A repórter Cassa Hawkins sempre apoiou os direitos das raças, acreditando que eles deviam ser autorizados a viverem livres do medo e do preconceito entre os seres humanos. Uma mulher sensata não pensaria de outro modo, especialmente na presença de Cabal St. Lawrence, um espetacular espécime masculino da raça Bengala. O ápice do macho animal, seu rugido sensual tinha o poder de acender o corpo vulnerável de Cassa mais rápido que uma chama. No entanto, ela não podia ignorar o pesadelo em torno deles...
As raças estavam sendo incriminadas por uma série de assassinados violentos e suspeitos de esconder um cruel serial killer. Deixaram para Cassa e Cabal descobrirem a verdade. Mas, quando o caçador se torna a presa, confiança e paixão serão suficientes para mantê-los vivos durante a noite?
INSTALAÇÃO DE TREINAMENTO AVANÇADO DE RAÇAS, ALEMANHA
Era a cena de um pesadelo. Algo tão horrível, tão sangrento, que desafiava a imaginação e fazia Cassa ofegar em choque.
— Temos que libertá-los — ela gritou horrorizada quando seu marido levantou-se ao seu lado, focalizando a pesada câmera no ombro, filmando a área que os boatos diziam ser uma caverna de morte.
Era mais que uma cova de morte. Era um lugar com tamanha maldade e sofrimento torturante, que Cassa lutava contra um enjoo.
Uma dúzia de Raças, nus, manchas de tigre brilhando contra suas peles, movendo-se desesperadamente para escaparem de longas e letais lâminas afiadas que se moviam rapidamente com eles num jogo horroroso de esconde-esconde frenético.
Sangue borrifava contra as paredes de aço, agrupados no chão embaixo dos corpos daqueles que tiveram o infortúnio de não se moverem rápido o bastante para escaparem das lâminas mortais. E os outros ainda lutavam para sobreviver e se protegerem.
Um rugido selvagem de raiva cortou mais alto, o mais poderoso das Raças de Bengala sentenciado a morrer e ecoou pelo interfone. Ele lutava para empurrar os outros de lado, para salvá–los, para encontrar algum modo de parar a propulsão mecânica e impedir que aquilo cortasse a carne vulnerável deles.
— Douglas, ajude-me. — Cassa soluçou enquanto seu marido permanecia calado e imóvel, a câmera ainda registrando a brutalidade do Conselho de Genética e seus chamados treinamentos avançados.
Como isto aconteceu? Ela ligou um interruptor e bateu as mãos sobre os êmbolos de liberação, mas as lâminas continuaram cortando e seguindo caminho até que encontrasse mais Raças no caminho das lâminas mortais.
Os rugidos de fúria cresceram, uma crua raiva animal enviou um arrepio de medo pela espinha dela quando agarrou o braço do marido e o puxou para si.
Então ela viu. Congelada, imóvel com o choque, ela viu em seu olhar o prazer mórbido e cheio de satisfação.
Como uma chave que finalmente libera um bloqueio de meses de suspeita, Cassa piscou com as verdades que finalmente bateram em sua mente. O grupo de homens e mulheres que vieram ao pequeno país para encontrar este laboratório particular e resgatar as Raças, sofreu muitos acidentes infelizes e pistas falsas. Há dias que o comandante Jonas Wyatt tratava todo o grupo com fria suspeita. Por causa de um homem.
— Você. — Ela se sentia distante, tremendo. Sentiu algo se quebrar dentro se si ao compreender que ela também tinha desempenhado um papel na decepção que agora matava os mesmos homens e mulheres que seu grupo foi enviado para salvar. — O que você fez? — Ela gritou o acusando, vendo o sorriso que curvou os lábios dele enquanto seus pálidos olhos azuis brilhavam em antecipação fanática.
— O que eu fiz? Não, Cassa, o que você fez? Eu não poderia ter entrado nessa equipe sem sua ajuda. — Ele riu na cara dela. Ela sentiu seu divertimento, a odiosa arrogância em seu tom zombeteiro, enquanto mais gritos ecoaram pela sala de controle.
Ele era seu marido. Ele usou as conexões e os amigos dela para garantir que ele seria escolhido como o operador de câmara dela para documentar o resgate da raça mais rara que já foi criada. A raça de Bengala.
— Ajude-me a soltá–los — ela gritou, suas mãos batendo nos ombros dele, forçando a câmera de vídeo a se soltar, puxando do apoio de seus ombros.
O choque do equipamento no chão foi apenas um som distante da destruição quando Douglas usou o punho lhe dando um soco, que explodiu com dor brutal em sua cabeça e ela caiu ao chão de cimento.
Dor correu por ela e não conseguia parar seu choro de dor. Certo, ela podia esquecer–se de receber ajuda dele.
Ela rastejou até o painel de controle, lágrimas correndo de seus olhos quando começou a pressionar, socou e bateu qualquer alavanca ou botão que encontrou.
Sirenes começaram a tocar, luzes flamejantes piscaram em vermelho e azul. Uma voz mecânica começou a tagarelar avisos e direções em linguagem codificada que fez sua dor aumentar.
— Desgraçada! Vadia estúpida!
Mãos cruéis prenderam seus cabelos e a puxaram do chão.
Cassa não se incomodou em gritar. Não havia ninguém para ouvir seus gritos, ninguém para se preocupar com ela. Suas mãos empurraram à mão que agarrava seus cabelos enquanto começava a arranhar aos dedos dele com suas unhas.
Lutando, estava apenas vagamente consciente do rugido enfurecido, horrível, que soava muito perto, muito furioso.
— Putinha burra! — Douglas xingou novamente com expressão raivosa enquanto sacudia com força os cabelos dela. — Você sabe o que está fazendo? Eles são abominações. Animais do caralho que fingem que são humanos. — A mão livre a esbofeteou com força no rosto dela, fazendo sua cabeça explodir com flashes luminosos quando ouviu outro aviso ecoar pela sala de controle, seguido por um rugido de raiva animalesca diferente de tudo que ela já tinha ouvido.
Cassa se encolheu ao ouvir aquele som, assim como Douglas parou de repente.
— Você sabia. — ele a agarrou e a arremessou para longe dele.
Suas pernas não conseguiram se sustentar. Sua cabeça estava cheia de címbalos reverberando com a dor. Ela caiu ao andar, sacudiu a cabeça.
— Eu não sabia. — ela gritou, forçando-se a olhar para ele. — Você é um monstro, Douglas.
O sorriso que curvou os lábios dele era de triunfo.
— Você me contou os planos para chegar aqui, Cassa. Você me falou sobre os animais que eles iam libertar e você me contou querida esposa, das repercussões para o Conselho se eles fossem libertos. — Ele a chutou rindo, quando a ponta da bota bateu no lado dela a impendo de lutar ou tentar rastejar para longe do alcance dele.
— Dez milhões de dólares, Cassa, em uma conta no exterior. Quem diabos precisa de você ou de suas conexões agora? Você me deu os meios para trair estes idiotas malucos que querem chupar até animais. Agora viva com isso.
Um grito animal penetrante explodiu pela sala. Através do véu dos fios de seus cabelos e das lágrimas, ela viu Douglas empalidecer, olhar as portas trancadas da caverna, então ele se virou para correr.
Aconteceu tão rápido que Cassa jurava que via cada detalhe do movimento como se fosse em câmara lenta. Viu o único Bengala vivo, de pé, os olhos enfurecidos, endiabrados cuspindo fogo dourado. Sangue escorria pelo seu corpo. Seu rosto, ombros e nas listras que desciam das nádegas até abaixo nas coxas estavam cobertas de sangue, por cima dos pesados músculos e das linhas esculturas do corpo dourado. Ele levantou uma estaca de aço quebrado e a lançou através da porta da jaula que a atravessaram lentamente, passando pelas janelas de sala de controle com força mortal.
A lâmina cruelmente afiada se enterrou na base da coluna de Douglas. Ele gritou enquanto caia e com a cabeça curvada para trás gritou novamente.
A estaca fincou-se firme na base da espinha dele e sangue jorrou ao redor do ferimento. Ele convulsionou, sons agonizantes de pavor e dor escaparam de seus lábios, enquanto Cassa via o único Bengala fugir da cova.
Ele era aquele que os outros lutaram para salvar. Ela viu aquilo. Viu como tinham se sacrificado para salvá–lo.
Um aviso de emergência eletrônico soou pela sala.
— Alerta! Alerta! Forças inimigas estão entrando agora no corredor zero. Vocês têm quinze segundos para evacuar. Quatorze. Treze...
Cassa encarou a criatura que agora se virou para ela. Os cabelos longos eram dourados, mas estavam com listras escuras de sangue. Caiam lisos e soltos pelos ombros como as manchas douradas de raiva que viu brilhar no fundo dos olhos verde floresta
Os lábios dele se abriram numa rosnadura, expondo os grandes e afiados dentes caninos.
Ela sacudiu a cabeça. Ele a mataria agora. Ele ouviu tudo que o Douglas disse, cada acusação que fez. Ela tinha traído as criaturas que tinha lutando tanto para salvar. Não importava que tivesse feito involuntariamente. Que ela teria de bom grado dado sua vida para protegê-los.
— Eu sinto muito — ela soluçou roucamente quando ele se aproximou. — Oh Deus, eu sinto muito, muito mesmo.
— Arrependimento é desculpa de gente fraca. — a criatura rosnou com a voz cheia de intenções sombrias.
Os ombros dela tremeram com os soluços que lutava para prender, sentia medo. Sangue respingava pelo chão na frente dela, cada gotinha pequena era de um brilhante e forte tom vermelho, enquanto ele se aproximava.
Pingou na ponta da bota e na bainha da calça dela. Os próximos pingos caíram sobre o tecido de jersey da camiseta que cobria seus seios.
Ela jurava que aquela pequena gotinha queimou sua pele quando ela o encarou e sentiu a aflição e a dor correndo por cada poro de seu corpo.
— Vinte e quatro Raças mortas. — ele rosnou, o som de sua voz tão bruta, sombria e áspera que afligiu seu intimo. — Bengalas. Cada um lutou a cada segundo de suas vidas miseráveis pela liberdade. — Soltou um rosnado quando ele olhou a cova, depois para ela. — Todos mortos.
Um soluço rasgou sua garganta um segundo antes dos dedos dele se travassem em volta de seu pescoço, erguendo-a enquanto ela lutava contra o sentimento de morte.
Ele não a feriu, mesmo podendo. Ela foi a responsável. Ela confiou. Ela traiu.
— Eu deveria lançar seu corpo lá com eles. — ele gritou em sua cara enquanto ela chorava de medo.
Ele exibiu seus enormes dentes e ela quase podia sentir a sensação daqueles incisivos em seu pescoço rasgando-o.
Ela queria se desculpar pela traição. Ela queria explicar, mas não havia nada que pudesse dizer ou desculpar aquilo. Ela tinha falado com o marido. Ela tinha discutido aquilo com ele. Ela ignorou o fato dele não ser o homem que pensou que fosse; ela tentou acreditar no último vestígio de humanidade que pensou que ele possuía.
Ela provou o sangue que tinha derramado. Seu pai disse antes de morrer que os homens deveriam provar o sangue que derramou, experimentar a morte, saber o horror que eles perpetuam.
Ela sabia. Aceitava seu destino. Provou seu sangue enquanto outro soluço apertava sua garganta, mas não saiu de seus lábios. Ela se desligou de sua apreensão , esperando a dor a qualquer momento. Esperando a morte. Confiou no homem a quem tinha dado seu coração, e aprendeu o custo dessa confiança.
— Você me pertence.
Seus olhos abriram para ver os dele, que estavam muito perto, olhando para ela. Quase nariz com nariz, o calor de respiração dele acariciava seu rosto e os caninos afiados estavam perto de sua pele.
— O que? — A pergunta foi instintiva.
— Você me pertence — ele rosnou novamente. Era um animal, não um homem que ela enfrentava. Esta Raça não era como as Raças civilizadas que ela acompanhou durante meses para o jornal onde ela trabalhava.
— Não. — Ela tentou negar com a cabeça, mas os dedos que apertavam tão cruelmente ao redor de sua garganta não a deixou se mover.
— Eu sei seus segredos — ele rosnou. — E saberei mais. Isto. — Ele olhou em volta da sala de controle, a raiva brilhando em seu rosto quando seu olhar pousou mais uma vez na entrada da cova. Os olhos dele voltaram para ela. — Você me deve pelas vidas deles. Você me deve pelos pecados dele. — O olhar dele voltou ao corpo caído de Douglas.
Ela tentou negar com a cabeça novamente, mas as mãos dele só apertaram impiedosamente, enquanto sua expressão ficava mais dura, mais fria.
— Irmãos e irmãs. — ele a agarrou. — Minha família, não meu bando, e eles jazem mortos por causa da traição dele.
Mais lágrimas escorreram. A culpa era uma bola de fogo em seu peito. Aflição era um nó de agonia na garganta que os dedos dele apertavam.
Ela ia morrer ali. Ela sentia isso. E talvez até mesmo uma parte dela preferisse aquilo. Se ela vivesse, teria que enfrentar e lidar com aquilo. Ela tinha visto o sangue, as vidas desperdiçadas naquela cova e não sabia se podia aguentar o peso de saber que eles tinham terminado por causa da sua ignorância.
Querido Deus. Talvez ela os tivesse matado com suas próprias mãos.
Cabal St. Laurents. Eles receberam nomes neste laboratório. Receberam uma identidade quando seria bem mais humano se não tivessem recebido. Era uma lembrança de que eles não existiam. Nunca livre. Uma lembrança de que estavam sempre presos aos seus criadores.
Era um Bengala e o animal dentro dele recusava–se a ceder. Alegrava–se em derramar o sangue do inimigo. Isto combinava com a humanidade dele, planejando e buscando a morte de toda criatura que atravessava o seu caminho de fuga.
Agora o homem estava pronto para matar. O ser humano queria provar o sangue e o animal se reteve.
Sua prisioneira era uma mulher. Era a mais traiçoeira que qualquer espécie. Era a razão pela qual aqueles que compartilharam o sangue dele agora estavam mortos, caídos sobre o sangue que jorrava de seus corpos. Ele a segurava agora, sua mão agarrada em volta da garganta dela, seus dentes doíam e sua língua quase sentia o gosto de sua pele. E ele não pode feri–la. O animal se retirou, a intensidade feral que o guiou para fugir da cela retrocedeu.
Soltou-a lentamente, vendo-a caindo aos seus pés. Ela não chorava por clemência. Com a cabeça inclinada, seus longos cabelos loiros se espalharam brilhantes em volta dela. Eles tocaram o chão e o sangue dele mancharam as pontas.
Uma dor de raiva estremeceu por ele. O rugido que correu por sua garganta e explodiu dos lábios trouxe aos lábios da mulher um soluço baixo. Mas ainda assim, ele não bateu nela. O animal afastou-se dele, assistindo a cena de longe, esperando. Pelo que estava esperando, ele não sabia, mas ele admitiu que não tinha vontade de matar a mulher.
Ela foi tola. Ele sentia o cheiro do marido sobre o corpo dela, sabia a dor que a atormentava. Ela os traiu sem querer, mas como ele poderia perdoar a morte daqueles que ele tinha amado?
— Eu possuo você — ele repetiu afastando-se dela quando sentiu a fraqueza da perda de sangue correr por seu corpo. — Quando eu te chamar, você virá. Qualquer coisa que eu peça a você, você vai dar. — Ele se abaixou e suavemente, tão suavemente, quando raiva e o desejo de violência fluía por seu sistema, ele agarrou o queixo dela e ergueu sua cabeça até que ele mergulhou no seu olhar e pôde ver o cinza dos olhos dela, inalou seu cheiro e agora a conhecia para sempre. A cheirou para conhecê-la e se lembrar sempre deste dia. O dia que uma mulher destruiu tudo o que ele tinha amado.
— E um dia — ele jurou — você vai pagar.
Ele tropeçou. A fraqueza o percorreu.
Ele tinha perdido muito sangue. Sua força estava se esgotando. Não havia nada mais que a raiva dolorida, a dor da perda e o sabor da derrota. Ele tinha jurado salvá–los e por causa do descuido dessa mulher por confiar no homem errado, ele tinha perdido tudo.
Ele tropeçou novamente, quase caindo antes de se conter. Balançando, ele se forçou a ficar de pé enquanto as portas de metal corrediças na sala de controle foram abertas e o cheiro das Raças encheu a sala.
Ele sentiu que não havia nenhuma ameaça, nenhuma sensação de perigo. O animal dentro dele reconheceu os animais que corriam para dentro da sala. A força de resgate sobre a qual os cientistas estiveram tão preocupados. Comandada por uma Raça que segundo os boatos até mesmo o Conselho de Genética tinha respeito, Jonas Wyatt.
Cabal ergueu a cabeça e os encarou, notando suas expressões incrédulas ao verem o homem morto no chão e a mulher que o encarava com medo e raiva.
Ela reconheceu o animal que ele era e sabia que a tinha selado como a propriedade dele. Ela seguiria a linha dele e por tudo que era sagrado, ele garantiria que ela pagaria o preço se alguma vez permitisse que outro homem a tocasse.
Ele quase parou em choque ao pensar naquilo. Ele teria, exceto um dos homens que andou em direção a mulher. A mão dele se estendeu para segurar o braço dela, e levantá-la. E Cabal estava lá.
Ele fechou sua mão ao redor do pulso do homem e rosnou em uma advertência. Um som primitivo, feroz que fez a mulher estremecer de medo.
O que era essa necessidade imperativa dentro dele? O que impulsionava o animal arremeter com raiva para a frente dela, quando ela estava tão amedrontada? Ele deveria querê–la fora de suas vistas, fora de sua mente. Nunca mais ele queria pensar nos horrores que enfrentou ali ou as mutilações que aconteceram dentro daquela prisão infernal de morte.
Ele ainda sentia o cheiro do sangue de sua família. Todos eles eram no mesmo sangue. Cada um deles, criados do mesmo DNA do mesmo de Tigre Bengala, DNA que foi introduzido no esperma do mesmo doador. Eles eram uma verdadeira família. Família de sangue. E tinha perdido tudo.
— Minha. — ele rosnou para o outro homem Raça, ignorando a arrogância, o domínio nos turbulentos olhos cinza que o encararam. — A dívida dela pertence a mim.
O homem olhou o pulso dele onde Cabal o segurava firmemente, depois para os olhos de Cabal. Havia uma ponta de perigo nos olhos de prata do estranho. Uma ponta de puro comando primitivo. O cheiro daquilo estava no ar e Cabal estava consciente de que mesmo com força total, seria duramente apertado ele conseguir derrotar aquela força e poder do animal.
— Você está errado. — Aquele tom sombrio fez os pelos da nuca de Cabal se arrepiar num aviso. — Você está ferido e fraco, Bengala. — ele disse suavemente. — Vou deixar isso passar e você ir. Mas ela não é alguém que você pode usar ou fazer mal.
— A dívida dela é minha — Cabal silvou novamente, mostrando os caninos enquanto aproximava mais seu rosto da outra Raça. Quase nariz com nariz agora, a luta de vontades era uma coisa que Cabal temia perder se pressionado. Mas ele lutaria. Ele lutaria até a última gota de sangue.
— Ela não lhe deve nenhuma dívida — o outro o advertiu, baixando ainda mais sua voz. — Não cometa este erro.
O olhar de Cabal foi ao marido dela e para a Raça determinada que se colocava em seu caminho.
— Ela confiou nele. — Sentiu sua língua grossa, desajeitada. — Ela o tocou, o seguiu. Ele traiu a todos. — Agora havia uma zombaria em sua voz. O desgraçado nunca teria traído a ele. Cabal teria cheirado o cheiro de sua traição na primeira reunião. Nunca deixaria tal criatura viver.
— A dívida dela não é sua. — o outro repetiu.
— Ela é minha! — Cabal rebateu em resposta. — Interfira comigo e você vai morrer.
Ele cheirava as armas apontadas nele, sentia as outras Raças assistindo o confronto.
— Por favor. — A voz dela acariciou seus sentidos. Fraca, abatida com lágrimas, tremendo de medo. — Ele tem razão, Jonas. — ela sussurrou então. — Deixe ir. Por favor.
Jonas. Jonas Wyatt. O Bengala tinha repreendido o maior dos comandantes das Raças, um de seus estrategistas mais fortes. Bem, ele não estava satisfeito? Wyatt tinha feito planos estratégicos de salvar um grupo inteiro de Raças em extinção.
— Sim, Wyatt, vá se ferrar. — ele rosnou violentamente, mesmo quando balançou.
Ele amaldiçoou a fraqueza do próprio corpo. Ele amaldiçoou Wyatt ao inferno por não planejar melhor e quando ele viu para onde a mulher olhava, com lágrimas e arrependimento nos olhos, ele se amaldiçoou por não matá-la do mesmo modo que matou aquele filho da puta do marido dela.
Ele inspirou asperamente. Ela tinha o fedor daquele humano. O cheiro dele era uma afronta aos sentidos de Cabal, uma afronta para seu senso de justiça.
— Lembre-se de mim. — Seu sussurro foi um suave suspiro. — Nunca esqueça mulher, porque eu não vou. E o dia virá... — Escuridão rodou então por sua visão. Seus joelhos fraquejaram. Ele tinha perdido muitas gramas de sangue precioso.
Ele não sentiu seu corpo caindo ao chão ou do grito que a mulher deu quando tentou pegá-lo. Sentiu as mãos dela o tocando, mas não sentiu o pulsar do coração dela ou suas lágrimas que pingaram sobre o seu pescoço.
— Cassa, nós o pegamos.
Cassa estava consciente apenas de Jonas a levantando para longe da forma caída e entregando-a para outra Raça. Sentia-se entorpecida por dentro, mesmo quando o medo explodiu e correu por ela. Ela sentia frio, contudo estava excitada com calor. Ela se sentia morta, contudo sabia que ainda vivia.
Tremores contraiam seu corpo quando a Raça que a segurava a ajudou a sair da sala. Ele a ergueu nos braços quando passou por cima do corpo do marido dela. Cassa quis sentir remorso. Ela deveria estar sofrendo. Em vez disso só sentia ódio e uma sensação de liberdade.
Douglas estava morto. Foi o instrumento de sua própria morte, da mesma maneira que ele foi o instrumento de seus medos por tantos meses.
Deus, ela deveria ter sabido. Quando ele foi escolhido para a equipe, ela devia ter avisado as Raças que ela já não confiava nele como um marido. O problema era que ela tinha confiado nele como um partidário das Raças. Ele estava com ela lá quando as notícias a noticia do primeiro sucesso daquelas criaturas incríveis. Ele esteve lá com ela durante a primeira revolta contra a Lei das Raças e ele tinha expressado sua indignação, sua preocupação por eles. E o tempo todo ele esteve vendendo-os.
Ela deveria ter suspeitado. Não foi a primeira tarefa que tiveram e tudo deu horrivelmente errado. Cada vez, a culpa foi para os outros. Da mesma maneira que agora a culpa cairia sobre ela.
Ela tinha confiado nele, como o Bengala disse. Ela o trouxe até ali, deu a oportunidade de enganar e conspirar contra as Raças. Ele tentou ganhar dinheiro com as mortes deles e pagou com a vida por isto.
Quando eles saíram da sala e andaram ao longo dos corredores, ela estava atenta a maioria das Raças que ficaram atrás. Eles eram assim. Deixavam os que não eram raças e ficavam tristes pelos mortos antes de envolver seus corpos e levá-los para uma segurança que seria eterna. O cemitério das Raças em Virgínia, perto de Arlington, era um testamento à dedicação que as Raças sentiam uns pelos outros. Eles lutaram para serem livres e ganharam isso e realizavam as próprias cerimônias sem o benefício de qualquer tipo de assistência dos humanos. Quanto ao Santuário, o Complexo das Raças Felinas, eles superariam sua própria dor e os enterrariam com toda a bondade e humanidade que eles não conheceram em vida.
— Ele não me deixará viver. — ela sussurrou, mais para si que para quem a pôs de pé lentamente e começou a conduzi-la pelos corredores que ela percorreu mais cedo.
Sua vida estava perdida. Quando aquela Raça se curasse e recuperasse suas forças, ela morreria. Ela viu nos olhos dele. Inferno, ela tinha provado aquilo no sangue dele. Ela ainda sentia o gosto dele na boca. Sombrio e selvagem contra sua língua. Ela foi marcada e sabia disso.
— Raças têm um senso surpreendente de justiça. — o que a conduzia pelo corredor declarou suavemente. — Você viverá. Mas só porque ele sabe que você sofrerá mais por isto.
Ela olhou para ele. Havia uma ponta de sabedoria em seu olhar âmbar, um sentimento de pesar. Mercury Warrant. Suas feições leoninas eram graves e solenes, seu olhar compreensivo apesar do fato que ela temia que não merecesse tal coisa.
— Não tenho nenhuma dúvida de que ele tem razão. — ela disse desanimada, forçando-se a andar, colocando um pé na frente do outro, para deixar aquelas instalações e enfrentar o sangue e a morte que esperavam do lado de fora também.
Raças e seres humanos morreram aqui, porque os laboratórios foram avisados da chegada da força de resgate. Os Coiotes e soldados humanos do Conselho que os esperavam não mostraram nenhuma piedade. Não que as forças de resgate não esperassem tal ataque já que eles sabiam contra o que estavam enfrentando.
Muitos sabiam que morreriam. Igualmente no curso dos últimos meses, quando traição após traição marcou cada área não disponível que eles romperam. Parecia haver muitos dispostos a matarem as Raças como também os humanos que estavam lá dispostos a resgatá-los. E contando a diferença entre os dois nunca seria fácil.
— Ele era meu marido. — ela sussurrou.
— Eles normalmente são os que menos se pode confiar. — ele respondeu.
Ela quase riu. E como ele saberia? Como ele podia entender que embora Douglas não tivesse sido um bom marido, ainda assim, ela nunca o tinha visto como um homem mau.
Agressivo? Sim. Um assassino? Não. Nunca imaginou que ele poderia ver a morte como um meio de lucro.
— Eu estive tão enganada. — ela sussurrou dolorosamente.
— Eu não tenho nenhuma dúvida disso. — ele concordou com sua voz gelada agora. — É o preço que você paga, Cassa. E nem sempre é só em espécie.
Não, o preço que ela pagaria não seria só em espécie.
MONTANHA DO LOBO
BASE DA RAÇA DO LOBO DE COLORADO, PORTO
ONZE ANOS DEPOIS
Cassa Hawkins deslizou silenciosamente através das sombras do composto da raça do lobo, O Porto, tentando ignorar a chuva fina caindo e a sua ansiedade. Sentia–se como um fantasma, uma sombra, invisível, inaudível. Era uma sensação inebriante de passar por raça após raça, indetectável.
O ar frio da noite a envolvia e penetrava em sua roupa preta. Mesmo a confortável touca preta que cobria seu cabelo pouco fazia para afastar o frio ou a umidade. Acrescentou à emoção, a sensação de descrença e de perigo iminente. Ela era louca rastejando daquele modo, parecia isso e sabia disso. Não poderia ir longe. Não era possível que aquela droga que foi criada realmente pudesse enganar os sentidos de uma Raça e permitir que ela passasse além das sentinelas de serviço em cada canto no Porto.
Alguém estava brincando com ela, permitindo que ela seguisse tão longe até agora. Essa era a única explicação para a distância que ela alcançou entre a cabana onde estava hospedada e dos principais escritórios do composto, porque havia raças vigilantes demais de serviço. Raças que tinham um incrível sentido de olfato. Eles foram escolhidos para suas posições simplesmente porque seria impossível passar por eles.
Não era possível que tal droga pudesse ter sido criada, uma droga que enganaria a capacidade superior de uma Raça para cheirar outros. Era?
De acordo com os e-mails que ela recebeu e o pequeno frasco de comprimidos redondos e brancos que chegaram em seu apartamento essa semana, definitivamente era possível. E ela foi louca esta noite para tomar um de verdade. Deslizou aquilo sobre a língua, deixou dissolver e entrar em sua circulação sanguínea antes de deixar sua cabana.
A decisão despreocupada a fez hesitar, mas só por alguns momentos. Como muitos de seus colegas jornalistas sabiam, Cassa era frequentemente conhecida por desafiar a morte. Era um de seus defeitos, muitos lhe disseram. Ela considerava um de seus pontos fortes. Afinal de contas, seus dias estavam contados e sabia disso. Ela poderia muito bem sair com o máximo possível até que o dia do julgamento final chegasse. Cabal pode ter deixado que vivesse até aquele dia, mas ela duvidava que aquela decisão durasse por mais tempo.
Neste caso, a intuição a incitou. As fotos de corpos ensanguentados, os e-mails que a avisaram que uma Raça desonesta se vingava por alguns crimes desconhecidos, e então a droga que chegou com a nota anônima que dizia que o passado sempre voltava não importa o quanto lutasse contra isso. O passado realmente estava sempre lá. Pairando sobre seu ombro, atravessando seus pesadelos e brilhou nas manchas douradas dos olhos de Cabal St. Laurents. Toda vez que ele olhava para ela. O passado estava vivo e bem. Ela não precisava de um assassino para fazê-la lembrar disso. Da mesma forma que ela não precisava de ninguém para fazê–la lembrar da verdade de suas próprias ações.
A verdade.
A verdade era que Cassa tinha matado. A verdade é que uma vez que seus segredos fossem revelados, ela morreria. As Raças nunca lhe permitiriam viver quando soubessem a verdade. Ela tinha sorte que o pequeno grupo de Raças que souberam a verdade tinha mantido suas bocas fechadas todos estes anos. Ela deslizou passando mais outro guarda de Raça. Mordecai. Um dos melhores perseguidores deles, diziam que era uma das Raças Coiote mais impiedosas deles. Na ponta dos pés, ela se moveu lentamente pelas sombras, ao longo do chão molhado, coração acelerado, boca seca, até que estava numa distancia segura dele. O ar frio de inverno não dava nenhuma dica que primavera estava próxima. O frio penetrava em sua pele e ossos, mas nada poderia acalmar a excitação que a percorria agora. Estava trabalhando. Eles não a tinham cheirado, eles não a tinham percebido.
Deus, isto não podia ser possível.
Apertando suas costas contra o tronco grosso de um pinheiro, ela olhou o céu sem luar e fez uma oração silenciosa para que nenhuma das Raças de patrulhamento da área sentisse o seu cheiro.
Uma droga como essa poderia ser fatal, como a sua fonte a alertou.
Afastando-se da árvore, Cassa contornou vários arbustos cheios de gotas da chuva gelada. Ela deslizou pela noite. Havia um sussurro de vozes à frente, som abafado de passos mais próximo, à frente. Abaixando-se atrás dos arbustos verdes que cresceram ao redor de uma área de piquenique fechada, ela esperou por eles para poder passar.
— Você tem certeza de sua informação? — A voz de Jonas Wyatt atravessou a noite claramente enquanto o par se aproximava.
— Cinco mortos, Jonas, isto é difícil de errar. Todos com rumores de fazerem parte de grupo de caça de doze homens, que vem várias vezes no ano para caçar raças fugitivas. Cada um foi morto do mesmo modo, usando o mesmo padrão. Não há erro.
A voz que respondeu fez o coração de tropeçar, depois acelerou consciente. Ela lutou contra a resposta, mordeu seu lábio e rezou para que a pequena pílula milagrosa encobrisse o cheiro de excitação também.
Cabal St. Laurents tinha uma voz que faziam as mulheres quererem se derreter no chão em uma poça de felicidade orgásmica. Atiçava seus sentidos com uma cadência aveludada que Cassa nunca foi capaz de ignorar. Era a voz de um sedutor e ela foi seduzida há muito tempo, mesmo quando ele a encarou com a morte em seus olhos.
— Inferno. — Jonas pausou, não mais que um metro de onde ela se abaixou.
Ela queria tanto espiar sobre os arbustos, mas ela não ousou. O cheiro de seu corpo podia ser encoberto, mas não haveria nenhum jeito no inferno de escapar da visão excepcional deles.
— Essa é uma boa descrição do que estamos enfrentando. — Cabal respondeu. — Isto não acabou. Os caçadores estão se tornando a presa, e se os cinco primeiros são alguma indicação, nós poderíamos olhar alguns perfis de indivíduos notórios. O ex-prefeito que desapareceu na semana passada era uma pessoa muito conhecida por toda a nação. Nós estamos olhando para um pesadelo de Relações públicas aqui.
Cassa sentiu sua boca seca. O ex-prefeito que tinha desaparecido recentemente era David Banks, um defensor dos direitos das Raças. Ele defendeu a Lei das Raças e era conhecido por ser o anfitrião de festas de caridade várias vezes por ano, em honra das Raças. Agora corriam rumores que ele também era membro de um grupo de homens que caçaram Raças?
Ela podia acreditar nisso. Ela nunca gostou de Banks, mas ela sabia da popularidade dele. Seu sorriso suave e encantador e sua voz macia enganaram mais de um jornalista.
— PR (Relações Publicas) é a área de seu irmão. — Jonas rosnou. — Vou deixar Tanner se preocupar com a cobertura de açúcar (ato de encobrir fatos importantes com um pronunciamento convincente). Eu quero o assassino pego, Cabal. Esse é seu trabalho.
A voz de Jonas estava comandando, dura ao o lembrar de seu serviço. Sim, esse era o trabalho de Cabal, fazer coisas que os executores comuns não podiam fazer.
— É difícil fazer um trabalho quando não há nenhuma evidência a seguir, Jonas. — Cabal rebateu com voz irritada. — Não há nenhum DNA deixado na cena de crime e nenhum cheiro. Fomos informados na hora do desaparecimento do prefeito. Quando chegamos, você poderia sentir o cheiro do medo dele, mas o cheiro do sequestrador dele não foi encontrado em nenhuma parte.
— Ache alguma coisa, Cabal. — Jonas ordenou. — Estamos trabalhando contra o tempo. Se você não achar o assassino antes que as notícias destes assassinatos, possivelmente cometido por uma Raça, vaze para a imprensa, então estamos fodidos.
— De qualquer jeito para mim parece que já estamos fodidos. — informou Cabal com voz fria. — Horace Engalls e Phillip Brandenmore estão garantindo isso.
Brandenmore e Engalls, empresários, um era dono de uma indústria farmacêutica e o outro dono de uma grande empresa de pesquisas de medicamentos, eram acusados de drogar a raça Dra. Elyiana Morrey e de conspirar parar o assassinato de várias Raça. Eles foram capturados ao tentarem comprar arquivos dos dois assistentes do Laboratório das Raças, esses arquivos continham pesquisas científicas médicas de autoria da Dra. Morrey e corria o boato que ela estava pesquisando um suposto fenômeno do retardamento no envelhecimento que as raças e suas esposas estavam passando.
Não havia suposição nenhuma naquilo. Cassa sabia que aquilo era verdade. As Raças experimentavam uma diminuição no envelhecimento assim que eles entravam no calor de acasalamento. O fenômeno fizeram os médicos das Raças enlouquecerem, tentando entender como aquilo acontecia e fez o Gabinete de Governo das Raças entrar em frenesi toda vez que os jornais de fofocas mostravam outro ângulo para contar a história.
Até agora, não estavam sendo levados a sério. Mas isso não podia continuar por muito tempo. Fazia onze anos desde que o líder da Raça Felina anunciou ao mundo a existência das Raças. Dez anos sem que ele e sua mulher não mostrasse nenhum sinal de envelhecimento perceptível.
Cassa era um das poucas pessoas que sabiam a verdade e as consequências de escrever aquela história ou revelar o que sabia sobre aquilo. O acordo de sigilo que assinou, em troca de uma consideração especial em entrevistas e ultimas noticias das Raças, foi assustador. Tinha certeza que teria assinado por sua alma, por seu filho primogênito e pelo sangue de seu gato. Ou algo parecido.
— Engalls e Brandenmore estão negociando — Jonas disse lentamente, seu tom era puro gelo. — Estou mais preocupado com o assassinato indiscriminado de raças por um patife. Encontre-o, Cabal ou todos nós no final estaremos num rio de merda sem remos.
Cabal grunhiu a isso.
— Pensei que já estávamos.
— Não, por enquanto nós temos um remo. — Jonas informou sarcasticamente. — Agora ache esse desgraçado antes que ele mate novamente. Vou me amaldiçoar se eu tiver que limpar outra bagunça como a última. Tenho certeza que ainda tem partes perdidas.
Cassa se forçou a silenciar. Ela tinha as fotos daquelas mortes, tinha certeza que tinha. Aquelas e mais três outras. Imagens que foram enviadas via e-mail encriptado que acusavam as Raças de esconder um assassino.
Ela não tinha duvidas de que eles fossem capazes disso. Ela só não imaginava que até mesmo uma Raça podia machucar como mostrava aquelas imagens.
O medo cresceu dentro dela sentindo o suor que começou a escorrer por sua testa ao pensar em ser pega agora. Ela conhecia a Lei das Raças e sabia o preço de espionar esta conversa. Como David Banks, ela poderia desaparecer e seu destino nunca seria conhecido.
Havia um boato de que Jonas adorava jogar seus inimigos em vulcões. Ela realmente não duvidava disso. Parecia mesmo coisa do "Jonas" fazer aquilo.
— Você está mijando contra o vento, Jonas. — Cabal informou. — Não temos nada para seguir aqui. Nenhum suspeito, nenhuma pista. Até que eu tenha um ou o outro, não há muito que eu possa fazer.
— Pegue-o. — A voz de Jonas tornou-se perigosa, cortante. — Depressa, Cabal.
— Sim, eu esclarecerei isto, Diretor, logo que você me disser o que inferno estou procurando. — A voz de Cabal baixou até que vibrasse com ameaça contida. — Até lá, inferno, não tem muito que eu possa fazer.
— Banks era de Glen Ferris. Volte lá, veja o que pode descobrir. Supondo que estejamos procurando por ele. Investigue por esse ângulo.
— Era só o que eu precisava, você me dizer como fazer o meu maldito trabalho. — Cabal grunhiu.
— Eu poderia te dizer como encontrar sua companheira. — Jonas arrastou as palavras com uma ponta de diversão. — Tenho certeza que ela está em algum lugar aqui. O que você acha?
Um rosnado perigoso encheu o ar enquanto Cassa sentia seu coração parar no peito. Cabal estava acasalado? Não, isso não podia ser verdade. Raças não ignoram suas companheiras e eles com certeza não fodiam qualquer coisa com saias como todos sabiam que Cabal fazia. O homem tinha um verdadeiro harém ajoelhado aos seus pés, implorando o privilégio de satisfazê-lo. Aquilo era o bastante para fazer os dentes de Cassa trincarem com irritação.
Jonas devia estar falando de uma companheira em geral, ninguém em particular. Tal como procure e acharás, mesmo que você não esteja procurando aquele tipo de criatura para seu companheiro. Tinha de ser isso.
— Não foda comigo, Jonas. — Cabal o avisou. — Não estou no clima.
Jonas riu. Não era um som confortável ou divertido. Era, francamente, assustador.
— Eu não sou o único com quem você tem que se preocupar sobre te foder, meu amigo. — ele disse lentamente. — Entretanto, acho que a nossa corajosa pequena repórter, Sra. Hawkins, poderia lhe dar lições nisto.
Cassa sentiu seus lábios abrirem de surpresa. Havia um toque de diversão na voz de Jonas agora, mas não no rosnado de Cabal. O som foi sexy como o inferno e enviou um calafrio na espinha de Cassa e uma corrente de calor entre suas coxas.
Jonas sabia exatamente como Cabal se sentia sobre ela, ele estava lá na manhã que Cabal matou o marido dela e quase a matou. Ela ainda podia sentir as mãos de Cabal em volta de sua garganta, ver a fúria e o desejo de matar nos olhos dele.
— Esqueça isso, Jonas. — Cabal advertiu.
Sim, Jonas, por favor, esqueça, Cassa gemeu silenciosamente. Ela estava se excitando com a voz dele, apesar dos melhores esforços para não fazer assim. Estava preocupada que tudo que aquela pílula fizesse, seria pouca defesa contra o cheiro do desejo dela. E ela definitivamente estava necessitada. Nos onze anos desde a morte de seu marido, ela nunca ficara tão acesa como quando estava perto de Cabal St. Laurents.
— Muito bem, considere esquecido. — Ela ouviu a indiferença na voz de Jonas. –O heli-jato estará pronto para levar você a Glen Ferris pela manhã. Investigue mais o desaparecimento de Banks. Podemos ter sorte e você achará um suspeito quando estiver lá.
— Continue esperando. — Cabal grunhiu. — Confie em mim, se eles estiverem escondendo uma Raça selvagem entre eles, não vão entregá-lo só porque pedi com gentileza.
Os moradores de Glen Ferris eram mais prováveis abrigarem e protegerem uma Raça selvagem, não importa o risco para eles. Inferno, eles fizeram isto durante anos; não havia nenhuma razão para acreditar que eles não fariam o mesmo agora.
— Você sabe perguntar com gentileza? — Havia muito sarcasmo na voz de Jonas.
— Vá pro inferno. — Havia muita arrogância em Cabal.
Cassa quis rir do confronto, mesmo quando registrou a informação surpreendente que veio até ela. Todo o mundo suspeitava que Banks estava morto neste momento. Fazia uma semana desde seu desaparecimento e não havia nenhuma ligação com o que tinha acontecido a ele. O rio foi dragado, esforços de busca ainda procurando por ele eram contínuos, mas não havia um indicio de seu paradeiro.
David Banks saiu para uma caminhada de noite na pequena cidade de Glen Ferris, West Virginia. Ele não foi visto novamente. O corpo dele não foi achado. Não havia nenhum rastro, nenhuma pista onde ele poderia ter ido ou o que poderia ter acontecido a ele. Até agora.
— Eu voltarei ao inferno, você controla a nossa repórter curiosa. — A voz de Jonas ecoou mais uma vez em tom de comando que fez Cassa começar a sentir um pouco de medo. — Ela estava muito nervosa na noite da recepção. Certifique-se que ela esteja onde deveria estar em vez de algum outro lugar onde mão deveria ir.
Cassa sentiu o ar de hesitação que encheu a área no outro lado dos arbustos.
— Ela está se tornando um problema?
Ela definitivamente não gostou absolutamente, do tom frio que Cabal usou agora. Ele a reivindicou como propriedade dele na manhã de sua fuga daquela cela e ele aproveitou toda oportunidade para lembrá-la que ele podia reclamá-la no momento que ele quisesse.
— Ela sempre é um problema se ela está aqui ou no Santuário. — respondeu Jonas.
Os olhos de Cassa estreitaram. Ela nunca foi um problema no Santuário. A fortaleza das Raças felinas era um lugar confortável e com uma visão mais acolhedora para ela que o Composto das Raças de Lobo em que ela estava no momento.
— Você não sabe lidar com ela. — Cabal injetou.
Lidar com ela? Ninguém lidava com ela, ponto final.
— Só com um chicote e uma cadeira. — Jonas rosnou. — Callan e Merinus dão muita liberdade a ela no Santuário. Ela acha que merece o mesmo tratamento em outro lugar.
— E como isto é meu problema? — Cabal argumentou. — Ela é uma repórter. Você deveria ter sabido melhor ao permitir o convite que foi dado a ela para vir aqui.
Os corpos se moveram. Cassa morria para olhar por cima dos arbustos, mas em vez disso se encolheu mais e se inclinou, tentando abrir uma brecha entre as folhagens para ter uma visão clara entre os ramos grossos.
Ela inspirou lento e fundo e sentia o familiar desejo entre suas coxas.
— Apenas se certifique que ela esteja na cabana dela e bem guardada, se você não se importa. — Jonas ordenou falou com voz lenta cheia de escárnio.
— E se eu me importar? — Cabal perguntou cuidadosamente.
Os dentes de Jonas brilharam com um sorriso duro, frio como a chuva que pingava em sua cara e encharcava seu cabelo curto, bem cortado.
O raio de luz de um edifício próximo revelou os dois homens. Jonas ainda vestia seu smoking. Mas Cabal tinha mudado, vestia calças jeans, camiseta e uma capa de chuva resistente e botas. O cabelo loiro dourado com listra preta pingava enquanto a chuva fina caia descendo por seus ombros.
Seus ombros eram largos, sua cintura era fina, as coxas e pernas musculosas e longas. De pé lá na chuva, ele parecia o animal que ele era. No auge, pronto para ação. Sensual como inferno, boca decidida de macho.
— Então eu poderia te colocar como parte da guarda de proteção dela em vez de te mandar para Glen Ferris. Pense nisso, afinal poderia ser uma boa ideia.
Os brilhantes olhos verdes de Cabal se estreitaram e Cassa podia jurar que viu o brilho das manchas douradas dentro do verde da íris quando encarou a outra Raça.
— Eu vou verificar como ela está. — A fúria dura que ecoou em sua voz normalmente fria pegou Cassa de surpresa e enviou um arrepio frio por sua espinha. Perfeito! Então ele não queria ficar em qualquer lugar perto dela. E ela não o queria em qualquer lugar perto dela também. Seria uma sortuda se não tivesse que se encontrar novamente com ele, fim, e ela não gostou de Jonas enviar uma babá para se certificar que ela estava no lugar.
Ela tinha que voltar para sua cabana antes que Cabal chegasse lá. Se ele não a encontrasse em sua cabana, Deus me livre, pensou enquanto se esgueirava na chuva, ela podia apenas imaginar um pouco as consequências. Ela perderia todos os privilégios que tinha ganhado nos últimos anos quando o Santuário estava cheio de preocupações. Sem mencionar o fato que ainda teria que lidar com mais uma de suas arrogantes besteiras de Eu Possuo Você. Ela quase bufou ao lembrar daquilo.
Ela deslizou silenciosamente para sua posição. Com o coração acelerado, ela lutou para se mover lentamente, cuidadosamente.
Ela estava correndo contra o tempo de qualquer maneira, com a única pílula que tinha tomado. Duas horas, o informante tinha avisado. Ela passou a maior parte desse tempo testando-o contra o patrulhamento de Raças do complexo.
Quando atingisse o prazo, seu cheiro natural voltaria depressa o que significava que ela tinha menos de meia hora para voltar para a cabana.
Ela não podia deixar Cabal saber que não esteve lá o tempo todo e maldição ela com certeza não podia enfrentá-lo enquanto a droga ainda estava em sua circulação sanguínea...
Eles continuaram discutindo sobre ela, para o seu desânimo, enquanto se retirava lentamente. Ela podia ouvir as vozes deles, mas não o que diziam. Quando ela alcançou uma distância segura, ela se endireitou novamente e voltou apressadamente pelas sombras para sua cabana.
Ela usou as árvores pesadas que cresceram em todo o composto para esconder o retorno dela à cabana. Contornando as áreas que ela sabia que as Raças eram propensas a vigiar mais fortemente, ela fez a volta e chegou na cabana no prazo de vinte minutos. O atraso foi angustiante enquanto esperava os sentinelas se afastarem lentamente por ela, ou quando foi forçada a recuar para evitá–los.
Correndo de volta pulou a janela destrancada de sua cabana, correu para o banheiro enquanto ouvia um veículo estacionar na entrada da pequena garagem.
Inferno. Pela primeira vez, Cabal não perdeu tempo em obedecer as ordens de Jonas.
Torcendo a torneira do chuveiro, ela ajustou a água depressa e tirou as roupas molhadas do corpo. Lançou o tecido encharcado num armário próximo, ela agarrou o xampu perfumado, apertou uma quantia grande na palma da mão e espalhou depressa nos longos cabelos, depois pegou rápido o frasco de sabonete liquido da prateleira e se ensaboou com uma esponja.
Ela precisava de perfume, muito perfume. Xampu perfumado de pêra nos cabelos, sabonete líquido perfumado de maçã. A espuma cresceu em todo o corpo dela, da cabeça ao dedo do pé, enquanto lutava para ter certeza que Cabal sentisse aquele perfume quando estivesse na frente dele.
Enxaguando-se depressa, ela forçou seu coração a se acalmar, forçou-se a permanecer tranquila e se assegurou que a droga teria tempo de sair de seu organismo enquanto ela dava o tempo de pausa para o condicionador de pêra fizesse efeito, enxaguou o cabelo rápido e fechou a água.
Minutos depois saiu do banheiro, seu cabelo preso em uma toalha, embrulhada num pesado roupão e passou bastante loção hidratante perfumada de maçã em todo o corpo. Ela cheirava a um maldito pomar.
Normalmente, ela usaria os produtos com moderação. Ela preferia xampu e condicionador sem perfume, até mesmo sabonete. Os perfumes fortes a incomodavam, e também as Raças que ela entrevistou ou trabalhou. Esta noite era uma exceção e ela estava agradecida a sua assistente por mais uma vez ter posto os produtos de banho perfumado em sua mala na note anterior.
Kelly pensava que todo mundo devia cheirar como um pé de fruta, apenas porque ela gostava.
Calma, equilibrada, Cassa saiu de seu quarto para a grande sala de estar e parou para ver um cabelo úmido de uma Raça bonito demais, sentando na grande poltrona na sala.
Não era mais do que tinha esperado não era a primeira vez que ela entrava numa sala que devia ser só dela e achar uma raça a sua espera. No entanto, ela admitiu, raramente era esta Raça em particular. Felizmente, Cabal manteve a maior distância possível entre os dois nos últimos onze anos.
— Um pouco tarde para uma visita, não é? — Ela puxou a toalha de seus cabelos enquanto a pergunta zombeteira saia de seus lábios.
Ela não perdeu o brilho em seu olhar para o seu cabelo enquanto os fios caiam por seus ombros, cachos ondulados desceram pelas suas costas e caíram um pouco acima da cintura. Úmidos, os cachos revoltos serpenteavam sobre os ombros e caiu para frente como um manto na frente do roupão sobre os seios. O olhar dele tocou neles e Cassa estava grata pelo tecido ser grosso. Ela escondeu o endurecimento de seus mamilos, mas sabia que nada podia esconder o cheiro de sua excitação sexual agora.
As narinas de Cabal queimaram, seus olhos se estreitaram e seus músculos contraíram enquanto se levantava lentamente da poltrona, tinha a altura impressionante de um metro e noventa e quatro de altura. Muito alto para ela, pensou.
Ela se sentia pequena perto dele, apesar de sua própria altura de um metro e sessenta e cinco. Sentia-se muito feminina e fisicamente muito fraca. Sentia-se como aquelas ridículas pequenas bobas que arrulhavam e davam gritinhos sob o olhar dele. As odiava porque elas o cobiçavam com determinação. As ruivas de roupas curtas e colantes, penduradas no seu braço. As pequenas morenas insípidas que vira acompanhando-o. Ela detestava cada uma.
— Geralmente você está um pouco atrasada. — declarou ele, sua voz baixa, enquanto seu olhar caia no laptop dela. O qual ela não ligou o dia todo. — Esperava que você estivesse trabalhando em alguma história que estava preparando. — Havia uma ponta de desconfiança em sua voz.
Será que ele podia cheirar seu nervosismo junto com a excitação dela? Provavelmente. Mas quem não ficava nervosa perto dele?
— Eu não considero a história ou o que faço com o meu tempo, da sua conta. — Ela encolheu os ombros, atravessou a sala e foi à cozinha. — Eu vou tomar uma xícara de café. Interessado? — No café, ela deveria ter dito. Raramente era uma coisa boa deixar uma pergunta ou uma frase aberta perto de uma Raça.
Ela o sentiu seguindo-a. Com a respiração quente em suas costas, ela podia senti-lo seguindo-a de perto enquanto ela se dirigia para a cozinha e foi para o balcão.
— Nada para mim.
Nem café, chá ou eu, ela pensou sarcasticamente.
Ela ergueu o ombro negligentemente.
— Faça como quiser.
O silêncio encheu a cozinha enquanto ela programava a cafeteira e a ligava. Dentro de segundos, o cheiro rico de café quente começou a encher o ambiente.
Cassa então se virou e ficou de frente para o homem, a Raça, ela não conseguiu conter seu olhar fascinado por ele, apesar de seus maiores esforços.
Ele parecia muito diferente agora do que há onze anos, durante o resgate dele dos laboratórios na Alemanha onde o mantiveram preso.
Lá ele sangrava, cheio de corte e hematomas, perto de morrer, mas ainda lutando para sobreviver, em um calabouço cheio de lanças e lâminas cortantes. Seu grupo caiu em volta dele. Mulheres, crianças e homens. Os berros estrondosos de raiva dele ainda assombraram seus pesadelos, assim como saber que ela desempenhou um papel na horrível tragédia que ele experimentou naquele dia. E ele sabia disso.
O remorso a queimou com um golpe de dor que encheu seu peito e um medo conseguiu enfraquecer seus joelhos como nunca. E ele percebeu aquilo, como sempre percebia. Ela viu os olhos dele escurecerem e seu corpo ficar tenso quando o cheiro dela chegou até ele.
— Eu não a matarei ainda. — ele rosnou. — Eu acho que você pode parar de sentir medo agora Cassa.
— Talvez seja apenas um caso de desconfiança feminina não é? — Ela fez uma pergunta em vez dar uma resposta. Raças sentiam o cheiro de uma mentira e ela não lhe daria a satisfação de cheirar sua mentira.
— E a excitação? — A cabeça dele inclinou para o lado como se saber aquilo fosse uma curiosidade para ele.
— Aposto que um monte de mulheres ficam excitadas por você. — Ela teve o cuidado de manter o mesmo tom calmo. Sem nervosismo, sem um traço de culpa. Ela tinha aprendido ao longo dos anos como encobrir a maioria das respostas acerca das Raças. Eles sentiam muito, sabiam demais. E Cassa tinha muitos segredos, segredos demais.
— Isso não responde a minha pergunta. — ele afirmou, continuando a observá–la demasiadamente perto. — Por que tem medo de mim agora?
Cassa só pôde balançar a cabeça. E olhar. Ela via as manchas douradas nos olhos dele, incapaz de quebrar a influência deles sobre ela. Ela queria, não, ela sofria para tocá-lo o que era sem dúvida o impulso mais perigoso que já conheceu. E saber daquele desejo a enfureceu. Ele era o último homem no mundo por quem devia sofrer. O último que deveria precisar e sabia disso.
— O que quer você, Cabal? — Ela mordeu as palavras tentando esconder a raiva e o desejo.
O olhar dele estreitou. O olhar era um aviso de que tivesse bom senso e cuidado. Infelizmente, bom senso nunca foi o ponto forte dela.
— Ouvi dizer por aí que você tem gasto bastante tempo com a médica das Raças Felinas, Ely Morrey. — ele afirmou. — Por quê?
Por quê? Porque ela estava aflita, era esse o motivo. Porque o corpo dela insistia em reter em seu organismo alguns malditos hormônios que ela adquiriu quando perdeu sua sanidade mental onze anos atrás.
Lembrava-se do momento claramente. O segundo exato em que ela tocou com os dedos nos lábios dele e depois provou o sangue de Cabal sobre eles. Uma coisa tão pequena. Não devia ser suficiente e na verdade não era o bastante para começar o calor de acasalamento. Mas foi o bastante para afetá-la de modos curiosos. Modos que a Dra. Morrey ainda estava tentando decifrar.
O calor de acasalamento era a maldição das Raças. Algumas Raças alegavam que aquilo era a força deles; outros viam aquilo como uma fraqueza. Claro que, depende ou não de como a Raça foi acasalada.
— Estou trabalhando numa história. — Isso definitivamente era uma mentira e não havia nenhum jeito de esconder o cheiro daquilo.
Uma sobrancelha loira escura levantou com curiosidade zombeteira.
— Eu odeio quando mente para mim. — ele a avisou suavemente. — Você tem visitado regularmente Ely nos últimos anos. Você já teria escrito a história.
Cassa levantou o queixo com arrogância declarada no tom dele.
— Ely é minha amiga, Cabal, do mesmo modo que as outras esposas no Santuário são minhas amigas. Não preciso de uma desculpa para visitá–las mais que você precisa de uma desculpa para visitar seu Líder de Grupo, Callan.
Era uma tentativa deliberada para retirar a suspeita de cima dela e de Ely. Todo mundo sabia que Cabal não reconhecia nenhuma Raça como o seu líder. Ele tinha perdido seu grupo, sua família, durante o resgate que tinha saído errado e ele não reclamou nenhum outro.
— Pare de tentar me distrair. — ele rosnou se aproximando mais.
Cassa poderia sentir aquela proximidade. Ela jurava que seu corpo se aqueceu vários graus quando ele chegou mais perto.
— Eu não ousaria tente distraí-lo. — Ela enfiou as mãos nos bolsos do roupão ao olhar para ele. — Você não tem coisa melhor para fazer do que ficar me perseguindo? Você não devia estar lá fora atirando nos inimigos das Raças ou espreitando nas sombras por alguma razão?
A mandíbula dele se apertou. Dizer que ele estava irritado seria dizer pouco. Mas ela nunca agradou aquela Raça de qualquer maneira. Ela duvidava que fosse começar esta noite.
— Você está no calor de acasalamento?
A pergunta a fez encará-lo com surpresa. Excitação sexual corria por ela, do mesmo modo que sempre vinha a qualquer hora e em qualquer lugar quando ela estava perto de um confronto. Ela sentiu seu corpo queimar com o calor, o coração dela palpitando furiosamente.
— Se estivesse, eu estaria aqui discutindo com você? — Ela respondeu. — Eu estaria com meu companheiro, não é mesmo?
Infelizmente não. O companheiro dela estava de pé na sua frente e ele era conhecido por ser o garoto propaganda das Raças por seus excessos sexuais. O filho da puta teve mais mulheres debaixo de seu cinto nos últimos onze anos que a maioria dos homens poderiam alcançar em duas vidas. Ele era um felino, puro e simples.
Ela viu quando apertou mais o queixo e quando suas narinas se alargaram tentando pegar o cheiro de calor de acasalamento nela.
Cassa se perguntou como as companheiras das Raças ficavam de pé, sabendo que qualquer Raça que estivesse por perto sabiam quando ela e o seu par estavam excitados e quentes de calor de acasalamento. Devia ser horrivelmente desconfortável. Ela sabia de fato, que o desconforto físico podia ficar muito doloroso, e em alguns casos, perigoso.
Ela preferiria ter ficado bem longe do calor de acasalamento quanto possível.
— Você está tramando alguma coisa. — Os lábios dele se levantaram irritados. Foi muito sensual o modo como ele mostrou um único canino ao olhar para ela.
Lembrou de zombar dele.
— Sou uma repórter investigativa de televisão. Nós sempre aprontamos alguma coisa, Cabal. Faz parte da função do nosso trabalho.
Por alguma razão, ele gostou um pouco de esquecer aquele fato. Então ela esqueceu aquilo também, quando ele se aproximou mais que rápido, seu corpo mais duro, mais forte estava apertado contra o dela, enquanto ela se apoiava direto contra a parede.
Ela o encarou chocada. Uma parte distante de seu cérebro analisou as sensações estranhas que sentia. Chamas pareciam queimas sua pele; jurava que já se sentia encharcada de suor e seus nervos estavam tão sensíveis que até mesmo o som da respiração dele contra seu rosto era uma carícia cheia de prazer.
Doce Senhor, tenha misericórdia, ela pensou. Latejava de desejo da cabeça aos pés e estava tão pronta para jogá-lo no chão e foder com ele que era patético. Queria montá-lo. Queria sentir todo aquele poder masculino, aquele músculo duro, grosso que roçava a carne nua dela, queira guiá-lo para dentro dela.
Sua vagina se contraiu, o útero deu um forte espasmo e o líquido quente que jorrou entre suas coxas deveria tê-la envergonhado. Ela estava tão pronta para ele que seus joelhos estavam fracos.
Mas se ela estava pronta para ele, nada se comparava em como ele estava pronto para ela. O pau que apertava seu ventre através das camadas de roupas e sua expressão era enigmática, mas seus olhos, a mancha de ouro em seus olhos, estavam mais vivas, mas profundas do que nunca.
— Este é seu aviso. — ele rosnou, enquanto suas mãos a apertavam contra a parede sobre a cabeça dela. — Continue me pressionando, Cassa e eu não vou parar da próxima vez.
— Você parará. — Ela mal podia falar. Excitação corria por seu corpo, fazendo sua voz tão fraca quanto seus joelhos. — Você não vai me estuprar.
— Eu não vou. — ele concordou com seu olhar brilhando sobre o rosto dela. — Mas nós dois sabemos que o calor de acasalamento vai. Não é, companheira?
Os lábios dela se abriram com surpresa. Ela sabia, mas não tinha percebido que ele sabia. Há quanto tempo ele sabia? Durante quantos anos esteve transando com tudo que usasse saias, enquanto sabia o que crescia entre eles desde o inicio?
Antes de ela pudesse detoná-lo, negar ou protestar, ele se afastou dela, virou as costas e saiu da cozinha. O único som na casa depois que ele saiu pela porta da frente foi o som daquele prato quebrando na porta quando deveria ter quebrado na cabeça dele.
— Desgraçado! — Ela gritou furiosamente, agitada com a raiva que cresceu nela agora. — Gato promíscuo, enrabador de prostituta barata. — Outro prato voou com ênfase e quebrou contra a parede. — Sua companheira a minha bunda! — Ela chutou o pé da mesa. — Não nesta vida! — Será que ela nunca admitiria aquilo? Terminou se perguntando silenciosamente.
Porque se admitisse aquilo, teria que admitir muito mais. Os desejos que a assombravam durante a noite e verdades que a perseguiam de dia. Teria que admitir que o amava. E isso era algo que ela se recusava a fazer.
TRÊS DIAS DEPOIS
Glen Ferris, VIRGÍNIA OCIDENTAL
PARQUE ESTADUAL NINHO DO FALCÃO
Começou aqui. Nesta pequena cidade modesta. Nas barbaramente cortantes e sutilmente cruéis montanhas da Virginia Ocidental. O inferno começou aqui. Um pesadelo começou aqui.
Tudo começou com um homem, uma mulher e um pesadelo de monstros, de criaturas que poderiam ser controladas.
Então, há muito tempo. Uma vida atrás. Uma parada no tempo, uma gota vermelha em um oceano de sangue.
As montanhas envolviam Glen Ferris, a pacata cidade era aninhada nas montanhas como um bebê nos braços de uma mãe. Não havia mudado muito, apesar da passagem do tempo e da tecnologia que criaram uma nova espécie. Glen Ferris permaneceu mais ou menos a mesma, sonolenta, tranquila. Rara.
Não havia sinal da grande rede que trabalhou para abrigar e proteger as Raças que conheceram aquela área como área de segurança. Não havia nenhuma indicação nas ruas tranquilas ou nas casas das montanhas, que aquelas pessoas arriscaram suas vidas uma vez, e as vidas de suas famílias, por criaturas que não eram humanas e não eram animais. Da mesma forma que não havia nenhuma sugestão do mal que a tinha visitado e permanecido por muito, muito tempo.
Começou aqui. Apesar das tentativas dos cidadãos destas montanhas para salvas as Raças que foram trazidas a eles, assim, o inferno começou aqui. Um inferno que poucos conheceram. Um inferno que nasceu em uma escuridão que não desaparecia, que rosnava à noite, que gritava em silêncio.
Aqui. Dentro destas montanhas. Dentro da casa de um homem e uma mulher, e com o conhecimento e cooperação das pessoas que os observavam.
Não haveria perdão. Não haveria misericórdia.
Glen Ferris foi um refúgio para muitos e, ainda para alguns, foi um sofrimento pior que qualquer coisa que tivesse sofrido naqueles laboratórios. Aquelas Raças que fugiram, eles não podiam saber do inferno que existiu nos perímetros da liberdade.
E agora estava na hora para pagar por aquele inferno. Estava na hora de um homem e uma mulher saberem da vingança que os esperava.
Eles criaram o inferno. Eles criaram os meios para sua própria destruição.
Horace Engalls e Phillip Brandenmore fizeram experimentos com as Raças. Examinaram,, dissecaram, pesquisaram Raças durante anos incalculáveis irmão, irmãs, esposas e maridos.
Seria logo. Logo, o mundo saberia mais do que eles jamais poderiam ter imaginado. Da mesma maneira que eles saberiam daqueles que os ajudaram.
– O passado nunca morre. — Foi um sussurro capturado pela brisa noturna. – Ele vive na minha memória. Cinzas as cinzas, pó ao pó.
Aqueles que morreram nos últimos meses não eram mais que os peões para a poderosa família. Dois pequenos puxa-sacos que efetuaram encomendas e pediram favores.
Um médico, um policial, um advogado, um ex–xerife e um ex–prefeito. Eles tinham participado. Eles tinham ajudado, mas nenhum colaborou naquele inferno como aquele que ia morrer esta noite.
Vanderale veio para salvar o filho dele, para libertá–lo e zelou pela segurança dele. Há muito tempo atrás. Mais de um século tinha se passado desde a fuga do primeiro Leo, ajudado por seu pai, um membro do alto escalão dentro do Conselho de Genética. Alonzo deveria ter continuado aquela ajuda. Ele deveria ter doado sua fortuna para proteger em vez de destruir as raças. Ele nunca deveria ter procurado destruir as Raças. Ele nunca deveria ter procurado o que nunca foi feito para ser dele.
Retirar Alonzo daqui foi muito fácil. Pondo a base onde deveria estar foi um golpe genial. Engalls e Brandenmore começaram suas quedas com suas experiências no fenômeno das raças que passavam pelo processo conhecido como calor de acasalamento. Eles só acreditaram que poderiam duplicar o hormônio de antienvelhecimento que somente as Raças acasaladas passavam. Eles não acharam a fonte da juventude que procuraram, mas acharam qualquer outra coisa. Uma droga que enganava os sentidos de olfato das Raças. Aquela droga durante um certo tempo encobria o cheiro de uma pessoa , assim os sentidos do animal interior da Raça não detectava o cheiro.
Mas os segredos que ainda procuravam os iludiram.
Eles falharam. As informações que eles quase mataram para obter–lhes foram negados. Mas foi uma abertura importante. Foi a primeira rachadura no escudo impenetrável que Brandenmore e Engalls mantinham em torno de si mesmos. Era um escudo que seria ainda mais danificado pela morte de um homem.
O reverendo Alonzo.
Ele gingou ao longo do caminho arborizado agora, uma lanterna na pequena mão gorda, seu rosto suado, brilhava sob o luar. Ele caminhava como um pato, trotando pela floresta como um pequeno cordeiro gordo para o abate.
Mas mesmo assim muito hábil.
— Isso tudo é uma loucura, ele murmurou, o som de sua voz ecoando claramente na noite. —Filho da puta, me mandando ir a uma reunião assim, ele continuou resmungando em voz alta. — Como se importasse se nós nos encontrássemos na casa.
A casa. Não era uma casa. Foi um inferno. Foi um lugar de dor, de sangue e de morte. Foi onde tudo começou. E agora o fim estava próximo.
A noite era um sussurro de ar fresco da primavera. As árvores balançaram com a brisa, uma ondulação na água ele ouviu quando jogou pedregulhos de séculos de idade. O cheiro de água fresca e limpa encheu o ar, quase lavando o cheiro de suor de pele humana e maldade, de mente apodrecida.
Alonzo. Sua grandiosa fortuna apoiou os esforços do Conselho de Genética. Sua retórica argumentava contra a humanidade das Raças, argumentando a favor da prisão deles e sua morte.
— Venha sozinho, Alonzo — continuou rosnando enquanto caminhava até a pequena clareira onde ele foi guiado. Como se aquilo importasse agora.
Tinha se importado então, há tantos anos? Alonzo realmente tinha se importado onde encontrou seus companheiros? Eles pensaram que tinha. Como se ele fizesse um tipo de pequeno jogo secreto. Se encontrar aqui, nesta clareira, onde o sangue de Raças foi derramado mais de uma vez. Onde seus corpos estavam enterrados. Onde ainda podiam ouvir o choro das crianças, os filhos das Raças. Onde um choro angustiado ainda ecoava pelas montanhas.
Alonzo xingou e bufou, sua lanterna oscilando quando chegou na clareira e diminuiu a velocidade até parar.
Ali mesmo. Quantas vezes ele esteve ali, debaixo da área enorme de um imenso carvalho e olhado a clareira com um sorriso? Rido baixo dos gritos emitidos perto dele. Participando da tortura e na dor de criaturas que só tiveram fome pela liberdade.
— Então, onde diabos você está? — Alonzo chamou. — Eu não tenho tempo para joguinhos hoje à noite, Phillip.
— Phillip não joga mais joguinhos aqui.
O corpo obeso, sujo, de Alonzo se virou. Suas feições rosadas refletiram primeiro surpresa, depois choque.
— Quem diabos você é e o que quer?
Havia uma ponta de medo agora. Aquilo o encheu de satisfação.
— Eu sou o passado, reverendo. — ele o informou suavemente enquanto a satisfação e o prazer crescia. Como sempre, quando a presa finalmente conhecia o medo. Eles tinham jogado uma vez aqui, e agora eles podiam jogar novamente.
Hora do recreio. Um sorriso veio e se foi. Qual era o jogo? Que raça poderia responder a essa pergunta e entender qual o significado?
Os pequenos olhos de Alonzo se estreitaram.
— Como você soube sobre este lugar? Phillip nunca teria dito a você.
— Na verdade Phillip me contou muitas coisas. — Ele encolheu os ombros negligentemente. — Conte–me, Reverendo, você ainda gosta de jogar com a morte?
Oh sim, a morte estava voltando a estas montanhas. Sangue mancharia o chão mais uma vez ali e começaria com HR.
O rosto pequeno e gordo do desgraçado empalideceu.
— Phillip não ousaria me matar. É melhor confirmar suas ordens, porque ele sabe o que acontecerá se alguma coisa acontecer a mim.
Ah sim, a ameaça sempre presente.
— Sim, Phillip sabe muito bem o que acontecerá. — Um sopro de uma promessa, de morte, encheu o ar.
Não havia nenhum segredo ali, não porque Phillip ou sua esposa louca disseram isto, simplesmente porque a Dúzia Mortal, como chamaram uma vez, sempre protegeu os rabos uns dos outros. Esse fato foi conhecido na primeira vez que mataram o sócio. Os outros deviam estar preocupados até agora. HR devia estar preocupado o suficiente para não ter cautela ao vir aqui.
Hoje à noite, morte perderia outro membro do seu pequeno grupo maligno.
Alonzo sentia, estava nas ondas de medo que começava a encher o ar. Seus batimentos cardíacos ecoavam no meio da noite, o cheiro de sua covardia envolvido em torno dos seus sentidos.
— Você não vai me matar. — O sacana tentou blefar. Ele devia saber melhor.
Caninos brilharam na noite. O olhar de Alonzo fechou na visão enquanto seu pesado queixo tremia.
— Você estava aqui. Você sorriu. — Agonia torcia e corava seu rosto. — Você riu enquanto eles morriam. Eu vou rir agora enquanto você morre.
Conter a dor nem sempre funcionava. Sempre estava lá, sempre espetando a alma como a ponta envenenada de uma espada enquanto sua voz enfraquecia e ficava rouca.
Alonzo engoliu seco; um gemido quase saiu de sua garganta.
— Você nunca fugirá com ela. Terror era mais uma vez forte nas montanhas, mas desta vez não era o terror de uma Raça. Era apenas um humano. Um humano sem nenhum valor.
— Talvez fugir com ela não seja o meu objetivo.
— Você destruirá as Raças, — Alonzo disse furiosamente enquanto começava a recuar. —Minha morte não passará despercebida.
— Eles nem mesmo sabem quem eu sou, por que eu deveria me preocupar com eles? — Foi um silvo de fúria, de ódio. — Deixe–os lidar com isto por enquanto. Você não é mais que um problema na batalha deles.
Ele tropeçou, depois se endireitou. Seus olhos se arregalaram. Seu rosto ficou branco.
— Você não quer fazer isto.
— Eu fiz os outros. O doutor, o advogado, o xerife, o prefeito, e o policial. As palavras eram um suspiro de prazer, quase de êxtase. — Foi bom, Alonzo. Eu provei o medo deles, deleitei–me na morte deles. E foi bom.
Ele congelou. Como um cervo pego pela luz brilhante de um farol.
— Você. — ele respirou. — Foi você quem os matou.
A gargalhada encheu a noite. A última Raça que poderiam suspeitar. Era perfeito. Simplesmente era a vingança perfeita. Apenas um plano perfeito de vingança.
— Fui eu. — Era uma alma manchada com sangue, com morte, com o desejo de mais. — E agora é a sua vez.
A cabeça de Alonzo balançou. Seu corpo tremeu. Qual era o ditado? Como uma tigela de gelatina? Ele se sacudia e tremia apavorado.
— Você não pode fazer isto. — Alonzo ofegou.
Caninos brilharam novamente. Afiados, estendidos. Preparados.
— Adeus, maldito filho da puta. Que você queime no inferno.
Ele se virou para correr, mas realmente não havia nenhum lugar para correr. Seus gritos ecoaram pela noite, mas não havia ninguém lá para se importar. O murmúrio da morte, o sangue jorrando, o som de carne se rasgando foi uma sinfonia que encheu a alma, enquanto um gosto de sangue estragado tocava sua língua.
Começou aqui. Nestas montanhas. O sonho de liberdade que se transformou em terror. Dor e morte e o conhecimento que não havia nenhuma vida verdadeira, nenhuma liberdade verdadeira. Havia isto, entretanto. O gosto de sangue. A sensação de uma alma doente deixando o corpo e o som de um grito de triunfo quando ouviu uma ultima tentativa de respirar para sobreviver antes de sucumbir à morte lentamente.
Alonzo procurou uma vez uma Raça conhecida por suas habilidades mortais. Ela era chamada Morte. Mas ela não tinha sido Morte. Ela estava vivendo, respirando. Ela tinha uma alma, um companheiro e uma vida. Essa não era a verdadeira Morte. Morte não tinha alma. Não tinha um companheiro. Não tinha uma vida. A verdadeira Morte não tinha um sonho e nenhum coração.
Abaixando-se sobre o corpo sem vida de Alonzo, provando o sangue dele, sentindo a maciez de seda quente que fluía em seus dedos que só conhecia o frio, só conhecia a dor. Esta era a Morte.
E Morte gritou em triunfo em vez de dor. Morte gritou de prazer em lugar de horror.
Ou tudo era a mesma coisa?
Cidade de Nova York
O e–mail chegou depois da meia–noite. Cassa Hawkins olhou as imagens do arquivo e tentou mais uma vez, sem esperança, usar o programa de rastreamento que tinha instalado para rastrear e localizar a origem do e–mail.
“Localização de usuário desconhecida”. A resposta era sempre a mesma, mas este arquivo, assim como os outros iguais que entraram nas últimas semanas, eram sangrentos e cheios de horror. Eram e-mails que tinha certeza que a Agência de Assuntos das Raças estavam seguindo e localizando, diretamente do maldito computador dela. Seu conhecimento de tecnológica digital era limitado para entender exatamente como eles estavam fazendo aquilo, mas sabia que eles estavam. Jonas Wyatt, o diretor da Agência, foi muito claro quando a chamou no dia anterior e a avisou para ficar fora dos assuntos das Raças.
Cassa encarou as fotografias. A violência neles a enjoou, fazendo-a engolir fortemente para conter a bílis que tinha subido em sua garganta.
Deveria chamar Cabal, ou então talvez o Jonas, ela pensou. Deveria fazer algo mais que tentar localizar os e-mails e os locais das mortes.
Ao contrário dos outros, este e-mail continha o local do assassinato. O assassino foi até mesmo bom o suficiente para enviar um mapa detalhado de onde o corpo podia ser encontrado, assim como uma carta.
Boa noite para você, Srta. Hawkins. Você encontrará em anexo a prova completa da execução de H. R Alonzo, hoje, logo após a meia-noite.
Glen Ferris, Virginia Ocidental. Começou aqui, Srta. Hawkins e com a ajuda de Deus, terminará aqui. Você deve saber que o passado nunca morre. Enquanto há memória, há vida. Eu tenho recordações. Eu celebro a vida. E eu ainda levarei mais.
Eu provei o sangue deles e agora eu tenho fome. Eu me aqueci com o medo deles e eu ri com alegria nas mortes deles. E haverá mais.
Seis caíram.
Seis para ir.
Diga ao mundo. Não há honra, nem esperança. “Sou o que foi criado”
Conte ao mundo. Sentiu o peito se rasgar ao pensamento. Se ela realmente entrasse ao vivo no ar com uma história mostrando um assassinato de uma Raça, as consequências seriam terríveis. O mundo instável, como era a sua opinião sobre as Raças, se voltariam contra as criaturas imediatamente.
A segurança das Raças dependia do mundo acreditar na justiça e na honra que a Lei das Raças exigia. Dependia da boa vontade dos cidadãos que eram tão inconstantes em suas lealdades e confiança nas Raças.
Ela passou as mãos nos cabelos e engoliu uma maldição antes de gravar o arquivo e criptografar em seu laptop. Não podia arriscar sua descoberta, ainda não, não até descobrir exatamente o que estava acontecendo em Glen Ferris.
A história envolvia mais que apenas as mortes que Jonas e Cabal falaram na noite anterior. Tratava-se de muito mais do que a execução do Reverendo H. R Alonzo pelas mãos das mesmas criaturas que ele pregava dizendo que eram abominações e o flagelo de Deus. Isto envolvia a preservação de uma raça inteira de indivíduos que lutavam pela sobrevivência.
H.R. foi executado logo após a meia–noite. Ela olhou para a hora no laptop. Já tinha passado uma hora. Uma hora.
Ela cobriu o rosto e soltou um forte suspiro. Ela não podia informar aquilo, não ainda. Mas não podia deixar passar também. Precisava saber mais.
Levantando-se, Cassa empurrou o roupão de seda dos ombros dela e o jogou na cama. Ela abriu as portas do armário e tirou uma calça jeans e uma blusa de moletom, antes de abrir uma gaveta da cômoda dela para pegar meias e roupas de baixo.
Glen Ferris, Virginia ocidental, talvez fosse uma viagem de nove ou dez horas. Podia fazer aquilo. Estaria cansada como um cão morto quando chegasse lá, mas conseguiria.
Doze horas, ela pensou, antes que pudesse começar a encontrar o local. E se o corpo ainda estivesse lá? As consequências do que estava se preparando para fazer começaram a piscar em sua mente.
Vestiu-se depressa, jogou vários equipamentos em uma bolsa e pegou um adicional, a mala já arrumada durante a noite do armário dela. Empurrou botas de caminhada na bolsa como também um par de sapatos estáveis mais bonitos. Ela calçou um par de tênis, em seguida agarrou a bolsa e o celular.
Ela acionou a tecla de discagem rápida enquanto guardava seu laptop.
— Marv, é Cassa, acorda inferno. — ela berrou na secretária eletrônica de seu diretor de notícias. — Eu não tenho a noite toda aqui.
Ela bateu o pé, esperou até que a máquina apitou, então desligou e tornou a ligar.
— Que porra sangrenta é essa que você quer, Hawkins? — Marv Rhi rosnou com mau humor sonolento quando atendeu ao telefone.
— Estou saindo para uma história. — ela disse enquanto fechava a bolsa do laptop, e puxava a alça para seu ombro e ia para a porta. — Ponha a Shelley para me cobrir. Ligo para você e saberá o que está acontecendo assim que eu descobrir.
— Qual é a história? — Marv definitivamente agora estava acordado.
Cassa não saia voando perseguindo um bando de gansos selvagens em extinção, ele sabia disso. Se ela estava usando o celular, gastando seus créditos, então havia um motivo, e normalmente era um motivo danado de bom.
— Ainda não sei o suficiente dos detalhes, Marv. — ela o informou fechando a porta e indo pelo corredor até o elevador. — Estou indo para Glen Ferris, West Virginia, agora. Ligo para você quando eu chegar lá.
— São aquelas malditas Raças! — Frustração enchia a voz de Marv. — Você sabe que aqueles desgraçados estão causando a própria confusão infernal de um extremo ao outro do planeta? Houve uma informação na semana passada de que Wyatt jogou um cientista em um vulcão. Eu precisava de você no Havaí para checar isso.
— Eu adoraria umas férias, Chefe, mas não iria. Essa coisa de vulcão é notícia velha e tem mentira nisso. — Ou assim ela esperava, entretanto duvidava disso. Jonas Wyatt com toda certeza iria para um vulcão se fosse necessário e possível. — Essa história é maior que a do vulcão. Vou te contar mais assim que eu puder.
Marv praguejou novamente.
— Porra. Eu odeio quando você faz isso. Os espectadores não gostam muito da Shelley.
— Bem, eles terão que engolir ela ou então assistir a TV concorrente. Diga para Shelley sorrir para a câmera e também cruzar as pernas exibindo um pequeno pedaço da coxa enquanto estiver informando. A pontuação do Jornal vai disparar rapidamente.
Marv provavelmente estava espumando pela boca, se o fio virulento de pragas que ouviu fosse uma indicação.
— Olhe, eu tenho que ir. — ela declarou quando a porta do elevador abriu no hall de entrada. — Shelley se sairá bem. As noticias estão esperando por ela ou você pode reapresentar alguma notícia antiga. Tente sobre aquela Raça Mathias e a criança que ele e a esposa adotaram. Isso é bem interessante.
O ex-assassino raça de lobo e sua esposa salvaram um bebê abandonado vários meses atrás e estiveram tentando adotá–lo até agora.
— Deus, você está me ferrando. — Marv estalou. — Tudo bem, eu passarei a história antiga e verei com o que podemos arranjar com Shelley. Mas que isso que está investigando seja danado de muito bom, Cass. É melhor que eu veja um pouco de sangue, no mínimo.
O estômago dela ainda se embrulhava ao pensar nas fotos que tinha visto. Ela achava que Marv realmente não queria ser uma parte do massacre das Raças que aconteceria se aquilo fosse mostrado.
— Verei que tipo de sangue posso conseguir para você, Marv. — ela prometeu enquanto entrava na garagem e ia até seu carro. — Eu ligarei logo. Prometo.
— É melhor que seja rápida, ou... — Cassa desligou, sabia o que normalmente acontecia. Marv era danado de bom com ameaças e melhor ainda em gritar por horas a fio se alguém estivesse disposto a ouvi-lo.
Ela pôs as malas no porta-malas do carro depois deslizou para o banco do motorista e deu a partida. Uma viagem de dez horas ia ser uma droga. Pena que o canal de notícias não tinha seu próprio avião; ela poderia pegar uma carona.
Jogando o celular no banco ao seu lado, saiu da garagem e guiou saindo da cidade. Suas mãos agarraram o volante firmemente enquanto se continha para não acelerar. Ela precisava estar lá agora. Precisava saber o que diabos estava acontecendo e por que uma Raça agora estava tentando virar a opinião pública mundial contra eles.
Não fazia sentido. As Raças podiam ser implacáveis, sabia disso, já tinha visto em primeira mão. Mas nunca sem razão. E mesmo que H. R Alonzo, sem dúvida alguma merecesse uma morte sangrenta, mesmo que metade das acusações das Raças contra ele fossem verdadeiras, ainda assim, havia tribunais e julgamentos por uma razão.
A Lei das Raças protegia as Raças contra homens como Alonzo. Foi a razão pela qual foi escrita e era agora a estrutura para justiça para qualquer assunto em que as Raças estivessem envolvidas.
A Agência de Negócios das Raças foi criada para garantir que as Raças, assim como não-raças, obedecessem aquelas leis e as criações feitas pelo homem fossem preservadas em segurança e liberdade.
A maior parte do mundo os apoiavam, mas se aquelas fotos fossem exibidas na TV de notícias sem uma danada de uma boa história em favor das raças para justificá–los, então o sentimento mundial ia se virar contra eles rapidamente.
Olhou para o celular quando freou e parou num semáforo e fez uma chamada para o Santuário. Podia falar com Merinus e Callan; o líder do bando dos felinos enviaria uma equipe para investigar, e eles certamente lhe dariam a história. Se Jonas Wyatt e Cabal não metessem seus narizes um pouco ocupados para nisto, mas já sabendo que eles iriam.
As mortes documentadas nos arquivos que recebeu eram as mesmas que Jonas e Cabal discutiram na noite passada no Porto. Exceto H. R Alonzo que não estava na lista.
Alonzo foi um espinho nos lados das Raças desde que a primeira raça se revelou. De acordo com a pesquisa de Cassa, ele provavelmente era também uma parte da sombria organização conhecida como o Conselho de Genética, mas ela duvidava que ele fosse um dos doze.
Era uma história em que ela estava trabalhando. Corriam boatos de que Alonzo e muitos outros que se manifestaram frequentemente contra as Raças, tinham laços com o que tinha sobrado do Conselho de Genética. A maior parte da organização foi dissolvida, já que seus sócios foram revelados e condenados por conspirarem para criar, torturar e assassinar as criações conhecidas como as Raças.
Agora Alonzo estava morto. Quem mais morreria?
Cassa expirou asperamente enquanto saia da cidade, entrou na interestadual e se acomodou para a viagem. Se chegasse lá rápido e conseguisse localizar o local onde o corpo de Alonzo estava, então podia ter uma chance de achar algumas respostas que precisava.
Onze anos como repórter investigativa de televisão lhe deu experiência; conhecer as Raças foi um bônus adicional. Agora só podia esperar que ela fosse a única a receber aquele arquivo. Se tivesse sorte e estava rezando para ter sorte, ela teria algo para negociar quando fosse forçada a chamar Wyatt.
Suas próprias fotos. Precisaria delas. O arquivo era bom, mas não era bom o bastante. Fotos podiam ser falsificadas. A tecnologia era assombrosa e ainda estava crescendo a passos rápidos. Não havia nenhuma maneira de provar que essas fotografias eram, na realidade, fotos de homens que morreram pelas mãos de uma Raça.
Só o corpo de Banks não foi encontrado. Alonzo era uma novidade, mas não duvidava nem um pouco que Jonas garantiria que seu assassinato fosse encoberto. Jonas era muito bom nisso. Tão bom que um arrepio de medo correu por sua espinha.
