Ele começou a digitar, mas parava e voltava, sinal de que estava escrevendo e apagando.
“Eu também vou cancelar, já estava pensando nisso há algum tempo. Foi ótimo estar aqui, mas acho que você merece alguém para realizar suas fantasias, não só criá-las com você. Pode ter certeza de que esse cara com quem está saindo está se sentindo muito sortudo!”
Sorri para o celular, achando meu amigo virtual um fofo por dizer isso.
“Obrigada por tudo, Portnoy! Você me ajudou de formas que nunca poderá compreender. Espero que seja muito feliz!”
“Eu também digo o mesmo a você, Cabritinha! Espero que a realidade seja mais intensa e prazerosa que a fantasia. Adeus!”
Senti-me com os dedos trêmulos ao escrever a última mensagem para um homem que foi tão importante para mim.
“Adeus!”
Depois disso, senti-me tão aliviada e confiante de que tudo ia dar certo na minha vida que, ao chegar à minha sala e encontrar Kostas trabalhando em seu computador, sentei-me no colo dele e disparei um convite:
— Quer jantar comigo lá em casa hoje?
Ele abriu um baita sorriso.
— Você vai cozinhar para mim?
Gargalhei e neguei.
— Eu até gostaria, mas infelizmente não tenho esse dom! Vou pedir algo em algum...
— Não precisa — ele me interrompeu, e eu achei que ia negar o convite. — Vou levar alguma coisa.
— Tem certeza? — perguntei empolgada, achando que ele ia comprar comida de algum local que gostava.
— Tenho. Mesmo que o que eu queira comer já esteja lá me esperando, prontinha, eu vou levar a comida.
Foi aí que quase fomos pegos, porque eu estava sentada em seu colo, começamos a nos beijar, ele segurou meus quadris e os movia com força contra seu pau, enquanto sua mão invadia a saia do meu vestido de tamanho mid em busca do meu sexo.
Foi uma delícia irresponsável, pois estávamos em horário de expediente e com a porta destrancada, mas o desejo falou tão alto que ele usava minha bunda para se masturbar, enquanto massageava meu clitóris com o polegar e fodia minha vagina com o dedo médio.
Eu gemia baixinho contra sua boca e sentia o coração dele disparado e gotas de suor se acumulando em sua testa, mesmo com o ar-condicionado da sala ligado. Quando ouvimos o som da porta sendo aberta – ainda bem que a abertura é pelo lado oposto ao de onde Konstantinos trabalha –, eu não tive outra ideia a não ser me esconder entre suas pernas, debaixo da mesa.
Ri demais dessa situação conforme me arrumava para jantar com ele.
— Esse ou esse, Kaká? — indaguei ao cãozinho, mostrando dois vestidos.
Essa foi outra situação hilária!
No sábado de manhã, quando o vi surgir com o bichinho no colo, quase caí para trás. Quando nomeei o Kaká, nunca poderia imaginar que um dia os dois estariam juntos no mesmo ambiente. Ao ver aquele homenzarrão gostoso, usando apenas uma cueca, com meu york no braço, foi no mínimo uma cena engraçada.
Escutei a campainha tocar, olhei a hora, achando estranho que ele tivesse se adiantado tanto, mas fui, resignada, de roupão ainda, atender a porta. Respirei aliviada ao ver que era a Verinha.
— Oi! — ela me cumprimentou animada. — Fiquei atolada esses dias, mas agora estou aqui e exijo detalhes de como foi seu encontro com o gostoso do nosso vizinho!
Eu ri e a convidei a entrar.
— Ah, não teve nada de mais, na verdade...
— Kika! Oxe, vai esconder o jogo de mim? — Ela cruzou os braços. — Sábado, quando vim trazer o Kaká, vi as roupas jogadas sobre seu sofá! Abre o jogo, safadinha!
— Não era o Vinícius — admiti, e ela arregalou os olhos. — Na verdade, nosso encontro nem aconteceu direito, porque ele teve que...
— Era o advogado malvadão? — ela logo matou a charada. — Armaria, o que foi que eu perdi?
Resumi os fatos rapidamente para ela e expliquei que o estava esperando para o jantar, e ela me ajudou a escolher um vestido.
Quando Konstantinos chegou, eu já estava vestida, levemente maquiada e muito cheirosa. Até o Kaká usava uma gravatinha, esperando nosso visitante deitado em sua caminha roendo um ossinho.
— Ah, caralho! — ele exclamou assim que abri a porta. — Como vou conseguir cozinhar com você vestida assim?
— Cozinhar?
Olhei assustada para as sacolas e depois para seu sorriso convencido.
— Eu sei fazer isso e sou muito bom... não, sou bom pra caralho! — Beijou-me até que eu ficasse sem ar e entrou no apartamento. — Trouxe até uma panela, pois não... — ele se interrompeu ao olhar para o Kaká, que havia se levantado e o estava saudando alegremente balançando o rabinho. — Seu cachorro usa uma gravata! — Ergueu uma sobrancelha. — Fica parecendo alguns advogados que eu conheço.
Eu juro que tentei segurar o riso, mas não deu. Gargalhei até sentir os olhos úmidos, enquanto ele me olhava como se desejasse uma camisa de força. Vocês hão de convir comigo que ele dizer que Kaká de gravata parecia com alguns advogados converge com o motivo pelo qual o nomeei Konstantinos, não é? Pensei até: eu não posso mais ralhar com o Kaká chamando-o pelo nome completo, pelo menos não enquanto Kostas frequentar o apartamento!
O clima entre nós não foi diferente pelo resto da noite. Ele levou um vinho branco e anunciou que pretendia fazer risoto e que eu iria escolher entre queijo com especiarias ou camarão. Obviamente escolhi camarão.
Preciso admitir uma coisa para vocês: o homem cozinha muito bem! Eu fiquei o tempo todo lhe assistindo, embevecida, movimentar-se na cozinha, provar temperos, adicionar ingredientes e beber o bourbon que tinha levado, explicando-me que era sua bebida favorita.
— Experimentei há um tempo — contei, omitindo onde. — Tomei puro e em um drinque com blueberries.
— Sacrilégio! — resmungou, alegando que nunca se devia misturar bourbon com nada, nem mesmo gelo.
O jantar foi muito melhor do que eu esperava, embora a comida estivesse fria. Não aguentamos comer o alimento antes de saciar nossa fome um do outro. Fizemos sexo no tapete da sala, novamente com o Kaká de espectador do outro lado do vidro da varanda.
Fiz meu primeiro 69 e adorei poder rebolar na cara dele enquanto engolia o máximo de seu pau que conseguia. Fomos à loucura e, dessa vez, além do sexo, falamos muita sacanagem um para o outro, especialmente coisas que gostaríamos de fazer.
— Quero te foder em uma praia — Konstantinos revelou. — Imagino você deitada em uma areia branca, sua pele dourada quente, bronzeada pelo sol, e eu voltando do mar depois de surfar um pouco, gelado, respingando sobre você, deixando sua pele arrepiada, arrancando seu biquíni e te comendo na espreguiçadeira.
— Hummm... — gemi, ainda deitada sobre ele, depois de termos gozado. — Isso tem som de férias, e eu não terei esse privilégio tão cedo.
— Nem eu, mas sonhar não paga imposto, não é?
Eu ri, achando engraçado esse lado dele. Kostas tem umas tiradas únicas e divertidas. Conhece uns ditados que nunca ouvi falar e debocha com frequência de seu pedigree, referindo-se a si mesmo como pseudogrego ou pseudoinglês.
Senti também, mesmo em meio a tantas brincadeiras, que ele parecia ter o sentimento de não pertencer a nada, a lugar algum, de não ter uma identidade, e isso era triste, não engraçado.
Kostas me intriga demais, essa é a verdade. As mesmas sensações que tive quando dormimos juntos, continuo a ter: alguma obscuridade misturada a um pouco de vulnerabilidade.
Encaro-o, deixando os pensamentos de lado, notando o homem viril, grande, gostoso e charmoso que ele é, e questiono o que houve para deixá-lo assim, para que ele se mostre tão frio com todos, quando, na verdade, sinto que esse não é o verdadeiro Konstantinos Karamanlis.
— Odeio ter reunião com Millos hoje! — Ele volta a colocar a mão na minha cintura e respira fundo. — Adoraria passar a noite dentro de você. É o melhor lugar para se estar.
Sorrio e o beijo.
— Não desvie o assunto, você sabe que eu não suporto fazer as coisas em cima da hora, sem planejamento. — Aponto para o mapa, voltando a pensar na viagem e no trabalho. — Vá junto aos hunters, já que quer participar pessoalmente da reunião, mas não...
— Não se preocupe com seu planejamento, vai estar tudo perfeito, mas os hunters não vão. — Ele se afasta e me olha sério. — Nós dois vamos para o Rio de Janeiro amanhã, Wilka Reinol, o voo e o hotel já estão reservados. — Arregalo os olhos. — Pode me chamar de ditador, tirano, machista, ligo uma porra para isso, mas não há chance de eu perder a oportunidade de trepar com você em alguma praia por lá.
— O quê?! — Rio nervosa, concluindo que, quando ele falou sobre essa fantasia, já estava com tudo esquematizado para a viagem. — Você é doido!
— Não, mas estou! — Pisca. — A culpa é sua, diga-se de passagem. — Ele olha para o relógio e bufa. — Tenho audiência agora. Nos falamos mais tarde, arrume suas malas.
— Mandão! — acuso-o antes que feche a porta, mas rio, adorando tudo isso!
— Já está pronta? — pergunto ao telefone, dentro do carro que nos levará até o aeroporto. São 7h da manhã, e nosso voo está marcado para às 8h30, com desembarque no Aeroporto Santos Dummont, onde outro carro nos aguarda para nos levar até a Barra da Tijuca, onde faremos o check-in antecipado e descansaremos até a reunião no centro da cidade, depois do almoço.
Uma batida no vidro me faz olhar para fora do carro, e eu vejo Kika e sua minúscula mala. Desligo o telefone e abaixo o vidro.
— Se você não ficasse me mandando mensagens de cinco em cinco minutos, eu estaria te esperando aqui na portaria quando chegou.
A abusada pisca para mim e agradece ao motorista, que abre a porta para que ela entre e depois guarda a mala dela no porta-malas.
— Aquela é sua bagagem? — pergunto assim que ela se acomoda ao meu lado.
— É, sim! — Ela sorri animada. — Nunca fui ao Rio!
Ah, esse sorriso! Há algo na forma como ela sorri quando está muito feliz que parece iluminar tudo em volta. Eu consigo ver pureza, sinceridade e, acima de tudo, sentir o calor que se choca diretamente contra minha frieza tão bem construída ao longo dos anos.
Wilka parece agitada, ansiosa, fica abrindo e fechando sua bolsa como se não soubesse o que está procurando. Seguro-a pelo rosto, tento um sorriso tão caloroso quanto o seu – embora saiba que nunca chegarei nem perto disso – e a beijo.
— Bom dia!
Sinto seu corpo relaxar, e ela retribui o cumprimento:
— Bom dia, de novo! — Sorri. — Quanto tempo de voo até a Cidade Maravilhosa?
— Em média uns 50 minutos. Devemos demorar mais tempo para ir do aeroporto até a Barra do que daqui para lá. — Dá de ombros. — O trânsito é tão caótico quanto o daqui.
— Por que você mudou o hotel, então? O que estava reservado para David e Lene era um no Centro da cidade, exatamente para que eles não precisassem se deslocar muito para a reunião.
Faço minha melhor cara de paisagem, porque ela não faz ideia das mudanças que fiz no roteiro dessa viagem e respondo calmamente:
— Eu prefiro ficar em redes que conheço e, sempre quando tenho a opção de um hotel da rede Villazza, nem pesquiso outros.
Ela arregala os olhos.
— Vamos ficar em um Villazza? Uau! Nunca fiquei hospedada em um hotel cinco estrelas em uma viagem a trabalho. Fico pensando no que o pessoal do financeiro vai falar quando chegar a fatura e eles perceberem que pagamos em uma diária o que daria para pagar umas cinco em um hotel executivo.
Bom, isso não vai acontecer, mas ela não sabe que sou eu quem está pagando pela viagem e não a empresa.
— Eu não fico em hotéis executivos.
Ela faz uma careta e ri.
— Esnobe!
Olho-a de esguelha, fazendo pouco caso da ofensa, pois sou mesmo muito esnobe, metido, fresco quando quero ser. Quase nunca viajo a trabalho, pois, quando temos ações em outros estados ou cidades mais distantes de São Paulo, usamos correspondentes no local, a não ser que seja algo de extrema complexidade, aí eu até vou, mas isso acontece pouco, porém, sempre fico em hotéis conceituados e de, no mínimo, quatro estrelas.
Eu prezo demais pelo meu conforto, gosto de ter à disposição um café da manhã bem preparado e serviços personalizados. Uma vez, na cidade em que fui, não tinha hotel de redes internacionais, só esses executivos. O quarto era pequeno, mas isso não me incomodou, pois moro em um apartamento minúsculo, mas o boxe do banheiro quase não me coube, e, quando liguei para a recepção pedindo que alguém da passadoria fosse buscar meu terno, fui informado que o hotel contava com uma sala de passar e que eu mesmo tinha que desamarrotar minha roupa.
Contudo, dessa vez, não escolhi o Villazza pensando só no meu conforto, mas porque queria um local grande para trepar com a Cabritinha, com acesso à praia e serviços excelentes.
— Você contratou um motorista para nos buscar no aeroporto? — Wilka me pergunta, e eu a olho, respondendo e-mails pelo celular.
— Não, o hotel mandou um motorista.
Ela sorri, mas não para de digitar.
— Leo acabou de me informar que o prefeito da cidade cuja área escolhemos vai estar presente na reunião junto ao pessoal do governo do estado.
— Ótimo! Era a única confirmação que não tínhamos. — Pego meu celular e mando uma mensagem para o David. — Estamos com tudo pronto para a apresentação?
— Sim, chefe, não se preocupe! — A safada dá uma piscada para mim. — Eu sou foda em apresentações, não é à toa que o CEO da Karamanlis fez de tudo para me ter de volta, e eu ainda ganhei um bônus.
— Está certo! — resmungo, lembrando que os conselhos para a negociação dela com o Millos partiram de mim. Como pude não ter percebido?!
Por falar em Millos, meu primo achou muito interessante quando, na segunda-feira, eu retirei David da conta, voltei a trabalhar na sala da gerência dos hunters e ainda o informei que ia pessoalmente negociar com o pessoal do Rio de Janeiro.
— Sozinho? — o filho da mãe me perguntou.
— Claro que não, porra! — respondi sério. — A gerente dos hunters vai comigo.
Millos apenas emitiu um som irritante e sarcástico em resposta.
Conversamos sobre os outros assuntos da Karamanlis, inclusive sobre os aluguéis no entorno do bar da Vila Madalena.
— Soube que Maria Eduarda Hill vendeu o bar — Millos disse como se isso não fosse uma bomba.
— Como assim? E a promissória?
Ele deu de ombros.
— Ainda não sei bem como foi, mas creio que ela tenha vendido apenas o empreendimento, não o imóvel.
Achei isso muito estranho, pois há anos tentamos comprar o estabelecimento, e ela sempre se negou e defendeu sua herança com unhas e dentes.
— Já avisou ao Theodoros?
— Não quero estragar a viagem dele. — Millos se levantou e se serviu de um chá. — Eu já disse que ele tem coisas demais a resolver por lá. Deixe para lidar com os problemas quando puder estar aqui para resolvê-los.
Levantei-me e caminhei até a porta, mas, antes de sair, achei por bem avisá-lo de algo mais sobre a viagem.
— Ah, Millos! — Meu primo me olhou. — Não vou voltar na sexta-feira de manhã.
Ele franziu o cenho.
— O que você está aprontando, Konstantinos? — Eu ri malicioso, e ele compreendeu que Wilka e eu nos entendemos. — Isso é interessante, não nego, mas cuidado, ela é uma mulher muito especial, não vá fazer merda, além disso, é nossa funcionária, e um caso com um dos diretores não soa bem para o currículo dela. — Ele bufa. — Sei que é injusto, mas os outros nunca veem com bons olhos, principalmente se um dia ela conquistar um cargo maior aqui; vão sempre achar que foi porque fodeu com um dos herdeiros.
Até aquele momento, eu não havia avaliado nossa situação sob a ótica que Millos apresentou, mas ele tinha razão. Lembro-me de ouvir, em várias rodas de executivos, em vários lugares diferentes, sempre esse tipo de insinuação quando uma mulher alcança postos altos dentro das empresas. Sempre tinha a piadinha do “para quem será que ela abriu as pernas?”, e isso nunca tinha me incomodado antes.
Ele tem razão, é importante preservar a imagem dela, então, quando mais tarde perdemos a cabeça, e eu ganhei um boquete deliciosamente foda no banheiro, senti-me mal com a possibilidade de alguém perceber e de isso prejudicá-la dentro da Karamanlis.
Vocês sabem que eu tinha minha opinião sobre a esquentadinha dos hunters. No entanto, no pouco tempo que a vi trabalhar de perto, como neste momento, aqui, sentada dentro do carro indo para aeroporto e respondendo aos e-mails do trabalho, reconheci que ela podia até ter um gênio do cão comigo, mas que era ótima no que fazia.
Então, quando ela propôs que nós tentássemos ser mais profissionais durante o expediente, não titubeei em aceitar, mesmo sentindo a enorme vontade de passar o dia fodendo-a, chupando-a ou só fazendo-a gozar por baixo de suas saias sensuais.
Chegamos ao aeroporto, e Wilka faz cara de espanto ao ver que, além de minha bolsa de couro, eu trouxe também uma mala média. Pouco depois, quando descobre que iremos de jatinho e não de avião comercial, é a segunda vez que fica de boca aberta.
— O pessoal do financeiro vai ficar louco com isso! — Ela ri ao entrar na aeronave, olhando cada detalhe.
Quando o avião se estabiliza no céu, ela tira o cinto de segurança e pega o livro do Gray para ler. Destravo a poltrona, giro-a, ficando de frente para a Wilka e vejo o comissário de bordo vindo em nossa direção.
— Bom dia, aceitam algo para beber?
Wilka nega, e faço sinal para que ele fique no reservado, de portas fechadas. O rapaz assente e desaparece, e eu puxo a distraída gerente para o meu colo.
— O que você está fazendo? — ela pergunta rindo e olha para o fundo do avião. — Ele não pode nos ver de lá?
— Não — respondo já com as mãos entre suas coxas quentes. — Pedi a ele que não nos incomodasse.
— Kostas! — a diaba tenta me repreender, mas ri e rebola no meu colo. — Quanto tempo temos até o pouso?
Beijo sua orelha e respondo:
— O suficiente para eu te fazer gozar nas alturas.
— Você só pode estar brincando! — Ela olha em volta de uma das suítes executivas do Hotel Villazza Rio. — Esse quarto é o executivo deles?!
Vou até o aparador de bebidas e me sirvo de uma dose de uísque.
— É, acima desse, só a suíte presidencial, mas estava ocupada. — Ela ri nervosa e se senta em uma das poltronas da sala de estar. — A presidencial tem sala de jantar, copa e dois dormitórios.
— Eu posso ficar mal-acostumada! Isso aqui é... — ela perde a fala quando me vê tirando a roupa. Desabotoo minha camisa, depois tiro o cinto, descalço os sapatos e caminho até onde ela está.
— A viagem de jatinho me causa um pouco de dor nas costas. — Estendo as mãos para ajudá-la a se levantar. — Eu sou grande e fico desconfortável.
Wilka sorri e levanta uma sobrancelha.
— Você não parecia nada desconfortável enquanto eu rebolava sentada no seu pau.
Gemo e sinto o membro ao qual ela se refere pulsar de vontade na cueca.
Chego perto dela e acaricio suas costas com as pontas dos dedos.
— Para você ver como me esforço pelo seu prazer. — Abaixo-me e beijo seu pescoço. — Mas minhas costas doem.
Ela geme quando enfio a língua em sua orelha e depois a contorno.
— O que posso fazer para aliviar isso?
Ah, a pergunta que eu queria ouvir desde o começo!
— Me come!
Ela gargalha, e eu a puxo para o quarto. A cama de tamanho king size é perfeita, e eu pretendo utilizá-la muito, menos para dormir. Deito-me bem no meio dela e a chamo, mas minha Cabritinha fujona nega.
— Vai fazer jogo duro na cura do homem que te fez gozar três vezes seguidas entre as nuvens?
Ela se vira, coloca a mão para trás e puxa lentamente o fecho de seu vestido, deixando que ele caia aos seus pés.
Sento-me na cama rapidamente ao ver um conjunto de calcinha e sutiã em renda vermelha, lindo na pele dela. A calcinha minúscula some entre suas nádegas redondas e firmes, e o sutiã é todo de tiras, e eu fico hipnotizado com a facilidade com que ela desprende o fecho da peça mesmo sem ver.
