele as ergueu, com as mãos segurando suas coxas, as abrindo apenas o suficiente para deixá-lo afundar ao máximo dentro dela. Apenas o suficiente para provocá-la com o toque que ela precisava. —Tome-me desta forma, e saberá a punição caso venha a acontecer novamente.

Punição nunca tivera um significado que a fizesse se sentir tão malditamente bem, Marinus disse a si mesma com prazer nebuloso.

Ele a apoiou na parede, a segurando firme, em seguida, começou o mergulho poderoso dentro dela. Ela gritou pelas sensações, pendurando impotente em seu aperto pelo prazer de uma maneira que nunca tivera antes.

Ela implorou por seu orgasmo, gritou por mais, e quando o clímax rasgou através dela, sentiu a respiração na garganta, incapaz de gritar tão intensas eram as sensações, o prazer se agarrando a ela.

Ele a alcançou em sua liberação, gemendo seu nome, seus dentes mordendo seu pescoço enquanto ele tremia contra ela.

Suas mãos agarraram suas costas poderosas e ela sentiu o arrepio que rolava de sua pele e sabia que seu prazer por ela era poderoso.

Longos momentos depois, antes que a soltasse, então, delicadamente puxou as calças de volta para seus quadris, a fechando lentamente.

—Tive saudades de você, companheira, — ele sussurrou contra os lábios enquanto suas mãos acariciavam seus braços. —Mais do que imagina.

—Como eu de você, — ela suspirou quando deitou a cabeça contra seu peito, sentindo a batida do seu coração sob sua orelha, sabendo que, pelo menos, por agora, era o lugar onde pertencia.

—Quando deve voltar para a Coligação? — Callan odiava o tempo que era forçado a passar sem ela, ela sabia. Odiava o perigo que ela enfrentava.

—Não há nenhuma chance de retorno agora, — ela disse rapidamente o que aconteceu nos últimos meses desde seu desaparecimento, e a captura da Manada. Ela detalhou uma crescente inquietação dentro dos planetas e as medidas que a Coalizão estava começando a tomar.

—Devemos reunir os Leões todos, então, — Ele se afastou para liberar a porta para a prender de modo que pudesse se mover aos seus aposentos. —Um lugar. Um local onde estaremos seguros enquanto planejamos nosso próximo passo.

—Já arranjei as coisas. — Ela balançou a cabeça enquanto se moviam através do navio. —Estão sendo retiradas de suas respectivas localidades, e sendo transferidas para Allerron. — Ela falou sobre a nave que foi roubada anos antes da Coalizão. Uma das poucas que ainda existiam quando a Coalizão sentiu que as explorações de outras galáxias eram um desperdício de fundos. —Nós nos reuniremos em Demalina em poucos dias e pegaremos a manada. Então vamos encontrar com Allerron nós mesmos. A partir daí, podemos decidir o que fazer.

Entraram em seu quarto e Callan foi rapidamente para o banho, e Marinus ouviu quando entrou na unidade de limpeza e sabia que ficaria grato por limpar completamente a memória dos grampos de sua mente. Ela tirou as roupas do armário compacto e as colocou na cama grande que partilhariam mais tarde. Em seguida, ela saiu de próprias roupas, se vestiu com seu traje mais tradicional de calças confortáveis e camisa estilo túnica.

As roupas que usava anteriormente não só despertavam a luxúria de Callan, mas seu senso de possessividade também. Callan a marcou-a como sua meses atrás, e pensar em outro homem vendo sua carne nua enfurecia esses instintos possessivos.

Antes de conhecê-lo estaria irritada por isso. Agora, enquanto o conhecia mais, descobria seus modos e partes dele que o faziam o homem que era, concedia as coisas menores para ele. Era muito pouco, especialmente considerando o fato que não era seu estilo preferido de se vestir.

—Precisamos... — Callan começou quando entrou no quarto, parando quando a viu ajustar seu cinto de utilidades sobre seus quadris.

Ela se virou para ele com um interrogativo olhar surpreso quanto os dedos acariciaram sua bochecha.

—Só agora, — ele sussurrou, —me fez perceber como senti saudades de você. Vamos lutar juntos de agora em diante.

Ela sorriu para ele e balançou a cabeça. Era macho, portanto, a queria ao seu lado, queria saber que estava segura e que era dele. Sua arrogância masculina era uma parte inata dele. Sua confiança e posição de poder entre as Manadas garantia que estaria sempre distribuindo ordens.

Ela não as aceitaria sempre, mas sabia que sempre as respeitaria. Sua corrida era aquela que nunca seria conquistada e as próximas batalhas com a Coalizão testariam não só a resolução do Homem Leão, mas também sua força formidável. Era uma batalha que ela sabia que mudaria o curso da Coalizão e da própria história. Uma batalha que poderiam nunca ganhar completamente, mas não perderiam.

 

 

                                                                                                    Lora Leigh

 

 

 

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