Mas Jonas não era o único com talento e destreza excepcional para fazer tudo que fosse possível para proteger sua gente. Cabal também estava ganhando lentamente aquela reputação. O playboy da sociedade de Raça. O gato comedor de rabo de prostituta. Também corriam boatos de que era um dos melhores assassinos secretos da Agência.
Ele não era um agente-executor. Ele nem mesmo era registrado nos registros das Raças. Por uma razão, ela pensou. Raças enumeradas com o registro tinham que tirar amostras de sangue e DNA. Eles não podiam recolher suas impressões digitais porque elas foram queimadas nos laboratórios.
Ela sabia o que aqueles laboratórios eram o inferno que as Raças suportaram. Se uma raça agora estava fazendo vingança, então que Deus a ajudasse, ela não podia culpá-lo. Mas sabia que o resto do mundo faria mais que culpar a Raça, eles se virariam contra todos eles.
Havia apenas um jeito de garantir que aquilo não acontecesse. Precisava saber o porquê. Tinha que por um rosto no assassino, uma história. Aquele era o trabalho dela.
Agora só rezava para que Jonas e especialmente Cabal, não a pegasse antes que conseguisse fazer isto. Se eles fizessem, então não teria nenhuma chance no inferno.
DEZOITO HORAS DEPOIS
Cassa estava começando a aprender odiar o escuro e quando caiu montanha abaixo estava xingando sua própria falta de previsão por não ter levado uma dessas pequenas pílulas de bloqueador de odores. Claro que ela estava a pé. O emaranhado de amoreira-preta e árvores naquela parte da floresta era muito grosso para seu Jipe passar.
Estapeou as videiras quando caiu sobre elas, se amaldiçoou, xingou as Raças e seja lá quem fossem os desgraçados que a perseguiam na descida da montanha.
Ela tinha a sensação de que se fossem Raças, então não eram do tipo amigável. Teve uma ideia quando seu perseguidor saltou de um penhasco partido acima da posição dela e rosnou de uma forma pouco amigável.
Os caninos curvados foram o primeiro indício de que ela estava em apuros. As Raças de Coiote tinham os caninos encurvados, e geralmente, se eles estivam perseguindo–a agora, então eles definitivamente não eram o tipo amigável.
Ouviu um rosnado baixo e feroz atrás dela. O som aumentou as palpitações de seu coração e suas pernas tentaram correr mais rápido. Tropeçou e rolou e rolou numa ladeira íngreme antes de se levantar novamente.
Isto era insano. Vir aqui à noite em vez de esperar até manhã. Foi muito impaciente. A viagem para West Virginia foi um pesadelo para começar. Um pneu furado, depois um engarrafamento ao longo do interestadual que durou tempo suficiente para ela tirar uma longa soneca, devido ao caminhão tanque que bateu contra um parapeito de segurança antes de bater de cara em uma montanha. Ela chegou a Glen Ferris só após anoitecer e não fez nada mais que se registrar no hotel e em seguida definir e lançar as coordenadas em seu GPS, aquelas que enviaram para o seu e–mail. Depois de escurecer.
Seu pai a avisou antes de morrer que um dia ela ia acabar se metendo em mais dificuldade que poderia sair. Agora ela tinha certeza que tinha finalmente chegado aquele dia.
— Pequena cadela curiosa!
O rosnado chegou próximo a ela enquanto o corpo de um homem, uma Raça de Coiote alto e musculoso, saltou na sua frente, bloqueando sua saída. Cassa soltou um grito feminino. Um grito alto, espantado que perfurou seus próprios tímpanos, depois ela deslizou de lado, abaixou-se em uma perna e passou por ele.
Oh Deus. Anjos que a vigiavam. Jesus, Maria e José, ou quem estivesse ouvindo as orações hoje a noite, basta que tirasse ela dali.Tirá-la disso e ela prometeu que não incomodaria mais o Marv durante uma semana. Não, por um mês. Ela faria café para ele. Chamaria sua tia velha de linda, enviaria flores ou algo assim. Acharia algum tipo de boa ação digna de salvar a sua pele.
Um riso baixo, sombrio ecoou atrás dela.
— Corra, garotinha. — a voz perversa provocou, o tom baixo e divertido, enviou um arrepio de medo por sua espinha.
Ela sentia a própria respiração palpitando em seu peito e se perguntou se essa era a última vez que sentiria isto.
— Será que alguém se esqueceu de por um aviso de “Não repórteres?” — Um riso duro soou novamente atrás dela.
Deus, eles estavam brincando com ela. Coiotes eram como gatos brincando com ratos quando eram suas vítimas. E como o rato, ela estava correndo, correndo, correndo e eles estavam correndo atrás dela, balançando as amoreiras-pretas, triturando as folhas mortas e rindo com cruel diversão.
Devia ter pensado. Devia ter planejado mais para isso.
Devia ter trazido uma lanterna. O terceiro ramo afiado da noite saltou em seu caminho e bateu na sua cara, picando face esquerda e trouxe lágrimas aos olhos dela um segundo antes de um forte puxão nas costas de sua jaqueta a lançasse ao chão.
Ela chutou e golpeou algo duro, um segundo antes de um uivo furioso ser ouvido, então ela rolou e se levantou.
Ela estava quase pronta para se mover e correr. Tinha os pés no chão, pronta para correr, quando uma mão forte agarrou a jaqueta dela novamente e jogou-a de volta.
Desta vez, a respiração se agitou em seus pulmões quando bateu no chão. O impacto enviou um pontada de dor nela, então quando sentiu os dedos duros tocar–lhe do lado, ouviu o ecoar de um rugido animalesco e forte, furioso pela noite.
Os raios brilhantes de uma lua cheia romperam as nuvens, iluminando a visão das figuras sombrias não mais que alguns metros dela.
Seis Raças ― ela sabia que eles eram Raças — cercados por outros três, possivelmente os Coiotes que a tinham perseguido pela floresta. Mas no centro da pequena clareira, havia outros dois de frente. Um rugido felino selvagem ecoou mais uma vez na noite. Foi seguido por uma risada baixa, divertida.
― Cabal você está seguindo de perto os passos de seu irmão. Perdeu sua companheira na floresta? Talvez seja uma coisa muito perigosa de fazer.
Dog. Cassa o reconheceu então. O sorriso zombeteiro no rosto dele, o brilho em seus olhos duros, frios enquanto se confrontava com uma Raça de Bengala enfurecida. Os dois homens eram altos, corajosos, poderosos. Cassa sentiu a tensão que encheu o ar e encarou o Coiote com espanto quando ele riu mais uma vez.
— Que porra é essa que está fazendo aqui, Dog? — Cabal rosnou. — A ultima que soube diziam que você estava preso com uma coleira de cachorro.
Dog se moveu com graça, ágil, flexível. Um segundo depois um fósforo acendeu e a ponta de um charuto acendeu quase alegremente, iluminando sua expressão de vermelho, num brilho perigoso.
— A ultima que ouvi, você deu uma pressão em uma pequena repórter curiosa. — Dog rosnou. — Ela não está de forma alguma pior por experimentar o meu toque suave. Algumas contusões talvez.
Cabal rosnou novamente, o som fez um tremor surgir no corpo de Cassa.
— Devemos chamar isto um empate, então? — Dog perguntou ironicamente enquanto olhava para as raças que cercavam os homens com ele. — Três chances contra seis parece bastante injusto para mim.
— Você não respondeu à minha pergunta— explodiu Cabal. — Que diabos você está fazendo aqui?
— Talvez a mesma coisa que você está, mas possivelmente com razões diferentes— respondeu ele. — Acredito que estamos buscando a mesma raça, Bengala. Devemos estabelecer as probabilidades de quem vai encontrá-lo primeiro?
Os dois estavam à procura de um assassino. Bem, não era o que fazia com apenas três deles?
Cassa se levantou lentamente e afastou os fundos de seu jeans com um movimento que esperava que fosse cuidadosamente casual.
Ela estremeceu ao ver contusões que apareceriam logo. Pondo um pé atrás do outro, ela recuou uma vez, depois novamente.
— Vá para casa seu manipulador Coiote — Cabal ordenou friamente. — Ou vou ter que carregá-lo até em casa.
Cassa deu outro passo para trás. Bastava um pouco mais, ela pensou, então teria uma chance de realmente ficar fora da vista de Cabal antes que ele decidisse se concentrar nela. Se anjos estivessem guardando-a, então poderia voltar ao jipe e para o hotel sem ter que enfrentá-lo.
— Você tem uma surpreendente capacidade de autoconfiança, Bengala — Dog rebateu. — Desculpe, mas por enquanto estou aqui para ficar. Parece haver bastante bagunça que precisa ser limpa nestas montanhas.
Uma bagunça? Isso era um eufemismo, se é que ela já tinha ouvido algum antes. Mais um passo para trás.
— Cassa, faça outro movimento e você não se sentará com essa pequena bunda por uma semana.
A sinceridade absoluta na ameaça a fez congelar.
— Dog cuidou disso para você. — ela estalou olhando com raiva para os dois homens. — De qualquer modo não conseguirei me sentar por uma semana.
Quando Cabal se moveu, foi com a rapidez de um relâmpago, e mesmo que Dog tivesse reflexos rápidos não pode evitar o punho forte que bateu em sua cara.
Ele bateu no chão com um baque que Cassa jurava que sentiu de onde estava parada. Para o crédito de Dog, ele não voltou a balançar. Ele pegou o charuto do chão, limpou a ponta e o pôs entre os lábios obviamente inchados e depois respirou fundo.
— Bengala, esse foi grátis. — ele declarou enquanto se sustentava nos cotovelos e encarou Cabal. Cassa jurou que viu um brilho vermelho nos olhos dele. — Não tente novamente.
— Toque nela novamente e eu vou matá-lo. — A promessa foi áspera, a voz de Cabal vibrando com raiva.
— Felinos são tão dramáticos. — Dog suspirou, se levantando e olhou Cassa.
“Drama” não seria exatamente a palavra que ela teria usado para isto.
— Eles são uma coisa, sem dúvida. — ela murmurou. Não foi um elogio.
Dog deu um riso curto e duro.
— Ele é Bengala. Você deveria fazê-lo explicar o que isso significa exatamente.
Poderia ser pior que ser apenas uma Raça? Ela olhou desconfiada para Cabal. Ela odiaria imaginar que ele podia ser mais arrogante ou teimoso do que a maioria dos felinos. Entretanto seria a sua sorte.
— Cale-se e siga seu caminho para fora desta montanha. — Cabal rosnou. Enquanto ele falava, Cassa levantou a cabeça e escutou. Girando, ela virou e ergueu a cabeça. A silhueta era fraca. O preto contra o céu da noite nublada era difícil descobrir, mas o brilho do metal e o suave, quase indetectável zumbido era inconfundível. Um heli-jato das raças.
Ela esteve tão perto, quase à vista do pequeno vale que esteve procurando. E agora tudo aquilo se foi: O corpo de Alonzo como também qualquer prova que estivesse por lá. Ela se virou para Cabal lentamente, sentindo uma sensação familiar de traição dentro dela.
Ela devia estar acostumada com isto agora. Qualquer história que pudesse lhe dar de fato uma visão completa e ampla das Raças, ou derramar um pouco de luz no inferno em que eles ainda sobreviviam e ela foi impedida. Em algum momento ela esteve perto da verdade, que estava encoberta.
— Canalha! — Ela o olhou furiosamente antes de se virar nos calcanhares, apesar do aviso dele, e voltou ao longo do caminho que tinha feito.
Maldito.
— Cassa. Fique onde está! — A ordem foi dura, frieza enchia sua voz.
— Vá pro inferno! — Ela jogou as palavras para ele, com a intenção de ficar tão longe dele e tão rápido quando possível.
— Mande-o ao inferno, Senhora Hawkins — Dog riu. — Isto é quase tão bom quanto o fato de ver Jonas tentando encobrir um crime. Talvez tenhamos mais sorte da próxima vez e realmente ache alguma coisa. Você não acha que as Raças deveriam ser mostradas como são? Afinal você é uma repórter. A história não importa? — Ela ouvia o riso em sua voz.
Como se ela quisesse achar alguma coisa enquanto ele estivesse na redondeza. A próxima vez que viesse se asseguraria que bloquearia o cheiro dela primeiro. Dessa forma, coiotes intrometidos não a parariam, molestariam ou poria em perigo a sua vida, que era a preocupação de Cabal.
— Eu disse: Fique onde está. — Caramba! Dedos duros envolveram seu braço e a forçaram a parar apesar dela lutar. — Você não vai a lugar nenhum.
Ela não ia a lugar nenhum? Cassa abaixou a vista para olhar os dedos mais escuros, mais longos quando eles envolveram seu pulso, segurando-a no lugar.
Havia luz apenas o suficiente para distinguir as feições do rosto dele, ver o brilho dourado nos olhos verdes e uma ponta de vermelho quando o luar refletiu dentro deles. Eram os olhos de um animal. Ele era uma Raça e muitas vezes ela se esquecia daquela realidade. Ele não era um homem normal e sua reação a ele com certeza não era normal.
— Você pode registrar uma queixa por assédio. — a voz de Dog no meio da noite novamente. O Coiote era malditamente corajoso levando-se em consideração que ele e seus dois homens estavam rodeados por Raças Felinas fortemente armadas.
— Cale-se Dog. — O tom de Cabal foi o suficiente para indicar a tensão sexual que de repente chamejou entre eles.
Cassa sentiu. Viu as narinas dele se moverem, soube que estava puxando o cheiro dela, e estava sentindo o cheiro de sua excitação e também sua reação ao aperto das mãos dele.
O toque era leve, mas o domínio poderoso e a arrogância clara eram uma parte dele que a fluía e a envolvia completamente. Era apenas o toque de seus dedos, mas ela sentia que era mais. Jurava que sentia o toque viajando pelo seu corpo, suas veias e se infiltrando em seus poros.
— Deixe-me ir, Cabal. — O calor de acasalamento tinha começado com muito menos que um simples toque.
A risada de Dog encheu a noite novamente.
— Rapazes, isso pode ficar muito interessante. Esses Felinos ficam um pouco mais intensos em cima de suas mulheres. E ela cheira como uma mulher fogosa.
O rosto dela ficou quente. Cassa sentia uma onda de intenso embaraço irritado correndo por ela quando olhou para trás ao coiote. Seu olhar bravo foi encontrado com um flash de fortes dentes brancos na escuridão.
— Você não devia ter vindo aqui. — Cabal a repreendeu, a suavidade em sua voz enviando um arrepio por sua espinha.
— Claro que eu não devia vir — ela concordou sarcasticamente. — Devia ter deixado você ter sua pequena festa sozinho. Deixá-lo esconder a verdade e esconder minha cabeça na areia da mesma maneira que todo mundo faz, não devia?
Ela olhou seu rosto. Mesmo na escuridão pôde ver suas feições contraídas e a súbita luxúria que arderam em seus olhos.
— É exatamente isso que devia ter feito. — ele se virou de costas para ela e começou a andar enquanto praticamente a arrastava atrás dele.
— Como louco! — Ela puxou o pulso com o qual a segurava. — Inferno, Cabal, pare de me puxar.
Ele parou de repente, virando–se para ela, seus olhos brilhando na escuridão.
— Virá tranquilamente comigo?
— Eu duvido. — O chutaria se achasse que faria algum bem a ela.
— Foi isso que pensei — ele rosnou. — Lawe, acabe aqui e escolte aqueles malditos Coiotes para fora desta montanha — ele ordenou de repente. — O encontrarei ao voltar à base.
Onde diabos era a base, ela não tinha nenhuma ideia, mas antes que pudesse protestar ou perguntar alguma coisa, ele a arrastou atrás dele novamente. Onde diabos ele pensava que a estava levando, ela não estava certa. A única coisa que tinha certeza: era muito provável que não querer ficar lá com Cabal.
— Isto não vai funcionar. — ela assobiou furiosamente.
— Está funcionando bem para mim. — Claro que estava funcionando bem para ele. Ela não tinha nenhuma dúvida em sua mente. Se havia uma coisa que sabia sobre Cabal, era que sua arrogância superior funcionava perfeitamente. Para ele. O que fazia aos outros era outra história.
O caminho mudou de direção para a esquerda, na direção oposta do vale que ela esteve se dirigindo. Isto foi somente sua sorte, naturalmente. E não havia uma chance no inferno que Cabal ia deixá-la entrar no que estava acontecendo ali.
— Isto não vai me impedir. — Ela não lutava contra o pulso dele agora. Aprendeu muito ao longo dos anos vendo casais acasalados que a pressão do homem raça era muito dura. Especialmente quando estava agitado. E Cabal definitivamente estava agitado. Pobre gatinho de merda.
Ela odiava isto. Odiava ser arrastada atrás dele e forçada a ir para longe da direção que ela queria seguir. Odiava a ser forçada a qualquer coisa. Ele estava tirando sua escolha para longe, sem explicação, sem razão.
— Me ignorar também não vai funcionar. — ela avisou, ouvindo o tremor na própria voz.
Ele a afetava, ela não podia ajudar nisto. Havia algo que sentia por estar perto dele e isso a deixava muito quente e muito danada de nervosa.
— Eu não estou ignorando você — ele a informou brevemente. — Apenas cale a boca, Cassa, até que eu possa superar o fato que a bosta de um Coiote estava te perseguindo pela floresta. Você tem alguma ideia do que senti ao saber o que ele fez em sua bunda?
A raiva enchia seu tom de voz.
— Então por que apenas não atirou nele? — Ela perguntou com doçura zombeteira. — Ou o jogou num vulcão? Não era esse o método preferido de se desvencilhar dos irritantes inimigos das Raças neste ano?
— Isso foi no ano passado. Este ano é um poço cheio de jacarés. Você não recebeu o memorando?
— Se eu já recebi o memorando? — Ela murmurou. As Raças não informavam a ninguém de coisa alguma. Faziam questão de serem discretos e teimosos.
— Vou me assegurar que você receba o próximo.
Ela apostava que sim. Não havia nenhuma chance no inferno que lhe diria alguma coisa, a menos que fosse forçado. Se ele continuasse arrastando–a atrás dele como uma criança, ele ia descobrir onde podia enfiar os memorandos dele.
Apertando os lábios para engolir as palavras zangadas que estavam na ponta de sua a língua, Cassa caminhava pesadamente atrás dele até que chegaram a uma área onde as grandes caminhonetes pretas, possantes escaladora de montanhas estavam estacionados. Os poderosos veículos das raças eram altos e com tração nas quatro rodas acomodavam bem quatro pessoas numa subida íngreme pela montanha facilmente se ela não estivesse enganada, eles eram equipados com um rifle automático mortífero na barra superior da enorme caminhonete.
— Entre. — Ele abriu a porta do passageiro do veículo mais perto deles.
Cassa olhou o interior escuro com suspeita antes de perguntar.
— Por quê?
— Porque eu disse. — Antes que pudesse fazer mais que suspirar com espanto, ele a ergueu pondo–a no banco e fechou a porta.
Ela devia pular direto do veículo, pensou furiosamente, mas aquele pequeno trinco que ouviu um segundo depois que a porta bateu era com certeza uma tranca eletrônica. E mais que provável ela levaria mais tempo para descobrir como destrancar do que o tempo que ele levaria para entrar no veículo e impedi-la de fugir.
Em vez disso, ela cruzou os braços sobre os seios cheios e olhou para o para-brisa enquanto ele se sentava no banco do motorista e dava a partida.
O som suave do motor era quase inaudível quando ele pôs a caminhonete em movimento, virando o volante e começou a guiar para descer a montanha.
Ele abriu caminho onde não havia nenhum caminho. O veículo possante adaptado para montanha atravessou as depressões e manobrou contornando enormes arvores centenárias até que pegaram a estrada de cascalho.
Cassa permaneceu calada, observando a noite além dos faróis e tentava fazer sua cabeça ligar diretamente onde aquele homem, aquela raça, estava interessado.
Eles tinham um passado, muito de um passado que nunca será capaz de chegar ao ponto onde outros casais companheiros. Aqueles, que ela soube que tinham se acasalado, se apaixonado. Eles amavam um ao outro com uma profundidade e dedicação que sempre que pensava por muito tempo sobre isso seus olhos se enchiam de lágrimas. Eles adoravam um ao outro, eles confiavam um no outro. E aquela confiança era algo que sabia que nunca teria de Cabal.
— Por que diabos você está aqui? — Ele perguntou enquanto entrava na estrada de asfalto que conduzia de volta a Glen Ferris. — Você deveria estar de volta a Nova York.
— Obviamente eu não estou — ela declarou calmamente. — Estou aqui.
— Por quê?
— Recebi uma dica. — Ela deu de ombros. — Repórteres conseguem isso, você sabe, eles seguem as dicas para conseguirem histórias. É isso que fazemos.
— Não há nenhuma história aqui, assim vai voltar para casa. — A voz dele estrondeou perigosamente.
Cassa quase sorriu ao ouvir o som. Ele a intimidaria se ela não ouvisse diariamente de perto uma raça ou outra. Eles sempre estavam rugindo, rosnando ou estrondeando. Era a natureza deles.
— Onde você pode ser achado, uma história pode ser achada. — ela resmungou. — Dê-me uma trégua, Cabal.
— Dê-me uma. Onde você conseguiu sua dica? — A pergunta era mais uma exigência.
Cassa deu uma risada breve e dura.
— Por que não lhe dou apenas essa informação? — Não era uma trégua o que estava acontecendo. Ela se virou e o olhou a tempo de ver seu queixo apertado com raiva.
— Não me faça arrancar respostas, Cassa — ele rosnou. — Onde ou quem lhe deu a dica?
— Fonte anônima. — ela respondeu sinceramente, sabendo que isso o faria louco.
Ela tinha razão. Um pequeno resmungo vibrou no tórax dele como ele olhou a ela.
— O que disse sua fonte?
— Que você pode ir pro inferno — ela respondeu furiosamente. — Deixe-me em paz, Cabal. Não estou com disposição para suas perguntas e diabos, tenho certeza que não estou a fim de te dar mais informação do que você está me dando. Agora, se quiser tentar uma pequena troca agradável aqui... — Ela deixou a questão em aberto.
— Troca de que? — Ele perguntou desconfiado.
Cassa sorriu.
— A informação é claro. Eu não negocio qualquer outra coisa. Especialmente com você.
— Especialmente comigo? — Se o tom de voz fosse alguma indicação, ele estava se irritando mais a cada segundo.
Aquilo devia preocupá-la, ela pensou, realmente devia. Só um tolo provocaria um tigre bengala deliberadamente.
— Claro. — Ela deu de ombros novamente. — Gosto de pensar que sou inteligente o suficiente para não querer acasalar com uma Raça, Cabal. Esta reação que cresce entre nós não está em minha lista de coisas para lidar este ano.
E, claro que o comentário no mínimo o agradou. A expressão dele ficou mais sombria, mais tensa.
— E se eu decidir que quero lidar com isto?
Cassa riu daquilo. Confie em uma Raça para só querer fazer alguma coisa se for desafiado.
— Eu te diria que consulte seu caderninho preto e escolha o nome de um de seus pequenos brinquedos. — Ela ouviu a própria voz e se assegurou que não era um tom ciumento. Ela se assegurou disso por anos. Ela não acreditou nisto qualquer agora mais que ela tinha acreditado isto então.
Inferno sim, ela tinha ciúmes. Toda vez que se virava havia outra mulher nos braços dele. Mesmo depois de ter descobrir sobre o calor de acasalamento, e soube que a reação começou há muitos anos, naquelas instalações do Conselho, anos que ele a ignorou totalmente.
Ela teve que começar um tratamento de hormônios para conter a excitação que floresceu dentro dela nos momentos mais difíceis, enquanto Cabal tinha saciado a luxúria com outras mulheres. Havia dias que ela agradecia que ele evitasse o acasalamento com a mesma dedicação que ela fazia. Havia outros dias que ela pensava que só deveria odiá–lo por isso.
— Então, vamos continuar fingindo que não estamos morrendo um pelo outro? — Ele perguntou, enquanto entrava dentro do estacionamento do hotel.
Cassa ouviu o pulsar de desejo na voz dele. Era difícil não perceber. Sombrio, selvagem, áspero, um tom cheio de fome e necessidade.
— Esse era meu plano. — Ela ignorou a dor que a machucava por dentro da mesma maneira que ignorou a solidão que a esperava a noite em sua cama.
Ao longo dos anos ela achava que não havia nada além desta reação que apenas o físico. Havia noites em que ela mentia para si mesma e se perguntava com que mulher ele estava e odiava a ambos. E houve noites em que queria que fosse ela a mulher que estava deitada ao lado dele.
— Acha que esse plano vai dar certo?
Virou-se para ele quando fez aquela pergunta.
— Deu certo até agora.
Ele balançou a cabeça lentamente, em seguida levantou a mão para tocar o cabelo que tinha caído por cima do ombro dela.
— Isso não vai funcionar se você ficar aqui.
Cassa sentiu sua respiração na garganta quando sentiu as costas dos dedos dele acariciando por cima do tecido grosso da camisa que cobria seus seios.
— O que isso significa? — Estava sem fôlego agora, a espera, dizendo a si mesma que não ia deixá-lo torturá-la mesmo quando ela se alegrava pela onda de sensação que corria por seu corpo.
— Significa que você está muito perto — ele explicou, a voz sombria, cheia de fome. — Significa, Cassa, diabos, saia de Glen Ferris ou você vai se achar acasalada. E eu prometo a você. ― Ele se inclinou mais perto enquanto ela lutava para tomar fôlego na atmosfera sufocante de desejo sexual que repentinamente encheu o veículo. — Você não estará escrevendo esta história. Você vai estar cansada demais para pensar na possibilidade de uma história. Vou garantir isso.
Os dentes dela rangeram de fúria ofendida enquanto fechava os punhos e ele se aproximou mais, perto o suficiente para sentir a respiração dela pertinho dos seus lábios ele.
— E eu prometo — ela declarou firmemente. — Não importa o que você faça, não importa como você fará isto, nada vai me impedir de conseguir a história. Lembre-se disso Cabal, antes que cometa o pior erro para nossas vidas.
Antes que ele pudesse responder, ela abriu o trinco eletrônico da porta. Assim que empurrou a maçaneta, abrindo a porta ela saltou rápido do banco e foi embora sem se preocupar em olhar para trás. Com as costas eretas, mas com o orgulho ferido ela caminhou para a portaria do hotel.
Ela sentia que ele a seguia com o olhar. Querendo-a, desejando-a. E sentiu os pelos da nuca se arrepiando com um estremecimento ao pensar exatamente o que ele podia fazer com ela. Ele podia possuí-la. Podia fazê-la implorar por ele e podia partir seu coração. Cassa sabia, que se o seu coração se partisse corria um risco muito grande de ser destruída.
Ela queria o amor dele, não apenas seu corpo. Mas tinha o pressentimento muito ruim de que amor era a ultima coisa que Cabal queria dar a ela.
Cabal a olhava, e a queria. Quatro horas após ela ter deixado o hotel, dois dias depois, ele ainda estava olhando para ela fixamente. O que havia nela que a Mãe Natureza decidiu que ela tinha que pertencer a ele? Ele inclinou a cabeça e a viu quando desceu até a margem do Rio Gauley, seguindo o caminho que David Banks, o ex-prefeito da cidade, muitas vezes fazia ao sair para seus passeios noturnos.
Ela tinha um lindo caminhar com suas longas pernas, mas agora caminhava devagar, disfarçadamente. Ele viu como a calça jeans contornava com perfeição os globos cheios de seu traseiro muito bem desenhado. O cós baixo de sua calça o atraia muito. Faltava pouco, muito pouco para exibir o monte macio de seu sexo na frente daquela calça jeans. Ela enganchou a ponta do dedo perto do zíper.
Ele apertou o maxilar, seus dentes se trincaram com fúria enquanto o desejo como uma fome desenfreada corria por seu corpo. Sua língua estava inchada; as glândulas sob a língua estavam derramando o gosto picante do hormônio de acasalamento.
A maldição das Raças. Essa era a sua definição para aquilo; os outros pensavam diferente. Os casais que se acasalaram chamavam aquilo de uma benção, um presente. Cabal viu muito bem as reações desenfreadas do calor do acasalamento para considerar aquilo como um presente.
Agora todos os sentidos que possuía estavam voltados na mulher em vez de na missão em que trabalhava. A missão estava perto de ser deixada de lado por causa da companheira que ele negou por tantos anos.
E por que se negou ao que a natureza decretou que era dele e somente dele? O que o fez louco para acreditar que poderia ficar perto dela sem possuí–la?
Raiva. Uma sensação de traição. Ele ainda se lembrava dos olhos dela quando o marido a acusou de saber o que ele estava fazendo. Algo dentro dela já o avisara de seu engano. A não ser que ela realmente o amasse. O amor era cego, Cabal sabia disso, viu o amor o tempo todo nos casais acasalados. Era uma fé e confiança cega, e achava uma grande maldade quando se tirava os óculos cor de rosa.
O marido dela fez isso. Num momento ela sentiu tudo que o marido tinha dentro de si e ficou claro e viu o maldoso que ele era.
Ela devia ter visto antes, a parte ciumenta dele argumentou. Devia ter percebido o mal no homem com que ela dormia.
E lá estavam eles. A segunda razão pela qual Cabal se conteve. Porque ela era sua companheira, porque o acasalamento puxava o animal primitivo interior do homem e impedia o homem de esconder sua verdadeira natureza animalesca.
Ele era uma raça Bengala, nem mais nem menos que a maioria das Raças. Sabia que era mais animal, mais esperto, mais selvagem, mais primitivo e muito mais manipulador que o normal das Raças. E menos humano.
Foi documentado, provado. Foi o que o cientista que desenvolveu a genética de Bengala tinha trabalhado. Infelizmente, Bengalas não se adaptavam bem em cativeiro. Os que tinham sobrevivido eram impossíveis treinar, como foi provado pelo grupo de Cabal. O seu bando. Aqueles que ele considerou sua família.
Uma dúzia de homens e mulheres bengalas. Espertos, ferozes, trabalharam dentro do laboratório durante anos contra o Conselho. Contrabandearam enviando para fora informações, planos de estratégia foram destruídos, assim como as metas das missões que o Conselho os enviava.
Eles mataram pessoas inocentes isso era verdade. Mas eles mataram mais inimigos que inocentes. E salvaram todos os inocentes que puderam.
Cabal fingiu ser um bengala relutante. Com a atenção toda voltada nele, enquanto aqueles que consideravam fracos trabalhavam em volta dos cientistas, treinadores e psicólogos para matá-los.
Assim muitos morreram. Acreditaram que todos tinham morrido, menos Cabal; isso foi uma crença que Cabal perpetuou. Aqueles que viveram deviam viver livres para uma mudança.
Esperteza era a sua arma mais forte e sua gente era muito esperta. Eles estavam sobrevivendo fora das comunidades de Raça. Cabal estava sobrevivendo, por enquanto, dentro do Santuário. As restrições muitas vezes o sufocavam. A fome de liberdade depois dos anos em cativeiro, ainda era uma dor que o corroia.
A fome por sua companheira cresceu até mais forte que seu desejo por liberdade. A possessividade, a necessidade, o desejo de reclamá-la o puxava com uma força esmagadora. E com isto veio a raiva.
Cassa era a batalha mais dura que já enfrentou, ele admitia isso. Já admitiu isso mais de uma vez ao longo dos anos desde que quase a matou junto com o marido dela.
Douglas Watts foi um desgraçado abusivo. A investigação inicial de Cabal sobre a vida do homem revelou informações surpreendentes. Informação como o fato que tinha abusado de várias ex-namoradas. Ainda não tinha nenhuma prova que ele tinha abusado da esposa, mas Cabal sentia que sim.
Cabal não precisava de prova; sabia instintivamente que Watts deve ter abusado da esposa. Não teria mudado seu padrão, mesmo por amor. Se ele tivesse sabido amar, e Cabal não tinha nenhuma dúvida de que Watts não amou sua esposa. A investigação que ele fez mostrou várias ocorrências em que o homem traiu a jovem esposa.
Cassa saberia que seu marido em apenas um ano tinha uma nova amante a cada dois meses? Principalmente casos de uma só noite. Mulheres que mal conhecia. Ele teve uma esposa perfeita, fiel e ele não traiu apenas os sentimentos e os votos dela, mas os princípios sobre os quais vivia e a luta que aceitava como uma parte dela mesma.
Liberdade das Raças. Ele vendeu a liberdade das Raças por míseros cem mil dólares. Vendeu informações sobre a maioria dos resgates que ele tinha coberto junto com sua esposa. Não todos, ele foi esperto, inteligente o bastante para passar por Jonas Wyatt e isso não era uma tarefa fácil.
E aqui estava Cabal, mais de onze anos depois, ainda em conflito consigo mesmo sobre a esposa de Watts. Sobre a própria companheira.
Ele viu enquanto ela continuava sua caminhada lenta ao longo da margem do rio, obviamente vasculhando a área procurando alguma pista sobre o destino do ex-prefeito desaparecido.
Não havia nada para achar. Cabal e sua equipe vasculharam minuciosamente naquela margem mais vezes que deviam. Simplesmente não havia pistas. Da mesma maneira que não houve nenhuma pista na cena de crime do assassinato de Alonzo. Era como se David tivesse simplesmente sumido da face da terra. Ou foi forçado a partir. O que, Cabal não podia afirmar com certeza. A única coisa que tinha certeza era que Banks foi um dos integrantes dos Doze Mortais, o grupo de homens responsável pelos sequestros e assassinatos de Raças fugitivas dos laboratórios antes de implantação da Lei das Raças.
Banks, assim como Watts, foram colaboradores de Brandenmore e Engalls, os gigantes farmacêuticos atualmente sob acusação por tentativa de assassinato de Raças e também suspeitos de pesquisa genética ilegal. Os dois foram muito conhecidos por sua amizade com a família farmacêutica e principalmente por caçarem vários animais selvagem de verdade também.
Watts era tão mal e cruel quanto seu cheiro indicava segundos antes de Cabal matá-lo. Mas a esposa sabia quem ele realmente foi?
Cabal apertou os dentes ao pensar em Watts acariciando-a. Durante onze anos isso o torturou, saber que foi casada com Watts. Torturado? Isso enfureceu o homem e também o animal que vive dentro dele. Era como um ácido corroendo suas entranhas, em saber que ela se deitou e dormiu com o marido e o amou.
Agora ele a olhava, as glândulas sob sua língua pulsando enquanto provava o gosto do hormônio que fluía abundante. O gosto picante estava mais forte agora e o desejo de reclamá-la como sua mulher crescia cada vez mais desesperado.
Tinha que se afastar dela. Se não fizesse isso, ia destruir aos dois. Sentia um desejo selvagem de rosnar de raiva ao pensar em Watts tocando-a. O fato de ter casado com ela não importava. Cabal não dava a mínima. Ela não devia ter usado a aliança de Watt, nem ter permitido as carícias dele.
E Cabal sabia que não podia culpá-la por aquilo. Ele sacudiu cabeça. Estava caindo na mesma prisão que caia toda vez que ela ficava perto dele por muito tempo. Os mesmos conflitos. E a mesma irritação.
Ele a via, sofrendo por ela e toda vez que a via, lembrava dos homens e mulheres que morreram naquela caverna, por causa do marido dela. Não por causa dela. Não foi sua culpa, ele sabia disso. Douglas Watts traiu o resgate por conta própria. Ele nem mesmo precisava ter se casado com Cassa para fazer aquilo. Ele já tinha sido escolhido para fazer a cobertura do resgate. Assim qual era a porra do problema de Cabal? Exceto por um monstro de olhos verdes que se recusava a deixá–lo ir. E uma fome que ameaçava destruí-lo.
Tanner, seu irmão o avisou que aquilo viria. O irmão que não conhecia até o dia de seu resgate. Seu irmão gêmeo biológico. Tanner ao vê-lo soube que eram irmãos; Cabal levou alguns meses para aceitar.
Mas só o sangue poderia fazê-lo tão malditamente convincente como ele era. Sim, Tanner era seu irmão e Cabal aceitou aquilo. Assim como finalmente aceitou que Cassa era sua companheira.
Cassa parou na beira da água e olhou para a beirada da margem enquanto ondas pequenas faziam círculos de ondulações até a terra escura. Este normalmente era o caminho que David Banks fazia em sua caminhada a noite. Foi visto aqui na noite que desapareceu. Bem aqui, neste mesmo lugar, abaixo das cachoeiras e da antiga estação de água.
Ela encarou através da água para o edifício de tijolo com seus vertedouros vazados e janelas fechadas. Na luz nublada parecia taciturno, sinistro.
Kanawha Falls. A água que caia no pequeno lago corria o seu curso de volta ao rio e continuava ao longo de seu caminho. E aqui David Banks tinha ficado de pé, olhando as antigas instalações, a última vez em que viu aquilo.
Isso foi há duas semanas.
Houve uma busca intensa no rio. Mergulhadores foram chamados, os poderosos satélites foram apontados para as águas profundas e escuras do rio e robôs por controle remoto foram usados para investigar a água por dias. Nada foi encontrado.
A xerife, Danna Lacey, conduziu as equipes de busca, através da área. No entanto, nenhuma pista do que aconteceu com o ex–prefeito foi encontrada. Era como se ele tivesse desaparecido da face da terra.
Balançando a cabeça, Cassa se virou e olhou para o banco inclinado que conduzia a área de estacionamento e a um pequeno espaço para piquenique. Mudas novas de bambu balançavam com a brisa, enquanto os galhos das árvores nuas faziam sombras escuras ao longo do banco e a fez lembrar que nada era como parecia nessa cidade tão bela.
Respirando fundo, ela voltou até a área de estacionamento antes de virar e se dirigir para a borda das árvores que levavam de volta ao rio principal do outro lado.
Não havia nada que indicasse que David Banks tivesse entrado na área arborizada. Não fazia parte da trilha que Banks usava, e já tinham vasculhado várias vezes. Ela não esperava encontrar nada que indicasse que ele esteve por lá, mas estava anotando tudo o que ela via e quem ela via.
Uma coisa que tomou nota foi o fato se estar sendo seguida por ninguém menos que o próprio Cabal. Mais cedo na cidade viu outros dois Enforcers raça, no pequeno café onde ela tomava o café da manhã. Rule Breaker e Lawe Justice estavam discretamente divertidos enquanto a olhavam. Negociaram suas funções com Cabal depois que ela saiu do café.
Ele esteve seguindo-a desde então.
Ele não tinha a própria investigação para ver? Tinha certeza que ele teve mais recursos na área que ela conseguiu desenterrar, apesar do fato que ela estava familiarizada com os jornalistas da cidade e também com a xerife.
Acabava num beco sem saída o sumiço de Banks e também o assassinato de H. R. Alonzo. E o que piorava, um das primeiras manchetes da manhã era o relatório não oficial de que H.R. Alonzo morreu por causa das chamas da lareira de sua casa no Missouri. A causa daquela chama ainda seria determinada, mas a informação era que a lareira de H.R se incendiou na casa de alguma maneira.
Seria dado como morte acidental, da mesma forma que os outros. Jonas Wyatt e a Agência de Negócios de Raça eram incrivelmente eficientes, sempre.
Tornava a história que ela estava trabalhando mais difícil. Era difícil de informar que alguém foi assassinado por uma Raça quando um juiz determinava que foi morte acidental. As fotos que tinha eram quase inúteis, mas não uma perda total.
O que diabos estava acontecendo? Não podia acreditar que a Agência deixaria um assassino solto, mas conhecia Wyatt e seus executores. Se havia uma Raça safada ameaçando a estabilidade da comunidade das Raças lá fora, então eles teriam neutralizado a ameaça o mais rápido possível.
O que significava que eles não sabiam mais do que ela. Mais provável que estivessem sendo conduzidos na mesma perseguição de ganso selvagem que ela mesmo estava sendo conduzida e eles se recusavam a admitir aquilo.
— Srta Hawkins, você gosta de viver perigosamente.
Cassa parou abruptamente enquanto Dog dava passos de trás de uma árvore apenas o suficiente para permitir que ela o reconhecesse.
O dia nublado lhe dava um aspecto taciturno, severo ao rosto dele. Lançou sombras que não fizeram nada para suavizar suas feições ou ajudá-lo a parecer menos ameaçador. Embora Cassa duvidasse que alguma coisa pudesse fazer a raça Coiote parecer menos ameaçadora. E considerando o fato que Cabal não estava longe dela, a situação havia se transformado de potencial para muito perigosa. Pelo menos para Dog.
— E você diz que eu gosto de viver perigosamente. — Ela deu uma risadinha sarcástica. — Você deve ser suicida.
— Essa é a opinião geral. — Seus lábios se curvaram num triste sorriso, sem zombaria, os fortes dentes brancos prendendo um charuto. — Mas você definitivamente está mostrando sinais de seguir os meus passos.
Ela deu um falso tremor de medo.
— Morda sua língua, Coiote. Não posso pensar em ninguém que queira fazer algo tão temerário.
Durante um segundo, algo sombrio, amargo flamejou no olhar dele, entretanto clareou e a frieza cruel voltou.
— Nem eu posso de fato — ele arrastou as palavras. — O que me leva a perguntar exatamente por que você ainda está em Glen Ferris? Você não deveria estar no Missouri cobrindo sobre a morte acidental de H.R. Alonzo?
Os lábios dele inclinaram num sorriso cruel, frio.
— O pobre cretino se queimou como uma batata frita.
— Assim eu ouvi. Ela enfiou as mãos nos bolsos da sua jaqueta de couro olhando-o com cautela.
— O juiz suspeita de morte acidental. Você soube que uma de suas vontades era de ser cremado? Cinzas as cinzas, pó ao pó. — Dog disse exibindo os caninos num aviso.
Alonzo não morreu em um maldito incêndio na casa e ele sabia disso. Dog esteve nessas montanhas na noite anterior, provavelmente pela mesma razão que ela foi até lá. Para procurar provas de que a Agência estava escondendo uma Raça perigosa. Ao contrário de Dog, não era o assassinato que queria revelar e sim a razão por trás das mortes. Ela queria uma história que não destruísse a imagem das Raças, no entanto tinha certeza de que Dog estava inclinado a ver a pior revelação possível. Os boatos diziam que ele foi deixado para fazer parte de tudo que fosse contra o Conselho de Genética. Ele era uma força — mas ninguém entendia com certeza quem o manteve preso.
— Por que você está me incomodando hoje, Dog? — Ela cruzou os braços sobre os seios e o encarou com suspeita. — Acho que nós dois sabemos que Cabal não está muito longe.
— Sim, esses Felinos têm um hábito muito bom de se manter no rasto de suas companheiras. — ele comentou acenando lentamente a cabeça de cabelos negros e listras cinza. A brisa ondulou sobre as mechas escuras e claras do cabelo quando ele virou a cabeça e encarou o rio durante algum tempo.
As mechas grossas ondularam em cima dos ombros e pelo pescoço. Cabelos longos para uma Raça, ela pensou. Ela preferia muito mais o cabelo loiro escuro de Cabal. Era macio ao toque; ela lembrou aquilo de repente. Lembrou que sentiu seu cabelo contra o rosto quando ele a segurou há muito tempo. “Eu te possuo.”
— Espero que a lembrança seja agradável.
Foi arrancada de seu devaneio pela voz de escarnecimento de Dog. Ela o encarou com suspeita, vendo seu sorriso lento, frio nos lábios dele.
— Está colhendo coisas aqui que você precisa ficar de fora menina. — ele finalmente falou a prevenindo, aqueles olhos cinza sombrios piscaram perigosamente. — Você tem que sair dessa complicação, como dizem.
— E você precisa sair da porra do meu negócio. — ela declarou firme. Os lábios dele apertaram o charuto que ainda estava preso entre os dentes, ele o segurou e o ergueu entre o dedo indicador e médio.
— Menina, você precisa atender um aviso de vez em quando — ele retrucou a ela. — Deixe-me ajudá-la. A você e o seu companheiro. Arraste a bunda dele até a cama mais próxima, fiquem a vontade e bem quentes. E deixe a foda acontecer.
— E por que eu faria isso? — Ela apertou os olhos sobre ele.
— Porque você não quer as respostas que vai achar aqui. E confie em mim, Jonas não quer que você as encontre. Isso poderia trazer uma situação muito pegajosa para você e Cabal.
— E você se importa por que razão?
Ele a olhou especulativamente antes de responder.
— Não tenho realmente certeza. Talvez eu tenha achado uma consciência.
— Em um pacote de biscoitos Jack? — Ela zombou. — Me dá um tempo, Dog, entendemos muito bem.
Ele riu disso. Ela tinha pesquisado Dog, talvez tanto quando estudou sobre Jonas Wyatt. Os dois homens estavam como os lados opostos da mesma moeda. Não exatamente um tipo bom e outro mal, mas estavam em polos opostos.
Dog não era um homem que ouviria a consciência, mesmo que tivesse uma. Ela suspeitava sobre quem e o que ele era realmente, mas preferia manter para si. Havia chances de estar errada. Se estivesse errada sobre ele, então seria uma injustiça e de perigoso ele passaria a ser mortal.
— Pacote de biscoito Jack — ele repetiu pensativamente. — Interessante. Mas, como estava dizendo, está na hora de você deixar Glen Ferris. Acho que sou a Raça para garantir que você fará exatamente isso.
— E como vai fazer isso? — Ela riu. Cassa estava quase divertida. Teve que admitir, Dog tinha um interesse que a deixava visivelmente incomodada, um interesse que ela não gostou nem um pouco particularmente agora.
Ele inalou lentamente. Seu sorriso era positivamente pior que antes.
— Eu tenho meu jeito. — ele falou com voz arrastada, então deu passos a frente.
As mãos dela desceram dos seios enquanto se enrijecia, dando um passo para trás.
— Você sabe que ele está olhando. — ela sussurrou, sentindo o coração disparar quando o pânico começou a anular sua calma normal que sempre lutou para conseguir.
— Claro que ele está olhando. — Seu sorriso era predatório, seu comportamento perigoso. — Ele sempre está olhando você, Srta. Hawkins. Se não ele, então alguém que ele manda. Você sempre está sendo observada, o tempo todo.
Ela engoliu em seco. Cabal não faria isso. Ele não a olhava assim. Ela sacudiu a cabeça, tentando entender por que ele faria tal coisa, se fosse ele.
— Você tem um parafuso solto. — ele disse suavemente. — Perigosamente solto. Pensa que ele não vê a ameaça que você pode ser?
— Então vai fazer o que? Matar-me enquanto ele olha? — Ela rebateu, girando a cabeça lutando para ver Cabal. Ele não faria isso. Ele não permitiria que ninguém a machucasse, nunca. Se ele fosse matá-la, então ele mesmo faria o serviço, era simples.
— Matar você? — Ele riu com a sugestão, seus olhos brilharam com diversão breve. — Não tenho vontade de matar você, Srta. Hawkins. Mas tenho que admitir, estava imaginando o gosto doce do seu beijo. Diga-me, ele já te beijou? Tocou em você? — Havia uma ponta de antecipação o cercando agora, aquilo enchia a expressão dele. Uma ponta de fome.
— Ele vai te matar.
Ele riu de novo.
— Pensa que o conhece muito bem, não é, Srta. Hawkins? Bem o bastante para acreditar que ele perderia a cabeça se eu tocasse na mulher dele.
— Ele veio atrás de você na noite passada. — ela o lembrou.
— Sim. — Ele inclinou a cabeça em reconhecimento. — Eu sabia que ele viria. Ele é um Bengala. Eu estava correndo atrás de você, e ele estava perseguindo minha equipe. Você foi um incidente.
Um incidente. Sim aquilo soava como a história de sua vida. Incidentemente esquecida no frio e no escuro.
— De qualquer jeito — respondeu ela. — Ele vai te matar se você me tocar.
— Ele é um Bengala. — Caninos duros, afiados flamejaram na luz sombria. — Ele esperará. Ele vai olhar. Neste momento ele está calculando as chances de eu realmente tocá-la. Ele está deduzindo que há noventa por cento de chance de que vou e ele está considerando o próximo movimento dele. Ele é um Bengala, minha querida Srta Hawkins. Frio. Manipulador. Calculista. Enganador.
— Entediado. — A voz de Cabal pareceu retumbar na cabeça dela enquanto ele andava em volta de uma árvore ali perto, os ombros largos ondulando sob a camisa preta de mangas longas que usava, os braços casualmente descansando ao lado do corpo. Calça jeans preta envolviam as pernas longas, poderosas, enquanto botas pretas de motoqueiro brilhavam com uma ponta empoeirada nos pés dele.
O coração de Cassa saltou, pulsou em seu peito assim como seu útero latejou com uma onda de rendição feminina completa e um calor efervescente, molhado umedecia a carne entre suas coxas.
Fora de controle. Ele podia beijá-la já, e acasalar já, porque o corpo dela estava mais interessado em renunciar a qualquer briga que sua mente poderia compreender. Hormônios traiçoeiros surgiram e se revoltaram por seu corpo, mesmo quando lutou para combater a reação que enfraquecia seus joelhos.
Os olhos verdes rodeados de cor de âmbar brilharam no rosto bronzeado dele; uma sombra de barba escurecia-lhe o maxilar dando um aspecto áspero, perigoso. Até mais perigoso que Dog. E ele parecia entediado.
Dog deu um olhar sabido para ela, arqueando uma sobrancelha num reconhecimento zombeteiro da própria avaliação. A aparência era enganadora, Cassa soube e como tinha dito Dog, Cabal podia ser manipulador, calculista e enganador. Ela não era uma Raça; não podia sentir o perigo no ar, mas podia sentir aquilo. Cabal estava qualquer coisa, menos entediado. Ele estava controlado, um controle quieto, pronto que encheu Cassa de tensão.
— Ela pensa que te conhece, Bengala — Dog falou enquanto olhava de relance para Cabal. — Pensa que você é o dono dela.
Cassa recuou mais um passo. Havia algo no tom de Dog, na diversão zombeteira que o encheu de repente, isso a advertiu que a situação poderia piorar. Depressa.
Infelizmente, Dog não estava usando o que devia ser seus sentidos superiores de raça, porque ele seguiu cada passo dela. Um movimento que Cabal viu com consciência predatória.
— Cuida dela então? — Cabal perguntou, a ressonância macia, sombria de seu tom enviou um arrepio de medo pela espinha dela enquanto ele seguia cada movimento que Dog fazia.
Cassa deu mais um passo, afastando-se mais para o lado, deslizando para mais perto de Cabal, que virou a mão para cima, esticando a palma para ela. Aquela pequena oferta de proteção fez seu coração saltar com algo diferente de medo ou temor.
Foi o lento estender de sua mão. No começo, um movimento casual, nada que sugerisse algo emocional, algo para dar esperança. Mas aquela mão, longa e grande, poderosa, a mão que ele ofereceu a ela. Tornou–se uma corda de salvação de algo que ela não entendia, algo que sabia que não podia recusar.
Mantendo seus olhos cuidadosamente em Cabal, ela andou para a segurança daquele toque. Algo a incitava, a avisava que se não fosse para ele, se não prendesse sua mão firmemente na dele, então nunca estaria segura.
— Não o bastante ainda.
Assustado, um grito fraco sai dos lábios de Cassa quando sentiu os dedos de Dog envolverem seu pulso, segurando firme no lugar. Não havia nenhuma dor. Sabia que o calor de acasalamento completo de uma companheira não tolerava o toque de outro homem além de seu companheiro.
Ela olhou de Dog para Cabal. Seu olhar encontrou nublados olhos cinza, em seguida os olhos verdes salpicados de âmbar enquanto um rosnado baixo saia do peito de Cabal. Ela sentia a tensão no ar envolta deles enquanto Dog segurava firme o seu pulso.
— O que você está tentando provar? — Ela olhava para Dog desconfiada enquanto Cabal se aproximou, os olhos fixos neles.
— Eu te avisei, não avisei? — Ele disse suavemente. — Ele é um Bengala, Srta. Hawkins, eu avisei isso. Ele não vai por em risco a missão dele por você.
— Dog, você está brincando com a sua sorte. — Cabal o advertiu, sua voz áspera e profunda. — Deixe-a ir.
Os lábios de Dog se curvaram enquanto erguia a sobrancelha inquisitivamente para Cassa.
— O irmão dele é muito mais temperamental com a mulher dele.
Era um fato muito conhecido que Tanner Reynolds atacava qualquer homem que ousasse tocar em sua mulher, Scheme.
— Nós não somos companheiros. — ela disse, lutando para engolir a raiva e a decepção por Cabal não fazer o que qualquer companheiro Raça faria.
Dog apenas riu novamente, mas parecia não notar quando Cabal se aproximou. Cassa viu a fúria brilhando nos olhos de Cabal, as manchas douradas agora estavam quase neon. Dog por outro lado, parecia calmo e frio como um homem olhando um copo de cerveja gelada e não como se fosse enfrentar cara a cara uma raça bengala.
— Oh, vocês são companheiros. — ele arrastou as palavras, seus olhos se voltando para Cabal. — Diga-me, Cabal, por que está deixando sua mulher andar sozinha por aí? Pode ser perigoso por aqui.
— Não para ela. — Cabal afirmou, seu tom grave e profundo, sua fúria fez um arrepio frio correr pelo corpo de Cassa.
Os dedos de Dog acariciaram o pulso dela. A sensação foi incômoda e desagradável. Como um prego riscando o quadro negro, que fazia estremecer de desagrado.
— Dog, não me faça matá-lo. — Cabal o avisou. — Solte-a.
Cabal sentia a fúria crescer cada vez mais forte em seu interior vendo a Raça Coiote envolvendo o pulso de Cassa, prendendo-a no lugar.
O que o desgraçado queria, Cabal ainda não tinha entendido. Não havia nenhuma má intenção no coiote, nenhuma ameaça. Pelo contrário, o coiote estava jogando, pressionando, por alguma razão que Cabal não conseguia determinar.
Ele deveria matá-lo, Cabal pensou. Inferno! Devia tê-lo matado há muito tempo antes disso, mas por alguma razão Jonas tinha uma ordem de "não mate” preso nesse Coiote em particular. Sem dúvida nenhuma ele era um dos fodidos peões que o diretor da Agência de Negócios das Raças gostava de usar. Cabal os chamava de bichinhos de estimação de Jonas. Inimigos ou apenas suspeitos de serem inimigos que Jonas usava de algum modo em mais um de seus joguinhos.
Embora Cabal sentisse que com Dog era muito mais que isso. Esse era um Coiote que ninguém, nem homem, mulher ou Raça, usariam sem a permissão direta de Jonas.
No entanto, se Dog não tirasse a mão de cima de Cassa, Cabal ignoraria a ordem de “não mate”. O coiote ia morrer. Agora. Cabal sentiu o desejo de sangue subindo dentro dele. Tentou dominar, conter o cálculo frio e manipulador, que faziam parte dele.
Ela era sua companheira, e não só outro homem a tocava, mas outra Raça. Esse corpo de mulher, seus hormônios, seu perfume, ela era a combinação perfeita para o acasalamento com uma Raça, para ter seus filhos raça, e outra Raça ousava tocá-la.
Ele sentiu o rugido contido subindo de seu interior, estrondando em sua garganta. Ele se forçou a não juntar os punhos, não pular sobre o cretino. Não arrancar a sua mulher para longe do Coiote e colocar a sua marca imediatamente nela.
O desejo era desesperador. Pulsava em suas veias, pulsava em sua cabeça. O desejo de foder, se enfiar com força dentro dela, era um impulso elétrico que se revolvia dentro dele. A excitação estava alcançando o nível crítico. O desejo de acasalar, de marcá-la, estava ameaçando o seu controle.
— Deixe-a ir. — Cabal se aproximou, todos os sentidos que possuía focados nos dedos duros do coiote envoltos no pulso da sua mulher, segurando-a atrás dele.
Dog inclinou a cabeça de lado e deu um sorriso lento, duro.
— Eu gostaria de provar o gosto dela primeiro.
Cabal viu tudo vermelho. Quando Dog puxou Cassa contra o peito dele, um pequeno grito saiu dos lábios dela e reagiu ao abraço não desejado. Cabal viu o joelho dela subir com força, mesmo antes dele se mover. Ele não permitiria que os lábios de Dog tocassem sua companheira. Não deixaria outra raça reclamar o que era dele. Uma energia picante encheu sua boca e inundou seus sentidos. O hormônio de acasalamento, seu sabor era luminoso, mais quente, inflamando ainda mais a excitação que já crescia além do ponto de ebulição.
Quando o joelho de Cassa bateu na coxa de Dog, Cabal puxou a raça enquanto seu punho bateu com força nos traços duros, do rosto áspero de Dog. Um rosnado fugiu dos lábios de Cabal mesmo ele tentado se conter. Raiva pura o consumia. Uma raiva diferente de tudo que já sentiu, até mesmo da fúria que sentiu no dia que todo seu bando morreu esquartejado naquela maldita caverna. Calor de acasalamento e uma fúria possessiva o envolviam enquanto sentia o corpo quente de sua mulher contra o dele. Ouviu seu punho rachar contra a mandíbula de Dog e sentia os instintos animalescos que manteve contido rugindo a superfície.
— Eu prefiro enfrentar terroristas em vez de raças. — Uma mão bateu com força no seu peito, quase surpreso por Cassa lutar nos seus braços, quase se afastando dele.
— Fique quieta. — Ele a envolveu com seu braço, prendendo-a contra o seu lado enquanto Dog se endireitava depressa.
— Onde está toda a frieza de pensamento que você pensa que tem, seu burro? — Ela gritou furiosamente, dando murros nos ombros dele.
Frieza de pensamento? Foi embora junto com o bom senso no primeiro minuto que ele pôs os olhos sobre ela. Quando via Cassa, não havia nada de frio sobre ele, não importa o quanto fosse difícil tentar fingir.
— Ai! Ai! Ai! O Bengala a agarrou! — Dog falou arrastando as palavras com zombaria. — Será que há algum erro em seu sequenciamento genético?
— Caia fora, Dog! — Cabal rebateu cruamente. A resposta de Dog foi um riso baixo enquanto Cabal segurava Cassa, ainda furiosa. Aquela fúria, o toque dela, o seu cheiro, envolveu seus sentidos e chamou o animal dentro de si para sair.
Ele sentia o cheiro de Dog nela. Isso o enfureceu. A codificação genética que o fez mais feroz, o mais frio de assassinos, estava recuando em baixo do que ele procurava proteger e marcar a sua companheira. Nada mais importava.
— Vamos, Bengala, seja um bom gatinho e compartilhe uma pequena mordida. — Dog riu.
O Coiote desejava morrer.
Cabal conteve a raiva, continuando a abraçar a cintura da sua companheira que lutava com ele e deu um olhar claro, duro no Coiote. Frio. Calculista. Era isso que ele era. Tinha sua companheira. Ela estava segura, presa no seu lado, ainda que relutante. A calma que precisava lentamente inundou seu ser, embora o animal ainda rosnasse. Silenciosamente, com impaciência.
— Vocês dois estão mortos. — Cassa se enfureceu com ele. — Infantis. Idiotas. Vocês são como dois valentões de pátio de recreio brincando de jogos.
Ela continuou a lutar e Cabal continuou a segurá–la. Direto do seu lado, onde o calor e a maciez do corpo dela parecia se afundar em sua carne através das camadas de suas roupas.
— O jogo acabou. — Cabal a informou enquanto encarava Dog. — Ache outro pátio de recreio, Dog. Agora.
Em lugar de responder, Dog puxou outro charuto do bolso de sua camisa, o acendeu e riu maliciosamente. Cabal manteve os olhos no Coiote, mas os sentidos treinados focados em Cassa. Ele sentia o cheiro da raiva e da excitação dela. E também o medo que ela sentia.
— Bengala, acho que é você quem precisa achar outro pátio de recreio. — Dog declarou então. — Se eu fosse você eu cairia fora por essa linda companheira. Ela é mesmo um pedacinho delicioso, Bengala. Tentadora, se entende o que quero dizer.
Tentadora. O cheiro dela o chamava, mesmo com aquela ponta de medo. O medo do desconhecido ou medo dele?
— Toque nela de novo e eu o mato.
Então ele viu o brilho no olhar de Dog. Cabal fez uma promessa, não era uma ameaça e o Coiote reconheceu o que isso significava. Mas o estrago estava feito e Cabal sabia disso. Sentia aquilo batendo em suas veias, agitando seu coração e atormentando as glândulas sob sua língua.
O calor do acasalamento agora era como uma fúria que queimava por todo o seu corpo. Seu membro estava duro e grosso. O sangue latejava feroz, apertando suas bolas de desejo, enviando um arrepio de luxúria por todo seu corpo.
Sua mulher. Sua companheira. Isso era tudo que importava. Tudo que interessava a ele. Reclamar o que pertencia somente a ele. Eliminando qualquer tipo de ameaça que poderia se opor a sua posição como o companheiro dela.
Logicamente sabia que não era possível que tal ameaça tivesse sucesso. Essa mulher foi criada para ele; ninguém mais poderia se acasalar com ela. Era assim que os médicos e cientistas das Raças acreditavam. Mas o seu animal interior se recusou a escutar. Não escutaria mais nada.
Finalmente, Dog inclinou sua cabeça e recuou. Foi só então que Cabal percebeu que sua voz ao proferir aquela ameaça final foi mais um rosnado selvagem que uma voz humana normal. Não que ele fosse humano, mas ele nunca ouviu aquele tom selvagem em sua própria voz antes. Aquele tom selvagem fez Cassa se calar também. Ela agora estava parada, rija, tensa, esperando.
— Cuide dela, Bengala — Dog disse calmamente se afastando. — Você deve ser o único que pode. Ela parece ter uma veia imprudente.
Uma veia imprudente não a descrevia. Ela era independente, teimosa. Ela era a mulher que a natureza declarou que pertenceria somente a ele. Se ele a reclamasse.
— Eu odeio Raças. — ela murmurou ao seu lado enquanto ele recuava cautelosamente, indo em direção ao parque de estacionamento do Kanawha Falls Park.
A caminhonete dele estava estacionada lá. Era uma distância curta e a volta de lá até o hotel devia ser rápida. Se ele conseguisse chegar ao hotel antes de fodê-la.
Ele estava morrendo de vontade de beijá-la. Ele recuava, carregando-a firme, mas sempre mantendo os olhos atentos se Dog o seguia. Abriu mais as narinas procurando no vento o cheiro de inimigo, coiote ou humano.
— Isto é uma loucura, Cabal. Eu tenho um trabalho a fazer aqui. — Mas ela não estava lutando. Ele sentia a antecipação que a tomava, crescendo no ar em volta dela, exatamente ao que também crescia nele.
A antecipação do acasalamento, a excitação. Prazer. Diziam que não havia maior prazer que o acasalamento. Cabal estava prestes a descobrir.
— Eu te disse para sair daqui. — ele respondeu duramente quando se virou e andou na direção da caminhonete.
Acionou o controle e andou rapidamente para a caminhonete, abriu a porta e a sentou no banco do passageiro. Ele não lhe deu a chance de se endireitar no banco. Agarrou os quadris dela, escancarando suas coxas e se empurrando lá, acomodando o comprimento do seu membro duro, agarrou os seus cabelos a imobilizando, inclinou a cabeça sobre ela e tomou o beijo pelo qual morria de desejo por longos e solitários onze anos.
Era fogo e gelo. Foi um beijo diferente de tudo que Cassa conheceu. Cheio de paixão, fome, e um sabor picante do hormônio do acasalamento e sedutor de homem.
O sabor dele mesmo, de um homem de verdade era até mesmo mais poderoso que o hormônio de acasalamento ela sentia; um calor correndo por seu corpo. Como uma injeção de um forte narcótico direto em sua circulação sanguínea, que produziu uma sensação de euforia, desejo, necessidade e fome ardente que invadiu seu corpo.
Não era muito diferente dos desejos que a enchiam antes de seu beijo. A única diferença era aquele fogo intenso em seu corpo, o sabor, o desejo repentino e esmagador aumentando. Agora. As mãos dela mergulharam nas mechas grossas e escuras do cabelo que se esparramavam sobre os ombros dele. Seus dedos apertaram a massa cheia, puxando-o para mais perto enquanto tomava a língua dele de novo e de novo, aceitou o gosto do hormônio de acasalamento e se entregou a ele.
Ela lutou contra ele. Realmente lutou. Durante mais de dez anos lutou para ignorá-lo, do mesmo modo que ele fez. Ficaram longe um do outro o quanto puderam. Agora não havia como ignorar. Não havia nenhum jeito de se esconder disto. Nunca mais poderiam fugir novamente disto.
Lábios e línguas unidas, sugando e lambendo. As mãos dele desceram por sua camiseta e Cassa estremeceu quando sentiu a mão calejada tocando suas costas. Lembrou da sensação da pele dele tocando a sua, mesmo antes de beber do hormônio que se derramava de sua língua. Fazia tanto tempo que a mão dele esteve em volta de seu pescoço quando jurou que ele a possuía. O toque de sua mão então quase subjugou o medo dela. Agora as carícias dele enviaram uma onda de sensação, forte e brutal, que bateu em seu âmago.
Era muito, muito cedo. O fluido hormonal das glândulas de sua língua não devia ter feito um efeito tão rápido nela, nem assim tão forte. Sem considerar que nos últimos cinco anos, ela tomou os tratamentos de hormônio dados a companheiras. Não deveria reagir tão forte, tão rápido. A menos que essa fome do calor de acasalamento estivesse reagindo ao seu próprio desejo natural pelas carícias dele.
E estava desesperada. Esteve desesperada durante anos. Ele foi o foco de seus desejos mais profundos, tudo que desejava, era ele.
Precisava dele e ia tomá–lo para si. Eles podiam fugir da necessidade, mas não podiam esconder isso. Durante onze anos os dois fugiram e agora a fuga acabou.
— Maldita! — O rosnado dele foi de frustração e desejo feroz quando afastou os lábios o suficiente para olhá-la, a cor âmbar de seu olhar ardendo, enquanto afastava a blusa que cobria os seios dela.
O ar frio encontrou a carne quente, junto com outra sensação. Estava envolvida por ela, correndo por ela, até que mal podia respirar tal o desejo.
— Maldito! — Ela ofegava. — Você transou com todas que via durante onze anos. Você ignorou isto. Ignorou-me.
E ela o odiou por isto. O odiou pelos anos que esteve faminta por ele, pelos anos mantendo a distância entre eles.
— Eu poupei você disto! — Sua mão apertou em seu cabelo enquanto os dedos da outra mão corria pela cintura chata, subiu acariciando, então encurvou a mão e fechou no monte duro, dolorido de um seio.
Cassa respirou com dificuldade e profundamente, ao sentir o toque de sua mão sobre o sutiã. O calor do seu toque era brutal. Sentir sua mão acariciando-a era como uma febre que agitava seu sangue.
— Você não me poupou de nada. — ela ofegou o olhando irritada, mesmo com seu corpo se revolvendo para sentir mais das carícias dele.
— Então eu me poupei. — ele rosnou, um segundo antes de baixar a cabeça, as pontas afiadas dos caninos raspando o pescoço macio, soltando um rosnado selvagem.
Doce céu como aquilo era bom. A cabeça dela caiu para trás, o toque dos seus lábios, dos dentes contra sua garganta eram êxtase e frustração. Era um prazer como uma faca afiada que penetrava nos nervos sensíveis demais para suportar.
Sentia as mãos dele apertando seu seio, a outra mão segurando suas costas. E os dentes dele raspando, mordiscando sua pele e tremia com as sensações eletrizantes que a percorriam.
— Eu precisei de você. — Odiava choramingar, revelando sua fraqueza nessas três pequenas palavras, com suas mãos apertando no cabelo dele, com a voz rouca.
Precisava dele desde o dia fatídico da morte de seu marido, que jurou lealdade a ela, mas traiu a sua confiança. Precisava dele, precisava da força e da ameaçadora promessa que ele fez há tanto tempo, e sabia que ele tinha controle sobre si mesmo e até mesmo sobre ela.
— Deus, Cassa. — Ele mordeu seu pescoço, os dedos apertaram o mamilo duro. Cassa sentiu a umidade aumentar entre suas coxas, sua vagina estava escorregadia, em fogo com a excitação que cobria os lábios da concha sensível, e seu clitóris começou a pulsar e se contrair com uma dor erótica.
Ela esperou e fugiu daquilo por tanto tempo, para agora acabar nos braços dele. Finalmente. O mesmo lugar que tantas outras mulheres estiveram.
— Eu odeio você. — O soluço na sua voz desmentiu as palavras.
— Vai me odiar mais antes que o dia termine. — Ele empurrou para o lado o bojo do sutiã da carne palpitante de um seio e ela perdeu o ar.
Capturou um mamilo duro, muito sensível entre os dedos calejados, rolou os dedos nos bicos, enviando um arrepio por ela, enchendo–a de prazer.
Eles estavam em público. O parque podia ser abandonado agora, mas podiam ser descobertos a qualquer momento. Só Deus sabia onde aquele odioso coiote estava, era bem provável que estivesse espiando-os. Ela não se preocupava se um maldito bando inteiro de Coiotes estivesse espiando. Ela não queria deixá-lo ir, perder essas carícias, seu beijo.
Puxando seus cabelos, ela lutou para retirar seus lábios dos dele. Queria mais que o gosto picante, viciador do hormônio que fluía de sua língua. Queria mais que apenas suas carícias. No beijo dele, havia uma intimidade que não entendia. Como se apenas beijando-a, permitisse que ela tivesse tudo dele.
E ele deu isto a ela. A língua dele lambeu seus lábios, seus dentes a mordiscaram, ele esfregou, depois devorou sua boca, engolindo os gemidos ofegantes dela que arqueou o ventre para mais perto dele.
O bico nu de seu seio esfregava contra o tecido áspero da camisa dele. Ela queria sentir pele contra pele. Queria sentir os pelos minúsculos, sedosos que sabia que cobriam o corpo dele. Queria ver as manchas que todas as raças tinham, e que se espalhou pelo mundo que eram malditamente sensuais.
Ela queria o seu Bengala. O seu companheiro. Queria o que sabia que nenhuma outra mulher jamais teria com ele, o que nunca tiveram com ele.
Isto. Calor de acasalamento.
No próximo segundo, os lábios dele se levantaram dos dela e disse:
— Vou acabar fodendo você aqui.
Cassa o encarou. O âmbar nos olhos dele era quase néon contra o verde escuro aveludado. Olhos intensos, famintos. Sua expressão estava cheia de luxúria, seus lábios estavam inchados dos beijos que trocaram.
Cassa encarou os traços fortes, moldados com brutalidade e sentia no fundo de seu coração que havia mais que apenas desejo entre eles. Havia tanta força, tanta fome e ainda mil traições refletiam nos olhos e na expressão dele. Ele a desejava, estava faminto por ela, mas quando olhou nos olhos estranhamente coloridos, não havia uma única pitada de emoção ou raiz do desejo que sentia crescer dentro dela.
Companheiros se amam. Todo casal acasalado que ela conhecia, amavam-se apaixonadamente e muito profundamente.
— Cassa. — A cabeça dele abaixou quando sussurrou o nome dela mais uma vez, uma careta contorceu seu rosto quando tomou um beijo rápido. Depois outro. O terceiro foi mais profundo, mais demorado.
Cassa sentiu-se caindo de novo no prazer do seu toque. Ela perdeu a noção de tempo e espaço. Ela se perdeu. Não havia nada mais que aquele prazer, este beijo, este homem.
— Maldição! Temos que dar o fora daqui. — No segundo seguinte ele se afastou dela, levando o calor e a promessa quando endireitou sua blusa antes de empurrá-la e sentá-la direito no banco.
Cassa o observou quando ele fechou a porta, trancando-a na caminhonete de luxo e não no SUV preto oficial da Agência de Segurança das Raças que ele tinha usado antes. Afastando-se da porta, ele deu a volta no carro até o lado do motorista, entrou na caminhonete e ligou o motor.
Mas ele não saiu do estacionamento. Ele estendeu a mão e a puxou para si pela nuca e a encheu de prazer com mais um daqueles beijos longos e profundos.
Suas unhas se cravaram no braço dele enquanto um gemido de desejo fugia de seus lábios. Ela o queria agora. Esperar até chegarem ao quarto de hotel de repente se tornou uma noção vaga. Finalmente, ela começou a se perguntar se não seria possível deslizar numa rapidinha em público.
— Maldição! Eu sabia que você era uma maldita perigosa. — A voz de Cabal era torturada, tão torturada quanto a mente febril dela.
E ela não era perigosa. Era ele. Seu beijo, seu toque.
Respirando com dificuldade, forçou-se a se sentar e manter as mãos quietas. Não ia começar a tirar as roupas dele na caminhonete, mas ela estava perto, muito perto.
Ele tinha um corpo de matar. Ou de fazer uma mulher ser capaz de matar para tê-lo. E se os boatos fossem verdade, de que quando as roupas eram tiradas, o faminto animal em seu interior era libertado.
Pensar nisso era ao mesmo tempo uma sensação de antecipação e de irritação. O boato veio de todas as malditas mulheres que falavam mais que deviam, que achavam que tinham de se vangloriar por terem se deitado na cama dele. Das mulheres que o tocaram quando ele pertencia a ela. As mulheres que ele aqueceu pelas noites, quando ela tinha se deitado sozinha, desejando, sonhando, lamentando.
Felizmente, Glen Ferris não era uma cidade grande; o hotel onde estava hospedada era a apenas a poucos quilômetros das Cataratas. Cabal arrancou para dentro da área de estacionamento, desligou o motor e abriu a porta. Ele não se incomodou em dar a volta e ajudá-la a descer. O bengala impaciente que era, a arrastou pelo banco, ignorando o pequeno grito ofegante, antes de agarrar seus quadris e a pôr no chão.
Em segundos as trancas do veículo se travaram e o alarme acionado e ele agarrava sua mão, puxando-a para o hall de entrada.
Cassa sentia a cabeça rodando. Queria protestar. Queria exigir mais, porém não tinha certeza do que precisava exigir. Tudo que sabia era do desejo súbito pelo gosto picante do beijo dele, do calor de suas carícias. Apenas Cabal. Os anos de sonhos e fantasias estavam se realizando, e se achou repentinamente incapaz de esperar. Incapaz de funcionar sem o seu toque.
A viagem até o quarto dela parecia durar para sempre, mas quando Cabal levou o cartão-chave de sua mão e abriu a porta, de repente ela quis que tivesse levado mais tempo. Apenas uns minutos mais para antecipar, pensar, não que pensasse muito além do que tocá-lo, beijá-lo. Mas enquanto seu corpo sabia o que queria exatamente agora, suas emoções gritavam por mais tempo para se adaptar, para se centrar.
— Venha aqui. — A voz dele foi um estrondo profundo quando a porta se fechou atrás deles e a puxou para seus braços.
Cassa pôs as palmas abertas contra o tórax dele quando seu olhar capturou e prendeu o dela.
— Isso aconteceu tão rápido. — ela sussurrou, sentindo os efeitos do hormônio de acasalamento subindo dentro dela. A excitação que sentiu por ele nos últimos onze anos não era nada comparado ao que sentia agora.
Sentia-se nua, embora estivesse vestida. Vulnerável quando precisava ser forte, precisando ordenar os sentimentos que a rasgavam.
— Doce Cassa. — A voz dele era baixa quando a mão dele subiu até a face dela, o dedo polegar acariciando os lábios inchados dela enquanto seus cílios baixavam pensativos, com intenção. — Eu tentei poupar a nós dois.
— Com toda mulher dos Estados Unidos. — ela rebateu de forma ranzinza. — Talvez eu devesse ter seguido seu exemplo e ter escolhido alguns amantes para mim.
Exceto, que isto não teria ajudado. A depressão vazia do sexo superficial era algo que ela não queria experimentar novamente. Teve isso em seu breve e amargo casamento.
— Só se você quisesse ver sangue derramado. — Sua mão prendeu o maxilar dela duramente com seus olhos brilhando perigosamente. — Eu teria matado qualquer homem se eu suspeitasse que partilhava a sua cama.
Cassa sacudiu a cabeça. Queria discutir aquele ponto, queria se enfurecer pelos anos que ela o assistiu foder aquelas admiradoras que seguiam as Raças de perto. Mas seus pensamentos também se quebraram, os desejos cresceram nela muito calorosamente.
Ela viu as narinas dele se abrirem, quando ele captou o cheiro da umidade que juntava entre as suas coxas. Quando a olhou, seu olhar se prendeu no dela, a outra mão dele abaixou no estômago reto e criou um caminho quente de prazer aquecido quando empurrou os dedos entre as coxas dela.
Ele tocou em concha a carne inchada, dolorida da boceta dela, fazendo–a subir, se erguer contra ele, se arqueou no braço que ele rapidamente envolveu suas costas para apoiar.
— Maldito! — Ela choramingou. — Oh Deus, Cabal.
O prazer era demais. Mesmo através do tecido do jeans e da sua calcinha, sentia o calor da pele dele, o poder de seu toque. Seus dedos em concha, a palma de sua mão contra o nó inchado do clitóris e quase a fazendo explodir.
— Sinto o seu cheiro doce enquanto desfruta isso. — Ele mordeu o maxilar dela, os caninos roçando eroticamente a carne dela. — Você sempre tem o cheiro mais doce, Cassa.
Ela estremeceu ao ouvir a voz dele. Era sombria, áspera, tão potente quanto o licor mais forte.
— Venha aqui, meu bem. — Ele andou, apoiando-se na cama enquanto sua palma continuava esfregando contra o monte sensível da sua vagina. — Deixe-me prová-la. Todinha.
Cassa estava hipnotizada. A cadência da voz dele acariciou seus sentidos enquanto as mãos dele acariciavam seu corpo. Choramingou um protesto quando a mão dele se afastou de suas coxas para agarrar a bainha da sua camisa. Ele puxou a roupa por sua cabeça, erguendo os braços dela até que ele pudesse soltar a blusa e a lançar para o lado, deixando-a apenas de jeans e sutiã.
— Tão linda! — Suas mãos em forma de concha envolveram os montes cheios e duros de seus seios, os dedos apertando os mamilos ainda cobertos pelo sutiã.
— Eu sonhava em chupar esses pequenos mamilos duros, Cassa. — O fecho na frente do sutiã se soltou e um segundo depois ele o puxava pelos ombros dela e olhando fixo para baixo, para os seios que subiam e desciam rápido.
Cassa não conseguia pensar, não conseguia fazer nada com seu corpo, a não ser se apoiar nele, quando ele abaixou a cabeça e seus lábios chuparam dolorosamente um bico sensível.
A sensação de sua boca sugando seu peito enviou um arrepio de puro prazer que contraiu do mamilo até o clitóris, como se os dois estivessem ligados num mesmo nervo que ela nunca soube que existia. Suas mãos agarraram o cabelo dele. Ela arqueou as costas e soltou um gemido abafado. Estava consciente apenas dos dedos dele na frente de seu jeans, desabotoando e abrindo. Sua mão acariciou abaixo do estômago e isso a fez derramar nata enviadas da carne dolorida.
— Os sapatos. — ele rosnou, com voz áspera. — Tire, Cass. — Ele beijou o bico do seio, os lambeu e depois mordiscou.
Ela arrancou os tênis em tempo recorde e ele a recompensou empurrando os jeans e a calcinha dela sobre os quadris. Abaixando-os até o meio de suas coxas, ele espalhou uma série de beijos dos seios descendo pelo estômago, e os quadris.
No minuto que ele puxou suas roupas, ela estava num caos trêmulo de excitação. Sentia-se molhada com seus sucos naturais encharcando a vagina, estava ardente e macia, seu corpo se preparava para receber o dele.
— Deus, seu cheiro. — Ele enterrou a cabeça contra seu ventre, os fios dos cabelos dele acariciando seu ventre quando acariciou suas coxas. — Doce Cassa. Eu quero enterrar minha língua na sua boceta quente e sentir quando você gozar. Prová-la quando gozar para mim.
Ela quase gozou naquele segundo O erotismo de suas palavras disparou uma explosão que estremeceu pelo útero dela.
Suas mãos apertaram no cabelo dele se firmando contra as explosões de prazer que a percorriam. Estava consciente apenas dele se endireitando, depois se ergueu, inclinou e tomou seus lábios noutro beijo, agora mais quente, mais faminto que antes, enquanto ela sentia o mundo girar a sua volta.
Quando ele ergueu a cabeça, ela se deitou na cama olhando-o, lutando por ar quando ele tirou a camisa. Sentando na beira da cama ele tirou as botas, depois se levantou e começou a tirar a calça jeans.
Observá-lo se despindo era a coisa mais erótica que ela já viu. Ver o jeans claro descendo pelas coxas, revelando as listras douradas escuras contornadas de preto quando ele se inclinou, exibindo as nádegas e coxas, e também seu pau pesado e grosso.
A cabeça enorme pulsava rápido de forma irregular, a carne brilhou com pré-sêmem quando o membro grosso subiu entre as coxas dele.
Ele parecia com um deus do sexo. Como o maior prazer erótico que uma mulher poderia sonhar.
Cassa arqueou de prazer, soltou um grito, enquanto suas coxas tentavam prender sua mão, mas ele a abriu com suas coxas poderosas.
O sabor ardente do hormônio de acasalamento encheu seus sentidos, espalhando por seu corpo e deixando–a sem fôlego quando ele ergueu a cabeça. Ele não tinha nenhuma intenção de dar a ela uma chance de recuperar o fôlego. No segundo seguinte, os lábios dele estavam em um mamilo, depois no outro. Os chupou na boca aberta, os atormentou com a língua, sugou, e os mordeu e ela se forçou a não implorar por mais.
— Cabal. — Desespero enchia sua voz quando ele puxou seus seios, trazendo os mamilos para perto um do outro e os lambeu.
Ela sentia a leve aspereza da língua dele, raspando sobre os mamilos duros e um arrepio de puro prazer percorreu seu corpo.
Arqueando-se contra ele, Cassa se contorceu em êxtase atormentado, tentando alcançar uma carícia que a fizesse gozar.
— Não ainda, boneca. — Ele deu outra lambida pelos mamilos antes de suas mãos descerem aos quadris dela, segurando-a no lugar enquanto seus lábios se arrastaram por seu torso.
Ela se arqueou contra ele, sua mão agarrando os ombros, as unhas se cravando na carne quando os lábios, dentes e língua dele criaram um caminho de prazer até o montinho da vagina entre suas coxas.
Ele parou lá, a respiração áspera, difícil quando Cassa olhou para baixo. Ele olhava a vagina com desejo e faminto, os lábios abertos, cheio de vontade.
— O que você está esperando? — Parecia que tinha esperado a vida inteira por isso e ele parecia muito determinado a fazê-la esperar por muito mais tempo.
— Quanto você quer isso? — Sua pergunta áspera foi respirada contra o broto inchado do clitóris.
Quanto ela queria isso? Estava pronta para morrer de desejo disto. Sua boceta pulsava exigente, o clitóris pulsava em agonia de desejo. Ela queria agarrar seu cabelo e puxá-lo para o lugar.
— Importaria quanto quero isso? — Seu coração batia de antecipação. Ela queria aquele toque tanto quanto estava pronta para gritar por ele. Seus dedos cravaram no cobertor, suas unhas se ficando no tecido, lutando para se conter de implorar.
— Importa a você? — Ele respondeu. — Diga-me o quanto você quer, Cassa. Conte-me o quanto você precisa disto.
O inferno que ela ia. Seus quadris arquearam quando ele respirou de novo sobre os pelos entre suas coxas. Ergueu uma das mãos do cobertor, os dedos se prenderam no cabelo dele quando o ar quente de seu hálito acariciou seu clitóris sensível. Jogou a cabeça contra o travesseiro e teve que conter o gemido de apelo.
— Maldito — ela gritou furiosamente enquanto um rugido estrondoso vibrou no peito dele. — Faça.
— Isso não responde a pergunta, companheira. — As costas dos dedos dele acariciaram seus pelos. — Quanto você quer isto?
Isso era bastante mal. Bastante mal que seus dedos apertaram no cabelo dele, os quadris se arquearam e arrancou um grito estrangulado de sua garganta.
— Faça — ela exigiu. — Maldito! Coma-me.
Como se fosse um gatilho, um fusível de uma detonação, um meio rosnado, um meio resmungo saiu de seus lábios antes de cobrir as dobras encharcadas de sua boceta e ele sugou o clitóris para sua boca.
A língua acariciou sobre o pequeno broto torturado enquanto o sugava. Uma mão abriu as coxas dela, e logo os dedos grossos acariciaram pela racha apertada e acharam a entrada escorregadia para a carne carente, necessitada no fundo.
Cassa tremia, estremecendo com o prazer que a envolvia e que rasgava seus sentidos através de nervos sensíveis que a faziam tremer de desejo pelo orgasmo.
— Oh Deus! — Ela quase gritou a prece, sentiu dois dedos entrarem dentro dela, abrindo sua carne apertada.
Dedos calejados se moviam dentro de sua vagina, tocando e acariciando os músculos internos até que ela se contorceu em baixo dele e quase gritou seu nome.
Ela ia gozar. Não podia se segurar, não queria se segurar. Sentia as vibrações das explosões internas crescendo dentro dela, apertando seus músculos, molhando sua vagina. Seus sucos fluíam nos dedos dele, facilitando seus movimentos e sensibilizando-a mais quando ele começou a foder dentro dela, de modo lento e macio, e depois mais rápido e duro e de novo lento e macio, até que ela sentiu como se todo senso que possuía estivesse fora de controle.
— Não é o suficiente — ela ofegou, o desejo cresceu furioso dentro dela até que se perguntou se podia respirar por isto. — Mais, Cabal. Por favor. Por favor. Mais.
Ela sentia o rosnado, o som vibrou no seu clitóris quando os dedos dele mergulharam duros e bem fundo na racha apertada e trêmula dos tecidos no interior. Ondas de sensação cresceram dentro dela, explodiu por seu corpo, enviando o êxtase nela, que até a fez se curvar com força para trás, ao sentir a pressão dele, suas mãos presas no cabelo dele enquanto lutava gritando pelo prazer mais incrível que pensou que poderia experimentar.