Wilka fica de frente para mim novamente, segurando o sutiã contra os seios.
— Tira a camisa.
Eu, como um servo obediente, faço o que ela manda e isolo a peça de algodão egípcio para longe.
— Caralho! — gemo ao vê-la soltar o sutiã, deixando seus seios empinados na altura dos meus olhos. — Você é muito gostosa!
— Psiu! — Ela faz o gesto colocando um dedo em sua boca. — Tira a calça.
Volto a me deitar, puxo a calça para baixo e, com movimentos dos pés, descarto-a no chão do quarto.
— Tira a calcinha! — peço, mas ela só levanta aquela sobrancelha abusada.
— Não! Se masturbe para eu ver.
O pedido inusitado e sexy faz meu pau pular dentro da cueca, e eu imediatamente o liberto.
— Você gosta disso? — questiono alisando-o devagar. — Gosta de saber que, quando não está por perto, eu faço isso pensando em você? — Seguro-o com força e depois movimento a mão. — Olha para ele. — Wilka não desgruda os olhos. — Ele é grande, grosso, tem essa cabeça vermelha e inchada, e você, mesmo toda delicada, o acolhe inteiro dentro do seu corpo. — Vejo uma gotinha de lubrificação brotar da fenda e a espalho pela cabeça. — Eu fico pensando que, se entrar na sua boceta apertada já é uma delícia, na sua bunda deve ser o paraíso.
Wilka geme e sobe na cama, em pé em cima do colchão, e eu sentado entre suas pernas.
Ela tira a calcinha devagar, dobrando seu tronco quase todo, e depois se ergue, exposta, linda, completamente nua à minha frente. A segurança dela depois desses dias em que temos ficado juntos me deixa ainda mais excitado, pois gosto dessa postura de poder.
Sua mão toca exatamente onde eu gostaria de estar tocando-a agora e depois vem em minha direção, brilhando, molhada, deliciosamente oferecendo à minha boca uma prova de sua excitação.
Chupo seus dedos sem deixar nenhuma gota sequer de seu sabor, e ela sorri. Quando vejo que vai fazer novamente isso, decido me adiantar a ela e a seguro pelos quadris, bebendo direto da fonte de seu prazer.
Sua boceta é como uma iguaria deliciosa que me sustenta, mata minha fome, minha sede e, ao mesmo tempo, faz-me ter vontade de provar mais e mais. Nunca me sacio dela. Mesmo encontrando satisfação, estou sempre renovando a fome.
Dessa vez não brinco com ela, apenas a devoro, sugando, mastigando do jeito que sei que gosta. Wilka segura meus cabelos com força, em pé, enquanto geme e rebola em frenesi. Sei exatamente o momento em que vai gozar, pois suas coxas espremem minha cara, o puxão nos cabelos se intensifica, e ela para de rebolar, jorrando gozo em minha boca e gritando alto como nunca a ouvi fazer.
Agarro-a e a deito na cama, beijo sua boca, compartilhando com ela do seu próprio prazer em um beijo safado e longo. Posiciono meu pau em sua entrada, sentindo o charco entre suas pernas, deliciando-me com a sensação quente e úmida.
Ela trava as pernas em volta da minha cintura, e eu não perco mais tempo, afundando-me lentamente nela, sentindo a textura de sua vagina, a contração de seus músculos internos, o calor com que ela me acolhe. A posição na qual estamos permite que eu vá profundamente, e só paro quando sinto a cabeça do meu pau batendo em algo.
Fico parado sobre ela, tremendo, olhos fechados, pele brilhando de suor.
— Kostas... — ouço-a me chamar. — Ei! — Abro os olhos e a vejo, linda, olhos brilhantes, faces mais coradas e os cabelos curtos e escuros esparramados contra o travesseiro branco. — Tudo bem?
Assinto, tento sorrir, mas não consigo. Estar dentro dela sem nada entre nós me causa uma das sensações mais fodas que já experimentei até hoje, é como se eu zerasse tudo o que me atormenta e encontrasse paz. Pode ser exagero, loucura, mas aqui, dentro dela como estou, sentindo seu acolhimento, seu carinho leve em minhas costas e vendo seu sorriso, é como se eu me curasse.
— Estou sem camisinha — aviso-lhe. — Eu nunca fiz sexo sem proteção, a única vez foi com você naquela noite no escritório. — Ela assente, acreditando em mim. — Eu não quero parar, mas imagino que você também não esteja protegida.
— Não — confessa. — Eu também não quero que você pare.
— Prometo não gozar dentro — digo e gemo, sentindo sua boceta me apertar. — Mas ainda assim é um risco.
Wilka não me responde, apenas me beija e se movimenta embaixo do meu corpo, em um claro sinal de que quer que eu continue.
Começo devagar, entrando e saindo longamente, beijando-a enquanto faço esses movimentos. Ergo seus braços, seguro seus pulsos com uma das mãos, enquanto a outra aperta seu seio, brinca com o mamilo, prende seu quadril quando vou mais fundo.
Ela geme, encontrando o mesmo prazer que eu, e aproveito para beijar seus seios conforme a fodo lentamente. Sinto-a enlouquecendo, sua boceta virando uma poça na qual meu pau se banha. Afasto-me um pouco, ajoelho-me na cama, seguro-a pelos quadris, erguendo-a, e aumento as estocadas.
Meto firme, profundo, tirando quase todo o pau e voltando a escondê-lo inteiro dentro dela. Vejo-o brilhando, pegajoso, cada vez que sai de seu corpo e depois, quando retorna, fecho os olhos, não aguentando o prazer.
Seus gemidos ecoam pelo quarto, ela ainda mantém as mãos para o alto e segura firme a fronha do travesseiro. Nossos olhos se encontram, e o que eu vejo nos seus me aquece todo de uma forma totalmente inédita.
Afasto-me, pois não quero gozar, abro suas pernas ao máximo e volto a chupá-la como um louco, sugando seu clitóris, fodendo-a com minha língua.
— Kostas, por favor...
— Eu sei, mas não consigo me fartar de você — respondo, girando-a na cama, fazendo com que se deite de bruços. — Seu corpo é como um parque de diversões infinitas.
Beijo sua lombar e arrasto minha língua para baixo, passando ao longo da fenda entre suas nádegas, mordo-as e paro ao sentir a textura enrugada de seu rabo delicioso. Abro bem sua bunda e molho bastante seu cu antes de vagarosamente ir inserindo minha língua esticada e tesa para lhe foder o máximo que consigo.
Wilka geme alto com o rosto contra o colchão. Sinto minha língua entrando cada vez mais, abrindo passagem, lubrificando essa área que estou louco para explorar com ela. Falamos tanto sobre sua bunda pelo aplicativo que eu penso que é uma das maiores fantasias que ela tem, e eu estarei mais do que disposto a realizá-la quando quiser.
Meu pau dói com a vontade de voltar a estar dentro dela, e quero que Wilka goze nele para que eu possa sentir sem a camisinha, por isso empino sua bunda e peço para que fique de quatro na cama.
Fico em pé e me agacho para penetrá-la de cima para baixo e assim alcançar seus pontos mais sensíveis. Entro devagar, testando até onde posso ir nessa posição, e, como ela não reclama quando vou até o fundo, começo a balançar meus quadris, fodendo-a sem limites.
Ela geme, grita, morde o lençol da cama, e, quando explode em gozo, sinto sua boceta pulsar, apertar e encharcar meu pau e quase não consigo sair a tempo, mas só explodo o gozo quando já estou fora, inundando as suas costas de porra.
Esses dias com ela vão ser fodas!
Kostas é um filho da mãe!
Penso dentro do carro que ele alugou, em uma rodovia desconhecida, a caminho de um lugar que já tinha ouvido falar, mas que nunca havia sonhado em conhecer.
Búzios!
Sim, pasmem, vim para o Rio de Janeiro para participar de uma reunião de trabalho, com a intenção de voltar no dia seguinte, e descubro que ele decidiu esticar a viagem e transformá-la em pequenas férias. Eu nem trouxe roupas para ficar todos esses dias!
Depois que chegamos ao Rio, fomos direto ao hotel Villazza na Barra da Tijuca – maravilhoso, diga-se de passagem –, tivemos uma transa incrível, tomamos banho, pedimos comida no quarto e depois nos arrumamos para o nosso compromisso de trabalho.
O mesmo motorista que nos pegou no aeroporto nos levou até o local da reunião, onde montei todo meu material para a apresentação, enquanto Kostas conversava com o representante do governador e com o prefeito da cidade onde fica o local que apontou como uma possibilidade para a instalação da siderúrgica.
— Está tudo bem? — Konstantinos me perguntou antes da apresentação. — Se não se sentir segura, eu...
— É meu trabalho, dou conta, confie em mim.
Ele sorriu e assentiu.
— Tudo bem, boa sorte!
Respirei fundo, segurando a emoção ao ouvir isso, afinal esse sempre foi um ponto sensível entre nós, a interferência dele no meu trabalho, e o acompanhei com os olhos enquanto tomava assento entre os outros espectadores.
A apresentação foi um sucesso, mostrando todo o croqui do empreendimento, falamos sobre como é o processo de fabricação e a estimativa de geração de empregos, diretos e indiretos, desde a construção até a operação em si.
Entre os participantes da reunião estava um representante da Ethernium que fora apenas para acompanhar, pois ainda não estávamos negociando, era apenas um primeiro contato. Distribuí o material feito pela Karamanlis, bem como alguns informativos da siderúrgica feitos nos países em que ela está instalada, e depois fomos jantar.
Eu era a única mulher no meio de oito homens – alguns técnicos do governo, uns políticos e o representante do nosso cliente. Um dos funcionários públicos do estado passou a noite puxando assunto comigo, perguntando coisas pessoais, e eu já estava me sentindo incomodada, então pedi licença para ir ao banheiro e, quando voltei, notei que Kostas estava sentado no meu lugar, conversando com o homem, e eu me sentei no lugar dele, entre o secretário estadual e o representante da siderúrgica.
Na volta para o hotel, ele justificou sua atitude dizendo que tinha algumas coisas a perguntar para o homem, mas notei que não era apenas isso.
— Eu já estava perdendo a paciência com ele, mas não queria ser grossa — disse. — Não ligo de conversar, mas ele estava sendo um pouco invasivo.
— Bom, ele não será mais, não se preocupe.
Fiquei intrigada com isso, mas ele fechou os olhos no carro, como se estivesse cansado, e deixei o assunto morrer. Chegamos ao hotel, e eu fui tomar um banho, só que ele se juntou a mim no chuveiro, então aproveitamos que tinha uma espécie de banco dentro do boxe e fizemos sexo.
Acordei pilhada hoje de manhã, já arrumando minhas coisas, mas vi que Kostas não parecia nem um pouco preocupado com a hora. Pediu o café da manhã no quarto, ficava andando pelado de um lado para o outro, excitado e gostoso como um diabo tentador, e ainda pegou o jornal da cidade para ler.
— A que horas é nosso voo? — resolvi questionar.
Ele olhou para um relógio próximo, deixou o jornal de lado e me olhou.
— Às 17h. — Abri a boca para dizer que era muito tarde e que eu perderia o dia de trabalho, quando ele complementou: — Do domingo.
— O quê? Como assim do domingo?
A campainha do quarto tocou, ele pegou um dos roupões do hotel, recebeu a bandeja do café e a colocou em cima da cama, voltando a ficar nu e se deitar.
— Você nunca tinha vindo ao Rio, e eu estava precisando de um tempo, pegar um sol, foder você na espreguiçadeira...
Sentei-me estarrecida.
— Você planejou um final de semana? — Ele deu de ombros e pegou um morango da bandeja. — Vamos ficar aqui?
— Até depois do almoço — informou ainda mastigando a fruta. — Hum, está doce, prove! — Esticou uma para mim, e eu fechei os olhos com a suculência e doçura do morango. — Aluguei um carro e uma casa, vamos para Búzios. Ouvi falar muito bem de lá, mas não conheço. Ótima oportunidade, não é?
Arregalei os olhos, pasma com isso – confesso que adorando também – e tentei argumentar dizendo que eu tinha compromissos e que ele não podia decidir as coisas por mim.
— Kika, vamos aproveitar, merecemos. Ontem foi um sucesso, tenho muita expectativa e uma certa intuição sobre esse local daqui, então vamos relaxar um pouco.
Respirei fundo e concordei. Liguei para a Verinha, disse que ia passar uns dias fora e pedi que ela tomasse conta do Kaká, desmarquei minha consulta semanal com a Jane e liguei para o Leo, falando do sucesso da reunião e que eu não chegaria a tempo para trabalhar hoje.
Tudo resolvido, sentei-me ao lado dele na cama e tomei meu café... quer dizer, tentei, porque, entre um morango e outro, acabamos fazendo sexo, e o café esfriou.
Mais tarde, ainda de manhã, fomos a alguns locais do Rio que ele queria que eu conhecesse, as praias de Copacabana e Ipanema, onde almoçamos, e depois visitamos a área do Centro da cidade que foi reformada para as Olimpíadas, o AquaRio, o MAR e o Museu do Amanhã.
Suspiro ao me lembrar disso, da vontade que eu fiquei de ir ao Cristo e ao Pão de Açúcar, mas ele disse que não daria tempo dessa vez, mas que provavelmente ainda voltaríamos ao Rio para mais reuniões, era só programar. Em certo momento, no aquário, estávamos dentro do tubo onde ficamos cercados por água. Eu peguei a mão dele quando uma arraia passou bem em cima de nossas cabeças, mas depois a soltei.
Ele ficou estranho, olhando para as nossas mãos tão próximas, pensando por um longo momento e, quando eu já estava distraída com outros peixes, senti sua mão na minha. Não o olhei, nem disse nada, achei melhor tratar isso com naturalidade, pois não sei o que tanto ele avaliou, mas gostei que, ao final, rendeu-se ao gesto de carinho e proteção.
Andamos assim, de mãos dadas, durante o resto dos passeios, mas não conversamos sobre isso. No hotel, não tivemos tempo, pois ele queria pegar estrada para a Região dos Lagos antes que anoitecesse, então fizemos tudo correndo.
— No que você anda pensando? — sua voz parece divertida. — Ainda está chateada por termos que ficar aqui?
— Não. — Sorrio. — Estava aqui me lembrando do dia de hoje. Obrigada!
Ele não diz nada, nem tira os olhos da estrada. Já percebi que Konstantinos não sabe lidar com algumas situações comuns para a maioria das pessoas. Gratidão, carinho, empatia são algumas delas. Eu ainda não o conheço o suficiente, mas posso garantir que há muito mais nele do que deixa transparecer.
O som de sua playlist ecoa alto, desde quando saímos do Rio de Janeiro, e, mesmo curtindo uma música ou outra, percebi que a maioria das músicas tem letra melancólica, dark, e isso não anima nada uma viagem.
— O que é isso que está tocando? — pergunto, e ele me olha surpreso.
— Johnny Cash — ele fala como seu eu conhecesse. — O Homem de Preto?
Balanço a cabeça, sem saber do que ele fala.
— A música é um tanto down!
— É Hurt! Uma música linda, e olha que nunca curti muito o country, mas gosto dessa! — Ele ri. — Porra, você não conhece mesmo?
Nego, e ele passa para a próxima.
— Se você não conhece Nirvana, desisto de sua educação musical!
— Posso incluir minha playlist? — indago já pegando o telefone, e ele assente.
— Desde que não tenha sertanejo e pagode...
Eu rio, ponho minha conta e escolho minha música preferida para viagens de carro.
— Mas que porra é essa?! — Ele morre de rir ao ouvir os primeiros acordes de A Thousand Miles da Vanessa Carlton. — Quantos anos você tem para ouvir isso?
Dou de ombros, sorrindo.
— É boa de cantar em viagens — mal acabo de falar, e a voz dela ecoa, e canto junto: — Making my way downtown, walking fast, faces passed and I'm home bound. Staring blankly ahead, just making my way, making my way through the crowd.21 — Ele xinga, mas ri. — And I need you! And I miss you! And now I wonder...22
— Okay, já entendi que você é dessas que gostam de cantar dirigindo. — Ele aproveita que está parado na praça de pedágio e pega o telefone. — Mas nem fodendo vou ouvindo isso até chegarmos lá!
— Estraga-prazer! Tem outras coisas aí bem legais!
Ele ri, lendo minha playlist.
— Justin Timberlake; Shakira; Demi Lovato! Acabei de crer que estou com uma adolescente no carro! — E o filho da puta gargalha.
Tomo o celular de sua mão e aponto para frente.
— Está andando, presta atenção ao trânsito. — Escolho outra música.
My Wish de Rascal Flatts começa a tocar. Vejo sua testa enrugar e as sobrancelhas franzirem por trás dos óculos escuros.
— É, posso ouvir isso! — diz como se tivesse escolha, sem perceber que eu sou a dona da playlist agora. — Tente manter esse padrão.
Gargalho e não aguento, estico-me na poltrona do carro e beijo sua bochecha.
Kostas fica tenso, mas depois relaxa, concentrado na estrada e no GPS do carro.
Demoramos bastante para chegar até o local que ele alugou. Já está escuro quando entramos na garagem de uma casa no topo de uma colina. Somos saudados por um casal, que nos leva até a casa, enorme e toda mobiliada, e ainda nos oferece indicação de bons restaurantes na Rua das Pedras.
— Estou tão cansado que dispenso o jantar, mas vou com você, caso queira comer algo — Kostas diz saindo do banho. — É só...
Ele engasga ao me olhar, vestindo a camisola que coloquei na mala, mas que não consegui colocar para dormir ontem, pois estávamos tão aflitos por sexo que mal ficamos vestidos dentro do hotel.
— Gostou? — Dou uma voltinha, deixando a renda transparente esvoaçar em volta do meu corpo.
— Definitivamente... — tira a toalha que tinha em volta da cintura — nós não vamos a lugar algum!
Estico meu braço na cama e busco o corpo peludo do Kaká, mas não encontro nada. Abro os olhos, um tanto desorientada, até perceber que estou na enorme suíte da casa de praia que Konstantinos alugou em Búzios e onde permaneceremos até amanhã.
Ainda consigo sentir as mãos e a boca de Kostas em todo o meu corpo, em cada lugarzinho dele. O homem parece um aficionado por me fazer gozar e só libera seu próprio orgasmo depois que eu já estou desfalecendo de tanto prazer. Porém, nessa noite, senti uma coisa diferente. Estamos há uma semana fazendo sexo, e ele sempre foi comedido, sacana, mas sempre controlado. Ontem, não!
Sorrio ao fechar os olhos e me lembrar de como segurou meus cabelos curtos enquanto me fodia de quatro; dos tapas – seguidos de uma leve massagem – na minha bunda e de como segurou meus braços para o alto enquanto metia duro, profundo, dentro de mim.
Nessa noite vi um homem mais solto, talvez o verdadeiro Konstantinos Karamanlis, e entendi que ele esteve se contendo por mim, com receio de me machucar de novo como na nossa primeira vez.
— Eu admito que ver você aí espalhada e nua nessa cama é uma visão tentadora... — Sento-me com o susto que levo ao ouvi-lo e o vejo na porta do quarto. — Mas é um tanto surpreendente. Eu já corri até a praia e voltei, e você ainda está aí. Nunca imaginei que fosse do tipo preguiçosa.
Não retruco seu comentário, pois meu cérebro acaba de entrar em colapso. Meu, como é possível tamanha perfeição?! Meus olhos passeiam pelo seu corpo moreno, grande, musculoso e suado enquanto ele tira a camisa e segue para o banheiro.
Ouço o barulho do chuveiro e me lembro da banheira de hidromassagem maravilhosa que vi quando tomei meu banho ontem à noite, pensando em como seria delicioso ficar um tempo ali com ele, massagear aqueles ombros gigantes e abraçá-lo com minhas pernas.
Ele reaparece no quarto, ainda sem ter tomado banho, mas já completamente nu. Não consigo parar de olhá-lo, mas sou obrigada a fechar os olhos com força quando ele abre as cortinas – enormes e pesadas – e se vira em minha direção.
Seu sorriso morre quando me vê fazendo careta.
— Você está quieta demais... — Arregala os olhos. — Sente-se bem? Sente dor em algum lugar?
Gargalho.
— Não, porra, foi a luz repentina! — Aponto para a janela, já me adaptando à claridade. — Puta merda, que lugar é este?
Dou um salto para fora da cama e encaro a visão magnífica de uma baía linda, com barquinhos e veleiros flutuando em um mar azul perfeito, cercada de rochedos e mata.
— Praia da Ferradura — Kostas responde sem perceber que minha pergunta foi retórica. — Disseram que era um belo lugar.
— Belo? — Sorrio animada, espreguiçando-me. — É lindíssimo! — Dou-me conta da altura em que estamos e olho para ele. — A casa está sobre um rochedo?