Até alguns segundos mais tarde. Até que soube que havia mais. Havia Cabal se deitando sobre ela, penetrando a ponta grossa do pau duro na entrada que ele ainda fodia com dois dedos, movia-os dentro dela com estocadas rápidas, deliberadas. Seus dentes raspando o ombro dela. Houve um ponto de prazer e dor quando as coxas dele empurraram, penetrando-a, seus quadris se moveram poderosamente contra ela e o pau enorme e quente a encheu, encheu demais, tanto que sensações intensas de prazer fizeram aparecer estrelas nos olhos dela, com o prazer explosivo dentro de seu corpo.
Ela estava perdida para entender, perdida na reação do seu corpo ao toque de Cabal. Cada enfiada dos dedos dele, cada carícia de seus lábios, oh Deus, a raspagem dos dentes da língua em seu pescoço, as marretadas duras do pau dentro de sua boceta sensível eram demais. Sentia-se queimando, como se cada carícia fosse muito dolorosa para suportar, muito prazerosa para nunca mais fugir.
— Ajude-me. — ela gritou, quando se arqueou mais contra ele, mais perto, implorado algo que não entendia.
Não era o bastante e ainda assim era demais. Lágrimas encheram seus olhos enquanto arqueava mais os quadris, os músculos da vagina se contraindo e apertando o pau dele.
Poderosas marretadas num vai e vem intenso, socavam dentro dela, acariciando lá no fundo da vagina, até que ela sentiu as estrelas, a lua explodir dentro dela. A sensação de êxtase a envolveu e logo o orgasmo correu por ela.
As unhas de Cassa se fincaram nos ombros dele, seus lábios se abriram num grito sem som. Contorcendo-se contra ele, lutava por um controle que não existia e não queria. Sentiu as estocadas aumentarem quando a primeira onda de prazer correu por ela. Sentiu os dentes dele beliscando seu pescoço, ouviu o rosnado e a mordida que perfurou seu ombro. Dentro dela, preso dentro dos apertados músculos vaginais, o pau dele começou a latejar, e a engrossar e um segundo depois ela sentiu a pressão dura da lingueta de Raça felina ficar ereta, rapidamente cresceu por baixo da cabeça do pau. Engrossou e se prendeu no fundo do útero dela, acariciou nervos escondidos que a descontrolaram e a fez gozar num orgasmo mais forte, mais quente. Gritando o nome dele, Cassa se sentia derretendo, queimando por dentro com cada jorro de esperma que a enchia. Sentiu seus músculos latejando e contraindo, uma mistura de dor e prazer ao mesmo tempo a envolviam em ondas.
Baixou a cabeça no ombro nu dele. Quando s dentes dele perfuraram sua pele, ela raspou seus dentes contra a pele dele e o mordeu. Forte. Ela não rasgou a pele, não furou, mas aquele ato foi o bastante para fazê–los gozar de novo, mais profundo, caindo num mar de êxtase profundo antes de afundar num gozo profundo e tão escuro quanto a própria noite.
Ela foi possuída.
Ela foi tomada.
Ela foi acasalada.
Agora, ela se perguntou, se sobreviveria ao resultado?
Ela sempre teve segurança para captar resultados. Cassa aprendeu a lição anos atrás, na manhã seguinte ao resgate e as mortes na instalação alemã onde Cabal e seu bando estiveram presos.
O resultado foi deslizar do quarto de hotel enquanto ele tomava banho, tentando fugir, se esconder, não só de Cabal, mas dela mesma.
Que diabo tinha feito? Ela tinha se permitido tudo, exceto desafiá-lo, tudo exceto suplicá-lo que a acasalasse, mesmo sabendo o que ela estaria enfrentando. O que ela enfrentava agora. Sua carne estava sensível, suas emoções em reviravolta dentro dela, o desejo que atacava seu clitóris, mantinham seus mamilos enrugados e duros.
Ela vagou pela cidade até que se viu outra vez na margem do rio onde o ex-prefeito desaparecido foi visto pela última vez, olhando mais uma vez através da distância da antiga fábrica de gestão de água.
O lugar parecia misterioso, sinistro. Como uma entidade mortal dava para a pequena lagoa e cachoeira antes de cair de volta no rio principal.
A aparência se ajustava a sua volta com humor mórbido.
Disse a si mesma que parecia estar vendo uma sentença de prisão em cadeia. Ou um novo casamento. Inferno, isto ia ser pior que novo casamento, porque você não se divorciou de seu companheiro. Não havia nenhuma cura para o calor de acasalamento. Muito ruim, tão triste, ela pensou sarcasticamente.
Agachando na beira da água, ela fitou as ondulações frias de água que balançavam de um lado para outro contra a areia e franziu a testa com seus pensamentos.
Fazia o que jurou nunca mais fazer; estava se amarrando a outro homem. E desta vez, fazia de um modo que não podia fugir.
Deixou que Cabal a acasalasse. Ele a possuiu, não só uma vez na noite passada, mas a noite toda. Incansavelmente.
Fechou seus olhos e se forçou a respirar ao lembrar as ondas de prazer. Quase podia vê-lo como foi na noite passada, seu corpo coberto de suor, os músculos do tórax e braços se contraindo enquanto a cavalgava com uma força que ainda a espantava.
Deus, ela enlouqueceu. Na paixão perdeu sua cabeça em algum lugar e evidentemente não estava disposta a achá-la tão cedo.
Os hormônios que vinha tomando nos últimos cinco anos com certeza fazia pouco para ajudar a firmar o bom senso de uma mulher quando ficava perto de uma Raça que enlouquecia seus hormônios. Porque os tratamentos hormonais com certeza não ajudou nada. Esta manhã ela tomou dois comprimidos para compensar, mas tinha o pressentimento que sua esperança de compensação não ia durar o suficiente para ficar longe dele mais do que uma ou duas horas.
Estava louca.
Quase riu ao pensar enquanto balançava a cabeça e pegava uma pedrinha, desejando que o frio na sua mão se estendesse a outras partes de seu corpo. Como doía a carne entre suas coxas, inferno. E pior ainda e isso era realmente a pior parte, sentia um desejo incrível de ser apenas abraçada. Algo que ele não tinha dado nela.
Ela jogou a pedra e viu as ondas formando quando bateu na água.
Que ele vá para o inferno.
Tentou lutar contra as emoções que a cortavam. Odiava quando se deixava ser magoada. Quando deixava crescer as expectativas, apesar de seus esforços em contrário.
E foi exatamente o que fez. Nos últimos anos ela viu as Raças e suas companheiras. Ela viu o afeto de um pelo outro, silencioso, entretanto um ar apaixonado e sentimental que cercava cada casal.
Ela se permitiu sonhar. Não achava que tinha; achou que se controlava. Hoje de manhã soube exatamente o quanto esteve errada. Quando ela se virou para ele, meio dormindo, querendo os braços dele em volta dela, e em vez disso ele se virou.
Ela se levantou depressa, piscando as lágrimas quando se virou e olhou mais uma vez em volta do pequeno parque arborizado.
Também por que diabos ela veio para cá? Por que não empacotou suas coisas e voltou para casa quando percebeu os problemas que teria com a história que estava investigando?
Mesmo assim, não que ela fosse relatar o maldito assassinato, a menos que outra pessoa fizesse. Sua lealdade para as Raças era tão conhecida que começou a afetar sua posição profissional.
Era horrível ser uma companheira indesejada. Mas mais horrível poderia ser uma companheira não amada.
Seus dentes se travaram ao pensar no amor. Ela nunca se permitiu pensar em Cabal em termos de amor. Deliberadamente se forçou a nunca pensar nesses termos. Porém, inconscientemente, talvez tivesse pensado naqueles termos. Afinal, sabia quando casais acasalados se amavam, ela viu e invejou aquilo durante anos.
O que a fez pensar que simplesmente a acasalando faria Cabal amá-la?
Porque ela o amava?
Ela sacudiu a cabeça e se virou para voltar ao parque de estacionamento. Enquanto se aproximava da área pavimentada, seu olhar foi atraído pelo carro se arrastando na entrada do parque e conduzido por um homem de cabelo vermelho ondulado.
Ela quase sorriu.
Tinha deixado uma mensagem no celular do repórter quando deixou o hotel mais cedo, embora não esperasse que ele aparecesse em vez de telefonar de volta.
— Olha o que o gato arrastou.
Um sorriso silencioso cruzou o rosto sardento de Myron quando abriu a porta do carro e saiu.
— Soube que estava na cidade antes que você ligasse. Também ouvi dizer que você estava sendo assombrada por um Bengala de atitude.
— As notícias viajam rápido. — Cassa meteu as mãos nos bolsos da sua jaqueta de couro quando um vento repentino agitou seus cabelos os jogando em sua face. — O Bengala é por que você não verificou o boato?
Esperava ter notícias mais cedo de Myron. Não telefonou para ele antes porque sabia que a esposa dele, Patricia, era uma pequena megera ciumenta e possessiva. Ela gostava de Patricia, mas não queria ser a causa de outra briga que Myron teria que lidar com a mulher, porque ela tinha telefonado.
— O Bengala pode ter tido algo a ver com isto. — Um sorriso triste curvou os lábios dele se aconchegando mais na jaqueta jeans e olhou em volta do parque em vez de olhar nos olhos dela. — Este lugar tem recebido muita atenção ultimamente. Desde o desaparecimento de Banks, pude contar pelo menos duas Raças por semana aqui. Sem contar o pessoal do governo que apareceram.
— Pessoal do Governo? — Cassa inclinou sua cabeça e o olhou, notando a tristeza sombria em seus pálidos olhos azuis.
Myron deu de ombros para a pergunta.
— Havia um agente do governo a alguns dias vagando em volta antes do seu Bengala aparecer. Logo após sua chegada, apareceu uma equipe de coiotes. Eu não sabia que Banks era tão popular. Pessoalmente, acho que agora o mundo é um lugar melhor sem ele.
Cassa o olhou com surpresa.
— O que sabe sobre Banks que ninguém me contou?
Myron riu com isso.
— Muito. Você não vive aqui, Cassa. Eu tentei te falar sobre a pequena cidade e você nunca quis me ouvir.
Myron sempre dizia que só existia uma lei para eles, simples. Que era todos se unir para se proteger ou lutar contra o inimigo. Os habitantes eram independentes e teimosos.
— Então, o que os bons cidadãos de Glen Ferris estão unidos em esconder?
Ele negou com a cabeça antes de passar as mãos grandes nos cabelos ondulados.
— Banks era um desgraçado. — Ele respirou asperamente. — Ele e seus amigos reuniam-se aqui uma vez por ano. Brandenmore e Engalls e mais um grupo de outros homens. Eles gostavam de caçar. — Uma sombra passou por sua expressão por um breve segundo.
— Ouvi dizer que eles gostavam de caçar presas de duas pernas com mais frequência do que animais de quatro patas. — ela disse. — Disseram por aí que Banks era parte de um grupo de homens que caçavam Raças.
As narinas de Myron tremeram quando uma brisa fria bateu em volta do parque.
— Muitas Raças foram caçadas em muitos lugares — ele estalou — Não só aqui.
Ele sabia mais do que contava, Cassa pressentiu. Ela conhecia Myron. Trabalharam juntos antes dela se casar e depois que Douglas morreu, foi Myron quem a ajudou nos amargos primeiros meses de recuperação. Ela o conhecia como a mais ninguém.
— O que está acontecendo, Myron? — Ela tirou os cabelos que o vento atirou em seu rosto, seu olhar virando para a entrada do parque de onde vários carros saiam e entravam.
— Você deveria ir para casa, Cassa.
Ela estava muito cansada de ouvir para ir para casa.
— Em vez de o que? — Ela perguntou calmamente. — Estou aqui para descobrir o que aconteceu com Banks, não virar o rabo e fugir, porque ninguém quer falar.
— Não há nenhuma merda de história— Myron respondeu furiosamente. — Banks era um louco desgraçado que gostava de beber. Ele provavelmente está vagueando sob a correnteza do maldito rio e ainda não saiu à superfície. Dê um tempo ao desgraçado. Ele vai aparecer.
A abundância de ódio no tom de voz de Myron fez Cassa encará-lo muito surpresa agora. Estava espantada com a fúria que via brilhar nos olhos dele e avermelhava seu rosto.
— Ele foi o prefeito daqui por oito anos. — ela disse calmamente. — Eleito por voto direto e supostamente amado por todos os cidadãos do município. Então ele simplesmente desaparece e o xerife não pode entrar assim como uma dúzia de cidadãos para procurá-lo.
— Problema resolvido, é o que nós pensamos sobre isso. — Myron fez careta. — Droga, Cassa. Ninguém se importa se ele está morto ou não. Ninguém se importa e você não deve.
— Por que não devo? Ele não é a primeira vítima aqui, Myron e você sabe. As pessoas estão morrendo nas montanhas daqui e ninguém parece se importar.
Myron a encarou em silêncio por um longo tempo. Sua expressão brilhou com tal dor amarga que Cassa realmente sentiu sua dor por um momento.
— Pessoas sempre morreram nestas montanhas.— ele finalmente disse suavemente. — Então ninguém se importa.
Raças morreram ali. A informação que ela tinha era que mais de uma pessoa morreu ali e muitos foram capturados e sofreram nas mãos do grupo a Dúzia Mortal.
— Por que Banks ficou aqui? — Ela perguntou. — Se o que você diz for verdade, então ele não pode ter tido muita paz.
— Ele teve o que queria. — Myron encolheu os ombros. — Sua bela casa nas colinas, suas armas caras, seus amigos de caçada. Banks não dava a mínima para nada mais.
— Os amigos de caça dele não davam a mínima para ele? — Cassa se aproximou do carro aquecido. O motor ainda estava ligado, o calor fluía aliviando o frio que corria sobre ela do lado de fora.
Myron se encostou contra a porta de carro quando se virou para olhá–la.
— Você não vai deixá–lo ir, não é? — Ele perguntou.
Cassa fez para ele uma careta.
— Você me conhece melhor que ele, Myron. Bem que podia me ajudar.
— Você perdeu seu juízo em algum lugar. — ele a acusou. — Mesmo eu não estou acompanhando essa história, Cassa. Por mais que odiasse Banks, ainda assim gostaria de respostas para o que aconteceu a ele. Mas coisas acontecem aqui nestas montanhas e um homem inteligente sabe quando se retirar.
O radar interno de repórter piscou como uma campainha. O sangue pulsou de repente pelas veias dela e a curiosidade bateu na sua cabeça. Claro que aquela onda de adrenalina estava causando outras sensações bem menos confortáveis, mas podia controlar aquilo por enquanto.
— Não sei quem o conhece e te acusa de ser inteligente quando veio investigar uma história, Myron. — ela o lembrou.
— Não, Cassa foi você. — ele suspirou.
Ela abriu a boca para fazer mais perguntas quando o grande carro preto e branco do xerife entrou no parque de estacionamento no outro lado do carro de Myron.
Cassa ergueu as sobrancelhas quando Myron abaixou a cabeça e suspirou profundamente.
O que diabos estava acontecendo aqui e mais quantas pessoas eram envolvidas nisto?
Ela observou a xerife, uma mulher mais velha saiu do cruzador e arrumou seu chapéu de policial na cabeça.
Danna Lacey. Aos quarenta e cinco anos, o cabelo curto preto e cinza moldavam seu rosto fino e enfatizavam os olhos verdes escuros.
— Myron, como vai você? — Os olhos da xerife eram curiosos quando olhou de Myron para Cassa.
— Estou bem, Danna. — ele declarou com uma ponta de zombaria enquanto a xerife dava a volta no carro. — E você?
Ela acenou com a cabeça lentamente, seu olhar se fixando em Cassa agora.
— Vou bem. Eu notei seu carro aqui e pensei em parar e dizer que Patty estava te procurando mais cedo.
Myron franziu a testa a isso, enquanto tirava o celular do bolso de sua jaqueta e abriu o aparelho.
— Ela não ligou.
O sorriso de Danna era um pouco triste.
— Ela perdeu o celular de novo, Myron. Ela está no restaurante. Eu disse a ela que o avisaria se eu o visse.
Myron revirou os olhos. Sua expressão era uma mistura de impaciência e impotência.
— Hora de eu ir. — Ele abriu a porta do carro enquanto Cassa se desencostava do carro e olhava para ele. — Diga um oi ao seu Bengala por mim, Cassa. E certifique-se que eu receba um convite para o casamento, acasalamento, vinculação ou união ou qualquer que seja o diabo de nome que eles chamam isso este mês.
A referência de vários títulos diferentes dados para a cerimônia oficial de acasalamento fez uma careta brilhar no rosto de Cassa. Havia uma ponta de conhecimento no tom de Myron que não deveria estar lá. Como se ele soubesse mais sobre as cerimônias e as uniões, do que devia.
— Sim, vou me certificar de anotar isso. — ela prometeu zombeteiramente, quando ele entrou no carro e deslizou suavemente a engrenagem. Ele partiu e Cassa virou e ergueu uma sobrancelha na direção da xerife.
A xerife Lacey sorriu para seu olhar.
— Patty é minha prima. — ela disse. — Ela está passando por um momento difícil ultimamente. Eu não quero que circule nenhum boato de que Myron foi visto fazendo uma agradável visitinha a uma mulher estranha.
Pelo menos a xerife era honesta.
— Cassa Hawkins. — Cassa estendeu sua mão para a outra mulher. — Sou uma colega repórter. Myron e eu fomos juntos para a faculdade.
— Ele mencionou você realmente. — A xerife concordou com um sorriso. — Você estava com ele durante a primeira entrevista com Callan Lyons, quando ele revelou a existência das Raças.
Aquela foi uma ocasião histórica que Cassa quase perdeu. O anúncio foi para toda nação com uma notícia de ultima hora em Ashland, Kentucky, que ia explodir o topo de uma experiência superior privada e militar que estavam fabricando há mais de um século. Cassa e Myron se encontraram em West Virginia e viajaram em uma velocidade arriscada. Eles entrevistaram Lyons, sobre as provas médicas e viram a verdade por eles mesmos, junto com dúzias de outros repórteres.
— Eu estava lá. — Cassa admitiu.
Isso foi há mais de uma década atrás. Inferno! Era mais provável estar perto de doze anos atrás.
Tanto tempo se passou. Tantas vidas foram perdidas como também foram criadas. Tantos anos e o Conselho de Genética que criaram as Raças, agora tentava destruir o que criaram, impedindo sua liberdade.
O Conselho fundou as sociedades de sangue puro, incitou esses grupos contra as Raças e, em alguns casos, recapturou algumas Raças que criaram e terminou por destruí-los.
— Houve muitos de nós que deu uma festa no dia que Lyons revelou o que estava acontecendo. — Danna concordou com a cabeça. — Eu fazia parte da "Sociedade de Liberdade das Raças”— ela revelou. — A batalha ainda não terminou, mas repórteres como você e Myron definitivamente tornaram o mundo mais seguro para eles.
A Sociedade de Liberdade das Raças foi dissolvida um ano depois da criação do Santuário, o poderoso composto de segurança máxima e a sede de Governo das Raças felinas. A Sociedade de Liberdade das Raças foi criada como um grupo dedicado às vidas das Raças que conseguiram fugir dos laboratórios e também para encontrá-los. Eles os esconderam nas montanhas e em suas próprias casas ou os contrabandeavam para outros estados. Faziam tudo que podiam para protegê-los.
— Lyons vindo a público tornou tudo muito mais fácil para protegê-los. — Cassa concordou. — Mas a batalha ainda não terminou.
— Não, não totalmente. — a xerife concordou enquanto Cassa lutava contra um calafrio.
Sentia a temperatura externa, mas por dentro ela estava começando a queimar com resultados desastrosos.
— A Sociedade de Liberdade das Raças é quase tão lendária quanto o próprio Lyons. — Cassa falou. — Seu grupo ficou junto por mais de duas décadas tentando proteger as Raças que vieram para cá. Vocês fizeram um trabalho maravilhoso.
— Nós fizemos? — A curva sombria nos lábios da xerife não podia ser chamada de sorriso. — Nós fizemos o nosso melhor, mas raramente foi o suficiente. — Ela se virou e encarou o carro de Myron voltando para a estrada principal. — Ele se casou com uma Raça, você sabe.
Ela não sabia disso. Cassa virou sua cabeça para o carro que rapidamente desapareceu antes de voltar para a xerife.
— Eu não tinha nenhuma ideia.
Myron tinha acasalado uma raça?
— Ela foi morta há alguns anos antes de Lyons se pronunciar. — a xerife disse. — Um grupo inteiro de Raças foi assassinada naquela noite. Era uma noite do dia dos namorados. Na ocasião ela estava grávida do primeiro filho deles. David Banks fazia parte do grupo que os caçou, mas não pudemos provar isto.
Bom Deus. David Banks fazia parte da Dúzia Mortal, ela soube, ou pelo menos seu informante afirmou que era e Cassa não duvidou daquilo. Mas ouvir isto, e saber que ele matou indiscriminadamente, para sua diversão, teve o poder de chocá-la até o fundo de sua alma.
— Eu conheço Myron há muitos anos — Cassa disse. — Eu não tive nenhuma ideia.
Danna encolheu os ombros.
— É de conhecimento bastante comum aqui em Glen Ferris. Por um tempo, não pensamos que Myron sobreviveria a morte dela. Ele ficou muito mal. — A xerife sacudiu a cabeça em preocupação. — Quando ele finalmente saiu disto, não era mais o mesmo. Alguns anos depois ele se casou com a Patricia, mas ela sabe que Myron nunca se esqueceu da primeira esposa, Illandra.
Essa era a razão pela qual a esposa de Myron era tão possessiva e ciumenta. Tinha um marido que sabia que pertencia a outra mulher. Não importa que essa mulher estivesse morta ou viva, Patricia sabia em seu coração que ele pertencia a outra.
— Você fala com bastante gente e vai ouvir falar de Illandra. — Danna suspirou. — Todos nós a amávamos, especialmente nós que fazíamos parte da Sociedade de Liberdade. Se soubéssemos que os homens estavam no grupo de caça, teríamos feito uma pequena caçada nós mesmos.
Cassa viu a raiva que brilhou nos olhos da xerife, a dor que encheu seu rosto por nada mais que um segundo. Ela sabia que Myron era chegado a sua família. Ele prosperou na família e evidentemente Danna fez isso acontecer.
— De qualquer forma, basta ter cuidado onde você vai encontrá-lo e quem vai vê-los. — Danna aconselhou. — Patricia esteve doente recentemente e não precisa de mais sofrimento do que ela já tem aqui.
Cassa concordou lentamente. Entendia muito bem tudo aquilo. Mesmo Cassa tinha seus próprios medos e fantasmas que provavelmente a seguiriam a morte. Agora entendia um pouco melhor a Patricia do que antes. Ela sempre gostou da mulher de Myron, mas sempre soube que Patricia a odiava por que Cassa trabalhou ao lado de Myron na Grande entrevista que revelou as Raças ao mundo a mais de dez anos atrás.
Se Myron acasalou com uma esposa das Raças, ele podia se casar e ter filhos com outra mulher? Porque sem dúvida alguma aquelas crianças lindas eram de Myron. Elas pareciam com ele. Agora desejou ter perguntado mais ao seu amigo mais extensivamente,quando soube que ele fez parte do grupo que contrabandeou pelos EUA, Raças sobreviventes que fugiram dos laboratórios.
Desejou ter aprofundado mais do que o fato de que as Raças estiveram fugindo dos laboratórios por décadas. Por vezes, não havia tanta informação para processar, com essa nova espécie na humanidade. Às vezes Cassa entendia muito bem os medos e as desconfianças do cidadão comum no que dizia respeito às Raças.
Raças foram criadas com um propósito em mente: matar e fazer isto tão bem selvagemente e sem clemência. Olhar para eles, ver a perfeição de seus corpos e os traços faciais, no início foi difícil de imaginar que os assassinos se escondiam atrás de sorrisos encantadores ou de seus olhos tristes.
Mas era exatamente isso o que se escondia ali. Uma criatura que foi criada com o propósito de utilizar e trazer a tona todos os seus instintos mais selvagens, mais animalescos que podia se imaginar.
— É melhor eu ir então. — a xerife anunciou finalmente enquanto se afastava. — Se precisar de alguma coisa, Senhorita Hawkins...
— Na verdade eu quero. — Cassa informou-a.
A xerife se voltou lentamente para ela com uma sobrancelha erguida.
— Como assim?
— Eu preciso saber mais sobre David Banks e o desaparecimento dele. Não há corpo, nenhuma pista de seu paradeiro ou quem queria vê-lo morto. Esta é a minha história, Xerife Lacey. Vou precisar de informação de algum lugar.
Um sorriso brilhou no rosto de outra mulher. Com uma pontinha de zombaria e também simpatia.
— Assim, já que não pode se encontrar com Myron, você vem me perguntar?
Cassa ergueu as mãos com desamparo divertido.
— Fazemos o que devemos.
A xerife riu disso.
— Isso fazemos. — Ela deu de ombros sob o pesado casaco que usava. — Mas, no que se refere a Banks, não há muito que eu possa dizer. Eu conheço sua ex-esposa, seus filhos, seus parentes e os amigos políticos. Eu sei o aniversário dele, onde ele gostava de comer quando comia fora e quem eram seus amigos de golfe na cidade, mas isso é só.
Cassa puxou a caderneta e a caneta, abriu a caderneta.
— Quem são os amigos de golfe?
Os olhos de Danna brilharam divertidos enquanto sacudia a cabeça.
— Você é rápida. Ninguém sabe de nada, mas te darei os nomes.
A xerife lhe deu nomes, nomes dos amigos de golfe, nome da garçonete favorita de Banks e seu gerente de banco. No momento que terminou de falar, Danna partiu de carro. Cassa ficou com a cabeça cheia de informações que não tinha nenhuma ideia de como organizar no momento.
Também a deixaram para enfrentar o calor de acasalamento e seus crescentes efeitos. A queimação entre suas coxas, o leve brilho de suor entre seus seios e a consciência de que enfrentar ou fugir de Cabal não ia funcionar.
Mais ainda fugir, isso não ia funcionar mesmo. O velho provérbio diz que “você pode correr, mas você não pode se esconder” isso era mais que aplicado no momento. Ela fugia das emoções que teve que esconder durante muitos anos e agora teria que entender exatamente como lidar com elas.
Dobrando as mãos e as enfiando nos bolsos da sua jaqueta, ela se virou e saiu do parque para caminhar de volta ao hotel. Não era uma caminhada curta e o que seria um inferno com o calor de acasalamento que subia por seu corpo. Mas daria tempo para ela pensar. E agora, ela precisava de bastante tempo para pensar.
Cabal seguiu sua companheira quando ela voltou para o hotel e para o quarto dela. Ele escutou descaradamente às escondidas a conversa dela tanto com o homem que ela se encontrou como também com a xerife que chegou depois.
A seguia com um gosto de decepção, especialmente considerando o que aconteceu entre eles na noite passada. Mas maldito seria, se soubesse o que mais fazer neste momento.
Pela primeira vez na vida, Cabal estava em conflito.
Emoções. Sabia o que elas eram; não é que ele não tivesse sentimentos. Ele apenas se certificava para não tê-los com frequência. Ele era imune a ter uma consciência com o sangue que manchava suas mãos, ele enlouqueceria se não fosse imune a isto. Ele gostava de dormir à noite e se preocupar com as mortes fora do seu controle não era propícia ao sono.
Ou sentimentos estavam fora do seu controle?
Ele negou o pensamento, com suas mãos crispadas. Ele estava do lado de fora do quarto de Cassa como um maldito espreitador incerto da hora de atacar.
Ela era sua companheira. Ele tinha todo direito de estar naquele quarto com ela. Para tocá-la. Se não houvesse outras responsabilidades que viessem com as carícias, responsabilidades que ele não sabia como lidar.
Enquanto ficava de pé ali, encarando a porta do quarto dela, o fez lembrar-se de outra mulher que muitas vezes o fez pensar em Cassa. Jolian. A pequena Raça de Jaguar era jovem, desajeitada e insegura dela mesma e do seu lugar no Santuário. Ela também foi, durante curto tempo, suspeita de espionagem dentro do Composto das Raças Felinas.
Ela morreu quando o espião que eles tinham negligenciado tentou sequestrar a cunhada de Cabal. Scheme. Ela morreu quando tentou corrigir um equívoco que ela temeu enfurecer Cabal. Porque ela era apaixonada por ele. Porque não o queria chateado com ela. Ela deu sua vida para explicar isso para Scheme. Ela tinha se posto entre Scheme e o sequestrador.
Lembrou-se de ter sentado ao lado de seu corpo sem vida e vendo seu rosto pálido. Ele gostou dela, embora não quisesse admitir. Não como um companheiro, nem mesmo como amante. Mas gostou dela porque o que vinha de modo difícil para ele era fácil para ela.
Emoções. Ela se preocupou com ele e muitas vezes ela deixava suas obrigações para mostrar isto a ele. Seus sorrisos, as tentativas de piadas, até mesmo a pontinha de nervosismo em sua voz e o cheiro de antecipação e desesperança que frequentemente flutuavam em volta dela.
Ela teve pouco respeito das outras raças, simplesmente por causa de sua falta de confiança. Quando se sentou ao lado dela naquele dia, ele percebeu que ele não a respeitou o suficiente também.
Ela morreu, sentindo-se amada, desejada e o pior de tudo respeitada pelo homem que pensou que amava. Ela deixou seu coração, a emoção, entrar no caminho do seu treinamento e morreu por causa disto.
Agora Cabal tinha que encarar o fato de algo que não queria admitir que estava atrapalhando em sua missão: suas emoções, sua fome por Cassa, seu desejo primitivo de apenas ficar perto dela.
No entanto, quando ela tentou abraçá-lo de manhã, o que ele fez? Quando ela buscou descanso em meio ao calor de acasalamento, ele se afastou dela, sem saber como lidar com aquilo.
Ele poderia lidar com o sexo. A parte física do calor de acasalamento não era um sofrimento. Era malditamente excitante, e mais prazeroso que tudo que já sentiu na vida. Também faziam alguns sentimentos incríveis crescerem dentro dele. Sentimentos que não queria encarar e admitir. Encabeçando a lista era o desejo de abraçá-la.
Ele fugiu dela esta manhã como um covarde do caralho. Agora estava ali diante da porta dela como um maldito covarde do caralho.
Puta que pariu.
Porque o calor de acasalamento estava fazendo algo estranho a ele. Não tinha somente o desejo de fodê-la. Inferno não, não era assim tão simples. Apenas conseguir prazer sexual não seria o suficiente com essa mulher, não seria como foi com as outras.
Ele queria senti-la. Queria sentir sua fricção contra ele, o acariciando, suas mãos o tocando enquanto a acariciava, a tocava. Ele queria seu sorriso.
Que Deus o ajudasse, queria até mesmo as lágrimas dela.
Era a coisa mais estranha. Ele nunca desejou ser íntimo de nenhuma mulher, mas essa, ele queria se enterrar na carne dela, e ser consumido inteiramente por ela.
Ela era perigosa. O animal dentro dele percebeu isso na noite que ele fugiu de sua cela, pelo cheiro dela, sua raiva e da fúria dele mesmo. A raiva dela e a própria fúria dele. Ele percebeu no instante que viu seu rosto pálido, seus olhos cinza agoniados e soube que ela pertencia ao homem que destruiu a vida da família dele.
Ela era perigosa porque atravessou o treinamento dele e também sua determinação para se importar com ninguém. Ele gostava de seu irmão, Tanner, não teve outra opção. E Tanner não permitiu uma escolha. Ele cuidou da esposa de Tanner, Scheme. Talvez fosse instinto. Ela pertencia a Tanner, então era responsabilidade de Cabal cuidar dela.
Mas esta mulher?
Ele caminhou pelo corredor, depois se voltou e olhou mais uma vez a porta fechada. Essa mulher não tinha laços com ele, portanto não tinha motivos para se preocupar se ela estava aquecida, precisando de carinho ou ser abraçada.
Mas ele se preocupava. Cerrou seus dentes e contraiu os músculos para voltar. Antes que fizesse o caminho de volta à porta dela, o celular vibrou em seu cinto imperiosamente.
Com um resmungo estrangulado ele puxou o telefone do seu clipe, conferiu o número, então abriu e o levou a sua orelha.
— Que diabos você quer? — Ele respondeu.
— Um pouco de modos iria muito bem esta noite. — Jonas respondeu sarcasticamente. — Um pouco de discrição não seria errado também.
— Não tenho testemunhas há anos. — Cabal falou secamente. — Fomo ensinados a não matar em público, lembra? Então de que diabo está falando?
O silêncio na linha estava dizendo. A paciência de Jonas estava sendo testada e não era apenas muito ruim.
— Eu tenho fotos. — Jonas disse finalmente, sua voz era gelo puro. — Um parque bem pequeno, uma companheira bonita e uma raça Bengala sobre ela na caminhonete dele.
— Fotos? — Cabal perguntou cuidadosamente. Ninguém deveria ter fotos. Ele não sentiu ninguém espiando, nem percebeu qualquer perigo.
— Não foi o que eu disse? — Jonas disse calmamente. — O bilhete em anexo diz Cabal St. Laurents parece ter “acasalado” a repórter favorita das Raças. — Houve um silêncio breve, tenso. — Temos um problema aqui, Cabal.
Acasalado. O próprio fato dessa palavra ter sido usada era motivo para alarme. Até agora, eles conseguiram garantir precisamente que o calor do acasalamento permanecesse escondido, e sabia que o termo o "companheiro" não era algo usado levianamente. O que significava que Cassa poderia estar correndo perigo. O Conselho gostaria muito de pôr as mãos em um companheiro de Raça. Especialmente a companheira de uma Raça Bengala.
— Temos uma Raça nos observando. — Cabal declarou. — Você verificou o interesse de Dog na área?
— Isto não foi o Dog. — Jonas respondeu, o tom dele era inquestionável.
— E Dog está aqui ao seu pedido? — Cabal perguntou então, sabendo as maquinações que o diretor de Agência frequentemente estava envolvido.
— Ele não está aqui ao meu pedido, mas ele não é considerado um perigo neste momento.
Isso dizia mais que ele queria saber, Cabal pensou. Dog não sob o controle de Jonas, mas os motivos dele estar aqui beneficiavam a Jonas ou as Raças Felinas de algum modo. Com Jonas, tudo era sobre a comunidade das Raças, algo que a maioria das pessoas raramente entendia quando via seus jogos e manipulações.
— Então que diabo quer que eu faça? — Cabal rosnou finalmente. — Você tem fotos e uma mensagem que ela é minha companheira. Nosso assassino é uma Raça; há toda chance dele saber muito bem o que é uma companheira.
— E toda chance que ele deliberadamente atraiu uma pessoa que poderia distraí-lo. — Jonas mostrou. — o que significa que ele tem algumas conexões na comunidade.
— Revistamos estas terras. — Cabal suspirou. — Eu sei que ela está sendo vigiada. Nós já suspeitávamos que ela foi deliberadamente trazida até aqui, agora nós sabemos por quê.
— Agora nós sabemos por quê. — Jonas concordou. — Você já a acasalou?
Jonas sempre foi excessivamente curioso quando um de seus agentes, ou no caso de Cabal, um de seus agentes secretos era acasalados. Por incrível que pareça, ele acompanhava o ritmo deles, até mesmo depois do acasalamento, até mesmo depois do perigo inicial. Cabal apostava que Jonas podia listar cada companheira, cada potencial ou suspeita de um acasalamento futuro e listar as variações no calor de acasalamento que aparecesse nos exames médicos.
— Ela é minha companheira. — Cabal afirmou. — Isso é tudo que você precisa saber, Jonas.
— Nos arquivos dela, diz que Ely ministrou nela o hormônio de acasalamento, nos últimos cinco anos. Você sabia que os efeitos progrediram ao ponto dela precisar do tratamento?
Ele não sabia. Cabal virou e andou de volta para o fim do corredor, onde andou até a grande janela que dava sobre o rio Gauley.
— Eu não sabia. — ele admitiu finalmente.
— Ela contou a Ely que não teve nenhum contato físico a não ser na noite de sua fuga da instalação. Ela afirmou que provou seu sangue.
Cabal fechou os olhos enquanto uma onda de dor o percorria. Emoção. Arrependimento. Ele se lembrou da cena claramente. Lágrimas correndo pelo rosto dela, molhando seu rosto e seu corpo se sacudindo com os soluços dela. Abriu os lábios trêmulos enquanto os dedos trêmulos dela se ergueram e tocaram o sangue no rosto dele, em seguida, tocou a ponta dos dedos à língua dela.
Ela tinha provado seu sangue.
— Inferno. — ele murmurou. — Não havia sinais de calor então.
Jonas grunhiu a isso.
— Rosnar que você era seu dono não contou, não foi?
— Reflexo. — ele rosnou.
— Ou instinto. — Jonas sugeriu. — Diga-me Cabal, já contou a ela que o homem que ela acreditou ser seu marido ainda está vivo?
Cabal congelou. Um sentimento de fúria predatória cresceu nele até um rugido primitivo que ecoou em sua garganta era mais de um animal enfurecido do que de um homem furioso.
— Vou entender como um não. — O tom de Jonas era friamente desaprovador.
— No que se refere a ela ele está morto. — Cabal rosnou. — Ele pode apodrecer na prisão.
Um silêncio pesado encheu a linha. Cabal entendeu. Seu chefe estava dando a chance para reconsiderar a decisão. Não havia nada que reconsiderar. No momento que soube que o casamento que Douglas Watts perpetuou entre ele e Cassa nem mesmo era legal, ele tomou a decisão por ela.
Amaldiçoado seria se deixaria aquele cretino assombrar novamente a vida dela. Ele não deixaria.
— Cabal, você pode estar cometendo um erro. — Jonas o advertiu calmamente.
— Não é nenhum engano. — Cabal rosnou. — Ele está em uma prisão organizada e dirigida por Raças desde a sua recuperação. Isso foi escolha dele. Prisão ou morte. Ele escolheu a prisão. Não foi dado a ele a opção de informar à mulher que mentia constantemente.
Ele ouviu Jonas expirar pesadamente.
— Muito bem. Por enquanto, podemos jogar do seu modo. Mas pode vir o dia, que o jogo mude. Então o que vai fazer?
— Ela é minha companheira. — Sua voz era cortante, fria. — Ele não tem nenhum poder sobre ela que eu não supere. Ponto final. Se algum dia isso vier à tona, então eu lidarei com a escolha que fiz. Até lá, foda-se aquele desgraçado. Eu só queria que ele sentisse mais dor.
Ele estava paralisado da cintura para baixo. Não havia nenhuma sensação nas pernas dele, ou em outras áreas que foram importante a Watts. Limitado como estava numa prisão de segurança máxima no exterior e dirigido por Raças, não havia muita chance de Cassa saber da verdade.
— Eu só espero que saiba que inferno está fazendo, meu amigo. — Jonas disse, seu tom preocupado agora. — Ela é uma boa mulher.
— Ela deixou que o homem que amava a usasse. — ele rosnou. — Ele a usou para matar, mutilar, e ele recebeu o pagamento disto. Ela deveria ter escolhido mais sabiamente.
Uma parte dele protestou contra a declaração que fez. A parte humana, ele decidiu. A parte mais fraca. Aquela voz interna atormentava-o sempre no que referia a ela. A sua consciência?
Inferno! Pensou que tinha matado há anos o fornicador.
— Talvez ela devesse ter escolhido. — Isso realmente não soou como um acordo; pareceu mais um castigo, e não de Cassa.
Cabal apertou seus lábios, recusando-se a seguir discutindo o assunto. Era um trato feito. Douglas Watts era não mais que uma sombra do que foi em um buraco de uma prisão. Sem televisão, jogos vídeos ou computadores. Havia pouco conforto. A comida não era muito ruim, a menos que fosse usada melhor.
Chupada por Watts.
— Tenho coisas para fazer, Jonas. — Cabal finalmente falou severamente. — Se isso é tudo que você quer, então você está desperdiçando meu tempo.
— Não tenho nenhuma dúvida. — O escárnio pesado picou no temperamento de Cabal. — Cuide de sua companheira, Bengala. Dê-me um relatório sempre que tiver um.
— Pois então pode obter seu relatório de Rule ou Lawe. — Cabal estalou. — Já que obviamente não estamos aqui só para olhar a vista.
— Eles não estão acasalados. — Jonas disse calmamente. — Suas cabeças ainda estão claras, Cabal. É disso que preciso. Executores com cabeças claras. Lembre-se disso. — Jonas desligou antes que Cabal pudesse dizer a ele que se fodesse. Mas uma coisa que o diretor fez foi lembrá-lo do fato que acasalar Cassa a unindo completamente a ele, era de extrema importância.
Se ela nunca soube sobre Watts, ela poderia ficar um pouco chateada. Ele não queria ter que fazer sem um dos poucos benefícios que vinha do calor de acasalamento. Especialmente aquele que a fazia gritar de prazer embaixo dele.
Depois lidaria com Rule e Lawe por meterem o nariz no seu negócio. Por enquanto, havia o cheiro de sua companheira no chuveiro, cheiro de limpeza feminina e doçura, mulher quente.
Ela foi despertada. O calor de acasalamento estava crescendo dentro dela. Ela podia tomar os tratamentos de hormônio até que inferno congelasse, mas não ia curar os efeitos do seu beijo, seu toque. Ela devia saber disso agora. Nada poderia combater isso, mas os cientistas ainda estavam tentando.
Infelizmente, eles não puderam esconder o calor de acasalamento para sempre. Chegaria o dia — e ele vinha em breve, Cabal sabia, — que o mundo saberia sobre o calor do acasalamento, da mesma maneira que souberam das Raças, para começar.
Fazia mais de dez anos, perto de doze, desde que Callan Lyons, o líder alfa das Raças Felinas, tinha acasalado sua esposa, Merinus. Nem Callan nem Merinus não envelheceram nada desde então. Os médicos determinaram que envelheceram apenas um ano somente em todo aquele tempo. O processo de envelhecimento de seus corpos teve uma queda de velocidade drástica e os cientistas souberam, especialmente depois do aparecimento do primeiro Leo com a companheira, parecia que o processo de envelhecimento permaneceu inacreditavelmente lento durante anos.
O primeiro Leo tinha perto de cem anos, assim como sua companheira. O casal não pareciam mais velhos que um jovem casal de trinta anos e seus corpos estavam em condições máxima, no auge.
O calor do acasalamento poderia se tornar o pior inimigo das Raças se o público em geral soubesse dele. Por enquanto, era o maior prazer que Cabal conheceu em sua vida. Seus sentimentos estavam em caos, inferno se sabia o que fazer com eles, mas sabia que nada neste mundo ou em qualquer outro podia ser tão bom quanto tocar a sua companheira.
Ele foi até a porta, deslizou o cartão chave pela fechadura de segurança, esperou a luz ficar verde, então torceu o trinco da porta. A porta abriu e ele deu de frente com uma visão que fez o seu sangue nas veias ferver de luxúria.
A companheira dele. Sua mulher. E ela estava linda, gloriosamente nua e congelada no lugar, do outro lado na porta do banheiro.
Cabal sentia agora o calor sufocante subindo por seu corpo como o inferno. Como diabos ele podia permanecer equilibrado, como manter a cabeça clara, quando só de ver seu corpo nu, o deixava tonto de luxúria para foder?
Ter Rule e Lawe aqui talvez não fosse no final das contas tão ruim assim, ele pensou enquanto arrancava a jaqueta.
O tecido de brim caiu ao chão enquanto ele via os olhos dela se arregalarem.
— Não se atreva a se mover. — ele rosnou quando ela começou a recuar para o banheiro. — Por causa de nós, Cassa. Fique quieta.
Ele jurou que podia sentir um zumbido nos ouvidos quando tirou a camiseta antes de voltar sua atenção para abrir o zíper de sua calça jeans.
Seu membro estava tão malditamente duro que parecia de aço, tão quente que ele se perguntou se não estaria empolado, cheio de bolhas.
Ela estava lá, como um anjo, de olhos arregalados, quase inocente. Seus longos cabelos em torno de seus ombros e costas, grossos e pesados, mais escuro com a umidade. Os seios grandes e cheios, com mamilos duros, avermelhados. Sua cintura era fina e os quadris suavemente arredondados conduziram para suas coxas lisas e sedosas e um tufo de cachos loiros macios escuros que o atraiam.
Ele inalou seu cheiro novamente, ficando quase embriagado com o cheiro da excitação dela. Penetrou em sua cabeça como uma droga potente, quase o deixando tonto enquanto ele arrancava as botas e em seguida as calças jeans do corpo dele.
Ela apenas ficava de pé lá, olhando-o. Um brilho úmido cobria seus ombros; havia uma única gota de água que corria entre seus seios. Os mamilos estavam enrugados, tão duros que pareciam bagos maduros, doce e pronto para ele provar.
Outro homem já a tocou, ele pensou com fúria irracional. A beijou e acariciou. Agora o cheiro de seu marido não a envolvia, mas Cabal lembrou claramente o momento que ainda tinha. Ele precisava apagar aquela lembrança. Precisava do próprio cheiro para tornar uma parte dela, e quando sentisse a sua doçura não haveria nenhuma recordação passada de qualquer mancha de outro homem nela.
Ela era dele.
Ela tinha a sua marca no ombro. O cheiro dela se fundindo com o calor de acasalamento, mas breve, logo, mudaria.
O cheiro dela se fundiria com o dele, criando algo diferente, algo sem igual. Ela seria marcada por ele, no mesmo DNA dela. Ela nunca mais fugiria dele.
— Eu disse a você. — Sua voz foi bruta quando ele queria ser mais macio, mais suave para ela. — Eu possuo você.
O que o tom de voz importava, com uma afirmação de reclamação tão severa? Ele se perguntou.
Os olhos dela se estreitaram quando ele ficou de frente para ela, nu e excitado.
— Você gostaria de ser meu dono. — ela declarou claramente, enfurecendo o animal dentro dele. — Nenhum homem é meu dono, Cabal.
Ele chegou nela em alguns passos grandes, seus dedos agarraram os cabelos e a prendeu pela nuca.
— Você é minha.
— Só em seus sonhos. — Confiança e divertimento cintilaram como aço em seus olhos cinza. Maldita! Ela nunca admitiria o que os dois sabiam e estavam bem conscientes. Ela pertencia a ele, não havia nenhum modo de seu corpo se negar a ele.
Sua cabeça abaixou, seus lábios cobriram os dela sem preliminares, afundando contra a seda macia, sua língua se empurrando e abrindo sua boca doce para derramar o hormônio que enchia as glândulas em baixo de sua língua. Ela tomou e bebeu. Ela sussurrou um pequeno gemido no beijo enquanto as mãos macias dela levantaram para segurar seus braços, como se precisasse se segurar pela tempestade que se enfurecia entre eles.
— Me negue agora. — ele disse duramente, levantando os lábios o suficiente para deixá-la falar.
— Meu corpo não pode te negar, Cabal. — ela disse, com a voz rouca de excitação agora. — Isso é tudo que você possui. E provavelmente isso é tudo que você possuirá.
Havia uma ponta de amargura e uma débil tristeza que o incomodou. O fez lembrar da tentativa dela de se enrolar nos seus braços de manhã e a pressa dele para fugir do redemoinho de emoções que o envolveram.
Seus dedos apertaram no cabelo dela. Os cílios suaves, louros escuros desceram cobrindo os olhos dela ocultando o prazer quando ele fez aquilo. Ela era tão fácil em sentir prazer, ele pensou. Cada caricia que ele fez nela na noite passada a fazia se voltar para ele com necessidade ansiosa. Com fome.
Seu pau pulsou ao pensamento. Aquele órgão estava incontrolável, insistindo que a possuísse novamente, agora. Preliminares que se danem. Ia escancarar as coxas dela, agarrar sua bunda e se enfiar bem forte e bem fundo nela.
— Cabal. — Ela sussurrou seu nome quando sentiu a mão dele agarrando sua bunda, os dedos dele a apenas alguns centímetros das pregas encharcadas de sua vagina. E a levantou para ele.
— Eu preciso de você. — Ele fechou os olhos tentando se impedir de ouvir o desejo que ouviu nas próprias palavras e de ver nos olhos dela. O desejo de mais que somente isso.
Então, ele a levantou, a prensou contra a parede, prendendo-a enquanto escancarava as coxas dela, pressionando a cabeça do pau nas dobras lisas, quentes do seu sexo molhado.
— Eu queria te dar mais. — As palavras foram arrancadas dele quando pressionou e entrou nela. Lentamente.
Ai inferno. Essa era uma fodida tão boa. Uma luva de seda quente que apertava sua carne torturada, acariciando seu pau com prazer, contraindo sobre ele com exigência gulosa.
Ele firmou os pés afastados, suas mãos apertaram nos globos da bunda dela enquanto penetrava mais profundamente e rosnou com as sensações de prazer, não apenas as dele, mas dela também. Podia sentir os músculos sedosos apertando, agarrando em volta do pau, enquanto as unhas se fincavam em seus ombros.
Sentiu as pernas dela envolvendo seus quadris, o agarrando enquanto ele enfiava os centímetros finais dentro da apertada, deliciosa e pequena vagina quente.
— Você me deixa louco. — Ele mordeu seu maxilar enquanto forçava mais para dentro dela, gozando de prazer.
— É apenas hormônios. — Houve um soluço em sua voz que ele odiou ouvir. Parte de prazer, parte de dor. — É apenas hormônios.
Não, não era só o hormônio, ele sabia. Era muito mais; sentia nela, sentiu nele. Ela era o seu tesouro, sua companheira; a natureza só garantiu que a parte humana de sua teimosa genética não transasse e fugisse dela.
E ele teria. Ele teria continuado fugindo tanto quanto possível. Teria negado a insistência do animal, porque ela fodeu sua cabeça, não só sua excitação. E até pior, ela fodeu seu coração frio.
— Foda-se hormônio maldito. — ele rosnou, desejando poder lembrar as palavras.
Apertando os dentes, ele prendeu as palavras que se recusava a libertar. Dizê-las tinha significado. O significado era aceitar que ele precisava de mais.
Ele não podia se permitir precisar. Precisar era convidada da fraqueza. Convidava o perigo.
Não permitiria se por em perigo.
Ele queria fodê-la, isso era tudo. Hormônio maldito, que o fazia querer foder. Aquilo somente o fez querer foder mais ainda, mais fortemente.
Segurando-a firmemente, moveu seus quadris, girou, estocou com força e mergulhou mais fundo dentro do aperto aveludado do êxtase. Tanto prazer. Banhando-o como uma onda da maré, dilacerando além da sua consciência, penetrando em seu animal interior. Rugiu em triunfo. O som saiu de sua garganta, misturado com o grito dela quando ele sentiu que ela gozava. Sentiu a nata dela, doce e quente, fluindo em volta do seu pau, que ele mergulhou mais forte, mais rápido dentro dela.
Que Deus o salvasse, ele estava morrendo dentro dela.
Ele não conseguiu segurar o prazer ou o desejo. Não pôde esconder o rosnado vitorioso ou o gemido de êxtase quando ela mordeu seu ombro. Não foi uma mordida tímida. Seus pequenos dentes afiados trancaram sobre ele e se recusaram a soltá-lo.
Ele podia sentir o êxtase brutal vindo sobre ele. O pau engrossou, endureceu mais. Suas bolas se contraíram apertados na base do pênis de aço e quando o orgasmo chegou, foi a morte.
E foi o renascimento.
A lingueta do tamanho de um dedo polegar ficou ereta em baixo da cabeça do pau, ela engrossou e cresceu, revelando o sexo de um homem da Raça Felina e trancando o pau dentro dela. Os quadris dele giraram, movendo-se até que se posicionou confortavelmente, prazerosamente no útero.
Em seguida, um rugido estrangulado deixou o peito dele enquanto o sêmen começou a bombear forte e bem no fundo ela. Cada jato feroz enviou uma onda de quente sensação elétrica que dilacerava sua espinha, envolvendo o corpo dele. Os músculos dele se contraíram, sua cabeça baixou; os dentes dele fecharam na marca de acasalamento no ombro dela, lambendo e acariciando, enquanto derramava seu hormônio na mordida minúscula. A marcando mais, a marcando mais profundo.
Doce Cassa. Sua companheira. Sua mulher. Ela era a única coisa neste mundo que ele conhecia que era só dele. A mulher que foi criada para ele. A mulher que poderia destruí-lo.
Cassa ficou em silêncio quando Cabal a levou à cama, a aconchegou, em seguida foi tomar um banho. Ela encarou o teto por um longo tempo, a testa franzida lutando para organizar seus sentimentos e emoções.
O sexo foi bom. Foi muito bom. Foi como voar em queda livre. Mas quando acabou, deixou uma dor vazia em seu peito que não conseguia fugir.
Suspirando fortemente, saiu da cama. Que diabos ele esperava que ela fizesse? Gastar todo seu tempo na cama? Ele tinha trabalho a fazer e era evidente que parou seu trabalho por ela.
Se o assassino a tivesse contatado, sempre havia a chance de que ele tinha ou poderia contatar outro repórter. Ela precisava juntar os dados necessários que tinha e encontrar respostas que procurava aí ela teria a sua história pronta. Depois de colocar seu roupão, foi ao laptop e o flash chip de informação que tinha escondido na bolsa do laptop. Ela inseriu o pequeno chip e puxou a informação, revisou aquilo mais uma vez.
Seis homens foram mortos, todos com ligações com Phillip Brandenmore e Horace Engalls, empresários de companhias farmacêuticas e companhia de pesquisa atualmente sob acusação na pesquisa ilegal das Raças e Cabal para comprar e roubar arquivos pessoais médicos de Raças não identificadas. Os dois homens compartilharam uma cabana de caça nas montanhas da área Hawk’s Nest-Gauley Bridge.
Cassa confirmou as ligações de Brandenmore e Engalls às vítimas durante as últimas semanas, depois que os e-mails anônimos começaram a chegar com as fotos de suas mortes em anexo.
Dr. Ryan Damron. O pai de Phillip Brandenmore pagou o acesso de Damron a faculdade e a escola médica. O patologista forense foi analisado por ter trabalhado com o Conselho de Genética que criou as Raças. Ele foi acusado de executar autópsias de Raças vivas. Ele fugiu da justiça das Raças, porém, da mesma maneira que tantos fizeram durante aqueles primeiros exames.
O Oficial Aaron Washington foi um oficial policial de New York City era um policial de baixa patente e notoriedade. Sua ligação com Brandenmore e Engalls começou com um trabalho no horário de folga que ele fez como guarda de segurança para os laboratórios farmacêuticos nos arredores de Nova Iorque.
O Procurador Elam March foi um dos melhores amigos de Brandenmore na faculdade.
O ex-prefeito de Glen Ferris, David Banks cresceu na região com Brandenmore e era conhecido por ter frequentado muitas vezes a cabana de montanha de Brandenmore.
E finalmente, H. R. Alonzo, o bisneto de um dos fundadores do Conselho de Genética. Ele falou frequentemente contra as Raças e contribuiu fortemente para a organização de boatos e greves muitas vezes com violência contra eles. Porém houve pouca conexão entre ele e o gigante farmacêutico e o gigante da pesquisa.
Olhando a tela do laptop, Cassa franziu a testa e bateu em outro botão, puxando uma fotografia antiga, granulada que estava incluída num dos arquivos que sua fonte anônima lhe enviou.
Não havia nenhuma identificação de todos os homens na foto, mas Cassa reconheceu Brandenmore e Engalls e deduzia que eram os seis homens que foram mortos no mês passado.
Seis caídos e seis para ir, ela pensou enquanto olhava a foto e tentava decifrar as fisionomias dos homens que ela não pôde identificar. Ela passou a foto por vários programas de identificação e deu uma lista de nomes do ramo deles. A qualidade da imagem era não apenas pobre, mas era muito maldita para fazer qualquer coisa. Mas havia um rosto que insistia em captar sua atenção, de muita familiaridade com quase certeza. Mas , ela não entendia o que a incomodava.
Suspirando, fechou os arquivos, gravou cópias e armazenou no pequeno chip de informação e guardou numa caixa de proteção e depois escondeu em sua bolsa quando ouviu o chuveiro ser desligado.
Ela não era uma repórter novata, sem experiência de apoio, pensou zombeteiramente. Sabia que não devia deixar Cabal vê-la com aquele chip. Cada pedaço de informação estava gravada e tão segura quanto pudesse fazer aquilo. Aprendeu a lição no inicio da carreira e por segurança aderiu ao hábito de gravar cópias.
As ligações que os seis homens tiveram com Phillip Brandenmore e seu cunhado Horace Engalls colocou os dois homens direto na linha de frente dos primeiros assassinatos de Raças, durante os anos anteriores de as Raças serem do conhecimento da população mundial, quando ainda eram sombras deslizando nos arredores de conhecimento humano. Houve acusações contra o gigante farmacêutico e o gigante de pesquisa, que fizeram experiências com as raças capturadas nos últimos anos e usaram a fisiologia deles para desenvolver várias drogas revolucionárias. A primeira droga em questão era uma que agora seria usada com uma alta taxa de sucesso na luta contra câncer.
Se fosse provado que os dois homens estavam envolvidos nessas atividades iniciais, podia significar um julgamento envolvendo a Lei das Raças ― a saber, a lei que exigia a pena de morte contra aqueles que fizeram experiências ou contribuíram com a morte de Raças, após o estabelecimento das leis.
A Lei das Raças era um complexo conjunto de normas e regulamentos adotado pelo EUA e vários outros países para permitir as Raças uma medida de autonomia, criação do próprio contingente militar policial e criação das suas próprias comunidades, assim como também liberdade para se proteger contra as facções e sociedades com intenção de destruí-los.
Até agora, a lei das Raças não foi usada para matar, pelo menos ninguém soube. Havia boatos que a Agência de Negócios de Raça, ou seja, seu diretor Jonas Wyatt, exercia a lei das Raças fora dos procedimentos normais e legais de um julgamento público.
Cassa não duvidava disso, mas nem ela poderia culpá-lo, na maioria dos casos. Quando comparado a população mundial de humanos, as Raças eram poucas. Pouco mais de mil na última contagem, com apenas seis crianças. Sem a Lei das Raças teriam sido caçados e exterminados até hoje.
Brandenmore e Engalls já estavam perto de enfrentar a Lei das Raças. Se as provas mostrassem que eles realmente conspiraram para roubar informações, estiveram atrás do ato de drogar a Dra. Elyiana Morrey e conspiraram para matar várias Raças dentro do Santuário, então a equipe que se reúne para pesar as provas podia sentenciar que eles vão a julgamento sob esse conjunto complexo de leis das Raças. E eles poderiam ser condenados a morte sem apelação ou prorrogação da pena.
Até agora, essa medida extrema não foi praticada em quaisquer dos inimigos das Raças que foram levados a julgamento, mas Cassa sabia que o fato estava sendo considerado agora.
Cassa já imaginava os protestos contra as Raças, se isso acontecesse. Já Brandenmore e Engalls estavam sendo defendidos por muitos repórteres e apresentadores da imprensa, e também por muitas figuras políticas. Decretar uma execução baseada na Lei das Raças faria mais mal do que bem. Mas se não fazer isso seria como assinar uma mensagem de destruição para os outros.
De qualquer jeito, os danos que a sociedade das Raças enfrentaria seriam duros. Cassa sofreu com esse pensamento. As Raças suportaram o inferno de um jeito que a maioria dos humanos não podia compreender. Ela odiaria ver a independência e a liberdade deles ser mais limitada do que já era por causa do mal de dois homens.
Andando pelo quarto, ela foi até a grande janela que dava de frente para o Rio Gauley. Franzindo a testa ao olhar para as águas agitadas e cinzentas que se estendiam lá embaixo, Cassa pôs-se a lembrar, só por um segundo, a noite que ela soube dos horrores que as Raças realmente enfrentaram.
Em um vale pouco conhecido na Alemanha, no meio de uma tempestade, vendo sangue misturar-se com a lama e fluir por cima da paisagem, lembrou-se da luta para libertar as Raças naquele laboratório escondido.
Os planos postos em marcha para o resgate naquele laboratório foram precisos. Não deveria ter havido nenhuma vida perdida. Mas os soldados do Conselho e os Coiotes esperavam as forças de resgate. Foram avisados que eles estavam vindo, de que direção, quanto e a potência de suas armas.
Ela fechou os olhos, tentando impedir as lembranças, mas elas recusaram a apagar-se. Recusava-se a lhe dar um pouco de paz. Foi por sua causa que seu marido entrou na equipe. A confiança que as castas tinham depositado nela foi estendida a Douglas.
E seu marido a traiu.
Lembrou do sangue e da morte. A imagem flamejou como um relâmpago por sua mente, da corrida pela instalação até a cova subterrânea onde os Bengalas estavam sendo mortos.
Douglas não deixou sequer uma vez sua câmera. Seguiu cada movimento, gravando. Pelo minúsculo microfone preso à sua face, gravou as observações dele e em sua voz ela ouviu seu prazer e entusiasmo.
— Não há salvação para este lote de bastardos ensanguentados. — ele comentou enquanto corria através da sala revestida de aço. — Podemos ouvir seus gritos até aqui. O sangue tem que dar nos tornozelos nessa cova se as notícias estiveram corretas. Esperamos que haja um jeito de conseguir uma foto.
Ele queria ver o sangue, a morte. A câmera era a prova de que ele havia garantido suas mortes, bem como o seu envolvimento para a manchete.
Ela estava desesperada para salvar vidas. Ele estava desesperado para assistir e gravar as mortes.
Esfregou seus braços para afastar o frio que a invadiu. Seu marido morreu naquela noite, pela mão de Cabal. Mas tanto raças, como humanos que lutavam para resgatá-los, tinham morrido também. Dentro do complexo fortemente fortificado, as raças que os cientistas suspeitavam se voltariam contra eles, então quando o resgate começou eles foram postos dentro de um cova de lâminas giratórias.
Duas dúzias. Homens e mulheres que Cabal tinha liderado. Seu grupo. Sua gente. Sua família.
Eles morreram. Todos exceto ele, e sua ira foi como uma chama viva dentro de seus olhos quando empurrou mais à frente o painel da abertura que Cassa conseguiu liberar.
Soube no instante que olhou dentro dos olhos do Douglas naquela prisão que ele traiu as castas e a ela. Estava nos olhos dele, no sorriso zombador em seus lábios e o conhecimento que já não podia ocultar, que pretendia se beneficiar com as mortes daquele dia.
Como não soube? Como conseguiu enganá-la todos aqueles meses durante os quais trabalharam com as raças?
Um calafrio percorreu novamente sua espinha, o frio invadindo-a quando percebeu que esse era o motivo de Cabal não abraçá-la. Sempre a culpou por aquelas mortes. Nunca a tinha perdoado, e não podia culpá-lo.
Por que não pensou nisso antes de deixar que a tocasse? O que a fez pensar que o calor do acasalamento daria um fim ao ódio dele por aquelas mortes?
Foi avisada que não poderia fugir do passado muito mais tempo. O assassino anônimo no primeiro e-mail que enviou do primeiro assassinato havia dito o mesmo: Sei quem você é. Sei quem você foi. O passado nunca está morto, minha amiga, agora não só persegue a presa, mas também ao caçador. Tome cuidado de não se tornar a presa também.
As palavras eram impossíveis de esquecer, como era impossível esquecer as imagens que chegaram naquele primeiro e-mail. Dr. Ryan Damron, sua expressão contorcida em linhas de horror, o pescoço rasgado, feridas brutais, todo ensanguentado mostrando que sua morte foi cheia de dor. Junto com as fotos da vítima estavam as fotos da figura encoberta eliminando-o. Dois dias depois foi comunicado que o doutor Damron tinha morrido em um brutal acidente quando seu veículo se precipitou pelos penhascos próximos de sua casa na Califórnia.
Mais fotos, mais mensagens, mais provas da morte chegaram ao longo dos meses. Alguém trabalhava constantemente, com rapidez para eliminar o que ele chamava de a Dúzia Mortal.
Eles eram caçadores que seguiam raças fugitivas e as entregavam a Phillip Brandenmore para pesquisa ou devolviam aos laboratórios. Pelo menos, aqueles que sobreviviam as caças.
— Que pensamentos sombrios passam nesse rosto bonito?
Cassa se voltou, seu coração disparou, fazendo uma pausa antes de pulsar veloz com repentino temor e súbita excitação quando encontrou Cabal parado dentro do quarto, fechando a porta do banheiro atrás dele.
Como conseguiu deslizar-se tão facilmente sobre ela? Como não o ouviu?
Furtividade de Raça, pensou. Tornara-se lendário.
— Não me lembro que de meus pensamentos fossem muito importante para você em qualquer momento — disse apertando mais firme o cinto do roupão.
De repente, sentiu-se nua, exposta a ele. Fizeram sexo várias vezes, mas estar nua diante dele, ou mesmo meio vestida agora, de repente a incomodava.
— Não verificou bem o artigo da Lei de Castas. — Seus lábios se curvaram, um sorriso másculo e sexy apareceu em seu rosto bronzeado, a brincadeira se refletia em seus olhos — Deveria ter mais cuidado no futuro. Tenho certeza que há uma cláusula especial.
— Com certeza farei isso e apresentarei minha queixa ao mesmo tempo. — disse, com os braços apertados sobre os seios cheios — Creio que já se estabeleceu um precedente de separação pelo Líder da Raça Coiote e sua companheira. Poderia processar por mim mesma.
Ele negou com a cabeça, as sedosas mechas de cabelo dourado e negro roçaram contra seus ombros. Sua mão coçou de desejo de se enfiar entre a massa de cabelo estranhamente raiada. Para apertar e puxar sua cabeça e puxar seus lábios para os dela.
Jurou que podia saboreá-lo em sua boca. Um sabor de especiarias quentes, uma necessidade, uma fome que lutava para esconder.
— Não tentaria se eu fosse você. — ele avisou, agora sua voz perigosamente suave — Não conseguiria se levantar da cama por meses, Cassa. Asseguraria-me disso. E me asseguraria que não tivesse ideias de separação quando voltasse para a raça humana.
Ela não duvidava que não protestaria contra ele tampouco, pensou furiosamente. Provavelmente o ajudaria a mantê-la nessa maldita cama, se a repentina rajada de excitantes sensações correndo em seu corpo fosse uma indicação. Ele não ajudava se exibindo como um pavão, nu e excitado.
Seu olhar baixou para sua ereção a admirando antes voltar para seus ombros e à marca de sua dentada lá. A marca que ela deixou, similar a que ele tinha deixado em seu ombro.
Maldição, ele a deixava tão selvagem quanto ele.
— Venha aqui. — ele rosnou de repente— Se quiser me olhar com esses olhos famintos, então venha para mim, Cassa. Deixe-me saciá-la.
Ela parecia uma idiota? Pensando bem não queria responder a essa pergunta.
— Acho que prefiro manter uma distância muito cuidadosa entre nós neste momento. — ela o informou — Tenho coisas a fazer esta noite e me distrair com você não é uma delas.
Seus olhos se estreitaram sobre ela enquanto ia até as roupas no chão e puxou seu jeans da pilha.
— O que você planejou? — Ele perguntou, puxando as calças sobre aquelas pernas espetaculares — Pensei que jantaríamos juntos.
De repente ela lamentou por sua noite não estivesse livre.
Ela era muito fácil, disse-se a si mesma. Uma fraca. Uma galinha. Uma tola quente.
— Infelizmente, tenho que recusar.
Na verdade, estava pronta para se vestir e correr para casa agora em vez de enfrentar a dor que sabia estava chegando. Se não fosse por seu próprio passado e o conhecimento que evidentemente o assassino tinha, então faria exatamente isso. Talvez.
Seu olhar cintilou sobre ele, de suas musculosas pernas vestidas nas calças, a pele bronzeada que se estendia até seu peito. Era um dos homens mais bonitos que já conheceu, e uma das Raças mais atraente que conheceu.
Não era verdadeiramente justo que o homem tivesse criado tal beleza animal com tantas formas diferentes. Raças eram conhecidas não apenas por sua genética, mas também por sua imensa beleza e sua magnífica condição física.
— Está excitada. — Sua repentina declaração enviou uma onda de calor no rosto dela — Sempre fica excitada quando fica perto de mim, Cassa, mas nunca flertou comigo, nunca me deu nenhum sinal do seu interesse por mim. Por que isso?
A suspeita escureceu os olhos dela.
— Porque não gostava dos jogos que você jogava? — Ela arqueou suas sobrancelhas — Você e seu irmão eram mais conhecidos por suas boas aparências, Cabal. Transar juntos com seus brinquedos foi uma das descrições mais gentis que ouvi falar de suas pequenas companheiras de jogo.
Eles fizeram isso, pelo menos por um tempo, foram conhecidos por compartilhar suas mulheres.
Então um sorriso apareceu nos lábios dele.
— Agora Tanner está acasalado, você sabe disso. Já não compartilhamos nossos brinquedos, como você diz.
Aquele sorriso era muito sábio e muito malditamente sensual. Cassa o olhou com uma sensação iminente de fatalidade. O passado de fato a alcançava, do pior modo possível.
Ela exalou duramente.
— Agora não estou com paciência para jogos, Cabal. Tenho um trabalho a fazer aqui. Talvez o veja esta noite.
Ela foi pegar uma muda de roupa que tinha posto mais cedo na cômoda.
Eles baixou seus braços do tórax enquanto avançava pelo quarto, virando sua cabeça, seu olhar percorrendo a pequena área e o laptop.
Quando ele parou, foi a apenas uns poucos passos dela, seu olhar a encarando com expressão sombria e apreensiva.
— Fique longe da área do parque — lhe disse, com sua voz fria de advertência — Não é segura agora.
— Não funciona assim. — ela respondeu com firmeza, quando tudo dentro de si a avisava para recuar — Não me diga o que fazer, simplesmente porque você me acasalou.
Os lábios dele se estreitaram.
— Faça funcionar desta maneira, Cassa.
— Então me dê a informação que preciso. — ela disse — Diga-me que diabos está acontecendo e por que as castas estão fazendo limpeza atrás de um assassino.
Ele estava ciente que ela sabia. Sabia que esteve naquele vale, ele e Dog, talvez até estivessem trabalhando juntos, para terem certeza que ela não chegasse a nenhuma parte da área.
As sobrancelhas de Cabal baixaram pesadamente sobre o brilho de ouro em seus olhos verdes. A irritação marcou sua expressão, assim como seu olhar.
— Não quer fazer parte disto. — ele disse finalmente, em voz baixa— O assassino se dirigiu a você, Cassa. Sei que a contatou. Jonas já falou com seu editor a respeito disso. Vá para casa, deixe-me cuidar disto. Esse é meu trabalho.
Pelo menos ele não estava mais mentindo para ela.
— Não tinha o direito de falar com meu editor, e já sou parte disso. — afirmou — Seu assassino garantiu isso.
— E não perguntou a ele por quê? — perguntou-lhe furioso — O mais provável é que você seja um alvo devido aquele filho de puta do Watts. Ele esteve envolvido com a Dúzia Mortal até o olho do seu rabo e você sabe disso.
Sim, ela suspeitou e muito. Um dos homens da foto sem nitidez, o mais escondido que os outros, que não podia identificar, parecia-se muito com Douglas.
— Sempre fui uma voz para as castas, Cabal. — o informou — Se Tanner é o rosto à frente das Raças, então eu sou a voz, você sabe disso. Certifiquei-me disso. O assassinato está, obviamente, visando as castas e a sua posição perante a sociedade. Se Douglas fez parte da Dúzia, então isso o faria ainda mais maravilhoso para o assassino. Isso me desacreditaria se o mundo descobrir. Ele faria parecer como se eu estivesse jogando por favoritismos para compensar seus pecados.
Ele sacudiu a cabeça.
— E o assassino está visando muito mais que a posição das raças na sociedade, nós dois sabemos. Agora vou te perguntar de novo. Por que está envolvida nisto?
— Porque eu estou envolvida com você. — Essa era a verdade. Não toda a verdade, mas o suficiente para que ele não cheirasse uma mentira.
Cabal franziu a testa com a resposta.
— Não estamos envolvidos. Você garantiu isso.
Ela negou com a cabeça
— Eu estava lá quando sua prisão foi resgatada. Relatei aquilo. Aquela história e as fotos tiradas dela sacudiram o mundo com a brutalidade do Conselho, sabe isso, para não falar da transmissão em radiodifusão que a morte de Douglas recebeu. Você está investigando estes assassinatos, você está desde o primeiro. Naturalmente, o assassino nos uniria.
Era lógico, e a única razão que ela pode chegar a isso realmente não a assustava.
Ele assentiu.
— Está alcançando.
Seu olhar cintilou sobre ela de novo. O olhar carinhoso tinha um calor que afugentou o frio do medo. Este era o perigo de ficar perto de Cabal. Ela se esquecia de tomar cuidado com ele. Esquecia que ele era um perigo e uma atração para ela. Esquecia que esse jogo não era amor, era um fenômeno hormonal. Aquele era o maior perigo, porque esquecer daquilo poderia destruí-la.
Deu de ombros indiferentemente ante a acusação.
— Faz perfeito sentido para mim.
— Só para você. — ele resmungou olhando ao redor do quarto outra vez, antes de voltar seu olhar a ela — Quero que você deixe isto, Cassa. Deixe-me fazer o meu trabalho aqui, então vou te dar toda a história. Fique afastada disso por enquanto. Não ponha em perigo a nós dois.
Cabal capturou no ar o perfume da raiva dela, de sua negativa, segundos antes que seus olhos se estreitassem sobre ele e seu rosto corar com uma sombra de cor rosa. Estava enfurecida. Aquela raiva estava mudando para excitação, criando um perfume que bateu direto em seu pau. O pau se ergueu e engrossou, apertando com uma onda de luxúria que quase cortou sua respiração. Poderia possuí-la de novo, ele percebeu. Agora. Não seria um problema colocar ela de volta na cama e fodê-la até que os dois gritassem de prazer.
— Não vai funcionar. — Ela pegou sua roupa da cômoda antes de se abaixar para pegar suas botas — Desculpe querido, mas tenho um encontro que não posso perder. Divirta-se sem mim.
Divertir-se sem ela? Quase rosnou com o pensamento dela divertindo-se sem ele. Não pensava assim. Não haveria nenhum encontro que ela pretendesse ir sem ele a vigiar.
— Está sendo tola, Cassa. Sabe o perigo que existe aqui.
— A descrição de meu trabalho não menciona segurança. — ela disse friamente indo para o banheiro — Não se preocupe, estou muito certa que não precisa se preocupar por eu me prostituir perto de você. — Havia uma ponta de dor em sua voz agora, uma amargura que não tinha nada que ver com ele.
— Não sou Watts. — Ele afirmou simplesmente, friamente — Não aplique o seu tratamento em mim.
Isso também esteve na investigação que fez dela depois da morte do chamado Watts. O homem tratou a esposa como sua propriedade. Ele fez dolorosas acusações falsas para controlá-la. Assegurou-se de mantê-la em rédea muito curta. Não porque a amasse, mas sim porque assim podia controlá-la.
Ela parou ante sua ordem. Seus lábios se afinaram com raiva, o observando, evidentemente medindo exatamente o quanto poderia pressioná-lo. No momento, estava à beira do limite.
— Então, não tente me controlar. — ela sugeriu, agora o aroma de sua raiva estava inundado de excitação — Pode compartilhar esta pequena aventura comigo, ou podemos simplesmente continuar fuçando por nossa própria conta. De qualquer maneira, esta é minha história e vou terminá-la.
Cabal sentia a fome crescendo dentro dele agora. Seu deliberado desafio acordaram seu instinto animal, o desejo de dominá-la era quase esmagador. Era sua companheira. Ele era o mais poderoso, era o líder e ela estava deliberadamente ficando em perigo, ficando na linha de fogo.
A parte humana insistia para ele se afastar e deixar que ela fizesse o que precisava fazer. Porém, o animal rugia de raiva feroz. — Esta é minha mulher. Minha companheira. Sem ela, o que seria dele? Como viveria?
Ele tinha que tirá-la da área. Tinha que levá-la a uma distância segura, longe dele até que não corresse nenhum perigo. Chamaria Jonas e pediria sua ajuda, mas estava certo que seria negado. O desgraçado apenas se divertiria com seu pedido.
Olhou-a enquanto ela o observava. Seu olhar travou no dela, sua vontade de fazer o que o animal ordenava, para salvar a ambos, porque ele não podia partir. Mesmo que ele quisesse.
— Não posso deixar, Cabal, mesmo se eu quisesse.
Ele quase se encolheu quando as palavras dela refletiram seus próprios pensamentos. Queria cerrar os punhos com o desejo de tocá-la agora, de reclamá-la novamente, de obrigá-la a pensar primeiro em sua segurança.
— Nunca entendeu o significado da preservação pessoal, não é, Cassa? — Cabal escutou o retumbar de sua voz no peito e quase se contraiu de dor.
— E você nunca entendeu o significado da escolha pessoal. — ela replicou — Não preciso da sua permissão, Cabal. Não finja que o faço.
A genética animal era aceitável de absorver em um bom dia, mas hoje definitivamente não era um dos bons. O domínio era uma parte muito forte nas Raças que podia se rebelar em questão de segundos, como agora. Ela o desafiava em uma situação onde ele precisava de controle, precisava controlar os jogadores envolvidos. Inclusive mais que isso, era sua companheira e ela estava arriscando sua vida.
Sua parte humana aceitava a lógica que ela tinha livre-arbítrio, mas sua parte animal, a parte que sabia que a sobrevivência das raças dependia do acasalamento, sentia o contrário. Ela deveria estar segura, atrás de muros fortes, fechada em um lugar seguro. Não devia pôr sua vida em perigo, não importa a situação ou razão.
Era a típica arrogância das raças e mesmo que lutasse contra ela, ele temia perder aquela luta.
— De qualquer modo, preservação pessoal nunca esteve no alto de minha lista de prioridades. — Ela deu de ombros e ele entendeu o que quis dizer — Só se vive uma vez, Cabal. Se esconder e enterrar a cabeça do mundo a sua volta, não é viver. Está só existindo.
— É uma viciada em aventura. — ele a acusou.
Ela riu. Ele viu seus lábios se curvarem de repente com diversão, viu o riso nos olhos dela.
— É assim como chama isso? Meu pai costumava chamar de loucura.
Ela perdeu sua família pouco antes de conhecer Douglas Watts e se casar com ele. Talvez por essa razão, o cretino conseguiu enganá-la tão facilmente. Ele nunca foi amigo das Raças e sua cobertura dos resgates sempre foi sutilmente parcial.
— Loucura é uma boa palavra para isso. — Ele se aproximou. Porra podiam se ajudar. Queria sentir o calor dela de novo, desejava tocar sua pele acetinada, saboreá-la. Estava nua debaixo daquele roupão, por enquanto. Se ele não se movesse rapidamente, ela se vestiria e iria embora.
— Cabal... — Sua voz estava sem fôlego.
Estava também emocionada de paixão, ele recordou. Doce e rouca, tirada do fundo do seu peito quando o prazer a envolveu toda. Desejava ouvi-la de novo, seus suaves gritinhos, seus gemidos de desejo e de êxtase.
— Eu sonho com você. — As palavras deles saíram arrastadas. Não teve a intenção de sussurrar aquelas palavras, não teve intenção de revelar essa informação para ela. — Sonho em tocar em você, em lamber cada pedaço de sua pele.
Ela estremeceu. Cabal viu a reveladora onda de tremor percorrendo o corpo dela. Os grandes olhos cinza o olhavam, um pouco confusos, com muito cuidado. Podia ver a faminta necessidade nos dela, nos lábios maduros, no rubor das bochechas.
Ele não podia se forçar a sair do caminho, a deixá-la sair do quarto e entrar em perigo. Sua doce, adorável companheira. Porque ele faria algo tão louco quando podia tê-la debaixo dele, arqueada com suas caricias, implorando pelo prazer que só ele poderia lhe dar?
— Cabal, não faça isto.
Ele parou, seus lábios quase colados nos dela. Viu as emoções conflitantes em seu rosto, cheirou seu delicado perfume. Raiva. Uma ponta de dor e amargura. E determinação. Estava decidida a fazer o que veio fazer, e ele estava deliberadamente de pé no seu caminho. O calor do acasalamento era uma coisa, mas agora ele deliberadamente estava acendendo os fogos para mantê-la aqui. Para mantê-la segura.
— Deixar você ir esta noite não vai mudar nada. — ele a avisou brandamente. — Pode fugir sempre, Cassa, mas estarei bem atrás de você.
Os lábios dela tremeram e ele fez tudo que podia para evitar de pegá-los com os seus e amá-los com toda a fome que sentia crescer entre os dois.
Ela era dele. Deus a criou para ele, acasalada com ele. Coração e alma, ela foi destinada para ele.
— Sou uma propriedade. — sussurrou ela dolorosamente. Ele podia sentir a dor, fluindo no ar a sua volta — Uma companheira. Isso é tudo, Cabal.
— Minha única companheira. — lembrou a ela com voz dura — Deveria estar agradecida por eu não ter colocado você num heli-jato e levado de volta ao Santuário.
— Deveria estar agradecido por eu não atirar em você primeiro. — Ela estava cara a cara com ele agora, a ira esmagando a excitação, o orgulho acrescentando seu aroma agridoce.
Queria negá-lo, mas seus dedos agarravam os braços dele, as pontas dos dedos massageando sua carne. Ela o rejeitava, mas se agarrava a ele.
— Eu devia te mostrar como pode ser bom ficar aqui. — sussurrou.
Ele queria agir sobre ela. Sua língua queria agir; as glândulas sob a língua estavam inchadas, quentes, o hormônio de acasalamento implorava para se lançar no fundo quente de sua boca. Ele podia apenas lambê-la. Só lamberia sobre as curvas exuberantes de seus lábios. Não tomaria nada mais que isso. O hormônio do acasalamento em sua boca estava ansioso, pronto para se soltar mais uma vez.
Cabal trincou os maxilares, lutando por controle. Só um pouco de controle. Agora não era o momento para isso. Ele tinha sua própria reunião para assistir e arranjos a fazer para garantir a segurança dela.
Mas maldição como ela era doce. Agora sabia, conhecia o sabor dela e os efeitos intoxicantes que teria sobre ele.
Tão intoxicante.
Um rosnado retumbou em seu peito. Uma mão baixou, seus dedos rodearam a curva de seu traseiro puxando-a para perto, erguendo-a contra seu pau duro e quente que latejava debaixo de seu jeans.
Poderia tê-la agora, poderia tomá-la. Tudo o que tomaria dela era um simples beijo. Uma carícia quente e desesperada de sua língua contra a dela e lhe pertenceria. Não seria capaz de rejeitá-lo.
— Cabal.
Se isso foi um protesto, então foi bem fraco.
Sua cabeça caiu para trás quando seus lábios desceram pelo queixo e pescoço dela. Ele não lambeu, embora quisesse. Estava morrendo de vontade.
Em vez disso, seus lábios só se entreabriram, seus dentes resvalaram sobre a pele sensível carne enquanto seu pau palpitava com o som repentino e necessitado do seu pequeno gemido.
Doce céu. Era isso que ele precisava dela. O som do prazer dela. Não seus protestos, não seu olhar desconfiado e de medo. Só isto, o prazer da Cassa.
Ela estava morrendo em seus braços.
Cassa sentia as ondas de calor intoxicante de desejo correr velozmente por seu corpo, envolvendo-a embora lutasse contra aquilo. Suas unhas se fincaram em seus braços quando sua cabeça caiu impotente para trás, seus sentidos enfocados sobre a intensidade da sensação percorrendo por seu pescoço. As pontas afiadas dos grandes caninos raspavam contra sua pele e enviavam espirais de delicioso prazer que de novo correram velozes por seu corpo
Seus pés estavam curvados contra o tapete, enquanto tentava não levantar-se para mais perto dele, e falhou. Quando a coxa dele deslizou entre as suas, ela se apertou contra a desesperada fome latejante entre suas pernas, um gemido saiu de sua garganta. Seus quadris cavalgaram quando montou sobre o músculo duro; suas unhas fincaram no tecido de sua camisa, e ela sentiu a força selvagem da umidade se derramando de sua vagina.
Ansiava por ele. Nunca ansiou por nada nem ninguém como ansiava por Cabal. Assim tão rápido, logo depois de a ter possuído da última vez, e ardia de desejos por ele com a mesma intensidade desesperada de antes.
O calor do acasalamento. Essa reação química corria rapidamente pela comunidade das Raças, unindo casais, negando a separação dos casais. Era um calor selvagem, faminto, que se negava a ser ignorado, que Cassa sabia que estava tomando mais que seu controle, estava roubando sua alma. Cabal já tinha roubado seu coração. Agora estava tomando tudo o que tinha ficado nela.
— Maldita seja você. — Grunhiu a maldição em sua orelha — Sabe o que faz comigo, Cassa? Sabe o que isto fará a nós dois?
— Uma pergunta de cada vez. — Ela disse ofegante quando a sua coxa pressionou mais forte contra a carne de seu sexo encoberta pelo roupão. — Minha habilidade de executar multitarefas não está funcionando hoje.
Jurava que ouviu uma risada em seu ombro quando ele enterrou o rosto no seu pescoço.
— Você é uma maldita sabichona. — Ele a acusou.
— Você é uma maldita Raça. — Seus cílios se recusavam a se abrir, quando as mãos dele se apoderaram de suas costas, alisaram e acariciaram sobre o tecido do roupão.
Ela não devia se sentir tão bem. A sensação de suas mãos acariciando suas costas, seus dedos encontrando a coluna, não deveriam enchê-la com esta insana e louca necessidade de mordê-lo de novo.
Seu pescoço estava debaixo de seus lábios. Ele a morderia de novo se a possuísse novamente.
E ela poderia mordê-lo também. Poderia morder o conteúdo de seu coração, saborear sua carne e regozijar-se agora sem preocupar-se com as consequências, porque as consequências já estavam aqui.
Levantou seus cílios, o prazer percorrendo-a como uma droga enquanto sua cabeça baixava e seus lábios tocaram a carne forte e dura de seu pescoço.
O som que retumbou de seu peito enviou uma forte sensação de frio correndo por sua espinha. Parte medo, parte prazer e um monte de satisfação feminina.
Não importa a razão, química, biológica ou simplesmente o destino, ela satisfazia a esta casta, como nenhuma outra mulher podia. O mulherengo, charmoso e feroz Cabal St. Laurents nunca conheceu um prazer igual ao que conhecia com ela, simplesmente porque ela era sua companheira.
Por um momento, o medo dominou qualquer outra sensação. Porque o mesmo acontecia com ela. Nunca houve um prazer tão feroz como este com mais ninguém.
— Cabal, temos que parar com isso. — Ela disse, mas suas coxas se apertaram contra ele, seus quadris se retorciam contra o pau duro pressionado entre elas e seus sucos fluíram grossos e quentes de sua vagina.
Ela nunca precisou de nada tão desesperadamente como precisava de Cabal. Outra vez. Agora.
— Está ansiando por mim. — sussurrou em sua orelha — Eu sinto, Cassa. Precisa de mim.
Ela precisava dele agora. Precisou dele no passado, antes de saber do calor de acasalamento, antes que estivesse perto o bastante para que o fenômeno se acendesse entre eles. Precisou dele um segundo antes de abrir os lábios e provar do seu sangue.
Sim, ela precisava dele, mas sabia que a profundidade de sua necessidade ia muito além do físico. Mesmo sentindo a mão dele correndo por suas costas, sabia que não poderia ter o coração dele também.
Mas isso não a impediu de sussurrar seu nome quando sentiu o cinto de seu roupão se soltar. E não a impediu de puxar fortemente o ar quando sentiu os lábios dele abertos.
— Apenas uma carícia. — Ele disse mordiscando sua orelha e enviou uma explosiva labareda de êxtase por seu corpo.
Despiu sua pele, seus dedos calejados e seguros quando os deslizou contra seu estômago.
— Cabal isso é loucura. Ambos temos coisas para fazer. — Seu protesto foi um grito baixo, cheio de prazer quando seus dedos deslizaram se enfiando entre suas coxas, as pontas duras alisando os cachos úmidos que escondiam nas dobras sensíveis de sua boceta.
Seus quadris se arquearam, tentando recuperar a pressão de sua coxa quando ele recuou. Um segundo depois, acalmou a sensação de seus dedos para pressionar os cachos na parte superior do seu púbis.
Como a carne dele estava quente. O prazer intensificou e explodiu através de seu corpo sentindo o clitóris inchar, e as pregas de seu sexo mergulhadas em seus sucos. Seu corpo estava tão preparado para ele, tão desesperado por seu toque que a deixou desamparada no seu despertamento.
— Sinto o cheiro de quão doce e quente você está. — Seus lábios acariciavam ao longo do seu pescoço até seu ombro, enquanto empurrava o decote de seu roupão para o lado com seu queixo— Posso sentir, Cassa.
Deslizou seus dedos mais embaixo, correndo até a desesperada palpitação de seus clitóris, acariciou em volta com o toque mais leve antes de entrar no encharcado centro, na sua boceta.
— Não podemos fazer isto agora. — Queria chorar em saber o que estava vindo, os laços que os uniriam ainda mais juntos, e finalmente destruiria aos dois. Cada vez que a tocava, cada vez que a possuía, perdia mais de si mesma para ele.
— Não podemos? Mas, querida, já estamos fazendo isso. Já estaremos fazendo.
Ela ficou nas pontas dos pés quando o dedo dele entrou mais, circulou e mergulhou forte e duramente na entrada apertada que latejava ansiosa por sua posse. Um suspiro lamentoso e desesperado saiu de seus lábios. Sua cabeça apertou contra o ombro dele, e suas mãos apertaram seus antebraços.
Cassa se sentia tremer, desmoronando de dentro para fora enquanto seu dedo se enfiava empurrando dentro dela. Seus músculos dentro da vagina pressionaram e apertaram em volta do dedo intruso. A umidade quente aumentou, tornando seu caminho escorregadio e quente enquanto o dedo fodia bombeando de modo suave e lento entrando e saindo na inchada carne.
— Eu preciso estar dentro de você. — Ele rosnou, pressionando o queixo contra o rosto dela agora, a sensação dos músculos dele contra o seu rosto lembrou a Cassa do controle que ele estava imponha a si mesmo. — Eu preciso de você embaixo de mim, Cassa. Para tocar em você. Eu poderia passar horas, dias, apenas tocando você. Saboreando você.
Oh, Deus! Ela perdeu o fôlego quando o desejo incandescente golpeou em seus músculos internos que apertava o dedo intruso acariciante. Seu útero se contraiu mais forte, e se não estava enganada, estava a poucos segundos de explodir no orgasmo mais intenso de sua vida.
— Você me deseja Cassa? — A pergunta era uma traiçoeira promessa de prazer e dor quando ele sussurrou as palavras. — Você precisa de mim?
Ela precisava dele como necessitava do ar para respirar.
Um gemido saiu de sua garganta quando ele retirou seu dedo, e quando retornou, mais outro se ajustou mais forte, abrindo-a e queimando-a com um prazer contra o qual não podia lutar. Ela nunca teve nenhum problema para lutar contra o desejo ou a atração sexual. Não quando era muito jovem e estúpida para conhecer algo melhor. Não desde que aprendeu a real profundidade da traição que amar um homem podia fazer.
Mas agora, o prazer era muito intenso, muito profundo para ignorar ou negar. O dedo dele fodia dentro dela com lentos e deliberados movimentos enquanto seu polegar fazia círculos sobre o inchado botão de seus clitóris, que vibrava de desejo de gozar o orgasmo.
Ela estava perto. Tão perto. Se a pressão fosse um pouco mais firme, um pouco mais dura.
— Cabal, por favor. — Seus quadris se empurraram contra cada lento e deliberado impulso— Não me provoque.
— Eu nunca te provocaria, Cassa.
Ela queria gritar na próxima estocada. A sensação dos dedos enfiando duro e bem fundo dentro dela, enviavam uma onda de violento prazer que percorreram seu corpo, chocando-a e quase acalmando os batimentos de seu coração com o extremo disso.
Ela devia usar para isto agora. Devia conhecer seu toque, ser imune à excitação que era tão forte, tão quente quanto a primeira vez que ele a tocou.
Quando o fôlego voltou, sua respiração era rápida, deu um grito quando a enfiada seguinte a fez ficar nas pontas dos pés e suas unhas se fincaram duras sobre seus bíceps. Perto. Tão perto. Ia gozar. Ia matar aos dois com a resposta que começava a crescer dentro dela.
— Venha para mim, Cassa. — Sua voz retumbou em seus ouvidos. — Deixe-me senti-la, querida. Deixe-me sentir você gozando para mim.
Ela gritou seu nome, se contraindo. Sentia os frágeis fios de êxtase fechando-se em torno de seus clitóris. Sentiu o desejo fundindo-se dentro dela. Quando seus dedos mergulharam dentro dela mais uma vez, encheram-na, abriram-na, o desejo começou a expandir-se, começou a golpear numa rápida exigência, correndo por sua corrente sanguínea. Estava dentro dela, ao redor dela, cobrindo-a.
— Senhora Hawkins, é a xerife Lacey. — A voz foi uma intromissão, um odioso, horrível som quando ainda sentia Cabal— Senhora Hawkins, está aí?
Ela não estava aqui. Não podia responder. A respiração estava presa em sua garganta tão certo como os dedos de Cabal estavam presos dentro de sua vagina.
Um rosnado duro e perigoso retumbou da garganta dele.
— Senhora Hawkins, abra a porta ou vou ter que abrir. — A voz da xerife Lacey era firme, tornou-se fria e de advertência — Está bem, senhora Hawkins?
A xerife verificaria para ter certeza de que tinha voltado para o quarto. A recepcionista na recepção sabia que estava ali.
Cassa sacudiu a cabeça.
— Responda a ela. — exigiu Cabal.
Um gemido saiu de sua garganta.
— Agora, Cassa. — Seus dedos deslizaram para fora dela, e ela quis gritar de raiva para a xerife.
— Só um minuto. — Sua voz saiu rouca, cheia de anseio de um orgasmo que deslizava lentamente para fora de seu alcance.
— Está tudo bem, Sra. Hawkins? — A voz da xerife Lacey se tornou mais exigente.
— Estou bem. Tudo bem. — disse — Só um minuto.
Estava fraca, também fora de equilíbrio, inclusive para perceber que Cabal fechava seu roupão, até que terminou o trabalho. Sua expressão estava tensa de luxúria, seus olhos mais verdes, as manchas cor âmbar neles mais brilhantes quando a olhou.
— Estávamos loucos em deixar isso começar. — Ele afirmou com dureza.
Ela queria gritar. Queria chorar. Não havia nada pior que o arrependimento, quando um homem ao qual estava acasalada para sempre manifestava seu arrependimento por estarem acasalados. Oh sim, essa pequena relação ia ser muito divertida.
— Sua mão estava em meu roupão. — ela o lembrou com voz ácida — Não o contrário. Lembro de ter dito que tinha coisas a fazer esta noite. — Embora tivesse preferido que Cabal não soubesse a respeito daquele encontro.
Seu corpo ainda palpitava com o desejo de gozar que a rasgava, quando a xerife Lacey bateu na porta outra vez. Secando suas mãos nas coxas, Cassa respirou fundo antes de retomar seu controle e ir até a porta.
Ela olhou para trás, para Cabal, desejando poder acalmar sua resposta física a ele tão facilmente quanto ele parecia se acalmar. Levaria mais tempo para ela se controlar, parar o tremor de suas mãos, se a xerife não tivesse batido na porta de novo.
Apertando os dentes, agarrou a maçaneta da porta e a abriu com um puxão, dando um passo para trás, enfrentou a xerife enquanto o olhar da outra mulher varria o quarto e parou em Cabal.
Por um momento, Cassa sentiu a tensão e a certeza de que a xerife e Cabal se conheciam mais que os dois queriam que ela percebesse. Estava na tensão que apertou os ombros da outra mulher, e na suspeita que enchia seus olhos cor avelã.
— Espero não ter interrompido nada. — O tom da xerife foi irônico, seu sorriso amigável, mas seus olhos mostraram claramente que ela sabia que tinha interrompido algo.
— Não, absolutamente. — assegurou Cassa. — Por favor, entre, e obrigada por tomar um pouco do seu tempo para vir me ver de novo.
— Quando recebi a mensagem de que havia possíveis homens Raças violentos no condado, eu admito, corri direto para cá. Você não mencionou isso hoje cedo.
Ótimo. Cassa olhou para Cabal e viu seus olhos se apertarem.
— Será que o Sr. St. Laurents está envolvido? — Magra, alta, a xerife enganchou os polegares nos bolsos de sua calça jeans enquanto seu olhar percorria Cabal— Sempre achei que era uma figura bastante suspeita.
Havia uma ponta de riso e familiaridade na voz da xerife. Ela não tentava esconder o fato de já conhecer Cabal, mas não tinha percebido que o conhecesse tão bem. Cassa tentou conter o ciúme que crescia dentro dela, tão surpresa quanto horrorizada ao reconhecer o sentimento.
Não era ciumenta. Não era e nunca seria ciumenta de um homem. Não havia jeito mais rápido de autodestruição que ceder a essa emoção. E Cassa se recusava a se auto destruir de novo.
— O Sr St. Laurents, estou certa de que provavelmente esteja envolvido de algum jeito. — Cassa sentiu a tensão de seu sorriso, tanto como a certeza que Cabal veio aqui essa noite com a única razão de influenciá-la contra a investigação que ela veio fazer em Glen Ferris.
Danna Lacey entrou no quarto, seu olhar indo de Cassa e Cabal enquanto uma sobrancelha escura se levantava com curiosidade.
Vestida com calça jeans, uma camisa de oficial de policia e botas, a xerife Lacey brilhava como uma típica garota do interior. Seu cabelo comprido que ia até um pouco depois dos ombros, estava preso para trás numa elegante tranca que era segura pelo quepe de oficial de xerife do condado e mostrava perfeitamente as maçãs altas de seu rosto.
Os olhos verdes brilhavam alegremente, mas tinham uma pitada de cinismo. Ela estava divertida, mas bem familiarizada em lidar com as Raças e muito consciente de suas trapaças.
Ela deveria estar. O departamento de Danna Lacey foi um dos primeiros em assinar para cooperar com a Lei das Raças, em seus esforços por incorporar as Raças dentro das comunidades para o cumprimento da lei e fazer cumprir as novas leis que regulavam qualquer tipo de violência contra as Raças.
— Então, qual é o problema? — A xerife Lacey olhava para os dois. — Normalmente, a Agencia de Segurança das Raças me contata se ocorreu qualquer tipo de violência contra as raças. Não os jornalistas. E você não mencionou nada disto antes, senhora Hawkins.
— Acho que a Sra. Hawkins está simplesmente preocupada. — Apontou Cabal. — Viemos realizar exercícios de treinamentos nas florestas nacionais e ela descobriu um deles na outra noite.
Ah essa foi uma boa.
— Não foi bem assim— objetou Cassa— A última que ouvi, coiotes a serviço de John Bollen não cooperam exatamente com a Agência ou o Santuário.
John Bollen, ex-segundo no comando do general Tallant, era alto funcionário do Conselho de Genética, assumiu o cargo após a morte de Tallant. A organização Tallant, que agora se chamava Empresas Bollen, fornecia guardas de segurança, proteção pessoal e outros serviços onde os músculos e as armas fossem necessários. Foi fornecido sob a direção do General Tallant, equipes subversivas para liderarem greves de incitação popular contra as raças.
O que acontecia agora, quando se tratava de raças, era algo que ninguém sabia. Bollen manteve seu negócio tranquilo, mas o consenso geral era que as raças corriam mais perigo com Bollen do que jamais estiveram quando a organização estava sob a liderança de Tallant.
— Os Coiotes de Bollen estão na reserva nacional? — A xerife Lacey perguntou a Cabal. — Durante os exercícios de treinamento das raças?
Cabal lançou um olhar de reprimenda a Cassa antes de voltar-se a Lacey.
— Vamos lá, Danna, sabe como funciona. Nós os espionamos. Eles nos espionam. Ninguém estava armado, ninguém ficou ferido.
A Xerife Lacey fez uma careta com o comentário antes de voltar sua atenção de novo a Cassa.
— Então, de onde vem a violência?
Cassa soube imediatamente que a xerife, embora simpática e provavelmente propensa a discordar ou simplesmente não acreditar em Cabal, não estava disposta a envolver-se na investigação que Cabal claramente a alertara para se afastar.
— Fui emboscada na floresta. — Declarou Cassa, escondendo sua raiva. — Achei que devia te avisar que os soldados coiotes estavam rondando na área e eu me senti ameaçada. Se o Sr. St. Laurents não estivesse na área, então os três soldados que eu enfrentei poderiam ter se tornado perigosos.
Os olhos de Lacey se estreitaram .
— Você sabe quem são eles?
— Só um. — Cassa deu de ombros.
— Era Dog e seus dois tenentes, Butch e Mongrel. — falou Cabal com um sorriso frio.
A xerife Lacey sacudiu a cabeça ante a informação, sua expressão se tornou sombria quando deu uma forte aceno de cabeça.
— Vou avisar aos guardas florestais que estejam em guarda para eles. — ela prometeu— Além da polícia local e meus oficiais. Não podemos jogar seus traseiros para fora da área, mas podemos vigiá-los. — Olhou para Cassa — Quanto tempo mais vai ficar aqui?
Cassa cruzou os braços sobre seus seios, ciente que a xerife esperava que sua estada fosse breve.
— Não sei. — disse. — Importa?
A xerife fez uma careta.
— Você parece gás derramado em uma fogueira de Raça — disse.— Pode ser o motivo pelo qual os soldados coiotes estejam aqui, Sra. Hawkins, como sabe. As poucas vezes que Dog apareceu em suas reportagens, você não foi exatamente discreta em sua opinião sobre ele.
— Não me pagam para ser discreta. — sentia-se como uma criança de dez anos sendo repreendida por causar problemas.
— E não me pagam para ser babá de jornalistas que vão em busca de problemas. — a xerife rebateu — Mantenha-se longe da floresta até que os soldados coiotes se vão, esse é o melhor conselho que posso te dar.
Em outras palavras, seria ótimo se ela apenas fizesse as malas e deixasse a cidade. Cassa mentalmente eliminou a xerife de sua lista de pessoas que pudesse contatar em caso de necessitar alguma ajuda em sua investigação.
— Muito obrigada por seu tempo, Xerife. — Um sorriso evidentemente falso se espalhou em seus lábios enquanto dava longos passos até a porta e a abriu para a outra mulher — Vou me assegurar de avisá-la se precisar de alguma ajuda.
A xerife Lacey exalou cansada enquanto acenava com a cabeça e se dirigia à porta.
— Sra. Hawkins, a Lei de Castas estabelece que não posso expulsar esses caras da cidade, nem posso protestar oficialmente por sua presença. Por mais que eu odeie isso, tenho que suportar homens como Dog e seus oficiais, até que realmente ocorra distúrbios e me deem uma razão para contatar a Agência ou jogar seus traseiros na cadeia.
— Até lá, me esconderei em meu quarto e fingirei que estou me divertindo. — Disse Cassa sarcasticamente. — Vou me assegurar de mencionar isto na história pouco agradável que planejei sobre a área.
— E quando mencionar isto, por favor, conte que você criou esta situação por si mesma, ao por no ar em rede nacional a foto de Dog na sua reportagem do ano passado. — a xerife lhe recordou. — Em outrora ele era um anônimo raça coiote, suspeito de contrabando de armas e drogas, violência contra as raças e roubar doces de criançinhas. — A xerife citou ironicamente enquanto sacudia a cabeça divertida. — Realmente, Sra. Hawkins, Pensou que ia ser agradável quando se encontrasse com ele na floresta? Teve sorte de Cabal e sua equipe estarem lá.
No momento, não era exatamente sorte o que Cassa sentia. Mas manteve a boca fechada, guardando sua opinião para si mesma.
— Bom dia, Xerife. — Sorriu firmemente a xerife, em seguida se virou para Cabal. — Você pode ir agora também.
Seu corpo estava ainda zumbia. O desejo sexual era como uma fome que a afligia para ser acalmada, mesmo com a raiva que a enchia. Ele de algum modo soube que ela contatou a xerife. Essa era a razão dele estar aqui, o intrometido desgraçado. Deveria ter apresentado uma maldita reportagem sobre o ataque da noite anterior e exigir uma investigação agora. Mas para fazer isso, ela certamente teria que achar uma razão para estar na floresta.
Normalmente, isso não seria um problema. Mas normalmente ela não estava tão excitada que seu cérebro se negava a funcionar.
— Vamos lá, raça. — A xerife Lacey ordenou com voz firme. — Vamos ver se você acha uma razão para estar aqui também, enquanto apresenta o relatório que obviamente esqueceu que deve apresentar quando realizam exercícios de treinamento em meu condado. Tenho a sensação que vocês dois é que serão mais problema que Dog e seus homens.
O olhar que ele deu a Cassa prometia vingança de um tipo que sem dúvida a deixaria gritando de prazer e pedindo por mais.
— Livrar-se de mim por um tempo não vai melhorar esta situação. — avisou a ela brandamente quando se aproximou, seu olhar preso no dela agora — Não engane a você mesma, Cassa.
— Aposte em mim. — Ela murmurou.
— Eu aposto em você. — Ele parou na frente dela, inclinou a cabeça até seus lábios colarem na orelha dela. — Aposto com você, querida, um forte e quente beijo. Aposto que você ignorar isto é algo que não será capaz de fazer.
Recuando, Cassa o olhou ferozmente. O sangue latejando por suas veias novamente, e jurava que o cheiro de noite de inverno dele era o mesmo gosto em sua língua.
— Ouvirei você depois, Cabal. — Embora teve que obrigar-se a que as palavras passassem por seus lábios quando teve que forçar-se a dar um passo atrás dele antes de tomar esse beijo agora.— Divirta-se com a xerife!
Ele riu com zombeteira diversão antes de se endireitar e fazer o que ela pediu. Virou-se e caminhou até a porta, abriu o trinco e fechou a porta ao sair
O som silencioso da porta trancando fez Cassa fechar os olhos de alívio, também com tristeza. Arrependimento era algo que não enfrentaria. Virou-se e se dirigiu a ducha quando um bip silencioso em seu laptop a alertou que uma mensagem eletrônica acabava de recebida em sua caixa de entrada.
Voltou para o quarto e foi a passos largos para o escritório. Depois de digitar sua senha de segurança para acessar a tela, olhou à linha de assunto do correio eletrônico.
Você vai fracassar.
O fracasso não era uma opção.
Cassa abriu a mensagem eletrônica.
Mais sangue será derramado. A Dúzia Mortal não é mais mortal. Dei tempo suficiente. Minha presa vem aqui todo ano. Jantar esplendidamente. Atrai a atenção sem prejuízos. Como estava bonito, como é bonito. Quão diabólica é sua alma, quão corrupto é seu coração. A terra que deveria ter oculto e abrigado aos filhos da natureza agora saboreará o sangue de seus inimigos mais uma vez. Sra. Hawkins. Cuidado para que um dia você não se torne uma presa também.
O aviso estava sempre presente, que um dia ela se tornaria a presa. Cassa não tinha nenhuma dúvida que esse dia estava cada vez mais perto.
Cabal seguiu Danna Lacey do hotel, até adaptou seus passos com os dela até chegarem na minivan oficial que tinha estacionado ali.
— Fique fora disso, Danna. — ele avisou quando ela abriu a porta do condutor e o olhou.
Sua expressão estava cheia de zombadora diversão. Ela sabia da investigação que ele estava trabalhando, sabia do perigo envolvido, mesmo assim não havia nem um indício de medo em seus olhos.
— Com quem pensa que está falando, Cabal? — Sua voz era suave, apesar do toque de arrogância nela — Não sou um soldado da raça sob seu comando, nem salto muito bem. Faria bem em se lembrar disso.
— Assim como faria bem em lembrar exatamente o que estamos enfrentando aqui. Não só as raças, mas esta comunidade também. Pare de sentir pena de Cassa e comece a preocupar-se com você mesma.
Ele sentia o cheiro da simpatia, da compaixão que fluía dela em ondas. Essa era simplesmente Danna. Ele nunca pensou que ela tivesse força emocional para o trabalho que realizava. Como xerife de uma pequena cidade, que via a crueldade inerente nas pessoas que certamente sempre viu primeiro como seus amigos e vizinhos.
— Eu sempre me preocupo comigo mesma em primeiro lugar, Raça. — Ela riu se sentando ao volante e pondo a chave na ignição, ligou o carro.
— Fique fora do meu caminho, Danna — ele avisou de novo — Não deixe Cassa por fogo na sua bunda no que se refere a isso. Não tenho tempo para brigar com você.
Ela deu uma risadinha e um gracioso bufo.
— Como se houvesse uma luta para isso. — ela apontou. — Realmente, Cabal, devia saber muito bem. Sou muito preguiçosa, e não me exponho mais do que preciso.
Cabal sabia que aquela declaração era mentira. Danna era tudo menos preguiçosa.
Ela riu de seu olhar sombrio, recusando-se a mostrar qualquer indício de apreensão ou medo. E não duvidava que ela não sentia as duas emoções.
— Sim, Cabal — ela continuou — só baixarei minha cabecinha e correrei descalça e grávida para agradar as raças. Satisfeito agora?
Cabal grunhiu ante isso. Não, não estava satisfeito e não apreciava seu humor também.
— É apenas se assegure de fazer isso. — murmurou— Enquanto você estiver nisso, veja se pode conseguir algumas informações sobre Banks que eu não saiba. Isso me agradaria imensamente.
Danna concordou com a cabeça e uma risada.
— Você tem o que eu tenho, Bengala. Não posso fazer o melhor para você do que já tenho feito.
E ela realmente fez um inferno de um montão de trabalho de campo para eles. Aos quarenta e cinco anos, solteira e independente, a xerife dedicou incontáveis horas de trabalho durante os primeiros dias da investigação de Cabal.
— Inferno, fique fora de problemas, Danna. — a alertou, do mesmo modo que desejava poder alertar Cassa.
— Poderia dizer o mesmo a você, Bengala, mas suspeito que não prestaria tanta atenção como eu a você. — Ela revirou os olhos, mas ele viu a ponta de preocupação em seu olhar.
Glen Ferris era o território dela, e de acordo com sua experiência no passado ele sabia que ela não aceitava bem a interferência das Raças no que considerava o seu domínio. Ele encolheu seus ombros afastando o pensamento. Ninguém aceitava aquilo bem, mas agora era um fato da vida. Para sobreviver, as raças precisavam de um grau de autonomia. A Lei de Raça deu a eles essa autonomia durante um período de cinco décadas. Tinham cinquenta anos. E Cabal tinha a sensação que aquele tempo não seria o suficiente.
Uma noite insone cheia de interrupções e sonhos eróticos que assombraram Cassa até que os primeiros raios frágeis de luz começaram a se derramar sobre o Rio Gauley que corria em frente da janela de seu quarto.
Levantando-se da cama, e não pela primeira vez, olhou para as águas agitadas e turvas águas franzindo a testa diante da sensação de excitação e medo que a enchia.
Devia estar furiosa. Não viu Cabal na noite passada. Qualquer que fosse os negócios que ele tinha a resolver tomou muito mais tempo que os dela. Claro, o negócio dela não foi nada mais que rastrear os amigos do golfe de Banks. Nenhum deles teve qualquer informação que explicasse a causa do desaparecimento do ex-prefeito.
Ela voltou para seu quarto a meia-noite, indignada e excitada. O calor do acasalamento estava sugando, mas pelo menos os hormônios de Ely a impediam de procurar Cabal e exigir sexo.
Não queria enfrentar o que ela sabia que acontecia em seu corpo. Queria perguntar a alguém, qualquer um. Só queria algumas ideias sobre como lidar com uma Raça Bengala muito teimosa. Certamente não seria pedir muito.
Talvez Merinus, a esposa do líder das Raças felinas, ou quem sabe Scheme, a mulher da Raça Felina, chefe das relações públicas, alguém, exceto Cabal, porque só Deus sabe que ele nunca lhe diria a verdade. Mas ela sabia como as coisas funcionavam. Se falasse com alguém, estaria selando seu próprio destino.
De algum jeito— não, não de algum jeito, ela sabia que o calor de acasalamento começava a afetar cada faceta de sua vida. Só pioraria, já sabia isso. Com o passar dos dias, sua necessidade por ele só cresceria, até que a fase inicial do calor se acalmasse. Depois disso, podia esperar entre alguns dias a uma semana todo mês em que os sintomas seriam piores. A ovulação sempre provocava dor, fazia que o desejo de sexo mais insistente. Ely já havia contado o bastante a respeito de que devia esperar. Cruzou os braços sobre os seios, respirou fundo, sentindo as pontas duras de seus mamilos, os contornos inchados de seus seios. Era mais que uma irritação, no momento, em vez de ser doloroso.
Sacudiu a cabeça com força antes de se virar e caminhar rapidamente ao chuveiro. Apesar da temperatura baixa fixada no termostato a noite passada, seu corpo ainda estava superquente.
Uma ducha fria a acalmou, mas só um pouco. Duas horas mais tarde, vestida com jeans, uma blusa branca, jaqueta de couro e botas, ela pôs no ombro a pequena mochila de seu uso pessoal e deixou o quarto.
Ela desperdiçou muito tempo no dia anterior. Havia respostas nesta pequena cidade, podia sentir, bem como uma história que era muito mais profunda do que os assassinatos dos homens que perseguiram e ajudaram a torturar Raças.
Percebeu isso cada vez que os e-mails anônimos chegaram. Ela viu algo além das fotos das mortes anexas nas últimas mensagens eletrônicas e as ameaças que os segredos dela poderiam ser revelados. Ela não tinha nenhum segredo que soubesse. Não houve um dia de sua vida que as Raças não investigaram profundamente.
Essas mortes tinham um propósito, uma razão que ia muito além da raiva de Raça. Cassa queria saber qual era o objetivo. Pela primeira vez desde que as Raças se revelaram ao mundo, um deles estava ultrapassando o minucioso controle que sempre viu neles. Um deles estava tomando vingança pessoal, e veio para cá para se vingar, a Glen Ferris, um lugar que no passado as castas se refugiaram.
Ao sair da estalagem, em vez de dirigir, optou por caminhar uns quarteirões até o restaurante mais próximo onde marcou em encontrar com Myron, querendo mais informação do que conseguiu no dia anterior. Ele sabia de algo. Teve essa sensação, simplesmente percebeu. Queria saber o que não estava dizendo a ela, e por que nunca contou-lhe sobre a esposa raça que teve antes de conhecer e casar com Patricia.
Abrindo a porta do restaurante, Cassa olhou em volta da sala grande e cheia até que avistou Myron. Seu brilhante cabelo vermelho se destacava. Cortado muito mais curto do que nos anos anteriores, emoldurando as feições e ressaltando nitidamente seus olhos azuis claro.
No canto de seus olhos havia profundas linhas que não notou no dia anterior. Ela teria chamado isso de linhas de risada, mas Cassa nunca viu Myron sorrir.
Os mesmos sulcos rodeavam sua boca, e sua testa rugas profundas com o corte de cabelo mais curto.
Mas seu rosto era magro, e parecia mais jovem que seus quarenta e dois anos. Ele foi uma poderosa força um dos lideres do movimento para encontrar um lugar seguro para as Raças e esconder sua existência até que eles se revelaram ao mundo onze anos atrás. Ele e seu pai trabalharam incansavelmente durante anos para esconder as Raças, muitas vezes esteve perto da morte, diziam que numa área que oferecia uma segurança.
Caminhando pelo salão do restaurante, Cassa avistou duas castas bebendo café em um canto atrás e ao lado de Myron. Estavam vestidos com calças jeans, camisas de flanela e boinas. Nunca os reconheceria como Raças se não estivesse informada que as castas estavam naquela área. Eles pareciam agricultores. Diabos, eles bem que poderiam ser agricultores. Muitas das Raças que se esconderam nas montanhas foram inteligentes o suficientemente para trabalhar uma vida para si mesmos na área.
— Myron, espero que tenha pedido café. — Cassa se deslizou para dentro no compartimento reservado sorrindo para o repórter, vendo a suspeita sempre presente em seus olhos claros e as profundas linhas de tristeza em sua testa.
Levantando sua cabeça, ele apontou com a cabeça para o balcão.
— A garçonete esperava por você. — ele disse deixando o jornal de lado que esteve folheando— O que quer agora? Já disse a você, Cass, não sei nada sobre o desaparecimento do Banks.
Ele estava de bom humor ontem, dizendo que não sabia muito.
— Não ia perguntar a respeito do Banks. — Ela afastou o assunto imediatamente. — Isso aconteceu há um tempo, Myron, talvez só queria me pôr em dia.
Ele sacudiu a cabeça ante isso.
— Você não tem tempo para recuperar, Cass. Sigo suas histórias, já sabe. A última que ouvi é que estava perseguindo a localização dos cientistas raças que estiveram envolvidos na genética da raça Coiote. O que aconteceu com isso?
— Ainda estou trabalhando nisso. — Deu de ombros— Houve rumores que dois cientistas raça coiote sobreviveram a uma tentativa de assassinato do coiote Fantasma e atualmente residem na fortaleza dos coiotes. Embora tudo que ouvi sejam boatos.
Myron levantou suas sobrancelhas vermelhas surpreso.
— Surpreendente que o Conselho permitir que vivessem, inclusive se o Fantasma o fez. Os coiotes foram suas criações mais secreta.
— E as raças, assim como os cientistas humanos ainda estão tentando descobrir o porquê. — Cassa concordou— Talvez esse casamento do líder coiote, Del-Rey Delgado e Anya Kobrin lance alguma luz sobre os cientistas.
Myron riu da ideia, mas ela viu uma pitada de preocupação em seu olhar.
— Eu não apostaria nisso. — ele resmungou.
— Eu não aposto em nada quando se refere a obter informação das raças. — Ela quase riu ao pensar nisso. A definição de raça era boca fechada e imprevisível.
Myron sorriu, em seguida deu-lhe um olhar penetrante enquanto bebia seu café, antes de dizer:
— Ouvi que tem uma raça em particular sobre seu traseiro neste momento. E aí com isso?
Cassa fingiu um olhar inocente.
— Só uma raça em particular? Se houver uma raça em volta, então ele parece curioso sobre os meus assuntos.
— Vem com o território? — Ele riu cinicamente— Você se transformou no pesadelo de sua vida com suas reportagens. Não só é uma repórter curiosa, mas é a melhor amiga de duas esposas dos lideres das Raças. Tome cuidado, você pode se tornar uma obrigação depois.
Cassa revirou os olhos a isso.
— Talvez já tenha me tornado uma. — Ela não tinha nenhuma dúvida que era como Jonas e Cabal a viam agora. Era uma posição perigosa para ocupar.
— Isso explicaria porque a raça Bengala está te perseguindo. — Myron cruzou os braços sobre a mesa e encarando-a firmemente a advertiu. — Fique longe de problemas, Cassa. Odiaria vê-la machucada aqui.
Agora houve uma mudança.
— Houve um tempo que você teria me ajudado a entrar em apuros. — ela o lembrou com um pequeno sorriso.
Myron apenas balançou a cabeça e suspirou asperamente.
— Então, você descobriu algo sobre Banks? — Ele levantou seu café aos lábios enquanto a garçonete punha outra xícara na frente de Cassa junto com um cardápio. — É óbvio que você não pretende permanecer ficar fora do fedor que está tentado revolver.
— Só posso desejar. — Ela tentou um sorriso enquanto vertia creme em seu café e observava Myron por entre os cílios. — Conhece Brandenmore e Engalls muito bem? Sei que eles têm uma cabana de caça na área.
Os olhos de Myron se estreitaram sobre ela.
— É uma cidade pequena, Cassa. É claro que os conhecia. Embora não se relacionassem.
— Suspeitou então, que eles estavam envolvidos nas mortes de raças?
A expressão do Myron se endureceu ainda mais ao apertar a o maxilar.
— Se suspeitasse então, agora eles não estariam vivos para continuar torturando raças.
Myron falava muito pouco sobre o assunto. Isso não parecia como ele era. Ele era um repórter. Ele já devia ter a maioria das informações que ela precisava para continuar sua investigação.
— Será que eles tinham uma conexão com as raças que você soubesse? — Franziu o cenho com a sensação que estava tendo que arrancar as respostas dele.
— Eles odiavam as raças você sabe. — Myron gesticulou— Olhe, Cassa, se alguém por aqui soubesse algo que ajudasse a você ou a St. Laurents, confie em mim, teria a informação. Queremos ver esses dois derrubados como qualquer outra pessoa. Estaríamos fazendo um favor a nós mesmos e também para as Raças.
— Também há um boato que alguém está fazendo outros favores para as raças. Que alguém identificou à Dúzia Mortal e que está eliminando-os. — Cassa pegou sua bolsa e tirou a foto do vale que esteve procurando nas montanhas. Olhando de perto, a pôs sobre a mesa. — Um da Dúzia pode ter morrido aqui.
O olhar do Myron cintilou sobre ela antes de sua expressão ficar tensa com o que ela tinha certeza era o reconhecimento. Ele conhecia aquela área, conhecia aquele lugar.
— Reconhece este vale? — ela perguntou.
Quando ele levantou o olhar, seus olhos eram de pedra e duro.
— Isto pode ser em qualquer lugar. — ele disse sem emoção.
Cassa franziu a testa com a foto antes voltar a olhá-lo com desconfiança. Ela viu a reação dele, sabia que ele reconheceu aquele vale.
— Seis quilômetros e meio passando a bifurcação norte, ao longo da parte leste da maior ravina que desce a montanha.
— Isto pode ser em qualquer lugar. — ele repetiu num tom duro.
Cassa se recostou no reservado e olhou confusa para Myron. O que aconteceu nos últimos anos para mudar sua atitude com ela? Eles costumavam ser amigos.
— Qual é o problema, Myron? — perguntou a ele calmamente. — Você e eu trocamos informação por anos, o que torna esse momento diferente? O que faz diferente hoje do ano passado?
Os lábios dele se apertaram olhando para longe, para além das grandes janelas da cafeteria. Quando se voltou para ela, a animosidade não estava ali, mas tampouco era a amizade que costumava ver nos olhos dele.
— Você deve ficar bem longe da floresta de noite, especialmente se há algo envolvendo as Raças e a Dúzia Mortal. — ele disse finalmente, falando baixo ao se inclinar para frente. — Ouça-me, Cassa, estas montanhas são brutais, e não estou falando da natureza. O que está procurando aqui, deixe ir.
Cassa bebeu o café enquanto o olhava. Havia uma sombra em seu olhar, um aviso que não podia ignorar. Quando pôs o café sobre a mesa, certificou-se que sua expressão refletisse a determinação que sentia de descobrir que diabos estava acontecendo em Glen Ferris.
— Você me conhece melhor que isso, Myron. — ela o advertiu firmemente — Assim como eu te conheço. Sabe o que está acontecendo lá em cima, não é? Isso é algo em que está trabalhando sozinho? Trabalhamos juntos antes, poderíamos fazer de novo.
Ele tinha que saber. Ela via em seu rosto, em seus olhos. E ele não mencionou sobre sua primeira mulher, ou a sua morte. Ele nunca falou. De repente, teve a sensação que Myron escondia muito mais do que já revelou a respeito das Raças. Sabia que ele estava.
— Eu fico longe das montanhas agora. — ele expôs com voz ainda baixa — E este é o conselho que daria a qualquer pessoa. Diabo, fique longe.
— E ignorar o fato que pessoas estão morrendo. Outra vez. Assim como morreu sua primeira esposa.
Myron estremeceu depois respirou fundo e lentamente enquanto ela falava. Ela viu seu nariz tremer, viu a dilatação dos olhos e do piscar de seu olhar fixo na direção das Raças no salão.
Sem dúvida, eles podiam ouvir exatamente o que conversavam. A audição de uma raça era excelente, muito mais sensível que a de um humano e ela teve a sensação que eles estavam ali só para ouvirem sobre esta reunião.
— Pessoas ou monstros? — Ele rebateu. — Não estou preocupado pela morte de algo maligno, portanto não me olhe como se eu devesse estar. A Dúzia Mortal deveria ter sido exterminada antes que se juntassem. Você sabe disso tão bem quanto eu. E não falo de minha primeira esposa. Nunca.
— E se uma raça estiver cometendo os assassinatos? — Ela sussurrou para ele— O que acontecerá quando for capturada, ou quando essa raça enviar provas para uma jornalista que não se preocupa com nada, exceto em brilhar em todos os jornais do pais? Será que compensa a morte de sua esposa, Myron? Ou simplesmente verá mais raças assassinados?
Os lábios dele se apertaram.
— Justiça, Cassa. Não seria nada mais que justiça. Você sabe.
— E se essa justiça for usada contra as raças? — Ela baixou mais ainda sua voz quando seus olhos se estreitam sobre ela de novo. — E se eu te disser que o assassino pretende incriminar as raças com determinados assassinatos? Que há fotos das vítimas, suas gargantas arrancadas, seus corpos dilacerados? E se houvesse fotos de uma equipe de limpeza Castas? — Ela quase soletrou a ultima pergunta. — O que acha que aconteceria com tudo que nós dois lutamos tanto para salvar?
Viu sua expressão de perto. Toda emoção parecia ter sido apagada de seu rosto, enquanto que uma raiva sombria brilhava no seu olhar.
— Você sabe o que está acontecendo aqui, não é Myron?
Os lábios dele se abriram.
— Myron. — Uma profunda voz masculina falou atrás de Cassa— Você está aí. Sua esposa está te procurando, amigo.
Parece que a esposa estava sempre procurando por ele.
Cassa observou atentamente, quando o senhor mais velho entrou no reservado ao lado de Myron.
— Ela estava um pouco irritada por você não atender o celular.
— Meu celular está desligado. — murmurou Myron enquanto deslizava pelo outro lado do reservado e se levantou. O olhar que deu a Cassa era de alerta e preocupação— Se precisar de uma carona até o aeroporto esta noite, me avise.
Com isso, pegou sua jaqueta e saiu do reservado. Esse foi o aviso. Para ir agora. Isso a fez mais determinada a ficar.
— Mais café, Debra, se não se importa e uma fatia grande daquela torta de creme de banana que você tem aqui.
Cassa olhou o estranho em silêncio. Cinquenta anos, com um sorriso largo e amistoso e olhos castanhos escuros. O cabelo cheio, crespo e cinza estava penteado para trás do rosto, revelando ossos fortes e proeminentes.
Granjeiro Brown. Um jovem do país em sua maturidade. Era o auge da força e da resistência das montanhas.
— Umas poucas fatias, Walt, e é doce. — A jovem Debra cintilou um sorriso ao estranho antes de voltar-se para Cassa — Algo para você?
— Também vou querer a torta. — disse Cassa— E mais café.
Debra se afastou quando Cassa se voltou e deu uma olhada nas raças ainda sentadas vários reservados longe deles.
— Tem uma excelente sincronização. — disse ao Walt com um sorriso zombador. — Embora duvide que Myron fosse me dizer algo mais do que já tinha.
Walt arqueou uma sobrancelha.
— Sério? A maioria das pessoas dizem que minha sincronização é uma droga. Mas tudo bem, se é o que acha. — inclinou-se para frente lentamente— Mas isso não muda nada. A esposa de Myron estava procurando por ele. E acho que ele disse algo sobre você estar precisando de uma carona até o aeroporto.
Cassa quase riu. Ela recusou a oferta.
— Ainda não. Não vi Myron por muito tempo, gostaria de me por em dia com ele.
Walt exalou fortemente ante isso.
— Ele e Patricia têm tido um tempo difícil ultimamente. Quando o vi aqui, pensei em avisá-lo que ela estava procurando por ele.
Cassa franziu o cenho com isso. Myron e Patricia estavam sempre em desacordo um com o outro. Houve vezes ao longo dos anos que Cassa se perguntou por que continuavam juntos. E agora começava a se perguntar por que todo mundo achava que precisava resgatar Myron de Cassa.
— Eu sei que Myron a conhece muito bem. — disse Walt quando Debra pôs o café e a torta sobre a mesa antes de sair. — Ele falou de você muitas vezes
— Sério que ele falou? — Ignorado sua torta, ela apoiou seus braços sobre a mesa o olhando com curiosidade — Espero que coisas boas.
Walt riu disso.
— A maioria do que Cabal comenta a respeito de você. Teimosa. Determinada. Um corajoso cão farejador quando você está atrás de uma história. Considero isso um elogio.
Cassa continuou olhando com uma ponta de interrogação. Ou seja, por que diabos Cabal comentaria com alguém sobre ela, ainda mais com este senhor?
— Cabal comentou sobre mim com você? — Havia um tom de raiva em sua voz que lutou para conter. Tinha que ignorar Cabal e qualquer emoção que surgisse relacionada a ele. Não podia se dar ao luxo de ser possuída por um homem que a via como nada mais que uma propriedade. Ele ia tentar envolvê-la em seus braços, prendê-la. E já provou que iria a qualquer extremo para fazê-lo.
Walt olhou em volta da lanchonete, seus olhos se demoraram sobre as duas castas com olhos atentos e apertados. Segundos depois os dois homens olharam para ele com raiva, mas se levantaram de seus assentos e se dirigiram ao balcão para pagar o café.
— Estou impressionada. — Cassa disse a ele. — Eles não parecem do tipo que desistem tão facilmente. A maioria das raças não.
Walt riu disto, seus olhos cor avelã brilhando.
— Os conheço. São intrometidos como o inferno, mas realmente não causam muitos problemas.
Não era exatamente uma descrição honesta de qualquer raça. Todos eles eram problemas com P maiúsculo, e esses dois raças eram mais que apenas curiosos intrometidos.
— Então diga-me, Sra. Hawkins, o que está procurando em Glen Ferris que persegue Myron como caça uma Raça em território do Conselho? — Walt a olhava curiosamente, o rosto asperamente enrugado com linhas de sinceridade.
Cidades pequenas, você tinha que amá-las, Cassa pensou.
— David Banks. Anormalidades. Algo para acrescentar em minha história a respeito de seu desaparecimento.— respondeu alegremente enquanto puxava seu laptop, pegou a caneta e depois o olhou com expectativa. — Você tem alguma informação?
Walt riu.
— Banks era querido por alguns, odiado por outros. Sem meio termo. — Deu de ombro. — Eu suspeito que conseguiu escorregar e caiu no rio. Acho que encontrarão seu corpo qualquer dia por volta da primavera mais ou menos. Um caminho infernal a percorrer se me perguntar.
Ela inclinou a cabeça e o olhou em silêncio por um longo tempo.
— Parece muito seguro de como ele se foi. — comentou.
— Seguro como posso ser. — ele falou lentamente e terminou de comer sua torta— Banks, também gostava de jogar muito com Phillip Brandenmore e Horace Engalls. Talvez eles tenham afastado ele.
Ou talvez alguém tentava lançar uma maldita cortina de fumaça.
— Talvez. — Ela forçou um sorriso, tirou um pouco de dinheiro de suas calças jeans e o pôs sobre a mesa para a torta e o café que mal havia tocado— De qualquer modo obrigada, Walt.
Ela se levantou de sua cadeira para sair, ciente que o senhor se levantou também e a seguiu para fora da cafeteria.
— Senhora Hawkins. — Cassa parou quando a voz do Walt se endureceu.
— Sim? — Voltou-se para ele com a testa franzida.
— Tudo que está procurando aqui em Glen Ferris, confie em mim, se for honesta o suficiente para me dizer o que precisa. — disse, sua expressão sóbria, sincera. — Deixe-me ajudá-la.
— Tenho certeza que Cabal não aprovaria. — Cassa o alertou maliciosamente — Jonas definitivamente tampouco.
Se aquele senhor conhecia Cabal, então sem dúvida conhecia Jonas. Cassa não podia confiar nele, mesmo que Cabal ou Jonas o aprovassem ou não. Havia algo a respeito "de Walt" que a advertia que ele escondia muito mais do que revelava.
Walt riu.
— Aqueles dois não me assustam. Nunca conseguiram e não vão começar agora. Só tem que saber como lidar com eles. — Ele deu uma piscada divertida para ela. — Uma grande cadeira e um chicote forte. Sempre funciona.
Cassa riu, concordando com a cabeça. Não havia palavras mais verdadeiras que as que nunca foram ditas.
— Até que eles tomam o chicote e quebram a cadeira? — perguntou a ele enquanto desciam a calçada.
— Bom, sempre existe isso. — Walt riu — A ideia é conseguir impedi-los de se aproximar muito.
Quando Cassa começou a rir do comentário, uma sombra se moveu ao seu lado tão rápido que fez ela e o senhor se virarem. Cabal se apoiava contra os tijolos da fachada da cafeteria, suas sobrancelhas douradas escuras arqueadas, com um sorriso nos lábios.
— As raças não são tão fáceis de controlar ou conter. — informou a ambos, se endireitando e os olhando com zombadora diversão — Mas se quiserem podem continuar sonhando. — Virou-se para Walt com um lento sorriso — É bom te ver, velho. Como está a pesca?
— A pesca está danada de boa. — garantiu Walt com um sorriso fácil — Devia sair comigo um dia.
— Quando o tempo permitir, Walt. — prometeu Cabal— Estou um pouco ocupado agora.
Cassa sentiu uma pontada no coração, sua pele ficou sensível. Seus seios incharam, seus mamilos pressionaram duros e apertados contra o sutiã que usava por baixo da camiseta quando ele a olhou.
— Então, você estava tendo conselhos de Walt sobre como lidar com as raças? — Ele perguntou com um sorriso malvado.
— Contos de fadas não são o meu forte. — Informou Cassa — Ao contrário de Walt, eu conheço você e Jonas muito bem para cair nessa armadilha.
Mas isso não a impediu de ruborizar-se com fome quente quando a mão dele envolveu seu braço. Jurava que sentia sua mão através do tecido de sua camisa e da camiseta que usava debaixo. O calor de seus dedos, o tato áspero deles, calejado e sensual, jurou que quase podia sentir seu toque direto no centro dolorido de seu clitóris.
Estava molhada e sensível. O roçar da calcinha de seda contra suas dobras a fez refrear um tremor de prazer. E ele sabia. Que ele vá pro inferno.
— Oh, os conheço muito bem. — Walt sorriu— Só prefiro ver o bom neles, mais que o mau. Se houver algo mau para ver. — Falou lentamente. — Maldita posição para um senhor tomar, não é?
Era uma maldita posição para qualquer pessoa tomar em qualquer situação. Os óculos cor de rosa sempre se quebravam nos momentos mais dolorosos, e recuperá-los nem sempre era possível.
— É uma posição infernal para qualquer um assumir— murmurou Cassa puxando o braço do aperto de Cabal sobre seu braço, antes de olhá-lo ferozmente— Deixe-me ir.
— Diga, por favor. — Seu sorriso era animalesco e enviou um arrepio de excitação correndo por seu corpo.
Ele sabia o que fazia com ela, e fazia aquilo de propósito. Podia ver em seu rosto, no brilho dos olhos verdes e âmbar.
— Por favor. — Ela disse entre dentes.
Não gostou da sensação de calor que a envolveu ou o desejo que sentia correr rápido por seu corpo. Não gostava das emoções ou das sensações que a varriam toda vez que ele estava perto. Não gostava especialmente da excitação elétrica como estavam agora.
— Estarei mais que feliz de falarmos depois. — ele garantiu, antes de se virar para o outro homem com uma despedida. — Mais tarde, Walt.
Agarrou seu braço firmemente quando começou a andar na calçada, ignorando seu protesto silencioso quando ela puxou o braço de seu punho de ferro outra vez. Ele era muito forte, e também muito dominador. Queria chutá-lo, mas tinha a sensação que faria muito pouco bem. Raças malditos, teimosos desgraçados.
— Pare de lutar contra mim, Cassa. — ele rosnou quando tentou se soltar com um puxão o braço da prisão de suas mãos novamente — É hora de falar.
— Hora de falar ou hora de ouvir você me ordenando para sair da cidade novamente? — Sua voz era doce, açucarada — Desculpe, Cabal, mas estou muito ocupada hoje. Talvez amanhã.
Virando a esquina, ele a puxou para o estacionamento do restaurante e caminhou a passos largos ao longo dos automóveis estacionados. Seus dedos ainda estavas fechados ao redor de seu braço, puxando-a atrás dele. Lutar contra seu agarre só a punha mais furiosa, simplesmente porque ele agia como se não notasse suas tentativas.
— Aqui vamos nós. — Ele parou na picape preta estacionada no fundo da área e acionou o controle remoto. As portas se destravaram, segurou a maçaneta e abriu a porta do lado do motorista. — Vai entrar ou ficar?
— Não em sua vida. — Ela sorriu alegremente — Quer me amarrar no banco? — Olhou em volta, e para seu azar, não havia nem uma maldita alma penada por perto. — Acho que gosto de minhas costas livres se essa é sua intenção.
— Estou me cansando dessas acusações, Cassa. — disse brandamente— Nunca eu iria ferir você, sabe disso.
Seu olhar fixo cintilou quente e intensamente sobre ela. Havia sexo em seus olhos. A luxúria apertava suas feições e lhe dava uma aparência selvagem e afiada.
— Eu preciso de você, Cassa. Agora. — Ele rosnou.
Cassa perdeu o sarcasmo. Sentiu seu rosto ficar branco com a fome que retumbou na voz dele e se refletia em seu olhar agora.
— E isso é tudo o que importa? Onde estava ontem à noite? Esta manhã?
Onde ele estava quando acordou precisando do seu toque. Precisando dele abraçado a ela. Entretanto agora, sentia um desejo profundo por ele, a necessidade, uma dor constante crescia em seu ventre. Sempre soube que ele não precisaria de mais que um desses fabulosos olhares para tê-la totalmente derretida a seus pés. E ela estava certa. Isso era tudo que ele tomava.
— Igual a você, tinha coisas a fazer. — ele estendeu a mão e tocou seu maxilar com as costas de seus dedos — Você está tomando os hormônios, e evidentemente estão funcionando. Ou de outro modo teria me chamado ao seu quarto.
— Suplicando por sua atenção, você quer dizer? — ofegou amargamente. — Sim, deixe-me ficar de joelhos e começar agora.
— Não teria que suplicar, Cassa. — Seu tom se tornou sedutor, profundo com sensual promessa.
Ela desejava sacudir a cabeça, mas agora só podia olhá-lo surpreendida.
— Está jogando um jogo. — Sabia que estava — Acha que pode me seduzir para eu abandonar esta história?
Ele atirou a cabeça para trás com a ira acesa no seu olhar.
— Sedução? — ele grunhiu — Eu não acho isso, companheira. Duvido que pudesse te seduzir para que concorde que o céu é azul se você quer acreditar que é verde. Não tenho pretensões que possa ser persuadida tão facilmente a desistir de uma história.
— Mas tentará. — o acusou, a ira e o conhecimento agitando dentro dela como o desejo envolta de seus sentidos, atormentando-a.
Tocar. Ele estava tocando nela e carícias era algo que se negou por muitos e muitos anos. Ela precisava dele. Ansiava por ele.
Ele baixou de novo sua cabeça, seu olhar preso nos lábios dela, enquanto sussurrava quase beijando sobre seus lábios.
— Então resista a mim, Cassa. Tudo o que tem a fazer é se afastar. Se puder. Afastar-se, ou aceitar o fato que a luta acabou. É minha companheira. E isso é algo que pode muito bem destruir a nós dois.
Não pôde tocar sua pele com a dele, mas agora que ele a tocou, não queria mais parar. Não pôde beijá-la na boca, mas agora que essa linha foi cruzada, estava faminto por seu beijo. Disse a si mesmo durante tanto tempo que não podia tê-la. Seu dever era protegê-la, seu dever era reprimir o calor do acasalamento e garantir sua segurança, sua proteção.
Os últimos anos foram um inferno, forçando-se a ficar longe dela, a manter-se afastado. Negando a sentir o mais leve toque de sua carne macia.
— Poderia tentar me dizer que diabo está acontecendo.
Cabal queria uivar de raiva quando ela recuou, cruzou os braços sobre os seios e o olhou furiosa. Era boa nisso. A mulher podia olhá-lo furiosa com aqueles tempestuosos olhos cinza como qualquer homem de negócios.
— Poderia tentar. — ele recuou, olhando para o estacionamento enquanto colocava em ordem as emoções que fluíam dentro dele sempre que estava perto dela.
— Mas não vai tentar? — Seu olhar se apertou nele e ele quis rir. Maldição, ela o fazia esquecer todas as razões pelas quais não devia ter deixado que o acasalamento deles começasse aqui.
— Eu não disse isso. — Ele segurou o braço dela novamente, puxou-a para a picape e abriu a porta.
— Me machucando só me irrita — Conseguiu soltar o braço dos punhos fortes com um puxão quando a olhou surpreso.
— Machucar você? — Ele perguntou abruptamente. Foi por isso que lutou contra seu toque toda vez que tentava mantê-la no lugar? Pensava que estava maltratando-a? — Cassa, você é igual a um maldito brinquedo de corda. Nunca fica quieta por muito tempo. Como diabo vou protegê-la se não posso te manter dentro de um local seguro?
Ela sabia que as raças eram objetivas com uma meta, mais ainda com suas mulheres. Mesmo agora sentia sobre ele um poder armado e atento. Ele estava sempre vigiando, sempre alerta a ameaças, no entanto ele não parecia perceber isso.
— Não preciso de você para me manter segura. — ela explodiu — Não sou a que é um alvo, Cabal. Preocupe-se com sua própria segurança e eu me preocuparei com a minha.
Seus dentes se trincaram violentamente quando uma onda de luxúria correu por seus sentidos. Maldita mulher independente. Era como lidar com uma Raça. Ele se perguntou se ela tinha noção de que parecia com uma. Era óbvio que esteve perto das esposas dos líderes das Raças por muito tempo, seu modo independente e cheio de argumentação eram gritantes nela.
— O que você acha de fazer o que faço melhor, e vigia nossas costas? — ele rosnou quando a pôs de pé perto do banco do passageiro — Agora, você quer conversar, ou quer ficar aqui discutindo pelo resto do dia?
Viu a breve batalha em seus olhos e jurou que se debatia se discutia ou não ali com ele.
— Conversar? — Ela perguntou finalmente.
— Que diabos quer que eu faça, prometer que não vou tocar em você? Estamos no meio do calor de acasalamento. Eu quero tanto foder você que meu pau está latejando como uma ferida aberta. — Ele sentiu cada músculo do corpo tenso em sinal de protesto — Entre no carro, Cassa, antes que vá cuidar de meus próprios negócios e te deixe parada aqui.
No frio e no vento? Isso não era provável, seu instinto protetor em relação a ela estavam se tornando muito afiado, muito forte para nunca deixar que ele fizesse isso. Ela estava excitada, quase até a ponto de estar dolorida. Ele não permitiria que durasse muito mais tempo.
— Uma promessa teria sido boa. — ela murmurou, mas passou por ele, ignorando sua mão estendida e se sentou no banco.
Cabal fechou a porta antes de deixar um rugido de desgosto vibrar em sua garganta. Teria uma companheira com uma boca que endureceria um homem a cinquenta passos.
Algumas vezes seu irmão mencionava que nunca se aborreceu durante o acoplamento com sua esposa, Scheme. Tanner frequentemente falava que a vida era interessante agora. Cabal definitivamente não estava aborrecido com Cassa, nunca poderia imaginar-se aborrecido, mas maldição se não estava pronto para arrancar os próprios cabelos.
Sentando no banco do condutor, bateu a porta e deu a partida e a seguir saiu da área de estacionamento. Permanecendo calmo, dirigiu-se para a rua principal antes de sair da cidade para a pequena cabana que tinha alugado no parque estadual.
Cassa permaneceu em silêncio também, e assim só tinha a tensão apertando em seu corpo. Ele podia cheirar suas emoções, sua excitação e o indício de medo que sempre a enchia quando estava perto dele. Algo o cortou por dentro dele ao saber que ela o temia, mesmo que só um pouquinho. Era o medo dele. Conhecia o aroma disso, cheirava-o muito frequentemente em outros. Onde raras vezes o incomodou em qualquer outro momento, incomodava-o agora. Saber que algo tão elementar como a sua confiança estava sendo negada a ele, enviou-lhe uma ponta de decepção.
Manobrando a picape ao longo da estrada montanhosa, dava uma olhada sobre ela de vez em quando, vendo seu perfil acalmado. As ondas cheias do cabelo loiro escuro fluíam ao redor de seu rosto e ombros, caíam sobre seus seios e por suas costas.
Seus dedos coçavam de desejo de se enterrar naquela massa sedosa, e achou que se negar só fazia crescer sua fome. Sentia-se perdido com o desejo crescendo dentro dele. Esse desejo ameaçava seu controle e a missão em que trabalhava. Ela ameaçava a missão na qual ele estava.
No momento que parou o veículo na pequena garagem da cabana alugada, Cabal sentiu que sua vontade esticou até o seu limite. Era o perfume dela. Sutilmente doce, quente com um toque de desejo selvagem.
Era isso que o tentava além de sua resistência, ele decidiu, quando parou o carro diante da ampla varanda e desligou o motor. Aquele toque de especiarias silvestres em sua excitação.
— Aqui estamos. — ele anunciou quando se virou para ela.
— Conveniente. — Seu sorriso era tenso, enquanto se voltava para ele antes de abrir sua porta. — Onde estamos, a uns poucos quilômetros daquele pequeno vale que eu estava procurando?
Talvez dois. Surpreso por ela perceber aquilo.
— Tem um bom sentido de orientação. — ele disse, elogiando-a quando abriu a porta e saiu do veículo, antes de dar a volta para ajudá-la a sair. Não que ela precisasse de nenhuma ajuda. Estava pulando da picape quando ele se apressou a abrir a porta. Deveria ter sabido que ela era muito malditamente independente para esperar que um homem fizesse algo por ela.
— Meu sentido de orientação sempre foi excelente. — ela o informou quando ele pôs sua mão em suas costas pequenas e a levou até a porta da frente.
A cabana era grande e espaçosa. O piso de baixo, com sua sala, cozinha e dormitório de hóspedes amplos, estava limpo e arejado. Em cima, a suíte principal era muito ampla e atrás da porta revelou um grande banheiro. A cabana alugada foi construída para permanecer durante todo o ano, e com o excedente de raças, várias cabanas foram oferecidas para as outras raças que trabalhavam na missão com Cabal, quando fosse necessário.
— Bonito lugar. — disse quando ele fechou a porta detrás deles, em seguida silenciosamente a trancou.
— Ele é funcional. — Deu de ombros, passando por diante dela. — Café?
A última coisa que um deles precisava era café. A cafeína era como um detonador do calor do acoplamento, seria como jogar fósforo na gasolina e ambos sabiam.
— Certo. — Seu sorriso era conhecedor, zombador, quando o seguiu dentro da espaçosa cozinha. Sabia o que a cafeína fazia no organismo, e estava desafiando-o exatamente tão ferozmente como ele estava desafiando-a agora — Então podemos conversar.
Conversar não era exatamente o que ele tinha em mente. Deitá-la no chão e lamber seu corpo da cabeça aos pés, era agora uma ideia excelente. Mas, ele estava curioso. Quanto tempo mais o tratamento hormonal de acasalamento que ela tomava a seguraria para resistir a ele? Estava fazendo um efeito muito bom nela. Diabos, realmente muito melhor do que estava fazendo a ele.
— Claro, vamos conversar. — Embora ele não prometesse sobre o que conversariam.
A consciência da presença dela formigava sobre seu corpo como uma carícia invisível e enviou uma pontada dolorosa de solidão por ele. Ele sabia o que faltava que o mantinha a distância; sabia da satisfação que encontraria, apenas reclamando-a como sua mulher.
Mas também sabia o que arriscava se deixasse seus sentimentos envolvidos mais do que já estavam. Estava arriscando sua alma, assim como a dela. Ao contrários dos outros agentes Raça, Cabal era um agente secreto não registrado e conhecido por sua total falta de regulamentos. Era um agente suicida. Fazia trabalhos que as outras raças não podiam por causa da Lei de Castas ou dos protocolos. Fazia o trabalho com uma taxa de mortalidade muito mais elevada que a maioria.
Mas agora ele era um companheiro. Se algo acontecesse a ele, então o inferno que Cassa viveria era algo que ele não queria pensar.
Quando essa missão terminasse, seu status de agente deveria ser reconsiderado. Havia muitas outras raças que poderiam ocupar seu lugar, e pensou honestamente, ele ficaria mais que feliz em se afastar para eles.
— O que pretende falar então? Do fato que não me quer para companheira, ou que é muito tarde para fazer algo a respeito? — Havia uma pressão em seu tom que o fez virar e olhá-la em silêncio.
Diabos, não tinha imaginado que o acasalamento poderia ter começado com algo tão simples como seu sangue contra sua língua. Ela não fez mais que tomar uma gota de seu sangue, mas de algum jeito, foi o bastante.
Mentira. Ele ficou mais enfurecido que nunca quando viu Cassa e seu marido na sala de controle do Complexo onde pensou que morreria. Viu como ela lutou para salvá-lo, viu a alegria de Douglas diante do sangue e da morte.
Então ele a reclamou, ele pensou. Antes mesmo que tivesse fugido daquela cela, ele sabia que a reclamaria para si.
Agora ele sentia o cheiro de seu desejo, quase podia saboreá-lo no ar a volta deles. Na noite de seu resgate cheirou seu medo, sua fúria. Cheirou sua raiva e sua dor. E quando ela tocou seu rosto com seu dedo e levou o dedo a boca, jurava que sentiu o sabor de suas lágrimas e sua dor no ar ao redor deles.
— Ou poderíamos falar do corpo de H. R. Alonzo e o motivo pelo qual as Raças estão protegendo um assassino.
Ele diria pelo seu tom de voz no que ela realmente estava mais interessada. O corpo dela ardia no momento, mas aquela pequena mente afiada queria suas respostas primeiro.
— As raças não estão protegendo um assassino. — ele informou quando terminou de preparar o café e se voltou para ela — Estamos investigando o desaparecimento de David Banks, Cassa.
Ela bufou de modo delicado e feminino.
— Besteira. Você sabe da informação que enviei, Cabal, não tente mentir para mim. Sei que conseguiu acessar meus arquivos, assim como aos e-mails de meu servidor. Está rastreando meu laptop. Não sou tola. Sabe exatamente o que tenho, assim como sei o que está escondendo.
Era o suficiente para fazer um insensível e endurecido homem raça querer rir, ou pelo menos sorrir.
Ela tinha razão. Sabia a informação que ela tinha. Ele não fazia nada mais que atrasar o inevitável ao fingir que não tinha.
O suave som metálico da cafeteira completando seu ciclo soou atrás dele. Pegou duas xícaras dos ganchos embaixo do balcão, ele verteu a bebida aromática e descafeinada nelas e conduziu as xícaras até o grande balcão que separava a cozinha da sala de jantar.
Ele queria silenciosamente se atrever sobre ela com o calor de acasalamento a envolvendo, mas não ia deliberadamente vê-la mais desconfortável do que o necessário. A cafeína no café acelerava sintomas do calor do acasalamento no sistema sanguíneo, não o café em si mesmo.
— Mentir a você não é algo que tinha em mente. — ele disse enquanto ela se sentava num dos tamboretes do balcão de frente para ele — .Estou investigando o desaparecimento de Banks.
— Além da morte de Alonzo. — ela ressaltou com conhecimento de causa.
— Além de várias outras mortes. — Ele não ia admitir sobre Alonzo. Admitir qualquer coisa quando esta mulher estava perto dele era o mesmo que dar-lhe permissão para um interrogatório. Ela deveria ter sido promotora de acusação em vez de uma repórter de televisão.
— E acha que não sei exatamente quantas mortes há? O assassino me contatou, Cabal. Você sabe. Está mais que consciente disso, e você acha que pode continuar jogando este maldito jogo comigo? — Sua voz se levantou com espanto enquanto a raiva começou a enchê-la, e perfumou o ar a sua volta.
Ela chegava ao limite de sua paciência. Cabal soube e reconheceu. Assim como soube que ia ter que tomar uma decisão em breve. Fazê-la odiá-lo para sempre empurraria os dois para fora daquele jogo, ou permitir que ela entrasse no jogo. Nenhuma escolha era a que desejava enfrentar.
Por um segundo, o mais elementar segundo, seu autocontrole cedeu. A raiva se agitou nele ante a ideia de que ela raramente achava que podia pôr em perigo sua vida de modo tão imprudente e que ele não faria nada para protegê-la.
— Tenho o direito de proteger minha companheira. — ele empurrou seu rosto perto do dela, sentiu sua surpresa, viu em seus olhos arregalados e no rubor repentino que cobriu sua pele quando sua voz retumbou perigosamente. — Mas é necessário, Cassa, eu reclamo esse direito. Está em perigo aqui. O próprio fato desse cretino contatá-la me diz que ele observa você. Você sabe disso tanto quanto eu.
— Bem, eu rejeito esse direito. — De repente, estava cara a cara com ele, seus tormentosos olhos escurecendo-se mais se estreitando sobre ele com raiva, ousando e desafiando-o. Inferno, ele ia gozar dentro dos jeans agora.— Não acho que vou tolerar a força, Cabal. Não de você ou de qualquer outro homem. Nunca mais. E não pense por um minuto que pode me forçar a sair disto. O calor do acasalamento que se dane se permitir isso.
Cassa sentiu a raiva que esteve contendo nos últimos dias crescendo nela naquele momento, tentado se soltar do cuidadoso autocontrole que usava para refreá-la. Ela se concentrou na história que veio descobrir, até se permitiu concentrar em sua própria culpa em vez de suas ações. Essa visão estreita estava começando a se abrir e sua capacidade de continuar ignorando suas ações estava ruindo.
Ele se atreveu a forçá-la com braço forte, e até a mentir para ela. A amedrontou aqui, deliberadamente na floresta em sua primeira noite e em sua mente admitiu que sempre achou que não importava a circunstância, seu Bengala nunca a trataria desta maneira. Nunca permitiria que outra raça a perseguisse, nem que tratasse de forçá-la a sair de algo que era tão importante para ela.
— Nunca mais? — O brilho dourado das manchas cor âmbar em seus olhos verdes escuros se intensificou — Sei que eu nunca forcei nada contigo, Cassa, assim de que diabos está falando?
Sua voz baixou. Havia um raio de violência latente nele agora a arrepiou em sua espinha e a fez se perguntar se o homem com quem foi casada tinha sorte de estar morto. Tinha morrido facilmente. O aspecto do rosto de Cabal a fez suspeitar que ele podia matar brutalmente um homem.
— Deliberadamente permitiu que me perseguissem através deste bosque. — o acusou furiosa — Deixou que Dog me aterrorizasse. Deixou-o me afugentar deste vale para não ter que lidar com isto. O que você fez foi horrível e doloroso e algo que jurei que nunca poderia fazer a uma mulher, muito menos a sua companheira.
Viu-o apertar o maxilar, o músculo marcou furiosamente sob sua pele enquanto a olhava ferozmente. O olhou com fogo nos olhos. Inferno, sentia-se enfurecida, com vontade de bater.
— Como você se atreveu! — Ela gritou enquanto saia da banqueta e golpeou suas mãos furiosamente sobre o balcão — Como se atreveu a me fazer isto!
— Como ousa arriscar sua vida de tal maneira! — Ele gritou para ela. — Como se atreve a achar que eu permitiria a qualquer raça, não importa o motivo, a chance de ousar respirar seu ar! Vá pro inferno, Cassa. Quase quebrei meu maldito pescoço para chegar a você naquela noite.
— Então devia ter feito mais que tentar me afugentar mais tarde. — gritou ela — Tem zero respeito por mim, Cabal. E menos ainda compreende quem sou eu, ou não acharia que pode mentir e conspirar para me tirar desta história.
— Que diabos você esperava? — ele rosnou — É como um maldito cão furioso com um osso. Duvido que a morte o pararia.
Ela revirou os olhos diante da indignação masculina.
— OH, perdoe-me por fazer meu trabalho! — ela disse sarcasticamente — Desculpe por me importar se as raças estão incriminadas ou em perigo de perder toda a credibilidade da opinião pública que adquiriram ao longo dos anos.
— Credibilidade da opinião pública o meu rabo. — ele grunhiu, e ela não pode culpá-lo. A maioria da boa vontade e simpatia expressa para as Raças não era mais que uma tentativa politicamente correta que muitas grandes personalidades declaravam sobre eles.
— Eu trabalhei duro, Cabal, assim como outros jornalistas com quem trabalho, para garantir que a imagem das raças seja mostrada da melhor forma possível, enquanto ainda permanecem dentro dos limites da verdade. Não está me ajudando em nada aqui.
— Verdade? — Ele deu a volta no balcão, seu corpo tenso, pronto para agir enquanto sua expressão se fechava indignado. — Que verdade, Cassa? Se achasse uma raça debruçada sobre um corpo ensanguentado, o que faria então?
— A mesma coisa que estou fazendo agora! — ela gritou, pondo as mãos nos quadris enquanto o enfrentava desafiante e ela adorou cada segundo disso— Investigar, Cabal. Tenho as fotos de um evidente ataque de raça e assassinato. Vê alguma coisa no jornal ou me vê tentando entender quem diabos está tentando incriminar as raças e por quê?
— Eu vejo você tentando conseguir seu rabo morto. Isso é o que vejo.
Ela quase riu de sua expressão. Era totalmente macho, furioso e cheio de frustração. E ela não estava assustada. Estava enfrentando-o desafiante e sem medo. Não a machucaria. Ele não a machucou naquela noite no bosque, e não o faria agora. Ele a tinha amedrontado, trouxe-lhe lembranças de um passado que queria esquecer e a enfurecia, mas não a tinha machucado.
— Bem, acho que só tem que me deixar continuar alegre meu pequeno caminho, e me desejar sorte. — ela disse. — Porque não há uma chance no inferno, Cabal, de que vai me deter.
Cabal sentia o calor e a fome chegando a um ponto de ebulição dentro de sua mente. Ela estava informada sobre isto. Sabia que estava informada sobre isto. Esteve perto das raças tempo suficiente, em especial dos casais acasalados, para saber que tal desafio verbal e físico, só uma companheira podia fazer.
— Nós não somos guerreiros normais, Cassa. — ele avisou baixando sua voz quando um rosnado saiu de sua garganta. — Sabe o que está fazendo.
Sua sobrancelha se arqueou maliciosamente.
— Realmente sei? — Afastou-se dele e deu alguns passos antes de se voltar — O que estou fazendo, Cabal? Recusando-me a fazer do seu jeito? Pobre pequena raça Bengala. Foi tão estragado pelos seus brinquedinhos que acha que todas as mulheres vão se ajoelhar e adorar aquelas pequenas manchas raiadas que tem em sua bunda. Sinto muito, querido, eu não. Sua arrogância já é bem grande como está.
O pensamento daquelas mulheres, um maldito desfile delas que visitaram sua cama e a de seu irmão, era o bastante para fazê-la ranger os dentes. Houve vezes que ela esteve certa que isso a zangou muito mais que seu mau trato e luta para afastá-la de sua busca da verdade em Glen Ferris. Se havia uma fã das raças com a que Tanner e ele tivessem falhado ao longo dos anos, não se devia a sua falta de esforços para foder a todas.
— Deixe as manchas fora disto. — ele disse aproximando-se, seu grunhido era uma advertência.
Devia ser mais bem informada sobre mencionar as raias; boatos diziam que Cabal desafiava suas amantes a mencioná-las. Dizia-se que ele odiava as listras de Bengala, os estranhos e finos pelos que iam de um ponto ao longo de cada nádega rodeando sua perna para terminar em um ponto no interior de cada coxa.
As incomuns marcas eram muito eróticas. Queria beijar cada um desses malditos pelos, mas ainda não tinha encontrado a coragem para tentar.
Ela arregalou os olhos com falsa inocência.
— Quer dizer que todas aquelas pequenas vagabundas que você esteve fodendo ao longo dos anos não se atreveram a mencionar as manchas com você? Por que Cabal? Porque são descuidadas. São sexy. Elas me deixam molhada. — Ela estava cara a cara com ele. — Fazem-me querer te acariciar por toda parte.
Seus olhos se estreitaram sobre ela.
— Está me desafiando. — disse, sua voz tão sombria e alerta que enviou um arrepio por sua espinha. — Por que, Cassa? Por que me pressiona assim quando sabe aonde levará? Acha que quero te possuir sem pensar? Sem consideração? Por que me pressiona desse jeito?
Se o brilho nos olhos dela fosse algo para se guiar, então estava mais que disposto a descobrir se pudesse se apressar.
— Nunca fui uma que gosta de jogar em segundo plano. — Ela cruzou os braços sobre seus inchados e sensíveis seios e apertou o maxilar quando a raiva subiu por ela. — Quantas mulheres já teve desde que começou a suspeitar que eu era sua companheira, Cabal? Uma dúzia? Duas?
— Pelo menos faz o número aceitável. — ele grunhiu.
Os lábios da Cassa se apertaram furiosos. O viu continuar a foder um sem número de mulheres ao longo dos anos. Ele e seu irmão compartilhavam aquelas mulheres, jogaram jogos sexuais que fariam ruborizar a maioria de homens adultos.
— O número é muito aceitável para mim. — disse friamente — Realmente, Cabal, sua falta de fidelidade me espanta. Pensei que os homens raças fossem fiéis do momento que começavam a suspeitar quem eram suas companheiras. O que é isso? É uma exceção à regra? Precisa de um harém em vez de uma companheira, é?
Ela precisava examinar sua cabeça. Estava pressionando-o, desafiando-o a tomá-la, e sabia. Em algum lugar entre ontem à noite e esta manhã tinha perdido sua prudência.
— E eu pensei que estava aqui pela história. — O retumbar de sua voz fez vibrar seu clitóris — Não sabia que veio reclamar seu companheiro, Cassa. Devia ter dito algo antes. Teria garantido de ter tempo para te acomodar.
Um ardente rubor cobriu seu rosto com seu tom.
— Isso é insultante, desgraçado. — ela explodiu — Vá pro inferno! E enquanto estiver lá, dia ao Jonas Wyatt para beijar minha bunda. Informarei sobre o que tenho até agora. Aposto que ganho o meu Pulitzer por revelar a verdadeira cara das Raças.
Não, ela nunca faria isso. Não podia fazer isso às pessoas que conhecia como amigos, mesmo por uma história. Mas merda, ele merecia suar por isso, assim como Jonas.
Ela se virou para sair da cozinha, para ficar longe dele o mais rápido que pudesse. Caminharia aquele solitário caminho de montanha na calada da noite para fugir dele. Irritável, resmungão imbecil. Precisava estar ligada a uma raça, como precisava de um buraco na cabeça. Especialmente esta raça.
Não tinha ideia do quanto ele a enfureceu quando ele negou o impulso natural de tomá-la, reclamá-la. Sabia que se negou. Sabia por que ela o rejeitava. Ele não tinha uma desculpa, nem tinha uma razão para isso que pudesse justificar com ela. Era um felino. Claro e simples. Não a tomava porque ele não queria ser amarrado. Ele não poderia jogar todos os seus baixos joguinhos sexuais com ela ou fazer sexo com cada mulher disposta a levantar a saia para ele.
— Como diabos está saindo?
Sua voz era animal, vibrava de luxúria e exigência quando sentiu seus dedos envolverem seu braço, puxando-a para enfrentá-lo de novo.
Pondo suas mãos contra o peito largo dele, Cassa o olhou se recusando a se intimidar pela súbita fome refletida em seus olhos.
— Droga. Acho melhor acreditar que estou partindo. Serei maldita se precisar de alguma coisa de você, Cabal. Necessidade ou desejo. Vou levar rapidamente meu alegre traseiro ao Santuário, Ely tem que aumentar o tratamento hormonal, e você pode ir pro inferno. — Ela empurrou a mão contra o seu peito, mesmo sabendo que ele não estava disposto a deixá-la ir.
Ele podia sentir o poder a intenção em seu olhar, a fome e a luxúria que de repente agitavam no ar a volta deles.
— Você acha que eu não te reclamei devido a algo tão insignificante como o desejo por outras mulheres? — Apertou seu braço. Não dolorosamente, mas como se seu desejo de tocá-la, de acariciá-la, anulassem qualquer que fossem as exigências que fazia a si mesmo.
— Realmente não me importo por você não me reclamar, como diz. — ela zombou em sua cara. — Nunca serei reclamada por você, Cabal. Não nesta vida ou em qualquer outra. Estava disposta a trabalhar com você, para ser uma companheira há uma diferença.
Trabalhar com ele, e talvez conhecer tudo a respeito do que era essa fome por ele, como o calor de acasalamento poderia dar algo que ela nunca teve. Alguma coisa sua. Um homem para amá-la, um homem para cuidar dela. Não o queria em sua cama, porque foi obrigado a ir para ela só pelo calor de acasalamento. Queria que ele a quisesse. E foi muito ingênua para perceber que não podia funcionar desse jeito para ela.
Foi avisada que o calor do acasalamento era algo que não se podia negar, mesmo da forma mais suave. Não acreditou até o dia em que se encontrou Cabal St. Laurents cara a cara. Até que viu a tormento que contorcia seu rosto, viu a solidão em seus olhos e sofreu por tudo que ele perdeu em sua vida. Ainda mais, em parte ela sofria pelo que ele perdeu.
O desejo de ir até ele após o seu resgate todos aqueles anos que passaram quase esmagou seu juízo. Quis tocá-lo, consolá-lo. Sofreu por fazer algo, alguma coisa, para aliviar a dor que sabia que ele sentia com a perda do grupo que ele amava tanto. Quis desculpar-se pelo que Douglas fez. Quis ter certeza que ele estava seguro. Só quis ser uma pequena parte de sua vida. Algo mais que uma má lembrança.
— Você é um tormento. — Puxou-a para mais perto, seus seios contra seu peito forte, sua pesada coxa pressionando contra suas pernas enquanto a imprensava contra a parede.
— Você atormenta meus pensamentos. Você tortura meu corpo com o desejo. Por que diabos você entraria nesse acasalamento tão despreocupadamente, enquanto me confunde ao querer ir para longe de mim, Cassa? Sabia o que enfrentava ao me pressionar aqui. Admita. Sempre soube.
Sim, ninguém jamais a indicou para o prêmio de sensatez e certo como o inferno que não ia fazê-lo agora. Era evidente pelo seu casamento com seu falecido marido, que tinha muito mau gosto para homens, e Cabal apenas provava essa teoria. O problema era esse, não era só sua culpa. Por alguma razão a natureza decidiu se divertir e a ajudava a enroscar sua vida ainda mais.
— Por favor, tenha a gentileza de me perdoar por pressioná-lo em qualquer direção — ela disse entre dentes. — Honestamente, Cabal, tudo o que quero de você é a maldita história. Isso é tudo. Diga-me o que preciso saber e seguirei o meu pequeno caminho feliz e o deixarei continuar trepando com o resto da população feminina. Não é isso o que você quer?
Isso era possível? Sabia que as mulheres acasaladas não suportavam o toque de outra pessoa, mas os homens acasalados podiam?
Ela tentou afastar-se dele novamente. Tentou ignorar a sensação de seu pau pressionando em seu estômago, duro e insistente entre as camadas de roupas. E tentou ignorar o desejo que começava a bater em seu corpo, o repentino desejo pelo sabor do beijo dele, a sensação de suas mãos acariciando sobre sua carne. Ela queria negar tudo.
— Droga! — Ele rosnou. — Eu sabia que você faria isso comigo.
— O que? Recusei-me a deixá-lo pensar que é o senhor de tudo que investiga? — Ela disse furiosa.
Uma mão se moveu de seu braço, tocou sua face e ele segurou sua cabeça firmemente enquanto baixava a dele.
— Eu sabia que destroçaria meu maldito controle. — ele sussurrou, sua voz atormentada agora, profunda e sombria e refletindo os mesmos desejos que ela não podia controlar por mais tempo — Droga, Cassa. Eu sabia que você acabaria me destruindo.
Ela abriu os lábios para discutir aquela afirmação. Ela ainda tinha uma excelente resposta para destruir seu ego. Antes que pudesse falar, antes que pudesse arrasá-lo por fazer aquela ridícula declaração, seus lábios cobriram os dela. Sua língua empurrou para dentro de sua boca. O sabor de canela e de especiarias encheram seus sentidos, explodindo na forma de calor por todo seu corpo.
O sabor de Cabal. Amava o sabor dele. Seu beijo. Ansiava por senti-lo de novo. Apertou seus dedos nos antebraços e se levantou para ele. Sua língua tocava a dele, provou o picante calor do hormônio de acasalamento, e soube que estava perdida. Ou tinha se encontrado?
Lábios, dente, línguas. O gosto do desejo, da necessidade e do calor, queimou Cassa quando Cabal a puxou contra seu peito e tomou a carícia com fome, com uma força que acendeu seus desejos. Era melhor que a última vez. Era mais quente. Era mais brilhante. Doce Deus tenha misericórdia dela, era como ser jogada dentro de um turbilhão tão ardente, tão brilhante, que nada importava exceto as sensações que a assolavam agora.
A arrogância era uma parte dele. Ele ecoou em seu rosnado faminto quando ela tentou recuar e acrescentou dominação para prender sua nuca, para mantê-la no lugar para seu beijo.
Cassa gemeu quando sua língua golpeou sobre a dela e derramou mais do picante sabor que rapidamente a tornava viciada.
Definitivamente ela perdeu o juízo, porque sabia o que enfrentava ao aceitar isto, desafiando-o a tomá-la como ela fez. Sabia que poderia ser difícil terminar com ele, mas o desejo, OH Deus, o desejo a cortava, como estacas de aço que excitavam dentro dela queimando com fome.
— Maldito. — A pequena mordida em seus lábios a fez ficar na ponta dos pés, desesperada por mais. Seu beijo, mesmo sem esse maldito hormônio percorrendo velozmente em seu organismo, era ainda mais que qualquer outro beijo que conheceu.
Faminto, guloso, cheio de desejo, com mais luxúria que tudo que ela conheceu.
Abrindo sua camisa, lutou para tocar sua pele, para acariciar seu corpo enquanto seus lábios se aproximavam dos dela de novo, seu corpo duro pressionando suas costas com força contra a parede.
Puxou o fôlego quando suas mãos fortes apertaram e levantaram sua bunda para mais perto dele. Suas coxas abertas sobre as dele. Seu pau, mesmo através da camada de sarja, estava muito duro e faminto quando pressionou entre suas coxas e acariciava sobre seu clitóris.
Cassa envolveu seu pescoço e agarrou-se firmando enquanto seus quadris se retorceram com vontade própria contra ele. Contorcia-se, empurrando, acariciando o seu clitóris contra o pau grosso e duro, enlouqueceu de excitação que contraia palpitando no fundo da boceta molhada. Seus dedos se enterraram nas mechas sedosas do cabelo dele, o acariciou com a ponta dos dedos, eroticamente, sensualmente. Tudo a respeito de Cabal era muito erótico, muito sensual. Ela sabia que perdera aquela batalha há meses.
— Não. Por favor. — Ofegou a súplica quando ele afastou o rosto do dela, a mão dele segurou firme em seu cabelo para imobilizá-la no lugar enquanto a olhava ferozmente.
— Sabe o que está fazendo. — ele disse, sua voz como uma carícia numa noite quente de verão. — Diga, Cassa. Sabe o que está fazendo.
— Sei o que estou fazendo. — Apertou os dedos em seus cabelos para recuar a cabeça. — Maldição tem razão, sei o que estou fazendo.
Ela era dele. Uma parte dela se recusava a aceitar nada menos que de fato que lhe pertencia. Pagaria por isso mais tarde. Podia muito bem morrer por isso mais tarde. Mas por agora, ele pertencia a ela. Era seu para abraçá-lo. Ela nunca teve ninguém, nem nada, que pertencesse apenas a ela, até Cabal. E ela nunca pertenceu a ninguém que ela se importasse de verdade.