— E é cercada de mata atlântica! O caminho até a praia é íngreme, mas muito agradável e bonito. — Kostas se aproxima e acaricia meu corpo nu. — Tem estrada para carro também, se achar melhor. Vou para o banho. A esposa do caseiro estava preparando nosso café.
— Não sabia que eles iam ficar na casa, ainda bem que avisou! — Rio. — Vai que saio pelada por aí e dou de cara com um deles!
Ele fica sério.
— Vou dispensá-los depois do café — anuncia e segue para o banheiro.
A reação dele me surpreende, pois achei que ia entrar na brincadeira, mas parece que levou a sério.
— Ei, era brincadeira!
Ele entra e, dessa vez, fecha a porta do banheiro. Bufo, impaciente, pois têm momentos que não compreendo esse homem, que ele se fecha em copas, assume aquela poker face dele e não demonstra nada.
Atravesso o quarto – que deve ser quase do tamanho do meu apartamento –, abro uma porta que parece ser de um armário e entro no closet, onde minhas roupas estão penduras.
— Que cena triste! — comento para mim mesma ao olhar a roupa com a qual vim para cá ontem, a roupa da viagem de São Paulo ao Rio e a da reunião. Sou tão prática e crédula que, mesmo viajando com Konstantinos, achei que seria uma viagem simples de negócios, e a única coisa fora do que estou acostumada a levar, é a camisola.
Dou de ombros, conformada com minha falta de opções, e pego o vestido que usei na viagem de avião.
— Você precisa de roupas. — Pulo novamente de susto ao ouvir a voz de Kostas. — Depois que tomarmos o café, vamos para o Centro. Dizem que é bem perto daqui.
Ele passa por mim – nu de novo – cheirando a sabonete, veste uma sunga e uma bermuda. Kostas pega um saquinho e tira um par de chinelos, e eu aperto os olhos de indignação.
— Se você tivesse me avisado que a viagem seria recreativa, também teria me programado melhor!
Sua risada enche o ambiente de armários vazios, causando um certo eco, e ele me abraça.
— Eu teria estragado a oportunidade de rever essa sua cara “enfezadinha”! — Curva-se para me beijar. — Além do mais, nunca mais vi o trabalho com você por perto como trabalho, é uma eterna recreação!
Tem como resistir a esse homem?
Agarro-o e o beijo, sentindo-me sendo arrastada para dentro de um dos compartimentos do armário, ciente de que irei experimentar uma foda diferente: eu dentro de um armário, enquanto um armário está dentro de mim.
Sim, essa é a vantagem de ser pequena!
Ela dá uma lambida devagar, saboreando. Lambe em volta, em movimentos circulares, chupando com fome, desce, vai ao topo, engole gostoso, sorvendo o delicioso caldo que enche minha boca de água.
— Porra, Wilka Maria, se você continuar chupando esse sorvete assim, vou acabar escandalizando a todos ao te colocar de joelhos nessa rua de pedras e te mandar fazer o mesmo com o meu pau!
A safada dá uma lambida ainda mais provocativa, passa a língua pelos lábios sujos de chocolate e depois ri.
— Nunca chupei algo tão gostoso antes!
Paro em seco, sentindo-me ultrajado com isso, afinal, fora o sorvete e os brinquedos nos quais treinou boquetes, a única coisa que ela tem chupado ultimamente é meu pau.
Ela ri, parecendo uma fada saltitante com um maiô e uma saia esvoaçante em volta dos quadris. O gosto peculiar que ela tem para as roupas de trabalho se confirmou mais uma vez aqui na praia.
Depois do café, descemos para o Centro da cidade e andamos em algumas lojinhas. Aqui não é grande, mas tem boa variedade de trajes de banho e roupas para o verão à beira-mar. Ela se encantou com esse maiô todo colorido, com estampas e formas geométricas, um decote profundo e as costas todas de fora. Já saiu da loja vestindo-o, bem como a saia de um tecido fino, todo furado – parece renda, mas acho que não é – e com franjas.
Claro que ela não aceitou que eu pagasse pelas compras – nem mesmo pelos chinelos e o chapéu – e só aceitou o sorvete porque comprei para nós dois. O meu durou duas mordidas, enquanto o dela...
Gemo ao vê-la chupando-o lentamente de novo. Ela tem essa mania, já percebi, demora horas para comer alguma coisa, e me pergunto se faz isso porque gosta de saborear ou se para não engordar.
Lembro-me do seu corpo nu contra a luz do sol pela manhã, quando se levantou da cama para olhar a vista. Quase fiquei apoplético parado ali, adorando vê-la tão animada, deslumbrada com o cenário que escolhi sem querer, mas que me agradou muito também.
Ela é linda!
Observo-a andar sem preocupação, olhando para as vitrines das lojinhas, chapéu de abas largas na mão, sorvete na outra, seus cabelos curtos esvoaçando com o vento e o sorriso tão dela, que nunca deixa seu rosto. Olho em volta e percebo que não sou o único que noto o quanto ela é linda.
Respiro fundo e olho por cima dos óculos para um homem que começou a andar na direção dela, sem perceber que estava acompanhada, e o espero fazer um desvio em sua rota antes de entrar em colisão comigo. É incrível que ela permaneça alheia ao efeito que causa à sua volta, como se não se desse conta do quanto seu corpo, seu rosto e sua personalidade atraem pessoas, principalmente homens.
Sei que ela não tem noção disso, é seu jeito de ser, e não tem nada de mais. Não é algo que ela faça para chamar a atenção, é simplesmente ela. Tive a prova disso no jantar, quando um dos políticos começou a lhe babar em cima feito um bulldog velho. Fiquei louco para interferir, mandar o homem se conter, mas algo me dizia que ela não iria aprovar isso.
Então, quando ela se levantou para ir ao banheiro, sentei-me no lugar dela com a desculpa de querer algumas informações, mas, no primeiro olhar enviesado que o homem deu na direção dela, deixei as coisas bem claras:
— Ela não está disponível, é bom começar a olhar para outro lugar! — Ele se engasgou com o café, mas foi esperto e passou o resto do tempo olhando para o outro lado.
Hoje de manhã me aqueceu o sangue apenas a possibilidade de outro homem vê-la nua. Sei que é irracional e bem primitiva essa reação, por isso me afastei dela antes que dissesse algo bem boçal, do tipo homem das cavernas, como por exemplo: você é minha, só eu posso olhar seu corpo nu!
Faço careta, sem saber de onde veio aquele pensamento ridículo. Estamos juntos agora, durante esses dias, mas depois, se ela quiser viver outras experiências e deixar quem quiser vê-la nua, já não será problema meu.
Desvio esse pensamento chato, não querendo estragar o dia que planejei. Estava mesmo precisando dessa pausa, tenho trabalhado muito e, nos dias que fiquei fora da empresa, estava fora de mim também, então não conta.
— Ei, Kostas, aqui diz que tem uma praia linda depois de uma trilha. — Ela caminha até onde estou e me mostra um guia turístico impresso. — Olha que lugar deslumbrante!
Olho para o encarte, com fotos da praia, sem muita animação, pois aqui tem lugares muito mais bonitos, porém, quando chego ao final da descrição, olho para Kika – que ri, toda corada igual uma criança – e descubro que ela está me provocando.
Pois bem!
— Lindo! Está decidido, vamos para lá! — A Cabritinha arregala os olhos e ri nervosa. — Mas vamos seguir as regras! — Olho de novo o encarte. — 20 minutos de trilha e, chegando lá, os dois nus!
Pego-a pela mão que segura o chapéu e começo a andar rápido em direção ao carro.
— Ei, não... — Ela ri. — Kostas, eu estava brincando!
Finjo não a ouvir e continuo o trajeto, mas paro quando estamos próximos do carro.
— Tem certeza de que não quer ir?
— Estava brincando, não tenho coragem! — Ri. — Mas deve ser uma experiência interessante!
Cruzo os braços.
— É? Acho que não. — Ela fica séria. — Eu não gostaria de ter outros homens olhando você nua. — Wilka abre a boca, surpresa. — Eu fui o único que te viu assim, então, enquanto puder, quero continuar sendo.
Ela sorri, um daqueles sorrisos – já disse que ela os tem diferentes? – que parece iluminar mais do que o sol de verão. Wilka vence a pouca distância entre nós, fica na ponta dos pés, passa os braços pelo meu pescoço e tenta me beijar.
— Você bem que podia dar uma ajudinha, não é?
Rio, já imaginando seu problema.
— Que tipo de ajuda? — faço-me de desentendido.
Ela bufa e olha em volta. Arrasta-me para mais perto do carro e simplesmente sobe no meio-fio, fica na ponta dos pés, volta a me abraçar e faz cara de brava.
— Não se atreva a fazer piada! — diz antes que sua boca cubra a minha.
Ainda não acredito que estou sendo obrigado a ouvir Colbie Caillat. Rio ouvindo-a cantar junto à música, ainda dentro da piscina, completamente nua.
Termino meu cigarro e o apago, jogando o resto na lixeira, antes de ir para perto dela. Durante esses dias percebi que a fumaça a irritava, coçava seu nariz e a fazia espirrar. Wilka nunca disse nada sobre o cigarro, nem sequer que era alérgica – como descobri que é –, então eu mesmo, para evitar deixá-la fungando, só tenho fumado longe dela.
— A próxima música é da minha playlist! — aviso-lhe, entregando mais uma caipirinha de maracujá, sua favorita.
— Hum, espero que seja boa, gostei da última. — Ela agradece, ainda apoiada na borda, e pega o drinque. — O que quer que você esteja fazendo, está dando certo, porque o cheiro está incrível!
— Não sou bom em cozinhar peixe, mas ninguém pode dizer que não tentei. — Sento-me na beirada da piscina com as pernas dentro da água. — Percebeu o quanto a água do mar daqui é gelada?
— Sim! — Ela nada com o copo de caipirinha para o alto e se instala entre minhas pernas. — Eu tremi em alguns momentos! Adorei a ideia de alugar a lancha e ficar um pouquinho em cada praia.
Bebo o bourbon sem olhá-la e sem saber como lidar com ela, seus elogios e agradecimentos. Tudo o que programei para fazermos hoje foi para nossa diversão, para que saíssemos um pouco da rotina da empresa – que promete ser dura daqui para frente – e aproveitássemos esse momento de foda gostosa e satisfatória antes que essa ilusão se desfaça.
O dia de hoje foi realmente muito bom, devo admitir. Almoçamos em um restaurante à beira-mar, comemos mariscos, camarões e um delicioso filé de linguado. Logo depois embarcamos na lancha e passeamos pelas praias, paramos em algumas, nadamos juntos, fiquei excitado uma centena de vezes, mas cumpri o itinerário de praia até o sol se pôr.
Na volta para a casa, comprei umas bebidas – aqui não tinha nenhuma que prestasse – e não conseguimos sair do carro, pois acabamos fazendo safadezas dentro da garagem. Sinto meu pau inchando só em lembrar o gosto salgado nos peitos dela, o cheiro de maresia exalando de nós dois. Não pudemos concluir, pois eu novamente não tinha camisinha em mãos, mas fizemos algumas sacanagens gostosas, inclusive meu dedo fez sua primeira incursão ao rabo dela.
— Hum... — gemo ao sentir o toque dela sobre meu pau, ainda na sunga molhada.
— Por que você não tira isso e se junta a mim aqui? — sua voz é sedutora e rouca, deliciosa.
Termino a bebida, levanto-me e pego o pacote de camisinhas que, previdentemente, deixei em cima do balcão. Olho para o enorme peixe na grelha, assando na churrasqueira, e volto apressado para a sereia que me espera na piscina. solto o cordão da sunga, empurro-a para baixo, deixo-a cair sobre o deque de madeira e fico aqui, em pé, o pau duro apontando para cima, e Wilka dentro d’água com um sorriso no rosto.
— Vem me foder, Kostas!
Porra, ela não precisa pedir duas vezes! Coloco a camisinha e pulo na água. Wilka tenta me beijar, mas meu tesão é tão grande e enlouquecedor que apenas a viro de costas para mim a fim de aproveitar a compensação de tamanho que a água nos proporciona.
Busco seu clitóris com os dedos e, quando o acho, massageio-o rapidamente, como eu sei que ela gosta, preparando-a para a estocada profunda. Wilka segura na borda da piscina no exato momento em que a penetro, flutuando conectada comigo.
A piscina não é funda para mim, consigo ficar de pé, e isso me ajuda a meter com força e rapidez. Travo os quadris dela com as mãos e me movimento. Quero que ela sinta meu pau entrando e saindo como eu sinto, mesmo com a camisinha.
Seguro-a pelos cabelos e puxo sua cabeça para trás. Seus gemidos ecoam na noite, mesmo com o som de Whiskey in the Jar do Metallica tocando alto. Sinto meu corpo inteiro vibrando junto à água da piscina, mordo seu pescoço de leve, puxo-a ainda mais pelos cabelos até que vire a cabeça e eu possa beijá-la.
É assim que ela estremece, com meu pau e minha língua dentro de si ao mesmo tempo, e eu deixo o gozo, travado desde mais cedo, inundar a camisinha.
Ficamos abraçados por um tempo, ofegantes por causa da velocidade da trepada. Meu pau vai amolecendo aos poucos, mas pulsa toda vez que sente a contração dos músculos da vagina dela. Eu a abraço forte, uma coisa que nunca fiz depois do sexo – ou mesmo durante – e que com ela adoro fazer, pelo simples fato de se encaixar perfeitamente em mim.
Wilka deita a cabeça no meu ombro, olhando para o céu estrelado, sendo mantida fora da água pelos meus braços, enquanto meu pau escorre lentamente de dentro dela.
— Obrigado — ouço-me dizer a ela.
Wilka suspira.
— Pelo quê?
— Por tudo!
O rosto sonolento e o sorriso de Wilka não deixam minha mente. Tento me concentrar no que Millos está falando, mas não consigo. Está sendo assim desde que entrei na Karamanlis.
Passei pelo andar da minha diretoria, olhei para a porta da gerência de hunter, porém, segui direto para minha sala. Despachei alguns processos com os advogados, assinei e ratifiquei contratos e entreguei o material da reunião no Rio de Janeiro para a Eleonora reduzir em uma ata.
Já era quase meio-dia quando Millos me chamou à sua sala, e eu fui, mais uma vez sem ver a mulher com que passei o melhor final de semana da minha existência.
Porra! Tento não pensar nisso, não aprofundar os pensamentos ou buscar algo mais do que realmente é. Seria cruel fazer isso. Sentimentos não cabem em nosso contexto, ainda que eu pudesse os ter. Não nasci para isso!
No entanto, mesmo querendo expurgar qualquer indício de que algo aconteceu na manhã de domingo, não consigo. Acordei assustado com o início de mais um pesadelo. Eles estavam cada vez mais esporádicos, eu nunca havia tido nenhum estando na mesma cama que Wilka, mas, naquela noite, ele se insinuou e, por pouco, não me expôs, como o cagão que sou, para ela.
Levantei-me, abri a sacada, olhei o sol nascendo ao longe, impondo-se sobre o mar, e questionei minha atitude de ter me deixado envolver dessa forma. Não era eu! Esse homem trepando com a mesma mulher, convivendo com ela mesmo sem sexo, divertindo-se, sentindo, não era eu!
Voltei para o quarto quando o dia já havia amanhecido. Bebi um pouco de água e me deitei ao lado dela. Não consegui parar de olhá-la! Minha cabeça girava confusa, parecia que eu tinha tomado um porre, de tão desnorteado que me sentia, mas não conseguia tirar os olhos de ela dormindo, tão linda e serena, ao meu lado.
Quando acordou, eu não tive outra reação a não ser sorrir. Os olhos pesados, olheiras pelas nossas noites mal dormidas aparecendo em seu rosto lindo, e, ainda assim, era a mulher mais bonita que eu já havia visto.
Ela correspondeu ao meu sorriso e não só isso, beijou-me com tanto carinho, aproximou-se de mim, aconchegou-se contra meu corpo, e eu a abracei forte, apertado, como se não quisesse soltá-la nunca mais.
— Bom dia! — Wilka me cumprimentou. — Já é domingo, não é? Podemos voltar para a sexta-feira?
Suspirei lentamente, porque ela expressou em palavras aquilo que eu estava tentando não sentir desde o começo. Melancolia por termos de voltar à nossa rotina. A partir daquele dia, ela não mais dormiria todos as noites embolada em meus braços, nem acordaria saltitante e cheia de energia. Eu não iria mais cozinhar, nem rir por ela ser uma esfomeada. A partir daquele dia, tudo voltaria a ser como antes, e isso me causava uma estranha sensação de desânimo.
Para não deixar que ela percebesse meu estado de ânimo, puxei-a para cima de mim, e fizemos sexo preguiçoso, com gosto de despedida.
Enfim, acho que não tive êxito ao esconder como estava, porque ela voltou, desde Búzios a São Paulo, estranhamente quieta. O motorista a deixou em frente ao seu prédio, ela ficou um tempo me olhando, sem saber o que falar, então se despediu, e eu segui para meu home office.
Não dormi a noite toda, revirando-me na cama, sentindo falta de algo que eu sabia que não era para mim. Ela não me conhece, não sabe quem eu sou; bastará descobrir, e todo o encantamento se irá. E não, concluo, não posso mudar, não dá, tornei-me meu próprio monstro e preciso conviver com isso.
— ...Kika Reinol, e podemos encerrar aqui.
— O quê? — pergunto, o nome dela me trazendo de volta à realidade do dia.
— Eu disse que só estamos esperando a Kika Reinol. — Millos sorri divertido. — Estava com a cabeça onde? — Ele alisa sua barba. — Bronzeado, cabeça no mundo da lua... pelo visto o Rio de Janeiro estava maravilhoso!
— Vai se foder, Millos!
No mesmo momento ouvimos um toque à porta. Meu corpo inteiro se aquece, e eu sei, mesmo sem olhar para trás, que a pessoa que acaba de entrar é Wilka Maria.
— Bom dia, doutor! — ela cumprimenta Millos, animada. — Doutor Konstantinos, como vai?
Seu semblante sereno e sorriso seguro me deixam fora de órbita, principalmente por eu estar aqui quase batendo biela, e ela demonstrar ser um poço de tranquilidade.
— Bom dia, senhorita Reinol! — apenas a cumprimento.
Ela senta-se na cadeira ao meu lado, e o seu perfume, bem como suas pernas cruzadas por baixo da saia rodada do vestido despertam meu tesão. O cheiro dela é o suficiente para me deixar no cio.
— Chamei-a aqui para parabenizá-la pessoalmente pelo êxito da reunião no Rio de Janeiro — Millos começa. — Soube que você foi brilhante e que, mais uma vez, demonstrou sua competência à frente da sua gerência.
— Obrigada, doutor. — Ela me olha de soslaio. — Foi um trabalho em equipe.
Millos ri.
— Isso é ótimo, um tanto aterrorizante, mas fico aliviado ao ouvir suas palavras. — Ele olha para o relógio. — Foi por isso que os chamei aqui, mas agora tenho um compromisso.
Wilka se levanta, e eu a acompanho. Vejo-a se despedindo de Millos e depois o cumprimento, seguindo no encalço dela para fora da sala. Embora andemos um ao lado do outro, não trocamos nenhuma palavra. Ela cumprimenta a Luiza com um sorriso, depois volta a ficar séria, o clima tenso, enquanto esperamos o elevador.
Não consigo deixar de olhá-la, minhas mãos formigam de vontade de tocá-la, mas tento me conter, apelando à minha racionalidade para não fazer merda.
A apelação é indeferida quando as portas do elevador se fecham! Quando dou por mim, já estou a esmagando contra a parede e tomando sua boca como um invasor da idade média tomava de assalto um castelo. Não consigo raciocinar, apenas sinto explodindo dentro de mim a vontade de estar com ela, dentro dela, o desejo consumindo-me em suas chamas até que ambos já não aguentamos mais e nos olhamos sem fôlego.
Minhas mãos estão embaixo de sua saia, segurando-a pelas nádegas duras que eu adoro, suas pernas estão em volta dos meus quadris, e nossa respiração é pesada.
— Combinamos que não faríamos isso aqui na empresa — ela comenta, ainda buscando ar.
— Não consegui resistir a você — confesso. — Não consigo, preciso de você.
Ela sorri e suspira, olhando para o contador de andares.
— Eu também! — Afasta-me um segundo antes de o elevador parar. — Chegamos.
Assinto e a olho sair, caminhando pelo corredor, fugindo de mim como fazia quando éramos Portnoy e a Cabritinha fujona. Uma ideia surge em minha mente quando as portas do elevador voltam a se fechar, e eu percebo que fiquei parado dentro dele.
Pego o celular rapidamente e envio uma mensagem para ela.
“Vamos almoçar juntos. Encontre-me no endereço que lhe enviar.”