— Isso não muda nada. — Ele a levantou para mais perto, contra seu corpo e começou a caminhar pela cabana até as escadas que levavam ao quarto. — Nada, Cassa. Esta história ainda é inacessível para você.
Isso era o que ele pensava. Deixa que ele pense assim. Que acredite no que quiser por enquanto, ela mostraria o contrário depois. Não seria dominada por este calor de acasalamento assim como não foi dominada por ele. Seus lábios se abriram, e mordiscou o lábio inferior dele enquanto seguiam lentamente pelas escadas. Sua língua lambeu sobre a pequena ferida e quis saber como ronronar, porque teria ronronado com o prazer que a envolvia.
— Pare de me dar ordens. — ela ofegou quando ele apertou sua bunda. — Beije-me outra vez, Cabal. Apenas me beije.
Os lábios dele cobriram os dela de novo enquanto soltava um gemido abafado. Foi um beijo dado com o mais puro desejo e cheio de fome ardente. A língua dele acariciou seus sentidos ao acariciar dentro de sua boca, se entrelaçando na língua dela. Derramou o hormônio em sua boca, lentamente no começo, esquentando e se espalhando no seu corpo, lançando seu corpo no caos enquanto se sentia sendo deitada em uma cama.
A cama de Cabal.
Levantou seus braços quando ele levantou a ponta de sua camiseta e a tirou lentamente de seu corpo.
O frio do quarto eriçou seus seios cobertos de renda por um segundo. Só o tempo que levou para atirar a camiseta longe, e com sua palma cobriu os montes pesados e duros.
— Eles são tão lindos. — ele suspirou, sua voz grossa e rouca — Eu sonhava em acariciar seus seios, Cassa. Em tomar eles em minhas mãos e apenas olhar eles ficarem corados.
Ela olhou para baixo. É claro, seus seios estavam tão corados quanto o seu rosto e o resto de seu corpo. Seus mamilos pressionavam duros e exigentes nas palmas das mãos dele e sabia que eles se tornariam muito mais vermelhos com a ânsia de seu toque, seu beijo.
Ficou quase sem fôlego quando suas mãos se moveram, seus dedos abriram o fecho do sutiã e o tirou enquanto ela lutava para conter um grito de entrega total.
Mas ela soltou um grito, dobrando a cabeça quando um seio duro e enrugado desapareceu nas quentes profundidades de sua boca. Os lábios dele se fecharam famintos sobre o seio, o rosto áspero dele roçando no mamilo sensível enviando rápidos flash de prazer que contraíram direto no seu clitóris.
A sensação de seus sucos fluindo entre suas pernas fez seu quadril se contrair, se arqueando contra ele. Queria-o nu, queria estar nua com ele. Queria sentir cada centímetro dele acariciando e tocando o corpo dela.
Quando a cabeça dele recuou, soltando seu mamilo úmido, ela quase gozou ao ver isso. O olhar dele era cheio de luxúria, pois era muita a fome em seu rosto.
Abaixando-se, ele segurou a barra de sua camiseta e a tirou com um puxão, exibindo os impressionantes músculos de seu peito e abdômen. A tatuagem de uma presa ensanguentada desenhada em seu ombro. O bíceps do outro lado estava o que era conhecido como uma tatuagem tribal de uma raça: arame farpado, caninos e punhais dentro de um círculo. Era impressionante, sexy como o inferno e parecia tão perigoso quanto ela sabia que as raças podiam ser. Engraçado que até agora, ela não tivesse prestado muita atenção à tatuagem. Já o tinha visto, sabia o que ele era, mas esteve despercebido de sua atenção antes.
Suas mãos mudaram de direção, seus dedos agarraram o cós da calça jeans, quando ela puxou de repente o primeiro botão de metal. A cabeça de seu pau apareceu por cima da abertura. A cabeça grossa, avermelhada, palpitando por atenção.
— Ainda não. — Ele disse afastando as mãos dela para a cama — Mais tarde.
— Ao inferno com mais tarde. — ela ofegou, lutando para voltar dedos ao lugar para tocá-lo— Eu não disse que você podia fazer regras aqui, Cabal.
Ele escolheu esse momento para soltar o jeans dela e puxou o zíper da braguilha para baixo. A cintura dos jeans se abriram e separaram, revelando a pele do abdômen plano e bem desenhado dela enquanto ela se congelava sob a fome do olhar dele. Não podia se mover sob seu olhar. Sua expressão estava absorta quando ele se abaixou, tirou as botas e as meias, terminou de tirar a calça jeans, puxando-a por suas longas pernas.
Cassa estava hipnotizada pelos olhos dele, pela sua expressão. O brilho dourado em um campo de vibrante cor verde escura enquanto a despia. As sedosas calcinhas desceram com as calças jeans, retirados com uma carícia lenta de suas mãos calosas e a jogou na beira da cama junto com o jeans.
Agora ela estava nua debaixo dele. Arrepios gelados de sensação percorreram seu corpo quando a palma da mão dele encostou em sua barriga, acariciando-a até que seus dedos encontraram os cachos suaves entre suas coxas.
— O tratamento hormonal de acasalamento. — ele rosnou — Posso sentir o cheiro em você. Foi isso que permitiu que você ficasse longe de mim.
— Isso me permitiu sobreviver. — o informou asperamente — Eu não sou uma marionete do acasalamento, Cabal. Recuso-me a ser uma.
Ela viu como seus olhos se estreitaram sobre ela, seus lábios curvados com diversão quando as pontas de seus dedos se moveram lentamente pelo centro encharcado de seu corpo.
Cassa ofegou e se arqueou contra a carícia. Jurava que podia sentir o calor das chamas explosivas em cada poro que os dedos dele tocavam.
— Confio em você para continuar tentando ficar um passo a minha frente. — Ele murmurou antes de recuar um passo, seus dedos indo aos botões de metal de próprio jeans enquanto tirava as botas de seus pés.
— Quem está tentando? — Ela mal podia respirar, muito menos falar. — Eu consegui.
Ele resmungou ao ouvir isso, mas discutir não era o seu primeiro impulso quando o impressionante comprimento de seu pau foi revelado aos olhos dela, junto com as leves listras manchadas de Bengala em suas coxas.
Cassa tremeu ao ver a prova física do animal que existia dentro dele e de como ele realmente estava perto da pele. As listras de cor laranja, três de cada lado, curvadas ao redor da carne dura do coxa externa até a parte interior das coxas.
As manchas listradas se contraiam sobre o músculo enquanto os dedos da Cassa se curvaram com o desejo de tocar elas, de percorrer suas unhas ao longo delas.
— Eu adoro estas manchas listradas. — Uma onda de sensualidade percorreu seu ventre quando ele se ajoelhou na cama e se aproximou dela.
— As manchas não estão em discussão. — ele a avisou, seu olhar completamente carnal.
— Não ainda. — Ela concordou deslumbrada pelo brilho dourado de desejo no olhar dele quando veio sobre ela.
— Nunca.
Os lábios dele cortaram qualquer protesto que ela podia ter em mente de fazer. Eles cobriram os lábios dela enquanto sentia o corpo nu e duro por sobre ela. As coxas pesadamente musculosas separaram as suas coxas delgadas e a ponta de seu pau beijou a quente umidade dos seus lábios internos.
Cassa se enfiou no beijo com um desespero que nunca conheceu pelo toque de outro homem. Seus braços envolveram seu pescoço, seus dedos se enterraram em seu cabelo. Sentia suas coxas apertadas sobre as dele enquanto arqueava seus quadris numa selvagem tentativa de forçar a carne dura do pau a entrar mais profundamente dentro do abraço das dobras molhadas entre suas coxas.
— Ainda não. — Ele recuou, descendo os lábios por seu pescoço, enviando rápidas ondas quentes de prazer ao longo dos pontos sensíveis ali. — Ainda não, meu bem. Primeiro quero saborear você. Você tem me tentado há muito tempo com o cheiro de sua excitação, agora você vai me deixar te provar.
Ela estremeceu diante do tom dominador e de desejo em sua voz.
Cassa levantou a cabeça para ver como a língua dele lambia seu mamilo, então ele começou a descer por seu corpo. Um beijo aqui, um beliscão ali. Sua língua passeava por sua pele e a deixou ansiando por mais enquanto ele descia por sua barriga para o ardente calor de seu sexo.
— Tão doce. — Ele sussurrou com voz áspera— Você tem um cheiro doce como o sol.
A língua dele golpeou ao longo da estreita fenda enquanto soltava em parte um rosnado, em parte um ronronado que enviou um soco forte de luxúria no ventre dela. Seus quadris se arquearam para mais perto, suas mãos enfiadas nos cabelos dele e um intenso calor sensual começaram a queimar por seus sentidos.
Sua cabeça se inclinou para trás quando o prazer a matava. A língua de Cabal estava dura. Roubando seu juízo enquanto acariciava em volta do sensível botão de seus clitóris e depois batia nele e em seguida o chupava.
— Cabal. — Seu grito era um lamento cheio de fome quando latejantes fragmentos de desejo ecoavam por sua carne.
A excitação era uma fome sem fim. Ela latejava e doía desde seus clitóris até seus mamilos duros. Cada centímetro de sua pele estava sensível, cada parte de sua mente se consumia.
Ela sentia o efeito viciante do hormônio correndo por sua corrente sanguínea, queimando em suas veias. Não era o bastante. Ela precisava de seu toque, precisava de tudo dele.
— OH Deus! — Ela quase gritou a oração quando sentiu seus dedos enterrados nas apertadas profundidades de sua vagina. Os dedos a abriram, queimaram, empurrando dentro dela até que estava certa que não conseguiria conter os últimos resquícios de seu juízo.
Cassa não conseguia parar de mover seus quadris, para levar os dedos deles mais para dentro de si. Ela sentia como se estivesse sendo dilacerada pela fome, pelo desejo de ser cheia, de ser tomada. Estava perdida no prazer ardendo nela, e não tinha nenhum desejo de ser salva disso.
A língua de Cabal percorreu sobre e em volta de seu clitóris. Chupando-o delicadamente e depois com força. Tudo enquanto seus dedos a fodiam lentamente e tranquilamente, pressionando-a para transpassar o ponto que pudesse manter como medida de controle.
Um controle que não queria em seus braços.
— Mais. — Ela disse ofegante sem ar, fincando os dedos em seus ombros, enquanto se arqueava mais contra ele.
Abriu mais suas pernas, desesperada por mais beijos, mais carícias, mais que qualquer coisa que ele quisesse lhe dar, porque não tinha ideia de que diabos precisava além de ser possuída por ele.
Tinha jurado que nunca permitiria que um homem a possuísse. Fez essa promessa a si mesma quando percebeu que seu marido era mais um monstro que amante. Agora, onze anos depois, não se enganava. Seu amante era mais animal que homem e se prometeu que dessa vez cuidaria de seus sentimentos, por isso cuidaria do que não tinha. Por isso poderia ter.
Podia mergulhar nisto. Aqui e agora. Retorceu-se embaixo dele, apertou seus quadris mais alto, levando o clitóris mais para o fundo da sua boca sentindo o aviso da pressão tortuosa do prazer correndo por ela.
— Cabal. — Gritou seu nome quando lutou e não pôde conter as sensações.
A resposta dele foi um rosnado baixo, um golpe de sua língua sobre seus clitóris e de repente, o poderoso impulso de seus dedos dentro de sua vagina.
Ela explodiu de prazer, se surpreendendo com a força disso, e a força dele. Seu corpo se enrijeceu com os repentinos e angustiantes pulsos do orgasmo e o fogo golpeando através de cada célula de seu corpo.
Jurava que se ouviu gritando o nome dele. Estava certa que fez isso, apesar de suas tentativas para não. Suas mãos estavam presas nos cabelos dele, prendendo sua boca contra suas coxas abertas enquanto se sacudia e se estremecia debaixo dele.
O suor encharcava seu corpo quando o desejo de uma relação sexual subia por ela de novo. Retorcendo-se embaixo de suas carícias, Cassa lutou para encontrar o alívio que precisava para o calor inundando seus sentidos.
— Inferno sim, meu bem. — O rosnado animal ecoou a sua volta quando Cabal de repente veio de joelhos entre suas coxas— Vem para mim de novo.
Ela olhou para debaixo de seu corpo, viu seus dedos em volta do pesado comprimento de seu pau enquanto se inclinava para ela. Observou enfeitiçada como a cabeça enorme do pau separou os inchados lábios de seu sexo, seus sucos brilhavam quando ele a separou mais fundo.
— Você é minha, Cassa. — ele declarou, sua voz desigual, áspera, quando começou a empurrar dentro dela.
Ela queria rir diante da reclamação, mas não achou o ar. Em troca, olhou-o ferozmente.
— Ao contrário. — ela ofegou. — Você é meu.
Ela não deixaria possuí-la. Ela é que o possuiria. Queria envolvê-lo tão profundamente dentro de sua alma que, quando a verdade viesse à tona, ele nunca poderia se afastar dela. Tão profundamente que ele tentaria ver, entender o que ela sabia que ele nunca entenderia.
Um sorriso duro curvou os lábios dele ao ouvir a declaração logo depois seus olhos se apertaram e ele recuou o corpo para logo voltar sobre seu corpo. Ele estava entrando nela, pressionando e entrando dentro dela. Ela olhava, gemendo de desejo, a vagina sendo separada, aberta pelo pau dele e queimando em volta dele.
Ele a encheu. Centímetro por centímetro quando ela sentiu outro orgasmo cortando seu corpo. Ela não achava que fosse possível um orgasmo sem nada mais que a penetração. Somente a sensação dele se enterrando dentro dela, o comprimento pesado do seu pau acariciando seus sensíveis músculos internos. Ela jogou a cabeça para trás cheia com o prazer que a envolveu numa cascata violenta de luz e cor. Ele percorreu seus sentidos, atravessou por eles e a fez tremer quando Cabal começou a estocar com pressão profundamente dentro dela com golpes medidos.
Seu corpo a cobriu; suas mãos seguraram os quadris dela para ele enquanto seus lábios iam do pescoço para o ombro. Ela sentia cada rosnado duro que ele soltava, isso fazia o peito dela estremecer. Sentia cada pulso do sangue que palpitava em seu pênis quando ia e vinha dentro da carne molhada de sua vagina.
Seus gemidos ecoavam a sua volta, suas duras e ásperas respirações enchiam seus sentidos. Envolvendo suas pernas em volta dos quadris dele, Cassa lutou para se segurar em alguma coisa, qualquer coisa que a prendesse à terra quando a espiral de êxtase começou a apertar em seu interior. Não poderia suportar. Sentia aquilo queimando, correndo veloz, criando um redemoinho dentro dela que não tinha esperança de resistir.
O prazer nunca foi assim. A luxúria nunca foi assim. Nunca conheceu algo tão profundo, tão cheio de pura sensação de êxtase como a sensação de Cabal possuindo-a. Não devia ser assim, ela pensou distante. Só desejo, não era esse desvario, aquilo era perigoso. Sentia coisas que não queria sentir, uma ligação, um vínculo através do prazer que a amedrontou.
Era só uma reação química, ela pensou. Isso era tudo. Tinha que se lembrar disso. Não podia deixar o amor interferir. Cabal não a amava. Ele não queria amá-la. Não podia deixar que seu amor por ele entrasse no caminho agora.
A mão dele acariciou seu quadril enquanto mantinha seu peso sobre um cotovelo. Subiu acariciando do lado, envolvendo em concha o seio. Apertou os mamilos enquanto sua língua sugava seu ombro e seus quadris se moviam com maior rapidez. Mais forte.
Seu pau martelava dentro dela com poderosas estocada. As sensíveis terminações nervosas acenderam ainda mais. Cassa sentia sua carne cada vez mais inchada, sentia seu ventre se contrair, seus clitóris palpitar.
Tão perto. Sentia o orgasmo se movendo dentro dela, crescendo, mais próximo. Foi se apertando, aproximando seu corpo do dele, se arqueando e retorcendo contra ele quando a ferocidade do orgasmo começou a queimar por dela.
Suas pernas se apertaram envolta dele, suas unhas se cravaram nas costas dele. Podia senti-lo, estava ali, tão perto, tão cheia de sensações que quando se derramou sobre ela, jurou que estava morrendo.
Cassa ouviu a si mesma gritar o nome dele quando os caninos de Cabal afundaram em seu ombro. Então ela sentiu o ar preso na garganta, seu corpo contraído, seu sexo inchado com o êxtase, quando a lingueta, a pequena ereção do tamanho do polegar, cresceu da ardente cabeça de seu pau, se travou dentro dela e derramou sua quente essência hormonal nela, unindo-a mais a ele. Não havia palavras para o êxtase que correu por ela. Não havia nenhum jeito de explicar ou descrever a força, a profundidade de seu gozo.
Ela se sentiu como se misturasse com ele, se tornando uma parte dele. Sentia seu corpo tomando-o, aceitando-o, e soube que em sua vida, nunca conheceria este prazer com outro homem.
Nunca pensou que tal prazer existisse. A sensação da lingueta travada dentro dela foi animalesca, o êxtase. Era dele. Isto acontecia com uma única mulher, ela sabia. Aquela ereção adicional só acontecia com uma companheira, com nenhuma outra. Ela era a única mulher que conheceria isto com Cabal. E ela era a única que o havia traído.
Ela enterrou o rosto contra seu peito enquanto ele estremecia gozando sobre ela, o orgasmo percorrendo seu corpo enquanto Cassa tentava conter as lágrimas que umedeceram seus olhos.
Por enquanto, o segurava. Ele pertencia a ela como ela pertencia a ele. Agora não podia rejeitá-la. Não podia abandoná-la, nem se afastar dela. O calor do acasalamento garantiria isso. No momento, teria que compartilhar-se com ela, e não só fisicamente.
Ela sentia a mordida em seu ombro como uma marca em sua carne, marcando-a para sempre. A pequena ferida que nunca sararia totalmente. Era uma marca física que nunca desaparecia de todo, como sabia que sua mordida na palma da mão ainda não tinha sarado completamente.
Os corpos das raças e das companheiras mudavam durante o acasalamento. Eles se mesclavam um no outro, mesclando a essência do outro. Cassa sabia disso, assim como sabia que não houve um acasalamento que não tivesse terminado em amor. Em uma devoção entre os dois companheiros que sempre a fez sentir inveja.
Já não havia necessidade de invejar.
— Minha companheira. — ele resmungou em seu ombro.
Cassa se aproximou mais dele. Era sua companheira, por enquanto. Ela se divertiria com ele enquanto o tivesse. Enfrentaria sua vontade contra a dele, desfrutaria bastante o tempo que tivessem juntos, mas prometeu a si mesma que não se deixaria depender dele. Ela nunca se tornaria plenamente no coração de seu Bengala, porque o tinha traído. Ela o perderia. Tinha que se resignar a isso. Mas nunca esperou a dor que vinha com isso. Não lhe fez bem algum endurecer seu coração contra este homem, porque ela tinha a sensação que ia ser arrancada do seu peito de qualquer jeito.
Perdê-lo poderia matá-la.
Cabal abraçou Cassa, seus braços apertados em volta dela enquanto lentamente afrouxava a mordida contra seu ombro. Pôde saborear o primitivo hormônio de acasalamento em sua boca quando lambeu a ferida, espalhando-a sobre a pequena marca que deixou em sua carne mais uma vez.
O acasalamento não era fácil, não era suave. Ele ainda tremia com a força do prazer que o inundou. A violência de seu orgasmo o deixou trêmulo e de repente muito consciente do que aconteceria a ele se perdesse essa mulher.
Alisando o cabelo dela para trás do rosto úmido de suor, ele acariciou a maçã do rosto, o maxilar, enquanto olhava seus suaves olhos cinza.
Sua mulher.
Ele lutou para conter a possessividade que aumentava dentro dele, a sensação de algo que pertencia a ele. Somente para ele. Conhecia o destino, que ria dele por diversão. O destino pegava a felicidade da ponta de seus dedos zombando e rindo.
Olhou dentro dos olhos de Cassa, e viu outra vez um flash daquele odiado medo em seus olhos. Mesmo agora, segundos depois do mais incrível prazer que sabia ele já teve, sentia o medo dela.
Talvez fosse algo que o tempo cuidaria para ele, se tivesse um tempo com ela, disse a si mesmo. Ela aprenderia que não tinha nada que temer.
Daria sua vida por ela sem pensar. Sabia, sem sombra de dúvida que a vida sem ela já não era algo que pudesse enfrentar. Esta fome, esse desejo, a total realização de prazer sexual era diferente de tudo que ele conheceu em sua vida.
E o seu toque. Seu toque era um golpe de prazer e conforto. Viver sem esse conforto era algo que nunca queria arriscar. Era a outra metade dele, a única coisa que sempre desejou desde que soube do calor de acasalamento. Ela era parte de sua alma que faltava e agora estava completa.
— Eu não gosto de ver esse medo em seus olhos — ele disse suavemente enquanto a lingueta do seu pau recuava lentamente e sua carne interna liberou o seu controle sobre ela.
Seus olhos piscaram e viu que viria em seguida uma mentira. Colocou os dedos sobre os seus lábios, e reteve as palavras.
— Não minta, Cassa — disse brandamente — Se não puder me dizer por que, então não se incomode em me dizer que não estou vendo o que sei que vejo.
Seus lábios se apertaram enquanto franzia a testa.
— Quando estiver pronta para conversar, então estarei aqui. — ele disse em vez de exigir respostas.
Um homem não conseguiria nada exigindo alguma coisa Cassa. Era tão teimosa como uma mulher pode ser, e duas vezes mais independente.
— Estará? — Ela perguntou finalmente, sussurrando sobre a ponta de seus dedos — Estará, Cabal? Ou se afastará como sempre faz?
Ele sorriu maliciosamente diante da ideia de afastar-se agora.
— Acho que nós dois estamos muito conscientes do fato que agora já não haverá nenhum afastamento. Inclusive se isto é algo que nenhum de nós desejava fazer. — Ele se moveu contra ela, forçando seu pau endurecido que ainda estava dentro dela, enchendo sua carne, fazendo-a ficar sem ar.
— Vê, Cassa? Não haverá nenhum afastamento, doçura. Estamos unidos. Assim como você sabia que seríamos.
Ele pode ver em seus olhos, em sua expressão. A consciência e o medo.
Morte sorriu ao ver as luzes da cabana apagando-se. Morte ria, mas algo mais profundo dentro de seu coração congelado se negava a deixar a diversão ir mais longe.
Era um acasalamento. Não havia dúvida disso. Cabal St. Laurents e Cassa Hawkins eram companheiros. Era mais um pecado a acrescentar a consciência de Morte.
Morte tocou no ombro que ainda estava sensível, mesmo depois de vinte anos, e que ainda tinha a mordida de uma companheira. Uma companheira morta há muitos anos.
A neve caia a deriva no ar, o frio formava uma nuvem congelada e diminuía ao longo do chão da floresta. O nevoeiro da garganta não estava muito longe do nevoeiro enviado para cobrir a terra, mesmo agora, tão perto da primavera. Tão perto do aniversário de Morte.
Tinha um trabalho a ser feito, e agora não importava o pesar, ou o fato de que mais uma vez uma companheira logo se perderia. O passado se negava a morrer, Morte tinha que ajudá-lo. Isto significava que todos eles tinham que morrer. Todos os que fizeram parte daquele massacre há muito tempo tinham que ser eliminados deste mundo.
Não importa que Cassa Hawkins não tenha participado daquela massacre. A verdade é que ela foi uma parte da vida do marido, e depois o marido tomou parte daquele massacre. O marido viria agora. Ele encontraria um jeito, sairia de sua cova e viria aqui quando soubesse que sua preciosa esposa se acasalou com uma raça.
Douglas Watts era tão jovem na noite que Morte foi criado, apenas dezoito anos e seguindo os passos diabólicos do pai. Mas ainda assim, era um demônio que se negava a morrer. E depois Cassa, sua preciosa esposa, o ajudou a trair as Raças ― aquilo pôs a marca do diabo em sua alma também.
Para Morte, Cassa era tanto uma parte da Dúzia Mortal como seu marido foi, e teria que morrer.
Seduzi-la para vir até aqui foi fácil. As fotos, os correios eletrônicos, a ameaça de incriminação das Raças. Um dia o mundo saberia que as raças não eram mais que os seres humanos e os seres humanos não eram mais que as raças. Todos eles tinham a capacidade de matar, e todos podiam morrer. A prova disso já tinha começado.
Porém Morte não esperava pelo acasalamento. Aquele pensamento passou por sua mente que estava centrada na tomada de decisões, que mesmo agora deviam ser executadas a risca. A perda de uma companheira era um horror que as criaturas não deveriam ter que suportar. Era uma dor diferente de qualquer outra. Cada tomada de respiração sem a companheira era um pesadelo que nunca acabava.
Morte se afastou lentamente para trás da cabana, passando no caminho que a neve ainda não tinha coberto, mas logo o faria. Não deveria deixar provas que notassem e um inimigo esperava. As raças que perseguiam Morte na calada da noite nunca compreenderiam a missão que ele tinha a sua frente. Não podiam compreender por que suas vidas não importavam mais que a dos humanos.
O dia de Cassa chegaria. Seria logo, sua vida marcada para morrer se seu marido não chegasse. Mas primeiro, outro sangue encharcaria o vale da Morte. Outro sangue acalmaria os demônios que aumentavam dentro de Morte, cortando sua mente, tornando sua alma insensível.
O sétimo da Dúzia Mortal. Era sua hora de morrer.
Cabal envolveu Cassa como um cobertor vivo, segurando-a perto de seu peito, mantendo o calor em cada poro que podia pressionar contra ela.
Era um homem que nunca gostou de dormir com outra pessoa. Teve muitas mulheres ao longo dos anos, mas como seu irmão podia comprovar, a intimidade de dividir uma cama com elas era algo que Cabal não encontrou muito prazer.
Até Cassa. No inicio ele lutou. Ele tentou não desejá-la, não precisar dela. Agora se recusaria a deixar Cassa achar outro lugar para dormir, em qualquer momento, depois dessa noite. Ela passaria as noites aqui em seus braços, não importava o que ele teria que fazer para conseguir isso.
Ele alisou as longas e emaranhadas mechas do cabelo dela para olhar seu perfil adormecido. Ela dormia profundamente, sua respiração suave acariciava seu braço onde se ela se apoiava. Ela dormiu a noite toda com a mesma profundidade. Mas ele não podia dizer que seu sono foi sem sonhos. Ela se mexeu a noite inteira, resmungando durante o sono uma ou duas vezes, franzindo a testa.
Será que revivia os horrores que viu nos seus anos como repórter investigativa? Ele se perguntou. Ela esteve presente na noite que seu laboratório foi atacado e ele resgatado. Viu o massacre que desenrolou na caverna da morte, viu suas feridas e sua ira durante o seu resgate.
Ele olhou através do quarto, lutando agora contra essas lembranças. Aquele era um lugar em sua alma que ele tentava não rever com muita frequência. Muitos de sua família morreram naquela caverna. Uma dúzia de homens e mulheres que deram sua vida para garantir que ele vivesse, apesar de seus protestos. Eles se jogaram na frente dele, bloquearam, impediram que as lâminas cortantes que corriam ao longo das paredes de metal o picassem.
Tanto sangue encheu a caverna antes que ele conseguisse escapar. Tantas vidas perdidas.
Porque um traidor se infiltrou no meio da equipe de resgate. Porque o falso marido da Cassa traiu a todos.
Maldição, Douglas Watts semeou uma confusão infernal. Ainda estava vivo, embora de forma miserável, mas aqueles cujas vidas ele tocou levavam as mais amargas feridas de suas ações.
O que ela faria se soubesse que aquele desgraçado ainda vivia?
Ele a olhou, se perguntando da decisão que tomou a muito tempo, de deixar que Watts continuasse vivendo.
Era aquela veia cruel que nutria dentro de si. Matar Watts teria sido muito fácil. Também misericordioso. Queria que o homem sofresse e sofresse muito.
Mas Cabal investigou o desaparecimento de seu próprio futuro com aquela decisão? Seria a primeira raça a perder uma companheira para um ex-marido, para um homem que mentiu a ponto de até o juiz que os casou fosse falso?
Quando a missão terminasse e a identidade da raça que assassinava humanos fosse revelada, então, Cabal se prometeu que tiraria um tempo para conhecer mais a respeito de sua nova companheira. Mais que apenas sua teimosia e obstinação. Saberia o que a fazia rir, o que a fazia alegre. Tinha a sensação que Cassa não conheceu muita alegria em sua vida.
E então talvez ele saberia se tinha a lealdade que ela deu anteriormente ao homem que acreditou ser seu marido.
Olhando para a janela, respirou o aroma da neve lá fora. O final do inverno dava a floresta um aroma fresco e limpo, assim como um cobertor branco envolvendo o mundo. O fogo que acendeu pouco depois de Cassa dormir, ainda estava ardendo, as resplandecentes brasas e as chamas baixas iluminavam o ambiente através de teto aberto da sala de estar.
Saindo da cama, arrumou cuidadosamente a manta em volta de sua mulher adormecida antes de vestir a calça e sair do quarto. Podia ouvir as grandes caminhonetes das Raças se aproximando da cabana. Sabia que Jonas estaria em um dos veículos. O diretor raramente deixava nada ao acaso, especialmente numa missão tão delicada como esta.
Um assassino raça matando humanos não era algo a ignorar. Como Cassa disse na noite passada, ela podia mostrar ao mundo a verdadeira cara das raças, e isso era algo que não estavam absolutamente preparados.
Foi até a porta da frente, viu quando os dois Raiders, os poderosos ATV3 usados pelas Raças nos lugares montanhosos e desertos, avançando qualquer caminho.
Apoiado contra o batente da porta, viu quando Jonas saltava do primeiro veículo, seguido por seu guarda-costas e motorista, um humano chamado simplesmente de Jackal. O segundo veículo vinha com os dois agentes, Lawe Justice e Rule Breaker. Os nomes quase sempre faziam os lábios de Cabal se curvarem com diversão.
Embora não deixasse qualquer dos dois verem sua diversão. Eles eram muito orgulhosos dos nomes que escolheram para si mesmos. Quando Jonas se aproximou da casa, parou com os olhos fixos em Cabal enquanto seu nariz ardia. Cabal sabia que o diretor está sentindo o cheiro do acasalamento, assim como a fragrância de Cassa que o envolvia. Agora não haveria dúvidas na mente de Jonas que o acasalamento foi concluído.
— Porra, achei que você esperaria pelo menos até que esta missão acabasse. — Rosnou Jonas.
Cabal estreitou seu olhar sobre ele.
— Esperei tempo mais que suficiente.
E essa era a maldita verdade. Ele se conteve porque percebeu a necessidade de Cassa de se conter também. Agora essa necessidade de se conter já não existia, para nenhum dos dois. Ele deveria ter se contido pelo bem da missão, mas o animal dentro dele não dava a mínima para a missão. Preocupava-se com a mulher, e o animal estava mais perto da pele do que ele pensava.
Viu quando Jonas fazia uma careta antes de voltar o olhar para Lawe e Rule.
— Hei chefe, não me olhe — Ordenou Lawe — Eu disse a você, estou fugindo dessa merda de acasalamento.
— Não nos dá calafrios. — Completou Rule.
Jonas grunhiu para isso.
— Pelo menos alguém ainda é sensato. — O olhar que deu a Jackal era zombador.
O outro homem o olhou firmemente, como sempre. Jackal não falava muito. Fazia seu trabalho e só falava quando tinha que fazê-lo.
— Tem café lá dentro. Cabal informou.— Tenho cafeínado para vocês quatro.
Ele aderiu o descafeinado por enquanto. Não precisava de mais problemas onde o calor de acasalamento e Cassa estavam envolvidos. A cafeína tendia a piorar os sintomas. Se seu atual estado de excitação era alguma indicação, não precisava de nada para fazê-los explodir.
Jonas olhou ao redor da clareira, o maxilar tenso antes de balançar a cabeça e ir para a varanda.
— Faça as malas. Você pode voltar ao Santuário com sua companheira. — Jonas afirmou quando se aproximou.
Cabal riu do pensamento.
— Esqueça Jonas. Isto acaba aqui, nós dois sabemos.
— Não com sua companheira seguindo cada movimento que você faz. — Jonas disse friamente. — Esta investigação é muito séria, Cabal. Não podemos arriscá-la.
Cabal sacudiu a cabeça com isso.
— Ela já sabe tanto quanto nós. O assassino manda recados para ela nós querendo ou não, Jonas. Não podemos nos dar ao luxo de ignorar isso.
Ele o odiava. Não havia nada que odiava mais que o fato de o assassino estivesse envolvendo a sua mulher naqueles assassinatos, mas não podia detê-lo. Nas primeiras horas da noite, admitiu que não poderia mantê-la fora disto. Enquanto houvesse um assassino caçando lá fora, somente se ele envolvesse Cassa na investigação, então não haveria maneira de mantê-la fora disso.
— Diabos, justo o que precisávamos, uma maldita jornalista envolvida nos meus negócios. — Jonas amaldiçoou.
— Venha Jonas — suspirou Cabal — Não temos muito tempo antes que ela acorde.
Nem muito tempo para tudo. O calor do acasalamento era uma febre que não podia ser ignorada por muito tempo, Cabal sabia disso. A necessidade de tocar sua companheira, de saboreá-la, de fodê-la estava crescendo de novo nele.
Os tratamentos hormonais que ela tomou nos últimos anos ajudou naqueles primeiros dias. Embora sempre se precisassem fazer ajustes com o passar do tempo, e Cassa não tinha nenhum ajuste para combater o aumento dos hormônios que causava o calor de acasalamento. Não eram tão difícil com o homem como era nas mulheres acasaladas. Pelo menos Cassa teve a previsão de iniciar o tratamento hormonal antes de tempo. Isso a ajudaria, atrasando a concepção, às vezes até aliviando o estresse no corpo pela necessidade de sexo.
Não acabava com o desejo. Não havia jeito de eliminá-lo, ou levar em conta a separação dos companheiros por um longo período de tempo. Jonas manteria Cassa na vida de Cabal no momento.
— Não precisamos disso, Cabal. — grunhiu Jonas quando entrou na cabana e se dirigiu à cozinha— Esta situação é muito danada de delicada. Temos que encontrar essa Raça, e quando o fizermos, não podemos nos arriscar que uma jornalista saiba do fato que não tenho a maldita intenção de entregá-lo à Lei das Raças.
Sim, isso era tudo que Cabal suspeitava. O assassino raça conseguiu o que ninguém mais tinha conseguido. Ele matava sem deixar um aroma ou um rastro de sua identidade. Não havia nenhuma maneira de segui-lo ou identificá-lo.
— Tenho certeza que encontrará um jeito de esconder o fato que o bandido não morre no final. — murmurou Cabal. Conhecia Jonas. O homem tinha a habilidade de fazer que as coisas funcionassem a seu favor.
— Você está fodendo por completo esta missão, Cabal — Jonas disse quando Cabal foi até a cafeteira. — Ele vai matar de novo, e logo. Nós dois sabemos que ele vai. Realmente quer sua companheira no meio disto?
Diabos, claro que não, mas sabia que não tinha jeito de tirá-la disso agora. Não sem fazê-la odiá-lo, sem fazê-la fugir dele. Ele não estava a ponto de obrigá-la de novo, já tinha tentado isso uma vez. Não funcionou e não ia funcionar agora.
Cabal preparou o café sem falar mais nada. Sabia que não tinha um argumento para isto. Não havia nenhuma maldita maneira de explicar ao outro homem que Cassa odiaria a todos se a tirassem disto. Ele lutou contra aquilo a maior parte da noite. Pensou em milhares de maneiras diferentes para tirá-la, e sabia que nenhuma delas ia funcionar agora.
— Cabal tem uma pista, chefe. — Lawe falou quando Cabal colocava o café— O assassino a contata quando não nos contata. Poderíamos usar isso.
— Não vai usar a minha companheira. — Cabal se virou para ele com um rosnado.
O estouro de uma gargalhada de Jonas ecoou pela sala quando Cabal girou para encontrar o olhar zombador do outro homem.
— Diabos, Cabal, não é nada mais do que você mesmo sugeriu — lhe informou Jonas furiosamente— Saia desse cavalo bravo do calor de acasalamento e resolva essa merda. Se vamos descobrir como lidar com esta situação daqui em diante, então preciso de sua cabeça clara, não cheia com o desejo de brigar ou de foder.
Esse era Jonas, cortante até o fim.
Passando seus dedos asperamente pelos cabelos, Cabal caminhou para o outro lado da cozinha enquanto Jonas ia para a cafeteira. Inclinando sua cabeça, prestou atenção a qualquer sinal de movimento do quarto e rezou para que Cassa dormisse mais um pouco.
— Você encontrou alguma coisa? — perguntou Jonas finalmente.
Cabal sacudiu a cabeça ante a pergunta.
— Não o suficiente. David Banks teve uma reunião no Charleston um dia antes de seu desaparecimento. Reuniu-se com Brandenmore e Engalls, mas isso já sabíamos. Na tarde de seu desaparecimento se supunha que ia se reunir com um repórter aqui na cidade, Myron James. Ele nunca se apresentou para essa reunião.
Jonas esfregou cuidadosamente seu maxilar.
— Não fomos informados disso antes.
— A xerife Lacey mencionou que Banks lhe perguntou pelo número de telefone de Myron. Quando interroguei Myron a respeito disso, admitiu que Banks telefonou e pediu uma reunião. Disse que tinha uma certa informação que poderia interessar Myron.
— Alguma ideia de que informação era?
Cabal negou com a cabeça.
— Não disse a Myron, ou Myron não me disse isso. Mas não percebi nenhum cheiro de mentira. Há segredos nesta cidade, Jonas, muitos segredos, mas Banks parecia não saber muitos deles.
— Ele era o ex-prefeito. — Salientou Lawe — Os prefeitos conseguem descobrir todas as fofocas.
— Não todas — disse Cabal — O movimento que começou aqui há uns trinta anos para esconder raças fugitivas dos laboratórios não era bem conhecido. Houve apenas um pequeno grupo de homens e mulheres que participaram disso. Banks não foi um deles.
— Todos sabemos disso. — Assinalou Jonas.
— O que não sabíamos era que Banks foi originalmente parte desse grupo — Cabal disse — Myron recordou que seu pai sempre mencionava que Banks era parte do grupo até que eles começaram a suspeitar que ele traiu a uma raça desde o início.
— Não passaram muitas raças por aqui. — afirmou Lawe — Umas poucas dúzias.
— Mas em comparação com as raças criadas, esse é um número elevado. — assinalou Cabal — Umas poucas dúzias de raças fugindo durante esse tempo foi um problema para o Conselho.
— E o Conselho levou o problema para a Dúzia Mortal. — declarou Lawe — Eles eram os perseguidores quando todos os outros falhavam.
— Porque eles tinham conexões que foram necessárias para seguir as raças fugitivas — concordou Cabal— Banks foi um dos doze, não há dúvida disso. Mas, por que esperar tanto tempo para atacar o grupo? E quantos deles se encontravam nesta área?
— A maioria das raças fugitivas estava escondida nesta área. — disse Jonas.
Isso era verdade. Por alguma razão, o Oeste da Virgínia, Tennessee e as montanhas de Kentucky foram o refúgio preferido das raças fugitivas em todo mundo.
Um aqui, uns poucos lá, mas de algum jeito essas raças chegaram aos Estados, e pequenos grupos dentro de um raio de três quilômetros estavam mais que dispostos a escondê-los e protegê-los. Alguns dos grupos se conheciam entre si. Muitas raças não sabiam da existência de outros grupos. Era apenas de uma questão de segurança. Se os outros não sabiam onde estavam localizados, ou as raças que haviam em cada grupo, então não poderiam trair sob tortura.
— O que eu gostaria de saber é como Brandenmore e Engalls conseguiram capturar raças nesta área e fazer experimentos neles sem que o Conselho ou os grupos de ajuda para as raças soubessem sobre isso — grunhiu Lawe— Você logo pensa que alguém poria fim a esta situação há muito tempo.
— A Dúzia Mortal trabalhou não só para o Conselho, mas também para Brandenmore e Engalls — destacou Jonas— Eles compraram raças que foram capturados pela Dúzia. Quando a Dúzia Mortal voltava ao Conselho com uma raça morta, eles eram pagos novamente. Não se importavam com a maneira como uma raça morria, tudo o que eles precisavam era da sua cabeça. Brandenmore e Engalls não se importavam na remoção de uma cabeça.
Era nojento. Os horrores que as raças enfrentaram em suas tentativas de serem livres os fizeram tão duros quanto os horrores que enfrentaram nos laboratórios.
— O que eu gostaria de saber é como diabos o assassino faz esta carnificina sem deixar sequer seu perfume sobre a vítima. Corta suas gargantas com os dentes. Deveria deixar DNA, ou alguma coisa.
Deveria, mas não tinha nada, nem sequer um rastro.
— Fomos treinados para não deixar nada que nos identificasse. — disse Jonas.
— Isso significa o aroma, a saliva, o que seja. Há maneiras de esconder.
— Mas só um grupo muito pequeno de raças teve esse treinamento de avançado — assinalou Rule— Não era do conhecimento geral.
— Os Coiotes não foram treinados na técnica avançada de encobrimento de pistas numa área — refletiu Jonas— As raças do Jaguar e do Leão foram.
— Os Lobos foram na maior parte do tempo excluídos desse treinamento avançado. — Afirmou Cabal quando lembrou das listas de treinamento e as raças consideradas as mais fortes em cada uma delas— As raças Jaguar e Leões eram considerados seus melhores assassinos.
— Sim, nós arrasamos! — Lawe riu dessa declaração.
— Pelo menos fomos considerados bons em alguma coisa— Rule disse maliciosamente— Manteve-nos vivos.
— Seis mortos e nem uma única pista, nenhum de nós fomos tão bons — disse Jonas friamente. — Ainda não sou tão bom. O perfume é algo que você não pode esconder. Você pode mascarar por um tempo, mas não há nem sequer um sinal de mascaramento. Parece um fantasma atacando e matando aqueles homens. E meus senhores, eu não acredito em fantasmas.
Seria algum deles? Demônios, fantasmas, fadas, felizes para sempre, todos eles estavam na mesma categoria. Eram contos de fadas.
— Então onde isso nos leva? — perguntou Lawe— Seis mortos e nenhuma pista do assassino. Você sabe que ele vai atacar de novo, e logo. Banks e H. R. Alonzo foram só o começo. Ele não está pegando a nenhum nome mais. Ele vai atrás dos peixes grandes.
Eles não souberam que Alonzo fazia parte da Dúzia Mortal. Só após a sua morte encontraram provas que participava do grupo de caça.
— Nomes de pessoas importantes — grunhiu Jonas— Diabos, justo o que precisávamos.
— E uma jornalista no nosso rabo — grunhiu Lawe olhando Cabal com um sorriso zombeteiro. — Vamos nos divertir nos escondendo dela.
— Não se esconderá muito dessa mulher. — Jonas informou a todos.
Cabal sentiu uma onda de orgulho ao ver o desgosto na voz de Jonas. Cassa era conhecida por sua capacidade de investigar informações, apesar dos desejos em contrários de Jonas. Ela escrevia histórias que ele odiava e as publicou ele gostando ou não. Não que publicasse algo condenável, mas era inconveniente em contar a verdade sobre o que publicava.
Por muito tempo foram capazes de mantê-la sabendo de algumas coisas que não pudesse prejudicá-los. Esses dias acabaram. Ela já tinha informações que poderiam destruir a comunidade das raças, mas que ela se conteve em publicar.
— Então, o que vamos fazer? — perguntou Lawe— Deixá-la, ou o que?
— Ou o que? — Explodiu Jonas— Sim, vamos deixá-la entrar, diremos a ela como estivemos protegendo ao raça assassino e permitimos que ele matasse aos nossos inimigos por nós em vez de enviar equipes para proteger aos que suspeitamos seriam os próximos a morrer.
Cabal quase sorriu ao pensar nisso.
— Acaso sabemos quem poderá ser o próximo? — Ele perguntou ao Diretor. Não duvidava que Jonas tivesse uma pista em algum lugar. O homem geralmente tinha.
— Ainda não — Respondeu Jonas— Esse não é o ponto. Diabos, se soubesse, eu ficaria de lado e deixaria ele terminar. Ele é melhor nisso que eu.
— Mais cedo ou mais tarde alguém vai acusar as raças por estes assassinatos — Cabal advertiu. — A Dúzia sabe que agora estão sendo caçados. Um deles começará a gemer de medo, mais cedo ou mais tarde.
O sorriso de Jonas era duro e fechado.
— Isso é o que estou esperando. Se conseguirmos um deles, então teremos a todos.
Cabal já imaginou esse plano. Jonas corria da cena do crime para outra cena de crime, fazendo a limpeza das cenas de crimes. Ele procurava pistas, procurava o assassino, mas, além disso, estava esperando que um dos membros do grupo de caça levantasse sua repugnante cabecinha.
— Quanto tempo acha que levará? — Perguntou-lhe Cabal ao outro homem.
Jonas deu de ombros.
— Alonzo é o de mais alto perfil dos seis mortos. Vamos deixar que continue desaparecido. Tanner tem as relações públicas sob controle, e conseguimos iniciar uns pequenos boatos de que o próprio Conselho estava farto dele, mas seus amigos saberão as coisas de forma diferente. Estou esperando que sua morte obrigue um deles a sair.
— Seis deixou ir. — Lawe sacudiu a cabeça— Acha que todos eles ainda estão vivos?
— Essa tipo de gente má raramente morre cedo — disse Jonas se servindo de outro xícara de café e andou até a janela da cozinha.
Cabal observou o Diretor olhando de testa franzida para fora da janela, olhando a neve que caiu de madrugada.
— Como disse gente má raramente morre cedo, ponto. — disse finalmente se voltando para eles— E o que estamos tratando aqui é uma raça que está tentando mudar isso. Eu o quero preso, mas serei um maldito se forçarei a justiça humana sobre ele.
— Assassinato é um assassinato, Jonas — lembrou-o Cabal. Era algo que Jonas pregou para eles frequentemente quando se tratava da morte de uma raça.
— Há uma diferença entre o assassinato e a sobrevivência — rebateu Jonas— Conseguimos cobrir estas mortes até este momento, e eu gostaria de manter desta maneira. — Seus misteriosos olhos prata brilhavam com raiva — E eu preciso lembrá-lo do inferno com que estes homens castigaram as raças no passado? Eles não apenas capturaram alguns e os devolveram aos laboratórios. Venderam-nos para experiências. Experiências que, se nossa informação for correta foi mais horrível que tudo que o Conselho já fez. Eles mereciam morrer.
Cabal não podia discutir esse ponto. A informação que pouco a pouco acumularam contra Brandenmore e Engalls era suficiente para inclusive fazer uma Raça ter pesadelos. Se pudessem ter a prova, ou uma testemunha desses horrores que poderiam obrigar a falar, então os dois homens que lideravam uma das maiores indústrias farmacológicas e de pesquisas da América estariam sujeitos à Lei das Raças. Cabal não tinha dúvidas que Jonas pressionaria os limites da pena onde os dois homens estavam envolvidos.
— Agora descubra um jeito de como capturar a nossa raça — ordenou Jonas. — E enquanto você trabalha nisso, vê se consegue descobrir por que diabos o sacana não tem cheiro.
— Talvez porque ele está escondendo isto.
Todos eles se voltaram para a porta. As armas sacadas rapidamente de seus coldres e apontadas para a pequena repórter intrometida de pé na entrada da sala, enquanto Cabal pulava para a frente dela, seu coração acelerado, horrorizado com a ameaça que essas armas representavam.
Ela não piscou; não recuou. Seus longos cabelos caiam em mechas aneladas sobre o tecido de uma de suas camisetas enquanto os dedos dos pés descalços apareciam apontavam para fora da bainha de suas calças jeans.
Parecia uma menina brincando de adulta. Jogos que podiam matá-la.
Enquanto ele protegia o corpo dela, registrou várias coisas de uma vez. Ela conseguiu escapar deles, algo que deveria ter sido impossível. A menos que não tivesse nenhum perfume. Seu nariz aspirou tentando perceber o cheiro dela, assim como sabia que os outros estavam fazendo.
Não havia nada ali. Nem aroma de acasalamento, nem excitação, nem o cheiro do seu desejo sobre seu corpo. Era como se Cassa fosse um fantasma, sem substância, sem aroma.
Ele se virou, segurou seus braços e a olhou surpreso enquanto lutava para cheirar a mulher com que ele acabara de passar a noite derramando sua semente dentro dela. Deveria haver algum rastro de aroma. Qualquer aroma.
— Que merda — Resmungou Lawe do seu lado — Jonas?
Atrás dele, sentiu Jonas se aproximar. Sabia que as outras raças estavam fazendo exatamente o que Cabal fazia, tentando encontrar um aroma tão fugaz que não existia.
Cabal apertou os olhos sobre ela, procurou seu rosto e percebeu as implicações num segundo.
— Senhores, aqui está o segredo de seu assassino. — Ela levantou sua mão e no centro da palma macia estava uma pequena pílula branca — Um bloqueador de aroma. Que o assassino me enviou, alegando ter sido criado pelas Brandenmore Pesquisas Farmacêuticas. Essa é a forma que seu assassino raça está vencendo vocês.
Cassa observou o perfil de Cabal várias horas mais tarde, enquanto fizeram a viagem de volta da montanha na grande caminhonete que ele conduzia.
Ainda estava zangado. Seu perfil era duro, sua expressão fria, e ela percebeu que o brilho âmbar em seus olhos parecia mais opaco. Isso era a raiva, porque a cor verde escura estava mais brilhante e parecia mais vivo com a ira roendo nele.
O pânico ameaçou dominá-la desde de manhã, quando ela deu a Jonas uma das pequenas pílulas que foram enviadas a ela e explicou também como elas funcionaram. Jonas não estava feliz por ter ouvido sua conversa com Cabal na noite da recepção de casamento do Líder dos Coiotes. Cabal parecia ainda menos satisfeito com ela.
Lembrou de seu primeiro e malfadado matrimônio. Sempre que Douglas se enfurecia, ela ficava machucada, às vezes durante semanas.
Agora, mais de dez anos depois, estava sentada num carro com um amante cuja raiva flutuava no ar a sua volta. Havia uma ponta de medo, incerteza. Ela se prometeu que nunca se deixaria se por novamente numa posição onde tivesse que se preocupar com um namorado atacando-a. Ela começava a se perguntar se talvez tivesse dado um passo maior que as pernas com Cabal. Se ela achava que Douglas era perigoso , então seu amante raça era cem vezes mais.
Estava zangado com ela, o que tornava a situação ainda mais precária era que não estava segura por que ele estava tão furioso.
Sua interrupção de sua reunião de manhã poderia ser a causa, ela pensou. Foi uma entrada muito dramática. Ela tomou a pílula quando escutou as caminhonetes avançando até a entrada da garagem, logo depois que Cabal deixou a cama. Tinha toda intenção de contar a Cabal a respeito das pílulas. Era muito perigoso para manter segredo por muito tempo. Se os inimigos das raças pusessem suas mãos sobre isso, então O Santuário ou O Porto, poderia ficar facilmente vulnerável aos coiotes e os soldados do Conselho. Nenhuma companheira raça teria um momento de segurança, e cada criança raça estaria em perigo.
— Sua atitude está começando a me irritar. — Cassa forçou-se a ficar na ofensiva — Se está zangado, então tenha a gentileza de me dizer por que.
Ele lhe deu um olhar irado. Uma raça irritado era realmente muito comum, assegurou a si mesma.
— Poderia ter me contado sobre essa pílula antes que Jonas chegasse. — Ele cuspiu as palavras entre dentes — E que diabos está fazendo se arriscando ao tomar essa droga que um assassino anônimo te enviou? Perdeu a cabeça? — Havia ira. Sua voz se levantou com ela.
— Não grite comigo, Cabal — ela ordenou com mais ousadia do que sentia. O que sentia era um medo enorme. Estava mais zangado do que pensava — Claro que me arrisquei, mas foi um risco que deu resultado.
— Poderia ter acabado com sua vida. — Apertou suas mãos no volante enquanto guiava pela estrada montanhosa — Puta que pariu, Cassa. Você pensou antes de fazer isso? Considerou os riscos?
Ela deu de ombros.
— Eu sempre considero os riscos, Cabal. Quem enviou essa droga e a prova desses assassinatos não me quer morta. Ele quer provar alguma coisa. Para as raças, e para mim, matar-me agora não serviria nem um pouco aos seus propósitos.
Porque o passado não tinha estava concluído ainda. Cassa sabia isso. O assassino tinha outros planos guardados para ela, a única pergunta era se sobreviveria a eles ou não.
Era imprudente? Arriscado? Não havia dúvida alguma. Ela admitia isso. Mas depois de mais de uma década de dúvidas, recriminações e culpas, sabia que agora não podia fazer nada menos que acompanhar isto até o final. Deixou cair a bola durante o resgate lá na instalação alemã onde Cabal esteve preso. Por causa de seu marido muitos morreram. Porque ela confiou em Douglas para preocupar-se com a reportagem, embora seu casamento fosse um fracasso. E estava errada. Agora tinha uma chance de garantir que esta raça perigosa não destruíra toda a comunidade das raças. Recusava-se a deixar a bola cair desta vez. Recusava-se a desistir.
— E tudo o que pensou foi em você mesma? — ele perguntou, sua voz era baixa, sombria.
Cassa deu uma risada um pouco amarga.
— Quem mais eu deveria considerar?
— Amigos? — ele grunhiu — Sei que tem muitos deles, não negue.
Ela não tentou.
— Olhe, este é meu trabalho. É minha vida. — Cassa virou para ele, sua própria irritação misturada com seu medo — Pesei as consequências e assumi o risco. Foi minha escolha.
Seus lábios se afinaram quando ele estreitou o olhar na estrada. Suas mãos não relaxaram no volante.
— Sabia que éramos companheiros quando tomou essa droga — acusou — Você me considerou?
— OH sim! Deixe-me pensar a respeito disso — ela disse sarcasticamente — Não, não considerei sua opinião, simplesmente porque achei que você não dava a mínima para nada. Não me pareceu dar a impressão de que estávamos preparados para um acasalamento, Cabal. Seu harém talvez te bastasse.
Ela odiava aquilo. O playboy das raças. Ou pelo menos foi considerado a metade de uma equipe de diversão, até que seu irmão se acasalou. Viu como seu maxilar se apertava, e se perguntou se seus molares eram fortes o bastante para resistir a força de seus dentes apertando.
— Nunca tive um harém — ele disse furiosamente.
— Seja o que for. — Cassa exalou um suspiro irritado e apontou o dedo em sua direção — Você estava apenas fodendo à sua maneira pelo mundo. Eu entendo.
Ela odiava aquilo. O pensamento daquelas mulheres tocando-o, possuindo-o, acariciando aquelas listras sexy como o inferno quando ela mesma queria fazê-lo, deixava-a louca. Fechou os punhos ante a ideia de tocar aquelas marcas de cor estranha e tentou afastar a imagem de sua boca correndo aquelas listras.
Um homem não deveria ser tão sexy, ou tão malditamente irritante.
— Não entende porra nenhuma — ele informou — Se você não fugisse assustada constantemente, talvez eu não tivesse me sentido como um animal perseguindo um coelho. Fugiu de mim em cada oportunidade que teve.
— Simplesmente dava um passo para o lado para não ser atropelada pelo bando de mulheres cheias de cobiça. — ela disse mordazmente.
Mas sabia que estava assustada. Assustada com a força de seu desejo, assim como no passado que temia que nunca se esquecesse ou perdoasse.
— Estava com medo, assim como está com medo agora. — Existia uma ponta de censura no tom dele. — Quando eu te fiz acreditar que poderia machucar você, Cassa?
Ficou calada a essa pergunta. Ele nunca fez nada para fazê-la acreditar que a machucaria. A menos que ela fosse o inimigo, e então não haveria como salvar-se dele.
Deus, não era um pensamento alegre, considerando o fato de que ela foi o motivo da pior traição da vida dele e ele ainda não deu nenhuma indicação sobre a quantidade de culpa que lhe atribuía.
— Você não fez nada para que eu achasse que me machucaria, Cabal — respondeu cansada — Se percebeu o medo, talvez seja por outras razões.
— Seu marido? — Ela lançou-lhe um olhar pensativo — Isso não estava na investigação que Jonas fez de você.
Ela supôs que devia se felicitar por ter escondido tão bem os abusos que ninguém teria imaginado. Se alguém tivesse suspeitado, então as raças teriam essa informação. Eles sabiam de tudo. Os filhos de puta não podiam manter seus narizes fora da vida das outras pessoas.
— O que o faz pensar que era meu marido? — perguntou maliciosamente.
Ele rosnou a isso. Um som de irritação completamente felino.
— Li o relatório sobre você, assim como do seu marido, Douglas Watts — ele informou — Ele não era exatamente um prêmio, Cassa. Poderia ter conseguido coisa muito melhor. Só porque não havia registro de abusos não significa que eles não existissem.
Isso não era brincadeira.
— Mas não havia nada nesse relatório a respeito disso. — ela lembrou a ele.
Seu cabelo roçou contra seus ombros, quando ele virou rápido antes de manobrar o veículo para a estrada principal.
— E você está sendo muito evasiva, essa resposta é suficiente para mim. — Havia um rosnado latente em sua garganta, que deu um arrepio de prazer, assim como de medo correr pela espinha de Cassa.
— Acredite no que quiser — ela disse friamente — Há assuntos muito mais interessantes em minha vida agora que um marido morto há muito. Quanto tempo você acha que o Jonas vai levar para descobrir de onde veio essa droga?
Deu a ela um rápido olhar com seus cílios cheios que contornavam seus olhos antes de voltar sua atenção para a estrada.
— Logo — foi a única resposta que ele deu — Nossa principal preocupação neste momento é pegar nosso assassino. Achando ele achamos também a origem dessa droga.
— Jonas acha que pode controlar um assassino, não é? — Ela achava que Jonas podia ser muito arrogante.
— Jonas acha que pode controlar o vento, se concentrar a mente nisso. — Cabal riu — Ele é um maldito teimoso. Mas neste caso, é bem provável que possa.
Cassa sacudiu a cabeça a esse pensamento.
— Vi essas fotos, Cabal, como você viu os corpos. Esta quantidade de raiva não pode ser contida. Jonas poderia acabar como o alvo da fúria extrema de um assassino.
— Ele já enfrentou isso antes. — E pelo som da voz de Cabal, não foi tão agradável assim.
Cabal cheirava o ar na caminhonete e conteve a necessidade de rosnar de raiva. Ainda não podia pegar o cheiro de seu aroma ou sua marca sobre ela. Enfureceu-o que algo tão elementar foi reprimido em seu corpo. O cheiro dele que era único, foi completamente apagado. Não havia nada para tranquilizar o animal dentro dele que ela era só dele, que seu perfume cobria todo o corpo dela. Não havia nem sequer o cheiro da excitação para salvar essa primitiva necessidade.
Somado a esse insulto estava o conhecimento de que suas acusações contra Watts eram corretas e ela ainda tentava esconder dele. Watts admitiu que bateu e abusou dela. Durante seu interrogatório depois do resgate de Cabal da caverna infernal, Watts admitiu tudo. Assim como ele admitiu que Cassa não sabia nada a respeito de sua traição. Que fingiu com ela. Ele riu com a forma que ela estava ansiosa pelo sonho do amor, de pertencer.
Cabal quis matá-lo. Tantas vezes. De tantas maneiras. Mas obrigar o cretino a viver era um bálsamo para o orgulho de Cabal também. Por mais que o quisesse morto, desse jeito Watts estava realmente pagando por seu crimes em vez de morrer e acabar tudo. Os medos de Cassa eram instintivos, e embora Cabal entendesse isso, não passava a raiva por ela ter medo dele.
Era sua companheira. Preferiria se matar a machucá-la. Isso era mais que instinto, que era uma parte dele. Nenhum homem podia chamar a si mesmo de homem, se para ter a sensação de poder tinha que maltratar aos mais fracos que ele. Especialmente sua própria mulher. Olhando-a fez uma careta pela contínua falta de aroma. Deveria ter durado apenas cerca de duas horas, ela disse pela manhã. Estava um pouco mais longo que isso.
Não podia cheirá-la, e uma parte dele precisava dessa conexão com ela. Tirando uma mão do volante, estendeu-a para ela e envolveu suavemente a delicada mão dela a trazendo para cima de sua perna junto ao joelho e segurando-a lá.
Sua resposta foi um retesamento do seu corpo enquanto um leve toque de surpresa flutuou pelo ar. Ela olhou onde ele segurava sua mão e depois para o rosto dele.
— O que está fazendo? — perguntou desconfiada.
— Não é isto o que fazem os casais? — Ele perguntou a ela continuando a segurar sua mão, mas a puxou mais para cima, para sua coxa dura. — Seguram as mãos.
Olhou-o silenciosamente assombrada. Ele conseguiu surpreendê-la. Porra, ele achava que podia sentir orgulho por isso. Cassa raras vezes se permitia ser surpreendida ou chocada.
Ela olhou suas mãos de novo, como se não soubesse o que dizer ou fazer. Para derrubar totalmente seu equilíbrio, e simplesmente porque gostava de sentir a carne suave, ele acariciou seu pulso. Um pequeno tremor passou por seus dedos e percorreu seu braço. Jurou que ela agia como uma mulher não acostumada a ser tocada.
— Faz quase quarenta anos, as raças fugitivas foram para áreas onde se sentiam amparados e protegidas. Vieram para cá, para Glen Ferris — disse brandamente — Uns poucos, um aqui, um lá, até que se juntaram mais de duas dúzias. Em seguida, cerca de vinte anos atrás, fora desses poucos, não houve desaparecimentos. O boato dizia que os corpos dessas raças desaparecidas foram devolvidos, sem vida, ao Conselho. Que existia um grupo de caça que chamavam a si mesmos de a Dúzia Mortal, e que estavam caçando raças fugitivas.
— Algumas dessas raças foram vendidas para as Pesquisas Farmacêuticas Brandenmore antes de serem devolvidas ao Conselho. — comentou Cassa, um tom de alívio na voz— Desde que Phillips Brandenmore e Horacio Engalls foram presos por crimes contra a sociedade das Raças, a informação começou a sair pouco a pouco através de sua ligação com a pesquisa ilegal.
— Exatamente. — Cabal assentiu — Nosso assassino cometeu seu primeiro assassinato cerca de três meses atrás, pouco antes que Brandenmore e Engalls fossem capturados no Santuário tentando roubar informações médicas das raças. Desde então, outros cinco morreram, cada um com rumores de estarem ligados a Pesquisa e a Indústria Farmacêutica.
Cabal continuava a segurar sua mão, seu punho se firmava toda vez que ela tentava se soltar. Ele descobriu que gostava de segurar sua mão, sentindo sua pele e seu calor contra a dele.
— É obviamente uma raça com rancor. — assinalou Cassa— Um amigo ou membro da família que perdeu alguém por causa da Dúzia Mortal. Talvez uma companheira.
Cabal sacudiu a cabeça ante isso.
— Uma raça nunca esperaria vinte anos para vingar-se contra a perda de uma companheira. Há poucos casos de acasalamentos antes da revelação das raças. Cada vez que a raça se tornava selvagem foi assassinada.
Cassa expirou asperamente. Olhando para ela enquanto dirigia para Glen Ferris, Cabal observou o suave franzido entre suas sobrancelhas e a preocupação em seus olhos cinza escuros.
— Myron sabe alguma coisa. — Ela sacudiu a cabeça olhando para ele — Havia alguma coisa sobre sua reação a minhas perguntas que não bateu direito. Não é sua característica. Me fez pensar se não sabia o que acontecia aqui e por quê.
Ela se preocupava com sua amizade com Myron, mas também se preocupava com a comunidade das raças e os assassinatos que estavam acontecendo. Myron sabia de alguma coisa, e isso poderia significar a diferença entre a captura de um assassino e a segurança das raças.
— Ele perdeu a sua companheira aqui, pouco antes da revelação das raças — disse Cabal— Uma mulher raça de leão. Tinha apenas dezoito anos. Foi assassinada enquanto ajudava a escoltar pelas montanhas uma casta fugitiva. Quase uma dúzia de raças morreram nesse dia no mesmo vale onde encontramos Alonzo.
— Acha que há uma conexão? — Ela sentia a conexão.
Cabal queria acreditar que havia, simplesmente porque precisava de respostas fáceis.
— É uma raça que está matando. — ele disse. — Não é um humano. Myron suspeita de alguém, mas não é o assassino.
— Significa que você já verificou a possibilidade. — afirmou ela.
Cabal sorriu ante isso.
— Vê o quanto me conhece bem, Cassa? O acasalamento com você pode ser bem mais divertido do que qualquer um de nós esperaria. Pode ser muito interessante.
Ela revirou os olhos para ele.
Cabal não tinha nenhuma dúvida que ia ser interessante, logo que conseguisse colocá-la de costas sobre a cama. O efeito daquela maldita pílula estava lentamente desaparecendo, e o cheiro doce da excitação dela começava a flutuar para ele. Sua excitação, assim como a marca hormonal que ele tinha deixado em seu corpo. Finalmente, o animal dentro dele podia respirar melhor.
Essa pílula era perigosa. Como Jonas disse, agora não haveria uma raça viva que estivesse a salvo do Conselho. Nunca haveria uma garantia de segurança porque já não podiam depender de ser capazes de cheirar a seus inimigos.
— Aonde vamos primeiro? — Ela perguntou quando saíram da estrada principal para uma das ruas laterais.
— Xerife Lacey — ele respondeu— Hoje é seu dia de folga. Liguei antes para contar que estávamos indo. Seu pai foi um dos líderes dos grupos que protegeram as raças por aqui. Era amiga da maioria deles. Espero que saiba algo sobre o grupo que foi assassinado no vale. Não é uma coincidência encontrarmos lá o corpo de Alonzo.
— Mas os outros corpos não foram encontrados lá — ela apontou. — Foram dispersados, e o corpo de Banks ainda não foi achado. Alguém teve que ter visto alguma coisa — refletiu— Aqui poderia existir mais que só uma raça assassina, mas também uma ou mais pessoas protegendo-a.
Ele já tinha analisado os crimes por esse ângulo, assim como investigou cada raça do condado. Não interrogou o suficiente a xerife. Ele podia ter mais informação, que ele não estava conseguindo dos outros.
— Lacey parece cooperativa.— aventurou Cassa cuidadosamente.
Cabal quase sorriu com a pitada de ciúmes que podia cheirar agora.
— A família dela sempre protegeu as raças que vieram para cá — lhe disse— Ela é um contato importante para se ter.
Mas ele nunca dormiu com ela. Danna Lacey era cooperativa e amigável, mas havia um ar de reserva sobre ela que praticamente gritava para um homem manter sua distância.
Cassa não disse nada mais. Cabal conduziu a caminhonete ao desvio para a pequena casa de Danna, dentro da linha de árvores da floresta que rodeava a pequena cidade.
A xerife estava esperando na porta, com uma xícara fumegante de café em sua mão enquanto se apoiava contra o batente os observava sair do veículo e caminharem para a casa.
Vestia calças jeans e uma grande camisa de flanela, com seu cabelo puxado para trás em uma trança, enquanto seus olhos verdes brilhavam com divertido interesse.
Seu olhar desviou para onde Cabal recapturou a mão da Cassa depois de sair do carro. Sua irritada e pequena companheira ainda não estava segura sobre o lado carinhoso do acasalamento no qual estava envolvida agora.
Ele desistiu de ficar longe dela. Precisava tocá-la, precisava abraçá-la.
— Boa tarde. — Danna os saudou quando subiam até a varanda— Vamos entrar. Fiz um bule de café. Descafeinado se não se importam. Meu médico acha que precisa reduzir meu consumo de cafeína. — riu do pensamento.
— Descafeinado está bom — assegurou Cabal enquanto iam até a grande mesa da cozinha — Obrigado por nos receber em seu dia de folga.
— Isso não é um problema — ela garantiu— Mas estou curiosa. O que você precisa saber que não podia esperar até eu voltar ao escritório?
Cabal levantou o envelope pardo que trouxe da caminhonete e o colocou sobre a mesa antes de tirar a foto aérea do vale onde H. R. Alonzo morreu.
— Este vale. — Apontou a área — Faz vinte anos um grupo de raças leão foi assassinado lá. O que pode me dizer a respeito daqueles que estavam acasalados?
Cassa viu como a xerife andou lentamente até a mesa e pegou a foto aérea. Seu rosto se transformou por um breve segundo em linhas de dor antes de respirar fundo e sacudir a cabeça tristemente.
— Havia dez raças.— ela disse olhando para cima, procurando as palavras.— Eram liderados por Patrick Wallace, um raça fugitiva da Inglaterra. Reuniu a maioria das raças sob sua liderança. Tomou dez deles naquela noite. A mais jovem era uma jovem mulher raça de leão. Tinha só dezoito anos, mas era uma dos mais ferozes combatentes que tinham.
Danna se afastou da mesa, verteu café, depois voltou com duas xícaras para Cabal e Cassa antes de se sentar.
— O que havia de importante a respeito da mulher? — perguntou Cabal.
Cassa soube antes da xerife responder, mas escutou, sofreu e lamentou ao ouviu o tom de voz.
— Eu tinha vinte e três anos então. — suspirou Danna — O nome da garota era Illandra. Ela tinha acabado de casar com um dos rapazes do nosso grupo, Myron James. — Seus lábios se curvaram com tristeza — Eles estavam escoltando um raça coiote pela floresta. Ele estava ferido, muito fraco para subir a montanha sozinho, e não podiam se arriscar a levá-lo num carro ou deixá-lo ficar na área. Em vez disso foram a pé, pensando que podiam evitar os Coiotes do Conselho e os soldados que foram enviados atrás deles.
— O que fazia esse coiote tão especial? — perguntou Cabal — Naquela época havia poucos coiotes que se opunham ao Conselho.
— Talvez isso o fizesse tão especial — afirmou ela dando de ombros fortemente — Não sabia quem era, ou por que estava lá. Raramente sabíamos. Patrick era muito reservado.
— Entretanto eles foram capturados naquele vale? — Cabal a pressionou.
Danna assentiu.
— Foram capturados no vale por um grupo de homens enviados para caçá-los. A maioria dos homens raças foram assassinados. Illandra e as outras mulheres foram capturadas e levadas.
A xerife se aproximou e puxou a foto outra vez. Sentou-se olhando-a enquanto Cassa observava seu rosto. Claro que conheceu as raças que morreram.
— Illandra era a companheira do Myron, certo? — perguntou Cassa.
Danna procurou as palavras, apertando os lábios dolorosamente.
— Ela era tão vibrante. Não fazia mais que rir. Myron fazia caretas para ela, trazia-lhe flores e doces. Ele sempre a mimava, sempre tentando compensá-la pelos horrores que passou nos laboratórios. Era dedicado a ela.
— O que aconteceu a outra mulher? — perguntou Cabal — Estava acasalada?
Danna franziu o cenho a pergunta.
— Estava acasalada com um dos homens raça do grupo. Ele foi assassinado também.
— Ninguém sobreviveu? — perguntou Cabal de novo.
Danna sorriu tristemente.
— Se alguém sobreviveu naquela noite, eu saberia. Meu pai procurou naquelas montanhas durante meses buscando algum sinal de onde foram levados. Finalmente, o corpo de Illandra foi devolvido ao laboratório onde foi criada. Conseguimos nos certificar disso. A maioria dos homens foram devolvidos também. Pelo que soube depois, aqueles que nunca apareceram de novo, não tinha mais nenhum deles para retornar. O grupo que os capturou, os vendeu para um cientista independente que utilizava grande parte dos corpos para várias pesquisas.
— Houve boatos de quem era esse cientista? — perguntou-lhe Cabal.
Danna riu disso. O som era vazio e amargo.
— Não, até recentemente. Há rumores que foi Brandenmore. — Sacudiu a cabeça — Ele e Engalls mantinham uma cabana nas montanhas, mas não tínhamos ideia que se estava sendo utilizada para algo assim até que ele foi preso no ano passado pelas raças. Ouvi dizer que havia uma instalação para pesquisa debaixo da cabana.
Havia. Cassa viu as fotos do laboratório subterrâneo, e a horrorizaram. Não havia nenhuma prova de que as raças foram torturadas lá, foram mais inteligentes que isso. Entretanto, a magnitude do equipamento encontrado ali, e seus usos, horrorizavam a imaginação.
— Danna, ouviu boatos de ataques de vingança de um raça contra o grupo de homens que atacou ao grupo naquela noite? — perguntou Cabal para a xerife.
Cassa viu a xerife olhar entre a foto e Cabal antes que franzisse a testa se virando para ele.
— Acha que Banks fazia parte desse grupo? E que era um assassino? — perguntou ela curiosamente.
Ela era esperta, Cassa lhe deu crédito por isso.
— Sei que há rumores que fez parte da Dúzia, mas não levei a sério. — Havia uma ponta de riso em sua voz— Não conhecia o David Banks então. Era um valentão, sim, mas vomitava ao ver sangue. Não acho isso possível.
Cassa discordou dela. David Banks não teria desmaiado ao ver sangue mais que Cabal teria. O homem era um demônio de coração duro, apesar da fachada piedosa que usava com frequência.
— Nós definitivamente o ligamos a Dúzia. — assegurou Cabal.
O franzido na testa de Danna aumentou.
— Você achou o corpo dele?
— Ainda não, mas o acharemos. — Cabal moveu seus ombros enquanto soltava uma forte respiração. Ele puxou a foto das mãos dela e pegou o envelope pardo.
— Que mais tem aí? — Danna se inclinou para frente quando a ponta de várias fotos apareceram na parte superior do envelope.
Cabal olhou para cima como se surpreendesse. Cassa sabia como as coisas funcionavam. Raras vezes as raças eram surpreendidas por alguma coisa ou alguém, especialmente Cabal.
Era interessante ver aqueles dois juntos. Por baixo de sua fachada tranquila, Danna estava evidentemente irritada por uma informação estivesse sendo retida. Também ficava claro que era muito consciente que alguma coisa estava acontecendo em sua cidade. Seria impossível ignorar isso com o desaparecimento de Banks e a repentina chegada de raças circulando pela cidade.
Cabal tirou várias fotos mais do envelope enquanto Cassa olhava o rosto de Danna. A outra mulher empalideceu ao ver a primeira foto sangrenta. As feições eram irreconhecíveis, mas não havia dúvida que a vítima foi horrivelmente mutilada.
Era uma foto que Cassa viu. Estava no arquivo que incluía as fotos da cena do crime do doutor Ryan Damron. Cassa não sabia onde foi assassinado, mas tinha a sensação que era nas mesmas montanhas onde H. R. Alonzo morreu também.
— Meu Deus — sussurrou Danna enquanto levantava os olhos emocionados para Cabal — Quem é?
— O doutor Ryan Damron — disse Cabal tranquilamente — Você conhece?
Tirou outra das fotos, na qual a xerife podia ver o corpo e o chão a volta do médico. Havia um globo ocular em seu ombro esquerdo. Sua língua tinha sido cortada e colocada sobre seu peito rasgado.
— Ryan Damron. — Danna respirou profundamente — Eu o conhecia. Ele visitou Brandenmore e Engalls durante os verões com bastante frequência. Especialmente durante a temporada de caça.
Cabal colocou as fotos de volta no envelope.
— Acha que ele era ligado a David Banks — adivinhou ela — Os dois foram assassinados pela mesma pessoa?
Cabal sacudiu a cabeça para o lado a essa pergunta como se estivesse em dúvida.
— A única ligação que temos é o fato de que o bom doutor estava desaparecido por vários meses antes que encontrássemos seu corpo. A morte foi recente. A Agência recebeu uma informação de onde o corpo podia ser encontrado, e nada mais.
— Entretanto o corpo de Banks ainda não apareceu. — A xerife pôs a mão no quadril, afastou-se para caminhar até o outro lado da sala. — Eu conhecia Banks — ela suspirou — Não gostava muito dele, mas o conhecia. Com o Damron eu só estive familiarizada com ele. — Ela se virou para eles de novo, seus olhos verdes voltaram sobre o envelope que continha as fotos — Entretanto, os dois estavam ligados a Brandenmore e Engalls, sei disso.
— Damron, Banks, Brandenmore e Engalls eram todos companheiros de caçada — disse Cabal — Lembra de alguém mais que caçasse com eles ou que os visitassem sempre aqui?
Danna levantou a mão tocando os lábios com o dedo indicador enquanto franzia a testa pensativamente por um longo tempo.
— Houve vários outros — disse finalmente — Um policial, Aaron Washington. Um homem tranquilo, um tipo agradável. Um advogado que era de D. C. Elam March, ele vinha talvez uma vez por ano e era uma perturbação. Houve um xerife do oeste em alguma parte acho, Jason Douglas. E aquele maldito H. R. Alonzo. Era uma praga. — Sacudiu a cabeça — Havia outros, mas tenho que perguntar ao Myron sobre eles. Ele era mais social que eu, na época. Ele sabe mais informações sobre os amigos de Brandenmore que eu.
Myron. Cassa sentiu um baque no estômago ao ouvir Danna. Depois da reação dele às suas perguntas de manhã, estava começando a ter um mau pressentimento que ele estava mais envolvido nisto do que ela queria acreditar.
— Obrigado por seu tempo, Danna. — Cabal se levantou e Cassa o seguiu mais lentamente — Se lembrar de qualquer coisa, me avise.
— Cabal, que diabos está acontecendo aqui? — A preocupação marcava o rosto da xerife agora — No que Banks estava envolvido? Uma raça não esperaria este tempo para matar por um assassinato que ocorreu há mais de vinte anos atrás.
— Não tenho certeza, Danna. — O olhar de Cabal era sombrio quando olhou a xerife, e Cassa pensou que talvez sentiu uma sombra de pena em sua voz. Será que como ela, Cabal suspeitava que Myron podia estar envolvido nos assassinatos?
Ela não queria acreditar, mas aprendeu a desconfiar, inclusive aprendeu que mesmo os mais íntimos a você podiam trair das piores formas. Ela e Myron eram amigos, mas isso não significava que ele não procuraria vingança por uma companheira que foi assassinada e possivelmente torturada até a morte.
O maxilar de Danna se apertou quando acenou com a cabeça bruscamente, obviamente sentindo que Cabal não diria mais nada.
— Avise-me se puder ajudar em qualquer hora. — ela disse a ele — Também vou continuar procurando informações sobre o Banks. Seu desaparecimento é um caso ainda em aberto. Mas há muita gente rondando por aqui que gostava dele, então deve ter cuidado como faz suas perguntas.
— Obrigado pelo conselho, xerife. — Cabal assentiu outra vez antes de virar e ir para a porta.
— Obrigada pelo café, xerife.— disse Cassa tranquilamente.
— Você é bem-vinda, senhorita Hawkins. — A voz da xerife estava forte agora, a preocupação marcava sua expressão quando Cassa se afastou dela e seguiu Cabal para fora da casa.
Quando saiu ao ar frio e sentiu seu calor junto a ela, teve de conter o repentino arrepio de desejo.
Queria manter sua mente na investigação, ela queria achar o assassino cujos atos poderiam destruir as raças e saber por que ele cometeu tal destruição nos corpos de seus inimigos. O que o guiava, e quem era ele? Uma raça ou alguém tentando destruir as raças? O desejo de entender a levou a tentar responder às perguntas que rodavam em sua mente. Mas outro desejo começava a queimar nela também.
O desejo por seu companheiro.
Não havia nada tão confuso como uma maldita raça, especialmente Cabal. Ele a agarrou e se recusou a soltá-la.
Segurou sua mão do lado de fora da casa da xerife. Quando entraram na caminhonete, sua enorme mão envolveu firmemente o joelho dela enquanto dirigia. Agia como se não conseguisse tirar as mãos de cima dela.
Estaria tentando distraí-la? Desequilibrá-la? Que diabos acontecia com ele?
Deu nele outro olhar cheio de suspeita, enquanto dirigiam para a cidade. A caminhonete chamava muita atenção por onde passava, já que se movia lentamente pelo tráfego de Glen Ferris. Não que a cidade fosse grande o bastante para rodar sem ser notado. A insígnia das raças na porta do veículo não ajudava muito.
As raças sempre chamavam a atenção em qualquer lugar que fossem. O mundo ainda não estava acostumado, ou seguro daquela nova e estranha espécie que o homem tinha criado.
— A Sociedade de Liberdade das raças que escondeu as raças na área. Você sabe a identidade de todos seus membros? — ela perguntou tentando pensar além da sensação das mãos dele acariciando a parte interna de seu joelho.
— Ninguém conhece a identidade da Sociedade da Liberdade. — ele respondeu, não parecendo interessado nisso.
Ela o olhou com incredulidade.
— Certo. — respondeu ironicamente — Ninguém conhece suas identidades. Você não as verificou. E eu apenas vou apostar que Jonas não tem nenhuma pista.
Ele sorriu ao ouvir suas palavras irritadas.
— O que Jonas sabe permanece com o Jonas. — afirmou — Quem sabe o que ele sabe?
Ela quase riu disso, mas se viu olhando-o com incredulidade. Ele estava brincando com ela? O frio, sombrio e perigoso Cabal estava fazendo piadas? Desde quando?
— Você está tirando sarro de mim.— o acusou desconfiada.
O olhar que ele lhe deu a confundiu.
— Eu me divertindo com você? Por que faria isso?
— Porque você pode. — ela suspirou, tentando puxar sua perna do contato da mão dele e falhando. Não pela primeira vez.
— Nunca tentei identificar todos os membros da Sociedade de Liberdade por uma razão. — explicou — Eles lutaram por manter o anonimato, inclusive para a Agência. Tentei respeitar isso.
— E se agora estão escondendo um assassino? — girou-se pra ele quando fez a pergunta — E se conhecem o assassino, sabem dos assassinatos?
Ele olhava para o para-brisa enquanto ela o olhava com uma pitada de raiva.
— Sabemos que Danna é membro da Sociedade de Liberdade. — Ela levantou um só dedo— Walt. Aposto que fez parte dela, e num nível elevado.
— Por que Walt? — A sua mão deslizou mais alto na sua perna, o seu atrito de dedos, carinho, interferindo no processo de pensar.
Ela mal conseguia controlar a respiração. Se aqueles dedos subissem um pouquinho mais alto, ela perderia completamente o fôlego.
— Por que Walt? — Ela olhou para a sua mão, vendo como seus dedos escuros e bronzeados continuavam alisando, esfregando sobre o tecido jeans de sua calça que cobria sua perna.
Houve arrepios percorrendo sua perna, formigamento e choque que enviaram sensações correndo por suas veias, subindo até o alto das coxas, percorrendo em volta do sensível botão de flor de seu clitóris.
Estava cada vez mais úmida e sensível. Podia sentir a carne macia de sua vagina ardendo, preparando-se para ele.
Tudo o que ela desejava fazer era deslizar-se pelo console, montar escarranchada no colo dele...
E por que diabos ela o impedia? Esta era sua companheira, não é verdade? Era seu homem. Ele podia tocar. Podia beijar. Podia fazer o que bem desejasse com ela. Seu maxilar se apertou com o pensamento. Bem, talvez devesse tentar fazer o que ela quisesse fazer para variar. Estavam perto do hotel o suficiente. Inferno, de fato não existia uma série de lugares onde podiam sair da estrada, escurecer as janelas e cuidar de convencê-la. Se ele tivesse o ânimo para fazê-lo.
Ela se perguntou se poderia convencê-lo a se animar a fazer amor.
— Que diabos está fazendo? — Ela se deslizou em seu banco, olhando-o de perto agora, perguntando se tinha coragem, se ousaria a ser tão audaciosa.
— Eu? — Olhando-a surpreso — Que acha que estou fazendo?
Seus dedos se moveram mais para cima, só a centímetros da carne molhada e desesperada que pulsava com a necessidade por ele.
— Está tentando me distrair. — Ela podia ser impertinente. Podia ser má. Seria, porque estava doente e malditamente cansada desta raça em particular pensando que podia controlá-la.
Ela deixou que sua mão tocasse sobre as costas das mãos dele, as pontas acariciavam sua carne quando ele parou sobre sua coxa.
— Acha que pode me controlar, não é mesmo, Cabal? — Ela perguntou baixinho, a acusação pesando entre eles — Não me quer fazendo perguntas. Não me quer investigando esta história. Então, o que está fazendo?
Ele a olhou incrédulo.
— O que estou fazendo?
— Está usando o calor do acasalamento e o sexo para me distrair. — ela respondeu. Devia estar furiosa. Garantiu a si mesma que ficaria mais tarde. Agora, ia ser o que queria ser. Pela primeira vez, faria o que queria fazer. Pela primeira vez, ia distrair em vez de ser distraída.
Decidiu que era uma obrigação de companheira. Ao menos quando uma mulher tinha um companheiro como Cabal.
— Eu não faria isso. — Ele limpou a garganta quando ela moveu sua mão sobre a dele e a pôs em sua coxa. As pontas de seus dedos dançavam sobre o jeans que cobria seu músculo duro ali, aproximou, então se separaram do vulto de seu membro endurecido.
Observou quando ele respirou fundo, seu peito expandido quando ela soltou o cinto de segurança e saiu do seu banco.
— Inferno! — Ele exalou quando ela escorregou uma perna sobre sua coxa e se moveu até que estivesse cavalgando-o, seu corpo escorado entre ele e o volante.
— Estou certo que isto é ilegal. — Sua voz era de repente gutural, dura.
— Alguma vez se preocupou pela legalidade do que faz? — ela perguntou, baixando sua cabeça para seu ombro, seus lábios tocando seu pescoço.
— Só se eu pudesse ser pego. — Sua mão segurou o quadril dela, seu corpo tenso quando ela raspou os dentes ao longo de seu pescoço. — Poderíamos ser pegos.
— O que estamos fazendo?
— Conduzir e montar de uma maneira ilegal? — ele perguntou — Tenho certeza que há uma lei em alguma parte sobre isso.
— Tenho certeza. — ela murmurou de repente distraída pelo sabor de sua carne quando seus lábios acariciaram seu pescoço, sua língua acariciando sobre ele.
Sentiu uma onda de poder correndo rápido por ela quando os quadris de Cabal se levantaram, giraram, seu pau pressionando no vértice entre suas coxas quando ela se moveu sobre ele. Ele não estava se negando a ela. Não a rejeitava ou ridicularizava.
— Maldição, Cassa. — Em troca estava gemendo, quando ela tirou sua camisa de seu jeans, sua mão acariciando seu abdômen duro, sentindo os músculos tensos sob a palma de sua mão.
Ele estava excitado. Tão quente e duro. A fez se sentir suave, feminina, de uma forma que nunca antes sentiu
— Se eu romper, estaremos com problemas — a avisou, mas não mandou se afastar dele. Não estava xingando-a, não a amaldiçoava por sua audácia.
Estava excitado. E estava abraçando-a junto a ele.
Quantas vezes fantasiou sobre isto? A respeito de ser corajosa e audaciosa com ele. Sonhou em ser a mulher que nunca foi capaz de ser antes. A mulher que não soube ser.
— Não vai romper, Cabal. — ela sussurrou quando mordiscou a dura carne de seu pescoço.
— Fácil para você dizer. — grunhiu, sua mão movendo-se contra seu quadril, movendo-a contra ele enquanto pressionava-se no meio de suas coxas.
— Muito fácil eu dizer para você. — Ela suspirou de prazer com a sensação da ponta dura do seu pau golpeando contra suas sensíveis dobras.
— Que diabos aconteceu com você? — Seu gemido foi uma respiração estrangulada de luxúria quando virou a cabeça dela, seus lábios roubando um beijo rápido antes de voltar seu olhar de novo à estrada— Pensei que fosse lutar contra isto com todo seu fôlego.
— Você é o único lutando.
Inclinou-se na curva quando ele fez a virada que levava para a cabana que tinha alugado. Apertou seus joelhos sobre as coxas dele, sua mão acariciou seu peito.
— Cassa, querida, está acabando com meu controle.
E o que aconteceu com seu controle? Onde foi seu juízo ou seu senso de auto-preservação? Tudo se desintegrou quando ele a agarrou. Desapareceu com seu primeiro beijo.
— Eu tenho você. — Ela se sentou em seu colo quando o Raider acelerou na subida íngreme que levava a cabana.
Viu o brilho âmbar em seus olhos, viu o rubor que tingia suas faces e a luxúria que ardia em sua expressão.
Suas mãos se moveram entre seus corpos, seus dedos desceram até o fecho de seu jeans. Precisava dele. Ansiava por ele.
— Droga. — ele grunhiu — O que faz comigo devia ser ilegal.
— Faça uma queixa no gabinete de governo. — ofegou ela, falando do grupo que fiscalizava a comunidade das raças e suas leis.
— Vou tomar você, companheira.
Sua respiração era tão dura, tão pesada, quanto a dela ao parar a caminhonete de repente na frente da cabana. Antes que pudesse respirar mais, seus lábios tomaram os dela, sua língua rodando a dela, derramando o sabor picante do hormônio de acasalamento e ateando fogo na excitação que crescia rapidamente fora de controle.
Ela apertou seus braços a volta dele, seus joelhos segurando os quadris e se agarrando nos ombros dele e ao beijo enquanto ele saía do carro.
Ela queria rir de prazer quando sentiu as mãos dele em sua bunda, puxando-a para ele. Mas estava presa ao seu beijo. Ela gemeu no beijo, suas mãos rasgando sua camisa e tirando-a, desesperada para sentir sua carne nua enquanto sentiu a porta em suas costas, sentiu Cabal lutando para destrancar a porta.
— Está me pressionando muito, companheira. — Estava rosnando com luxúria agora, sua voz grossa e profunda, quando a porta se abriu com um empurrão.
Cassa o beijou nesse momento. Fundindo seus lábios nos dele, enfiou os dedos entre os fios longos dos cabelos dele, abraçando-o enquanto brincava, o acariciava, enquanto o amava.
Aqui, dentro da luxúria que os consumia, podia esconder o amor por ele, que brotava do fundo de seu coração e transbordava em cada carícia que fazia nele.
Aqui e agora, podia esconder seus sentimentos dele, disfarçar todo amor que realmente sentia por ele sob o desejo e contê-lo, segurando-o firmemente como precisava segurar.
— Você me deixa louco para te tocar. Para te saborear.
Ela não tinha ideia de como foram da porta à sala de estar. Só soube que quando a pôs sobre o sofá, sua blusa foi arrancada, afastada bruscamente. O sutiã de renda foi feito em migalhas e os lábios dele logo cobriram um mamilo enrijecido.
As mãos dele rasgaram sua roupa, arrancou seu jeans e botas de seu corpo, enquanto ainda chupava o mamilo com força com sua língua áspera, fazendo-a gemer de prazer.
Aquilo era delicioso. Ela viveria por isso, ansiaria por isso mesmo sem o calor de acasalamento que torturava seu corpo agora.
Ela enfiou seus dedos nos cabelos dele, enroscando nos fios grossos e pesados enquanto suas costas se arqueavam e lutava para se aproximar mais da língua maliciosa e deliciosa que chupava e lambia primeiro um mamilo, depois o outro.
Cassa sentia o turbilhão de sensações, de prazer, que começavam a agitar, a retorcer dentro dela. Estava nua na frente dele, se arqueando dentro de seu abraço e querendo muito mais que seus golpes provocantes permitiam.
— Cabal, por favor — ela suplicou baixinho com um suave soluço quando suas mãos acariciaram para baixo de seu estômago.
— Eu vou te satisfazer. — ele disse em tom áspero— Vou satisfazer a nós dois, meu bem.
Deslizou seus dedos dentro da umidade espessa e escorregadia entre suas coxas enquanto começava a beijar e mordiscar o caminho até seu ventre.
Ela soltou um grito surpreso quando ele de repente se levantou, reclinando-a para trás no sofá e escancarando suas coxas para ele que se ajoelhou diante dela.
Ela não teve tempo de entender o significado do movimento até que ele abaixou a cabeça e enfiou a língua em sua vagina apertada, a lambendo e chupando. Comeu-a gulosamente levantando mais suas pernas e apoiando seus pés nas almofadas e a abriu mais ainda para acariciá-la com a boca.
Cassa tentou conter o grito de prazer no momento que sua língua correu por sua racha e depois chupou seu clitóris, mas ela não conseguiu se conter. Voou por uma onda turbulenta, uma sensação tão violenta que estremeceu completamente, fazendo-a se contorcer sobre as almofadas em êxtase suspenso.
Foi demais. Ela estava morrendo. Bem ali na sala de estar com os raios coloridos do sol se derramando pelas enormes janelas, estava morrendo. Queimava viva em seus braços e sua cabeça queimando em chamas.
O orgasmo que veio sobre ela a fez gritar seu nome quando ele se encaixou entre suas coxas.
Cassa abriu os olhos quando ele se soltou dos dedos que prendiam em seus cabelos e a pôs sobre seu ombro poderoso.
Os dois ficaram olhando quando ele segurou o pau com uma mão e enfiou a grossa cabeça avermelhada do pau contra a entrada da vagina molhada.
— Porra, querida como isto é sexy! — Sua voz rouca fez um arrepio de prazer percorrer rápido por sua espinha.
Cassa olhava de olhos arregalados, enquanto ele empurrava o pau para frente e depois retirava suavemente e de novo enfiava e retirava o pau duro e palpitante. A cabeça do pau se enterrou nela lentamente, abrindo sua vagina quando um gemido baixo e lamentoso escapava de seus lábios. Seus olhos se fecharam ao se arquear contra a deliciosa penetração, saboreando e adorando a lentidão do entra e sai do pênis duro na entrada da boceta, estava adorando as deliciosas caricias do pau grosso dentro da sua racha molhada.
Sua cabeça rodou contra as almofadas, suas unhas se fincaram na pele de seus ombros enquanto suas pernas envolviam os quadris dele para puxá-lo mais para dentro dela.
Cada marretada lenta, cada estocada forte e controlada do pau dentro dela enviava sensações alucinantes de prazer por seu corpo. Correntes elétricas de prazer pulsavam por sua vagina, fazendo-a apertar mais os músculos da vagina em volta do pau enorme que entrava e saia dentro dela, ela lutou para prendê-lo dentro dela enquanto ele continuava enterrando num vai vem lento e fácil.
— Tão doce — ele rugiu com voz áspera — Porra Cassa foder você assim é tão bom.
Muito bom. Ela estava quase gozando, seus músculos internos agarrando-o com força, as unhas dela se fincaram na pele dele quando ele se inclinou sobre ela e empurrou mais profundamente e com força. As mãos dele seguraram seus quadris, seus lábios foram para o ombro dela e ela soube o que ia acontecer. Ela sentia o orgasmo se aproximando, apertando em seu útero.
Foi um incêndio. O calor e as chamas giravam em volta dela, até que explodiram numa massa de sensação tão deliciosa que nada mais importava.
Quando pensou que não podia suportar mais, ficou melhor ainda. A lingueta, a farpa das raças felinas se enrijeceu, ficou duro como um pequeno pau duro e travou-se dentro dela e derramou o sêmem quente de Cabal em esguichos mornos dentro dela. Estava presa num mundo de prazer. Ela amarrou suas pernas em volta dos quadris dele, se empurrando contra ele, seu pescoço curvado para trás, e quando a mordida dele chegou, ela explodiu de novo em uma série de orgasmos que roubaram seu fôlego e derreteram sua mente.
Ela se apertou contra ele com um desespero que nunca conheceu em sua vida. Agarrando-o para manter algum equilíbrio, uma certa segurança.
Seus braços em volta dela, sua carne presa na dela, seu corpo protegendo o dela, ele era sua segurança. Seu porto seguro numa tormenta que ameaçava destruí-la com a violência do prazer. Ela jurou que nunca dependeria de ninguém, que nenhum homem seria o centro de seu universo, seu porto ou sua segurança.
Até mesmo Douglas não significou muito para ela. Nunca foi imprescindível para sua vida, ou para seu prazer. Agora, mergulhada em êxtase, Cassa admitiu pelo menos a si mesma que Cabal era exatamente isso. Mesmo sem o calor do acoplamento, esse homem era imprescindível para seu coração.
— Calma. — Ela ouviu sua voz sussurrando em sua orelha, e só nesse momento Cassa notou que ela estava chorando.
Sua cabeça estava enterrada contra seu ombro, seus braços em volta dele, ela estava perdendo sua mente, porque estava louca o bastante para deixá-lo perceber o quanto significava para ela.
Ele era uma raça. Não era um homem normal. Podia perceber, cheirar emoções. Sabia o que ela se negava a dizer. Podia cheirar o que ela se negava a sentir. E agora sentia demais aquilo que não devia sentir, que jurou não sentir.
— Eu possuo você. — Ele pressionou os lábios contra seu pescoço, suas mãos escorregaram por suas costas, as palmas calejadas acariciavam sua pele, acalmando os tremores que a percorriam..
Ela não queria ser confortada. Não queria depender disto, não queria se iludir ansiando por ele para ele se afastar depois. Porque ele sempre se afastava. Nunca se demorava por muito tempo.
Ela lutou para acalmar sua respiração enquanto ele se retirava lentamente de dentro dela antes de levantá-la em seus braços e ficar de pé. As pernas em volta dos quadris dele, seus braços ainda segurando-o, Cassa descansou sua cabeça sobre seu ombro quando ele a levou pelas escadas para o enorme quarto de cima e para a cama que ainda mantinha o cheiro deles.
— Você me faz ficar preguiçoso — ele disse suavemente quando a pôs sobre a cama, depois rapidamente puxou o lençol e o edredom sobre eles enquanto a puxava para dentro de seus braços.
— Sim. Preguiçoso. — A diversão em sua voz era maior que deveria. Ela nunca conheceu uma raça que fosse pelo menos perto de ser preguiçosa.
— Você me faz querer ficar aqui, Cassa, pelo tempo que puder permanecer.
Ele pousou a cabeça no travesseiro ao lado da dela quando ela se virou para ver o olhar sombrio dirigido a ela.
— Por que você não poderia? — Ela perguntou — A menos que tenha algo a fazer que não queira me contar.
Continuou olhando-a silenciosamente, as manchas douradas em seu olhar brilhando sabidamente enquanto a observava.
— Somos companheiros — ela assinalou — Não deveria haver nada que você faz que eu não possa fazer parte.
Ela esteve guardando esse trunfo, na esperança de usá-lo num momento que realmente funcionasse. Não sabia de todos os detalhes da Lei das raças, mas de uma coisa ela tinha certeza. Se ela não quisesse que ele corresse perigo de vida, então ele era obrigado a parar e desistir imediatamente, por um período de um ano.
Odiaria jogar isso sobre ele, para falar a verdade, provavelmente não faria, a menos que ele cometesse o erro de tentar tirá-la de seu trabalho.
— Sabe, eu sempre soube do fato que você sabia como jogar sujo. — ele afirmou pensativamente, mas sem raiva.
Ele estava realmente muito tranquilo, surpreendentemente calmo. Talvez por isso, ela parecesse tão terrível
Cassa arqueou uma sobrancelha.
— Eu jogar sujo? Eu apenas disse que deveria fazer parte no que está fazendo, não importa o que esteja fazendo. Como isso é jogar sujo?
Ele riu com o comentário enquanto ficava de lado, se apoiando num cotovelo.
— Nós conhecemos a Lei das Raças.
Os olhos dela se arregalaram.
— Acha que estou te ameaçando, Cabal? — ela piscou para causar maior efeito — Nunca faria isso.
— Eu tinha a esperança de que não o fizesse. — ele disse — Parece uma mulher muito inteligente, Cassa. É por isso que vai permanecer fora disso agora que nos acasalamos. Não porei você em perigo.
Ela riu. Bem na cara dele, a diversão brotou dentro dela até que explodiu numa gargalhada e a fez sacudir a cabeça diante da arrogância dele.
— Sim. Isso é exatamente o que vou fazer. — ela prometeu com todo o sarcasmo que pôde reunir enquanto se levantava da cama e puxava o lençol amassado para cobrir seu corpo nu.
Ela não se importava muito com o olhar de franca admiração no olhar dele ao ver seu lindo corpo nu naquele momento. Nem ligava para a zombaria que persistia em sua expressão.
— Cassa. — Ele não se incomodou em cobrir a nudez, ou o pau excitado, quando se arrastou pela cama — Isto não é brincadeira. O que diabos esteja acontecendo aqui está ficando muito perigoso.
— Você cobre minhas costas e eu cubro as suas. — Olhava-o fuzilando-o com o olhar, ferozmente — Mas não vou embora, e não vou largar o que estou fazendo aqui.
— O que diabos está fazendo aqui? — A voz dele levantou, não muito, mas aquilo em Cabal era muito, já que ele normalmente falava em tom baixo e calmo, sempre. — Além de se pôr em perigo.
— Conseguindo uma história. — ela o informou friamente.
— Por quê?
— O que quer dizer com esse por quê? — ela exclamou — O assassino me enviou informações Cabal. Devo ignorá-la?
— O que vai fazer com as informações ou as respostas quando as conseguir? — ele perguntou-lhe, sua expressão feroz — Sabe que vamos encobrir o caso, enterrá-lo o mais profundo possível. Por que escrever uma história que nunca será mostrada, Cassa? Por que fazer isso a você mesma?
Por quê? Ela o olhava confusa. Sabia a resposta, mas não era uma que poderia lhe dar.
— E se você estiver errado sobre o encobrimento? — ela sussurrou. — E se alguém descobrir? Ou se o assassino enviar as provas para outro jornalista? Você precisará de respostas.Você precisará de alguém que escreva uma história que mostre o lado dele e esclareça a posição das Raças.
— Isso pode ser feito sem que você se ponha em perigo. — ele afirmou — Por que você está aqui?
— Eu quero respostas. — ela disse furiosamente — Preciso saber por que.
Ele sacudiu a cabeça.
— Precisa se perdoar. Essa é a razão de fazer isso por todos esses anos. É a razão pela qual sempre lutou para ver as raças como heróis e vítimas e não os assassinos que fomos criados. É por isso que você se põe em perigo pelas raças. Você não pode compensar o que Watts fez.
Cassa se retraiu. Sua declaração fez uma dor percorrer seu corpo, ficou surpresa por estar de pé. Foi como um soco doloroso em sua alma que ecoava por todo seu ser. Não podia desculpar o que ela deixou Douglas fazer. Ela não percebeu o que ele estava fazendo. Sabia disso. Mas sabia que não tinha absolvição, nem perdão pelo crime que cometeu. O crime que cometeu sem saber, ao confiar no homem com quem casou.
Não havia maneira que ninguém perdoá-la. Existiram duas dúzias de raças Bengala. Que soubesse, todos morreram, exceto um. Cabal. O mais feroz, o mais perigoso de todos eles.
— Isto não tem nada a ver com isso. — ela afirmou, sabendo que sua voz, assim como seu argumento era fraco.
Não era mais do que ela pensava de si mesma. Ela lutou por anos para que o mundo visse o que ela viu quando conheceu as raças. Homens e mulheres lutando pela sobrevivência. Não importava para o que foram criados. O que importava era o que eram, dignos, fortes.
— Tem tudo a ver com isso, Cassa. — ele rosnou quando puxou uma caça jeans da cômoda e a vestiu — Acha que se pondo na linha de fogo fará que alguém a veja de forma diferente?
Cassa se virou de modo que ele não visse a dor em seu rosto. Era exatamente isso que ela tinha esperado. Que se as raças nunca soubessem do alcance do que Douglas fez, acreditariam que ela não fez parte daquilo. Ela esperava acalmar o ódio que ela temia que Cabal sentia por ela.
— Se eles me veem de forma diferente ou não, não importa. — ela disse tranquilamente quando se virou para ele lutando para esconder a dor o bastante para que os sentidos de raça não detectassem. — O que importa é como me vejo. E não gostaria do que veria no espelho toda manhã, se me afastar disto.
Afastou-se dele. Não se preocupou em sair majestosamente do quarto, não achava que tivesse energia para isso. Simplesmente se afastou, voltou para a sala e as roupas caídas pelo chão.
Sua roupa, assim como a dele.
Sacudiu sua cabeça diante do sentimento de fracasso, vestiu-se com pressa antes de pegar a mochila que usava como bolsa e sair da cabana.
A caminhada ia ser uma droga, mas não seria tão difícil quanto ficar aqui e olhando nos olhos dele, sabendo que nada que fizesse, não importa o muito que o amasse, nunca compensaria o que seu ex-marido tinha feito. Ou o quanto ele a culpava pela chance que Douglas teve para enganar as raças.
O ar estava gelado, o clima do final de inverno que se deslocava com força sobre as montanhas quando a temperatura começava a cair. Seria uma longa e fria caminhada de volta a cidade. Mas não podia ser mais longa ou mais fria, que o passado que se estendia atrás dela.
Ele a seguiu. Cassa esperava por isso. Era seu companheiro. Ele era seu par biológico e hormonal. Ela riria desse pensamento, se não estivesse tão zangada com ele. A caminhada de volta para a cidade era uma gelada, mas lhe dava a chance de pensar, uma chance de pôr as coisas em perspectiva, um pouco mais do que ela já tinha feito. Não que ela estivesse resolvida, porque não estava. Quando ele para ao seu lado e a porta do passageiro da enorme caminhonete se abriu, ela se virou e o olhou por um longo tempo, depois fechou a porta com um golpe.
Ela estava aqui por uma história, não para ser analisada por um Bengala que não tinha ideia do tormento que viveu por seu sofrimento. E ela não estava aqui para lutar pelo amor de um homem que, obviamente, não queria abrir seu coração para ela.
Quando ela chegou na cidade, suas pernas estavam queimando, sua raiva crescendo. Estava quase na entrada das Cataratas do Kanawha quando uma potente Harley preta entrou na área de estacionamento e parou.
Dog.
Seu sorriso era zombador, divertido, enquanto olhava dela para o Raider.
— Quer uma carona? — ele perguntou.
— Não viajei com ele, por que passearia com você? — ela perguntou.
— Em primeiro lugar, porque eu posso te dar respostas, e ele ia morrer de raiva e ir para o inferno? — perguntou quando ela parou um segundo antes que Cabal também parasse.
— Melhor andar logo, ele já vem aí. — Dog riu quando o Raider parou rapidamente.
Cassa deixou de lado suas dúvidas a respeito de Dog, pulou para a garupa da Harley e cruzou os dedos numa oração para sobreviver na viagem.
Dog não a machucaria tão descaradamente, disse a si mesma, quando ouviu Cabal rugindo um xingamento atrás dela e Dog rugiu de volta.
— Respostas. — ela disse furiosamente — Como você disse, não temos muito tempo.
— Você é danada, senhora Hawkins — ele respondeu apertando a jaqueta de couro que usava em vez de envolver seus braços em volta dele. Não suportava a ideia de abraçá-lo.
— Sem brincadeira. — ela disse direta. — Agora diga algo que eu não saiba.
Dog fazia curvas pela pequena cidade mais rápido do que gostaria. A motocicleta vibrava e zumbia como uma poderosa besta entre suas coxas e a lembrava o fato de que não deveria estar ali, não com ele, não com aquela raça.
— Algo que não saiba? — ele respondeu — Algo que você não saiba, senhora Hawkins, é a mesma coisa que seu Bengala está verificando.
— Só me mantém em suspense, por quê? — ela respondeu enquanto se aproximavam do hotel— E se não se importa, não passe do meu hotel.
Seu corpo grande vibrou com uma risada enquanto entrava no estacionamento do hotel, manobrando e estacionando perto da entrada, enquanto Cabal parava atrás deles.
— Pergunte a ele por que o assassino a contatou, senhora Hawkins. — sugeriu Dog quando ela desceu da motocicleta — Ele sabe por que você está aqui.
Sua declaração a fez parar e se virar para olhá-lo com os olhos apertados, consciente de Cabal saltando da caminhonete e vindo até eles.
— Por quê? — ela explodiu.
— Porque Watts fazia parte da Dúzia, Cassa. Foi parte dela, é ele que o assassino quer.
Com essa surpreendente declaração, Dog ligou sua Harley e saiu disparado do estacionamento um segundo antes de Cabal alcançá-los.
Cassa olhou para seu companheiro, o choque a envolveu enquanto via a suspeita em seus olhos, o conhecimento. Estava lá, nos pontos brilhantes de cor âmbar que a olhavam. Ele tinha uma peça do quebra-cabeças que ela devia ter. Ele sabia de algo tão importante, e não contou a ela.
— O que faria seu assassino achar que posso trazer Douglas de volta dos mortos? Ou será que ele só acha que eu devo continuar pagando pelos crimes que meu ex-marido cometeu?
Sua voz estava rouca com as lágrimas que ela se recusava a derramar, com uma raiva que se recusava a libertar.
— Merda! — A maldição resmungada era a prova da rara honestidade com a qual Dog a fez sofrer.
Uma parte dela esperava que fosse uma mentira, que o raça Coiote não soubesse do que estava falando. Dog não era conhecido por sua lealdade à comunidade das raças, muito pelo contrário. Era conhecido por trabalhar com seus inimigos. Do jeito dele, claro. Boatos corriam que no ano passado até mesmo o treinador de Dog não estava sempre certo de que lado ele estava jogando.
— Sim, merda! — Ela xingou com ênfase a maldição — Você fodeu com tudo, Cabal.
Voltando-se, ela se afastou do Bengala, ignorando o desejo de apenas uma carícia. Mas agora não queria uma carícia sexual, como deveria ser. O calor de acasalamento tinha fama de sempre atiçar o desejo sexual.
Não, a necessidade que retorcia dentro dela agora era o desejo de uma caricia, do abraço dele. O desejo de apenas se inclinar contra ele e bastaria para que pela primeira vez em muitos anos, ela se curasse.
Ela ficou sozinha desde a morte de seus pais, doze anos atrás. A consequência disso foi seu desastroso casamento. Douglas se mudou para sua casa, tomou posse dela e lentamente destruiu toda sua autoconfiança.
Que fácil ela foi, pensou enquanto entrava em seu quarto e jogava sua mochila sobre a mesa mais próxima. Pensou que o amava quando se casou com ele, mas com o passar dos meses, ela percebeu que na verdade foi sua dor que a fez se apoiar nele.
Mas então, era muito tarde. Douglas tinha se integrado em sua vida e já tinha começado a semear as sementes de sua destruição.
Ela lamentou a própria ignorância disso. Esteve se xingando por onze anos. Cometeu o erro de confiar nele, e ainda pagava o preço por isso.
As vezes, ela se perguntava se continuaria pagando até morrer. E além.
Morte viu a luz acesa no quarto do hotel. Como ela era quente e convidativa vista da margem oposta do rio. Quantas lembranças traziam de volta?
Muitas lembranças. Estavam empilhados num canto distante de sua mente, brilhando fracamente na imaginação enquanto a dor cortava uma alma que foi destroçada por muitos anos.
Noite dos Namorados. Tudo aconteceu depois. Outro aniversário se aproximava. Outro ano sem a companheira que iluminou todos os cantos de uma vida que antes do acasalamento era escura.
Morte esfregou seus braços ainda sensíveis, que ainda ansiavam pelo toque dela. Não havia células que não sentissem falta da presença da companheira. Era como uma doença, uma febre constante que fatalmente destruiria sua mente.
Nunca terminava.
Uma vez houve calor, risada. Houve um lugar para pertencer. Nada disso existiu agora. Não havia mais que lugar a que pertencer ou aqueles braços para segurar. Não havia mais os beijos que precisava para alivia a fome, o desejo que nunca deixava de atormentar e torturar seu corpo e sua mente.
Ele criou Morte. Esse vazio horrível, corrosivo que nunca foi embora. Isto nunca aliviava. O sofrimento nunca aliviava, nunca ia embora. Pulsava e ecoava pelo espírito até que a loucura fosse um alívio.
Muitos pensariam que agora era louco. Não era. A loucura era a incapacidade de aceitar o que alguém fazia de errado. Morte estava muito consciente de que não havia nada correto aqui. Ele era simplesmente a justiça. E justiça era tudo que importava para as vidas que foram tomadas. Para as vidas que nunca poderiam ser devolvidas.
— Você era um homem bonito. — Morte virou-se e olhou a vítima presa e amordaçada que estava deitada na beira da água.
Seus olhos estavam apertados, cheios de ódio. Cheios de fúria.
Um sorriso cruzou os lábios de Morte. Era um sorriso brutal. Em que brilhou com dentes afiados e determinados.
Sim, Cash Winslow, um ex-agente da CIA. Ele foi um homem muito bonito. Alto e magro com cabelo escuro e sedoso, olhos enganosamente gentis. Foi alguém em quem Morte acreditou. Confiou e foi traído.
— Lembro de uma viagem de pecaria que fizemos. — Morte disse suavemente olhando para um Cash Winslow envelhecido. — Você lembra?
Houve sons abafados de raivo por baixo da fita adesiva que cobria sua boca.
— Peguei o maior peixe. Aquele bagre grande e velho. Comeu comigo, fizemos planos. Comemos aquele peixe grande e resistente, espinhoso do jeito que estava. — E eles riram, fizeram planos para libertar as raças e as vidas que viveram num mundo tão diferente do deles, enfrentando tantos perigos.
Morte então se virou para Cash, olhou dentro daqueles olhos. Aqueles olhos enganosos, mentirosos.
— Você traiu a todos nós.
O frio do rio envolvia o corpo que já esteve muito mais frio em outras noites. Noites quando as mantas não aliviavam o frio, quando mesmo as lembranças não podiam derreter o gelo interior.
Morte bateu a mão enluvada contra a testa de Winslow. Seu cabelo era cinza agora. Tinha um pouco mais de sessenta. Envelhecido. Já não era tão rápido como costumava ser, nem era tão intuitivo. Ele esperou o tempo passar antes de se vingar. As vítimas não eram tão ágeis como costumavam ser.
— Lembro-me de como era próximo de muitos deles — suspirou Morte dolorosamente — De todos nós.
Sussurros vieram de baixo da fita adesiva enquanto Cash lutava desesperadamente. Era realmente patético. Ele era um homem bem forte, em forma, musculoso e muito bonito. Agora era apenas um velho gordo, careca e resmungão. Com uma linha de pesca envolta do pescoço.
Ele foi uma isca antes. Levou até eles com uma raça Coiote que supostamente tinha escapado e precisava de ajuda na montanha.
— Você veio até nós. Você jurou que era uma vítima, que defendia sua liberdade e segurança. Você era nosso amigo e, nós acreditamos em você.
De pé, Morte olhava de cima para Winslow com a alma pesada e quebrada.
— Nós acreditamos em você.
Não havia mais tempo a perder. Agarrando-o por debaixo dos ombros, não foi difícil levantá-lo, correr rapidamente a pequena distância até a beira do rio, para as rochas a vários metros de distância.
Ele se debateu, mas isso era bom. A luta era preferível. Isso significava que ainda havia alguma vida dentro dele para deixar. Quando estivesse debaixo da água, sofreria. Conheceria a dor, por alguns minutos pelo menos.
— A água está muito fria. Fria o bastante para que a hipotermia venha bem rápido. O que na verdade era muito mau. Eu esperava fazer você sofrer um pouco mais. Eu esperava saborear seu sangue, mas esse é um mau momento para isso, não?
Fazê-lo sangrar até morrer seria muito agradável. Rasgar sua garganta seria muito melhor que simplesmente vê-lo se afogar. Mas sua morte precisava deixar uma mensagem. Isca. Muitos saberiam o que isto significava. Muitos veriam o significado, mas ninguém saberia a resposta.
— Lealdade. — sussurrou Morte — É recompensa. Assim você está sendo vingado. Você matou a todos nós.
Ele estava lutando, brigando. Não serviria de nada. Só havia um lugar na margem onde poderia alcançar a segurança, e ele a tinha coberta. Ele ia morrer, e ia assisti-lo morrendo.
— Você e Watts. — A voz estava cheio de ódio, com o brutal desejo de sangue — Você e Watts planejaram. Você executou.
Um chute forte e duro em suas costas o mandou caindo na água. O som dos borrifos na água era quase tão satisfatório quanto o som dos gritos que soltava, mas era melhor que vê-lo respirar. Era melhor que saber que vivia por mais algum tempo.
Segurando a linha enroscada ao redor do pescoço de Winslow, era um negocio fácil de mantê-lo na profunda piscina que seria o seu leito de morte. Os caninos perversamente afiados brilharam na noite quando um sorriso abria seus lábios frios e rachados. Estava lutando, brigando contra a linha, procurando um ponto de apoio, um jeito de respirar, mas não havia maneira de fazê-lo.
Dando um puxão na linha, Morte cantarolou uma canção e olhou o céu carregado de nuvens. Nevaria pela manhã. As raças acharia um cadáver congelado, e nenhum rastro do assassino. Essa era a melhor maneira de matar. Sem deixar rastro. Sem DNA. Sem evidências, só o corpo para mostrar a morte.
Quando Winslow parou de lutar e seu corpo se tornou um "peso morto" contra a linha, Morte se ajoelhou em uma rocha e olhou dentro da água turva o corpo lá em baixo.
— As rosas são vermelhas. As violetas são azuis. Lembro de você companheira, e como eu sinto sua falta.
Havia lágrimas em sua voz enquanto sussurrava essas palavras. Lágrimas e dor. Havia realmente sido há vinte anos que a vida se tornou tão escura e sombria? Sentia dor como se tudo tivesse acontecido ontem. Ou há uma hora atrás. Doía até a agonia ser como uma ferida aberta e se recusasse a curar.
— Eu sinto tanta falta de você.
Morte limpou o rosto sem lágrimas. Elas pararam de cair a muito tempo. Movendo-se lentamente, a linha de pesca estava presa num enorme ramo de uma árvore próxima, e na ponta ele enganchou uma foto. Deixaria para eles fazerem como quisessem.
Voltando a olhar fixamente a bem iluminada janela do quarto de Cassa Hawkins, os sombrios olhos se estreitaram e a raiva se fortaleceu novamente.
Ela tinha se acasalado com aquele Bengala. Maldita seja. Acasalou com uma raça. Isso tornava as coisas mais difíceis. Ela não devia ter feito aquilo. Morte não tinha pensado que ela faria aquilo. Mas aconteceu. Não havia arrependimento nem tão pouco remorso.
Um companheiro teria que ser sacrificado. Mas muitos já foram sacrificados, importava realmente mais outro? O resultado final era o que importava. O resultado final, e a morte daqueles que tinham destruído a muitos.
— Adeus, Cash Winslow. — sussurrou Morte com uma sensação de alívio— Sete fora. Quatro pendentes. E de novo mais um vai morrer.
Porque Watts era parte da Dúzia, Cassa. Fez parte dela, é ele que o assassino quer.
A afirmação de Dog rodou na mente de Cassa ao longo da maior parte da noite. Andando para lá e para cá no quarto do hotel, lutou para entender por que um assassino raça acharia que ela devia pagar pelo que Douglas fez há tanto tempo atrás.
Ele fez parte da Dúzia Mortal. Puxou a velha e desbotada foto em seu laptop e se concentrou nos rostos dos doze homens precariamente focados. Um rosto em especial sempre a fez fazer uma pausa, embora nunca soubesse com certeza do por quê.
Agora sabia o por quê.
Douglas.
Ela piscou, olhando muito atentamente o rosto. Podia facilmente ser Douglas quando era mais novo. Os mesmos traços quadrados. Os mesmos lábios estreitos e quase cruéis. Era muito mais novo. Pelo menos uns dez a quinze anos mais novo de quando foi casada com ele. Ele era muito mais velho que ela.
Os assassinatos durante o massacre da noite dos namorados foi onze anos antes da revelação das raças. Hoje era perto de vinte e dois anos, Cassa supôs. A noite dos namorados, era há umas poucas semanas a partir de hoje, seria o vigésimo segundo aniversário do massacre.
— Deus, Douglas, o que você fez? — sussurrou quando fechou a foto antes de acessar à seção histórica do Escritório de Assuntos de Castas.
Não havia notícias sobre aquela noite, nada para lançar uma luz sobre o que aconteceu. A verdade deste caso teria que vir de uma fonte local. E precisava de algo mais que a xerife lhes tinha dado.
Danna Lacey fez parte do movimento para a liberdade das raças em Glen Ferris. Fez parte do grupo que lutou ao lado das raças e que tentou de algum modo proteger com segurança aqueles que não fugiram dali.
Mas ela não fez parte da liderança. Era muito jovem. Não, quem levou raças com o Patrick Wallace teria que ser muito velho agora. Como Walt.
Nesta cidade pequena havia tantos segredos quando se referia as raças. Os cidadãos que fizeram parte do movimento mantiveram uma atenta vigilância sobre as raças, as mesmas raças que certificaram em permanecessem escondidos naquele dia.
Mesmo agora eles ficavam em segundo plano. Batendo um dedo contra o laptop, Cassa avaliou a melhor maneira de obter a informação que precisava.
Ela adoraria procurar Dog para mais perguntas, mas tinha a sensação que não ia acontecer. Cabal mantinha uma atenta vigilância sobre ela, e se encontrar com outro raça seria quase impossível de realizar.
Talvez.
Ela puxou o celular de seu jeans, abriu e teclou um número.
— Mordecai. — A Raça Coiote atualmente associado ao complexo das raças felinas, O Santuário, respondeu ao primeiro toque.
— Estou telefonando para pedir um favor. — ela afirmou.
O silêncio encheu a linha. Ela quase sentia a raça intratável refletindo sobre as possibilidades e pensando sobre que favor ela pediria.
— Tem um crédito excedente — ele finalmente suspirou — Isso vai me matar?
Ela quase riu daquilo. Não podia imaginar Mordecai contemplando a morte de perto e muito menos ele se preocupando se o afetaria.
— Acho que tudo é possível — ela refletiu.— Está se retirando?
Ele grunhiu isso.
— De qualquer jeito as vezes a vida é muito longa. Quem você quer que eu mate?
— Ninguém esta semana — ela prometeu.
Na verdade, nunca quis que ele matasse ninguém, só que ele sempre parecia tão entusiasmado em fazer isso.
— Muito mal — ele murmurou— Vá em frente.
— Estou em Glen Ferris investigando o massacre da noite de São Valentin que aconteceu a uns vinte e dois anos atrás. Mais ou menos duas dúzias de raças foram assassinadas, junto com as companheiras. Sabe alguma coisa sobre isso?
Às vezes as raças sabiam coisas. A informação corria entre eles, escondida em seus corações, exceto se a pergunta correta fosse feita na hora certa.
— Pedaços e peças soltas — respondeu — Nada que possa te ajudar, imagino. Uma dúzia mais ou menos como disse, alguns estavam acasalados, houve um boato que assassinaram os fetos das grávidas.
— Dog está aqui. Ele sabe algo.
Mordecai amaldiçoou.
— Se mantenha bem longe do Dog, Cassa.
Isso era uma má notícia.
— De que lado ele está?
— Do lado dele mesmo — grunhiu Mordecai — É sempre ali onde o Dog esteve e onde sempre estará. Se ele está em Glen Ferris fodendo os negócios de Cabal e Jonas, então vai embora e não deixe nada para trás.
— Preciso falar com ele, Mordecai.
E Mordecai devia a ela. Ela foi a única que rastreou a localização de várias raças que foram levadas dos laboratórios onde ele estava, antes dos resgates. Ela encontrado seu irmão natural e não disse a ninguém exceto a Mordecai sua localização.
Havia outros favores que o coiote lhe endividava. Informação que ela lhe deu ele precisou. Documentos ilegais que ela havia lhe dado. Algumas pequenas trocas entre amigos.
— Más notícias — murmurou Mordecai — Você está com vontades de conseguir que me matem esta semana.
— Você pode organizar o encontro. — Ela disse— Contate-o. Ele sabe que estou aqui, ele tentou falar comigo uma vez, mas Cabal nos interrompeu.
— E continuará interrompendo.
— Não, se Dog tiver o número do meu telefone via satélite. Não se alguém der para ele. Cuidarei do resto.
Ela tinha dois comprimidos enviados que não tinha dado ao Jonas. Só no caso de precisar deles. Usaria as pílulas se tivesse que fazê-lo. Se Cabal a obrigasse.
— Infernos — amaldiçoou Mordecai — Contatá-lo não é exatamente fácil, querida.
— Confio em você. — Cassa foi até a janela e olhou o outro lado do rio.
Quase sorriu ao ver um pequeno brilho de fogo na margem oposta. Um pescador, sem dúvida, apesar de estar muito frio para estar pescando. Franziu o cenho quando as chamas piscaram em tons de vermelho e ouro. Era perto das cataratas, onde a água corria mais rápida, mais forte. Um lugar estranho e uma noite estranha para pescar nas águas traiçoeiras.
— Verei o que posso fazer.— suspirou finalmente Mordecai— Se ele for ligar, ouvirá logo a voz dele. Dog não é previsível. E você deve ser muito cuidadosa.
— Como sempre, meu amigo — ela assegurou— Quando se trata de raças, a gente aprende a tomar cuidado de verdade.
Ela quase riu ao ouvir o rosnado de reconhecimento dele. Fechou o telefone, e o pôs no bolso de sua calça jeans e continuou olhando as chamas na distância por uns segundos, enquanto tentava determinar por que a incomodavam.
Ela saiu de seu devaneio com o silencioso alarme de seu laptop. O alarme de e-mail foi programado para um endereço eletrônico em particular.
O de um assassino.
Cabal estava ao lado do Jonas, com o link de comunicações em seus ouvidos, atento a conversa tranquila dos agentes protegendo o perímetro quando o corpo foi tirado da água.
Não havia luzes tão perto da cena da morte. O fogo se apagou no momento que ele e Jonas chegaram à cena do crime, e quando Cabal olhou para o céu escuro, só rezou para poder limpar tudo antes que a luz do dia lançasse seus primeiros raios sobre a água que revelaria o assassinato que nenhum deles queria ver.
Voltou seu olhar do céu ao hotel pela extensão do rio, apertando seus olhos na janela do quarto de Cassa. O que estava fazendo agora? Sem dúvida examinando as fotos que o assassino enviou a ela, rastreando a localização, fazendo planos para chegar aqui o mais rápido possível. No momento em que recebeu a notícia da morte, Jonas cuidou de interceptar o correio eletrônico que soube que ela ia receber. Não funcionou. O e-mail foi entregue, e o programa no laptop não permitiu interceptação e eliminação à distância.
O assassino queira que ela soubesse daquilo. A queria envolvida nisto. Ela era um peão num jogo muito perigoso, e ele estava cada vez mais doente por isso.
— Ela foi informada. — disse Jonas suavemente enquanto Cabal olhava o Diretor — A confirmação acaba de chegar. O e-mail foi lido, as imagens baixadas. Pelo menos, o controle a distância que temos sobre o laptop está funcionando.
— Rastreou? — perguntou Cabal, embora soubesse a resposta.
Jonas negou. Não havia brincadeiras, nem sarcasmos desta vez. Este era o segundo e-mail que tentaram rastrear através da conexão da Cassa, sem sucesso.
A expressão de diretor era séria, ameaçadora e cheia de fúria gelada. Jonas estava em seu mais perigoso estado de ânimo.
— Sem rastro — disse em tons cortantes — O programa que instalamos não está penetrando. O correio eletrônico está protegido com um programa que não o permite. Dane ainda não conseguiu decodificá-lo.
Dane Vanderale, o castigo e meio irmão de Jonas, assim como o herdeiro do poderoso império africano Vanderale, era uma raça nascida naturalmente e um espinho no traseiro deles. Mas ele era o melhor que havia para quebrar códigos e no rastreando de informação.
— Ele conseguirá romper. — Cabal deu de ombros.
Voltou seu olhar à margem e ao corpo que Rule e Lawe tiraram da água. A linha de pesca em volto do pescoço da vítima tinha rasgado a pele, deixando uma pequena ferida. A fita cobria sua boca. Os olhos pálidos arregalados de terror; os traços pálidos vincados em linha de dor, de sofrimento. Alguém ou alguma coisa fez esse homem sofrer
— Cash Winslow — afirmou Rule quando se abaixou perto do corpo antes de olhar para Jonas. — Estivemos vigiando-o. Ex-Cia. Trabalhou para Brandenmore como especialista em segurança.
Jonas se aproximou do corpo afogado e puxou a perna da calça para poder se abaixar e ver os traços reveladas pela fraca iluminação da lanterna de Lawe.
— Pelo que pudemos averiguar ele trabalhava numa missão especial. — Refletiu Jonas tranquilamente — Estávamos tentando localizá-lo, tentando descobrir porque diabos Brandenmore enlouqueceu nosso radar a semana passada.
As sobrancelhas de Cabal se levantaram. Era raro que alguém enlouquecesse o radar do Jonas.
— Sem boatos quanto à missão? — perguntou Cabal.
Jonas o olhou.
— Estava procurando alguém, isso é tudo o que sabemos. Alguém que Brandenmore estava certo que podia ajudá-lo nesse caso que temos contra ele e Engalls.
A tentativa de assassinato e pesquisa ilegal contra as raças. Phillip Brandenmore e seu cunhado Horace Engalls estavam perto do dia do julgamento e às possíveis sentenças penais da Lei de Raças por seus atos no ano passado. Como diabos alguém poderia ajudá-los estava além de Cabal.
— Alguma ideia de quem? — perguntou.
Jonas sacudiu a cabeça.
— Tudo que sabia era que supostamente havia informações contra as Raças que Brandenmore queria usar como moeda de troca. Estávamos procurando quando o nosso assassino enviou a mensagem que morreu diante dele.
Cabal suspirou profundamente e passou mão no rosto num gesto cansado. Diabos, isto se tornava mais misterioso a cada dia.
— Ele ia se encontrar com Brandenmore ou Engalls aqui? — perguntou Lawe ao diretor tranquilamente enquanto sinalizava a vários agentes raças para recolherem o corpo.
— Não, aqui não. — Jonas se endireitou antes de observar a área em volta da floresta, com a testa franzida— Não havia chance de que um deles escapassem dos homens da Agência que os têm vigiados e eles sabem disso. Não teriam se arriscado.
— Então com quem ele ia se encontrar? — perguntou Cabal.
— Com nosso assassino. — A voz do Jonas era de aço frio e duro, uma clara indicação que o patife que procuravam começava a testar a paciência do diretor — Para desgraça dele ou para nós, nosso assassino escolheu o alvo errado desta vez. Eu tinha planos para Winslow. Eu preferiria fazer minha própria justiça em vez de limpar mais tarde a de outro.
Cash Winslow tinha informação. Informações que Jonas esperava usar contra Brandenmore. Informações que Jonas teria pago a Winslow assim que o levasse para interrogatório concedendo-lhe a liberdade de acusação.
Segundo sua investigação, durante os últimos anos Cash fez parte do sequestro de várias raças que os proprietários farmacêuticos usaram para suas pesquisas. Segundo suas fontes, também era possível que Winslow soubesse a localização de uma criança que nasceu um pouco antes da mãe morrer, ela era uma companheira acasalada.
Essa criança era uma das poucas concebidas naturalmente de um acasalamento, crianças eram a esperança das Raças futuras. Uma criança que seria usada para pesquisa, nada mais, se não fosse encontrada. Encontrar essa criança impulsionava Jonas, Cabal sabia isso, assim como impulsionou a todas as raças no ano passado. A ideia de um bebê, naturalmente criado pela mão de Deus em vez da mão do homem, sofrendo os horrores que eles sofreram, dava pesadelos em todos.
— Eles vão cuidar do bebê nos primeiros anos. — refletiu Lawe muito sério — Os bebês são muito delicados depois do nascimento. Eles não colocariam a criança correndo o risco de morrer.
— Mesmo assim. — grunhiu Rule— Winslow sabia onde estava a criança que os filhos de puta esconderam. Por isso sabemos que era o único além do Brandenmore e Engalls que sabia.
E certo como o inferno eles não falariam. Cabal se afastou do diretor, assim como os dois agentes que agora faziam parte de sua equipe para escutar os relatórios que chegavam em seu link de comunicações.
— Não há nada no local. — ele se virou para Jonas — Não há sinal de ninguém. Nem rastros, nem aromas, nem rastros de veículo.
— Maldito fantasma. — amaldiçoou Jonas.
— Ou pelo menos é o que ele quer que pensemos. — Cabal deu de ombros enquanto seu olhar ia para o corpo sem vida de Winslow— Sete fora. Quatro pendentes e mais outro que morrerá.— ele disse, repetindo a mensagem que veio do telefone via satélite pessoal do Jonas várias horas antes.
Jonas o fitou silenciosamente, e compreender seu olhar não era um problema para Cabal.
— Nós conhecemos o último.— disse Jonas — Ajude-me com os outros quatro, Cabal. Diga-me que os nomes que tem por enquanto. Alguma coisa.
— Ivan Vilanov, ex-oficial da inteligência russa, um agente duplo da CIA. Era ao mesmo tempo um dos ativos de Winslow. Identifique-o da foto de ontem de noite com a ajuda de alguns novos amigos que encontrei em um bar perto do Gauley Brigde. Foi assíduo aqui há mais de vinte anos atrás, durante sua atribuição à Embaixada russa em Washington. Fins de semana de caça com o Brandenmore e Engalls tanto aqui nos Estados, como na Europa.
Jonas esfregou a ponta do nariz com desgosto.
— Está desaparecido. Puta que pariu. Um relatório veio da Segurança Nacional faz menos de vinte e quatro horas. Fugiu poucas horas depois de ser detido para ser interrogado no caso que temos contra Brandenmore e Engalls.
Cabal gesticulou ante a informação.
— Tenho alguns outros nomes, mas não estou vigiando-os. O corpo de Banks não apareceu ainda. Walt Jameson acha que ainda está vivo. Acho que é possível. Quem é esse raça, teria deixado o corpo para ser encontrado dentro das vinte e quatro horas de sua morte, assim como fez com os outros.
— Walt tem alguma ideia de quem poderia ser? — perguntou Jonas furiosamente.
Cabal sacudiu a cabeça.
— Está obviamente ligado ao massacre que ocorreu no vale aonde encontramos o corpo de Alonzo. Embora as raças que faziam parte do grupo naquela noite foram todos assassinados, de acordo com todas as informações que conseguimos elaborar. Walt me deu os nomes, encontrei-os. Não tem nenhum ausente sem explicação.
Cada raça da lista ou foram levados mortos para os laboratórios com a cabeça intacta, ou apenas as cabeças foram enviadas e o pagamento recolhido.
— De qualquer modo alguém dessa lista transou? — perguntou Jonas.
Cabal rechaçou a sugestão.
— Se eles transaram com alguém, então não encontrei prova disso. Houve prova de DNA de cada assassinato. Isso é muito difícil de falsificar.
— Alguém está transando em algum lugar. — assegurou Jonas — Manda essa lista de nomes para o meu celular. Eu mesmo os examinarei. Quero conhecer todos os homens e mulheres desse grupo, raças ou humanos, e sua ligação com todo mundo nesta maldita cidade. E quero a lista para ontem.
— Foi enviada pouco antes de eu sair do hotel para me reunir a você aqui — informou Cabal— Boa sorte com ela.
Jonas ficou calado de novo, sua expressão ameaçadora, incomodamente fria ao fitar Cabal.
— Sabemos quem é o último. — ele disse finalmente — . O único que morrerá. — Apertou os olhos sobre Cabal — Diga a ela.
— Não. — Cabal percebeu que sua recusa imediata era mais instintiva que racional.
— Se não disser, o assassino dirá. — disse Jonas — E então?
— Não pode provar uma maldita coisa. — grunhiu Cabal — Não há jeito de obter a prova e não há jeito dela chegar a ele. Esqueça Jonas. Não vai acontecer.
Jonas sacudiu sua cabeça.
— É o melhor dos planos. — suspirou— Isto não vai acabar bem, Cabal. Está fodido.
— Então é minha fodida.
Douglas Watts estava morto para o mundo, e no que dizia a Cabal, ele ia continuar morto.
— Como nosso assassino raça soube que Watts ainda está vivo? — Lawe perguntou baixinho.— Essa informação era restrita a apenas algumas raças.
Jonas sacudiu sua cabeça.
— Suspeito que fosse a informação que Winslow ia enviar para encontrar a prova disso. Sabemos que seu último cargo o legou ao exterior. Perdemos ele por um tempo. Semanas depois começou o primeiro assassinato. Está ligado. — se voltou para Cabal— Sabe que está ligado. E sabe onde está se dirigindo.
Ela sabia todo o tempo aonde estava se dirigindo, mas isso não significava que gostasse disso e certamente não queria dizer que tivesse que lidar com aquilo mesmo que Jonas mandasse.
Cassa era sua companheira, claro e simples. Ponto. Nada ia mudar isso, e não havia nenhuma razão que ele pudesse pensar para turvar as águas do acasalamento em saber que o homem que ela achava que era casada ainda estava vivo.
Watts mentiu para ela, a enganou. Traiu sua confiança de forma mais elementar desde o começo. O casamento não foi mais que uma farsa, porque Watts não acreditava em contratos ou promessas. O sacerdote que os casou não era nada mais que um ator contratado para representar o papel. Os documentos assinados, a licença de casamento, toda a papelada não foi nada mais do que uma coleção de apoio para a farsa.
Watts gostou do teatro. Gostou da cerimônia. Gostou de ter enganado a todos de modo eficaz. A farsa foi sua piada particular, e agora a piada era Watts. A mulher que ele achava que prenderia com suas mentiras agora pertencia a uma das criaturas que ele sempre odiou. Um que pensou que podia destruir.
— Esqueça isso, Jonas. — Cabal avisou quando viu o perigoso olhar prata de Jonas mudar para pensativo.
Jonas estudava toda a situação, considerando-a, elaborando a forma mais eficaz para garantir que Cabal se movesse para o lugar certo no tabuleiro de xadrez mental que estava seguro Jonas usava frequentemente.
Jonas sacudiu a cabeça.
— Inferno de forma de começar uma vida juntos — afirmou— Não pode esconder algo assim para sempre. Sempre acaba mordendo seu traseiro, meu amigo.
— Meu traseiro é que está em risco. — Cabal deu de ombros.
Os lábios do Jonas se abriram para dizer mais quando um assobio de alerta ecoou pelo link de comunicação.
Cabal teve um pressentimento no seu interior, sabia exatamente quem os agentes vigiavam antes mesmo que o nome chegasse através da linha. Só estava surpreso que ela tivesse levado tanto tempo para conseguir chegar aqui. Devia ter sido malditamente cuidadosa tentando passar pelo perímetro de patrulha.
— Jornalista. — Mordecai falou tranquilamente através do enlace — A companheira do Bengala.
Maldição. Não a queria aqui, não tinha nenhum negócio aqui. Só a afiançaria mais profundo no perigo que já podia sentir redemoinhando a seu redor.
Cabal apertou os dentes furiosamente afastando-se rápido de Jonas e dirigindo-se à linha das árvores. Podia cheirá-la agora. Não havia brisa ondeando entre as árvores, que deu a ela a vantagem em deslizar pela floresta em direção a cena do crime.
Ela estava atravessando a borda da floresta com passos rápidos quando ele avançou para ela. Vestida de negro, seu cabelo comprido cabelo preso sob uma boina, sua expressão furiosa, instantaneamente o encontrou com seu olhar atormentado, mesmo quando os agentes que protegiam a área foram pelos dois lados dela.
— Isto não vai funcionar. — ela explodiu imediatamente, empurrando os relutantes agentes a obrigá-la a recuar enquanto seu companheiro estava na vizinhança.
E não foi perdido o fato dela ser dele. O aroma do acasalamento, assim como o cheiro dele, a envolvia completamente, a impregnava. Era mais eficaz que uma marca, que um aroma. Mantinha às demais raças afastadas, eles a olhavam e também a Cabal com cautela.
— Que diabos você está fazendo aqui? — ele rosnou, sua mão envolvendo os braços dela quando a puxou para ele, então ele se virou para começar a voltar pela margem na direção que havia estacionado o Raiders.
Ela lutou contra sua mão que a prendia quando o cheiro de sua ira flutuou em seus sentidos. Ela estava furiosa, ele sentia os sentidos dela reagindo por essa agressão e pelo calor de acasalamento que surgiu entre eles.
Ela estava arriscando a vida dela mesma, ficando na linha de fogo, e pela primeira vez em sua vida Cabal sentia um medo verdadeiro de que podia perder sua companheira.
— Que diabos acha que estou fazendo aqui? — ela replicou começando a fincar os calcanhares na terra e a resistir a prisão das mãos dele. — Deixe-me ver, por que estou aqui? O que me trouxe aqui? Poderia ter sido aquelas desagradáveis fotos que o assassino está me enviando? Pode ser que tenha um assassino raça solto que ameaça enviar as fotos para uma lista de jornalistas que não dão a mínima se as raças sobreviverem a esta história em particular?
Cabal parou bruscamente.
— O que disse?
Um sorriso zombador curvou os lábios dela.
— Deixe-me adivinhar, conseguiu aquela pequena mensagem? Deixe-me te perguntar, conseguiu o arquivo de áudio de sua morte?
De algum jeito, ela sabia que não tinha. Cabal sabia que não ele não tinha, assim como sabia que Jonas não recebeu.
— Trouxe com você?
Poderia ter pistas num arquivo de áudio. Pistas que poderiam usar para achar o assassino. Não é que esperasse que este assassino em particular tivesse deixado alguma pista especial pelo caminho. Até agora foi muito inteligente.
— Eu disse que trouxe comigo? — Seus olhos se apertaram sobre ele — Não brinque comigo. Quero saber o que encontrou aqui, e quero saber de quem diabos o assassino está falando quando diz que o último a morrer é o que estava morto e morrerá de novo. Que tipo de jogo está jogando aqui, Cabal?
A raiva era uma emoção horrível. Permanecendo, persistindo, crescendo e aumentando dentro de Cassa, até sentir que ia explodir.
Dois dias depois da descoberta da morte de Cash Winslow, ela assistiu ao noticiário do acidente de carro supostamente incendiado que ele esteve envolvido durante a condução desde Washington.
Talvez, seu veículo tivesse batido no gelo, houve uma nevasca nas montanhas, e mergulhou pela grade de proteção para explodir no fundo de um traiçoeiro penhasco na montanha.
Dezenas de pessoas estavam de luto pela perda do conselheiro de segurança, o repórter relatou. Suspeitavam que o ex-agente do governo ter bebido e depois dirigir.
— Você usaria algo mais clichê? — ela murmurou quando Cabal ia e vinha pelo quarto dela, ele afastou os olhos do noticiário e se voltou para ela.
— É clichê, mas funciona. — Ele rugiu.
Ela deu de ombros com indiferença continuando a assistir a reportagem, seu olhar não perdia de vista a hora no canto da tela da televisão.
Dois dias. Dormiu em sua cama por dois dias, sozinha. Ele a possuiu, mas se alguém se atrevesse a chamar aquilo de fazer amor, então se enfureceria. Não é que fosse muito diferente da primeira vez, ou das vezes seguintes. Ela apenas observava que havia mais e Cabal estava se reprimindo.
Era a ternura? Ele sempre foi gentil com ela, sempre cuidadoso… Talvez seja isso. Era muito cuidadoso. Muito consciente de cada toque, mantendo-a impotente num redemoinho sensual que não dava muita chance de exprimir a própria sexualidade. O calor de acasalamento e uma missão que Cabal se negava a deixar que participasse não ajudava em nada aqui. Estava cansada de reclamar sobre isso. Odiava choramingar, e implorar não era seu estilo.
— Tenho que ir a uma reunião. — A voz profunda dele fez estremecer sua espinha. Claro que tinha uma reunião para ir. Jonas o esperava dois andares acima, junto com qualquer evidência que tivessem tirado de seu computador e da última cena do crime.
— Imagino. — Ela encolheu o ombro de novo e continuou assistindo a televisão, controlando cuidadosamente sua resposta para ele, assim como seus próprios planos.
— Será por um momento. — Havia um pouco de impaciência na voz dele agora.
— Tome o tempo que quiser. — Fez para ele um gesto para ele ir embora, permitindo mostrar a ele só um pouco da raiva que ela sentia para acabar com qualquer suspeita de que ela estava escondendo algo ou planejava sair para uma reunião.
As mensagens de texto eram uma maravilha, uma invenção maravilhosa. Dog era tão eficiente em se esconder que até mesmo evitou as mensagens enquanto Cabal estava no quarto com ela. Isso era danado de assustador. Fez ela se perguntar se vigiava seu quarto ou uma escuta, que Cabal poderia não ter percebido.
Ela olhou para seu companheiro e o pegou olhando para ela em silêncio. Pensando bem, duvidava que ele tivesse perdido alguma coisa, especialmente um microfone escondido no seu quarto.
— Olha, Cassa, sei que não entende minha necessidade de te proteger…
— Não comece. — Levantou a mão para parar — Eu não estou lutando contra você.
Ele apertou os lábios com irritação. Nos últimos dois dias ela se recusou a discutir sua teimosa insistência por ela não fazer parte daquela investigação. Ela já não discutia mais.
— Vamos ter que conversar. — Ele disse entre dentes apertados. Pobre pequeno Bengala, no andar da carruagem ele logo não teria mais dentes molares quando deixasse Glen Ferris.
Quando ela o deixasse.
— Quer dizer que vou ter que concordar com você e transferir minha independência para você mais cedo ou mais tarde. — ela replicou docemente— Não, sinto muito, meu lindo tigre listrado, isso não vai acontecer.
Uma ruga saltou entre as sobrancelhas dele ao ouvir o tom zombador ao dizer o nome do seu animal interior para ele. Ele odiava qualquer referência as manchas e listras sensuais como o inferno. Muito mau, porque ela gostava muito.
— Não foi isso que eu quis dizer. — Lá se foram mais molares.
— Não tem uma reunião para ir? — Ela se virou para a televisão, aumentou o volume se acomodando confortavelmente em sua poltrona e dando sua total atenção a previsão do tempo para Glen Ferris para a próxima semana. Parece que ia fazer muito mais frio que o normal. Grande surpresa essa.
Atrás dela, Cabal respirou fundo.
— Estarei de volta em algumas horas. Talvez pudéssemos descer para o jantar quando eu voltar.
Ela deu de ombros. Não tinha vontade de comer com ele, não quando se estava disposta a compartilhar hambúrgueres com um coiote que tinha informações.
Maldito Cabal. Será que ele achava que sair com ele para comer ia compensar o que tentava tirar dela?
— Cassa. — Ele ficou na frente dela antes que pudesse se afastar, ajoelhando-se até que pôde olhar em seus olhos, seus joelhos se pondo entre suas pernas enquanto as costas de sua mão acariciavam seu rosto. A carícia suave curiosamente fez lágrimas espontâneas ameaçar em seus olhos. E isso depois dela se prometer que não ia chorar.
Olhou-o friamente. Ele podia ser capaz de cheirar a confusão crescendo nela, mas isso não queria dizer que ia deixar ele ver. E certo como o inferno não significava que ela ia mendigar.
— O que? — Sua voz era rouca, uma ponta de emoção escapando no tom áspero enquanto a proximidade dele afetava seus sentidos.
— Eu não estou tentando roubar sua independência.
Oh sim, ela achava isso. Podia ver a prova de sua declaração. Sim, menino. Sentada aqui, tão grande como a vida e tão ignorante como uma rocha estava Cassa Hawkins. Posta de lado de uma investigação em que estava envolvida mais que provavelmente qualquer raça que Jonas Wyatt trouxe para investigar. Nenhuma dessas raças se casou com o homem que o assassino queria. Um homem que estava morto.
Olhou-o em silêncio. Recusando-se a discutir de novo seus próprios pontos ou a desonestidade de sua declaração.
A mão dele segurava em concha seu rosto. Esperava que a beijasse, que a puxasse para ele, que invadisse seus sentidos com o sabor do hormônio de acasalamento que sabia encheria o beijo. Em vez disso ele se inclinou para frente, baixou a cabeça, e apertou seus lábios contra a curva entre seu pescoço e ombro.
O beijo foi comovente e cheio de devoção, paixão e desejo que ela queria sentir enquanto seu corpo cobria o dela a noite. Ele lhe ofereceu tudo que ele se recusou a lhe dar em qualquer outro momento.
— Eu só quero você segura.— ele sussurrou, apertando seu rosto contra o pescoço dela. — Só isso, Cassa.
Ela sacudiu a cabeça olhando miseravelmente o quarto.
— Não pode me trancar. É isso que está fazendo, Cabal. Está fazendo a única coisa que você mataria para evitar que nunca mais fizessem isso com você de novo.
Ele ficou tenso, então lentamente se endireitou. O âmbar em seus olhos brilhava com raiva. Tinha alfinetado sua arrogância, sua masculina segurança que sabia o que era melhor para ela. Não precisava que tomasse decisões por ela, não precisava da sua chamada proteção.
— Você não sabe tanto quanto acha que sabe. — ele garantiu com voz dura se levantando — Este não é um caso de você querer sua maldita independência, Cassa.
— Então é um caso em que quer tudo do seu próprio jeito, Cabal. — explodiu ela, se levantando e caminhando a passos largos pelo quarto— Olhe, apenas vá para sua maldita reunião. Tenho trabalho a fazer aqui, e com certeza não preciso de sua ajuda.
Caminhou ereta até seu laptop, olhou a tela e tentou lutar contra o medo que não podia evitar de crescer dentro dela. O medo de que de algum modo o passado fosse mais sombrio e mais difícil do que ela pensava.
Informações que achou nos últimos dois dias sobre Douglas, informações que não teve antes, que não se incomodou em encontrar, estava começando a enchê-la de pânico. Informações sobre a Dúzia Mortal, sobre as raças sobreviventes capturados por eles, eram violentos, cruéis. Entre esses relatórios estava de um homem solteiro e os horríveis atos que praticou nas mulheres raças que foram capturadas. Não só os atos, mas também seu prazer, a alegria que sentia ao praticá-los.
— Você não precisa de nada de ninguém, não é? — ele rosnou, vindo atrás dela, seu corpo enorme se curvando sobre o dela, surpreendendo-a com o repentino calor que a percorreu.
Calor de acasalamento e a raiva não se misturavam. Ela sentia o sangue latejando feroz no seu corpo. Sentia o calor do corpo dele por baixo da roupa, a mão quente quando a pôs sobre o estômago dela.
— Isto não resolve nada. — Tentou manter sua voz forte, segura, mas sabia que precisava muito dele. Respirou fundo quando aqueles dedos encontraram o botão e o zíper do seu jeans. Abriu.. De modo muito lento.
Cassa fechou seus olhos, tomou ar profundamente e lutou contra a onda vertiginosa de desejo que a tomou.
Era sempre assim. Suas unhas se firmaram sobre a pequena mesa quando a mão dele escorregou dentro de seu jeans e achava o calor molhado entre suas coxas.
— Você me quer. — ele afirmou rudemente— Como eu não posso resolver pelo menos isso?
Sim, ela o queria. A cabeça dela caiu para trás contra o peito dele quando os dedos separaram as dobras molhadas de sua boceta e mergulhou para dentro dela e a encheu acariciando com um dedo grosso.
Ela sentiu que ele abria os jeans dele, sentiu o comprimento do pau duro pressionando contra suas costas, e soube o que aconteceria. Sabia, e não podia pará-lo.
— Incline-se meu bem. — Sua voz era áspera, sensual, quando uma mão pressionou contra suas costas— Tão doce, Cassa. Você me põe embriagado pelo seu gosto, para tocar você.
Se pelo menos pudesse fazê-lo se apaixonar por ela. Se pelo menos pudesse fazê-lo respeitá-la. Se pelo menos...
Em vez disso ela se inclinou para ele, a parte superior de seu corpo se abaixou até encostar seus ombros sobre a mesa e sentiu seu jeans e calcinha descerem sobre seus quadris.
Deus, isto era tão primitivo. Sexy. Nunca foi possuída assim, não imaginou que gostaria, até que o ouviu respirando agitado atrás dela e pequenos rosnados quentes dele, rugidos que ele soltava.
— Foder você é como voar. — A cabeça do seu pau se aproximou, escorregou pelos seus sucos e encontrou a entrada da vagina que ele procurava— É como morrer, Cassa. A mais doce fuga no mundo.
Ela se inclinou enquanto sentia a carne grossa pressionando dentro dela. Os formigamentos de eletricidade, a energia enlevada corria por ela, dentro dela. Rodeavam seu clitóris, batia em seus mamilos. Ela estremeceu sob a força da energia e lutou para não gritar quando ele entrou lentamente, facilmente. As mãos dele agarraram seus quadris, segurando-a no lugar. Ela queria ver o rosto dele, mas sentia algo que não sentiu nas outras vezes quando se deitou debaixo dele. Sentia mais agora. Como se ele estivesse soltando alguma coisa que manteve guardado dentro dele.
Os quadris dele começaram a se mover num ritmo de bombeamento suave. Cada estocada do seu pau dentro dela a enchia do maior prazer, empurrando-a para mais perto do centro de sensações deliciosas e de felicidade.
Cassa sentiu o aumento da pressão das enfiadas do pau que fodia dentro da vagina molhada, estava muito perto de gozar com aquelas estocadas de prazer. Estava cavalgando numa sensação tão desesperada, tão cheia de êxtase que se perguntava se sobreviveria. Queria gritar, mas não encontrou ar. Queria gritar seu nome, implorar, suplicar por mais, e não encontrou forças. Não podia fazer nada senão se firmar na madeira da mesa, se levantar na ponta dos pés e silenciosamente pedir por mais.
Como se pudesse ler sua mente, ele deu. Estocadas mais duras, mais rápidas. As estocadas de seu pau dentro dela acariciaram os músculos sensíveis e escondidos de sua vagina, e descobrindo outros. Ele a abriu mais e a queimou quando acelerou as enfiadas num ritmo desesperado, selvagem, o orgasmo a tomou, começou a rasgá-la completamente. O gozo explodiu em seus clitóris, ricocheteando no fundo do útero, e depois detonou uma explosão bombástica no fundo da vagina e a fez gritar com tal excesso de sensações quando os tremores começaram a correr por seu corpo.
Ela estava perdida nele. Tão perdida que pouco se importava, nada mais fez sentido por muito tempo. Até que sentiu o gozo dele se derramar dentro dela, sentiu a lingueta dura sair debaixo da cabeça do pau, travando-o dentro dela e detonou outro orgasmo nela que roubou completamente sua respiração. Ele estava ali com ela. Através dos violentos estremecimentos, manteve-a em seu peito, arqueado sobre ela, abrigando-a da tormenta que a envolveu, assim como dentro dela.
Seus dedos puxaram os cabelos dela para o lado, e enquanto ela lutava para manter o último vestígio de realidade, os lábios dele cobriram os dela. A língua dele lambeu seus lábios, acariciou-os, depois escorregou para dentro de sua boca e derramou o ardente hormônio do calor de acasalamento em seu beijo.
Ela suspirou nos últimos tremores de seu orgasmo, intensificou-o, apertou seus músculos internos no pau e a fez se sacudir contra ele em vez de estremecer, a fez se arquear contra ele, desesperada por mais.
Seus lábios escorregaram dos dela apesar dela lamentar baixinho. Ele beijou e lambeu seu pescoço para baixo e, antes que ela pudesse preparar-se, seus dentes morderam a marca do acasalamento sobre seu ombro e a língua dele a raspou.
Os calafrios começaram a circular através dela, tremendo através de seu corpo quando ela soltou um silencioso grito. Finalmente, havia emoção. Agora, quando ela não podia ver no rosto dele, não podia defini-lo. Quando não podia aliviar a dor que corria em seu coração.
Ela queria chorar diante da injustiça disso. Porque sabia que quando tudo acabasse nada mudaria. Continuaria a ser relegada a ser a protegida em vez de a protetora que foi por tantos anos. Estaria atrás dele em vez de ao lado dele. E ao lado dele era onde ela queria estar.
— Eu morreria sem você. — ele sussurrou em sua orelha, sua voz áspera, escura, rouca com a emoção que ela desejava poder definir, poder ver em seu rosto— Entende isso, Cassa? Se algo acontecer com você, então eu não sou nada.
Porque era sua companheira. Porque uma vez acasalado, nunca haveria outro para eles.
Claro que ele tinha medo de perdê-la. A queria atrás das paredes, trancada longe do perigo, certamente em sua cama.
Teve que lutar contra as lágrimas por algum tempo mais tarde quando a lingueta recuou e se retirou dela. Ela ainda sentia a palpitação e o tremor de seu pau dentro dela ainda sob efeito do orgasmo. O calor dele era uma lembrança que até mesmo a carne dela não podia deixar ir embora.
— Eu faria qualquer coisa para protegê-la, Cassa. — ele jurou quando a ajudou a arrumar a roupa.
Ficou de costas para ele. Não podia olhá-lo, ainda não. Não podia deixá-lo ver suas lágrimas, ou sua dor. Sabia que amá-lo não seria o suficiente, porque sabia que nunca poderia ser o que ele precisava.
— Não preciso de sua proteção. — Lutou para manter a dor longe de sua voz, mesmo continuando de costas para ele— Nunca pedi isso a você.
— Está aqui de qualquer modo. — ele prometeu— Não posso fazer mais nada.
Havia uma sombra em sua voz, não de raiva, talvez de irritação.
Cassa sacudiu a cabeça.
— Não importa Cabal, nós nunca estaremos de acordo com isto. Nós até mesmo concordamos de que nada vai mudar.
Ela não podia deixar que ele ganhasse esta batalha, se ganhasse esta, então nunca conheceria um momento de independência de novo.
Ela andou lentamente da mesa de volta para sua poltrona, antes de se sentar com a sensação de cansaço. De repente, sentiu-se cansada, insegura. Não tinha nenhuma ideia do que fazer agora ou como convencê-lo que ele ia acabar destruindo-a.
Virou a cabeça, vendo como ele ajeitava a roupa, seu olhar âmbar brilhando com frustração.
— Voltarei mais tarde. Discutiremos isto depois. — ele disse atravessando o quarto.
— Claro que vamos— Ela deu um sorriso forçado e triste. — Vou apenas me sentar aqui e esperar você voltar como uma boa e obediente companheira como você acha que eu devo ser.
— Foi isso que eu pedi a você? — A voz dele estava com raiva agora.
— Você já me pediu alguma outra coisa? — ela perguntou tranquilamente.
A porta bateu arás dele em resposta, uma clara indicação que sua paciência estava na mesma medida da excitação que os ligava.
O sarcasmo na voz dela deve ter avisado a ele. Se não o tivesse, então ele podia aprender com o tempo, ela garantia isso.
Conter o medo era a parte difícil. O medo de que ele ganhasse essa disputa desafiando-a com mais que sua arrogância masculina ou palavras dura. Ela tinha medo de levar uns tapas ou coisa pior.
Não era uma covarde, mas ensinaram a ela até onde iam os limites de sua resistência física anos antes, durante um dos períodos mais infernais de sua vida.
Deus, o que a fez pensar que Douglas não trairia a própria carreira? Ele a traiu uma vez ou outra. A carreira dele não importava assim como ela. Vender as raças e as equipes de resgate das Raças ao Conselho não o fizeram perder nenhuma noite de sono. O que a fez achar o contrário?
E o que a fez achar que estaria livre dele? Não havia possibilidade de ser livre, nunca mais.
Viu o noticiário por mais um tempo, controlando com cuidado a hora enquanto assistia a reportagem. Ela sairia do quarto precisamente depois das quatro. Nem antes, nem depois.
Levantou-se de sua poltrona dois minutos depois, pegou sua jaqueta e foi para a porta. Quando o tempo passou para minutos depois, abriu sua porta e saiu pondo a mochila no ombro.
Caminhou às passos largos até o elevador, verificou a hora. Dog deu a ela exatamente dois minutos para chegar à porta dos fundos do hotel. Quando entrou no elevador, lutou contra a sensação que estava indo longe demais. Contatar Dog não era uma boa ideia, e se Cabal descobrisse aquilo… Encontrar-se com Dog era uma ideia pior ainda.
Do que outra forma ela conseguiria as respostas que precisava? Do que outra forma saberia por que um assassino achava que podia matar Douglas de novo? A menos que quisesse matá-lo por meio dela.
Sacudiu a cabeça com o pensamento. O assassino não era louco. Não havia nenhuma pitada de loucura no que aconteceu até agora. Vingança, sim. Raiva, talvez. Mas não havia nenhuma loucura.
O assassino pensava que Douglas ainda estava vivo? O pensamento quase a congelou no lugar quando as portas do elevador se abriram no vestíbulo, parando na sala deserta.
Douglas não estava vivo. Ela o viu morrer, tinha certeza que viu. Ali sobre o piso desse horrível laboratório, com uma estaca de aço cravada em suas costas.
Entrou no salão, seus passos mais lentos a medida que chegava na porta dos fundos do hotel.
Na verdade não o viu morrer. Não viu seu corpo na sepultura. Foi um funeral com o caixão fechado, supostamente a pedido da família.
Ela se perguntou na época, que família? Douglas nunca mencionou sobre sua família.
Levantando a cabeça, parou na frente da porta dos fundos, sua mão envolta da alça da mochila enquanto lutava com as perguntas que corriam por sua mente.
O assassino era inteligente, metódico. Ele conseguiu fazer com que sete homens voltassem para Glen Ferris após espalhar o rumor que a Dúzia estava sendo assassinada, um por um. Ele sabia o que fazia, e sabia como fazer aquilo.
Ele queria Douglas. Não ficaria satisfeito com a esposa de Douglas.
Agora, sentia seu coração disparado no peito, e desta vez, não era de excitação. Era de horror. Terror.
Podia sentir a cabeça rodando, o conhecimento queimando sua alma, tão certo quanto o calor do acasalamento que queimava em seu corpo.
— Recuando, Srta Hawkins?
Ela se virou com um suspiro ao som da voz rouca de Dog.
Arregalando os olhos, ela viu quando ele saiu da porta de uns dos escritórios. Vestido de couro preto, seu cabelo prata e negro moldando suas feições selvagens, parecia um demônio que veio recolher almas.
Era a alma dela que ele tinha escolhido? Ou simplesmente sua vida?
— Você deveria me encontrar lá fora. — ela disse, sentindo o medo crescer dentro de si como uma vingança.
— Eu deveria. — Suas sobrancelhas arqueadas com curiosa diversão — E na verdade você deveria sair por essa porta trinta e cinco segundos atrás. Está atrasada.
— Assim sou eu. — Ela deu um passo para trás quando ele deu um passo à frente.
O que ela fazia? Ela reconhecia mesmo antes de sair do elevador que estava cometendo um erro. Que nunca deveria ter arranjado esse encontro. Agora sentia essa certeza até a medula de seus ossos.
Ela nunca deveria ter se afastado de Cabal de modo tão eficaz. Devia ter lutado com ele em vez de tentar resolver as coisas do mesmo jeito que ela fez em toda sua vida. Do seu jeito. Em segredo. Teimosamente.
Douglas uma vez lhe disse que sua teimosia ia levá-la a morte. Talvez, de certo modo, ele tivesse alguma razão.
— Tanto medo. — Dog zombou maliciosamente enquanto a olhava, sua cabeça inclinada para um lado com apenas um polegar descansando dentro do bolso da calça de couro preta e justa— Talvez devesse ter pensado na sabedoria deste encontro antes de organizar.
Merda.
— Estou pensando agora — ela replicou— Deixe-me passar, Dog.
— Então vai voltar correndo para o seu pequeno Bengala? — Ele sorriu ao fazer a pergunta— Diga-me, Cassa, o investigou?
Se ela tinha investigado ele? Tinha um monte de suspeitas e um monte de perguntas. Mas sentia que Dog não tinha tantas respostas como ele achava que tinha.
— O que tem para eu descobrir? — ela perguntou de volta — Cabal matará a nós dois se você sair daqui comigo.
— Bom, matará a um de nós de qualquer modo. — Seus lábios se curvaram num falso sorriso triste— De qualquer jeito, eu duvido que você tenha a sorte de escapar dele tão facilmente.
De certo modo, ela achava que ele estava certo.
— Não estamos saindo do hotel. — ele disse finalmente olhando a sala antes de voltar-se para ela— Não tenho nenhum desejo de pôr um fim a minha tranquila existência ainda, apesar das repetidas tentativas da parte de outras pessoas para apressar o processo.
Cassa engoliu com força o olhando e desejou como o inferno que ela tivesse permanecido em seu quarto.
— O que eu devia ter descoberto a estas alturas? — ela retornou a sua pergunta anterior.
Ele sacudiu sua cabeça lentamente.
— Mordecai parecia muito certo que você era mais inteligente do que deixava ver. — ele suspirou — Diga-me, Cassa, ainda não descobriu por que o assassino a atraiu até aqui? Por que o seu Bengala se recusa a deixá-la fazer parte nos negócios que está envolvido?
— Dog...
Cassa começou, mas se virou quando Cabal entrou pela porta dos fundos. E falando em ser apanhada entre a espada e a parede. O olhar dela ia entre os dois homens com uma estranha sensação de perigo começando a envolvê-la.
— O que eu devia descobrir? — ela perguntou ao Coiote, ignorando seu companheiro. Ignorou ao homem que amava e tentou ignorar a suspeita que começava a adoecê-la.
— Deixe isto, Dog. — advertiu Cabal tranquilamente — Foi longe o bastante.
— Talvez. — suspirou Dog — Se a verdade não bateu na cabeça dela até agora, então não vai bater mais. — Inclinou a cabeça para ela — A próxima vez que quiser falar, Srta Hawkins, tente ir pelos canais regulares. Normalmente é mais seguro para meu traseiro dessa maneira.
— Ele está vivo.
Dog congelou. O tempo congelou. Atrás dela, Cassa ouviu Cabal rosnar.
— Ele está não é? — ela sussurrou e voltou a olhar para Cabal — Meu marido ainda está vivo.
— Ele não é a porra do seu marido! — As palavras cuspiram da boca de Cabal antes que ele pudesse detê-las. Pela primeira vez em mais tempo que ele se lembrava, falou sem pensar, sem considerar as palavras que fugiram de sua boca.
Não quis dizer aquilo, não assim dessa maneira. Mas não pôde se conter. Ouvi-la chamar Watts de “seu marido” foi demais para ele aguentar.
A dor nos olhos dela, em seu cheiro, quase o esmagou. A necessidade de reconfortá-la, de envolvê-la em seus braços e protegê-la dessa informação, era como uma estaca fincada em sua alma.
— Saia daqui, Dog. — ele rugiu.
Aquele coiote babaca. O filho de puta tinha que estar relacionado com o Jonas, porque ele não passava de um desordeiro manipulador, um pouco como era o próprio diretor da Agência.
Dog os olhava em silêncio, sua expressão pensativa, pesada.
— Deixa-a enfrentá-lo. — ele disse brandamente, seu olhar indo para Cassa que olhava Cabal com traição em seus olhos.
A traição era a pior das dores, reconheceu Cabal. Como Jonas avisou a ele, aquele segredo se voltou para morder o seu traseiro.
— Você sabia. — Sua voz era rouca, com uma dor que ele não tinha ideia de como acalmar — Você sabia que ele ainda estava vivo.
— O que sei não importa. — Ele já teve o suficiente.
Cabal deu um passo à frente, agarrou o braço dela e a puxou na direção do elevador.
— Falaremos disto lá em cima.
— O inferno que vamos. — Puxou o braço com força para longe dele, olhou para ele, ondas de fúria começando a envolvê-la — Mais o que esteve escondendo de mim Cabal? Quantas outras mentiras me disse?
— Mais do que você quer acompanhar. — ele explodiu com nojo de si mesmo — Quer uma porra de lista?
Ele a empurrou suavemente para o elevador, bloqueou a saída e a olhou implacavelmente enquanto as portas fechavam atrás deles.
— Prendendo-me de novo, Cabal? — ela zombou dele.
Ele não podia culpá-la por sua fúria. Tinha todo o direito a ela. Como Jonas disse, tratava-se de um segredo que não deveria ter escondido dela, mas nem ela precisou saber. Até esta missão. Até a missão que Cabal não duvidava que exigiria que Watts morresse de novo. Desta vez para sempre.
— E então você apenas escapuliria. — grunhiu — Não pode ficar no lugar, pode, Cassa?
— Vá para o inferno! — Ela gritou furiosamente, seu rosto ruborizou com um tom rosado — Não sou uma hesitante vadia sem valor para você me dar ordens o tempo todo. Não mais.
— Assim em vez de lutar contra mim pelo que quer, vai ao Dog? — ele a picou, com a raiva começando a queimar nele também— Para um coiote, Cassa?
— Pelo menos ele estava disposto a me dizer a verdade.
— Talvez eu ficasse disposto, se tivesse coragem de lutar por ela. — ele a acusou rudemente.
— Lutar por ela? Deveria lutar por ela? — Parecia que estava disposta a dar um tiro nele— Por que deveria lutar pelo respeito que você devia me dar de boa vontade? Pelo amor de Deus, Cabal. Deveria ter me deixado ficar ao seu lado em vez de ter que lutar por isso, simplesmente porque eu era sua companheira. Devia me querer ali.
Ele a olhava silenciosamente surpreso, vendo em seu olhar a traição que sentia, e pela primeira vez compreendeu por que Cassa nunca brigou com ele exigindo respeito e reconhecimento, mas ele nunca hesitou em lutar em pé de igualdade com as outras raças.
Isso o tinha incomodado, ele admitia agora. Era algo que não quis admitir antes. Assim como não tinha que ver o que fazia com ela. Queria protegê-la. Ele a quis para que ela lutasse por seus direitos como a viu fazer com outros homens e raças. Ele a queira desafiando-o. Não percebeu até agora como ela esteve desafiando a ele. Desafiando-o a ser um companheiro de verdade. Desafiando-o a ser seu igual.
Enquanto Cabal se esforçava para entender os erros que cometeu, o elevador parou com um abafado som metálico e as portas se abriram no andar de Cassa.
A sala não estava vazia. Esperando por eles estavam Jonas, Lawe, Rule e Mordecai. E eles não pareciam felizes.
— Estamos numa crise. — disse Jonas, seu tom frio, implacável. — Precisamos de você para isso.
Cabal apertou os dentes furiosamente quando se voltou para Cassa.
— Mas que inferno! — Ela foi para frente dele — Conheço a Lei das Raças e não acho que não vou usá-la. — olhava Jonas — Aonde ele for, eu vou. — ela deu um olhar duro e raivoso em Cabal — Parece que é o único jeito de eu conseguir a verdade dele agora.
Jonas levantou suas sobrancelhas surpreso enquanto os outros membros da equipe olhavam para Cabal em estado de choque.
Cabal manteve sua expressão cuidadosamente sem expressão, embora não houvesse dúvidas que a excitação sexual correndo em seu corpo era claramente detectada. O calor do acasalamento estava aumentando em seu corpo, circulando em suas veias. Ela estava decidindo no lugar dele. Não ia pedir a ele. Uma parte dele estava exultante, a outra parte estava apavorada. Não poderia protegê-la se estivesse na linha de fogo. Mas ela também mostrava que proteção não era o que ela queira.
Era por isso que o pressionava o tempo todo? Ele se perguntou. Uma companheira que lutava para ficar em pé de igualdade ao lado dele e não atrás dele?
Não importava, ele não questionaria agora. Mais tarde, discutiriam isso. Assim como discutiriam sua ânsia em conseguir informações de Dog em vez do seu companheiro. Se precisasse de informações, então ela poderia muito bem brigar com ele para conseguir o que queria.
— Muito bem. — Jonas deu um olhar de advertência a Cabal. — Vamos pegar o elevador até o andar de cima. A sala de reuniões está preparada lá em cima.
A mesma sala de reuniões para onde Cabal se dirigia quando Mordecai o interceptou no corredor de cima para informar que Cassa estava indo se encontrar com Dog.