Eu não sei o que vai ser daqui para frente. Tenho certeza de que não sou o homem capaz de ir além de umas trepadas e uns orgasmos, sou vazio por dentro, totalmente esvaziado como um animal empalhado, não tenho nada a oferecer além do que já entreguei a ela.
Porém, está na hora de ela decidir se isso é suficiente! Vou colocar as cartas na mesa como sempre fiz em todo envolvimento sexual que tive, e a primeira a ser mostrada será a de Portnoy.
Está na hora de ela saber!
O som estridente do despertador não adiantou de nada nessa manhã, pois eu passei a noite quase toda em claro. Dei apenas algumas cochiladas, sempre com o coração apertado, e quando Happy começou a tocar, eu já estava no banheiro escovando os dentes.
Suspiro ao entrar na minha sala, depois do beijo delicioso e impróprio com Kostas no elevador, e avalio como estou me sentindo. Cheguei aqui, à empresa, confusa, sem saber como agir com ele. O que eu queria fazer? Abraçá-lo assim que o visse e lhe dizer que senti falta de seu corpo junto ao meu na cama. No entanto, sabia que isso era a coisa errada a falar. Não queria bancar a romântica iludida em um envolvimento puramente sexual.
Ele, que sempre chega à empresa antes de mim, não estava na sala, por isso consegui me concentrar no trabalho, ainda que olhasse, de tempos em tempos, para a porta e me perguntasse o que estava acontecendo.
Os dias juntos foram mágicos para mim! Sei que sou inexperiente nessa questão, mas acho que qualquer outra pessoa sentiria o mesmo. Ele foi surpreendente de várias formas, e todas elas, muito positivas. Adorei nossos momentos íntimos, nossos banhos – no chuveiro, banheira, mar e piscina –, a comida saborosa que ele preparou e os passeios.
A casa onde ficamos parecia coisa de filme, toda de madeira e vidro, no alto de uma colina, com vista para o mar. O lugar, pequeno e lindo, estava cheio por ser alta temporada, as praias lindas cheias de pessoas aproveitando o verão, e nós dois na lancha, curtindo o mar gelado longe de tudo e todos.
Konstantinos é um homem lindo demais! Durante o tempo em que passeamos pela famosa rua das Pedras e pelo Centro de Búzios, notei como ele chamava a atenção. Claro, é alto e forte, mas não é só isso! Sua atitude, o jeito de andar, a pele morena e os cabelos escuros em contraste com os olhos azuis, o sorriso... Suspiro ao me lembrar do sorriso que recebi ao acordar ontem de manhã.
Senti a melancolia de ter de voltar para São Paulo, percebi que ele também estava diferente e, quando fizemos sexo, dei-me conta de que era o fim. O jeito como ele me tocou, as coisas que falou no meu ouvido enquanto se movimentava dentro de mim, fizeram-me ter a estranha sensação de que era uma despedida.
Não falei nada, afinal, não tínhamos nenhum combinado sobre o que estávamos vivendo, talvez ele já estivesse saturado desse clima romântico da última semana. Enfim, não questionei, mas também não consegui ser eu mesma. Sentia-me estranha, como se algo apertasse minha garganta.
Quando, há alguns minutos, Millos me chamou à sua sala, sabia que iria me encontrar com Konstantinos. Subi nervosa, tive que respirar fundo várias vezes antes de entrar na sala com meu sorriso de sempre e demonstrar nenhuma reação a ele, embora meu corpo tenha se arrepiado todo apenas com o cheiro de seu perfume no ar.
Eu só não esperava que ele me atacasse no elevador daquela forma, mas também não vou esconder que adorei! Naquele momento o tesão, o desespero dele me deram a certeza de que, independentemente de termos voltado à nossa rotina, o desejo não foi satisfeito.
Ainda queremos um ao outro como antes, ou, arrisco dizer, até mais do que antes.
O telefone vibra na minha mão, e confiro a mensagem que acaba de chegar.
“Vamos almoçar juntos. Encontre-me no endereço que lhe enviar.”
Não entendo nada, achando a mensagem um tanto misteriosa, porém, ainda assim, meu corpo inteiro se agita. Ainda posso sentir o beijo que trocamos há instantes no elevador, a fome de Konstantinos, o jeito que nossos corpos se comunicam fácil, com uma química surpreendente.
“O que você está aprontando?”
Mando a mensagem de volta, mas não obtenho resposta, então deixo o celular de lado e volto para minha mesa, abro o relatório que estava lendo antes de ser chamada à sala do Millos e começo a marcar alguns pontos para Leonardo rever.
O telefone apita uma notificação de mensagem, e, quando abro, vem um endereço estranho, de uma área central da cidade, porém, antes de eu pesquisar o endereço para saber de qual restaurante se trata, recebo outra mensagem:
“Não pesquise, só venha. Estou te esperando!”
Okay! Konstantinos está preparando outra surpresa? Bom, devo confessar que ele tem conseguido me surpreender de verdade com suas ideias mirabolantes, desde a viagem ao Rio de Janeiro a um final de semana na paradisíaca Búzios.
Fecho o navegador do computador, desistindo da pesquisa, e pego a bolsa, animada, louca para descobrir o que aquele maluco aprontou dessa vez!
— Oi! — Leo me detém na porta. — Está de saída? Eu trouxe as informações que solicitou.
— Leo, você é fera! Obrigada. — Sorrio. — Pode deixar na minha mesa, eu tenho um compromisso agora no almoço, mas olho assim que... — Meu telefone toca. Não reconheço o número e, como Kostas está cheio de mistérios, atendo. — Alô?
— Você não se esqueceu de mim, não é? — a voz do outro lado da linha faz meu corpo inteiro arrepiar. — Achei que tínhamos um trato, mas, pelo visto, vou ter que ir até aí te lembrar.
Saio de perto de Leo, tremendo e com o coração disparado.
— Eu não esqueci, só não consegui tudo ainda! — falo baixo. — Não se atreva a vir, não me ligue de novo, não estrague tudo!
Sua risada, rouca e com leve pigarro por causa de anos fumando, embrulha meu estômago.
— Vou te dar mais um tempo, mas saiba que estou de olho em você! Não me obrigue a destruir...
Desligo o telefone, puxando o ar várias e várias vezes, sem encontrá-lo, tentando me recompor e esquecer tudo isso. Eu sei do que é capaz e que pode muito bem cumprir sua ameaça. Sei também que a culpa é minha. Nunca deveria ter feito esse acordo, foi impensado, um momento de raiva, e agora não tenho como voltar atrás. Há muito em jogo, principalmente minha carreira.
— Kika? — Leo toca meu ombro, e eu tento sorrir. — Tudo bem?
— Tudo! — Respiro fundo e arrumo minha postura. — Aporrinhação de telemarketing. Eu morro de raiva!
Leo continua sério por um tempo, mas depois sorri – meio forçado – e concorda comigo sobre as ligações de vendas de produtos. Despeço-me dele e sigo para o almoço com Konstantinos, mas meu corpo ainda treme de nervoso.
Não tem jeito, eu sinto que terei que fazer o que quer, senão as consequências para mim serão muito pesadas e podem pôr todo meu futuro em risco.
O Uber me deixa na rua indicada, e eu confiro o número do restaurante que Kostas me passou. Caminho pela calçada até encontrar, mas estranho o local, achando-o rústico demais para o “tipo” dele.
Bom, penso ao entrar, vai que aqui tem a comida mais saborosa de Sampa, né?!
Um senhor me atende, sem nem mesmo sair detrás do balcão, secando um copo americano e com uma caneta encaixada sobre a orelha.
— Boa tarde! Um amigo marcou de me encontrar aqui para o almoço, o senhor sabe...
— Você é a Kika? — estranho ele saber meu apelido, mas assinto. — Ah! Matilde! — ele grita. — A Kika chegou!
Não entendo nada do que está acontecendo, então pego o telefone e disparo uma mensagem para Kostas.
“Que lugar estranho é esse?!”
Ele visualiza, mas não responde, o que me deixa ainda mais intrigada.
— Olá! Vem comigo!
A tal Matilde aparece, com um avental em sua cintura avantajada, e abre uma porta para um local escuro. Sinto medo e apreensão. Não gosto de entrar em locais assim, mas a sigo e me deparo com uma íngreme escada de madeira.
— Não costumamos atender hóspedes por essa entrada aqui, mas foi o pedido dele! — ela diz apontando para cima e me entrega uma chave com um número. — É só subir e virar à direta.
E simplesmente me deixa sozinha na base da escada, sem entender nada!
“Kostas, eu vou embora! O que está acontecendo?”
Ele finalmente digita:
“Apenas suba!”
Olho para cima e depois em volta, o local antigo, porém, bem limpo, e penso se o advogado não é uma espécie de maníaco que traz suas vítimas para este local escondido para abusar delas e depois dividir seu corpo em pedacinhos, como acontece no livro do Gray que estou lendo.
Rio de mim mesma ante essa possibilidade tão absurda. É o Konstantinos, o homem com quem eu passei um final de semana inesquecível, o diretor jurídico irascível da Karamanlis! É óbvio que ele não iria me atrair até aqui para me estripar e jogar minhas vísceras dentro de um sanitário!
Estou lendo livros de suspense demais!
Subo as escadas e posso ouvi-las rangendo a cada passo que dou. O cheiro de óleo de peroba é intenso, assim como o brilho perigoso em cada degrau e no corrimão. Vou devagar, porque, justamente hoje, decidi calçar sandálias com saltos enormes.
Chego à área de cima, acarpetada, meia parede de madeira e o restante com uma espécie de texturização. Não há quadros, nem ornamentos, é tudo muito sóbrio no corredor.
Olho a chave em minha mão, e o número 202 aparece no chaveiro. Sigo olhando porta por porta, viro à direita, como a senhora me indicou e encontro o número pintado em uma porta de madeira.
Bato à porta, mas ninguém atende.
— Kostas?
Não ouço um som sequer dentro do ambiente, então insiro a chave na fechadura, giro-a e abro a porta devagar.
Uma música baixa chega aos meus ouvidos, um som sensual, cantado quase sussurrado. O quarto também está escuro, mas tenho um vislumbre da cama, paredes com espelho, e, quando entro completamente, estanco ao ver a cena à minha frente como se estivesse em uma espécie de déjà vu.
Um abajur com cúpula vermelha está aceso, sinto cheiro de charuto e, no meio da fumaça e do clima decadente, vejo Kostas sentado em uma poltrona antiga de couro marrom, com um copo na mão e o charuto na outra. Seu paletó está no encosto de uma cadeira, a garrafa de seu bourbon, em cima da mesa, junto ao seu celular, de onde sai a música que enche o ambiente.
Ele põe o charuto no cinzeiro, bebe e se levanta.
Minhas pernas estão trêmulas, pois eu reconheço isso tudo, mas não entendo como ele sabe!
— O que é isso tudo?! — questiono.
Kostas não responde, vem até onde estou e simplesmente me vira de costas, apoiando-me contra a porta de madeira. Beija meu pescoço e esfrega sua ereção contra minha bunda, gemendo em meus ouvidos:
— Isso é a nossa fantasia se concretizando!
Tento entender o que está acontecendo, mas sua mão se insinua por baixo da saia do meu vestido, percorre a distância da minha coxa até meu sexo devagar, firme, e se esfrega contra minha calcinha, tirando-me do ar, cheia de desejo, a pele arrepiando, os mamilos sensíveis e duros contra o tecido do vestido. Gemo quando sua boca se arrasta pela minha nuca e pescoço, a barba arranhando todo o percurso até minhas orelhas, e ouço sua respiração excitada, seus dentes raspando o lóbulo, seus lábios sugando-a com o mesmo ritmo com que chupa minha boceta.
— Isso é sobre o seu prazer! — Afasta a calcinha e me toca diretamente sobre a pele. — Isso é sobre o quanto te dar prazer me dá prazer. — Gemo quando sua língua contorna meu maxilar. — Isso é sobre sua boceta molhada na minha mão e o quanto estou louco para que seja minha boca a sentir essa umidade toda, a quentura e o sabor do seu tesão.
Ele prende meus cabelos com a mão e, com um só puxão, arrebenta minha calcinha, que fica embolada entre meus pés. Não consigo mais raciocinar, nem mesmo questionar como ele sabe sobre essa fantasia que habita meus sonhos eróticos há anos.
— Diz o que você quer! — Seus dedos entram em mim, e fecho os olhos, gemendo. — Minha boca sugando seus lábios inchados de desejo, consumindo desse líquido que está pingando da sua boceta? Quer que minha língua te foda como meus dedos estão fazendo ou que ela se concentre em agitar seu clitóris até te fazer urrar de tanto gozar?
Seu polegar massageia meu clitóris sem parar, enquanto seus dedos me fodem com força. Minhas pernas estão bambas, mal consigo me manter equilibrada em cima dessas altíssimas sandálias, e ele é quem me dá todo o suporte para que eu não me desfaça de tesão.
— Me diz! — Sua mão sai de mim. Sinto movimentos brutos, e de repente a cabeça quente de seu pau desliza entre meus lábios, esfrega-se em meu clitóris, encharca-se na minha entrada e se insinua no meio de minhas nádegas. Tudo o que consigo fazer, ainda imobilizada por ele contra a porta, é gemer alto. — Peça o que quer que eu faça. Como quer que eu te coma. — Ele geme ao se masturbar me masturbando. — Não vou te comer! Vou te engolir, Wilka, vou te deglutir devagar, misturando você em mim.
— Kostas... — gemo e tento olhá-lo. — Me fode agora!
Meu tom de ordenança o faz rugir entredentes, e, sem que eu faça mais nenhum movimento, ele se abaixa, e seu pau me preenche até o fundo, expandindo meu canal, preenchendo cada espaço dentro de mim.
Ele se movimenta freneticamente. A cada estocada forte, ouço a porta ranger e temo que as dobradiças não aguentem as pancadas que nossos corpos juntos desferem contra a madeira. Gemo, braços abertos, mãos espalmadas, rebolo com ele, suo com ele e me sinto sendo levada por uma corrente de pura energia sexual.
— Isso! — ele geme quando soco minha bunda contra seus quadris. — Me come assim, rebola gostoso!
Sinto o tapa na nádega direita assim que me afasto e volto com mais força, seu pênis pulsando dentro de mim, levando-me à loucura. Não penso em mais nada, meu corpo age instintivamente, buscando o prazer, usando-o para chegar aonde quer, um desespero de gemidos, risadas e carícias brutas.
Kostas me enlaça pelo tronco e me ergue, ainda enterrado em mim. Caminha até a mesa e me apoia nela, deitando meu torso sobre o tampo, minha cabeça batendo contra a garrafa de bourbon.
Suas mãos seguram e firmam meus quadris, e ele se movimenta devagar, entrando e saindo, nossas lubrificações juntas fazendo um barulho totalmente excitante. Seguro na borda da mesa redonda, delirando a cada movimento.
— Preciso do seu gozo! — ele sussurra com voz rouca. — Estou com fome do seu orgasmo!
E, sem dizer nada, sai de mim e se ajoelha, abocanhando meu sexo sem nenhuma delicadeza, chupando-o com força antes de me penetrar com sua língua safada.
Era tudo o que eu precisava para explodir, tremer e gritar. Agito meus quadris, usando seu rosto todo para intensificar o orgasmo. Kostas usa apenas a língua agora, mantendo-a para fora e dura, enquanto eu me esfrego contra ela.
— Caralho de mulher gostosa! — ele diz assim que se levanta e me carrega para a cama.
Ainda não consigo parar de tremer, sentir pequenos choques pelo corpo, a visão turva de prazer, a pele pegajosa. Tenho espasmos quando ele volta a me penetrar, agora em cima de mim, tomando minha boca na sua com frenesi, segurando minhas pernas para o alto a fim de conseguir ir tudo o que pode na minha boceta.
— Nada se compara a isso! — Kostas geme me olhando. — Porra, nada!
Minha vagina se contrai, e outro gozo entorpece meu corpo, e eu grito, puxo os lençóis da cama e me entrego totalmente à sensação maravilhosa e intensa. Kostas se retira, puxa-me para me sentar e fica em pé na cama.
Ele se masturba de um jeito delicioso, olhos fechados, cabeça para cima, bufando de tesão. Não resisto, fico de joelhos e o abocanho no exato momento em que sua porra começa a jorrar, recebendo gota por gota em minha garganta, engolindo lentamente seu prazer.
Olho-o, lambo os lábios e sorrio.
— Puta que pariu, Cabritinha! Foi melhor do que eu imaginei que seria.
Meu sorriso morre, meu coração disparado por conta da trepada parece falhar uma batida, e eu arregalo os olhos.
— Do que você me chamou?
Ele se senta na cama, ofegante, e sorri.
— De Cabritinha, minha Cabritinha fujona!
Não! Levanto-me da cama cambaleante, e ele pula para me segurar. Afasto-me dele, sem entender nada, repelindo seus braços, tentando achar alguma solução lógica para o que está acontecendo.
Eu não tenho nenhuma das mensagens salvas, a conta no aplicativo já foi cancelada, não há rastro algum que eu tenha deixado para que ele conseguisse, de alguma forma, ter acesso às minhas conversas com...
Olho-o lívida, negando com a cabeça, mas o vejo sorrir, dar de ombros e assentir.
— Sim, era eu.
Fecho os olhos e ponho as mãos na cabeça, sentindo tudo rodar. Como é possível?!
— Não pode ser... — nego, sentindo meu estômago revolto. Abro os olhos para encará-lo, mas, antes que eu pergunte diretamente, ele mesmo me confirma.
— Eu sou o Portnoy, Caprica.
Meus ouvidos apitam, o quarto roda, e sou vencida pelo meu pior inimigo: a escuridão.
Eu imaginei vários desfechos para quando revelasse a Wilka que era o homem com quem passou mais de um ano trocando mensagens em um aplicativo de sexo. Em nenhum deles previ o que acabou acontecendo. Em todos os cenários, ela reagiria de alguma forma questionadora, sendo que, no mais positivo, iria rir, não acreditando na coincidência, e, no negativo, iria me xingar e dizer que nunca mais queria que eu encostasse nela.
Bufei nervoso, pensando que talvez devesse ter tido mais cuidado ao contar para ela, ter ido devagar, dando pistas, não ter feito isso no calor do momento, pouco depois de termos feito sexo tão intensamente como fizemos. Ela não estava pronta para ouvir, e nem eu para falar, por isso acabou dando aquela merda toda.
Por pouco Wilka não foi de cara no chão quando eu disse a ela que eu era o Portnoy. Tive que ter bom reflexo para pegá-la antes que caísse e a levei para a cama. Não sabia o que fazer ou como agir, só fiquei com ela em meus braços, chamando por seu nome e a sacudindo de leve. Então, como se tivesse um insight, tive a ideia de colocá-la debaixo do chuveiro. Tirei suas roupas e sandálias, despi-me e a coloquei sob o jato d’água. Aos poucos, ela foi voltando à consciência.
Sentei-me ao lado dela no chão do boxe, os dois nus, ensopados. Kika parecia um tanto desnorteada, e eu estava tremendo de medo e de nervoso pela reação dela à minha revelação.
— Isso... — ela começou, mas então parou. Ficou uns segundos em silêncio, sem me olhar e então continuou — é verdade? — Olhou-me. — Eu entendi certo?
Assenti. Ela baixou a cabeça e fechou os olhos.
— É surreal demais para ser verdade! — sua voz descrente me fez rir, porque eu mesmo achava tudo aquilo inacreditável. — Há quanto tempo você sabe disso? — Abri a boca para falar, mas ela disparou outra pergunta: — Você sabia que era eu desde o começo?
— Não. — Tentei segurar seu rosto para que ela me olhasse, mas repeliu meu toque. — Descobri há pouco tempo. — Tentei sorrir, mas o clima estava tão pesado que não deu. — Fiquei tão espantado quanto você e...
— Quando? — Finalmente me olhou, mas seu olhar transparecia tanta desconfiança que, mesmo debaixo da ducha de água morna, senti meu corpo gelar. — Quando foi que você descobriu?
Respirei fundo e pensei bem nas palavras que usaria para contar a verdade, porque eu não iria mentir, mas também não queria trocar os pés pelas mãos como quase sempre acontece quando falo com ela.
— Os conselhos que te dei. — Sorri de leve. — Eu nunca poderia imaginar que estava aconselhando alguém contra mim mesmo, e, quando você fez referência ao que te disse online, eu soube. A bem da verdade é que não entendi como não soube antes, mas acho que eu presto tão pouca atenção a alguns detalhes que não consegui ligar um ponto ao outro.
— Você quer dizer que não prestava atenção em mim antes de descobrir que eu era a mulher das suas fodas virtuais. — Neguei, mas ela não me permitiu falar: — Logo depois daquele dia da reunião, tudo mudou, Kostas. Você me deixou trabalhar em paz, depois impôs sua presença na minha sala e começou com seu joguinho de provocação. — Ela arregalou os olhos. — Eu contei a você que estava atraída por você mesmo! — Kika se pôs de pé, e eu fiz o mesmo e tentei segurá-la, preocupado com seu equilíbrio após o desmaio. — Você deve ter rido muito de mim!