Uma reunião que Mordecai preparou para pagar uma dívida que tinha com Cassa. Cabal entendia o pagamento, assim como apreciava a lealdade do Coiote que demonstrou em informar ao companheiro dela sobre aquele encontro
Ele aceitou certos fatos no instante que Mordecai o informou que Cassa estava se reunindo com o Dog.
Em primeiro lugar foi o seu erro em não trabalhar com ela. Pensou que podia dominar aquela independência natural o suficiente para deixá-lo protegê-la. Estava errado sobre isso, ele admitia.
A Sociedade das Raças era muito diferente da sociedade humana. O respeito não era dado, era tomado. Ela ganhou o respeito de cada raça com quem trabalhou, mas se conteve com ele. Ela esperava que o respeito fosse dado a ela. Ela exigiu por ele de sua própria maneira, e ele foi muito estúpido para entender. E agora era dela.
Entretanto, acima de tudo, ele quis salvá-la da verdade do que acontecia ali, da verdade do passado dela e das partes que não estavam mortas como ela acreditava que estavam.
— Aqui. — Jonas mostrou o caminho para a suíte que tinha alugado.
A sala de reunião ainda estava preparada desde a reunião anterior. As fotos estavam expostas sobre uma placa holográfica enquanto que várias holografias apresentavam antigos caçadores que participaram da Dúzia Mortal. Vídeos obtidos dos arquivos do Conselho que as raças descobriram em alguns dos laboratórios resgatados nos últimos anos.
Não havia muitos, mas havia o bastante para mostrar as medidas horríveis que a Dúzia tomou ao capturar suas presas.
Cassa parou dentro da sala, olhando as imagens mostradas através da placa eletrônica.
Corria o boato que a Dúzia Mortal filmou algumas de suas caçadas. Era desse modo que vendiam seus serviços ao Conselho e aos laboratórios particulares que procuraram readquirir suas raças fugitivas.
Na verdade ver as provas daquilo era horrível. Ver as raças lutando para correr, para se esconderem, para escaparem de uma dúzia de caçadores que os esperavam.
Ela ouviu a porta fechar atrás dos quatro homens, estava consciente deles se movendo perto dela, olhando-a quando ela viu as imagens na tela.
— Eles eram muito bons. — ela sussurrou olhando o vídeo por um longo tempo. — Havia uma raça com eles.
— Duas. Não eram parte da Dúzia. — Jonas disse calmamente.— Isso sempre foi parte do acordo. Os laboratórios emprestariam dois Coiotes para ajudá-los a rastrear durante a caçada.
Ela concordou com a cabeça lentamente.
— Eles os levavam aonde eles queiram ir. Vigiando. Esperando.
— Algumas caçadas duravam semanas, alguns meses de cada vez. — disseram a ela— Espreitavam sua presa.
Como um safári de caça, ela pensou. Sabiam o que queriam, onde estava. Conheciam os hábitos de suas presas e como segui-los, escondidos. Enquanto observava ela podia ver isso. Conheciam intimamente suas presas.
— Esta caçada em particular foi uma das primeiras. — Jonas disse e ela sentiu Cabal se aproximando atrás dela, ele pôs as mãos nos seus quadris e a puxou contra ele.
O abraço era mais íntimo que sexual. Reconfortante em vez de excitante.
— Encontramos isto em um laboratório no Novo México. — continuou Jonas.
— A caçada aconteceu a uns vinte e sete anos atrás. As raças que foram caçadas eram um homem e duas mulheres desse laboratório. Pegaram a primeira mulher uma semana antes desta caçada.
Ela percebeu o que Jonas não dizia. Que ela não ia querer saber dos detalhes dessa captura. Talvez ela não quisesse mesmo saber nada daquilo.
À medida que observava as filmagens, pegou alguns vislumbres dos caçadores. Com máscaras negras e roupas pretas. Era impossível dizer quem era quem.
A paisagem escura estava iluminada por uma lanterna e a iluminação noturna do vídeo. Podia ver os homens raças, um raça Leão de olhos marrons e um moreno que parecia um raça Leopardo, que se mantinha na frente da mulher tentando protegê-la.
As duas raças eram muito inteligentes e rápidas, mas os caçadores os cercaram. Brincando com eles. Aumentando a raiva no homem raça e medo na mulher, até que o primeiro tiro foi disparado.
Cassa piscou ao ouvir e ver a bala furando as costas do raça. Houve um momento de aturdida agonia, de resignação em seu rosto, antes de cair ao chão. A mulher correu para ele. As lágrimas desciam por seu rosto quando um rugido de raiva rasgava em seus lábios. Seus caninos brilharam na escuridão quando os caçadores avançaram para ela, suas risadas ecoando pela noite.
— Ela é uma linda vista. — disse um deles.
— Não vamos fazer lhe muito mal ainda. — outro sugeriu e Cassa quase gritou em agonia ao reconhecer a voz — Tenho alguns planos para ela.
Outro zombou.
— Ainda digo que é igual a foder um animal.
— É como foder a uma gata selvagem — Douglas riu enquanto se aproximava dela.
— Vamos levá-los para baixo. Ele pode ver enquanto eu me acabo nesse pequena e deliciosa vagina.
Cassa se soltou do abraço de Cabal, virou as costas para o vídeo e lutou para conter a náusea que crescia em seu ventre.
Tremia, agitando a cabeça enquanto apertava a mão conta a boca e jurava a si mesma que não ia vomitar.
Atrás dela, o som parou. Houve silêncio na sala, mas tudo que Cassa ouvia eram os gritos quando os caçadores tentaram afastar a mulher raça de seu companheiro.
Se a mulher raça era acasalada, então o toque de qualquer outro homem foi um sofrimento. Essa era uma dor como se várias facas cortassem a carne. Cassa sabia. Algo simples como o roçar de outro homem no meio da multidão era tão incômodo durante o calor do acasalamento que ela começou a evitar ser tocada.
Naquele dia na volta do parque para o hotel em que ela montou na garupa da Harley do Dog, e teve o cuidado de não tocá-lo, e ele se certificou que ele não tocasse nela.
A dor que aquela companheira sofreu, por causa do Douglas, tocou a alma de Cassa como uma faca afiada. Seu marido. E ainda estava vivo.
Ela sacudiu a cabeça quando Cabal tentou puxá-la para ele de novo. Não podia deixá-lo tocá-la neste momento, não ainda. Precisava pensar, e não podia pensar se a agarrasse. Precisava apenas do conforto dele, precisava muito de seu toque. Ela queria se esconder nos braços dele, e esquecer que esta realidade existia.
Ele tentou protegê-la, ela percebeu. Quis protegê-la, e ela se recusou a deixá-la fazer aquilo. Seria melhor saber? Ela se perguntou, engolindo as lágrimas que enchiam seu peito. Ou ignorar teria sido melhor?
— Por que ele ainda continua vivo? — Sua voz era rouca quando notou que queria ver Douglas morto. Não pelo que fez a ela, mas pelo que fez à mulher raça. Os companheiros que sonharam com nada mais que a liberdade, em viverem a salvo.
Ela se virou para Cabal, olhando-o, exigindo uma resposta.
— Por quê? — repetiu — Por que ele continua vivo?
Lembrava como se fosse ontem. Viu aquela estaca lançada pelo ar, enterrando-se na espinha jogando-o ao chão metálico gritando de dor.
Os gritos pararam. O sangue encharcava o chão. Como podia estar vivo ainda? Por que ainda estava vivo?
— Você o deixou viver. — ela sussurrou dolorosamente— Você o deixou viver, não é?
— Ele merecia sofrer. — A declaração foi mais que um rosnado, um grunhido de raiva completamente primitiva, olhando-a com olhos cintilantes, as faíscas âmbar em seus olhos como fogo no fundo verde floresta.
— Você o deixou viver. — Teve que lutar contra as lágrimas, mas duas cariam.
— Todos estes anos, ele esteve vivo enquanto você me ignorava. É por esse motivo?
Os dentes dele se apertaram.
— Isto não tem nada a ver com a razão porque não te reclamei, Cassa. Não importava se ele estava vivo ou morto.
— Era meu marido. — ela gritou — Ele é meu marido.
A fúria contorceu o rosto dele e estreitou seus olhos.
— Puta que pariu! — Ele gritou para ela — Esse desgraçado babacão nunca foi seu marido, Cassa. Ele se garantiu que não houvesse laços verdadeiros. O casamento não foi legal porque o ministro que os casou não era um ministro. Não era autorizado a casar ninguém, e Watts sabia.
Cassa sentiu o sangue fugir de seu rosto. Eles não foram casados? Foi um alívio mais que outra coisa. Não duvidava de Cabal, ele não se incomodaria em mentir para ela sobre isto. Mas foi a surpresa disso. Outra traição de Douglas àquela menina idiota e inocente que achava que o amava.
Eles não se casaram. Esta informação bateu em sua cabeça como uma bala, quase a derrubando.
E Douglas ainda estava vivo.
— Onde está ele? — sussurrou — O que você fez, Cabal?
Um enfurecido rosnado brotou do peito dele.
— Importa onde ele está? — Ele explodiu furioso.
— Na verdade sim. — respondeu Jonas à pergunta por ele. Cassa se virou para onde Jonas os observava, seu olhar apertado, sua expressão calma e vigilante. — Watts fugiu há quatro horas.
A tensão explodiu na sala. Encheu o ar, deixando-o tão pesado que apertava o peito de Cassa e enviava medo por sua coluna vertebral.
— Watts estava preso em uma prisão no Oriente Médio que as raças controlam agora — Jonas disse a ela — O prendemos desde a noite do resgate de Cabal.
Cassa engoliu firmemente olhando para o diretor da Agência de Assuntos das Raças.
— E você o deixou fugir. — Sua voz estava rouca, cheia de lágrimas que não podia derramar.
Jonas sorriu.
— Talvez tenhamos deixado o caminho da equipe de resgate coiote um pouco mais fácil para chegar até ele. — Deu de ombros — Ele ficou com raiva quando soube que você e Cabal se acasalaram. Parece que ele ainda acha que tem poder sobre você, Srta Hawkins.
Cassa cruzou os braços sobre seus seios e sacudiu a cabeça. Douglas já não tinha poder sobre ela. Ela não tinha nada mais que velhas e amargas lembranças.
— A propósito qual, o objetivo para deixar que fugisse? — ela perguntou mordaz.
O mestre em manipulação. Aquele era Jonas. Sempre conspirando, sempre manipulando. Sempre com um plano.
— A raça assassina que contatou você, a atraiu até aqui com a esperança de atrair Watts — disse Jonas — Nós achamos que ele é um companheiro que se tornou selvagem e agora está matando aos homens que mataram sua companheira.
— E Douglas a violentou. — Ela forçou a falar aquelas palavras.
Jonas assentiu.
— Cerca de um ano e meio atrás, de algum jeito, vazou a notícia para o Conselho que Watts ainda estava vivo e preso por nós. Como o assassino conseguiu essa informação, não estamos certos ainda. — Foi até a escrivaninha no centro da sala e se sentou com uma calma exterior que ela duvidava que ele realmente sentisse.
— Acreditamos — ele continuou —, que subornou a um dos guardas humanos que tivemos trabalhando ali. Vários meses depois, a primeira vítima, o doutor Ryan Damron, foi assassinado depois de ter telefonado para Phillip Brandenmore pedindo um encontro. Eles se reuniriam aqui na cabana de caça que Brandenmore mantém na floresta de Ninho do Falcão.
De novo, Cabal se moveu atrás dela. Seu calor a envolvendo, como um cobertor afastando o frio, um alívio contra a dor que sentia rasgar com fúria e ódio dentro de si.
— O doutor Damron desapareceu antes que pudesse chegar à cabana. Foi encontrado várias semanas depois, bem longe daqui, foi mutilado e espancado até morrer. Desde então, outros seis supostos membros da Dúzia Mortal morreram.
— A informação que Damron trazia era a suposta localização de onde Watts estava preso. — Cabal falou tranquilamente atrás dela.
— Damron ainda estava trabalhando para o Conselho, e nós achamos que Watts exigiu que o Conselho o libertasse.
— Você devia tê-lo matado . — ela sussurrou.
Perguntava-se se ela arderia no inferno por isso. Se ele estivesse morto, então talvez agora a raça assassina não teria se revoltado. E ela não encararia seu passado ou a pessoa fraca que foi.
— Ele tinha informações. — explicou Jonas encolhendo os ombros— E a morte seria um castigo fácil. Eu não gosto de facilitar as coisas para os meus inimigos. Nem Cabal.
Bem, ela acreditava nisso. Jonas sequer gostava de facilitar as coisas para aqueles que considerava seus amigos.
— Então arranjou para permitir seu resgate. — Foi uma acusação— Para quê?
Ela não queria acreditar que ele ainda estava vivo. Inferno! Odiava a ideia de que ele de novo respirava o mesmo ar que ela. Que estivesse no mesmo planeta. E uma parte dela estava com medo também. Douglas era um homem perverso e cruel, e todas as fraquezas que achassem nele, ele sabia como usá-las muito bem.
— Para nos permitir capturar o assassino que procuramos agora. — Jonas lhe disse. — Achamos que Douglas conhece a identidade do nosso assassino. Quando soube dos assassinatos, tornou-se mais decidido que nunca a fugir, quando deveria ter ficado ansioso para ficar ali preso. Afinal é a ele que o assassino quer.
— E como você sabe disto? — Ela se afastou de Cabal, virando a cabeça para pegar a expressão de dor no rosto dele antes que logo tudo sumisse— Como sabe que o assassino está atrás de Douglas?
— Suspeitamos quando soubemos que ele contatou você. — respondeu Cabal— Sabíamos que Watts fez parte da Dúzia Mortal anos atrás, mas nunca soubemos a identidade dos outros. Essa era a informação que estávamos tentando tirar dele quando começaram os assassinatos.
— E depois de onze anos ainda não tinha essa informação? — ela zombou furiosa— .Mentira, Cabal. O que estava fazendo, brincando com ele? Não me diga que não pôde saber o que queria neste período de tempo.
— O soro da verdade que desenvolvemos não podia ser usado nele por causa de sua condição física fraca. — disse Jonas— Não o queríamos morto, não ainda. E nunca se recuperou completamente daquela estaca de aço que Cabal fincou nas costas dele. — Um sorriso zombador acompanhou à declaração.
— Tem alguma suspeita? — ela tinha que se concentrar. Cassa se sentia como se estivesse sendo revirada de dentro para fora. A ira e o medo roíam em seu interior, cortando até sentir a ferida aberta e sangrenta em sua alma. Se não se concentrasse em algo mais que a dor, então não sobreviveria, não poderia sair desta sala antes de humilhar-se se quebrando por completo.
— A partir de agora, não temos nenhuma puta ideia. — O nojo piscou em seu olhar e em seu rosto.
Cassa acreditou nele. Não que não estivesse certa que ele mentiria sobre ele ter um suspeito, mas aquele brilho de auto-repugnância e fúria em seus olhos a convenceu que realmente não sabia quem era o assassino.
— Essa é a razão de deixarmos Watts fugir. — disse Cabal— Para atrair o assassino. Se vigiarmos Watts de perto o bastante, então estaremos lá quando o assassino for atrás dele.
— E você tem certeza que ele vem para cá? — Ela perguntou se virando para seu companheiro, para o homem que esperava que finalmente a amaria. Agora se perguntava se teria uma chance. Se nunca teria uma chance. Ela sempre se lembrava que esteve envolvida no acontecimento mais horrível de sua vida. A morte da família dele. E agora ela não seria a única que enfrentar aquele passado, ele também o faria. E não havia jeito dele não lembrar exatamente o papel que ela desempenhou.
Ela deixou Douglas entrar na equipe de resgate. Ela foi a razão pela qual ele conseguiu informações, deu a ele a oportunidade de vender informações sobre o resgate daquela instalação. Por causa dela, Cabal perdeu tanto.
— Positivo. — Cabal concordou com a cabeça quando interrompeu seus pensamentos — Mas ele não está vindo por um assassino, Cassa. Watts está vindo por você.
Morte observava, Morte espreitava. Mas quando se sentou na floresta em frente ao hotel e viu as janelas fechadas, não havia nenhuma ponta de cansaço correndo pela sua mente e alma.
O sangue manchava não só suas mãos, mas também sua alma.
— Ele fugiu. — Myron James sentou ao seu lado, e em sua voz Morte ouviu o mesmo cansaço, a mesma velha amargura. Está a caminho daqui.
É claro que Watts vinha para cá. Foi aqui que começou tudo, aqui que o Anjo da Morte teve seu maior triunfo.
Três mulheres. Três lindas mulheres que foram destruídas por sua maldade.
— Cabal vai tentar ficar no nosso caminho. — Morte informou ao outro homem. Vigiará a jornalista, se converterá numa dificuldade nessa tarefa.
— Não se a afastarmos dele. — A voz da xerife Danna Lacey estava cheia de dor.
Deus, quanta dor. Batendo, cortando-a ao meio e surrando o animal que sempre manteve contido, cuidadosamente controlado.
Afastar Cassa Hawkins de seu companheiro não seria fácil. O animal conhecido como Morte sabia disso. O homem, o homem entendia e se arrependia.
De repente, houve muito, muito remorso. Tanto sangue fixado em todo seu corpo que às vezes ele se perguntava se havia um jeito de sobreviver às consequências.
Watts logo estaria morto, ele se certificaria disto. Não ficou para o que viver, exceto as execuções por vir. Não havia nenhuma razão para se preocupar com o futuro ou caminhos não tomados. Só existia isto, apenas Morte.
— Ela não será ferida. — Ele endureceu sua voz, injetou o aço necessário para garantir que suas ordens fossem executadas.
— Desde quando nos preocupamos com ela? — Danna era a única louca o suficiente para interrogá-lo — Ela veio aqui. Ela tomou a decisão de se por em perigo.
— Porque nós a trouxemos para cá. — Ele se endireitou, seus olhos ainda no hotel.
Ele sentia os quatro homens lá dentro, planejando, manobrando para descobrir quem ele era. Ele era um homem morto. Ele era morte. Ele continuaria sendo a sombra para que nunca pudessem identificá-lo, sua vida dependia disso.
— Está seguro que os Coiotes que o resgataram nos manterão informados da localização dele? — Myron se endireitou, sua voz também rouca com suas próprias lembranças, sua própria dor.
— Eles sabem o custo se não o fizerem — . Morte deu de ombros.
— De qualquer forma, Watts morrerá, mesmo que eu tenha que caçá-lo sozinho.
Olhou para Myron, vendo a dor em seu rosto e em seus olhos. Essa dor só cresceu ao longo dos anos após a morte de Illandra. Desde que sua companheira morreu naquela missão fracassada. Uma missão que Morte escolheu para ela.
A culpa era um peso imenso. Empilhava-se em seus ombros que até havia dias em que sentia que teria um colapso devido ao peso. Que Deus o ajudasse, era muito tempo, muitos anos vivendo como uma sombra, esperando, observando.
— Deveríamos pegá-la antes que ele chegue. — A voz de Danna era rouca de lágrimas não derramadas, seu cheiro cheio de uma dor que ela nunca libertou.
Morte sacudiu a cabeça. Sentiu a brisa que se movia envolta dele, como suaves plumas passando sobre seus cabelos, e de repente as lembranças eram tão claras, tão nítidas. A sensação das mãos suaves esfregando em seu couro cabeludo, o sussurro de seu beijo, sua risada. O conhecimento de que ela o havia traído.
Tanta traição. Sua vida começou com traição, e a terminaria com ela. Sabia disso há muitos anos. Tinha aceitado.
Serena morreu nas mãos daqueles que vendeu informações, e seu filho estava pagando o custo, mesmo agora ele temia. A criança que tirara de seu corpo.
A dor alimentava a raiva. Mordia dentro de sua alma com dentes afiados e cortava suas entranhas com garras cortantes. Maldita seja no inferno. Ela pensou que estaria segura, que os cretinos que os caçavam manteriam sua palavra com ela. Ela nunca se importou com o sangue que eles derramaram, ou com as experiências que faziam nos que foram traídos.
Onde estava seu filho? Só Watts sabia a resposta. Ele levou a criança com ele. O Conselho nunca soube da criança que desapareceu naquela noite. Mas Watts sim. Morte exigia sua dívida. A criança era tudo pelo que se permitiu viver, a criança e as mortes por vir.
— Rick, temos que pegá-la deles antes que Watts chegue — argumentou Danna— É por ela que ele está vindo.
Ele sacudiu a cabeça.
— Isso é o que ele quer que pensemos. Que vem por ela. Que vem pegar de volta o que pertence a ele. Watts não tem sentimentos por essa mulher, e não se importa de jeito nenhum com quem ela fode ou acasala. Não, vem aqui para salvar o próprio traseiro, Danna, e nós dois sabemos. Vem aqui para me matar. Porque sabe que nunca estará seguro enquanto eu viver.
E agora que ele está livre, Watts quer garantir essa liberdade. A única maneira de garantir isso seria matar ao único homem de sabia que nunca o deixaria escapar.
Patrick Wallace. Morte.
— Cassa entrou nisto de olhos abertos. — Danna explodiu — Sabia que enfrentaria um assassino.
— Ela não merece morrer. — sustentou Myron calorosamente — Pelo amor de Deus, Danna, nós dois perdemos companheiros. Realmente quer forçar outros a viverem como nós?
— Será que eles se importaram quando perdemos nossos companheiros? — Patrick manteve sua voz baixa, de comando — Ainda estamos em guerra, Myron, não deixe que a propaganda diga de forma diferente. Nós usamos as armas a nossa disposição, e isso é o que a senhora Hawkins é aqui, uma arma contra Watts. Como ou se ela vai sobreviver não é minha preocupação. Encontrar a meu filho e matar aquele filho de puta é minha preocupação.
— Isso os trará de volta? — Myron era o único que Patrick sempre soube que vacilaria neste ponto. Hesitaria, mas não os trairia. Por essa razão, ainda estava vivo.
— Nada pode trazê-los de volta. — sussurrou Danna, e ambos o olharam, como se ele tivesse o poder para fazer o tempo voltar e devolver o riso a eles.
— Nada pode trazê-los de volta. — ele lhes disse — Tudo o que podemos fazer é fazê-los pagar. Com cada um que matamos aprendemos mais. Há quatro pendentes, além do Watts. Quero todos mortos. A cada um deles.
Ele nunca viveria para ver o encerramento definitivo. As raças que o detinham; Jonas Wyatt eventualmente descobriria quem era. As pílulas que Danna conseguiu roubar dos laboratórios Brandenmore não durariam para sempre.
Patrick correu um risco enviando as pílulas a Cassa Hawkins. Foi um risco calculado, mas a trouxe até aqui. Agora ela estava distraindo o Bengala que estava tendo problemas distraindo ao Jonas, e logo distrairia Watts. Isso era tudo que precisava. Só um breve momento para atacar.
— Se a sequestrarmos antes que ele chegue, antes que Jonas tenha uma chance de lançar uma rede de proteção em volta dela, então podemos enviar Watts direto para você — Danna argumentou — Se esperarmos, podemos perder a meta pela qual lutamos.
Ele olhou para ele, seu coração pesado. Quanto ela perdeu. Não apenas seu companheiro e seu filhinho, mas sua alma. Às vezes ele sentia o vazio dentro nela, e sabia que a dor teria causado a seu precioso irmão caçula.
Como Raine amava esta mulher. Seu primeiro sorriso foi por causa da risada dela. Sua primeira noite sem pesadelos foi devido a sua presença em sua cama. Suas primeiras lágrimas de alegria foram no dia que descobriu que ela esperava pelo seu filho.
A noite que Raine morreu, uma parte de Danna morreu também. A noite que aqueles filhos da puta a prenderam e o anjo da morte roubou sua alma, e a vida de seu filho, Danna deixou de existir como mulher. Saiu daquele inferno destruída e completamente quebrada, sem o companheiro que aliviasse seu espírito.
Enterraram Raine sem a cabeça, mas Patrick soube que enterraram a alma de Danna com ele.
— Pegá-la antes que Watts chegue seria um engano. — ele finalmente falou aos dois. — Vamos esperar que ele chegue aqui.
— O risco é muito grande. — explodiu Danna ferozmente— Rick, eles estarão prontos para nós então.
— Estão prontos para nós agora. — Ele deu de ombros— Estarão mais distraídos quando Watts chegar e então ela vai encontrá-lo. Vamos esperar.
Ele se afastou deles, indo para a colina, usando as árvores para ocultar sua presença, sabendo que se fundiria na floresta de uma maneira que nenhuma outra raça poderia seguir.
Era bom em se esconder. Era muito bom no que fazia. Era até mesmo melhor do que foi há vinte e dois anos antes. E foi bom naquela época.
Deveria ter seguido seu primeiro instinto aquela noite e levado aqueles jovens Coiotes pelas montanhas sozinho. Não deveria ter ouvido sua mulher. Devia tê-la deixado protegida em sua fazenda, deveria ter sabido que era uma armadilha.
O jovem estava ferido, machucado, desesperado para chegar ao lugar onde sabia que estaria seguro, onde uma aliada lhe tinha prometido refúgio.
Ele era uma das criações do Conselho. Uma de suas raças criada com a engenharia mais avançada.
Ele não ouviu o seu instinto, então, por causa disso muitos morreram. E ainda sofriam.
— Rick, não se afaste muito de nós.
O toque que se materializou em seu braço o levou a agir. Um rosnado saiu de seus lábios, violento e primitivo, antes de sua mão envolver a garganta de Danna e a empurrava forte contra o tronco do carvalho atrás dela.
O cheiro de medo e submissão encheu o ar, apesar de tingida com ira e dor. Olhou-o com raiva, seus olhos molhados de lágrimas, e de repente viu a irmã dela. Doce, suave Serena. A traída e traidora.
— Volte— Ele se afastou dela, impondo calma, forçando Morte em vez do homem que queria nada mais que se deitar e desistir da luta que sabia que nunca terminaria.
Rick. Patrick. Patrick Wallace. Morte. Era um homem sem alma, mais ou menos como Danna que era uma mulher sem alma.
Ele esperava um tempo em que pudessem consolar um ao outro, mas nunca aconteceu. Não havia contato, exceto o de Raine que ela pudesse tolerar. E para ele, só existia a lembrança da mulher que tinha que pensou que fosse Serena.
— Não pode simplesmente partir. — ela argumentou, agarrando seu braço mesmo ele tentando evitar exatamente isso— Temos que decidir agora o que vamos fazer.
— Não vamos fazer nada. — ele rosnou— Matarei Watts, como matei os outros. Muito simples.
— Não desta vez. — ela gritou— Tenho o direito de estar lá. Myron e eu , nós dois temos o direito.
Tinham o direito, mas ele tinha a autoridade.
— Esquece uma coisa, gatinha. — disse friamente— Eu dou as ordens aqui. Não você, nem Myron. Encarregarei-me do Watts.
Nem Danna nem Myron teriam qualquer responsabilidade neste negócio. Suas mãos não estavam manchadas de sangue ainda, não as manchariam com o sangue de Watts. Isso era sua responsabilidade, tal como foi há vinte e dois anos atrás. Ele errou no passado, não erraria agora.
— Tenho o direito. — Ela o olhou ferozmente, seus olhos de pedra dura. Olhos como os de Serena, a mesma cor, quase o mesmo rosto. Mas não era Serena. Ela não era uma traidora. Ela era a única que amava, que perdeu e por quem sofreu ao longo dos anos essa perda.
— Gatinha. – ele sussurrou com ternura. O companheiro dela foi uma raça puro leão. Raine era tão selvagem como o vento e muito impulsivo— Deixe-me cuidar disto.
— Como você se encarregou desses malditos Coiote. — ela zombou de repente. — Você tinha que salvá-lo, não, Rick? Só tinha que ajudá-lo. Sabia que todo o grupo te seguiria, e você só tinha que fazê-lo.
Ele sacudiu a cabeça.
— Como eu faria a qualquer raça, Danna. Você sabe.
Não se desculparia. Essa era sua responsabilidade também.
— Um Coiote. — ela gritou— Um mestiço sujo filho de puta que não tinha o direito de viver.
— Todos nós temos o direito de viver. — Retirou os dedos dela de seu braço e olhou para onde Myron observava, seu olhar cheio com tal dor, com tal pesar. Mesmo o amor de sua esposa Patricia não pode aliviar a dor lancinante dentro dele. Esse amor o corroeu ao longo dos anos porque Myron era incapaz de se ajudar. Por isso ele não podia dar afeto a uma mulher que entregou o coração a ele.
Tanto desperdício. E ele aceitava a culpa por isso. A culpa morava em sua alma e tinha aprendido a viver com ela.
— Eu vou cuidar disso. — ele disse aos dois. — Depois vou cuidar dos outros. As raças não estavam dispostas a matar Watts com o soro da verdade, mas eu não tenho esses escrúpulos. Eu juro.
Ele conseguia o que queria, e veria aquele homem morto. Lentamente. Patrick queria saborear sua morte. Queria ver cada respiração forçada até que Douglas Watts puxasse seu último fôlego e mais nada.
Ele vivia por isso. Sofria por isso.
Passando por eles, deixou-os onde estavam, embora não achasse que obedecessem a sua ordem para irem embora. Queria Watts vivo apenas por um tempo, o suficiente para ele dar os nomes dos últimos membros da Dúzia.
Os que morreram antes não sabiam os nomes. Parece que sequer confiavam uns nos outros. Nem em todos eles. Nenhum dos homens sabia exatamente quem fazia parte do grupo de caça. Não só usavam mascaras nas caçadas, mas também quando se reuniam em outras ocasiões.
Eles eram paranoicos com a segurança deles, mas não paranoicos o bastante. Elam March confiava em Ryan Damron. Ryan Damron confiava em Aaron Washington, e assim sucessivamente. Agora só havia outros quatro nomes para ele conseguir. Assim que conseguisse esses nomes, seu trabalho seria feito. Sua vida estaria feita.
O que deixaria? Duvidava que seu filho ainda estivesse vivo, mas tinha que ter certeza. Eles mataram Serena e tiraram seu filho dela enquanto ele estava com seu grupo escoltando o Coiote pela floresta.
Formosa, mentirosa Serena. Doce, doce Serena.
Ainda não entendia. Duvidava que um dia entenderia. Simplesmente vivia com as consequências de suas ações. E morreria com elas.
Cassa ficou sentada durante o resto da reunião que Jonas teve com Cabal, Lawe e Rule. Elaboraram um plano para continuar em contato com Watts e identificar o assassino. Também mencionaram aqueles que achavam que talvez estivessem envolvidos em ajudar o assassino. Walt Jameson, Myron James e Danna Lacey.
Isto explicava a tensão que fluía de Danna quando Cassa e Cabal se encontraram com ela. Danna fez parte da Sociedade de Liberdade das Raças há muitos anos atrás. E de acordo com Jonas e seus sentidos de raça, Danna, naquele tempo foi acasalada.
— O aroma quase não está mais sobre ela. — revelou — É quase imperceptível, exceto em momentos de tensão. Claro, estava sem seu companheiro há muito tempo, assim como James.
— Myron é casado. Tem filhos. — interferiu Cassa — Pensei que seria impossível se ele foi acasalado.
Jonas sacudiu a cabeça.
— Não sabemos isso com certeza, Cassa. Estamos a menos de doze anos pesquisando o calor de acasalamento. Nossos médicos e cientistas ainda não sabem o que está acontecendo aqui.
E tampouco os que estavam acasalados ou se acasalariam num futuro próximo.
Ela se sentou, viu e ouviu, enquanto eles examinavam seus planos. Para vigiar Douglas, tinham que ter certeza que ele não teria nenhuma chance de chegar perto de Cassa, simplesmente porque achavam que estaria furioso e perturbado.
Era muito clichê. Douglas não dava a mínima para ela. Estava atrás de alguma coisa aqui. Havia algo mais, alguém mais, que ele estava atrás, em vez de Cassa. Só tinha que descobrir quem e por que.
Conhecia Douglas. Nunca a amou. Nem mesmo foi realmente uma posse para ele. Ela foi o meio para um fim, nada mais que isso.
Não estava aqui por ela. Só tinha que descobrir por que ele vinha para cá. A menos que ele soubesse quem era o assassino.
Ele tinha que saber quem era o assassino, do contrário não viria para cá. Se não soubesse quem e o que enfrentaria, então ele teria ficado onde estava seguro. Douglas estaria mais interessado em eliminar a ameaça a sua própria vida, e as vidas daqueles que poderiam ajudá-lo agora. Ou seja, a Dúzia Mortal. Ela não seria nada mais que um plano B e, nesse caso só por diversão.
Ele ainda estava vivo. Todos estes anos ela acreditava que estivesse livre dele, do papel que desempenhou no seu passado. Só para saber que ainda estava vivo, e ainda estava decidido a matar as raças.
Quando a reunião terminou, as informações foram arquivadas e Jonas se levantou de sua cadeira para esticar-se preguiçosamente. O olhar de Cassa foi para Cabal. Ele a olhou ao longo da reunião, seu olhar se demorando sobre ela por longos momentos antes que sua atenção voltasse para as informações que rolavam na tela holográfica.
Ela via o calor aumentando nele. Podia senti-lo. Assim como crescia nela também.
Raiva. Medo. Emoções de qualquer tipo afetavam os hormônios que governavam o calor do acasalamento. Mas Cassa percebia que alguma coisa mais guiava a ambos.
O confronto anterior. Sua insistência em encontrar Dog quebrou uma barreira que ela não sabia que existia entre eles. Nem sequer sabia o que era essa barreira, ainda não estava certa.
Mas era como se algo se libertasse dentro dela, uma parte dela que não sabia que existia e que não tinha nada a ver com os hormônios que ele infectou nela.
Aquilo era o mais puro desafio. Como ele se atreveu a guardar esta informação dela? Como se atreveu, por todos esses anos, a ignorar o que ele sabia que acontecia entre eles, mantendo esses segredos? E depois, tirá-la de forma definitiva de uma investigação que ela era uma parte tão importante?
Diabos não. Isto não ia acontecer. Nunca voltaria a acontecer.
Levantou a cabeça quando seu olhar se encontrou com o dele, olhos nos olhos, puro desafio encontrando com pura arrogância masculina. Ele podia ser uma raça, mas ela era a sua companheira, e aqueles que redigiram os estatutos da Lei das Raças sobre o acasalamento na verdade não redigiram sem pensar na pura teimosia e na arrogância que eram a marca registrada dos homens raças.
Ela tinha os seus direitos. Na verdade tinha direitos que ela não forçou ou ameaçou a ele. Isto mudava as coisas. Nunca mais ela cobraria o pagamento de um favor, porque ele queria posar de macho protetor e misterioso.
Se ele queria continuar jogando com o Jonas, então por Deus ele podia fazer sob um novo conjunto de regras.
— Senhores, estejam preparados. — suspirou finalmente Jonas — Vamos receber notícias algumas horas antes que Watts chegue a Glen Ferris. Quero todos em suas posições e preparados. — Olhou para Cassa — Sabemos onde ele vai enfocar-se, por isso vamos manter nossa atenção lá.
Watts não ia focar nela, não que eles estivessem dispostos a ver isso. Devido a que as castas se enfocavam completamente em suas mulheres e em suas companheiras, às vezes esqueciam que os seres humanos não eram tão leais. Nem sequer de perto.
Mas ela confiava neles. Daria a Jonas um pouco de tempo, se não descobriu até agora, então descobriria logo. Cabal, sem dúvida, já tinha suas suspeitas. Ela viu no rosto dele durante a reunião. Ele sabia. Assim como ela sabia. Ou pelo menos, esperava que ele soubesse. Se não, então ele não era tão intuitivo como ela pensava.
Levantou-se silenciosamente de sua cadeira, pegou sua mochila do chão e foi para a porta, ansiosa para voltar ao seu quarto. Tinha algumas pesquisas a fazer, e encontrar as respostas. Agora que tinha um pouco mais da informação que precisava, talvez pudesse conseguir sua própria linha de ação nisto. Havia até mesmo uma pequena chance de descobrir um ou dois dos membros que faltavam da Dúzia Mortal.
Ela podia até ter uma ideia de para onde o Douglas estava indo. Uma coisa era certa: se estava em sua lista, então ela era a última na sua lista.
Quando saiu da sala de reunião, estava consciente de que Cabal a seguia e da tensão que o envolvia. Como se houvesse um cabo de força conectando-os, sintonizando-os um no outro. Quanto mais se aproximavam do elevador, mais tensos ficavam.
Ela entrou no elevador, ficou no canto da parte traseira quando Cabal entrou a passos longos, ele deu um soco rápido no botão para o andar de baixo. As portas se fecharam. Cassa piscou.
A única coisa que soube é que no momento seguinte ela estava nos braços dele, imprensada entre o corpo dele e a parede do elevador, enquanto seus lábios prendiam os dela, empurrando sua língua profundamente dentro de sua boca.
O gosto dele. Era puro néctar. Era picante e doce, canela e açúcar. Era um fogo em meio do inverno e queimava sua alma.
Seus braços se enrolaram em volta dos ombros dele, silenciando o desejo que ardia numa chama viva, percorrendo seu corpo, aguçando seus sentidos.
O hormônio do acasalamento que ela tomou por tantos anos manteve seu desejo reprimido, até que ele a beijou pela primeira vez. Desde então foi como uma fome que eles esperaram por muito tempo. Uma fome que se incendiava de vida e devastava.
— Maldita. — Ele mordiscava seus lábios, lambia sobre eles — Você me deixa louco, Cassa. Como um louco que não se cansa da loucura.
Ele a teria beijado novamente. Ela sabia que ele ia, e ela se esticou para ele, quando a campainha eletrônica do elevador indicou seu andar.
Ele recuou um passo, respirou forte, depois agarrou sua mão e a puxou do elevador.
— Impaciente? — Ela ofegou.
Se ele não estava, então ela com certeza estava. Como se toda a raiva e ressentimento acumulados não importassem mais. Como se a feroz fúria que palpitava em seu sangue houvesse de repente se transformado em algo mais. A excitação queimava nela agora. O desejo endureceu seus seios, palpitava em seu clitóris e fazia seus sucos se derramarem entre suas coxas.
Ela estava tão molhada e quente. Ansiosa para uma briga e por seu toque.
— Com você? Sempre estou impaciente. — ele murmurou enquanto empurrava o cartão chave na fechadura e abria a porta.
Qualquer outra mulher podia não ter notado como ele parou de repente e cheirou rapidamente o pequeno hall antes de entrar, a forma como usou seus sentidos para garantir que o quarto estava seguro antes de puxá-la para dentro.
— Ótimo, agora tem uma chave do meu quarto. Diga-me, Cabal, tem as chaves do meu carro também? — Ela sabia que ele tinha a chave do seu apartamento, e a surpreendeu mais de uma vez quando entrava e o encontrava a sua espera.
— Provavelmente. Em alguma parte – ele rosnou antes de empurrá-la contra a parede e tomar seus lábios de novo.
Néctar. Paraíso. Seu beijo parecia com a explosão de um orgasmo.
Ele tomou rápidos e duros pequenos beijos, depois colou seus lábios nos dela e chupou delicadamente, depois avidamente.
Era uma mistura de muitas sensações e carícias.
Uma mão apertada em seu cabelo, a outra agarrada a seu quadril. Cassa estava além da vergonha ou da reserva. Suas pernas se enrolaram nos quadris dele, apertadas em volta dele. Suas mãos estavam nos cabelos dela, e seus lábios e língua acariciavam e esfregavam sucessivamente. A ponta dura de seu pau se encaixava contra sua boceta, era um peso quente e pesado que se esfregava contra ela, enterrava-se nela e esfregava suavemente seu clitóris, era o auge de sensações.
Ela ardia por ele agora. A necessidade era uma dor antes de tocá-la, mas agora, era uma chama queimando-a de dentro para fora.
— Arde, meu bem. — grunhiu contra seus lábios— Arda por mim, Cassa.
Ela era uma chama em seus braços.
Cabal nunca conheceu nada tão quente, tão doce como Cassa. Seu beijo. Seu toque. A forma que seus dedos se enfiavam em seus cabelos, puxando-o, atraindo-o para mais perto. Os lábios dela se moviam sob os dele com exigência quente, e o que ele não lhe dava ela tentava tomar.
Sua língua se esfregou contra a dele, e quando continuou com esses perversos golpes, ela sugou a sua língua para a sua boca e chupou com avidez.
Cabal sentiu todo seu corpo tenso, sentiu seu pau engrossar e endurecer mais ainda quando se enterrou contra o quente montículo de sua vagina.
— Cabal. — Ela disse seu nome contra seus lábios, logo sua doce e pequena língua se esfregava sobre eles, mas evitou seu beijo, enquanto se afastava mais para esfregar suavemente o pescoço dele.
O som de seus dentes fez um grunhido retumbar em seu peito musculoso. Suas mãos apertaram mais sobre sua bunda, apertando com força a carne macia quando a levantou para mais perto, apertou-a mais duro contra a parede e enterrou o pau com força contra sua vagina.
Ele estava ardendo por ela. Puta que pariu, estava-se queimando por ela.
— Você está me pressionando muito, estou na beirada. — Ele estava quase ofegando, a fome por ela crescia tão forte, tão desesperada, que se manter controlado estava se tornando em nada mais que um desejo.
— Já me pressionou além dos meus. — Ela mordiscou seu pescoço, e maldição se prazer não se intensificou dez vezes mais. Aqueles dentinhos afiados dela se cravavam nele, sua sedosa língua esfregava suavemente e o prazer estremeceu suas bolas como um relâmpago.
— Desça-me. — Ela se remexeu dentro de seu abraço— Solte-me, Cabal!
Ele soltou sua bunda, deixou as pernas dela descerem e tentou pegar os lábios dela com os seus de novo.
— Ainda não. — Ela deu um tapa em suas mãos quando a olhou ferozmente, indignado.
— Que diabos você quer dizer com ainda não? — Ele mal conseguia falar quando suas suaves mãos deslizaram embaixo de sua camisa.
Doce Deus que o guarde. Seu estômago se apertou quando suas unhas rasparam sobre seu abdômen duro.
— Exatamente o que eu disse. — Havia uma ponta de comando feminino em seu tom que fez seus cabelos e também seu pau se arrepiarem e levantarem com um forte puxão em resposta.
Ela abriu o botão de seu jeans.
— Maldição. — Exalou a maldição quando o zíper desceu.
— Quero lamber essas listras.
Cabal ficou mais duro diante do gemido em sua voz, e o desejo que expressou.
Ele nunca deixou nenhuma mulher acariciar aquelas listras. Até agora, sentia que eram sua vergonha pessoal.
Agora, diabo se era isso que sentia ao ter sua língua sobre ele, então estava totalmente fodido por isso. Ele deixaria que ela o lambesse. Deixaria beijá-lo. Doce céu. Podia até mordê-lo se ela quisesse.
Ele tomou fôlego quando seu jeans desceu de seus quadris. Olhando-a, apertou os olhos, vendo como ela estava distraída observando quando o duro comprimento de seu pau apareceu. Ela não ia se distrair. Caralho. Ele rezava para que ela se distraísse.
— Diabos. — A cabeça dele quase bateu na parede quando ela lambeu uma daquelas malditas listras.Sua língua era um chicote de fogo, e prometeu a si mesmo que ela ia pagar por aquela tortura.
Macia, suave, a língua quente percorreu as listras, excitando a carne sensível. Como se as terminações nervosas estivessem mais perto da pele naquela área, cada carícia de sua língua era como uma chama de excitação queimando em sua pele.
— Pagará por isso, Cassa. — ele prometeu.
— Promessas. Promessas. — Ela mordiscou uma coxa, depois foi para a outra. Enquanto o torturava, atormentava a área onde a pele com as manchas listradas era mais escura, Cabal tirou as botas, manobrou suas calças jeans descendo por suas pernas e tirou a camisa.
Ele a observou apertando a mandíbula com fome voraz, quando a língua macia o lambeu e acariciou, ela chegou tão perto do pau super sensível que ele sentiu a respiração dela.
Ele ia sentir mais que sua respiração. Prometeu a si mesmo. Esta noite, ia sentir essa boquinha quente envolvendo seu pau.
Os dedos dele apertaram em seu cabelo, puxando os fios sedosos, ele quase rugiu com o suave e pequeno gemido que ela soltou.
— Pare de me provocar Cassa.— ele ordenou roucamente.
— Você que me provoca. — Ela estava quase sem fôlego, ajoelhada diante dele e deixando-o louco com a boca pertinho do seu pau.
Ele segurou o pau com uma mão e o cabelo dela com a outra. Recuou um pouco, observou quando esfregou a cabeça grossa contra seus lábios úmidos e jurou que ia gozar de puro deleite quando a língua apareceu e se arrastou contra o pênis.
A sensação disparou um choque do caule direto até as bolas. Nunca sentiu nada tão bom ou atormentador. Queria sua boca sobre ele. Queria o calor molhado em volta da delicada ponta, queria senti-la chupá-lo, lambê-lo. Só mais uma vez. Ele ia se queimar vivo, se ela não fizesse aquilo.
— Cassa. Agora. — Disse com um gemido áspero, primitivo.
Seus lábios se abriram enquanto seus olhos subiam para olhá-lo. A cabeça dura escorregou quando sua língua lambeu a parte inferior, acariciando docemente a sensível carne enquanto o chupava para dentro de sua boca.
Ele estava morrendo. A sucção de sua boca estava acabando com sua vida. Suave, deliciosa. Fome feroz. Sua língua acariciava e lambia, depois o chupava profundamente. Ela envolvia seu pau na raiz do caule até bombeando-o, acariciando-o, enquanto a outra mão dela se movia entre suas coxas acariciando seu saco com suas bolas duras e angustiadas para explodir.
Ele nunca precisou gozar tão rápido, mas agora ele lutava contra seu orgasmo com total desespero. Não gozaria em sua boca. Não deixaria acontecer. Queria estar enterrado profundamente dentro dela, sentindo sua vagina apertada, estreita ao redor dele, enquanto bombeava dentro dela.
— Porra de boca. Quente. Doce. — Estava resmungando, rosnando. Era um êxtase que mal podia suportar de pé.
— Sim, meu bem. Chupe-o. — Suas coxas tensas quando começou a remexer os quadris contra a boca sugadora, a bombear suave dentro de sua boca quente e pequena, lutando para saborear a sensação de sua doce mamada.
Se pudesse se segurar mais alguns segundos. Mais um minuto. Só mais um pouco.
Olhou seu rosto enquanto o chupava. A forma de suas bochechas cavadas, o rubor em seu rosto, seus lábios avermelhados. Ela não estava apenas chupando seu pau, ela estava amando-o com cada golpe de seus lábios e língua. Saboreando-o. Provando-o com todos os seus sentidos.
— Chega. — Não aguentava mais. Mais um golpe de sua língua contra seu pau e ele gozaria.
Ele atirou a cabeça para trás. Forçou a cabeça do pau para trás ignorando o pequeno gemido de protesto que ela soltou.
Ele tinha que tê-la. Nada importava neste momento, só possuí-la Escorregar todo dentro dela, sentindo sua carne quente e macia e a doce aceitação que sempre dava a ele.
Que era dele. Isso era tudo. A aceitação. Sem mentiras, sem pedir nada em troca exceto o prazer que aceitava dele.
E ele a queria agora. Precisava dela. Mais que o calor de acasalamento, porque começou muito antes que sentisse esse calor que o torturava. Precisava dela. De suas carícias, sua risada, sua suavidade. A aceitação de quem e o que ele era
Levantando-a em seus braços, levou-a a cama. Apoiando-a sobre os cobertores macios, seus lábios cobriram os dela afastando com rapidez a roupa que escondia a doce perfeição de seu corpo.
Deus, ele adorava tocá-la. Só tocá-la. Acariciar sua pele, saborear seu beijo, amá-la.
Ele a amava.
Esse conhecimento bateu no canto escuro de sua alma, onde manteve escondido. Até dele mesmo.
— Doce amor. — Pressionou seus lábios contra a marca do acasalamento no ombro dela.
Ela era tão deliciosa ali. Cada carícia que fazia ela respondia como se tivesse sido feita só para ele. Era sua companheira. A natureza a criou só para ele, para nenhum outro homem neste universo. Sua pele ardia pelo toque dele, o beijo dela alimentava o desejo dele, assim o seu beijo alimentava o desejo dela. Ela era a outra metade de sua alma, não só de seu corpo. Não só de seu coração.
— Cabal, não me provoque. — Seu tom rouco fez um arrepio de impaciência percorrer pelo corpo dele.
O suave roçar de sua coxa contra seu pau o fez derramar líquido pré-seminal da ponta. Estava a beira de gozar, isso nunca aconteceu antes. A necessidade de saborear o corpo dela contra a necessidade de derramar dentro dela. Só Deus sabia qual fome seria satisfeita primeiro.
Aproximou-se, não podia se aliviar salvo deslizar sua língua sobre um mamilo duro, depois no outro. Embora um único gole nunca fosse o suficiente. Sugou a ponta endurecida dentro de sua boca, chupou-a, raspou-a com sua língua e a saboreou até que ela se arqueou contra ele gritando seu nome.
Então ele não podia ter um sem ter o outro. Chupou os dois bicos dentro de sua boca com fome voraz. Chupou-os. Adorou-os. Deus que o ajudasse, mas ele não conseguia ter o suficiente dela.
— Cabal você está me matando. — ela gritou, mas o prazer em sua voz foi o bastante para excitá-lo mais.
Ele desceu. Distribuindo beijos por seu tronco, ao longo de seu estômago, abriu suas pernas e inalou o cheiro doce e suave de sua excitação. De pura mulher quente.
E ele tinha que provar ali também. O cheiro dela era uma pura puta felicidade.
— Seu gosto é como o verão – ele rosnou enquanto descia entre suas coxas— Quente e doce.
Sua língua bebeu na fenda estreita, sugando os sucos, saboreando o desejo incrível que fluía dela. Nunca saboreou uma mulher tão doce ou tão malditamente inocente.
Ela não era manchada pelo toque de outro homem. Nenhum outro cheiro de homem permanecia em sua carne. Ela era pura. Fresca. E precisava mais dela. Muito, muito mais dela.
Lambeu as suaves dobras, sugando em sua boca. Cada sabor dela o excitava mais, jurou que sentia seu pau engrossando, crescendo ainda mais duro. Parecia puro aço forjado entre suas coxas, queimando para encontrar o paraíso que só ela podia lhe proporcionar.
Suas mãos seguraram suas pernas quando ela se contorceu contra ele, empurrando sua vagina para mais perto de sua boca, se dando para ele. Seu clitóris estava inchado, ele o puxou com a língua. Provou-o, era suave e quente como o resto dela. Ele queimava com o aperto da fome que o devorava. Cada célula em seu corpo estava centrada em uma só coisa, Cassa. Seu toque, seu sabor, a sensação de sua necessidade, seus roucos gemidos de desejo. Quando os dedos dela se entrelaçaram em seus cabelos, ele deixou que ela puxasse sua boca do pequeno botão inchado e duro de seu clitóris. Ele o lambeu. Provocou-o.
— Chupa. — A ordem carente fez sua pressão sanguínea aumentar. Diabos, seu sangue ia explodir em sua carne a este ritmo.
— Por favor, Cabal. Oh, Deus! Por favor.
Seus lábios se fecharam sobre o nó endurecido e sensível quando o sugou e permitiu à sua língua tremular com mais suavidade sobre o receptivo botão.
Ela se retorcia embaixo dele. Seus quadris bombeavam, suas coxas apertadas e podia sentir o orgasmo se aproximando dentro dela. Podia sentir o cheiro. Ela estava perto. Tão perto que sabia que faltava pouco para fazê-la gozar.
E aí era onde a queria. Voando em seus braços.
Apertando a boca entre suas coxas, chupou sua boceta mais profundamente, mais forte. Sua língua rígida, tremulava mais duro, mais rápido sobre a carne flexível, e em segundos gritos de êxtase encheram a cabeça dele, quando ela explodiu embaixo dele.
Ele não podia esperar. O orgasmo dela queimava em sua língua quando se levantou, se encaixou entre as pernas dela e pressionou a cabeça quente do seu pau dentro das dobras molhada.
A vagina o prendeu. Jurou que sua doce vagina o sugava enquanto movia a carne grossa dentro dela. Os flexíveis e sedosos músculos apertavam seu pau, acariciando violentamente a coroa sensível do eixo endurecido, até que estava totalmente enterrado dentro dela, rodeado pelo seu calor ardente.
Estava cheio de fome primitiva agora. Não ia parar. Não havia como parar o inferno que os envolvia. Podia cheirá-lo no ar, cheio de emoções e desejos instintivos como a natureza que ele não podia definir.
Agarrando os quadris dela, ele recuou, tentando se mover lentamente, lutando para saborear cada estocada, cada carícia. As unhas dela se fincaram em seus pulsos o segurando. Sua cabeça estava arqueada para trás, seus quadris se levantando mais para ele.
Porra. Deus, ele não podia se conter mais. Ele precisava muito dela, precisava dela desesperadamente.
Movendo-se sobre ela, seus lábios tomaram os dela quando começou a empurrar dentro dela. Seus quadris bombearam, agitaram-se lutando para mover cada centímetro do ardente eixo dentro dela com cada estocada. Ela estava apertada. Aquilo era um aperto quente e gostoso que o deixou mais que ansioso com o desejo de gozar.
Esperar era tortura. Controlar era apenas um pensamento, centrado unicamente em retardar seu próprio gozo por ela. Ela tinha que gozar. Ele tinha que sentir o orgasmo dela em volta do pau, fluindo ao redor da cabeça grossa. Era imperativo. Nada mais importava.
Seus gemidos embaixo de seus beijos mostraram a ele que ela ia gozar de novo. Ele sentia que cada golpe dentro dela a deixava mais molhada, mais escorregadia.
Não podia beijá-la e respirar. Não podia parar de beijá-la. Sua língua fodia dentro de sua boca enquanto seu membro fodia dentro de sua vagina, até que não pôde suportar muito mais. Não pôde se conter. Ele estava perdendo o controle, perdendo o juízo e a prudência fodendo furiosamente dentro da vagina dela. Arrancou seus lábios dos dela, enterrou a cabeça no ombro dela, seus dentes se cravaram na marca de acasalamento, e então ele sentiu. Ela ficou tensa, se esticou no seu abraço, enquanto soltava um grito baixo e o orgasmo explodiu nela.
Cabal não podia deter o rugido que arrancou de seu peito. Mergulhou fundo de novo dentro dela, uma, duas, e mais uma vez. Ele sentiu o orgasmo dela em volta dele e se perdeu no próprio orgasmo.
A lingueta debaixo da cabeça de seu pau se levantou, ficou dura, violentamente dura e o trancou firme dentro dela no momento de seu gozo. Com cada jorro de sêmen ele sentiu os estremecimentos de prazer furioso, rasgando-o, despedaçando sua alma e abrindo-a para ela.
Ele a segurava perto, uma mão enterrada em seu cabelo, para prendê-la junto do seu coração, enquanto lutava para respirar através do êxtase.
Ela era dele. Sua mulher. Sua companheira. Sua vida.
Nada neste mundo jamais importaria tanto quanto Cassa.
Nem sua vida ou a de outros. Ele morreria sem ela. E por Deus, ele não teria nenhum escrúpulo em matar para protegê-la.
Ela era muito mais que seu coração. Cassa era sua alma.
— Não vou me sentar nesta sala e esperar por alguém que não vem. — Cassa anunciou no momento que saiu do banheiro, recém banhada e vestida. Ela não era uma pessoa paciente quando se tratava de subir ou descer os andares do hotel. Em breve estaria caminhando rua abaixo pela calçada para acrescentar mais conteúdo em sua reportagem ou procurando suas fontes.
Procurar as fontes era sua maior preocupação hoje. Tinha várias ideias em mente, para informações que precisava. Entre as principais perguntas que tinha eram em relação aos membros sobreviventes do grupo felino que foram assassinados na noite de São Valentin vinte e dois anos atrás. Quem sobreviveu? Quem estaria se vingando agora?
Sabia que Walt Jameson tinha informações, e havia as duas raças que estiveram no café pela manhã em que se reuniu com Myron. Intimamente pensava que, aquelas raça estavam um pouco curiosas. Estiveram olhando-a aquele dia, escutando sua conversa. O que significava que o mais provável é que estivessem envolvidos.
Ela ia encontrá-los e simplesmente ter uma agradável conversa com eles. Talvez mencionar o Dia de São Valentin. Talvez mencionar o Douglas.
Sentia-se armada para a batalha. Vestiu uma linda e justa calça jeans, sua camiseta favorita cinza escura de mangas compridas e botas de couro. Seus longos cabelos estavam puxados para trás num charmoso e prático rabo-de-cavalo, e aplicou um pouquinho de maquiagem onde ela achava que precisava realçar mais.
A noite anterior teve muitas revelações, e muitas surpresas. Ela não era um pato sentado para ninguém, especialmente para Douglas Watts. Ela reconheceu isso no dia que pensou que Douglas tinha morrido, e ela não ia voltar a isso.
Olhou para Cabal quando ele se afastou da janela para olhá-la. Ela notou a expressão dura, mas atentou para o brilho âmbar em seus olhos verde floresta.
Aqueles olhos quase tinham o poder de hipnotizá-la. Podia olhá-los por horas, perder tempo e lugar e nunca lamentar um momento disso. Se ela permitisse.
— O que acha que pode fazer antes de Watts chegar? — Ele cruzou seus braços sobre a camisa de algodão cinza escuro que levava, enquanto seu olhar brilhava sobre ela.
— Há uma série de coisas que posso fazer. — Ela deu de ombros— No alto da lista está encontrar o Walt Jameson. Eu gostaria de falar um pouco mais com ele.
— Por quê? — A suspeita endureceu seus olhos.
— Porque suspeito que ele está mais envolvido nisso, inclusive você sabe. — ela informou— Ele me ofereceu informações. Tenho a intenção de fazê-lo falar a respeito disso.
— Ele é próximo de Myron e Danna. — ele a informou— Tudo que disser a ele, ele contará a eles.
— Então vou ter que falar com ele discretamente. — Ela deu de ombros— Estou familiarizada de como fazer isso, Cabal.
E precisava sair deste quarto, se afastar dele. Na noite anterior ele a desequilibrou. Não só com tantas revelações, mas também quanto a coisas que descobriu sobre si mesma quando ele a segurou em seus braços.
Ontem a noite sentiu coisas que nunca sentiu em sua vida. Cada carícia que ele fez, cada beijo tinha penetrado fundo em seu espírito. Foi como voar. Como renascer. E agora se sentia desequilibrada, insegura. Precisava de um tempo para pensar, longe de seu toque para se situar.
— Não tenho dúvidas de que pode perguntar discretamente, Cassa. — Ele respirou fundo passando as mãos nos cabelos para logo depois os fios caírem de novo no mesmo lugar— Só conheço Walt. Se Danna e Myron estiverem implicados nisto, ele vai protegê-los. E se eles estiverem implicados, então não há dúvida que ele também está.
— Falarei com cuidado. — ela afirmou— Mas falarei com ele.
Foi até a mesa e rapidamente guardou seu bloco de papel cheio de anotações eletrônicas em sua mochila. Sentar e esperar aqui não era algo que podia fazer. Tinha que sair deste quarto, colocar uma distância entre ela e seu desejo de acariciar Cabal da cabeça aos pés.
Suas mãos formigavam de vontade de apenas acariciá-lo. Só tocá-lo. E sabia muito bem aonde aquilo levaria. Seu corpo já estava esquentando em resposta a esse pensamento.
Parecia que quanto mais o tocava, mais era tocada por ele, e mais ela queria.
— Você acha que vai sair daqui sem mim, não é? — Ele perguntou com uma ponta de diversão em sua voz e em sua expressão enquanto a olhava.
Cabal personificava a arrogância masculina. Podia vê-la, senti-la fluindo dele. Achava que ia sem ele, inclusive queria ir sem ele, mas no que concernia a ele, isso não ia acontecer.
Era uma coisa muito boa ter decidido que era melhor com ele que sem ele neste ponto. Era teimosa, e gostava de seu trabalho, mas tinha que admitir que com a informação que tinha agora, as coisas poderiam ficar um pouco perigosa demais para ela sozinha.
— Na verdade, mais ou menos deduzi que você iria me acompanhar. — ela respondeu alegremente— Então vamos lá, Bengala. Vamos começar a trabalhar.
Ela não perdeu os olhos apertados e indignados. Bem inferno, se ela tinha que suportar sua atitude masculina, então era melhor ele aprender a aceitar suas mudanças femininas. Era tão simples.
— Sabe, Cassa, vamos ter que conversar sobre essa sua tendência de espicaçar meu ego — ele disse quando saíram do quarto.
— Sério? — Ela não pode evitar a diversão em sua voz quando o olhou— Sabe Cabal, estava pensando exatamente o mesmo a respeito de meu ego. Parece que vai ser uma longa conversa. Tem certeza que tem a paciência para isso?
O som que fez atrás dela era entre um ronronado e um rosnado. Quase um de antecipação. Engraçado, ela pensou, tinha ouvido falar que os homens da raça felina ronronavam para suas companheiras, normalmente depois do sexo. Ela não ouviu nem um só ronronado ainda. E olha só ela aqui esperando ouvir aquilo.
Outro ponto para conversarem mais tarde. Ela anotou mentalmente isso.
Comece falando o que você tem a dizer para seguir em frente. Esse foi o conselho que sua mãe sempre lhe deu para lidar com os homens. Pesar cada confronto e ter certeza que pode conduzir anos assim antes de decidir ceder e deixar um homem fazer do jeito que quisesse. Porque se der um centímetro e o homem toma um quilômetro. Só que no caso do possessivo Cabal, ele ia tomar logo uma autoestrada interestadual.
Quando deixaram o hotel, sentiu a mão dele em suas costas perto da cintura, enquanto a levava para a grande caminhonete preta dos agentes especiais das Raças. Era um veículo alto, tração nas quatro rodas, qualificado para o uso normal na estrada, mas famoso por sua eficiência em estradas sem caminho.
Ela ouviu rumores que o carro ultrapassava árvores se tivesse que fazê-lo. A Agência de Segurança das Raças amava aqueles veículos.
Depois de abrir a porta com o controle remoto, Cabal a ajudou a subir no banco do passageiro. Ela não perdeu a forma como a mão dele acariciou a parte externa de sua coxa, nem seu o olhar quente que ele deu nela. Aquilo foi o suficiente para se perguntar se talvez devesse adiar aquela saída por mais uma hora de jogos amorosos.
Ela quase riu do pensamento, assim como da intensa euforia que sentiu fluir nela. Ela sentia-se... Feliz. E por que se sentia assim ainda não entendia.
Isso tinha alguma coisa a ver com a noite anterior. O jeito como ele a segurou depois de possuí-la, a sensação dos seus lábios quando a beijou na cabeça, abraçando-a.
Na noite passada ele não se afastou dela. Ele não a soltou. Ele não deu nenhuma chance dela sentir o familiar frio da solidão que geralmente a afligia quando estava investigando para uma reportagem. Os braços dele eram tão fortes, seu grande corpo tão quente. E Cassa se sentiu quase que amada.
Aquela foi uma boa sensação. Um sonho tolo talvez, porque só uma tola pode acreditar em felizes para sempre, considerando o passado que ela e Cabal compartilharam. Mas foi muito agradável. Ela foi satisfeita.
Quando ele se sentou no banco do motorista e fechou a porta, ela pegou o olhar que ele deu nela e ela teve de conter seu sorriso. Teria sido um sorriso muito satisfeito. Porque o olhar dele não tinha aquela confiança masculina que ele sempre teve até agora. Como se ele perguntasse a ela sua opinião sobre ele ou a relação deles.
Ela abriu os lábios para fazer um comentário divertido quando um som estranho começou a soar pelo veículo.
Primeiro ela viu a expressão de Cabal. Total descrença.
— Merda! Corra! — Entre uma respiração e a seguinte ela estava abrindo sua porta e empurrando-a para fora.
Tropeçando, com a adrenalina correndo por todo seu corpo, Cassa caiu de joelhos antes de se levantar e correr.
— Cabal! — Ela gritou seu nome quando o Raider explodiu atrás dela.
Uma onda de intenso calor, abrasador, atirou-a ao chão quando a fumaça começou a rodar e engrossar o ar. Ouviu o chiado de pneus, vozes alarmadas, segundos antes que mãos ásperas agarrassem seus braços e fosse levantada bruscamente.
Gritando, esperneando, tentado morder, ela lutou contra a prisão daquelas mãos quando literalmente foi lançada contra um chão metálico e uma porta fechada de repente. A fumaça ainda enchia seus pulmões, enquanto lutava para tossir, para puxar o ar que precisava, ela puxou os joelhos e tirou o cabelo da frente do rosto.
O medo aumentou dentro dela quando sentiu o movimento. Em um segundo mil impressões a assaltaram. Estava em uma caminhonete, sentia o frio chão de metal sob seus joelhos, a ar frio, o cheiro úmido no interior. Era escura, fechada. Não tinha janelas, mas não estava sozinha.
Seus olhos correram todo o interior até que pararam no homem que estava na caminhonete com ela. Longos cabelos castanhos escuros, olhos marrons escuros e um rosto moreno. Apesar de seu suave colorido, seus traços eram inesquecíveis e inconfundíveis. Era uma pura raça de Leão. Ela o viu na foto deixada no banco onde Cash Winslow morreu. O viu em outras fotos também. Nos vídeos que Jonas mostrou na noite anterior. As fotos do líder do grupo de felinos que foram assassinados na noite de São Valentin, vinte e dois anos atrás.
— Cabal vai matar você. — ela sussurrou com voz rouca.
Os lábios dele se curvaram numa careta ligeiramente divertida.
— Você não se importa? — Ela o estudou.
— Eu teria que estar vivo para me importar, Srta. Hawkins. — ele disse, sua voz cortante, áspera. Mais animal que homem — E nós dois sabemos que eu não estou vivo de verdade. Não é mesmo?
Ela estava olhando o rosto de um homem morto.
Rugidos de raiva ecoavam no estacionamento do hotel enquanto a fumaça subia da caminhonete destruída. As chamas saltavam do veículo incendiado, procurando gravetos para se alastrar, mas não encontrando nada. Espalhados no chão, na rua e na úmida borda do rio que fluía no outro lado. Os hóspedes saíram correndo do hotel. As sirenes zumbiam pela pequena cidade, e as raças corriam de vários pontos gritando relatórios para o Jonas que logo saia do edifício, seguido por Rule e Lawe.
Cabal lutava através da nuvem de fumaça para encontrar sua mulher, sabendo que ela não estava ali. Tinha ouvido o veículo, escutou seus gritos. Ela foi levada. Ele sentia na medula de seus ossos, e o conhecimento enfureceu o tigre que vivia debaixo da carne do homem.
— St. Laurents, você está ferido. — Uma das raças correu para ele e atreveu-se a pôr as mãos nele.
Cabal se virou para ele com um rosnado silencioso de pura fúria primitiva. A satisfação o percorreu quando a raça empalideceu e recuou. Sabia o que o outro homem viu. Em qualquer outro momento ele teria odiado, teria lutado contra o animal para escondê-lo. Agora ele o deixou totalmente livre, sabendo que sua listra escura que percorria desde sua testa e cortava cruzando seu olho, seu nariz e a face do outro lado, era anormal, o animal enfurecido muito perto da pele, o espírito animal ultrapassando o homem. Não se importava. Deixou o animal livre. O homem foi fraco. Deixou seus inimigos viverem enquanto investigava. Permitiu que sua companheira se arriscasse a morrer enquanto procurava vingança. Agora não mais.
Sangue seria derramado. Os inimigos morreriam. Eles pagariam por este dia.
— Cabal. Segure embaixo a merda. — A ordem de Jonas era um comando distante, que ele ignorou enquanto inspecionava a área, captando os aromas, analisando-os, separando-os.
Conhecia o aroma do veículo. Havia um indício de alguma coisa que já tinha cheirado antes, em apenas um lugar em particular. A casa da xerife. Danna Lacey gostava dos aromas a canela. O aroma da canela era pesado na pequena casa que possuía. Era mais leve na caminhonete, mas prova suficiente que estava relacionada com ela.
Levantou a cabeça quando o som das sirenes se aproximou. O automóvel policial da xerife foi o primeiro a chegar. Cabal apertou os olhos, vendo como parou de repente e Danna Lacey saltou do carro.
Não houve surpresa no inicio. Havia conhecimento. Os olhos dela mostravam conhecimento do que tinha ocorrido aqui antes de substituir por surpresa e começou a gritar ordens. Uma ambulância e o caminhão do corpo de bombeiros se apresentaram.
Ele prestou pouca atenção enquanto caminhava para ela, ciente que Jonas, Rule e Lawe vinham rápido atrás dele.
— Cabal. Está bem? — Havia verdadeira surpresa agora. Sempre havia choque quando um suposto inocente via a prova da existência do tigre sobre todo seu rosto. Não respondeu. Sentia o sangue em seu ombro, o corte ao longo de sua carne. Estava lá. Não era mortal. Uma inconveniência, nada mais. Ele mostrou os dentes com fúria letal. Nada o impediria de matar essa mulher.
Enquanto as raças corria rodeando-o, suas mãos se estenderam e agarraram sua garganta a prendendo com força contra o lado do carro.
Mas não o bastante para machucá-la. O homem era um fraco; ele era misericordioso onde o animal não queria nada mais que arrancar fora aquela garganta mentirosa.
— Devolva para mim a minha companheira. — Ele ordenou simplesmente. Falar não era tão fácil como antes, não com os rosnados que cortavam dentro de seu peito.
— Afaste-o de mim, Jonas. — A voz dela era rouca, cheia de medo quando olhou para ele.
Ela fedia a medo e culpa. E ele queria o sangue dela. Queria prová-lo, senti-lo se derramar sobre seus dedos, sabendo que todo medo que sua mulher sentia neste momento era sentido dez vezes por esta mulher que o tinha instigado.
— Eu. Quero. A. Minha. Companheira. — Seu rugido foi um som feio, furioso.
Ele viu a reação de Jonas, cheirou a cautela que emanava das raças a sua volta.
Deus que o ajudasse, ele mesmo estava apavorado. Tudo que conseguia pensar era em Cassa. Ela estaria com medo. Esperando por ele para salvá-la Ele a salvaria. Ou mataria qualquer um que ele suspeitasse que estivesse envolvido com seu desaparecimento.
— Eu não tenho a sua companheira. — ela ofegou, suas unhas arranhando em seus pulsos. — Solte-me, Cabal! Não sei onde ela está.
— Cabal, deixa-a ir. — sussurrou Jonas em seu ouvido. — Recue. Agora.
Ele se virou para o diretor, rosnou de raiva.
— Agora, Cabal! — ele ordenou.
— Você recua. — Ele recuou um passo, a raiva se endurecendo em gelo, em primitiva e selvagem determinação — Foda-se. Não mais jogos, Jonas. Não de novo. Eu mesmo vou encontrá-la.
Ele se virou e atravessou a área do estacionamento, retornou caminhando de volta ao hotel ignorando os passantes curiosos. Precisava chegar ao seu quarto. Armas e suprimentos necessários foram destruídos com o Raider, mas ele tinha mais. Nunca ia para uma missão sem armas extras.
Jonas, Lawe e Rule o seguiram. Não era mais do que podia esperar. Jonas tinha seus jogos, era o trabalho de Rule e Lawe mantê-lo vivo enquanto ele jogava. Porém não ia viver muito tempo, se continuasse jogando com a companheira de Cabal.
— Cabal, a caminhonete em que foi levada está sendo rastreada. — Jonas o informou enquanto o seguia até o quarto— Temos uma equipe sobre ela agora, seguindo-a de perto. Logo vamos ter sua localização.
— Agora. — Cabal abriu a porta do armário e tirou a mochila que tinha levado com ele antes.
— Cabal, não a temos agora. — explodiu Jonas — Pelo amor de Deus, se não parar de encher o saco desse jeito, filho da puta acasalado, vou começar a atirar em você.
— Me lembre de não contar ao Jonas se eu me infectar. — murmurou Lawe ao Rule.
— Melhor ainda, não se infecte. — rosnou Rule — Eu odiaria ter que atirar em você quando começar a agir como um idiota.
Cabal os olhou com frio desprezo antes de pegar as armas que precisaria. Tinha uma mochila cheia de munições e carregadores. Prendeu um punhal em uma de suas coxas, uma pistola na outra. Do fundo do armário tirou um rifle guardado num saco impermeável e puxou a alça sobre sua cabeça e ombro deixando que repousasse ao longo de suas costas.
— Mas que inferno, Cabal, nós temos cobertura de tudo — Jonas xingou furiosamente— Vamos conduzir isto da maneira certa.
— A sua maneira você quer dizer? — ele perguntou friamente.
— Esse é geralmente o caminho certo - lhe informou Jonas.
Cabal sacudiu sua cabeça lentamente.
— Não desta vez, Jonas. Não está com companheira nisso. Pode ignorar a sua o tempo que quiser. Eu já reclamei a minha. — Fez uma pausa, a dor percorrendo sua alma— E ela me reclamou.
Passou junto aos três homens quando saiu do quarto.
Watts não teve tempo de chegar a Glen Ferris; Cabal não achava que ele tivesse algo a ver com esse rapto. O espião Coiote que tinham na equipe de resgate da prisão o teria informado primeiro.
Quem a levou?
Ele deslizou silenciosamente do hotel, uma sombra, um fantasma letalmente treinado que sabia apenas caçar e matar.
Deslizando-se rodeando as pessoas que continuavam do lado de fora do hotel, identificou o pessoal de Jonas e os que não eram.
Havia três raças, bem treinados para misturar-se, mas não em bloquear seu aroma tão bem como eles achavam que podiam. Como diabos conseguiram a droga que bloqueava o aroma raça e deixava só o cheiro humano? A droga que Cassa deu a eles foi testada no Santuário. Os hormônios da droga foram desenvolvidos para bloquear o cheiro em raças, não seres humanos. Mas em usado em seres humanos bloqueava todos os aromas, como ele cheirou em Cassa, nenhum cheiro.
Porém em raças era outra história. A droga só deixava o cheiro humano, e sabiam que muitas vezes o cheiro humano das raças mudava sob coação.
Quando observou da colina por cima do hotel, viu as olhadas disfarçadas da xerife na direção das três raças. Seguiam as ordens dela. Ela os dirigia.
Ele observou com olhos apertados, seus sentidos alertas. Danna Lacey era uma mulher acasalada, embora seu par tivesse morrido, porque seu cheiro pairava sobre ela muito de leve agora. Segundo a informação que Jonas conseguiu, seu companheiro foi assassinado a mesma noite que a companheira de Myron James morreu.
E falando do jornalista, o suposto amigo da Cassa, James chegou estacionando seu carro no canto do estacionamento do hotel antes de sair lentamente.
A xerife Lacey o olhou. Havia medo em seu rosto, e indecisão. Ela ainda olhava em volta, como as raças que tinham chegado.
Cabal observou os agentes de Jonas falando com os bombeiros, anotando tudo. Havia outros vigiando, igual a ele. Mas a explosão revelaram as raças. Qualquer um que estivesse observando saberia quantos eram agora, e o mais provável os tinha identificado também.
Sentiu as veias gelarem ao pensar nas raças lutando contra raças. Aqueles não eram coiotes, eram Leão e Jaguar, e se não estava enganado havia uma raça puma lá em baixo também. Aqueles eram homens que não eram registrados pela Agência ou pelo Santuário.
Isso fazia deles um alvo. Alguém pegou sua companheira, e alguém ia pagar por isso. Que Deus ajudasse a todos eles se ela fosse machucada.
As lembranças dos assassinatos pelos membros da Dúzia passaram por sua mente. O pavor em suas expressões, a dor que sofreram antes de morrer. Cash Winslow morreu lutando para respirar. Não houve misericórdia em sua morte. Houve puro ódio vingativo.
Cassa estaria sofrendo? Agonia o percorreu ao pensamento.
Ele não disse a ela...Sacudiu sua cabeça. Não disse que ela o aquecia por dentro. Que o gelo que o encheu por tantos anos começou a derreter com seu toque.
Ele quis dizer a ela. Quando a abraçou na última noite. Quando suas suave respiração acariciou seu peito e suas mãos envolveram sua cintura, quis dizer a ela o que era para ele.
Assim como lutou contra o ronronado que queria escapar de seu peito, ele lutou contra as palavras, conteve-se, porque não sabia como falar a ela Não sabia o que dize a ela.
E agora ela se foi, assustada, tirada de perto dele. E não podia contar para ela.
O que ele fez? Perdeu tantos anos por causa de seu próprio orgulho, sua própria obstinação. Sempre soube que ela não teve nada a ver com as ações de Watts, mas o próprio fato de vê-la como sua fraqueza o fez se manter distante dela.
Devido a isto. Porque o pensamento de perdê-la estava matando-o por dentro. Estava devorando-o de maneira que não podia lutar, não podia recuar para aquele canto frio de sua alma. Porque ela não deixou mais nenhum gelo. Cassa o aqueceu, derreteu-o, suavizou partes dele que nunca notou que eram de pedra dura.
Ela o fez ficar orgulhoso de suas listras, quando as beijou e lambeu. O fez orgulhoso de ser um homem, de ser uma raça, com cada carícia suave de suas mãos, cada grito sussurrado de excitação quando a tocava.
Ela não sabia o quanto o tinha tocado, e isso era culpa dele. Não sabia o quanto era importante para sua vida. Inferno, ele não sabia até que ouviu a contagem regressiva daquele explosivo e percebeu que poderia perdê-la. Era sua companheira. Era seu coração.
— Cabal, me diga que está usando o link de comunicação. — A voz do Jonas veio pelo link em sua orelha.
— Estou vigiando.— ele respondeu quase silenciosamente— . Há três raças não registradas dirigidas silenciosamente por Lacey. James está à vista, no momento está só observando.
— Temos os olhos sobre eles também.— informou Jonas— Detectou partidas?
— Negativo.
— Tenho dois agentes que não se mostraram durante a explosão. Mordecai e Tarek Jordan. Qual é sua localização?
— Perto. — foi tudo que ele revelou.
Jonas amaldiçoou amargamente.
— Preciso mais que isso, Cabal.
— Foda-se o que você precisa. — disse Cabal amargamente — Eu sei o que estou fazendo. Não preciso de direção ou ordens suas, Diretor.
Ele já teve o suficiente. Durante dez anos seguiu Jonas, trabalhado com ele, e embora tivesse um alto respeito pelo homem, não confiava a vida de sua companheira nas mãos de ninguém, exceto em suas próprias mãos.
— Não sabemos quem a pegou, Cabal. — Jonas lembrou-o suavemente.
— Não, não sabemos. — ele concordou — Mas tenho uma certeza fodida do inferno que sei como descobrir.
Ele sabia aonde ir. Quem esperar. Desligando o link, saiu de sua posição e começou sua caminhada pela montanha. A casa da xerife era a uns três quilômetros e meio de distância. Uma corrida fácil para uma raça Bengala. Uma corrida fácil para um homem que corria para salvar sua própria alma.
Sua companheira.
— Eu não quero ter que tocar em você. Sei que é acasalada com o Bengala e seria doloroso. Assim vou pedir que coopere e entre na cabana.
Cassa encarou Patrick Wallace por um longo tempo, depois atendeu o pedido dele. Não havia nada morto com respeito a ele. Estava vivo, respirando, um homem torturado e jogando um jogo muito perigoso.
— Eu odeio ver você morrer por causa disso. — ela disse suavemente — Agora, deixe-me ir. Eu telefonarei para Cabal e ele virá me buscar. Ele vai rasgar essa montanha pelo avesso como um anjo vingador.
Os lábios dele se curvaram maliciosamente.
— Nada vai deter a mão de St. Laurents neste momento. — Houve um leve dar de ombros — Também posso continuar com meu plano.
— E que plano é esse? — Ela estava curiosa sobre essa parte. Ela ainda não tinha decifrado.
Ele chegou perto dela, abriu a porta da caminhonete, expondo-a ao ar frio de montanha e a frente de uma cabana de troncos grossos.
— Não me faça forçá-la a entrar na cabana. — ele pediu de novo — Nenhum de nós desfrutaria de sua dor.
Ela respirou fundo, encarando a porta aberta.
— Vai me matar? — Ela o encarou, os olhos brilharam primeiro com gelo, depois com pena.
— Não a machucarei Srta. Hawkins. — ele disse tranquilamente — Essa nunca foi minha intenção.
— Então, por que me sequestrou? — ela perguntou.
Ela odiava admitir que realmente estava com medo de sair de perto da caminhonete e entrar no território desconhecido da cabana apenas esperando além de suas portas.
Ele suspirou profundamente enquanto a olhava com conhecimento de causa.
— Farei um acordo com você. Saia do carro e entre na cabana. Conversaremos com café descafeinado e bolo de chocolate.
Ela quase sorriu. Raças adoravam chocolate. De algum modo isso quase o fazia parecer menos ameaçador. Não de tudo, mas quase.
Ele era mortalmente perigoso. Podia ver isso em seu rosto, em seus olhos, na resignação em sua voz. Era um homem que não se importava de morrer, e isso o tornava mais perigoso que qualquer outro. Escondendo o tremor de suas mãos nos bolsos de sua jaqueta, saiu lentamente da caminhonete. O cascalho rangeu debaixo dos saltos de suas botas quando ela andou devagar do atalho até a porta aberta da cabana. Porra, ela se sentia como se fosse para a forca em vez de uma cabana quente.
Pegando coragem com uma respiração profunda, ela cruzou a soleira e entrou no pequeno lugar, mas era bem acolhedora e impecável cozinha. Havia uma panela fumegando sobre o fogão. Chili se não estava enganada. Uma longa mesa ocupava o centro da sala, uma toalha xadrez a cobria. As janelas estavam cobertas com cortinas escuras, mas os aparelhos modernos e os pisos de madeira bem encerados a assegurou que era uma casa bem cuidada. O mais provável um lar.
— Entre, Srta. Hawkins. — Ela pulou assustada, quando Walt Jameson entrou em cena vindo do outro quarto, a expressão sombria e pesada quando foi para a cozinha.
— Deixe-me adivinhar, Myron e a delegada Lacey não estão muito longe? — Ela perguntou fazendo como ele sugeriu e foi para o cômodo. Atrás dela, Patrick entrou assim como a raça jovem que tinha conduzido a caminhonete. A porta se fechou e trancou atrás deles, fechando-os na calidez de uma casa que repentinamente parecia mais sinistra.
— Não que eu saiba. — respondeu Walt quando foi ao fogão e agitou o conteúdo da panela, antes de voltar-se para ela.
Vestido com uma camisa xadrez, jeans e botas, parecia tão amigável, tão despretensioso quanto naquela manhã em Glen Ferris. No caso dele, as aparências definitivamente a enganaram.
— Vejo que encontrou Patrick. — Havia uma grande quantidade de afeto na voz quando indicou com a cabeça a seu sequestrador — Atrás dele está Keith. Espero que tenham cuidado bem de você.
— Não confie muito neles. — ela sugeriu— Eles foram muito inconvenientes comigo.
Walt olhou para ela com surpresa antes de uma ligeira risada sufocada escapar de seus lábios.
— Sim, ele tem esse pequeno hábito.
— Um hábito que será mortal neste caso. — ela o informou— Você conhece Cabal, Walt. Ele vai matar os dois.
Walt assentiu, embora seu rosto estivesse resignado.
— Então ele matará a todos nós. — Suspirou fortemente e apontou para a mesa — Sente-se. Vou servir um pouco de comida para você, talvez um café, e vamos conversar.
Ela foi até a mesa e sentou-se, mas ignorou a comida e o café na sua frente. Em troca, olhou com cautela quando Patrick e Keith se sentaram, depois Walt. Eles não se importaram em comer o chili e beber o café, enquanto ela os olhava silenciosamente.
— Watts está na Virginia. — A cabeça de Patrick se levantou da atenção que dedicou a comida— Esteve preso em uma prisão no Oriente Meio desde que foi capturado no Laboratório da Alemanha. Um dos presos de estimação de Jonas Wyatt.
As sobrancelhas dela se ergueram. Será que todos sabiam daquela prisão menos ela?
— Acabei de saber. — Ela apertou as mãos no colo. Estava quase tremendo de nervosismo e medo. Os assassinatos que foram cometidos nesta pequena cidade começaram aqui. Talvez os três homens estivessem envolvidos neles. Foram frios e sanguinários. Sem piedade.
Patrick sacudiu a cabeça.
— Não vamos machucar você, Srta. Hawkins, a menos que não tenhamos escolha. — Seus olhos eram duros agora. Ele faria aquilo se tivesse que fazer, era essa a mensagem que passou a ela. Se não cooperasse.
— Cabal vai começar com Myron ou Danna. — ela disse tranquilamente — Vai machucá-los, Sr. Wallace. Myron é meu amigo, eu odiaria ver o que vai acontecer com ele. Se você não me deixar ir, nada vai detê-lo.
— Myron sabia dos riscos envolvidos neste plano. — ele disse a ela tranquilamente — Só espero que o seu Bengala saiba que machucar um dos deles terá um preço.
Ela seria machucada. Ela realmente estava ficando boa em ler nas entrelinhas com aquelas raças.
— Então por que você não me conta qual é o plano genial de vocês? — Ela cruzou os braços sobre os seios e olhou feio para os três — Não me diga que você realmente acha que Douglas virá aqui por mim.
O sorriso do Patrick era fino e cruel.
— Você acha que ele virá? — Ela revirou os olhos para o alto antes de voltar a encará-lo firmemente.
— Você é apenas uma distração. — ele admitiu finalmente — É bem seguro. Jonas tem um espião em cima de Watts na forma de uma raça Coiote na equipe que o ajudou a escapar. Apenas quero me certificar que ele vai afrouxar pouco e dar a Watts a chance de mostrar a cabeça por um momento.
Ela sacudiu a cabeça.
— Isso não vai funcionar. Cabal não estará distraído.