Foi nesse momento que eu percebi que ela estava levando tudo para o lado errado e que, se eu ficasse calado, seria pior. Então a segurei firme pelos ombros e tentei explicar da maneira mais clara possível.
— Não! Não ri. Eu fiquei desesperado no começo, cheguei até a cancelar a conta no Fantasy, porque já havia me sentido atraído por você, pela gerente irritadinha que me tirava do sério, e eu não queria envolvimento. Eu não faço isso! — Apontei para nós dois juntos. — Eu nunca fiz isso antes!
— Mas, quando soube que eu era a Caprica, quis fazer, não foi? Eu não sou ela!
— Eu sei! — falei um pouco mais alto que o normal e a senti se retesar. Busquei ar e me acalmei, baixando a voz: — Eu sei. No começo, eu via em você a mistura das duas. Você, Wilka, me excitava com seu jeito, me enchia de tesão com seu corpo, seu modo de vestir, e a Caprica era a minha musa, a ninfa do sexo, com quem eu achava que tinha afinidade total na cama, mesmo sem nunca ter trepado com ela. Sim, no começo eu vi vocês duas, mas isso durou até nossa primeira vez lá no seu escritório.
Senti seus músculos trêmulos.
— Descobriu que eu era uma mentirosa e saiu correndo.
Ri e neguei.
— Fiquei surpreso, sim, mas não saí de lá por isso. Eu fiz questionamentos sobre o motivo pelo qual você mentiu sobre sua vida sexual, mas não me fixei nisso, porque já não importava. — Senti um bolo na garganta. Nunca estive tão exposto a alguém como estava com ela naquele momento. — Eu segui você àquele seu encontro, não a fantasia de uma mulher que sabia tudo de sexo. Eu trepei com uma inexperiente naquela noite; eu me dediquei ao seu corpo para nunca mais te machucar, porque não era mais a Caprica ali comigo, era você, Wilka Maria. A partir do momento em que tive você, a fantasia se desvaneceu, pois descobri que a realidade era muito melhor!
Wilka soluça, e eu a abraço forte contra meu corpo.
— Por que demorou tanto para me contar? — sua voz saiu abafada, mas consegui ouvi-la.
— Eu não sabia como contar e nem se devia.
— Então por que contou? Por que fez tudo isso hoje? Por que ressuscitou Caprica e Portnoy?
Essa era a pergunta que eu temia que ela fizesse desde quando começáramos a conversar. Era hora de dizer a ela quem eu era, como eu era e como o que estava acontecendo entre nós seria para mim.
— Porque eu jogo limpo. — Ela se afastou para me encarar. — Porque sempre fui sincero sobre o que queria ou não queria. Nunca trepei com conhecidas, nunca tive um caso, um relacionamento fixo e, muito menos, estável. Há anos só faço sexo com prostitutas, porque entendi que era o melhor e o mais sincero a se fazer. — Kika se afastou ainda mais de mim, puxando uma toalha que estava dobrada em cima da pia, e se enrolou nela. — Você é diferente, não sei o motivo, mas é. Eu não posso oferecer nada além disso — aponto meu corpo para ela — porque não tenho nada além disso. Eu quero... não, eu preciso de você, mas não posso prometer nada além do prazer que sentimos juntos. Eu seria cruel se deixasse você pensar que esse envolvimento entre nós pudesse se desenvolver. Não pode, Wilka, não vai, eu não sou capaz disso.
— Você me contou, então, porque queria que eu soubesse de tudo e fizesse a minha escolha sobre querer ou não o que você pode me oferecer?
Concordei.
— Eu estou me permitindo viver essa nova experiência com você, e isso já é um passo enorme que dou, mas não posso ser irresponsável e te iludir, não vou fazer isso. — Apontei para meu peito. — Aqui não tem nada, nunca teve e nunca terá. Não sei o que é afeto, nunca o senti por ninguém.
— Triste, isso — Wilka disse baixinho. — Eu sinto tanto que chega a transbordar; tanto que preciso dividir, compartilhar e doar. Não imagino como seja passar uma vida sem conhecer o carinho, o afeto e o amor.
Ela deixou a toalha de volta na pia e entrou no quarto. Eu a segui, ainda molhado, fazendo poças no chão, e a acompanhei vestir o vestido, procurar a calcinha, descartá-la quando viu que não tinha como usá-la e calçar as sandálias.
Meu coração parecia querer sair pela boca, e o bolo que começara a se formar em minha garganta cresceu tanto que eu já não conseguia falar.
— Você acha que me falar todas essas coisas impedirá que eu sinta algo por você? — Ela riu, balançando a cabeça e pegou a bolsa. — Esse tipo de conversa só te serve como desculpa; primeiro, para sua consciência, caso eu venha a me apaixonar, e, finalmente, para o seu medo, pois te ajuda a continuar fechado, sem arriscar abrir o peito e sofrer. — Ela pôs a mão na maçaneta e me olhou. — Eu não sei fazer nada pela metade, Kostas. Nunca me apaixonei por ninguém e pode ser que nunca venha a me apaixonar, mas não é porque eu tenha meu coração fechado para a possibilidade, apenas porque nunca aconteceu. No entanto, quando acontecer, não vou ter medo e, mesmo se não for correspondida, saberei que sou capaz, e isso me fará ter esperança de um dia encontrar alguém que sinta o mesmo por mim. Eu não fecho as portas, elas estão abertas, qualquer um pode entrar, mas só alguém muito especial saberá permanecer.
E, com essas últimas palavras, saiu para o corredor e me deixou sozinho dentro de um quarto frio de hotel, tremendo, gelado e me sentindo infinitamente só.
Não voltei para a Karamanlis, tirei meu carro da garagem do prédio e dirigi por horas, pensando em tudo o que ela me disse, tentando avaliar o que senti. Cheguei a casa já havia anoitecido, comi qualquer coisa que tinha na geladeira, tomei um banho e me joguei no sofá, computador ligado, trabalho atrasado e a cabeça a mil, e, mesmo após algumas horas, continuo assim.
Olho para o celular ao meu lado. Tenho feito isso de tempos em tempos, pensando em ligar para Wilka ou lhe mandar uma mensagem, mas não tenho coragem. Não sei o que dizer.
De repente o aparelho acende, e o som de chamada recebida ecoa alto pelo home office.
— Alô! — atendo ao número desconhecido.
— Você tem me ignorado, e eu me pergunto o que você tem que, de repente, depois de meses de assédio, perdeu o interesse em mim.
Respiro fundo, reconhecendo a voz de Viviane Lamour.
— Você se valorizou demais, Vivi! — Rio, sarcástico. — Consegui algo muito bom sem sua preciosa ajuda.
Ela ri.
— Aposto que sim! Bom, eu não deveria, mas acho que devo lhe falar. — Rolo os olhos, entediado, duvidando que seja algo relevante. — Theodoros está apaixonado!
Levanto-me rapidamente do sofá, assustado demais com a notícia.
— Valentina? — questiono sem acreditar.
— Não — Viviane soa amarga. — Maria Eduarda Hill. — Volto a me sentar ao ouvir o nome, estarrecido demais para me sustentar de pé. — Valentina foi dispensada e deve estar lambendo as feridas bem longe. Eu dei um tiro no pé, mas já tenho um Judas para carregar a culpa.
— O que você fez? — pergunto curioso.
— Mandei Valentina para a Grécia atrás do Theo, e ele a dispensou. Era o teste final para eu saber o quanto estava envolvido com a ex-dona do boteco.... Você sabia que ela vendeu o bar?
— Sim, mas como é que você soube?
— Foi o que eu soube quando fui até lá para esfregar a revista com a notícia do noivado de Theo e Valentina em sua cara.
Faço careta, confuso.
— Ele não tinha dispensado sua amiga?
— Comprei a notícia. — Ri. — Mas fiz parecer que foi Valentina quem o fez.
Tampo a cara com a mão, imaginando o tipo de mulher burra com quem me associei para derrubar Theodoros. Que idiota! Agora, quando meu irmão voltar ao Brasil e descobrir sobre a revista, vai caçar quem foi responsável e descobrir fácil que tem o dedo de sua querida amiga.
Idiota!
— Bom, isso foi uma jogada bem burra de sua parte, contudo, já não me interessa. Não preciso de sua ajuda, e a notícia de que Theo está apaixonado por Duda Hill corrobora ainda mais meus argumentos contra ele.
Viviane ri.
— Talvez eu tenha algo muito promissor que estava deixando para um momento mais oportuno. — Ela sussurra em seguida: — Uma certa conta no exterior que ele não vai ter como explicar, a não ser que admita sua sociedade comigo.
Puta que pariu! Abro um enorme sorriso, pensando na possibilidade de entregar mais essa prova ao Conselho e, mesmo sabendo que em uma auditoria o assunto será esclarecido, levantar dúvidas sobre um possível caixa dois de Theodoros na empresa.
Interesse particular acima do da empresa e caixa dois proveniente de propina e desvios: o suficiente para desgastar a imagem do meu irmão e fazer a todos se lembrarem de como a empresa sofreu com os escândalos de Nikkós e o afastarem da diretoria executiva.
— Quanto você quer por esses documentos?
Viviane gargalha agora e dá uma ronronada que me embrulha o estômago.
— Eles ainda não têm preço, mas vou pensar em um. E prepare-se, não será barato, não depois das ofensas e do desinteresse! Boa noite!
— Filha da puta! — xingo-a quando a ligação é terminada.
Começo a andar de um lado para o outro, sentindo a proximidade da queda de Theodoros cada vez mais real. Sinto-me prestes a cumprir minha missão, minha vingança, e livrar a todos nós da presença e liderança espúria dele.
Paro, mesmo em meio à minha animação, e olho para os exemplares de T.F. Gray que tenho, lembrando-me imediatamente de Wilka. A excitação pela queda de Theodoros perde todo a força quando penso que posso tê-la perdido, e eu percebo que não estou pronto para deixá-la ir assim, não ainda.
Preciso fazer algo!
Portnoy e Konstantinos são a mesma pessoa!
Essa foi uma das coisas que martelaram em minha cabeça o resto do dia enquanto eu trabalhava – ou tentava – nos relatórios que Leo deixou para que eu lesse e aprovasse.
Não havia chance de eu me manter concentrada sem que divagasse sobre a coincidência da situação, bem como sobre o que ela significava. Por mais que eu houvesse mentido sobre minhas experiências sexuais, fui sincera com ele e creio que, seguro pelo anonimato, Kostas tenha sido sincero comigo também, embora tenha aumentado seu cargo.
Eu achava que havia me sentido atraída sexualmente por duas pessoas até hoje; agora descubro que não. Sempre foi ele!
Acredito no que me falou sobre Caprica ter deixado de existir depois daquela noite tensa da nossa primeira vez. Portnoy sumiu, mudou e se recusou a me encontrar. Agora entendo o motivo. Deixamos a fantasia para realizarmos juntos nossos desejos.
Então, se eu acredito nele, e ele disse que me queria, por que estou pensando em me afastar? Simples! Eu não posso – e nem quero – proteger meu coração, como ele pediu que eu fizesse com aquele discurso de: “é só isso que tenho a te oferecer”.
Não existe isso! Nenhum relacionamento começa com garantia de evolução ou de duração. Pode ser intenso e rápido; pode ser longo e morno; e pode ser intenso e durável. O que faz ou não que algo dê certo é o comprometimento das pessoas, bem como o sentimento que nasce.
Eu sei disso porque já tentei amar uma pessoa, quando comecei a namorar, mas não consegui. Eu me esforcei, me doei, mas não aconteceu, então sei que amor não é uma ciência exata, não depende de fórmulas e variáveis, é muito mais do que isso!
Se ele tivesse me proposto deixar rolar, seria muito mais aceitável do que vir até mim com uma verdade absoluta de “não vou me apaixonar, então contenha-se ou se ferre sozinha”. Isso não muda quem eu sou e nem como me sinto. Não adiantam avisos; se meu coração quiser, ele sentirá, e eu não o impedirei.
A conversa dele só serviu para me deixar alerta, para avaliar se eu quero estar com alguém que, mesmo sendo espetacular na cama, já se impõe não sentir. Eu quero a “normalidade”, quero ir conhecendo, aproximando-me, até que possamos julgar o que sentimos, não que alguém já venha com uma cartilha.
Eu poderia me apaixonar pelo Kostas, talvez até já esteja. Contudo, depois do que ele me disse, achei por bem resguardar meu coração, e, como isso não é algo que eu goste de fazer, é melhor cortar de vez toda e qualquer proximidade pessoal.
Trabalhamos juntos, teremos que nos respeitar, e só.
Penso na ligação que recebi logo cedo e que voltou a ocorrer depois que cheguei a casa e imagino a reação dele. Estremeço só com a imaginação e deixo de me lembrar disso, principalmente porque dessa vez fui esperta e não atendi o telefone não identificado.
Com tantas coisas preocupantes na cabeça, nem senti fome. Não almocei, não lanchei e nem jantei. Tudo o que eu queria era tomar um banho bem quente e me deitar abraçada com o Kaká.
Foi isso que fiz, mas de nada adiantou, pois estou na cama há horas, virando-me de um lado para o outro, pensando nas palavras de Kostas, tentando entender o motivo pelo qual ele é assim, imaginando a tristeza que foi ter passado a vida inteira sem ter conhecido o afeto e o amor.
Esfrego meu pé no pelo macio do Kaká, e ele geme e se vira para que o carinho seja em sua barriga.
— O que será que o deixou assim, Kaká? — pergunto, pensando com tristeza no que Konstantinos me disse. — Eu sei que os Karamanlis são estranhos, mas nunca imaginei o Konstantinos tão carente, e ele é. — Kaká geme ao ouvir o nome e vem em direção ao meu rosto, por baixo do lençol. — Vou te contar um segredo: acho que aquele jeito dele é uma defesa. Sabe aquela música do Marcelo Camelo que eu vivia cantando? — O yorkshire inclina a cabeça para o lado como se tentasse lembrar. — Acho que se encaixa perfeitamente na definição do Kostas!
As estrofes de Cara Valente se reavivam em minha cabeça, e eu concordo com tudo o que a canção diz. A visão do homem arrogante, esnobe e frio começa a ruir e a dar lugar a alguém que sente medo de se entregar, de sentir e de receber desprezo em troca.
O interfone toca, e eu gelo na cama.
Não é possível que tenha vindo até aqui para me ameaçar!, penso, imaginando que eu tenha errado ao ignorar a chamada não identificada há alguns minutos e que, por isso, tenha vindo pessoalmente atrás de mim.
Levanto-me da cama e pego o fone para falar com o porteiro de plantão.
— Oi, Joca!
— Não é ele — a voz de Konstantinos me arrepia toda, e eu olho para o relógio da cozinha e confirmo que já é de madrugada. — Posso subir?
Sinto-me tão surpresa que levo um tempo para processar a pergunta que me fez.
— O que você quer?
Ele ri, sem sarcasmo ou ironia.
— O que eu não quero seria uma pergunta melhor, Wilka Maria. — Meus pelos todos se arrepiam ao ouvi-lo falar meu nome completo. — Eu não quero ficar do lado de fora, nem do seu apartamento e nem da sua vida.
Definitivamente eu não esperava ouvir isso! Não depois de todo aquele discurso no hotel. Konstantinos tem o poder de me deixar confusa, de me surpreender agindo da maneira que menos espero que aja.
— Passe o interfone para o Joca, Konstantinos — peço, e ele suspira.
— Boa noite, dona Kika! Me desculpa, mas ele insistiu...
— Tudo bem, Joca! Pode deixá-lo subir.
Ele me deseja boa noite de novo, e o ouço dizer ao Kostas o número do meu apartamento – como se ele já não tivesse estado aqui antes –, pois nunca veio no turno do Joca.
Olho para meu pijama, uma camisa de malha antiga, fininha e fresca, e dou de ombros. Ninguém mandou que ele viesse sem avisar!
Abro a porta assim que ele bate e prendo o fôlego ao vê-lo de calça jeans e uma camisa de malha preta simples com a inscrição do nome da banda Led Zeppelin em cinza escuro, as pulseiras de couro – que já notei que é uma mania dele – aparecendo em seu punho esquerdo.
— Oi! — cumprimento-o.
— Oi! — Ele sorri, mas olha para baixo. Kaká está pulando em suas pernas, e ele franze o cenho para o meu cãozinho. — Pelo menos alguém parece feliz em me ver.
Gargalho ao pegar meu bichinho no colo, liberando a passagem para ele entrar no apartamento. Levo Kaká para sua caminha, mesmo sabendo que ele não irá ficar por lá. Volto a olhar para meu visitante. Sinto-o um tanto constrangido, sem saber como começar o assunto.
— Quer beber algo? — questiono indo para a cozinha com a intenção de fazer café.
— Tem bourbon? — ele indaga. Eu rio e nego. — Água?
— Vou fazer café, quer também? — ofereço assim que encho um copo de água gelada e o ponho sobre o balcão.
— Quero você — ele declara, e eu congelo com a cápsula da cafeteira na mão. — Não vim beber ou tomar café, embora admita que a água vá ajudar, porque estou com a garganta seca — dito isso, toma um longo gole. — Eu sou, sim, Wilka Maria, um homem sincero, pelo menos com relação às interações sexuais que já tive até hoje...
Suspiro e balanço a cabeça negativamente.
— Nós já falamos sobre isso, Kostas. Eu ouvi tudo o que você me explicou, mas...
Eu não havia percebido que ele tinha se aproximado de mim, por isso tenho um pequeno sobressalto quando ele toca meu rosto e me faz olhá-lo.
— Eu não vim aqui reforçar o que te disse mais cedo.
— Não?
Ele sorri, e aspiro profundamente, sem fôlego, diante de sua beleza e seu magnetismo.
— Não, eu vim dizer que eu quero você. Nunca estive em uma situação minimamente parecida com essa, não sei se consigo ser mais do que eu sou, mas estou disposto a tentar, a deixar acontecer, como você disse que faria. — Kostas bufa. — Posso fracassar, te decepcionar, te...
Coloco a mão sobre sua boca, impedindo-o de falar.
— Aí é que está o erro. Vamos viver um dia de cada vez, sem pensar no futuro, sem pensar se dará certo, se irá evoluir ou qualquer outra coisa. — Eu rio nervosa. — Não pense que é fácil para mim, uma capricorniana que gosta de tudo planejado e que faz projeções de vida para daqui a uma década. — Kostas ri comigo. — Mas nenhum relacionamento tem garantia de sucesso, isso não existe, o que faz diferença é o quanto você é capaz de se entregar, de tentar, de querer.
Ele se curva e encosta a testa na minha.
— Você é magnifica, Wilka Maria. Seu jeito otimista de ver a vida, mesmo com os pés no chão, me faz lembrar alguém do meu passado.
Isso me surpreende.
— Quem?
Kostas ri, dá de ombros e me abraça.
— Um certo garoto que conheci antes de vir morar no Brasil, que, mesmo com uma vida fodida, não perdia a esperança.
Seu semblante fica triste de repente, mas logo ele se fecha e assume seu rosto inexpressivo de sempre. Se Kostas realmente quer tentar, precisará me deixar entrar, conhecê-lo além da superfície.
— O que houve com ele? — inquiro, não o deixando encerrar o assunto.
— Morreu — sua voz não tem nenhum sentimento, apenas resignação, e sinto meu coração apertar. — Nem todo mundo tem um final feliz escrito em sua história.
Respiro fundo e concordo, lembrando que uma vez li uma entrevista de T.F. Gray em que ele dizia o mesmo quando questionado sobre o motivo pelo qual suas histórias nunca têm finais comuns ou felizes, pois ele sempre dá um jeito de enganar o leitor e criar um desfecho inesperado.
— Ainda estou engasgada com a história do Portnoy — cobro-o, e ele ri. — Foi realmente coincidência?
— Foi! — Gargalha. — Ou você acha que eu ficaria dando conselhos para foder minha bunda como os que dei para você? — Concordo. — Eu admito que deveria ter te dito a verdade quando nos envolvemos e sempre tive essa intenção, porém, depois que eu soube que era virgem e...
— Me julgou uma mentirosa profissional, quis me avaliar — complemento.
Konstantinos me beija suavemente, roçando a boca na minha, respirando junto a mim, mas sem realmente aprofundar a carícia.
— Eu não vejo mentira em você, Wilka, mesmo depois de ter descoberto que a mulher que me fez gozar como um adolescente para a tela do celular era virgem. — Ele me olha. — Eu sou um bom julgador de caráter, dificilmente me engano e não vejo qualquer dissimulação em você. Eu só queria entender o motivo pelo qual...
Antes que ele pergunte algo que eu não estou pronta para responder, pelo menos não sem inventar desculpas, agarro-o pela camisa e meto minha língua em sua boca, praticamente pulando em seu colo. Kostas retribui o beijo com sofreguidão e caminha em direção ao meu quarto, levando-me empoleirada em seu corpo.
— Adoro o jeito que essa camisa marca seu corpo — diz enquanto suas mãos passeiam pelas minhas curvas por cima da malha fina. — A hora em que abriu a porta, tive que reunir todas as minhas forças para não te agarrar e te trazer até aqui. — Coloca-me na cama. — A forma como seus peitos ficam nela, seus bicos duros parecendo que querem furá-la... porra, você fica gostosa pra caralho! — mal acaba de falar e começa a sugar meus seios, um de cada vez, por cima da camisa, e suas mãos abaixam lentamente minha calcinha para ter acesso ao meu sexo.
— Isso! — gemo quando ele esfrega sua enorme mão entre minhas coxas, buscando com o dedo médio a entrada já úmida à sua espera.
A palma de sua mão se movimenta, estimulando meu clitóris conforme o dedo entra e sai rapidamente, explora meu canal vaginal inteiro e fode em desespero, bem lá no fundo, fazendo-me envergar o corpo de tesão por causa do efeito conjunto de sua boca e seu dedo.
— Diz para mim o que você quer... — geme ainda com a boca sobre o tecido molhado da camisa em cima dos meus seios. — Fala comigo como você fazia no aplicativo.
Gemo alto, e ele suspende a peça que me cobre e balança meus mamilos com a ponta da língua.
— Diz!
Fecho os olhos e deixo a mente vagar, concentrada nas sensações e no desejo que sinto por ele.
— Quero que você me chupe até que eu goze na sua cara, depois, me ponha de quatro e me foda como fez lá no hotel, sem nenhum controle, fazendo-me sua por inteiro.
Imediatamente sinto as pernas sendo afastadas. Sua boca se arrasta sobre minha pele, passando pelo abdômen até chegar à virilha, e, quando se fecha sobre minha boceta, eu quase me sento na cama, tamanho prazer.
Adoro a sensação que o sexo oral me causa. Nada, nenhum brinquedo que tente imitar isso pode chegar perto do que é ter um homem entre suas coxas, dedicando-se ao seu sexo como um adorador, lambendo, sugando, acariciando, exigindo do seu corpo a bênção do orgasmo para que ele possa beber como um sedento.
Kostas é o único que me proporcionou esse prazer até hoje, e eu estou muito satisfeita por ter esperado 30 anos para fazer isso, pois acredito que não existe pessoa mais capacitada que ele para extrair de mim até a última gota do meu tesão.
— Adoro sua boceta! — Lambe-a devagar, como num ritual de tortura. — Gosto da forma, da textura, do cheiro, do gosto... — Rio sem jeito com isso, mas ao mesmo tempo excitada. — Tenho vontade de me lambuzar inteiro nela!
De repente se levanta com um sorriso malvado e se deita ao meu lado.
— Vem aqui! — ele chama já abrindo a calça jeans, empurrando-a, juntamente à cueca, para o chão. — Vem!
Olho para seu pênis – a verdade é que, toda vez que o vejo, fico um tanto hipnotizada com a perfeição, o tamanho e a circunferência – e imagino que ele queira que eu me sente sobre ele.
— Não! — Ele me para. — Vire-se, se ajoelhe com minha cabeça entre suas pernas e se deite sobre mim até alcançar meu pau. Enquanto você rebola no meu rosto, quero te sentir mamando meu pau.
Chego a estremecer só de pensar e não perco tempo em realizar o que ele me pede, pensando que, mesmo com a diferença de tamanho, sempre conseguimos realizar o intento quando fazemos 69, e começo a rebolar como me pediu, esfregando minha boceta por toda sua cara, sentindo sua barba arranhando meus lábios, estimulando meu clitóris, e seu nariz, de vez em quando, esgueirar-se entre meus lábios, roçando a entrada da minha vagina.
Enlouquecida, tento engolir seu pau o máximo que consigo, mas rio ao não chegar nem à metade. Gemo tanto que não consigo sugá-lo por muito tempo, então passo a lambê-lo na cabeça, na extensão de seu comprimento, até as bolas.
— Porra! — Kostas dá um tapa na minha bunda e balança meus quadris com força contra seu rosto. — Esfrega essa boceta gostosa na minha cara, Cabritinha!
Rio por ele me chamar desse apelido e o chupo com força, recebendo o mesmo tratamento sobre meu clitóris, explodindo em gozo sobre ele, tremendo em espasmos de prazer, ofegante, gritando, e ele não para um segundo de chupar.
Ainda trêmula, sou içada de cima dele como se não pesasse nada, colocada de quatro na beirada da cama sobre três dos meus travesseiros. Espero a estocada firme da penetração, mas sinto sua língua safada brincando em meu ânus, o que me faz travar os dentes e gozar de novo apenas com a sensação.
— Caralho, é impossível!
Seu pau preenche minha boceta, socando como louco, sem nenhum controle, como pedi. Para aumentar a intensidade, ele segura firme meus quadris e, quando entra com força, ainda me puxa contra seu corpo. Sinto-o bater dentro de mim, tocar uma área sensível e inexplorada até então, que arrepia toda minha pele, faz-me retesar os músculos e gemer diferente a cada vez que rebola.
— Gosta assim? — pergunta sem fôlego. — Ou assim?
Ergue-se mais, empinando minha bunda, inclina-se e segura em meus ombros, travado profundamente dentro de mim, e só rebola curto. Ouço-o cuspir, e em seguida insinua seu polegar em minha bunda, entrando e saindo.
Puta que pariu!, penso quando a sensação diferente se torna cada vez mais forte, e eu penso que ele pode ter descoberto o que alguns dizem ser o tal ponto G. É inebriante, traz sensação de dor ao mesmo tempo em que é incrivelmente prazeroso, aquece e esfria meu corpo, arrepia minha pele, os pelos de minha nuca, e, de repente, sinto uma onda me atingir, concentrando-se na base da minha coluna, inundando tudo dentro de mim.
Kostas começa a xingar, e sinto líquidos escorrendo pelas minhas coxas. O polegar, que antes só se insinuava, está todo enterrado em meu interior, e ele rosna entre os dentes, tremendo, desabando sobre mim e socando o colchão.
Encolho-me inteira, deitada de bruços, praticamente convulsionando, e o sinto do mesmo jeito ao meu lado.
— Mas que porra deliciosa foi essa?! — Ele gargalha e tira o cabelo que está grudado em meu rosto suado para me olhar. — Eu achei que ia ter um infarto gozando!
— Ainda bem que não teve; sem condições nenhuma de chamar o SAMU, só se for para me resgatar!
Ele ri e beija minha testa, puxando a camisinha lotada.
— Você ejaculou, porra! — arregalo os olhos ao ouvi-lo dizer isso. — Eu queria muito ter sentido isso na minha pele! Vou fazer exames e, se você topar tomar algo...
Levanto-me, ainda sentindo choques sobre meu clitóris, e o encaro assustada.
— Você quer fazer sexo sem preservativo?
Ele ri.
— Não é como se já não o tivéssemos feito, não é? Coito interrompido é perigoso! — Concordo. — Sim, eu gostaria de poder foder você pele a pele. Nunca fiz antes, apenas com você, e quero ir até o fim, quero gozar com você.
Uau!
Não sei o que dizer!
A ficha de que estamos nos relacionando mesmo parece não ter caído.
— Seremos parceiros fixos e únicos? — indago ainda confusa.
Kostas assente.
— A ideia de viver a experiência não é essa? Ser como um casal que está se conhecendo, construindo algo junto? — Sorrio ante essa possibilidade. — A partir de hoje, estou abdicando de qualquer outra mulher enquanto estiver com você, profissional do sexo ou não. Vou fazer meus exames, e, se você quiser, poderemos...
— Eu também vou fazer exames. — Ele faz careta. — Ué, não é porque eu era virgem que não precise fazer!
De repente ele parece se lembrar de algo.
— Ah, tenho um pedido também! — Senta-se na cama. — Você terá que se livrar do Kaká.
Eu não esperava por isso! Sério! Um relacionamento com ele é assim? Com imposições para se livrar do que não gosta em mim ou na minha vida? Nunca que eu abriria mão do meu cachorro, meu amigo e companheiro, por causa de qualquer pessoa!
— Não! — respondo indignada. — Por que eu deveria fazer isso?
Kostas me olha estupefato.
— Assumi que não manteríamos qualquer contato íntimo com outra pessoa, então, nada mais normal que você se desfaça do seu – seja o que for que vocês faziam – pau amigo!
Oh, meu Deus!
Começo a gargalhar sem conseguir me conter. Caio na cama rindo e me contorcendo, lágrimas saindo dos olhos. Certamente Kostas deve achar que fiquei louca.
— O Kaká... — tento explicar, mas não consigo. — Não é... — Seco as lágrimas do rosto. — Você conhece ele!
O rosto de Kostas fica ainda mais sombrio.
— É aquele “mamãe, tô forte” que foi contigo àquele restaurante?!
— O quê? — Rio ainda mais ao perceber que ele confundiu o Vinícius com o Kaká. — Não! — Levanto-me e abro a porta. — Kaká! — chamo alto, e o yorkshire terrier pula em cima da cama, com o rabinho agitado de alegria. Pego-o no colo e o coloco na altura dos olhos de Konstantinos. — Kostas, conheça o famoso Kaká!
O homem arregala os olhos, encara o cãozinho, depois me olha e, então, começa a rir.
— É, meu companheiro, nós somos os madrugadores, pelo visto! — comento com o cachorro ao vê-lo fazer seu xixi em uma espécie de tapete, enquanto eu mesmo mijo e dou descarga no vaso sanitário. O cão empertigado, ainda um pouco sonolento, volta para sua caminha no chão do quarto de Wilka, roda e volta a se deitar.
— Preguiçoso! — provoco-o indo para a cozinha.
Confiro as horas; ainda não são 6h da manhã. Dormi mais do que estou acostumado, mas esse é sempre o efeito de estar com Wilka, ela me acalma e, por algum motivo, os pesadelos quase desaparecem ao seu lado.
Estico-me e lembro que, a essa hora, eu já estou indo treinar. Olho para o quarto onde ela dorme embolada e nua na cama e penso se gostaria de tê-la em meu apartamento. Talvez ela fique decepcionada pelo tamanho ou mesmo chateada pela bagunça dos livros espalhados por todos os cantos.
Olho em volta, na sala, curioso por não ver nenhum exemplar à mostra, nem mesmo os do seu ídolo, Gray. Percebo móveis na varanda, abro a porta e sou seguido pelo saltitante Kaká, que sobe sobre um sofá de vime e grandes almofadões e balança o rabo como se esperasse algo.
— Ei, não entendo essa cara, não! — aviso-lhe, mas logo vejo um móvel cercado de plantas, com uns potes em cima. Abro o primeiro, e acho um biscoito em forma de osso. — Ah, você deve estar querendo isso!
Jogo o biscoito fedido para o cão, que o come todo feliz, e analiso a vista de Wilka, achando o local onde ela mora tranquilo, arborizado e fresco.
— Ah, aí estão vocês! — ouço sua voz animada e a vejo dar beijinhos no cachorro antes mesmo de me abraçar. — Bom dia, café?
Cheiro-a longamente, gostando de sentir seu aroma quando acorda.
— Bom dia, ótima ideia!
Voltamos para dentro, e ela segue para a cozinha – que é conjugada à sala, como a minha – e abre uma caixa cheia de cápsulas para que eu escolha uma.
— Não conheço. Escolha a que você vai tomar e faça para mim também.
Ela faz uma careta.
— Esnobe, deve tomar café naquelas máquinas italianas caríssimas! — Eu rio, pois ela tem razão. — O que você tanto procura?
Para o olhar em volta da sala e a encaro.
— Livros! Onde é que você põe seus livros, que me disse que gosta tanto?
Ela aponta para uma porta fechada.
— Tenho um cantinho, mas ainda não o arrumei. — Aponto com o olhar questionador, e ela assente, permitindo que eu o veja. — Desde que me mudei, ainda não consegui colocar esse local em ordem.
Entro no cômodo, um quarto bem menor do que o seu, e vejo duas estantes de madeira cheias de livros e mais caixas e caixas no chão. Acendo a luz, pois, mesmo com o dia amanhecendo, a iluminação do cômodo é péssima, e noto que as quase dez caixas estão abarrotadas.
Há uma espécie de quadro de avisos pendurado na parede e uma poltrona de leitura, ainda envolvida com plástico bolha, em um canto.
— Café! — Ela entra e me entrega uma xícara. — Eu disse que estava bagunçado!
— Você não viu meu apartamento ainda. — Rio, achando um grande exagero chamar algumas caixas enfileiradas de bagunça. — Tenho pilhas de livros até no chão.
Ela sorri, e seus olhos brilham.
— Eu me lembro das vezes que conversamos sobre nossos gostos literários tão distintos. E, quando cheguei ao escritório com o livro do Gray e você criticou, pensei que vocês dois tinham isso em comum. — Wilka faz cara de brava. — Mal sabia eu!
— O que você pretende aqui?
A minha pergunta a anima a tal ponto que parece uma criança descrevendo sonhos. Estantes cobrindo duas paredes, uma escrivaninha pequena, a poltrona em um canto, perto da janela, com uma luminária, tapete no chão para ficar acolhedor e luzes direcionáveis iluminando os volumes nas prateleiras.
Embora eu não seja arquiteto ou decorador, estou há muitos anos lidando com imóveis e posso ver cada coisa como ela descreveu.
— Vai ficar ótimo! — Abraço-a. — Ia adorar chupar você naquela cadeira enquanto lê um livro! — Ela quase se engasga com o café. — Tem algum erótico? Seria interessante você lendo algum capítulo picante para mim enquanto te faço gozar.
— Tenho! — Wilka fica animada com a ideia e aponta um exemplar na prateleira da estante. — É uma trilogia, podemos ler várias cenas!
Rio e pego o livro para ler o título:
— Peça-me o que quiser? — Abro um enorme sorriso safado, já prevendo as sacanagens. — Posso mesmo pedir?
Ela respira fundo e assente.
— Pode!
Beijo-a, o gosto do café misturado em nossa saliva, tornando tudo ainda mais potente e saboroso. Tenho vontade de fodê-la aqui, em meio aos livros que tanto ama e que, ela não sabe, mas também são muito especiais para mim.
Reconheci-me aqui, neste cômodo inacabado. Wilka não tem ideia de como os livros foram minha companhia – única companhia – por anos e anos. Esse era um lado dela que sempre tentei encaixar na mulher vibrante e de vida agitada que conheci no aplicativo, pois sei que a maioria dos leitores compulsivos preferem ficar em casa lendo a ir a baladas todos os finais de semana.
Essa é a verdadeira mulher, a que gosta de ler, que quer um local para ficar horas e horas imersa no mundo das letras e, pasmem, essa versão dela me excita muito mais do que a ninfa do sexo baladeira.
Trabalhei a manhã inteira com o pau duro, mesmo depois de ter convencido Wilka a tomar um banho comigo antes de sairmos do apartamento e feito um sexo matinal rápido – a famosa rapidinha da manhã!
Wilka Maria é puro fogo, que eu adoro tentar apagar com gasolina!
Meu tesão por ela não tem limites, e olha que eu já a imaginei frígida ou mesmo gelada na cama! Rio de mim mesmo, balanço a cabeça e tiro os óculos escuros ao entrar no restaurante onde Viviane Lamour me espera.
Avisto a morena bem-vestida. Admito que ela é muito vistosa e chamativa – embora não me atraia em nada –, e a cumprimento com a cabeça antes de me sentar à mesa com ela.
— Konstantinos Karamanlis em carne e osso! — Sorri, mostrando seus dentes clareados e bem tratados. — Eu agradeço que tenha vindo encontrar-me finalmente.
Dou de ombros.
— Você me mandou duas mensagens seguidas dizendo que eu precisava vir. — Sorrio gelado. — Cá estou eu. Qual é a urgência?
Viviane empurra um envelope pardo em minha direção e mantém o sorriso de víbora congelado na cara enquanto eu tiro os papéis de dentro dele. Meus olhos se arregalam ao ver a quantidade de dinheiro que Theodoros tem acumulado no exterior e a encaro.
— Como você tem acesso a isso tudo?
Ela bebe um gole da água da taça sobre a mesa.
— Theo confia cegamente em mim, então sou eu quem faz as transferências e quem gerencia o dinheiro. — Aponta para um nome na base superior. — Viu que está no nome de uma offshore23? Como negociamos a maioria das peças fora do país, ele optou por esse tipo de solução, mas...
— Não declara! — Rio. — Não pode declarar, porque, senão, cai na auditoria da Karamanlis! Que idiota!
— Olha, até que não! — Viviane se recosta na cadeira. — Como ele é cidadão grego, o banco que gerencia os lucros da offshore não é obrigado a notificar o Brasil, mesmo porque ele a montou com endereço de lá.
— Raposa esperta!
Theodoros só não contava que essas informações iriam cair nas minhas mãos! É fácil puxar a propriedade de uma offshore, e tanto o Conselho da Karamanlis quanto o fisco brasileiro irão ficar muito interessados na origem desse dinheiro.
— Quanto você quer? — questiono de uma vez, querendo logo me livrar de sua presença.
— Apressado! Deve ser mal dos Karamanlis. Theo também sempre quer as coisas para ontem!
Fico puto ao tê-la me comparando ao Theodoros. Não somos nada parecidos, nem na aparência, nem, muito menos, na personalidade.
— Diz logo, Viviane, não tenho o dia todo! — pressiono-a.
— Você acha realmente que eu quero dinheiro? Não preciso, tenho bastante, obrigada! — Isso me intriga. — Quero seu irmão.
O quê?! Rio da loucura dela ao achar que eu posso ajudá-la a conseguir o Theodoros. Certamente ela pensa que sou um tipo de alcoviteiro! Dá-me paciência!
— Não faço milagres, Viviane. Valor!
Ela pega o envelope, guarda-o na bolsa e sorri.
— Isso aqui não tem valor! Eu não quero que Theodoros fique com Maria Eduarda Hill, e você pode me ajudar com isso de alguma forma.
Rolo os olhos, puto, sentindo-me em alguma espécie de novela mexicana, tramando contra o casal protagonista. Que deselegante, Viviane!
— Não vejo como. — Abotoo meu terno, pronto para me levantar e sair do restaurante.
— Você acha que ela estaria abrindo as pernas para ele se soubesse que vocês têm a promissória?
— Não vejo por que não, afinal, conseguiu que ele pedisse o cancelamento da ação para a cobrança do título! — Viviane arregala os olhos. — Não sabia disso? Você tem razão, Theodoros deve estar mesmo apaixonado para fazer algo assim e arriscar seu pescoço na presidência.
Vejo o desespero em seu semblante e começo a desconfiar de que a mulher não regule bem da cabeça e que seja obcecada pelo meu irmão mais velho.
Foda-se!
Levanto-me para sair, mas ela me detém.
— Se você me ajudar, de qualquer jeito, a mantê-los longe um do outro, eu te dou todas as informações sobre as contas de Theo no exterior.
— Eu não vejo como fazer isso, mas, se eu puder, te comunicarei, e quero todas as informações; nada de guardar merda nenhuma na manga!
Ela concorda, e eu saio do restaurante, entro no carro e sigo em direção a uma loja que pesquisei mais cedo, pois tenho um presente para comprar. Sorrio, pensando em como farei para que Wilka o use, e todo e qualquer pensamento sobre Theodoros, Viviane ou Duda Hill some de minha mente.
Chego ao escritório já anoitecendo, pois saí da loja e fui para uma reunião, por isso espero ainda que Wilka esteja na empresa. Entro na sala apressado, mas não a encontro; sua bolsa, porém, ainda está pendurada em uma cadeira.
Pego a caixinha, escrevo um bilhete em um dos post-it dela, grudo-o na caixa e a jogo dentro de sua bolsa.
Ainda estou sorrindo, imaginando a surpresa dela, quando entra na sala.
— Ah, já voltou! — Sorri e passa direto. — Preciso do parecer, acabou?
Sinto o sangue esquentar e se concentrar no meu pau. Wilka mandona é sexy como uma diaba.
Tesão de mulher!
— Ainda não! — respondo apenas. — Hoje à noite...
O telefone dela toca estridentemente, e a vejo empalidecer ao olhar o número antes de negar a ligação.
— Algum problema? — inquiro.
— Não! Telemarketing! O que você ia perguntar de hoje à noite?
Sorrio, voltando a pensar sacanagem.
— Talvez você possa ir...
O telefone volta a tocar, e ela tenta o silenciar, mas treme tanto que demora muito para conseguir. Por que será que não atende? Óbvio que não é telemarketing!
Uma notificação de mensagem apita, e ela a lê e depois desliga o celular.