— Ele não está procurando Watts; ele está procurando por você. — Patrick deu de ombros — Jonas está tentando cobrir o traseiro de Cabal, assim como acompanhar Watts e procurar o assassino da Dúzia. — Seu sorriso foi auto-depreciativo — Que seria eu é claro.
— É claro. — ela murmurou se recostando na cadeira e o olhando — E você apenas quer ser o único a matar Watts.
— Não, Srta. Hawkins, quero ser o único a arrancar as identidades dos últimos da Dúzia Mortal diretamente da boca mentirosa de Watts.
Ela se virou, os olhos arregalados, a boca aberta de surpresa quando viu o ex-prefeito de Glen Ferris entrar no cômodo.
David Banks tinha um curativo que se estendia de sua coxa até seu tornozelo. Tinha feridas sarando no rosto, os curativos eram evidentes embaixo da camiseta solta que levava, e enquanto coxeava avançando sobre muletas, foi fácil ver que tudo que aconteceu com ele foi quase fatal.
Ela pulou da cadeira para enfrentar Patrick.
— Você fazia parte da Dúzia.
Patrick assentiu lentamente.
— Foi.
— E ele está aqui? Por que não para de me fazer adivinhar o que diabos está acontecendo aqui e me conta sobre isso? Porque estou ficando cansada de fazer perguntas e não ter nenhuma resposta.
— Isso talvez seja minha culpa. — David se sentou na cadeira do outro lado da mesa, fazendo caretas de dor quando esticou a perna para frente.
Walt se levantou e preparou outra tigela de chili e uma xícara de café antes e pôs na frente de David.
— É isso aí Walt. – ele suspirou antes de voltar a olhar Cassa — A Dúzia Mortal eram verdadeiros desgraçados. Eu era uma parte de um pequeno grupo de agentes do FBI rastreando informações sobre o Conselho e as raças. Consegui me infiltrar na Dúzia no início quando se formaram. No começo. Brandenmore e Engalls financiaram o grupo, porque queriam raças para pesquisa. O Conselho liberou para a Dúzia alguns espécimes vivos com a condição de que devolvessem as raças vivas ou sua cabeça como prova que não fugiram.
Cassa cobriu a boca com uma mão, olhando-o horrorizada.
— Eu não podia dizer a ninguém o que eu fazia, porque nunca sabia em quem eu podia confiar. Naquela época, havia alguém na Sociedade da Liberdade das Raças enviando informações ao Conselho. Não sabia se era um humano ou uma raça, por isso mantive minha boca fechada e fiz meu trabalho. Entretanto, sempre me interessei em proteger as raças.
Sua expressão se retorceu com dor, tristeza.
— O que aconteceu na noite de São Valentin? — Ela perguntou.
David sacudiu a cabeça.
— Havia uma raça Coiote. Um rapaz. Conseguiu fugir do seu laboratório na Yugoslávia e veio para cá. Mas ele tinha soldados do Conselho no rastro dele por todo o caminho. Estava ferido, febril. O rapaz estava quase morto quando finalmente chegou a Glen Ferris e conseguiu contatar Walt. — Indicou o Walt — Ele era um novo projeto genético. Essa foi toda a informação que nos deu. O Conselho estava desesperado para recuperá-lo. A Dúzia foi chamada assim que receberam a notícia de seus espiões que ele estava aqui.
Ele olhou para Walt e ao Patrick.
— Tratei de lhes enviar um aviso, mas foi interceptado.
Patrick se levantou de sua cadeira e foi até a janela. Firmando suas mãos sobre a janela, fixou os olhos lá fora enquanto David continuava.
— Eles foram emboscados. Eu nem sequer sabia que a caçada seria naquela noite. Soube a notícia na última hora e não estava na cidade. Se eu estivesse… — Engoliu firme — Tanta coisa teria mudado.
— Seu marido, estuprou e matou a mulher de Myron. — A voz do Patrick era inexpressiva — Antes da caçada encontraram minha cabana. Mataram a minha companheira e arrancaram o nosso filho de seu corpo enquanto nós acompanhávamos o coiote pelas montanhas. Ela estava em trabalho de parto. Ela e a parteira foram assassinadas. — Seus ombros estavam tensos, a voz grossa de emoção. Quando se virou para ela, seus olhos eram como chamas de conhaque nas profundidades da carne bronzeada — Seu marido sabe para onde levaram meu filho. Não o levaram para um laboratório. Nem sequer foi dado como vivo. Brandenmore e Engalls não o pegaram. Watts e outros três da Dúzia o esconderam. Quero saber onde está meu filho. Se está vivo ou morto. Srta. Hawkins eu conheço e Douglas Watts conhecerá uma dor como nunca imaginou.
A fúria pulsava em sua voz. Uma fúria gelada e violenta que enviou calafrios por suas costas.
— Por que não contatou Jonas Wyatt? — Ela perguntou com voz grossa — Por que não lhe contou? Ele teria ajudado você.
Walt sacudiu a cabeça.
— Esta não é a luta de Wyatt. É nossa. A Dúzia matou nossa gente. A companheira de Patrick e seu irmão caçula. Seu irmão era o companheiro da Danna. Amigos e entes queridos, Srta. Hawkins. Aqui não é o Santuário. E por Deus, que nós fazemos vingança pelos nossos.
Agora, a ira marcava o rosto de Walt, ira e dor. Ele sacudiu a cabeça e engoliu a emoção. Não houve lágrimas, a intensa raiva dentro dele secou toda umidade, ela pensou. Não sobrou nada, só o desejo de sangue.
— O que aconteceu com você? — Ela perguntou a David.
Ele deu um sorriso amargo.
— Eu cometi o erro de perguntar à pessoa errada sobre a criança que foi levada naquela noite. Cerca de seis meses atrás, a Dúzia veio atrás de mim. Ryan Damron conseguiu os nomes de uns poucos membros. Estava trazendo a informação e a prova disso para mim. Mas não veio sozinho. Elam March estava com ele e também um soldado Coiote. Eles iam me matar, Srta. Hawkins. Damron me traiu.
— Mas David foi mais inteligente do que costumava ser. — grunhiu Walt — Ele veio para mim. Liguei para Patrick, e ele e Keith acompanharam essa reunião.
— Foi quando decidi que eu gostava de sentir sangue em minhas mãos. — O sorriso de Patrick era duro, cruel — Eu estava a procura de sua identidades por anos. Vou tê-los quando achar Watts. Encontrarei meu filho, e vou acabar de matar o resto deles. Essa não é a luta de Wyatt ou de St. Laurents, nem é a sua, Srta. Hawkins.
— Mas você me atraiu para isso. — Ela o lembrou furiosamente — Enviou-me os e-mails, as pastilhas, e me atraiu aqui. Não negue.
— Fiz exatamente isso. — De repente, estava diante dela, com as mãos na mesa, a fúria cintilando em seus olhos — Para distrair seu companheiro. Esse era o seu único serviço. Mantê-lo fora de meu maldito caminho. Mas você tinha que vir e decidir que ia conseguir informações de qualquer modo. Não podia deixar as coisas como estavam.
— Mentira.— ela ficou de pé, olhando-o ferozmente — Sabia que eu não ia deixá-lo sozinho. Você sabia que eu faria de tudo ao meu alcance para conseguir essa reportagem.
Uma sobrancelha dele subiu. Um sorriso zombador curvou os lábios dele comprovando a verdade da acusação enquanto se afastava dela. Manipulador desgraçado.
— Eu podia fracassar. — ele se endireitou, sua altura total se aprumando enquanto a olhava fixo, de novo com frieza. — Se eu falhar e a notícia vazar para o mundo sobre os assassinatos que ocorreram aqui, então eu quero alguém honesto e com influência sabendo toda a verdade. — Ele sacudiu a cabeça preocupado — Não quero denegrir a imagem das raças aos olhos do público, Srta. Hawkins.
— Por que atraiu Wyatt se não quer sua ajuda? — Ela não tinha acabado, e não ligava muito para sua explicação — Por que deixou que ele limpasse sua confusão?
— Porque eu sabia que ele iria. — Ele deu de ombros tranquilamente, como se realmente não ligasse de uma modo ou de outro como Jonas era obrigado a fazer a limpeza atrás dele — E se alguém sabia onde Watts estava preso, então seria Wyatt. Eu sabia que ele estava vivo. Houve muitos boatos, muitos relatórios contrário ao que o Conselho declarou que só ele saberia. Sabia que Wyatt tinha Watts, e eu o queria. Não havia nenhum jeito de deixar Wyatt fora disso.
— Raças e seus esquemas. — ela suspirou. — Você cometeu um erro, Patrick. Sua própria arrogância e o desejo de sangue vão destruí-lo.
— Já conseguiram. — ele disse simplesmente, solenemente —. Há anos, Srta. Hawkins. Eles fizeram isso anos atrás.
Cabal entrou na floresta que rodeava a casa da delegada Lacey justamente quando um carro entrava na garagem. Myron James entrou atrás dela, sua expressão contraída de raiva quando saiu do carro batendo a porta furiosamente.
— Ele disse que não ia fazer isto. — Ele se colou na cara da delegada em questão de segundos, as sardas destacadas no rosto pálido quando a enfrentou — Que diabos está acontecendo?
— Ele não fez isto. — Ela o empurrou para trás, afastando-se aos arrancos dele e jogando faíscas pelos olhos — Ele teria me contado antes de fazer essa coisa doida em meu condado.
— Eu disse a você que ele estava fora de controle. — Myron continuou a discutir— Quem mais poderia ter feito isso, Danna? Não há ninguém que teria sequestrado Cassa assim. Não há mais ninguém além desse louco filho da puta.
“Louco” essa era uma boa descrição para qualquer homem que se atrevesse a tocar a companheira de Cabal, e mais ainda em afastá-la dele.
— Ele não teria feito isso. — Danna sacudiu a cabeça furiosamente se virando e entrando na casa.
Cabal se aproximou, movendo-se junto da casa, ouvindo atentamente, enquanto entravam.
— Quem mais poderia ter feito Danna? — gritou Myron, a raiva engrossando sua voz— Sabe que ele fez.
— Ele não está respondendo seu telefone via satélite. Novamente. — A frustração enchia a voz — Rand e Jason estavam na área, não ouviram falar dele também. Ninguém pode contatá-lo.
Havia uma ponta de medo na voz de Danna agora.
— Deus! Verifiquei a cabana. Não está lá também. — Myron fez uma pausa — A cabana foi removida. Danna. Tudo. Está vazia como o inferno.
O silêncio encheu a casa enquanto o cheiro de medo e tristeza fluía pela edificação. Como se estivessem de luto por ele.
— Ele está bem. — Danna lutava para acreditar nisso. Cabal ouvia isso em sua voz — Ele tem que estar bem, Myron.
Myron não disse nada por um longo tempo.
— Você ligou para Walt? — perguntou Danna finalmente— Eu não pude ligar mais cedo.
— Ele não está atendendo. — disse Myron — E ele tem David. Se Walt e David estão desaparecidos, então o resto da Dúzia pode ter descoberto que ele continua vivo. Se for assim, então ele está ferrado.
Cabal rosnou silenciosamente, segurou a maçaneta da porta e num movimento suave a abriu e entrou na cozinha da delegada.
Tinha sua arma sobre eles, antes mesmo que Dana estendesse a dela.
— Não quer fazer isso agora, delegada. — ele disse observando seus rostos brancos.
Eles sabiam o que aconteceria. A listra se pronunciava em seu rosto assim como as outras listras que corriam por todo seu corpo. As marcas de sua genética que só vinham para a superfície da pele quando o animal dentro dele assumia o primeiro plano, comandando seu corpo. Quando a fúria assassina estava sobre ele. E agora tinha desejo de sangue. Desejo de matar. Danna afastou calmamente a mão da arma quando Cabal deu um passo a frente e a puxou de seu coldre.
— Então Banks está vivo? — retrocedeu — E bondosamente Walt está cuidando dele. — Olhou os dois com um sorriso duro — Onde ele o esteve escondendo?
Danna e Myron olharam um ao outro, o medo exalando no cheiro e nas expressões.
— Vamos lá, vamos manter o derramamento de sangue a um mínimo. Odiaria ter que ferir um de vocês.
Danna sacudiu a cabeça.
— Ele não está com sua companheira, Cabal. Nós saberíamos se ele tivesse feito isso. Rick insistiu para que ele não a atacasse. Ela só veio para cá para distrair você.
— Me considere distraído. — Ele sorriu ligeiramente — Agora, onde é a cabana de Walt? Não me faça procurar por ela. Você não gostaria das consequências e nem eles.
— Cabal, nós não estamos envolvidos nisso. — A voz da Danna estava trêmula de medo — Isto não foi planejado.
Ele curvou seu lábio com ira revelando os caninos de um lado de sua boca. As listras em seus rosto escureceram com a raiva animal, por pouco contida.
— Quer morrer hoje, delegada? — ele perguntou antes de se virar para Myron — Quer ver suas filhas crescerem e terem bebês? Se quiser posso garantir para que não veja isso.
E ele com certeza o mataria. Tinha recuado e se negado a sua companheira por muitos anos. Por pura arrogância e teimosia ou por que razão fosse. Agora que a reclamou não estava disposto a perdê-la. Por nenhum motivo. Especialmente não pela fome de vingança de um assassino raça.
Ele virou a cabeça, olhando em volta da casa, inalando lentamente. Ele mal conseguia detectar aquela pitada de canela na casa da delegada agora. O mesmo cheiro que sentiu quando esteve aqui antes. O mesmo cheiro que detectou no ar durante o sequestro de Cassa.
— Quem é Rick? — Ele se voltou para a delegada, o nome filtrando por sua mente por raças que talvez pudesse identificar.
Danna respirou fundo ao ouvir o nome, talvez só agora tivesse percebido que falou o nome. Sacudiu a cabeça lentamente, os olhos brilhando com as lágrimas.
— Rick. — ele refletiu uma foto brilhando com insistência diante de sua mente. Uma foto encontrada na beira do rio onde Cash Winslow morreu. Uma foto de uma raça que devia estar morta.
— Patrick Wallace? — Seus olhos se apertaram com a repentina dilatação de suas pupilas. Ela não foi treinada para mentir. Era boa. Muito danada de boa. Mas ainda era uma amadora. Fácil de ler e fácil de enganar — Onde ele está, pois é óbvio que ele não morreu?
Danna o encarou com moderação.
— Patrick Wallace morreu vinte e dois anos atrás.
Cabal inclinou a cabeça e a encarou antes de endireitar-se e rugir na cara dela com fúria animalesca.
— Onde ele está?
Ele sentia o cheiro de mentira. Conhecia um mentiroso quando sentia um.
— Oh Deus. — O terror percorreu-a por completo, o fedor disso era quase entristecedor.
— Para trás Danna. — Myron se meteu com força na frente dela, usando seu corpo para protegê-la quando Cabal avançou ameaçadoramente sobre eles.
— Olhe, Cabal, não sabemos merda nenhuma! — gritou. — Qualquer que seja o inferno que aconteceu a sua companheira, não sabemos nada a respeito. Não sabemos onde Walt esconde o Banks, e não sabemos onde está Rick.
— Quem é Rick? — Ele rosnou na cara de Myron.
— Patrick Wallace. — ele respondeu com sinceridade — Mas nos laboratórios era conhecido como Azrael.
Cabal quase piscou para ele com a surpresa e o choque. Azrael se suicidou e matou outras seis raças e um laboratório inteiro de soldados e cientistas a mais de trinta anos. Foi criado numa prisão subterrânea infernal na Líbia. Sua genética de leão era cruzada com a genética de mulher que diziam ser uma descendente de um antigo e sanguinário faraó.
Cada sequência de DNA que entrou no projeto de criação de Azrael foi precisa. Nada foi deixado ao acaso. Ele era o orgulho deles. Mas se tornou a morte deles. E achavam que ele se tornou a morte em pessoa por causa da febre feral selvagem.
— Azrael. — murmurou Cabal. Ele foi uma lenda entre as raças quando vivia. Não houve nenhuma raça mais sanguinária, ou mais cruel que ele. Olhando aos dois por um longo tempo, ele puxou do cinturão o telefone via satélite de Myron, logo depois avançou e tomou o de Danna.
Abrindo o registro de chamadas, sacudiu a cabeça e murmurou:
— Amadores.
Os números eram claramente visíveis, deu a ele tudo que queria.
Colocando os telefones no bolso da calça de seu uniforme, sorriu friamente.
— Foi uma visita agradável, mas agora está na hora de eu ir.
Ele não teve nenhum reparo em derrubar os dois. Era isso ou matá-los, e o desejo de matar estava aumentando mais rápido e forte dentro dele. Depois de se certificar que estavam inconscientes, tirou duas seringas de pressão de sua mochila e um frasco de sedativo. Eles precisavam ficar à parte por um tempo. Não tinha tempo nem paciência para lidar com a interferência que poderiam causar.
Usando as algemas da delegada, os algemou nos punhos e tornozelos e os deixou estendidos no chão da cozinha. Se um deles tivesse um pingo de inteligência, não levaria muito tempo para se soltar. Mas isto lhe daria tempo o suficiente para fazer o que ele tinha que fazer. De qualquer modo iam dormir por um tempo.
Cabal reatou o link de comunicação enquanto saia da casa e tirou de novo os telefones via satélites discando violentamente a linha segura de Jonas.
— Eu vou te matar quando encontrá-lo. — prometeu Jonas com letal deliberação.
— Você tem um problema maior. Azrael está vivo.
Houve um longo silêncio sombrio e perigoso através do link.
— Isso não é possível. — Jonas finalmente respondeu com voz fria.— Seu DNA não foi identificado no local.
— Você mesmo disse quando encontramos Alonzo que esses assassinatos o fez se lembrar de Azrael — recordou Cabal — Isso é porque os assassinatos são dele. Suspeito que as seis raças que ele conduziu estão aqui com ele também. Precisa contar o total de suas raças, Diretor. Todo tipo de problemas estão começando a surgir aqui. — terminou zombando.
— Não é Azrael. — Jonas negou de novo— Está morto, Cabal. Quem está fazendo isso faz um bom trabalha se passando por ele. Tem mais alguma coisa?
Cabal sacudiu a cabeça. Jonas não queria admitir que Azrael estava ali, simplesmente porque não haveria como controlar essa raça em particular.
— Então acho que te dar o número de telefone via satélite que tenho do nosso Anjo da Morte seria uma má ideia. — assinalou — Eu esperava que você pudesse localizá-lo, mas acho que posso lidar com essa pequena tarefa agora.
— Não me faça matar você dolorosamente, Cabal. — Jonas o avisou e não era uma ameaça vã.
Seria o pagamento por literalmente desafiar ao Diretor da Agência de Segurança das Raças. Normalmente isso não era uma boa jogada. Mas nesse caso, foi a única jogada possível de Cabal.
— Sinto muito, Diretor. Algumas coisas são mais importantes que o resultado final. — Desligou o link refletindo sobre a insistência de Jonas que Azrael estava morto de verdade. O diretor devia saber que nada era definitivo quando se tratava de raças.
Muitas raças foram dadas como mortas, mas apareceram vivas nos últimos anos. Não seria nenhuma surpresa para Cabal saber que Azrael estava realmente vivo.
Afastando-se da casa da delegada, tirou um dos pequenos detectores remotos de sua mochila e o conectou ao telefone via satélite. Acessado os números outra vez, escolheu um que achava que era o mais provável que o assassino estivesse procurando. O número discado com maior frequência.
Guardando o aparelho na capa de couro, correu a passos largos pela floresta até o local onde havia guardado seu rifle e uma mochila maior antes de entrar na cabana. Deveria ter a localização que estava procurando em breve. Assim que a tivesse, teria o sequestrador de sua companheira.
Seus músculos estavam tensos, e a raiva ainda retumbava por seu sangue enquanto lutava para manter o controle tão necessário. Agora não era o momento de deixar ao animal livre, que deixasse o animal caçar o assassino. No momento o homem tinha que manter o controle. Até que sua companheira estivesse segura. Então, o animal poderia ter a sua vingança.
Deus que ajudasse a todos eles se Cassa foi ferida. Não haveria nenhuma força na terra que pudesse salvar a nenhum deles. Danna Lacey, Myron, Azrael ou quem diabos fosse, não importaria. Se Cassa estivesse morta, então Cabal não tinha nenhuma razão para viver.
Quase parou com esse pensamento. Viver sempre foi a única fome que teve ao longo da existência infernal dos laboratórios. Nada tinha importado, só a sobrevivência. Quando a maior parte de seu grupo morreu, quando percebeu que não havia jeito de salvá-los, mesmo assim, a sobrevivência foi primitiva.
Era humilhante perceber que se Cassa não estivesse viva, não respirasse em seu mundo, então ele não queria viver. Fez uma pausa, respirou fundo e duramente, combateu a emoção apertando seu peito e sua garganta. Deus o ajude, só queria cheirar o perfume dela, ouvir sua voz e saber que vivia…
Ele não suportava não saber. Perguntava-se se ela estava sofrendo. Se Azrael vivia, então era a única raça que não se importaria se ela sofresse. Se a considerasse uma ameaça ou um peão neste jogo, então não lhe importaria se ela se machucasse, se chorasse. Se era inocente. Nada importaria, só o plano que reservou para ela.
Se esse fosse o caso, então nada importaria a Cabal, exceto seu sangue. Azrael podia ser o Anjo da Morte, mas Cabal garantiria que ele morresse.
Quando chegou à tenda de fornecimentos que tinha escondido para a visita na casa da delegada, sentiu a vibração silenciosa do aparelho de rastreamento em sua capa contra sua coxa. Ele sorriu frio, uma fria e dura curvatura de lábios e puxou o aparelho para fora. E lá estava. A localização do telefone via satélite que estava procurando. E ele orou pela localização de sua companheira.
— Rick, não posso contatar Danna ou Myron nos via satélites. — Walt se locomoveu à cozinha algumas horas mais tarde, o cenho franzido em sua testa — Estiveram ligando a cada poucos minutos, logo só se deteve. Agora não posso contatá-los.
Patrick se voltou da janela aberta em cima da pia, seu olhar se dirigiu imediatamente a Cassa, seus olhos tornando-se duros e frios.
— Keith. — dirigiu-se à casta que esperava silenciosamente no outro lado da sala — Contate Rand e Jason. Faça-os investigar isto.
Keith assentiu antes de tirar o telefone via satélite e fazer a chamada. A voz era baixa enquanto falava, cheia de pausas, exceto uma pequena expressão no rosto.
— O deixarei saber. — disse finalmente antes de voltar-se para Patrick — Estão sob vigilância.— informou — Ainda quer segui-los?
Patrick a olhou de novo, como se fosse sua culpa ou pudesse fazer algo a respeito. Por último, assentiu lentamente.
— Continue e me comunique.
Keith transmitiu a ordem antes de desconectar e guardar o pequeno telefone no bolso dos jeans.
— Se os machucou, você sofrerá. — disse friamente— Sabia isso, antes que pusesse as mãos sobre eles.
— Se sua companheira fosse levada, o que faria você? — perguntou — A quem machucaria? Conheciam o risco quando o ajudaram nisso.
— E conhece os riscos por bater neles. — Levantou os ombros pesadamente — Assim seja.
Assim seja.
Cassa sacudiu a cabeça ante a declaração. Isto era a parte do mundo casta que nem sempre entendia. Embora sabia que já deveria. Em certo modo não era tão diferente da psicologia humana, e, entretanto, em outros, eram polos opostos.
Era um peão entre Patrick Wallace e Cabal, tanto se queria sê-lo ou não. Estava segura que Cabal não tomaria uma decisão contra seus amigos, assim como estava segura que permaneceria convenientemente ocupado enquanto Patrick matava novamente.
— Uma vez que Douglas estiver morto e que tenha encontrado seu filho, então o quê? — perguntou-lhe — O que fica, Patrick?
Não lhe respondeu imediatamente, mas viu a rigidez de seus ombros, soube que a tinha escutado e que a questão o tinha impactado.
— Há quatro mais. — respondeu finalmente — Se Jonas não me matar, então vou terminar o trabalho.
— Jonas? — Olhou-o surpreendida — Jonas é o único com quem se preocupa?
— Jonas é o único capaz de me matar — a informou com leve diversão — Seu Bengala é bom, senhora Hawkins, condenadamente bom. Mas não é um Bengala puro. É um Bengala recessivo.
— Sério? — a pergunta foi zombadoramente pronunciada — Assim há dois tipos diferentes de Bengalas?
Isso era uma novidade para ela. Ele se dirigiu então para ela.
— Há em todas as espécies castas. — Levantou a mão, flexionou os dedos, e Cassa quase sentiu nauseia no estômago quando observou as garras estender-se e sair por debaixo das unhas.
— Sou um casta leão puro. — Sorriu — A pele de cada lado das unhas humanas não é mais que cartilagem. Debaixo da unha há uma garra. É realmente bastante interessante, embora condenadamente confuso para os cientistas, assim como para os poucos puros que existem. Não há dor, mas às vezes, se as garras não são exercitadas, há um pouco de sangre durante a retração. Contudo, é realmente bastante assombroso. Observou-se que os leões puros têm essa capacidade. Se comentava que Bengalas puros mostram suas listras, especialmente através da cara durante uma caçada. Os pequenos cabelos na nuca se tornam mais grossos, o sentido do olfato mais agudo, a ira é como fúria gelada. Eu vi um morto no laboratório antes de minha fuga. Lutou com verdadeira fúria. Eliminou vários soldados coiotes assim como também touros treinados do fosso. Foi uma visão incrível.
Soava-lhe aterrador. Cruel e horrível. E este homem o tinha chamado uma visão incrível.
— Mas não têm garras retráteis? — perguntou. Tinha visto as listras de Cabal, havia sentido o animal que tentava esconder.
— Sim. — Assentiu — Todas as castas felinas puras têm as garras retráteis. — Separou-se dele. Cabal não tinha garras retráteis, saberia. Ao menos, não acreditava que as tivesse. Teve que admitir que realmente não lhe tinha perguntado sobre elas.
— Jonas é puro. — revelou Patrick — Poucos se dão conta disto, e ele definitivamente não quer que o público saiba. Mas foi criado para reproduzir-se. Para ser um reprodutor de um novo exército. — riu disso — Foi puro de nascimento.
— Jonas sabe?— voltou-se para ele, procurando sua expressão.
Patrick deu de ombros.
— Sei de Jonas. Conhecia dos rumores que circularam de sua genética, e soube no que os cientistas estavam trabalhando antes de escapar. Não foi difícil averiguar quem era e o que era uma vez que comecei a investigá-lo.
— Investigou Jonas antes de começar isto. Assim como Cabal. — adivinhou.
— Fiz isso. — Assentiu — Assim como a Rule Breaker e ao Lawe Justice. — Grunhiu ante os nomes— Embora não sejam exatamente o que esperaria. Mordecai, esse Coiote ao que Jonas mantém posto numa correia, é mais perigoso que o que ele sabe. Os Coiotes não são sempre afáveis, você sabe, inclusive com aqueles a quem dá sua lealdade.
Sacudiu a cabeça.
— E você vai derrotar a todos?
— Não tenho que derrotar a todos.— suspirou — Só tenho que conseguir Watts. Provavelmente está na cidade neste momento. Pergunto-me se perguntará por você. Acredita que esqueceu da sua adorável esposa nos anos que Jonas o manteve prisioneiro?
— Sem dúvida. — disse, zombando dele — Sobretudo considerando o fato que não estávamos realmente casados.
— Existiu isso. — Assentiu — Pelo menos sabe onde está parada com Cabal. Sem divórcio. E as palavras “até que a morte nos separe”, adquirem um significado totalmente novo, não lhe parece? Quando seu companheiro morre, uma parte de você morre com ele.
Havia uma beira de amargura ali, uma que não correspondia com os sentimentos de um homem para sua esposa. Ou sua companheira. Havia quase ódio, um núcleo frio e duro de puro ressentimento.
— Você apela a sangue inocente, Patrick? — perguntou-lhe — É por isso que não se importa em usar um inocente em seus jogos?
— Não há inocentes. — grunhiu quando se voltou para a janela, evidentemente avaliando a brisa e os aromas que emanavam da montanha — E não há inocência. Só fingimos que há.
Cassa separou os lábios para discutir essa declaração, mas quando começou a falar, o telefone via satélite do cinturão de Patrick apitava imperiosamente.
Tirando o telefone, verificou-o, curvou seus lábios zombeteiramente, então o abriu.
— Boa noite, Douglas. Que bom saber de você.— voltou-se para Cassa, as sobrancelhas levantadas com surpresa— Em realidade, sim a tenho. — Fez uma pausa. Escutou. A expressão obscurecida — Uma troca? Muito bem. A informação que desejo por sua esposa. Onde você gostaria de se reunir?
Por um horrível momento sentiu o medo cair em cascata em seu interior e sentiu que não havia nenhuma esperança de sobreviver a esta renúncia. Ia trocá-la pela informação sobre seu filho. Ia trocá-la com um homem que ambos sabiam a mataria.
Não havia forma que Douglas lhe permitisse sobreviver. Deus, onde estava Cabal?
Douglas Watts cravou os olhos no telefone via satélite na mão, logo no comandante da equipe Coiote que o tinha resgatado da prisão onde Jonas Wyatt e Cabal St. Laurents o tinham mantido durante mais de onze anos.
Odiava às castas. Não importava de que tipo eram ou se eram ou não leais ao Conselho de Genética. Só as odiava sinceramente.
— Foi capaz de rastrear a chamada? — perguntou ao comandante, quando a casta cravou os olhos no visor do dispositivo de rastreamento que usava.
O Casta sacudiu a cabeça lentamente.
— O sinal está ricocheteando. Não era uma linha direta. — Fechou o dispositivo e o deslizou em um bolso da calça de combate verde oliva.
Douglas inalou devagar. Profundamente. Paciência, advertiu-se. O contato do Conselho que tinha organizado a invasão o tinha advertido que estes coiotes não entendiam a submissão da forma que os coiotes costumavam entendê-la.
Matar a todos, pensou. Isso é o que deveriam ter feito. Apertando seus dentes, olhou para baixo às suas pernas e as moveu de novo. Ao menos havia certa satisfação ali. Os suportes metálicos nas pernas lhes davam força, e o disco neuronal que tinha sido implantado pouco depois de sua fuga lhe deu movimento, sensação.
Maldição, de novo era um homem. Inclusive estava condenadamente excitado. Não tinha tido uma ereção desde que o filho da puta do St. Laurents lhe cravou uma estaca na coluna vertebral na noite em que Douglas tinha tratado de garantir sua morte. Se tão somente não tivesse sido por essa cadela estúpida, Cassa. Deus, estava contente que realmente não se casou com ela. A mulher era lerda como um condenado tijolo. Nem sequer foi uma boa transa. Não é que não poderia havê-lo sido se só tivesse posto um pouco de esforço nisso. A pequena dissimulada.
Riu ante o pensamento. Apostava que moveria esse pequeno traseiro na próxima vez que conseguisse pôr seu pau dentro dela. Acasalado com o Bengala. Quase riu do pensamento. Tinha ouvido falar do acasalamento e o que ele fazia a uma mulher, como elas não podiam tolerar o toque de outro homem. Diabos, inclusive o tinha visto por si mesmo. Vinte e dois anos atrás, nas montanhas desta pequena cidade. Havia tido o prazer de estuprar uma. Ela tinha gritado. Gritava em agonia. Suplicou e lutou como uma leoa. E, finalmente, tinha morrido. Havia-a fodido até que perdeu o pequeno animal que levava e faleceu ali em seus braços. Ia foder Cassa igual a isso também. Fodê-la até que gritasse e chorasse, lutasse e suplicasse. E se estivesse levando gatinhos de St. Laurents, então se asseguraria que não estivesse levando-os quando terminasse com ela.
Movendo-se com lentidão, parou, quase gemendo com a dor bem-vinda que sentiu em suas pernas. Tomaria um tempo recuperar o músculo que tinha perdido nos últimos onze anos, o cirurgião o tinha advertido. Mas aconteceria. Tinha suas pernas de volta, tinha sua dignidade de volta. E tinha para urinar. Inclusive esse sentimento era quase êxtase. Logo, estaria de volta em seu antigo eu, uma vez que estivesse, contaria ao mundo, mostraria-lhes a brutalidade das castas.
Tinham informado que Douglas Watts estava morto. O mundo estaria surpreso quando se apresentasse, não só vivo, mas também com a prova do que faziam a seus inimigos e dos horrores aos que submetiam os que estavam em seu contrário.
— Vamos encontrá-los no vale então? — perguntou o comandante, a voz arrepiantemente cortês.
— Não é isso o que me escutou combinar? — grunhiu Douglas, desejando que pudesse esbofetear o bastardo como deveria ter sido capaz de fazer.
— Houve patrulhas do Escritório pelos arredores — lhe recordou o Coiote— Somente porque o encontro foi acordado ali não significa que não possamos trocá-lo.
Não, o vale era perfeito. Quase esfregava as mãos de felicidade. Havia uma razão pela qual ele e seus amigos tinham escolhido esse vale para emboscar as castas. Havia muitos lugares para esconder-se e não muitos acessíveis. O bastardo que havia se atrevido a tentar matar a Dúzia Mortal, e o próprio Douglas, aprenderia que não estava lidando com alguns caipiras de cidade. Senhor, por que Phillip Brandenmore não se encarregou desta confusão em Glen Ferris? Virtualmente era dono desta cidade, mas ainda assim, as castas viviam e provavelmente estavam dando cria aqui. Como os ratos. Ou as baratas.
— Tenho que urinar — disse ao comandante casta. Maldição se pudesse recordar seu nome — Reúna seus homens. Já se movem ao vale?
— Meus homens estão em seu lugar. — A resposta não foi grosseira, mas foi apenas por debaixo disso.
Douglas o olhou jogando fogo pelos olhos.
— Recorde quem está lhe pagando. — disse furiosamente — Se não tiver êxito, não receberá um centavo.
O sorriso do Coiote foi lamentável.
— E eu me dou todo pelo dinheiro, homem. É a única razão pela qual seu traseiro de lixo branco ainda está vivo.
A fúria quase estrangulava Douglas. Não era lixo branco. Podia rastrear sua árvore genealógico além do Mayflower. Era um descendente de reis, e este desgraçado bastardo lhe falava desta maneira.
— Você recorda a um burro zurrando — zombou Douglas — Vocês bastardos aproveitem para recordar seu lugar.
O Coiote riu disso.
— Em suas costas, com uma lâmina? Homem, estaria sangrado por sua garganta, não de suas costas, se não valesse para mim mais vivo que morto. Agora urine para que possamos nos pôr em marcha.
O Coiote sacudiu a cabeça enquanto continuava rindo. Deixe-o desfrutar de sua risada. Seria o próximo, Douglas prometeu. Havia um montão de sociedades de sangue puro dispostas a serem treinadas para matar estes animais. E Douglas sabia como treiná-los. Exatamente como trabalhá-los. E este comandante coiote seria o primeiro em sua lista. Brimstone poderia pensar que sua merda não cheirava mal, mas Douglas seria o homem para ensiná-lo melhor. Logo. Muito em breve.
Cabal tomou a pílula que tinha guardado daquelas que tinha dado ao Jonas. Não eliminaria o lado humano de seu perfume, mas ao menos, ocultaria à casta. Se ficasse a sotavento da localização que tinha rastreado do telefone via satélite, então não importaria de todos os modos.
Só tinha que encontrar Cassa. Negociaria com Patrick Wallace, ou Azrael como Cabal suspeitava, depois que a segurança de Cassa estivesse garantida. Deus ajude ao bastardo se ela não estiver bem.
Deslocando sua mochila sobre suas costas, escalou um dos escarpados de baixa altura que levavam ao longo da rota à localização que estava procurando. Não havia tempo para ir rodeando-o. Cassa disse que as pílulas duravam duas horas, isso seria tempo suficiente para o que tinha que fazer.
Enquanto se deslizava ao longo da parte superior do escarpado, manteve-se agachado, escutando o zumbido do quase silencioso heli-jato movendo-se a velocidade de cruzeiro em cima de sua cabeça. As calças de combate especialmente desenhadas que usava o ocultariam da imagem térmica que tinha a nave. Tinha desligado o localizador que levavam as calças, assegurando-se que Jonas não pudesse recolhê-lo com o radar especializado com o que o heli-jato estava equipado. Quando passou por cima, Cabal se levantou e se movimentou rapidamente ao longo de um dos estreitos caminhos que os animais ou os excursionistas tinham feito na montanha.
Verificava a baliza do telefone via satélite frequentemente, notando que não tinha se movido. Ao menos não ainda. Embora Jonas tivesse enviado uma mensagem que Douglas Watts estava definitivamente em movimento, e isso preocupava Cabal. Porque Watts estava dirigindo-se para aqui.
Ignorou o frio leve que pressionava através do uniforme de combate e a neve começando a agitar a seu redor. Quando coroou a ascensão, arrastou-se até a beira de um ravina e olhou, estreitando seus olhos ante o menor brilho de luz na escuridão.
Verificou o rastreador sobre o telefone via satélite, e se assegurou que esta era a cabana que estava procurando. Olhou, inalando os aromas que chegavam a ele, procurando algum sinal de Cassa e não encontrando nada na brisa fria. Ia ter que aproximar-se, mas da forma em que a cabana se localizava e a posição do riacho, ia ser malditamente quase impossível deslizar-se sobre outra casta. Seu aroma casta poderia estar mascarado, mas se a pílula efetivamente permitia passar o aroma humano, então poderia estar fodido. Porque Azrael seria capaz de detectá-lo vindo.
Teria que permanecer abaixado. Quanto mais abaixado estivesse, menos possibilidades existiriam para que a brisa o traísse. Os ventos eram redemoinhos, mas no momento estavam passando, girando e movendo-se ao longo da beira do vale. Se eles ficassem assim como estavam, um grande sim ali, então haveria uma estreita janela de caminho que podia utilizar para avançar sobre a cabana.
Riscando seu curso, deu à brisa tempo de acalmar-se antes de ir. Utilizando uma mão para manter seguro o rifle em suas costas, correu, o corpo abaixado, usando a velocidade que se incorporou em sua genética para correr ao vento.
À medida que se aproximava da cabana, soube que algo andava mal. Podia cheirar o perfume da casta; o aroma de Walt Jameson estava ali, assim como um aroma que sabia pertencer a David Banks. Mas os aromas não eram recentes. Não estavam ali.
Enfureceu-se, um rugido se rasgou dos lábios de Cabal quando entrou pela porta da frente. O vidro e a madeira se chocaram em uma impecável cozinha. Havia chili sobre a boca do fogão, café na cafeteira. Tudo fresco. O aroma de Cassa estava ali na mesa, um prato intacto de comida onde se sentou.
Mas ali não estava Cassa.
— Merda! — gritou.
A fúria queimava como fogo em seu sangue e rasgava ao longo dos sentidos, obscurecendo as listras que agora dividiam em dois o rosto e circulavam para baixo pelo corpo.
— Jonas — gritou ao enlace de comunicação — Não estão na cabana que rastreei do sinal do telefone via satélite. Que caralho está acontecendo?
— Watts está avançando. — grunhiu Jonas no enlace — Se mantivesse o enlace malditamente ativo, poderia saber disso. Não há movimento no vale onde o corpo de Alonzo foi encontrado. Não podemos nos deslizar com o heli-jato. Estamos nos movendo a pé.
Cabal não esperou para perguntar. A clareira estava a uma boa meia hora de dura corrida de onde se encontrava atualmente. A distância poderia cortar-se se corria sobre o escarpado detrás dele. Se pudesse escalá-lo com a suficiente rapidez.
Foi um cálculo rápido, pensado em um segundo antes de correr em busca do escarpado. As luvas de couro nas mãos protegiam as palmas das mãos, mas nada podia proteger às luvas quando as unhas se estenderam, as fortes garras debaixo disparando para agarrar a pedra. Subiu pela estreita parede do escarpado, usando cada grama de força nos braços e pernas para mover-se rapidamente ao longo da pedra sobressalente e das erosões climáticas que opunham-se.
Aos poucos minutos estava saltando sobre o topo e estava correndo. Filho da puta, odiava correr com este maldito uniforme posto. Não podia sentir a brisa, não podia cheirá-la bem, não podia perceber amigo ou inimigo como podia, sem a roupa de proteção.
Embora sem ela seria facilmente detectável para as castas ou os dispositivos humanos. A malha bloqueava alguns aromas; com sorte a droga anti-aroma que tinha tomado bloquearia totalmente o aroma casta. Se tivesse sorte, maldita sorte, então poderia ser capaz de deslizar-se.
— Cassa foi avistada, Cabal. Está viva. Patrick Wallace fez um trato com Watts de acordo à informação que nos chegou de nosso espião no grupo. Está trocando Cassa com o Watts por informação a respeito de um filho desaparecido.
— Que filho desaparecido? — grunhiu no enlace.
— A noite do massacre de São Valentim. — retransmitiu Jonas — A companheira de Wallace estava em trabalho de parto quando a Dúzia a encontrou. Estava sozinha com a parteira. Ambas, sua companheira e a parteira foram assassinadas. Seu filho foi tirado de seu corpo e roubado. Watts pegou a criança. Wallace está à caça de seu filho.
Então deveria ter pedido ajuda a Jonas. Diabos, poderia ter vindo a Cabal em qualquer momento e recebido todos os recursos que podiam usar para encontrar o filho desaparecido de Wallace.
Não, o que este homem tinha feito era uma loucura. Tinha matado, arriscado a comunidade das castas e, logo, atreveu-se a tentar negociar Cassa por informação. Era um homem morto, Cabal prometeu. Não havia maneira no inferno que Cabal fosse permitir sobreviver tal sanha.
— Cabal, temos uma equipe em movimento — lhe informou Jonas— Brimstone é o comandante dos coiotes que resgatou Watts da prisão. Nessa equipe não se toca. Os coiotes são amistosos. Repito, são amistosos. Não participe. Seu Bengala filho da puta, traseiro teimoso. Sei que caralho estou fazendo aqui! — gritou Jonas finalmente com frustração quando Cabal não respondeu.
Participe, seu traseiro. Então melhor que não ficassem em seu maldito caminho. Ele gostava muito de Brimstone. O segundo no comando dos coiotes que haviam se somado à comunidade Lobo de Haven, era um bom homem. Era um casta condenadamente bom. Mas se se interpusse no caminho de Cabal, então ia ser um casta condenadamente bem morta. Era simples assim.
Patrick Wallace não a tocou, Cassa teve que dar um ponto a ele por isso, ele se certificou que ela tivesse espaço para respirar, não ficou apertada na caminhonete em que ele, Walt, Keith e David viajaram.
David não continuou a distância completa. Encontraram outro veículo não muito longe embaixo da montanha.
— São a proteção — murmurou Patrick quando Cassa viu várias raças ajudando David Banks a entrar no outro veículo quatro por quatro —. David tem provas e informações contra os membros da Dúzia que não foram identificados até o momento. Ele esteve num processo de eliminação dos últimos anos.
Cassa se virou e fitou seu perfil. O rosto dele estava calmo, reflexivo. Submerso na sombra com a pouca luz do painel de instrumentos do carro, lhe dando uma aparência sombria, de anjo sombrio.
— Você não encontrará a identidade dos últimos quatro — ela falou tranquilamente —. Cabal o matará por isso, Patrick.
Cassa tremia por dentro. Sentia o medo fluindo por seu corpo, crescendo em sua mente. Se Cabal não a encontrasse logo, e sabia que ele a procurava, então estava perdida. Só Deus sabia o que Douglas faria com ela quando pusesse suas mãos sobre ela. De todos os vídeos que viu daquelas caçadas, era algo que não queria ver. Patrick sacudiu a cabeça lentamente.
— Minha companheira traiu a mim e ao meu grupo delatando-nos para os caçadores — ele disse calmamente —. Meus melhores guerreiros foram massacrados. As mulheres do meu grupo foram assassinadas ou devolvidas aos laboratórios. Aprendi então: Você faz o que tem que fazer. Minha lealdade é para meu grupo que morreu e para aqueles que ainda sobrevivem. Você é uma peça do jogo, Srta. Hawkins. Cabal é uma peça do jogo. E Watts se tornará uma fatalidade. Mas tenho que conduzir para esse objetivo, que é o que será feito. Se você vai viver ou morrer vai depender do quanto você é inteligente e se aprendeu ou não a lutar nos últimos onze anos.
Ela continuou olhando-o fixamente, sabendo que não haveria piedade ali. Ele podia não querer feri-la, mas se isso acontecesse não choraria por ela.
— Espero que isto valha a pena, pois Cabal garantirá que você sofra no inferno — ela sussurrou.
— Não há inferno maior do que aquele que eu já sofri. — Ele suspirou pondo o veículo em marcha e saindo do local que havia parado.
Mas Cassa tinha certeza que um inferno pior a esperava se não achasse um jeito de fugir. O que ele disse? Sua capacidade de sobreviver dependia de sua inteligência. O que exatamente ele quis dizer com aquilo?
— Rick, todos estão na posição — Walt o informou calmamente desligando o telefone por satélite que prendeu na orelha. — Watts está indo para o local do encontro.
Patrick assentiu.
— Keith? — Ele olhou para a raça nas suas costas.
— Em posição. — Keith estava tranquilo, a voz áspera —. Os jogadores estão todos indo para o campo.
Agora a tensão cresceu na caminhonete.
— Não faça isto — ela sussurrou novamente.
— Nasci para fazer isto — ele disse pesadamente a ela —. Viver ou morrer. Eu acabo com Watts esta noite.
Cassa encarou a escuridão que rodeava a caminhonete enquanto se dirigiam para o interior das montanhas. As árvores nuas dançavam ao vento quando a neve começou a rodar no ar. O frio lá fora parecia infiltrar para dentro do carro, penetrando em sua pele.
Ela precisava de Cabal. Ansiava se esconder contra seu peito, em sentir o calor dele só mais uma vez. Ela deveria ter contado a ele, pensou. Devia ter dito a ele que a relação deles significava muito mais para ela do que imaginou que significaria. Que nos anos que fugiu dele, como ele fugiu dela, era por ter medo. Medo de que ele nunca a perdoasse pela morte de sua família. Não só de seu grupo. Aquelas raças foram mais: Eram irmãos e irmãs dele, todos nascidos da mesma mãe e do mesmo DNA animal e também do mesmo doador de sêmem.
Ela o amava. Sempre o amou. Naquela noite quando seus olhos cravaram nos dela, sentiu seus dedos em volta de sua garganta e viu a fúria selvagem nos olhos cor de âmbar, viu também sua misericórdia. A luta dentro dele. Teve certeza de que nunca a machucaria, não importava a fúria que o envolvesse. Ele não deixou a primeira marca nela. Nem uma única impressão digital ou contusão. Não a machucou. Nunca a machucaria. Naquele momento uma parte de seu coração se abriu e Cabal o encheu.
E agora poderia perder isso para sempre.
Onde ele estava? Olhou para a noite, sabendo que ele estava lá em algum lugar. Estava a procura dela. Lutando para salvá-la. Embora primeiramente devesse se manter segura e viva por enquanto. Podia fazer isso. O que fosse preciso para garantir que tivesse um futuro que sempre sonhou, vivendo com Cabal. O que fosse preciso para garantir que não necessitasse viver tanto tempo sem que ele soubesse a fé e a confiança que tinha nele.
Nunca dissera a ele? Não. Deus, tudo isso aconteceu tão rápido. O acasalamento, aprender a adaptar-se a um calor que na verdade não era tão mal como disseram que era... Realmente, pensou franzindo a testa, era até calmo comparado com os processos que sabia que outras companheiras enfrentaram.
Embora os sintomas físicos fossem mais fracos que o de outras companheiras por causa dos hormônios, ainda podia sentir o vinculo, a ligação. Sentia o desejo de estar sempre perto dele, a necessidade de seu calor e proteção e não só de sexo. Precisava de Cabal, só porque era Cabal. Seu selvagem raça Bengala.
— Preparem-se — Patrick avisou quando entraram na grande clareira que ela usou quando procurou o vale onde Alonzo morreu.
Prepare-se para morrer.
Cassa sentia a tensão crescer dentro dela. Quando Patrick saiu da caminhonete e abriu-lhe a porta, ela viu seu olhar calmo.
— Você não pode confiar em Douglas — ela disse —. Ele sempre tem um plano B.
— Igual a mim. —Ele deu de ombros —. Vamos. Vamos começar isto o mais rápido possível. Talvez você tenha sorte e veja seu companheiro antes que a noite termine.
Cassa inalou lentamente e saiu para o frio. Sentiu o frio envolvendo-a, fazendo sua pele formigar apesar do pesado casaco que Walt lhe deu.
— Venha — Patrick pediu que ela avançasse, mas ela notou que ele, Walt e Keith a cercavam.
Mas não havia nenhuma sensação de segurança aqui. Em vez disso havia uma forte sensação de perigo. Como se pudesse sentir a maldade a sua volta, se aproximando dela. Ou melhor, ela estava se aproximando do mal.
Seu peito doeu em saber que esta noite sangue seria derramado de um jeito ou de outro. Não havia nenhum jeito de deter isto. Se Douglas viveria ou morreria, a raça que se atreveu a sequestra-la, a tentar negociá-la, sem importar o motivo, se tornaria o caçado não mais um caçador. Cabal se encarregaria disso.
— Mantenha a cabeça erguida. — Keith, a raça que falou pouco durante o dia e a noite, disse a ela calmamente ao caminhar ao seu lado.
— Watts força o medo. Não se surpreenda com ele, não se deixe enganar por ele. Não é tão forte como quer que você pense.
— Chega Keith — Patrick o advertiu, com voz baixa e calma enquanto a levaram através da floresta ao encontro marcado por Patrick. — Ela vai sobreviver por seus próprios meios. Terá que aprender agora, a ser a companheira de um Bengala.
— E como é diferente uma companheira de Bengala? — ela perguntou a ele.
Queria esquecer para onde iam e quem a esperava.
Cravou o olhar na noite novamente, seu coração chamando por Cabal, ansiando por ele. Nunca esteve tão assustada em toda sua vida, ou tão insegura. Não tinha nem um pingo de vergonha em admitir que estava cheia de medo.
— E se Cabal chegar antes que isso acabe, fiquem atrás de mim — ela disse para a raça mais jovem —. Eu posso ser capaz de evitar que o mate.
Patrick riu, talvez mais pelo fato dela não ter se oferecido para ficar de pé diante dele, Cassa imaginou. Ele podia cuidar dos seus, ele provou isto. Mas tinha a sensação que ele estava confiante demais no que se referia a Cabal. Raça pura ou não, nada importaria no caso de Cabal. Acalmando os tremores que queriam devorar seu corpo, Cassa manteve seus olhos abertos, observando, esperando uma chance de fugir. Não havia dúvida que seria bastante fácil para eles persegui-la, mas ela nunca seria capaz de ignorar uma chance quando ela se apresentava.
Cassa sentia o suor em suas mãos quando se aproximaram do vale do qual já estivera antes. Quando correu pela espessa vegetação dos pinheiros e árvores, um único caminho estreito ornado por uma densa vegetação de matagais, pedras e rosas silvestres.
Pequeninos espinhos grudavam no casaco emprestado, e tropeçou mais de uma vez com as grandes pedras ocultas debaixo dos pés.
Sentia-se andando através de outra realidade, em uma dimensão diferente. Sentia o choque de medo e de incredulidade subindo, cortando sua respiração enquanto o pânico crescia dentro de si. O passado a alcançava com uma vingança e não queria nada mais que fugir disso. Assim como rezou para escapar de Douglas, quando acreditava que era seu marido.
Fugir dele não foi fácil. Era manipulador, controlador, e Cassa era muito jovem, muito insegura de si mesma naquela época para derrotá-lo. Ela teria feito, assegurou-se a si mesma, a seu tempo. Douglas não teria o poder de retê-la indefinidamente. Mas ele não queria retê-la, se lembrou. Foi uma ferramenta que ele precisou na época, nada mais e de repente estava grata por isso.
Pararam bruscamente quando Patrick ficou na frente do grupo e levantou a mão imperiosamente. Ela sentiu as respirações a sua volta, sentiu todos eles cheirando, interrogando o vento.
— Quatro coiotes e um humano — murmurou Keith.
Patrick concordou lentamente com a cabeça, levantando a cabeça como se procurasse respostas no próprio ar.
Quando virou para Cassa, seus dentes brilharam na escuridão. — Compartilhou o pequeno presente que lhe enviamos, não é?
Presente? As pílulas. Estava falando das pílulas neutralizantes de cheiro que lhe enviou antes dela sair de West Virginia.
Negando-se a respondê-lo, ao invés disso, o encarou friamente perguntando-se se ele podia sentir o cheiro de um jeito que Jonas não previu. Havia um modo de uma raça detectar outras raças que estavam tomando o neutralizante? Ela tinha entendido que o neutralizante bloqueava todos os aromas.
Patrick sacudiu a cabeça lentamente, rindo divertido.
— Gostaria de ter mais tempo para conhecê-la melhor, Srta. Hawkins — ele disse finalmente —. Tenho a sensação que aumentaria minha compreensão dos seres humanos de várias formas.
— Os seres humanos? — ela perguntou —. Você é um ser humano também, Patrick.
Ele negou com a cabeça.
— Eu pareço humano. Ando como um humano. Falo com voz de um homem. — Seus olhos brilharam vermelhos na escuridão por um breve momento —. O animal dentro de mim está solto, Srta. Hawkins. Agora não existe nada, só resta matar e morrer em paz. — Então, voltou-se para Walt —. Sabe o que fazer se tudo não sai conforme o planejado.
Walt respirou fundo e assentiu lentamente.
— Cuidarei de seu filho, Rick.
Patrick assentiu antes de inalar lentamente e virou-se para Keith. — Retorne com ele.
— Esse não era o plano — Keith lembrou a ele com a voz mais fria que antes. — Lutarei ao seu lado, Rick.
Patrick negou com a cabeça lentamente. — Esta é minha luta. Era minha esposa. Minha companheira. Muitos já pagaram o preço pelos erros dela.
— Então lutarei ao lado dela. — Apontando com a cabeça para Cassa —. Você tem sangue o suficiente em sua alma irmão.
Patrick se afastou deles por um tempo antes de finalmente concordar. Quando voltou para eles, ela cautelosamente tentou se afastar dele. A luz da lua iluminou os olhos dele, e o animal estava realmente solto. Seus olhos brilhavam vermelhos, e jurou que seu rosto estava mais bruto, tornando-se mais animal que a um minuto atrás. Objetivo cruel cortava o rosto e se estendia pelo corpo tenso quando se inclinou mais perto dela.
— Seus amigos estão no local, seu companheiro não. Boa sorte, Srta. Hawkins. Caso sobreviva, lembre-se de uma coisa: todos somos não um produto do meio ou de nossa formação; somos o produto do erro do homem.
Com isso ele se afastou dela. Walt ficou de lado quando avançaram, e jurou que viu uma lágrima nos olhos do homem mais velho.
Engolindo firme o pânico que a envolvia, Cassa se moveu entre Patrick e Keith através da espessa vegetação rasteira e das pesadas rochas. Minutos depois chegaram a beira de uma grande clareira.
— Estamos aqui, Watts. — A voz do Patrick ecoou pelo vale.
Eles ainda estavam escondidos e protegidos por vários carvalhos velhos e grossos. Patrick Wallace não era um homem ou raça idiota.
— Trouxe a puta do Bengala? — Uma luz iluminava mais profundo no claro.
Quando Cassa olhou, uma figura entrou no feixe de luz. Quando se aproximou, reconheceu a postura arrogante de seu andar, e depois a forma do homem que ela tinha chamado de marido.
— Eu trouxe nossa encantadora repórter — corrigiu Patrick —. Tem o que quero?
Douglas se aproximou, e só então Cassa viu os dois coiotes que caminharam com ele. Seus olhos se arregalaram ao reconhecer o da esquerda. Brimstone. O segundo no comando dos coiotes que recentemente pediram asilo no Porto, o complexo das Raças de Lobo.
Que diabos ele estava fazendo aqui? No outro lado de Douglas estava outro coiote que reconheceu. Mutt, que fazia parte da equipe de Dog. Olhou entre as duas raças, sua garganta apertada de medo.
— Olá, esposa — disse Douglas quando se aproximou.
Os passos eram um pouco rígidos, a expressão furiosa.
Cassa levantou a cabeça e sorriu. — Esposa? — perguntou —. Eu prefiro viúva.
Fez um gesto de desprezo para ela quando percebeu o grande envelope que batia contra a coxa.
— Mande-a para cá — exigiu Douglas.
— Ainda não — assinalou Patrick —. Acho que tem algo para mim primeiro. Deixe-me ver a prova, então veremos o trato.
— Acha que sou algum idiota? — resmungou Douglas.
— Acho. — Cassa o insultou. Nada era mais garantido para incitar a raiva dele mais rápido que sua boca inteligente. Lembrava isso muito bem do seu chamado casamento.
— Você, putinha. — Ele bateu a mão com o envelope na calça — Entregue a ele. Depois traga aquela puta para mim.
— Uma vez puta sempre puta, suponho — ela brincou —. Realmente, Douglas, esse insulto não tem o poder que costumava ter. Devia ter aprendido algo novo nos últimos onze anos.
— Preso como um animal naquela cela em que seu amante me encarcerou? — A voz tremia de raiva agora —. Você está abrindo a porra das suas coxas para um maldito animal. Pode pagar o preço por isso agora.
— Seja qual for o seu preço, Cabal bem que valeu a pena — ela alfinetou —. Um homem de verdade foi uma mudança muito agradável do monstro com que pensei estar casada.
Brim se aproximou e entregou o envelope a Patrick. Ninguém estava prestando atenção nela, exceto Douglas. Ninguém se importava se ela fugisse, se lutasse para escapar. Patrick não viria atrás dela. Não acreditava que Keith o fizesse. Brim poderia, mas estava começando a se perguntar a respeito disso. Ele era um agente sob o comando de Jonas. Ele podia estar trabalhando disfarçado agora? Não restava outra coisa, senão descobrir.
— Você vai pagar por isso, Cassa — lhe prometeu Douglas.
— Primeiro tem que me pegar.
Disse as palavras e antes de terminá-las já estava correndo, caindo e saltando sobre a vegetação rasteira e pelas rochas que rodeavam o vale.
Ouviu Douglas gritando atrás dela, então segundos depois, ele se empenhou numa fatigante perseguição. Deus, ele era louco. Não era um verdadeiro caçador. Será que ele não teve tempo de conhecer seu inimigo? Para prestar atenção no fato que os homens que o ajudavam não eram mais seus amigos do que Cabal era.
Ao menos, era isso que ela rezava.
Ela correu pela floresta, ofegante, o coração acelerado, lembrando a última trajetória que fez por aqui.
Onde estava Cabal? Patrick a avisou que Jonas estava por perto observando quando falou sobre as pílulas. Ele deve ter cheirado algo no vale que o fez ter certeza que o diretor estava ali.
Onde ao menos Jonas estaria? Podia ouvir a perseguição atrás dela, e sabia que, apesar de seus passos vacilantes no vale, Douglas estava decidido. Determinado o bastante e realmente a estava alcançando.
— Cabal! — Ela gritou seu nome agora. Ele tinha que estar perto. Não a deixaria assim aqui. Ele estava aqui quando Dog e seus homens a perseguiram. Ele a protegeu naquela ocasião, então ele a salvaria agora.
Um eco agudo soou atrás dela. Cassa gritou quando uma bala raspou a árvore perto dela, passando voando. Esquivando, finalmente as lágrimas caindo de seus olhos, gritou por Cabal de novo. Agora a neve estava caindo mais rápido, cobrindo o chão debaixo das árvores e tornando-o traiçoeiro. Ela escorregou, caiu e rolou antes de parar e levantar novamente. Quando olhou para trás, o terror selvagem queimou o cérebro ao ver Douglas parando e apontando uma pistola para ela. Ela correu para trás das arvores, fugindo de outra bala quando viu as formas escuras movendo-se com Douglas. Não estava sozinho. Era Brim ou Mutt? Com qualquer um dos dois sentia que tinha uma chance.
Ofegante, escorregou ladeira abaixo da encosta lisa, Cassa orou por um milagre agora. Não poderia deixar que a matassem. Deus a livrasse de ter o azar de ser capturada.
Escorregando novamente, encontrou-se de cara no chão, lutando para encontrar apoio, para firmar seus pés. Começava a correr novamente quando mãos cruéis agarraram seu braço.
Com os olhos arregalados, ela olhou a raça que agarrou a manga de seu pesado casaco. Seus olhos eram negros, seu cabelo loiro. A determinação marcava suas feições e a encheu de medo.
Os coiotes não eram bons. Nenhum deles. Aqueles do Porto traíam os muitos votos que fizeram de proteger toda a sociedade. A prova estava neste homem, seu líder, o homem acasalado que ela viu fazer os votos matrimoniais a apenas algumas semanas atrás. Del-Rey Delgado.
— Não! — Ela gritou a rejeição, lutando contra ele, se soltando quando o casaco escorregou de seus ombros e correu montanha abaixo. Outra bala roçou um ramo. Atrás dela, ouviu Douglas praguejando, ordenando. A montanha se encheu de terror, de pés correndo, de ordens gritadas.
Ela não ia conseguir. Oh, Deus! Não ia escapar dessa. Não tinha jeito de chegar longe o bastante deles. Nem um jeito de se salvar.
— Chega! — Um bíceps duro envolveu sua cintura enquanto uma angustia aguda corria por suas costas.
Isso era dor. Era a dor mais terrível que ela já conheceu. Cada lugar que o corpo duro e masculino tocava queimava de dor enquanto chutava, gritando de medo e raiva quando foi jogada no chão. Rolando sobre os joelhos, ela lutou para se levantar. Rolou contra a neve e a lama, levantou-se tremendo, apenas para dar de cara com Douglas.
Um segundo depois, um soco contra seu rosto e enviou ao chão novamente enquanto ouvia um rosnado furioso ecoar a sua volta.
— Toque-a de novo, Watts, e vou te matar eu mesmo — avisou Delgado. — Nós não machucamos a companheira de outro raça.
— Minha esposa! — gritou Douglas. No segundo seguintes Cassa mal se desviou de um chute dirigido para suas costelas enquanto rolava fora de seu alcance —. Ela é minha esposa. Ela não é qualquer puta suja de uma raça.
— Não a toque de novo. — Brim se pôs entre eles.
Outro tiro foi disparado. Cassa viu Brim vacilar quando conseguiu ficar de pé e começou a correr.
Descer a montanha. Só tinha que descer a montanha. Depois ir para a estrada. Talvez todos eles se matariam uns aos outros atrás dela.
— Você, sua puta cadela!
— Douglas atirou-se por trás. Eles caíram no chão da floresta enquanto Cassa lutava. Chutou, gritou. As unhas rasgaram o rosto dele e por um incrível segundo achou que realmente estaria livre.
— Maldita puta de raça! — Um soco forte do punho bateu na cabeça dela a congelando.
As estrelas explodiram por trás dos olhos fechados, e por um segundo Cassa jurou que ia perder a consciência. Então raiva pura a encheu com força, raiva desenfreada ferveu em seu estômago, correu por seu cérebro e enviou a adrenalina rapidamente por seu corpo.
Anos de breves, quase divertidos episódios de treinamento com raças subiram ao primeiro plano de sua mente. Eles fizeram um jogo de ensinar este pequeno truque e este pequeno truque a tiraria do problema. Vários de seus “instrutores” afirmaram com um sorriso triste que alguém tinha que ensiná-la, considerando o fato de que Cabal se ia tão frequentemente.
Cabal arranjou aquele ensinamento. Ela sentiu. Soube. Preparando-se contra o chão com um pé, chutou com o outro. Não tentou nenhum movimento feminino. Ela não faria nenhuma manobra ninja ou genial. Chutou forte e rápido, sua bota golpeando entre as pernas de Douglas e roubando seu fôlego, ela rezou para ter esmigalhado suas bolas.
Ela estava vagamente consciente dos rugidos enfurecidos que encheram a noite. Junto com pés batendo pela floresta, o som de um heli-jato e alguém gritando ordens.
Uivos de coiotes, poderia ser mesmo um lobo ali. Gritos humanos. Ouviu vários deles. A noite tornou-se o centro de tudo, o frio desapareceu. Cassa ficou de pé num bom salto, enfrentando Douglas que se endireitava lentamente.
Seu rosto estava branco, os olhos estavam cheios de raiva desumana.
— Você é uma puta! — gritou —. Uma suja e pestilenta fodedora de animal.
— E estou amando cada minuto dele. — Sua resposta foi dura, cheia de fúria.
Uma vez ele a fez se ajoelhar diante dele e suplicar por misericórdia. Esse homem que fez votos sagrados com ela, que jurou amar a moça que ela foi um dia. Ele a fez implorar e depois a esbofeteou tão forte que ela desmaiou.
Não houve piedade.
— Eu vou te matar. — Levantou o braço.
Tudo aconteceu de uma vez. Muitas impressões, muitos sons. Um grito animal de pura e demoníaca raiva ecoou na noite. Cassa voou, foi jogada no chão por uma sombra com olhos de cor âmbar, quando a arma disparou.
A raiva era um cheiro. Era uma sensação, como a chuva lavando a noite. Era o cheiro de sangue e ouviu um grito como ela nunca conheceu.
Ficando de joelhos, ela afastou seu cabelo do rosto e encarou com surpresa os olhos cor de âmbar que encontraram os dela.
Havia luzes agora, embaixo do heli-jato que pairava no ar acima deles. Vestido com uniforme camuflado escuro e o rosto riscado de preto, seus olhos de cor âmbar brilhavam na noite, Cabal estava parado sobre a forma retorcida de Douglas.
Os gritos brutais, selvagens e de sofrimento fugiam da garganta de Douglas. A parte de cima de seu corpo se retorcia no chão, sua mão cravada como garras na neve manchada de sangue.
— Você puta! — ele gritou queimando de dor com cada palavra enquanto as lágrimas desciam de seus olhos —. Faça, filho da puta. Faça logo seu puto. Mate-me.
Cabal rugiu selvagemente a sua cara enquanto Douglas cobria o rosto com as mãos, chorando de dor e medo.
— Não me leve de volta. — Seus gritos eram ásperos agora, enlouquecidos. — Não. Você não pode me levar de volta para lá. Por favor.
Cassa olhava para Cabal em estado de choque. As manchas em seu rosto não eram pintura de combate. Eram as manchas de tigre bengala cruzando seus traços selvagens. Suas mãos acabavam com garras, agora ensanguentadas, e seus olhos brilhavam como ouro na noite quando se virou, seu olhar circulou até cair sobre Patrick.
— Azrael.
Sua voz foi um rugido áspero. Um som animalesco que fez Cassa recuar.
Patrick o cumprimentou com a cabeça enquanto recuava.
— Outro dia, Bengala.
A noite o engoliu enquanto Cabal rugia sua fúria e foi atrás dele.
Ela não podia deixá-lo ir. Ela tropeçou contra ele, sua perna acabou debaixo dela enquanto um grito assustado saía da garganta da Cassa. Agora a dor corria por ela, uma lança ardente de fogo rasgando em seu corpo quando desabou, caindo de lado.
Sua companheira. Cabal se voltou bruscamente, seu olhar bloqueado sobre os olhos cheios de dor dela, seus sentidos registrando mais que a fúria pura agora.
Sangue. O sangue de sua companheira. Correu para ela, antes mesmo que os outros se dirigiam para onde ela caiu.
Del-Rey, o alfa raça coiote. Wolfe estava ali, alfa do grupo raças de lobo, até Callan e Tanner correram para ela, quando entraram cortando a floresta.
— Cassa. — Ele caiu no chão ao lado dela, o medo de repente o envolvendo.
Ele veio correndo para cá por ela. Ele usou mais do que cada grama de força que pensou que possuía para encontrar a sua companheira. Será que ele falhou no fim de tudo?
— Meu bem. — Ele sabia que o som de sua voz era delicado, demente, viu a surpresa chocada que encheu as raças em volta dele.
Nunca disse nem mesmo ao seu irmão Tanner os dons que dividia com muito poucas raças. As garras, as manchas, o aumento extraordinário dos sentidos. A capacidade de correr e realizar um seguimento como nenhum outro poderia. Era uma raça pura. Ele escondeu, mesmo sabendo que as outras raças temiam os puros.
Suas garras se retraíram, as fortes unhas humanas deslizaram de volta para o lugar quando a tocou, correi suas mãos sobre a carne gelada dela até que encontrou a ferida no lado.
— Cabal. — Tanner estava ali.
Encarou seu irmão por um segundo antes de suas mãos trêmulas tocassem o sangue no lado dela.
— Prepare-a para voar! — Jonas estava ali. As raças chegavam aos montes pela floresta. Alguns estavam vigiando Douglas apesar de seus gritos lutando para achar a sensação em suas pernas.
O regulador de impulso em sua coluna vertebral tinha se dissolvido. A correção temporária de suas pernas foi desativada por Jonas. Tinha se derretido através de sua carne e osso, deixando-o agora sem esperança de encontrar sensação de novo.
— Cabal. — A voz doce estava tão fraca, seus dedos seguraram o braço dele —. Eu sinto muito.
Ele sacudiu a cabeça.
— Sente?
A dor era como uma marca queimando seu peito enquanto olhava seu rosto branco.
— Sua família — ela sussurrou entre lágrimas —. Ele me usou para matá-los. Confiei nele. Oh, Deus! — Ela baixou a cabeça quando começou a chorar soluçando. — Eu sinto muito.
— Não. — Ele agarrou seu queixo levantando seu rosto para ele, os olhos fixos nos dela —. Muitos sobreviveram porque você lutou por eles — ele jurou, revelando algo que não tinha revelado a mais ninguém —. Você salvou quatro, Cassa. Eles cresceram. Eles lutam para sobreviver. Você nos salvou.
Ela o fitou, a confusão enchia seu rosto antes de desaparecer. As lágrimas ainda caiam quando levantou uma mão tremula até o rosto dele.
— Eu te amo. Amei você por tanto tempo.
— Cassa, pare. — O medo bateu com força e profundamente em sua alma —. Diga-me isso mais tarde. Eu vou te manter fechada em casa. Vou te manter aquecida, meu bem e te darei as palavras bonitas que tive medo de dizer por tanto tempo.
Ela balançou a cabeça.
— Eu te amo Cabal. — A voz era mais débil, mais distante.
— Cassa. Fique acordada. — O terror se apoderou dele, um pavor diferente de tudo que conheceu, até mesmo nos laboratórios. — Fique comigo, Cassa.
Os dedos dela sujos com o próprio sangue tocaram o rosto dele.
— Me abrace agora — ela sussurrou, seus cílios se fecharam. — Somente me abrace agora.
Cabal nunca passou por uma experiência tão infernal em sua vida. Mesmo quando viu sua família morrer não o impactou, não o abalou da forma que foi ver Cassa desmaiando.
A viagem de heli-jato através das montanhas até o Santuário, a instalação mais próxima com o equipamento e os médicos para salvá-la, foi um verdadeiro pesadelo.
Agora, do lado de fora da sala de cirurgia, o olhar fixo na porta que a doutora Morrey usaria para entrar na sala depois da cirurgia, ele sentia raiva e dor queimando sua alma.
Ele esperou demais. Manteve-se afastado dela por muitos anos. Lutou contra o que sentia por ela, contra o que precisava e agora estava pagando o preço.
— Cabal. — Jonas entrou na sala de espera, o rosto muito sério e sombrio enquanto sua secretária vinha atrás dele. Rachel não era tímida, mas era tranquila. Seu olhar estava cheio de compaixão, sua expressão triste.
Jonas era seu companheiro. Cabal soube no momento que a conheceu, e tinha certeza de que Jonas também sabia.
— Ely tem certeza que ela vai ficar bem — disse Cabal, embora realmente não acreditasse nisso. Sempre temeu que o destino a roubasse dele. Agora estava apavorado, ele tinha razão.
— Ely sabe o que está fazendo — Jonas disse calmamente —. Watts foi transferido novamente para o Oriente Médio. Iremos interrogá-lo na próxima semana referente ao restante dos membros da Dúzia Mortal, assim como sobre o filho de Azrael. Se pudermos encontrar a criança, então acharemos o pai.
Cabal rosnou com o pensamento da Raça de Leão a quem culpava pelos ferimentos de Cassa. Se Azrael não a sequestrasse, se não decidisse negociá-la em troca das informações que queria, ela não estaria sendo operada.
— Eu te matarei por isso Jonas. Não tinha o direito de envolvê-la desta maneira.
Rachel falou em seguida.
— Ela não é uma boneca. Você não vai pô-la numa prateleira e dizer como ela pode ou não pode viver. Se fizer isso Cabal, você vai a perderá.
Ele a olhou ferozmente, percebendo como disfarçadamente Jonas se colocava a sua frente, cobrindo-a com seu corpo de qualquer visão dela.
Inferno. Ele sabia fazer coisa melhor do que rosnar para ela. Ela podia não perceber nada, mas Jonas era como um cão raivoso segurando um osso quando se tratava de sua pequena secretária.
— Não preciso de nenhum conselho no momento — ele avisou, quando sabia que o que precisava era de um milagre. Por não ter protegido sua companheira.
Abaixou a cabeça, negando-se a continuar olhando para qualquer um deles. Não podia encará-los. Ele fracassou em proteger sua companheira, e isso era ainda pior que fracassar com seu grupo e a sua família.
— Agora sabemos que Azrael está vivo — declarou Jonas finalmente —. Nós precisamos dele vivo.
Uma droga para Jonas.
— Você precisa de todos vivos — disse Cabal —. Na verdade você adoraria matá-los pessoalmente.
— Com certeza — aceitou Jonas —. Mas não teremos que nos preocupar com o funeral de ninguém tão cedo. Se Ely disse que Cassa ficará bem, então é exatamente isso que acontecerá.
Cabal apertou as mãos entre os joelhos, o punho apertado. Ele rezou. Como nunca rezou em sua vida, rezou para que Cassa sobrevivesse.
Esfregou as mãos sobre o rosto, ainda sentindo a sensibilidade das marcas na pele. Não tinha perdido as listras. A raiva ainda ardia dentro dele, o medo ainda deixava um gosto metálico na boca.
Quando levantou a cabeça para olhar Jonas, a porta se abriu e Ely entrou por ela. Seu rosto estava sombrio, mas agora sempre estava. Os olhos estavam encobertos, quase sem emoções. Isso também era normal nela ultimamente.
— Ela está indo bem. — falou enquanto limpava suas mãos. O sangue de Cassa ainda manchava a frente de seu jaleco —. Tivemos alguns momentos tensos durante a cirurgia, mas parece que a bala não fez nenhum mal permanente. Entrou e saiu pelo lado direito. Umas poucas semanas de recuperação e ela estará…
Cabal não ouviu o resto. Ele passou direto por ela e seguiu o cheiro de sua companheira até o quarto de recuperação pós-cirurgia, localizado bem no interior da propriedade que servia como a sede de governo das Raças Felinas.
Entrou em silêncio no quarto com cortinas e ficou ao lado da cama que sua companheira ocupava.
Estava pálida. Seu cabelo manchado de sangue. Um lençol branco estendido sobre seus seios nus e a marca do acasalamento que havia feito nela estava claramente visível em seu ombro.
Cabal estendeu a mão, os dedos tremendo.
— Você tem listras. — A voz fraca chamou sua atenção vendo a mão dela tentando levantar, mas enfraquecida vacilou e caiu de novo na cama.
Ele sabia o que ela queria. Ela era fascinada com as listras em seus quadris e coxas. Estas em seu rosto não seriam diferentes.
Ele levou a mão dela ao seu rosto para as listras enquanto se sentava lentamente num banquinho junto à cama.
— Estas irão logo — disse tranquilamente —. Não vão durar muito.
Ela sorriu enquanto seus cílios se fechavam, depois abriram de novo.
— Ely me salvou, não é? — Havia uma ponta de desconfiança em sua voz. — Está tudo bem?
— Tudo está bem. — Ele girou a palma de sua mão e a beijou —. Você está bem.
Ela olhou para ele, olhos cinza escuros, sonolentos.
— Não protegi você — ele disse calmamente —. Isto não acontecerá de novo, Cassa.
— Não me prenda, Cabal.
Ele negou com a cabeça diante disso.
— Não posso te prender. Você morreria, assim como eu. Mas a partir de agora, trabalharemos juntos. Nada de missões separadas. — Era o melhor jeito de garantir que ela nunca fosse ameaçada novamente.
Ela sorriu ao ouvir aquilo.
— Aborrecidas pequenas missões, não?
— Pelos meus padrões, talvez. Duvido que os outros vejam desse modo.
Ela o olhou em silencio por um longo momento e ele soube o que ela esperava e o que ela queria.
Ele abaixou a cabeça enquanto respirava fundo, nervoso.
— Eu nunca te culpei. — Ele finalmente levantou a cabeça olhando-a novamente. — Nunca. Nem mesmo naquela noite, quando te acusei que sabia da trama de Douglas, eu sabia que não poderia fazer aquilo.
Ela franziu a testa com essa declaração.
— Seu perfume — ele explicou —. Tinha um cheiro de inocência, de desespero e tristeza. Não havia cheiro de culpa em você, Cassa. Nunca houve. A partir do momento em que senti o cheiro de sua inocência, eu não queria nada mais que prová-la. Tocar você. Pegá-la e mantê-la do meu lado como minha. Todos estes anos, eu ansiava só por isso e estive muito assustado para fazer o que realmente queria. Muito assustado de que o destino arrancasse você de meu lado e te levasse para sempre.
Apavorado de que ela morresse. Uma parte dele sempre teve medo que este incrível presente que Deus deu a ele fosse tirado com a mesma rapidez.
— Não vai fugir mais. —Os dedos lhe acariciaram uma listra.
— Não vou fugir mais, Cassa — Ele jurou. Não havia nenhum outro lugar que ele quisesse estar que aqui ao lado dela —. Eu te amei desde o momento que sua doce língua lambeu meu sangue. Desde a noite em que a vi lutando tão desesperadamente para me salvar. Eu amei você, Cassa, e estive apavorado, com medo de te perder.
Os dedos dela pararam a lenta carícia contra uma listra fina.
— Apavorado?
— Tremendo em minhas botas. — ele se inclinou para mais perto, seus lábios contra os dela —. Tão apavorado que fugi para bem longe e o mais rápido que pude.
Ela o olhou com olhos arregalados, cheios de esperança. Sua Cassa. Sua corajosa, audaciosa Cassa.
— Não vai fugir mais?
Ele lambeu todo o lábio dela, saboreando-a, amando-a. Suas mãos emolduraram o rosto amado, seu polegar acariciou o maxilar dela. Ele quase tremia com a necessidade de ter a certeza que ela estava bem. Que ela vivia. Que ela era sua.
— Não vou fugir mais, meu bem.
Ele se deitou na cama com ela, agradecido pela cama ser tão malditamente grande. As camas da Unidade de Tratamento Intensivo das Raças tinham que ser grandes para poder ter espaço para acomodar bem as enormes raças doentes. Eram grandes o suficientemente para ele se deitar de lado ao lado dela, para abraçá-la, para sentir o calor de seu corpo, para se embeber da realidade de que ela ainda vivia. Que ainda era dele.
— Eu te amo, Cassa. — Ele deu a ela as palavras que sabia que ela precisava e sentiu que derrubava a última barreira em direção ao coração dela.
Se ela morresse, ele a seguiria. Ele vingaria cada momento de dor que ela sentiu, e depois renunciaria à vida para se unir a ela na morte.
— Sempre? — ela sussurrou.
Ela sempre o amou. Sempre o amaria. Ele soube, sentiu no fundo de sua alma.
— Sempre, meu bem. — Ele afastou o cabelo dela para o lado do rosto, desceu os lábios e tocou os dela novamente —. Eu sempre te amarei.
Ela sempre seria sua companheira. Sempre seria o coração do Bengala. O homem e o animal só existiam para ela.
— Eu amo você, Cabal. — Ela suspirou contra seus lábios, o sono finalmente a tomando enquanto adormecia com seu beijo.
— Eu amo você, Cass. — Ele abaixou a cabeça ao lado da dela e deixou que seus próprios cílios se fechassem.
Ela estava a salvo. Ela era dele. Ela era o coração do bengala, a alma do homem. E para sempre a companheira que ele amaria.
Jonas entrou na sala de interrogatórios da prisão de segurança máxima que detinha os prisioneiros que eles não queriam que o mundo nunca conhecesse.
Havia uma cientista numa cela. Uma das mais brutais, mas uma das mentes mais brilhantes de todos os tempos. Ela superou o nível de gênio na sua adolescência e agora era considerada uma das criaturas mais perigosas que existia, até mesmo pelas normas do Conselho de Genética.
Havia vários treinadores que no passado trabalharam para o Conselho e até um bilionário que desapareceu anos atrás por trás dos muros desta fortaleza, para nunca mais ser visto de novo.
Na verdade não era um lugar duro dos mais duros para viver. Ele só não era um bom lugar para estar. Era frio de noite, um pouco mais quente de dia. Não havia muito conforto, mas havia médicos para checar a saúde dos prisioneiros e havia alimentos nutritivos. Podia não ser necessariamente os alimentos que os prisioneiros gostassem, mas eles estavam vivos e não eram maltratados.
Podia-se dizer que era o melhor tratamento recebido da maioria das raças que supervisionavam os prisioneiros.
Mas nenhum deles foram para lá para falar agora.
Jonas se sentou em silêncio na sala de interrogatórios e viu no olhar a atitude derrotada que Douglas usava agora diante dele. Sua cabeça estava baixa. Antes, ele mantinha-se impecável, o cabelo lavado, seu corpo em forma. Em menos de duas semanas, seu cabelo ficou sujo e oleoso e a pele amarelada. Era um homem que perdeu a vontade de lutar.
— Você está sentindo dor? — Jonas perguntou, sabendo que Douglas não sentia nada.
Douglas sacudiu a cabeça.
— Não sinto nada.
Literalmente. Dos quadris para baixo, ele estava paralisado de novo, desta vez sem nenhuma esperança de recuperação.
— O cirurgião o avisou que isso poderia acontecer? — Jonas perguntou. Ele mesmo ordenou que aquele aviso fosse dado a Douglas.
Douglas assentiu.
— Eu fui avisado.
O chip implantado precisava de meses para interagir com as terminações nervosas. Ao exigir tanto esforço físico do seu corpo como ele fez, Douglas causou a morte da sua sensibilidade.
— Então vamos começar — disse Jonas —. Quero os nomes dos quatro últimos da Dúzia Mortal.
Ele ficou surpreso quando Douglas disse os nomes. Apenas três deles.
— O quarto morreu — suspirou Douglas —. Eu ouvi sobre sua morte depois que fugi. Ivan nunca foi muito inteligente. Ele chateou o homem errado em seu próprio governo e pagou por isso.
Ivan Vilanov, o ex-agente de elite russo que foi um adido nos Estados Unidos.
— E o filho de Patrick Wallace? — perguntou-lhe Jonas. Essa era a informação que precisava, a que ele queria mais que qualquer outra coisa.
Douglas levantou a cabeça.
— Um menino. Foi vendido a este casal. — Deu seus nomes facilmente —. Eles morreram. O relatório que tenho é que ele tinha uma irmão mais velho que sumiu junto com ele a alguns anos atrás. Eu não fui capaz de descobrir mais.
E Jonas acreditou nele.
Jonas assentiu com a cabeça enquanto verificava o gravador de voz que carregava para ter certeza que estava gravando tudo.
— Você sabia quem era Patrick Wallace? — Ele perguntou a Douglas.
Uma vez mais, o outro homem concordou.
— Azrael. O anjo da morte. Sabíamos. Desapareceu depois daquela caçada. Eu sabia que ele foi ferido. Esperava que estivesse morto. Eu estava errado.
E agora ele se foi.
— E Brandenmore e Engalls? — Jonas perguntou a ele —. Diga-me o que você sabe sobre a participação deles nas caçadas e no Conselho de Genética.
Houve mais duas horas de informações. Douglas não parou, não discutiu ou escondeu nada. Qualquer pergunta que Jonas fizesse, ele responderia. Estava derrotado. Não existia luta nele, porque não havia nenhuma chance de fugir, nenhuma chance de apreciar os jogos brutais que desfrutou no passado.
Quando Douglas terminou, Jonas desligou o gravador e se levantou. Douglas levantou a cabeça, depois o olhou penetrante.
— Você me prometeu. — Sua voz estava áspera. Bruta —. Você prometeu que eu morreria se eu contasse tudo. Você prometeu misericórdia, Wyatt.
Ele tinha feito. E ele mentiu.
Jonas o olhou friamente.
— Você não merece misericórdia, Douglas.
— E você? — Não havia nenhuma raiva, nenhuma ira, somente tristeza. — Mate-me. Você jurou para mim que faria isso.
— Eu menti.
Douglas o olhou fixamente enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. Jonas viu quando o líquido transbordou, e se perguntou pela pequena fincada de arrependimento que sentiu.
— Eles sabem quem é — sussurrou Douglas —. Sabem o que você é. Eles vão matar você e a todos de sua espécie, Jonas. E você merece isso.
Diante disso, Jonas só pode sorrir com tristeza.
— Podem me destruir, Douglas, mas nunca todas as Raças. Você ainda não percebeu isso? Estamos aqui para ficar.
—Você vai morrer — Douglas predisse.
— Disso eu não tenho nenhuma dúvida.
Com estas palavras de despedida, Jonas saiu da sala, fechou a porta atrás dele e caminhou pela grande extensão da sala de volta à sala de controle.
Os gritos de Douglas o seguiram. Enfurecidos agora. Finalmente, cheios de dor, cheios de raiva, raiva depressiva. E Jonas não teve pena.
Ele não foi criado para conhecer a misericórdia. Não foi criado para conhecer o amor. Foi criado para destruir toda a sua espécie, e seria um maldito se permitisse que isso acontecesse.
Lora Leigh
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