— Essa noite eu preciso resolver umas coisas de trabalho. — Olha-me nervosa. — E você tem uma reunião daqui a pouco que deve ir noite adentro.
Concordo.
— Sim. — Levanto-me. — Vou adiantar as coisas e ir até o Millos. Tenha uma boa noite!
Wilka sorri, mas mesmo seu sorriso está sem graça.
— Igualmente, e boa reunião.
Saio da sala com o incômodo de que algo realmente está acontecendo de errado com ela. Wilka não vai me contar se estiver em problemas, pois é o tipo de mulher que quer resolver todos as adversidades sozinha. Respeito isso e até admiro, mas, pela expressão que a vi fazer, tenho certeza de que uma intromissão minha cairia bem.
Paro de tremer, espero alguns minutos se passarem depois que Kostas saiu da sala e retorno a ligação insistente que quase me tirou do prumo.
— Até que enfim! Já estava me preparando para ir até a Karamanlis!
Sinto meu corpo todo gelar.
— Você não faria isso, tem tanto a perder quanto eu! — Sua risada rouca e cheia de pigarros arrepia minha pele. — Maldita hora em que procurei você! Eu não sou de me arrepender do que faço, mas disso eu me arrependo muito!
— Você estava perdida, sem emprego, decepcionada; eu só te dei uma chance.
Rio, percebendo que temos visões muito diferentes do que houve.
— E então? Alguma novidade para mim?
Respiro fundo.
— Cobrei de novo, mas ainda não está pronto. Não vai ser tão fácil...
— Tenho certeza de que dará um jeito! — interrompe-me. — Quero ver você pessoalmente.
— Não! — Levanto-me indignada. — Não temos nada a tratar pessoalmente!
— Amanhã, no seu horário de almoço, no estacionamento do supermercado no final da Brigadeiro. Não se atrase!
A ligação é cortada, e eu volto a me sentar, trêmula demais para me manter de pé. A todo momento o arrependimento me consome, e eu questiono a decisão de ter voltado para a Karamanlis e dado toda a munição que precisava para me ter em suas mãos!
Eu não tenho escolha! Vou ferrar minha vida e minha carreira de qualquer forma, pois sei que nunca me deixará em paz, nunca!
Fico mais algumas horas trabalhando, mas levo o dobro do tempo que levaria caso não estivesse com a mente tão dispersa, preocupada com o encontro de amanhã e o que mais pode me acontecer, já que não faço ideia do motivo de nos encontrarmos pessoalmente.
Já passa das 8h da noite quando desligo tudo e vou para casa. Sinto-me esgotada, não pelo trabalho, mas, emocionalmente, estou em frangalhos. Odeio viver assim, essa não sou eu. No entanto, não tenho ninguém a quem recorrer! Fiz a burrada e preciso a consertar e tentar viver normalmente com isso depois.
— Boa noite, sumida! — Vinícius cumprimenta-me no saguão do prédio. — Acabei de perguntar ao porteiro sobre você. — Sorri. — Jantar? — Ele levanta sacolas de uma famosa – e cara – lanchonete em Perdizes e sorri animado. — Eu nunca compro meia-porção, então tem o bastante para dois.
Nego com um sorriso agradecido e entro com ele no elevador.
— Hoje não, obrigada. Estou um pouco cansada e só quero chegar em casa e relaxar.
— Entendo. — Ele se aproxima mais. — Não nos vemos desde aquele dia em que saí correndo do nosso encontro. Preciso fazer algo para compensar aquele dia!
— Vinícius, eu estou...
— Armaria, você chegou! — Verinha me espera à porta do elevador, toda nervosa. — Eu acabei trancando minhas chaves dentro do seu apartamento.
Vinícius e eu rimos dela, um tanto descabelada e agitada.
— Vamos resgatar! — Olho para meu vizinho. — Outro dia conversamos!
— Vou cobrar! — Ele dá um de seus sorrisos matadores. — Boa noite!
Respondemos juntas ao cumprimento dele, e, só depois que Vinícius entra, é que ela pergunta:
— Ainda tem interesse nele?
Eu a encaro e nego.
— Acho que nunca tive de verdade, mas o acho um cara muito legal. — Sorrio e pisco para ela. — Você deveria tentar!
— Não é minha praia! — Ri. — Eu prefiro viver com os bichinhos! — Pega Kaká no colo e o beija. — Achei que o bonitão vinha para cá com você hoje.
Suspiro ao pensar no Kostas e no quanto eu gostaria que ele estivesse comigo, pois iria me concentrar apenas nele e nas sensações que me causa, iria relaxar e dormir bem.
— Não. — Pego a chave dela em cima do balcão. — Eu achei que seria melhor não.
Ela abre um enorme sorriso.
— Ah, mas ele queria! — Dou de ombros. — Você deixou o gigante de quatro, minha amiga! — Ela brinca com Kaká. — Viu só? Em breve você terá um papai e será oficialmente o Konstantinos Júnior!
O cachorro gane ao ouvir o nome, e eu caio na gargalha só de imaginar que um dia Kostas descubra o nome completo do meu Kaká. Verinha se despede, eu coloco uma caneca de água no micro-ondas para esquentar a fim de fazer uma sopa de pacote – a preguiça está hard – e entro no banho.
Confiro meu celular assim que saio e noto a bateria baixa, além de não ter nenhuma ligação de Kostas. Alcanço minha bolsa para pegar o carregador e estranho ao encontrar uma caixinha com post-it fluorescente pregado nela.
Use-o e, se gostar, me ligue.
K.K.
Gargalho ao ver a assinatura dele – que me inspirou o nome do cachorro –, mas logo abro a caixa, desfazendo o belo laço nela e encontro outra caixa, dessa vez de veludo azul intenso.
Fico nervosa, pois geralmente caixas de veludo abrigam coisas de valor, como joias, relógios etc. Levanto a tampa devagar e franzo a testa ao ver o que ele comprou para mim. Não pode ser! Rio nervosa ao pegar a – grande – joia anal em aço cirúrgico e com uma pedra do mesmo tom de azul em cima. Um cristal de verdade, nada de plástico como umas que eu vi em sex shops por aí.
Sento-me na cama, ainda de toalha, e começo a sentir meu corpo excitado com a possibilidade de usar o presente e fazermos sexo por telefone – um plus, reconheço –, como fazíamos antes.
Abro o navegador da internet e pesquiso sobre como usar e, principalmente, se o tamanho que ele escolheu foi adequado. Na minha concepção, deveríamos começar com um tamanho P, mas depois de ler alguns comentários sobre o assunto, descobri que é perigoso começar com um pequeno e o objeto acabar entrando todo.
Faço careta ao me imaginar procurando a joia dentro de mim e, como sou azarada com essas coisas, ter que acabar indo para o hospital para resgatá-la. Leio algumas instruções de preparação, acho-as pertinentes e volto para o banheiro – esquecendo a sopa – a fim de testar as dicas para usar tal brinquedo sem o risco de acidentes nojentos.
Faço toda a higienização necessária e depois procuro na caixa de produtos eróticos um gel que ganhei em uma brincadeira de amigo oculto da sacanagem, ainda quando morava com as meninas, antes de me mudar para cá.
— Achei! — Leio e confirmo que ele tem um leve grau de anestésico e lambuzo o metal da joia.
Deito-me na cama, nua e excitada apenas com essa preparação, imaginando que Kostas quer – além de me comer sem camisinha – provar essa área ainda virgem do meu corpo.
Ligo para ele, mas não atende.
Começo a me tocar, uso um vibrador portátil para entrar no clima e vou inserindo devagar a joia, sempre usando muito lubrificante, até que a encaixo. Confesso que estou tensa, morrendo de medo de sugá-la sem querer, mas, aparentemente, Kostas acertou na escolha, e ela está bem firme.
Lembro-me de que ele comprou o ovo para masturbação e imagino se hoje poderei vê-lo usando-o através de uma vídeo-chamada. O telefone toca, e o atendo rapidamente.
— Oi!
— Hum... pelo tom animado, creio que já achou meu presente! — sua voz é irônica e sexy ao mesmo tempo.
— Achei, sim! — Rio. — Já estou usando-o. Vamos fazer uma vídeo-chamada?
Ele ri.
— Você acha que, depois de estar dentro de você, eu vou me contentar com vídeos? Não! — Seguro o fôlego ao pensar que ele vem até aqui, porém, novamente sou surpreendida. — Mandei um carro te buscar. — Arregalo os olhos e me sento na cama, gemendo levemente, pois esqueci da joia lá!
— Carro? Por quê?
— Você virá até mim! — Ele ri. — E não retire o presente do lugar.
Rio nervosa, achando que ele enlouqueceu.
— Kostas, isso é loucura!
— Não é, pode acreditar em mim. Estou te esperando!
Levanto-me rapidamente, sinto o objeto na minha bunda, mas ele não incomoda, então escolho uma lingerie sexy, azul royal como a pedra que enfeita o acessório erótico e coloco um vestido chemisier, passando uma faixa na cintura, coisa bem fácil de ser tirada.
Pego sapatos com os maiores saltos que acho e olho minha cara lavada no espelho, pensando em fazer uma maquiagem. Não tenho muito tempo, então dispenso a base, deixando as poucas sardas que tenho sobre o nariz aparecendo, passo um pó bronzeador e aplico delineador e máscara de cílios.
Olho para o Ruby Woo24, meu batom vermelho favorito, e penso no efeito perfeito que ele daria, mas, como não tenho coragem de sair de casa com ele – normalmente eu saio, mas dessa vez a consciência diz que o motorista sabe o motivo pelo qual está vindo me buscar –, coloco-o na bolsa.
O interfone toca, e eu dou uns pulinhos, então gemo e ponho a mão no bumbum. Preciso me conter, pois é a primeira vez que uso isso, não estou acostumada e ainda me sinto tensa com medo de perder a peça.
Desço sem nem mesmo atender o chamado do porteiro e encontro um motorista uniformizado à minha espera.
— Senhorita Reinol? — Assinto, e ele me cumprimenta. — O doutor Karamanlis pediu para que eu viesse buscá-la.
— Para onde vamos? — pergunto assim que me acomodo no banco de trás.
— Para a casa dele.
Fico sem reação, pois não poderia esperar por isso. Imaginei que ele estivesse em algum hotel ou mesmo de novo em um lugarzinho mais decadente, mas nunca poderia supor que ele mandaria alguém me buscar para ir até sua própria casa.
Não entendam mal, não estou decepcionada, apenas surpresa e muito curiosa.
Quando o carro entra na Paulista, lembro-me que Konstantinos me disse uma vez que mora aqui e que o Trianon era o quintal dele. Abro um sorriso ao recordar aquele nosso primeiro beijo, tão distante, como se já tivessem se passado meses, mas foi há poucas semanas.
O carro para em frente a um prédio grande e moderno, com um enorme jardim na frente, e o motorista abre a porta para mim. O porteiro uniformizado, inclusive com uma espécie de quepe, cumprimenta-me e abre a porta principal para mim.
— Boa noite! — saúda-me e aperta o andar que deve ser o de Kostas.
Sorrio sem jeito, imaginando para quantas mulheres mais ele já fez isso, tentando não me importar com a possibilidade de estar sendo confundida com uma prostituta. Konstantinos é um homem experiente, não tem lógica eu sentir ciúmes do que já passou, mas a verdade é que sinto. Olho-me no espelho, pego meu batom poderoso e o passo, afastando as inseguranças.
Quando o elevador para e abre as portas, ele já está na porta do home office me esperando.
— Eu não sei quem é o mais maluco, se você, por ter essa ideia, ou eu, por realiz...
Ele me cala com um beijo, segurando minhas mãos para trás com uma das mãos e erguendo meu corpo com a outra, espremendo-me contra a rigidez de seus músculos e de seu pênis. Konstantinos não está calmo, devora minha boca como se quisesse realmente me comer, e seu desespero é perceptível pelos tremores em seus braços e a fome com que me mantém junto a ele.
— Eu mal consegui terminar de preparar nosso jantar.
Rio, surpreendida novamente, pois achei que iria chegar aqui e logo ser fodida como aconteceu no hotel.
— O cheiro está delicioso! — elogio entrando em seu pequeno espaço e abrindo um sorriso ao ver seus livros – muitos e muitos exemplares – em cima da mesa, na mesinha da sala, na bancada da cozinha e pelos cantos, amontoados. — O que é?
— Cordeiro! — Ele olha a grelha. — Espero que goste.
Como não?! O homem à minha frente é lindo, sexy e ainda cozinha para mim! Como não apreciar qualquer gororoba que faça? Já comprovei que Konstantinos domina bem a cozinha, então nem me preocupo com a possibilidade de não gostar do que prepara.
— Eu não tirei o presente... tenho que jantar com ele — aponto para meu bumbum — aqui!
Ele xinga ao queimar o dedo, e eu rio.
— Porra, mulher! — Ri. — Eu sei que você tem um plug no rabo, mas não fale disso, senão não termino o cordeiro, e ficaremos sem energia para trepar o tanto que eu quero esta noite.
Abro um sorriso abusado, tiro a faixa do vestido, depois começo a desabotoar a chemisier devagar, revelando o sutiã alongado, cuja renda azul bem forte cobre até minha última costela. Depois viro-me de costas para ele e termino de tirar o vestido, dando-lhe a visão completa do conjunto com calcinha minúscula que visto.
— Puta que pariu, Wilka Maria!
Ouço seu desespero e o encaro por cima dos ombros.
— Concentre-se na comida, Konstantinos!
Ele gargalha.
— Estou fazendo exatamente isso!
Ando até o sofá, cujo encosto fica virado para a cozinha acoplada. Deslizo as mãos pelo couro macio e deito meu tronco nele, mantendo minha bunda empinada e alta por causa dos saltos.
Ouço-o xingar de novo e um barulho de panelas batendo umas contra as outras. Viro-me e o vejo com o avental sujo com algum molho, o rosto tenso, os olhos nublados de tesão.
— Eu queria me sentar... — retomo a provocação — mas tem algo que afunda dentro de mim quando o faço. — Volto a me deitar no sofá na mesma posição de antes. — Tenho que ficar assim, de rabo para...
Sinto um tapa forte na bunda seguido de uma massagem para aliviar a pressão.
— Você venceu, Cabritinha! — Ele se inclina sobre mim, seu corpo pesando sobre o meu e diz baixinho ao pé do ouvido: — Foda-se o cordeiro!
Se Wilka Maria tem um dom explícito, esse é o de me tirar do sério! Desde o começo, quando nos conhecemos, quando começamos a conviver, ela tem esse talento. Primeiro, irritando-me, provocando-me e me levando até o limite da razão. Mas agora...
Volto a vê-la se reclinar sobre o sofá, seu rabo deliciosamente firme e redondo apontado na minha direção, mal tampado por uma calcinha minúscula que deixa em evidência não só o presente que lhe dei e pedi que usasse, como sua boceta suculenta e perfeita.
Apago o fogo da grelha, jogo o pano de prato para o lado, retiro o avental que me protege dos respingos da carne sendo preparada e vou silenciosamente até ela.
— Tenho que ficar assim, de rabo para...
A tentação de fazê-la se calar, de punir sua transgressão ao me provocar e assim atrasar o maravilhoso jantar que tentei preparar para ela e, com isso, ter desviado meus planos para a noite – que, claro, incluíam comê-la bem gostoso, mas depois que já estivesse bem acostumada ao artefato metálico enfiado na bunda – me faz dar um tapa ruidoso em sua nádega bronzeada.
Ela geme, e eu tento amenizar a ardência com uma massagem, ainda que tenha gostado de fazê-la gemer com o peso da minha mão dando-lhe mais prazer do que lhe causando dor.
— Você venceu, Cabritinha! — Inclino-me sobre seu corpo e sussurro em seu ouvido: — Foda-se o cordeiro! — Mordo seu ombro, e ela rebola contra o meu pau, causando-me uma sensação inebriante de prazer. — Sua boceta seria a sobremesa, mas concordo com você, ela é o prato principal. — Ela ri, e a aperto contra meu corpo. — Seu cu será a sobremesa!
Ajoelho-me no chão de madeira, tendo a perfeita visão de sua bunda bem na altura dos meus olhos, grato pela sapiência dela ao usar saltos tão altos quanto pernas de pau.
— Sabe o que eu tenho vontade de fazer? — pergunto alisando suas coxas com firmeza, porém, evitando contato com suas áreas íntimas. — Te fazer gozar com a boca até te ter totalmente entregue e foder sua bunda logo em seguida. — Wilka geme. — Mas, como eu sei que essa é outra parte inexplorada do seu corpo, vou me conter e comer devagarinho, degustando todas as sensações como se fosse minha primeira vez também.
— Eu estou um pouco nervosa com isso!
Eu rio, adorando esse efeito de tê-la sob minha tutela, saber que serei eu a ensiná-la a apreciar e a querer mais. Por isso mesmo, ainda que esteja com o tesão girando em alta rotação, não posso me apressar e fazer merda como a que fiz quando trepamos pela primeira vez.
— Não pense nisso. — Esfrego o nariz em suas nádegas. — Apenas sinta!
Arrasto meus dedos sobre a calcinha rendada de cor azul e, quando os passo no vale de sua bunda, sinto o relevo da pedra encravada no plug, presa entre suas pregas justas. Meu pau pulsa forte na cueca. A sensação de cada veia se levantando, enchendo-se de sangue, causa-me um delicioso formigamento que arrepia minha pele e a esquenta ao mesmo tempo.
Procurei aquele item no mesmo sexshop que comprei os ovos para masturbação, mas eles não tinham nada parecido com o que eu queria. Um vendedor me chamou em um canto e disse que tinha um amigo designer de joias que tinha alguns “brinquedos” à venda, mas que o preço também era diferenciado. Fui até o homem em questão, um rapazola que parecia ser menor de idade, mas que, conforme pude notar, era um talentoso ourives.
Ele me ofereceu um plug de ouro. Sim, de ouro certificado, 24 quilates, mas, assim que bati o olho na gema de um azul intenso, lapidada em esfera, refletindo um brilho como as ondas do mar, soube que ficaria linda adornando a bunda de Wilka.
O plug não era de metal precioso, era feito em aço cirúrgico, mas a gema era uma autêntica água-marinha certificada de uma jazida mineira. Não pensei duas vezes, fechei negócio, e agora quero confirmar se a imagem que criei chega próximo à realidade.
— Caralho! — gemo alto ao afastar a peça íntima, do mesmo tom de azul da pedra, e descobrir que a visão que tenho agora é incomparável a qualquer imagem criada por minha mente. O plug está encaixado, restando apenas a pedra aparente, adornando o ânus rosado e depilado.
Beijo em volta, contorno a joia com a língua, segurando Wilka pelos quadris a fim de não deixar que rebole e, assim, fazê-la exprimir todo seu tesão em seus gemidos desesperados. Dedico-me ao seu períneo, estimulando-o com a língua em lambidas mais fortes, e a resposta do corpo de Wilka é imediata quando sinto o gosto salgado e levemente picante de sua boceta.
Recolho esse néctar de prazer direto da fonte, enfio a língua em sua vagina, sentindo-a completamente encharcada, bebendo sua excitação como adoro fazer. Seu corpo todo se contrai, os músculos das coxas apertam minha cabeça, quase me mantendo sufocado em sua boceta.
Eu morreria afogado aqui com prazer!, penso puxando os lábios íntimos, inchados e de textura incrível, sugando-os com força, antes de seguir em direção ao clitóris já ereto e aparente, que clama para se estimulado. Dou leves batidas sobre ele com a língua, estimulado a continuar pelos altos gemidos de Wilka, que fazem meu corpo inteiro vibrar.
Minhas mãos seguram firmes seus quadris, apertando-os, mantendo as nádegas separadas para que, mesmo chupando-a em desespero, eu tenha a visão perfeita da joia encravada em seu rabo.
— Kostas... — ela geme e, ao mesmo tempo, ri. — Não para! Eu vou gozar a...
Sugo-a diretamente sobre o feixe de nervos sensíveis, e ela grita, interrompendo seu aviso para explodir em êxtase retumbante, arfando, gemendo, gritando, seu corpo tensionado, a boceta jorrando deliciosamente seu prazer, e eu aqui, expectador dessa maravilha, receptáculo de seu tesão.
Sinto minha própria lubrificação passando por dentro do pênis e se acumulando na fenda da cabeça do meu pau, causando-me contrações involuntárias no abdômen. Tenho que me concentrar para não gozar dentro da cueca sem nem mesmo me tocar, apenas com as sensações fodas que ela me transmite com seu próprio orgasmo.
Essa mulher é foda!
O jeito que ela se entrega, que segue meus comandos mesmo sem palavras, a forma como parece entender meu corpo, meus desejos, tudo é magnífico demais.
Olho para os saltos dos calçados que ela usa e abro um sorriso ao me erguer. Retiro o pau de sua prisão entre os tecidos das minhas roupas – cueca e bermuda – e o esfrego na entrada embebida de gozo feminino, cremoso – passo a língua sobre os lábios –, saboroso.
Wilka continua jogada de bruços sobre o encosto do sofá, o brilho tênue do suor frio sobre sua pele quente, sua respiração pesada e os tremores, que ficam mais intensos cada vez que meu pau escorrega um pouco para dentro de sua boceta.
Deslizo a mão pela sua coluna, deliciando-me com a sensação da pele arrepiada, seguro firme em sua nuca, subindo pelos cabelos e os puxando para mim a fim de erguê-la.
A diaba vem rindo e, quando fica ereta e enorme – a porra da sandália deve ter uns 20 centímetros de altura –, eu beijo seu pescoço como fiz com seu sexo, mordo seu ombro e meto a língua dentro de sua orelha.
— Konstantinos... — ela geme meu nome, e meu pau acha o caminho para o abrigo úmido, quente e apertado que tanto adora. Wilka arfa. — Que delícia!
— Eu sei, Cabritinha! — Tento me controlar para não socar com pressão, apenas movendo os quadris devagar, deixando meu pau entrar e sair lentamente, até a cabeça, para depois voltar a mergulhar nela por inteiro. — Você consegue sentir meu corpo tremendo e minha pele pegando fogo?
Mantenho-a contra mim, minha mão apoiada em seus seios, beliscando os mamilos rijos e sensíveis, puxando-os, massageando tudo. Continuo devagar para que acalme meu tesão, pois estou longe de terminar com ela ainda.
— Vem comigo! — chamo-a, afastando-me dela e estendendo a mão para que a pegue. Dou a volta no sofá, sento-me nele e sorrio, segurando o pau e o agitando como sei que ela adora. Wilka parece hipnotizada pelo modo como eu me masturbo. Penso em pegar os ovos para que veja o que me fez comprar, mas ainda não.
Preciso do corpo dela; nada se compara a isso!
— Senta aqui! — Balanço meu pênis, e ela ri, vindo de frente. — Não! De costas para mim!
Ela se vira, fecho as pernas para que elas fiquem entre as dela e me reclino no sofá para ter a visão perfeita do rabo redondo com a pedra azul. A perfeição de sua boceta engole lentamente meu pau, causando-me um frisson impossível de ser contido, então gemo alto, quase urrando.
— Incline-se para a frente, apoie as mãos nos meus joelhos. — Ela obedece. — Agora rebola, quica, me come sentindo meu pau afundar em você e mexer com o plug na sua bunda.
Wilka geme forte quando se senta completamente sobre mim. Preciso travar os dentes, aperto-a com tanta força que temo deixar marcas em sua pele perfeita, tudo isso para conter o tesão estratosférico que sinto ao bater no fundo de sua boceta apertada.
Sinto o plug esfregando-se em mim, do outro lado da parede de músculos que separa a vagina e o reto. Meu pau é largo, por isso sei que o mantém bem apertado lá, estimulando-a ainda mais.
Wilka sobe e desce os quadris sobre mim, sua bunda aberta para meu deleite, sua boceta engolindo, escondendo, fodendo meu pau deliciosamente. Começo a puxar o plug devagar, sinto a pressão para o seu desencaixe e, quando ele sai, posso ouvi-la gemer e sua vagina se contrair, apertando-me com força.
Passo a joia sobre suas pregas conforme chupo meu dedo médio para deixá-lo bem molhado para que tome o lugar anteriormente habitado pelo brinquedo. A pressão no dedo é tão boa quanto a no pau, mas Wilka para de se mexer.
— Continua... — rosno, movido pelo tesão.
Os gemidos dela são meu termômetro. Sei que está gostando não só pelo charco onde meu pau se afoga, mas principalmente pelos sons que se propagam pela sala desse pequeno home office.
Fodo seu cu com o dedo, afundo-o até o limite, depois soco um pouco com ele, já querendo inserir o indicador para testar sua resistência.
Ainda não. Retiro o dedo e não volto a pôr o plug. Ergo o tronco e a abraço forte, deitando-me com ela de lado no sofá largo e espaçoso, grato por ter contrariado o arquiteto que fez o projeto e ter comprado um móvel que estende o assento.
— Está sentindo algum desconforto? — questiono.
— Não, uma leve ardência aí atrás... — Ela ri. — Eu trouxe umas pomadas.
Gargalho.
— É? Cabritinha precavida!
Ela alcança a bolsa na mesinha lateral ao lado do sofá e me mostra seu arsenal.
— Lubrificante basta. — Pego o frasco, movo meu pau – que estava paradinho dentro dela – e abro um sorriso ao vê-la gemer e fechar os olhos.
Levanto sua perna, a que está por cima, segurando firme em sua coxa. O outro braço está por baixo dela, e levo minha mão até sua boca.
— Chupa! — ordeno.
Fodo-a sentindo a sucção gulosa em meus dedos e, quando os sinto bem molhados, retiro-os de sua boca e os coloco sobre seu clitóris, esfregando-o como a vi fazer quando se masturbou para mim.
— Porra, Kostas! — Ela se contrai e me olha com o canto dos olhos. — Adoro isso!
Eu também!, quero dizer, mas não o faço, perdido na doce tortura do nosso encaixe perfeito nessa posição. Wilka se agita, e, pelos sinais que ouço e vejo, está novamente prestes a gozar, então paro a mão, retiro-me de sua boceta, coloco um pouco de lubrificante sobre o dedo, lambuzo sua entrada e volto a massagear seu clitóris.
— Se doer muito...
Ela vira o pescoço e me beija duro. Apenas com a sensibilidade da cabeça do meu pau, introduzo-me devagar em seu cu apertado. Gemo dentro da sua boca por causa do prazer causado pela pressão. Meus dedos indicador e médio trabalham freneticamente sobre o clitóris dela, avançam sobre sua boceta, fodem-na um pouco, voltando ensopados para continuar a estimulação.
Wilka geme alto, seu corpo se contraindo a cada centímetro que preencho dentro de si. Eu estou completamente empapado de suor, meus cabelos estão molhados e agarrados na testa, sinto um fio fino do líquido escorrendo sobre minha coluna, mas nada no mundo – a não ser um pedido dela – poderá me parar neste momento.
— Puta que pariu! — gemo o xingamento quando me enterro todo, meu pau abraçado por suas pregas firmes, deslizando por conta do lubrificante e da própria lubrificação de sua boceta, que está pingando de tesão. Balanço meus quadris devagar. Ela sabe que pode me parar a qualquer desconforto, mas seus gemidos, o leve ondular de seu corpo querendo meus movimentos, fazem-me aumentar cada vez mais a velocidade das estocadas e dos dedos.
Eu queria a porra de um espelho para ver, através de sua perna levantada, meu pau fodendo seu rabo e minha mão agitando sua boceta. A cena mais perfeita que eu poderia ver!
Minha pele se arrepia, sinto a característica contração nas bolas, meus gemidos soam mais descontrolados, contínuos, altos.
Wilka grita, alcançando o orgasmo mais foda que já vi uma mulher ter. Fico embasbacado, admirado, louco por ela, por seu tesão, por sua entrega.
— Você é minha! — gemo em seu ouvido, pronto para segui-la e me jogar de olhos fechados no precipício do clímax a que ela me conduz. — Porra, você é minha!
Tiro meu pau no exato momento em que explodo e vejo minha porra jorrando e cobrindo sua bunda com um gozo grosso e volumoso, mas que não se compara aos tremores de um estouro de boiada dentro de mim e nem à sensação de que o coração pode parar a qualquer momento.
Caminho por labirintos fétidos, ouço o barulho das goteiras do teto e o arrulhar dos pombos que infectam todo o telhado decadente. Risadas histéricas, gemidos falsos, gritos desesperados e o corredor sem fim, que eu não consigo parar de percorrer.
Evito olhar para as paredes, todas cobertas por espelhos, ressaltando tudo o que eu não quero ver. Sinto-me um verme alimentando-me de toda essa sordidez, aceitando tudo o que me é imposto, sem nunca receber nada em troca. Já aceitei que nunca vou ser parte de nada, sou um merda, um enjeitado, um monstro abandonado como a criatura de Frankenstein que li no livro de Shelley.
Não farei como ele, não buscarei uma pseudovingança, mas que na verdade mascarava toda a dor e seu amor. Não quero chamar a atenção de ninguém, todos estão mortos, ressequidos, e o que me resta é partilhar dessa inanição. Porém, não em vida, como eles; não serei um morto-vivo filho da puta como sempre quiseram que eu me tornasse.
Chego finalmente ao final do corredor e encaro a janela enorme do sótão.
Foda-se tudo!
Abro-a, empurrando-a com força, vendo-a balançar instável, fazendo o ruído medonho de suas dobradiças enferrujadas. Sou grande, por isso subo nela sem nenhuma dificuldade e olho para baixo, para a rua decadente, os clientes na calçada, as profissionais oferecendo seus serviços.
Fecho os olhos, tentando lembrar-me de alguma prece que aprendi ainda pequeno na casa maldita do desgraçado do meu avô. Não lembro! Há muito reneguei qualquer crença, fé e esperança, coisas que ainda acreditava possuir, mesmo nunca tendo tido acesso à mais importante de todas: o amor.
Rio amargo, pensando nessa invenção idiota que dizem ser natural e virtuosa.
“Ninguém pode amar um monstro!”
Foda-se!
Respiro fundo e me inclino perigosamente para fora da janela, prestes a sentir a sensação de liberdade que tanto espero, antes do impacto final. Entretanto, algo me faz retroceder. Meu corpo inteiro se arrepia, e eu olho para trás.
No meio da escuridão, um pequeno anjo me estende a mão. Não quero tocá-lo, não posso contaminar ninguém com minha sujeira, mas, ao mesmo tempo, a discrepância de tê-lo aqui, no meu inferno pessoal, é tão grande que sou atraído para perto.
Olhos rasos de lágrimas, assustados, fazem-me temer desfazer a ilusão se me aproximar muito, então um milagre acontece, sou cegado por uma luz intensa, e tudo se dissipa.
O frio volta a me envolver, o medo, a escuridão e a sujeira. Eu grito por mais uma visão daquelas, mas não vem. Eu não tenho direito a tocar a pureza de um anjo, mas fiz com que ele encontrasse o caminho do Céu!
— Kostas!
Sento-me na cama assustado, ofegante e desorientado. Tremo de frio, batendo queixo, mesmo estando coberto de suor. Fecho os olhos. Já era para eu ter me acostumado a esses pesadelos. No entanto, eles nunca tinham sido tão nítidos, tão verdadeiros como os de hoje.
Eu pude sentir, pude sentir de verdade cada um dos sentimentos, não foi só a tensão de estar em um sono perturbado. Foi real!
Sinto uma mão macia deslizar pelo meu pescoço e encaro Wilka Maria. O impacto de seus olhos assustados, mas consoladores faz com que eu respire profundamente e as batidas do meu coração se acalmem.
Ela dá um sorriso leve, ajoelha-se na cama ao meu lado e, sem dizer nada, sem nenhuma pergunta, puxa-me para um abraço apertado que me desarma completamente. Sou invadido por sensações estranhas, tenho vontade de me afastar dela e procurar um local para me isolar. Entretanto, também sinto outra coisa, uma deliciosa sensação que nunca experimentei antes.
Há mais de duas décadas tenho pesadelos constantes, mas nunca tive nada parecido com isso que estou tendo agora. É grande, é pesado, porém, seus braços finos me seguram como se pudessem me manter a salvo, até de mim mesmo.
— Desculpe o susto. Eu tive um pesadelo idiota — sussurro.
— Tudo bem. — Ela me olha, sorri e beija meus lábios devagar. — Prometo ficar aqui e manter os monstros longe.
Ela pisca, tentando dar um clima descontraído à tensão que domina o quarto, mas não consigo rir, embora esteja me sentindo muito melhor do que normalmente sinto quando acordo de um pesadelo.
— E se eu for o monstro? — a pergunta idiota escapa da minha boca antes mesmo de que eu tenha noção do que ela possa representar para Wilka, mas ela dá de ombros e sorri.
— Tem um filme, na verdade é uma animação, em que uns monstros vão até um quarto para assustar uma menininha. — Ela esfrega seu nariz no meu em um gesto de carinho incômodo e, ao mesmo tempo, terno. — Eles ficam amigos, porque a menininha viu além da aparência de monstro e não se assustou com ele. — Seus olhos brilham divertidos. — Você não me assusta, Konstantinos Karamanlis.
Wilka me beija. Não correspondo de imediato, suas palavras ressoando dentro de mim, batendo fortemente contra as paredes que ergui para me afastar de toda e qualquer aproximação. Sinto-a cada vez mais próxima, penetrando devagar, através de frestas, rachaduras e falhas, perigosamente perto de chegar a uma parte de mim que foi sufocada por toda a vida.
Deixo esses pensamentos de lado, agarro-a com mais força, meu pau crescendo entre minhas pernas nuas, jogo meu peso sobre ela, deitando-me sobre seu corpo, buscando o conforto e alívio que eu preciso para me manter são. Não encontro o que pretendo, não somente o que pretendo!
No corpo dela, em seus abraços, beijos e afagos, encontro um pouco de mim mesmo!
— Você está tão disperso! — Alex comenta, testa franzida, olhar investigativo. — Não parece nem de longe o Kostas observador de sempre.
Ergo uma sobrancelha, invoco a expressão de tédio e bocejo.
— Já garanti que vou fazer todos os pareceres necessários, mas acho que o Rio de Janeiro é o melhor lugar para a siderúrgica, não acha? — pergunto, voltando o foco para o trabalho, e ele concorda. — Além do mais, estou com fome e gostaria de saber qual é o assunto que você precisa conversar comigo, então, se não se importa, gostaria que fosse direto para que eu possa almoçar.
Alexios e eu, apesar de termos uma relação cordial, não temos nenhuma intimidade ou mesmo convívio. Trabalhamos bem juntos, somos civilizados um com o outro, não faço nada para sacaneá-lo, nem ele a mim, e só. Por isso mesmo foi uma surpresa quando ele me convidou para almoçar consigo após a reunião que tivemos no andar da K-Eng.
Aceitei a contragosto; preferia comer algo na empresa e já voltar para meu trabalho, pois estava com minha mesa cheia de processos para tomar conhecimento, acumulados, em sua maioria, porque hoje de manhã me foi impossível manter a concentração.
Sim, Alexios não me conhece bem, mas acertou no ponto certo: estou disperso. Não é à toa, minha dispersão tem nome, sobrenome, um sorriso provocante e uma boceta fenomenal.
Bufo, não querendo pensar em Wilka Maria por 10 minutos que sejam, mas a tarefa parece ser impossível hoje. Nada, absolutamente nada consegue tomar seu espaço em meus pensamentos.
Eu não esperava ter pesadelos perto dela. Já havíamos dormido juntos tantas vezes e, devo confessar, são as noites em que mais consegui dormir e relaxar na minha vida, mesmo passando boa parte delas fodendo. Não só tive um pesadelo na noite passada, como foi o mais estranho deles.
Geralmente meus pesadelos são meras lembranças do passado, que eu enterrei dentro de mim com o tempo, mas que voltam para mostrar que ainda estão em minha cabeça. Eu não posso me livrar de tudo o que aconteceu e de tudo o que passei, e meu eterno inferno é a impossibilidade de esquecer. Ontem não, o pesadelo da noite passada foi uma lembrança abstrata.
Eu sei o que significou, sei exatamente a qual ponto da minha história se refere, mas nunca o tive tão “cinematográfico” daquela forma. Anjo me salvando da morte e sendo salvo por mim? Loucura, mas que eu tenho consciência de que aconteceu. O último gesto de humanidade que tive antes de eu me tornar totalmente um monstro.
Há anos não pensava sobre isso, nem mesmo me questionava o que aconteceu. Nada daquilo importava mais, nem quem eu era antes, meus sonhos, muito menos a satisfação quando descobri que a única alma condenada àquele inferno seria a minha.
O fato de eu ter feito algo bom não me ajudou a expiar os pecados. Não era assim que funcionava. Eu paguei – continuo pagando – não só pelo que vi, mas pelo que compactuei, pelo que fiz e fizeram comigo.
— Eu acho que temos um acordo implícito de não falarmos sobre o passado — Alexios começa, e já sinto o corpo inteiro arrepiar.
— Não é implícito — respondo seco. — Não quero falar do passado. Mais explícito que isso, impossível!
Meu irmão respira fundo e se aproxima de mim, inclinando seu corpo por sobre a mesa.
— Dessa vez, não poderei acatar sua vontade, Konstantinos — ele fala sério, encarando-me. — Sei que você comprou o sobrado da Rua...
Levanto-me imediatamente.
— Perdi a fome, vou voltar para a empresa.
Alexios se levanta, e eu giro para sair do restaurante.
— Eu nunca te pedi ajuda — paro no instante em que ele diz essas palavras. Todos os muros que levantei ao longo desses anos estremecem, e sinto falta de ar. — Eu não podia te ajudar, então nunca pedi ajuda também.
— Alexios, não faça isso... — ameaço-o sem o olhar.
Meu corpo inteiro está chacoalhando, mesmo que um espectador qualquer não perceba isso. A tensão emocional que sinto é tão grande que travo os dentes com força. Calafrios sobem pela minha coluna, e eu tenho vontade de gritar.
Ele nunca me pediu ajuda e tem razão quando diz que nunca poderia ter me ajudado. Contudo, sei que tínhamos o mesmo propósito, que era aguentar as loucuras de Nikkós, todas elas, e mantê-lo longe de Kyra. Mais um acordo tácito entre nós. Não conversamos sobre isso, nem na época, nem depois, mas tenho certeza de que nossa intenção era a mesma.
Eu gostaria de tê-lo protegido também, e isso consumiu minha alma, roeu-me por dentro. Entretanto, ele está certo, não podíamos nos ajudar.
— Eu preciso, senão não faria — sua voz soa desesperada. — Há chances de eu descobrir o que Nikkós fez com minha mãe.
Volto a encará-lo, estupefato.
— Sua mãe? Você soube algo dela?
Alexios nega.
— Nada conclusivo, mas acabei cruzando com uma pessoa que, quando soube que eu era filho dele, disse tê-la conhecido.
— Isso é loucura! Você procurou durante sua adolescência toda, quase se matou por isso, não há pistas, não há nomes, não há nada!
Vejo a dor refletir em seus olhos verdes, mas logo depois eles voltam a ficar fortes de novo. O garoto é teimoso, vi essa teimosia várias vezes salvá-lo ou quase condená-lo.
— Preciso acessar o sobrado. — Arregalo os olhos e nego, mas ele parece não entender. — Preciso entrar e remexer tudo lá.
— Não!
Ele parece não me ouvir.
— Foda-se, eu vou! — Alexios soca a mesa e chama a atenção de uns clientes perto de onde estamos. — Eu sei que, por algum motivo bizarro, você o comprou, trancou-o com tudo dentro e o tem deixado apodrecendo por mais de 15 anos! — Ele abaixa o tom de voz: — Pode ter alguma pista lá.
Nego novamente.
— Não é seguro. — Mudo de estratégia. — Não vou arriscar que você morra lá dentro e eu ainda tenha que responder a...
— Porra, Kostas, não fode! — Alexios se aproxima de mim. — Eu sei dos teus motivos, respeito-os. Como disse, nunca te pedi ajuda antes porque sabia que você também precisava e não tinha a quem pedir, mas agora estou pedindo, agora estou contando com você. Não me faça arrombá-lo, porque eu o farei, apenas dê-me as chaves de todas aquelas grades que pôs lá.
O pedido dele me desconserta e atinge uma das áreas sensíveis dentro de mim. Os sons do nosso passado enchem meus ouvidos, e ele parece ouvir também – compartilhamos isso. Sei da importância que tem para ele descobrir sua verdadeira história, pois era a principal diversão perversa de Nikkós inventar uma a cada bebedeira.
Eu quis ajudá-lo naquela época, sofria por ele, mas não sou mais o mesmo. Nada daquele garoto que tentava proteger os irmãos no começo da loucura que foi nossa vida se manteve de pé.
— Tente invadir. — Dou de ombros, demonstrando uma tranquilidade e frieza que estou longe de sentir. — Será um prazer implodir aquela merda com tudo dentro!
Alexios fica pálido, e eu saio do restaurante puto, comigo e com ele, acendo um cigarro e me amaldiçoo por ter vindo de carona com meu irmão. Chamo um táxi e, enquanto espero, ando de um lado para o outro na calçada do outro lado da rua onde fica o restaurante.
Se eu o conheço minimamente, sei que não vai desistir enquanto não entrar naquele inferno e procurar em cada canto daquela pocilga alguma coisa que possa levá-lo à identidade da mãe. Alexios nunca conheceu seus próprios limites, e tenho certeza de que não sossegará até ter alguma resposta.